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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos Tese de doutorado Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai Juliano Gonçalves Pereira Pelotas, 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

Tese de doutorado

Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos

de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai

Juliano Gonçalves Pereira

Pelotas, 2017

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Juliano Gonçalves Pereira

Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos

de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva Co-orientadora: Prof. Dr. Eduarda Hallal Duval

Pelotas, 2017

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Juliano Gonçalves Pereira

Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos

de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai

Tese aprovada, como requisito parcial, para obtenção do grau de Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas.

Data da defesa: 14/07/2017

Banca examinadora:

Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva (Orientador) Doutor em Ciência dos Alimentos pela USP

Prof. Dr. Fabio Pereira Leivas Leite Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade do Wisconsin - Madison Profa. Dra. Ângela Maria Fiorentini Doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos pela UFSC

Profa. Dra. Daniela Isabel Brayer Pereira Doutora em Ciência Veterinária pela UFRGS

Dra. Graciela Volz Lopes Doutora em Ciência Veterinária pela UFRGS

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Dedico este trabalho à minha esposa Vanessa e

ao meu filho Lucas...

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por guiar meus passos e me proteger nessa longa jornada

de viagens para o cumprimento deste estudo.

Ao meu filho Lucas e minha esposa Vanessa, pelo conforto do carinho,

compreensão nas angústias e fortaleza nos momentos em que precisamos nos

distanciar. Vocês são as razões da minha vida, amo vocês.

Aos meus pais João e Joana pelo incentivo e esforço despendido desde o

início dos estudos de graduação, pelo exemplo de vida, pelas preocupações

compartilhadas e pela presença constante em nossas vidas mesmo a milhares de

quilômetros de distância. Igualmente, agradeço aos meus sogros Carlos e Vera

pelos pensamentos positivos e atenção nos poucos momentos em que passamos

juntos durantes todos esses anos.

Ao querido orientador professor Wladimir, primeiramente por ter apostado

suas fichas na minha orientação, pois não nos conhecíamos pessoalmente. Pela

confiança depositada, acolhimento de ideias, liberdade concedida durante todo o

experimento e cordialidade na relação de orientação. Sua paciência, generosidade e

solicitude são características que tentarei aplicar na minha vida pessoal e

profissional.

Agradeço a minha co-orientadora professora Eduarda Hallal Duval, por ter

aberto às portas da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) para o doutorado. Da

mesma forma, agradeço a confiança e liberdade no desenvolvimento deste estudo.

Aos acadêmicos de pós-doutorado e graduação do Laboratório de Inspeção

de Produtos de Origem Animal da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Vanessa, Manu, Leonardo Tadielo, Leonardo Marques, Rita, Fernanda, Bruna,

Phellipe, Fernando, Matheus e Éverton no auxílio durante as viagens, entrevistas,

coletas e análises microbiológicas.

Ao querido amigo professor Luciano Bersot por sua dedicação desde os

primeiros passos na área de Inspeção. Mesmo estando fisicamente distante o que

não permitiu sua participação efetiva desde projeto, suas ideias, cobranças e

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entusiasmo foram a base para a construção de minha formação acadêmica, o que

me permitiu alçar voos sozinho e desenvolver projetos, orientar acadêmicos, buscar

parceiros e implantar e coordenar o Laboratório de Inspeção de Produtos de Animal

da UNIPAMPA.

Ao Jorge Vargas, Auditor Fiscal Federal Agropecuário da Vigilância

Agropecuária Internacional (VIGIAGRO), por ter acolhido o projeto e o levado à

Superintendência da Agricultura do RS permitindo assim a coleta de amostras e

autorização para aquisição e ingresso de alimentos no Brasil. Aos funcionários da

VIGIAGRO, unidade de Uruguaiana-RS que se esforçaram para a coleta e envio das

amostras para análise laboratorial.

Ao Fabiano Barreto, Auditor Fiscal Agropecuário do Laboratório Nacional

Agropecuário (LANAGRO) de Porto Alegre-RS e toda a sua equipe, pela cooperação

firmada que permitiu a pesquisa de resíduos químicos no Laboratório de Resíduos

de Medicamentos Veterinários. Esta parceria engrandeceu fortemente a ideia inicial

do projeto.

Aos professores Fernando Spilki e Andreia Henzel e a mestranda Fernanda

Gil de Sousa da Universidade Feevale de Novo Hamburgo que abriram as portas do

Laboratório de Microbiologia Molecular e auxiliaram na pesquisa dos vírus.

Agradeço a todos do Laboratório de Microbiologia de Alimentos da UFPEL

pela recepção durante as análises finais do projeto, em especial à pós-doutoranda

Graciela Volz Lopes pelo auxílio e supervisão na realização das análises

moleculares.

Aos colegas e amigos da UNIPAMPA, professora Débora Pellegrini no auxílio

às dúvidas estatísticas e ao professor Mário Brum pela consultoria na área de

virologia.

Agradeço a UNIPAMPA por me conceder o afastamento para a conclusão do

doutorado e pela concessão de bolsa de iniciação científica aos acadêmicos

vinculados ao projeto bem como no auxílio financeiro ao Grupo de Pesquisa

envolvido no projeto.

Agradeço a UFPEL e todos os seus servidores, em especial ao Departamento

de Ciência e Tecnologia de Alimentos pela oportunidade de cursar o doutorado.

E a todos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para o

desenvolvimento deste estudo.

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Resumo

PEREIRA, Juliano Gonçalves. Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos de origem animal na fronteira Oeste do Sul do Brasil com Argentina e Uruguai. 2017. 146f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017. O controle do trânsito de alimentos em regiões de fronteira é fundamental para reduzir os riscos de propagação de perigos microbiológicos e químicos. Desta forma, os objetivos deste estudo foram: 1) Avaliar o perfil de brasileiros residentes em cidades da fronteira Oeste do RS com Argentina ou Uruguai, quanto à prática de importação de produtos de origem animal e determinar associações entre as características da população e a aquisição destes produtos; 2) Avaliar a qualidade higiênico-sanitária, por meio da contagem de micro-organismos indicadores e pesquisa e identificação molecular de Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Escherichia coli O157:H7, vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de origem animal in natura e processados comercializados em região de fronteira internacional do RS, Brasil; e 3) Pesquisar resíduos de fármacos veterinários (antimicrobianos e antiparasitários) em produtos de origem animal comercializados em região de fronteira do RS. Para o estudo do perfil dos importadores, foi elaborado um questionário o qual foi aplicado em seis cidades do RS (três que fazem fronteira com Argentina e três com Uruguai). Para a avaliação higiênico-sanitária foram analisadas 270 amostras de produtos de origem animal in natura (carne bovina, suína, de frango e de caça) e processados (laticínios e carnes processadas), sendo 150 adquiridos na Argentina e 120 no Uruguai; a pesquisa de vírus foi realizada em 159 amostras (86 da Argentina e 73 do Uruguai). A pesquisa de resíduos de fármacos veterinários foi realizada em 189 amostras (90 da Argentina e 99 do Uruguai). Pelo questionário aplicado, obtiveram-se 744 respostas verificando-se que parte da população avaliada importa ilegalmente produtos de origem animal, tanto na fronteira Brasil-Argentina (65,17%) quanto Brasil-Uruguai (76,28%). Nestas fronteiras, derivados do leite foram os principais produtos importados, seguido de carnes in natura e processadas. Quanto aos patógenos, observou-se a presença de Salmonella spp. (4% dos produtos da Argentina), L. monocytogenes (3% da Argentina; 16,66% do Uruguai), HAV (23,25% da Argentina; 12,32% do Uruguai) e RV (36,04% da Argentina; 9,58% do Uruguai) em produtos in natura e processados. Não foram detectadas amostras contaminadas com E. coli O157:H7 e HEV. As altas médias das contagens de mésofilos e enterobactérias evidenciaram condições higiênico-sanitárias inadequadas durante a cadeia de produção e comercialização dos produtos. Resíduos de fármacos veterinários foram detectados em 50 amostras (26,45%), com 28 apresentando resíduos de

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antimicrobianos (14,81%) e 22 de antiparasitários (11,64%). Das 50 amostras positivas, 20 (15 da Argentina e cinco do Uruguai) apresentaram Limite Máximo de Resíduo (LMR) acima dos parâmetros legais, correspondendo a 10,58% do total das amostras analisadas. Os resultados demonstraram que a prática de importação ilegal de produtos de origem animal é comum nas cidades de fronteira do RS e que os produtos podem conter perigos biológicos (bactérias e vírus) e químicos (resíduos de fármacos veterinários). Desta forma, há necessidade de uma maior ação dos órgãos de vigilância de fronteira internacional, de modo a controlar a entrada de alimentos que possam veicular perigos microbiológicos e químicos bem como de conscientização da população fronteiriça de modo a esclarecer os riscos que a introdução de alimentos no Brasil sem a devida fiscalização sanitária pode trazer para a saúde pública e animal. Palavras-chave: alimentos, patógenos, resíduos de antimicrobianos, resíduos de antiparasitários.

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Abstract

PEREIRA, Juliano Gonçalves. Microbiological and chemical hazards associated with the illegal transit of animal products at the border west of the southern Brazil with Argentina and Uruguay. 2017. 146f. Thesis (Doctorate degree in Food Science and Technology) – Graduate Program in Agroindustrial Science and Technology, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017. Control of food transit in border regions is important to reducing the risk of dissemination microbiological and chemical hazards. The objectives of this study were: 1) To evaluate the profile of Brazilians residing in cities on the western border of RS with Argentina or Uruguay, regarding the practice of importing products of animal origin and determining associations between the characteristics of the population and the acquisition products; 2) Evaluate hygienic-sanitary quality, by counting the micro-organisms and the detection and molecular identification of Salmonella spp., Listeria monocytogenes and Escherichia coli O157:H7, hepatitis A virus (HAV), hepatitis E (HEV), and rotavirus (RV) in in natura and processed animal products marketed in an international border region of RS, Brazil; and 3) Detection of veterinary drug residues (antimicrobials and antiparasitics) in products of animal origin marketed in RS border region. In order to study the profile of the importers, a questionnaire was developed which was applied in six cities of RS (three bordering Argentina and three with Uruguay). For the hygienic-sanitary evaluation, 270 samples of products of animal origin in natura (beef, pork, chicken and game meat) and processed products (dairy and processed meats) were analyzed, of which 150 were purchased in Argentina and 120 in Uruguay. The virus detection was performed in 159 samples (86 from Argentina and 73 from Uruguay). The survey of veterinary drug residues was performed in 189 samples (90 from Argentina and 99 from Uruguay). From the questionnaire applied, 744 responses were obtained, verifying that part of the population evaluated illegally imports products of animal origin, both at the Brazilian-Argentine border (65.17%) and Brazil-Uruguay border (76.28%). At these borders, dairy products were the main imported, followed by fresh and processed meats. As for the pathogens, the presence of Salmonella spp. (4% of Argentina's products), L. monocytogenes (3% from Argentina, 16.66% from Uruguay), HAV (23.25% of Argentina, 12.32% of Uruguay) and RV (36.04% of Argentina, 9.58% of Uruguay). No samples contaminated with E. coli O157: H7 and HEV were detected. The high mean counts of indicators showed inadequate hygienic-sanitary conditions during the chain of production and commercialization of the products. Residues of veterinary drugs were detected in 50 samples (26.45%), with 28 showing antimicrobial residues (14.81%) and 22 antiparasitic residues (11.64%). Of the 50 positive samples, 20 (15 from Argentina and five from Uruguay) had a maximum residue limit (MRL) above the legal parameters, corresponding to

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10.58% of the total samples analyzed. The results showed that the practice of illegal importation of animal products is common in RS border cities and that the products may contain biological (bacteria and virus) and chemical (veterinary drug residues) hazards. In this way, there is a need for greater action by international border surveillance agencies in order to control the entry of food that may lead to microbiological and chemical hazards as well as awareness of the border population in order to clarify the risks that the introduction of food In Brazil without proper sanitary inspection can bring to public and animal health. Keywords: antibiotic residues; antiparasitic residues; foods; pathogens.

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Lista de Figuras

Capítulo 1 Figura 1 Profile of the survey respondents and frequency of illegal importation of

products of animal origin. .................................................................... 53

Figure 2 Purchasing profile of products of animal origin imported illegally ......... 54 Figure 3 Profile of the interviewees related to the knowledge on illegal import of

products of animal origin. .................................................................... 55

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Lista de Tabelas Capítulo 1

Tabela 1 Questionnaire applied for the determination of the profile of the illegal import of products of animal origin to Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay ........................................................................ 51

Tabela 2 Association between respondent characteristics and illegal food import .. 52

Capítulo 2 Tabela 1 Produtos de origem animal obtidos na Argentina e Uruguai ............... 77

Tabela 2 Enumeração de mesófilos aeróbios e enterobactérias (log UFC.g-1 ou UFC.mL-1) em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai ........................................................................ 78

Tabela 3 Frequência de Salmonella spp. e L. monocytogenes em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai .. 79

Tabela 4 Presença de genes de virulência de isolados Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli O157:H7 ...................................................... 80

Capítulo 3

Tabela 1 Alimentos avaliados na fronteira Brasil-Argentina-Uruguai quanto a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)… ................................................................................................. 99

Tabela 2 Primers utilizados para a detecção de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) ................................................................... 100

Tabela 3 Frequência e razão de chance (OR) para a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de origem animal obtidos da Argentina e Uruguai ......................................................... 101

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Capítulo 4 Table 1 Animal products evaluated at the Brazil-Argentina-Uruguay border for the

presence of antimicrobials and antiparasitics residues ...................... 116

Table 2 Veterinary drugs evaluated by LC-MS/MS in animal products on the Brazil-Argentina-Uruguay border ................................................................. 117

Table 3 Number and frequency of samples of animal products evaluated for the presence of antimicrobials and antiparasitic residues in the Brazil-Argentina-Uruguay border ................................................................. 118

Table 4 Samples (n = 20) with values higher than the Maximum Residue Limit (MRL) for the evaluated analytes....................................................... 119

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Sumário

1 Introdução ........................................................................................................ 16

1.1 Objetivos ....................................................................................................... 17

2 Revisão bibliográfica ...................................................................................... 18

2.1 Contextualização do problema ....................................................................... 18

2.2 Regulamentação para o comércio internacional e o sistema de vigilância de

fronteiras no Brasil ............................................................................................... 21

2.3 Perigos microbiológicos associados à importação ilegal de alimentos .......... 24

2.3.1 Perigos à saúde pública .............................................................................. 25

2.3.1.1 Salmonella spp. ........................................................................................ 25

2.3.1.2 Listeria monocytogenes ............................................................................ 26

2.3.1.3 Escherichia coli produtoras de shiga toxina ............................................. 28

2.3.1.4 Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) ................. 30

2.3.1.5 Presença de patógenos em alimentos importados ilegalmente ............... 31

2.3.2 Perigos à saúde animal ............................................................................... 33

2.4 Perigos químicos associados à importação ilegal de alimentos ..................... 35

3 Capítulo 1 - Profile of the illegal import of products of animal origin to

Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay ............................. 37

Abstract ............................................................................................................ 39

3.1 Introduction ..................................................................................................... 40

3.2 Material and methods ..................................................................................... 41

3.2.1 Preparation of the questionnaire ................................................................. 41

3.2.2 Target cities, population sample, and questionnaire administration ............ 41

3.2.3 Data Analysis .............................................................................................. 42

3.3 Results ........................................................................................................... 43

3.4 Discussion ...................................................................................................... 45

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Acknowledgements .............................................................................................. 48

References ........................................................................................................... 49

4 Capítulo 2 – Alimentos de origem animal introduzidos no Brasil pela fronteira

com Argentina e Uruguai: pesquisa de patógenos e avaliação da qualidade

higiênico-sanitária .............................................................................................. 56

Resumo ............................................................................................................ 58

4.1 Introdução ...................................................................................................... 59

4.2 Material e métodos ......................................................................................... 60

4.2.1 Coleta das amostras ................................................................................... 60

4.2.2 Análises microbiológicas e moleculares ...................................................... 61

4.2.2.1 Enumeração de micro-organismos mesófilos aeróbios, enterobactérias e

Staphylococcus coagulase positiva ...................................................................... 61

4.2.2.2 Detecção de Salmonella spp. ................................................................... 62

4.2.2.3 Detecção de L. monocytogenes ............................................................... 63

4.2.2.4 Detecção de E. coli O157:H7 ................................................................... 63

4.2.3 Análise dos dados ....................................................................................... 64

4.3 Resultados ..................................................................................................... 64

4.4 Discussão ....................................................................................................... 67

Agradecimentos ................................................................................................... 72

Referências .......................................................................................................... 72

5 Capítulo 3 – Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em

produtos de origem animal comercializados em região de fronteira entre Brasil,

Argentina e Uruguai ........................................................................................... 81

Resumo ............................................................................................................ 83

3.1 Introdução ...................................................................................................... 84

3.2 Material e métodos ......................................................................................... 86

3.2.1 Coleta das amostras ................................................................................... 86

3.2.2 Detecção de HAV, HEV e RV ...................................................................... 87

3.2.2.1 Preparo das amostras, extração de RNA e síntese do cDNA .................. 87

3.2.2.2 RT-qPCR para detecção de HAV ............................................................. 88

3.2.2.3 RT-Nested PCR para detecção HEV........................................................ 88

3.2.2.4 RT-PCR para detecção de RV ................................................................. 89

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3.2.3 Análise dos dados ....................................................................................... 89

3.3 Resultados ..................................................................................................... 89

3.4 Discussão ....................................................................................................... 91

Agradecimentos ................................................................................................... 95

Referências .......................................................................................................... 95

6 Capítulo 4 – Residues of veterinary drugs in animal products commercialised

in the border region between Brazil, Argentina and Uruguay ...................... 102

Abstract .......................................................................................................... 104

6.1 Introduction ................................................................................................... 105

6.2 Materials and methods ................................................................................. 106

6.2.1 Sample collection ...................................................................................... 106

6.2.2 Detection of veterinary drug residues ........................................................ 107

6.3 Results and discussion ................................................................................. 108

6.4 Conclusions .................................................................................................. 111

6.5 References ................................................................................................... 112

7 Conclusões .................................................................................................... 120

Referências ....................................................................................................... 121

Apêndices ......................................................................................................... 137

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1 Introdução

A globalização do comércio de alimentos e o trânsito de passageiros entre

países constituem importantes rotas de disseminação de perigos biológicos e

químicos de importância em saúde pública. O controle de fronteiras internacionais é

vital para a mitigação de riscos associados ao intenso fluxo de comércio legal e

ilegal de produtos de origem animal.

A importação ilegal de alimentos é o ato de aquisição de alimentos em um

determinado país e sua introdução em um segundo, sem que este passe pela

fiscalização sanitária de fronteira realizada pelos serviços oficiais de vigilância

agropecuária. No Brasil, a responsabilidade da operação de vigilância é da

VIGIAGRO (Vigilância Agropecuária Internacional) que atua em portos, aeroportos e

postos de fronteira visando barrar a entrada de produtos que possam carrear

perigos. Uma falha na execução desta fiscalização pode permitir a introdução de

alimentos contendo patógenos com capacidade de afetar a saúde da população

exposta, bem como pode alterar o status sanitário do rebanho animal brasileiro.

O Rio Grande do Sul (RS), situado na região sul do Brasil, possui uma região

de fronteira internacional muito extensa. O estado faz fronteira com a Argentina e o

Uruguai. Entre o RS e a Argentina são, aproximadamente, 720 km de fronteira, toda

margeada pelo rio Uruguai, com destaque para as cidades gaúchas de Uruguaiana,

São Borja, Itaqui e Porto Xavier. Já na fronteira com o Uruguai são,

aproximadamente, 1.000 km, com destaque para as cidades de Quaraí, Barra do

Quaraí, Santana do Livramento, Aceguá, Rio Branco e Chuí.

Atualmente, o ingresso de produtos processados importados está liberado no

Brasil, desde que sejam respeitados parâmetros com relação ao alimento,

quantidade e embalagem. Tais características devem ser verificadas no momento do

ingresso no Brasil, sejam em postos de fronteira ou aeroportos. A entrada de

produtos de origem animal, sem qualquer fiscalização, é preocupante sob o ponto de

vista de saúde pública, pois não há garantia alguma de que os alimentos estejam em

condições de consumo, podendo assim veicular perigos físicos, químicos e

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biológicos, já que não se sabe a sua procedência, o local e forma de abate dos

animais e o tipo de industrialização. Além disso, não atendem os requisitos

sanitários internacionais e não foram submetidos à fiscalização sanitária oficial, a

qual garante a segurança dos alimentos.

Uma vez que a vigilância não é realizada de maneira sistemática, seja por

dificuldades operacionais ou pela clandestinidade de ações relacionadas ao

comércio internacional, os riscos à saúde animal e pública são imensuráveis. Ao

adquirir um produto de fora do país, que se desconhece sua origem, bem como se

atendeu ou não as normas mínimas de processamento higiênico-sanitário e

tecnológico, estes tornam-se um risco à população, pela probabilidade de veicular

patógenos ou contaminantes químicos que afetam a saúde do consumidor brasileiro.

1.1 Objetivos

- Avaliar o perfil de brasileiros residentes em cidades da fronteira oeste do RS

com Argentina ou Uruguai, quanto à prática de importação de produtos de origem

animal e determinar associações entre as características da população e a

importação destes produtos.

- Avaliar a qualidade higiênico-sanitária por meio da contagem de micro-

organismos indicadores e pesquisa e identificação molecular de Salmonella spp.,

Listeria monocytogenes e Escherichia coli O157:H7, vírus da hepatite A (HAV),

hepatite E (HEV) e rotavírus (RV), de produtos de origem animal in natura e

processados comercializados em região da fronteira oeste do RS com Argentina e

Uruguai.

- Pesquisar resíduos de fármacos de uso veterinário (antimicrobianos e

antiparasitários) em produtos de origem animal comercializados na região da

fronteira oeste do RS com a Argentina e Uruguai.

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2 Revisão bibliográfica

2.1 Contextualização do problema

O Brasil é o maior país da América do Sul em população e território. Faz

fronteira com 10 países, numa área de 16.886 km, a qual requer vigilância constante

para garantir a soberania nacional e salvaguardar a saúde da população e do

rebanho de animais.

Pelas fronteiras brasileiras podem ingressar produtos alimentícios, desde que

sua entrada atenda à regulamentação sanitária (BRASIL, 2006a, 2016a). No

momento da entrada, devem ser submetidos à fiscalização pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), porém, a entrada de produtos de

origem animal de maneira ilegal é prática comum em fronteiras brasileiras. Isso afeta

diretamente os cofres públicos, pois não são efetuados os pagamentos de impostos

de importação e expõe o país aos riscos da introdução de agente patogênicos que

podem afetar seu status sanitário.

Animais e produtos de origem animal são expressamente proibidos de

trafegar entre países sem a anuência da fiscalização e o atendimento de normas

sanitárias rígidas nacionais e internacionais, pois podem carrear patógenos ou

contaminantes químicos, afetando assim a saúde dos consumidores (OIE, 2016).

O RS, estado situado na região sul do Brasil, possui uma região de fronteira

internacional muito extensa, fazendo fronteira com a Argentina e o Uruguai. Em

algumas cidades fronteiriças, devido às características geográficas e culturais, a

fiscalização sanitária internacional não ocorre, o que permite a entrada ilegal dos

mais variados produtos de origem animal.

Entre o RS e a Argentina são, aproximadamente, 724 km de fronteira, toda

margeada pelo rio Uruguai, com destaque para as cidades gaúchas de Uruguaiana,

Itaqui, São Borja e Porto Xavier, que fazem fronteira com as cidades argentinas de

Paso de Los Libres, Alvear, Santo Tomé e San Javier, respectivamente. A existência

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da divisa geográfica, delimitada pelo rio, facilita a operacionalização das ações de

vigilância, já que deixa clara a região limítrofe internacional e permite a instalação de

pontos de fiscalização sanitária agropecuária em determinados pontos da fronteira,

obrigando todos os ingressantes no Brasil a passarem por pontos onde é possível

realizar a averiguação de bagagens e mercadorias.

Já a fronteira com o Uruguai é de, aproximadamente, 1.000 km, com

destaque para as cidades brasileiras de Quaraí, Barra do Quaraí, Santana do

Livramento, Jaguarão, Chuí e Aceguá as quais fazem f com as cidades uruguaias de

Artigas, Bella Unión, Rivera, Rio Branco, Chuy e Aceguá, respectivamente.

Nestas regiões de fronteira, além da entrada de eletroeletrônicos, produtos de

perfumaria, bebidas e roupas, como ocorre em outras fronteiras, adentram também

produtos de origem animal. Isto se deve pela percepção e apreciação que a

população que reside nestas regiões tem pela qualidade dos alimentos, com

destaque para a carne in natura e produtos cárneos, como salames, e derivados

lácteos, como queijos e doce de leite. A carne argentina é reconhecida regional e

mundialmente pelas suas características sensoriais, como maciez e sabor,

atribuídas ao tipo de rebanho criado, quase que exclusivamente formado por

animais de raças europeias que, as quais produzem carne com maior gordura em

marmoreio e mais macia (ALVES et al., 2005). Os derivados lácteos uruguaios,

como queijo e o doce de leite, são produtos muito apreciados devido à excelente

qualidade sensorial quando comparados com os produtos brasileiros.

Sem dúvida, as características sensoriais são as que chamam mais atenção

na escolha desses produtos. Entretanto, se forem computados, ainda, o preço

atrativo e a facilidade de ingresso no Brasil com estes alimentos, devido às

deficiências na fiscalização, a importação ilegal é prática cada vez mais comum e

inevitável nas cidades de fronteira do estado.

Um fator que dificulta a fiscalização no momento do ingresso no Brasil é a

quantidade transportada. Na maioria das vezes, o volume trazido é pequeno e os

produtos são escondidos entre as bagagens para ocultá-los durante a averiguação

dos carros e mercadorias, passando despercebidos durante a fiscalização sanitária,

quando esta ocorre.

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Dados1 da Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO) do MAPA no

RS referentes aos últimos três anos (2014, 2015 e 2016) demonstraram que, das 10

unidades de fiscalização de fronteira no Estado (Chuí, Jaguarão, Aceguá, Santana

do Livramento, Quaraí, Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Porto Xavier e Porto Mauá),

ocorreram apreensões apenas em Itaqui e Uruguaiana. Em Itaqui, foram realizadas

13 apreensões de produtos de origem animal em 2015, totalizando 25 kg e, em

2016, foram 12 apreensões, somando 12 kg. Em Uruguaiana, de 2014 a 2016, foram

apreendidas 3.095 kg de carne bovina in natura, 729 kg de pescados, 493 kg de

carnes de caça (principalmente carne de capivara), 436 kg de mel, 45 kg de queijo,

15 kg de carne suína, 13 kg de salame e 10 kg carne ovina.

Deve-se considerar a possibilidade de os dados acima estarem

subestimados, uma vez que a averiguação de carros e bagagens no retorno ao

Brasil é realizada por método de amostragem. Além disso, dados apontam que 59%

das pessoas que residem em cidades de fronteira do RS, ingressam com certa

frequência com produtos de origem animal adquiridos na Argentina ou Uruguai e

que, apenas 5% já tiveram seus produtos apreendidos pela VIGIAGRO no retorno

ao Brasil (PEREIRA et al., 2015). Desta forma, é evidente que o volume de

apreensões demonstrado pelos dados da VIGIAGRO não representa o volume real

que ingressa ilegalmente no país.

No caso do RS, a principal forma de ingresso destes alimentos é via fronteira

terrestre, porém, esta problemática atinge o Brasil de uma maneira geral, uma vez

que alimentos podem ser introduzidos a partir de outras rotas, como os aeroportos.

Em 2014, a VIGIAGRO apreendeu mais de 65 toneladas de produtos de

origem animal ou vegetal, em bagagens de passageiros em três dos maiores

aeroportos brasileiros (Confins, em Belo Horizonte, Guarulhos, em São Paulo e

Salgado Filho, em Porto Alegre). Os produtos mais apreendidos são de origem

animal, como lácteos, embutidos, pescados, mel e carnes. Sementes, mudas e

frutas lideram a lista dos produtos de origem vegetal (BRASIL, 2015b).

Em estudo realizado por Melo et al. (2014a) em parceria com a VIGIAGRO,

foram apreendidos pela fiscalização sanitária, 657,4 kg de produtos de origem

animal ilegalmente importados, que ingressariam no Brasil via aeroportos de

Guarulhos-SP e Galeão-RJ. Este mesmo estudo apontou que entre 2006 e 2009,

1Dados não publicados obtidos por meio de solicitação junto ao e-SIC (Sistema Eletrônico do Serviço

de Informação ao Cidadão). Protocolo 21900.001631/2016-48.

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foram apreendidas cerca de 40 toneladas de alimentos de origem animal no

aeroporto de Guarulhos e, entre 2008 e 2009, 19 toneladas no aeroporto do Galeão.

A entrada de produtos de origem animal, sem qualquer fiscalização, é

preocupante sob o ponto de vista de saúde pública, pois não há garantia alguma de

que os alimentos estejam em condições de consumo, podendo assim veicular

perigos físicos, químicos e biológicos, já que não se sabe a sua procedência, o local

e forma de abate dos animais e o tipo de industrialização. Além disso, não atendem

os requisitos sanitários internacionais e não foram submetidos à fiscalização

sanitária oficial, a qual garante a segurança dos alimentos.

2.2 Regulamentação para o comércio internacional e o sistema de vigilância de

fronteiras no Brasil

No Brasil, a regulamentação para a produção e industrialização de produtos

de origem animal é baseada no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de

Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e em legislações complementares (BRASIL,

2017a). Estas legislações estabelecem normas relativas às condições das

instalações, equipamentos, fluxograma operacional, processos tecnológicos,

aplicação de boas práticas de fabricação, Programas de Autocontrole e programas

de prevenção da contaminação. Do mesmo modo que as indústrias nacionais devem

obedecer estas exigências, toda e qualquer indústria de fora do país que tenha

ambição de exportar para o Brasil, deve seguir rigorosas recomendações sanitárias.

Na manifestação de interesse de um país em comercializar seus produtos

com o Brasil, este recebe o credenciamento para realizar o comércio internacional,

desde que sejam atendidos diversos requisitos legais e sanitários recomendados

pelo Brasil. Mesmo após ter recebido o credenciamento, o MAPA poderá determinar

visitas de auditorias periódicas aos países reconhecidos e em seus

estabelecimentos credenciados, visando assegurar a manutenção das condições

previamente aprovadas, podendo manter ou suspender, a qualquer tempo, o

credenciamento, caso haja comprometimento do sistema de inspeção ou por queda

de padrão higiênico-sanitário dos mesmos (BRASIL, 1998).

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Além de parâmetros relacionados à planta de abate e processamento e aos

procedimentos de controle de qualidade, os países devem possuir programas

sanitários que garantam a saúde do rebanho bem como dos produtos que são

gerados após o abate. Carnes e derivados de bovinos devem ser originados de

animais que nasceram e permaneceram de forma ininterrupta até o abate em países

classificados pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) como de risco

insignificante para Encefalopatia Espongiforme Bovina e em país ou em zona livre

de febre aftosa. As operações de inspeção ante-mortem e post-mortem devem ser

realizadas sob supervisão de Médico Veterinário Oficial e o abate não deve ocorrer

como consequência de programas de erradicação de enfermidades

infectocontagiosas (BRASIL, 2009a).

Os produtos de origem animal procedentes de países e estabelecimentos

devidamente credenciados, após os procedimentos de controle realizados em

postos aduaneiros (portos, aeroportos, postos de fronteira) e sua liberação para o

ingresso no Brasil, são destinados para estabelecimentos com Serviço de Inspeção

Federal (SIF), dotados de instalações, equipamentos e fluxograma operacional que

permita os procedimentos de reinspeção e, quando necessário, coleta de amostras

para exames laboratoriais. Somente poderão circular livremente no Brasil após

terem sido considerados aptos pelos procedimentos de reinspeção e serem

acompanhados de certificado sanitário. Os produtos de origem animal que

apresentarem inconformidades no exame documental e/ou no exame laboratorial,

não poderão adentrar no território brasileiro, podendo retornar ao país de origem ou

ainda serem inutilizados conforme julgamento do Departamento de Inspeção de

Produtos de Origem Animal do MAPA (BRASIL, 1998, 2006a, 2017).

Estes procedimentos de fiscalização e vigilância internacional são de

responsabilidade da VIGIAGRO, órgão vinculado ao MAPA. As atividades deste

órgão têm como objetivos impedir a entrada e a disseminação de agentes

patogênicos que constituam ameaças à agropecuária nacional. Outra função desta

vigilância é a garantia da saúde pública, uma vez que as ações também têm como

objetivo o impedimento da entrada de alimentos de origem animal que possam

constituir um risco pela veiculação de patógenos alimentares (BRASIL, 2006a).

A VIGIAGRO opera em mais de 100 unidades localizadas em portos,

aeroportos e postos de fronteira e é responsável pela fiscalização sanitária e

zoofitossanitária das cargas agropecuárias que passam por esses diferentes pontos

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de entrada de pessoas e de mercadorias no país. Compete à VIGIAGRO fiscalizar o

cumprimento das exigências estabelecidas para o trânsito internacional, realizando

exames de animais vivos, inspeção de produtos de origem animal e derivados,

averiguação de bagagens de passageiros com vistas a detectar produtos de origem

animal e derivados. Cabe à VIGIAGRO, também, expedir certificados para trânsito

interestadual ou internacional de animais e produtos de origem animal, com base

nos certificados sanitários de origem (BRASIL, 2006a).

O Manual de Procedimentos Operacionais da VIGIAGRO, aprovado pela

Instrução Normativa 26 de 2006, dispõe sobre os procedimentos a serem utilizados

na fiscalização e inspeção do trânsito internacional de produtos agropecuários nos

aeroportos internacionais, portos, postos de fronteira e aduanas. Esse documento foi

desenvolvido a partir da interpretação e compilação da legislação básica que dá

suporte à vigilância zoofitossanitária, objetivando aperfeiçoar os mecanismos

operacionais do sistema, esclarecer, orientar e disciplinar os princípios determinados

pela legislação vigente, padronizando as ações desenvolvidas (BRASIL, 2006a).

Com relação ao trânsito de produtos de origem animal, a partir da publicação

da Instrução Normativa 11 de 2016, o MAPA autorizou o ingresso no território

nacional, de produtos de origem animal destinados ao uso e consumo humano ou

animal, classificados como “não presumíveis veiculadores de doenças contagiosas”.

Nesta classificação, estão atualmente autorizados a adentrar no Brasil, produtos

cárneos industrializados (limitados a 10 kg por pessoa), produtos lácteos

industrializados (5 kg ou L por indivíduo), produtos derivados de ovos (5 kg por

indivíduo), pescado salgado, defumado ou enlatado (5 kg por indivíduo), produtos de

confeitaria e produtos de origem animal destinados ao consumo de animais (5 kg por

indivíduo). Para fins de ingresso no território nacional, os produtos devem estar

acondicionados em sua embalagem original de fabricação, com rotulagem que

possibilite a sua identificação, devidamente lacrados, sem evidência de vazamento

ou violação. Todas estas exigências devem ser verificadas quanto ao seu

atendimento no momento em que os viajantes regressam ao Brasil, porém, muitas

vezes a fiscalização não ocorre ou, quando ocorre, não consegue detectar

irregularidades, permitindo o ingresso de alimentos contendo riscos, como carnes in

natura ou produtos que não atendam as especificações da IN 11 (BRASIL, 2016a).

Na Europa, o livre trânsito de alguns alimentos entre os países que compõe o

bloco da União Europeia tem levantado dúvidas com relação à segurança pública,

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uma vez que a disseminação de patógenos entre os países tem sido relatada em

alguns estudos (BEUTLICH et al., 2015; SCHODER et al., 2015). Autores que

defendem a restrição de trânsito citam que as deficiências na fiscalização sanitária

nos pontos de ingresso de viajantes é comum e pode comprometer o status sanitário

do país que permite o ingresso de alimentos (NOORDHUIZEN et al., 2013).

No Brasil, apesar da obrigatoriedade da averiguação dos carros no momento

do ingresso no Brasil (BRASIL, 2006a), em muitos locais as ações são prejudicadas

por diversos fatores, tais como a insuficiência de recursos humanos (Auditores

Fiscais Federais Agropecuários e técnicos), a liberação irregular e o

contingenciamento de recursos, a insuficiência de recursos para investimento, além

de problemas de ordem administrativa em algumas Superintendências Federais do

MAPA nos estados brasileiros, como apontado por auditorias na VIGIAGRO

realizada por membros do Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2006b).

Uma vez que esta vigilância sistemática não é realizada, seja por dificuldades

operacionais ou pela clandestinidade de ações relacionadas ao comércio

internacional, os riscos à saúde animal e à saúde pública são imensuráveis, pois

uma vez que se adquire um produto de fora do país, que se desconhece sua origem,

bem como se atendeu ou não as normas mínimas de processamentos higiênico-

sanitário, estes tornam-se um risco à população, pela probabilidade de veicular

patógenos ou contaminantes químicos que afetam a saúde dos consumidores que

residem em regiões de fronteira.

2.3 Perigos microbiológicos associados à importação ilegal de alimentos

A entrada de alimentos veiculando perigos biológicos no território brasileiro

pode ter duas consequências:

1) risco de contaminação da população por meio da ingestão de produtos de

origem animal contaminados com patógenos alimentares, levando à ocorrência de

Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA).

2) risco de contaminação dos rebanhos, afetando diretamente o status

sanitário e trazendo sérias consequências à economia do país;

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2.3.1 Perigos à saúde pública

Os perigos biológicos de interesse para a saúde pública são representados

pela presença de micro-organismos patogênicos nos alimentos, tais como

Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Escherichia coli produtra de shiga toxina,

bem como de vírus patogênicos. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2007

e 2016 foram notificados, no Brasil, 6.632 surtos de DTA, com 469.482 indivíduos

expostos, 118.104 doentes, 17.186 hospitalizações e 109 óbitos. Os principais

alimentos envolvidos foram produtos de origem animal como ovos, carnes bovina,

suína e de frango, pescados e leite. Agentes bacterianos foram responsáveis por

90,5% dos surtos, sendo os principais Salmonella spp., E. coli, Staphylococcus

aureus, Bacillus cereus, Clostridium perfringens e Shigella spp. DTA de origem viral

corresponderam à 7,1% dos surtos e o os patógenos envolvidos foram HAV, RV e

norovírus (NV) (BRASIL, 2017b).

2.3.1.1 Salmonella spp.

O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e compreende

bacilos Gram-negativos não produtores de esporos, anaeróbios facultativos. O

organismo apresenta taxa de multiplicação ótima à 37 °C e produz gás a partir de

glicose (exceto S. Typhi), sendo capaz de utilizar o citrato como única fonte de

carbono. A maioria das cepas é móvel, apresentando na sua estrutura flagelos

peritríquios, exceção feita aos sorotipos S. Pullorum e S. Gallinarum que são imóveis

(FRAZIER & WESTHOFF, 1988; JAY, 2005).

A DTA mais frequente no mundo é a salmonelose (BOLLAERTS et al., 2008),

decorrente em 95% dos casos da ingestão de alimentos contaminados com células

viáveis de diversos sorotipos de Salmonella spp. (FRAZIER & WESTHOFF, 1988;

JAY, 2005). Os sintomas caracterizam-se por dor abdominal, calafrios, febre, vômito,

desidratação e dores de cabeça e o período de incubação pode variar de 5 a 72 h,

frequentemente ocorrendo entre 12 a 36 h. A recuperação normalmente ocorre entre

1 e 4 dias após o aparecimento dos sintomas, sendo que a maioria dos casos é

autolimitante (CLIVER, 1990).

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Salmonella spp. foi o principal agente causador das DTA ocorridas no Brasil

entre 2007 e 2016 (BRASIL, 2017b). Nos Estados Unidos da América (EUA), foram

notificados 2.437 surtos de salmonelose entre 1998 e 2015, com 65.724 pessoas

envolvidas, 7.521 hospitalizações e 86 mortes (CDC, 2017). Segundo relatório

apresentado pelas autoridades de segurança alimentar da União Europeia, em 2008,

foram confirmados 131.468 casos de salmonelose; deste modo, a taxa de

notificação média na União Europeia foi de 26,4 casos/100.000 habitantes, com uma

ampla variação entre os países membros da comunidade. A menor incidência

ocorreu na Romênia com 2,9 e a maior na população da Eslováquia com

126,8/100.000 habitantes (EFSA, 2010).

A importância de Salmonella spp. como agente causador de toxinfecções

alimentares reside no fato de estar amplamente distribuída na natureza, e do trato

intestinal de humanos e animais ser o seu principal reservatório natural (CLIVER,

1990). Desta forma, o micro-organismo ingressa nas plantas de processamento e,

devido às características de abate e processamento, pode permanecer nos

ambientes industriais sendo fonte constante de contaminação (FREITAS et al.,

2010).

Em algumas regiões da Argentina, a prevalência média de Salmonella spp.

em frangos é de ± 25%, contudo, em algumas propriedades este valor se aproxima

de 70% (XAVIER et al., 2011). Em suínos, a prevalência na Argentina pode variar de

24,1% a 45% (IBAR et al., 2009). Apesar de não de ser detectada em produtos

obtidos do Uruguai, Salmonella spp. é reconhecida como um importante patógeno

naquele país (BETANCOR, 2010).

2.3.1.2 Listeria monocytogenes

Dentre as espécies que compõe o gênero Listeria, L. monocytogenes é a

única considerada patogênica aos humanos, a qual é um importante patógeno

veiculado por alimentos e responsável por causar surtos de listeriose em humanos e

animais (FORSYTHE, 2005; JAY, 2005). O gênero Listeria é, atualmente, composto

por 17 espécies: Listeria monocytogenes, Listeria seeligeri, Listeria ivanovii, Listeria

welshimeri, Listeria marthii, Listeria innocua, Listeria grayi, Listeria fleischmannii,

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Listeria floridensis, Listeria aquatica, Listeria newyorkensis, Listeria cornellensis,

Listeria rocourtiae, Listeria weihenstephanensis, Listeria grandensis, Listeria riparia e

Listeria booriae (WELLER et al., 2015; ORSI & WIEDMANN 2016). Estas espécies

podem ser diferenciadas pela realização de testes fenotípicos como a fermentação

de açúcares e atividade hemolítica (DOYLE et al., 1997; JAY, 2005).

Os micro-organismos pertencentes ao gênero Listeria são bacilos curtos (0,4

a 0,5 µm de diâmetro e 0,5 a 2 µm de comprimento), Gram-positivos, anaeróbios

facultativos, não formadores de esporos e cápsulas. São móveis a temperatura de

25 °C devido a presença de flagelos peritríquios. Listeria monocytogenes pode

multiplicar-se em uma ampla faixa de temperatura (1 a 25°C) e pH (4,6 - 9,6), além

de tolerar concentrações salinas elevadas (≥10%), tendo assim uma capacidade de

sobreviver em condições ambientais desfavoráveis (DOYLE et al., 1997; JAY et al.,

2005).

Listeria monocytogenes é frequentemente isolada de alimentos, sendo esta

sua principal via de transmissão. Estudos relatam o seu isolamento em carne in

natura e produtos cárneos, leite in natura e subpasteurizado, queijos, sorvetes,

alimentos prontos para o consumo, saladas e alimentos de origem marinha, inclusive

alimentos refrigerados (GUDBJÖRNSDÓTTIR et al., 2004; BERSOT et al., 2008;

SANT'ANA et al., 2012; CARTWRIGHT et al., 2013).

Nos EUA, foram notificados 61 surtos de listeriose entre 1998 e 2015, com

818 pessoas envolvidas, 578 hospitalizações e 121 mortes (CDC, 2017). Contudo, o

valor real é, provavelmente, maior devido à subnotificação. Assim, estudos apontam

que L. monocytogenes causa a doença em aproximadamente 2.500 pessoas por

ano, com cerca de 500 mortes, nos EUA (MEAD et al., 1999). Na União Europeia,

em 2011, foram confirmados 1.476 casos de listeriose humana de origem alimentar

(EFSA, 2013). Apesar da baixa morbidade, L. monocytogenes apresenta a maior

taxa de letalidade dentre os patógenos de origem alimentar.

No Brasil, há uma grande deficiência no diagnóstico clínico e na notificação

de casos e surtos de listeriose alimentar, o que reflete na inexistência de relatos

oficiais por parte das autoridades sanitárias conflitando com os vários relatos de

listeriose humana no Brasil. Vale ressaltar que nenhum destes relatos relaciona a

doença com a ingestão de alimentos contaminados (HOFER et al., 1999), embora

este fato possa estar relacionado à falta de conhecimento por parte da comunidade

médica em relação à importância dos alimentos na disseminação de L.

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monocytogenes aos seres humanos, o que dificulta a identificação da fonte da

doença (DESTRO, 2013).

Listeria monocytogenes também é um patógeno que tem sido isolado em

produtos da Argentina (PELLICER et al., 2002; CALLEJO et al., 2008). No Uruguai,

o patógeno já foi isolado em embutidos e queijos e causou a morte de quatro

pessoas em 2016, o que levou as autoridades sanitárias a lançar alertas para a

população, de modo a evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos, produtos

sem tratamento térmico (sucos e leites) e produtos sem origem conhecida (EL PAÍS,

2016).

2.3.1.3 Escherichia coli produtoras de shiga toxina

De maneira geral, E. coli é considerado um dos mais versáteis patógenos

bacterianos pois, enquanto algumas estirpes pertencem a microbiota natural e

desempenham um importante papel na fisiologia intestinal de animais e humanos,

outras são capazes de causar infecção no trato intestinal, bem como trato urinário e

sistema nervoso (MENG et al., 2007). Inúmeros surtos de DTA foram relacionados à

presença de cepas patogênicas de E. coli, evidenciando que sua relevância vai além

de ser um micro-organismo indicador de contaminação de origem fecal nos

alimentos (MENG et al., 2007, CDC, 2017).

As estirpes patogênicas de E. coli podem ser classificados de acordo com seu

mecanismo de patogenicidade em: enterotoxigênica (ETEC), enteropatogênica

(EPEC), enteroinvasora (EIEC), enterohemorrágica (EHEC), enteroagregativa

(EAEC) e de agregação difusa (DAEC) (HUANG, 2004). As EHEC são um subgrupo

composto pelas E. coli produtoras de shiga toxina (STEC).

Escherichia coli produtoras de shiga toxina são responsáveis por sintomas

que variam de simples diarreia até diarreia sanguinolenta, podendo evoluir para

Síndrome Hemolítica-Urêmica (SHU) e púrpura trombótica trombocitopênica,

podendo levar à falência renal e óbito. O sorotipo O157:H7 é considerado o principal

produtor de shiga toxina envolvido com surtos de DTA, porém, alguns casos podem

ocorrer por outros sorotipos como O103, O104, O111 e O26 (NATARO & KAPER,

1988; CDC, 2013b).

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Os bovinos são o reservatório mais importante de STEC e a maioria dos

surtos de infecções humanas causadas por estas bactérias deve-se ao consumo de

carne bovina mal cozida, leite de vaca não pasteurizado e águas de abastecimento e

recreação contaminados pelo conteúdo intestinal de animais, sobretudo, dos

bovinos, ou mesmo outros alimentos que, por ventura, contaminaram-se por esta

fonte (GRIFFIN & TAUXE, 1991; BEUTIN et al., 1993; PATON & PATON, 1998;

KARMALI, 2010).

No Brasil, poucos estudos têm relatado o isolamento de STEC (CERQUEIRA

et al., 1999; LEOMIL et al., 2003). O primeiro relato de isolamento de E. coli

O157:H7 em gado bovino ocorreu em 1999, por Cerqueira et al. (1999), que, ao

analisarem amostras de fezes de 197 bovinos de corte e leiteiro no Rio de Janeiro,

detectaram STEC em 71% (139/197) dos animais, sendo 82% (99/121) em gado

leiteiro e 53% (40/76) em gado de corte. No entanto, apenas 1,5% dos animais

apresentaram o sorotipo O157:H7.

Diversos estudos conduzidos na Argentina demonstraram a presença do

sorotipo O157:H7 em produtos de origem animal. Na Argentina, Jure et al. (2015)

isolaram E. coli O157:H7 em 3,1% das amostras de carne moída bovina e embutidos

coletadas em diversas cidades daquele país. Na cidade de Berisso, Argentina, Brusa

et al. (2013) detectaram o patógeno em 25,5% e 4,4% das amostras de carne moída

bovina e ambiente de processamento de carne (facas, mesas e moedores),

respectivamente. Fato relevante é que a incidência de SHU neste país chega a ser

10 vezes maior que em outros países industrializados (13,9 casos / 100.000 crianças

menores que 5 anos), diferente da dinâmica epidemiológica observada em outros

países (LEOTTA et al., 2008). Atribui-se esta elevada incidência provavelmente ao

consumo significativo de carne. Uruguai e Chile também são países da América do

Sul onde a incidência dessa síndrome é ligeiramente maior do que nos EUA e

Canadá (MOREIRA et al., 2003).

No Brasil, dados oficiais não relacionam nenhum caso de DTA com a ingestão

de produtos de origem animal contaminados com STEC, apesar de diversos estudos

demonstrarem a presença desse patógeno tanto nos animais quanto nos seus

produtos. Dois estudos realizados em São Paulo em diferentes períodos, detectaram

1,2% das carcaças bovinas contaminadas com STEC (RIGOBELO et al., 2006,

RIGOBELO & ÁVILA, 2012). Vicente et al. (2005), em um trabalho realizado em

propriedades leiteiras de Jaboticabal - SP, detectaram 3,3% de STEC em amostras

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de leite. Contudo, Beraldo et al. (2014), não detectaram amostras positivas para

STEC em leites provenientes de três propriedades produtora de leite de búfala do

estado de São Paulo.

2.3.1.4 Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)

O HAV e o RV são, juntamente com o NV, os principais vírus causadores de

DTA no Brasil (BRASIL, 2017b). Apesar de não aparecer nas estatísticas oficiais do

Ministério da Saúde brasileiro, o HEV também tem sido relacionado à surtos de DTA

no mundo. Nos EUA, 101 surtos relacionados à presença de HAV, HEV e RV foram

notificados ao serviço de vigilância, entre de 1998 e 2015. Estes surtos envolveram

2.822 pessoas, 249 hospitalizações e 12 óbitos (CDC, 2017).

O HAV é um vírus RNA, não envelopado e pertencente à família

Picornaviridae (WHITE et al., 2016) e é o causador mais comum de hepatite

infecciosa em todo o mundo. A infecção é frequentemente assintomática em

crianças mais jovens, enquanto em crianças mais velhas e em adultos, há uma

gama de manifestações clínicas, desde infecção leve a insuficiência hepática grave.

O HAV é endêmico na América do Sul, onde inquéritos epidemiológicos indicam que

mais de 90% da população de baixa renda apresenta evidências sorológicas de

infecção. Além disso, é responsável por mais de 50% de todos os casos relatados

de hepatite aguda em humanos (GARCÍA-AGUIRRE & CRISTINA, 2008).

O HEV é um vírus RNA pertencente à família Hepeviridae (WHITE et al.,

2016). A infecção por HEV está associada a saneamento deficiente e água não

potável. Todos os anos, cerca de 20 milhões de indivíduos são infectados por esse

vírus, resultando em aproximadamente 56.000 mortes. A doença é geralmente

autolimitante, mas pode causar insuficiência hepática aguda, com baixa mortalidade,

em indivíduos saudáveis, e taxas de mortalidade significativamente maiores em

mulheres grávidas. Os sintomas podem incluir febre, náuseas, vômitos, dor

abdominal e icterícia (SA-NGUANMOO et al., 2015). O suíno, assim como sua carne

e derivados, são os principais veículos de HEV (VASCONCELOS et al., 2015;

WILHELM et al., 2014), o qual tem sido detectado em amostras de fezes e carcaças

obtidas em abatedouros e no comércio varejista (INTHARASONGKROH et al.,

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2016), bem como em amostras de produtos cárneos. Heldt et al. (2016) detectaram

a presença do genoma do HEV em 36% de amostras de patês suínos

comercializados na cidade de Novo Hamburgo, Brasil.

O RV é um vírus RNA e pertence à família Reoviridae (WHITE et al., 2016),

sendo considerado é a causa mais importante de gastroenterite aguda em lactentes

e crianças em países desenvolvidos e em desenvolvimento em todo o mundo. É

responsável por 30 a 50% dessas doenças, gerando grande número de

hospitalizações. O RV é excretado nas fezes de pessoas infectadas durante o

período de diarreia aguda, em concentrações que podem atingir até 1011 partículas

virais/g (VICTORIA et al., 2014)

Apesar das diferenças observadas quanto à manifestação clínica das

doenças causadas por estes vírus, todos possuem a transmissão fecal-oral, quer por

contato pessoa-pessoa ou por meio do ambiente ou alimentos contaminados. Desta

forma, procedimentos higiênicos durante a obtenção e manipulação de alimentos

constituem uma importante barreira para evitar a contaminação viral dos alimentos

(WHITE et al., 2016).

2.3.1.5 Presença de patógenos em alimentos importados ilegalmente

Nos EUA, diversos surtos de DTA foram relacionados com a ingestão de

produtos de origem animal importados ilegalmente, principalmente na região de

fronteira com o México. Entre 1997 e 2007, quatro grandes surtos de salmonelose

ocorreram devido à ingestão de queijo fresco tipo mexicano, que ingressou

ilegalmente via fronteira (JOSEPH et al., 2013). Dados do Foodborne Diseases

Active Surveillance Network (FoodNet 2004-2009), apontam que surtos de listeriose

envolvendo mulheres grávidas são muito mais frequentes naquelas de origem

hispânica, devido ao fato destas relatarem o consumo frequente de queijo fresco de

origem mexicana (SILK et al., 2012). Entre 2000 e 2001 ocorreu um surto de

listeriose causado pela ingestão desse tipo de queijo, que resultou na morte de 5

pessoas na Carolina do Norte, EUA (CDC, 2001).

Surtos de tuberculose e brucelose envolvendo a ingestão de produtos

ilegalmente importados para os EUA também já foram relatados (JOSEPH et al.,

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2013). Análises microbiológicas de alimentos apreendidos na fronteira entre Tijuana

(México) e San Diego (EUA), verificaram a presença de Salmonella spp., L.

monocytogenes e Mycobacterium bovis em queijos frescos (KINDE et al., 2007).

No Brasil e no mundo, diversos estudos avaliaram apreensões em fronteiras

secas ou aeroportos e, sem exceção, todos os autores apontam o grande risco que

a falta de controle sanitário dos alimentos que ingressam ilegalmente nas fronteiras

pode trazer, tanto para saúde pública quanto animal.

No Brasil, Melo et al. (2015) avaliaram apreensões da VIGIAGRO nos

aeroportos de Guarulhos e Galeão, dois dos maiores aeroportos brasileiros. A

maioria das apreensões analisadas apresentou contaminação por coliformes a 35 °C

e 45 °C. Listeria monocytogenes e S. aureus também foram detectados em produtos

lácteos e carnes bovina, suína e ovina. Salmonella spp. foi isolada de uma amostra

de linguiça suína.

Oniciuc et al. (2015) avaliaram produtos apreendidos em região de fronteira

terrestre entre a Romênia e a Moldávia. Os autores encontraram S. aureus em 8%

das amostras, sendo na sua maioria, produtos lácteos. Dentre os isolados, apenas

uma amostra estava contaminada com S. aureus meticilina-resistente.

Beutlich et al. (2015) avaliaram apreensões em dois grandes aeroportos da

Alemanha. Os autores relataram que o maior número de apreensões foi de produtos

lácteos, seguido de carne in natura e produtos cárneos processados. De todos os

alimentos apreendidos, 5% apresentavam micro-organismos patogênicos

(Salmonella spp., L. monocytogenes, Yersinia spp., E. coli, Brucella spp.), sendo que

os produtos com maior contaminação eram as carnes in natura, seguidas dos

produtos cárneos e laticínios.

Rodríguez-Lázaro et al. (2015a) avaliaram produtos interceptados de voos de

fora da União Europeia, no aeroporto de Bilbao na Espanha, e detectaram diversos

produtos contaminados com S. aureus e S. aureus meticilina-resistente. O produto

mais relacionado com esta contaminação foi o queijo. Em outro estudo, esses

mesmos autores avaliaram 200 amostras de alimentos, também no aeroporto de

Bilbao, e detectaram L. monocytogenes (10%) e Salmonella spp. (5,5%) em

produtos oriundos de diversos países, na sua maioria da América do Sul

(RODRÍGUEZ-LÁZARO et al., 2015b). Ainda neste mesmo aeroporto, Rodríguez-

Lázaro et al. (2015c) avaliaram a presença de vírus patogênicos em alimentos. Das

122 amostras de carne apreendidas, 67 foram positivas para, pelo menos, um vírus

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entérico, sendo 65 positivas para o HEV (53,3%), 3 para NV I (2,5%) e uma para o

NV II (0,8%). Nenhuma das amostras analisadas apresentou o HAV. Todos os tipos

de carne apresentaram contaminação, contudo, houve uma detecção maior em

produtos de carne suína (64,2%).

Schoder et al. (2015) avaliaram 600 amostras de produtos de origem animal

apreendidos pelo serviço veterinário no Aeroporto de Viena, na Áustria. Os produtos

apresentaram contaminação por L. monocytogenes, Salmonella spp. e STEC, sendo

os derivados da carne, os que apresentaram maior número de amostras

contaminadas.

2.3.2 Perigos à saúde animal

O MAPA, por meio da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), com o

objetivo de garantir a sanidade do rebanho brasileiro, estabeleceu o Programa

Nacional de Saúde Animal, que contempla diversos Programas de Sanidade,

Controle e/ou Erradicação de diversas doenças que acometem os animais

domésticos, dentre eles: Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros e

outras Encefalopatias (PNCRH), Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da

Febre Aftosa (PNEFA), Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose

e Tuberculose (PNCEBT) e o Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos, dos

Caprinos e Ovinos, Avícola, Apícola e Suídea (BRASIL, 2009b).

Nestes programas, estão contidos os requisitos de vacinação, trânsito e

quarentena animal, com objetivo de evitar a entrada e/ou permanência no Brasil, de

perigos biológicos que possam trazer riscos à pecuária nacional. Desta forma, se

estes requisitos não forem atendidos, o ingresso ilegal de animais ou seus produtos

pode introduzir patógenos com significativo potencial de afetar o status sanitário do

rebanho brasileiro.

Além de causar prejuízos econômicos associados ao controle e erradicação,

a ocorrência de doenças infecciosas nos animais também provoca impactos nas

transações comerciais entre os países. A alteração do status sanitário de um país

devido à suspeita ou presença de uma doença de notificação obrigatória, pode

comprometer as vendas externas para outros países, causando o enfraquecimento

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do comércio interno, aumento de desemprego e, consequentemente, escassez de

renda (HORST et al., 1998, STEINFELD, 2004).

Doenças como influenza aviária, Newcastle e micoplasmose aviária podem

ser disseminadas pelo trânsito irregular de aves e produtos avícolas, bem como

suínos e seus produtos podem disseminar febre aftosa, peste suína africana e

clássica, doença vesicular suína ou síndrome reprodutiva e respiratória suína

(PRRS). Ruminantes e seus produtos podem disseminar enfermidades como

brucelose, listeriose e febre aftosa (HARTNETT et al., 2007; VAN DEN BERG, 2009;

BROOKES et al., 2014; EIDT et al., 2015). Deste modo, o controle sanitário de

fronteira é fundamental para evitar prejuízos econômicos quando da ocorrência de

uma emergência sanitária em saúde animal (SWALLOW, 2012).

O vírus da febre aftosa, doença que afeta principalmente bovinos, suínos,

ovinos e caprinos, foi diagnosticada no Brasil, pela última vez, nos Estados do

Paraná e Mato Grosso Sul, no ano de 2006, em regiões próximas à fronteira com o

Paraguai. Os focos de febre aftosa detectados na Europa na década de 90, tiveram

como origens o contrabando de animais vivos procedentes de países infectados, a

importação de animais com atestados falsificados e a importação ilegal de animais e

carnes (EIDT et al., 2015).

Neste sentido, Hartnett et al. (2007) analisaram o risco de ingresso do vírus

da febre aftosa no Reino Unido a partir da importação ilegal de carne bovina. Os

autores identificaram que, anualmente, cerca de 7.431 t de carne ingressam através

de bagagens de viajantes, fretes marítimos, transporte aéreo de cargas e

correspondências. Desse total, estima-se que 55% tem o objetivo comercial. A

quantidade de carne contaminadas com o vírus da febre aftosa que entra

ilegalmente no Reino Unido a cada ano, é estimada como sendo, em média, 95 kg,

com 90% de certeza que a quantidade se situa entre 30 kg e 244 kg. Isto

corresponde a, em média, 0,001% do fluxo total de carne ilegalmente importada.

Brookes et al. (2014) determinaram o risco da veiculação do vírus da PRRS a

partir de importação ilegal de carne suína na Austrália. Os autores verificaram que

existe a possibilidade de ingresso do vírus a partir de carne importada ilegalmente e

destacam a importância de estratégias de mitigação, tais como eliminação de

alimentos de resíduos de tráfego internacional.

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2.4 Perigos químicos associados à importação ilegal de alimentos

Resíduo de fármaco de uso veterinário pode ser definido como uma fração da

droga, seus metabólitos, produtos de conversão ou reação e impurezas que

permanecem no alimento originário de animais tratados (BRASIL, 1999). Sua

administração resulta na presença de resíduos químicos nos tecidos animais,

contudo, se a administração for realizada de maneira adequada (dose,

concentração, via de administração) e o período de carência for atendido, tais

resíduos ficarão em concentrações abaixo do LMR (Limite Máximo de Resíduo)

(REIG & TOLDRA, 2008).

Limite Máximo de Resíduo é o limite legalmente aceito para a presença do

resíduo em questão no alimento, sendo este parâmetro determinado de acordo com

o limite máximo aceitável de ingestão diária (FAO, 2015). A ingestão de alimentos

com concentrações acima do LMR pode resultar em reações tóxicas e/ou alérgicas

ou, até mesmo, induzir efeitos carcinogênicos, mutagênicos ou teratogênicos

(DOYLE 2006; BEYENE et al., 2016), dependendo da droga veterinária ingerida.

Neste sentido, o MAPA criou o Plano Nacional de Controle de Resíduos e

Contaminantes (PNCRC), um programa federal de inspeção e fiscalização das

cadeias produtivas de alimentos, que visa monitorar a efetividade dos controles

implementados pelos sistemas de produção e a respectiva qualidade e segurança

dos produtos de origem animal e vegetal disponibilizados ao comércio e ao

consumo. Este monitoramento oficial é realizado por meio da verificação da

presença e dos níveis de resíduos de substâncias químicas nocivas à saúde do

consumidor, como produtos de uso veterinário, agrotóxicos ou afins, e de

contaminantes químicos (BRASIL, 1999).

O PNCRC baseia-se em análises laboratoriais de amostras de tecidos

animais e de produtos de origem animal, seguindo normativas específicas que

estabelecem, para cada espécie animal, os tecidos e as respectivas quantidades a

serem amostradas, além das substâncias a serem monitoradas e respectivos limites

de tolerância a serem considerados. Ressalta-se que todo este monitoramento é

realizado apenas nos estabelecimentos registrados pelo MAPA (BRASIL, 1999).

Assim, o consumo de produtos de origem animal adquiridos de maneira informal

torna-se um risco à saúde pública, pois não existe a garantia de sua inocuidade,

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ficando os consumidores expostos à presença de resíduos químicos, principalmente

pelos efeitos em longo prazo destes resíduos.

Os fármacos veterinários autorizados mais comumente utilizados são os

antibióticos (β-lactâmicos, tetraciclinas, fluoroquinolonas, sulfonamidas e

macrolídeos) (OIE, 2017) e os antiparasitários (avermectinas e benzimidazol). Para

estes, as autoridades sanitárias estabelecem os LMR permitidos para cada matriz

(rins, fígado, músculo, gordura, leite ou ovos) (CHOPRA & ROBERTS 2001;

NAVRÁTILOVÁ et al., 2009, EUROPEAN COMMISSION, 2010; PRADO et al., 2015;

BRASIL, 2017c). Algumas drogas são banidas, devido à sua insegurança na

administração e aos efeitos altamente tóxicos para os seres humanos, a exemplo do

cloranfenicol, proibido em diversos países devido à relação com a ocorrência de

anemia aplásica e câncer, ainda que presente em baixos níveis de concentração nos

alimentos (CROUBELS & DAESELEIRE, 2012; REJTHAROVÁ et al., 2017).

Cabe ressaltar que a Argentina, Uruguai e Brasil, por serem países membros

do Mercado Comum do Sul (Mercosul), compartilham valores de LMR para diversos

resíduos químicos (MERCOSUL, 1995), ficando a cargo de cada país instituir os

programas de monitoramento, bem como a amostragem, de modo a garantir a

segurança dos alimentos produzidos e comercializados no bloco.

O PNCR brasileiro analisou 25.320 amostras de produtos de origem animal

no Brasil, entre 2014 e 2015, tendo encontrado 143 amostras com LMR acima do

preconizado, o que representa 0,56% (BRASIL, 2015a, 2016b). Dados do controle

realizado pelo Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria (SENASA) da

Argentina, em 2015, apontam que das 24.024 amostras de carne bovina, suína e

aves avaliadas, 228 foram consideradas não conformes, representando 0,94% do

total avaliado (ARGENTINA, 2017). No Uruguai, o Programa Nacional de Resíduos

Biológicos da Dirección General de Servicios Ganaderos do Ministerio de

Ganadería, Agricultura y Pesca (MGAP) analisou 5.977 amostras de carne bovina,

detectando cinco (0,08%) com LMR acima do recomendado, sendo quatro com

resíduos de cádmio e uma com ivermectina (URUGUAI, 2016).

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3 Capítulo 1 - Profile of the illegal import of products of animal origin to

Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay

Manuscrito aceito para publicação no periódico Journal of Protection (ISSN 1944-

9097) - doi:10.4315/0362-028X.JFP-17-123

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Título: Profile of the illegal import of products of animal origin to Brazilian cities at the

border with Argentina and Uruguay

Autores: Pereira, J.G1,2,*, Soares, V.M.2, Santos, E.A.R.,2, Tadielo, L.E.2, Pellegrini,

D.C.P.2, Duval, E.H.1, Silva, W.P.1

1Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,

s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 96010900.

2Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,

Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 97501970.

*Autores para correspondência:

Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio

Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378

Email: [email protected] (J.G. Pereira),

[email protected], (W.P. Silva)

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Abstract International food transit is a risk to public and animal health when not subject to legal importation sanitation procedures. Due to the extensive border area, illegal food import in Brazil is a common practice, especially in Rio Grande do Sul (RS), a State that borders with Argentina and Uruguay. The objective of this study was to evaluate the profile of Brazilians living in cities of RS that border with Argentina (BR-AR) or Uruguay (BR-UR) regarding the practice of illegal import of products of animal origin, and determine associations between the population characteristics and illegal import. A questionnaire with information related to the personal profile, habits of acquisition of imported food, and knowledge of health risks deriving from the consumption of the imported products was elaborated. The questionnaire was administered in six cities of RS (three bordering Argentina and three bordering Uruguay) and responses were obtained from 744 individuals. The variables city, gender, level of education, and knowledge were subjected to the chi-square test to verify the association between these variables and food import. Part of the interviewees admitted to illegally import products of animal origin at both BR-AR (65.17%) and BR-UR (76.28%) borders. Dairy products were the main imported goods, followed by raw and processed meat. The study revealed that illegal import is common at the frontier region of RS, especially that of products of animal origin, dairy, and raw and processed meat. Although illegal importation occurs at all the cities under study, it was higher at the BR-UR border. Also, knowledge of the health risks influences the decision to import food or not. Keywords: Argentina; border; Brazil; food; illegal import; Uruguay.

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3.1 Introduction

International food trade is essential for economy. Currently, Brazil is one of the

largest producers and exporters of beef in the world (1), a position gained by rigid

health controls applied from production to industrialization. The main goods imported

by Brazil are fish and dairy products. The transit of food between different countries

should follow strict sanitary rules to prevent the transmission of pathogens that affect

public health and health status of animal herds, and introduction of new pests of the

agricultural crops of the importing country (6, 7, 13).

Brazil has continental dimensions and borders (totaling 15,735 km) with 10

countries in South America. Rio Grande do Sul (RS), a Brazilian State located in the

southern region, has an extensive international border with Argentina and Uruguay.

In particular, RS borders with Argentina and Uruguay for approximately 724 km and

1,000 km, respectively. In these border regions, in addition to the entry of consumer

electronics, perfumery products, beverages, and clothing, as it normally occurs at

other borders, products of animal origin also cross, which often do not pass through

any sanitary inspection.

The control of the entry of products of animal origin in Brazil is the

responsibility of the Ministry of Agriculture, Livestock, and Food Supply (MAPA)

through the International Agricultural Surveillance (VIGIAGRO) service, which is

located in ports, airports, and border crossings and inspects baggage and vehicles

with the aim of preventing the entry of irregular products (3). In 2014, the surveillance

of VIGIAGRO resulted in the confiscation of more than 65 tons of animal and plant

products found in personal baggage at the airports of Minas Gerais, São Paulo, and

RS (4).

One factor hindering surveillance at the time of entry into Brazil is the amount

of food transported, which is often small and hidden within the baggage to escape

sanitary inspections. Moreover, the lack of knowledge of the population on the risks

to public and animal health associated with the entry of illegal food calls for the

deployment of health education programs to prevent the introduction of pathogenic

agents in the Country.

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Thus, the objective of this study was to evaluate the profile of Brazilians living

in cities of RS that border with Argentina (BR-AR) or Uruguay (BR-UR) regarding the

practice of importing food of animal origin with the goal of determining associations

between population characteristics and illegal food import.

3.2 Material and methods

3.2.1 Preparation of the questionnaire

The questionnaire contained questions related to the social profile, illegal food

import habits, and knowledge of the subject under study (Table 1, Apêndice 1). The

issues addressed in the questionnaire were related to (i) (i.e., city, gender, age,

occupation, level of education, and import of animal products); (ii) profile of illegal

food import (i.e., food type, frequency of import, places of acquisition, reason of

acquisition, hygiene of the selling establishment, and confiscation by VIGIAGRO),

and (iii) knowledge (i.e., knowledge of the health risks related to illegal import, of the

responsibility for surveillance, and whether respondents received information through

pamphlets, newspapers, radio, or other routes). After the preparation of the

questionnaire, 10 interviewers were selected and trained by the researchers

responsible to ensure the correct administration of the questionnaire. A script was

provided for each question to ensure standardization.

3.2.2 Target cities, population sample, and questionnaire administration

Six municipalities in RS were selected, three cities at the BR-AR border

Argentina (i.e., Uruguaiana, Itaqui, and São Borja) and three cities at the BR-UR

border (i.e., Barra do Quaraí, Quaraí, and Santana do Livramento). The size of the

sample population interviewed was based on the total population of the six cities

(342,577 inhabitants) according to the Brazilian Institute of Geography and Statistics

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(8). Therefore, to ensure a significance level of 99% and a margin of error of 5%

(StatCalc - Epi Info™ 7.1.5), 662 interviews were conducted and divided among the

six cities based on their population. Thus, the minimum number of interviews to be

conducted in Uruguaiana was 250, in Itaqui 75, in São Borja 122, in Barra do Quaraí

9, in Quaraí 46, and in Santana do Livramento 160. In some cities, more interviews

than the minimum calculated were conducted.

The questionnaire was administered between May and September 2016. At

the time of the interviews, the interviewers were positioned at points with large

movement of people, such as parks, shopping centers, and bus terminals. A

convenience sampling (nonprobability) was used to approach people at the points of

application of the questionnaire. After the initial acceptance of the individual, the

interviewer briefly summarized the objectives of the research, and the interviewee

agreeing to participate signed a declaration of consent (Apêndice 2). Only Brazilians

residents in the cities targeted by the study, older than 18, and consuming products

of animal origin were selected.

This study was submitted to ethical assessment on the Brazil Platform of the

Brazilian Ministry of Health (http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil), and was

registered under the number CAAE 42695215.7.0000.5323 with favorable ethical

opinion nº 1216314 (Apêndices 3 e 4).

3.2.3 Data Analysis

The information obtained was tabulated and the results expressed in

frequencies. The variables border (BR-AR or BR-UR), gender, educational level,

knowledge of risks, and whether the interviewee received prior information were

subjected to the chi-square test to verify the association of these variables with illegal

import. The analysis was performed using the statistical program IBM® SPSS®

Statistics Version 20. P < 0.05 was considered statistically significant.

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3.3 Results

The results of the study, which consisted of 744 responses spread over the six

cities evaluated. With regard to gender, at the BR-AR border the number of male

(50.31%) and female (49.69%) respondents was comparable, whereas at the BR-UR

border the number of male respondents (54.94%) was higher than that of the female

respondents (45.06%). The average age was 41.30 and 39.27 at the BR-AR and BR-

UR borders, respectively. In all cities, most individuals reported having jobs.

Accordingly, at the BR-AR border, 25.25% reported being unemployed, 9.57% were

students, and 7.94% were both students and workers. At the BR-UR border, 14.23%

of the individuals were both students and workers, 13.83% reported being

unemployed, and 3.95% were students. With regard to the education level, 71.92%

and 84.18% of the respondents in BR-AR and in BR-UR, respectively, reported

having complete or incomplete primary or secondary education. With regard to higher

education, only 27.09% and 15.81% in BR-AR and in BR-UR, respectively, claimed

to have a professional degree or to be enrolled in undergraduate courses (Figure 1).

A high rate of illegal food import was reported at both borders. In BR-AR,

65.17% of the respondents reported having bought or buying products in Argentina

and returned the goods to Brazil illegally. At the BR-UR border, this frequency was

higher (76.28%) than that at the BR-AR border.

The goods with the highest rate of acquisition were dairy products (i.e.,

cheese, milk jam, and cream). In particular, 84.69% (BR-AR border) and 87.05%

(BR-UR border) of the people who returned with illegal products brought them in their

baggage. Raw meat was the second place preference of import at both borders

(65.31% at BR-AR and 51.30% at BR-UR). Processed meats, fluid milk, honey, and

eggs were mentioned less frequently than dairy and raw meat products. At the BR-

AR border, two individuals (0.63%) reported having entered into Brazil with capybara

meat (Hydrochoerus hydrochaeris) (Figure 2).

Concerning the frequency of illegal import, at the BR-AR border, the majority

of individuals (65%) stated that this practice occurs at intervals higher than 30 days,

whereas the remaining imports occur monthly (23.13%) or weekly (10.94%), with

0.94% of the interviewee buying illegal products on a daily basis. On the BR-UR

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border, these frequencies were different: 34.20% of the illegal import occurs monthly,

31.09% on a weekly basis, 26.42% at intervals higher than 30 days, and 8.29% daily.

When asked in what type of facilitates the illegal products were purchased, the

majority of the respondents reported purchasing items in markets or grocery stores at

both BR-AR (61.25%) and in BR-UR (60.62%) borders. Purchases at butcher shops

were 8.44% and 9.33% at the BR-AR and BR-UR borders, respectively, whereas

those who purchased products directly at the producer were 0.63% and 0.52% at the

BR-AR and BR-UR borders, respectively. The remaining 29.69% and 29.53% of

respondents at the BR-AR and BR-UR borders, respectively, declared to purchase

products at more than one location (e.g., markets and butchers, grocers and

butchers).

When questioned about the reasons for illegal import, the most frequent

answers were low price and the sensorial qualities (e.g., taste, tenderness). At the

BR-AR border, 41.56% of the interviewees reported that they acquired items for their

lower prices, 21.56% for their sensory qualities, 34.69% for both attributes (i.e., price

and quality), and 2.19% for other reasons, such as great variety of cheese, a large

number of available brands, and possibility of buying wholesale. At the BR-UR

border, the main reasons for buying illegal goods were quality (59.07%), followed by

price and quality (23.83%), price (16.58%), and other reasons (0.52%).

When the interviewees were asked to compare the sites of acquisition in Brazil

with those cited in Argentina (BR-AR), 59.06% reported that foreign facilities offer

worse sanitary conditions than Brazilian establishments, 11.56% said that the

Argentinian sites are cleaner, 23.75% that both feature the same sanitary level, and

5.63% could not tell. Different results were obtained at the BR-UR border, with

37.82% of the respondents having the perception that establishments in Uruguay

were cleaner than those in Brazil, followed by the perception that the sites are

comparable (34.20%), 22.80% reporting that Brazilian establishments are cleaner,

and 5.18% could not tell.

Regarding the confiscation of products by VIGIAGRO upon returning to Brazil,

10% of the respondents traveling from Argentina had their products confiscated,

while only 4.14% of the interviewees returning from Uruguay had this experience.

Figure 3 presents the questionnaire results on the level of knowledge of the

respondents. At the BR-AR border, 50.31% of the interviewees reported that they

know that illegal food import could pose risks to public or animal health, mentioning

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“foodborne diseases”, “bacteria”, “diarrhea”, “foot-and-mouth disease”, “zoonosis”,

and “brucellosis”. Also, 51.88% said they knew which federal agency should inspect

the baggage, and 25.63% had already received some information on international

food transit. At the BR-UR Border, 37.31% of the respondents said they knew the

risks, 28.50% knew who should perform surveillance, and 26.42% received

information on the topic.

Table 2 shows the results on the association between the considered

variables (i.e., border, gender, education, knowledge) and illegal food import. At the

BR-UR border, illegal import was significantly higher than that at the BR-AR border

(P = 0.002), i.e., at the border with Uruguay, the entry of products of animal origin is

more intense than that at the border with Argentina. The variable gender was not

associated with importation, both in general (BR-AR + BR-UR) and evaluating each

border individually (P > 0.05).

With regard to education, there was association between the level of

education of the interviewees and illegal import. At both BR-AR and BR-UR borders,

and in general, the illegal import was more frequent among individuals who have

higher education degrees than in those who only primary or secondary education (P

< 0.05). Interestingly, the majority of people who declared to import food did not know

whether illegal food import could carry health risks, whereas most individuals who did

not import food were aware of the risks. This association was statistically significant

at the BR-AR border and in the sum of the results of the two borders (general) (P <

0.05), whereas it was not significant at the BR-UR border (P > 0.05). There was no

significant association between having received prior information on the topic and

illegal food import (P > 0.05).

3.4 Discussion

The results of this study highlight the considerable sanitary problem related to

the transit of products of animal origin at the borders of the State of RS. The absence

of appropriate health surveillance, reflected by the high rate of illegal food import and

low number of confiscations in the cities monitored, may cause risks to the population

owing to the introduction of pathogens and diseases.

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Several studies have analyzed confiscations at border posts or airports and

pointed to the considerable risks to public and animal health related to the lack of

sanitary controls on illegally imported food due to the presence of pathogens (2, 12,

14, 15).

In the United States of America (USA), several outbreaks of foodborne

diseases have been related to the intake of illegally imported animal products, mainly

at the border with Mexico. Between 1997 and 2007, four major outbreaks of

salmonellosis were associated with the illegal intake of fresh Mexican cheese (9).

During 2000 and 2001, an outbreak of listeriosis caused by the import of Mexican

cheese resulted in the death of five people in North Carolina, USA (5). Outbreaks of

tuberculosis and brucellosis caused by the ingestion of illegally imported products

into the USA have also been reported (9). Microbiological analysis of food

sequestered at the border between Tijuana (Mexico) and San Diego (USA) revealed

the presence of Salmonella spp. spp., Listeria monocytogenes, and Mycobacterium

bovis in fresh cheese (10).

Melo et al. (12) studied confiscations carried out by health authorities in

Guarulhos and Galeão (Brazil), two of the largest airports located in the States of

São Paulo and Rio de Janeiro, respectively. Most of the confiscations analyzed

revealed contamination with coliforms at 35°C and 45°C. The authors also detected

L. monocytogenes and Staphylococcus aureus in dairy products and meat.

Salmonella spp. spp. were isolated from a sample of pork sausage.

In this study, the highest frequency of illegal food import was associated with

dairy products, at both BR-AR and BR-UR borders. Although the processing of milk

for the production of derivatives may prevent the presence of pathogenic

microorganisms, Melo et al. (11) detected the presence of Brucella spp.,

Mycobacterium bovis, and M. avium in milk jams, cheese, and powdered milk

sequestered at Brazilian airports. Despite the presence of these pathogens in

processed products, the risk for disease outbreaks is even higher with the entry of

raw products, which this study demonstrated to occur at high frequency at both BR-

AR and BR-UR borders.

Residents in cities near the border with Uruguay buy illegal food much more

frequently than those who live next to Argentina (76.28% BR-UR; 65.17% BR-AR).

This difference can be explained by analyzing the characteristics of the two borders.

Part of the BR-AR border is traced by the Uruguay River, which requires crossing

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long bridges or even crossing the river with ferries. Interestingly, some of the

interviewees claimed that the crossing of the river was the main obstacle toward

purchasing foreign products. On the contrary, most of the border with Uruguay is

represented by land, which facilitates crossing. This observation justifies the high

frequency of food acquisition at the BR-UR border, with 34.20% of the respondents

reporting to purchase products on a monthly basis and 31.90% on a weekly basis.

Instead, at the BR-AR border, the highest frequency of illegal import was at intervals

higher than 30 days (65%).

Another aspect that may justify the high import frequency at the BR-UR border

compared to the BR-AR border is how health inspections are conducted, which is

reflected in the number of confiscations. Only 4.14% of the interviewees have had

products sequestered by the agricultural surveillance officers. At the BR-AR border

this occurred at higher frequency than at the BR-UR border (10%). The geographical

characteristics of the borders must be taken into account again because the

presence of the river at the BR-AR border imposes a single legal route of return to

Brazil, facilitating the operationalization of baggage inspections. The absence of a

river at the BR-UR border allows several points of entry and exit from Brazil, which

complicates the inspections by the authorities.

Illegal import frequency also reflects the unawareness of the population with

respect to baggage inspection responsibilities. At the BR-AR border, over 50% of the

respondents said they knew who is responsible for inspections, whereas, at the BR-

UR border, this percentage was lower (28.5%). However, it is worth noting that most

of the interviewees, who claimed to know the inspection agency, responded only

affirmatively to this question, whereas very few (3.89%) clearly affirmed that the

responsibility of baggage inspection is of VIGIAGRO/MAPA.

Interestingly, the study revealed that the level of education was associated

with the illegal import practice. Contrarily to expectations, individuals with high-level

education did not demonstrate being more aware of the health risks related to illegal

food import than less educated individuals. In fact, the highest frequency of

importation corresponds to professionals with a degree or individuals enrolled in

undergraduate studies (completed or incomplete). This may be related to the

purchasing power of these individuals being higher than that of less educated ones.

However, individuals who know the risks of illegal importation do not hesitate

to practice the illegality, but less frequently than those who are ignorant of the risks.

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Moreover, considering that only 159 individuals at the BR-AR and BR-UR borders

had already received some information (e.g., pamphlets, lectures, advertisements on

the radio or television) on the health risks related to illegal food import, it can be

concluded that programs of awareness targeting border population could revert the

current illegal food import status.

Since the data reported in this study indicate that sensorial quality and price of

the imported food were the main reasons for illegal importation despite the

inadequate sanitary conditions of the foreign establishments where food is sold, the

need for a health education policy is urgent. In fact, it is striking that, although many

interviewees at the BR-AR border recognized the hygienic deficiencies of Argentinian

establishments, this did not discourage people from purchasing products of animal

origin.

This study revealed that illegal importation of food, especially products of

animal origin such as dairy products, and raw and processed meat, is frequent at the

frontier region of RS. Although illegal importation was verified at all cities, it was

higher at the BR-UR border than it was at the BR-AR border. Interestingly,

knowledge of the health risks related to illegal food import influenced the decision to

import food or not, thus justifying the need for improved practices of the inspection

authorities, as well as the as the need for awareness of the border population about

the risks posed to both public and animal health by the introduction of food in Brazil

without due sanitary inspections.

Acknowledgements

The authors would like to acknowledge the Universidade Federal do Pampa

for the scholarship to Emanoelli dos Santos (Programa de Desenvolvimento à

Pesquisa – PDA 2016) and financial support (Programa de Apoio aos Grupos de

Pesquisa).

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50

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Table 1 - Questionnaire applied for the determination of the profile of the illegal import of products of animal origin to Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay

Profiles Questions or alternatives Possible answers

Social profile City Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Barra do Quaraí, Quaraí, Santana do Livramento

Gender Male, Female

Age (in years) Years

Occupation Student, Worker, Student and worker, Unemployed

Education Complete or incomplete primary and secondary, Complete or incomplete higher education

Imports illegally Yes, No

Profile of illegal food import

Products purchased Raw meat, Processed meat; Fluid Milk, Dairy products, Honey, Eggs, Other foods

Frequency of illegal import Daily, Weekly, Monthly, > 30 days

Places of acquisition Markets or grocery stores, Butcher shop, Producer

Reason of purchase Price, Quality, Other reasons

The sites are cleaner than those in Brazil

Yes, No, Same

Products seized by VIGIAGRO

Yes, No

Knowledge

Know the risks associated with illegal food import?

Yes, No, or reports of Foodborne diseases, Animal diseases, Clinical signs or symptoms, others

Know the Brazilian inspection agency? Name of agency ?

Yes, No, Name of agency

Received information on the topic? Type of information?

Yes, No, Type of information (TV, internet, radio, others)

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Table 2 - Association between respondent characteristics and illegal food import

Variables Answers Imports illegally P value

Yes (n = 513) No (n = 231)

Border BR-ARa

320 (65.17%) 171 (34.83%) 0.002 BR-UR

b 193 (76.28%) 60 (23.72%)

Gender

General*

Male

269 (69.69%)

117 (30.31%)

0.567

Female 244 (68.16%) 114 (31.84%) BR-AR

Male

164 (66.40%)

83 (33.60%)

0.758

Female 156 (63.93%) 88 (36.07) BR-UR

Male

105 (75.53%)

34 (24.47%)

0.652

Female 88 (77.19%) 26 (22.81%) Education

General

Primary/secondary

379 (66.37%)

192 (33.63%)

0.006

Higher 134 (77.45%) 39 (22.55%) BR-AR

Primary/secondary

222 (62.01%)

136 (37.99%)

0.016

Higher 98 (73.69%) 35 (26.31%) BR-UR

Primary/secondary

157 (73.70%)

56 (26.30%)

0.026

Higher 36 (90.0%) 4 (10.0%) Know the risks associated with illegal food import?

General

Yes

238 (62.46%)

143 (37.54%)

<0.001

No 275 (75.75%) 88 (24.25%) BR-AR

Yes

166 (59.28%)

114 (40.72%)

0.002

No 154 (72.98%) 57 (27.02%) BR-UR

Yes

72 (71.28%)

29 (28.72%)

0.128

No 121 (79.60%) 31 (20.40%) Received information on the topic?

General

Yes

114 (71.69%)

45 (28.31%)

0.399

No 399 (68.20%) 186 (31.80%) BR-AR

Yes

83 (71.55%)

33 (28.50%)

0.099

No 237 (63.20%) 138 (36.80%) BR-UR

Yes

31 (72.10%)

12 (27.90%)

0.478

No 162 (77.14%) 48 (22.86%) a Border between Brazil and Argentina

b Border between Brazil and Uruguay

*Refers to the sum of the data collected at the BR-AR and BR-UR borders

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Figure 1 - Profile of the survey respondents and frequency of illegal importation of products of animal origin

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Figure 2 - Purchasing profile of products of animal origin imported illegally

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Figure 3 - Profile of the interviewees related to the knowledge on illegal import of products of animal origin

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4 Capítulo 2 – Alimentos de origem animal introduzidos no Brasil pela fronteira

com Argentina e Uruguai: pesquisa de patógenos e avaliação da qualidade

higiênico-sanitária

Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico International Journal of Food

Microbiology (ISSN 0168-1605)

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Título: Alimentos de origem animal introduzidos no Brasil pela fronteira com

Argentina e Uruguai: pesquisa de patógenos e avaliação da qualidade higiênico-

sanitária

Juliano Gonçalves Pereiraa,b*, Vanessa Mendonça Soaresb, Leonardo Ereno

Tadielob, Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santosb, Graciela Volz Lopesa, Débora

da Cruz Payão Pellegrinib, Eduarda Hallal Duvala, Wladimir Padilha da Silvaa*

aUniversidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,

s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 96010900.

bUniversidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,

Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 97501970.

*Autores para correspondência:

Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio

Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378

Email: [email protected] (J.G. Pereira),

[email protected], (W.P. Silva)

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Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade higiênico-sanitária de produtos de origem animal comercializados em região de fronteira internacional do estado Rio Grande do Sul (RS), Brasil. As amostras (n=270) foram obtidas junto ao serviço de Vigilância Agropecuária Internacional do Brasil e em estabelecimentos comerciais das cidades de Paso de Los Libres (Argentina) e Rivera (Uruguai), municípios que fazem fronteira com o Brasil no estado do RS. Dentre essas, 150 foram obtidas da Argentina (75 amostras de carne in natura e 75 amostras de laticínios e carnes processadas) e 120 do Uruguai (60 de carnes in natura e 60 de laticínios e de carnes processadas). As amostras foram submetidas à enumeração de mesófilos aeróbios, enterobactérias e Staphylococcus coagulase positiva e à pesquisa de Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Escherichia coli O157:H7, nos quais também se investigou a presença de importantes genes de virulência de Salmonella spp. (hilA, invA, spvC, pefA e sefA), L. monocytogenes (prs, inlA, inlC e inlJ) e E. coli (uspA, eae, rfbO157, fliCH7, stx1, stx2 e hlyA). Com relação aos micro-organismos indicadores, os produtos in natura apresentaram maiores contagens quando comparados aos produtos processados, proveniente da Argentina, quanto do Uruguai (P < 0,05). Não houve diferença significativa nas contagens médias de enterobactérias e mesófilos aeróbios entre os produtos in natura e processados da Argentina quando comparados aos do Uruguai (P > 0,05). Escherichia coli O157:H7 não foi detectada nos produtos avaliados. Já Salmonella spp. foi detectada em seis (8%) produtos in natura (carne de frango n=5; e carne suína n=1) da Argentina, não sendo isolada em produtos processados. Nenhuma amostra proveniente do Uruguai apresentou contaminação por esse micro-organismo. Listeria monocytogenes foi isolada em cinco (6,66%) produtos in natura provenientes da Argentina (carne suína n=4; carne bovina n=1) e 20 (16,66%) produtos in natura do Uruguai (carne bovina n=8; carne suína n=6; carne de frango n=6), não sendo encontrada em produtos processados de amostras oriundas de ambos os países. Houve associação entre a presença dos patógenos e carnes in natura (P < 0,05) bem como entre a presença de Salmonella spp. nestes produtos procedentes da Argentina e de L. monocytogenes em produtos do Uruguai (P < 0,05). Todos os 52 isolados com características típicas de E. coli portavam o gene uspA e apenas um dos isolados carreava o gene eae. Os genes rfbO157, fliCH7, stx1, stx2 e hlyA não foram detectados. Todos os isolados de Salmonella spp. portavam os genes hilA e invA, porém, nenhum apresentou os genes spvC, pefA e sefA. Os isolados de L. monocytogenes, carreavam o gene prs, entretanto, os genes inlA, inlC e inlJ foram encontrados em 20% dos isolados provenientes da Argentina e 95% do Uruguai. Este estudo descreve os primeiros dados microbiológicos obtidos em região de fronteira seca no Brasil. Apesar de não ter sido detectada E. coli O157:H7, os produtos analisados podem veicular Salmonella spp. e L. monocytogenes, indicando um grave problema para a saúde pública na região denotando a necessidade de uma maior vigilância, de modo a reduzir os riscos da introdução de patógenos de origem alimentar no Brasil. Palavras-chave: alimentos; contaminação; fronteira, Salmonella spp., L. monocytogenes, E. coli O157:H7

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4.1 Introdução

A globalização do comércio de produtos de origem animal e o aumento do

número de viagens internacionais, embora apresentem muitos benefícios e

oportunidades, oferecem riscos à saúde pública e animal (Käferstein et al., 1997).

Alimentos transportados por passageiros em viagens internacionais, ou

comercializados de maneira ilegal em região de fronteira, podem servir como fontes

de contaminação por patógenos, elevando os riscos de doenças transmitidas por

alimentos, ou como veículos de introdução de agentes em países considerados

livres desses micro-organismos (Huestonet al., 2011; Swallow, 2012). Desta forma,

medidas sanitárias são importantes para controlar o trânsito de alimentos entre

países, evitando prejuízos para a saúde pública e animal.

Devido à sua extensa área fronteiriça (15.735 km), o Brasil possui um grande

aparato de fiscalização sanitária internacional. O controle do trânsito de alimentos e

animais nestas regiões é realizado pela VIGIAGRO (Vigilância Agropecuária

Internacional), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

que opera em mais de 100 unidades localizadas em portos, aeroportos e postos de

fronteira, realizando exames de animais vivos, inspeção de produtos de origem

animal e averiguação de bagagens de passageiros (Brasil, 2006a).

O Rio Grande do Sul (RS), estado brasileiro situado na região sul do país,

possui uma ampla faixa territorial em região de fronteira, sendo 720 km com a

Argentina e 1.000 Km com o Uruguai. A entrada de produtos de origem animal

industrializados está liberada nas fronteiras brasileiras desde que sejam respeitadas

algumas condições, como o tipo de produto (somente processados), quantidade por

passageiro e inviolabilidade da embalagem primária (Brasil, 2016). Porém, em

alguns países, muito tem se discutido sobre o risco da veiculação de patógenos

associados ao trânsito de alimentos nas fronteiras, mesmo quando a liberação é

referente à circulação de produtos considerados “não presumíveis veiculadores de

doenças contagiosas” (Hueston et al., 2011; Noordhuizen et al., 2013).

Independente da liberação ou não, a fiscalização sanitária nas fronteiras deve

ser rigorosa, garantindo que alimentos potencialmente veiculadores de patógenos

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não sejam introduzidos no país. Contudo, mesmo com a atuação dos órgãos de

fiscalização sanitária, a importação ilegal de produtos de origem animal é uma

prática comum em muitas regiões do Brasil, seja em fronteiras terrestres (Pereira et

al., 2017) ou aeroportos (Melo et al., 2014, 2015). Especificamente na região de

fronteira do RS, estima-se que mais de 60% dos passageiros que viajam para

Argentina ou Uruguai retornam ao Brasil portando algum produto de origem animal

(in natura ou processado) e que menos de 10% destes viajantes já passaram, em

algum momento, pela fiscalização de bagagem no retorno ao Brasil (Pereira et al.,

2017).

Esta entrada de produtos de origem animal sem qualquer fiscalização é

preocupante sob o ponto de vista de saúde pública, pois não há garantia de que os

alimentos estejam em condições de consumo. Dessa forma, podem veicular

patógenos, já que não há certeza sobre a sua procedência, local e forma de abate,

tipo de industrialização e atendimento aos requisitos sanitários internacionais, visto

que não passaram por algum tipo de fiscalização sanitária oficial, a qual garante a

segurança dos produtos.

Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade higiênico-sanitária por

meio da contagem de micro-organismos indicadores de contaminação e da presença

e identificação molecular de patógenos (Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli

O157:H7) em produtos de origem animal in natura e processados comercializados

em região de fronteira internacional do estado do RS, Brasil.

4.2 Material e métodos

4.2.1 Coleta das amostras

A obtenção das amostras foi realizada entre setembro de 2015 e novembro

de 2016, avaliando-se 270 produtos de origem animal (produtos in natura, carnes

processadas e produtos lácteos), sendo 150 oriundas da Argentina e 120 do Uruguai

(Tabela 1).

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Em parceria com a VIGIAGRO, Unidade de Uruguaiana (RS), foram coletadas

amostras de produtos de origem animal apreendidas durante a fiscalização de

bagagens na Ponte Internacional Getúlio Vargas - Agustín Pedro Justo (29°45'18"S,

57°05'16"O), que liga as cidades de Uruguaiana (Brasil) e Paso de Los Libres

(Argentina). Destas amostras, nove foram de carne bovina e uma de carne de caça

(Hydrochoerus hydrochaeris - capivara), transportadas por viajantes que entrariam

no Brasil.

Além de amostras apreendidas, foram realizadas amostragens em

estabelecimentos situados em duas cidades que fazem fronteira com o Brasil, Paso

de Los Libres (Argentina, 29°43′00″S, 57°05′00″O) e Rivera (Uruguai, 30°54′09″S,

55°33′02″O), mediante autorização prévia da VIGIAGRO. Os produtos foram

adquiridos em 16 estabelecimentos comerciais (supermercados, mercearias e

açougues), sendo oito em cada cidade e em três momentos distintos com intervalo

médio de um mês entre cada momento.

Todas as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos identificados,

transportadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável e, na chegada ao

laboratório, foram mantidas a 4 °C até o momento das análises microbiológicas.

4.2.2 Análises microbiológicas e moleculares

4.2.2.1 Enumeração de micro-organismos mesófilos aeróbios, enterobactérias

e Staphylococcus coagulase positiva

O preparo, pesagem e diluição das amostras seguiu o preconizado pela

legislação brasileira (Brasil, 2003). Após as diluições decimais seriadas em solução

salina 0,9%, alíquotas de 1 mL foram semeadas em placas de Petri contendo ágar

Padrão para Contagem (PCA) para as contagens de mesófilos aeróbios, e ágar

Vermelho Violeta Bile Glicose (VRBGA), para contagens de enterobactérias. As

contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram realizadas após semeadura

de 0,1 mL em placas com ágar Baird Parker (BP). As leituras foram realizadas após

a incubação a 36°C/24 h (VRBGA) e 48 h (PCA e BP). A confirmação das colônias

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de S. aureus coagulase positiva foi realizada pelo teste da coagulase. Os resultados

foram expressos em log UFC.g-1 ou mL-1.

4.2.2.2 Detecção de Salmonella spp.

A detecção de Salmonella spp. seguiu o protocolo preconizado por Andrews

et al. (2016) com modificações. Após a pesagem de 25 g ou mL de cada amostra em

saco plástico esterilizado, foram adicionados 225 mL de água peptonada tamponada

a 1% (APT) e incubou-se a 35 °C/24 h. Da mistura pré-enriquecida, foram

transferidos, 0,1 mL e 1 mL para tubos contendo 10 mL do caldo Rappaport-

Vassiliadis (RV) e 10 mL do caldo Tetrathionato (TT), respectivamente. Os caldos

RV e TT foram incubados 42 °C/24 h e, após esse período, foram semeados em

placas contendo ágar Bismuto Sulfito (BS) e Xilose-Lisina-Desoxicolato (XLD),

incubando-se a 35 °C/24 h. As colônias que apresentaram característica típica foram

submetidas a testes bioquímicos (lisina, H2S, urease, indol, vermelho de metila,

Voges-Proskauer e citrato) e sorológicos (soro polivante anti-Salmonella spp.) para a

confirmação.

Isolados confirmados fenotipicamente como Salmonella spp., foram

submetidos à PCR para a pesquisa do gene comum à espécie (hilA) e genes

relacionados à invasão (invA), infecção sistêmica (spvC), adesão (pefA) e produção

de fímbrias (sefA). A extração do DNA bacteriano foi realizada pelo método de

pérolas de vidro (Green e Sambrook, 2012) e os primers e condições da PCR, de

acordo com Fernandes et al. (2017) (Apêndice 6). Para as reações, foram utilizados

12,5 μL de 2x GoTaq® Green Master Mix, 1 μL de cada primer (reverse e forward -

10 pmol/μL), 2 μL de DNA (5 ng/μL) e 8,5 μL de água ultrapura. A reação foi

realizada em termociclador (Life Express) e os produtos da PCR submetidos à

eletroforese a 80V por 70 min em gel de agarose 1,5%. Os produtos amplificados

foram corados com GelRedTM e visualizados sob luz UV em transiluminador Loccus

L-PIX Touch (Apêndice 7).

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4.2.2.3 Detecção de L. monocytogenes

A identificação de L. monocytogenes foi realizada segundo Pagotto et al.

(2001). Após a pesagem de 25 g ou mL da amostra, foram adicionados 225 mL de

caldo Base de Enriquecimento para Listeria (LEB), incubando-se a 30 °C/48 h.

Decorrido este período, uma alíquota de 0,1 mL do LEB foi transferida para um tubo

contendo 10 mL de caldo Fraser, o qual foi incubado a 35 °C/48 h. A seguir, foi

realizada a semeadura em placas contendo os ágares Palcam e Oxford, incubando-

se a 35 °C/24-48 horas. Entre três e cinco colônias características, de ambos os

meios de cultura, foram semeadas em ágar Soja Tripticase com 0,6% de extrato de

levedura e incubadas a 30 °C/24-48 h, para verificação de pureza. Os isolados

purificados foram submetidos às provas de catalase, fermentação de carboidratos

(dextrose, xilose, ramnose e manitol) e produção de β-hemólise.

Isolados identificados fenotipicamente como L. monocytogenes foram

submetidos à pesquisa dos genes comum ao gênero (prs) e genes que codificam

internalinas responsáveis pela invasão e internalização (inlA, inlC e inlJ). A extração

do DNA, volumes de reagentes, condições de corrida de eletroforese e visualização

do produto da PCR foram idênticas as descritas anteriormente. Os primers e

condições da PCR foram baseados nos protocolos descritos por Doumith et al.

(2004) e Liu et al. (2007) (Apêndices 6 e 8).

4.2.2.4 Detecção de E. coli O157:H7

A pesquisa de E. coli O157:H7 seguiu o preconizado por Feng et al. (2016),

com modificações. Foram adicionados 25 g ou mL da amostra em sacos plásticos

contendo 225 mL de caldo Tripticase de Soja modificado (mTSB,) contendo

novobiocina (20 mg.L-1) e incubados a 41,5 °C/24 h. Após a incubação e diluição do

caldo mTSB em Butterfield's Phosphate Buffer, alíquotas de 0,05 mL foram

semeadas em placas de Petri contendo ágar MacConkey Sorbitol contendo telurito

(2,5 mg.L-1) e cefixima mg/L (0,05 mg.L-1) (TC-SMAC) e CHROMagarTM O157,

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também com telurito e cefixima. As placas foram incubadas a 37 °C/24 h. Colônias

típicas e atípicas de E. coli O157:H7 foram selecionadas para a confirmação

molecular.

A confirmação molecular da espécie E. coli foi realizada pela pesquisa do

gene uspA, sendo que os primers e condições de PCR foram descritos por Chen e

Griffiths (1998) (Apêndice 6). A confirmação do sorotipo O157:H7 foi realizada pela

pesquisa dos genes rfbO157 e fliCH7 (Morin et al., 2004) e dos genes de virulência

stx1, stx2, eae e hlyA, de acordo com Paton e Paton (1998). A extração do DNA,

volumes de reagentes, condições de corrida de eletroforese e visualização do

produto da PCR foram semelhantes ao descrito anteriormente (Apêndice 9).

4.2.3 Análise dos dados

As contagens bacterianas foram convertidas em log UFC.g-1 ou UFC.mL-1 e

submetidas ao teste de Mann-Whitney para verificar a existência de diferença

estatística entre os produtos analisados e suas procedências (Argentina ou Uruguai).

Os resultados da identificação de Salmonella spp. e L. monocytogenes foram

expressos em frequências e submetidos ao teste do Qui-quadrado para verificação

de associações entre a presença do patógeno com os produtos analisados. Todas

as análises foram realizadas no programa estatístico IBM® SPSS® Statistics Version

20, usando nível de significância de 0,05.

4.3 Resultados

As contagens de mesófilos aeróbios e de enterobactérias foram

significativamente superiores nos produtos in natura quando comparados com os

processados, tanto nas amostras obtidas da Argentina quanto naquelas do Uruguai

(P < 0,05) (Tabela 2). Não houve diferença estatística significativa nas contagens de

mesófilos e de enterobactérias para produtos in natura coletados na Argentina

quando comparados aos coletados no Uruguai, assim como para os processados (P

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> 0,05). Nenhum dos produtos avaliados apresentou contagens de Staphylococcus

coagulase positiva.

Entre os produtos oriundos da Argentina, o que apresentou maior contagem

de mesófilos aeróbios foi a carne de caça (7,98 log UFC.g-1), contudo, devido a ser

uma única amostra, não foi realizada a comparação estatística. Das carnes in natura

analisadas, a suína foi a que apresentou maiores contagens médias de micro-

organismos mesófilos (7,07 log UFC.g-1) e enterobactérias (5,77 log UFC.g-1),

contudo, a média foi estatisticamente significativa apenas quando comparada com a

carne de frango (P < 0,05) que, por sua vez, apresentou a menor contagem média

de mesófilos (6,13 log UFC.g-1) e enterobactérias (4,86 log UFC.g-1). Não houve

diferença significativa nas médias das contagens entre a carne bovina e a carne

suína e de frango (P > 0,05). Todos os tipos de carne apresentaram contagem de

mesófilos e enterobactérias significativamente superiores as contagens dos laticínios

e embutidos (P < 0,05). As contagens de mesófilos e de enterobactérias nas

amostras de laticínios e carnes processadas não apresentaram diferença estatística

entre si (P > 0,05).

As contagens de mesófilos e de enterobactérias das carnes in natura oriundas

do Uruguai não apresentaram diferença estatística significativa entre si (P > 0,05),

contudo, quando comparadas com os laticínios e carnes processadas, as contagens

foram significativamente superiores (P < 0,05). Não houve diferença entre as

contagens dos laticínios e embutidos (P > 0,05). Avaliando o mesmo tipo de produto

de acordo com a procedência (Argentina vs. Uruguai), não houve diferença nas

médias de contagens, tanto de mesófilos quanto de enterobactérias (P > 0,05).

Salmonella spp. foi detectada em seis amostras de produtos coletados na

Argentina, porém, nenhuma amostra coletada no Uruguai apresentou o patógeno.

Listeria monocytogenes foi detectada em 25 produtos, sendo cinco da Argentina e

20 do Uruguai (Tabela 3). Escherichia coli O157:H7 não foi detectada em nenhuma

das amostras analisadas. Nos produtos apreendidos pela VIGIAGRO não foram

detectados os patógenos pesquisados.

Houve associação significativa entre a presença de Salmonella spp. nos

produtos in natura provenientes da Argentina, quando comparados com os

processados (P < 0,05). Além disso, a presença do patógeno apresentou associação

com produtos in natura oriundos da Argentina quando comparados com aqueles do

Uruguai (P < 0,05). A carne de frango foi a que apresentou maior frequência de

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amostras positivas para Salmonella spp. dentre os produtos provenientes da

Argentina (26,31%)(P < 0,05), seguido por carne suína (6,66%). Houve associação

entre a presença deste patógeno na carne de frango oriunda da Argentina quando

comparada com as do Uruguai (P < 0,05). Para a carne suína, a associação não foi

significativa (P > 0,05).

Foi observada associação significativa entre produtos in natura e a presença

de L. monocytogenes, tanto nos produtos provenientes da Argentina, quanto do

Uruguai (P < 0,05). Quando comparadas as frequências obtidas nos produtos in

natura de cada país, observou-se associação significativa naqueles oriundos do

Uruguai (P < 0,05). Entre os produtos provenientes da Argentina, o que apresentou

maior frequência do patógeno foi a carne suína (26,66%)(P < 0,05). Nas amostras

do Uruguai, a maior frequência ocorreu na carne de frango (50%), seguida por carne

suína (30%) e bovina (28,57%)(P < 0,05).

Comparando-se o mesmo produto de acordo com a origem, houve

associação entre a presença de L. monocytogenes na carne de frango e bovina

oriundas do Uruguai, quando comparadas com aquelas obtidas da Argentina (P <

0,05). Não houve associação entre a presença de L. monocytogenes na carne suína

e a procedência (P > 0,05).

Seis isolados de Salmonella spp. foram obtidos de amostras provenientes da

Argentina, e todos portavam os genes hilA e invA. Os demais genes pesquisados

(spvC, pefA e sefA) não foram detectados (Tabela 4). Com relação aos isolados de

L. monocytogenes, todos apresentavam o gene prs. Nos cinco isolados identificados

em produtos provenientes da Argentina, um carreava os genes inlA, inlC e inlJ

simultaneamente, três portavam os genes inlA e inlJ e, um, carreava os genes inlA e

inlC. Já nas amostras provenientes do Uruguai, entre os 20 isolados de L.

monocytogenes identificados, 19 portavam os genes inlA, inlC e inlJ e um, os genes

inlA e inlJ.

Foram obtidos 52 isolados de E. coli, sendo 37 identificados em produtos da

Argentina e 15 em produtos do Uruguai. Todos os isolados foram confirmados

através da identificação do gene uspA. Os demais genes utilizados para a

confirmação do sorotipo O157:H7 (rfbO157 e fliCH7), bem como os genes de virulência

stx1, stx2 e hlyA, não foram detectados. Apenas um dos isolados carreava o gene

eae.

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4.4 Discussão

As contagens elevadas de micro-organismos mesófilos aeróbios e de

enterobactérias, tanto nos produtos in natura quanto nos processados, indicam

deficiências durante os processos de obtenção, manipulação ou comercialização

dos produtos. Estas deficiências higiênicas também foram apontadas por

consumidores que adquirem produtos de origem animal nas regiões de fronteira do

Brasil com Argentina e Uruguai e os transportam de maneira ilegal para o Brasil, em

estudo realizado na região da fronteira do RS com a Argentina e com o Uruguai

(Pereira et al., 2017).

As contagens de micro-organismos indicadores foram menores nos produtos

processados do que nos produtos in natura, além disso, é de se destacar que estes

produtos não apresentaram patógenos. No ano de 2016, o MAPA autorizou a

entrada de produtos processados importados no Brasil, desde que em quantidade

que caracterize consumo próprio (Brasil, 2016).

Na Europa, o livre trânsito de alguns alimentos entre os países que compõe o

bloco da União Europeia tem levantado dúvidas com relação à segurança pública,

uma vez que a disseminação de patógenos entre os países é comumente relatada

por alguns estudos (Beutlich et al., 2015; Schoder et al., 2015). Autores que

defendem a restrição de trânsito citam que as deficiências na fiscalização sanitária

nos pontos de ingresso de viajantes são comuns e podem comprometer o status

sanitário do país que permite o ingresso de alimentos (Noordhuizen et al., 2013). No

Brasil, órgãos de auditoria governamental já apontaram deficiências no sistema de

vigilância de fronteiras (Brasil, 2006b), fato que dificulta a averiguação de 100% das

bagagens e carros de viajantes.

A não detecção de E. coli O157:H7 deve ser avaliada com muito cuidado,

uma vez que a Argentina é um país onde a incidência de Síndrome Hemolítica-

Urêmica (SUH) chega a ser 10 vezes maior que do em outros países industrializados

(13,9 casos / 100.000 crianças menores que 5 anos), diferindo da dinâmica

epidemiológica observada em outros países (Leotta et al., 2008). Jure et al. (2015)

isolaram E. coli O157:H7 em 3,1% das amostras de carne moída bovina e embutidos

coletadas em diversas cidades da Argentina. Na cidade de Berisso, Argentina, Brusa

et al. (2013) detectaram o patógeno em 25,5% e 4,4% de amostras de carne bovina

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moída e ambiente de processamento de carne (facas, mesas e moedores),

respectivamente. Um dos isolados de E. coli obtidos neste estudo portava o gene

eae, codificador da intimina, um fator de virulência que auxilia na adesão intestinal

das E. coli enteropatogênicas (Ayaz et al., 2014).

Salmonella spp. foi mais frequente nos produtos in natura oriundos da

Argentina, enquanto L. monocytogenes foi mais relacionada aos produtos uruguaios

(P < 0,05). A presença destes patógenos nestes alimentos demonstra a necessidade

de uma maior vigilância na região, uma vez que os produtos in natura podem carrear

patógenos e afetar a saúde da população residente nas cidades brasileiras de

fronteira. O fato de não ter sido isolado patógenos em produtos industrializados

demonstra que estes apresentam segurança microbiológica quando comparado com

os produtos in natura. Contudo, alguns autores já detectaram patógenos de

importância em saúde pública (Brucella e Mycobacterium) em queijos e doce de leite

importados ilegalmente para o Brasil (Melo et al., 2014).

Os genes virulência spvC, pefA e sefA não foram detectados nos isolados de

Salmonella spp. testados. Os genes hilA e invA são responsáveis pela expressão de

componente iniciais de invasão às células do hospedeiro e, portanto, determinantes

na virulência das estirpes. Os demais genes aumentam a taxa de multiplicação do

patógeno, aumentando a severidade da doença (gene spvC) ou aumentando a taxa

de adesão (pefA e sefA), não sendo descritos como imprescindíveis para infecção.

Desta forma, mesmo com a ausência destes genes, os isolados podem causar

salmonelose em humanos (Castilla et al., 2006).

Todos os isolados de L. monocytogenes apresentaram os genes prs e inlA, os

quais são utilizados como marcadores espécie-específicos. Entre os cinco isolados

provenientes de produtos argentinos, apenas em um houve a presença simultânea

dos três genes que codificam as internalinas (inlA, inlC e inlJ). Já entre os 20

isolados provenientes de produtos uruguaios, 19 apresentaram essa característica

genética. A presença simultânea destes genes é importante para determinar a

virulência ou não das estirpes de L. monocytogenes, sendo que aquelas que não

possuem esta combinação podem não ser capazes de iniciar um processo

infeccioso (Liu et al., 2007; Sant‟ Ana et al., 2012). Desta forma, mesmo havendo a

presença do patógeno nos produtos argentinos, pode-se concluir que 80% (4/5) são

consideradas avirulentos, enquanto que entre os isolados provenientes de produtos

do Uruguai apenas um (1/20; 5%) não teria a capacidade de causar listeriose.

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A presença de Salmonella spp. e L. monocytogenes em alimentos

provenientes de diversos estabelecimentos e em dias de amostragem diferentes

demonstram níveis de contaminação preocupantes, tanto em estabelecimentos na

Argentina quanto no Uruguai. Além disso, alguns estabelecimentos apresentaram

muitas amostras positivas num mesmo dia de coleta, demonstrando falhas no

processo de higienização do ambiente, utensílios e equipamentos de processamento

e manipulação de carnes, permitindo a persistência de patógenos nestes locais e

promovendo a contaminação cruzada entre os produtos de diferentes origens.

Salmonella spp. e L. monocytogenes são, reconhecidamente, bactérias formadoras

de biofilme, podendo permanecer viáveis por longos períodos em superfícies de

contato com alimentos, quando os procedimentos de higienização são deficitários

(Wanget al., 2013; da Silva Fernandes et al., 2015).

Os patógenos encontrados nas amostras avaliadas neste estudo são

comumente detectados em estudos realizados em ambos os países. Salmonella

spp. é reconhecida mundialmente como o principal patógeno alimentar e os

principais produtos relacionados à sua presença são os de origem avícola. Em

algumas regiões da Argentina, a prevalência média de Salmonella spp. em frangos

fica em torno dos 25%, contudo, em algumas propriedades este valor se aproxima

de 70% (Xavier et al., 2011). Em suínos, a prevalência na Argentina pode variar de

24,1% a 45% (Ibar et al., 2009). Apesar de não termos detectado a presença dessa

bactéria em produtos obtidos do Uruguai, Salmonella spp. é reconhecido como um

importante patógeno neste país (Betancor, 2010). Listeria monocytogenes também é

um patógeno que tem sido isolado em produtos na Argentina (Pelliceret al., 2002;

Callejo et al., 2008). No Uruguai, o patógeno já foi isolado em embutidos e queijos, e

causou a morte de quatro pessoas em 2016, o que levou as autoridades sanitárias a

lançarem alertas para a população de modo a evitar o consumo de alimentos in

natura ou mal cozidos, produtos sem tratamento térmico (sucos e leites) e produtos

sem origem conhecida (El País, 2016).

O trânsito de alimentos entre os países vem despertando a atenção de

pesquisadores. Contudo, devido à crescente movimentação de passageiros, estudos

para monitorar as características destes alimentos foram observados de maneira

mais significativa apenas na última década, tendo como foco principal alimentos

apreendidos em aeroportos.

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No Brasil, Melo et al. (2015) avaliaram apreensões da VIGIAGRO em

Guarulhos e Galeão, dois dos maiores aeroportos brasileiros. A maioria das

apreensões analisadas apresentou contaminação por coliformes a 35 °C e a 45 °C.

Os autores também detectaram L. monocytogenes e S. aureus em produtos lácteos

e carnes bovina, suína e ovina e Salmonella spp. em uma amostra de linguiça suína.

Beutlich et al. (2015) avaliaram apreensões em dois grandes aeroportos na

Alemanha, relatando que o maior número de apreensões foi de produtos lácteos,

seguidos de carne in natura e produtos cárneos processados. Os autores relataram,

também, que 5% destes produtos apresentavam micro-organismos patogênicos

(Salmonella spp, L. monocytogenes, Yersinia spp., E. coli, Brucella spp.), sendo que

os produtos com maior contaminação eram as carnes in natura, seguidas dos

produtos cárneos e laticínios. Rodríguez-Lázaro et al. (2015) avaliaram 200

amostras de alimentos no aeroporto de Bilbao, na Espanha, e detectaram L.

monocytogenes (10%) e Salmonella spp. (5,5%) em produtos oriundos de diversos

países, na sua maioria provenientes da América do Sul. Schoder et al. (2015)

avaliaram 600 amostras de produtos de origem animal apreendidos pelo serviço

veterinário no Aeroporto de Viena, na Áustria, e alguns produtos apresentaram

contaminação por L. monocytogenes, Salmonella spp. spp. e E. coli produtora de

shiga toxina (STEC), sendo os produtos derivados da carne os que apresentaram

maior número de amostras contaminadas.

Em regiões de fronteira seca, estudos foram conduzidos nos EUA, onde

diversos surtos de DTA foram relacionados com a ingestão de produtos de origem

animal importados ilegalmente do México. Entre 1997 e 2007, quatro grandes surtos

de salmonelose ocorreram devido à ingestão de queijo fresco tipo mexicano, que

ingressaram ilegalmente via fronteira (Joseph et al., 2013). Dados do Foodborne

Diseases Active Surveillance Network (FoodNet 2004-2009), apontam que surtos de

listeriose em mulheres grávidas é muito mais frequente naquelas com origem

hispânica, devido ao fato destas relatarem o consumo frequente de queijo fresco

importado ilegalmente do México (Silk et al., 2012). Entre 2000 e 2001, um surto de

listeriose causado pela ingestão desse tipo de queijo resultou na morte de cinco

pessoas na Carolina do Norte, EUA (CDC, 2001). Surtos de tuberculose e brucelose

envolvendo a ingestão de produtos ilegalmente importados para os EUA também já

foram relatados (Joseph et al., 2013). Análises microbiológicas de alimentos

apreendidos na fronteira entre Tijuana (México) e San Diego (EUA), verificaram a

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presença de Salmonella spp., L. monocytogenes e Mycobacterium bovis em queijos

frescos (Kinde et al., 2007).

Foi possível coletar junto à VIGIAGRO uma amostra de carne de caça

(capivara), na qual não havia a presença dos patógenos avaliados. O risco da

introdução de carnes de caça em um país se deve ao fato de que estas, na maioria

das vezes, são obtidas de abates clandestinos, onde toda a manipulação ocorre de

maneira incorreta, o que pode permitir a contaminação da carcaça e a veiculação de

patógenos. Listeria monocytogenes já foi detectada em carnes de caça apreendidas

no Aeroporto Charles de Gaulle, Paris, França (Chaber e Cunningham, 2016). Há

de se considerar outros patógenos de importância para saúde pública que são

exóticos no Brasil, porém, são endêmicos e causam surtos em algumas regiões da

Argentina, como Trichinella spiralis (Cohenet al., 2010; Calcagnoa et al., 2014).

Os resultados deste estudo demonstram a necessidade de um controle rígido

no trânsito de viajantes na região estudada, uma vez que os alimentos que circulam

nesta região são potencialmente veiculadores de patógenos, sobretudo os produtos

in natura. O fato da fiscalização de fronteira brasileira atuar de maneira não rígida,

como já descrito (Pereira et al., 2017), expõe o país à outra situação sanitária crítica,

que é a possibilidade da introdução de agentes patogênicos de importância para a

saúde animal. Doenças como influenza aviária, Newcastle e micoplasmose aviária

podem ser disseminadas pelo trânsito irregular de aves e produtos avícolas, bem

como suínos e seus produtos podem disseminar febre aftosa, peste suína africana e

clássica, doença vesicular suína ou síndrome reprodutiva e respiratória suína.

Ruminantes e seus produtos podem disseminar enfermidades como brucelose,

listeriose e febre aftosa (Hartnett et al., 2007; van den Berg, 2009; Brookes et al.,

2014; Eidt et al., 2015). Deste modo, o controle sanitário de fronteira entre países é

fundamental para evitar grandes prejuízos econômicos quando da ocorrência de

uma emergência sanitária em saúde animal (Swallow, 2012).

Pelo nosso conhecimento, os dados obtidos neste estudo descrevem o

primeiro estudo microbiológico realizado em alimentos procedentes de região de

fronteira seca no Brasil e a relação dos produtos de origem animal que circulam

nestas áreas com a presença de patógenos como Salmonella spp. e L.

monocytogenes. Apesar de não terem sido detectadas amostras contaminadas com

E. coli O157:H7, os produtos que circulam na região de fronteira internacional do

estado do RS podem veicular Salmonella spp. e L. monocytogenes, indicando um

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grave problema para a saúde pública na região. Estes resultados denotam a

necessidade de uma maior vigilância, de modo a reduzir os riscos da introdução de

patógenos de origem alimentar no Brasil.

Agradecimentos

Os autores agradecem à VIGIAGRO-MAPA, unidade de Uruguaiana pelo

fornecimento das amostras apreendidas e pela autorização de introdução de

alimentos obtidos na Argentina e Uruguai. Agradecemos também à Universidade

Federal do Pampa (UNIPAMPA) pelo fornecimento de bolsa de pesquisa à

Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santos e pelo financiamento parcial deste

estudo por meio do Edital de Apoio aos Grupos de Pesquisa.

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Tabela 1 - Produtos de origem animal obtidos na Argentina e Uruguai

Produtos Procedência

Total Argentina Uruguai

Carnes in natura Bovina 40 28 68 Suína 15 20 35 Frango 19 12 31 Carne de caça 1 0 1 Total 75 60 135 Laticínios Iogurte 20 12 32 Queijo 17 10 27 Creme de leite 7 1 8 Doce de leite 3 8 11 Total 47 31 78 Carnes processadas Mortadela 11 8 19 Salsicha 8 4 12 Salame 7 8 15 Presunto 2 3 5 Pate 0 6 6 Total 28 29 57 Total geral 150 120 270

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Tabela 2 - Enumeração de mesófilos aeróbios e enterobactérias (log UFC.g-1 ou UFC.mL-1) em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai

Amostras Mesófilos aeróbios Enterobactérias

Argentina Uruguai Argentina Uruguai

Característica In natura 6,69 ± 1,09 A*;a** 6,27 ± 0,82 A;a 5,36 ± 1,19 A;a 5,22 ± 0,96 A;a Processado 5,61 ± 1,71 B;a 5,20 ± 1,27 B;a 2,77 ± 0,98 B;a 2,53 ± 0,65 B;a Produtos Carne bovina 6,26 ± 0,92 AB;a 6,33 ± 0,84 A;a 5,21 ± 1,16 AB;a 5,49 ± 0,84 A;a Carne suína 7,07 ± 1,11 B;a 6,21 ± 0,88 A;a 5,77 ± 1,10 B;a 4,71 ± 0,84 A;a Carne de frango 6,13 ± 1,09 A;a 6,25 ± 0,64 A;a 4,86 ± 1,14 A;a 4,49 ± 0,41 A;a Laticínios 5,47 ± 1,87 C;a 5,00 ± 1,64 B;a 2,59 ± 0,96 C;a 2,76 ± 1,08 B;a Carnes processadas 5,78 ± 1,28 C;a 5,35 ± 1,12 B;a 2,97 ± 0,84 C;a 1,96 ± 0,28 B;a Carne de caça 7,98*** - 4,85*** - *Letras maiúsculas: comparação de diferentes produtos na mesma origem para o mesmo grupo de bactérias indicadoras. **Letra minúscula: comparação do mesmo produto em diferentes origens para o mesmo grupo de bactérias indicadoras. ***Contagem obtida a partir da análise de uma amostra. Sem análise estatística.

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Tabela 3 - Frequência de Salmonella spp. e L. monocytogenes em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai

Patógeno Parâmetro Procedência

P valor* Argentina Uruguai

Salmonella spp. Característica In natura 6/75 (8%) 0/60 (0%) 0,02 Processado 0/75 (0%) 0/60 (0%) -*** P valor** 0,01 - Produtos Carne bovina 0/40 (0%) 0/28 (0%) - Carne suína 1/15 (6,66%) 0/20 (0%) 0,24 Carne de frango 5/19 (26,31%) 0/12 (0%) 0,05 Laticínios 0/47 (0%) 0/31 (0%) - Carnes processadas 0/28 (0%) 0/29 (0%) - Carne de caça 0/1 (0%) - - P valor** 0,001 -

L. monocytogenes Característica In natura 5/75 (6,66%) 20/120 (16,66%) 0,001 Processado 0/75 (0%) 0/120 (0%) - P valor** 0,023 0,001 Produtos Carne bovina 1/40 (2,5%) 8/28 (28,57%) 0,002 Carne suína 4/15 (26,66%) 6/20 (30%) 0,829 Carne de frango 0/19 (0%) 6/12 (50%) 0,001 Laticínios 0/47 (0%) 0/31 (0%) - Carnes processadas 0/28 (0%) 0/29 (0%) - Carne de caça 0/1 (0%) - - P valor** 0,001 0,001 *P valor para comparação da mesma característica ou produto de diferentes de origem diferente. **P valor para comparação da característica e produtos da mesma origem. ***P valor não calculado.

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Tabela 4 - Presença de genes de virulência em isolados de Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli O157:H7

Patógeno Gene Origem

Argentina Uruguai

Salmonella spp . hilA 6/6 (100%) - invA 6/6 (100%) - spvC 0/6 (0%) - pefA 0/6 (0%) - sefA 0/6 (0%)

-

L. monocytogenes prs 5/5 (100%) 20/20 (100%) inlA, inlC e inlJ* 1/5 (20%) 19/20 (95%) inlA e inlJ* 3/5 (60%) 1/20 (5%) inlA e inlC* 1/5 (20%)

-

E. coli O157:H7 uspA 37/37 (100%) 15/15 (100%) eae 1/37 (2,70) 0/15 (0%) rfbO157 0/37 (0%) 0/15 (0%) fliCH7 0/37 (0%) 0/15 (0%) stx1 0/37 (0%) 0/15 (0%) stx2 0/37 (0%) 0/15 (0%) hlyA 0/37 (0%) 0/15 (0%) *Presença simultânea dos genes de virulência de L. monocytogenes.

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5 Capítulo 3 – Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em

produtos de origem animal comercializados em região de fronteira entre Brasil,

Argentina e Uruguai

Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico Food Microbiology (ISSN

0740-0020)

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Título: Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de

origem animal comercializados em região de fronteira entre Brasil, Argentina e

Uruguai

Juliano Gonçalves Pereiraa,b*, Vanessa Mendonça Soaresb, Fernanda Gil de Sousac,

Leonardo Ereno Tadielob, Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santosb, Mário Celso

Sperotto Brumb, Andréia Henzelc, Eduarda Hallal Duvala, Fernando Rosado Spilkic,

Wladimir Padilha da Silvaa*

aUniversidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,

s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 96010900.

bUniversidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,

Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 97501970.

cUniversidade Feevale, Instituto de Ciências da Saúde. Rodovia ERS-239, 2755,

Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 93525075.

*Autores para correspondência:

Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio

Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378

Email: [email protected] (J.G. Pereira),

[email protected], (W.P. Silva)

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Resumo O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença do vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em carnes in natura e processadas comercializadas em região de fronteira do Brasil com Argentina e Uruguai. Foram obtidas 150 amostras de produtos de origem animal em estabelecimentos comerciais de duas cidades que fazem fronteira com o Brasil, no estado do Rio Grande do Sul: Paso de Los Libres (Argentina) e Rivera (Uruguai). Na Argentina, foram obtidas 77 amostras (n=53 carnes in natura; n=24 carnes processadas) e no Uruguai, 73 (n=55 in natura; n=18 processadas). Também foram obtidas oito amostras de carne in natura junto ao VIGIAGRO, a partir de apreensão na averiguação de bagagens de passageiros que iriam ingressar no Brasil. As 159 amostras foram submetidas à pesquisa de HAV, por RT-qPCR, e HEV e RV, por RT-PCR. Material genético do HAV foi detectado em 18,23% (29/159) das amostras e RV em 23,89% (38/159). Não foram detectadas amostras positivas para HEV. Duas amostras positivas para HAV foram oriundas dos produtos apreendidos pela VIGIAGRO. As carnes processadas apresentaram maior frequência de detecção de HAV (P < 0,05; OR=2,353; IC95%=1,012-5,473) e RV (P > 0,05; OR=1,65; IC95% 0,749-3,633). Entre as amostras obtidas na Argentina, as carnes processadas foram as que apresentaram a maior frequência de detecção de HAV (33,33%) e RV (41,66%), contudo, não houve associação significativa entre a frequência de HAV e RV (P > 0,05). A mediana da quantificação do HAV pela RT-qPCR nas amostras de origem Argentina foi de 6,9 x 104 e nas amostras do Uruguai 3,5 x 103 cópias/g. Nas amostras provenientes do Uruguai, os produtos processados também apresentaram maior frequência de detecção de HAV e RV, quando comparados com os in natura (P > 0,05). Não houve associação entre a presença de HAV nas carnes in natura da Argentina quando comparadas com as do Uruguai, assim como em relação às carnes processadas (P > 0,05). Para RV, houve associação da presença de material genético nos produtos in natura de origem argentina (P < 0,05; OR=0,153; IC95%=0,049-0,481), porém nas carnes processadas, esta associação não foi observada. A presença de material genético de HAV e RV em uma parcela significativa de produtos provenientes da Argentina e Uruguai deve ser considerada como possível fonte de infeção para humanos e indica condições precárias de obtenção, processamento e manipulação. Este fator, associado com o trânsito internacional ilegal de alimentos que existe na região, pode favorecer a disseminação desses agentes entre os países. Palavras-chave: alimentos; contaminação; fronteira; vírus patogênicos.

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3.1 Introdução

Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são um importante problema de

saúde em todo mundo. De 2007 a 2016, no Brasil, foram notificados ao Ministério da

Saúde, 6.632 surtos envolvendo 118.104 indivíduos, o que resultou em 109 óbitos.

Dos agentes etiológicos envolvidos nestes surtos, 2,1% foram identificados como

vírus da hepatite A (HAV), rotavírus (RV) e norovírus (NV) (Brasil, 2017). Porém,

estes números podem estar muitos subestimados, devido a dificuldades

relacionadas ao diagnóstico, notificação e identificação do agente. Nos Estados

Unidos da América, de 2000 a 2015, ocorreram 5.165 surtos causados por estes

patógenos, envolvendo 131.682 indivíduos e resultando em 23 mortes (CDC, 2017).

O HAV e o HEV são os maiores causadores de hepatite aguda em humanos,

e o RV é um dos principais agentes de diarreia infantil do mundo. Porém, apesar das

diferenças observadas nas manifestações clínicas causadas por estes vírus, ambos

possuem transmissão fecal-oral, sendo transmitidos por contato pessoa-pessoa ou

por alimentos contaminados. Desta forma, procedimentos higiênicos durante a

obtenção e manipulação de alimentos são uma importante barreira para evitar a

contaminação viral dos alimentos (White et al., 2016).

A globalização da comercialização de alimentos, o trânsito internacional de

pessoas e o comércio ilegal de produtos de origem animal são fatores que

aumentam a probabilidade da ocorrência de DTA (Käferstein et al.,1997). De modo a

reduzir os riscos da disseminação de patógenos, a Organização Mundial de Saúde

Animal (OIE) preconiza que animais e seus produtos devem ser proibidos de

trafegar entre países sem a anuência da fiscalização e o atendimento de normas

sanitárias rígidas nacionais e internacionais, pois podem disseminar patógenos

rapidamente, afetando diretamente a saúde dos consumidores e a saúde animal

(OIE, 2016). A partir das recomendações da OIE, cabe aos países estabelecerem as

medidas adequadas para o controle do trânsito de animais e seus produtos.

Contudo, uma falha nos sistemas de vigilância de fronteira pode comprometer a

saúde da população, uma vez que possibilita o ingresso e disseminação de agentes

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patogênicos de importância em saúde pública (Hueston et al., 2011; Noordhuizen et

al., 2013).

A vigilância das fronteiras internacionais no Brasil é de responsabilidade da

Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO), órgão do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que opera em mais de 100 unidades

localizadas em portos, aeroportos e postos de fronteira, realizando a fiscalização de

animais vivos, inspeção de produtos de origem animal e averiguação de bagagens

de passageiros (Brasil, 2006a).

Atualmente, o MAPA autoriza o ingresso de produtos de origem animal

adquiridos no exterior e internalizados via aeroportos ou postos de fronteira, desde

que sejam atendidos alguns requisitos: quantidade por pessoa que caracterize

consumo próprio (10 kg de produtos cárneos processados, 5 kg de lácteos,

derivados de ovos ou pescado processado); embalagem original, lacrada e sem

vazamentos ou violações. Todas estas exigências devem ser verificadas quanto ao

seu atendimento no momento em que os viajantes ingressam no Brasil, porém,

muitas vezes a fiscalização não ocorre ou, quando ocorre, não consegue detectar

irregularidades, permitindo o ingresso ilegal de alimentos que não atendam as

especificações, como por exemplo, carnes in natura ou quantidades superiores as

recomendadas (Brasil, 2016).

A entrada no país de alimentos sem fiscalização é preocupante sob o ponto

de vista de saúde pública, pois não há garantia de que os alimentos estejam em

condições de consumo. Além disso, os alimentos podem veicular patógenos

exóticos ou introduzir novas variantes, já que muitas vezes não se conhece a

procedência, o local e forma de abate, o tipo de industrialização, o atendimento à

requisitos sanitários internacionais e se foram submetidos a algum tipo de

fiscalização sanitária oficial no país de origem, garantindo a inocuidade dos produtos

(Brasil, 2006b).

Patógenos bacterianos e virais já foram detectados em produtos de origem

animal apreendidos de viajantes em aeroportos pelo mundo (Beutlich et al., 2015;

Rodríguez-Lázaro et al., 2015). No Brasil, estudos realizados em produtos

aprendidos em aeroportos já verificaram a presença de bactérias patogênicas (Melo

et al., 2014a; 2015), contudo, nenhum estudo pesquisou a presença de vírus de

importância em saúde pública em produtos que circulam em regiões de fronteira do

país. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a presença de HAV, HEV e RV

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em produtos de origem animal in natura e processados comercializados em região

de fronteira do Brasil com Argentina (ARG) e Uruguai (URU).

3.2 Material e métodos

3.2.1 Coleta das amostras

Este estudo foi conduzido no Rio Grande do Sul (RS), estado situado na

região sul do Brasil, e que possui fronteiras internacionais com ARG e URU. A

amostragem foi realizada entre setembro de 2015 e novembro de 2016, totalizando

159 produtos de origem animal (carnes in natura e processadas), sendo 77 oriundas

da ARG, 73 do URU e nove originárias de apreensão da VIGIAGRO-MAPA (Tabela

1).

As amostras obtidas junto à VIGIAGRO, Unidade de Uruguaiana (RS) (n=9),

foram coletadas após apreensão durante a fiscalização de bagagens na Ponte

Internacional Getúlio Vargas - Agustín Pedro Justo (29°45'18"S, 57°05'16"O). Esta

ponte liga as cidades de Uruguaiana (Brasil) e Paso de Los Libres (ARG). Destas

amostras, oito foram de carne bovina in natura e uma de carne de caça

(Hydrochoerus hydrochaeris; capivara) transportadas por viajantes que estavam

ingressando no Brasil.

As demais amostras (n=150) foram obtidas por meio de amostragens em

estabelecimentos situados na cidade de Paso de Los Libres, Província de

Corrientes, ARG (29°43′00″S, 57°05′00″O) e Rivera, Departamento de Rivera, URU

(30°54′09″S, 55°33′02″O), autorizadas e supervisionadas pela VIGIAGRO. Os

produtos foram adquiridos em 16 estabelecimentos comerciais (supermercados,

mercearias e açougues), sendo oito em cada cidade (ARG = estabelecimentos A a

H; URU = estabelecimentos I a P). Em cada estabelecimento foram realizadas

coletas em três momentos distintos. Todas as amostras foram acondicionadas em

sacos plásticos identificados e transportadas ao laboratório em caixas isotérmicas

contendo gelo reciclável. Na chegada ao laboratório, foram mantidas a 4°C até o

momento das análises.

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3.2.2 Detecção de HAV, HEV e RV

3.2.2.1 Preparo das amostras, extração de RNA e síntese do cDNA

As amostras foram maceradas com 1 mL de Meio Essencial Mínimo (MEM) e

homogeneizadas em vórtex. Logo após, 250 µL foram suspensos em 750 µL de

Trizol, sendo incubados por 5 min e, posteriormente, centrifugados a 1.1000 g por 10

min a 4 °C. O sobrenadante foi transferido para um tubo contendo 200 µL de

clorofórmio, incubado em temperatura ambiente por 5 min e centrifugado a 1.1000 g

durante 10 min a 4 °C, com separação da fase aquosa para outro tubo. As proteínas

foram precipitadas com 500 µL de isopropanol, e incubadas em temperatura

ambiente por 5 min. Posteriormente, as amostras foram centrifugadas a 1.2000 g por

8 min e o sobrenadante descartado. Ao final do processo, adicionou-se 1 mL de

etanol 75%, com última centrifugação a 9.000 g por 5 min. O etanol foi removido por

inversão de tubos, os quais foram submetidos a secagem por 3 min. Os pellets de

RNA extraídos foram ressuspensos em 60 µL de solução tampão de TE e

armazenados a -80°C.

Para a preparação do cDNA, foram adicionados 10 µL de RNA total em 10 µL

de master mix (High Capacity cDNA synthesis - Applied Biosciences), seguindo as

instruções do fabricante. Cada solução de mix consistiu de 3,2 µL de água livre de

DNase/RNase, 2 µL de tampão, 0,8 µL de dNTP, 2 µL de random primers, 1 µL de

inibidor e 1 µL de enzima, com homogeneização por 5 s. As amostras foram

amplificados em termociclador (10 min a 20 °C, 120 min a 37 °C, 5 min a 85 °C) e,

posteriormente, refrigeradas a 4 °C.

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3.2.2.2 RT-qPCR para detecção de HAV

Na PCR quantitativa em tempo real (RT-qPCR) foram utilizados primers para

a região não codificante (5‟- UTR) do genoma viral, de acordo com Jothikumar et al.

(2005). A qPCR foi realizada com kit TaqMan Universal PCR Master Mix (Applied

Biosystems), seguindo a metodologia descrita pelo fabricante. O tempo total da

reação foi de 60 min, com desnaturação a 95 °C por 15 min, seguida de 40 ciclos de

95 °C por 10 s, 55 °C por 20 s e 72 °C por 15 s. Para a reação de 20μL foram

utilizados 100 nM de cada primer e sonda.

A qPCR foi realizada em placa de 96 cavidades, contendo controles positivos

e negativos (água ultrapura livre de DNase/RNase). A curva padrão foi preparada

por diluição decimal seriada dos produtos purificados dos primers inseridos em

plasmídios (controle positivo). Foram adicionados 15 μL da reação e 5 μL do cDNA,

em seguida, a placa foi selada e depositada no equipamento Multicolor Real-Time

PCR Detection System (Bio-Rad). Todos os controles e amostras foram testadas em

duplicata e para determinação de eficiência e limite de sensibilidade da técnica, foi

realizada uma curva padrão com diluições decimais seriadas dos controles em

concentrações de 101 a 1010 e, a partir da curva, foram obtidas eficiência de 103% e

R2 de 0,99.

3.2.2.3 RT-Nested PCR para detecção HEV

A detecção de HEV foi realizada utilizando-se primers para região ORF1 de

HEV (Tabela 2), de acordo com Heldt et al. (2016) e, como controle positivo, utilizou-

se RNA extraído de fezes de macaco, positivas para HEV. A reação tem volume final

de 50 µL, contendo 25 µL de GoTaq Green Master Mix (Promega), 18 µL de água

livre de DNase/RNase, 1 µl de cada primer (100 nM) e 5 µL de cDNA. Para

amplificação, foram utilizadas duas corridas com temperatura inicial de 95 °C por 5

min, seguida de 45 ciclos de 95 °C por 30 s, 59 °C por 1 min, 72 °C por 1 min e 72

°C por 7 min para elongação final. Após as reações, foi realizada a eletroforese dos

produtos amplificados e os resultados visualizados com luz UV.

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3.2.2.4 RT-PCR para detecção de RV

Para detecção de RV foram utilizados primers para região do gene da VP6

(Spilki et al., 2013) com os mesmos volumes e concentrações de reagentes

utilizados na detecção de HEV. Os controles positivos usados foram RNA extraído

de cepas de RV vacinal amplificada em cultivo celular. O programa utilizado

consistiu de desnaturação inicial a 94 °C por 5 min, seguido de 35 ciclos de 94 °C

por 1 min, 54 °C por 1 min e 72 °C por 1 min e, ao fim dos ciclos, 72,8°C por 7 min.

Após as reações, foi realizada a eletroforese dos produtos amplificados e os

resultados visualizados com luz UV.

3.2.3 Análise dos dados

Os dados foram tabulados e os resultados expressos em frequência de

positividade para cada patógeno analisado. A seguir, foram submetidos ao teste do

Qui-quadrado para a verificação da associação do tipo do produto com a detecção

do patógeno. Foi realizado o cálculo da OR (odds ratio) para estimar as chances da

presença do material genético do vírus nos produtos analisados. As análises foram

realizadas no programa estatístico IBM® SPSS® Statistics Version 20, usando nível

de significância de 0,05.

3.3 Resultados

Entre as 159 amostras avaliadas, 29 (18,23%) foram positivas para presença

de genoma do HAV e 38 (23,89%) para RV. Não foram detectadas amostras de

produtos de origem animal contendo material genético de HEV (Tabela 3). As carnes

processadas apresentaram maior frequência de presença de HAV e RV do que as

carnes in natura, contudo, a associação foi significativa apenas para HAV (P < 0,05).

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Nestes, a OR para a presença de HAV nas amostras de carnes processadas foi de

2,353 (IC95%=1,012-5,473).

Observou-se que 23,25% dos produtos oriundos da Argentina, foram positivos

para HAV e 36,04% para RV. Dentre as amostras de carne in natura positivas para

HAV, duas foram obtidas junto à VIGIAGRO. Nas carnes processadas houve maior

frequência de detecção de HAV e RV do que nas carnes in natura, contudo, esta

associação não foi significativa (P > 0,05). Entre as carnes in natura, 19,35% das

amostras foram positivas para HAV, entretanto, nas carnes processadas a

frequência foi de 33,33%. Para RV, a frequência nas amostras de carnes in natura

foi de 33,87% e nas processadas 41,66%.

Nos produtos provenientes do Uruguai, 12,32% foram positivos para HAV e

9,58% para RV. Observou-se que 9,09% das carnes in natura e 22,22% das carnes

processadas foram positivas para HAV. Porém, não houve associação significativa

para a presença desse patógeno entre estas amostras (P > 0,05). Com relação a

RV, 7,27% das carnes in natura e 16,66% das processadas foram positivas (P >

0,05).

Observou-se associação significativa nos produtos obtidos na ARG com

relação à presença de RV, quando comparados com os produtos do URU. Esta

associação foi observada na soma das amostras (P < 0,05; OR=0,118; IC95%=

0,77-0,460) assim como nos produtos in natura (P < 0,05; OR=0,153; IC95%= 0,049-

0,481). Para HAV, não houve associação entre presença do patógeno e a

procedência das amostras.

Entre os 16 estabelecimentos amostrados, 11 apresentaram amostras

positivas para HAV ou RV em, pelo menos, uma das coletas. Na ARG, foi detectado

genoma de HAV e/ou RV em amostras provenientes de sete dos oito

estabelecimentos comerciais avaliados: estabelecimento A (n=15), B (n=8), C (n=7),

D (n=6), E (n=3), F (n=2) e G (n=1). No URU, quatro estabelecimentos apresentaram

amostras positivas (I=6; J=4; K=3 e L=2). Das 159 amostras analisadas, oito

apresentaram contaminação simultânea por HAV e RV, sendo sete da ARG (três do

estabelecimento A; três do B e um do E) e uma do URU (estabelecimento J).

A mediana da quantificação do HAV pela RT-qPCR nas amostras de origem

Argentina foi de 6,9 x 104 cópias de genoma/g, com mínima de 1,3 x 102 cópias/g e

máxima de 3,2 x 1013 cópias/g. As amostras positivas para HAV (n=2) apreendidas

pela VIGIAGRO apresentaram contagens de 3,2 x 1013 cópias/g e 3,2 x 102 cópias/g.

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Nas amostras do Uruguai a mediana foi de foi de 3,5 x 103 cópias/g com mínimo de

1,3 x 101 cópias/g e máxima de 2,9 x 109 cópias/g.

3.4 Discussão

A presença de HAV e RV em um número significativo de produtos de origem

animal, provenientes de diversos estabelecimentos comerciais da ARG e URU,

demonstra um risco associado ao consumo dos produtos de origem animal que

circulam em região de fronteira internacional do estado do RS, Brasil. Além disso, o

fato de HAV e RV terem sido detectados em vários estabelecimentos, em momentos

diferentes de coleta dos produtos, apontam que a detecção não foi casual, indicando

que práticas inadequadas de obtenção e/ou manipulação, são rotinas nestes locais.

A presença destes vírus em alimentos e seu envolvimento em surtos de DTA

estão associados à contaminação de origem fecal. Desta forma, alimentos e água

utilizada nas diversas etapas do processamento podem se contaminar quando

procedimentos higiênico-sanitários não são atendidos (Victoria et al., 2014; Sa-

nguanmoo et al. 2015; White et al., 2016). Neste contexto, o comércio informal de

alimentos (dentre eles a importação ilegal) é importante na disseminação de

enteropatógenos, tais como HAV e RV, uma vez que muitas atividades envolvidas

nestas práticas ocorrem de maneira clandestina, sem a presença de agentes de

fiscalização sanitária que regulariam o processo higiênico de obtenção,

comercialização e trânsito destes produtos.

A importação de alguns tipos de alimentos é permitida atualmente no Brasil,

(Brasil, 2016), contudo, independente da liberação, a fiscalização sanitária nos

postos de fronteira deve ser rigorosa, de forma a garantir que alimentos

potencialmente veiculadores de patógenos não sejam introduzidos no país. Porém,

mesmo com a atuação dos órgãos de fiscalização sanitária de fronteira, a

importação ilegal de produtos de origem animal é uma prática comum em muitas

regiões do Brasil, sejam em fronteiras terrestres (Pereira et al., 2017) ou aeroportos

(Melo et al., 2014, 2015). Especificamente na região de fronteira do RS, estima-se

que mais de 60% dos passageiros que viajam para Argentina ou Uruguai retornam

ao Brasil portando algum produto de origem animal (in natura ou processado) e que

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menos de 10% destes viajantes já passaram em algum momento pela fiscalização

de bagagem no retorno ao Brasil (Pereira et al., 2017).

Na região de abrangência deste estudo, a VIGIAGRO apreendeu, entre 2014

e 2016, 3.095 kg de carne bovina in natura, 729 kg de pescados, 493 kg de carnes

de caça, 436 kg de mel, 45 kg de queijo, 15 kg de carne suína, 13 kg de salame e 10

kg carne ovina (dados não publicados). Porém, há de se considerar a possibilidade

destes dados estarem subestimados, uma vez que a averiguação de carros e

bagagens no retorno ao Brasil é realizada por amostragem (Brasil, 2006b).

No caso do estado do RS, a principal forma de ingresso destes alimentos é

via fronteira terrestre, porém, no Brasil, alimentos ilegais também são introduzidos

via aeroportos. No ano de 2014, foram apreendidas mais de 65 t de produtos de

origem animal ou vegetal, irregulares, em bagagens de passageiros, em três dos

maiores aeroportos brasileiros (Confins, em Belo Horizonte; Guarulhos, em São

Paulo, e Salgado Filho, em Porto Alegre). Os produtos mais apreendidos foram os

de origem animal, como lácteos, embutidos, pescados, mel e carnes. As sementes,

mudas e frutas foram as mais apreendidas entre os produtos de origem vegetal

(Brasil, 2015).

Segundo Melo et al. (2014b), 657,4 kg de produtos de origem animal

ilegalmente importados foram apreendidos pela fiscalização sanitária, os quais

ingressariam no Brasil via os aeroportos de Guarulhos (São Paulo) e Galeão (Rio de

Janeiro). Este mesmo estudo apontou que, entre 2006 e 2009, foram apreendidas

cerca de 40 t de alimentos de origem animal em Guarulhos e, entre 2008 e 2009, a

VIGIAGRO apreendeu 19 toneladas desses produtos no aeroporto do Galeão.

Outros estudos demonstram que tais alimentos podem apresentar bactérias

patogênicas (Melo et al., 2014a, 2015), porém, nenhum dado na literatura descreve

a presença de vírus nestes tipos de alimentos no Brail.

O vírus da hepatite A e RV são comumente envolvidos em casos de DTA

(CDC, 2017; Brasil, 2016a). Na ARG, a hepatite A é considerada uma enfermidade

endêmica (Blanco Fernandez et al., 2012), assim como no URU (Montano et al.,

2001). Estes países indicam a vacinação como forma de prevenção da enfermidade,

e a análise regressiva dos dados epidemiológicos demonstra que as taxas de

incidência vêm reduzindo nestes países, após a utilização desta medida de saúde

pública (Romero et al., 2012). O RV corresponde à 40% das causas de internação

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por diarreia infantil aguda na ARG e no URU (Degiuseppe et al., 2013; Tort et al.,

2015).

A detecção da presença de genoma nos alimentos avaliados é indicativo da

presença, porém não pode-se atribuir a capacidade infectante destas amostras.

Nosso estudo detectou contagens elevadas de HAV pela RT-qPCR nos alimentos

obtidos tanto na Argentina quanto no Uruguai, com amostras superando 1010 cópias

de genoma. Apesar de não estar bem estabelecida a dose infectante para este vírus,

estudos indicaram que o período de incubação diminuiu quanto maior a quantidade

de inóculo. Além disso, estima-se que 0,1 g de fezes contaminadas com HAV pode

ser considerada como a dose infectante para humanos (White et al., 2016). Deste

modo, parte dos alimentos analisados pelo presente estudo poderia servir como

fontes de infecção para os consumidores expostos. Obviamente, amostras com

maior número de cópias de genoma possuem maior probabilidade de serem

infecciosas.

Houve associação significativa entre HAV e carnes processadas, quando

comparados com as carnes in natura de origem uruguaia. Contudo, mesmo não

apresentando significância estatística, as carnes processadas apresentaram maior

frequência de detecção de HAV e RV do que aquelas in natura. Em função destes

produtos apresentarem mais etapas durantes o seu processamento, a chance de

contaminação por enteropatógenos é maior, como observado na OR significativa

observada na comparação entre a contaminação por HAV nas carnes in natura e

processadas, quando se soma todas as amostras (OR=2,353; IC95%=1,012-5,473).

A introdução destes micro-organismos na cadeia de produção ocorre pela matéria-

prima contaminada, uso de água não tratada, contaminação cruzada por fezes,

manipulação inadequada de alimentos ou qualquer fonte ambiental contendo

partículas virais (Shukla et al., 2016). Assim, é possível considerar que quanto maior

o número de etapas da cadeia de produção, maior será sua manipulação e,

consequentemente, maior será a probabilidade de contaminação.

Além disso, a presença de patógenos viáveis em alimentos prontos para o

consumo pode elevar o risco de ocorrência de DTA, uma vez que estes produtos

não passarão por nenhum processo de eliminação de micro-organismos, como por

exemplo, tratamento término. Salienta-se que o fato de ter sido detectada a

presença de HAV e RV não indica, necessariamente, que os alimentos servirão de

fonte de infecção, uma vez que em nosso estudo utilizamos técnicas que avaliaram

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a presença de genoma viral e não a viabilidade e infectividade dos patógenos

detectados. Contudo, a presença de material genético é um indicativo da presença

do vírus e aponta para deficiências higiênicas que permitiram a contaminação por

HAV e RV durante a obtenção ou processamento dos produtos de origem animal

analisados. Deficiências higiênicas em estabelecimentos argentinos e uruguaios já

haviam sido reportadas por consumidores que importam ilegalmente alimentos, em

pesquisa anterior realizada na região da fronteira do RS, Brasil (Pereira et al., 2017),

o que foi comprovado neste estudo, pelo elevado número de estabelecimentos

comercializando produtos de origem animal com presença de HAV e RV na ARG

(7/8) e URU (4/8).

Não foi detectada a presença de HEV, indicando a ausência de circulação

deste vírus na região estudada ou circulação limitada e em baixos níveis. No

entanto, alguns estudos demonstram que produtos de origem animal são

importantes veículos desse patógeno, inclusive aqueles que circulam em região de

fronteira. Rodríguez-Lázaro et al. (2015) detectaram HEV em 53,3% das amostras

de alimentos apreendidos no aeroporto de Bilbao, na Espanha, incluindo alimentos

cárneos importados da América do Sul. A maior frequência de amostras positivas

para HEV foi em produtos originários da Colômbia, Peru, Brasil e Argentina, sendo a

carne suína, o principal produto contaminado com esse vírus.

Os suínos, assim como sua carne e derivados, são os principais veículos de

HEV (Vasconcelos et al., 2015; Wilhelm et al., 2014), o qual tem sido detectado em

amostras de fezes e carcaças obtidas em abatedouros e no comércio varejista

(Intharasongkroh et al., 2016), bem como em amostras de produtos cárneos. Heldt

et al. (2016) detectaram a presença de genoma do HEV em 36% de amostras de

patês suínos comercializados na cidade de Novo Hamburgo, Brasil.

Os resultados obtidos neste estudo enfatizam a necessidade de um maior

controle no trânsito de alimentos na região de fronteira do Brasil, uma vez que foi

detectado material genético dos vírus HAV e RV, tanto em carnes in natura, quanto

em processadas, obtidas da ARG e URU. Levando-se em consideração que na

região do estudo, a prática de importação ilegal é comum e que produtos atualmente

liberados de ingressar no Brasil (processados) podem conter patógenos de

importância para a saúde pública, é necessária a implantação de programas de

fiscalização de fronteira mais efetivos, tornando a vigilância agropecuária de

fronteira mais ativa e operante, de modo a impedir a entrada de alimentos contendo

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agentes patogênicos potencialmente causadores de DTA, protegendo a saúde da

população brasileira que reside nesta região.

Agradecimentos

Os autores agradecem à VIGIAGRO-MAPA, unidade de Uruguaiana pelo

fornecimento de amostras apreendidas e pela supervisão durante a coleta de

amostras e introdução de alimentos obtidos na ARG e URU e à Profa. Dra. Célia

Barardi da Universidade Federal de Santa Catarina, pela cedência dos plasmídeos.

Agradecemos também à Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) pelo

fornecimento de bolsa de pesquisa à Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santos e

pelo financiamento parcial deste estudo por meio do Edital de Apoio aos Grupos de

Pesquisa.

Referências

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Tabela 1 – Alimentos avaliados na fronteira Brasil-Argentina-Uruguai quanto a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)

Produtos Procedência

Total Argentina Uruguai

Carnes in natura Bovina* 30 27 57 Suína 13 17 30 Frango 18 11 29 Carne de caça** 1 0 1 Total 62 55 117 Carnes processadas Mortadela 5 3 8 Salsicha 8 4 12 Salame 9 5 14 Presunto 2 2 4 Patê 0 4 4 Total 24 18 42 Total geral 86 73 159 *Oito amostras foram apreendidas junto à VIGIAGRO **Amostra apreendida junto à VIGIAGRO

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Tabela 2 – Primers utilizados para a detecção de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)

Vírus Nome Sequência Tamanho (pb) Fonte

HAV 5'-UTR F 5‟ GGTAGGCTACGGGTGAAAC 3‟ 100 Jothikumar et al. (2005)

5'-UTR R 5‟ GCGGATATTGGTGAGTTGTT 5‟

Probe (posição 413-441) 5‟ CTTAGGCTAATACTTCTATGAAGAGATGC 5‟

HEV HEVORF1con-s1 5‟ CTGGCATYACYCTACTGCYATTGAGC 3‟ 800 Heldt et al. (2016)

HEVORF1con-a1 5‟ CCATCRARRCAGTAAGTGCGGTC 3‟

HEVORF1con-s2 5‟ CTGCCYTKGCGAATGCTGTGG 3‟ 287 Heldt et al. (2016)

HEVORF1con-a2 5‟ GGCAGWRTACCARCGCTGAACATC 3‟

RV ROTAFEEVALE F 5„ GATGTCCTGTACTCCTTGT 3‟ 160 Spilki et al. (2013)

ROTAFEEVALE R 5„ GGTAGATTACCAATTCCTCC 3‟

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Tabela 2 - Frequência e razão de chance (OR) para a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de origem animal obtidos da Argentina e Uruguai

Vírus/alimentos Procedência

Total P Valor1 OR (IC 95%)1 Argentina Uruguai

HEV 0/86 (0%) 0/73 (0%) 0/159 (0%) HAV Carnes in natura 12/62 (19,35%) 5/55 (9,09%) 17/117 (14,52%) 0,116 0,417 (0,137-1,127) Carnes processadas 8/24 (33,33%) 4/18 (22,22%) 12/42 (28,57%) 0,506 0,571 (0,141-2,131) Total 20/86 (23,25%) 9/73 (12,32%) 29/159 (18,23%) 0,075 0,464 (0,197-1,095) P Valor2 0,169 0,141 0,043 OR (IC 95%)2 2,083 (0,724-5,995) 2,857 (0,675-12,085) 2,353 (1,012-5,473) Rotavírus Carnes in natura 21/62 (33,87%) 4/55 (7,27%) 25/117 (21,36%) 0,001 0,153 (0,049-0,481) Carnes processadas 10/24 (41,66%) 3/18 (16,66%) 13/42 (30,23%) 0,083 0,280 (0,064-1,132) Total 31/86 (36,04%) 7/73 (9,58%) 38/159 (23,89%) 0,001 0,118 (0,77-0,460) P Valor2 0,499 0,240 0,212 OR (IC 95%)2 1,395 (0,530-3,668) 2,55 (0,513-12,679) 1,65 (0,749-3,633) 1Valor de P e OR para comparação do mesmo tipo de produto de origem diferente P < 0,05 indica associação da presença do patógeno.

2Valor de P e OR para comparação de produtos diferentes da mesma origem onde P < 0,05 indica associação da presença do patógeno.

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6 Capítulo 4 – Residues of veterinary drugs in animal products commercialised

in the border region between Brazil, Argentina and Uruguay

Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico Food Additives &

Contaminants: Part A (ISSN 1944-0057)

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Título: Residues of veterinary drugs in animal products commercialised in the border

region between Brazil, Argentina and Uruguay

Juliano Gonçalves Pereiraa,b*, Vanessa Mendonça Soaresb, Fabiano Barretoc, Louise

Jank, Renata Batista Rauc, Cristina Belíssimo Dias Ribeiroc, Tamara dos Santos

Castilhosc, Caroline Andrade Tomaszewskic, Daniel Rodrigo Hillesheimc, Eduarda

Hallal Duvala, Wladimir Padilha da Silvaa*

aUniversidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,

s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 96010900.

bUniversidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,

Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 97501970.

cMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Laboratório de Análise de

Resíduos de Pesticidas e Medicamentos Veterinários - Laboratório Nacional

Agropecuário. Estrada da Ponta Grossa, 3036, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brazil, CEP 91780580.

* Corresponding authors:

Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio

Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378

Email: [email protected] (J.G. Pereira),

[email protected], (W.P. Silva)

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Abstract International animal products traffic is a public health hazard when legal import

sanitary procedures are not followed. In Brazil, due to its extensive border area,

illegal animal products import is a common practice in many areas of the country;

especially in Rio Grande do Sul (RS), a state that borders on Argentina and Uruguay.

The objective of this study was to evaluate the presence of veterinary drug residues

(antimicrobials and antiparasitics) in animal products consumed in the state of Rio

Grande do Sul, Brazil, border region with Argentina and Uruguay. In this study, the

presence of residues of veterinary drugs (antimicrobials and antiparasitics) was

assessed in 189 meat (beef, pork and chicken) and dairy and meat processed

products samples, bought in Argentina (n=90) and Uruguay (n=99). Residues of

veterinary drugs were detected in 50 (26.45%) samples, 28 presenting antimicrobials

(14.81%) and 22 antiparasitic (11.64%) residues. From the 50 positive samples, 40%

(15 from Argentina and 5 from Uruguay) had a maximum residue limit (MRL) above

the legal parameters. From these, 12 presented MRL values above the legal limit for

antiparasitics (11 beef samples with ivermectin and one pork sample with ivermectin

and doramectin) and 8 for antimicrobials (two pork and two sausage samples with

doxycycline; two cheese samples with doxycycline and chlortetracycline; one poultry

meat sample with chloramphenicol; and one cheese sample with monensin). Due to

its undesirable toxic effects on humans and the antimicrobial resistance, the

presence of these residues above the legal parameters indicates a risk to the public

health. The negative impact on public health of the consumption of illegally imported

animal products can be reduced with an effective surveillance system and

educational campaigns for the general populations.

Keywords: chloramphenicol; border; ivermectin; animal products; chemical residues.

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6.1 Introduction

Illegal international transit of animal products may pose a risk to public and

animal health (OIE 2016a). Meat and milk, including their products, may present

chemical and biological hazards, particularly where commercialization does not

comply with sanitary rules to assure their safety. In this context, international border

regions have been identified as places where illegal animal products traffic between

different countries can endanger the public health (Joseph et al. 2013; Nguyen et al.

2014; Oniuc et al. 2015).

Rio Grande do Sul (RS), a Brazilian southern region state, has an extensive

border with Argentina and Uruguay, in which, despite the efforts of border health

surveillance agencies, the transit of animal products and animals between countries

occurs clandestinely. Many of the products that are commercialized across these

borders are produced without proper sanitary control of the raw material,

compromising their innocuousness and exposing consumers to numerous hazards.

The risks for public health include veterinary drug residues, widely used in animal

production to prevent and cure diseases. As observed in other countries, currently in

Brazil, the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply (Brasil 2016) authorizes the

entry of processed animal products from international borders. These authorization

and has been questioned for requiring a border health surveillance apparatus to

prevent the entry of products that could lead to biological and chemical hazards

(Noordhuizen et al. 2013).

Veterinary drug residues can be defined as a fraction of the drug, its

metabolites, conversion or reaction products and impurities that remain in the animal

products originated from treated animals (Brasil 1999). Drug use results in the

presence of chemical residues in animal tissues and products, however, if

administration is properly performed (dose, concentration, route of administration)

and the withdrawal period is respected, such residues will be in concentrations below

the maximum residue limit (MRL) (Reig & Toldra 2008). MRL is defined as the legally

accepted limit for the presence of specific residue in the animal producst, this

parameter is determined according to the acceptable maximum daily intake limit

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(FAO 2015). Consumption of animal products with drug residue concentrations

above the MRL may result in toxic and/or allergic reactions or even induce

carcinogenic, mutagenic or teratogenic effects (Doyle 2006; Beyene et al. 2016).

The most commonly used veterinary drugs are antimicrobials (β-lactams,

tetracyclines, fluoroquinolones, sulfonamides and macrolides) (OIE 2016b) and

antiparasitics (avermectins and benzimidazole). For these, health authorities

establish the permitted MRLs for each matrix (kidneys, liver, muscle, fat, milk or

eggs) (Chopra & Roberts 2001; Navrátilová et al. 2009; European Commission 2010;

Prado et al. 2015; Brasil 2017). Some drugs are banned due to their insecurity in

administration and highly toxic effects for humans. Chloramphenicol is banned in

several countries due to its relation to the occurrence of aplastic anaemia and

cancer, even if present in low levels (Croubels & Daeseleire 2012; Rejtharová et al.

2017).

In Brazil, the monitoring of chemical residues in animal products is conducted

by the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply (MAPA), which, through the

National Plan for the Control of Residues and Contaminants (PNCRC), aims the

control and surveillance to identify and avoid violation of MRLs in the animal products

produced in the country (Brasil 1999). As health authorities do not inspect products

illegally commercialised across borders, public health is compromised.

Thus, the objective of this study was to evaluate the presence of veterinary

drug residues (antimicrobials and antiparasitics) in animal products consumed in the

state of Rio Grande do Sul, Brazil, border region with Argentina and Uruguay.

6.2 Materials and methods

6.2.1 Sample collection

Samples were collected from two different sources:

(1) Animal products confiscated after baggage inspection carried out by the

MAPA International Agricultural Surveillance Unit (VIGIAGRO), at Getúlio Vargas -

Agustín Pedro Justo International Bridge (29°45'18"S, 57°05'16"O) between

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107

Uruguaiana (RS, Brazil) and Paso de Los Libres (Province of Corrientes, Argentina).

From July to November 2015, six beef samples were confiscated and sent for

laboratory analysis. It should be noted that these samples do not represent the total

of seized products by the VIGIAGRO unit, i.e., not all seized samples were sent for

analysis.

(2) Animal products bought in commercial establishments from Paso de Los

Libres, Province of Corrientes, Argentina (29°43′00″S, 57°05′00″O) and Rivera,

Department of Rivera, Uruguay (30°54′09″S, 55°33′02″O) and internalized in Brazil

with authorization and supervision of VIGIAGRO. One hundred and eight three

samples (84 in Paso de Los Libres and 99 in Rivera) of raw and processed animal

products were obtained (Table 1). The samples were collected between September

2015 and November 2016 and kept frozen at -18°C, in plastic bags, until analysis.

6.2.2 Detection of veterinary drug residues

Detection of veterinary drugs residues was carried out by the Laboratory for

Analysis of Pesticides and Veterinary Drugs of the National Agricultural and

Livestock Laboratory (LANAGRO/MAPA), official organ of the Brazilian PNCRC.

The detection of the drugs listed in Table 2 was performed by liquid

chromatography coupled to tandem mass spectrometry (LC-MS/MS). Chemical

reagents used were obtained from Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA), Merck

(Darmstadt, Germany), JT Baker (Phillipsburg, USA), Mallinckrodt-Baker

(Phillipsburg, USA), Vetec (Rio de Janeiro, Brazil), Honeywell Riedel-de Haen or

Macherey-Nagel (Düren, Germany).

For chloramphenicol, thiamphenicol and florfenicol residues detection,

extraction from samples were performed with ethyl acetate and 2% of ammonium

hydroxide followed by evaporation and lipid removal with hexane. Water and

acetronil were used for liquid-liquid extraction. The analysis was conducted on an

Agilent 1260 LC liquid chromatograph (Agilent Technologies, Germany) coupled to

the Mass Spectrometer Sciex 5500 QTRAP (Toronto, Canada). Details of the

technique, analytical and instrumental parameters are described in Barreto et al.

(2016).

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For analysis of the other antimicrobials and antiparasitics, the samples were

extracted with acetronil and formic acid followed by purification at low temperature.

Analysis was conducted on an Agilent 1100 LC liquid chromatograph (Agilent

Technologies, Germany) coupled to the Applied Biosystems API 500 mass

spectrometer (AB Sciex, Foster City, USA). Analytical and instrumental parameters

are described in Rübensam et al. (2013) and Jank et al. (2017).

The standard MRLs used were those published by MAPA (Brasil 2014) and

European Commission (European Commission 2010). The results were expressed

as <LOD (less than limit of detection or negative sample for analyte), >LOD (greater

than limit of detection or positive sample for analyte) and >MRL (positive sample and

MRL greater than legal standard parameter).

6.3 Results and discussion

On our knowledge, this is the first study to describe chemical residues on

illegally imported animal products. Residues of veterinary drugs were detected in 50

(26.45%) of the 189 animal products evaluated, 28 with antibiotic (14.81%) and 22

(11.64%) with antiparasitic residues (Table 3). The antimicrobials detected were

monensin, doxycycline, oxytetracycline, chlortetracycline, chloramphenicol, florfenicol

and thiamphenicol. Ivermectin and doramectin were the antiparasitic residues

detected.

Argentinian products showed higher frequency of residue detection than those

from Uruguay. From the 90 Argentinian products, 33 (36.16%) had some residue (15

samples (16.66%) with antimicrobials residues and 18 samples (20%) with

antiparasitics residues). Residues were detected in 17 samples (17.17%) of

Uruguayan products (n=99). Antimicrobials were detected in 13 samples (13.13%)

and antiparasitics in four samples (4.04%).

Of the 50 animal products‟ samples with residues, 31 (59.61%) were raw

products (23 of beef, four of poultry meat and four of pork), from this, 24 were

obtained in Argentina. The 19 positive samples (10 Uruguayan and nine Argentinian)

of processed products, were distributes as follow: 9 samples of cheese, four of

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sausage, two of dulce de leche, one of mortadella, one of cream, one of yogurt, and

one of salami.

From the 50 positive samples, 20 (10.58% - 15 raw and five processed

products) had MRL values above the legal parameters (European Commission 2010;

Brasil 2014). Fifteen of these products were purchased in Argentina (14 raw and 1

processed) and five in Uruguay (one raw and four processed). Regarding residue

type, 12 had antiparasitics residues and eight antimicrobials residues. All samples

from products confiscated in baggage inspection (n=6) had ivermectin residues, four

of them with MRL above the legislation. Values are described in Table 4.

Our study showed a high percentage (10.58% - 20/189) of samples with MRL

values above the legal parameters. This frequency was far above the normally

observed in the official residue monitoring programs regularly carried out in the

countries (Argentina 2017; Brasil 2015, 2016; Uruguay 2016), denoting a threat for

public health. Argentina, Brazil and Uruguay, as MERCOSUR member countries,

share MRL values for several chemical residues (Mercosul 1995). Each country

should establish monitoring programs to ensure food safety.

In 2014 and 2015, Brazilian PNCRC analysed 25,320 samples of animal

products, finding 143 (0.56%) samples with MRLs higher than the maximum

established (Brasil 2015, 2016). Data from Argentina's National Service of Sanitation

and Agrifood Quality (SENASA) indicate that in 2015, from the 24,024 samples of

beef, pork and poultry meat evaluated, 228 (0.94%) were considered non-conforming

(Argentina 2017). In Uruguay, the National Program of Biological Residues (PNR)

analysed 5,977 beef samples, detecting five (0.08%) with MRLs higher than

recommended, four of which had residues of cadmium and one had ivermectin

residue (Uruguay 2016).

Higher MRLs values for ivermectin were found in 11 beef samples (from 11.12

to 126.99 μg kg-1) and ivermectin-doramectin (13.89 μg kg-1 and 41.01 μg kg-1,

respectively ) together were found in one pork sample, all from Argentina. Ivermectin

is a widely used antiparasitic drug, especially in cattle (Lopes et al. 2014). Brazilian

PNCRC detected that antiparasitic residues corresponded to 70% and 100% of the

beef samples with MRLs above limits the in the years 2014 and 2015, respectively

(Brasil 2015, 2016). Despite the percentage of samples with high MRLs for

antiparasitics found in our study, Argentina's official control did not detect these

analytes in beef (Argentina 2017). The presence of avermectin residues (abamectin,

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doramectin, ivermectin) demonstrates inadequate veterinary drug management

and/or administration practices (FAO/WHO 2009) and ineffective or non-existent

health education programs for rural producers.

In humans, signals of avermectins intoxication by ingestion of foods vary in

severity, depending on the dose and route of administration. Acute intoxication

normally causes allergic symptoms, vomiting, tachycardia and myalgia (Reeves

2007; Yang 2012). Besides the public health concerns, residues above the tolerated

MRL can influence meat trade, since they may constitute a non-tariff barrier (Costa

2011).

Considering the eight samples that presented high MRL for antibiotic, four

samples (two from Argentinean pork and two from Uruguayan sausages) had high

doxycycline levels (from 118.80 to 162.30 μg kg-1), two (Uruguayan cheese) had high

doxycycline and chlortetracycline levels (sum of the antimicrobials concentration

varied from 106.30 to 281.80 μg kg-1) and one had high monensin level (Uruguayan

cheese - 2.09 μg kg-1). In addition, chloramphenicol (0.31 μg kg-1) was also found in

a sample of poultry meat from Uruguay. Antimicrobials have an important role in

animal industry controlling pathogens, however, a veterinarian should supervise the

use of these drugs to avoid the presence of residues in animal products. In addition,

antimicrobial resistance is currently one of the most important public health concerns,

with clinical and economic consequences (OIE 2016a; FAO/WHO 2009).

Tetracyclines are antibiotic drugs widely used in animal industry due to the

action against Gram-negative and Gram-positive bacteria (Chopra & Roberts 2001).

The Brazilian PNCRC monitoring system detected tetracycline residues above the

MRL in pork and poultry meat samples during 2014 and 2015 (Brazil 2015, 2016).

Navrátilová et al. (2009) detected tetracycline residues in milk samples from the

Czech Republic and Prado et al. (2014) detected oxytetracycline, tetracycline,

chlortetracycline and doxycycline in Brazilian milk samples. Toxic effects of these

drugs to humans implicate hypersensitivity reactions and increased susceptibility to

new infections, due to the possibility of Gram-negative bacteria antibiotic resistance.

Less frequently, hepatotoxic and nephrotoxic effects, as well as negative effects on

bone and dental mineralization can also be observed (FAO/WHO 1996). On the other

hand, mutagenic, teratogenic and carcinogenic effects from intoxication by this group

of antimicrobials are not described (Doyle 2006).

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Monensin, detected above MRLs in a cheese sample, is largely used in animal

industry as growth promoter and coccidiostat (Duffield & Bagg 2000; Chapman et al.,

2010). Non-observance of withdrawal period caused the presence of residues of this

drug in animal products (Olejnik et al. 2011; Pereira et al. 2015). The undesirable

effects polyester ionophores (lasalocid, maduramicin, monensin, narasin,

salinomycin and senduramycin) in humans involves their influence on muscle

contractility causing effects such as increased blood flow and coronary dilatation,

affecting mainly people with coronary heart disease (Croubels & Daeseleire 2012).

Due to its highly toxic effects, detection of chloramphenicol in poultry meat is a

very relevant result of our study. From the end of the 1980s, several countries,

including Brazil, Argentina and Uruguay, banned the chloramphenicol use in animal

industry (Uruguay 1986; Argentina 1995; Brazil 2003). Beyond its carcinogenic

effects, this drug can cause aplastic anaemia in humans (Hanekamp & Bast 2015).

Due the efficacy against bacteria as Salmonella spp. and Escherichia coli (Cerkvenik

2002) chloramphenicol is still illegally used in animal industry. In 2014 and 2015,

Brazilian monitoring system detected one poultry meat sample with chloramphenicol,

over 25,000 analysed samples (Brazil 2015, 2016). Slovenia's monitoring program

detected the presence of this antimicrobial in only one sample between 1991 and

2000 (Cerkvenik 2002). In contrast, Argentina and Uruguay did not detect

chloramphenicol in animal products (Uruguay 2016; Argentina 2017).

Chloramphenicol in animal products also caused economic losses in beef (Argentina

2016) and shrimp (Hanekamp & Bast 2015) international market.

6.4 Conclusions

Antibiotic and antiparasitic residues were detected in 50 samples (26.45%) of

raw and processed animal products, 20 samples (10.58%) had MRL above legal

parameters, 12 for antimicrobials and eight for antiparasitics. Besides the alert for the

general population, our results indicate necessity of more intensive actions of the

international border surveillance agencies, to control the entry of animal products,

reducing sanitary and public health risks.

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Table 1 – Animal products evaluated at the Brazil-Argentina-Uruguay border for the presence of antimicrobials and antiparasitics residues

Animal product Origin

Total Argentina Uruguay

Beef 28* 27 55 Pork 11 11 22 Poultry meat 17 11 28 Meat products Mortadella 5 4 9 Ham 5 6 11 Pate 0 4 4 Salami 3 1 4 Sausage 7 4 11 Dairy products Cheese 9 10 19 Dulce de leche 1 8 9 Cream 1 1 2 Yogurt 3 12 15

Total 90 99 189 *Six samples were confiscated by VIGIAGRO / MAPA

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Table 2 – Veterinary drugs evaluated by LC-MS/MS in animal products on the Brazil-Argentina-Uruguay border

Animal product

Group Analyte

Meat and meat products

ATB1 Nalidixic acid, Oxolinic acid, Azithromycin, Ciprofloxacin, Clindamycin, Chloramphenicol, Chlortetracycline, Danofloxacin, Difloxacin, Doxycycline, Enrofloxacin, Erythromycin, Spiramycin, Florfenicol, Flumequine, Lincomycin, Monensin, Norfloxacin, Oxytetracycline, Sarafloxacin, Sulfaclorpiridazine, Sulfadiazine, Sulfadimethoxine, Sulfadoxine, Sulfamerazine, Sulfamethozine, Sulfamethoxazole, Sulfaquinoxaline, Sulfathiazole, Tetracycline, Tianfenicol, Tilmicosin and Tylosin.

ATP2 Abamectin, Doramectin, Eprinomectin, Ivermectin and Moxidectin

Dairy products

ATB Nalidixic acid, Oxolinic acid, Amoxicillin, Ampicillin, Azithromycin, Bromexin, Cephalexin, Cephalone, Cefapirine, Cefoperazone, Cefquinoma, Ceftiofur, Ciprofloxacin, Clindamycin, Chloramphenicol, Chlortetracycline, Cloxacillin, Danofloxacin, Dicloxacillin, Difloxacin, Doxycycline, Enrofloxacin, Erythromycin, Spiramycin, Florfenicol, Flumequine, Lincomycin, Monensin, Nafcillin, Norfloxacin, Oxacillin, Oxytetracycline, Penicillin G, Penicillin V, Sarafloxacin, Sulphlorpyridazine, Sulphadiazine, Sulfadimethoxine, Sulfadoxine, Sulfadoxine, Sulfamerazine, Sulfamethazine, Sulfamethoxazole, Sulfaquinoxaline, Sulfatiazole, Sulfizoxazole, Tetracycline, Tianfenicol, Tilmicosin, Tylosin and Trimethoprim

ATP Abamectin, Doramectin, Eprinomectin, Ivermectin and Moxidectin

1ATB = Antimicrobials

2ATP = Antiparasitics

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Table 3 – Number and frequency of samples of animal products evaluated for the presence of antimicrobials and antiparasitic residues in the Brazil-Argentina-Uruguay border.

Country Animal Product Antimicrobial (n and %) Antiparasitics (n and %)

n<LOD1 n>LOD2 n>MRL3 n<LOD n>LOD n>MRL

Argentina Beef (n=28) 25 (89.28) 3 (10.71) 0 (0) 13 (46.43) 15 (53.57) 11 (39.29) Pork (n=11) 9 (81.81) 2 (18.18) 2 (18.18) 10 (90.91) 1 (9.09) 1 (9.09) Poultry meat (n=17) 14 (82.35) 3 (17.65) 0 (0) 17 (100.00) 0 (0) 0 (0) Mortadella (n=5) 5 (100.00) 0 (0) 0 (0) 4 (80.00) 1 (20.00) 0 (0) Ham (n=5) 5 (100.00) 0 (0) 0 (0) 5 (100.00) 0 (0) 0 (0) Salami (n=3) 2 (66.66) 1 (33.33) 0 (0) 3 (100.00) 0 (0) 0 (0) Sausage (n=7) 6 (85.71) 1 (14.29) 0 (0) 6 (85.71) 1 (14.29) 0 (0) Cheese (n=9) 5 (55.55) 4 (44.44) 1 (11.11) 9 (100.00) 0 (0) 0 (0) Dulce de leche (n=1) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Cream (n=1) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Yogurt (n=3) 3 (100.00) 0 (0) 0 (0) 3 (100.00) 0 (0) 0 (0) Total (n=90) 75 (83.33) 15 (16.66) 3 (3.33) 72 (80.00) 18 (20.00) 12 (13.33)

Uruguay Beef (n=27) 26 (96.30) 1 (3.7) 0 (0) 23 (85.18) 4 (14.82) 0 (0)

Pork (n=11) 10 (90.91) 1 (9.09) 0 (0) 11 (100.00) 0 (0) 0 (0) Poultry meat (n=11) 10 (90.91) 1 (9.09) 1 (9.09) 11 (100.00) 0 (0) 0 (0) Mortadella (n=4) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) Ham (n=6) 6 (100.00) 0 (0) 0 (0) 6 (100.00) 0 (0) 0 (0) Pate (n=4) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) Salami (n=1) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Sausage (n=4) 2 (50.00) 2 (50.00) 2 (50.00) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) Cheese (n=10) 5 (50.00) 5 (50.00) 2 (20.00) 10 (100.00) 0 (0) 0 (0) Dulce de Leche (n=8) 6 (75.00) 2 (25.00) 0 (0) 8 (100.00) 0 (0) 0 (0) Cream (n=1) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Yogurt (n=12) 11 (91.67) 1 (8.33) 0 (0) 12 (100.00) 0 (0) 0 (0) Total (n=99) 86 (86.86) 13 (13.13) 5 (5.05) 95 (95.95) 4 (4.04) 0 (0)

1n <LOD = Number of samples with values below the limit of detection. 2n> LOD = Number of samples with values higher than the limit of detection. 3n> MRL = Number of samples with values higher than the MRL for at least one of the analytes.

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Table 4 – Samples (n = 20) with values higher than the Maximum Residue Limit (MRL) for the evaluated analytes

Analyte Animal product Country# MRL (µg kg-1 or µg mL-1) Reference* (µg kg-1 or µg mL-1)

Doxiciclin Pork ARG 162.30 100.00(A); 100.00(B) Pork ARG 102.10 Sausage URU 122.50 Sausage URU 118.80

Doxiciclin and Chlortetracycline Cheese URU 130.40/151.40 Sum=100.00(A); 100.00 e 100.00(B) Cheese URU 63.70/42.60

Chloranphenicol Poultry meat URU 0.31 0.30(A)** Monensinn Cheese ARG 2.09 2.00(A) Ivermectin Beef ARG 126.99 10.00(A); 100.00(B)

Beef ARG 57.03 Beef ARG 20.17 Beef ARG 19.08*** Beef ARG 17.43*** Beef ARG 17.16*** Beef ARG 16.67 Beef ARG 12.53 Beef ARG 11.94*** Beef ARG 11.68 Beef ARG 11.12

Ivermectin and Doramectin Pork ARG 13.89/41.01 10.00 e 10.00(A); 100.00 e 40.00(B) * MRL Reference:

APNCRC (Brasil 2014);

BEuropean Union (European Commission 2010).

** Substance of prohibited use. The value corresponds to the Minimum Required Performance Limit (MRPL) for the analysis. The MRPL is the baseline for action. *** Samples confiscated by VIGIAGRO / MAPA. #ARG – Argentina; URU – Uruguay.

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7 Conclusões

A importação ilegal de alimentos é prática comum nas cidades de fronteira

com a Argentina e Uruguai e os principais produtos introduzidos no Brasil são os

derivados do leite, seguido de carnes in natura e processadas. O conhecimento de

riscos associados à introdução de alimentos no Brasil sem fiscalização influenciou

na decisão de importação ilegal de produtos de origem animal.

Salmonella spp. foi isolada de produtos in natura oriundos da Argentina.

Listeria monocytogenes foi isolada em produtos in natura da Argentina e Uruguai.

Em nenhum dos produtos processados foi detectada a presença de Salmonella spp.

e L. monocytogenes, sugerindo que estes podem ser seguros quanto à presença

destes patógenos. No entanto, na pesquisa viral, produtos cárneos in natura e

processados apresentaram-se contaminados com HAV e RV. Não foram detectadas

amostras com E. coli O157:H7 e HEV.

Resíduos de antibióticos (doxiciclina, clortetraciclina, cloranfenicol e

monensina) em valores que extrapolam os LMR foram detectados em produtos in

natura e processados obtidos tanto na Argentina quanto no Uruguai. Resíduos de

antiparasitários (ivermectina e doramectina) foram detectados em amostras da

Argentina.

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155. VASCONCELOS, J.; SOLIMAN, M.C.; STAGGEMEIER, R.; HEINZELMANN, L.; WEIDLICH, L.; CIMIRRO, R.; SILVA, A.D.; ESTEVES, P.A.; SPILKI, F.R. Molecular detection of hepatitis E virus in feces and slurry from swine farms, Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.67, p.777-782, 2015.

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Apêndices

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Apêndice 1 – Questionário de perfil de importação ilegal

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Apêndice 2 – Termo de consentimento livre e esclarecido

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Apêndice 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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Apêndice 4 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (continuação)

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Apêndice 5 – Autorização para importação de produtos de origem animal

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Apêndice 6 – Primers ulilizados para confirmação molecular e pesquisa de genes de virulência de Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli O157:H7 Patógeno Gene Sequência Produto (pb)

Salmonella spp. hilA F 5‟ GCGAGATTGTGAGTAAAAACACC 3‟ 413 hilA R 5‟ CTGCCCGGAGATATAATAATCG 3‟ invA F 5‟ TTGTTACGGCTATTTTGACCA 3‟ 521 invA R 5‟ CTGACTGCTACCTTGCTGATG 3‟ spvC F 5‟ CGGAAATACCATCTACAAATA 3‟ 669 spvC R 5‟ CCCAAACCCATACTTACTCTG 3‟ sefA F 5‟ GCAGCGGTTACTATTGCAGC 3‟ 330 sefA R 5‟ TGTGACAGGGACATTTAGCG 3‟ pefA F 5‟ TTCCATTATTGCACTGGGTG 3‟ 497

pefA R 5‟ AAGCCACTGCGAAAGATGCC 3‟

L. monocytogenes prs F 5‟ GCTGAAGAGATTGCGAAAGAAG 3‟ 370 prs R 5‟ CAAAGAAACCTTGGATTTGCGG 3‟ inlA F 5‟ ACGAGTAACGGGACAAATGC 3‟ 800 inlA R 5‟ CCCGACAGTGGTGCTAGATT 3‟ inlC F 5‟ AATTCCCACAGGACACAACC 3‟ 517 inlC R 5‟ CGGGAATGCAATT 3‟ inlJ F 5‟ TGTAACCCCGCTTACACAGTT 3‟ 238 inlJ R 5‟ AGCGGCTTGGCAGTCTAATA 3‟

E. coli O157:H7 uspA F 5‟ CCGATACGCTGCCAATCAGT 3‟ 884

uspA R 5‟ ACGCAGACCGTAGGCCAGAT 3‟ eae F 5‟ GACCCGGCACAAGCATAAGC 3‟ 384 eae R 5‟ CCACCTGCAGCAACAAGAGG 3‟ rfbO157 F 5‟ GCGCGAATTCTTTTGAAATTGCTGAT 3‟ 239 rfbO157 R 5‟ GCGCGAATTCGTGCCGAGTACATTGG 3‟ fliCH7 F 5‟ GCTGCAACGGTAAGTGAT 3‟ 984 fliCH7 R 5‟ GGAGCAAGCGGGTTGGTT 3‟ hlyA F 5‟ GCATCATCAAGCGTACGTTCC 3‟ 534 hlyA R 5‟ AATGAGCCAAGCTGGTTAAGCT 3‟ stx1 F 5‟ ATAAATCGCCATTCGTTGACTAC 3‟ 180 stx1 R 5‟ AGAACGCCCACTGAGATCATC 3‟ stx2 F 5‟ GGCACTGTCTGAAACTGCTCC 3' 255 stx2 R 5‟ TCGCCAGTTATCTGACATTCT 3‟

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Apêndice 7 – Figura A - Imagem do gel de agarose para o gene hilA (413 pb). Coluna 1: Controle da reação (água); Coluna 2: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 3 a 8: Isolados testados; Coluna 9: Controle positivo (Salmonella Enteritidis ATCC 13076); Coluna 10: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933). Figura B - Imagem do gel de agarose para o gene invA (521 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 2 a 4: Isolados testados; Coluna 5: Controle positivo (Salmonella Typhimurium ATCC 14028); Coluna 6: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933); Coluna 7: Controle da reação (água)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7

A B 100 pb

200 pb

300 pb

400 pb

100 pb

200 pb 300 pb 400 pb 500 pb

413 pb

521 pb

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Apêndice 8 – Figura A - Imagem do gel de agarose para o gene prs (370 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 2 a 12: Isolados testados; Coluna 13: Controle positivo (L. monocytogenes ATCC 7644); Coluna 14: Controle negativo positivo (Salmonella Enteritidis ATCC 13076); Coluna 15: Controle da reação (água). Figura B - Imagem do gel de agarose para os gene inlA (800 pb) , inlC (517 pb) e inlJ (238 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100 pb); Colunas 2 a 6: Isolados testados; Coluna 7: Controle positivo (L. monocytogenes ATCC 7644); Coluna 8: Controle negativo (Salmonella Enteritidis ATCC 13076); Coluna 9: Controle da reação (água)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9

A B

100 pb

200 pb 300 pb 400 pb

800 pb

517 pb

238 pb

370 pb

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Apêndice 9 – Figura A - Imagem do gel de agarose para o gene uspA (884 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Coluna 2: Isolado testado; Coluna 3: Controle positivo (E. coli O157:H7 EDL 933); Coluna 4: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933). Coluna 5: Controle da reação (água). Figura B - Imagem do gel de agarose para o gene eae (384 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 2 a 9: Isolados testados; Coluna 10: Controle positivo (E. coli O157:H7 EDL 933); Coluna 11: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933); Coluna 12: Controle da reação (água)

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

A B

884 pb

384 pb