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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Exatas/Departamento de Química Virgínia Salete Cotta Pereira ESTUDO DA ESTABILIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS DO CERRADO ( MACAÚBA E PEQUI) VIA ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO MATÉRIA PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS Belo Horizonte, MG 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de …sicbolsas.anp.gov.br/sicbolsas/Uploads/TrabalhosFinais/2010.3978-0/... · incentivo, o Governo de Minas Gerais regulamentou a

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Exatas/Departamento de Química

Virgínia Salete Cotta Pereira

ESTUDO DA ESTABILIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS DO CERRADO (

MACAÚBA E PEQUI) VIA ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO MATÉRIA

PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS

Belo Horizonte, MG

2013

Virgínia Salete Cotta Pereira

ESTUDO DA ESTABILIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS DO CERRADO (

MACAÚBA E PEQUI) VIA ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO MATÉRIA

PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado a Universidade Federal de

Minas Gerais como requisito parcial para

obtenção de título de bacharel em Química

Orientadora: Camila Nunes Costa

Corgozinho

Belo Horizonte, MG

2013

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por mais essa vitória nesta vida cheia de batalhas.

Aos meus pais, Walter e Alminda, por sempre estarem presentes em minha vida e torcendo por mim. A minha irmã, Verônica pelo apoio incondicional.

À Universidade Federal de Minas Gerais e o Departamento de Química pela estrutura de qualidade oferecida a seus alunos.

Aos colaboradores do Laboratório de Ensaios Combustíveis pela amizade e bom profissionalismo. A professora Vânya Pasa pelo empenho na busca de conhecimento.

À professora Camila Corgozinho pela orientação e amizade.

À Rafa, Franciane e Carol por tudo que passamos e pela amizade.

Aos amigos do PRH 46, pelos momentos felizes no laboratório.

À Soninha, Rosângela e Mirra pela ajuda especial nos ensaios.

À Universidade Federal de Viçosa na pessoa do professor Luiz Claudio e do Sr. José Luiz pelos ensaios de pirólise.

À professora Maria Irene pelos ensaios de termogravimetria.

Ao apoio financeiro da FINEP, FAPEMIG e ANP, por meio do PRH 46 – Programa de Formação em Recursos Humanos em Biocombustíveis.

Muito Obrigada!!!

“...senão para contemplar a beleza da harmonia, não valeria a pena dedicar-se à ciência”.

Henri Poincaré

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 6

1.1 Óleo Vegetal.............................................................................................. 7 1.2 Macaúba.................................................................................................... 7 1.3 Pequi.......................................................................................................... 9 1.4 Processos Oxidativos............................................................................ 11 1.4.1 Hidrólise.............................................................................................. 11 1.4.2 Oxidação............................................................................................. 12 1.5 Antioxidantes.......................................................................................... 13 1.5.1 BHT...................................................................................................... 14 1.5.2 Piche Vegetal...................................................................................... 14 1.6 Biodiesel.................................................................................................. 15

2 OBJETIVOS............................................................................................. 16

3 METODOLOGIA....................................................................................... 17

3.1 Preparo de Amostras............................................................................. 17 3.2 Ensaios.................................................................................................... 17 3.2.1 Densidade........................................................................................... 17 3.2.2 Índice de Acidez................................................................................. 18 3.2.3 Infravermelho..................................................................................... 18 3.2.4 Termogravimetria............................................................................... 20 3.2.5 Pirólise................................................................................................ 20 3.2.6 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência........................................ 21 3.2.7 Rancimat............................................................................................. 22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 23

4.1 Rancimat.................................................................................................. 23 4.2 Cor............................................................................................................ 25 4.3 Densidade................................................................................................ 26 4.4 Índice de Acidez...................................................................................... 27 4.5 Infravermelho.......................................................................................... 29 4.6 Termogravimetria................................................................................... 34 4.7 Pirólise..................................................................................................... 39 4.8 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência............................................. 40

5 CONCLUSÕES........................................................................................ 44

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 44

7 ANEXOS................................................................................................... 48

6

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o cenário traçado pelo Instituto Internacional de Economia,

haverá um aumento de 1,7% ao ano na demanda de energia mundial, o que

equivale a um consumo de 15,3 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo por

ano (EMBRAPA, 2006). Assim como em outros países, o Brasil também reúne

esforços para reduzir a dependência do petróleo. Em 2005, através da Lei n° 11.097

(BRASIL, 2005), foi introduzido o biodiesel na matriz energética brasileira, tornado

obrigatória a adição do biodiesel ao óleo diesel automotivo. Neste sentido, o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento elaborou, em 2006, o Plano

Nacional de Agroenergia que tem como diretrizes gerais a implantação da cadeia

produtiva do biodiesel, a utilização de matérias primas que não prejudiquem a

produção de alimentos e a geração de emprego e renda no campo.

Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP) foram produzidos cerca de 2.700.000 m3 de biodiesel no ano

de 2012 . Aproximadamente 96% desse biodiesel são derivados de apenas três

fontes: óleo de soja (71,63%), sebo bovino (20,88%) e óleo de algodão (4,61%)

(ANP, 2012).Estudos mostram que a produtividade de óleo a partir da soja é baixa e

levando-se em consideração o aumento da demanda para a produção de

biocombustíveis, oleaginosas como a macaúba, o pinhão-manso, o nabo forrageiro,

o pequi, entre outros, são potenciais matérias primas para suprir essa necessidade

(SUAREZ, 2009). A tabela 1 relaciona a área plantada para a produção de 1.000

toneladas de óleo de algumas oleaginosas (ACROTECH).

Tabela 1- Rendimento anual e produtividade de óleo de algumas

oleaginosas

Espécie Oleaginosa Rendimento anual de óleo (Kg/Há) Hectares para 1.000 ton de óleo

Soja 500 2.000

Mamona 525 1.900

Girassol 800 1.240

Pinhão Manso 1.800 560

Macaúba 5.000 200 FONTE: Acrotech

7

1.1 Óleo Vegetal

Os óleos e gorduras vegetais podem ser definidos como: “produtos

constituídos principalmente de glicerídeos de ácidos graxos de espécies vegetais.

Podem conter pequenas quantidades de outros lipídeos como fosfolipídeos,

constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo

ou na gordura (Figura 1).” (ANVISA, 2013).

Figura 1: Estrutura do triacilglicerídeo

Cada espécie oleaginosa apresentará composição química e grau de

instauração diferentes dependo do grupo R contido na molécula. Este grupo é

originado de um ácido graxo.

1.2 Macaúba

A macaúba (Acrocomia aculeata) é nativa das florestas tropicais, e no estado

de Minas Gerais ocorrem grandes populações de macaúba apontadas como

economicamente promissoras (BHERING). Visando instituir uma política estadual de

incentivo, o Governo de Minas Gerais regulamentou a Lei n°19.485/2011 – Pró-

Macaúba, que apresenta uma política de fomento a criação de mecanismos para

que as comunidades organizadas em cooperativa ou outra forma associativa,

possam utilizar as áreas de reserva legal existentes em suas propriedades para a

coleta de frutos da macaúba e das demais palmeiras oleaginosas (MINAS GERAIS,

2011).

A palmeira bastante resistente a secas e queimadas, figura 2, pode atingir até

15 metros de altura com frutos esféricos com diâmetro variável entre 3,5 a 5

centímetros. Dependendo das condições climáticas e do solo, a macaúba pode

8

apresentar a frutificação plena em 4 anos. A palmeira tem potencial para produzir 25

mil kg/ha de frutos/ano ou 6.200 kg de óleo por hectare, considerando uma

produtividade de 50 kg/planta/ano (WANDECK, 1988)

Figura 2: Palmeira da macaúba

Em média a composição do fruto de macaúba, em peso, é epicarpo 21%,

mesocarpo 38%, endocarpo 34% e amêndoa 7%. Figura 3.

Figura 3: Composição do fruto da macaúba

Cada parte do fruto apresenta uma composição própria de ácidos graxos,

ilustrada na tabela 2, que é um fator importante para definir as potencialidades de

cada região do fruto.

Tabela 2 – Composição em ácidos graxos livres- Macaúba

Ácidos Graxos Composição em ácidos graxos livres (%)

Macaúba(frutos)

Casca Polpa Amêndoa

Ácido Caprílico - - 6,2

9

Ácido Cáprico - - 5,3

Ácido Láurico - - 43,6

Ácido Mirístico - - 8,5

Ácido Palmítico 24,6 18,7 5,3

Ácido Palmitoléico 6,2 4,0 -

Ácido Esteárico 5,1 2,8 2,4

Ácido Oleico 51,5 53,4 25,5

Ácido Linoleico 11,3 17,7 3,3

Ácido Linolênico 1,3 1,5 -

Ácido Saturados 29,7 21,5 71,2

Ácido Insaturados 70,3 78,5 28,8 Fonte: BRASIL, 1985

O fruto pode ser consumido in natura. Entretanto, óleo contido nele apresenta

diversas utilidades. O óleo extraído da polpa, com maior potencial para a fabricação

de biodiesel, é constituído, principalmente por ácido oleico (53,2%) e palmítico

(18,7%) e tem boas características para o processamento industrial. Outra

característica importante é o acentuado percentual de ácidos insaturados que

evidencia sua alta qualidade para fins comestíveis. O elevado teor de ácido láurico,

contido na amêndoa, agrega valor no mercado de margarinas e sabonetes (BRASIL,

1985).

1.3 Pequi

O pequizeiro (Caryocar brasilienses), figura 4, ocorre amplamente pelo

território brasileiro uma vez que o país é o centro de dispersão do gênero Caryocar.

A espécie pode ser encontrada do Amazonas a São Paulo, incluindo Pará,

Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Minas

Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. Estimativas mostram que, para um hectare, são

produzidas cerca de 3,7 toneladas de pequi com um rendimento de 30% de óleo,

equivalendo a 1.100 kg de óleo, aproximadamente, por safra (OLIVEIRA, 2008).

Figura 4: Pequizeiro

10

Os frutos do pequizeiro (figura 5) são muito ricos em óleo, proteínas e

carotenoides, a polpa fornece teores de óleo de 61,79% e amêndoa 42,2%.

Figura 5: Componentes do fruto de pequi

O óleo proveniente do pequi apresenta qualidade elevada devido à alta

concentração dos ácidos oleico e palmítico, 54% e 34% respectivamente, como

mostra a tabela 3 (VISCONDE).

Tabela 3 – Composição em ácidos graxos livres-Pequi

Ácidos Graxos Composição em ácidos graxos livres (%)

Pequi(frutos)

Casca Polpa Amêndoa

Ácido Palmítico 34,0 34,4 32,0

Ácido Palmitoléico 1,6 2,1 1,3

Ácido Esteárico 3,7 1,8 2,1

Ácido Oleico 54,3 57,4 56,3

Ácido Linoleico 4,2 2,8 7,2

Ácido Linolênico 1,8 1,0 0,3

Ácido Saturados 37,7 36,2 34,1

Ácido Insaturados 62,3 63,8 65,9 Fonte: Brasil, 1985.

A utilização do pequi apresenta-se de forma bastante abrangente. A polpa é

usada na fabricação de geleias, doces e ração. O óleo é muito empregado na

culinária, na indústria de cosméticos, de limpeza, e na indústria de fármacos

(BRASIL, 1985). Recentemente, estudos estão sendo realizados para a utilização do

11

óleo da polpa de pequi para a produção de biodiesel como alta taxa de conversão e

dentro das especificações da ANP (BARRETO, 2010).

1.4 Processos Oxidativos

Os óleos vegetais podem sofrer transformações químicas que causam a sua

degradação. Os processos oxidativos podem ocorrer durante o processamento,

armazenamento ou pelo estresse térmico.

Segundo Hellin e Rueda (HELLÍN, 1984), as modificações nos óleos e

gorduras podem ser classificadas como:

a) auto-oxidação: oxidação que ocorre a temperatura abaixo de 100°C;

b) polimerização térmica: oxidação que ocorre a temperaturas que variam

entre 200 e 300°C, na ausência de oxigênio;

c) oxidação térmica: oxidação que ocorre na presença de oxigênio a altas

temperaturas (oxipolimerização);

d) modificações físicas: modificações que ocorrem nas propriedades

físicas;

e) modificações nutricionais: modificações nos aspectos fisiológicos e

nutricionais dos óleos;

f) modificações químicas, que podem ser classificadas como:

• hidrólise dos triacilgliceróis: resulta na liberação de ácidos

graxos, glicerina, mono e diglicerídeos;

• polimerização: extensa condensação de monômeros de ácidos

graxos polinsaturados a altas temperaturas por períodos

prolongados;

• oxidação: ocorre nos ácidos graxos com ligações duplas.

Dentre as formas citadas, a deterioração dos óleos vegetais ocorrem por

hidrólise e oxidação, sendo a última a mais frequente.

1.4.1 Hidrólise

12

A hidrólise é uma reação química de quebra da molécula devido a presença

de água levando a formação de ácidos graxos (figura 6), ocorrendo principalmente

devido a condições ruins de acondicionamento.

Figura 6: Mecanismo de hidrólise de óleos vegetais

1.4.2 Oxidação

Existem três processos de oxidação, que podem ocorrer por via enzimática

(oxidação enzimática) ou por via não enzimática (autoxidação e fotoxidação)

a) Oxidação enzimática: o peróxido é formado pela reação dos ácidos

graxos com oxigênio numa reação catalisada pela enzima

lipoxigenase.

b) Autoxidação: é uma das principais causas de deterioração dos óleos

vegetais. Ocorre devido a reação dos ácidos graxos insaturados com o

oxigênio atmosférico, num mecanismo complexo, indicado pela figura 7. A

iniciação é caracterizada pela formação de radicais livres devido à

remoção do hidrogênio que está no carbono α-metilênico, ou seja, vizinho

ao carbono que contém a dupla ligação. O radical livre formado fica

suscetível ao ataque do oxigênio atmosférico formando-se assim, o radical

peróxido livre e novos radicais, caracterizando-se o processo de

propagação que pode se repetir uma infinidade de vezes. Os peróxidos

podem se decompor em aldeídos, álcoois, epóxidos, polímeros,

hidrocarbonetos e cetonas. Simultaneamente a essas reações ocorre a

etapa de terminação em que os compostos radicalares reagem entre si

para formarem compostos não reativos, ou seja, estáveis.

13

Figura 7: Esquema geral da oxidação lipídica

c) Fotoxidação: é um mecanismo alternativo à formação de radicais livres.

Consiste na oxidação dos ácidos graxos insaturados devido a presença

de luz e a disponibilidade de oxigênio. A fotoxidação pode ocorrer por

dois mecanismos diferentes. O tipo I, em que ocorre a reação com

substratos orgânicos com a formação dos radicais em baixas

concentrações de oxigênio. E o tipo II, ocorre reação com o oxigênio

molecular para a formação do oxigênio singleto (1O2) que se adiciona

diretamente aos ácidos graxos insaturados.

1.5 Antioxidantes

Os antioxidantes são compostos capazes de inibir a oxidação de outras

moléculas, retardando o processo de oxidação, diminuindo a velocidade de reação

ou aumentando o período de indução. Isso ocorre pois os antioxidantes interrompem

as reações em cadeia eliminando os radicais livres através da sua própria oxidação.

Os antioxidantes podem ser classificados, de acordo com o seu mecanismo de

ação, em primários, sinergistas, removedores de oxigênio, biológicos, agentes

quelantes e antioxidantes mistos.

14

Os antioxidantes também podem ser classificados quanto a sua natureza, em

naturais ou sintéticos. Entre os antioxidantes naturais mais usados podemos citar os

tocoferóis e ácidos fenólicos. BHA, BHT, TBHQ são os antioxidantes sintéticos mais

utilizados e piche vegetal que vem sendo estudado como um potencial substituto

dos antioxidantes convencionais.

1.5.1 BHT

O di-terc-butil metil fenol (Butylated hydroxytoluene) figura 8, é um composto

orgânico lipossolúvel usado como aditivo alimentar, conservante para cosméticos,

remédios, combustível, entre outros.

Figura 8: Estrutura do BHT

A estrutura fenólica do composto permite a doação de um próton ao radical

livre regenerando a molécula de acilglicerol e interrompendo o mecanismo de

oxidação. O composto se tornará um radical livre, entretanto ele se estabiliza sem

promover ou propagar as reações de oxidação (RAMALHO, 2006).

1.5.2 Piche vegetal

O piche vegetal, também denominado piche de eucalipto, é obtido como

subproduto da carbonização da madeira de eucalipto. Considerando que 20% do

parque industrial siderurgico instalado é a base de tecnologia do carvão vegetal, o

piche de eucalipto com abundância potencial.

O piche de eucalipto, figura 9, apresenta cor escura, e é um oligômero

formado por unidades de cresóis, fenóis e siringóis. Possui um alto conteúdo de

oxigênio devido a presença de hidroxilas, carbonilas e metoxilas (PIMENTA, 1997).

Assim, esse composto apresenta um grande potencial de ação antioxidante.

15

Figura 9 : Estrutura macromolecular simplificada do piche de alcatrão de Eucalyptus sp

1.6 Biodiesel

Para que um composto seja usado em conjunto com outro é necessário que

eles apresentem características semelhantes. No caso dos motores a diesel, o uso

direto de óleo vegetal pode acarretar em incrustações no motor devido a combustão

incompleta. Ou seja, para a utilização de um composto misturado ao diesel é

necessário que esse tenha características próximas ao do combustível fóssil. A alta

viscosidade e a formação de goma são os principais problemas encontrados para

adição direta de óleos vegetais ao diesel (SHARMA, 2008). Quando o óleo passa

pelo processo de transesterificação ocorre uma diminuição da viscosidade e suas

propriedades ficam mais próximas àquelas do diesel.

De acordo com a Resolução ANP Nº 7 de 19/3/2008 (ANP, 2008), o biodiesel é

um combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa,

16

derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais que deve atender à

especificação contida no Regulamento Técnico (ANP, 2008).

O biodiesel é obtido através da reação de transesterificação, que é a reação

entre um éster e um álcool na presença de um catalisador ácido ou básico (figura

10).

Figura 10: Reação de transesterificação

A transesterificação utilizando catalisadores básicos é cerca de 4000 vezes

mais rápida do que a catálise ácida. Entretanto, a transesterificação ácida é muito

mais apropriada para óleos com maiores teores de ácido graxos livres e água.

A presença de umidade no meio reacional é prejudicial no desenvolvimento

da transesterificação, bem como os ácidos graxos e fosfolipídios pois pode ocorrer a

reação de saponificação, reação paralela, levando a formação de sabão (FUKUDA,

2001). Assim, o monitoramento da matéria-prima é essencial para a obtenção de

altas taxas de conversão bem como a produção de um biodiesel de qualidade

elevada.

2 OBJETIVO

Considerando o cenário de busca por fontes alternativas de energia e a

possibilidade de se produzir biodiesel a partir de diferentes oleaginosas, este

trabalho está relacionado à caracterização e ao estudo da estabilidade oxidativa dos

óleos de pequi e de macaúba, frutos provenientes do cerrado. De forma mais

específica, o objetivo é caracterizar os óleos de pequi e da polpa de macaúba, antes

e após envelhecimento acelerado. Os resultados poderão contribuir para uma

17

proposta de melhoria no processo de estocagem e consequentemente, na qualidade

do óleo que será destinado à produção de biodiesel.

3 METODOLOGIA

3.1 Preparo de amostras

As amostras de óleo de pequi foram obtidas em diferentes cidades na região

de Montes Claros/MG e as de óleo de macaúba foram cedidas pela Universidade

Federal de Viçosa- UFV. As amostras foram, inicialmente, submetidas aos ensaios

de índice de acidez (ASTM 664), para verificar se elas atendiam aos parâmetros

como matéria prima para biodiesel. Em seguida, os sistemas de estocagem foram

montados: adicionou-se cada tipo de óleo (pequi e macaúba) em três frascos âmbar,

sendo um com piche vegetal, outro com BHT e outro sem nenhum tipo de

antioxidante. As amostras foram preparadas para que a concentração de aditivo

fosse de 1000 ppm. Para facilitar a dissolução do aditivo, os mesmos foram

triturados e solubilizados na mínima quantidade de acetona. Totalizando-se seis

sistemas, que ficaram estocados na geladeira até o momento de realização dos

ensaios.

3.2 Ensaios

Os ensaios foram realizados antes e depois do processo de envelhecimento.

Foram feitos ensaios de Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de

Fourier (FTIR), Termogravimetria (TG), Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

(HPLC), Acidez, Densidade, Pirólise acoplada à Espectrometria de Massas (PY-MS)

e Estabilidade Oxidativa (Rancimat).

O fluxograma 1 resume a metodologia adotada.

Fluxograma 1: Metodologia

18

3.2.1 Densidade

O ensaio de densidade foi realizado de acordo com a ASTM D4052 utilizando

um densímetro digital Anton Paar modelo DMA 4500. Figura 11.

Figura 11: Densímetro digital

3.2.2 Índice de Acidez

O índice de acidez foi determinado por titulação volumétrica, como ilustra a

figura 12. Para a determinação foram pesadas, em duplicata, 2 g de óleo de cada

amostra, em frasco Erlenmeyer 125 mL. Adicionou-se 25 mL de solução éter de

petróleo-álcool etílico (2:1) e logo após, duas gotas do indicador fenolftaleína. As

amostras foram tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,01 mol/L até o

aparecimento de coloração vermelha. Foi feito um branco com a solução éter-álcool

e o volume de titulante foi subtraído do volume gasto na titulação das amostras.

19

Figura 12: Montagem para realização do ensaio de índice de acidez

3.2.3 Infravermelho

A espectroscopia no infravermelho está baseada no fato de que as ligações

químicas das substâncias possuem frequências de vibração específicas, sendo

possível então, identificar os compostos. Neste trabalho foi utilizado um

espectrômetro no infravermelho médio ABB Bomem MB Series (figura 13).Os

espectros foram gerados numa faixa de 500 a 4.000 cm-1 por meio de um analisador

no infravermelho com transformada de Fourier. Foi empregado um acessório de

cristal de diamante da marca Thermo Spectra Tech. O aparelho operou com

temperatura ao redor de 18°C, cada espectro foi obtido com 16 varreduras e

resolução de 4 cm-1.

Figura 13: Espectrômetro de Infravermelho

20

3.2.4 Termogravimetria

A termogravimetria é uma técnica de análise destrutiva na qual se monitora a

variação da massa da amostra em função da temperatura. O gráfico da figura 14

mostra a curva TG característica de uma reação de um único estágio.

Figura 14: Curva TG para reação em um único estágio

A análise foi realizada da temperatura ambiente até 700°C numa razão de

aquecimento de 12°C/min em atmosfera de nitrogênio na Termobalança TGA50H-

Shimadzu, utilizando-se como porta amostras um cadinho de alumina.

3.2.5 Pirólise

A pirólise é uma técnica de caracterização por reações de degradação

química através de energia térmica. A degradação de macromoléculas produzem

uma série complexa de moléculas menores, fazendo-se necessário o uso de

técnicas hifenadas. A Cromatografia Gasosa é utilizada para separar os compostos

e com a Espectrometria de Massas é possível identifica-los (SILVÉRIO, 2008).

Figuras 15 e 16.

21

Figura 15: Esquema do sistema Pi-CG-EM Figura 16: Sistema Pi-CG-EM

A pirólise das amostras foi realizada em um pirolisador do tipo microforno da

Shimadzu, modelo Pyr A-4 acoplado a um cromatógrafo a gás associado a uma

espectrômetro de massas (CG/EM) Shimadzu, modelo PQ5050A com modo de

ionização por impacto de elétrons de 70eV e faixa de varredura entre 40 e 800

u.m.a.

Para os óleos foi adotada a seguinte metodologia: foi pesado cerca de 10 mg

do óleo e dissolvido em 1,0 mL de diclorometano, desta solução foi retirado 10 µL e

colocado no cadinho, posteriormente o cadinho foi aquecido para a evaporação do

diclorometano. Em seguida a amostra foi pirolisada. Para que não haja influência

nos resultados foram obtidos os pirogramas dos aditivos (BHT e Piche)

separadamente.

Os espectros de massas obtidos foram comparados com uma base de dados

eletrônica.

3.2.6 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

A cromatografia líquida é uma técnica de separação muito importante para

compostos que não são suficientemente voláteis para serem separados por

cromatografia gasosa. A cromatografia líquida de alta eficiência usa pressões

elevadas para forçar a passagem do solvente por colunas fechadas que contém

partículas muito finas que são capazes de tornar a separação muito mais eficiente.

22

Utilizou-se uma coluna CLC-ODS(M) com comprimento de 25 cm, com

diâmetro de 4,6 mm e com partículas de 5 µm e também um cromatográfo a líquido

da marca Shimadzu acoplado com detector UV-Vis(DAD) SPD-M20A e com detector

ELSD –LTII. Empregou-se um gradiente de eluição usando como eluentes o metanol

– reservatório A – e uma mistura 5:4 v/v de 2-propanol e hexano – reservatório B.

Um gradiente linear iniciando com 100% de A para 50% de A + 50% de B em 15

minutos foi empregado. Posteriormente, o percentual de fase B foi aumentado para

100% em 20 minutos. E realizou-se uma eluição isocrática com 100% de B por 3

minutos. O cromatógrafo líquido utilizado está indicado na figura 17.

Figura 17: Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência

3.2.7 Rancimat

O método Rancimat é utilizado para determinar a estabilidade oxidativa

baseado no aumento de condutividade elétrica. O fluxo de ar passa através do óleo,

que é mantido sob aquecimento em temperatura que varia entre 100 a 140°C.

Posteriormente, esse ar é borbulhado em água deionizada, arrastando os ácidos

carboxílicos voláteis, gerados na oxidação, que solubilizam, aumentando a

condutividade da água. Este aumento é continuamente monitorado por um

condutivímetro (MELO, 2010). O período de indução, em horas, é registrado quando

a condutividade sofre uma variação brusca. O esquema de funcionamento do

Rancimat está ilustrado pela figura 18.

23

Figura 18 : Esquema de funcionamento do Rancimat

Para o ensaio de período de indução e envelhecimento dos óleos utilizou-se o

RANCIMAT modelo 837 da Metrohn (figura 19) com software 837 Biodiesel

Rancimat Control.

Figura 19 : Rancimat modelo 837

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras de óleo de macaúba e pequi foram envelhecidas no Rancimat para

a avaliação do comportamento das mesmas antes e após o processo oxidativo. Os

resultados serão discutidos a seguir.

4.1 Rancimat

O ensaio de estabilidade oxidativa (Rancimat) foi realizado para envelhecer

aceleradamente as amostras e também, para avaliar seu período de indução. Pode-

24

se observar pela tabela 4 e figura 20, que as amostras atenderam a especificação

da ANP, que determina um período de indução mínimo de 6 horas (EN 14112,

2003).

Analisando-se os resultados dos óleos puros, pode-se observar a maior

estabilidade das amostras de óleo de pequi em relação às amostras de óleo de

macaúba. Este comportamento pode ser atribuído à maior porcentagem de ácidos

graxos saturados no óleo de pequi (Tabela 2), que são mais estáveis em relação aos

insaturados.

Quanto às amostras que continham antioxidantes, pode-se verificar a eficiência

dos mesmos, uma vez que aumentaram o período de indução das amostras

aproximadamente 2 vezes. Ou seja, as amostras ficaram mais resistentes à

oxidação. Destaca-se a amostra de pequi aditivada com piche, para a qual a

combinação do antioxidante com óleo estável gerou um período de indução de mais

de 72 horas, um aumento de 4 vezes com relação à amostra pura.

É importante ressaltar que as amostras foram envelhecidas no Rancimat até o

período de indução, ou seja, todas foram mantidas sob condições oxidantes até a

saída dos compostos voláteis formados por oxidação.

Tabela 4 – Resultados do Rancimat para os óleos de macaúba e pequi

25

Figura 20: Ensaio de estabilidade oxidativa (Rancimat) para as amostras estudadas

4.2 Cor

As amostras de óleo de macaúba e pequi apresentaram cores características

(amarelado e alaranjado, respectivamente) antes do processo de envelhecimento.

Entretanto, após a oxidação observou-se que as mesmas mudaram de cor, como

está indicado na figura 21.

Figura 21: Amostras de óleo de macaúba e pequi antes e depois do envelhecimento

Segundo Godoy e colaboradores a coloração apresentada pelos óleos está

relacionada à presença de pigmentos carotenóides (GODOY, 1994).

Os carotenóides são moléculas que contêm 40 átomos de carbono, com um

número variável de duplas ligações conjugadas (UENOJ, 2007). A figura 22

exemplifica alguns tipos de carotenóides.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

sem aditivo BHT Piche

Ho

ras

Rancimat

Macaúba

Pequi

26

Figura 22: Estrutura de alguns carotenoides. FONTE: InfoEscola

Ndjouenkeu e Ngassoum observaram em seus estudos com óleo de palma que,

o processo de aquecimento pode levar ao clareamento do óleo, devido à destruição

dos carotenóides (NDJOUENKEU, 2002). Portanto, ao serem submetidos ao

aquecimento, durante o ensaio de estabilidade oxidativa, a mudança na cor dos

óleos pode estar relacionada à quebra dos carotenóides por decomposição térmica.

4.3 Densidade

Devido aos processos oxidativos, principalmente ao processo de polimerização,

esperava-se que houvesse um aumento na densidade dos óleos.

De acordo com a tabela 5 e figura 23 , este comportamento foi observado em

ambos os óleos. O aumento da densidade pode ser justificado pela perda por

evaporação dos compostos mais voláteis e pela formação de compostos de maior

massa molar, durante o processo de oxidação.

27

Considerando-se que os antioxidantes previnem a oxidação, seria possível

esperar que as amostras de óleos aditivados tivessem menor variação da

densidade. Entretanto essa tendência não foi observada, pois todas as amostras

foram envelhecidas até o ponto máximo, no Rancimat.

Tabela 5 – Densidade para os óleos de macaúba e pequi antes e depois do

envelhecimento

Figura 23: Densidade a 20°C dos óleos de (a) macaúba e (b) pequi antes e após o

envelhecimento

Uma forma de acompanhar a evolução da formação dos produtos de

degradação seria repetir o experimento no Rancimat, recolhendo alíquotas em

intervalos de tempo regulares e determinar a densidade e a massa molar média das

amostras. Entretanto não houve tempo hábil para a inclusão destes resultados.

4.4 Índice de Acidez

Os valores obtidos para o índice de acidez em %m/m de ácido oléico antes do

processo de envelhecimento (tabela 6 e figura 24) foram abaixo de 1% em todas as

28

amostras, indicando que as mesmas são adequadas para a síntese de biodiesel por

catálise básica.

Após o envelhecimento, a acidez dos óleos aumentou aproximadamente 3,5

vezes para os óleos puros e com BHT e 4,0 vezes para os óleos com piche. De fato,

esperava-se um aumento da acidez, uma vez que, ao longo do processo de

oxidação são formados ácidos graxos devido à reação de hidrólise (figura 6). A

formação destes ácidos foi confirmada pela identificação através da espectrometria

de massas (vide item 4.7).

Tabela 6 – Índice de acidez para os óleos de macaúba e pequi antes e

depois do envelhecimento

Figura 24: Índice de acidez dos óleos de pequi e macaúba antes e após o envelhecimento

Entretanto, esperava-se que a acidez dos óleos aditivados com antioxidantes

aumentasse menos em relação aos óleos sem aditivo, o que não foi verificado. Mais

uma vez isso se justifica porque o processo oxidativo foi levado até o fim.

Os valores de acidez foram comparados estatisticamente, utilizando-se o teste T.

Esta ferramenta estatística é usada para comparar um grupo de medidas com outro,

29

a fim de decidir se eles são ou não “diferentes”. O teste T foi precedido de um teste

F para comparação das variâncias, conforme recomendado por Harris (HARRIS,

2005). Os valores de t calculado são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7- Comparação estatística utilizando –se teste T

Comparando-se os resultados de acidez dos óleos antes do envelhecimento, os

valores de t tabelado são menores que t calculado, então pode-se afirmar que os

valores de acidez são estatisticamente iguais. Assim, a presença dos antioxidantes

não alterou a acidez do óleo antes do envelhecimento. Fazendo-se análise

semelhante para os valores de acidez dos óleos após o envelhecimento, verifica-se

que os resultados são estatisticamente diferentes. Ou seja, mesmo em presença de

antioxidantes, ao final do processo de oxidação ocorre a formação dos ácidos

graxos.

4.5 Espectroscopia no Infravermelho

Observou-se que todos os espectros obtidos são semelhantes do ponto de

vista qualitativo e que apresentam bandas características de óleos vegetais, como

bandas de cadeias parafínicas e de ésteres. A figura 25 e a tabela 8 exemplificam a

designação das bandas.

* ttab (2 ; 0,05) = 2,77

30

Figura 25: Espectro no infravermelho para o óleo de macaúba antes e depois do

envelhecimento

Tabela 8 – Designação das banda de infravermelho

Segundo Silverstein e colaboradores (SILVERSTEIN, 2012), os alcanos

apresentam bandas características na região entre 3000 a 2700 cm-1. Na região

próxima a 3000 cm-1 está relacionada à deformação axial assimétrica, em que duas

ligações C-H se estendem enquanto a terceira se contrai, e também a deformação

simétrica. A deformação axial assimétrica e simétrica do grupo CH2 ocorrem em

número de onda um pouco mais baixo. Essas bandas confirmam a existência das

31

cadeias hidrocarbônicas dos triacilglicerídeos e dos ácidos graxos. Assim como a

banda de cadeia longa que foi observada na região de 700 cm-1, atribuída ao

movimento rocking associado à presença de quatro ou mais grupos CH2 (PAVIA,

2012).

Os ésteres, neste caso representados pelos triacilglicerídeos, apresentaram uma

banda forte na região entre 1750 e 1735 cm-1 devido ao estiramento C=O que é

também, característico da presença de ácidos carboxílicos, neste caso os ácidos

graxos. Além da deformação axial de C-O na região de 1200 cm-1.

Observando-se novamente a figura 25 pôde-se perceber o aparecimento ou

diminuição de algumas bandas (regiões marcadas em azul). A primeira banda na

região acima de 3000 cm-1 diminuiu com o processo de envelhecimento. Esta banda

está associada com o estiramento C-H de duplas não conjugadas, uma vez que com

o processo de oxidação as instaurações são quebradas e essa banda tende a

diminuir, como observado pelos resultados da espectroscopia de massas em que o

números de dienos e trienos diminuiu com o processo de envelhecimento. Já o

aparecimento de uma banda em torno de 900 cm-1 pode estar associada à

deformação angular fora do plano de O-H de ácido carboxílicos, considerando que

os processos oxidativos favoreceram a formação de ácidos graxos, esse aumento

pôde ser justificado.

Pode-se observar, pelas figuras 26 e 27, que a adição de aditivo não modificou

os grupos funcionais já existentes, e que as alterações nas bandas após o

envelhecimento foram as mesmas observadas para as amostras puras.

A banda em torno de 2300cm-1 está associada a presença de CO2 .

32

Figura 26: Espectros no Infravermelho das amostras do óleo de macaúba (a) sem aditivo, (b)

com BHT e (c) com piche

MACAÚBA

33

Figura 27: Espectros no infravermelho das amostras do óleo de pequi (a) sem aditivo, (b) com

BHT e (c) com piche

PEQUI

34

4.6 Termogravimetria

Através da curva termogravimétrica foi possível estudar o comportamento termo

oxidativo das amostras. Utilizando o método de extrapolação, indicado na figura 28,

foi possível determinar as temperaturas on e endset, ou seja, a temperatura máxima

de resistência à termo oxidação e a temperatura de máxima degradação,

respectivamente.

Figura 28: Método de extrapolação da curva termogravimétrica

Os dados da tabela 9 informam os valores encontrados para as amostras

analisadas.

Tabela 9 – Temperaturas on e endset para as amostras de óleo de macaúba

e pequi

A curva TG do óleo de macaúba sem aditivo antes do processo de

envelhecimento (tabela 9 e figura 29) apresentou estabilidade térmica até

aproximadamente 250°C. Observou-se que a perda de massa ocorreu em três

estágios: o primeiro até aproximadamente 350°C, com perda de massa de

aproximadamente 50% da massa da amostra inicial, o segundo até 435°C e o

terceiro, ocorrendo uma queda brusca até 438°C. Ao analisarmos a curva após o

35

envelhecimento, observou-se que o óleo apresentou maior temperatura de

estabilidade térmica, aproximadamente 100°C, ocorrendo uma pequena perda de

massa no início e, posteriormente uma perda maior de 95% em massa.

Figura 29: Curva (a) TG e (b) DTG para macaúba sem aditivo

Já a curva obtida para o óleo de macaúba aditivado com BTH (figura 30),

observou-se uma redução da estabilidade térmica de 250°C para 200°C.

(a)

(b)

36

Figura 30: Curva (a) TG e (b) DTG para macaúba com BHT

Já o óleo de pequi (figura 31) antes do envelhecimento apresentou uma

temperatura de estabilidade térmica de 339°C, maior em relação ao óleo de

macaúba. Este comportamento pode ser devido à maior estabilidade do óleo de

pequi.

É interessante ressaltar que o óleo de pequi após o envelhecimento apresentou

temperatura onset menor que o óleo de macaúba.

Para o óleo de pequi aditivado com BHT observou-se um aumento da

estabilidade térmica.

(a)

(b)

37

Figura 31: Curva (a) TG e (b) DTG para pequi sem aditivo

(a)

(b)

38

Figura 32: Curva (a) TG e (b) DTG para pequi com BHT

Observação: Os resultados dos óleos aditivados com piche vegetal não ficaram

prontos antes da entrega da versão final deste trabalho.

(a)

(b)

39

4.7 Pirólise

Os compostos identificados nos pirogramas obtidos foram identificados para as

amostras sem aditivos e estão apresentados nas tabelas 10, 11, 12 e 13 (em

anexo).

Para o óleo de macaúba sem aditivo antes do envelhecimento foram

identificados 26 compostos de um total de 75. Após o envelhecimento foram

identificados 16 compostos de um total de 95. Os resultados estão ilustrados na

figura 33.

Figura 33: Funções orgânicas identificadas para o óleo de macaúba sem aditivo

Observou-se que após o envelhecimento os dienos, trienos, outros alcenos e

alquinos foram, possivelmente, degradados, uma vez que as ligações insaturadas

são mais suscetíveis a quebra. O número de compostos pertencentes à classe dos

ácidos carboxílicos aumentaram, o que poderia ser uma consequência da formação

dos ácidos graxos livres.

Para o óleo de pequi sem aditivo antes do envelhecimento foram identificados 21

compostos de um total de 73. Após o envelhecimento foram identificados 20

compostos de um total de 95. Os resultados estão ilustrados na figura 34.

40

Figura 34: Funções orgânicas identificadas para o óleo de pequi sem aditivo

Após a análise da figura 34 observou-se a diminuição dos dienos, como

relatado para a amostra de macaúba, entretanto, houve um aumento nos alcenos

identificados. Este comportamento pode indicar que o óleo envelhecido apresenta

um mecanismo diferente de fragmentação em relação ao óleo não envelhecido.

4.8 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

Os cromatogramas obtidos por HLPC indicam que os constituintes eluíram em

até 25 minutos e as regiões características estão indicadas nas respectivas figuras.

Analisando-se os cromatogramas (figuras 35 e 36 ), pode se perceber que os

componentes em maior proporção são os triacilglicerídeos (TG), os diglicerídeos

(DG) e os monoglicerídeos (MG) e ácidos graxos livres (AGL), que são comuns a

todas as amostras e eluíram em 20, 12 e 4,5 minutos, respectivamente.

Após o envelhecimento, observa-se uma diminuição considerável nos picos

referentes aos trigacilglicerídeos e um aumento na região dos diglicerídeos,

monoglicerídeos e ácidos graxos livres devido aos processos de oxidação. Este

comportamento foi observado em todas as amostras de macaúba. Entretanto, a

formação de diglicerídeos, monoglicerídeos e ácidos graxos livres foi menor nas

amostras que foram aditivadas com antioxidantes, confirmando a eficiência dos

mesmos.

41

Esse comportamento não foi observado, entretanto, para as amostras de óleo de

pequi, possivelmente porque o ensaio de estabilidade oxidativa levou a amostra ao

máximo de degradação, não sendo influenciada, portanto pela adição ou não de

antioxidantes. Um forma de se obter uma melhor avaliação dos resultados seria

recolher alíquotas em tempos definidos no ensaio de Rancimat e refazer o ensaio de

HLPC para observar o comportamento das amostras.

42

Figura 35 : Cromatogramas das amostras do óleo de macaúba (a) sem aditivo, (b) com

BHT e (c) com piche

MACAÚBA

DG

(a)

(c)

(b)

43

Figura 36 : Cromatogramas das amostras do óleo de pequi (a) sem aditivo, (b) com BHT e

(c) com piche

PEQUI

(a)

(c)

(b)

44

5 CONCLUSÕES

Neste trabalho, estudou-se a estabilidade oxidativa dos óleos de macaúba e

pequi, caracterizando-se quanto às propriedades físico-químicas e composição dos

mesmos antes e depois do envelhecimento.

O processo de envelhecimento mudou a cor dos óleos, devido à quebra dos

compostos carotenoides presentes nos mesmos.

Os principais produtos da degradação dos óleos, obtidos por HLPC foram os

monoglicerídeos, diglicerídeos e os ácidos graxos.

A presença dos antioxidantes aumentou, como esperado, a estabilidade dos

óleos, destacando-se o óleo de pequi aditivado com piche vegetal que resultou em

elevada estabilidade oxidativa.

Considerando-se os resultados obtidos, o piche vegetal apresenta-se como um

potencial substituto do BHT, antioxidante normalmente utilizado para óleos.

O estudo da estabilidade se mostrou importante não só com o objetivo de avaliar

a qualidade da matéria-prima para biodiesel, mas também para servir de referência

para o uso dos óleos com fins cosméticos, alimentícios, entre outros, uma vez que o

tema é de grande importância para esse tipo de indústria.

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7 ANEXOS

Tabela 10 – Produtos da pirólise observados para o óleo de macaúba sem

aditivo antes do envelhecimento

Pico tR (min) Pico Base (m/z) Composto Classe MM Fórmula Molecular

1 1.169

NI

2 1.277

NI

3 1.383

NI

4 1.555 56 1-hexeno alqueno 84 C6H12 5 1.874 79 1,3,5 - hexatrieno trieno 80 C6H8

6 2.087 79 1-metil-1,3- Ciclopentadieno dieno 80 C6H8 7 2.168 79 1,3-ciclohexadieno dieno 79 C6H7

8 2.263 56 1-hepteno alqueno 98 C7H14 9 2.619 67 vinilciclopentano alcano 95 C7H11

10 2.813 81 2-heptino alquino 96 C7H12

11 2.974 81 3,4-heptadieno dieno 96 C7H12

12 3.122

NI

13 3.287 67 1,4,9-Decatrieno trieno 136 C10H16

14 3.387 55 3-metil-1-hepteno alqueno 112 C8H16 15 3.801

NI

16 3.943

NI

17 4.077

NI

18 4.131 81 3-metil-1,4-heptadieno dieno 110 C8H14 19 4.427

NI

20 4.479 54 1,6-heptadieno dieno 96 C7H12 21 4.585 55 1-noneno alqueno 126 C9H18 22 4.713 67 ciclocteno alqueno 110 C8H14 23 4.977

NI

24 5.093

NI

25 5.228

NI

26 5.578

NI

27 5.661 55 1-Deceno alqueno 140 C10H20 28 5.710

NI

29 5.933 67 1,6,11-Dodecatrieno trieno 164 C12H20 30 5.999

NI

31 6.281

NI

32 6.348

NI

33 6.418

NI

34 6.626 55 2-undeceno alqueno 154 C11H22 35 6.668

NI

36 6.743

NI

37 6.930 54 1,4-undecadieno dieno 152 C11H20 38 7.003

NI

39 7.067

NI

49

40 7.193

NI

41 7.268

NI

42 7.327

NI

43 7.501 55 5-dodeceno alqueno 168 C12H24 44 7.777

NI

45 7.883

NI

46 7.960

NI

47 8.018

NI

48 8.060

NI

49 8.135

NI

50 8.259

NI

51 8.299 55 2-Trideceno alqueno 182 C13H26 52 8.493

NI

53 8.685

NI

54 8.934

NI

55 9.047 55 4-Tetradeceno alqueno 196 C14H28 56 9.535

NI

57 9.593

NI

58 9.644

NI

59 9.744 55 trans-7-pentadecene alqueno 90 C5H30 60 9.788

NI

61 10.209

NI

62 10.309

NI

63 10.402 55 1-Tridecanol álcool 200 C13H28O 64 10.920

NI

65 10.958

NI

66 11.030 55 7-Hexadeceno alqueno 224 C16H32 67 11.068

NI

68 11.135

NI

69 11.202 55 Hexadecanal (Palmitaldeído) aldeído 240 C16H32O 70 11.506

NI

71 12.261

NI

72 13.175

Ácido dodecanóico ácido carboxílico 212 C13H24O2

73 14.044

NI

74 15.444

NI

75 16.871

NI

Tabela 11 – Produtos da pirólise observados para o óleo de pequi sem

aditivo antes do envelhecimento

Pico tR (min) Picos mais intensos Composto Classe MM Fórmula Molecular

1 0.434

NI

2 0.852 53/67 1,3-Butadieno dieno 68 C5H8 3 1.254

NI

4 1.371 56/69/84 2-penteno alqueno 70 C5H10 5 1.694 56 1-Hexeno alqueno 84 C6H12 6 2.027

NI

7 2.118

NI

8 2.273

NI

9 2.366

NI

10 2.446 56/70 1-Hepteno alqueno 98 C7H14 11 2.593

NI

12 2.813 54/67/96 vinilciclopentano alcano 96 C7H12 13 3.019

NI

50

14 3.181 67/81/96 3,4-Heptadieno dieno 96 C7H12 15 3.331

NI

16 3.490 54/67/79 1,7-Octadieno dieno 110 C8H14 17 3.593 55/70/83 3-Metil-1-hepteno alqueno 112 C8H16 18 4.016

NI

19 4.345

NI

20 4.452

NI

21 4.646 55/67/96 1,8-Nonadieno dieno 124 C9H16 22 4.695

NI

23 4.796 55/67/83 1-noneno alqueno 126 C9H18 24 4.937

NI

25 5.060

NI

26 5.183

NI

27 5.318

NI

28 5.450

NI

29 5.535

NI

30 5.618

NI

31 5.670

NI

32 5.821

NI

33 5.882 55/70/83 1-Deceno alqueno 140 C10H20 34 5.939

NI

35 6.024 54/68/79 Ácido 5-hexenóico ácido carboxílico 114 C6H10O2 36 6.166

NI

37 6.393

NI

38 6.511

NI

39 6.577

NI

40 6.649

NI

41 6.685

NI

42 6.760

NI

43 6.851

NI

44 6.893

NI

45 6.968

NI

46 7.156 55/69/83 1,4-Undecadieno dieno 152 C11H20 47 7.727

NI

48 8.009

NI

49 8.118

NI

50 8.252

NI

51 8.293

NI

52 8.493

4-Decen-1-ol álcool 156 C10H20O

53 8.530 55/69/196 5-Trideceno alqueno 196 C14H28 54 9.284

NI

55 9.777

NI

56 9.888

NI

57 9.985

NI

58 10.027

NI

59 10.553

NI

60 10.649 55/69/125 cis-7-Tetradecen-1-ol álcool 212 C14H28O 61 11.168

NI

62 11.203

NI

63 11.457 55/73/129 Hexadecanal (Palmitaldeído) aldeído 240 C16H32O 64 11.721 60/73 Ácido Tetradecanóico (Ácido Mirístico) ácido carboxílico 228 C14H28O2 65 12.531

NI

66 12.908 62 Ácido Hexadecanóico (Ácido Palmítico) ácido carboxílico 256 C16H32O2 67 13.027

NI

68 13.427 55/100/113 Ácido Octadecanóico (Ácido Esteárico) ácido carboxílico 324 C21H40O2 69 13.518

NI

51

70 13.840 55/69/254 Ácido cis-9-octadecenóico (Ácido Oléico) ácido carboxílico 282 C18H34O2 71 14.303

NI

72 14.402

NI

73 15.130

NI

Tabela 12 – Produtos da pirólise observados para o óleo de macaúba sem

aditivo depois do envelhecimento

Pico

tR (min)

Pico Base (m/z)

Composto Classe MM Fórmula

Molecular

1 0.702

NI

2 1.537 55 2-metil- 2 -butenal aldeído 84 C5H8O

3 1.752 55 1-hexanol álcool 102 C6H14O

4 2.325

NI

5 2.507 55 1-hepteno alqueno 98 C7H14

6 2.876 67 vinilciclopenteno alqueno 96 C7H12

7 3.084

NI

8 3.389

NI

9 3.645 55 1-octeno alqueno 112 C8H16

10 4.048

NI

11 4.218

NI

12 4.386

NI

13 5.568

NI

14 5.668

NI

15 5.915 55 1-deceno alqueno 140 C10H20

16 5.978

NI

17 6.202

NI

18 6.440

NI

19 6.612

NI

20 6.880

NI

21 6.985 55 1-undeceno alqueno 154 C11H22

22 7.184 54 1,4-undecadieno dieno 152 C11H20

23 7.420

NI

24 7.521 68 2,4-dodecadieno dieno 166 C12H22

25 7.680 55 1-dodeceno alqueno 168 C12H24

26 8.135

NI

27 8.265

NI

28 8.385

NI

29 8.515

NI

30 8.697

NI

31 8.750

NI

32 8.917

NI

33 9.304 55 tetradeceno alqueno 196 C14H28

52

Tabela 13 – Produtos da pirólise observados para o óleo de pequi sem aditivo

depois do envelhecimento

Pico tR (min) Pico Base (m/z) Composto Classe MM Fórmula Molecular

1 1.321

NI

2 1.412

NI

3 1.528

NI

4 1.758 55 1-hexanol álcool 102 C6H14O

5 2.135

NI

6 2.313

NI

7 2.376

NI

8 2.393

NI

9 2.495 55 1-hepteno alqueno 98 C7H14

34 9.522

NI

35 9.803

NI

36 10.005 55 1-pentadeceno alqueno 210 C15H30

37 10.578

NI

38 10.768

NI

39 10.902

NI

40 11.186

NI

41 11.469

NI

42 12.386

NI

43 12.635

NI

44 12.934 73 ácido hexanóico ácido carboxílico 256 C16H32O2

45 13.449 57 ácido octadecanóico ácido carboxílico 324 C21H40O2

46 13.829 55 ( Z )-ácido 11-octadecenóico ácido carboxílico 282 C18H34O2

47 14.185

NI

48 14.319

NI

49 14.602

NI

50 14.935

NI

51 15.146 81 1,2,3-propanetril ácido 9-octadecanóico ácido carboxílico 884 C57H104O6

52 15.752

NI

53 16.252

NI

53

10 2.867 67 vinilcilcopentano alqueno 96 C7H12

11 3.055

NI

12 3.224

NI

13 3.373

NI

14 3.526

NI

15 3.627 55 octeno alqueno 112 C8H16

16 3.721

NI

17 4.029

NI

18 4.189

NI

19 4.367

NI

20 4.501

NI

21 4.660

NI

22 4.712

NI

23 4.818 56 1-noneno alqueno 126 C9H18

24 4.956

NI

25 5.051

NI

26 5.127

NI

27 5.172

NI

28 5.338

NI

29 5.462 56 1-deceno alqueno 140 C10H20

30 5.544

NI

31 5.589

NI

32 5.636

NI

33 5.675

NI

34 6.228

NI

35 6.286

NI

36 6.360

NI

37 6.420

NI

38 6.464 55 1-undeceno alqueno 154 C11H22

39 6.515

NI

40 6.581

NI

41 6.650

NI

42 6.687

NI

43 6.762

NI

44 6.857

NI

45 6.960

NI

46 6.995

NI

47 7.327 55 1-dodeceno alqueno 168 C12H24

48 7.391

NI

49 7.499

NI

50 7.552

NI

51 8.002

NI

52 8.111 55 1-trideceno alqueno 182 C13H26

53 8.676

NI

54 8.721

NI

55 8.785

NI

54

56 8.810

NI

57 8.828 60 ácido dodecanóico ácido carboxílico 172 C10H20O2

58 8.886 55 1-tetradeceno alqueno 196 C14H28

59 8.921

NI

60 8.958

NI

61 9.030

NI

62 9.628 55 1-pentadeceno alqueno 210 C15H30

63 9.724 57 pentadecano alcano 212 C15H32

64 9.772

NI

65 9.802

NI

66 9.834

NI

67 9.883

NI

68 9.983

NI

69 10.029

NI

70 10.128 55 1-hexadeceno alqueno 224 C16H32

71 10.213

NI

72 10.276

NI

73 10.359

NI

74 10.459

NI

75 10.546

NI

76 10.641 55 ácido hexadecanóico ácido carboxílico 254 C16H30O2

77 10.735

NI

78 10.768 55 8-heptadeceno alqueno 238 C17H34

79 10.808

NI

80 10.871

NI

81 10.919

NI

82 11.084

NI

83 11.155 57 tetradecanal aldeído 212 C14H28O

84 11.193

NI

85 13.010

NI

86 13.143 55 ácido octadecanóico ácido carboxílico 324 C21H40O2

87 13.190

NI

88 13.262

NI

89 13.293

NI

90 13.327 55 9-ácido octadecenóico ácido carboxílico 282 C18H34O2

91 13.360

NI

92 13.669

NI

93 13.783

NI

94 13.861 55 9-Octadecenoic acid, 1,2,3-propanetriyl ester ácido carboxílico 884 C57H104O6

95 13.928

NI