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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN O DESIGN E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS DE VESTUÁRIO EM SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE Jardel Bezerra dos Santos Caruaru 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

O DESIGN E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS DE

VESTUÁRIO EM SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE

Jardel Bezerra dos Santos

Caruaru 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

O DESIGN E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS DE

VESTUÁRIO EM SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE

Jardel Bezerra dos Santos

Monografia apresentada ao Curso de Design da

Universidade Federal de Pernambuco, Centro

Acadêmico do Agreste como requisito para obtenção

do grau de Bacharel em Design.

Orientador: Prof. Charles Ricardo Leite da Silva

Caruaru 2016

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Simone Xavier CRB/4 - 1242

S237d Santos, Jardel Bezerra dos.

O design e o planejamento das empresas de vestuário em Santa Cruz do Capibaribe. / Jardel Bezerra dos Santos. – 2016.

90f. il. ; 30 cm. Orientador: Charles Ricardo Leite da Silva Coorientadora: Ana Paula Celso de Miranda Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Design, 2016. Inclui Referências. 1. Design. 2. Moda. 3. Gestão. 4. Desenvolvimento. 5. Planejamento. I. Silva, Charles

Ricardo Leite da (Orientador). II. Miranda, Ana Paula Celso de (Coorientadora). III. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2016-149)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA

DE DEFESA DE PROJETO DE

GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

JARDEL BEZERRA DOS SANTOS

“O Design e o planejamento estratégico das empresas de vestuário em

Santa Cruz do Capibaribe”

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência da

primeira, considera o aluno JARDEL BEZERRA DOS SANTOS APROVADO

Caruaru, 04 de julho de 2016.

__________________________________________________

Profa. Dr. Ana Paula Celso de Miranda

__________________________________________________

Profa. Dr. Ana Beatriz Nunes da Silva

__________________________________________________

Prof. Dr. Charles Ricardo Leite da Silva (Orientador)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais: o Sr. Jose

Bezerra e a Sr.ª Iraci, não teria chegando onde

estou, sem a sua perseverança e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Charles Ricardo L. da Silva, meu professor orientador, pelo emprenho dedicado à

elaboração deste trabalho, por seus ensinamentos, paciência е confiança ao longo das suas

supervisões.

À Prof.ª Ana Paula C. de Miranda, por seus ensinamentos, paciência е confiança ao longo das

suas orientações, das minhas atividades durante a primeira fase deste projeto.

À Prof.ª Ana Beatriz N. da Silva por ter aceitado o convite de participar da banca e enriquecê-

la com sua experiência.

À Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe – ASCAP, representado pelo Sr. Jones,

pelo auxílio dos contatos com os empresários afiliados.

Aos empresários de Santa Cruz do Capibaribe que disponibilizaram suas empresas para a

realização desta pesquisa.

À Prof.ª Glenda Gomes Cabral pelo seu incentivo na investigação do tema.

À minha família que sempre me incentivou a concluir este trabalho.

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" ...Ninguém vai bater mais forte do que a vida.

Não importa como você vai bater e sim o quanto

aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode

suportar e seguir em frente. É assim que se ganha... "

Rocky Balboa

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Resumo

Este trabalho tem como propósito investigar como são desenvolvidos os produtos de

moda, permitindo a compreensão de como o design atua no planejamento estratégico proposto

pelas MPEs. O objeto de estudo são as micro e pequenas empresas confeccionistas, localizados

na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. O método de pesquisa utilizado é de natureza

qualitativa, observando os fenômenos através dos dados obtidos e examinados através do uso

de duas técnicas: a observação assistemática e a entrevista estruturada. A coleta de dados tem

o objetivo de revelar as fases de: planejamento; desenvolvimento; comercialização; e as

dificuldades encontradas durante todo o processo de criação de novo produto de moda. Como

procedimento de análise, se fez o uso da indução como forma de interpretação das respostas, e

a análise de conteúdo das entrevistas. Os resultados obtidos denotam o ambiente do qual as

empresas estão inseridas, com suas devidas peculiaridades e fatores que limitam a sua

produtividade; os interesses, necessidades, o comportamento dos gestores perante a gestão

projetual do produto; a delimitação das atribuições e o exercício do designer dentro da empresa

e sua influência no mercado de trabalho; a metodologia empregada na fabricação de produtos

nestas empresas; e a gestão de suas marcas e como isso impacta no seu brand equit. O resultado

desta investigação é a sugestão de propostas a serem implementadas para que as empresas

possam ser mais competitivas, frente aos desafios em que o designer terá que enfrentar, em

razão das ineficiências do sistema, que precisam ser corrigidas no planejamento do produto e

da marca, e como o design pode ser aplicado e interpretado de forma aperfeiçoada.

Palavras-chave: Design; Moda; Gestão; Desenvolvimento; Planejamento.

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Abstract

This work aims to investigate how the fashion products are developed, allowing the

understanding of how the design works in the proposed strategic planning by micro and small

businesses. Object of study are micro and small companies clothing manufacturers, located in

the city of Santa Cruz do Capibaribe, in Pernambuco, Brazil. The research method is

qualitative, observing the phenomena through the data obtained and examined by using two

techniques: unsystematic observation and structured interview. The data collection phase was

designed to map the phases: planning; development; commercialization; and the difficulties

encountered during the process of creating new fashion product. As a procedure for

interpretation of the data collected, it made use of induction as a way to understand the

answers, and the content analysis of the interviews. The results denote: the environment in

which the companies operate, with their proper peculiarities and factors that limit their

productivity; the interests, needs, the behavior of managers towards the projetual management

product; the delimitation of duties and the exercise of the designer within the company and its

influence on the labor market; the methodology used in the manufacture of products in these

companies; and the management of their brands and how it impacts on your brand moose

riding. The result of this research is the suggestion of proposals to be implemented to enable

companies to be more competitive, face the challenges that the designer will have to face, due

to inefficiencies in the system that need to be corrected in the product planning and brand and

how design can be applied and interpreted in improved form.

Keywords: Design; Fashion; Management; Development; Planning.

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Lista de figuras

Figura 1- Polo de confecção do agreste ................................................................................... 14

Figura 2 - Aspectos e novas características versus atributos essenciais do designer ............... 27

Figura 3 - Correntes de valor x variáveis de comportamento de consumo .............................. 35

Figura 4 - Ciclo da moda .......................................................................................................... 38

Figura 5 - Ciclos de aceitação: modismo, moda e clássico ...................................................... 39

Figura 6 - Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Matriz SWOT ................ 44

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Lista de tabelas

Tabela 1 - Classificação das unidades produtivas .................................................................... 15

Tabela 2 - Classificação de receita bruta das MPES ................................................................ 16

Tabela 3 - Classificação das MPES segundo a sua ocupação .................................................. 16

Tabela 4 - Tipos de categorias produtivas da confecção. ......................................................... 37

Tabela 5 - Tipos de pesquisas ................................................................................................... 41

Tabela 6 - Análise de macro ambiente ..................................................................................... 43

Tabela 7 - Tipos de segmentação ............................................................................................. 46

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Lista de abreviaturas

ABIT Associação Brasileira das Indústrias Têxteis e Confeccionistas

ASCAP Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe - PE

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

ICSID International Council of Societies of Industrial Design - Conselho

Internacional de Sociedades do Design Industrial.

MPEs Micro e Pequenas Empresas

SEBRAE Serviço de Apoio Brasileiro as Micro e Pequenas Empresas.

S.W.O.T Abreviatura de origem inglesa: S = strengths (forças), W = weaknesses

(fraquesas), O = opportunities (oportunidades), T = threats (ameaças).

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SUMÁRIO

1 Introdução ............................................................................................................................ 13

PARTE I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 24

2 Fundamentos do Design ...................................................................................................... 24

2.1 Conceitualização do Design e sua multidisciplinaridade .............................................. 24

2.2 A gestão do Design ............................................................................................................ 28

2.3 O Design como caráter estratégico .................................................................................. 30

3 A produção de moda ........................................................................................................... 31

3.1 A marca nos produtos de moda ..................................................................................... 31

3.2 O processo de produção de moda .................................................................................... 36

3.3 Etapas de desenvolvimento de coleção ........................................................................... 40

3.3.1 Estágio de análise sociocultural .................................................................................... 40

3.3.2 Estágio de análise econômica ........................................................................................ 42

3.3.3 Estágio de Elaboração ................................................................................................... 46

3.3.4 Estágio de criação .......................................................................................................... 48

3.3.5 Estágio de difusão .......................................................................................................... 49

PARTE II: MÉTODOS E TÉCNICAS ................................................................................ 51

Procedimentos Metodológicos adotados ............................................................................... 51

4.1 Pesquisa de campo ............................................................................................................ 51

4.1.1 Procedimento para coleta de dados ............................................................................. 53

4.1.2 Roteiro das entrevistas .................................................................................................. 55

4.2 Apresentação da investigação .......................................................................................... 57

4.3 Procedimentos de análises ............................................................................................... 57

4.4 Resultados e discussões .................................................................................................... 59

PARTE III: CONCLUSÕES ................................................................................................. 70

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 70

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 75

Anexo I – Roteiro de entrevistas ........................................................................................... 79

Anexo II – Respostas dos entrevistados ................................................................................ 82

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13 1 Introdução

O mercado da moda é bastante competitivo. Empresas surgem e desaparecem

constantemente, o ciclo da moda apresenta alta rotatividade e os produtos são lançados em um

ritmo vertiginoso, consumidores cada vez mais exigentes por inovações, e os fenômenos

culturais sendo compartilhados a todo instante pelos mais diversos meios de comunicação,

independentemente de idade, gênero ou classe social. O ciclo de vida dos produtos de moda,

que será abordado com mais detalhe, apresenta uma exigência quanto a execução, entrega e

finalização de demanda, do qual se exige um planejamento e fabricação em um curto espaço de

tempo.

As empresas têm como princípio buscar por inovações sejam elas por meio da

tecnologia, ou na qualificação de sua mão de obra, no aperfeiçoamento de práticas de

gerenciamento, e na utilização consciente de recursos. O comprometimento de tais abordagens

possibilita a empresa uma maior resistência a fatores políticos, econômicos e sociais, dos quais

estão a todo o momento interferindo na sua produção de produtos que têm o objetivo de atender

aos anseios dos consumidores de maneira satisfatória.

Neste ambiente hostil, onde apenas os mais preparados e adaptáveis conseguem

sobreviver e prolongar a longevidade da empresa; se faz necessário ter o conhecimento

específico e consequentemente obter o planejamento adequado para todo o processo e ambiente

do qual o produto de moda está sendo desenvolvido e posteriormente inserido no mercado. O

compartilhamento de informações sobre a cultura das sociedades envolvidas, por parte dos

membros que consomem a moda, com a concomitância das informações relativas sobre o seu

comportamento, corrobora para que os produtos mantenham-se sempre alinhados com o

pensamento de diferenciação e de cunho de inserção social.

Para Treptow (2007) a moda pode ser definida como uma conversão de valores,

materializada em um produto, com características de consumo em massa. A moda também pode

ser entendida como uma relação do qual existe uma interação entre as pessoas, a partir do

momento em que vão sendo consumidos os produtos. Pode se entender também que um produto

de moda é aquilo que foi projetado por um processo de criação como a colaboração das

tendências de moda, resultando em um produto que ofereça qualidade e usabilidade, para

atender as necessidades de um determinado público-alvo, baseado em seu estilo de vida e

comportamento (RECH, 2012).

Portanto para atender esta demanda dos consumidores é necessária a utilização do

maior número possível de estratégias que possam contribuir na construção de um produto de

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14 moda. As empresas devem conhecer seus pontos fortes como fator de diferenciação e

reconhecer os pontos fracos como fator de mudança ou aperfeiçoamento. Nesse caminho de

desenvolvimento de produtos de moda, o design está inserido de forma estratégica entre o

planejamento estratégico da empresa e a comercialização do produto, na busca por soluções

com o propósito de conceber o produto de forma que atenda às necessidades dos consumidores,

mas que seja compatível com as limitações da empresa.

Algumas empresas desenvolvem seus produtos sem saber ao certo como o design pode

ser aplicado em toda a sua concepção; no que se pode ser alcançado e modificado, conforme a

empregabilidade de uma metodologia ou direcionamento. A aplicação do design permite o

aperfeiçoamento da produção, reduzindo alguns custos e contratempos nas entregas das

demandas, além da valorização da marca perante os consumidores. As MPEs funcionam com

devidas peculiaridades de limitação quanto a recursos e enfrentam obstáculos relativos quanto

a inovação e competitividade em comparação com as médias e grandes empresas.

O Polo de Confecções do Agreste Pernambucano e as unidades produtivas

O Polo de Confecções, segundo o SEBRAE (2013), é constituído por dez municípios:

Agrestina, Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Cupira, Riacho das Almas, Santa Cruz do

Capibaribe, Surubim, Taquaritinga do Norte e Vertentes. As cidades de Caruaru, Toritama e

Santa Cruz do Capibaribe concentram a maior parte dessas indústrias confeccionistas, mão de

obra e pontos de comercialização de produtos.

Figura 1- Polo de confecção do agreste

Fonte: Adaptado do portal do IBGE.

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Segundo dados do SEBRAE (2013), o faturamento do polo chegou a um valor

estimado em 2011 de R$ 1,1 bilhão, sendo que o faturamento médio das empresas é de R$ 88

mil, esse valor deve em característica pela concentração alta de pequenos negócios, apenas 18%

das unidades produtivas tiveram faturamento anual acima de R$ 25 mil reais.

A informalidade que é caracterizada pela ausência do Cadastro Nacional de Pessoas

Jurídicas – CNPJ, apresenta índices de retração, em proporção inversa, os investimentos na

contratação de profissionais qualificados para aperfeiçoar a produção, e consequentemente

melhorar o uso dos recursos e a qualidade dos produtos, vêm crescendo progressivamente.

As unidades produtivas de confecção podem ser classificadas em duas definições,

segundo o SEBRAE (2013): empresa e empreendimento complementar. Essa classificação é

baseada nas suas características de produção existentes, a tabela a seguir demonstra quais

aspectos são determinantes para classificação dessas empresas.

Tabela 1 - Classificação das unidades produtivas

Classificação das unidades produtivas Unidade Produtiva Características

Empresa

(i) Produzir confecções, entendidas como peças de vestuário, na forma de produtos finais; (As empresas podem executar todas as etapas, repassar ou dividir para as facções).

Empreendimento complementar (facção)

(ii) Desempenhar tarefas que correspondem a etapas do processo produtivo de confecções, como cortar os tecidos ou costurar partes de uma camisa; (iii) Produzir componentes das confecções (exemplo: casas de botões ou bolsos de calças).

Fonte: SEBRAE (2013).

O empreendimento complementar é subentendido como um prestador de serviços para

a empresa, essa unidade produtiva não tem como objetivo a produção e o desenvolvimento de

produtos porque fornece apenas mão de obra, mas tem papel fundamental na qualidade e nos

custos de produção das empresas confeccionistas, uma vez que essas empresas utilizam a

contratação de seus serviços como manobra para redução de custos operacionais.

As MPEs do setor de confecções

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As MPEs são predominantes em todo o território brasileiro, e especificamente

apresentam grande relevância para o Polo de Confecções, pelo fato de possuir duas

características em comum: a primeira por se tratar do baixo investimento inicial das operações

para o seu surgimento, e o segundo diz respeito ao espírito empreendedor dos empresários

fundadores destas empresas. Estas empresas podem ser classificadas por sua receita bruta e pelo

número respectivo quanto a sua ocupação. A Lei Complementar 1231, caracterizada como a Lei

Geral da Micro e Pequena Empresa, classificam as empresas conforme sua receita bruta,

compreendidas nas faixas de faturamento anual bruto de R$ 240 mil até R$ 2,4 milhões.

Tabela 2 - Classificação de receita bruta das MPES

Porte Limite de enquadramento

Microempresa Até 240 mil reais

Pequena empresa De 240 mil a 2,4 milhões de reais

Fonte: SEBRAE (2013)

O SEBRAE adota uma outra classificação referente ao número relativo a ocupação de

pessoas, compreendidas nas faixas entre dezenove a noventa e nove pessoas.

Tabela 3 - Classificação das MPES segundo a sua ocupação

Porte Ocupação

Microempresa 19 pessoas

Pequena empresa 20 a 99 pessoas

Média empresa 100 a 499 pessoas

Grande empresa 500 ou mais

Fonte: SEBRAE / DIEESE (2013)

As MPEs correspondem a 24,5 % do Produto Interno Bruto (PIB) no setor de indústria

brasileira, e somente no período de dez anos, entre 2001 e 2011, a produção gerada pelas MPEs

cresceu de R$ 144 bilhões de 2001 para R$ 599 bilhões em 2011. No período compreendido

1 Lei Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006

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17 entre 2002 a 2012 houve um aumento de 30,9 % no número de empreendimentos, segundo

dados do SEBRAE2 (2013).

A ABIT (2014) estima que o setor de confecções faturou cerca de 55 bilhões de dólares

somente em 2014, ocupando a 4ª posição dos maiores produtores de artigos de vestuário do

mundo, com uma produção equivalente a 1.271 toneladas por ano, correspondendo a 2,8 % da

produção mundial. Este segmento industrial emprega cerca de 1,7 milhão de pessoas, sendo o

segundo maior empregador na indústria de transformação. As importações cresceram de forma

progressivamente durante o período de 2005 a 2013, correlacionado com a diminuição da

produção local de confecções; nos próximos 12 anos, período compreendido entre 2014 a 2026,

a ABIT (2014) estima que aproximadamente 60% do mercado nacional estejam tomados por

importados. As exportações, inversamente, tiveram redução significativa no mesmo período.

Essa situação é devida a vários fatores que desestimula a criatividade e a competitividade das

indústrias brasileiras. ABIT (2014). Em uma análise realizada por Menezes et al. (2009) sobre

os dados das exportações em 20063; observou que este declínio pode ser resultado de dois

fatores: a informalidade e a baixa qualificação dos envolvidos na produção das indústrias têxteis

e confeccionistas brasileiras. Estas duas características resultaram na baixa competitividade dos

produtos em relação com os concorrentes.

As MPEs apresentam características de informalidade e de adoção de abordagens

intuitivas nos procedimentos decisórios, conciliada com o curto espaço de tempo, quanto na sua

gestão da estrutura organizacional da empresa (MENEZES et al., 2009). Essas características

de informalidade, podem apresentar medidas flexíveis para a entrada de mão obra, sendo um

grande gerador de empregos, mas, ao mesmo tempo, pode permitir a entrada de pessoas com

baixa qualificação.

Uma das grandes características encontradas nas MPEs é que os seus fundadores

começaram de forma empírica seus negócios e que esse fundamento ainda persiste nos dias

atuais mediante a falta de conhecimento teórico. Um comportamento presente nestas empresas

do segmento de confecção é o gestor acumular algumas funções de outros profissionais, como

por exemplo um gestor de projetos (KAULING, 2011). Os gestores podem apresentar o

comportamento de acumular as responsabilidades pelos projetos de design, mesmo que não

possuam os conhecimentos necessários para a área. Este tipo de comportamento tem como

2 Estudo econômico do arranjo produtivo local de confecções do agreste pernambucano. 3 Dados obtidos por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

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18 objetivo a centralização por dois motivos: a redução de custos e a insegurança para delegar

funções estratégicas que envolvem tomadas de decisões.

As dificuldades encontradas por essas empresas de vestuário de moda é o fato de ainda

possuírem uma visão mecanicista e a resistência de inclusão de novas abordagens, devido ao

forte pensamento empírico dos conceitos herdados por modelos de desenvolvimento limitados,

que podem ocasionar uma barreira para a criatividade interferindo no seu processo de inovação,

permitindo uma ineficiência na qualidade dos produtos. As empresas podem apresentar a

divisão de funções relativas a gerência e planejamento para os membros da família do

proprietário da organização (MENEZES et al., 2009). A limitação da compreensão do design

na sua totalidade pode contribuir para que os gerentes elaborem briefings projetuais sem

conseguir abranger toda a sua essência e de suas respectivas vantagens competitivas.

Os empresários não costumam possuir o total conhecimento de que design possa

desempenhar uma função estratégica dentro da estrutura da empresa, e dos benefícios gerados

com a sua implantação (MARTINS, 2004). As micro e pequenas empresas apresentam uma

deficiência de informações sobre a aplicação do design, como um fator diferencial para sua

competitividade, como exemplo a inserção da gestão de design que pode ser um agente de

contribuição amplamente estratégico para aplicação nas organizações (MENEZES et al., 2009).

Os designers, por sua vez, possuem amplo conhecimento dos processos projetuais, mas, não

costumam ter os devidos conhecimentos estratégicos sobre os negócios dos quais os gerentes

administram, prejudicando sua comunicação dentro da empresa (PHILLIPS, 2008).

Alguns fatores podem prejudicar a adoção de metodologias projetuais de design como

estratégia, como a limitação de recursos, a carência de investimentos e a ineficiência na gestão

administrativa (LA ROVERE, 2001). Estes fatores também corroboram para a falta de agilidade

na implementação de decisões, na flexibilização de adaptação às mudanças e na orientação para

as necessidades dos consumidores, entre outros.

A falta de organização, sintetização e disseminação de informações dentro de uma

empresa, pode ocasionar o surgimento de “ilhas de informação”, onde alguns setores possuem

informações relevantes, mas que não existe nenhum sistema eficiente que reúna todo esse

processo para que possa ser compartilhado para possíveis consultas e verificações para

aplicações em objetivos específicos, causando desperdícios de prazos e oportunidades

(MICHAELSON, 2005).

Geralmente as grandes empresas conseguem ter o maior poder de investigação e

recursos que permitem ter condições de influenciar os rumos das políticas de inovação do

mercado. A capacidade de inovar das micro e pequenas empresas de confecções dependem de

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19 vários fatores, relacionados tanto a organização do setor como ao sistema de inovações do qual

elas se encontram. Enquanto as grandes empresas têm vantagens materiais para gerar e adotar

inovações, devido à sua maior capacidade de P&D, as pequenas e médias empresas têm

vantagens comportamentais relacionadas à sua maior flexibilidade e capacidade de adaptação

a mudanças no mercado (LA ROVERE, 2001).

O designer deve apresentar uma abordagem inovadora, com visões diferentes e

possibilidades de melhorias tanto no processo quanto no produto. As empresas ou

organizações devem ter o foco constante no futuro, preparando para quaisquer imprevistos a

que venha ocorrer, como obter agilidade nas tomadas de decisões e encontrar soluções rápidas

ao serem confrontadas com as oportunidades ou as ameaças que dentro do contexto empresarial

inserido podem aparecer. Devem também decidir quais são as suas estratégias mais adequadas

para uma situação específica de acordo com os seus recursos e suas experiências

(RÜTHSCHILLING, 2009). O design pode atuar na estrutura da empresa, ocupando um espaço

estratégico, através das responsabilidades atribuídas a outros setores da organização, ou de

forma cooperativa entre as áreas ou a independência da área de design pela empresa. O design

desempenha diferentes missões que estão ligadas a outros setores da empresa: no departamento

de pesquisa e desenvolvimento/produção, ou no departamento de marketing, design como

departamento de comunicação corporativa e design como departamento independente

(MOZOTA, 2011).

Para Rüthschilling (2009) o momento atual apresenta uma grande dificuldade para as

empresas de encontrar uma maneira de atender de forma convincente as expectativas dos

consumidores por intermédio do produto oferecido, e com as devidas delimitações de um custo

menor em comparação com os seus concorrentes. Existe também outro desafio de como

vincular o valor da marca para o produto. A marca é de extrema importância dentro do contexto

de valor para o produto e consumidor, e essa construção de valor não depende somente do

produto produzido em si, mas da sua oferta perceptível de qualidade na fabricação e no

acabamento, assim como a disponibilidade simplificada para os consumidores e com os

recursos acessíveis para as empresas.

As empresas demonstram certa adversidade em identificar as tendências do mercado

e acompanhar as mudanças de comportamento de consumo de seus consumidores. A solução

para tais problemas seria a busca por segmentos específicos de consumidores com a

consolidação das estratégias adotadas pela empresa, desde a pesquisa até a sua venda

(MENEZES et al., 2009).

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20

Para Renfrew e Renfrew (2010) define que muitas pequenas e médias empresas, não

possuem uma infraestrutura necessária para obter informações sobre o mercado de forma

precisa, e que muitas delas utilizam ainda a intuição como forma de acompanhar os

direcionamentos da moda. Estas empresas precisam ter uma nova postura de inserção de

conceitos metodológicos, pois essa prática de utilizar apenas julgamentos empíricos, não é mais

condizente com a realidade que se vive atualmente para ser bem-sucedida comercialmente. Por

meio da aplicação de análises e pesquisas de mercado com a inserção de conceitos

metodológicos de design, elas podem identificar um segmento e um consumidor específico para

a sua visão de moda. Informações sobre as influências sociais e econômicas e a variedade de

fatores que define o estilo de vida dos consumidores, possibilitam que designers de moda

possam ser capazes de definir uma relação entre os clientes e a empresa. É importante pensar

no usuário/consumidor na concepção da coleção para que alcance os interesses intrínsecos

dentro da perspectiva das micro e pequenas empresas. A eficiência na administração de

recursos, processos e colaboradores é crucial para manter a empresa competitiva.

No contexto dos desafios propostos por uma nova concepção da oferta de produtos ao

consumidor, o design exerce fundamental papel nas empresas, sobre suas estratégias, seu

desenvolvimento tecnológico, política de importação e exportação, qualidade total e integração

de mercados (BONSIEPE, 1997). As MPEs são de extrema importância para a região, elas estão

inseridas em um ambiente do qual alguns fatores podem favorecer ou limitar seu

desenvolvimento e produção. A pergunta que se faz é de como a empresa pode ser competitiva,

atingindo os mercados propostos, de forma que satisfaça seus consumidores, correlacionando

suas estratégias quanto ao desenvolvimento de produto de moda, com a aplicação e manutenção

das metodologias de design? Para responder esta pergunta a pesquisa tem como interesse

desvendar o problema prático do conflito entre as propostas teóricas de desenvolvimento de

produtos de moda, o modelo de gestão de desenvolvimento de produtos praticados pela

empresa, e as limitações impostas pelo ambiente do qual elas estão inseridas.

Desta forma pretende esclarecer como o design é compreendido pelas MPEs em Santa

Cruz do Capibaribe e como ele interage com o planejamento estratégico proposto pela empresa,

no que se refere quanto a adoção de uma metodologia projetual. Portanto o objetivo é

compreender como o design poderá contribuir no desenvolvimento de produtos de moda

conciliando o planejamento estratégico da empresa. Desta forma podem-se compreender as

estratégias do planejamento de novos produtos, as metodologias projetuais aplicada nas micro

e pequenas empresas; a constituição do mercado da moda, de como se produz, como se vende,

e qual a participação do designer neste processo.

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21 Pergunta da pesquisa:

Como as MPEs podem ser competitivas, atingindo os mercados propostos, de forma

que satisfaça seus consumidores, correlacionando suas estratégias quanto ao desenvolvimento

de produto de moda, com a aplicação e manutenção das metodologias de design?

Objetivo Geral:

Como o design é compreendido pelas MPEs em Santa Cruz do Capibaribe e como ele

interage com o planejamento estratégico proposto pela empresa, no que se refere quanto a

adoção de uma metodologia projetual.

Objetivos específicos:

Compreender as estratégias de planejamento de novos produtos com a inserção do

design.

Compreender as metodologias projetuais aplicada nas micro e pequenas empresas.

Compreender o mercado da moda, como se produz e como se comercializa.

Compreender a função do designer no desenvolvimento de produtos de moda.

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22 Justificativa

Os consumidores, na atualidade, apresentam necessidades e desejos distintos em

relação a outros períodos da produção industrial, pois as informações sobre cultura e

comportamento são disseminadas num espaço de tempo curto, pelo qual já não existem mais

barreiras geográficas para seu acesso, uso e influência. A partir desse pressuposto, podemos

afirmar que os produtos exigem uma maior atenção por seu criador e desenvolvedor, não só

para atender aos anseios econômicos, mas para satisfazer uma sociedade que está mais rigorosa

e exigente ao escolher determinadas características que possam contribuir com seu bem-estar.

Alguns fatores podem interferir na concepção do produto, como o iminente crescimento da

concorrência de produtos importados, a falta ou baixa qualificação da mão de obra, a

ineficiência da gestão de recursos, a limitação em obter dados sobre o mercado, dentre outros,

que podem acarretar no impedimento de competitividade.

As micros e pequenas empresas são predominantes na região estudada e exercem

grande influência e importância na economia local gerando empregos e renda e que possui a

maior flexibilização para a inserção e manutenção de novos empreendedores. Muitas delas

iniciaram suas atividades com determinadas limitações técnicas e financeiras, e foram

progredindo através da inserção de novos conhecimentos. Por isso é necessária uma

investigação para identificar como são desenvolvidos os produtos, com intuito de descobrir a

realidade vivida por estas.

O design exerce um importante papel na resolução das necessidades e os desejos dos

usuários, criando um produto ou serviço, através da aplicação de uma metodologia projetual,

possibilitando a entrega de um conjunto de valores que são percebidos por aqueles que

usufruem. A multidisciplinaridade do design consegue investigar o problema, com uma

amplitude de se deparar com as relações contidas entre o consumidor, o produto ou serviço, de

forma a propor uma solução com a devida flexibilização de inserir uma percepção de outras

disciplinas, constituindo um conjunto de vários valores que formam um conhecimento mais

amplo na busca pela solução de um problema.

Para alcançar esse objetivo, o designer dentro do contexto profissional, precisa

compreender o conjunto de aspectos que permeia os produtos, conhecendo suas

particularidades e compreendendo as necessidades das empresas de se manterem competitivas

no mercado. O presente trabalho tem como proposta investigar como as empresas desenvolvem

seus produtos, com a assimilação do design, quais são suas devidas dificuldades no cotidiano

de fabricação, possibilitando desvendar quais desafios serão submetidos ao designer. Desta

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23 forma, conseguindo compreender como os processos podem limitar o seu projeto e encontrar

as soluções de forma rápida e tangível, que atenda os interesses dos consumidores e

conjuntamente da empresa.

O interesse de desvendar os aspectos relativos ao desenvolvimento de novos produtos

possibilita descobrir uma abordagem investigativa de como os processos ocorrem e o que

determina a produção e a comercialização de um novo artefato de moda, compreendendo alguns

de seus princípios utilizados, como ferramentas e estratégias que podem também servir de

auxílio para a comunicação do designer dentro da empresa, de forma que possa conhecer as

responsabilidades, características e atribuições que são exigidas para o designer diante do

mercado de trabalho atual.

Portanto a pesquisa tem como objetivo de investigar como o design é compreendido

pelas MPEs em Santa Cruz do Capibaribe, inferindo sobre suas estratégias de planejamento de

novos produtos com a inserção do design, sobre a aplicação de suas metodologias projetuais na

perspectiva do ambiente do mercado da moda, com a participação do designer no

desenvolvimento dos produtos de moda. A cidade de Santa Cruz do Capibaribe foi escolhida

para pesquisa, pelo fato de ser pioneira em reorganizar seu modo de comercialização de seus

produtos, transferido a feira que se localiza nas principais ruas do centro da cidade, para um

centro comercial atacadista de confecções denominado Moda Center Santa Cruz.

O objetivo da pesquisa é responder como as MPEs podem ser competitivas, atingindo

os mercados propostos, de forma que satisfaça seus consumidores, correlacionando suas

estratégias quanto ao desenvolvimento de produto de moda, com a aplicação e manutenção das

metodologias de design.

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24 PARTE I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2 Fundamentos do Design

2.1 Conceitualização do Design e sua multidisciplinaridade

A etimologia do termo “design” tem como origem do latim, mais especificamente do

verbo "Designare" e abrange os sentidos de designar e o de desenhar, durante o século XIX,

precisamente na Inglaterra onde compreendeu a Revolução Industrial, surgiu a necessidade de

estabelecer o design como etapa específica de um processo produtivo dentro da indústria e de

designá-lo a um profissional especializado fazendo parte da implantação de qualquer sistema

de fabricação industrial (DENIS, 2000).

O design se tornou uma profissão nos Estados Unidos em 1930, logo após a quebra da

bolsa diante da crise financeira internacional da época, que obrigou os empresários a

repensarem como vender seus produtos (MOZOTA, 2011). O design passou por várias

transformações na sua estrutura de metodologia e no seu conceito de estética, funcionalismo e

simbolismo, desde os primórdios das primeiras escolas de design4, com a participação conjunta

dos movimentos artísticos, com as constantes inovações tecnológicas e sociais.

Os debates sobre a aplicação do design tiveram início com a preocupação da

importância da estética e da função nos atributos do produto, evoluindo para outros

questionamentos como a importância da racionalidade versus o simbolismo5, e depois

prosseguiu para a linha de pensamento da volta do ornamentalismo6. O design na

contemporaneidade se vê sobre novos desafios, como a inclusão sobre temas como a

sustentabilidade, a inserção de novas tecnologias e processos, com o intuito de alcançar a

complexidade de acolhimento das necessidades e dos desejos dos consumidores por meio da

inovação. O design passa a ter uma alta demanda na diversificação de produtos e na forma de

expressar a criatividade, e de expor o talento de seus profissionais.

A maioria das definições de design concordam com a junção dos níveis abstrato e

concreto, atribuindo uma forma material a conceitos intelectuais, nesse sentido se referindo a

4 O Design teve origem no movimento Arts e Crafts (artes e ofícios) na Grã-Bretanha, e surgiu na Alemanha em 1919 como ciência na Escola Bauhaus 5 O novo pluralismo do Design ocorrido entre 1950-1975 6 O retorno do ornamentalismo entre 1975-1990

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25 uma atividade que tem como fundamento a geração de projetos, no sentido objetivo de planos,

esboços ou modelos (DENIS, 2000).

O design pode ser assim definido como uma ciência que busca a resolução de

problemas, com técnicas e abordagens de métodos de criação na obtenção de uma estética,

alcançando a sistematização da transformação de necessidades em processos, com a

coordenação do trabalho em conjunto e com a inserção de valores semânticos culturais. A

multidisciplinaridade do design envolve o conhecimento sobre um amplo leque de profissões,

tendo como objetivo solucionar um problema com relação a um produto, um serviço, ou a um

sistema ou a um espaço. O design possui uma ligação com a arte, mas com a abordagem

científica de caráter lógico com as dimensões intuitivas e artísticas da criatividade (MOZOTA,

2011). A multidisciplinaridade tem o foco de avaliar um problema e propor uma solução através

da observação perante o olhar de diferentes disciplinas.

“Design pode ser definido como o projecto de concepção de um produto, serviço ou sistema, onde são determinados os seus aspectos físicos, processos, serviços e sistemas pelo qual passará, englobando o ciclo de vida, com a finalidade de exprimir no mesmo o que o público-alvo necessita e/ou deseja. ” (RÜTHSCHILLING, 2009, p. 8)

O Conselho Internacional de Associações de Design (International Council of

Societies of Industrial Design – ICSID), que organiza e patrocina iniciativas especiais de

interesses para entidades educativas e associações na área de design, estabeleceu uma definição

para o design, conforme Moraes:

“Design Industrial é uma atividade criativa cujo objetivo é determinar as propriedades formais dos objetos produzidos industrialmente. Por propriedades formais não se devem entender apenas as características exteriores, mas, sobretudo, as relações estruturais e funcionais que fazem de um objeto ou de um sistema de objeto uma unidade coerente, tanto do ponto de vista do produtor como o do consumidor. O Design abrange todos os aspectos do ambiente humano condicionado pela produção industrial. ” (MORAES,2006, p. 216)

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Moraes (2006) ainda propõe que sejam acrescentados, vários aspectos e novas

características que devem ser considerados pelos praticantes do design, e que são coerentes com

o período de atuação dos mesmos.

“Aspectos como: • A rápida evolução da tecnologia industrial; • O aparecimento de novos materiais; • A rápida mudança do comportamento social humano; • As novas necessidades do usuário; • O advento da informática; • A era pós-industrial; • A consideração dos aspectos psicofisiológicos (cognitivos psicológicos e subjetivos); • O surgimento dos produtos interativos; • Os aspectos semiológicos e semânticos dos produtos; • O surgimento do mundo virtual • As novas possibilidades de consumo do mundo eletrônico; • Os novos produtos eletrônicos de entretenimento e de lazer; • A crescente interação entre design industrial, gráfico e visual através de produtos e serviços de interface; • O design não somente como atividade projetual, mas de gestão e de decisões estratégicas empresariais. • O design como um gesto filosófico e político; • O design como referência de identidade cultural de uma região e ou território, de uma geração de um tempo. ” (MORAES, 2006, p.216)

Essas novas características possibilitam a compreensão de uma nova realidade da

conceituação do design, em solucionar problemas sobre uma perspectiva mais global do projeto

em si. O uso do termo “design” passou a ser muito explorado pelos meios de comunicação,

como forma de diferenciar um produto ou serviço perante seus concorrentes, os qualificando

como algo inovador, luxuoso, exclusivo e atraente. A palavra ganhou uma caracterização de

status para o objeto ou serviço ofertado, principalmente na publicidade, demonstrando com isso

a força que o design agrega como valor de imagem, mas, em contrapartida, pouco se demonstra

a exploração de seu conteúdo como uma atividade que detém métodos e conceitos; em alguns

casos ocorre uma distorção do seu significado não sendo condizente com a parte projetual.

A flexibilidade por meio da economia de livre mercado (globalização), possibilitou o

design se tornar prestigiado por todo o mundo industrializado, permitindo que fabricantes de

todos os tipos reconheçam como um meio essencial para alcançar uma nova demanda e adquirir

uma vantagem competitiva (LANDIM, 2010).

Bonsiepe (1997) identifica que permeia vários mal entendidos em relação ao termo

design, como a presunção de que o designer possa resolver os problemas em caráter

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27 emergencial, a descriminalização do design como um procedimento caro, e que se trata de uma

atividade que possui apenas características de confecção de desenhos, e que existe um modelo

difundido da qual o designer não participa das atividades ligadas ao planejamento do produto, e

que, portanto acaba sendo o último profissional a ter acesso ao briefing, depois que foram

tomadas todas as decisões importantes sobre o mesmo.

A figura abaixo demonstra os desafios que o designer deverá abordar no seu cotidiano

dentro da execução de suas atividades, com os aspectos e novas características propostas por

Moraes (2006); e os atributos essenciais do designer definidos por Mozota (2011):

Figura 2 Aspectos e novas características versus atributos essenciais do designer

Fonte: Elaborado pelo autor

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Para Walsh7 et al. (1992 apud Mozota, 2011, p.26) o design apresenta características

essenciais como: “ Criatividade: O design exige a criação de algo que não existia antes.

Complexidade: O design envolve decisões quanto a um grande número de parâmetros e variáveis. Capacidade de selecionar: Imposição de selecionar entre muitas soluções possíveis de um problema em todos os níveis, desde o conceito básico até o menor detalhe. Comprometimento: De equilibrar várias necessidades, às vezes conflitantes com o custo, estética, desempenho, usabilidade, materiais e durabilidade. ”

Bonsiepe (1997) enumera os aspectos que os designers possam contribuir, como:

observar e analisar as tendências de mercado no aspecto projetual, formular especificações de

um produto, elaborar cenários para o uso de novos produtos, interpretar as contribuições de

marketing e aplicá-las dentro de uma realidade alcançável, participar na seleção de materiais,

contribuir para a criação da identidade da empresa.

2.2 A gestão do Design

O momento atual apresenta grande competitividade entre as MPEs, principalmente no

intuito de favorecer os consumidores com as melhores soluções. A gestão do design pode

cumprir um importante papel no planejamento estratégico das MPEs de vestuário, promovendo

um fator de acréscimo de qualidade nos produtos. Esse cenário de alta competitividade cria uma

expectativa de que para garantir sua sobrevivência, se faz necessário ter o pensamento que o

design possa não somente atender a critérios de criação, mas deferi sobre uma gama de

possibilidades estratégicas para a organização (RECH, 2007).

O design pode contribuir para melhorar a imagem de uma empresa junto ao um

público-alvo. Uma vez que, o designer pode contribuir com uma abordagem diferente, ou seja,

com uma visão ampla de soluções estratégicas, envolvendo o desenvolvimento e

comercialização dos produtos/artefatos.

A gestão de design segue como um processo lógico com caráter científico, no intuito

de solucionar problemas por meio do design, com base no gerenciamento de ideias, trabalhando

com os sistemas empresariais e alcançado o sentido de coordenar a comunicação, com a

7 Winning by Design, Basil Blackwell, 1992.

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29 aplicação da abordagem de conceitos de gestão administrativa. Ela tem como objetivo no

sentido comportamental de estimular as pessoas a fazerem coisas, centrado em relacionamentos

de grupos de cooperação. Apresenta participação nas tomadas de decisões e busca a interação

como os sistemas organizacionais da empresa, por via das atividades administrativas básicas

operacionais de planejamento, organização, comando e controle.

O designer, enquanto gestor, costuma coordenar os recursos para oferecer projetos

compatíveis dentro de um cronograma estabelecido e um orçamento predeterminado, podendo

gerenciar uma equipe de designers ou as pessoas envolvidas no desenvolvimento do produto

para atingir o objetivo estratégico da empresa com as estratégias do design (MOZOTA, 2011).

Menezes et al (2009) fez uma análise comparando duas empresas com características

distintas sobre seu gerenciamento e tomada de decisões: uma empresa que adotou e aplicou os

conceitos de design e a outra que manteve sua condução de forma intuitiva sem o conhecimento

de práticas de design. A empresa que obteve conhecimento sobre gestão de design e as

executou, conseguiu ampliar sua atuação no mercado de forma progressiva. A segunda

empresa, que manteve suas decisões com base na intuição, permaneceu de forma estagnada,

confirmando que o design pode substituir o empirismo e improvisação dominantes nas

empresas de baixa capacitação. A estagnação é resultado da falta de conhecimento das

vantagens que o uso do design pode proporcionar. [...] “em mercados cada vez mais dinâmicos e competitivos, as empresas e as organizações com maior probabilidade de sucesso são aquelas que percebem as expectativas, desejos e necessidades dos clientes e se preparam para satisfazê-los melhor que seus concorrentes. ” (HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2005, p. 5).

O designer pode atuar como um gestor de design de moda, de forma que passe a

agregar valor a produtos, interpretando e superando os desafios impostos por limitações de

processos de desenvolvimento, produção e comercialização; resultando em produtividade e

custos adequados (RECH, 2007).

Na relação entre marketing e design, as ferramentas propostas pelo marketing

permitem uma orientação para a elaboração de um projeto, pois o design pode compreender

como se comporta, quais as preferências e as prioridades do público-alvo em relação ao produto.

O marketing pode ser utilizado como ferramenta para compreender fatores importantes e

determinantes no momento da compra, de como os produtos são percebidos e de como os

consumidores se comportam diante dele (TORRES; DANTAS, 2012). Design e marketing se

complementam na formação de estratégias. De forma que o design, em sua amplitude, possa

cumprir o objetivo de resolver os problemas relativos aos anseios e necessidades dos

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30 consumidores. As pesquisas de marketing possibilitam a identificação de oportunidades de

mercado, portanto a empresa conseguirá mensurar e prever o tamanho, crescimento e potencial

de cada oportunidade (KOTLER; KELLER, 2012).

2.3 O Design como caráter estratégico

O design tem o intuito de identificar uma necessidade do consumidor, a partir da

adoção de uma metodologia projetual. O design estratégico atua como suporte para que esta

metodologia possa contribuir com o planejamento estratégico da empresa, onde supra as

necessidades de quem produz o produto, de forma que o projeto possa se adequar a capacidade

produtiva, sem oferecer riscos, e não comprometendo as limitações que podem ser por objeção

financeira, de recursos e materiais ou de processos.

O design estratégico atua dentro da empresa em relação ao sistema que envolve a

concepção do produto, trabalha com meios, resolve problemas, cumpre obrigações, e pode

treinar subordinados (designers), colaborando com o plano de ação, antecipando cenários,

fazendo previsões, e articulando uma visão estratégica projetual.

O design estratégico nas MPEs de vestuário pode ser utilizado como forma de

monitorar o ciclo do produto e da moda, auxiliar no plano de ação de desenvolvimento de um

projeto de coleção. A gestão do design seria a tática adotada pela empresa, como forma de

buscar resultados, atingir objetivos, aperfeiçoar recursos, obter os resultados da eficácia aos

envolvidos na concepção do produto.

A relação do design no âmbito de criação de um produto ou serviço pode contemplar

as estratégias de planejamento, produção e marketing (KELLER, 2004). Portanto, o design

estratégico pode apresentar uma característica de abrangência a partir da fase inicial da

conceitualização do projeto até a sua fase de comercialização, contribuindo em todo o processo

de desenvolvimento: seja pela otimização dos custos na escolha de materiais ou no seu

reaproveitamento; na elaboração de pesquisas e análises como forma de conhecer o mercado;

na elaboração de embalagens; no material promocional de divulgação da coleção; nos padrões

estéticos de estampas, bordados e aviamentos, na identidade visual da empresa, na adequação

de materiais para novos projetos inovadores; e no processo de fabricação, a partir da escolha de

uma modelagem.

A partir desta abordagem, o design passa a trilhar uma nova postura de compreensão

dos fenômenos que ocorrem dentro da empresa, de maneira que se possa encontrar a melhor

solução possível dentro das necessidades requeridas. Por meio dessa característica estratégica,

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31 os designers, podem adquirir o aprendizado dos termos estratégicos, obtendo a compreensão e

a racionalização da linguagem dos negócios. Esse tipo de conhecimento contribui para a

elaboração de briefings mais eficientes, abrangendo tanto os aspectos de design, como aqueles

econômicos e comerciais que as empresas operam (PHILLIPS, 2008).

A aplicação do design estratégico por meio da gestão do design contribui para

competitividade da empresa obtendo vantagens na estrutura organizacional, na inovação, e na

sua estratégia. O design estratégico tem como princípios: a formulação e prescrição do plano

de ação; e a antecipação de cenários, fazendo previsões e buscando o futuro; com o propósito

de articular uma visão estratégica.

Para Teixeira (2005) o design estratégico pode ser compreendido na formulação e no

desenvolvimento da estratégia empresarial, resolvendo problemas, monitorando recursos, de

maneira que abrange os aspectos econômicos, gerenciais e de geração de visão empresarial. A

gestão do design consiste na orientação das atividades estratégicas do design, buscando a

eficácia em processos, de forma que compreenda tanto os envolvidos no ambiente interno como

no seu ambiente externo. O design estratégico consiste em unir um plano de desenvolvimento

de projetos à estratégia da empresa, de forma que fique incorporada. A união do design

estratégico e da estratégia da empresa já é consagrada em empresas de médio e grande porte,

porém nas de pequeno porte existe certa dose de cautela, pois cada empresa apresenta suas

particularidades para se adequar a essa proposta (MENEZES et al., 2009).

3 A produção de moda

3.1 A marca nos produtos de moda

A marca é um meio de diferenciação de bens de uma empresa em relação ao seu

concorrente. A marca se torna um fator de diferença através de seus elementos como a

memorabilidade, significância, atratividade, transferibilidade, adaptabilidade e proteção

(KELLER; MACHADO, 2006). Para Dias (2007), o design (processo de criação) pode

representar uma alternativa de diferenciação e conquista de novos mercados através do

fortalecimento das marcas.

A marca passa a ser importante para o consumidor, por que reduz custos e gastos de

tempo na escolha de produtos, tanto em termos cognitivos, quanto a sua acessibilidade. A marca

cria uma relação com o consumidor, onde o mesmo encontra confiança e passa a ter uma

fidelidade, critério que é adotado na decisão de escolha dos produtos. As marcas não apresentam

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32 somente benefícios funcionais, mas simbólicos também, de forma que os consumidores passam

a projetar sua autoimagem, comunicando a outras pessoas o tipo de pessoa que são ou que

gostariam de ser (KELLER; MACHADO, 2006).

Um grande erro sobre o projeto de um produto é ter o foco somente no objeto físico e

não ir muito além para os pontos de interação entre a empresa e o consumidor. Esse tipo de

pensamento não permite explorar estratégias de conexão com o cliente e a marca, acarretando

em uma menor fidelização ou suprimento de suas totais necessidades. As empresas voltadas

para o design têm seu foco nas pessoas no decorrer de todo o processo de produção, e isso é

uma estratégia chave para impulsionar o desenvolvimento, e que toda essa premissa vem da

criação de uma resposta emocional. A empresa não precisa sacrificar a experiência de

crescimento, mas ela consegue impulsionar o crescimento a partir da qualidade da experiência

que está sendo entregue as pessoas (BRUNNER; EMERY, 2009).

Assim, na gestão da marca (branding) é preciso considerar que a importância da marca

está na relação de orientar o consumidor a escolher a determinado produto, que satisfaça as suas

necessidades e desejos (anseios). As marcas podem fazer a diferença em um processo de

compra, pois a marca não é apenas um nome, um logotipo ou uma embalagem é a representação

de uma experiência, de compromisso e entrega. As marcas mais fortes criam uma imagem

de empresa que está voltada para o consumidor e que está a par de resolver seus problemas ou

necessidades, a ponto de as empresas concorrentes respeitarem-na, mas não basta apenas buscar

uma diferenciação, tem que responder da melhor forma possível às experiências do seu público-

alvo. Focalizar em fornecer aos consumidores a combinação de valores tangíveis e intangíveis,

conseguindo manter esses fundamentos, os consumidores podem se tornar fieis as marcas,

transformando esse relacionamento em um dos ativos mais valiosos para empresa (TOMIYA,

2010).

Segundo Tybolt e Calkins (2006) a gestão da marca (branding) se dá através da

coordenação de três elementos-chaves ou os três “Cs” como: caixa, consistência e clutter

(saturação). O primeiro “C” caixa é relativo ao retorno financeiro da marca, pois são ativos a

longo prazo, que se adequadamente gerenciadas podem permanecer por décadas ou séculos. Os

benefícios são difíceis de quantificar, tem como característica a incerteza e a visão para o futuro,

dos quais existem planos de curto e longo prazo, onde pode obter um retorno ou não de seus

investimentos, perante ao estabelecimento de expectavas apropriadas. O segundo “C” diz

respeito à consistência na capacidade de todos os envolvidos no produto de abraçar uma marca

e acompanhar seu desempenho no decorrer do tempo. Não basta apenas definir o

posicionamento da marca e seu portfólio ideal, tem que haver a cooperação de outros

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33 envolvidos, pois a mensagem poderá ser incompleta. O terceiro “C” diz respeito à saturação

por parte dos consumidores de serem bombardeados a todo o momento pelas marcas. Romper

o ambiente saturado é extremamente difícil. Para evitar que as marcas fiquem desinteressantes

sem um foco, que essencialmente não significa nada. As marcas precisam ser criativas no

mercado para chamar a atenção. .

O branding ou gestão de marcas é um conjunto de atividades que tem como principal

objetivo gerir uma marca em todos os seus aspectos, de forma competitiva e buscando um

diferencial (KELLER; MACHADO, 2006).

Segundo Tomiya (2010) a gestão da marca (Branding) é um processo constante, que

envolve a integração de todos os envolvidos na empresa, transmitindo os seus valores, as suas

qualidades, em busca de garantir o aperfeiçoamento ininterrupto da marca.

A gestão da marca apresenta quatro pilares fundamentais: 1) a identidade da marca

que é a sua ideologia, seus valores; 2) o posicionamento de uma articulação ou uma estratégia

de transmitir a identidade da marca, para seu público-alvo; 3) a implementação do canal

elaborado pelo posicionamento para comunicar a marca para os consumidores; 4) o

monitoramento consiste em verificar se as estratégias e os programas que foram estabelecidos

estão obtendo os resultados esperados (KELLER; MACHADO, 2006).

O posicionamento de um produto é uma relação entre a marca e o consumidor

(COBRA, 2008). Para Kotler e Keller (2012) os esforços de projetar o produto e a marca da

empresa na mente dos consumidores, pode obter uma grande vantagem potencial em relação

aos seus concorrentes. O posicionamento eficaz tem como objetivo a de oferecer uma proposta

de valor com o foco no cliente.Para um posicionamento eficaz se faz necessário a determinação

de aspectos que visa esclarecer o significado da marca, em relação aos benefícios e ao fator que

proporciona ser um diferencial de exclusividade, de modo que fortaleça a preferência do

consumidor em relação aos concorrentes. Esses aspectos são cruciais para as tomadas

estratégicas da gestão da marca, pois possibilita determinar um referencial de público-alvo e

objetivar o direcionamento de associações de uma marca ideal, através de pontos de paridade e

pontos de diferença. A identificação do público-alvo, o conhecimento dos seus concorrentes, a

busca para evidenciar como a marca apresenta um fator diferencial e quais características a

marca concorrente apresenta em comum, são processos que oferecem subsídios para o

fortalecimento do brand equity8. (KELLER; MACHADO, 2006)

8 Termo em inglês, significa o valor intangível da marca baseado na percepção dos consumidores.

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Portanto a decisão sobre o nicho de mercado é de extrema importância, porque

direciona para a compreensão do comportamento do consumidor e possibilita conhecer o

conjunto de critérios que o faz escolher determinada oferta em relação à outra disponível

(KOTLER; KELLER, 2012). O posicionamento deve abordar três conceitos: a definição de

como a empresa decide seus negócios, a diferenciação da marca quanto ela torna especial e o

resultado da marca quanto ela pode oferecer aos seus consumidores (MOZOTA, 2011).

Sobre a diferenciação da marca, verificamos que os consumidores podem apresentar

diferentes percepções e preferências (KELLER; MACHADO, 2006). A diferenciação é uma

estratégia de comunicar ao consumidor que o produto do qual ele poderá escolher pode obter

vantagens que o produto concorrente não conseguirá atender.

Segundo Kotler e Keller (2012) as empresas podem lançar três estratégias

para alcançar a diferenciação da marca:

Diferenciação baseada no produto consiste em buscar a diferenciação por meio de

características relativas à dimensão do produto, formato, desempenho, durabilidade,

confiabilidade, conservação, estética.

Diferenciação baseada no canal é a estratégia de como o produto é encontrado, de

qual forma ele é comercializado, e qual a sua distribuição.

Diferenciação baseada na imagem é a estratégia de como a marca é vista e como os

compradores reagem ao deparar com ela, por meio de dois aspectos: por sua identidade que é a

forma como a empresa busca identificar ou posicionar a marca em relação ao produto; e por

sua imagem que é a forma como o consumidor vê a marca.

Segundo Cobra (2008) existem quatro tipos de correntes de valor: baseado na

qualidade do produto, na relação qualidade x preço, na relação benefício x sacrifício, e no preço

do produto. Os níveis de valor permitem compreender o comportamento do consumidor pela

preferência por determinado produto. Esses níveis são: eficiência, excelência, estima, status,

ética, entretenimento, estética e espiritualidade.

A junção das correntes de valor com os níveis de valor sobre o comportamento de

consumo, explicam a percepção que o consumidor produz na experiência pela preferência por

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35 meio da interação com a marca. Por meio desse conjunto que o consumidor percebe o valor do

produto, de forma que observa os seus atributos e benefícios.

Figura 3 - Correntes de valor x variáveis de comportamento de consumo

Fonte: Adaptado de Cobra (2008).

O valor da marca (brand equity) é a sua força ou sua capacidade de registro na mente

dos consumidores, este tipo de intensidade é quantificado por valor (KELLER; MACHADO,

2006). Assim uma marca que possui um valor positivo de brand equity, pode ter maior aceitação

por parte dos consumidores, de aceitar uma nova extensão da linha de produtos, na sua

disposição de encontrar a marca em um novo local de distribuição; e na sua menor sensibilidade

quanto de ajustes de preços, ou da retirada de veiculação de propaganda do produto.

Uma marca com o valor negativo pode favorecer os consumidores a escolher outros

produtos concorrentes. O brand equity pode ser promovido através de estratégias de produto,

preço e distribuição, alcançando a memorização da marca pelo cliente, e consequentemente

conquistando a melhoria da imagem da marca, acendendo a retornos positivos e aumentando a

propagação da marca. (KELLER; MACHADO, 2006)

Segundo Cobra (2008) uma marca apresenta dois tipos de valores: o tangível que é

tudo aquilo que a marca representa fisicamente ou transmite, é a forma como está no consciente

das pessoas, e por conseguinte, é a área onde o consumidor registra a sua marca favorita. O

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36 segundo valor é o intangível, que se trata de tudo aquilo que a marca transmite como os

benefícios que sua aquisição sugere; seu status e prestígio e outras recompensas emocionais. O

intangível está no inconsciente onde se localiza as emoções da marca com o consumidor.

Os valores intangíveis da marca refletem no processo de escolha, portanto a marca

pode não somente basear no desempenho do produto como construção de qualidade, ela pode

imergir no simbolismo ou a na sua personalidade, favorecendo a política de preços, onde os

consumidores, mediante sua análise, conseguem observar e determinar se o preço de uma marca

que representa um produto é compatível com sua qualidade (KELLER; MACHADO, 2006).

A marca se caracteriza por atingir os significados sobre os atributos do produto,

relacionadas as suas funções, desempenho e benefícios; aos valores sociais e gerais; e a

personalidade que a marca confere ao usuário. Segundo COBRA (2008) a marca pode ser

avaliada por sua força e percepção. Existem três forças para diferenciar uma marca: o valor, a

força e a imagem. O valor da marca diz respeito sobre o seu valor total como ativo separado

quando vendido ou incluído em balaço patrimonial. O segundo, a força da marca, mede o grau

de lealdade do consumidor com a marca. O terceiro, a imagem da marca, são as associações,

pensamentos, crenças e imagens que a marca evoca ao consumidor em relação à marca, quando

são analisadas uma característica que pode ser física, uma qualidade ou até uma fraqueza.

A combinação adequada da qualidade do produto, custos dos processos de fabricação

e preços, corrobora para a sobrevivência da empresa. A qualidade e consequentemente o valor

percebido pelo produto qualifica a percepção do consumidor de que pagou por um valor justo

mediante a marca escolhida. Essa percepção de que o produto possui uma superioridade em

relação às alternativas dispostas, em comparação com as outras ofertas de produtos, e ao seu

propósito escolhido, passa a atribuir uma característica de valor para aquela marca como um

fator decisivo para o processo de aquisição. No mundo globalizado onde as informações são

difundidas rapidamente, é cada vez mais difícil atingir esse valor de qualidade para o

consumidor, pois as melhorias constantes dos produtos acabam sendo um referencial de

exigência cada vez maior (KELLER; MACHADO, 2006).

3.2 O processo de produção de moda

A finalidade da produção de moda

A produção de moda tem duas finalidades: a alta-costura e o prêt-à-porter. Destinada

para consumidores que desejam exclusividade nos produtos, a alta-costura são produzidos sob

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37 medida, que por apresentar tal exclusividade são destinados a públicos específicos que podem

pagar altos valores por seu produto. O prêt-à-porter, do francês prêt que significa pronto e à

porter que significa levar, - pronto para levar – são produtos com preços acessíveis (em relação

à alta-costura) com grande variedade de estilos e com maior praticidade, com a vertente para a

produção em massa. A produção prêt-à-porter ocorre em escala industrial, conforme o tipo de

mercado segmentado, essa produção se divide em três categorias: fabricantes, atacadistas e

faccionistas. (TREPTOW, 2007).

Tabela 4 - Tipos de categorias produtivas da confecção.

Modelo Características

Fabricante

Coordena todas as operações, como a compra de matéria prima, criação ou compra de desenhos para os modelos, manufatura das peças e venda.

Atacadista

Modelo mais difundido em âmbito global realiza operações das empresas fabricantes, apenas a etapa de costura das peças é realizada em facções.

Faccionistas

Os que são prestadores de serviço, realizando operações de costura, embalagem, a partir dos cortes recebidos da confecção atacadista.

Os que desenvolvem modelos para diversas marcas, esse modelo realiza testes e aprovada a peça segue para a produção com a etiqueta da marca do cliente.

Fonte: Treptow (2007, p.40) adaptado.

O ciclo de vida do produto e o ciclo da moda

A moda é um fenômeno que passa por várias etapas desde a sua concepção até a fase

final do produto. O ciclo de vida de um produto de moda é igual a qualquer outro produto,

apresenta as mesmas etapas de: introdução, crescimento, desenvolvimento, maturidade e

declínio (COBRA, 2008).

Segundo Kotler e Keller (2012) o ciclo de vida do produto pode ser definido em quatro

estágios: introdução, crescimento, maturidade e declínio. A introdução representa a inserção do

produto ao mercado, com a realização de altos investimentos com a sua implantação e o baixo

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38 retorno financeiro. O crescimento compreende o período em que existe uma aceitação do

mercado por parte dos consumidores, onde verifica um crescimento rápido das vendas e um

retorno substancial. A maturidade ocorre a estabilização das vendas, quando o produto teve a

aceitação da maioria ou início de declínio de retorno financeiro, quando o produto já não atende

mais as necessidades dos consumidores. O declínio é quando as vendas sofrem uma queda, que

pode indicar uma nova abordagem, estratégia ou redesign de um produto.

Para Treptow (2007) o ciclo da moda compreende em cinco fases, que começa desde

a sua origem até seu desuso. Esse ciclo começa no lançamento da coleção, passando pela fase

de consenso do público, do qual ocorre a aceitação e existe o consumo, que ao serem

consumidos ocorre o processo de massificação, e seu uso terá um fim com o desgaste do

conceito ou ideia do produto.

SOLOMON (2008) define que o ciclo de vida da moda apresenta uma certa

semelhança com o ciclo de vida do produto, mas com apresentação de três fases distintas.

Essas fases ou estágios permitem conhecer como ocorrem a introdução, aceitação e

regressão dos produtos.

O primeiro estágio, denominado introdução, compreende o período onde um pequeno

grupo de inovadores adquirem o produto, ocorrendo posteriormente sua ascensão. O segundo

estágio, denominado aceitação, compreende o período onde o produto começa a ter uma

aceleração na sua aquisição, conquistando uma visibilidade maior e aceitação por grandes

grupos de consumidores. O terceiro estágio, denominado de regressão, compreende o período

onde ocorre o declínio de vendas e a obsolescência do produto, por meio da saturação quando

novos produtos são inseridos no mercado.

A figura 04 representa como ocorre os três estágios referentes ao ciclo da moda:

Figura 4 - Ciclo da moda

Fonte: Solomon (2008, p.616)

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Segundo Solomon (2008), existem três tipos de ciclos de aceitação: modismo, moda e

clássico. Os ciclos de aceitação são períodos cronológicos que correspondem a vida do produto,

sob a perspectiva do início e fim, determinando o grau de receptividade do consumidor com a

oferta de vestuário. A moda, como visto anteriormente, apresenta um ciclo moderado, do qual

pode levar a vários anos para passar pelos os estágios de introdução, aceitação e declínio.

O modismo apresenta um ciclo com um período mais curto. Esse ciclo é adotado por

um pequeno grupo de pessoas, que podem pertencer a uma mesma subcultura9 em comum. As

pessoas que aderem ao modismo, não passam pelos os estágios de introdução, aceitação e

regressão; geralmente elas adquirem por impulso e sua propagação é difundida rapidamente.

O ciclo clássico possui um período mais longo em comparação ao ciclo da moda e ao

ciclo do modismo. O clássico é constituído por produtos estáveis e que possibilita uma garantia

ao consumidor que o produto em questão terá uma sobrevida maior e, portanto, sua aquisição

terá baixos riscos de obsolescência.

A figura 5 representa a comparação dos três ciclos de aceitação: modismo, moda e

clássico.

Figura 5 - Ciclos de aceitação: modismo, moda e clássico

Fonte: Solomon (2008, p.618)

9 Cultura oriunda de outra, variedade cultura de baixa qualidade.

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Portanto a análise do ciclo de vida permite diagnosticar a longevidade do produto e

definir as estratégias para a sua permanência, renovação, modificação ou retirada da linha

comercializada. (BAXTER, 2000)

3.3 Etapas de desenvolvimento de coleção

O designer é responsável pela produção do produto, e deve conhecer a capacidade

produtiva da empresa, buscando uma otimização do projeto com as limitações operacionais da

fábrica, sobretudo de máquinas e equipamentos. Por meio dessas informações, o designer tem

maiores possibilidades de alcançar o produto ideal e compatível com a proposta de atender a

demanda dos consumidores, trazendo benefícios de viabilidade comercial, financeira e

produtiva da organização.

Segundo Vincent –Ricard10 (1989 apud RECH 2012, p.189) o desenvolvimento de um

produto de moda consiste em um processo de execução de etapas de forma linear,

compreendendo desde a sua concepção até a sua fase final de comercialização. Cada estágio de

produção possui características e necessidades específicas. Esses estágios, apresentados em

uma sequência, são representados por cinco etapas: estágio de análise sociocultural, estágio de

análise econômico, estágio de elaboração, estágio de criação e estágio de difusão.

Por meio das metodologias projetuais de desenvolvimento de coleções propostas por

Rech (2012) e Treptow (2007), podemos obter uma linearidade nos processos que visam à

constituição do produto. Portanto para esta pesquisa, os dois modelos servirão como base

referencial para criação de coleções ou novos produtos de moda.

3.3.1 Estágio de análise sociocultural

O estágio de análise sociocultural fornece informações para que o designer tenha um

direcionamento projetual, com base nas informações coletadas sobre a sociedade ou público-

alvo específico, para qual está desenvolvendo um produto de moda. Essa análise permite o

conhecimento sobre os ciclos de aceitação, determinando o seu ciclo de vida do produto,

obtendo uma base sobre o relativo custo de produção e o seu respectivo tempo de

10 VINCENT-RICARD, F. As Espirais da Moda. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

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41 desenvolvimento, obtendo uma projeção estimada de sua comercialização, distribuição e

descarte.

Pesquisas

A pesquisa tem como objetivo fornecer as informações referenciais de um projeto de

moda, conduzindo o direcionamento de como a coleção será desenvolvida, de maneira que

respeite as particularidades do mercado alvo escolhido. Essas informações constituem em um

guia para a tomada de decisão do planejamento estratégico de um projeto de produto

(TREPTOW, 2007). A realização das pesquisas tem como proposta ser um referencial para o

desenvolvimento de uma coleção. As informações obtidas constituem um vasto campo de

possibilidades que contribui para o desenvolvimento de novos produtos (RENFREW;

RENFREW, 2010)

De acordo com Seivewright (2015) a pesquisa fornece informações sobre vários

aspectos, dos quais se obtém informações que contribuem para a inspiração de uma coleção por

meio da forma e estrutura, das cores, dos acabamentos, das texturas, das estampas, podendo

apresentar características e influências históricas e culturais. Para Treptow (2007) as pesquisas

podem ser divididas em seis áreas distintas: comportamento, mercado, tendência, tecnológica,

vocações regionais e tema de coleção.

Tabela 5 - Tipos de pesquisas

Tipo de Pesquisa Características

Comportamento Acompanham os hábitos de consumo do público-alvo e seus interesses atuais

Mercado Estilos, preços, marcas e produtos praticados pela concorrência.

Tendências Informações sobre cores, tecidos, aviamentos, elementos de estilo.

Tecnológica Técnicas e maquinários que possam ser aplicados à confecção.

Pesquisa de vocações regionais Visa obter fontes para materiais e técnicas alternativas, conforme a disponibilidade de insumos ou mão de obra localizada na região.

Pesquisa de tema de coleção Reunião de informações que possam ser usados criativamente no desenvolvimento de coleção.

Fonte: Adaptado de TREPTOW (2007).

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As pesquisas fornecem uma gama de possibilidades em desenvolver um produto que

seja coerente com os desejos dos consumidores, além de possibilitar que a empresa monitore

as tendências do mercado.

Análise de coleção anterior

A análise de coleção anterior é uma ferramenta essencial no desenvolvimento de novos

produtos, pois possibilita o designer analisar as dificuldades encontradas no desenvolvimento,

produção e venda dos produtos de moda. Essas informações podem nortear o desenvolvimento

da coleção futura, alcançando estratégias que se adéquem melhor ao desafio proposto

(TREPTOW, 2007). Acompanhar os registros de produção ou vendas fornece interessantes

dados de subsídio para análise. Se os dados coletados vierem com depoimentos de clientes ou

de fornecedores, possibilitará um maior entendimento de como o produto é observado pelo

consumidor e como à marca está construindo seu valor para o cliente.

Análise do calendário de vendas

A essência do desenvolvimento de uma estratégia para o produto de uma empresa é

pensar não somente em curto prazo, mas traçar planos em longo prazo, assegurando que as suas

aptidões de produzir recursos correspondam com o ambiente do mercado competitivo no qual

ela está inserida e que ela operará durante anos. O principal objetivo do planejamento

estratégico é tentar encontrar respostas para quais objetivos a empresa está direcionada no

presente, qual o contexto de ambiente que a empresa está inserida e o que a empresa deveria

melhorar para o suprimento dessas respostas.

A análise do calendário de vendas tem como objetivo acompanhar o período de

comercialização do produto conforme sua demanda de mercado (TREPTOW, 2007). Conhecer

a sazonalidade permite desenvolver coleções que sejam compatíveis com as necessidades

especificas dos consumidores, o designer poderá prever quais características sobressai e quais

aspectos conquistam do público-alvo.

3.3.2 Estágio de análise econômica

A análise econômica permite avaliar as questões sobre o preço, a segmentação do

mercado, a identificação do público-alvo, a concorrência, a promoção, os custos de

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43 desenvolvimento e a estimativa dos possíveis lucros a serem obtidos. A análise econômica

permite compreender tanto o público-alvo quanto o ambiente em que se encontra, para que

sejam desenvolvidos produtos com o foco para atender suas respectivas necessidades.

Análise de macro ambiente

Os fatores externos precisam ser monitorados para que o projeto não encontre

obstáculos durante seu planejamento ou execução, favorecendo a descoberta de ameaças e

oportunidades. As principais análises são divididas em sete categorias: demográfica,

econômica, sociocultural, natural, tecnológica, política e concorrência (KOTLER; KELLER,

2012)

As setes categorias de análises definidas por Kotler e Keller (2012) são:

Tabela 6 - Análise de macro ambiente

Análise Características

Análise demográfica População (crescimento e composição) graus de instrução e

padrões familiares e movimentações geográficas.

Ambiente econômico Renda, endividamento, disponibilidade de crédito.

Ambiente

sociocultural

O motivo que leva as pessoas a terem certas preferências e

gostos, baseado em suas crenças, valores ou normas.

Ambiente natural

O uso consciente de recursos e matérias primas, com o objetivo

de preservação do meio ambiente, e uso dos meios de forma

sustentável.

Ambiente tecnológico A inserção de novas tecnologias, em processos produtivos, na

matéria prima, na comercialização e divulgação de produtos.

Ambiente político Normas, leis e regulamentações que interferem na produção de

artigos de moda.

Análise de

concorrente

Verificar empresas que ofertam o mesmo produto, distinguindo

os concorrentes reais e potenciais. Formulando estratégias para

se mantiver competitiva e renovada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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44 Análise de cenários (Swot ou FOFA)

A análise Swot11 ou FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) permite

fazer uma avaliação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da empresa. Essa análise

permite desenvolver estratégias que abrange todo o ambiente envolvido no planejamento de um

novo produto, podendo identificar a posição dos negócios, as finanças, os processos de

fabricação, o mercado, a qualidade e outros fatores que sejam relevantes, como forma de prever

e encontrar soluções ou explorar um diferencial. (BAXTER, 2000)

Ela tem como objetivo a identificação da análise do ambiente externo e interno da

organização, em relação ao ambiente externo (oportunidades e ameaças) ela possibilita

monitorar fatores externos ou macro ambientais como: a economia, a demografia, a tecnológica,

as ambientais, as políticas legais e as socioculturais) e microambientes como: clientes,

concorrentes, distribuidores, fornecedores. Para o ambiente interno (forças e fraquezas) essa

análise permite conhecer se a empresa pode somente oferecer produtos dos quais possuem

recursos ou se deve adquirir mais força para ser competitiva (KOTLER; KELLER, 2012). A

vantagem dessa análise diz respeito ao lançamento de produtos novos para o mercado, uma

configuração que permite oferecer ao cliente um produto personalizado, ou ofertar um produto

mais baixo.

Figura 6 - Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Matriz SWOT

Fonte: BAXTER (2000, p.102) Adaptada.

11 SWOT é a sigla dos termos ingleses: Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças).

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45 Análise da capacidade produtiva

O designer de moda necessita conhecer a capacidade de produção da empresa, pois se

o projeto tiver uma demanda que a empresa não possa oferecer, ela terá uma incompatibilidade

em executar as ações, ocasionando um “gargalo de produção”. Esses gargalos podem ser em

setores diversos da fábrica ou em serviços de terceiros que não conseguem desenvolver a ação

em tempo hábil ou com alguma limitação técnica nas peças produzidas (TREPTOW, 2007).

Um projeto de moda de uma coleção sendo planejada por incompatibilidade da fábrica,

em atender as necessidades projetuais delimitadas, produz uma reação direta na qualidade das

peças produzidas ou na extrapolação do limite do calendário de vendas da indústria.

Segmentação

A segmentação de mercado busca encontrar variáveis que possam definir os grupos de

interesse em comum ou que possua propriedades próximas. Conhecer profundamente o

consumidor não se trata apenas de saber os seus dados demográficos ou como é o perfil médio

apresentado por eles, mas encontrar aspectos que permitam delimitar seu comportamento. As

empresas podem realizar diferentes tipos de pesquisa para obter informações. Essas imersões

devem ser agendadas com certa frequência, com objetivo de analisar o comportamento do

mundo real de como ele se apresenta no momento da pesquisa e de como ele pode se transformar

no futuro (HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2005).

O mercado de moda, por apresentar características de heterogeneidade, se faz

necessário compreender o comportamento do consumidor e seu estilo de vida, através de

aspectos sociológicos, demográficos e econômicos (COBRA, 2008). A segmentação é obtida

através da pesquisa de mercado como forma de obter informações a respeito das características

dos consumidores, possibilitando a determinação de quais segmentos a empresa pode atender

de forma viável e lucrativa, dessa forma obtendo o agrupamento de consumidores específicos

em segmentos homogêneos.

Para Cobra (2008) o mercado de produtos voltados para a moda precisa ser muito bem

segmentado porque apresenta uma grande distinção de perfis de consumidores com gostos,

interesses, desejos e preferências muito específicas e que cada indivíduo apresenta uma

necessidade física, emocional e psicológica. Dessa forma pode-se obter a antecipação da

necessidade do consumidor e posicionar de forma adequada, conseguindo enaltecer

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46 características do produto e conseguindo conciliar o atributo tangível e intangível, para um

público-alvo específico, correlacionando com sua identidade da marca.

O mercado da moda é dividido por grupos de consumidores que possuem

características em comum seja por questões geográficas e sociais, por hábitos, por gênero ou

pelo poder de compra. A segmentação de mercado possibilita a identificação de grupos

específicos que dividem alguns aspectos em comum, ao atender uma necessidade específica

desse grupo, essa subdivisão é chamada de nicho de mercado (TREPTOW, 2007).

De acordo com Kotler e Keller (2008) os cinco tipos de segmentação e suas devidas

características são:

Tabela 7 - Tipos de segmentação

Tipo de segmentação Características

Segmentação geográfica

Divisão do mercado em diferentes unidades geográficas

como bairros, cidades, estados... A empresa pode focar em

uma determinada região ou várias.

Segmentação

demográfica

Divisão do mercado em unidades que correspondem ao

mesmo fator em comum, que pode ser por idade, família,

ciclo de vida da família, sexo, renda, ocupação, grau de

instrução, religião nacionalidade, classe social.

Segmentação

psicográfica

Divisão de indivíduos conforme o seu estilo de vida, na

personalidade e nos valores.

Segmentação

comportamental

Divisão de indivíduos em grupos que apresentam uma

similaridade em seu tipo de conhecimento, nas suas atitudes,

no seu uso e resposta a um produto. Outros fatores também

são analisados ao adquirem um produto, seja por meio de

questões ocasionais, por meio de benefícios, por status, por

fidelidade, ou por número de utilizações.

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.3.3 Estágio de Elaboração

O estágio de elaboração é um processo que ocorre anterior ao estágio de criação, que

apresenta como escopo a conversão da ideia em um produto, nessa etapa é executado o

agrupamento de informações relativas ao perfil do consumidor a ser atendido conciliando com

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47 os critérios estabelecidos nas etapas de análise econômica e análise social, constituindo uma

diretriz projetual para o produto de moda. O planejamento define quais critérios serão adotados

e quais limitações a coleção deverá atender.

Planejamento

O planejamento é uma série de ações que tem como princípio definir quais

informações serão utilizadas para a constituição de uma classificação de pré-requisitos que a

coleção deverá atender, sendo compatível com as limitações de produção. O planejamento é

uma espécie de filtro dos dados obtidos anteriormente, que serão analisados e interpretados,

buscando o melhor conceito para desenvolver a coleção de moda. Na reunião de planejamento

ocorre o estabelecimento do cronograma da coleção, que compreende a cronologia de tempo de

quais ações serão executadas; o parâmetro da coleção, que determina o mix de produtos que

serão inseridos; a dimensão da coleção, é relativo ao tamanho da coleção quanto ao número de

peças produzidas; a definição do briefing, como serão desenvolvidas as ações de lançamento e

divulgação e comercialização da coleção de moda.

Briefing da coleção

De acordo com Renfrew e Renfrew (2010) o briefing pode ser uma proposta, uma

delimitação ou uma definição de um conceito do qual será desenvolvido por meio de pesquisas

e reflexões dento de um contexto de moda que aborde a criatividade e as habilidades do

designer.

O processo de elaboração do briefing deve ter como essência o agrupamento de

informações significativas que funcione como suporte e auxílio para todas as pessoas

envolvidas no projeto de design. Os métodos e aspectos que deve conter em um excelente

checklist são as características que deve conter no produto, junto com as atribuições do processo

projetual. Infelizmente não existe um padrão único que possa ser aplicado em todos os projetos,

mas os projetos podem adotar ou seguir um modelo como referência para o desenvolvimento

de novos produtos (PHILLIPS, 2008).

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48 Processo de construção do briefing

O processo começa com a revisão dos conceitos, ideias, análises referentes das etapas

anteriores à construção do briefing, filtrando o que deve realmente ser processado como uma

limitação ou como uma definição das diretrizes projetuais.

A seleção e a organização dos itens a serem colocados no briefing é um arranjo das

observações do mercado. As informações inseridas são a natureza do projeto e o seu contexto:

lista de produtos: análise setorial de concorrentes, preços, promoções e marca; estudo de

tendências e identificação do público-alvo; portfólio da empresa: contendo a marca, sua

imagem corporativa, e sua segmentação de mercado; os objetivos propostos pelo negócio e as

devidas estratégias de visados pelo projeto; o objetivo, prazo e orçamento do projeto: com a

descrição das diversas fases do projeto, especificando: tempo previsto, orçamento, recursos

necessários; a inclusão do apêndice com materiais suplementares como: catálogos de produtos,

fotos, mostruários, artigos de jornais, artigos científicos, manuais, legislações (PHILLIPS,

2008).

A conclusão dessas análises será uma lista por escrito, dos objetivos do projeto com

os objetivos da empresa. O briefing tem a função de guiar a execução das atividades como para

servir de conferência para as etapas seguintes durante o procedimento de desenvolvimento do

projeto.

3.3.4 Estágio de criação

Consiste em levantar o maior número possível de ideias por meio de referências de

informações e de pesquisas, com auxílio do briefing. Os designers podem trabalhar com uma

única ou com várias fontes de inspiração no desenvolvimento de novos produtos, a pesquisa de

uma fonte de inspiração facilita o processo de concepção e de coerência de uma coleção. A

inspiração pode surgir em diversos ambientes de convívio dos membros escolhidos, seja pelos

lugares que esses frequentam ou pelos acontecimentos que modificam o comportamento. A

inspiração pode ocorrer também na imersão em grupos sociais, de maneira que recolha a

narrativa das vidas dos indivíduos (RÜTHSCHILLING, 2009). As informações coletadas

podem servir de inspiração para o desenvolvimento de desenhos, croquis e esboços, através de

processos e métodos criativos.

Outros processos que ocorrem nessa etapa são (TREPTOW, 2007):

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Reunião de definição – Essa reunião pode ser realizada com o intuito de aprovar ou

não os desenhos, artes, esboços, ou até a ficha técnica do modelo conceitual criado.

Modelagem – pode ser realizado através de dois processos:

• Modelagem plana – os modelos podem ser traçados de forma manual

em papel ou pode ser modelada por meio do uso de software do sistema CAD.

• Moulage – é a utilização de manequins de prova, semelhante ao

manequim de alfaiataria, como técnica de modelar tridimensionalmente o tecido

para se obter o caimento indicado no desenho ou ficha técnica.

Prototipagem – é o processo de fabricação de uma peça piloto, que servirá como

referencial de informações técnicas sobre as dificuldades encontradas, os custos, e o tempo

gasto na sua confecção.

Reunião de aprovação – Essa reunião tem como objetivo a aprovação da peça piloto,

conforme verificada sua análise mediante a todos os processos e recursos que ela utiliza.

Graduação e encaixe – Tem como propósito definir o tamanho da coleção, quanto ao

número de peças fabricadas para cada tamanho específico, podendo ocorrer uma adequação das

medidas por meio da tabela de graduação dos moldes. O encaixe tem como objetivo delimitar

quais e quantos moldes serão agrupados em determinado espaço do tecido.

Ficha técnica – essa etapa compreende a confecção de uma ficha que contém todos

os detalhes de fabricação da peça, contendo desenhos técnicos, ilustrações, fotografias, e dados

relativos ao tempo de fabricação, materiais, cores e assinaturas dos responsáveis pela a sua

aprovação. Para cada peça piloto existe uma ficha técnica que resume todos os dados sobre o

produto.

3.3.5 Estágio de difusão

O estágio de difusão é relativo ao processo de como será feita a venda, a propaganda,

e a comunicação do produto ofertado. Nesta etapa são definidas estratégias que serão

empregadas visando obter um posicionamento adequado do produto mediante seus

consumidores (TREPTOW, 2007). Ela pode ser dividida em duas etapas: a formação do preço

de venda e o lançamento e divulgação da coleção:

Formação do preço de venda - Nessa etapa serão realizados os cálculos do preço

final do produto acrescidos dos custos que aquela peça se originou.

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Lançamento e divulgação – Consiste nas etapas de divulgação da coleção, que pode

ser por meio de materiais impressos, audiovisuais ou na execução de eventos.

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51 PARTE II: MÉTODOS E TÉCNICAS

Procedimentos Metodológicos adotados

4.1 Pesquisa de campo

A pesquisa de campo tem como objetivo encontrar ou responder as questões latentes

do objetivo da pesquisa. Para investigação de como os produtos de moda são desenvolvidos nas

MPES, perante o ambiente do qual estão inseridas, com a integração do design, por meio da

conciliação com o seu planejamento estratégico, e concomitante a observação dos fenômenos

que ocorre dentro das empresas e posteriormente a realização de sua análise e interpretação, a

pesquisa qualitativa atende aos requisitos propostos, pois sua forma de abstração de

informações, por meio do pesquisador, como instrumento para observação, seleção, análise e

interpretação dos dados coletados; conseguem alcançar de maneira satisfatória, que os dados

obtidos da realidade serão examinados e observados (GODOY, 1995).

Uma das principais preocupações sobre a pesquisa qualitativa é a possível influência

do pesquisador nos resultados obtidos da investigação, em função de sua personalidade ou de

seus valores (GOLDENBERG, 2011). Entretanto esse ponto de vista pode ser contornado, pois

segundo Chizzotti (2006), a pesquisa qualitativa não possui um único padrão para admissão da

realidade, logo é exigido uma metodologia de trabalho que possa descobrir ou comprovar uma

verdade, com o auxílio de um conjunto de regras que correspondam com os interesses

pretendidos de conseguir a credibilidade, consistência e fiabilidade. Portanto, para conseguir

tal objetivo, o estabelecimento de técnicas de coleta de dados e análises, são cruciais para que

a investigação não fuja da compreensão da realidade, de maneira que as estratégias de coleta de

dados estarão subordinadas aos procedimentos da pesquisa.

Para a compreensão da realidade de como são desenvolvidos os produtos de moda, e

atingir o propósito desta pesquisa, deve se levar em conta, os indivíduos envolvidos na produção

desses artefatos. Os significados latentes do fenômeno de produção e desenvolvimento devem

ser abstraídos da realidade com a devida sensibilidade para analisar os enunciados das respostas

obtidas através do processo de imersão.

De acordo com Triviños (1987), o autor define a pesquisa qualitativa como um método

em que se pretende estudar os fatos, de forma a elaborar os significados e as interpretações dos

fenômenos sociais. A observação dos sujeitos ou dos objetos da pesquisa, não deve ser realizada

de forma isolada, pois a coleta dos significados depende da análise do contexto do qual estão

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52 inseridos. A investigação tem como objetivo compreender as dimensões do comportamento do

problema a ser estudado, com suas devidas características que são derivadas do seu contexto

cultural. Como forma de atingir esse objetivo a pesquisa deverá adotar uma série de estratégias

metodológicas, para que se consiga atingir a flexibilização da ação investigada. A tentativa de

elucidar o fenômeno é caracterizada por um alto grau de complexidade, pois existem muitos

significados que os fatos por si só não conseguem explicar ou revelar. Portanto se faz necessário

a investigação de modo que possa descobrir as características culturais que envolvem o tema

da pesquisa.

A pesquisa qualitativa não deve se apossar da rigorosidade e nem tão pouco da

objetividade, pois a experiência humana é complexa, e nessa busca para atingir o compromisso

de evolução social, não deve ser confinada aos métodos nomotéticos, de procedimentos de

compreensão das leis, como forma de concepção dessa complexidade, e na tentativa posterior

de analisá-la e descrevê-la (CHIZZOTTI, 2006).

Para Triviños (1987) a pesquisa qualitativa não parte do pressuposto trabalho ser

orientado por hipóteses, pois no decorrer da pesquisa, podem surgir outras informações que

venha a ser traduzidas como novas hipóteses ao decorrer da investigação, explanando uma nova

orientação para novos caminhos. A conclusão não é exclusivamente da última etapa de análise

dos dados, ela é constituída através do desenvolvimento de todo o estudo. Segundo Lakatos e

Marconi (2003), o estudo exploratório se caracteriza como o mais adequado para se obter as

generalizações para a produção de categorias conceituais, que servirão de base para

interpretação dos enunciados. Esse tipo de investigação permite a familiarização do fato ou

fenômeno a ser explorado, de modo que possam ser desenvolvidas hipóteses futuras, ou

contribuir para a modificação ou esclarecimento de conceitos.

A descrição dos fatos surge na interpretação dos resultados da especulação da

percepção do fenômeno dentro de um contexto da convivência por essas empresas. Os

resultados são expressos nas descrições refletidas nas declarações das pessoas através das

entrevistas, como o uso de técnicas de coleta de dados. A pesquisa qualitativa, com a

fundamentação no positivismo, com base na investigação histórico-estrutural, tem o interesse

de atingir as aparências dos fenômenos sociais na busca pelo o desenvolvimento do fenômeno

não apenas na atualidade, mas compreendendo todo seu histórico e evolução. A pesquisa

qualitativa fenomenológica não tem a elaboração de hipóteses empiricamente para ser

verificadas. Os significados e a interpretação surgem da interpretação do fenômeno.

Partindo da coleta dos dados, que servem para elaboração da teoria das bases, a

investigação se transforma em um conjunto de conceitos, princípios e significados. A análise

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53 realizada através do enfoque dialético, que parte da análise da aparência dos fatos seguindo para

a sua profundidade como forma de se estabelecer os seus significados. .

Principalmente pela realidade destes envolvidos que estão inseridos nas empresas

confeccionistas que podem não transpor a devida realidade vivida, camuflando os fatos de

forma que prejudique o interesse de descobrir o fenômeno.

De acordo com Ruiz (2002), existem várias formas de analisar os dados, como a

tabulação, de elaboração de gráficos, quadros, mapas, estatísticas para as análises,

interpretações e conclusões de caráter indutivo. Para Triviños (1987) quando se tem o objetivo

de estudar os processos e os produtos, como resultado final de um procedimento, e

consequentemente a participação do sujeito como um elemento-chave para a constituição da

investigação científica se faz o uso de técnicas para a obtenção da coleta de dados como as

entrevistas, análises e interpretação.

Para prosseguir com o planejamento de investigação e estratégia de pesquisa por meio

da coleta, fez-se o uso da entrevista padronizada ou estruturada, como a melhor alternativa

sobre a empregabilidade da técnica para obtenção dos dados. A entrevista é um importante

instrumento de coleta de dados, pois possibilita a averiguação de fatos, opiniões, sentimentos,

planos de ação, conduta atual ou do passado e motivos conscientes.

A padronização da entrevista permite a investigação ser realizada de forma a seguir um

roteiro previamente estabelecido; com predeterminação das perguntas a serem feitas ao

entrevistado. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado e é efetuada de preferência

com pessoas selecionadas de acordo com o plano de pesquisa, com a delimitação da amostra

selecionada. O pesquisador não é livre para adaptar suas perguntas à determinada situação, de

alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas que não consta no seu roteiro

preestabelecido (LAKATOS; MARCONI, 2003). Portanto para a respectiva pesquisa,

determinou como estratégia a observação individual como técnica de observação dos

fenômenos intrínsecos nas respostas dos entrevistados e a entrevista estruturada.

4.1.1 Procedimento para coleta de dados

Partindo do pressuposto que a pesquisa qualitativa tem como princípio o ambiente

natural em que se acontece os fenômenos, como fonte direta de coleta dos dados, a investigação

deve ter a visão ampla e complexa da realidade social das indústrias confeccionistas; como

forma de abstrair os dados pretendidos dos envolvidos na produção de produtos.

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As empresas confeccionistas apresentam certa resistência para a obtenção de

informações sobre os seus processos produtivos, mesmo que a motivação da coleta dos dados

tenha o intuito de desenvolver pesquisas de teor acadêmico. O motivo pode ser entendido como

uma barreira imposta, que pode dificultar a inserção e a adoção de novas metodologias e

conceitos, tanto para a construção de novas pesquisas como para redirecionamento dessas

organizações. Algumas empresas têm como estereótipo que essas pesquisas não gerem

resultados que possam satisfazê-las ou que implique na divulgação de suas estratégias

empresariais para possíveis concorrentes, ou em alguns casos o temor de ter suas informações

divulgadas para órgãos de fiscalizações de taxas e tributos.

A escolha da cidade de Santa Cruz do Capibaribe como amostra do universo das

empresas confeccionistas da região, se deu por dois aspectos: o primeiro sobre a questão da

disponibilidade de tempo e de recursos financeiros para execução da investigação, como visto

anteriormente, o polo é constituído por 10 (dez) cidades, que por limitação geográfica, e de mão

de obra para levantamento dos dados, torna o trabalho inviável. Outro aspecto diz quanto ao

acesso a essas empresas, o fato de residir na cidade do campo de investigação, permite

compreender outros fenômenos subtendidos da cultura empresarial por estar inserido no mesmo

ambiente que as empresas se localizam.

Para ter acesso a essas empresas e posteriormente obter dados de como são

desenvolvidos os produtos, fez necessário à adoção de uma estratégia de parceria como

Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe – ASCAP, obtendo o ingresso aos

empresários e posteriormente o agendamento das respectivas entrevistas. A ASCAP é uma

entidade que tem como objetivo promover o desenvolvimento local das empresas na cidade de

Santa Cruz do Capibaribe, fornecendo consultorias, palestras e workshops. A diretoria da

entidade é constituída por sua maioria de empresários do setor de confecções, que

alternadamente se revezam em determinados períodos para a posse desses cargos, formando

uma rotatividade de lideranças como o objetivo de promover conhecimento em conjunto. Foi

realizada uma seleção de amostra de nove empresas confeccionistas de diferentes segmentos:

como moda masculina (duas empresas), moda feminina (três empresas), moda infanto juvenil

(duas empresas) e moda masculina e feminina (duas empresas), como representação do

universo das empresas instaladas na região. A produção de moda destas empresas é classificada

como pret-a–porter e todas as MPES se caracterizam como fabricante.

Portanto as empresas selecionadas compreendem a delimitação da amostra, permitindo

a investigação de forma eficaz e eficiente.

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55 4.1.2 Roteiro das entrevistas

A pesquisa pretende investigar quatro processos que ocorrem dentro da empresa na

concepção de uma nova coleção ou um novo desenvolvimento de um produto, como forma de

compreender todos os fatores que acontecem ou interfere dentro da metodologia de fabricação.

Esses processos são:

• A fase de planejamento – como são planejadas as ações que norteiam a criação

de novos produtos, quais métodos e técnicas utilizadas.

• A fase de desenvolvimento – como são definidas as limitações e as atribuições

de um novo projeto e como são executadas, quais profissionais envolvidos.

• A fase de comercialização – como são divulgados e monitorados a marca e os

produtos da empresa.

• E as dificuldades encontradas durante todo o processo.

Para não comprometer a identificação da realidade vivida por essas empresas, as

perguntas foram estruturadas com o uso de palavras que permitisse a compreensão dos

entrevistados em geral, e para que não tivesse o intuito de indução dos mesmos no decorrer da

entrevista. A intenção era que as questões obtivessem um aspecto mais objetivo e com termos

que propiciam seu entendimento claro e direto. Permitindo que mesmo as pessoas que não

tivessem amplo conhecimento teórico de alguma área específica pudessem responder as

questões de forma livre, de acordo como o indivíduo compreende a realidade ou como está

habituada a ver, não comprometendo a obtenção na uniformidade e interferindo ou

influenciando nas perguntas.

Para muitos a palavra “branding” pode levar a outras conclusões que difere do seu

significado, mas o uso da palavra “gestão da marca”, que representa as mesmas características,

possibilita o entendimento amplo e adequado. As perguntas foram elaboradas com

característica de ser aberta, para que o entrevistado não tivesse opção de escolhas, propondo

um método de obter a informação sem sofrer qualquer tipo de influência. O ambiente escolhido

foi o local onde os mesmos exercem as suas atividades na empresa, possibilitando a observação

do funcionamento da mesma.

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Dessa forma as perguntas conseguem capturar a realidade vivida pelos entrevistados,

pois suas experiências dentro da empresa serão refletidas nas suas respostas, pois são as suas

observações do ambiente que serão diagnosticadas.

Foi elaborado um roteiro com 13 (treze) perguntas principais e com a adição de

perguntas auxiliares como forma de obter a realidade pretendida (ver anexo I – Roteiro de

Entrevista). As perguntas auxiliares eram somente realizadas se, nas perguntas principais não

obtivesse êxito de ter a informação completa ou profunda. Essa estratégia foi proposta, por que

nos testes realizados com um pequeno grupo de usuários, não conseguiu atingir a profundidade

de obtenção da realidade. Nos testes os entrevistados participantes, respondiam de forma

objetiva e as suas respostas eram apenas a transcrição de uma realidade superficial.

A proposta era sempre usar a pergunta principal como forma de coleta de informações,

recorrendo à pergunta auxiliar somente em último caso, quando os entrevistados respondessem

de forma objetiva. As entrevistas foram realizadas durante o período de 03 março de 2015 a 30

julho de 2015.

Dificuldades encontradas na pesquisa de campo

Ao todo foram selecionadas catorze empresas, das quais nove empresas se dispuseram

a serem entrevistas; uma empresa não autorizou a entrevista, e quatro empresas tiveram como

empecilho a indisponibilidade de tempo para execução da entrevista, o agendamento foi

incompatível com o cronograma.

Para responder as perguntas foi utilizado o critério que o indivíduo deveria conhecer a

evolução da empresa e os processos de planejamento, criação, desenvolvimento e

comercialização de produtos. Os indivíduos selecionados são designers, gerentes de produção,

gerentes administrativos e proprietários das empresas.

Uma dificuldade encontrada no trabalho em campo foi o agendamento de uma data

compatível para que os entrevistados pudessem responder as perguntas, pois estes são atribuídas

muitas tarefas que limitam seu tempo e disponibilidade.

O receio de transmitir algumas informações mesmo com a apresentação do termo de

confidencialidade, contribuiu para algumas respostas não terem uma imersão mais profunda do

problema da empresa, talvez uma análise individual possa demonstrar mais tópicos que estão

ocultados.

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Em alguns momentos da pesquisa, os entrevistados sentiram algum desconforto ou

demonstraram cautela em responder algumas questões com o receio de transmitir alguma

informação estratégica.

O registro dos dados, em um primeiro momento, foi realizado através de um gravador

de áudio, mas em alguns casos foi empregado o uso de um bloco de anotações da transcrição

da conversação. Nos testes realizados antes da aplicação da entrevista, obteve êxito com o uso

do gravador, mas no trabalho em campo, alguns entrevistados obtiveram um conforto maior

com as anotações.

4.2 Apresentação da investigação

4.3 Procedimentos de análises

Segundo Godoy (1995) o uso da indução, como forma de interpretação das respostas,

é uma forma de se executar uma análise dos dados. Principalmente pelo uso da abordagem

qualitativa que se aproxima da imersão de se obter o significado da realidade que não está

implicitamente visível, onde necessita ser exposta e interpretada. Portanto a análise de dados

corresponde como uma tentativa de investigar o objeto de estudo, tendo como objetivo de tornar

a linguagem transparente, com a conexão da realidade. A coleta de dados quando empregada à

técnica de entrevista, utiliza os procedimentos sistemáticos como forma de se obter a análise

dos dados, proporcionando a sua conceituação das relações entre as propriedades do fenômeno,

do fato ou do ambiente observado.

A sua ênfase é na codificação e decodificação dos dados, indicando uma análise

qualitativa do material coletado. A abordagem de análise das respostas dos entrevistados,

permite que os dados sejam classificados em categorias, que depois serão interpretados com o

auxílio da fundamentação teórica. A análise dos dados ocorre por meio das transcrições das

entrevistas realizadas na pesquisa de campo, como objetivo de compreender o pensamento do

sujeito, por meio do conteúdo expresso nas suas respostas, que podem ser agrupadas em

unidades que serviriam como classificação e posteriormente interpretação. Por meio da

abordagem qualitativa se configura pelo apreço da presença ou ausência de um dado, palavra,

termo, característica de algum conteúdo ou conjunto de características num determinando

fragmento da mensagem.

Segundo Minayo (2012), O processo de decodificação pode seguir para a classificação

em categorias, que não poderá ser empregado termos abstratos para que não venha prejudicar a

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58 compreensão da investigação. As categorias têm a função de expor, de forma ampla, todo o

conjunto de unidades selecionadas. Seguindo o processo de análise, poderão ser realizadas

as inferências que levaram em conta a formulação de perguntas baseadas no estudo e contexto

da pesquisa. Os exemplos de inferência poderão ser: como conduziu ou como chegaram a tal

resultado, quais consequências pretende provocar... A interpretação dos dados será feita

mediante da relação das estruturas dos conjuntos das classificações com as estruturas dos

significados do sentido de definição atribuída às unidades dos enunciados das mensagens.

Resumidamente as etapas referentes ao procedimento de análise dos dados serão da

seguinte forma:

1. Classificação do material em categorias

2. Analisar a categorização por meio das unidades de contexto.

3. Deduzir por raciocínio lógico dos resultados através da inferência, fazendo a

relação unidade de contexto x teoria.

4. Interpretar os resultados com auxílio da fundamentação teórica.

As respostas foram classificadas em três categorias: descrição do ambiente das MPES

confeccionistas de vestuário; a gestão da marca nas MPES; e o processo de fabricação e o papel

do designer das MPES. Cada categoria foi subdivida em unidades de contexto. Cada unidade

de contexto é relacionada com os processos que ocorrem nas etapas de desenvolvimento de

coleção proposto por Treptow (2007) e Rech (2012) dentre eles: estágio de análise

sociocultural, estágio de análise econômica, estágio de elaboração, estágio de criação e estágio

de difusão. As unidades de contexto são palavras ou frases, retiradas das repostas dos

entrevistados como suporte para análise e interpretação. O cruzamento das informações

possibilita o uso da lógica para compreensão dos fenômenos, que através da fundamentação

teórica consegue alcançar o nível de interpretação adequada para a reflexão dos valores

subtendidos.

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59 4.4 Resultados e discussões

Descrição do ambiente das MPES confeccionistas de vestuário

As empresas selecionadas podem ser classificadas em três grupos, referentes ao seu

tempo de existência: empresas novas com até dez anos de atuação, empresas intermediárias que

apresentam entre 11 a 15 anos e empresas experientes com mais de 15 anos de mercado. A

cidade de Santa Cruz do Capibaribe apresenta uma composição de empreendimentos com

tempos de existência distintos, caracterizando uma flexibilização na inserção de novas

empresas, na manutenção das inseridas, e um baixo índice de mortalidade das mesmas.

Em relação ao porte de faturamento e empregabilidade, segundo os critérios adotados

de classificação propostos pelo SEBRAE (2013) e pela Lei Complementar 123, para a

identificação das MPES, podemos observar que dentro do conjunto da amostra, existe um alto

índice de pequenas empresas, em comparação com o número respectivo referente as

microempresas: de cada nove empresas entrevistadas, sete são classificadas como pequenas

empresas. Estas empresas surgiram por meio de baixos investimentos no início de suas

operações e com recursos próprios de seus fundadores. Os empresários fazem a gestão de seus

recursos de forma cautelosa, tendo como principal estratégia a redução de custos, como forma

de oferecer produtos com preços mais competitivos.

Quanto à evolução desses empreendimentos, apenas uma empresa descreveu que

obteve queda na sua produção. A indústria confeccionista de artigos de vestuário é um

importante setor estratégico no desenvolvimento para a cidade. O ambiente do qual estão

inseridas, demonstram uma evolução e crescimento dos negócios de moda, por uma

característica incomum, do qual a grande maioria das empresas iniciaram suas atividades,

através de modestos investimentos. Este fator é um estimulo para a criação e manutenção de

empregos e para a geração de renda na região. Isto pode ser observado pela pequena parcela de

empresas que apresentaram, na pesquisa, um índice de desaceleração em sua produção.

Em relação ao método de fabricação, as empresas possuem a característica de dividir

sua produção com empresas terceirizadas, denominadas de facções, apenas uma empresa,

demonstrou que realizam todos os seus processos de concepção do produto dentro de sua

unidade fabril. Podemos concluir que estas empresas são denominadas como fabricantes, pois

coordena as operações administrativas na sua unidade e sua produção tem como finalidade o

prêt-à-porter (TREPTOW, 2007). As empresas ao adotarem a estratégia de divisão da produção

conjuntamente com as empresas faccionistas, possibilitam a redução de custos, mas em

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60 contrapartida, pode favorecer a baixa qualificação dos produtos e consequentemente maiores

esforços para manutenção ou aplicação de um sistema de verificação e controle que sejam

eficientes para a garantia da qualidade.

Estas empresas demonstraram que concentram esforços no intuito de obter mais

conhecimento na área comercial e vendas, seguido pela gestão financeira; por meio de parcerias

com entidades governamentais ou associações, na forma de cursos e palestras. O objetivo é ter

como foco a busca por alternativas de redução ou otimização de seus custos, maximizando suas

vendas e consequentemente aumentando sua lucratividade, com aperfeiçoamento de sua gestão,

para que a empresa seja mais eficiente na empregabilidade de seus recursos, seja financeiro ou

operacional. Desta forma, as empresas podem alcançar uma estrutura sólida através de uma

gestão eficiente, para talvez, posteriormente, implementar outras medidas que não foram

empregadas, desde que a fábrica tenha retorno positivo nas ações tomadas e que os futuros

investimentos tenham um nível de segurança para sua aplicação. As empresas realizam

investimentos na aquisição de máquinas e tecnologias, como forma de aprimorar a qualidade

dos processos e consequentemente dos seus produtos. A contratação de consultorias, e a

inserção de mão de obra qualificada, nas áreas administrativas, também são fatores que podem

contribuir com a eficiência da qualidade (MOZOTA, 2011), (RECH, 2007) e

(RÜTHSCHILLING, 2009). A frequência pela a busca de treinamentos e capacitações, irá

depender de seus recursos financeiros ou da disponibilidade da agenda da empresa, geralmente

pode ocorrer por um período que varia de cada três a seis meses para este tipo de obtenção de

conhecimento.

Quanto aos investimentos para qualificação de mão de obra dos envolvidos na

fabricação do produto referente ao estágio de criação como: costura, estamparia, corte, dentre

outros processos de confecção: cinco empresas informaram que não realizam quaisquer

investimentos nesta área, as demais, realizam investimento semestralmente ou anualmente. Este

resultado pode ser explicado por dois fatores: o primeiro que estes profissionais já atingiram

um nível de qualificação do qual a empresa tem o entendimento que já alcançou o que necessita,

ou que não se tem uma prioridade, em curto prazo, para realização destes investimentos. Isto é

um fator determinante para o alcance da qualidade, pois esses trabalhadores estão envolvidos

na etapa de fabricação, e ao não possuírem conhecimento específico, pode ocasionar uma

limitação quanto à concepção de um novo modelo ou configuração de um produto ou um novo

arranjo do qual estabeleça um novo processo de uma coleção de moda. Como mencionado por

(MENEZES et al., 2009), a baixa qualificação e a informalidade são fatores que podem motivar

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61 a baixa competitividade, e esse fator pode limitar a criatividade de uma coleção ou de um

produto específico, sendo um elemento-chave para a inovação.

A Gestão da marca nas MPES

Nas entrevistas realizadas foram identificadas que apenas três, de cada nove empresas,

não realizam quaisquer tipos de ação ou investimento na adoção de uma metodologia

fundamental de gestão de marcas propostas por Keller e Machado (2006); seja pela a construção

de uma identidade da marca, seja por meio de uma ideologia ou de criação de valores. Estas

empresas não realizam as ações de posicionamento, por meio da implementação de um canal

específico que visa transmitir os atributos da marca, correlacionados com o produto obtendo

um diferencial perante seus concorrentes; e nem realizam o seu devido monitoramento, por

meio da verificação das estratégias e dos programas, se estão sendo obtidos os resultados

esperados, se os consumidores estão percebendo os atributos que a marca oferece, se a marca

está obtendo valor patrimonial. Estas empresas ainda não perceberam que a não realização

destas ações impacta na relação consumidor e marca, pois mão consegue criar uma expectativa

de proporcionar um diferencial que fortaleça os benefícios que o consumidor irá ter ao adquiri

o produto, não conseguindo obter a projeção nas mentes dos consumidores e consequentemente

não obtendo uma identificação do público-alvo. (COBRA, 2008) (KELLER; MACHADO,

2006).

As demais empresas, a maioria, realizam ações relacionadas à gestão da marca, quanto

a sua disponibilidade de recursos financeiros e operacionais. Estas empresas impõe o uso de

algumas estratégias como a diferenciação baseada no produto e a diferenciação baseada no

canal, mas utilizam poucos recursos da diferenciação baseada na imagem (KOTLER; KELLER,

2012). Na diferenciação baseada no produto, elas utilizam estratégias na elaboração de

etiquetas, tags embalagens e aviamentos personalizados; mas mantem alguns investimentos

limitados na aquisição de tecidos diferenciados, por questões de limitação de custo do produto.

Nas estratégias baseadas no canal, de como o produto é comercializado e como ele é entregue

para os consumidores, as empresas adotam a distribuição dos seus produtos por meio de

revendedores específicos ou lojas localizadas na cidade. A diferenciação baseada na imagem

ainda é pouca utilizada pelas empresas. As MPEs mencionaram que realizaram investimentos

na elaboração e adequação de suas identidades visuais; como o redesign de suas logos e

logotipos, mas ainda estão em um processo de adaptação de suas lojas para esta nova

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62 abordagem, como a utilização ampliada em outros recursos materiais como: impressos e

audiovisuais.

As MPEs ainda não apresentam uma continuidade, uniformidade ou uma persistência

nas ações relativas à gestão da marca. Investem quando se sentem ameaçadas por algum risco,

e as ações são planejadas em curto prazo, deixando os investimentos a médio e longo prazo

negligenciados. Essa limitação pode ser explicada pelo fato de estas empresas ainda não

perceberem os três elementos-chaves da gestão da marca: caixa, consistência e clutter

(TYBOLT; CALKINS, 2006). Como os ativos são percebidos em um prazo longo, e difíceis de

quantificar, se não houver um monitoramento e gestão, estas empresas acabam concentrados

esforços para outras áreas, como a realização de investimentos em setores dos quais elas buscam

um esturra solida na gestão e otimização de recursos, mas esquecem que suas marcas é um

importante aliado também no fator de competitividade. Outro fator que delimita as ações é o

fato de todos os envolvidos da empresa adotarem o mesmo discurso de transmitir os valores da

marca, tendo como abrangência os envolvidos pela comercialização do produto, para que

permaneça uma relação de experiência, de compromisso e entrega. (TOMIYA, 2010).

Em contrapartida, as empresas ainda não exploram todo o seu potencial de aprimorar

seus produtos, e aperfeiçoar os canais de divulgação e comercialização, com a premissa de obter

o mais alto padrão ou atingir o que as outras empresas concorrentes de vestuário, dos quais não

estão localizadas no polo de confecções do agreste, já executam. Isto pode ser observado

também em suas relações com a gestão da marca. As empresas devem ter uma conduta de

coordenar as ações de gestão da marca por meio dos fundamentos de identidade,

posicionamento, implementação e monitoramento; de forma a projetar a marca na mente dos

consumidores de maneira eficiente (KELLER; MACHADO, 2006), (TOMIYA, 2010) e

(KOTLER; KELLER, 2012). A marca pode ser representada como uma síntese dos aspectos e

interesses sociais que os consumidores buscam se identificar com o produto. As MPEs

necessitam reformular suas estratégias nessa área, pois suas ações são bastante limitadas;

mesmo com a observação de que algumas empresas responderam que abordam alguns recursos

e ações para gerenciar e promover a sua marca, é nítido que elas podem alcançar outros

patamares com a aplicação de conceitos e metodologias relacionados ao tema. Isto gera um

impacto determinante sobre a avaliação do brand equity.

Em relação ao gerenciamento do valor da marca ou brand equity, as empresas

demonstraram que não tem a total percepção deste quesito, mesmo sendo identificados alguns

indícios que estas empresas realizam algum tipo de estratégia como a diferenciação do produto

e do canal (KOTLER; KELLER, 2012), ainda de forma limitada, conforme a disponibilidade

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63 de seus recursos, como por exemplo: as ações relativas ao preço e a distribuição do produto,

mas não se tem a percepção de que ao realizar tais ações isso pode ser refletido na quantificação

e qualificação de suas marcas (KELLER; MACHADO, 2006). Apenas uma empresa informou

que faz o acompanhamento e monitoramento através de consultorias. A valorização de seu

brand equity pode ser alcançada por meio de ações estratégicas relacionados ao produto. As

empresas já adotam estratégias de preço e distribuição eficazes, no sentido de se adequar ao

público alvo especifico, mas ainda necessita de um conjunto de ações que envolva os quatro

P’s (preço, praça, produto e distribuição) que promova sua marca, por meio dos aspectos

tangíveis e intangíveis, conquistando sua força e memorização pelos os consumidores

(KELLER e MACHADO, 2006), (TYBOLT e CALKINS, 2006), (COBRA, 2008) e

(TOMIYA, 2010).

Quanto à divulgação e promoção através da marca, a grande maioria, usam as ações

de forma bastante limitada, dependendo da disponibilidade de seus recursos ou de suas

estratégias para executar tais ações. Isso é refletido na baixa ou ineficiente utilização de

ferramentas estratégicas para a promoção dos seus produtos, como impressos, recursos

audiovisuais, outdoors, e outros tipos de materiais que promovem a divulgação. Estas empresas

deixam de utilizar a estratégia do terceiro “C” proposto por Tybolt e Calkins (2006) que é a

saturação de marca concorrentes. Introduzir uma marca, sob a perspectiva de oferta de um novo

produto em um ambiente que já está saturado por marcas, pode favorecer a empresa no ganho

de novos consumidores, pois o aspecto inovação terá grande impacto como fator de

diferenciação na escolha de um produto. Apenas uma empresa informou que realiza a pesquisa

para verificar a satisfação do consumidor no processo de aquisição e utilização do produto. As

MPEs precisam investir em suas marcas de forma que crie uma quantificação de valor

correlacionado com o comportamento de consumo.

As empresas têm o foco no investimento do valor baseado no preço, mas precisam

aumentar suas estratégias de aperfeiçoamento no valor baseado na relação benefício do qual o

consumidor irá perceber ao adquirir o produto adquirido (COBRA, 2008). Como as MPEs tem

apenas o foco na relação baseada no preço, deixam de construir os valores tangíveis e

intangíveis, como a divulgação é ineficiente, não conseguem transmitir aspectos simbólicos e

nem construir uma personalidade, constituindo sua força. Outro ponto que necessita ser

desenvolvido é o valor na relação qualidade versus preço, para que o consumidor possa perceber

uma diferenciação, em relação aos outros produtos disponíveis no mercado, que o bem

adquirido tem um preço compatível com a qualidade ofertada (COBRA, 2008), (KELLER;

MACHADO, 2006) e (TOMIYA; 2010).

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64 O processo de fabricação e o papel do designer das MPES

Para a maioria das empresas (quase todas entrevistas) definem a moda como um objeto

de efemeridade e que também possui raízes puramente estéticas. Este tipo de pensamento pode

estar correlacionado com o ciclo de vida do produto e o ciclo da moda (TREPTOW, 2007),

(SOLOMON; 2008), (KOTLER; KELLER, 2012), que são muitos dinâmicos, tanto pelos os

anseios dos consumidores como na oferta de novos modelos por concorrentes. O preço foi

citado como determinante para a moda, das empresas entrevistadas, muitas informaram que o

preço é um fator decisivo para a disseminação da moda. As empresas verificam que o aspecto

preço exerce grande influência no estágio de aceitação do ciclo da moda (SOLOMON; 2008).

Outras variáveis como a identificação da moda como artefato de satisfação por parte dos

consumidores, poucas, e a moda como caráter apenas funcional, de proteger o corpo, apenas

uma, também forma mencionados.

Todas as empresas entrevistadas informaram que possuem designers exercendo algum

tipo de atividade no desenvolvimento dos seus produtos. Os serviços executados podem ser por

meio indireto, como prestador de serviço ou freelance12 ou de forma direta, trabalhando

internamente na empresa. Este resultado contrasta com a pesquisa realizada pelo SEBRAE

(2013) que demonstrou que apenas 7% das empresas entrevistadas mencionaram que

contratavam os serviços de um designer ou estilista para produzir suas criações ou

coleções. Pode-se concluir que houve uma evolução quanto à contração de mão de obra

especializada para o desenvolvimento de coleções de moda.

Design é definido, na perspectiva das MPES, como uma atividade que se destaca por

sobressair características artísticas; como uma ciência ou atividade que está conectada ou que

possui a essência com a criatividade e a estética. Algumas empresas entrevistadas mencionaram

o design como uma atividade com características projetuais, com a adoção de metodologias,

processos ou técnicas para resolução de problemas. Esta discrepância entre a participação ou

não do designer nas atividades de planejamento do produto, pode ser reflexo da falta de

conhecimento de como o design é uma atividade com características multidisciplinares e com

abordagem projetual, tendo como ponto de partida a fase inicial de planejamento até a

concepção final do produto, obtendo um importante papel fundamental na estrutura

organizacional da empresa, como afiança Mozota (2011), Landim (2010), Keller (2004),

12 Trabalhador que presta serviço de forma autônoma.

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65 Martins (2004), Ruthschilling (2009) e Moraes (2006). O designer pode interagir com os

sistemas organizacionais da empresa, sobre o planejamento e organização, de maneira que

coordene os recursos necessários, no âmbito do produto, para oferecer projetos compatíveis por

meio de um briefing estabelecido, podendo gerenciar uma equipe de designers ou auxiliar as

pessoas envolvidas no desenvolvimento do produto para atingir o objetivo estratégico da

empresa com as estratégias do design (RECH, 2007; MOZOTA, 2011). A adesão ao design

estratégico possibilita abranger todo o projeto de moda desde a fase inicial até a sua fase de

comercialização. As vantagens para as MPES de moda com a sua implementação seria a

elaboração de um plano de desenvolvimento como a junção das estratégias da empresa;

permitindo a formulação e a prescrição do plano de ação, resolvendo problemas, monitorando

recursos, de maneira que inclua os aspectos econômicos, a antecipação de cenários, fazendo

previsões em relação ao produto. O propósito do design estratégico é articular uma visão

estratégica, suprindo necessidades, adequando-se a capacidade produtiva, sem oferecer riscos,

e não comprometendo suas limitações seja por ordem financeira, de recursos e materiais ou de

processos (MENEZES 2009; TEIXEIRA 2005; PHILLIPS, 2008; KELLER, 2004).

As empresas são denominadas como fabricantes, como visto anteriormente no

ambiente das MPEs. Tendo como modelo referencial propostos por Treptow (2007) e Rech

(2012) de metodologia de desenvolvimento de coleções, nas entrevistadas realizadas, seis de

cada nove empresas, concentram as atividades relacionadas sobre os estágios de análise

sociocultural, análise econômica e de elaboração, este último com processos que envolvam o

planejamento da coleção, para a área gerencial da empresa, representada pelo seu gestor.

Os gestores ainda apresentam uma postura de concentração de algumas atividades

projetuais para si, em alguns casos, existem certo receio de delegar algumas atribuições para as

outras pessoas envolvidas no planejamento do produto; especificamente para o designer, sendo

um dos profissionais mais prejudicados com este tipo de ação. Este aspecto já foi observado

por KAULING (2011) e PHILLIPS (2008) como uma característica comum entre os gestores.

Nas pesquisas e as análises correspondentes ao estágio de análise sociocultural

(TREPTOW, 2007), apenas quatro empresas realizam estas ações, conforme seus recursos de

disponibilidade de tempo, que pode ser limitado pelo o cronograma da coleção, ou devido à

falta de planejamento e organização, como a pesquisa de mercado, de tendência, e de

tecnologia; e empregam as análises de coleção anterior e do calendário de vendas. A análise de

coleção anterior é uma estratégia amplamente utilizada no sentido de verificação dos dados

relativos sobre as vendas, no sentido de conhecer as preferências do consumidor, como

fundamentação para o planejamento de coleções futuras. Cada peça é avaliada por aspectos

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66 numéricos, e por meio da quantidade vendida. A pesquisa do tema da coleção é definida na

reunião de planejamento, com a elaboração do briefing. A pesquisa de vocações regionais não

é utilizada pelas MPEs. A pesquisa de tecnologia é somente utilizada na participação de feiras

e eventos.

Em relação ao estágio de análise econômica, a grande maioria das empresas (oito de

cada nove) informaram que realizam as atividades de análise do macro ambiente, análise de

cenários, e a segmentação com frequência anual, ou se houver algum risco muito iminente,

como um novo concorrente ou uma queda abrupta nas receitas, elas podem abreviar a

regularidade de execução da pesquisa. Quanto a análise da capacidade produtiva, essa é

verificada constantemente pelo gerente de produção ou proprietário da empresa.

Na análise de macro ambiente, onde são empregadas as setes categorias de análises

definidas por Kotler e Keller (2012), são verificadas a análise do ambiente político, a análise

de concorrente e análise do ambiente econômico, para saber se o momento é favorável para as

vendas dos produtos em relação a renda e o endividamento dos consumidores; todas essas

pesquisas com realização de frequência mensal. As análises de ambiente tecnológico e

demográfica são realizadas com frequência anual.

A análise de cenários utilizando a ferramenta SWOT (BAXTER, 2000) é empregada

na identificação de oportunidades na segmentação geográfica, como a inserção de pontos de

revendas de seus produtos ou na análise de algum produto concorrente, obtendo informações

de como poderá ser competitivo, geralmente nessa análise é direcionada para o processo de

cópia ou imitação dos produtos concorrentes. Este fato é percebido quanto à forma de inspiração

para o desenvolvimento de uma coleção de moda, onde todas as empresas entrevistadas

informaram que empregam a utilização de produtos concorrentes como forma de elaboração

para o desenvolvimento de seus produtos. Não ficou esclarecido, por parte dos entrevistados,

quanto ao uso da técnica de cópia. Pode-se salientar que algumas empresas utilizam a técnica

de imitação, pois alguns de seus produtos continham determinadas características que se

assemelha com produtos concorrentes. Estes detalhes de aspecto estético, com o propósito de

imitação, eram identificados por ilustrações/estampas, aplicações e bordados. A utilização deste

tipo de estratégia pode indicar como as empresas não conhece seu potencial para

desenvolvimento de produtos diferenciados ou autorais para seus consumidores.

A motivação de usufruir deste tipo de ação é por se tratar de um método acessível, de

baixo custo e de curto prazo. A cópia ou imitação é apenas uma garantia, para a empresa que

realiza esse processo, de que o produto terá retorno mais preciso. O uso da imitação não se

restringe apenas ao produto em si, mas na própria identidade visual da marca que o identifica.

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67 As empresas informaram que também utilizam meios de comunicação como revistas, sites,

programas de TV, redes sociais, e a observação de vestuário dos consumidores em locais

públicos, como forma de inspiração. Apenas uma empresa informou que acrescenta o uso de

consultoria especializada.

A segmentação de mercado é praticada por questões geográficas e demográficas Kotler

e Keller (2008), como a divisão de quais estados a empresa distribuirá sua mercadoria e quais

faixas de preços seu produto deverá estar compreendido. Estas atividades são realizadas

conforme suas necessidades e são restringidas por suas limitações, quanto aos recursos

disponíveis sobre os aspectos financeiros ou relacionados sobre o prazo de entrega das

demandas. Todas as empresas não mencionaram que utilizam em seu desenvolvimento alguma

segmentação psicográfica ou comportamental. A pesquisa de mercado é de extrema

importância para encontrar variáveis que definam grupos de interesses, e entender o

comportamento do consumidor pode gerar ótimos resultados na forma de atender seus anseios

(HOOLEY, SAUNDERS, PIERCY, 2005; TREPTOW, 2007; COBRA, 2008).

A execução de pesquisas e análises não garante retorno seguro, mas fornece subsídios

para a concepção de um produto que tenha uma diferenciação perante os seus concorrentes e

que se aproxime dos anseios dos consumidores. O comportamento do consumidor, através de

suas preferências e seu estilo de vida, pode contribuir com a rejeição ou aceitação de uma

coleção (RECH, 2007; TREPTOW, 2007). Muitas dessas análises, para identificar os desejos e

anseios do público alvo, ficam a cargo da direção, ou distribuído para outros setores como

comercial e vendas, e marketing; o que em algumas ocasiões pode comprometer sua eficiência,

no caso especifico do gestor ser o responsável por essa análise, quando o mesmo pode estar

sobrecarregado para compreender dados e sintetizar dentro do contexto identificação e

abstração dos dados relativos sobre o comportamento do consumidor. Os setores comercial e

marketing podem contribuir na elaboração das análises e pesquisas, mas algumas empresas,

principalmente pelo seu porte ou divisibilidade de atividades, não possuem estes departamentos

ou não atribuem estas funções.

O designer contribui com poucas interferências, sobre os estágios de análise

sociocultural e análise econômica. A maioria das empresas, seis de cada nove, não permitem

que o designer interfira na elaboração do briefing, no planejamento da coleção (PHILLIPS,

2008). As demais empresas, três de cada nove, não realizam quaisquer ações de pesquisas e

análises referentes aos estágios de análise sociocultural, análise econômica e de elaboração.

As empresas precisam ter o foco no futuro para tanto encontrar as oportunidades como

para tomar as decisões adequadas, as pesquisas e as análises são ferramentas de extrema

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68 importância para tal objetivo, pois a complexidade de atender as exigências do consumidor é

crucial para manter a empresa competitiva diante de mercados tão dinâmicos e distintos,

tornando-se um grande desafio para esses empreendimentos (RECH, 2007;

RÜTHSCHILLING, 2009; HOOLEY, SAUNDERS, PIERCY, 2005; TORRES, DANTAS,

2012; MOZOTA, 2011; KOTLER e KELLER, 2012).

No estágio de elaboração Treptow (2007), o processo de decisão de quais produtos

serão incluídos ou não nas coleções propostas, é atribuída geralmente, ao proprietário da

empresa; por meio da adoção de critérios empíricos ou por aspectos técnicos como o custo e o

tempo de fabricação. Entretanto algumas empresas, mesmo sendo uma pequena parcela,

apresentaram uma postura de mudança quanto à participação do designer nas reuniões de

planejamento, e concomitantemente sua participação em propor ou interferir com ações, ideias

ou soluções, sobre os direcionamentos estratégicos relacionados ao desenvolvimento do

produto. O setor de design participa ou exerce influência nas tomadas de decisões sobre o

planejamento do produto em apenas três empresas de cada nove entrevistadas. Essa influência

é limitada sobre o estabelecimento de prazos para a execução das atividades de desenhos e

esboços. Ao designer são atribuídos, em sua grande maioria, aspectos relacionados de caráter

estético como: a elaboração de esboços e desenhos. As empresas também demonstraram que

atribuem outras atividades para o designer, como a elaboração de fichas técnicas, a

prototipagem de peças (moulagem e pilotagem); e a realização de pesquisas sobre a

identificação de tendências de materiais, cores, imagens e modelagens. O designer recebe o

briefing já formatado, obtendo uma orientação já direcionada e sem poder de argumentação. O

fato do designer não participar das reuniões de planejamento, pode ser reflexo da dificuldade

em emitir seu conhecimento de forma ampla, seja pelas barreiras impostas pela empresa, pela

insegurança de exercer tais funções, por estar sobrecarregado em executar certas atribuições,

ou pela falta de conhecimento técnico ou especifico, em alguns casos, para argumentar ideias

ou questionar decisões relativas ao desenvolvimento do produto (PHILLIPS, 2008;

BONSIEPE, 1997).

Nas pesquisas que são realizadas com o intuito de identificar as tendências e

inspirações, relativas ao estágio de criação (TREPTOW, 2007), as empresas descreveram que

solicitam ou atribuem essas informações para o designer.

Os designers, em sua grande maioria, realizam pesquisas para a identificação de

tendências, para inspiração na elaboração de desenhos e rascunhos (croqui); trabalham com

finalização de arte (ilustrações), executam atividades de moulagem e pilotagem e confeccionam

fichas técnicas. Em duas empresas entrevistadas, foram identificadas que o designer exerce

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69 outras atividades que não tem vínculo com o conceito projetual. Essas atividades foram

relatadas como uma forma de preencher o tempo ocioso ou reduzir custos com a contração de

outros profissionais para exercer o ofício, como por exemplo, realizar funções relativas à venda

e comercialização ou realizar funções de cunho administrativo.

Os estágios de elaboração e criação são flexíveis, adequando as necessidades a as

limitações de cada empresa (RECH, 2008; TREPTOW, 2007). Cada empresa emprega uma

metodologia que seja adequada a sua produção. Sobre o estágio de criação, cinco de cada nove,

descreveram que tem como base o empirismo para adoção de tomadas de decisões, este

comportamento é fundamentado tanto nas experiências de outras coleções produzidas, quanto

nas observações do gestor sobre o ambiente de mercado. É importante ressaltar que esta

flexibilização pode permitir uma ausência de uma linearidade de processos, pelo fato das etapas

serem flexíveis, que pode ocasionar um retrocesso de ações, recomposição de atividades ou a

correção de alguma tarefa, permitindo aumento de custos e desperdício de tempo. A

flexibilização de processos e etapas na fabricação de um produto não pode dar margens para a

falta de inclusão de uma metodologia projetual, pois sua inexistência acarreta na falta de

controle e na improvisação, que pode levar ao desperdício de recursos. Os modelos propostos

por Rech (2008) e Treptow (2007) são referenciais para o desenvolvimento, fabricação e

concepção dos produtos; como forma de alcançar uma sistematização da produção. Entretanto

podem existir outros modelos que possam ser aplicados e adaptados, mas sem prescindir com

o propósito fundamental de seguir uma linearidade e uma coesão de processos com

embasamento em métodos projetuais, como a devida incorporação do design.

O estágio de difusão Treptow (2007), que trata da formação do preço de venda e das

estratégias de lançamento da coleção, em alguns casos, ficam também a cargo do gestor, rateada

para os envolvidos na área financeira e na área de marketing.

Quanto à identificação de melhorias no sistema de desenvolvimento do produto, as

empresas não apresentaram a identificação de falhas graves, mas apenas alguns problemas

pontuais em suas etapas de desenvolvimento. As melhorias dizem respeito à contração de mão

de obra para manter a produtividade, a execução de etapas de configuração mais dinâmica, ou

a redução de despesas.

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70 PARTE III: CONCLUSÕES

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa permitiu compreender como o design é assimilado pelas MPEs em Santa

Cruz do Capibaribe, de maneira que possibilitou descobrir como ocorre a interação com o

planejamento estratégico proposto pela empresa. Esta pesquisa cumpriu com os objetivos de

investigar o desenvolvimento de produtos de vestuário nas MPEs, de forma que se alcançou a

compreensão: das estratégias de planejamento e as metodologias projetuais aplicadas na

concepção de novos produtos; como funciona o mercado da moda, tanto na sua produção e

comercialização; a inserção e partição do design; e o papel do designer nos projetos de moda.

A pesquisa também permitiu encontrar algumas variáveis como: a gestão de marca

ineficiente sendo refletida no brand equity, a falta da inserção do design estratégico

conjuntamente com a gestão do design, o designer não exercendo por completo o perfil

projetual ou não obtendo uma interação, em alguns casos, na construção do briefing do produto,

a insegurança de designers em exercer certas responsabilidades, o foco das empresas quanto

aos investimentos em qualificação, o perfil do gestor destas empresas e as metodologias

empregadas na criação de produtos. Portanto para que as MPEs possam ser mais competitivas,

atingindo os mercados propostos, de forma que satisfaça seus consumidores, correlacionando

suas estratégias quanto ao desenvolvimento de produto de moda, com a aplicação e manutenção

das metodologias de design; elas podem alcançar por meio de três vertentes: a realização de

pesquisas e análises, a gestão da marca, e a participação do designer no planejamento.

Pesquisas e análises

As empresas realizam quatro tipos de pesquisas da análise do macroambiente,

pertencentes ao estágio de análise econômica: do ambiente demográfico, do ambiente

tecnológico, do ambiente político e do ambiente econômico. Mas duas análises são

negligenciadas: a sociocultural, que se refere ao comportamento do consumidor; e ambiente

natural, que trata do uso de recursos e matérias primas de forma sustentável. O comportamento

do consumidor é crucial para entender as motivações que o levam a adquirir o produto, e quais

aspectos podem ser um diferencial no âmbito de concepção de um novo produto. O

desenvolvimento dessa análise permite a empresa segmentar seu mercado em nichos

específicos e atender de forma adequada, projetando produtos ou coleções que favoreça algum

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71 fator, seja ele comportamental, psicográfica, demográfica ou geográfica. A análise do ambiente

natural permite a empresa conhecer com sua produção afeta e interfere no uso de recursos

naturais e na preservação do meio ambiente. A frequência e a uniformidade na realização das

pesquisas dos estágios sociocultural e análise econômica contribuem para ganho de

competividade, pois permitem prever cenários e encontrar soluções adequadas, de maneira que

possibilita encontrar ferramentas para o desenvolvimento de produtos. Ainda que persista uma

política de preços baixos, com o intuito de obter um êxito para competir com outros mercados

concorrentes, uma nova abordagem, de produtos, com novos modelos de estratégias e

planejamento, pode favorecer a empresa na conquista de outros nichos de público-alvo. O

designer pode ser um facilitador dessa configuração, de modo que ele possa criar produtos que

satisfaçam o consumidor numa gama de aspectos, não apenas delimitado por questões

econômicas, mas transparecendo outros valores simbólicos, estéticos e funcionais; e as

pesquisas e análises contribuem como suporte para alcançar esse objetivo.

A marca

A gestão ineficiente da marca, sem seu devido acompanhamento, permite que o

consumidor não tenha uma fidelidade com a empresa, sendo suscetível a mudar sua preferência

de compra. Como não existe um planejamento prévio e nem uma persistência nas ações, as

empresas não conseguem melhorar o brand equity. Existe um grande potencial a ser trabalhado

nas empresas quanto a sua gestão, por intermédio de um posicionamento que fortaleça os pontos

tangíveis e intangíveis, do qual o consumidor tenha a consciência e a imagem da marca. Para

alcançar tal objetivo, é necessário a realização de mais investimentos na diferenciação baseada

no produto, na diferenciação baseada no canal e na diferenciação baseada na imagem. Existe

uma relação tensa entre o valor baseado na relação qualidade x preço, que prejudica a

valorização da marca, a partir do momento em que o foco no preço se sobrepõe a qualidade,

enfraquecendo o valor, a força e imagem da marca. O valor baseado na relação benefício x

sacrifício não é divulgado amplamente, pois as estratégias são escassas e na melhor das

hipóteses os investimentos são sempre limitados a recursos financeiros, geográficos e de

criatividade. Como estes valores são negligenciados e o preço se torna o principal atributo, os

consumidores não percebem a qualidade envolvida no produto e nem outros aspectos que

podem o diferenciar, sendo mais suscetível a aquisição de produtos concorrentes. As empresas

necessitam ainda de uma abordagem mais estratégica que visa uma maior fidelização por meio

da marca.

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72 O designer

O design não é difundido amplamente suas características projetuais, o resultado disto

é a sua ineficiência quanto nas participações das reuniões de planejamento da coleção,

especificamente na elaboração do briefing e no acompanhamento do desenvolvimento do

produto. A interação do designer na estrutura organizacional, de maneira que participe das

reuniões, realizando pesquisas e análises; permite que seja inserido o design estratégico no

acompanhamento do produto, desde a sua fase inicial até a fase de comercialização, evitando

desperdícios e otimizando o projeto. A partir do momento que o designer tenha esta interação,

ele passa a fazer a gestão do design na empresa, podendo coordenar outros designers ou auxiliar

outros profissionais ligados ao desenvolvimento do produto, evitando retrocessos de etapas ou

ações. Esta proposta tem como objetivo expandir a influência do design sobre as decisões

relativas ao produto. Por isso o designer deve estar presente em todas as reuniões sobre o

planejamento e estratégia do produto, pois terá o discernimento de compreender todo o espectro

que abrange a coleção de moda, se envolvendo e interagindo com todos os fatores que possam

interferir na criação do produto. Desta forma evita que o gestor acumule responsabilidades

projetuais. O designer precisa possuir amplo conhecimento sobre as ações que poderá vir a

tomar, para que não fragilize suas responsabilidades e demonstre falta de habilidade nas suas

atribuições.

O designer participando ativamente do projeto de coleção de moda, pode contribuir

para evitar o uso indevido da estratégia de cópia ou imitação de produtos concorrentes, o uso

deste processo é de baixo custo e de fácil execução, por se tratar de se espelhar em algo pronto,

já desenvolvido. Este fato colabora para a desvalorização do designer quanto a sua função de

pesquisar, analisar, criar e propor soluções, e consequentemente passa a ter mais uma limitação

quanto ao seu desempenho.

O ambiente

É percebida uma evolução gradativa na contratação de designers na elaboração de

coleções de moda. Visto que as funções exigidas por estes, remetem em sua grande maioria,

por elaborações de desenhos, mas o designer pode participar mais ativamente. As empresas

devem sempre almejar a melhoria em três aspectos: na qualidade de seus produtos, na eficácia

e eficiência de se posicionar no mercado e na sua imagem corporativa perante seus clientes.

Existe um grande potencial de competitividade que precisa ser explorado de maneira adequada,

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73 conhecendo os limites de cada empresa e propondo métodos flexíveis compatíveis com a sua

cultura, estrutura e recursos. Para uma empresa que tem como proposta o desenvolvimento de

modelos diversificados, a baixa qualificação pode ser um grande empecilho de tempo e recurso

para um novo projeto, pois a limitação pode prejudicar uma inovação seja por meio de uma

nova modelagem, uma nova costura, ou uma nova customização.

Conhecer as capacidades e limitações dos envolvidos na produção será uma grande

vantagem na elaboração de projetos de moda. É preciso entender que os consumidores exigem

bens e serviços que atendam aos seus anseios, e que a empresa que não estiver atenta para esses

conceitos será ultrapassada por outras empresas concorrentes, pois não conseguirá competir de

igual com estas. O designer tem como fundamento encontrar as possíveis soluções adequadas

para atender as necessidades dos respectivos consumidores, contribuindo com as propostas dos

quais as empresas desejam alcançar, e sem a sua devida participação no planejamento e

desenvolvimento do produto, ele será apenas um executor de ações e não um pensador, ou

questionador sobre o que se pode e pretende entregar de valor ao consumidor, de modo que

possa ocorrer sua desvalorização profissional.

O designer deve ter a capacidade de selecionar, se comprometendo a resolver

problemas complexos, de maneira que análise o comportamento social por meio de

investigações de aspectos cognitivos psicológicos e subjetivos sobre as novas necessidades e

possibilidades de consumo, com uso da criatividade, acompanhando a evolução tecnológica e

a inserção de novos materiais, participando das decisões estratégicas da empresa, criando uma

identidade tanto para o produto e consequentemente para a marca, por meio do uso da semiótica

e semântica dos produtos. O designer é um criador de aspectos estéticos, simbólicos e

funcionais dentro de uma conjuntura de promover a satisfação do consumidor, perante o

atendimento de uma necessidade e desejo. E através de suas interpretações da sociedade no

contexto intertemporal, ele consegue criar, reinventar e modificar algo.

Pode-se concluir que é necessário promover o design, divulgando suas ramificações,

abrangências e limites; para compreensão do que se pode alcançar com a sua inserção e

permanência. Esta promoção tem como intuito de conceber a função do design em caráter

estratégico, na compreensão dos fenômenos que ocorrem dentro da empresa, de forma que

prescreva ações e antecipe cenários; conseguindo compreender a linguagem dos negócios e

exercendo papel fundamental sobre questões relativas ao planejamento estratégico. Por isso as

empresas devem ser orientadas pelo design, com foco nas pessoas, para que se consiga

impulsionar seu crescimento promovendo uma qualidade na experiência de uso dos produtos e

consequentemente uma fidelização maior.

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74

A pesquisa permitiu desvendar as seguintes lacunas no desenvolvimento dos produtos

de moda:

• Que as empresas precisam gerenciar suas marcas de forma plena, utilizando todas as

formas de planejamento e estratégias, como forma de alavancar seu brand equity.

• O designer precisa obter qualificação sobre questões mercadológicas, de planejamento

do produto.

• O designer pode exercer e ser mais efetivo nas pesquisas e análises e nas reuniões de

definição do briefing.

• A necessidade de difundir o conhecimento sobre as atribuições do design.

Esta pesquisa contribuiu para o entendimento dos aspectos que circulam o campo de

desenvolvimento do produto e como deverá ser realizada o gerenciamento dessas

características. Para futuros trabalhos e pesquisas três tópicos podem ser abordados:

1) A investigação da participação do designer na realização das pesquisas e análises,

referente ao estágio de análise sociocultural e econômica, com o auxílio de outras

áreas da empresa.

2) Como os ciclos de modismo e clássico interferem no desenvolvimento dos

produtos nas MPEs.

3) Como o designer pode contribuir com o gerenciamento da marca.

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79 Anexo I – Roteiro de entrevistas

Perguntas Pergunta Auxiliar Objetivos

1

Como surgiu a empresa e quanto

tempo atua no mercado?

Como foi seu desenvolvimento? Quantos funcionários emprega atualmente?

Histórico de evolução da empresa,

entender sua cultura organizacional.

Identificar seu porte

2

A empresa firma parcerias com o intuito de adquirir

mais conhecimento técnico sobre

novas tecnologias, métodos e conceitos?

Quais e como são essas parceiras?

Identificar se as empresas tem uma cultura de adquirir mais conhecimento para desenvolvimento de suas atividades visando à qualidade, a eficiência e a inovação dos seus processos.

3

No planejamento de um novo

produto, quais setores da empresa

influenciam (interfere) no

processo de seu desenvolvimento?

A empresa qualifica esses profissionais?

Quais setores participam do processo de planejamento de um novo produto e qual seu peso em uma tomada de decisão

Verificar se o Design tem algum poder de argumentação em processos de tomada de decisão

Verificar se as empresas identificam a aprimorarão de seus profissionais ligados a produção e desenvolvimento de produtos

4

A empresa desenvolve

alguma estratégia no planejamento

de novos produtos? Como

pesquisas, análises...?

Se existe algum planejamento no desenvolvimento de novos produtos ou se o mesmo é realizado de forma empírica ou no improviso.

5

Como é realizado o processo de

desenvolvimento (criação) de uma coleção, do início do projeto até a concepção final

do produto?

Identificar se utiliza alguma metodologia projetual, se as etapas são flexíveis, se a mesma não executa uma ordem de atividades.

Como o designer participa e interage

nesse processo

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6

A empresa desenvolve

alguma estratégia na gestão da

marca?

Investe em programas e atividades que apoiam a marca

(divulgação / promoção)? Realiza auditoria para identificar o valor da marca percebido pelos clientes? Investe em recursos da marca (identificação e diferenciação)

consegue gerenciar a identidade visual? Quais?

Identificar se a empresa reconhece a importância da marca

Identificar se a empresa realiza algum

processo de gestão ou monitora o valor da marca, (brand equity).

7 Qual o significado de moda para sua

empresa?

A observação de como funciona o sistema e os conceitos da moda, através de tendências, ciclos, preferencias, comportamento.

Pode demonstrar se a empresa vê a

moda somente pela parte estética, ou se ver a moda como uma representação de sua personalidade, se com afirmação do seu eu.

8 O que significa design para sua

empresa?

Se a empresa conhece o conceito de design com as suas devidas atribuições, os seus limites, sua multidisciplinaridade, sua ampla contribuição na resolução de problemas.

9 A empresa possui algum profissional

de Design na empresa?

Quais funções são atribuídas a esse profissional

Identificar se emprega ou terceiriza esse profissional.

Identificar quais funções exerce e quais

responsabilidades ele possui Se o mesmo é desvinculado de sua

função

10 A empresa realiza alguma estratégia de divulgação do produto/ coleção?

Como? Quais? Se a empresa divulga sua coleção de forma que os consumidores a conheça

11

A empresa adota alguma estratégia

na comercialização

(venda) dos produtos?

Realiza-se alguma estratégia ou utiliza alguma ferramenta para que o consumidor identifique algum fator diferencial do produto em relação ao concorrente. Uso de materiais promocionais gráficos, sonoros vídeos que explora a imagem do produto.

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12

Realiza alguma pesquisa para verificação da satisfação e

experiência do cliente sobre o

produto e marca?

Monitora o valor da sua marca em relação ao público alvo

Descobri o nível de satisfação do cliente ao usar tal produto ou marca

13 Qual ponto no processo de

produção pode ser melhorado?

Apontar falhas em todo o processo

Verificar a percepção se o mesmo tem de analisar se algum processo deve ser melhorado ou evitado.

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82 Anexo II – Respostas dos entrevistados

Empresa 1 Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa tem 5 anos de existência, o

proprietário possuía outro ramo de atuação, emprega cerca de 60 funcionários (direta e indiretamente), começou através de um baixo investimento, seu desenvolvimento foi de forma mais acentuada nos últimos dois anos (grande expansão de demanda), tem planos de aumentar a fábrica para um novo setor.

8 Design seria algo ligado a criatividade, que faz coisas novas, que busca algo nunca feito antes.

2 São realizadas parcerias exclusivamente com a Ascap e SEBRAE, participação de feiras e eventos voltados para a área de moda. Atualmente tem feito algumas melhorias no gerenciamento de recursos financeiros e investido em melhorias em técnicas de vendas. Os treinamentos acontecem a cada seis meses.

9 Sim, ela faz alguns desenhos, finaliza arte. Nos dias de feira ajuda na loja.

3 O desenvolvimento é mais centrado para a diretoria da empresa, a criação às vezes participa das reuniões, área de contabilidade (financeira) também participa.

10 Tem alguns outdoors aqui em Santa Cruz e Toritama.

4 A empresa está mudando. Estamos mudando alguns pontos de produzir a coleção. Antigamente era tudo feito de forma improvisada. Agora estamos fazendo um passo a passo. Analisamos as outras empresas, para saber o que elas estão produzindo. A gente separa algumas mercadorias por alguns estados onde tem mais saída, dependendo das cores ou do modelo que teve mais venda. Mas quem escolhe como a coleção será feita é o diretor da fábrica.

11 Alguns mobiles e cartazes para os compradores. Não são todos, apenas alguns que compram em maior quantidade. O diretor da empresa está pensando em investir em uma nova loja e colocar alguns materiais para promover a marca.

5 A criação é feita por inspiração de grandes marcas que atua no segmento (empresas com grande visibilidade e abrangência), acrescidas de técnicas de criatividade para desenvolver ideias, há inspiração em meios de comunicação como revistas e sites ou consultoria de tendência (uma vez por ano), é realizada apenas uma reunião de aprovação do desenho (o processo é acompanhado pelos os gestores posteriormente), não é feita a peça piloto, a elaboração do briefing é informal

12 Através de Revendedores e vendedores nas lojas. Passando o que teve mais saída, se algum cliente reclamou de algum produto ou se queria alguma coisa diferente.

6 Por enquanto está apenas sendo feito a confecção de mobiles e cartazes. Foi trocada a marca (logo) e nome foi refeito (logotipo). As outras ações ainda não são feitas. Mudamos a embalagem também. Alguns pontos de vendas têm inserido alguns cartazes também.

13 Necessita de um gerenciador de estoque.

7 Tem uma ligação com as imagens, com as cores, e com o que as pessoas estão usando. É pouco duradouro. Tem que ter preço acessível.

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83 Empresa 2

Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa tem cerca de 10 anos,

trabalhava com o segmento masculino, mas por questões estratégicas optou por focar na moda feminina, onde obteve maiores resultados, e quando a empresa expandiu sua produção. Ele emprega cerca de 40 funcionários e uns 30/50 em facções. Começou com pouco dinheiro e poucas pessoas. A empresa já cresceu muito, hoje posso dizer que está estabilizada.

8 O design foi retratado com uma forma de obter uma estética do produto.

2 A empresa firma parcerias exclusivamente com a Ascap (por meio dela SEBRAE), uma vez por ano faz algum treinamento ou consultoria, também participa de feiras e eventos voltados na área administrativa (financeira/comercial e vendas).

9 Sim, apenas desenvolvimento de estampas e modelagem das peças.

3 O desenvolvimento é centralizado na diretoria da empresa, gerente de produção e o profissional de design

10 Outdoor posicionados na região

4 O processo de desenvolvimento se baseia na compra de peças de produtos concorrentes realizada pelo proprietário da empresa, a empresa realiza a segmentação de mercado baseada em critérios demográficos, a análise de ambiente é feita de forma superficial, não existe a análise de comportamento do consumidor (as preferências de compra do produto são baseadas nas respostas dos fornecedores), a pesquisa de tendência é acompanhada por mídias digitais e impressas com aplicação moderada nos produtos,

11

5 A coleção é definida pelo proprietário da empresa, não existe o desenvolvimento de uma coleção autoral, a inspiração vem de outros produtos produzidos pelos concorrentes no segmento em que atua a empresa, o briefing da coleção é definido pelo proprietário da empresa, é realizada as reuniões do início da coleção e de verificação da prototipagem do produto. A fabricação é terceirizada, apenas o setor de estamparia e modelagem funciona na fábrica. Apresenta uma técnica de desconstruir a estampa de uma empresa concorrente e produzir algo semelhante.

12 Através de vendedores na loja e revendedores

6 É feita uma divulgação nas rádios locais e algumas campanhas em rádios e algumas revistas. Há pouco trocamos a marca (redesign identidade visual). Alguns fornecedores falam sobre algumas coisas sobre o produto.

13 Pilotagem da peça da fábrica

7 Acompanha através dos comentários dos fornecedores

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84 Empresa 3

Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa surgiu aproximadamente há 5

anos, produção em facção, na fábrica funciona o setor de direção e o armazenamento de matéria prima e produto final. Trabalha no segmento de moda masculina (camiseta), está inserido (aos poucos) moda infantil. Começou com 10 pessoas, atualmente tem apenas cinco pessoas na fábrica (o restante das pessoas está nas facções) começou com baixo investimento. A empresa está com oscilação nas vendas e produção.

8 O design foi retratado com uma forma de obter uma estética do produto.

2 A empresa firma parcerias exclusivamente com a Ascap (por meio dela SEBRAE) participa de feiras e eventos voltados para a área de moda. Realiza estes treinamentos uma vez por trimestre, dependendo dos recursos financeira e disponibilidade de tempo. Contrata consultorias para orientação de tendências, e sobre redução de despesas e aperfeiçoamento da gestão financeira.

9 Sim, apenas desenvolvimento de estampas e modelagem das peças.

3 A diretoria acumula as funções de desenvolvimento do produto, estamparia e criação (terceirizada) podem influenciar o desenvolvimento do produto.

10 Outdoor posicionados na região

4 A empresa não adota a análise da coleção anterior, faz análise de ambiente, faz análise da concorrência de forma superficial, faz segmentação de mercado baseada em dados demográficos. Não faz análise do comportamento do consumidor. A pesquisa de tendência é feita de forma superficial (esse processo é terceirizado para uma empresa de desenvolvimento de estampa. Realiza a pesquisa de produtos desenvolvidos por outras empresas que atendem seu público alvo, como forma de inspiração para desenvolvimento de novos produtos.

11

5 O processo de desenvolvimento passa apenas da escolha de estampa para as camisas, onde é realizada uma reunião de aprovação das mesmas. O briefing é limitado por questões de uso de tintas e de processos de estampagem das peças. Depois de aprovada a arte, é realizada um teste (bandeira) para saber como ficou a estampa, depois é liberada para a produção em série.

12 Através de vendedores na loja e revendedores

6 As coleções são divulgadas em revistas e pelo site da empresa. A opinião dos clientes é informada pelos vendedores das lojas. Trocamos a marca da empresa (redesing Identidade visual). São confeccionados tags e etiquetas personalizados.

13 Produção de estampa poderia ser melhorada em relação aos prazos de execução da arte e estamparia, e fabricação da peça piloto.

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85 7

Empresa 4

Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa surgiu entre 10 e 15 anos. A

empresa surgiu vendendo roupas femininas, tendo como cópia como referência. Seu desenvolvimento foi ao longo dos anos de forma progressiva. Emprega atualmente cerca de 30 funcionários diretos indiretamente aproximadamente cerca de 30 a40 funcionários. Começou baixo investimento. A empresa se encontra estável na sua produção e crescimento.

8 Estética, projeto, (empresário tem visão diferente)

2 Realiza parcerias com a Ascap/ SEBRAE. Participa de feiras de rodada de negócios. As parcerias são apenas no âmbito comercial de vendas, investe em tecnologia como forma de redução de custos e agilizar a produção. A cada trimestre.

9 Sim dois profissionais, realizam pesquisas e análises sobre tendências.

3 A direção define o briefing da coleção, dependendo a estamparia interfere na produção de artigos.

10 Catálogos e revistas locais,

4 Essas análises estão sendo implantadas recentemente a partir da contratação de um designer de moda, pois a produção se baseava exclusivamente na preferência dos revendedores. É realizada a segmentação de mercado, a análise de concorrência fica apenas para o desenvolvimento de produtos que pode ser copiado. Na análise de comportamento se basear no número de vendas dos fornecedores que repassam as informações. É realizada a pesquisa de tendência.

11 Não. A produção é distribuída diretamente para revenderes. Sem uso de qualquer estratégia.

5 É feita uma pesquisa de tendências em sites e revistas, é elaborado alguns desenhos e apresentados ao proprietário, que esse aprova ou dar o aval para a produção, são realizados testes em estampas, e depois de certificado passam para a costura, não é realizado o processo de propagem por falta de tempo (a produção é num ritmo muito forte)

12 Não

6 Por enquanto não realiza qualquer tipo de estratégia, atualmente investe em tags e etiquetas personalizados.

13 A produção de estampa poderia ser melhorada.

7 A busca por fabricar produtos baseados em uma tendência e oferece ao cliente conforto peças esteticamente bonitas

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86 Empresa 5

Pergunta Resposta Pergunta 1 Aproximadamente 15 anos. Surgiu

fabricando shorts masculinos, sua produção se diversificou em artigos masculinos, direcionados para o público adulto. Recentemente começou a fábrica peças infantis (está testando). Trabalha cerca de 19 pessoas na fábrica. Começou com baixo investimento. Sua produção é oscilante.

8 Estética / novas artes

2 Sim, investimentos na área comercial e vendas. A cada seis meses.

9 Sim, confecção de

ilustrações.

3 Não qualifica /O gestor direciona todas as decisões sobre o produto.

10 Catalogo e anúncios em revistas.

4 Em treinamentos de forma superficial. Pesquisa de ambiente de mercado por meio do acompanhamento de notícias, A análise de comportamento é realizada pelo o número de vendas, faz pesquisa de tecnológica somente quando vai para alguma feira de exposição.

11 Não

5 São obtidas algumas peças concorrentes como forma de inspiração, depois são desenvolvidas as ilustrações mediantes as exigências impostas, depois é realizado uma verificação de guia s artes vão para o teste e depois são aprovadas

12 Não

6 Não 13 Área operacional

7 Moda é uma valorização de peças com uma boa estética e que sempre está em uma tendência que as pessoas gostam.

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87 Empresa 6

Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa tem mais de 20 anos de

mercado, começou com moda masculina (camisetas), já investiu em moda feminina, não teve bons resultados (deixou de produzir – mas pensa em voltar com a produção), começou com investimento médio, atualmente atende em todos os nichos de mercado, está evoluindo de forma progressiva durante estes últimos anos.

8 Estética, satisfazer os clientes, e sempre buscar uma diferenciação.

2 Sim, na área administrativa e na área de financeira e de vendas.

9 Sim, presta serviços em

ilustrações.

3 O gestor coordena as decisões sobre a coleção, por meio de dados da área comercial sobre as peças mais vendidas. São realizadas reuniões para discutir o briefing. O design participa somente com recomendações de cores ou modelagens. Atualmente não são realizados investimentos em qualificação dos profissionais.

10 Sim, realiza alguns desfiles. Faz propaganda em revistas e divulga a coleção no site da empresa.

4 Faz análise da coleção anterior como processo de decisão para escolher quais peças poderão ser introduzidas na nova coleção. Faz análise de concorrentes (somente de empresas localizadas em sua região) A pesquisa de tendências é feita por meio de mídias (revistas e sites) e por meio de produtos concorrentes. Não realiza pesquisa de materiais, os fornecedores sempre trazem alguma novidade em tecidos.

11 Sim, tenta associar os produtos a um estilo de vida.

5 É determinado um briefing (diretor/ financeira/ vendas) com as exigências para aquela coleção. O designer recebe o briefing e produz as ilustrações para estampar as peças e fabricação de ficha técnica, que passa por uma reunião de aprovação, para depois ser encaminhada para a produção da peça piloto. As fabricações de alguns produtos são inspiradas em concorrentes.

12 Faz pesquisa de marketing através de consultorias.

6 Patrocina alguns eventos, faz catalogo para divulgação da coleção, faz divulgação em revistas, sites. Sua logo passou por um processo de redesign, nas lojas está sendo introduzidas uma nova abordagem de configuração visual.

13 Na entrega da elaboração de desenhos pelos os designers (mais rápido e eficiente)

7 Conforto/ estética/ esta compatível com as tendências/ estilo/ status.

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88 Empresa 7

Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa tem mais de 20 anos de

atuação, teve crescimento progressivo, emprega cerca de 30 a 40 funcionários. Nos últimos 5 anos a empresa teve uma nova abordagem de desenvolvimento de produtos. Atua no segmento masculino e feminino. Sua gestão passou por um processo de aperfeiçoamento de gestão. Teve início com baixo investimento. Sua produção vem apresentando números de crescimento.

8 Estética/planejamento/ novas ideias / pesquisa

2 Sim. Por meio do CDL e SEBRAE, faz a contratação de consultorias, e investe em cursos de aperfeiçoamento em gestão de recursos (financeiros e materiais).

9 Sim, trabalha na elaboração

de desenhos.

3 A área de gestão fica responsável por todas as decisões relativas sobre o desenvolvimento de uma nova coleção. A empresa busca qualificação principalmente na área administrativa. A análise de cenários e previsões é feita de forma limitada com uma frequência semestral.

10 Catalogo/ alguns desfiles/ revistas

4 É realizada a segmentação geográfica e demográfica. Faz monitoramento da concorrência e acompanha o mercado.

11 Sim, na confecção de

5 Os designers pesquisam a tendência, uma equipe de vendas acompanha os números revelando os interesses dos consumidores, e quais peças obtiveram mais vendas, é definido briefing (sem a participação do designer), geralmente os designers elaboram apenas estampas. A inspiração de alguns modelos pode ser baseada em produtos concorrentes.

12 Fez uma consultoria com uma empresa de marketing

6 Sim, faz divulgação em revistas, investe também em outdoors. Obtém informações sobre os consumidores por meio dos lojistas (como forma de monitorar a marca). Busca uma diferenciação por meio da elaboração de uma paleta de cores personalizada, em estratégias para embalagens, a logo passou por um processo de redesign.

13 Investir na divulgação da marca, melhorar o desenvolvimento de novas peças.

7 Conforto/ estética/ esta compatível com as tendências/ estilo/ status

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89 Empresa 8

Pergunta Resposta Pergunta 1 A empresa tem aproximadamente 7 a 8

anos de mercado. Sua produção começou com roupas infantil, recentemente mudou para fabricação de artigos voltados para p público adulto masculino. Na fábrica trabalha 19 pessoas. Começou com baixo investimento.

8 Design está relacionado com a parte estética/visual dos produtos.

2 Participa de feira de rodada de negócios, faz parecia somente com o CDL, para cursos presenciais, não faz consultoria, nem qualifica seus funcionários.

9 São contratados designers

terceirizados para o

desenvolvimento de

estampas

3 Apenas direção e criação 10 Não

4 Não realiza nenhuma pesquisa, fabrica apenas camisetas masculinas, seu foco é somente na criação de estampas

11 Não

5 É feita apenas uma reunião de verificação de artes e segue para o teste de estamparia depois é liberada sua produção

12 Não

6 Faz divulgação de seus produtos em catálogos, revistas locais recentemente fez o redesign da marca

13 Não citou alguma mudança

7 Criar camisetas conforme as tendências

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90 Empresa 9

Pergunta Resposta Pergunta 1 8 Estética

2 Participa de feira de rodada de negócios, faz parceria somente com o CDL

9 São contratados designers

terceirizados para o

desenvolvimento de

estampas

3 Apenas direção e criação 10

4 Não realiza nenhuma pesquisa, fabrica apenas camisetas masculinas, seu foco é somente na criação de estampas

11

5 É feita apenas uma reunião de verificação de artes e segue para o teste de estamparia depois é liberada sua produção

12

6 Faz divulgação de seus produtos em catálogos, revistas locais recentemente fez o redesign da marca

13 Não citou alguma mudança

7 Criar camisetas conforme as tendências