64
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA O uso do filme de polietileno esticável na refrigeração de carcaças bovinas Danielly Cristina Justo Lolatto Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Área de concentração: Zootecnia. Sinop, Mato Grosso Fevereiro de 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - ufmt.br · do coxão após a refrigeração foi de 7,09 e 9,57ºC (P

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

O uso do filme de polietileno esticável na refrigeração de

carcaças bovinas

Danielly Cristina Justo Lolatto

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Sinop, Mato Grosso

Fevereiro de 2014

ii

DANIELLY CRISTINA JUSTO LOLATTO

O uso do filme de polietileno esticável na refrigeração de

carcaças bovinas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. Angelo Polizel Neto

Co-Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio Andrade Moreira

Co-Orientador: Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça

Sinop, Mato Grosso

Fevereiro de 2014

iii

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

iv

v

Dedico

Ao meu esposo Maicon.

Aos meus filhos, Leonardo e Rafael.

vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo.

A Jesus Cristo, o verdadeiro Mestre.

Ao Espírito Santo, fonte inesgotável de dons e carismas.

A minha família, meus pais Walter e Irene, pelo incentivo, amor e dedicação.

Ao meu amado esposo Maicon, pela graça de estar sempre ao meu lado.

Aos meus anjinhos, meus filhos, Leonardo e Rafael, minha maior riqueza e alegria.

Aos meus queridos sogros, Luiz e Diva e ao meu cunhado Rodrigo, pelo carinho,

apoio e incentivo.

À Ricy, minha mana, amiga, conselheira e companheira de profissão e mestrado.

As minhas queridas amigas, Aline, Iziz, Joyce e Thuanny, por todos os momentos

compartilhados, horas de trabalho, conversas, alegrias, risos e até lágrimas.

À Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop, por possibilitar minha

formação em medicina veterinária e o mestrado em zootecnia.

Aos meus professores, especialmente, ao meu orientador Prof. Angelo, meu co-

orientador Prof. Paulo Moreira e Prof. Roberto Roça, por todos os ensinamentos.

Ao Prof. André Soares de Oliveira, primeiro coordenador do PPG em Zootecnia, pelos

ensinamentos, dedicação ao programa, incentivo e amizade.

À Profa. Dr. Claudinele C. Bueno Rosa, querida Cacá, por todo o apoio, conselhos,

ensinamentos, carinho, paciência, compreensão e amizade.

Ao Prof. Dr. Douglas dos Santos Pina, pelos ensinamentos e na ajuda das análises

estatísticas e demais sugestões apresentadas.

Ao Prof. Dr. Rodolfo C. de Araujo Berber e Prof. Artur Kanadani Campos, pelo

incentivo, ensinamentos, conselhos, amizade e paciência, em todos os momentos.

vii

Ao Pesquisador e Prof. Dr. Luciano Bastos Lopes, por todo o ensinamento e

motivação.

Ao Diretor da Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S/a, Sr. Paulo

Bellincanta por mais uma vez acreditar no meu potencial e possibilitar a realização deste

trabalho na Unidade Frialto Sinop.

A todos os colaboradores da unidade Frialto de Sinop, pelos auxílios e cooperação.

Aos membros do SIF 3348, especialmente aos Fiscais Federais Crhistian e Juliana.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pela concessão da

bolsa de estudo.

Aos meus queridos alunos da graduação: Alana, Anderson, Andrea, Danielle,

Digenane, Ellen, Fabiana, Graziela, Leidiane, Rodrigo, Scheila, Wanderley, Wesley, Willian,

e pós-graduação: Iziz, Leonardo, Riciely, Tiago, Joyce e Thuanny, pelo auxílio na realização

e conclusão do projeto, sem dúvida, sem vocês não conseguiria realizar nosso trabalho.

Enfim, a todos que contribuíram para realização deste trabalho.

viii

"Disse Jesus: - Se podes alguma coisa!?

Tudo é possível ao que crê."

Marcos 9, 23.

ix

BIOGRAFIA

Danielly Cristina Justo Lolatto, filha de Walter Justo e Irene Bento da Silva Justo,

irmã de Riciely Vanessa Justo, nasceu em 21 de junho de 1986, em Nova Aurora, Paraná.

Junto com sua família, mudou-se em janeiro de 1987 para município de Sinop, Mato Grosso.

No qual, estudou todo o ensino fundamental e médio na Escola Cenecista Santa Elisabete.

Em 2005, casou-se com Maicon Luís Lolatto e com o qual é mãe de Leonardo Justo

Lolatto, com 8 anos e de Rafael Justo Lolatto, com 2 anos.

Em 2006, com principal e total apoio de sua família, sobretudo de seu esposo Maicon

e sua sogra Diva, prestou vestibular e foi aprovada para primeira turma do curso de Medicina

Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop.

Já na graduação iniciou seus primeiros trabalhos científicos, um deles, como bolsista

de iniciação cientifica (PIBIC/FAPEMAT) de 2008 a 2009 com o título: “Ocorrência de

prenhez e determinação da idade gestacional em fêmeas bovinas abatidas em frigoríficos de

Sinop – MT”, sob orientação do Prof. Dr. Rodolfo Cassimiro de Araújo Berber.

Em janeiro de 2010, em Sinop/MT, realizou estágio extracurricular no setor de

Garantia de Qualidade no matadouro-frigorifico de bovinos no Frialto - Vale Grande Indústria

e Comércio de Alimentos S/A.

Em março e abril de 2011, em Sinop/MT, realizou estágio curricular supervisionado

no matadouro-frigorifico de bovinos, junto ao Serviço de Inspeção Federal 3348, sob

responsabilidade do Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento.

Em maio de 2011, em Sinop/MT, realizou estágio curricular supervisionado em

matadouro frigorífico de bovinos, suínos e fábrica de produtos lácteos, junto ao Serviço de

Inspeção Sanitária Estadual, sob responsabilidade do Instituto de Defesa Agropecuária do

Estado de Mato Grosso (INDEA/MT).

Em agosto de 2011, obteve o título de Bacharel em Medicina Veterinária.

x

Em outubro de 2011, possuindo o certificado de Certificadora de Carnes da Lei

Chilena n.º19.162, foi contratada pela World Quality Services (WQS) para realizar a função

de tipificação e certificadora de carcaças e carnes bovinas destinadas a exportação para

mercado Chileno.

Em março de 2012, com especial incentivo de seu esposo e sua mãe, ingressou como

mestranda no Programa de Pós-graduação em Zootecnia, na Universidade Federal de Mato

Grosso, Campus Universitário de Sinop, concentrando seus estudos na linha de pesquisa em

Melhoramento Genético e Reprodução Animal, na área de Morfofisiologia do Crescimento

Muscular, sob orientação do Prof. Dr. Angelo Polizel Neto e co-orientação do Prof. Dr. Paulo

Sérgio Andrade Moreira (UFMT) e Prof. Dr. Roberto Oliveira Roça (UNESP).

Em outubro de 2013, é contemplada com uma bolsa de estudos (CAPES/FAPEMAT)

por meio da 2ª Chamada do Edital 005/2013 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de

Mato Grosso – FAPEMAT para concessão de bolsas individuais na modalidade de Mestrado.

Em fevereiro de 2014, apresenta sua Dissertação para obtenção do título de Mestre em

Zootecnia pela Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop.

xi

RESUMO

LOLATTO, Danielly Cristina Justo, Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade Federal de Mato Grosso, fevereiro de 2014,50f. O uso do filme de polietileno esticável na refrigeração de carcaças bovinas. Orientador: Prof. Dr. Angelo Polizel Neto. Co-orientadores: Prof. Paulo Sergio Andrade Moreira e Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça.

Objetivou-se com este trabalho avaliar uso do filme de polietileno esticável em carcaças

bovinas refrigeradas. No total, foram avaliadas 40 carcaças de novilhos e 40 carcaças de

touros, ambas de bovinos Nelore, com peso médio de carcaças quente de 271,58±15,19 Kg.

Cada carcaça teve uma meia-carcaça refrigerada sem o uso do filme (controle) e outra meia-

carcaça refrigerada com o filme (tratamento). As carcaças de touros sem o uso do filme de

polietileno perderam em média 1,69±0,17% e com o uso do filme perderam em média

0,70±0,18% (P<0.05), uma diferença média de 1 ponto percentual. A temperatura na região

do coxão após a refrigeração foi de 7,09 e 9,57ºC (P<0.05) nas meias-carcaças sem e com o

uso do filme, respectivamente, uma diferença de 2,48ºC. Nas meias-carcaças sem o uso do

filme de polietileno foi encontrado 1,53 Log de UFC/cm2 e com 2,20 Log de UFC/cm2 de

mesófilos (P<0.05). Assim, o uso do filme de polietileno esticável reduz as perdas de peso das

carcaças de touros durante o processo de refrigeração, possibilita retorno financeiro, sem

alterar o pH final das carcaças, entretanto, dificulta a redução da temperatura na região do

coxão e favorece o crescimento microbiológico.

xii

ABSTRACT

LOLATTO, Danielly Cristina Justo, MS Dissertation (Animal Science), Federal University of Mato Grosso, Campus Sinop, February 2014, 50f. Use of stretchable polyethylene film in the chilling of beef carcasses. Adviser: Prof. Dr. Angelo Polizel Neto. Co-adivisers: Prof. Paulo Sergio Andrade Moreira e Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça.

The objective of this study was to evaluate the use of stretchable polyethylene film in the

chilling of beef cattle carcasses. In total, were evaluated 40 steers and 40 bulls Nellore

carcasses with a mean HCW of 271.58±15.19 kg. Each carcass had one half-carcass

refrigerated without the use of film (control) and the other half-carcass refrigerated with the

use of film (treatment). The bull carcasses lost a mean of 1.69±0.17% and 0.70±0.18%

(P<0.05), and the temperature of the buttock region post-chilling was 7.09 and 9.57°C

(P<0.05) without and with film use, respectively. In half-carcasses without the use of film,

1.53±0.12 logCFU/cm2 mesophilies bacteria were found, while more were found with the use

of film, 2.20±0.12 log CFU/cm2 (P<0.05). Thus, the use of stretchable polyethylene film

reduced weight losses of bull carcasses during the chilling process, making financial return

possible without altering the final pH, despite negatively affecting the temperature reduction

in the buttock region and favoring microbiological growth.

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores médios da avaliação de perdas de peso na refrigeração de meias-

carcaças bovinas e espessura de gordura, de acordo com a condição sexual e uso do filme

de polietileno esticável.........................................................................................................

57

Tabela 2. Interação da condição sexual e do uso do filme de polietileno esticável em

meias-carcaças bovinas.........................................................................................................

57

Tabela 3. Valores médios da avaliação da temperatura e do pH em meias-carcaças

bovinas, de acordo com a condição sexual e uso do filme de polietileno esticável..............

58

Tabela 4. Valores médios da avaliação da cor da gordura no coxão, contrafilé, ponta-de-

agulha e paleta em meias-carcaças bovinas, de acordo com a condição sexual e uso do

filme de polietileno esticável..............................................................................................

59

Tabela 5. Interação entre a condição sexual e o momento; o uso do filme de polietileno e

o momento, na avaliação de cor da gordura das carcaças sem e com o uso do filme de

polietileno..............................................................................................................................

60

Tabela 6. Os valores médios da avaliação microbiológica de mesófilos, psicrotrófilos e

Enterobacteriaceas, em meias-carcaças bovinas, de acordo com a condição sexual, sem e com o

uso do filme de polietileno esticável..................................................................................................

61

Tabela 7. Interação entre o filme de polietileno esticável e o momento na avaliação do

crescimento microbiológico de mesófilos e Enterobacteriacea...........................................

62

xiv

SUMÁRIO

CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................... 1

1. Introdução geral.............................................................................................................. 2

2. Produção nacional de carne bovina ............................................................................... 4

3. A carne........................................................................................................................... 5

4. Maturação sanitária........................................................................................................ 8

5. Resfriamento de carcaças............................................................................................... 9

6. Qualidade da Carne........................................................................................................ 12

7. Deterioração da carne e suas fontes contaminantes....................................................... 14

8. Microbiologia da carne................................................................................................... 15

9. Testes microbiológicos................................................................................................... 19

10. Referências bibliográficas.............................................................................................. 21

CAPITULO II: O USO DO FILME DE POLIETILENO ESTICÁVEL NA

REFRIGERAÇÃO DE CARCAÇAS BOVINAS...............................................................

24

1. Introdução..................................................................................................................... 25

2. Material e Métodos....................................................................................................... 27

3. Resultados e Discussão................................................................................................. 34

4. Conclusão...................................................................................................................... 41

5. Referências.................................................................................................................... 44

ANEXO: Solicitação de Submetição ao Periódico Meat Science........................................ 48

1

CAPÍTULO I

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2

1. INTRODUÇÃO GERAL

O Brasil é destaque internacional na exportação de carne bovina in natura, de modo

que, o crescimento nas exportações de carne bovina é o reflexo de maiores investimentos na

cadeia produtiva, nos setores de sanidade, produção animal, melhoramento genético e manejo

nutricional (ABIEC, 2013a). E, para manter a competitividade internacional é necessário

investir em métodos que promovam a melhoria e o crescimento sustentável da cadeia

produtiva, levando em consideração a qualidade e a sanidade do produto ofertado.

Para a carne estar apta ao consumo humano são necessários cuidados de manipulação

e armazenamento, desde o abate dos animais até a comercialização. A refrigeração é a etapa

final do processo de abate, considerado um ponto de controle sanitário, na qual ocorre o

processo de maturação sanitária. Durante o processo padrão de refrigeração, as carcaças

bovinas normalmente perdem peso em consequência da exsudação e desidratação superficial,

e as perdas podem variar de 0,75 a 2% (Jones & Robertson, 1988; Greer & Jones, 1997;

Mesquita et al., 2003; Rodrigues et al., 2003; Kinsella et al., 2006; Freitas et al., 2008,

Pacheco et al., 2013; Sampaio, 2013). Desse modo, diversos países incluindo Estados Unidos

e Canadá, bem como recentemente o Brasil, tem utilizado o sistema de aspersão de água para

reduzir as perdas de peso na refrigeração (Prado & Felício, 2010).

As perdas de peso durante o resfriamento de meias-carcaças bovinas geram

consideráveis perdas econômicas às indústrias (Sampaio, 2013). Assim, no Brasil uma nova

técnica conhecida popularmente como stretch, tem sido alvo de estudos e questionamentos no

âmbito industrial e no desenvolvimento tecnológico-científico. Essa técnica consiste em

envolver cada meia-carcaça bovina previamente ao processo de refrigeração com um filme

polietileno esticável específico de uso em alimento, com a finalidade de diminuir a

3

evaporação e o gotejamento de líquido exsudativo das meias-carcaças, e consequentemente,

reduzir as perdas de peso de peso decorrentes do processo de refrigeração.

Em 2011, um experimento piloto desenvolvido por Silva et al. (2012) avaliou a

influência do uso do filme no crescimento microbiológico de carcaças bovinas refrigeradas e

concluíram que a técnica não influenciou no crescimento microbiológico. Logo depois,

Sampaio (2013) avaliando essa técnica concluiu que, a mesma mostrou-se uma boa

ferramenta para a redução da perda de peso durante o resfriamento de meias-carcaças e

quartos bovinos, porém a técnica proporcionou um ambiente favorável ao desenvolvimento

microbiológico e ocorreu dificuldade na redução da temperatura das carcaças.

Assim, no intuito de investigar novas técnicas para reduzir as perdas de peso das

carcaças durante a refrigeração, objetivou-se com este trabalho avaliar o uso filme de

polietileno esticável na refrigeração de carcaças bovinas.

O presente trabalho será submetido em forma de artigo científico ao Periódico Meat

Science e seguirá conforme as instruções de formatação exigidas para submissão.

4

2. Produção Nacional de Carne Bovina

O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com mais de 209,5 milhões de

bovinos (IBGE, 2010a), isso porque, o clima tropical e a extensão territorial contribuem para

esse resultado, já que é o quinto maior país do mundo em território, com 8,5 milhões de km2

de extensão e com cerca de 20% da sua área (174 milhões de hectares) ocupada por pastagens.

No entanto, apesar de ser um país predominantemente tropical, possui uma grande

variabilidade climática, refletindo nos regimes pluviométricos e consequentemente, nos

sistemas de produção pecuários (ABIEC, 2013b).

A maior parte do rebanho é criado a pasto, pois estima-se que somente 3% do rebanho

são terminados em sistema intensivo, uma vez que suas características geoclimáticas

permitem a criação da maioria do gado em pastagens, além de, as chuvas interferem

diretamente na qualidade das pastagens e, portanto, na oferta e preço do gado de região para

região (ABIEC, 2013c; MAPA, 2013c).

Em 2012, o Brasil atingiu novo recorde na série histórica do abate de bovinos, abateu

mais de 31,1 milhões de cabeças de bovinos em todo o país, sendo que, o líder do ranque é o

estado de Mato Grosso, pois, nesse período abateu mais de 5 milhões de bovinos, o que

representou 16% do abate nacional (IBGE, 2013). Certamente, algumas das razões que

colaboraram para os recordes alcançados foram a redução dos preços da carne bovina e do

aumento das exportações (ABIEC, 2013a).

O Mato Grosso com mais de 903,3 mil km2 de extensão possui ampla biodiversidade,

com estações chuvosas e secas bem devidas, o que facilita a programação e a produção de

bovinos de corte, consequentemente, é o estado com maior rebanho e abate de bovinos do

Brasil, assim, é o grande representante nacional de exportações de carne bovina

(IBGE, 2010b).

5

A década de 2000 foi marcada pela consolidação do Brasil como potência na produção

e exportação de carne bovina, sendo que o Brasil assumiu a primeira colocação dentre os

exportadores em 2004 (ABIEC, 2013b). E em 2012, o Brasil exportou mais de 1,2 milhões de

toneladas de carne bovina sendo 76% de carne in natura, destinados principalmente a Rússia,

Egito e Venezuela (ABIEC, 2013a).

Para os próximos anos a produção de carnes para o Brasil mostra-se em intenso

crescimento, os consumidores brasileiros mostram a preferência pelo consumo de carne

bovina, assim, as projeções para os próximos dez anos é de um crescimento no consumo de

3,6%aa, o que significa um aumento de 42,8% no consumo nos próximos 10 anos

(MAPA, 2013a; MAPA, 2013d).

Além disso, no Brasil o investimento em tecnologia e capacitação profissional; o

desenvolvimento de políticas públicas, que permitem que o animal seja rastreado do seu

nascimento até o abate; o controle da sanidade animal e segurança alimentar, contribuíram

para que o País atendesse às exigências dos mercados rigorosos e conquistasse espaço no

cenário mundial (MAPA, 2013c).

A pecuária de corte é um valioso setor estratégico nacional por ser fornecedor de

alimento construtor de alto valor proteico, e além disso, pelas dimensões dessa atividade, o

Brasil é autossuficiente na geração de proteína animal de alta qualidade. Contudo, o setor gera

externalidades positivas para toda a sociedade brasileira na forma de segurança alimentar,

independência de mercados externos, alimentos acessíveis à população (ACRIMAT, 2012).

3. A carne

A carne é composta por tecido muscular e tecidos anexos, principalmente tecido

conjuntivo e, em pequena porção, epitelial e nervoso, no entanto, frequentemente, estão

amplamente incluídos, além da musculatura, órgãos comestíveis, como fígado e os rins, desse

6

modo, várias espécies de mamíferos são consumidas em diferentes partes do mundo de acordo

com a sua disponibilidade ou costume local (Prata & Fukuda, 2001; Lawrie, 2005).

A composição da carne sofre influência de diversos fatores, assim surge a grande

dificuldade na elaboração de uma tabela única para todos os tipos de carne. Além de que um

pedaço de carne depende das proporções relativas do tecido muscular e adiposo, e teor de

água, mas de forma geral, a composição da carne pode ser de aproximadamente 75% de água,

19% de proteína, 3,5% de substâncias não proteicas solúveis e 2,5% de gordura

(Prata & Fukuda, 2001; Lawrie, 2005).

O termo carcaça, para ciência e tecnologia, é entendido como corpo do animal abatido

para consumo humano, compondo-se basicamente do esqueleto recoberto pelos tecidos que o

reveste, principalmente, o tecido muscular, mas, existem diferenças e particularidades para

cada espécie animal, para a carcaça bovina, corresponde ao esqueleto ósseo recoberto pelo

tecido muscular, após o processo de sangria, esfola, evisceração, retirada dos mocotós, da

cauda e da cabeça, concluída por limpeza ou toalete que retira grande parte dos depósitos de

gordura, superficiais ou cavitários (Prata & Fukuda, 2001).

O processo de abate deve ocorrer de forma coerente e sistemática, a fim de garantir

que todas as suas etapas sejam realizadas de forma padronizada, seguindo todos os critérios

higiênicos e sanitários, na finalidade de produzir uma carne qualidade e que não ofereça riscos

à saúde humana. Desse modo, desde a criação até a chegada e acomodação dos animais na

planta frigorífica deve evitar injurias e sofrimentos desnecessários aos animais, contudo, deve

ser empregado o abate humanitário, que é caracterizado por um conjunto de técnicas e

diretrizes que garantem o bem-estar dos animais desde a recepção dos animais no abatedouro

até a operação de sangria (Brasil, 2000).

Os processos bioquímicos e as alterações estruturais que ocorrem no músculo durante

as primeiras 24 horas post-mortem executam importante influência na qualidade da carne

7

(Savell et al., 2005). De modo geral, as reações durante o processo de transformação da

musculatura em carne são dependente dos fatores ante-morte, do processo de abate e das

tecnologias empregadas na indústria, como resfriamento e armazenamento da carne, todas

poder afetar a qualidade do produto. Por tanto, as funções vitais do sistema muscular não

cessam no momento da morte do animal, ocorre uma série de modificações bioquímicas e

estruturais simultaneamente ao abate, num processo que conduz à conversão do músculo em

carne (Ramos & Gomide, 2007).

Após a morte do animal cessa o fornecimento de nutrientes e de oxigênio para os

tecidos do corpo, principalmente para o tecido muscular, o principal componente da carne,

então, a mudança mais evidente no músculo post-mortem é a alteração de sua natureza

flexível e elástica em um estado mais rígido e inextensível, assim, o rigor mortis pode ser

definido como uma contração muscular lenta, porém intensa e irreversível

(Ramos & Gomide, 2007).

Suscintamente, uma consequência imediata da sangria é a interrupção do aporte de

oxigênio em favor dos músculos, produzindo paralisação da respiração celular e a queda do

potencial oxido-redução. Então, surge a glicólise anaeróbica, tornando insuficiente síntese de

ATP (adenosina trifosfato), pois o teor de ATP produzido por essa via não compensa as

perdas ocorridas por sua hidrólise. O nível de ATP cai com a produção simultânea de fosfato

inorgânico, que estimula a degradação de glicogênio, então, consequentemente, a actina e

miosina se unem irreversivelmente formando actomiosina e fazendo aparecer a não

extensibilidade característica do rigor mortis. A produção do ácido lático induzem a queda do

pH, possibilitando ligações entre actina e miosina irreversíveis, modificando as cargas

elétricas e as características das proteínas musculares. A queda do pH, após o colapso

circulatório gerado pelo acúmulo de ácido lático, é o fator marcante da transformação do

músculo em carne. A glicólise termina em condições naturais, quando o pH alcança o ponto

8

isoelétrico da miosina, ou seja, em torno de pH 5,5. No entanto, segundo pesquisadores, a

queda do pH pode variar entre animais da mesma espécie e raça, decorrentes a diferenças de

manejo ante-morte, temperatura pós abate, entre outros (Prada & Fukuda, 2001;

Ramos & Gomide, 2007).

Durante o processo de transformação do músculo em carne, a mesma fica sujeita a

várias transformações, algumas melhorando sua qualidade organolépticas, enquanto outras

podem levá-la à deterioração (Prata & Fukuda, 2001).

4. Maturação Sanitária

A maturação sanitária é uma exigência dos países importadores de carne produzida no

Brasil. Desse modo, o Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA emitiu

normativas, como a Circular 192 (Brasil, 1998a) e Instrução Normativa 46 (Brasil, 1998b)

para que essa exigência seja cumprida. De acordo com as declarações do MAPA, toda a carne

bovina brasileira, especialmente as destinadas à União Europeia, Rússia, Cingapura, Chile

entre outros, deve ser submetida ao processo de maturação sanitária, e consequentemente, o

Serviço de Inspeção Federal (SIF) tem o compromisso de fiscalizar as indústrias exportadoras

de carnes sobre essa e outras exigências.

O processo de maturação sanitária consiste em submeter às carcaças bovinas a

estocagem em câmaras de resfriamento logo após o abate dos animais, em temperatura

ambiente a +2ºC (dois graus Celsius) por no mínimo 24 horas, de modo que ocorra um

declínio satisfatório do pH e a temperatura. De modo que, após esse período de 24 horas o pH

no centro do músculo Musculus longissimus thoracis, em cada metade da carcaça não esteja

superior a seis (pH<6), e a temperatura na região do coxão (Musculus biceps femoris) esteja

menor que 10ºC; ou que, esteja até 7ºC após as primeiras 36 horas (Brasil, 1998a, Brasil,

9

1998b). Porém, para exportação, o MAPA determina como critério, temperatura ambiente

menor que 2°C, atingido em 24 horas (Brasil, 2001).

Nesse sentido, a Portaria n°46 de 1998 estabelece a aplicação dos programas de

autocontrole, determina que seja monitorada a maturação sanitária das carcaças

(Brasil, 1998b). O processo de maturação sanitária tem como objetivo atender uma exigência

internacional e garantir a qualidade higiênico-sanitária especialmente sobre a Febre Aftosa, já

que seu agente causador é relativamente suscetível ao calor e insensível ao frio. Assim, todos

os tecidos cárneos malcozidos, incluindo o osso, provavelmente permanecem infectantes por

longos períodos, principalmente se forem congelados rapidamente e, em menor extensão,

carne resfriada ou congelada por processo lento. Contudo, o desenvolvimento da acidez no

rigor mortis inativa o vírus da Febre Aftosa, porém, o resfriamento rápido suspende a

formação ácida e o vírus provavelmente sobrevive, de modo que, no descongelamento a

formação ácida suspendida reinicia-se e o vírus pode ser destruído (Radostists et al., 2002).

5. Resfriamento de carcaças

O resfriamento é a operação unitária na qual a temperatura do alimento é reduzida

entre -1 e 8ºC, esse procedimento causa mudanças nas características sensoriais e nas

propriedades nutricionais dos alimentos (Fellows, 2006).

O processo de resfriamento pós-morte da carcaça bovina busca assegurar a segurança

alimentar, potencializar a validade, mantendo as características desejáveis da carne, além de

ser regular com a exigente fiscalização, uma parte a fim de melhorar um ponto crítico de

controle do sistema HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points), fatores além da

satisfação do consumidor (Savell et al., 2005).

A redução na temperatura abaixo da mínima necessária para o crescimento microbiano

estende o tempo de geração de microrganismos, assim, realmente evitando ou retardando a

10

reprodução. Existem quatro grandes categorias de microrganismos baseados na faixa de

temperatura para crescimento – Termofílicos: com temperatura mínima entre 30 a 40°C, e

ótima entre 55 e 65ºC; Mesofílicos: com temperatura mínima entre 5 a 10°C, e ótima entre 30

e 40ºC; Psicrotrópicos: com temperatura mínima entre menor que 0 a 5°C, e ótima entre 20 e

30ºC; e Psicrófilos: com temperatura mínima entre menor que 0 a 5°C, e ótima entre 12 e

18ºC. Desse modo, o resfriamento evita o crescimento de microrganismos termofílicos e

muitos dos mesofílicos (Fellows, 2006).

Segundo autores, a principal preocupação do ponto de vista microbiológico com os

alimentos resfriados é relacionada à quantidade de patógenos que podem crescer durante

longas armazenagens refrigeradas abaixo de 5ºC ou como resultado de qualquer aumento de

temperatura, comprometendo a segurança do alimento, portanto, é essencial que as boas

práticas de fabricação (BPF´s) sejam utilizadas durante a produção de alimentos

(Jay, 2005; Fellows, 2006). Os psicrotróficos são responsáveis pela deteriorização de

alimentos refrigerados e alguns são patógenos, como a Listeria monocytogenes e Bacillus

cereus, contudo, a refrigeração é uma etapa obrigatória no panorama de controle sanitário.

Entretanto, durante o processo as carcaças bovinas normalmente perdem peso

decorrente da exsudação, evaporação e desidratação superficial de líquidos; e dependendo das

condições atmosféricas das câmaras de armazenamento e do período de armazenamento, essa

perda de peso pode ficar em torno de 1,3 a 2,5% (Greer & Jones, 1997; Roça, 2012).

O resfriamento de carcaça pode ser realizado por sistemas de aspersão de água e

ventilação, esses métodos são utilizados para controlar o encurtamento pelo frio e melhorar o

processo de refrigeração. O sistema de aspersão de água gelada pode ser aplicado nas carcaças

durante o processo de resfriamento post-mortem com objetivo principal de reduzir a taxa de

evaporação e retar o processo negativo do encurtamento pelo frio. O resfriamento rápido ou

11

forçado pode ser efetivo para redução da temperatura sobre o exterior da carcaça comparado

com a temperatura quente da musculatura interna da carcaça (Savell et al., 2005).

O uso de aspersão de água gelada no momento da maturação sanitária é o método

comumente utilizado e motivo de pesquisas relevantes pois, tem o intuito de elevar umidade

relativa do ambiente interno da câmara de maturação sanitária e reduzir a perdas por

gotejamento e evaporação. O principal motivo pelo qual se justifica o uso de aspersão de água

gelada nas carcaças no momento do resfriamento é a redução da perda de peso durante o

resfriamento. Essa técnica tem sido adotada na América do Norte e na Europa para bovinos,

ovinos, suínos e aves, e consiste em aspersão intermitente de água gelada nas carcaças entre 3

a 8 horas post-mortem e visa suprir a perdas ocorridas principalmente por evaporação

(Savell et al. 2005). Pesquisas brasileiras, como a Mesquita et al. (2003) e Prado e Felício

(2010) têm elevado o conhecimento científico sobre os efeitos da aspersão de água em

carcaças bovinas, sendo esse método recentemente aprovado e autorizado pela Resolução 02

(Brasil, 2011) para aplicação na indústria frigorífica brasileira, mostraram que a técnica é

eficaz na redução das perdas pela refrigeração sem comprometer a qualidade sanitária.

A estimulação elétrica e alternativos programas de suspensão de carcaças são

oportunidades ofertadas para melhorar a maioria dos sistemas de resfriamento, com processos

que podem evitar os efeitos negativos do encurtamento pelo frio que ocorrem durante os

processos tradicionais de resfriamento de carcaças (Savell et al., 2005).

No Brasil recentemente estudou-se o uso do filme de polietileno esticável

(Silva et al., 2012; Sampaio, 2013) mas, em sua vasta revisão Savell et al. (2005) não

menciona o uso do filme de polietileno esticável na refrigeração das carcaças bovinas, e por

se tratar de uma técnica recente e pouco estudada são escassos os trabalhos sobre esta nova

tecnologia. Em 2011, um experimento desenvolvido por Silva et al. (2012) avaliaram a

adoção da técnica em 16 carcaças bovinas e concluíram que o uso do filme não influenciou no

12

crescimento microbiológico, porém ressaltaram a necessidade de novas pesquisas para afirmar

que o seu uso é realmente seguro. Posteriormente, Sampaio (2013) avaliando a condição

higiênico-sanitária de meias carcaças bovinas revestidas com filme plástico durante as

primeiras 24 horas de resfriamento (maturação sanitária) concluiu que a técnica estudada

mostrou-se uma boa ferramenta para a redução da perda de peso durante das carcaças mas

possibilitou o desenvolvimento microbiológico e dificultou a redução da temperatura

intramuscular.

6. Qualidade da Carne

A qualidade sensorial e nutricional da carne sempre foi em geral, considerada pelo

consumidor. Os consumidores procuram por produtos que sejam seguros para o consumo,

mas que também possuam uma determinada qualidade sensorial. Contudo, almejam alimentos

que não causarão prejuízos a saúde, que respeitem os valores éticos ou religiosos, os conceitos

de bem-estar animal, desde a criação ao abate, bem como, produzidos de forma sustentável.

Os consumidores também buscam nos alimentos outros atributos que são incluídos na

sua percepção de qualidade, como valor nutritivo, composição e ingredientes específicos

presentes no produto, bem como, quantidades de vitaminas, minerais e teores de proteínas, se

há ou não conservantes adicionais ou artificiais, quantidades de gorduras e sais, e

apresentação geral do produto (Ramos & Gomide, 2007).

A escolha do produto também é influenciada pela classe econômica e nos países mais

desenvolvidos, os consumidores avaliam uma enorme e cada vez mais crescente gama de

alimentos, e as industrias se encontram numa situação de competição intensa. Em países com

menor desenvolvimento, a fome é constantemente o fator que direciona a escolha, e assim, a

dieta é determinada pela disponibilidade de qualquer alimento que satisfaça as necessidades

básicas de nutrição, e em geral, o preço é o fator determinante na aquisição do alimento.

13

Estudos mostram que a avaliação da qualidade da carne é baseada na satisfação e

preferência do consumidor e os fatores como aparência, aroma durante o cozimento, perda por

cozimento, maciez, suculência, sabor e percepção do valor nutritivo governam as reações de

um indivíduo frente as qualidades sensoriais de um produto. Ainda, ressaltam que a aparência

é de fundamental importância e pode ser decisiva na compra e aceitabilidade da carne pelo

consumidor, que compreende em geral a cor, forma, tamanho, brilho

(Ramos & Gomide, 2007).

Para a maioria dos consumidores, além do aparência a maciez é considerado a

característica qualitativa mais importante de carne. Porém, a sensibilidade é uma característica

altamente variável e depende de um conjunto de respostas psicológicas e sensoriais únicas de

cada indivíduo (Ramos & Gomide, 2007). Desse modo, buscaram muitas tentativas para

elaborar métodos instrumentais de avaliação da força em corte, e o método mais amplamente

usado é o teste de cisalhamento da lâmina do tipo Warner-Bratzler (Destefanis, et al. 2008).

A cor da carne e da gordura é um fator importante e muitas vezes determinantes para

aquisição do produto pelo consumidor. Sendo assim, é possível avaliar de forma objetiva a

cor. Em 1942, Richard Hunter inventou a escala Hunter Lab de cor, seu sistema possui escala

uniforme, em que L mede a luminosidade, que varia de 0 (preto puro) a 100 (branco puro),

expressa no eixo vertical; e nos eixos horizontais têm-se os valores de a e b, que representam

os níveis de tonalidade e saturação, em que: a positivo indica o vermelho e a negativo o

verde; e b positivo indica o amarelo e b negativo o azul (Honikel 1998). Desse modo, é

possível determinar a coloração padrão de um alimento ou objeto, bem como, suas alterações

e associar com a deterioração do mesmo.

Conhecendo os diversos itens relacionados com a qualidade sensorial e nutricional da

carne, as indústrias buscam técnicas para melhorar e agregar valor a qualidade do produto

final ofertado. Savell et al. (2005), descreveram que entre as técnicas industriais utilizadas

14

para melhorar os aspectos sensoriais do produto final da carne, destaca-se a estimulação

elétrica post-mortem, como estímulo ao início imediato do rigor mortis; o resfriamento tardio

ou o rápido resfriamento, em que consiste estender ou acelerar a redução de temperatura das

carcaças; e por fim o uso da aspersão de água na câmara de maturação sanitária. No entanto,

esses autores não mencionam em nenhum momento a técnica de resfriamento de carcaças

com o uso do filme de polietileno conhecido no Brasil como “stretch”.

7. Deterioração da carne e suas fontes de contaminação

A carne devido ao seu elevado valor biológico e suas características intrínsecas, como

composição química, elevada atividade de água e pH próximo à neutralidade, é um ótimo

meio para a multiplicação de microrganismos, resultando em alterações indesejáveis e

consequentemente na sua deterioração (Sigarini, 2004; Lawrie, 2005; Fontoura et al., 2010).

A carne entre os alimentos nutricionalmente importante, como o leite, é altamente

perecível pois é uma fonte abundante de nutrientes. Portanto, as bactérias e fungos podem se

proliferar rapidamente se as condições, principalmente a temperatura e a atmosfera gasosa,

forem favoráveis causando a deterioração do produto, cujo o consumo se tornaria perigoso ao

consumidor. Assim, a refrigeração é de extrema necessidade para prolongar a vida útil dos

alimentos. O processo de refrigeração é usado para reduzir as taxas de variações biológicas e

microbiológicas, e consequentemente, prolongar a vida de prateleira de alimentos frescos e

processados. O processo de resfriamento que as carcaças são submetidas após o abate é

empregado para garantir a segurança alimentar (Prata & Fukuda, 2001; Savell et al., 2005;

Fellows, 2006).

Sabendo que a excessiva umidade da carcaça impõe limitações de ordem higiênico-

sanitárias, podendo propagar, difundir ou facilitar o desenvolvimento de microrganismos

indesejáveis, é necessário conhecer e prevenir a presença de microrganismos que encontram

15

na carne um ambiente propício para a sua proliferação, estabilecendo fatores determinantes

para a preservação de sua qualidade (Fontoura et al., 2010).

Os tecidos internos de animais sadios não contêm bactérias no momento do abate, no

entanto, considerando que os microrganismos, sobretudo as bactérias, estão amplamente

distribuídos no ambiente de matadouros-frigoríficos; e que são diversos animais abatidos e

manuseados no mesmo dia no abatedouro e que consequentemente, existe uma tendência de

estabilização dos microrganismos nas carcaças, possivelmente, haverá instalação e

proliferação de agentes microbianos na musculatura, ou seja, na carne. Assim, cuidados

especiais de ordem higiênico sanitária devem ser atribuídos em todas as etapas de obtenção da

carne, visando reduzir falhas tecnológicas para a sua inocuidade (Jay, 2005;

Fontoura et al., 2010).

O Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento através dos Programas de

Autocontrole, descritas nas Circulares 175 e 176 (Brasil, 2005) a fim de atender as exigências

do mercado internacional, estabelece às indústrias frigoríficas a implantação de ferramentas

de controle de processo, tais como: os programas de Boas Práticas de Fabricação (BPF);

Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO); Procedimento Sanitário das Operações

(PSO) e o programa de Análise de Perigo e Ponto Crítico de Controle (APPCC), que são

indispensáveis para garantir alimentos aptos ao consumo humano.

8. Microbiologia da carne

Os microrganismos podem ser utilizados para refletir a qualidade microbiológica dos

alimentos em relação à vida de prateleira ou à segurança, neste último caso, devido à presença

de patógenos alimentares (Jay, 2005).

O primeiro gênero de bactérias mais estudado e o principal indicador de segurança

alimentar é o gênero Escherichia, pois suas linhagens causam gastroenterites alimentares, e a

16

E. coli é um gênero da família Enterobacteriaceae, que serve como indicador de segurança

alimentar, pois é o microrganismo aeróbio mais comum do trato gastrintestinal do homem e

outros animais, portanto, tradicionalmente, é usado como indicador de contaminação fecal da

água e alimentos. Os bovinos são reservatórios de E. coli O157:H7, podendo ocorrer a

transmissão zoonótica de linhagens patogênicas, porém, esse sorotipo é mais comum no gado

de leite do que em novilhos jovens (Jay, 2005).

A família Enterobacteriaceae compreende a um grupo de microrganismos

classicamente utilizados na determinação de contaminações causadas por fezes, são bacilos

gram-negativos e são amplamente distribuídos no solo, água, planta e intestino dos homens e

dos animais. São mesofilos, mas há cepas psicrotróficos principalmente dentro dos gêneros

Escherichia e Enterobacter, além de, são indicadores úteis das condições de higiene dos

processos de fabricação e contaminação pós-processamento, e indicadoras de possível

contaminação entérica n ausência de coliformes (Jay, 2005; Silva et al., 2010).

Oficialmente, a Contagem de Coliformes e E. coli serve como um indicador de

contaminação fecal (coliforme fecal), são também chamados de coliformes termorresistentes,

pois além de serem encontrados nas fezes, também estão presentes em outros ambientes como

vegetais e persistem por tempo superior ao das bactérias patogênicas de origem intestinal

como, por exemplo, Salmonella. Esses microrganismos tem a capacidade de se reproduzir em

resíduos de alimentos e nas superfícies dos equipamentos e utensílios

(Silva et al., 2010).

A contagem Total de Aeróbicos Mesófilos em placas, ou também denominada de

Contagem Padrão em Placas, é o método mais usado como indicador geral de populações

bacterianas em alimentos. Por não diferenciar os tipos de bactérias, não é um indicador de

segurança, pois não está diretamente relacionado à presença de patógenos ou toxinas, porém é

utilizado para obter informações gerais sobre a qualidade de produtos, práticas de

17

manufaturas, matérias primas utilizadas, condições de processamento, manipulação e vida de

prateleira, no entanto, uma alta contagem de mesófilos, que crescem à mesma temperatura da

do corpo humano, pode ser um indicativo da possibilidade de multiplicação de patógenos

(Silva et al., 2010).

A contagem Total de Aeróbicos psicrotrófilos é utilizada como indicador geral de

populações bacterianas em alimentos refrigerados, já que são os microrganismos que crescem

entre 0 e 7°C. Estão distribuídos em diversos gêneros como Escherichia, Listeria,

Streptococcus, Lactobacillus, Pseudomonas encontrados nos produtos lácteos, cárneos, aves,

peixes e frutos do mar, podendo ser causadores de doenças (Silva et al., 2010). Dentre os

psicrotrófilos patogênicos se destacam os gênero da Listeria, Salmonella, Staphylococcus.

O gênero Listeria é uma pequena bactéria gram-positiva com a forma de bastonete. A

L. monocytogenes é um microrganismo comum no meio ambiente, podendo ser isolado de

várias fontes, é um patógeno de várias espécies de animais e que também pode ser encontrada

no intestino de animais saudáveis ou com infecções subclínicas. Também, está presente no

solo, e através da poeira, a L. monocytogenes pode contaminar um grande número de

materiais, incluindo alimentos, embalagens, veículos de transporte, e até mesmo o ambiente

de manipulação de alimentos (Jay, 2005).

Nos animais, embora a silagem tenha sido identificada como a maior fonte de L.

monocytogenes, a infecção pode ser adquirida também através da pastagem natural. Há

registros de casos humanos de infecção adquirida através do contato direto com os animais ou

através do contato indireto, pelas fezes. São reconhecidas 7 espécies, mas, somente a

L. monocytogenes está associada com doenças do homem, principalmente intoxicação

alimentar (Jay, 2005).

O gênero Salmonella é um membro da família Enterobacteriaceae. É uma bactéria

gram-negativa, habita, naturalmente, o trato gastrintestinal do homens e dos animais, porém,

18

sua toxina causa intoxicação alimentar. Em muitos alimentos a presença de microrganismos

com uma linhagem virulenta, como a Salmonella, é uma indicação de risco ao consumidor

(Jay, 2005). A importância da Salmonella para o homem e os animais se destaca no quadro

das toxinfecções alimentares. Esta infecção desenvolve-se em um quadro típico provocado

pela ingestão de carne contaminada por bactérias patogênicas que produzirão as toxinas no

próprio organismo do hospedeiro.

O gênero Staphylococcus é um membro da família Micrococcaceae que consiste de

cocos gram-positivos. O Staphylococcus aureus produz enterotoxinas responsáveis pela

intoxicação estafilocócica de alimentos. No caso do S. aureus, a situação não é a mesma, pois

o risco é definido pela presença da enterotoxina e não pelo microrganismo. Por esta razão, foi

sugerido que o exame de alimentos para detectar a presença de células não é válido e que o

risco deve ser baseado na identificação da enterotoxina. S. aureus são destruídas nas

temperaturas usadas no processamento de alimentos. Desse modo, a presença de grande

número de S. aureus em produtos cárneos cozidos e fatiados, é indicativa de falhas nos pontos

críticos de controle (contaminação e temperatura), independente da presença ou ausência da

enterotoxina, mas, essa toxina é termorresistentes. Contudo, a presença de S. aureus em

carnes cruas é de pouco significado direto, pois o microrganismo é incapaz de crescer e nessa

circunstância não tem papel de indicador (Jay, 2005).

A presença desses microrganismos em alimentos indica, em geral, que houve

contaminação durante ou pós o processamento, sendo que, as causas mais frequentes aquelas

provenientes da própria matéria-prima, equipamento sujo e/ou mal higienizado, falta de

higiene dos manipuladores de alimentos e compromisso com os programas de autocontrole.

Assim, a proliferação microbiana pode ser moderada e consequentemente, a multiplicação de

microrganismos patogênicos e toxigênicos evitada, com medidas preventivas de boas práticas

de fabricação e controles de nos pontos críticos de fabricação.

19

9. Testes microbiológicos

As instruções para a amostragem bacteriológica de carcaças de animais em

matadouros estão descritas nos manuais técnicos elaborados pelo Ministério de Agricultura

Pecuária e Abastecimento, no qual descreve dois métodos principais de amostragem: método

destrutivo e não destrutivo. O método destrutivo consiste em retirada de porções de musculo

de espessura não superior a 5 mm, de regiões previamente estabelecidas da carcaça,

delimitadas por um molde estéril de área conhecida (5 cm2), o que é realizado usando um

bisturi estéril ou outro instrumento estéril. O método não destrutivo consiste na tomada de

amostras da superfície de carcaças através do uso de swabs estéreis e previamente umedecidos

com solução salina peptonada 0,1% estéril. O MAPA ainda define nesse documento além do

modo de coleta das amostras, a frequência, número de amostras, pontos de coleta,

características das amostras e respectivos registros conforme a Decisão 471 da União

Europeia.

Os testes microbiológicos realizados nas indústrias frigoríficas devem seguir os

Procedimentos de Verificação dos Programas de Autocontrole, descritos na Circular Nº 175

do MAPA (Brasil, 2005) que segue exigências internacionais, no qual Os Estados Unidos

exige a execução diária de testes microbiológicos para Escherichia coli e Salmonella sp.,

sendo o último executado sob a responsabilidade da Inspeção Oficial, na frequência de

1 amostra para cada 300 carcaças ou fração. No caso da União Europeia, os indicadores são:

Contagem Total de Mesófilos e Enterobacteriaceae, colhendo-se 5 - 10 amostras por semana

durante seis semanas consecutivas. Para os estabelecimentos credenciados à exportação para a

União Europeia e Estados Unidos, simultaneamente, entendemos que poderão ser realizados

os testes para E. coli e Salmonella, na forma prevista na legislação dos Estados Unidos,

acrescidos da prova para Contagem Total de Microrganismos Mesófilos, aplicando-se para

20

este indicador a metodologia prevista na referida Decisão. Porém, a União Europeia não

define, precisamente, o momento mais adequado para a colheita de amostras para teste dos

microrganismos indicadores, salienta apenas que as amostras devem ser colhidas antes do

resfriamento; portanto, os “swabs” podem ser obtidos antes ou após a operação de lavagem

das carcaças (Brasil, 2005).

A contagem de microrganismos em placas tem sido usada como indicador da

qualidade higiênica dos alimentos, fornecendo também ideia sobre seu tempo útil de

conservação. Essa contagem é comumente empregada para indicar a qualidade sanitária dos

alimentos, mesmo que os patógenos estejam ausentes, que não tenham ocorrido alterações

sensoriais do alimento, um número elevado de microrganismo indica que o alimento é

insalubre.

21

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE CARNES

(ABIEC). Exportações Brasileiras de Carne Bovina: 2012. Disponível em: < http://www.abiec.com.br// >. Acessado em 10.07.2013a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE CARNES (ABIEC). Pecuária Brasileira. Disponível em: < http://www.abiec.com.br// >. Acessado em 11.07.2013b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE CARNES (ABIEC). Rebanho Bovino Brasileiro. Disponível em: < http://www.abiec.com.br// >. Acessado em 14.07.2013c.

ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DO MATO GROSSO (ACRIMAT). Diretrizes para o desenvolvimento visão de universitários e pecuaristas da pecuária de corte de Mato Grosso. 2012. Disponível em: < http://www.acrimat.org.br/arquivos/downloads/29112012105928.pdf > Acessado em 01.08.2013.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Secretária de Defesa Animal. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Portaria n°46, de 10 de Fevereiro de 1998. Institui o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC. Diário Oficial da União, Brasília, 10 de Fevereiro de 1998a.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária Abastecimento. Secretária de Defesa Animal. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Circular nº192. Exportação de carne bovina brasileira para a União Européia. Instrução relativa ao controle sistemático da obtenção até a expedição e a preservação da origem destacada no rótulo do produto final colocado no mercado Comunitário. Diário Oficial da União, Brasília, 01 de julho de 1998b.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa Nº03, de 17 de janeiro de 2000. Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue. 2000. Diário Oficial da União, Brasília, 24 de janeiro de 2000.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Circular 224/2001. Garantias exigidas pela UE para o controle de pH em meias carcaças de bovinos. Diário Oficial da União. Brasília, 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Secretária de Defesa Animal. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003. Oficializar os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de setembro de 2003.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Circular n°175/2005. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Procedimentos de Verificação dos Programas de Autocontrole. Coordenação Geral de Programas Especiais. Diário Oficial da União. Brasília, 16 de maio de 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal Resolução 02 de 09 de Agosto de 2011. Critérios para a utilização de sistema de aspersão aplicado no processo de resfriamento de meias-carcaças de bovídeos. Diário Oficial da União. Brasília, 10 de agosto de 2011.

FELLOWS, P.J. Tecnologia do Processamento de Alimentos: Princípios e Prática. 2ªed. Editora Artmed. 2006. 602p.

22

FONTOURA, C.L.; ROSSI JUNIOR, O.D. MARTINELLI, T.M.; CERESER, N.D. Estudo microbiológico em carcaças bovinas e influência da refrigeração sobre a microbiota contaminante. Arquivos do Instituto Biológico, v.77, n.2, p.189-193, 2010.

FREITAS, A.K.; RESTLE, J.; PACHECO, P.S.; et al. Características de carcaças de bovinos Nelore inteiros vs castrados em duas idades, terminados em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.1055-1062, 2008.

GREER, G.C.; JONES, S.D.M. Quality and bacteriological consequences of beef carcass spray-chilling: Effects of spray duration and boxed beef storage temperature. Meat Science, v. 45, p.61–73. 1997.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Produção da pecuária municipal 2010 (2010a). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2010/ppm2010.pdf>. Acessado em 01.05.2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo cartográfico 2010 (2010b). Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/geociencias/areaterritorial/principal.shtm>. Acessado em 03.05.2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Resultados do 4º trimestre e acumulado no ano de 2012 das Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais e Produção de Leite, Couro e Ovos. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/producaoagropecuaria/abate-leite-couro-ovos_201204_publ_completa.pdf >. Acessado em 01.08.2013.

JAY, J.M. Microbiologia de alimentos. 6ºed. Editora Artmed. 2005.711p. JONES, S.D.M.; ROBERTSON, W.M. The effects of spray chilling carcasses on the

shrinkage and quality of beef. Meat Science, v.24, p.177-188, 1988. KINSELLA, K.J.; SHERIDAN, J.J.; ROWE, T.A.; et al. Impact of a novel spray-chilling

system on surface microflora, water activity and weight loss during beef carcass chilling. Food Microbiology, v.23, 2006.

LAWRIE, R.A. Ciência da carne. Trad. Jane Maria Rubensam. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 384p.

MESQUITA, A.J.; PRADO, C.S.; BUENO, V.F.F.; et al. The effects of spray-chilling associated to conventional chilling on mass loss, bacteriologycal and physico-chemical quality of beef carcass. Ciência Animal Brasileira, v. 4, n. 2, p.145-153, 2003.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Mercado interno. Disponível em: <www.agricultura.gov.br/animal/mercado-interno> Acessado em 01.08.2013a.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Produção. Disponível em: <www.agricultura.gov.br/animal/mercado-interno/producao> Acessado em 03.08.2013b.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Bovinos e Bubalinos. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos> Acessado em 04.08.2013c.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Assessoria de Gestão Estratégica. Projeções do Agronegócio: Brasil 2012/2013 a 2022/2023. Brasília: Mapa/ACS, 2013. 96 p. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/projecoes%20-%20versao%20atualizada.pdf > Acessado em 05.08.2013d.

PACHECO, P.S.; RESTLE, J.; MISSIO, R.L.; et al. Características da carcaça e do corpo vazio de bovinos Charolês de diferentes categorias abatidos com similar grau de

23

acabamento. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.65, n.1, p.281-288, 2013.

PRADO, C.S.; FELÍCIO, P.E. Effects of chilling rate and spray-chilling on weight loss and tenderness in beef strip loin steaks. Meat Science, v.86, p.430-435, 2010.

PRATA, L.F.; FUKUDA, R.T. Fundamentos de Higiene e Inspeção de Carne. Jaboticabal: Funep, UNESP, 2001.

RADOSTISTS, O.M; GAY, C.C; BLOOD, D.C; HINCHCLIFF, K.W; Clínica Veterinária. Um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ªed. Guanabara-Koogan, 2002.

RAMOS, E.M.; GOMIDE, L.A.M. Avaliação de qualidade de carnes: fundamentos e metodológica. 2.edição. Viçosa, UFV, 2007, 599p.

RODRIGUES, V.C.; ANDRADE, I.F.; FREITAS, R.T.; et al. Rendimentos do Abate e Carcaça de Bovinos e Bubalinos Castrados e Inteiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.3, p.663-671, 2003.

ROÇA, R.O. Refrigeração. Disponível em: <http://pucrs.campus2.br/~thompson/Roca108.pdf > Acesso em 25.03. 2012.

SAMPAIO, G. S. L. Avaliação da perda de peso, da condição higiênico-sanitária e tecnológica de meias carcaças e quartos bovinos revestidos com polietileno durante o resfriamento. Dissertação. Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal. Universidade Federal Fluminense. 2013. 153p.

SAVELL, J.W; MUELLER, S.L; BAIRD, B.E. The chilling of carcasses. Meat Science.v.70, 449-459, 2005.

SIGARINI, C.O. Avaliação microbiológica da carne bovina desossada em estabelecimentos comercias do município de Cuiabá-MT/Brasil. Dissertação. Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal. Universidade Federal Fluminense. 2004. 95p.

SILVA, E.P.; SILVA, M.B.; ALBERTON, C.; et al. Avaliação microbiológica de carcaças bovinas refrigeradas com o uso do stretch. XXII. Congresso Brasileiro de Zootecnia, 2012, Cuiabá. XXII Anais...Congresso Brasileiro de Zootecnia, Cuiabá, 2012.

24

CAPÍTULO II

O USO DO FILME DE POLIETILENO ESTICÁVEL NA REFRIGERAÇÃO DE

MEIAS-CARCAÇAS BOVINAS

25

1. Introdução

A carcaça bovina exige criterioso cuidado de manipulação e armazenamento, visto que

a indústria deve aprimorar os cuidados com a manipulação e almejar eficiência no processo de

refrigeração de carcaças, no intuito de limitar o crescimento microbiano e evitar a

deterioração da carne (Kinsella et al. 2006).

A refrigeração é uma etapa obrigatória no panorama de controle sanitário,mas durante

o processo as carcaças bovinas normalmente perdem peso decorrente da exsudação,

evaporação e desidratação superficial de líquidos. Trabalhos evidenciaram queapós o processo

de refrigeração as carcaças apresentam menor peso, de modo que durante as primeiras 24

horas, as perdas de peso nas carcaças podem variar de 0,75% a 2% como reportado por Jones

e Robertson (1988) e demais trabalhos (Greer e Jones, 1997; Mesquita et al., 2003; Rodrigues

et al., 2003; Kinsella et al., 2006; Freitas et al., 2008, Pacheco et al., 2013; Sampaio, 2013). A

partir disso, novas técnicas foramestudadaspara reduzir as perdas na refrigeração, como o uso

aspersão de água durante a refrigeração citadopor Savell et al. (2005).

Trabalhos nos Estados Unidos e Canadá, bem como recentemente no Brasil,

analisarama utilização do sistema de aspersão de água para reduzir as perdas de peso pela

refrigeração (Prado e Felício, 2010). Após avaliar o uso de aspersão de água Allen et al.

(1987)registraram perdasem1,5%, Kinsella et al. (2006) obtiveram uma redução de 1,36%,

Prado et al. (2007) 0,03% e, Prado e Felício (2010) redução de 0,28%.Tais variações

reportadas são decorrentes do aumento da umidade dentro do ambiente de refrigeração

evitando a excessiva evaporação, tanto que, Mesquita et al. (2003) e Kinsella et al. (2006)

mencionam que o sistema de aspersão implantado de forma adequada não interferiu na

qualidade da carne, nas análises bacteriológicas e físico-químicos.

26

Diante desse cenário, o uso do filme de polietileno esticável na refrigeração de

carcaças bovinas, consiste em envolver previamente ao momento da refrigeração cada meia-

carcaça com a finalidade de reduzir as perdas decorrentes desse processo. Estudos no Brasil,

desenvolvido por Silva et al. (2012) constataram que a técnica não evidenciou crescimento

microbiológico. Posteriormente, Sampaio (2013) verificou na mesma técnica redução da

perda de peso durante o resfriamento de carcaças e quartos bovinos, porém houve algumas

alterações bacterianas e térmicas desfavoráveis, já que essa técnica propiciou um ambiente

favorável ao desenvolvimento microbiológico e dificultou a redução da temperatura na região

do coxão.

Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o uso do filme de polietileno esticável na

refrigeração de carcaças bovinas.

27

2. Material e Métodos

2.1. Autorização

Este estudo foi desenvolvido com carácter experimental com a prévia autorização do

Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal – SIPOA, do Ministério da Agricultura e

Abastecimento – MAPA, sob Memo 054/2013.

2.2. Local, unidades experimentais e tratamento

O experimento foi desenvolvido em um matadouro-frigorífico de bovinos, com

registro no Serviço de Inspeção Federal – SIF/MAPA, número 3348, na cidade de Sinop,

Mato Grosso, Brasil.

Para avaliação de perdas pela refrigeração, temperatura, pH, cor e análise econômica

foram selecionadas 80 carcaças de bovinos Nelore, com peso médio de carcaça quente de

271,58±15,19Kg, sendo 40 carcaças de novilhos e 40 carcaças de touros. Cada carcaça

avaliada teve uma meia-carcaça refrigerada sem o uso do filme de polietileno esticável (grupo

controle) e outra meia-carcaça refrigerada com uso do filme (grupo tratamento), definidas

previamente por sorteio aleatório, perfazendo um total de 80 meias-carcaças sem o uso do

filme polietileno e 80 meias-carcaças com o uso do filme, conforme Figura 1.

Para avaliação microbiológica e avaliação da espessura de gordura subcutânea na

região do contrafilé (Musculuslongissimusthoracis), das 80 carcaças selecionadas foram

escolhidas aleatoriamente 40 carcaças, igualmente distribuídas entre novilhos e touros, sem e

com o uso do filme de polietileno.

2.3. Aplicação da técnica e amostragem

Os animais foram abatidos de forma similar e seguindo o fluxo industrial adotado pela

indústria e sob inspeção do Serviço Federal de Inspeção com manejo pré-abate, descanso e

dieta hídrica, insensibilização com pistola pneumática, etapas de sangria, esfola, evisceração,

28

divisão das carcaças em duas meias-carcaças, pesagem e lavagem com água clorada à 0,5

ppm com pressão de 3 atm e temperatura de 38 à 40°C, conforme Circular 175 (Brasil, 2005).

Após os procedimento rotineiros e em base do sorteio prévio, iniciou-se a aplicação da

técnica nas meias-carcaças selecionadas com o filme de polietileno de uso exclusivo em

alimentos (Bobina Stretch, modelo 50X0025, Stretch ShrinkFilm, Ltda, Itaquaquecetuba,

São Paulo, Brasil). O envolvimento do filme de polietileno na meia-carcaça selecionada para

refrigeração foi realizado pela própria equipe de pesquisa, com os devidos cuidados de

manipulação, com auxílio de uma escada inox higienizada, envolvendo o conjunto de tecidos

ósseo-esquelético desde a extremidade do membro posterior até a musculatura da região

cervical.

Após a aplicação da técnica as meias-carcaças, sem e com o filme, foram refrigeradas

próximas e obrigatoriamente na mesma câmara de refrigeração, afim de evitar diferenças

decorrentes da circulação de ar do processo de refrigeração. A pesagem de cada meia-carcaça,

avaliação microbiológica, avaliação da cor da gordura, aferição do pH e temperatura foi

realizada antes e depois do uso da técnica; sendo que as avaliações após o uso da técnica

procederam imediatamente após da retirada total do filme de polietileno.

O processo de refrigeração foi realizado por no mínimo 24 horas com temperatura

ajustada para 0ºC e ventilação de ar de 0,5 a 3 metros/segundo. Após o processo de

refrigeração foi removido cuidadosamente o filme de polietileno esticável das meias-carcaças

selecionadas para uso da técnica e em seguida manteve-se o manejo similar em todas as

meias-carcaças avaliadas.

2.4. Avaliação de Carcaça: Perdas na Refrigeração

As meias-carcaças selecionadas para compor este estudo foram devidamente

identificadas e pesadas cada meia-carcaça para se obter o peso de meia-carcaça quente

(PMCQ), e logo após o transcorrido processo de refrigeração e a remoção do filme, naquelas

29

submetidas a refrigeração com filme de polietileno, cada meia-carcaça foi novamente pesada

para obter o peso de meia-carcaça fria (PMCF), para então, calcular as perdas absolutas (em

quilos) e relativas (em porcentagem) decorrentes do processo de refrigeração.

2.5. Avaliação econômica

Para avaliação econômica foi obtido junto a indústria frigorífica os custos operacionais

com cada colaborador do setor de refrigeração e o valor da bobina de filme de polietileno

esticável utilizado na aplicação da técnica. Ainda, foi mensurado o tempo médio e a

quantidade de filme de polietileno necessário para aplicação da técnica em cada meia-carcaça.

Além de, foi obtido junto ao Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA,

2014) o valor médio do quilo (Kg) de carcaça quente de bovinos machos pago aos pecuarista

no período de execução do experimento com intuito de calcular o possível retorno financeiro

com a aplicação da técnica.

2.6. Avaliação da Carcaça: temperatura, pH, espessura de gordura e coloração

A temperatura foi aferida com o termômetro digital tipo espeto (Asko®, modelo

AK16L, Akso Produtos Eletrônicos, Ltda, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil), na

profundidade do Musculusbicepsfemoris, região do coxão. Também, foi avaliado a

temperatura e o pH com o peagâmetro digital (Testo®, modelo 205, Instrucamp Instrumentos

de Medição, Ltda, Campinas, São Paulo, Brasil) no M. longissimusthoracis, região dorsal,

entre o 9° e 10° espaço intercostal. A espessura de gordura subcutânea do contrafilé, no M.

longissimus thoracis, foi mensurada entre a 12º e 13º costela com auxílio do paquímetro

digital.

A avaliação da coloração da gordura em cada meia-carcaça foi realizada em quatro

regiões: coxão, paleta, ponta-de-agulha e contrafilé, com o colorímetro Minolta (Model CR-

410, MinoltaCamera, Co, Ltda. Osaka, Japan). Os parâmetros avaliados foram L*, a* e b* do

30

sistema CIELAB onde L* representa a luminosidade, a* intensidade de vermelho e b*

intensidade do amarelo, conforme Honikel (1998).

2.7. Avaliação Microbiológica

Para a análise microbiológica foram realizadas coletas com swab estéril em três pontos

da meia-carcaça: no coxão, paleta e ponta-de-agulha. Conforme as recomendações da

American Public Health Association (APHA, 2001), os três pontos corresponderam a uma

única amostra, de modo que os swabs foram recolhidos em um mesmo recipiente estéril

contendo 30 mL de solução salina peptona a 0,1%. A coleta das amostras foi o mais asséptico

possível e foi utilizado para cada meia-carcaça bovina um molde inoxidável estéril com área

de coleta de 50 cm2. Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em uma caixa

isotérmica com gelo seco e transportadas ao Laboratório de Microbiologia de Alimentos da

Universidade Federal de Mato Grosso, campus Sinop, não excedendo 6 horas entre a coleta e

inoculação da amostra.

Cada unidade analítica, contendo três pares de swabs, foi homogeneizada e

considerada como diluição 100, e a partir dessa foram feitas diluições seriadas 10-1 e 10-2 em

tubos com 9 mL de solução salina peptonada 0,1%. De modo que, cada diluição foi realizada

em duplicata, ou seja, cada diluição teve duas placas para obtenção de cada contagem das

colônias analisadas, por fim, foi inoculado 1 mL de cada diluição em cada placa de Petri.

As análises quantitativas foram realizadas pela contagem de Bactérias Heterotróficas

Aeróbias Mesófilas (CBHAM), contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Psicrotróficas

(CBHAP) e Enterobacteriaceae.

As contagens de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas (CBHAM) e Bactérias

Heterotróficas Aeróbias Psicrotróficas (CBHAP) foram realizadas pelo método de

plaqueamento em superfície em placas de Petri de 20x100mm, com Ágar Padrão para

Contagem (PCA), e posteriormente invertidas e incubadas em estufa regulada a 35+1°C por

31

48horas e 7+1°C por 10 dias, respectivamente. Para contagem de Enterobacteriaceae foi

utilizado o método de plaqueamento em profundidade em placas de Petri de 20x100mm

vazias e posteriormente homogeneizadas com aproximadamente 20mL de ágar Violet Red

Bile Glicose (VRBG); e invertidas e incubadas em estufa regulada a 30+1°C por 24 horas.

Todo o processo de manipulação, diluição e inoculação das amostras foi realizado em capela

de fluxo laminar, conforme as recomendações de assepsia laboratorial.

A contagem das colônias nas placas foi realizada com auxílio de um contador de

colônias digital (ProenixLuferco®, modelo CP600 plus, Phoenix Indústria e Comércio de

Equipamentos Científicos, Ltda, Araraquara, São Paulo, Brasil), possuindo lupa de aumento,

lâmpada circular fluorescente e fundo quadriculado em cm2. O resultado da contagem das

colônias e o cálculo de resultados para obter-se o número de bactérias mesófilas e

psicrotróficas ocorreu através da seleção de placas contendo entre 25 e 250 colônias, e para a

contagem e resultado de Enterobacteriaceae foi selecionado placas contendo entre 15 e 150

colônias, e posteriormente, o respectivo número de colônias foi multiplicado pela diluição

correspondente por cm2 da carcaça (APHA, 2001).

2.8. Análise Estatística

O experimento foi conduzido segundo delineamento inteiramente casualizado, no

esquema de parcelas subdivididas considerando-se a condição sexual como parcela e do uso

do filme de polietileno como subparcela. Na avaliação dos dados referente a coloração da

gordura e ao microbiológico, por não haver grande diferenças entre os valores coletados antes

e depois da refrigeração, foi incluído o momento de avaliação como sub-subparcela. Os dados

microbiológicos não ajustaram a uma distribuição normal e foram transformados para em

logaritmos de base 10 anterior as análises estatísticas.

32

Todos os dados foram analisados pelo procedimento PROC MIXED do Statistical

Analysis System - SAS 9.0 (2002), com efeito aleatório atribuído ao animal e adotado 0,05

como limite máximo tolerável para o erro tipo I.

33

Figura 1. Descrição esquemática das etapas do experimento.

Seleção de 80 carcaças de bovinos machos Nelore

40 carcaças

machos castrados

40 carcaças

machos não

40 ½ carcaça

Sem o filme

Avaliações:

pesagem

custos

temperatura

pH

cor

40 ½ carcaça

Sem custos

Avaliações:

pesagem

custos

temperatura

pH

cor

40 ½ carcaça

Com o filme

Avaliações:

pesagem

custos

temperatura

pH

cor

40 ½ carcaça

Com o filme

Avaliações:

pesagem

custos

temperatura

pH

cor

20 ½ carcaça

Avaliações:

microbiológica

espessura de

gordura

20 ½ carcaça

Avaliações:

microbiológica

espessura de

gordura

20 ½ carcaça

Avaliações:

microbiológica

espessura de

gordura

20 ½ carcaça

Avaliações:

microbiológica

espessura de

gordura

As meias-carcaças foram submetidas ao processo padrão de refrigeração de

carcaças por 24h. As avaliações ocorreram antes e depois do processo de

refrigeração, exceto a avaliação da espessura de gordura.

34

3. Resultados e Discussão

Em relação aos parâmetros quantitativos, houve influência da condição sexual no peso

de meia-carcaça quente (PMCQ), peso de meia-carcaça fria (PMCF) e espessura de gordura

(EG), de modo que as meias-carcaças de novilhos obtinham em média menor peso do que as

TO, porém as meias-carcaças de touros obtinham menor espessura de gordura; e ocorreu

efeito de interação em relação as perdas absolutas e relativas com o uso do filme de

polietileno, conforme Tabela 1. Os resultados encontrados neste corroboram com os de

Rodrigues et al. (2003) e Freitas et al. (2008), já que os touros possuem maior ação hormonal

andrógena que acarreta maior desenvolvimento muscular e menor deposição de gordura

subcutânea.

No resultado geral de perdas absolutas pelo processo de refrigeração, as carcaças

perderam em média 1,29% e estão abaixo de outros estudos que relataram perdas em torno de

2% no sistema convencional de refrigeração (Greer e Jones, 1997; Jones e Robertson, 1988;

Sampaio, 2013), porém, são mais próximos dos valores de perda de 1,39% no sistema

convencional e 1,54% no processo de ventilação forçada encontrados por

Mesquita et al. (2003); e 1,55% no grupo controle e 1,36% no grupo com sistema de aspersão

encontrados por Kinsella et al. (2006). Contudo, foi possível reconfirmar que o processo de

refrigeração causa uma redução no peso das carcaças bovinas, como já observado por outros

trabalhos(Rodrigues et al., 2003; Freitas et al., 2008, Pacheco et al., 2013).

A perda de peso das meias-carcaças sem o uso do filme de polietileno foi em média de

1,60% e não diferiu entre novilhos e touros, semelhante com outros trabalhos que também não

encontraram essa diferença entre as categorias dos animais estudados (Rodrigues et al., 2003;

Freitas et al., 2008, Pacheco et al., 2013). Entretanto, com a interação foi possível observar

que o uso do filme de polietileno mostra-se eficaz na redução da perda de peso das meias-

35

carcaças apenas em touros, uma vez que as meias-carcaças de novilhos sem e com o uso do

filme não diferiram entre si, porém, as meias-carcaças de touros sem e com o uso do filme

diferiram (P<0,05), como mostra os resultados da Tabela 2.

As carcaças de touros sem o uso do filme de polietileno perderam em média

1,69±0,17% e com o uso do filme perderam em média 0,70±0,18%, uma diferença média de 1

ponto percentual, assim, os resultados deste trabalho corroboram com os de Sampaio (2013)

que também avaliou o uso do filme de polietileno em meias-carcaças de touros e encontrou

uma redução significativa nas perdas de peso das meias-carcaças envolvidas com o filme de

polietileno.

O efeito de interação pode ser explicado pelas diferenças nas características sexuais

dos animais estudados, principalmente em relação à espessura de gordura subcutânea, uma

vez que, foi observado apenas diferença na espessura da gordura subcutânea pela condição

sexual. Os touros além de possuir menor espessura de gordura subcutânea possuem a

musculatura anterior do corpo mais desenvolvida, principalmente nos quartos anteriores, no

pescoço e no peito (Rodrigues et al. 2003).

A cobertura de gordura e/ou a espessura de gordura na carcaça exerce uma função

importante durante o processo de refrigeração de cada meia-carcaça, principalmente no ponto

de vista qualitativo da carne, pois serve como uma barreira protetora normal, no qualevita a

desidratação superficial, bem como, evaporação excessiva do tecido muscular nas primeiras

horas do processo, responsável pelo processo de encurtamento pelo frio (Savell et al. 2005).

Na avaliação dos custos e retorno financeiros diretamente envolvidos com a aplicação

da técnica em touros, visto que nesse a técnica apresentou diferença e foi constatado que o

custo médio da aplicação da técnica em uma meia-carcaça foi de US$ 0,343 [US$ 1,00 = R$

2,35, cambio médio em Agosto 2013], composto por US$ 0,123/meia-carcaça de custo

operacional [2 colaboradores envolvidos com custo mensal de US$ 558,86/colaborador,

36

considerando salário e encargos em Agosto de 2013, com média de 22 dias de trabalho/mês e

aplicando a técnica em 414 meia-carcaças/dia (tempo médio observado de 70 segundo/meia-

carcaça)] e US$ 0,220/meia-carcaça de custo material [13,45 metros/meia-carcaça com custo

de US$ 0,0164/metro].

De base desses custos e considerando que em TO houve redução nas perdas no

resfriamento de uma meia-carcaça é de 3,73 kg [Tabela 2., de 2,51 kg com filme para 1,22 kg

sem filme] e que o valor médio de carcaça quente foi de US$ 2,764/kg [preço médio em

Agosto de 2013] implica em retorno direto de US$ 3.372/meia-carcaça bovina, descontando o

custo direto com a aplicação da técnica, resulta em um saldo positivo de US$ 3,029/meia-

carcaça, confirmando a viabilidade econômica da utilização do filme de polietileno no

momento da refrigeração de carcaça de touros.

A temperatura nas duas regiões anatômicas avaliadas tanto antes como depois da

refrigeração apresentaram diferença (P<0,05) pela condição sexual de modo que, as meias-

carcaças de NO tinham maior temperatura do que touros, conforme demostrado na Tabela 3.

A temperatura maior nas carcaças de novilhos pode ser explicado pela maior EG visto que

não houve diferença na variação da temperatura antes e depois na região do coxão, mas sim,

ocorreu diferença (P<0,05) na região do contrafilé.

As meias-carcaças com o uso do filme apresentaram maior temperatura do que as sem

o uso do filme (P<0,05) tanto na região do coxão quanto na região do contrafilé. A

temperatura na região do coxão após a refrigeração foi de 7,09 e 9,57ºC nas meias-carcaças

sem e com o uso do filme, respectivamente, uma diferença de 2,48ºC, corroborando com

Sampaio (2013) que também observou que houve essa diferença na temperatura das meias-

carcaças estudadas, ou seja, as meias-carcaças com o uso do filme de polietileno apresentaram

temperatura final superior as carcaças sem o uso do filme. Apesar disso, os resultados do

presente estudo estavam de acordo com a legislação brasileira que estabelece que o

37

resfriamento deve favorecer a queda da temperatura, que deve ser menor ou igual a 10ºC,

após as primeiras 24 horas (Brasil, 1998). Desse modo, é provável que o filme plástico

dificulte a redução da temperatura das meias-carcaças funcionando como um isolante térmico,

além de, significar gastos extras de energia e de amônia as indústrias para reduzir a

temperatura das meias-carcaças (Sampaio, 2013).

As meias-carcaças de touros apresentaram pH final superior as de novilhos (P<0,05),

mas o uso do filme de polietileno não interferiu no pH final das meias-carcaças (P>0,05). Os

resultados deste trabalho são semelhantes aos de Prado e Felício (2010) e King et al. (2013)

que avaliaram pH e temperatura do contrafilé após 24horas em diferentes métodos de

refrigeração e não encontraram diferença significativa entre seus tratamentos. A diferença no

pH final pela condição sexual pode ser explicada pela diferença na espessura de gordura

subcutânea, já que novilhos possuem maior deposição de gordura subcutânea do que touros, e

essa característica é responsável pelo bom declínio na temperatura que resulta diretamente na

curva do pH durantes as primeiras 24hs do processo de refrigeração de carcaças (Savell et al.

2005). A baixa temperatura reduz a atividade enzimática da lactato desidrogenase,

responsável pela conversão do glicogênio em lactato, de modo que a baixa concentração de

lactato é caracterizada pelo menor valor do pH; além de, os touros possuem menor reserva de

glicogênio muscular do que os novilhos e consequentemente, menor substrato para dar origem

a lactato.

O pH final das meias-carcaças sem o uso do filme foi de 5,77±0,03 e com o uso do

filme foi de 5,78±0,03, sendo que ambos são considerados como adequado por estarem

situados no intervalo de 5,4 a 5,8 conforme Mach et al. (2008) e semelhantes aos resultados

encontrados por demais trabalhos (Prado e Felício, 2010; King et al. 2013, Sampaio; 2013).Os

resultados deste trabalho corroboram com Sampaio (2013), que também não encontrou

diferença entre o pH das carcaças sem e com o uso do filme, além disso, são semelhantes aos

38

resultados de Mesquita et al. (2003) e que avaliou o uso do sistema de aspersão. Sendo assim,

o uso do filme de polietileno mantém os parâmetros desejáveis do pH final das meias-

carcaças quando comparado ao modo convencional de refrigeração, seguindo a exigência do

processo de maturação sanitária estabelecido no Brasil.

Na avaliação da cor da gordura na carcaça o parâmetro L* da região do

coxãoapresentou diferença (P<0,05) pela condição sexual em que as carcaças de novilhos

tinham o valor de 61,25±0,89 e touros o valor de 64,28±0,85, com maior luminosidade,

demostrados na Tabela 4. Nessa região, na avaliação do parâmetro a*houve diferença(P<0,05)

pelo momento, visto que antes as carcaças apresentaram o valor de 6,30±0,55 e depois

10,23±0,55, com maior intensidade de vermelho, semelhante aconteceu na avaliação da região

da paleta ocorreu diferença (P<0,05) no parâmetro a* por momento, em que antes o valor foi

de 7,91±0,77 e depois 12,18±0,76, com maior intensidade de vermelho, isso possivelmente

pode ter ocorrido por que nessas regiões o processo de refrigeração proporcionou ao ponto de

observação uma significativa alteração na cor pela desidratação superficial da carcaça.

Os resultados da cor mostraram que ocorreu efeito de interação entre a condição

sexual e o momento da avaliação, de modo que no parâmetro b* na região do coxão, do

contrafilé, da ponta-de-agulha e da paletanão houve diferença antes da refrigeração entre as

carcaças de novilhos e touros, mas sim depois, visto que ocorreu maior intensidade de

amarelo na cor da gordura de novilhos, os resultados estão demostrados na Tabela 5. O

parâmetro a* na região do contrafilé e na ponta-de-agulha não apresentou diferença antes da

refrigeração entre as carcaças de novilhos e touros, mas depois ocorreu maior intensidade de

vermelho na cor da gordura de novilhos, sem causar mudança em touros. Os resultados

encontrados neste trabalho ocorreram possivelmente por causa da semelhança na espessura de

gordura subcutânea dos pontos de observação nas diferentes regiões estudadas, uma vez que,

quando há maior espessura de gordura subcutânea na região avaliada ocorre um

39

favorecimento para aumentar a tonalidade e consequentemente o parâmetro avaliado. No

entanto, isso não foi observado no parâmetro L* da ponta-de-agulha, que mostrou através do

efeito de interação que em novilhos não ocorreu diferença entre antes e depois, mas sim, em

touros apresentando maior luminosidade.

O efeito de interação entre o uso do filme de polietileno e o momento no parâmetro L*

foi observado tanto na região do contrafilé quanto na região da paleta, de modo que, na região

do contrafilé antes da refrigeração não houve diferença entre as carcaças sem e com o uso do

filme, mas depois apenas as carcaças com o uso do filme apresentaram maior luminosidade.

No entanto, na paleta antes da refrigeração não houve diferença entre as carcaças sem e com o

uso do filme, mas depois ambas apresentaram maior luminosidade. Os resultados ocorreram

dessa forma possivelmente porque o uso do filme de polietileno não permite uma excessiva

desidratação superficial no ponto de observação avaliado de modo a realçar a luminosidade da

gordura da carcaça.

Os valores médios da avaliação microbiológica de mesófilos, psicrotrófilos e

Enterobacteriaceas apresentaram efeito de interação, conforme demostrado na Tabela 6. O

resultado de psicrotrófilosapresentou efeito de interação entre a condição sexual e o momento,

as carcaças de touros apresentaram antes da refrigeração maior contagem do que novilhos, em

média 1,12±0,16 Log de UFC/cm2 e 0,64±0,16 Log de UFC/cm2, respectivamente, uma

diferença de aproximadamente 0,5 Log de UFC/cm². Apesar disso, as carcaças de touros não

apresentaram diferença na contagem de psicrotrófilos antes e depois da refrigeração, mas as

carcaças de novilhos apresentaram maior contagem depois do processo de refrigeração,

conforme os resultados na Tabela 7. Os resultados deste trabalho podem ser explicados pela

diferença na condição sexual dos animais estudos uma vez que os novilhos apresentaram

maior EG do que touros o que consequentemente causa menor velocidade na refrigeração da

carcaça, tornando um ambiente favorável ao desenvolvimento de bactérias psicrotrófilas.

40

A contagem tanto de mesófilos quanto de enterobactérias antes e depois do processo

de refrigeração não foi diferente nas carcaças sem o uso do filme de polietileno, visto que as

carcaças com o uso do filme de polietileno apresentaram maior contagem de bactérias após o

processo de refrigeração. Em média, o uso do filme de polietileno propiciou o

desenvolvimento de 0,43 Log de UFC/cm² de mesófilos e 0,30 Log de UFC/cm² de

enterobactérias, isso possivelmente ocorreu porque o filme de polietileno dificulta a redução

da temperatura e a desidratação da carcaças no qual desenvolveu um ambiente microbiano.

Diferente, Kinsella et al. (2006) identificaram na maioria dos casos, uma redução na

contagem microbiológica após o resfriamento convencional e os resultados deste trabalho

corroboram com os encontrados por Sampaio (2013) que avaliou o uso do filme de polietileno

e verificou que não foi possível reduzir o crescimento microbiológico pelo efeito refrigeração

nas carcaças com o uso do filme, isso porque, possivelmente o uso do filme de polietileno

dificulta a queda da temperatura associado a maior umidade superficial das meias-carcaças

propicia um ambiente favorável para o desenvolvimento microbiológico.

As carcaças antes do processo de refrigeração apresentaram uma contagem média para

mesófilosde 1,62 Log de UFC/cm2; e depois sem o uso do filme de polietileno 1,53 Log de

UFC/cm2e com 2,20 Log de UFC/cm2. Na contagem de enterobactérias, as carcaças antes do

processo de refrigeração apresentaram uma contagem média de 0,24 Log de UFC/cm2; e

depois sem o uso do filme de polietileno 0,17 Log de UFC/cm2 e com 0,60 Log de

UFC/cm2.Apesar disso, os resultados microbiológicos das carcaças sem e com o uso do filme

de polietileno estavam abaixo dos limites estabelecidos pelo Brasil, Estados Unidos, União

Européia e Austrália(BRASIL, 2006a, 2006b; USA, 1996; EU, 2005; AFSCA, 2006; ; AUS,

2000; AUS 2003; AUS, 2007).

Os resultados das análises microbiológicas das carcaças demostraram que são

indispensáveis os controles higiênico-sanitários em todas as etapas do abate a fim de manter

41

as contagens de microrganismos baixas, no qual garante um produto sem riscos à saúde do

consumidor. Contudo, adoção da técnica dever ser empregada associada a uma condição de

extremo controle microbiológico, pois, com base nos resultados apresentados, a técnica

favorece crescimento bacteriano.

4. Conclusão

O uso do filme de polietileno esticável reduz as perdas de peso das carcaças de touros

durante o processo de refrigeração, possibilita retorno financeiro, sem alterar o pH final das

carcaças, entretanto, dificulta a redução da temperatura na região do coxão e favorece o

crescimento microbiológico.

42

TABELAS

Tabela 1. Valores médios da avaliação de perdas de peso na refrigeração de meias-carcaças bovinas e espessura de gordura, de acordo com a condição sexual e uso do filme de polietileno esticável

Parâmetro1 Condição Sexual Filme de Polietileno P2

Novilho Touros SEM COM CS FP CSxFP

PMCQ, kg 133,4±2,36 141,6±2,01 137,8±1,61 137,2±1,61 0,0106 0,4982 0,2362

PMCF, kg 131,7±2,32 140,1±1,98 135,8±1,57 136,0±1,58 0,0075 0,8307 0,4294

Perdas, kg 1,82±0,27 1,87±0,24 2,26±0,21 1,43±0,21 0,9010 0,0003 0,0368

Perdas, % 1,38±0,16 1,20±0,14 1,60±0,13 0,97±0,13 0,3933 0,0002 0,0268

Espessura Gordura, mm

6,62±0.66 4,25±0.62 5,29±0.53 5,58±0.51 0,0145 0,5718 0,0871

1 PMCQ: peso de meia-carcaça quente, PMCF: peso de meia-carcaça fria. 2 CS: condição sexual, FP: filme de polietileno.

Tabela 2. Interação da condição sexual e do uso do filme de polietileno esticável em meias-carcaças bovinas

Parâmetro Filme de Polietileno Novilhos Touros

Perdas, Kg SEM 2,01±0,31Aa 2,51±0,27Aa

COM 1,64±0,32Aa 1,22±0,28Ba

Perdas, % SEM 1,51±0,19Aa 1,69±0,17Aa

COM 1,24±0,2Aa 0,70±0,18Bb

Médias na mesma coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem entre si (P<0,05). Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas diferentes diferem entre si (P<0,05).

43

Tabela 3. Valores médios da avaliação da temperatura e do pH em meias-carcaças bovinas, de acordo com a condição sexual e uso do filme de polietileno esticável

Parâmetro Condição Sexual Filme de Polietileno P1

Novilhos Touros SEM COM CS FP CS*FP

Temperatura Coxão ºC

Antes 40,21±0,09 39,39±0,09 39,77±0,07 39,82±0,07 <0,0001 0,2466 0,2466

Depois 8,88±0,17 7,78±0,17 7,09±0,15 9,57±0,15 <0,0001 <0,0001 0,2044

Variação 31,33±0,19 31,61±0,19 32,68±0,16 30,25±0,16 0,3115 <0,0001 0,3691

Temperatura Contrafilé ºC

Antes 29,72±0,40 25,52±0,40 27,53±0,30 27,71±0,30 <0,0001 0,3617 0,8149

Depois 5,10±0,30 3,55±0,30 4,16±0,22 4,48±0,22 0,0005 0,0161 0,1044

Variação 24,53±0,50 22,02±0,50 23,27±0,38 23,29±0,38 0,0007 0,9363 0,2282

pH

Antes 6,94±0,04 6,96±0,04 6,93±0,03 6,97±0,03 0,7624 0,1755 0,1401

Depois 5,71±0,03 5,84±0,03 5,77±0,03 5,78±0,03 0,0129 0,7578 0,8816

Variação 1,23±0,04 1,12±0,04 1,16±0,04 1,19±0,04 0,0903 0,4504 0,3418

1CS: condição sexual, FP: filme de polietileno.

44

Tabela 4. Valores médios da avaliação da cor da gordura no coxão, contrafilé, ponta-de-agulha e paleta em meias-carcaças bovinas, de acordo com a condição sexual e uso do filme de polietileno esticável

Parâmetro Condição2 Filme de Polietileno Momento P1

Novilhos Touros SEM COM ANTES DEPOIS CS FP CSxFP MOM CSxMOM FPxMOM CSxFPxMOM Coxão L* 61,25±0,89 64,28±0,85 62,76±0,74 62,78±0,74 62,75±0,71 62,79±0,71 0,0164 0,9800 0,1549 0,9573 0,8022 0,0516 0,4978 Coxão a* 8,40±0,69 8,12±0,66 8,34±0,55 8,18±0,55 6,30± 0,55 10,23±0,55 0,7734 0,7621 0,3159 <,0001 0,2060 0,6997 0,6774 Coxão b* 12,54±0,55 10,71±0,52 11,91±0,43 11,34±0,43 10,21±0,42 13,04±0,49 0,0179 0,1834 0,1087 <,0001 0,0037 0,2107 0,3330 Contrafilé L* 63,49±1,21 69,91±1,16 65,56±0,91 67,85±0,91 66,57±0,91 66,83±0,91 0,0003 0,0023 0,6791 0,7201 0,1309 0,0071 0,4845 Contrafilé a* 12,54±0,99 8,37±0,95 10,95±0,82 9,95±0,82 7,89±0,82 13,01±0,82 0,0034 0,2677 0,3481 <,0001 0,0006 0,3348 0,6766 Contrafilé b* 14,61±0,66 9,72±0,63 12,44±0,53 11,89±0,53 10,36±0,53 13,96±0,53 <,0001 0,2989 0,8416 <,0001 0,0004 0,1773 0,7332 Ponta-de-agulha L* 59,84±1,20 66,57±1,14 62,77±0,94 63,64±0,94 62,28±0,94 64,14±0,94 0,0001 0,3309 0,3791 0,0381 0,0009 0,4181 0,9589 Ponta-de-agulha a* 9,36±0,94 8,28±0,90 8,28±0,79 9,35±0,79 6,70±0,79 10,93±0,78 0,4094 0,2270 0,7266 <,0001 0,0053 0,3835 0,2353 Ponta-de-agulha b* 11,46±0,63 8,17±0,62 9,56±0,58 10,07±0,60 6,82±0,61 12,81±0,57 0,0004 0,5120 0,7105 <,0001 0,0120 0,2569 0,9083 Paleta L* 65,71±1,25 67,66±1,19 66,33±0,96 67,05±0,96 69,19±0,96 64,19±0,96 0,2614 0,4037 0,1683 <,0001 0,0908 0,0236 0,8228 Paleta a* 10,36±0,91 9,74±0,86 10,34±0,77 9,75±0,76 7,91±0,77 12,18±0,76 0,6238 0,5143 0,7516 <,0001 0,1739 0,3481 0,8956 Paleta b* 13,86±0,66 9,02±0,64 11,53±0,58 11,35±0,58 9,29±0,59 13,60±0,58 <,0001 0,8012 0,3731 <,0001 0,0270 0,0842 0,1841 1CS: condição sexual, FP: filme de polietileno, MOM: momento.

45

Tabela 5. Interação entre a condição sexual e o momento; o uso do filme de polietileno e o momento, na avaliação de cor da gordura das carcaças sem e com o uso do filme de polietileno

Condição Sexual x Momento Momento Novilhos Touros

Coxão b* Antes 11,66±0,60Ba 8,75±0,58Bb

Depois 13,41±0,60Aa 12,65±0,58Aa

Contrafilé a* Antes 8,41±1,18Ba 7,38±1,14Aa

Depois 16,66±1,19Aa 9,36±1,13Ab

Contrafilé b* Antes 11,86±0,76Ba 8,87±0,73Ba

Depois 17,37±0,76Aa 10,56±0,73Ab

Ponta-de-agulha L* Antes 60,41±1,36Ab 64,14±1,30Ba

Depois 59,27±1,36Ab 69,00±1,30Aa Ponta-de-agulha a* Antes 5,99±1,14Ba 7,41±1,10Aa

Depois 12,72±1,13Aa 9,14±1,09Ab Ponta-de-agulha b* Antes 7,48±0,85Ba 6,16±0,86Ba

Depois 15,44±0,81Aa 10,18±0,79Ab Paleta b* Antes 10,91±0,84Ba 7,67±0,82Ba

Depois 16,81±0,84Aa 10,38±0,81Ab Filme de polietileno x Momento

Momento SEM COM Contrafilé L* Antes 66,45±1,02Aa 66,69±1,08Ba

Depois 64,66±1,08Ab 69,00±1,02Aa Paleta L* Antes 69,84±1,11Aa 68,53±1,18Aa

Depois 62,81±1,18Bb 65,56±1,11Ba Médias na mesma coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem entre si (P < 0,05). Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas diferentes diferem entre si (P < 0,05).

46

Tabela 6. Os valores médios da avaliação microbiológica de mesófilos, psicrotrófilos e Enterobacteriaceas, em meias-carcaças bovinas, de acordo com a condição sexual, sem e com o uso do filme de polietileno esticável

Parâmetro

CONDIÇÃO STRECH MOM P1

Novilhos Touros SEM COM Antes Depois CS FP CS X FP

MOM CS X

MOM

FP X

MOM

CSX FP

XMOM Mesófilos (UFC Log) 1,62±0,13 1,45±0,13 1,30±0,10 1,77±0,10 1,42±0,10 1,65±0,10 0,3493 <,0001 0,9273 0,0139 0,5484 0,0417 0,9510 Mesófilos (UFC Log/cm2) 1,84±0,13 1,66±0,13 1,52±0,10 1,99±0,10 1,64±0,10 1,86±0,10 0,3209 <,0001 0,9070 0,0170 0,5355 0,0321 0,9305 Psicrotrófilos (UFC Log) 0,81±0,14 0,91±0,14 0,70±0,11 1,02±0,11 0,72±0,11 0,99±0,11 0,6042 0,0019 0,6038 0,0041 0,0002 0,0909 0,7474 Psicrotrófilos (UFC Log/cm2) 0,99±0,15 1,07±0,15 0,86±0,12 1,20±0,12 0,88±0,12 1,19±0,12 0,6935 0,0018 0,6033 0,0026 0,0002 0,0809 0,8686 Enterobacteriaceas (UFC Log) 0,27±0,06 0,18±0,06 0,12±0,06 0,34±0,06 0,15±0,05 0,31±0,05 0,3010 0,0073 0,7129 0,0092 0,4909 0,0401 0,7172 Enterobacteriaceas (UFC Log/cm2) 0,37±0,072 0,25±0,07 0,18±0,07 0,45±0,07 0,24±0,06 0,38±0,06 0,2283 0,0040 0,6481 0,0385 0,3662 0,0271 0,6401 1CS: condição sexual, FP: filme de polietileno, MOM: momento.

47

Tabela 7. Interação entre o filme de polietileno esticável e o momento na avaliação do crescimento microbiológico de mesófilos e Enterobacteriacea

Condição sexual X Momento Momento Steers Bulls

Psicrotrófilos (UFC Log) Antes 0,49±0,15Bb 0,95±0,15Aa

Depois 1,13±0,15Aa 0,87±0,15Aa

Psicrotrófilos (UFC Log/cm2) Antes 0,64±0,16Bb 1,12±0,16Aa

Depois 1,34±0,16Aa 1,03±0,16Aa Filme de Polietileno X Momento

Momento Sem Com

Mesófilos (UFC Log) Antes 1,28±0,12Ab 1,56±0,12Ba

Depois 1,32±0,12Ab 1,98±0,12Aa

Mesófilos (UFC Log/cm2) Antes 1,50±0,12Aa 1,77±0,12Ba

Depois 1,53±0,12Ab 2,20±0,12Aa

Enterobacteriaceas (UFC Log) Antes 0,10±0,07Aa 0,20±0,07Ba

Depois 0,13±0,07Ab 0,48±0,07Aa

Enterobacteriaceas (UFC Log/cm2) Antes 0,18±0,08Aa 0,30±0,08Ba

Depois 0,17±0,08Ab 0,60±0,08Aa Médias na mesma coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem entre si (P < 0,05). Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas diferentes diferem entre si (P < 0,05).

48

ANEXO

Solicitação de Submetição ao Periódico Meat Science

49

50