52
0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Dissertação Identificação de sequências homólogas de aquaporinas no genoma de aveia cultivar Barbarasul Carla Ferreira Silveira Pelotas, 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

  • Upload
    others

  • View
    9

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Dissertação

Identificação de sequências homólogas de aquaporinas

no genoma de aveia cultivar Barbarasul

Carla Ferreira Silveira

Pelotas, 2011

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

1

Carla Ferreira Silveira

Identificação de sequências homólogas de aquaporinas no

genoma de aveia cultivar Barbarasul

Orientador: Antonio Costa de Oliveira, PhD.

Co-orientadora: Ana Lúcia Soares Chaves, PhD.

Pelotas, 2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (área do conhecimento: Biotecnologia vegetal).

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

2

Dados de catalogação na fonte:

(Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)

S587i Silveira, Carla Ferreira

Identificação de sequências homólogas de aquaporinas no

genoma de aveia cultivar Barbarasul / Carla Ferreira Silveira ; orientador Antonio Costa de Oliveira; co-orientador Ana Lúcia Soares Chaves. - Pelotas,2011.-52f. : il..- Dissertação (Mestrado) –Área de conhecimento em Biotecnologia Vegetal. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Instituto de Biologia. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2011.

1.Avena sativa 2.Água 3.Pós-genômica 4.Genômica

comparativa I.Oliveira, Antonio Costa de (orientador) II .Título. CDD 633.11

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

3

Banca Examinadora:

Antonio Costa de Oliveira, PhD. – FAEM/UFPel (presidente)

Ana Lúcia Soares Chaves, PhD. – CCQFAL/UFPel

Beatriz Helena Gomes Rocha, Dra. – IB/UFPel

Fabiana Roos Nora, PhD. – CDTec/UFPel

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

4

Aos meus pais João Carlos Silveira e Mara Regina Ferreira Silveira.

Ao meu irmão Rodrigo Ferreira Silveira.

A minha avó Palmira Lopes Ferreira (in memorium).

DedicoDedicoDedicoDedico

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

5

Agradecimentos

A Deus, pela vida, saúde e proteção.

Ao professor Antonio Costa de Oliveira pela orientação, oportunidade e

confiança.

A professora Ana Lúcia Soares Chaves pela co-orientação, pelas conversas,

conselhos, experiência e conhecimentos transmitidos, pela confiança depositada e

principalmente pela amizade.

A Dra. Fabiana Roos Nora e ao professor Luciano Carlos da Maia pela

disponibilidade e auxílio durante o desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas e amigos do LGF, Adriana Bresolin, Camila Pegoraro, Claudete

Mistura, Daniel Farias, Felipe Victoria, Gabriela de Magalhães da Fonseca, Glacy

Jaqueline da Silva, Juliana Castelo Branco, Lara Isys Dias, Maraisa Crestani,

Naciele Marini, Renata Ahlert, Sydney Kavalco, Taciane Finatto, Tatiane Souza,

Thaís Hagemann e Viviane Kopp da Luz, pelos agradáveis momentos de

convivência e troca de experiências.

Aos bolsistas de iniciação científica e estagiários do LGF.

Ao Programa de Pós-graduação em Biotecnologia/CDTec-UFPel, pela

oportunidade de realização do curso.

A CAPES, pela viabilização financeira deste projeto e concessão da bolsa de

estudos.

A minha família pelo apoio recebido desde a graduação e durante o curso de

pós-graduação.

Por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para

a realização deste trabalho.

MUITO OBRIGADA!

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

6

Resumo

SILVEIRA, CARLA FERREIRA. Identificação de sequências homólogas de aquaporinas no genoma de aveia cultivar Barbarasul. 2011. 52f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

A aveia (Avena sativa L.) é um cereal de inverno utilizado tanto para a alimentação

humana quanto animal, apresentando uma grande importância no cenário mundial.

Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

inferir funções de organismos a partir do conhecimento de outros sistemas. Neste

trabalho foi aplicada essa abordagem à análise de genes da familia das aquaporinas

em aveia. As aquaporinas são proteínas intrínsecas de membrana (MIP) que têm

sido caracterizadas como facilitadoras do fluxo de água. São também conhecidas

como canais de água, glicerol facilitadores e aquagliceroporinas. Dados recentes

sugerem que elas facilitam a circulação de outros metabólitos de baixo peso

molecular. A presença dos genes que codificam essas proteínas é de suma

importância para o desenvolvimento e adaptação das plantas, contudo, até hoje não

existiam estudos relatando a identificação de genes de aquaporinas no genoma da

aveia. O sequenciamento e caracterização in silico das sequências obtidas neste

trabalho propõem a presença de genes que codificam prováveis aquaporinas. Foram

identificadas duas sequências como prováveis aquaporinas presentes no genoma da

aveia. Considerando o número de genes de aquaporinas presentes no genoma do

arroz, Arabidopsis, milho e trigo e a complexidade de seu genoma poliplóide, estima-

se que a aveia possua mais cópias desses genes. Tendo em vista os crescentes

problemas de alagamento e/ou seca, a necessidade de cultivo em áreas afetadas

pela salinidade, e o comprovado papel das MIPs na resposta das plantas a

estresses relacionados com a disponibilidade de água, as investigações desses

genes em aveia são essenciais. Contudo um número maior desses genes poderão

ser identificados e caracterizados, esse estudo representa uma etapa importante

para sua caracterização.

Palavras-chave: avena sativa. água. pós-genômica. genômica comparativa.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

7

Abstract

SILVEIRA, CARLA FERREIRA. Identification of homologous sequences of aquaporins in oat genome cv. Barbarasul. 2011. 52f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Oats (Avena sativa L.) are a winter cereal used for both humans and livestock, giving

a great importance on the world stage. In the post-genomic era new sequenced

genomes can be used to derive functions of organisms from the knowledge of these

systems. In this work were apply this approach to the analysis of gene family of

aquaporins in oats. The aquaporins are major intrinsic proteins (MIP) that have been

characterized as facilitating the water flow. They are also known as water channels,

glycerol facilitators and aquaglyceroporins, recent data suggest that they facilitate the

movement of other molecular low weight metabolites. The presence of these genes is

importance for the development and adaptation of plants, however, until now there

are not studies reporting the identification of aquaporins in the oat genome. In this

report we identified two sequences identified as potential aquaporins present in the

genome of oat. Considering the number of aquaporin genes present in genome of

rice, Arabidopsis, maize and wheat and the complexity of its polyploid genome, it is

estimated that oats may have around 20 or more copies of these genes in each

genome. Given the growing problems of flooding and drought, the need for cultivation

in areas affected by salinity and the proven role of MIPs on plant response to

stresses related to water availability, the investigations of these genes are essential

in oats too. However a greater number of these genes can be identified in the future,

this study was an important step in its characterization.

Key words: avena sativa. water. post-genomic. comparative genomic.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

8

Lista de Figuras

Figura 1 - Figura 1 - Aquaporina: modelo ampulheta. O modelo mostra os

seis domínios alfa-hélice transmembrana (1-6) e os loops B (hemiporo-1) e E

(hemiporo-2) contendo os motivos NPA (Asn - Pro - Ala) altamente

conservados que formam uma via única aquosa das AQPs através das

membranas. (a) Topologia geral. (b) Topologia do poro formado. Adaptado de

Jung et al. (1994) e Agre et al. (2002)......................................................................

17

Figura 2 - Figura 2- Modelo topológico da ZmPIP1;2 de milho (Zea mays). O

modelo mostra os seis domínios alfa-hélices transmembrana (TM1-TM6) e os

loops B e E (HB e HE). Resíduos aminoacídicos em amarelo circulados em

vermelho são altamente conservados em ZmAQPs. Adaptado de Chaumont

et al. (2005).................................................................................................................

20

Figura 3 - Figura 3 – Fotografia do gel dos fragmentos homólogos de

aquaporinas amplificados por PCR a partir do genoma de aveia cv.

Barbarasul. Marcador - 1 Kb Plus DNA Ladder. 01 - AsF1/AsR1; 02 -

AsF2/AsR3.................................................................................................................

38

Figura 4 - Figura 4 - Árvore filogenética das sequências parciais de

aquaporinas de arroz, milho, Arabidopsis, trigo e contigs de aveia, obtida a

partir de sequencias de DNA, através do método de neighbor-joining. At

(Arabidopsis thaliana), Os (Oryza sativa), Ta (Triticum aestivum), Zm (Zea

mays), PIP (plasma membrane intrinsic proteins), TIP (tonoplast intrinsic

proteins), NIP (Nodulin-26-like intrinsic proteins), e SIP (small basic intrinsic

proteins).....................................................................................................................

39

Figura 5 - Árvore filogenética das sequências parciais de aquaporinas da

subfamília PIP de arroz, milho, Arabidopsis, trigo e contigs de aveia, obtida a

partir de sequencias de DNA, através de inferência bayesiana. At

(Arabidopsis thaliana), Os (Oryza sativa), Ta (Triticum aestivum), Zm (Zea

mays), PIP (plasma membrane intrinsic proteins), TIP (tonoplast intrinsic

proteins), NIP (Nodulin-26-like intrinsic proteins), e SIP (small basic intrinsic

proteins).....................................................................................................................

41

Figura 6 - Figura 6. Alinhamento entre os genes de aquaporinas de trigo e

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

9

fragmentos amplificados a partir do gDNA de aveia (contigs - potenciais

aquaporinas), indicando a presença/aunsência dos motivos NPA circuladas

em vermelho. (a) Alinhamento entre TaPIP2-5 e cgf contigAs3. (b)

Alinhamento entre TaPIP1-8 e cgf contigAs2.........................................................

43

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

10

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Primers utilizados para a amplificação das sequencias

homólogas de aquaprinas a partir do gDNA de aveia por PCR.....................

36

Tabela 2 - ORF, posição, tamanho e Blastp dos potenciais genes de

aquaporinas em aveia........................................................................................

38

Tabela 3 - Analíse in silico das potenciais aquaporinas presentes no

genoma de aveia, identificadas neste estudo.................................................

44

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

11

Lista de Abreviaturas e Siglas ABA Ácido abscísico

AQP Aquaporina

cDNA complementary Deoxyribonucleic acid – ácido Desoxirribonucléico

complementar

CTAB Brometo de cetiltrimetilamônio

DNA Deoxyribonucleic acid – ácido Desoxirribonucleico

EST Expressed Sequence Tag – Etiquetas de Sequencias Expressas

gDNA genomic Deoxyribonucleic acid – ácido Desoxirribonucléico genômico

CGF Centro de Genômica e Fitomelhoramento

MIP Major Intrinsic Protein – Proteínas Intrínsecas de Membrana

NCBI National Center for Biotechnology Information

NIP Nodulin-26-like Intrinsic Proteins

NPA Aspargina-Prolina-Alanina

ORF Open Reading Frame – Fase Aberta de Leitura

PCR Polymerase Chain Reaction – Reação em cadeia da Polimerase

pI Ponto isoelétrico

PIP Plasma Membrane Intrinsic Proteins

RNA Ribonucleic acid – ácido Ribonucleico

SIP Small Basic Intrinsic Proteins

TIGR The Institute for Genomic Research Rice Genome Annotation project

TIP Tonoplast Intrinsic Proteins

TMH Transmembrane Helix – Hélice Transmenbrana

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

12

Sumário

Agradecimentos.................................................................................................. 5

Resumo................................................................................................................ 6

Abstract............................................................................................................... 7

Lista de Figuras.................................................................................................. 8

Lista de Tabelas.................................................................................................. 10

Lista de Abreviaturas e Siglas........................................................................... 11

1. Introdução geral.............................................................................................. 13

2. Capítulo I. Revisão bibliográfica................................................................... 15

2.1 Avena sativa L. ............................................................................................. 15

2.2 Transporte de água em plantas................................................................... 16

2.3 Aquaporinas.................................................................................................. 17

2.3.1 A sub família PIP ....................................................................................... 19

2.3.2 A sub família TIP........................................................................................ 21

2.3.3 A sub família NIP........................................................................................ 22

2.3.4 A sub família SIP........................................................................................ 22

2.4 Regulação da atividade das aquaporinas.................................................. 23

2.5 Referências ................................................................................................... 24

3. Capítulo II. Identificação de sequências homólogas de aquaporinas no

genoma da Avena sativa cultivar Barbarasul..................................................

32

3.1 Introdução..................................................................................................... 32

3.2 Material e métodos....................................................................................... 34

3.3 Resultados e discussão............................................................................... 37

3.4 Conclusões.................................................................................................... 44

3.5 Referências.................................................................................................... 45

4. Considerações Finais..................................................................................... 49

5. Referências...................................................................................................... 50

Apêndice 1........................................................................................................... 51

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

13

1. INTRODUÇÃO GERAL

A água é uma das substâncias essenciais à vida, constitui o meio onde

moléculas movimentam-se dentro das células e entre elas, influenciando

grandemente a estrutura de proteínas, ácidos nucléicos, polissacarídeos e outros

constituintes celulares. A água forma o ambiente onde ocorre a maioria das reações

bioquímicas celulares e participa diretamente em muitas reações químicas

essenciais (TAIZ; ZEIGER, 2006).

As plantas absorvem e perdem água continuamente, além disso ela é o

solvente que permite que gases, minerais e outras substâncias possam penetrar nas

células e fluir entre as mesmas e entre os vários órgãos do vegetal. De todos os

recursos de que a planta necessita para crescer e funcionar, a água é o mais

abundante e o mais limitante para a produtividade agrícola. Assim, a compreensão a

respeito de absorção e perda de água pelas plantas é muito importante. Com a

descoberta da existência das aquaporinas explicaram-se as taxas de movimento de

água observadas através das membranas, uma vez que a água difunde-se mais

rapidamente através desses canais do que pela dupla camada lipídica (MAUREL,

1997; AGRE; KOZONO, 2003).

Aquaporinas, um dos reguladores de estresses abióticos em plantas, fazem

parte de uma superfamília de proteínas integrais de membrana, denominada MIP

(major intrinsic proteins), que está subdividida em quatro subfamílias com base na

similaridade das suas sequências: TIPs (tonoplast intrinsic proteins), abundantes na

membrana vacuolar; PIPs (plasma membrane intrinsic proteins), abundantes em

membranas plasmáticas; NIPs (Nodulin-26-like intrinsic proteins), presentes em

membranas de nódulos de fixação simbiótica de nitrogênio e SIPs (small basic

intrinsic proteins), presentes na membrana do retículo endoplasmático (LUU;

MAUREL, 2005; KALDENHOFF; FISHER, 2006).

A principal função das aquaporinas é facilitar o transporte de água, mas esses

canais também são utilizados para o transporte de glicerol, gás carbônico e uréia

(KALDENHOFF; FISHER, 2006). A regulação dos genes que codificam aquaporinas

pode ocorrer em nível transcricional, por hormônios (ABA e giberelina) e estresses

abióticos (frio, seca, salinidade e luz) ou pós-traducional, por fosforilação,

glicosilação e proteólise (JOHANSSON et al., 2000).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

14

Contudo, essas proteínas que são de vital importância para organismos vivos

ainda não foram estudadas em aveia, um cereal que tem importante papel no

sistema de produção e integração lavoura/pecuária do sul do Brasil. Esta é cultivada

em estação fria para produção de grãos, forragem e cobertura de solo, e teve

aumento significativo em sua demanda tanto para consumo humano como para

ração animal (GUTKOSKI, 2000). Destaca-se a cultivar Barbarasul utilizada nesse

estudo. A cultivar de aveia branca Barbarasul, a qual foi desenvolvida pela

Universidade Federal de Pelotas, possui adaptação para cultivo na região sul do

Brasil, com excelente potencial de rendimento de grão e estatura reduzida, o que lhe

confere ótima tolerância ao acamamento (CARVALHO et al., 2009).

O conhecimento do genoma completo do arroz e a sintenia com genomas de

outras gramíneas como arroz, trigo, milho, cevada e sorgo (DEVOS; GALE, 2000),

permite que os genes correspondentes ou colineares sejam obtidos mais facilmente

na aveia, estudos comparativos já demonstraram que a colinearidade dos genes

geralmente é bem preservada entre os diferentes genomas das gramíneas

(KULEUNG et al., 2004).

A sintenia e a colinearidade encontrada nos cereais possibilita novas

oportunidades para uma transferência de informações genéticas das espécies

modelos para aquelas espécies com poucos investimentos em pesquisa genômica

ou com importância regional (VARSHNEY et al., 2005). Tal estratégia que aborda a

transferência de conhecimento será de grande importância nesse estudo, não só

para a compreensão da história evolutiva dos genes, mas também para auxiliar na

identificação de genes de aquaporinas em estudos de sintenia entre arroz (espécie

modelo para monocotiledôneas) e aveia.

Neste sentido, o presente estudo objetiva identificar em aveia genes

homólogos de aquaporinas já estudados em outras espécies, através de técnicas de

biologia molecular e bioinformática.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

15

2. CAPÍTULO I

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Avena sativa L.

A aveia (Avena sativa L.) é um cereal de inverno utilizado tanto para a

alimentação humana quanto animal, apresentando uma grande importância no

cenário mundial, sendo o sétimo cereal mais produzido no mundo, ficando atrás do

milho, arroz, trigo, cevada, sorgo e do milheto (FAOSTAT, 2008).

Devido às importantes propriedades nutricionais, a aveia tem evidenciado

grande destaque na alimentação humana, por apresentar em relação aos demais

cereais um teor de proteína nos grãos mais elevado, variando de 16 a 21%. Além

disso, a aveia apresenta vitaminas essenciais, minerais, ácidos graxos, antioxidantes

e fibras que a qualificam como cereal de grande importância na alimentação humana

e animal, como por exemplo, as β-glucanas, responsáveis pela redução no teor de

colesterol no sangue (LORENCETTI, 2004; BUTT et al., 2008).

No Brasil a aveia é apontada como uma das alternativas para o cultivo de

inverno, em rotação de cultivo com o trigo, na formação de pastagens de inverno,

em cultivo isolado ou consociado, para a elaboração de feno e silagem e como

adubo verde, apresentando um reconhecido efeito de recuperação e conservação do

solo (CARVALHO et al., 1987).

A aveia, pelas suas várias formas de utilização, representa uma alternativa

economicamente viável para cultivo no período de estação fria na Região Sul do

Brasil, o que pode possibilitar além de todas as vantagens já citadas, o

desenvolvimento efetivo do sistema de plantio direto na metade sul do Rio Grande

do Sul e uma nova alternativa econômica aos produtores rurais, principalmente

visando à produção de grãos para comercialização.

Apesar da importância dessa espécie, poucos investimentos no setor de

biotecnologia beneficiam estudos em aveia. Varshney et al. (2005) classificam essas

espécies como plantas órfãs e afirmam que, a transferência de conhecimentos

acumulados na genômica funcional e estrutural de espécies denominadas como

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

16

modelo, representa uma estratégia que a partir de investimentos menores podem

beneficiar o conhecimento genético dessas espécies e beneficiar diretamente

programas de melhoramento genético. A integração dessas informações, não é

somente útil para análise funcional de genes, numa abordagem de genômica

comparativa, pode ser uma ferramenta chave e essencial que poderá prover

melhorias na resposta aos estresses abióticos em plantas cultivadas.

2.2 Transporte de água em plantas

Os organismos vivos são compostos principalmente de água, sendo os

tecidos vegetais constituídos por cerca de 75 a 85%. A água como solvente

universal promove nas plantas a absorção de minerais dissolvidos no solo, permite o

movimento de moléculas no interior da célula e entre as células, influencia a

estrutura das moléculas e participa em reações bioquímicas (TAIZ; ZEIGER, 2006).

O fluxo celular é um processo essencial na adaptação dos organismos ao seu

ambiente. As plantas por serem organismos estáticos, para se adaptarem ao seu

ambiente e a vários fatores de estresse, como déficit hídrico, desenvolveram

mecanismos de captura de água e de sais minerais a partir das raízes (TAIZ;

ZEIGER, 2006).

A água é transportada, juntamente com os sais minerais, para toda a planta, o

fluxo da água e dos sais minerais desde o solo ao ápice da planta pode ocorrer por

difusão molecular, por fluxo de massa, ou por uma combinação destes mecanismos.

A água difunde-se porque moléculas estão em constante agitação térmica, o que

tende a eliminar as diferenças de concentração. Move-se por transporte em massa

em resposta a uma diferença de pressão, sempre que há uma rota apropriada para

movimento em massa da água. A osmose, o movimento de água através das

membranas, depende de um gradiente de energia livre da água pela membrana; na

osmose os dois tipos de gradiente, difusão e fluxo de massa, influenciam o

transporte (TAIZ; ZEIGER, 2006).

A hipótese de que o fluxo de água através de células vivas ocorreria através

de poros nas membranas, levou vários cientistas a buscarem esclarecimentos para

tal fenômeno, levando a descoberta de um número elevado de isoformas de

aquaporinas que facilita o transporte de água nas plantas (NOZAKI et al., 2008).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

17

2.3 Aquaporinas

A existência de aquaporinas foi uma surpresa, pois se acreditava que a

bicamada lipídica seria suficientemente permeável a água, no entanto são comuns

em membranas de animais e relativamente abundantes em membranas vegetais.

Com a descoberta de sua existência (AGRE; KOZONO, 2003), diversos estudos em

oócitos do sapo Xenopus laevis comprovaram a presença destas proteínas na

membrana vacuolar (tonoplasto) e na membrana plasmática e sua caracterização

como canais de água em Arabidopsis thaliana (L.) Heynh. (MAUREL et al., 1993,

DANIELS et al., 1994). Desde então, genes que codificam aquaporinas têm sido

identificados em outras espécies vegetais, como o milho (Zea mays L.), o arroz

(Oryza sativa L.) e o trigo (Triticum aestivum L.). O aumento da permeabilidade da

Figura 1 - Aquaporina: modelo ampulheta. O modelo mostra os seis domínios

alfa-hélice transmembrana (1-6) e os loops B (hemiporo-1) e E (hemiporo-2)

contendo os motivos NPA (Asn - Pro - Ala) altamente conservados que formam uma

via única aquosa das AQPs através das membranas. (a) Topologia geral. (b)

Topologia do poro formado. Adaptado de Jung et al. (1994) e Agre et al. (2002).

Intracelular

Intracelular

Extracelular

Extracelular

Bicamada lipídica

Bicamada lipídica

Hemiporo-1 Hemiporo-2 (a)

(b)

Ampulheta

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

18

membrana à água após expressão heteróloga em oócitos, demonstra que

aquaporinas representam uma importante via seletiva para o fluxo da água através

das membranas (fig. 1) (CHAUMONT et al., 2001; SAKURAI et al. 2005; FORREST;

BHAVE, 2008).

Nas plantas, o transporte de água através das aquaporinas mostra-se

fundamental para os processos fisiológicos como elongação, germinação e

osmorregulação (MAUREL, 2007). As plantas diferem dos outros organismos por

expressarem um número elevado de isoformas de aquaporinas. No genoma da

Arabidopsis foram identificados 38 genes que potencialmente codificam estas

proteínas (QUIGLEY et al, 2001).

Em arroz e em milho foram identificados 33 e 36 genes, respectivamente,

enquanto que números menores foram identificados no genoma humano (13), na

bactéria E. coli (2), em nemátoides (9) e na levedura S.cerevisiae (9). A elevada

quantidade de isoformas de aquaporinas encontrada nos vegetais deve-se ao fato

destes organismos precisarem de uma absorção contínua de água durante o seu

desenvolvimento; permite também um transporte rápido e reversível de água,

exercendo assim, uma função vital quando a planta enfrenta condições adversas

como o estresse hídrico (CHAUMONT et al., 2001; JOHANSON et al., 2001;

QUIGLEY et al., 2002; CHAUMONT et al., 2005; MAUREL, 1997; SAKURAI et al.

2005). No entanto, devido à presença de um elevado número de genes codificando

diferentes isoformas de aquaporinas nos tecidos vegetais acredita-se na

possibilidade destas proteínas não serem específicas para o transporte de água

(SANTONI et al., 2000; HACHEZ et al., 2006).

As aquaporinas de plantas estão agrupadas em quatro subfamílias, de acordo

com sua localização sub-celular: PIPs (plasma membrane intrinsic proteins), TIPs

(tonoplast intrinsic proteins), NIPs (nodulin26-like intrinsic proteins) e SIPs (small

basic intrinsic proteins). As PIPs e as TIPs são proteínas da membrana plasmática e

do tonoplasto, respectivamente, já as NIPs e as SIPs encontram-se associadas às

membranas intracelulares (CHAUMONT et al., 2001; MAUREL et al., 2002).

Estudos experimentais revelaram que elementos pertencentes às quatro

subfamílias transportam água (MAUREL et al., 1993; DANIELS et al., 1994; WEIG et

al., 1997; ISHIKAWA et al., 2005). Porém, algumas aquaporinas não são específicas

para a água, podendo realizar o transporte de moléculas pequenas e neutras, como

a formamida, o glicerol, a uréia e o CO2 (RIVERS et al., 1997; BIELA et al., 1999).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

19

Outros estudos demonstraram que algumas aquaporinas vegetais podem ser

permeáveis à amônia (JAHN et al., 2004), ao boro (DORDAS et al., 2000), ao

peróxido de hidrogênio e a alcoóis de baixo peso molecular. Entretanto, outros

trabalhos sugerem que algumas aquaporinas de mamíferos, embora específicas

para a água, podem transportar íons quando expressas em oócitos de Xenopus

(TYERMAN et al., 2002; CHAUMONT et al., 2005).

2.3.1 A subfamília PIP

Aquaporinas da subfamília PIP são expressas na membrana plasmática.

Membros desta subfamília possuem peso molecular de aproximadamente 30 kDa,

ponto isoelétrico (pI) 9.0 e dividem-se em duas subclasses PIP1 e PIP2. A subclasse

PIP1 é composta por cinco isoformas (PIP1;1 a PIP1;5), e a PIP2 por oito (PIP2;1 a

PIP2;8) (JOHANSON et al., 2001; MAUREL, 2007). As aquaporinas PIP1 possuem a

porção N-terminal mais longa do que as aquaporinas PIP2 e a porção C-terminal

mais curta. Com a exceção de PIP1 de Arabidopsis, não há conhecimento de

nenhuma proteína PIP1 que seja específica para a água (CHAUMONT et al., 2000;

JOHANSSON et al., 2000; BOTS et al., 2005).

A aquaporina SoPIP1 do espinafre (Spinacia oleracea) mostrou uma baixa

atividade de transporte de água quando expressa em oócitos de Xenopus, ao

contrário do seu homólogo SoPIP2 (JOHANSSON et al., 1996; JOHANSSON et al.,

1998; TÖRNROTH-HORSEFIELD et al., 2006).

Por outro lado, estudos recentes em milho mostraram que a co-expressão das

isoformas ZmPIP1;2 (não funcional) e ZmPIP2 (funcional) resultou num aumento da

permeabilidade dos oócitos, tendo já sido demonstrada a interação física e

heteromerização entre estas proteínas (FETTER et al., 2004). Estes efeitos parecem

ser muito específicos visto que não foi observado um aumento da permeabilidade à

água quando a isoforma ZmPIP1;1, que partilha 96% de homologia com a

ZmPIP1;2, foi co-expressa com qualquer isoforma ZmPIP2. No entanto, a co-

expressão de ambas as isoformas de PIP1(ZmPIP1;2 e ZmPIP1;1) resultou num

aumento significativo da permeabilidade à água da membrana dos oócitos, o que

sugere que a aquaporina PIP1 atua de modo a induzir canais de água funcionais

(fig. 2).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

20

Figura 2- Modelo topológico da ZmPIP1;2 de milho (Zea mays). O modelo

mostra os seis domínios alfa-hélices transmembrana (TM1-TM6) e os loops B e E

(HB e HE). Resíduos aminoacídicos em amarelo circulados em vermelho são

altamente conservados em ZmAQPs. Adaptado de Chaumont et al. (2005).

A interação entre as aquaporinas PIP1 (NtPIP1;1) e PIP2 (NtPIP2;1) do

tabaco (Nicotiana tabacum) resultou também num aumento da atividade de

transporte de água nos oócitos de Xenopus (MAHDIEH et al., 2008). Estes estudos

têm revelado um novo mecanismo de regulação de aquaporinas em plantas

(FETTER et al., 2004).

As aquaporinas PIPs são ubíquas e abundantes nos tecidos das plantas, mas

não existe um perfil de expressão padrão dos elementos desta subfamília de

aquaporinas. Como foi descrito, a aquaporina ZmPIP2;2 é majoritariamente

expressa em tecidos do aparelho reprodutivo enquanto a aquaporina ZmPIP2;4 é

sobretudo expressa nas raízes. ZmPIP1;3 e ZmPIP1;4 codificam proteínas idênticas

e os seus transcritos mostram uma distribuição semelhante nos tecidos (ZELAZNY

et al., 2007).

aa conservados nas ZmPIPs

aa importantes para a seletividade e formação do poro

aa diferentes presentes em ZmPIP1;1

citoplasma

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

21

2.3.2 A subfamília TIP

As aquaporinas TIP (tonoplast intrinsic proteins), como o nome sugere, são

expressas no tonoplasto, contudo, ainda se especula que possam ser expressas em

outros locais. Os membros da subfamília TIP possuem um peso molecular entre 25 e

28 kDa e ponto isoelétrico 6.0 (DELROT et al., 2001). No milho, em Arabidopsis e no

arroz, os membros desta subfamília encontram-se agrupados em cinco subclasses,

TIP1 a TIP5. A isoforma AtTIP1;1 (γ-TIP) é altamente específica para o transporte de

água, no entanto outras isoformas facilitam o transporte de glicerol, uréia ou CO2,

além de água (RIVERS et al., 1997; DEAN et al., 1999; GERBEAU et al., 1999;

GUENTHER; ROBERTS, 2000; WEIG; JAKOB, 2000; LIU et al., 2003; UEHLEIN et

al., 2003). Em milho, a aquaporina ZmTIP1;1 é a mais expressa, em níveis

equivalentes à AtTIP1;1 de Arabidopsis (BARRIEU et al., 1998; CHAUMONT et al.,

1998).

Os membros da subclasse TIP4 também transportam solutos, como

demonstrado no tabaco onde a aquaporina NtTIPa é capaz de transportar uréia e

glicerol (GERBEAU et al.,1999). A subclasse TIP5 inclui uma proteína de

Arabidopsis ainda não caracterizada e duas proteínas de milho e cevada (Hordeum

vulgare) (CHAUMONT et al., 2001). De acordo com os trabalhos de Kammerloher et

al. (1994) e de outros publicados posteriormente (CHAUMONT et al., 2000;

JOHANSSON et al., 2000; CHAUMONT et al., 2001; JOHANSON et al., 2001), a

subfamília PIP difere da subfamília TIP por possuir na porção N-terminal

aminoácidos adicionais. Contudo, existe um elevado número de posições de

aminoácidos (142, aproximadamente 50%) que são conservados em todas as

aquaporinas PIP (CHAUMONT et al., 2001).

A inexistência de um perfil de expressão padrão também é evidente nesta

subfamília, podendo, por exemplo, a aquaporina AtTIP2 ser expressa no sistema

vascular da parte aérea e em raízes (DANIELS et al., 1996), a AtTIP3 nas sementes

e nos cotilédones (JOHANSON et al., 2001) e a γ-TIP em raízes e nas folhas

(MAUREL, 1997).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

22

2.3.3 A subfamília NIP

A denominação NIPs (nodulin26-like intrinsic proteins) advém da similaridade

destas aquaporinas com a nodulina 26 da soja (Glycine max L.). Os membros desta

subfamília são encontrados em plantas leguminosas e não leguminosas e são

estrutural e funcionalmente diferentes das outras aquaporinas, por serem

permeáveis a uma vasta variedade de pequenos solutos, como o glicerol e a uréia.

Devido à sua reduzida especificidade, as aquaporinas NIP são consideradas

aquagliceroporinas de plantas (WALLACE et al., 2006; MAUREL, 2007). A sua

expressão é mais baixa do que a das PIPs e das TIPs e está usualmente associada

a células e órgãos especializados, como por exemplo, os nódulos radiculares das

leguminosas onde ocorre a fixação de nitrogênio.

As NIPs têm sido encontradas na membrana plasmática e em membranas

intracelulares (ALEXANDERSSON et al., 2005; WALLACE et al., 2006; MAUREL,

2007). As aquaporinas NIP podem ser divididas em dois grupos segundo a estrutura

dos seus canais seletivos Ar/R (WALLACE; ROBERTS, 2004), NIP1, com seis

membros em Arabidopsis, são permeáveis à água e ao glicerol e NIP2, que

possuem um poro de maior diâmetro do que as NIP1 e são permeáveis a solutos

maiores, como a uréia. Tem sido mostrado que a aquaporina de Arabidopsis

AtNIP5;1 transporta boro em raízes e, mais recentemente, foi mostrado que é capaz

de transportar silício como um mecanismo de defesa em resposta a diversos fatores

de estresse biótico e abiótico (MA et al., 2006; TAKANO et al.,2006).

A subfamília NIP é representada por quatro membros no milho. Uma delas é a

ZmNIP1;1, capaz de transportar glicerol (RIVERS et al., 1997; DEAN et al., 1999;

WEIG; JAKOB, 2000). As aquaporinas NIP e PIP são as proteínas mais longas,

contudo as NIPs diferem das PIPs principalmente por possuírem uma porção C-

terminal mais longa (CHAUMONT et al., 2001).

2.3.4 A subfamília SIP

As SIPs constituem uma nova e pequena subfamília descoberta por Johanson

e Gustavsson (2002), com base em estudos filogenéticos. Os membros desta

subfamília, subdividida em dois grupos, SIP1 e SIP2, possuem pI muito elevado e

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

23

sequências aminoacídicas altamente divergentes, mostrando apenas 16% a 20% de

semelhança com as outras três subfamílias. As principais diferenças dizem respeito

ao primeiro motivo NPA da hélice curta do loop B (HB), encontrado em todas as

PIPs, TIPs e na maioria das NIPs, que é substituído pelos motivos NPT e NPC no

grupo SIP1 e pelo motivo NPL no grupo SIP2 (CHAUMONT et al., 2001) e ao canal

seletivo Ar/R (BANSAL; SANKARARAMAKRISHNAN, 2007).

Diversos experimetos têm demonstrado que os motivos conservados NPA,

bem como o canal seletivo Ar/R, funcionam como locais seletivos para o movimento

da água e de pequenos solutos (CHAKRABARTI et al., 2004). Ishikawa et al. (2005)

demonstraram que as três SIPs de Arabidopsis estão localizadas no retículo

endoplasmático e que AtSIP1;1 e AtSIP1;2, ao contrário de AtSIP2;1, funcionam

como canais de água.

2.4 Regulação da atividade das aquaporinas

A regulação da permeabilidade da membrana biológica à água é um processo

muito complexo. De modo geral, pode ocorrer por mecanismos de controle rápido

que afetam diretamente a atividade das aquaporinas, ou ainda por respostas

adaptativas mais lentas em nível da expressão gênica. Situações como anoxia,

estresse salino e osmótico e modificação da disponibilidade da água podem

determinar a abertura e o fechamento das aquaporinas e representar uma via de

resposta rápida (JOHANSON et al., 2001; BOURSIAC et al., 2005; CHAUMONT et

al., 2005).

A atividade das aquaporinas pode ainda ser modificada por metais pesados,

disponibilidade de nutrientes, temperatura e espécies reativas de oxigênio

(PRESTON et al., 1993; DANIELS et al., 1996; ZHANG; TYERMAN, 1999;

NIEMIETZ; TYERMAN, 2002). A abertura das aquaporinas pode também ser

controlada por forças de tensão/coesão exercidas na presença de elevadas

concentrações de solutos osmoticamente ativos (YE et al., 2004). Em geral, as

aquaporinas são inibidas por compostos de mercúrio, que atuam sobre o aminoácido

cisteína (DANIELS et al., 1996), porém, em algumas proteínas o mercúrio funciona

como ativador (CHRISPEELS; MAUREL, 1994).

Recentemente foi estabelecida a estrutura detalhada da aquaporina SoPIP do

espinafre e elucidados os mecanismos de abertura e fechamento do canal

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

24

(TÖRNROTH-HORSEFIELD et al., 2006). Esses autores comprovaram que o

mecanismo do fechamento da aquaporina é controlado por desfosforilação da

proteína e pela formação de associações hidrofóbicas entre aminoácidos. A

desfosforilação ocorre em dois resíduos de Ser em locais de fosforilação consenso,

na Ser 115 localizada do loop B e na Ser 274 do loop D (região C-terminal), onde se

encontra também localizado o resíduo chave para este mecanismo, a Leu 197. Este

resíduo insere-se junto da entrada do canal e, em combinação com os resíduos His

99, Val 104 e Leu 108, cria uma barreira hidrofóbica que bloqueia o poro.

Ao contrário do mecanismo de fechamento, o mecanismo de abertura da

aquaporina no espinafre é controlado pela fosforilação da proteína e dissociação das

interações hidrofóbicas entre aminoácidos. A fosforilação ocorre nos resíduos de

fosforilação consenso citados anteriormente, Ser 115 e Ser 274. A abertura parcial

da aquaporina, devido ao deslocamento do loop D após a fosforilação dos resíduos

de Ser, conduz à dissociação da interação hidrofóbica entre os resíduos Leu 197,

His 99, Val 104 e Leu 108, permitindo o movimento da água (TÖRNROTH-

HORSEFIELD et al., 2006).

Estudos de expressão gênica por microarranjos em Arabidopsis, arroz e

cevada mostraram que a transcrição dos genes de aquaporinas pode ser modificada

por estímulos hormonais (giberelina e ABA), temperaturas baixas, déficit de água,

estresse salino, anoxia, carência mineral e pela luz (MAUREL et al., 2002). Um dos

aspectos interessantes da regulação das aquaporinas de plantas consiste no efeito

da luz. Em protoplastos de Samanea saman foi observada uma mudança da

permeabilidade à água durante o dia, correlacionada com a expressão de gene PIP2

(MOSHELION et al., 2002). Adicionalmente, a expressão da maioria dos genes que

codificam as aquaporinas é sub-regulada pela carência do íon cálcio ou pela

exposição à elevada salinidade (MAUREL et al., 2002; LUU; MAUREL, 2005). No

entanto, não existe um padrão geral de regulação das aquaporinas por expressão

gênica.

2.5 Referências

AGRE, P.; KING, L. S.; YASUI, M.; GUGGINO, W. B.; OTTERSEN, O. P. Aquaporin

water channels - from atomic structure to clinical medicine. Journal of Physiology,

v. 542, n. 1, p. 3-16, 2002.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

25

AGRE, P.; KOZONO, D. Aquaporin water channels: molecular mechanisms for

human diseases. FEBS Letters, v.555, p. 72-78, 2003.

ALEXANDERSSON, E.; FRAYSSE L.; SJOVALL-LARSEN S., GUSTAVSSON S.;

FELLERT M.; KARLSSON M.; JOHANSON U.; KJELLBOM P. Whole gene family

expression and drought stress regulation of aquaporins. Plant Mol Biol, n.59, p.469-

484, 2005.

BANSAL, A.; SANKARARAMAKRISHNAN, R. Homology modeling of major intrinsic

proteins in rice, maize and Arabidopsis: comparative analysis of transmembrane helix

association and aromatic/arginine selectivity filters. BMC Struct Biol, v.7, n.27, 2007.

BARRIEU, F.; CHAUMONT, F.; CHRISPEELS, M. J. High expression of the

tonoplast aquaporin ZmTIP1 in epidermal and conducting tissues of maize. Plant

Physiol, n.117, p.1153-1163, 1998.

BIELA, A.; GROTE, K.; OTTO, B.; HOTH, S.; HEDRICH, R.; KALDENHOFF, R. The

Nicotiana tabacum plasma membrane aquaporin NtAQP1 is mercury-insensitive and

permeable for glycerol. Plant J., n.18, p.565–570, 1999.

BOTS, M.; FERON, R.; UEHLEIN N.; WETERINGS K.; KALDENHOFF R.; MARIANI

T. PIP1 and PIP2 aquaporins are differentially expressed during tobacco anther and

stigma development. J Exp Bot, n.56, p.113-121, 2005.

BOURSIAC, Y.; CHEN, S.; LUU, D. T.; SORIEUL, M.; van den DRIES, N.; MAUREL,

C. Early effects of salinity on water transport in Arabidopsis roots. Molecular and

cellular features of aquaporin expression. Plant Physiol, n.139, p.790-805, 2005.

BUTT, M.S.; TAHIR-NADEEM, M.; KHAN, M.K.I.; SHABIR, R.; BUTT, M.S.A. Oat: unique among the cereals. European Journal of Nutrition, v.47, n.2, p.68-79,

2008.

CALAMITA, G. Aquaporins: highways for cells to recycle water with the outside

world. Biol Cell, n.97, p.351-353, 2005.

CARVALHO, F.I.F.; BARBOSA, J.F.; FLOSS, E.L.; FERREIRA-FILHO, A.W.;

FRANCO, F.A.; FEDERIZZI, L.C.; NODARI, R.O. Potencial genético da aveia como

produtora de grãos no Sul do Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,

v.22, n.1, p.71-82, 1987.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

26

CARVALHO, F. I. F.; OLIVEIRA, A. C.; VALÉRIO, I. P.; BENIN, G.; SCHMIDT, D. A.

M.; HARTWIG, I.; RIBEIRO, G.; SILVEIRA, G. Barbarasul: a high-yielding and

lodging-resistant white oat cultivar. Crop Breeding and Applied Biotechnology,

v.9, p. 96-99, 2009.

CHAKRABARTI, N.; ROUX, B.; POMÈS, R. Structural Determinants of Proton

Blockage in Aquaporins. J. Mol. Biol, n.343, p.493–510, 2004.

CHAUMONT, F.; BARRIEU, F.; HERMAN, E. M.; CHRISPEELS, M. J.

Characterization of a maize tonoplast aquaporin expressed in zones of cell division

and elongation. Plant Physiol, n.117, p.1143-1152, 1998.

CHAUMONT, F.; BARRIEU, F.; JUNG, R.; CHRISPEELS, M. J. Plasma membrane

intrinsic proteins from maize cluster in two sequence subgroups with differential

aquaporin activity. Plant Physiol, n.122, p.1025-1034, 2000.

CHAUMONT, F.; BARRIEU, F.; WOJCIK, E.; CHRISPEELS, M. J.; JUNG, R.

Aquaporins constitute a large and highly divergent protein family in maize. Plant

Physiol, n.125, p.1206-1215, 2001.

CHAUMONT, F.; MOSHELION, M.; DANIELS, M. J. Regulation of plant aquaporin

activity. Biol Cell, n.97, p.749-764, 2005.

CHRISPEELS, M. J.; MAUREL, C. Aquaporins: the molecular basis of facilitated

water movement through living plant cell? Plant Physiol, n.105, p.9-13, 1994.

DANIELS, M. J.; MIRKOV, T. E.; CHRISPEELS, M. J. The plasma membrane of

Arabidopsis thaliana contains a mercury-insensitive aquaporin that is a homolog of

the tonoplast water channel protein TIP. Plant Physiol, n.106, p.1325-1333, 1994.

DEAN, R. M.; RIVERS, R. L.; ZEIDEL, M. L.; ROBERTS, D. M. Purification and

functional reconstitution of soybean nodulin 26. An aquaporin with water and glycerol

transport properties. Biochem, n.38, p.347-353, 1999.

DEVOS, K. M.; GALE, M. D. Genome Relationships: The Grass Model in Current

Research. Plant Cell, v.12, p. 637-646, 2000.

DORDAS, C.; CHRISPEELS, M. J.; BROWN, P. H. Permeability and channel-

mediated transport of boric acid across membrane vesicles isolated from squash

roots. Plant Physiol, n.124, p.1349-1362, 2000.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

27

FAOSTAT - Food and Agriculture Organization of The United Nations data.

Prodution/Crops. Disponível em http://faostat.fao.org/site/567/default.aspx. Acesso

em 05 de set. 2008.

FETTER, K.; VAN WILDER, V.; MOSHELION, M.; CHAUMONT, F. Interactions

between plasma membrane aquaporins modulate their water channel activity. Plant

Cell, n.16, p.215-228, 2004.

FORREST, K. L.; BHAVE, M. The PIP and TIP aquaporins in wheat form a large and

diverse family with unique gene structures and functionally important features. Funct

Integr Genomics, v.8, p.115-133, 2008.

GERBEAU, P.; GUCLU, J.; RIPOCHE, P.; MAUREL ,C. Aquaporin Nt-TIPa can

account for the high permeability of tobacco cell vacuolar membrane to small neutral

solutes. Plant J, n.18, p.577-587, 1999.

GUENTHER, J. F.; ROBERTS, D. M. Water-selective and multifunctional aquaporins

from Lotus japonicus nodules. Planta, n.210, p.741-748, 2000.

GUTKOSKI, L. C. Composição quimica. In: Gutkoski, L. C.; Pedo, I. Aveia –

composição química, valor nutricional e processamento. São Paulo: Varela, 2000,

191p.

HACHEZ, C.; ZELAZNY, E.; CHAUMONT, F. Modulating the expression of aquaporin

genes in planta: A key to understand their physiological functions? Biochem

Biophys Acta, 1758, p.1142-1156, 2006.

ISHIKAWA, F.; SUGA, S.; UEMURA, T.; SATO, M. H.; MAESHIMA, M. Novel type

aquaporin SIPs are mainly localized to the ER membrane and show cell-specific

expression in Arabidopsis thaliana. FEBS Letters, 579, p.5814-5820, 2005.

JAHN, T. P.; MOLLER, A. L.; ZEUTHEN, T.; HOLM, L. M.; KLAERKE, D. A.,

MOHSIN, B.; KUHLBRANDT, W.; SCHJOERRING, J. K. Aquaporin homologues in

plants and mammals transport ammonia. FEBS Letters, 574, p.31-36, 2004.

JOHANSON, U.; GUSTAVSSON, S. A new subfamily of major intrinsic proteins in

plants. Mol Biol Evol, 19, p.456-461, 2002.

JOHANSON, U.; KARLSSON, M.; JOHANSSON, I.; GUSTAVSSON, S.; SJOVALL,

S.; FRAYSSE, L.; WEIG, A. R.; KJELLBOM, P. The complete set of genes encoding

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

28

major intrinsic proteins in Arabidopsis provides a framework for a new nomenclature

for major intrinsic proteins in plants. Plant Physiol, 126, p.1358-1369, 2001.

JOHANSSON, I.; KARLSSON, M.; JOHANSON, U.; LARSSON, C.; KJELLBOM, P.

The role of aquaporins in cellular and whole plant water balance. Biochimica et

Biophysica Acta, v.1465, p.324-342, 2000.

JOHANSSON, I.; KARLSSON, M.; SHUKLA, V. K.; CHRISPEELS, M. J., LARSSON,

C.; KJELLBOM, P. Water transport activity of the plasma membrane aquaporin

PM28A is regulated by phosphorylation. Plant Cell, 10, p.451-459, 1998.

JOHANSSON, I.; LARSSON, C.; EK, BO; KJELLBOM, P. The major integral proteins

of spinach leaf plasma membranes are putative aquaporins and are phosphorylated

in response to Ca2+ and apoplastic water potential. Plant Cell, 8, p.1181-1191, 1996.

JUNG, J. S.; PRESTON, G. M.; SMITH, B. L.; GUGGINO, W. B.; AGRE, P.

Molecular structure of the water channel through aquaporin CHIP. The hourglass

model. The Journal of Biological Chemistry, v. 269, n. 20, p. 14648-14654, 1994.

KALDENHOFF, R.; FISCHER, M. Aquaporins in plants. Acta Physiologica, v.187,

p.169-176, 2006.

KAMMERLOHER, W.; FISCHER, U.; PIECHOTTKA, G. P.; SCHAFFNER, A. R.

Water channels in the plant plasma membrane cloned by immunoselection from a

mammalian expression system. Plant J, v.6, p.187-199, 1994.

KULEUNG, C.; BAENZIGER, P. S.; DWEIKAT, I. Transferability of SSR markers

among wheat, rye and triticale. Theoretical Applied Genetics, v.108, p.1147-1150,

2004.

LIU, L. H.; LUDEWIG, U.; GASSERT, B.; FROMMER, W. B.; von WIREN, N. Urea

transport by nitrogen-regulated tonoplast intrinsic proteins in Arabidopsis. Plant

Physiol, v.133, p.1220-1228, 2003.

LORENCETTI, C. Capacidade combinatória de genitores e suas implicações no

desenvolvimento de progênies superiores em aveia (Avena sativa L.). Tese

(Doutorado). Universidade Federal de Pelotas. Pelotas: UFPel, 2004. 102f.

LUU, D. T.; MAUREL, C. Aquaporins in a challenging environment: molecular gears

for adjusting plant water status. Plant, Cell & Environment, v.28, p.85-96, 2005.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

29

MA, J. F.; TAMAI, K.; YAMAJI, N.; MITANI, N.; KONISHI, S.; KATSUHARA, M.;

ISHIGURO, M.; MURATA, Y.; YANO, M. A silicon transporter in rice. Nature, v.440,

p.688-691, 2006.

MAHDIEH, M.; MOSTAJERAN, A.; HORIE, T.; KATSUHARA, M. Drought stress

alters water relations and expression of PIP-type aquaporin genes in Nicotiana

tabacum plants. Plant Cell Physiol, v.49, p.801-813, 2008.

MAUREL, C. Aquporins and water permeability of plant membranes, Annu. Rev.

Plant Physiol. Plant Molecular Biology, v.48, p. 399-420, 1997.

MAUREL, C. Plant aquaporins: novel functions and regulation properties. FEBS

Letters, v.581, p.2227-2236, 2007.

MAUREL, C.; JAVOT, H.; LAUVERGEAT, V.; GERBEAU, P.; TOURNAIRE, C.;

SANTONI, V.; HEYES, J. Molecular physiology of aquaporins in plants. Int Rev

Cytol, v.215, p.105-148, 2002.

MAUREL, C.; REIZER, J.; SCHROEDER, J. I.; CHRISPEELS, M. J. The vacuolar

membrane protein gamma-TIP creates water specific channels in Xenopus oocytes.

Embo J, v.12, p.2241-2247, 1993.

MOSHELION, M.; BECKER, D.; BIELA, A.; UEHLEIN, N.; HEDRICH, R.; OTTO, B.;

LEVI, H.; MORAN, N.; KALDENHOFF, R. Plasma membrane aquaporins in the

motor cells of Samanea saman: diurnal and circadian regulation. Plant Cell, v.14,

p.727-739, 2002.

NIEMIETZ, C. M.; TYERMAN, S. D. New potent inhibitors of aquaporins: silver and

gold compounds inhibit aquaporins of plant and human origin. FEBS Letters, v.531,

p.443-447, 2002.

NOZAKI, K.; ISHII, D.; ISHIBASHI, K. Intracellular aquaporins: clues for intracellular

water transport? Pflugers Arch - Eur J Physiol, v.456, p.701–707, 2008.

PRESTON, G. M.; JUNG, J. S.; GUGGINO, W. B.; AGRE, P. The Mercury-sensitive

Residue at Cysteine 189 in the CHIP28 Water Channel. The Journal of Biological

Chemistry, v.268, n.1, p.17-20, 1993.

QUIGLEY, F.; ROSENBERG, J. M.; SHACHAR-HILL, Y.; BOHNERT, H. J. From

genome to function: the Arabidopsis aquaporins. Genome Biol, v.3, 2001.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

30

RIVERS, R. L.; DEAN, R. M.; CHANDY, G.; HALL, J. E.; ROBERTS, D. M.; ZEIDEL,

M. L. Functional analysis of Nodulin 26, an aquaporin in Soybean root nodule

symbiosomes. JBC, v.272, p.16256-16261, 1997.

SAKURAI, J.; FUMIYOSHI, I.; TOMOYA, Y.; MATSUO, U.; MASAYOSHI, M.

Indentification of 33 Rice Aquaporin Genes and Analysis of Their Expression an

Function. Plant Cell Physiology, v.46, p.1568-1577, 2005.

SANTONI, V.; GERBEAU, P.; JAVOT, H.; MAUREL, C. The high diversity of

aquaporins reveals novel facets of plant membrane functions. Curr Opin Plant Biol,

v.3, p.476-481, 2000.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

TAKANO, J.; WADA, M.; LUDEWIG, U.; SCHAAF, G.; von WIREN, N.; FUJIWARA,

T. The Arabidopsis major intrinsic protein NIP5;1 is essential for efficient boron

uptake and plant development under boron limitation. Plant Cell, v.18, p.1498-1509,

2006.

TÖRNROTH-HORSEFIELD, S.; WANG, Y.; HEDFALK, K.; JOHANSON, U.;

KARLSSON, M.; TAJKHORSHID, E.; NEUTZE, R.; KJELLBOM, P. Structural

mechanism of plant aquaporin gating. Nature, v.439, p.688-694, 2006.

TYERMAN, S. D.; NIEMIETZ, C. M.; BRAMLEY, H. Plant aquaporins: multifunctional

water and solute channels with expanding roles. Plant Cell Environ, v.25, p.173-

194, 2002.

UEHLEIN, N.; LOVISOLO, C.; SIEFRITZ, F.; KALDENHOFF, R. The tobacco

aquaporin NtAQP1 is a membrane CO2 pore with physiological functions. Nature,

v.425, p.734-737, 2003.

VARSHNEY, R. K.; GRANER, A.; SORRELLS, M. E. Genomics-assisted breeding for

crop improvement. Trends in Plant Science, v.10, p. 621-630, 2005.

WALLACE, I. S.; CHOI, W. G.; ROBERTS, D. M. The structure, function and

regulation of the nodulin 26-like intrinsic protein family of plant aquaglyceroporins.

Biochem Biophys Acta, v.1758, p.1165-1175, 2006.

WALLACE, I. S.; ROBERTS, D. M. Homology modeling of representative subfamilies

of Arabidopsis major intrinsic proteins. Classification based on the aromatic/arginine

selectivity filter. Plant Physiol, v.135, p.1059-1068, 2004.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

31

WEIG, A.; DESWARTE, C.; CHRISPEELS, M. J. The major intrinsic protein family of

Arabidopsis has 23 members that form three distinct groups with functional

aquaporins in each group. Plant Physiol, v.114, p.1347-1357, 1997.

WEIG, A. R.; JAKOB, C. Functional identification of the glycerol permease activity of

Arabidopsis thaliana NLM1 and NLM2 proteins by heterologous expression in

Saccharomyces cerevisiae. FEBS Letters, v.481, p.293-298, 2000.

YE, Q.; WIERA, B.; STEUDLE, E. A cohesion/tension mechanism explains the gating

of water channels (aquaporins) in Chara internodes by high concentration. J Exp

Bot, v.55, p.449-461, 2004.

ZELAZNY, E.; BORST, J.W.; MUYLAERT, M.;BATOKO, H.;HEMMINGA, M.A.;

CHAUMONT, F. FRET imaging in living maize cells reveals that plasma membrane

aquaporins interact to regulate their subcellular localization. Proceedings of the

National Academy of Sciences of the United States of America, v.104, p.12359–

12364, 2007.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

32

3. CAPÍTULO II

IDENTIFICAÇÃO DE SEQUÊNCIAS HOMÓLOGAS DE AQUAPORINAS NO

GENOMA DE AVENA SATIVA L. CULTIVAR BARBARASUL

3.1 INTRODUÇÃO

A aveia (Avena sativa L.) é um cereal de inverno utilizado tanto para a

alimentação humana quanto animal, apresentando uma grande importância no

cenário mundial, uma vez que é o sétimo cereal mais produzido no mundo perdendo

em produção somente para o milho, o arroz, o trigo, a cevada, o sorgo e o milheto

(FAOSTAT, 2008). No Brasil a aveia é apontada como uma das alternativas para o

cultivo de inverno, em rotação de cultivo com o trigo, na formação de pastagens de

inverno, em cultivo isolado ou consorciado, para a elaboração de feno e silagem e

como adubo verde, apresentando um reconhecido efeito de recuperação e

conservação do solo (CARVALHO et al., 1987)

A cultivar de aveia branca Barbarasul, alvo do presente estudo, foi

desenvolvida pela Universidade Federal de Pelotas, possui adaptação para cultivo

na região sul do Brasil, com excelente potencial de rendimento de grão e estatura

reduzida, o que lhe confere ótima tolerância ao acamamento (CARVALHO et al.

2009). Apesar da importância dessa espécie, poucos investimentos no setor de

biotecnologia beneficiam estudos em aveia. Varshney et al. (2005) classificam essas

espécies como plantas órfãs e afirmam que a transferência de conhecimentos

acumulados na genômica funcional e estrutural de espécies denominadas como

modelo, representa uma estratégia que a partir de investimentos menores podem

beneficiar o conhecimento genético dessas espécies e beneficiar diretamente

programas de melhoramento genético. A integração dessas informações, não é

somente útil para análise funcional de genes, mais numa abordagem de genômica

comparativa, pode ser uma ferramenta chave e essencial que poderá prover

melhorias na resposta aos estresses abióticos em plantas cultivadas.

Aquaporinas são proteínas transmembrana que funcionam como canais, para

facilitar e regular a permeabilidade de moléculas de água através das membranas

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

33

biológicas (MAUREL et al., 2008). MIPs (Major Intrinsic Proteins) consitem

tipicamente de seis hélices transmembrana (TMHs; H1 - H6), ligadas por cinco loops

(loops A - E) e dois motivos NPA (Asn - Pro - Ala) altamente conservados

(FORREST; BHAVE, 2007). Estas proteínas, que possuem importância vital para

organismos vivos, até o presente trabalho não foram estudadas em aveia. Elas estão

agrupadas em quatro subfamílias de acordo com sua localização sub-celular: PIPs

(plasma membrane intrinsic proteins), TIPs (tonoplast intrinsic proteins), NIPs

(nodulin26-like intrinsic proteins) e SIPs (small basic intrinsic proteins). As PIPs e as

TIPs são proteínas da membrana plasmática e do tonoplasto, respectivamente, já as

NIPs e as SIPs encontram-se associadas às membranas intracelulares

(CHAUMONT et al., 2001; MAUREL et al., 2002).

Com a descoberta da existência das aquaporinas (AGRE; KOZONO, 2003),

diversos estudos comprovam a presença destas proteínas na membrana vacuolar

(tonoplasto), na membrana plasmática e sua caracterização como canais de água

em Arabidopsis thaliana (L.) Heynh. (MAUREL et al., 1993, DANIELS et al., 1994).

Desde então, genes que codificam aquaporinas têm sido identificados em outras

espécies vegetais, como o milho (Zea mays L.), o arroz (Oryza sativa L.) e o trigo

(Triticum aestivum L.). Nas plantas, o transporte de água através das aquaporinas

mostra-se fundamental para os processos fisiológicos como elongação, germinação

e osmorregulação (MAUREL, 2007).

As plantas diferem dos outros organismos por expressarem um número

elevado de isoformas de aquaporinas. No genoma de Arabidopsis foram

identificados 38 genes que potencialmente codificam estas proteínas (QUIGLEY et

al, 2001). Em arroz e milho foram identificados 33 e 36 genes, respectivamente,

enquanto que números menores foram identificados no genoma humano (13), na

bactéria E. coli (2), em nematóides (9) e na levedura S.cerevisiae (9). A elevada

quantidade de isoformas de aquaporinas encontrada nos vegetais deve-se ao fato

destes organismos precisarem de uma absorção contínua de água durante o seu

desenvolvimento, permitindo também um transporte rápido e reversível de água,

exercendo assim função vital quando a planta enfrenta condições adversas como o

estresse hídrico (CHAUMONT et al., 2001; JOHANSON et al., 2001; QUIGLEY et al.,

2002; CHAUMONT et al., 2005; MAUREL, 1997).

A análise das sequências dos genes e o estudo das relações filogenéticas

contribuem significativamente na escolha de estratégias de transferibilidade entre o

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

34

arroz (espécie modelo) e demais espécies em que os genes de interesse já foram

estudados e a aveia (espécie órfã). Tendo em vista os crescentes problemas de

alagamento e/ou seca, a necessidade de cultivo em áreas afetadas pela salinidade,

e o comprovado papel das MIPs na resposta das plantas a estresses relacionados

com a disponibilidade de água, investigações desses genes na aveia são essenciais.

Este trabalho objetiva identificar em aveia genes homólogos de aquaporinas já

estudados em outras espécies, através de técnicas de biologia molecular e

bioinformática, constituindo o primeiro relato sobre a caracterização de genes MIP

em aveia.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Centro de Genômica e Fitomelhoramento (CGF)

do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", da

Universidade Federal de Pelotas, Pelotas (RS).

Material vegetal e extração de DNA

Sementes de aveia branca (Avena sativa L. cv. Barbarasul), provenientes do

banco de germoplasma do CGF, germinaram em câmara climatizada do tipo BOD à

temperatura de 20°C e fotoperíodo de 12h, por um período de 15 dias, até obtenção

das plântulas (BRASIL, 2009).

O DNA genômico (gDNA) foi extraído a partir de tecido vegetal jovem e

fresco, utilizando o tampão CTAB, conforme técnica descrita por Saghai-Maroof

(1984) com algumas modificações. O precipitado foi ressuspendido em tampão Tris-

EDTA, pH 8,0 e tratado com RNAse à concentração final de 10 mg/mL para remoção

de contaminação com RNA, quantificado em gel de agarose 1%, corado com

brometo de etídeo. Através da intensidade da banda foi estimada a quantidade de

DNA em ng/mL, por comparação com o marcador de peso molecular Low DNA Mass

Ladder (InvitroGen Life Technologies, Carlsbad, Calif., USA).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

35

Amplificação e clonagem dos genes de aquaporinas da aveia

Como não existe informação a respeito de genes de aquaporinas em aveia

até então, os primers foward e reverse (tab. 1) foram desenhados com base em

ESTs de aveia homólogas a genes de aquaporinas de arroz (Oryza sativa L.) e

primers degenerados baseados em regiões conservadas de genes de aquaporinas

de trigo (TMHs e Loop E).

Diferentes seções do gene foram amplificadas do gDNA da aveia branca

cultivar Barbarasul por PCR utilizando 100ng de gDNA molde, 10 mM de cada

primer (tab. 1) e 25 µL de GoTaq® Green Master Mix 2x (Promega, contendo dNTPs,

MgCl2, e Taq DNA polimerase) em 50 µL de reação. As PCRs foram realizadas em

termociclador PTC-100 TM (MJ research), utilizando desnaturação inicial (94°C,

5min.), 30 ciclos de desnaturação (94°C, 1min.), anelamento com temperatura

específica para cada primer (55 – 63°C, 1min.) e extensão (72°C, 1min. 30seg.), e

então extensão final (72°C, 5min.).

Os produtos de PCR foram visualizados em gel de agarose 1%, e as múltiplas

bandas foram selecionadas de acordo com o tamanho esperado para cada par de

primers (baseado em ESTs) para purificação com illustra GFX PCR DNA and Gel

Band Purification Kit (GE Healthcare).

DNAs purificados foram ligados no vetor TOPO® TA Cloning Kit (Invitrogen),

em seguida células competentes de E. coli (linhagem TOP10) transformadas por

eletroporação com os vetores contendo os fragmentos cresceram por 16h em meio

LB/Agar com espectinomicina (50 µg/mL). As análises dos clones positivos foram

feitas através de digestão com enzima de restrição (EcoRI). Para o

sequenciamento, foram selecionados os clones que apresentaram o tamanho de

fragmento esperado. A extração do DNA plasmidial dos clones selecionados foi

realizada utilizando o QIAprep Miniprep Kit.

Sequenciamento do DNA dos clones amplificados do DNA genômico

O sequenciamento das amostras foi realizado no Laboratório ACTGene

(Centro de Biotecnologia, UFRGS, Porto Alegre, RS) utilizando o sequenciador

automático ABI-PRISM 3100 Genetic Analyzer armado com capilares de 50 cm e

polímero POP6 (Applied Biosystems). Os DNAs-molde (100 a 250 ng) foram

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

36

marcados utilizando-se 3,2 pmol do respectivo primer (tab. 1) e 2 µL do reagente

BigDye Terminator v3.1 Cycle Sequencing RR-100 (Applied Biosystems) em um

volume final de 10 µL. As reações de marcação foram realizadas em termociclador

GeneAmp PCR System 9700 (Applied Biosystems) com uma etapa de desnaturação

inicial a 96ºC por 3 min seguida de 25 ciclos de 96ºC por 10 seg, 55ºC por 5 seg e

60ºC por 4 min. Após marcadas, as amostras foram purificadas pela precipitação

com isopropanol e lavagem com etanol 60%. Os produtos precipitados foram

diluídos em 10µL de formamida, desnaturados a 95ºC por 5 min, resfriados em gelo

por 5 min e eletroinjetados no sequenciador automático. Os dados de

sequenciamento foram coletados utilizando-se o programa Data Collection v1.0.1

(Applied Biosystems) com os parâmetros Dye Set “Z”; Mobility File

“DT3100POP6{BDv3}v1.mob”; BioLIMS Project “3100_Project1”; Run Module 1

“StdSeq50_POP6_50cm_cfv_100”; e Analysis Module 1 “BC-

3100SR_Seq_FASTA.saz”.

Tabela 1 - Primers utilizados para a amplificação das sequencias homólogas de aquaprinas a partir do gDNA de aveia por PCR.

Primera Sequencia TM (°C)

AsF1 ATGGCAAAGGACGAGGTGGTGG 70 AsF2 GCCACBYTSCTCTTCSTCTAC 57 AsR1 CGGTCGGAGCGGCTGATGACT 71 AsR2 GGTCATCCCAGGTCTTGTC 58 AsR3 GVCCVACCCAGAAGATCC 58

aPrimers com o nome terminado em F: primers foward; primers com o nome

terminado em R: primers reverse. Degeneração: R=A+G, Y=C+T, S=C+G,

B=T+C+G, V=A+C+G.

Análise das sequências amplificadas do genoma da aveia

As sequências de DNA dos fragmentos clonados foram submetidas à

tradução nas seis fases de leitura com o auxílio da ferramenta ORFinder para

determinar se estes são potenciais MIPs, também foi realizada uma busca no blastp

usando bancos de dados do NCBI (ALTSCHUL et al., 1990) e aquelas identificadas

como sendo MIPs foram analisadas posteriormente. O cDNA das sequencias

clonadas foi predito e traduzido em potenciais proteínas.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

37

As proteínas preditas a partir das sequências de DNA de aveia foram

submetidas ao servidor TMHMM v2.0 (http://www.cbs.dtu.dk/services/TMHMM) e

TMpred (http://www.ch.embnet.org/software/TMPRED_form.html) para a predição da

TMHs, a localização subcelular foi predita através dos programas WoLF PSORT

(http://wolfpsort.seq.cbrc.jp), TargetP 1.1 (http://www.cbs.dtu.dk/services/TargetP), e

SignalP 3.0 (http://www.cbs.dtu.dk/services/ SignalP).

Análises filogenéticas

A homologia das sequências selecionadas foi definida pelo do escore máximo

do alinhamento associado à maior cobertura da query e o menor valor de E-value

(quando o valor do e-value foi menor que 1e-10). As sequências selecionadas deste

alinhamento foram submetidas ao alinhamento global com o auxílio do software

ClustalW (LARKIN et al., 2007). Uma árvore inicial foi construída com base no

método de Neighbor-Joining (SAITOU; NEI, 1987), com um boostrap de 1000

réplicas com o auxílio do programa MEGA 4 (TAMURA et al., 2007), a fim de avaliar

o sinal filogenético. Os agrupamentos considerados monofiléticos foram submetidos

ao teste de escolha do modelo de substituição nucleotídica ideal, com auxílio do

software Jmodeltest (POSADA, 2008). O modelo apropriado foi selecionado para

análise bayesiana no programa BEAST (DRUMMOND; RAMBAUT, 2007), sendo as

árvores resultantes desta análise utilizadas para gerar uma árvore consenso. As

análises das árvores filogenéticas foram realizadas com o auxílio do software EPOS

for MacOSX 10.5.1.

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Identificação de potenciais genes de aquaporinas no genoma da aveia

A partir dos primers utilizados obtiveram-se produtos de PCR de 760pb,

771pb e 1072pb a partir do gDNA da Avena sativa L. cv. Barbarasul. O DNA

amplificado com os diferentes pares de primers, AsF1/AsR1 (760pb) e AsF2/AsR3

(771 e 1072pb), foi purificado dessas bandas selecionadas (fig. 3). Os fragmentos

foram clonados e os plasmídeos recombinantes tiveram seus fragmentos

sequenciados, os alinhamentos realizados através do blastp foram conduzidos após

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

38

identificação da melhor ORF de acordo com a melhor identidade obtida (tab. 2)

(Apêndice 1). As sequencias não relacionadas à MIPs não foram consideradas nos

estudos posteriores. Somente nos produtos de PCR obtidos a partir da combinação

de primers AsF2/AsR3 foram detectados relação com genes da família das

aquaporinas.

Figura 3 – Fotografia do gel dos fragmentos homólogos de aquaporinas amplificados por PCR a partir do genoma de aveia cv. Barbarasul. Marcador - 1 Kb Plus DNA Ladder. 01 - AsF1/AsR1; 02 - AsF2/AsR3.

Tabela 2 - ORF, posição, tamanho e Blastp dos potenciais genes de

aquaporinas em aveia.

Sequência Primer ORF Posição Tamanho Blastp e-value

(identidade)

cgfcontigAs2 AsF1/R1 +3 18-488 471 (156) aquaporina (Triticum aestivum) 6e-74 (89%)

cgfcontigAs3 AsF2/R3 -2 184-738 552 (183) aquaporina PIP2

(Triticum aestivum) 4e-73 (84%)

Análise das sequências

O método adotado inicialmente para estimar as filogenias foi o neighbor-

joining que é preferível a outros métodos comumente usados quando as taxas

evolutivas variam entre os ramos da árvore filogenética (HUGHES, 2001) o que é

verdadeiro no caso de famílias multigênicas cujos membros têm se adaptado a

diferentes funções. Genes de AQP estão sendo identificados em várias espécies de

vegetais (JOHANSSON et al., 2000).

760pb

1072bpb 771pb

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

39

Figura 4 - Árvore filogenética das sequências parciais de aquaporinas de arroz,

milho, Arabidopsis, trigo e contigs de aveia, obtida a partir de sequencias de DNA,

através do método de neighbor-joining. At (Arabidopsis thaliana), Os (Oryza sativa),

Ta (Triticum aestivum), Zm (Zea mays), PIP (plasma membrane intrinsic proteins),

TIP (tonoplast intrinsic proteins), NIP (Nodulin-26-like intrinsic proteins), e SIP (small

basic intrinsic proteins).

Foram conduzidas análises filogenéticas incluindo AQPs de outras espécies

vegetais para determinar como APQs de aveia se relacionam a sequências de

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

40

outras proteínas já estudadas. Na primeira etapa foram analisadas as sequências de

aquaporinas de arroz, milho, Arabdopsis, trigo e as potenciais aquaporinas de aveia.

Pode-se notar que as subfamilias de aquaporinas se separam de maneira marcante,

os contigs cgfcontigAs2 e cgfcontigAs3 apresentam-se no grupo da subfamília PIP.

Os resultados demonstram que os contigs cgfcontigAs2 e cgfcontigAs3

obtiveram homologia com PIPs de trigo (fig. 4). As proteínas PIP apresentam relação

mais próxima entre si do que as outras, cerca de 64% a 100% de identidade. No

entanto sua relação com os outros grupos é bem menor, cerca de 16% a 35% dos

aminoácidos são conservados (CHAUMONT et al. 2001).

Para a segunda etapa foram analisadas as sequênicas de aquaporinas

pertencentes à subffamilia PIP de arroz, milho, Arabidopsis, trigo e os dois contigs,

colaborando com os resultados obtidos na primeira etapa. Os contigs permaneceram

agrupados com PIPs de trigo o que indica alta similaridade desses genes entre as

espécies de trigo e aveia (fig. 5).

A conservação na ordem e no conteúdo de genes e/ou grupos gênicos entre

essas espécies relacionadas é altamente informativa para estudos comparativos de

função, ação e regulação entre os diferentes genomas. Considerando que as

espécies pertencentes à família Poaceae tenham divergido de um ancestral comum

há cerca de 60 milhões de anos (WILSON et al.,1999), é provável que as gramíneas

de interesse agronômico tenham sofrido as mesmas modificações também nos

genes envolvidos com o transporte de água.

Estes resultados aliados a estudos de genômica comparativa podem reforçar

esta hipótese, demonstrando que a colinearidade dos genes geralmente é bem

conservada entre os genomas das gramíneas (BENNETZEN; FREELING, 1997).

Contudo, a maior proximidade entre as sequências dos genes PIPs de trigo e os

contigs de aveia pode ser justificada por estas espécies pertencerem à mesma tribo

(Pooideae), o que torna seus genomas mais colineares.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

41

Figura 5 - Árvore filogenética das sequências parciais de aquaporinas da subfamília

PIP de arroz, milho, Arabidopsis, trigo e contigs de aveia, obtida a partir de

sequencias de DNA, através de inferência bayesiana. At (Arabidopsis thaliana), Os

(Oryza sativa), Ta (Triticum aestivum), Zm (Zea mays), PIP (plasma membrane

intrinsic proteins), TIP (tonoplast intrinsic proteins), NIP (Nodulin-26-like intrinsic

proteins), e SIP (small basic intrinsic proteins).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

42

Algumas características das proteínas preditas ou descritos como

interferentes na estrutura e/ou função das MIPs foram identificados nas potenciais

aquaporinas pertencentes à subfamília PIP de aveia, elas foram testadas quanto a

presença dos seis domínios alfa-hélices transmembrana (TMHs). Loop B e E

mostraram-se conservados em ambas sequências, porém somente uma das

sequências de aveia apresenta os dois motivos NPA conforme mostra o alinhamento

entre os contigs e as PIPs as quais estão mais relacionados (fig. 6), já o contigAs2

apesar de apresentar alta similaridade com PIPs de trigo apresentou um motivo tipo

NPA podendo ser um pseudogene ou ainda por esta poder ser uma sequência

parcial. Porém sua alta identidade com MIPs correspondentes em outras gramíneas,

em especial o trigo sugerem que as proteínas de aveia têm maior probabilidade de

possuir a estrutura ampulheta mais parecida com as proteínas do trigo.

Várias características das AQPs foram encontradas nas potenciais

aquaporinas de aveia através das ferramentas de predição in silico como os motivos

NPA e regiões transmembrana que afetam diretamente a seletividade do canal para

água e outras moléculas e sua estrutura.

A provável localização subcelular foi determinada com os algoritmos WoLF

PSORT e TargetP. É importante ressaltar que o programa TargetP detecta apenas

sequências N-terminais, com uma fidelidade de cerca de 85%, os resultados obtidos

através deste programa apresentaram baixa confiabilidade de acordo com seus

parâmetros, indicando que a localização dessas sequencias não podem ser preditas

com precisão.

A sobreposição de predição da localização sub-celular por dois ou mais

programas foi adotada na tentativa de aumentar a confiabilidade dos resultados em

sua relação. Utilizando os mesmos programas a maioria das PIPs de trigo tiveram

sua topologia predita similar à encontrada neste trabalho, em média uma TMH a

mais (FORREST; BHAVE, 2008).

Apesar da predição de TMH e localização sub-celular sugerirem que as

AsPIPs seriam proteínas de membrana, peptídeo sinal foi predito somente em uma

das sequências, isto explica-se já que algumas proteínas transmembrana não

possuem peptídeo sinal na porção N-terminal clivável, como a PIP2 do espinafre que

possui a porção N-terminal sem os três primeiros aminoácidos (FOTIADIS et al.,

2001) e a Met inicial em PIP2s de Arabidopsis pode ser clivada mas em suas PIP1s

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

43

Figura 6. Alinhamento entre os genes de aquaporinas de trigo e fragmentos

amplificados a partir do gDNA de aveia (contigs - potenciais aquaporinas), indicando

a presença/aunsência dos motivos NPA circuladas em vermelho. (a) Alinhamento

entre TaPIP2-5 e cgf contigAs3. (b) Alinhamento entre TaPIP1-8 e cgf contigAs2.

não (SANTONI et al., 2006). Além disso, TMHs podem funcionar como sinalização

para endereçamento, como é o endereçamento da AQP1 em mamíferos e AQP4 em

retículo endoplasmático para sintese e posterior envio para a membrana celular

(FOSTER et al., 2000).

A orientação de proteínas para membrana também pode ser afetada pelo

tamanho e hidrofobicidade dos domínios transmembrana (WAHLBERG; SPIESS,

1997). Ainda se conhece pouco a respeito dos mecanismos de endereçamento das

(a)

(b)

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

44

PIPs, no entanto AQPs de mamíferos utilizam diferente rota de dobramento; A AQP4

obtem seis TMHs via translocação co-transducional (SHI et al., 1995), já que AQP4 é

sintetizada com quatro TMHs e depois reorientada para seis TMHs (SKACH et al.,

1994; LU et al., 2000).

Tabela 3 - Analíse in silico das potenciais aquaporinas presentes no genoma

de aveia, identificadas neste estudo.

Proteína TMHMM TMpred PSORT TargetP SignalP

cgfcontigAs2 3 4 6% CLO

27% MT

4% SP

72% OT

Sim

cgfcontigAs3 4 4 7% CLO

38% MT

8% SP

63% OT

Não

CLO – cloroplasto; MT – mitocondrial; SP – via secretora; OT – outra

localização; ER – retículo endoplasmático.

SignalP identificou probabilidade da presença de um de peptídeo sinal com

possível sítio de clivagem na posição entre os resíduos 40 e 41 em cgfcontigAs2,

este resultado foi considerado incomum visto que indicaria a retirada de parte da

proteína, não estando de acordo com a possível topologia predita. Os resultados

obtidos com relação ao endereçamento proteico e topologia para cgfAscontig2

discordam entre si, indicando que este seja um possível pseudogene, contudo ainda

não está descartada a hipótese de que este seja uma aquaporina, já que sua

sequência poderia também estar incompleta.

3.4 CONCLUSÕES

A caracterização in silico das amplificações obtidas nas reações de

amplificação realizadas sugerem a presença de genes que codificam aquaporinas,

pertencentes a subfamília PIP, no genoma da aveia, o que vem ratificar dados

encontrados na literatura, no entanto é importante ressaltar que a identificação

experimental desses genes é necessária para real confimação de sua presença.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

45

3.5 REFERÊNCIAS

ALTSCHUL, S. F.; GISH, W.; MILLER, W.; MYERS, E. W.; LIPMAN. D. J. Basic local

alignment search tool. J Mol Biol. v.215, n.3, p.403-410, 1990.

AGRE, P.; KOZONO, D. Aquaporin water channels: molecular mechanisms for

human diseases. FEBS Letters, v.555, p.72-78, 2003.

BENNETZEN, L. J.; FREELING, M. The Unified Grass Genome: Synergy in Synteny.

Genome Research, v.7, p.301-306, 1997.

BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de

sementes. Brasília, DF: SNDA/DNDV/CLAV. 365p, 2009.

CARVALHO, F.I.F.; BARBOSA, J.F.; FLOSS, E.L.; FERREIRA-FILHO, A.W.;

FRANCO, F.A.; FEDERIZZI, L.C.; NODARI, R.O. Potencial genético da aveia como

produtora de grãos no Sul do Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,

v.22, n.1, p.71-82, 1987.

CARVALHO, F. I. F.; OLIVEIRA, A. C.; VALÉRIO, I. P.; BENIN, G.; SCHMIDT, D. A.

M.; HARTWIG, I.; RIBEIRO, G.; SILVEIRA, G. Barbarasul: a high-yielding and

lodging-resistant white oat cultivar. Crop Breeding and Applied Biotechnology,

v.9, p.96-99, 2009.

CHAUMONT, F.; BARRIEU, F.; WOJCIK, E.; CHRISPEELS, M. J.; JUNG, R.

Aquaporins constitute a large and highly divergent protein family in maize. Plant

Physiol, v.125, p.1206-1215, 2001.

CHAUMONT, F.; MOSHELION, M.; DANIELS, M. J. Regulation of plant aquaporin

activity. Biol Cell, v.97, p.749-764, 2005.

DANIELS, M. J.; MIRKOV, T. E.; CHRISPEELS, M. J. The plasma membrane of

Arabidopsis thaliana contains a mercury-insensitive aquaporin that is a homolog of

the tonoplast water channel protein TIP. Plant Physiol, v.106, p.1325-1333, 1994.

DRUMMOND, A. J.; RAMBAUT, A. BEAST: Bayesian evolutionary analysis by

sampling trees. BMC Evolutionary Biology, v.7, n.214, 2007.

FAOSTAT - Food and Agriculture Organization of The United Nations data.

Prodution/Crops. Disponível em http://faostat.fao.org/site/567/default.aspx. Acesso

em 05 de set. 2008.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

46

FORREST, K. L.; BHAVE, M. Major intrinsic proteins (MIPs) in plants: a complex

gene family with major impacts on plant phenotype. Funct Integr Genomics, v.7,

p.263–289, 2007.

FORREST, K. L.; BHAVE, M. The PIP and TIP aquaporins in wheat form a large and

diverse family with unique gene structures and functionally important features. Funct

Integr Genomics, v.8, p.115-133, 2008.

FOSTER, W.; HELM, A.; TURNBULL, I.; GULATI, H.; YANG, B.; VERKMAN, A. S.;

SKACH, W. R. Identification of sequence determinants that direct different

intracellular folding pathways for aquaporin-1 and aquaporin-4. The Journal of

Biological Chemistry, v. 275, n. 44, p. 34157-34165, 2000.

FOTIADIS, D.; JEÑO, P.; MINI, T.; WIRTZ, S.; MÜLLER, S. A.; FRAYSSE, L.;

KJELLBOM, P.; ENGEL, A. Structural characterization of two aquaporins isolated

from native spinach leaf plasma membranes. The Journal of Biological Chemistry,

v. 276, n. 3, p. 1707-1714, 2001.

HUGHES, A. L. Evolution of the integrin α e β protein families. J Mol Evol, v. 52, n.

1, p. 63-72, 2001.

JOHANSON, U.; KARLSSON, M.; JOHANSSON, I.; GUSTAVSSON, S.; SJOVALL,

S.; FRAYSSE, L.; WEIG, A. R.; KJELLBOM, P. The complete set of genes encoding

major intrinsic proteins in Arabidopsis provides a framework for a new nomenclature

for major intrinsic proteins in plants. Plant Physiol, v.126, p.1358-1369, 2001.

JOHANSSON, I.; KARLSSON, M.; JOHANSON, U.; LARSSON, C.; KJELLBOM, P.

The role of aquaporins in cellular and whole plant water balance. Biochimica et

Biophysica Acta, v.1465, p.324-342, 2000.

LARKIN M. A.; BLACKSHIELDS G.; BROWN N. P.; CHENNA R.; MCGETTIGAN P.

A.; MCWILLIAM H.; VALENTIN F.; WALLACE I. M.; WILM A.; LOPEZ R.;

THOMPSON J. D.; GIBSON T. J.; HIGGINS D. G. ClustalW and ClustalX version 2.

Bioinformatics, v.23, n.21, p. 2947-294, 2007.

LU, Y.; TURNBULL, I. R.; BRAGIN, A.; CARVETH, K.; VERKMAN, A. S.; SKACH, W.

R. Reorientation of aquaporin-1 topology during maturation in the endoplasmic

reticulum. Mol Biol Cell, v.11, p.2973–2985, 2000.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

47

MAUREL, C. Aquporins and water permeability of plant membranes, Annu. Rev.

Plant Physiol. Plant Molecular Biology, v.48, p. 399-420, 1997.

MAUREL, C. Plant aquaporins: novel functions and regulation properties. FEBS

Letters, v.581, p.2227-2236, 2007.

MAUREL, C.; JAVOT, H.; LAUVERGEAT, V.; GERBEAU, P.; TOURNAIRE, C.;

SANTONI, V.; HEYES, J. Molecular physiology of aquaporins in plants. Int Rev

Cytol, v.215, p.105-148, 2002.

MAUREL, C.; REIZER, J.; SCHROEDER, J. I.; CHRISPEELS, M. J. The vacuolar

membrane protein gamma-TIP creates water specific channels in Xenopus oocytes.

Embo J, v.12, 2241-2247, 1993.

MAUREL, C.; VERDOUCQ, L.; LUU, D.-T.; SANTONI, V. Plant aquaporins:

membrane channels with multiple integrated functions. Annu. Rev. Plant Biol., v.59,

p.595–624, 2008.

POSADA, D. jModelTest: Phylogenetic Model Averaging. Molecular Biology and

Evolution, v.25, p.1253-1256, 2008.

QUIGLEY, F.; ROSENBERG, J. M.; SHACHAR-HILL, Y.; BOHNERT, H. J. From

genome to function: the Arabidopsis aquaporins. Genome Biol, v.3, .2001.

SAGHAI-MAROOF, M.A.; SOLIMAN, K.M.; JORGENSEN, R.A.; ALLARD, R.W.

Ribosomal DNA spacer length polymorphism in barley: Mendelian inheritance,

chromosome location and population dynamics. Proceedings of the National

Academy of Sciences of the U.S.A, v.89, n.2, p.1477-1481, 1984.

SAITOU, N.; NEI, M. The neighbor-joining method: A new method for reconstructing

phylogenetic trees. Molecular Biology and Evolution. v.4, p.406-425, 1987.

SANTONI, V.; VERDOUCQ, L.; SOMMERER, N.; VINH, J.; PTLIEGER, D.;

MAUREL, C. Methylation of aquaporins in plant plasma membrane. Biochem J, v.

400, p. 189-197, 2006.

SHI, L. B.; SKACH, W. R.; MA, T. H.; VERKMAN, A. S. Distinct biogenesis

mechanisms for the water channels MIWC and CHIP28 at the endoplasmic reticulum.

Biochemistry, v.34, p.8250-8256, 1995.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

48

SKACH, W. R.; SHI, L.; CALAYAG, C.; FRIGERI, A.; LINGAPPA, V. R.; VERKMAN,

A. S.; Biogenesis and transmembrane topology of the CHIP28 water channel at the

endoplasmic reticulum. J Cell Biol, v.125, p.803-815, 1994.

TAMURA, K; DUDLEY, J; NEI, M,; KUMAR, S. MEGA4: Molecular Evolutionary

Genetics Analysis (MEGA) software version 4.0. Molecular Biology and Evolution.

v.24, p.1596-1599, 2007.

VARSHNEY, R. K.; GRANER, A.; SORRELLS, M. E. Genomics-assisted breeding for

crop improvement. Trends in Plant Science, v.10, p.621-630, 2005.

WAHLBERG, J. M.; SPIESS, M. Multiple determinants direct the orientation of signal-

anchor proteins: the topogenic role of the hydrophobic signal domain. J Cell Biol,

v.137, p.555–562, 1997.

WILSON, A. W.; HARRINGTON, S. H.; WOODMAN, W. L.; LEE, M.; SORRELLS, M.

E.; MCCOUCH, S. R. Inferences on the Genome Structure of Progenitor Maize

Through Comparative Analysis of Rice, Maize and the Domesticated Panicoids.

Genetics, v. 153, p. 453–473, 1999.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

49

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram identificadas duas sequências de potenciais genes que

expressam aquaporinas em aveia amplificadas a partir do gDNA de aveia cultivar

Barbarasul.

A identificação desses genes é de suma importância, pois estão envolvidos

no desenvolvimento e adaptação das plantas, entretanto, ainda não existiam relatos

sobre a identificação de genes de aquaporinas em aveia.

As ferramentas de bioinformática foram de grande impotância para auxiliar no

desenvolvimento dos primers e para identificação dos genes de aquaporinas, no

entanto, é impotante ressaltar que a identificação experimental desses genes é

necessária para real confimação de sua presença.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

50

5. REFERÊNCIAS

AGRE, P.; KOZONO, D. Aquaporin water channels: molecular mechanisms for

human diseases. FEBS Letters, v.555, p.72-78, 2003.

CARVALHO, F. I. F.; OLIVEIRA, A. C.; VALÉRIO, I. P.; BENIN, G.; SCHMIDT, D. A.

M.; HARTWIG, I.; RIBEIRO, G.; SILVEIRA, G. Barbarasul: a high-yielding and

lodging-resistant white oat cultivar. Crop Breeding and Applied Biotechnology,

v.9, p. 96-99, 2009.

DEVOS, K. M.; GALE, M. D. Genome Relationships: The Grass Model in Current

Research. Plant Cell, v.12, p. 637-646, 2000.

GUTKOSKI, L. C. Composição quimica. In: Gutkoski, L. C.; Pedo, I. Aveia –

composição química, valor nutricional e processamento. São Paulo: Varela, 2000,

191p.

JOHANSSON, I.; KARLSSON, M.; JOHANSON, U.; LARSSON, C.; KJELLBOM, P.

The role of aquaporins in cellular and whole plant water balance. Biochimica et

Biophysica Acta, v.1465, p.324-342, 2000.

KALDENHOFF, R.; FISCHER, M. Aquaporins in plants. Acta Physiologica, v.187,

p.169-176, 2006.

KULEUNG, C.; BAENZIGER, P. S.; DWEIKAT, I. Transferability of SSR markers

among wheat, rye and triticale. Theoretical Applied Genetics, v.108, p.1147-1150,

2004.

LUU, D. T.; MAUREL, C. Aquaporins in a challenging environment: molecular gears

for adjusting plant water status. Plant, Cell & Environment, v.28, p.85-96, 2005.

MAUREL, C. Aquporins and water permeability of plant membranes, Annu. Rev.

Plant Physiol. Plant Molecular Biology, v.48, p. 399-420, 1997.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

VARSHNEY, R. K.; GRANER, A.; SORRELLS, M. E. Genomics-assisted breeding for

crop improvement. Trends in Plant Science, v.10, p. 621-630, 2005.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós …guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1294/1/... · Na era pós-genômica novos genomas sequenciados podem ser utilizados para

51

Apêndice 1 >cgf contigAs2

atgggcgtggttggcaacccctccggctccaagtgcggcacggtgggcatccagggcatcgcctggagcttcggg

ggcatgatcttcgtgctggtctactgcaccgcgggcatctccggcggccacatcaaccctgcggtcaccttcggc

ttgttcctggccaggaagctgtcgctgaccagggccgtgttctacatggtgatgcagtgcctgggcgcgatctgt

ggcgccggggtggtgaaggggttccagaccactctgtacatgggcaacggcggcggtgcgaactcggtggcgccg

gggtacaccaagggggacgggctgggggcggagatcgtgggcaccttcgtgctcgtgtacaccgtcttctccgcc

accgacgccaagcgcagcgccagagactcccacgtccccgtaagtgtcgtctgtatatatagttcaccgtcggca

cggattggtcaactgatgtag

>cgf contigAs3

atgatctccgtcctcgtctactgcaccgccggcatctccggcggccacatcaaccccgccgtcacctttgggctt

ctgctggcgaggaaggtctccctgccgcgtgccttcctctacatggcggcgcagtgcctcggcgccatctgcggc

gcggcactcgtcaaggccgtgcatggcgcgcaccactacgcgctctacggaggcggcgccaacgagctcgcgccg

ggttactccaggtcgtcggggctggtggcagaggcgctgggcaccgccgtgctggtgtacactgtgttctcggcg

acggacccgaagcggatggcgcgggactcgcacgtgccagtgctggcgccgctgctcatcgggttcgccgtgctg

atggtgcacctggccaccatccccgtcaccggcaccgggatcaatccggccaggagcctcggcgccgcggtggtt

tacaatgggaagaaggcgtgrsgccgakcagtggatcttctgggtcgggtccaagggcgaattcgacccagcttt

cttgtacaaagttggcattataaaaaataa