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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA ESTUDO DOS MODOS VIBRACIONAIS DO FLAVONÓIDE 3- METOXIQUERCETINA COMPLEXADO COM ZINCO E COBRE. Thiago Andrade de Toledo Cuiabá-MT, Setembro de 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

ESTUDO DOS MODOS VIBRACIONAIS DO FLAVONÓIDE 3-

METOXIQUERCETINA COMPLEXADO COM ZINCO E COBRE.

Thiago Andrade de Toledo

Cuiabá-MT, Setembro de 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

ESTUDO DOS MODOS VIBRACIONAIS DO FLAVONÓIDE 3-

METOXIQUERCETINA COMPLEXADO COM ZINCO E COBRE.

Thiago Andrade de Toledo

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Física do Instituto de

Física da Universidade Federal de Mato

Grosso como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Física.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Everson da Silva

Cuiabá-MT, Setembro de 2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

T649e Toledo, Thiago Andrade de

Estudo dos modos vibracionais do flavonóide 3-

metoxiquercetina complexado com zinco e cobre / Thiago

Andrade de Toledo. – 2010.

xiv, 113 f. : il. ; color. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Everson da Silva.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato

Grosso, Instituto de Física, Pós-graduação em Física, 2010.

Bibliografia: f. 107-113.

1. Física da matéria condensada. 2. Flavonóides. 3. Fla-

vonóide – Atividades vibracionais. 4. Espectroscopia vibra-

cional. I. Título.

CDU – 538.9

Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931

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DEDICATÓRIA

À minha mãe por todo amor, carinho, apoio,

incentivo e paciência que teve comigo e à memória

de meu pai.

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iv

Agradecimentos

Ao Pai Celestial que nos concedeu força e saúde na realização deste trabalho.

À minha família por todo apoio, amor, paciência e dedicação que foram essenciais a

realização deste trabalho.

Ao Professor Luiz Everson da Silva que demonstrou um grande profissionalismo,

paciência, amizade e inestimável apoio orientaram-me na realização deste trabalho

e de outrose pela disponibilização do Laboratório de Pesquisas Químicas em

Produtos Naturais, sem o qual não teria sido possível a realização deste trabalho.

Ao Professor Jorge Luiz Brito de Faria (Hulk) que nos auxiliou, incentivo e contribuiu

na construção deste trabalho.

Aos Professores Ricardo Bento e Rogério Prado pelo apoio, incentivo e pelas

sugestões e contribuições dadas a este trabalho.

Ao Professor Romildo Jerônimo Ramos pela disponibilização do Laboratório de

Novos Materiais, apoio e orientações além da possibilidade de participar do

Workshop do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO).

A todos os professores da graduação e mestrado que contribuíram efetivamente

com a minha formação acadêmica.

Aos amigos do Laboratório de Pesquisas Químicas em Produtos Naturais Thiara

Cruz Botelho, José Carlos Germino, Shawan Kelvyn e Guilherme Ferbonink que nos

ensinaram e auxiliaram na preparação das amostras.

À FAPEMAT pelo apoio financeiro prestado na realização deste trabalho.

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EPÍGRAFE

O único lugar aonde o sucesso vem antes

do trabalho é no dicionário.

Albert Einstein

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Sumário

Lista de Figuras ......................................................................................................... viii

Lista de Tabelas ......................................................................................................... xi

Lista de abreviações e siglas .................................................................................... xii

Resumo .....................................................................................................................xiii

Abstract .................................................................................................................... xiv

Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................ 1

1.1 Estudo de Fitoterápicos ......................................................................................... 1

1.2 Definições .............................................................................................................. 3

1.3 Objetivos e Organização do Trabalho ................................................................... 3

Capítulo 2 – Flavonóides ............................................................................................. 5

2.1 Definição e importância dos Flavonóides .............................................................. 5

2.2 Algumas Propriedades Físico-Químicas dos Flavonóides .................................. 13

2.3 Metais em sistemas biológicos ............................................................................ 15

2.4 – Strychnos pseudoquina .................................................................................... 17

Capítulo 3 – Espectroscopia Vibracional ................................................................... 19

3.1 Espectroscopia no Infravermelho ........................................................................ 19

3.2 Espectroscopia Raman ....................................................................................... 21

3.3 Molécula Diatômica ............................................................................................. 29

3.4 Regras de Seleção .............................................................................................. 34

3.5 Tipos de Vibrações .............................................................................................. 36

3.6 Instrumentação .................................................................................................... 38

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vii

Capítulo 4 – Cálculos de Primeiros Princípios ........................................................... 41

4.1 História e Potencialidades dos Cálculos de Primeiros Princípios ........................ 41

4.2 Formalismo do DFT ............................................................................................. 42

4.2.1 Equações de Kohn-Sham .......................................................................... 43

4.2.2 Tipos de Funcionais de Troca e Correlação .............................................. 47

4.3 Conjunto de Bases .............................................................................................. 49

4.4 Método B3LYP .................................................................................................... 51

4.5 Fator de Escala ................................................................................................... 53

4.6 Cálculo de Freqüências ....................................................................................... 53

4.7 Modelo de Solvente ............................................................................................. 53

Capítulo 5 - Metodologia ........................................................................................... 55

5.1 Isolamento do Flavonóide ................................................................................... 55

5.2 Metodologia de Preparação dos complexos metálicos........................................ 56

5.3 Preparação da Amostra para as medidas de Infravermelho e Raman ................ 59

5.4 Instrumentação .................................................................................................... 60

Capítulo 6 – Análise de Resultados e Discussões .................................................... 64

6.1 Interpretações FT-IV............................................................................................ 65

6.2 Comparação entre FT-IR, FT-Raman e DFT ....................................................... 74

6.2.1 Flavonóide Livre......................................................................................... 75

6.2.2 Flavonóide complexado com Zinco............................................................ 88

6.2.3 Flavonóide complexado com Cobre ........................................................... 96

Capítulo 7 - Conclusões .......................................................................................... 104

Bibliografia ............................................................................................................... 107

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viii

Lista de Figuras

Figura 1: Estrutura básica do flavonóide ..................................................................... 7

Figura 2: Flavonol e Flavona. ...................................................................................... 8

Figura 3: Chalcona e Isoflavona. ................................................................................. 8

Figura 4: Flavanona e Flavanonol. .............................................................................. 9

Figura 5: Quercetina. ................................................................................................. 12

Figura 6: Sítios ativos da Quercetina (a), (b) e (c). .................................................... 14

Figura 7: Estrutura do composto proveniente da aniline. .......................................... 16

Figura 8: Árvore (A), folhas (B), frutos (C), sementes (D), casca (E), madeira (F) de

S. pseudoquina. ........................................................................................................ 18

Figura 9: Representação do espectro eletromagnético. ............................................ 19

Figura 10: Polarização de uma molécula diatômica em um campo elétrico. ............. 22

Figura 11: Esquema dos mecanismos de espalhamento. ......................................... 27

Figura 12: Representação do Espectro Raman. ....................................................... 28

Figura 13: Sistema Massa-Mola, onde k é a constante de força e x1 e x2 são as

posições das partículas e x0 a posição de equilíbrio. ................................................ 29

Figura 14: Absorção e Emissão de energia. .............................................................. 34

Figura 15: Representação da deformação axial. ....................................................... 36

Figura 16: Tipos de Vibrações. .................................................................................. 37

Figura 17: Deformação do metil C-H. ........................................................................ 38

Figura 18: Estiramento do metil C-H. ........................................................................ 38

Figura 19: Diagramas esquemáticos dos espectrômetros (a) infravermelho e (b)

Raman. ...................................................................................................................... 39

Figura 20: Ciclo de autoconsistência. ........................................................................ 43

Figura 21: 3-Metoxiquercetina. .................................................................................. 56

Figura 22: (a) Flavonóide dissolvido em metanol; (b)Sob agitação magnética. ........ 57

Figura 23: Sal contendo o íon metálico dissolvido em metanol. ................................ 57

Figura 24: Complexo sob refluxo. .............................................................................. 58

Figura 25: Complexo em pó no filtro. ........................................................................ 59

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ix

Figura 26: Espectrômetro FTIR Prestige-21. ............................................................. 60

Figura 27: RAMII acoplado ao VERTEX 70 FT-IV. .................................................... 61

Figura 28: Interface do Avogadro. ............................................................................. 62

Figura29: Arquivo de Entrada (input). ....................................................................... 62

Figura 30: Espectro de FT-IV do Flavonóide 3-Metoxiquercetina Livre. .................... 66

Figura 31: Espectro de FT-IV da Quercetina. ............................................................ 67

Figura 32: Sítios ativos do flavonóide 3-Metoxiquercetina (a) e (b). .......................... 68

Figura 33: Espectro de IV do Flavonóide Zn-3-Metoxiquercetina. ............................. 70

Figura 34: Espectro de IV comparativo entre o Flavonóide puro e o complexado com

Zinco.......................................................................................................................... 71

Figura 35: Espectro de IV do Flavonóide Cu-3-Metoxiquercetina. ............................ 72

Figura 36: Espectro de IV comparativo entre o Flavonóide puro e o complexado com

Cobre......................................................................................................................... 73

Figura 37: (a) apigenina, (b) luteolina. ....................................................................... 76

Figura 38: Otimização geométrica da 3-MetoxiQuercetina........................................ 77

Figura 39: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, 4000-

2000 cm-1. ................................................................................................................. 78

Figura 40: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, 2000-

400 cm-1. ................................................................................................................... 78

Figura 41: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, região

de 3000-3750 cm-1. ................................................................................................... 81

Figura 42: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, região

de 1000-1750 cm-1. ................................................................................................... 82

Figura 43: Comparativo DFT entre Luteolina e 3-Metoxiquercetina, região de 0-1750

cm-1. .......................................................................................................................... 83

Figura 44: Comparativo DFT entre Apegenina e 3-Metoxiquercetina, região de 0-

1750 cm-1. ................................................................................................................. 83

Figura 45: Comparativo entre DFT e experimental para a 3-Metoxiquercetina, região

de 0-1000 cm-1. ......................................................................................................... 84

Figura 46: Comparativo DFT entre Luteolina e 3-Metoxiquercetina, região de 2800-

3750 cm-1. ................................................................................................................. 85

Figura 47: Comparativo DFT entre Apegenina e 3-Metoxiquercetina, região de 2800-

3750 cm-1. ................................................................................................................. 85

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x

Figura 48: Otimização geométrica do Zn-3-MetoxiQuercetina. ................................. 89

Figura 49: Comparativo entre DFT e experimental para Zn-3-Metoxiquercetina, 4000-

2000 cm-1. ................................................................................................................. 90

Figura 50: Comparativo entre DFT e experimental para Zn-3-Metoxiquercetina, 2000-

400 cm-1. ................................................................................................................... 90

Figura 51: Comparativo entre o espectro experimental e teórico para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Zn-3-Metoxiquercetina, respectivamente, região de 2800-3750

cm-1. .......................................................................................................................... 93

Figura 52: Comparativo entre o espectro experimental e teórico para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Zn-3-Metoxiquercetina, respectivamente, região de 1250-1700

cm-1. .......................................................................................................................... 93

Figura 53: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Zn-3-Metoxiquercetina, respectivamente, região de 0-1000 cm-1.

.................................................................................................................................. 94

Figura 54: Otimização geométrica do Cu-3-Metoxiquercetina. .................................. 97

Figura 55: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, 4000-2000 cm-1. ........ 98

Figura 56: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, 4000-2000 cm-1. ........ 98

Figura 57: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, região de 3000-3500

cm-1. ........................................................................................................................ 100

Figura 58: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, região de 1250-1700

cm-1. ........................................................................................................................ 101

Figura 59: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, região de 0-1000 cm-1.

................................................................................................................................ 102

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xi

Lista de Tabelas

Tabela 1: Grupos de Flavonóides, componentes e fontes alimentares. ...................... 6

Tabela 2: Principais Classes de Flavonóides. ............................................................. 9

Tabela 3: Atividades farmacológicas atribuídas a alguns flavonóides. ...................... 10

Tabela 4: Posição taxonômica de S. pseudoquina (JOLY, 1998). ............................ 17

Tabela 5: Sistema de Solvente. ................................................................................. 55

Tabela 6: Comparação dos pontos de fusão do flavonóide 3-Metoxiquercetina, livre e

complexado com os valores conhecidos para os metais de transição. ..................... 59

Tabela 7: Informações do Flavonóide 3-Metoxiquercetina e de seus complexos

obtidos pelo software Avogadro. ............................................................................... 63

Tabela 8: Comparação entre grupos funcionais em cm-1. ......................................... 74

Tabela 9: Modos vibracionais DFT e experimentais no IV para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina em cm-1. ........................................................................................ 79

Tabela 10: Modos vibracionais DFT e experimental Raman para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina em cm-1. ........................................................................................ 86

Tabela 11: Comparação dos modos vibracionais entre os flavonóides 3-

Metoxiquercetina, Luteolina e Apegenina para o Raman em cm-1. ........................... 88

Tabela 12: Modos vibracionais calculados e medidos no IV para o flavonóide Zn-3-

Metoxiquercetina em cm-1. ........................................................................................ 91

Tabela 13: Modos vibracionais teóricos no Raman para o flavonóide Zn-3-

Metoxiquercetina em cm-1. ........................................................................................ 95

Tabela 14: Modos vibracionais calculados e medidos no IV para o flavonóide Cu-3-

Metoxiquercetina em cm-1. ........................................................................................ 99

Tabela 15: Modos vibracionais calculados no Raman para o flavonóide Cu-3-

Metoxiquercetina em cm-1. ...................................................................................... 102

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xii

Lista de abreviações e siglas

DFT – Teoria do Funcional da Densidade

LDA – Aproximação da Densidade Local

LSDA - Aproximação da Densidade de spin Local

LSD - Densidade de spin Local

GGA – Aproximação do Gradiente Generalizado

GTO – Orbitais do Tipo Gaussiano

PCM - Modelo Contínuo Polarizável

Hex – Hexano

CHCl3 – Clorofórmio

MeOH – Metanol

AcOEt – Acetato de Etila

CC – Coluna clássica

CCDA – Cromatografia de camada delgada analítica

CCDP - Cromatografia de camada delgada preparativa

HPLC – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

IV – Infravermelho

FT – Transformada de Fourier

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xiii

Resumo

Os flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e

diversificados entre os produtos de origem natural e presentes na dieta humana.

Várias propriedades destes compostos têm sido estudadas nos últimos anos, sendo

uma delas a propriedade de quelação de metais. Neste trabalho, realizamos um

estudo das propriedades vibracionais do flavonóide 3-Metoxiquercetina, puro e

complexado com metais de transição, zinco e cobre (II), extraído do caule da arvore

Strychnos pseudoquina St. Hil (Loganiaceae) por meio das técnicas de

espectroscopia no Infravermelho (FT-IV) e Raman (FT-Raman) e por meio de

métodos computacionais, Teoria do Funcional da Densidade (DFT). Os cálculos

computacionais empregados com método B3LYP (Parâmetro DFT do tipo Becke 3,

usando a função de correlação Lee-Yang-Parr) e o conjunto de bases 6-31G(d)

mostraram uma boa concordância com os resultados experimentais.

Palavras-Chave: Flavonóides, Espectroscopia Vibracional, DFT.

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xiv

Abstract

The flavonoids a class of natural product with phenolic groups, present a big

chemical diversity and they are important constituents of the human diet. Several

properties of these compounds have been studied in recent years and one of them

the metal chelation properties. In this work, we have study the vibrational properties

of the flavonoid 3-Methoxyquercetin, pure and complexed with transition metals, zinc

and cooper (II), extracted from stem bark of Strychnos pseudoquina St. Hil

(Loganiaceae). We have used Infrared (FT-IR) and Raman (FT-Raman)

Spectroscopy and first principles calculation based on density functional theory (DFT)

to analyze the vibrational behavior of this flavonoid and their metal derivatives. The

DFT calculations were carried out with Becke‟s three parameter using the Lee-Yang-

Parr correlation functional (B3LYP) method and 6-31G(d) set bases are in good

agreement with experimental data.

Keywords: Flavonoids, Vibrational Spectroscopy, DFT.

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1

Capítulo 1 - Introdução

1.1 Estudo de Fitoterápicos

O homem primitivo já realizava o processo de seleção de plantas tanto para

sua alimentação quanto para fins medicinais, o que lhe permitiu acumular e

transmitir experiência e conhecimentos adquiridos ao decorrer dos anos. (SANTOS,

2006)

No Brasil, a utilização de plantas com propósitos curativos tem sua origem

inicialmente nas culturas indigenas, posteriormente através dos conhecimentos

trazidos da África e, finalmente, por imigrantes.O uso de plantas medicinais é uma

prática comum em todas as regiões do país e desenvolvida por todas as camadas

da sociedade. (MELO, 1991)

Isto se deve ao fato do Brasil abrigar uma vasta diversidade de tipos de

vegetação, distribuída nos diferentes biomas e, conseqüentemente uma enorme

riqueza de flora. Segundo estimativas realizadas no ano de 2006, apontavam a

ocorrência entre 40 mil e 60 mil espécies de plantas para o Brasil, atingindo cerca de

20% da projeção aceita para a diversidade global de plantas. No entanto, as

estimativas não provêem informações sobre o estado do conhecimento taxonômico

da flora brasileira. (SCARANO et al., 2010; MARTINELLI, 2010)

Já o Estado do Mato Grosso possui um bioma formado por cerrado, pantanal

e floresta amazônica, e muita das quais permanecem desconhecidas, tanto do ponto

de vista químico como farmacológico. O cerrado é um dos 34 hotspots de

biodiversidade do planeta, ou seja, é uma área de alta diversidade biológica com

espécies únicas ao bioma e composto por uma variedade de formas de vegetação

que se alteram na paisagem e estima-se que haja mais de 12 mil espécies de

plantas. A diversidade de plantas do Pantanal é bem menor que a do cerrado e está

estimada em 2 mil espécies. (GOTTLIEB et al., 1978; CAVALCANTI, 2010)

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2

No ano de 2001, a venda de fitoterápicos atingiu US$ 270 milhões,

representando 5,9% do mercado de medicamentos (CALIXTO, 2003). Entretanto, o

aumento no número de medicamentos disponíveis à população não é proporcional à

qualidade dos mesmos. (NASCIMENTO et al., 2005)

As políticas de programas sistemáticos para a investigação químico-

farmacológica visando o descobrimento de novos agentes fitoterápicos pode

contribuir para o estabelecimento de uma indústria nacional baseada em matérias-

primas obtidas do cultivo em grande escala de plantas medicinais, ou mesmo na

síntese de compostos isolados dos extratos, fortalecendo a economia regional e

local.

Além disso, o segmento de fitoterápicos e fitocosméticos tem sido alvo de

interesse de profissionais altamente qualificados, propiciando um índice elevado de

pesquisas científicas em países desenvolvidos, fundamentais para o contínuo

desenvolvimento e lançamento de produtos.

Atualmente, cerca de 25% dos fármacos utilizados na terapêutica são de

origem vegetal, enquanto que 50% são de origem sintética, mas relacionados aos

princípios isolados de plantas medicinais. Além disso, com o aumento de estudos

realizados nos últimos anos que comprovam o que se conhece empiricamente, visto

que a medicina popular é rica em exemplos de plantas utilizadas para diversos fins,

substituem muitas vezes a prescrição médica. (MESSIAS, 2005)

O setor de cosméticos é protagonista, no Brasil, da utilização de

instrumentos inovadores aliando o diferencial da biodiversidade ao seu produto. Um

caso interessante é o da linha Ekos, da Natura, na qual o uso sustentável de ativos

da biodiversidade com um conjunto de produtos específicos da empresa (PRADO,

2010) tem feito sucesso, como, por exemplo, mate-verde e andiroba em produtos

como sabonete e xampu.

Já a divisão de classes terapêuticas dos fitoterápicos vendidos na União

Européia está em sintonia com as doenças que afetam sua população. Em termos

de produtos por classes terapêuticas, na Alemanha, entre os cem fitoterápicos mais

prescritos, 29 são voltados para desordens respiratórias, e 19 para desordens do

sistema nervoso central. (APL DE FITOTERÁPICOS E COSMÉTICOS, 2008)

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3

1.2 Definições

Uma Planta medicinal é um vegetal que produz em seu metabolismo

substâncias, em quantidade e qualidade, capazes de provocar modificações nas

funções biológicas. Essas substâncias são chamadas de princípios ativos, que tem

a finalidade terapêutica. Alguns princípios ativos podem apresentar elevada toxidade

e, portanto, a dosagem deve ser cuidadosamente avaliada. (ANVISAa, 2010; SILVA,

AGUIAR e MEDEIROS, 2000)

O Ministério da Saúde define como produto fitoterápico todo medicamento

manufaturado obtido exclusivamente de matérias-primas ativas vegetais, com a

finalidade de interagir com meios biológicos, a fim de diagnosticar, suprimir, reduzir

ou prevenir estados e manifestações patológicas, com benefício para o usuário.

Os fitoterápicos, assim como todos os medicamentos, devem oferecer

garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados, composição

padronizada e segurança de uso para a população, sendo que a última determinada

pelos ensaios que comprovem a ausência dos efeitos tóxicos como, por exemplo,

metais pesados, agrotóxicos, microorganismos nocivos e seus produtos

metabólicos, entre outros.

O fitoterápico é o produto final obtido a partir da planta medicinal, contendo a

relação quantitativa de todos os componentes do medicamento. (ANVISAb, 2010)

1.3 Objetivos e Organização do Trabalho

O objetivo deste trabalho é caracterizar os modos das atividades

vibracionais do flavonóide 3-Metoxiquercetina, puro e complexado com metais de

transição, nominalmente zinco e cobre (II), retirado do caule da Strychnos

Pseudoquina utilizando as técnicas de espectroscopia Raman (Ra), espectroscopia

no Infravermelho (IR) e cálculos de primeiros princípios (ab initio) de modo a obter

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4

informações consistentes a respeito da estrutura molecular do flavonóide, bem como

determinar como o flavonóide complexa com metais.

O trabalho está organizado em capítulos de acordo com o resumo que

segue:

No capítulo 2 – Flavonóides – são apresentadas a definição e a importância

dos flavonóides, as principais classes e características, as ações dos flavonóides em

sistemas biológicos que tem despertado tanto interesse na comunidade científica,

além de algumas propriedades físico-químicas e a espécie Strychnos pseudoquina

St. Hil (Loganiaceae).

No capítulo 3 – Espectroscopia Vibracional - são apresentados alguns

aspectos das técnicas de espectroscopia no Infravermelho e Raman, bem como,

arcabouço matemático, regras de seleção, possibilidades de aplicação das técnicas.

No capítulo 4 – Cálculos de primeiros princípios - são apresentados

alguns fatos históricos a respeito dos cálculos de primeiros princípios, bem como

métodos, tipos de funções de base e modelos.

No capítulo 5 - Metodologia - são apresentados os procedimentos de

extração e síntese do flavonóide 3-Metoxiquercetina com zinco e cobre (II) realizado

no Laboratório de Pesquisa Química em Produtos Naturais da Universidade Federal

de Mato Grosso, bem como a instrumentação empregada na aquisição dos

espectros de infravermelho e Raman além dos procedimentos computacionais e

programas empregados.

No capítulo 6 – Resultados e Discussões - são apresentadas as análises

dos espectros do flavonóide e de seus complexos metálicos obtidos pelas técnicas

de infravermelho e Raman, assim como comparações com os espectros obtidos por

meio das simulações computacionais do flavonóide 3-Metoxiquercetina além das

comparações com outros flavonóides que possuem estruturas similares como é o

caso do Luteolina, Apigenina e Quercetina.

No capítulo 7 – Conclusões – são apresentadas as discussões a respeito

dos mecanismos de complexação do flavonóide com os íons metálicos tendo como

base a análise tanto experimental quanto teórica, dificuldades, contribuições dadas

pelo trabalho, bem como perspectivas de trabalhos futuros.

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5

Capítulo 2 – Flavonóides

2.1 Definição e importância dos Flavonóides

Uma “substância fenólica ou polifenólica” é aquela que possui um ou mais

núcleos aromáticos contendo substituintes hidroxilados e/ou derivados funcionais

(ésteres, éteres, glicosídeos e outros). Entretanto uma definição levando em conta

somente a estrutura química não é apropriada, uma vez que existem compostos

contendo hidroxilas fenólicas que fazem parte de outras classes de metabólitos.

Dessa forma, é mais conveniente empregar uma definição que leva em conta

também a origem biogenética. (ZUANAZZI, 2007)

Os compostos fenólicos podem ser divididos em dois grupos: os flavonóides

e os não flavonóides, sendo que ambos são compostos de baixo peso molecular,

denominados metabólitos secundários1. (VOLP et al., 2008)

Os flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e

diversificados entre os produtos de origem natural. São encontrados na natureza,

em sementes, grãos, e sendo os responsáveis pelo aspecto colorido das folhas e

flores, em frutas (maçã, uva, morango), vegetais (cebola, couve, brócolis) – na

Tabela 1 são apresentados alguns grupos de flavonóides e respectivas fontes

alimentares - e ocorrem também em plantas medicinais. (BEHLING et al., 2004;

PEDRIALI, 2005; VOLP et al., 2008)

A distribuição dos flavonóides nos vegetais depende de diversos fatores de

acordo com a fila/ordem/família do vegetal, bem como da variação das espécies. Os

flavonóides encontrados nas folhas podem ser diferentes daqueles presentes nas

1 O termo metabolismo secundário tem sido gradativamente substituído por metabolismos especiais.

Denominação aceita pela comunidade científica e amplamente divulgado pelos pesquisadores.

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6

flores, nos caules ou ramos, raízes e frutos. O mesmo composto pode ocorrer em

diferentes concentrações, dependendo do órgão vegetal em que se encontra.

Tabela 1: Grupos de Flavonóides, componentes e fontes alimentares.

Grupos Componentes Fonte Alimentar

Flavononas

Apigenina Cascas de maçãs

Crisina Cerejas

Kaempferol Brócolis

Miricetina Cranberries

Luteolina Peles de frutas

Rutina Uvas

Sibelina Alfaces

Quercetina Oliva, alho

Flavanonas

Fisetina Frutas cítricas

Hesperetina

Peles de frutas cítricas Narigina

Naringenina

Taxifolina

Catequinas

Catequina Vinho tinto

Epicatequina Chá

Epigalocatequina galate

Antocianinas

Cianidina Cerejas

Delfinidina Uvas

Malvidina Raspberries

Pelargonidina Uvas vermelhas

Peonidina Morangos

Petunidina Chá; Peles de frutas com pigmentos

escuros

O termo flavonóide tem origem na palavra latina flavus (amarelo), e sua

estrutura básica consiste de 15 átomos de carbono em seu núcleo fundamental,

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7

apresentando a configuração C6-C3-C6 (difenil propano) com dois anéis benzênicos

(A e B) ligados a um anel pirano (C). (GROTEWOLD, 2006)

Nos compostos tricíclicos, as unidades são chamadas núcleos A, B e C e os

átomos de carbono recebem numeração com números ordinários para os núcleos A

e C e os mesmos números seguidos de uma linha („) para o núcleo B [Figura 1].

O

O

A C

B

3

2

9

10

5

6

7

8

2'

3'

4'

5'

6'

Figura 1: Estrutura básica do flavonóide

Atualmente são conhecidos mais de 4.200 flavonóides diferentes, sendo que

o número de novas estruturas identificadas praticamente dobrou nos últimos vinte

anos. Os flavonóides de origem natural apresentam-se, freqüentemente, oxigenados

e um grande número ocorre conjugado com açucares. Esta forma chamada

conjugada, também é conhecida como heterosídeo. São chamados de O-

heterosídeos quando a ligação se dá por intermédio de uma hidroxila e de C-

heterosídeos quando a ligação se dá com um átomo de carbono. Quando o

metabólito (flavonóide) encontra-se sem o açúcar, é chamado de aglicona ou

genina, sendo freqüentemente denominado de forma livre.

As atividades bioquímicas dos flavonóides e de seus metabólitos dependem

da estrutura química [Figura 2, Figura 3 e Figura 4], que podem variar, sendo elas:

flavonas, flavanonas, flavonóis, di-hidroflavonóis, chalconas, auronas, di-hidro-

chalconas, isoflavonas, isoflavononas, neoflavonas, leucoantocianidinas e

antocianidinas.

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8

O interesse econômico no estudo deste princípio ativo é decorrente de suas

diferentes propriedades, como por exemplo, o fato de alguns apresentarem cor e

poderem ser usados como pigmentos, sua importância no processo de tanagem do

couro, na fermentação do chá-da-índia, na manufatura do cacau e por conferir cor e

valor nutricional para alguns alimentos. (ZUANAZZI, 2007)

O

O

OH

Flavonol

O

Flavona

O

Figura 2: Flavonol e Flavona.

OH

O

OH

Chalcona

O

Isoflavona

O

Figura 3: Chalcona e Isoflavona.

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9

O

O

O

O

OH

Flavanona Flavanonol

Figura 4: Flavanona e Flavanonol.

Na Tabela 2, são apresentadas as principais classes de flavonóides e suas

características.

Além disso, combinações isoladas revelam que os flavonóides exibem uma

grande ação sobre os sistemas biológicos, demonstrando efeitos anti-microbiano,

anti-viral e anti-tumoral, antioxidante, anti-hipertensivo, anti-inflamatório, controle da

ação de hormônios (menor incidência de osteoporose – isoflavonas), agentes

alopáticos e inibidores de enzimas, como pode ser visualizado na [Tabela 3].

(MACHADO, 2006; VOLP et al., 2008; ZUANAZZI, 2007)

Tabela 2: Principais Classes de Flavonóides.

Classes

Número aproximado

de estruturas

conhecidas

Características

Flavonas, flavonóis e seus

O-heterosídeos 1660

Co-pigmentação em flores;

protetores contra raios UV nas

folhas

C-heterosídeos 303

Antocianos 256 Pigmentação do vermelho até

o azul

Chalconas 197 Pigmentação amarela

Auronas 29 Pigmentação amarela

Di-hidro-flavonóis 110 Estão presentes

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10

Classes

Número aproximado

de estruturas

conhecidas

Características

freqüentemente em tecidos de

madeiras

Flavononas 319 Podem apresentar sabor

amargo

Di-hidro-chalconas 71 Podem apresentar sabor

amargo

Flavanas,

leucoantocianidinas 309

Substâncias adstringentes

com propriedades tanantes

Isoflavonóides 630 Propriedades estrogênicas

e/ou antifúngicas

Neoflavonóides 70

Biflavonóides 134 Propriedades antifúngicas

Outras estruturas 100

Tabela 3: Atividades farmacológicas atribuídas a alguns flavonóides.

Atividade Flavonóide Referências

Antitumoral Quercetina Formica e Regelson, 1995

Antiespasmódica Quercetina-3-glicosídeo;

rutina; pinostrobina Mata et al., 1997

Antiinflamatória

5,7,3‟ – triidróxi -3, 6, 4‟ –

tri-metóxi-flavona

5,3‟ –diidróxi-4‟-metóxi-7-

carbometóxi-flavonol

Abad et al., 1993

Buteína; coparina; 3‟-O-

metil-violanona;

xenognosina B

Chan et al., 1998

Ternatina Lima et al., 1996

Quercetina Duwiejua e Zeitlin, 1993

Antimicrobiana 7‟,4‟-diidróxi-5-metóxi- Gutkind et al., 1984

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Atividade Flavonóide Referências

flavona

4‟,2,4‟-tri-diidróxi-6‟-

metóxi-chalcona

3‟,4‟,5,7-tetra-hidróxi-3-

metóxi-flavona; quercetina

Beil et al., 1995

Antimutagênica Nobilentina; tangeretina Calomme et al., 1996

Antiúlcera Quercetina Alarcon et al., 1994

Beil et al., 1995

Antiviral

Quercetina Formica e Regelson, 1995

Acacetina; apigenina;

crisina Critchfield et al., 1996

Pectolinargenina Perry e Foster, 1994

Canferol; galangina;

luteolina; quercetina Amoros et al., 1992

Quercetina; quercitrina Muesi e Pragai, 1985

Amentoflavona Ma et al., 2001

Antioxidante

Quercetina;

diidroquercetina; rutina Larson, 1998

Mistura 90% diosmina e

10% hesperidina Cypriani et al, 1993

Diosmina; catequina;

quercetina Morel et al., 1993

Luteolina-3‟-O-β-D-

glicuronídeo; Luteolina-3‟-

O-(4‟‟-O-acetil)-β-D-

glicuronídeo; Luteolina-3‟-

O-(3‟‟-O-acetil)-β-D-

glicuronídeo; hesperidina

Okamura et al., 1994

Estrogênica 8-isopentenilnaringenina Kitaoka et al., 1998

Tripanossomicida

5,4‟-diidróxi-7-metóxi-

flavonona; 5,4‟-diidróxi-

3,6,7-trimetóxi-flavonona

Ribeiro et al., 1997

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A ação antioxidante do flavonóide depende da sua estrutura e pode ser

determinada por cinco fatores: reatividade como agente doador de H e elétrons,

estabilidade do radical flavonoil formado; reatividade frente a outros antioxidantes,

capacidade de quelar metais de transição, solubilidade e interação com as

membranas (BARREIROS et al, 2000). De modo geral, quanto maior o número de

hidroxilas, maior a atividade como agente doador de H e de elétrons. Flavonóides

mono-hidroxilados apresentam atividade muito baixa, por exemplo, a 5-hidroxi-

flavona tem atividade não detectável (CAO et al, 1997). Entre os flavonóides

diidroxilados, destacam-se aqueles que possuem o sistema catecol (3‟,4‟-di-hidroxi)

no anel B. Os flavonóides com múltiplas hidroxilas como a quercetina [Figura 5]

possui forte atividade antioxidante (Yang et al., 2001) apud (ALVES et al. , 2007).

O

OH

OH

OH

O

HO

OH

A C

B

Figura 5: Quercetina.

Apesar de alguns estudos com complexos metálicos com flavonóides

(quercetina e rutina) contendo íons Fe (II), Cu (II) e Zn (II) já serem encontrados na

literatura (DE GIONANI et al,TORREGGIANI, et al; HYNES, et al., 2008), o uso de

metodologias diferentes (solvente, temperatura e tempo de reação) tem conduzido a

obtenção de complexos distintos com propriedades químicas e biológicas diferentes

(CHENG et al., 2005; FERRETTI et al., 2007) apud (PEREIRA, 2010).

Isto sugere que a atividade de ligante orgânico pode aumentar quando

coordenado ou misturado com um íon metálico devido à habilidade de atuar como

aceitador de radical livre. (BUKHARI et al., 2008)

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Além disso, dados experimentais indicam que compostos quelantes são

mais efetivos com radicais livres do que o flavonóide sozinho. (GRAZUL e BUDZISZ,

2009)

Os flavonóides podem ser utilizados como marcadores taxonômicos, isto é

devido, sobretudo, a sua abundância relativa em quase todo reino vegetal,

especificidade em algumas espécies, relativa facilidade de identificação, relativa

estabilidade, acumulo com menor influência no meio ambiente. Eles ainda podem

ser utilizados na determinação de parentescos de híbridos e em determinação de

novos cultivares.

2.2 Algumas Propriedades Físico-Químicas dos Flavonóides

Em geral, as agliconas aparecem sob a forma de cristais amarelos. Os

heterosídeos são geralmente solúveis em água e em alcoóis diluídos, mas insolúveis

nos solventes orgânicos habituais, enquanto que as respectivas agliconas são

normalmente solúveis em solventes apolares e, por possuírem caráter fenólico, em

soluções aquosas alcalinas. A posição ocupada pela porção açúcar, o grau de

insaturação, bem como o grau e natureza dos substituintes influem grandemente na

solubilidade da molécula e na sua capacidade de precipitação na presença de

metais.

O aquecimento, mesmo em soluções diluídas, pode levar à hidrólise dos O-

heterosídeos e muitas vezes interferir na análise estrutural de flavonóides. As

hidrólises alcalina e ácida facilitam a identificação dos núcleos flavônicos, enquanto

que a hidrólise enzimática rompe pontos específicos da molécula, facilitando a

identificação dos constituintes da parte heterosídia (açúcar).

Os flavonóides são quelantes efetivos de metais iônicos e desempenham um

papel fundamental na inibição de processos de radicais livres. A quelação de metal é

outro mecanismo da atividade antioxidante dos flavonóides, que juntamente com

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alguns efeitos biológicos dos flavonóides, podem alterar a interação flavonóide-

metal. Os flavonóides podem facilmente quelar íons metálicos e criar compostos

denominados complexos.

Em geral, os flavonóides possuem três domínios capazes de reagir com íons

metálicos: o 3‟,4‟-dihidroxi, sistema localizado no anel B, os grupos 3-hidroxi ou 5-

hidroxi e o grupo 4-carbonil no anel C. Os grupos 3- ou 5-hidroxipirano-4-1 (algumas

vezes o orto-hidroxil) no anel B do flavonóide desempenha o papel principal de

quelação [Figura 6].

Os flavonóides atuam como ácidos polibásicos fracos, portanto, o pH

(Potencial Hidrogeniônico) é um fator importante na formação do complexo. Um pH

ótimo para a formação de complexos é em torno de 6, apesar de depender

fortemente do íon metálico. Em um pH abaixo de 3 o flavonóide permanece

insolúvel, o que é desfavorável à formação do complexo. Em um pH com valor alto,

os flavonóides são desprotonados e formam mais espécies de complexos.

O

A C

B

HO

O O

OH

OH

(a)Metal

O

A C

B

HO

OH O

O

O

(b)

Metal

O

A C

B

HO

OH O

OH

OH

(c)

OHOH

O

Metal

Figura 6: Sítios ativos da Quercetina (a), (b) e (c).

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2.3 Metais em sistemas biológicos

Vários elementos químicos são importantes para o bom funcionamento de

qualquer organismo, apesar das quantidades necessárias variarem de espécie para

espécie. O homem necessita de 21 elementos químicos diferentes, alguns deles são

essenciais para o funcionamento normal dos nervos e músculos, para a coagulação

do sangue ou como componente de certos hormônios e outros compostos

orgânicos.

Particularmente, o cobre e o zinco são necessários em uma quantidade

inferior a 20 mg por dia. Ambos são componente de muitas enzimas, sendo o

primeiro essencial para a síntese da hemoglobina, e o segundo de enzimas

envolvidas na digestão. Em altas concentrações, eles podem exercer um caráter tão

tóxico quanto o do chumbo (Pb) e do cádmio (Cd), dependendo da concentração.

(AMABIS e MARTHO, 1999)

Embora estes metais sejam essências ao bom funcionamento do organismo,

mas quando seu transporte é desordenado pode causar acumulo em determinadas

partes do corpo resultando em algumas doenças, tais como, Menke e Wilson.

Uma pessoa com a doença de Menke sofre grandes problemas no

desenvolvimento do cérebro e finalmente morre devido à neurodegeneração. Esta

doença genética é causada pelo transporte desordenado do cobre, o acumulo de

metal no intestino, nos rins, na cultura dos fibroblastos do paciente.

Um método de controlar a concentração de cobre dentro da célula é a

complexação química. In vitro, esta estratégia tem sido utilizada na terapia da

doença associada com a homeostase de cobre.

Pacientes com a doença de Wilson também tem demonstrado uma

desordem no metabolismo2 devido ao cobre. O cobre é acumulado em vários

tecidos, tais como, fígado, rins, cérebro, e placenta devido à falta de excreção biliar

2 Conjunto de atividades de transformações químicas.

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do cobre do corpo. O nível de cobre (II) pode ser medido por foto indução na

transferência de elétrons, onde é possível detectar a presença de cobre (II) através

de um quimiosensor que faz uma ligação quelante para dissociar a coumarina. A

intensidade da fluorescência do complexo de cobre (II) é nove vezes maior que do

composto sozinho [Figura 7].

In vivo, os sensores fluorescentes são capazes de influenciar a

concentração intracelular de ferro e tem o poder de quelar este metal. Portanto,

estudos científicos para fármacos potenciais deveriam ser realizados in vivo e tendo

como alvo biomoléculas e tecidos. (GRAZUL e BUDZISZ, 2009)

N N N O O

CC2O2H5

CC2O2H5

Figura 7: Estrutura do composto proveniente da aniline.

O desenvolvimento de complexos metálicos como drogas anti-câncer é uma

atividade realmente promissora, mas não é fácil, pois o acumulo de íons metálicos

no corpo pode causar efeitos indesejáveis.

Estes complexos, por serem antioxidantes podem ser úteis na redução dos

efeitos colaterais oriundos da quimioterapia e radioterapia por reduzir sua toxicidade.

Contudo, há divergências quanto ao seu uso, pois acredita-se que os antioxidantes

reduziriam a eficiência dos tratamentos radio e quimioterápicos.

Há evidências de que os antioxidantes podem ser uma boa escolha na

intervenção terapêutica junto à quimioterapia por auxiliar na redução do tamanho do

tumor e no aumento da longevidade dos pacientes. (BEHLING, et al. 2004)

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2.4 – Strychnos pseudoquina

A Strychnos pseudoquina St. Hil. (Loganiaceae) [Figura 8, Tabela 4], é uma

espécie nativa da América do Sul, é uma árvore de médio porte, que pode alcançar

de 3 a 5m de altura, tem a casca do caule espessa, gretada e suberosa, de cor

acinzentada com a entrecasca mole de cor amarelada. É a única árvore dentro do

gênero Strychnos, pois as outras espécies encontram-se na forma de pequenos

arbustos (LORENZI, 1998). Popularmente a Strychnos pseudoquina é conhecida

como “quina do campo” e “falsa quina”. (NICOLETTI, 1984)

De acordo com Frederich et al., 2000, o chá das folhas ou cascas da S.

pseudoquina é utilizado na medicina popular como estimulante, tônico, contra

problemas estomacais e abdominais, assim, como antipirético e antimalárico.

Apesar da S. pseudoquina ser uma espécie muito utilizada na medicina

popular brasileira, há poucos estudos científicos realizados, merecendo assim, maior

atenção por parte das instituições de pesquisas, no sentido de que sejam realizados

novos estudos tanto químicos quanto biológicos. Desta forma, os resultados obtidos

contribuirão de maneira satisfatória para a ampliação do banco de dados fitoquímico

de nossa flora apud RODRIGUES (2008) e BOTELHO (2009).

Tabela 4: Posição taxonômica de S. pseudoquina (JOLY, 1998).

Divisão: Angiospermae

Classe: Dicotyledoneae

Subclasse: Archichlamydeae

Subfamília: Loganioideae

Família: Loganiaceae

Gênero: Strychnos

Espécie: Strychnos pseudoquina St Hil.

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Figura 8: Árvore (A), folhas (B), frutos (C), sementes (D), casca (E), madeira (F) de

S. pseudoquina.

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Capítulo 3 – Espectroscopia Vibracional

3.1 Espectroscopia no Infravermelho

A radiação infravermelha corresponde à parte do espectro eletromagnético

[Figura 9] situada entre as regiões do visível e das microondas.

Figura 9: Representação do espectro eletromagnético.

O espectro no infravermelho é formado como uma conseqüência da

absorção da radiação eletromagnética em freqüências que correspondem às

vibrações características de um conjunto de ligações químicas de uma molécula.

(SOLOMONS e FRYHLE, 2005)

Uma molécula absorve apenas freqüências (energias) específicas de

radiação do infravermelho. No processo de absorção são absorvidas as freqüências

de radiação no infravermelho que equivalem às freqüências vibracionais naturais da

molécula em questão, e a energia absorvida serve para aumentar a amplitude dos

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movimentos vibracionais das ligações da molécula. O momento de dipolo para tais

movimentos vibracionais pode ser expresso matematicamente da seguinte maneira,

𝑝 𝑗 = 𝑝0 + 𝛿𝑝

𝛿𝑞 𝑞 +

1

2 𝛿2𝑝

𝛿𝑞2 𝑞2 + ⋯ (3.1)

Na equação (3.1), q é a coordenada normal que descreve o movimento dos

átomos durante a vibração normal, p0 é o vetor do momento de dipolo permanente e

as derivadas são consideradas na posição de equilíbrio e j representa as

componentes x, y e z.

E para transferir energia, uma ligação deve apresentar um dipolo elétrico

que mude na mesma freqüência da radiação que está sendo introduzida. O dipolo

oscilante da ligação pode então acoplar-se com o campo eletromagnético da

radiação incidente, que varia deforma senoidal. Assim, uma ligação simétrica que

contenha grupos idênticos como, por exemplo, H2 e Cl2 não absorvem no

infravermelho, ou seja, não há variação do momento de dipolo ao mesmo tempo em

ocorre a vibração, dizemos que tal vibração não é ativa no infravermelho. (PAVIA et

al., 2010)

Pela mecânica quântica, a transição entre dois estados, caracterizados pelas

funções de onda Ψm e Ψn·, é descrita pelo momento de transição de dipolo:

𝑝 𝑗 𝑚𝑛= Ψ𝑚

∗ 𝑝 𝑗𝛹𝑛𝑑𝜏 (3.2)

Ou em termo das componentes:

𝑝𝑥 𝑚𝑛 = Ψ𝑚∗ 𝑝𝑥𝛹𝑛𝑑𝜏 (3.2a)

𝑝𝑦 𝑚𝑛

= Ψ𝑚∗ 𝑝𝑦𝛹𝑛𝑑𝜏 (3.2b)

𝑝𝑧 𝑚𝑛 = Ψ𝑚∗ 𝑝𝑧𝛹𝑛𝑑𝜏 (3.2c)

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21

O momento de transição pode ser interpretado como a medida do dipolo

associado com o movimento dos elétrons durante a transição entre dois estados. Os

valores das integrais das componentes da equação 3.2 (equações 3.2 a, 3.2 b, 3.2

c) determinam a intensidade no infravermelho, que é proporcional à probabilidade de

transição 𝑝𝑚𝑛 2.

Para a transição ser permitida é necessário que pelo menos uma das

integrais das componentes da equação 3.2 seja diferente de zero (equações 3.2 a,

3.2 b, 3.2 c).

Substituindo a equação 3.2 na equação 3.1 temos que o momento de dipolo

fica:

𝑝𝑗 𝑚𝑛= p0 Ψ𝑚

∗ Ψn dτ + dp

dq

0

Ψ𝑚∗ qΨn dτ (3.3)

Onde o subscrito „0‟ refere-se à configuração de equilíbrio e Ψ𝑚∗ Ψn dτ =

𝛿𝑚𝑛 = 1, 𝑚 = 𝑛0, 𝑚 ≠ 𝑛

, mostra a dependência das condições de ortogonalidade dada

pelas funções de onda. (SALAa, 2008; VIANNA et al., 2004)

A equação 3.3 será discutida em detalhes na seção 3.4 – Regras de

seleção.

3.2 Espectroscopia Raman

Em 1928, estudando o efeito de espalhamento de luz, Raman observou que

usando um feixe de luz monocromático que a radiação sofria espalhamento

(mudança de direção) após atingir a amostra; examinando com um espectrógrafo

esta radiação verificou que além da linha de radiação incidente havia outras, com

pequenos deslocamentos do comprimento de onda em relação a esta.

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22

Em outras palavras, havia um espalhamento elástico, onde os fótons da

radiação incidente somente mudavam de direção, e outro inelástico, onde além da

mudança de direção ocorria variação do comprimento de onda, ou seja, da energia.

Este espalhamento inelástico é conhecido como espalhamento Raman e o

espalhamento elástico, como espalhamento Rayleigh. (SALAb, 2008)

O espalhamento Rayleigh é forte e tem a mesma freqüência do feixe

incidente (𝜈0) e o espalhamento Raman é muito fraco (cerca de 10-5do feixe

incidente).

Na espectroscopia Raman, medimos a freqüência vibracional (𝜈𝑚 ) como

uma alteração da freqüência do feixe incidente (𝜈0).

A espectroscopia Raman é uma técnica rápida e, em geral, não destrutiva

utilizada na identificação e caracterização de compostos, tais como, materiais

carbonosos, identificando os tipos de ligação e fornecendo informações sobre o grau

de desordem da rede cristalina (LOBO et al., 2005), bem como empregada em

análises farmacêuticas, permitindo identificar substâncias presentes nas

formulações, sem o tratamento prévio das amostras (BORIO et al., 2007), entre

outras. O espectro Raman pode ser obtido de líquidos, sólidos, papel, polímeros,

entre outros (DEAN e ALEXANDER, 2010).

No efeito Raman deve ser considerado o momento de dipolo induzido pelo

campo elétrico da radiação incidente. A presença de um campo elétrico causa, na

molécula, deslocamento da nuvem eletrônica em relação aos núcleos; os centros

das cargas positivas e negativas não mais coincidirão, havendo formação de um

dipolo induzido [Figura 10].

Figura 10: Polarização de uma molécula diatômica em um campo elétrico.

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23

Para o tratamento clássico do efeito Raman, vamos considerar um campo

elétrico em um dado tempo é expresso como:

𝐸 = 𝐸0𝑐𝑜𝑠2𝜋𝜈0𝑡 (3.4)

Onde 𝐸0 é a amplitude e 𝜈0 é a freqüência do feixe incidente.

Quando uma luz linearmente polarizada interage com uma molécula, a

nuvem eletrônica é distorcida por uma quantidade que depende da habilidade dos

elétrons polarizarem como, por exemplo, a polarizabilidade 𝛼. A luz faz com que o

efeito seja polarizado em um plano, mas o efeito da nuvem eletrônica é em todas as

direções. Isto pode ser descrito como uma mudança no momento de dipolo na

molécula em cada uma das três direções (x, y, z) das coordenadas Cartesianas.

Portanto, para descrever o efeito de polarizabilidade molecular de uma interação

com uma radiação polarizada linearmente, exige que os três dipolos sejam

considerados.

A propriedade das cargas se rearranjarem sob a ação do campo constitui a

polarizabilidade, que depende da facilidade com que ocorre a redistribuição

eletrônica da molécula sob um campo elétrico.

A polarizabilidade é uma grandeza física de grande interesse, pois se

relaciona com propriedades tão diversas quanto o índice de refração, interação entre

átomos e moléculas, capacidade de uma substância espalhar luz despolarizada, etc.

Como o nome sugere, a polarizabilidade mede a capacidade de polarização de um

sistema quântico, como um átomo, molécula ou um sólido. (Vianna et al., 2004)

Então, o momento de dipolo induzido (𝑝 ) criado na molécula pelo campo

elétrico (𝐸 ) incidente [Figura 10], dado pela seguinte relação:

𝑝 = 𝛼𝐸 (3.5)

Onde 𝛼, no caso mais simples, é uma constante de proporcionalidade. Em

termos das componentes x, y z, a equação (3.5) fica:

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24

𝑝𝑥 = 𝛼𝑥𝐸𝑥 (3.5a)

𝑝𝑦 = 𝛼𝑦𝐸𝑦 (3.5b)

𝑝𝑧 = 𝛼𝑧𝐸𝑧 (3.5c)

Entretanto, está relação é mais complicada desde que a direção de

polarização não coincida com a direção do campo aplicado. Isto porque a direção da

cadeia química na molécula também afeta a direção de polarização, desta forma

temos a seguinte relação,

𝑝𝑖 = 𝛼𝑖𝑗 𝐸𝑗 (3.6)

Expandindo a equação (3.6), obtemos três equações para 𝑝𝑖 , como segue:

𝑝𝑥 = 𝛼𝑥𝑥 𝐸𝑥 + 𝛼𝑥𝑦 𝐸𝑦 + 𝛼𝑥𝑧𝐸𝑧 (3.6a)

𝑝𝑦 = 𝛼𝑦𝑥 𝐸𝑥 + 𝛼𝑦𝑦 𝐸𝑦 + 𝛼𝑦𝑧𝐸𝑧 (3.6b)

𝑝𝑧 = 𝛼𝑧𝑥𝐸𝑥 + 𝛼𝑧𝑦 𝐸𝑦 + 𝛼𝑧𝑧𝐸𝑧 (3.6c)

E na forma de matricial podemos escrever o momento de transição como:

𝑝𝑥

𝑝𝑦

𝑝𝑧

=

𝛼𝑥𝑥 𝛼𝑥𝑦 𝛼𝑥𝑧

𝛼𝑦𝑥 𝛼𝑦𝑦 𝛼𝑦𝑧

𝛼𝑧𝑥 𝛼𝑧𝑦 𝛼𝑧𝑧

𝐸𝑥

𝐸𝑦

𝐸𝑧

(3.7)

A primeira matriz do lado direito é chamada de tensor de polarizabilidade.

(NAKAMOTO, 2009; SMITH e DENT, 2005)

No espalhamento Raman normal deve-se considerar as derivadas dos

componentes do tensor de polarizabilidade em relação ao modo vibracional,

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25

𝛼′𝑖𝑗 =

𝑑𝛼𝑖𝑗

𝑑𝑞

0

(3.8)

de modo que formem um tensor simétrico, ou seja,

𝛼 ′𝑥𝑧 = 𝛼′

𝑧𝑥

𝛼 ′𝑧𝑦 = 𝛼′

𝑦𝑧

𝛼 ′𝑥𝑦 = 𝛼′

𝑦𝑥 (3.9)

Conhecido como tensor Raman.

Considere que uma molécula vibrando com a freqüência 𝜈𝑚 , o deslocamento

nuclear q é escrito como,

𝑞 = 𝑞0 𝑐𝑜𝑠 2𝜋𝜈𝑚 𝑡 (3.10)

Onde 𝑞0 é a amplitude vibracional.

E para uma pequena amplitude de vibração, 𝛼 pode ser desenvolvido em

termos da série de Taylor em função da coordenada interna q. Então, pode ser

escrito como

𝛼 = 𝛼0 + 𝑑𝛼

𝑑𝑞

0

𝑞 + ⋯ (3.11)

Onde 𝛼0 é a polarizabilidade em uma posição de equilíbrio, e 𝑑𝛼

𝑑𝑞

0 é a taxa

de variação de 𝛼 em relação à mudança em q, avaliado em uma posição de

equilíbrio.

Combinando as equações (3.4), (3.5), (3.10) e (3.11), teremos que o

momento de dipolo induzido resultará em:

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𝑝 = 𝛼0𝐸0 𝑐𝑜𝑠 2𝜋𝜈0𝑡

+ 𝑑𝛼

𝑑𝑞

0

𝑞0 𝑐𝑜𝑠 2𝜋𝜈0𝑡 𝐸0 𝑐𝑜𝑠 2𝜋𝜈𝑚𝑡 (3.12)

E pela propriedade trigonométrica:

𝑐𝑜𝑠 𝐴 . 𝑐𝑜𝑠 𝐵 =1

2 𝑐𝑜𝑠 𝐴 + 𝐵 𝑐𝑜𝑠 𝐴 − 𝐵 (3.13)

Desta forma, podemos ainda escrever o momento de dipolo induzido como:

𝑝 = 𝛼0𝐸 0 𝑐𝑜𝑠 2𝜋𝜈0𝑡

+1

2 𝑑𝛼

𝑑𝑞

0

𝑞0𝐸 0 𝑐𝑜𝑠 2𝜋 𝜈0 + 𝜈𝑚 𝑡 𝑐𝑜𝑠 2𝜋 𝜈0 − 𝜈𝑚 𝑡 (3.14)

O primeiro termo contém somente a freqüência da radiação incidente que

corresponde ao espalhamento Rayleigh, enquanto que no segundo aparecem

termos referente ao espalhamento Raman Stokes 𝜈0 − 𝜈𝑚 , criação de fônons, e

espalhamento Raman anti-Stokes 𝜈0 + 𝜈𝑚 , destruição de fônons.

Já no tratamento quântico, para que haja atividade no espectro Raman, o

momento de transição (𝑃 𝑚𝑛 = 𝐸 𝛼𝑖𝑗 𝑚𝑛) deve ser diferente de zero, e sendo o

momento de dipolo induzido proporcional à polarizabilidade, o momento de transição

para o Raman pode ser descrito em termos da polarizabilidade:

𝛼𝑖𝑗 𝑚𝑛= Ψ𝑚

∗ 𝛼𝑖𝑗 Ψ𝑛 𝑑𝜏 (3.15)

E ainda se considerarmos o desenvolvimento em série de Taylor, temos:

𝛼𝑖𝑗 𝑚𝑛= 𝛼𝑖𝑗 0

Ψ𝑚∗ Ψ𝑛 𝑑𝜏 +

𝑑𝛼𝑖𝑗

𝑑𝑞

0

Ψ𝑚∗ 𝑞Ψ𝑛 𝑑𝜏 (3.16)

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27

Onde

𝑖 = 𝑥, 𝑦, 𝑧𝑗 = 𝑥, 𝑦, 𝑧

(3.17)

A intensidade Raman depende da probabilidade de transição, ou seja, do

quadrado do tensor de polarizabilidade e da quarta potência da freqüência da

radiação espalhada,

𝐼𝑚𝑛 = 16𝜋2

9𝑐4 𝐼0𝜈4 𝛼𝑖𝑗 𝑚𝑛

2

𝑗𝑖

(3.18)

Sendo 𝐼0 a intensidade da radiação incidente e 𝜈 é a freqüência da radiação

espalhada.

Os mecanismos de espalhamento podem ser representados pelos seguintes

esquemas [Figura 11]:

Figura 11: Esquema dos mecanismos de espalhamento.

No espalhamento Raman Stokes a molécula no estado fundamental sofre

colisão com o fóton de energia ℎ𝜈0, passa para um estado intermediário e decai em

seguida para um estado vibracional excitado, de energia 𝜈𝑚 ; o fóton espalhado,

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ℎ𝜈0 − 𝜈𝑚 , terá energia menor do que o incidente. No espalhamento Rayleigh, após a

interação do fóton com a molécula, esta volta ao mesmo nível de energia inicial. No

espalhamento Raman anti-Stokes o fóton encontra a molécula já num estado

excitado, ℎ𝜈0 + 𝜈𝑚 ·, e após a interação a molécula decai para o estado fundamental.

(SALAa, 2008; VIANNA et al., 2004)

O espectro Raman em relação as contribuições Rayleigh, Stokes e anti-

Stokes podem ser representado para o tetracloreto de carbono (líquido), conforme

Figura 12. Note que a banda atribuída ao espalhamento Rayleigh fica na origem

enquanto que as bandas atribuída ao espalhamento Stokes fica no lado positivo e as

bandas devido ao espalhamento anti-Stokes fica no lado negativo. (LONG, 2002) A

diferença na intensidade das bandas Stokes e anti-Stokes é apresentada na seção

3.4 – Regras de seleção.

Figura 12: Representação do Espectro Raman.

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29

3.3 Molécula Diatômica

Vamos considerar o modelo do Oscilador Harmônico (O. H.) para o estudo

das vibrações de uma molécula diatômica ou menos precisamente de agrupamentos

diatômicos (O-H, N-H, C=O, etc.), que é o sistema de massas ligadas por molas

[Figura 13].

Figura 13: Sistema Massa-Mola, onde k é a constante de força e x1 e x2 são as

posições das partículas e x0 a posição de equilíbrio.

Partindo da 2ª Lei de Newton e da Lei de Hooke, teremos:

𝐹 = −𝑘𝑥 = 𝜇𝑥 (3.19)

Note que 𝜇 é a massa reduzida dada por,

𝜇 =𝑚1𝑚2

(𝑚1 + 𝑚2) (3.20)

onde 𝑚1 e 𝑚2 são as componentes da massa da ligação química em

consideração.

𝑘𝑥 + 𝜇𝑥 = 0 (3.21)

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30

𝑘

𝜇𝑥 + 𝑥 = 0 (3.22)

E,

𝑘

𝜇= 𝜔2 (3.23)

E ainda, substituindo a equação 3.22 na equação 3.21, obtemos:

𝜔2𝑥 + 𝑥 = 0 ⇒ 𝑥 = −𝜔2𝑥 (3.24)

A equação 3.24 é uma equação diferencial, cuja solução é dada por:

𝑥(𝑡) = 𝐴𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙) (3.25)

Daí, temos que:

𝑥 (𝑡) = 𝐴𝜔𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) (3.26)

𝑥 𝑡 = −𝐴𝜔2𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙) (3.27)

Comparando as equações 3.26 e 3.27, notamos que elas satisfazem a

equação 3.24.

A grandeza (𝜔𝑡 + 𝜙) é chamada de fase do movimento. Note que a função

x(t) é periódica e seu valor é o mesmo cada vez que 𝜔𝑡 aumenta 2π radianos. A

constante 𝜔 é chamada de freqüência angular e tem unidades de rad/s e 𝜙 é

chamado de constante de fase (ou ângulo de fase).

Podemos relacionar o período à freqüência angular valendo-nos do fato de

que a fase aumenta 2π radianos no tempo T:

𝜔 𝑡 + 𝑇 + 𝜙 − (𝜔𝑡 + 𝜙) = 2𝜋 (3.28)

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31

Simplificando a equação 3.28 chegamos a:

𝜔𝑇 = 2𝜋 (3.29)

Ou ainda:

𝑇 =2𝜋

𝜔 (3.30)

O inverso do período T é chamado de freqüência 𝜈 do movimento. Logo,

𝜈 =1

𝑇=

𝜔

2𝜋 (3.31)

Ou ainda:

𝜈 =1

2𝜋

𝑘

𝜇 (3.32)

Onde k é a constante de força, 𝜈 é a freqüência de vibração. (SERWAY e

JEWETT, 2004)

Note que só há uma freqüência de vibração possível, logo, a absorção de

um fóton de infravermelho não muda a freqüência de vibração, mas sim a amplitude,

o único parâmetro restante que pode ser variado neste modelo. Como é de ser

esperado de um oscilador harmônico. E, ainda se dividirmos a freqüências pela

velocidade da luz, obtém-se o comprimento de onda 𝜈 ,

𝜈 =1

2𝜋𝑐

𝑘

𝜇 (3.33)

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32

Na equação 3.32 a constante de força pode permanecer como uma medida

de comprimento da mola no sistema de massa-mola para uma vibração molecular.

O uso da lei de Hooke na obtenção das freqüências aproximadas de

vibração de deformação axial deve levar em conta as contribuições relativas das

forças de ligação e as massas dos átomos envolvidos.

Já na Mecânica Quântica, a vibração de uma molécula diatômica pode ser

tratada como o movimento de uma partícula com massa 𝜇, cuja energia potencial é

expressa por

𝑉 =1

2𝑘𝑞2 (3.34)

E energia cinética dada por:

𝐾 =1

2𝜇𝑞 2 =

1

𝜇𝑝2 (3.35)

Onde k é a constante de força para a vibração.

E a energia total é dada por:

𝐸 = 𝐾 + 𝑉 (3.36)

A equação de Schrödinger para tal sistema pode ser escrito como

𝑑2𝜓

𝑑𝑞2 +8𝜋2𝜇

ℎ2 𝐸 −1

2𝑘𝑞2 𝜓 = 0 (3.37)

Se a equação acima é resolvida com a condição de que 𝜓 deve ter um único

valor, finito e contínuo, então, os autovalores serão dados por:

𝐸𝑛 = 𝑛 +1

2 ℎ𝜈 = ℎ𝑐𝜈 𝑛 +

1

2 (3.38)

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Onde 𝜈 é a freqüência de vibração, 𝜈 é o comprimento de onda, e n é o

número quântico (0, 1, 2, 3, ...) e com freqüência de vibração dado pelas equações

3.31 e 3.32.

Em conformidade com o modelo clássico, nos vários níveis de energia

caracterizados pelo número quântico, só podemos pensar que as moléculas estejam

oscilando com a mesma freqüência e as amplitudes destas oscilações, para cada

valor de freqüência, seriam as responsáveis pelos diferentes níveis de energia.

Se considerarmos uma molécula que interage com um campo elétrico, a

transferência de energia do campo para a molécula ocorre apenas quando a

condição da freqüência de Bohr é satisfeita, ou seja,

Δ𝐸 = ℎ𝜈 (3.39)

onde Δ𝐸 é a diferença de energia entre dois estados quantizados, h é a constante

de Planck e 𝜈 é a freqüência é o número de oscilações eletromagnéticas na

distância em que a luz viaja em um segundo,

𝜈 =𝑐

𝜆 (3.40)

E 𝜆 é o comprimento de onda da onda eletromagnética.

O número de onda 𝜈 definido por

𝜈 =1

𝜆 (3.41)

é comumente usado na espectroscopia vibracional com dimensão de cm-1,

assim, a condição de Bohr pode ser reescrita como,

Δ𝐸 = ℎ𝑐𝜈 (3.42)

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34

então, 𝜈 é diretamente proporcional a energia de transição.

Suponha que Δ𝐸 = 𝐸2 − 𝐸1, onde 𝐸2 e 𝐸1 são energias do estado excitado

(Excited Stated) e fundamental (Ground State), respectivamente. Então, a molécula

“absorve” Δ𝐸 quando excitada de 𝐸1 para 𝐸2 e “emite” Δ𝐸 quando é invertido de

𝐸2para 𝐸1 [Figura 14]. (NAKAMOTO, 2009)

Figura 14: Absorção e Emissão de energia.

3.4 Regras de Seleção

Para pequenos deslocamentos em relação a esta posição, podemos

desprezar os termos mais altos. A condição de variação do momento de dipolo com

a vibração, para haver absorção no infravermelho, implica em

dp

dq

0

≠ 0 (3.43)

ou seja, pelo menos para um dos componentes 𝑝𝑥 , 𝑝𝑦 , 𝑝𝑧. O momento de

dipolo é determinado pela configuração nuclear; quando a molécula vibra o

momento de dipolo pode sofrer variação.

Para o efeito Raman, temos que para o segundo termo ser diferente de zero,

é necessário que pelo menos um dos componentes do tensor de polarizabilidade

deve variar com a pequena vibração em torno da posição de equilíbrio, ou seja,

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35

𝑑𝛼𝑖𝑗

𝑑𝑞

0

≠ 0 (3.44)

e ainda temos uma segunda regra válida tanto para o infravermelho quanto

para o Raman, que é a regra de seleção para o oscilador harmônico. Para a integral

da equação 3.45 ser diferente de zero o produto 𝜓𝑚𝑞𝜓𝑛 deve ser uma função par.

Como 𝑞 é uma função ímpar é necessário que o produto 𝜓𝑚𝜓𝑛 seja ímpar, isto é, as

duas funções de onda devem ter paridade diferente. E para o espalhamento Raman

Stokes ou anti-Stokes, os estados vibracionais m e n são diferentes e a primeira

integral do membro é igual a zero, pela ortogonalidade. Para m = n o primeiro termo

corresponde ao espalhamento Rayleigh.

𝜓𝑚∗ 𝑞𝜓𝑛 𝑑𝜏 ≠ 0 (3.45)

De acordo com a mecânica quântica apenas transições que envolvam

Δ𝑣 = ±1 são permitidas para o oscilador harmônico, o que explica bandas intensas

tanto para o infravermelho quanto para o Raman. Para o infravermelho a absorção

vale o sinal de “+” e para a emissão vale “-“ e para o Raman o sinal de “+” vale para

Stokes e o sinal “-“ para anti-Stokes.

Outro fato importante a ser analisado é a diferença das intensidades do

espalhamento Stokes e anti-Stokes. Por definição as bandas Stokes se originam no

estado fundamental de energia 𝐸0, e as bandas anti-Stokes do primeiro estado

excitado 𝐸1. Como a população dos estados excitados segue a relação de Maxwell-

Boltzmann, deve-se esperar que as linhas Stokes sejam mais intensas do que as

anti-Stokes,

𝐸1

𝐸0= 𝑒−∆𝐸/𝑘𝑡 (3.46)

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36

3.5 Tipos de Vibrações

Uma vibração de estiramento é um movimento rítmico ao longo do eixo da

ligação de forma que a distância interatômica aumente e diminua alternadamente e

pode ser classificada como simétrica ou assimétrica [Figura 15].

A freqüência de uma determinada vibração de estiramento em um espectro

IV pode estar relacionada a dois fatores. Esses fatores são as massas dos átomos

ligados – átomos leves vibram a freqüências mais altas do que a dos átomos

pesados – e a rigidez relativa da ligação. (SOLOMONS e FRYHLE, 2005)

Simétrico

Assimétrico

(b)

(a)

Figura 15: Representação da deformação axial.

Quando uma molécula tem mais de dois átomos, algumas vibrações que

ocorrem podem ser consideradas como deformação angular (bending). As vibrações

de deformação angular correspondem às variações de ângulos de ligação, seja

internamente em um grupo de átomos, seja deste grupo de átomos em relação à

molécula como um todo e ainda pode ocorrer entre dois que não esteja diretamente

ligado por uma ligação química podendo mudar sua direção espacial.

As vibrações moleculares podem ainda ser classificadas como: deformações

axiais (stretching) simétricas e assimétricas, deformações angulares simétricas no

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plano (scissoring) e fora do plano (wagging) e deformações angulares assimétricas

no plano (rocking) e fora do plano (twisting), Figura 16, Figura 17 e Figura 18.

Isso se deve ao fato de que cada átomo tem três graus de liberdade que

correspondem ao movimento ao longo de qualquer direção das coordenadas

cartesianas (x, y e z).

No caso da molécula não linear, três dos graus de liberdade descrevem a

rotação da molécula e três a translação. Os demais 3n-6 graus de liberdade

correspondem aos graus de liberdade de vibração, ou vibrações fundamentais. E

para as moléculas lineares têm 3n-5 graus de liberdade vibracionais, uma vez que

apenas dois graus de liberdade são suficientes para descrever a rotação molécula.

(b) assimétrica no plano (rocking)(a) simétrica no plano (scissoring)

(c) simétrica fora do plano (wagging) (d) assimétrica fora do plano (twisting)

Figura 16: Tipos de Vibrações.

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Figura 17: Deformação do metil C-H.

Figura 18: Estiramento do metil C-H.

3.6 Instrumentação

Os instrumentos interferométricos atuais, tais como, os utilizados na

espectroscopia no Infravermelho e Raman [Figura 19.] são baseados no

interferômetro de Michelson, que consiste de dois espelhos colocados

ortogonalmente, sendo um fixo e outro móvel, e um semi-espelho.

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Figura 19: Diagramas esquemáticos dos espectrômetros (a) infravermelho e (b)

Raman.

Parte do feixe de luz que incide no semi-espelho é refletido para o espelho

fixo e parte é transmitida, atingindo o espelho móvel. Estes dois feixes são refletidos,

voltam ao semi-espelho e atingem o detector. Se os caminhos ópticos forem iguais

eles chegam ao detector com a mesma fase, interferência construtiva. Se o

caminho óptico para o espelho móvel for modificado pela movimentação do

parafuso, ele poderá atingir o detector com fase diferente a do feixe do espelho fixo.

Se esta diferença de fase for de 180º a interferência será destrutiva.

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40

Nos instrumentos interferométricos, as franjas de interferência que atingem o

detector geram um interferograma em função do deslocamento do espelho, que é

analisado por um computador, fornecendo os espectros através da Transformada

de Fourier.

Para haver uma boa relação sinal/ruído a varredura deve ser repetida um

número conveniente de vezes, acumulando espectros. A resolução espectral do

instrumento depende do comprimento do percurso feito pelo espelho móvel e quanto

maior for o percurso maior será a resolução. (TEMPERINI e SALA, 2009)

Para eliminar estas contribuições, o sinal do espectro deve ser normalizado

junto com o sinal do ruído. Conseqüentemente, o espectro de transmitância é obtido

pela sentença:

𝑇 =𝐼

𝐼0 (3.47)

onde I é a intensidade medida com uma amostra no suporte (para o sinal do

espectro) e I0 é a intensidade medida sem a amostra no suporte.

Note que as intensidades das bandas são expressas como transmitância (T)

ou absorbância (A). A transmitância é a razão entre a energia radiante transmitida

por uma amostra e a energia radiante que nela incide. A absorbância é o logaritmo,

na base 10, do recíproco da transmitância, isto é, a lei de Beer dada por:

A = log10 1

T = log10

I0

I (3.48)

Se a resposta do instrumento for a mesma com e sem a amostra, o valor da

transmitância será 1. Se a amostra absorver luz, menos energia chegará ao detector

e o valor da transmitância será menor do que 1. Se a amostra absorver totalmente, a

transmitância será zero. A maioria dos sistemas multiplica a transmitância por 100,

definindo a transmitância percentual.

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41

Capítulo 4 – Cálculos de Primeiros Princípios

4.1 História e Potencialidades dos Cálculos de Primeiros Princípios

Em 1900, Drude iniciou a tentativa de utilizar a densidade eletrônica como

variável básica, porém somente em 1964, com a publicação dos dois teoremas de

Hohenberg e Kohn - no primeiro o potencial externo 𝜈(𝑟) sentido pelos elétrons é

um funcional único da densidade eletrônica 𝜌(𝑟), enquanto que no o segundo a

energia do estado fundamental 𝐸0[𝜌] é mínima para a densidade 𝜌(𝑟) exata. Desta

maneira, o uso da densidade eletrônica como variável básica foi legitimado e esses

teorema forneceram os fundamentos dateoria do funcional da densidade (DFT).

(VIANNA et al., 2004; ABREU, 2004)

O aumento do poder computacional e a redução de seu custo aliado ao

desenvolvimento e aperfeiçoamento de métodos computacionais, propiciaram o

desenvolvimento nesta área de pesquisa e, assim, a obtenção de parâmetros

moleculares aplicados a sistemas multi-eletrônicos baseados na Mecânica Quântica.

Os parâmetros, tais como, energia de um sistema em uma dada geometria,

bem como freqüências vibracionais podem auxiliar na determinação da estrutura e

das propriedades químicas de intermediários e de possíveis estados de transição

para um dado caminho de reação, além de assistirem na obtenção de correlações

entre as entalpias de reação e a temperatura, efeitos isotópicos e energias de

dissociação. E, comumente, nos estudos químico-quântico computacionais utiliza-se

como modelo uma molécula isolada no vácuo. (VESSECCHI et al., 2008)

As atividades de simulação, em geral, são métodos para resolver modelos

que descrevem partículas interagindo entre si. A simulação é interessante e

importante, pois é uma alternativa para aproximar soluções para modelos (teoria) e

serve como complemento e alternativa para pesquisas experimentais.

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42

4.2 Formalismo do DFT

Os métodos de estrutura eletrônica usam as leis da Mecânica Quântica em

vez da física clássica como base de seus cálculos. Os estados da mecânica

quântica que a energia e outras propriedades relacionadas da molécula podem ser

obtidas resolvendo a equação de Schrödinger para a determinação precisa de

propriedades de sistemas atômicos e moleculares

𝐻𝜓 = 𝐸𝜓 (4.1)

Os métodos de estrutura eletrônica são caracterizados pelos métodos de

aproximação matemática empregados na resolução do problema. (FORESMAN e

FRISCH, 2003)

Os métodos computacionais, ab initio ou DFT, calculam as frequências

vibracionais pela aproximação harmônica. Isso faz com que as mesmas sejam

superestimadas em comparação com os valores experimentais. (VESSECCHI et al.,

2008)

Em 1965, foi proposta uma forma de fazer o cálculo usando DFT através das

Equações de Kohn-Sham (KS). A teoria do funcional da densidade, calcula a energia

eletrônica molecular 𝐸[𝜌] e outras propriedades moleculares através da densidade

eletrônica 𝜌. A DFT surgiu como um novo método aos já estabelecidos métodos ab

initio na descrição das propriedades atômicas e moleculares.

Nas derivações das equações DFT, nenhum parâmetro necessita ser

ajustado empiricamente, por isso pode ser considerado também como um método

ab initio.

Os métodos DFT são muito utilizados devido à possibilidade de se calcular

analiticamente as intensidades das bandas de absorção no infravermelho.

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43

4.2.1 Equações de Kohn-Sham

O processo de resolver as equações de Kohn-Sham consiste em um

esquema autoconsistente comumente adotado, conforme Figura 20. (SOLER, 2002)

Figura 20: Ciclo de autoconsistência.

Estas equações consideram um sistema de referência fictício, onde existem

apenas partículas independentes, ou seja, um sistema de partículas que não

interagem entre si, definido para fornecer a mesma densidade do estado

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44

fundamental. A energia do funcional da energia explicitando a repulsão Coulombiana

elétron-elétron é dada por

E ρ = G ρ +1

2

ρ r ρ r′

r − r′ drdr′ + ν r ρ r dr (4.2)

Onde G[ρ] funcional universal é dado por

𝐺 𝜌 ≡ 𝑇0 𝜌 + 𝐸𝑥𝑐 𝜌 (4.3)

E 𝑇0 𝜌 é a cinética de um sistema de elétrons não interagentes, que possui

a mesma densidade eletrônica de um sistema interagente. O termo 𝐸𝑥𝑐 inclui a

contribuição de interação elétron-elétron não clássica (troca e correlação) mais a

parte restante da energia cinética, 𝑇[𝜌] − 𝑇0 𝜌 , em que 𝑇[𝜌] é a energia cinética

exata para o sistema de elétrons que interagem.

A energia cinética de um sistema de eletrons não interagentes é definida

com a mesma densidade como em um sistema real,

𝑇0 𝜌 = 𝜓𝑖 −1

2∇2 𝜓𝑖

𝑁

𝑖

(4.4)

Considerando a restrição de que a densidade eletronica com o número de

elétrons (N) é fixa

𝑁 = 𝜌 𝑟 𝑑𝑟 (4.5)

Para reduzir a energia, introduzimos esta restrição com um Multiplicador de

Lagrande (-μ) que nos leva a

𝛿

𝛿𝜌 𝑟 𝐸 𝜌 𝑟 − 𝜇 𝜌 𝑟 𝑑𝑟 = 0 (4.6)

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45

Da equação acima podemos escrever

𝜇 =𝛿𝐸 𝜌 𝑟

𝛿𝜌 𝑟 (4.7)

De acordo com Kohn-Sham é possível utilizar-se um sistema de referência

de elétrons que não interagem com um Hamiltoniano que tenha um potencial local

efetivo,

𝐻𝐾𝑆 = −1

2∇2 + νKS r (4.8)

Em que o potencial efetivo é dado por,

νKS r = ν r + ρ r′

r − r′ dr′ + νxc r (4.9)

E o potencial de troca-correlação νxc

νxc 𝜌 =δExc ρ

δρ r (4.10)

A densidade eletrônica, ρ(r), é dada em termos do orbital como sendo:

ρ r = ϕi r 2

N

i

(4.11)

Logo, os orbitais Kohn-Sham, 𝜓𝑖 , são obtidos a partir da Equação de

Schrödinger de um elétron,

−1

2∇2 + νKS 𝜓𝑖 = 휀𝑖𝜓𝑖 (4.12)

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Uma vez que o potencial efetivo, νKS (r), depende da densidade eletrônica,

ρ r , as equações de Kohn-Sham são resolvidas através de um procedimento auto-

consistente.

Usando as equações de Kohn-Sham equações 4.11 e 4.12, pode-se obter a

energia total do sistema em função dos autovalores 휀𝑖 , como segue,

−1

2∇2 + ν r +

ρ r′

r − r′ dr′ + νxc 𝜌 𝜓𝑖 = 휀𝑖𝜓𝑖 (4.13)

Multiplicando por 𝜓𝑖∗, integrando em todo o espaço teremos

𝑇0 𝜌 + ν r 𝜌𝑑3𝑟 + ρ r′ 𝜌(𝑟)

r − r′ dr′ dr

+ νxc 𝜌 𝜌 𝑟 𝑑3𝑟 = 휀𝑖

(4.14)

Isolando 𝑇0 𝜌 da equação 4.14 e comparando com o funcional de energia

dado por

𝐸[𝜌] = 𝑇0 𝜌

+1

2

𝜌 𝑟 𝜌 𝑟 ′

𝑟 − 𝑟 ′ 𝑑𝑟𝑑𝑟 ′ + ν(r)𝜌 𝑟 𝑑3𝑟

+ 𝜖𝑥𝑐 [𝜌]𝜌 𝑟 𝑑𝑟

(4.15)

Teremos a energia total é então calculada através da seguinte equação

𝐸 = 휀𝑖

𝑁

𝑖=1

−1

2

𝜌 𝑟 𝜌 𝑟 ′

𝑟 − 𝑟 ′ 𝑑𝑟𝑑𝑟 ′ + 𝐸𝑥𝑐 𝜌 − 𝜈𝑥𝑐 𝑟 𝜌 𝑟 𝑑𝑟 (4.16)

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47

Que é a energia escrita em função dos autovalores 휀𝑖 . A primeira integral da

equação 4.16 refere-se a interação coulombiana da densidade eletrônica e o terceiro

é a componente de troca (exchange), já a segunda integral mostra a relação um a

um entre a densidade 𝜌(𝑟) e o potencial externo 𝜈𝑥𝑐 𝑟 , o que implica que a

energia 𝐸 é um funcional da densidade eletrônica no estado fundamental.

(SEMINARIO e POLITZER, 1995)

A etapa mais difícil para resolver as equações de Kohn-Sham, é determinar

o funcional de troca-correlação (XC) 𝜈𝑥𝑐 𝑟 , pois a forma analítica exata do potencial

de troca-correlação não é conhecido. (DUARTE e ROCHA, 2007)

4.2.2 Tipos de Funcionais de Troca e Correlação

A idéia consiste em utilizar o modelo do gás uniforme de elétrons, no

entanto, o sistema não considera situações realísticas em átomos ou moléculas, os

quais são caracterizados por variações bruscas na densidade eletrônica.

A razão da utilização deste modelo na DFT reside no fato de que este é o

único sistema que conhecemos a forma dos potenciais de troca e correlação

exatamente, ou pelo menos com bastante precisão.

Neste modelo a energia de troca e correlação (𝐸𝑥𝑐 ) pode ser escrita como

𝐸𝑋𝐶𝐿𝐷𝐴 𝜌 = 𝜌 𝑟 휀𝑋𝐶 𝜌 𝑟 𝑑𝑟 (4.17)

Em que, 휀𝑋𝐶 𝜌 𝑟 é a energia de troca-correlação por partícula de um gás

uniforme de elétrons e densidade 𝜌 𝑟 .

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48

A quantidade 휀𝑋𝐶 𝜌 𝑟 pode ser separada em duas parcelas, a de troca e

de correlação

휀𝑋𝐶 𝜌 𝑟 = 휀𝑋 𝜌 𝑟 + 휀𝐶 𝜌 𝑟 (4.18)

Quando consideramos a aproximação da densidade local (LDA), estamos

tratando apenas de sistemas de camada fechada, ou seja, um sistema onde todos

os elétrons estão emparelhados.

Para casos não restritos, a LDA, torna-se uma aproximação local da

densidade de spin (LSD). Formalmente, as duas aproximações diferem apenas

quanto a energia de troca-correlação que é reescrita como

𝐸𝑋𝐶𝐿𝑆𝐷 𝜌𝛼 , 𝜌𝛽 = 𝜌 𝑟 휀𝑋𝐶 𝜌𝛼 𝑟 , 𝜌𝛽 𝑟 𝑑𝑟 (4.19)

A aproximação do gradiente generalizado (GGA) pode ser escritas como

𝐸𝑋𝐶𝐺𝐺𝐴 𝜌 = −

3

4

3

𝜋

1

3

𝑑𝑟 𝜌4

3𝐹 𝑠 (4.20)

Onde

𝑠 = ∇𝜌 𝑟

2𝑘𝐹𝜌 (4.21)

E

𝑘𝐹 = 3𝜋2𝜌 1

3 (4.22)

A forma de modelar o termo F(s) define os diferentes funcionais GGA.

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49

4.3 Conjunto de Bases

Um conjunto de base é uma representação matemática do orbital molecular

dentro da molécula. Este conjunto de bases pode ser interpretado com restrições de

cada elétron para uma região particular do espaço.

As funções gerais de um orbital do tipo Gaussiano (GTO) normalizado em

um átomo centrado em coordenadas cartesianas é dado por

𝜙 𝑥, 𝑦, 𝑧; 𝛼, 𝑖, 𝑗, 𝑘 = 2𝛼

𝜋

3

4

8𝛼 𝑖+𝑗+𝑘𝑖! 𝑗! 𝑘!

2𝑖 ! 2𝑗 ! 2𝑘 !

1

2

𝑥𝑖𝑦𝑗 𝑒−𝛼 𝑥2+𝑦2+𝑧2 (4.23)

Onde 𝛼 é um expoente controlando a largura do GTO, e i, j, k são inteiros

não negativos que ditam a natureza do orbital em senso com as coordenadas

cartesianas.

Em particular, quando todos os três índices são zeros, o GTO tem simetria

esférica e é chamado de GTO do tipo s. E quando um dos índices é exatamente

igual a um, a função tem simetria axial sobre um único eixo cartesiano e é chamada

de GTO do tipo p. Quando a soma dos índices forem iguais a 2, o orbital é chamado

GTO do tipo d.

As funções Gaussianas contraídas, também chamadas de orbitais atômico,

são expandidos em uma combinação linearde orbitais do tipo gaussiana,

𝜑 𝑥, 𝑦, 𝑧; 𝛼 , 𝑖, 𝑗, 𝑘 = 𝑐𝑎𝜙 𝑥, 𝑦, 𝑧; 𝛼𝑎 , 𝑖, 𝑗, 𝑘

𝑀

𝑎=1

(4.24)

Onde M é o número de Gaussianas usadas na combinação linear, e os

coeficientes c são escolhidos para optimizar a forma da soma da função de base e

assegurar a normalização.

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Quando uma função de base é definida como uma combinação linear de

Gaussianas, ela é referenciada como sendo uma função de base “contraída”, e a

Gaussiana individual da qual ela é formada são chamadas de primitivas.

O grau de contração refere-se ao número total de primitivas usadas para

fazer toda a função contraída. (CRAMER, 2004)

Por outro lado as bases de valência são aquelas formadas somente pelos

orbitais das camadas de valência (orbitais mais externos) dos átomos que participam

da formação da molécula. Ela podem ser empregadas de forma conveniente em

cálculos moleculares, uma vez que as camadas mais interna dos átomos são pouco

afetadas na formação de moléculas.

Os orbitais de valência são os maiores responsáveis pelas mudanças

ocorridas nas funções moleculares em relação às funções atomicas.

Já as bases de valência separada são extensões das bases de valência,

visto que utilizam funções Gaussianas contraídas para as camadas interna e

funções extras para as camadas de valência. Os conjuntos de bases de valência

mais conhecidas, são: 4-31G, 6-21G, 6-31G e 6-311G.

Elas são formadas por uma função Gaussiana contraída para cada orbital da

camada interna enquanto que a camada de valência é representada por mais

funções.

O conjunto 6-31, que é formado por uma gaussiana contraída a partir de 6

gaussianas primitivas, para descrever cada orbital interno, mais duas funções de

base para a camada de valência, sendo uma delas uma gaussian primitiva difusa

e uma outra gaussiana contraída a partir de três gaussianas primitivas.

As funções difusas permitem descrever regiões distantes dos núcleos. São

mais usadas para átomos metálicos em seu estado neutro, com o propósito de

descrever satisfatoriamente complexos metálicos, uma vez que átomos metálicos

possuem orbitais de simetria d, que têm características difusa, ou seja, possuem

regiões de densidade eletrônica significativamente afastada do núcleo.

A presença de uma função difusa na familia de bases de Pople é indicada

por um sinal „+‟ no nome do conjunto de base, como por exemplo, 6-31+G(d) indica

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51

que átomos pesados têm sido aumentados com a adição de funções de base s e p

que tem um coeficiente pequeno. O segundo sinal de mais „++‟, 6-311++G(3df,2pd),

indica a presença de função difusa s no Hidrogênio.

O conjunto de base conhecido como „single- ξ‟, ou mais comumente,

conjunto de bases mínimas. Esta nomeclatura implica que existe uma e apenas uma

função de base definida para cada tipo de orbital do núcleo através da camada de

valência, como por exemplo, para H e He, existe apenas uma função 1s.

O conjunto de bases com duas funções para cada orbital atômico é

chamado de base „double- ξ‟ e, assim por diante. Exemplos modernos de tais bases

são: cc-pCVDZ, cc-pCVTZ, etc.

A vantagem de tais esquemas é que isto aumenta o conjunto de bases que

deve se tornar mais próximo do limite do Hartree-Fock.

O conjunto de base Split, tal como, 3-21G e 6-31G tem dois (ou mais)

tamanhos de funções de base para cada orbital de valência.

As bases de valência Split permitem que os orbitais mudem de tamanho,

porém não a forma. As bases polarizadas removem esta limitação pela adição de

orbitais como momento angular além do que é requerido para o estado fundamental

para descrever cada átomo. Estas bases se tornaram muito popular para cálculos

envolvendo sistemas de tamanho médio. Estas bases são conhecidas como 6-

31G(d) (ou 6-31G*) e 6-31G(d, p) (ou 6-31G**).

4.4 Método B3LYP

As diferentes combinações dos funcionais de correlação e troca podem ser

usadas desde que em princípio sejam independentes, como é o caso do B3LYP e

BP86.

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O método B3LYP (Parametro DFT do tipo Becke 3, usando a correlação

Lee-Yang-Parr, onde B3 – Troca e LYP – Correlação) (MASERAS e LLEDÓS, 2002)

é um método de funcionais híbridos que apresentam erros menores em relação aos

funcionais não híbridos no cálculo das freqüências vibracionais.

O interesse neste método deve se ao fato que os erros não dependem do

tamanho da função de base empregada, uma vez que os resultados obtidos com

uma das bandas base de zeta múltiplo são similares aos obtidos para as bases

mínimas. Uma outra vantagem é a possibilidade de se estimar as freqüências

vibracionais e as intensidades das bandas de absorção no infravermelho de

moléculas contendo átomos de primeiro e segundo períodos. (VESSECCHI et al.,

2008)

Os métodos híbridos utilizam funções de densidade de spin localizada

(LSD), bem como funções de grandiente generalizado (GGA) o que lhe permite bons

resultados das interações tanto próximas ao núcleo quanto distante.

A energia é dada por:

𝐸𝑋𝐶

𝐵3𝐿𝑌𝑃 = 1 − 𝑎0 − 𝑎𝑥 𝐸𝑋𝐿𝑆𝐷 + 𝑎0𝐸𝑋

𝑒𝑥𝑎𝑡𝑜 −𝐻𝐹 + 𝑎𝑥𝐸𝑋𝐵88

+ 1 − 𝑎𝑐 𝐸𝑐𝑉𝑊𝑁 + 𝑎𝑐𝐸𝑐

𝐿𝑌𝑃 (4.25)

Onde 𝐸𝑋𝑒𝑥𝑎𝑡𝑜 −𝐻𝐹 é a energia de troca de Hartree-Fock, e onde os parâmetros

são: 𝑎0 = 0,20, 𝑎𝑥 = 0,72 e 𝑎𝑐 = 0,81.

Como uma melhora nos funcionais híbridos, Becke propôs o seguinte

funcional:

𝐸𝑋𝐶 = 𝐸𝑋𝐶𝐺𝐺𝐴 + 𝑐𝑥𝐸𝑋

𝑒𝑥𝑎𝑡𝑜 + 𝐸𝐶𝐺𝐺𝐴 (4.26)

Onde 𝑐𝑥 é um parâmetro e 𝐸𝑋𝑒𝑥𝑎𝑡𝑜 𝐸𝐶

𝐺𝐺𝐴 são funcionais GGA. Este novo funcional

híbrido forneceu excelentes valores de energia comparados com dados

experimentais. (ABREU, 2004; ARTACHO, 2002)

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53

4.5 Fator de Escala

A fim de corrigir o valor calculado de modo a coincidir com o valor observado

experimentalmente, foi desenvolvido um fator de escala para energias vibracionais

de ponto zero (ZPVEs), usada em cálculos teóricos de métodos de auto nível, tais

como G2 e G3. O conjunto mais antigo de fatores de escala para as frequencias

vibracionais foi obtido através dos modelos HF e (Moller-Plesset) MP2/6-31G(d). E

para o modelo B3LYP/6-31G(d) o fator de escala determinado foi 0,9613 para a

frequência e 0.9804 para ZPE/Térmico. (ANDRADE, 2009; FORESMAN e FRISCH,

2003)

4.6 Cálculo de Freqüências

Os cálculos de energia e otimização de geometria ignoram a vibração no

sistema molecular. Nesta idéia, estes cálculos idealizam uma visão da posição

nuclear. Na realidade, o núcleo nas moléculas estão em constante vibração. No

estado de equilíbrio, estas vibrações são regulares e previsíveis e a molécula pode

ser identificada por seu espectro característico.

A frequência molecular depende da derivada segunda da energia em relação

a posição nuclear. (FORESMAN e FRISCH, 2003)

4.7 Modelo de Solvente

O modelo de solvente empregado neste trabalho foi o contínuo, cujo

solvente é tratado como um material dielétrico, caracterizado por parâmetros

macroscópicos, principalmente, a constante dielétrica ε.

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54

Tais modelos são baseados na equação de Poisson,

∇2Φ 𝑟 = −4𝜋𝜌 𝑟

휀 (4.27)

Onde Φ é o potencial eletrostático e 𝜌 a distribuição de cargas.

Nesses modelos, o soluto (ou molécula de referência) é colocado em uma

cavidade (휀 = 1) circundada por um dielétrico de constante 휀.

A distribuição de cargas no dielétrico resultante dessa polarização dá origem

ao campo de reação

𝑅 =2(휀 − 1)

2(휀 + 1)

𝑝

𝑎3 (4.28)

Onde 𝑎 é o raio da cavidade esférica e 𝑝 o momento de dipolo. Esse campo

é sempre paralelo ao momento de dipolo e, portanto atuará no soluto aumentando a

assimetria na sua distribuição de cargas. Contudo, a equação 4.28 é uma

aproximação que considera apenas o primeiro momento da distribuição de cargas.

A primeira vantagagem destes modelos é que eles permitem um tratamento

puramente quântico da interação soluto-solvente, pois tratam do solvente sem

aumentar o número de elétrons; a segunda é que a perturbação provocada pelo

solvente, a longas distâncias, pode ser bem representada por uma distribuição

contínua de cargas. O método mais popular dentre aqueles que utilizam esse tipo de

cavidade é o modelo contínuo polarizável (PCM). (GEORG e CANUTO, 2007)

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55

Capítulo 5 - Metodologia

5.1 Isolamento do Flavonóide

O isolamento de metabólitos especiais foi realizado a partir da casca do

caule da S. pseudoquina por Thiara Cruz Botelho (VIC) do Laboratório de Pesquisa

Química de Produtos Naturais (LPQPN) do Instituto de Ciências Exatas e da Terra

da Universidade Federal de Mato Grosso.

Na separação do extrato bruto utilizou-se a técnica de cromatográfica de

coluna clássica (CC) com sílica gel. A eluição por gradiente em coluna clássica foi

realizada com a utilização de sistemas de solventes em ordem crescente por

polaridade [Tabela 5]. A seguir, foi submetida uma coluna clássica empregando

sephadex como fase estacionária. Posteriormente submeteu-se a amostra a uma

CCDP e submetida novamente a uma CC. E por análise de CCDA a amostra levou

ao isolamento de 5mg de um composto amarelo.

Tabela 5: Sistema de Solvente.

Sistema Eluente Volume do Eluente (mL)

Hex. 100% 1000

Hex-CHCl3; 8:2 800

Hex- CHCl3; 6:4 600

Hex-CHCl3; 4:6 700

Hex- CHCl3; 2:8 800

CHCl3 2100

CHCl3-MeOH; 8:2 1300

CHCl3-MeOH; 1:1 1000

MeOH 900

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56

Foram realizadas análises comparativas de Ressonância Magnética Nuclear

(RMN) de Carbono (13C) e Hidrogênio (1H) com amostra autêntica encontrada no

Laboratório de Pesquisas Químicas em Produtos Naturais (LPQPN) da mesma

espécie pesquisada e, desta maneira concluiu-se que a substância isolada era o

flavonóide identificado como 3-Metoxiquercetina [Figura 21]. Inclusive através de

separação cromatográfica o mesmo flavonóide foi diversas vezes isolado resultando

em 6 g da substância pura, concluindo então, que este se comporta como

substância majoritária nesta espécie. (Botelho, 2009)

O

OH

OH

HO

O

OCH3

OH

A C

B

Figura 21: 3-Metoxiquercetina.

5.2 Metodologia de Preparação dos complexos metálicos

Os complexos foram preparados pela dissolução do flavonóide e do

respectivo íon metálico na forma de sal – Acetato de Zinco (CH3COO)2Zn.2H2O e

Acetato de Cobre (CH3COO)2 Cu.2H2O - em metanol, seguindo a relação molar

(Metal:Ligante), conforme será descrita a seguir.

No complexo de cobre utilizou-se 0,199 g de flavonóide (2 mmol) e 0,0628 g

de Acetato de Cobre (1 mmol). Já para o complexo de zinco utilizou-se 0,100 g de

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57

flavonóide (2 mmol) e 0,043 g de Acetato de Zinco (1 mmol). Em ambos, o ligante foi

dissolvido em metanol HPLC e, a seguir, colocado sob agitação magnética [Figura

22]. Depois foi adicionado lentamente o sal na forma de íon metálico dissolvido em

metanol [Figura 23] e permaneceram sob agitação magnética cerca de 40 minutos,

mantendo a temperatura entre 50 ºC e 70 ºC.

(a) (b)

Figura 22: (a) Flavonóide dissolvido em metanol; (b) Sob agitação magnética.

Figura 23: Sal contendo o íon metálico dissolvido em metanol.

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58

Encerrado os procedimentos anteriores, os complexos tanto de zinco quanto

de cobre foram colocados sob refluxo em torno de 2h e a manta térmica foi mantida

a uma temperatura de 80º C [Figura 24]. Tal procedimento tem como objetivo retirar

o excesso de metanol e melhorar o rendimento da reação.

Figura 24: Complexo sob refluxo.

Após a realização de tais procedimentos os complexos ficaram em repouso

em torno de 12 h e foram depois filtrados e colocados na estufa a temperatura de

50ºC por um dia. Ao verificar que os complexos estavam secos, iniciamos o

procedimento de raspagem de maneira cautelosa para não retirar no processo o

papel proveniente do filtro [Figura 25].

Os pontos de fusão do flavonóide livre de seus complexos foram

determinados em equipamento Fisaton modelo 430. A comparação entre os pontos

de fusão do flavonóide livre, dos complexos e metais de transição são apresentados

na Tabela 6. As analises do ponto de fusão podem nos dar informações importantes

quanto à pureza do ligante e dos complexos. Pode-se observar que a fusão do

flavonóide ocorreu em uma faixa estreita demonstrando que o mesmo se encontra

puro. Já para os complexos não foi possível a determinação exata do ponto de fusão

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59

com o equipamento utilizado, uma vez que o mesmo determina temperatura até

312°C, porém podemos concluir que houve a complexação do ligante com os

metais.

Figura 25: Complexo em pó no filtro.

Tabela 6: Comparação dos pontos de fusão do flavonóide 3-Metoxiquercetina, livre e

complexado com os valores conhecidos para os metais de transição.

Amostra Fla Fla-Cu Fla-Zn Zn Cu

Ponto de

fusão 270-272 °C

Acima de

312 °C

Acima de

312 °C 419,53 °C 1084,68 °C

5.3 Preparação da Amostra para as medidas de Infravermelho e Raman

As amostras submetidas às análises de infravermelho e Raman foram

preparadas utilizando a técnica de disco em KBr. A técnica consiste em misturar a

amostra sólida moída bem fina com brometo de potássio para espectroscopia em pó

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60

e comprimir a mistura sob alta pressão. Sob pressão, o brometo de potássio funde e

inclui o composto em uma matriz. O resultado é uma pastilha de KBr, que pode ser

inserida em um suporte do espectrômetro. (PAVIA et al., 2010)

5.4 Instrumentação

As medidas de Infravermelho foram realizadas na Universidade Federal de

Santa Catarina utilizando o espectrômetro Shimadzu, modelo FTIR Prestige-21

[Figura 26]. A região de coleta dos dados foi de 4000-400 cm-1 com resolução de 4

cm-1, com 20 scans, no modo de transmissão em pastilha de KBr a temperatura

ambiente. O referido equipamento possui correção atmosférica para eliminação da

influência de vapor d‟água e CO2 do meio externo e o detector empregado na

aquisição de dados foi DLATGS.

Figura 26: Espectrômetro FTIR Prestige-21.

As medidas de FT-Raman foram realizadas na Universidade Federal do

Ceará com o auxílio do professor Paulo de Tarso utilizando o equipamento FT-IR e

FT-Raman da Bruker, modelo Vertex 70 com sistema acoplado RAM II de dois

canais e uma fonte de laser com comprimento de 1064 nm [Figura 27]. A região de

coleta dos dados foi de 3100-0 cm-1 devido a uma especificidade da janela do

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61

equipamento a temperatura ambiente. O espectro foi obtido no modo de absorção

em pastilha de KBr.

Figura 27: RAMII acoplado ao VERTEX 70 FT-IV.

No processo de simulação computacional foi utilizado um computador com

processador Intel quadcore com 8 Gb de memória DDR2. O software utilizado na

modelagem computacional foi o Avogadro, enquanto que o software Gaussian 03 foi

empregado na realização dos cálculos de primeiros princípios (ab initio).

O software Avogadro é um editor molecular livre [Figura 28] que permite a

modelagem de moléculas de uma maneira fácil, e possibilita também gerar o arquivo

de entrada de programas [Figura 29], tais como, Gaussian, NWchem, Molpac, entre

outros e ainda visualizar o arquivos de saída dos referidos programas, realizar

cálculos de Mecânica Molecular, obter os parâmetros e outras informações a

respeito da molécula. Por meio do mesmo obtivemos as seguintes informações a

respeito do flavonóide e de seus complexos [Tabela 7].

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62

Figura 28: Interface do Avogadro.

Figura 29: Arquivo de Entrada (input).

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63

Tabela 7: Informações do Flavonóide 3-Metoxiquercetina e de seus complexos

obtidos pelo software Avogadro.

Fórmula química Peso molecular

(g/mol)

Número de

ligações

Flavonóide C16H12 O7 316,262 37

Complexo de Zn C16H12 O9Zn 413,641 41

Complexo de Cu C16H10CuO7 377,792 37

Com o software Gaussian utilizamos a base B3LYP com o conjunto de base

6-31(d) para a otimização de geometria e cálculo das freqüências no Infravermelho e

Raman do flavonóide 3-Metoxiquercetina de seus complexos, sendo que para o

flavonóide complexado inserimos moléculas de água próximas ao metal e o metal

próximo ao flavonóide enquanto para o flavonóide puro consideramos o isolado sem

nenhuma interação com a vizinhança. As justificativas de tais fatos são

apresentadas e discutidas no capítulo 6 – Análise e Resultados. Na realização de

tais trabalhos disponibilizamos quatro processadores e 6 GB de memória o que

exigiu um tempo computacional em torno de 30 horas para a finalização dos

procedimentos.

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64

Capítulo 6 – Análise de Resultados e Discussões

Os estudos sistemáticos da espectroscopia vibracional em flavonóides

ocorrem desde o início de 1950, e a maioria deles tem-se limitado as discussões de

freqüências absorvidas pela carbonila e a hidroxila. Entretanto, com os avanços das

técnicas nas últimas duas décadas, a aplicação da espectroscopia vibracional

tornou-se muito mais relevante no campo da análise dos flavonóides devido ao

amplo espectro de aplicações científicas e tecnológicas.

Neste contexto, as técnicas de espectroscopia IV e Raman estão sendo

usadas para obter informações estruturais e da geometria dos flavonóides,

acompanhada dos cálculos de mecânica quântica (simulação computacional).

(ANDERSEN e MARKHAM, 2006)

Neste capítulo, apresentaremos as interpretações do infravermelho e dos

cálculos quânticos computacionais relacionados às amostras em questão.

As interpretações do infravermelho serão divididas em duas seções: a

primeira enfocando a presença dos grupos funcionais no espectro e comparando

com alguns resultados de outros flavonóides presentes na literatura, como por

exemplo a quercetina. Neste caso, utilizou-se a quercetina como modelo em função

de resultados previamente descritos na literatura. (GIOVANI e SOUZA, 2005; ZHOU

et al., 2001; BEHLING et al., 2004)

Na segunda será abordada as interpretações dos espectros do

Infravermelho (FT-IV) e Raman (FT-Raman), relacionando-os com os espectros

calculados de modo a obter se informações relevantes a respeito das estruturas e

também será realizado comparações do espectro Raman com o de outros

flavonóides presentes na literatura. (CORREDOR et al., 2009; CAÑAMARES et al.,

2008)

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65

6.1 Interpretações FT-IV

Um espectro no infravermelho determina as posições e intensidades

relativas às absorções, ou picos, dos modos ativos na região do infravermelho e os

registra graficamente em uma folha de papel. Esse gráfico de intensidade de

absorção versus número de onda (ou, às vezes, em comprimento de onda) é

chamado de espectro do infravermelho do composto. (PAVIA et al., 2010)

O espectro do infravermelho é dividido em duas regiões, sendo elas: a

região do espectro entre 4000-2000 cm-1 chamada de identificação de grupos

funcionais e a segunda região entre 2000-400 cm-1 é chamada de região de

impressão digital.

O primeiro procedimento para a interpretação de um espectro infravermelho

de um composto fenólico é identificar a absorção de dois picos fortes em torno de

3000 cm-1 e 1715 cm-1, referentes ao estiramento de C-H e C=O, respectivamente. O

grupo carbonila tem grande relevância para o estudo do mecanismo de

complexação de flavonóides com íons metálicos.

Na região entre 1600-1500 podem ser observados estiramento da dupla

ligação de carbono nos anéis aromáticos. Já na região entre 900-600 cm-1 estão

presentes as deformações fora do plano do C-H. E na região entre 630-400 cm-1

podem indicar a presença de íon metálico. Tais fatos são importantes para a análise

do espectro infravermelho, conforme será mostrado a seguir.

O espectro de IV da Metoxiquercetina [Figura 30] apresenta estiramento da

hidroxila em 3408 cm-1, estiramento de CH3 em 3074, 1456, 1188, 1157 cm-1,

estiramento da carbonila em 1647 cm-1, estiramento da dupla ligação de carbono de

aromático nas bandas em 1614, 1595, 1552 cm-1, e deformação angular no anel

aromático devido ao C-H entre as regiões de 719-459 cm-1, deformação angular CH3

em 1456 cm-1que encobre a deformação angular do C-O-H em 1443 cm-1, já em

1365 cm-1 a deformação angular do CH3 absorve fortemente.

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Figura 30: Espectro de FT-IV do Flavonóide 3-Metoxiquercetina Livre.

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Figura 31: Espectro de FT-IV da Quercetina.

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68

Comparativamente observou-se para a quercetina [Figura 31] estiramento da

carbonila em 1664 (e/ou 1668) cm-1, estiramento da dupla ligação de carbono em

1589 cm-1, estiramento de C-O-C em 1260 cm-1 e em 1319 cm-1, e estiramento de

hidroxila na região de 3409-3144 cm-1. (GIOVANI e SOUZA, 2005; BUKHARI et al.,

2008).

Antes de realizarmos as análises dos espectros dos complexos metálicos,

devemos considerar as duas possibilidades de complexação do flavonóide 3-

Metoxiquercetina, conforme Figura 32. A complexação do flavonóide depende de

condições, tais como, temperatura, pH, que possibilitarão a coordenação do íon

metálico em determinado sítio ativo do flavonóide.

O

O

OH

HO

O

OCH3

O

A C

B

O

OH

O

HO

O

OCH3

OH

A C

B

(b)

(a)

Metal

Metal

Figura 32: Sítios ativos do flavonóide 3-Metoxiquercetina (a) e (b).

Informações interessantes foram obtidas ao submeter o composto 3-

metoxiquercetina à complexação. Para o complexo Zinco-Metoxiquercetina [Figura

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69

33] tem-se um estiramento de hidroxila largo entre 3431-3207 cm-1 indicando a

presença de água. Estiramento da carbonila em 1653 cm-1, estiramento da dupla

ligação de carbono entre 1616-1473 cm-1e estiramento de C-O-C em 1269 cm-1. Um

fato importante a ressaltar é que o pequeno deslocamento da banda do grupo

carbonila de 1647 para 1653 cm-1 no complexo de Zinco-Metoxiquercetina em

relação ao ligante, sugere que a complexação com íon metálico não ocorreu com o

oxigênio da carbonila.

A banda larga e intensa em 615 cm-1 indica a presença de metal, visto que

tal banda não é observada no ligante e ainda sugere à coordenação do íon metálico

com água no anel B [Figura 34]. Já para a quercetina, temos estiramento da

carbonila em 1618 cm-1, estiramento da dupla ligação de carbono em 1586 cm-1,

estiramento de C-O-C em 1259 cm-1. O deslocamento da banda da carbonila em 33

cm-1 sugere que a complexação ocorreu entre o oxigênio da carbonila com o íon

metálico. (ZHOU et al., 2001)

A presença de metal, ν(M-O), também foi relatado para a quercetina em 612

cm-1. (GIOVANI e SOUZA, 2005)

Para o complexo de Cobre-Metoxiquercetina [Figura 35], observa-se uma

banda larga entre 3566-3227 cm-1 atribuída ao estiramento de hidroxila e ainda

indicando a presença de água. O deslocamento do grupo carbonila, ν(C=O), de 1647

para 1639 cm-1, não dá indícios de complexação do metal com o oxigênio da

carbonila. Complementarmente, tem-se a presença de banda de anel aromático

ν(C=C) em 1533 e 1474 cm-1 e aromático δ(C-H) em 810 cm-1, ν(C-O-CH3) em 1431

cm-1 e ν(C-O-C) em 1350 cm-1.

Por outro lado, a presença do metal pode ser evidenciada em 625 cm-1, visto

que tal banda não é observada no ligante e ainda sugere a coordenação do íon

metálico cobre com água [Figura 36]. No caso da quercetina a presença da ligação

metal-oxigênio é observada em 608 cm-1. (SOUZA, SUSSUCHI e GIOVANI, 2003).

Diante do exposto temos a coordenação do metal no anel B, visto que o grupo OH

no anel B é considerado importante para a quelação do Cu (II) por flavonóides.

(TORREGGIANI et al., 2005)

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70

Figura 33: Espectro de IV do Flavonóide Zn-3-Metoxiquercetina.

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71

Figura 34: Espectro de IV comparativo entre o Flavonóide puro e o complexado com Zinco.

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Figura 35: Espectro de IV do Flavonóide Cu-3-Metoxiquercetina.

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Figura 36: Espectro de IV comparativo entre o Flavonóide puro e o complexado com Cobre.

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As principais bandas de IV dos grupos funcionais da 3-Metoxiquercetina e da

Quercetina, bem como seus complexos de zinco e cobre, podem ser observados de

forma sucinta na Tabela 8.

Tabela 8: Comparação entre grupos funcionais em cm-1.

Grupo

Funcional

3-

Metoxiquercetina Zinco Cobre Quercetina Zinco Cobre

ν(C=O) 1647 1653 1639 1664 1618 1609

ν(C=C) 1614 1616 1533 1589 1586 1587

ν(C-O-C) 1443 1269 1260 1259 1258

ν(O-H) 3408 3431-

2941

3566-

3227 3409-3144

3633-

2978

3630-

2390

ν(M-O) 615 625 612 608

6.2 Comparação entre FT-IR, FT-Raman e DFT

As interpretações a seguir, foram realizadas mediante a comparação entre a

faixa do espectro dos grupos funcionais conforme descrito na literatura adicionado

aos resultados obtidos utilizando modelo teórico. A comparação dos modos normais

de vibração é baseada no melhor ajuste entre o espectro calculado e o observado.

(CORREDOR et al., 2009)

De modo a obter-se mais informações sobre a otimização de geometria e

melhor ajuste nas freqüências calculadas considerou-se tanto a molécula no vácuo

(ou gás) e o modelo de solvente (Modelo de Contínuo Polarizável - PCM) utilizando

metanol ou inserindo moléculas de água próximas ao metal. Para o complexo de

zinco não se obteve êxito para o modelo empregando solvente, assim inseriu-se

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75

duas moléculas de água no sistema sem efeito de solvente. Já para o complexo de

cobre o espectro calculado com o modelo de solvente não teve uma boa

concordância com o experimental, de tal modo que também inserimos duas

moléculas de água próximas ao metal. Tais procedimentos são justificados devido

aos seguintes fatos:

Os compostos aromáticos comumente exibem múltiplas bandas

fracas na região entre 3100-3000 cm-1 devido ao estiramento do C-H

do anel aromático;

A posição do estiramento ν(C=O) é muito sensível a fatores, tais

como estado físico, efeito eletrônico por substituintes e deformações

(strains) de anel. O estiramento da carbonila ocorre como uma forte

absorção na região entre 1730 a 1645 cm-1;

Além disso, esta porção do espectro do Infravermelho e do Raman é

muito útil, pois a posição da absorção da carbonila é bastante

sensível a efeitos de substituição e de geometria da molécula;

As vibrações de estiramento do O-H normalmente ocorrem na região

entre 3600-3500 cm-1. (V.KRISHNAKUMAR, SIVASUBRAMANIAN e

MUTHUNATESAN, 2009)

6.2.1 Flavonóide Livre

Nesta seção iremos comparar alguns modos vibracionais obtidos

experimentalmente e teoricamente considerando tanto a molécula no vácuo quanto

empregando modelo de solvatação PCM com metanol, e comparações com outros

flavonóides que possuem estrutura similar. Tais comparações se devem ao fato

destes flavonóides possuírem estruturas similares ao do flavonóide estudado, como

pode ser observado na Figura 37.

O espectro teórico para o Raman do flavonóide 3-Metoxiquercetina foi

escaldo por um fator semi-empírico de 0,9613 para melhor comparação entre os

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76

dados calculados e os experimentais. Os espectros da Luteolina e Apegenina foram

obtidos com base na metodologia empregada na literatura. (CORREDOR et al.,

2009)

OHO

OH O

OH

OH

(a)

(b)

OHO

OH O

OH

B

A C

A B

C

Figura 37: (a) apigenina, (b) luteolina.

A otimização de geometria do flavonóide [Figura 38] resultou no verdadeiro

mínimo de energia para a conformação e, tal fato é confirmado pela presença de

apenas freqüências positivas. Se existe uma ou mais constante de força negativa,

que corresponde ao modo normal do movimento resulta em uma energia menor.

Como as freqüências são calculadas da raiz quadrada da constante de força,

equação 3.32, isto leva a uma freqüência imaginária. E como as freqüências

calculadas, em geral, são interpretadas como um mínimo local, logo, uma freqüência

imaginária implica na transição de fase estrutural. (KRAMER, 2004)

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77

Figura 38: Otimização geométrica da 3-Metoxiquercetina.

O modo de estiramento hidroxila, ν(O-H), é observado experimentalmente

para o infravermelho em 3408 (ωvácuo=3711-3773) cm-1, já o estiramento assimétrico

da metila pode ser observado em 3165 (ωvácuo = 3178) cm-1, e o estiramento

simétrico pode ser observado em 3074 (ωvácuo= 3045) cm-1 [Figura 39].

Experimentalmente o estiramento característico da dupla ligação de carbono

(C=C) e da carbonila foi observado em 1614 e 1647 cm-1, respectivamente.

Entretanto tais modos vibracionais são observados por meio dos métodos

computacionais em 1634 cm-1 para C=C e 1728 cm-1 para C=O no vácuo [Figura 40]

e em 1620 cm-1 para C=C e entre 1647-1677 cm-1 para C=O no modelo utilizando

solvente.

Na Tabela 9 são apresentados os modos vibracionais, teórico e experimental

no IV para o flavonóide 3-Metoxiquercetina, com as respectivas interpretações.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp155329.pdf · Tabela 6: Comparação dos pontos de fusão do flavonóide 3-Metoxiquercetina, livre

78

Figura 39: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, 4000-

2000 cm-1.

Figura 40: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, 2000-

400 cm-1.

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79

Tabela 9: Modos vibracionais DFT e experimentais no IV para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina em cm-1.

N. Vibrações Características ωExperimental ωvácuo ωescalada

1 δoop(O-H) (29 e 27); δoop (C-H) (12) 459 466 448

2 δoop(O-H) (19); δoop(C-H) (16); δoop (10C-OCH3) 489 496 477

3 δoop(C-H) (16); δoop(C-H) (6); δoop(5C-10C) 565 561 539

4 ν(A); ν(B); ν(C) 597 608 584

5 δoop(C-H) (2 e 6); δoop(2C-1C-6C) 638 639 614

6 δoop(B); δoop(5C-10C); δoop(C-H) (2 e 6) 671 661 635

7 ν(C-H) (15); ν(5C-4O-3C) 686 686 659

8 δoop(C-H) (12 e 16); δoop(5C-11C); δ(C-H) (2 e 6) 719 710 682

9 ν(B) 800 804 773

10 δoop(C-H) (12, 15 e 16) 833 840 807

11 δoop(C-H) (12, 15 e 16) 875 862 829

12 δ(C-H) (6, 15); ν(C-H) (16); δ(22O-10C-5C);

δass(CH3)

912 924 888

13 δ(C-H) (12, 15); ν(C-H) (16); ν(O-23CH3) 972 998 959

14 δ(C-H) (12, 15); ν(C-H) (16); ν(O-23CH3) 997 998 959

15 ν(C-O-C) (40); δ(C-H) (15 e 12); ν(A) 1018 1017 978

16 ν(O-23CH3); δ(C-H) (2 e 6) 1032 1052 1011

17 ν(O-23CH3); δ(C-H) (2, 6, 12 e 16); δ (C-O-H)

(17, 19 e 27); ν(5C-4O-3C)

1091 1110 1067

18 ν(O-23CH3); δ(C-H) (2, 6, 12 e 16); δ (C-O-H)

(17, 19 e 27); ν(5C-4O-3C)

1109 1110 1067

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80

N. Vibrações Características ωExperimental ωvácuo ωescalada

19 δass(CH3) (23) 1157 1175 1129

20 δ(C-O-H) (27 e 29); δ(C-H) (12, 15 e 16) 1188 1189 1143

21 δ(C-O-H) (19, 27 e 29); δ(C-H) (2, 12 e 15);

δass(CH3) (23)

1211 1213 1166

22 δ(C-O-H) (17 e 19); ν(8C-9C) 1273 1266 1217

23 δ(C-O-H) (17, 19, 27 e 29); δ(C-H) (2, 6 12, 15 e

16)

1296 1294 1244

24 δ(C-H) (2, 6, 15 e 16); δ(C-O-H) (17, 19 e 27) 1312 1313 1262

25 δ(C-H) (2, 6 e 12); ν(B) 1337 1335 1283

26 δ(C-H) (12, 15, 16); ν(5C-10C); δ(CH3) (23); ν(A)

ν(C)

1365 1380 1327

27 ν(A); ν(C); ν(5C-4O-3C); δ(C-OH) (19 e 29);

δ(CH3) (23)

1442 1434 1378

28 δ(CH3) 1456 1481 1424

29 δass(CH3) 1506 1512 1453

30 δ(C-H) (12, 15 e 16); δ(C-O-H) (27) 1552 1575 1514

31 δ(C-H) (12, 15 e 16); δ(C-O-H) (27) 1595 1575 1514

32 ν(5C=10C) 1614 1634 1571

33 ν(9C=21O) 1647 1728 1661

34 ν(CH3) (23) 3074 3044 2926

35 νass(CH3) (23) 3165 3178 3055

36 ν(O-H) (29) 3408 3711 3567

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81

A presença do grupo hidroxila não pode ser visualizada no espectro do FT-

Raman na região acima de 3200 cm-1 devido a uma característica da janela do

equipamento, porém é previsto entre 3773-3711 (ωescalado= 3607-3567) cm-1 pelos

métodos computacionais empregados [Figura 41] e, tal fato também é relatado na

literatura. (CAÑAMARES et al., 2008)

Figura 41: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, região

de 3000-3750 cm-1.

Já o estiramento do grupo metila pode ser observado na região entre 3078-

2945 (ωvácuo = 3044) cm-1e a deformação angular assimétrica é observado em 1505

(ωvácuo = 1512) cm-1. A deformação angular δ(C-O-H) pode ser observada na região

entre 1437-1294 (ωvácuo = 1434-997)cm -1. Já as regiões correspondentes ao

estiramento ν(C=O) e ν(C=C) ocorrem entre 1650-1616 (ωvácuo = 1727-1634) cm-1

[Figura 42].

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82

Figura 42: Comparativo entre DFT e experimental para 3-Metoxiquercetina, região

de 1000-1700 cm-1.

Comparativamente, o surgimento de diferentes movimentos de δ(C-O-H)

devido à presença do grupo hidroxila, também foram observados nos flavonóides

luteolina e apigenina (CORREDOR et al., 2009) na região entre 1400-1000 cm-1 e

estiramento de carbonila em 1649 e 1653 cm-1 e estiramento de dupla ligação

carbono em 1625 e 1622 cm-1, podem ser observadas na Figura 43 e na Figura 44.

Note que o pico referente ao estiramento da carbonila é mais intenso na Apegenina

e Luteolina, por outro lado, o pico referente ao estiramento C=C é mais intenso na 3-

Metoxiquercetina, tais fatos podem ser justificados pela presença do grupo metoxi

no flavonóide 3-Metoxiquercetina.

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83

Figura 43: Comparativo DFT entre Luteolina e 3-Metoxiquercetina, região de 0-1700

cm-1.

Figura 44: Comparativo DFT entre Apegenina e 3-Metoxiquercetina, região de 0-

1700 cm-1.

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84

Em 807 e 797 cm-1 (ωvácuo = 804 cm-1) observamos deformação angular do

anel aromático B, e em 599 cm-1 (ωvácuo = 608 cm-1) deformação de aromático (anel

A, B e C) e ainda em 577 cm-1 (ωvácuo = 573 cm-1) dos anéis A e B. Na região entre

484-274 (ωvácuo = 496 - 294) cm-1 vibrações fora do plano de hidroxila e metila e

vibrações fora do plano e no plano de toda estrutura em 132 (ωvácuo = 136) e 78

(ωvácuo = 81) cm-1 [Figura 45].

Figura 45: Comparativo entre DFT e experimental para a 3-Metoxiquercetina, região

de 0-1000 cm-1.

Outro fato interessante são as diferenças na região entre 2800-3750 cm-1,

[Figura 46 e Figura 47], sendo o primeiro fato a presença do grupo metoxi

representado pelo estiramento simétrico em 3044 cm-1, estiramento de metila em

3207 e 3216 cm-1 e por último devido aos estiramentos de hidroxila entre 3711-3752

cm-1, evidenciando as diferenças estruturais entre os flavonóides. Na Tabela 10

apresentamos os modos vibracionais, DFT e experimental, Raman para o flavonóide

3-Metoxiquercetina. Já as informações provenientes das comparações podem ser

visualizadas na Tabela 11.

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85

Figura 46: Comparativo DFT entre Luteolina e 3-Metoxiquercetina, região de 2800-

3750 cm-1.

Figura 47: Comparativo DFT entre Apegenina e 3-Metoxiquercetina, região de 2800-

3750 cm-1.

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86

Tabela 10: Modos vibracionais DFT e experimental Raman para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina em cm-1.

N. Modos vibracionais ωExperimental ωvácuo ωescalado

1 ν(O-H) (27) 3752 3607

2 ν(O-H) (17) 3751 3606

3 ν(O-H) (19) 3730 3586

4 ν(O-H) (29) 3711 3567

5 ν(C-H) (15) 3274 3147

6 ν(C-H) (15) 3216 3091

7 ν(C-H) (12) 3207 3083

8 ν(CH3) (23) 3078 3044 2926

9 ν(CH3) (23) 3015 3044 2926

10 ν(CH3) (23) 2945 3044 2926

11 ν(9C=21O) 1650 1728 1661

12 ν(5C=10C) 1616 1634 1571

13 δ(C-H) (12, 15 e 16); δ(C-O-H) (27) 1567 1575 1514

14 δass(CH3) 1505 1512 1453

15 ν(A); ν(C); ν(5C-4O-3C); δ(C-OH) (19 e 29);

δ(CH3) (23) 1437 1434 1378

16 δ(C-H) (12, 15, 16); ν(5C-10C); δ(CH3) (23);

ν(A); ν(C) 1364 1380 1327

17 δ(C-H) (12, 15, 16); δ(C-O-H) (27 e 29) 1350 1353 1301

18 δ(C-H) (2, 6 e 12); ν(B) 1335 1335 1283

19 δ(C-O-H) (17, 19, 27 e 29); ν(C-H) (2, 6 12, 15,

16) 1294 1294 1244

20 δ(C-O-H) (17 e 19); ν(C-C) (8) 1271 1265 1216

21 δ(C-O-H) (17, 19 e 29); δ(C-H) (2, 6 e 15);

δass(CH3) (23) 1221 1222 1175

22 δ(C-O-H) (27 e 29); δ(C-H) (12, 15 e 16) 1185 1189 1143

23 δass(CH3) (23) 1173 1175 1129

24 δass(CH3) (23) 1159 1175 1129

25 δ(C-O-H) (27 e 29); δ(C-H) (15 e 16); ν(12C-H) 1129 1140 1096

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87

N. Modos vibracionais ωExperimental ωvácuo ωescalado

26 ν(O-23CH3); δ(C-H) (2, 6, 12 e 16); δ(C-O-H)

(17, 19 e 27); ν(5C-4O-3C) 1112 1110 1067

27 ν(O-23CH3); δ(C-H) (2, 6, 12 e 16); δ (C-O-H)

(17, 19 e 27); ν(5C-4O-3C) 1093 1110 1067

28 δ(C-H) (2, 6, 12 e 15); ν(O-23CH3); ν(5C-4O-

3C) 1015 1017 978

29 δ(C-H) (12, 15); ν(C-H) (16); ν(O-23CH3) 999 998 959

30 δ(C-H) (12, 15); ν(C-H) (16); ν(O-23CH3) 972 998 959

31 δ(C-H) (6, 15); ν(C-H) (16); δ(O-C-H) (10);

δass(CH3) 914 924 888

32 δoop(C-H) (12, 15 e 16) 842 840 807

33 δ(B) 807 804 773

34 δ(B) 797 804 773

35 δoop(C-H) (12 e 16); δoop(5C-11C); δ(C-H) (2 e 6) 731 710 682

36 δoop(C-H) (12 e 16); δoop(5C-11C); δ(C-H) (2 e 6) 719 710 682

37 δ(C-H) (15); ν(5C-4O-3C) 686 686 659

38 δoop(C-H) (2 e 6); δoop(2C-1C-6C) 642 639 614

39 δ(A); δ(B); δ(C) 599 608 584

40 δ(A); δ(B) 577 573 551

41 δ(C-O-H) (17, 19); δ(C-H) (2 e 6) 527 531 510

42 δ(C-O-H) (17, 19); δ(C-H) (2 e 6) 519 531 510

43 δoop(O-H) (19);δoop(C-H) (16); δoop (C-23OCH3) 484 496 477

44 δoop(O-H) (29 e 27); δoop (C-H) (13) 463 466 448

45 δoop(O-H) (19);δ(O-H) (17); δ(C-H) (2 e 6);ν(C) 417 432 415

46 δoop(O-H) (17) 379 382 367

47 δoop(B); δoop(O-H) (19) 346 351 337

48 δoop(C-O-H) (27 e 29) 306 313 301

49 δoop(O-H) (17 e 19); δoop(C-H) (2 e 6); δoop(3C-

8C-9C) 274 294 283

50 δ(C-O-H) (17, 27 e 29); δ(C-H) (12, 15 e 16);

δass(CH3) 246 249 240

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88

N. Modos vibracionais ωExperimental ωvácuo ωescalado

51 δ(O-H) (17, 27 e 29); δ(C-H) (12, 15 e 16);

δass(CH3) 233 249 240

52 δoop (toda estrutura) 132 136 131

53 δass(CH3) 103 97 93

54 δ(toda estrutura) 78 81 78

Tabela 11: Comparação dos modos vibracionais entre os flavonóides 3-

Metoxiquercetina, Luteolina e Apegenina para o Raman em cm-1.

Grupo

Funcional 3-Metoxiquercetina Luteolina Apegenina

Experimental Vácuo Solvente Vácuo Vácuo

ν(C=O) 1650 1728 1677-

1620 1649 1653

ν(C=C) 1616 1634 1620 1625 1622

ν(O-H) 3773-3711 3528-

3349 3772-3710

3215,

3752-3747

δ(C-O-H) 1437-1294 1434-997 1427-998 1400-1000 1400-1000

6.2.2 Flavonóide complexado com Zinco

Nesta seção iremos comparar o espectro tanto experimental quanto teórico

do infravermelho, sendo que o modelo teórico empregado é o da molécula no vácuo,

inserindo duas moléculas de água próximas ao íon metálico. A otimização de

geometria do flavonóide complexado com zinco [Figura 48] também resultou no

verdadeiro mínimo de energia para a conformação e, tal fato é confirmado pela

presença de apenas freqüências positivas. Além disso, temos a coordenação entre o

íon metálico e as moléculas de água resultaram na saída de dois hidrogênios e

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89

ficando apenas as hidroxilas ligadas ao metal. O espectro Raman da Zn-3-

Metoxiquercetina foi escalado por um fator semi-empírico de 0,9613 para melhor

comparação entre o resultado teórico e o experimental.

Figura 48: Otimização geométrica do Zn-3-Metoxiquercetina.

Por meio de análise comparativa entre os espectros IV experimental e

teórico, observamos uma banda larga entre 3431-2941 (ωvácuo = 3214-3747) cm-1

atribuída a estiramento de hidroxila e a presença de água [Figura 49].

Em 1653 (ωvácuo = 1648) cm-1 e em 1616 (ωvácuo = 1601-1558) cm-1

estiramento de carbonila e de dupla ligação de carbono. Já na região entre 1543-

1481 cm-1 deformação angular simétrica e assimétrica de metoxi, respectivamente.

A presença de íon metálico pode ser observada em 804 (ωvácuo = 824), 615

(ωvácuo = 615) cm-1 e ainda pelos métodos computacionais deformação angular no

anel B e entre os oxigênios do anel B e o metal, δ(B) e δ(20O-Zn-21O), em 480 cm-1

e tal pico não foi observado experimentalmente [Figura 50].

Na Tabela 12, apresentamos os modos vibracionais experimentais e teóricos

no IV com suas respectivas interpretações.

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90

Figura 49: Comparativo entre DFT e experimental para Zn-3-Metoxiquercetina, 4000-

2000 cm-1.

Figura 50: Comparativo entre DFT e experimental para Zn-3-Metoxiquercetina, 2000-

400 cm-1.

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91

Tabela 12: Modos vibracionais calculados e medidos no IV para o flavonóide Zn-3-

Metoxiquercetina em cm-1.

N Vibrações Características ωExperimental ωvácuo

1 δ(B); δ(20O-Zn-21O) 480

2 δ(20O-Zn-21O); δoop(C-H) (13 e 15); δoop(13C-10C-9O);

δ(C-H) (2, 3 e 5) 615 615

3 δoop(C-H) (2 e 3); δ(C-H) (13 e 15); δ(C-O-H) (18) 698 701

4 ν (B); ν(20O-Zn-21O) 719 748

5 δ(Zn-35OH) 804 824

6 δoop(C-H) (5) 914 912

7 δ(C-H) (2 e 3);ν (O-28CH3) 976 964

8 ν(A); ν(O-28CH3); ν(10C-9O-7C) 999 1002

9 δ(C-H) (2 e 3) 1016 1023

10 ν(10C-9O-7C); δ(C-H) (5 e 15); δ(C-O-H) (17 e 18); ν(C-H)

(13) 1090 1125

11 ν(10C-9O-7C); δ(C-H) (5 e 15); δ(C-O-H) (17 e 18); ν(C-H)

(13) 1121 1125

12 δass(CH3) 1173 1174

13 δass(CH3); δ(C-O-H) (2, 3, 5 e 13) 1211 1214

14 ν(8C-27O-CH3); δ(CH) (5 e 15); δ(C-O-H) (17 e 18) 1269 1273

15 δ(C-H) (2, 3); ν(1C=6C-5CH) 1308 1331

16 δ(CH) (3, 5 e 13); δ(C-O-H) (18) 1354 1368

17 ν(10C-9O-7C); δ (C-O-H) (17); δ(CH3); δ(CH) (2 e 3) 1400 1408

18 ν(A); δ(C-H) (2 e 3); δ(CH3); δ(C-O-H) (17 e 18); ν(10C-

9O-7C) 1431 1442

19 ν(A); δ(C-H) (2 e 3); δ(CH3); δ(C-O-H) (17 e 18); ν(10C-

9O-7C) 1437 1442

20 δ(CH3); δ(C-O-H) (17 e 18) 1474 1475

21 δ(CH3) 1481 1487

22 δass(CH3) 1543 1541

23 ν(4C=5C); ν(2C=3C); δ(C-H) (5) 1558 1583

24 ν(8C=7C) 1616 1601

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92

N Vibrações Características ωExperimental ωvácuo

25 ν(12C=19O) 1653 1665

26 ν(CH3) 2941 3063

27 δass(CH3) 3177 3199

28 ν(C-H) (13) 3208 3214

29 ν(C-H) (15) 3258 3244

30 ν(O-H) (17) 3339 3747

Para o espectro Raman iremos comparar o espectro experimental da 3-

Metoxiquercetina com o espectro teórico da Zn-3-Metoxiquercetina de modo a obter

algumas informações interessantes devido à complexação com metal de transição,

uma vez que a amostra absorveu muita energia e queimou. Na Figura 51,

observamos estiramento da hidroxila em ν(O-H) em 3632 e 3158 cm-1 para o

complexo e nenhum vibração na região acima de 3200 cm-1 devido à especificidade

da janela do equipamento utilizado na aquisição dos dados.

Já na região entre 1250-1700 cm-1 [Figura 52], observamos estiramento de

carbono-oxigênio-zinco, ν(6C-20O-Zn-21O-1C) em 1616 cm-1, de carbonila em 1616-

1601 cm-1, e ainda se compararmos o espectro teórico do complexo de zinco com o

experimental do flavonóide puro, percebemos que o pico atribuído a carbonila tem

uma intensidade muito menor e, tal fato também pode ser observado para a dupla

ligação de carbono ν(8C=7C) em 1540 cm-1.

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93

Figura 51: Comparativo entre o espectro Raman experimental e teórico para o

flavonóide 3-Metoxiquercetina e Zn-3-Metoxiquercetina, respectivamente, região de

2800-3750 cm-1.

Figura 52: Comparativo entre o espectro experimental e teórico para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Zn-3-Metoxiquercetina, respectivamente, região de 1250-1700

cm-1.

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94

Na região entre 0-1000 cm-1, observamos deformação angular δ(C-O-H) (18)

e δ(C-H) (13 e 15) em 1490 cm-1, δ(Zn-35OH) em 789 cm-1, δ(A e B) em 647 cm-1,

δoop(C-O-H) em 501 e 366 cm-1, δ(C-O-H) (17) em 393 cm-1, e ainda deformação

angular entre hidroxila-zinco em 73 cm-1. Em relação ao espectro experimental,

observamos no espectro teórico do complexo o surgimento de picos largos e

intensos, principalmente, na região entre 500-1000 cm-1 devido à deformação

angular combinada dos anéis A e B e entre hidroxila e zinco em 789 e 647 cm-1,

respectivamente [Figura 53].

Figura 53: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Zn-3-Metoxiquercetina, respectivamente, região de 0-1000 cm-1.

Por meio de análise comparativa entre os espectros DFT para o

infravermelho e Raman, notamos que os modos vibracionais entre a região de 1600-

1250 cm-1 são mais intensos no infravermelho, no entanto para o estiramento de

C=C é mais intenso no Raman e já o estiramento da carbonila tem intensidade

similar em ambos. E na região acima de 3000 cm-1, os modos ativos no Raman são

pouco intensos, enquanto que no infravermelho são bem intensos. Na Tabela 13

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95

apresentamos os modos vibracionais teóricos no Raman com suas respectivas

interpretações.

Tabela 13: Modos vibracionais teóricos no Raman para o flavonóide Zn-3-

Metoxiquercetina em cm-1.

N Modos vibracionais ωvácuo ωEscalada

1 ν(O-H) (17) 3778 3632

2 ν(O-H) (18) 3285 3158

3 ν(6C-20O-Zn-21O-1C) 1681 1616

4 ν(12C=19O) 1665 1601

5 ν(8C=7C) 1601 1540

6 δ(C-O-H) (18); δ(C-H) (13 e 15) 1549 1490

7 δ(CH3) 1487 1430

8 ν(A); δ(C-H) (2 e 3); δ(CH3); δ(C-O-H) (17 e 18); ν(10C-9O-

7C)

1442 1387

9 ν(10C-9O-7C); δ (C-O-H) (17); δ(CH3); δ(CH) (2 e 3) 1408 1354

10 δ(C-H) (2, 3); ν(1C=6C-5CH) 1331 1280

11 δass(CH3);δ(C-O-H) (2, 3, 5 e 13) 1214 1168

12 δ(Zn-35OH) 820 789

13 δ(A e B) 673 647

14 δ(B e C); δoop(C-H) (15);δ(CH3) 521 501

15 δ(B);δ(20OH-Zn-21OH) 483 465

16 δ(C-O-H) (17) 408 393

17 δoop(C-H) (3);δ(12C=19O);ν(C-O-H) (17) 380 366

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96

N Modos vibracionais ωvácuo ωEscalada

18 ν(20OH-Zn-21OH); δ(H35O-Zn-37OH); δ(C-H) (3 e 5) 248 239

19 δass(CH3); 178 172

20 δ(20OH-Zn-37OH); δ(B) 75 73

6.2.3 Flavonóide complexado com Cobre

Nesta seção iremos comparar o espectro tanto experimental quanto teórico

do infravermelho, sendo que o modelo teórico empregado é o da molécula no vácuo,

inserindo duas moléculas de água próximas ao íon metálico.

A otimização de geometria do flavonóide complexado com cobre [Figura 54]

também resultou no verdadeiro mínimo de energia para a conformação e, tal fato é

confirmado pela presença de apenas freqüências positivas. Note que não houve

coordenação entre as moléculas de água e íon metálico, fato que ocorreu com o

complexo de zinco, porém estas moléculas causam influência nas vibrações da

molécula devido a sua polaridade.

O espectro Raman do Cu-3-Metoxiquercetina foi escalada por um fator semi-

empírico de 0,9613 para melhor comparação entre o resultado teórico e o

experimental.

Na Tabela 14 e Tabela 15 são apresentados os modos vibracionais ativos no

IR e Raman com suas respectivas interpretações.

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97

Figura 54: Otimização geométrica do Cu-3-Metoxiquercetina.

A banda larga vista no espectro IV experimental entre 3325-3566 (ωvácuo =

3643-3846) cm-1 se deve pela presença de água no complexo e foi observado

estiramento tanto de hidroxila ν(O-H) (18) em 3366 (ωvácuo= 3823) cm-1 quanto da

molécula de água ν(H-O-H) (36) em 3285 (ωvácuo= 3646) e 3383 (ωvácuo = 3844) cm-1

e ν(H-O-H) (38) em 3325 (ωvácuo= 3664) e 3400-3566 (ωvácuo = 3846) cm-1 [Figura

55].

Na Figura 56, observamos estiramento de carbonila em 1639 (ωvácuo = 1612-

1709) cm-1 e estiramento de anel aromático, A e B, bem como deformações no plano

de C-O-H e C-H. A presença do íon metálico é observada em 810 (ωvácuo = 828) e

625 (ωvácuo = 659) cm-1 e ainda apresenta deformação angular das moléculas de

água, δ(H-O-H) (36 e 38). Na região entre 401-500 (403-501) cm-1, deformações em

toda a molécula no plano e fora do plano.

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98

Figura 55: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, 4000-2000 cm-1.

Figura 56: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, 4000-2000 cm-1.

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99

Tabela 14: Modos vibracionais calculados e medidos no IV para o flavonóide Cu-3-

Metoxiquercetina em cm-1.

N. Vibrações Características ωExperimental ωvácuo

1 δ(Toda molécula) 401 403

2 δoop(B) 450 454

3 δoop(Toda molécula) 500 501

4 ν (21O-Cu-22O); δoop(B); δ(H-O-H) (36 e 38); δ(C-H) (14) 625 659

5 δ(21O-Cu-22O); δ(B); δ(H-O-H) (36 e 38) 810 828

6 ν(9O-28CH3); δ(C-H) (2, 3, 5, 14 e 16) 1026 1045

7 ν(9O-28CH3); δ(C-H) (2, 3, 5, 16); ν(C-H) (14); ν(C-O-H)

(19);δ(C-O-H) (18); ν(11C-10O-7C) 1094 1124

8 ν(9O-28CH3); δ(C-H) (2, 3, 5, 16); ν(C-H) (14); ν(C-O-H)

(19);δ(C-O-H) (18); ν(11C-10O-7C) 1119 1124

9 δass.(CH3) 1169 1173

10 δ(C-H) (2 , 5 e 16); δ(O-H) (18 e 19) 1258 1262

11 δ(C-O-H) (18); δ(C-H) (5, 14 e 16) 1273 1280

12 δ(C-O-H) (19); ν(B); ν(8C-9OCH3); δ(C-H) (2, 3 e 5) 1350 1357

13 ν(12C=11C); ν(11C-10O-7C); δ(C-O-H) (18 e 19); δ(CH3);

δ(C-H) (3) 1431 1440

14 δ(CH3); δ(C-O-H) (19) 1474 1472

15 δ(CH3); δ(C-H) (2 e 5); ν(C-O) (6-12 e 1-22); δ(O-H) (19) 1533 1533

ν(13C=20O); ν(A e C); δ(C-O-H) (18 e 19) 1639 1612

16 ν(13C=20O); ν(A e C); δ(C-O-H) (18 e 19); δ(C-H) (14) 1654 1653

17 ν(13C=20O); ν(A e C); δ(C-O-H) (19); δ(C-H) (13 e 16) 1700 1709

18 ν(C-H) (5) 3227 3227

19 ν(C-H) (16) 3246 3236

20 ν(C-H) (3) 3265 3261

21 ν(H-O-H) (36) 3285 3643

22 ν(H-O-H) (38) 3325 3664

23 ν(O-H) (18) 3366 3823

24 ν(H-O-H) (36) 3383 3844

25 ν(H-O-H) (38) 3400-3566 3846

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100

Para o espectro Raman iremos comparar o espectro experimental da 3-

Metoxiquercetina com o espectro teórico do Cu-3-Metoxiquercetina de modo a obter

algumas informações interessantes devido à complexação com metal de transição,

uma vez que a amostra também absorveu muita energia e queimou.

No espectro Raman, observamos estiramento assimétrico da molécula de

água, νass.(H-O-H) (36) e νass.(H-O-H) (38), em 3843, 3642 e 3664 cm-1 e estiramento

da hidroxila, ν(O-H) (18) e ν(O-H) (19), em 3821 e 3150 cm-1, estiramento de metil,

ν(C-H) (16) e ν(C-H) (2), em 3232 e 3195 cm-1, respectivamente. Note que, tais

modos vibracionais não são observados no espectro FT-Raman da 3-

Metoxiquercetina [Figura 57].

Figura 57: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, região de 3000-3500

cm-1.

Em 3113 e 3031 cm-1 observamos estiramento simétrico e assimétrico da

metila e em 1712 cm-1 estiramento da carbonila, ν(C=O) e do anel aromático A, ν(A),

dentre outras deformações. Além disso, temos deformação angular da molécula de

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101

água e estiramento do anel aromático B em 1638 cm-1 e em 1615 cm-1, temos

estiramento da dupla ligação de carbono ν(8C=7C), δ(C-O-H) (18 e 19) e

deformação angular δ(C-H) (2, 5, 14 e 16) com intensidade elevada.

Em 1325 cm-1, estiramento do anel aromático B e entre os oxigênios do anel

B e o metal e deformação angular de C-H (2) e C-O-H (19), já em 1258 cm-1

deformação angular de C-O-H (18 e 19), de (C-H) (2, 5 e 16) e assimétrico da metila

e estiramento entre oxigênio e metila [Figura 58].

Figura 58: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, região de 1250-1700

cm-1.

Em 1154 cm-1, deformação angular de C-H (2 e 3), e em 662 cm-1

deformação angular no plano de C-H (14 e 16) e fora do plano do anel aromático B

além do estiramento entre os oxigênios do anel B e o cobre. Em 595 cm-1,

estiramento de toda a molécula e em 572 cm-1 deformação fora do plano das

moléculas de água. [Figura 59].

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102

Figura 59: Comparativo entre DFT e experimental para o flavonóide 3-

Metoxiquercetina e Cu-3-Metoxiquercetina respectivamente, região de 0-1000 cm-1.

Tabela 15: Modos vibracionais calculados no Raman para o flavonóide Cu-3-

Metoxiquercetina em cm-1.

N. Vibrações Características ωvácuo Intensidade

1 νass.(H-O-H) (36) 3843 143

2 ν(O-H) (18) 3821 127

3 νass.(H-O-H) (38) 3664 111

4 νass.(H-O-H) (36) 3642 80

5 ν(C-H) (16) 3232 217

6 ν(C-H) (2) 3195 132

7 ν(O-H) (19) 3150 172

8 νass.(CH3) 3113 84

9 ν(CH3) 3031 88

10 ν(A); δ(C-H) (14 e 16);δ (11C-10O-7C);δ(C-O-H)

(19);ν(13C=20O) 1712 282

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103

N. Vibrações Características ωvácuo Intensidade

11 δ(H-O-H) (36 e 38); ν(B) 1638 507

12 ν(8C=7C); δ(C-O-H) (18 e 19); δ(C-H) (2, 5, 14 e 16);

δ(H-O-H) (38) 1615 878

13 δ(C-H) (2 e 3);ν(B); ν(8C-7C) 1593 904

14 δ(CH3); δ(C-O-H) (19); δ(C-H) (2 e 5); ν(C-O) (6-21 e 1-

22) 1533 736

15 δ(CH3); δ(C-O-H) (19) 1474 401

16 δ(CH3); ν(A e C); δ(C-O-H) (18 e 19); δ(C-H) (3) 1437 312

17 ν(A, B e C); ν(7C-4C); ν(11C-10O-7C); δ(CH3) 1392 1160

18 ν(B); δ(C-H) (2, 5, 14 e 16); ν(12C-17C); δ(C-O-H) (19);

ν(11C-10O-7C) 1370 331

19 ν(B); δ(C-H) (2);ν (21O-Zn-22O);δ(C-O-H) (19) 1325 783

20 δ(C-O-H) (18 e 19); δ(C-H) (2, 5 e 16); ν(9O-28CH3);

δass.(CH3) 1258 6

21 δass.(CH3); ν(9O-28CH3); δ(C-H) (2, 5); ν(11C-10O-7C) 1250 106

22 δ(C-H) (2 e 3) 1154 78

23 δoop(B); δ(C-H) (14 e 16); ν(21O-Cu-22O) 662 123

24 ν(Toda molécula) 595 67

25 δoop(H-O-H) (36 e 38) 572 16

Em geral, as análises comparativas entre o espectro FT-Raman para o

flavonóide 3-Metoxiquercetina e o teórico para os complexos serviram de base para

a comparação entre os picos de modo a verificar o deslocamento e o surgimento de

bandas devido à presença do íon metálico, além do suporte para analisar as

vibrações características e ainda verificou-se a possibilidade de quelação entre o

flavonóide 3-Metoxiquercetina e os metais de transição.

Legenda

Deformação no plano – δ, Deformação fora do plano – δoop; Estiramento simétrico –

ν, Estiramento assimétrico – νass; Metal - M

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104

Capítulo 7 - Conclusões

Os resultados obtidos pelo estudo de espectroscopia no Infravermelho dão

suporte à possibilidade de quelação do flavonóide (3-Metoxiquercetina) com metal e

eliminação de radicais livres. Já os cálculos computacionais demonstram a

possibilidade de o flavonóide formar complexos tanto com Zinco quanto com Cobre

(II) e, além disso, o espectro do FTIR e o calculado por meio do método B3LYP

utilizando conjunto de base 6-31G(d) apresentam boa concordância, auxiliando na

elucidação da estrutura do flavonóide e de seus complexos metálicos e ainda

mostrando evidências da complexação do flavonóide com o íon metálico tanto de

cobre (II) quanto de zinco no anel B. Tais resultados também foram relatados na

literatura.

O resultado do espectro obtido pela espectroscopia Raman, mostrou alguns

grupos intensos, tais como, da carbonila e da dupla ligação de carbono sendo tal

fato observado também para o infravermelho. Já os estiramentos de hidroxila acima

de 3200 cm-1 não foram observados no espectro experimental devido à

especificidade da janela do equipamento empregado na aquisição dos dados, no

entanto foi observada pelos cálculos teóricos na região entre 3752-3711 cm-1 e,

sendo tal fato também relatado anteriormente. Já para os complexos, não foram

obtidos resultados satisfatórios, visto que as amostras absorveram muita radiação o

que fez com estas queimassem.

Entretanto os resultados computacionais nos deram uma boa perspectiva

dos modos vibracionais dos complexos metálicos, tendo como base a comparação

estabelecida entre o espectro obtido experimentalmente para o flavonóide livre por

meio do qual observamos uma diminuição na intensidade nas regiões entre 1500-

1000 cm-1 tanto para o complexo de zinco quanto de cobre (II), no entanto o

estiramento da dupla ligação de carbono e da carbonila apresentaram intensidade

similar a do flavonóide livre.

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105

No modelo de polarização contínua (PCM) empregando metanol como

solvente forneceu melhores resultados para os grupos hidroxila e carbonila como foi

observado para a 3-Metoxiquercetina, entretanto para os demais modos vibracionais

o sistema sem solvente reproduz melhores resultados do que o PCM, tendo como

base o espectro experimental.

Já para o zinco, o PCM mostrou-se ineficaz, visto que após 150 ciclos de

convergência o programa não conseguiu encontrar o estado fundamental para tal

sistema, no entanto para o complexo de cobre (II), o PCM encontrou o estado

fundamental e realizou os cálculos dos modos vibracionais, porém seu espectro não

mostrou boa concordância com o espectro experimental do infravermelho. O

procedimento de colocar moléculas de água próximas tanto ao zinco quanto cobre

(II) produziu bons resultados, pois os íons metálicos na forma de sal são hidratados.

No caso do complexo de zinco as moléculas de água coordenaram com íon metálico

liberando dois Hidrogênios.

Concluímos que os cálculos DFT empregados forneceram bons resultados

para os modos vibracionais da molécula em estudo, bem como uma base de

comparação entre os cálculos para a molécula sem a influência de solvente (sistema

no vácuo ou gás) e com o efeito de solvente (metanol) em relação aos métodos

experimentais, além da comparação com outros flavonóides que possuem estrutura

similar ao do flavonóide estudado e possibilitou na elucidação da estrutura dos

complexos metálicos indicando a proporção de um ligante para um metal (1:1)

contrariando a proposta inicial de dois ligantes para um metal (2:1) e tal fato pode

ser atribuído a temperatura de reação, estabilidades química, pH, entre outros

fatores que são essenciais no processo de quelação de flavonóides com metais de

transição.

Este trabalho contribuiu para a classificação dos modos vibracionais da 3-

Metoxiquercetina livre e seus complexos metálicos, abrindo a possibilidade de novos

estudos, como testes farmacológicos de modo a verificar o mecanismo de quelação

deste flavonóide com metais transição e, assim, possibilitar a criação de novos

tratamentos para doenças devido ao excesso e/ou desordem de metais no

organismo.

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106

Com relação a trabalhos futuros, a realização de novas medidas de FT-

Raman para flavonóide 3-Metoxiquercetina, puro e complexado; realizar novas

simulações computacionais empregando o software siesta a fim de obter

informações, tais como fônons, relaxação do material, otimização de geometria e

cálculo de freqüência vibracional utilizando metodologias diferentes.

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107

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