137
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO EM ENFERMAGEM ANDREIA CORREIA DE SOUZA CIOFFI VALIDAÇÃO DE PERFIL DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO PERSPECTIVA DE ENFERMEIROS DA ÁREA PROFISSIONAL CUIABÁ/MT 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE … · que el 70%, en una sola ronda Delphi. Para analizar los datos, se utilizó el análisis de métodos Para analizar los datos, se

  • Upload
    lyliem

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

MESTRADO EM ENFERMAGEM

ANDREIA CORREIA DE SOUZA CIOFFI

VALIDAÇÃO DE PERFIL DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO – PERSPECTIVA DE

ENFERMEIROS DA ÁREA PROFISSIONAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Enfermagem da Universidade

Federal de Mato Grosso, para obtenção do

título de Mestre em Enfermagem.

Área de concentração: Enfermagem e o

cuidado à saúde regional.

Orientadora: Dr.ª Mara Regina Rosa Ribeiro

CUIABÁ/MT

2017

ANDREIA CORREIA DE SOUZA CIOFFI

VALIDAÇÃO DE PERFIL DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO – PERSPECTIVA DE

ENFERMEIROS DA ÁREA PROFISSIONAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Enfermagem da Universidade

Federal de Mato Grosso para obtenção do

título de Mestre em Enfermagem.

Área de concentração: Enfermagem e o

cuidado à saúde regional.

Orientadora: Dra. Mara Regina Rosa Ribeiro

CUIABÁ/MT

2017

ANDREIA CORREIA DE SOUZA CIOFFI

VALIDAÇÃO DE PERFIL DE COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO – PERSPECTIVA

DE ENFERMEIROS DA ÁREA PROFISSIONAL

Esta dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para

obtenção do título de:

Mestre em Enfermagem.

E aprovada na sua versão final em treze de fevereiro do ano de dois mil e dezessete,

atendendo às normas da legislação vigente da UFMT, Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem, na área de concentração Enfermagem e o cuidado à saúde regional.

__________________________________________

Pós-Dra. Christine Baccarat de Godoy Martins

Coordenadora do programa

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________

Prof.ª Dra. Mara Regina Rosa Ribeiro

Presidente da banca

_________________________________________

Prof.ª Dra. Edir Nei Teixeira Mandú

Membro efetivo interno

_________________________________________

Prof.ª Dra. Aida Maris Peres

Membro efetivo externo

_________________________________________

Prof.ª Dra. Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

Membro suplente interno

_________________________________________

Prof.ª Dra. Elizabeth Bernardino

Membro suplente externo

Cuiabá/MT

2017

DEDICATÓRIA

Dedico este estudo às enfermeiras e enfermeiros que atuam com

competência na prática profissional e que não medem esforços

para tornar a Enfermagem uma profissão digna e comprometida

com o cuidado, o gerenciamento, a educação e a pesquisa que

permeiam os cenários de atuação profissional.

Dedico também aos enfermeiros docentes, que se empenham à

formação dos futuros enfermeiros, pois a docência vai além das

competências profissionais, está firmada na dedicação, amor e

entusiasmo que impulsionam os alunos, refletindo de maneira

singular para a Enfermagem.

AGRADECIMENTOS

A Deus por manter minha fé inabalável em todos os momentos até aqui percorridos. Ao meu marido Leandro que não mediu distâncias, saudades, desafios e que me apoiou incondicionalmente no decorrer do Mestrado. À minha família que mesmo distante torceu pela concretização deste sonho. À minha orientadora que me proporcionou imensuráveis conhecimentos, tendo como base a compreensão, paciência e encantamento pelas novas experiências vivenciadas e partilhadas. Aos amigos do grupo GEFOR pelo compartilhamento de experiências e novos conhecimentos. Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso por todo aprendizado que auxiliou na construção deste trabalho. Ao amigo Juarez pela convivência nesses dois anos, pela troca de conhecimentos e auxílio mútuo. À IX Turma de Mestrado em Enfermagem através da qual aprendi a conviver com as diferenças e compreendi como estas são positivas para o crescimento pessoal e profissional. Em especial para as amigas de turma Alice, que me guiou em uma cidade desconhecida, foi parceira de estudos, reunião integrada e RU (restaurante universitário), e para Bruna e Daniela pelos momentos de aprendizagem e descontração nas aulas do mestrado e reuniões integradas. Aos enfermeiros e hospitais que aceitaram participar deste estudo. Aos técnicos administrativos da secretaria da Faculdade de Enfermagem por serem sempre solícitos, e ao Rodrigo meu especial cumprimento. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro.

CIOFFI, A. C. S. Validação de perfil de competências na formação – perspectiva de

enfermeiros da área profissional, 2017. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Curso de

Pós-Graduação em Enfermagem, UFMT, Cuiabá. 135 f.

Orientadora: Dra. Mara Regina Rosa Ribeiro

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo geral validar o conteúdo de um perfil de competências para a

formação do enfermeiro nas áreas de atenção à saúde, administração e gerenciamento,

educativa, produção de conhecimento e seus critérios de avaliação, que são desempenhos a

serem observados no formando. Os objetivos específicos abrangeram reformular o perfil

tomando por base contribuições dos enfermeiros avaliadores (juízes especialistas e pares) e

analisar como esses atores compreendem as áreas de competência que permeiam a atuação

desse profissional. Trata-se de estudo de métodos mistos, do tipo convergente, com

abordagem quanti-qualitativa, realizado em três hospitais de Cuiabá-MT, utilizando o

referencial conceitual de competência profissional. Estipulou-se para a validação de conteúdo

o nível de concordância igual ou maior que 70%, e a coleta de dados ocorreu por meio da

técnica Delphi e questionário virtual contendo o perfil de competências, no programa

SurveyMonkey, enviado por e-mail aos participantes. Foi desenvolvido em duas etapas: a

primeira de validação por juízes especialistas, em número de 28; e a segunda pelos pares, em

número de 72. Em ambas, foi alcançado consenso maior que 70%, em uma única rodada

Delphi. Para análise dos dados, utilizou-se a análise de métodos mistos adaptada de Creswell

e Clark. A análise quantitativa constou de estatística descritiva simples; e para avaliação de

concordância, calculou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e o teste binominal. A

análise qualitativa feita por embasamento na literatura, referencial conceitual de competência

profissional, e análise de conteúdo do tipo temática. Como resultados da primeira etapa, a

competência atenção à saúde e critérios de avaliação foi aprovada com 93%; a competência

administrativa e gerencial e critérios de avaliação com 95%; a competência educativa e

critérios de avaliação com 95%; e a competência produção de conhecimento foi validada com

92%. Com base nas contribuições dos juízes especialistas, o perfil sofreu alterações, obtendo-

se a segunda versão da matriz de competências, que novamente foi submetida à validação de

conteúdo, desta vez com os pares, na qual a competência atenção à saúde e critérios de

avaliação foi aprovada com 97%; a competência administrativa e gerencial e critérios de

avaliação com 95%; a competência educativa e critérios de avaliação com 98%; e

competência de produção de conhecimento e critérios de avaliação com 91%. Procedeu-se,

então, à nova reformulação do perfil de competências a partir das contribuições dos pares,

resultando na terceira e última versão. Conclui-se que o perfil de competências validado pode

ser utilizado em diferentes contextos do país e implementado no PPC do Curso de Graduação

em Enfermagem da FAEN/UFMT. Os enfermeiros concebem a importância da mobilização

das quatro áreas de competências na prática, porém apontam diversas dificuldades para

implementá-las no ambiente laboral. Vislumbra-se a necessidade de discussões e de sólida

articulação do tema competências profissionais entre a formação e o exercício profissional do

enfermeiro.

Palavras-chave: Competência Profissional. Enfermagem. Estudos de Validação.

CIOFFI, A. C. S. Validation of the profile of competences in the training – perspective of

nurses on professional field, 2017. Dissertation (Master in Nursing) – Graduate Nursing

Course, Cuiabá. 135 pp.

Advisor: PhD. Mara Regina Rosa Ribeiro.

ABSTRACT

This research had the overall objective of validating the content of a profile of competences

for the training of the nursing professional in the fields of health care, administration and

management, education, knowledge production and their evaluation criteria, which are

performances to be observed in the trainee. The specific objectives included reformulating the

profile based on contributions from the nursing appraisers (expert judges and peers) and

analyzing how these actors understand the fields of competence permeating the performance

of this professional. This is a convergent study with mixed methods and a quantitative-

qualitative approach, which was conducted in three hospitals in Cuiabá-MT, using the

conceptual framework of professional competence. We set forth a level of agreement equal to

or greater than 70% for the content validation, and the data collection took place by means of

the Delphi technique and a virtual questionnaire containing the profile of competences, in the

SurveyMonkey program, sent by e-mail to the participants. It was developed in two steps: the

first was the validation by expert judges, totaling 28, and the second by peers, totaling 72. In

both cases, we reached a consensus greater than 70%, in a single Delphi round. In order to

analyze the data, we used the mixed methods analysis adapted from Creswell and Clark. The

quantitative analysis was performed through simple descriptive statistics; and, in order to

evaluate the concordance, we calculated the Content Validity Index (CVI) and the binomial

test. The qualitative analysis was performed on the basis of literature, conceptual framework

of professional competence and content analysis of the thematic type. Regarding the results of

the first step, the competence related to health care and evaluation criteria was approved with

93%; the competence related to administration and management and evaluation criteria with

95%; the competence related to education and evaluation criteria with 95%; and the

competence related to knowledge production was validated with 92%. Based on the

contributions from the expert judges, the profile underwent changes, which led us to obtain

the second version of the matrix of competences, which again was submitted to content

validation, this time with the peers, where the competence related to health care and

evaluation criteria was approved with 97%; the competence related to administration and

management and evaluation criteria with 95%; the competence related to education and

evaluation criteria with 98%; and the competence related to knowledge production and

evaluation criteria with 91%. Accordingly, we proceeded to the new reformulation of the

profile of competences from the contributions from the peers, resulting in the third and

ultimate version. We have concluded that the validated profile of competences can be used in

different contexts of the country and implemented in the PPC (educational project) of the

Undergraduate Nursing Course at FAEN/UFMT. Nurses envisage the importance of

mobilizing the four fields of competences in practice, but they highlight several difficulties to

implement them in the work environment. We can realize the need for discussions and a solid

articulation of the issue of professional competences between the training and the professional

exercise of the nurse.

Keywords: Professional Competence. Nursing. Validation Studies.

CIOFFI, A. C. S. Validación del perfil de competencias en la formación – perspectiva de

enfermeros sobre el área profesional, 2017. Disertación (Maestría en Enfermería) – Curso

de Posgrado en Enfermería, UFMT, Cuiabá. 135 h.

Orientadora: Dra. Mara Regina Rosa Ribeiro.

RESUMEN

La investigación tuvo como objetivo general validar el contenido de un perfil de competencias

para la formación del enfermero en las áreas de atención sanitaria, administración y gestión,

educación, producción de conocimiento y sus criterios de evaluación, que son desempeños

que serán observados en el futuro graduado. Los objetivos específicos incluyen reformular el

perfil basándose en las contribuciones de los enfermeros evaluadores (jueces expertos y pares)

y analizar como esos actores comprenden las áreas de competencia que atraviesan la

actuación de ese profesional. Se trata de un estudio de métodos mixtos, del tipo convergente,

con planteamiento cuanti-cualitativo, efectuado en tres hospitales de Cuiabá-MT, utilizando el

marco conceptual de competencia profesional. Se estableció para la validación de contenido el

nivel de concordancia igual o mayor que el 70%, y la recopilación de datos tuvo lugar

mediante la técnica Delphi y un cuestionario virtual conteniendo el perfil de competencias, en

el programa SurveyMonkey, remitido por medio de correo electrónico a los participantes. Se

desarrolló en dos etapas: la primera de validación por los jueces expertos, en cantidad de 28; y

en la segunda por los pares, en cantidad de 72. En ambas, se logró una concordancia mayor

que el 70%, en una sola ronda Delphi. Para analizar los datos, se utilizó el análisis de métodos

mixtos adaptado de Creswell y Clark. El análisis cuantitativo fue conducido por medio de

estadística descriptiva simple; y para validar la concordancia, se calculó el Índice de Validez

de Contenido (IVC) y la prueba binominal. El análisis cualitativo fue efectuado sobre la base

de la literatura, del marco conceptual de competencia profesional y del análisis de contenido

del tipo temático. Como resultados de la primera etapa, la competencia sobre atención

sanitaria y criterios de validación fue aprobada con un 93%; la competencia administrativa y

gerencial y criterios de validación con un 95%; la competencia educativa y criterios de

validación con un 95%; y la competencia sobre producción de conocimiento fue validada con

un 92%. Con base en las contribuciones de los jueces expertos, el perfil sufrió cambios,

obteniéndose la segunda versión de la matriz de competencias, que nuevamente fue sometida

a la validación de contenido, de esta vez con los pares, donde la competencia sobre atención

sanitaria y criterios de validación fue aprobada con un 97%; la competencia administrativa y

gerencial y criterios de validación con un 95%; la competencia educativa y criterios de

validación con un 98%; y la competencia sobre producción de conocimiento y criterios de

validación con un 91%. Se produce entonces a la nueva reformulación del perfil de

competencias a partir de las contribuciones de los pares, resultando en la tercera y última

versión. Se concluye que el perfil de competencias validado puede ser utilizado en diferentes

contextos del país e implantado en el PPC del Curso de Pregrado en Enfermería de la

FAEN/UFMT. Los enfermeros perciben la importancia de la movilización de las cuatro áreas

de competencias en la práctica, pero señalan que hay diversas dificultades para implantarlas

en el ambiente de trabajo. Se observa la necesidad de discusiones y de solida articulación del

tema concerniente a las competencias profesionales entre la formación y el ejercicio

profesional del enfermero.

Palabras clave: Competencia Profesional. Enfermería. Estudios de Validación.

LISTA DE FIGURAS

Quadro 1 Conceitos de competências profissionais abordados.................................. 30

Esquema 1 Construção do conceito de competência da área profissional.................... 31

Figura 1 Etapas do desenvolvimento do processo de validação do perfil de

competências............................................................................................... 36

Quadro 2 Critérios para seleção dos juízes especialistas............................................ 39

Figura 2 Seleção e definição final dos juízes especialistas....................................... 42

Figura 3 Levantamento da participação dos pares.................................................... 44

Quadro 3 Procedimentos de análise de dados quantitativos e qualitativos das

etapas.......................................................................................................... 45

Quadro 4 Procedimentos de análise de dados das contribuições referentes ao perfil

de competências.......................................................................................... 46

Quadro 5 Distribuição dos itens do perfil referentes à competência atenção à saúde

e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes especialistas.. 53

Quadro 6 Distribuição dos itens do perfil referentes à competência administrativa

e gerencial e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes

especialistas................................................................................................ 55

Quadro 7 Distribuição dos itens do perfil referentes à competência educativa e

seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes especialistas..... 57

Quadro 8 Distribuição dos itens do perfil referentes à competência produção de

conhecimento e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes

especialistas................................................................................................ 59

Quadro 9 Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência

atenção à saúde e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos

pares............................................................................................................ 70

Quadro 10 Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência

administrativa e gerencial e seus critérios de avaliação, quanto à

avaliação dos pares..................................................................................... 72

Quadro 11 Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência

educativa e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos pares........ 75

Quadro 12 Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência

produção de conhecimento e seus critérios de avaliação, quanto à

avaliação dos pares..................................................................................... 77

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNS Conselho Nacional de Saúde

EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

FAEN Faculdade de Enfermagem

Hcan Hospital de Câncer

HJC Hospital Jardim Cuiabá

HUJM Hospital Universitário Júlio Müller

IC Intervalo de Confiança

IVC Índice de Validade de Conteúdo

MEC Ministério da Educação

NIEPS Núcleo de Integração de Ensino, Pesquisa e Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PPC Projeto Pedagógico de Curso

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

UTI Unidade de Terapia Intensiva

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição dos juízes especialistas quanto ao sexo. Brasil, 2016............ 50

Tabela 2 Distribuição dos juízes especialistas por faixa etária. Brasil, 2016............ 50

Tabela 3 Distribuição dos juízes especialistas quanto à região de atuação

profissional. Brasil, 2016............................................................................

51

Tabela 4 Distribuição dos juízes especialistas quanto à titulação. Brasil, 2016........ 51

Tabela 5 Distribuição dos juízes especialistas quanto ao tempo de experiência em

gestão hospitalar. Brasil, 2016....................................................................

51

Tabela 6 Distribuição dos juízes especialistas quanto ao tempo de experiência

assistencial na área hospitalar. Brasil, 2016...............................................

52

Tabela 7 Distribuição dos pares quanto ao sexo. Brasil, 2016.................................. 67

Tabela 8 Distribuição dos pares por faixa etária. Brasil, 2016.................................. 68

Tabela 9 Distribuição dos pares quanto à titulação. Brasil, 2016.............................. 68

Tabela 10 Distribuição dos pares quanto ao tempo de experiência na área

hospitalar. Brasil, 2016............................................................................... 69

Tabela 11 Distribuição dos pares quanto a classificação do hospital que trabalha.

Brasil, 2016................................................................................................. 69

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 21

2.1 Objetivo geral .............................................................................................................................. 21

2.2 Objetivos específicos................................................................................................................... 21

4 MÉTODOS ....................................................................................................................................... 33

4.1 Tipo de estudo e abordagem ........................................................................................................ 33

4.2 Locais do estudo .......................................................................................................................... 33

4.3 Etapas do estudo de métodos mistos ........................................................................................... 35

4.3.2 Primeira etapa quanti-qualitativa: validação com juízes especialistas ..................................... 38

4.3.2.1 Seleção dos juízes especialistas ............................................................................................. 38

4.3.2.2 Procedimentos de coleta de dados quanti-qualitativos .......................................................... 39

4.3.3 Segunda etapa quanti-qualitativa: validação com pares ........................................................... 43

4.3.3.1 Seleção dos pares .................................................................................................................. 43

4.3.3.2 Procedimentos de coleta de dados quanti-qualitativos .......................................................... 43

4.3.4.1 Análise dos dados quantitativos ............................................................................................ 46

4.3.4.2 Análise dos dados qualitativos .............................................................................................. 48

4.4 Aspectos éticos da pesquisa ........................................................................................................ 49

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES DA VALIDAÇÃO DO PERFIL DE COMPETÊNCIAS .... 50

5.1 Caracterização dos juízes especialistas ....................................................................................... 50

5.2 Resultados quantitativos da validação do perfil de competências por juízes especialistas ......... 52

5.2.1 Resultados da avaliação quantitativa da competência atenção à saúde e critérios de avaliação

........................................................................................................................................................... 53

5.2.2 Resultados da avaliação quantitativa da competência administrativa e gerencial e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 55

5.2.3 Resultados da avaliação quantitativa da competência educativa e critérios de avaliação ........ 57

5.2.4 Resultados da avaliação quantitativa da competência produção de conhecimento e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 59

5.3 Resultados da avaliação qualitativa do perfil de competências realizada pelos juízes especialistas

........................................................................................................................................................... 61

5.3.1 Resultados da avaliação qualitativa da competência atenção à saúde e critérios de avaliação 61

5.3.2 Resultados da avaliação qualitativa da competência administrativa e gerencial e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 63

5.3.3 Resultados da avaliação qualitativa da competência educativa e critérios de avaliação .......... 65

5.3.4 Resultados da avaliação qualitativa da competência produção de conhecimento e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 66

5.4 Caracterização dos pares ............................................................................................................. 67

5.5 Resultados da avaliação quantitativa do perfil de competências realizada pelos pares .............. 70

5.5.1 Resultados da avaliação quantitativa da competência atenção à saúde e critérios de avaliação

........................................................................................................................................................... 70

5.5.2 Resultados da avaliação quantitativa da competência administrativa e gerencial e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 72

5.5.3 Resultados da avaliação quantitativa da competência educativa e critérios de avaliação ........ 75

5.5.4 Resultados da avaliação quantitativa da competência produção de conhecimento e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 77

5.6 Resultados da avaliação qualitativa do perfil de competências realizada pelos pares ................ 78

5.6.1 Resultados da avaliação qualitativa da competência atenção à saúde e critérios de avaliação 79

5.6.2 Resultados da avaliação qualitativa da competência administrativa e gerencial e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 79

5.6.3 Resultados da avaliação qualitativa da competência educativa e critérios de avaliação .......... 81

5.6.4 Resultados da avaliação qualitativa da competência produção de conhecimento e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................ 82

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS QUALITATIVOS ........................................... 82

6.1 Competência atenção à saúde ...................................................................................................... 83

6.2 Competência administrativa e gerencial...................................................................................... 88

6.2.1 Gestão do cuidado .................................................................................................................... 88

6.2.2 Gestão de recursos .................................................................................................................... 91

6.2.3 Gestão ambiental ...................................................................................................................... 93

6.2.4 Dimensionamento de pessoal de enfermagem em instituições de saúde ................................. 94

6.2.5 Gestão dos serviços de saúde ................................................................................................... 95

6.2.6 Identificação da legislação profissional vigente ....................................................................... 96

6.2.7 Perfil do enfermeiro gestor ....................................................................................................... 97

6.3 Competência educativa ............................................................................................................... 98

6.4 Competência produção de conhecimento .................................................................................. 102

6.5 Dificuldades em colocar em prática as competências ............................................................... 104

6.6 A intercomplementaridade entre as competências do enfermeiro ............................................. 106

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 108

APÊNDICES ...................................................................................................................................... 121

APÊNDICE A – Estrutura sequencial do questionário virtual para coleta de dados da primeira

etapa: competência atenção à saúde ................................................................................................ 122

ANEXOS ............................................................................................................................................ 130

ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................................... 131

ANEXO 2 – Perfil de competências matricial: competência atenção à saúde e critérios de

avaliação ............................................................................................................................................. 132

ANEXO 3 – Perfil de competências matricial: competência administrativa e gerencial e critérios

de avaliação ........................................................................................................................................ 133

ANEXO 4 – Perfil de competências matricial: competência educativa e critérios de avaliação 134

ANEXO 5 – Perfil de competências matricial: competência produção de conhecimento e critérios

de avaliação ........................................................................................................................................ 135

14

1 INTRODUÇÃO

O estudo ora apresentado versa sobre a validação de um perfil de competências para a

formação do enfermeiro generalista, que considera quatro áreas de sua atuação – cuidar,

gerenciar, educar e pesquisar. O mesmo foi realizado a partir da ótica de profissionais

enfermeiros que atuam na atenção hospitalar em nível nacional e local e/ou com expertise na

temática competência profissional na área de enfermagem.

A validação se deu a partir do perfil de competências orientador da formação de

enfermeiros, sistematizado em uma pesquisa desenvolvida por docentes da Faculdade de

Enfermagem (FAEN) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Cuiabá, no

ano de 2010 (SILVA et al., 2010). O objetivo desta pesquisa foi elaborar e validar um perfil

de competências para a formação do enfermeiro generalista nas áreas de atenção à saúde,

administrativa e gerencial, educativa e produção de conhecimento (SILVA et al., 2010).

O perfil incluiu competências classificadas nessas quatro áreas e critérios de avaliação,

considerados como desempenhos correspondentes a serem observados no graduando. O

mesmo foi consensuado entre professores e alunos do curso de graduação em enfermagem da

instituição, enfermeiros das unidades de saúde onde eram realizadas as atividades práticas do

curso e representantes da comunidade (membros dos conselhos locais de saúde na ocasião),

seguindo, do ponto de vista metodológico, os passos da Conferência de Consenso (SILVA,

2010).

Apesar da importante produção resultante do trabalho, datado de 2010, o perfil de

competências elaborado e validado não foi formalizado, tampouco implementado

institucionalmente. Isto é, o mesmo não foi inserido no Projeto Político de Curso (PPC) da

Graduação em Enfermagem, permanecendo este sem aquela necessária orientação. De modo

que identificamos a necessidade de o mesmo ser retomado, ter a sua validação atualizada e,

ainda, ampliada com pares que atuam em outros contextos do país.

Assim, adequamos essa proposta de competências de formação na área, com base em

nova avaliação de pares, considerando experiências e análises que servem de referência tanto

à localidade quanto a outros contextos similares do país, seja para pensar os seus projetos de

curso, criticá-los e modificá-los, bem como implementá-los.

Estudos de validação têm sido amplamente utilizados em pesquisas, e na enfermagem

eles não são recentes. Ribeiro et al. (2013), em sua pesquisa de revisão integrativa sobre o

tema na área, reportaram-se à validação de um sistema de classificação datado de 1960 e à

15

validação de diagnósticos de enfermagem em 1979. As pesquisas de validação buscam dar

validade a algo construído como referência para a prática. Nesse sentido, a validade tem como

objetivo, conforme Creswell e Clark (2013), verificar a qualidade de dados, de resultados e

interpretações. Ou seja, aqueles estudos têm por alvo a crítica e reformulação de proposições

para a ação, em torno de qualidades consensuadas que, no caso desta pesquisa, dizem respeito

a qualidades orientadoras do desenvolvimento de competências de formação profissional do

enfermeiro, consubstanciadas em um perfil.

Por competência entendemos “saber agir com pertinência, ter responsabilidade e tomar

iniciativa, por meio da mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes, com capacidade

de entrega e agregação de valores para a empresa e a pessoa”. Como se verá no capítulo 3,

essa compreensão teórica fundamenta-se em conceitos de diferentes autores que discutem a

temática competência profissional.

Entendemos como perfil os conhecimentos, as habilidades, atitudes e os desempenhos

essenciais para a prática profissional. Assim, a construção de perfis profissionais é

considerada um requisito essencial para a formulação de planos educacionais (SILVA et al.,

2010), uma vez que tanto reúne como sintetiza o que se pretende desenvolver.

As pesquisas de validação sobre perfis de competências de formação em enfermagem,

dentre outros perfis, resultam na construção de um instrumento educacional confiável,

validado e orientador da qualidade dos cursos de graduação.

Uma vez aplicados à prática acadêmica, esses perfis contribuem para a adequada

formação do profissional enfermeiro, para o seu ingresso e permanência no mercado de

trabalho segundo as exigências da atualidade, como também para a qualidade da assistência

em saúde e reconhecimento profissional do enfermeiro.

As mudanças em curso para atender ao mundo globalizado, na esfera da gestão das

empresas e de pessoas, têm se propagado desde as últimas décadas do século XX. Cada vez

mais, buscam-se sujeitos que possam agregar valor às instituições, a partir de competências

organizacionais e individuais voltadas para o sistema de gestão (HOLANDA; MARRA;

CUNHA, 2014).

Os hospitais têm sido desafiados a ofertar assistência a usuários que se apresentam em

situações de saúde cada vez mais complexas e que lhes exigem respostas que levem em conta

as necessidades colocadas. Assim, os mesmos requerem enfermeiros com novas competências

profissionais diante das mudanças tecnológicas em andamento e das exigências da população

(CAMELO et al., 2013).

16

O estabelecimento formal dos perfis de competências profissionais a serem

desenvolvidas pelos cursos de graduação em enfermagem é considerado um requisito de

qualidade essencial, sujeito à avaliação externa. Com a implementação das Diretrizes

Curriculares Nacionais (DCNs), as instituições de ensino tiveram como desafio a adequação

dos seus PPC aos novos preceitos legais orientados por meio das DCNs (SILVA, 2010).

Na área da enfermagem, as DCNs definem “os princípios, fundamentos, condições e

procedimentos da formação de enfermeiros, estabelecidos pela Câmara de Educação Superior

do Conselho Nacional de Educação” (BRASIL, 2001, p. 2). Elas buscam organizar e dar

andamento ao PPC dos cursos de graduação em Enfermagem das instituições de ensino

superior em todo o território nacional e constituem referências importantes à avaliação de sua

qualidade.

Os estudos sobre competência profissional têm sido amplamente difundidos nacional e

internacionalmente. Em âmbito internacional, trabalhos recentes publicados versam sobre

competências necessárias à prática em saúde e enfermagem. Estes se concentram na análise

do desempenho de competências, no parecer de profissionais a respeito destas e em

competências a serem desenvolvidas perante situações assistenciais específicas.

O trabalho de Hwhang (2015), realizado em três hospitais de ensino em Seul na

Coreia, com a participação de 459 enfermeiros, teve como objetivo analisar as competências

desses profissionais em relação à segurança do paciente em ambiente hospitalar, relacionadas

ao trabalho em equipe, à comunicação, gestão de riscos e ao reconhecimento de eventos

adversos. Os profissionais com maior tempo de experiência clínica ou com mestrado e cargos

de gestão apresentam-se mais confiantes no exercício do cuidado e na segurança do paciente.

A pesquisa de Fouche et al. (2014), realizada na Nova Zelândia, aborda as

competências essenciais para o cuidado do paciente crônico, junto com a equipe

multiprofissional: enfermeiros, assistentes sociais, fonoaudiólogos, farmacêuticos,

fisioterapeutas, médicos e terapeutas ocupacionais. As competências para o cuidado crônico

propostas pela Organização Mundial da Saúde foram utilizadas para elaborar os questionários.

Os resultados indicaram elevado índice de concordância dos participantes sobre as

competências propostas, porém apontaram lacunas nos campos da educação e da prática em

equipe multidisciplinar para a mobilização de competências para o cuidado crônico.

Um estudo sobre competências culturais foi desenvolvido com enfermeiros de

Portugal, uma vez que no país as imigrações se intensificaram e produziu-se um encontro de

diferentes etnias. Os autores Vilelas e Janeiro (2012) identificaram como importante para o

17

desenvolvimento da competência cultural a educação em enfermagem e apontaram a

necessidade de inclusão da enfermagem transcultural no currículo.

Nacionalmente, os estudos sobre competência profissional na área da saúde procedem,

a maioria, do campo da enfermagem, o que faz pressupor o interesse pelo tema entre os seus

pesquisadores. Identificamos nas recentes pesquisas científicas uma preocupação com o

desenvolvimento e a mobilização de diferentes competências para a atuação do enfermeiro,

que consideram apenas alguns dos componentes de sua prática ou áreas de especialidade

específicas.

O estudo de Montezeli, Peres e Bernardino (2014), realizado com oito enfermeiros de

um pronto-socorro de um hospital-escola da região Sul do Brasil, objetivou identificar

facilitadores e o que dificulta a mobilização de competências gerenciais. As pesquisadoras

elencaram, a partir das respostas dos participantes, como facilitadores a capacitação

profissional, autonomia e bom relacionamento interpessoal entre as equipes de enfermagem e

multiprofissional. Já como dificultadores destacaram a falta de incentivo à capacitação, a

desinformação por parte da gerência de enfermagem sobre a realidade do setor e recursos

físicos e humanos impróprios. Assim, apontaram como necessário identificar o que pode

auxiliar a superação das dificuldades, visto que a mobilização de competências gerenciais é

importante para a atuação do enfermeiro, além de ser exigida e garantida pelos preceitos

legais da profissão.

Silva e Camelo (2013) objetivaram, em estudo de revisão integrativa, analisar os

atributos e o papel do enfermeiro líder, além de identificar os significados de liderança como

competência profissional do enfermeiro no hospital. As pesquisadoras concluíram que liderar

significa ter influência sobre as pessoas para agirem de modo ético na profissão, a fim de

conseguir objetivos comuns e que o enfermeiro, para um adequado desempenho como líder,

deve ter responsabilidade, tomar decisões, comunicar-se adequadamente e desenvolver

habilidades pessoais e profissionais para si, pois, atualmente, a liderança além da gestão de

pessoas, custos e tempo voltados para um bom desempenho dos profissionais, busca, também,

atender às necessidades e pretensões do líder.

O levantamento bibliográfico de Souza, Santos e Santos (2014) discute a importância

do desenvolvimento de competências informacionais necessárias ao enfermeiro perante a

atuação específica de prevenção do câncer de colo uterino. Os autores enfatizam a

importância de o enfermeiro ter determinadas competências informacionais necessárias à

prevenção do problema.

18

Um artigo de revisão integrativa de Camelo (2012) teve como finalidade a análise das

competências profissionais de enfermeiros em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que

resultou no levantamento de competências profissionais do enfermeiro para atuar na referida

unidade, tais como gerenciar e executar o cuidado de maior complexidade, tomada de decisão,

liderança, comunicação, educação continuada e permanente, coordenação de recursos

humanos e materiais, e identificou, também, que as competências arroladas poderiam

subsidiar a construção do perfil do enfermeiro de UTI.

O estudo de Correio et al. (2015) realizou um levantamento do perfil de competências

do enfermeiro para atuar em UTI com enfermeiros que trabalhavam nessas unidades na cidade

de São Paulo. As competências elencadas valorizavam o conhecimento técnico e científico, a

liderança e busca constante de novos saberes, uma vez que esse profissional se encontrava em

contato com contínuas mudanças tecnológicas assistenciais.

Para a atuação do enfermeiro em unidades de emergência, foi construída uma matriz

de competências básicas e associadas por pesquisadoras de uma universidade pública da

cidade de São Paulo. As competências básicas elencadas foram desempenho assistencial,

trabalho em equipe, humanização, dentre outras. Já as associadas constaram de acolhimento,

administração do tempo, coragem, diálogo e outras. Ambas as matrizes direcionavam a

prática profissional para um ótimo nível, com base em duas premissas em emergências: a

qualidade e o acesso no atendimento dos pacientes (HOLANDA; MARRA; CUNHA, 2014).

Além desses estudos sobre perfis de competências profissionais em áreas e situações

de saúde específicas, há, ainda, aqueles que se voltam à construção e/ou avaliação de perfis de

atuação do enfermeiro em áreas específicas com a participação de grupos de especialistas.

Holanda, Marra e Cunha (2015) também submeteram um perfil de competências do

enfermeiro em emergências à avaliação por experts na temática competência e com

experiência prática junto a pacientes críticos em emergência. Os mesmos verificaram se as

competências e os desempenhos propostos condiziam com as necessidades da área de atuação

mencionada e deram contribuições relacionadas à compreensão textual da proposta

(HOLANDA; MARRA; CUNHA, 2015).

Em outra direção, a pesquisa de Manenti et al. (2012) elaborou um perfil de

competências gerenciais do enfermeiro coordenador de área, com a participação de 13

enfermeiros coordenadores de diferentes áreas de um hospital de ensino da cidade de São

Paulo. No estudo, os participantes elencaram e consensuaram as competências gerenciais:

monitoramento do desempenho individual e coletivo, comunicação eficaz, planejamento e

organização dos recursos humanos e materiais, entre outras. As autoras concluíram que

19

construção consensuada do perfil de competências gerenciais direciona positivamente as

atividades de recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoal.

Em relação aos estudos atuais de validação na área da enfermagem, identificou-se,

sobretudo, a produção e validação de instrumentos para uso no exercício da profissão, em

ações educativas e na avaliação de competências em procedimentos específicos.

No primeiro sentido, temos a construção e validação de material educativo orientado à

promoção do aleitamento materno, realizado com juízes especialistas da área da saúde e com

puérperas (público-alvo) de uma maternidade situada em Fortaleza-Ceará (COSTA et al.,

2013).

No segundo sentido, há os estudos de validação de instrumento: para a avaliação da

habilidade de mensuração da pressão arterial, do qual participaram juízes enfermeiros de

universidades do Rio Grande do Norte (TIBÚRCIO et al., 2014); orientador da técnica de

punção venosa periférica com cateter agulhado, que teve como participantes enfermeiros

docentes de um curso de graduação em Enfermagem (OLIVEIRA et al., 2015); e orientador

da sistematização da assistência em enfermagem visando à caracterização do perfil dos

pacientes de uma UTI da região Norte do Brasil, com participação de enfermeiras (ARAÚJO

et al., 2015).

Os trabalhos científicos, até aqui mencionados, têm por objeto o desenvolvimento de

competências e de perfis de competências profissionais em algumas áreas de especialidade da

enfermagem, como também se voltam à validação de orientações para a realização e avaliação

de ações assistenciais de enfermagem, com base na expertise de especialistas.

Assim, identificamos uma importante lacuna no que diz respeito aos estudos que

articulem competências profissionais e a validação destas, tendo em vista não a prática

profissional em si – em áreas, situações e ações específicas, mas a totalidade da formação do

enfermeiro generalista.

Dessa maneira, com a presente pesquisa, respondemos aos seguintes questionamentos:

Quais as críticas feitas, as reformulações propostas e a compreensão de profissionais da área

de enfermagem, de um perfil de competências construído para a formação profissional do

enfermeiro? Quais os conhecimentos, as habilidades, atitudes e os desempenhos validados em

um perfil de competências aplicável à formação de enfermeiros generalistas?

O objetivo geral da investigação é validar um perfil de competências orientador da

formação do enfermeiro generalista, considerando as áreas da atenção à saúde,

gerenciamento, educação e produção de conhecimento.

20

Para responder às questões, como já dito, direcionamos o processo de validação para o

perfil de competências elaborado para a formação do enfermeiro na UFMT, em 2010, e o

baseamos no parecer de profissionais da área, com experiência hospitalar e/ou com expertise

na temática competência profissional, bem como em análises e posicionamentos teóricos da

pesquisadora e do grupo de pesquisa no qual este se insere.

O presente estudo está vinculado ao Grupo de Pesquisa Educação e Formação em

Saúde e Enfermagem (GEFOR), da UFMT, do qual a pesquisadora é membro. No mesmo,

tratamos de temas relacionados à educação e formação do enfermeiro em nível de graduação e

pós-graduação. O tema das competências tem sido um dos objetos de discussão e elaboração

científica no grupo. Em 2014, um de seus membros defendeu uma investigação sobre o

desenvolvimento de competências na formação para a prática específica da educação

permanente em saúde e, no momento, de forma concomitante com o estudo ora apresentado,

há outro abordando a mesma temática – a validação de perfil de competências para formação

do enfermeiro generalista, porém a partir da perspectiva de docentes e alunos de cursos de

graduação em enfermagem da cidade de Cuiabá.

Consideramos que a abrangência de um perfil de competências de formação

generalista em enfermagem, ainda que validado a partir de propostas situadas em

determinados contextos em âmbito nacional, também serve de referência a outros locais, uma

vez encaminhando-se a validação com a participação de experts que possuem experiência e

atuam em contextos profissionais variados e com base em reflexões científicas sobre o

assunto.

Assim, com esta pesquisa, contribuímos para o direcionamento da formação de

enfermeiros generalistas, considerando os diferentes cenários de atuação que estes possam

estar inseridos, em diferentes instituições ou localidades do país, bem como para repensar o

desenvolvimento profissional daqueles já inseridos no âmbito laboral da saúde e enfermagem.

Entendemos que a formação do enfermeiro pelo perfil de competências aqui validado poderá

favorecer uma atuação profissional reflexiva, criativa, fundamentada e comprometida com

mudanças desejadas na atenção à saúde, orientadas para os direitos e a cidadania da população

brasileira.

21

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Validar o conteúdo de um perfil de competências proposto para a formação de

enfermeiros generalistas, considerando as áreas de atenção à saúde, administração e

gerenciamento, educação e produção de conhecimento.

2.2 Objetivos específicos

Reformular o perfil de competências proposto tomando por base as contribuições dos

avaliadores;

Analisar a compreensão dos participantes sobre as áreas de competências que

permeiam a atuação do enfermeiro.

22

3 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO

No presente capítulo, apresentamos a polissemia do termo competências na área

profissional, suas procedências históricas e o surgimento do modelo de competências no

ambiente laboral. Destacamos o conceito de competência profissional que embasa a presente

pesquisa, bem como o conceito de validação e as especificidades do seu processo.

3.1 Procedências históricas e abordagens da competência profissional

O termo competência provavelmente surgiu pela primeira vez na língua francesa, no

século XV, nomeando a legitimidade e a autoridade de instituições como o tribunal. Somente

no século XVIII, ampliou-se o seu significado para o nível individual visando expressar a

capacidade referente ao saber e à experiência.

Referenciando diversos autores, Dias (2010) faz menção ao uso do termo no campo da

Psicologia, nos anos 1950 do século XX, no contexto da linguística como capacidade natural

de falar e compreender a língua.

A expressão competências possui diferentes procedências, sendo as principais a

literatura dos Estados Unidos da América (EUA), Inglaterra, França e Austrália (FRAGELLI;

SHIMIZU, 2012). Nos EUA, o modelo de competências baseou-se na área da psicologia

comportamental, e um dos estudiosos sobre a temática, John Flanagan, de acordo com

Fragelli e Shimizu (2012, p. 669), “publicou em 1954 um artigo que apresentou uma série de

estudos conduzidos nos EUA entre os anos de 1941 a 1946 com análises críticas sobre as

diferenças entre o sucesso e o fracasso em determinadas tarefas”. No mesmo país, David

McClelland, indicado como o pai do modelo de competências, publicou em 1973 o artigo

intitulado “Testing for competence rather than for intelligence”, com o qual suscitou

discussões sobre a confiabilidade dos testes de inteligência para aferir o sucesso profissional

(FRAGELLI; SHIMIZU, 2012).

Na Inglaterra, Fragelli e Shimizu (2012) mencionam, a partir de estudos de outros

autores, que a iniciativa de desenvolvimento de competências deu-se a partir da queda do

desenvolvimento da economia, do desemprego e da diminuição de habilidades dos

profissionais, o que gerou em 1980 investigações por parte do governo da época. As

investigações concluíram que havia necessidade de programas de treinamento para os

trabalhadores baseados em competência, promovendo a certificação, possibilitando um

modelo adequado para conduzir os processos de formação e a avaliação profissional.

23

As informações sobre competência na Austrália surgiram em 1990, com uma

abordagem holística e em constante mutação, reunindo combinações de atributos

(conhecimentos, atitudes, valores e habilidades) importantes para o desempenho em situações

específicas, com combinação de teoria e prática de modo reflexivo e incorporação de valores

éticos (FRAGELLI, SHIMIZU, 2012).

No que diz respeito à competência na França, Fleury e Fleury (2001) afirmam que o

conceito de competência pretendia avançar ao significado de qualificação. Nesse sentido, o

trabalho não é mais visto como um aglomerado de ações que descrevem uma função, mas

como uma extensão da competência que a pessoa mobiliza diante de diferentes situações no

âmbito laboral com vistas à imprevisibilidade do dia a dia.

Diante do exposto

A abordagem tradicional americana tem demonstrado a importância das

características individuais e o uso de competência comportamental como um meio

de desenvolver um desempenho superior. A abordagem da Inglaterra revelou o valor

das normas ocupacionais definidas de competência funcional e sua aplicabilidade ao

trabalho. A abordagem na França demonstra o potencial de um conceito

multidimensional e mais analítico de competência. E a abordagem holística da

Austrália mostra-se mais integradora (FRAGELLI; SHIMIZU, p. 673, 2012).

Diante das diferentes abordagens, procedências e períodos da história, as competências

surgem em um cenário no qual a pessoa vincula-se fortemente às relações com o trabalho,

suscitando a importância do ensino para a construção de competências.

No Brasil, de acordo com Camelo e Angerami (2013), as quais referenciam outros

autores, as discussões sobre a adoção de competências, propagadas nos EUA e na Europa,

surgem de forma tênue, no início da década de 1980, nas empresas multinacionais. O primeiro

ímpeto sobre competências inseriu-se como processo organizado, com resultado positivo nos

métodos de seleção, e como forma de averiguação da adequação de uma pessoa ao perfil de

competências para determinado trabalho. Já nas universidades, o conceito de competência foi

debatido nos anos de 1990, demonstrando ser instrumento ainda a ser efetivado (CAMELO;

ANGERAMI, 2013).

Localmente, no curso de graduação em Enfermagem da UFMT campus de Cuiabá, as

discussões ocorreram nos últimos 10 anos, com a Coordenação de Ensino de Graduação, a

partir de problemas advindos da formação de enfermeiros. Dentre outros tópicos, levantou-se

a necessidade de se esclarecer, primeiramente, as competências essenciais para a formação na

instituição (SILVA, 2010). Assim, efetivou-se a elaboração de um perfil de competências para

a formação generalista do enfermeiro.

24

3.2 O modelo de competências no âmbito laboral

Desde o ano de 1980 transformações tecnológicas e organizacionais vêm ocorrendo no

campo do trabalho, sendo observadas nos países de capitalismo avançado, despontando no

mundo produtivo algumas características como “flexibilização da produção e reestruturação

das ocupações; integração de setores da produção; multifuncionalidade e polivalência dos

trabalhadores; valorização dos saberes dos trabalhadores não ligados ao trabalho prescrito ou

ao conhecimento formalizado” (RAMOS, 2006, p. 37-38).

O trabalho fragmentado, repetitivo, prescritivo, presente no modelo taylorista/fordista,

passou a ser substituído por um trabalho polivalente, integrado, em equipe, flexível e com

autonomia, no qual é necessário diagnosticar, prevenir, decidir e interferir em situações reais

do cotidiano, observando-se a imprevisibilidade dessas situações, nas quais o trabalhador ou o

grupo faz escolhas todo o tempo, com ampliação das operações mentais e cognitivas

envolvidas nas atividades (DELUIZ, 2001). Essa mobilização de conhecimentos, habilidades

e atitudes estão presentes no cotidiano do trabalho da enfermagem.

Diante das exigências dos setores produtivos e de um mercado de trabalho instável, a

demanda por pessoas com aquela qualificação tornou-se presente, unida à necessidade de um

modelo de formação e gestão da força de trabalho baseado em competências profissionais

(DELUIZ, 2001).

Os objetivos da adoção do modelo das competências no mundo do trabalho são

adequar a formação da força de trabalho às novas exigências do sistema produtivo,

possibilitar maior flexibilização do mercado de trabalho pela noção de

empregabilidade (o trabalhador passa a ser responsável por sua inserção no mercado,

mantendo suas competências atualizadas) e unificar o sistema de qualificação

profissional, tornando possível a disponibilidade e a mobilidade dos trabalhadores,

que passariam a ter livre circulação no mercado de trabalho setorial, intrasetorial,

nacional e internacional (DELUIZ, p. 13).

Ante o cenário de mudanças referentes ao trabalho e consequentemente aos

trabalhadores, passou-se a discutir sobre as competências profissionais.

A utilização da noção de competência no campo profissional, também polissêmica,

surge na crise do modelo de organização taylorista/fordista com a difusão mundial da

economia, competição nos mercados, necessidade de melhoria da qualidade dos produtos e

outros (DELUIZ, 2001).

Com isso, o modelo de competência vem substituir o modelo de qualificação. O

segundo relaciona-se à educação escolar, à formação técnica, experiência profissional do

trabalhador e aos diplomas (DELUIZ, 2001).

25

No ambiente laboral, percebe-se que além da qualificação, o trabalhador tem que saber

mobilizar seus conhecimentos técnicos e científicos, de maneira coerente nas diferentes

situações do cotidiano de trabalho. A subjetividade presente nas ações torna-se de grande

relevância para a discussão da competência na profissão.

A competência estabelece uma valorização da implicação da subjetividade do

conhecimento, que se desloca para a atenção à atitude, ao comportamento e os saberes tácitos1

dos trabalhadores (RAMOS, 2006).

Concordamos com Deluiz (2001, p. 13) quando aponta a noção de competência

profissional, de forma generalizada, como “a capacidade de articular e mobilizar

conhecimentos, habilidades e atitudes, colocando-os em ação para resolver problemas e

enfrentar situações de imprevisibilidade em uma dada situação concreta de trabalho e em um

determinado contexto cultural”.

Tais referências de competência profissional podem ser aplicadas no âmbito da

enfermagem, pois nas áreas de atuação do enfermeiro deparamo-nos com diversidades de

situações e diferentes contextos, o que requer mobilização de conhecimentos, habilidades e

atitudes.

Atrelada às competências está o desempenho, importante para as discussões que

permeiam o campo do trabalho e da formação. De acordo com Lima (2005, p. 373), “a

competência não é algo que se possa observar diretamente, mas pode ser inferida pelo

desempenho”. A mesma autora complementa que

Numa determinada profissão, agrupamentos de desempenhos de natureza afim

conformam áreas de competências complementares. Nesse sentido, o conceito de

competência profissional é empregado no singular, pois retrata a síntese de

conjuntos de desempenhos (capacidades em ação) agrupados em área de

competência que conformam o campo da prática profissional, segundo contexto e

padrões de excelência (LIMA, 2005, p. 373).

Mencionando Ramos (2001, p. 22), descrevemos algumas premissas sobre o

desempenho [...] é tributário de parâmetros individuais (atenção, emotividade, sensibilidade, ética

etc.), postos em jogo também em relação ao coletivo, resultando da associação das

dimensões cognitiva e compreensiva da inteligência prática; para um mesmo

desempenho, várias competências podem ser mobilizadas; o desempenho observado

numa determinada situação não expressa a totalidade das competências de um

indivíduo; o desempenho pode se processar em diferentes graus de satisfação, e,

dependendo do grau de aceitação, comprova que o indivíduo é competente, quer

dizer, apropriado à situação a tratar; [...]

Diante do exposto, compreendemos que a competência está inserida nos ambientes

laborais para otimizar o trabalho, no qual o profissional deve demonstrar de forma concreta

1 Apreendido por meio da experiência subjetiva, com difícil transmissão pela linguagem explícita e formalizada

(RAMOS, 2006).

26

por meio do desempenho os conhecimentos, habilidades e atitudes, com maior agregação de

valor às suas atividades.

3.3 A competência no trabalho em saúde e enfermagem

Na área da saúde, a competência tem ocupado lugar de destaque devido ao aumento da

cobrança da população por maior responsabilidade, no que diz respeito ao compromisso por

parte das instituições de ensino e dos próprios profissionais (LIMA, 2005).

Nesse contexto, o ensino baseado em competências é visto como uma das estratégias

para as transformações que vêm acontecendo no âmbito do trabalho, especificamente nos

serviços de saúde (CAMELO; ANGERAMI, 2013).

Na formação do enfermeiro, as DCNs trazem a competência profissional esperada dos

egressos/profissionais, norteadas pelos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que

devem estar em consonância com os PPC e os conteúdos curriculares (BRASIL, 2001).

De acordo com Lima (2005, p. 376)

No Brasil, as novas exigências na formação profissional em saúde estão refletidas

nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em várias carreiras

[...] e propõem um novo perfil profissional fundamentado no desenvolvimento e na

avaliação de competência dos egressos desses programas.

Uma revisão integrativa constituída de discussões sobre a graduação em enfermagem e

a formação em geral, realizada por Tonhom et al. (2014), traz características importantes

sobre o currículo orientado por competência. Os autores mencionam na revisão que é

recomendado que a construção do PPC seja realizada a partir das discussões das mudanças

que estão ocorrendo na área do trabalho em saúde e de modo atento às necessidades da

população, bem como às competências na formação do enfermeiro que necessitam ser

elaboradas por profissionais da saúde a partir da prática do dia a dia.

Pudemos visualizar que uma das preocupações do material científico revisado é a

conexão entre a construção do PPC e a realidade vivenciada pelos profissionais da saúde

atuantes na prática e as competências necessárias para exercer as atividades laborais. Isto é,

possibilitar, no caso do graduando em enfermagem, a construção de competências, durante a

formação, em consonância com as exigências do mercado de trabalho e as do cotidiano das

práticas.

Outro aspecto importante, evidenciado pela revisão de Tonhom et al. (2014, p. 227), é

o planejamento e implementação de um currículo por competência, para o qual é necessário

(a) construção de parcerias na comunidade, na partilha de valores sobre o cuidado de

pacientes e no processo ensino-aprendizagem; (b) atendimento às exigências das

atuais Políticas de Saúde, Educação e do próprio Ensino da Enfermagem; e (c)

27

prática reflexiva visando ao aprender com as situações reais do mundo do trabalho,

com intervenções diferenciadas que promovam a melhoria da assistência e,

consequentemente, o fortalecimento do SUS.

Dessa perspectiva, o ensino tenderá a estar atrelado às especificidades da profissão de

enfermagem e em concordância com o que é esperado do enfermeiro no seu exercício

profissional, como também com o perfil do profissional almejado pelas organizações de

saúde.

Na área da saúde, com vistas às novas tecnologias e gestão do trabalho, as instituições

estão em constante atualização das suas atividades, necessitando de um perfil diferenciado de

profissionais, proveniente de competências peculiares para realizar determinadas tarefas,

adaptando-se às exigências do trabalho (CAMELO; ANGERAMI, 2013).

De acordo com Silva (2010, p. 3), “os perfis centram-se em atividades a serem

desenvolvidas e desempenhadas pelos profissionais de acordo com os avanços técnico-

científicos, com repercussões sociais e com identificação de valores próprios da profissão”.

As instituições de saúde, a partir das transformações já mencionadas no seu ambiente

de trabalho, reconhecem a necessidade da mobilização de competências dos profissionais,

vislumbrando um trabalho distinto do realizado atualmente, de modo que devem buscar

continuamente estratégias que auxiliem os profissionais em suas necessidades de mudança

(CAMELO, ANGERAMI, 2013).

Nesse contexto, além das instituições de ensino, vislumbra-se o importante papel das

instituições de saúde para a construção e mobilização de competências a partir das

necessidades identificadas pelo enfermeiro e demais profissionais.

3.4 A polissemia do conceito de competências

A competência é uma palavra do senso comum, empregada para se referir a uma

pessoa com qualidade para realizar algo e o seu oposto não sugere só a negação dessa aptidão,

preservando um sentimento depreciativo (FLEURY; FLEURY, 2001).

O conceito de competência proposto pela primeira vez de forma mais estruturada foi

de David McClelland, em 1973. Dutra (2014, p. 22) afirma que o conceito “busca uma

abordagem mais efetiva que os testes de inteligência nos processos de escolha de pessoas para

as organizações”. Assim, o conceito de competência estava direcionado a uma característica

individual, relacionado por um efetivo desempenho, tirando o foco dos testes de inteligência,

para comprovação de uma melhor aptidão para determinadas atividades profissionais, como

medicina, odontologia, pedagogia e outros (McCLELLAND, 1973).

28

Para o autor francês Le Boterf (2003, p. 40), “a competência é uma disposição para

agir de modo pertinente em relação a uma situação específica”.

O saber agir não se reduz ao savoir-faire2

ou ao saber operar. O profissional deve

não somente saber executar o que é prescrito, mas deve saber ir além do prescrito.

Se a competência se revela mais no saber agir do que no “saber-fazer”, é porque ela

existe verdadeiramente quando sabe encarar o acontecimento, o imprevisto (LE

BOTERF, 2003, p. 38).

O saber agir em diferentes situações de trabalho visa avaliá-las e tentar adaptar-se, isto

é, a competência não tem uma frequência e é colocada em prova diante da realidade, sendo

assim uma pessoa poderá ser considerada competente no ambiente de trabalho quando

conseguir mobilizar adequadamente os conhecimentos e habilidades, estas adquiridas

progressivamente, ao longo do tempo (LE BOTERF, 2003).

Há elementos que compõem a competência profissional com três eixos que são

clássicos entre diversos autores: “conhecimentos, entendidos como saber adquirido pelo

profissional; habilidades, como o saber fazer específico do profissional; e as atitudes, também

entendidas como saber agir, julgar, escolher e decidir” (SANTOS; CIAMPONE, p. 396,

2007). Esses eixos referem-se ao CHA da competência – designado como um conjunto de

conhecimentos, habilidades e atitudes.

Até o momento, verificamos que os conceitos de competência no âmbito profissional

enfatizam o individual, ou seja, como cada pessoa se comporta e procede diante de diferentes

situações no trabalho, demonstrando a importância da articulação do saber, saber-fazer e saber

ser, que envolvem os conhecimentos, habilidades e o agir. Essas características são uma

constância no exercício do trabalho do enfermeiro.

A obra de Zarifian (2012, p. 68) traz a formulação do autor sobre o conceito de

competência como “o „tomar iniciativa e o „assumir responsabilidade‟ do indivíduo diante de

situações profissionais com as quais se depara”, enfatizando o que se altera essencialmente na

organização do trabalho: regresso da prescrição, espaço para autonomia e automobilização da

pessoa.

Para o autor, cada palavra é importante no conceito: tomar iniciativa, assumir

responsabilidade diante das diferentes situações do trabalho

Tomar iniciativa: a palavra iniciativa, como todos sabem, vem do verbo iniciar [...].

Tomar iniciativa é uma ação que modifica algo existente, que introduz algo novo,

que começa alguma coisa, que cria. [...] existem graus nesse tomar iniciativa

(ZARIFIAN, 2012, p. 69).

2 De acordo com Le Boterf (2003) o savoir-faire significa “o saber-fazer” referente à execução, sendo o grau

mais elementar da competência.

29

Zarifian (2012) traz um exemplo de tomada de iniciativa, em que, no primeiro

momento, há mobilização de experiências anteriores e normas corretas para resolver um

determinado problema; e no segundo momento, apesar do conhecimento preexistente, é

preciso imaginar uma resposta adequada para enfrentar situações adversas e de

imprevisibilidades que fogem do repertório de normas existentes visando um resultado

positivo. O ser humano possui capacidade de imaginação e de invenção, permitindo tratar do

singular e o imprevisto (ZARIFIAN, 2012).

Sobre a responsabilidade do conceito de competência

Assumir responsabilidade: a palavra responsabilidade vem do latim spondere,

responder por. É um termo empregado de longa data no campo jurídico: um

criminoso responde por seu crime e é julgado em consequência. No campo

profissional, significa que o assalariado responde pelas iniciativas que toma e por

seus efeitos [...] (ZARIFIAN, 2012, p. 69).

O ato de responsabilizar-se correlaciona-se com autonomia e descentralização da

tomada de decisões, nesse sentido não se trata mais de cumprir ordens que muitas vezes não

concordamos, mas assumir a avaliação de uma situação, por meio da iniciativa que possa

requerer e admitir possíveis efeitos que dela possam surgir. Nesse prisma, a responsabilidade

é algo que depende de nós (ZARIFIAN, 2012).

Sobre as diferentes situações que concernem à competência

Uma situação comporta simultaneamente: - um conjunto de elementos objetivos

(logo, descritíveis, objetiváveis), que são os dados da situação; - implicações, que

fornecem a orientação das ações potenciais que essa situação pode exigir

(implicações que remetem diretamente às implicações da tomada de

responsabilidade); - e a maneira subjetiva que o indivíduo tem de apreender a

situação, de se situar em relação a ela, de enfrentá-la e determinar suas ações em

consequência dela (ZARIFIAN, 2012, p. 71).

Nesse sentido, o comportamento de uma pessoa em determinada situação não é

prescritível, agindo de acordo com a mesma (ZARIFIAN, 2012).

No Brasil, há autores que são referências em discussões sobre competência na área

profissional. Fleury e Fleury elaboraram um conceito de competência profissional, a saber:

“um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir

conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor

social ao indivíduo” (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 188).

Dutra, outro autor brasileiro, professor e consultor de empresas, passou a utilizar com

maior ênfase o conceito de competência descrito por: “entrega e agregação de valor”

(DUTRA, 2014, p. 35).

Podemos verificar que os conceitos dos autores brasileiros distinguem-se dos demais

pela menção da agregação de valor à organização e entrega profissional no exercício do

30

trabalho, mas sem eximir a importância da pessoa/trabalhador no processo de construção de

competências.

Quadro 1 - Conceitos de competências profissionais abordados

Autor Conceito Relevo3

David

McClelland

(1973)

“Característica individual, relacionada por um

efetivo desempenho em uma tarefa”

Foco nas

características

individuais

Fleury e

Fleury (2001)

“Um saber agir responsável e reconhecido, que

implica mobilizar, integrar, transferir

conhecimentos, recursos e habilidades, que

agreguem valor econômico à organização e valor

social ao indivíduo”

Agregação de valor à

empresa e à pessoa

Le Boterf

(2003)

“A competência é uma disposição para agir de

modo pertinente em relação a uma situação

específica”

Agir de modo

pertinente nas diversas

situações

Santos e

Ciampone

(2007)

“Conhecimentos, entendidos como saber adquirido

pelo profissional; habilidades, como o saber fazer

específico do profissional; e a atitudes, também

entendidas como saber agir, julgar, escolher e

decidir”

Conjunto de

conhecimentos,

habilidades e atitudes

Zarifian

(2012)

“A competência é o „tomar iniciativa e o „assumir

responsabilidade‟ do indivíduo diante de situações

profissionais com as quais se depara”

Tomar iniciativa e

assumir

responsabilidade

Dutra (2014) “É a entrega e agregação de valor” Entrega da pessoa

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Apresentamos, assim, a partir da síntese de alguns conceitos apresentados no quadro

sobre competência profissional, o conceito4 que subsidia a presente pesquisa: “Saber agir com

pertinência, ter responsabilidade e tomar inciativa, por meio da mobilização de

conhecimentos, habilidades e atitudes, com capacidade de entrega e agregação de valores para

a empresa e à pessoa”.

3 Utilizamos a palavra “relevo” para evidenciar o que se sobressaiu nos conceitos de competência da área

profissional. 4 Conceitos de acordo com Minayo (2014, p. 176) “podem ser considerados um caminho de ordenação teórica

dos fatos, relações e processos sociais, devendo ser, pelo confronto com o campo empírico, permanentemente

recriados e reconstruídos.

31

Esquema 1 – Construção do conceito de competência da área profissional

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

3.5 Validação

Nesta pesquisa, a validação teve como propósito adequar o perfil de competências

baseado na avaliação de enfermeiros do campo hospitalar visando a sua atualização às novas

exigências do mercado de trabalho e das práticas cotidianas do enfermeiro, como também à

implementação na formação de futuros profissionais.

Os estudos de validação têm sido amplamente utilizados em pesquisas, e na

enfermagem não é recente, como relata Ribeiro et al. (2013) em seu estudo de revisão

32

integrativa sobre análise de métodos de validação utilizados na pesquisa em enfermagem e

que baseados em diferentes autores citaram a validação de um sistema de classificação datado

de 1960 e a validação de diagnósticos de enfermagem em 1979.

A validade tem como objetivo verificar a qualidade dos dados, resultados e

interpretações (CRESWELL; CLARK, 2013). Interessa-nos a validade de conteúdo do perfil

de competências. De acordo com Polit e Beck (2011, p. 415), “a validade de conteúdo indica

em que medida o instrumento possui amostra apropriada de itens para medir o construto

específico e cobrir adequadamente o seu domínio”.

O estudo de revisão integrativa sobre conceitos e métodos de medidas utilizados para

validade de conteúdo com destaque para o campo da saúde, das autoras Alexandre e Coluci

(2011), reporta-se a diversos autores indicando debates nas definições acerca de validade de

conteúdo. Para alguns autores consiste em aferir se as perguntas de um instrumento

representam adequadamente um universo de questões que poderiam ser elaboradas sobre

determinado tema. Outros a definem como uma avaliação de em que proporção os

componentes selecionados para medir uma construção teórica representam satisfatoriamente

todas as facetas importantes do conceito a ser medido, dentre outros.

Os autores Creswell e Clark (2013) relatam que a validade de conteúdo é um tipo de

validação e que pesquisadores buscam constatar a validade por meio de juízes, os quais

apreciam se os itens ou questões são representativos. Essa validade é baseada em julgamento,

não existindo métodos totalmente objetivos que garantam abrangência adequada do conteúdo.

Dessa maneira, tem-se solicitado a um grupo de especialistas avaliar a validade de conteúdo

de novos instrumentos (POLIT; BECK, 2011).

Não há consenso na literatura sobre o número mínimo ou máximo de juízes. De

acordo com Alexandre e Coluci (2011), com base em outros autores, as recomendações

variam entre o mínimo de 5 e máximo de 20 especialistas, sendo importante levar em conta a

formação, qualificação e disponibilidade dos profissionais que participarão da avaliação.

Verificamos que, no estudo de Silva, Vidal e Araújo (2015), participaram 15 juízes (8

médicos obstetras e 7 pediatras), e a experiência profissional dos mesmos foi fundamental

para a pesquisa, uma vez que proporcionou colaboração significativa para a validação de

conteúdo de um protocolo de prevenção da sepse precoce por Streptococcus agalactiae em

recém-nascidos do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.

Para as pesquisas que envolvem validação de conteúdo, estipula-se previamente à

coleta de dados um nível de concordância entre os juízes, que será detalhada no capítulo 4.

33

4 MÉTODOS

4.1 Tipo de estudo e abordagem

Trata-se de pesquisa de métodos mistos, do tipo paralela convergente, com abordagem

quanti-qualitativa. Cresswell e Clark (2013) mencionam em sua obra diversos conceitos

sobre métodos mistos e apresentam as características essenciais do método:

coleta e analisa de modo persuasivo e rigoroso tanto os dados qualitativos quanto os

quantitativos; mistura (ou integra ou vincula) as duas formas de dados

concomitantemente, combinando-os (ou misturando-os) de modo sequencial,

fazendo um construir o outro ou incorporando um no outro; dá prioridade a uma ou

ambas as formas de dados (em termos do que a pesquisa enfatiza); usa esses

procedimentos em um único estudo ou em múltiplas fases de um programa de

estudo; estrutura esses procedimentos de acordo com visões de mundo filosóficas e

lentes teóricas; e combina os procedimentos em projetos de pesquisa específicos que

direcionam o plano para a condução do estudo (CRESWELL; CLARK, 2013, p. 22).

A combinação de dados quantitativos e qualitativos proporciona entendimento mais

completo do problema de pesquisa do que as diferentes abordagens separadamente

(CRESWELL; CLARK, 2013).

Para a presente pesquisa, utilizamos o tipo paralelo convergente ou convergente, no

qual há o curso simultâneo dos dados quantitativos e qualitativos no decorrer do estudo: ele

prioriza igualmente as abordagens e conserva os dados quantitativos e qualitativos

independentes durante a análise (CRESWELL; CLARK, 2013), embora articulados para

responder às questões de pesquisa.

O projeto convergente tem a intenção de “reunir diferentes pontos fortes e fracos dos

métodos quantitativos (tamanho grande da amostra, tendências, generalização) com aqueles

dos métodos qualitativos (amostra pequena, detalhes, em profundidade)” (CRESWELL;

CLARK, 2013, p. 76).

4.2 Locais do estudo

A escolha do local da pesquisa abarca vários elementos, tais como “critérios lógicos,

interação, conveniência e contatos que assegurem o êxito do trabalho” (MINAYO, 2014, p.

196). Nessa perspectiva, este estudo foi realizado em três hospitais, sendo 1 público - Hospital

Universitário Júlio Müller (HUJM), 1 filantrópico - Hospital de Câncer (HCan) e 1 privado -

Hospital Jardim Cuiabá (HJC), todos localizados no município de Cuiabá, estado de Mato

Grosso. Optamos pelos referidos hospitais por serem de categorias diferentes, ou seja,

público, filantrópico e privado, pressupondo as diferentes gestões dessas instituições de saúde,

34

como também, pela atuação nos mesmos de enfermeiros inseridos nas diversas áreas do

exercício profissional como, o cuidado à saúde, gestão, educação e pesquisa.

O Hospital Universitário Júlio Müller tem cunho público e universitário, recebe

somente pacientes referenciados pelo SUS, possui atendimento ambulatorial com diversas

especialidades médicas, como também de nutrição e enfermagem, além de atendimento

pediátrico, unidades de internação geral e de terapia intensiva e serviços de diagnóstico e

apoio terapêutico. O mesmo possui capacidade instalada de 118 leitos, sendo 24 leitos

cirúrgicos, 30 clínicos, 24 para ginecologia e obstetrícia, 3 leitos de pré-parto, parto e pós-

parto, 14 pediátricos, 10 de terapia intensiva neonatal, 5 de cuidados intermediários neonatais

e 8 de terapia intensiva adulto.

Apresenta-se como campo de estágio para estudantes de Enfermagem, Medicina,

Psicologia, Serviço Social e outros. As atividades de ensino e pesquisa disponíveis detêm

programas de residência médica e multiprofissionais, sendo a estrutura física composta por

três salas de aula e uma biblioteca (BRASIL, EBSERH, 2013).

É uma instituição hospitalar que recebe inúmeros pesquisadores de diferentes áreas

profissionais. No campo da pesquisa científica, sob o controle da sua Comissão de Ética em

Pesquisa, o HUJM tornou-se um excelente campo operacional para a produção de

teses em Cursos de Especialização, Mestrado e Doutorado oferecidos pela UFMT e

de trabalhos científicos que são publicados em Revistas nacionais e estrangeiras,

indexadas, e, também, apresentados em Congressos e Jornadas nacionais e

internacionais (BRASIL, EBSERH, 2013, p. 7).

Os profissionais enfermeiros que atuam no hospital estão inseridos em atividades

assistenciais, de gerenciamento, educativas e de pesquisa, relacionadas ao cuidado integral

dos pacientes.

O outro local escolhido foi o Hospital de Câncer, filantrópico, referência no tratamento

do câncer no Mato Grosso, o qual teve o início do funcionamento em 1999. A instituição

dispõe de alta tecnologia, tanto na área de diagnóstico como de tratamento, possui

atendimento em quase todas as especialidades em oncologia e dispõe de 126 leitos divididos

entre clínica médica, cirúrgica, pediátrica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Os serviços por ele oferecidos são atendimento ambulatorial para pacientes com

suspeita e/ou diagnóstico de câncer; cirurgias e plásticas; internações na clínica cirúrgica,

médica e pediátrica para pacientes com câncer e UTI para pacientes em geral; quimioterapia

adulta e infantil; patologia clínica; raios X, ultrassom, tomografia e ressonância magnética;

radioterapia e braquiterapia; endoscopia e colonoscopia; medicina nuclear e odontologia

(HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO, 2016, online).

35

A administração é conduzida pela Associação Mato-grossense de Combate ao Câncer,

por meio da Fundação Hospital de Câncer de Mato Grosso, uma entidade filantrópica que

presta serviços ao SUS e a alguns planos de saúde.

A instituição está atrelada à pesquisa por meio do Núcleo de Integração de Ensino,

Pesquisa e Saúde (NIEPS), que realiza diversas atividades, como palestras, simpósios,

capacitações, workshops etc., voltadas para educação da população, profissionais em geral e

do hospital. O NIEPS é responsável por receber, examinar e conceder pareceres dos projetos

de pesquisa dos profissionais das diversas áreas que almejam realizar no hospital seu estudo

(HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO, 2016, online).

Os enfermeiros que atuam no referido hospital, desempenham atividades no âmbito da

assistência à saúde, gestão, educação permanente e continuada e pesquisa.

A instituição de saúde privada trata-se de um hospital geral e atende todas as

especialidades médicas. Tem provisão de 129 leitos distribuídos em cuidados intensivos,

cirúrgicos, clínicos, ginecológicos e obstétricos, e de urgência e emergência, dentre outros.

Em geral, o maior fluxo de internação de usuários corresponde a procedimentos

cirúrgicos, com ênfase na gastroplastia, miomectomia, colicistectomia, tratamento de varizes

e cirurgias ortopédicas.

Possui equipe de enfermagem, sendo os enfermeiros categorizados por assistenciais,

os quais realizam os cuidados diretos ao paciente, referente aos banhos, curativos,

cateterismos e outros; os seniores, responsáveis pelo cuidado direto e o cuidado indireto, este

segundo relacionado à supervisão dos enfermeiros assistenciais, previsão e provisão de

materiais da unidade e outros; os enfermeiros auditores analisam as contas hospitalares e o

gerente de enfermagem, é o responsável pela supervisão e coordenação de toda a equipe de

enfermagem do hospital, incluindo enfermeiros, auxiliares, técnicos em enfermagem e outros.

4.3 Etapas do estudo de métodos mistos

O estudo partiu de um perfil de competências elaborado por docentes do curso de

graduação em enfermagem da FAEN/UFMT.

A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas quanti - qualitativas interconectadas,

sendo que a primeira etapa subsidiou a segunda (Figura 1). Na primeira etapa ocorreu a

validação do perfil de competências pelos juízes especialistas. A segunda etapa culminou na

validação por pares do perfil de competências reformulado a partir dos dados provenientes da

primeira etapa. Em ambas as etapas a coleta ocorreu por meio de questionário virtual e

36

envolveu validação pelos métodos quantitativo e qualitativo, bem como análise das sugestões

e reformulação da proposta pelos pesquisadores.

Após a primeira coleta dos dados quantitativos e qualitativos, os mesmos foram

analisados separadamente, em relação aos aspectos convergentes, divergentes e outros, com

vistas a um melhor entendimento do objeto pesquisado.

Tomando como base a análise dos dados qualitativos da primeira etapa, reformulamos

o perfil de competências a partir das contribuições dos participantes referentes

especificamente às mudanças do mencionado perfil. A nova versão do perfil é que foi, então,

submetida à validação pelos pares, na segunda etapa de coleta dos dados.

Além das contribuições sobre o perfil, emergiram dados acerca das experiências, dos

conhecimentos e das dificuldades encontradas no ambiente de trabalho para colocar as

competências em prática, bem como outros elementos, que não estavam inicialmente

previstos, mas que foram aqui analisados.

Cada pesquisador pode adequar os procedimentos do estudo de acordo com o que é

útil para sua investigação, respeitando pressupostos inerentes aos aspectos quantitativos e

qualitativos, ou seja, os testes estatísticos e a coleta de dados qualitativos para, então, analisar

os resultados de modo coerente (DAL-FARRA; LOPES, 2013).

Figura 1 – Etapas do desenvolvimento do processo de validação do perfil de competências

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

37

4.3.1 Ponto de partida: perfil de competências

Em 2010, foi apresentado um relatório ao Observatório de Recursos Humanos de

Mato Grosso sobre o estudo realizado por professoras da FAEN/UFMT de Cuiabá, intitulado

Formação de Enfermeiros na UFMT: Construindo Competências. O objetivo do mesmo foi

elaborar e validar um perfil de competências profissionais para a formação do enfermeiro

generalista da FAEN/UFMT. A motivação se deu pela necessidade de instituir uma prática

interna de avaliação (do curso e dos discentes) que constitui parte importante para todo o PPC

e adaptá-lo aos novos preceitos legais advindos da implementação das DCNs (SILVA et al.,

2010).

De acordo com Silva et al. (2010, p. 4),

A elaboração de perfis profissionais é um requisito essencial para a formulação de

planos educacionais. Na atualidade, os perfis centram-se em atividades a serem

desenvolvidas e desempenhadas pelos profissionais de acordo com os avanços

técnico-científicos, com repercussões sociais e com identificação de valores próprios

da profissão.

Os participantes foram 17 professores, 15 estudantes, 5 representantes da comunidade

e 7 profissionais da saúde, seguindo os critérios: ser professor envolvido com a graduação; ser

aluno representante de turma e dos dois últimos semestres; ser enfermeiro das unidades de

saúde onde se desenvolvem os estágios do curso; ser gestor municipal ou estadual; ser

representante da comunidade - membro de conselhos locais de saúde (SILVA, 2010).

Após ampla revisão de literatura, as autoras sintetizaram quatro competências

essenciais à formação do enfermeiro nas áreas de atenção à saúde, administrativas e

gerenciais, educativas e de produção de conhecimento, que culminou na construção do perfil

de competências orientador da formação, constituído pelas competências profissionais

classificadas nessas quatro áreas e seus respectivos critérios de avaliação (ANEXO 2;

ANEXO 3; ANEXO 4; ANEXO 5). Essa construção levará em consideração que o trabalho

da enfermagem é realizado em várias instituições de saúde, pública ou privada, tendo seu

processo de trabalho voltado para as dimensões do cuidar, gerenciar, pesquisar e ensinar,

podendo ou não essas áreas estarem presentes em conjunto nas instituições (FELLI;

PEDUZZI, 2011).

Entendemos que as competências do perfil foram descritas considerando aptidões dos

enfermeiros, ou seja, atributos gerais e específicos, que apresentam os conhecimentos,

habilidades e atividades a serem desempenhadas e aplicadas nas diversas situações de

trabalho (ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). Quanto aos

38

critérios de avaliação, compreendem a lista integrada dos aspectos de desempenho

que devem ser atendidos como evidência do desempenho profissional competente

em exercício, expressam as características dos resultados, relacionando-se com o

alcance descrito (ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014, p. 2).

O mencionado perfil foi consensuado/validado por meio da Conferência de Consenso5,

esta organizada em 3 etapas, a saber: o preenchimento individual de uma matriz por parte dos

participantes, discussão aberta entre os mesmos e uma nova resposta individual às questões

propostas pela matriz (SILVA et al., 2010). De acordo com as autoras, a primeira etapa da

conferência realizou-se com a apreciação do perfil de competências pelos participantes, que

atribuíram nota de 0 a 10 obedecendo à importância de cada item. Na segunda etapa foi

realizado grupo focal com docentes especialistas nas referidas áreas de conhecimento, que

culminou em ajustes na redação do mencionado perfil. A terceira e última etapa reuniu

coordenadores de cursos de graduação em enfermagem do Mato Grosso com o intuito de

aprimorar o processo de consenso. Assim, o perfil de competências foi consensuado/validado

e o presente estudo considerou como importante sua atualização por meio da validação de

conteúdo.

4.3.2 Primeira etapa quanti-qualitativa: validação com juízes especialistas

4.3.2.1 Seleção dos juízes especialistas

Como mencionado anteriormente, para a validação, é necessário um grupo com no

mínimo 5 participantes, identificados neste estudo como juízes especialistas. Previamente à

seleção, elaboramos uma lista com os nomes dos possíveis participantes, enfermeiros atuantes

em âmbito hospitalar, chefes de divisão de enfermagem e/ou com expertise sobre a temática

competência profissional na área da enfermagem, porém todos com experiência assistencial

hospitalar e inserção em diferentes realidades assistenciais do país. Foram identificados por

meio dos sites dos hospitais universitários de todo o país e pela autoria de artigos científicos

sobre o tema.

Foram listados 59 possíveis juízes especialistas. Procedemos à análise dos currículos

por meio da Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), identificando algumas especificidades dos participantes por meio de

critérios de seleção de Fehring. Os participantes que obtiveram a pontuação mínima de três a

5 O grupo utilizou a Conferência de Consenso, técnica para obter consenso entre especialistas, com a

participação dos envolvidos no curso de graduação em enfermagem da FAEN/UFMT, e a validação do perfil foi

concretizada por um grupo menor de docentes com especificidades, a saber: ser coordenador ou vice-

coordenador de curso de graduação em MT e ter experiência de ensino em curso de graduação em enfermagem.

39

partir da soma dos critérios de seleção tornaram-se elegíveis para participar da pesquisa. No

entanto, para tal procedimento, identificamos previamente por números cada critério de

seleção (Quadro 2).

Quadro 2 - Critérios para seleção dos juízes especialistas

CRITÉRIOS PONTOS

Ser doutor 2

Ser mestre 1

Ser especialista (Lato Sensu) 1

Ter dissertação ou tese com a temática

competência na área profissional

2

Ter publicação de artigo científico com a temática

competência na área profissional

2

Ter experiência em gestão hospitalar > ou = 2

anos

2

Ter experiência em assistência hospitalar > ou = 5

anos

1

Ter experiência como docente > ou = 2 anos 1

Fonte: adaptado do sistema de classificação de experts de Fehring, 2011.

O quadro foi produzido a partir do trabalho de revisão de Melo et al. (2011), no qual

são abordadas as diversas produções científicas que utilizaram como seleção de experts em

estudos de validação os critérios de Fehring, que estão assim elencados: ser mestre em

enfermagem, com dissertação e artigo publicados na área de interesse; ter doutorado em

enfermagem com tese na área de interesse, prática clínica, especialização na área clínica.

Optou-se, neste estudo, pela adaptação dos critérios de acordo com a realidade e objetivos da

pesquisa.

Após a análise dos currículos foram excluídos 2 profissionais que não alcançaram a

pontuação mínima, assim sendo foram selecionados 57 juízes especialistas.

4.3.2.2 Procedimentos de coleta de dados quanti-qualitativos

O primeiro contato com os participantes foi realizado com um pré-convite, por e-mail,

via telefone ou mediado pelas secretárias das divisões de enfermagem dos hospitais, com

informações sucintas sobre a pesquisa, no intuito de demonstrar a importância da participação

e possíveis contribuições ao estudo.

Para a coleta de dados foi utilizada a técnica Delphi que

40

[...] consulta um grupo de especialistas a respeito de eventos futuros, através de um

questionário, que é repassado continuadas vezes até que seja obtida uma

convergência das respostas, um consenso, que representa uma consolidação do

julgamento intuitivo do grupo (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000, p. 54)

Portanto, trata-se de questionário interativo, perpassando repetidas vezes por um grupo

de experts, tendo como características o anonimato dos respondentes, o feedback de respostas

do grupo, reavaliação das respostas, e passando para os ciclos seguintes, podendo ser

representado estatisticamente (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000).

Dessa maneira, previamente à coleta de dados, foi estipulado o nível de consenso entre

as respostas dos juízes especialistas, com o valor maior ou igual a 70%. Entretanto, esse valor

pode variar de 50% a 80% (REVORÊDO et al., 2015). Segundo Pereira e Alvim (2015, p.

179), “o ponto de corte para obtenção do consenso é definido pelo pesquisador, devendo ser

maior que o percentil 50”.

No estudo de Vieira, Ohara e Domenico (2016), que construiu e validou um

instrumento para a avaliação de egressos do curso de graduação em enfermagem, a validação

foi efetivada pela técnica Delphi, adotando-se um nível mínimo de 70% para o consenso entre

os especialistas de Enfermagem do Brasil.

Identificamos que não há consenso para o nível de concordância entre os juízes nas

referências científicas analisadas, e o consenso entre os juízes especialistas foi firmado em

70% para este estudo, utilizando-se um percentil maior que 50, visando à obtenção de

credibilidade para a validação.

Procedemos, assim, à construção do questionário no SurveyMonkey, um programa de

questionários virtuais, que podem ser enviados por meio de aparelhos móveis, pela web ou

mídias sociais, e que exibe respostas e resultados em tempo real, auxiliando na coleta e

análise dos dados.

O questionário foi estruturado do seguinte modo: primeiramente foram adicionados

todos os itens do perfil de competências a serem validados, de modo que o participante, ao

abri-lo, deparava-se com uma carta contendo sucinta apresentação da pesquisadora assistente,

o título, os objetivos, o procedimento de coleta de dados do estudo e orientações do que se

tratava as competências e critérios de avaliação do perfil; ao "avançar" era direcionado para a

página seguinte, deparando-se com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e

ao clicar em "sim", respondendo à pergunta "Concorda em participar da pesquisa?", era

direcionado às orientações de como proceder para responder ao questionário; ao avançar

novamente, acessava o conteúdo do questionário com as competências e seus respectivos

41

critérios de avaliação para serem apreciados. Os mesmos foram enviados por e-mail aos

participantes.

O questionário teve como escalonamento a escala de Likert, que foi desenvolvida por

Rensis Likert (1932) para mensurar atitudes no contexto das ciências comportamentais e que

"consiste em tomar um construto e desenvolver um conjunto de afirmações relacionadas à sua

definição para as quais os respondentes emitirão seu grau de concordância” (SILVA JÚNIOR;

COSTA, 2014, p. 5).

De acordo com os mesmos autores, "nesta escala os respondentes se posicionam de

acordo com uma medida de concordância atribuída ao item e, de acordo com esta afirmação,

se infere a medida do construto" (SILVA JÚNIOR; COSTA, 2014, p. 5).

Para cada item do perfil de competências, o escalonamento da escala de Likert foi

descrito por “concordo totalmente, concordo parcialmente, não concordo, nem discordo,

discordo parcialmente e discordo totalmente”, respectivamente, 1, 2, 3, 4 e 5 pontos. A escala

de Likert de 5 pontos foi escolhida, pois, de acordo com os estudos de Dalmoro e Vieira

(2013), ela possui um ponto neutro que é decorrente de escalas ímpares, tem nível de

confiabilidade adequado e ajusta-se aos respondentes com diferentes níveis de habilidade. Os

autores apresentaram no seu estudo a referida escala como a mais adequada, visto que informa

positivamente ou negativamente a opinião dos participantes. Para eles, a escala de 3 pontos

mostrou-se menos confiável, com deficit em demonstrar com precisão a opinião dos

participantes, e a escala de 5 pontos mostrou-se mais fácil e rápida de manusear do que a de 7

pontos (DALMORO; VIEIRA, 2013).

Além da escala Likert, foram adicionadas ao questionário caixas para comentários, nas

quais os respondentes poderiam incluir suas contribuições ou/e o que julgassem necessário

mencionar sobre as competências e critérios de avaliação. Foi solicitado que justificassem a

resposta, caso marcassem em algum item o "discordo parcialmente" ou "discordo totalmente".

Desse modo, levantamos os dados qualitativos.

O acesso ao questionário foi livre, permitindo saídas e retornos de acordo com a

disponibilidade do participante em responder. Foi estabelecido o prazo de 30 dias para

respostas, com emissão de lembrete via e-mail a cada 10 dias, reforçando o pedido de

participação e reiterando a importância das contribuições que poderiam externar.

A coleta de dados desta etapa foi realizada durante 30 dias entre os meses de abril e

maio de 2016. Com o término do prazo estipulado, foi feito o fechamento dos questionários, e

os participantes que mantiveram os questionários incompletos ou que não responderam foram

excluídos.

42

Como mencionado anteriormente, foram selecionados 57 participantes e enviados os

questionários pelo SurveyMonkey a todos. Dos 57 questionários enviados, recebemos 30

respondidos, porém dois deles estavam incompletos e foram excluídos. Restaram, assim, 28

questionários respondidos de forma completa, ou seja, obtivemos 28 respondentes, número

final de juízes especialistas (Figura 2). Para cada participante foi enviada uma declaração de

participação da pesquisa como avaliador do perfil de competências.

Figura 2 – Seleção e definição final dos juízes especialistas

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Para a pesquisa que utiliza a técnica Delphi pode haver diminuição de até 30% dos

participantes (PEREIRA; ALVIM, 2015). Já os pesquisadores Wright e Giovinazzo (2000)

mencionam em sua obra que pode ocorrer abstenção de 30% a 50% por parte dos

respondentes. Nesse sentido, Pereira e Alvim (2015) alertam que na seleção dos participantes

seja aplicado um índice de segurança técnica, não podendo ser inferior à margem de perda

prevista, garantindo a concretização da pesquisa sem comprometer a qualidade do resultado.

Contudo, obtivemos uma abstenção de 51% dos juízes especialistas.

Entretanto, de acordo com Powell (2003), a representatividade numérica dos

participantes para fins estatísticos não é tão importante quanto a representatividade de suas

qualidades. Nessa lógica, como o objetivo do estudo é a validação, um número mínimo de

cinco juízes é considerado adequado, tendo como essencial algumas características, como a

qualificação, formação e disponibilidade de tempo (ALEXANDRE; COLUCI, 2011), para sua

efetivação.

Juízes especialistas selecionados

pelos critérios de seleção = 59

Não atingiram a pontuação

mínima de 3 e foram

excluídos = 2

Questionários enviados aos

participantes = 57

Não responderam =

27

Responderam de forma

incompleta e excluídos = 02

Responderam de forma

completa = 28

43

4.3.3 Segunda etapa quanti-qualitativa: validação com pares

4.3.3.1 Seleção dos pares

Nesta pesquisa, foi considerado como pares os enfermeiros atuantes em âmbito

hospitalar. A seleção dos participantes ocorreu por amostragem não probabilística por

conveniência, que de acordo com Polit e Beck (2011, p. 343) "envolve o uso das pessoas mais

convenientemente disponíveis como participantes".

Os critérios de inclusão foram ser enfermeiro e atuar na atenção hospitalar, e os

critérios de exclusão não ter respondido e/ou respondido de forma incompleta o questionário.

4.3.3.2 Procedimentos de coleta de dados quanti-qualitativos

Os procedimentos de coleta de dados assemelham-se aos da primeira etapa. A técnica

utilizada foi a Delphi. Foi definido o nível de consenso de pelo menos 70% para as respostas

dos participantes.

O propósito da segunda etapa foi averiguar o nível de concordância entre os pares

sobre o conteúdo do perfil de competências reformulado, que foi inserido em formato de

questionário no programa SurveyMonkey, estruturado da mesma forma como o da primeira

etapa.

Aos pares, como aos juízes especialistas, foi solicitado que justificassem as respostas

caso marcassem em algum item o "discordo parcialmente" ou "discordo totalmente", no

entanto alguns apenas assinalaram a questão sem justificar.

Uma vez organizado o questionário no SurveyMonkey, foi realizada a sensibilização

de modo presencial nos hospitais, em diferentes turnos de trabalho, aos possíveis participantes

enfermeiros e por telefone, para os que não estivessem presentes no momento da

sensibilização. O propósito da mesma foi de explicar os objetivos da pesquisa, a necessidade

de informarem os endereços eletrônicos, já que o questionário seria enviado por e-mail, bem

como para externar a importância da participação dos mesmos.

Uma lista com os nomes dos enfermeiros de todos os hospitais nos auxiliou, contudo

verificou-se que faltava a maioria dos endereços eletrônicos, e foi durante a sensibilização que

confirmamos e coletamos os mesmos, obtendo a maioria dos e-mails que não constavam na

lista.

A coleta de dados desta etapa foi realizada durante 30 dias entre os meses de setembro

e outubro de 2016. A cada 10 dias eram emitidos lembretes via e-mail reiterando o pedido de

participação.

44

Do total de 212 enfermeiros distribuídos nos três hospitais, enviamos o questionário

para 174, dos quais tivemos acesso aos endereços eletrônicos. Tivemos o retorno de 83

questionários, porém 11 deles estavam com respostas incompletas e 91 não foram

respondidos, excluindo-se, assim, 102 questionários. Restaram 72 questionários com

respostas completas dos pares.

Com o término do prazo estipulado, os questionários foram fechados por meio do

programa SurveyMonkey, e os participantes que mantiveram os questionários incompletos ou

que não responderam foram excluídos.

Figura 3– Levantamento da participação dos pares

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Mesmo sendo bem recebida em todos os hospitais e percebendo interesse dos

enfermeiros em contribuir com a pesquisa, durante a sensibilização nos deparamos com

alguns entraves: os pares não possuíam, não lembravam ou informavam endereço eletrônico

errado; falta de acesso à internet; férias, faltas, atestados médicos e folgas do trabalho, os

quais suprimiram o alcance dos participantes; duplo vínculo empregatício, o que pressupomos

deficit de tempo. Assim, justificamos as perdas que obtivemos do total de participantes.

Contudo, como já dissemos, para a técnica Delphi, o pesquisador deve considerar uma

margem de 30% a 50% de abstenção dos participantes na primeira rodada para os quais foram

“enviados” os questionários (WRIGTH; GIOVINAZZO, 2000; PEREIRA; ALVIM, 2015).

Obtivemos a partir dos 174 questionários enviados uma abstenção de 52% dos enfermeiros.

Também ressaltamos que para a técnica Delphi não há consenso quanto à

representatividade numérica dos participantes para fins estatísticos. A representatividade em

função das qualidades dos mesmos é considerada mais valiosa (POWELL, 2003).

• 83 questionários enviados

• 43 respondidos

Hospital Público

• 35 questionários enviados

• 14 respondidos

Hospital Filantrópico

• 52 questionários enviados

• 15 respondidos

Hospital Privado

• 174 questionários enviados: 91 não respondidos - 11 incompletos

Total de participantes = 72

45

Sobre o quantitativo de participantes, os autores Pompeo, Rossi e Paiva (2014, p. 50)

afirmam: “a validação de conteúdo não necessita de cálculo amostral”. Porém, fomos

cautelosos em reunir o maior quantitativo possível de participantes.

No que diz respeito aos dados qualitativos, foram provenientes das caixas de

comentários, as quais os participantes inseriram suas sugestões/contribuições sobre o perfil e

o que julgassem pertinente à pesquisa.

4.3.4 Procedimentos de análise de dados quanti-qualitativos das duas etapas

Apresentamos os procedimentos adotados para a execução das análises dos dados

quantitativos e qualitativos das etapas. Utilizamos a análise de métodos mistos adaptada de

Creswell e Clark (2013).

Quadro 3 - Procedimentos de análise de dados quantitativos e qualitativos das etapas

Análise de dados quantitativos Análise de dados qualitativos

Preparo dos dados em programas de

computador Organização dos dados

Inserção dos dados nos programas Leitura do material

Acompanhamento de análises

descritivas Codificação dos dados

Análise dos dados para responder aos

objetivos do estudo

Seleção das unidades de significado

no texto

Escolher o teste estatístico apropriado Categorização dos dados e novos

achados

Apresentação dos dados em tabelas

ou quadros

Apresentação das categorias em texto

ou tabelas, comparando-as com a

literatura Fonte: adaptado de Creswell e Clark (2013).

Para a análise dos dados qualitativos, que subsidiaram a reformulação do perfil de

competências, foram utilizados os procedimentos descritos no Quadro 4.

46

Quadro 4 - Procedimentos de análise de dados das contribuições referentes ao perfil de

competências

Análise de dados qualitativos – contribuições para o perfil de competências

Codificação dos participantes

Organização dos dados do questionário virtual

Construção do corpus para cada área de competência

Leitura exaustiva dos dados

Análise por meio de evidências empíricas, embasamento na literatura e referencial

conceitual

Reformulação do perfil de competências

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

4.3.4.1 Análise dos dados quantitativos

Foi utilizada a análise descritiva simples. A validação de conteúdo das competências

atenção à saúde, administrativa e gerencial, educativa e de produção de conhecimento com

seus respectivos critérios de avaliação se deu por meio do Índice de Validade de Conteúdo

(IVC), com o qual mede-se a proporção ou porcentagem de especialistas que estão em

concordância com o instrumento e seus componentes, tendo por base o escore do índice, que é

calculado por meio da soma da concordância desses itens (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).

A escala de Likert auxiliou na mensuração do IVC.

Visualizamos o mencionado, no estudo de Sousa e Alves (2015), que teve como

objetivo identificar competências do enfermeiro para o cuidado paliativo na atenção

domiciliar, no qual utilizaram a técnica Delphi cujos dados são semelhantes aos da presente

pesquisa. Os autores obtiveram após a análise dos dados da primeira rodada o grau de

consenso entre os participantes que eram enfermeiros, de 70%, o qual havia sido acordado

previamente, não sendo necessária uma segunda rodada.

Alexandre e Coluci (2011) reportaram-se em seu estudo ao cálculo do IVC: 1 = não

claro, 2 = pouco claro, 3 = bastante claro, 4 = muito claro; até aqui foi possível observar que

há uma escala de Likert de 4 pontos, e o escore do índice foi calculado pela soma dos itens

apontados como 3 e 4, nesse caso, os itens com maior concordância. Dessa maneira, a

fórmula a ser aplicada ficou assim constituída:

47

Número de respostas "3" ou "4"

ou

Respostas em concordância

IVC= __________________________

Número total de respostas

Nesse sentido, verificamos o IVC por meio da soma das respostas que obtiveram

concordância, representadas por "1. Concordo totalmente" ou "2. Concordo parcialmente" na

escala de Likert de 5 pontos. O cálculo foi realizado manualmente a partir das respostas dos

28 juízes especialistas e 72 pares, e alcançamos o consenso com apenas uma rodada Delphi

nas duas etapas.

Para certificarmo-nos sobre o consenso atingido, arrolamos a proporção de

participantes que responderam com concordância total ou concordância parcial aos itens

apresentados no perfil de competências e procedemos a uma análise dicotômica. Essa

certificação do consenso foi necessária, pois quando há a junção de dois níveis, no caso desta

pesquisa o concordo totalmente e o concordo parcialmente, cria-se uma variável dicotômica.

Desse modo, procedemos à análise dicotômica por meio do teste binominal, que representa o

teste de probabilidade entre duas possibilidades. Averiguamos assim, se a proporção dos

participantes que responderam em concordância encontrava-se estatisticamente igual ou

superior a 70%.

Para tanto, utilizamos também para o cálculo da proporção o intervalo de confiança

(IC), estipulado em 95%. O IC nos forneceu o intervalo que estaríamos com 95% de

confiança da cobertura do verdadeiro valor de um parâmetro. A interpretação do nível de

consenso obtivemos por meio da análise do IC 95% superior ou igual a 70% e da probabili-

dade dessa proporção não ter sido devida ao acaso (p=0,05).

Para o teste binominal, utilizou-se o OpenEpi, que realiza estatísticas epidemiológicas

de código aberto para a saúde pública. É programa gratuito que oferece estatísticas para casos

e medidas em estudos descritivos e analíticos, análises estratificadas com limites de confiança

exatos, análises pareadas e pessoa-tempo, cálculos de tamanho de amostra e outras análises

estatísticas (OPENEPI, 2016, online).

Os dados foram adicionados ao programa estatístico - total de respostas dos

participantes (28 da primeira etapa e 72 da segunda etapa), total de respostas em concordância

e percentil a ser atingido. Isto é, somamos as respostas dos participantes que responderam

"concordo totalmente" ou "concordo parcialmente" para cada item do perfil de competências e

48

essa soma foi dividida pelo número total de respostas dos participantes e, por último,

adicionamos o percentil de 70 para verificar a proporção das respostas e obtivemos o cálculo.

Com o programa, conseguimos, simultaneamente, o cálculo da porcentagem de

proporção das respostas em concordância dos participantes, o intervalo de confiança (IC) e o

valor de p.

4.3.4.2 Análise dos dados qualitativos

Para a análise qualitativa dos dados, os 28 juízes especialistas foram identificados

pelas letras iniciais JE, seguidas por números entre 1 e 28, sendo apresentados como JE1 a

JE28. Identificamos os pares pela letra inicial P, seguida por números de 1 a 72, apresentados

como P1 a P72.

Em seguida, os dados referentes ao perfil de competências foram retirados do

questionário virtual, transferidos para um documento do editor de texto Word e categorizados

por competências, a saber: atenção à saúde, administrativa e gerencial, educativa e produção

de conhecimento.

Para a primeira etapa, construímos uma tabela para cada área de conhecimento,

contendo cinco colunas: na primeira, inserimos a versão original do perfil de competências;

na segunda, as contribuições dos participantes; na terceira, a justificativa caso fossem ou não

acatadas; na quarta coluna, a nova redação da competência e critérios de avaliação, caso

constassem alterações; e na quinta e última coluna, direcionamos as contribuições que foram

qualificadas em formato, conceitos e/ou políticas referentes ao perfil de competências.

Para a segunda etapa, procedemos da mesma maneira, mas na primeira coluna

inserimos o perfil de competências reformulado, proveniente da primeira etapa.

As reformulações no perfil de competências foram realizadas por meio de impressões

e experiências que as pesquisadoras detêm sobre o campo da assistência em enfermagem,

gestão hospitalar, docência em cursos de graduação em enfermagem, alinhado por

embasamento na literatura acerca da temática competência profissional e pelo conceito de

competência profissional adotado na presente pesquisa, no qual o enfermeiro deve agir com

pertinência nas diferentes situações, ter iniciativa e responsabilidade, promovendo a

mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes, com real entrega do seu trabalho à

instituição de saúde e usuários e agregação de valores para todos.

49

Os dados qualitativos foram avaliados de forma a responder aos objetivos inicialmente

propostos na pesquisa e foram analisados por meio da análise de conteúdo do tipo temática,

que segundo Minayo (2014, p. 315) “a noção de tema está ligada a uma afirmação a respeito

de determinado assunto. Ela comporta um feixe de relações e pode ser graficamente

apresentada através de uma palavra, de uma frase, de um resumo”.

4.4 Aspectos éticos da pesquisa

A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário

Júlio Müller (HUJM) com aprovação sob o parecer nº 1.377.833, de 21 de dezembro de 2015,

e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 51716915.6.0000.5541.

Todos os participantes das etapas concordaram com as informações contidas no TCLE

virtual e aceitaram participar da pesquisa. Foram respeitadas as exigências da resolução nº

466, de 2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que dispõe sobre as Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos, conferindo aos participantes o

sigilo das informações e o anonimato.

50

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES DA VALIDAÇÃO DO PERFIL DE

COMPETÊNCIAS

Os resultados e discussões apresentados fazem parte da primeira etapa -validação com

juízes especialistas - e da segunda etapa - validação com pares.

5.1 Caracterização dos juízes especialistas

As tabelas elencam o sexo, a faixa etária, região de atuação profissional, titulação,

tempo de experiência em gestão e assistência na área hospitalar.

Tabela 1 - Distribuição dos juízes especialistas quanto ao sexo. Brasil. 2016.

Sexo (n) %

Masculino 02 7,14%

Feminino 26 92,86%

Total 28 100%

A maioria dos juízes especialistas é do sexo feminino por se tratar de participantes

enfermeiros e por ser a Enfermagem uma profissão com predominância de mulheres.

Tabela 2 - Distribuição dos juízes especialistas por faixa etária. Brasil, 2016.

Faixa etária (n) %

30-40 anos 07 25%

41-50 anos 06 21,43%

51-60 anos 12 42,84%

= ou > 61 anos 03 10,71%

Total 28 100%

A idade oscilou entre 30 e mais de 61 anos, com predominância expressiva para a

faixa etária de 51 a 60 anos (42,84%).

51

Tabela 3 - Distribuição dos juízes especialistas quanto à região de atuação profissional.

Brasil, 2016.

Região (n) %

Norte 02 7,14%

Nordeste 08 28,57%

Centro-oeste 01 3,57%

Sudeste 10 35,7%

Sul 07 25%

Total 28 100%

Quanto à região de atuação, houve contribuições de enfermeiros de todas as regiões

geográficas do país, com predominância do Sudeste e Nordeste, especificamente do estado de

São Paulo e do Ceará. Nessas regiões há maior concentração de hospitais universitários.

Tabela 4 - Distribuição dos juízes especialistas quanto à titulação. Brasil, 2016.

Titulação (n) %

Doutor 13 46,43%

Mestre 06 21,43%

Especialista 09 32,14%

Total 28 100%

Considerando a titulação, o maior número de participantes são doutores (46,43%). Os

especialistas com 32,14%, referente a nove participantes e seis com titulação de mestre

(21,43%). Deste rol de titulações, dois participantes são pós-doutores e um livre docente.

Tabela 5 - Distribuição dos juízes especialistas quanto ao tempo de experiência em gestão

hospitalar. Brasil, 2016.

Gestão Hospitalar (n) %

Sem experiência 02 7,14%

1-10 anos 16 57,12%

11-20 anos 09 32,14%

+ de 20 anos 01 3,57%

Total 28 100%

52

Quanto ao tempo de experiência em gestão hospitalar, apenas dois participantes

(7,14%) não têm experiência e os juízes especialistas entre um e dez anos são a maioria, 16

(57,12%). A experiência entre 11 e 20 anos foi considerável, totalizando nove juízes

especialistas (32,14%). Esses números foram importantes para a pesquisa, que buscou, dentre

outros elementos, arrolar profissionais com experiência em gestão.

Tabela 6 - Distribuição dos juízes especialistas quanto ao tempo de experiência assistencial

na área hospitalar. Brasil, 2016.

Assistência

Hospitalar

(n) %

1-10 anos 09 32,14%

11-20 anos 08 28,57%

21- 30 anos 07 25%

+ de 30 anos 04 14,28%

Total 28 100%

No que tange ao tempo de experiência assistencial em âmbito hospitalar, os

participantes têm entre um a dez anos de experiência (32,14%), e apenas quatro com menos

de cinco anos. Dentre os especialistas, oito (28,57%) apresentam experiência entre 11 e 20

anos e sete, entre 21 e 30 anos (25%). Um total de quatro (14,28%) com 30 anos ou mais. Os

resultados indicam confiabilidade para as contribuições coletadas para a pesquisa.

5.2 Resultados quantitativos da validação do perfil de competências por juízes

especialistas

Apresentamos as tabelas com os resultados quantitativos das avaliações dos juízes

especialistas para as competências da atenção à saúde, administrativa e gerencial, educativa e

produção de conhecimento, com seus respectivos critérios de avaliação.

53

5.2.1 Resultados da avaliação quantitativa da competência atenção à saúde e

critérios de avaliação

Quadro 5 - Distribuição dos itens do perfil referentes à competência atenção à saúde e seus

critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes especialistas.

COMPETÊNCIA: ATENÇÃO À

SAÚDE

Nível de Concordância

(n=28)

%IVC (IC 95%)

p

CT CP NC/

ND

DP

DT

Estar apto a intervir no processo saúde-

doença responsabilizando-se pela

qualidade da assistência/cuidado de

enfermagem em seus diferentes níveis de

atenção a saúde, com ações de prevenção,

promoção, proteção e reabilitação à saúde,

na perspectiva da integralidade da

assistência tanto em nível individual

quanto coletivo.

21 6 0 1 0 96,2 (82,5; 99,8) 0,003

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

CT CP NC/

ND

DP

DT

%IVC (IC 95%)

p

1.1 Reconhece vulnerabilidades e riscos

potenciais em indivíduos, e grupos

populacionais considerando os seus

condicionantes e determinantes.

22 4 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

1.2 Identifica necessidades e problemas de

saúde (individuais e coletivos) dentro de

um contexto específico de vida e da

instituição de saúde.

22 4 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

1.3 Aplica instrumentos de avaliação e

interpretação do estado de saúde.

17 8 1 2 0 89% (73,55-97,2) 0,025

1.4 Diagnostica necessidades e problemas

a partir de pressupostos teórico-

metodológicos (teorias, métodos e

técnicas).

19 7 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

1.5 Reconhece as necessidades e

problemas de saúde em suas diversas

dimensões (sociocultural, psicoemocional,

biológica e ambiental), considerando suas

expressões e fases evolutivas.

21 4 1 2 0 89% (73,55-97,2) 0,025

1.6 Toma decisões para enfrentamento de

situações problema.

25 2 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

1.7 Propõe alternativas de solução

baseadas em evidências científicas,

respeitando as condições do indivíduo e

família e/ou coletividade, seus

conhecimentos, cultura, autonomia e

vulnerabilidade.

22 4 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

1.8 Responsabiliza-se pela qualidade da

assistência/cuidado de enfermagem em

21 5 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

54

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p. Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

O conteúdo da competência atenção à saúde apresentou alto nível de concordância

entre os juízes especialistas. Dos 28 participantes, 27 responderam em concordância. Entre as

28 possibilidades de respostas, obtivemos 27 pontos referentes ao concordo totalmente e

concordo parcialmente, sendo aprovada com 96%.

Quanto à avaliação do conteúdo dos critérios de avaliação, os itens 1.3, 1.5 e 1.13

obtiveram o menor índice de concordância entre os juízes especialistas (89%), mas foram

validados de acordo com o nível de consenso definido previamente de 70%. Os itens 1.6 e

1.10 obtiveram, respectivamente, 96% e 100% de respostas em concordância. Os demais

critérios de avaliação foram adequadamente avaliados com 93% de concordância.

Considerando os 14 itens do perfil da área do cuidar, entre as 392 possibilidades de

respostas, obtivemos 364 pontos referentes às respostas concordo totalmente e concordo

parcialmente, aprovado em 93%.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

A revisão integrativa de Ribeiro et al. (2013), sobre estudos de validação na área da

enfermagem concluiu que, dentre outros elementos, o maior número de estudos identificados

reporta-se à validação de conteúdo de instrumentos relacionados a eventos acerca da prática

diferentes níveis da atenção a saúde, na

perspectiva da integralidade da

assistência.

1.9 Utiliza tecnologias adequadas à

solução dos problemas/ necessidades.

17 8 0 3 0 89% (73,55-97,2) 0,025

1.10 Reconhece-se membro da equipe de

saúde integrando as ações de enfermagem

às ações multiprofissionais.

26 2 0 0 0 100% (89,85-100) <0,00

0

1.11 Interpreta os resultados de sua

intervenção a partir de indicadores de

mudança.

20 6 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

1.12 Avalia processos de intervenção com

base em métodos e instrumentos de

interpretação e de intervenção em saúde.

18 8 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

1.13 Traduz e divulga os resultados do

trabalho em enfermagem em linguagem

acessível à clientela (profissionais e

usuários).

18 7 2 1 0 89% (73,55-97,2) 0,025

TOTAL 268 69 08 19 00

(Continua)

55

clínica voltados à saúde da criança, do adulto e da mulher, com ênfase na assistência de

usuários com enfoque nas dimensões físicas e emocionais.

Os instrumentos com validação de conteúdo podem ser um diferencial quando unidos

à formação do enfermeiro, com utilização durante os estágios supervisionados, a fim de

reflexão e/ou críticas para a prática dos futuros profissionais.

5.2.2 Resultados da avaliação quantitativa da competência administrativa e gerencial e

critérios de avaliação

Quadro 6 - Distribuição dos itens do perfil referentes à competência administrativa e

gerencial e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes especialistas.

COMPETÊNCIA:

ADMINISTRATIVA E GERENCIAL

Nível de Concordância

(n= 28)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Estar apto a tomar iniciativas, gerenciar

a força de trabalho, os recursos físicos e

materiais e as tecnologias de

informação, e estar apto a ser

empreendedor, gestor e líder das equipes

de saúde e de enfermagem.

20 6 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP

NC/

ND

DP DT %IVC (IC95%) p

2.1 Identifica as políticas sociais e

modelos de atenção à saúde e suas

implicações na organização das diversas

áreas e níveis assistenciais.

24 4 0 0 0 100% (89,85-100) <0,000

2.2 Discerne entre as diversas formas de

organização do trabalho e seus

fundamentos científicos.

23 4 1 0 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.3 Identifica parceiros para o

estabelecimento de redes de cooperação,

existentes na realidade local, para a

resolução de problemas.

22 4 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

2.4 Reconhece os elementos

constitutivos do processo de trabalho em

saúde e enfermagem (subjetivos,

técnico-científico, ético-político e sócio

educativo).

25 1 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

2.5 Identifica os elementos das políticas

institucionais de recursos humanos e não

humanos e seus determinantes no

gerenciamento de pessoas, materiais,

equipamentos, custos /financeiro,

ambientes, tecnologias, informações e

20 5 2 1 0 89% (73,55-97,2) 0,025

56

assistência de saúde e de enfermagem.

2.6 Correlaciona as influências da

evolução do pensamento administrativo

na prática gerencial dos serviços de

saúde e de enfermagem nos diferentes

níveis de atenção.

21 4 2 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

2.7 Analisa a estrutura física e

organizacional dos serviços de saúde e

enfermagem, tendo em vista as

intervenções para melhorias do processo

de trabalho.

24 3 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.8 Analisa as fragilidades e

potencialidades (subjetividade/planos

em conflito/ liderança informal) para o

processo de trabalho

administrativo/gerencial.

25 1 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

2.9 Reconhece-se como agente de

transformação social e de mudanças que

assegurem o bem estar individual e

coletivo.

24 4 0 0 0 100% (89,85-100) <0,000

2.10 Reconhece-se como líder e

responsável técnico para equipe de

enfermagem e integrante de uma equipe

multiprofissional.

25 2 1 0 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.11 Utiliza princípios científicos, éticos

e legais na tomada de decisão e nas

relações interpessoais nos serviços de

saúde e enfermagem.

27 1 0 0 0 100% (89,85-100) <0,000

2.12 Planeja, de forma compartilhada, a

resolução dos problemas gerenciais

relacionados com o cuidado em saúde e

enfermagem.

25 2 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.13 Implementa ações articuladas com

as políticas de RH e de educação

permanente da instituição.

24 3 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.14 Gerencia o cuidado de enfermagem

em todos os processos de trabalho em

saúde.

21 6 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.15 Acompanha e supervisiona o

processo de trabalho em enfermagem

utilizando medidas para garantir a

qualidade da atenção à saúde conforme

direitos do cidadão.

24 3 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

2.16 Emprega metodologias avaliativas

que agreguem os trabalhadores e a

comunidade atendida de forma

corresponsável para a melhoria dos

serviços de saúde.

20 5 1 2 0 89% (73,55-97,2) 0,025

2.17 Divulga as avaliações realizadas

entre os trabalhadores, a clientela

interessada e a comunidade científica.

20 5 1 2 0 89% (73,55-97,2) 0,025

TOTAL 394 57 10 15 0

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

(Continua)

57

O conteúdo da competência administrativa e gerencial foi aprovado com 96% de

concordância entre os juízes especialistas. Entre as 28 possibilidades de respostas, obtivemos

26 pontos referentes ao concordo totalmente e concordo parcialmente, aprovado com 93%.

No que diz respeito à avaliação do conteúdo dos critérios de avaliação, os itens 2.1,

2.9 e 2.11 obtiveram 100% de respostas em concordância e os itens 2.5, 2.16 e 2.17 obtiveram

índice de concordância de 89%, os mais baixos. Contudo, foram validados atendendo ao

consenso firmado em 70%. Os demais critérios tiveram concordância entre 93% e 96%.

Considerando os 18 itens do perfil da área de gerenciamento, entre as 504

possibilidades de respostas, obtivemos 477 pontos referentes às respostas concordo totalmente

e concordo parcialmente, aprovado em 95%.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

5.2.3 Resultados da avaliação quantitativa da competência educativa e critérios de

avaliação

Quadro 7 - Distribuição dos itens do perfil referentes à competência educativa e seus critérios

de avaliação, quanto à avaliação dos juízes especialistas.

COMPETÊNCIA: EDUCATIVA

Nível de Concordância

(n= 28)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Ser capaz de aprender

continuadamente para a sua formação.

Responsabilizar-se com a educação e

capacitação de futuros profissionais e

de membros de sua equipe, de maneira

que haja benefício mútuo entre os

futuros profissionais e os profissionais

do serviço, estimulando o

desenvolvimento e a mobilidade

acadêmica/profissional, a formação e

cooperação. Ser capaz de promover a

educação em saúde de indivíduos,

famílias e grupos visando à construção

de conhecimentos para o autocuidado,

o cuidado do outro, mudança de estilos

de vida e para a participação no

controle social em saúde.

17 8 0 2 1 89% (73,55-97,2) 0,025

58

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP

NC/

ND DP DT %IVC (IC95%) p

3.1 Reconhece as concepções saúde-

doença dos indivíduos e grupos,

considerando os aspectos

socioculturais inerentes ao trabalho

educativo.

21 7 0 0 0 100% (89,85-100) <0,000

3.2 Reconhece as potencialidades e

dificuldades da equipe de enfermagem

relacionadas com o desenvolvimento

de suas competências profissionais.

23 4 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

3.3 Reconhece a necessidade de sua

educação e qualificação continuada.

24 3 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

3.4 Avalia as necessidades educativas

de indivíduos, grupos e profissionais.

23 4 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

3.5 Analisa a adequação da ação

educativa considerando a sua

finalidade, as diferentes estratégias

metodológicas e o contexto no qual

será implementada.

22 6 0 0 0 100% (89,85-100) <0,000

3.6 Planeja a atividade educativa

considerando as características do

grupo participante e o contexto no qual

a atividade será realizada.

25 1 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

3.7 Desenvolve atividades educativas

respeitando o conhecimento, direitos e

deveres do outro, com vista à

construção da autonomia e a

eliminação das desigualdades.

20 5 1 2 0 89% (73,55-97,2) 0,025

3.8 Busca autoeducação permanente. 25 1 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

3.9 Utiliza metodologias educativas

pertinentes/adequadas aos objetivos

propostos e à clientela para a qual a

atividade será dirigida.

25 2 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

3.10 Propõe e implementa de maneira

compartilhada a avaliação do processo

educativo realizado.

23 3 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

3.11 Avalia os resultados utilizando-os

para o planejamento de novas

atividades.

25 1 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

TOTAL 256 37 1 14 0

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

A competência educativa teve seu conteúdo aprovado em 89% pelos juízes

especialistas. Entre as 28 possibilidades de respostas, obtivemos 25 pontos referentes ao

concordo totalmente e concordo parcialmente, aprovado com 89%.

O consenso dos juízes especialistas sobre os critérios de avaliação oscilou entre 89% e

100%, com aprovação do conteúdo dos 11 itens, a partir do nível de concordância de 70%

(Continua)

59

definido para esta pesquisa. O item 3.7 obteve a menor concordância com 89% e os itens 3.1 e

3.5 obtiveram concordância de 100%

Levando em conta os 12 itens do perfil da área da educação, de 336 possibilidades de

respostas, obtivemos 318 pontos referentes ao concordo totalmente e concordo parcialmente,

aprovado em 95% o conteúdo.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

5.2.4 Resultados da avaliação quantitativa da competência produção de conhecimento e

critérios de avaliação

Quadro 8 - Distribuição dos itens do perfil referentes à competência produção de

conhecimento e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos juízes especialistas.

COMPETÊNCIA: PRODUÇÃO DE

CONHECIMENTO

Nível de Concordância

(n= 28)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Ser capaz de articular teorias e

conceitos considerando os métodos

científicos e concepções éticas na

produção de saberes em saúde, bem

como incorporar os resultados no

desenvolvimento técnico-científico da

enfermagem e na melhoria das

condições de vida e saúde da

população.

22 5 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP

NC/

ND DP DT %IVC (IC95%) p

4.1 Problematiza a situação de prática

que demandam investigação científica.

22 4 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

4.2 Identifica as diferentes formas de

produzir conhecimento e os

pressupostos teóricos que as orientam.

20 6 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

4.3 Identifica problemas prioritários e

passíveis de investigação,

considerando o envolvimento,

conhecimento prévio sobre ele e o

tempo para realizar o estudo.

19 7 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

4.4 Analisa os estudos desenvolvidos

sobre o problema a ser estudado

através de pesquisas em bases de dados

acadêmicas.

20 6 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

4.5 Utiliza instrumentos científicos/ 20 5 2 1 0 89% (73,55-97,2) 0,025

60

metodológicos para compreensão do

problema e proposição de questões de

pesquisa.

4.6 Elabora projeto de investigação ou

de intervenção articulado ao problema

levantado, utilizando metodologia

adequada e possível e ser executada no

tempo proposto, contemplando a ética

em pesquisa em saúde.

19 6 1 2 0 89% (73,55-97,2) 0,025

4.7 Realiza estudo conforme

cronograma proposto.

20 5 0 3 0 89% (73,55-97,2)

4.8 Elabora relatório de pesquisa

seguindo normas acadêmicas.

20 6 1 1 0 93% (78,35-98,78) 0,008

4.9 Prepara artigo para divulgação do

estudo.

19 6 0 3 0 89% (73,55-97,2) 0,025

4.10 Reformula sua prática segundo

evidências científicas.

24 3 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

4.11 Apresenta resultados para seus

pares nos diferentes fóruns de

divulgação científica.

18 7 0 3 0 89% (73,55-97,2) 0,025

4.12 Defende suas ideias de forma

fundamentada e acolhe críticas e

sugestões para a melhoria do estudo.

20 7 0 1 0 96% (83,62-99,82) 0,002

4.13 Produz artigos, cartilhas,

informativos conforme normas

específicas.

20 6 0 2 0 93% (78,35-98,78) 0,008

TOTAL 261 74 6 23 0

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

A competência produção de conhecimento obteve 96% de consenso entre os juízes

especialistas, com aprovação do conteúdo. Entre as 28 possibilidades de respostas, obtivemos

27 pontos referentes ao concordo totalmente e concordo parcialmente.

Quanto aos critérios de avaliação, os itens 4.7, 4.9 e 4.11 obtiveram três pontos cada,

com respostas discordando parcialmente, mas com aprovação de 89% do conteúdo de acordo

com as respostas em concordância dos juízes especialistas. Não houve critério com consenso

de 100%.

Considerando os 14 itens do perfil da área de pesquisa, de 392 possibilidades de

respostas, obtivemos 362 pontos referentes às respostas concordo totalmente e concordo

parcialmente, aprovado em 92%.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05)

Analisando a soma de todos os itens do perfil de competências e das repostas obtidas,

teríamos 1.624 possibilidades de respostas entre concordo totalmente e discordo totalmente;

(Continua)

61

obtivemos 1.521 de concordo totalmente e concordo parcialmente, com média geral de 93%,

considerando, assim, o perfil de competências aprovado em validade de conteúdo.

Na atualidade, enfermeiros têm se dedicado à produção de conhecimento unido aos

estudos de validação, por meio de instrumentos construídos e validados que visam auxiliar no

aperfeiçoamento da formação de novos profissionais voltado para a prática do exercício do

trabalho. O estudo de validação de instrumento para avaliação da habilidade dos graduandos

em enfermagem de mensurar a pressão arterial é um exemplo. Os pesquisadores elaboraram o

instrumento em formato de checklist e o submeteram à avaliação de conteúdo por juízes

enfermeiros - docentes da disciplina de Semiologia e/ou Semiotécnica, empregando, entre

outros métodos, o IVC para validação de conteúdo, e procederam a alterações necessárias ao

instrumento a partir das sugestões dos juízes acatadas pelos pesquisadores (TIBÚRCIO et al.,

2014).

5.3 Resultados da avaliação qualitativa do perfil de competências realizada pelos juízes

especialistas

As contribuições emitidas pelos juízes especialistas trataram de mudanças na redação

das competências e critérios de avaliação. As sugestões/contribuições foram acatadas visando

à complementaridade, adequação e atualização do perfil de competências para as perspectivas

do exercício da profissão de enfermagem da atualidade, sob a ótica de diferentes contextos

vivenciados pelos participantes.

5.3.1 Resultados da avaliação qualitativa da competência atenção à saúde e critérios de

avaliação

Para o formato do texto da competência atenção à saúde, as contribuições foram para a

inclusão de termos e ideias, indicando que: a competência para o cuidado deve estar

fundamentada em evidências científicas; que o enfermeiro não pode se responsabilizar

sozinho pela qualidade da assistência; e que deve-se atentar que a saúde é um direito de todos.

Todas as sugestões foram acatadas e incluídas no perfil de competências.

Entendemos que a saúde é um direito basilar de todos e cabe ao Estado a sua garantia

e acesso universal e igualitário aos serviços para a promoção, proteção e recuperação. O dever

do Estado não exime o das pessoas, família, empresas e sociedade (BRASIL, 1990). O

enfermeiro como profissional da assistência em saúde deve participar da efetivação dos

62

direitos assegurados pelo SUS, considerando as delimitações sociais relativas às suas

competências.

Diante da ideia de responsabilização do enfermeiro com a qualidade da assistência em

saúde, entendemos que a competência para o trabalho em equipe é essencial. Peduzzi,

Leonello e Ciampone (2016, p. 108) assinalam que

Estudos mais recentes têm acrescentado a noção de prática colaborativa

interprofissional ao trabalho em equipe, na atenção em saúde. A colaboração é

entendida como um processo em que diferentes profissionais trabalham juntos para

impactar positivamente o cuidado em saúde; portanto, requer a construção de

consensos e de reconhecimentos do papel de cada profissional envolvidos na equipe.

Um grupo torna-se equipe quando tem objetivos em comum, usa as habilidades,

competências e aptidões de todos os envolvidos para que planejem e tomem decisões.

(PEDUZZI; LEONELLO; CIAMPONE, 2016). Todo esse movimento da equipe permeia a

assistência segura e com qualidade.

No que diz respeito à prática baseada em evidências científicas, esta vem sendo

discutida como nova tendência na perspectiva de organizar o processo de trabalho assistencial

(FELLI; PEDUZZI; LEONELLO, 2016).

Ser enfermeiro tem sido desafiador, pois este assume responsabilidades clínicas, a

gestão de serviços de saúde mais complexos, o que lhe exige diversas competências. Nesse

sentido, os enfermeiros necessitam obter, avaliar e inserir na prática cotidiana novas

informações para tomada de decisões (POLIT; BECK, 2011). A prática baseada em

evidências está relacionada à produção de pesquisas científicas, nas quais o enfermeiro deve

participar assiduamente. Observa-se que profissionais estão reconhecendo a necessidade de

embasamento científico em suas ações clínicas como forma para diminuição de custos e

intuito de gerar bons resultados para a assistência ao paciente (POLIT; BECK, 2011).

No que concerne às contribuições dos participantes sobre os critérios de avaliação, os

itens 1.1, 1.2, 1.3, 1.4 e 1.5 foram compilados, pois concordamos com os juízes especialistas

que os mesmos se referem ao diagnóstico da condição de saúde em âmbito individual e

coletivo. Os critérios de avaliação 1.6, 1.7 e 1.9 também foram compilados como um único

critério e incluímos a ideia de assistência sustentável.

Os estudos sobre sustentabilidade ambiental têm sido escassos na área da saúde, já que

o tema é importante para a diminuição do impacto mundial ao meio ambiente provocado pelas

pessoas (FURUKAWA; CUNHA; PEDREIRA, 2016). Estas autoras realizaram um estudo

em um hospital na cidade de São Paulo com objetivo de analisar ações sustentáveis que

incidiam sobre o preparo e distribuição de medicamentos. O estudo concluiu que são

63

possíveis ações de sustentabilidade no ambiente de trabalho hospitalar e que o enfermeiro é

importante agente para a propagação de práticas sustentáveis para a equipe (FURUKAWA;

CUNHA; PEDREIRA, 2016).

Compilamos também os itens 1.11 e 1.12, que tratam da interpretação e avaliação das

intervenções de saúde, pois a partir da sugestão de uni-los percebemos que são

complementares.

Para os itens 1.8 e 1.10 não houve contribuições dos juízes especialistas e

permaneceram com a mesma descrição.

Considerando a avaliação quantitativa da competência atenção à saúde, já apresentada,

os resultados indicaram bons percentuais de concordância entre os juízes especialistas para

todos os itens do perfil. Em contrapartida, externaram algumas mudanças relacionadas à

junção ou acréscimos do perfil de competências, mas nada que se configure esse como

oposição em relação às ideias constantes nas duas abordagens.

5.3.2 Resultados da avaliação qualitativa da competência administrativa e gerencial e

critérios de avaliação

As contribuições feitas pelos juízes especialistas abordaram mudanças na redação,

compilação e principalmente inclusão de novos critérios de avaliação.

Foram incluídos novos termos e ideias à redação da competência gerencial e

administrativa, considerados importantes, pelos participantes, para a sua constituição, a saber:

gerenciamento do cuidado, gerenciamento de recursos humanos e de políticos; e a

sustentabilidade permeando as ações de gerenciamento do enfermeiro generalista.

Há vários conceitos sobre gerenciamento do cuidado e, de acordo com Felli, Peduzzi e

Leonello (2016), embasadas em diversos autores, ele pode ser compreendido como o

momento em que há a articulação entre o processo de gerenciamento e o assistencial. Outros

já o mencionam como uma prática mais ampla, com conexão com atividades como as

educativas, de cuidado, administrativas e de pesquisa visando a resultados positivos ao

paciente.

Sobre o gerenciamento de recursos humanos, o estudo de Santos et al. (2013), a partir

da revisão integrativa sobre as práticas dos enfermeiros para a gerenciamento do cuidado em

enfermagem em saúde, apontou que, dentre outras habilidades, o enfermeiro deve gerenciar os

recursos humanos para aquisição da qualidade na assistência e melhores condições de

trabalho para os profissionais.

64

No gerenciamento de recursos políticos, os enfermeiros precisam engajar-se mais

solidamente, saber agir diante das políticas de saúde no contexto das políticas sociais e

reconhecer sua função social para que possa atuar em ações de política, que envolvam o

planejamento em saúde (BRASIL, 2001).

Ao nos reportarmos aos critérios de avaliação, a palavra cooperação do item 2.3 foi

substituída por colaboração, termo utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Os itens 2.9 e 2.10 foram compilados por

meio da combinação de saberes entre ambos. Para o item 2.13 foi solicitado se o termo

“política de RH” estava adequado. O termo ainda é utilizado, pois de acordo com Fugulin,

Gaidzinski e Lima (2016), a partir da demanda de pacientes com atendimentos mais

complexos, as chefias dos serviços de enfermagem buscam ferramentas que auxiliem na

adequada gestão dos recursos humanos sob sua responsabilidade visando desenvolver

competências aos mesmos, conseguindo direcionar melhor a alocação, planejamento, controle

dos profissionais de enfermagem, alcançando papel de suma importância para intermediar a

aquisição de profissionais e na condução das políticas de recursos humanos das organizações

de saúde.

Nos itens 2.16 e 2.17 foram substituídas as palavras comunidade e clientela por

população, termo descrito nas DCNs, como em seu texto, o qual indica as competências

específicas do enfermeiro generalista, dentre elas “identificar as necessidades individuais e

coletivas de saúde da população, seus condicionantes e determinantes” (BRASIL, 2001).

Outra anotação sobre critérios de avaliação foi a menção por parte do participante para

a articulação dos saberes entre o item 2.1 e 2.5, porém não acatamos, visto que o item 2.1

refere-se a políticas e modelos de atenção e o 2.5 a políticas e ações institucionais.

Foram acrescidos cinco novos critérios de avaliação ao perfil, a partir dos

desempenhos que os participantes citaram como fundamentais a serem concretizados pelos

enfermeiros generalistas no exercício profissional.

Realizar dimensionamento de pessoal: tem como objetivo a previsão do

número de profissionais por categoria para suprir as necessidades de

assistência em saúde visando à qualidade e segurança dos pacientes e

profissionais de enfermagem (FUGULIN; GAIDZINSKI; LIMA, 2016).

Orientações sobre a prática sustentável no ambiente de trabalho, o qual foi já

foi abordado.

Envolver o paciente em seu cuidado e tomada de decisões: desempenho

importante tanto como profissional atuante como estudante, reconhecendo a

65

parceria e integrando ao seu próprio cuidado o usuário, bem como sua família,

a população na implementação da atenção à saúde (PEDUZZI; LEONELLO;

CIAMPONE, 2016).

Conhecer a legislação vigente: o enfermeiro deve atuar embasado nos preceitos

legais que regem a profissão de enfermagem, os que permeiam a atenção em

saúde e das instituições de saúde em que atuam.

O papel do enfermeiro como empreendedor: entendemos como empreendedor

o profissional que atua de maneira dinâmica, dotado de diversos atributos,

como inovação, liderança, persistência e planejamento (ROCHA; FREITAS,

2014).

Os critérios de avaliação 2.1, 2.2, 2.4, 2.5, 2.6, 2.7, 2.8, 2.11, 2.12. 2.14 e 2.15 não

receberam sugestões/contribuições e permaneceram sem reformulações.

Na avaliação quantitativa da competência administrativa e gerencial, os resultados

apontaram graus de concordância favoráveis entre os participantes. Os dados qualitativos

subsidiaram de forma importante o perfil por meio de acréscimo de desempenhos

vislumbrados como importantes para a prática profissional do enfermeiro generalista.

5.3.3 Resultados da avaliação qualitativa da competência educativa e critérios de

avaliação

As contribuições dos participantes incidiram em mudanças na redação da competência

e critérios de avaliação por meio da compilação dos mesmos.

A nova redação foi descrita considerando os apontamentos feitos pelos participantes e

que foram acatados. A nova redação do texto da competência educativa foi descrita em três

momentos: a responsabilização pela própria formação, ou seja, dos profissionais atuantes; a

educação permanente em saúde da equipe de enfermagem; e pela educação em saúde

individual e coletiva.

Nesse sentido, a educação permanente tem se caracterizado como espaço para pensar e

executar a formação e o desenvolvimento pessoal e das equipes de saúde, constituindo

alternativa de mudança no ambiente de trabalho, uma vez que oferece a liberdade de pensar

formas diferentes de educar e aprender (SALUM; PRADO, 2014).

O estudo de Pires (2013) destacou que são necessárias a condução e a realização de

pesquisas na área da enfermagem com os temas sobre educação em saúde, formação de novos

profissionais, formulação de políticas, educação permanente como direito e dever profissional

a fim de alicerçar práticas seguras e com qualidade.

66

A educação em saúde é um espaço para a construção de conhecimentos e trocas de

experiências, sendo o enfermeiro seu principal promotor, já que detém conhecimentos

academicamente construídos, possibilitando o educar em saúde à população sobre doenças e

formas de preveni-las (CALOMÉ; OLIVEIRA, 2012).

Sobre os critérios de avaliação, os itens 3.2 e 3.4 foram compilados, pois os dois

faziam menção sobre a avaliação da necessidade das ações educativas do enfermeiro em nível

individual e coletivo. O item 3.3 foi excluído porque já estava descrito na redação da

competência educativa. Os itens 3.5 e 3.6 foram compilados, uma vez que foi identificado por

um participante que os desempenhos se repetiam. Mudamos a redação do item 3.7, pois não

estava claro se a diminuição de desigualdades se tratava dos usuários ou profissionais. Já no

item 3.8 foram acrescidas palavras para dar sentido à formação continuada do enfermeiro e no

item 3.9 o termo clientela foi substituído por população. Finalizamos com a compilação dos

itens 3.10 e 3.11, que concernem à implementação e avaliação dos resultados das ações

educativas. Apenas o item 3.1 não obteve contribuições dos participantes.

Os dados quantitativos da competência educativa apresentaram bons resultados no que

concerne ao grau de concordância do perfil. Porém, os dados qualitativos compactaram o

perfil de 13 para sete critérios de avaliação. Acreditamos que as sugestões de agrupamentos

dos critérios de avaliação, os quais obtiveram concordância entre os participantes, indicaram a

necessidade de adequação na formatação para melhor observação dos desempenhos, visto que

palavras e critérios se repetiam, como mencionado pelos participantes.

Consideramos, portanto, que os dados quantitativos e qualitativos, apesar de

aparentemente divergentes, foram complementares. Os juízes especialistas assinalaram

discordo parcialmente em diversos critérios de avaliação e, ao justificarem o motivo,

apresentaram importantes sugestões, que foram acatadas, contribuindo para a readequação do

perfil.

5.3.4 Resultados da avaliação qualitativa da competência produção de conhecimento e

critérios de avaliação

As sugestões acatadas para a nova redação do texto da competência produção de

conhecimento referem-se à inclusão da divulgação da produção de conhecimento, não apenas

no campo da saúde, mas especificamente para a enfermagem. O enfermeiro necessita agir

como disseminador das descobertas de pesquisas, e os meios para divulgação são amplos,

67

como a internet, publicações de artigos on-line, endereços eletrônicos e mídias sociais

(POLIT; BECK, 2011).

No que diz respeito aos critérios de avaliação, algumas sugestões/contribuições foram

acatadas. Os itens 4.1 e 4.3 foram compilados, pois continham conteúdos semelhantes. No

item 4.7 foi incluído o termo reformulação, uma vez que entendemos que cronogramas

concernentes à pesquisa necessitam de flexibilidade.

Os itens 4.9 e 4.11 também foram agrupados, visto que os dois se complementavam, já

que o primeiro indicava preparo e divulgação de estudos, e o segundo divulgação de

resultados de estudos para as pessoas de interesse. Para o item 4.10 foi substituída a palavra

reformula por desenvolve, essa segunda relacionada à prática baseada em evidências

científicas.

Adicionamos um critério de avaliação que julgamos essencial a pesquisas na

enfermagem, reportado para a estimulação da equipe de enfermagem em contribuir para os

estudos, seja como participantes em anonimato e/ou na liderança como pesquisador.

Os critérios de avaliação 4.2, 4.4, 4.5, 4.6, 4.8, 4.12 e 4.13 não receberam

sugestões/contribuições.

O consenso entre os juízes especialistas obteve bons resultados acerca da competência

produção de conhecimento e critérios de avaliação. Observamos que dos 13 critérios de

avaliação, sete permaneceram sem sugestões. Dessa maneira, os dados quantitativos

convergiram em relação aos critérios de avaliação que permaneceram sem mudanças.

Todavia, muitos participantes assinalaram discordo totalmente, indicando necessidades de

mudanças, que foram realizadas a partir das contribuições/sugestões dos participantes, ou

seja, os métodos se complementaram.

5.4 Caracterização dos pares

As tabelas apresentam o sexo, a faixa etária, titulação, tempo de experiência na área

hospitalar e categoria do hospital que atuam.

Tabela 7 - Distribuição dos pares quanto ao sexo. Brasil, 2016.

Sexo (n) %

Masculino 19 26,39%

Feminino 53 73,61%

Total 72 100%

68

A maioria dos participantes é do sexo feminino (73,61%). Identificamos em todos os

hospitais a predominância de mulheres na atuação profissional da enfermagem.

Tabela 8 - Distribuição dos pares por faixa etária. Brasil, 2016.

Faixa etária (n) %

21-30 anos 29 40,28%

31-40 anos 33 45,83%

41-50 anos 09 12,50%

51-60 anos 01 1,39%

Total 28 100%

A idade predominante dos participantes é de 31 a 40 anos (45,83%). Os de 21 a 30

anos totalizam 29 enfermeiros (40,28%) e 10 enfermeiros entre 41 a 50 anos (13,89%). Há

participação de um enfermeiro com idade entre 51 a 60 anos.

Tabela 9 - Distribuição dos pares quanto à titulação. Brasil, 2016.

Título (n) %

Graduado 17 23,61

Especialista 42 58,33%

Mestre 13 18,06%

Doutor 00 0,00%

Outro 00 0,00%

Total 72 100%

Quanto à titulação, os participantes são, na maioria, especialistas (58,33%). Os

graduados correspondendo a 23,61% e 13 participantes com título de mestre (18,06%). Não

há participantes com titulação de doutor, acreditamos por se tratar de enfermeiros inseridos no

exercício prático da enfermagem na área hospitalar.

69

Tabela 10 - Distribuição dos pares quanto ao tempo de experiência na área hospitalar. Brasil,

2016.

Tempo de

experiência

(n) %

< 1 ano 06 8,33%

1-5 anos 31 43,06%

6-10 anos 22 30,56%

11-15 anos 08 11,11%

16-20 anos 02 2,78%

> 20 anos 03 4,17%

Total 72 100%

O tempo de experiência oscilou entre os menores de um ano e maiores de 20 anos.

Houve predomínio de participantes com experiência entre um e cinco anos (43,06%),

seguidos dos que detêm entre seis a dez anos (30,56%). Um total de 10 enfermeiros com

experiência entre 11 e 20 anos e três com mais de 20 anos de atuação na área hospitalar. O

tempo de experiência reuniu participantes que iniciaram há pouco tempo profissionalmente no

mercado de trabalho e aqueles com mais de 20 anos de atuação. Acreditamos ser importante

essa oscilação de tempo de experiência, alcançando diferentes perspectivas dos participantes.

Tabela 11 - Distribuição dos pares quanto a classificação do hospital que trabalha. Brasil,

2016.

Classificação (n) %

Filantrópico 14 19,44%

Privado 15 20,83%

Público 43 59,72%

Total 72 100%

Os participantes do hospital filantrópico totalizam 14 enfermeiros (19,44%) e do

hospital privado 15 (20,83%). A parte mais expressiva dos participantes atua em hospital

público, totalizando 43 enfermeiros (59,72%).

70

5.5 Resultados da avaliação quantitativa do perfil de competências realizada pelos pares

Apresentamos as tabelas com os resultados quantitativos das avaliações dos pares para

as competências da atenção à saúde, administrativa e gerencial, educativa e produção de

conhecimento, com seus respectivos critérios de avaliação, do perfil reformulado.

5.5.1 Resultados da avaliação quantitativa da competência atenção à saúde e critérios de

avaliação

Quadro 9 - Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência atenção à

saúde e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos pares.

COMPETÊNCIA: ATENÇÃO À

SAÚDE

Nível de Concordância

(n= 72)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Estar apto a intervir no processo saúde-

doença responsabilizando-se em

equipe pela qualidade da

assistência/cuidado de enfermagem em

seus diferentes níveis de atenção à

saúde, com ações de prevenção,

promoção, proteção e reabilitação,

fundamentada em evidências

científicas, reconhecendo a saúde

como um direito, na perspectiva da

integralidade da assistência, tanto em

nível individual quanto coletivo.

66 6 0 0 0 100% (95,92-1000) <0,000

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP NC/

ND DP DT %IVC (IC95%) p

1.1 Reconhece vulnerabilidades e

riscos, identifica e diagnostica

necessidades de saúde, em indivíduos

e/ou grupos populacionais,

considerando a multidimensionalidade

dos condicionantes e determinantes em

saúde, e utilizando instrumentos –

teorias, métodos e técnicas.

55 16 0 1 0 99% (93,34-99,93) 0,000

1.2 Propõe alternativas de solução de

situações problema baseadas em

evidências científicas, no uso de

tecnologias adequadas às necessidades

de saúde do indivíduo, família e/ou

coletividade, respeitando

conhecimentos, cultura, autonomia e

vulnerabilidade, para uma assistência

sustentável.

53 17 1 1 0 97% (91,13-99,53) 0,000

71

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

O conteúdo da competência atenção à saúde apresentou alto nível de concordância

entre os pares. Os 72 participantes responderam em concordância, sendo o seu conteúdo

aprovado com 100%.

No que diz respeito à avaliação do conteúdo dos critérios de avaliação, os itens

obtiveram índice de concordância entre 93% e 100% pelos pares.

Considerando os sete itens do perfil da área do cuidar, entre as 504 possibilidades de

respostas, obtivemos 492 pontos referentes às respostas concordo totalmente e concordo

parcialmente, aprovado com 97% o seu conteúdo.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

Verificamos na literatura que a participação dos pares tem sido fundamental para a

concretização de pesquisas que necessitam da opinião, experiência, habilidades, dentre outros

atributos.

No estudo de Soares e Vargas (2013), que apresenta semelhanças com a presente

pesquisa, os autores realizaram a tradução e adaptação cultural da Management of Aggression

and Violence Attitude Scale (MAVAS) para utilização no Brasil. Segundo Soares e Vargas

(2013, p. 900), a escala foi desenvolvida para “verificar as atitudes do enfermeiro frente à

agressão do paciente e o manejo do comportamento agressivo”, ou seja, ela mensura as

1.3 Responsabiliza-se pela qualidade

da assistência/cuidado de enfermagem

em diferentes níveis da atenção à

saúde, na perspectiva da integralidade

da assistência.

61 10 1 0 0 99% (93,34-99,93) 0,000

1.4 Reconhece-se membro da equipe

de saúde integrando as ações de

enfermagem às ações

multiprofissionais.

60 12 0 0 0 100% (95,92-1000) <0,000

1.5 Interpreta e avalia processos e

resultados de intervenção em saúde

com base em métodos, instrumentos e

indicadores de mudança.

45 24 1 2 0 96% (89,08-98.93) 0,000

1.6 Traduz e divulga os resultados do

trabalho em enfermagem com

linguagem acessível aos profissionais e

usuários de saúde.

44 23 4 1 0 93% (85,28-97,41) 0,000

TOTAL 318 102 07 05 00

(Continua)

72

atitudes dos profissionais de enfermagem diante de comportamentos violentos dos usuários.

No processo de tradução e adaptação, há entre outras etapas, a validação de conteúdo, que foi

realizada por duas enfermeiras, um linguista e uma psicóloga. Os pesquisadores procederam

com um pré-teste, empregando o instrumento para enfermeiros que atuavam na área de saúde

mental, os quais o avaliaram e fizeram sugestões para o mesmo referente à redação e

conceitos de termos (SOARES; VARGAS, 2013). Não identificamos na literatura a avaliação

por pares utilizando-se a técnica Delphi, mas outros diferentes métodos que apresentaram

resultados satisfatórios.

5.5.2 Resultados da avaliação quantitativa da competência administrativa e gerencial e

critérios de avaliação

Quadro 10 - Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência

administrativa e gerencial e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos pares.

COMPETÊNCIA:

ADMINISTRATIVA E GERENCIAL

Nível de Concordância

(n= 72)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Estar apto a gerenciar o cuidado, os

recursos humanos, políticos, materiais e

de tecnologias de informação, atuar

como líder e empreendedor nas equipes

de saúde e enfermagem, adotando ações

sustentáveis.

52 19 1 0 0 99% (93,34-99,93) 0,000

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP NC/

ND DP DT %IVC (IC95%) p

2.1 Identifica as políticas sociais e

modelos de atenção à saúde e suas

implicações na organização das diversas

áreas e níveis assistenciais.

52 17 3 0 0 96% (89,08-98,93) 0,000

2.2 Discerne entre as diversas formas de

organização do trabalho e seus

fundamentos científicos.

49 20 2 1 0 96% (89,08-98,93) 0,000

2.3 Identifica parceiros para o

estabelecimento de redes de colaboração,

existentes na realidade local, para a

resolução de problemas.

56 14 0 2 0 97% (91,13-99,53) 0,000

2.4 Reconhece os elementos

constitutivos do processo de trabalho em

saúde e enfermagem (subjetivos,

técnico-científico, ético-político e

socioeducativo).

53 16 3 0 0 96% (89,08-98,93) 0,000

2.5 Identifica os elementos das políticas 46 21 2 2 1 93% (85,28-97,41) 0, 000

73

institucionais de recursos humanos e não

humanos e seus determinantes no

gerenciamento de pessoas, materiais,

equipamentos, custos/financeiro,

ambientes, tecnologias, informações e

assistência de saúde e de enfermagem.

2.6 Correlaciona as influências da

evolução do pensamento administrativo

na prática gerencial dos serviços de

saúde e de enfermagem nos diferentes

níveis de atenção.

44 20 6 1 1 89% (79,99-94,7) 0,000

2.7 Analisa a estrutura física e

organizacional dos serviços de saúde e

enfermagem, tendo em vista as

intervenções para melhorias do processo

de trabalho.

58 12 1 1 0 97% (91,13-99,53) 0,000

2.8 Analisa as fragilidades e

potencialidades (subjetividade/planos em

conflito/ liderança informal) para o

processo de trabalho

administrativo/gerencial.

56 14 1 0 1 97% (91,13-99,53) 0,000

2.9 Reconhece-se como agente de

transformação social e de mudanças,

como integrante da equipe

multiprofissional, líder e responsável

técnico pela equipe de enfermagem,

atuando de modo a assegurar o bem estar

individual e coletivo.

62 8 1 0 1 97% (91,13-99,53) 0,000

2.10 Utiliza princípios científicos, éticos

e legais na tomada de decisão e nas

relações interpessoais nos serviços de

saúde e enfermagem.

66 5 0 1 0 99% (93,34-99,93) 0,000

2.11 Planeja, de forma compartilhada, a

resolução dos problemas gerenciais

relacionados com o cuidado em saúde e

enfermagem.

54 15 1 1 1 96% (89,08-98,93) 0,000

2.12 Implementa ações articuladas com

as políticas de RH e de educação

permanente da instituição.

45 22 3 1 1 93% (85,28-97,41) 0,000

2.13 Gerencia o cuidado de enfermagem

em todos os processos de trabalho em

saúde.

51 20 0 1 0 99% (93,34-99,93) 0,000

2.14 Acompanha e supervisiona o

processo de trabalho em enfermagem

utilizando medidas para garantir a

qualidade da atenção à saúde conforme

direitos do cidadão.

64 8 0 0 0 100% (95,92-1000) <0,000

2.15 Emprega metodologias avaliativas

que agreguem os trabalhadores e a

população atendida de forma

corresponsável para a melhoria dos

serviços de saúde.

39 26 6 1 0 90% (81,72-95,65) 0,000

2.16 Divulga as avaliações realizadas

entre os trabalhadores, a população

interessada e a comunidade científica.

36 23 9 2 2 82% (71,79-89,57) 0,026

2.17 Envolve o paciente na participação

e tomada de decisões sobre sua

assistência/cuidado, em conjunto com a

equipe multidisciplinar.

41 24 3 3 1 90% (81,72-95,65) 0,000

2.18 Propõe inovações e novas 55 16 0 1 0 99% (93,34-99,93) 0,000

(Continua)

74

tecnologias visando a melhoria dos

processos de trabalho de gestão e

assistência em saúde e enfermagem.

2.19 Orienta a equipe de enfermagem

para a prática sustentável no ambiente de

trabalho.

60 11 1 0 0 99% (93,34-99,93) 0,000

2.20 Realiza o dimensionamento do

pessoal de enfermagem de acordo com

legislações que embasam esse processo.

48 19 2 2 1 93% (85,28-97,41) 0,000

2.21 Atua embasado em legislações

nacionais, locais, institucionais e que

regem a profissão de enfermagem.

59 12 0 0 1 99% (93,34-99,93) 0,000

TOTAL 1094 343 44 20 10

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

O conteúdo da competência administrativa e gerencial obteve respostas concordantes

de 71 pares, com aprovação de 99%.

Considerando a avaliação de conteúdo dos critérios de avaliação, o item 2.16 obteve o

menor índice de concordância entre os pares para o seu conteúdo, com 82%, porém foi

validado, pois o consenso estabelecido foi igual ou maior a 70%.

Para as opções não concordo, nem discordo, os participantes a assinalaram 45 vezes,

para a discordo parcialmente 20 vezes e para a discordo totalmente 10 pessoas assinalaram.

Observando os 22 itens do perfil da área de gerenciamento, entre as 1.584

possibilidades de respostas, obtivemos 1.508 pontos referentes às respostas concordo

totalmente e concordo parcialmente, aprovado com 95% o seu conteúdo.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

O estudo de Andrade et al. (2014) realizou a validação de um instrumento/ficha para

visita domiciliar, com o intuito de fazer anotações e acompanhar a população, na cidade de

Aracajú/SE. Participaram enfermeiros, médicos, técnicos e auxiliares de enfermagem,

gestores do município e representantes da Rede de Atenção Básica à Saúde. O estudo foi

direcionado por etapas e utilizou a técnica Delphi e a validação de conteúdo e estrutura do

instrumento. A partir dos resultados satisfatórios, os pesquisadores assinalaram a importância

da implementação do instrumento no cotidiano da equipe de saúde como forma de orientação

para as atividades de saúde desenvolvidas (ANDRADE et al., 2013).

Nesse contexto, verificamos que o processo de validação envolveu diversos

profissionais que estavam estritamente ligados à atenção básica e que desempenharam

(Continua)

75

importante papel no decorrer da pesquisa, o que culminou na validação da ficha para visita

domiciliar.

No presente estudo, os pares participaram efetivamente da validação do perfil de

competências e trouxeram informações importantes para a discussão das competências

profissionais.

5.5.3 Resultados da avaliação quantitativa da competência educativa e critérios de

avaliação

Quadro 11 - Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência educativa

e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos pares.

COMPETÊNCIA: EDUCATIVA

Nível de Concordância

(n= 72)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Ser capaz de aprender continuadamente,

mobilizar recursos e responsabilizar-se

pela própria formação, pela formação de

futuros profissionais, pela educação

permanente em saúde da equipe de

enfermagem, e pela educação em saúde

de indivíduos, famílias e grupos

populacionais.

56 13 1 2 0 96% (89,08-98,93) 0,000

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP NC/

ND DP DT %IVC (IC95%) p

3.1 Reconhece as concepções saúde-

doença dos indivíduos e grupos,

considerando os aspectos socioculturais

inerentes ao trabalho educativo.

59 10 1 1 1 96% (89,08-98,93) 0,000

3.2 Reconhece necessidades educativas

de profissionais da equipe de

enfermagem, de indivíduos e grupos,

respectivamente relacionadas ao

desenvolvimento de competências

profissionais e para o autocuidado.

62 10 0 0 0 100% (95,92-1000) <0,000

3.3 Planeja e analisa ações educativas,

considerando sua finalidade,

característica do público alvo e do

contexto, e utilizando diferentes

estratégias metodológicas.

50 21 0 1 0 99% (93,34-99,93) 0,000

3.4 Desenvolve atividades educativas

respeitando o conhecimento, direitos e

deveres do outro, com vistas à

construção da autonomia e a diminuição

53 16 1 1 1 96% (89,08-98,93) 0,000

76

das desigualdades, tanto de usuários

como de profissionais de enfermagem.

3.5 Busca sua formação continuamente

no contexto da sua atuação profissional.

65 6 0 1 0 99% (93,34-99,93) 0,000

3.6 Utiliza metodologias educativas

pertinentes/ adequadas aos objetivos

propostos e à população para a qual a

atividade será dirigida.

57 19 1 1 0 97% (91,13-99,53) 0,000

3.7 Propõe, implementa e avalia os

resultados do processo educativo de

maneira compartilhada, utilizando-os

para novas atividades.

51 19 1 1 0 97% (91,13-99,53) 0,000

TOTAL 397 101 04 06 02

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

A competência educativa e critérios de avaliação tiveram a melhor avaliação pelos

pares. A competência educativa obteve respostas concordantes de 69 participantes, com

aprovação de 96% de seu conteúdo.

Analisando a avaliação de conteúdo dos critérios de avaliação pelos pares, os itens

obtiveram concordância entre 96% e 100%.

Considerando os oito itens do perfil da área da educação, entre as 576 possibilidades

de respostas, obtivemos 567 pontos referentes às respostas em concordância, aprovado com

98% o seu conteúdo.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

Resultados semelhantes ao desta pesquisa foram verificados no estudo de Costa et al.

(2013), o qual validou o conteúdo de um manual educativo sobre aleitamento materno para

puérperas. A validação foi efetivada por juízes especialistas com experiência nas ações sobre

amamentação, educação em saúde e por puérperas. O IVC foi utilizado para aferir o consenso

entre os participantes e o resultado geral do manual educativo foi de 0,97, ou seja, 97%

(%IVC) de concordância dos itens do manual educativo.

(Continua)

77

5.5.4 Resultados da avaliação quantitativa da competência produção de conhecimento e

critérios de avaliação

Quadro 12 - Distribuição dos itens do perfil reformulado referentes à competência produção

de conhecimento e seus critérios de avaliação, quanto à avaliação dos pares.

COMPETÊNCIA: PRODUÇÃO DE

CONHECIMENTO

Nível de Concordância

(n= 72)

%IVC (IC95%)

p

CT* CP NC/

ND DP DT

Ser capaz de articular teorias e conceitos

considerando os métodos científicos e

concepções éticas na produção de

saberes em saúde e enfermagem, bem

como divulgar o conhecimento e

incorporar os resultados no

desenvolvimento técnico-científico da

enfermagem e na melhoria das condições

de vida e saúde da população.

49 20 1 2 0 96% (89,08-98,93) 0,000

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CT CP NC/

ND DP DT %IVC (IC95%) p

4.1. Problematiza situações de prática,

identifica e prioriza problemas que

demandam investigação científica.

50 17 4 0 1 93% (85,28-97,41) 0,000

4.2. Identifica as diferentes formas de

produzir conhecimento e os pressupostos

teóricos que as orientam.

44 23 5 0 0 93% (85,28-97,41) 0,000

4.3. Analisa os estudos desenvolvidos

sobre o problema a ser estudado através

de pesquisas em bases de dados

acadêmicas.

52 15 4 1 0 93% (85,28-97,41) 0,000

4.4 Utiliza instrumentos científicos/

metodológicos para compreensão do

problema e proposição de questões de

pesquisa.

47 21 1 3 0 94% (87,14-98,21) 0,000

4.5 Elabora projeto de investigação ou de

intervenção articulado ao problema

levantado, utilizando metodologia

adequada e possível de ser executada no

tempo proposto, contemplando a ética

em pesquisa em saúde.

41 22 6 3 0 87% (78,3-93,73) 0,000

4.6 Realiza estudo conforme cronograma

proposto, propondo reformulações

sempre que necessário.

42 20 6 4 0 86% (76,64-92,72) 0,002

4.7 Elabora relatório de pesquisa

seguindo normas acadêmicas.

40 26 2 3 1 92% (83,47-96,55) 0,000

4.8 Prepara e divulga resultados de

artigos para seus pares em diferentes

fóruns científicos.

33 26 10 3 0 82% (71,79-89,57) 0,026

4.9 Desenvolve sua prática embasando-

se em evidências científicas.

58 11 2 1 0 96% (89,08-98,93) 0,000

4.10 Defende suas ideias de forma 56 13 1 2 0 96% (89,08-98,93) 0,000

(Continua)

78

fundamentada e acolhe críticas e

sugestões para a melhoria do estudo.

4.11 Produz artigos, cartilhas,

informativos conforme normas

específicas.

38 24 7 3 0 86% (76,64-92,72) 0,002

4.12 Estimula a equipe de enfermagem

na participação e realização de pesquisas

científicas, que auxiliem na resolução de

problemas da prática.

49 17 3 2 1 92% (83,47-96,55) 0,000

TOTAL 550 235 51 25 03

* CT: Concordo totalmente CP: Concordo parcialmente NC/ND: Não concordo, nem discordo DP: Discordo

parcialmente DT: Discordo totalmente, IVC: Índice de Validade de Conteúdo, IC: Intervalo de Confiança, p:

valor de p.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

O texto da competência produção de conhecimento obteve respostas concordantes de

69 participantes, com aprovação de 96% de seu conteúdo. Considerando a avaliação de

conteúdo dos critérios de avaliação pelos pares, os itens obtiveram concordância entre 82% e

96%.

Verificando os 13 itens do perfil da área pesquisa, entre as 936 possibilidades de

respostas, obtivemos 854 pontos referentes às respostas em concordância, aprovado com 91%

o seu conteúdo.

A interpretação do nível de concordância (IVC) foi obtida por meio da análise do IC

95% superior ou igual a 70% e da probabilidade dessa proporção não ter sido ao acaso (erro

alfa 0,05).

Analisando a soma de todos os itens do perfil de competências e das repostas obtidas,

dentre 3.600 possibilidades de respostas entre concordo totalmente e discordo totalmente,

obtivemos 3.421 de concordo totalmente e concordo parcialmente, considerando, assim, o

perfil de competências aprovado em validade de conteúdo em 95%.

5.6 Resultados da avaliação qualitativa do perfil de competências realizada pelos pares

As contribuições apontadas pelos pares trataram de mudanças na redação das

competências e critérios de avaliação, como também da inclusão de novos critérios.

As sugestões/contribuições acerca do perfil de competências reformulado foram

pequenas em comparação às advindas dos juízes especialistas, no que diz respeito ao formato,

conceitos e políticas que poderiam ser apontados ao perfil.

Contudo, coletamos rico material qualitativo, concernente a experiências próprias do

cotidiano da prática profissional, que foram enfatizadas no capítulo 6.

79

5.6.1 Resultados da avaliação qualitativa da competência atenção à saúde e critérios de

avaliação

A redação do texto referente à competência atenção à saúde teve indicação de inclusão

do trabalho em equipe multiprofissional, a qual acatamos visando à qualidade do cuidado em

enfermagem.

A divisão do trabalho de enfermagem indica desde seus primórdios o trabalho

coletivo, pois não pode ser desenvolvido apenas por uma pessoa, sendo caracterizado pelo

contínuo cuidado de usuários e família (PEDUZZI; LEONELLO; CIAMPONE, 2016). Estas

autoras mencionam que os profissionais de enfermagem estão admitindo a importância da

integração e articulação entre as atividades de diversos profissionais com a resolução de

problemas que envolvem a assistência ao usuário (PEDUZZI; LEONELLO; CIAMPONE,

2016).

Considerando o trabalho em equipe multiprofissional, a pesquisa de Pott et al. (2013)

objetivou analisar as ações de cuidados realizadas a pacientes críticos de um Centro de

Terapia Intensiva pela equipe multiprofissional, com base na humanização, avaliando as

medidas de conforto e comunicação durante essas ações. O local do estudo foi o hospital

universitário de Curitiba-PR, em 4 plantões matutinos, 4 vespertinos e 3 noturnos. Diante

desse estudo, percebemos que além da enfermagem, diferentes profissionais estão atuando na

assistência ao usuário, na perspectiva de ações humanizadas.

Analisando os critérios de avaliação, o item 1.6 foi indicado como desempenho da

área gerencial, não acatamos a sugestão por entender que há interfaces entre as áreas de

competências, e esse desempenho assinalado permeia também a competência educativa, bem

como a produção de conhecimento.

Verificamos que os dados qualitativos e quantitativos foram convergentes. Apenas o

item 1.16 obteve o menor índice de concordância entre os pares, sendo reformulado a partir

das sugestões/contribuições dos mesmos.

5.6.2 Resultados da avaliação qualitativa da competência administrativa e gerencial e

critérios de avaliação

No que tange ao formato do texto para a competência da área de gerenciamento, um

participante sugeriu retirar da redação o “gerenciar” tecnologias de informação, porém não

acatamos.

80

De acordo com Massarollo, Fernandes e Santos (2016, p. 17), “gerenciar em

enfermagem pressupõe a tomada de decisões [...] e como se dá a sua relação com as pessoas e

com a própria política da instituição, para desenvolver eticamente o seu processo de trabalho”.

No gerenciamento em saúde há muitos desafios a serem enfrentados, ao assumir atribuições

de gerência o profissional encontra diversas situações e problemas, podendo ser resolvidos de

várias formas, dependendo de combinações de técnicas, métodos, tecnologias e equipamentos

disponíveis para a organização do trabalho, além de uma variedade de recursos que terá que

enfrentar no dia a dia (DAMASCENO et al., 2016).

Nesse sentido, compreendemos que o gerenciamento de tecnologias de informação

seja competência do enfermeiro, quando direcionado à assistência em saúde e enfermagem,

sendo sua participação de fundamental importância.

[...] a linguagem de enfermagem padronizada e o gerenciamento das informações

são essenciais para as tomadas de decisão em relação ao atendimento ao paciente e

ao próprio serviço, possibilitando identificar a qualidade do cuidado prestado,

auxiliando na pesquisa clínica e constituindo importante apoio na análise dos

processos de tomada de decisão, bem como na melhoria de desempenho das

organizações (PERES; LEITE, 2016, p. 82-83).

No que se refere aos critérios de avaliação, foi acrescentado um novo desempenho

referente aos métodos de gestão, a partir da sugestão do participante, verificado no item 2.22.

O enfermeiro tem vários instrumentos de gestão para auxiliar no planejamento de suas

atividades e necessita conhecê-los e colocá-los em prática no cotidiano de trabalho. Como

exemplo de métodos para o gerenciamento, temos o estudo de Soares et al. (2015), que

objetivou analisar quais os desafios e facilidades do enfermeiro acerca da gerência da

assistência, tendo como instrumento a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE),

que auxilia no planejamento, efetivação, domínio e avaliação das atividades de cuidado ao

usuário. Há também métodos utilizados para o dimensionamento de pessoal de enfermagem

visando à assistência de qualidade, como o cálculo da carga média de trabalho da unidade,

distribuição percentual dos profissionais de enfermagem, índice de segurança técnica e outros

(FUGULIN; GAIDZINSKI; LIMA, 2016).

Para o critério de avaliação 2.6, houve a indicação de que o desempenho é muito

específico para a gestão em saúde para o enfermeiro generalista, necessitando de experiência

profissional. Não acatamos, no entanto, entendemos que a experiência faz parte do processo

do desenvolvimento de competências profissionais para que sejam mobilizadas com

pertinência e responsabilidade. Acerca ainda do item 2.6, acreditamos estar condizente com o

perfil do enfermeiro gestor, como descrito nas DCNs.

81

[...] os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e

administração tanto da força de trabalho quanto dos recursos físicos e materiais e de

informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores,

gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde (BRASIL, 2001, p.2).

No critério 2.16 foram acrescentadas as palavras “de acordo com a pertinência dos

temas e seu impacto”. Acreditamos que os enfermeiros devam debater sobre os efeitos e a

importância de descobertas científicas (POLIT; BECK, 2011), como também de projeto de

extensão na comunidade ou hospital, cursos, capacitações ou simpósios visando ao feedback

entre a população e profissionais.

Para os itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4, 2.5, 2.6, 2.7, 2.8, 2.9, 2.10, 2.11, 2.12, 2.13, 2.14, 2.15,

2.17, 2.18, 2.19, 2.20 e 2.21, não obtivemos contribuições/sugestões.

Quanto à avaliação quantitativa, a mesma obteve elevado grau de concordância entre

os pares, convergindo com os dados qualitativos, culminando em poucas mudanças no perfil

de competências reformulado.

5.6.3 Resultados da avaliação qualitativa da competência educativa e critérios de

avaliação

Considerando o formato referente ao texto da competência educativa, os pares não

indicaram nenhuma mudança.

Analisando os critérios de avaliação, para o item 3.4, mudamos a redação e inserimos

os termos “aquisição de conhecimentos”. No texto das DCNs, no que tange à competência do

enfermeiro para educação, o mesmo deve estar apto a realizar ações educativas para futuros

profissionais e aos que estão atuando como aprender sempre para sua prática (BRASIL,

2001). Nesse contexto, acreditamos que as ações educativas contribuam para a aquisição de

conhecimentos.

Os critérios de avaliação 3.1, 3.2, 3.3, 3.5, 3.6 e 3.7 não receberam

contribuições/sugestões, permanecendo sem reformulações.

Observamos que para a área da competência educativa os dados quantitativos e

qualitativos foram convergentes, com a indicação apenas de mudança na redação em um

critério de avaliação.

82

5.6.4 Resultados da avaliação qualitativa da competência produção de conhecimento e

critérios de avaliação

No que concerne ao formato do texto para a competência da área da pesquisa, não

houve contribuições por parte dos pares.

Apenas quanto ao critério 4.1 obtivemos sugestão, para o qual o participante afirmou

que não se problematiza, e sim identifica, porém não acatamos, permanecendo a mesma

redação: “4.1. Problematiza situações de prática, identifica e prioriza problemas que

demandam investigação científica”. Segundo Lunardi et al. (2004), em artigo de revisão sobre

a ética e sua relação com o cuidado, reportam-se acerca da importância de se problematizar o

cotidiano vivido, de forma a perceber problemas, dificuldades, contradições, sendo este o

início para se falar de ética, referindo-se aos recursos humanos em saúde e acontecimentos do

cotidiano do trabalho. Nesse sentido, identificamos como correto problematizar situações de

prática, visto que a partir das mesmas podemos identificar deficit e propor ajustes.

Finalizando, os critérios 4.1, 4.2, 4.3, 4.4, 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12

permaneceram sem mudanças.

Analisando os dados qualitativos e quantitativos, compreendemos que os mesmos

foram convergentes, já que 51 participantes assinalaram o ponto neutro da escala “não

concordo, nem discordo” e os que marcaram discordância parcial ou total não justificaram as

respostas de forma a influenciar em alguma mudança no perfil.

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS QUALITATIVOS

A partir das contribuições dadas pelos juízes especialistas e pelos pares, por meio das

caixas de comentários contidas no questionário virtual, construímos seis categorias, sendo que

em uma dessas categorias, a competência administrativa e gerencial, emergiram sete

subcategorias, a saber: 1. Competência atenção à saúde; 2. Competência administrativa e

gerencial (subcategorias – Gestão do cuidado, Gestão de recursos, Gestão ambiental,

Dimensionamento de pessoal de enfermagem em instituições de saúde, Gestão dos serviços de

saúde, Identificação da legislação profissional vigente, Perfil do enfermeiro gestor); 3.

Competência educativa; 4. Competência produção de conhecimento; 5. Dificuldades em

colocar em prática as competências; e 6. A intercomplementaridade entre as competências do

enfermeiro.

Os dados qualitativos revelaram para eles, as constantes interfaces entre as quatro

áreas de competências do enfermeiro.

83

Apresentamos a análise das competências separadamente, visando melhor

compreensão, e ao final, evidenciamos as dificuldades interpretadas para colocá-las em

prática no exercício profissional e a compreensão de intercomplementaridade entre as áreas de

competências.

6.1 Competência atenção à saúde

Como mencionado anteriormente, a competência atenção à saúde envolve o cuidado.

Os enfermeiros têm, em comum, a opinião de que há necessidade de definir o foco central da

profissão de enfermagem (WALDOW, 2006). Contudo, desde a formação, a essência da

profissão está centrada no cuidado da pessoa e de populações (RIBEIRO et al., 2013).

Para essa discussão o cuidar em enfermagem

compreende os comportamentos e atitudes demonstradas nas ações que lhe são

pertinentes e asseguradas por lei e desenvolvidas com competência no sentido de

favorecer as potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição

humana no processo de viver e morrer (WALDOW, 2006, p. 87).

O cuidado é consequência do processo de cuidar e de como este ocorre, considerando

a condição de cuidar entre cuidador e o ser cuidado (WALDOW, 2006), ou seja, a relação

entre enfermeiro e usuário. Para a mesma autora, o processo de cuidar envolve todas as

atividades realizadas para e com a pessoa a ser cuidada, baseadas em conhecimentos

científicos, habilidades, pensamento crítico e outros.

A menção sobre a essência da enfermagem, o cuidar, pode ser visualizada nos relatos

de participantes. Destacaram que as competências primordiais são as ligadas ao cuidado, com

ênfase ao contato direto com as pessoas, tendo isso como uma das bases da profissão de

enfermagem.

As principais competências do enfermeiro deveriam ser aquelas relacionadas ao

cuidar, em especial neste universo, ao assistir diretamente a pessoa, uma vez que

isto é um dos fundamentos da profissão (P30).

O termo cuidado, derivado do latim, significa cura (RIBEIRO et al., 2013) e envolve

verdadeiramente uma ação interativa que tem como objetivo, aliviar, confortar, ajudar,

promover, restabelecer, dentre outros (WALDOW, 2006).

Com o intuito de incentivar o cuidado, no ambiente laboral, há enfermeiros que atuam

com gestão de pessoas e têm visado à qualificação da assistência de enfermagem6, dando uma

nova direção aos enfermeiros - o cuidado direto. Mas para que essa atividade se concretize, os

6 Entendemos como assistência em enfermagem ações voltadas para o cuidado do paciente/usuário.

84

enfermeiros gestores visam representar os enfermeiros assistenciais no intuito de obtenção de

condições de trabalho adequadas e efetuando ações de educação continuada que possam

auxiliar no autodesenvolvimento profissional (AUED et al., 2016).

A pesquisa de Aued et al. (2016), realizada com enfermeiros, em um hospital privado

do sul do país, fez o levantamento de competências clínicas para a prática assistencial que são

implementadas no cotidiano do trabalho e como as mesmas são adquiridas. Os enfermeiros do

referido hospital atuavam mais centrados na área gerencial e outros enfermeiros foram

contratados para atuar apenas na assistência, apoiados por ações educativas como forma de

suporte às necessidades encontradas. Algumas das competências clínicas identificadas foram

- Fornecer um sistema de apoio para garantir cuidados médicos e de enfermagem

seguros; - Desempenho qualificado em emergência com risco de vida: rápida

compreensão de um problema; - Identificar a crise de um paciente até que a

assistência médica esteja disponível; - Detecção e documentação das mudanças

significativas na condição de um paciente (AUED et al., 2016, p. 144-145).

De acordo com as mesmas autoras, as competências clínicas são adquiridas pela

interação com a equipe de saúde, especialmente médicos e técnicos de enfermagem, no dia a

dia da prática assistencial, e por meio de experiências adquiridas com o tempo da profissão

(AUED et al., 2016).

Nesse sentido, entendemos que a competência de atenção à saúde deva ser privilegiada

pela gestão das instituições de saúde, oportunizando aos enfermeiros a inserção na profissão

junto ao cuidado direto do usuário, oferecendo suporte por meio de ações educativas quando

necessárias, propiciando a esses profissionais um desempenho para o cuidado com eficácia,

segurança e qualidade.

Corroborando com os resultados da investigação de Aued et al. (2016) sobre a

aquisição de competências clínicas por meio da experiência profissional, participantes da

presente pesquisa também mencionaram a experiência ao longo da atuação na profissão como

determinante para alcance de competência para o cuidado.

[...] acredito que essa competência se dará na sua totalidade com o tempo de

experiência profissional (P13).

Participantes assinalaram que a assistência deve estar fundamentada em evidências

científicas e apontaram como importante o respeito às necessidades, aos interesses e ao

envolvimento do usuário em sua assistência.

Na perspectiva de organizar a assistência, há uma nova inclinação para a prática com

base em evidências, como também da prática avançada, que visam ampliar a prática clínica do

enfermeiro (FELLI; PEDUZZI; LEONELLO, 2016).

85

[...] individual ou coletiva, fundamentada em evidências [...] (JE18).

A intervenção deve ser baseada de acordo com a necessidade do paciente (P4).

Envolve o paciente para tomar decisões sobre o plano de assistência junto com a

equipe multiprofissional [...] (JE9).

[...] estimular a equipe a envolver o paciente na tomada de decisões (P12).

A prática baseada em evidências visa à melhoria na qualidade da assistência de

enfermagem ao usuário e é guiada por etapas: no primeiro momento, são necessárias a

definição de um problema, a busca em bases de dados sobre evidências disponíveis, a análise,

decisão, implementação na prática e, por fim, a avaliação dos resultados (POLIT; BECK,

2011). As mesmas autoras expõem que tal prática combina, além dos conhecimentos

científicos e a competência clínica dos enfermeiros, as preferências, necessidades e o

envolvimento do paciente.

A prática baseada em evidências proporciona mudanças na conduta do enfermeiro em

relação à sua prática, pois as habilidades (saber fazer) memorizadas não podem ser

consideradas de total credibilidade, impulsionando o profissional a acessar e avaliar os novos

conhecimentos gerados por meio das pesquisas científicas (POLIT; BECK, 2011).

Evidenciamos que os relatos de participantes estão em consonância com a

importância de pesquisas para a atenção à saúde visando à implementação da prática baseada

em evidências.

Algo que surgiu com maior destaque nos relatos foi sobre o envolvimento do paciente

em seu próprio cuidado, quesito este da prática baseada em evidências. Uma prática comum

durante a assistência de enfermagem é o não reconhecimento por parte dos enfermeiros

quanto à autonomia dos usuários dos serviços de saúde, ou seja, tomar decisões sobre a sua

saúde e tratamento de acordo com valores, crenças e necessidades (MASSAROLLO;

FERNANDES, 2011). Temos que reconhecer o poder de interferência da equipe de saúde na

vida dos usuários, que faz parte da dimensão ética do gerenciamento (MASSAROLLO;

FERNANDES; SANTOS, 2016).

O estímulo à participação do paciente em seu cuidado, proporcionado pela equipe de

enfermagem e multiprofissional, traz benefícios para sua segurança, qualidade e satisfação

nos diferentes níveis de atenção à saúde (SANTOS; GRILO, 2014).

Quando o participante menciona sobre a importância de envolver o paciente nos

cuidados e tomada de decisões, compreendemos que há preocupação dos profissionais

atuantes em direcionar os futuros profissionais, que muitas vezes estão sob sua tutoria durante

86

o estágio. De acordo com Peduzzi, Leonello e Ciampone (2016, p. 111), “na atenção centrada

ao usuário, profissionais e estudantes procuram integrar e valorizar como parceiros o

engajamento do usuário, da sua família e da comunidade, na definição e implementação do

cuidado e da atenção à saúde”.

A competência para a atenção à saúde está estritamente ligada à prática por meio de

evidências científicas e ao cuidado direto ao usuário, com foco no envolvimento do mesmo

em sua assistência, e o enfermeiro deve inserir essa prática no cotidiano do seu trabalho.

Contudo, participantes atentaram para a governabilidade limitada que o enfermeiro

possui na prática da profissão nos diferentes níveis de atenção e que devem reconhecer a

saúde como direito.

É reconhecer a saúde como direito (JE22).

Não há governabilidade para responsabilizar-se pelos diferentes níveis de atenção

(JE28).

De acordo com Felli, Peduzzi e Leonello (2016), apesar da expressiva contribuição

dos enfermeiros para a melhoria da saúde dos usuários, famílias e comunidades, em geral,

estes não são identificados como pessoas importantes ou partes interessadas nas políticas de

saúde, assim a Organização Mundial de Saúde propôs estratégias de fortalecimento para esses

profissionais.

Contribuição da enfermagem no desempenho do sistema de saúde, da prestação de

serviços, da cobertura universal e do acesso universal no contexto brasileiro do SUS,

bem como nos resultados de saúde por meios do envolvimento ativo e de liderança

de enfermeiros, em todos os níveis de desenvolvimento da política de

saúde/programa e tomada de decisão. Desempenho de um papel proativo, no sentido

de garantir que políticas de saúde, planos e decisões que afetam suas profissões

sejam específicos e de acordo com os princípios de liderança, inclusive uma

governança eficaz e prática regulamentada (FELLI; PEDUZZI, LEONELLO, 2016,

p. 24).

O enfermeiro deve advogar a favor dos usuários e famílias, bem como garantir

informações fidedignas sobre o SUS, indicando os caminhos para o acesso aos serviços de

saúde de que as pessoas necessitam e têm direito.

Sobre a menção do participante acerca das responsabilidades do enfermeiro nos

diferentes níveis de atenção à saúde, visualizamos como um alerta, pois a mesma funciona em

redes e o enfermeiro não detém autoridade para responsabilizar-se por todas as atividades dos

níveis de atenção, podendo colocar a saúde das pessoas em risco.

Na atualidade, a nenhum trabalhador de saúde cabe, em separado, a possibilidade de

atender ao conjunto de demandas apresentadas pelos pacientes ou mesmo por um

único usuário em privado. Por isso, torna-se necessário que os profissionais

reconheçam as conexões que existem entre as diversas atividades executadas e

87

tomem esses nexos verdadeiramente em consideração, articulando suas ações

(PEDUZZI, LEONELLO; CIAMPONE, 2016, p. 105).

Há profissionais que sabem mobilizar conhecimentos em um contexto do seu

cotidiano, no qual se sentem seguros, mas não poderão realizá-lo quando há estresse, nem por

isso deixarão de ser competentes (LE BOTERF, 2003).

De acordo com o referencial conceitual da pesquisa, a competência não recai apenas

nas qualidades da pessoa, mas a integra às atividades da empresa com agregação de valores

para ambas, portanto cada parte deve se responsabilizar pelo que é devido, contribuindo para

que não haja desordens no ambiente laboral.

Outro item mencionado pelos participantes foi a comunicação. A mesma perpassa

todas as áreas de competências e requer conhecimentos e habilidades do enfermeiro.

Conversa e orienta o paciente nas suas necessidades [...] (JE9).

Linguagem acessível (JE28).

A comunicação é um processo, no qual pessoas trocam informações durante a

assistência de enfermagem com o paciente e família, com a equipe multiprofissional e

comunidade. As informações visam a compreensão de sentimentos, opiniões, dúvidas e

outros, exigindo participação ativa do emissor, ou seja, quem está emitindo a mensagem bem

como do receptor que deve compreendê-la adequadamente, assim o vocabulário necessita ser

comum para todos que estão participando no momento da comunicação, podendo ser expressa

de forma verbal - fala, inflexão da voz; não verbal - gestos, expressões faciais e outros

(POTTER; PERRY, 2004).

A competência comunicativa auxilia na manutenção de boas relações em todas as

esferas do exercício profissional do enfermeiro visando atender aspectos éticos, legais e

inerentes à assistência de enfermagem (POTTER; PERRY, 2004). É fundamental ao

profissional da saúde na promoção do trabalho em equipe, bem como para a interação

adequada com o usuário durante o cuidado (GOMES et al., 2014).

O estudo de Pott et al. (2013) tratou da comunicação da equipe multiprofissional, da

qual o enfermeiro fez parte, durante medidas de conforto realizadas a pacientes em um centro

de terapia intensiva de um hospital universitário de Curitiba-PR. O estudo identificou que não

houve comunicação satisfatória, ou seja, durante as medidas de conforto houve pouca

comunicação entre a equipe de enfermagem e o paciente atendido na UTI e, até mesmo,

ausência da mesma durante a assistência. O referido estudo traz falhas na comunicação

durante a mudança de decúbito, na qual ela esteve ausente em 90% desse procedimento,

88

verificou-se também que em 80% das vezes durante a administração de medicamentos, a

comunicação esteve ausente Os autores concluíram que a ausência de comunicação durante as

medidas de conforto poderiam estar relacionadas às tecnologias presentes no ambiente crítico,

atentando, desse modo, para a necessidade de articulação entre o cuidar e a tecnologia.

Tomando como exemplo o estudo mencionado, os enfermeiros necessitam de atenção

à comunicação com o usuário durante o cuidado, visto que a sua falha pode ameaçar a

credibilidade profissional e impedir a relação terapêutica no que concerne à comunicação

(POTTER, PERRY, 2004).

6.2 Competência administrativa e gerencial

Identificamos nesta categoria relatos com contribuições mais abrangentes no que diz

respeito à gestão dos diversos recursos pelo enfermeiro, como a de recursos humanos,

recursos materiais, físicos, de informação e os recursos políticos.

Percebemos as constantes interfaces entre as áreas de competências, principalmente do

gerenciar com o cuidar em enfermagem.

6.2.1 Gestão do cuidado

Historicamente, existe uma divisão de trabalho na equipe de enfermagem, o pessoal de

nível técnico é responsável pelas atividades assistenciais e o enfermeiro pelas ações de

gerenciamento do cuidado e da unidade, evidenciando o processo de cuidar e o de gerenciar

como responsabilidade desse profissional, porém com prioridade para o segundo (FELLI;

PEDUZZI, 2011).

A predominância do processo de trabalho gerencial do enfermeiro se dá em parte pelo

pequeno número de profissionais, representado por 14,4% (178.546) do total de trabalhadores

de enfermagem no país (1.243.804), sendo que 37,5% (466.985) de técnicos de enfermagem e

48,1% (598.273) de auxiliares de enfermagem, no ano de 2008 (FELLI; PEDUZZI, 2011).

No entanto, esses dados estatísticos passaram por consideráveis mudanças. Um estudo

publicado sobre o perfil da enfermagem no Brasil demonstrou o número de enfermeiros, de

técnicos e auxiliares de enfermagem, considerando um total de 1.804.535 trabalhadores,

ficando os enfermeiros com a parcela de 23% (414.712) e os técnicos e/ou auxiliares de

enfermagem com 77% (1.389.823) (MACHADO et al., 2016). Diante dos dados de 2008 e

2016, a categoria dos enfermeiros teve um significativo crescimento. Em parte, isso se deve

89

ao grande número de novos cursos de graduação em enfermagem. No que diz respeito ao

número de cursos, houve um crescimento de 393% das instituições privadas em comparação

ao aumento de 122% das instituições públicas, no período de 2001 a 2011. Neste último ano,

havia 826 cursos e em 2013 atingiu 888 cursos de graduação no Brasil (TEIXEIRA et al.,

2013).

Mesmo com o aumento do número de cursos e consequentemente de enfermeiros, há

necessidade de novos profissionais para atuarem no mercado de trabalho a fim de suprir a

demanda da atenção à saúde no país (TEIXEIRA et al., 2013).

Considerando o exposto, percebemos que há incoerência nos relatos dos participantes,

pois assinalaram que o gerenciamento deve ser visto como um subsídio para o cuidado, com

ênfase no gerenciamento do cuidado.

Na competência da área de gerenciamento em enfermagem, participantes explicitaram

a necessidade de ações inerentes ao cuidado como componente das atividades de

gerenciamento do enfermeiro, que estavam ausentes no perfil de competências matricial.

[...] deveria explicitar que a gerência é subsídio para a assistência, pois o objetivo

do processo de trabalho “gerenciar” do enfermeiro é ofertar condições para a

efetivação do processo de trabalho “cuidar/assistir” (JE4).

Gerenciamento do cuidado (JE6).

Há críticas sobre o gerenciamento exercido pelo enfermeiro, com atuação exacerbada

às normas e rotinas, com objetivos desligados da assistência, “e que identificamos como

burocracia” (FELLI; PEDUZZI; LEONELLO, 2016, p. 16).

Sobre o processo gerencial em enfermagem, Felli, Peduzzi e Leonello (2016, p. 26), na

perspectiva de diversos autores, o concebem de maneira que “não se identifica com a

burocracia, na medida em que tem como finalidade a assistência a indivíduos, famílias,

grupos e coletividade”.

Contudo, tendo ciência de que as ações de gerenciamento do enfermeiro são atividade

meio e o cuidado a atividade fim, não é difícil encontrar instituições de saúde nas quais as

demandas priorizam atividades burocráticas em detrimento ao cuidado (MONTEZELI;

PERES; BERNARDINO, 2014).

As diferentes subdivisões que fazem parte do processo de trabalho da enfermagem

necessitam ser articuladas durante a prática, com ênfase no cuidado, porém as solicitações dos

serviços de saúde em relação ao trabalho dos enfermeiros se concentram na produção para

atender condutas capitalistas, e não fundamentalmente o cuidado de enfermagem

(MONTEZELI; PERES; BERNARDINO, 2014).

90

O gerenciamento do cuidado de enfermagem envolve a articulação entre os campos

gerencial e assistencial que fazem parte do trabalho do enfermeiro nos diversos locais de

atuação (SANTOS et al., 2013).

De acordo com Felli, Peduzzi e Leonello (2016, p. 27)

O conceito de gerenciamento do cuidado é abstrato e dinâmico, e depende de a

intencionalidade das ações estarem ou não voltadas para a assistência aos pacientes e

clientes. Nesse sentido, diferencia-se do conceito de gerenciamento propriamente

dito.

Entretanto, há enfermeiros que estabelecem diferenças entre o cuidado direto e

indireto, considerando atividades dicotômicas, em que apenas o primeiro é entendido como

cuidado, já que depende da atuação direta com o paciente, e o cuidado indireto se trata de

ações voltadas para a implementação do cuidado direto, mas que os profissionais não

assimilam como uma complementaridade no processo de cuidar, e sim uma atividade apenas

de gerenciamento (SANTOS et al., 2013).

De acordo com a revisão integrativa de Santos et al. (2013) sobre as práticas de

enfermeiros na gerência do cuidado em enfermagem, as ações estão amplamente distribuídas:

realizar o dimensionamento da equipe, liderança no ambiente laboral; educar/capacitar a

equipe de enfermagem; gerenciar recursos materiais; coordenar o processo de realização das

ações do cuidado; planejar a assistência; realizar procedimentos mais complexos e avaliação

dos resultados das ações de enfermagem.

Com o trabalho gerencial, o enfermeiro tem garantido domínio no ambiente de

trabalho por estar próximo do usuário e da equipe, organizar as atividades multiprofissionais

de modo cooperativo, reforçar e priorizar as atividades a serem desenvolvidas e, ainda, dar

conta da complexidade das funções indiretamente relacionadas ao cuidado (ERDMANN;

BACKES; MINUZZI, 2008).

Nesse sentido, a gerência do cuidado necessita encontrar um novo apoio e

compreender as articulações e a rede de interações que se movem em cenários que não se

limitem à unidade/leito em que o usuário e o enfermeiro se deparam para consolidar o cuidado

(ERDMANN; BACKES; MINUZZI, 2008). Para além de uma nova expressão ou definição, o

gerenciamento do cuidado necessita se tornar executável como parte integrante do trabalho

dos enfermeiros que atuam nos diferentes cenários da saúde no Brasil (FELLI; PEDUZZI;

LEONELLO, 2016).

O trabalho gerencial é um instrumento para chegar à assistência e contém a

possibilidade de indicar mudanças, implementá-las e estabelecer novas ações, sendo colocado

como desafio para 50% dos trabalhadores de saúde (FELLI, PEDUZZI; LEONELLO, 2016).

91

6.2.2 Gestão de recursos

Na competência geral de administração e gerenciamento, as DCNs trazem os

desempenhos do enfermeiro para o exercício profissional visando à organização dos recursos

físicos, humanos, materiais e de informação (BRASIL, 2001).

O gerenciamento de recursos humanos (RH) foi suscitado como importante no

processo de trabalho do enfermeiro no que concerne à competência gerencial.

Estar apto a gerenciar os recursos humanos [...] (JE20).

Recursos humanos é expressão advinda do campo da administração e é subordinada à

ótica de quem exerce função gerencial ou de planejamento, no âmbito macro ou micro

institucional, é utilizado no sentido de administrar esse recurso específico que realiza as

atividades inerentes ao trabalho (NOGUEIRA, 1987).

O processo gerencial do enfermeiro está centrado na organização do trabalho e nos

recursos humanos, com vistas à adequação das condições de cuidado ao usuário e no auxílio

para melhorar o desempenho dos profissionais (MANENTI et al., 2012).

Na esfera hospitalar, no que tange à gestão de RH, são poucas as instituições que

realizam uma política de forma não alienada dos profissionais, direcionada ao

desenvolvimento de seus potenciais e permanência no trabalho (MIRA; LEITE; PRADO,

2016). De acordo com as mesmas autoras, a maioria dos hospitais não se preocupa em

constituir uma política de valorização dos recursos humanos e os substituem de forma

irresponsável valorizando a tecnologia para o avanço da qualidade da assistência.

O gerenciamento de recursos humanos foi considerado como parte integrante das

ações de gerenciamento do enfermeiro nas diferentes áreas de atuação profissional e cabe ao

mesmo discutir as políticas de recursos humanos com as instituições de saúde visando à

valorização dos profissionais de enfermagem.

A gestão de recursos materiais, físicos e de tecnologia de informação foi assinalada

pelos participantes como competências do enfermeiro no ambiente laboral.

Os avanços da tecnologia têm gerado aumento da complexidade na assistência,

exigindo um nível de atenção cada vez maior pelos profissionais de saúde e instituindo

demanda crescente por recursos materiais (CASTILHO; MIRA; LIMA, 2016). As instituições

de saúde passam a aprimorar o gerenciamento desses recursos a fim de garantir assistência

contínua e de qualidade com menor gasto e, ainda, prover a quantidade e qualidade dos

materiais indispensáveis para que os profissionais realizem suas atividades sem riscos para si

e para os usuários (CASTILHO; MIRA; LIMA, 2016).

92

Os mesmos autores discutem o papel do enfermeiro diante dos recursos materiais.

Devem conhecer e acompanhar o consumo de materiais da sua unidade, não apenas

medicamentos, mas os esterilizados e os que chegam às unidades advindos da central de

material, promover estratégias com a educação continuada para sensibilização de toda a

equipe sobre o uso racional dos materiais, como também reconhecer que o gerenciamento

desse recurso é uma conquista no que tange aos aspectos técnico-administrativo e financeiro,

inerentes ao processo de cuidar e gerenciar (CASTILHO; MIRA; LIMA, 2016).

O gerenciamento de recursos físicos foi apontado como importante para atuação

competente do profissional enfermeiro.

De acordo com Castilho e Baptista (2016, p. 158), “o conceito de recursos físicos

engloba as áreas internas e externas que compõem um serviço de saúde”. Para garantir a

viabilidade técnica e compatibilizar as necessidades com a disponibilidade de recursos,

considerando as bases legais, é importante a participação do enfermeiro na sugestão e

planejamento da área física, pois a visão multiprofissional de engenheiros, ergonomistas e

arquitetos não é suficiente para conhecer as necessidades inerentes à assistência e atividades a

serem desenvolvidas pela equipe (CASTILHO; BAPTISTA, 2016).

O estudo de Montezeli, Peres e Bernardino (2014), discorre que a inadequação de

materiais e área física de um pronto-socorro é considerada como dificultador para as ações de

gerenciamento de enfermagem da unidade.

Somente os profissionais que conhecem a rotina de trabalho, como os enfermeiros que

atuam nas 24 horas em diferentes turnos, podem opinar com veracidade e firmeza sobre as

reais necessidades da unidade, no que tange à estrutura física e de equipamentos, a fim de

estabelecer uma assistência segura e de qualidade.

Outro recurso citado, a ser gerido pelos enfermeiros, foi o de tecnologias de

informação.

O sistema de informação computadorizado voltado para documentar e processar

informação do cuidado direto ao usuário é essencial no processo de trabalho do enfermeiro,

exigindo conexão e interpretação de diversas informações clínicas para a tomada de decisões

sobre o cuidado de enfermagem individualizado (PERES; LEITE, 2016). As mesmas autoras

discorrem que as competências dos enfermeiros para efetiva contribuição nos sistemas de

informação das instituições de saúde devem considerar as políticas das organizações e o

compromisso individual para o desenvolvimento tecnológico, apoiado no pensamento ético-

político, e integração da tecnologia às necessidades da profissão e da dimensão humana da

enfermagem.

93

Outro indicativo da competência gerencial do enfermeiro pelos participantes foi o

gerenciamento de recursos políticos.

Considero que o enfermeiro deve também gerenciar os recursos políticos (JE7).

A pesquisa de Chaves, Tanaka (2012) traz a discussão sobre a inserção do enfermeiro

nas atividades relacionadas à avaliação na gestão de sistemas de saúde, que o insere também

na esfera política. Contudo, não há a intenção de deixar em segundo plano o cuidado, que é

essencial no processo de trabalho, mas ao valorizar e priorizar o cuidado há necessidade de

atuação política na gestão e na extensão dos sistemas de saúde com o intuito de beneficiar

melhores práticas de cuidado.

Verifica-se a necessidade de investimentos para a formação de profissionais com o

desenvolvimento de competências políticas, técnicas e relacionais, e educação permanente

para atuação ampliada daqueles inseridos no mercado de trabalho, não ficando o enfermeiro

restrito apenas à esfera do cuidado, vislumbrando espaço nos diferentes níveis de gestão com

a constituição de parcerias com profissionais da saúde, usuários e instituições de saúde,

valorizando a saúde enquanto direito (CHAVES; TANAKA, 2012).

6.2.3 Gestão ambiental

Foi identificada por participantes a necessidade de ações voltadas para a gestão

ambiental no trabalho em enfermagem.

[...] gestão ambiental dos serviços de enfermagem visando a prática de ações

ecologicamente sustentáveis pela equipe (JE19).

[...] poderia estar descrito como otimização de recursos para uma assistência

sustentável [...] (JE2).

As atividades assistenciais de saúde devem garantir condições adequadas de trabalho

tanto para o atendimento das necessidades dos usuários como dos profissionais envolvidos,

com responsabilidade compartilhada pelos integrantes da instituição de saúde (CASTILHO;

BAPTISTA, 2016).

Nesse contexto, as ações gerenciais do enfermeiro devem investigar a estrutura física e

ambiental para a assistência à saúde, com vistas à segurança dos profissionais e usuários,

tornando mínima a exposição aos riscos ocupacionais e conservando o meio ambiente

(CASTILHO; BAPTISTA, 2016).

Uma pesquisa das autoras Furukawa, Cunha e Pedreira (2016), teve como objetivo a

análise das ações sustentáveis no processo de medicação, desde o recebimento da prescrição

94

até o descarte dos resíduos pela equipe de enfermagem de um hospital. As autoras concluíram

que é possível o desenvolvimento de ações sustentáveis no trabalho, contribuindo para a

diminuição de recursos e volume de resíduos originados, beneficiando o meio ambiente, a

saúde da população e gerando economia para a instituição de saúde. Daí o importante papel

do enfermeiro como propagador de práticas sustentáveis nas atividades de enfermagem

(FURUKAWA; CUNHA; PEDREIRA, 2016).

Além da atenção hospitalar, a atenção básica também deve estar inserida nas ações de

sustentabilidade. A formação do enfermeiro precisa ser permeada por um currículo

generalista, com perspectiva interdisciplinar para a educação ambiental, por meio de

disciplinas teóricas e práticas na esfera da atenção básica, consolidando os princípios do SUS,

a fim de formar profissionais comprometidos que busquem ações reais no dia a dia,

contribuindo, assim, para o meio ambiente saudável (SANTOS; SILVA, 2014).

As ações sustentáveis fazem parte da mobilização de competências nas atividades

gerenciais do enfermeiro visando uma assistência segura para o usuário e equipe de

enfermagem, e as discussões sobre o tema devem ser uma constância dentro da equipe de

enfermagem.

6.2.4 Dimensionamento de pessoal de enfermagem em instituições de saúde

O dimensionamento de pessoal foi apontado como competência privativa do

enfermeiro pelos participantes com a finalidade de auxiliar no planejamento do trabalho da

equipe de enfermagem.

Faltou colocar sobre o dimensionamento de pessoal que é uma atribuição específica

do enfermeiro e pode entrar como planejamento da força de trabalho em

enfermagem (JE6).

O dimensionamento de pessoal é compreendido como um processo sistemático que

visa dar base ao planejamento e avaliação da quantidade e qualidade, para prover a assistência

em consonância com a singularidade dos serviços de saúde, com intuito de garantir a

segurança dos usuários e dos trabalhadores de enfermagem (FUGULIN; GAIDZINSKI;

LIMA, 2016).

Há tempos se discute sobre o dimensionamento de pessoal, porém tem sido tema

conflitante entre profissionais devido à necessidade de diminuir custos e aumentar as vagas na

área da saúde, na qual a enfermagem é representada pelo maior número de trabalhadores e

consequentemente maior custo para as instituições de saúde (FUGULIN; GAIDZINSKI;

95

LIMA, 2016). Nesse contexto, os mesmos autores assinalam que os chefes de serviços de

enfermagem estão à procura de ferramentas que possibilitem a melhor administração dos

recursos humanos sob sua responsabilidade, desenvolvendo competências para realizar o

planejamento, alocação, distribuição e controle do pessoal de enfermagem.

O estudo de Santos et al. (2013) indicou que o dimensionamento do pessoal de

enfermagem foi tido como ação de gerência do cuidado na prática profissional do enfermeiro,

estando relacionada aos recursos humanos, com vistas à qualidade do cuidado.

Ressaltamos que, além dos métodos quantitativos para dimensionar o pessoal de

enfermagem, o dimensionamento requer do enfermeiro competências no sentido de conhecer

a realidade e contexto das unidades hospitalares, o perfil epidemiológico da população

atendida e o perfil dos recursos humanos de enfermagem.

A definição das competências requeridas pelas instituições de saúde pode ser uma

tática para deixar em consonância a carga de trabalho da unidade e o perfil dos profissionais

visando à obtenção de melhores resultados para a assistência (AUED et al., 2016).

A mobilização de competências gerenciais pode ser dificultada, dentre outros itens,

pelo desconhecimento da realidade da unidade por parte da gerência de enfermagem

(MONTEZELI; PERES; BERNARDINO, 2014).

6.2.5 Gestão dos serviços de saúde

A gestão de serviços de saúde também aparece como competência do enfermeiro, o

qual utiliza tecnologias para o planejamento sistematizado.

[...] assumir a gestão dos serviços de saúde (JE13).

Penso que seria interessante acrescentar se o profissional possui habilidade ou se

utiliza de técnicas científicas (administração/gestão) para planejar as atividades

(método sistematizado) (P65).

De acordo com Tanaka e Tamaki (2012, p. 822), a gestão de serviços de saúde

compõe uma função administrativa cuja finalidade é melhorar o funcionamento das

organizações visando à “eficiência (relação entre produtos e recursos empregados), eficácia

(atingir os objetivos estabelecidos) e efetividade (resolver os problemas identificados)”.

A atuação do enfermeiro em atividades não assistenciais representa um desafio às

políticas de formação e inserção no mercado de trabalho. Nesse sentido, o que pode auxiliar o

enfermeiro a engajar-se na gestão de serviços de saúde é a formação acadêmica atual, que

considera além dos conhecimentos sobre a assistência à saúde, os inerentes ao gerenciamento

96

dos serviços, pois esse profissional tem o potencial para participação diferenciada no campo

dos serviços de saúde (CHAVES; TANAKA, 2012)

6.2.6 Identificação da legislação profissional vigente

Outra competência mencionada do enfermeiro foi em relação ao conhecimento da

legislação, em especial da área que está atuando. Entretanto, apontaram que diante de todo

aparato legal da profissão, há necessidade em ajustar a legislação com a prática do cuidado, já

que o enfermeiro trabalha com/para o ser humano.

Conhecer a legislação vigente [...] (JE25).

Não se deve apenas ter um olhar baseado na legislação, temos que pensar nas

pessoas como seres humanos (P12).

Atualmente, discute-se sobre a responsabilidade civil e penal do enfermeiro na

assistência e na gestão nos diferentes cenários de atuação.

É obrigação do enfermeiro agir de acordo com os preceitos éticos para conservação

dos interesses, dos direitos e da segurança do paciente, e de acordo com Freitas, Santos e

Fernandes (2016, p. 192), ao descumpri-los, eles incidem em

ter de reparar, indenizar ou ressarcir pelo dano provocado a alguém

(responsabilidade civil); ser penalizado por danos, lesões físicas ou maus-tratos

causados a outras pessoas (responsabilidade penal); e ser punido eticamente por uma

infração cometida (responsabilidade ética).

Vislumbra-se a necessidade dos enfermeiros em conhecer a legislação que rege a

conduta da profissão e também a pessoal, e que deve ser atualizada de forma contínua, com o

auxílio das entidades de classe e das instituições de saúde, adquirindo novos conhecimentos

por meio de eventos profissionais que proporcionem reflexões acerca de assuntos sobre sua

responsabilidade ética e legal (FREITAS; SANTOS; FERNANDES, 2016).

Mesmo com a informação da legislação profissional, o enfermeiro competente precisa

conhecer a situação, reconhecer os valores, crenças e (in)certezas presentes nas diversas

situações, o que auxilia nas tomadas de decisões respaldadas pela ética, firmando o

compromisso profissional, sobretudo, visando uma assistência com qualidade, segura e

humanizada. (FREITAS; SANTOS; FERNANDES, 2016).

97

6.2.7 Perfil do enfermeiro gestor

Participantes elencaram desempenhos relacionados à competência de gerenciamento, o

perfil do enfermeiro gestor, a saber: a liderança, a negociação, a tomada de decisão, trabalho

em equipe e o empreendedorismo.

Gerenciar e liderar a equipe de enfermagem (JE15).

[...] estratégias de negociação (JE6).

[...] tomada de decisões assertivas (JE2).

Não podemos nos responsabilizar sozinhos pela qualidade da assistência de

enfermagem (JE23).

Gradativas mudanças estão acontecendo nos serviços de saúde, as quais provocaram

transformações no trabalho de enfermagem, com ênfase no desempenho do enfermeiro, que

passou a assumir mais atividades administrativas (MONTEZELI; PERES; BERNARDINO,

2014). Nesses serviços, tem-se observado a necessidade de mudanças no perfil de

competências dos enfermeiros, com o intento de acolher as necessidades de saúde, exigindo

que os mesmos saibam agir, mobilizar, educar para solucionar situações práticas e

aprendizagem contínua de maneira a adaptar-se aos diferentes cenários de atuação

(MANENTI et al., 2012).

Diante do contexto, as diversas competências gerenciais do enfermeiro são

evidenciadas como importantes para sua atuação profissional.

Evidencia-se que a liderança na estrutura formal e informal de trabalho é referida

como a capacidade de influenciar pessoas de maneira ética na profissão a fim de obter

objetivos em comum a partir do trabalho coletivo (SILVA; CAMELO, 2012). As mesmas

autoras em seu estudo de revisão integrativa sobre os significados de liderança em

enfermagem, atributos e papel do enfermeiro líder identificaram acerca do papel do

enfermeiro líder as atividades de planejamento, gestão de pessoas, saber ouvir, ser

responsável, transmitir empatia, coordenação da equipe de enfermagem, dentre outros.

A liderança tem sido resgatada como ferramenta essencial, não só para a condução da

assistência, como também ao efetivo gerenciamento do cuidado, isto é, a

ampliação/duplicidade do papel gerencial do enfermeiro: cuidado e gerenciamento do cuidado

(FELLI; PEDUZZI; LEONELLO, 2016).

A negociação está presente no cotidiano do gerenciamento em enfermagem e envolve

o reconhecimento da situação pelas diversas pessoas envolvidas, cada um com seu poder, e a

98

capacidade de comunicação e planejamento estratégico (CIAMPONE; KURCGANT, 2016).

Algumas habilidades são importantes, tais como ser proativo, não aceitar as coisas como são

sem antes saber se poderiam ser feitas de uma forma melhor, romper resistências, acreditar

que pode negociar (CIAMPONE; KURCGANT, 2016). Porém, as autoras explicitam a

necessidade de ampliar as competências diante das habilidades técnicas de cada área de

conhecimento profissional, que são importantes e indispensáveis, mas há deficit para um

desempenho de qualidade na gestão da assistência à saúde.

A revisão integrativa de Camelo (2012) sobre as competências dos enfermeiros para

atuar em UTI identificou que para o trabalho do enfermeiro nas dependências dessa unidade

suas responsabilidades de gerenciamento da assistência necessitam estar embasadas na

capacidade de tomar decisões visando ao uso adequado do contingente de enfermagem,

recursos materiais e práticas.

O cuidado de enfermagem não pode ser realizado apenas por uma pessoa, é

caracterizado pela assistência contínua de usuários e familiares, constituindo prática de um

grande número de profissionais que culminou em competências gerenciais do enfermeiro,

como a coordenação, supervisão, liderança e trabalho em equipe, este último considerado pela

enfermagem como ação interprofissional na resolução de problemas de saúde dos usuários

(PEDUZZI; LEONELLO; CIAMPONE, 2016). Atualmente, há uma nova conformação do

trabalho em equipe nas profissões de saúde, as quais são interdependentes.

Participante compreendeu que o enfermeiro devesse ser empreendedor, com vistas às

inovações e tecnologias para atender às exigências no campo da saúde e enfermagem. Nesse

sentido, definimos empreendedor como o profissional que atua de maneira dinâmica, dotado

de diversos atributos, como a inovação, liderança, persistência e planejamento (ROCHA;

FREITAS, 2014).

6.3 Competência educativa

A atuação da enfermagem na esfera educativa é considerada uma das principais, sendo

realizada nos diferentes locais de prática, como comunidades, serviços de saúde (Unidades

Básicas de Saúde, escolas, creches), ensino de enfermagem de nível técnico e superior, na

educação permanente da equipe de enfermagem e em atividades no plano individual e

coletivo (RITTER et al., 2014).

Nesse contexto, há perspectivas por parte dos enfermeiros participantes da pesquisa

em relação à competência educativa. Destacaram a aprendizagem continuada dos

99

profissionais inseridos no exercício do trabalho, apontaram essa competência para as novas

DCNs e assinalaram sua conformação em diferentes vertentes, mas que se interligam.

Responsabilizar-se com a formação [...] de profissionais da sua equipe promovendo

benefício mútuo [...] (JE19).

A atividade educativa é implementada para o ganho de conhecimento (P12).

Esta competência provavelmente será apontada de forma mais ampla nas novas

DCNs [...] (JE28).

Considero que a competência educativa tem que ser dividida em: - educação formal

com a formação de novos profissionais; - educação em saúde de pacientes e

familiares e - educação permanente para equipes (JE7).

O enfermeiro é responsável pelas atividades educacionais no ambiente de trabalho e

por manter o desenvolvimento das competências de seus pares, necessita empenho e entrega,

indicando que as atividades de educação continuada ou permanente constituem forma de

concretizar a manutenção de competências para a assistência (CAMELO, 2012).

Nacionalmente, as DCNs do curso de graduação em enfermagem orientam

competências gerais a serem alcançadas pelos egressos, como a atenção à saúde, tomada de

decisões, liderança, comunicação, gerenciamento e educação permanente (BRASIL, 2001).

Para a consolidação da competência para educação permanente, os enfermeiros necessitam

aprender continuadamente na formação e no decorrer da prática, de forma a aprender a

aprender, visando à aprendizagem de futuros profissionais, como também daqueles que estão

atuando (BRASIL, 2001).

O texto das DCNs do curso de graduação em Enfermagem enfatiza a educação

permanente para o seu desenvolvimento profissional e de futuros enfermeiros. Com a nova

conformação das DCNs que estão em discussão, acreditamos ser necessária a inserção sobre

ações educativas do enfermeiro relacionadas à educação em saúde, como as descritas nas

atuais DCNs do curso de graduação em Medicina na Subcessão II que trata da atenção às

necessidades de saúde coletiva: “estímulo à inserção de ações de promoção e educação em

saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações de

cuidado com o corpo e a saúde” (BRASIL, 2014, p. 7).

Participantes colocaram em evidência a dimensão individual da educação. Abordaram

a necessidade da aprendizagem contínua relacionada ao exercício do trabalho do enfermeiro e

realização de ações educativas considerando as especificidades do ambiente laboral.

Aprendizagem contínua e continuada no seu contexto de formação [...] (JE19).

Há casos em que o profissional não está atuando na área que tem preferência de

trabalhar. Nem por isso deixa de investir numa formação fora do contexto de

atuação, pois almeja um dia ser remanejado de setor (P72).

100

As instituições de saúde reconhecem a necessidade de capacitar seus profissionais por

meio de educação participativa, pois outrora admitiam e demitiam pessoas visando à

diminuição de erros funcionais e de custos (MIRA; LEITE; PRADO, 2016).

Os enfermeiros perceberam a importância da sua aprendizagem, com vistas ao melhor

desempenho no exercício do trabalho, ocasionado por pressões sociais, elevação da

escolaridade, inserção de novas tecnologias no ambiente laboral, motivação e interesse em

participar de decisões e resultados da empresa (MIRA; LEITE; PRADO, 2016). A

capacitação profissional foi mencionada por enfermeiros como item facilitador da

mobilização de competências gerenciais (MONTEZELI; PERES; BERNARDINO, 2014).

Nesse contexto, a educação continuada é vista como um processo que impulsiona a

transformação das instituições, oferecendo oportunidades de capacitação e desenvolvimento

pessoal e profissional, de acordo com o prisma crítico e responsável da realidade, culminando

na constituição de conhecimentos para as instituições, profissão e à sociedade (MIRA;

LEITE; PRADO, 2016).

A constituição de competências no decorrer da formação acadêmica não garante a

consolidação da prática, sendo o aperfeiçoamento da mesma um compromisso do enfermeiro

e das instituições empregadoras visando à constituição de uma rede de conhecimento

constante (SADE; PERES, 2015). Nesse sentido, a educação permanente é apreendida como

aprendizagem-trabalho, realizada no dia a dia das pessoas e organizações, sendo conduzida

por problemas enfrentados no cotidiano e considerando os conhecimentos e experiências que

as pessoas possuem (BRASIL, 2007).

Cabe aos profissionais o seu constante desenvolvimento profissional a fim de obtenção

de competências inerentes ao seu ambiente laboral.

Participantes da pesquisa apontaram, ainda, desafios a serem superados para a

competência educativa. Revelaram dificuldades de profissionais que estão inseridos na

atenção à saúde em manter-se comprometidos com ações educativas e a ausência de uma

maneira para avaliação dos resultados das mesmas.

[...] no geral, a enfermagem assistencial tem encontrado dificuldades para manter

esse nível de comprometimento com a educação (P64).

A revisão integrativa de Ritter et al. (2014) teve a finalidade de descobrir como a

enfermagem utiliza a atividade com grupos como tecnologia assistencial na Saúde Coletiva. A

revisão evidenciou a importância das ações educativas realizadas pelos enfermeiros durante os

trabalhos em grupo, estas por meio de métodos participativos e humanizados, porém as ações

101

educativas costumam ser consideradas como parte complementar às atividades realizadas no

dia a dia.

A educação, mais do que divulgar informações, auxilia a compreensão das pessoas

sobre seu contexto e modo de viver, assim a área educativa passa a ser admitida como prática

cotidiana, inseparável do processo de trabalho do enfermeiro e, sobretudo, como potencial

pedagógico desse profissional, e não como mera atividade técnica (RITTER et al., 2014).

Temos como exemplo para potencializar as atividades educativas do enfermeiro em

seu âmbito laboral a educação permanente em saúde visando ao aprimoramento do cuidado ao

usuário e crescimento profissional e pessoal dos profissionais (GOMES et al., 2014).

Contudo, não é feita periodicamente e não há comprometimento, podendo tornar difícil o

trabalho do enfermeiro, já que se não há educação, o conhecimento fica restrito, influenciando

no serviço oferecido ao usuário (GOMES et al., 2014).

O estudo de Gomes et al. (2014) objetivou compreender os desafios da gestão da

saúde pública na interface entre educação e atenção, evidenciando que estão relacionados a

diversos fatores, inclusive o pessoal. A formação de futuros profissionais precisa ser realizada

de forma reflexiva e no desenvolvimento de novas tecnologias de cuidado à saúde. Os autores

enfatizaram a importância da educação permanente em saúde em nível individual, coletivo e

para a equipe multiprofissional, porém assinalaram que a educação é um desafio, pois há falta

de quantitativo de profissionais.

A falta de enfermeiros e até mesmo de compromisso dos mesmos que atuam nos

diferentes cenários podem ser elementos que dificultam as ações educativas.

No que se refere à documentação das avaliações de capacitações, treinamentos e

outros da equipe de enfermagem, acreditamos que os programas de treinamento e

desenvolvimento possam ser uma forma para concretizar os registros dos resultados atingidos.

A avaliação dos resultados das capacitações ainda são pouco documentadas na

nossa realidade [...] (JE27).

O treinamento capacita o profissional na parte teórica e prática, visando à eficiência no

trabalho, e o desenvolvimento ultrapassa essa eficiência, presumindo a ampliação de

competências profissionais e pessoais que dão suporte para as modificações da realidade

(MIRA; LEITE; PRADO, 2016). As autoras mencionam que os enfermeiros atuam como

instrutores no programa de treinamento e desenvolvimento, pois a intenção é responsabilizar-

se pelo programa junto com a equipe em que trabalha.

102

Avaliar o processo de treinamento e desenvolvimento significa compreender se as

informações fornecidas favoreceram o conhecimento e se este é identificado no desempenho

do profissional (MIRA; LEITE; PRADO, 2016).

De acordo com Mira, Leite e Prado (2016), a avaliação do treinamento e

desenvolvimento deve utilizar diferentes técnicas, como a avaliação de custos referente ao

custo-benefício e custo-efetividade, no entanto pouco utilizada, como também a emissão de

relatórios analíticos pelo serviço de educação continuada, com a finalidade de divulgar as

atividades realizadas e os resultados para tomada de decisões.

Os enfermeiros devem valer-se da originalidade para construir instrumentos de

avaliação de acordo com sua realidade de trabalho ou daquelas já conhecidas no ambiente

laboral da enfermagem.

6.4 Competência produção de conhecimento

Para a enfermagem na qualidade de trabalho e profissão, é essencial que se produza

conhecimentos acerca de bases éticas e perfil de profissionais para a sua atuação segura e para

os usuários de saúde (PIRES, 2013).

Nesse sentido, a área da pesquisa em enfermagem teve apontamentos importantes dos

participantes, que constantemente fizeram a interface da pesquisa com o cuidado. Enfatizaram

a necessidade de produção de conhecimentos acerca de problemas vivenciados pela equipe e

que possam oferecer subsídios para a prática.

Abordaram, ainda, a pesquisa como transversal, com produções para o exercício da

atenção, gerenciamento e educação, com vistas às mudanças dos contextos de prática.

[...] a produção de conhecimento para o enfermeiro é importante para impactar e

mudar os cenários de prática [...] produzir pesquisas que tenham impacto na

prática da atenção, gerenciamento e educação em saúde (JE6).

Pires (2013) objetivou em seu artigo refletir sobre os desafios para reforçar a

Enfermagem como ciência do cuidar. A autora, no que tange à produção de conhecimento,

sustentou que o mesmo deve ser norteado pelo propósito no cuidar de pessoas com

necessidades de saúde, pela preservação das condições essenciais para o fazer com segurança

e consciente, por pesquisas que orientem as lutas por leis trabalhistas dignas para o trabalho

na saúde e enfermagem, por políticas públicas coerentes às carências da população nos

diferentes contextos da história sobre gestão em saúde e enfermagem, culturas, práticas de

saúde, protocolos e intervenções para cura. Enfatiza que compete aos profissionais de

enfermagem produzir conhecimentos sobre como a enfermagem está contribuindo para a

103

assistência, incluindo a promoção da saúde, práticas de cuidado, o conviver com limitações e

cuidado no morrer, e acerca da educação em saúde e enfermagem (PIRES, 2013).

Evidenciamos no trabalho de Pires (2013) que a competência de produção de

conhecimento é transversal, perpassando pelas áreas de atuação do enfermeiro presentes nesta

pesquisa: cuidar, gerenciar e educar.

Os enfermeiros participantes demonstraram a importância de incorporar a prática

baseada em evidências científicas.

O exercício da prática baseada em evidências norteia as incertezas clínica e

transforma práticas (JE20).

Mundialmente, a enfermagem tem experimentado nas últimas décadas uma mudança

cultural no que diz respeito às pesquisas científicas, pois se espera que os enfermeiros a

realizem e baseiem sua prática profissional através de dados inerentes às mesmas (POLIT;

BECK, 2011). De acordo com Polit e Beck (2011, p. 22), a prática baseada em evidências é

conceituada de forma abrangente “como o uso dos melhores dados clínicos na tomada de

decisões relativas ao atendimento ao paciente, e esses dados costumam vir de pesquisas

realizadas por enfermeiros e outros profissionais da área da saúde”.

A utilização de pesquisas para a prática profissional da enfermagem teve início mais

solidamente em 1980, com isso a formação de enfermeiros foi direcionada por cursos de

metodologia de pesquisa com intuito de capacitação dos futuros profissionais e no campo de

investigações as preocupações incidiram na enfermagem clínica (POLIT; BECK, 2011).

Nesse contexto, compreendemos que as pesquisas implementadas por enfermeiros são

essenciais para o exercício da profissão, já que estão inseridos e vivenciam o cotidiano nas

diversas áreas laborais e podem evidenciar as dificuldades e potencialidades no exercício da

profissão.

Participantes apontaram em seus comentários sobre a importância da divulgação e

avaliações das pesquisas.

Divulga as avaliações realizadas entre os trabalhadores, a população interessada e

a comunidade científica [...] (P66).

Há, na atualidade, o desconhecimento por parte de algumas pessoas sobre a função de

pesquisador do enfermeiro e este deve divulgar nacional e internacionalmente sua imagem e

resultados de sua pesquisa em diferentes eventos com finalidade, também, de apoiar novas

pesquisas (POLIT; BECK, 2011).

Participantes revelaram desafios do enfermeiro quanto à produção de conhecimento.

Assinalaram como uma competência importante, mas há falta de incentivo pelas instituições

104

de saúde, dificuldades em conciliar o tempo entre a assistência, gerenciamento e pesquisa, e a

importância de motivar os futuros profissionais para participar das produções científicas.

Competência importantíssima, porém, na realidade do enfermeiro, pouco se produz

para se aplicar a prática (JE5).

A questão da produção de conhecimento é fundamental, porém quando se está na

assistência e aliado a esta a gerência, não fica muito tempo para esta produção, o

que não acontece com quem está exclusivo para a produção e ou docência (JE26).

A revisão sistemática de Cabral e Tyrrel (2010), que tratou da pesquisa em

enfermagem nas Américas, apontou desafios a serem superados no que concerne às pesquisas

no âmbito da enfermagem, a saber: o despreparo do enfermeiro para organizar e aplicar

resultados das investigações na prática; deficit de disciplina de metodologia de pesquisa nos

currículos dos cursos superiores em enfermagem; ausência de cursos para complementação de

temas envolvendo a metodologia de pesquisa para enfermeiros inseridos na prática e

docentes; suspensão de pesquisas em andamento e consequente divisão do conhecimento

inerentes à enfermagem.

Há a recomendação para que os enfermeiros utilizem o campo assistencial clínico

como laboratório, com perspectiva para pesquisar sobre sua prática, assim como retorno dos

resultados à mesma, com intuito de mudanças no exercício profissional e, por último, a

revisão enfatiza a necessidade de envolvimento dos enfermeiros nos procedimentos

institucionais de pesquisa, e que esses locais possam ser espaços de formação dos futuros

profissionais, vislumbrando o ensinar e aprender a pesquisa por meio do ato de pesquisar

(CABRAL; TYRREL, 2010).

Vislumbramos que a articulação da prática profissional e a formação acadêmica são

partes integrantes para o reconhecimento da pesquisa como competência fundamental do

enfermeiro, a qual permeia as demais competências mencionadas nesta pesquisa.

6.5 Dificuldades em colocar em prática as competências

Participantes assinalaram diversas dificuldades para colocar em prática as

competências no ambiente de trabalho.

O profissional enfermeiro, de acordo com a realidade encontrada na organização

de trabalho em saúde, onde o médico é majoritário no poder de decidir, em especial

no cuidado direto (assistencial) encontra dificuldades pelo seu poder de mando

estar submetido ao médico e ao enfermeiro (gerente geral da enfermagem) [...]

(P64).

105

Esse relato pode ser entendido como o poder encontrado nas relações

multiprofissionais no ambiente das instituições de saúde.

Os enfermeiros necessitam capacitar-se para o desenvolvimento de competências

ético-políticas e socioeducativas, por serem as menos trabalhadas, mas que delimitam os

locais ocupados e as relações entre os profissionais (KURCGANT; MASSAROLLO, 2016).

Na divisão do trabalho nas instituições de saúde, além dos diferentes profissionais com suas

áreas de atuação e saberes específicos, o trabalho é caracterizado por desigualdades nas

relações de poder, que ocorre entre os diferentes profissionais, o que é evidenciado pela

existência de uma divisão técnica e social do trabalho (KURCGANT; MASSAROLLO,

2016).

Para as mesmas autoras, os novos mecanismos de gestão dentro das instituições de

saúde apontam para a possibilidade de maior integração e articulação no trabalho

desenvolvido entre os diferentes profissionais e daqueles da mesma área, em oposição ao

trabalho fragmentado realizado na atualidade. Essa proposta designa a formação e efetivação

de equipes, necessitando de maior entendimento sobre o trabalho em equipe ou em grupo,

porém, enquanto isso, o dia a dia vivenciado é real e para ser transformado necessita de ações

concretas (KURCGANT, MASSAROLLO, 2016). Depende dos enfermeiros a busca da sua

autonomia para assistência à saúde do usuário por meio de capacitações com temas menos

trabalhados na profissão e aprimoramento da competência para o trabalho em equipe.

Outro elemento identificado que incide sobre os desafios na mobilização de

competências na prática foi a sobrecarga de trabalho.

Concordo que todas as habilidades são importantes, porém eu não consegui exercer

desta forma, devido inúmeras tarefas cobradas ao enfermeiro pela instituição (P32).

A pesquisa de Santos et al. (2013b) teve como objetivo analisar fatores de prazer e

sofrimento no gerenciamento do enfermeiro em âmbito hospitalar. Foi realizada em um

hospital do Sul do país e teve participação de 19 enfermeiros. Dentre os fatores de sofrimento,

participantes assinalaram a sobrecarga de trabalho, advinda de atividades abrangentes

inerentes ao gerenciamento, responsabilidade na tomada de decisões e dificuldade em

combinar o cuidado direto ao usuário com as atividades gerenciais.

Para que o exercício das atividades gerenciais seja motivo de prazer e saúde, há

necessidade do reconhecimento profissional do enfermeiro, incentivo e corresponsabilidade

por parte das instituições de saúde nas ações gerenciais (SANTOS et al., 2013b).

A falta de tecnologias adequadas também foi apontada por participantes como

elemento que dificulta o exercício das competências. As transformações tecnológicas

106

incentivaram o aumento da complexidade do cuidado, e as instituições de saúde passaram a se

preocupar com a gestão dos recursos materiais, as de cunho privado que prezam preços

acessíveis e as públicas pela contenção de gastos (CASTILHO; MIRA; LIMA, 2016). As

autoras atentam para a assistência em enfermagem e consideram que a gestão dos recursos

materiais se refere à atividade fim, ou seja, o cuidado ao usuário, o qual não pode ocorrer com

interrupções, e que muitas vezes são atribuídas pela falta de quantidade ou qualidade de

materiais.

Muitas vezes não dispomos de tecnologias adequadas para intervenção (JE23).

Esse relato corrobora com a pesquisa de Formiga et al. (2015), que caracterizou a

atuação de profissionais de enfermagem, inclusive enfermeiros, em uma unidade de

emergência de um hospital público do Nordeste do país. O estudo apontou deficit de

equipamentos e materiais no setor de emergência por parte de alguns profissionais de

enfermagem, o que evidenciou a necessidade de melhores condições de trabalho na referida

unidade.

Participantes ratificaram as dificuldades em colocar em prática as competências, no

entanto não mencionaram elementos que pudessem mudar a realidade vivenciada pelos

mesmos, de forma a melhorar o ambiente de trabalho e consequentemente sua prática

cotidiana.

6.6 A intercomplementaridade entre as competências do enfermeiro

Além das interfaces entre as competências atenção à saúde, administrativa e gerencial,

educativa e produção de conhecimento, as mesmas se intercomplementam no processo de

trabalho do enfermeiro.

Os autores Erdmann, Backes e Minuzzi (2008) colocam de forma singular a

intercomplementaridade das competências, na qual o exercício gerencial do enfermeiro abarca

diversas ações, estas relacionadas ao gerenciar cuidando e educando, do cuidar gerenciando e

educando, do educar cuidando e gerenciando. Toda essa articulação destina-se à construção

de conhecimentos unindo os diversos sistemas (hospitalar e extra-hospitalar), visando à

qualidade do cuidado, este que é direito do cidadão (ERDMANN; BACKES; MINUZZI,

2008).

O estudo de Gomes et al. (2014) mostrou que as atividades acerca da gestão estão

desvinculadas da atenção e educação, ou seja, as ferramentas de gestão não são utilizadas para

107

organizar a assistência e não está em consonância com a educação, com vistas à melhoria da

atenção e sucessivamente da gestão. A educação na interface com a atenção propiciaria a

educação contínua dos profissionais nos diferentes contextos (GOMES et al., 2014). Gomes

não explicitou a pesquisa nos desafios da gestão da saúde pública, mas percebemos que a

mesma perpassa a atenção, a gestão e a educação, principalmente acerca da qualificação da

atenção à saúde.

Nesse contexto, destacamos que para o adequado desempenho do enfermeiro

generalista, o mesmo necessita estar em consonância com a intercomplementaridade das

diferentes áreas de competências e que, de modo reflexivo, crítico, atualizado e seguro, possa

implementá-las em seu exercício profissional.

108

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa buscou realizar a validação de conteúdo de um perfil de competências para

a formação do enfermeiro generalista, até então, não implementado na instituição que o

idealizou, como também, analisar a compreensão dos participantes do estudo, todos

enfermeiros, sobre as áreas de competências que permeiam a atuação do enfermeiro – cuidar,

gerenciar, educar e pesquisar.

Para conduzir o processo de validação utilizamos a técnica Delphi para coleta de

dados das duas etapas da pesquisa e obtenção de consenso entre os avaliadores do perfil de

competências.

Na primeira etapa da pesquisa, referente à validação do perfil por juízes especialistas,

a participação dos mesmos foi de fundamental importância para a concretização da validação

e reformulação do perfil de competências, pois havia um necessário encaminhamento do

referido perfil, para atualização e adequação através da perspectiva desses enfermeiros

inseridos em diferentes contextos do país. Tivemos abstenções quanto a responder ao

questionário virtual que subsidiou a Delphi, mas sem prejuízos para a pesquisa.

Dessa maneira, concluímos parte dos nossos objetivos, a validação de conteúdo do

perfil matricial por juízes especialistas e efetuamos a reformulação do mesmo com base nas

contribuições dos avaliadores. Contudo, percebemos que as mesmas foram mais direcionadas

para mudanças na redação do perfil de competências (inclusão, remoção ou substituição de

termos, compilação de critérios de avaliação e outros).

Obtivemos a validação do perfil reformulado também com os pares, referente à

segunda etapa. Os enfermeiros inseridos na atenção hospitalar à nível local, tiveram papel

importante na validação e nova reformulação do referido perfil por meio de suas

contribuições, já que estão atuando cotidianamente no exercício da profissão de enfermagem,

permeados pelas competências da quatro áreas do perfil.

Previamente ao início do processo de validação da segunda etapa, realizamos uma

sensibilização de modo presencial e por telefone com os possíveis enfermeiros participantes,

que atuavam em diferentes hospitais da cidade de Cuiabá/MT. Nossa intenção foi explanar de

modo sucinto sobre os objetivos da pesquisa e a importância da participação desses

profissionais, pois poderiam externar a perspectiva das competências no âmbito laboral.

109

Mesmo com a sensibilização, houve a abstenção de parte dos enfermeiros da prática

profissional, com destaque para os atuantes em hospital particular. Os participantes dos

hospitais filantrópico e público foram os que mais aderiram ao estudo.

Contudo, não há consenso na literatura sobre o quantitativo adequado para a validação

de conteúdo, mas apontam a experiência, disponibilidade de tempo e outros como essencial ao

processo.

Ainda que tivéssemos dificuldades em angariar participantes, a validação foi

concretizada com sucesso. E a partir das contribuições dos pares reformulamos novamente o

perfil de competências.

Iniciamos o estudo com o perfil de competências matricial, após a validação com os

juízes especialistas obtivemos a segunda versão do perfil e por fim, com a validação pelos

pares alcançamos a terceira e última versão de perfil de competências.

Todavia, os pares participaram com maior ênfase na parte quantitativa da coleta de

dados. Contudo, não identificamos prejuízos à validação do perfil de competências, pois

emergiram outros tipos de contribuições, as qualitativas, referentes às vivências, experiências,

dificuldades em colocar em prática as competências no campo de trabalho, o que nos

proporcionou um considerável material para a discussão qualitativa.

Os dados qualitativos destacaram as interfaces entre as competências na prática do

enfermeiro generalista e que no nosso entendimento deve saber mobilizá-las com pertinência

nas diferentes situações, com responsabilidade, iniciativa, com entrega e valor para si e à

empresa em que estiver atuando.

Identificamos em nosso último objetivo da pesquisa, que os participantes

compreendem que a mobilização de competências das quatro áreas no ambiente de trabalho é

essencial e estão articuladas entre si, e apontaram os diferentes desempenhos do enfermeiro

na mobilização dessas competências: gerir os recursos humanos, materiais, de tecnologia da

informação, realizar o dimensionamento de enfermagem, atuar no cuidado direto ao paciente

com articulação da gerência (gerenciamento do cuidado), engajar-se nas políticas da área da

saúde e enfermagem, ter liderança, efetiva comunicação, dentre outros.

Ressaltaram também, as dificuldades em implementar na prática as competências,

relacionadas às diversas barreiras condicionadas pelas instituições de saúde, o que muitas

vezes, pode se converter no engessamento profissional do enfermeiro.

Como limitação da pesquisa, temos a não inserção da participação dos profissionais

enfermeiros inseridos na atenção básica, devido ao tempo restrito do mestrado, mas que pode

ser retomado, o que seria importante.

110

Acreditamos que a validação do perfil de competências será instrumento de

fundamental valia para a condução e implementação do curso de graduação em enfermagem

da FAEN/UFMT, visando o aprimoramento do PPC.

O perfil de competências pode ser expandido também para outros contextos do país, já

que parte da validação foi realizada por enfermeiros de todas as regiões geográficas do Brasil.

Atentamos que a temática competência profissional voltada para a enfermagem e

saúde deva ser discutida nos cursos de graduação que estão formando futuros enfermeiros,

bem como no ambiente laboral, pois identificamos neste estudo, que pouco tem sido

discutido/comentado sobre o tema, principalmente no que concerne a prática. Vislumbrando

uma sólida articulação do tema competências profissionais entre a formação e o exercício

profissional do enfermeiro.

Nesse sentido, a inclusão de novas pesquisas sobre a implementação do perfil de

competências no campo prático da formação do enfermeiro será de suma importância, sendo o

estudo subsidiado pelo perfil validado e utilizado como instrumento de aprimoramento da

formação em enfermagem e saúde.

111

REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, N. M. C.; COLUCI, M. Z. O. Validade de conteúdo nos processos de

construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciências & Saúde Coletiva. Rio de

Janeiro, v. 16, n. 7, p. 3061-3068, 2011. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006> Acesso em: 03 jun. 2016.

ANDRADE, A. M. et al. Visita domiciliar: validação de um instrumento para registro e

acompanhamento dos indivíduos e das famílias. Epidemiol. Serv. Saúde. Brasília, v. 23, n. 1,

p. 165-175, jan.-mar. 2014. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/ress/v23n1/2237-9622-ress-23-01-00165.pdf>. Acesso em: 16 jan.

2017.

ARAÚJO, D. S. et al. Construction and validation of a systematization instrument for nursing

in intensive care. Rev RENE. Fortaleza, v. 16, n. 4, p. 461-469, 2015. Disponível em:

<http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/1899>. Acesso em: 03

dez. 2016.

AUED, et al. Competências clínicas do enfermeiro assistencial: uma estratégia para gestão de

pessoas. Rev Bras Enf. Brasília, v. 69, n. 1, p. 142-149, jan.-fev. 2016. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672016000100142>.

Acesso em: 12 jun. 2016.

BELFORT, R. M.; SANTOS, E. F. M. S.; TADEUCCI, M. S. R. Gestão por competências:

um novo modelo de gerenciamento. Revista UNI, v. 2, n. 2, p. 39-53, jan.-jul. 2012.

Disponível em:

<http://www.unisulma.edu.br/Revista_UniEd2_Belfort1_Santos_Tadeucci2.pdf>. Acesso em:

15 dez. 2016.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução

CNE/CES Nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil:

Seção 1, n. 215, Brasília, DF, 9 de novembro de 2001. p. 37. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf>. Acesso em: 24 out. 2015.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução Nº 3,

de 20 de junho de 2014. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação

em Medicina. Brasília, DF, 20 de junho de 2014. Disponível em:

<portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=15874&Itemi

d=>. Acesso em: 19 jan. 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Plano de

reestruturação Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato

Grosso. Elaboração do plano: Hospital Universitário Júlio Muller e Empresa Brasileira de

Serviços Hospitalares. Brasília: DF, nov. 2013. Disponível em:

<http://www.ebserh.gov.br/documents/15796/102028/plano_de_reestruturacao_hujm_ufmt.pd

f/60a1ee3f-70c2-4ab6-a19b-5344703be7c4>. Acesso em: 13 out. 2015.

112

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1.996, de 20 de agosto de 2007, Dispõe

sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em

Saúde e dá outras providências. Brasília, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde. Projeto de

Profissionalização dos trabalhadores da Área de Enfermagem – PROFAE. DELUIZ, N.

Qualificação, competências e certificação: visão do mundo do trabalho. In: MARQUES, C.

M. S. (coord.). Humanizar cuidados de saúde: uma questão de competência. Maio, 2001,

p. 7-17.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde. Projeto de

Profissionalização dos trabalhadores da Área de Enfermagem – PROFAE. RAMOS, M.

Qualificação, competências e certificação: visão educacional. In: MARQUES, C. M. S.

(coord.). Humanizar cuidados de saúde: uma questão de competência. Maio, 2001, p. 19-

28.

BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento das serviços de

correspondentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União - Seção 1, Brasília, DF,

20 de setembro de 1990. P. 18055. Disponível em:

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1990/lei-8080-19-setembro-1990-365093-

publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 19 jan. 2017.

CABRAL, I. E.; TYRREL, M. A. R. Pesquisa em enfermagem nas Américas: revisão. Rev

Bras Enferm. Brasília, v. 63, n. 1, p. 104-110, jan.-fev. 2010. Disponível em:

<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=267019595017>. Acesso em: 02 jan. 2017.

CALOMÉ, J. S; OLIVEIRA, D. L. L. C. Educação em saúde: por quem e para quem? a visão

de estudantes de graduação em enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, v. 21,

n. 1, p. 177-184, jan.-mar. 2012. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072012000100020>. Acesso em: 11 jan. 2017.

CAMELO, S. H. H. et al. Perfil profissional de enfermeiros atuantes em unidades de terapia

intensiva de um hospital de ensino. Cienc. enferm. Concepción, v.19, n. 3, p. 51-62, 2013.

Disponível em: < http://dx.doi.org/10.4067/S0717-95532013000300006>. Acesso em: 29

nov. 2015.

CAMELO, S. H. H. Competência profissional do enfermeiro para atuar em Unidades de

Terapia Intensiva: uma revisão integrativa. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Perto,

v. 20, n. 1, p. 192-200, jan.-fev. 2012. Disponível em:

<http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/4495/6021>. Acesso em: 14 dez. 2016.

CAMELO, S. H. H.; ANGERAMI, E. L. S. Competência profissional: a construção de

conceitos, estratégias desenvolvidas pelos serviços de saúde e implicações para a

enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, p. 552-560, abr.-jun. 2013. Disponível

em: < http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n2/v22n2a34.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2015.

CASTILHO, V.; MIRA, V. L.; LIMA, A. F. C. Gerenciamento de recursos materiais. In:

KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2016. p. 145-157.

113

CASTILHO, V.; BAPTISTA, P. C. P. Gerenciamento de recursos físicos e ambientais. . In:

KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2016. p. 158-169.

CHAVES, L. D. P.; TANAKA, O. Y. O enfermeiro e a avaliação na gestão de Sistemas de

Saúde. Rev Esc Enferm USP. São Paulo, v. 46, n. 5, p. 1274-1278, out. 2012. Disponível

em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000500033>.

Acesso em: 19 na. 2017.

CIAMPONE, M. H. T.; KURCGANT, P. Gerenciamento de conflitos e negociação. In:

KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2016. p. 48-58.

CORREIO et al. Desvelando competências do enfermeiro de terapia intensiva. Enferm. em

Foco. Brasília, v. 6, n. 1-4, p. 46-50, 2015. Disponível em:

<http://revista.portalcofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/viewFile/576/258>. Acesso

em: 12 jun. 2016.

COSTA, P. B. et al. Construção e validação de manual educativo para a promoção do

aleitamento materno. Rev RENE. Fortaleza, v. 14, n. 6, p. 1160-1167, 2013. Disponível em:

<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324029419012_2>. Acesso em: 14 dez. 2016.

CRESWELL, J. W; CLARCK, V. L. P. Pesquisa de métodos mistos. 2. ed. Porto Alegre:

Penso, 2013. 288 p.

DAL-FARRA. R. A.; LOPES, P. T. C. Métodos mistos de pesquisa em educação:

pressupostos teóricos. Nuances: estudos sobre educação. Presidente Prudente, v. 24, n. 3, p.

67-80, set.-dez. 2013. Disponível em:

<http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/2698/2362>. Acesso em: 25 nov.

2016.

DALMORO, M.; VIEIRA, K. M. Dilemas na construção de escalas tipo Likert: o número de

itens e a disposição influenciam nos resultados? Revista Gestão Organizacional. Chapecó,

v. 6, p. 161-174, 2013. Disponível em:

<https://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/rgo/article/viewFile/1386/1184>. Acesso

em: 03 jun. 2016. Número especial.

DAMASCENO et al. O trabalho gerencial da enfermagem: conhecimento de profissionais

enfermeiros sobre suas competências gerenciais. Rev enferm UFPE. Recife, v. 10, n. 4, p.

1216-1222, abr. 2016. Disponível em:

<http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/download/9006/16>.

Acesso em: 12 jun. 2016.

DIAS, I. S. Competências em educação: conceito e significado pedagógico. Revista

Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. São Paulo, v. 14,

n. 1, p. 73-78, jan.-jun. 2010. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/pee/v14n1/v14n1a08>. Acesso em: 12 jun. 2016.

DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na

empresa moderna. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

114

ERDMANN, A. L.; BACKES, D. S.; MINUZZI, H. Care management in nursing under the

complexity view. Online Braz J Nurs, v. 7, n. 1, 2008. Disponível em:

<http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/1033>. Acesso em: 18 dez.

2016.

FELLI, V. E. A.; PEDUZZI, M. O trabalho gerencial em enfermagem. In: KURCGANT, P.

(Coord.). Gerenciamento em enfermagem. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

p. 1-12.

FELLI, V. E. A.; PEDUZZI, M; LEONELLO, V. M. Trabalho gerencial em enfermagem. In:

KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara. Koogan, 2016. p. 21-32.

FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. RAC. Rio de

Janeiro. p. 183-196, 2001. Disponível em: <

http://www.scielo.br/pdf/rac/v5nspe/v5nspea10.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2015.

FORMIGA, M. L. F. et al. Atuação dos profissionais de enfermagem no serviço de

emergência. Rev Enferm UFPI. Teresina, v. 3, n. 1, p. 53-58, jan.-mar. 2014.

Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/8817>. Acesso em: 02 jan. 2017.

FOUCHE, C. et al. Practitioner perspectives from seven health professional groups on core

competencies in the context of chronic care. Journal of interprofessional care, v. 28, n. 6, p.

534-540, 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/labs/articles/24828623>.

Acesso em: 14 dez. 2016.

FRAGELLI, T. B. O.; SHIMIZU, H. E. Competências profissionais em saúde pública:

conceitos, origens, abordagens e aplicações. Rev Bras Enf. Brasília, p. 667-674, jul.-ago.

2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v65n4/a17v65n4.pdf>. Acesso em: 22

nov. 2015.

FREITAS, G. F.; SANTOS, M. J.; FERNANDES, M. F. P. Responsabilidade civil do

enfermeiro na assistência e na gestão. . In: KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em

Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p. 184-194.

FUGULIN, F. M. T.; GAIDZINSKI, R. R.; LIMA, A. F. C. Dimensionamento de pessoal de

enfermagem em instituições de saúde. In: KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em

Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p. 115-127.

FURUKAWA, P. O.; CUNHA, I. C. K. O.; PEDREIRA, M. L. G. Avaliação de ações

ecologicamente sustentáveis no processo de medicação. Rev Bras Enf. Brasília v. 69, n. 1, p.

23-29, jan.-fev. 2016. Disponível em: <www.redalyc.org/pdf/2670/267043690003_5.pdf> .

Acesso em 19 jan. 2017.

GOMES, I. E. M. et al. Desafios na gestão do trabalho em saúde: a educação na interface com

atenção. R. Enferm. Cen. O. Mi. n. 4. V. 2, p. 1100-1111, mai.-ago. 2014. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.19175/recom.v0i0.638>. Acesso em: 02 jan. 2017.

115

HOLANDA, F. L.; MARRA, C. C.; CUNHA, I. C. K. O. Perfil de competência profissional

do enfermeiro em emergências. Acta Paul Enferm. São Paulo, v. 28, n. 4, p. 308-314, 2015.

Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500053>. Acesso em: 25 nov. 2015.

HOLANDA, F. L.; MARRA, C. C.; CUNHA, I. C. K. O. Construção da matriz de

competência profissional do enfermeiro em emergências. Acta Paul Enferm. São Paulo, v.

28, n. 4, p. 373-379, 2014. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v27n4/1982-0194-

ape-027-004-0373.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2015.

HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO. Cuiabá. Quem somos. Disponível em:

<http://www.hcancer.com.br/sobre-nos/>. Acesso em: 10 nov. 2016.

HWHANG, J. I. What are hospital nurse´s strengths and weaknesses in patient safety

competence? Findings from three Korean hospitals. International Journal for Quality in

Health Care. Oxford, v. 27, n. 3, p. 232-238, abr. 2015. Disponível em:

<intqhc.oxfordjournals.org/content/intqhc/27/3/232.full.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2016.

KURCGANT, P; MASSAROLLO, M. C. K. B. Cultura e poder nas organizações de saúde.

In: KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2016. p. 1-12.

LE BOTERF, G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. Porto Alegre: Artmed,

2003.

LIMA, V. V. Competência: distintas abordagens e implicações na formação de profissionais

de saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 9, n. 17, p. 369-379,

mar.-ago. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-

32832005000200012&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 14 nov. 2015.

LUNARDI, V. L. et al. O cuidado de si como condição para o cuidado dos outros na prática

de saúde. Rev Latino-Am Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 12, n. 6, p. 933-939, 2004.

Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692004000600013&script=sci_abstract&tlng=

pt>. Acesso em: 12 jan. 2017.

MACHADO, M. H. et al. Características gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico.

Enferm. Foco, v. 7, p. 9-15, 2016. Número especial.

MANENTI, S. A. et al. The construction process of managerial profile competencies for nurse

coordinators in the hospital field. Rev Esc Enferm. São Paulo, v. 46, n. 3, jun., 2012.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000300027>. Acesso em: 9 nov.

2015.

MASSAROLLO, M. C. K. B.; FERNANDES, M. F. P.; SANTOS, M. J. S. Ética e

gerenciamento em enfermagem. In: KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em

Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p. 13-20.

MCCLELLAND, D. C. Testing for competence rather than for “intelligence”. American

psychologist, v. 28, n. 1, p. 1, 1973.

116

MELO et al. Critérios de seleção de experts para estudos de validação de fenômenos de

enfermagem. Rev RENE. Fortaleza, p. 424-431, abr.-jun. 2011. Disponível em:

<http://www.revistarene.ufc.br/vol12n2_pdf/a26v12n2.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2016.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São

Paulo: Hucitec, 2014.

MIRA, V. L.; LEITE, M. M. J.; PRADO, C. Educação continuada/recrutamento e seleção,

treinamento e desenvolvimento e avaliação de desempenho profissional. In: KURCGANT, P.

(coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

p. 128-144.

MONTEZELI, J. H.; PERES, A. M.; BERNARDINO, E. Desafios para a mobilização de

competências gerenciais por enfermeiros em pronto socorro. Ciência, Cuidado e Saúde.

Maringá, v. 13, n. 1, p. 137-144, jan.-mar. 2014. Disponível em:

<http://ojs.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/16635/pdf_123>. Acesso em:

14 dez. 2016.

NOGUEIRA, R. P. A força de trabalho em saúde. RAP, v. 17, n. 3, p. 61-70, jul.-set. 1983.

Disponível em:

<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/10660/9657>. Acesso em:

14 dez. 2016.

OLIVEIRA, A. K. A. et al. Instrument validation for peripheral venous puncture with over-

the-needle cateter. Rev RENE. Fortaleza, v. 16. n. 2, p. 176-184, 2015. Disponível em:

<http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/viewFile/1814/pdf_1>.

Acesso em: 14 dez. 2016.

OPENEPI. Estatísticas epidemiológicas de código aberto para a Saúde Pública.

Disponível em: <http://www.openepi.com/Menu/OE_Menu.htm>. Acesso em: 10 nov. 2016.

ORDEM DOS ENFERMEIROS. Regulamento do perfil de competências do enfermeiro

gestor e de reconhecimento de áreas de competências acrescidas. Diário da República, p.

1-7, dez. 2014. Disponível em:

<http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/Perfil-competencias-Enfermeiro-

Gestor-reconhecimento-competencias-acrescidas-Diario-Republica.aspx>. Acesso em: 14

dez. 2016.

PEREIRA, R. D. M.; ALVIM, N. A. T. Técnica Delphi no diálogo com enfermeiros sobre a

acupuntura como proposta de intervenção de enfermagem. Esc Anna Nery. Rio de Janeiro, v.

19, n. 1, p. 174-180, jan.-mar. 2015. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n1/1414-8145-ean-19-01-0174.pdf>. Acesso em: 19 jan.

2017.

PERES, H. H. C.; LEITE, M. M. J. Sistemas de informação em saúde. In: KURCGANT, P.

(coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

p. 74-85.

117

PEDUZZI, M.; LEONELLO, V. M.; CIAMPONE, M. H. T. Trabalho em equipe e prática

colaborativa. In: KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p. 103-114.

PIRES, D. E. P. Transformações necessárias para o avanço da Enfermagem como ciência do

cuidar. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 66, p. 39-44, 2013. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000700005>. Acesso em: 02 jan. 2017. Número

especial.

POMPEO, D. A.; ROSSI, L. A.; PAIVA, L. Validação de conteúdo do diagnóstico de

enfermagem Náusea. Rev. Esc. Enferm. USP. São Paulo, v. 48, n. 1, p. 49-57, 2014.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n1/pt_0080-6234-reeusp-48-01-48.pdf>.

Acesso em: 17 jan. 2017.

POLIT, D. F.; BECK, C. T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de

evidências para a prática da enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

POTT, F. S. et al. Medidas de conforto e comunicação nas ações de cuidado de enfermagem

ao paciente crítico. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 66, n. 2, p. 174-179, mar.-abr. 2013.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000200004>. Acesso em: 08 dez.

2016.

POTTER, P.A.; PERRY, A.G., Fundamentos de Enfermagem. 5 ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2004.

POWELL, C. The Delphi technique: myths and realities. J Adv Nurs, v. 41, n. 4, p. 376-382,

2003. Disponível em:

<http://rachel.org/files/document/The_Delphi_Technique_Myths_and_Realities.pdf>. Acesso

em: 29 nov. 2016.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE ENFERMAGEM. Faculdade de

Enfermagem, Colegiado de Curso: Cuiabá, 2010. Disponível em:

<http://sistemas.ufmt.br/ufmt.ppc/PlanoPedagogico/Download/502> Acesso em 20 out. 2015.

RAMOS, M. N. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? 3. ed. São

Paulo: Cortez, 2006.

REVORÊDO, L. S. et al. O uso da técnica Delphi em saúde: uma revisão integrativa de

estudos brasileiros. Arq. Ciênc. Saúde. São José do Rio Preto, v. 22, n. 2, p. 16-21, jan.-mar.

2015. Disponível em:

<http://www.cienciasdasaude.famerp.br/index.php/racs/article/view/136>. Acesso em: 19 jan.

2017.

RIBEIRO, D. K. M. N. et al. A identidade do cuidado de enfermagem na primeira década do

século XXI. Cogitare Enferm. Curitiba, v. 18, n. 3, p. 565-572, jul.-set. 2013. Disponível

em: <http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/download/33573/21071>. Acesso em: 12 dez.

2016.

RITTER, C. B. et al. Grupo como tecnologia assistencial para o trabalho em enfermagem na

saúde coletiva. Sau. & Transf. Soc. Florianópolis, v. 5, n. 3, p. 83-90, 2014. Disponível em:

118

<http://stat.saudeetransformacao.incubadora.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/vi

ew/2494/4023>. Acesso em: 02 jan. 2017.

ROCHA, E. L. C.; FREITAS, A. A. F. Avaliação do ensino de empreendedorismo entre

estudantes universitários por meio do perfil empreendedor. RAC. Rio de Janeiro, v. 18, n. 4,

p. 465, jul.-ago. 2014. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141565552014000400465>.

Acesso em: 11 jan. 2017.

SADE, P. M. C.; PERES, A. M. Desenvolvimento de competências gerenciais do enfermeiro:

diretriz para serviços de educação permanente. Rev. Esc. Enferm. USP. São Paulo, v. 49, n.

6, p. 988-994, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v49n6/pt_0080-6234-

reeusp-49-06-0991.pdf>. Acesso em: 30 dez. 2016.

SALUM, N. C.; PRADO, M. L. Educação permanente no desenvolvimento de competências

dos profissionais de enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, v. 23. n. 2, p. 301-

308, abr.-jun. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v23n2/pt_0104-0707-tce-

23-02-00301.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2015.

SANTOS, D. A. S.; SILVA, M. S. Atuação do enfermeiro na educação ambiental e a relação

com a sua formação acadêmica. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande, v. 31,

n. 2, p. 127-139, jul.-dez. 2014. Disponível em:

<https://www.seer.furg.br/remea/article/view/4647>. Acesso em: 26 dez. 2016.

SANTOS, E. P.; CIAMPONE, M. H. Avaliação de competências gerenciais: a percepção de

alunos do curso de graduação em enfermagem da USP. Rev Min Enferm. Belo Horizonte, v.

11, n. 4, p. 395-401, out.-dez. 2007. Disponível em:

<http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/363>. Acesso em: 19 jan. 2017.

SANTOS, J. L. G. et al. Práticas de enfermeiros na gerência do cuidado em enfermagem e

saúde: revisão integrativa. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 66, n. 2, p. 257-263, mar.-abr. 2013.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v66n2/16.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2016.

SANTOS, J. L. G. et al. Prazer e sofrimento no exercício gerencial do enfermeiro no contexto

hospitalar. Esc Anna Nery. Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 97-103, jan.-mar. 2013b. Disponível

em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452013000100014>.

Acesso em: 02 jan. 2017.

SANTOS, M. C.; GRILO, A. M. Envolvimento do paciente: desafios, estratégias e limites.

Repositório, p. 159-186, 2014. Disponível em:

<http://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/4375/1/Envolvimento%20do%20paciente_desafi

os,%20estrat%C3%A9gias%20e%20limites.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016.

SILVA, F. A.; VIDAL, C. F. L.; ARAÚJO, E. C. Validação do protocolo de prevenção da

sepse precoce por Streptococcus agalactiae em recém-nascidos. Rev. Latino-Am.

Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 23, n. 4, p. 635-641, jul.-ago. 2015. Disponível em:<

http://www.scielo.br/pdf/rlae/v23n4/pt_0104-1169-rlae-23-04-00635.pdf>. Acesso em: 03

jun. 2016.

119

SILVA, M. A. et al. Formação de enfermeiros na UFMT: construindo competências.

[Relatório de pesquisa]. Cuiabá: Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Mato

Grosso, 2010, p. 50. Disponível em:

<http://www.observarh.ufmt.br/sistema/arquivos/16081104153115.pdf> Acesso em: 24 out.

2015.

SILVA JÚNIOR, S. D.; COSTA, F. J. Mensuração e escalas de verificação: uma análise

comparativa das escalas de Likert e Phrase Completion. Revista Brasileira de Pesquisas de

Marketing, Opinião e Mídia. São Paulo, v. 15, p. 1-16, out. 2014. Disponível em: <

http://www.revistapmkt.com.br/Portals/9/Volumes/15/1_Mensura%C3%A7%C3%A3o%20e

%20Escalas%20de%20Verifica%C3%A7%C3%A3o%20uma%20An%C3%A1lise%20Comp

arativa%20das%20Escalas%20de%20Likert%20e%20Phrase%20Completion.pdf> Acesso

em: 21 nov. 2015.

SILVA, V. L. S.; CAMELO, S. H. H. A competência da liderança em enfermagem: conceitos,

atributos essenciais e o papel do enfermeiro líder. Rev. enferm. UERJ. Rio de Janeiro, v. 21,

n. 4, p. 533-539, out.-dez. 2013. Disponível em:

<http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/10031>. Acesso

em: 28 dez. 2016.

SOARES, M. H.; VARGAS, D. The translation and cultural adaptation of the Management of

Aggression and Violence Attitude Scale – MAVAS – for nurses in Brazil. Rev. Esc. Enferm.

USP. São Paulo, v. 47, n. 4, p. 899-906, ago. 2013. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420130000400018>. Acesso em: 16 jan. 2017.

SOARES, M. I. et al. Sistematização da assistência de enfermagem: facilidades e desafios do

enfermeiro na gerência da assistência. Esc Anna Nery. Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 47-53,

jan.-mar. 2015. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452015000100047>.

Acesso em: 12 jan. 2017.

SOUSA, J. M.; ALVES, E. D. Competências do enfermeiro para o cuidado paliativo na

atenção domiciliar. Acta Paulista de Enfermagem. São Paulo, v. 28, n. 3, p. 264-269, 2015.

Disponível em: < http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307039760012>. Acesso em: 19 jan.

2017.

SOUZA, A. R. D.; SANTOS, F. N.; SANTOS, J. Competência Informacional do Enfermeiro

na Promoção da Saúde: atuação na prevenção do câncer de colo do útero. Ci da Inf. Rev.

Maceió, v. 1, n. 3, p. 41-51, set.-dez. 2014. Disponível em: <

http://www.seer.ufal.br/index.php/cir/article/view/1606>. Acesso em: 14 dez. 2016.

TANAKA, O. Y.; TAMAKI, E. M. The role of evaluation in decisionmaking in the

management of health services. Ciênc. saúde coletiva. Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 821-828,

jan.-abr. 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n4/v17n4a02.pdf>. Acesso

em: 26 dez. 2016.

TEIXEIRA, E. et al. Panorama dos cursos de Graduação em Enfermagem no Brasil na década

das Diretrizes Curriculares Nacionais. . Rev Bras Enferm. Brasília, v. 66, p. 102-110, 2013.

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672013000700014>.

Acesso em: 18 dez. 2016.

120

TIBÚRCIO et al. Validação de instrumento para avaliação da habilidade de mensuração da

pressão arterial. Rev Bras Enf. Brasília, v. 67, n. 4, p. 581-587, jul.-ago. 2014. Disponível

em: <www.scielo.br/pdf/reben/v67n4/0034-7167-reben-67-04-0581.pdf>. Acesso em 12 jun.

2016.

TONHOM, S. F. R. et al. Competency-based training in nursing: limits and possibilities. Rev

Esc Enferm USP. São Paulo, v. 48, n.2, p. 225-232, dez. 2014. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-

62342014000800213&lng=e>. Acesso em: 09 set. 2016. Número especial.

VERAS, J. E. G. L. F. et al. Risk classification in pediatrics: development and validation of a

guide for nurses. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 68, n. 5, p. 630-639, set.-out. 2015.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680521i>. Acesso em: 15 jan.

2017.

VIEIRA, M. A.; OHARA, C. V. S.; DE DOMENICO, E. B. L. Construção e validação de

instrumento para a avaliação de egressos da graduação em enfermagem. Rev. Latino-Am.

Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 24, p. 2710, 2016. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0834.2710>. Acesso em: 17 jan. 2017.

VILELAS, J. M. S.; JANEIRO, S. I. D. Transculturalidade: o enfermeiro com competência

cultural. Rev Min Enferm. Belo Horizonte, v. 16, n. 1, p. 120-127, jan.-mar. 2012.

Disponível em: < http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/509>. Acesso em: 11 jun. 2016.

WALDOW, V. R. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. 1. ed. Petrópolis:

Vozes, 2006.

WRIGHT, J. T. C.; GIOVINAZZO, R. A. Delphi – Uma ferramenta de apoio ao planejamento

prospectivo. Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo, v. 1, n. 12, p. 54-65, 2º

trim. 2000. Disponível em: <regeusp.com.br/arquivos/C12-art05.pdf>. Acesso em: 21 nov.

2015.

ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma lógica. Trad. Maria Helena C. V. Trylinsk.

1. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

121

APÊNDICES

122

APÊNDICE A – Estrutura sequencial do questionário virtual para coleta de dados da

primeira etapa: competência atenção à saúde

123

124

125

126

127

128

129

130

ANEXOS

131

ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

132

ANEXO 2 – Perfil de competências matricial: competência atenção à saúde e critérios de

avaliação

COMPETÊNCIA 1 - ATENÇÃO À SAÚDE - Estar apto a intervir no processo saúde-

doença responsabilizando-se pela qualidade da assistência/cuidado de enfermagem em seus

diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de prevenção, promoção, proteção e

reabilitação a saúde, na perspectiva da integralidade da assistência tanto em nível individual

quanto coletivo.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO A) Reconhece vulnerabilidades e riscos potenciais em indivíduos, e grupos populacionais

considerando os seus condicionantes e determinantes.

B) Identifica necessidades e problemas de saúde (individuais e coletivos) dentro de um

contexto específico de vida e da instituição de saúde.

C) Aplica instrumentos de avaliação e interpretação do estado de saúde

D) Diagnostica necessidades e problemas a partir de pressupostos teórico-metodológicos

(teorias, métodos e técnicas).

E) Reconhece as necessidades e problemas de saúde em suas diversas dimensões

(sociocultural, psicoemocional, biológica e ambiental), considerando suas expressões e fases

evolutivas.

F) Toma decisões para enfrentamento de situações problema.

G) Propõe alternativas de solução baseadas em evidências científicas, respeitando as

condições do indivíduo e família e/ou coletividade, seus conhecimentos, cultura, autonomia e

vulnerabilidade.

H) Responsabiliza-se pela qualidade da assistência/cuidado de enfermagem em diferentes

níveis da atenção à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência.

I) Utiliza tecnologias adequadas à solução dos problemas/ necessidades.

J) Reconhece-se membro da equipe de saúde integrando as ações de enfermagem às ações

multiprofissionais.

K) Interpreta os resultados de sua intervenção a partir de indicadores de mudança.

L) Avalia processos de intervenção com base em métodos e instrumentos de interpretação e

de intervenção em saúde.

M) Traduz e divulga os resultados do trabalho em enfermagem em linguagem acessível à

clientela (profissionais e usuários).

133

ANEXO 3 – Perfil de competências matricial: competência administrativa e gerencial e

critérios de avaliação

COMPETÊNCIA II - ADMINISTRATIVAS E GERENCIAIS - Estar apto a tomar

iniciativas, gerenciar a força de trabalho, os recursos físicos e materiais e as tecnologias de

informação, e estar aptos a ser empreendedor, gestor e líder das equipes de saúde e de

enfermagem.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO A) Identifica as políticas sociais e modelos de atenção à saúde e suas implicações na

organização das diversas áreas e níveis assistenciais.

B) Discerne entre as diversas formas de organização do trabalho e seus fundamentos

científicos.

C) Identifica parceiros para o estabelecimento de redes de cooperação, existentes na

realidade local, para a resolução de problemas.

D) Reconhece os elementos constitutivos do processo de trabalho em saúde e enfermagem

(subjetivos, técnico-científico, ético-político e socioeducativo)

E) Identifica os elementos das políticas institucionais de recursos humanos e não humanos e

seus determinantes no gerenciamento de pessoas, materiais, equipamentos, custos

/financeiro, ambientes, tecnologias, informações e assistência de saúde e de enfermagem.

F) Correlaciona as influências da evolução do pensamento administrativo na prática gerencial

dos serviços de saúde e de enfermagem nos diferentes níveis de atenção.

G) Analisa a estrutura física e organizacional dos serviços de saúde e enfermagem, tendo em

vista as intervenções para melhorias do processo de trabalho.

H) Analisa as fragilidades e potencialidades (subjetividade/planos em conflito/ liderança

informal) para o processo de trabalho administrativo/gerencial.

I) Reconhece-se como agente de transformação social e de mudanças que assegurem o bem

estar individual e coletivo.

J) Reconhece-se como líder e responsável técnico para equipe de enfermagem e integrante de

uma equipe multiprofissional.

K) Utiliza princípios científicos, éticos e legais na tomada de decisão e nas relações

interpessoais nos serviços de saúde e enfermagem.

L) Planeja, de forma compartilhada, a resolução dos problemas gerenciais relacionados com

o cuidado em saúde e enfermagem.

M) Implementa ações articuladas com as políticas de RH e de educação permanente da

instituição.

N) Gerencia o cuidado de enfermagem em todos os processos de trabalho em saúde.

O) Acompanha e supervisiona o processo de trabalho em enfermagem utilizando medidas

para garantir a qualidade da atenção à saúde conforme direitos do cidadão.

P) Emprega metodologias avaliativas que agreguem os trabalhadores e a comunidade

atendida de forma corresponsável para a melhoria dos serviços de saúde.

Q) Divulga as avaliações realizadas entre os trabalhadores, a clientela interessada e a

comunidade científica.

134

ANEXO 4 – Perfil de competências matricial: competência educativa e critérios de avaliação

COMPETÊNCIA III – EDUCATIVAS - Ser capaz de aprender continuadamente para a sua

formação. Responsabilizar-se com a educação e capacitação de futuros profissionais e de

membros de sua equipe, de maneira que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e

os profissionais do serviço, estimulando o desenvolvimento e a mobilidade

acadêmica/profissional, a formação e cooperação. Ser capaz de promover a educação em

saúde de indivíduos, famílias e grupos visando à construção de conhecimentos para o

autocuidado, o cuidado do outro, mudança de estilos de vida e para a participação no controle

social em saúde.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

A) Reconhece as concepções saúde-doença dos indivíduos e grupos, considerando os

aspectos socioculturais inerentes ao trabalho educativo.

B) Reconhece as potencialidades e dificuldades da equipe de enfermagem relacionadas com

o desenvolvimento de suas competências profissionais.

C) Reconhece a necessidade de sua educação e qualificação continuada.

D) Avalia as necessidades educativas de indivíduos, grupos e profissionais.

E) Analisa a adequação da ação educativa considerando a sua finalidade, as diferentes

estratégias metodológicas e o contexto no qual será implementada.

F) Planeja a atividade educativa considerando as características do grupo participante e o

contexto no qual a atividade será realizada.

G) Desenvolve atividades educativas respeitando o conhecimento, direitos e deveres do

outro, com vista à construção da autonomia e a eliminação das desigualdades.

H) Busca autoeducação permanente.

I) Utiliza metodologias educativas pertinentes \adequadas aos objetivos propostos e à

clientela para a qual a atividade será dirigida.

J) Propõe e implementa de maneira compartilhada a avaliação do processo educativo

realizado

K) Avalia os resultados utilizando-os para o planejamento de novas atividades.

135

ANEXO 5 – Perfil de competências matricial: competência produção de conhecimento e

critérios de avaliação

COMPETÊNCIA IV - PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO - Ser capaz de articular

teorias e conceitos considerando os métodos científicos e concepções éticas na produção de

saberes em saúde, bem como incorporar os resultados no desenvolvimento tecnocientífico da

enfermagem e na melhoria das condições de vida e saúde da população.

A) Problematiza a situação de prática que demandam investigação científica.

B) Identifica as diferentes formas de produzir conhecimento e os pressupostos teóricos que as

orientam.

C) Identifica problemas prioritários e passíveis de investigação, considerando o

envolvimento, conhecimento prévio sobre ele e o tempo para realizar o estudo.

D) Analisa os estudos desenvolvidos sobre o problema a ser estudado através de pesquisas

em bases de dados acadêmicas.

E) Utiliza instrumentos científicos/ metodológicos para compreensão do problema e

proposição de questões de pesquisa.

F) Elabora projeto de investigação ou de intervenção articulado ao problema levantado,

utilizando metodologia adequada e possível de ser executada no tempo proposto,

contemplando a ética em pesquisa em saúde.

G) Realiza estudo conforme cronograma proposto.

H) Elabora relatório de pesquisa seguindo normas acadêmicas.

I) Prepara artigo para divulgação do estudo.

J) Reformula sua prática segundo evidências científicas

K) Apresenta resultados para seus pares nos diferentes fóruns de divulgação científica.

L) Defende suas ideias de forma fundamentada e acolhe críticas e sugestões para a melhoria

do estudo.

M) Produz artigos, cartilhas, informativos conforme normas específicas.