75
i UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES Dissertação Estratégias de geração de valor no negócio de semente de soja no sudeste de Mato Grosso Márcio Eduardo Forti Ribeiro de Andrade Engenheiro Agrônomo Pelotas, 2011

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

Dissertação

Estratégias de geração de valor no negócio de semente de soja no sudeste de Mato Grosso

Márcio Eduardo Forti Ribeiro de Andrade Engenheiro Agrônomo

Pelotas, 2011

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ii

MÁRCIO EDUARDO FORTI RIBEIRO DE ANDRADE

ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE VALOR NO NEGÓCIO DE SEMENTE DE SOJA NO SUDESTE DE MATO GROSSO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

de Sementes da Universidade Federal de

Pelotas, sob orientação do Professor Dr.

Volnei Krause Kohls, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre

em Ciências.

Pelotas, 2011

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iii

Dados de catalogação na fonte:

( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 )

A553e Andrade, Márcio Eduardo Forti Ribeiro de

Estratégias de geração de valor no negócio de semente

de soja no sudeste de Mato Grosso / Márcio Eduardo Forti

Ribeiro de Andrade ; orientador Volnei Krause Kohls; co-

orientador Mário Duarte Canever. - Pelotas,2011.77f. ; il..-

Dissertação ( Mestrado). –Programa de Pós-Graduação em

Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia

Eliseu Maciel . Universidade Federal de Pelotas. Pelotas,

2011.

1. Semente de soja 2.Estratégia 3.Valor

4.Relacionamento 5.Marketing I.Kohls, Volnei

Krause(orientador) II .Título.

CDD 633.34

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iv

Banca examinadora:

______________________________________

Prof. Volnei Krause Kohls, Dr.

______________________________________

Prof. Silmar Teichert Peske, Dr.

______________________________________

Prof. Orlando Antônio Lucca Filho, Dr.

______________________________________

Prof. Mário Duarte Canever, Dr.

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v

À minha família: filha Sofia (razão do meu

viver), Mãe Maria Tereza, Pai Márcio, esposa

Rebeca, Irmã Dalila, afilhada Ana Carolina,

meus Avós e Avôs já falecidos Lourdes

Taramelli, Lucília Ribeiro, Olímpio Forti e José

Gabriel de Andrade; e aos patriarcas da família

Sr. José Ferreira de Andrade (“Seu Zezé

Moreira”) e Sr. Pio M. M. Taramelli que um dia

ainda nos encontraremos; sem sombra de

dúvida as pessoas mais importantes na minha

vida.

A Deus, entidade máxima na vida das

pessoas.

Ao orientador, Prof. Dr. Volnei Krause Kohls

pela paciência, boa vontade e companheirismo

no decorrer de toda a dissertação.

Ao Tênis de Mesa, um dos grandes

responsáveis pela minha formação pessoal.

OFEREÇO E DEDICO.

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vi

Agradeço a Deus, primeiramente por me dar força e saúde para as batalhas

da vida.

A toda minha família novamente, em especial a minha filha Sofia e esposa

Rebeca e aos meus pais, Márcio Andrade e Maria Tereza, que sempre estiveram me

apoiando nesta empreitada.

Ao orientador e co-orientador Prof. Dr. Volnei Krause Kohls e Prof. Dr.

Mário Duarte Canever, por terem aceitado esta orientação tão importante para

minha vida.

A toda equipe de professores da Universidade Federal de

Pelotas/FAEM, em especial aos professores que ministraram aulas no mestrado em

Rondonópolis: Prof. Dr. Silmar Teichert Peske, Prof. Dr. Paulo Rigatto, Prof. Dr.

Paulo Dejalma Zimmer, Prof. Dr. Orlando Antônio Lucca Filho, Prof. Dr. Francisco

Amaral Villela, Prof. Dr. Ledemar Carlos Vahl, Prof. Dr. Luiz Osmar Braga Schuch,

Prof. Dr. Geri Eduardo Meneghello, Prof. Dr. Leopoldo Mário Baudet Labbé, Prof. Dr.

Antônio Carlos Souza Albuquerque Barros.

A Tropical Melhoramento & Genética – TMG por sempre ter acreditado no

meu trabalho, em especial aos colegas Sérgio Suzuki, Osmair Mendonça, Thiago

Linhares, Marco Aurélio Peres e Dario Minoru Hiromoto, idealizador da Fundação

MT, TMG e Superintendente da Fundação MT (“In memoriam”).

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vii

“Minha motivação é a busca de me

aperfeiçoar sempre, de aprender sempre”.

(Ayrton Senna)

“Destruam as cidades e conservem os

campos, e as cidades ressurgirão.

Destruam os campos e conservem as

cidades, e estas sucumbirão”.

(Abraham Lincoln)

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viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pressões sobre o marketing ....................................................................... 5

Figura 2 – Demanda por alimentos ........................................................................... 10

Figura 3 – Disponibilidade de área e água no mundo ............................................... 11

Figura 4 – Modal de transportes Brasil x EUA........................................................... 12

Figura 5 – Evolução comparativa da lucratividade .................................................... 13

Figura 6 – Taxa de utilização semente certificada/produtividade .............................. 13

Figura 7 – Evolução produtividade da soja ............................................................... 14

Figura 8 - Evolução tecnologia RR (Roundup Read) no estado do Mato Grosso ..... 15

Figura 9 – Macrorregiões agro-econômicas do estado de MT .................................. 16

Figura 10 – Evolução dos ciclos das cultivares de soja no estado de Mato Grosso . 17

Figura 11 – Fontes de criação de valor ..................................................................... 19

Figura 12 – As três perspectivas de valor para o cliente ........................................... 25

Figura 13 – Seis dimensões benéficas de relacionamento ....................................... 26

Figura 14 – Modelo conceitual (framework) para análise das estratégias de geração

de valor da empresa estudada. ................................................................................. 32

Figura 15 – Mapa regiões sojicultoras estado Mato Grosso/destaque região sudeste

.................................................................................................................................. 34

Figura 16 – Relação das ações estratégicas versus dimensões competitivas .......... 37

Figura 17 – Croqui da Unidade Demonstrativa ......................................................... 38

Figura 18 – Foto da Unidade Demonstrativa ............................................................. 38

Figura 19 – Foto da Unidade de observação ............................................................ 40

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ix

Figura 20 – Colheita do projeto máxima produtividade realizada na fazenda São

Roque ........................................................................................................................ 41

Figura 21 – Foto de um treinamento realizado em uma revenda da região Sudeste 43

Figura 22 – Foto de uma Roda de Mate da região Sudeste ...................................... 44

Figura 23 – Foto de um dia de campo na região Sudeste ......................................... 45

Figura 24 – Ações que contribuíram de forma efetiva para o aumento de participação

de mercado ............................................................................................................... 46

Figura 25 – Participação de mercado das cultivares em lançamento na região

Sudeste ..................................................................................................................... 47

Figura 26 – Resultados do projeto Máxima Produtividade safras 2008/09 e 2009/10

região Sudeste .......................................................................................................... 51

Figura 27 – Colheita Máxima Produtividade safra 2008/09 – Santo A. Leste/MT ..... 52

Figura 28 – Levantamento volume semente comercializada via revenda na região

Sudeste e respectivos obtentores ............................................................................. 53

Figura 29 – Percentual da participação da TMG nos distribuidores da região sudeste

do Mato Grosso ......................................................................................................... 54

Figura 30 – Evolução da participação de mercado das empresas obtentoras na

região sudeste de Mato Grosso ................................................................................ 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Balança comercial em U$ bilhões ............................................................. 9

Tabela 2 – Municípios região Sudeste Mato Grosso ................................................. 34

Tabela 3 – Percentual de participação dos materiais TMG junto aos produtores .... 49

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xi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ viii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 1

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................. 2

1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 4

1.3.1 Objetivo Principal ............................................................................................... 4

1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 4

2 O AGRONEGÓCIO E TENDÊNCIAS ...................................................................... 5

2.1 AMBIENTE COMPETITIVO GERAL ..................................................................... 5

2.2 AMBIENTE COMPETITIVO DO AGRONEGÓCIO ................................................ 8

2.3 AMBIENTE COMPETITIVO DE SEMENTES DE SOJA (BRASIL E MATO

GROSSO) ................................................................................................................. 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18

3.1 SÍNTESE DO REFERENCIAL UTILIZADO NA ELABORAÇÃO DO MODELO

CONCEITUAL ........................................................................................................... 30

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 32

4.1 PROPOSTA DO MODELO CONCEITUAL (FRAMEWORK) ............................... 32

4.2 ÁREA DE ATUAÇÃO .......................................................................................... 33

4.3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................ 35

4.4 ESTRATÉGIAS E AÇÕES DE MARKETING ...................................................... 36

4.4.1 Unidades Demonstrativas ................................................................................ 37

4.4.2 Unidades de Observação ................................................................................. 39

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4.4.3 Projeto Máxima Produtividade .......................................................................... 40

4.4.4 Levantamento de Áreas Comerciais ................................................................ 41

4.4.5 Análise Estratégica dos Distribuidores ............................................................. 42

4.4.6 Rodas de Mate ................................................................................................. 43

4.4.7 Dias de Campo ................................................................................................. 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 46

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 56

7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 57

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RESUMO ANDRADE, Márcio Eduardo Forti Ribeiro de. Estratégias de geração de valor no negócio de semente de soja no sudeste de Mato Grosso. 2011. 77f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

O relacionamento com clientes aliado a uma estratégia clara e bem definida constitui-se hoje no mercado de sementes de soja fatores críticos de sucesso para uma empresa obtentora. Derivado disso o presente trabalho teve por objetivo principal o de avaliar se as ações adotadas pela empresa TMG constituem eficientes instrumentos para a melhoria da competitividade da mesma e de analisar os resultados da estratégia de recuperação de participação de mercado, sob a ótica de geração de valor em uma perspectiva relacional entre a empresa e os seus clientes. Para isso utilizou-se a metodologia de estudo de caso exploratório alicerçado nas teorias de geração de valor e estratégias de marketing com dados obtidos através de quatro safras consecutivas. As estratégias de marketing utilizadas foram as unidades demonstrativas, unidades de observação, projeto máxima produtividade, levantamento de áreas comerciais, análise estratégica dos distribuidores, rodas de mate e dias de campo. Os resultados obtidos foram o aumento da participação de mercado em três cultivares em lançamento do total de quatro durante três safras, aumento da participação de mercado em um grupo de clientes/produtores em 70% em um período de duas safras e o aumento da participação de mercado nos distribuidores da região sudeste em 47% entre a safra 2007/08 e 2011/12. Como resultado final tem-se um aumento na participação no mercado de sementes da região sudeste de 34% no período da safra 2007/08 à safra 2011/12. Conclui-se que as estratégias de marketing relacional adotadas durante as quatro safras ajudaram efetivamente a empresa a gerar valor resultando no aumento de participação no mercado de sementes da região sudeste do estado do Mato Grosso.

Palavras chave: Estratégia, valor, relacionamento, marketing.

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ABSTRACT ANDRADE, Márcio Eduardo Forti Ribeiro de. Strategies of value generation in the soybean seed business in the Southeasth region of Mato Grosso. 2011. 77f. Dissertation (Mastership) - Graduate Program in Science and Seed Technology. Agronomy Faculty Eliseu Maciel. Federal University of Pelotas, Pelotas. The relationship with clients allied to a clear and well defined strategy constitutes in the soybean market critical success factors for a breeder company. Thus, the present study has, as the main objective to assess if the actions adopted by TMG company do represent efficient instruments to the improvement of its competitiveness, and to analyze the results of such strategy to recover market share, from the aspect of value creation and a relational perspective among the company and its clients. In order to reach that, it was used the methodology of exploratory case study, based on theories of value generation and marketing strategies with data obtained through four consecutive crops. Demonstrative units, observation units, maximum productive project, commercial area collection, strategic analysis of distributors, informal meetings and field days were the marketing strategies used. The results obtained were the increase of marketing share in three cultivars from the total of four, during three crops, the increase of marketing share of 70% in a group of client / productors in a period of two crops and the increase in the marketing share of distributors of Southeast region of 47% between the crops 2007/08 and 2011/12. As a final result there is an increase in the seed marketing share of the Southeast Region of 34% from the 2007/08 crop to 2011/12 crop. It can be concluded that the relational marketing strategies during four crops effectively helped the studied company to generate value, resulting in the increase of seed marketing share of the Southeast Region of Mato Grosso.

Key-words: Strategy, value, relationship, marketing.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O Agronegócio brasileiro é um setor importante tanto do ponto de vista

econômico, quanto do ponto de vista estratégico. Economicamente hoje o

Agronegócio representa cerca de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, 37%

dos empregos gerados no país e 42% das exportações brasileiras, segundo dados

do CEPEA/ESALQ-USP (2009). Também representa cerca de 50% dos gastos ou

do consumo das famílias brasileiras e a utilização de mais de 50% da frota nacional

de caminhões. Estrategicamente a importância torna-se ainda maior, pois segundo

dados apontados no fórum da FAO-ONU realizado em outubro de 2009 em Roma, o

mundo terá que alimentar cerca de 9,2 bilhões de pessoas em 2050, ou

possivelmente mais, e os países em desenvolvimento terão que ter investimentos

líquidos na ordem de 83 bilhões de dólares/ano para que isso ocorra de fato. Deste

valor, 50% deverão ser exclusivamente na agricultura, especialmente no contexto

dos países que são denominados hoje de BRIC, que são Brasil, Rússia, Índia e

China. Além desses desafios, se tem hoje aproximadamente 2 bilhões de pessoas

sofrendo graves carências de ferro, iodo, vitamina A, e de outras vitaminas ou

minerais. Mais de 1 bilhão de pessoas não tem acesso à água potável e cerca de

840 milhões são vítimas de desnutrição, o que significa que elas nem sempre

dispõem de ração alimentar suficiente para cobrir suas necessidades energéticas

básicas, em outras palavras, que elas têm fome quase todos os dias (MAZOYER &

ROUDART, 2010).

Ainda segundo o Banco Mundial (2006), o mundo, em 2005, tinha um PIB

(Produto Interno Bruto) total de U$ 44,4 trilhões correntes (nominal), e o agronegócio

representava 22%, sendo classificado como o maior negócio do mundo, superando

o petróleo, as telecomunicações e a energia. Projeções de crescimento do setor

para os próximos 20 anos, segundo a Harvard Business School, indicam ampliação

anual de 1,5% (MENDES & PADILHA JUNIOR, 2007).

Diante deste cenário o Brasil sendo um dos grandes players no Agronegócio

mundial, desponta como o principal fornecedor de alimento, energia e água para os

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próximos 40 anos, pois o país possui a maior área agricultável disponível e reservas

de água potável (FAO, 2007).

Dentro do contexto do agronegócio, uma das cadeias produtivas mais

importantes no Brasil é a da Soja. Segundo Kiihl e Calvo (2006), de 1882 até hoje, a

cultura da soja teve que ser reinventada. Inicialmente foi da Bahia para o Rio Grande

do Sul onde se iniciou como uma espécie forrageira. Transformou-se numa

oleaginosa e é hoje valorizada, sobretudo pelo teor e qualidade proteica do seu

farelo, além do óleo produzido. Do total de vendas de agroquímicos no país,

aproximadamente 60% são feitas para esta atividade. Atualmente o Brasil ocupa o

segundo lugar na produção mundial de soja e as previsões de crescimento sugerem

que ocupará a primeira posição até 2015. Nesses últimos 30 anos, a cultura

alavancou a agricultura de vários estados do Brasil, principalmente do Mato Grosso.

Outros dois grandes avanços foram no melhoramento genético. O primeiro seria a

adaptação da soja em baixas latitudes, por meio da introdução de genes para o

“período juvenil longo” do germoplasma brasileiro; já o segundo foi o incremento da

resistência às doenças mais expressivas na cultura como pústula, cancro da haste,

nematóide de cisto e galha, ferrugem entre outras.

Já o mercado de sementes no Brasil é bastante promissor. Segundo Peske

(2011), se somarmos o valor do mercado de sementes das culturas de soja, milho,

trigo, arroz, forrageiras e hortaliças geraram um valor na casa de R$ 5 bilhões, na

safra 2009/2010, incluindo os recentes percentuais das taxas de utilização de

sementes certificadas (TUS).

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O mercado agrícola de uma forma geral é muito competitivo tanto em nível

nacional quanto no estado do Mato Grosso. Dentro deste cenário, destaca-se o

mercado de sementes de soja, que a cada ano se torna mais agressivo e que cada

vez mais atrai empresas nacionais e multinacionais de médio e grande porte.

Atualmente as empresas estão ávidas por desenvolvimento de estratégias

de geração de valor ou valor relacional que se refere ao valor criado nas atividades

inter-relacionadas do fornecedor e comprador, em outras palavras, o valor é gerado

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3

na relação (ANDERSON; WEITZ, 1992; REUTER, 1986). Essa perspectiva enfatiza

que o valor criado é mútuo e pressupõe compartilhamento tanto de recursos quanto

de benefícios (FORSSTRÖM, 2005).

Há alguns anos, mais precisamente em 2001 a empresa Unisoja que

atualmente é a mantenedora da Fundação Mato Grosso e da Tropical Melhoramento

e Genética (TMG) criou um departamento de desenvolvimento de mercado e

marketing com o objetivo de fazer uma modalidade diferente de negócio. Este

modelo seria de ter uma única marca para comercializar a semente produzida por

todos os sementeiros do grupo ligados a Fundação MT. A idéia inicial teve boa

receptividade, mas por diversos motivos e diferentes interesses não foi possível a

continuidade do projeto naquele momento. Até 2005, o grupo da Unisoja tinha 60%

da participação de mercado de sementes de soja no estado do MT. No entanto, esta

participação caiu para 28% na safra 2006/2007 em função da extinção deste

estratégico setor de desenvolvimento de mercado, que é fundamental no negócio de

semente de soja e também pelo fim da parceria com a Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em meados do ano 2000.

Assim, em 2007, com o intuito de recuperar a participação de mercado,

liderados pela Fundação MT e pela TMG com o apoio dos sementeiros parceiros e

proprietários do grupo da Unisoja, resolveram reativar o setor de desenvolvimento

de mercado, buscando recuperar a fatia perdida durante aquele período. Em cima

deste cenário, desafiador e promissor no mercado de sementes de soja, o setor de

desenvolvimento de mercado da TMG elaborou um planejamento estratégico de

médio prazo com o objetivo principal de estabelecer estratégias de marketing de

geração de valor que significa o valor gerado na relação do fornecedor e comprador

visando o aumento da participação no mercado de sementes no Mato Grosso.

A importância da presente pesquisa se deve ao fato de haverem poucas

pesquisas na literatura relacionadas à estratégia de geração de valor no

agronegócio, utilizando ferramentas de marketing, numa perspectiva relacional.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Principal

O objetivo principal deste trabalho é de avaliar se as estratégias de geração

de valor adotadas pela empresa TMG são eficientes instrumentos para a melhoria

da competitividade, ou seja, analisar se a relação empresa/cliente baseada em uma

estratégia bem planejada constitui-se em fator determinante para o aumento na

participação de mercado na região sudeste do estado do Mato Grosso.

1.3.2 Objetivos Específicos

Identificar quais ações estratégicas são mais eficazes para geração de

valor;

Identificar problemas em cada uma das ações estratégicas adotadas pela

empresa.

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2 O AGRONEGÓCIO E TENDÊNCIAS

2.1 AMBIENTE COMPETITIVO GERAL

O ritmo da mudança econômica está se acelerando. Durante a Revolução

Industrial, a produtividade por pessoa levou 60 anos para ser duplicada. China e

Coréia do Sul conseguiram o mesmo feito em 10 anos. Há uma explosão nas

inovações, gerando-se a cada ano tanto conhecimento novo, por meio de pesquisa e

desenvolvimento, quanto a soma total de todo o conhecimento humano registrado

até os anos 60 (HOOLEY, SAUNDERS e PIERCY, 2005).

Novas estruturas organizacionais estão surgindo porque as empresas

precisam ficar mais competitivas. As empresas se reorganizaram, reduziram custos

fixos, diminuíram o número de níveis hierárquicos, uniram-se, criaram alianças e

parcerias na tentativa de conseguir vantagens de mercado. Pode-se ver no mercado

privado das empresas de semente de soja, como algumas empresas foram

vendidas, outras fizeram parcerias com o intuito de obter determinados tipos de

genes com diversos objetivos alvos, etc.

As atitudes das empresas estão se tornando cada vez mais visíveis,

especialmente em relação a seus efeitos sobre o meio ambiente. Os clientes estão

mais exigentes, tanto econômica quanto ambientalmente.

Segundo Hooley, Saunders e Piercy (2005), várias tendências que podem

ser observadas nos mercados contemporâneos provavelmente continuarão no

futuro, conforme figura 1.

Figura 1 – Pressões sobre o marketing

Fonte: Hooley, Saunders e Piercy (2005).

Clientes cada vez mais exigentes

Ambiente de negócios incerto

Mudanças organizacionais Aumento na concorrência

Empresa

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6

Primeiro, os clientes estão se tornando cada vez mais exigentes com relação

aos produtos e serviços que eles compram. Os clientes exigem e esperam produtos

confiáveis e duráveis com um serviço rápido e eficiente a preços razoáveis. Eles

também esperam que os produtos e serviços que compram satisfaçam às suas

necessidades. Clientes diferentes têm desejos e necessidades diferentes e,

consequentemente as empresas têm a oportunidade de selecionar os segmentos

em que suas ofertas estão mais alinhadas com aquelas necessidades, e nos quais

possam focar suas atividades para criar uma vantagem competitiva. E, o mais

importante, há pouca previsão de estabilidade no longo prazo quanto às exigências

dos clientes. Boas posições no mercado podem ser obtidas pela oferta de um valor

superior para o cliente, mas, mesmo assim, as evidências indicam que, sem uma

melhoria constante, haverá uma “migração de valor” – os compradores migrarão

para outra oferta de valor (SLYWOTZKY, 1996).

Uma segunda tendência com relação aos mercados, é que os clientes estão

menos propensos a pagar um preço substancialmente maior por produtos ou

serviços que não ofereçam a comprovação de seu valor superior. Embora seja

inegável que marcas bem desenvolvidas e administradas possam conseguir preços

mais altos do que produtos sem marca em muitos mercados - os diferenciais obtidos

agora são menores do que antes, e os clientes estão questionando cada vez mais o

valor adicional que eles recebem pela despesa adicional. Podemos dar dois

exemplos até certo ponto recentes no agronegócio da soja em Mato Grosso: o

primeiro é na semente de soja. Até pouco tempo atrás, os materiais de uma

empresa consolidada nesse ambiente de negócio eram considerados os melhores e

mais caros no mercado, os produtores pagavam e não se discutia o assunto.

Recentemente, entretanto, suas performances foram inferiores na região sudeste

(que é a do estudo em questão) em relação a seu principal concorrente na região.

Os mesmos agricultores começaram a questionar o “por que” da semente da

primeira empresa ser mais cara que a outra e produzir menos. Ocorreu exatamente

aquilo que comentamos no início do parágrafo, ou seja, os clientes estão mais

cautelosos e estão questionando seus fornecedores. O outro exemplo é com relação

aos insumos químicos. A atual líder de mercado tem praticamente os preços mais

caros no mercado. Aí vem a pergunta: como pode isso? Pois bem, sua estratégia é

bem clara: “programas de relacionamento de geração de valor percebidos ao longo

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de vários anos”. Significa dizer que dentro do segmento de defensivos agrícolas que

é extremamente concorrido há possibilidade de ganhos acima dos praticados pela

concorrência. Esta estratégia clara quer dizer intimidade com os clientes, ou seja,

conhecer suas reais necessidades e trazer de maneira rápida respostas para

superar suas expectativas. Ou seja, uma combinação de melhores produtos,

melhores serviços através da equipe de campo e distribuidores e estratégias

adequadas e objetivas.

Uma terceira tendência está no nível e na natureza da concorrência. A

concorrência está se tornando cada vez mais intensa e global. Com o comércio

internacional se tornando mais aberto, as empresas deparam com uma concorrência

internacional mais forte dentro do mercado doméstico e com maiores oportunidades

no exterior. O tempo e as distâncias estão rapidamente ficando cada vez menores,

com a comunicação se tornando quase instantânea. As empresas estão pensando

de forma cada vez mais globalizada em suas estratégias, especialmente com o

surgimento de mercados transnacionais de produtos e serviços que vão de fast-food

a brinquedos, computadores e automóveis. O uso cada vez mais amplo da internet

para promover e comercializar produtos e serviços agora significa que as

comunicações não têm mais fronteiras nacionais. O “mundo sem fronteiras”, de

Ohmae (OHMAE, 1990) existe, ao menos no ciberespaço.

Os mercados não estão apenas se tornando mais competitivos, com mais

participantes ingressando neles, mas as empresas que conseguem sobreviver e

prosperar nessas condições mais competitivas são, por sua própria natureza,

concorrentes mais fortes. Estas por sua vez estão por toda a parte, num mercado

global, marcas globais, empresas globais, especializadas ou não em atender a

nichos de mercado, tornam-se uma constante, os recursos financeiros estão cada

vez mais concentrados entre poucos e poderosos grupos e as fusões entre

empresas são frequentes (PINHEIRO, GULLO 2009). Empresas fracas estão sendo

empurradas para fora dos mercados nos quais elas não tem um posicionamento

claro e as competências necessárias. A implicação de uma concorrência mais forte,

mais agressiva, tanto doméstica quanto internacional, é que as empresas terão que

examinarem ainda mais de perto qual será a abrangência de suas operações e seus

focos no futuro.

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8

Com isso, os executivos ainda precisam confrontar-se com o paradoxo

central de tudo isso. Ao mesmo tempo em que os mercados se tornam mais severos

em suas avaliações e no nível de competitividade enfrentado, as empresas estão

sob pressão cada vez maior para colaborar e criar parcerias com outras empresas. A

colaboração acontece cada vez mais com fornecedores, clientes e até concorrentes.

A clareza do passado quanto à forma de agir se foi, e os executivos precisam lidar

com novos papéis que são muito ambíguos.

2.2 AMBIENTE COMPETITIVO DO AGRONEGÓCIO

O termo agribusiness (traduzido para agronegócio no Brasil) foi cunhado por

dois economistas norte-americanos, John H. Davis e Ray A. Goldberg, em um

congresso sobre distribuição de alimentos, ocorridos no ano de 1957, que o

definiram como a contribuição à atividade econômica requerida para que alimentos,

vestuário, calçados e fumo cheguem aos consumidores domésticos e também para

apoiar as exportações agrícolas (MENDES E JÚNIOR 2007).

Ainda segundo os autores, no conceito de agronegócio, que marcou

definitivamente a forma moderna de pensar a agricultura, estão contempladas as

três partes do sistema: o setor de suprimentos agropecuários, o setor de produção

agropecuária propriamente dita e o setor de processamento e manufatura. Esses

três setores são partes inter-relacionadas de um sistema no qual uma parte depende

fundamentalmente da outra.

Dessa forma, o conceito de agronegócio engloba os fornecedores de bens e

serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os

transformadores e distribuidores e todos os envolvidos na geração e no fluxo dos

produtos de origem agrícola até chegarem ao consumidor final. Participam também

desse complexo os agentes que afetam e coordenam os fluxos dos produtos, como

o governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços.

Segundo Sette (1998) considerando-se a cadeia do agronegócio, a análise

do ambiente geral deve abordar os aspectos políticos, econômicos, sociais e

tecnológicos do setor. No ambiente operacional deve-se levar em conta todas as

organizações que fazem parte do setor agroindustrial, no que diz respeito à sua

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estrutura de fornecedores, produtores e distribuidores atacadistas e varejistas e os

consumidores atuais e potenciais. Para a compreensão do mercado e suas

tendências deve ser analisado o comportamento dos consumidores. Sendo o setor

do agronegócio um dos mais tradicionais e antigos, muitas mudanças e adequações

estão por acontecer, gerando várias oportunidades para as empresas e

organizações que querem fazer parte desse mercado no futuro.

Foi visto que o agronegócio é o maior negócio do mundo segundo o Banco

Mundial (2006). Então para compreender melhor a importância do agronegócio

brasileiro segue abaixo alguns números com relação aos valores da balança

comercial do agronegócio e o respectivo PIB em relação ao PIB brasileiro.

Tabela 1 – Balança comercial em U$ bilhões

Ano Brasil Agronegócio

exportação importação

saldo

%

saldo

U$ exportação importação

saldo

%

saldo

U$

2004 96,4 62,8 +54,0 33,6 39,0 4,9 +700,0 34,1

2005 118,3 73,5 +61,0 44,8 43,6 5,2 +740,0 38,4

2006 137,5 91,4 +50,0 46,1 49,4 6,7 +640,0 42,7

2007 160,6 120,6 +33,0 40,0 58,4 8,7 +570,0 49,7

2008 197,9 173,0 +14,0 24,9 71,8 11,8 +508,0 60,0

2009 152,9 127,7 +20,0 25,2 64,7 9,8 +560,0 54,9

2010 201,9 181,6 +11,0 20,3 74,5 13,0 +469,0 61,5

Total 243 234,9 4.187 341,3 Fonte: Secex e informativo Abag (2010).

Na tabela 1 pode-se ver claramente a superioridade do agronegócio em

relação aos outros setores no que tange o saldo da balança comercial brasileira, ou

seja, a diferença da exportação versus a importação. No acumulado de seis anos o

saldo do agronegócio em relação aos outros setores foi de US$ 65,2 bilhões ou 30%

(trinta por cento), uma diferença bem significativa.

Reforçando essa importância Tejon e Xavier (2009) afirmam que no

agronegócio, o grau de profundidade e eficácia de um planejamento de negócios

está diretamente relacionado à qualidade e abrangência da análise mercadológica

prévia que se faz da cadeia produtiva na qual está inserido o produto ou serviço para

o qual se quer planejar. Não importa em que ponto da cadeia esteja atuando; é

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dessa visão ampla, completa e detalhada que vem todo o planejamento. Portanto,

no agronegócio, o planejamento precisa partir de uma análise sistêmica da cadeia

produtiva e de seus vários ambientes competitivos.

Hoje o Mato Grosso desponta no cenário brasileiro e mundial como um dos

maiores produtores de alimentos; isso significa maior produtor brasileiro de soja,

algodão, boi, e milho segunda safra. Num futuro muito próximo essas evidências do

aumento de produção de commodities no MT e a demanda de alimentos no mundo

serão muito mais acentuadas, como podemos ver na figura 2 segundo dados do

Nobel da Paz Dr. Norman Borlaug (2007), elaborado pelo Centro de Agronegócio da

Fundação Getúlio Vargas (GV Agro).

Figura 2 – Demanda por alimentos

Fonte: Borlaug, N. (2007).

Como podemos ver na figura 2 a demanda por alimentos em 2025

aumentará em 62%, o que significa maiores produções de várias culturas, aumentos

de produtividade, melhorias tecnológicas, investimentos em todos os setores do

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11

agronegócio, além de conciliar todo esse crescimento com a manutenção dos

recursos naturais existentes no mundo.

Em contrapartida, com essa necessidade crescente de aumento da

produção mundial, vemos na figura 3 uma restrição com relação a disponibilidade de

terra e água para o cultivo de alimentos em nível mundial. O Brasil é um dos poucos

países no mundo que dispõe de terras agricultáveis e água em quantidade e

qualidade que serão decisivos num futuro muito próximo.

Figura 3 – Disponibilidade de área e água no mundo

Fonte: FAO, UNESCO (elaboração: ICONE) (2007).

Apesar deste cenário muito favorável, o setor tem também muitos obstáculos

pela frente e grandes desafios a enfrentar com relação a infra-estrutura e logística,

legislação de sementes, endividamento, gestão da produção, gestão de mercado,

etc.

No caso específico de logística podemos ver na figura 4 como estamos

perdendo competitividade, sobretudo na cultura da soja e no estado de Mato

Grosso.

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12

Figura 4 – Modal de transportes Brasil x EUA

Fonte: Aprosoja MT e Abiove.

Pode-se observar que o principal modal de transportes no Brasil é a rodovia

que representa 60%, ou seja, custos maiores, precariedade das mesmas, acidentes,

etc.; já nos EUA é o inverso, o modal menos custoso que é a hidrovia e que polui

menos é o mais utilizado para o escoamento de seus produtos, cerca de 60%; no

Mato Grosso não é diferente, os números são próximos ou até piores que os do

Brasil.

2.3 AMBIENTE COMPETITIVO DE SEMENTES DE SOJA (BRASIL E MATO

GROSSO)

O mercado de sementes de soja no Brasil atualmente movimenta cerca de

R$1,5 (Hum bilhão e meio de reais) divididos entre treze empresas obtentoras. A

taxa de utilização de sementes (TUS) certificadas em nível nacional é de cerca de

60% (PESKE, 2011) e no estado do Mato Grosso é de 85% (ABRASEM, 2010).

Decorrente deste contexto o mercado de sementes de soja no Mato Grosso

hoje constitui um dos negócios mais prósperos e rentáveis do agronegócio da soja

no estado. São cerca de 6.415.000 ha (Seis milhões e quatrocentos e quinze mil

hectares) plantados na safra 2010/2011, com um potencial de cerca de 6,8 milhões

de sacas de sementes de 40 kg, já descontadas os 15% de semente salva. Mesmo

com estes 15% o Mato Grosso é hoje o estado que possui a melhor taxa de

utilização de sementes certificada conforme vemos na figura 6.

Para complementar essa informação pode-se ver na figura 5 que o negócio

de semente em nível mundial cresceu cerca de 30% de 1996 até o ano de 2008, já

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as sementes oriundas do uso de técnicas biotecnológicas tiveram um crescimento

de 100%, ou seja, dobrou de tamanho de 2003 até o ano de 2008.

Figura 5 – Evolução comparativa da lucratividade

Fonte: Monsanto Co. (2009).

Segundo projeções recentes feitas pelo Instituto Mato-Grossense de

Economia Agropecuária (IMEA), em 2020 a área de soja no Mato Grosso será de

cerca de 8.000.000 ha (Oito milhões de hectares), com uma produção de 30 milhões

de toneladas, o que daria uma produtividade de 58 sacas por hectare, 8 sacas a

mais da produtividade atual. Com isso teríamos um mercado potencial de 10 milhões

de sacas de sementes ou R$1 bilhão e 300 milhões de reais, podendo ter algumas

variações conforme mudanças ou introduções de novas tecnologias.

Figura 6 – Taxa de utilização semente certificada/produtividade

Fonte: Abrasem (2010).

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14

Para realmente obterem-se estes ganhos, serão necessários investimentos

significativos em P&D. Fazendo uma análise das duas décadas anteriores (CALVO,

E. TMG, 2009) ver-se-á que o aumento constante de produtividade principalmente

na cultura da soja se deu através do melhoramento genético. De 1986 até 2006 este

aumento foi de cerca de 50 kg/ha/ano sendo 50% devido ao melhoramento genético,

ou seja, 26 kg/ha/ano, como pode se observar na figura 7.

Figura 7 – Evolução produtividade da soja

Fonte: CALVO, E. TMG (2009).

Com relação à biotecnologia o estado também cresceu nestes últimos anos,

especialmente as cultivares resistentes ao herbicida glifosato, também conhecida

como soja RR (Roundup Read, tecnologia da Monsanto). Na safra 2007/2008 eram

cultivadas 28% da área com soja RR; já na safra 2010/2011 tem-se uma projeção de

cerca de 70% da área de soja com tecnologia RR. Este expressivo aumento também

se deve a alguns fatores como: mais facilidade no manejo das plantas infestantes,

menor custo de produção, ganhos ambientais tanto na economia de ingredientes

ativos que não são jogados na natureza como a diminuição da entrada de máquinas

no campo, o que resulta em menos consumo de óleo diesel e menor compactação

de solo, etc.

Na figura 8 segue a evolução da tecnologia RR no estado do Mato Grosso.

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15

Figura 8 - Evolução tecnologia RR (Roundup Read) no estado do Mato Grosso

Fonte: Desenvolvimento de Mercado (DM) TMG, Kleffmann e Monsanto (2010).

Atualmente o estado possui cerca de 35 sementeiros de soja associados na

Associação de Produtores de Sementes do estado de Mato Grosso (Aprosmat)

sendo a maioria instalado nos municípios de Primavera do Leste, Campo Verde, Alto

Garças e Alto Araguaia.

Mato Grosso é um estado de dimensões continentais. Possui 906.806 km²

que correspondem a 10,61% da área total do país. A área do estado é um pouco

maior que a de França e Alemanha, que juntas somam 904.049 km².

A distribuição do agronegócio no território de Mato Grosso por

macrorregiões se destaca pela segmentação do estado. Entretanto as divisões feitas

por órgãos oficiais – como Secretaria de Estado de Planejamento de Mato Grosso

(Seplan), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de defesa

agropecuária de Mato Grosso (INDEA) e entidades de classe como Associação dos

Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA), Associação Mato-

Grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) e Fundação Mato Grosso - não se

mostram totalmente adequadas à realidade econômica e produtiva do estado. Por

esse motivo, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) realizou

um estudo para segmentar o estado de Mato Grosso sob o ponto de vista agro-

econômico, com a finalidade de facilitar os levantamentos de dados e dimensionar a

economia agropecuária mato-grossense.

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Na figura 9 a distribuição das 7 macrorregiões do estado com as respectivas

áreas comerciais de soja e seus percentuais na safra 2009/2010.

Figura 9 – Macrorregiões agro-econômicas do estado de MT

Fonte: IMEA (2010).

Em termos de participação de mercado atualmente 3 empresas obtentoras

perfazem 86% de market share. Por um lado mostra um domínio por parte das

mesmas, por outro, mostra a força de seus respectivos programas de melhoramento

genético, fruto de muito investimento, pesquisa e importantes estratégias de

mercado.

Com relação às cultivares, nos últimos 5 anos tem-se visto no mercado uma

evolução constante nos materiais de ciclos mais curtos, ou seja, menores que 125

dias; isto ocorreu devido a diversos fatores como: entrada da ferrugem asiática da

soja, necessidade do duplo cultivo com milho e algodão, maior ganho ou maior

rentabilidade por hectare, melhorias agronômicas, etc. Segue abaixo esta evolução

na figura 10.

Norte – 0,8%

Área: 44.000 ha

Nordeste - 10%

Área: 617.000 ha

ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

Médio norte - 40%

Área: 2.475.000 ha

ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

Sudeste – 23,5%

Área: 1.460.000 ha

ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

Noroeste – 4,2%

Área: 261.000 mil ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

Centro/Sul – 6,5%

Área: 409.000 ha

ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

Parecis - 15%

Área: 948.000 ha

ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

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Figura 10 – Evolução dos ciclos das cultivares de soja no estado de Mato Grosso

Fonte: DM TMG, Kleffmann, Aprosmat (2010).

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

Como foi visto o objetivo principal do trabalho é avaliar os resultados da

operacionalização de estratégias de marketing para geração de valor numa

perspectiva relacional. Acerca deste tema Korps e Janco (2005) afirmam que o valor

econômico de uma empresa corresponde à soma de seu capital tangível e

intangível. O capital intangível pode ser classificado, de uma maneira geral, em

quatro grandes blocos:

a) relacionamento – a maneira como a empresa se relaciona com seus

clientes. Boa gestão de marca, fidelidade dos clientes, forma de encantar os clientes

garantindo margem superior, redução de risco e crescimento da empresa;

b) posicionamento de mercado – representa ativos como licenças, contratos

de exploração ou monopólios naturais que permitam à empresa um retorno

econômico superior;

c) sistema de negócio – corresponde ao modelo organizacional e estrutural

de se fazer negócio. Um sistema superior de distribuição, ou ainda de vendas

diretas, que seja difícil de replicar resultando em vantagem competitiva sustentável

e,

d) conhecimento – processos e sistemas que promovem a geração do

conhecimento dentro da empresa. Pode-se traduzir em patentes, processos

proprietários, geração da inovação, etc.

Ainda segundo os autores, deve-se reconhecer que, cada vez mais, uma

grande parte do valor gerado pelas empresas depende de ativos cuja identificação e

gestão apresenta maior grau de dificuldade. As empresas que obtiverem sucesso no

processo de gestão de seus ativos intangíveis, provavelmente, serão as vencedoras

do futuro.

Coviello, Brodie e Munro (1997), estabelecem uma estrutura para se

classificar algumas práticas contemporâneas de marketing. Segundo os autores as

práticas de marketing que refletem a orientação da empresa quanto à forma de se

relacionar no mercado se caracterizam em quatro perspectivas: a) marketing

transacional, em que as empresas focam no gerenciamento eficaz do seu mix de

marketing; b) database marketing, em que as empresas usam de ferramentas e

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tecnologia com o objetivo de reter seus clientes; c) marketing interativo, em que

desenvolvem relacionamentos interpessoais com seus clientes com a intenção de

gerar cooperação mútua; d) networking marketing, em que as empresa

compartilham atividades e processos com seus clientes, visando obter a troca de

recursos e resultados. Pode-se ver claramente que a primeira prática de marketing

citada pelos autores refere-se a uma concepção transacional, enquanto que as

outras três se referem a uma aproximação do fornecedor e cliente, ambos buscando

uma cooperação mútua para geração de valor.

Outros autores como M ller et al (2003) também estabelecem uma proposta

que expressa relações mais transacionais ou relacionais. Porém, eles se referem à

intensidade e complexidade da relação, e acrescentam à estrutura um horizonte de

tempo na relação. Portanto, o modelo se inicia em uma situação de baixa

complexidade relacional e orientação de tempo atual e termina em alta

complexidade relacional e orientação futura, conforme podemos ver abaixo:

Oferta básica

Relacionamento orientado

para transação

Oferta de valor agregado

Valor relacional

Valor orientado para futuro

Relacionamento de

parceria

Baixa complexidade

relacional

Orientação de tempo atual

Alta complexidade

relacional

Orientação futura

Figura 11 – Fontes de criação de valor

Fonte M LLER e TORRONEN, 2003.

Os autores ainda afirmam que a natureza da geração de valor caracteriza o

desempenho de certas atividades geradoras daquele valor, que se baseiam nas

competências ou capacidades da organização.

Baseados em estudos, Helander e Kristian (2006) afirmam que existem

algumas abordagens no sistema fornecedor/cliente que estão dentro da estratégia

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20

do sistema do complexo de negócios. Primeiro seria uma interação da perspectiva

entre o fornecedor e o cliente, que deve ser adotada em todas as esferas, pois os

resultados da estratégia do cliente são realmente alcançados através das atividades

do fornecedor com o seu cliente. Isso significa que o fornecedor não pode

desenvolver uma abordagem competitiva e rentável, sem antes fazer uma análise

aprofundada do entendimento das capacidades e expectativas dos seus principais

clientes. Em segundo lugar, seria importante a capacidade de identificar quais tipos

de funções estratégicas tanto os fornecedores quanto os clientes procuram alcançar.

Caso contrário, por exemplo, o fornecedor pode tentar oferecer um pacote complexo

de serviços ou atividades para um cliente que só está interessado no mínimo nível

de eventuais serviços ou atividades.

O nível e o conteúdo do suporte do fornecedor ao cliente ainda segundo os

autores são dependentes não só da estratégia do fornecedor de serviços ou

sistemas, mas também sobre a estratégia e base de conhecimento do cliente.

O valor do cliente segundo Ulaga (2003) é geralmente definido como o

trade-off entre os benefícios e os sacrifícios no mercado da troca entre o cliente e o

fornecedor. A maioria das pesquisas sobre o valor do cliente adota uma abordagem

centrada nas questões relacionadas com o produto, negligenciando dimensões

relacionais do valor percebido pelo cliente. Segundo o autor a maior evolução

recente sobre o conceito de valor tem sido a de considerar o valor do cliente do

ponto de vista do marketing de relacionamento, ou seja, “o valor da relação”.

Anderson, Jain e Chintagunta (1993) definem valor de negócios em

mercados como o “valor percebido em unidades monetárias no valor do conjunto

dos direitos econômicos, serviços técnicos, e os benefícios sociais recebidos por um

cliente/empresa em troca do preço pago por um produto oferecido, levando em

consideração os fornecedores disponíveis com suas diferentes ofertas e preços”.

Esta definição representa um dos primeiros esforços para identificar e categorizar as

dimensões relacionais do valor da construção, ou seja, de benefícios de ordem

social e de serviço.

Para Anderson (1992) e Reuter (1986), valor relacional ou de desempenho,

também chamado de valor em uso refere-se ao valor que é criado nas atividades

inter-relacionadas do fornecedor e comprador, em outras palavras, o valor é gerado

na relação. Essa perspectiva enfatiza que o valor criado é mútuo e pressupõe

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21

compartilhamento tanto de recursos quanto de benefícios (FORSSTROM, 2005). O

desenvolvimento conjunto de produtos com clientes ou fornecedores, ou a melhoria

de processos de negócio atuais, tais como logística, sistema de informações e

cuidados com clientes, são exemplos de práticas relacionadas a essa estratégia

(MÖLLER, 2006; ULAGA e EGGERT 2006).

Considerando-se que o potencial de valor não é livre no cliente, o fornecedor

pode tentar aumentar o valor percebido da oferta reduzindo o uso dos recursos do

cliente por meio da agregação de serviços oferecidos inicialmente, tais como

serviços de entrega, treinamento de uso, aperfeiçoamento, educação e manutenção.

Desta forma, cria-se uma nova proposta de valor (valor agregado), ofertando-se

serviço, com o objetivo de se manter competitivo no mercado (HENNEBERG,

PARDO, MOUZAS, NAUDÉ, 2005). Por sua vez, a criação de serviços

especializados introduzidos na oferta inicial presume competências adicionais

comparadas s compet ncias básicas de produção (M E , 2006), o que pode

também tornar o custo da oferta mais caro que o tradicional.

Em um trabalho realizado com vários profissionais Ribeiro et al (2007),

mostraram que as cinco capacidades de marketing mais relevantes para gerar

performance superior para os próximos dez anos são: metodologias para identificar

e monitorar valor, inteligência de mercado, valor de desempenho, marca e imagem e

alinhamento organizacional. Destas cinco dimensões/capacidades de marketing

competitivas apontadas pelos autores, duas tem relação muito próxima das ações

estratégicas adotadas pela TMG, em especial valor de desempenho e inteligência de

mercado que segundo os autores permitem à empresa fornecedora identificar

oportunidades de criar e entregar valor no contexto do negócio do cliente, bem como

capturar valor por meio das ações estratégicas.

Ainda dentro deste mesmo trabalho os autores observaram que a estratégia

que predomina entre as empresas de grande porte e com controle acionário nacional

é a de valor de desempenho. As capacidades mais associadas ao valor de

desempenho foram: inteligência de mercado, marca/imagem, alinhamento

organizacional, força de vendas, precificação, redes e parcerias, gerência de

portifólio de clientes e avaliação das atividades de relacionamentos cooperativos.

Num segundo momento foi citado: pós-venda e tecnologia de informação. Tais

capacidades são, de fato, associadas à geração de valor de desempenho, uma vez

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22

que permitem à empresa fornecedora identificar oportunidades de criar e entregar

valor no contexto do negócio do cliente, bem como capturar valor por meio de

precificação e alinhamento organizacional. Esse processo requer força de vendas

capacitada, processos e habilidades de pós-vendas que favoreçam negócios futuros

e apoio da tecnologia de informação que permita uma conexão entre as partes. Já

com relação às competências individuais e seu relacionamento com as estratégias

de valor, verificou-se que o profissional na área de marketing/relacionamento e

vendas deve orientar-se para o cliente, focar nos resultados e preocupar-se com a

competitividade do negócio, além de adotar postura ética construindo relações de

parcerias e redes. Podemos tomar como conclusão que há uma maior exigência de

orientação para o cliente e orientação mais relacional destes mesmos profissionais.

Ainda segundo os autores as capacidades associadas à co-criação de valor

e valor de desempenho, pós-vendas e alinhamento estratégico do negócio são de

fato, relevantes e fundamentais para o processo de co-criação de valor, uma vez

que ao desenvolver propostas baseadas no conhecimento dos clientes e seus

processos – os quais tem como prerrogativa o alinhamento das estratégias de

marketing à estratégia corporativa - gera-se valor ao negócio. Da mesma maneira

que os recursos, habilidades e processo de pós-venda visem alavancar

oportunidades de mercado em decorrência dos relacionamentos estabelecidos.

Já Teece (2009) afirma que um modelo de negócio articula a lógica, os

dados e outras evidências que apoiam uma proposta de valor para o cliente, e uma

estrutura viável de receitas e custos para a empresa que entregar valor. Em síntese,

trata-se da vantagem que o negócio vai oferecer aos clientes, como ele vai se

organizar para fazer isso, e como ele irá capturar uma parcela do valor que ele

oferece. Um bom modelo de negócio será de fornecer um valor considerável para o

cliente e coletar uma parte viável das receitas. Ainda de acordo com o autor, o

desenvolvimento de um modelo de negócio bem sucedido não é suficiente em si

para garantir uma vantagem competitiva. Uma vez implementado, os elementos

brutos de modelos de negócios são muitas vezes bastante transparentes e em

princípio de fácil imitação ou cópia. Isso pode levar alguns meses ou mesmo alguns

anos.

Para Porter (1985), dois aspectos são relevantes para aprender as

estratégias competitivas das empresas que atuam em um dado setor econômico: em

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23

primeiro lugar, deve-se avaliar a capacidade do setor em oferecer possibilidade de

lucratividade durante um longo prazo e os fatores que determinam essa mesma

capacidade; em segundo lugar, deve-se identificar os elementos que determinam a

posição competitiva de uma determinada firma naquele tipo de setor. Não seriam

todos os setores que ofereceriam oportunidades semelhantes de lucratividade

sustentada, do mesmo modo que, em cada setor, há firmas com maior lucratividade

que outras. Essas duas questões seriam, portanto, centrais na determinação das

estratégias competitivas das firmas.

A essência da vantagem competitiva segundo Day (1993) é construída sobre

alguma combinação de três impulsos: melhor, mais rápido e mais próximo.

Organizações precisam inovar continuamente para construírem novas fontes de

vantagens antes que os concorrentes a surpreendam. Na maior parte dos mercados

vantagens na distribuição com relação à cobertura, custo e proximidade dos

relacionamentos, desempenha um papel distinto no reforço do desempenho superior

do produto e na manutenção de uma posição forte nos mercados de usuários finais.

Para Kohls (2004) as ferramentas de pesquisa devem ser adequadas ao

contexto estratégico do agronegócio, buscando identificar os principais critérios

competitivos do setor, que no caso estudado seria o do mercado de sementes de

soja, para que as empresas possam formular suas estratégias de acordo com as

exigências dos seus clientes e o posicionamento competitivo dos seus concorrentes.

Autores como Zerbini et al (2006) dizem que a contribuição dos diversos

benefícios a uma relação de valor pode variar ao longo do ciclo das relações de

vida. Especificamente, o fornecedor do mercado de distribuição, adaptação e

melhoria dos produtos existentes e desenvolvimento de novos produtos se tornam

cada vez mais relevantes para explicar o valor de um relacionamento a partir da

perspectiva do cliente como o ciclo de vida (EGGERT et al 2006).

Apesar destas inúmeras vantagens da geração de valor em cima de uma

atividade interespecífica, Gibbert e Golfetto (2006) sugerem que os fornecedores e

os clientes nem sempre concordam sobre o que constitui valor. Em suas palavras:

“Considerando que os fornecedores ainda se concentram no nível de produtos,

compradores estão mais interessados nas competências dos fornecedores, por

exemplo, da disponibilidade do fornecedor, a entrega eficiente de solução do

fornecedor, e a experi ncia do fornecedor no próprio negócio do cliente”.

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Valor e “valor percebido” têm recebido atenção considerável na literatura

sobre questões tão amplas como preços, comportamento do consumidor, negócios,

marketing e estratégia. Baseado em uma extensa revisão de estudos sobre valor

Ulaga e Eggert (2005) identificam quatro características recorrentes: o cliente/valor é

um conceito subjetivo (1); é conceituada como uma compensação entre benefícios e

sacrifícios (2); os benefícios e sacrifícios podem ser multifacetados (3) e percepções

de valor são relativas à concorrência (4).

A idéia de que valor e criação de valor devem ser examinados a partir de

uma perspectiva relacional, como Ulaga (2003) apontou em suas raízes no

marketing de negócios e marketing de serviços, também é reconhecido na literatura

estratégica (DYER & SINGH, 1998; NAHAPIET & GHOSHAL, 1998).

A noção de valor relacional contém desafios para ambos no

desenvolvimento da teoria e gestão. Primeiro, é difícil avaliar os custos e sacrifícios

de criação de valor, uma vez que se originam de atividades combinadas do

fornecedor e comprador. Isso faz com que fique difícil não só para o comprador

avaliar antecipadamente o valor potencial de produção de um fornecedor, mas

envolve um problema semelhante para o fornecedor em termos de avaliação do

valor potencial de um comprador. Em segundo lugar, a produção de valor relacional

é gerencialmente complexa, pois envolve a coordenação conjunta do valor das

atividades tanto do fornecedor como do cliente. Além disso, a avaliação até mesmo

a magnitude do valor é problemático se a sua realização depende do

comportamento futuro de outra rede de participantes.

De acordo com Ulaga (2001) pode-se olhar o valor do cliente a partir de três

diferentes perspectivas (Figura 12).

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25

Perspectiva do comprador

criação de valor

através de produtos e serviços

Perspectiva do vendedor

criação de valor através do capital

cliente

Perspectiva de comprador-vendedor

criação de valor através de redes

Figura 12 – As três perspectivas de valor para o cliente

Fonte: Ulaga (2001).

Verifica-se na figura 12 a inter-relação de valor entre as perspectivas do

comprador, vendedor e comprador/vendedor. A primeira perspectiva se refere a

produtos e serviços, a segunda se refere a criação de valor do capital “cliente” e a

terceira se refere as redes.

Tradicionalmente, pesquisas sobre o valor nos mercados de negócios têm

sido orientadas para a avaliação de como os fornecedores criam valor para seus

clientes e como os clientes percebem o valor superior na lista de um fornecedor em

relação à concorrência. Nos últimos anos, tanto os acadêmicos como os gestores

têm cada vez mais enfatizado a necessidade de considerar clientes como um ativo

fundamental da empresa. Atrair, desenvolver e reter clientes - a gestão do “customer

equity” (capital/cliente) pode ser considerada como uma segunda perspectiva de

maior valor para o cliente. Finalmente, os mercados de muitas empresas, na

atualidade são organizados como redes. Dentro dessas redes as empresas

conjuntamente criam valor através de relacionamentos, parcerias e alianças. Assim

a criação de valor conjunto entre fornecedores e os clientes pode ser considerada

como sendo uma terceira perspectiva de valor.

Na mesma linha das abordagens anteriores, Slater (1997) e Woodruff

(1997), também sugerem que a criação de valor superior ao cliente é fundamental

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para uma empresa sobreviver no longo prazo e atingir os seus objetivos. Nos

mercados de negócios, em especial no que tange o valor do cliente, significa o

centro das estratégias no processo de gestão de marketing (ANDERSON & NARUS,

2006). Apesar de sua importância, as pesquisas sobre o valor do cliente nos

mercados de negócios ainda está em fase inicial. Embora os estudos de avaliação

de valor desfrutem de uma longa tradição no mercado empresarial, os quais

normalmente focam sobre o valor físico do produto, negligenciam dimensões

relacionais do valor percebido pelo cliente (DWYER & TANNER, 2002). Assim nos

últimos anos, as abordagens que consideram o valor do cliente a partir de um

marketing de relacionamento e perspectiva, ganham projeção. O valor de um

relacionamento num negócio é claramente um conceito multidimensional, que vai

além do preço versus qualidade, um trade-off presente na pesquisa do consumidor.

Em uma pesquisa realizada por Ulaga (2003), foram identificados seis

dimensões benéficas de relacionamento: qualidade do produto, serviço,

desempenho do suporte de entrega, o know-how do fornecedor, o tempo de

colocação no mercado e interação pessoal, como vemos na figura 13.

Qualidade do produto

Desempenho do produto

Confiabilidade do produto

Consistência do produto

Desempenho de entrega

Entrega do tempo

Flexibilidade de entrega

Exatidão da entrega

Tempo de colocação no mercado

Trabalhos de concepção

Desenvolvimento de protótipos

Testes e validação do produto

Serviços de apoio

Serviços relacionados ao produto

Informações de clientes

Terceirização de atividades

Know-how do fornecedor

Conhecimento do mercado de fornecimento

Melhoria dos produtos existentes

Desenvolvimento de novos produtos

Interação pessoal

Comunicação

Resolução de problemas

Objetivos mútuos

Figura 13 – Seis dimensões benéficas de relacionamento

Fonte: Ulaga (2003).

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Dentre as seis dimensões citadas, pelo menos três possuem ligação com as

estratégias utilizadas na pesquisa: qualidade do produto, serviços de apoio e Know-

how do fornecedor.

Baseado numa revisão de literatura multidisciplinar, Cannon e Homburg

(2001), identificaram três fontes de criação de valor através de reduções de custos

nas relações comerciais: (1) o núcleo produto, (2) o processo de terceirização, e (3)

a empresa do cliente em operações internas. Usando o fator de análise exploratória,

Ulaga e Eggert (2003) demonstraram que esta categorização das fontes de valor

não se limita à redução de custos mas também se aplica às dimensões de benefício

genérico.

Até aqui foi enfatizado a relevante importância das estratégias de geração

de valor segundo a visão de diversos autores. Além disso, para complementar ou

dar um suporte a essas abordagens, convém destacar também a importância da

literatura sobre estratégia propriamente dita, ou estratégia empresarial.

A decisão é um problema geral das atividades da empresa que consiste em

configurar e dirigir o processo de conversão de recursos de maneira a otimizar a

consecução dos objetivos. Neste processo, caracterizam-se três níveis de decisões:

estratégicas, administrativas e operacionais, que são interdependentes e

complementares (ANSOFF, 1977).

As decisões estratégicas, segundo Fischmann e Almeida (1991), dizem

respeito ao caminho que a organização como um todo deverá seguir, e só

recentemente têm merecido maior atenção dos administradores, que procuram

desenvolver técnicas para facilitar o trabalho de conduzir a organização na melhor

direção.

Para Villas Boas (2010) a competitividade que se estabeleceu no mercado

de sementes resulta em rápidas modificações na participação das organizações e de

seus produtos no mercado. Essas transformações têm consequências importantes

na vida das próprias organizações, decorrendo daí a necessidade do monitoramento

do mercado e dos produtos distribuídos pela organização e por seus concorrentes.

O mercado competitivo induz ao aumento da velocidade de inovação, com vistas em

atender às demandas identificadas por meio da segmentação de mercados, da

identificação de nichos e da necessidade de diferenciação de produtos (KOTLER,

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2000), e as vantagens competitivas alcançadas, por sua vez, são rapidamente

neutralizadas pela reação da concorrência (ALMEIDA, 2010).

O planejamento estratégico caracteriza-se por ser um processo de longo

prazo, que lida com decisões de efeitos duradouros e difíceis de serem modificadas.

As decisões estratégicas são aquelas que mais afetam as atividades da

organização, pois dizem respeito tanto à formulação de objetivos quanto à escolha

dos meios para atingi-los; o planejamento estratégico se orienta, portanto, para os

meios e para os fins (ACKOFF, 1976; OLIVEIRA, 1989).

De acordo com Costa (2007), quando dois ou mais fornecedores de

produtos e serviços disputam o mesmo público-alvo, ou o mesmo mercado

comprador ou consumidor, algumas estratégias competitivas acabam sendo

adotadas, explícita ou implicitamente. Mesmo que os dirigentes da instituição não

tenham condições de explicar, justificar e explicitar qual estratégia adota, após

algumas conversas será possível extrair, de suas próprias declarações e

comentários, a essência de suas estratégias.

Para Tirado (2006) planejar-se é tentar alcançar objetivos, delineando-os de

forma à atingi-los, a curto, médio e longo prazo. Para isso faz-se necessário lançar

mão de um plano de marketing que estabelece objetivos, metas e estratégias do

composto de marketing em sintonia com o plano estratégico geral da empresa. É

toda relação produto/mercado, que, em conjunto com os outros planos táticos, forma

o plano estratégico. Portanto, o plano de marketing é um plano que faz parte do

plano estratégico abrangente de uma empresa.

Fischmann e Almeida (1991) definem o planejamento estratégico como

técnica administrativa que, por meio da análise do ambiente de uma organização,

cria a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e

fracos para o cumprimento de sua missão e, mediante esta consciência, estabelece

o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as

oportunidades e evitar riscos. Já o planejamento tático ou gerencial (orçamento) é

um planejamento de curto prazo, predominantemente quantitativo, que abrange

decisões administrativas e operações e visa à eficiência da organização.

Kotler (1998) afirma que planejar estrategicamente significa estar em

sintonia com o mercado, objetivando a adaptação da direção estratégica de uma

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empresa às mutantes oportunidades de mercado, considerando sempre os recursos

disponíveis e os objetivos perseguidos.

Para Day (1993), existem 3 estratégias básicas: as genéricas – onde pode

ser dada ênfase no custo, na diferenciação através do aumento do valor para o

cliente, ou ênfase na expansão; estratégia de posicionamento – aquela que procura

distinguir os produtos e serviços da empresa e finalmente a estratégia de programas

de apoio, que diz respeito à ampliação do valor para o cliente, associada à

qualidade, serviços e atendimentos superiores.

A divisão das atividades do planejamento estratégico e sua implementação

em etapas têm sua importância didática para o entendimento do processo e para

facilitar a realização e o acompanhamento do cronograma; a sequência de etapas

não é algo rígido, variando tanto entre autores como entre organizações. Embora o

planejamento estratégico seja feito com horizonte de longo prazo, ele deve ser feito

todos os anos para incluir as alterações que acontecerem no ambiente

(FISCHMANN e ALMEIDA, 1991).

Buscou-se entender como as ações e/ou estratégias relacionais

proporcionam geração de valor nas atividades inter-relacionadas, pois são

estratégias que foram realizadas no decorrer de quatro safras. Gerou-se um forte

sistema de informação de marketing (SIM), pois todas as estratégias tiveram

continuidade durante um período de quatro safras, que permitiu aferir resultados.

Kotler (1998) afirma que um sistema de informação de marketing consiste de

pessoas, equipamentos e procedimentos para coletar, selecionar, analisar, avaliar e

distribuir informações de marketing que sejam necessárias, oportunas e precisas

para os tomadores de decisões. As informações necessárias são desenvolvidas

através de registros internos da empresa, atividades de inteligência de marketing,

pesquisa de marketing e análise de sistemas de apoio às decisões.

Acerca deste contexto do SIM, todas as sete estratégias de marketing

utilizadas visaram um só horizonte, o de aumentar a participação de mercado na

área de sementes na região sudeste do Mato Grosso.

Foi utilizada também a segmentação de mercado, ou seja, eleger clientes

foco e com alto potencial de valor e que sejam multiplicadores de informações.

Cobra (1997) enumera algumas características que um segmento necessita ter para

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serem úteis as empresas ou empresários como: ser especificamente identificado e

medido, evidenciar um potencial adequado, ser economicamente acessível, reagir

aos esforços de marketing e ser estável.

Ações de curto prazo e sem planejamento específico não são capazes de

criar valor gerado na relação cliente/consumidor sobretudo nas atividades inter-

relacionadas (ANDERSON, 1992 e REUTER 1996).

A inovação e a capacidade de ser mais rápido e eficiente geram resultados

satisfatórios e interessantes. Diante disso o setor de desenvolvimento de mercado

da região sudeste faz um planejamento estratégico anual com seu respectivo plano

de ação, que consiste em programar todas as ações estratégicas de marketing

durante o ano todo.

Como visto nos objetivos específicos serão detalhadas na metodologia a

descrição e avaliação da eficiência destas estratégias/ações de marketing como

também possíveis problemas que surgiram durante estas quatro safras.

A avaliação do desempenho destas ações estratégicas se faz pelo aumento

ou queda da participação de mercado (market share), que serão apresentados na

seção de resultados e discussão.

3.1 SÍNTESE DO REFERENCIAL UTILIZADO NA ELABORAÇÃO DO MODELO

CONCEITUAL

Conforme enfatizado no problema de pesquisa o mercado agrícola e mais

especificamente o mercado de sementes de soja cada vez mais se torna competitivo

e profissional. Desta maneira foi necessário por parte da empresa pesquisada

elaborar estratégias de marketing de geração de valor visando um aumento de

participação de mercado em diversos setores estratégicos da organização.

Antes da elaboração do referencial teórico houve a necessidade de

descrever os ambientes competitivos inerentes ao trabalho de pesquisa. Esses

ambientes são: ambiente competitivo geral, ambiente competitivo do agronegócio e

ambiente competitivo específico de sementes de soja.

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Uma das principais características do ambiente geral é a questão da

competitividade. Dado o grande volume de oferta de bens e serviços, a pressão

competitiva se intensifica em todos os setores da economia. Os clientes de uma

maneira geral estão mais exigentes em todos os aspectos, e quem não perceber as

mudanças que estão ocorrendo no agronegócio ficará fora do mercado

definitivamente (HOOLEY, SAUNDERS E PIERCY 2005) e (SLYWOTZKY, 1996).

No ambiente competitivo do agronegócio foi destacada a importância

econômica do mesmo, pois o trabalho em questão é sobre estratégias dentro do

mercado de sementes de soja, e este está inserido no contexto geral do

agronegócio.

Já no ambiente competitivo de sementes de soja comenta-se basicamente

de quanto vale este mercado, características técnicas como taxa de utilização de

sementes certificada, ciclo de cultivares, biotecnologia, evolução genética, áreas

cultivadas em macrorregiões e produções por área.

Diante deste cenário, o referencial teórico descreveu estratégias de geração

de valor sobretudo através das teorias de Ulaga (2003), Anderson (1992), Reuter

(1986) e Eggert (2006) entre outros autores citados.

Inicialmente procurou-se descrever sobre os valores intangíveis que podem

ser percebidos nas empresas, e que pode se tornar um grande diferencial para as

mesmas. Dentre este valores destacam-se relacionamento, posicionamento de

mercado, sistema de negócio e conhecimento. Também se buscou investigar

algumas práticas contemporâneas de marketing aliadas a algumas fontes de criação

de valor, como valor agregado ou relacional e posteriormente descreveu-se sobre

valor relacional ou de desempenho conjuntamente com estratégias de marketing que

serão descritas posteriormente no modelo conceitual (framework).

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32

4 METODOLOGIA

4.1 PROPOSTA DO MODELO CONCEITUAL (FRAMEWORK)

Com base nos autores e no referencial teórico revisados nesta síntese,

buscou-se construir um modelo conceitual (framework) para analisar as diferentes

estratégias de marketing de geração de valor visando aumento de participação de

mercado em vários setores, objeto do estudo deste trabalho e suas implicações na

prática. Conforme foi visto anteriormente o trabalho está referenciado em autores

importantes no campo das estratégias de geração e agregação de valor na forma de

produtos, serviços e aspectos relacionais.

Na sequência, apresenta-se o framework.

Valor gerado na relação

Ações estratégicas

relacionais

UD UO PMP LAC AEDRM DC

Produtor - clienteRevenda - cliente

Desempenho

LegendaUD – unidade demonstrativaUO – unidade observaçãoPMP – projeto máxima produtividadeLAC– levantamento áreas comerciaisRM – rodas de mateDC – dias de campoAED – análise estratégica distribuidores

Figura 14 – Modelo conceitual (framework) para análise das estratégias de geração

de valor da empresa estudada.

Fonte: Autor com base no referencial teórico.

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33

Para Anderson (1992) e Reuter (1986) o valor relacional é gerado na relação

entre quem executa e entre quem recebe a atividade, melhor dizendo o cliente.

Portanto podem-se observar no framework as diferentes ações estratégicas

relacionais ao longo de quatro safras. Cada ação estratégica é direcionada ora ao

produtor/cliente, ora à revenda/cliente, sempre com o intuito de gerar valor.

Como proposto no framework as ações estratégicas foram o meio pelas

quais a pesquisa foi desenvolvida com o intuito de avaliar se estas ações de geração

de valor adotadas pela empresa foram eficientes ferramentas para a melhoria da

competitividade da empresa e com isso atingir seus objetivos de aumento de

participação de mercado. Dentre as ações estratégicas utilizadas pela empresa para

ampliar a sua participação no mercado de sementes, o estudo procurou identificar

quais delas são mais eficazes para gerar valor. Estas ações foram: unidade

demonstrativa (UD), unidade de observação (UO), levantamento de áreas

comerciais (LAC), rodas de mate (RM), dias de campo (DC), projeto máxima

produtividade (PMP) e análise estratégica dos distribuidores (AED). Além de analisar

a eficiência e eficácia destas ações procurou-se também identificar possíveis

problemas que surgiram no decorrer destas quatro safras agrícolas.

Basicamente este framework descreve como foi desenvolvida a pesquisa,

cujo objetivo era avaliar a eficácia das diferentes ações estratégicas da empresa.

Após um planejamento de trabalho foi definido a implementação de ações

estratégicas ou ações de marketing direcionadas ora para o produtor/cliente ora para

a revenda/cliente utilizando-se da teoria de geração de valor ou valor de

performance culminando-se em um desempenho final baseado em participação de

mercado.

O detalhamento das ações estratégicas bem como as avaliações de

desempenho será visto no decorrer da metodologia.

4.2 ÁREA DE ATUAÇÃO

A presente pesquisa se situa na região Sudeste do estado de Mato Grosso

como podemos ver na figura 15.

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Figura 15 – Mapa regiões sojicultoras estado Mato Grosso/destaque região sudeste

Fonte: IMEA (2010).

Na tabela 2 podem-se observar os municípios que compõem a região

sudeste com as suas respectivas áreas consolidadas da safra 2009/2010 e também

com suas áreas da safra 2010/2011.

Tabela 2 – Municípios região Sudeste Mato Grosso

Safra 2009/10 Safra 2010/11

Município Área ha Área ha

Primavera do Leste 233.478 248.000

Itiquira 200.124 191.000

Campo Verde 140.087 175.000

Santo Antônio do Leste 132.304 125.000

Alto Garças 77.270 80.000

Paranatinga 70.043 74.000

Rondonópolis 70.043 68.000

Novo São Joaquim 66.708 67.000

Guiratinga 63.373 65.000

General Carneiro 60.260 62.000

Alto Taquari 55.308 50.000

Poxoréo 48.697 55.000

Pedra Preta 37.801 42.000

Juscimeira 36.467 37.000

Jaciara 32.520 40.000

Tesouro 31.130 30.000

Dom Aquino 27.795 30.000

Santo Antônio do Leverger 23.681 28.000

Alto Araguaia 17.664 17.000

Torixoréu 11.780 10.500

Ribeirãozinho 9.939 8.500

Chapada dos Guimarães 9.206 17.000

Planalto da Serra 3.780 10.000

Nova Brasilândia 541 1.000

1.460.000 1.531.000

Fonte: IMEA/MT (2010).

Sudeste – 23,5% da

área de soja do estado

Área: 1.460.000 ha

10,0 %

0

20

40

60

80

100

1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim

Leste

Oeste

Norte

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A região sudeste representa atualmente 23,5% da soja plantada no estado,

com uma área de 1.460.000 hectares (Hum milhão e quatrocentos e sessenta mil)

na safra 2009/2010 e com uma estimativa para a safra 2010/2011 de 1.531.000

hectares (Hum milhão e quinhentos e trinta e hum), ou seja, aumento de 4,6%.

4.3 ESTUDO DE CASO

A importância deste trabalho está na busca de melhor entendimento das

interações entre cliente/empresa/ambiente, do ponto de vista estratégico relacional,

contribuindo assim para a avaliação das estratégias de interação entre as partes

envolvidas neste processo. Além disso, proporcionar à empresa a possibilidade de

aprofundar o seu conhecimento a cerca dos seus clientes e concorrentes, para

melhor se posicionar dentro do mercado em que ela atua e buscar a liderança do

mesmo.

O presente estudo utilizou-se da metodologia de estudo de caso

exploratório, também denominado desk research, que segundo Samara e Barros

(2007) têm como principal característica a informalidade, a flexibilidade e a

criatividade, e neles procura-se obter um primeiro contato com a situação a ser

pesquisada ou um melhor conhecimento do objeto em estudo. Os estudos

exploratórios são realizados a partir de dados secundários (já disponíveis);

conversas informais com pessoas especializadas no assunto e estudos de casos

selecionados, em que se incluem também pesquisas realizadas anteriormente.

Ainda de acordo com os autores a grande vantagem do estudo exploratório

é obter informações a baixo custo, uma vez que possibilita a investigação de

informações existentes e de conversas informais. Esse fato é relevante no Brasil,

onde há dificuldades na obtenção de dados recentes em órgãos oficiais. Os dados

coletados foram obtidos nas últimas quatro safras pelo próprio autor e com o auxílio

também do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária – IMEA que

atualmente é referência em nível de Brasil.

Segundo Mattar (2009), a pesquisa exploratória visa ampliar o conhecimento

sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva. Por isso, é apropriada para

os primeiros estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a

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36

compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são, geralmente, insuficientes

ou inexistentes.

Malhotra (2006) diz que os dados secundários já são coletados regularmente

pelos órgãos públicos e podem ser localizados de forma rápida e barata.

Conforme Samara e Barros (2007), o estudo exploratório pode ser essencial

como o primeiro passo para se determinar uma situação de mercado a partir da

obtenção de informações sobre a concorrência, produtos existentes, evolução e

tendências de um segmento específico em que se pretenda atuar.

Segundo Yin (1994), enquanto objetivo de pesquisa, o estudo de caso

(exploratório, descritivo ou explanatório) contribui para a compreensão de

fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. É um método que, ao

aumentar a base empírica de coleta de dados, aliada ao conhecimento acumulado

até então, amplia a capacidade de análise de problemas e tomada de decisão,

influencia a formação de atitudes e, a partir da riqueza e tratamento científico dessas

novas informações, gera novos conhecimentos. Utilizado dentro de parâmetros bem

definidos e rigorosos, o estudo de caso se constitui num grande instrumento de

pesquisa científica.

4.4 ESTRATÉGIAS E AÇÕES DE MARKETING

Todas as 7 estratégias de marketing utilizadas foram instaladas nos

principais municípios da região sudeste, que representam 70% da área estudada em

exatamente 40 propriedades rurais, que representa estatisticamente 95% de nível de

confiança e 15% a margem de erro.

Na figura 16 pode-se ver a relação das ações estratégicas com as

dimensões/capacidades competitivas citadas no referencial, ou seja, cada ação está

relacionada ora com a dimensão competitiva valor de desempenho ora com

inteligência de mercado. No decorrer da metodologia discutir-se-á sobre as mesmas.

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37

Ações estratégicas Valor de desempenho Inteligência de mercado

Unidade demonstrativa X

Unidade observação X

Projeto máxima produtividade X

Levantamento de áreas comerciais x

Análise estratégica dos distribuidores x

Rodas de mate x

Dias de Campo x

Figura 16 – Relação das ações estratégicas versus dimensões competitivas

Fonte: DM TMG e Ribeiro, Monteiro, Alves e Carvalho (2007).

4.4.1 Unidades Demonstrativas

As chamadas unidades demonstrativas (UD) foram instaladas nas safras

2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11 e tinham como principais diretrizes:

desenvolvimento de uma linguagem técnica e comercial bem alinhada com os

multiplicadores, recomendantes e consumidores; desenvolvimento de sistemas de

informação eficientes; aumentar o relacionamento da empresa com os principais

clientes; melhorar o atendimento a reclamações ou necessidades dos clientes; ter

um cronograma de lançamento das cultivares bem definido e em sincronia com os

multiplicadores e definição correta do posicionamento comercial da cultivar em

lançamento.

Como descrito no quadro 1 esta ação se enquadra na dimensão valor de

desempenho pois oferece ferramentas de identificação e criação de valor, sobretudo

com novas variedades. Seu problema é que como são áreas muito pequenas para a

realidade de campo limita-se a questão de auxílio efetivo a desenvolver ações de

vendas.

Elas eram compostas de 7 a 10 cultivares, normalmente 5 a 7 cultivares

comerciais, ou seja, que já estavam no mercado e de 1 a 3 lançamentos

dependendo do ano agrícola e da estratégia a ser adotada, como por exemplo, um

material super-precoce de soja em uma região que se planta algodão segunda safra.

O tamanho da área utilizada para a UD era de 1 hectare e o tratamento de semente

utilizava-se o padrão de mercado. O manejo era feito pelo agricultor que havia

disponibilizado a área. A seguir um exemplo do croqui de uma unidade

demonstrativa.

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38

TMG

127

AN

TA

82

TMG

123

TMG

1176

TMG

1182

TMG

131

TMG

103

TMG

132

TMG

115

TMG

133

9 m 9 m 9 m 9 m 9 m 9 m 9 m 9 m 9 m 9 m

Bo

rdad

ura

Figura 17 – Croqui da Unidade Demonstrativa

Fonte: DM TMG (2010).

No total de quatro safras foram feitas 54 (cinquenta e quatro) unidades

sendo 17 na safra 2007/08 em 8 municípios, 19 na safra 2008/09 em 9 municípios, 9

na safra 2009/10 em 6 municípios e 9 na safra 2010/11 em 7 municípios. A escolha

das áreas bem como dos municípios foi estrategicamente estudada obedecendo a

importância/tamanho da área agrícola e o perfil do agricultor. Na figura 18 pode-se

ver uma foto de uma unidade demonstrativa.

Figura 18 – Foto da Unidade Demonstrativa

Fonte: DM TMG (2010).

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39

4.4.2 Unidades de Observação

A segunda ação/estratégia adotada foi a unidade de observação ou lado a

lado (LL). Já os LL foram instalados nas safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11

e suas principais diretrizes eram: promover a difusão da cultivar junto ao público

influenciador; medir o grau de satisfação do produtor/cliente; levantar a demanda

potencial da cultivar para a safra seguinte e definição do posicionamento comercial

da cultivar.

As UO´S eram compostas somente por materiais em lançamento diferente

das UD´S. Seu tamanho era de 1 a 3 hectares por cultivar em lançamento e

colocada ao lado de 1 ou 2 concorrentes diretos do mercado, ou seja, com mesmas

características de ciclo, resistência a nematóides e tecnologia (RR ao lado de RR,

convencional ao lado de convencional).

Pelo fato de serem áreas maiores além de capturar valor para a empresa

citado como valor de desempenho esta ação realmente contribuía de forma efetiva

para ajudar na questão das vendas, ou seja, aumento de participação de mercado

tanto nos clientes que faziam as unidades de observação quanto no mercado geral.

Os números referentes às unidades de observação foram os seguintes: safra

2007/08 11 unidades em 6 municípios, safra 2008/09 53 unidades em 8 municípios,

safra 2009/10 14 unidades em 5 municípios e safra 2010/11 22 unidades em 3

municípios. No total de 4 safras foram 100 Unidades de Observação ou Lado a

Lado. A escolha das áreas seguiu o mesmo princípio das Unidades Demonstrativas.

Na figura 19 pode-se ver uma foto de uma unidade de observação.

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40

Figura 19 – Foto da Unidade de observação

Fonte: DM TMG (2010).

4.4.3 Projeto Máxima Produtividade

Como terceira ação estratégica de marketing da empresa implementou-se o

projeto máxima produtividade que tinha como diretriz principal: obter o máximo de

produção que uma cultivar pode expressar, limitando ao máximo os fatores

restritivos que podem interferir no alcance de uma alta produtividade. Este projeto foi

realizado em 2 safras, 2008/09 e 2009/10.

Por potencializar ao máximo uma cultivar esta ação também se enquadra na

dimensão valor de desempenho, em contrapartida como era feita somente uma

cultivar limitava-se o potencial do portfólio.

Foram escolhidos 2 produtores que utilizam alta tecnologia para a realização

do projeto, em 2 municípios na região sudeste. O tamanho de cada área era de 2 a 5

hectares, e o manejo não tinha restrição de custo. O intuito era de utilizar o máximo

possível de tecnologia disponível para alcançar altos níveis de produtividade.

Posteriormente estas 2 áreas participaram do concurso do Comitê estratégico soja

Brasil – CESB. As cultivares utilizadas foram da empresa Tropical Melhoramento e

Genética – TMG. Na figura 20 pode-se visualizar a colheita de uma área do projeto.

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41

Figura 20 – Colheita do projeto máxima produtividade realizada na fazenda São

Roque

Fonte: DM TMG (2010).

4.4.4 Levantamento de Áreas Comerciais

A quarta ação/estratégia de marketing adotada foi o levantamento de áreas

comerciais. Este levantamento tinha como diretrizes: ajudar nas análises

estatísticas, compreender melhor o mercado de sementes de soja, estratificar os

números de mercado regionalmente por empresa e cultivar, aumentar a base de

dados do setor de desenvolvimento de mercado, estudar o comportamento das

cultivares concorrentes e como elas se comportam no mercado e identificar as ações

praticadas pelos concorrentes.

Esta estratégia foi realizada nas safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e

2010/11. Basicamente as informações eram coletadas nos clientes em que já eram

realizados os trabalhos de Unidades Demonstrativas e Unidades de Observação e

mais alguns outros produtores.

Neste levantamento eram coletados os dados do produtor como nome,

nome da fazenda e município, quantos hectares a serem plantados de cada cultivar.

A partir destas informações eram estratificados os dados relativos a cultivares,

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42

classificando as mesmas por tecnologia, ciclo, resistência a nematóide, área

específica por cultivar e obtentor concorrente.

O grande diferencial desta ação foi que as informações das cultivares

obtidas não só eram da própria empresa mas também dos concorrentes, assim

tínhamos uma boa visão das ações dos nossos principais concorrentes. Outro fator

importante de inteligência de mercado era que as informações coletadas e suas

respectivas análises eram realizadas 5 meses antes da Kleffmann (empresa

multinacional referência que realiza pesquisas de mercado nos segmentos de

sementes, defensivos e fertilizantes) apresentar as empresas contratantes. Com isso

a empresa estava sempre adiantada em relação às informações oficiais de mercado.

Portanto, esta ação se enquadra na dimensão de inteligência de mercado e também

constituiu como fator crítico de sucesso no aumento de participação de mercado.

4.4.5 Análise Estratégica dos Distribuidores

Como quinta ação/estratégia realizou-se a análise estratégica dos

distribuidores. Esta ação tinha como diretrizes: estreitar o relacionamento com os

distribuidores ajudando a fomentar o crescimento das cultivares TMG dentro dos

canais, entender como funciona a comercialização de sementes dentro dos canais

de venda, ajudar o sementeiro a posicionar o portfólio das cultivares TMG e

estimular os canais a colocarem cada vez mais cultivares TMG no seu portfólio de

venda. Nestas visitas/treinamentos eram coletadas as seguintes informações:

número de vendedores por loja de atuação, área de atuação, volume comercializado

de sementes na safra atual e na safra seguinte, participação de mercado (customer

share) da TMG dentro dos canais e principais fornecedores de sementes além da

apresentação do portfólio da empresa TMG. Foram avaliadas 4 safras agrícolas,

2008/09, 2009/10, 2010/11 e 2011/2012. Na safra 2008/09 foram treinados 53

consultores de venda, na safra 2009/10 72 consultores e na safra 2010/11 93

consultores de venda. Na figura 21 pode-se visualizar uma foto depois de um

treinamento sobre o portfólio da TMG realizada nas dependências de um

distribuidor. Esta ação também se enquadra na dimensão de inteligência de

mercado, pois o trabalho realizado era de análise, compreensão, estratégias e ações

contribuindo assim para o aumento de vendas dentro dos canais de distribuição.

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43

Figura 21 – Foto de um treinamento realizado em uma revenda da região Sudeste

Fonte: DM TMG (2010).

4.4.6 Rodas de Mate

A sexta ação/estratégia de marketing utilizada foi a roda de mate. Esta por

sua vez tinha como diretrizes: divulgar e fazer a promoção das cultivares

transgênicas da TMG, interagir com os produtores, valorizar as fazendas que cediam

as áreas para realização das mesmas, coletar as demandas dos produtores

antecipando com isso tendências de mercado e conhecer melhor as diferentes

realidades das áreas agrícolas. Foram realizadas 7 rodas na safra 2007/08 com um

público de 73 produtores, 7 rodas na safra 2008/09 com um público de 127

produtores e 4 rodas na safra 2009/10 com um público de 61 produtores. Pode-se

ver na figura 22 uma foto de uma roda de mate realizada na região sudeste do Mato

Grosso. Ação enquadrada na dimensão de inteligência de mercado por antecipar

tendências de mercado, com isso favorecendo o desenvolvimento das vendas dos

materiais.

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44

Figura 22 – Foto de uma Roda de Mate da região Sudeste

Fonte: DM TMG (2010).

4.4.7 Dias de Campo

Por último foi realizado a ação/estratégia dias de campo. Estes dias de

campo tinham como diretrizes: difusão das tecnologias existentes no que tange as

cultivares de soja da TMG, interação com os produtores/clientes, analisar in loco a

movimentação dos concorrentes bem como algumas estratégias adotadas pelos

mesmos e divulgação de resultados dos materiais precoces visto que a época que

são realizados os eventos basicamente os materiais precoces já estão colhidos.

Ação que se enquadra na dimensão de valor de desempenho, pois estes eventos

eram potencializadores de oportunidades de agregar valor, porém como além da

empresa todos os concorrentes diretos também participavam, consequentemente

não era possível ter foco nos clientes.

Os eventos são relativos aos anos 2008, 2009, 2010 e 2011, ou seja, são

correlacionados às mesmas safras. O número de participações foi em média de 10 a

15 apresentações por safra. Na figura 23 pode-se ver um evento de dia de campo.

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45

Figura 23 – Foto de um dia de campo na região Sudeste

Fonte: DM TMG (2010).

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46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na sequência serão apresentados os resultados obtidos pelas ações

estratégicas implantadas pela empresa, frente aos objetivos pré-estabelecidos, os

quais permitirão uma avaliação da sua eficácia quanto à geração de valor/agregação

de valor dos seus produtos e serviços numa perspectiva relacional, objetivo central

deste trabalho.

Veremos primeiro na figura 24 o resumo das ações estratégicas descritas na

metodologia e que de fato contribuíram para um aumento de participação de

mercado como também identificar quais delas foram as mais eficientes e eficazes

para o atingimento destes objetivos.

A. estratégicas V.D. I.M. ↑PM% cultivares ↑PM% clientes ↑PM% revendas Pontos fortes Pontos fracos

UD x identificação valor áreas pequenas

UO x x x forte apelo vendas logística

PMP x x potencialização cultivar uma cultivar

LAC x x estudo mercado tempo longo

AED x x foco revenda tempo longo

RM x x x interação clientes logística

DC x potencializador sem foco

Ações que contribuiram de forma efetiva para o ganho de participação de mercado

Legenda: A. estratégicas = ações estratégicas, V.D. = valor de desempenho, I.M. = inteligência de

mercado, PM% = participação de mercado, UD = unidade demonstrativa, UO = unidade de observação, PMP = projeto máxima produtividade, LAC = levantamento de áreas comercias, AED = análise estratégica dos distribuidores, RM = rodas de mate e DC = dias de campo.

Figura 24 – Ações que contribuíram de forma efetiva para o aumento de participação

de mercado

Fonte: DM TMG (2010).

Começamos visualizando na figura 25 os resultados referentes às cultivares

em pré-lançamento durante o período de quatro safras.

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47

Cultivar 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11

TMG 1176 RR 0 0 1% 2%

TMG 123 RR 0 4% 9% 6%

TMG 131 RR 0 0 3% 6%

TMG 132 RR 0 0 7% 20%

TMG 133 RR 0 0 1% 5%

Figura 25 – Participação de mercado das cultivares em lançamento na região

Sudeste

Fonte: DM TMG (2010).

Os percentuais apresentados são relativos à participação de mercado na

região sudeste. No caso da safra 2010/2011 significa que os percentuais são em

relação a uma área de 1.500.000 ha (hum milhão e meio de hectares, IMEA 2010).

Como descrito na metodologia e na tabela 6 as ações estratégicas que auxiliaram o

alcance dos resultados referentes às cultivares em pré-lançamento foram: unidade

de observação (UO), levantamento de áreas comerciais (LAC) e rodas de mate

(RM).

Dentro destas ações a mais importante foi a segmentação de mercado, ou

seja, a escolha correta de agricultores que são multiplicadores de opinião, sobretudo

em cultivares novas que estão chegando ao mercado. Essa segmentação pode ser

vista na ação de unidade de observação (UO) que por sua vez tinha um forte apelo

para as vendas destes materiais em lançamento, visto que eram áreas pré-

comerciais e posicionadas estrategicamente ao lado dos principais concorrentes

fazendo com que fosse destacada sua possível superioridade, o que ajudaria no

processo de venda. Decorrente dessa análise destaca-se o depoimento abaixo:

“Estamos acompanhando o trabalho da TMG ao longo de alguns anos e

vemos que as ações realizadas na fazenda Buriti como unidades de observação e

rodas de mate contribuíram para que a participação da mesma aumentasse dentro

da propriedade. Essa aproximação da empresa com o produtor se torna

extremamente vantajosa para ambas as partes.”

Ivan Carlos Basso

Téc. Agr. e graduando em Engenharia de produção

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48

Responsável de campo fazenda Buriti

Primavera do Leste/MT

Já o levantamento de áreas comerciais (LAC) auxiliou na observação da

concorrência, pois através desta ação consegue-se mapear todas as cultivares

plantadas na região e, sobretudo as principais concorrentes, com isso pode-se

posicionar cultivares em lançamento ao lado destas concorrentes. As rodas de mate

(RM) serviram mais para uma divulgação mais de perto dos clientes, ou seja, dos

produtores mais influentes na região e com isso aumentar e estreitar ao máximo o

relacionamento com estes produtores chaves na região. Portanto podemos afirmar

que estas ações citadas contribuíram efetivamente para o aumento da participação

dos materiais no mercado e também como as mais eficazes na geração de valor no

quesito participação de cultivares.

A primeira cultivar da tabela sai de 1% (um por cento) do mercado na safra

2009/2010 para 2% (dois por cento) na safra 2010/2011, ou seja, um crescimento de

100% (cem por cento). Já a segunda cultivar cresce 125% (cento e vinte e cinco por

cento) da safra 2008/2009 para 2009/2010 e depois cai 33% (trinta e três por cento)

na safra 2010/2011. A terceira cultivar cresce 100% (cem por cento) da safra

2009/2010 para safra 2010/2011. O crescimento da quarta cultivar é de 186% (cento

e oitenta e seis por cento) da safra 2009/2010 para safra 2010/2011, tornando-se a

mais plantada na região sudeste com seus 20% (vinte por cento), ou seja, uma área

plantada de 300.000 ha (trezentos mil hectares). Por fim a última cultivar da tabela

sai de 1% (hum por cento) na safra 2009/2010 para 5% (cinco por cento) na safra

2010/2011, ou seja, um crescimento de 400% (quatrocentos por cento).

De acordo com as seis dimensões benéficas de relacionamento citadas no

trabalho pelo menos três tiveram um papel de extrema importância no sucesso

destes resultados. Podemos citar como primeira dimensão qualidade do produto,

segunda dimensão serviços de apoio e terceira dimensão Know-how do fornecedor.

Na primeira dimensão constata-se o desempenho, confiabilidade e consistência no

produto cultivar. Na segunda dimensão informações ao cliente sobre o

posicionamento comercial das cultivares em questão e na terceira dimensão o

desenvolvimento de novos produtos que atendam na medida a necessidade dos

clientes (produtores de soja).

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49

Na tabela 3 observam-se os resultados com relação a participação dos

materiais TMG junto a um grupo de 20 produtores/clientes formadores de opinião da

região sudeste do Mato Grosso.

Tabela 3 – Percentual de participação dos materiais TMG junto aos produtores

Produtor 2008/2009 2009/2010

% % pp.

1 87 73 -14

2 63 69 6

3 71 71 ----

4 59 62 3

5 80 83 3

6 50 55 5

7 14 26 12

8 57 70 13

9 92 90 -2

10 37 55 18

11 55 60 5

12 12 17 5

13 70 38 -32

14 37 38,5 15

15 40 25 -15

16 31 50 19

17 26 38 12

18 46,5 53 6,5

19 40 40 ----

20 50 60 10

Fonte: DM TMG (2010)

Os percentuais apresentados são relativos à participação de mercado dos

materiais da empresa em questão na área total do agricultor. No caso de uma área

de, por exemplo, 1.000 ha (mil hectares) o percentual da participação é de 50%, ou

seja, metade da área é plantada com materiais da empresa. Como descrito na

metodologia e na tabela 6 as ações estratégicas que auxiliaram o alcance dos

resultados referentes às cultivares junto a um grupo específico de produtores foram:

unidade de observação (UO), projeto máxima produtividade (PMP) e rodas de mate

(RM).

Pode-se ver que das vinte áreas acompanhadas, 70% (setenta por cento)

aumentaram a participação da safra 2008/2009 para a safra 2009/2010, 10% (dez

por cento) se mantiveram com o mesmo percentual e 20% (vinte por cento)

diminuíram o volume dos materiais da empresa em questão. Esta diminuição se

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50

deve principalmente pelo fato de alguns materiais não se adaptarem

adequadamente as condições destes produtores o que poderá auxiliar a equipe de

pesquisa a direcionar melhor os produtos.

As rodas de mate como visto na metodologia tinham como diretrizes:

divulgar e fazer a promoção das cultivares transgênicas da empresa TMG, interagir

com os produtores, valorizar as fazendas que cediam as áreas para realização das

mesmas, coletar as demandas dos produtores antecipando com isso tendências de

mercado e conhecer melhor as diferentes realidades das áreas agrícolas.

Justamente os locais escolhidos para a realização das mesmas eram as áreas de

produtores chaves (líderes de opinião) na região, com perfil para aprofundar

atividades relacionais e com isso tornando-se fator crítico de sucesso desta ação

específica.

A estratégia/ação projeto máxima produtividade (PMP) se destacou porque o

produto utilizado para o mesmo era a cultivar mais estratégica da empresa em

questão. Para se ter uma idéia da importância deste material em nível estadual

planeja-se para a safra 2011/2012 um volume de hum milhão de sacas desta

cultivar. Como já se viu nos resultados dos materiais em lançamento atualmente é o

mais plantado na região sudeste. Para aumentar a credibilidade da ação as colheitas

eram auditadas por um profissional da Associação dos produtores de soja e milho do

Mato Grosso (APROSOJA) e as duas áreas do projeto participaram em dois anos

consecutivos do concurso do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) e uma das

áreas foi a segunda melhor produtividade do país, com 81,57 sacas por hectare.

Através desta ação a cultivar em questão ganhou muito destaque, pelo seu alto

potencial produtivo, e com isso gerando alto valor para a empresa. Na figura 26

observam-se os resultados obtidos nesta ação específica e na figura 27 segue uma

foto da colheita de uma área do projeto na safra 2008/2009 com o respectivo

proprietário da área. Dentro ainda do contexto, dessas 2 ações rodas de mate e

projeto máxima produtividade, comprova-se a eficácia e eficiência com os seguintes

depoimentos de 2 produtores:

“Venho acompanhando as atividades da TMG há 4 safras, e as ações

realizadas na propriedade como as rodas de mate e projeto máxima produtividade

contribuíram efetivamente para que aumentássemos nossa participação na soja com

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51

cultivares da empresa TMG, e mais o ganho de termos o acesso em primeira mão

de tecnologias de ponta.”

Reginaldo Brunetta, Eng. Agr.

Proprietário da fazenda Andorinha

Santo Antônio do Leste/MT

“As ações desenvolvidas pela TMG ao longo de 4 safras como as unidades

de observação e projeto máxima produtividade foram essenciais para que

aumentássemos nossa produtividade agregando mais valor na nossa propriedade”.

Douglas Coradini, Eng. Agr.

Proprietário da fazenda São Roque

Primavera do Leste/MT

Figura 26 – Resultados do projeto Máxima Produtividade safras 2008/09 e 2009/10

região Sudeste

Fonte: DM TMG (2010).

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Figura 27 – Colheita Máxima Produtividade safra 2008/09 – Santo A. Leste/MT

Fonte: DM TMG (2010).

Por fim, na figura 28 pode-se ver os resultados relativos a participação de

mercado dentro dos distribuidores (customer share das revendas) da região sudeste

do Mato Grosso. A ação estratégica que teve maior eficácia e eficiência nestes

resultados foi a análise estratégica dos distribuidores (AED). O ponto principal desta

ação estratégica foi a rodada de apresentações realizadas ao longo da safra

corrente e que tinha como diretriz principal o de auxiliar a equipe de vendas dos

sementeiros licenciados a empresa, pois as apresentações eram voltadas a uma

vertente comercial e também posicionando os materiais perante os concorrentes, já

que estes mesmos distribuidores vendem materiais das empresas obtentoras

concorrentes. Para ajudar comprovar essa teoria segue depoimento de um grande

distribuidor da região:

“A TMG é a única empresa atualmente no mercado de sementes que faz

ações individuais de posicionamento técnico de seu portfólio pensando em agregar

valor e ajudar no crescimento de market share. Podemos afirmar que é um trabalho

de inteligência bem planejado. Exatamente há 4 safras que esse trabalho está sendo

realizado e com certeza está agregando em crescimento de vendas por parte do

setor comercial.”

Ednei de Andrade Almeida, Eng. Agr.

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Gerente Sementes do grupo Sinagro

Primavera do Leste/MT

Figura 28 – Levantamento volume semente comercializada via revenda na região

Sudeste e respectivos obtentores

Fonte: TMG (2010).

Na safra 2008/09 do volume total comercializado via canais de revenda 34%

(trinta e quatro por cento) era da empresa estudada. Na safra 2009/10 este

percentual subiu para 37% (trinta e sete por cento), na safra 2010/11 subiu

novamente para 44% (quarenta e quatro por cento) e uma projeção para a safra

2011/12 é de 50% (cinquenta por cento).

Para melhor visualização dos números seguem na figura 29 os percentuais

relativos ao aumento da participação da empresa no decorrer de quatro safras.

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Figura 29 – Percentual da participação da TMG nos distribuidores da região sudeste

do Mato Grosso

Fonte: DM TMG (2010).

Além disso, como parte do sistema de informação de marketing (SIM), eram

coletadas as informações de venda dos materiais da concorrência e da empresa em

estudo. Neste caso a confiabilidade e o valor gerado na relação durante quatro

safras proporcionaram um auxílio direto à força de vendas como também o aumento

da participação dos materiais da empresa dentro dos canais.

Para finalizar na figura 30 vê-se a participação de mercado na região

sudeste das empresas obtentoras no decorrer de cinco safras, com a safra 2011/12

já projetada, pois a semente para a mesma já foi comercializada na região.

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Figura 30 – Evolução da participação de mercado das empresas obtentoras na

região sudeste de Mato Grosso

Fonte: DM TMG (2010).

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6 CONCLUSÕES

As estratégias de geração de valor adotadas durante quatro safras

resultaram em um aumento de participação de mercado da empresa em estudo na

região sudeste de Mato Grosso na ordem de 34%.

Houve um aumento de participação de mercado dentro dos distribuidores da

região sudeste do Mato Grosso na ordem de 47%.

As ações estratégicas que efetivamente contribuíram para os aumentos de

participação de mercado foram: unidades de observação (UO), levantamento de

áreas comerciais (LAC), rodas de mate (RM), análise estratégica dos distribuidores

(AED) e projeto máxima produtividade (PMP).

As estratégias relacionais, através das diversas ações implementadas,

deram uma contribuição decisiva para que a empresa tivesse alcançado os seus

objetivos de aumento de participação no mercado, além de estreitar o

relacionamento com os clientes, coletar informações relevantes e estratégicas para

o setor de desenvolvimento de mercado, promover e divulgar a marca em questão

(TMG) e conhecer melhor a realidade dos clientes no mercado.

E principalmente, a partir de então, a possibilidade de uma maior

aproximação empresa/cliente, buscando ampliar as atividades de relacionamento

em direção a uma etapa superior de geração de valor, ou seja, à co-geração de

valor em eventos futuros.

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