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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA VANILDE ALVES DE CARVALHO ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLATAÇÃO DA ROTA PANTANAL-PACÍFICO CUIABÁ MT / FEVEREIRO 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA

VANILDE ALVES DE CARVALHO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLATAÇÃO DA ROTA PANTANAL-PACÍFICO

CUIABÁ – MT / FEVEREIRO 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA

VANILDE ALVES DE CARVALHO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLATAÇÃO DA ROTA PANTANAL-PACÍFICO

ORIENTADOR – LUIZ DA ROSA GARCIA NETTO

CUIABÁ – MT / FEVEREIRO 2007

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Geografia e Desenvolvimento Regional do Departamento de Geografia e Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Mato Grosso, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz da Rosa Garcia Netto.

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TERMO DE APROVAÇÃO

Banca Examinadora

Prof. Dr. Luiz da Rosa Garcia Netto Orientador

Profª. Dra. Patrícia Helena Mirandola Avelino

Profª. Dra. Sônia Regina Romancini

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao nome do Senhor

Jesus e aos meus pais, Sebastião Alves

de Carvalho e Alzira Lucena de Carvalho,

e à minha querida irmã, Vilma de

Carvalho Oliveira, que sempre me

apoiaram em todos os momentos de

minha vida, especialmente durante a

realização deste trabalho, que se tornou

um grande desafio profissional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de realizar este trabalho, o maior sonho em minha carreira profissional, e que se transformou na melhor conquista de minha vida. Agradeço a todos os meus amigos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste trabalho. A eles agradeço na pessoa de Flávio Gatti, meu querido e especial amigo que fez parte do momento de concepção da idéia de pesquisa. Agradeço aos colaboradores Giseli Dalla Nora, Jane da Silva e Fabiana Bezerra que estiveram presentes como parceiras em todo o processo e nas viagens de pesquisa, as melhores aventuras de nossas vidas. Às amigas e professoras Patrícia Avelino e Rejane Pasqualli, meus anjos da guarda acadêmicos e científicos. Agradeço mui carinhosamente ao meu amigo e professor, Dr. Luiz da Rosa Garcia Netto, que foi mais do que um orientador acadêmico, foi um parceiro de idéias desde a graduação em turismo até a pós-graduação em geografia. Agradeço a todas as pessoas que colaboraram direta e indiretamente na realização deste trabalho. Aos amigos de trabalho e da faculdade. A mís hermanos Bolivianos en nombre de Julio Jeréz, Peruanos en nombre de Roger Barbarán, Chilenos en nombre de Sergio Soto Miranda y Argetinos en nombre de Guilhermo Devotto que siempre estuvieran presentes indirectamente dándome apoyo moral y incentivos para la conclusión de ese trabajo que al largo de su construcción has tornado un gran desafío a todos nosotros. Quiero destacar aquí mi gran cariño por Carlos Vladimir Soria Garcia, Carlos Rolando Alamos Vega, Carlos Gasser Díaz, Carlos Orellana Gaete, amigos y hermanos que al largo de ese camino fueron los CARLOS de mi vida. Agradeço ainda, e de forma muito carinhosa, aos amigos Prof. Francisco Cunha Lacerda, um verdadeiro mestre de campo, não só na pesquisa, mas em minha vida profissional, e Prof. Mauro Miguel Costa por sua atenção e dedicação na realização da nossa expedição científica. Ao meu irmão Marcio Silva mais que meus agradecimentos, minha pura gratidão e respeito, por sua amizade, por sua disposição em me apoiar em todos os momentos e por seu espontâneo entusiasmo pelo projeto. Parabéns pelo talento de transformar em imagens ilustrativas tudo aquilo que foi necessário para a construção deste maravilhoso trabalho. Só Deus lhe retribuirá as muitas madrugadas de trabalho que tivemos juntos.

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Às instituições que apoiaram os estudos e que contribuíram de alguma forma para que os mesmos fossem possíveis. Especialmente ao FAPEMAT – Fundo de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso pelo apoio decisivo com a aprovação de nosso projeto de pesquisa “Expedição Técnica-Científica”. Quero agradecer à toda a equipe que analisou e aprovou o projeto. Agradeço também ao SEBRAE-MT, pelo apoio institucional e pelas parcerias realizadas durante o processo de desenvolvimento da pesquisa, bem como na proposição da Rota Pantanal-Pacífico como proposta de mercado. Registro nossos agradecimentos à toda a equipe em nome do Sr. José Guilherme Ribeiro Barbosa. Ao Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Casa Civil, Secretaria de Comunicação Social, Cultura, Indústria e Comércio e Turismo que decidiram apoiar institucionalmente este trabalho, com a promoção dos resultados das pesquisas e representação dos mesmos como proposta apoiada pelo Estado de Mato Grosso. Registro nossos agradecimentos à toda equipe em nome dos senhores Jefferson de Castro – Chefe do ERMAT – Escritório de Representação de Mato Grosso em Brasília e Sr.Alexandre Furlan, Secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia. À AMM – Associação Mato-grossense dos Municípios pela parceria indispensável durante grande parte da pesquisa com apoio em logística e serviços, registramos os agradecimentos em nome do Presidente Sr. José Aparecido dos Santos. A Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso por meio da TV Assembléia que sempre nos abriram as portas para a promoção deste trabalho e em seu nome nossos agradecimentos à toda a imprensa nacional e internacional. Registro nossos agradecimentos em nome da Revista Portal de Cáceres e RDM – Revista de Mato Grosso de Cuiabá. A Produtora F3 Vídeos Produções em nome de meu querido amigo Antônio Carlos Ferreira “Banavita”, e a Luiz Henrique Menezes pelo importante apoio na produção dos vídeos promocionais e também ao querido e especial amigo Laerti Simões de Oliveira, bem como à sua equipe de trabalho que renovaram os ânimos, o entusiasmo e a alegria em participar dessa grande aventura. Às Universidades que se envolveram na realização deste trabalho e enriqueceram cientificamente a pesquisa: UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso, UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e UNIRONDON – Centro Universitário Cândido Rondon. À CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, meus sinceros agradecimentos pelos subsídios por meio da Bolsa de Estudos recebida durante os dois anos da pesquisa.

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EPÍGRAFE

“Ao homem que teme ao Senhor, ele o

instruirá no caminho que deve

escolher. Na prosperidade repousará a

sua alma, e a sua descendência

herdará a terra.”

Salmos 25 vs: 12-13.

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RESUMO

A regionalização do turismo tornou-se a mais importante política de desenvolvimento estratégico do turismo no Brasil nos últimos anos, cuja finalidade foi a elaboração de planos, programas e projetos que viabilizassem a criação de roteiros integrados dentro do território brasileiro visando mercados regionais, nacionais e internacionais. O estudo da rota Pantanal Pacífico também atende ao objetivo dessa política nacional e vem de encontro ao anseio da comunidade mato-grossense que, até então, não tem nenhum roteiro que dê projeção internacional a seus destinos turísticos. O objetivo central deste estudo é provocar o envolvimento e o encadeamento de destinos e serviços existentes no eixo do centro da América do Sul, que está constituído pelos países: Brasil, Bolívia, Peru, Chile e Argentina. Os resultados dessas pesquisas pretendem comprovar que a concentração dos recursos naturais e culturais existentes ao longo e no entorno do referido eixo são as matérias-prima para a criação de roteiros turísticos integrados que ultrapassam as fronteiras, provocando um novo modelo de integração regional sustentado e embasado nas potencialidades sócio-ambientais e culturais. Outro fator extremamente relevante da pesquisa é demonstrar que as maiores barreiras existentes entre os territórios em foco são o desconhecimento e o preconceito que provocaram, ao longo de mais de 500 anos de história, o isolamento de nações irmãs. O rompimento desse olhar preconceituoso e míope será o maior desafio desta pesquisa, provando que o turismo e a cultura são os instrumentos mais eficazes no processo de aproximação e conhecimento dessas nações. E, por fim, que os mais de 20 patrimônios da humanidade localizados estrategicamente em um recorte muito especial do continente Sul Americano podem ser ordenados no maior complexo de rotas turísticas do planeta, uma vez que tais atrativos estão localizados entre e no entorno dos eixos das rodovias internacionais Interoceânica, Bioceânica e Pan-americana. Palavras Chaves: América do Sul, Integração, Turismo, Rota Pantanal Pacífico.

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RESUMEN

La regionalización del turismo se tornó en la más importante política de desarrollo estratégico del turismo en Brasil en los últimos años. Teniendo como finalidad la elaboración de planos, programas y proyectos que viabilizasen la creación de itinerários integrados dentro del território brasileño visando mercados regionales, nacionales e internacionales. El estudio de la ruta pantanal pacífico atiende tabién al objetivo de esa política nacional y viene al encuentro del anelo de la comunidad mato-grossense que hasta entonces, no tiene ningún itinerário que de proyección internacional a sus destinos turísticos. El objetivo central de ese estudio es ocasionar el envolvimiento y lo encadeamento de destinos y servicios existentes en el eje del centro Sudamericano, que está constituído por los países: Brasil, Bolivia, Perú, Chile e Argentina. Los resultados de esas investigaciones pretienden comprobar que la concentración de los recursos naturales y culturales existentes a lo largo y entorno del referido eje son las matérias primas para la creación de lo itinerários turísticos integrados que ultrapasarán las fronteras provocando un nuevo modelo de integración regional sostenido y con base en las potencialidades sócio-ambientales y culturales. Otro factor extremamente rellevante de la investigación es demonstrar que las mayores bareras existentes entre los teritórios en foco, son lo desconocimiento y el prejuício que provocaron al lorgo de más de 500 años de historia el aislamiento de naciones hermanas. El rompimiento de esa mirada prejuiciosa y míope serán lo mayor desafio de esa investigación, probar que el turismo y cultura son los instrumentos más eficazes en el proceso de aproximación y conocimiento de esas naciones. Y por fin que los más de 20 patrimónios de la humanidad lubicados estrategicamente en un recorte muy especial del continente Sudamericano pueden ser ordenados en lo mayor complexo de rutas turísticas del planeta, una vez que tales atractivos están ubicados entre y al rededor de los ejes de las carreteras internacionales Inter-oceánica, Bioceánica y Pan-americana.

Palabras Claves: América del Sur, Integración, Turismo, Ruta Pantanal Pacífico.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMM – Associação Mato-grossense dos Municípios ANTT – Agencia Nacional de Transporte Terrestre APAC – Associação de Pró Arte e Cultura AR – Argentina BOLHISPANIA – Cooperação Bolívia e Espanha BO – Bolívia BR – Brasil CAINCO – Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo CAN – Comunidades Andinas de Nações CFI – Cosejo Federal de Inversiones CL – Chile DIGEAGEO – Diretrizes de Gestão Ambiental com uso de Geotecnologias EGAL – Encontro de Geógrafos da América Latina ERINCO – Encontro Regional de Incubadoras EXPOCRUZ – Feira Internacional de Santa Cruz de la Sierra FAPEMAT – Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso FIA – Feira Internacional de Arequipa FOREST – Congresso e Exposição Internacional sobre Florestas FRONTUR – Seminário Internacional de Turismo de Fronteira GEEPI - Grupo de Estudos Estratégicos e Pesquisas Integradas IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis IBCE – Instituto Boliviano de Comércio Exterior IES – Instituições de Ensino Superior IIRSA – Iniciativa de Integração Regional Sul Americana INC – Instituto Nacional de Cultura IPP – Instituto Pantanal Pacífico MRE – Ministério de Relaciones Exteriores MTUR – Ministério de Turismo OGD – Organização e Gestão de Destinos OMT – Organização Mundial de Turismo OTCA – Organização do Tratado de Cooperação Amazônica PE – Peru PROMPERU – Promoção Peruana SEC – Secretaria de Estado de Cultura SECOM – Secretaria de Estado de Comunicação SEDTUR – Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente SERNATUR – Serviço Nacional de Turismo SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas RPP – Rota Pantanal Pacífico UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso UNIC – Universidade de Cuiabá UNED – Universidade de Diamantino UNIEMPRESA – Empresa Universitária UNIRONDON – Centro Universitário Candido Rondon UNIVAG – Universidade de Várzea Grande

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro n° 01 - Nomenclaturas das Federações que integram a Rota ................................. 30

Quadro: nº 02 - Expedição técnica-científica ; Rota Pantanal-Pacífico. ................................ 62

Quadro:n° 03 - Participações em eventos e atividades técnicas extra-acadêmicas ............. 66

Quadro: n° 04 - Relação dos Patrimônios da Humanidade Reconhecidos pela UNESCO

existentes na Rota Pantanal Pacífico. .................................................................................. 82

Quadro: nº 05 - Atrativos de Mato Grosso ........................................................................... 86

Quadro: nº 06 - Atrativos de Mato Grosso do Sul ................................................................ 87

Quadro: nº 07 - Atrativos de Santa Cruz e Chochabama - Bolívia ....................................... 88

Quadro: nº 08 - Atrativos de la Paz - Bolívia ........................................................................ 89

Quadro: nº 09 - Atrativos de Oruro, Potosí e Tarija - Bolívia ................................................ 91

Quadro: nº 10 - Atrativos de Puno – Peru. ........................................................................... 93

Quadro: nº 11 - Atrativos de Arequipa – Peru. ..................................................................... 95

Quadro: nº 12 - Atrativos de Cusco e Arequipa – Peru. ....................................................... 95

Quadro: nº 13 - Atrativos de Cusco – Peru. ......................................................................... 96

Quadro: nº 14 - Atrativos de Iqueque e Atacama – Chile. .................................................... 97

Quadro: nº 15 - Atrativos de Antofagasta e Atacama – Chile. .............................................. 99

Quadro: nº 16 - Atrativos de Jujuy - Argentina. .................................................................. 100

Quadro: n° 17 - Relação dos Principais Atrativos (atrativos-âncoras) existentes na Rota. . 107

Quadro: n° 18 – Constrates socioeconômicos da Bolívia ................................................... 131

Quadro: nº 19 - Custos de deslocamento terrestre rodoviário. ........................................... 137

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura: nº 01- Eixo da Rota Pantanal Pacífico - Adaptado por IPP-2007 .................. 20

Figura:nº 02-Vitória Régia Pantanal de Mato Grosso - Brasil .................................... 21

Figura: n°03 - Barcos de Totora – Lago Titicaca – Bolívia ........................................ 25

Figura: nº04 - Igreja de Santa Izabel Pucará – Puno – Peru ..................................... 26

Figura: 05- Lagoa Santa Juana – Atacama - Chile .................................................... 27

Figura: n° 06 - Quebrada de Humahuaca Jujuy – Argentina .................................... 28

Figura: nº07 - Área de Estudo da Rota Pantanal-Pacífico......................................... 71

Figura: n° 08 - Ilustração do eixo rodoviário central com as distâncias. .................... 73

Figura: nº 09 - Cidades de conexão aérea intercontinental da Rota ......................... 74

Figura: n° 10 - Patrimônios Culturais e Naturais Reconhecidos pela UNESCO. ....... 77

Figura: nº 11 - Principais Atrativos da Rota Pantanal Pacífico ................................ 108

Figura: 12 - Centros de Conexões Intercontinentais e inter-regionais ..................... 110

Figura: 13 - Proposta do Corredor Turístico Binacional Brasil - Bolívia ................... 114

Figura: nº 14 - Proposta do Corredor Turístico Binacional Brasil – Bolívia.............. 117

Figura: n° 15 - Memorandun de Entendimiento – Brasil – Chile .............................. 121

Figura: nº 16 - Eixo Ferroviário da Rota Pantanal-Pacífico ..................................... 123

Figura: nº17 - Demanda turística por (%) de mercado ............................................ 126

Figura: 18 - Destinos para a prática do ecoturismo ................................................. 133

Figura: nº 19 - Destinos Históriocos e Étnicos da Rota Pantanal-Pacífico .............. 136

Figura: 20 – Primeiro esboço da Rota Pantanal-Pacífico ........................................ 139

Figura: 21 – Proposta final com a inclusão de todo Centro Oeste do Brasil e

Noroeste do Paraguai. ............................................................................................ 144

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... 4

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 5

EPÍGRAFE ............................................................................................................................ 7

RESUMO ............................................................................................................................... 8

RESUMEN ............................................................................................................................. 9

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................ 10

ÍNDICE DE QUADROS ........................................................................................................ 11

ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................... 12

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA PERSPECTIVA DO TURISMO ........... 20

2.1 Caracterização das potencialidades de cada país ......................................................... 20

2.1.1 Brasil .......................................................................................................................... 20

2.1.2 Bolívia ........................................................................................................................ 22

2.1.3 Peru ........................................................................................................................... 25

2.1.4 Chile .......................................................................................................................... 26

2.1.5 Argentina ................................................................................................................... 27

2.1.6 Aspectos Gerais do eixo estudado ............................................................................. 28

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 31

3.1. Turismo – Conceitos ..................................................................................................... 31

3.2. Produto Turístico ........................................................................................................... 33

3.3. Definição de Mercado Turístico: .................................................................................... 34

3.4. Definição de Planejamento Turístico ............................................................................. 35

3.5. Turismo e Cultura ......................................................................................................... 41

3.6. Turismo e Meio Ambiente ............................................................................................. 42

3.7. Turismo e a Iniciativa Pública........................................................................................ 44

3.8. Geografia – o turismo sob a ótica da Geografia ............................................................ 46

3.8.1 - Espaço...................................................................................................................... 47

3.8.2 - Território - Conceito .................................................................................................. 47

3.8.3 - Território & Estado-Nacão e outros atores ................................................................ 47

3.9 - Fronteira ...................................................................................................................... 50

3.10 - Limite ......................................................................................................................... 52

3.10.1 – Zona de Fronteira .................................................................................................. 53

3.11 – “Geoturismo” – Conceitos ......................................................................................... 55

3.12 – O núcleo turístico ...................................................................................................... 58

4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 59

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4.1 Pesquisas Bibliográficas ................................................................................................ 60

4.2 Pesquisa de Campo - 1ª Expedição técnica-científica.................................................... 60

4.2.1 Realização da expedição técnica-científica ................................................................. 61

4.2.2 Outras atividades desenvolvidas ................................................................................. 64

5. ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO TURÍSTICA DA ÁREA DA ROTA PANTANAL-

PACÍFICO ............................................................................................................................ 70

5.1 Definição da área de estudos ........................................................................................ 71

5.2 Seleção e caracterização da área .................................................................................. 71

6. ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DA ROTA PANTANAL-PACÍFICO ....... 76

6.1 Relação das Potencialidades Turísticas no Eixo da Rota ............................................... 76

6.1.1 Patrimônios da humanidade........................................................................................ 76

6.2 Principais Atrativos ........................................................................................................ 83

6.2.1 Principais atrativos do Brasil ....................................................................................... 84

6.2.1.1 Mato Grosso ............................................................................................................ 84

6.2.1.2 Mato Grosso do Sul ................................................................................................. 86

6.2.2 Principais atrativos da Bolívia ..................................................................................... 87

6.2.3 Principais atrativos do Peru ........................................................................................ 92

6.2.4 Principais atrativos do Chile ........................................................................................ 96

6.2.5 Principais atrativos da Argentina ................................................................................. 99

7. ANÁLISES E SUGESTÕES ........................................................................................... 109

7.1 Centros Turísticos de Escala e Distribuição ................................................................. 109

7.2 Rota Pantanal-Pacífico e as Políticas Públicas ............................................................ 111

7.3 Territórios Integrados e Fronteiras Unidas ................................................................... 116

7.3.1 Proposta de integração transfronteiriça ..................................................................... 117

7.3.2 Roteiros integrados ................................................................................................... 119

7.3.2.1 Roteiro Pantanal – Atacama .................................................................................. 120

7.3.3 Possibilidades de serviços ferroviários ...................................................................... 122

7.4 A Rota como Estratégia e a Estratégia da Rota ........................................................... 124

7.4.1 A Rota como estratégia ............................................................................................. 124

7.4.2 A estratégia da Rota ................................................................................................ 125

7.4.3 Iniciativas da Rota .................................................................................................... 127

7.5 Rota Pantanal-Pacífico – Aspectos Humanos, Sociais e Culturais ............................... 128

7.6 Turismo e sustentabilidade ambiental .......................................................................... 132

7.7 Aspectos Culturais ....................................................................................................... 134

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 139

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INTRODUÇÃO

O projeto está baseado no desenvolvimento de um estudo de viabilidade para

implementação e implantação de uma rota internacional interligando o Pacífico ao

Pantanal, envolvendo os países: Brasil, Bolívia, Peru, Chile e Argentina. Tal estudo

se justifica pela proximidade existente entre os países citados e pelo grande número

de atrativos turísticos localizados ao longo e no entorno da rota. e se fundamentará

na avaliação do aproveitamento da macro-estrutura já existente no eixo Centro-

Oeste do Brasil – Pacífico, enfocando a possibilidade do desenvolvimento de

atividades turísticas, considerando-se que, num trajeto relativamente pequeno, com

aproximados 2.500 km, pode-se encontrar atrativos que condicionam os

deslocamentos turísticos por todo o planeta: sol, praias, mar, neve, desertos,

montanhas, lagos, florestas, pantanais, diversidade de fauna e flora, patrimônios

culturais e naturais, paisagens exuberantes e paradisíacas e, especialmente, a

riqueza e a diversidade cultural – o ser humano, o povo de sangue latino da América

do Sul, que possibilitam o aproveitamento desses espaços, estrategicamente

localizados numa rota e em seu entorno.

Portanto, seu objetivo principal é analisar a viabilidade de criação de uma

Rota internacional Pantanal Pacífico, comprovando, por meio desta pesquisa, a

exeqüibilidade do ordenamento territorial dos espaços acima mencionados que

poderá ser transformado através de políticas estratégicas de desenvolvimento

regional em um macro produto do turismo internacional sul-americano.

Fato também que justifica essa proposta de estudo é que o turismo se

configura, hoje, na 3ª maior economia do mundo, com um crescimento anual de 4%

ao ano e o ecoturismo em torno de 20% ao ano (OMT – 2000).

Uma das melhores formas do desenvolvimento do turismo tem sido o

planejamento regional e municipal, com a criação de roteiros integrados que, por sua

vez, compõem as grandes rotas. Para tal, é imprescindível o envolvimento dos

municípios e a visão da regionalização de políticas e de ações que visam à

agregação de valores e a inserção de comunidades isoladas, bem como a melhoria

na qualidade de vida da base local.

Para sugerir a implementação dessa Rota, se observa a possibilidade do

envolvimento dos municípios pantaneiros do roteiro Brasil-Bolívia zona de fronteira

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entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Cruz, com os das Missões

Jesuíticas de Chuiquitos, principais cidades, comunidades, povoados na Rota e no

entorno da mesma. E dessa mesma forma, os demais países, especialmente

aqueles nas zonas de fronteiras existentes na proposta Pantanal Pacífico, têm um

grande poder de atração.

Como já fora mencionado anteriormente, o objetivo geral desta pesquisa é

analisar a viabilidade para a implantação da Rota internacional Pantanal ao Pacífico

com objetivos específicos: definir e mapear a rota de estudo; identificar as

potencialidades existentes no entorno da rota; caracterizar os atrativos de acordo

com as definições turísticas – naturais e culturais; analisar os atrativos na área de

estudo identificando quais são os âncoras; registrar e documentar todas as etapas

do estudo, - produzir documentos e mapas cartográficos do eixo da rota e de seus

atrativos principais.

Ao longo da pesquisa será abordada a problemática que motivou o

desenvolvimento da mesma, a qual será discutida sucintamente no subitem a seguir.

O capítulo 2 constitui a caracterização da área de estudo sob a perspectiva do

turismo, bem como a caracterização das potencialidades de cada país, abordando

seus aspectos gerais. Devido à sua extensão, foi desenvolvida de forma sucinta, de

modo a atender as necessidades de informações nesse momento da pesquisa. Não

aprofunda em detalhes, mas aborda aspectos gerais fisiográficos, ambientais e

socioeconômicos dando atenção às potencialidades turísticas dos locais ao longo do

eixo que são analisados, de forma mais focada, depois nas análises.

A parte de fundamentação do trabalho que constitui o capítulo 3, foi

desenvolvido com foco em dois pontos, subdividido em 12 itens, apresentando os

conceitos turísticos, que tratam do turismo como atividade, como produto, como

mercado, o planejamento turístico, turismo e cultura e meio ambiente. E ainda nessa

primeira parte a relação com a iniciativa pública.

Na segunda parte do capítulo, a partir do item 3.8, o turismo sob a ótica

geográfica, tratando da relação turismo e geografia, com espaço, território, fronteira,

limite “geo-turismo” e núcleo turístico. Estes conceitos são aplicados de forma

objetiva e específica durante o desenvolver do trabalho, sendo cada um deles

relacionados com os resultados das análises.

No capítulo 4, metodologia científica detalha de que maneira as pesquisas

foram desenvolvidas. Esta dividido em 03 partes: uma que mostra como se deu o

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desenvolvimento das pesquisas teóricas, outra com as rotinas dos trabalhos

técnicos de campo e participações em eventos, e uma terceira que descreve como

se deram os contatos políticos, tão importantes do contexto mais amplo destas

análises.

Ainda dentro da metodologia no que se refere ao campo técnico,

precisamente nas pesquisas e elaboração do geoprocessamento, foram

desenvolvidos com o apoio do grupo de estudos Diretrizes de Gestão Ambiental com

uso de Geotecnologias – DIGEAGEO da Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul, campus de Três Lagoas, que participou da primeira expedição técnica científica.

O capítulo 5 aborda uma segunda caracterização da área, esta em forma de

análise turística da Rota. Explica como se deu a seleção e composição da área e

sua função como eixo de conexão intercontinental.

As análises propriamente ditas estão divididas em dois capítulos. O primeiro

(capítulo 6) aborda a relação das potencialidades turísticas no eixo da Rota, a

existência dos patrimônios da humanidade e sua importância, todos relacionados no

quadro 04, apresentados por países. Os principais atrativos também foram são

abordados por países, sendo apresentado no quadro 18 uma relação dos principais,

bem como, quadros menores com fotos que ilustram e os mesmos. Tanto os

patrimônios da humanidade, como os principais atrativos são localizados no eixo da

Rota por meio de uma figura ilustrativa em forma de mapa.

A segunda parte, que corresponde ao capitulo 7 dividido em 8 itens, analisa e

sugere centro turístico de escala e distribuição, políticas públicas, territórios

integrados por meio da união de fronteiras, integração transfronteiriça, roteiros

integrados, com as possibilidades de eixos roteiros ferroviários. A Rota como

estratégia e a estratégia da mesma, suas iniciativas, os contrastes sociais, seus

aspectos humanos, sociocultural e ambiental e sua viabilidade devido a seu baixo

custo.

Nas considerações finais (capitulo 8) será apresentado o fechamento das

análises que comprovam a viabilidade da Rota sendo desenvolvida em 6 tópicos

relacionados ao tema: a aplicação do mesmo ao mercado como proposta, a

pesquisa e sua aceitação como proposta para a América do Sul, o envolvimento das

instituições de ensino superior, universidades e faculdades dos países da Rota, os

resultados da metodologia aplicada, a ampliação da área em análise, e o

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surgimentos de novas regiões e países, encerrando-se com a indicação de destinos

mundiais de turismo que comprovam efetivamente a sua viabilidade.

Problemáticas e alternativas

Com a realização deste estudo, pretende-se subsidiar os governos com

informações técnicas e científicas confirmando-se o turismo como uma atividade que

poderá contribuir com o processo de integração entre os países sul-americanos e,

pela sua multidisciplinaridade, tornar-se num modelo de desenvolvimento econômico

sustentado que garanta a proteção e a preservação dos recursos naturais e culturais

que condicionam o desenvolvimento do mesmo e de atividades correlatas.

O grande desafio dessa geração é encontrar ferramentas para a construção

de sociedades mais justas, sociedades que proporcionem aos cidadãos, condições

dignas de vivência e convivência. O modelo econômico adotado nas últimas

décadas tem levado ao esgotamento social, ambiental, cultural, econômico e

emocional, transformando seus cidadãos em sobreviventes e isso é bastante

evidente em países considerados emergentes e subdesenvolvidos, como os sul-

americanos. O resultado deste estudo poderá apontar caminhos para possíveis

melhorias.

Temos acompanhado nos últimos anos, tentativas e esforços de nossos

governantes, em especial do governo federal, na criação de programas que tentam

viabilizar a integração sul-americana. Isso tem sido feito, no entanto, com um foco

meramente comercial que não busca a valorização humana, social, cultural e

ambiental, desconsiderando-se esses valores e sem os quais não há modelo que se

sustente ao longo dos anos.

Por isso acreditamos no tripé Turismo-Cultura-Ambiente, capaz de promover

articulada e estrategicamente essa integração, e que não existirá sem os fatores

acima citados, inclusive os valores agregados à economia, cuja intenção não é a de

excluir o econômico ou apontá-lo como um carrasco social, mas utilizá-lo de forma

ordenada, proporcionando através da agregação de valores entre ambos o

crescimento com desenvolvimento, posto que nos vemos diante de sociedades com

crescimento econômico, mas sem o desenvolvimento sociocultural e ambiental.

Nesta pesquisa, apresentamos outro “fator de complicação”: a Bolívia, nosso

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país vizinho, apontado como sendo o mais pobre da América do Sul sob a ótica

capitalista. No entanto, é o mais privilegiado na visão deste projeto de integração

Rota Pantanal-Pacífico, pois a mesma atravessará de leste a oeste o território

boliviano, contemplando as suas principais zonas turísticas e suas principais

cidades, proporcionando à nação boliviana a possibilidade de ser integrada

turisticamente aos principais centros emissores de turistas do mundo.

Assim, de problema a Bolívia passa a ser o principal país, o mais importante

pelas possibilidades que apresenta. Tem problemas, sim, mas estes são

perfeitamente aceitáveis sob a ótica deste estudo, reforçado no trabalho publicado

no 8º Congresso Nacional de Geografia e 1º Internacional de Arequipa no Peru onde

foram mostrados vários trabalhos científicos sobre a o projeto de análise, sendo um

deles especificamente sobre o papel da Bolívia, por Nora (2007), “Rota Pantanal

Pacífico: Estudo de Caso do Papel da Bolívia na Integração Sul-Americana”.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA PERSPECTIVA DO TURISMO

Figura: nº 01- Eixo da Rota Pantanal Pacífico - Adaptado por IPP-2007 Fonte: MICROSOFT ENCARTA 2006 – Escala 1:500.

A área está caracterizada por territórios específicos dos 05 países que

compõem a proposta em estudo, conformados no entorno dos eixos centrais das

rodovias Interoceânica, Bioceânica e Pan-americana. Cabe dizer que tais rodovias

fazem parte das propostas e das estratégias de desenvolvimento regional sul-

americano, coordenado principalmente pela IIRSA - Iniciativa para a Integração da

Infra-estrutura Regional Sul Americana, no Brasil com escritório no Ministério de

Planejamento, Orçamento e Gestão, conforme demonstra a figura 1.

Como o maior desafio do estudo é comprovar a viabilidade de uma grande

rota turística tendo como base os recursos naturais e culturais e, principalmente, a

localização geográfica de destinos turísticos de abrangência internacional como o

caso do Pantanal, Atacama e Machu Picchu, tais destinos estão localizados ao

longo e no entorno das rodovias que constituem a área de estudo.

A localização e a proximidade dos atrativos estão estrategicamente

posicionados próximos uns dos outros, a uma distância que justifica a proposição da

rota. Para uma melhor compreensão da área, e até mesmo para um melhor

entendimento, pontuaremos os principais atrativos existentes por países.

2.1 Caracterização das potencialidades de cada país

2.1.1 Brasil

Tendo como ponto de partida a cidade de Cuiabá, no centro geodésico do

Continente Sul Americano, envolve os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do

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Sul, compondo, desta forma, os territórios brasileiros em análise, que corresponde à

área geográfica do Centro Oeste do Brasil e turisticamente às regiões dos Cerrados

com o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e o Parque Nacional da Serra

de Bodoquena, o município de Bonito e o Parque Nacional do Pantanal, reconhecido

pela UNESCO como patrimônio natural da humanidade e área integrante da

Reserva da Biosfera, juntamente com a extensão do pantanal norte e sul. A cidade

de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, é também uma área de grande

interesse por ser considerada o centro geodésico da América do Sul. Compõe uma

região turística diferenciada dentro do território brasileiro devido às suas

características naturais, que faz do “Turismo em Mato Grosso: uma atividade

diferenciada” (CARVALHO, 2005).

Seus principais atrativos são:

• Parque Nacional do Pantanal Matogrossense

• Parque Nacional de Chapada dos Guimarães

• Parque Nacional da Serra do Bodoquena

• Município de Bonito

• Vale do Guaporé

• Cidade de Cuiabá “Centro Geodésico da América do Sul”

Figura:nº 02-Vitória Régia Pantanal de Mato Grosso - Brasil

Fonte: IPP, Vilson de Jesus.

Figura: Território Brasileiro – Adaptado por IPP-007 Fonte: MICROSOFT ENCARTA 2006 - Escala 1:600

Aspectos geográficos: Clima: Tropical quente-úmido Relevo: Planalto Central e Planície Pantaneira Regiões Geográficas: Centro Oeste do Brasil

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2.1.2 Bolívia

Por sua localização geográfica, ocupa a parte central da rota e seus territórios

envolvidos são os Departamentos de Santa Cruz e Tarija, que compreendem o

oriente boliviano, com os territórios “chaqueños”, bosques e selva e, na parte andina,

Cochabamba, Chuquisaca, Potosí, Oruro e La Paz que correspondem às regiões

dos vales, montanhas, altiplano, salinas e lagos.

Por sua estratégica localização, a Bolívia é chamada de coração da Rota

Pantanal-Pacífico, brindando os demais países com seus exuberantes destinos

turísticos, facilitando a interligação entre os eixos que conectam todos os territórios

da rota. Exerce função de eixo central, sendo dessa forma o país mais importante e

o grande centro de escala e de distribuição turística. Além disso, a Bolívia detém em

seus territórios a maior concentração de recursos naturais e culturais.

E por isso foi feito a caracterização de seus departamentos individualmente,

porque cada um deles tem uma função específica, que é a de construir a relação

com os territórios fronteiriços com os países vizinhos, ou de servir de elo e de

conectividade bilateral.

O Departamento de Santa Cruz, no oriente boliviano, tem como capital a

cidade de Santa Cruz de La Sierra, a maior do país por sua função econômica

geradora de recursos. Constitui a maior zona de fronteira do país com Brasil. Tem a

função de estabelecer os vínculos entre o oriente boliviano e o Brasil Central, bem

como intermediar as relações do Centro Geodésico Sul Americano com os Andes

(KENNING, 2007).

Principais atrativos

• Missões Jesuíticas dos Chiquitos

• Parque Nacional Noel Kempff Mercado

• Cidade de Santa Cruz de la Sierra

• Forte Samaypata

• EXPOCRUZ

• Romaria da Virgen de Cotoca

• Ruta del Che La Paz, conhecida como a síntese cósmica de mundo, além de ser a capital

política de país, é a região mais diversificada da América Andina. As águas do lago

Titicaca, tendo em suas margens a histórica cidade de Copacabana, estabelece a

relação com as Rotas Mágicas do Sul Peruano e com o Império Inca (MISILI, 2007).

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Principais Atrativos

• Lago Titicaca

• Copacabana

• Ilhas do Sol e da Lua

• Cumbre de Chacaltaya

• Vale dos Yungas

• Vale da Lua

• Sitio Arquiológico de Tiahuanaco

• Parque Nacional de Madidi A cidade de Oruro é considerada capital folclórica do país por seu carvanal

patrimonial. Seu departamento de mesmo nome é ainda considerado a zona franca

do país, oferecendo serviços de interconexão do centro altiplânico com as regiões

do sul peruano e norte chileno, constituindo a tríplice fronteira.

Principais atrativos

• Zona Franca

• Carnaval de Oruro

• Lago Poopo

• Sítios Coloniais O Departamento de Potosí, mundialmente conhecida pela produção de moedas

de ouro e prata no período imperial, tem como capital a cidade de Potosí, também

historicamente conhecida como “Ciudad del Cerro Rico”, hoje um importante centro

colonial de estilo barroco. Essa região abriga também as belas “cumbres” da

Cordilheira Andina e a brancura da maior salina do mundo, o Salar de Uyuni e as

Lagoas Coloridas, transpondo as fronteiras de norte chileno e argentino na região de

Puna do Atacama.

Principais atrativos

• Centro Histórico de Potosí

• Casa da Moeda

• Salar de Uyuni

• Salar de Coipasa

• Lagoas Coloridas

• Vale encantado de Tupiza

Tarija é uma região rica em diversidade devido à existência de seus campos

petroquímicos, vinícolas e “chaqueños”. Tem como sua melhor característica os

seus excelentes vinhos. Tarija brinda seu país vizinho com uma mescla rica de

culturas gaúchas, interligando o extremo sul do país com o norte argentino.

Principais atrativos

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• Vinhos de Camargo

• Pomares de Tomatitas

• Festivais Folclóricos de Tarija

• Vales

Departamento de Chuquisaca, com sua inesquecível capital Sucre, conhecida

como a capital de quatro nomes, é também a Capital Barroca da América do Sul e

política do país. Tem a função de estreitar a relação entre Argentina e oriente

boliviano.

Principais atrativos

• Cidade de Sucre

• Centro Colonial

• Palácio de la Glorieta

• Cemitério Cental O Departamento de Cochabamba, com sua colonial capital também chamada de

cidade de Tunari, de clima acolhedor e sedutora gastronomia, exerce a função de

coordenar a relação com todos os departamentos do país localizados na Rota,

estando a cidade no ponto central entre o Pantanal e o Pacífico. Uma casa de

amigos brinda seus visitantes nas feiras folclóricas com seus tradicionais menus.

Cochabamba é um convite aos prazeres degustativos.

Principais atrativos

• Vila Tunari

• Cristo de la Concórdia

• Sítios Naturais

• Rotas Eco turísticas

• Pés dos Andes

O território boliviano, além de exercer um imenso poder de atração como destino

turístico, também se constitui num rico campo para estudos e pesquisas no que diz

respeito às suas riquezas naturais e culturais e posição geográfica. Durante o

desenvolvimento deste trabalho, foram realizadas algumas publicações pela equipe

do Grupo de Estudos Estratégicos e Planejamento Integrado – GEEPI que tratam

especificamente da Bolívia, como o já mencionado Nora (2007) e Carvalho (2007)

que realizou um estudo sobre “A DINÂMICA ENTRE AS FRONTEIRAS: BRASIL

BOLÍVIA: a relação entre as regiões Pantaneiras e Chiquitanas”.

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Figura: n°02 - Barcos de Totora – Lago Titicaca – Bolívia

Fonte: IPP, 2007

Figura: Território boliviano – Adaptado por IPP-2007

Fonte: MICROSOFT ENCARTA 2006 - Escala 1:600

Aspectos geográficos: Localização: Centro Sul Americano Relevo: Altiplano, Cordilheira Oriental e Central e Oriente Boliviano. Regiões Geográficas: 03 regiões – Andina, Subandina e Planície. Clima: Tropical quente-úmido, frio e seco.

2.1.3 Peru

Mais comumente conhecido como região Macro Sul Peruana, composta

geograficamente por Puno, Cusco, Arequipa, Ica, Moquegua e Tacna que

turisticamente compõem as Rotas Mágicas do Sul Peruano, envolvendo regiões de

lagos, montanhas e costas.

Turisticamente é tido como país dos Incas e Império do Sol, com seus

territórios constituídos por seis regiões que compõem as rotas mágicas do sul do

Peru (ARGUEDAS, 2005).

Principais atrativos:

• Lago Titicaca

• Ilhas Flutuantes dos Uros

• Cidade de Cusco

• Vale Sagrado dos Incas

• Santuário Ecológico de Machu Picchu

• Parque Nacional de Manu

• Cidade de Arequipa

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• Vale do Colca

• Trilha do Vulcão Misti

• Linhas de Nasca

• Reserva Nacional de Paracas

• Ilhas Ballestras

• Cordilheira e deserto costeiro do Peru

Figura: nº03 - Igreja de Santa Izabel Pucará – Puno – Peru

Fonte: IPP, 2007

Figura: Território Peruano – Adaptado por IPP-2007

Fonte: MICROSOFT ENCARTA 2006 - Escala 1:300

Aspectos geográficos: Localização: Centro Sul Americano Relevo: Altiplano, Cordilheira Oriental e Central e Oriente boliviano. Regiões Geográficas: 03 regiões – Andina, Subandina e Planície. Clima: Tropical quente-úmido, frio e seco.

2.1.4 Chile

Representado pela região norte, também conhecida como região atacameña,

é composta por Atacama, Antofagasta, Tarapacá e Arica Parinacota, desertos e

costas, vales e lagos que constituem as características geográficas do norte chileno.

País dos Andes por excelência, constituído basicamente pela cordilheria

andina e a costa do Pacífico Sul, tem o sol e mar, terra e céu como os componentes

que constituem as paisagens chilenas. Extensos parques naturais e reservas

naturais fazem parte dos destinos turísticos desta porção do território chileno. Arica

Parinacota, Tarapacá, Antofagasta e Atacama são as regiões que compõem o norte

do país. Sítios arqueológicos com múmias, cidades históricas e modernas, vales,

vulcões e oásis permeiam e constroem os destinos atacameños (LEIVA, 2005).

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Principais atrativos

• Praias

• Munias de Arica

• Igreja de Parinacota

• Vales

• Deserto do Atacama

• Lagos

• Vale da Lua

• Município de San Pedro do Atacama

• Gêiser el Tatio

• Vale do rio Huasco

• Parque Nacional Pan de Azúcar

• Cidade de Iquique

• Zona Franca de Iquique – ZOFRI

• Puna do Atacama

Figura: 04- Lagoa Santa Juana – Atacama - Chile Fonte: IPP, 2007

Figura: Território Chileno – Adaptado por IPP-2007 Fonte: MICROSOFT ENCARTA 2006 - Escala 1:400

Aspectos geográficos: Localização: Centro Sul Americano Relevo: Deserto do Atacama, Planícies Litorâneas, Cordilheira Costeira. Regiões Geográficas: Cordilheira dos Andes, Domeyko, Claudio Gay. Clima: Frio, árido, seco – desértico.

2.1.5 Argentina

O norte argentino, ou mais precisamente o noroeste da Argentina, com as

províncias de Catamarca, Tucumán, Salta e Jujuy, compõe os territórios argentinos

na proposta da rota, finalizando, assim, a área de estudo.

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Nesta região da Argentina é onde a América fala ao céu, com regiões de vales e

florestas localizadas a mais de quatro mil metros acima do nível do mar, tendo por

capital do norte a bela cidade de Salta, conhecida como “La Linda”, uma cidade

histórica com mais de 500 anos. Essa é a região que deu origem ao país, onde se

localiza o famoso Trem das Nuvens e as montanhas coloridas e regiões de cactos.

O norte argentino compõe a porção andina do país, com as províncias de

Catamarca, Tucumán, Salta e Jujuy (ARGENTINA, 2005).

Principais atrativos

• Cidade de Salta

• Quebrada de Humauca

• Cidade de Purmamarca

• Puna de Atacama

• Trem das Nuvens

• Vales

Figura: n° 05 - Quebrada de Humahuaca Jujuy –

Argentina Fonte: IPP, 2007

Figura: Território Argentino – Adaptado por IPP-2007 Fonte: MICROSOFT ENCARTA 2006 - Escala 1:300

Aspectos geográficos: Localização: Centro Sul Americano Relevo: Altiplano, Cordilheira Oriental e Central e Oriente boliviano. Regiões Geográficas: 03 regiões – Andina, Subandina e Planície. Clima: Tropical quente-úmido, frio e seco.

2.1.6 Aspectos Gerais do eixo estudado

Os territórios que compõem a área de estudo, bem como a Rota Pantanal-

Pacífico, são conhecidos por muitos nomes, principalmente devido à diversidade de

suas paisagens, clima, relevo e, especialmente, por sua diversidade cultural. Existe

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uma grande concentração de políticas estratégicas que, direta ou indiretamente,

influenciam o/no território. O termo “Centro Sul Americano” foi adotado por

organismos governamentais que ditam as áreas prioritárias para os investimentos

em infra-estrutura, como é o caso da IISRA, a Iniciativa para a Integração da Infra-

estrutura Regional Sul Americana. O eixo central da Rota corresponde ao Eixo 03 da

IIRSA como área de prioridades de investimentos infra-estruturais.

Outro organismo que também atua é a ZICOSUR – Zona de Integração do

Centro Oeste Sul Americano, como também é conhecido o eixo da rota de Centro

Oeste Sul Americano. A ZICOSUR é um organismo constituído por governadores da

área central do continente e do Brasil, Paraguai, Argentina, Bolívia e Chile.

Além destes, podemos citar a CAN – Comunidades Andinas de Nações, que

envolve os países andinos e faz parte da América Andina, sendo outra forma de

reconhecer parte da Rota, pois pertencem à América Andina todos os países, exceto

o Brasil. A Corporação Andina de Fomento – CAF, sediada no Brasil, é outro

organismo a cooperar com as estratégias políticas, bem como a OTCA –

Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, à qual pertence o Brasil, a

Bolívia e o Peru.

Por fim, Brasil, Argentina e Chile pertencem também ao CONESUL, uma

região composta pelos países localizados abaixo da linha do Trópico de Capricórnio,

na região meridional da América do Sul. No entanto, o mesmo não pode ser

confundido com o MERCOSUL – Mercado Comum do Sul, que é um bloco

econômico constituído por 11 países latino-americanos, dos quais Brasil e Argentina

são membros e Bolívia, Chile e Peru são associados.

Permeiam essas estratégias e organismos o eixo central do continente que,

como mencionamos acima, é a Rodovia Interoceânica que também é conhecida por

Rodovia Bioceânica. O segundo termo é mais comumente usado no Mato Grosso do

Sul e tem uma maior ligação com a Argentina, onde é bastante difundido, com as

regiões do sul do continente. Já Mato Grosso, Bolívia e Peru utilizam mais o primeiro

que está mais ligado à parte central e norte.

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Ao nos referirmos à divisão geográfica de cada país, é necessário conhecer a nomenclatura utilizada conforme o quadro a seguir:

Quadro 01: Nomenclaturas das Federações que integram a Rota

PAISES

Brasil Bolívia Peru Chile Argentina

Estados Capitais Departamentos Capitais Regiões Capitais Regiões Capitais Províncias Capitais

Mato Grosso Cuiabá Santa Cruz Santa cruz de la sierra

Puno Puno Arica

Parinacota Arica Catamarca

San Fernando del Valle

de Catamarca

Mato Grosso do Sul

Campo Grande

Cochabamba Cochabamba Cusco Cusco Tarapacá Iquique Tucumán San Miguel

de Tucuman

Oruro Oruro Arequipa Arequipa Antofagasta Antofagasta Salta Salta

Potosí Potosí Ica Ica Atacama Copiapó Jujuy San

Salvador de Jujuy

Tarija Tarija Moquegua Moquegua

Chuque Saca Sucre Tacna Tacna

La paz La paz

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica nos trabalhos científicos consiste em sua base

estrutural, pois é na produção desse capítulo que se estabelecem diálogos que

abordam todas as temáticas referentes ao mesmo. É durante essa discussão

que se molda e que se constrói o eixo estrutural do trabalho, ou seja, a linha

mestra que levará o autor a formular sua proposta no decorrer de toda sua

obra.

Este trabalho traz como base teórica conceitos turísticos e geográficos

que possibilitam o entendimento da relação entre ambos, bem como

estabelece um diálogo com autores que abordam temas relacionados à

proposta de estudo da viabilidade de uma rota turística e as múltiplas

implicações que envolvem as definições turísticas e geográficas. Ao longo dos

anos o turismo vem passando por grandes mudanças, desde a sua concepção

como atividade econômica até os dias atuais. O turismo talvez tenha sido a

atividade que mais evoluiu nas últimas décadas, pela sua adaptabilidade e

flexibilidade. Em decorrência disso, surgiram vários conceitos e pensamentos

que em algum momento o denomina de “fenômeno econômico” e em outro de

“indústria sem chaminés”, ou “indústria verde”, e há também aqueles que não

concordam com o termo indústria, mesmo que seja a verde, não poluente, ou

seja, a atividade turística, seja lá como for chamada, é atualmente uma das

maiores fontes geradoras de divisas no mundo.

E para conceituá-lo, será estabelecido um debate teórico com autores

como Beni (2000), Andrade (1998), Molina (2001), Lemos (2001), Boullón

(2002) entre outros.

3.1 Turismo – Conceitos

Para dar início ao entendimento da atividade, Acerenza (1991)

Muitas vezes a conceituação do turismo tem gerado controvérsias, como conseqüência das múltiplas e variadas interpretações que têm sido feitas dessa disciplina. O turismo constitui um campo particular de estudo, ou devido a inúmeros pontos de vista de certas correntes de pensamento que o explicam em função dos princípios ideológicos e filósofos que elas professam.

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O autor acima se refere ao turismo como uma disciplina, admitindo as

variáveis em sua concepção. Já Di Beltrão (1999) refere-se ao mesmo como

uma atividade

O turismo é o conjunto de todas as atividades sociais, culturais, políticas, econômicas e naturais que envolvem pessoas se deslocando através dos mais diversos lugares de origem em busca de outros destinos desconhecidos ou não, com uma permanência temporária.

Andrade (1998) conseguiu sintetizar em poucas palavras o turismo com

uma visão bem contemporânea do que é a atividade turística, dizendo

Turismo é o complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais,

visitas, lazer e entretenimento.

Já para Ignarra (1999) apud De La Torre (1992)

O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

Ocorre aqui uma concordância em parte com esse conceito, mas não

em sua totalidade, devido ao fato do autor limitar a atividade turística apenas

ao campo da “recreação, descanso, cultura e saúde”, deixando de fora

inúmeras outras atividades, diretas e indiretas do setor, como: gastronomia,

eventos, religiosa, desportiva, ecológica, científica e principalmente pelo fato de

não reconhecer como turísticas as atividades econômicas. No entanto, é citado

para demonstrar a evolução dos conceitos turísticos que foram mencionados

na introdução. Ignarra publicou esse livro no ano de 1.999 e teve sua 2ª edição

no ano de 2.000 quando citou De la Torre, El Turismo, Fenômeno Social,

Cidade do México: Fondo de Cultura Econômico, 1992. E num período de 15

anos, o então falado “fenômeno econômico” vem evoluindo. Di Beltrão (1999)

diz que: “turismo envolve todas as atividades sociais, culturais, políticas,

econômicas e naturais”.

Quando o autor fala “todas as atividades sociais” fica subentendido

todas as atividades que uma sociedade desenvolve, nas entrelinhas está

intrínseco que o turismo é uma atividade holística, cabal e total e que se

atualiza ano após anos, acompanhando as tendências e as exigências

tecnológicas e mercadológicas. E os estudiosos, mestres, doutores e

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professores em turismo mudam a forma de ver o mesmo, ou seja, o conceito e

o conceituador evoluem.

Criar um conceito para turismo e defini-lo como algo que realmente o

abrange em sua totalidade não é uma tarefa fácil. O que há em comum na

maioria dos conceitos encontrados é que o turismo é realmente um fenômeno,

seja ele econômico ou social, e até mesmo Beni (2000), que é um dos maiores

estudiosos do turismo no Brasil, citado por Bissoli (1999), diz que

O fenômeno é tão grande que é praticamente impossível expressá-lo corretamente; ocorre em diferentes campos de estudo, em que é explicado conforme diferentes correntes de pensamento e verificado em vários contextos da realidade social.

3.2. Produto Turístico

As várias faces da conceituação turística existem em todos os setores

que a compõe, por ser uma atividade nova e principalmente por seu

crescimento e seu caráter multifacetado e todas as suas interconexões com os

demais setores da economia. O turismo consegue se envolver de uma forma

dinâmica com os setores primários, secundários e se consolida de fato como

um segmento no setor terciário. Por isso, a definição de seus produtos e

serviços são também múltiplos e diferentes e, no entanto, se relacionam

Boullón (2002)

Embora seja verdade que, do ponto de vista econômico, a oferta turística não pode ser outra coisa senão um bem ou um serviço, traduzir textualmente esse conceito leva-nos a deduzir que o produto turístico é formado pelos mesmos bens e serviços que fazem parte da oferta. No que diz respeito aos bens, já foi esclarecido que são comercializados pelo turismo, sem que haja qualquer bem de consumo que se originem em um aparelho produtivo exclusivamente turístico. Quanto aos serviços, efetivamente integram o produto turístico, mas não são os únicos nem os mais importantes componentes, por que, na realidade, os serviços são mais um meio do que o fim: o fim é a prática das atividades turísticas.

Já Andrade (1998) traz outra visão a respeito de produto-oferta turística

que de fato é bastante pertinente à visão dessa pesquisa ao dizer da relação

que o turismo tem ou cria com os setores da economia

O produto turístico é um conjunto de bens e serviços diversificados e essencialmente relacionados entre si, tanto em razão de sua integração com vistas ao atendimento da demanda quanto pelo fator de unir os setores primário, secundário e terciário de produção econômica.

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3.3. Definição de Mercado Turístico

O produto da relação entre a produção e o consumo gera um setor

dinâmico de inter-relações que é chamado de mercado. Nesse caso, constitui-

se no mercado turístico, onde os produtos são criados, formatados e

ordenados para serem disponibilizados como produtos turísticos prontos para a

promoção e comercialização. Lage & Milone (2000) trazem uma definição

bastante ampla como conceito que atende à visão implícita neste trabalho,

especialmente ao citar o turismo de evento que é mercado em extrema

ascensão dentro do país, bem como do continente, devido ao desenvolvimento

econômico dos paises Sul Americanos. E isso empresta uma contribuição

significativa a este setor específico do turismo, onde ambos se fortalecem

Chamamos de mercado turístico a interação da demanda de produtos relacionados com a execução e operacionalização das atividades que envolvem bens e serviços de viagens e afins. Esse mercado pode ser considerado como uma vasta rede de informações de modo que os agentes econômicos – consumidores e produtores – troquem informações e tomem decisões sobre a compra e a venda dos diferentes bens e serviços a sua disposição. A linguagem ou a forma de comunicação que estes agentes no turismo usam para o entendimento é feita pôr meio dos preços e de seus bens, que se constituem no principal mecanismo de todo o sistema de mercado”. “O turismo de eventos é à parte do turismo que leva em consideração o critério relacionado ao objetivo da atividade turística, É praticado com interesse profissional através de congressos, convenções, simpósios, feiras, encontros culturais, reuniões internacionais, entre outros, e é uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo atual.

Ansarah (1999) conseguiu reunir vários estudiosos e lançou o livro

“TURISMO: Segmentação de Mercado”, apresentando uma coletânea de

autores que segmentam e definem muito bem o mercado turístico. Nessa

pequena abordagem sobre a segmentação do mercado turístico, adotamos

estrategicamente três conceitos, ou melhor, três definições de mercado

turístico, os quais vêm de encontro com a proposta deste trabalho pois aborda

a problemática de um planejamento de longo prazo e apresentará algumas

sugestões que poderão contribuir com desenvolvimento turístico, regional,

nacional e internacional.

Tratando-se de mercado turístico, o objeto de estudo deste trabalho

apresenta uma vasta potencialidade que poderá ser transformada em produto,

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enriquecendo dessa forma a oferta no mercado, como o já citado turismo de

eventos e turismo rural conceituado como

Conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometida com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade.1

Outro mercado turístico em potencial a ser explorado e ofertado dentro

dos padrões de desenvolvimento local, municipal, microrregional e estadual é o

mercado do agroturismo, com a proposta de abranger extensas áreas

produtivas, essencialmente em território mato-grossense, um dos maiores na

produção agro-industrial brasileira, por sua localização geográfica, pela

qualidade de seus solos e favorabilidade climática, fazendo do Estado um

referencial do agronegócio brasileiro, favorecendo dessa forma o

desenvolvimento de atividades turísticas no meio rural. O agroturismo é

entendido

... como a modalidade de turismo em espaço rural praticada dentro das propriedades, de modo que o turista e/ou excursionista entra, mesmo que pôr curto período de tempo, em contato com a atmosfera da vida na fazenda, integrando-se de alguma forma aos hábitos locais. Tal distinção faz-se necessária, uma vez que se pode, por exemplo, praticar o turismo ambiental em espaço rural, ou seja, não especificamente no interior de uma propriedade. (PORTUGUEZ, 1999).

3.4. Definição de Planejamento Turístico

O planejamento faz parte de tudo que se pretende realizar, organizar,

promover, criar, enfim, está implícito em todas as atividades humanas. No

turismo, o planejamento é imprescindível para o êxito da atividade e para o

sucesso do empreendimento. E como o desenvolvimento desta pesquisa

implica basicamente no estudo de potencialidades, nas análises serão

sugeridas algumas alternativas que comprovam o objetivo da mesma, sendo,

de certa forma, sugestões de planejamento.

Ignarra (1999), apud Muñoz (1996), em seu livro Fundamentos do

Turismo, conseguiu conceituar da melhor maneira possível o processo de

planejar, dizendo que

1Pelo Ministério da Indústria, comércio e Turismo/Embratur da oficina de planejamento de turismo rural, Brasília,

1999. up Marlene Huebes Novaes: In Marilia Gomes dos Reis Ansarah (1999) – Turismo: Segmentação de mercado.

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O planejamento consiste na definição dos objetivos, na ordenação dos recursos materiais e humanos, na determinação dos métodos e formas de organização, no estabelecimento das medidas de tempo, quantidade e qualidade, na localização espacial das atividades e outras especificações necessárias para canalizar racionalmente a conduta de uma pessoa ou grupo.

Já Ruschmann (2000), entende como a melhor definição de

planejamento o conceito de Estol & Albuquerque ao dizer que uma das

melhores formas para abranger o planejamento é aquela que o entende como

(...) um processo que consiste em determinar os objetivos de trabalho, ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis os métodos e as técnicas aplicáveis, estabelecer as formas de organização e expor com precisão todas as especificações necessárias para que a conduta da pessoa ou do grupo de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos seja racionalmente direcionada para alcançar os resultados pretendidos.

Existem inúmeros conceitos de planejamento devido ao fato de ser algo

primordial em todas as áreas, em todos os segmentos e atividades. Uma das

melhores definições de conceito de planejamento já encontrado foi o de Bissoli

(1999), ao afirmar que

O planejamento turístico é um processo que analisa a atividade turística de um determinado espaço geográfico, diagnosticando seu desenvolvimento e fixando um modelo de atuação mediante o estabelecimento de metas, objetivos, estratégias e diretrizes com os quais se pretende impulsionar, coordenar e integrar o turismo ao conjunto macroeconômico em que está inserido. Deve se entender como uma ação social, no sentido de que vai ser dirigido à comunidade, e racional, na medida em que é um processo que tende a estabelecer uma série de decisões com um alto grau de racionalização.

Quando se pensa em planejar o turismo é necessário pensar nas várias

fases do planejamento, na sua aplicabilidade, sua viabilidade econômica, social

e cultural, na sua importância e relevância para a base local, na sua

abrangência e tempo, ou seja, delimitar todas as características desse

planejamento. A proposta é basicamente chegar a um modelo de planejamento

adequado para o desenvolvimento regional de uma forma estratégica, partindo

do todo para o local, cabendo então demonstrar-lhes quais são essas

modalidades de planejamento e qual será sugerida neste trabalho como

proposta para o Centro Oeste Sul Americano.

Beni (2000) nos diz que o planejamento regional do turismo

É um conjunto de pólos de desenvolvimento turístico hierarquizados, unidos por uma infra-estrutura comum que, em sua totalidade, contribuem para dinamizar o desenvolvimento econômico e social de

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extensas partes (...). O setor de turismo, que precisa ser sempre expressado e representado em sua complexa totalidade, demanda um tipo de planejamento a que se agrega a palavra integrado, indicando, com isso, que todos os seus componentes devem estar devidamente sincronizados e seqüencialmente ajustados, a fim de produzir o atingimento das metas e diretrizes da área de atuação de cada um dos componentes a um só tempo, para que o sistema global possa ser implementado e imediatamente passar a ofertar oportunidades de pronto acompanhamento, avaliação e revisão.

O autor conseguiu em poucas linhas traduzir tudo aquilo que será

proposto como modelo de desenvolvimento turístico. Acredita-se que o

planejamento meso-regional e microrregional seja o modelo mais viável para a

região de estudo, tendo em vista sua extensão territorial que atinge dimensões

continentais, o que acaba por estrangular a si mesmo quando se pensa em

planejá-lo integralmente.

Para Boullón (2002)

Uma das condições que o planejamento regional deve cumprir é que as partes das quais se ocupa abranjam todo território do país. A segunda exigência é que cada região abranja uma superfície que tenha propriedades iguais. Como é impossível dividir, fisicamente, um país em áreas nas quais cada metro seja idêntico ao resto, à idéia de região que os economistas utilizam refere-se às porções do território cujos indicadores econômicos (a produção, o transporte, o comércio etc.) e de desenvolvimento social (a alfabetização, a moradia, a saúde, os salários etc.) são similares.

A visão dos autores no que se refere ao planejamento, bem como na

concepção das áreas a serem planejadas, atende e se aplica plenamente à

visão e à proposta da Rota, pois a mesma está constituída por partes iguais de

territórios dos países que a compõe, dando desta maneira o caráter de

itinerário contínuo, interligados por atrativos naturais e culturais e pela logística

dos serviços que a torna viável. Assim como acrescenta Ferraz (1992)

O momento inicial da atividade econômica do turismo é a existência de atrativos naturais e culturais que despertem interesse de visitação. Compõem o chamado patrimônio turístico. Propiciar essa visitação é a função da estrutura de produção de serviços de transporte, alojamento, alimentação, entretenimento, agenciamento e outros. Adequar à estrutura de produção implica normatizar o padrão de qualidade de seus serviços, a fim de propiciar o incremento do consumo, que realimenta todo o ciclo. Assim, a intervenção estatal pode indicar na ordenação do patrimônio turístico, no apoio à produção, no controle de qualidade do produto e no incentivo do consumo.

Beni (2000) e Ferraz (1992) apontaram um modelo de planejamento e

uma ação planejadora, quando se identifica o patrimônio turístico de uma

localidade é necessário planejá-la, ordená-la, incrementá-la, ou seja,

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transformá-la em produto. E, encontrar a forma para esse processo é função do

planejamento e neste caso será função do planejamento meso e microrregional

estratégico. Rasmussen (1990) define muito bem ao dizer que o

Planejamento estratégico, por definição, significa planejar o futuro perante as limitações psicológicas e físicas e os pontos fortes e fracos de uma organização, considerando as alterações do comportamento do macro ambiente referente aos segmentos econômicos, políticos, tecnológicos, sociais, legais, geográficos, demográficos e principalmente, competitivos.

Para que esse planejamento estratégico realmente alcance a ordenação

adequada de todos os recursos envolvidos será preciso estar intrínseco em sua

metodologia a sustentabilidade. Na mais abrangente forma possível, como a

sustentabilidade do espaço, da sociedade, da economia e, é claro, dos

recursos naturais. Oliveira (2000) nos traz alguns conceitos de sustentabilidade

que nos dão uma dimensão do ideal sustentável. Para ele a

Sustentabilidade espacial baseia-se na distribuição geográfica mais equilibrada dos assentamentos turísticos para evitar a super-concentração de pessoas, de equipamentos e de infra-estrutura turística e, conseqüentemente, diminuir a destruição de ecossistemas frágeis e a deterioração da qualidade da experiência do turista.

Já a sustentabilidade social é entendida pelo autor como uma prática...

(...) fundamentada no estabelecimento que conduza a um padrão de crescimento, com uma distribuição mais eqüitativa de renda, redução das atuais diferenças sociais e a garantia dos diretos da cidadania”. “Sustentabilidade econômica é algo que assegure o crescimento econômico para as gerações atuais e, ao mesmo tempo, o manejo responsável dos recursos naturais, que deverão satisfazer as necessidades das gerações futuras.

Essa visão abordada pelo autor onde os recursos naturais satisfarão as

necessidades futuras é algo importante, pois, abordar a sustentabilidade

econômica pautada da manutenção dos recursos naturais é uma questão

óbvia, e a de que, para Oliveira, a economia está intimamente ligada à

ecologia. Vejamos, então, seu conceito de sustentabilidade ecológica

(...) entendida como a proteção da natureza e da diversidade biológica; portanto desenvolvimento turístico deve respeitar a capacidade de carga dos ecossistemas, limitarem o consumo dos recursos naturais e provocar o mínimo de danos aos sistemas de sustentação da vida.

Norton (1992) apud Faria (2001), conseguiu formular um dos mais

completos conceitos de sustentabilidade, ao dizer que:

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Sustentabilidade é uma relação entre sistemas econômicos dinâmicos e sistemas ecológicos maiores, também dinâmicos e que, no entanto, modificam-se mais lentamente, de tal forma que a vida humana pode continuar indefinidamente, os indivíduos podem prosperar e as culturas humanas podem desenvolver-se – mas, também, uma relação na qual os efeitos das atividades humanas permanecem dentro de limites que não deterioram a saúde e a integridade de sistemas auto-organizados que fornecem o contexto ambiental para estas atividades.

Dentro das abordagens turísticas, nota-se claramente a existência de um

tripé que movimenta tal segmento: economia, ecologia e sociedade. Quando se

fala em sustentabilidade, em processos de desenvolvimento, sejam eles

turísticos ou não, estarão sempre gerando interferências econômicas em bases

ecológicas, ou vice-versa, o que resultará num conceito cultural de sociedade.

E em meio a esse tripé é que surgem as discussões sobre a sustentabilidade,

mais precisamente a ecológica. Podem existir culturas e sociedades que de

forma natural adotam procedimentos voltados a ações preservacionistas e

outras que são embasadas meramente por interesses econômicos.

Faria (2001) aborda outro ponto de vista conceitual ao citar Holling

(1993) a respeito da sustentabilidade ecológica, e diz que

Existe uma imprevisibilidade inerente ao desenvolvimento sustentável resultante do desconhecimento e da imprevisibilidade inerente à evolução de sistemas manejados e às sociedades às quais eles estão ligados. O ponto essencial é que a evolução de sistemas requer políticas e ações que não apenas satisfaçam os objetivos sociais, mas que, ao mesmo tempo, atinjam continuamente o entendimento das condições de evolução e forneçam flexibilidade para a adaptação às surpresas.

Para pausar as abordagens sobre sustentabilidade por enquanto, uma

vez que, no desenvolver desse trabalho irá se discutir muito sobre esse tema

que é polêmico, que sempre causam controversas e discussões, assim como

diz Lemos (2001)

Se nos discursos de órgãos e governos nacionais e internacionais todos se referem enfaticamente ao chamado Desenvolvimento Sustentável, não há como realmente implantá-lo sem incorporar as populações locais nesse processo.

E reconhecido no planejamento estratégico e integral, segundo Molina

(2001) ao dizer que “Basicamente a metodologia integral de planejamento deve considerar

a análise de uma série de variáveis que condicionam o modo e o nível de vida do grupo

humano”, e misto, e o regional “válido para uma grande região (...) com características

físicas, econômicas e sociais semelhantes”, dentro desse modelo de planejamento

regional pode se acrescentar em suas características às semelhanças

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ecológico-ambientais. E finalizando, o global que, “abarca com suas linhas toda

uma nação e seus diferentes setores”.

Esse tipo de planejamento não é realmente uma modalidade, mas uma combinação dos anteriores * um mesmo âmbito espaço-temporal. Desta maneira, sua observância é obrigatória na esfera pública, e facultativa para dos demais setores (privado e social). Este tipo de planejamento é muito comum na América Latina, devido à natureza desenvolvimentista de grandes partes de seus governos.

O planejamento pela sua essencialidade em tudo que promove é algo

que gera várias modalidades e diferentes conceitos, e a respeito disso poderiaa

ser demonstrados pensamentos e teorias distintas de planejamento

especialmente por se tratar de desenvolvimento sustentável. Já que para essa

proposta os dois são indissociáveis, para finalizar a definição de planejamento

turístico e o mesmo com ações sustentáveis, vale citar um método apresentado

por Boullón (2002), na realidade uma característica, que nesse caso funciona

como uma sugestão metodológica.

O planejamento físico é uma técnica que pertence às categorias experimentais do conhecimento científico. Sua finalidade é o ordenamento das ações do homem sobre o território, e ocupa-se em resolver harmonicamente a construção de todo tipo de coisas, bem como em antecipar o efeito da exploração dos recursos naturais.

O planejamento pelo que se pode notar em todas as definições é um

método de planejar e ordenar as ações futuras e todo o processo acontece

num determinado espaço, e no planejamento turístico

O espaço turístico é conseqüência da presença e distribuição territorial dos atrativos que, não devemos esquecer, são a matéria-prima do turismo. Este elemento do patrimônio, mais o empreendimento e a infra-estrutura turística são suficientes para definir o espaço turístico de qualquer país.

Vale considerar que a atividade turística processa basicamente duas

matérias primas: os recursos naturais e culturais, formatando-as e ofertando-as

como produtos no mercado turístico como condicionantes do desenvolvimento

da atividade.

*Imperativo. É aquele cujos delineamentos poder ser aceitos pôr todas as pessoas físicas e morais que se relacionam

com o fenômeno que se pretende modificar. Sua observância é obrigatória, e geralmente acontece em países com

governo totalitário.

Indicativo. Contrariamente ao anterior, sua observância é facultativa, uma vez que os delineamentos são tomados

como sugestão do setor público sobre o que se deve fazer. Sua função e exclusivamente orientar.

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3.5. Turismo e Cultura

Laraia (1997) traz em seu livro “Cultura um conceito antropológico” em

sua 11ª edição, alguns conceitos que servem de base na relação entre turismo

e cultura. Assim, como se busca entender o conceito de turismo através de

várias linhas e apontar as diferenças conceituais entre as escolas bem como

seus pensadores, apresenta algumas definições de cultura.

A primeira definição de cultura que foi formulada do ponto de vista

antropológico, como vimos no primeiro parágrafo do livro Primitive Culture

(Tylor, 1871), procurou, demonstrar que cultura pode ser objeto de um estudo

sistemático, pois se trata de um fenômeno natural que possui causas e

regularidades, permitindo um estudo objetivo e uma análise capaz de

proporcionar a formulação de leis, o processo cultural e a evolução.

Ainda em Laraia (1997) pode-se encontrar no 6º capítulo de seu livro

que trata das “teorias modernas sobre cultura”, algumas definições em seu

artigo ‘Theories of Culture’, entendendo a cultura como

Culturas são sistemas (de padrões e comportamentos socialmente transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida as comunidades inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas, e assim por diante.

E no universo turístico com todos seus afins, diretos, indiretos e de

interesse, a cultura é algo que influi fortemente na geração dos deslocamentos

e na prestação de serviços que acabam ocasionando o surgimento do turismo.

Ou seja, o turismo tem uma forte ligação com a cultura e vice-versa, pelo

simples fato de que tudo o que uma determinada população produz, retrata a

sua cultura, a peculiaridade, a singularidade que pertence a esse povo,

formando assim sua cultura. Para o turismo, a cultura é um dos fatores que o

viabiliza.

Assim, a mesma motivou os primeiros viajantes em suas cruzadas nos

primórdios dos tempos, em busca de novas culturas, novas raças, novas

descobertas e conquistas, impulsionados pela própria cultura. E até hoje

continuamos a seguir nossos instintos culturais em busca do novo, do lúdico,

do sagrado, do diferente. Por esses motivos, a cultura constitui uma das bases

estruturais do turismo

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A cultura, tal quais os cientistas sociais a concebem, refere-se ao modo de vida de um povo, em volta a sua extensão e complexidade. Um conceito que procura designar uma estrutura social no campo das idéias, das crenças, costumes, artes, linguagem, moral, direito, leis, etc., e que se traduz nas formas de agir, sentir e pensar de uma coletividade que aprende, inova e renova o seu próprio modo de criar e fazer as coisas, numa dinâmica de constantes transformações. A cultura pode, portanto, a partir deste ponto de vista, ser entendida como manifestações espontâneas de um determinado grupo social que, uma vez incorporadas ao seu ‘modus vivendi’, o caracteriza e o distingue dos demais.

Segundo a definição acima de Muylaert (1995), podemos então afirmar

que: a cultura molda, define e constrói as características do mercado, da

demanda e do produto turístico, confirmando dessa forma que a cultura

embasa o turismo. O mercado turístico Mato-grossense, por exemplo, difere do

mercado turístico “cruceño”, que por sua vez difere do “cusqueño”, ou

“atacameño”, que, no entanto, é diferente de qualquer outro mercado devido às

suas peculiaridades representadas pela cultura local.

Até mesmo os atrativos naturais serão da mesma forma diferentes, não

apenas pelas mudanças naturais, como a ação do vento, da chuva, do sol e

tantos outros elementos que os distinguem, mas, principalmente, devido à ação

do homem exercida basicamente por sua cultura que ali deixou as marcas de

sua forma de agir. O homem modifica tudo aquilo que toca, harmoniosamente

ou não, e sempre de acordo com seus valores. E essas diferenças geram

atrativos, que geram os deslocamentos, que geram as prestações de serviços

e que por fim geram o turismo “quanto à subjetividade, a troca de vivências

entre diferentes culturas é fonte riquíssima e inesgotável de aprendizagem. É o

ponto através do qual o viajante pode voltar a ter, em suas andanças, retorno

em crescimento individual” (LEMOS 2001).

3.6. Turismo e Meio Ambiente

Já fora abordada a íntima relação que o turismo tem com os recursos

naturais

Neste tópico serão abordadas algumas definições de meio ambiente,

onde ocorrem os atrativos naturais, Melo (2000)

Meio ambiente é o conjunto de agentes físicos, químicos, biológicos e de fatores sociais suscetíveis de ter um efeito sobre organismos vivos e as atividades, conjunto sistêmico dos aspectos biofísicos do meio de vida, em inter-relação com os componentes socioculturais, e que interagem com os seres vivos do seu meio.

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Já para Lemos (2001):

Como meio ambiente entende-se s biosfera, isto é, as rochas, a água e o ar que envolve a Terra, juntamente com os ecossistemas que eles mantêm. Esses ecossistemas são constituídos de comunidades de indivíduos de diferentes populações (bióticos), que vivem numa área juntamente com seu meio não-vivente (abiótico) e se caracterizam por suas inter-relações, sejam elas simples ou mais complexas. Essa definição inclui também os recursos construídos pelo homem, tais como casas, cidades, monumentos históricos, sítios arqueológicos, e os padrões comportamentais das populações - folclore, vestuário, comidas e o modo de vida em geral -, que as diferenciam de outras comunidades.

E ainda acrescenta dizendo que: A inter-relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui a ‘matéria-prima’ da atividade. A deterioração das condições de vida nos grandes conglomerados urbanos faz com que um número cada vez maior de pessoas procure, nas férias e nos fins de semana, as regiões com belezas naturais. O contato com a natureza constitui, atualmente, uma das maiores motivações das viagens de lazer e as conseqüências do fluxo em massa de turistas para esses locais - extremamente sensíveis, tais como praias e as montanhas – devem necessariamente ser avaliadas e seus efeitos negativos, evitados, antes que esse valioso patrimônio da humanidade se degrade irremediavelmente.

Escolhemos fazer esta relação entre turismo e meio ambiente porque ela

fundamenta e embasa a proposta de trabalho, onde abordamos a relação entre

o ser humano e seu processo cultural, as ações antrópicas causadas por esta

cultura e a dependência que as atividades turísticas têm em relação ao meio

ambiente, seja ele natural, adaptado ou artificialmente edificado. Turismo,

cultura e meio ambiente estarão sempre juntos em nosso trabalho, numa

relação dinâmica, multidisciplinar e sinérgica.

Antes de trazer para o debate os autores da geografia e estabelecer um

diálogo sobre as bases conceituais e a relação entre a mesma e o turismo,

será apresentado neste debate Andrade, pois, são oportunas as considerações

que o autor aborda ao dizer que

(...) a sistemática da classificação usual do turismo resulta da maneira de um mínimo de organização indispensável na terminologia designativa e na distribuição administrativa dos recursos à disposição dos empresários, dos profissionais do setor e dos turistas. Não possui nenhuma segurança científica porque, à medida que os responsáveis pelo funcionamento da “máquina turística” dela exigem maior lucratividade, menos se interessam em reflexões a respeito de denominação, classificação, divisão e tipificação dos elementos estruturais do fenômeno. (ANDRADE, 1998).

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3.7. - Turismo e a Iniciativa Pública

Oliveira (2000) faz uma reflexão que o torna apto a entrar na discussão

abrindo dessa forma um novo tópico ao tratar das responsabilidades da gestão

pública do turismo, e como o trabalho apresentará proposições de ações

governamentais, tal interferência é aceita, e com ele outros autores que

abordam o tema sabiamente. (OLIVEIRA, 2000) inicia o diálogo afirmando que

O turismo precisa se relacionar com muitas das ciências estudadas pelo homem, algumas já consagradas e outras que não são definidas como ciência, mas são úteis para a atividade. O turismo pode ser conceituado levando em consideração que a economia do turismo estuda a atividade do turismo como capaz de transferir recursos financeiros de uma região para a outra em todas as partes do planeta, em termos intra-regional e internacional, enquanto que a ciência política essa é a área que estuda as formalidades, a organização e o papel do Estado perante o turismo.

Lickorish & Jenkins, (2000), vai além ao afirmar que

A função do governo é um aspecto importante do turismo e envolve políticas e filosofias políticas. A intervenção estadual no comércio é uma prática relativamente recente do governo central. A participação do Estado aumentou à medida que o turismo de tornou um fenômeno de massa, atingindo seu apogeu logo após a Segunda Guerra Mundial, que foi de 1939 – 1945- Nos anos de desenvolvimento da década de 1980 iniciou-se uma lenta mudança com relação à intervenção, com o surgimento de uma economia voltada para o mercado.

Os autores falam em políticas e filosofias políticas, o que caracteriza a

necessidade de adoção de uma filosofia governamental para o

desenvolvimento do turismo, interessante ponto de vista. Eles ainda

acrescentam à visão de outros autores que também sugerem uma postura

filosófica.

O setor público se envolve no turismo por diversas razões, o nível de intervenção do governo varia de um país para o outro, em grande parte como uma função as políticas e filosofias políticas mais amplas. Os fatores econômicos estão em geral em primeiro plano. Isso inclui aumentar os ganhos do câmbio exterior, as taxas estaduais, o número de empregos, a diversificação econômica, o desenvolvimento regional e o estímulo do investimento não voltado ao turismo. As responsabilidades sociais, culturais e ambientais também levam a um envolvimento do governo, bem como diversas considerações políticas. O Estado também pode exercer uma função de proprietário da terra ou gerente do recurso (PEARCE apud LICKORISH e JENKINS, 2000).

E acrescentam ainda que

O turismo em nível nacional é de responsabilidade do governo, que deve elaborar uma política do turismo em um plano, esta política esclarece como o turismo é visto no contexto da economia nacional e como o turismo devem entrar no planejamento nacional e regional. Quando a função do turismo é definida a política apresenta os meios

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que englobam questões como planejamentos administrativos, a função dos setores públicos e privados e os planejamentos fiscais (BURKART e MEDLIK apud LICKORISH e JENKINS, 2000).

E finalizam suas considerações afirmando que

As principais funções do governo podem ser resumidas como vemos a seguir: formular uma política e aprovar sua estratégia de desenvolvimento; proteger, regulamentar e inspecionar conforme necessário o consumidor; para a coordenação dentro do governo e entre os setores público e privado fornecer um fórum consultivo; realizar uma ação fiscal fornecer assistência financeira ao desenvolvimento do turismo através do fornecimento de infra-estrutura; gerar condições favoráveis para o crescimento do setor privado e de pequenas empresas na economia; fornecer dados de estatística, informações econômicas dentre outras informações técnicas, darem suporte para o gerenciamento efetivo dos recursos turísticos nacional, por parte do setor público e privado e promover os destinos nacionais por parte das autoridades regionais ou locais assim como também promover os destinos nacionais no exterior (LICKORISH e JENKINS, 2000).

Dias (2005) também contribui ao dizer que “num maior detalhamento,

podemos considerar o papel do Estado no turismo concentrado em sete pontos

principais: coordenação, planejamento, legislação, função empresarial,

incentivo do setor privado, promover o turismo e divulgação e promoção”.

Petrocchi (1998) e Dias (2005) finalizam o debate inserindo a iniciativa

privada e a base local como atores fundamentais no processo do

desenvolvimento turístico, proposto e liderado pela iniciativa pública através de

seus gestores, e afirmam que

É de competência do gestor público do turismo, preocupar-se com a expansão da urbanização, com o ordenamento do crescimento, com a infra-estrutura, com a segurança pública e com os serviços locais, além de outros fatores que influenciem diretamente na qualidade de vida da comunidade local e do turista em estadia. Este gestor público deverá definir a política do turismo, com base em um planejamento macro, envolvendo os diversos segmentos da sociedade organizada local, desmembrados em projetos e programas que poderão ser re-programados estrategicamente visando garantir a sustentabilidade turística e do meio ambiente em que está inserido (PETROCCHI, 1998, 2001).

As considerações dos autores apontam as diretrizes para o processo de

desenvolvimento da proposta em estudo dentro do setor público e atendem

também à visão planejadora daquilo que se pretende indicar como proposta de

desenvolvimento nas análises.

As principais funções que os municípios devem exercer são de acompanhar o desenvolvimento do turismo, providenciar para que os atrativos turísticos sejam monitorados e utilizados de forma a efetivar a exploração sustentável, ou seja, de forma racional, promover o município em mercados diferentes com estratégias previamente

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escolhidas, estabelecer parcerias com empresários do turismo e os comerciantes locais, contribuir para o aumento da capacitação de atores envolvidos no desenvolvimento turístico, as informações sobre as atividades turísticas regional devem estar sempre atualizadas e estar obtendo e fornecendo aos moradores e turistas, a intervenção deve ser direta e indiretamente para a realização de obras de infra-estrutura que possa contribuir para o turismo através de melhorias dos acessos, pontes, serviço básico como água potável, esgoto, energia elétrica etc (DIAS, 2003).

3.8. - Geografia – o turismo sob a ótica da Geografia

A afinidade existente entre o Turismo e a Geografia é algo essencial de

se mostrar, pois a atividade se utiliza dos espaços geográficos e dos recursos

da geografia física e humana para o seu aproveitamento e desenvolvimento.

Nos tópicos a seguir, serão apresentados os conceitos geográficos que

apresentam uma relação direta com a temática desta pesquisa, bem como a

dinâmica presente na relação entre a geografia e o turismo. Neste sentido, será

relacionada a própria geografia como ciência e suas categorias geográficas

com o Estado-nação e outros pertinentes ao tema e a noção de fronteiras e

limites como termos que apresentam interfaces com o estudo em questão.

De acordo com Sodré (1977) apud Pinto (2006)

Heródoto, que foi um dos primeiros filósofos a levar em consideração, em suas obras, os aspectos geográficos de um determinado lugar e a estabelecer causas deterministas na relação entre o homem e o meio geográfico.

A Estrabão se atribui a primeira grande obra de sistematização da

geografia, composta por XVII livros, onde apenas nos II (dois) primeiros discute

aspectos teóricos (como o traçado dos mapas e os métodos topográficos). Já

nos outros quinze restantes, ele trata, especificamente, das descrições

regionais que formavam a totalidade do mundo conhecido na época. Assim

como Hipócrates, por ter estabelecido a relação entre as características do

meio geográfico e a dimensão fisiológica dos povos.

Mas foram com os prussianos Alexander Von Humboldt e Karl Ritter que

a geografia surgiu como ciência, no início do Séc. XIX.

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3.8.1 - Espaço

Para Santos (1997), a idéia central da interpretação da produção do

espaço situa-se na combinação simultânea entre a forma, a estrutura e a

função, os movimentos da totalidade social modificando as relações entre os

componentes da sociedade, alterando processos e incitando funções.

Santos (1997) sugere que o espaço geográfico constitui “um sistema de

objetos e um sistema de ações” que

“...É formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de ações, não considerado isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. No começo era as naturezas selvagens, formadas por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina”.

3.8.2 - Território - Conceito

Por muito tempo pudemos dizer que falar de território era fazer

referência direta a Estados Nacionais, conforme aponta Souza (1995). Mas a

partir de determinado momento histórico, aproximadamente na segunda

metade do século passado, estes conceitos passaram a ser encarados de

modo diferenciado. Entretanto, em alguns casos ainda são tratados como

antigamente. Por exemplo, quando mencionamos o território brasileiro,

estamos nos referindo ao Estado-nação Brasil. Porém, atualmente é comum

nos reportarmos ao território de uma empresa, de uma comunidade indígena,

ou mesmo ao território em que se encontram determinados recursos

estratégicos. Estas dimensões foram bem apresentadas por Haesbaert (2005),

num plano conceitual que trata sobre a categoria território: a dimensão jurídico-

política, a cultural e a econômica.

3.8.3 - Território & Estado-Nacão e outros atores

Por um longo período da história (mais de três séculos), falar de território

era fazer referência direta aos Estados nacionais, frutos da unificação de

nações com a crise medieval.

À época da formação do território, a sua administração tinha por

funções: a) organizar a unificação da dinâmica territorial; b) exercer funções

sociais diversas; c) estabelecer o consenso coletivo; d) reprimir, dominar e

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satisfazer as atividades e as necessidades coletivas, bem como e) ser

instrumento de adequação entre a capacidade de organização racional do

Estado e a sociedade civil. Também possui funções sociais diversas com

reprodução do território e de sua coesão como Estado Nacional, apesar de

seus campos de força antagônicos (ALLIÈS, 1980).

Com efeito, Estado-nacão significou apropriação exclusiva de um

território onde materializar o processo de integração social, ligado à hegemonia

do capital e da burguesia como classe dominante (parte imprescindível da

formação territorial). Para o autor, nem a língua, nem a cultura, nem qualquer

outro tipo de determinação social “identificantes” são imprescindíveis para que

um órgão estatal possa incorporar sua soberania excludente2, a não ser pela

centralização do poder. A questão do território estatal, tratada aqui, tinha dois

fatores constituintes fundamentais: 1) legitimação e formação ideológico-

cultural nacional; e 2) a representação subjetiva da materialidade diferenciada

de cada território com autonomia estatal soberana, ambos culminando com

discurso legítimo sobre o território.

Caso consideremos, hoje, somente o Estado como capaz de se

territorializar, desabilitamo-nos a pensar sobre um mundo multifacetado com

diversas formas de territorialidades, sejam as microterritorialidades, reduzidas à

escala da vivência, a de corporações internacionais ou outras formas de

apropriação. Este espaço apropriado e influenciado é justamente o território.

Souza (1995) aponta que

Territórios são construídos (e desconstruídos) dentro de escalas temporais as mais diferentes: séculos, décadas, anos, meses ou dias; territórios podem ter um caráter permanente, mas também podem ter uma existência periódica, cíclica.

Como já mencionado, até grande parte do século passado, o espaço

geográfico era produto da ação de poder centralizado no Estado-Nação. A

partir de então esta convergência de poderes passa a perder força, se difunde

e atinge as organizações supranacionais, personificadas acima de tudo nas

multinacionais, com um campo normativo que legitima a multiplicidade de

atuações dessas empresas por todos os cantos do planeta (BECKER,1983).

2 Marcelo Escolar indica que após a apropriação de um dado território, exclui-se sua utilização por outro Estado-nacional. Daí surge à colocação “exclusão” que é uma exclusão para o outro de qualquer utilização dos recursos daquele território.

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Com isso, o estudo e as decisões do/no espaço geográfico passam de

uma visão/utilização unidimensional, poder concentrado no Estado, à

multidimensionalidade (BECKER,1983); (RAFFESTIN,1993), esta última

correspondendo a diversos atores produzindo o espaço, e de forma constante,

(re)estruturando o território através da prática de poderes, políticas e

programas estratégicos, além de gestão territorial (RUCKERT, 2004).

Para Ueda (2005), é evidente e notório que muitas das mudanças

complexas na sociedade mundial foram proporcionadas pelo incremento de

novas tecnologias. Dentro deste contexto, estão as novas infra-estruturas de

transportes e telecomunicações principalmente, bem como o desenvolvimento

de novas tecnologias de informação e da sociedade do conhecimento.

Com efeito, em virtude de tudo que até aqui foi exposto, da utilização de

território e Estado enquanto sinônimos, território está relacionado, conforme

bem menciona Heidrich (2004), a apropriação, domínio, identidade,

pertencimento, demarcação, separação3.

Como um espaço apropriado pelas relações de poder torna-se uma

arena de conflitos em áreas delimitadas onde estão os agentes de gestão

territorial na figura dos controladores do poder, cuja primazia é a busca de

desenvolvimento, ou mesmo e pelo menos, crescimento de seu tecido

produtivo (RAFFESTIN, 1993). Indicamos que empresas, sobretudo as grandes

corporações, bem como o próprio Estado, com seu campo normativo

legitimador, podem ser considerados os controladores do poder. Nesta lógica

globalizante, são poucos os habitantes locais, de qualquer território, que têm

participado das decisões importantes que irão lhes permear e influenciar,

talvez, pelo resto de suas vidas (RAFFESTIN, 1993).

É justamente neste cenário que pensamos Badie (2001) estar falando

em fim dos territórios, ou seja, aquele rígido de antigamente. E sublinha que o

território perde a sua importância à medida que as autoridades políticas

percebem que perdem o controle sobre os consumidores, que vivem no interior

das fronteiras do Estado de que estão encarregadas.

Acrescente-se que a produção responde, por sua vez, a uma lógica de

dispersão cada vez mais pronunciada. É fundamental notar que existe cada

3 Na pesquisa sobre a relação franco-brasileira, e até mesmo da União Européia com o Mercosul, ou dos níveis de integração na fronteira Norte brasileira, é fundamental a análise da base conceitual território, pois com o surgimento de um mundo cada vez mais organizado em redes geográficas, de integração de mercados, é fundamental demonstrarmos as alterações que ocorreram nos níveis de apropriação.

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vez menos dependência do solo e do subsolo, tendo em vista que a riqueza

crescentemente está ligada à mobilidade, às trocas, e à inovação tecnológica.

Com relação ao exposto acima, cabe dizer que o turismo tem por base

em seu planejamento a decisão da base local e a participação da mesma como

critério para êxito e alcance daquilo que se pretende desenvolver partir do

planejamento. O eco turismo e o turismo cultural são os que sd stividades que

mais atendendem à necessidade de contar com a população local em seu

desenvolviemnto.

3.9 - Fronteira

A pesquisa em questão trabalha intimamente com as fronteiras que

dividem territórios e ao mesmo tempo compõem parte da atratividade dos

destinos a serem conhecidos. Para a pesquisa, se fazem necessários o

entendimento da função das fronteiras e a relação que as mesmas têm com a

base local.

A fronteira foi uma inovação que apareceu na Europa, no século XIII de

nossa era, quando 6 nobres ingleses e 6 escoceses, reunidos em comissão,

tentaram estabelecer os limites entre os seus reinos (ano de 1222). Esta

comissão chegou a um “beco sem saída”, tamanhas as discordâncias sobre os

pontos em litígio (MATTOS, 1975).

Com efeito, os Estados primitivos não procuravam contatos com seus

vizinhos. Não havia, portanto, contigüidade, nem pressões fronteiriças.

Predominavam as fronteiras-zonas, espaço geográfico impreciso e incerto

percorrido às vezes dias por caravanas.

Os Estados antigos e medievais preferiam, por motivos vários, segregar

suas populações de qualquer contato com o exterior. Daí preferirem as

fronteiras de difícil transposição – rios caudalosos, cadeias montanhosas,

vazios anecúmenos.

Ao crescerem os interesses de ocupação do solo, vão se tornando mais

precisas às lindes; começam a se esboçar, dessa forma, linhas bem mais

precisas. Para Moddie (Ibid., 83), elas são zonas ou faixas de território

conforme demonstra a expressão “Fímbrias do Colonizador”.

Haushofer, um dos primeiros a escrever sobre Geopolítica, Teorias do

Poder citado por Mattos (1975), fiel às teorias nazistas, classificou as fronteiras

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da seguinte forma: Fronteira de ataque; manobra; equilíbrio; defesa;

decadência; apatia.

Conforme aponta Mattos (1975), podemos afirmar que as fronteiras

definem a distribuição de áreas políticas e refletem, na medida de “espaço é

poder”, as relações de poder entre os Estados. Moddie (1965) ressalta que o

estudo da fronteiras é tido como importante ramo da Geopolítica.

A demarcação de fronteira ocupa o primeiro lugar quando se trata de

estabelecer os tratados de paz ou de convivência pacífica entre Estados.

Quando “vivas”, estão submetidas à pressão do Estado mais poderoso.

A pressão é sempre real e se faz sentir pela expansão cultural ou

econômica tendente a levar para o lado oposto a influência do lado mais forte.

Nos períodos de tensão, essa pressão pode vir a assumir o caráter militar.

Escreve o geógrafo Otto Maul, citado por Mattos (1975), que as

finalidades principais da fronteira e sua respectiva faixa são: distinguir o meu do

teu; proteger o território nacional; isolá-lo, quando necessário, e facilitar-lhe o

intercâmbio quando conveniente. Durante muito tempo, isolar foi a função

precípua das fronteiras.

Em meio às mudanças provocadas, em grande escala, pela globalização

dos mercados, a relação que o local estabelece com o global é redefinida,

sendo que as áreas de fronteira possuem um papel particular nestas

interações.

Um dos enfoques deste trabalho é tratar as fronteiras como espaços que

possibilitam a continuidade dos destinos turísticos que compõem a proposta de

Rota. A fronteira, neste caso, deve ser vista como um passo e um espaço

integrado entre dois territórios distintos, e que, no entanto, integram-se para

possibilitar o desenvolvimento de ambas as partes.

Ao ser pautada, conforme Courlet (1996), “como margem de manobra

para integração transfronteiriça, a definição e importância das áreas de

fronteira passam por metamorfoses”. Cabe, portanto, avaliar algumas destas

alterações de tal categoria de análise, bem como quais medidas dos gestores

público/privados no sentido de valorizar territórios transfronteiriços.

Para se falar de fronteira é necessário recorrermos à definição de limite,

pois a última está intimamente relacionada com aquela primeira.

Etimologicamente, a palavra limite, de origem latina, foi criada para designar o

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fim daquilo que mantém coesa uma unidade político-territorial, ou seja, sua

ligação interna.

Aponta Golin (2004) “sendo sua definição, grosso modo, utilizada como

linha divisória entre Estados limítrofes, com o intuito de separar”. Estas linhas

divisórias teriam que ser bem definidas, posto que, caso isto não ocorresse, “o

sistema de Estado ficaria reduzido ao caos, pois seria impossível saber-se

onde terminaria a soberania de um Estado e onde começaria a de outro” diz

Moddie (1965), e, com isso, seria difícil seu objetivo (limite) que é assinalar, de

maneira inquestionável, o recorte espacial no qual determinado Estado-nação

exerce sua força soberana.

3.10 - Limite

Com relação ao limite, pode ser: a) em uma margem, nesse caso o

domínio dos rios cabe apenas a um dos Estados; b) contíguos este critério, que

já foi usual está se tornando cada vez mais raro; c) pela linha de talvegue4. A

escolha da linha de talvegue tem trazido inconvenientes vários, entre os quais

citaremos: a determinação da linha mais profunda, ou do canal mais profundo,

em alguns trechos em que há mais de um canal, torna-se extremamente difícil;

por outro lado, há que se considerar a instabilidade desse canal mais profundo

em face da acumulação de sedimentos no fundo dos leitos. Para evidenciar

esses inconvenientes, os tratadistas costumam aconselhar que se inclua nos

tratados a cláusula de imutabilidade da linha de fronteira após a sua

demarcação pelo talvegue, reconhecida na época da assinatura do mesmo; d)

limite pela linha média, lugar geométrico dos pontos eqüidistantes das

margens. Esta linha é muitas vezes preferida por ser mais sensível ao

interesse dos dois Estado; é mais visível do que o talvegue e divide a massa

líquida ao meio. Favorece o condomínio da navegação, mas traz também

inconvenientes tais como: a alteração das margens por força da erosão,

alterando-se a linha média; a “divagação” dos rios de planície que muitas vezes

mudam o seu leito (MATTOS, 1975).

4 É a linha de sondagens mais profundas na vazante. Outros conceitos de talvegue, “canal principal do rio de maior profundidade e de mais fácil e franca navegação” (tratado Brasil-Paraguai), ou “linha de nível mais baixo no leito do rio em toda a sua extensão” (Tratado Brasil-Inglaterra referente à antiga Guiana Inglesa). O limite pelo talvegue permite o condomínio das águas para a navegação e para a sua exploração dentro de limites estabelecidos nos tratados

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A tendência atual de relaxamento tanto das barreiras fiscais impostas ao

comércio internacional como do controle sobre o fluxo de pessoas, sobretudo

nos países engajados na formação de blocos econômicos regionais, está

provocando uma valorização crescente da cooperação transfronteiriça como

forma de adaptação dos atores nacionais e subnacionais à transnacionalização

da economia, diz Ribeiro (2002). Para muitos países já não importam tanto os

efeitos da existência dos limites internacionais, mas os efeitos da remoção

desses limites ou pelo menos de reduzir as descontinuidades que estes

representaram por muito tempo para a vida econômica e social, para a

circulação de idéias, mercadorias e serviços (HOUSE, 1980 apud STEIMAN &

MACHADO, 2002).

No Brasil, uma das áreas geoestratégicas “menos conhecida”, é o

território que margeia o seu limite continental, sendo este um dos motivos para

ter sido feito uma nova proposta de desenvolvimento da faixa de fronteira

brasileira. Uma forma de tratar os fluxos de bens, capitais, pessoas e idéias

que caracterizaram esses espaços e sua paisagem peculiar é estudando a

zona de fronteira.

3.10.1 – Zona de Fronteira

De um modo geral, ela - zona de fronteira - é composta por ‘faixas’

territoriais de cada lado do limite internacional, caracterizadas por interações

que, embora internacionais, criam um lócus próprio de fronteira, só perceptível

na escala local/regional de suas interações transfronteiriças, chamadas de

cidades-gêmeas, conforme Brasil (2005), que mais adiante acrescenta dizendo

que

Para estimular o desenvolvimento das cidades-gêmeas, de modo a fortalecer seu papel como elemento estruturador dos espaços sub-regionais propõe-se, conforme a proposta para o Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PDFF), que elas se tornem áreas com regime especial de tributação e aplicação especial de leis trabalhistas, constituindo-se Zona de Integração Fronteiriça (ZIF), englobando as cidades-gêmeas e áreas adjacentes, sendo seu perímetro definido de acordo com suas especificidades geográficas e econômicas, bem como segundo seu potencial funcional (industrial, comercial, logístico, ou uma mescla deles) (BRASIL, 2005).

No eixo da Rota existem alguns casos de cidades gêmeas, como as

cidades de Desaguadero que está dividida pela fronteira entre a Bolívia e o

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Peru, e, tanto no lado boliviano quanto peruano, tem o mesmo nome e mantem

as mesmas características. La Quiaca, na provincia de Salta, e Villazón, no

Departamento de Potosí, também são cidades gêmeas, divididas pela fronteira

entre os dois países.

Para Ribeiro (2002), a multiplicação de zonas, faixas e pontos de

fronteira está na origem de uma das questões mais debatidas na literatura

pertinente atual, qual seja, como devem ser concebidos os sistemas de

controle de fronteira face às mudanças e, por conseguinte, quais as funções

que devem ser atribuídas aos aparelhos estatais nesse controle.

De modo geral, a escassez de estudos sobre regiões de fronteira

internacional pode ser explicada pela situação duplamente marginal que as tem

caracterizado. Por um lado, grande parte dessas regiões está isolada dos

centros nacionais de seus respectivos estados, quer pela ausência de redes de

transporte e de comunicação, quer pelo peso político e econômico menor que

possuem.

Uma das características da maioria das fronteiras da Rota, exceto pela

fronteira chilena e peruana localizada no eixo da Rodovia Pan-americana, entre

as cidades de Tacna, no Peru, e Arica, no Chile, as demais estão longe dos

grandes centros e não contam com assistência efetiva dos órgãos que as

regem. Uma das mais isoladas socialmente é a fronteira Chile – Bolívia na

região de Tambo Quemando e Bolívia – Brasil entre Cáceres e San Ignácio de

Velasco. Referente à assistência pública no que diz respeito a segurança,

saneamento, comunicação, saúde e em alguns casos educação, devido às

longas distâncias dos centros administrativos.

Mais que entender a função das fronteiras e de seus limites, o que se

espera com os resultados desta pesquisa, bem como com a aplicação dos

mesmos, como proposta de ordenamento sócio-espacial, é atenuar ao máximo

possível as distâncias entre as nações sul-americanas, especialmente a dos

países envolvidos na pesquisa com a aplicação das possíveis alternativas

sugeridas nas análises deste trabalho, especialmente nas propostas de

integração transfronteiriça por meio de roteiros integrados.

Pois quanto mais isolada se torna uma nação em função da aplicação de

suas leis e limites geográficos, mais empobrecida se tornará sua população. O

isolamento tende ao enfraquecimento e à desvalorização humana e social.

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Romper com as barreiras criadas pelas fronteiras ao ultrapassarem seus limites

e funções geográficas é o grande desafio para a América do Sul.

3.11 – “Geoturismo” – Conceitos

A proposta em estudo justifica-se por apresentar regiões diversas e

características peculiares e extremas entre si, e se torna de melhor

compreensão quando aplicada às mesmas os conceitos “geoturísticos” que

facilitarão o entendimento e justificarão a delimitação da mesma.

Caracterizar uma área que envolve regiões de 5 países com enorme

diversidade ecossistêmica, com biomas distintos e variações de relevo e clima

com picos altamente elevados e planícies extensas, implica no entendimento

primário da idéia que se pretende defender a partir da pesquisa, que, portanto

justifica a sua própria concepção. Neste caso entende-se por região turística

Região Turística: Espaço geográfico que apresenta características e potencialidades similares e complementares, capazes de serem articuladas e que definem um território, delimitado para fins de planejamento e gestão. Assim, a integração de municípios de um ou mais Estados, ou de um ou mais países, podem constituir uma região turística (MIN, 2005).

Nesse contexto, uma região turística pode constituir um destino turístico

que, segundo Souza e Corrêa (1998), é “A localização de um grupo de atrações,

instalações e serviços turísticos relacionados, que um turista ou grupos de excursão

decide visitar ou que os fornecedores decidirem promover”. Os destinos podem ser

classificados como naturais e∕ou culturais. Portanto, as regiões constituem os

espaços turísticos que, para Boullón (2002)...

O espaço turístico é conseqüência da presença e distribuição territorial dos atrativos que, não devemos esquecer, são a matéria-prima do turismo. Este elemento do patrimônio, mais o empreendimento e a infra-estrutura turística são suficientes para definir o espaço turístico de qualquer país.

Boullón (2002) ainda acrescenta outra noção muito utilizada nos

processos de ordenamento e de concepção dos territórios que são as áreas

turísticas, e

São as partes em que se pode dividir uma zona e, portanto, sua superfície é menor que a do todo que as contém; no entanto, como as zonas podem chegar a ter tamanhos diferentes, é possível que uma área da zona maior resulte maior que a outra zona menor.

No entanto para o Ministério do Turismo (2005)

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Região Turística é o espaço geográfico que apresenta características e potencialidades similares e complementares, capazes de serem articuladas e que definem um território, delimitado para fins de planejamento e gestão. Assim, a integração de municípios de um ou mais Estados, ou de um ou mais países, podem constituir uma região turística.

E tais espaços, por sua vez, podem ser classificados como pólo turístico

que, segundo explica Souza & Correa (2000), é

O conjunto de atividades turísticas matrizes que criam efeitos atrativos sobre outros conjuntos definidos nos espaços econômico e geográfico. Tal conjunto de atividades turísticas é capaz de aumentar o produto, modificar as estruturas e favorecer o processo econômico em um espaço determinado. - é um núcleo receptor de turista.

E ainda acrescentam o entendimento de um termo bastante utilizado,

não somente no turismo, mas também em outros setores da economia para

exemplificar modelos de ordenamento territorial-espacial, que são os

corredores turísticos, vias de ligação entre locais de interesses turísticos,

existindo dois tipos de corredores, os de passeio e os de estadas. Os

corredores turísticos de passeio são as estradas por onde passam os turistas e

os de estada são grandes áreas que combinam a função de centro com a de

corredor turístico.

E como no desenvolver de toda a pesquisa todo processo tende a provar

a viabilidade de uma rota turística o que implica na realidade comprovar a

viabilidade do ordenamento territorial de recortes geográficos específicos, é

importante entendermos o conceito de arranjo produtivo local, que...

Compreende um recorte do espaço geográfico (parte de um município, conjunto de municípios, bacias hidrográficas, vales, serras, etc.) que possua sinais de identidade coletiva (sociais, culturais, econômicas, políticas, ambientais ou históricas). Além disso, o arranjo produtivo local deve manter ou ter a capacidade de promover a convergência em termos de expectativas de desenvolvimento, estabelecer parcerias e compromissos para manter e espacializar os investimentos de cada de um dos atores no próprio território, e, promover, ou ser passível de uma integração econômica e social no âmbito local (Seplan 2006).

Para o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas

Empresas, os arranjos produtivos são aglomerações de empresas localizadas

em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm

algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e

com outros atores locais, tais como governo, associações empresariais,

instituições de crédito, ensino e pesquisa. Neste contexto, dentro do eixo da

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proposta em análise poderão surgir vários APL’s dentro dos segmentos

econômicos existentes (CARVALHO, 2006).

Por fim, o processo de ordenamento que pode ser facilitado pelos

arranjos produtivos locais. São as ferramentas que proporcionarão o

surgimento das rotas turísticas que, para o (MTUR, 2005), “Rota turística é um

percurso continuado e delimitado cuja identidade é reforçada e/ou atribuída

pela utilização turística”., inserindo desta forma, os produtos e serviços que

caracterizam os “destinos turísticos, que por sua vez são: locais, cidades,

regiões e∕ou países para onde se movimentam os fluxos turísticos” de ambos.

Para o fechamento dos entendimentos que fundamentam este trabalho,

cabe ainda acrescentar alguns conceitos que dizem respeito especialmente às

teorias que serão abordadas nas análises deste trabalho, como resultados e

como proposições para a implementação da Rota.

Um conceito bastante utilizado nas análises é o do centro turístico, como

forma de propor o ordenamento da Rota e criação de novos serviços, Boulón

(2002), diz que

É todo conglomerado urbano que conta em seu próprio território ou dentro de seu raio de influencia com atrativos de tipo e hierarquia suficientes para motivar uma viagem turística. A fim de permitir uma viagem de ida e volta no mesmo dia, o raio de influencia foi calculado em duas horas de distancia-tempo, ...)” .Os centros turísticos apresentam tipologias distintas, tais como: Centro turístico de distribuição; Centro turístico de estada; Centro turístico de escala; Centro turístico de excursão.

Assim como os centros turísticos, o termo complexo também é utilizado

para exemlificar alguns processos de análises e teorizacção e até mesmo de

sugestão de ordenamento, “Um complexo turístico chega a ser uma derivação dos

centros turísticos de distribuição que alcançam uma ordem superior”. (BOULÓN, 2002).

No desenvolver do trabalho, faz-se necessário um bom entendimento

daquilo que se pretende por turismo no espaço, seus aspectos de apropriação

territorial e utilização destes espaços para sua própria existência como

atividade humana. Boulón é um dos autores que melhor traduz essa relação,

ficando fácil entender cada uma das relações que o turismo exerce no espaço

dentro da ótica do autor. E para a proposta da Rota tais conceitos foram

fundamentais.

Há que ser considerado neste momento, a diferença entre Rota e

Corredor Turístico: Rota, conforme já mencionada, “É um percurso continuado

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e delimitado cuja identidade é reforçada e/ou atribuída pela utilização turística”

(MTUR, 2005). Corredor turístico faz parte da composicão geográfica e dos

serviços de uma rota, e não deve substituí-la. Boulón (2002) deixa claro qual é

sua função ao dizer

são as vias de conexão entre as zonas, as áreas, os complexos, os centros, os conjuntos, os atrativos, os portos de entrada do turismo receptivo e as praças emissoras do turismo interno, que funcionam como elemento estruturador do espaço turístico.

São divididos em corredores de traslados, tendo a função de facilitar o

momento dos fluxos turísticos de um atrativo ao outro “Constituem a rede de

estradas e caminhos de um país por meio dos quais de deslocam os fluxos

turísticos para completar seus itinerários”.

Existem casos em que, para o turista chegar ao destino final, ele precisa

realizar uma parada para descanso, ou para uma nova conexão, isso

dependendo da distânica a ser percorrida. Neste caso, existe uma categoria

específica de corredor que são

Os corredores turísticos de estada são superfícies alongadas, em geral paralelas às costas de mares, rios ou lagos, que têm uma largura que não supera, em suas partes mais extensas, os 05 Km. A largura é indeterminada porque depende da longitude das praias, das costas, dos lagos ou da margem dos rios que têm interesse

turístico (BOULÓN, 2002).

3.12 – O núcleo turístico

O conceito de núcleo turístisco é pouco utilizado neste trabalho, mas

dentro do eixo da Rota existem várias localidades que se encaixam

perfeitamente no terno, especialmente em territórios andinos da Bolívia, do

Peru e Argentina. Neles encontram-se comunidades pequenas totalmente

isoladas entre vales e montanhas e que têm sua sobrevivência basicamente

voltada para o turismo e a produção artesanal. Neste caso, o conceito que

Boulón (2002) apresenta caracteriza muito bem tais localidades ao se referir

aos núcleos turísticos como

Referem-se a todos os agrupamentos com menos de dez atrativos de qualquer hierarquia e categoria, que estão isolados no território e, portanto, têm um funcionamento turístico rudimentar ou carecem completamente dele, devido, precisamente, a seu grau de incomunicação.

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4. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta análise, adotou-se a técnica da pesquisa

exploratória, visto que a mesma exige levantamentos junto aos envolvidos na

proposição da idéia da rota que objetiva e pesquisa. Assim, o objetivo geral foi

proporcionar maior familiaridade com o tema, fato ou fenômeno, com vistas a

torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. O planejamento deste tipo de

pesquisa é bastante flexível, possibilitando a consideração dos mais variados

aspectos relativos ao fato estudado, e proporcionando a utilização de uma

variedade de procedimentos de coleta de dados, como entrevista, observação,

participação, análise de conteúdo etc. (MARCONI & LAKATOS, 1990).

Segundo Gil (2002), na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem:

levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências

práticas com o problema pesquisado, análise de exemplos que estimulem a

compreensão.

Primeiramente, procuramos conhecer mais profundamente a temática

em questão e os aspectos que a envolvem, a partir do levantamento

bibliográfico e documental. A pesquisa bibliográfica, de acordo com Marconi e

Lakatos (1991), tem por finalidade colocar o pesquisador em contato direto com

tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, sendo

desenvolvida a partir de material já elaborado, principalmente livros e artigos

científicos. Porém, as fontes desta são muito mais diversificadas e dispersas.

Mesmo assim, levantamos documentos conservados em arquivos de órgãos

públicos e instituições privadas e, também, relatórios de pesquisa, relatórios de

empresas, tabelas estatísticas, etc.

Os trabalhos estão divididos em etapas de estudos, sendo classificados

em: trabalhos de pesquisas bibliográficas; pesquisas exploratórias, viagens

técnicas, entrevistas, diálogos, agendas técnicas em órgãos públicos,

participação em eventos acadêmico-científicos, publicações em revistas

técnicas e científicas, divulgação e promoção dos estudos em eventos

técnicos-políticos e revistas, jornais da mídia nacional e internacional, conforme

organograma abaixo:

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60

4.1 Pesquisas Bibliográficas

A pesquisa bibliográfica foi embasada em leituras de temas ligados ao

turismo e geografia, enfocando autores que abordam assuntos específicos ao

tema da pesquisa, tais como planejamento turístico, conceitos geográficos

sobre territaórios, fronteiras e espaço. Tais temas foram abordados por

colaborarem diretamente com o entendimento da proposta, não só no campo

da pesquisa, bem como na proposta para o mercado.

Coleta de materiais bibliográficos turísticos impressos diversos foram

coletados, como mapas, ilustrações e materiais promocionais, e digitais (CD’s,

websites). A revisão de mapas geográficos para a produção do material

ilustrativo foi subdividia em 03 partes: a) levantamento bibliográfico e

documental; b) análise de documentos e c) pesquisa exploratória e visitas

técnicas in loco.

4.2 Pesquisa de Campo - 1ª Expedição técnica-científica

Na falta de publicações especificas ao tema devido à atividade turística

ser tema ainda recente no Brasil, especialmente no que tange às relações

geografia e turismo, a alternativa mais eficaz no processo de produção de

conhecimento foi a realização de pesquisas exploratórias onde era possível

coleta de dados a campo, bem como o levantamentos de dados cartográficos,

geográficos, econômicos e turísticos.

Logo no início da formação da proposta de pesquisa, a primeira

constatação foi o grande desafio que nos esperava. A falta de publicações

específicas caracterizava desde o inicio um dos desafios a serem vencidos. Os

demais surgiram no momento de caracterizar a área de estudo, pois era

necessário conseguir delimitá-la sem comprometer as fontes de pesquisas e

sem perda de foco e objetivos.

No inicio da pesquisa eram apenas 4 países, tendo como inicio a região

do Pantanal em território brasileiro – Estado de Mato Grosso, percorrendo em

seguida territórios bolivianos – departamentos de Santa Cruz, Cochabamba, La

Paz, Oruro e Potosí. No Peru as regiões de Puno, Cusco, Arequipa, Moquegua

e Tacna constituíam os territórios peruanos em estudo e, por fim, no Chile as

regiões de Tarapacá, Antofagasta e Atacama concluíam o fechamento das

áreas em estudo da Rota Pantanal Pacífico.

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61

Portanto, em 2006, quando iniciou o programa já se tinha bem definido o

objeto de estudo e já havia um grupo de pessoas envolvidas com a proposta

para o mercado, e a pesquisa científico-acadêmica gerava uma motivação a

mais e via-se nisso a possibilidade de produção e aplicação instantânea de

conhecimento e prática. Uma das expectativas era a realização de uma

expedição científica pelo eixo da proposta em análise.

4.2.1 Realização da expedição técnica-científica

O projeto foi patrocinado pelo FAPEMAT – Fundo de Amparo a Pesquisa

do Estado de Mato Grosso, sob a coordenação do GEEPI por meio do

Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso,

contando com a participação do DIGEAGEO da Universidade Federal de Mato

Grosso Sul e a AMM – Associação Mato-grossense dos Municípios como

instituições convidadas.

A 1ª Expedição Técnica-científica Rota Pantanal-Pacífico, teve como

área de conhecimento a Geografia, subárea a Geografia Regional. A equipe

científica foi composta por 7 membros, sendo 3 doutores em geografia, 1

fotógrafo internacional, 1 consultor e doutorando em turismo e 2 estudantes de

mestrado em geografia.

Teve por objetivo financiar a Expedição de Estudos e de Pesquisa pelo

eixo da Rota Pantanal-Pacífico: Brasil, Bolívia, Peru e Chile. A proposta visa a

melhor compreensão do processo de integração dos setores econômicos,

sociais, políticos e de infra-estrutura, principalmente de transporte e

hospedagem, bem como a análise das estruturas de logística e administração

pelas quais vêm passando esses países, sob a ótica do turismo, da cultura e

dos aspectos sócio-ambientais.

Especificamente, teve por objetivo levantar dados de geo-

referenciamento, coletar dados, analisar os aspectos físicos, organizar a

produção do material cartográfico de sensoriamento remoto e de

geoprocessamento, divulgar os produtos cartográficos levantados e produzidos

durante e a partir da expedição, realizar registros (fotográficos e filmagens) dos

locais e de encontros e entrevistas ao longo da expedição, observar e coletar

dados e registros de produção de documentos de divulgação dos aspectos

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62

históricos e culturais e, por fim, analisar os níveis de empreendedorismo do

setor público e privado.

Para o alcance de tais objetivos foi necessário contar com o apoio de

uma equipe técnica que foi composta pelas seguintes instituições convidadas:

• 2 técnicos do Instituto Pantanal Pacífico, responsáveis pela promoção

de toda a expedição por meio do site oficial do IPP -

www.rotapantanalpacifico.com.br;

• 2 empresários do SINVEST – Sindicato da Indústria de Vestuários do

Estado de Mato Grosso, doadores e responsáveis pela produção das

camisetas, bonés, chapéus e sacolas;

• 2 condutores da empresa REAL NORTE, patrocinadora do veículo;

• 2 estudantes do curso de turismo das universidades UNIVAG e

UNIRONDON;

• 1 estudante da UFMT que representava a ARCA Multincubadora; e

• 1 empresária de turismo, setor de hotelaria.

A expedição contou ainda com o apoio do SEBRAE – MT para ajuda de

custo das despesar da equipe técnica. Cabe dizer, também, que durante todo o

decorrer do percurso a equipe pôde contar com o apoio dos empresários do

setor de hotelaria que concedeu descontos na hospedagem. Os governos

regionais facilitaram o acesso aos atrativos truísticos. Em La Paz, parte da

equipe foi recebida pelo Vice-Ministro de Turismo da Bolívia e, em Cusco, no

Peru, pelo Presidente Regional.

Para o melhor etendimento da realização da expedição e de seus

objetivos e resultados, observe o quadro nº02.

Quadro: nº 02 - Expedição técnica-científica : Rota Pantanal-Pacífico.

EXPEDIÇÃO TÉCNICA-CIENTÍFICA Rota Pantanal-Pacífico

Eixo Percorrido

Brasil Centro Oeste

Bolívia Leste - Oeste

Peru Sul

Chile Norte

Dias Localidades

06/06/07

Cuiabá – Cáceres MT – Brasil P/ San Matías – San Ignácio – Bolívia

07 – 09/06/07 San Ignacio de Veslaco – Santa Cruz - Bolívia

09 – 11/06/07 San Javier – Santa Cruz – Bolívia

11-13/06/07 Santa Cruz de la Sierra – Bolívia

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11-13/06/07 Cochabamba – Cochabamba – Bolívia

14/06/07 Deslocamento: Cochabamba - La Paz

15-16/06/07 La Paz – Bolívia

16/06/06 Deslocamento: para La Paz – Puno – Peru

17/06/07 Puno – Deslocamento para Cusco

18 -21/06/06 Cusco – Deslocamento para Arequipa

21- 23/06/07 Arequipa – Deslocamento Arica e Parinacota – Chile

24-25/’6/007 Arica e Parinacota – Iquique – Tarapacá - Chile

25-26/06/07 Deslocamento de Iquique para Potosí e Oruro – Bolívia

27/06/07 Deslocamento – Oruro – Cochabamba – Santa Cruz de la Sierra

28-29/06/07 Santa Cruz – Deslocamento para San Ignácio – San Matias

30/06/07 Retorno de San Matias – Cácerres – Cuiabá – Mato Grosso - Brasil

Serviços Executados e Pessoas Contactadas:

• Foram realizados levantamentos de dados científicos, geográficos, turísticos e institucionais com órgãos públicos e privados.

• Apresentação do projeto Rota Pantanal-Pacífico em eventos específicos, como palestras e conferências em Universidades e Instituições Públicas.

• Coletivas de imprensa para radio, jornais e TV’s.

• Entrega de material promocional do projeto.

• Articulação para participação em futuros eventos.

• Sondagem para futuras parcerias acadêmicas e técnicas.

Principais órgãos e instituições visitadas

Universidad Católica Boliviana San Pablo Chiquitos Universidad Autónoma Gabriel René Moreno Universidad Del Valle Universidad Nacional San Antonio Abad Del Cusco Facultad de Ciencias Sociales CAINCO – Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo – Presidência e Diretorias – Santa Cruz - Bolívia. APAC – Associação de Pró Arte e Cultura – Santa Cruz - Bolívia Governo Departamental de Santa Cruz – Secretaria Departamental de Turismo Governo Regional de Cochabamba – Secretaria Departamental de Turismo Governo Nacional – Vice-ministério de Turismo – La Paz - Bolívia Governo Regional de Cusco – Presidência e Diretoria Regional de Turismo Instituto Nacional de Cultural – Regional de Cusco Governo Regional de Arequipa – Gerencia Regional de Turismo Governo Regional de Tarapacá – Chefia de Gabinete da Intendência e Diretoria Regional da SERNATUR – Serviço Nacional de Turismo – Regional de Tarapacá – Chile.

Resultados Alcançados:

• Identificação da existência de alguns convênios acadêmicos que poderão ser reativados.

• Motivação para celebração de novos convênios técnico-acadêmicos.

• Motivação para participação das instituições em eventos aqui no Brasil.

• Dados técnicos para o fechamento da produção da dissertação de mestrado.

• Definição da participação no 8o Congresso Nacional de Geografia e 1º Internacional de Geografia de Arequipa – Peru.

• Decisão de realizar a 2ª Expedição Técnica-cinetífica por meio de uma parceria entre

os grupos de pesquisas DIGEAGEO e GEEPI.

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4.2.2 Outras atividades desenvolvidas

No decorrer de todo o ano foram realizadas várias ações de

desenvolvimento da pesquisa e muitas outras que podem ser qualificadas

como programação extra-acadêmica que serão aqui brevemente comentadas.

As mesmas se encontraram apresentadas no quadro de atividades extra-

acadêmicas de maneira mais esclarecedora.

Estão basicamente divididas em 4 linhas de atuação, sendo:

(a) participação em eventos científicos e técnicos: foram realizadas 16

participações em eventos técnicos realizados pelos governos e pela iniciativa

privada, onde tais participações foram como palestrante convidada, parceira na

realização e promotora por meio de publicações em revistas, jornais e Tvs.

(b) Palestras e conferências em universidades e órgãos públicos: pelo

menos 4 palestras foram realizadas para promover no meio acadêmico a

pesquisa e seus resultados.

(c) Publicações científicas e de promoção - revistas científicas e

especializadas: foram realizadas 5 publicaçãos científicas a respeito do tema,

sendo 2 delas no XI Encontro de Geógrafos da América Latina – EGAL 2007,

Bogotá – Colômbia, bem como, várias publicações em revistas especializadas

em turismo e cultura; e

(d) Produção gráfica - mapeamento ilustrativo e produção de vídeos e

recursos áudio-visuais de promoção da Rota: foram produzidos folders,

banners, mapas ilustrativos, camisetas e 3 vídeos. Todos estes materiais

tinham por objetivo a promoção do projeto. Para tal, foi constituída uma equipe

multidiscilpinar de trabalho que, de forma voluntária, contribuiu com o

desenvolvimento da pesquisa e das análises.

Para a produção dos materiais acima citados, especialmente os vídeos,

foram realizadas levantamento de imagens digitais de documentários oficiais

de promoção turística de cada país. No primeiro vídeo constam apenas 4

países, pois, na época de sua elaboração, a Argentina ainda não fazia parte da

pesquisa. Já nos outros dois, constam os 5 países e todas as imagens foram

levantadas in loco pela equipe de produção da Produtora F3 Vídeos

Produções, empresa parceira do projeto e realizadora de 1ª Expedição

Jornalística, quando foram coletadas aproximadamente 50 horas em fita de

vídeo BetaCam profissional e 10.000 fotos com câmera fotográfica profissional.

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A expedição jornalística percorreu os 5 países num total de 31 dias,

visitando os principais destinos da Rota e realizando o levantamentos das

imagens digitais e fotográficas. A partir deste levantamento é que se

produziram os vídeos, sendo os mesmos o principal instrumento de promoção.

A equipe estava composta por 5 membros, sendo:

• 1 pesquisdora – responsável pela organização da viagem, contatos

institucionais, interpretação idiomática, agendamento das visitas com

autorização especial pelos órgãos oficiais dos destinos turísticos.

Articulação com a imprensa local de cada país;

• 1 cinegrafista profissional – responsável pelo lavantaento das imagens;

• 1 auxiliar de produção – responsável pelo suporte técnico ao

cinegrafista;

• 1 jornalista – responsável pelos registros didáticos e produção textual;

• 1 diretor de produção responável pelo levantamento fotográfico e

direção da equipe de produção.

As fotos foram utilizadas para geração de um banco de dados de

imagens e para a produção dos demais materiais promocionais, como, folders

e banners. Apesar do direito intelectual da empresa financiadora do projeto, o

Instituto Pantanal Pacífico tem o direito de uso institucional das mesmas.

Algumas imagens utilizadas nas análises fazem parte deste banco de dados.

Tais ações tiveram início no mês de abril de 2006, logo após o ingresso

no programa e todas com o objetivo específico de auxiliar no método de

pesquisa e contribuir com a implementação e implantação da proposta Rota

Pantanal-Pacífico, participando de eventos científicos e técnicos no ano de

2006 e 2007, de acordo com o quadro n°03:

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Quadro: n°03 - Participações em eventos e atividades técnicas extra-acadêmicas

2006

Ações Resultados

Participação na Festa Internacional do Pantanal – Abril.

Foi esse o momento inicial em que a pesquisa começava a fazer parte de uma proposta para o mercado.

FOREST 2006 – Cuiabá – maio.

Decidíamos que a pesquisa deveria ser promovida em eventos e momentos oportunos, pois tudo isso contribuiria e facilitaria o desenvolvimento da mesma.

Publicação nos Anais do FOREST Início da divulgação técnica-científica da proposta da Rota Pantanal-Pacífico.

Criação do Instituto Pantanal-Pacífico – IPP– Maio.

Foi uma decisão tomada em conjunto com uma equipe de pessoas que conhecia o projeto academicamente, foi um consenso que julgou imprescindível a criação do Instituto.

Palestras sobre o Projeto – Diamantino Junho.

A partir dessa data tornavam-se costumeiro o interesse de outras universidades a respeito do tema.

Participação no Salão Brasileiro de Turismo – Junho.

Momento oportuno para nacionalizar a idéia de uma rota interligando o centro do continente, bem como demonstrar a importância das pesquisas acadêmicas.

Participação Implantação do “Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Sócio-ambiental – NASCENTES DO PANTANAL”, Junho.

Esse convite surgiu porque o consórcio em criação pertence exatamente à zona de fronteira do Brasil com a Bolívia, portanto, área de interesse da pesquisa.

Publicação sobre o Tema – Junho.

Publicações que fazem parte do programa de mestrado foram feitas sobre o tema, direta ou indiretamente ligados. As prioridades das investigações estavam todas voltadas para a proposta da rota.

Elaboração do Projeto de Expedição Técnica Científica - Agosto.

Momento de começar a investir em outro desafio, o de realizar a maior expedição técnica e cientifica de todos os tempos do programa de mestrado da universidade.

Participação na Feira Latina Americana do Livro – Setembro.

Momento de internacionalização da proposta, pois estavam presentes os representantes de quase todos os países da América Latina. Era o momento mais oportuno para a academia subsidiar informações técnicas e científicas a um corpo político-diplomático.

Primeira Missão Técnica a Brasília – Novembro.

Esses foram os resultados das provocações feitas durante nossa participação na feira do livro. Objetivos alcançados e interesses despertados.

Missão Técnica ao Departamento de Santa Cruz/BO – Novembro.

Primeira ação de investigação que pudemos chamar de técnica-política.

Participação no “Workshop” em Santiago do Chile – Dezembro.

Segundo momento internacional e sumamente importante, pois a Rota Pantanal-Pacífico era o único projeto acadêmico que fazia parte do portfólio do Governo do Estado de Mato Grosso num evento internacional.

Viagem Técnica: Chile – Peru Dezembro/06 a Janeiro/07

Foram exatamente 30 dias de pesquisa in loco de total imersão nas culturas “atacameñas”, contactos com universidades e visitas a unidades de conservação e sítios turísticos.

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67

Continuação do Quadro nº 03

2007

Ações Resultados

Promoção: Lançamento do SITE da Rota Pantanal Pacífico – fevereiro.

Garantir o domínio de rede e divulgar a proposta tornava-se imprescindível neste momento, pois já havíamos realizado muitas ações de cunho técnico, científico e comercial e tais ações precisavam ser promovidas. Então, criamos a pagina na internet da rota. www.rotapantanalpacifico.com.br.

Aprovação do Projeto FAPEMAT - 1ª Expedição Técnica Científica – Fevereiro.

A aprovação do projeto da expedição técnica-científica foi um dos momentos mais importantes de toda a pesquisa, pois isso garantia-nos a possibilidade de formar uma equipe de pesquisa e viajar pelos principais eixos de estudo da rota. Foi um momento de comemoração.

Segunda Missão Técnica em Brasília – Março.

Hora de retro-alimentar os contatos, pois nessa altura da pesquisa o que nos estava claro é que os contatos até então realizados necessitavam de um contínuo fornecimento de informações.

Publicação dos Artigos Científicos no XI EGAL – Março.

Tínhamos a decisão de ir ao EGAL. No entanto, o ritmo de trabalho era intenso e o evento coincidia com mais uma viajem que antecederia e organizaria a expedição acadêmica. Portanto, decidimos não participar do EGAL, somente enviamos os dois artigos anteriormente produzidos, sendo ambos referentes à Rota.

Participação na 1ª Expedição Jornalista Abril.

Essa foi a viajem que nos possibilitou uma imensa coleta de dados – fotos e imagens digitais, que serviram para produção dos vídeos promocionais da Rota.

Organização da Expedição Técnica Científica Maio.

Depois da aprovação do projeto FAPEMAT, iniciamos a organização da viajem. Confirmação do corpo técnico e de convidados.

Participação na Festa Internacional do Pantanal – EXPOSITOR Maio.

Esse foi o momento de comprovar a viabilidade da rota e sentir o retorno do público.

Participação na Festa Internacional do Pantanal – PALESTRANTE Maio.

Aproveitamos o evento para apresentar os resultados da pesquisa até então.

Participação Seminário de Comércio Exterior “A Integração das Américas” – UNIC Maio.

Mais uma vez surge o interesse acadêmico sobre a pesquisa, ocasionando um convite para apresentação da mesma, bem como de seus resultados para um grupo de estudantes.

Terceira Missão Técnica a Brasília – Maio/Junho.

Retro-alimentação.

Participação no 4º ERINCO – UNIRONDON – Junho.

Exposição do projeto no encontro das empresas incubadas do centro oeste do Brasil.

1ª Expedição Técnica Científica Junho. Relatório em anexo.

Missão Técnica a Mato Grosso do Sul - Julio.

Envolvimento de Mato Grosso do Sul e visita a Universidade Federal – UFMS e

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68

apresentação da proposta da Rota para o Governo do Estado.

Quarta Missão Técnica a Brasília – Julho/Agosto.

Retro-alimentação das ações e procedimentos para a realização do 4° Seminário Internacional de Turismo de Fronteiras – FRONTUR 2007.

Participação na realização do Primeiro Encontro Regional da RPP – Macro Região Sul do Peru – Agosto.

Envolvimento da região de Tacna e Moquegua que até o momento desconheciam a proposta da Rota.

Missão Técnica Santa Cruz – Bolívia Setembro.

Organização da participação na EXPOCTRUZ e promoção do FRONTUR e Encontro dos municípios de fronteiras.

Viagem a Porto Alegre – RS – Setembro. Visita à universidade PUC campos de Porto Alegre e envolvimento com os pesquisadores e idealizadores do FRONTUR.

Participação na EXPOCRUZ – Setembro. Envolvimento com o grupo de empresários de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, através do SEBRAE de cada Estado.

Participação na Reunião com SEBRAE, MINTUR, SEDTUR e IES – Outubro.

Fechamento da programação técnica e acadêmica do FRONTUR, participação da UFMT, UFMT, UNIVAG e UNIRONDON.

Qualificação da dissertação – Outubro. O trabalho foi considerado bom, surgindo apenas algumas sugestões para o fechamento do mesmo e quanto à metodologia científica – Qualificado.

Encontro Internacional dos Municípios da Fronteiras – Brasil e Bolívia – Outubro.

Envolvimento dos municípios da zona de fronteira e decisão de adoção da Rota como proposta de desenvolvimento regional integrado.

Participação do FRONTUR – Seminário Internacional de Turismo de Fronteira Novembro.

Apresentação do Projeto Rota Pantanal Pacífico e envolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no projeto.

Participação do 8º Congresso Nacional de Geografia e 1º Internacional de Geografia de Arequipa – Peru Novembro.

Participação como expoente apresentando o artigo: Os Destinos Turísticos do Centro Sul Americano como Instrumentos para a Integração Regional: UM EXEMPLO APLICADO À

ROTA PANTANAL PACIFICO. “Sala nieves: mesa redonda: rota pantanal / pacífico: desafios y posibilidades – viernes 30 de noviembre – 08h30min”.

Viagem de Articulação na Macro Sul Peruana e La Paz – Bolívia - Dezembro.

Realização de visitas técnica no Lago Titicaca e reuniões com empresários e governos. Assinaturas de convênios de cooperação institucional e cartas de intenções.

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FLUXOGRAMA DA ANÁLISE

OBJETIVO GERAL

Analisar a viabilidade de criação da Rota internacional Pantanal-Pacífico OBJETIVOS ESPECÍFICOS

(1)

Definir e mapear a Rota de estudo.

(2)

Identificar as potencialidades existentes no entorno da

Rota.

(3)

Caracterizar os atrativos de acordo com as definições

turísticas – naturais e culturais e analisar

identificando quais são os âncoras.

(4)

Registrar e documentar todas as etapas do estudo.

(5)

Produzir documentos e mapas cartográficos do eixo da rota e de

seus atrativos principais.

CRÉDITOS DISCIPLINARES DO PROGRAMA Março/ Abril/ 06 - Disciplinas Obrigatórias - Dinâmica Ambiental: aspectos teóricos e metodológicos. Abril/ Maio/ 06 - Disciplina Obrigatória - Teorias e Métodos em Regionalização Maio a Agosto/06 - Disciplina: Planejamento Regional \ Disciplina: Planejamento e Gestão Ambiental

METODOLOGIA APLICADA PARA O ALCANCE DOS OBJETIVOS

Levantamento bibliográfico e

documental. @ Análise de documentos.® Pesquisa exploratória e visitas técnicas in loco. ©

Atividades metodológicas

(A)

Participação em eventos científicos e

técnicos.

(B)

Palestras e conferências em

universidades e órgãos públicos.

(C)

Publicações científicas e de promoção.

(Revistas científicas e especializadas)

(D)

Produção gráfica (mapeamento ilustrativo e produção de vídeos e

recursos áudios-visuais de promoção da Rota)

(E)

Viagens técnicas e expedições científicas.

Área da pesquisa

Brasil - BR Bolívia - BO Peru - PE Chile - CL Argentina - AR

Aplicação da metodologia - 2006

Programa Levantamento bibliográfico

Análises de documentos e dado Publicações científicas e técnicas

Participação em eventos acadêmicos e técnicos

Programa Levantamento bibliográfico

Análises de documentos e dado Publicações científicas e técnicas

Participação em eventos acadêmicos e técnicos

Levantamento bibliográfico Análises de documentos e dado

Publicações científicas e técnicas Participação em eventos acadêmicos e técnicos

Produção gráfica ilustrações e material promocional Pesquisa de campo

Mar.

Abr.

Mai.

Jun.

Jul.

Ago.

Set.

Out.

Nov.

Dez.

1

@ ®

BR

1

@ ®

A.B Br

1

@ ®

A.B.D Br

1

@ ®

A.B.D Br

1.2

@ ®

Br

1.2.3

@ ®

A.B.D Br

1.2.3

@ ®

A.B.D Br

1.2.3

A.B.C.D Br

1.2.3.4

@ ® ©

A.B.C.D Bo-Cl

1.2.3.4

@ ® ©

A.B.C Cl-Pe

Aplicação da metodologia – 2007

PROGRAMA Outubro de 2008. Qualificação da pesquisa e resultado da análise até o momento. Qualificado e aprovado para a defesa.

Levantamento bibliográfico Análises de documentos e dado

Publicações científicas e técnicas Participação em eventos acadêmicos e

técnicos

Levantamento bibliográfico Análises de documentos e dado

Publicações científicas e técnicas Participação em eventos acadêmicos e técnicos

Levantamento bibliográfico Análises de documentos e dado

Publicações científicas e técnicas Participação em eventos acadêmicos e técnicos

Produção gráfica ilustrações e material promocional Pesquisa de campo

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

4

©

E Cl.Pe

4.5

®

C Br

4

©

C.E Br

1.2.3.4.5

@ ©

B.C.D.E Br.Bo.Pr.Cl.Ar

A.B.C.D BR

1.2.3.4

@ ® ©

A.B.C.E Br.Bo.Pr.Cl

®

A.B.E Br

®

A.B.E Br.Pe

2.3 ©

A.B.C.E Br.Bo

4

A.B.C.E Br

3.4.5 @ ® ©

A.B.C.D Br.Pe

2.3.4.5 ® ©

A.B.C.D.E Pe

Jan. Fev. PROGRAMA

®

Br

®

Br

Defesa 28 de fevereiro de 2008.

Legenda

Nºs 1 – 5 → Objetivos específicos

@ ® © → → Metodologia aplicada para o alcance dos objetivos

A – E → → Atividades metodológicas →

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70

5. ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO TURÍSTICA DA ÁREA DA ROTA PANTANAL-PACÍFICO

Neste e no próximo capítulo estão presentes as análises que foram

realizadas a partir dos dados coletados durante todo o processo de pesquisa

bibliográfica e in loco. Aqui estão contidos os resultados de meses de

investigação e levantamentos feitos durante as expedições, viagens técnicas,

participações em eventos técnicos e políticos, que serviram como ferramentas

de estudos e coletas de dados, e em sua maioria serviram como comprovação

dos resultados esperados.

Este levantamento de dados proporcionou a realização de vários

trabalhos científicos sobre o tema, artigos que abordam desde a viabilidade

mercadológica até a própria coleta de dados, conforme Mirandola (2007)

aborda no trabalho publicado a respeito da “Aplicação das Geotecnologias

como Ferramenta de Auxilio no Mapeamento Turístico: um exemplo

aplicado a rota pantanal pacifico (Brasil, Bolívia, Peru, Chile e Argentina)”.

Relembrando, o objetivo proposto no inicio do trabalho previa a análise

de viabilidade para a implantação de uma grande Rota turística entre o

Pantanal e o Pacífico envolvendo territórios específicos de cinco países. Tais

territórios estão definidos na caracterização da área, mas vale a pena pontuá-

los a seguir, uma vez mais, somente para trazer para dentro das análises os

espaços que estão como objeto analisado.

Antes de se iniciar a elaboração das análises, cabe ser dito que a

linguagem utilizada no desenvolvimento desde capítulo é bastante adjetivada e

de certa forma um tanto quanto pessoal, pois foi difícil manter a impessoalidade

e evitar o superlativo devido alguns fatores. a) a origem da pesquisa é turística

e analisa importantes destinos turísticos, b) os resultados e as análises indicam

a viabilidade para criação de uma das maiores e mais bela rotas do mundo, c)

grande parte do material didático utilizado compõe a folheteria de promoção

dos países elaborados pelos governos, portanto, cheios de adjetivos, e por

último, d) a pesquisadora é uma bacharel em turismo e tem um profundo

envolvimento com a área de estudo.

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5.1 Definição da área de estudos

Compreendido como territórios da Rota Pantanal-Pacífico a parte central

do Brasil, ou melhor dizendo, o Centro-Oeste brasileiro, a Bolívia de leste a

oeste, o Peru com toda sua extensão sul, o norte do Chile e o noroeste da

Argentina, compondo dessa forma os cinco países do Centro Sul Americano.

Há também estudiosos que o chamam de Centro Oeste Sul Americano. Para a

pesquisa foi adotado o primeiro termo, Centro Sul Americano, e mais

precisamente de Rota Pantanal-Pacífico, conforme figura abaixo:

Figura: nº06 - Área de Estudo da Rota Pantanal-Pacífico Fonte: IPP - 2007.

5.2 Seleção e caracterização da área

A definição da área a ser estudada, e o porquê de sua escolha já que

era necessário manter o foco na concepção de uma Rota turística, se deu a

partir da identificação da distribuição dos destinos-produtos turísticos

localizados de forma concentrada no eixo central do continente, e a justificativa,

bem como a caracterização, se deram ao identificar e encontrar tais elementos.

Respeitaram-se as bases conceituais que definem os territórios turísticos

e a presença de elementos naturais e culturais que compõe os atrativos, que

em conformidade com sua disposição geográfica, possibilitam a criação de

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áreas, rotas, roteiros entre outros destinos turísticos que estão conceituados na

fundamentação teórica deste trabalho.

Essa análise possibilitou identificar a proximidade entre o Pantanal e o

Pacífico, viabilizada pelo eixo central de uma grande rodovia que recorta o

continente de leste a oeste, a Rodovia Inter-oceânica, partindo da costa

atlântica brasileira à costa do Pacífico em território peruano e/ou chileno, onde

a mesma encontra o eixo sul da Rodovia Pan-americana.

A existência dessas rodovias se configurou desde o inicio na viabilidade

de deslocamento e de acesso, componente vital para composição dos destinos

turísticos. Dessa forma as vias de acesso, que do ponto central do continente

no centro-oeste do Brasil a Interoceânica oferece duas vias, uma partindo da

cidade de Cuiabá, capital de Mato Grosso e outro da Cidade de Campo

Grande, capital de Mato Grosso do Sul, formando uma espécie de “Y”.

Na Cordilheira dos Andes ela se divide novamente. No Departamento de

Oruro, no Altiplano Boliviano, a rodovia se abre em dois eixos, o eixo sul que

conduz ao norte do Chile, e o eixo norte que conduz ao sul do Peru, conforme

figura n° 07.

Em seguida, foi identificada a existência de destinos turísticos já

ordenados em produtos, bem como áreas com potencialidades até então

isoladas turisticamente que permeavam os territórios em análises.

Esse foi o momento das descobertas que de fato viabilizaram toda a

pesquisa, pois a primeira viagem para conhecimento realizada no inicio dos

trabalhos, ainda na fase de concepção do objeto de estudo, demonstrou que

havia ali um enorme campo para pesquisa e a riqueza do mesmo.

As primeiras análises comprovaram que o eixo central que se pretendia

estudar estava composto por aproximadamente 2.500 km entre a cidade de

Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, no centro-oeste brasileiro, e as cidades de

Iquique, na Região de Tarapacá, no norte chileno, e Arequipa, na Região de

Arequipa, no sul peruano, conforme figura abaixo:

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Figura: n° 08 - Ilustração do eixo rodoviário central com as distâncias. Fonte: IPP, 2008.

A viabilidade de deslocamento e de acesso estava comprovada.

Caberia, no entanto, justificar a proposição da Rota, comprovando a existência

dos atrativos em seu eixo e em suas proximidades.

Algo que realmente surpreendia a cada instante era a constatação de

que os atrativos existentes, grande parte deles patrimônios da humanidade,

estavam localizados de forma a caracterizar um circuito de destinos muito

próximos, o que podemos também chamar de corredor, e que de fato tornava

viável a proposição do ordenamento de uma Rota.

Outro aspecto que justificava e favoreceu a idéia, foi a grandiosidade, a

concentração e a proximidade de tais recursos naturais e culturais, ou seja, os

atrativos turísticos.

Ao constatar que somente a Bolívia tinha 10 Patrimônios da

Humanidade e que os 5 países juntos somavam pelo menos 20 patrimônios,

ficou claro que se tratava, então, da maior concentração de Patrimônios da

Humanidade num eixo centralizado e servido de vias de acesso, especialmente

por rodovias internacionais. Isso é único no mundo.

Independentemente das fragilidades dos serviços e da infra-estrutura, o

que até esse momento não estava totalmente analisado, a Rota começava a

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ganhar consistência, pois já estava comprovada a viabilidade de acesso e a

conectividade devido à proximidade dos atrativos para elaboração de itinerários

turísticos servidos de grandes centros, corredores de interligação, centros de

escala e distribuição.

Portanto, estava comprovada que a Rota apresentava viabilidade. Neste

momento estava definida a área, bem como sua potencialidade e para uma

melhor visualização territorial-continental, verifique a figura abaixo.

Figura: nº 09 - Cidades de conexão aérea intercontinental da Rota Fonte: LBA/INPA – Large Scale Biosphere – Atmosphere Experiment in Amazônia

América do Sul (MODIS). Adaptação: DIGEAGEO \ IPP– 2007.

Nesta figura, podem-se verificar os principais pontos de conectividade

intercontinental da Rota, tendo como principal ponto na costa atlântica a cidade

de São Paulo. No entanto, a capital do Brasil, Brasília, tem vôos diretos para a

Europa, assim como a cidade de Santa Cruz de la Sierra, no oriente boliviano.

De igual maneira, na costa do Pacífico, as capitais Lima e Santiago são

os pontos de conexão de entrada e saída do continente, eixos norte e sul. As

maiorias das capitais das Federações da Rota dispõem de aeroportos

internacionais que oferecem vôos regionais de suas capitais nacionais para os

principais destinos da mesma. Essa área corresponde ao centro sul americano

e também ao eixo central e total da Rota Pantanal-Pacífico.

A partir desse momento, as análises serão apresentadas por tópicos que

correspondem à realização de estudos específicos que demonstraram as faces

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modais que justificam todas as viabilidades para o ordenamento de uma das

mais belas regiões do planeta.

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ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DA ROTA PANTANAL-PACÍFICO

Neste capítulo, as análises foram detalhadas de forma mais específicas,

e são trabalhadas as peculiaridades de cada região em tópicos que

correspondem à comprovação de viabilidade da Rota. Inicialmente analisou-se

a relação dos Patrimônios da Humanidade e a função dos mesmos dentro da

ótica da proposta, os principais atrativos que correspondem a grande parte da

viabilidade, sendo estes analisados por país. Em seguida, abordaram-se

algumas sugestões de ordenamento turístico para os territórios da Rota.

6.1 Relação das Potencialidades Turísticas no Eixo da Rota

6.1.1 Patrimônios da Humanidade

A Rota Pantanal-Pacífico estaria justificada somente pela presença dos

patrimônios da humanidade que oferecem um poder de atração imensurável,

pois se tratam de destinos consolidados no mercado mundial do turismo, como

são os casos específicos do Pantanal, Machu Picchu, Linhas de Nasca e

Deserto do Atacama.

O mais interessante é que estes destinos patrimoniais estão localizados

nos extremos da Rota, sendo o Pantanal, que é considerado Patrimônio

Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO, o ponto inicial

da Rota no eixo leste compreendido pelos Estados de Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul.

O império Inca, com a cidade sagrada de Machu Picchu e Linhas de

Nazca, patrimônios culturais da humanidade, estão localizados nos extremos

norte e noroeste da Rota fazendo parte também das Rotas Mágicas do sul do

Peru e o Deserto do Atacama e se localiza ao sul da Rota abrangendo

geograficamente toda a região norte do Chile, conforme figura n° 10.

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Figura: n° 10 - Patrimônios Culturais e Naturais Reconhecidos pela UNESCO. Fonte: IPP – 2007 – Adaptação SILVA.

Os dados oficiais dos governos comprovaram a existência de um fluxo

permanente de turistas que visitam estes destinos. Independentemente das

estratégias de promoção adotadas por seus países e governos, essa demanda

constante se deve ao grande poder de atração dos mesmos, pois lugares como

Deserto do Pantanal e Machu Picchu funcionam como palavras mágicas

quando mencionadas, e conseguem automaticamente gerar motivação de

pessoas das mais variadas portes do mundo.

No entanto, o eixo Rota Pantanal-Pacífico oferece muito mais. A relação

dos patrimônios existentes é grandiosa, tanto em número quanto em

atratividade. Além dos patrimônios já citados, existe ainda na região fronteiriça

do Brasil com a Bolívia o patrimônio cultural Missões Jesuíticas de Chiquitos

(BOLIVIA, 2006), e o natural Parque Nacional Noel Kempff Mercado,

constituindo dessa forma umas das mais belas regiões do continente e uma

das fronteiras mais ricas envolvendo o Departamento de Santa Cruz e o Estado

de Mato Grosso, como pode ser observada na figura nº 10.

Ainda em território “cruceño” localiza-se o Forte Samaipata, também

reconhecido como patrimônio cultural da humanidade.

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Em sua parte andina, a Bolívia tem muito mais a oferecer. É o país mais

rico em recursos naturais e culturais, por ter em seus territórios pelo menos 10

patrimônios da humanidade.

Os três já mencionados no departamento de Santa Cruz, e os demais

distribuídos pelos seis Departamentos do país, conformam o território boliviano

na Rota. Cabe destacar a importância do Sitio Arqueológico de Tiahuanaco,

patrimônio cultural que fez parte das nações pré-incaicas, sendo um dos mais

importantes do América do Sul (SANGINÉS, 2000).

Todos estes atrativos estão relacionados no quadro a seguir. No

entanto, vale destacar alguns que se sobressaem por suas características

peculiares, como é o caso do deserto de sal da Bolívia, o grandioso Salar de

Uyuni, uma vasta região com aproximadamente 11 mil km² de sal, de beleza

impressionante.

Durante uma das viagens da pesquisa visitamos o Salar e apreciamos o

pôr–do–sol, foi uma das mais belas experiências da Rota.

A Quebrada de Humahuaca, na Argentina, é de igual forma

surpreendente, pois a beleza cênica da pequena cidade de Purmamarca, onde

esta localizado o “Sierro de Siete Colores” e as montanhas coloridas que

compõem Humahuaca que foi considerada pela Unesco como patrimônio

natural da humanidade, é algo recomendável de se ver.

Falar de Machu Picchu parece desnecessário, devido à sua

grandiosidade como destino turístico. No entanto, não falar parece absurdo,

pois a Cidade Sagrada dos Incas e seu Valle Encantado merecem destaque,

sendo considerada uma das sete novas Maravilhas do Mundo. Foi de fato

merecido, uma conquista a mais para uma localidade que é uma das regiões

de maior visitação turística do mundo, concorrendo com as Pirâmides do Egito.

As cidades de Cusco – capital do Império Inca, Arequipa – “la Ciudad

Blanca” construída com pedra “sillar”, ou pedra vulcânica, aos pés dos mesmos

vulcões a que deu origem, e ainda as cidade bolivianas de Potosí e Sucre,

todas consideradas patrimônios da humanidade, oferecem uma grande

potencialidade para a prática do turismo cultural com apreciação de

verdadeiras obras de arte do estilo Barroco, especialmente a cidade de Sucre,

considerada a capital mundial do estilo Barroco.

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O Pantanal do Brasil, o Parque Noel Kempff Mercado na Bolívia e o

Parque de Manú no Peru (ambos constam na relação dos patrimônios da

humanidade em seus respectivos países), são verdadeiras maravilhas naturais

e berço de vida para a rica fauna e flora da América do Sul. Por isso são

também trinômios mundiais que exercem verdadeiro fascínio aos seus

visitantes, especialmente o Pantanal, a maior planície inundável do mundo.

O Pantanal brasileiro abrange aproximadamente 140.000 km²,

localizados próximos ao centro geográfico da América do Sul, com uma altitude

media de 100m, sendo toda sua região caracterizada pela presença de um

complexo sistema de rios perenes, córregos intermitentes, vegetações

alagadas anualmente e pântanos.

A fauna e flora abundante tornam o Pantanal ainda mais atrativo, pois a

concentração de espécies como jacarés, garças brancas e tuiuiús fazem um

grande espetáculo de vida que, somados ao balé das águas entre cheia,

vazante e seca, torna o Pantanal num santuário de vida.

Encerrando este rico portfólio de atrativos, as Missões Jesuíticas dos

Chiquitos, o mais humano de todos os patrimônios da humanidade, pois a sua

riqueza e beleza não consiste em somente em sua arquitetura, com suas

construções antigas e estáticas. A beleza desse patrimônio esta em seu povo,

em suas tradições, rituais, danças, crenças, costumes e especialmente em sua

músicas. Um rico legado musical deixado pelos missionários jesuítas e que foi

preservado, ensinado e passado de geração em geração, tornando viva e

dando vida às suas igrejas que são verdadeiras jóias de rara beleza. Segue

abaixo o quadro com a relação dos patrimônios da Rota. Todos os patrimônios

existentes no eixo da Rota estão representados no (quadro nº. 04 p. 80-82).

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País Imagem Localização Característica

B R A S I L

Estado de Mato Grosso – Centro Oeste do Brasil

Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera. Parque Nacional do Pantanal Matogrossense

B

O

L

Í

V

A

Província de Velasco, no Departamento de Santa Cruz – Oriente Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Missões de Jesuíticas de Chiquitos –

Província de Velasco, entre os Departamentos de Santa Cruz e Beni – Oriente Boliviano.

Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera. Parque Nacional Noel Kempff Mercado –

Departamento de Santa Cruz, localizado a 150 Km da cidade de Santa Cruz de la Sierra – Oriente Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Forte Samaypata

Cidade de Oruro – Departamento de Oruro – Altiplano Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Carnaval de Oruro.

Departamento de Potosí - Altiplano Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Cidade de Potosí.

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B

O

L

Í

V

A

Departamento de Potosí - Altiplano Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Casa de la Moneda.

Departamento de Chuquisaca - Altiplano Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Cidade de Sucre

Departamento de La Paz - Altiplano Boliviano.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Cultura Kallawaya.

Departamento de La Paz – Altiplano Boliviano. Margens do Lago Titicaca.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Sitio Arqueológico de Tiahuanaco.

Departamento de Potosí - Sudoeste da Bolívia - Altiplano

Patrimônio Natural da Humanidade e Maravilha Natural do Mundo. Salar de Uyuni.

P

E

R

U

Macro Sul Peruana - Região de Arequipa

Patrimônio Cultural da Humanidade. Centro Histórico da Cidade de Arequipa.

Macro Sul Peruana -Região de Cusco.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Cidade de Cusco – Capital do Império Inca.

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P

E

R

U

Macro Sul Peruana. Região de Ica – Cidade de Nasca – Extremo noroeste da Rota

Patrimônio Cultural da Humanidade. Linhas de Nasca.

Macro Sul Peruana. Região de Puno – Lago Titicaca.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Ilha de Taquile.

Macro Sul Peruana. Região de Cusco - Extremo Norte da Rota.

Patrimônio Cultural da Humanidade e Maravilha do Mundo. Machu Picchu - Cidade Sagrada dos Incas.

Macro Sul Peruana. Regiões de Cusco e Madre de Dios - Extremo Norte da Rota.

Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade. Parque Nacional de Manú.

C H I L E

Norte do Chile. Região de Tarapacá – Iquique.

Patrimônio Cultural da Humanidade. Salitrera Humberstone

A R G E N T I N A

Noroeste da Argentina. Província de Jujuy.

Patrimônio Cultural e Paisagístico da Humanidade. Quebrada de Humahuaca.

Fotos: Fonte IPP 2007 / Vilson José de Jesus e Sites Oficiais de Turismo dos Países.

Quadro: n°02 - Relação dos Patrimônios da Humanidade Reconhecidos pela UNESCO existentes na Rota Pantanal Pacífico.

Com exceção do Parque de Manu, Casa de la Moneda, Potosí, Carnaval

de Oruro, Sucre, Salitrera Humberstone e o Noel Kempff, os demais

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patrimônios foram todos visitados durante as viagens de pesquisa e

expedições técnicas e científicas. Todos estão muito bem localizados e de fácil

acesso e, em alguns casos, contamos com o apoio do governo local para a

visitação.

Machu Picchu, Cusco, Arequipa e as Missões dos Chiquitos foram os

mais visitados e sempre contamos com a decisão pública e privada em facilitar

seu acesso e os seus registros quando se fez necessário. A importância que

esses patrimônios têm dentro do eixo da Rota como destino natural e cultural

foi abordada de maneira mais especifica no artigo “El Turismo y la Cultura

Integrando a los Pueblos Sur Americanos - un estudio de caso: La Ruta

“Pantanal-Pacífico”, publicado no EGAL-2007, onde discutiu-se o turismo como

instrumento de integração e o papel dos patrimônios dentro desse contexto

(CARVALHO, 2007).

6.2 Principais Atrativos

A proposta precisava de um slogan, uma frase que transmitisse a idéia

da mesma em poucas palavras. No início pensou-se na seguinte frase que se

tornou um slogan promocional “Rota PantanalPacífico, cinco Países, um só

Destino”. No entanto, depois da 3ª ou 4ª viagem, foi necessário pensar em algo

que de fato demonstrasse a grandiosidade da mesma. Foi então que surgiu o

novo slogan “Rota Pantanal Pacífico – a maior Aventura das Américas”.

Caberia, então, justificar e defender o quê de fato a torna numa grande

aventura, além dos já mencionados patrimônios da humanidade. E para

comprovar isso, pode-se dizer que a Rota é também a maior concentração de

destinos turísticos de abrangência nacional e internacional das Américas.

Destinos tão importantes quanto, ou até mesmo de importância maior, que

alguns patrimônios, como são os casos do Lago Titicaca e de San Pedro de

Atacama.

Neste subítem são apresentados alguns dos principais atrativos e, no

quadro exposto no final, serão descritos entre 8 a 10 destinos de cada país,

lembrando que esta relação contemplará apenas alguns dos principais, pois

são numerosos os que merecem destaques. E, no decorrer dos subitens, serão

ilustradas algumas imagens correspondentes aos mesmos e que não se

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repetiram na relação dos principais atrativos. Assim, se destacam novos

destinos, bem como sua localização e descrição.

Cabe dizer que o termo região que é constantemente utilizado, tanto

neste subítem quanto no anterior, diz respeito ao conceito de região turística

que consta da fundamentação teórica, bem como o de complexo turístico.

Na realidade, tanto os patrimônios quanto os principais atrativos

caracterizam uma região turística, pois são cidades ou áreas de grande

extensão que conta com atrativos menores no seu entorno e com serviços de

apoio e turísticos, o que se pode chamar de destinos periféricos. Daí ser

comum referir-se a essas localidades como uma região.

Especialmente se analisarmos detalhadamente alguns territórios da

Rota, como Mato Grosso, Puno, Cusco e Areuipa e toda a Bolívia como centro

da Rota, chegaríamos a uma listagem de mais de 200 grandes destinos. Por

isso, decidiu-se pontuar somente alguns para comprovar que a Rota, de fato,

constitui a “maior aventura das Américas”.

Pontuá-los não foi uma tarefa fácil, pois a maioria dos destinos são,

realmente, extraordinários, com grande poder de atração. No caso da Bolívia,

foi ainda mais difícil, pois se trata de um pequeno e grande país. Somente

patrimônios da humanidade existem 10, e com isso a Bolívia é o país mais rico

em atrativos da Rota. Também se deve levar em consideração sua localização

geográfica como centro geodésico da mesma. Na Bolívia tornou-se costume

dizer que o país e o “Coração da Maior Aventura das Américas”.

6.2.1 Principais atrativos do Brasil

Todo o trabalho está ordenado de forma a seguir a uma ordem lógica, o

que faz com que a Rota se inicie em Cuiabá, capital de Mato Grosso – Brasil.

Por isso, os primeiros atrativos a serem apresentados são os do centro-oeste

do Brasil.

6.2.1.1 Mato Grosso

O Estado de Mato Grosso tem um diferencial dentro da federação

brasileira, por ter seu território constituído pelos 3 mais importantes biomas do

Brasil: Pantanal (8%), Cerrado (40%) e Amazônia (52%). É também uma

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grande reserva natural de águas, devido à existência de importantes bacias

hidrográficas: Amazônia, Prata e Araguaia-Tocantins.

Tudo isso faz do Estado um importante destino turístico do Brasil e da

América do Sul. Sua capital Cuiabá é considerada o centro Geodésico Sul-

americano (conforme Quadro n° 17, p. 101 - 102), por estar localizada no ponto

central do continente, entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. Com isso, Cuiabá

pode ser considerada a capital geográfica da América.

O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Estado de Mato

Grosso, é uma das mais belas unidades de conservação do país (conforme

Quadro n° 17, p. 101 - 102). Trata-se de uma área natural de Cerrado,

ecossistema divisor das Bacias: Amazônica e Platina, de Vila Bela a Serra do

Roncador, com linda topografia e clima de serras e morrarias, milhares de

nascentes cristalinas, piscinas naturais, corredeiras, cânions, grutas e cavernas

(conforme Quadro n° 17, p. 101 - 102).

Nobres é um pequeno município do Estado, localizado

aproximadamente a 120 km da capital Cuiabá e é uma das mais belas regiões

cavernícola do país, potencializando a prática do espeleo-turismo, pratica de

atividades turísticas em grutas e cavernas. Além disso, é uma vasta área de

nascentes de rios de calcário, um verdadeiro paraíso ecológico em pleno

cerrado matogrossense, (conforme Quadro n° 17, p. 101 - 102).

Mato Grosso é também uma região amazônica, com uma área em torno

de 550.000 Km² da floresta mais tropical do mundo, sendo também a maior

bacia hidrográfica da terra e o mais rico e diversificado sistema de

biodiversidade do planeta. Nesta região, destaca-se o Vale do Cristalino, rio

amazônico localizado no norte do Estado, que se constitui numa grande área

de proteção ambiental, propícia para o ecoturismo.

O Vale do Guaporé é uma grande região de transição ecológica entre o

Cerrado, Pantanal e Amazônia, localizado no sudoeste do Estado, na fronteira

com a Bolívia (conforme Quadro n° 17, p. 101 - 102). Dentro dessa grande área

insere-se ainda o município de Cáceres, uma das portas de acesso ao

Pantanal, com grandes atrativos naturais e culturais do Estado e do centro-

oeste do Brasil. Como destaque o FIP – Festival Internacional de Pesca,

considerado o maior do mundo no gênero de pesca embarcada de água doce.

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Vale destacar ainda o Rio Paraguai, um dos principais afluentes do

Pantanal, por onde se pode realizar a Travessia Pantaneira, que é uma

proposta de roteiro ecoturístico entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A

travessia prevê a descida de barco da cidade de Cáceres (MT) até a cidade de

Corumbá (MS), um grande passeio pelas mansas águas do rio Paraguai em

pleno Pantanal do Brasil, ambos relacionados nos principais atrativos do Brasil.

O quadro n°. 05 apresenta uma figura de cada um de seus biomas que

corresponde a pólos turísticos do Estado fazendo parte de seu portfólio de

turismo.

Parque Nacional Chapada dos Guimarães - Cerrado Matogrossense

Rio Paraguai – Cáceres Pantanal Matogrossense

Parque Nacional do Cristalino – Amazônia Matogrossense

Quadro: nº 05 - Atrativos de Mato Grosso Fonte: IPP

6.2.1.2 Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul tem a cidade de Campo Grande como capital que,

por se localizar no centro do Estado, oferece ao visitante acesso a todos os

seus destinos. Sua posição geográfica no sul da região central do Brasil a

privilegia como porta de acesso ao Sul e ao Sudeste do Brasil, tendo o Estado

de São Paulo como o principal centro de emissão turística do País.

Como principal destino, está o município de Bonito (conforme Quadro n°

17, p. 101 - 102), reconhecido em todo o país como um importante centro de

turismo ecológico, com fazendas turísticas numa das regiões mais belas do

país e do mundo, entre lagos, grutas e serras.

A Serra de Bodoquena se constitui também num importante destino

turístico do Estado, área de cerrado que constitui o Parque Nacional da Serra

de Bodoquena (conforme Quadro n° 17, p. 101 - 102). Além disso, 60% do

território do Pantanal do Brasil está localizado em Mato Grosso do Sul, sendo

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considerada uma das áreas mais bonitas de todo o complexo da maior planície

alagável do mundo, ver imagens no quadro nº. 06, a seguir.

Cidade de Campo Grande – Capital Sul Mato-grossense

Rio Sucuri – Bonito Mato Grosso do Sul

Gruta Lago Azul – Bonito Mato Grosso do Sul

Quadro: nº 06 - Atrativos de Mato Grosso do Sul Fonte: Site Oficial de Turismo

6.2.2 Principais atrativos da Bolívia

A Bolívia durante toda a pesquisa teve um tratamento diferenciado.

Devido aos fatores geográficos, os atrativos foram selecionados levando-se em

consideração a geração de demanda de visitantes. Santa Cruz de la Sierra é a

principal e maior cidade do país, um grande centro turístico, para negócios,

compras e eventos. Em Santa Cruz é realizada a maior feira de negócios da

América do Sul, a EXPOCRUZ, relacionada nos principais atrativos da Bolívia.

Em Santa Cruz se localizam 3 dos 10 patrimônios da Bolívia na Rota. No

entanto, o Departamento mais importante do país tem mais a oferecer. Além

dos serviços e logística como um dos mais importantes centros turísticos,

acontece em San Ignácio de Velasco, uma de suas províncias e a capital da

região chiquitana, o Festival Internacional de Música Renascentista e Barroca,

sendo o maior do mundo no gênero, tornando as Missões de Chiquitos ainda

mais atrativa pela arte viva expressada em musicais dignos de serem

apreciados.

O Parque Nacional Amboro (observe a imagem no quadro n°. 07),

localizado ao oeste do Departamento de Santa Cruz, divisa com Cochabamba,

é também conhecido como “El reino de las Aves”. Mas é o “Refugio los

Volcanes” que torna essa reserva natural uma das áreas de maior índice de

riqueza biológica do planeta, fazendo de Amboro um grande pólo de atração

para estudiosos de plantas, como as orquídeas e bromélias, e de animais

silvestres, como o puma (Puma concolor) e o jaguar (Panthera onca).

Entretanto, são as aves que de fato encantam os amantes da natureza para

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verdadeiros safáris fotográficos. Os 297 ha compõe o refugio dos vulcões, com

penhascos e montanhas de cores avermelhadas devida à grande concentração

de ferro que, ao sofrer o processo de oxidação, ganha essa tonalidade

tornando-as ainda mais belas pelo intenso contraste. Nesse imenso vale, se

pode observar o “Cóndor de cuello blanco”, ou Condor de pescoço branco

(conforme Quadro n° 17, p. 103 - 104), ave rara que só vive em regiões

altamente isoladas e preservadas.

O Departamento de Cochabamba está localizado no centro do

país, a região mais montanhosa da Bolívia, considerada os pés dos Andes, por

ser a área de transição entre vales, floresta e cordilheira. Turisticamente

dividido por 7 grandes roteiros turísticos, destaca-se o “Cristo de la Concórdia”,

um grande monumento arquitetônico considerado a estátua mais alta do

mundo, devida à sua localização (conforme Quadro n° 17, p. 102 - 103).

O Roteiro a “Villa Tunari”, dentro do Parque Nacional Tunari, é um dos

mais conhecidos da região de Cochabamaba, também considerada a capital

gastronômica do país devido à sua rica diversidade de frutas e legumes

produzidos em seus vales aos pés dos Andes (conforme Quadro n° 17, p. 102 -

103).

“Refugio los Volcanes” Parque Nacional Amboro

Chapari – Cochabamba

Cidade de Santa Cruz de La Sierra

Quadro: nº 07 - Atrativos de Santa Cruz e Chochabama - Bolívia Fonte: IPP 2007 - KENNING

No Departamento de La Paz fica fácil entender porque o célebre

naturalista e humanista Alcides d’Orbigny considerou a Bolívia como “Síntesis

del Mundo”. É nessa região que o país demonstra toda sua diversidade em

clima e relevo. Elevados picos maciços de gelo entre a Cordilheira Real e a

Cordilheira de Quimza são subdivisões do grande complexo montanhoso dos

Andes. Pode-se observar Llampu, Huayna Potosí e Illimani, todos com mais de

6.000m de altitude. Condoriri com 5.648m é considerado místico pelas

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comunidades indígenas da região e pode ser visto desde o Lago Titicaca,

(Condoriri e Illimani), estão ilustrados no quando nº. 08.

O Pico Illimani é chamado de “Protector de La Paz”, pois pode ser

observado de qualquer ponto da cidade, que por sua localização entre

montanhas é o maior “Campo base” do mundo. Chacaltaya é uma imensa

montanha nevada que está localizada a 25 km da cidade de La Paz, de muito

fácil acesso. Sendo uma das mais visitados pelos turistas, devido à facilidade

de acesso, foram realizadas 2 visitas técnicas à “Cumbre de Chacaltaya”

durante as expedições técnicas (conforme Quadro n° 17, p. 102 - 103).

Coroico – Vale dos Yungas La Paz.

Nevado de Condoriri La Paz

Vevado Illimani La Paz

Quadro: nº08 - Atrativos de la Paz - Bolívia Fonte: IPP 2007 - KENNING 2007.

“Valle de Sorata”, “Valle de los Yungas”, Cidade de Copacabana e o

Parque Nacional de Madidi são destinos de grande importância do

Departamento de La Paz, por oferecerem desde experiências nos mais

elevados picos nevados dos Andes às selvas subtropicais dos Yungas,

conforme quadro acima.

Aymaras e Quéchuas, com fachadas coloniais e edifícios modernos,

costumes ocidentais e tradições religiosas e cívico-ancestrais, fazem de La Paz

a cidade mais intrigante da Rota. No alto de seus 3.600m de altitude, compõe

uma paisagem cinematográfica, entre suas igrejas de arquitetura barroco-

renascentista, com avenidas ornamentadas por canteiros floridos, viadutos com

mais de 500m de altura, onde o sol da manhã desperta com nuvens que

parecem ao alcance das mãos. Com tudo isso, La Paz se torna uma

experiência única (conforme Quadro n° 17, p. 102 - 103).

Potosí, além de abrigar o belíssimo Salar de Uyuni, compõe uma das

regiões mais lindas no mundo, a chamada Cordilheira Ocidental e Sud Lipez,

distintas regiões andinas, localizadas entre as fronteiras do Chile, Bolívia e

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Argentina. Uma mistura de Deserto do Atacama, Puna de Atacama, Lagos,

Salinas e Cordilheira.

Os vulcões Sajama, Licancábur, Ollague, Juriques e as lagoas “Laguna

Colorada” (observe a imagem no quadro n° 09), e “Laguna Verde (conforme

Quadro n° 17, p. 102 - 103), juntamente com o Hotel de Sal e o Cemitério de

Trens, são os grandes atrativos desta região que desperta a atenção de

visitantes de todas as partes do mundo.

Um fato interessante é que a lagoa da cratera do vulcão Licancábur não

se cobre totalmente de gelo, mesmo estando numa das regiões mais fria do

hemisfério sul, podendo chegar aos 30° abaixo de zero nas noites entre maio e

agosto e de 3° a 5° durante o dia. Segundo estudiosos, isso indica que o

vulcão internamente se mantém aquecido. (MESILI, 2007).

A própria rodovia Inter-oceânica, que em alguns pontos durante a subida

ao Atiplano alcança altitudes de mais de 4.500m oferecendo uma paisagem

encantadora, é um grande e extenso atrativo, pois é impossível percorrê-la sem

parar para tirar fotos e contemplar sua beleza paisagística, conforme mostra o

quadro dos atrativos de Cusco e Arequipa, no subitem a seguir.

A cidade de Oruro é considerada a capital folclórica do país, devida ao

seu patrimonial carnaval. Além disso, é uma grande zona franca, com

conexões desde o centro do Altiplano andino com a região sul do sul peruano e

norte chileno onde se constitui a tríplice fronteira Bolívia, Peru e Chile. Sítios

coloniais e arqueológicos destacam-se como atrativos, mas é o Lago Poopó o

seu mais importante.

Poopó é um lago de água salgada, o segundo maior lago boliviano,

depois do Titicaca, sendo ambos conectados pelo rio Desaguadero que corta

os Andes desde a fronteira com o Peru para alimentar o lago. Poopó alcança

grandes dimensões, com 84 km de comprimento e 55 km de largura, uma área

de 2.337 km², dependendo do volume de água recebido. Se encontra a uma

altitude de 3.686m em relação ao nível do mar (conforme quadro nº. 09).

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Lago Poopó - Oruro “Laguna Colorada” Potosí

Lapacho em flor – Chaco Boliviano - Tarija

Quadro: nº 09 - Atrativos de Oruro, Potosí e Tarija - Bolívia Fonte: IPP - WIKIPEDIA® 2008.

Tarija é um departamento rico em diversidade de clima e relevo, pois

conta com parte do Altiplano andino, vales e parte do Chaco Boliviano (observe

a imagem no quadro n°. 09). Campos petroquímicos tornam Tarija uma região

rica economicamente. Mas um dos produtos de destaque são os vinhos

Tarijeños, com excelente qualidade e que estão ganhando mercado como

produto de exportação. Suas vinícolas são tidas como uns de seus destinos

turísticos, destacando-se os “Vinos de Camargo”, “Pomares de Tomatitas”, e

os famosos festivais folclóricos que atraem visitantes de vários países.

Para a prática do ecoturismo, o melhor destino é a Reserva Biológica de

Sama, que intercala altitudes, climas e espécies de fauna e flora. Existe um

pequeno complexo de lagoas dentro da reserva, as “Lagunas de Tajzara” a

3.700m de altitude, composta por um vasto campo úmido com 2 lagoas

perenes, 3 semi-perenes e 18 sazonais, bem como rios de pradarias alto-

andinas.

Dentro da reserva, se pode visitar dunas de areias com uma superfície

de 457ha e que modificam sua posição de acordo a intensidade do vento,

constituindo cenários semelhantes a um deserto. Ainda se pode visitar vários

povoados de características andinas e uma grande quantidade de sítios

arqueológicos com arte rupestre e antigos caminhos Incas em excelente

estados de conservação por onde circulam primitivas culturas com suas

caravanas de Llamas. (EPICENTRO, 2006).

“El Cóndor el Maestro del Aire” essa é a frase que melhor traduz as

características do Condor andino, a maior ave voadora do mundo, típica dos

Andes, com seu território compreendido entre o ocidente venezuelano até a

Terra do Fogo, no extremo sul do continente. Um condor adulto chega a medir

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1.30m de altura, pesando entre 11 a 15 kg e alcançando uma envergadura de

3.50 a 4m da ponta de uma asa à outra (EPICENTRO, 2005). O Condor

pode voar a uma altura de até 7.000m e a uma velocidade de até 55 km por

hora. São sedentários e monogâmicos. Segundo estudiosos, podem viver até 5

anos em cativeiro e mais de 100 em seu habitat natural. Foi considerado em

extinção na Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, e é considerada a ave

nacional dos seguintes países: Chile, Colômbia, Equador e Bolívia. Para os

dois primeiros, símbolo de liberdade; no Equador, poderio, grandeza e valor; e

na Bolívia, busca de horizontes sem limites.

Esta fabulosa ave é um dos mais desejados atrativos para quem se

aventura pelos Andes. Um dos melhores lugares para obervação dessa rara

espécie são os cânions “arequipeños” e em algunas regiões dos Andes, onde o

visitante terá que contar com a sorte para contemplar o majestoso vôo deste

maestro dos ares (conforme Quadro n° 17, p. 103 - 104).

O fascinante e já mencionado Lago Titicaca, nos seus 3.810m de

altitude em relação ao nível do mar, na mais extensa meseta tropical dos

Andes, 8.500 km de extensão, 176 km de comprimento por, 65 km de largura,

284 metros de profundidade e 8° graus de temperatura média, faz deste

gigante um forte candidato a maravilha natural da humanidade.

6.2.3 Principais atrativos do Peru

Diante destes dados, pode-se entender porque o Titicaca é o segundo

maior destino de turismo da América do Sul, depois de Machu Picchu. A

existência das Ilhas Flutuantes dos Uros, que são comunidades pré-incaicas

que vivem sobre as águas do lago, torna-o ainda mais atrativo.

“Las Islas Flotantes de los Uros” são plataformas construídas à base de

raízes e folhas de Totora, uma planta aquática típica e endêmica do próprio

lago. Tal plataforma serve de base para a construção de suas casas que

também são construídas com a planta. A totora serve para tudo nas ilhas, até

mesmo como alimento, pois os Uros comem a parte interna do caule da planta.

(conforme Quadro n° 17, p. 103 – 104).

De igual importância, as ilhas Amamtani, Ticonata, na parte peruana, e

“Isla del Sol” (conforme Quadro n° 17, p. 102 - 103), e “Isla de la Luna”,

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Yuspique e Anapa, na parte boliviana do lago, são as maiores ilhas fixas da

grande complexo do aquático do Lago Titicaca.

A região de Puno tem a maior porção do Titicaca e seu território conta

ainda com paisagens rurais e o Sitio Arqueológico de Sillustani, uma espécie

de necrópole sagrada dos povos Collas – aymaras, localizada nas margens da

lagoa Umayo.

Lampa, Tinajani, Chucuito, Cutimbo, Juli, “La Pequeña Roma de

América”, e Púcara (o centro cerimonial e administrativo mais importante da

cultura Pukara, cujo início há 1.800 anos a.C. e máxima expressão no ano de

400 d.C, sendo o primeiro Estado Altiplano, antecedendo aos Thiahuanacos,

Wari e Incas) compõem também o grande complexo de atrativos da região de

Puno (WUST, 2003), de acordo com o quadro nº. 10.

Paisagem Agrícola Puno

Igreja de Lampa Puno

Sitio Arquiológico de Sillustani - Puno

Quadro: nº 10 - Atrativos de Puno – Peru. Fonte: IPP

A Reserva Nacional “Salinas e Aguada Blanca” é um dos grandes

atrativos de Arequipa, uma extensa área de 366.936km2, constituída por uma

região de Puna árida com altitude média entre 4.000 a 4.600m, e ecossistemas

distintos, de grande diversidade geológica, como vulcões, fontes termais, rios,

riachos, lagoas, represas, bosques de pedras, desertos de altura, picos

nevados e alguns dos acidentes geográficos mais singulares do país. Sua

principal função é proteger as nascentes do rio Chili, cujas águas são vitais

para todo o vale e para cidade de Arequipa. O rio recorta a cidade, descendo

entre as paisagens vulcânicas e enriquecendo ainda mais a bela cidade de

Arequipa.

A reserva é chamada de “El pátio de juegos de vulcano” . Entre os

vulcões mais conhecidos destacam-se Misti 5.821m (conforme Quadro n° 17,

p. 103 – 104), Cachani 6.057m e Pichu Pichu 5.680 e o Ubinas com 5.508m

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considerado o de maior atividade “fumarólica” (emissão de fumaça vulcânica)

do país.

Nesta reserva estão protegidas as espécies de “camélidos

sudamericanos”, a Vicuña e a Alpaca, espécies que produzem as lãs melhores

cotizadas do mundo, e também a Llama e os Guanacos, que estão ameaçados

de extinção (WUST, 2003), todos relacionados aos principais atrativos da

Bolívia.

Os cânions arequipeños de igual maneira igualam-se ao Lago em

grandiosidade, pois são os mais profundos do mundo, existindo uma espécie

de competição entre eles, pois o Colca Cânion (conforme Quadro n° 17, p. 103

– 104),e Cotahuasi Cânion (relacionado no quadro n°. 11), concorrem entre si,

pra comprovar centímetro a centímetro que tem a maior profundidade.

Os registros oficiais indicam que o Colca tem uma profundidade de

3.400m, duas vezes a profundidade do cânion do rio Colorado. No entanto, os

pontos de maiores altitudes são os da Serra Lucerna 4.245m e Yajirhua 5.212.

O Cotahuasi tem, segundo a bibliografia pesquisada 3.535m, e não foram

encontrados os registros dos níveis mais profundos. O Colca é um dos lugares

mais apropriados para observar o majestoso Condor, a alguns minutos do

povoado de Chivay, no mirante “La Cruz del Cóndor” , de onde se pode

contemplar também os nevados Ampato, Coropuna e Mismi de cujos desgelos

nasce o rio Amazonas (PROMPERÚ, 2006).

São, portanto, os mais profundos do mundo, maior que o Gran Cânion

dos Estados Unidos, e um dos mais espetaculares destinos da Rota que se

localiza no caminho para o Vale dos Vulcões, também na região de Arequipa.

A cidade em si, já é um grande atrativo (relacionado no quadro n°. 11).

No entanto, não se pode deixar de comentar o fato de que Arequipa está

construída aos pés de uma cadeia vulcânica, com a presença de 3 grandes

vulcões adormecidos, sendo o mais importante e de grande beleza o já

mencionado Misti com 5.821m de altitude, tornando Arequipa ainda mais

fascinante.

O Vale dos Vulcões é uma nova proposta de destino que está em

desenvolvimento na região sul do Peru, tornando ainda mais rica uma das

partes mais visitadas do continente, pois é na macro-região sul do Peru que se

concentra a parte mais rica da cultura pré-hispânica da América do Sul.

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Grandes destinos naturais, como a Reserva Nacional de Paracas, Ilhas

Ballestras, Oásis Huacachina e Deserto de Ica na região de mesmo nome

(conforme Quadro n° 17, p. 103 – 104), associados à flora e fauna andina os

“camelidos sudamericanos – Vicuñas, Llamas e Alpacas” que tem presença

marcante nesta região como um de sues atrativos.

“Guanaco” RN-“Aguada y Salinas Blancas” - Arequipa

“Plaza de Armas” – centro da Cidade de Arequipa.

Cotahuasi Cânion Arequipa

Quadro: nº 11 - Atrativos de Arequipa – Peru. Fonte: IPP

Cusco como região tem muito mais a oferecer além, é claro, da

maravilha “Machu Picchu”. Pois o processo de visitação à cidade de Cusco e à

Cidade Sagrada implica no conhecimento de outros atrativos, tão importantes

quanto as mesmas e as vias de acesso até a região constituem uma atrativo à

parte pois, tanto de Puno a Cusco, quanto de Arequipa a Cusco, a paísagem

que margeia a rodovia é deslumbrante, conforme demonstram as figuras no

(quadro nº. 12).

Acesso entre Cusco e Arequipa Sul do Peru

“Crucero Alto” 4.524m de Altitude Rodovia Inter-ocânica – Arequipa.

Quadro: nº 12 - Atrativos de Cusco e Arequipa – Peru. Fonte: IPP

Como é o caso do “Camino Inca”, também chamado de “Caminho do

Soberano”, em quéchua “Qhapaq Ñan”. Na realidade, era uma rede de

caminhos que intercomunicava as 4 grandes regiões do vasto império.

Atualmente, o que ainda pode ser utilizado pelos nativos e que foi

transformado em atrativo turística é a trilha que pode ser percorrida à pé

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durante 2 dias e 1 noite, desde a cidade de Cusco até Machu Picchu. Trajeto

de 39 km, por onde se pode observar paisagens misteriosas, com 400 espécies

de orquídeas e begônias, vestígios arqueológicos, com altitude mínima de

2.600m, podendo chegar aos 4.200m em trechos opcionais (PROMPERÚ,

2006).

O Vale Sagrado dos Incas, que se percorre pelo próprio caminho e que

também é composto pelos Sítios Arqueológicos de Sacsayhuamán, na cidade

de Cusco e Ollantaytambo, está localizado na cidade de mesmo nome, além do

Templo de Koricancha, “El Templo Inca del Sol”, ver imagem no (quadro n°.

13).

Templo de Koricancha Cusco

Machu Picchu Cusco

“Camino Inca” Vale Sagrado - Cusco

Quadro: nº 13 - Atrativos de Cusco – Peru. Fonte: IPP

6.2.4 Principais atrativos do Chile

Chile é um país pequeno, com três grande características: é continental,

antártico e oceânico, e todo o grande complexo do deserto do Atacama no

Chile é, com certeza, um dos grandes atrativos da Rota, pois nesta região

existem paisagens incríveis que em determinadas épocas do ano mudam. Na

realidade, algumas regiões do Atacama são chamadas de “tierra lunar” devido

às suas características geográficas e, ao contrário do que se possa pensar, o

Atacama é um conjunto de distintas paisagens desérticas, abrangendo as 4

regiões do grande norte chileno.

No inicio desta pesquisa, Tarapacá era a primeira região do norte

chileno. Iniciava-se em Visviri – encontro de 3 países, até o rio Loa. No entanto,

em meados do ano de 2007, ela foi dividida surgindo desta maneira a 15ª

região do país e a 1ª do norte, fazendo fronteiras com o Peru e Bolívia, região

de Arica e Parinacota.

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Permanecendo Iquique como capital da região de Tarapacá e principal

cidade turística do norte por estar localizada na costa do Pacífico, tem belas

praias e principalmente os Portos e a ZOFRI – Zona Franca de Iquique

(conforme Quadro n° 17, p. 105 – 106), tornando-a propícia para o turismo de

negócios, eventos e de compras, e também a belíssima Reserva Nacional

Pampa de Tamarugal com belos oásis agrícolas e populações pastoris.

A nova região de Arica e Parinacota tem a cidade de Arica como capital

(em destaque no quadro nº. 14), sendo o vulcão Parinacota, com mais de 6.500m de

altitude, seu principal atrativo (conforme Quadro n° 17, p. 105 – 106), bem

como a histórica Igreja de Parinacota, museus e sítios arqueológicos onde

foram descobertas múmias que, segundo os pesquisadores, são mais antigas

que as egípcias e, devido às características climáticas do deserto do Atacama,

estão em melhores condições de conservação.

“Garra de” León planta típica do Doserto do Atacama

Cidade de Arica – Arica e Patinacota.

Parque Nacional Lauca – Tarapacá.

Quadro: nº 14 - Atrativos de Iquique e Atacama – Chile. Fonte: IPP

Atacama é um rico deserto na produção de cobre e salitre, sendo a mina

de Chuquicamata a maior mina de cobre em céu aberto do mundo. Localizada

na região de Antofagasta, próxima a cidade de Calama, é a cidade mais árida

do planeta. Nesta mesma região está localizado o “Valle de la Luna” (conforme

Quadro n° 17, p. 105 – 106), daí com toda certeza vem à expressão de terra

lunar, dada ao deserto, pois a paisagem é realmente muito diferente. Trata-se

de uma paisagem onde há muitos anos ocorreram explosões vulcânicas,

deixando o lugar com uma camada de pedras derretidas que se cristalizaram.

É difícil descrever, pois o Vale da Lua é algo pra se ver e contemplar.

Desse mesmo lugar se tem acesso à região dos gêiseres, que são

pequenas vazões de vapor e água quente que saem da terra, como jatos de

águas que saem das entranhas do vulcão El Tatio, famoso por suas 72

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“Fumarolas” , vapores de altas temperaturas, 40 gêiseres e 13 vertentes

quentes que estão localizados a uma altitude de 4.300m, no município de San

Pedro de Atacama (MESILI, 2007).

San Pedro de Atacama é uma das regiões históricas do Chile (conforme

Quadro n° 17, p. 105 – 106). Hoje é o destino mais importante do norte chileno,

recebendo um grande número de turistas pois, de San Pedro, se tem acesso

ao El Tatio (em destaque no quadro abaixo), e também ao Parque Nacional

Jama, na fronteira com a província de Jujuy na Argentina, de onde se alcança a

região da Quebrada de Humahuaca, território andino da Argentina.

Antes de entrarmos de fato em território argentino, ainda é necessário

dizer que, e entre as regiões de Antofagasta e Atacama, acontece o fenômeno

natural da florada do deserto. Segundo relatos e dados levantados in loco, a

florada acontece num ciclo de 7 em 7 anos. E o fenômeno é tão encantador

que vêm pessoas de todas as partes do mundo para observar o que é

comumente chamado de jardim do Atacama. Ainda nesta mesma região é que

se localiza o Parque Nacional Los Flamencos, em destaque na figura abaixo.

Todo o deserto fica coberto com uma vasta camada de flores, de várias

espécies e cores. São quilômetros de extensão, sem se ver o solo, somente

flores, especialmente a “Garra de Leon”, uma espécie endêmica típica desta

região (em destaque no quadro n°. 14). É nesta região que se concentra o

grande contraste do país, com extensas planícies desérticas e os mais ricos

vales agrícolas de todo o Chile, ver imagem na relação dos principais atrativos

do Chile.

Ainda no Atacama destaca-se o Parque Nacional “Pan de Azucar”,

(conforme Quadro n° 17, p. 105 – 106), uma das maiores unidades de

conservação do Chile, localizada às margens da rodovia Pan-americana na

província de Chañaral.

Copiapó é a capital da região do Atacama, de onde se pode ter acesso à

província de Catamarca, na Argentina, através do “Paso de San Francisco”, um

caminho histórico que foi utilizado pelos desbravadores desta região. Trata-se

de uma passagem transfronteiriça com um vale de montanhas de altitudes que

ultrapassam os 6.500m, como é o caso da montanha Ojo del Salado (6.893m)

e Cerro Tres Cruces (6.749m) e Incahuasi (6.615m), localizadas no Parque

Nacional Nevado de Tres Cruces (SERNATUR, 2005).

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Essa passagem é também chamada de “Complejo Fronterizo San

Francisco”, envolvendo o Salar de Maricunga, Laguna Santa Rosa, Laguna

Verde (em destaque no quadro nº. 15), e Laguna del Negro Francisco além do

Portezuelo Piedra Pómez formação rochosa de 4,552m, na fronteira com

Argentina, um caminho que atinge uma altitude de 4.726m.

Gêiser El Tatio Antofagasta

“Laguna Verde” - Atacana Parque Nacional los Flamencos – Antofagasta.

Quadro: nº 15 - Atrativos de Antofagasta e Atacama – Chile. Fonte: IPP

6.2.5 Principais atrativos da Argentina

Na Argentina, devido ao fato de ter sido realizada apenas uma visita nas

províncias de Salta e Jujuy, o que se pode dizer é que sua região noroeste

compõe o território andino do país e também grande parte de sua história.

Na província de Jujuy, próximo à fronteira com o Chile, a paisagem da

Puna de Atacama é única, com áreas de salinas (conforme Quadro n° 17, p.

106 – 107), lagos e vales. O principal atrativo desta região é o complexo da

Quebrada de Humahuaca em Jujuy, que, assim como o Pantanal, tem seu

núcleo central reconhecido como patrimônio da humanidade. No entanto, todo

seu entorno possui outros destinos, relacionada nos principais atrativos da

Argentina.

Jujuy é uma província pequena, mas de grande beleza, especialmente

pela já mencionada região da Quebrada de Humahuaca e seus 10 pequenos

povoados que faz parte de seu complexo turístico: Volcán, Tumbaya,

Purmamarca, Maimará, Tilcara, Huacalera, Uquía, Humahuaca, Iturbe e Tres

Cruces, de acordo com as figuras no quadro n°. 16.

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Igreja em Uquía - região de Humahuaca - Jujuy

Iturbe – Região de Humahuaca - Jujuy

Tilcara – Região de Humahuaca - Jujuy

Quadro: nº 16 - Atrativos de Jujuy - Argentina. Fonte: IPP – ARGENTINA, 2007.

Na província de Catamarca, parte da região da Puna foi declarada

Reserva da Biosfera por sua rara beleza e importância paisagística, também

chamada de “agreste”, com fauna e flora muito raras e típicas da região. Os

mais elevados picos da Puna de Atacama estão localizados em Catamarca

com os vulcões Galán com 6.600m e Antofalla com 6.409m (CIF, 2005),

(conforme Quadro n° 17, p. 106 – 107).

A província de Salta e a sua capital, a cidade de mesmo nome, é

chamada de “La Linda” por sua beleza ímpar (conforme Quadro n° 17, p. 106 –

107). Salta é o que se pode dizer de cidade gêmea de Arequipa, no Peru, e

Cochabamba, na Bolívia, pois ambas foram construídas com “piedra sillar” ou

pedras vulcânicas.

Algo que de fato impacta os turistas é o trem das nuvens “El Tren de las

Nubes” (Conforme Quadro n° 17, p. 106 – 107), 10 vagões com capacidade

para 500 pessoas, percorrendo uma distância de 438 km. Parte da cidade de

Salta a 1.200m e alcança os 4.200m de altura até a cidade de San Antonio de

los Cobres. O trem realiza um verdadeiro zig-zag por viadultos, túneis e pontes

que torna a experiência uma grande e inesquecível aventura.

O complexo dos “Valles Calchaquíes” é uma grande depressão

geológica longitudinal, entre as províncias de Catamarca, Tucumán e Salta.

Somente entre os vales de Tafí del Valle e Cafayate existem 125km de

extensão, com altitudes acima de 3.000m, ambos relacionados aos principais

atrativos da Argentina. Nesta região vivem comunidades pré-colombianas que

preservam as tradições de seus antepassados em museus, celebrações de

rituais e manutenção da forma artesanal de produção e festas tradicionais.

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Segue abaixo a relação dos atrativos por países, que correspondem

também aos atrativos âncoras (aqueles responsáveis pela geração de

demanda e manutenção dos fluxos turísticos para as suas regiões,

possibilitando o surgimento de novos produtos em seu entorno). Para

exemplificar a relação entre atrativo âncora e principal atrativo, pode-se

analisar da seguinte forma: o Pantanal Mato-grossense é um atrativo âncora do

Brasil, que atrai demanda de vários lugares do mundo; o Parque Nacional de

Chapada dos Guimarães que é um dos principais destinos do centro-oeste do

Brasil e do Estado de Mato Grosso, absorve parte dessa demanda.

BRASIL

Atrativo Localização Descrição

Estado de Mato Grosso. Região centro-sul e sudoeste.

Área do Pantanal de Mato Grosso, abrange pelo menos 30 municípios do Estado, conformando um grande complexo turístico.

Estado de Mato Grosso. Município de Chapada dos Guimarães.

Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, uma das mais lindas áreas de proteção ambiental do Brasil.

Estado de Mato Grosso.

Cidade de Cuiabá – Centro Geodésico da América do Sul e um dos importantes centros turísticos da Rota e porta de entrada ao Pantanal.

Estado de Mato Grosso. Município de Nobres.

Configura uma das mais importantes regiões cavernícolas do Brasil com imenso potencial eco turístico especialmente para o espeleo-turismo.

Sudoeste do Estado de Mato Grosso. Município de Cáceres.

Rio Paraguai – principal afluente do Pantanal que recorta a cidade de Cáceres, base de realização do maior festival de pesca em água doce do mundo.

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Estado de Mato Grasso – Município de Vila Bela da Santíssima Trindade.

Rio Guaporé, no Vale do Guporé uma das mais belas regiões do Estado e do Brasil. Reduto da cultura afro-brasileira do centro-oeste brasileiro.

Estado de Mato Grosso do Sul. Município de Bonito

O mais importante destino de eco turismo do centro-oeste do Brasil. Rios de calcário e nascente cristalinas de beleza transparente e fascinante.

Estado de Mato Grosso do Sul. Município de Bodoquena.

Parque Nacional da Serra de Bodoquena, um grande complexo montanhoso de cerrado com belíssimas paisagens.

BOLÍVIA

Atrativo Localização Descrição

Departamento de Santa Cruz. Oriente Boliviano.

Cidade de Santa Cruz de La Sierra – capital econômica e industrial do país. Centro Turístico de conexão intercontinental da Rota.

Departamento de Cochabamba – Centro do País.

Vila Tunari – importante destino turístico para prática do eco turismo, na região da Amazônia e transição com os Andes.

Departamento de Cochabamba – Centro do País.

Cristo de la Concórdia – Monumento arquitetônico considerado a estátua mais alta do mundo, por sua localização geográfica.

Departamento de Cochabamba – Centro do País - início da Cordilheira dos Andes.

Cidade de Cochabamba – terceira maior cidade do país capital gastronômica da Bolívia.

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Departamento de La Paz – Norte do Altiplano Boliviano.

Cidade de La Paz – também chamada de síntese cósmica. Uma das cidades mais altas do mundo, 3.800m.

Departamento de La Paz – Norte do Altiplano Boliviano.

Cumbre de Chacaltaya – um dos pontos mais altos de acesso turístico não especializado da Cordilheira dos Andes.

Departamento de La Paz – Norte do Altiplano –Boliviano.

Lago Titicaca – Ilha do Sol – um dos pontos de maior visitação turística no lado boliviano do Lago. Na Ilha do Sol foi um dos pontos de expansão do Império Inca, depois da fusão com a Cultura Colla e Aymara.

Departamento de La Paz – Altiplano – Norte Boliviano.

Cidade de Copacabana é a capital religiosa do País, no destaque umas das torres da Igreja da Virgem de Copacabana, que atrai visitantes de vários países, especialmente os Andinos.

Departamento de Potosí – Sudoeste da Bolívia.

Laguna Verde-Região dos Lagos andinos e vulcões um grande complexo que compõem uma das mais belas paisagens do mundo.

Espécies típicas de todo os países Andinos da Rota.

Fauna Andina – um dos grandes atrativos de todo o complexo andino, especialmente no Altiplano são os Camélidos Sudamericanos, sendo a Vicunã a espécie mais apreciada.

PERU

Atrativo Localização Descrição

Macro sul peruana. Região de Puno –– Fronteira com a Bolívia.

Lago Titicaca – O místico lago dos Incas e o mais alto do mundo com condições de navegabilidade.

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Macro sul peruana. Região de Puno –– Fronteira com a Bolívia.

Ilha Flutuantes de los Uros – importante e peculiar destino turístico da Rota são plataformas flutuantes construídas a base de Totora, planta típica do Lago Titicaca.

Macro sul peruana. Região Arequipa.

Vista do Vulcção Misti, na cidade de Arequipa. Um dos vulcões de melhores condições de acesso da Rota.

Macro sul peruana. Região de Moquegua.

Costa do mar do Peru, ou Cordilheira Costeira do Peru – Um mescla de deserto, cordilheira e costa que constituem paisagens exuberantes pelo eixo da Rodovia Pan-americana.

Macro sul peruana. Região de Ica.

Deserto de Ica – faz parte do complexo do Deserto Costeiro do Peru, que se estende desde a cidade de Arequipa, até as proximidades da região de Lima.

Macro sul peruana. Região de Ica

Osais Huacachina – uma das paisagens mais belas e paradisíacas da região sul do país a alguns minutos do centro da cidade de Ica a capital da regional.

Espécie típica dos Andes.

Condor – a maior ave voadora do mundo. Típica das regiões andinas e um dos atrativos mais cobiçados pelos visitantes que se aventuram pelas montanhas da cordilheira dos Andes.

Macro sul peruana. Região de Arequipa.

Vale do Colca – onde se localiza o Cânion de Colca, o mais profundo do mundo.

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CHILE

Figura

Localização

Descrição do Atrativo

Norte do Chile. Região de Antofagasta.

Valle de la Luna - um dos mais importantes destinos turísticos da Região de Antogagasta, fazendo parte do complexo de atrativos ao entorno de San Pedro de Atacama.

Norte do Chile. Região de Antofagasta.

Igreja de San Pedro de Atacama -Cidade Histórica do Norte Chileno, localizada nas proximidades de Vales, Vulcões e região dos Gêiseres.

Norte do Chile. Região de Arica e Parinacota.

Vulcão Parinacota – importante atrativo do norte, que dá o nome a região e atrai visitantes por sua beleza paisagística.

Norte do Chile. Região deTarapacá.

Por do Sol, no mar do Pacífico na Costa Chilena, um verdadeiro espetáculo da natureza, onde o sol repousa sobre as frias águas do Oceano Pacífico.

Norte do Chile. Região deTarapacá.

Cidade de Iquiue – o mais importante centro turístico da Rota, no norte chileno. Grande centro de turismo de compras e de negócios.

Norte do Chile. Região do Atacama – Província de Chañaral.

Parque Nacional Pan de Azúcar – é uma das maiores área de proteção ambiental do país, e um importante atrativo turístico da região.

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Norte do Chile. Região do Atacama – Província del Huasco

Vales de produção de azeitonas. Com paisagens lindíssimas entre os vales agrícolas e o deserto do Atacama.

Norte do Chile Região de Antofagasta – Província El Loa

Rodovia de acesso entre as cidade de Tocopilla y Calama, no zona central do Deserto de Atacama.

ARGENTINA

Figura Localização Descrição do Atrativo

Noroeste da Argentina. Província de Salta.

Vista Panorâmica da cidade de Salta – “La Linda”, assim é conhecida. Uma cidade histórica e a mais importante da região norte e da parte andina da Argenitna.

Noroeste da Argentina. Província de Jujuy.

Purmamarca - a cidade dos “Cerros Colorados”, ou “Serras Coloridas” da fantástica região da Quebrada de Humahuaca. É a cidade de maior importância turística dessa região.

Noroeste da Argentina. Província de Tucumán.

Valles Calchaquíes – complexo turístico de rara beleza que envolve grande parte do noroeste da Argenina

Noroeste da Argentina. Província de Salta.

Trem das Nuvens – o mais alto do mundo. Umas das mais inusitadas experiências da Rota Pantanal Pacífico.

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Noroeste da Argentina. Província de Tucumán.

Ruínas de Quilmes – Uma grande nação pré-hispânica e andina. As ruínas são consideradas a maior área arqueológica da Argentina.

Noroeste da Argentina. Província de Catamarca.

Puna de Atacama – Reserva da Biosfera e uma das mais belas regiões dos Andes. Grade porte do noroeste da Argentina está composto pela Puna.

Noroeste da Argentina. Província de Jujuy.

Salinas Grandes – uma grande mancha de sal que se estende por quilômetros compondo uma paisagem inesquecível.

Fotos: Fonte IPP 2007 / Vilson José de Jesus e Sites Oficiais de Turismo dos Países.

Quadro: n° 17 - Relação dos Principais Atrativos (atrativos âncoras) existentes na Rota.

Na ilustração da figura nº. 11, se pode verificar a localização e a

distribuição geográfica desses atrativos, lembrando que a ilustração não indica

a localização de todos para não gerar uma poluição visual por excesso de

informações. No entanto, deixa claro que, assim como no caso dos

patrimônios, eles atendem ao critério de composição de uma rota pela

proximidade, possibilitando a criação e implantação de complexos, regiões,

áreas, centros, corredores e unidades turísticas.

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Figura: nº 11 - Principais Atrativos da Rota Pantanal Pacífico Fonte: IPP 2007.

Foi enfocando alguns aspectos da análise acima que publicamos o

artigo científico “Os Destinos Turísticos do Centro Sul Americano Instrumentos

que Transfronteirizam a Integração Regional: um exemplo aplicado à Rota

Pantanal-Pacífico”. Este trabalho foi apresentado no 8° Congresso de

Geografia de Arequipa – Peru, onde os grupos de pesquisas GEEPI e

DIGEAGEO realizaram uma mesa redonda de discussão sobre a proposta da

Rota e pelo menos 5 artigos foram apresentados, todos com estudos

específicos ao tema (CARVALHO, 2007).

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7. ANÁLISES E SUGESTÕES

7.1 Centros Turísticos de Escala e Distribuição

Uma rota para se consolidar como turística precisa atender a alguns

critérios: existência de atrativos, acesso, infra-estrutura, serviços e definição de

um público alvo, que configuram o produto turístico possível de ser

comercializado. No caso da Rota Pantanal-Pacífico, ela configura como um

produto internacional da América do Sul.

Está comprovado que a Rota tem viabilidade em atrativos, vias de

acesso e comunicação. Neste capítulo, estão contemplados os aspectos

relacionados aos serviços e infra-estruturas. Neste último caso,

especificamente, refere-se à infra-estrutura para a prestação de alguns

serviços turísticos, especialmente na entrada e na distribuição dos fluxos

turísticos que alimentam a Rota.

Como vimos na fundamentação teórica, um centro turístico é uma

localidade que oferece serviços que possibilitam a existência da atividade

turística, pode ser uma cidade grande ou uma cidadezinha pequena que

tenham atrativos e que ofereçam serviços. Neste contexto é que foram

analisadas as cidades do eixo da Rota que exercem ou que poderão exercer a

função de centro turístico de escala.

Como a Rota ocupa a parte central do continente, ela tem duas portas

de entrada de turistas: via Atlântico e via Pacífico. Assim, algumas cidades têm

funções bem específicas de alimentar os fluxos de demanda, como centro de

escala e de distribuição.

Em relação ao Atlântico, a Rota não tem uma cidade na costa, pois a

mesma inicia-se no centro do continente, nas cidades de Cuiabá e Campo

Grande. Neste caso, a cidade que serve de escala e distribuição

intercontinental são Brasília e as demais capitais das regiões sudeste, nordeste

e sul.

São Paulo é naturalmente o maior centro de escala e de distribuição de

todo o Brasil e também da América do Sul. No entanto, Brasília, depois do

lançamento dos vôos Lisboa – Brasília, ganha destaque como um importante

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centro turístico de escala e distribuição para a Rota Pantanal-Pacífico, já que

ela oferece um elo direto do centro-oeste do Brasil com a Europa.

Desde a costa do Pacífico, as cidades que oferecem tais serviços são:

no eixo norte a cidade de Lima, capital do Peru, e no eixo sul a cidade de

Santiago de Chile, capital chilena. Ambas não têm uma relação geográfica com

a Rota, assim como São Paulo, mas exercem papéis fundamentais como

portas de entrada intercontinental, uma vez que o público e mercado-alvo são

Europa, Ásia e América do Norte.

A cidade de Santa Cruz de la Sierra, não está localizada na costa, mas

assim como Brasília, também tem conexão aérea com Europa e América do

Norte com vôos diretos para Miami e Londres. Santa Cruz, neste caso, por

estar no centro da Rota, é o seu principal centro de distribuição entre o oriente

boliviano, centro-oeste do Brasil, e altiplano andino, um centro de escala e

distribuição bastante estratégico.

Na figura n°12 se pode verificar a localização de cada uma dessas

cidades e como suas posições geográficas justificam suas funções como

centro turísticos de escala e distribuição, pois todas elas são grandes cidades e

dispõem de toda a logística de serviços turísticos.

Figura: 12 - Centros de Conexões Intercontinentais e inter-regionais Fonte: IPP 2008.

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A Rota Pantanal-Pacífico, devido à sua larga extensão territorial e à sua

diversidade de destinos e atrativos, necessitava ter vários centros de escalas e

distribuição, pois somente assim terá mobilidade e conectividade. Neste

aspecto ela está muito bem servida por existirem várias cidades que

naturalmente exercem essa função.

Analisando a posição de algumas cidades da Rota, se pode verificar que

elas ocupam posições estratégicas, tanto geográficas quanto comerciais.

Cuiabá e Campo Grande, por exemplo, têm conexão direta com Brasília e São

Paulo e conexão inter-regional dentro do eixo da Rota.

Para facilitar o entendimento, não utilizaremos o termo internacional para

conexões dentro do raio de abrangência da Rota, mas somente no caso de

conexões para fora do continente. Vôos internos e conexões internas à Rota

serão chamados de conexão inter-regionais.

Campo Grande tem essa conexão com Santa Cruz de la Sierra

interligando, portanto, o centro-oeste do Brasil com o oriente da Bolívia. Cuiabá

também terá, pois está previsto o início de vôos regulares entre Santa Cruz de

la Sierra e Cuiabá a partir do mês de maio de 2008.

Lima, por sua vez, tem conexão aérea com Arequipa e Cusco e inter-

regional com Iquique e Santiago. Santiago se conecta com Buenos Ayres e

Salta. A empresa Aérosur da Bolívia pretende inaugurar vôos até meados de

2008 para Cusco e Arequipa, e já oferece vôos de Santa Cruz a Lima.

Apesar da existência de vôos intercontinentais e inter-regionais, o eixo

da Rota apresenta algumas fragilidades no que se refere ao deslocamento

interno, tanto aéreo quanto ao rodoviário.

Há perspectivas de que nos próximos anos serão melhorados, pois

existem algumas propostas de expansão aérea, bem como de consolidação de

projetos antigos, como é o caso da construção do eixo da Intero-ceânica entre

Cuiabá e Santa Cruz e a finalização dos eixos Campo Grande - Santa Cruz e o

eixo norte entre os Estado do Acre e Rondônia que se interligará com as

regiões de Madre de Dios e Cusco, no Peru.

7.2 Rota Pantanal-Pacífico e as Políticas Públicas

Para desenvolver uma proposta desta envergadura é necessário o

envolvimento de pelo menos dois grandes setores da sociedade, o público e o

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privado, pois sem a decisão dos privados em fazer e da boa vontade do público

em apoiar, incentivar a criar medidas para viabilizar o projeto, este pode não

sair do papel.

Neste subitem são analisados e, de certa maneira demonstrados, alguns

resultados alcançados durante a pesquisa. Tais resultados foram obtidos com o

estudo de viabilidade da Rota, objetivo deste trabalho, que se tornou uma

proposta de desenvolvimento turístico integrado para o centro da América do

Sul logo no início da pesquisa. Independentemente da realização da

investigação científica, já havia a decisão de propor o desenvolvimento da

Rota.

Com isso, tornou-se possível o desenvolvimento de duas pesquisas,

uma paralela à outra, sendo que não se contraporiam e não concorriam entre

si, porque ambas tinham o mesmo objetivo: comprovar a viabilidade com o

resultado de uma investigação acadêmica e a outra comprovar a existência de

interesse mercadológico para uma proposta inédita dentro do continente.

Com isso, seria possível contar com a boa vontade do setor público, com

o apoio e a simpatia dos privados (e de fato isso ocorreu) e todas as ações que

foram possíveis de se desenvolver estão descritas na metodologia científica,

especialmente no cronograma de atividades.

De fato, a proposta chamou a atenção da iniciativa privada e dentro

deste contexto de forma especial da imprensa e também do setor público.

Durante os dois anos de pesquisa, foram realizados alguns eventos públicos

específicos para discutir a proposta da Rota Pantanal-Pacífico.

Como a pesquisa foi transformada em proposta e começou a estruturar-

se e chamar a atenção, a mesma não tinha como continuar a ser apresentada

por somente uma pesquisadora. Era necessário algo mais, de alguma entidade

ou instituição que a representasse.

Foi então criado o Instituto Pantanal Pacífico – IPP, uma organização

não governamental – ONG, para garantir os direitos legais sobre a Rota, bem

como realizar as proposições e as gestões referente ao seu desenvolvimento e

parceria nos eventos. A criação do IPP foi a maior prova de que a Rota

apresentava, de fato, viabilidade.

O mais importante dos eventos foi o FRONTUR – Seminário

Internacional de Turismo de Fronteiras, um evento realizado pelo Ministério do

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Turismo, sempre em parceria com os governos locais ou com a iniciativa

privada. No caso do FRONTUR – 2007, o parceiro foi o SEBRAE – Serviço

Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas.

O evento foi realizado no Estado de Mato Grosso na cidade de Cuiabá e

teve o SEBRAE de Mato Grosso como parceiro por ser uma das instituições

que de fato acreditam na proposta da Rota e aposta em seus resultados.

Esse evento gerou um documento que indica a Rota como uma das

prioridades das políticas de desenvolvimento turístico do Estado de Mato

Grosso, um dos resultados mais significativos para a pesquisa. Esse foi o

segundo momento em que o Governo matogrossense demonstrou interesse

pelo processo de integração, especialmente no contexto de Mato Grosso com

Santa Cruz, de acordo com o artigo científico “A Ótica do Turismo sobre o

Processo de Integração Sul Americana” que aborda os aspéctos sócio-político

e a importância do turismo como instrumento de integração na América do Sul

e a relação entre Brasil e Bolívia (CARVALHO, 2006).

No entanto, vale destacar também a realização do 1° Encontro

Internacional dos Municípios de Fronteiras, que foi realizado no município de

Comodoro no Estado de Mato Grosso, localizado na fronteira com a Bolívia,

com a participação de vários municípios da região de fronteiros dos dois

países.

Fato interessante é que tal evento foi demandado pelo município, devido

à aceitação da proposta da Rota como alternativa de desenvolvimento para a

região do Vale do Guaporé, onde está localizado.

Deste encontro surgiu a proposta para criação do corredor turístico

binacional Brasil – Bolívia, com o intuito de melhorar as relações entre as

populações fronteiriças e provocar algumas decisões públicas para viabilizar

um melhor processo de comunicação transfronteiriço.

O evento foi organizado pelo IPP em parceria com a prefeitura municipal

de Comodoro-MT, e contou também com o apoio da Secretaria de Estado de

Desenvolvimento do Turismo – SEDTUR e com a Associação Matogrossense

dos Municípios – AMM e consta nos registros da Carta de Cuiabá – FRONTUR

2007 “Articular junto ao Ministério do Turismo a implementação do roteiro

Travessia do Pantanal visando ao desenvolvimento do Corredor Turístico Brasil

Bolívia dentro do Programa de Regionalização”.

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Na figura n°. 13, uma demonstração por meio de um desenho do

corredor turístico que se pretende desenvolver, como uma ação interna da

Rota Pantanal-Pacífico para proporcionar a criação de roteiros integrados entre

os dois países.

Figura: 13 - Proposta do Corredor Turístico Binacional Brasil - Bolívia Fonte: IPP 2007

Com o estreitamento das relações entre quem propõe a Rota e quem de

fato poderá viabilizá-la, setor público e privado, será necessária a elaboração

de um plano de marketing internacional, por meio das relações entre as

organizações correspondentes a cada país.

Por exemplo, no Brasil o órgão responsável pela promoção turística é a

EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo, no Chile é a SERNATUR –

Serviço Nacional de Turismo, no Peru é o PROMPERÚ – Promoção Peruana,

na Argentina é a Secretaria Nacional de Turismo e o CFI – Consejo Federal de

Inversiones, na Bolívia está vinculada ao próprio Vice-ministério de Turismo.

O que será proposto, portanto, é a celebração de um convênio ou

protocolo de cooperação institucional entre estes países para a elaboração do

plano de marketing integrado, visando a promoção conjunta dos atrativos e

destinos da Rota Pantanal-Pacífico, como um novo e grande produto turístico

da América do Sul, nos mercados alvos de cada um dos países integrados.

Essa é uma das ações que estão previstas na Carta de Cuiabá –

FRONTUR 2007 “Articular a implementação do Projeto Rota Pantanal-Pacífico

junto aos órgãos governamentais dos países envolvidos”.

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Uma iniciativa como a da Rota depende essencialmente do bom

funcionamento da parceria público-privada, pois cada um destes segmentos

tem um papel a ser desempenhado dentro do processo de implantação e

implementação da Rota. O papel do governo e seus deveres estão bem

definidos nas fundamentações deste trabalho. No entanto, cabe dizer que,

mesmo com a decisão política de fazer e com a contrapartida do setor privado,

um dos resultados da pesquisa demonstra que só isso não é o suficiente.

Neste momento se faz necessária a existência de um terceiro elemento

no processo e que venha do terceiro setor, que não seja nem público, nem

privado, mas que seja de interesse de ambos. No caso da Rota, surgiu o que já

foi anteriormente mencionado, o Instituto Pantanal-Pacífico, que tudo indica

será qualificado como uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de

Interesse Público.

Esta é a organização responsável por manter vivas as chamas do

interesse pela Rota, por meio de publicações, participação em eventos, agenda

permanente com quem de fato fará a Rota acontecer.

Contato permanente com as instituições públicas e privadas, propondo

encontros, workshops, mesas de negócios, enfim, retro-alimentando as suas

próprias ações com seus pares para que a proposta não se esvazie durante as

mudanças dos setores, nas transições de cargos comuns nas organizações,

especialmente nas públicas.

Outro fato constatado que vem justificar a afirmação acima é que

durante os dois anos da pesquisa houve mudança de cargos do setor público

em todos os países, e sem a existência do IPP a proposta poderia estar

comprometida, pois nestes casos é comum ocorrer o processo da

descontinuidade de algumas ações e até mesmo o abandono de projetos e de

iniciativas deixadas pelos antecessores.

Até mesmo no setor privado isso acontece, pois, como as instituições e

suas respectivas organizações têm seus próprios processos internos de

desenvolvimento, é difícil que se dediquem ao processo de construção de uma

estratégia que não tenha um retorno imediato.

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7.3 Territórios Integrados e Fronteiras Unidas

Uma das estratégias da Rota é a criação do maior complexo de

itinerários e/ou roteiros turísticos da América do Sul, pois, devido à sua

riqueza, tanto no que se refere à questão sócio-ambiental, quanto cultural,

potencializa a criação de roteiros integrados que aqui serão tratados como

espaços integrados. SOUZA (2003) diz que o território é “fundamentalmente

um espaço definido e delimitado por e a partir das relações de poder”.

O desafio da proposta é trabalhar essa relação espaço-poder

potencializando sua diversidade e promovendo a unidade. Isso tornará os

roteiros muito mais atrativos ao mercado interno e externo.

Um termo que tem uma relação bastante pertinente com a união das

fronteiras e a desterritorialização, que HAESBAERT (2003), “deve ser tratada,

sobretudo no que se refere à dimensão espacial da sociedade”, ou seja,

disputa que o homem trava para superar os espaços e as distâncias.

Na realidade, o unir fronteiras está basicamente ligado ao aspecto

humano, pisicológico, nas relações inter-sociais e raciais , que ainda é muito

acentuada, sobretudo na América do Sul. Provocar essa desterritorialização

espacial e o rompimento dos preconceitos arraigados na/e pela cultura

significa o surgimento de territórios aptos ao processo de integração.

No subitem acima foi mencionado uma proposta de criação de roteiros

integrados entre as fronteiras do Brasil e a Bolívia, pretendendo-se uma

fronteira totalmente desterritorializada, ou seja, “a superação do

constrangimento da distância uma espécie de superação do espaço pelo

tempo” HAESBAERT (2002), o autor se refere ainda ao processo de

desterritorialização.

Para melhor concepção destes roteiros integrados, é necessário retomar

a proposta do corredor binacional e analisar alguns aspectos. O mais

importante a ser observado, é o que se refere ao potencial da região, ou seja,

aplica-se aqui a mesma idéia de composicão de um produto turístico: atrativos,

vias de acesso, infra-estrutura e serviços.

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7.3.1 Proposta de integração transfronteiriça

Vejamos a fiqura nº. 14. Ela mostra os atrativos, os acessos, serviços e

algo muito importante: a não existência do limite fronteiriço, sugerindo

exatamente a união das fronteiras e a criação de um espaco integrado.

Figura: nº 14 - Proposta do Corredor Turístico Binacional Brasil – Bolívia Fonte: IPP, 2007.

A figura mostra também a existência de grandes atrativos turístcios em

um espaço relativamente pequeno, podendo-se averiguar que sua composião

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territorial é dada pelo Pantanal que neste caso abrange tanto o Brasil. Quanto a

Bolívia, esse papel cabe às Missões Jesuíticas dos Chiquitos e o Parque

Nacional Noel Kempff Mercado.

Somente a existência dos 3 patrimônios da humanidade justificaria a

proposição deste corredor, ou seja, deste espaço transfronteirizado. No

entanto, podemos analisar a existência de outros atrativos que, seguindo a

lógica do capítulo anterior, é uma região composta por atrativos âncoras e,

neste caso, os patrimônios e os principais abaixo descritos:

• A “Ferrovia” - que percorre o eixo de Campo Grande até Santa Cruz de

la Sierra;

• A “Travessia Pantaneira” - pelo Rio Paraguai, entre as cidades de

Cáceres e Corumbá;

• O Vale do Guaporé - com a histórica cidade de Vila Bela da Santíssima

Trindade, a primeira capital do Estado de Mato Grosso e atualmente

parte dos destinos turísticos do estado, tendo como destaque a cultura

afro-brasileira já que é uma área com remanescentes de quilômbos.

Esse mesmo modelo pode ser aplicado em outras fronterias da Rota,

especialmente na fronteria Bolívia – Peru, que são interligadas pelo Lago

Titicaca e que este, por si só, se encarrega de desterritorializar os espaços,

unindo as fronterias.

Turisticamente a fronteira já está integrada, pois as empresas de

prestação de serviços já trabalham conjuntamente, como empresários de Puno

com empresários de La Paz, e que, entretanto, precisa ser melhorado, são os

serviços aduaneiros entre os dois países, ou seja osserviços públicos.

Existe ainda outro projeto de integração que está sendo proposto e

desenvolvido em parceria entre os dois países, que é a “2WONDERS – La

Ruta de las Maravillas”, que pretende criar serviços integrados entre Cusco, La

Paz e Potosí com a promoção integrada das duas maravilhas da humanidade:

Machu Picchu e Salar de Uyuni.

Argentina e Chile têm suas fronteiras permeadas por grandes atrativos

turísticos, assim como com a Bolivia, especialmente na região da Puna de

Atacama que agrange os 3 países. Dentro desse contexto, realizou-se uma

pesquisa específica sobre o processo de integração, discutindo precisamente o

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isolamento sul-americano e indicando a Rota como instrumento de integração

“Rota Pantanal-Pacífico (RPP): rompendo com o isolamento de cinco séculos”

(LACERDA, 2007).

7.3.2 Roteiros integrados

Os roteiros integrados prevêem a junção de destinos como, por

exemplo, “Pantanal – Atacama” que seria a junção dos serviços turísticos de

Brasil, Bolívia e Chile para promoção integrada de dois biomas totalmente

distintos e que no, entanto, podem gerar demanda pela unidade da

diversidade.

Roteiro “Pantanal – Nasca”, ou “Dos Parecis aos Incas”, neste contexto

poderão surgir inúmeras propostas para roteiros de aventura, de negócios, de

eventos, místicos, etnicos , religioso, enfim a Pantanal-Pacífico potencializa de

fato a criação de um grande complexo de rotas e roteiros, binacionais e até

trinacionais integrados.

A criação desses roteiros integrados possibilitará a fragmentação da

Rota, ou seja, criará dentro da mesma outros itinerários turísticos que poderão

ser chamados, dependendo de sua extensão e da nomenclatura utilizada em

cada país, de roteiros, como são conhecidos no Brasil. No entanto,

dependendo da característica e do formato espacial, é comum a utilização de

circuítos e corredores. Isso poderá ficar a cargo de cada região, já que nos

demais países o termo mais usado é Rota ou itinerário. O fato é, que

independentemente da nomenclatura utilizada, a função destes roteiros-

itinerários é gerar movimento à Rota e integrar mercados e serviços.

Para o bom funcionamento destes roteitros integrados será necessário a

parceria da indústria turística do Estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

com a da região de Ica. Ou seja, uma política de ações públicas e privadas

entre o centro-oeste do Brasil e a regiao sul do Peru.

Isso implicará na elaboração de um plano de marketing integrado,

criação de vôos inter-regionais, rotas terrestres e para isso a utilizacão de

serviços diretos e /ou indiretos da Bolívia durante o traslado dos turístcas que

queiram fazer a descida de Nasca até o Pantanal, ou o inverso. Neste sentido é

que a presença do Instituto Pantanal Pacífico poderá ser decisiva.

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7.3.2.1 Roteiro Pantanal – Atacama

Uma alternativa de construcão de um grande roteiro interno que

despertou o interesse do setor público de um dos países da Rota, foi a

proposta do roteiro Pantanal – Atacama, antevendo a junção do grande

complexo ecoturístico do Pantanal do Brasil com toda a região atacameña no

norte do Chile. Veja na figura que se segue trechos do memorando de

entendimento entre os países assinado no Chile durante a visita do presidente

do Brasil àquele país.

Todo o documento foi elaborado para conformar ações de cooperacão

institucional entre o Ministério de Turismo do Brasil e o Serviço Nacional de

Turismo do Chile. Este documento vem ao encontro do que foi analisado no

subitem anterior, quanto à Rota Pantanal-Pacífico e as políticas públicas.

No entanto, inseriu-se este dado aqui porque ele trata especificamente

do tema em análise e, ao mesmo tempo, é uma ação governamental em

relação à criação de roteiros integrados dentre do eixo da Rota, comprovando

que existe, portanto, viabilidade para os mesmos.

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Figura: n° 15 - Memorandun de Entendimiento – Brasil – Chile Fonte: CHILE, 2007.

A proposta do roteiro Pantanal – Atacama, uma vez implementado,

criará a fusão da indústria turística do centro-oeste do Brasil com a do norte

chileno, assim como no roteiro anterior. A Bolívia mais uma vez entra como

parceiro no processo, assim como possívelmente a Argentina, pois a Puna de

Atacama, que é composta pelos 3 países, faz parte do grande complexo

atacameño de turismo.

Esse roteiro traz algumas possíbilidades distintas dos demais, pois,

devido à existência de uma linha ferroviária Brasil - Bolívia, entre o Estado de

Mato Grosso do Sul e o Departamento de Santa Cruz de la Sierra, está

caracterizada desta forma a potencialidade para a criação de serviços

ferroviários para o turismo. Da cidade de Santa Cruz de la Sierra existe outra

linha ferroviária que interliga o Oriente bolíviano ao Chaco, no Departamento

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de Tarija, descendo até as provincias de Jujuy e Salya na Puna de Atacama na

Argentina. De lá, existe outro eixo que interliga o noroeste da Argentina com o

norte do Chile, pelo passo fronteiriço de Socompa, na fronteira entre Salta e

Antofagasta.

7.3.3 Possibilidades de serviços ferroviários

Para o melhor entendimento do que se pretende sugerir, no contexto das

potencialidades, entre o Pantanal e o Atacama, visualize a figura n°. 16. Ela

mostra todos os eixos ferroviários existentes dentro da Rota. Observe

especialmente o eixo sul, que interliga o Pantanal, partindo de Corumbá, ao

Atacama pela região de Antofagasta.

Tais ferrovias já existem e em sua maioria em pleno funcionamento. O

que falta é a criação de serviços de transporte humano, pois a maioria delas

são de cargas, mas podem perfeitamente oferecer serviços de transporte

humano, voltado especialmente para o turismo.

No continente europeu existem várias ferrovias que interligam vários

países, e aqui na América a proposta é de se aproveitar a infra-estrutura já

existente para a ciração de novos serviços e produtos. Afinal, percorrer um eixo

de aproximadamente 3.000Km por uma ferrovia que interliga a maior área

alagável do mundo - Pantanal, passado pela região chaqueña – Chaco

Boliviano, região andina da Argentina – Quebrada de Humahuaca e Puna de

Atacama, chegando ao própio deserto de Atacama em Antofagasta, será de

fato um super roteiro dentro da “Maior Aventura das Américas”.

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Figura: nº 16 - Eixo Ferroviário da Rota Pantanal-Pacífico Fonte: IPP 2007

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7.4 A Rota como Estratégia e a Estratégia da Rota

Bastaram algums meses de pesquisa para a constatação de que o eixo

central do continente é naturalmente uma grande rota turística. Naturalmente,

devida à disposicão e distribuição geográfica de seus atrativos, a sensação que

se tem ao observar os mapas é de que os destinos foram colocados alí

estrategicamente para comporem uma grande ferramenta de atração e de

ordenamento territórial e sócio espacial.

Ferramenta que até então estava ociosa e subutilizada, pois, para

entendê-la desta forma, é preciso antes conceber o turísmo e a cultura como

instrumentos de desenvolvimento em todos os aspectos sociais, e isto é algo

todavia, incipiente nas políticas sul-americanas, especialemnte no que se

refere ao processo de desenvolvimento turístico.

Faltava algo que gerasse um movimento interno, algo que movesse os

setores tanto público quanto privado, no sentido de criar uma identidade

turística regional. A Rota Pantanal-Pacífico está em processo de consolidação

como uma grande estratégia de desenvolvimento regional integrado da

América do Sul, onde cada país envolvido poderá ser beneficiado, pois trata-

se de um arranjo interno para a geracão inter-regional de demanda e

principalmente inter-continental.

Algo que ficou evidente desde o inicío da pesquisa, foi o fato do

desconhecimento inter-regional entre os sul americanos, evidenciando-se

também que as políticas de desenvolvimento implantadas não promovem, ou

não tem como foco promover, a integração humana. Os aspectos levados em

consideração frequentemente são os econômicos e de logistica de escoamento

de produtos e ensumos.

7.4.1 A Rota como estratégia

A Pantanal-Pacífico é a estratégia que adota o turismo e cultura,ou seja,

os recursos naturais e culturais como ferramentas capazes de proporcionarem

o desenvolvimento integrado. Esse é o papel da Rota como um instrumento

estratégico que os governos poderão utilizar dentro de suas políticas de

desenvolvimento.

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Conforme aponta a matéria da Revista Veja, de 17 de dezembro de

2007, “Com Michelle Bachelet e Morales, Lula lança corredor entre Atlântico e

Pacífico” - a matéria refere-se ao acordo firmado entre os 3 presidentes para a

contrução do tão sonhado corredor bioceánico. “Brasil, Chile e Bolívia

anunciaram na noite de domingo o início da construção de um corredor viário

para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. O projeto é promessa antiga, mas os

presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle Bachelet e Evo Morales

afirmaram que as obras enfim serão concluídas no máximo até o primeiro

semestre de 2009.

E, de acordo com o dito pela presidente do Chile, segundo a matéria do

Veja a Rota Pantanal-Pacífico poderá ser internalisada nessas políticas, pois

ambas, Rota e Corredor Bioceânico, têm o mesmo infoque: o desenvolvimento

regional integrado, sendo um sobre a vertente da logística e econômica, e a

outra, na vertente humana, social e cultural.

Veja o que diz a matéria da revista, com os depoimentos da presidente

Bachelet e Lula "Não é apenas uma estrada, é muito mais que isso", disse

Bachelet, elogiando os possíveis efeitos positivos do projeto para o turismo e o

comércio. Lula classificou a obra de "peça-chave" na integração”.

Se para os governantes o corredor não é somente uma estrada,

reconhecendo a importância do mesmo para o turismo e o comércio, isso

demostra, no mínimo, que a proposta da Rota poderá ser inserida no contexto

como uma estratégia turística.

7.4.2 A estratégia da Rota

E a estratégia que a iniciativa Rota Patanal-Pacífico tem adotado é a

promoção de parcerias dos prestadores de serviços, que atuam na promoção e

comercialização dos destinos turísticos, gerando desta forma um grande

volume de mercado e de fluxos turísticos entre os mesmos, provocando

gradativamente a melhoria dos serviços públicos, especialmente no que tange

a segurança e comunicação.

Desta maneira, a Rota se torna um caminho natural de comunicação

entre os sul-americanos para o turismo interno para, aos poucos, difundir-se

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como destino sul-americano para europeus e asiáticos que são consumidores

natos dos prinicpais atrativos.

A América do Sul tem uma das maiores concentrações de atrativos

turísticos de todos os continentes. No entanto, é o 3° destino de turismo

mundial, associado à América Central e do Norte, depois da Ásia, segundo

dados da OMT, conforme mostra a figura nº. 17. Lembrando que a pesquisa da

OMT não se refere ao continente sul-americano isoladamente, e sim às

Américas, como parcela de mercado.

De qualquer forma, o resultado aponta que somos o 3° no quadro

mundial de recebimento. No entanto, a Rota prova que a América do Sul tem

potencial para competir de maneira mais agressiva neste mercado. Falta é o

posicionamento estratégico dos setores públicos e privados com melhorias

especialmente no que se refere à logística de transporte nas suas variadas

modalidades e na quailificação da mão-de-obra especializada.

Figura: nº17 - Demanda turística por (%) de mercado Fonte: OMT 2006

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7.4.3 Iniciativas da Rota

A Rota Pantanal-Pacífico é uma iniciatia genuinamente brasileira,

idealizada e coordenda por uma ONG matogrossense e traz como estratégia

para o Brasil a projeção internacional do Pantanal como destino de ecoturismo

mundial via Pacífico. Devido à sua posicão geográfica no centro do continente,

o Pantanal pode ser promovido tanto pelo Atlântico quanto pelo Pacífico.

Analisando o mercado turístico interno, é mais vantajoso para o Pantanal

ser promovido pelo Pacífico, devido à sua proximidade com os patrimônios da

humanidade da parte hispânica e andina do continente. Outro aspecto que se

deve levar em consideracão é que via Atlântico o Pantanal encontra uma forte

concorrência interna que são as praias, ou seja, toda a Costa brasileira e

também o perfil do turista que entre pelo Atlântico, que busca basicamente

turismo de praias, negócios e eventos.

Já pelo Pacífico, o Pantanal não é um destino isolado, pois o perfil da

demanda é basicamente de turistas que buscam ecoturismo, turismo de

aventura, histórico e étnico. E o associativismo do Pantanal aos destinos que

geram tais demandas o colocam como um de seus atrativos podendo, desta

forma, atrair parte desta demanda.

O que está proposto para o centro-oeste do Brasil como estratégia é a

criação de vínculo da indústria turística desta região com as indústrias de

turismo da Bolívia, Peru, Chile e Argentina, tendo como instrumento desta

relação os roteiros integrados acima analisados.

Para o centro-oeste se inserir nesse mercado e direcionar parte da

demanda que chega pelo Pacífico até o Pantanal, precisa em contra-partida

oferecer algo, pois essa é a lei da oferta e procura. Nesse contexto, o Brasil

abre as portas do centro-oeste oferecendo uma parcela de aproximadamente

15 milhoes de habitantes, que potencializam consumidores para os destinos

andinos.

Ao analisar somente a relacão do Pantanal com Machu Pichhu, por

exemplo, em termos mercadológicos, essa relação se estabele entre a indústria

turística do centro-oeste com a região de Cusco. Segundo os dados oficiais do

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turismo peruano, somente as cidades de Cusco e Machu Picchu geram uma

demanda anual de 1,5 milhões de turistas por ano para o sul do Peru.

Se o Pantanal conseguir direcionar pelo menos 10% dessa demanda,

serão 150 mil turistas a mais por ano, apenas numa das possíveis integrações

dentro das estratégias da Rota. Por outro lado, o sul peruano potencializa o

recebimento de parte dos 15 millhões de brasileiros que descobrirão a

viabilidade de deslocamente e de acesso entre o Pantanal e seus destinos.

E isso pode ser aplicado a cada um dos possíveis roteiros integrados,

bem como nas relacões comerciais das indústrias de cada país. Esse

movimento naturalmente provocará a juncão das políticas públicas, pois

exercerá pressão no setor para a construção de políticas específicas que

atedam às necessidades deste mercado integrado.

A fragmentação do eixo da Rota em roteiros poderá provocar a geração

de mercado, bem como o surgimento de Arranjos Produtivos Locais entre

empresas que atuam no mesmo setor. Isto, por sua vez, criará uma rede de

negócios de várias modalidades. Esse tema foi abordado especificamente por

Garcia Netto (2007) em seu artigo “Rota Pantanal Pacífico um Projeto

Acadêmico // uma estratégia de negócios”.

7.5 Rota Pantanal Pacífico – Aspectos Humanos, Sociais e Culturais

Para finalizar este capítulo que discute vialibildade e sugestões para a

Rota, julgou-se necessário abordar um outro ponto de grande importância:

aspectos humanos, sociais e culturais. Optou-se por abordá-lo por último

exatamente porque era necessário antes comprovar os pontos analisados para,

então, sugerir através desta breve análise o papel que a Rota poderá exercer

no contexto.

O subdesenvolvimento econômico, científico e tecnológico nas

sociedades consideradas emergentes ou\e pobres são apontados como os

responsáveis pela pobreza, miséria, segregação e degradação humana. Na

América do Sul, milhões de pessoas vivem abaixo da linha da porbreza,

especialmente em territórios andinos e amazôncios.

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Durante as expedições e viagens técnicas verificou-se essa realidade, o

abandono de comunidades inteiras que vivem totalmene excluídas e

segregadas, sem o mínimo de conforto.

Pode-se verificar a existência de bolsões de exclusão social que, em sua

maioria, são comunidades nativas localizadas em áreas de grande

concentração de recursos naturais e energéticos. Essa realidade se torna mais

acentuada em zonas de fronteiras e em áreas isoladas da cordilheira dos

Andes.

O continente sul-americano é um território de contrastes entre pobreza,

misérias e riquezas naturais e culturais. E essa realidade está basicamente

concentrada no centro –norte e norte do contimente. As dificuldades de acesso

e de implementação de infra-estrutura, aliadas à falta de recursos dos países,

como a Bolívia, por exemplo, tem sido usado como justificativa.

Com isso acostumou-se a ver uma América rica e pobre, onde belezas

patrimoniais dividem o espaço com a extrema pobreza. Neste aspecto, a

Bolívia representa bem a realidade sul-americana. Para melhor exemplificar

essa realidade, verificar o (quadro n°. 18) que mostra a realidade humana em

áreas de grande riqueza cultural e natural

IMAGEM LOCALIZAÇÃO REGIÃO TURÍSTICA

Cochabamba Bolívia

Zona de Transição da Amazônia para os Andes. Cristo de la Concórdia.

A cidade de Cochabamba é uma das mais belas da Rota. No entanto, é uma cidade que sofre com problemas sérios de poluição por águas servidas e por precariedade no sistema de abastecimento de água e serviços de saneamento básico.

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San Ignácio de Velasco

Missões Jesuíticas dos Chiquitos

Região de San Ignácio de Velasco, no Departamento de Santa Cruz com 485 Km de terra. Durante o período de chuva, alguns pontos se alagam tornando difícil o acesso. E no período da seca o problema é a poeira que dificulta a acesso.

Província Ánjel Sandoval – Município de San Matias

Pantanal Boliviano.

Cidade de fronteira com o Brasil, no Estado de Mato Grosso – Município de Cáceres, pertence ao conjunto de municípios pantaneiros da Bolívia e também uma das regiões mais pobres do país, assim como a região chiquitana que concentra um importante patrimônio arquitetônico e cultural e também faz parte de uma grande concentração de pobreza.

Província de Velasco – Município de Santa Ana de Velasco.

Missões Jesuíticas dos Chiquitos

Comunidades Chiquitanas na província de Velasco zona rural. São comunidade isoladas que vivem às margens do processo de desenvolvimento humano, as cid

Departamento de La Paz Cidade de Desaguadero – Fronteira com Perú

Lago Titicaca

Poluição por lixos e degetos humanos nas águas e margens do Lago Titicaca, essa mesma imagem

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se repete em outros pontos do lago, especialmente naqueles onde há maior concentração humana. Principalemente nas comunidades mais isoladas.

Departamento de La Paz - Altiplano Boliviano.

Cidade de La Paz, Cumbres e Nevados Andinos e Sítio Arqueológico deTiahuanaco

Na imagem acima o imponente Nevado Illimani um dos grandes atrativos de de La Paz, e mais a baixo uma pequena aglomeraçao urbana, desprovida de recursos básicos mínimos, como água potável e sameamento. Essa é a realidade de grande parte das comunidades andinas que vivem no Altiplano boliviano, não, tanto no Departamento de La Paz, como em Oruro e Potosí. São nativos descendentes de Aymaras, Collas e Quechuas que vivem abaixo la linha da pobresa.

Departamento de La Paz – Altiplano Bolivianao.

Cidade de La Paz, Cumbres e Nevados Andinos e Sítio Arqueológico deTiahuanaco

Uma pequena chopana onde vive uma familia em pleno Altiplano, com altitude média de 4.000m e temperatura entre 10° a -05° durante os meses mais frios do ano.

Quadro: n° 18 – Constrates socioeconômicos da Bolívia Fonte: IPP 2007.

A intenção não é fazer marketing da miséria, nem tampouco identificar

culpados ou justificá-los. O objetivo é apontar alternativas que poderão

amenizar essa realidade a médio e longo prazo. A valorização sócio-cultural e

o respeito aos costumes e às tradições são os caminhos que podem gerar a

melhoria de qualidade de vida dessas comunidades.

A atividade turística quando implementada, atendendo aos seus

conceitos de sustentabilidade, pode ser uma das mais eficazes ferramentas de

inclusão humana. Diferentemente do mero processo de desenvolvimento

econômico industrial e tecnológico, o turismo tem por base o aproveitamento

de recursos humanos, naturais e culturais, e diante disso, as comunidades

tradicionais e isoladas configuram atrativos e mercado para o desenvolvimento

turístico.

A organização Mundial do Turismo – OMT, por meio de seu presidente,

declarou que o “El turismo puede contribuir a la acción mundial sobre el

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cambio climático y la pobreza” durante a Conferência das Nações Unidas em

Bali – Indonésia, dezembro de 2007, e acrescentou, reafirmando a importância

da atividade em relaçao à pobreza e ao aquecimento global, tema da

conferência

El turismo es un factor clave en la lucha contra la pobreza. Para la mayoría de los países en desarrollo, para los países menos adelantados y para los pequeños Estados insulares en desarrollo, constituye la principal exportación y es el mayor motor del empleo, la inversión y la transformación económica. En estos países su crecimiento es notablemente más rápido que en los Estados de la OCDE. Además, en general, estos países son más vulnerables al cambio climático, aun cuando son precisamente los que menos emisiones de gases de efecto invernadero generan. Hay que dejar que el turismo crezca responsablemente en estos Estados y las medidas para controlar las emisiones deben tener en cuenta esta realidad.

7.6 Turismo e sustentabilidade ambiental

São estes os indicadores de crescimento do ecoturismo no mundo: o

aproveitamento de recursos naturais e culturais de comunidades autênticas e

nativas para a prática do verdadeiro contato com a natureza. E isso a Rota

oferece em todas as suas regiões.

O ecoturismo tem por principio a manutenção e fixação do nativo em seu

habitat natural, a valorização de seus costumes e tradições, o aproveitamento

da mão-de-obra local para a realização do mesmo e, mais importante, o retorno

social através da distribuição da renda gerada. Esse é o verdadeiro conceito de

ecoturismo, que na maioria das vezes é confundido com a pratica de turismo

ecológico ou de contato com a natureza.

Este, por sua vez, proporciona apenas um passeio, um breve contato

com a natureza, proporcionado por empresas especializadas que não

absorvem a mão-de-obra local e tampouco proporcionam a divisão das receitas

geradas e a inclusão social.

Para melhor se entender o nível das disparidades e contrastes, observe

o figura nº. 18 com a ilustração do vasto campo para o ecoturismo que compõe

o eixo da Rota. E em todos estes locais existe a presença do fator humano, por

meio de comunidades nativas e tradicionais, como é caso do Pantanal, onde

residem várias comunidades de pantaneiros, alguns descendentes de tribos

indígenas que ali viveram no passado.

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Figura: 18 - Destinos para a prática do ecoturismo Fonte: IPP 2007.

O Porque Noel Kempff é reduto de várias comunidades indígenas, como

os Parecis, e nativas, como os Chiquitos. E assim, sucessivamente, na região

de Humahuaca, Manú, Cânion do Colca, Lago Titicaca. Estas localidades são

patrimônios natuarais e reservas da biosfera. No entanto, são também

territórios de comunidades pré-hispânicas que em sua maioria não contam com

assistência efetiva dos governos constituídos ao seu entorno.

Por governos constituídos, queremos nos referir ao fato de que estas

comunidades já existiam quando chegaram os colonizadores. Eles

transformaram suas regiões, modificaram seus modos de vida e atualmente

estas populações nativas, reduzidas a poucos, vivem à margem da sociedade.

Pois, como não consome e não produz em grande escala, não potencializam

mercado para a economia.

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O turismo através da Rota poderá proporcionar a inclusão social destas

populações, pois, para esta atividade o artesanato, a gastronomia, música, o

geito simples de viver, as tradições, o floclore são as melhores matérias

primas, especialmente para o eco turismo.

7.7 Aspectos Culturais

Nos aspectos culturais, falando da cultura como atrativo e da mesma

sob o aspecto humano, faz da Rota um super campo de múltiplas

potencialidades, pois refere-se à parte mais rica do continente em aspectos

histórico-arqueológicos, especialmente pelo Peru, que segundo registros

históricos, comprovam a exitência de populaçãos a 6.000 a.C. (ARGUEDAS,

2005)

Por volta de 1.000 a.C deu-se início às grandes e importantes

civilizações, sendo Chavín considerada a cultura matriz do país, sucedida pelas

culturas Paracas, Moche, Nasca, Tiahuanaco, Wari, Chimu e, entre as mais

importantes, a Inca. O Peru se iguala aos grandes centros culturais como

México, Mesopotâmea, Índia e China (PROMPERÚ, 2005). Isto somente no

Peru. No entanto, todos os países da Rota têm um forte legado histórico-

cultural e étnico que sem dúvida faz da Pantanal-Pacífico um dos maiores

destinos históricos do mundo, para visitação de sitios arqueológicos, bem como

de autênticas culturas vivas que preservam e mantém suas tradições e

costumes.

É exatamente essa potencialidade que precisa ser melhor valorizada e

explorada como produto e como recurso turístico capaz de gerar divisas para

as culturas contemporâneas, que em alguns casos são os herdeiros de todo

esse legado. Um dos fatos constatados é subutilização desses recursos, pois o

sul-americano não tem o costume de apreciar e valorizar a sua própria cultura.

Prova disso é que o índice de movimentos internos no continente é

muito maior que o externo, ou seja, os sul-amerianos viajam mais para fora do

que internamente. Uma das provas disso são os valores demonstrados na

pesquisa da OMT no item anterior, pois a maior parte do movimento europeu é

causado pelas viagens internas. Os cidadãos europeus têm por hábito viajar

entre os países de seu próprio continente.

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Aqui na América do Sul acontence o inverso. A evasão do fluxo turístico

para outros continente é uma constante. Um dos fatores que contribui para isso

são as dificuldades nos deslocamentos internos que, apesar dos avanços,

ainda é bastante precário. No entanto, o que falta de fato é o sentimento de

continentalidade, de identidade com a base local, é o espirito de pertencer ao

lugar.

A Rota prevê a criação desse vínculo, com a promoção dessas riquezas

culturais para os próprios sul-americanos, pois um dos problemas detectados

durante a pesquisa, foi a falta de comunicação, de “hermanamiento”,

acentuados pelos fatores já mencionados nos itens acima.

As principais cidades da Rota são verdadeiras jóias arquitetônicas e que

merecem todo o apreço de seus donatários, já que cada cidadão deste

continente é em parte dono e em parte responsável por essas maravilhas.

Cochabamba, Salta, La Paz, Arequipa, Cusco, Sucre, Potosí, entre outras, são

cidades históricas com mais de 500 anos, e guardam em suas ruas e fachadas

a história das nações sul-americanas e é nisso que consiste a riqueza que

precisa ser promovida e conhecida.

Veja na figura n°. 19 uma ilustração dos prinicpais destinos históricos e

culturais existentes no eixo da Rota.

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Figura: nº 19 - Destinos Históriocos e Étnicos da Rota Pantanal-Pacífico Fonte: IPP 2007.

7.8 – Uma aventura acessível a todos

A maior prova de viabilidade da Rota é o baixo custo no deslocamento

terrestre, pois mesmo com algumas dificuldades em alguns treichos,

especialmente entre as cidades de San Matías e SanIgnácio de Velasco no

Departamento de Santa Cruz, que têm 300 km de terra, os demais não

apresentam grandes dificuldades.

Mesmo este não inviabiliza a Rota, pois é a principal via de acesso entre

as fronteiras de Mato Grosso e Santa Cruz e, segundo o governo cruceño, será

asfaltada nos próximos anos. Mas, de fato, todo o descolcamento pelos eixos

centrais da Rota são de baixo custo e com serviços regulares de transporte,

sendo todos passíveis de melhorias, dependendo, no entanto, da lei natural do

mercado: demanda e oferta.

A pesquisa no (quadro n°. 19), foi realizada há poucos dias do término

da coleta de dados, e corresponde ao eixo entre o Pantanal e Machu Picchu.

Diz respeito aos custos de deslocamento de um dos possíveis roteiros

integrados da Rota. Os dados foram coletados entre 22 a 25 de dezembro de

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2007, e corresponde ao uso de serviços de transporte local, entre Peru, Bolívia

e Brasil. A pesquisa foi realizada por Marcio Silva, designer multimidia, membro

do IPP e responsável técnico pela produção gráfica e multimídia, durante

viagem de férias pelo eixo central da Rota. Os custos levantados são

correspondentes ao deslocamento terrestre em ônibus, com serviços

oferecidos pelas empresas locais de transporte rodoviário. Os valores

correspondem ao dólar e real,

Período 22 a 25 de dezembro de 2007. Valores

Deslocamento R$ U$

Cuiabá - Cáceres – Corixa (fronteira com a Bolívia) 45,00 22,50

Corixa – San Matias 3,00 1,50

San Matias - Santa Cruz de la Sierra 24,00 12,00

Santa Cruz de la Sierra – Cochabamba 14,00 7,00

Cochabamba - La Paz 12,00 6,00

La Paz – Desaguiadero (fronteira com o Peru) 3,00 1,50

Desaguadero – Puno 4,00 2,00

Puno - Cusco 15,00 7,50

câmbio no período da viagem – dólar equivalente a R$

2,00

Total

120,00

60,00

Quadro: nº 19 - Custos de deslocamento terrestre rodoviário. Fonte: IPP, 2007.

O que mais se discute internamente no Brasil são os altos custos da

indústria turística, que inviabiliza grande parte da população brasileira em

praticar o turismo em determinados lugares do país. Especialmente no litoral,

onde a procura por turístas do exterior é constante e os preços praticados

correspondem basicamente ao poder de compra de europeus, asiáticos e

norte-americanos, torna-se inacessível para a maioria dos brasilerios.

E isso naturalmente acontence na maioria dos grande e melhores

destinos turísticos do mundo. Eles são ordenados para gerar e atender a uma

demanda com alto poder de consumo, e associando a este fator os custos de

acesso, o produto final se torna inacessível para a população local, que

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acabam por consumir destinos periféricos com serviços não qualificados pelos

órgãos regulamentadores.

A Pantanal-Pacífico indica a viabilidade de acesso a várias classes

sociais. Assim estão a maioria de seus destinos turísticos em oferta, pois o

mercado trata de oferecer serviços e infra-estrutura de acordo com o perfil do

cliente e de seu poder de compra.

No entanto, o que torna a Rota diferente neste contexto é o fato dela ser

composta pelos atrativos e serviços sem exigir grandes esforços no acesso.

Assim como foi descrito nos itens anteriores, outro fato é que a Bolívia foi

considerada numa pesquisa recente como o país mais barato do mundo, ou

seja, o centro da Rota e quase metade de seus grandes destinos e patrimônios

estão localizados no país de menor custo no mercado mundial.

E ao contrário do que se pensa, a Bolívia oferece excelentes serviços

em seus centros urbanos e uma variedade muito grande de serviços de

transporte interno, além de vôos internos com preços bastantes competitivos.

Mas não só a Bolívia, pois o Peru também oferece custos muito acessíveis

quanto aos seus serviços turísticos e de boa qualidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A resposta é sim! A Rota Pantanal-Pacífico é viável. As discussões e as

análises comprovaram isso. Para fazer o fechamento deste trabalho as

considerações finais foram divididas em partes correspondentes à estrutura

dos seus desdobramentos.

O tema Realizar este trabalho foi um grande desafio. Foi gratificante pesquisar e

fazer parte da pesquisa, analisar os resultados. O maior de todos os desafios

,foi atuar nos dois lados, sendo uma pesquisadora em busca de informação e

ao mesmo tempo, presidir a instituição responsável pela proposição da Rota

como produto. Pisar nestes dois terrenos durante dois anos da pesquisa foi

uma tarefa difícil, mas enriquecedora.

Apesar de o tema manter-se sem nenhuma alteração quanto aos

objetivos propostos, pode-se dizer que ganhou vida própria durante a pesquisa.

A idéia partiu desta 1ª figura nº. 20, que corresponde ao cerne da pesquisa.

Figura: 7 – Primeiro esboço da Rota Pantanal-Pacífico Fonte: IPP 2006.

E resultou na proposta da Rota Pantanal-Pacífico que corresponde a um

dos maiores projetos de integração humana das Américas e considerado uma

das maiores rotas turísticas e culturais do mundo. Tão logo saíram as primeiras

publicações, a pesquisa chamou muito a atenção, despertando interesses pelo

assunto.

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Tema e mercado

A Rota está pronta para ser comercializada. Como pode ser observado,

resta apenas o “despertar do mercado” regional e da indústria turística dos

países. Basta adotarem a rota como um amplo mercado de relações

comerciais, formatando novos produtos, melhorando e agregando valores aos

existentes.

Pesquisas indicam o crescimento significativo da indústria turística em

nível global. Dados recentes da OMT apontam um crescimento de 8,1% para o

mercado asiático, o dobro do crescimento da economia mundial que é de 4,5%,

e 7,6% para o mercado Ásia – Pacífico e 4%, para os mercados Europa e

Américas. O turismo apresentou em 2007, o 4° ano consecutivo de crescimento

acima da economia mundial, com um movimento entre 880 a 900 milhões de

viagens (OMT, 2007). Dados como estes justificam propostas como a da Rota,

bem como indicam as tendências do mercado mundial que sinalizam

crescimentos significativos e indicadores otimistas para o surgimento de novos

produtos dentro dos gargalos existentes.

Esse é o mercado da Rota e para os investidores que poderão direcionar

parte desses movimentos para o mercado interno da mesma. Ásia, Europa e

América do Norte são os mercados alvos para os operadores que poderão

projetar a Rota como produto por através de relações comercias.

Caberá aos órgãos públicos competentes de cada país viabilizar a sua

implementação e comercialização dentro e fora do continente. Isso já começou

a ocorrer pela inserção da Rota nas políticas públicas de promoção, infra-

estrutura, segurança e comunicação. Com isso, a iniciativa privada se sentirá

segura para investir apostando na Rota para o incremento das atividades.

Ainda quanto à viabilidade da Rota como produto a ser comercializado,

melhorias específicas necessitam ser implantadas o quanto antes, como no

eixo entre Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra, precisamente no território

boliviano onde existem aproximadamente 485 km sem pavimento que precisam

ser asfaltados, além da melhoria nos serviços aduaneiros, com a capacitação

dos agentes de fronteira de ambos os lados.

A Bolívia como país central da Rota representa dois grandes extremos:

país mais rico em atrativos, responsável pela viabilidade geográfica e de

deslocamento, e também grande empecilho sócio-político, pois a situação

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inconstante do país entre conflitos sociais e políticos internos e externos, gera

especulações e expectativas boas e ruins.

Conforme foi apresentado, a Rota poderá ser uma das alternativas

econômicas e sociais para a Bolívia, pois o país deixará de ser o mais isolado

do continente para tornar-se ponto central estratégico da maior rota turística.

Neste sentido, o apoio do governo boliviano em adota-la como um de seus

instrumentos de desenvolvimento regional integrado, é uma expectativa!

A ampliação da pesquisa e aceitação do tema

O fato da Argentina se interessar e ingressar com mais uma alternativa

de enriquecimento dos atrativos da Rota nos leva a considerar o sucesso da

proposta. A solicitação surgiu por parte da Embaixada da Argentina que, tão

logo tomou conhecimento, tratou de solicitar a inclusão de seu país no projeto.

Em Setembro de 2006, primeiro ano da pesquisa no momento de composição

e caracterização da área, foi quando surgiu o 5° país, a Argentina, com o

noroeste e com grande parte da Puna de Atacama, inserindo desta forma uma

grande área geográfica com importantes destinos turísticos.

Resultam da comprovação de viabilidade e dependerá do retorno dos

governos e da iniciativa privada em inserir-se de fato no projeto da Rota Até a

conclusão das análises não havia sido possível de fato envolver politicamente a

Argentina na proposta, assim como aconteceu com os demais países. Os

contatos com os governos e com as províncias que de fato seriam os

responsáveis pela inserção do país no projeto, não deram o retorno devido.

O fato é que, independentemente da decisão local, já está comprovada a

viabilidade para inclusão do noroeste da Argentina devido às suas

características geográfica e turística, muito parecidas com o norte chileno e

sudoeste – sul da Bolívia.

Outros interesses surgirão especialmente por parte dos governos, tanto

no Brasil (inclusão de outras regiões e Estados), quanto fora. O Peru foi onde a

proposta avançou e ganhou mais notoriedade, principalmente devido ao

interesse da iniciativa privada. Isso facilitou a participação em congressos

acadêmicos e eventos técnicos dos governos e eventos turísticos motivados e

gerados pela aceitação da proposta da Rota.

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Parte do sucesso se deve à decisão de um grande grupo de

empresários do setor industrial, comercial e turístico, em participar de rodadas

de negócios, mesas redondas e “workshops” eventos que estão previstos para

acontecerem no decorrer de 2008, dentro do eixo da Rota.

No Brasil, país de origem da Rota, tem-se por resultado vários

momentos de inserção da proposta em eventos oficiais, tanto do governo

estadual, quanto federal, especialmente com o Ministério do Turismo e

Ministério de Relações Exteriores. E ainda temos o acesso e os apoios das

embaixadas dos países envolvidos, especialmente com a embaixada da

Bolívia.

Organismos internacionais, como a OTCA – Organização do Tratado de

Cooperação Amazônica, a CAF – Corporação Andina de Fomento, bem como

a IIRSA do Brasil, também se interessaram em conhecer a proposta da Rota e

se colocaram à disposição para futuras parcerias, o que deverá ser articulado a

partir de 2008.

O Tema nas Instituições de ensino

Como a Rota surgiu no contexto acadêmico, sendo formulada como

proposta de estudo, o que se espera é a inserção das universidades, tanto

públicas quanto privadas, na realização de novos estudos, intercâmbio entre os

países. Enfim, a Pantanal-Pacífico poderá compor uma rede de pesquisa

universitária integrada para a produção de conhecimento e disponibilizar isso

para a sociedade que tanto carece de informação.

A aceitação do tema nas IES ocasionou a realização de uma expedição

técnica-científica pelo Grupo de Estudos Estratégicos e Pesquisas Integradas –

GEEPI, por meio do Programa de Pós-graduação da UFMT com o apoio do

Programa de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT. E

está prevista a realização da segunda expedição, que será organizada pelo

grupo de estudos DIGEAGEO\UFMS em parceria com o GEEPI\UFMT.

Universidades de turismo de Mato Grosso também se interessaram pela

proposta, caso específico do Centro Universitário Cândido Rondon –

UNIRONDON, que enviou uma de suas acadêmicas representando a

universidade convidada na expedição técnica e está prevista a celebração de

convênios de cooperação técnica e acadêmica da mesma com universidades

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do eixo da Rota para a construção de uma rede de estágios supervisionados e

práticas turísticas de intercâmbio acadêmico, sob a coordenação do IPP, UFMT

e UFMS.

A metodologia

A metodologia utilizada e a rotina realizada se mostraram compatíveis

com as necessidades do projeto. A primeira expedição técnica foi conduzida

junto aos mais diversos órgãos governamentais (universidades, secretarias e

ministérios de governos), e principais (universidades privadas, câmaras,

federações organizações, etc.) Quando da sua realização, fomos convidados a

participar de diversos programas de TV’s e entrevistas para rádios e jornais,

em nível nacional e internacional. O mesmo ocorreu nas duas instâncias,

pública e privada. Isso é um fato que mostra o sucesso da proposta.

A Região

Mencionou-se a inclusão da Argentina, alterando, portanto, a área de

estudo, ou seja, o eixo da Rota. Entretanto, não foi só a Argentina que solicitou

a inclusão na proposta. O Brasil contava apenas com o Estado de Mato Grosso

na Rota. No entanto, por uma questão lógica, Mato Grosso do Sul como

território pantaneiro estava diretamente envolvido. Dessa forma, o Estado foi

inserido na proposta no início do segundo ano da pesquisa (2007).

Em outro contexto, com a notoriedade da proposta na realização do

FRONTUR 2007, todo o centro-oeste do Brasil foi induzido a fazer parte da

Rota. Foi a época em que houve também a solicitação do Paraguai em fazer

parte da Rota Pantanal-Pacífico, sendo o 6° país a fazer incluir-se na maior

proposta de Rota turística das Américas.

Estas alterações geográficas, no entanto, não configuraram mudanças

no campo da pesquisa para a dissertação, pois se tratava de uma alteração no

campo das estratégias da Rota, uma vez que, neste momento, já estava

finalizado a coleta de dados e já nos encontrávamos nas conclusões das

análises da viabilidade da Rota.

O que se pode considerar a respeito da entrada de todo o centro-oeste e

do brasileiro e noroeste do Paraguai, é que isso dependerá do retorno que

cada região-país dará para a consolidação da Rota, como produto turístico.

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Essa expansão da Rota implicará num rearranjo de todo o material até então

elaborado. No entanto, cabe dizer que isso já era esperado, devido o Paraguai

ser também território do Pantanal e ter uma estreita relação com o Estado de

Mato Grosso do Sul.

Já Goiás, com o Distrito Federal – Brasília soma-se como parte do

centro-oeste brasileiro, agregando desta forma mais 3 patrimônios da

humanidade: Brasília, como patrimônio cultural, a primeira cidade moderna a

ser considerada patrimônio pela UNESCO, a Área de Proteção do Cerrado em

Goiás com os Parques Nacionais – Chapados dos Veadeiros e Emas, e o

Centro Histórico de Goiás, como patrimônio cultural da humanidade, ficando o

Brasil, portanto, com 4 patrimônios na Rota. A figura n° 21 ilustra como ficará o

território da Rota com a entrada das regiões acima mencionadas.

Figura: 21 – Proposta final com a inclusão de todo Centro Oeste do Brasil e Noroeste do Paraguai. Fonte: IPP 2008.

A melhor justificativa das potencialidades da Rota Pantanal-Pacífico,

além de toda a discussão apresentada, segue abaixo com a relação de

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algumas opções de destinos considerados únicos no mundo, tornando-a de

fato na MAIOR AVENTURA DAS AMÉRICAS

• Pantanal – a maior planície alagável do Mundo

• Missões dos Chiquitos – o único circuito missional intacto nas Américas.

• Lago Titicaca – o lago navegável mais alto do mundo

• Cânions de Colca e Cotahuasi – os mais profundos do mundo

• Salar de Uyuni – a maior salina e maravilha natural do mundo

• Forte Samaipata – considerado o maior monumento de arte rupestre do

continente

• Uyuni, Vulcão Sud Lipez, Salar de Chiguna, Laguna Colorada e

Laguna Verde – considerados como uma das paisagens mais

impressionantes do mundo

• Deserto do Atacama – o deserto mais árido do mundo

• Cordilheria dos Andes – a maior cadeia de montanhas das Américas

• Machu Picchu – Maravilha Cultural do mundo

• Cusco - uma das regiões mais visitadas no mundo

• Trem das Nuvens – o trem mais alto do mundo

• Cidade de Sucre – capital mundial da arquitetura barroca

Isso potencializa uma postura definitiva no mercado mundial de turismo, como

uma das mais belas Rotas do mundo.

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