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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação e Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental Arnaldo Abranches Mota Batista UTILIZAÇÃO DO GÁS DE ALTO-FORNO PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA NA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA DE MINAS GERAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título: “Mestre em Sustentabilidade Sócio- econômica e Ambiental – Área de Concentração: Ambientometria” Orientador: Prof. Dr. Maurício Xavier Coutrim Ouro Preto, MG 2009

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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação e

Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental

Arnaldo Abranches Mota Batista

UTILIZAÇÃO DO GÁS DE ALTO-FORNO PARA PRODUÇÃO

DE ENERGIA NA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA DE MINAS

GERAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título: “Mestre em Sustentabilidade Sócio-econômica e Ambiental – Área de Concentração: Ambientometria”

Orientador: Prof. Dr. Maurício Xavier Coutrim

Ouro Preto, MG

2009

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Catalogação: [email protected]

B333u Batista, Arnaldo Abranches Mota.

Utilização do gás de alto-forno para produção de energia na indústria siderúrgica de Minas Gerais [manuscrito] / Arnaldo Abranches Mota Batista. – 2009.

xv, 125f.: il., color.; grafs.; tabs. Orientador: Prof. Dr. Maurício Xavier Coutrim. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Programa de

Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental. Área de concentração: Ambientometria.

1. Altos-fornos - Teses. 2. Siderurgia - Teses. 3. Impacto ambiental - Avaliação - Teses. 4. Ferro-gusa - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 504: 669.162.275.3:669.1(815.1)

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AGRADECIMENTO

Agradeço aos professores Maurício Xavier Coutrim e Eduardo Delano Leite Ribeiro pela paciência, dedicação e orientação para realização deste trabalho.

Agradeço também aos professores Luiz Fernando Andrade de Castro e Wilson José Guerra , membros da banca examinadora, cujas manifestações e observações muito contribuíram para a realização desta dissertação.

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SUMÁRIO SUMÁRIO............................................................................................................................ V LISTA DE TABELAS .......................................................................................................VII LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... VIII LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................XI LISTA DE ABREVIATURAS...........................................................................................XII RESUMO ......................................................................................................................... XIV ABSTRACT ...................................................................................................................... XV 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

1.1 Objetivos.......................................................................................................... 2 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ........................................................................................ 4

2.1 O Alto-Forno ................................................................................................... 4 2.2 Diferenças Básicas entre Alto-Forno a Coque e a Carvão Vegetal................. 7

2.3 Sistema de Carregamento e Distribuição da Carga do Alto-Forno ............... 11 2.4 Técnicas para Aumento de Produtividade – Injeção de Finos....................... 12

2.5 Regeneradores de Calor................................................................................. 12 2.6 O Gás de Alto-Forno e Equipamentos de Controle..................................... 14

2.6.1 Coletores de pó – balão de limpeza....................................................... 16

2.6.2 Ciclones .................................................................................................. 19 2.6.3 Lavadores ............................................................................................... 23 2.6.4 Lavador tipo Venturi .............................................................................. 26

2.6.5 Precipitadores eletrostáticos e filtros de mangas.................................... 28

2.7 Limpeza da Água de Lavagem de Gás de Alto-Forno.................................. 29

2.8 Cogeração ...................................................................................................... 31 2.9 Termoelétricas ............................................................................................... 34 2.10 Turbina de Recuperação de Topo................................................................ 40

2.11 Avaliação Econômica de Projetos de Termoelétricas ................................. 41

2.12 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Aplicado a Termoelétrica.......... 43

3 METODOLOGIA............................................................................................................. 49 3.1 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................... 49 3.2 Confecção de Questionário e Aplicação nas Empresas Siderúrgicas............ 49

3.3 Visitas Técnicas a Fabricantes de Equipamentos e Empresas Projetistas..... 50

3.4 Compilação e Análise Estatística dos Dados................................................. 51

3.5 Estudo dos Sistemas de Limpeza de Gás Implantados para Utilização nas Termoelétricas. .................................................................................................... 51 3.6 Propostas dos Sistemas Mais Adequados...................................................... 52

3.7 Análise Econômica de Custo Benefício ........................................................ 53

3.8 Cálculo do Ganho de Crédito de Carbono Através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ..................................................................................... 56

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS...................................................................................... 58 4.1 Cenário do Aproveitamento Energético do Gás de Alto-Forno Para Geração de Energia Elétrica............................................................................................... 59 4.2 Configurações de Sistemas de Limpeza de Gás de Alto-Forno a Carvão Vegetal em Termoelétricas no Estado de Minas Gerais...................................... 67

4.3 Cenário do Setor de Produção de Ferro-Gusa a Carvão Vegetal no Estado de Minas Gerais........................................................................................................ 76 4.4 Proposta do Sistema de Limpeza de Gás mais Adequado............................. 92

4.4.1 Análise estatística sobre eficiência de lavador venturi ........................... 93

4.4.2 Análise através de modelo matemático .................................................. 95

4.4.3 Configuração de sistema de limpeza proposto ..................................... 104

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4.5 Sistema de Limpeza da Água de Lavagem.................................................. 107

4.6 Estudo Econômico (Custo Benefício) ........................................................ 110

4.7 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Redução de Emissão de CO2) .. 112

5 - CONCLUSÃO ............................................................................................................. 114 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 117

APÊNDICE ....................................................................................................................... 122

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LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DO CARVÃO VEGETAL E DO COQUE....................................... 8 TABELA 2. 2 – DIFERENÇAS ENTRE ALTO-FORNO A COQUE E A CARVÃO VEGETAL............................. 10 TABELA 2.3 – DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO PARTICULADO NO GÁS .................................... 14 TABELA 2.4 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA APROXIMADA DO RESÍDUO CHARCOK. ................................... 18 TABELA 2.5 – COEFICIENTES ADIMENSIONAIS PARA O DIMENSIONAMENTO DE CICLONE POR

DIFERENTES AUTORES............................................................................................................... 21 TABELA 2.6 – CONSTANTES EMPÍRICAS Α E Β..................................................................................... 25 TABELA 2.7 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM LAVADOR VENTURI. ......................................... 28 TABELA 2. 8 – RESULTADOS DE ANÁLISES QUÍMICAS DE AMOSTRAS DE EFLUENTES LÍQUIDOS........ 31 TABELA 2.9 – DADOS DE PODER CALORÍFICO INFERIOR, COEFICIENTE EXERGÉTICO E EXERGIA

QUÍMICA DE GASES DE SIDERURGIA......................................................................................... 39 TABELA 2. 10 – VALORES DE PODER CALORÍFICO SUPERIOR (PCS) E INFERIOR (PCI) PARA ALGUNS

COMBUSTÍVEIS, EM KCAL/KG.................................................................................................... 39

TABELA 4. 1 CENÁRIO DA UTILIZAÇÃO DAS TURBINAS DE RECUPERAÇÃO DE TOPO NO ESTADO DE

M INAS GERAIS. ........................................................................................................................ 61 TABELA 4.2 CENÁRIO DAS TERMOELÉTRICAS A GÁS DE ALTO-FORNO EM M INAS GERAIS.................. 64 TABELA 4. 3 - TERMOELÉTRICAS EM CONSTRUÇÃO.......................................................................... 65 TABELA 4.4 AVALIAÇÃO TEÓRICA DE LAVADORES VENTURI ........................................................... 100 TABELA 4.5 - PERDA DE CARGA DE LAVADORES COM SUAS RESPECTIVAS EFICIÊNCIA E

CONCENTRAÇÃO DE MATERIAL............................................................................................... 102 TABELA 4. 6 - AVALIAÇÃO TEÓRICA DE LAVADORES VENTURI CONSIDERANDO AR DE COMBUSTÃO103 TABELA 4. 7 – DADOS DO ESPESSADOR CIRCULAR........................................................................... 108 TABELA 4. 8 – PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS............................................................................ 109

TABELA 1 - PERDA DE CARGA DE LAVADORES COM SUAS RESPECTIVAS EFICIÊNCIA E CONCENTRAÇÃO

DE MATERIAL PARTICULADO................................................................................................... 123 TABELA 2 - AVALIAÇÃO TEÓRICA DE LAVADORES VENTURI ............................................................ 124 TABELA 3- ANÁLISE VENTURI INCLUINDO AR COMBUSTÃO.............................................................. 125

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 FLUXOGRAMA TÍPICO DA ÁREA DO ALTO-FORNO E IMAGEM DE UMA INSTALAÇÃO

INDUSTRIAL (RIZZO, 2005)....................................................................................................... 5 FIGURA 2.2 REAÇÕES INTERNAS NO ALTO-FORNO (ADAPTADO DE GUIMARÃES APUD SANTOS,

2007).......................................................................................................................................... 7 FIGURA 2.3 SISTEMA DE CARREGAMENTO DUPLO-CONE (CASTRO, 1998)........................................ 11 FIGURA 2.4 CORTE LONGITUDINAL DE UMA PARTE DO GLENDON (CASTRO, 1998).......................... 13 FIGURA 2.5 GLENDON DESMONTADO DA SIDERÚRGICA ALTEROSA (MG). FOTO FORNECIDA PELA

EMPRESA................................................................................................................................... 14 FIGURA 2.6 ESQUEMA DO CIRCUITO DE GASES DE UM ALTO-FORNO: (1) COLETA DE GASES E POEIRA; (2)

SEPARADOR DE POEIRA; (3) RECUPERADOR EM OPERAÇÃO AQUECENDO O AR DE ENTRADA; (4) RECUPERADOR EM PREPARAÇÃO AQUECENDO-SE PELA QUEIMA DOS GASES; (5) CHAMINÉ PARA

TIRAGEM DOS GASES; (6) ENTRADA DE AR FRIO; (7) ALIMENTAÇÃO DE AR QUENTE (CAMPOS

FILHO, 1981)........................................................................................................................... 16 FIGURA 2. 7 COLETORES INERCIAIS (HIGA, 1986)............................................................................. 17 FIGURA 2.8 SEPARADOR MULTICICLÔNICO (BARRETO NETO, 2007)............................................. 19 FIGURA 2. 9 – FORMAS E DIMENSÕES DE UM CICLONE (LICHT, 1984)............................................... 20 FIGURA 2.10 – ESQUEMA DE UM LAVADOR VENTURI (JACOMINO ET AL., 1999)........................... 27 FIGURA 2.11 - LAVADOR VENTURI COM GARGANTA AJUSTÁVEL (MEILI,2006)................................ 27 FIGURA 2.12 – DECANTADOR CIRCULAR (SPERLING, 2005)............................................................ 30 FIGURA 2. 13 - PARTICIPAÇÃO DAS FONTES ENERGÉTICAS UTILIZADAS POR CENTRAIS DE COGERAÇÃO

QUALIFICADA NO BRASIL (ANEEL APUD BARJA, 2006)......................................................... 32 FIGURA 2.14 - CICLO RANKINE (MOISÉS, 2007).............................................................................. 33 FIGURA 2.15 - CICLO DE BRAYTON (MOISÉS, 2007)........................................................................ 33 FIGURA 2.16 - CICLO COMBINADO (MOISÉS, 2007)......................................................................... 34 FIGURA 2.17 - CALDEIRA FLAMOTUBULAR (CATÁLOGO EMPRESA BIOCHAMM 2008)...................... 35 FIGURA 2. 18 – CALDEIRA FLAMOTUBULAR (CATÁLOGO EMPRESA BIOCHAMM 2008)...................... 36 FIGURA 2. 19 - TURBINA DE RECUPERAÇÃO DE TOPO - TRT (KAWASAKI, 2004)........................... 40 FIGURA 2.20 – EXEMPLO ESQUEMÁTICO DE UM SISTEMA TRT (YAMAGUCHI, 2005)..................... 41 FIGURA 2.21 - FLUXO DE CAIXA DE UM EMPREENDIMENTO ENERGÉTICO (BARJA, 2006)................. 42 FIGURA 2.22 – NÍVEIS DE EMISSÃO DE CO2 E VALORES ESTIMADOS DA TCO2E PARA DIVERSOS

MERCADOS DE CARBONO NO ANO DE 2006 (SANQUETTA, 2009).......................................... 48

FIGURA 4.1 – DISTRIBUIÇÃO DOS ALTOS-FORNOS A COQUE E A CARVÃO VEGETAL EM M INAS GERAIS

................................................................................................................................................. 58 FIGURA 4.2 – ALTOS-FORNOS A COQUE E A CARVÃO VEGETAL NO ESTADO DE M INAS GERAIS. ........ 59 FIGURA 4.3 - APROVEITAMENTO DE GÁS DE ALTO-FORNO A COQUE EM TURBINA DE RECUPERAÇÃO DE

TOPO. ........................................................................................................................................ 60 FIGURA 4.4 – TURBINA DE TOPO EMPRESA SHAANGU GROUP ( 2008)................................................ 61 FIGURA 4.5– ESQUEMA DE UTILIZAÇÃO DE GÁS DE ALTO-FORNO EM MINAS GERAIS- TERMOELÉTRICA

................................................................................................................................................. 62 FIGURA 4.6– CALDEIRA FLAMOTUBULAR ( CATÁLOGO EMPRESA BIOCHAMM 2008)...................... 63 FIGURA 4.7- CALDEIRA AQUATUBULAR (CATÁLOGO EMPRESA BIOCHAMM 2008)........................... 63 FIGURA 4.8 - DADOS DE VAZÃO DE GÁS NA ENTRADA DA TERMOELÉTRICA INFORMADO E CALCULADO.

................................................................................................................................................. 66 FIGURA 4.9 - DADOS DE POTÊNCIA DE SAÍDA DA TERMOELÉTRICA INFORMADA E CALCULADA .......... 66 FIGURA 4. 10 - TERMOELÉTRICAS POR MUNICÍPIO ............................................................................. 67 FIGURA 4. 11 - CONFIGURAÇÃO 1....................................................................................................... 68 FIGURA 4.12 – CONFIGURAÇÃO 2....................................................................................................... 69 FIGURA 4.13 - CONFIGURAÇÃO 3 ....................................................................................................... 70 FIGURA 4.14 – CONFIGURAÇÃO 4....................................................................................................... 71

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FIGURA 4.15 – CONFIGURAÇÃO 5....................................................................................................... 72 FIGURA 4.16 - CONFIGURAÇÃO 6....................................................................................................... 73 FIGURA 4.17 -CONFIGURAÇÃO 7 ........................................................................................................ 74 FIGURA 4.18 - CONFIGURAÇÃO 8 ....................................................................................................... 75 FIGURA 4.19 RELAÇÃO DE EMPRESAS POR MUNICÍPIO........................................................................ 76 FIGURA 4.20 - CAPACIDADE INSTALADA UNITÁRIA (T/DIA) POR NÚMERO DE ALTO-FORNOS EM

CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO.............................................................................................. 77 FIGURA 4.21 - PORCENTAGEM DE ALTO-FORNOS COM VAZAMENTO CONTÍNUO OU INTERMITENTE DE

GUSA......................................................................................................................................... 78 FIGURA 4.22 - PORCENTAGEM DE ALTO-FORNOS QUE POSSUEM SISTEMA DE INJEÇÃO DE FINOS. ....... 78 FIGURA 4.23 - PORCENTAGEM DE GLENDONS POR ALTO-FORNO. ........................................................ 79 FIGURA 4.24 - PORCENTAGEM DE QUEIMADORES POR GLENDON. ....................................................... 79 FIGURA 4.25 – PORCENTAGEM DE EMPRESAS COM SOPRADORES DE AR COMBUSTÃO. ....................... 80 FIGURA 4.26 - PORCENTAGEM DE EMPRESAS COM CHAMINÉS NO TOPO OU BASE. .............................. 80 FIGURA 4.27 - PORCENTAGEM DE TOCHAS COM IGNIÇÃO MANUAL OU AUTOMÁTICA......................... 81 FIGURA 4.28 - PORCENTAGEM DE ALTOS-FORNOS COM VARIADOS ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE. ...... 81 FIGURA 4.29 - RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO DE TOPO E POTÊNCIA TOTAL DOS VENTILADORES. ............. 82 FIGURA 4.30 - RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO DE TOPO E PRODUÇÃO. ...................................................... 82 FIGURA 4.31 - RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO DE TOPO E PRESSÃO DE SOPRO........................................... 83 FIGURA 4.32 – A) RELAÇÃO ENTRE VAZÃO DE GÁS DA COROA E VAZÃO DE GÁS DE TOPO DO ALTO-

FORNO; B) MESMA RELAÇÃO EM A), CONSIDERANDO APENAS OS DADOS APROXIMADOS. ......... 84 FIGURA 4.33 – A) RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E VAZÃO DE GÁS DO TOPO DO ALTO-FORNO; B) MESMA

RELAÇÃO DE A), CONSIDERANDO APENAS OS DADOS APROXIMADOS. ....................................... 84 FIGURA 4.34 - RELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL E PRESSÃO DE TOPO...................... 85 FIGURA 4.35 - RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA DE SOPRO E CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL........... 86 FIGURA 4.36 - RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL. ................................ 87 FIGURA 4.37 – RELAÇÃO VOLUME ÚTIL E POTÊNCIA TOTAL DOS VENTILADORES............................... 87 FIGURA 4.38 – RELAÇÃO VOLUME ÚTIL E PRODUÇÃO........................................................................ 88 FIGURA 4.39 PORCENTAGEM DE ALTO-FORNOS COM SISTEMAS DE LIMPEZA DE GASES A SECO OU

ÚMIDO. ..................................................................................................................................... 89 FIGURA 4.40 - PORCENTAGEM DE EMPRESAS COM DECANTADOR CIRCULAR OU RETANGULAR. ......... 89 FIGURA 4.41 PORCENTAGEM DE EMPRESAS COM OS VARIADOS SISTEMAS DE DESIDRATAÇÃO DE LODO.

................................................................................................................................................. 90 FIGURA 4.42 - NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO EM SISTEMAS A SECO E ÚMIDO.

................................................................................................................................................. 91 FIGURA 4.43 - NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO PARA DIFERENTES SISTEMAS

DE LIMPEZA. ............................................................................................................................. 91 FIGURA 4.44 - RELAÇÃO ENTRE VAZÃO DA COROA E VAZÃO TOTAL DAS CHAMINÉS DOS GLENDONS. 92 FIGURA 4.45 RELAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO DA CHAMINÉ DOS GLENDONS

COM A PERDA DE CARGA DOS LAVADORES................................................................................ 93 FIGURA 4.46 - RELAÇÃO MODIFICADA DA CONCENTRAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO DA CHAMINÉ

DOS GLENDONS COM A PERDA DE CARGA DOS LAVADORES VENTURI........................................ 94 FIGURA 4. 47 - RELAÇÃO MODIFICADA DA CONCENTRAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO NA

TUBULAÇÃO ANTES DA CHAMINÉ DOS GLENDONS COM A PERDA DE CARGA DOS LAVADORES

VENTURI ................................................................................................................................... 95 FIGURA 4. 48 – CONCENTRAÇÃO FINAL DE MATERIAL PARTICULADO APÓS A LIMPEZA DO GÁS EM

SISTEMA A SECO COM EFICIÊNCIA DE 80% E LAVADOR VENTURI, CONFORME A PERDA DE CARGA

NO VENTURI. ............................................................................................................................ 96 FIGURA 4. 49 – RELAÇÃO PERDA DE CARGA NO LAVADOR COM DIFERENTES PRESSÕES DE ENTRADA DO

LÍQUIDO E EFICIÊNCIA DE LIMPEZA. .......................................................................................... 96 FIGURA 4.50 – PORCENTAGEM DE FORNOS POR PRESSÃO DE TOPO..................................................... 97 FIGURA 4.51 – EFICIÊNCIA DOS LAVADORES EM FUNÇÃO DA PERDA DE CARGA E RELAÇÃO

LÍQUIDO/GÁS, CONSIDERANDO PRESSÃO DE ENTRADA DO LÍQUIDO DE 7 KGF/CM2.................... 98 FIGURA 4.52 – EFICIÊNCIA DOS LAVADORES EM FUNÇÃO DA PERDA DE CARGA E PRESSÃO DE ENTRADA

DO LÍQUIDO, CONSIDERANDO RELAÇÃO LÍQUIDO/GÁS = 1......................................................... 98 FIGURA 4.53 – EFICIÊNCIA DOS LAVADORES VENTURI EM FUNÇÃO DA PERDA DE CARGA E RELAÇÃO

LÍQUIDO/GÁS, CONSIDERANDO PRESSÃO DE ENTRADA DO LÍQUIDO DE 7 KGF/CM2.................. 100

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FIGURA 4. 54 – EFICIÊNCIA DOS LAVADORES VENTURI EM FUNÇÃO DA PERDA DE CARGA E PRESSÃO

DE ENTRADA DO LÍQUIDO, CONSIDERANDO RELAÇÃO LÍQUIDO/GÁS = 1.................................. 101 FIGURA 4.55 - CONCENTRAÇÃO FINAL DE MATERIAL PARTICULADO, CONSIDERANDO INICIAL DE

17000, APÓS A LIMPEZA DO GÁS EM SISTEMA PRELIMINAR COM EFICIÊNCIA DE 80% E LAVADOR

VENTURI, CONFORME A PERDA DE CARGA NO LAVADOR, CONSIDERANDO AR COMBUSTÃO.... 102 FIGURA 4.56 – RELAÇÃO PERDA DE CARGA NO LAVADOR COM DIFERENTES PRESSÕES DE ENTRADA DO

LÍQUIDO E EFICIÊNCIA DE LIMPEZA, CONSIDERANDO AR COMBUSTÃO NA INICIAL DE

17000MG/NM3. ...................................................................................................................... 103 FIGURA 4.57 – EFICIÊNCIA DOS LAVADORES VENTURI EM FUNÇÃO DA PERDA DE CARGA E RELAÇÃO

LÍQUIDO/GÁS, CONSIDERANDO PRESSÃO DE ENTRADA DO LÍQUIDO DE 7 KGF/CM2 E AR

COMBUSTÃO. .......................................................................................................................... 104 FIGURA 4.58 – EFICIÊNCIA DOS LAVADORES VENTURI EM FUNÇÃO DA PERDA DE CARGA E PRESSÃO DE

ENTRADA DO LÍQUIDO, CONSIDERANDO RELAÇÃO LÍQUIDO/GÁS = 1 E AR COMBUSTÃO. ......... 104 FIGURA 4.59 – PROPOSTA SISTEMA DE LIMPEZA DE GÁS.................................................................. 105 FIGURA 4.60 CUSTO DA ENERGIA COM TERMOELÉTRICA E INVESTIMENTOS ADICIONAIS ................. 110 FIGURA 4.61 - CORRELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E TEMPO DE RETORNO. .......................................... 111 FIGURA 4.62 - RELAÇÃO ENTRE VAZÃO DE GÁS DE ALTO-FORNO E EMISSÕES DE CO2 EVITADAS. .... 112 FIGURA 4.63 - RELAÇÃO ENTRE VAZÃO DE GÁS DE ALTO-FORNO E GANHO EM DÓLARES PELA

REDUÇÃO DE EMISSÕES DE CO2. ............................................................................................. 113

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LISTA DE SIGLAS

ANDS – AUTORIDADES NACIONAIS DESIGNADAS;

BAT – BEST AVALIABLE TECHNIQUES

CERS -CERTIFICADOS DE EMISSÕES REDUZIDAS

CONAMA – CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

COPAM – CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL

EODS – ENTIDADES OPERACIONAIS DESIGNADAS

FEAM – FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

IFC – CORPORAÇÃO FINANCEIRA INTERNACIONAL

IPPC – INTEGRATED POLLUTION PREVENT AND CONTROL

MCT MINISTÉRIO DE CIENCIA E TECNOLOGIA

MDL - MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

ONU- ORGANIZAÇÃO DA NAÇÕES UNIDAS

PCA – PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL

PCI – PULVERIZED COAL INJECTION

PDD – PROJECT DOCUMENT DESIGN),

RCA - RELATÓRIO DE CONTROLE AMBIENTAL

SEMAD – SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

TRT – TURBINA DE RECUPERAÇÃO DE TOPO

UNFCCC – UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE

CHANGE

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LISTA DE ABREVIATURAS

acfm – actual cubic feet per minute – pés cúbicos por minuto

Al 2O 3 –óxido de alumínio

CaO – óxido de cálcio

CH4 – metano

cmH2O- centímetro de coluna d’água

CO – monóxido de carbono

CO2 – dióxido de carbono

CO2e /kWh – dióxido de carbono equivalente por quilowatt-hora

Fe2O3 - hematita

g. Nm-³- gramas por metro cúbico nas condições normais de temperatura e

pressão

gal/min – galão por minuto

H2 – hidrogênio

HFCs - hidrofluorcarbonetos

HP- horse-power – cavalo-vapor

K2O- óxido de potássio

kcal.kg-1 – quilocalorias por quilograma

kcal.m-3 – quilocalorias por metro cúbico

kcal.Nm-³ - quilocalorias por metro cúbico nas condições normais de

temperatura e pressão

kg.m-3 – quilograma por metro cúbico

kgf.cm-2 – quilograma força por centímetro quadrado

kJ.kg-1 – quilojoule por quilograma

kJ.m-3 – quilojoule por metro cúbico

kW - quilowatt

kWh- quilowatt-hora

L.s-1 – litro por segundo

lb/pol² - libra por polegada quadrada

m – metro

m.s-1 – metro por segundo

m³ - metro cúbico

m³.s-1 – metro cúbico por segundo

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mg. Nm-³- miligrama por metro cúbico nas condições normais de temperatura e

pressão

mg.L-1 – miligrama por litro

MgO – óxido de magnésio

mmca- milímetro de coluna d’água

mmH2O – milímetro de coluna d’água

MW –megawatt

N.m-2 – newton por metro quadrado

N Amoniacal – nitrogênio amoniacal

N2 – nitrogênio

N2O – óxido nitroso

Na2O – óxido de sódio

Nm³.t-1 - metro cúbico por tonelada nas condições normais de temperatura e

pressão

ºC – grau celsius

Pa.s – pascal segundo

P 2O5 - pentóxido de fósforo

PCI – poder calorífico inferior

PCS – poder calorífico superior

pes³/min – pés cúbicos por minuto

PFCs - perfluorcarbonetos

pH – potencial hidrogeniônico

polH2O – polegada de coluna d’água

Ql/Qg - relação vazão líquido por vazão do gás

SF6 - hexafluoreto de enxofre

SiO2 - óxido de silício

t.dia-1 – tonelada por dia

t.m-3.dia-1 – tonelada por metro cúbico por dia

α – constante empírica

β – constante empírica

η – eficiência ou rendimento

µ - viscosidade

µm - micrômetro

ρ - densidade

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RESUMO O processo de produção de ferro-gusa em altos-fornos gera um gás com um poder calorífico na ordem de 750 a 900 kcal.Nm-³ que possibilita a sua utilização em regeneradores de calor para aquecer o ar utilizado no processo produtivo. Normalmente apenas 50% desse gás é utilizado nos regeneradores e o restante é redirigido para ser utilizado na usina (no caso de siderúrgicas integradas) e simplesmente queimado e jogado na atmosfera no caso de altos-fornos a carvão vegetal em usinas independentes de produção de ferro-gusa. Atualmente algumas siderúrgicas integradas têm aproveitado a energia cinética desse gás para geração de eletricidade em turbinas de geração de topo. Os altos-fornos a carvão vegetal também têm reaproveitado o gás excedente para geração de eletricidade em termoelétricas. Este trabalho mostra a situação atual do aproveitamento de gás de alto-forno para geração de energia elétrica no Estado de Minas Gerais. O gás dos altos-fornos a carvão vegetal possui uma concentração de material particulado que dificulta a sua utilização para geração de energia elétrica. Neste trabalho é discutida a melhor tecnologia de limpeza de gás de alto-forno sendo que usou como metodologia utilizar as experiências do próprio setor de produção de ferro-gusa para conseguir este objetivo. Foi demonstrado que o lavador Venturi ainda é o equipamento de limpeza mais eficiente para limpar o gás de alto forno e deve ter uma perda de carga de pelo menos 1000 mmca para atingir uma emissão de 50 mg/Nm³ de material particulado. É demonstrado o cenário de produção de ferro-gusa em altos-fornos a carvão vegetal em Minas Gerais. Foi realizada também uma pesquisa mais detalhada dos sistemas de limpeza de gás utilizados nas empresas que já possuem termoelétricas. Para comparar os dados pesquisados em campo e arquivos da Fundação Estadual do Meio Ambiente sobre lavadores foi utilizado um modelo matemático para calcular a eficiência teórica de lavadores. Foi ainda adaptado um modelo de cálculo de custo/benefício para termoelétricas a gás de alto-forno onde se verificaram as vantagens econômicas de instalação de termoelétricas em alto-fornos a carvão vegetal mesmo levando-se em conta os investimentos adicionais em equipamentos de limpeza de gás discutidos neste estudo onde foi demonstrado que o custo da energia elétrica passa de R$0,40 o kW para a faixa de R$0,06 a R$0,09 o kW. Por fim foi realizado um levantamento de prováveis ganhos com créditos de carbono aplicando a metodologia do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo para cálculo de emissões evitadas de dióxido de carbono (CO2). PALAVRAS CHAVE: alto-forno, ferro-gusa, termoelétrica, lavador venturi, mecanismo de desenvolvimento limpo.

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ABSTRACT The process of pig iron production in blast furnaces generates a gas of 750 to 900 kcal.Nm-³ calorific power. It makes it possible to be used in regenerators of heat to preheat the air used in the productive process. Normally only 50% of this gas is used in the regenerators and the remain is used in the plant (in the case of siderurgical integrated plant) and simply burnt and thrown away in the atmosphere in the case of independent plants of pig iron production using charcoal. Currently some siderurgical integrated plants have been using its kinetic energy to generate electric power in top gas pressure recovery turbine units. The blast furnaces using charcoal have also been using the exceeding gas to generate electric power in thermoelectric power plants. This work shows the current situation of the blast furnace gas in generating electricity in the State of Minas Gerais. The gas of the blast furnaces using charcoal has a concentration of particulate matter that makes it difficult to be used in generating electric energy. This work also discusses the best technology of blast furnace gas cleanness and was demonstrated that the best technology of blast furnace gas cleanness is the 1000 mmca pressure loss venturi scrubber to achieve a particulate matter emission of 50 mg/Nm³. For that purpose, the methodology used was to gather the experiences of the very sector of pig iron production itself. Then a panorama of the blast furnace using charcoal production situation in Minas Gerais is outlined. A more detailed research of the systems of gas cleanness was also carried out in the companies which already possess thermoelectric power plants. To compare the field researched data and that derived from archives of the State Environment Foundation - FEAM - on scrubbers a mathematical model was used to calculate the theoretical efficiency of scrubbers. A cost-benefit analysis model for blast furnace gas thermoelectric plant was also adapted and the economic advantages were also examined taking into account the investments in equipments of the gas cleanness discussed in this study and was demonstrated that the energy cost decreases from R$0,40 the kW to the range between R$0,06 and R$0,09 the kW. Finally the methodology of the Mechanism of Clean Development for the calculation of prevented emissions of carbon dioxide was carried out to survey probable profits with carbon reduction credits. KEYWORDS: blast furnace, pig iron, thermoelectric, venturi scrubber, mechanism of clean development.

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1 - INTRODUÇÃO

A conservação e preservação de energia devem ser prioridades em todos os

empreendimentos por razões econômicas e ambientais, principalmente devido à

necessidade de um balanço positivo quanto às emissões de gases que provocam o efeito

estufa, visando contribuir na minimização do aquecimento global do planeta, sendo que

vários organismos internacionais incentivam a economia energética.

Segundo recomendações da Integrated Pollution Prevention and Control (IPPC), um guia

de melhores técnicas para controle de poluição da comunidade européia, as seguintes

técnicas de eficiência energética devem ser consideradas como BAT (Best Avaliable

Techniques) visando a recuperação de calor a partir de diferentes partes do processo:

• Alta eficiência de técnicas de desidratação para minimizar a energia de secagem;

• Minimização do uso de água e sistemas fechados de recirculação de água;

• Bom isolamento térmico;

• Layout da planta para reduzir distâncias de bombeamento;

• Otimização de controles de motor eletrônico;

• Utilização do resfriamento da passagem de água (cuja temperatura é elevada), a fim

de recuperar o calor;

• Uso combinado de calor e eletricidade;

• Geração de energia a partir de resíduos;

• Uso de combustíveis menos poluentes.

A Corporação Financeira Internacional (IFC, 2007), órgão do Banco Mundial, ainda

acrescenta como técnicas de eficiência:

� Reduzir perdas na distribuição da energia;

� Melhorar a eficiência da conversão da energia;

� Explorar as oportunidades de compra de energia;

� Usar combustíveis com menor teor de carbono.

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A siderúrgica mineira é um segmento industrial relevante, inclusive no cenário nacional.

Identifica-se nesse setor o gás de alto-forno da produção de ferro-gusa, com elevada

temperatura e teores de monóxido de carbono (CO), como principal perda energética por

não ser totalmente utilizado como redutor do processo. O gás de alto-forno é parcialmente

utilizado hoje para pré-aquecimento do ar de processo no alto-forno, mas numa quantidade

que varia de 40% a 60%, sendo o restante descartado para a atmosfera após a queima nas

tochas.

Em processos de geração de eletricidade que utilizam cogeração, o uso do gás de alto-

forno é adequado, uma vez que o calor rejeitado ainda pode ser parcialmente convertido

em energia útil, sendo que o aproveitamento do gás de alto-forno tem se tornado

fundamental no processo de produção de ferro-gusa.

Algumas usinas siderúrgicas já possuem centrais termelétricas, utilizando os gases

oriundos dos processos de fabricação do ferro-gusa que são queimados em caldeiras,

transformando-os em energia elétrica. Parte significativa dessa cogeração destaca-se por

não advir da queima do gás e sim do aproveitamento de características físicas do gás de

alto-forno para a geração de energia.

Dessa forma, é importante saber qual a situação atual da recuperação energética de gás de

alto-forno para a geração de energia elétrica no Estado de Minas Gerais e as possibilidades

para aumento desta geração.

Em se tratando de altos-fornos a carvão vegetal, tendo em vista o atual “estado da arte” da

limpeza do gás de alto-forno, faz-se necessário também conhecer a melhor tecnologia

disponível para aumentar a eficiência de limpeza do gás para sua recuperação energética.

1.1 Objetivos

Os principais objetivos do presente trabalho são:

Levantar a situação atual do uso do gás de alto-forno para geração de energia elétrica no

Estado de Minas Gerais.

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Realizar um estudo da melhor tecnologia de limpeza de gás de alto-forno a carvão vegetal

para geração de energia elétrica.

Os objetivos secundários são:

- Levantar o cenário atual de produção de ferro-gusa em altos-fornos a carvão vegetal no

Estado de Minas Gerais.

- Aplicar um modelo matemático para verificar a eficiência de lavadores venturi e

comparar os resultados com dados fornecidos pelas empresas em questionários e arquivos

da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM além de informações da literatura.

- Aplicar um modelo para calcular o custo benefício de uma termoelétrica a gás de alto-

forno.

- Aplicar uma metodologia para calcular as emissões de dióxido de carbono CO2 evitadas

com a utilização de uma termoelétrica a gás de alto-forno conforme os princípios do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL.

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2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 O Alto-Forno

O alto-forno é um reator metalúrgico destinado à produção de ferro-gusa, através da fusão

redutora de minério de ferro em presença de carvão vegetal ou coque e fundentes. Segundo

Castro (1988), a utilização de carvão vegetal em altos-fornos de grande porte é inviável

devido à sua pequena resistência mecânica, estando sua máxima produção girando em

torno de 1.200 t.dia-1. Normalmente no Brasil, os mini altos-fornos a carvão vegetal,

utilizados pelas usinas não-integradas, apresentam uma capacidade de produção que varia

entre 40 e 300 t.dia-1 de ferro-gusa.

De acordo com Rizzo (2005), os altos-fornos operando com coque apresentam uma

capacidade de produção de cerca de 3.500 a 13.000 t.dia-1 e são utilizados em usinas

integradas. Existem situações em que os grandes altos-fornos (capacidade maior que 1000

t.dia-1) a carvão vegetal podem sofrer adaptações para operar com uma carga predominante

de coque, em função de vantagens econômicas momentâneas. De maneira geral, o alto-

forno é constituído de (Figura 2.1):

• Equipamentos de descarga e pesagem de matérias-primas;

• Equipamentos de carga no topo do forno;

• O forno propriamente dito;

• Equipamentos para operação de alta pressão;

• Regeneradores de calor.

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Figura 2.1 Fluxograma típico da área do alto-forno e imagem de uma instalação industrial (RIZZO, 2005).

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No alto-forno, o oxigênio do ar pré-aquecido é injetado na parte inferior para que ocorra a

queima (combustão) do coque ou carvão vegetal (carbono-redutor). O coque ou o carvão

vegetal, ao ser queimado, gera gases redutores em alta temperatura que reagem com o

oxigênio combinado ao ferro do minério. De acordo com Araújo (1996), o processo de

redução é acompanhado de outras reações químicas, com a formação de carbonetos e fusão

da ganga e dos fundentes para constituição da escória, que é vazada do forno para as casas

de corrida.

No alto-forno, o ar aquecido é injetado pelas ventaneiras numa velocidade que varia de 180

a 280 m.s-1 (Rizzo, 2005). Os regeneradores de calor elevam a temperatura do ar a 1300°C,

sendo adotados os cowpers, geralmente em fornos de grande porte, ou os glendons, em

fornos a carvão vegetal. Este ar será enviado ao anel de vento e em seguida para as

ventaneiras do alto-forno. O anel de vento é uma construção tubular que envolve o alto-

forno na altura da rampa.

O gás gerado no alto-forno, como ainda possui cerca de 19 a 30% de monóxido de carbono

(CO), 14 a 18% de dióxido de carbono (CO2), 3 a 7% de hidrogênio (H2), e

aproximadamente 1% de metano (CH4), tem um elevado poder calorífico (750 a 900

kcal.Nm-3), sendo por isso purificado e enviado para um gasômetro para ser misturado a

outros gases combustíveis gerados na usina e utilizado na produção de energia elétrica ou

ser enviado para fornos na laminação e calcinação.

Uma vez iniciada a operação de um alto-forno, ela deve se manter praticamente

ininterrupta por vários anos. Uma parada para manutenção completa do alto-forno

(campanha), que implica na troca de todo o seu revestimento refratário, ocorre no período

de 12 a 14 anos, levando de 3 a 6 meses para ser realizada. Porém, existem altos-fornos

que funcionam há mais de 20 anos sem paradas (Rizzo, 2005).

Em termos de perfil térmico, o alto-forno pode ser dividido em zona de redução (ou de

reserva térmica) e zona de elaboração. A Figura 2.2 apresenta as principais reações

químicas internas do alto-forno que ocorrem em cada zona.

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Figura 2.2 Reações internas no alto-forno (adaptado de GUIMARÃES apud SANTOS, 2007).

2.2 Diferenças Básicas entre Alto-Forno a Coque e a Carvão Vegetal

Devido às propriedades do carvão vegetal e do coque, existem algumas diferenças básicas

entre os processos que utilizam um ou outro. O carvão vegetal tem origem na carbonização

da madeira e possui um teor de carbono fixo menor do que o coque, que é proveniente do

carvão mineral. Outras diferenças na análise química são o teor de materiais voláteis e o

teor de cinzas. O carvão vegetal apresenta um alto teor de materiais voláteis (25 a 35%) e

um baixo teor de cinza (2 a 5%). O coque praticamente não há materiais voláteis (1%) e

possui um alto teor de cinza (10 a 12%). A cinza do carvão vegetal caracteriza-se por uma

grande concentração de álcalis (K2O, Na2O) e fósforo e a cinza do coque apresentam um

alto teor de enxofre. O baixo teor de enxofre no carvão vegetal traz como vantagem uma

melhor qualidade do ferro-gusa de alto-forno a carvão vegetal, eliminando o investimento

em uma instalação de dessulfuração. No entanto o carvão vegetal apresenta maiores teores

de fósforo que pode ser incorporado ao gusa, o que é uma desvantagem.

Além disso, as propriedades físicas e metalúrgicas como resistência mecânica, densidade e

reatividade do carvão vegetal são bem diferentes das propriedades do coque.

A Tabela 2.1 resume as características do carvão vegetal e do coque.

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Tabela 2.1 Características típicas do carvão vegetal e do coque

Item Unidade Carvão Vegetal Coque

Carbono fixo

Materiais voláteis

Cinza

Enxofre

Composição da cinza

SiO2

CaO

MgO

Al2O3

Fe2O3

P2O5

K2O

Na2O

Resistência à compressão

Faixa granulométrica

Densidade

Reatividade

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

kgf/cm2

mm

kg/m3

-

65-75

25-35

2-5

0,03-0,10

5-10

37-56

5-7

2-12

6-13

8-12

15-25

2-3

10-80

9-10

180-350

Maior

~ 88

~ 1

10-12

0,45-0,70

50-55

4-5

4-5

25-30

5-7

0,4-0,8

2-4

1-3

130-160

25-75

550

Menor

Fonte: Jacomino et alii (1999).

As diferenças entre as propriedades do carvão vegetal e do coque fazem com que o

processo de produção de ferro-gusa no alto-forno tenha também características bem

distintas, quando se usa um ou outro combustível. O próprio projeto do alto-forno

apresenta diferenças, havendo necessidade de definir primeiramente com qual

combustível-redutor o forno irá operar.

A utilização de carvão vegetal em altos-fornos de grande porte é inviável devido à sua

pequena resistência mecânica. A baixa resistência traz como conseqüência uma geração de

finos dentro do alto-forno, pela degradação do carvão, afetando o escoamento gasoso

(Braga, Gonçalves e Santiago, 1986).

A menor densidade do carvão vegetal exige um volume maior do mesmo,

consequentemente aumentando o volume ocupado pelo redutor em relação ao coque. A

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carga metálica em um forno a carvão vegetal ocupa cerca de 30% do volume do forno; já

no alto-forno a coque este número é de 45%. Representando assim, para um mesmo ritmo

de produção, o tempo de residência da carga em um forno a carvão vegetal é 1,5 vezes

menor que o caso do coque. Com isto, no alto-forno a coque a carga permanece por um

maior tempo na zona de preparação, favorecendo um menor consumo de carbono

(Pinheiro, 2004).

Como o carvão vegetal é mais reativo que o coque, no alto-forno a carvão vegetal a reação

de solution loss inicia-se em menores temperaturas. A temperatura da zona de reserva

térmica do forno a carvão vegetal é de aproximadamente 800°C, enquanto a do coque é de

950°C.

“Observa-se um menor consumo de carbono no alto-forno a coque do que

no alto-forno a carvão vegetal. A maior temperatura da zona de reserva

térmica do alto-forno a coque implica em um maior tempo necessário

para a carga atingir esta temperatura, em relação ao alto-forno a carvão

vegetal. Com isto, a maior parte das reações de redução ocorre antes que

a carga atinja tal temperatura, o que eleva o rendimento do processo.

Além disso, no alto-forno a coque as reações de redução têm uma cinética

mais favorável, devido às temperaturas mais elevadas. Portanto, essa

menor reatividade do coque explica seu menor consumo de carbono”

(Pinheiro, 2004).

Parte dos álcalis, uma vez carregados no alto-forno, ficam recirculando no interior do

reator, em ciclos de evaporação/condensação, podendo ocasionar a formação de cascões,

que são os óxidos dos alcalis. A eliminação dos álcalis é fortemente influenciada pela

basicidade da escória, pois quanto menor a basicidade, maior a taxa de eliminação. Desta

forma, no alto-forno a coque que opera com escória básica, a quantidade recirculante de

álcalis é mais alta do que no alto-forno a carvão-vegetal (Pinheiro, 2004).

“Com relação à composição química do ferro-gusa, um alto-forno a

coque produzirá um ferro-gusa com mais enxofre e, no alto-forno a

carvão vegetal, um ferro-gusa com mais fósforo. Quanto ao teor de

silício, dependerá da utilização do ferro-gusa. Se ele for a matéria-prima

da aciaria, como ferro-gusa líquido, trabalha-se com silício menor do que

1%, que é o caso de todos os altos-fornos a coque no Brasil. Pode-se

também produzir um ferro-gusa com silício maior do que 1%, chamado

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ferro-gusa de fundição, que é produzido pelos altos-fornos pequenos a

carvão vegetal dos produtores independentes (usinas não-integradas)”

(Castro, 1998).

A Tabela 2.2 resume as comparações entre os altos-fornos a coque e a carvão vegetal.

Tabela 2. 2 – Diferenças entre alto-forno a coque e a carvão vegetal

Alto-forno Parâmetro

a coque a carvão vegetal

Produção

Produtividade

Diâmetro do cadinho

Altura do alto-forno

Regeneradores

Temp. da zona de reserva térmica

Carga metálica

Volume da escória

(CaO/SiO2) escória

Composição típica da cinza(%)

Composição típica das escórias(%)

Ferro-gusa

Fatores climáticos

2000 a 12000 t/d

> 2 t/dm3

8 a 14 m

~32 m

Cowpers

950/1000°C

Presença de sínter e/ou pelota

250 a 300 kg/t ferro-gusa

> 1 (básico)

CaO=10,SiO2=50,

Al 2O3=25,Fe2O3=5,Outros=10

CaO=45,SiO2=35,

Al 2O3=12,MgO=5 Outros=3

%Si < 1

Problema=enxofre

Independe

40 a 1200 t/d

1,6 a 2 t/dm3

1,5 a 6 m

~16 m

Cowpers e Glendons

750/800°C

Pode ser de 100% de minério granulado

100 a 150 kg/t ferro-gusa

< 1 (ácida)

CaO=35, SiO2=20, Al2O3=5,Fe2O3=10,

MgO=10,P2O5=5, K2O +Na2O=8

CaO=40,SiO2=45, Al2O3=12,MgO=2

Outros=1

%Si variável

Problema=fósforo

Dependente

Fonte: Adaptado de Gomes apud Braga, Gonçalves e Santiago (1986) e Castro (1998)

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2.3 Sistema de Carregamento e Distribuição da Carga do Alto-Forno

A distribuição da carga no forno tem importância fundamental para a operação do alto-

forno, uma vez que ela é um dos fatores determinantes da eficiência das trocas térmicas e

das reações de redução, além de afetar diretamente no formato e na posição da zona

coesiva e da carga térmica sobre a parede do forno. A carga sólida, constituída de

combustíveis/redutores, minério de ferro e fundentes, é carregada para o topo do alto-forno

através de skips e/ou correias transportadoras, balanças e peneiras vibratórias.

Os equipamentos de carga do topo do alto-forno distribuem a matéria-prima ao interior do

forno ao longo do diâmetro da garganta e vedam o gás, evitando o vazamento e a perda de

pressão. Existem dois sistemas usuais de distribuição de carga adotados em altos-fornos. O

sistema duplo cone, mostrado na Figura 2.3, é geralmente utilizado em fornos menores.

Em fornos de grande porte, é adotado o sistema topo sem cone (Paul Wurth ou Bell less),

que utiliza tremonhas de carregamento com calha rotativa.

Figura 2.3 Sistema de carregamento duplo-cone (CASTRO, 1998).

Para se aumentar a pressão de topo dos altos-fornos é fundamental o correto

funcionamento do sistema de carregamento e sua adequada vedação, existindo ainda

sistemas simples para compensar uma eventual pressão de topo excessiva (principalmente

quando se utilizam venturis com garganta móvel na limpeza do gás que exercem contra-

pressão), implantando mecanismos de despressurização.

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2.4 Técnicas para Aumento de Produtividade – Injeção de Finos

Para aumentar a produtividade do alto-forno, reduzindo ao mesmo tempo o consumo de

coque ou carvão vegetal por tonelada de ferro-gusa líquido produzido (coke rate), são

empregadas técnicas de injeção de combustíveis pelas ventaneiras, como óleo mineral,

carvão pulverizado, gás natural, alcatrão etc (Rizzo, 2005). Alcança-se assim um aumento

do poder redutor do gás da rampa e substitui-se parcialmente o coque ou o carvão vegetal

por combustíveis mais baratos.

Muitas empresas produtoras de ferro-gusa em altos-fornos vêm praticando a injeção de

carvão pulverizado (PCI – Pulverized Coal Injection) pelas ventaneiras, permitindo a

redução do consumo de carvão vegetal ou coque carregado.

A produtividade do alto-forno pode ser determinada pelo fator:

E = P/V em t.m-3.dia -1 (2.1)

Onde:

V = volume útil do alto-forno (m3)

P = produção diária de ferro-gusa (t.dia-1)

2.5 Regeneradores de Calor

Os regeneradores são trocadores de calor que recebem o gás limpo do alto-forno entre 150

a 200°C, aquecendo-o através da queima deste com gás de coqueria, quando a usina for

integrada, e ar captado da atmosfera. Dos regeneradores de calor, o gás é enviado ao anel

de vento e injetado pelas ventaneiras do alto-forno. Ao soprar ar aquecido, aumenta-se o

rendimento da combustão, reduzindo o consumo de combustível. Segundo Rizzo (2005), o

ar aquecido corresponde a cerca de 10% da energia necessária para a obtenção do ferro-

gusa no alto-forno.

Dois tipos de regeneradores de calor são utilizados em altos-fornos, sendo eles os cowpers

e os glendons. Os glendons possuem menor eficiência, mas com um investimento também

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inferior. A temperatura do ar soprado chega a 1200°C quando se utiliza cowpers e varia de

500 a 850°C quando os trocadores de calor são os glendons. Os altos-fornos a coque

sempre utilizam cowpers, enquanto que, nos altos-fornos a carvão vegetal, pode-se utilizar

um ou outro trocador de calor, dependendo da usina. Segundo a pesquisa do Projeto Minas

Ambiente (1999), apenas uma empresa produtora independente de ferro-gusa em Minas

Gerais utiliza cowpers.

Os glendons trabalham continuamente, não dependendo de outra unidade para operar,

diferentemente dos cowpers. O ar frio atravessa uma câmara de combustão através de uma

serpentina feita de garrafas de ferro fundido ou aço inoxidável por onde troca calor com os

gases da queima que ficam na parte externa das garrafas, conforme mostrado na Figura 2.4.

Na Figura 2.5 é apresentada uma foto de um glendon desmontado da siderúrgica Alterosa

(MG).

Figura 2.4 Corte longitudinal de uma parte do glendon (CASTRO, 1998).

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Figura 2.5 Glendon desmontado da siderúrgica Alterosa (MG). Foto fornecida pela empresa.

2.6 O Gás de Alto-Forno e Equipamentos de Controle

Os gases gerados no alto-forno são constituídos principalmente de monóxido de carbono

(CO), dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2) e material particulado. De acordo com

Batista e Figueiredo (1998), não são encontrados óxidos de nitrogênio ou de enxofre, em

função do forno ser operado numa atmosfera redutora.

A quantidade de gás gerado no alto-forno varia de 2100 a 2300 Nm³.t-1 de ferro-gusa

produzido, com concentração de material particulado variando de 5 a 10g.Nm-³ conforme a

literatura. No entanto, em medições realizadas em altos-fornos a carvão vegetal esta

concentração de particulado varia de 16 a 17 g.Nm-³. O pó tem uma composição que varia

de acordo com a matéria-prima usada, sendo que uma composição aproximada é de 25 a

40% de Fe, 40 a 45% de C, 5 a 7% de SiO2 e 2 a 4% de CaO (Rizzo, 2005).

O material particulado do gás possui a seguinte distribuição granulométrica conforme

medição realizada na empresa a carvão vegetal Siderúrgica Plantar em Sete Lagoas.

Tabela 2.3 – Distribuição Granulométrica do Particulado no Gás

Tamanho (µm) % Abaixo 184 98.7 83.4 86.1 46.2 67.2 23.1 44.4

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12.8 28.6 1.2 0.3

Fonte: Siderúrgica Plantar – Sete Lagoas – Medição em Chaminé

Conforme a Deliberação Normativa COPAM 49/2001 de Minas Gerais,(COPAM, 2001) os

padrões de emissão de material particulado para altos-fornos de empresas não integradas

instaladas são, em zona urbana de 100 mg.Nm-3e em zona rural e mista de 200 mg.Nm-3

Para altos-fornos em empresas não integradas instaladas a partir de 2001, o padrão é 50

mg.Nm-3 para altos-fornos instalados em zona urbana e 100 mg.Nm-3 para altos-fornos

instalados em zona rural e mista. A Deliberação Normativa CONAMA 382/2006

(CONAMA, 2006) estabelece que, para altos-fornos em empresas integradas e semi-

integradas, o padrão de emissão é de 50 mg.Nm-3 para material particulado.

Em função de seu elevado poder calorífico, o gás produzido no alto-forno, após passar pelo

processo de limpeza, é queimado com oxigênio do ar nos glendons ou cowpers para

aquecimento do ar soprado nas ventaneiras do alto-forno (Figura 2.6). Os gases de alto-

forno não aproveitados nos glendons ou cowpers são queimados em tochas. Para Batista e

Figueiredo (1998), as tochas são instaladas como reguladoras da pressão dos gases nos

glendons, além de se constituir em medida para reduzir a emissão de poluentes,

notadamente o monóxido de carbono. Os sistemas básicos de limpeza de gás de topo do

alto-forno são:

• Coletor de pó (Balão)

• Ciclone

• Lavador tipo torre de lavagem

• Lavador tipo venturi

• Precipitador eletrostático e filtro de mangas

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Figura 2.6 Esquema do circuito de gases de um alto-forno: (1) coleta de gases e poeira; (2) separador de poeira; (3) recuperador em operação aquecendo o ar de entrada; (4) recuperador em preparação aquecendo-se pela queima dos gases; (5) chaminé para tiragem dos gases; (6) entrada de ar frio; (7) alimentação de ar quente (CAMPOS FILHO, 1981).

2.6.1 Coletores de pó – balão de limpeza

É o dispositivo mais simples para a separação de partículas em um fluxo gasoso, porem é

mais utilizado como pré-coletor, devido à limitação de coleta de partículas de grande

tamanho (maiores que 50µm).

Para se alcançar uma eficiência elevada, o coletor deve possuir dimensões grandes. A

eficiência (η) pode ser calculada pela fórmula (Jacomino et al., 1999; Higa, 1986):

Q

bLgK d pgp

µη

ρρ18

2

= ( 2.2)

Onde:

K= constante empírica (em geral 0,5)

g = aceleração da gravidade (m.s-2)

dp = diâmetro da partícula (m)

L = comprimento da câmara (m)

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b = largura da câmara (m)

µ = viscosidade do gás (Pa.s)

Q = vazão (m3.s-1)

ρp = densidade da partícula (kg.m-3)

ρg = densidade do gás (kg.m- 3)

No coletor de pó (balão), o gás que vem do alto-forno entra em um tubo cônico, cujo

diâmetro aumenta progressivamente. Como o gás é forçado a mudar de direção (para sair

do coletor pela parte superior), sua velocidade cai devido à maior seção e o pó arrastado

deposita-se no fundo do balão. O selo do coletor pode ser a seco ou a úmido. A Figura 2.7

mostra o esquema desse sistema.

Figura 2. 7 Coletores inerciais (HIGA, 1986)

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Todas as usinas independentes de ferro-gusa utilizam o coletor de pó (balão) e/ou o ciclone

como o primeiro equipamento de limpeza, sendo que a maioria dos balões possui o selo a

seco.

Segundo Oliveira e Martins (2003), os produtores independentes no estado de Minas

Gerais geram de 28 a 45kg de Charcok por tonelada de ferro-gusa, dependendo do

processo e da eficiência do sistema de controle. Charcok é o pó do balão, oriundo da

indústria siderúrgica não-integrada a carvão vegetal, que utiliza o carvão vegetal

(charcoal) como redutor. A composição do material particulado varia com o processo

produtivo e com as matérias-primas empregadas. A composição química aproximada do

resíduo Charcok é apresentada na Tabela 2.4.

Tabela 2.4 – Composição química aproximada do resíduo Charcok.

Elementos Porcentagem (%)

Fe2O3

SiO2

Al 2O3

P2O5

CaO

MgO

Carvão vegetal

57

12

2,0

0,05

3,0

0,1

20

Fonte: Oliveira e Martins (2003).

Segundo Higa (2005), esses equipamentos são mais compactos e requerem menor espaço

do que uma câmara de sedimentação gravitacional simples, implicando em uma perda de

carga ligeiramente maior (faixa de 25mmH2O(9,8N.m-2) a 75mmH2O) do que as câmaras

simples.

Os balões de limpeza possuem baixo custo, pequeno desgaste, baixo consumo de energia,

projeto simples e podem operar a altas temperaturas. Entretanto, ocupam um considerável

espaço e não retêm satisfatoriamente partículas pequenas trabalhando com eficiência média

de 60 a 80%.

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2.6.2 Ciclones

O princípio de operação do ciclone é a força centrífuga sobre as partículas sólidas em

movimento num fluxo rotativo. Por ser mais intensa que a força gravitacional e que a

coesão molecular, a força centrífuga empurra as partículas em direção às paredes do

ciclone. Assim, elas perdem movimento e caem no fundo do ciclone, retirando-se do fluxo

gasoso

A disposição de vários ciclones em paralelo, chamados de multiciclones (Figura 2.8),

permite utilizar células de alta eficiência com menores diâmetros e maiores velocidade de

entrada do gás (Lora, 2002).

Figura 2.8 Separador multiciclônico (BARRETO NETO, 2007).

Em geral, os coletores centrífugos (ciclones) são utilizados como pré-coletores, em função

de sua limitação a coleta de partículas com diâmetros maiores que 5 µm (Lisboa, 2005).

Os ciclones podem ser classificados segundo a sua eficiência e perda de carga da seguinte

forma (Assunção,1992):

- Ciclones de baixa eficiência (convencionais)

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• Ciclones com perda de carga entre 50 e 100mmH2O(9,8N.m-2)

- Ciclones de média eficiência

• Ciclones com perda de carga entre 100 e 200mmH2O(9,8N.m-2)

- Ciclones de alta eficiência (cone longo)

• Ciclones com perda de carga maior que 200mmH2O(9,8N.m-2)

A coleta através do mecanismo da força centrífuga será tanto maior quanto maiores forem

o diâmetro da partícula e sua velocidade tangencial e quanto menor o diâmetro do coletor.

Para especificação de um ciclone de entrada tangencial são requeridas oito dimensões,

como mostrado na Figura 2.9. Estas dimensões são determinadas através de relações

adimensionais do tipo Ka = a/D, Kb = b/D, etc.

Figura 2. 9 – Formas e dimensões de um ciclone (LICHT, 1984).

Diferentes configurações são possíveis, mas devem-se manter as seguintes recomendações

(Licht, 1984) e relações conforme a Tabela 2.5.

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• a ≤ s para prevenir o curto-circuito dos particulados da seção de entrada até o tubo

de saída;

• b ≤ (D – De)/2 para evitar excessiva queda de pressão;

• H ≥ 3D para manter a ponta do vortex (formado pelos gases) dentro da seção

cônica;

• ângulo do cone de ≈ 7-8° para permitir o deslizamento do pó;

• De/D ≈ 0,4-0,5, H/De ≈ 8-10, e S/De ≈ 1, para maximizar a eficiência.

.

Tabela 2.5 – Coeficientes adimensionais para o dimensionamento de ciclone por diferentes autores.

Alta eficiência Propósito geral

Termo Descrição Stairmand Swift Swift

Peterson e

Whitby

D

a

b

s

De

H

h

B

K

NH

Surf

Diâmetro da seção cilíndrica

Altura da seção de entrada

Largura da seção de entrada

Comprimento do tubo de saída

Diâmetro do tubo de saída

Altura total

Altura da seção cilíndrica

Diâmetro da saída do pó

Parâmetro de configuração

Carga de velocidade de entrada

Parâmetro de superfície

ka:

kb:

ks:

kDe:

kH:

kh:

kb:

1,0

0,5

0,2

0,5

0,5

4,0

1,5

0,375

551,3

6,40

3,67

1,0

0,44

0,21

0,5

0,4

3,9

1,4

0,4

699,2

9,24

3,57

1,0

0,5

0,25

0,6

0,5

3,75

1,75

0,4

381,8

8,0

3,65

1,0

0,583

0,208

0,583

0,5

3,17

1,333

0,5

342,3

7,76

3,20

Fonte: Licht (1984) e Lora (2002).

Um dos métodos para o cálculo da eficiência em ciclones de entrada tangencial é o de

Lapple. O método caracteriza a eficiência pelo “diâmetro crítico” ou pelo “diâmetro de

corte”. De acordo com Lisboa (2005), o diâmetro crítico refere-se ao diâmetro da partícula

que o ciclone coleta com 100% de eficiência. Similarmente, o diâmetro de corte refere-se

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ao diâmetro da partícula coletado com 50% de eficiência. Estes podem ser obtidos pelas

seguintes equações:

6)100( 10

2

18×

=

vpi

g

NV

bd

ρπµ

( 2.3)

6)50( 10

2

=

vpi

g

NV

bd

ρπµ

( 2.4)

Sendo:

d crítico = d(100) [µm]

d corte = d(50) [µm]

µg = viscosidade do gás [kg.m-1.s-1]

b = largura da entrada do ciclone [m]

Vi = velocidade do gás na entrada do ciclone, de 15 a 21 [m.s-1] (velocidade das

partículas)

ρp = densidade da partícula [kg.m-3]

Nv = número de voltas do “vortex” (3 a 10) – os maiores valores devem ser

utilizados para ciclones de alta eficiência (número de revolução dada pelas partículas no

interior do ciclone).

Uma forma de calcular a perda de carga em um ciclone foi citada por Jacomino et alii

(1999), sendo:

332 /'/

12

dLdLdk

hlP

d ⋅⋅⋅⋅=∆ ( 2.5)

Onde:

k é uma constante que depende das condições de entrada, sendo:

k = 0.5 para entrada simples sem guias;

k = 1.0 para entrada com guias retas;

k = 2.0 para entrada com guias expansoras.

d = diâmetro do ciclone (m);

l = largura do ciclone (m);

h = altura do ciclone (m);

L = comprimento da parte cilíndrica (m);

L´ = comprimento da parte cônica (m);

dd = diâmetro do duto de saída (m);

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Muitas são as vantagens dos coletores ciclônicos, a saber: têm baixo custo, são de simples

operação e projeto, apresentam poucos problemas de manutenção devido à simplicidade do

equipamento, exigem relativamente pouco espaço para instalação, possuem baixa perda de

carga, apresentam alta resistência à corrosão e à temperatura e possuem coleta a seco.

Por outro lado, as principais desvantagens são: possuem baixa eficiência para partículas

pequenas (< 5µm), em geral necessitam de segundo coletor para atender a emissão exigida,

a eficiência desses coletores depende muito de condições operacionais (menor vazão

implica em menor eficiência), existe a possibilidade de abrasão para determinadas

partículas e determinadas velocidades e, no caso de altos-fornos, possuem a eficiência

máxima observada em torno de 80%.

2.6.3 Lavadores

Lavadores são equipamentos projetados para incorporar as partículas de pó na gotícula de

água. Gotículas de 50 a 500µm de diâmetro são produzidas e colocadas em contato com o

material particulado. Estas gotículas de água contendo as partículas de material particulado

são coletadas por mecanismos simples, tal como gravidade, impactação em anteparos ou

por ação ciclônica.

As gotículas podem ser produzidas por um bico spray, pelo efeito de aspiração do fluxo

gasoso cisalhando um filme de líquido ou pelo movimento de um rotor movido

mecanicamente.

Relação líquido/gás é a relação entre o fluxo da água utilizado para a limpeza do gás e a

vazão do mesmo que está sendo limpa, geralmente expressa em L.m-3. De acordo com

Batista e Figueiredo (1998), os principais requisitos para um bom desempenho de um

lavador são a vazão de água, a perda de carga e a velocidade relativa entre a partícula de pó

e a gota de água. A água de lavagem não deve conter sólidos, pois esses tendem a se

acumular nos condutos ou nos bicos aspersores, restringindo o fluxo. Além disso, os

lavadores de alta energia como os venturis mais eficientes, podem ser utilizados apenas se

o alto-forno opera com pressões compatíveis de topo, para fornecer a necessária queda de

pressão. De acordo com Batista e Figueiredo (1998), em geral, as pressões de topo dos

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altos-fornos independentes oscilam entre 380 e 1500mmca(N.m-²), com média em torno de

800mmca(9,8N.m-²), sendo suficiente para operar um lavador Venturi. O lavador de média

energia exige uma perda de carga entre 250 e 380 mmca(9,8N.m-²), enquanto que o de alta

energia pode chegar a 1500 mmca(9,8N.m-²).

Teoricamente, interações dinâmicas entre partículas e gotículas de água, em termos de

aplicabilidade, são limitadas, uma vez que sistemas de lavagem real são muito complexos.

Uma teoria geral que evita os detalhes de que forma as partículas e as gotículas se

encontram entre si, é a teoria de energia de contato desenvolvida por Lapple. Esta teoria

assume fundamentalmente, segundo Lisboa e Schirmer (2007):

“Quando comparados com o mesmo consumo de energia, todos os

lavadores apresentam substancialmente a mesma eficiência de coleta para

uma mesma distribuição de tamanho de partículas, indiferente do

mecanismo envolvido e independente do meio fornecedor de energia, seja

líquido ou gás.”

Semrau desenvolveu uma teoria empírica que relata a perda de pressão total (PT) do

sistema para eficiência de coleta. Matematicamente, segundo essa teoria, as expressões são

(SUHARA, 1992):

)1000/( acfmhpPPP LGT += ( 2.6)

Onde:

PT = energia total de contato (hp/1000 acfm)

PG = energia para fluxo de gás (hp/1000 acfm)

PL = energia para injeção de líquido (hp/1000 acfm)

A energia gasta para movimentar o gás através do sistema, PG, é expressa em termos da

perda de carga do lavador:

)1000/(.1575,0 acfmhppPG ∆= ( 2.7)

Onde:

∆p = perda de pressão (pol. H2O ( 249 N.m-2))

acfm = 0,03 (m³/min)

A energia gasta no fluxo líquido (PL) é expressa como:

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)1000/(..583,0 acfmhpQ

QPP

G

LlL

= ( 2.8)

Onde:

Pl = pressão de entrada do líquido (lb.pol-2)(0,0703 kgf.cm-²)

QL = vazão de líquido (gal.min-1)(3,78 L.min-1)

QG = vazão de gás (pé3.min-1)(0,03 m³.min-1)

As constantes dadas nas expressões para PG e PL incorporam os fatores de conversão. A

energia total pode ser expressa como:

LGT PPP += ( 2.9)

)1000/(..583,0.1575,0 acfmhpQ

QPpP

G

LlT

+∆= ( 2.10)

Semrau correlaciona a eficiência do lavador através da formula:

−=βα

η TP.exp1 ( 2.11)

Onde:

α e β = constantes empíricas que são determinadas experimentalmente e dependem

da característica do material particulado.

A Tabela 2.6 especifica os valores de α e β respectivamente para diferentes indústrias. As

fórmulas citadas anteriormente permitem obter a eficiência do lavador a partir de dados

obtidos facilmente em campo, o que torna as fórmulas interessantes e práticas.

Tabela 2.6 – Constantes empíricas α e β

EFLUENTE TIPO DE LAVADOR α β GAS SUJO VENTURI E

SPRAY CICLONICO 1,47 1,05

GÁS PRÉ-LAVADO VENTURI E SPRAY CICLONICO

0,915 1,05

PÓ DE TALCO VENTURI 2,97 0,362 LIQUOR NEGRO FUMO DE FORNO GASES HUMIDOS

VENTURI E SPRAY CICLONICO

1,75 0,620

FUMOS QUENTES VENTURI E SPRAY CICLONICO

0,740 0,861

LIQUOR NEGRO QUENTE

VENTURI 0,522 0,861

MISTURA GASOSA DE ÁCIDO FOSFÓRICO

VENTURI 1,33 0,647

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PÓ DE FORNO CUBILO DE FUNDIÇÃO

VENTURI 1,35 0,621

ACIARIA VENTURI 1,26 0,569 FUMO DE FORNO VENTURI 1,26 0,569 FORNO DE FERRO SILÍCIO

VENTURI E SPRAY CICLONICO

0,870 0,459

MISTURA DE GASES COM ODORES

VENTURI 0,363 1,41

Fonte: SEMRAU apud SUHARA(1992)

Os lavadores requerem pouco espaço, podem ser utilizados em gases a altas temperaturas,

neutralizam gases e névoas corrosivas, resfriam os gases, e não tem problema com o

alcatrão presente nos gases de alto-forno. Possuem como principal desvantagem a

necessidade de tratamento de efluente, o material coletado (lama de alto-forno) está na

forma úmida e em geral necessita de tratamento adequado para sua reutilização e/ou

disposição final (geralmente filtros); apresentam alta perda de carga quando necessita de

alta eficiência de coleta, o que implica em custo operacional mais alto com um sistema de

ventilação mais potente para vencer as perdas de carga do sistema.

Os lavadores tipo Torre de Lavagem são um reservatório cilíndrico contendo em seu

interior chicanas de madeira, bandejas de grelhas cerâmicas ou mesmo pedaços de vidro,

de modo a criar um percurso mais acidentado e demorado para que a água de lavagem,

borrifada por meio de chuveiros no topo da torre, possa encontrar o gás que sobe em

contracorrente. Usa-se também um eixo com um disco central que suporta uma série de

barras espaçadas regularmente, girando entre outra série de barras estacionárias, presas à

parede da carcaça. O rotor gira e faz com que a água dos chuveiros internos, ao ser lançada

contra as barras móveis, forme gotículas e se misture com o gás que atravessa o aparelho,

molhando as partículas em suspensão (Castro, 1998).

2.6.4 Lavador tipo Venturi

Os lavadores Venturi são também chamados de “lavador gás-atomizador”. Nesses

lavadores (Figura 2.10 e 2.11), os gases ao passarem através de uma constrição na parte

superior (garganta) têm sua velocidade aumentada, segundo Jacomino et al.(1999), na

ordem de 60 a 120m/s, o que faz com que a água injetada na entrada do equipamento seja

atomizada em quantidades que variam de 0,4 a 1,0cm3/m3, gotas cujo tamanho médio pode

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ser estimado na faixa de 50µm. As partículas sólidas são coletadas por impactação,

interceptação e condensação.

Figura 2.10 – Esquema de um lavador Venturi (JACOMINO ET AL., 1999).

Figura 2.11 - Lavador Venturi com garganta ajustável (MEILI,2006)

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O lavador Venturi apresenta alta eficiência de coleta e alta perda de carga. Suas principais

características são apresentadas na Tabela 2.7.

Tabela 2.7 – Principais características de um lavador Venturi.

Parâmetro Faixa

Vazão do gás 95 a 68400 L.s-1

Velocidade na garganta 60 a 183 m.s-1

Perda de carga 250 a 750 mmH2O

Eficiência 98% ≥ 1µm

Fonte: Higa (1986).

Uma das formas de calcular a perda de carga em um lavador Venturi é citada por Suhara

(1992) sendo:

QG

QLVP g

231085,0 −×= ( 2.12)

Onde:

P = perda de carga (cmH2O) (98 N.m-2)

Vg = velocidade do gás na garganta (cm.s-1)

=QG

QLrelação líquido/gás (adimensional)

2.6.5 Precipitadores eletrostáticos e filtros de mangas

Nos precipitadores eletrostáticos os gases são ionizados ao passarem por uma alta

diferença de potencial, se chocam ou se depositam nas partículas, carregando-as

eletricamente e fazendo com que migrem em direção ao pólo de carga contrária. Ocorre a

deposição das partículas nos eletrodos coletores e a remoção das mesmas é feita por

sacudimento dos eletrodos ou lavagem com água.

Atualmente no Estado de Minas Gerais existe apenas uma siderúrgica que utiliza

precipitador eletrostático, que é a úmido, em alto-forno a coque (dois altos-fornos). Este

sistema é ainda muito caro para ser utilizado em altos-fornos a carvão vegetal e o fato do

exemplo já implantado no Estado ser a úmido não resolve a principal desvantagem dos

lavadores utilizados na siderúrgica, que é a necessidade de tratamento da água de lavagem.

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O filtro de manga (fabric filter) apresenta altas eficiências de coleta para uma ampla faixa

de tamanho de partículas, podendo coletar partículas menores que 0,5 µm. O fluxo gasoso

passa através das mangas (tecidos), ficando retidas as partículas. A filtração não é um

simples processo de peneiramento, pois as partículas depositadas no tecido em geral são

menores do que os poros do tecido. Durante a separação de uma partícula de pó nas fibras

do meio filtrante, os processos de interação entre forças de inércia, massa, difusão e

eletrostática atuam com grande intensidade. Entende-se como força de inércia as forças de

gravidade, as quais podem ser efetivas com partículas maiores de 1µm. Além destes

mecanismos, existem ainda forças de aderência entre as partículas reciprocamente e entre

partículas e fios, as quais influenciam o grau de separação.

Não existem altos-fornos no estado de Minas Gerais que utilizem filtros de manga para

limpeza de gás de alto-forno. Houveram tentativas de utilização deste equipamento que

fracassaram, principalmente porque em uma das tentativas o filtro foi implantado a jusante

do lavador, fazendo com que a umidade do gás impossibilitasse o correto funcionamento

da manga. A presença do alcatrão no gás também é um inconveniente para a utilização

deste tipo de equipamento de limpeza e o custo de implantação até o momento mostrou-se

impraticável.

2.7 Limpeza da Água de Lavagem de Gás de Alto-Forno

A água de lavagem do gás deve ser limpa, para eliminar principalmente os sólidos em

suspensão, e para isto utiliza-se um sistema de tratamento que, de modo geral, consiste de

tanque de sedimentação e filtragem da lama decantada, podendo ocorrer ainda a utilização

de floculantes e polímeros. Esta limpeza deve ser eficiente para evitar abrasão dos bicos

injetores dos lavadores e propiciar a reciclagem.da água.

Segundo Ribeiro e Figueiredo (1998), a água de lavagem dos gases de alto-forno, quando

não recirculada, constitui-se no principal efluente líquido das usinas siderúrgicas não

integradas a carvão vegetal. O volume de água gerado depende do tipo de sistema de

limpeza de gases utilizado pela indústria. Levantamentos realizados durante a fase de

diagnóstico do Projeto Minas Ambiente em 1998 indicaram que a maioria das indústrias

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dispõe de lavadores para limpeza do gás de alto-forno e que, portanto, produzem

continuamente esse efluente.

Na maioria das unidades independentes de produção de ferro-gusa, as águas de lavagem

dos gases do alto-forno são normalmente conduzidas a decantadores ou a bacias de

sedimentação, construídas no próprio terreno ou na forma de barragens, para remoção dos

sólidos em suspensão. Uma vez sedimentada, a lama é retirada com uma frequência que

varia de um dia a três meses, enquanto a água decantada é recirculada para o sistema de

limpeza (Ribeiro, 1998).

A sedimentação simples não remove as partículas finamente divididas, exigindo alguma

forma de floculação, quando há necessidade de maior grau de clarificação do líquido

sobrenadante. Adiciona-se ao efluente coagulante para promover a desestabilização das

partículas a fim de que possam agrupar-se no processo de floculação e aumentar a

eficiência do processo de sedimentação.

Atualmente, os equipamentos mais eficientes utilizados pelas siderúrgicas para tratamento

de água de lavagem de alto-forno são os decantadores circulares, conforme a Figura 2.12.

Figura 2.12 – Decantador circular (SPERLING, 2005).

Na Tabela 2.8 são apresentados os resultados de análises químicas para determinação da

concentração de alguns parâmetros nos efluentes líquidos gerados por três indústrias

siderúrgicas representativas do setor de ferro-gusa. Todas as análises foram feitas em

amostras coletadas antes e depois do tanque de decantação (Jacomino et alii, 1999).

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31

Tabela 2. 8 – Resultados de Análises Químicas de Amostras de Efluentes Líquidos.

Entrada do tanque de decantação

Siderúrgica

Temperatura da

Água

(oC)

pH Cianeto Total

(mg/L)

Fenóis

(mg/L)

N amoniacal

(mg/L)

Óleos e

Graxas

(mg/L)

Sólidos em

Suspensão

(mg/L)

A 51 7,28 2,36 541 942 8,91 42.280

B 45 7,31 13,4 792 431 40,2 555

C 49 7,52 3,88 275 949 8,91 1305

Saída do tanque de decantação

A 50 7,38 2,36 232 841 4,50 1330

B 44 7,42 3,94 622 471 14,6 295

C 48 7,57 1,09 337 909 5,42 985

Fonte Jacomino et alii (1999).

Uma boa limpeza da água de lavagem é fundamental para o correto funcionamento do

lavador, sendo recomendável que o teor de sólidos suspensos não passe dos 100 ppm

(mg.L-1) para que haja a recirculação.

2.8 Cogeração

Segundo o Dicionário de Terminologia Energética apud Barja (2006), o conceito de

cogeração significa a produção simultânea e seqüencial de duas ou mais utilidades - calor

de processo e potência mecânica e/ou elétrica - a partir da energia disponibilizada por um

ou mais combustíveis. Assim, para um dado processo industrial de produção, na condição

em que há demanda simultânea das utilidades energia térmica e eletromecânica, a

aplicação da cogeração se apresenta como provável alternativa, com a vantagem do uso

racional de combustível.

As fontes utilizadas pelas centrais de cogeração qualificada são as mais diversas, divididas

entre biomassa, combustíveis fósseis residuais/calor recuperado de processo, como

mostrado na Figura 2.13 (Barja, 2006).

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Figura 2. 13 - Participação das fontes energéticas utilizadas por centrais de cogeração qualificada no Brasil (ANEEL apud BARJA, 2006).

A cogeração permite um grande ganho potencial de conservação de energia, com uma

eficiência energética acima de qualquer outro modelo de geração elétrica ou térmica.

Assim, a produção simultânea de energia térmica e elétrica para uso local contribui para a

rentabilidade de uma planta de geração, principalmente pelo fato de apresentar eficiências

elevadas, decorrente do uso dado aos gases quentes de escape necessariamente rejeitados

no ciclo térmico (Lora apud Moisés, 2007).

Os principais ciclos utilizados na configuração de uma central de cogeração são:

• Ciclo Rankine ou a vapor;

• Ciclo Brayton ou a gás;

• Ciclo combinado.

O ciclo Rankine (Figura 2.14) é utilizado quando da existência de caldeiras aquatubulares e

mistas de média e alta pressão de vapor acopladas a turbinas a vapor (condensação e

extração) ou turbinas de contrapressão. Este sistema é bastante utilizado, principalmente

pelas usinas de cana de açúcar e grandes indústrias incluindo os altos-fornos. A grande

maioria de seus equipamentos é de fabricação nacional facilitando sua operação e tendo

como inconveniente ser um processo de menor eficiência que os demais.

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Figura 2.14 - Ciclo Rankine (MOISÉS, 2007).

O ciclo Brayton (Figura 2.15) tem uma configuração diferente. Ele utiliza uma turbina ou

motor a gás acoplado a geradores. Os gases de escape da queima do energético são

aproveitados no processo da melhor forma possível. Um exemplo de utilização de gases de

escape é quando há uma grande necessidade de ar quente para secagem ou para obter troca

de energia com água (Moisés, 2007).

Figura 2.15 - Ciclo de Brayton (MOISÉS, 2007).

Já o ciclo combinado (Figura 2.16), além de ser o mais eficiente, é o mais completo e o que

melhor utiliza os conceitos termodinâmicos. Neste caso, utiliza-se uma turbina a gás ou um

motor que é acoplado a um gerador para gerar energia eletromecânica. Os gases de escape

são reaproveitados em uma caldeira de recuperação, retirando energia térmica. Do sistema

de refrigeração do motor ou da turbina, retira-se mais energia térmica que será

reaproveitada em equipamentos do processo. Além dessa maior recuperação, utiliza-se

uma turbina a vapor para retirar mais energia eletromecânica do vapor gerado pela caldeira

de recuperação.

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Figura 2.16 - Ciclo combinado (MOISÉS, 2007).

2.9 Termoelétricas

Uma central termoelétrica com ciclo a vapor é composta por três elementos principais:

caldeira a vapor, tubulações para transporte do vapor e o grupo turbogerador (turbina a

vapor e gerador elétrico) com os equipamentos auxiliares tais como o condensador e

bombas.

A caldeira é um trocador de calor que produz vapor através da transferência da energia

térmica de uma fonte quente (combustível) para o fluido vaporizante e podem ser

aquatubulares ou flamotubulares.

Nas caldeiras flamotubulares os gases de combustão circulam por dentro dos tubos,

vaporizando a água que fica por fora dos mesmos, também conhecidas como

fogotubulares; são constituídas por um vaso de pressão cilíndrico, com dois tampos planos

(espelhos) onde são afixados os tubos e a fornalha. Dentro dos tubos – que podem ser

verticais ou horizontais - passam os gases de queima da fornalha e a água preenche todo o

recipiente.

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O feixe tubular, ou tubos de fogo, é composto por tubos, responsáveis pela absorção do

calor contido nos gases de exaustão usados para o aquecimento da água e as fornalhas

dessas caldeiras devem ser dimensionadas de tal forma que ocorra a combustão completa

em seu interior, para que não haja reversão da chama reduzindo a vida útil do

equipamento.

Por sua concepção, as caldeiras flamotubulares modernas só queimam combustíveis

líquidos ou gasosos, devido à dificuldade de se instalar grelhas para combustíveis sólidos.

São caracterizadas por sua baixa eficiência, sendo em sua maioria de pequeno porte, e

utilizadas para baixas pressões, porque o grande volume de água capaz de armazenar se

torna um fator limitante das pressões de trabalho por questões de segurança, sendo que

qualquer vazamento do reservatório provoca a expansão rápida da água, passando do

estado líquido para vapor, podendo ocasionar explosões.

No caso da utilização do gás de alto-forno, devido ao teor de particulado no gás, estas

caldeiras necessitam de mais tempo de paradas de manutenção que as caldeiras

aquatubulares. As Figuras 2.17 e 2.18 demonstram as caldeiras flamotubulares e pode-se

verificar a dificuldade de utilização destas caldeiras caso o gás de alto-forno tenha alto teor

de material particulado entupindo a tubulação de gás.

Figura 2.17 - Caldeira Flamotubular (Catálogo empresa Biochamm 2008).

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Figura 2. 18 – Caldeira Flamotubular (Catálogo empresa Biochamm 2008).

A eficiência térmica dessas caldeiras está na faixa de 80 a 90%, estando essa limitada à

dificuldade em se acrescentar equipamentos adicionais de recuperação de calor. As

principais vantagens se devem ao baixo custo de aquisição do equipamento, por exigirem

pouca alvenaria e por atenderem bem a aumentos instantâneos de demanda de vapor

(CHD, 2008).

Nas caldeiras aquatubulares, os gases circulam por fora dos tubos e a vaporização da água

se dá dentro dos mesmos, também conhecidas como caldeiras tubos de água. São dois

pequenos balões d’água – posicionados em alturas diferentes para favorecer a convecção

natural –, interligados por um feixe tubular. Por fora do feixe passam os gases de queima

da fornalha, percorrendo um caminho tortuoso dentro de uma câmara fechada, que é a área

de troca de calor da caldeira. Devido à pequena quantidade d’água dentro da caldeira e

pelo fato de haver uma parede exterior entre a fornalha e o meio ambiente, a segurança

nessas caldeiras é consideravelmente maior. No caso de utilização de gás de alto-forno

como combustível, este tipo de caldeira exige menos tempo de parada para manutenção

sendo mais eficientes.

Um conjunto turbogerador é constituído basicamente pelos seguintes equipamentos:

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- Turbina: responsável pela conversão termodinâmica de parte da energia contida no vapor

de alta pressão e temperatura, em energia mecânica no seu eixo;

- Redutor: responsável pela adequação da rotação nominal da turbina à velocidade síncrona

do gerador;

- Gerador: responsável pela conversão eletrodinâmica da energia mecânica do eixo da

turbina em energia elétrica nos seus bornes.

A turbina a vapor é a máquina térmica que utiliza a energia do vapor sob forma de energia

cinética, sendo capaz de transformar em energia mecânica a energia contida no vapor vivo

sob a forma de energia térmica e de pressão. A turbina é um motor rotativo que converte

em energia mecânica a energia de uma corrente de água, vapor d’água ou gás. O elemento

básico da turbina é a roda ou rotor, que conta com paletas hélices, lâminas ou cubos

colocados ao redor de sua circunferência, de forma que o fluido em movimento produza

uma força tangencial que impulsiona a roda, fazendo-a girar. Essa energia mecânica é

transferida através de um eixo para movimentar uma máquina, um compressor, um gerador

elétrico ou uma hélice (Manhabosco, 2005).

O vapor de alta pressão e temperatura é expandido na turbina, onde a energia de pressão do

vapor é convertida em cinética durante sua expansão, e em seguida a quantidade de

movimento do fluxo de vapor é transferida às palhetas fixas e móveis do motor,

transformando-se em trabalho de eixo.

O gerador é a máquina elétrica que realiza a conversão de energia mecânica em energia

elétrica, sendo formado por dois conjuntos eletromecânicos distintos: o rotor, que é a parte

móvel da máquina e é geralmente a parte mais interna da máquina; e o estator, que é a

parte fixa da máquina, geralmente a parte externa da mesma. O rotor é formado por um

conjunto de bobinas (campos) em que, aplicando-se corrente contínua, forma-se um campo

magnético no espaço compreendido entre o rotor e o estator (entreferro). Isto é, o rotor

opera como um eletroímã, cuja intensidade de campo magnético é controlada pela corrente

contínua injetada nas bobinas (corrente de excitação) (Ferreira, 2006).

Em centrais termoelétricas, a água é o meio mais utilizado para efeito de resfriamento. Em

um sistema de resfriamento semi-aberto, a água de resfriamento é bombeada através do

condensador da turbina, constituído por um feixe de tubos por onde passa o vapor que já

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realizou na turbina trabalho através de sua conversão termodinâmica Este vapor em vácuo

e com baixa temperatura cede calor progressivamente através dos tubos para a água

circulante no seu exterior; a água aquecida retorna então para um spray, onde o referido

calor será entregue à atmosfera. No spray, a dissipação do calor é facilitada pelo esguicho

da água bombeada sobre uma piscina de grande área que proporciona uma melhor troca

térmica (Ferreira, 2006).

Nas termoelétricas instaladas em Minas Gerais, existem dois tipos de resfriamento,

resfriamento a ar (principalmente quando ocorre escassez de água) e resfriamento

utilizando torres.

O cálculo da potência de uma termoelétrica conforme o ciclo Rankine é dado pela equação:

P = Q x PCI x η/860 ( 2.13)

Sendo:

P – potência da termoelétrica em kW/h

Q – vazão de gás do alto-forno Nm³/h

PCI – poder calorífico inferior do gás de alto-forno kcal.Nm--³

η - rendimento da termoelétrica

Alguns valores típicos do rendimento dos componentes de uma central termoelétrica a

vapor utilizados em Minas Gerais são:

Rendimento total = 20%, sendo

η caldeira = 82%

η turbina = 72%

η redutor-gerador = 94%

η condensador = 36%

As Tabelas 2.9 e 2.10 mostram alguns valores de PCI para várias substâncias.

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Tabela 2.9 – Dados de poder calorífico inferior, coeficiente exergético e exergia química de gases de siderurgia.

Poder calorífico inferior Coeficiente exergético Exergia

química

kJ/kg kJ/kg

Carvão metalúrgico 21.689 1,09 23.588

Coque 29.035 1,06 30.690

Carvão vapor 23.865 1,09 25.965

Óleo combustível 40.133 1,07 43.062

kJ/m³ kJ/m³

Gás Natural 30.960 1,04 32.198

Gás de coqueria

(GCO)

18.841 1,00 18.841

Gás de alto-forno

(GAF)

3.000 0,98 2.940

Gás de aciaria

(GAC)

9.000 1,00 9.000

Fonte: Costa (2002).

Tabela 2. 10 – Valores de poder calorífico superior (PCS) e inferior (PCI) para alguns combustíveis, em kcal/Kg.

Combustível PCS (kcal/kg) PCI (kcal/kg)

Carbono (C) 8.140 -

Hidrogênio (H2) 34.500 28.700

Carvão mineral 4.500 a 6.200 -

Gás natural (média Petrobrás) 12.650 11.430

(9.400Kcal/m³) (8.500Kcal/m³)

Metano (CH4) 14.730 13.290

Gasolina 11.000 10.000

Óleo Diesel 10.600 9.500

Álcool (etanol = C2H6O) 7.200 6.500

Bagaço de cana (base seca) - 4.130

Madeira (20% umidade) 4.200 3.700

Lixo urbano - 2.120

Fonte: Ferreira (2006).

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2.10 Turbina de Recuperação de Topo

A Turbina de Recuperação de Topo (TRT) é um sistema que utiliza a pressão de escape e o

calor oriundo do alto-forno da siderúrgica como fonte de energia. Nesse sistema, o gás de

alto-forno produzido durante o processo de fundição do ferro é utilizado para a geração de

eletricidade a partir do sistema TRT. Sem o sistema de geração de potência TRT, o gás de

alto-forno será tratado por vários processos para redução de sua pressão e temperatura. A

energia elétrica gerada por este sistema abrange cerca de 20% de toda a energia necessária

para o funcionamento dos equipamentos do alto-forno, incluindo os ventiladores de ar

(Mes, 2008). A Figura 2.19 mostra uma instalação de TRT.

Figura 2. 19 - Turbina de Recuperação de Topo - TRT (KAWASAKI, 2004).

Além da economia de energia, o sistema TRT também propicia a redução do ruído durante

a passagem do gás pela turbina. Algumas empresas brasileiras já implantaram o sistema

TRT, tais como: CST (capacidade de 20.000kW), Gerdau Açominas (11.340kW) e a

Usiminas (18.800kW) (KAWASAKI, 2008).

A Figura 2.20 mostra exemplo de fluxo da geração do gás de alto-forno e da utilização da

TRT.

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Figura 2.20 – Exemplo esquemático de um sistema TRT (YAMAGUCHI, 2005).

Nota: DC: Dust Catcher

VS: Venturi Scrubber

Somente é possível a utilização deste tipo de turbina em altos-fornos com grandes pressões

e vazão de gás de topo. Atualmente, somente altos-fornos a coque podem utilizar este tipo

de equipamento.

2.11 Avaliação Econômica de Projetos de Termoelétricas Numa distribuição típica dos custos de um empreendimento energético, os custos

distribuídos são modelados através de Fluxos de Caixa uniformes. Tal modelo se aplica,

sem grande perda de generalidade, uma vez que se pode sempre calcular, com pequeno

esforço adicional, o fluxo uniforme equivalente a um outro fluxo mais complexo quaisquer

(Barja, 2006).

No Fluxo de Caixa, projeta-se o investimento inicial para uma data futura ao fim de um

tempo de construção e de instalação (Figura 2.21). Assim, estima-se o valor do

investimento inicial como sendo o valor futuro relativo ao consumo do equipamento,

somado ao valor futuro equivalente a série uniforme dos custos de instalação. Dessa forma,

propõe-se que a análise comparativa seja feita em um tempo infinito, com reposições

sucessivas ao final da vida útil para todas as alternativas consideradas (Barja, 2006).

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Figura 2.21 - Fluxo de caixa de um empreendimento energético (BARJA, 2006).

Assim, o Fluxo de Caixa pode ser decomposto em dois outros, sendo o primeiro uma série

uniforme de valor CC + CM – VS, e o segundo um investimento inicial aplicado no tempo

zero, somado a uma série uniforme de valores I – R. A série uniforme equivalente à soma

destas duas composições de fluxo de caixa corresponde ao Custo Distribuído Total (Barja,

2006).

(2.14)

De posse do CDtotal, calcula-se a energia produzida (En) em kWh, que no período de um

ano será igual à potência instalada (PI) em kW, multiplicado ao número de horas de um

ano, corrigido pelo fator de capacidade (FC). O fator de capacidade pode ser definido

como sendo a razão entre a energia efetivamente gerada ao longo de um ano e aquela que

seria produzida se a instalação operasse a plena carga no mesmo período (Barja, 2006).

(2.15)

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Neste modelo, conforme Carvalho apud Barja (2006), a razão entre as expressões, isto é, o

custo distribuído anual total e a energia anual produzida, é o principal indicador oferecido,

ao passo que permite a comparação de alternativas de geração ou de economia de energia

com sucessivas reposições ao fim da vida útil de cada uma. Este indicador avalia o custo

da energia produzida ao ano e tem a vantagem adicional de permitir uma comparação

direta com os preços da energia praticados pelas concessionárias de energia elétrica.

A relação custo/benefício (C/B) de um empreendimento energético é expressa de forma

mais ampla com poucas restrições.

(2.16)

C/B - relação custo / benefício em $/kWh

CC - custo anual do insumo energético em $/ano

CM - custo de manutenção específico em $/ano

VS - valor do subproduto específico em $/ano

R - valor residual em $

I - investimento inicial em $

FC - fator de capacidade

V - vida em anos

PI - potência instalada em kW

i - taxa de juros ao ano

2.12 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Aplicado a Termoelétrica

As alterações climáticas são consideradas uma das mais sérias ameaças à sustentabilidade

do meio ambiente, à saúde, ao bem-estar dos homens e à economia global. A comunidade

científica internacional em sua maioria concorda que o clima da Terra está sendo afetado

pelo acúmulo de gases geradores do efeito estufa, como o dióxido de carbono, decorrentes

da atividade humana, e que ações preventivas devem ser imediatamente tomadas. A

resposta política internacional às alterações climáticas tomou corpo, no âmbito da ONU,

com a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Adotada em 1992, a

convenção entrou em vigor em 21 de março de 1994. Com 186 signatários, ela estabelece

uma proposta de ação para a estabilização das concentrações atmosféricas dos gases

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geradores do efeito estufa, inibindo algumas ações humanas (contribuições antrópicas)

caracterizadas como interferências perigosas ao sistema climático (CEBDS, 2009).

A UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change – é uma

repartição específica da ONU que, dentre outras atribuições, trata dos projetos de MDL –

Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - e tem como atribuições: aprovar metodologias;

formalizar a participação de ANDs – Autoridades Nacionais Designadas; credenciar

entidades responsáveis pela avaliação externa (EODs – Entidades Operacionais

Designadas) e; registrar os projetos e emitir os Certificados de Emissões Reduzidas

(CERs). Para que um projeto possa ser registrado é necessária a elaboração de um

documento de concepção de projeto (PDD – Project Document Design), onde deverá ser

aplicada uma metodologia de definição de Linha de Base e de Monitoramento de Projeto.

Essa metodologia deverá ser aprovada pelo Comitê Executivo do UNFCCC.

Essas metodologias são periodicamente reavaliadas em função de novas tecnologias e

métodos mais rigorosos de quantificação de redução ou remoção de gases de efeito estufa.

Para o registro do projeto, são averiguadas se as exigências e critérios de elegibilidade

estabelecidos pela ONU, AND e EOD foram atendidos e, uma vez registrado, o projeto

estará apto a ser implementado, começando a gerar CERs.

A categoria de linha de base das atividades em estudo é especificada de acordo com a lista

de categorias de atividades de projeto MDL de pequena-escala contida no Apêndice B do

Relatório da Conferência das Partes no Protocolo de Quioto em sua primeira sessão,

realizada em Montreal de 28 de novembro a 10 de dezembro de 2005 (Report of the

Conference of the Parties serving as the meeting of the Parties to the Kyoto Protocol on its

first session, held at Montreal from 28 November to 10 December 2005).

Os procedimentos e modalidades simplificadas para as atividades de projeto de MDL em

pequena-escala se encaixam no tipo/categoria I.D – projetos de energia renovável/geração

de eletricidade renovável para uma rede de abastecimento – sendo objetivo do estudo a

geração de eletricidade a partir de fontes renováveis em substituição à energia fornecida

pela rede pública. Já as categorias I.A, I.B e I.C envolvem tecnologias de energia

renovável para fornecimento de energia elétrica, mecânica e térmica, respectivamente,

direto ao consumidor.

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À categoria I.D compreende as unidades de geração de energia renovável, como

fotovoltaicas, hidrelétricas, de marés/ondas, eólicas, geotérmicas e de biomassa renovável,

que forneçam eletricidade para um sistema de distribuição e/ou substituam a eletricidade

de um sistema de distribuição que seja ou tenha sido abastecido por pelo menos uma

unidade geradora de energia a partir da queima de combustíveis fósseis.

De acordo com as modalidades e procedimentos simplificados para as atividades de projeto

MDL de pequena-escala, o estudo avalia a geração de eletricidade a partir de fontes

renováveis, substituindo o fornecimento de eletricidade gerada pela rede pública.

Conseqüentemente, a metodologia de monitoramento a ser utilizada deverá consistir da

medição da eletricidade gerada pela tecnologia renovável. No caso de plantas

coalimentadas, a quantidade de biomassa introduzida e seu conteúdo de energia deverão

ser monitorados. Vale notar que poderá haver casos nos quais os combustíveis renováveis

(i.e., gás de alto-forno) não serão supridos em quantidades suficientes para gerar a

eletricidade necessária.

O estudo sobre a geração de energia elétrica à base de combustíveis renováveis do setor

siderúrgico visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao substituir a geração de

eletricidade à base de combustíveis fósseis pela geração através da cogeração. Mais

especificamente, o estudo propõe a queima do excedente de gás de alto-forno para geração

elétrica. Entre os gases causadores do efeito estufa, considera-se num estudo de

termoelétrica somente o CO2. As emissões de metano (CH4) não serão modificadas no

estudo, tendo em vista que o gás de alto-forno, que contém aproximadamente 2% de

metano, sofre combustão tanto no cenário de referência quanto no estudo e os compostos

N2O (óxido nitroso) , HFCs ( hidrofluorcarbonetos), PFCs ( perfluorcarbonetos) e SF6

(hexafluoreto se enxofre) não se aplicam a este estudo.

Para todos os sistemas, exclusive os que utilizam óleo combustível e/ou diesel, gás de

aterro, gás residual, tratamento de águas residuárias e projetos agroindustriais, a linha de

base são os kWh produzidos pela unidade de geração renovável multiplicados por um

coeficiente de emissão (medido em kg CO2e/kWh), calculado da seguinte maneira:

a) Uma margem combinada (CM), consistindo da combinação da margem operacional

(OM) e da margem de construção (BM), de acordo com os procedimentos

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prescritos na “Ferramenta para calcular o fator de emissão de um sistema elétrico”;

ou

b) A média ponderada das emissões (em kg CO2e/kWh) da matriz de geração atual.

Devem ser usados os dados do ano em que ocorra a geração do projeto (CQNUMC,

2009).

Os fatores de emissão de CO2 calculados de acordo com a ferramenta metodológica “Tool

to calculate the emission factor for an electricity system” aprovada pelo Conselho

Executivo do MDL têm como objetivo estimar a contribuição, em termos de redução de

emissões de CO2, de um projeto de MDL que gere eletricidade para a rede.

Resumidamente, o fator de emissão do sistema interligado para fins de MDL é uma

combinação do fator de emissão da margem de operação, que reflete a intensidade das

emissões de CO2 da energia despachada na margem, com o fator de emissão da margem de

construção, que reflete a intensidade das emissões de CO2 das últimas usinas construídas.

É um algoritmo amplamente utilizado para quantificar a contribuição futura de uma usina

que vai gerar energia elétrica para a rede em termos de redução de emissões de CO2 em

relação a um cenário de base. Esse fator serve para quantificar a emissão que está sendo

deslocada na margem. A sua utilidade está associada a projetos de MDL e se aplica,

exclusivamente, para estimar as reduções certificadas de emissões (RCEs) dos projetos de

MDL (MCT, 2009). O Ministério de Ciência e Tecnologia fornece os valores anuais do

fator de emissão de CO2 pela geração de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional

do Brasil.

A fórmula usada para medir as reduções nas emissões é descrita abaixo:

ER = (Ep * Gp) - (Ec * Gc) - (Et * Ct) – L ( 2.17)

onde:

Ep: Energia requerida do sistema nacional durante o cenário de linha de base (energia

produzida)

Gp: Intensidade de carbono da energia fornecida pelo sistema nacional durante o cenário

de linha de base

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Ec: Energia requerida do sistema nacional durante o cenário de projeto (energia

consumida)

Gc: Intensidade de carbono da energia fornecida pelo sistema nacional durante o cenário

de projeto

Et: Energia produzida no cenário de projeto

Ct: Intensidade de carbono da energia no cenário de projeto

L: Emissões de carbono por vazamento

Uma vez que o cenário de referência (linha de base) tenha sido definido, é relativamente

simples se determinar as reduções de gases de efeito estufa obtidas através do uso de

combustível renovável na produção de energia elétrica pelas atividades do estudo.

Economias líquidas na emissão (ER) são calculadas pela quantidade de energia da rede

pública substituída, descontando-se todas as emissões relacionadas à operação da usina

termoelétrica e qualquer vazamento.

A quantidade de energia da rede pública substituída é calculada como a diferença entre a

energia requerida no cenário de referência menos a energia requerida do projeto em estudo,

considerando-se que esta diferença foi causada pela energia adicional provida pelas

atividades de projeto em estudo.

Como exemplo, a energia requerida para manter uma usina termoelétrica foi estimada em

10% da capacidade da termoelétrica. Portanto, uma termoelétrica de 5MW irá consumir

500kW. O valor anual de consumo da termoelétrica passa a ser de 3456MW, considerando

que ela trabalhará 80% do tempo.

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48

A Figura 2.22 mostra os dados de volume e preço do mercado de carbono para o ano de

2006.

Figura 2.22 – Níveis de emissão de CO2 e valores estimados da tCO2e para diversos mercados de carbono no ano de 2006 (SANQUETTA, 2009).

A duração das atividades de cada projeto deve ser de cerca de 20 anos, enquanto o

primeiro período de crédito de carbono dura cerca de 7 anos.

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49

3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos pretendidos foi empregada a seguinte metodologia baseada em

aplicação de questionários para identificar a situação atual do setor e em fórmulas

matemáticas para determinar a eficiência de equipamentos de controle de poluição.

3.1 Pesquisa Bibliográfica

Foi realizada pesquisa bibliográfica contendo os seguintes itens:

- Processo de produção em altos-fornos;

- Equipamentos de limpeza de gás de alto-forno;

- Equipamento de limpeza de água de lavagem (decantador e filtros);

- Termoelétricas para aproveitamento do gás de Alto-Forno;

-Turbinas de Recuperação de Topo;

- Estudo de custo benefício para implantação de termoelétricas;

- Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

Foi ainda realizada pesquisa nos arquivos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, nos processos de empresas que possuem altos-

fornos e a levantamentos já existentes no setor nos anos de 1992, 1998 e 2005 realizados

pela FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente.

Deve-se ressaltar a dificuldade de se realizar pesquisa bibliográfica de altos-fornos a

carvão vegetal, porque esta é uma atividade quase que exclusivamente brasileira, que teve

seu início no Estado de Minas Gerais, não tendo portanto muitos dados comparativos.

3.2 Confecção de Questionário e Aplicação nas Empresas Siderúrgicas

Foi elaborado um questionário para aplicação em todas as empresas que produzem ferro-

gusa no Estado de Minas Gerais.

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Para ajudar na aplicação dos questionários foram contratadas duas engenheiras que foram

treinadas para este fim.

O questionário se concentrou no objetivo do trabalho, ou seja, obter informações a respeito

do processo produtivo no alto-forno, do gás de alto-forno e equipamento de limpeza do gás

de alto-forno. Foram utilizadas unidades que são normalmente conhecidas pelo setor.

As perguntas referentes às termoelétricas não fizeram parte do questionário, sendo que

foram realizadas separadamente e os resultados foram diretamente preenchidos em uma

planilha excell. Sendo assim, as empresas que possuem termoelétricas chegaram a ser

visitadas no mínimo por duas vezes, sendo uma para aplicação do questionário e uma para

preenchimento da tabela sobre a termoelétrica.

3.3 Visitas Técnicas a Fabricantes de Equipamentos e Empresas Projetistas

Foram realizadas visitas técnicas e reuniões na FEAM com empresas projetistas de

equipamentos de limpeza de gás de alto-forno, equipamentos de controle de poluição,

empresas projetistas de alto-forno, e empresas construtoras de caldeiras para

termoelétricas.

As empresas foram:

Biochamm Caldeiras – Curitiba – Paraná

Equipalcool – Sertãozinho – São Paulo

Engemac – Santa Luzia – Minas Gerais

Paul Wurth do Brasil – Belo Horizonte – Minas Gerais

Modulax – Montagem tecnologias e Projetos - Sete Lagoas- Minas Gerais

JB Consultoria – Belo Horizonte- Minas Gerais

Renner – Porto Alegre – Rio Grande do Sul

Bernauer – Tecnologia do Ar e Meio Ambiente – São Paulo – São Paulo

Efficientia – Belo Horizonte – Minas Gerais

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Forsin – Divinópolis – Minas Gerais

Sprayng Sistem – Belo Horizonte – Minas Gerais

3.4 Compilação e Análise Estatística dos Dados

Com os questionários aplicados nas empresas e as planilhas realizadas foram feitas as

análises estatísticas dos dados com o objetivo principal de se conhecer o setor de ferro-

gusa a carvão vegetal, e através das informações do próprio setor, conseguir determinar o

sistema de limpeza de gás mais adequado.

Adotaram-se os seguintes princípios.

- Procurou-se sempre respeitar as informações fornecidas pelas empresas, mesmo sabendo

que em muitos casos, não correspondiam com dados da literatura, deixando que o estudo

estatístico se encarregasse de demonstrar eventuais enganos.

- Os dados referentes a consumo do carvão em m³.t-1, quando eram fornecidos em consumo

de carbono, usou-se uma densidade do carvão vegetal de 270 m³.t-1 e teor de carbono no

carvão de 70% para fazer a conversão.

- Não foi realizada análise estatística dos fornos a coque uma vez que já possuem eficientes

sistemas de limpeza de gás.

3.5 Estudo dos Sistemas de Limpeza de Gás Implantados para Utilização nas Termoelétricas.

Foi realizado um estudo das empresas com termoelétricas implantadas, focando os

equipamentos de limpeza de gás de alto-forno existentes, utilização de ventiladores

adicionais, características das termoelétricas, visando apresentar um cenário da situação

atual e tecnologias empregadas, e apresentá-las através de fluxogramas esquemáticos.

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3.6 Propostas dos Sistemas Mais Adequados.

Para propor o sistema mais adequado foi considerado que a concentração máxima de

material particulado no gás na chaminé das caldeiras é 50 mg.Nm-³ porque este é o padrão

de emissão nacional utilizado para altos-fornos em siderúrgicas integradas e para

termoelétricas, e as empresas construtoras de caldeiras pesquisadas não adotam um valor

de referência de particulado no gás a ser queimado.

O trabalho se concentrou no lavador venturi uma vez que filtros de manga e precipitadores

eletrostáticos são ainda muito caros e não são comumente utilizados na limpeza de gás de

alto-forno, sendo que o filtro de manga ainda se mostrou até o momento, tecnicamente

inadequado, e os equipamentos a seco como ciclones e balões gravitacionais possuem

baixa eficiência de remoção.

Para se estimar a melhor configuração de lavador venturi foram realizados dois estudos:

- Análise estatística sobre eficiência de lavador venturi

Através do questionário aplicado nas empresas e análise de desenhos de lavador venturi

empregados, tentou-se realizar uma correlação entre eficiência do venturi e perda de carga.

Neste caso o estudo não se limitou às informações do questionário, foram realizadas

pesquisas nos processos da FEAM (Relatórios de Controle Ambiental RCA e Planos de

Controle Ambiental PCA) e analisados desenhos de lavadores venturi cedidos durante as

vistorias e nos RCA’s e PCA’s, ainda foram descartados dados considerados inconsistentes

(por exemplo, empresas que consideraram torres lavadoras como lavadores venturi).

Quando não fornecidas, as perdas de carga dos lavadores venturi foram calculadas

utilizando a equação 2.12, a vazão de gás do alto-forno foi considerada como 2200 Nm3.t-1

de gusa e a vazão de água igual a 1L.Nm-3 de gás, que é a comumente utilizada no setor.

- Análise por modelo matemático sobre eficiência do lavador venturi

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Através de um modelo matemático descrito nas equações 2.10 e 2.11, procurou-se

determinar um intervalo de perda de cargas do lavador venturi onde se consegue uma

concentração de 50 mg.Nm-3 .

A eficiência total foi calculada utilizando a equação

Etotal = 1 – (1-E1)*( 1-E2)*(1-E3)*(1-En) (3.1)

Onde:

Etotal = Eficiência Total

En = Eficiência do equipamento n

Foram estudadas duas situações:

Numa primeira, a concentração de particulado no gás que sai do forno antes do sistema de

limpeza é de 10 g.Nm-3 (valor da literatura), para atingir uma concentração de 50 mg.Nm-3

na entrada da fornalha da caldeira, não considerando portanto o ar de combustão.

Na segunda simulação, a concentração de particulado no gás do forno antes do sistema de

limpeza é 17 g.Nm-3 (valor encontrado em RCA apresentado na FEAM), para atingir a

mesma concentração de 50 mg.Nm-3 na saída da fornalha da caldeira, considerando neste

caso o ar de combustão que é de aproximadamente 1,5 vezes o gás de alto-forno, gerando

um volume de gás de combustão 2,5 vezes maior que o gás de alto-forno queimado

considerando as densidades (ar, gás de alto-forno e gás de combustão) semelhantes nas

Condições Normais de Temperatura e Pressão.

Em ambas as simulações foi considerado que a eficiência do sistema preliminar (balão e ou

ciclone com ou sem torre lavadora) é de 80%, e a concentração máxima de material

particulado na chaminé da termoelétrica será de 50 mg.Nm-3 .

3.7 Análise Econômica de Custo Benefício

Tendo como base as informações apresentadas pelas empresas do setor siderúrgico foi

possível calcular o custo/benefício da instalação de termoelétricas em todas as empresas

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consumidoras de carvão vegetal adotando a metodologia descrita no item 2.11 e

construídas planilhas excell.

Tendo em vista que grande parte dessas empresas não possui termoelétrica, o cálculo

considerou os dados de produção e vazão de gás de alto-forno gerados, propondo analisar a

viabilidade econômica dessa instalação.

Para se obter resultados mais correlatos, neste estudo optou-se por utilizar uma vazão de

gás de 2200 Nm³.t-1 de gusa produzida e uma eficiência de produção de 90 %.

A relação custo/benefício foi obtida a partir da seguinte equação:

(3.2)

sendo:

C/B – relação custo/benefício

CC – custo do insumo energético ($.ano-1)

CM – custo de manutenção e operação da termoelétrica ($.ano-1)

VS – valor do subproduto ($.ano-1)

I – investimento inicial ($)

IA – investimento adicional ($)

i – taxa de juros (ano)

v – vida útil da instalação (ano)

R – valor residual do investimento ao final da vida útil de instalação ($)

PI – potência instalada (kWh)

FC – fator de capacidade (%)

EI – energia líquida (%)

Considerando que o processo de geração de energia se faz através da cogeração, sendo o

insumo utilizado o gás de alto-forno, resíduo da produção do gusa que seria enviado para a

atmosfera, foram considerados como nulos os custos do insumo energético e valor do

subproduto. Para o cálculo da potência instalada, tem-se que:

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(3.3)

sendo:

Q – vazão de gás no topo do alto-forno (Nm³.h-1)

PCI – poder calorífico do gás de alto-forno (kcal.Nm-3)

η – rendimento da termoelétrica

O dado de vazão de gás é dividido por 2 na fórmula supracitada, considerando-se que 50%

do gás gerado no alto-forno é encaminhado para o glendon e 50% segue para a tocha. Essa

proporção varia entre as empresas, sendo determinado um valor médio. A eficiência

utilizada é de 20 %.

Já o cálculo do investimento inicial pode ser realizado considerando-se que:

(3.4)

ou seja, o investimento inicial equivale à potência instalada multiplicado a R$3.500, sendo

esse o valor estimado pelo custo do kWh.

Foi considerado que todos os dados de produção e vazão apresentados equivalem ao

somatório da produção e vazão de todos os fornos da empresa que utilizam como matéria-

prima o carvão vegetal. Os fornos que utilizam coque como matéria-prima não foram

considerados nesses cálculos.

Para os cálculos de custo/benefício, foram considerados dois tipos de investimentos

adicionais: de R$2.500.000,00, chamado investimento adicional IA1 e de R$1.500.000,00,

chamado investimento adicional IA2. Esses investimentos foram inseridos ao investimento

inicial para cada forno, estando relacionados com os custos adicionais para a instalação de

equipamentos mais modernos e eficientes nas termoelétricas. O investimento de IA1, seria

para termoelétricas que optassem por modificar a casa de máquinas com turbo compressor

e lavador de 1000 mmca(9,8N.m-²), e o investimento IA2, seria para instalar o mesmo

lavador venturi e modificar a casa de máquinas de forma convencional ( acrescentando

exaustores de ar na casa de máquinas).

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Os valores de investimentos adicionais citados foram adquiridos com as empresas

fabricantes e consultores citados no item 3.3, sendo que são valores estimados informados

nas entrevistas. Das empresas visitadas somente a empresa Bernauer enviou um orçamento

para implantação de um filtro de mangas para gás de alto-forno.

A partir dos cálculos de custo/benefício sem investimento adicional e com investimentos

adicionais IA1 e IA2 foram calculados os tempos de retorno desses investimentos,

utilizando a fórmula:

(3.5)

Sendo:

TR – tempo de retorno (ano)

I – investimento inicial ($)

IA – investimento adicional ($)

P – produção (t/dia)

c – consumo de energia (kW.t-1)

PE – preço da energia ($)

C/B – custo/benefício ($)

Para a análise dos dados obtidos foram gerados gráficos, relacionando Produção versus

Tempo de Retorno e Empresa versus Custo/Benefício demonstrados nas figuras 4.60 e

4.61.

Para o valor da taxa de juros foi considerado uma variação anual de inflação de 4,5% , a

vida útil da instalação de 20 anos e o consumo de energia é de 84 kW.por tonelada

produzida.

3.8 Cálculo do Ganho de Crédito de Carbono Através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

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Conforme discutido no capítulo 2.12, entre os gases causadores do efeito estufa, considera

se nesse estudo somente o CO2 sendo que as emissões de metano (CH4) não serão

modificadas e os N2O, HFCs, PFCs e SF6 não se encontram no gás de alto-forno.

O Ministério de Ciência e Tecnologia fornece os valores anuais do fator de emissão de

CO2 pela geração de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional do Brasil, sendo

determinado para o ano-base 2008 o fator de emissão médio (tCO2.MWh-1) equivalente a

0,1458 para margem de construção e 0,4766 para margem de operação , totalizando uma

média de 0,3112 tCO2.MWh-1.

Para cálculo da emissão evitada de CO2 foi utilizada a equação 2.17, considerando que

nenhum combustível adicional será utilizado na termoelétrica e os chamados vazamentos

(L) mencionados na equação serão considerados nulos nesta simulação.

As economias líquidas na emissão (ER) foram calculadas pela quantidade de energia da

rede pública substituída, descontando-se todas as emissões relacionadas à operação da

usina termoelétrica.

Foi considerada que a energia produzida (Ep) equivale a 90% da potência instalada para

cada empresa, sendo essa última determinada pela vazão de gás de alto-forno calculada a

partir dos dados de produção de todos os fornos, equação 3.2, utilizando a vazão teórica de

2200 Nm³.t-1. A determinação da energia consumida (Ec) foi realizada considerando-se

apenas 10% da energia produzida, visto que essa seria a energia requerida para o

funcionamento da própria termoelétrica. Considerando ainda as eliminações anteriormente

citadas, tem-se a fórmula final utilizada para calcular as emissões reduzidas de CO2.

ER = (Ep * Gp) - (Ec * Gc) (3.5)

Onde:

ER: Emissão reduzida

Ep: Energia requerida do sistema nacional durante o cenário de linha de base (energia

produzida)

Gp: Intensidade de carbono da energia fornecida pelo sistema nacional durante o cenário

de linha de base

Ec: Energia requerida do sistema nacional durante o cenário de projeto (energia

consumida)

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Gc: Intensidade de carbono da energia fornecida pelo sistema nacional durante o cenário

de projeto

O valor da tonelada de CO2 utilizado foi de US$ 13,00 da figura 2.22.

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

Como conseqüência da compilação dos dados dos questionários aplicados nos altos-fornos

no Estado de Minas Gerais, o setor se apresenta resumidamente conforme a Figura 4.1 com

a distribuição dos altos-fornos a coque e a carvão vegetal.

Figura 4.1 – Distribuição dos altos-fornos a coque e a carvão vegetal em Minas Gerais

Verifica-se que os altos-fornos a coque possuem maior capacidade produtiva e são em

número muito menor enquanto que os altos-fornos a carvão vegetal possuem menor

capacidade produtiva e são em maior número.

Atualmente em Minas Gerais existe um determinado nível de produção, aproximadamente

1000 t/dia, em que se pode utilizar tanto o coque quanto o carvão vegetal. Os altos fornos a

carvão vegetal podem ser modificados para utilizarem coque.

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4.1 Cenário do Aproveitamento Energético do Gás de Alto-Forno Para Geração de Energia Elétrica.

Obviamente a diferença entre altos-fornos a coque e altos-fornos a carvão vegetal não se

esgota na diferença de produção e tamanho dos fornos. Quando se pretende analisar o

cenário da utilização de gás de alto-forno para geração de energia elétrica é importante

verificar a disparidade que existe nas pressões de topo, vazões e concentração de material

particulado nos gases da chaminé do glendon ou Cowper como mostrado na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Altos-fornos a coque e a carvão vegetal no Estado de Minas Gerais.

No entanto quando examinamos somente os altos-fornos a carvão vegetal, não verificamos

uma relação muito clara entre pressão de topo, vazão de gás e concentração de particulado

no gás. O motivo disto será discutido neste trabalho.

Os valores de variação de material particulado e pressão de topo na Figura 4.2 é apenas um

indicativo da realidade não podendo ser interpretado como valores exatos, mas como uma

ferramenta didática para exemplificarmos a diferença entre coque e carvão vegetal em

Minas Gerais.

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Como visto na Figura 4.2, os altos-fornos a coque possuem uma pressão de topo muito

mais alta, vazões muito mais altas e concentração de material particulado no gás muito

mais baixa. Isto faz com que o gás de alto-forno seja aproveitado para geração de energia

elétrica através da utilização das chamadas turbinas de recuperação de topo.

As turbinas de recuperação de topo são utilizadas em fornos a coque utilizando a energia

cinética do gás (grande vazão e grande energia de topo) e só é possível esta utilização

porque o gás possui baixa concentração de material particulado (menor que 5 mg.Nm-3).

É importante salientar que neste trabalho estamos tratando do gás de alto-forno puro, sem

ser misturado com outros gases. Quando o gás de alto-forno passa pela turbina de

recuperação de topo para gerar energia elétrica o seu poder calorífico ainda é aproveitado

na usina, mas depois de passar por um balão de gás onde o mesmo é misturado com outros

gases (de coqueria e aciaria por exemplo).

A Figura 4.3 mostra como é o aproveitamento do gás de alto-forno a coque em uma turbina

de recuperação de topo.

Figura 4.3 - Aproveitamento de gás de alto-forno a coque em turbina de recuperação de topo.

A Figura 4.4 mostra o Lay Out de uma turbina de recuperação de topo instalada em Minas

Gerais.

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Figura 4.4 – Turbina de Topo empresa Shaangu Group ( 2008)

Conforme verificado na Figura 4.4, o princípio de funcionamento da turbina de

recuperação de topo é muito simples, uma vez que o gás passa pela turbina e aciona um

gerador apenas aproveitando a energia cinética do gás.

A tabela 4.1, mostra o cenário da utilização das turbinas de recuperação de topo no Estado

de Minas Gerais.Tabela 4. 1 Cenário da utilização das turbinas de recuperação de topo no

Estado de Minas Gerais.

Empresa Capacidade

do Forno

(t/dia)

Potencia da

Turbina

Pressão

de Topo

do Forno

(mmca)

Sistema

de

Limpeza

do Gás

Vazão

de Gás

(Nm³/h)

Perda de Carga

Lavador

Venturi

(mmca)

Concentração

Particulado no

Gás

(mg/Nm³)

1 8500 Capacidade

18 MW

Geração de

9 a 12 MW

20000 1 balão

2 venturi

480000

4000 < 5

2 7800 10,45 MW 20000

1balão

2 venturi

450000 4000 < 5

2 4155 6,8 MW 20000

1 balão

2venturi

300000 4000 < 5

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Portanto existem 3 turbinas de recuperação de topo instaladas no Estado de Minas Gerais

gerando aproximadamente 29,25 MW de energia elétrica.

Os altos-fornos a carvão vegetal, possuem uma pressão de topo bem mais baixa, no

máximo de 2000 mmca(9,8N.m-²), e normalmente uma alta concentração de material

particulado, geralmente maior que 50 mg.Nm-3, impossibilitando a utilização de turbinas

de recuperação de topo.

Conforme demonstra a Figura 4.5, a alternativa para os altos-fornos a carvão vegetal passa

a ser a termoelétrica, onde se aproveita o poder calorífico do gás para queimá-lo em uma

caldeira para gerar vapor que, por sua vez irá movimentar as palhetas de uma turbina que

estará acoplada a um eixo de um gerador de energia elétrica. As caldeiras implantadas

podem ser flamotubulares ou aquatubulares, conforme as Figuras 4.6 e 4.7.

Figura 4.5– Esquema de utilização de gás de alto-forno em Minas Gerais- Termoelétrica

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Figura 4.6– Caldeira Flamotubular ( Catálogo Empresa Biochamm 2008)

Figura 4.7- Caldeira Aquatubular (Catálogo Empresa Biochamm 2008)

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As tabelas 4.2 e 4.3 demonstram a situação atual das termoelétricas instaladas no Estado de

Minas Gerais e as que estão em construção.

Tabela 4.2 Cenário das termoelétricas a gás de alto-forno em Minas Gerais

Observações

(1) – Uma empresa possui 2 termoelétricas.

(2) – Somente o gás do forno 2 vai para a termoelétrica

Conforme a tabela 4.2 demonstra, a produção atual de energia elétrica no Estado de Minas

Gerais é de aproximadamente 36,2 MWh utilizando o gás de alto-forno em termoelétricas

em altos-fornos a carvão vegetal.

As caldeiras mistas existentes no Estado também foram classificadas com flamotubulares

na tabela 4.2.

Com relação à emissão demonstrada na tabela 4.2, não foram utilizados somente os dados

fornecidos pelas empresas durante as visitas, mas também dados que foram adquiridos

pesquisando os projetos de sistemas de limpeza nos arquivos da FEAM- Fundação

Estadual do Meio Ambiente através do sistema informatizado. Esses dados, referem-se a

concentração de material particulado do gás na chaminé do glendon.

Empresa Forno Produção (t/dia)

Vazão (Nm³/h)

Pressão Topo (mmca)

Tipo caldeira

Prod. Vapor t/h

Potencia kW

Pressão de vapor kgf/cm²

Parada Para limpeza

Emissão (mg/Nm³)

1 1 2

80 145

8500

600 600

flamotubular 12 1200 21 mensal >150

2 1 2 3

80 120 160

11200

700 1200 1700

flamotubular 25 2500 25 mensal >100

3(1) 1 158 11460 1000 flamotubular 13 1200 21 4em4 mes 100

3 1 110 11460 900 flamotubular 13 1200 21 4em4 mes 100

4 1 2

420 500

21984(2)

600 800

flamotubular 20 2000 21 parada 80

5 1 200 10200 870 flamotubular 12 1000 21 4em4 mes 70

6 1 2

282 420

36667 800 aquatubular 30 5000 35 acidente 70

7 1 2

170 330

33000 850 aquatubular 30 6000 44 Início operação 90

8 1 440 18000 380 flamotubular 18 2000 24 mensal >100

9 1 2

120 210

14166 400 700

flamotubular 20 1200 21 bimensal 80

10 1 2

1200 600

40500 2900 2800

aquatubular 60 12900 60 Para com manutenção do(s) fornos

<10

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65

Já as informações referentes à freqüência das paradas foram fornecidas pelas empresas

durante as visitas.

Verifica-se que ocorrem paradas mensais, bimensais, quadrimensais, dependendo do teor

de material particulado no gás.

Para reduzir estas paradas para limpeza das caldeiras, propõe-se que o teor de particulado

na chaminé do glendon (ou da chaminé da termoelétrica) seja de no máximo 50 mg.Nm-3

visando também atender a legislação nacional para emissão de material particulado em

siderúrgicas integradas e para termoelétricas.

Tabela 4. 3 - Termoelétricas em Construção

Empresa Forno Prod.

(t/dia)

Vazão

Termoelétrica

Nm³/h

Pressão

Topo

mmca

Tipo

Caldeira

Prod.

Vapor

t/h

Potencia

kW

Pressão

de vapor

kgf/cm²

Equipamento de

limpeza do gás

1 1

2(2)

420

500

15800

1100

1300

aquatubular

17

2200

45

Balão, ciclone e

venturi

Ventilador

adicional (3)

2 6AF(1) 170

43312

500

aquatubular 42 8800 42 Balão e lavador

Ventilador

adicional

Lavador adicional

Obs.

(1) Esta empresa possui 7 fornos iguais, sendo que funcionará apenas com 6 fornos de 170 t/dia

(2 ) Somente em um alto-forno

(3) Adicional refere-se a equipamentos adicionais na linha da termoelétrica

Conforme observado na tabela 4.3 haverá ainda a geração de mais 11 MWh de energia

elétrica no Estado de Minas Gerais em duas termoelétricas que se encontravam em

construção no momento da pesquisa.

Foi cálculada a potência teorica que poderia ser produzida através da equação 3.2.

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66

As Figuras 4.8 e 4.9 mostram as vazões e potencias teóricas que poderiam ser instaladas

comparadas com as vazões e potencias das termoelétricas instaladas informadas.

Figura 4.8 - Dados de vazão de gás na entrada da termoelétrica informado e calculado.

Figura 4.9 - Dados de potência de saída da termoelétrica informada e calculada

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67

Analisando as Figuras 4.8 e 4.9, observa-se que os dados calculados, tanto de vazão de gás,

quanto de potência, apresentaram-se maiores em relação aos dados informados pelas

empresas, com poucas exceções. Esse fato pode ser justificado pelo motivo de que na

realidade, a maior parte do gás é dirigido ao glendon e não à termoelétrica e também, as

empresas foram conservadoras ao dimensionar as termoelétricas visando garantir mais gás

para os glendons, enquanto que os dados calculados são estimados de acordo com a

produção total de cada forno, em plena produção.

A figuras 4.10 mostra o gráfico indicando a quantidade de termoelétricas por município.

Figura 4. 10 - Termoelétricas por Município

4.2 Configurações de Sistemas de Limpeza de Gás de Alto-Forno a Carvão Vegetal em Termoelétricas no Estado de Minas Gerais.

As Figuras 4.11 a 4.18 a seguir representam esquematicamente as principais configurações

de sistemas de limpeza de gás de alto-forno que é queimado em termoelétricas instaladas

no Estado. Nesta Figuras:

P topo =Pressão de Topo do alto-forno em mmca(9,8N.m-²)

50%- Porcentagem do gás que é dirigido para termoelétrica ou para o glendon

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68

Pentrada= Pressão do gás na entrada da caldeira da termoelétrica.

Teor de Particulado= Teor de material particulado no gás medido na chaminé do glendon.

Figura 4. 11 - Configuração 1

Nesta configuração, a pressão de topo do alto-forno é pequena, na ordem de 600 mmca(

9,8N.m-²), fazendo com que a empresa adote um sistema de controle de baixa eficiência

consistindo de balão (separador gravimétrico) e multiciclone.

A empresa tentou compensar a baixa eficiência de limpeza com outro multiciclone na linha

da termoelétrica, o que adiantou pouco, fazendo com que a concentração de particulado

seja considerada alta, maior que 150 mg.Nm-3.

Nesta configuração a empresa optou por utilizar como ventilador adicional (para

compensar a baixa pressão na linha) o próprio ventilador da termoelétrica, o que não é

recomendado pelos fabricantes de caldeira por ocasionar grandes riscos de explosão.

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A empresa neste caso se preocupou em apenas melhorar a limpeza de gás que é dirigido

para a termoelétrica, não se preocupando com a limpeza do gás que é dirigido para o

glendon, fazendo que o mesmo continue com altos teores de particulado. Para manter a

temperatura de sopro, necessita-se de mais gás no glendon, faltando gás para a

termoelétrica.

Figura 4.12 – Configuração 2

Nesta configuração a empresa também opera com pressão de topo do alto-forno pequena,

na ordem de 700 mmca(9,8N.m-²), fazendo com que seja adotado um sistema de controle

de baixa eficiência consistindo de balão (separador gravimétrico) e multiciclone.

Neste caso a empresa tentou compensar a baixa eficiência de limpeza com a implantação

de um lavador de baixa energia na linha da termoelétrica, o que também adiantou pouco,

fazendo com que a concentração de particulado seja considerada alta, na faixa de 100 a 150

mg.Nm-3.

Nesta configuração a empresa optou por implantar um ventilador adicional (para

compensar a baixa pressão na linha). Este ventilador, no entanto constantemente precisa

ser limpo porque o gás com particulado não permite o seu funcionamento correto (sujando

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as palhetas), e também ocorre risco de explosão devido à presença de pressão negativa na

linha de gás de alto-forno.

A empresa também neste caso preocupou se apenas em melhorar a limpeza de gás que é

dirigido para a termoelétrica, não se preocupando com a limpeza do gás que é dirigido para

o glendon, fazendo que o mesmo continue com altos teores de particulado prejudicando a

sua eficiência de operação.

Figura 4.13 - Configuração 3

Nesta configuração a empresa opera com pressão de topo do alto-forno muito pequena, na

ordem de 400 mmca(9,8N.m-²), e a empresa adota um sistema de controle de baixa

eficiência consistindo de balão (separador gravimétrico) e dois lavadores de baixa energia.

A empresa compensou a baixa eficiência de limpeza com a implantação de mais um

lavador de baixa energia na linha da termoelétrica, e um ventilador depois do lavador para

compensar a perda de carga necessária. O conteúdo de particulado para a termoelétrica é

considerada alta, na faixa de 100 mg.Nm-3.

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Este ventilador, por estar depois do lavador, requer menos limpeza porque o gás está com

menor concentração de particulado, porém neste caso, também ocorre risco de explosão

devido à presença de pressão negativa na linha de gás de alto-forno.

A empresa também neste caso preocupou-se apenas em melhorar a limpeza de gás que é

dirigido para a termoelétrica, não se preocupando com a limpeza do gás que é dirigido para

o glendon, fazendo que o mesmo continue com altos teores de particulado prejudicando a

sua eficiência de operação.

Figura 4.14 – Configuração 4

Nesta configuração a empresa opera com pressão de topo do alto-forno baixa, na ordem de

800 mmca(9,8N.m-²), e adota um sistema de controle de baixa eficiência consistindo de

balão (separador gravimétrico) e lavador de baixa energia.

A empresa compensou a baixa eficiência de limpeza com a implantação de um lavador

venturi na linha da termoelétrica, e um ventilador antes do lavador para compensar a perda

de carga necessária para dirigir o gás até a termoelétrica. O conteúdo de particulado

medido é na faixa de 70 mg.Nm-3 devido à boa eficiência do lavador venturi.

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Este ventilador, por estar antes do venturi, requer muitas paradas para limpeza de suas pás,

para não desbalancear, e também neste caso, ocorre risco de explosão devido à presença de

pressão negativa na linha de gás de alto-forno.

A empresa também se preocupou apenas em melhorar a limpeza de gás que é dirigido para

a termoelétrica, não se preocupando com a limpeza do gás que é dirigido para o glendon,

fazendo com que o mesmo continue com altos teores de particulado prejudicando a sua

eficiência de operação.

Figura 4.15 – Configuração 5

Esta configuração na realidade foi um teste realizado em uma das empresas com

termoelétrica em construção, sendo que a pressão de topo do alto-forno é pequena, na

ordem de 500 mmca(9,8N.m-²), fazendo com que seja adotado um sistema de controle de

baixa eficiência consistindo de balão (separador gravimétrico) e lavador de baixa energia.

A empresa tentou compensar a baixa eficiência de limpeza com a instalação de um filtro de

mangas na linha da termoelétrica, o que não funcionou, porque a umidade e o conteúdo de

alcatrão no gás não permitiram o funcionamento a contento do filtro de mangas,

ocasionando o entupimento das mangas. A tentativa era de alcançar uma emissão de 50

mg.Nm-3 na chaminé da termoelétrica.

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Nesta configuração a empresa optou por utilizar um ventilador adicional (para compensar a

perda de carga necessária).

A empresa neste caso se preocupou também em apenas melhorar a limpeza de gás que é

dirigido para a termoelétrica, não se preocupando com a limpeza do gás que é dirigido para

o glendon, fazendo que o mesmo continue com altos teores de particulado. Para manter a

temperatura de sopro, necessitar-se-ia de mais gás no glendon, o que diminuiria o gás para

a termoelétrica.

Figura 4.16 - Configuração 6

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Figura 4.17 -Configuração 7

Nas configurações 6 e 7 as empresas ( três usinas) optaram por instalar um equipamento de

limpeza de gás de maior eficiência que é o lavador venturi. No entanto optaram por instalar

lavadores venturi de baixa energia.

Esta configuração tem a vantagem de se obter um gás mais limpo para ser dirigido à

termoelétrica e ainda também conseguem limpar o gás que é dirigido ao glendon. No

entanto não alcançaram a eficiência necessária para se obter uma concentração de 50

mg.Nm-3 medida na chaminé do glendon, sugerida por este trabalho.

Na configuração 7, algumas empresas optaram por adicionar um ventilador na linha da

termoelétrica para ajudar a vencer a perda de carga necessária para dirigir o gás, porque as

pressões de topo dos fornos não são altas o suficiente. Esta opção como discutido

anteriormente é preocupante porque pode estar criando pressão negativa na linha de gás de

alto-forno, fazendo com que provável injeção de ar na linha cause risco de explosão.

Foram relatados pelo menos dois casos que tal fato ocorrera.

Pelo menos uma empresa modificou a casa de máquina para aumentar a pressão de topo

evitando a utilização do ventilador adicional.

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Figura 4.18 - Configuração 8

Nesta configuração o alto-forno possui alta pressão de topo proporcionando a utilização de

lavadores venturi de alta energia e alta eficiência, sendo que a concentração de material

particulado no gás antes da termoelétrica é menor que 10 mg.Nm-3.

Nesta configuração o glendon também fica limpo e a casa de máquina utiliza o turbo

compressor.

Ocorre parada para limpeza da caldeira somente com as paradas programadas dos altos-

fornos.

É importante destacar que a concentração de material particulado em todas estas

configurações são medidas nos glendons, portanto deve-se levar em consideração o ar de

combustão utilizado no glendon que eleva a quantidade do gás de combustão em

aproximadamente 2,5 vezes o gás de alto-forno e não foi considerado o carbono presente

no particulado do gás (aproximadamente 40 %) que pode ser queimado nos glendons e nas

tochas.

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76

4.3 Cenário do Setor de Produção de Ferro-Gusa a Carvão Vegetal no Estado de Minas Gerais

Conforme a metodologia proposta no projeto procurou-se através da própria experiência do

setor de ferro-gusa a carvão vegetal detectar as melhores tecnologias de processo e limpeza

de gás de alto-forno que poderiam ser aproveitadas pelas demais empresas.

Para tanto foi realizado o diagnóstico do setor referente aos anos de 2008 e 2009.

O setor produtor de ferro-gusa possui um total de 74 empresas a carvão vegetal no Estado

de Minas Gerais, sendo que, dentre estas, 1 estava em construção e 8 estavam paradas há

anos por intervenção judicial ou por ser massa falida. Essa parcela corresponde a 12% das

empresas do setor.

Das 65 empresas à carvão vegetal restantes, 6 não responderam ao questionário, o que

corresponde a 9% das empresas visitadas. Dentre as 59 empresas onde foi obtido o

questionário, havia apenas 29 empresas operando pelo menos 1 forno, o que corresponde a

49% destas, as demais não se encontrava em operação. A Figura 4.19 mostra a relação de

empresas por município, considerando as 65 empresas analisadas.

Figura 4.19 Relação de empresas por município

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O setor siderúrgico possui atualmente 102 fornos, estando 98 em condições de

funcionamento e 4 paralisados há anos, sendo desconsiderados nesse levantamento. A

Figura 4.20 mostra a capacidade instalada unitária considerando o total de alto-fornos em

condições de funcionamento. A capacidade de produção total destes fornos por dia é de

27.515 toneladas de gusa. De acordo com os dados obtidos, o total de carvão vegetal

consumido pelas empresas foi de 73.703 m³.dia-1, com exceção de duas empresas que não

informaram o consumo de carvão. O consumo médio de energia elétrica é de 84 kw.h-1 por

tonelada produzida.

Figura 4.20 - Capacidade instalada unitária (t/dia) por número de alto-fornos em condições de funcionamento.

O levantamento verificou junto às empresas o tipo de vazamento de gusa, podendo esse ser

contínuo ou intermitente demonstrado na Figura 4.21.

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Figura 4.21 - Porcentagem de alto-fornos com vazamento contínuo ou intermitente de gusa.

Outro dado analisado no levantamento se refere à presença de sistema de injeção de finos

(Figura 4.22), onde se observou que, dos 98 fornos analisados, ainda a maior parte não

possui sistema de injeção de finos.

Figura 4.22 - Porcentagem de alto-fornos que possuem sistema de injeção de finos.

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Algumas informações também foram realizadas nesse levantamento quanto às

características dos glendons, como o número de glendons pelo total de alto-fornos

analisados (Figura 4.23), número de queimadores por glendon (Figura 4.24) e

porcentagem de empresas com sopradores de ar combustão nos glendons (Figura 4.25).

Dos 98 alto-fornos analisados, 4 utilizam cowper em seu processo produtivo, sendo 3

cowpers para cada forno, totalizando 12 cowpers. Outra característica analisada se refere à

posição da chaminé nos glendons (Figura 4.26).

Figura 4.23 - Porcentagem de glendons por alto-forno.

Figura 4.24 - Porcentagem de queimadores por glendon.

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80

Figura 4.25 – Porcentagem de empresas com sopradores de ar combustão.

.

Figura 4.26 - Porcentagem de empresas com chaminés no topo ou base.

Ainda referente ao processo produtivo, as informações referentes à tocha são mostradas na

Figura 4.27. Das 98 tochas existentes, cerca de 64 possuem ignição manual, o que equivale

a 86% dos alto-fornos analisados.

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81

Figura 4.27 - Porcentagem de tochas com ignição manual ou automática.

.

A Figura 4.28 mostra as faixas do índice de produtividade de cada alto-forno, sendo esse

índice determinado pela divisão da produção do forno pelo seu volume útil conforme a

equação 2.1.

Figura 4.28 - Porcentagem de altos-fornos com variados índices de produtividade.

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82

Conforme observado a maior parte das empresas possuem índice de produtividade que

varia entre 2 a 2,5.

Os dados de pressão de topo foram correlacionados à potência total dos ventiladores, à

produção e à pressão de sopro, conforme apresentados nas Figuras 4.29, 4.30 e 4.31.

Figura 4.29 - Relação entre pressão de topo e potência total dos ventiladores.

Figura 4.30 - Relação entre pressão de topo e produção.

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Figura 4.31 - Relação entre pressão de topo e pressão de sopro.

Observa-se na Figura 4.29 a falta de correlação matemática entre pressão de topo e

potencia total de ventiladores, ( R² pequeno) o que teoricamente deveria existir ( maior

potencia maior deveria ser a pressão de topo). Este fato nos mostra que existem problemas

de perda de pressão nos fornos muito frequentemente devido a vazamentos no sistema de

carregamento e problemas de projeto e desgaste. O mesmo vale para a Figura 4.31, onde

também deveria haver uma correlação matemática entre pressão de topo e pressão de

sopro.

A Figura 4.30 demonstra que os fornos com vazamento intermitente trabalham com uma

pressão de sopro maior que aqueles com vazamento contínuo, o que confirma uma

preocupação constante detectada na aplicação dos questionários pelas empresas, de que

fornos com vazamento contínuo precisam trabalhar com pressão de topo menor para a

escória não vazar pelo canal de gusa devido a diminuição da chamada zona de

amolecimento no forno.

Ainda não se sabe se esta constatação verificada no levantamento é função desta “crença”

ou é técnicamente necessária. Também não foi possível observar uma correlação

matemática ( R² pequeno).

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Figura 4.32 – a) Relação entre vazão de gás da coroa e vazão de gás de topo do alto-forno; b) mesma relação em a), considerando apenas os dados aproximados.

Conforme a teoria, deveria haver uma correlação entre a vazão de gás na coroa e vazão de

gás no topo, e esta relação entre pressão topo e pressão da coroa ( que seria o coeficiente

angular) deveria ser aproximadamente entre 1,4 e 1,5 devido ao balanço de Nitrogenio o

que não foi detectado na Figura 4.32a. Infelizmente isto demonstra que grande parte das

empresas não tem conhecimento da vazão de gás no topo do alto-forno sendo que muitas

responderam no questionáruio que a vazão de topo é a mesma na coroa.

Desta forma os dados considerados equivocados foram desconsiderados e a Figura 4.32b

mostra uma correlação entre vazão de topo e vazão na coroa.

Figura 4.33 – a) Relação entre produção e vazão de gás do topo do alto-forno; b) mesma relação de a), considerando apenas os dados aproximados.

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Assim como o ocorrido na Figura 4.32, na figura 4.33 a relação entre produção e vazão do

gás de topo teoricamente deveria existir e seria na ordem de 2100 a 2300 Nm³ de gás por

tonelada produzida. Pelos mesmos motivos da Figura 4.32 (desconhecimento técnico dos

entrevistados), esta correlação somente é observada na Figura 4.33b.

Figura 4.34 - Relação entre consumo de carvão vegetal e pressão de topo

A Figura 4.34 mostra a relação entre o consumo de carvão vegetal e a pressão de topo,

onde observa-se através do baixo valor de R² que não há uma relação direta entre as

variáveis, percebendo-se no entanto uma importante tendência de menor consumo de

carvão com o aumento da pressão de topo.

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Figura 4.35 - Relação entre temperatura de sopro e consumo de carvão vegetal.

Na análise da Figura 4.35, a relação entre temperatura de sopro e consumo de carvão

vegetal pode ser entendida no sentido de que, com o aumento da temperatura de sopro,

ocorrre uma dimiuição do consumo de carvão vegetal, uma vez que diminui a necessidade

energética do carvão.

As interpretações das Figuras 4.34 e 4.35 podem ser complementares uma vez que

aumentando a pressão de topo, existe maior disponibilidade de energia para limpeza do

gás, e portanto um gás mais limpo é dirigido ao glendon, aumentando a eficiencia do

mesmo e consequentemente aumentando a temperatura de sopro diminuindo a necessidade

de consumo de carvão. Esta análise não leva em conta aspectos metalúrgicos como a

melhoria da permeabidade da carga, favorecendo as reações químicas envolvidas e

diminuindo a necessidade de carvão com o aumento da pressão.

Na Figura 4.36 observa-se que um menor consumo de carvão é alcançado com empresas

que utilizam sistemas de injeção de fino.

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Figura 4.36 - Relação entre produção e consumo de carvão vegetal.

As Figuras 4.37 e 4.38 relacionam o volume útil do forno a potência total dos ventiladores, e a produção.

Figura 4.37 – Relação volume útil e potência total dos ventiladores

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Figura 4.38 – Relação volume útil e produção

Uma relação direta foi observada nas Figuras 4.37 e 4.38, demonstrando uma necessidade

de maior potência dos ventiladores para uma maior vazão de sopro na coroa, à medida que

se tem um forno com volume útil maior e também uma possibilidade de produção de gusa

maior. Entretanto, nota-se que não é a única condição, visto que há fornos com o mesmo

volume útil que alcançam uma produção maior o que já foi demonstrado na Figura 4.28

onde demonstrou diferentes índices de produtividade dos fornos.

Quanto ao sistema de limpeza dos gases dos altos-fornos foi elaborada a Figura 4.39. A

análise dos sistemas de tratamento de gases de alto-forno foi realizada considerando os

tipos de sistemas mais utilizados, equivalentes ao sistema a seco e úmido, sendo esse

último constituído por lavador comum ou venturi. Os fornos definidos por sistema a seco

apresentam somente esse tipo de limpeza dos gases, enquanto os fornos com lavadores

também possuem sistema a seco.

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Figura 4.39 Porcentagem de alto-fornos com sistemas de limpeza de gases a seco ou úmido.

Além dos sistemas tratamento de efluentes atmosféricos, foram analisados também os

sistemas de tratamento da água de lavagem dos gases (Figura 4.40) e sistema de

desidratação do lodo (Figura 4.41).

Figura 4.40 - Porcentagem de empresas com decantador circular ou retangular.

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Figura 4.41 Porcentagem de empresas com os variados sistemas de desidratação de lodo.

Observa-se que a metade das empresas do setor que utilizam lavadores ainda utiliza o

sistema de decantadores retangulares, cuja dificuldade de retirada do lodo é bem maior e

apresentam uma eficiencia, no caso de altos-fornos, bem menor que os decantadores

cirulares. Também é preocupante que 63 % das empresas não utilizam nenhum sistema de

desidratação do lodo.

È muito importante que as empresas utilizem um sistema eficiente de sedimentação e

tratamento do lodo para recircular a água para o lavador, visando não só a melhoria da

limpeza do gás do alto-forno, mas também a água de limpeza do gás é muito tóxica,

chegando a ter níveis de fenóis na ordem de 600 mg.L-1, não podendo ser descartada em

corpo receptor.

Como discutido anteriormente, a maior parte do setor utiliza sistema a úmido na limpeza

dos gases, sabidamente mais eficiente que o sistema a seco. Entretando, esse fato não ficou

claramente demonstrado nas Figuras 4.42 e 4.43, visto que alguns dados de sistema a seco

alcançaram concentrações de material particulado bem menores que a faixa da maioria dos

lavadores, levando ao questionamento da qualidade das medições na chaminé dos

glendons, condições de operação e projeto dos lavadores e excesso de ar de combustão

utilizado nos glendons podendo estar ocorrendo diluição do efluente.

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Figura 4.42 - Níveis de concentração de material particulado em sistemas a seco e úmido.

Figura 4.43 - Níveis de concentração de material particulado para diferentes sistemas de limpeza.

Empresa

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92

Figura 4.44 - Relação entre vazão da coroa e vazão total das chaminés dos glendons

A Figura 4.44 mostra a relação entre a vazão da coroa e a vazão total dos glendons medida.

Observa-se que para a mesma vazão da coroa tem-se diferentes vazões totais das chaminés

dos glendons, não conseguindo se efetuar uma relação, que teoricamente deveria existir,

devido as grandes inconstâncias de funcionamento dos glendons, com diferentes vazões de

ar de combustão, e problemas nas medições de chaminé, não se conseguiu estabelecer uma

correlação.

Assunção (2006) obteve as vazões volumétricas de ar de combustão e de gás de alto-forno

no glendon. O valor médio nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP)

encontrado para o ar de combustão foi a relação de 1,67 Nm3. h-1 para 1 Nm3.h-1 de gás de

alto-forno. Considerando o princípio de conservação das massas e o fato de que a

densidade do gás de combustão (na chaminé do glendon) ser semelhante á densidade do

gás de alto-forno e do ar, a quantidade de gás nas chaminés dos glendons deveria ser 2,67

vezes a quantidade de gás de alto-forno.

4.4 Proposta do Sistema de Limpeza de Gás mais Adequado

Conforme a metodologia utilizada foi considerado que a concentração máxima de material

particulado no gás a ser queimado nas caldeiras da termoelétrica é 50 mg.Nm-3 medido na

chaminé da termoelétrica e o estudo se concentrou no lavador venturi pelos motivos

discutidos no capítulo 3.

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93

4.4.1 Análise estatística sobre eficiência de lavador venturi Através do questionário aplicado nas empresas e análise de desenhos de lavadores venturi

empregados, tentou-se realizar uma correlação entre eficiência do venturi através do

resultado de medição na chaminé dos glendons e perda de carga nos lavadores venturi.

A Figura 4.45 foi construída em função das perdas de carga informadas no questionário

dos lavadores venturi do sistema de limpeza do gás de alto-forno utilizado no setor, sendo

estas informações complementadas nos Relatórios de Controle Ambiental (RCA) e Planos

de controle Ambiental (PCA) no sistema informatizado da Fundação Estadual do Meio

Ambiente.

Figura 4.45 Relação da concentração de material particulado da chaminé dos glendons com a perda de carga dos lavadores.

A fim de se obter uma melhor correlação dos dados, na Figura 4.46, excluiu-se os pontos

considerados equivocados devido aos mencionados erros de medição nos glendons e

eventual diluição com ar do efluente também no glendon, onde lavadores com perda de

carga inferior a 200 mmca(9,8N.m-²) obtiveram uma concentração de material particulado

na chaminé do glendon inferior a 100 mg/Nm3,

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94

Figura 4.46 - Relação modificada da concentração de material particulado da chaminé dos glendons com a perda de carga dos lavadores venturi.

Observa-se na Figura 4.46 que uma concentração de material particulado inferior a 50

mg.Nm-3 só foi obtida com lavadores venturi com perdas de carga superiores a 800 e 1000

mmca(9.8N.m-²).

Nota-se uma relação inversa entre a perda de carga e a concentração de material

particulado, porem não foi possível obter uma correlação matemática (R² pequeno).

Apesar da metodologia escolhida adotar o valor de 50 mg.Nm-3 na chaminé da

termoelétrica ou do glendon, foi calculado também a concentração de particulado no gás na

tubulação antes do glendon levando-se em conta uma relação de 2,5 Nm³ de gás de

combustão para 1 Nm³ de gás de alto-forno conforme a Figura 4.47.

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95

Figura 4. 47 - Relação modificada da concentração de material particulado na tubulação antes da chaminé dos glendons com a perda de carga dos lavadores venturi

Observa-se que a concentração de particulado no gás que é dirigida para a termoelétrica na verdade

é bem maior que o encontrado na chaminé do glendon.

4.4.2 Análise através de modelo matemático

Visando verificar as observações da análise estatística, foram utilizadas as equações

descritas no item 2.6.

Calculou-se a eficiência de lavadores venturi com perda de carga de 700, 800, 900, 1000,

1100 e 1200 mmca(9,8N.m-²), com variação da pressão de entrada do líquido de 5, 7 e 10

kgf/cm2 e relação líquido (m³.h-1)/gás (Nm3.h-1) = 1,0, obtendo-se a concentração de

material particulado no gás após sua limpeza no sistema preliminar a seco e/ou úmido de

baixa energia (considerado uma eficiência de 80%) e no lavador venturi. O resultado

obtido pode ser visualizado na tabela 1 do apêndice. A quantidade de particulado no gás

antes do sistema de limpeza nesta simulação é de 10 g.Nm-3 ( dado de literatura)

A partir dos dados obtidos foram geradas as Figuras 4.48, e 4.49

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Figura 4. 48 – Concentração final de material particulado após a limpeza do gás em sistema a seco com eficiência de 80% e lavador venturi, conforme a perda de carga no venturi.

Figura 4. 49 – Relação perda de carga no lavador com diferentes pressões de entrada do líquido e eficiência de limpeza.

Para as perdas de carga entre 700 a 1200 mmca(9,8N.m-²), a velocidade na garganta variou

de 98,7 a 129,3 m.s-1. Conforme a literatura consultada e descrita no capítulo 2.6, esta

variação de velocidade pode ser de 60 a 180 m.s-1.

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Uma concentração de material particulado igual a 51 mg.Nm-3 é alcançada com um lavador

venturi de 1000 mmca(9,8N.m-2) trabalhando com pressão de entrada de 7 kgf.cm-2. Na

Figura 4.50, destaca-se a eficiência para lavadores de 1000 mmca(9,8N.m-²) com pressão

de entrada do líquido de 10, 7 e 5 kgf.cm-2, sendo maior a eficiência para pressão maior de

entrada do líquido. O efeito da diferença de pressão de entrada do líquido tende a diminuir

com o aumento da perda de carga no lavador.

Nota-se que considerando uma concentração inicial de particulado do gás do alto-forno de

10 g.Nm-3, alcança-se uma concentração inferior a 50 mg.Nm-3 já na entrada da caldeira,

com um lavador com eficiência maior que 97,5% e um sistema de limpeza preliminar com

80% de eficiência.

De acordo com a simulação efetuada, concentrações próximas ou inferiores a 50 mg.Nm-3

só foram obtidas em lavadores com perda de carga igual ou superior a 1000 mmca(9,8

N.m-2)

Entretanto apenas 29% dos fornos do setor (Figura 4.50) possuem pressão de topo superior

a 1000 mmca(9,8N.m-²). O que poderia ser alterado, em alguns casos, com melhorias nas

casas de máquinas e concomitantemente em outros casos, principalmente por problemas de

lay-out da usina ou distancia da termoelétrica, seria preciso a instalação de ventiladores na

linha da termoelétrica, sempre funcionando com pressão positiva.

Figura 4.50 – Porcentagem de fornos por pressão de topo.

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Foi realizada uma avaliação teórica da eficiência de lavadores variando a perda de carga,

pressão de entrada do líquido e relação líquido/gás, conforme tabela 2 no apêndice,

gerando as Figuras (4.51 e 4.52).

Figura 4.51 – Eficiência dos lavadores em função da perda de carga e relação líquido/gás, considerando pressão de entrada do líquido de 7 kgf/cm2.

Figura 4.52 – Eficiência dos lavadores em função da perda de carga e pressão de entrada do líquido, considerando relação líquido/gás = 1.

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Conforme observado nas simulações, podem-se variar os parâmetros relação líquido/ gás,

pressão entrada do líquido e perda de carga do lavador para obter diferentes eficiências e

concentração de material particulado no gás de 50 mg.Nm-3.

O aumento da pressão de entrada do líquido leva a um aumento da eficiência, entretanto a

utilização de pressões elevadas pode danificar os bicos spray do lavador venturi, em

função do material em suspensão presente na água de lavagem e levar a um consumo de

energia desnecessário. Os fabricantes de bicos consultados garantem a sua operação com

uma pressão de até 25 kgf.cm-².

Nestas simulações, a concentração de 50 mg.Nm-3 está sendo atingida na entrada da

termoelétrica, para uma concentração inicial de 10 g.Nm-3. O valor na chaminé da

termoelétrica levando-se em conta o ar de combustão seria de aproximadamente 20

mg.Nm-3.

No entanto, pesquisando os arquivos eletrônicos da FEAM, descobriu-se que em pelo

menos duas medições realizadas do gás de alto-forno em empresas diferentes, antes do

sistema de tratamento a concentração do particulado era 17 g.Nm-3.

Foi então realizada outra simulação apresentada na tabela 4.4, sem considerar o ar de

combustão, ou seja, na entrada da caldeira da termoelétrica e construídas as Figuras 4.53 e

4.54.

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100

Tabela 4.4 Avaliação teórica de lavadores venturi

Perda de carga ∆p

(mmca)

Veloc. (m/s)

Pressão de entrada do

líquido (kgf/cm2)

Relação QL/Qgás (l/Nm3)

Efic. lavador

Efic. sistema

preliminar Efic. total

Conc. de MP

inicial (mg/Nm3

)

Conc. de MP final (mg/Nm3)

Conc. de MP inicial (mg/Nm3)

Conc. De MP final (mg/Nm3)

900 111,9 7 1,00 0,96901 0,8 0,99380 10000 62 17000 105

900 91,4 7 1,50 0,97088 0,8 0,99418 10000 58 17000 99

900 79,2 7 2,00 0,97262 0,8 0,99452 10000 55 17000 93

1000 118 7 1,00 0,97471 0,8 0,99494 10000 51 17000 86

1000 96,4 7 1,50 0,97619 0,8 0,99524 10000 48 17000 81

1000 83,45 7 2,00 0,97748 0,8 0,99550 10000 45 17000 77

1100 123,8 7 1,00 0,97920 0,8 0,99584 10000 42 17000 71

1100 101,1 7 1,50 0,98034 0,8 0,99607 10000 39 17000 67

1100 87,5 7 2,00 0,98135 0,8 0,99627 10000 37 17000 63

900 111,9 5 1,00 0,96791 0,8 0,99358 10000 64 17000 109

900 111,9 10 1,00 0,97058 0,8 0,99412 10000 59 17000 100

1000 118 5 1,00 0,97385 0,8 0,99477 10000 52 17000 89

1000 118 10 1,00 0,97594 0,8 0,99519 10000 48 17000 82

1100 123,8 5 1,00 0,97851 0,8 0,99570 10000 43 17000 73

1100 123,8 10 1,00 0,98017 0,8 0,99603 10000 40 17000 67

Figura 4.53 – Eficiência dos lavadores Venturi em função da perda de carga e relação líquido/gás, considerando pressão de entrada do líquido de 7 kgf/cm2.

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101

Figura 4. 54 – Eficiência dos lavadores Venturi em função da perda de carga e pressão de entrada do líquido, considerando relação líquido/gás = 1.

Conforme verificado, nesta nova simulação, um lavador venturi de 900 mmca(9,8N.m-²) já

atenderia o objetivo do trabalho, pois haveria uma emissão antes da caldeira de 109

mg.Nm-3 ou 43 mg.Nm-3 na chaminé da termoelétrica, valor este já bem próximo do

objetivo e do discutido no capítulo 4.4.1.

Foi realizada uma última simulação para aproximar mais o estudo teórico da realidade e

com o capítulo 4.4.1, utilizando a concentração inicial de 17 g.Nm-3 e levando-se em

consideração a relação de ar de combustão como 1,5 vezes o gás de alto-forno e foi

construída a tabela 4.5.

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102

Tabela 4.5 - Perda de carga de lavadores com suas respectivas eficiência e concentração de material

Perda de carga ∆p (mmca)

Veloc. (m/s)

Relação QL/Qgás (l/Nm3)

Pressão de

entrada do líquido (kgf/cm2)

Efic. do lavador

Efic. sistema prelimin

ar

Efic. total

Conc. de MP inicial (mg/N

m3)

Conc. de MP final incluindo ar

combustão(mg/Nm3)

600 91,5 1,0 5 0,93732 0,8 0,98746 17000 85,2 700 98,7 1,0 5 0,95037 0,8 0,99007 17000 67,6 800 105,5 1,0 5 0,96031 0,8 0,99206 17000 54 900 111,9 1,0 5 0,96791 0,8 0,99358 17000 43,6

1000 118 1,0 5 0,97385 0,8 0,99477 17000 35,6 1100 123,8 1,0 5 0,97851 0,8 0,99570 17000 29,2 1200 129,3 1,0 5 0,98219 0,8 0,99644 17000 24,4

600 91,5 1,0 7 0,93984 0,8 0,98797 17000 82 700 98,7 1,0 7 0,95225 0,8 0,99045 17000 64,8 800 105,5 1,0 7 0,96174 0,8 0,99235 17000 52 900 111,9 1,0 7 0,96901 0,8 0,99380 17000 42

1000 118 1,0 7 0,97471 0,8 0,99494 17000 34,4 1100 123,8 1,0 7 0,97920 0,8 0,99584 17000 28,4 1200 129,3 1,0 7 0,98274 0,8 0,99655 17000 23,6

600 91,5 1,0 10 0,94340 0,8 0,98868 17000 76,8 700 98,7 1,0 10 0,95492 0,8 0,99098 17000 61,2 800 105,5 1,0 10 0,96376 0,8 0,99275 17000 49,2 900 111,9 1,0 10 0,97058 0,8 0,99412 17000 40

1000 118 1,0 10 0,97594 0,8 0,99519 17000 32,8 1100 123,8 1,0 10 0,98017 0,8 0,99603 17000 26,8 1200 129,3 1,0 10 0,98352 0,8 0,99670 17000 22,4

Observa-se que para atingir a mesma concentração final de particulado, no caso de 17000

mg/Nm3 incluindo ar combustão, um lavador de 800mmca(9,8N.m-2) e pressão de entrada

do líquido de 7kgf/cm2, seria suficiente. As Figuras 4.55 e 4.56 permitem uma melhor

visualização.

Figura 4.55 - Concentração final de material particulado, considerando inicial de 17000, após a limpeza do gás em sistema preliminar com eficiência de 80% e lavador Venturi, conforme a perda de carga no lavador, considerando ar combustão

8 28 48 68 88

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Figura 4.56 – Relação perda de carga no lavador com diferentes pressões de entrada do líquido e eficiência de limpeza, considerando ar combustão na inicial de 17000mg/Nm3.

Foi ainda realizada uma avaliação teórica da eficiência de lavadores venturi variando a

perda de carga, pressão de entrada do líquido e relação líquido/gás, conforme tabela 4.6,

gerando as Figuras 4.57 e 4.58.

Tabela 4. 6 - Avaliação teórica de lavadores Venturi considerando ar de combustão

Perda de carga ∆p (mmca)

Velocidade (m/s)

Pressão de entrada do líquido (kgf/cm2)

Relação QL/Qgás (l/Nm3)

Eficiência lavador

Eficiência sistema

preliminar

Eficiência total

Conc. de MP inicial (mg/Nm3)

Conc. De MP final

incluindo ar combustão (mg/Nm3)

600 91,5 7 1,00 0,93984 0,8 0,98797 17000 82

600 74,7 7 1,50 0,94394 0,8 0,98879 17000 76,4

600 64,6 7 2,00 0,94750 0,8 0,98950 17000 71,2

700 98,7 7 1,00 0,95225 0,8 0,99045 17000 64,8

700 80,6 7 1,50 0,95536 0,8 0,99107 17000 60,8

700 69,8 7 2,00 0,95820 0,8 0,99164 17000 56,8

800 105,6 7 1,00 0,96186 0,8 0,99237 17000 52

800 86,2 7 1,50 0,96417 0,8 0,99283 17000 48,8

800 74,6 7 2,00 0,96627 0,8 0,99325 17000 46

900 112 7 1,00 0,96912 0,8 0,99382 17000 42

900 91,4 7 1,50 0,97088 0,8 0,99418 17000 39,6

900 79,2 7 2,00 0,97262 0,8 0,99452 17000 37,2

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Figura 4.57 – Eficiência dos lavadores Venturi em função da perda de carga e relação líquido/gás, considerando pressão de entrada do líquido de 7 kgf/cm2 e ar combustão.

.

Figura 4.58 – Eficiência dos lavadores Venturi em função da perda de carga e pressão de entrada do líquido, considerando relação líquido/gás = 1 e ar combustão.

Portanto um lavador venturi com perda de carga de 800 mmca(9,8N.m-2 ) atende aos objetivos do

trabalho, ou seja uma emissão de 50 mg.Nm-3, medida na chaminé da termoelétrica, nas condições

especificadas e confere com o discutido no capítulo 4.4.1.

4.4.3 Configuração de sistema de limpeza proposto O diagrama da Figura 4.59, foi elaborado baseado nas discussões dos capítulos 4.4.1 e

4.4.2., sendo este a proposta de sistema de limpeza de gás de alto-forno deste estudo.

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105

Apesar da simulação matemática indicar que um lavador de 800 mmca(9,8N.m-2) seria

suficiente para atender o objetivo do trabalho, optou-se por um sistema de lavador venturi

com perda de carga de 1000 mmca(9,8N.m-2) por segurança (a concentração de particulado

no gás antes do sistema de limpeza pode passar de 17 g.Nm-3 devido às peculiaridades do

processo produtivo)

Figura 4.59 – Proposta sistema de limpeza de gás

A razão da escolha de um duplo venturi está baseada na tabela 3 do apêndice, onde

demonstra que 2 venturis em série com a mesma energia (800mmca(9,8N.m-²)), ou 400

mmca( 9,8N.m-²)cada venturi, alcança uma melhor eficiência devido a equação 3.1. Assim

aplicando a equação de eficiência total, a emissão de um duplo venturi com a mesma

energia de um único venturi chegaria a 14 mg.m-3.

No entanto foi adotado o princípio da segurança, uma vez que o segundo venturi não teria

a mesma eficiência do primeiro porque as partículas diminuem de tamanho à medida que

são limpas pelos equipamentos (diminuindo a eficiência do segundo venturi em série) e

neste trabalho foi considerado que a emissão final continuaria a ser de 50 mg.Nm-3.

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É claro que esta é apenas uma sugestão, sendo que a escolha de um único venturi de 1000

mmca( 9,8N.m-²)de perda de carga conforme o modelo empregado chegaria ao resultado

proposto de forma mais barata.

A escolha de maior velocidade na garganta e maior ou menor consumo de água, é opção de

cada empresa dependendo de vários fatores como disponibilidade de água e disposição de

desgastar mais ou menos o material do venturi.

A adoção de lavador venturi móvel, podendo-se variar a largura da garganta, é mais

aconselhável porque permite um maior controle da pressão de topo do alto-forno.

É importante lembrar novamente que os equipamentos preliminares como balão com ou

sem lavador ou ciclone deve ter uma eficiência mínima de 80 %, ou seja, o gás dirigido ao

venturi deverá conter no máximo 3400 mg.Nm-3. Na prática esta é uma condição muito

conservadora, porque medições de material particulado na chaminé do glendon em

empresas que apresentam somente como equipamento de limpeza de gás esta configuração

nunca atingiram mais que 1000 mg.Nm-3 ou 2500 mg.Nm-3 considerando o ar de

combustão.

Está clara a necessidade da maioria das empresas pesquisadas modificarem a casa de

máquinas para atingir a pressão de topo sugerida, de no mínimo 1400 mmca(9,8N.m-²), e

não só modificar a casa de máquinas, solucionar problemas relativos a projetos do forno e

vazamentos na área de carregamento de matérias primas, visando alcançar este objetivo.

Sugere-se a utilização de casas de máquinas com os chamados turbo - compressores, já

implantados em muitas empresas maiores e em uma empresa menor (produção menor que

500 t.dia-1), que possibilitam um melhor controle de parâmetros de processo como pressão

e vazão, possuem maior eficiência energética porém, mais caros.

È preferível não colocar ventiladores na linha da termoelétrica para evitar riscos de

explosão, e assim os fornos deveriam funcionar com perdas de pressões de topo maiores,

de 1600 a 1800 mmca(9,8N.m-²). No entanto sabemos que em muitos casos, por motivo de

lay out da planta industrial e distancia da termoelétrica, a utilização do ventilador torna-se

imperiosa. Neste caso é importante destacar que este ventilador na verdade deveria ser uma

chamada torre elevatória, sendo que seria rigorosamente projetado para funcionar apenas

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com pressão positiva, evitando a entrada de ar na tubulação, este ventilador deveria ter um

inversor de freqüência e possuir controle de pressão e vazão na sua entrada.

4.5 Sistema de Limpeza da Água de Lavagem

É muito importante que a água do venturi esteja em condições de ser utilizada na lavagem

do gás, ou seja, deve conter no máximo 100 mg.L-1 de sólidos. A água deve ser recirculada

e para tanto se utiliza como equipamento mais eficiente o espessador circular, com retirada

continua da lama e um filtro prensa ou a vácuo.

As tabelas 4.7 e 4.8 mostram a situação do setor com relação à utilização de espessadores e

produtos químicos que auxiliam na sedimentação de partículas.

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108

Tabela 4. 7 – Dados do espessador circular

Área

útil

(m2)

Altura

útil

(m)

Volume

útil

(m3)

Vazão

(m3/h)

Tempo de

detenção

(h)

Velocidade de

sedimentação

(m/h)

Concentração

de sólidos

(mg/L)

201,0 7,5 1518,0 180,0 2,2 0,9 150

113,0 10,6 1200,0 580,0 2,1 5,1 200

113,0 10,6 1200,0 600,0 2,0 5,3 200

133,0 3,8 500,0 504,0 1,0 3,8 Não(2)

50,2 3,0 150,7 20,0 7,5 0,4 Não

20,4 1,7 35,2 32,0 1,1 1,6 Não

43,7 4,2 184,4 40,0 4,6 0,9 150

211,1 6,2 1300,0 600,0 2,2 2,8 200

49,0 4,0 196,0 40,0 4,9 0,8 Não

201,0 4,6 925,0 200,0 4,6 1,0 25

60,0 3,0 180,0 73,0 2,5 1,2 200

28,3 3,2 89,3 50,0 1,8 1,8 Não

ni (1) ni 10,0 26,7 0,4 ni Não

15,8 5,2 81,3 90,0 0,9 5,7 Não

31,5 3,8 118,3 150,0 0,8 4,8 Não

47,0 4,5 211,0 70,0 3,0 1,5 60

ni ni 300,0 80,0 3,8 ni 100

1500,0 4,0 6000,0 800,0 7,5 0,5 100

Obs: (1) ni = não informado

(2) Não = Não realiza

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Tabela 4. 8 – Produtos químicos utilizados

Produtos Químicos (g/m3)

Polímero

cat./aniôn.

Anti-

espumante Coagulante Dispersante

Sistema de

verificação

SS (mg/l)

0,7 11,6 10,4 2,3 150

1,0 5,2 1,0 2,1 150

2,1 10,4 2,1 4,2 200

0,4 6,3 7,1 1,7 50

Não(1) 20,5 24,7 Não 200

Não 5,2 Não Não Não

Não 9,3 Não Não Não

Não 2,9 3,8 2,0 60

20,8 13,9 Não Não 100

0,3 3,5 Não Não 100

Obs:

(1) Não = Não utiliza.

Conforme verificado, muito poucas informações estão disponíveis sobre sistema de

tratamento da água do lavador. No entanto podemos inferir que um espessador com pelo

menos quatro horas de tempo de detenção e velocidade de sedimentação de no máximo 1

m.h-1 é capaz de atingir uma concentração de sólidos suspensos de 100 mg.L-1, se utilizar

de forma adequada os produtos químicos necessários para a decantação das partículas que

variam de empresas para empresa.

É importante ressaltar novamente que este é um efluente muito tóxico, com teores de

fenóis que podem atingir 600 mg.L-1, e sendo assim é prudente recomendar que este

efluente deva ser inteiramente recirculado, e para assegurar, deveria existir um tanque

adicional para estoque do efluente quando acontecer paradas para manutenção e

vazamentos.

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110

4.6 Estudo Econômico (Custo Benefício)

Tendo como base as informações apresentadas pelas empresas do setor siderúrgico foi

possível calcular o custo/benefício da instalação de termoelétricas em todas as empresas

consumidoras de carvão vegetal utilizando as equações descritas no item 3.7 e 2.10.

Contudo, tendo em vista que grande parte dessas empresas não possui termoelétrica, o

cálculo considerou os dados de produção e vazão de gás de alto-forno gerado como 2200

Nm³.t-1, eficiência de produção de 90% e custo de instalação da termoelétrica de

R$3500,00 por kWh.

Para a análise dos dados obtidos foram geradas as planilhas excell nos anexos 5 e 6 e

geradas as Figura 4.60 e 4.61, relacionando custo por empresa e produção versus tempo de

retorno.

Figura 4.60 Custo da energia com termoelétrica e investimentos adicionais

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111

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

100 300 500 700 900 1.100 1.300 1.500 1.700 1.900

Ano

s

TR

TR-IA1

TR-IA2

Produção X TRs

P roduç ã o (t/dia )

Figura 4.61 - Correlação entre produção e tempo de retorno.

Verifica-se que quanto maior a produção, menor o tempo de retorno do investimento. Os

tempos de retorno denominados TRIA1 e TRIA2, que correspondem aos tempos de

retorno contando os investimentos adicionais IA1 de R$ 2.500.000,00 e IA2 de

R$1.500.000,00 não modificam de forma substancial o retorno do investimento inicial

para as empresas com maior produção, o mesmo não valendo para as empresas menores,

que em alguns casos até dobra o tempo.

O custo da energia elétrica em kWh com termoelétrica varia de R$0,06 a R$0,09

dependendo do investimento inicial, sendo que a energia da concessionária custa para as

empresas R$0,40 o kWh. As difernças de custo da energia entre os investimentos

adicionais 1 e 2 variou devido a presença do número de fornos diferentes em cada empresa,

o que onera o custo de instalação de investimentos adicionais para uma mesma produção.

Nestes cálculos não estão computados os ganhos adicionais de queda de consumo de

carvão ( com o aumento da pressão de topo do forno) e diminuição de parada das

termoelétricas por funcionar com gas mais limpo.

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4.7 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Redução de Emissão de CO2)

Considerando as informações prestadas sobre cálculo de redução de emissões e custo da

tonelada de CO2 equivalente, esses dados foram estimados para as empresas do setor

siderúrgico de Minas Gerais.

Dessa forma, obtiveram os resultados apresentados nas Figuras 4.62 e 4.63.

Figura 4.62 - Relação entre vazão de gás de alto-forno e emissões de CO2 evitadas.

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113

Figura 4.63 - Relação entre vazão de gás de alto-forno e ganho em dólares pela redução de emissões de CO2.

A relação entre a vazão de gás de alto-forno e as emissões evitadas de CO2 pela instalação

da termoelétrica é crescente e similarmente, a relação entre a vazão de gás de alto-forno e

ganho em dólares.

Um estudo de projeto MDL, no ano de 2008, para se chegar na certificação não custa

menos de R$300000,00 tendo em vista a necessidade de se contratar auditorias

internacionais. Sendo assim a empresa deverá prestar atenção em sua vazão de gás para

cálculo do ganho compensar o custo do estudo.

Pelo menos uma empresa já possui estudo aprovado para certificação de créditos de

carbono conforme a metodologia descrita neste trabalho, sendo que os certificados valem

por 7 anos podendo ser renovados por este período até 20 anos.

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114

5 - CONCLUSÃO

A capacidade atual de geração de energia elétrica no Estado de Minas Gerais utilizando

turbina de recuperação de topo é de aproximadamente 29 MW, em três altos-fornos. No

entanto este tipo de aproveitamento energético somente é utilizado em fornos de grande

porte (maior que 4000 t.dia-1) utilizando coque.

Os altos-fornos a carvão vegetal utilizam a termoelétrica para geração da energia elétrica

aproveitando o gás excedente, sendo que possui uma capacidade de produção de

aproximadamente 32 MW contando com onze termoelétricas. Encontram-se em construção

mais duas termoelétricas que irão gerar mais 11 MW. A capacidade teórica de produção de

energia elétrica no Estado de Minas Gerais em termoelétricas a gás de altos-fornos a

carvão vegetal é de 224 MW. Na prática as empresas estão implantando suas

termoelétricas com capacidade inferior que a calculada teoricamente uma vez que

aparentemente estão sendo conservadoras no dimensionamento das mesmas visando

garantir mais gás para os glendons.

O lavador venturi ainda é o equipamento de limpeza de gás de alto-forno mais eficiente,

sendo que os dados fornecidos pelas empresas no campo através de questionários e

pesquisando os arquivos e informações constantes nos processos na Fundação Estadual do

Meio Ambiente – FEAM, demonstraram que um lavador venturi com perda de carga de

800 mmca(9,8N.m-²) já atinge a emissão de material particulado medida em chaminé do

glendon ou da termoelétrica de 50 mg.Nm-3. No entanto o mesmo levantamento

demonstrou que sistemas com esta perda de carga ainda permitiam emissões acima do

valor citado, sendo que lavadores venturi com perda de carga acima de 1000 mmca(

9,8N.m-2) seriam os mais indicados.

A emissão de 50 mg.Nm-3 foi adotada como referência porque é a exigida pela legislação

ambiental brasileira uma vez que não há uma exigência dos fabricantes de caldeira para

teor de particulado no gás na entrada da fornalha.

O Estado de Minas Gerais possui atualmente 74 empresas utilizando carvão vegetal, com

102 fornos, estando 98 em condições de funcionamento e 4 paralisados há anos. A

capacidade de produção total destes fornos por dia é de 27.515 toneladas de gusa. O

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115

levantamento demonstrou que quanto maior a pressão de topo do alto-forno, maior é a

temperatura de sopro e menor é o consumo de carvão vegetal. Foi demonstrado também o

desconhecimento de boa parte das empresas (pelo menos dos seus representantes

entrevistados) de parâmetros importantes de processo como vazão de topo, pressão de

topo, temperatura na coroa dentre outros.

O modelo matemático aplicado para calcular a eficiência do lavador venturi se ajustou

muito bem aos dados fornecidos pela empresas e de literatura. O modelo demonstrou que

lavadores venturi com perda de carga de 800 mmca(9,8N.m-²) são capazes de atingir a

concentração em chaminé de 50 mg.Nm-3. Com a aplicação do modelo verificou-se que

uma concentração de pó no gás na saída do alto-forno de 17 g.Nm-3 (valor medido em

algumas empresas encontrado em arquivos da FEAM) é mais realista que a concentração

de 10 g.Nm-3 encontrado na literatura.

O trabalho propõe o sistema de limpeza descrito na Figura 4.59 (proposta sistema de limpeza

de gás), sugerindo que o lavador venturi a ser implantado tenha uma perda de carga de 1000

mmca(9,8N.m-²) e tenha garganta móvel. Ficou demonstrada a necessidade da maioria das

empresas pesquisadas modificarem a casa de máquinas para atingir a pressão de topo

sugerida, de no mínimo 1400 mmca(9,8N.m-2), e não só modificar a casa de máquinas,

solucionar problemas relativos a projetos do forno e vazamentos na área de carregamento

de matérias primas, visando alcançar este objetivo. Sugere-se a utilização de casas de

máquinas com os chamados turbo - compressores, já implantados em muitas empresas

maiores e em uma empresa menor, que possibilitam um melhor controle de parâmetros de

processo como pressão e vazão, possuem maior eficiência energética porém, mais caros.

È preferível não colocar ventiladores na linha da termoelétrica para evitar riscos de

explosão, e assim os fornos deveriam funcionar com pressões de topo maiores, de 1600 a

1800 mmca(9,8N.m-2). No entanto sabe-se que em muitos casos, por motivo de lay out da

planta industrial e distancia da termoelétrica, a utilização do ventilador torna-se imperiosa.

Devem sempre funcionar com pressão positiva na linha.

Apesar dos poucos dados de espessadores adquiridos das empresas, verificou-se que um

espessador com pelo menos quatro horas de tempo de detenção e velocidade de

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sedimentação de no máximo 1 m.h-1 é capaz de atingir uma concentração de sólidos

suspensos de 100 mg.L-1, se utilizar de forma adequada os produtos químicos necessários

para a decantação das partículas que variam de empresas para empresa. Deveria existir um

tanque adicional para estoque do efluente quando acontecer paradas para manutenção e

vazamentos tendo em vista a toxidade do mesmo que pode ter teores de fenóis na ordem de

600 mg.L-1.

O modelo de custo benefício adaptado para termoelétrica a gás de alto-forno indicou que o

custo da energia elétrica passa de R$0,40 para a faixa de R$0,06 a R$0,09 o kWh

dependendo do investimento com a utilização da termoelétrica. Quanto maior a produção

com o menor número de fornos, menor será o tempo de retorno do investimento contando

os custos adicionais propostos por este trabalho.

Outra forma de se adquirir retorno do investimento com a termoelétrica é a aquisição de

créditos de carbono através da emissão de certificados seguindo a metodologia do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, sendo que a relação entre a vazão de gás de alto-

forno e as emissões evitadas pela instalação da termoelétrica é crescente.

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122

APÊNDICE TABELAS 1 , 2, 3

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123

Tabela 1 - Perda de carga de lavadores com suas respectivas eficiência e concentração de material particulado.

Perda de

carga ∆p

(mmca)

Velocidade na garganta

(m/s)

Relação QL/Qgás (l/Nm3)

Pressão de

entrada do líquido

Pl (kgf/cm2)

Eficiência do lavador

Eficiência sistema

preliminar

Eficiência total

Conc. de MP inicial (mg/Nm3)

Conc. de MP final

(mg/Nm3)

700 98,7 1,0 5 0,95037 0,8 0,99007 10000 99

800 105,5 1,0 5 0,96031 0,8 0,99206 10000 79

900 111,9 1,0 5 0,96791 0,8 0,99358 10000 64

1000 118 1,0 5 0,97385 0,8 0,99477 10000 52

1100 123,8 1,0 5 0,97851 0,8 0,99570 10000 43

1200 129,3 1,0 5 0,98219 0,8 0,99644 10000 36

700 98,7 1,0 7 0,95225 0,8 0,99045 10000 95

800 105,5 1,0 7 0,96174 0,8 0,99235 10000 77

900 111,9 1,0 7 0,96901 0,8 0,99380 10000 62

1000 118 1,0 7 0,97471 0,8 0,99494 10000 51

1100 123,8 1,0 7 0,97920 0,8 0,99584 10000 42

1200 129,3 1,0 7 0,98274 0,8 0,99655 10000 35

700 98,7 1,0 10 0,95492 0,8 0,99098 10000 90

800 105,5 1,0 10 0,96376 0,8 0,99275 10000 72

900 111,9 1,0 10 0,97058 0,8 0,99412 10000 59

1000 118 1,0 10 0,97594 0,8 0,99519 10000 48

1100 123,8 1,0 10 0,98017 0,8 0,99603 10000 40

1200 129,3 1,0 10 0,98352 0,8 0,99670 10000 33

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124

Tabela 2 - Avaliação teórica de lavadores venturi

Perda

de

carga

∆p

(mmca)

Velocidad

e na

garganta

(m/s)

Pressão

de

entrada

do líquido

(kgf/cm2)

Relação

QL/Qgás

(l/Nm3)

Eficiência

lavador

Eficiência

sistema

preliminar

Eficiência

total

Conc. de

MP inicial

(mg/Nm3)

Conc. de

MP final

(mg/Nm3)

900 111,9 7 1,00 0,96901 0,8 0,99380 10000 62

900 91,4 7 1,50 0,97088 0,8 0,99418 10000 58

900 79,2 7 2,00 0,97262 0,8 0,99452 10000 55

1000 118 7 1,00 0,97471 0,8 0,99494 10000 51

1000 96,4 7 1,50 0,97619 0,8 0,99524 10000 48

1000 83,45 7 2,00 0,97748 0,8 0,99550 10000 45

1100 123,8 7 1,00 0,97920 0,8 0,99584 10000 42

1100 101,1 7 1,50 0,98034 0,8 0,99607 10000 39

1100 87,5 7 2,00 0,98135 0,8 0,99627 10000 37

900 111,9 5 1,00 0,96791 0,8 0,99358 10000 64

900 111,9 10 1,00 0,97058 0,8 0,99412 10000 59

1000 118 5 1,00 0,97385 0,8 0,99477 10000 52

1000 118 10 1,00 0,97594 0,8 0,99519 10000 48

1100 123,8 5 1,00 0,97851 0,8 0,99570 10000 43

1100 123,8 10 1,00 0,98017 0,8 0,99603 10000 40

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125

Tabela 3- Análise venturi incluindo ar combustão

VENTURI

PERDA DE CARGA, EFICIÊNCIA E CONCENTRAÇÃO FINAL DE PARTICULADO

ENTRADA DE DADOS CALCULADO ENTRADA DE DADOS CALCULADO OPÇÕES DE

VENTURI

Velocidade (m/s)

Vazão do gás AF (Nm3/h)

Vazão de

água (m3/h)

Pressão de

entrada do

líquido (kgf/cm2)

Diâmetro da

garganta (mm)

Relação QL/Qgás (l/Nm3)

Perda de

carga ∆p

(mmca)

Efic. Venturi

Eficiência sistema

preliminar

Efic. total

Conc. de MP inicial (mg/Nm3)

Conc. de MP final com ar combustão

(mg/Nm3)

2 garg. serie 74,6 18000 18 5 318 1,00 400 0,8932 0,8 0,99772 17000 15,6

2 garg. paral. 74,2 9000 18 5 225 2,00 791 0,9631 0,8 0,99262 17000 50

2 garg. paral. 107,7 9000 9 5 187 1,00 833 0,9631 0,8 0,99262 17000 50

1 garg. 107,7 18000 18 5 265 1,00 833 0,9631 0,8 0,99262 17000 50

1 garg. 87 18000 27 5 294 1,50 816 0,9634 0,8 0,99267 17000 50

1 garg. 74,2 18000 36 5 319 2,00 791 0,9631 0,8 0,99262 17000 50

1 garg. 65,5 18000 45 5 339 2,50 771 0,9631 0,8 0,99263 17000 50

1 garg. 59 18000 54 5 357 3,00 750 0,9632 0,8 0,99264 17000 50

2 garg. serie 74,6 18000 18 7 318 1,00 400 0,8982 0,8 0,99793 17000 14

2 garg. paral. 72,6 9000 18 7 228 2,00 757 0,9631 0,8 0,99262 17000 50

2 garg. paral. 106,7 9000 9 7 188 1,00 818 0,9632 0,8 0,99264 17000 50

1 garg. 106,7 18000 18 7 266 1,00 818 0,9632 0,8 0,99264 17000 50

1 garg. 85,5 18000 27 7 297 1,50 788 0,9632 0,8 0,99263 17000 50

1 garg. 72,6 18000 36 7 322 2,00 757 0,9631 0,8 0,99262 17000 50

1 garg. 63,7 18000 45 7 344 2,50 729 0,9632 0,8 0,99264 17000 50

1 garg. 57 18000 54 7 364 3,00 700 0,9633 0,8 0,99265 17000 50