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Univer Centro d Programa de R PROPRIEDADES COM rsidade Federal de Pernambuco de Ciências Exatas e da Natureza e Pós-Graduação em Ciência de Materiais Ramón Raudel Peña Garcia S MAGNÉTICAS E ESTRUTURAIS D MPOSTO Y 3 (Fe 1-x Zn x ) 5 O 12 Recife 2017 s DO

Universidade Federal de Pernambuco -Graduação em Ciência ...€¦ · Frederico, Claudio, Jurandi, Von, Reza, Jeandrews pela amizade incondicional. Aos amigos cubanos: Jesus, Anmis,

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Programa de Pós

Ramón Raudel Peña Garcia

PROPRIEDADES MAGN

COMPOSTO Y

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais

Ramón Raudel Peña Garcia

PROPRIEDADES MAGNÉTICAS E ESTRUTURAIS DO

COMPOSTO Y3(Fe1-xZnx)5O12

Recife

2017

Graduação em Ciência de Materiais

TICAS E ESTRUTURAIS DO

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Ramón Raudel Peña Garcia

PROPRIEDADES MAGNÉTICAS E ESTRUTURAIS DO

COMPOSTO Y3(Fe1-xZnx)5O12

Trabalho apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência de Materiais do Centro

de Ciências Exatas e da Natureza da

Universidade Federal de Pernambuco como

requisito para obtenção do grau de Doutor em

Ciência de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Padrón Hernández

Orientador: Prof. Dra. Lídice Aparecida Pereira Gonçalves

Co-orientador: Prof. Dr. André Galembeck

Recife

2017

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Catalogação na fonteBibliotecária Joana D’Arc Leão Salvador CRB 4-572

P397p Peña Garcia, Ramón Raudel. Propriedades magnéticas e estruturais do composto Y3(Fe1-xZnx)5O12 /

Ramón Raudel Peña Garcia. – 2017. 121 f.: fig., tab.

Orientador: Eduardo Padrón Hernández. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCEN.

Ciência de Materiais, Recife, 2017. Inclui referências e anexo.

1. Matéria condensada. 2. Nanopartículas. 3. Método sol gel. 4. Ressonância ferromagnética. I. Padrón Hernández, Eduardo (Orientador). II. Titulo.

530.41 CDD (22. ed.) UFPE-FQ 2017-04

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RAMÓN RAUDEL PEÑA GARCIA

PROPRIEDADES MAGNÉTICAS E ESTRUTURAIS DO COMPOSTO

Y3(Fe1-xZnx)5O12

Tese apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Ciência de Materiais da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciência de Materiais.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profº. Dr. Eduardo Padrón Hernández (Orientador)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profo. Dr. Fernando Luis de Araújo Machado (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profo. Dr. Antonio Azevedo da Costa (Examinador Externo)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profo. Dr. Celso Pinto de Melo (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profo. Dr. Joaquim Bonfim Santos Mendes (Examinador Externo)

Universidade Federal de Viçosa

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Typewriter
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01
rraud
Typewriter
2017
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A minha mãe Elena, meu pai Ramón e minhas irmãs Yainet e Grexi, com amor,

admiração e gratidão por sua compreensão,

carinho, paciência e incansável apoio ao longo do período de elaboração deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todas as pessoas e instituições que me brindaram seu apoio,

para que a conclusão desta tese fosse com resultados satisfatórios. Agradeço a meus

orientadores Eduardo Padrón Hernández e Lídice Pereira Gonçalves pela confiança

depositada em mim durante todo este período e por me alimentar diariamente o espírito

científico e de superação. Agradeço ao Brasil, à Universidade Federal de Pernambuco e

ao Programa de Pós Graduação em Ciência de Materiais pela oportunidade dada, de

formar-me como futuro pesquisador. Agradeço a todos os professores e estudantes,

membros do grupo de Magnetismo e Materiais Magnéticos do Departamento de Física

da UFPE. A meus amigos e companheiros do laboratório: Yuset, Ariel, Bruno,

Frederico, Claudio, Jurandi, Von, Reza, Jeandrews pela amizade incondicional. Aos

amigos cubanos: Jesus, Anmis, Guillermo, Elaine, Fidel, Humberto e Henrry.

Agradeço a minha mãe Elena, meu pai Ramón e minhas irmãs Yainet e Grexi,

pelo apoio, preocupação e ajuda durante este tempo. Além de suportar minha ausência e

incentivar-me moralmente diante de todas as dificuldades que este tipo de estudo impõe.

À minha esposa Carla Patrícia que certamente é das mais sacrificadas, por ter que

suportar minhas preocupações e mau humor quando as coisas não ocorrem como o

esperado. À minha família Santiaguera: Mayda, Carlitos, Yadel e Yendri pela força

diária. Às minhas sobrinhas Sheila e Keila por sempre terem um sorriso quando mais o

necessito.

Aos estudantes Davian, Obed, Ohana, aos técnicos Gian, Sergio, Adriana, Tarsila,

pela ajuda na realização das medidas.

Finalmente, agradeço às agências CNPq, CAPES, FACEPE, Finep pelo suporte

financeiro.

A todos, muito obrigado!

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"O importante não é estar aqui ou ali, mas ser. E ser é uma ciência delicada, feita de

pequenas observações do cotidiano, dentro e fora da gente. Se não executamos essas

observações, não chegamos a ser: apenas estamos, e desaparecemos."

Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

No presente trabalho foram investigadas as propriedades magnéticas e estruturais do

composto Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05), obtido pelo método sol gel.

Também, foram estudados filmes finos de Y3Fe5O12, preparados pelo método de

deposição de soluções químicas (sol gel). Para ambos os estudos, utilizaram-se técnicas

de caracterização estrutural, morfológica e magnética. Para a síntese das nanopartículas

de Y3(Fe1-xZnx)5O12 foram utilizados materiais à base de nitratos e água destilada como

solvente. As temperaturas características da decomposição do material foram analisadas

utilizando a técnica termogravimétrica e calorimetria diferencial de varredura. Este

estudo mostrou que existem várias etapas na formação do material, relacionadas com as

perdas de água e de materiais orgânicos e com a formação da fase cristalina. Três

famílias de amostras foram sinterizadas nas temperaturas seguintes: i) 900°C, ii)

1000°C iii) 1100°C. A caracterização estrutural do primeiro grupo (900°C) apresentou

uma única fase cristalográfica, correspondente à granada de ítrio e ferro. O aumento

observado no parâmetro de rede foi relacionado com o maior raio iônico do Zn2+ em

relação ao do Fe3+. A morfologia dos grãos foi determinada utilizando a técnica de

microscopia eletrônica de varredura, mostrando formatos alongados e aumento do

tamanho dos aglomerados com o incremento da concentração de Zn2+. O pico referente

ao íon de Zn2+ foi observado mediante a técnica de Espectroscopia de energia

dispersiva, corroborando sua presença dentro da estrutura cúbica da granada. A

espectroscopia Raman revelou um aumento da intensidade na banda principal (271,8

cm-1) com o incremento da dopagem. A análise magnética mostrou um incremento na

magnetização de saturação para a amostra dopada em 1%, enquanto uma diminuição foi

observada para as maiores concentrações de Zn2+, associada ao enfraquecimento do

acoplamento magnético no sítio octaédrico. A análise estrutural da segunda família de

amostras (1000°C) indicou a presença de uma nova fase cristalográfica, pertencente à

fase ortorrômbica do YIG, representando 2 % do total da amostra; ao mesmo tempo, no

terceiro grupo de amostras (1100°C), se observaram reflexões típicas do composto

franklinita. Estes resultados, junto ao observado nas curvas de TG-DSC, sugeriram a

presença de um composto metaestável. O momento magnético em função do campo

aplicado, na família de amostra sinterizada a 1000°C, apresentou uma diminuição na

magnetização de saturação com o incremento da concentração de Zn2+. As curvas da

magnetização em função da temperatura foram ajustadas a partir da lei de Bloch,

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obtendo valores similares aos reportados na literatura para o YIG dopado com outros

íons. Para a preparação dos filmes de Y3Fe5O12, foi desenvolvida uma metodologia

química geral, a qual tem por base o álcool isopropílico, usado como solvente na

primeira família de filmes e 2-methoxyethanol como solvente na síntese modificada. A

caracterização estrutural dos filmes obtidos com álcool isopropílico mostrou a fase

cristalográfica ortorrômbica como majoritária e picos que cristalizam na fase cúbica.

Além disso, todos os filmes apresentaram deformações morfológicas provocadas pela

interação filme-substrato de silício. A largura de linha por FMR obtida encontra-se entre

75 e 78 Oe. No filme obtido a partir da síntese modificada observou-se a fase cúbica do

YIG como predominante, com pequenas reflexões da fase ortorrômbica. A imagem de

microscopia eletrônica de varredura mostrou a formação de um filme uniforme, com

uma pequena quantidade de poros distribuída uniformemente na superfície. A medida

de ressonância ferromagnética com o ajuste mostrou uma largura de linha de 53 Oe.

Correspondendo ao valor mais baixo reportado na literatura para filmes finos de YIG

sobre substrato de silício e usando métodos químicos.

Palavras-chave: Análise magnética. Nanopartículas. Termogravimétrica. Método sol

gel. Granada de ítrio e ferro. Lei de Bloch. Ressonância ferromagnética.

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ABSTRACT

The magnetic and structural properties of Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05)

obtained by the sol gel method were investigated. As well, thin films of Y3Fe5O12,

prepared using spin-coating of chemical solutions (sol-gel) were characterized. The

synthesis of Y3(Fe1-xZnx)5O12 nanoparticles was using precursors based on nitrates and

distilled water as the solvent. The decomposition temperatures of dried gel were

examined using the Thermogravimetry and Differential Scanning Calorimetry

techniques. There are several steps in the decomposition of the dried gel; related to the

loss of water and organic materials, as well as the formation of the crystalline phase.

Three families of samples were prepared at different temperatures of the thermal

treatment: i) 900°C, ii) 1000°C and iii) 1100°C. The structural characterization of the

first group (900°C) presented a single crystallographic phase, corresponding to the

yttrium iron garnet. The increasing in lattice parameter was associated to the largest

ionic radius of Zn2+ ions compared to the Fe3+ ions. The morphology of the grains was

determined using scanning electron microscopy, showing elongated shapes and a

growing of agglomerates as Zn2+ concentration increases. The characteristic peak of

Zn2+ was observed by Dispersive Energy Spectroscopy, increasing the intensity with the

dopant concentration, corroborating the presence of the element within the cubic

structure of the garnet. Raman spectroscopy revealed an increasing in the main band

(271.8 cm-1) and the octahedral sites are more likely for the substitution of Fe3+ by Zn2+.

The measurements showed the maximum value for magnetic saturation in the 1% doped

sample, while a decreasing was observed for highest concentrations of Zn, associated to

the weakening of the magnetic coupling across the octahedral site. The structural

analysis of the second group of samples (1000°C heat treatment), showed the yttrium

iron garnet and the orthorhombic phase (until 2%). The third group of samples (1100°C

heat treatment) showed yttrium iron garnet and the orthorhombic phase (until 4%) and

typical reflections of Franklinite (until 4%). The magnetic moment versus the applied

field, in the family of samples sintered at 1000°C, showed a decreasing in the saturation

magnetization as Zn2+ concentration increases. The results of fittings according to

Bloch's law showed magnetic parameters similar in values, compared to those reported

in the literature for YIG doped with other ions. The second part of our study aim the

preparation of thin films of Y3Fe5O12 using sol gel based in isopropyl alcohol (in the

first tentative) and 2-methoxyethanol in the modified synthesis. The structural

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characterization of samples obtained using isopropyl alcohol, showed the orthorhombic

crystallographic phase as majority and peaks of the cubic phase. All samples showed a

cracked morphology due to the film-substrate interaction and the FMR linewidth ranges

from 75 Oe until 78 Oe. In the film obtained from the modified synthesis (using 2-

methoxyethanol), we observed the majoritary cubic phase of YIG and small reflections

of the orthorhombic phase. The scanning electron microscopy image shows a uniform

film with pores evenly distributed on the surface. The ferromagnetic resonance

measurement and the fitting by the derivative of the Lorentzian function, showed a

linewidth of 53 Oe. It is the lowest value reported in the literature for thin films of YIG

on silicon substrate and using chemical methods.

Keywords: Magnetic analysis. Nanoparticles. Thermogravimetric. Sol gel method.

Yttrium iron garnet. Bloch law. Ferromagnetic resonance.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1. Diagramas esquemáticos dos três sitios diferentes ocupados por cátions na

granada de ítrio e ferro [40]..................................................................................................

29

Figura 2.2. Arranjos de cátions na granada de ítrio e ferro (YIG). Uma célula sub-

unitária representa um octante na célula cúbica da granada de ítrio e ferro [40]..............

30

Figura 2.3. Orientação dos dipolos magnéticos em campo nulo e temperatura ambiente,

e curvas de M versus H para as diferentes classes de materiais magnéticos........................

32

Figura 2.4. Curva de magnetização inicial (ou virgem) (OABC) e curva de

magnetização, ou laço de histerese (CDEF G). A curva B D´E´ é seguida se H decresce

de um ponto abaixo da saturação (correspondente ao ponto C)...........................................

34

Figura 2.5. Orientação dos momentos magnéticos em um octante da célula unitária......... 37

Figura 2.6. Modelo bidimensional de spin canting............................................................... 38

Figura 2.7. Processo típico de sol gel. Pode-se apreciar que a partir da suspensão

coloidal (sol) podem ser obtidas partículas, filmes, fibras, cerâmicas densas e aerogéis....

47

Figura 2.8. Formação das ligações químicas entre o substrato e o filme............................ 49

Figura 3.1. Representação esquemática do processo de síntese do composto Y3(Fe1-

xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03 e 0,05). Três famílias de amostras foram preparadas a partir

dos resultados obtidos mediante as curvas de TG-DSC........................................................

52

Figura 3.2. Fluxograma da síntese modificada. Neste processo, foi utilizado o 2-

methoxyethanol como solvente da solução, enquanto o valor de pH foi mantido entre 2-3

usando uma pequena quantidade de Dietilamina..................................................................

54

Figura 3.3. Esquema do processo de preparação do filme fino através do método de spin

coating. A cristalização do filme se conseguiu utilizando uma rampa lenta (0,1°C/mim)

até a temperatura de 900°C...................................................................................................

55

Figura 3.4. Esquema da difração de raios-X em um cristal................................................. 58

Figura 3.5. Diagrama energético na que as líneas horizontais representam distintos

estados vibracionais, além disso, se mostram as transições entre estados energéticos

para diferentes interações luz-materia [97].........................................................................

64

Figura 3.6. Ilustração esquemática da montagem utilizada em ressonância

ferromagnética [62]...............................................................................................................

69

Figura 4.1. Curvas de TG–DSC das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03;

0,05) mostrando as perdas de massa do gel no intervalo de temperatura entre 40 –

1200°C [107].........................................................................................................................

73

Figura 4.2. Padrões de DRX das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05),

tratadas a 900°C por 2 horas. Todas as reflexões encontradas são típicas da fase cúbica

do YIG. A linha preta representa o difratograma experimental, as linhas vermelhas o

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calculado, enquanto a diferença entre o experimental e calculado é representado em

linhas azuis [108]...................................................................................................................

75

Figura 4.3. Variação do parâmetro de rede a, com o conteúdo de Zn2+ das amostras de

Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05), tratadas a 900°C por 2 horas. O aumento

observado está relacionado com o maior raio iônico dos íons de Zn em relação aos íons

de Fe. A barra vermelha indica o erro para cada valor do parâmetro de rede....................

77

Figura 4.4. Imagens de microscopia eletrônica de varredura das amostras de YIG

dopadas com Zn2+ tratadas a 900 °C por 2 horas. a) 900Zn0, b) 900Zn1, c) 900Zn3, d)

900Zn5. Nas imagens, é possível observar uma mudança no formato das partículas

[108].......................................................................................................................................

78

Figura 4.5. Espectroscopia de energia dispersiva das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x =

0; 0,01; 0,03; 0,05), tratadas a 900°C por 2 horas. a) 900Zn0, b) 900Zn1, c) 900Zn3, d)

900Zn5. O aumento na intensidade do pico referente ao Zn indica sua presença dentro

da estrutura do YIG [108].....................................................................................................

79

Figura 4.6. Espectro Raman das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05),

tratadas a 900°C por 2 horas. Espectros bem similares foram observados. Somente 11

dos 25 modos Raman foram observados [108].....................................................................

81

Figura 4.7. Aumento da intensidade do pico 171,8 cm-1 com o incremento da

concentração de Zn2+. Um incremento na intensidade do pico principal sugeriu que os Fe

são substituídos pelo Zn no sítio octaédrico..........................................................................

82

Figura 4.8. Momento Magnético em função do Campo Aplicado (M–H) das amostras de

YIG dopadas com Zn2+ tratadas a 900 °C por 2 horas, a) 900Zn0, b) 900Zn1, c)900Zn3,

d) 900Zn5. Uma diminuição na magnetização de saturação foi observada com o

incremento da temperatura [108]..........................................................................................

84

Figura 4.9. Variação da coercividade (Hc) (a) e da magnetização de saturação (Ms) com

o incremento da concentração de íons Zn2+ (b). A variação na coercividade está

relacionada com a forma e formato das partículas, assim como, com os mecanismos de

pinning dos momentos magnéticos dentro do material.........................................................

86

Figura 4.10. Padrões de DRX das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03;

0,05), sinterizadas a 1000°C por 2 horas. Uma fase cristalográfica secundaria foi

observada; representando 2 % do total. Isto corrobora o comportamento observado nas

curvas de TG-DSC [107].......................................................................................................

87

Figura 4.11. Variação do parâmetro de rede a, com o conteúdo de Zn2+ das amostras de

Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05), sinterizadas a 1000°C por 2 horas. O aumento

no parâmetro de rede a, corrobora a presença do Zn dentro da estrutura do YIG. A barra

vermelha indica o erro para cada valor do parâmetro de rede............................................

89

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Figura 4.12. Padrões de DRX das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,05) tratadas a

1100°C por 2 horas. Uma nova fase foi observada no espectro de raios-x da amostra

Zn5, pertencente ao composto Franklinita, representando 4% do total de fase [107].........

90

Figura 4.13. Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão das amostras de YIG

dopadas com Zn2+ tratadas a 1000 °C por 2 horas. a) 1000Zn0, b) 1000Zn1, c) 1000Zn3,

d) 1000Zn5. È possível observar os formatos irregulares e grandes aglomerados..............

92

Figura 4.14. Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão das amostras tratadas

a 1000°C: a) amostra 1000Zn0; b) amostra 1000Zn5. Em ambas as figuras é possível

observar a presença de nanopartículas dentro dos aglomerados [107]...............................

92

Figura 4.15. Momento Magnético em função do Campo Aplicado (M–H) das amostras

de YIG dopadas com Zn2+ tratadas a 1000 °C por 2 horas: a)1000Zn0, b) 1000Zn1, c)

1000Zn3, d) 1000Zn5 [107]...................................................................................................

94

Figura 4.16. Variação da coercividade (Hc) (a) e da magnetização de saturação (Ms)

com o incremento da concentração de íons Zn2+ (b). A diminuição da magnetização de

saturação com o incremento da concentração de Zn, está relacionado com a presença da

fase secundaria......................................................................................................................

95

Figura 4.17. Dependência da magnetização de saturação com a temperatura para as

amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12. As linhas contínuas representam o ajuste através da lei

Bloch......................................................................................................................................

96

Figura 5.1. Padrões de difração de raios-X dos filmes de YIG crescidos sobre substratos

de Si e GGG. a) 2 gotas sobre Si (100), b) 3 gotas sobre GGG, c) 6 gotas sobre GGG. Os

índices de Miller marcados em verde representam os picos mais significativos

observados pertencentes à fase cúbica do YIG......................................................................

99

Figura 5.2. Imagens de MEV dos filmes de YIG, a) 3 gotas sobre GGG, b) 6 gotas sobre

GGG, c) 2 gotas sobre Si.......................................................................................................

101

Figura 5.3. Imagens da secção transversal dos filmes de YIG, a) 3 gotas sobre GGG, b)

6 gotas sobre GGG, c) 2 gotas sobre Si. Irregularidade na espessura dos filmes esta

relacionada com os efeitos de boda durante a deposição por spin coating e com a

quantidade de material depositado........................................................................................

102

Figura 5.4. Espectros de FMR medidos a temperatura ambiente dos filmes de YIG. a) 3

gotas sobre GGG, b) 6 gotas sobre GGG, c) 2 gotas Si sobre (100)....................................

104

Figura 5.5. Padrão de difração de raios-X do filme de YIG sobre substrato silício (100).

As informações obtidas a partir do refinamento pelo método de Rietveld mostrou 84,1%

da face cúbica do YIG [134]..................................................................................................

105

Figura 5.6. Microscopia eletrônica de varredura da superfície do filme de YIG

mostrando a estrutura porosa. A formação de poros e espaço vazio pode ser atribuída à

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diferença entre a estrutura do silício e do YIG [134]........................................................... 107

Figura 5.7. Espectro FMR do filme de YIG sobre substrato de Si (100) mostrando o valor

da largura de linha (53 Oe). O valor aqui é o menor relatado na literatura sobre Si, e

usando o método de sol-gel [134]..........................................................................................

108

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LISTA DE TABELAS

Tabela IV. 1. Tratamentos termicos realisados nas amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0;

0,01; 0,03; 0,05).....................................................................................................................

74

Tabela IV. 2. Parâmetros estruturais, obtidos a partir dos refinamentos de DRX para as

amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12..................................................................................................

76

Tabela IV. 3. Magnetização de saturação e campo coercitivo das amostras de Y3(Fe1-x

Znx)5O12 tratadas a 900°C por 2 horas..................................................................................

83

Tabela IV. 4. Parâmetros estruturais, obtidos a partir dos refinamentos de DRX para as

amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12 sintetizadas a 1000°C por 2 horas..........................................

88

Tabela IV. 5. Parâmetros obtidos do ajuste da lei Bloch para o conjunto de amostras

Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05) sinterizadas a 1000°C por 2 horas.....................

96

Tabela V. 1. Fatores de ajuste, Rp, Rwp, Rd, Fg, χ2, obtidos durante o refinamento Rietveld. 100

Tabela V. 2. Valores de largura de linha e campo de ressonância dos filmes de YIG......... 104

Tabela V. 3. Fatores de ajuste, Rp, Rwp, Rd, Fg, χ2, obtidos pelo refinamento Rietveld para

o filme de YIG........................................................................................................................

106

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Granada de Ítrio e Ferro YIG

Granada de Ítrio e Ferro Ortorrômbica YIP

Perovskita YFeO3

Granada de Gadolínio e Gálio GGG

Granada de Alumínio e Ítrio YAlG

Deposição por Laser Pulsado PLD

Ressonância Ferromagnética FMR

Deposição por Solução Química DSQ

Deposição de Vapor Químico CVD

Microscopia Eletrônica de Transmissão MET

Microscopia Eletrônica de Varredura MEV

Espectroscopia de Energia Dispersiva por Raios-X EDX

Magnetometria da Amostra Vibrante VSM

Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X XPS

Difração de Raios-X DRX

Espectroscopia de Retro difusão de Rutherford RBS

Nitrato de Alta Entropia HEAN

Efeito Hall de Spin Inverso ISHE

Calorimetria Diferencial de Varredura DSC

Análise Térmica Diferencial DTA

Termogravimetría Diferencial DTG

Coeficiente de Expansão Térmica CET

Corrente Alternada AC

Termogravimetria TG

Longitudinal Óptico LO

Transversal Óptico TO

Metal Alcóxido M(OR)

Revoluções por minuto rpm

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LISTA DE SÍMBOLOS

Ítrio Y

Ferro Fe

Íon Oxigênio O2-

Zinco Zn

Silício Si

Germânio Ge

Níquel Ni

Manganês Mn

Cálcio Ca

Zircônio Zr

Itérbio Yb

Térbio Tb

Bismuto Bi

Molibdênio Mo

Índio In

Cério Ce

Érbio Er

Platina Pt

Cobre Cu

Disprósio Dy

Argônio Ar

Gas carbônico CO2

Cloreto Cl2

Dióxido de enxofre SO2

Molécula Nitrogênio N2

Molécula Hidrogênio H2

Molécula Oxigênio O2

Água H2O

Theta θ

Ganma γ

Razão giromagnética γ

Comprimento de onda λ

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Frequência cíclica ω

Constante de Plank h

Velocidade da luz c

Parâmetro de rede a

Magnéton de Bohr µB

Permeabilidade máxima µm

Permeabilidade inicial µi

Susceptibilidade χ

Constante de amortecimento intrínseca de Gilbert

Constantes de anisotropia cúbica K1, K2

Parâmetros de ajuste C1, C2 e C3

Factor de forma A

Largura na meia altura do pico de difração B

Largura de linha de ressonância ferromagnética H

Amortecimento Gilbert G

Energia livre E

Fluxo ΦA

Força eletromotriz fem

Temperatura T

Temperatura de Néel TN

Temperatura de Curie Tc

Magnetização de Saturação Ms

Magnetização M

Campo de anisotropia Ha

Campo Máximo Hmax

Campo coercitivo Hc

Campo magnético estático

0H

Campo Molecular Hm

Campo magnético efetivo efH

Campo de ressonância HR

Raio R

Fator de perfil Rp

Fator de perfil ponderado Rwp

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Valor estatisticamente esperado para Rwp Re

Qualidade de ajuste Fg

Índices de Miller hkl

Diâmetro médio Dhkl

Modo vibracional T2g

Nanômetro nm

Micrômetro µm

Centímetro cm

Angstrom Å

Kelvin K

Graus Celsius por minuto °C/min

Miliwatts mW

Kilo Ampère por metro kA/m

Oersted Oe

Gigahertz GHz

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................

22

2 GENERALIDADES ACERCA DAS GRANADAS DE ÍTRIO E FERRO; MÉTODO SOL GEL E PROCESSO DE SPIN COATING..................................................................................................... 28

§.2.1. Introdução.................................................................................. 28

§.2.2. Estrutura cristalina da granada de ítrio e ferro..................... 28

§.2.3. Alguns conceitos importantes do magnetismo........................ 30

§.2.4. Propriedades magnéticas da granada de ítrio e ferro. Influência da dopagem........................................................................ 36

§.2.5. Estado da arte da granada de ítrio e ferro.............................. 39

§.2.6. Princípios básicos do método sol gel. Deposição por spin coating................................................................................................... 46

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO.................................................................................. 50

§.3.1. Introdução.................................................................................. 50

§.3.2. Síntese do composto Y3(Fe1-xZnx)5O12 através do método de sol gel..................................................................................................... 51

§.3.3. Processo de síntese para obter os filmes de YIG sobre substratos de GGG e Silício (100)...................................................... 52

§.3.4. Modificação de parâmetros na síntese por sol gel.................. 53

§.3.5. Termogravimetría (TG) e calorimetria de varredura diferencial (DSC)................................................................................. 55

§.3.6. Difração de raios-X (DRX)....................................................... 57

§.3.7. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)......................... 59

§.3.8. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)..................... 61

§.3.9. Espectroscopia Raman……………………………………….. 63

§.3.10. Magnetometria de amostra vibrante (VSM)………………. 67

§.3.11. Ressonância ferromagnética (FMR)...................................... 67

4 EFEITO DA ADIÇÃO DE Zn2+ SOBRE AS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS, MICROESTRUTURAIS E MAGNÉTICAS DE NANOPARTÍCULAS DE Y3Fe5O12..........................................................

71

§.4.1. Introdução.................................................................................. 71

§.4.2. Análise termogravimétrica (TG) e calorimetria diferencial

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de varredura (DSC) do sistema Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05).............................................................................................

72

§.4.3. Caracterização estrutural das amostras sinterizadas a 900°C.................................................................................................... 74

§.4.4. Microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia de energia dispersiva (EDS) das amostras sinterizadas a 900°C......... 77

§.4.5. Análise por espectroscopia Raman das amostras sinterizadas a 900°C............................................................................ 80

§ 4.6. Caracterização magnética das amostras sinterizadas a 900°C..................................................................................................... 83

§.4.7. Caracterização estrutural das amostras sinterizadas a 1000°C e 1100°C por 2 horas.............................................................. 87

§.4.8. Análise morfológica, por microscopia eletrônica de transmissão, das amostras sinterizadas a 1000°C por 2 horas........ 91

§.4.9. Propriedades magnéticas das amostras sinterizadas a 1000°C por 2 horas.............................................................................. 93

5 CRESCIMENTO DE FILMES FINOS DE Y3Fe5O12 SOBRE SUBSTRATOS DE GGG E SILÍCIO........................................................ 98

§.5.1. Introdução.................................................................................. 98

§.5.2. Caracterização estrutural de filmes de Y3Fe5O12 crescidos sobre substratos de GGG e Si (100)................................................... 98

§.5.3. Imagens de microscopia eletrônica de varredura dos filmes de Y3Fe5O12 crescidos sobre substratos de GGG e Si (100)............ 100

§.5.4. Estudo do amortecimento por ressonância ferromagnética (FMR) dos filmes de YIG crescidos sobre substratos de GGG e Si (100)...................................................................................................... 102

§.5.5. Caracterização estrutural do filme de YIG crescido sobre o substrato de Silício (100) a partir da síntese modificada.................

105

§.5.6. Estudo da morfologia do filme por microscopia eletrônica de varredura........................................................................................ 106

§.5.7. Ressonância ferromagnética (FMR) do filme de YIG. Influência da rugosidade na ΔH......................................................... 107

6 CONCLUSÕES.......................................................................................

110

7 PERSPECTIVAS...................................................................................

112

REFERÊNCIAS..................................................................................... 113

ANEXO.................................................................................................... 120

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22

1 INTRODUÇÃO

Grande parte da tecnologia moderna que estimula a sociedade atual é baseada em

magnetismo. Numerosos dispositivos magnéticos desempenham papéis fundamentais

em discos rígidos utilizados nos computadores, equipamentos médicos, sistemas de

telecomunicações, armazenamento de dados, sensores e memória de acesso aleatório

[1]. Entre os materiais magnéticos mais estudados se encontram os ferromagnéticos e

ferrimagnéticos, devido às suas múltiplas aplicações. Metais como ferro, cobalto,

níquel, suas ligas e óxidos encontram-se entre os materiais magnéticos mais utilizados.

Os óxidos magnéticos possuem muitas propriedades interessantes, tais como a

condutividade elétrica baixa, tangente de perda dielétrica na ordem de (~10-4) e baixa

perda magnética. Este último aspecto é fortemente aproveitado nas aplicações em

frequências de micro-ondas.

Um composto ferrimagnético que teve o seu interesse renovado na atualidade é a

granada de ítrio e ferro (Y3Fe5O12→YIG). Este material pertence a uma família de

óxidos complexos, com propriedades importantes do ponto de vista da pesquisa básica e

aplicada. Os estudos por difração de nêutrons realizados por Bertaut e col. [2], em YIG,

confirmaram os parâmetros e as posições dos íons de O2-, assim como as orientações

dos momentos correspondentes aos íons de ferro na estrutura ferrimagnética da granada.

A célula unitária contém oito fórmulas moleculares, que podem ser representadas como

{Y3}[Fe2](Fe3)O12, onde {} indica cada uma das 24 posições dodecaédricas

coordenadas com oito íons O2- localizados em uma das 96 possíveis posições que

formam a estrutura da granada. Já o símbolo [ ] na fórmula indica uma das 16 posições

octaédricas coordenadas com seis íons O2-, enquanto que ( ), uma das 24 posições

tetraédricas coordenadas com quatro íons de O2-.

A granada de ítrio e ferro é um material cerâmico versátil que tem um elevado

ponto de fusão, uma grande resistividade, interessantes propriedades eletromagnéticas,

elevada estabilidade e condutividade térmica, baixa expansão térmica e excelente

estabilidade química [3]. Propriedades desejáveis para algumas aplicações específicas

podem ser melhoradas mediante o controle adequado dos parâmetros da reação, bem

como a adição de dopantes na estrutura. O interesse nas propriedades estruturais,

microestruturais e magnéticas deste composto estão fortemente relacionadas com o fato

de que todas estas propriedades podem ser amplamente variadas por substituições de

dopantes [4, 5]. Parâmetros importantes como a magnetização dependem da granada em

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particular, ou seja, da composição (presença de íons magnéticos), da estrutura do cristal

(o arranjo tridimensional dos íons), do tamanho de grão, da densidade e porosidade, e de

outros fatores, como a temperatura. Distintos trabalhos têm mostrado que diferentes

valores de magnetização podem ser alcançados através de substituições de íons na

estrutura cristalina do YIG [4, 6 - 8].

Apesar dos primeiros estudos realizados por Bertaut e col. [2] e, em seguida, por

Geller e col. [9] e Gilleo e col. [10, 11], mostrarem a presença de íons de Fe3+, tanto nas

posições octaédricas como nas posições tetraédricas, dentro da estrutura da granada de

ítrio e ferro, na atualidade diversos trabalhos se referem à presença de íons de Fe2+ [12 -

18]. Três tipos de pontos de vista sobre o mecanismo de ocupação dos íons de Fe2+ na

estrutura YIG são considerados: Zhou e col. [14] assumiram que os íons de Fe2+ ocupam

os sítios tetraédricos, levando a uma redução da magnetização de saturação (Ms) devido

ao momento magnético dos íons Fe2+ (4μB) ser menor do que o momento magnético dos

íons de Fe3+ (5 μB); Kang e col. [16] acreditam que os íons Fe2 + ocupam os sítios

octaédricos, o que leva a um aumento de Ms, enquanto que, Dumont e col. [17, 18]

revelaram que os íons de Fe2+ encontram-se distribuídos tanto nos sítios octaédricos

como nos sítios tetraédricos, o que levaria à redução de Ms, pois o número de sítios

octaédricos é maior do que o número de sítios tetraédricos. A presença de íons de Fe2+

na estrutura do YIG poderia estar fortemente associada à facilidade que tem o Fe de

mudar seu estado de valência 3+ para o estado 2+. Se um íon com estado de valência 2+

substituí o Fe na estrutura da granada e, junto a isso, apresenta um raio iônico maior que

o do íon de Fe, é provável que, para compensar a rede cristalina, o íon de Fe mude seu

estado de valência através de dois mecanismos prováveis: i) criação de vacâncias em

qualquer dos sítios ocupados pelos Fe3+, ii) ou a mudança do Fe3+ para Fe2+, com a

correspondente liberação de um elétron. Dependendo do tipo de íon e do local de

substituição, os efeitos térmicos poderiam influenciar fortemente na formação de uma

única fase do composto.

Na literatura existem poucos trabalhos sobre a substituição de íons divalentes na

granada de ítrio e ferro. Geller e col. [19] estudaram o efeito de íons divalentes de

Níquel (Ni) e manganês (Mn) no sítio dodecaédrico do YIG, que é ocupado por íons de

Y3+. Substituições de íons com valência menor que 3+ neste sítio são pouco prováveis,

devido a que o Y3+, diferentemente do Fe3+, não consegue mudar seu estado de valência.

É por isto que, para manter um equilíbrio de cargas, os autores colocam íons de silício

(Si4+) e Germânio (Ge4+) [19]. Recentemente, Wang e col. [20] analisaram a evolução

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da fase, assim como o comportamento magnético do YIG, substituindo íons de Cálcio

(Ca2+) e Zircônio (Zr4+) no sítio dodecaédrico. A presença de íons de Ca2+ e Zr4+

resultam formação de uma fase secundária (YFeO3), para temperaturas entre 900°C e

1000°C. O composto com uma fase única somente foi obtido para a temperatura de

1080°C. Substituições de íons divalentes nos sítios octaédridos ou tetraédricos no YIG

não são reportados na literatura. Estes sítios são provavelmente candidatos perfeitos

para substituir pequenas quantidades de íons divalentes. O Zinco (Zn2+) é um material

que tem ganhado muito interesse no estudo de diferentes materiais. O efeito do Zn2+nas

propriedades estruturais, microestruturais, magnéticas e magneto-elástico em ferritas de

níquel e cobalto tem sido muito estudado na literatura [21 - 24]. Diferentes aplicações

têm sido alcançadas a partir da substituição de íons de Zn nestas ferritas [22, 23, 25,

26]. Com o desenvolvimento da microeletrônica e tecnologias de radar, ferritas com

elevadas propriedades giromagnéticas continuam sendo de grande interesse. Para

diferentes aplicações, geralmente se requerem materiais com baixa magnetização de

saturação e largura de linha de ressonância ferromagnética estreita. Graças às

substituições isomorfas amplamente permitidas na estrutura do YIG, estas propriedades

poderiam ser conseguidas através da incorporação de novos compostos, com um bom

controle da microestrutura. Novas propriedades e aplicações poderiam ser alcançadas

através de pequenas substituições de íons de Fe por íons de Zn na granada de ítrio e

ferro. A determinação do sítio de ocupação do Zn dentro do composto ferrimagnético

poderia ser um detalhe interessante a ser analisado.

Muitos dispositivos magnéticos utilizados na tecnologia são baseados em sistemas

de baixas dimensões, tais como filmes finos. Isto porque filmes magnéticos podem ter

propriedades muito diferentes em relação à sua contraparte (materiais no bulk), em parte

devido à maior presença relativa de superfícies e interfaces. O estudo de filmes finos de

YIG leva mais de duas décadas e nesse sentido a investigação continua sendo muito

ativa. O interesse por estas estruturas é motivado por seu potencial como uma

plataforma do futuro para o processamento de sinais de micro-onda, transporte de spin,

memórias magnéticas, sensores e outras. A magnetização de um material magnético

pode ser controlada pela utilização de correntes elétricas que transportam o momento

angular de spin [27]. Uma mudança na orientação da magnetização produz uma corrente

que transporta o momento angular de spin. A compreensão de como esses processos

ocorrem mostra a conexão complexa entre a magnetização e o transporte de spin e

estabelece as bases de uma nova tecnologia chamada spintrônica. Esta tecnologia pode

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ser utilizada para desenvolver novos dispositivos que permitam armazenamento e

processamento de informação. Consequentemente há um enorme interesse em uma série

de efeitos na spintrônica, tais como torque por transferência de spin, efeito Hall de spin

inverso e spin pumping [28 - 30]. A profunda compreensão da física destes efeitos é

crucial para o desenvolvimento de memórias magnéticas de acesso aleatório e de nano-

osciladores, entre outros dispositivos. A escala de tempo para as respostas dos

dispositivos acima mencionados corresponde à faixa de frequência de micro-ondas.

Em termos mais gerais, os avanços na pesquisa sobre a dinâmica de magnetização

e as aplicações na área de spintrônica do YIG, se derivam fortemente do método de

fabricação e das técnicas de caracterização utilizadas. Um aspecto a destacar nesta área

é a necessidade de que sejam obtidos filmes com uma baixa largura de linha por

ressonância ferromagnética. Tipicamente, os filmes para estas aplicações são

produzidos sobre um monocristal conhecido como granada de gadolínio e gálio (GGG)

[31], que é um material paramagnético que contém uma estrutura cristalina semelhante

aos cristais de YIG. Os valores de largura de linha dos filmes de YIG obtidos sobre

substratos de GGG se encontram abaixo de 1 Oe. As maiores dificuldades para produzir

estes filmes estão relacionadas com o alto custo do GGG, o que inviabiliza o

crescimento em substratos grandes, e a pouca compatibilidade do mesmo com a

indústria de semicondutores [32].

Na atualidade, o desafio fundamental na fabricação de filmes de YIG está em

obter filmes com baixa largura de linha sobre novos substratos. O substrato de silício

(Si) é uns dos candidatos principais para a fabricação de filmes de YIG. O mesmo não

só permite a produção de filmes em grande escala, como também é muito apropriado

para aplicações em dispositivos integrados. Algumas dificuldades têm sido encontradas

na produção de filmes de YIG sobre substratos de Si como, por exemplo, a

incompatibilidade da estrutura e a grande diferença do coeficiente de expansão térmica

entre o YIG e o substrato de Si. Apesar disto, muitos são os esforços que se realizam

para conseguir bons filmes com baixa largura de linha sobre o Si. Buhay e col. [33]

depositaram filmes policristalinos de YIG sobre Si por a técnica de Deposição por Laser

Pulsado (PLD), conseguindo uma largura de linha por FMR de 84 Oe. Kang e col. [16]

obtiveram filmes de YIG com largura de linha entre 87 e 150 Oe, usando atmosfera de

ar rarefeito e substrato de Si oxidado, através da técnica de magnetron sputtering. Zheng

e col. [34] prepararam filmes de YIG sobre substratos de Si por PLD. O valor de largura

de linha obtido foi de 348 Oe. Além disso, em outro trabalho, conseguiram largura de

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linha de 96 Oe utilizando Si poroso [32]. Guo e col.[35] obtiveram filmes de YIG

depositados sobre substratos de Si utilizando o método de deposição a partir de uma

solução química (DSQ) contendo óxido de ítrio e nitrato de ferro. A largura de linha da

amostra sinterizada à temperatura de 750 °C foi de 220 Oe para um campo de

ressonância de 2800 Oe, enquanto que para a amostra tratada a 850°C o valor foi de 206

Oe com um campo de ressonância de 3200 Oe. Finalmente, um substrato de Safira foi

utilizado por Johnson e col.[36] para fabricar filmes de YIG policristalino utilizando a

deposição por aerossol. Foi realizada uma série de tratamentos térmicos, encontrando

valores de largura de linha entre 98 Oe e 308 Oe. O menor valor correspondeu à

amostra sinterizada na temperatura de 750°C.

Embora grandes progressos tenham sido obtidos, uma redução da largura de linha

por ressonância ferromagnética ainda é necessária, quando comparado com a baixa

largura de linha obtida em substrato GGG. A maioria dos métodos físicos utilizados

para obter filmes de YIG requer o uso de equipamentos sofisticados, e grande

quantidade de material. Uma alternativa que tem mostrado grandes vantagens sobre as

técnicas tradicionais é o processo sol gel [37]. O processo sol gel permite a preparação

de materiais em vários formatos, materiais particulados, fibras, cerâmicas e filmes finos.

Além disso, é possível planejar propriedades desejáveis, como dureza, estabilidade

química, resistência térmica e mecânica, com porosidades diferenciadas e elevado grau

de pureza [38]. A perspectiva de produzir novos materiais que possuam características

relacionadas com demandas tecnológicas específicas é um fator de motivação para as

pesquisas atuais. Logo, das questões descritas neste texto, o presente trabalho tem como

objetivos fundamentais.

1. A síntese de nanopartículas de YIG dopado com Zn utilizando o método sol gel

e o estudo do efeito dos íons de Zn2+ sobre as propriedades estruturais e físicas

do composto obtido.

2. Obter filmes de YIG utilizando o método sol gel sobre substrato de silício (100)

com baixa largura de linha por FMR.

A partir disto, têm-se os seguintes objetivos específicos.

1. Investigar a influência do Zn2+ nas propriedades estruturais, microestruturais e

magnéticas do YIG.

2. Verificar o possível sítio de ocupação do Zn2+ dentro da estrutura da granada de

ítrio e ferro.

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3. Estudar, a partir da dopagem com íons de Zn2+, a formação de novas fases com

o aumento da temperatura e seu efeito sobre as propriedades magnéticas.

4. Estudar as propriedades estruturais, morfológicas e magnéticas de filmes de

Y3Fe5O12 crescidos sobre substrato de GGG e Si (100).

No trabalho aqui apresentado, dividimos o material em 5 Capítulos. No Capítulo

I, se apresenta a introdução, onde se expõe de maneira sucinta a importância de fabricar

novos materiais, com novas propriedades e utilizando métodos mais baratos. No

Capítulo II, se descrevem as generalidades das granadas de ítrio e ferro, assim como a

estrutura cristalina, e alguns conceitos fundamentais do magnetismo, além de uma breve

descrição do método sol gel e do processo de spin coating. Finalmente, se mostram os

principais resultados encontrados na literatura em nanopartículas e filmes de YIG.

Detalhes das técnicas utilizadas e do método de preparação das nossas amostras se

apresentam no Capítulo III. Em seguida, no Capítulo IV, se mostram e se discutem os

principais resultados obtidos para as nanopartículas dopadas com Zn2+. Os resultados

fundamentais da obtenção e caracterização dos filmes se expõem no Capítulo V. Por

último, se apresentam as conclusões gerais referentes aos resultados obtidos, assim

como sugestões para trabalhos futuros.

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28

2 GENERALIDADES ACERCA DAS GRANADAS DE ÍTRIO E FERRO;

MÉTODO SOL GEL E PROCESSO DE SPIN COATING

§ 2.1. Introdução.

No presente capítulo se estuda brevemente a estrutura cristalina do composto

conhecido como granada de ítrio e ferro. São abordados conceitos fundamentais tais

como paramagnetismo, diamagnetismo, ferromagnetismo, antiferromagnetismo e

ferrimagnetismo. Também se apresenta uma descrição sobre histerese magnética. São

apresentadas as propriedades magnéticas do YIG, assim como a influência dos

dopantes. Além disso, se mostra uma revisão sobre os trabalhos mais importantes para

nosso estudo. Finalmente, é feita uma análise sobre os princípios mais importantes do

método sol gel e o processo de spin coating.

§ 2.2. Estrutura cristalina da granada de ítrio e ferro.

As granadas naturais pertencem a uma ampla classe de minerais cuja fórmula

química ideal é M32+ M2

3+ Si34+O12, onde M representa um cátion metálico bivalente ou

trivalente segundo o caso. Sua estrutura provém de uma pedra semipreciosa; o silicato

de alumínio e manganês Mn3Al2Si3O12. As granadas podem formar soluções sólidas que

permitem mudar sua composição sem comprometer a estrutura do cristal e têm estrutura

cristalina com simetria cúbica, pertencente ao grupo espacial Oh10-Ia3d, segundo foi

reportado por Menzer e col. [39]. Existem oito fórmulas moleculares por célula unitária

(160 átomos) que podem ser descritas como uma distribuição espacial de 96 íons com

cátions nas "lacunas". A estrutura cristalina e as dimensões da célula unitária das

granadas de ferro e terras raras foram reportadas pela primeira vez por Bertaut e col. [2]

e, em seguida, por Geller e col. [9] e Gilleo e col. [10, 11]. A fórmula química genérica

neste caso é dada por R33+Fe5

3+O12, sendo R3+ um íon trivalente, pertencente ao grupo de

terras raras. O membro mais representativo dos compostos com esta estrutura é a

granada de ferro e ítrio ou (Y3Fe5O12→YIG), na qual o cátion R3+ corresponde a íons de

Y3+.

Na Figura 2.1 mostram-se os três sítios diferentes ocupados pelos cátions na

granada de ítrio e ferro. Cada cátion tem quatro íons de oxigênio (O2-) como vizinhos

mais próximos, sendo dois dodecaédricos, um octaédrico e um tetraédrico. Isto é, cada

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íon de oxigênio pertence simultaneamente a dois dodecaedros, um octaedro e um

tetraedro.

Figura 2.1. Diagramas esquemáticos dos três sitios diferentes ocupados por cátions na

granada de ítrio e ferro [40].

Por outro lado, a distribuição de cátions pode ser visualizada considerando que

cada octante da célula unitária têm os íons octaédricos nos vértices e no centro de uma

estrutura cúbica de corpo centrado. Ao mesmo tempo, o tetraédrico e o dodecaédrico se

encontram no plano bissetriz de cada uma das faces do cubo [40, 41]. O arranjo de

cátions em uma célula unitária de YIG pode ser descrito de acordo com a imagem

simplificada mostrada na Figura. 2.2 [41]. A Figura 2.2a indica a posição dos íons de

Fe3+ no sítio-a em frente a quatro octantes da célula unitária de YIG, enquanto a Figura

2.2b indica a posição dos mesmos íons em um único octante. Podemos ver que os íons

de Fe3+ no sítio-a em cada octante formam uma célula sub-unitária cúbica de corpo

centrado e a borda desta célula sub-unitária é a metade do lado da célula unitária do

YIG. O gráfico da Figura 2.2c indica as posições dos íons de Fe3+ no sítio-d e íons de

Y3+ no sítio-c em uma célula sub-unitária. Estes íons estão nas linhas que dividem em

duas partes perpendiculares a cédula sub-unitária, sendo um quarto de uma extremidade

e três quartos da borda oposta.

Finalmente, a Figura 2.2d mostra as posições dos íons de Fe3+ no sítio-a, íons de

Fe3+ no sítio-d e íons de Y3+ no sítio-c no vértice frontal inferior direito de uma célula

sub-unitária, assim como todos os íons O2- em torno deles. Podemos ver que o íon de

O2- no ponto onde os três poliedros se encontram parece estar rodeado por três cátions.

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Na verdade, este íon de O2- se encontra rodeado por quatro cátions. Além dos três

cations mostrados na Figura 2.2d, o quarto cátion é o íons de Y3+ na superfície inferior

da célula sub-unitária. Este íon Y3+ não é mostrado na Figura 2.2d, mas é mostrado na

Figura 2.2c.

Figura 2.2. Arranjos de cátions na granada de ítrio e ferro (YIG). Uma célula sub-unitária

representa um octante na célula cúbica da granada de ítrio e ferro [40].

§ 2.3. Alguns conceitos importantes do magnetismo.

As propriedades magnéticas dos materiais têm sua origem na estrutura eletrônica

de seus átomos. Do ponto de vista clássico, há dois tipos de movimentos associados ao

elétron que podem explicar a origem do momento magnético: o momento angular

orbital do elétron e o momento angular de “spin” do elétron [42 - 47]. Quase todos os

átomos são dipolos magnéticos naturais e podem ser considerados como pequenos ímãs.

Isto decorre de um somatório de dipolos magnéticos intrínsecos devido ao spin do

elétron [42, 43, 45, 47]. Sabe-se que dois dipolos próximos e de igual intensidade

anulam seus efeitos se estiverem alinhados antiparalelamente e somam seus efeitos se

estiverem alinhados paralelamente; portanto, apenas os elétrons desemparelhados é que

contribuem para o magnetismo.

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31

A resposta do material a um campo aplicado pode ser descrita pela

susceptibilidade magnética e também pela permeabilidade, pois são parâmetros

importantes que descrevem o comportamento magnético dos materiais. A

susceptibilidade magnética linear é dada pela relação � = ��/��, onde � é

denominada magnetização e � é o campo aplicado. A partir do comportamento da

susceptibilidade magnética, se infere como um sistema reage ao campo magnético

aplicado. Em alguns casos, como nos materiais diamagnéticos, a susceptibilidade é

pequena e negativa. Em outros casos, a relação entre magnetização e campo aplicado

não é linear, de modo que a susceptibilidade magnética varia com a intensidade de

campo magnético [42, 43, 45, 47]. Dependendo da origem microscópica das interações

internas os materiais são comumente classificados em: i) diamagnéticos; ii)

paramagnéticos; iii) antiferromagnético; iv) ferromagnéticos; v) ferrimagnéticos.

Os diamagnéticos são caracterizados pelo fato dos átomos ou moléculas não

produzirem um momento magnético resultante. Os momentos magnéticos dos elétrons

no interior de cada um dos átomos se anulam, de modo que o momento magnético

resultante é zero. Nessas circunstâncias, quando aplicamos um campo magnético, de

acordo com a Lei de Lenz, as correntes induzidas são tais que se opõem ao crescimento

do fluxo aplicado. Assim, os momentos magnéticos induzidos nos átomos terão sentido

oposto ao campo externo aplicado, Figura 2.3a, apresentando valores reduzidos e

negativos de susceptibilidade magnética, 10 6 < χ < 10 5. Os efeitos diamagnéticos

[42 - 47] ocorrem em todos os materiais. Entretanto, por ser um efeito muito mais fraco

que o paramagnetismo, Figura 2.3a, pode ser mais bem observado em materiais que

não sejam paramagnéticos, ou seja, cujos momentos orbitais e de spin se somam

vetorialmente, resultando em momento total nulo.

Os materiais paramagnéticos [42 - 47] são materiais cujos átomos possuem

momentos de dipolo magnético permanentes. De acordo com a Figura 2.3b na ausência

de campo aplicado, os momentos de dipolo estão orientados aleatoriamente, portanto, a

magnetização resultante é zero. Quando um campo magnético externo é aplicado ao

material, os dipolos tendem a se alinhar com o campo e o vetor soma dos momentos de

dipolo individuais não será mais nulo. O campo dentro do material tem agora duas

componentes: o campo aplicado e o campo induzido proveniente da magnetização ou

orientação dos dipolos. A agitação térmica dos átomos tende a perturbar o alinhamento

dos dipolos e, consequentemente, a magnetização diminui com o aumento da

temperatura. A magnetização alcança o seu valor máximo quando todos os dipolos estão

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alinhados. Quando o campo externo é removido de uma amostra paramagnética, a

agitação térmica faz com que os momentos de dipolo magnético tenham novamente

direções aleatórias, pois as forças magnéticas entre os átomos são muito fracas para

manter o alinhamento. Os materiais paramagnéticos apresentam valores reduzidos e

positivos de susceptibilidade magnética, 10 5 < χ < 10 3.

Figura 2.3. Orientação dos dipolos magnéticos em campo nulo e temperatura ambiente, e

curvas de M versus H para as diferentes classes de materiais magnéticos.

O antiferromagnetismo [42 - 47] ocorre quando os spins adjacentes se orientam de

modo antiparalelo, como mostrados na Figura 2.3c, de forma que a magnetização

resultante é nula. Pode-se entender esse mecanismo como se a rede fosse formada por

sub-redes antiparalelas, com spins paralelos dentro de cada sub-rede. Um material

antiferromagnético também obedece à Lei de Curie-Weiss, com valores de θ e

negativos, implicando que o campo molecular (Hm) se orienta no sentido oposto ao do

campo aplicado. Assim como ocorre no ferromagnetismo em altas temperaturas, o

ordenamento antiferromagnético é destruído a partir da temperatura TN, chamada

Temperatura de Néel. Para valores maiores que TN, a substância passa a ser

paramagnética (estado desordenado). Acima da temperatura de transição, a curva do

inverso da susceptibilidade em função da temperatura é uma reta, representando o

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estado paramagnético. Abaixo de TN, a tendência à oposição dos spins vai aumentando

quando a temperatura diminui até T = 0 K. Nesta temperatura, o ordenamento

antiparalelo é perfeito.

Nos materiais ferromagnéticos [42 - 47], assim como nos paramagnéticos, os

átomos possuem momentos de dipolo magnéticos resultantes diferentes de zero. O que

distingue os materiais ferromagnéticos dos paramagnéticos é que existe uma forte

interação entre momentos de dipolo atômicos vizinhos que os mantêm alinhados mesmo

quando o campo magnético externo é nulo. Nos materiais ferromagnéticos existe forte

interação entre os spins. O resultado é tal que um grande número de spins alinha-se

numa mesma direção, Figura 2.3d. Mesmo à temperatura ambiente, o alinhamento é

tão forte que as vibrações térmicas não podem destruí-lo. Entre os materiais

ferromagnéticos comuns em temperatura ambiente estão o ferro, o cobalto e o níquel.

Os materiais ferromagnéticos menos comuns, alguns exibindo ferromagnetismo

somente em temperaturas muito abaixo da temperatura ambiente, são compostos de

terras raras, como, por exemplo, o gadolínio. A temperatura a partir da qual um material

ferromagnético passa a ser paramagnético é denominada temperatura de Curie. A

temperatura de Curie do ferro, por exemplo, é de 1043 K, e acima dessa o mesmo é

paramagnético. A temperatura de Curie do metal gadolínio é 289 K, ou seja, em

temperatura ambiente o gadolínio é paramagnético. O campo magnético total (soma do

campo aplicado no material com o campo induzido) no interior desse tipo de material

pode ser 103 ou 104 vezes o campo aplicado. Tanto a permeabilidade magnética quanto

a susceptibilidade magnética de um material ferromagnético não são constantes,

apresentando valores altos e positivos de susceptibilidade magnética 10 2 < χ < 106.

Os materiais ferrimagnéticos [42 - 47], em contraste com os antiferromagnéticos,

têm duas sub-redes antipalarelas. Nestes materiais, porém, os momentos das sub-redes

antiparalelas não possuem o mesmo valor, fazendo com que a magnetização resultante

seja diferente de zero. Assim, quanto às propriedades macroscópicas, os ferrimagnéticos

se assemelham aos materiais ferromagnéticos. A Figura 2.3e ilustra o ordenamento

ferrimagnético. Similarmente ao ferromagnetismo, as substâncias ferrimagnéticas

exibem magnetização espontânea, além de histerese magnética. Acima da temperatura

crítica, também chamada de temperatura de Curie (TC), estes materiais se tornam

paramagnéticos. Os materiais ferrimagnéticos, como por exemplo, as ferritas que são

óxidos duplos de ferro e outro metal, são divididas cristalograficamente em quatro

subgrupos: espinélio, magnetoplumbita, perovskita e granadas. As ferritas magnéticas

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distribuem-se principalmente dentro de dois grupos com estrutura

diferentes: i) cúbica; ii) hexagonal.

A caracterização de um material magn

magnetização em função do campo aplicado

virgem; ii) curva de magnetização ou ciclo de histerese

curva de magnetização versus

ciclo de histerese ou laço de histerese é a curva de magnetização completa, traçada

desde � = ���� até � =

magnetização de um material em função da intensidade do campo aplicado

fenômeno complexo que reflete a atuação de div

Figura 2.4. Curva de magnetização inicial (ou virgem) (

laço de histerese (CDEFG). A curva

saturação (correspondente ao ponto

Em geral, uma amostra de material magnético é formada, por um conjunto de

domínios magnéticos que podem, sob a influência do campo aplicado, mudar de

tamanho ou girar sua magnetização, afastando

de magnetização é afetada pela

grãos; estas são relevantes para o surgimento de domínios novos (nucleação), para o

aprisionamento das paredes de domínios, etc. [42, 45, 46].

34

se principalmente dentro de dois grupos com estruturas

) hexagonal.

caracterização de um material magnético pode ser feita por meio do

magnetização em função do campo aplicado H, geralmente sob a forma de:

) curva de magnetização ou ciclo de histerese [42 - 47]. A curva virgem é a

curva de magnetização versus H para uma amostra originalmente não magnetizada. O

ciclo de histerese ou laço de histerese é a curva de magnetização completa, traçada

���� em ciclo fechado, Figura 2.4. A variação da

magnetização de um material em função da intensidade do campo aplicado

fenômeno complexo que reflete a atuação de diversos mecanismos microscópicos.

Curva de magnetização inicial (ou virgem) (OABC) e curva de magnetização, ou

). A curva B D´E´ é seguida se H decresce de um ponto abaixo da

saturação (correspondente ao ponto C).

ma amostra de material magnético é formada, por um conjunto de

domínios magnéticos que podem, sob a influência do campo aplicado, mudar de

tamanho ou girar sua magnetização, afastando-se das direções fáceis. A forma da curva

de magnetização é afetada pela presença de impurezas locais, defeitos e contornos

grãos; estas são relevantes para o surgimento de domínios novos (nucleação), para o

aprisionamento das paredes de domínios, etc. [42, 45, 46].

cristalinas

ético pode ser feita por meio do gráfico da

, geralmente sob a forma de: i) curva

. A curva virgem é a

a originalmente não magnetizada. O

ciclo de histerese ou laço de histerese é a curva de magnetização completa, traçada

. A variação da

magnetização de um material em função da intensidade do campo aplicado H é um

ersos mecanismos microscópicos.

magnetização, ou

decresce de um ponto abaixo da

ma amostra de material magnético é formada, por um conjunto de

domínios magnéticos que podem, sob a influência do campo aplicado, mudar de

se das direções fáceis. A forma da curva

contornos de

grãos; estas são relevantes para o surgimento de domínios novos (nucleação), para o

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Partindo de uma amostra não magnetizada, a curva de magnetização, � × � tem

a forma geral mostrada na Figura 2.4, onde podemos distinguir três regiões diferentes.

Na região AO, a magnetização cresce lentamente, com a aplicação do campo magnético

externo; na região AB, isso se dá de forma mais rápida e na região BC, a magnetização

tende para um valor constante máximo ou de saturação. Se o campo aplicado não

crescer a ponto que a magnetização consiga atingir seu valor máximo, mas em vez

disso, começar a decrescer após alcançar um valor intermediário, � × � será uma

curva que, em geral é diferente da curva OC. Apenas para campos baixos, e

consequentemente, pequenas magnetizações, esse efeito não é observado; por exemplo,

a curva AO pode ser traçada em dois sentidos: com campo crescente ou decrescente.

A Figura 2.4 mostra uma curva de magnetização típica, com um valor de ����

suficiente para alcançar a magnetização de saturação. Vários aspectos podem ser

destacados em relação a esta curva: i) com campo decrescente surge uma curva que é

distinta da curva inicial (ou virgem) OC; ii) quando o campo alcança o valor H = 0, a

magnetização não é nula, mas tem um valor finito OD, chamado remanência; iii) o

campo para o qual a magnetização se anula é um campo negativo, cujo módulo (OE) é

chamado campo coercivo (ou coercividade). Quando o laço � × � é traçado sem

alcançar a magnetização de saturação, a magnetização para campo zero é chamada

magnetização remanente (ou remanência) (OD´; Figura 2.4), e o campo para M = 0 é

chamado de força coerciva (OE´; Figura 2.4) [42 - 47].

A variação da magnetização com o campo magnético H é o resultado de vários

processos diferentes na amostra. Para intensidades reduzidas do campo, a magnetização

aumenta principalmente por meio do movimento reversível de paredes, de tal modo que

os domínios cuja magnetização apresenta projeções ao longo da mesma direção de H

aumentam seu tamanho. Nesta região, a magnetização também aumenta devido à

rotação do momento no interior dos domínios em oposição ao campo de anisotropia [42

- 47]. Para valores intermediários do campo H, a magnetização aumenta via

deslocamento irreversível das paredes de domínio. Neste processo é atingida a

magnetização de saturação; seu valor corresponde ao valor da magnetização no interior

dos domínios na temperatura do experimento; esta é chamada de saturação técnica. Para

valores elevados de H, o aumento em M se origina nas rotações (reversíveis) da

magnetização dos domínios que tendem a alinhar-se com H.

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§ 2.4. Propriedades magnéticas da granada de ítrio e ferro. Influência da dopagem.

As granadas pertencem à família de materiais ferrimagnéticos caracterizados pela

presença de duas ou mais sub-redes magnéticas com magnetizações antiparalelas entre

si e sem compensação total. De um ponto de vista teórico este comportamento é

explicado pela interação de troca indireta que ocorre entre os cátions através dos orbitais

p dos íons de oxigênio da rede [48]. Esta interação será mais forte quanto mais

próximos se encontrem os cátions e depende do ângulo formado pela estrutura cátions -

oxigênio - cátions. Como os cátions envolvidos têm a camada 3d completa, a interação

de troca indireta tenta alinhar de forma antiparalela os momentos magnéticos de spin.

Por outro lado, quando a interação é fraca e prevalece a interação de troca, os momentos

de spin são alinhados paralelamente.

A Figura 2.5 mostra a orientação dos momentos de spin em um octante da célula

unitária [49]. Dado que cada íon de Fe3+ tem uma configuração eletrônica 3d5, o

momento magnético a 0 K é 5 ��. Este valor tem sido repetidamente obtido por

diferentes autores [2, 9, 10]. O ferrimagnetismo do YIG, baseado no alinhamento

antiparalelo das sub-redes octaédrica e tetraédrica, foi demonstrado de forma definitiva

em experimentos de difração de nêutrons realizados por Prince e col. [50]. Além disso,

uma representação mais precisa da magnetização do YIG em função da temperatura, foi

obtida por Anderson e col. [51] sobre a base do modelo de duas sub-redes de Néel [52].

Na teoria de Néel do ferrimagnetismo a dependência das magnetizações de cada sub-

rede com a temperatura pode ser expressa como funções de Brillouin: ��(�) =

�� (0) ��� (��), em que o índice i refere-se à sub-rede i. No caso específico de YIG, só

são consideradas as sub-redes octaédricas (a) e tetraédricas (d), que, em princípio,

contém somente os íons Fe3+ como íons magnéticos. Os ajustes feitos por Anderson [51]

foram muito precisos, exceto para a proximidade do ponto de Curie (≈ 560 K), no qual a

magnetização espontânea se torna nula. De acordo com Anderson, uma das

características que distinguem o YIG de outras granadas é que não apresenta

temperatura de compensação, isto é, a temperatura na qual as magnetizações das

diferentes sub-redes são equilibradas de modo que a magnetização total segue nula. Isto

ocorre quando a posição dodecaédrica da granada é ocupada por íons de terras raras

(Gd3+ até Yb3+) no lugar de um íon diamagnético, Y3+. Assim, a sub-rede (c) passa a ter

uma magnetização espontânea e é caracterizada por um alinhamento antiparalelo com a

sub-rede (d).

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Figura 2.5. Orientação dos momentos

Por outro lado, o comportamento

magnéticos substitui o íon Fe

tem sido estudado tanto por físicos

predizer a evolução da magnetização

quantidade de íons de impureza

uma das sub-redes excede um determinado

Fe3+ da outra sub-rede começa a diminuir. A causa dessa

canting dos momentos magnéticos

da mesma sub-rede. Isto é, os

alguns deles são levemente inclinados

esquemática do processo do

diamagnético substitui um íon Fe

O momento efetivo do

menos 1,9 íons Fe3+ nas posições

ferro que se encontram nas posições

diminuir imediatamente, mas

posições (a) e mais rápido, quando

0,7 por fórmula unidade. Este fenômeno é

octaédricas que tetraédricas [

quantidade em ambas as posições

37

dos momentos magnéticos em um octante da célula unitária.

lado, o comportamento do YIG, quando uma quantidade de

o íon Fe3+ em qualquer das posições (octaédrica ou tetraédricas),

físicos experimentais como por teóricos. Os estudos tentam

da magnetização M (T) e a temperatura de Curie (TC) em função da

de impureza. Quando a concentração de íons não magnéticos em

excede um determinado valor, o momento magnético efetivo do íon

começa a diminuir. A causa dessa diminuição é conhecida como

magnéticos devido à interação antiferromagnética entre os

momentos de spin não são estritamente antiparalelos

inclinados. Na Figura 2.6 se mostra uma representação

do processo do spin canting na sub-rede octaédrica, quando

íon Fe3+ situado na sub-rede tetraédrica [53].

íon Fe3+ na posição (a) começa a diminuir quando

posições (d) são substituídos [49]. No entanto, para

que se encontram nas posições (d) o momento magnético efetivo

mas de forma lenta, com a substituição de íons

, quando a quantidade da referida substituição for maior

por fórmula unidade. Este fenômeno é mais pronunciado para substituições

[54]. Quando os íons de ferro são substituídos

as posições, a rápida redução do momento nestes lugares

.

uma quantidade de íons não-

ou tetraédricas),

Os estudos tentam

em função da

magnéticos em

valor, o momento magnético efetivo do íon

é conhecida como

entre os íons

antiparalelos, mas

representação

octaédrica, quando um íon

quando pelo

para os íons de

começa a

íons Fe3+ em

for maior que

substituições

na mesma

lugares não se

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verifica até que a substituição

parâmetro de rede provoca um aumento

interação inter sub-redes e vice

É interessante destacar que o

diamagnéticos são incorporados nas sub

material é submetido a campos

caso do YIG que possui duas sub

com campos muito fortes que

Figura 2.6. Modelo bidimensional

Finalmente, o YIG é caracterizado por apresentar

cúbica com um eixo fácil ao longo da direção (111). A

de primeira e segunda ordem à temperatura ambiente

260 erg/cm3, respectivamente. Em cristais de YIG a lar

ferromagnética (FMR) proveniente do amorte

10 GHz [55, 56]. Esta largura de linha corresponde a uma constante de amortecimento

intrínseca de Gilbert () de aproximadamente

do que em ferritas de bário hexagonais [

do que em metais ferromagnéticos [

38

a substituição seja de pelo menos 0,95. Além disso, um aumento

provoca um aumento na interação intra sub-rede em relação

vice-versa.

É interessante destacar que o spin canting não só ocorre quando íons

são incorporados nas sub-redes magnéticas, mas também

a campos magnéticos externos suficientemente fortes. Mesmo no

duas sub-redes fortemente acopladas, este fenômeno ocorre

que tentam a orientar os spins paralelamente.

bidimensional de spin canting.

Finalmente, o YIG é caracterizado por apresentar anisotropia magnetocristalina

cúbica com um eixo fácil ao longo da direção (111). As constantes de anisotropia cúbica

de primeira e segunda ordem à temperatura ambiente são K1 = - 6100 erg/cm

respectivamente. Em cristais de YIG a largura de linha por ressonância

proveniente do amortecimento intrínseco é cerca de 0

]. Esta largura de linha corresponde a uma constante de amortecimento

de aproximadamente 3 x 10-5; uma ordem de grandeza menor

do que em ferritas de bário hexagonais [57] e cerca de duas ordens de grandeza

do que em metais ferromagnéticos [58,59]. É esta constante de amortecimento

um aumento no

em relação à

quando íons

quando o

fortes. Mesmo no

fenômeno ocorre

anisotropia magnetocristalina

de anisotropia cúbica

6100 erg/cm3 e K2 = -

gura de linha por ressonância

a de 0,2 Oe em

]. Esta largura de linha corresponde a uma constante de amortecimento

uma ordem de grandeza menor

a de duas ordens de grandeza menor

]. É esta constante de amortecimento

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extremamente pequena que faz do YIG o material perfeito para estudos de ondas de spin

bem como para estudo de spintrônica.

§ 2.5. Estado da arte da granada de ítrio e ferro.

O estudo de ferritas com diferentes tipos de estrutura, tais como tipo hexagonal

(BaFeO19), tipo espinélio (MFe2O4) e tipo granada (Y3Fe5O12), tem sido de muito

interesse para investigadores nos últimos anos, devido às suas potenciais aplicações em

transformadores, indutores de alta frequência, equipamentos eletrônicos, dispositivos de

micro-ondas usados em telecomunicações, em radares e também em cabeçotes de

gravação magnética [60 - 62]. Uma das ferritas que tem despertado muito interesse nos

últimos anos é a granada de ítrio e ferro. O YIG é o candidato perfeito para várias

aplicações na eletrônica de micro-ondas, transporte de spin, dispositivos ópticos,

dispositivos de memória magnético-óptica [55, 56 63], guia de onda, moduladores e

dispositivos ópticos integrados [64]. Existem atualmente diversos artigos que analisam

as propriedades tanto de nanopartículas como de filmes finos de YIG. Muitos desses

estudos são sobre os métodos de obtenção ou sobre como alterar suas propriedades

magnéticas e magneto-ópticas quando são introduzidos diferentes íons na estrutura. A

seguir são referenciados alguns dos mais importantes desses estudos.

Xu e col. [8] estudaram as propriedades estruturais e magnéticas de nanopartículas

de YIG dopado com Bismuto (Bi). Através da técnica de raios-X os autores mostraram

que o YIG dopado com Bi apresenta a mesma fase para todas as concentrações

estudadas, com um aumento no tamanho de partículas com o incremento da

temperatura. As imagens obtidas por Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)

indicaram um formato irregular e nas medições magnéticas se observou diminuição da

magnetização de saturação com o aumento da concentração de Bi. Khanra e col. [4]

também investigaram bem detalhadamente as propriedades estruturais e magnéticas de

YIG dopado com Molibdênio (Mo). Os estudos de difração de raios-X em conjunto com

refinamento de Rietveld indicaram que o YIG dopado com Mo cristaliza na fase

espinélio cúbica invertido. A constante de anisotropia cúbica K1(T) e magnetização de

saturação Ms (T) foram determinadas pela "lei da approach" para saturação e os autores

mostraram que as mesmas diminuíam com o aumento da temperatura. Também

observaram um aumento do momento magnético com o incremento da concentração de

Mo que começa a diminuir para concentrações mais altas de dopagem. Através do

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cálculo do momento magnético e da análise pelo método de Rietveld os autores

afirmam que o sítio preferencial para íons de Mo ocupar em baixas concentrações é o

octaédrico e que este sítio de ocupação diminui com o aumento da concentração de

dopagem.

A variação no momento magnético em nanopartículas de Ce0,1Y2,9Fe5O12 dopada

com Índio (In) também foi observada por Naik e col. [6]. Por meio de espectroscopia

Raman eles examinaram os estados de valência e confirmaram a presença de uma única

fase no composto, enquanto que por a técnica de Espectroscopia Fotoeletrônica de

raios-X (XPS) determinavam os estados de oxidação e a energia de ligação presente no

composto. Através de XPS descartaram a possibilidade de uma reação redox provável

entre os íons Fe3+ e íons Ce3+ para produzir íons com valência indesejada que reduziria

o momento magnético total. As medições feitas mediante espectroscopia Mössbauer

mostraram o sítio tetraédrico como mais provável para os íons de In ocupar para

concentrações menores a 0,05%. A diminuição do momento magnético para estas

concentrações foi explicada por meio de um mecanismo provável de spin canting.

Como o In é não magnético e tem um raio iônico maior que íons de Fe sua inclusão no

sítio tetraédrico pode produzir um arranjo de spin não colinear, o que provavelmente

leva ao spin canting. Para concentrações maiores o aumento no momento magnético foi

atribuído à ocupação dos íons de In no sítio octaédrico. Naik e col. explicam que o

aumento da concentração de íons no sítio tetraédrico pode ser termodinamicamente

desfavorável e poderia distorcer a estrutura obtendo-se assim um composto bifásico.

Nazlan e col. [7] utilizaram o método de moagem de alta energia para estudar as

propriedades magnéticas e estruturais do YIG dopado com In. Segundo os autores todas

as amostras apresentaram uma fase única pertencente ao YIG com um aumento linear

no parâmetro de rede o que obedece a lei de Vegard. A caracterização magnética

mostrou um aumento no momento magnético para pequenas concentrações que logo

diminuiu com o aumento da concentração. Finalmente, a Temperatura de Curie (TC) se

mostrou relativamente estável e não foi afetada por evoluções microestruturais durante a

sinterização. Nas amostras dopadas, uma diminuição na TC foi observada com o

aumento da concentração de In e, segundo informaram os autores, isto ocorre devido ao

enfraquecimento das interações de super-troca.

O método de micro-emulsão foi utilizado para sintetizar nanopartículas de YIG

puro e dopado com íons de alumínio (YAlG) por Akhtar e col. [65]. O primeiro estudo

revelou a presença de fases secundárias pertencentes às magnetita (Fe2O3) e perovskita

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(YFeO3). Eles explicaram que o aparecimento de fases secundaria é devida à

preferência dos íons de Al em ocupar os sítios octaédricos ou tetraédricos no YIG, o que

pode ser causado pelo menor raio iônico de Al comparado com o Y e o Fe. O tamanho

de cristalito, o parâmetro de rede e o volume da célula diminuíram com o aumento da

concentração do Al. Este fenômeno foi explicado devido ao fato que os íons de Al não

se encontram localizado nos sítios dodecaédricos preferindo os sítios octaédricos. Outra

razão pode ter sido o menor raio iônico do alumínio (0,56Å) quando comparado com o

Fe (0,67Å). Além disso, o encolhimento da célula unitária foi atribuído à elevada

energia de ligação entre o Al e o oxigênio na rede cristalina. Finalmente, os estudos

magnéticos mostraram mudanças nos valores da Ms para o composto dopado e

diminuição na coercividade (Hc) com o aumento da temperatura, tanto no YIG puro

como no YAlG. A Hc do YAlG foi maior que a do YIG puro, o que se deve à maior

contorno de grão e aos mecanismos pinning. Os autores concluem que o efeito spin

canting e colinearidade são os principais fatores que causam as variações nas

características magnéticas. Também apontaram que a diminuição da Ms é causada pela

redução das interações de super-troca no cristal. Wang e col. [20] sintetizaram pelo

método de sol gel nanopartículas de YIG dopadas com Ca2+ e Zr4+ e estudaram a

evolução da fase e as propriedades magnéticas do composto. O tamanho médio de

partículas calculado pelo uso da formula de Sherrer diminuiu com o aumento da

concentração do dopante, o que foi consistente com os resultados obtidos por

Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET). Os autores relataram que a temperatura

de sinterização necessária para a formação da fase pura de YIG aumenta de 690°C para

1065°C; em temperaturas intermediárias a estes valores foi identificada uma segunda

fase pertencente a YFeO3. Mudanças nos valores de Ms foram observadas nas amostras

sintetizadas a 1080°C. Inicialmente a Ms aumentou até a concentração de dopagem de

0,3%, e em seguida diminuiu. O incremento no valor da Ms foi atribuído a uma

quantidade reduzida de íons de Fe no sítio octaédrico, enquanto a redução da Ms para os

valores acima de 0,3% foi atribuída ao enfraquecimento das interações de super troca,

modificando o ângulo e o comprimento das ligações entre os Fe-O-Fe. Também foram

observadas variações nos valores de Hc que foi relacionado com a desordem estrutural

durante a formação da fase. Quando foram comparadas as propriedades da amostra pura

e dopada em 0,3%, concluíram que a substituição por Ca e Zr não só teve influência na

temperatura de formação, mas também sobre o volume crítico de um único domínio.

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Por outro lado, Rehspringer e col. [66] caracterizaram camadas de YIG dopadas

com bismuto preparadas pelo método sol gel e estudaram a evolução dos padrões de

difração de raios-x com a temperatura. Todas as camadas foram preparadas pelo

processo de spin coating e dip coating. As medições magnéticas mostraram que a taxa

de cristalização assim como o tamanho de grão dependem da temperatura de

recozimento e também estão ligados à presença do óxido de bismuto. De acordo com

esses autores, o resultado principal foi a possibilidade de preparar soluções estáveis pelo

método sol gel, contendo precursores, tais como o bismuto, ítrio e ferro, que conduzem

à fase da granada, após um tratamento térmico a baixa temperatura. Kumar e col. [67]

estudaram propriedades magnéticas em filmes de YIG utilizando deposição por laser

pulsado (PLD). Os filmes foram depositados sobre substratos de granada de gadolínio

gálio (GGG-111) e sobre silício (Si-100). A deposição sobre o substrato de GGG à

temperatura de 750°C mostrou fase de YIG texturizada, enquanto que a deposição sobre

o substrato de silício entre 600 e 750°C mostrou a fase YFeO3 e um pico de YIG (400).

Para a temperatura de 850°C, somente um pico de intensidade muito baixa de YIG foi

observado próximo à posição (820), e (231) para YFeO3. De acordo com os autores, a

ausência de picos de difração de raios-x indicou que os filmes provavelmente são

monocristalinos e a magnetização exibida poderia ser devida a mono-cristalinidade e

mistura das fases de YFeO3 e YIG. Por último, os resultados concluem que as

propriedades magnéticas e estruturais dos filmes depositados por PLD dependem do

substrato sobre o qual são depositados. Shaiboub e col. [68] examinaram o efeito da

sinterização sobre as propriedades estruturais e magnéticas de filmes finos de

Er2,5Y0,5Fe5O12 preparados pelo método sol gel. Os resultados obtidos por difração

raios-x mostraram uma única fase cristalina pertencente à estrutura da granada, com

redução no parâmetro da rede, o que se deve menor raio iônico do Er3+ em comparação

com Y3+. A variação da magnetização de saturação com a temperatura de sinterização

indicou que Ms foi aumentada de 12,70 até 37,40 emu/cc, quando a temperatura

aumentou de 800°C até 900°C. Logo a Ms diminuiu para 17,05 emu/cc quando a

temperatura aumentou para 1000°C, com a variação da espessura dos filmes (525 nm,

316 nm e 433 nm).

Roumie e col. [69] Analisaram o efeito da temperatura de deposição nas

propriedades de filmes finos de YIG depositados sobre um substrato de quartzo pela

técnica magnetron sputtering. Os estudos por difração de raios-X demonstraram que as

camadas obtidas eram amorfas; foi necessária uma sinterização para induzir a

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cristalização dos filmes. Por meio da espectroscopia de retro difusão de Rutherford

(RBS), foi determinado que a composição química dos filmes depende da temperatura,

enquanto a deposição é afetada pela sinterização após a deposição. De acordo com esses

autores, uma comparação entre os resultados de DRX e de RBS apontou a existência de

uma temperatura de deposição ótima de 700°C para a formação de filmes finos de YIG

com alta qualidade cristalina e boa estequiometria. Finalmente, as variações das

propriedades magnéticas dos filmes crescidos a temperaturas mais baixas ou mais altas

que a temperatura ótima poderia ser atribuída a uma perda da estequiometria, a uma

diminuição no tamanho do cristalito e à existência de uma fase Perovskita na estrutura.

Efeitos fotoinduzidos em filmes de YIG sobre substrato de GGG e sintetizados

utilizando o crescimento epitaxial por laser pulsado, foram conseguidos por Plucinski e

col. [70]. Esses autores realizaram estudos experimentais e teóricos das propriedades

espectroscópicas do Y3Fe5O12, com base em cálculos da estrutura de banda, em

combinação com a teoria do campo cristalino convencional. Os cálculos da estrutura

eletrônica e densidade de estado revelaram diferença acentuada entre as densidades dos

estados tetraédricos e octaédrico dos íons de ferro. Finalmente, encontraram mudanças

substanciais na birrefringência e absorção de fótons em diferentes regimes de

tratamento dos filmes nanocristalinos. Lu e col. [71] demonstraram o controle de

relaxação magnética em filmes de YIG através da transferência de spin interfacial

induzido termicamente. No experimento utilizou-se uma estrutura de três camadas,

constituídos por um filme fino de YIG depositado em um substrato de GGG coberto

com uma camada de Platina (Pt) de espessura nanométrica. De acordo com os autores,

como é aplicado um gradiente de temperatura através da espessura da estrutura, existe

um momento angular de transferência de spin através da interface YIG/Pt. A

transferência de spin provoca um torque nos momentos magnéticos do YIG, que pode

aumentar ou diminuir a relaxação no filme de YIG. Sun e col. [72] prepararam filmes

finos de YIG de alta qualidade em uma estrutura sanduíche, que consistia de uma

camada grossa de Cobre (Cu) e duas camadas de revestimento mais finas. Para isto

utilizaram ligas de nitrato de alta entropia (HEAN) que serviam como barreiras para

impedir a difusão de Cu e a oxidação durante a deposição do YIG. As camadas de Cu e

HEAN foram depositadas por sputtering, enquanto os filmes de YIG foram depositados

utilizando deposição por laser pulsado. Os filmes de YIG alcançaram uma espessura

uniforme de várias centenas de nanômetros e uma rugosidade superficial de vários

nanômetros, além de uma orientação (111) com diâmetro de grão de 90 nm. A

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ressonância ferromagnética (FMR) pico a pico mostrou larguras de linhas de 1,1 Oe em

9,45 GHz e cerca de 2,5 Oe em 17.3 GHz.

O efeito Hall de spin inverso (ISHE) em um sistema de espessura nanométrica de

granada de ítrio e ferro/Pt foi estudado por Kelly e col [73]. Filmes finos, da ordem de

(20 nm, 7 nm, 4 nm) de espessura, foram depositados sobre um substrato de GGG por

deposição por laser pulsado. Para os filmes de espessura 20 nm, o coeficiente de

amortecimento Gilbert é de 2,3 x 10-4, representando o menor valor reportado para

filmes de espessura submicrométrica. Por outro lado, conforme esses autores, a

amplitude e a forma linear da tensão (ISHE) correlacionam-se bem com o aumento do

coeficiente de amortecimento Gilbert quando a espessura dos filmes diminui.

Finalmente, apesar do estudo sobre o efeito Hall do spin inverso, não foi possível

detectar nenhuma mudança na dinâmica da magnetização. Manuilov e col. [74]

utilizaram um modelo simples para calcular a anisotropia de superfície em filmes de

YIG. O que leva em consideração a contribuição de íons de Fe3+ na camada superficial

dos filmes e defeitos cristalinos: substituições e vacâncias que podem ser semelhantes

aos íons diamagnéticos em sítios tetraédricos e octaédricos do YIG. De acordo com os

autores, a contribuição diamagnética é introduzida no modelo devido à suposta

semelhança entre a estequiometria cristalina e as substituições em YIG. Esta hipótese

permite uma estimativa simples das possíveis alterações na anisotropia da superfície.

Além disso, a anisotropia dependerá da orientação relativa entre os eixos locais de

simetria e o plano do filme. Os valores da anisotropia da superfície calculados foram de

10-2 erg/cm2 em 295 K para todas as orientações cristalinas. Os autores reconhecem que

o modelo pode ser melhorado desde que as suposições levantadas por eles sejam

discutidas em mais detalhe.

Öztürk e col. [75] investigaram as propriedades estruturais e magnéticas de filmes

de YIG dopados com Cério (Ce) e preparados pelo método sol gel, utilizando substrato

de (Si 111) e sílica fundida. A técnica de dip coating foi utilizada para o revestimento

dos filmes. As imagens microestruturais mostraram boa qualidade dos filmes, apesar de

se encontrar pequenas microfissuras superficiais. Além disso, foram observadas duas

dinâmicas de cristalização diferentes para ambos os substratos. A fase de YIG foi obtida

a 800°C com o valor mais elevado da magnetização (83 kA/m) em todas as amostras

depositadas sobre substratos de sílica fundida. A fase de Fe2O3 foi obtida a temperaturas

de recozimento mais elevadas. Para o Si foi observada uma forte interação substrato-

camada. Além disso, a elevada temperatura de sinterização conduziu a uma interação

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substrato-filme, levando a um aumento da cristalização e a um aumento da

magnetização. Finalmente, todos os filmes obtidos mostraram uma forte anisotropia no

plano, o que é adequado para guias de onda e alguns dispositivos magnéticos.

Propriedades magnéticas e ópticas em filmes de YIG dopado com Ce utilizando o

método sol gel também foram estudados por Ibrahim e col. [76]. A análise

microestrutural revelou a formação de fase única correspondente ao YIG, enquanto o

parâmetro de rede e o tamanho de cristalito aumentou com o incremento da

concentração de Ce. Também observaram que o aumento da espessura do filme e a

rugosidade superficial variam com o incremento do teor de Ce. Os estudos ópticos

mostraram que os filmes apresentam uma alta transparência óptica (acima de 80%) na

região do ultravioleta. A partir do estudo magnético, observou-se que o Ce reduz a

magnetização de saturação dos filmes até um determinado valor de dopagem, e em

seguida a Ms aumentava. Segundo os autores, os filmes com concentrações de Ce

abaixo de 0,25% apresentam excelentes propriedades como alta cristalização, estrutura

homogênea e elevada transparência óptica. Com respeito às melhoras nas propriedades,

os autores concluem que os filmes são muito promissores para serem utilizados em

dispositivos magneto-ópticos. Em outro estudo, Ibrahim e col. [77] analisaram o efeito

de Ce sobre a estrutura, morfologia da superfície e as propriedades magnéticas de filmes

finos de YIG dopados com disprósio (Dy) e sintetizados pelo método sol gel. Similar ao

trabalho anterior, os estudos por difração de raios-X mostraram a formação de fase

única pertencente a granada de ítrio e ferro, enquanto o parâmetro de rede aumentava

com o incremento da concentração de Ce até 0,25%. Para dopagem acima de 0,3% o

parâmetro de rede diminuiu. As imagens de MEV mostraram tamanho médio de grão

entre 11nm e 14 nm e a espessura dos filmes aumenta com o incremento do conteúdo de

Ce. Medidas magnéticas revelaram que para x = 0 (amostra pura) o filme apresentou o

maior valor de Ms. Com o incremento do conteúdo de Ce, Ms diminuiu produto da

substituição dos íons de Ce e de Dy no sítio dodecaédrico. Os valores de Hc dos filmes

com x ≤ 0,25 foram aumentados entre 30 Oe e 110 Oe. Finalmente, os autores

afirmaram que o filme para x = 0,25 apresentou alta cristalinidade e um forte campo

coercitivo com tamanho de grão de 14 nm. Resultados bem similares aos de Ibrahim e

col. foram obtidos por Aldbea e col.[78] quando analisaram o efeito da adição de Al nas

propriedades estruturais, ópticas, elétricas e magnéticas de filmes de YIG dopados com

Térbio (Tb). A adição de Al no YIG dopado com Tb melhorou as propriedades dos

filmes, permitindo a utilização em dispositivos magneto-ópticos e sensores magnéticos.

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Com base nas propriedades elétricas, a dopagem com Al mudou as características dos

filmes, de um material isolante para um semicondutor com potencial em aplicações

elétricas. Por outro lado, o efeito da pré-cristalização sobre as propriedades magneto-

ópticas de filmes de YIG dopado com Bi, foi analisado por Galstyan e col.[79] Eles

utilizaram o método de decomposição metal-orgânico e mostraram que os filmes

fabricados com um processo de pré-cristalização apresentaram apropriadas propriedades

magneto-ópticas, alta cristalinidade elevada magnetização de saturação, assim como um

ângulo de rotação de Faraday muito maior que no caso das amostras que foram

realizadas sem o processo de pré-cristalização. Todos os filmes tinham anisotropia

magnética paralela ao plano do filme. Finalmente, os autores sugeriram que o processo

de pré-cristalização melhora os efeitos de superfície na cristalização dos filmes.

Em resumo, são múltiplas as propriedades encontradas na granada de ítrio e ferro.

Uma das grandes vantagens do YIG é a facilidade que tem de aceitar novas

substituições (sejam íons magnéticos ou não magnéticos) em qualquer das suas

posições, mantendo a mesma estrutura. A criação de novos materiais com novas

propriedades e fenômenos relevantes, continua sendo um grande desafio para

comunidade cientifica.

§ 2.6. Princípios básicos do método sol gel. Deposição por spin coating.

O método sol gel teve seu inicio na metade do século XIX [38]. É uma técnica a

baixa temperatura com precursores químicos que podem ajudar a produzir cerâmicas e

vidros com uma pureza e homogeneidade equivalentes aos processos convencionais a

alta temperatura. Este processo é bem utilizado na fabricação de uma grande quantidade

de compostos (principalmente óxidos) com várias morfologias, incluindo pós, fibras,

filmes finos e membranas porosas.

Em geral, o sol gel é um processo químico utilizado para a síntese de uma

suspensão coloidal de partículas sólidas em um líquido (sol) e a formação de um

material de fase dupla de um corpo sólido ocupado com um solvente (gel úmido). Este

gel é uma rede sólida ocupada com uma segunda fase de características coloidais,

líquido ou gás, que também forma uma rede tridimensional interconectada. Quando o

solvente é removido, o gel se úmido converte em um xerogel, através de secagem à

pressão ambiente, ou em um aerogel, por uma secagem acima de uma pressão crítica e

uma temperatura crítica [38]. Os precursores, compostos iniciadores que consistem de

um metal ou um elemento metalóide rodeado por várias ligações, incluindo sais

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inorgânicos ou compostos orgânicos, passam por duas reações químicas na preparação

do sol: hidrólise e condensação ou polimerização, tipicamente com um ácido ou uma

base como catalisadores, para formar pequenas partículas sólidas ou ‘cluster’ em um

líquido (ou orgânico ou solvente aquoso). As partículas sólidas são tão pequenas (1 nm

a 1000 nm), que as interações são dominadas por forças de curto alcance, tais como

atrações de Van de Waals e cargas superficiais [38]. Na Figura 2.7 é mostrado um

esquema geral do processamento sol gel, onde se pode apreciar que a partir da

suspensão coloidal (sol) podem ser obtidas partículas, filmes, fibras, cerâmicas densas e

aerogéis.

Figura 2.7. Processo típico de sol gel. Pode-se apreciar que a partir da suspensão coloidal

(sol) podem ser obtidas partículas, filmes, fibras, cerâmicas densas e aerogéis.

Por outro lado, uma das mais conhecidas reações de transição do estado sol para o

gel é aquela que utiliza um organometálico hidrolisável, chamado metal alcóxido,

M(OR) (OR é um grupo alcóxido). Ao entrar em contato com a água este composto

sofre uma hidrólise (equação 2.1) capaz de provocar reações de adição (equação 2.2)

gerando estruturas mais complexas (condensação) que podem levar à formação de

polímeros. Inicia-se com adição da água que solvata o metal alcóxido, o metal realiza

ligações com a hidroxila liberando um hidrogênio para a formação de um álcool. Este

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metal alcóxido logo em seguida se liga a outro através de uma ponte de oxigênio,

liberando um hidrogênio. No sol, procura-se ligar a uma hidroxila e formar a água, que

então volta a reagir com outro metal alcóxido. As pontes e o número de ligações do

metal alcóxido dependem do metal e do grupo alcóxido [60].

�(��)� + ��� �� �(��)��� + �(��) 2.1

(��)��� �– �� + (��)��� (��)���� � – �(��)��� + ��� 2.2

Uma das dificuldades recorrentes do processo é a escolha dos reagentes, pois o sol

tem que apresentar uma baixa cinética, pois sendo estável, facilita a formação de

camadas na fabricação de filmes finos. Se o sol apresentar uma cinética muito lenta

pode haver o comprometimento na formação do gel. O processo de agregação das

espécies contidas no sol dependerá de vários fatores químicos e físicos, tais como: pH

do sol, concentração dos reagentes, eletronegatividade do(s) metal(is) envolvido(s),

temperatura, solvente envolvido, entre outras características. O controle desses

parâmetros leva o sol ao ponto gel. Nesta etapa do processo as últimas ligações são

realizadas na formação das macromoléculas [60].

O aspecto mais importante do método sol gel é que o sol ou solução apresenta

características ideais para a preparação de filmes finos por técnicas bastante comuns,

como por exemplo, spin coating, dip coating, drain coating e spray coating.

Comparado com os processos convencionais como o CVD, evaporação, ou sputtering, a

formação de filmes finos pelo método sol gel apresenta um baixo custo e se utiliza um

número reduzido de equipamentos. No entanto, a vantagem mais importante do método

sol gel, quando comparado com outros métodos, é a possibilidade de controlar

precisamente a microestrutura do filme depositado, através do método de deposição, do

tratamento térmico adequado e do processo químico de preparação do sol [61].

A deposição por spin coating é o método mais utilizado na preparação de filmes

finos uniformes em substratos lisos. Uma gota da solução do sol gel é colocada sobre o

substrato e, em seguida, girada em alta velocidade com o fim de espalhar o líquido

sobre a superfície do substrato por meio da força centrífuga [61]. Os solventes

utilizados nas soluções precursoras são tipicamente voláteis, com o objetivo de garantir

sua fácil evaporação e a formação de uma camada homogênea. A espessura final dos

filmes finos preparados utilizando este método depende da viscosidade da solução, da

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densidade do gel, e da velocidade e tempo de rotação utilizado durante o processo de

deposição.

Figura 2.8. Formação das ligações químicas entre o substrato e o filme.

O método de spin coating tem vantagens sobre outros métodos de deposição, por

exemplo: rápida produção e processamento, a necessidade de uma pequena quantidade

de líquido para a preparação de uma área relativamente grande do substrato, fácil

operação do sistema de deposição, entre outros. Este método é usado principalmente na

microeletrônica e no campo da investigação. No entanto, a dependência do processo

com a forma e tamanho do substrato limita muito suas aplicações [60, 61]. Finalmente,

a formação de filmes com boa aderência ao substrato é dada por ligações do tipo M´-O-

M (onde M´ é o metal presente no substrato e M o metal presente no gel) como se

mostra na Figura 2.8.

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3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E TÉCNICAS DE

CARACTERIZAÇÃO

§ 3.1. Introdução.

Em todas as pesquisas na área de Ciência dos Materiais estão presentes os

seguintes passos: i) A preparação, obtenção ou aquisição do material de estudo por

qualquer dos métodos estabelecidos. ii) A caracterização físico-química que garante a

qualidade do método utilizado na obtenção do material. iii) Determinação das

propriedades físicas específicas que definem as aplicações tecnológicas.

O presente capítulo tem como objetivo descrever os principais métodos e técnicas

experimentais utilizados neste trabalho e suas características experimentais. É descrito o

método sol gel para a obtenção das nanopartículas de YIG puro e dopado com íons de

Zn. Também se apresenta o método sol gel para a síntese de filmes finos. Apresenta-se

ainda a técnica de termogravimétrica e calorimetria diferencial de varredura, como

ferramenta fundamental na análise dos compostos. Na seção 3.6, é descrita de forma

sucinta a técnica de difração de raios-X usada para a caracterização das amostras. Neste

tipo de caracterização, pode-se obter a estrutura das fases e determinar a presença de

impurezas e o tamanho médio de cristalito em cada fase presente. Na seção 3.7 e 3.8, se

dão a conhecer as principais características das técnicas de microscopia eletrônica de

varredura e microscopia eletrônica de transmissão, respectivamente, assim como a

importância de terem sido utilizadas em nosso trabalho. Na seção 3.9 se apresenta a

espectroscopia Raman, e se descrevem os princípios físicos e vantagem sobre outras

técnicas de caracterização. Também se informa a importância desta técnica na

caracterização de nosso composto. Na seção 3.10, é descrita a técnica de Magnetometria

da Amostra Vibrante, que foi utilizada para a caracterização magnética na região de

temperaturas entre 50 e 300 K. Foram obtidas curvas de histerese, que permitiram

determinar parâmetros importantes como magnetização de saturação e campo

coercitivo. Finalmente, na seção 3.11 se expõem os princípios físicos da ressonância

ferromagnética, como uma das mais poderosas e consolidadas técnicas para o estudo de

propriedades magnéticas de filmes finos.

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§ 3.2. Síntese do composto Y3(Fe1-xZnx)5O12 através do método de sol gel.

Para a preparação das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12 com diferentes concentrações

(x = 0; 0,01; 0,03 e 0,05, nomeadas como Zn0, Zn1, Zn3 e Zn5) quantidades

estequiométricas de nitrato de ítrio hexahidratado, [Y(NO3)3.6H2O; 99,95% de pureza]

(Sigma-Aldrich), nitrato de ferro nonahydratado [Fe(NO3)3.9H2O; 98% de pureza]

(Sigma-Aldrich), nitrato de zinco hexahidratado [Zn(NO3)2.6H2O] (Sigma-Aldrich) e

ácido cítrico anidro [C6H8O7; 99,5% de pureza] (Sigma-Aldrich) foram utilizados como

matérias-primas.

Na Figura 3.1 é apresentado um fluxograma das etapas de síntese do material

bem como de todos os procedimentos desenvolvidos durante o tratamento térmico.

Inicialmente, os nitratos de Y(NO3)3 e Fe(NO3)3 foram dissolvidos em 25 ml de água

destilada. Por outro lado, o nitrato de Zn(NO3)2 e 0,1M de ácido cítrico foram

dissolvidos em 25 ml de água destilada. Depois de 3 horas sob agitação, a solução foi

agregada gradualmente à mistura de Y-Fe. O valor do pH foi mantido constante em 2

pela adição de hidróxido de amônia (NH4OH), devido ao fato de que este valor é crítico

para o controle da homogeneidade química das partículas. Segundo os trabalhos de

Vaqueiro e col. [80, 81] o controle do pH tem um papel fundamental na obtenção de

materiais pelo método sol-gel. Valores muito elevados de pH, quando são preparados

géis com ácido cítrico, não são adequados, já que é muito provável que ocorra a

precipitação da solução.

A solução misturada foi aquecida a 70° C com agitação contínua durante 7 horas,

com a finalidade de obter o gel. Após esta etapa, o material foi mantido em repouso

durante 24 horas à temperatura ambiente de 22°C. Um tratamento térmico até 150°C

por 36 horas com uma rampa de 0,5°C/min foi realizado para a secagem do gel. Estudos

feitos por análise termogravimétrica (TG) e calorimetria de varredura diferencial (DSC)

permitiram definir as temperaturas para a sinterização das amostras. Primeiro, o gel seco

de cada composição foi separado em diferentes quantidades, e em seguida, um

tratamento térmico foi realizado de forma independente. O estudo começou com

aquecimento até a temperatura de 350°C com uma rampa de 1°C/min que foi mantida

durante 30 min. Este tratamento se realizou com o objetivo de queimar os compostos

orgânicos presentes em nossas amostras devido à utilização dos nitratos e do ácido

cítrico. A primeira família de amostras foi sinterizada a 900°C, a segunda a 1000°C e a

terceira a 1100°C, a rampa utilizada em todas as amostras foi de 1°C/min e o tempo de

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patamar foi de 2 horas até obter um pó cristalino de cor verde-amarelo. Finalmente, um

resfriamento lento até 22°C realizou-se com uma rampa de 1°C/min.

Figura 3.1. Representação esquemática do processo de síntese do composto Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x

= 0; 0,01; 0,03 e 0,05). Três famílias de amostras foram preparadas a partir dos resultados

obtidos mediante as curvas de TG-DSC.

§3.3. Processo de síntese para obter os filmes de YIG sobre substratos de GGG e

Silício (100).

Para a fabricação dos filmes de Y3Fe5O12, o sol precursor foi preparado pelo

método sol-gel, usando reagentes de alta qualidade comprados da Sigma Aldrich,

Brasil. Nitrato de ítrio hexahidratado [Y(NO3)3.6H2O; 99,95% de pureza] e Nitrato de

ferro (III) nonahidratado [Fe(NO3)3.9H2O; 98% de pureza] foram usados como matérias

primas e álcool isopropílico (C3H8O; 99,5% de pureza) foi utilizado como solvente da

solução. Soluções precursoras de nitrato de ferro e nitrato de ítrio foram misturadas e

dissolvidas em álcool isopropílico, seguido de agitação magnética por um período de 1

hora. O álcool isopropílico é muito utilizado para a fabricação de filmes finos mediante

a síntese por sol gel. Isto é devido à sua grande contribuição para molhar a superfície do

substrato. A síntese foi preparada para uma concentração de 2 mol/L em 10 ml. Logo,

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uma quantidade adequada de hidróxido de amônia (NH4OH) foi colocada na solução

para controlar o pH até um valor de 7. O sol resultante apresentou uma textura densa e

de cor vermelho escuro.

Nossos filmes, crescidos sobre os substratos de GGG e Si, se fabricaram mediante

a deposição em série de varias gotas, utilizando para isto um spin coater automático da

marca “SCS”, modelo “P 6204-A”. Cada uma das gotas foi depositada a uma

velocidade de giro de 3500 rpm, durante 30 segundos, e após cada gota espalhada sobre

o substrato, foi seca a 100°C por 1 min e pre-sinterizada a 400 °C durante 10 min com o

objetivo de eliminar os componentes orgânicos. Três filmes foram fabricados da

seguinte forma: i) 3 gotas sobre substrato de GGG, ii) 6 gotas sobre substrato de GGG,

iii) 2 gotas sobre substrato de Si (100). Finalmente, as amostras foram submetidas a um

processo final de sinterização, utilizando uma rampa de 1°C/min até alcançar a

temperatura de 850°C.

§ 3.4. Modificação de parâmetros na síntese por sol gel.

Uma nova síntese pelo método sol gel foi realizada com o objetivo de conseguir

filmes de maior qualidade. Neste caso, utilizamos o 2-methoxyethanol como solvente da

solução (C3H8O2; 99,8% de pureza). Na Figura 3.2 se mostra um fluxograma do

processo utilizado na síntese modificada. Inicialmente, quantidades estequiométricas de

Fe(NO3)3.9H2O e Y(NO3)3.6H2O foram dissolvidos em 5 ml de 2-methoxyethanol,

mantendo a razão molar 5:3, ferro - ítrio. Os cálculos se realizaram para obter uma

solução de concentração igual a 0,02 mol/L. A solução foi mantida em agitação

constante, durante 3 horas; e logo uma pequena quantidade de dietilamina [(C2H5)2NH;

99% de pureza] adicionou-se na solução, enquanto o valor de pH foi ajustado entre de

2-3. Seguido deste processo, o sol precursor foi mantido em agitação por um período de

3 horas, e depois deixado em repouso por 24 horas à temperatura de 22°C.

O substrato de Silício (100) utilizado foi lavado da seguinte forma: inicialmente,

foi colocado em um Becker de vidro contendo 10 ml de água deionizada e foi colocado

durante 15 min num equipamento de ultrassom; seguido, um procedimento similar foi

realizado em álcool isopropílico e acetona. Finalmente o substrato foi seco com jato de

N2.

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Figura 3.2. Fluxograma da síntese modificada. Neste processo, foi utilizado o 2-

methoxyethanol como solvente da solução, enquanto o valor de pH foi mantido entre 2-3

usando uma pequena quantidade de Dietilamina.

A Figura 3.3 mostra um esquema do procedimento de deposição do sol a partir da

síntese modificada. O sol precursor foi transformado em filme, depositando uma

pequena quantidade sobre o substrato de Si (100) previamente limpo, de acordo com o

procedimento descrito no parágrafo anterior, e usando a técnica de spin coating. A

velocidade de giro utilizada foi de 3000 rpm durante 30 segundos. Logo o filme foi

aquecido a 90°C por 2 horas para remover os solventes residuais, sendo a rampa de

aquecimento de 0,1°C/min. Em seguida, o tratamento térmico foi realizado:

aquecimento inicial até 350°C por 30 min (rampa 0,1°C/min), para queimar o material

orgânico presente nos compostos, seguido de aquecimento até 900°C por 2 horas

(rampa 0,1°C/min) até a cristalização. Finalmente um resfriamento até a temperatura de

25°C realizou-se em uma rampa de 0,1°C/min.

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55

Figura 3.3. Esquema do processo de preparação do filme fino através do método de “spin

coating”. A cristalização do filme se conseguiu utilizando uma rampa lenta (0,1°C/mim) até a

temperatura de 900°C.

§ 3.5. Termogravimetria (TG) e calorimetria diferencial de varredura (DSC).

As análises térmicas são um grupo de técnicas nas quais uma propriedade física de

uma substância e/ou seus produtos de reação é medida como função da temperatura,

enquanto a substância é submetida a uma variação controlada de temperatura. Para que

uma técnica térmica possa ser considerada termoanalítica, três critérios devem ser

satisfeitos: i) Uma propriedade física tem que ser medida, ii) A medida deve ser

expressa (direta ou indiretamente) como função da temperatura, iii) A medida tem que

ser feita sob um programa controlado de temperatura. As técnicas térmicas mais

difundidas e utilizadas são: Análise Termogravimétrica (TG), Termogravimetría

Diferencial (DTG), Análise Térmica Diferencial (DTA) e Calorimetria Diferencial de

Varredura (DSC) [82 - 85].

A TG é a técnica em que a variação de massa da amostra é determinada como

uma função da temperatura ou do tempo de aquecimento. Os métodos

termogravimétricos podem ser classificados como: dinâmico (ou não isotérmico), em

que a perda de massa é registrada continuamente à medida que a temperatura aumenta a

uma razão constante ou linear; isotérmico, quando a variação de massa da amostra é

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registrada em função do tempo, mantendo-se a temperatura constante; e quase

isotérmico, a temperatura é mantida constante a partir do momento em que a amostra

começa a perder massa até que a massa se estabilize, mas quando isto ocorre, o

aquecimento é retomado, este procedimento pode-se repetir em cada etapa da

decomposição térmica [82 - 85]. Esta técnica possui grande dependência das condições

experimentais como, por exemplo, taxa de aquecimento, atmosfera do forno empregado

durante o aquecimento e o equipamento usado nas análises. O controle do parâmetro da

taxa de aquecimento é muito importante, uma vez que taxas de aquecimento muito altas

podem ocultar reações intermediárias, que poderiam ser notadas em uma taxa de

aquecimento mais baixa, além de desviar a temperatura de ocorrência de um evento para

temperaturas superiores. Assim, o mais recomendável é usar taxas de aquecimento

adequadas a cada situação. A atmosfera do forno é caracterizada pela passagem

contínua de um gás dentro do forno onde acontece o aquecimento, com o objetivo de

retirar do meio gases oriundos da própria amostra. Alguns gases usados para isso são:

Ar, Cl2, CO2, H2, N2, O2, SO2 [82 - 85].

Por outro lado, a Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) é uma técnica na

qual se mede a diferença de energia fornecida à substância e a um material de

referência, termicamente inerte, em função da temperatura, enquanto a substância e o

material de referência são submetidos a uma programação controlada de temperatura. A

DSC é uma técnica derivada da DTA, sendo consideradas complementares, já que

permitem avaliar as variações de entalpias que ocorrem a uma dada substância durante

um processo de aquecimento ou resfriamento. De acordo com o método de medição

utilizado, há duas modalidades: calorimetria de varredura diferencial com compensação

de potência e calorimetria de varredura diferencial com fluxo de calor.

Na DSC com fluxo de calor, a amostra e a referência são colocadas em cápsulas

idênticas e postas em um disco termoelétrico e são aquecidas por uma mesma fonte de

calor. A transferência de calor que ocorre do disco para as cápsulas é controlada por

meio de termopares conectados ao disco. Em um dado momento, a variação da

temperatura é proporcional à variação da entalpia, à capacidade calorífica e à resistência

térmica total ao fluxo calórico. No caso da DSC de compensação de potência um

calorímetro mede diretamente a energia envolvida nos eventos térmicos e a amostra e a

referência sofrem resfriamento ou aquecimento em fornos idênticos, mas separados, em

condições sempre isotérmicas. Quando a amostra sofre alteração na temperatura (evento

endotérmico ou exotérmico), os termopares detectam esta diferença entre ela e a

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referência e o equipamento automaticamente modifica a potência de entrada de um dos

fornos para igualar as temperaturas. Quando uma amostra sofre algum tipo de mudança

de estado físico ou químico, ocorre a liberação ou absorção de calor. A DSC mede as

variações de energia térmica para manter em equilíbrio as temperaturas da amostra e do

material de referencia [82 - 85].

Finalmente, o equipamento usado para análises deste trabalho foi um Analisador

Térmico Simultâneo, modelo STA 449 F3 de marca JUPITER/ NETZSCH instalado no

Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE). A atmosfera do forno

utilizada foi um fluxo de Nitrogênio 99,99%, com taxa de aquecimento em de

10°C/min, desde 40 °C até a temperatura máxima de 1200°C.

§ 3.6. Difração de raios-X (DRX).

A difratometria de raios-X é uma das principais técnicas de caracterização

microestrutural de materiais cristalinos, encontrando aplicações em diversos campos do

conhecimento, mais particularmente na engenharia e ciências de materiais, e nas

engenharias metalúrgica, química e de minas.

Os raios-X ao atingirem um material podem ser espalhados elasticamente, sem

perda de energia, pelos elétrons de um átomo (dispersão ou espalhamento coerente).

Após a colisão com o elétron, o fóton de raios-X muda sua trajetória, mantendo, porém,

a mesma fase e energia do fóton incidente. Sob o ponto de vista da física ondulatória,

pode-se dizer que a onda eletromagnética é instantaneamente absorvida pelo elétron e

reemitida; cada elétron atua, portanto, como centro de emissão de raios-X. Se os átomos

que geram este espalhamento estiverem arranjados de maneira sistemática, como em

uma estrutura cristalina, apresentando distâncias próximas à do comprimento de onda da

radiação incidente, pode-se verificar que as relações de fase entre os espalhamentos

tornam-se periódicas e efeitos de interferência dos raios-X podem ser observados em

vários ângulos [86 - 88].

Considerando-se dois ou mais planos de uma estrutura, as condições para que

ocorra a difração de raios-X (interferência construtiva ou numa mesma fase) vão

depender da diferença de caminho percorrida pelos raios-X e o comprimento de onda da

radiação incidente [86, 88]. Esta condição é expressa pela lei de Bragg (Figura 3.4),

que demonstrou que a difração de raios-X obedece à expressão:

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dsenn 2

Nesta expressão, λ corresponde ao comprimento de onda da radia

‘‘n’’a um número inteiro (ordem de difração), ‘‘

conjunto de planos hkl (índice de Miller) da estrutura e

raios-X (medido entre o feixe incidente e os planos cristalinos). A intensidade difratada,

dentre outros fatores, é dependente do número de elétrons no átomo; adicionalmente, os

átomos são distribuídos no espaço, de tal forma que os vários planos de uma estrutura

cristalina possuem diferentes densidades de átomos ou elétrons, fazendo com que as

intensidades difratadas sejam por consequ

88].

Figura 3.4. Esquema da difração de raios

Por outro lado, através dos espectros de difração de raios

possível a determinação da estrutura cristalina e análise quantitativa de fases em u

material utilizando o método

espectro de difração de raios-X

estruturas (parâmetros cristalográficos) das fases

basicamente em se obter um padrão de difração representado por expressões analíticas e

ajustá-lo ao padrão medido, pelo método de mínimos quadrados.

refinamento de um difratograma de uma estrutura regular, o que

unitária, estrutura cristalina, análise de microestrutura, análise quantitativa de fases e

determinação de orientação [89

um padrão de difração por modelos matemáticos, eliminando a necessidade de

58

3.1

λ corresponde ao comprimento de onda da radiação incidente,

’’a um número inteiro (ordem de difração), ‘‘d’’ à distância interplanar para o

(índice de Miller) da estrutura e θ o ângulo de incidência dos

(medido entre o feixe incidente e os planos cristalinos). A intensidade difratada,

dentre outros fatores, é dependente do número de elétrons no átomo; adicionalmente, os

tribuídos no espaço, de tal forma que os vários planos de uma estrutura

cristalina possuem diferentes densidades de átomos ou elétrons, fazendo com que as

es difratadas sejam por consequência, distintas para os diversos planos [86

Esquema da difração de raios-X em um cristal.

através dos espectros de difração de raios-X ou de nêutrons é

determinação da estrutura cristalina e análise quantitativa de fases em u

material utilizando o método Rietveld. Este método é baseado na comparação do

X obtido com um espectro calculado a partir dos dados de

estruturas (parâmetros cristalográficos) das fases conhecidas [89]. O método consiste

obter um padrão de difração representado por expressões analíticas e

lo ao padrão medido, pelo método de mínimos quadrados. Ele permite realizar

refinamento de um difratograma de uma estrutura regular, o que possibilita obter: célula

tura cristalina, análise de microestrutura, análise quantitativa de fases e

89]. Uma importante vantagem do método é a obtenção de

um padrão de difração por modelos matemáticos, eliminando a necessidade de

ção incidente,

’’ à distância interplanar para o

o ângulo de incidência dos

(medido entre o feixe incidente e os planos cristalinos). A intensidade difratada,

dentre outros fatores, é dependente do número de elétrons no átomo; adicionalmente, os

tribuídos no espaço, de tal forma que os vários planos de uma estrutura

cristalina possuem diferentes densidades de átomos ou elétrons, fazendo com que as

distintas para os diversos planos [86 -

ou de nêutrons é

determinação da estrutura cristalina e análise quantitativa de fases em um

veld. Este método é baseado na comparação do

obtido com um espectro calculado a partir dos dados de

]. O método consiste

obter um padrão de difração representado por expressões analíticas e

ermite realizar

obter: célula

tura cristalina, análise de microestrutura, análise quantitativa de fases e

]. Uma importante vantagem do método é a obtenção de

um padrão de difração por modelos matemáticos, eliminando a necessidade de

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preparação de amostras padrão para comparação das intensidades dos picos. A

introdução de modelos matemáticos ajuda também à correção de efeitos de aberrações

sistemáticas provenientes da estrutura da amostra e da geometria do difratômetro de

raios-X. A convergência do refinamento é verificada através de indicadores estatísticos

numéricos que são utilizados durante o processo de cálculo. Esses indicadores são os

valores de Rp, Rwp, Rexp, RBragg e o χ2 (qualidade do ajuste).

As nossas medidas de difração foram realizadas num difratômetro de raios-X

marca Bruker, modelo D8 Advance, radiação de Cu K(alfa) e filtro de níquel instalado

no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE). Para o caso específico

dos pós, foi utilizado um intervalo de varredura 2θ entre 10 e 80 graus com passo de

0.03 graus e taxa de aquisição de 1 segundo. A técnica de difração de baixo ângulo foi

aplicada para a caracterização dos filmes de YIG. Foi adotado, um intervalo de

varredura entre 10° e 80° graus, com passo de 0,03 graus e taxa de aquisição de 10

segundos. Com o objetivo de identificar e quantificar as fases presentes em todas as

amostras se realizou o refinamento pelo método de Rietveld. Os dados iniciais dos

parâmetros de rede e das posições atômicas (x, y, z) foram retirados do banco de dados

COD (Crystallography Open Database). A partir desses parâmetros usados como

referencial, realizou-se o refinamento para obter o perfil do difratograma calculado. O

programa utilizado para o refinamento foi o X-pert High Score Plus versão 3.0, Powder

Diffraction File PDF2-2011.

§ 3.7. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).

O microscópio eletrônico de varredura (conhecido pela sua sigla em inglês SEM,

Scanning Electron Microscope) permite obter imagens topográficas de alta resolução,

em escala nanomêtrica, a partir de elétrons secundários gerados após a interação entre

um feixe de elétrons e a amostra [90]. Essa interação conduz a vários processos, entre os

quais se encontram a emissão de elétrons Auger, elétrons retroespalhados, elétrons

secundários, raios-X característicos, entre outros. Destas interações, as de maior

interesse são as que originam elétrons secundários e elétrons retroespalhados. Os

elétrons secundários são sensíveis à topografia da amostra, porque são originados de sua

superfície e porque o detector é colocado formando um ângulo com o feixe original. Os

elétrons retroespalhados podem ser utilizados tanto para estudar topografia como para

estudar diferença de composição de uma região para outra. Estudos de topografia são

pouco utilizados com este sinal, já que para gerar sinais fortes é preciso acelerar o feixe

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de elétrons incidentes com alta tensão; desta forma, o volume de interação aumenta e

compromete a resolução espacial. Estudos de composição são mais comuns com este

tipo de sinal, já que elétrons retroespalhados são sensíveis ao raio atômico médio da

região atingida pelo feixe. Sendo assim, um filme sobre um substrato de número

atômico muito diferente geraria um sinal evidente da interface filme/substrato.

Por outro lado, o MEV tem seu potencial ainda mais desenvolvido com a

adaptação de detectores de raios-X, o que permitem a realização de análise química na

amostra. Através da captação pelos detectores e da análise dos raios-X característicos

emitidos pela amostra, resultado da interação dos elétrons primários com a superfície, é

possível obter informações qualitativas e quantitativas da composição da amostra na

região submicrométrica de incidência do feixe de elétrons. Este procedimento facilita a

identificação de precipitados e mesmo de variações de composição química dentro de

um grão. Atualmente quase todos os MEV são equipados com detectores de raios-X,

sendo que, devido à confiabilidade e principalmente à facilidade de operação, a grande

maioria faz uso do detector de energia dispersiva (EDS) [91 - 93].

A EDS é um acessório essencial no estudo de caracterização microscópica de

materiais metálicos e cerâmicos. Por EDS podem ser caracterizados elementos com

número atômico superior a 11. Quando o feixe de elétrons incide sobre um mineral, os

elétrons mais externos dos átomos e os íons constituintes são excitados, mudando de

níveis energéticos. Ao retornarem para sua posição inicial, liberam a energia adquirida,

a qual é emitida em comprimento de onda no espectro de raios-X. Um detector instalado

na câmara de vácuo do MEV mede a energia associada a esse elétron. Como os elétrons

de um determinado átomo possuem energias distintas, é possível determinar quais são

os elementos químicos que estão presentes no ponto de incidência do feixe, e assim

identificar em instantes qual mineral está sendo observado. O diâmetro reduzido do

feixe permite a determinação da composição mineral em amostras de tamanhos muito

reduzidos (< 5 µm), permitindo uma análise quase que pontual. O uso em conjunto da

EDS com o MEV é de grande importância na caracterização de materiais. Enquanto o

MEV proporciona imagens nítidas de um material, a EDS permite sua imediata

identificação. Além da identificação mineral, o equipamento ainda permite o

mapeamento da distribuição de elementos químicos por minerais, gerando mapas

composicionais de elementos selecionados [91 - 93].

Finalmente, as imagens de MEV apresentadas neste trabalho para o pó de YIG

puro e dopado com íons de Zn, foram obtidas no Centro de Tecnologias Estratégicas do

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Nordeste (CETENE), usando um microscópio eletrônico de varredura modelo Quanta

FEG 20, FEI Company. Imagens relacionadas aos filmes finos foram adquiridas na

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) usando um microscópio eletrônico de

varredura modelo JEOL-JSM5900. De forma geral, esta técnica foi de muita

importância em nosso trabalho por nos permitir observar a morfologia das partículas e

superfície dos filmes, o que por sua vez, ajudou na hora de discutir alguns dos

fenômenos observados nas caracterizações realizadas.

§ 3.8. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET).

A microscopia eletrônica de transmissão é uma ferramenta fundamental na

caracterização de materiais. Permite não só visualizar a morfologia como também ajuda

a identificar defeitos, estrutura cristalina, relações de orientação entre fases, entre

outros. Acoplado com as técnicas espectroscópicas de dispersão de energia

característica de raios-X (EDX) e de perda de energia de elétrons (EELS), o MET se

converte num instrumento poderoso para análise química, qualitativa e quantitativa,

com alta resolução espacial [94, 95].

O fundamento do MET consiste na geração de um feixe de elétrons, o qual é

transmitido através de uma amostra suficientemente fina (transparente ao feixe). Os

feixes resultantes da interação com a amostra, combinados através da lente objetiva vão

trazer informação interna do material analisado como morfologia, estrutura cristalina,

defeitos etc. Além disto, usando detectores especiais, os sinais gerados pela interação do

feixe com a amostra podem ser coletados para se obter, por exemplo, informação

composicional. O instrumento usa elétrons como fonte de iluminação devido a seu

pequeno comprimento de onda, que é inversamente proporcional à energia do feixe

incidente na amostra, permitindo observar estruturas com resolução inclusive na escala

atômica. No entanto, a resolução teórica se vê afetada pelos diferentes tipos de

aberrações (esférica, cromática, astigmatismo, entre outras). O MET é constituído

basicamente por um sistema de iluminação, uma coluna que contém o sistema de lentes,

um sistema de aquisição de informação, o porta-amostra, assim como detectores

externos (EDS, EELS, etc.). O sistema de iluminação é encarregado de gerar o feixe de

elétrons. As principais fontes de emissão de elétrons utilizadas são de emissão

termiônica (filamento tungstênio e LaB6) e de emissão de campo (FEG). Este último,

pelas suas características de alto brilho e coerência, é desejado quando é necessária

ultra-alta resolução de imagem e microscopia analítica. Dentro da coluna está alocado o

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sistema de lentes condensadoras, objetivas, intermediárias e projetoras. Dependendo da

excitação das lentes condensadoras junto com o “Wehnnelt” irá se formar um feixe fino,

paralelo, convergente, dependendo do modo de operação a ser usado.

Por outro lado, a formação da imagem por MET depende basicamente do tipo de

interação (espalhamento) que o feixe eletrônico sofre ao atravessar um material sólido e

de sua espessura. Considerando uma linha imaginária perpendicular à frente de onda

que define o caminho que a onda deve seguir e supondo que uma onda de elétron

incidente é coerente, ou seja, que está em fase com outra onda de elétron, em um

comprimento de onda fixo governado pela tesão aplicada e que ambas sofrem

espalhamento ao interagir com um átomo, o espalhamento desses elétrons pode ser

classificado em: espalhamento coerente (as ondas que formam o feixe se mantêm em

fase) ou espalhamento incoerente (as ondas que formam o feixe deixam de ter relação

de fase uma das outras). Ao passar pela amostra, o feixe pode ainda ser espalhado

inelástica ou elasticamente, em termos de perda ou não de energia cinética. Em resumo,

as opções mais significativas de espalhamento são: i) o elétron é transmitido sem

interagir com qualquer átomo; ii ) o elétron é espalhado elasticamente; iii) o elétron é

espalhado inelasticamente, transferindo energia para elétrons secundários, gerando

raios-X. A intensidade com que cada espalhamento ocorrerá dependerá do tipo de

amostra: composição, espessura, cristalinidade e orientação cristalina [96]. O

espalhamento elástico é geralmente coerente quando a amostra é fina e cristalina e

ocorre em ângulos relativamente baixos (1 a 10°), ou seja, na direção do feixe

transmitido. Os espalhamentos inelásticos quase sempre são incoerentes, e pode ser

observado a ângulos próximos de 1° [96].

A imagem no MET é obtida devido às mudanças de amplitude e fase que o feixe

de elétrons sofre ao atravessar o material. Sendo assim, há basicamente dois tipos de

contrastes para a formação de imagens: contraste de amplitude e contraste de fase. Na

maioria das situações, ambos contribuem para a imagem, embora um deles seja

predominante. O contrate por amplitude é obtido quando é selecionado, com a abertura

da objetiva, apenas um dos feixes que atravessa a amostra: o feixe direto (campo claro)

ou um dos feixes difratados (campo escuro). Esse contraste ainda pode ser de dois tipos:

contraste de massa/espessura ou contrate de difração, relacionados ao tipo de

informação contida na imagem gerada por um único feixe. O contraste de massa

/espessura vem do espalhamento que os elétrons sofrem ao se aproximarem dos núcleos

atômicos. Esse espalhamento é fortemente dependente do número atômico Z, e, por

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consequência, da massa, e também da densidade e espessura da amostra. Regiões com Z

de valor mais alto espalham mais do que regiões com Z menor de mesma espessura. Da

mesma forma, regiões mais espessas irão espalhar mais elétrons do que regiões mais

finas de mesmo Z [96]. Na prática, elétrons espalhados são bloqueados (ou

selecionados) pela abertura da objetiva e a imagem resultante será mais clara (ou

escura) de acordo com a intensidade espalhada de cada da amostra. O contraste de

difração, em semelhança ao contraste de massa/espessura, também é formado devido à

exclusão de feixes espalhados pela abertura da objetiva. Mas, nesse casso, o

espalhamento em questão é devido à difração de Bragg (Equação 1, onde λ é o

comprimento de onda do elétron e d é o espaçamento dos átomos na rede cristalina), ou

seja, o espalhamento dependerá da estrutura cristalina e orientação da amostra em

relação ao feixe incidente. Assim, diferenças de contraste claro/escuro estarão

relacionadas a regiões de diferentes orientações e/ou estruturas cristalinas [96]. O

contraste de fase é originado devido a diferenças nas fases das ondas eletrônicas

espalhadas (espalhamento incoerente), sendo obtido quando são selecionados mais de

um feixe pela abertura da objetiva. Com isso, a imagem carrega informação sobre a

interação desses vários feixes, podendo mostrar a própria estrutura atômica (imagem de

alta resolução) [96].

As imagens de MET apresentadas neste trabalho foram adquiridas no Centro de

Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), usando um microscópio eletrônico de

transmissão modelo FEI Morgagni 268 D, operado a 100 kV. As amostras analisadas

foram dispersas em etanol e colocadas em ultrassom para melhor dispersão, sendo uma

gota desta suspensão depositada sobre uma grade de cobre, coberta por uma membrana

polimérica (Formvar) e posteriormente seca à temperatura ambiente. As imagens foram

realizadas com o objetivo de obter informações referentes à morfologia e tamanho de

grão das amostras sintetizadas.

§ 3.9. Espectroscopia Raman.

A análise mediante Espectroscopia Raman consiste em fazer incidir um feixe de

luz monocromática de frequência v0 sobre uma amostra cujas características

moleculares desejam-se determinar, e examinar a luz dispersada pela mesma. A maior

parte da luz dispersada apresenta a mesma frequência que a luz incidente, mas uma

fração muito pequena apresenta uma mudança na frequência, como resultado da

interação da luz com a matéria. A luz que mantém a mesma frequência v0 que a luz

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incidente, se conhece como espalhamento Rayleigh e não aporta nenhuma informação

sobre a composição da amostra analisada. A luz dispersada que apresenta frequências

distintas à radiação incidente é aquela que proporciona informação sobre a composição

molecular da amostra e é conhecida como dispersão Raman. As novas frequências (+vr

e - vr) são as frequências Raman, que pode fornecer detalhes sobre as características da

natureza química e do estado físico da amostra e que são independentes da radiação

incidente.

As variações de frequência observadas no fenômeno de dispersão Raman são

equivalentes a variações de energia [97]. Os íons e átomos ligados quimicamente para

formar moléculas e redes cristalinas estão submetidos a constantes movimentos

vibracionais e rotacionais; estas oscilações se realizam a frequências bem determinadas,

em função da massa das partículas que intervém e do comportamento dinâmico das

ligações existentes. A cada um dos movimentos vibracionais e rotacionais da molécula

corresponderá um valor determinado da energia molecular. Um diagrama energético em

que cada estado de energia se representa por uma linha horizontal se apresenta na

Figura 3.5.

Figura 3.5. Diagrama energético na que as líneas horizontais representam distintos estados

vibracionais, além disso, se mostram as transições entre estados energéticos para diferentes

interações luz-materia [97].

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Quando os fótons do feixe de luz incidente, com energia hv0 (onde h é a constante

de Plank) muito maior que a diferença de energia entre dois níveis vibracionais (ou

rotacionais) da molécula chocam com ela, a maior parte delas a atravessa, porém uma

pequena fração se dispersa (da ordem de 1 fóton dispersado por cada 1011 incidentes).

Esta dispersão pode ser interpretada como o processo seguinte: o fóton incidente leva a

molécula transitoriamente a um nível de energia vibracional superior não permitido, o

qual abandona rapidamente para passar a um dos níveis de energia permitidos emitindo

um fóton; a frequência na qual é liberado este fóton dependerá do salto energético

realizado pela molécula.

A partir disto, pode distinguir-se o seguinte caso: i) Se o resultado da interação

fóton-molécula é um fóton dispersado com a mesma frequência que o fóton incidente se

diz que o choque é elástico, já que o fóton e a molécula não sofrem variações no seu

estado energético; a molécula volta ao mesmo nível de energia que tinha antes da

colisão e o fóton espalhado tem a mesma frequência v0 que o incidente, dando lugar ao

espalhamento Rayleigh; se o resultado da interação fóton molécula é um fóton

dispersado a uma frequência distinta do incidente, se diz que a colisão é inelástica

(existe transferência de energia entre a molécula e o fóton). Para este último caso podem

ocorrer dois fenômenos: i) Se o fóton dispersado tem uma frequência menor à do

incidente, se produz uma transferência de energia do fóton à molécula que, depois de

saltar ao estado de energia não permitido, volta a um estado permitido maior ao que

tinha inicialmente; o fóton é disperso com frequência v0-vr e se produz a dispersão

Raman Stokes: ii) se o fóton dispersado tem uma frequência maior à do incidente, se

produz uma transferência de energia da molécula ao fóton; isto significa que a molécula,

que inicialmente, antes da colisão, não se encontrava no seu estado vibracional

fundamental, e sim em um estado de maior energia, e que só depois da colisão passa a

este estado; o fóton é dispersado com frequência v0+vr e se produz a dispersão Raman

anti-Stokes. Cada material terá um conjunto de valores vr característicos de sua estrutura

poliatômica e da natureza das ligações químicas que a formam [97, 98].

O espectro Raman recolhe estes fenômenos representando a intensidade ótica

dispersada em função do número de onda normalizado υ ao que se produz. O número de

onda normalizado é uma magnitude proporcional à frequência e inversamente

proporcional ao comprimento de onda e se expressa em cm-1:

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1 c [cm-1] . 3.2

Por outro lado, o espectro Raman [97, 98] é formado por uma banda principal ou

Rayleigh e duas séries de banda secundárias correspondentes às bandas Raman Stokes e

anti-Stokes, situadas simetricamente aos lados da banda Rayleigh. É importante

ressaltar que o deslocamento das frequências Raman com respeito à frequência

incidente v0 é independente desta última e é por isso que usualmente se pode tomar

como abscissa para representar os espectros Raman este deslocamento, situando o

centro da banda Rayleigh como origem do eixo. Assim, no eixo de abscissas na

realidade aparecerá a diferença entre a frequência Raman e a de excitação do laser,

normalizada à velocidade da luz [97, 98].

c/0 [cm-1] . 3.3

À temperatura ambiente, segundo a lei de distribuição de Maxwell-Boltzman,

99% das moléculas se encontram no estado vibracional de menor energia, portanto a

probabilidade de que ocorram transferências de energia dando lugar à dispersão Raman

Stokes é muito maior a que ocorra dispersão Raman anti-Stokes. Isto de traduz em que a

intensidade da dispersão Raman Stokes é da ordem de 100 vezes superior à Raman anti-

Stokes [97, 98]. A diferença entre a intensidade do Stokes e a anti-Stokes faz que

habitualmente se trabalhe só medindo o efeito Stokes e assim, por comodidade, se situa

no resultado na parte positiva do eixo. Em ocasiões, devido à natureza química do

material que se estuda, juntamente com o efeito Raman se produz um efeito de

fluorescência (fenômeno de absorção) que pode chegar a mascarar as bandas Raman,

para isto, poderia resultar de interesse medir o espectro anti-Stokes.

A espectroscopia Raman é uma técnica que se realiza diretamente sobre o material

e oferece grandes vantagens sobre outras técnicas de caracterização de compostos. Não

precisa de nenhum tipo de preparação e não leva nenhuma alteração da superfície da

amostra durante a análise. Com esta técnica se pode analisar a composição química de

compostos orgânicos e inorgânicos sem destruir as amostras e sem preparação especial.

Além disso, é possível analisar materiais em qualquer estado: sólido, liquido ou gasoso.

Em nosso trabalho a técnica de espectroscopia Raman foi utilizada para nos ajudar a

entender a incorporação de íons de Zn2+ na estrutura da granada de ítrio e ferro. Além

disso, através desta técnica foi possível deduzir o possível sítio de ocupação de íons de

Zn2+ na estrutura. Para isto, as medidas foram realizadas no Departamento de Química

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da Universidade Federal de Pernambuco, usando um espectrômetro Modelo QE6500,

com um laser de diodo e comprimento de onda 785 nm, sendo a potência utilizada de

359 mW.

§ 3.10. Magnetometria da amostra vibrante (VSM).

A técnica de magnetometria da amostra vibrante que se baseia na lei da indução

de Faraday, permite coletar informação sobre o momento magnético de um material. A

técnica vem sendo utilizada como ferramenta essencial para a investigação magnética

de pós nanocristalinos, sistemas macroscópicos em geral, antiferromagnetos, imã

permanentes, vidros de spin e filmes. Sua sensibilidade, que pode chegar à casa dos 10-5

emu, depende de diversos fatores. A qualidade do amplificador e filtro do sistema lock-

in, a rigidez da haste para evitar deslocamento vertical da amostra e a centralização da

amostra numa região de homogeneidade do campo são alguns desses fatores [99]. A

versatilidade desta técnica permite estudar o magnetismo de sistemas em uma ampla

faixa de temperatura. Além disso, um magnetômetro de amostra vibrante pode

facilmente ser transformado susceptômetro AC através da adição de uma bobina

geradora de campo alternado. O VSM tem esse nome porque faz a amostra vibrar em

torno de sua posição de equilíbrio em frequências de 40-80 Hz. Isso faz variar o fluxo

nas bobinas e gerar uma fem que é proporcional à magnetização da amostra [99, 100].

Para gerar o movimento do momento magnético, o VSM é constituído por uma haste

que é presa a um transdutor (cabeçote) responsável por gerar o movimento. A amostra

fica na outra extremidade da haste localizada no centro das bobinas de detecção.

As curvas de magnetização de todas as amostras contidas em esta tese foram

medidas usando um Magnetômetro de Amostra Vibrante da marca VersaLab, do

programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais da UFPE. A campo magnético

máximo de 5 kOe e temperatura entre 50K e 300K.

§ 3.11. Ressonância ferromagnética.

A ressonância ferromagnética (FMR), ou ainda mais precisamente, absorção

ressonante de radiação eletromagnética externa na presença de um campo magnético em

substâncias ferromagnéticas, é uma das mais poderosas e consolidadas técnicas no

estudo de propriedades magnéticas de filmes finos e vários outros materiais [101]. A

idéia básica de um experimento de ressonância ferromagnética consiste em aplicar um

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campo de micro-ondas numa amostra situada num campo magnético estático

0H e

observar as linhas de absorção ressonante. O campo magnético da radiação de micro-

ondas é aplicado perpendicularmente ao campo estático, de modo que perturba os spins

da amostra e os desvia da posição de equilíbrio. Quando a frequência da radiação é

próxima da frequência do modo uniforme de reversão da magnetização no material, o

campo de radio frequência produz o movimento de precessão dos spins e a amostra

absorve energia da radiação. A ressonância é caracterizada por uma linha de absorção,

cuja largura dá informações sobre mecanismos microscópios de relaxação dos mágnons

[62, 102, 103].

Dependendo do espectrômetro utilizado, a técnica de FMR pode ser

implementada de duas maneiras básicas diferentes. A primeira consiste em fixar o

campo magnético estático aplicado e varrer a frequência de micro-ondas até ocorrer

uma linha de absorção da micro-onda. E a segunda consiste em fixar a frequência e

varrer o campo magnético. O espectrômetro de FMR do DF-UFPE tem sido usado na

segunda configuração. A estrutura do espectrômetro é mostrada na Figura 3.6. Nesta,

mostramos o diagrama das partes constituintes do espectrômetro de FMR.

A primeira parte a destacar é a de micro-ondas, composta por: gerador de micro-

ondas; atenuador (At.); polarizador (Pol.); ajuste de fase (Aj.ϕ); circulador (Circ.); T

mágico (T); Cavidade e detector. O próprio nome de alguns destes componentes indica

sua função. O circulador faz com que a radiação de micro-ondas, vindo do gerador,

passe pela amostra e a parte refletida dirija-se ao detector. No circuito adjacente de

micro-ondas, formado pelo polarizador e o ajuste de fase, o polarizador ajusta o nível de

tensão no detector, para que este trabalhe na região linear da curva tensão em função da

corrente, característica deste tipo de detector. O ajuste de fase faz com que os sinais de

micro-ondas, que vêm da cavidade e do circuito adjacente (polarizador), fiquem em fase

e se somem ao chegar ao detector. Por fim, o T-mágico une estes dois circuitos de

micro-ondas ao detector.

A análise das medidas de FMR nos permite extrair diretamente parâmetros

relevantes de amostras magnéticas tais como, magnetização efetiva e fator

giromagnético, além de permitir a análise da cristalinidade e das anisotropias

envolvidas.

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Figura 3.6. Ilustração esquemática da montagem utilizada em ressonância ferromagnética

[62].

A experiência de FMR em filmes finos para a obtenção de informações sobre suas

propriedades magnéticas consiste, basicamente, em medir os espectros de ressonância

ferromagnética, em função da orientação do campo magnético aplicado no plano do

filme ou em função da orientação do campo em relação à normal ao plano do filme. A

análise das medidas de FMR para a obtenção de informações das propriedades

magnéticas de filmes finos é feita usando o formalismo descrito a seguir.

O movimento da magnetização próximo de sua posição de equilíbrio é descrita

pela equação de movimento de Landau-Lifshitz-Gilbert [103, 104].

t

MM

M

GHM

dt

Mdef

2 3.4

Na equação acima o primeiro termo no lado direito representa o torque sobre a

magnetização e o segundo é o termo de amortecimento fenomenológico. Assim M

é a

magnetização, G é o parâmetro de amortecimento Gilbert, efH

é o campo magnético

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efetivo que inclui os campos magnéticos de micro-ondas )(th

de frequência 2 , o

campo externo aplicado, o desmagnetizante, o de anisotropia magnetocristalino e as

outras contribuições. No lado direito da Equação 3.4, o segundo termo é inserido para

descrever fenomenologicamente os mecanismos de relaxação da magnetização [62, 102

- 104]. Duas aproximações são usadas para determinar a frequência de ressonância a

partir da Equação 3.4. A primeira soluciona a equação diferencial acoplada para as

componentes da magnetização dependentes do tempo. A intensidade, a forma do sinal e

a largura de linha são calculadas utilizando esta equação [62, 102 - 104]. Na segunda,

um método mais simples, a frequência de ressonância res é obtida em termos das

segundas derivadas E , E da densidade de energia livre magnética, E por unidade de

volume, com respeito aos ângulos polar θ e azimutal ϕ que definem a orientação de

equilíbrio da magnetização M

, de acordo com a relação de dispersão.

21

2

EEE

Msenres 3.5

onde γ é a razão giromagnética (no sistema gaussiano de unidades) e M é a

magnetização. A orientação de equilíbrio da magnetização M é obtida a partir das

equações:

0

EE e 0

EE , 3.6

cujas soluções devem ser selecionadas aquelas que correspondem à energia livre

mínima. Desde então, este tem sido considerado o procedimento padrão para se

determinar a frequência de ressonância. Assim, de acordo com a Equação 3.6, para

obter a frequência de ressonância é necessário ter uma expressão para a energia livre E

do sistema com todos os seus termos e suas dependências angulares em relação à

orientação da magnetização [62, 102 - 104].

Finalmente, o equipamento de ressonância ferromagnética utilizado neste trabalho

foi montado no próprio Grupo de Magnetismo do DF-UFPE. As medidas de FMR

foram feitas à temperatura ambiente e a cavidade usada tem um formato retangular e

opera em 8,6 GHz no modo TE102. Nossas medidas tiveram como objetivo a

determinação da largura de linha.

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4 EFEITO DA ADIÇÃO DE Zn2+ SOBRE AS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS,

MICROESTRUTURAIS E MAGNÉTICAS DE NANOPARTÍCULAS DE

Y3Fe5O12

§ 4.1. Introdução.

Este capítulo é destinado à apresentação e discussão dos resultados experimentais

obtidos a partir da dopagem com íons de Zn2+ no composto Y3Fe5O12. Todas as

amostras aqui estudadas foram preparadas usando o método sol gel. A análise

termogravimétrica (TG) e calorimetria diferencial de varredura (DSC) foram de muita

importância para determinar os tratamentos térmicos utilizados, assim como, definir as

famílias de amostras a serem estudadas. A caracterização estrutural foi feita usando

difração de raios-X. Os difratogramas de raios-X foram analisados usando a equação de

Scherrer e refinamento de Rietveld. A partir desta análise foi possível determinar o

tamanho médio dos cristalitos, bem como o parâmetro de rede. Na primeira família de

amostras (tratamento térmico a 900°C por 2 horas) foram realizadas imagens de

microscopia eletrônica de varredura (MEV) para determinar a morfologia das partículas.

Também foram feitas medições por espectroscopia de energia dispersiva (EDS). As

medições por espectroscopia Raman mostraram os sítios octaédricos como os mais

prováveis para serem ocupados pelos íons de Zn. O estudo magnético foi feito a partir

de curvas de histerese em um intervalo de temperatura entre 50K - 300K. Das histereses

se obtiveram parâmetros importantes como a magnetização de saturação e o valor do

campo coercitivo. No segundo grupo de amostras (tratamento térmico a 1000°C por 2

horas) foi feita a análise por difração de raios-X. Duas amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x

= 0; 0,05) foram sinterizadas a 1100 °C por 2 horas e analisadas por DRX. A

morfologia das amostras sinterizadas a 1000°C foi estudada por microscopia eletrônica

de transmissão. Comparamos as imagens de MET nas amostras sinterizadas a 1000°C

com as imagens de MEV nas amostras sinterizadas a 900°C. Para obter o valor de

magnetização de saturação, utilizamos a Lei de Approach da saturação, também

conhecido como ajuste de campo infinito. Isto permitiu obter curvas de magnetização de

saturação (Ms) em função da temperatura, que foram ajustadas com a Lei de Bloch.

Parâmetros como α e o expoente de Bloch foram determinados e comparados com os

reportados na literatura para substituições com outros íons no YIG.

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§ 4.2. Análise termogravimétrico (TG) e calorimetria diferencial de varredura

(DSC) do sistema de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01;0,03 e 0,05).

A Figura 4.1 mostra as curvas correspondentes ao estudo realizado através da

análise termogravimétrica (TG) e calorimetria diferencial de varredura (DSC) do

sistema Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03 e 0,05). As medições foram realizadas em

ar seco no intervalo de temperatura entre 40°C e 1200°C, a uma taxa de aquecimento de

10°C/min. Para uma melhor compreensão dos fenômenos presentes as curvas foram

divididas em quatro regiões fundamentais: i) 40 - 220°C, ii ) 220 - 650°C, iii) 650 -

800°C e iv) 800 - 1200°C. A região 40 - 220°C, na curva TG, tem correspondência com

um processo endotérmico; é possível observar uma perda de massa de 4% para todas as

amostras. Este evento é atribuído ao processo de desidratação, pois uma quantidade

significativa das moléculas de água é liberada a partir do gel. Os processos

endotérmicos observados na segunda região (220 - 650°C), com uma alta perda de

massa de 41%, são associados à quebra das moléculas de citrato, a qual ocorre próximo

de 300°C [105]. Além disso, nesta região ocorre a queima de resíduos orgânicos

provenientes dos precursores contendo nitratos. Os processos observados na região 650

- 800°C são característicos de uma perda de massa de 15%, que pode ser atribuída à

formação de cristais de YIG ortorrômbico e, subsequentemente, à formação da fase

cúbica de YIG. Na região 800 - 1200°C, no caso do composto puro (Figura 4.1a),

podemos observar que a amostra atinge o 22% da massa e não mostrou nenhuma outra

perda até a temperatura máxima de 1200°C. Sabe-se que a formação da fase pura de

YIG é obtida a temperaturas acima de 700°C, como citado por Vaquero e col. [80, 81].

No entanto, Naik e col. [6] mostraram que diferentes condições utilizadas durante o

processo sol gel têm uma grande influência sobre os mecanismos de decomposição

térmica e consequentemente sobre a formação do produto final.

Nesta região, os compostos dopados, Zn1, Zn3, Zn5 (Figura 4.1b, c, d),

mostraram um comportamento diferente. Todas as amostras dopadas atingiram uma

perda de massa média de 45% a 800°C. A diferença observada com respeito à amostra

pura é atribuída à incorporação dos íons de Zn na estrutura de YIG. Quando os íons de

Fe são substituídos por íons de Zn, o ambiente químico pode experimentar mudanças

que podem estar relacionados a novas ligações químicas e deformações da rede

cristalina. Além disso, como se observa nos gráficos, há uma perda contínua de massa

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na região entre 800 e 1200°C para todas as amostras dopadas. Isto é devido à

acomodação dos átomos na estrutura para a possível formação de uma nova fase.

Figura 4.1. Curvas de TG–DSC das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05)

mostrando as perdas de massa do gel no intervalo de temperatura entre 40 – 1200°C [107].

Nas curvas DSC (Figura 4.1a, b, c, d), os processos endotérmicos observados na

região 40°C - 600°C são atribuídos primeiro, à desidratação das moléculas de água e

depois à queima de resíduos orgânicos, em correspondência com as perdas de massa

observadas nas curvas TG. Os picos exotérmicos observados entre 640°C - 700°C são

atribuídos à oxidação do produto de evaporação e do resíduo carbonizado

respectivamente. Além disso, alguns autores sugerem que a formação de dois picos

exotérmicos indica a cristalização da fase YIG em duas fases. Primeiro, ocorre a

cristalização de fase ortorrômbica, seguido pela formação de fase cúbica YIG à

temperatura mais elevada [106]. Por outro lado, o processo discutido nas curvas TG

para as amostras dopadas na região 800-1200°C pode ser melhor compreendido quando

analisamos as medições DSC. Em todas as amostras dopadas podemos ver a aparente

formação de uma nova fase acima 1050°C. Este efeito é mais significativo nas amostras

com maior concentração de dopante. Embora que não tenhamos picos bem definidos,

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esse comportamento poderia indicar a ocorrência de algum processo físico ou químico

em nossas amostras.

As análises termogravimétricas foram de muita importância em nosso trabalho por

nos permitirem obter informações sobre a estabilidade térmica e a composição das

amostras. A estabilidade térmica é definida como a capacidade da substância em manter

suas propriedades durante o processo térmico. Também, as medidas de calorimetria

diferencial de varredura forneceram informação qualitativa em relação às mudanças

físicas e químicas que envolvem processos endotérmicos e exotérmicos ou mudanças de

massa em nossas amostras. O estudo destas técnicas ajudou a definir parâmetros

importantes, como temperatura e tempo de patamar, que é, em nosso caso, o tempo que

a amostra permanecerá a uma temperatura fixa, para que ocorra a evaporação de água e

dos resíduos orgânicos presentes.

Na Tabela IV. 1 encontram-se as famílias de amostras fabricadas, onde o x

representa cada uma das amostras. Tanto o conjunto de amostras como os valores de

temperaturas foram escolhidas atendendo o nosso interesse no estudo. Para entender o

comportamento do Zn dentro do YIG, fabricamos 4 amostras a 900°C e 4 amostras a

1000°C. Também foram fabricadas 2 amostras na temperatura de 1100°C, com o

objetivo de verificar a formação de novas fases.

Tabela IV. 1. Tratamentos termicos realisados nas amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01;

0,03; 0,05).

Amostras 900°C 1000°C 1100°C

Zn0 x x x

Zn1 x x -

Zn3 x x -

Zn5 x x x

§ 4.3. Caracterização estrutural das amostras sinterizadas a 900°C.

A Figura 4.2 mostra os padrões de raios-X das amostras Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0;

0,01; 0,03; 0,05), tratadas termicamente a 900°C por 2 horas. Esta família de amostras

foram chamadas por 900Zn0, 900Zn1, 900Zn3 e 900Zn5. De acordo com os raios-X,

todas as amostras mostraram uma estrutura de fase única correspondente à granada de

ítrio e ferro.

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Figura 4.2. Padrões de DRX das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05),

tratadas a 900°C por 2 horas. Todas as reflexões encontradas são típicas da fase cúbica do

YIG. A linha preta representa o difratograma experimental, as linhas vermelhas o calculado,

enquanto a diferença entre o experimental e calculado é representado em linhas azuis [108].

A análise da fase foi realizada combinando os dados dos difratogramas obtidos

com a ficha padrão pertencente à base de cristalografia COD 96-100-8629. Os tamanhos

de cristalitos foram calculados a partir do alargamento do pico de raios-X (420),

utilizando a fórmula de Scherrer:

cosB

ADhkl . 4.1

A grandeza Dhkl é o diâmetro médio em nm, A é o factor de forma, B é a largura na

meia altura do pico de difração (medida na metade da sua intensidade máxima) em

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radianos, é o comprimento de onda de raios-X utilizado e é o ângulo de difração de

Bragg.

Todas as amostras apresentaram um tamanho médio de algumas dezenas de

nanômetros. Especificamente, os valores calculados encontram-se no intervalo entre 40

e 78 nm. Para a amostra de YIG puro o tamanho de cristalito foi de 63 nm, enquanto

que a amostra dopada em 1% (900Zn1) apresentou o valor mais elevado de 78 nm. As

amostras dopadas a 3% e 5 % (900Zn3 e 900Zn5), mostraram o menor tamanho de

cristalito de 49 nm e 40 nm respectivamente. Fazendo uma comparação entre as

amostras, podemos ver que há uma diminuição no tamanho dos cristais com o aumento

da concentração de Zn2+, Tabela IV. 2.

Tabela IV. 2. Parâmetros estruturais, obtidos a partir dos dados de DRX para as amostras de

Y3(Fe1-xZnx)5O12.

Amostras Parâmetro de rede

a (Å)

Tamanho de cristalito

(nm)

900Zn0 12,378 63

900Zn1 12,384 78

900Zn3 12,387 49

900Zn5 12,393 40

O parâmetro de rede, a, do composto Y3(Fe1-xZnx)5O12, calculado, usando o

método de refinamento Rietveld mostrou uma tendência a aumentar com a concentração

de Zn, indo de 12,378 Å para 12,393 Å, Figura 4.3. Este aumento é o primeiro sinal

que sugere o sucesso da substituição de Fe3+ por Zn2+ no YIG e está relacionado com o

maior raio iônico do Zn2+ (0,74 Å) em relação ao Fe3+ (0,61 Å) [109]. A substituição de

íons de Fe por íons de Zn causa uma ligeira expansão do cristal, de acordo com a lei de

Vegard [110, 111]. Esta lei estabelece que a variação do tamanho da célula unitária

obedece a uma relação linear com o aumento do raio iônico. A lei de Vegard se aplica

para soluções sólidas substitucionais formadas pela distribuição aleatória de íons,

assumindo que a variação nos parâmetros de rede da célula unitária com a composição é

governada somente pelos tamanhos dos íons. A lei de Vegard raramente é perfeitamente

obedecida, muitas vezes são observados desvios em relação ao comportamento linear.

Um estudo detalhado desses desvios foi realizado por King e col.[112]. No entanto, a

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mesma é frequentemente usada na prática para obter estimativas aproximadas quando os

dados experimentais não estão disponíveis para obter os parâmetros de rede em um

sistema de interesse. A aproximação pode também ser usada para estimar a composição

de uma solução a partir do conhecimento dos seus parâmetros de rede, os quais são

facilmente obtidos a partir de dados de difração [113].

Dos resultados obtidos por difração de raios-X, não é possível assegurar em quais

dos sítios se encontram os íons de Zn2+. O aumento no parâmetro de rede, assim como a

presença de uma fase única, são indícios de que substituições na estrutura do YIG

ocorreram. A substituição na posição dodecaédrica é descartada, pois o raio iônico do

ítrio é maior do que o Zn, e o parâmetro de rede teria que diminuir. Sendo assim,

sobram interstícios e sítios de Fe3+. Os valores de parâmetro de rede também são

apresentados na Tabela IV-2.

Figura 4.3. Variação do parâmetro de rede, a com o conteúdo de Zn2+ das amostras de Y3(Fe1-

xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05), tratadas a 900°C por 2 horas. O aumento observado está

relacionado com o maior raio iônico dos íons de Zn em relação aos íons de Fe. A barra

vermelha indica o erro para cada valor do parâmetro de rede.

§ 4.4. Microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia de energia dispersiva

(EDS) das amostras sinterizadas a 900°C.

Para analisar o formato das partículas, imagens de microscopia eletrônica de

varredura das amostras 900Zn0, 900Zn1, 900Zn3, 900Zn5, sinterizadas a 900°C durante

2 horas são apresentadas na Figura 4.4 (a-d). As Figuras 4.4 (a, b), correspondentes às

amostras de YIG puro (900Zn0) e dopado em 1% (900Zn1) mostraram partículas em

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forma esférica e alongadas. Muitos dos trabalhos reportados na literatura referentes a

estudos da granada de ítrio e ferro mostram resultados semelhantes [6]. Por exemplo,

Naik e col. [6] sintetizaram YIG dopado com Ce e Cr, obtendo partículas similares às

nossas. Os autores afirmaram que a formação destas partículas secundárias ou grandes

agregados são formados devido à aglomeração de partículas primárias, trazendo consigo

a formação de partículas em diferentes formatos. No caso das amostras dopadas a 3% e

5% (900Zn3 e 900Zn5), é possível observar que as partículas estão muito mais

aglomeradas, perdendo o formato homogêneo, Figura 4.4 (c, d). Isto é muito mais

evidente para a amostra dopada a 5% (900Zn5) Figura 4.4 d. Além disso, este resultado

confirma uma consistência na formação da fase que é evidente para todas as amostras, o

que corrobora a formação de uma única fase igualmente suportada pelos resultados de

difração de raios-X, como foi reportado por Naik e col. [6].

Figura 4.4. Imagens de microscopia eletrônica de varredura das amostras de YIG dopadas com

Zn2+ tratadas a 900 °C por 2 horas. a) 900Zn0, b) 900Zn1, c) 900Zn3, d) 900Zn5. Nas imagens,

é possível observar uma mudança no formato das partículas [108].

a b

c d

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Por outro lado, para confirmar a presença dos íons de Zn2+ na estrutura do YIG,

medições por espectroscopia de energia dispersiva (EDS) foram realizadas em todas as

amostras Figura 4.5 (a-d). A EDS é uma técnica eficaz para estimar a presença de

diferentes elementos. Devido à natureza isolante da granada de ítrio e ferro, todas as

amostras foram metalizadas com uma camada de ouro. Os espectros de EDS das

amostras dopadas mostram os picos característicos do Zn, os quais vão aumentando a

intensidade com o respectivo aumento da dopagem, Figura 4.5 (b-d). Este resultado

confirma a presença de íons de Zn na estrutura de YIG.

Até aqui verificamos a presença do Zn em porcentagem crescente e junto a isto o

aumento do parâmetro de rede, a. Tudo indica que os íons de Zn entraram na estrutura

do YIG.

Figura 4.5. Espectroscopia de energia dispersiva das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0;

0,01; 0,03; 0,05), tratadas a 900°C por 2 horas. a) 900Zn0, b) 900Zn1, c) 900Zn3, d) 900Zn5.

O aumento na intensidade do pico referente ao Zn indica sua presença dentro da estrutura do

YIG [108].

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§ 4.5. Análise por espectroscopia Raman das amostras sinterizadas a 900°C.

A fim de corroborar os resultados de difração de raios-X e para descobrir quais

sítios foram ocupados pelos íons de Zn, a caracterização de Espectroscopia Raman foi

realizada em todas as amostras. A Espectroscopia Raman é uma técnica muito sensível

para a obtenção de informações sobre a estrutura de um composto. A estrutura da

granada tem a fórmula geral M3N2R3O12, (M, N e R são cátions que ocupam as posições

dodecaédricas, octaédricas, tetraédricas respectivamente, rodeados por um número de

oxigênio na primeira esfera de coordenação) [114]. Conhece-se que a estrutura da

granada contém 160 átomos dentro da célula unitária bcc. Segundo a teoria de grupo,

prevê-se que o espectro Raman de primeira ordem deve conter os modos

3A1g+8Eg+14T2g, enquanto que os modos 17T1u deveriam estar presentes no espectro

infravermelho [115]. A degenerescência destes modos está parcialmente destacada por

pequenos vetores de onda divididos em um modo degenerado de vibração longitudinal

óptico isoladamente (LO) e em modo de vibração duplamente degenerado transversal

óptico (TO), sob a influência de forças eletrostáticas de longo alcance [116]. A Figura

4.6 mostra os espectros Raman das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03;

0,05), sintetizadas a 900°C por 2 horas em condições normais. Foram observados 11

dos 25 modos Raman ativos teoricamente previstos, o que se deve a que alguns modos

são demasiado fracos. Além disso, pode ter ocorrido uma degenerescência acidental de

vários modos à pressão ambiente. A partir dos resultados obtidos por difração de raios-

X apresentados na Figura 4.2, não existe mudança significativa na estrutura da granada

quando são introduzidos íons de Zn2+ e só um aumento no parâmetro de rede foi

observado no refinamento pelo método de Rietveld. Sendo assim não é esperado

qualquer modo adicional Raman.

Na Figura 4.6, os espectros Raman dos compostos investigados mostram um

comportamento muito semelhante quando comparamos as amostras dopadas com íons

de Zn2+, com a amostra pura. Somente são observadas pequenas diferenças nas

intensidades relativas. Este resultado confirma a presença de íons de Zn2+ na estrutura

de YIG, trazendo uma perturbação nas intensidades de modos vibracionais originais de

YIG. Por outro lado, os picos observados na região entre 100 cm-1 e 300 cm-1 se devem

principalmente ao movimento de translação dos cátions (Y3+ e Fe3+) [117, 118]. A

característica acentuada do modo T2g em 271,8 cm-1 para a granada pura resulta do

princípio Franck Condon, que estabelece que durante uma transição eletrônica uma

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mudança de um nível energético vibracional para outro será mais provável de acontecer

se as duas funções de onda vibracionais se sobrepõem de maneira significativa [119].

As transições eletrônicas são essencialmente instantâneas em comparação com a escala

de tempo dos movimentos nucleares; portanto, se a molécula irá se mover para um novo

nível vibracional durante a transição eletrônica, este novo nível de vibração deve ser

imediatamente compatível com as posições nucleares e o momento linear do nível de

vibração da molécula no estado eletrônico a partir do qual se origina.

Figura 4.6. Espectro Raman das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05),

tratadas a 900°C por 2 horas. Espectros bem similares foram observados. Somente 11 dos 25

modos Raman foram observados [108].

O modo vibracional T2g na posição 271,8 cm-1 é característico de uma translação

de cátions em sítios tetraédricos e dodecaédricos na estrutura da granada. Assim, a

frequência de translação desse modo não é substancialmente alterada pela possível

substituição de Fe3+ por Zn2+ em posições octaédricas. É por isso que só se observa uma

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mudança na intensidade do pico, como mostra a Figura 4.7. Isto pode ser explicado

devido a que os íons de Zn2+ serem um pouco maiores do que possíveis íons Fe3+

presentes na estrutura da granada, condicionado a uma leve alteração nas intensidades

do modo. No caso em que os íons Zn2+ ocuparam sítios tetraédricos ou dodecaédricos, é

mais provável observar deslocamento para a direita ou esquerda nos picos acima

mencionados, assim como provavelmente uma diminuição na intensidade. Por outro

lado, quando comparamos a intensidade do pico 271,8 cm-1 das amostras 900Zn e

900Zn1, com as amostras 900Zn3 e 900Zn5, observamos uma diferença na intensidade

do pico, o qual poderia estar relacionado com o aumento de aglomerados das partículas;

como observamos nas imagens de MEV (Figura 4.4), para as amostras com

concentrações mais elevadas de Zn. O modo vibracional T2g poderia ser estudado em

maiores detalhes, já que o mesmo ajudaria a uma maior sondagem na cinética de

dopagem na estrutura da granada de ítrio e ferro.

Figura 4.7. Aumento da intensidade do pico 271,8 cm-1 com o incremento da concentração de

Zn2+. Um incremento na intensidade do pico principal sugeriu que os Fe são substituídos pelo

Zn no sítio octaédrico.

Finalmente, os picos 120 cm-1, 174 cm-1 e 582 cm-1, são também atribuídos aos

modos vibracionais T2g. O pico em 652 cm-1pertence ao modo Eg, os picos 501 cm-1 e

734 cm-1 correspondem ao modo A1g. Também, nos espectros Raman é possível ter

modos vibracionais que sejam atribuídos à combinação de mais de um modo, como no

caso dos picos encontrados na posição 420 cm-1 e 685 cm-1 pertencente à combinação

entre os modos de vibração Eg + T2g. De forma semelhante, os picos em 341 cm-1 e 448

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cm-1 são referentes à combinação entre os modos de vibração Eg + A1g e T2g + A1g

respectivamente (Figura 4.6) [120 - 122]. Estes resultados, claramente são sugestões e

para serem conclusivos é preciso realizar outras medidas.

§ 4.6. Caracterização magnética das amostras sinterizadas a 900°C.

O comportamento da magnetização das amostras de YIG puras e dopadas com

íons de Zn2+ foi estudado por meio das curvas de histerese magnética, geradas a partir

de medidas realizadas em um magnetômetro da amostra vibrante. Neste caso, foram

obtidas as curvas de magnetização em função do campo magnético aplicado. A partir

das curvas geradas nesta medida, pode-se determinar o valor do campo coercitivo (Hc) e

a magnetização de saturação (Ms). As propriedades magnéticas das granadas são

resultante da interação entre as duas sub-redes. É bem conhecido que alterações na

composição da granada têm como resultado variações sobre o momento magnético e nas

constantes magneto-cristalinas.

As curvas de histerese (M-H) medidas em 50K e 300 K para todas as amostras são

mostradas na Figura 4.8. Sabe-se que o YIG é um material magneticamente mole,

sendo esta a primeira resposta que procuramos nas medidas de magnetização em função

do campo. Todas as amostras mostraram um laço bem estreito, indicando a natureza

ferrimagnética mole. Além disso, foi possível observar uma diminuição da

magnetização de saturação com a temperatura. A partir das medidas, observamos

valores de campo coercitivo que variam de 39,5 Oe até 88,5 Oe, (Figura 4.9 a).

Comparando as amostras de YIG puro e dopada a 1% (900Zn0 e 900Zn1), é possível

ver uma diminuição desta magnitude de 88,5 Oe para 86 Oe. No caso da amostra

dopada a 3 % temos o valor mais baixo de coercividade de 39,5 Oe, enquanto a

amostras dopada em 5% mostrou um aumento a 60 Oe, Tabela IV. 3.

Tabela IV. 3. Magnetização de saturação e campo coercitivo das amostras de Y3(Fe1-x Znx)5O12

tratadas a 900°C por 2 horas.

Amostras Magnetização de Saturação (emu /g) Coercividade (Oe)

900Zn0 26,51 88,5

900Zn1 26,97 86,0

900Zn3 25,87 39,5

900Zn5 24,95 65,0

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Os valores de coercividade aqui apresentados estão fortemente relacionados com

o formato e o tamanho das partículas, assim como com mecanismos de ancoragem

(pinning) dos momentos magnéticos no interior do material. A coercividade ou campo

coercitivo de um material representa a resistência que este apresenta quando submetido

a um campo desmagnetizante (contrário ou reverso). Como foram observadas nas

imagens de microscopia, as partículas das amostras 900Zn0 e 900Zn1 são menos

aglomeradas que no caso das amostras 900Zn3 e 900Zn5. Esta pode ser a razão pela

qual há uma diminuição na coercividade das amostras dopadas em 3% e 5%.

Comparando os valores de coercividade das amostras 900Zn3 e 900Zn5, há um

aumento o qual é atribuído ao incremento da concentração de íons não magnéticos de

Zn2+. Estes íons não magnéticos podem servir como centros de pinning e, assim

dificultar a reversão do momento magnético aumentado o valor da coercividade.

Figura 4.8. Momento Magnético em função do Campo Aplicado (M–H) das amostras de YIG

dopadas com Zn2+ tratadas a 900 °C por 2 horas, a) 900Zn0, b) 900Zn1, c)900 Zn3, d) 900Zn5.

Uma diminuição na magnetização de saturação foi observada com o incremento da

temperatura [108].

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A magnetização de saturação (Ms) foi estimada pela "Lei de Approach" da

saturação também conhecido como ajuste de campo infinito, que descreve a

magnetização para campos magnéticos mais elevados do que a coercividade, (Hc) [42].

Esta lei normalmente pode ser escrita pela equação

HH

b

H

aMsM

21

, 4.2

onde o termo χH representa um aumento na magnetização espontânea induzida por

campo, geralmente para temperaturas bem abaixo do ponto de Curie. A constante a é

geralmente relacionada ao micro-estresse e b com a anisotropia cristalina. Existem duas

dificuldades práticas e teóricas com esta equação. Uma dificuldade prática está

associada com o intervalo do campo magnético que deve ser aplicado na equação. O

limite do campo superior depende do campo máximo disponível, que pode variar de

alguns kiloersteds a várias centenas de kiloersteds [42].

Observando os valores de magnetização de saturação (Ms) na (Figura 4.9 b),

podemos notar um aumento de 26,51 emu/g na a amostra pura (900Zn0) para 26,97

emu/g na amostra dopada em 1% (900Zn1). Conhece-se que o momento magnético total

na granada de ítrio e ferro depende da contribuição individual do momento magnético

das sub-redes. Tanto a sub-rede octaédrica e tetraédrica são preenchidas com íons

magnéticos Fe3+, os quais se encontram alinhados de forma antiparalela. A sub-rede

dodecaédrica é ocupada principalmente por íons não magnéticos Y3+ que, por

conseguinte, não contribuem para o momento magnético global. Os resultados obtidos

em nosso trabalho, a partir de espectroscopia Raman mostraram que existe uma grande

probabilidade que íons de Fe3+ sejam substituídos por íons de Zn2+ nas posições

octaédricas. Este resultado também pode ser complementado pelo aumento no

parâmetro de rede obtido por difração de raios-X.

Teoricamente, um aumento na magnitude do momento magnético global com a

dopagem de Zn2+ é possível. Em nosso material, isto ocorre na concentração de

dopagem com Zn em x = 0,01% e pode ser explicado como segue. O Zn2+ é um material

diamagnético; assumimos que íons divalentes de Zn ocupam algumas das posições nos

sítios octaédricos. Por conseguinte, a substituição por íons diamagnéticos de Zn2+ em

lugar de íons de Fe2+ no sítio octaédrico deve reduzir o acoplamento antiferromagnético

dos íons de Fe na sub-rede octaédrica, aumentando assim o momento magnético total

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[123- 125]. Alguns resultados similares foram reportados na literatura em outras ferritas

dopadas com íons de Zn [126, 127].

Figura 4.9. Variação da coercividade (Hc) (a) e da magnetização de saturação (Ms) com o

incremento da concentração de íons Zn2+ (b). A variação na coercividade está relacionada com

a forma e formato das partículas, assim como, com os mecanismos de pinning dos momentos

magnéticos dentro do material.

Para dopagens de (x = 0,03% e x = 0,05%), é possível observar uma diminuição

do valor da magnetização de saturação de 25,87 emu/g para 24,95 emu/g com o

aumento da concentração de íons de Zn2+ (Figura 4.9 b). Estes valores também são

mostrados na Tabela IV. 3. Como já mencionado, nas granadas o valor do momento

magnético total depende fortemente do acoplamento dentro das sub-redes octaédricas e

a tetraédricas [6, 128]. Dos resultados obtidos por difração de raios-X, temos que o

valor do parâmetro de rede é incrementado com o aumento da concentração de Zn2+.

Deste modo, o acoplamento magnético entre as duas sub-redes é enfraquecido,

aumentando a concentração de dopagem e, em seguida, os efeitos térmicos podem

contribuir mais facilmente para diminuir o momento magnético líquido para

concentrações elevadas de dopante. Por outro lado, esta diminuição do momento

magnético poderia ser atribuída à perturbação dos dipolos dos íons de Fe3+ na rede

cristalina pelo Zn2+, o que incrementa o número de vacâncias de oxigênio. Um aumento

da percentagem de Zn sugere um incremento do canting, o que ajudará a diminuir o

valor da magnetização. Também é possível que este seja um material com muitos sítios

de frustração magnética. Finalmente, experimentos a baixa temperatura por Mössbauer

podem ser utilizados para confirmar nossa hipótese.

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§ 4.7. Caracterização estrutural das amostras sinterizadas a 1000°C e 1100°C por 2

horas.

A fim de investigar os efeitos da temperatura de tratamento sobre a estrutura

cristalina e a formação da fase do conjunto de amostras sintetizadas a 1000°C por 2

horas, foi realizada a análise por difração de raios-X. As amostras foram denominadas

por 1000Zn0, 1000Zn1, 1000Zn3, 1000Zn5. Na Figura 4.10 estão ilustrados os padrões

de difração de raios-X obtidos dos pós, depois da calcinação a 1000°C por 2 horas. Da

mesma forma que no caso do conjunto de amostras tratadas a 900°C, foram encontradas

reflexões características da granada de ítrio e ferro cúbica, e identificadas pelo código

de referência (CoD 96-100-8629) e marcadas por (*). Os picos característicos da

granada de ítrio e ferro representaram 98% das fases.

Figura 4.10. Padrões de DRX das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05),

sinterizadas a 1000°C por 2 horas. Uma fase cristalográfica secundária foi observada;

representando 2 % do total. Isto corrobora o comportamento observado nas curvas de TG-DSC

[107].

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Por outro lado, observa-se que o aumento da temperatura de calcinação favoreceu

a formação de uma fase secundária. Segundo a análise pelo método de Rietveld,

reflexões típicas da fase ortorrômbica da granada de ítrio e ferro estão presentes nas

amostras dopadas e foram confirmadas pelo código de referência (CoD 96-210-1387).

Os índices de Miller (hkl) para esta fase foram identificados por (o). Os picos

característicos desta fase representaram o 2 % do total.

O tamanho médio de cristalito foi calculado a partir do alargamento do pico (420),

utilizando a fórmula de Scherrer (Equação 4.1). Os valores calculados encontram-se na

faixa entre 62 nm e 69 nm. Para o YIG puro o tamanho de cristalito foi de 65 nm,

enquanto as amostras dopadas a 0,01; 0,03 e 0,05 o valor calculado foi de 69 nm, 63 nm

e 62 nm respectivamente. Tabela IV. 4. Os tamanhos de cristalitos encontrados nestas

amostras são maiores que os obtidos nas amostras sintetizadas a 900°C. Outro elemento

interessante é que nas amostras dopadas o tamanho médio de cristalito diminui com o

aumento da concentração de Zn, enquanto que o parâmetro de rede aumenta. Este

resultado pode ser explicado como se segue: quando íons de Fe são substituídos por

íons de Zn na estrutura do YIG um estresse interno e uma tensão são induzidos na

estrutura, e consequentemente, a constante de rede a é alterada. O estresse vai impedir o

crescimento dos cristalitos e é por isso que o tamanho dos cristais nas amostras dopadas

com concentrações de Zn, x = 0,03 e 0,05 é menor que na amostra de YIG puro [7,

107].

Tabela IV. 4. Parâmetros estruturais, obtidos a partir dos refinamentos de DRX para as

amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12 sintetizadas a 1000°C por 2 horas.

Amostras YIG Parâmetro de

rede a (Å)

YIP Parâmetros de rede (Å)

Tamanho de cristalito

(nm) a b c

1000Zn0 12,375 - - - 65

1000Zn1 12,377 5,589 7,605 5,282 69

1000Zn3 12,381 5,592 7,607 5,285 63

1000Zn5 12,383 5,590 7,608 5,289 62

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Por outro lado, podemos observar um aumento no parâmetro de rede de 12,375 Å

para 12,383 Å com o incremento da concentração de íons de Zn2+. Segundo os

resultados obtidos por Shannon [109], o raio iônico do Fe3+ é 0,61Å, enquanto que o

raio iônico do Zn2+ é 0,74 Å. Similar ao resultado obtido para as amostras sintetizadas a

900°C, uma possível substituição de íons de Fe por íons de Zn na estrutura da granada

traz consigo uma expansão no cristal, aumentando o parâmetro de rede Figura 4.11. A

presença de uma fase secundária na estrutura do YIG poderia ser explicada como se

segue: um aumento da temperatura provavelmente provoca uma mobilidade dentro da

estrutura, e com isto, um aumento na entropia do sistema. Também, os íons de Zn2+

podem migrar e deixar condições para formar fases secundárias. Além disso, é provável

que a concentração local de Zn aumente em regiões da superfície da partícula.

Figura 4.11. Variação do parâmetro de rede a com o conteúdo de Zn2+ das amostras de Y3(Fe1-

xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05), sinterizadas a 1000°C por 2 horas. O aumento no

parâmetro de rede a, corrobora a presença do Zn dentro da estrutura do YIG. A barra

vermelha indica o erro para cada valor do parâmetro de rede.

Na análise por TG vimos uma fase se formando em 1100°C e decidimos então

entender este processo com a fabricação de duas amostras, que foram chamadas de

1100Zn0 e 1100Zn5. Após a sinterização das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0;

0,05) à 1100°C por 2 horas, observamos, mediante as medidas de difração de raios-X

(Figura 4.12), que a amostra de YIG puro mantinha uma única fase, correspondente a

granada de ítrio e ferro. A mesma, foi identificada pelo código de referência (CoD 96-

100-8629) e marcado com (*). Este resultado está em concordância com o observado na

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curva de TG-DCS, onde a fase da granada de ítrio e ferro é estável para temperaturas

superiores a 900°C.

Figura 4.12. Padrões de DRX das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,05) tratadas a

1100°C por 2 horas. Uma nova fase foi observada no espectro de raios-x da amostra Zn5,

pertencente ao composto Franklinita, representando 4% do total de fase [107].

No caso da amostra dopada (1100Zn5), uma fase pertence ao composto franklinita

(ZnFe2O4) foi confirmado pelo código de referência (CoD 96-901-2442). A franklinita

tem uma estrutura espinélio normal, onde os íons de Zn ocupam apenas os sítios

tetraédricos enquanto os sítios octaédricos são ocupados por íons de Fe. É um

antiferromagnético com temperatura de Néel de TN ≈ 10 K e temperatura de Curie TC ≈

0K [129]. Investigações recentes sobre a ZnFe2O4 sugeriram que a distribuição de

cátions neste material é parcialmente invertida e que ele exibe anomalia na sua

magnetização [129, 130].

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Finalmente, o refinamento Rietveld mostrou que a percentagem de fase

pertencente à franklinita foi de 4%, com a fase ortorrômbica representando 2% do total

das fases, enquanto a fase de YIG apresentou o maior percentual de 94%. Dos

resultados obtidos por difração de raios-X podemos concluir que, quando é realizada

uma substituição de íons de Zn por íons de Fe na estrutura cristalina da granada de ítrio

e ferro, para temperaturas superiores aos 1000°C, a fase da granada não permanece

estável. Este resultado é de muita importância e deve ser levado em conta na hora de

possíveis aplicações do material.

§ 4.8. Análise morfológica por microscopia eletrônica de transmissão das amostras

sinterizadas a 1000°C por 2 horas.

Para estudar o formato das partículas das amostras de Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0;

0,01; 0,03; 0,05), sintetizadas a 1000°C por 2 horas, uma análise complementar foi

realizada por meio de imagens de microscopia eletrônica de transmissão (MET). Para a

preparação das amostras, uma gota do material diluído em etanol foi colocada sobre

uma grade de cobre e seca durante 24 horas. As imagens mostraram partículas

aglomeradas com formatos alongados e irregulares Figura 4.13 (a-d). Embora não

tenham sido extraídas muitas informações destas imagens de microscopia, é possível

notar que as partículas têm um formato similar às obtidas nas amostras sintetizadas a

900°C por 2 horas. Com o aumento da concentração de íons de Zn, as partículas perdem

de maneira significativa seu formato alongado, mostrando partículas mais aglomeradas

com a presença de pontas. Segundo os resultados de Sayed [131], o aumento da

concentração de íons de zinco em algumas ferritas altera o comportamento destes

materiais quando são sinterizadas a altas temperaturas. Na Figura 4.14 são apresentadas

duas imagens de MET com maior amplificação, das amostras 1000Zn0 e 1000Zn5.

Podemos observar pelo mecanismo de contraste de massa na micrografia, que partículas

namométricas estão presentes nos aglomerados. Devido à agregação de partículas e suas

formas irregulares, não foi possível obter os valores de tamanho do cristalito e assim ser

comprados com os valores obtidos pela fórmula de Scherrer (Equação 4.1).

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Figura 4.13. Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão das amostras de YIG dopadas

com Zn2+ tratadas a 1000 °C por 2 horas. a) 1000Zn0, b) 1000Zn1, c) 1000Zn3, d) 1000Zn5. È

possível observar os formatos irregulares e grandes aglomerados.

Figura 4.14. Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão das amostras tratadas a

1000°C: a) amostra 1000Zn0; b) amostra 1000Zn5. Em ambas as figuras, é possível observar a

presença de nanopartículas dentro dos aglomerados [107].

c d

a b

b a

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§ 4.9. Propriedades magnéticas das amostras sinterizadas a 1000°C por 2 horas.

As propriedades magnéticas das amostras sintetizadas a 1000°C por 2 horas foram

estudadas com medidas de magnetização em função do campo aplicado. Conhecemos

que as propriedades magnéticas globais do YIG são o resultado da interação entre duas

sub-redes [6]. É por isto que, uma vez analisados os resultados obtidos por difração de

raios-X, algumas alterações nas propriedades magnéticas do composto são esperadas

com a dopagem. A Figura 4.15 mostra as curvas do momento magnético em função do

campo magnético aplicado, medidos a 50K e 300K. Tanto à temperatura ambiente

(300K), como a baixa temperatura (50K), todas as amostras exibiram laços de histerese

estreitos, indicando uma natureza ferrimagnética mole. Similar ao encontrado para as

amostras sintetizadas a 900°C foi possível observar uma diminuição da magnetização

com a temperatura. A partir dessas medidas, foi possível determinar o campo coercitivo,

em que se observou uma diminuição de 43,47 Oe para 22 Oe com o aumento da

concentração de zinco até o 3%, enquanto que para a concentração de 5% a

coercividade aumentou para 35,5 Oe (Figura 4.16). Os valores de coercividade obtidos

para estas amostras estão estreitamente relacionados com o formato e a aglomeração das

partículas como foi observado por microscopia eletrônica de transmissão.

A coercividade está fortemente relacionada com a movimentação das paredes de

domínio no material magnético. Para os domínios crescerem, as paredes devem se

mover, de tal forma que, os domínios orientados favoravelmente na direção do campo

aplicado se expandam. As paredes de domínio se movimentam facilmente em

monocristais perfeitos. Da mesma forma, discordâncias ou defeitos no material

interagem com estas paredes, dificultando ou impedindo seu movimento. Mecanismos

de ancoragem (pinning) das paredes de Bloch podem afetar facilmente a coercividade

no material. Em nossas amostras, a coercividade é determinada pelo aprisionamento ou

ancoragem das paredes de domínio em defeitos, dentre eles os precipitados presentes no

material. Quanto maior for a dificuldade de movimentação das paredes dentro do

material, devido a imperfeições, maior será o valor da coercividade.

Finalmente, comparando os valores de coercividade obtidos para as amostras

sintetizadas a 1000°C com o conjunto de amostras sintetizadas a 900°C, observamos

uma diminuição deste parâmetro. Nossa conclusão é que o aumento da temperatura de

sinterização diminuiu a porosidade do material levando a uma diminuição da

coercividade, além de existir uma fase secundária que pode modificar o resultado.

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94

Figura 4.15. Momento Magnético em função do Campo Aplicado (M–H) das amostras de YIG

dopadas com Zn2+ tratadas a 1000 °C por 2 horas: a)1000Zn0, b) 1000Zn1, c) 1000Zn3, d)

1000Zn5 [107].

Na Figura 4.16 b mostra-se o comportamento da magnetização de saturação

versus à concentração de Zn2+ à temperatura ambiente. Observou-se uma diminuição

deste parâmetro com o aumento da concentração de Zn2+. Isto poderia estar associado

com o aparecimento da fase secundária na estrutura. Além disso, a substituição de íons

de Zn2+ faz com que a interação entre os sítios octaédricos e tetraédricos diminua, o que

leva a uma redução do momento magnético total. Quando comparamos os valores de

Ms das amostras sinterizadas a 1000°C com os obtidos nas amostras sinterizadas a

900°C, há um aumento do mesmo. Este resultado poderia estar estreitamente

relacionado com a fase secundária observada por difração de raios-X.

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95

Figura 4.16. Variação da coercividade (Hc) (a) e da magnetização de saturação (Ms) com o

incremento da concentração de íons Zn2+ (b). A diminuição da magnetização de saturação com

o incremento da concentração de Zn2+, está relacionado com a presença da fase secundária.

Um estudo adicional foi feito nas amostras sinterizadas a 1000°C por 2 horas. As

curvas que descrevem o comportamento da magnetização de saturação Ms (T) com a

temperatura são mostradas na Figura 4.17. Na temperatura de 300 K, os momentos

magnéticos individuais na granada de ítrio e ferro estão desalinhados e distribuídos

aleatoriamente em relação ao campo magnético aplicado, diminuindo assim o momento

magnético global. À medida que a temperatura é reduzida, a randomização dos

momentos magnéticos, devida às vibrações térmicas, é reduzida. A dependência da

magnetização de saturação Ms (T) com a temperatura está bem descrita usando a teoria

de onda de spin [4]. A lei de Bloch descreve a dependência da magnetização de

saturação Ms (T) com a temperatura em materiais ferromagnéticos. Aqui Ms (T) é

dominado pela excitação de longo comprimento de onda ou flutuações das ondas de

spin, conhecidas como mágnons. A distribuição contínua dos estados das ondas de spin

resulta na dependência da magnetização de saturação com a temperatura levando à lei

de Bloch [4].

nSS TMTM 10 . 4.3

Na equação acima, MS (0) é a magnetização de saturação para o estado

fundamental (T = 0 K), n é o expoente de Bloch, e α = b/(TC)n, TC é a temperatura de

Curie e b a constante de Bloch.

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96

Figura 4.17. Dependência da magnetização de saturação com a temperatura para as amostras

de Y3(Fe1-xZnx)5O12. As linhas contínuas representam o ajuste através da lei Bloch.

As curvas da Figura 4.17 foram ajustadas utilizando a lei de Bloch e a partir do

ajuste foram determinados parâmetros como o expoente de Bloch e o valor de n

(Tabela IV. 5). O valor do parâmetro α encontra-se na ordem dos obtidos no bulk para a

granada de ítrio e ferro (α ~ 10-6 K-n). O valor do expoente de Bloch varia entre 1,84 –

1,94, e estes valores também estão na ordem dos reportados na literatura para o YIG

dopado com outros íons [4]. A lei de Bloch indica que a diminuição da magnetização de

saturação com o aumento da temperatura é devida às excitações das ondas de spin e

pode ser descrita por uma lei de potência em T.

Tabela IV. 5. Parâmetros obtidos do ajuste da lei Bloch para o conjunto de amostras Y3(Fe1-

xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05) sinterizadas a 1000°C por 2 horas.

Amostras Ms

(emu/g)

Coercividade

(Oe) α

10-6 (K-n) n

1000Zn0 38,89 43,4 4,88 1,92

1000Zn1

35,50 26,5 7,88 1,85

1000Zn3

33,00 22,0 8,13 1,84

1000Zn5

32,57 35,5 4,67 1,94

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À maneira de conclusão, um estudo detalhado utilizando a Lei de Bloch deverá

ser feito nas amostras monofásicas, com a finalidade de fechar a análise sobre as

constantes magnetocristalinas. Além disso, será preciso fazer um estudo de

susceptibilidade AC, sendo uma intenção de estudar o canting de spin à medida que o

Zn aumenta em amostras sinterizadas a 900°C e 1000°C. Finalmente, estudos por

espectroscopia Mössbauer, juntamente com aquele feito até o momento podem dar

informação sobre o local onde os íons de Zn se encontram.

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98

5 CRESCIMENTO DE FILMES FINOS DE Y3Fe5O12 SOBRE SUBSTRATOS DE

GGG E SILÍCIO

§ 5.1. Introdução.

Neste capítulo se descrevem as características estruturais, morfológicas e

magnéticas de filmes de Y3Fe5O12 crescidos sobre substratos de granada de gadolínio e

gálio (GGG) e silício (Si 100) utilizando o método sol gel. O objetivo é estudar a

relação entre a estrutura e as propriedades físicas dos filmes finos e comparar os

resultados com as propriedades reportadas para filmes de YIG obtidos por outros

métodos. Além disso, este estudo nos permitirá avaliar a eficácia da técnica de produção

dos filmes e se propõe o método sol gel como forte candidato para fabricar filmes de

YIG com boas propriedades para estudos de spintrônica.

§ 5.2. Caracterização estrutural de filmes de Y3Fe5O12 crescidos sobre substratos

de GGG e Si (100).

Com o objetivo de determinar as características estruturais dos filmes produzidos,

se realizou uma análise detalhada dos padrões de difração de raios-X, após o tratamento

térmico a 850°C. A identificação foi feita utilizando a base de dados de cristalografia

COD do ano 2014. Para evitar a presença de picos característicos do substrato, os

espectros de difração dos filmes se realizaram na configuração de geometria assimétrica

de Bragg, também conhecida como ângulo rasante. Na Figura 5.1 são apresentados os

padrões de difração dos filmes, com a respectiva indexação dos planos cristalográficos

(hkl). Todos os espectros mostraram picos bem definidos. O filme crescido sobre o

substrato de silício (100) apresentou reflexões características da fase cúbica da granada

de ítrio e ferro, as quais foram identificadas pela ficha (COD 96-100-8629); várias

reflexões típicas da fase ortorrômbica foram identificadas pela ficha (COD 96-210-

1387) Figura 5.1a. Da mesma forma, os filmes crescidos sobre o substrato de GGG

apresentaram reflexões pertencentes à fase cúbica e ortorrômbica do YIG e identificada

pelas fichas (COD 96-100-8629) e (COD 96-210-1387) respectivamente, Figura 5.1 b,

c.

O ajuste do perfil dos difratogramas se realizou através do refinamento Rietveld.

Os parâmetros de ajuste, usando o refinamento do padrão experimental através do

método de Rietveld Rp (fator de perfil), Rwp (fator de perfil ponderado), Re (valor

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estatisticamente esperado para Rwp), Fg (qualidade de ajuste) e χ2 são apresentados na

Tabela V.1.

Figura 5.1. Padrões de difração de raios-X dos filmes de YIG crescidos sobre substratos de

GGG e Si. a) 2 gotas sobre Si (100), b) 3 gotas sobre GGG, c) 6 gotas sobre GGG. Os índices

de Miller marcados em verde representam os picos mais significativos observados pertencentes

à fase cúbica do YIG.

A formação da fase ortorrômbica observada em todos os espectros pode ser

explicada segundo a reação no estado sólido entre as partículas primárias dos óxidos de

ferro e ítrio. O processo de formação da ferrita de ítrio no estado sólido pode ser

descrito como [132, 133]:

Y2O3 + Fe2O3 → 2YFeO3

3YFeO3 + Fe2O3 → Y3Fe5O12 5.1

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100

A partir destas expressões é possível deduzir que a reação de formação da ferrita

de ítrio cúbica pode não ser completa e por este motivo no difratograma são observados

picos característicos da fase cristalina ortorrômbica intermediária. Os resultados obtidos

permitem concluir que os filmes de YIG apresentam fases cristalográficas secundárias,

que provavelmente irão influenciar no amortecimento magnético dos filmes. A análise

morfológica dos filmes é apresentada na seção seguinte.

Tabela V. 1. Fatores de ajuste, Rp, Rwp, Rd, Fg, χ2, obtidos durante o refinamento Rietveld.

Filmes Rp Rwp Re Fg χ2

2 gotas Si 4,81 6,14 5,45 1,26 0,95

3 gotas GGG 5,34 7,56 4,15 3,31 0,91

6 gotas GGG 6,91 8,76 7,41 2,39 0,93

§ 5.3. Imagens de microscopia eletrônica de varredura dos filmes de Y3Fe5O12

crescidos sobre substratos de GGG e Si (100).

A morfologia da superfície dos filmes foi analisada por microscopia eletrônica de

varredura. Esta técnica foi utilizada para determinar a espessura e a qualidade dos

filmes. Na Figura 5.2 são apresentadas as imagens de MEV dos três filmes (Figura

5.2a: 3 gotas sobre GGG), (Figura 5.2b: 6 gotas sobre GGG), (Figura 5.2c: 2 gotas

sobre Si (100)). Na Figura 5.2a, é possível identificar rupturas e formação de ilhas

quando foram depositadas 3 gotas sobre o substrato de GGG. Com 6 gotas, um filme de

melhor qualidade foi observado na imagem, ainda que se apreciam regiões com

rachaduras, Figura 5.2b. No filme depositado sobre o substrato de silício, Figura 5.2c,

uma superfície pouca homogênea é observada. A qualidade deste filme encontra-se

prejudicada pelas diferenças da estrutura e do coeficiente de expansão térmico (CET)

entre o Silício (a = 5,43Å, CET = 2,59 x 10-6) e o YIG (a = 12,376Å, CET = 10 x 10-10),

como reportado por Zheng [34]. De forma geral, na deposição pelo método sol gel, a

qualidade do filme é afetada por vários parâmetros, tais como interação de substrato

com o material, umidade e temperatura durante a fabricação. As especificações

principais do formato do filme e sua rugosidade superficial são determinadas no passo

final de tratamento térmico. Há também uma forte influência do pH e de outros fatores

que contribuem para a nucleação e o crescimento do filme sobre o substrato.

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101

Figura 5.2. Imagens de MEV dos filmes de YIG, a) 3 gotas sobre GGG, b) 6 gotas sobre GGG,

c) 2 gotas sobre Si.

Finalmente, as imagens de MEV da secção transversal se apresentam na Figura

5.3. Foram observadas grandes variações na espessura, com uma ampla diferença de um

ponto a outro da amostra. Isto, porque a espessura do filme está influenciada por efeitos

de borda durante a deposição por spin coating. Neste caso, os efeitos aparecem quando

são depositadas várias gotas sobre um substrato. Espessuras acima de 2µm foram

medidas, o que se deve à quantidade de material depositado.

a b

c

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Figura 5.3. Imagens da secção transversal

sobre GGG, c) 2 gotas sobre Si.

os efeitos de borda durante a deposição por spin coating e com a quantidade de material

depositado.

§ 5.4. Estudo do amortecimento

de YIG crescidos sobre substratos de GGG e Si (100).

Os experimentos de FMR permitem calcular valores de

amortecimento, constantes de troca e anisotropias, assim como detalhes da influ

aspectos estruturais das amostras sobre seu comportamento

como estas tornaram a FMR uma técnica

magnéticos e filmes finos.

c

a

102

secção transversal dos filmes de YIG, a) 3 gotas sobre GGG, b) 6

A irregularidade na espessura dos filmes está relacionada com

da durante a deposição por spin coating e com a quantidade de material

Estudo do amortecimento por ressonância ferromagnética (FMR) dos filmes

de YIG crescidos sobre substratos de GGG e Si (100).

Os experimentos de FMR permitem calcular valores de parâmetros

amortecimento, constantes de troca e anisotropias, assim como detalhes da influ

spectos estruturais das amostras sobre seu comportamento magnético. Aplicações

como estas tornaram a FMR uma técnica amplamente útil no estudo de materiais

b

GGG, b) 6 gotas

relacionada com

da durante a deposição por spin coating e com a quantidade de material

essonância ferromagnética (FMR) dos filmes

parâmetros de

amortecimento, constantes de troca e anisotropias, assim como detalhes da influência de

Aplicações

de materiais

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103

Os parâmetros mais importantes a serem usados na obtenção das informações

contidas nos espectros de FMR são o campo de ressonância (HR) e a largura de linha

(ΔH). Estes parâmetros são normalmente obtidos diretamente dos espectros

experimentais. O campo de ressonância é o campo magnético que corresponde ao

máximo da curva de absorção, enquanto a largura de linha é a diferença em campo

magnético de pico a pico da derivada da absorção. No caso dos espectros apresentarem

linhas superpostas, o campo de ressonância de cada uma pode ser obtido, na maioria dos

casos, a partir dos mínimos da segunda derivada da absorção. Porém, a obtenção de ΔH

é mais complicada em caso de superposição de linhas. Para isto é necessário realizar

ajustes dos espectros usando curvas Lorentzianas. O espectro de FMR com o campo

magnético aplicado no plano das nossas amostras apresenta um modo de absorção,

como pode ser observado na Figura 5.4, indicando a presença de um sistema

ferromagnético. O ajuste numérico para este espectro foi feito com o uso da derivada da

função Lorentziana dada por:

32222

1´ CHCHHH

HHCF

R

R

5.2

Na equação acima C1, C2 e C3, são parâmetros de ajuste, HR é o campo de

ressonância e H é a largura de linha. A medida foi ajustada para que o menor campo

de ressonância correspondesse à posição de zero grau angular, pois não se conhece, a

priori, a direção da anisotropia uniaxial. De acordo com o ajuste numérico realizado

com o uso da função Lorentziana, se obtiveram os valores do campo de ressonância e a

largura de linha de ressonância ferromagnética de todos os filmes.

Na Tabela V.2 são apresentados os valores numéricos para HR e ΔH. Os valores

de largura de linha obtidos sobre os substratos de GGG foram altos quando comparados

aos valores reportados na literatura. Este resultado está ligado com a baixa qualidade

obtida no espectro de raios-X e a irregularidade observada na morfologia dos filmes. No

caso do filme de YIG crescido sobre o substrato de Si (100), o valor de largura de linha

obtido está em concordância com alguns dos estudos reportados na literatura [16, 32 -

36]. Apesar disto, a característica do filme não é o suficientemente adequada para

estudos de spintrônica.

Nos estudos de spintrônica têm sido utilizados filmes finos monocristalinos com

uma superfície uniforme. Nossos resultados foram de muita importância para

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104

compreender a síntese do sol gel e ajudaram a fazer modificações importantes, tais

como, mudanças de solvente, da base para controlar o pH e no tratamento térmico, que

nos permitiram obter um resultado interessante o qual será discutido na próxima seção.

Devido à importância de produzir filmes sobre substratos de silício a próxima seção

aborda um resultado que até agora não tinha sido reportado na literatura.

Figura 5.4. Espectros de FMR medidos a temperatura ambiente dos filmes de YIG. a) 3 gotas

sobre GGG, b) 6 gotas sobre GGG, c) 2 gotas Si sobre (100).

Tabela V. 2. Valores de largura de linha e campo de ressonância dos filmes de YIG.

Filmes Largura de linha (Oe) Campo de ressonância (kOe)

3 gotas GGG 77 1,098

6 gotas GGG 78 1,098

2 gotas Si 75 1,098

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105

§ 5.5. Caracterização estrutural do filme de YIG crescido sobre o substrato de

Silício (100) a partir da síntese modificada.

Um novo filme de YIG crescido sobre substrato de Si (100) foi preparado a partir

das modificações na síntese como mostrado na seção 3.4. A Figura 5.5 mostra o padrão

de difração de raios-X do filme sobre o substrato de Si (100). Para obter informação

quantitativa do difratograma foi realizado o refinamento através do método de Rietveld.

As linhas pretas representam o difratograma experimental, as linhas vermelhas o

difratograma teórico e em azul é indicada a diferença entre o resultado experimental e o

teórico. As reflexões características da granada de ítrio e ferro cúbica foram

confirmadas pela ficha (COD 96-100-8629). Também são mostrados os índices de

Miller (hkl) para todos os picos identificados com (*). Pequenas reflexões tipicas da

fase ortorrômbica do YIG foram novamente observadas e confirmadas pela ficha (COD

96-210-1387). Neste caso os hkl foram marcados por (o).

Figura 5.5. Padrão de difração de raios-X do filme de YIG sobre substrato silício (100). As

informações obtidas a partir do refinamento pelo método de Rietveld mostrou 84,1% da face

cúbica do YIG [134].

Os parâmetros de ajuste usando o refinamento do padrão experimental através do

método Rietveld são apresentados na Tabela V. 3. Para este ajuste, o erro obtido

encontra-se abaixo de 2%. Todos os parâmetros aqui apresentados mostram a boa

qualidade do refinamento, que também pode ser corroborado com a forma da linha azul

apresentada na Figura 5.5. A informação quantitativa extraída do refinamento pelo

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método Rietveld mostrou um 84,1% da fase cúbica do YIG, que é superior à

percentagem obtida no filme da seção anterior.

Tabela V. 3. Fatores de ajuste, Rp, Rwp, Rd, Fg, χ2, obtidos do refinamento Rietveld para o filme

de YIG.

Rp Rwp Re Fg Chi2

3,95 4,96 4,41 1,26 0,99

A partir do espectro de raios-X do filme obtido em ângulo rasante e da indexação

dos picos podemos determinar o parâmetro de rede a, calculado com a combinação da

equação de Bragg e a expressão da distância interplanar para o sistema cúbico, na forma

2

1

222

2

2

sin4

lkha

. 5.3

Aqui é o comprimento de onda da radiação Cu-K 1,54060Å, = ângulo de

difração. O valor do parâmetro de rede a foi de 12,314 Å, na ordem dos valores

reportados na literatura para amostras de YIG [4, 6]. O tamanho de cristalito foi

calculado a partir do alargamento da linha de raios-X do pico (420), utilizando a

fórmula de Scherrer (Equação 4.1). O tamanho médio de cristalito obtido foi de 27 nm.

§ 5.6. Estudo da morfologia do filme de microscopia eletrônica de varredura.

Através da técnica de microscopia eletrônica de varredura e usando uma

ampliação de 150,000x, foi possível estudar a superfície do filme de YIG, Figura 5.6.

Pode ser observado que o filme sinterizado a 900°C mostrou uma superfície uniforme,

enquanto uma pequena quantidade de poros está distribuída uniformemente. É bem

provável que a formação destes poros seja provocada por um crescimento preferencial

que o filme experimenta, conjuntamente com a deformação induzida pelo substrato à

temperatura de sinterização. A granada de ítrio e ferro em nanopartículas apresenta

estrutura cúbica, com grãos alargados similares aos observados no filme. Comparando a

superfície deste filme, com o filme crescido sobre o substrato de Si (100) discutido na

seção 5.3, é possível afirmar que a estrutura dos grãos é bem mais definida, com uma

maior compactação, o que provavelmente se deve ao reordenamento dos grãos, como

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107

resultado do processo de nucleação que tem lugar durante a cristalização do filme em

altas temperaturas. Finalmente, podemos dizer que a superfície de nosso filme é bem

similar à de alguns filmes de YIG reportados na literatura [32, 34, 36, 78].

Figura 5.6. Microscopia eletrônica de varredura da superfície do filme de YIG mostrando a

estrutura porosa. A formação de poros e de espaços vazios pode ser atribuída à diferença entre

a estrutura do silício e do YIG [134].

§ 5.7. Ressonância ferromagnética (FMR) do filme de YIG. Influência da

rugosidade na ΔH.

Durante décadas, o estudo da granada de ítrio e ferro se converteu no objetivo

principal de vários pesquisadores. O YIG, conhecido como a maravilha da natureza para

estudo em spintrônica, comprável com o Germânio para a física de semicondutores,

como o quartzo nos cristais acústicos e como a água na hidrodinâmica, apresenta várias

propriedades interessantes na física do magnetismo [135]. Sua elevada temperatura de

Curie (560 K), seu baixo amortecimento magnético, assim como a estreita largura de

linha por FMR fazem que seja indispensável na tecnologia de micro-ondas e na física

experimental para o estudo de novos efeitos e fenômenos magnéticos. Compreender os

fenômenos dos quais depende sua estreita largura de linha e baixo amortecimento é

outro dos grandes desafios na atualidade.

Na Figura 5.7 é apresentada a medida de FMR para a amostra de YIG discutida

aqui. Os círculos no gráfico mostram o perfil de absorção de potência de FMR medido

com uma cavidade de 9,45GHz, com campo magnético aplicado no plano da amostra. A

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linha vermelha mostra o ajuste para este espectro, feito com o uso da derivada da

Lorentziana (equação 5.2). O valor de largura de linha (53 Oe) obtido a partir do ajuste

mostrou o resultado mais baixo reportado na literatura sobre substrato de silício (100)

usando métodos químicos [16, 32 - 36].

Figura 5.7. Espectro FMR do filme de YIG sobre substrato de Si (100) mostrando o valor da

largura de linha (53 Oe). O valor aqui é o menor relatado na literatura sobre Si, e usando o

método de sol gel [134].

O valor de largura de linha (ΔH) obtido neste trabalho é bom, por representar um

avanço em YIG/Si, mas ainda devemos trabalhar no sentido de seguir diminuindo a ΔH.

Entendemos que vários fatores influenciaram para que este valor não fosse menor. Por

exemplo, sabe-se que existe uma grande correlação entre a largura de linha por FMR e a

rugosidade superficial, como também com a deficiência de Fe do filme.

Especificamente, a largura de linha aumenta com a rugosidade e a deficiência de Fe

[55]. Pode-se compreender esta observação em termos de amortecimento na superfície:

a imperfeição da superfície do filme aumenta a relaxação ferromagnética tal como o

espalhamento de mágnon-fónon. Este amortecimento associado à superfície manifesta-

se como um aumento na largura de linha de FMR. A relaxação de transferência de

carga, que também é chamada de troca de valência ou relaxação de Fe2+ - Fe3+ ocorre

em filmes com íons Fe2+ e Fe3+ em sítios equivalentes [55]. A análise realizada por

difração de raios-X, discutida na seção 5.5, revelou a existência de uma fase secundária,

composta por Fe2+, que provavelmente se encontra presente na superfície do filme de

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YIG. Isto indica a possibilidade de transferência de carga na superfície do filme. A

explicação acima dá origem a duas hipóteses possíveis. Em primeiro lugar, se um

tratamento de superfície é feito para reduzir defeitos de superfície, pode-se esperar um

menor amortecimento da superfície e uma redução em ΔH. Em segundo lugar, um

aumento na espessura do filme poderia diminuir a contribuição do amortecimento

associado à superfície, e assim, conduzir a uma redução em ΔH.

Em resumo, o aumento da largura de linha observada no espectro FMR,

comparado aos valores obtidos por métodos como deposição por laser pulsado ou

magnetron sputtering, pode ser associado aos processos de espalhamento de dois

mágnon: i) à anisotropia dos grãos cristalinos orientados aleatoriamente e ii) aos poros,

granulométrica, distribuição de tamanho de grão e componentes residuais da segunda

fase [34, 136].

Os resultados apresentados neste capítulo confirmam que a imperfeição

superficial faz contribuições notáveis no aumento da largura de linha de FMR e no

amortecimento magnético em filmes de YIG. Embora que o valor de ΔH obtido em

nosso resultado seja o menor reportado na literatura sobre substratos de Si (100),

espera-se reduzir ainda mais o amortecimento de filmes YIG fabricados através do uso

do método sol gel otimizado. Finalmente, podemos dizer que o método sol gel se mostra

como uma alternativa econômica e fácil para obter bons resultados.

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110

6 CONCLUSÕES

Nesta tese, foi apresentado o método sol gel para sintetizar nanopartículas de YIG

dopadas com íons Zn2+, assim como para obter filmes de YIG sobre substrato de silício

com baixo amortecimento magnético. Os dois resultados eram inéditos na literatura.

A análise térmica do composto Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03; 0,05) mostrou

que as temperaturas ideais para a calcinação do material encontram-se no intervalo entre

900°C e 1000°C. As amostras dopadas mostraram uma queda na curva de TG com a

temperatura à medida que a concentração de dopante aumenta, indicando a presença de

um composto metaestável.

A análise estrutural das amostras sinterizadas a 900°C mostrou a formação de uma

fase cristalográfica cúbica, pertencente à granada de ítrio e ferro, e um aumento no

parâmetro de rede com o incremento de íons Zn2+. A morfologia das partículas é

alongada e a EDS mostrou a presença do Zn2+ dentro da estrutura, observando-se um

aumento na intensidade do pico característico.

A espectroscopia Raman confirmou a formação da fase cúbica, já que não foram

encontradas novas bandas nos espectros Raman. Além disso, a observação sugeriu que

os íons Zn2+ encontravam-se substituídos nos sítios octaédricos, o que está associado

com o incremento da intensidade da banda principal com a dopagem.

O estudo das propriedades magnéticas mostrou um aumento na Ms para a amostra

dopada em 1%, e diminuição na Ms para maiores concentrações de Zn2+. As variações

na coercividade foram associadas ao formato das partículas e aos mecanismos de

ancoragem dos momentos em parede de domínio.

As amostras sinterizadas a 1000°C e 1100°C corroboraram a existência de um

composto metaestável, com a formação de uma fase cristalográfica ortorrômbica e uma

fase pertencente ao composto Franklinita, respectivamente. Nas imagens de MET das

amostras sinterizadas a 1000°C foram observadas grandes aglomerados com partículas

nanométricas dentro.

A caracterização magnética mostrou diminuição na Ms com o incremento da

dopagem, associado com a substituição dos íons de Fe3+ pelos íons de Zn2+ e com as

fases secundárias observadas por DRX, enquanto que os valores obtidos do ajuste pela

lei de Bloch mostraram resultados semelhantes aos reportados na literatura para o YIG

dopado com outros íons.

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111

A análise por difração de raios-X dos filmes finos crescidos sobre os substratos de

Si (100) e GGG mostrou a formação da fase cristalográfica ortorrômbica em todas as

amostras. A morfologia revelou rachaduras e formação de ilhas na superfície e filmes

com espessura acima de 2µm. Além disso, foi determinado que a diferença entre o

coeficiente de dilatação térmica entre o substrato de Si e o YIG induz deformações na

estrutura. A caracterização magnética mostrou altos valores de largura de linha para os

filmes crescidos sobre o substrato de GGG, enquanto que a amostra crescida sobre Si

(100) apresentou um valor similar aos reportados na literatura.

Finalmente, a caracterização estrutural do filme obtido a partir da síntese

modificada, revelou a fase cúbica do YIG predominante. A superfície morfologia estava

homogênea, com pequenos poros distribuídos uniformemente.

A ressonância ferromagnética junto com o ajuste revelou o valor mais baixo de

largura de linha para filmes de YIG crescidos sobre substratos de Si (100) através de

métodos químicos.

O método sol gel se apresenta neste trabalho como uma alternativa para fabricar

filmes de YIG com baixo amortecimento sobre substratos de silício.

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112

7 PERSPECTIVAS

Os objetivos centrais deste trabalho envolveram a formação da fase Y3(Fe1-

xZnx)5O12 substituindo íons Fe3+ por Zn2+ utilizando o método sol gel. Em uma segunda

parte foi utilizado o mesmo método para obter filmes de YIG sobre silício. Avanços

foram claros, mas ainda precisamos entender alguns aspectos, por isso propomos:

1. A partir de novas técnicas de caracterização, realizar um estudo que permita

corroborar a presença do Zn nas posições octaédricas do YIG.

2. Estudar a condutividade elétrica do Y3(Fe1-xZnx)5O12, (x = 0; 0,01; 0,03;0,05),

para entender a distribuição do Zn2+.

3. Estudar o efeito de novos íons divalentes nas propriedades estruturais e

magnéticas de YIG.

4. Aperfeiçoar o método sol gel para obter filmes de YIG com menor largura de

linha por FMR sobre substrato de Si.

5. Estudar o efeito do Zn2+ no amortecimento magnético em filmes de YIG.

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ANEXO

Artigos científicos relacionados com a tese.

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, G. Duarte, L. A. P. Gonçalves, E.

Padrón-Hernández, Materials Research Express. (https://doi.org/10.1088/2053-

1591/aa557a) Accepted 2016.

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, B. V. M. Farias, D. Martinez, E.

Skovroinski, A. Galembeck, E. Padrón-Hernández. Magnetic and structural

properties of Zn-doped yttrium iron garnet nanoparticles. Physica Status Solidi. A,

Applications and Materials Science (Print), v. 213, p. 2485-2491, 2016.

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, E. Padrón-Hernández. YIG films with

low magnetic damping obtained by sol-gel on silicon (100). Materials Letters

(General ed.), v. 161, p. 384-386, 2015.

Artigos científicos realizados em colaboração durante o período do

doutorado.

Y. Guerra, J. L. Gomes, R. Peña-Garcia, A. Delgado, B. V. M. Farias, G. P.

Fuentes, L. A. P. Gonçalves, E. Padrón-Hernández. Micromagnetic simulation in

hexagonal arrays of nanosized hollow Ni spheres. IEEE Transactions on

Magnetics, v. 52, p. 1-7100706, 2016.

D. C. Carvalho, S. A. S. Helvio, J. M. Filho, E. M. Assaf, V. V. Thyssen, A.

Campos, E. Padrón-Hernández, R. Raudel, A. C. Oliveira. Nanosized Pt-

containing Al2O3 as an efficient catalyst to avoid coking and sintering in steam

reforming of glycerol. RSC Advances: an international journal to further the

chemical sciences, v. 4, p. 61771-61780, 2014.

Apresentação de trabalhos em eventos relacionados com a tese

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, J. L. Gomes, L. A. P. Gonçalves, E.

Padrón-Hernández. Magnetic and structural properties of Zn-doped YIG

nanoparticles. 2016. (Congresso).

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, G. Duarte, L. A. P. Gonçalves, E.

Padrón-Hernández. The Bloch's law for studying the magnetic properties of Zn-

doped YIG nanoparticles. 2016. (Simpósio).

Page 122: Universidade Federal de Pernambuco -Graduação em Ciência ...€¦ · Frederico, Claudio, Jurandi, Von, Reza, Jeandrews pela amizade incondicional. Aos amigos cubanos: Jesus, Anmis,

121

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, B. V. M. Farias, I. L. Silva, E. Padrón-

Hernández. Effect of Zinc addition on the structure and magnetic properties of

yttrium iron garnet. 2015. (Simpósio).

R. Peña-Garcia, B. V. M. Farias, R. Dominguez, Y. Guerra, A. Delgado, F.

Barbosa, E. Padrón-Hernández. Growth by sol-gel and ferromagnetic resonance of

yttrium iron garnet thin films. 2015. (Congresso).

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, R. Dominguez, B. V. M. Farias, E.

Padrón-Hernández. Obtaintion of YIG films with low damping using the sol-gel

method. 2015. (Congresso).

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, A. Galembeck, E. Padrón-Hernández.

Magnetic properties of thin films of yttrium iron garnet produced by sol-gel. 2014.

(Congresso).

Prêmio sobre a tese obtido em evento.

R. Peña-Garcia, A. Delgado, Y. Guerra, G. Duarte, L. A. P. Gonçalves, E.

Padrón-Hernández. The Bloch's law for studying the magnetic properties of Zn-

doped YIG nanoparticles (Best Work of Symposium C), XV Brazilian MRS

Meeting, Campinas-SP.2016.

Outro prêmio.

Y. Guerra, J. L. Gomes, R. Peña-Garcia, A. Delgado, G. P. Fuentes, B. V. M.

Farias, E. Padrón-Hernández. Thickness effects in the properties of hexagonal

array of nanosized Ni hollow-spheres (Prize of best Work Of the symposium D),

XIV Brazilian MRS. Meeting, in Rio de Janerio-RJ. 2015.