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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
O MERCADO AUTOMOTIVO DO GRANDE RECIFE:
ANÁLISE ATUAL E PERSPECTIVAS
TESE SUBMETIDA À UFPE
PARA OBTENÇÃO DE GRAU DE MESTRE
POR
LUCIANO BRANDÃO DE SOUZA
Orientador: Prof. Fernando Menezes Campello de Souza, Ph.D.
RECIFE, junho/2004
Brandiio de Souza, Luciano O mercado automotivo do Grande Recife : análise
atual e perspectivas I Luciano Brandão de Souza. - Recife : O Autor, 2004.
xv, 144 folhas : il., fig., tab.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Engenharia de Produção, 2004.
Inclui bibliografia e apêndices.
1. Mercado automotivo - Recife (PE) - Metodos estatísticos. 2. Consumidor - Mercado automotivo - Recife (PE) - Pesquisa de opiniiio. 3. COnCeS- sionárias (Automóveis) - Mercado - Análise e perspectivas. 4. Montadoras (Autombveis) - Análise estimativa. I. Título.
658.5.012.22 CDU (2.ed.) UFPE 658.835 CDD (21.ed.) BC2004-327
Aos meus pais Noé Fideles e Iná Brandão (in Memorian).
AGRADECIMENTOS
Concluir este mestrado foi um passo extremamente importante na minha vida e na minha
carreira, naturalmente, ninguém dá um passo como este sozinho. Especialmente porque, como
matemático, senti-me um pouco perdido quando mudei para uma área tão prática como é a
engenharia de produção. Portanto, a ajuda de muitas pessoas fez-se necessária, não só na
elaboração da dissertação, mas em todo o percurso por mim percorrido. Seguem, portanto,
alguns agradecimentos aos coadjuvantes desta conquista:
• Katia Augusta Maciel, por todo o apoio, dedicação, paciência, carinho, sensibilidade. . .
Felizmente, as suas qualidades são incontáveis. É impossível também, enumerar os mo-
mentos em que ela me ajudou nesta caminhada. Sem Katinha, esta caminhada seria
muito menos gratificante.
• Conheci o professor Fernando Campello, num momento crucial, estava decidindo se iria
ou não engajar-me no mestrado em engenharia de produção. Reclamava para ele que por
ser matemático, não tinha contexto. Engajei-me. Depois de todo o tempo de convivência
com ele, posso dizer com toda a certeza que hoje eu tenho menos contexto ainda. Ele me
ensinou que o contexto é irrelevante, pois:
O todo é maior que a soma das partes.
Aristóteles
Este é um agradecimento especial a ele.
• Ao professor Paulo Ghinato que em menos de meia hora de aula me mostrou que a
caminhada seria mais árdua do que eu imaginava (o que me incentivou a estudar), e
em outras tantas horas de aula me mostrou que esta caminhada valeria a pena (o que
me deixa tranqüilo com relação à expectativas futuras). Agradeço o seu apoio e as suas
críticas.
i
• Ao professor Alexandre Stanford pelas interessantes intervenções neste texto.
• Ao engenheiro José Manuel Cabral Duarte, profissional do setor automotivo, pela sua
participação especial na banca examinadora, trazendo a sua experiência para o âmbito
das discussões sobre a temática da dissertação.
• Aos professores Antônio Carlos, Israel Vainsencher e Manoel Lemos do departamento de
matemática.
• Aos familiares pela formação e pelos bons momentos.
• Ao clã Maciel, encabeçado por seu Jarbas e dona Prôpas, por sua receptividade e confi-
ança.
• A André Leite, qualidades acadêmicas aparte, um excelente editor gráfico. Sua ajuda no
LATEX foi imprescindível para a apresentação final desta dissertação.
• A Felipe Almeida, excelente designer, por sua valiosa ajuda na elaboração dos slides da
apresentação.
• A todos os colegas da Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção que participaram
da coleta de dados.
• Ao competente grupo que iniciou a análise de dados comigo, são eles: Danielle Morais,
Fernanda Campello, Marcel Jar e Nádia Kelner, pois sem a sua ajuda a qualidade deste
trabalho não seria a mesma.
• Ao prestativo e incansável grupo de Engenharia de Sistemas composto por: Alessandra
Berenguer, Alane Alves, André Leite, Diogo Bezerra, Júlio Jansen, Joel Jansen, Ger-
trudes Lins, Luciano Lins, Luiz Henrique pela ajuda na elaboração e na correção desta
dissertação.
• À Minha turma de mestrado, em especial: Débora, Felipe, Francisco, Fernando, Juliana,
Larissa, Nádia e Wagner.
ii
• A Ivany e Jane, secretárias do PPGEP.
• À CAPES - Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pelo
financiamento do meu curso de pós-graduação.
• À UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, nesta instituição estudei desde 1989,
quando ingressei no Colégio de Aplicação para cursar o ensino fundamental. Depois de
15 anos tenho ela como uma segunda casa.
• Ao Santa Cruz Futebol Clube, pelo simples orgulho de ter nascido tricolor.
iii
RESUMO
Trata-se do uso e do comércio de automóveis considerando-se neste escopo todos os seus
agentes, e mais especificamente, o consumidor, as concessionárias e as montadoras. Dentro do
paradigma da Engenharia de Sistemas são estudados detalhadamente alguns modelos probabi-
lísticos e estatísticos do mercado automotivo. Inicia-se com um apanhado histórico da evolução
do setor automotivo. Continua com uma descrição da metodologia de medida das variáveis, dos
parâmetros e dos indicadores deste setor, explicitando alguns mecanismos que interferem nos
resultados desses procedimentos de medidas. Estuda-se então, utilizando dados reais, obtidos
através de uma pesquisa envolvendo mais de mil e quatrocentos sujeitos, o perfil do consumidor
de automóveis do grande Recife. Além de apresentar as preferências deste consumidor e suas
interações com os fatores condicionantes. Finalmente, propõe-se uma abordagem quanto ao di-
agnóstico, acompanhamento e gerenciamento do sistema à luz da Engenharia de Sistemas, bem
como uma análise das tendências e perspectivas do mercado automotivo. Os resultados mos-
tram que os fatores sócio-econômicos, ocupacionais e geográficos não têm influência em muitas
atitudes do consumidor como fidelidade à marca e a escolha desta. Verificou-se, também, que
existe uma dinâmica de troca de marcas, intimamente relacionada com o posicionamento destas
no mercado, que vai provocar uma redistribuição das fatias de mercado. Diagnosticou-se, por
fim, uma crise no mercado das concessionárias e, neste contexto, propôs-se algumas alternativas
para este mercado.
iv
ABSTRACT
This dissertation is about the uses and the commerce of automobiles, considering all of its
agents, more specifically, the consumer, the dealers and the assembly plants. In the paradigm
of Systems Engineering some probabilistic and statistical models of the automobile market are
studied in detail. The text begins with a historical approach to the evolution of this industrial
sector. It continues with a description of the methodology of variable measurements, the
parameters and the numerical data of this sector, emphasizing some mechanisms that interfere
with the results of these measurement procedures. Then, through real data collected in research
involving one thousand and four hundred citizens, the profile of the automobile consumers of
the Greater Recife area is studied. Besides that, this dissertation presents the preferences
of these consumers and their interaction with conditioning factors. Finally, an approach is
proposed to this market which is based on the diagnosis, accompaniment and management of
the system according to Systems Engineering concepts, as well as an analysis of the tendencies
and perspectives of the automobile market. According to the final results it was possible to
verify that social, economic, occupational and geographic aspects are not related to consumer
preferences such as fidelity to the make. It was also verified that the interchange of makes
is intimately related to their position in the market. In addition, a coming crisis among the
dealers was prognosticated, leading to the suggestion of some alternatives.
v
Sumário
Agradecimentos i
Resumo iv
Abstract v
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Antecedentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivos da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2.2 Objetivos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.3 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Organização da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 O AUTOMÓVEL 6
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Apanhado Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 A História da Indústria Automobilística Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4 A Indústria Automotiva e a Engenharia de Produção . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4.1 A Produção Artesanal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4.2 A Produção em Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.3 A Produção Enxuta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
vi
3 O PERFIL DO CONSUMIDOR RECIFENSE 21
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 A Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.1 Critérios da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.2 O Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.3 Objetivos da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.4 Avaliação da Robustez da Amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 O Perfil do Consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.1 Estatística Descritiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.2 Estatística Inferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.4 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4 O RECIFENSE, A COMPRA E O USO DE AUTOMÓVEIS 41
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.2 O Status Quo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.2.1 O Uso do Automóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2.2 A Manutenção do Automóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2.3 O Seguro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.3 Estimativa da Fatia de Mercado das Marcas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4 A Compra de um Automóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.4.1 A Importância dos Fatores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.4.2 Relação entre a Importância dos Fatores e o Sexo . . . . . . . . . . . . . 51
4.4.3 Relação entre a Importância dos Fatores e o Nível de Instrução . . . . . 52
4.5 Fontes de Informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.5.1 Relação entre as Fontes de Informação e o Sexo . . . . . . . . . . . . . . 55
4.5.2 Relação entre a Importância das Fontes de Informação e a Idade . . . . . 55
4.5.3 Relação entre a Importância das Fontes de Informação e o Nível de Instrução 57
4.6 Confiabilidade dos Pontos de Venda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
vii
4.6.1 Relação entre os Pontos de Venda e a Data de Fabricação dos Veículos a
serem Adquiridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.7 Seguros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.7.1 Preço do Seguro por Sexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.7.2 Relação entre Seguro e Idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.7.3 Relação entre o Seguro e a Idade do Veículo . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.7.4 Relação entre o Seguro e a Marca do Veículo . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.7.5 Relação entre o Seguro e o Preço de Venda . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.7.6 Relação entre o Seguro e a Manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.8 A Percepção do Serviço das Concessionárias e das Oficinas . . . . . . . . . . . . 68
4.8.1 Relação entre a Percepção dos Serviços e o Sexo . . . . . . . . . . . . . . 72
4.8.2 Relação entre a Percepção dos Serviços e a Idade . . . . . . . . . . . . . 72
4.8.3 Relação entre a Percepção dos Serviços e o Nível de Instrução . . . . . . 73
4.9 Relação entre o Valor do Veículo Atual e o Valor do Veículo a ser Adquirido . . 73
5 AS TENDÊNCIAS 75
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.2 A Importância do Ano no Preço de Venda do Automóvel . . . . . . . . . . . . . 75
5.3 A Importância da Marca no Preço de Venda do Automóvel . . . . . . . . . . . . 77
5.3.1 Conclusão a Respeito da Importância da Marca no Preço Estimado dos
Veículos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.4 Fidelidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.5 Estimação de Participação no Mercado Futuro Usando Processos de Markov . . 82
5.5.1 Estimação de Fatia de Mercado Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.6 O Mercado de Automóveis no Brasil e no Mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.6.1 Algumas Séries Históricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.6.2 Um Breve Panorama Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.7 A Cadeia Automotiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.7.1 As Montadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
viii
5.7.2 A Indústria de Autopeças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.7.3 O Mercado das Concessionárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.7.4 O Status Quo das Redes de Concessionárias de Automóveis no Brasil . . 99
5.8 Análise Atual e Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.8.1 Mudança de Paradigma nas Concessionárias . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.8.2 Alternativas de Ação para as Concessionárias . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.8.3 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6 CONCLUSÕES, COMENTÁRIOS E SUGESTÕES 117
6.1 Esclarecimentos Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.2 O Perfil do Consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.3 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
6.3.1 Preferências do Consumidor e suas Interações com os Fatores Condicio-
nantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.4 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
6.5 Sugestões para Futuros Estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
6.6 O Jargão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Referências Bibliográficas 128
A Questionário Sobre Automóveis 132
B Instruções para a Coleta de Dados 140
C Folhas de Respostas 142
ix
Lista de Figuras
1.2.1 Agentes Econômicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.4.1 Ford Modelo T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4.2 Linha de Montagem Móvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4.3 Foto da Planta de River Rouge. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2.1 Mapa da Cidade do Recife com a Divisão de Bairros. . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2.2 Mapa de Distribuição de Renda da Cidade do Recife. . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2.3 Mapa de Iso-Renda da Cidade do Recife. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.4 Número de Entrevistados Categorizados por Área. . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.5 Número de Entrevistados Categorizados por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.6 Número de Entrevistados Categorizados por Idade. . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.1 Relação entre Nível de Instrução e Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3.2 Relação entre Nível de Instrução e Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3.3 Relação entre Área da Entrevista e a Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3.4 Relação entre Área da Entrevista e a Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3.5 Relação entre Área onde Mora e a Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.6 Relação entre Área onde Mora e a Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.7 Relação entre o Sexo e o Nível de Instrução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.8 Relação entre o Sexo e a Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.9 Renda Individual por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3.10 Relação entre Idade e Nível de Instrução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
x
3.3.11 Relação entre Idade e Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3.12 Relação entre Idade e Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3.13 Relação entre Estado Civil e Nível de Instrução. . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3.14 Relação entre Estado Civil e Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3.15 Relação envolvendo Estado Civil e Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3.16 Relação entre Ocupação e Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3.17 Relação entre Ocupação e Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3.18 Relação entre Ocupação e Nível de Instrução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3.19 Relação entre Posição/Cargo e Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3.20 Relação entre Posição/Cargo e Renda Familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3.21 Relação entre Posição/Cargo e Nível de Instrução. . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.2.1 Histograma do Ano de Fabricação dos Veículos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2.2 Horas de Utilização Semanal do Veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2.3 Freqüência da Manutenção do Veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.2.4 Estado do Carro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.2.5 Número de Visitas a Oficina nos Últimos Seis Meses. . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2.6 Gravidade dos Acidentes de Trânsito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4.1 Importância de Todos os Fatores Entrevistados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.4.2 Importância do Desempenho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.4.3 Importância da Durabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.5.1 Importância das Fontes de Informação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.5.2 Relação entre a Importância das Fontes de Informação e a Idade. . . . . . . . . 56
4.6.1 Concessionárias de Marcas Específicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.6.2 Lojas de Veículos Novos e/ou Usados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.6.3 Consórcios de Veículos Novos e/ou Usados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.6.4 Particulares (Pessoa Física). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.6.5 Direto do Fabricante via Internet. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.6.6 Concessionárias de Marcas Específicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
xi
4.6.7 Lojas de Veículos Novos e/ou Usados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.6.8 Consórcios de Veículos Novos e/ou Usados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.6.9 Particulares (Pessoa Física). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.6.10 Direto do Fabricante via Internet. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.7.1 Percentual de Acidentes por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.7.2 Intensidade dos Acidentes por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.7.3 Intensidade dos Acidentes por Hora por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.7.4 Prejuízo por Hora por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.7.5 Relação entre Seguro e Idade do Veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.7.6 Relação entre Seguro e Marca do Veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.7.7 Relação entre Seguro e Preço “justo” de revenda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.7.8 Relação entre Seguro e Preço Categorizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.7.9 Relação entre Seguro e Renda Individual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.7.10 Relação entre Seguro e Manutenção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.8.1 Opinião dos Entrevistados Comparando as Concessionárias com as Oficinas. . . 69
4.8.2 Relação entre a Percepção da Qualificação dos Profissionais e o Sexo. . . . . . . 72
4.8.3 Relação entre Percepção do Atendimento e a Idade. . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.8.4 Relação entre Percepção das Garantias e a Idade. . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.9.1 Gráfico de Disperção do Preço Atual × Preço Futuro (total) . . . . . . . . . . . 74
4.9.2 Gráfico de Disperção do Preço Atual × Preço Futuro (6 meses) . . . . . . . . . 74
5.4.1 Fidelidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.5.1 Comparativo entre Estados Inicial e Final. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.6.1 Relação entre o Volume de Vendas de Automóveis e o PIB entre 1992 e 2002. . . 91
5.6.2 Relação entre o Volume de Vendas e o PIB entre Jan/2001 e Set/2002. . . . . . 92
5.6.3 Posição Relativa da Frota Brasileira no Mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.6.4 Posição Relativa da Frota Brasileira na América Latina. . . . . . . . . . . . . . . 93
5.6.5 Relação Veículos/Habitantes no Mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.8.1 Importância das Condições de Financiamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
xii
5.8.2 Preço dos Serviços de Manutenção das concessionárias. . . . . . . . . . . . . . . 108
xiii
Lista de Tabelas
3.2.1 Amostras 1 e 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.2 Amostras 1 e 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.3 Amostras 2 e 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.1 Níveis de Escolaridade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3.2 Ocupação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.3.1 Fatia de Mercado de Cada Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.3.2 Fatia de Mercado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.3.3 Fatia de Mercado (entre os possuidores de automóveis). . . . . . . . . . . . . . . 48
4.5.1 Escala da Questão Relativa às Fontes de Informação. . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.5.2 Teste t de Student das Fontes de Informação por Sexo. . . . . . . . . . . . . . . 55
4.6.1 Escala da Questão Relativa ao Ponto de Compra. . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.7.1 Teste t de Student da Freqüência e Intensidade por Sexo. . . . . . . . . . . . . . 63
4.7.2 Análise de Variância do Percentual de Acidentes pelo Número de Horas Dirigidas. 64
5.2.1 Análise de Variância do Preço a partir de 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.2.2 Análise de Variância do Preço a partir de 2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
5.3.1 Análise de Variância para veículos 1.0 de 2002. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3.2 Análise de Variância para veículos 1.0 de 2001. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3.3 Análise de Variância para veículos 1.0 de 2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.3.4 Análise de Variância para veículos 1.0 de 1999. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.3.5 Análise de Variância para veículos 1.0 de 1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
xiv
5.4.1 Fidelidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.5.1 Probabilidades de Transição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.5.2 Estado Inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.5.3 Estado Final. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.5.4 Índice de Fidelidade Incluindo Renault e Peugeot. . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.7.1 Evolução da Taxa de Lucro das Concessionárias no Brasil. . . . . . . . . . . . . 99
5.7.2 Evolução do número de concessionárias no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.7.3 Evolução do lucro das concessionárias antes do IR (%). . . . . . . . . . . . . . . 100
5.8.1 Comparação entre duas estratégias de Marketing. . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
C.0.1Roteiro da Pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
C.0.2Folha de Respostas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
C.0.3Bairros do grande Recife. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
xv
Capítulo 1 Introdução
1 INTRODUÇÃO
1.1 Antecedentes
A indústria automobilística, atualmente, é uma das maiores atividades econômicas do pla-
neta. Esse crescimento é um reflexo da importante função dos automóveis (carros, caminhões,
e etc.) na vida atual, seja no transporte de pessoas ou cargas, atuando de forma decisiva para
o progresso em todo o mundo.
No Brasil, após a abertura econômica realizada no início dos anos 90, o mercado automotivo
sofreu grandes modificações. Houve uma maior diversificação na oferta de carros, com várias
montadoras estrangeiras instalando-se em território nacional, ocasionado pelo crescimento da
economia.
Este fato, aliado a uma ampliação do acesso à informação, proporcionada pelo avanço dos
sistemas de comunicações, sobretudo da Internet, tornou o consumidor mais exigente, quanto à
qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos. Assim, é preciso oferecer cada vez mais para
se enfrentar a concorrência crescente.
Neste cenário cada vez mais competitivo, a informação assume uma importância fundamen-
tal, sendo decisiva na hora de se definir estratégias de produção e vendas. Assim, informações
como tendências do mercado automotivo, preferências e opiniões dos consumidores em relação
a serviços e produtos, entre outros, são armas de grande valia para uma empresa se destacar
neste mercado.
Para se obter tais informações é necessária uma séria pesquisa de opinião, acompanhada de
uma detalhada análise da base de dados obtida através desta, para a identificação de tais pre-
ferências, tendências, opiniões, comportamentos, assim como descrever o perfil do consumidor
potencial para cada marca, produto ou serviço.
1
Capítulo 1 Introdução
1.2 Objetivos da Dissertação
1.2.1 Considerações Iniciais
Esta dissertação tem um caráter essencialmente indutivo e prático, de natureza epstemoló-
gica probabilístico-estatística. Além de estatísticas descritivas, serão feitas inferências usando
técnicas como testes de hipóteses, análises de correlação, análises de regressão, análises de vari-
ância e técnicas estatísticas multidimensionais em geral. Esta não é uma dissertação hipotético-
dedutiva, aqui nenhum teorema será demonstrado, nenhuma teoria será lançada, pois, sabe-se
que é logicamente impossível se construir uma teoria a partir da análise de dados.
Na elaboração de todo trabalho científico deve-se perguntar qual a relevância dos resultados
obtidos (ou que se pretende obter). No intuito de responder esta pergunta, pelo menos em parte,
foi realizado no dia 10 de outubro de 2003 o I Encontro sobre O Recifense e o Automóvel, evento
coordenado pelo professor Fernando Menezes Campello de Souza. Este evento foi direcionado
para profissionais do setor automotivo do grande Recife e teve lugar no auditório Newton
Maia, do Centro de Tecnologia e Geociências - Escola de Engenharia da Universidade Federal
de Pernambuco. No evento foram abordados vários aspectos relacionados com o tema, além
disso, foram respondidas e analisadas inúmeras indagações que são vivenciadas na prática pelos
profissionais presentes. Desta forma, promoveu-se de maneira bastante direta a interação entre
a academia (universidade) e a comunidade.
É válido salientar que um dos palestrantes do I Encontro sobre O Recifense e o Automóvel
foi o autor desta dissertação, por conseguinte, alguns dos resultados lá apresentados compõem
esta dissertação.
2
Capítulo 1 Introdução
1.2.2 Objetivos Gerais
Numa visão inicial do panorama do mercado automotivo brasileiro destaca-se a existência
de 6 agentes, a saber:
• O Consumidor • As Empresas de Seguro
• As Concessionárias • A Indústria de Autopeças
• As Montadoras • O Governo
Cada um destes, obviamente, tem a sua importância no contexto global e interagem entre
si como pode-se observar na figura 1.2.1. Entretanto, para que se pudesse versar sobre todos
eles, com o approach desejado e com a devida profundidade e rigor que um trabalho científico
exige seriam necessários esforços que transcendem os de uma dissertação de mestrado, além de
uma pesquisa de opinião descomunalmente grande cuja obtenção seria extremamente custosa.
Portanto, escolheu-se como foco prioritário o mercado das concessionárias e das montadoras,
sem contudo esquecer o consumidor que é, e sempre será, o ponto chave de qualquer estudo.
Consumidor
Montadoras Concessionárias
Governo
Indústria deAutopeças
Seguradoras
Figura 1.2.1: Agentes Econômicos do Setor Automotivo Brasileiro.
3
Capítulo 1 Introdução
Neste sentido, a maioria das inferências estão direcionadas para questões inerentes ao tri-
ângulo destacado na figura 1.2.1. Isto não significa que os outros agentes serão completamente
esquecidos, muito pelo contrário, pois vê-se que todos estão interligados. Além disso serão fei-
tas algumas inferências a respeito dos seguros e da indústria de autopeças. Há que se destacar
também a presença de mais dois “agentes” que vêm cada vez mais ocupando espaço no setor
automotivo brasileiro, são eles: as financeiras e os bancos das montadoras além dos operadores
logísticos. Estes últimos, antes eles eram agregados às montadoras. Agora independentes, são
encarregados de fazer a interface entre as montadoras e os distribuidores.
Esta dissertação propõe-se a apresentar resultados estatísticos, descritivos e inferenciais,
sobre o mercado automotivo do grande Recife. Faz-se aqui a exposição e análise de dados
obtidos através de pesquisa de opinião, sem fins lucrativos, na qual foram realizadas entrevistas
em locais públicos desta cidade. Através desta amostra com 1451 observações são feitas várias
análises acerca do comportamento da população em relação à escolha de determinado modelo
de automóvel ou serviço relacionado ao setor.
1.2.3 Objetivos Específicos
1. Delinear o perfil do consumidor recifense no tocante a sexo, idade, estado civil, nível de
instrução, setor onde atua, cargo que ocupa, entre outros.
2. Caracterizar os perfis dos consumidores das diversas marcas.
3. Estudar os fatores que influenciam:
• na compra de um veículo;
• na escolha da marca;
• na escolha do ponto de venda;
• no uso do automóvel;
• na fidelidade à marca;
• na manutenção do automóvel;
4
Capítulo 1 Introdução
• no seguro do automóvel.
• nas fontes de informação consultadas
4. Desenvolver indicadores que permitam analisar a performance de empresas do setor au-
tomotivo, em particular das concessionárias e montadoras.
5. Elaborar elementos de apoio à decisão fundamentados nos resultados obtidos.
6. Analisar as tendências para o mercado automotivo brasileiro, e em particular do grande
Recife.
7. Analisar o mercado explicitando fatores que interferem na decisão de comprar um carro.
1.3 Organização da Dissertação
A dissertação está organizada em 6 capítulos.
No capítulo 1 faz-se um introdução ao assunto, ressaltando a sua relevância, e estabelece-se
os objetivos do trabalho.
A dinâmica da indústria automotiva é apresentada no capítulo 2. Neste capítulo discorre-se
sobre o automóvel e sua importância. Em seguida faz-se um apanhado histórico, relacionando
a evolução da indústria automotiva à da engenharia de produção.
No capítulo 3 faz-se uma descrição da pesquisa de opinião realizada. Além disto, apresenta-
se uma caracterização do perfil do consumidor de automóveis do grande Recife abordando as
dimensões: sócio-econômicas, ocupacionais e geográficas.
A maneira como o recifense compra e usa automóveis é estudada no capítulo 4, que traz
os resultados descritivos e inferenciais da pesquisa, apresentando as preferências do consumidor
e suas interações com os fatores condicionantes
Analisa-se o estado atual do mercado automotivo no capítulo 5. Em seguida estuda-se as
suas tendências, procurando-se propor alternativas de melhoria.
Por fim, no capítulo 6 são apresentadas algumas conclusões, comentários e sugestões.
5
Capítulo 2 O Automóvel
2 O AUTOMÓVEL
2.1 Introdução
Dada a importância da indústria automotiva no cenário mundial, e conseqüentemente, no
âmbito nacional, é importante compreender o contexto desta indústria para que os resultados
desta dissertação obtenham plena significação. Tem-se aqui o objetivo de fazer uma explanação
inicial a respeito do tema desta dissertação apresentando resultados pesquisados em vários livros
e artigos relativos ao setor automotivo além de páginas da internet.
2.2 Apanhado Histórico
Os primeiros trabalhos visando criar veículos automotores foram realizados no século XVIII
simultaneamente por várias pessoas e em diversos países. Credita-se, no entanto, ao francês
Nicolas Cugnot o primeiro veículo a andar por meio de sua própria energia, em 1769. Era um
trator de três rodas, movido a vapor, destinado a arrastar canhão. No século XIX, trabalhou-se
no desenvolvimento de motores de combustão interna, cuja idéia data das experiências com
pólvora no século XVII. Em 1860, o francês Etienne Lenoir construiu o primeiro motor de com-
bustão interna. Em 1885, o alemão Karl Benz colocou pela primeira vez na estrada um veículo
automóvel equipado com motor de combustão interna de razoável segurança e por isto alguns
o consideram o “pai do automóvel”. Mas foi em 1886, com o alemão Gottlieb Daimler, patente-
ando um motor de combustão interna de alta rotação, que o automóvel se mostrou realmente
viável. Nessa época, já havia quase uma centena de fabricantes de carros experimentais, mas
o automóvel era considerado como um brinquedo caro, sem qualquer finalidade ou utilidade
prática.
Nos primórdios, a fabricação de automóveis dava-se de forma completamente artesanal. A
construção de cada automóvel era um processo único, como se dá a produção de um navio ou de
um edifício atualmente. É curioso notar que Sr. Evelyn Henry Ellis, primeira pessoa a importar
6
Capítulo 2 O Automóvel
um veículo automotor para a Inglaterra em 1894, pediu para a renomada fábrica de ferramentas
P&L (Panhard e Levassor) que o seu carro fosse fabricado com os controles do motor, freios,
transmissão transferidos para a direita do carro. Pedido este, sugerido por questões puramente
pessoais pois julgava ele que seria mais fácil operar um carro com o controle na direita. Talvez
esta seja a explicação para o inusitado fato de que até hoje na Inglaterra o condutor porta-se
à direita do veículo.
2.3 A História da Indústria Automobilística Brasileira
A história do mercado automotivo brasileiro tem início no século XIX quando Alberto
Santos Dumont, um jovem brasileiro fascinado em veículos automotores que morava na França,
trouxe consigo, ao regressar para o Brasil, o seu Peugeot, efetivando assim, em 1891, a primeira
importação de um veículo motorizado para o Brasil. Possuir um carro na época, mesmo que na
Europa, era uma coisa bastante incomum, para pouquíssimos privilegiados e exigia do operador
conhecimentos bastante elaborados de mecânica para que se pudesse manter em funcionamento
tais “engenhocas” que mais tarde viriam a compor a mais importante indústria do mundo.
No Brasil, a aquisição de um automóvel era feita através da importação, direto do fabricante
na Europa. Desta forma a frota brasileira foi crescendo, mais especialmente no Rio de Janeiro
e em São Paulo e à medida em que as estradas iam sendo construídas mais e mais pessoas
se interessavam em possuir um automóvel. Em 1919 a Ford, já produzindo em larga escala,
instalou no Brasil a sua primeira montadora. Esta importava os kits de Detroit e montava os
carros. Pouco tempo depois, em 1923, a General Motors (GM), nos mesmos moldes da Ford,
instalou também em São Paulo, sua primeira montadora.
Nesta época a Ford e a GM eram as líderes na fabricação de automóveis, com cerca de 80%
da produção mundial. O mercado automotivo brasileiro estava em plena expansão até que a
crise da economia cafeeira e, em seguida, a segunda guerra mundial, desaceleraram bruscamente
o seu crescimento.
Já em 1950 o Brasil não participava ativamente do mercado mundial, constituindo-se um
mero importador e executando algumas simples tarefas de montagem, além da produção de
7
Capítulo 2 O Automóvel
algumas peças e componentes para reposição, em pequena escala devido às proporções reduzi-
das do seu mercado. A idéia de que o Brasil necessitava de uma indústria automotiva própria
tornava-se cada vez mais eminente a partir da interrupção das importações durante a segunda
guerra mundial. Estava claro que o Brasil não podia depender de outros países para o supri-
mento de um produto tão vital para a economia.
No segundo governo de Getúlio Vargas (1951 - 1954) iniciaram-se os maciços investimentos
numa base para a indústria (Companhia Siderúrgica Nacional, Petrobrás etc). Enfim, no go-
verno Juscelino Kubitschek, decisivo para a implantação da indústria nacional, tinha-se como
meta impedir a continuidade das importações, para que se pudesse gerar uma demanda própria
fomentando desta forma a indústria nacional. Estes esforços governamentais coincidiram com o
processo de internacionalização e o fortalecimento das empresas européias no mercado mundial.
Portanto, cinqüenta anos após o advento da produção em massa, o Brasil começava a caminhar
neste sentido.
Pesados investimentos por parte das empresas européias foram dando forma ao parque in-
dustrial brasileiro. Enquanto isso as empresas norte-americanas, ainda descrentes do potencial
do mercado brasileiro, mantiveram os seus investimentos apenas nos setores de ônibus e ca-
minhões. Surgiram então a Volkswagen, Simca e Vemag, que ingressaram na produção de
automóveis. Por outro lado a Mercedes e a Scania concentraram seus investimentos também
no setor de ônibus e caminhões.
A indústria brasileira cresceu vigorosamente, refletindo o sucesso dos esforços governamen-
tais em criar uma indústria nacional sólida. Em 1971, o Brasil já era o 10º produtor no mundo,
vindo a ocupar a 9ª posição, passando a Espanha três anos depois. A esta altura o Brasil já
exportava parte de sua frota e possuía uma forte cadeia atrelada ao setor automotivo incluindo
a indústria de peças, componentes e matérias-primas, além de uma rede de distribuição e uma
estruturação no setor de assistência técnica.
Com o mercado interno em plena expansão e sem a concorrência das marcas norte-americanas
Ford e GM, a Volkswagen, empresa alemã que havia decidido investir no mercado brasileiro
devido à crescente concorrência no mercado europeu, tornava-se líder absoluta no mercado
nacional, posição sustentada até o final da década de 1990. Um dos maiores motivos para o
8
Capítulo 2 O Automóvel
vertiginoso crescimento da Volkswagen no mercado interno foi o lançamento do VW sedan,
conhecido como “fusca”, ou “fusquinha”, carro compacto, com preço popular que não enfrentava
concorrentes nas outras grandes marcas até então instaladas.
Quando a Ford e a GM perceberam que haviam perdido espaço no mercado brasileiro, já
era tarde demais. Investimentos posteriores na tentativa de resgatar a hegemonia no mercado
interno não obtiveram sucesso, os modelos Galaxie em 1967 e Opala em 1969 não conseguiram
competir com o fusquinha pois eram projetados para o mercado norte-americano que demandava
carros grandes. A distância entre a Volkswagen e as empresas norte-americanas acentuou-se
ainda mais com a primeira crise do petróleo em 1973, pois o fusquinha, com baixo consumo
de combustível, tornou-se uma opção ainda melhor para o mercado brasileiro. Em 1973, a
GM tentou reagir com o lançamento do Chevette, mas a posição da Volkswagen no mercado
brasileiro nunca chegou a ser ameaçada.
A década de 1970 marcou a consolidação das três grandes marcas, a saber Volkswagen, Ford
e GM, no mercado brasileiro, verificando-se apenas a entrada da Fiat em 1973, trazendo uma
linha mais moderna, completando assim o quadro das grandes marcas no Brasil. No setor de
ônibus e caminhões observou-se a entrada da Volvo, unindo-se portanto à Scania e à Mercedes.
A indústria brasileira no entanto não sustentou o status de “a mais promissora dentre os
países em desenvolvimento”. Isto porque o mercado automotivo mundial passava por grandes
mudanças, onde os níveis de produtividade e qualidade aumentavam cada vez mais, principal-
mente devido às técnicas revolucionárias de gestão e produção desenvolvidas por Taiichi Ohno
e Eiji Toyoda, na Toyota City, Japão, enquanto no Brasil os índices de qualidade e produtivi-
dade decresciam cada vez mais, constituindo um dos piores do mundo, perdendo inclusive para
países como Coréia e México.
Muitos fatores contribuíram para o fato de a indústria brasileira distanciar-se cada vez mais
do padrão mundial de desempenho a partir do final da década de 70. Entre eles pode-se citar:
1. O baixo nível de automação — no Brasil os primeiros robôs chegaram às linhas de
montagem no início da década de 1980. Segundo Ferro (1992), os índices de robotização
(números de robôs por veículo por hora) e a percentagem de automação (volume total das
9
Capítulo 2 O Automóvel
atividades automatizadas) da indústria brasileira são os menores do mundo. O Brasil tem
índice de robotização de 0,2 e 3,9% de automação, enquanto o Japão, com maior nível
de automação, apresenta um índice de robotização de 4 e 38% de automação. Mesmo
comparada com os países em desenvolvimento, a distância é significativa. A Coréia tem
índices próximos aos dos países desenvolvidos (1,9/22,6%) enquanto o México (0,4/6,6%),
mesmo distante do padrão mundial, tem uma tecnologia mais avançada do que o Brasil.
Apenas a seção de solda da planta da Ford em Hermosillo-México tem um número maior
de robôs que todo o parque automotivo brasileiro.
2. A elevada idade de design — No Brasil, um modelo tinha em 1980 um ciclo de vida
médio de 15 anos, contra 4 anos do resto do mundo. Isto refletia o isolamento da indústria
brasileira em relação ao resto do mundo.
3. A baixa manufaturabilidade — A manufaturabilidade de um produto é definida como
“a facilidade com que o produto pode ser montado” (Ferro, 1992). E quanto mais antigo
é o design do produto mais difícil é de montá-lo, ou seja, mais baixa é a sua manufatura-
bilidade. Este é mais um fator que contribui para a baixa produtividade da indústria.
4. Altos custos e pouca qualidade dos produtos de informática embarcada —
Devido ao bloqueio econômico dos produtos de informática no Brasil na década de 80.
5. Alta complexidade do mix — o mix consiste na variedade de produtos que são fa-
bricados numa mesma unidade. No setor automotivo tem-se vários modelos, carcaças,
opcionais, acessórios e cores. Estas variáveis interferem diretamente na produtividade.
Quando se refere à complexidade do mix na indústria brasileira, Ferro (1992) sentencia
que esta é a mais alta do mundo.
6. Práticas de manufatura, sistemas de trabalho e as políticas de Recursos Hu-
manos — Apesar de algumas empresas já terem se adaptado ao sistema de produção
enxuta, a relação com os empregadores continua se dando como na produção em massa,
existindo, por exemplo, um volume de estoques elevado, um nível elevado de retrabalho,
fornecedores não integrados de forma sistemática.
10
Capítulo 2 O Automóvel
2.4 A Indústria Automotiva e a Engenharia de Produção
A indústria automotiva tem provocado impactos no mundo do trabalho que se manifes-
tam através de algumas tendências gerais nos diferentes países industrializados. Neste quadro,
destacam-se as alterações ocorridas nas relações de suprimentos entre montadoras e seus for-
necedores além das novas tecnologias associadas a novas formas de organização e gestão da
produção, adotadas no contexto de globalização econômica. Para que se tenha um bom en-
tendimento de como funciona a cadeia automotiva é estritamente necessário que se conheça
o processo de mudança dos sistemas de gestão da produção de veículos, e, a posteriori, da
produção de todos os bens de consumo.
A indústria automotiva conduziu a evolução do processo industrial nos mais diversos setores.
Pode-se analisar esta evolução observando o desenvolvimento da indústria automotiva em três
fases: a produção artesanal, a produção em massa e a produção enxuta.
2.4.1 A Produção Artesanal
No final do século XIX a produção de carros era feita de forma artesanal, cada veículo
era projetado, desenvolvido e fabricado independentemente. Cada veículo era único. Podia-se
observar naquela época, a divisão de trabalho também na fabricação de carros, pois a Europa
assistia à ascensão da revolução industrial. Existiam especialistas em motores, latarias, chassis
e etc. No entanto, apesar de constantes preocupações com a qualidade e com a produtividade,
a manutenção dos carros era quase constante e era exigida do motorista bastante intimidade
com a mecânica do veículo. Segundo Womack (1992) as principais características da produção
artesanal no final do século XIX e início do século XX eram:
• A qualificação da força de trabalho. Devido à falta de padronização nos processos era
exigido da força de trabalho um alto nível de qualificação. Os trabalhadores eram bastante
práticos em operações de máquinas, ajuste, acabamento e suas habilidades mostravam
excelente qualificação também em projeto.
11
Capítulo 2 O Automóvel
• Organização descentralizada. As peças provinham de várias oficinas e o proprietário
era responsável por todos os contatos envolvendo: fornecedores, operários e consumidores.
• Maquinário não especializado. As máquinas usadas na fabricação eram na totalidade
de uso geral. As máquinas eram de furar, cortar, prensar entre outras operações, de fato,
adaptadas para o uso na produção de automóveis.
• Volume de produção baixíssimo. Devido à falta de técnicas produtivas mais especiali-
zadas e do grande tempo perdido para operações simples. A colocação de um para-choque,
atividade que não leva mais de um minuto atualmente, poderia demorar horas devido aos
ajustes para o encaixe e depois no acabamento.
• Mercado consumidor seleto. Devido ao baixo nível de produção, o custo de um
automóvel só era convidativo a um seleto mercado comprador.
2.4.2 A Produção em Massa
No início do século XX os princípios de administração científica de Frederick Winslow Taylor
já haviam se difundido pelos EUA através dos estudos dos "tempos e movimentos"1. Taylor a
esta altura já havia provado através de implementações em unidades produtivas que seus méto-
dos científicos de administração conseguiam aumentar drasticamente a produtividade, eficiência
e qualidade.
“Os princípios da administração científica são aplicáveis a todas as espécies de
atividades humanas, desde nossos atos mais simples até o trabalho nas grandes com-
panhias, que reclamava a cooperação mais apurada. E, em resumo, para convencer
o leitor, por meio duma série de argumentos, de que, corretamente aplicados estes
princípios, os resultados obtidos serão verdadeiramente assombrosos”
Frederick Winslow Taylor
Princípios de Administração Científica (1990)
1termo cunhado por Taylor em seu livro The Principle of Scientific Management, 1911. Livro este que foitraduzido para o português e já se encontra na sua oitava edição.
12
Capítulo 2 O Automóvel
A produção indústrial, no final do século XIX, dava saltos de produtividade cada vez mai-
ores. Enquanto isso, a indústria automobilística continuava a produzir artesanalmente.
Foi então que um jovem mecânico de Michigan, Henry Ford2, teve a visão do automóvel
como um meio de transporte barato, útil e prático, cujo uso deveria fatalmente se generalizar.
A produção em massa de automóveis, também denominada de Fordismo, iniciada no começo
do século XX, alterou radicalmente o modo de vida do homem e o mapa econômico do mundo.
Depois de tentar muitos modelos, em 1908, Ford lançou o Modelo T da Ford, mostrado
na figura 2.4.1. Este modelo inovava pela intercambialidade3 das peças além do fato de que
a manutenção tornou-se algo muito mais simples. Com um kit de ferramentas e o manual de
instruções o próprio consumidor resolvia eventuais problemas (que aconteciam com bastante
frequência).
Figura 2.4.1: Ford Modelo T.
2Ford foi o principal inovador nas técnicas de se produzir um automóvel.3A intercambialidade significa que as peças de um veículo se encaixam perfeitamente em outro do mesmo
modelo.
13
Capítulo 2 O Automóvel
A intercambialidade das peças foi o principal fator para o Modelo T provocar um brutal
aumento nos índices de produtividade. Já adaptando os princípios de Taylor, Ford decidiu que
cada montador se encarregaria da execução de apenas uma atividade. Os ganhos de produti-
vidade foram realmente impressionantes, segundo Womack et al (1992) o ciclo de tarefa médio
do montador da Ford havia caído de 514 para 2,3 minutos. Ford continuou inovando. O seu
passo seguinte, foi a implementação da linha de montagem móvel mostrada nas figuras 2.4.2 e
2.4.3. Os operários não mais se deslocavam em direção aos veículos em montagem, mas sim o
contrário.
Figura 2.4.2: Linha de Montagem Móvel.
Não demorou muito e Ford, já em 1920, produzia 2 milhões de automóveis por ano e havia
reduzido o custo real do automóvel para o consumidor em 2/3. Ainda segundo Womack et al
(1992), as principais características da produção em massa eram:
• Força de trabalho intercambiável. Assim como as peças, a força de trabalho também
podia ser facilmente realocada, pois as atividades eram únicas, de simples execução e
bastante repetitivas. Isto representava a utilização extrema da divisão de trabalho. Além
dos engenheiros, alguns dos únicos operadores dos quais eram exigidos um certo nível de
14
Capítulo 2 O Automóvel
Figura 2.4.3: Foto da Planta de River Rouge.
habilidade e qualificação eram os responsáveis pelo retrabalho, ou seja, pelos reparos num
automóvel que apresentasse alguma anormalidade.
• Organização de integração vertical. No início Ford realizava apenas a montagem
do automóvel, comprando os motores e chassis dos irmãos Dodge e acrescentando, em
seguida, todos os componentes que eram fabricados por outros fornecedores. Em 1915,
entretanto, Ford já produzia todas as peças a serem utilizadas na fabricação dos seus
veículos, ou seja, uma integração completamente vertical. É interessante notar que as
idéias de verticalização da produção de Ford o fizeram investir em uma fábrica de pneus
na Amazônia (Brasil) devido a abundância de matéria prima para a sua produção.
• Máquinas e ferramentas. Máquinas e ferramentas projetadas especificamente para a
produção dos componentes dos veículos eram a chave para a intercambialidade das peças.
Tornou-se necessária então uma contínua evolução no projeto de novas ferramentas.
• Produto. O Modelo T representou um marco na história do setor automotivo pois as
inovações de intercambialidade e mantenabilidade, além do preço, é claro, foram vitais
para o sucesso do Modelo T.
15
Capítulo 2 O Automóvel
Em paralelo ao crescimento da Ford, na década de 20, a General Motors, até então presidida
por Willian Durant, sócio-fundador, corria sério risco de falência pois Durant não tinha nenhum
tino administrativo. Eis que Alfred Sloan foi convidado para assumir a presidência da GM. Cada
problema da GM era resolvido por Sloan de forma rápida e eficiente.
Sloan também deu um significativa contribuição para a produção em massa que atualmente
vigora. A sua genialidade o fez perceber que era necessário encontrar um ponto de equilíbrio
entre a produção em larga escala, que reduz ao máximo os custos, e a diversidade de modelos,
exigida pela grande diversidade da demanda dos consumidores. Após a implementação de tais
idéias, Sloan conseguiu colocar a GM em posição de disputar de igual para igual com a Ford e
com a Chrysler. E, em meados dos anos 30, as três eram denominadas The Big Three (as três
grandes) sendo responsáveis por cerca de 95% do mercado mundial, com seis de seus modelos
representando 80% das vendas.
Sloan revolucionou o marketing e a gerência da indústria automobilística, porém não aten-
tou para modificar a idéia implantada por Ford de que os operários do chão de fábrica eram
peças intercambiáveis, e portanto, nenhuma atenção deveria ser dada à força de trabalho; so-
mente aos processos. Com a grande ciclicidade do mercado automotivo eram comuns demissões
e contratações em massa para que se pudesse acompanhar a demanda. Isto naturalmente gerou
sérias implicações, especialmente a criação dos sindicatos, que futuramente viria acarretar gran-
des transtornos para a indústria automobilística. O resultado destas práticas foi uma sensível
redução na eficiência das fábricas, pois os operários estavam muitas vezes mais preocupados em
lutar por igualdade e justiça, além de leis que lhes garantissem direitos básicos.
Quando fala sobre o surgimento da produção em massa Womack et al (1992) sentenciam:
“Tomemos as práticas de fabricação de Ford, adicionemos as técnicas de mar-
keting e gerência de Sloan e acrescentemos o novo papel do movimento sindical o
controle das definições e conteúdo das tarefas. O resultado é a produção em massa
em sua forma final amadurecida”
James Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos
A Máquina que Mudou o Mundo (1992)
16
Capítulo 2 O Automóvel
Portanto, a reunião das idéias e práticas industriais de Henry Ford e Alfred Sloan culminou
no sistema de produção em massa que as companhias de praticamente todos os ramos indus-
triais implantaram, suprimindo quase que completamente a fabricação artesanal, seja ela de
automóveis ou de qualquer outro bem de consumo.
A partir dos anos 50, a produção em massa difundiu-se em toda a Europa, pois na década de
30 houve um significativo fluxo de “aprendizes” que buscavam nos EUA, especialmente na figura
de Henry Ford, subsídios para a implantação dos métodos de produção em massa. Dentre estes
peregrinos pode-se citar André Citroën, Louis Renault, Giovanni Agnelli (da Fiat), Herbert
Austin e William Morris (da Morris e MG inglesa).
O primeiro forte golpe sofrido pelo sistema de produção em massa foi a crise do petróleo de
1973, pois os modelos fabricados até então possuíam altos índices de consumo de combustível
e a falta de flexibilidade da indústria inibia a criação de modelos mais econômicos.
Além disso, a constante insatisfação dos operários nos EUA ressoou também na Europa,
onde os trabalhadores de Turim, Paris e Wolfsburg se deram conta de que os expedientes, que
inicialmente eram provisórios, tornavam-se cada vez mais longos e insuportáveis. Havia sido
então gerado o ambiente perfeito para uma nova “revolução industrial”, a saber, a produção
enxuta.
2.4.3 A Produção Enxuta
O Japão ainda se encontrava em estado de estabilização pós-guerra quando Eiji Toyoda,
jovem engenheiro Japonês, acompanhado de Taiichi Ohno, habilidoso engenheiro de produção,
viajaram para os EUA com o intuito de aprender sobre a fabricação de carros na fábrica Rouge
da Ford, em Detroit. Não sabiam eles que esta “inocente” viagem marcaria para sempre a
produção automobilística mundial.
Eiji Toyoda era descendente da importante família Toyoda, proprietária da maior companhia
de fabricação de teares industriais do Japão, que resolvera ingressar no ramo da fabricação de
veículos automotores. Deste então a Toyota Motor Company — cujo nome deriva de Toyoda,
no entanto não tem nenhum significado em japonês — nunca mais foi a mesma. Pois após um
17
Capítulo 2 O Automóvel
árduo período de estudos na fábrica de Rouge ele escreveu para a sua companhia relatatando
que achava que seria possível implementar algumas melhoras no sistema de produção de Ford.
De volta a Nagoya, Eiji Toyoda tinha em mãos o grande desafio de melhorar a produção
de carros da sua empresa. Porém a realidade do Japão era completamente diferente e Toyoda
esbarrou inicialmente em problemas como:
• O Mercado doméstico era bastante limitado, e seria completamente sem sentido produzir
nos mesmos níveis dos EUA.
• A força de trabalho não estava propensa a ser tratada como peças descartáveis.
• A devastada economia japonesa (pós-guerra) não se via em condições de importar as mais
recentes tecnologias do ocidente.
• O mundo estava disposto a se defender contra a exportação de carros japoneses.
• O mercado japonês já era bastante visado pelos grandes produtores mundiais.
Rapidamente o governo japonês tomou a iniciativa de proibir as importações, protegendo o
mercado interno, propiciando condições favoráveis ao desenvolvimento deste.
Ohno e Toyoda perceberam então que copiar o sistema de produção em massa era inviável,
além disto também seria obviamente inviável retroceder para a produção artesanal. Criaram
assim o Sistema Toyota de Produção, hoje denominado sistema de produção enxuta pois
seus princípios e conceitos vêm sendo aplicados em inúmeros sistemas de produção, não só de
automóveis, no intuito de tornar a produção mais eficiente.
Foi então que Ohno e Toyoda iniciaram as suas modificações no chão de fábrica, através
de métodos próprios como a troca rápida de ferramentas que permitia que uma só máquina
produzisse várias peças (enquanto em Detroit cada máquina era utilizada para a produção de
uma única e exclusiva peça).
Os operários eram incitados a dar sugestões que melhorassem o sistema produtivo, diferen-
temente do sistema de produção em massa, onde só quem poderia dar sugestões ou promover
melhoras eram os engenheiros. Estas mudanças entre outras mostraram aos operários que
18
Capítulo 2 O Automóvel
eles eram peças essenciais no processo de fabricação dos veículos, e uma constante troca de
funcionários não era interessante para a companhia.
Mudanças fundamentais também ocorreram com a introdução do que atualmente se chama
de autonomação, que é o poder que um simples operário tem de parar a produção quando
houver a detecção de qualquer anormalidade, a partir daí seriam investigadas as causas do
problema, e então resolvidas para que o problema não volte a se repetir. No início a produção
era parada quase que constantemente, no entanto, com o passar do tempo paradas na linha
produtiva já não eram tão normais. Estas mudanças na concepção da produção implicaram
num significativo aumento na qualidade dos carros, além de uma enorme redução no tempo de
retrabalho.
Outras mudanças se deram na cadeia de fornecimento. Ao contrário de Ford, Toyoda es-
timulava a existência de fornecedores autônomos de peças completas como: bancos, motores,
aparelhos eletrônicos. . . Os fornecedores de primeiro nível tinham exclusividade e para isto deve-
riam obedecer certas exigências com relação às especificações de qualidade. Toyoda estimulava
a troca de informações e experiência entre os fornecedores. Isto era possível porque os forne-
cedores não competiam entre si, pois cada um fornecia peças diferentes. Portanto trocavam
apenas as melhorias nos processos.
Ohno também desenvolveu o sistema just-in-time, que diz respeito ao fluxo de peças. Se-
gundo Ohno (1997) o just-in-time significa que, em um processo de fluxo, as partes corretas
necessárias à montagem alcançam a linha de montagem no momento em que são necessárias e
somente na quantidade necessária. Uma empresa que estabeleça esse fluxo integralmente pode
chegar ao estoque zero4.
No just-in-time a produção é encarada de forma macro, como se fosse uma grande máquina
funcionando. Os fornecedores não devem ter estoques, e devem manter além dos padrões
de qualidade, padrões de pontualidade. De modo que com a implementação do just-in-time
reduziu-se drasticamente os estoques dos produtos em processo e o tempo de atravessamento
(lead-time).
4Naturalmente o just-in-time “ideal” com estoque zero é apenas uma elocubração teórica, na prática sabe-seque é inatingível. Mesmo porque sempre existirá estoque em processo.
19
Capítulo 2 O Automóvel
O desenvolvimento de produtos de engenharia também era um ponto forte do sistema de
produção enxuta. A montadora em si não se preocupava com o desenvolvimento diretamente,
simplesmente financiava os seus fornecedores para que eles — reais produtores daquele produto,
conscientes de todas a limitações e especificações — desenvolvessem de fato uma inovação nos
produtos.
A alta flexibilidade dos processos alcançada pelo sistema de produção enxuta permitia que
uma única linha de montagem produzisse uma grande variedade de produtos, ao contrário do
que se podia observar nos sistemas de produção em massa. Produtos estes que atendiam a
nichos de consumidores e eram desenvolvidos especificamente para aquele público. Em 1990,
por exemplo, a Toyota produzia a mesma quantidade de modelos que a GM apesar de possuir
metade do seu tamanho. O desenvolvimento de novos modelos também reflete a maior eficiência
do sistema de produção enxuta. Para se ter uma idéia um modelo dura em média 9 anos nos
sistema de produção em massa enquanto no sistema de produção enxuta dura apenas 4 anos,
sendo então substituído por outro modelo mais moderno.
A complexidade da cadeia de fornecimento também propiciou um grande avanço no pro-
blema da ciclicidade do mercado automotivo, pois, as montadoras eram sócias dos fornecedores,
e em épocas de baixa demanda os fornecedores eram estimulados a produzir outros produtos,
diminuindo desta forma a capacidade ociosa da cadeia como um todo.
No sistema de produção enxuta a produção é completamente puxada5 e, diferentemente do
sistema desenvolvido por Ford e Sloan, ficar esperando a demanda aumentar para poder vender
seus produtos é uma coisa inaceitável. A Toyota, por exemplo, mantém relação direta com o
consumidor, e a sua equipe de vendas vai até a casa do consumidor para lhe oferecer os novos
produtos, tudo isto baseado num imenso banco de dados que informa a idade do carro, idade
dos filhos, entre outras informações relevantes para a força de vendas. Desta forma a Toyota
pode direcionar as vendas para consumidores mais prováveis (Womack et al., 1992).
5Termo utilizado para designar uma unidade produtiva cujo sistema de produção é orientado para encomenda,também chamado make-to-order. Ao contrário da produção em massa, onde a produção é empurrada, ouorientada para o estoque.
20
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
3 O PERFIL DO CONSUMIDOR RECIFENSE
3.1 Introdução
Antes de se analisar os resultados propriamente ditos desta dissertação é importante analisar
o perfil do consumidor do grande Recife, para se entender quais são suas características básicas e
para se poder categorizar os indivíduos em grupos que possuem preferências equivalentes. Esta
categorização certamente auxiliará na obtenção de resultados posteriores e conseqüentemente
na tomada de decisões de planejamento estratégico no setor automotivo.
3.2 A Pesquisa
3.2.1 Critérios da Pesquisa
As entrevistas foram realizadas pelos estudantes das disciplinas Sistemas Probabilísticos I,
Teoria da Decisão e Programação Matemática, entre os dias 01 de agosto e 01 de setembro de
2003. Foram entrevistados indivíduos que possuíam automóvel próprio ou que moravam sob o
mesmo teto que uma pessoa que possuía automóvel.
Para a realização da pesquisa, a cidade foi dividida em 5 áreas1 de acordo com critérios
econômicos e geográficos obtidos pelo CENSO demográfico do IBGE (2000) e que podem ser
encontrados em Dantas (2003). Cada aluno das referidas disciplinas entrevistou 40 indivíduos,
oito em cada uma das áreas. Destes oito indivíduos, quatro eram homens e quatro eram
mulheres, ambos os grupos distribuídos em quatro faixas etárias.
1Ver apêndice B
21
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
As quatro faixas etárias foram:
• 18 a 21 anos2;
• 21 a 40 anos;
• 40 a 65 anos;
• mais que 65 anos.
Portanto, os indivíduos entrevistados foram escolhidos usando três critérios:
• Área onde mora: A cidade foi dividida em 5 áreas de acordo com critérios econômicos
e geográficos, como pode ser visto no apêndice B. Neste sentido a pesquisa objetivava
conter o mesmo número de observações em cada área. As figuras 3.2.1, 3.2.2 e 3.2.3
mostram os critérios adotados para a divisão dos bairros nas cinco áreas.
• Sexo: Os entrevistadores eram encarregados de coletar o mesmo número de observações
de cada sexo.
• Idade: Os cidadãos foram divididos em quatro faixas etárias como descrito acima. Assim
sendo, a pesquisa foi orientada para conter o mesmo número de observações em cada faixa
etária.
Ao final da pesquisa foram coletadas as opiniões de 1451 indivíduos que estavam divididos
de acordo com os critérios acima descritos como mostra as figuras 3.2.4, 3.2.5 e 3.2.6, onde
pode-se observar um razoável balanceamento entre as categorias dos critérios de área onde
mora e sexo. Porém, no critério de idade houve um desbalanceamento provocado pelo modo
como foram divididas as observações que estavam nos extremos dos intervalos. Outro motivo
que contribuiu para este desbalanceamento foi o fato de que na pesquisa não foi perguntada
a idade do entrevistado e sim a sua data de nascimento o que implicou em arredondamentos
posteriores na idade além de se especular que este fato provocou também um aumento nos erros
de digitação da base de dados.2Os indivíduos com idade no extremo superior do intervalo serão considerados como indivíduos do intervalo
seguinte. um indivíduo de 21 anos, por exemplo, será incluído na faixa etária de 21 a 40 anos.
22
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
FONTE: IBGE (2000)
Figura 3.2.1: Mapa da Cidade do Recife com a Divisão de Bairros.
23
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
FONTE: IBGE (2000)
Figura 3.2.2: Mapa de Distribuição de Renda da Cidade do Recife.
24
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
FONTE: IBGE (2000)
Figura 3.2.3: Mapa de Iso-Renda da Cidade do Recife.
25
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
295 291 288 289 288
1 2 3 4 5
Área
0
50
100
150
200
250
300
350
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 3.2.4: Número de Entrevistados Cate-gorizados por Área.
712739
Mulher Homem
Sexo
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 3.2.5: Número de Entrevistados Cate-gorizados por Sexo.
277
467
386
321
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 3.2.6: Número de Entrevistados Cate-gorizados por Idade.
É extremamente importante afirmar que esta não é uma pesquisa epidemiológica da po-
pulação do Recife, ela foi projetada para identificar diferenças nos perfis do consumidor entre
as idades, os sexos, as renda individual e familiar entre outros, assim sendo era necessária a
obtenção de um número de indivíduos equivalente em cada categoria. Portanto, conclusões epi-
demiológicas não podem ser extraídas desta pesquisa, como o percentual de homens e mulheres
na cidade do Recife, por exemplo.
26
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
3.2.2 O Questionário
O questionário, que encontra-se no apêndice A, aplicado na coleta de dados, constava de 31
questões, algumas delas com vários ítens, totalizando 76 entradas para cada entrevistado. O
tempo médio de aplicação do questionário foi de dez minutos.
3.2.3 Objetivos da Pesquisa
Esta pesquisa teve por objetivo um levantamento de dados visando fornecer subsídios para
o estabelecimento de parâmetros para a qualidade no setor automotivo do grande Recife, com
a finalidade de analisar o perfil dos usuários para conseguir prever o comportamento e as
tendências do mercado. Dada a importância dos automóveis na vida cotidiana é extremamente
importante que se conheça a opinião da população a este respeito, porém, como esta pesquisa
teve o objetivo de estudar o mercado consumidor de automóveis, foram entrevistadas apenas as
pessoas possuidoras de automóvel ou que moram sob o mesmo teto que alguém que efetivamente
possui um. Embora obviamente se reconheça que toda a população interage com os automóveis.
Objetivos Específicos da Pesquisa
Além do interesse acadêmico, a pesquisa em questão foi planejada para auxiliar eventuais
consultorias a empresas do setor automotivo, em particular, as concessionárias, as montadoras
e as seguradoras, além de trazer para o consumidor informações relevantes para a compra,
manutenção e utilização dos automóveis. Oferecendo, portanto, uma base de dados de onde se
possa:
1. Delinear o perfil dos usuários de carros do Recife;
2. Analisar as opiniões dos consumidores acerca dos serviços oferecidos pelas concessionárias;
3. Promover inferências entre as variáveis pesquisadas a fim de proporcionar informações
estratégicas, que serão úteis ao mercado;
4. Observar a fidelidade do consumidor às marcas utilizadas;
27
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
5. Identificar pontos específicos de falhas das concessionárias, para a melhoria dos serviços
do setor automotivo;
6. Extrair dados relevantes a respeito do setor de seguros de automóveis;
3.2.4 Avaliação da Robustez da Amostra
Para testar a homogeneidade da amostra coletada, foram criadas 3 sub-amostras, cada uma
contendo 300 casos, retirando-se aleatoriamente este número de casos dentre os 1451 disponíveis
(retirada feita com reposição). Utilizou-se então, o teste não-paramétrico de Mann-Whitney U
para verificar se as diferenças encontradas entre os rankings das variáveis correspondentes ao
nível de instrução (Q033), número de filhos (Q05), renda familiar (Q06), renda individual (Q10),
idade (IDADE) e idade categorizada (IDADECAT) (de acordo com os critérios da pesquisa,
seção 3.2.1) de cada sub-amostra em relação as outras, são devidas ao acaso ou não. A razão
para a escolha deste teste foi o fato dele pressupor apenas que as variáveis envolvidas são
ordinais, sem fazer nenhuma restrição quanto às distribuições das mesmas (Campello de souza,
2002). Para termos uma diferença significativa (ou seja, uma diferença que não é devida ao
acaso) o parâmetro p do teste deve ser menor do que 0,05 (critério dos 5% de Fisher4).
Os parâmetros p de todas as variáveis, para todas as duplas de amostras estudadas, tabelas
3.2.1, 3.2.2 e 3.2.3, indicam que a diferença entre os rankings não é significativa, o que garante
a robustez da amostra. Em outras palavras, os resultados obtidos com apenas 300 entrevistas
seriam estatisticamente os mesmos. Isto reforça o fato de que o número de observações da
amostra é muito maior do que o necessário.
3Nesta dissertação a variável Qn sempre se referirá à n-ésima questão do questionário4Segundo Campello de Souza (2002) Fisher advogou, mas não em termos absolutos, p < 0, 05 (significância
de 5%), como um nível padrão para se concluir que existe evidência contra a hipótese testada
28
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Tabela 3.2.1: Amostras 1 e 2.
Variável Rank 1 Rank 2 p Variável Rank 1 Rank 2 p
Q03 87209,00 93091,00 0,165 Q10 88449,50 91850,50 0,423Q05 89226,00 91074,00 0,663 IDADE 89730,00 90570,00 0,843Q06 87557,50 90945,50 0,381 IDADECAT 90227,50 90072,50 0,970
Tabela 3.2.2: Amostras 1 e 3.
Variável Rank 1 Rank 2 p Variável Rank 1 Rank 2 p
Q03 88849,00 91451,00 0,540 Q10 90450,50 89849,50 0,887Q05 90571,50 89728,50 0,842 IDADE 90733,50 89566,50 0,783Q06 91509,50 88190,50 0,392 IDADECAT 90454,50 89845,50 0,885
Tabela 3.2.3: Amostras 2 e 3.
Variável Rank 1 Rank 2 p Variável Rank 1 Rank 2 p
Q03 91874,50 88425,50 0,416 Q10 92188,50 88111,50 0,336Q05 91475,50 88824,50 0,532 IDADE 91334,00 88966,00 0,577Q06 92949,00 86152,00 0,080 IDADECAT 90429,00 89871,00 0,895
3.3 O Perfil do Consumidor
Nesta seção será feita uma análise, tanto descritiva quanto inferencial, de variáveis que
compõem o perfil dos indivíduos entrevistados, tais como faixa de renda, nível de instrução
e sexo, dentre outras. Para tanto serão utilizadas as variáveis Q01 a Q11 da base de dados,
equivalentes às questões 1 a 11 do questionário.
3.3.1 Estatística Descritiva
A estatística descritiva é uma maneira de caracterizar e descrever um conjunto de dados.
Nesta seção este conceito será aplicado com o intuito de avaliar as principais características da
população consumidora de automóveis do grande Recife.
29
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
A seguir, apresenta-se uma lista dos resultados mais expressivos:
• Aproximadamente 90% dos sujeitos entrevistados possui ao menos o segundo grau com-
pleto. Este é um percentual bastante elevado, se comparado ao percentual de habitantes
do grande Recife que possuem este grau de escolaridade, que é de aproximadamente
10%5. Isto mostra que os indivíduos estudados representam uma fração diferenciada da
população recifense que possui um nível médio de instrução mais elevado;
• Mais de 40% das pessoas entrevistadas não possuem filhos, o que pode indicar uma preo-
cupação maior com o controle de natalidade. Além disto, 86% das pessoas entrevistadas
apresentam 3 filhos ou menos;
• Pouco mais de 21% da amostra apresenta renda familiar menor que R$ 2000 e 14%
apresenta renda familiar maior que R$ 8000, o que é contrastante com a realidade nacional.
Conseqüentemente, 65% dos sujeitos se enquadram na faixa que ganha entre R$ 2000 e R$
8000, que representa a maior parcela da população compradora de automóveis do grande
Recife.
Obviamente estes resultados não são absolutos, não caracterizam o grande Recife e não
devem em hipótese alguma ser generalizados.
3.3.2 Estatística Inferencial
A estatística inferencial consiste na realização de inferências a partir de um conjunto de
dados, permitindo a análise das relações entre variáveis deste conjunto. Nesta seção utilizaremos
a estatística inferencial para estabelecer algumas importantes conclusões à respeito das relações
entre variáveis que trazem informações a respeito da população compradora de automóveis do
grande Recife.
5Dados do IBGE (1996).
30
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Nível de Instrução × Renda
Os níveis de instrução aparecem numerados de 1 a 8 e esta numeração corresponde ao nível
crescente de escolaridade como mostrado na tabela 3.3.1.
Tabela 3.3.1: Níveis de Escolaridade.
Código Nível de Escolaridade Percentual1 Até a 4a Série (Ensino Fundamental) 3%2 Da 5a à 8a Série (Ensino Fundamental) 7%3 Da 1a à 3a Série do Ensino Médio 40%4 Curso Técnico 8%5 Curso Superior 29%6 Especialização 6%7 Mestrado 4%8 Doutorado 2%
Nas figuras 3.3.1 e 3.3.2 vê-se claramente que existe uma estreita relação entre o nível de
instrução e a renda média, tanto familiar quanto individual. Este comportamento é confirmado
pela matriz de correlação que aponta uma correlação positiva entre estas duas variáveis. Este
resultado é facilmente justificado pelo fato das pessoas com melhor educação terem acesso, em
geral, aos melhores empregos.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8
Nível de Instrução
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
Re
nd
aIn
div
ídu
al
em
R$
Figura 3.3.1: Relação entre Nível de Instruçãoe Renda Individual.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8
Nível de Instrução
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
Re
nd
aF
am
ilia
re
mR
$
Figura 3.3.2: Relação entre Nível de Instruçãoe Renda Familiar.
31
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Área × Faixa de Renda
A divisão das áreas atendeu a critérios não só geográficos, mas também econômicos. Por-
tanto, é de se esperar que existam discrepâncias entre as rendas médias nessas áreas. Isto se
observa, tanto para os indivíduos que residem nestas áreas, quanto para os indivíduos que as
freqüentam e nelas foram entrevistados.
As figuras 3.3.3 e 3.3.4 mostram as relações entre a área onde a entrevista aconteceu e as
rendas familiar e individual.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5
Área da Entrevista
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
2.200
2.400
Re
nd
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Figura 3.3.3: Relação entre Área da Entre-vista e a Renda Individual.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5
Área da Entrevista
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
5.500
6.000
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Figura 3.3.4: Relação entre Área da Entre-vista e a Renda Familiar.
Já as figuras 3.3.5 e 3.3.6 mostram as relações e entre a área onde o entrevistado reside e a
faixa de renda familiar e individual. É de se notar que as áreas 1 e 5, que possuíram as maiores
rendas, são constituídas de bairros onde o preço do metro quadrado é mais caro.
32
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6
Área onde Mora
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
2.200
2.400
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Figura 3.3.5: Relação entre Área onde Morae a Renda Individual.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6
Área onde Mora
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
5.500
6.000
6.500
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Figura 3.3.6: Relação entre Área onde Morae a Renda Familiar.
Sexo × Renda e Sexo × Nível de Instrução
Observando-se os gráficos vistos nas figuras 3.3.7 e 3.3.8, percebe-se que não há diferença sig-
nificativa entre os níveis médios de instrução dos dois sexos, além de também não se apresentar
nenhuma diferença significativa entre a renda familiar dos dois sexos.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
3,84
3,86
3,88
3,90
3,92
3,94
3,96
3,98
4,00
4,02
4,04
4,06
4,08
4,10
4,12
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8
Figura 3.3.7: Relação entre o Sexo e o Nívelde Instrução.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
4.000
4.100
4.200
4.300
4.400
4.500
4.600
4.700
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Figura 3.3.8: Relação entre o Sexo e a RendaFamiliar.
33
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Entretanto, na figura 3.3.9 pode-se observar uma grande discrepância entre as faixa de
renda individual dos homens e das mulheres. As mulheres possuem, em média, rendas indivi-
duais cerca de 500 reais mais baixas que as dos homens. Esta diferença pode ser causada por
desigualdades entre os salários de homens e mulheres, considerando um mesmo cargo.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
1.300
1.400
1.500
1.600
1.700
1.800
1.900
2.000
2.100
2.200
Re
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Figura 3.3.9: Renda Individual por Sexo.
Idade × Nível de Instrução
O gráfico da figura 3.3.10 mostra que, excetuando-se a última faixa etária, o nível de ins-
trução apresenta uma correlação positiva com a idade. Isto pode ser justificado pelo fato dos
indivíduos presentes nas faixas etárias mais jovens não terem tido tempo hábil para a obtenção
de uma maior graduação. A queda encontrada na última faixa etária pode ser explicada pelo
fato de haverem poucos cursos de pós-graduação disponíveis nesta cidade, na época em que
essas pessoas eram mais jovens, período no qual grande parte dos indivíduos obtém títulos aca-
dêmicos. O mercado de trabalho era, também, menos competitivo que o atual, não exigindo,
da maioria dos indivíduos, grandes titulações.
34
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Mean±SE±1,96*SE
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
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Figura 3.3.10: Relação entre Idade e Nível de Instrução.
Idade × Renda
A relação entre a idade e a Renda pode ser vista nas figuras 3.3.11 e 3.3.12. Nela, vê-se
claramente que não há uma diferença significativa entre a renda familiar de entrevistados de
faixas etárias diferentes. Embora as pessoas mais jovens possuam em média rendas individuais
mais baixas, muitas destas ainda moram com pessoas mais velhas, o que uniformiza a renda
familiar, na amostra.
Mean±SE±1,96*SE
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
2.200
2.400
2.600
2.800
3.000
Re
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Figura 3.3.11: Relação entre Idade e RendaIndividual.
Mean±SE±1,96*SE
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
3.600
3.800
4.000
4.200
4.400
4.600
4.800
5.000
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Figura 3.3.12: Relação entre Idade e RendaFamiliar.
35
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Estado Civil × Renda e Estado Civil × Nível de Instrução
A maior parte da amostra é composta de pessoas casadas ou solteiras. Isto pode ser con-
cluído observando que estes casos apresentarem menor variância das médias, em todos os grá-
ficos das figuras 3.3.13, 3.3.14 e 3.3.15. Portanto deve-se centrar as análises sobre estes dois
casos.
Mean±SE±1,96*SE
CasadoSolteiro
DesquitadoViúvo
União Informal
Estado Civil
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
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Figura 3.3.13: Relação entre Estado Civil eNível de Instrução.
Mean±SE±1,96*SE
CasadoSolteiro
DesquitadoViúvo
União Informal
Estado Civil
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
2.200
2.400
2.600
2.800
3.000
3.200
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Figura 3.3.14: Relação entre Estado Civil eRenda Individual.
Mean±SE±1,96*SE
CasadoSolteiro
DesquitadoViúvo
União Informal
Estado Civil
2.400
2.600
2.800
3.000
3.200
3.400
3.600
3.800
4.000
4.200
4.400
4.600
4.800
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Figura 3.3.15: Relação envolvendo EstadoCivil e Renda Familiar.
36
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Vê-se, nas figuras 3.3.13 e 3.3.14, que em média, pessoas casadas apresentam rendas indi-
viduais e níveis de instrução mais altos que pessoas solteiras. Isto se deve ao fato da categoria
de pessoas solteiras ser composta, em boa parte, por indivíduos mais jovens que não tiveram
tempo de obter grandes titulações nem de se dedicar à carreira profissional, além de não serem,
em geral, responsáveis pelo sustento da família. Durante a análise de outras variáveis, devido
a heterogeneidade presente nas famílias, não foi verificada diferença significativa nas rendas
familiares dos dois grupos, como mostra a figura 3.3.15.
Ocupação × Nível de Instrução e Ocupação × Renda
As figuras 3.3.16, 3.3.17 e 3.3.18 mostram que existem algumas diferenças significativas entre
funcionários públicos e funcionários de empresas privadas. Em média, pessoas ligadas ao setor
público possuem nível de escolaridade e renda individual melhores, em comparação com os da
iniciativa privada, o que pode ser explicado pelo fato de boa parte dos funcionários públicos ter
entrado nestas empresas por meio de concurso, o que eleva o nível intelectual da instituição. A
diferença na remuneração é devida ao fato dos salários oferecidos pelo governo serem, em geral,
mais altos que os pagos pela iniciativa privada para uma mesma função, embora esta diferença
não tenha sido grande o bastante para se manifestar na renda familiar.
Na Tabela 3.3.2 são apresentados os percentuais de cada ocupação considerando todos os
entrevistados da amostra, bem como os respectivos códigos.
Tabela 3.3.2: Ocupação.
Código Ocupação Percentual1 Emprego Privado 23%2 Emprego Público 18%3 Autônomo 12%4 Produtor Rural 1%5 Empresário 5%6 Estudante 26%7 Do Lar 8%8 Outra 5%9 Nenhuma 4%
37
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Principal Ocupação
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
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Figura 3.3.16: Relação entre Ocupação eRenda Individual.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Principal Ocupação
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
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Figura 3.3.17: Relação entre Ocupação eRenda Familiar.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Principal Ocupação
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
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8
Figura 3.3.18: Relação entre Ocupação eNível de Instrução.
É também interessante observar que os indivíduos classificados como empresários, apesar de
não apresentarem nível de escolaridade superior ao dos funcionários públicos, possuem em média
remunerações bastante superiores a todas as outras categorias, excetuando-se os produtores
rurais.
38
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
Posição/Cargo × Nível de Instrução e Posição/Cargo × Renda
Os gráficos vistos na figuras 3.3.19, 3.3.20 e 3.3.21, comprovam que as pessoas que atingem
postos mais altos dentro das empresas são, em média, pessoas com nível de educação diferen-
ciado, que por sua vez recebem as mais altas remunerações. É interessante notar que nesse
caso, tanto renda individual, quanto a variável renda familiar apresentam diferenças significa-
tivas para cargos distintos, ou seja, supondo que seja esta a única diferença entre os indivíduos
(coeteris paribus), o diferencial na remuneração dos indivíduos que ocupam cargos mais altos é
suficiente para elevar significativamente suas rendas familiares.
Mean±SE±1,96*SE
NenhumEstagiário
AdministrativaGerência
Diretoria
Posição/Cargo
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
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Figura 3.3.19: Relação entre Posição/Cargoe Renda Individual.
Mean±SE±1,96*SE
NenhumEstagiário
AdministrativaGerência
Diretoria
Posição/Cargo
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
5.500
6.000
6.500
7.000
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Figura 3.3.20: Relação entre Posição/Cargoe Renda Familiar.
Mean±SE±1,96*SE
NenhumEstagiário
AdministrativaGerência
Diretoria
Posição/Cargo
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
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ão
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1e
8
Figura 3.3.21: Relação entre Posição/Cargoe Nível de Instrução.
39
Capítulo 3 O Perfil do Consumidor
3.4 Considerações Finais
Após a apresentação de todos os resultados relativos ao perfil do consumidor do grande
Recife pode-se concluir que esta amostra é excessivamente grande, com relação ao número de
entrevistados, e consistente pois grande parte dos resultados são coerentes com relação ao senso
comum. Além de serem compatíveis com os resultados obtidos em outras pesquisas semelhantes,
como em Vademecum (2004). Este fato reforça a validação dos resultados posteriores desta
dissertação que serão obtidos com os dados da pesquisa da seção 3.2.
É válido salientar que a amostra obtida na pesquisa da seção 3.2 não é uma amostra re-
presentativa da população do grande Recife. Se fosse, dados como: renda familiar média da
população de R$ 4.700,00 e renda individual média de R$ 2.020,00 seriam completamente absur-
dos. Portanto, a amostra em questão responde por uma parte muito diferenciada da população,
que possui uma renda familiar e individual muito superior à média como também um nível de
instrução e outros parâmetros que podem ser comparados, pois é importante lembrar que só
foram consultadas pessoas que possuem um automóvel ou que moram com alguém que possui.
Isto deve-se ao fato de que se está interessado aqui na clientela que compra, faz seguro, efetua
serviços de manutenção, entre outros. A maneira como esta clientela compra e usa o automóvel
é exatamente o tema do próximo capítulo.
40
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4 O RECIFENSE, A COMPRA E O USO DE
AUTOMÓVEIS
4.1 Introdução
Após a análise detalhada do perfil do usuário de automóveis do grande Recife feita no
Capítulo 3 faz-se mister apresentar alguns resultados da pesquisa que dizem respeito ao mercado
automotivo em si. Este capítulo vem fornecer alguns resultados preliminares da pesquisa com
o intuito de mostrar como se comporta o mercado automotivo do grande Recife. Deste modo,
serão apresentados aqui resultados relativos às fatias de mercado de cada marca, importância
dos fatores na hora de se adquirir um automóvel, fontes de informação usadas na hora de
comprar um automóvel, confiabilidade dos pontos de venda de veículos, entre outros. A grande
maioria das análises serão feitas com relação ao sexo, idade e nível de instrução. Pois, como foi
visto o nível de instrução e a renda estão intimamente correlacionados.
4.2 O Status Quo
Uma primeira análise da amostra conduz naturalmente à obtenção de resultados básicos
como percentuais de inúmeras variáveis pesquisadas. Portanto, esta seção dedica-se a expli-
citar tais resultados. Observou-se que 79% dos entrevistados possuem automóvel próprio, e
analisando-se agora este universo de possuidores de automóvel pode-se afirmar que:
• 57% possuem automóvel 1.0 (1000 cilindradas).
• 69% possuem automóvel com ar condicionado.
• 22% pretendem trocar de carro nos próximos 6 meses.
• 62% possuem o carro há menos de 3 anos.
41
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Na figura 4.2.1 tem-se o histograma do ano do automóvel e pode-se observar claramente que
há renovação da frota, pois veículos fabricados antes de 1994 correspondem a menos de 10% da
frota. É também notório que a quantidade de carros fabricados em 2003 é menor do que a dos
últimos 5 anos, isto se deve ao fato de que a pesquisa foi feita em agosto de 2003, portanto a
quantidade de carros neste ano é proporcional aos oito primeiros meses.
1972 1975 1978 1981 1984 1987 1990 1994 1997 2000 20030
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
0%
2%
3%
5%
7%
9%
10%
12%
14%
15%
17%
Figura 4.2.1: Histograma do Ano de Fabricação dos Veículos.
4.2.1 O Uso do Automóvel
As questões 17 e 181 permitem analisar o modo como o cidadão recifense usa o automó-
vel e também o modo como ele efetua a manutenção. Dentre os entrevistados que possuem
automóvel, pode-se afirmar que:
• 83% usam o carro para compras domésticas.
• 81% usam o carro para ida pessoal ao trabalho/estudo.
• 77% usam o carro para transportar parentes e amigos para locais diversos.
• 65% usam o carro para viagens.
1Ver apêndice A
42
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
• 23% usam o carro com outras finalidades.
• 11% usam o carro para transportar carga.
• 3% usam o carro para transportar turistas.
• 3% usam o carro para transportar passageiros pagantes.
O histograma da figura 4.2.2 mostra que a grande maioria dos entrevistados que possuem
automóvel (mais de 70%) passam entre 0 e 14 horas por semana dirigindo o seu automóvel.
7%
38%37%
11%
7%
Não dirigeAté 7hs
Entre 7 e 14hsEntre 14 e 21hs
Mais de 21hs0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
0%
4%
9%
13%
17%
22%
26%
31%
35%
39%
44%
Figura 4.2.2: Horas de Utilização Semanal do Veículo.
4.2.2 A Manutenção do Automóvel
Um fator de grande importância abordado na pesquisa foi o da manutenção dos veículos.
Com relação à manutenção dos veículos os entrevistados foram questionados sobre com que
freqüência efetuam serviços de manutenção no automóvel, tais como verificação de água, óleo,
pneus, etc. Os resultados mostrados na figura 4.2.3 apontam para o alarmante fato de que 26%
dos entrevistados realizam atividades de manutenção semestralmente ou menos de uma vez a
cada 6 meses. Os outros 74% realizam atividades de manutenção pelo menos mensalmente.
43
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
8%
18%
31%
21%
18%
4%
Mais de 6 mesesSemestral
MensalQuinzenal
SemanalDiária
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
0%
4%
9%
13%
17%
22%
26%
31%
35%
Figura 4.2.3: Freqüência da Manutenção do Veículo.
Quando perguntados sobre o atual estado do seu veículo os resultados obtidos estão expressos
na figura 4.2.4 onde pode-se observar que a grande maioria dos consumidores do grande Recife
consideram seus veículos em boa condição de uso, seja em motor, lanternagem e pintura ou
acessórios.
3%
20%
77%
5%
30%
65%
9%
24%
67%
Ruim Mais ou Menos Bom0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Nú
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od
eO
bse
rvaç
ões
MotorLanternagem e PinturaAcessórios
Figura 4.2.4: Estado do Carro.
44
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
É interessante notar que apenas 3% dos entrevistados consideram o seu motor ruim, to-
davia, sabe-se que isto não é verdade. Provavelmente o que está errado é a maneira como
os consumidores estão avaliando o estado dos seus veículos, “se está funcionando, está bom”,
quando sabe-se que isso não é verdade. A manutenção não só, faz com que a utilização do carro
se dê de forma mas agradável, como aumenta a vida útil do veículo.
No tocante ao número de vezes que o entrevistado precisou ir à oficina automecânica para
resolver um problema com o seu automóvel os resultados podem ser analisados na figura 4.2.5.
49%
24%
16%
6%
2% 2% 1% 0% 0% 0% 0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Visitas
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
Figura 4.2.5: Número de Visitas a Oficina nos Últimos Seis Meses.
4.2.3 O Seguro
Um setor de grande importância atrelado à indústria automobilística é o setor de seguros.
Um resultado interessante da pesquisa da seção 3.2 foi que em média 71% dos entrevista-
dos que possuem carro (1145 entrevistados) possuem seguro. Este mesmo resultado
observado para toda a amostra revela que apenas 57% dos 1451 entrevistados (incluindo
pessoas que não possuem carro, mas moram com alguém que possui) possuem
seguro.
45
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Uma questão que teoricamente guarda grande relação com o setor de seguros é a questão
192 que pergunta quantas vezes o atual carro já se danificou num acidente de trânsito, os
resultados são mostrados na figura 4.2.6. Na seção 4.7 serão explicitados mais resultados,
incluindo resultados inferenciais, a respeito dos seguros automotivos.
53%
32%
9%6%
Nunca BateuDanos na Pintura
Danos nos AcessóriosDanos no Motor
0
100
200
300
400
500
600
700
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
Figura 4.2.6: Gravidade dos Acidentes de Trânsito.
4.3 Estimativa da Fatia de Mercado das Marcas
Apresenta-se aqui na tabela 4.3.1 uma estimativa da fatia de mercado de cada marca. Nesta
tabela o campo “Nenhum” corresponde a consumidores que não possuem automóvel.
Devido ao fato de muitas marcas não possuírem uma fatia representativa do mercado do
grande Recife (menos de 5% dos entrevistados), serão consideradas apenas as quatro marcas
líderes de mercado, que podem ser facilmente identificadas com o auxílio da tabela 4.3.1.
Foi feito um reagrupamento das marcas, resultando nas categorias Nenhum, Chevrolet, Fiat,
Ford, Volkswagen e Outros. A categoria “Outros” reúne todas as marcas cuja participação no
mercado não foi considerada representativa.
2Ver apêndice A
46
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Tabela 4.3.1: Fatia de Mercado de Cada Marca.
Marca Ocorrências % Marca Ocorrências %Nenhum 297 21,18 Audi 12 0,86
Fiat 361 25,75 Citröen 7 0,50Volkswagen 255 18,19 BMW 4 0,29Chevrolet 227 16,19 Mercedes-Benz 3 0,21
Ford 112 7,99 Mitsubishi 3 0,21Renault 43 3,07 Suzuki 2 0,14Peugeot 29 2,07 Subaru 1 0,07Honda 25 1,78 Outros 2 0,14Toyota 19 1,36
A tabela 4.3.2 mostra as fatias de mercado obtidas a partir do reagrupamento realizado.
Tabela 4.3.2: Fatia de Mercado.
Marca Ocorrências %Nenhum 297 21,18
Fiat 361 25,75Volkswagen 255 18,19Chevrolet 227 16,19
Ford 112 7,99Outros 150 10,70
Também foi feita uma tabela considerando apenas os entrevistados que possuem automóveis.
O resultado pode ser visto na tabela 4.3.3. É possível observar que a Fiat possui a maior
fatia de mercado na Região Metropolitana do Recife, representando mais de 33% dos donos
de automóveis. Esta marca é seguida pela Volkswagen e pela Chevrolet que possuem fatias
aproximadamente equivalentes de cerca de 23% e 21%, respectivamente. Outra marca com
participação significativa no mercado é a Ford com 10% . As outras marcas totalizam 14%.
47
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Tabela 4.3.3: Fatia de Mercado (entre os possuidores de automóveis).
Marca Ocorrências %Fiat 361 32,67
Volkswagen 255 23,08Chevrolet 227 20,54
Ford 112 10,14Outros 150 13,58
4.4 A Compra de um Automóvel
A compra de um automóvel, ação aparentemente simples, é bastante complexa especialmente
se analisada sob a ótica do consumidor. No ato da compra, que naturalmente envolve a escolha
do veículo, o consumidor leva em consideração inúmeros aspectos como:
• Condições de Financiamento; • Poder Aquisitivo; • Acessórios;
• Tecnologia Embarcada; • Preço da Manutenção; • Durabilidade;
• Aparência, Beleza e Estética; • Preço dos Impostos; • Marca;
• Consumo de Combustível; • Valor de Revenda; • Opcionais;
• Status e Prestígio do Veículo; • Tipo de Automóvel; • Desempenho;
• Qualidade dos Serviços de Manutenção; • Tipo de Combustível; • Valor do Seguro;
• Qualidade dos Serviços de Atendimento; • Modelo do Automóvel; • Entre outros...
Além disso cada um destes aspectos supracitados trazem consigo um peso, que obviamente
varia de consumidor para consumidor.
Esta seção tem como objetivo explorar a base de dados da pesquisa da seção 3.2 para dela
extrair elementos que influenciem na escolha de um automóvel e possam apresentar indícios de
como se comportam os consumidores do grande Recife.
48
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4.4.1 A Importância dos Fatores
A importância dos fatores que influenciam na escolha de uma carro constituem uma variável
muito importante e podem fornecer informações extremamente poderosas para a força de vendas
de uma concessionária ou mesmo de uma montadora.
Dentre os aspectos que influenciam na compra de um automóvel foram abordados na pes-
quisa (especificamente na questão 263) os itens:
• Acessórios e opcionais; • Manutenção;
• Aparência, beleza e estética; • Preço Total do Veículo;
• Condições de Financiamento; • Status e Prestígio do Veículo;
• Desempenho; • Valor de Revenda;
• Durabilidade; • Valor do Seguro.
• Economia de Combustível;
Quando questionados sobre a importância dos fatores acima na hora de se adquirir um carro,
os entrevistados, tiveram que responder numa escala que varia de 1 a 5 da seguinte forma:
1. Nenhuma;
2. Pouca;
3. Razoável;
4. Muita;
5. Enorme.
3Ver apêndice A
49
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
A figura 4.4.1 traz um gráfico que mostra a importância relativa que os entrevistados deram
a cada um dos fatores questionados. Vê-se claramente que o fator mais importante para a
escolha de um automóvel é o consumo de combustível, provavelmente este é um dos motivos
que explicam o fato de 80% das vendas de automóveis em 2003 serem de veículos 1.0 segundo o
Anuário Estatístico da Indústria Automotiva Brasileira (Anfavea, 2003). Por outro lado, o fator
que menos influencia na escolha de um automóvel é o status e prestígio que este proporciona.
Figura 4.4.1: Importância de Todos os Fatores Entrevistados.
50
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Observando a figura 4.4.1 pode-se também perceber que a preferência dos consumidores
divide-se em três clusters. São eles:
• Nível de Maior Importância:
– Economia de Combustível;
– Preço Total do Veículo;
– Durabilidade;
– Manutenção;
• Nível de Importância Intermediária:
– Condições de Financiamento;
– Desempenho;
– Aparência, Beleza e Estética;
– Valor de Revenda;
– Acessórios e Opcionais;
• Nível de Menor Importância:
– Valor do Seguro;
– Status e Prestígio do Veículo.
Inúmeras variáveis podem influenciar os fatores que foram citados, as seguintes subseções
têm como objetivo destacar algumas diferenças estatisticamente significativas que podem servir
como um importante referencial para se entender a dinâmica do mercado do grande Recife.
4.4.2 Relação entre a Importância dos Fatores e o Sexo
Todo bom vendedor, e não apenas de carros, sabe que o sexo é uma variável que pode inter-
ferir diretamente no modo como o cliente é abordado. Além disso, dentre os aspectos abordados
51
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
nesta pesquisa os fatores que apresentaram uma diferença estatisticamente significativa foram
o desempenho e a durabilidade do veículo. Como se pode observar nas figuras4 4.4.2 e 4.4.3
o homens dão significativamente mais importância que as mulheres aos fatores desempenho e
durabilidade. Além destes dois fatores um outro fator que chegou muito próximo da significân-
cia estatística foi o de acessórios e opcionais, com um p-level = 0,075972 (próximo dos 5% de
Fisher)5, implicando no fato de que os homens dão mais importância do que as mulheres aos
acessórios e opcionais do veículo.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem3,40
3,45
3,50
3,55
3,60
3,65
3,70
3,75
3,80
Imp
otâ
nc
ian
um
aE
sc
ala
de
1a
5
p-level = 0,000303
Figura 4.4.2: Importância do Desempenho.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem4,04
4,06
4,08
4,10
4,12
4,14
4,16
4,18
4,20
4,22
4,24
4,26
4,28
4,30
Imp
otâ
nc
ian
um
aE
sc
ala
de
1a
5
p-level = 0,036175
Figura 4.4.3: Importância da Durabilidade.
4.4.3 Relação entre a Importância dos Fatores e o Nível de Instrução
Na comparação entre a importância dos fatores apresentados na hora de se comprar um
veículo e o nível de instrução, os resultados apontam para o fato de que quanto maior o nível de
instrução maior é a importância dada aos: acessórios e opcionais, desempenho, durabilidade,
status e prestígio do carro e ao valor do seguro. Em contrapartida a importância dada à
economia de combustível e ao valor de revenda tende a decrescer quando o nível de instrução
4O p-level indicado em vermelho nas figuras 4.4.2 e 4.4.3 é relativo ao teste “U” não-paramétrico de Mann-Whitney.
5Segundo Campello de Souza (2002) Fisher advogou, mas não em termos absolutos, p < 0, 05 (significânciade 5%), como um nível padrão para se concluir que existe evidência contra a hipótese testada
52
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
aumenta. As demais análises não apresentam resultados relevantes. Provavelmente a variável
que condiciona os resultados desta seção é a renda individual, pois, certamente não é o nível
de instrução que faz com que as pessoas menos estudadas dêem mais importância à economia
de combustível, por exemplo, e sim a sua renda individual.
4.5 Fontes de Informação
Um fator decisivo no momento da aquisição de um veículo é a fonte de informação a ser
consultada na procura deste. O conhecimento destas informações pode revelar-se como um
diferencial crucial para as montadoras e em particular para as concessionárias. A pesquisa da
seção 3.2 também contemplou este fator perguntando para os entrevistados qual a importân-
cia, numa escala que varia de 0 a 3 de acordo com a tabela 4.5.1, das fontes de informação
consultadas para a compra de um automóvel.
As fontes perguntadas foram:
• Amigos e Parentes;
• Classificados de Jornal;
• Concessionárias/Revendas;
• Revistas Especializadas;
• Sites da Internet;
Tabela 4.5.1: Escala da Questão Relativa às Fontes de Informação.
0 Não Consulto1 Pouca2 Razoável3 Muita
A figura 4.5.1 mostra o resultado geral da pesquisa no tocante às fontes de informação.
Ela revela que a principal fonte de informação consultada pelos consumidores na compra de
53
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
um automóvel são os parentes e amigos, com 54% dos entrevistados dando muita importância,
seguido pelas concessionárias e revendas, com 32% e pelos classificados de jornal com 22%.
Este resultado nega o senso comum que traz os classificados de jornal como principais fontes de
informação na procura de um veículo. Desta forma, não se recomenda o uso dos classificados de
jornal como veículo de comunicação para se atingir a população como um todo, com o intuito
de vender um carro. De acordo com resultados posteriores vê-se que este veículo é eficiente
quando o objetivo é atingir nichos específicos da população. Além disso, o fato dos parentes e
amigos serem a fonte de informação mais consultada comprova a importância da propaganda
“boca-a-boca”; fato que será tratado com mais profundidade na seção 5.4.
9%11%
26%
54%
28%
22%
28%
22%
17% 19%
32% 32%
58%
17%15%
11%
66%
14%12%
8%
Não Consulto Pouca Razoável Muita0
200
400
600
800
1000
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
Amigos e ParentesClassficados de JornalConcessionárias e RevendasRevistas EspecializadasSites de Internet
Figura 4.5.1: Importância das Fontes de Informação.
Por outro lado a figura 4.5.1 mostra que, 66% e 52% dos consumidores asseguram que
não consultam os sites de internet e as revistas especializadas, respectivamente, na hora de
comprar um carro.
54
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4.5.1 Relação entre as Fontes de Informação e o Sexo
Quando se compara a importância das fontes de informação com o sexo alguns resultados
interessantes podem ser analisados. A tabela 4.5.2 mostra que existem diferenças significativas
entre homens e mulheres em três das fontes de informação pesquisadas. A pesquisa revela que
na hora de adquirir um carro as mulheres levam mais em consideração a opinião dos parentes e
amigos do que os homens, em contrapartida, os homens consultam significativamente mais que
as mulheres as revendas e concessionárias e os sites de internet. No que diz respeito aos classifi-
cados de jornal e às revistas especializadas não foram detectadas diferenças significativas, muito
embora, o resultado das revistas especializadas tenha chegado muito próximo da significância
estatística, com p = 0, 053. Estes resultados mostram quais os canais de comunicação devem
ser trabalhados numa campanha de vendas para atingir o público feminino ou masculino.
Tabela 4.5.2: Teste t de Student das Fontes de Informação por Sexo.
Média H Média M p n H n M D Pad H D Pad MAmigos e Pa-rentes
2,19 2,29 0,047 738 709 1,004 0,951
Classificadosde Jornal
1,46 1,41 0,379 738 709 1,131 1,096
Concessionáriase Revendas
1,85 1,72 0,021 738 709 1,063 1,080
Revistas Espe-cializadas
0,83 0,73 0,054 738 709 1,074 1,032
Sites de Inter-net
0,68 0,56 0,018 738 709 1,000 0,938
4.5.2 Relação entre a Importância das Fontes de Informação e a Idade
Relacionando a importância das fontes de informação com a idade a única fonte de infor-
mação que retrata uma diferença significativa são os sites de internet. A figura 4.5.2 apresenta
este resultado mostrando que de fato as pessoas mais jovens (com idade entre 18 e 40 anos)
utilizam mais a internet para procurar um veículo do que as pessoas mais velhas (com mais de
55
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
40 anos de idade). É válido ressaltar que quando os dois grupos (com idade maior e menor que
40 anos) são comparados apresentam um p = 0, 000 no teste t de Student. É válido salientar
que os consumidores que atualmente se encontram na faixa de 18 a 40 anos, ou seja, a faixa que
usa mais a internet como fonte de informação, não vai parar de usá-la, portanto especula-se que
dentro de 20 anos, quando estas pessoas mudarem para a faixa de 40 a 60 anos, esta diferença
não seja mais significativa. Conseqüentemente, pode-se prever que a importância dos sites de
internet como fonte de informação na comercialização de um veículo aumentará. Portanto,
especula-se que um investimento de longo prazo com ótimas perspectivas de retorno são as
vendas por internet.
De fato a maior barreira para as vendas de automóveis via internet é a análise de crédito,
mas este problema vêm sendo estudado, e aponta-se como solução para este problema a regio-
nalização dos bancos das montadoras, portanto, além dos escritórios regionais, as montadoras
terão agências nas grande cidades, para a concessão de crédito aos consumidores.
Mean±SE±1,96*SE
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
Imp
ort
ân
cia
da
Inte
rne
tn
um
ae
sc
ala
de
0a
3
Figura 4.5.2: Relação entre a Importância das Fontes de Informação e a Idade.
56
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4.5.3 Relação entre a Importância das Fontes de Informação e o Nível
de Instrução
Ao se comparar a importância das fontes de informação e o nível de instrução os únicos
resultados interessantes são que a procura pelas concessionárias e revendas, e pelos sites de
internet cresce quando o nível de instrução aumenta. Resultado este, considerado bastante
normal, pois, sabe-se que as pessoas com maior nível de instrução, e por conseguinte, com maior
renda, têm mais acesso à internet. As demais análises, não apresentam resultados relevantes.
4.6 Confiabilidade dos Pontos de Venda
Com o intuito de checar a confiabilidade dos pontos de venda de automóveis a questão
286 atribui um valor numa escala de 1 a 5 de acordo com a tabela 4.6.1, note-se que o grau
de confiança cresce de acordo com a numeração, portanto, uma média alta (na escala de 1
a 5) significa uma alta credibilidade do ponto de venda. Os pontos de venda pesquisados
foram: concessionárias de marcas específicas, lojas de veículos novos e/ou usados, consórcios
de carros novos e/ou usados, particulares (pessoa física) e direto do fabricante via internet.
Foi perguntado se o entrevistado comprará ou compraria um veículo dos pontos de venda
supracitados. Os resultados são apresentados nas figuras 4.6.1 a 4.6.5.
Tabela 4.6.1: Escala da Questão Relativa ao Ponto de Compra.
1 Certamente Não2 Provavelmente Não3 Talvez Sim, Talvez Não4 Provavelmente Sim5 Certamente Sim
6Ver apêndice A
57
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
8%7%
15%
25%
45%
Cert. NãoProv. Não
T. Sim, T. NãoProv. Sim
Cert. Sim
Opinião
0
100
200
300
400
500
600
700
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 4.6.1: Concessionárias de Marcas Es-pecíficas.
9%12%
24%
36%
19%
Cert. NãoProv. Não
T. Sim, T. NãoProv. Sim
Cert. Sim
Opinião
0
100
200
300
400
500
600
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 4.6.2: Lojas de Veículos Novos e/ouUsados.
25%
22%
26%
19%
9%
Cert. NãoProv. Não
T. Sim, T. NãoProv. Sim
Cert. Sim
Opinião
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 4.6.3: Consórcios de Veículos Novose/ou Usados.
15%
18%
30%
25%
12%
Cert. NãoProv. Não
T. Sim, T. NãoProv. Sim
Cert. Sim
Opinião
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 4.6.4: Particulares (Pessoa Fí-sica).
58
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
47%
19%
13% 13%
9%
Cert. NãoProv. Não
T. Sim, T. NãoProv. Sim
Cert. Sim
Opinião
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Nú
me
rod
eO
bs
erv
aç
õe
s
Figura 4.6.5: Direto do Fabricante via Inter-net.
4.6.1 Relação entre os Pontos de Venda e a Data de Fabricação dos
Veículos a serem Adquiridos
Quando se compara a relação entre os pontos de venda e a data de fabricação dos veículos
a serem adquiridos, pode-se obter inúmeras conclusões. Nas figuras 4.6.6 e 4.6.7 observa-se
a propensão das pessoas que pretendem adquirir veículos novos a efetuarem a compra em
concessionárias e não em lojas de veículos novos e/ou usados.
Analisando a figura 4.6.8, vê-se que os consumidores que pretendem adquirir um carro com
até 4 anos de uso dão mais credibilidade aos consórcio que o restante dos consumidores. Na
figura 4.6.9 observa-se que quanto mais velho é o carro a ser adquirido mais credibilidade se dá
à compra a particulares.
59
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Mean±SE±1,96*SE
Novo ou 0 kmaté 2 anos
entre 2 e 4 anosmais de 4 anos
Idade dos Veículos a serem Adquiridos
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
Cre
dib
ilid
ad
en
um
aE
sc
ala
de
1a
5
Figura 4.6.6: Concessionárias de Marcas Es-pecíficas.
Mean±SE±1,96*SE
Novo ou 0 kmaté 2 anos
entre 2 e 4 anosmais de 4 anos
Idade dos Veículos a serem Adquiridos
3,0
3,1
3,2
3,3
3,4
3,5
3,6
3,7
3,8
Cre
dib
ilid
ad
en
um
aE
sc
ala
de
1a
5
Figura 4.6.7: Lojas de Veículos Novos e/ouUsados.
Mean±SE±1,96*SE
Novo ou 0 kmaté 2 anos
entre 2 e 4 anosmais de 4 anos
Idade dos Veículos a serem Adquiridos
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
Cre
dib
ilid
ad
en
um
aE
sc
ala
de
1a
5
Figura 4.6.8: Consórcios de Veículos Novose/ou Usados.
Mean±SE±1,96*SE
Novo ou 0 kmaté 2 anos
entre 2 e 4 anosmais de 4 anos
Idade dos Veículos a serem Adquiridos
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
Cre
dib
ilid
ad
en
um
aE
sc
ala
de
1a
5
Figura 4.6.9: Particulares (Pessoa Fí-sica).
60
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Por fim, a figura 4.6.10 mostra que a credibilidade das vendas via internet (direto do fabri-
cante) ainda está muito aquém da dos outros pontos de venda.
Mean±SE±1,96*SE
Novo ou 0 kmaté 2 anos
entre 2 e 4 anosmais de 4 anos
Idade dos Veículos a serem Adquiridos
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
Cre
dib
ilid
ad
en
um
aE
sc
ala
de
1a
5
Figura 4.6.10: Direto do Fabricante via In-ternet.
4.7 Seguros
Como foi dito, dentre os agentes econômicos da cadeia automotiva brasileira destaca-se a
indústria de seguros. Atualmente, muitas pessoas já incluem o preço dos seguros nos custos de
manutenção de um carro, reconhecendo a sua importância e até a sua necessidade. Esta seção
traz alguns resultados de grande valia para se entender quais são os critérios utilizados para se
obter descontos no valor do seguro, e, adentrando neste aspecto, saber quais os critérios que
seriam mais justos.
61
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4.7.1 Preço do Seguro por Sexo
Sabe-se que o valor do seguro varia de acordo com o sexo. Segundo o site automovel.com.br
(Automovel.com.br, n.d.):
“. . . as mulheres pagam cerca de 15% menos pelo seguro em relação a eles nas
mesmas condições e idade porque realmente dirigem melhor.”
A justificativa das seguradoras é obvia: as mulheres batem menos, expõem-se menos, etc.
Portanto usam menos o seguro do seu veículo. Será que este fato condiz com a realidade?
Será que os homens dão mais prejuízo às seguradoras? A figura 4.7.1 mostra que realmente
as mulheres envolvem-se menos em acidentes, sejam eles com danos de pintura e lanternagem
(LEVES), danos de funcionamento de acessórios (MODERADOS) ou danos no funcionamento
do motor ou suspensão (GRAVES). Além disso, a figura 4.7.2 revela que, dentre as pessoas que
se envolvem em acidente, os homens se envolvem em acidentes de maior intensidade/gravidade,
ou seja, acarretando maiores prejuízos.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
36%
38%
40%
42%
44%
46%
48%
50%
52%
54%
56%
Figura 4.7.1: Percentual de Acidentes porSexo.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
Inte
ns
ida
de
do
Ac
ide
nte
en
tre
1e
3
p-level = 0,000303
Figura 4.7.2: Intensidade dos Acidentes porSexo.
62
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Pode-se comparar os resultados relativos aos acidentes dividindo-os por tipo: leves, modera-
dos e graves. A tabela 4.7.1 mostra os resultados do teste t de Student7, nela pode-se verificar
que a única variável que provoca uma significância nos percentuais de batida entre os sexos é
o número de acidentes graves.
Tabela 4.7.1: Teste t de Student da Freqüência e Intensidade por Sexo.
Média H Média M p n H n M D Pad H D Pad MACIDENTE 0,42 0,32 0,000 739 712 0,494 0,468LEVE 0,27 0,23 0,070 739 712 0,448 0,424MODERADO 0,08 0,05 0,053 739 712 0,279 0,235GRAVE 0,06 0,02 0,002 739 712 0,244 0,169HORAS DI-RIGIDAS
1,60 1,15 0,000 739 711 1,137 1,048
Toda a análise feita até aqui induz à conclusão de que as mulheres dirigem melhor do que os
homens. Todavia, esta conclusão não pode ser obtida dos gráficos e tabelas apresentados acima.
De fato os homens batem mais e quando batem, o fazem com mais intensidade, entretanto,
devem ser questionados os fatores que provocam este fato.
Observando-se a última linha da tabela 4.7.1 pode-se verificar que os homens dirigem signi-
ficativamente mais horas que as mulheres, além disto analisando a tabela 4.7.2, que apresenta
o resultado da análise de variância entre percentual de acidentes e o número de horas dirigidas,
verifica-se que também existe uma correlação positiva entre estas duas variáveis. Conclui-se
portanto que os homens batem mais porque dirigem mais, e dirigir mais aumenta significativa-
mente a probabilidade de se acidentar.
7William Gosset , cervejeiro da Irlandês, usou o pseudônimo Student para garantir segredos industriais. Foiele quem introduziu o famoso teste t de Student quando trabalhava no controle de qualidade de uma cervejaria(Gosset, 1908)
63
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Tabela 4.7.2: Análise de Variância do Percentual de Acidentes pelo Número de Horas Dirigidas.
Marca Horas Hs. Dirig. Hs. Dirig. Hs. Dirig. nDirigidas Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 Não Dirige 0,10 0,023 0,059 0,153 3662 até 7 hs 0,43 0,021 0,396 0,481 4493 entre 7 e 14hs 0,45 0,022 0,413 0,500 4274 entre 14 e 21hs 0,59 0,040 0,517 0,675 1295 mais de 21hs 0,46 0,051 0,367 0,569 79
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 154,213 1 154,213 737,707 0,00Marca 38,087 4 9,521 45,549 0,00Erro 302,068 1445 0,209
Ainda na tentativa de aprimorar a análise do seguro e a sua relação com o sexo do indivíduo
foi criada a variável DANO/HORA8 e PREJUÍZO/HORA9 com o intuito de se comparar o
percentual de acidentes por sexo e a intensidade de batidas por sexo no caso ideal de homens e
mulheres dirigirem a mesma quantidade de horas. Com a criação destas variáveis os resultados
foram surpreendentes. As figuras 4.7.3 e 4.7.4 mostram que as mulheres têm um percentual de
acidentes por hora dirigida maior que o dos homens, além também de causar mais prejuízos
por hora dirigida que os homens.
Vale ressaltar que estes últimos resultados analisados não contradizem a decisão das se-
guradoras em dar desconto para as mulheres, pois de fato as mulheres dirigem menos, logo
batem menos. Entretanto, sabe-se que cada vez mais mulheres estão dirigindo, deste modo,
certamente chegar-se-á a um ponto em que as diferenças nos resultados não serão significativas
pois quando o “volume de direção”10 entre homens e mulheres for equiparado, as diferenças
encontradas nas figuras 4.7.1 e 4.7.2 serão cada vez menores, podendo-se prever um instante
em que serão estatisticamente idênticos.
8Variável obtida através do quociente entre a intensidade do acidente e o número de horas dirigindo, e depoisefetuando-se uma normalização de modo a obter uma variável entre 0 e 1.
9Variável obtida através do produto entre a variável DANO/HORA e o preço do veículo10Entende-se por “volume de direção” a quantidade de horas aliada ao número de indivíduos dirigindo.
64
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
0,15
0,16
0,17
0,18
0,19
0,20
0,21
DA
NO
/HO
RA
en
tre
0e
1
Figura 4.7.3: Intensidade dos Acidentes porHora por Sexo.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
1600
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
PR
EJ
UIZ
O/H
OR
A
p-level = 0,020073
Figura 4.7.4: Prejuízo por Hora porSexo.
4.7.2 Relação entre Seguro e Idade
No tocante à idade do consumidor, não se observa nenhuma diferença significativa, com
relação à freqüência dos acidentes e nem com relação à intensidade/gravidade dos acidentes.
4.7.3 Relação entre o Seguro e a Idade do Veículo
É do senso comum se pensar que quanto mais antigo o carro, menor é o percentual de
pessoas que fazem seguros. Vários são os motivos que levam a esta conclusão: o carro mais
antigo geralmente pertence a pessoas de menor poder aquisitivo ou é menos suscetível ao roubo,
entre outros. A figura 4.7.5 mostra que realmente a idade do carro influencia no percentual de
pessoas que fazem seguro. É importante salientar que o mesmo fenômeno pode ser percebido
quando é fixada uma marca de veículo.
4.7.4 Relação entre o Seguro e a Marca do Veículo
Quando observa-se o percentual de donos de carros com até dois anos de uso que têm seguro,
figura 4.7.6. Nota-se que os clientes Chevrolet fazem menos seguro que os clientes Volkswagen
e das outras marcas (p < 0, 05).
65
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Idade do Carro em Anos
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Pe
rce
ntu
al
de
Ca
rro
sc
om
Se
gu
ro
Figura 4.7.5: Relação entre Seguro e Idade doVeículo.
Mean±SE±1,96*SE
ChevroletFiat
FordVolkswagen
Outros
Marca
80%
82%
84%
86%
88%
90%
92%
94%
96%
98%
100%
102%
Pe
rce
ntu
al
de
Ca
rro
sc
om
Se
gu
ro
Figura 4.7.6: Relação entre Seguro e Marcado Veículo.
4.7.5 Relação entre o Seguro e o Preço de Venda
Ao comparar o percentual de carros segurados com o seu preço de revenda percebe-se, como
mostra a figura 4.7.7, que os veículos dos consumidores que possuem seguro têm um preço
médio R$5000,00 mais caro, ou seja, uma desvalorização de R$5000,00 no preço do carro leva
as pessoas a não fazerem seguro.
Mean
±SE
±1,96*SENão Sim
Seguro
8.000
9.000
10.000
11.000
12.000
13.000
14.000
15.000
16.000
Pre
ço
de
Ve
nd
ae
mR
$
Figura 4.7.7: Relação entre Seguro e Preço“justo” de revenda.
Mean±SE±1,96*SE
< 10.000entre 10.000 e 20.000
> 20.000
Preço do Carro em R$
0,70
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
0,94
0,96
0,98
1,00
Pe
rce
ntu
al
de
Ca
rro
sc
om
Se
gu
ro
Figura 4.7.8: Relação entre Seguro e PreçoCategorizado.
66
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Quando categoriza-se o preço de revenda do carro de acordo com os critérios da figura 4.7.8
percebe-se que o valor do bem influencia significativamente no percentual de pessoas que fazem
seguro (dentre as pessoas cujo carro possui menos de 6 anos). Esta análise induz à conclusão
de que quanto maior a faixa de renda maior o percentual de segurados, resultado confirmado
pela figura 4.7.9. Chegando inclusive ao extremo resultado de que 100% das pessoas com renda
individual acima de R$10.000,00 possuírem seguro, o mesmo fenômeno pode ser observado com
relação à renda familiar.
Mean±SE±1,96*SE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Renda Individual
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
110%
Pe
rce
ntu
al
de
Ca
rro
sc
om
Se
gu
ro
Figura 4.7.9: Relação entre Seguro e RendaIndividual.
Mean±SE±1,96*SE
Mais de 6 mesesSemestral
MensalQuinzenal
SemanalDiária
Freqüência da Manutenção
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Pe
rce
ntu
al
de
Ca
rro
sc
om
Se
gu
ro
Figura 4.7.10: Relação entre Seguro e Ma-nutenção.
4.7.6 Relação entre o Seguro e a Manutenção
Como pode ser observado na figura 4.7.10 o maior percentual dos carros com seguro, cerca
de 80%, corresponde àqueles indivíduos que realizam atividades de manutenção (água, óleo,
pneus etc) de semestralmente a quinzenalmente. Em segundo lugar, cerca de 60%, estão os
que realizam atividades de manutenção menos de uma vez a cada seis meses e semanalmente.
Em terceiro, cerca de 40%, os que realizam atividades de manutenção diariamente. O mesmo
fenômeno pode ser observado para carros 1.0.
67
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4.8 A Percepção do Serviço das Concessionárias e das
Oficinas
Uma fator particularmente interessante abordado na pesquisa foi a relação existente entre os
serviços de manutenção das concessionárias e das outras oficinas. A seção 5.4 trará resultados
que mostram a importância de se fidelizar os clientes, especialmente por parte das concessioná-
rias, assim sendo, após a venda de um automóvel o único modo de manter um relacionamento
com o cliente é através dos serviços de manutenção. Esta seção vem mostrar como os clientes
estão percebendo os serviços de manutenção das concessionárias e como eles comparam estes
serviços com os das outras oficinas em geral.
Quando perguntados sobre a sua opinião acerca dos serviços de manutenção das conces-
sionárias em geral em comparação com a maioria das outras oficinas, os entrevistados foram
solicitados a responder: sim ou não, aos seguintes itens sobre as concessionárias:
• São significativamente mais caras;
• São mais seguras;
• Oferecem mais garantias;
• Usam sempre peças originais;
• O ambiente e o atendimento são sempre melhores;
• Têm os profissionais mais qualificados;
• Devem ser sempre usadas enquanto o carro estiver na garantia;
• São inconvenientes por serem poucas ou distantes;
• Usá-las sempre aumenta o valor de revenda do carro.
Os resultados da pesquisa que relacionam os serviços das concessionárias e as oficinas em
geral são mostrados na figura 4.8.1.
68
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
8%
92%
19%
81%
16%
84%
25%
75%
30%
70%
34%
66%
8%
92%
54%
46%
52%48%
Não Sim
Opinião
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nú
mer
od
eO
bse
rvaç
ões
São significativamente mais carasSão mais segurasOferecem mais garantiasUsam sempre peças originaisMelhor ambiente e atendimentoTêm melhores profissionaisDevem ser usadas durante a garantiaSão poucas e/ou distantesUsá-las valoriza o carro
Figura 4.8.1: Opinião dos Entrevistados Comparando as Concessionárias com as Oficinas.
Analisando-se o resultado para cada um dos itens separadamente, observa-se que:
• 92% dos entrevistados acham que as concessionárias são significativamente mais caras.
Isto aponta para o fato de que a imagem das concessionárias tem que mudar. Este re-
sultado é bastante expressivo e certamente afasta inúmeros clientes das concessionárias,
sabe-se que de fato os preços de muitos itens são mais caros, pois as concessionárias ofe-
recem uma série de atrativos diferenciais, como: atendimento, segurança, peças originais
etc. Para isto propõe-se duas possíveis soluções: pode-se abaixar os preços dos serviços e
peças, de modo a colocar as concessionárias em condições de concorrer igualmente com as
oficinas, para a venda dos serviços de manutenção, ou fazer uma campanha publicitária
com o intuito de persuadir os consumidores de que vale a pena pagar mais caro ou que a
diferença de preços não é tão significativa a ponto de se abdicar de todas as garantias e
atrativos.
69
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
• 81% dos entrevistados acham que as concessionárias são mais seguras que as oficinas
em geral, portanto, 19% não têm esta percepção, o que é bastante preocupante pois as
concessionárias deveriam ser vistas como o mais seguro lugar para se efetuar os serviços
de manutenção de um veículo.
• 16% dos entrevistados acham que as concessionárias não oferecem mais garantias, fato
consideravelmente alarmante, dado que as concessionárias são “autorizadas” e “teorica-
mente” oferecem serviços de melhor qualidade, com profissionais mais qualificados etc.
Portanto seus serviços deveriam possuir mais garantias que as oficinas em geral, e além
disso, “teoricamente” elas só vendem peças genuínas cujas garantias são asseguradas pelas
fábricas das peças.
• 75% dos entrevistados acham que as concessionárias usam sempre peças originais, con-
seqüentemente, os outros 25% desconfiam da origem das peças usadas. Este índice de
desconfiança, considerado muito alto, deve ser reduzido a todo custo, uma proposta é:
facultar ao consumidor o acesso à oficina, além de oferecer ao consumidor a peça an-
tiga dentro embalagem original da que foi substituída no veículo. Outra proposta é a
instituição de um “certificado” nacional que ateste e garanta que as peças usadas pelas
concessionárias são de fato originais, no intuito de diminuir o percentual de desconfiança.
• 70% dos entrevistados acham que o ambiente e o atendimento das concessionárias são
sempre melhores que o das oficinas em geral. Reconhecidamente, o atendimento ao cli-
ente é o principal problema enfrentado pelos donos de concessionárias para a manutenção
do nível de qualidade do atendimento. Tanto as concessionárias quanto as oficinas estão
constantemente lutando para melhorar o padrão de atendimento, esta guerra definitiva-
mente será vencida pela competência gerencial.
• 44% dos entrevistados acham que as concessionárias não possuem os profissionais mais
qualificados. Este é um item de difícil julgamento, pois, na verdade o cliente não mede a
qualidade do profissional e sim a qualidade do serviço que foi efetuado. Outra hipótese é
que este resultado novamente aponta para a qualidade do atendimento, afinal de contas, os
70
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
consumidores das concessionárias normalmente não entram em contato com os mecânicos
e nem observam a execução dos serviços nos seus carros. A impressão a respeito da
qualificação dos seus profissionais é passada, portanto, pelos vendedores que mantêm o
relacionamento com o cliente.
• 92% dos entrevistados acham que os serviços das concessionárias devem ser usados en-
quanto o veículo estiver na garantia. De fato, esta é uma cláusula obrigatória para a
manutenção dos direitos relativos à garantia de fábrica das peças, desta forma o não cum-
primento desta pode trazer prejuízos consideráveis ao consumidor, além do mais, espera-se
que durante o tempo de garantia o veículo não tenha grandes problemas. Propõe-se que
a concessionária aproveite este tempo de relacionamento com o cliente para iniciar uma
relação duradoura, ou seja, que se invista na fidelidade do cliente, tratada na seção 5.4.
• 54% dos entrevistados acham que as concessionárias são inconvenientes por serem poucas
ou distantes. Na seção 5.7.4 serão apresentados dados que comprovam que o número de
concessionárias vêm decrescendo ao longo dos anos, mostrando inclusive que a Ford chegou
ao extremos de fechar 35% das suas concessionárias entre 1995 e 2000. Portanto, este fato
necessariamente se reflete na localização e área de abrangência da rede de concessionárias.
• 48% dos entrevistados acham que usar sempre os serviços das concessionárias aumentam
o valor de revenda do carro. Este é um ponto crucial a ser abordado por essas empresas no
âmbito estratégico, pois, é necessário que as concessionárias ofereçam valores diferenciados
de revenda dos veículos mantidos por elas. Isto desencadeia um ciclo de fidelidade entre o
cliente e a concessionária. De acordo com os resultados que serão apresentados na seção
5.4, investimentos em fidelidade são decisivos para se obter sucesso no mercado.
É válido ressaltar que todos este resultados se referem à percepção do cliente com relação
aos serviços das concessionárias. Não se pretende com esta análise afirmar, por exemplo, que as
concessionárias são mais caras que as oficinas, ou que elas não usam peças originais. Pretende-se,
sim, retratar como o cliente está percebendo estes serviços, com o intuito de fornecer informações
relevantes que ajudem na tomada de decisões estratégicas.
71
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
4.8.1 Relação entre a Percepção dos Serviços e o Sexo
Na comparação entre a percepção dos serviços das concessionárias e o sexo o único item que
apresentou diferença significativa entre homens e mulheres foi o que diz respeito à qualificação
dos profissionais. A figura 4.8.2 revela que os homens não consideram os profissionais das
concessionárias tão qualificados quando as mulheres os consideram.
Mean±SE±1,96*SE
Mulher Homem
Sexo
56%
58%
60%
62%
64%
66%
68%
70%
72%
74%
76%
Tê
mo
sp
rofi
ss
ion
ais
ma
isq
ua
lifi
ca
do
s
Figura 4.8.2: Relação entre a Percepção da Qualificação dos Profissionais e o Sexo.
4.8.2 Relação entre a Percepção dos Serviços e a Idade
Analisando a relação entre a idade e a percepção do serviços das concessionárias, quando
comparadas com as oficinas em geral, obtiveram-se os resultados apresentados nas figuras 4.8.3
e 4.8.4. Elas mostram que os consumidores com idade entre 18 e 21 anos (jovens) possuem
uma opinião diferenciada dos mais velhos (idade maior que 21 anos) com relação às garantias
oferecidas pelas concessionárias e também com relação à qualidade do ambiente e do atendi-
mento. As figuras 4.8.3 e 4.8.4 mostram que os mais jovens julgam a qualidade do ambiente
e do atendimento das concessionárias mais inadequada que os mais velhos. Em contrapartida
os jovens acham, significativamente mais que os mais velhos, que as concessionárias oferecem
mais garantias que as oficinas em geral.
72
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
Mean±SE±1,96*SE
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
50%
55%
60%
65%
70%
75%
80%
85%
Po
ss
ue
mm
elh
or
am
bie
nte
ea
ten
dim
en
to
Figura 4.8.3: Relação entre a Percepção daQualidade do Ambiente e Atendimento e aIdade.
Mean±SE±1,96*SE
18 - 20 21 - 39 40 - 64 > 65
Idade
74%
76%
78%
80%
82%
84%
86%
88%
90%
92%
94%
Ofe
rec
em
ma
isg
ara
nti
as
Figura 4.8.4: Relação entre a Percepção dasGarantias Oferecidas pelas Concessionárias ea Idade.
As análises dos outros itens não apresentaram diferenças significativas. Pode-se concluir,
portanto, que para os outros itens a idade não influi na percepção do consumidor
4.8.3 Relação entre a Percepção dos Serviços e o Nível de Instrução
Verificou-se que nenhum aspecto abordado na pesquisa relacionado com a percepção dos
serviços das concessionárias e das oficinas e o nível de instrução apresentou diferença estatisti-
camente significativa. Portando, esta percepção independe do nível de instrução.
4.9 Relação entre o Valor do Veículo Atual e o Valor do
Veículo a ser Adquirido
Quando se compara o valor do veículo atual e o valor do veículo a ser adquirido algumas
conclusões interessantes podem ser tiradas. As figuras 4.9.1 e 4.9.2 trazem os gráficos de
disperção do valor do veículo a ser adquirido em função do valor do veículo atual, entretanto,
o gráfico 4.9.1 traz este resultado para todos os entrevistados que possuem carro. Enquanto
o gráfico da figura 4.9.2 considera apenas os consumidores que pretendem adquirir um veículo
73
Capítulo 4 O Recifense, a Compra e o Uso de Automóveis
nos próximos seis meses. Calculando-se a média das diferenças entre o valor do veículo a ser
adquirido e o atual, pode-se concluir que em média quando as pessoas trocam de carro elas
compram um carro R$ 9.600,00 mais caro. Quando o mesmo cálculo é feito para os consumidores
que pretendem adquirir um carro nos próximos seis meses esta média sobe para R$10.900,00.
Especula-se que esta diferença se dê porque normalmente as pessoas antes de comprar um
veículo tenham uma idéia média de quanto vão gastar, mas quando partem efetivamente para
a procura deste veículo, acabam sempre adquirindo um veículo com um opcional a mais, ou
mesmo um veículo melhor do que o anteriormente previsto.
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000
Valor do veículo atual
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
Va
lor
do
ve
ícu
loa
se
ra
dq
uir
ido
em
R$
Preço futuro = 5483 + 1,283 x Preço atual
Figura 4.9.1: Gráfico de Disperção do Valordo Veículo Futuro pelo Atual para todos osEntrevistados da amostra.
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000
Valor do veículo atual em R$
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
Va
lor
do
ve
ícu
loa
se
ra
dq
uir
ido
em
R$
Preço futuro = 5256 + 1,406 x Preço atual
Figura 4.9.2: Gráfico de Disperção do Valordo Veículo Futuro pelo Atual para Pessoas quevão Adquirir um Veículo em Seis Meses.
74
Capítulo 5 As Tendências
5 AS TENDÊNCIAS
5.1 Introdução
Neste capítulo serão analisadas a configuração atual e futura do mercado de automóveis.
Para tanto, serão utilizadas ferramentas probabilísticas como análise de variância, análise de
regressão e cadeias de Markov etc, a fim de obter, através da análise dos dados disponíveis,
informações importantes sobre o comportamento do setor automotivo. Através destas análises,
obter-se-á informações acerca da importância das marcas no mercado, da fidelidade dos clientes
com relação às marcas de automóveis, da fatia de mercado ocupada por cada marca e das
tendências de crescimento de cada uma delas etc. Este capítulo tem como foco especial o
mercado das concessionárias, neste contexto, propõe-se um diagnóstico da situação atual e
sugere-se algumas alternativas estratégicas.
5.2 A Importância do Ano no Preço de Venda do Auto-
móvel
Esta seção tem como objetivo analisar a influência do ano do veículo no preço do automóvel.
Para tanto faz-se necessário o uso da análise de variância com relação aos anos de fabricação
do veículo, contando-se a partir de 1998, devido a um número não representativo de amostras
em outros anos.
Neste ponto, é importante lembrar que o preço de venda do carro que consta na base de
dados não é necessariamente o preço de mercado do carro, pois, quem orçou foi o próprio dono
(entrevistado), podendo então ocorrer fenômenos como a valorização do veículo pelo próprio
dono. Contudo, deve-se esperar que, embora o dono valorize (ou desvalorize) o preço do seu
veículo, este preço guarde uma relação direta com o preço de mercado. Portanto, quando se
fizer referência ao preço do veículo deve-se entender o preço do veículo estimado pelo dono.
75
Capítulo 5 As Tendências
Como não se pode comparar os preços dos carros de todas as categorias foi então fixado que
o carro deveria ser popular, ou seja, 1000 cilindradas ou 1.0.
Na tabela 5.2.1 pode-se verificar o resultado da análise de variância do preço em função do
ano de fabricação do veículo.
Tabela 5.2.1: Análise de Variância do Preço a partir de 1998.
Ano Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 1998 9288,24 983,507 7355,78 11220,69 682 1999 8186,36 998,298 6224,85 10147,88 663 2000 12384,04 836,504 10740,43 14027,65 944 2001 12392,17 756,281 10906,19 13878,16 1155 2002 12989,69 819,255 11379,98 14599,41 986 2003 12947,06 1135,657 10715,66 15178,46 51
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 5,885256E+10 1 5,885256E+10 894,7489 0,000000Ano 1,543924E+09 5 3,087849E+08 4,6945 0,000338Erro 3,196689E+10 486 6,577550E+07
Como era esperado pode-se verificar então que quando se toma um período longo (acima
de 5 anos) o ano de fabricação do veículo, de fato, influencia no preço de forma crescente, ou
seja, quanto mais novo o carro maior é o seu valor de mercado. Entretanto este resultado não
pode ser generalizado, pois como mostra a tabela 5.2.2 quando se considera apenas os veículos
fabricados a partir de 2000 esta significância passa a não existir. Isto pode ser explicado pelo
fato de que os donos dos carros com menos de 3 anos de uso não avaliam o preço do seu carro
com tanta precisão pois não têm interesse em vendê-lo. Outra explicação plausível para o
mesmo fato é que não se pode detectar diferença significativa em veículos com menos de 3 anos
de uso.
76
Capítulo 5 As Tendências
Tabela 5.2.2: Análise de Variância do Preço a partir de 2000.
Ano Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 2000 12384,04 915,213 10584,10 14183,98 942 2001 12392,17 827,442 10764,85 14019,49 1153 2002 12989,69 896,341 11226,87 14752,52 984 2003 12947,06 1242,514 10503,42 15390,70 51
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 5,233003E+10 1 5,233003E+10 664,6279 0,000000Ano 2,999461E+07 3 9,998203E+06 0,1270 0,944081Erro 2,787249E+10 354 7,873584E+07
5.3 A Importância da Marca no Preço de Venda do Au-
tomóvel
É natural se pensar que a marca do automóvel possui uma grande correlação com o preço
de venda do automóvel. Para verificar se esta proposição é verdadeira ou não, será feita uma
análise de variância com apenas um fator (a marca) com a qual se poderá concluir se de fato a
hipótese da importância da marca é verdadeira ou não.
Analogamente ao que foi feito na seção 5.2 serão tomados nesta análise apenas veículos 1.0,
além disto, analisar-se-á a evolução dos preços nos anos de 2002, 2001, 2000, 1999 e 1998 pois
o número de amostras em outros anos não é representativa.
77
Capítulo 5 As Tendências
Carros 1.0 de 2002
A tabela 5.3.1 mostra o resultado da análise de variância para o ano de 2002.
Tabela 5.3.1: Análise de Variância para veículos 1.0 de 2002.
Marca Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 Chevrolet 15390,87 1818,053 11780,58 19001,16 232 Fiat 10960,61 1517,797 7946,56 13974,65 333 Ford 8250 3082,659 2128,45 14371,55 84 Volkswagen 12600 2418,237 7797,86 17402,14 135 Outros 15595,24 1902,659 11816,94 19373,54 21
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 1,22E+10 1 1,22E+10 160,4337 0,000000Marca 5,93E+08 4 1,48E+08 1,9492 0,108801Erro 7,07E+09 93 7,60E+07
Carros 1.0 de 2001
A tabela 5.3.2 mostra o resultado da análise de variância para o ano de 2001.
Tabela 5.3.2: Análise de Variância para veículos 1.0 de 2001.
Marca Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 Chevrolet 11580,65 1399,548 8807,07 14354,22 312 Fiat 12890,38 1080,605 10748,88 15031,89 523 Ford 12500,00 2597,451 7352,46 17647,54 94 Volkswagen 13880,00 2464,159 8996,62 18763,38 105 Outros 11115,38 2161,210 6832,37 15398,40 13
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 1,130950E+10 1 1,130950E+10 186,2542 0,000000Marca 7,675645E+07 4 1,918911E+07 0,3160 0,866740Erro 6,679287E+09 110 6,072079E+07
78
Capítulo 5 As Tendências
Carros 1.0 de 2000
A tabela 5.3.3 mostra o resultado da análise de variância para o ano de 2000.
Tabela 5.3.3: Análise de Variância para veículos 1.0 de 2000.
Marca Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 Chevrolet 11636,36 3297,277 5084,74 18187,98 112 Fiat 14164,10 1751,135 10684,64 17643,57 393 Ford 10366,67 2386,394 5624,95 15108,38 214 Volkswagen 12525,00 2445,326 7666,19 17383,81 205 Outros 5166,67 6313,806 -7378,73 17712,06 3
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 5,298186E+09 1 5,298186E+09 44,30202 0,000000Marca 3,718600E+08 4 9,296501E+07 0,77735 0,542819Erro 1,064373E+10 89 1,195924E+08
Carros 1.0 de 1999
A tabela 5.3.4 mostra o resultado da análise de variância para o ano de 1999.
Tabela 5.3.4: Análise de Variância para veículos 1.0 de 1999.
Marca Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 Chevrolet 6772,73 1471,385 3830,51 9714,94 112 Fiat 8380,65 876,479 6628,02 10133,27 313 Ford 10600,00 1543,201 7514,18 13685,82 104 Volkswagen 8333,33 1408,744 5516,38 11150,29 125 Outros 0,00 3450,703 -6900,11 6900,11 2
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 1,440673E+09 1 1,440673E+09 60,49511 0,000000Marca 2,157009E+08 4 5,392521E+07 2,26437 0,072479Erro 1,452697E+09 61 2,381470E+07
79
Capítulo 5 As Tendências
Carros 1.0 de 1998
A tabela 5.3.5 mostra o resultado da análise de variância para o ano de 1998.
Tabela 5.3.5: Análise de Variância para veículos 1.0 de 1998.
Marca Preço Preço Preço Preço nMédia Erro Padrão -95,00% 95,00%
1 Chevrolet 9866,67 1371,716 7126,350 12606,98 182 Fiat 9338,71 1045,248 7250,586 11426,83 313 Ford 13357,14 2199,638 8962,860 17751,43 74 Volkswagen 5916,67 1680,002 2560,478 9272,86 125 Outros 0,00 0,000 0,00 0,00 0
Somas Graus de Médias F pQuadráticas Liberdade Quadráticas
Fator 4,715377E+09 1 4,715377E+09 139,2245 0,000000Marca 2,584032E+08 3 8,613441E+07 2,5432 0,063961Erro 2,167607E+09 64 3,386886E+07
5.3.1 Conclusão a Respeito da Importância da Marca no Preço Esti-
mado dos Veículos
Como mostram as análises de variância das tabelas 5.3.1 a 5.3.5 a marca não se revela como
um fator significativo para a determinação do preço do veículo. O que nega a hipótese feita
na seção 5.3. Entretanto, como pode-se verificar nas células em vermelho das tabelas 5.3.4 e
5.3.5 há uma significância muito próxima dos 5% de Pearson o que indica que para carros mais
antigos (a partir de 3 anos de uso) a marca começa a se tornar mais importante na percepção
de preço do usuário.
80
Capítulo 5 As Tendências
5.4 Fidelidade
Foi feita uma análise para estudar a fidelidade dos consumidores em relação às diversas
marcas. Para tanto, verificou-se quantos dos consumidores de cada marca declararam que
pretendiam permanecer com a mesma marca. Isto é, calculou-se dentre os consumidores de cada
marca, o percentual de fiéis. É importante observar que, o número de entrevistados que possui
automóveis de marcas cujas fatias de mercado não foram consideradas representativas, não é
suficiente para que se faça uma análise à respeito da fidelidade a essas marcas específicas. Ao
invés disto foi analisada a fidelidade à categoria “Outros” definida anteriormente. Os percentuais
calculados estão apresentados na tabela 5.4.1.
Tabela 5.4.1: Fidelidade.
Marca Ocorrências Fiéis %Fiat 361 126 34,9
Volkswagen 255 88 34,5Chevrolet 277 64 23,1
Ford 112 23 20,5Outros 150 27 18,0
34,9% 34,5%
23,1%
20,5%
18,0%
FiatVolkswagen
ChevroletFord
Outros
Marca
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Pe
rce
ntu
al
de
Fid
eli
da
de
Figura 5.4.1: Fidelidade.
81
Capítulo 5 As Tendências
Observa-se que as marcas Fiat e Volkswagen apresentam os maiores índices de fidelidade
(em torno de 34%). É interessante notar que estas duas marcas também são líderes de mercado.
Portanto, um resultado bastante relevante que diz respeito a fidelidade do cliente é que existe
uma íntima relação entre a fatia de mercado de uma marca e a fidelidade de seus clientes.
5.5 Estimação de Participação no Mercado Futuro Usando
Processos de Markov
Uma Cadeia de Markov, nomeada assim em honra a Andrei Andreevich Markov (Daven-
port jr., 1970), é um processo estocástico com memória de um passo, isto é, o próximo estado
depende apenas do estado presente e das probabilidades de transição entre os estados. Mate-
maticamente:
P (Xt = j|X0 = i0, X1 = i1, . . . , Xt = i1) = P (Xt = j|Xt = i1)
Para um processo deste tipo, é necessária a definição de uma Matriz de Probabilidades de
Transição (P ) e um Vetor Condição Inicial (V0):
Matriz de Probabilidades de Transição (P): é uma matriz quadrada, de ordem igual ao
número de estados distintos em análise. Ela tem a forma indicada abaixo.
P =
p11 p12 · · · p1j · · · p1n
p21 p22 · · · p2j · · · p2n
......
. . ....
. . ....
pi1 pi2 · · · pij · · · pin
......
. . ....
. . ....
pn1 pn2 · · · pnj · · · pnn
Onde pij representa a probabilidade de transição do estado i para o estado j, e n o número
de estados.
82
Capítulo 5 As Tendências
Vetor Condição Inicial: É um vetor com n elementos, conforme pode ser visto abaixo.
V0 =[
p(0)1 p
(0)2 · · · p
(0)i · · · p
(0)n
]
Onde p(0)i indica a probabilidade de se estar no estado i no instante 0.
As Cadeias de Markov constituem uma importantíssima classe de processos estocásticos. As
mesmas serão utilizadas para projeções do mercado automotivo do grande Recife, tratando-se
as marcas de automóveis como estados.
Segundo Campello de Souza (2004) dada uma matriz P e o vetor V0, é possível calcular a
probabilidade de se estar em um dado estado a qualquer tempo, através da equação:
Vn = V0Pn
De posse de todas essas definições e relações é possível realizar uma análise do comporta-
mento do mercado de automóveis na cidade do Recife, supondo que as condições atuais não se
modifiquem, ou seja, que as probabilidades de transição se mantenham constantes.
5.5.1 Estimação de Fatia de Mercado Futuro
Pretende-se nesta seção obter uma estimativa de como vai se comportar o mercado no futuro.
Para tanto, usou-se as cadeias de Markov e considerou-se como estados as quatro marcas líderes
de mercado: Fiat, Chevrolet, Volkswagen e Ford, respectivamente, a aglomeração das outras
marcas na categoria “Outros” e por fim, o estado “nenhum” que representa as pessoas que não
possuem carro. Naturalmente, esta estimação poderia contar com outros estados, além dos seis
supracitados, porém, optou-se por essa quantidade de estados seguindo os critérios explicitados
na seção 4.3
Com o intuito de tornar esta simulação mais próxima do real tomou-se como base para os
cálculos apenas os consumidores que mostraram a intenção de obter um carro nos próximos
seis meses.
83
Capítulo 5 As Tendências
A partir da base de dados, observando apenas os consumidores que pretendem adquirir
um automóvel nos próximos seis meses, foi possível calcular todas as probabilidades de tran-
sição entre os estados da cadeia de Markov e montar a tabela 5.5.1, ou seja, calculou-se as
probabilidades de transição entre as marcas.
Tabela 5.5.1: Probabilidades de Transição.
Nenhum Fiat Volkswagen Chevrolet Ford OutrosNenhum 0 0,1923 0,3654 0,1346 0,0769 0,2308
Fiat 0 0,4177 0,2658 0,1392 0,0506 0,1266Volkswagen 0 0,1698 0,3962 0,1132 0,1698 0,1509Chevrolet 0 0,1818 0,2364 0,2182 0,1091 0,2545
Ford 0 0,2857 0,2857 0,1429 0,0952 0,1905Outros 0 0,2059 0,0882 0,0588 0,0294 0,6176
A partir da tabela 5.5.1, pode-se montar a matriz de probabilidades de Transição P :
P =
0 0, 1923 0, 3654 0, 1346 0, 0769 0, 2308
0 0, 4177 0, 2658 0, 1392 0, 0506 0, 1266
0 0, 1698 0, 3962 0, 1132 0, 1698 0, 1509
0 0, 1818 0, 2364 0, 2182 0, 1091 0, 2545
0 0, 2857 0, 2857 0, 1429 0, 0952 0, 1905
0 0, 2059 0, 0882 0, 0588 0, 0294 0, 6176
Na matriz P , observa-se a peculiaridade de que sua primeira coluna é nula, isto deve-se
ao fato de que os caso examinados foram os dos indivíduos que pretendem adquirir um carro
nos próximos seis meses, portanto, é impossível que se fique com nenhum carro adquirindo ou
trocando de carro.
O estado inicial do sistema para os mesmo consumidores pode ser encontrado na tabela
5.5.2 e pode ser representado pelo vetor:
V0 =[
0, 1599 0, 2789 0, 1837 0, 1905 0, 0714 0, 1156]
84
Capítulo 5 As Tendências
Tabela 5.5.2: Estado Inicial.
Marca %Nenhum 15,99
Fiat 27,89Volkswagen 18,37Chevrolet 19,05
Ford 7,14Outros 11,56
A partir de P e V0, será feita uma simulação do comportamento do mercado automotivo do
grande Recife. Esta simulação é a previsão de como o mercado se comportará no futuro, caso
sejam mantidas condições idênticas às iniciais.
A simulação é feita multiplicando-se a matriz de transição por ela mesma até que o seu
valor se estabilize. Entende-se por estabilização o fato de que a diferença entre os elementos
das matrizes P n e P n−1 é menor que 10−3. Nesta cadeia de Markov a estabilização aconteceu
na sétima iteração, é importante observar que já na terceira iteração os elementos da matriz
já estavam relativamente estabilizados, contudo, era necessário definir um critério rigoroso de
estabilidade. Seguem abaixo os vetores depois de cada iteração, ou seja, os estados parciais da
participação das marcas no mercado.
V1 =[
0 0, 2573 0, 2810 0, 1397 0, 0886 0, 2334]
V2 =[
0 0, 2540 0, 2587 0, 1245 0, 0913 0, 2716]
V3 =[
0 0, 2546 0, 2495 0, 1208 0, 0870 0, 2880]
V4 =[
0 0, 2549 0, 2454 0, 1194 0, 0852 0, 2951]
85
Capítulo 5 As Tendências
V5 =[
0 0, 2549 0, 2436 0, 1189 0, 0844 0, 2982]
V6 =[
0 0, 2550 0, 2428 0, 1186 0, 0840 0, 2996]
V7 =[
0 0, 2550 0, 2425 0, 1185 0, 0839 0, 3001]
A tabela 5.5.3 corresponde à participação no mercado após a estabilização, em 7 períodos.
Tabela 5.5.3: Estado Final.
Marca %Nenhum 0
Fiat 25,50Volkswagen 24,22Chevrolet 11,84
Ford 8,37Outros 30,05
Os resultados da simulação da participação das marcas no mercado futuro podem ser mais
facilmente observados na figura 5.5.1. Nela observam-se pequenas variações nas marcas Fiat,
com queda de aproximadamente 2% e Ford, com aumento de aproximadamente 1%. As varia-
ções mais significativas ficaram com a Volkswagen que obteve um aumento de aproximadamente
6% e com a Chevrolet que teve uma considerável queda de aproximadamente 7% em sua parti-
cipação. Há que se considerar também a grande migração para as outras marcas, que detinham
aproximadamente 12% do mercado e após a simulação detém 30%, com um representativo au-
mento de 18%. Este comportamento indica um grande crescimento da participação de outras
marcas, tais como Renault e Peugeout no mercado.
Na seção 5.4 destacou-se que existe uma relação direta entre a atual fatia de mercado das
principais marcas e a fidelidade dos clientes. O resultado da simulação usando o processo de
Markov apresentado na figura 5.5.1 vem reforçar o resultado da fidelidade, pois, as marcas com
86
Capítulo 5 As Tendências
InicialFinal
16,0%
27,9%
18,4% 19,1%
7,1%
11,6%
0,0%
25,5%24,2%
11,8%
8,4%
30,0%
NenhumFiat
VolkswagenChevrolet
FordOutros
Marcas
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Fa
tia
de
Me
rca
do
Figura 5.5.1: Comparativo entre Estados Inicial e Final.
maior fatia de mercado no futuro são exatamente as com maior índice de fidelidade. Portanto,
é necessário reafirmar a importância dos programas de fidelidade por parte das montadoras e
concessionárias, sendo estes direcionados para as vendas e/ou serviços.
Especula-se que a importância da fidelidade se manifeste devido à efetiva propaganda “boca-
a-boca” que os clientes fiéis fazem, ela solidifica o nome da marca no mercado, alavancando
vendas e gerando cada vez mais clientes que provavelmente serão fieis, em outras palavras,
gerando cada vez mais fidelidade. De fato, como foi mostrado na seção 4.5, as principais
fontes de informação consultadas pelos consumidores são os amigos e parentes, portanto, cliente
satisfeito, ou seja, cliente fiel, faz a mais eficaz das propagandas: o “boca-a-boca”. Outro fator
que pode ser também indicado aqui, é que esse tipo de propaganda, influencia na tomada de
decisões dos clientes, gerando informações que passam a ser consideradas como conhecimento
a priori sobre determinada marca.
87
Capítulo 5 As Tendências
Um importante ponto a ser destacado relativo ao resultado apresentado nesta seção é que
num processo de Markov a simulação traz a previsão de como o mercado se comportará no
futuro caso sejam mantidas condições idênticas às iniciais, ou seja, caso as probabi-
lidades de transição se mantenham constantes. Sabe-se que esta é uma hipótese muito
forte, bastante improvável na prática, isto porque são inúmeras as variáveis capazes de provocar
variações na matriz de transição de Markov. O lançamento de um novo modelo, o lançamento
de um novo tipo de combustível, ou mesmo o lançamento do veículos flex que permitem uso
de gasolina ou álcool ou até de uma mistura com qualquer porcentagem dos dois, uma nova
marca entrando no mercado brasileiro ou uma campanha publicitária, são exemplos de variá-
veis que alteram a dinâmica do setor automotivo e por conseguinte a matriz de transição de
Markov. Contudo, um estudo como o realizado aqui é de grande importância, pois, fornece
informações que podem ser úteis para alguns agentes da indústria automotiva. As concessio-
nárias, por exemplo, podem usar esta informação para mudar a sua estratégia de marketing, já
as montadoras podem usar estas informações como uma entrada para a previsão de demanda.
Outro ponto importante a ser analisado aqui é o expressivo aumento das participações no
mercado das marcas entrantes como Peugeot, Renault, Honda, Toyota e etc. Estas marcas
totalizaram um aumento de 19% na participação do mercado do grande Recife. Isto obriga a
tomada de importantes decisões de ordem estratégica e de propaganda por parte das quatro
marcas líderes para inibir este crescimento exagerado de outras marcas, mais especificamente
por parte da Ford e da Chevrolet que são as marcas mais ameaçadas nesta simulação.
Na tabela 5.5.4 pode-se verificar os índices de fidelidade da Renault, Honda e Peugeot,
cujas participações no mercado ainda são bastante discretas. Este resultado aponta para o
crescimento futuro das fatias de mercado destas três marcas, em especial da Renault que
surpreendentemente aponta um índice de fidelidade de 30,90%, muito próximo da Fiat e da
Volkswagen.
88
Capítulo 5 As Tendências
Tabela 5.5.4: Índice de Fidelidade Incluindo Renault e Peugeot.
Marca Nº de pessoas Nº de Clientes fiéis Percentual de FidelidadeFiat 344 118 34,30
Volkswagen 244 83 34,00Renault 42 13 30,90Chevrolet 221 60 27,10
Ford 112 23 20,50Honda 26 5 19,23Peugeot 29 3 10,30
Quando comenta sobre a fidelidade ao canal Womack et al (1992) afirmam:
“Estamos habituados à idéia de que a fidelidade do comprador a uma marca não
passa de vestígio do passado, nos mercados automobilísticos ocidentais. O fato de
um cliente comprar um Chevrolet ou um Renault uma vez não aumenta a proba-
bilidade de comprar novo Chevrolet ou Renault na próxima vez. Pelo contrário. A
maioria dos consumidores ocidentais vão de loja em loja, atrás de uma boa oferta
ou um veículo disponível e conforme suas necessidades. Eles prestam relativamente
pouca atenção à marca.
No Reino Unido, por exemplo, o índice de fidelidade à marca caiu de cerca de
80 por cento, nos anos 60, para 50 por cento atualmente. Ele é ainda menor nos
Estados Unidos, onde, aliás, o índice de recompra da mesma marca cai com a idade
do consumidor: cerca de 30 por cento, acima de 56 anos, 22 a 23 por cento, entre
26 e 55, e 13 por cento, abaixo de 25 anos”
Quando comparam com o modelo oriental, Womack et al (1992) defendem a importância
da fidelidade e sugerem que ela deve ser buscada também no ocidente. Afirmando que:
“Essa situação inexiste no Japão. Um objetivo-chave de todo canal de distribui-
ção é construir e alimentar a fidelidade vitalícia ao canal. Mais uma vez, examinemos
o canal Corolla.
Uma vez recebido o novo carro, seu dono passa a integrar a família Corolla,
sendo regularmente contactado pelo vendedor do carro — que se torna, dali em
89
Capítulo 5 As Tendências
diante, seu agente pessoal de vendas. O representante assegurará o funcionamento
adequado do carro e investigará eventuais problemas, sem que o dono precise recorre
à fábrica.
O agente de vendas também envia cartões de aniversário ou, em caso de faleci-
mento na família, de condolências, e ligará para saber se um filho ou filha necessita
de um carro ao se formar na faculdade ou conseguir o primeiro emprego. Costuma-
se dizer, no Japão, que a única maneira de escapar do agente de vendas do qual se
comprou uma vez um carro é sair do país.
Um aspecto deste relacionamento agradaria bastante aos compradores de carros
do Ocidente. Porque o canal vive obcecado com sua participação no mercado e
tenta jamais perder um único dono, o prazo relativamente rápido da garantia da
montadora costuma ser ignirado. O canal continuará, normalmente, a consertar
carros defeituosos gratuitamente ao longo de toda a sua vida normal, caso não haja
abuso pelo dono. (Obviamente, tal garantia implícita não se aplica ao desgaste
normal, como a substituição dos freios e revestimento da embreagem.)”
James Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos
A Máquina que Mudou o Mundo (1992)
5.6 O Mercado de Automóveis no Brasil e no Mundo
5.6.1 Algumas Séries Históricas
Para se compreender a dinâmica do mercado de automóveis no Brasil e no mundo, é impor-
tante chamar à atenção para algumas relações fundamentais envolvendo o volume de vendas
de veículos no Brasil. Os gráficos 5.6.1 e 5.6.2, obtidos no site da ANFAVEA1, mostram a
relação entre o volume de vendas de automóveis e o Produto Interno Bruto (PIB) per capta
1A ANFAVEA é a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, entidade que congregafabricantes de veículos automotores e máquinas agrícolas automotrizes. Na sua página da internet pode serencontrado, dentre outras informações, o Anuário Estatístico da Indústria Automotiva Brasileira (Anfavea,2003)
90
Capítulo 5 As Tendências
entre os anos de 1992 e 2002, em seguida, entre os meses de janeiro de 2001 e setembro de 2002,
revelando, portanto, que existe uma forte relação entre o volume de vendas de automóveis e o
PIB.
FONTE: ANFAVEA
Figura 5.6.1: Relação entre o Volume de Vendas de Automóveis e o PIB entre 1992 e 2002.
5.6.2 Um Breve Panorama Internacional
Os gráficos 5.6.3 e 5.6.4 mostram a evolução das frotas do Brasil, EUA, Japão, Alemanha
França, México e Argentina entre os anos de 1991 e 2000, e permitem que se estabeleça uma
posição relativa da frota brasileira no contexto mundial e na América Latina, evidenciando o
fato de que o Brasil tem a maior frota da América Latina, entretanto, esta possui uma frota
consideravelmente menor que a dos países desenvolvidos. Já o gráfico 5.6.5 mostra que o Brasil
possui a menor densidade de veículos por habitante entre os países supracitados.
91
Capítulo 5 As Tendências
FONTE: ANFAVEA
Figura 5.6.2: Relação entre o Volume de Vendas e o PIB entre Jan/2001 e Set/2002.
FONTE: ANFAVEA
Figura 5.6.3: Posição Relativa da Frota Brasileira no Mundo.
92
Capítulo 5 As Tendências
FONTE: ANFAVEA
Figura 5.6.4: Posição Relativa da Frota Brasileira na América Latina.
FONTE: ANFAVEA
Figura 5.6.5: Relação Veículos/Habitantes no Mundo.
93
Capítulo 5 As Tendências
5.7 A Cadeia Automotiva
As inovações tecnológicas associadas a novas formas de organização e gestão da produção,
adotadas no contexto de globalização da economia, têm provocado impactos no mundo do
trabalho que se manifestam através de algumas tendências gerais nos diferentes países indus-
trializados, tais como (Lima, 1995):
1. reestruturação de alguns setores produtivos, buscando flexibilizar a produção, com a
incorporação de procedimentos como o just-in-time, kanban2 e outros que possibilitem o
aumento da eficiência no processo de trabalho e a redução dos estoques intermediários;
2. adoção de novas estratégias de gestão inspiradas no “modelo japonês”;
3. terceirização, através da vinculação de grandes empresas a outras, sendo que as primeiras
centralizam suas atividades apenas nos processos mais diretamente ligados ao produto
final, externalizando as atividades e os serviços considerados menos essenciais;
4. aumento da produtividade e dos lucros das empresas, mas sem o correspondente aumento
do número de empregos;
5. adoção de novas tecnologias: microeletrônica, informática e robótica como estratégia de
aumento de produtividade e garantia de altas taxas de acumulação;
6. alterações no sentido do trabalho formal, com o surgimento do trabalho doméstico, tem-
porário, subcontrato, etc.;
7. políticas agressivas por parte das empresas, onde o corte de pessoal é percebido como
forma de aumentar a eficiência e a competitividade.
Neste contexto, novas exigências de qualificação dos trabalhadores estariam sendo coloca-
das, visando uma melhor flexibilidade da produção industrial, assim como o atendimento dos
2Segundo Ohno (1997), Kanban é o meio usado para transmitir informação sobre apanhar ou receber aordem de produção. São instruções colocadas em etiquetas que, num olhar rápido, comunicam as informaçõesnecessárias na estação de trabalho.
94
Capítulo 5 As Tendências
novos padrões de qualidade, produtividade e competitividade impostas pelo mercado. Nos úl-
timos tempos, tem-se percebido uma rápida evolução da tecnologia de produção, seguida de
um crescente aumento da qualidade dos produtos, processos e atividades que, devido à glo-
balização, posicionam as empresas em um ambiente de competitividade global. A excelência
empresarial tem possibilitado às empresas direcionarem maior atenção à produtividade, à quali-
dade dos produtos e processos, ao serviço, ao cliente e à flexibilidade de produção, que, através
do aperfeiçoamento contínuo e da eliminação de desperdícios, buscam garantir as vantagens
competitivas de baixo custo ou diferenciação de produtos. Essas grandes empresas mundiais
realizam aquisições e joint ventures, a fim de que possam competir, com maior eficiência, simul-
taneamente nas quatro dimensões competitivas: preço, qualidade, confiabilidade e flexibilidade.
Durante os últimos tempos o custo deixou de ser uma simples ferramenta de avaliação de esto-
ques e de determinação do preço de venda de produtos, definidos pela contabilidade tradicional,
para tornar-se um dos mais importantes instrumentos de auxílio no alcance de maior compe-
titividade das organizações. Com a diminuição do preço de venda e a melhoria constante da
qualidade do produto, inclusive ofertando maior conforto e desempenho, o consumidor passou a
comprar mais, exigindo sempre um melhor produto, por meio de comparações entre fabricantes.
5.7.1 As Montadoras
O nível de produção do automóvel tornou-se um dos melhores indicadores da economia,
cuidadosamente controlado pelos líderes políticos e analistas de mercado. O gigantismo das
montadoras abriu novas oportunidades de emprego e contribuiu decisivamente para o desenvol-
vimento de indústrias paralelas, entre as quais se destaca a do petróleo. Como foi observado
inicialmente, além das montadoras, destacam-se na cadeia automotiva seis agentes: as concessi-
onárias, as seguradoras, a indústria de autopeças, o governo e o consumidor. Portanto, embora
se reconheça a grande interação entre eles, dando ao setor automotivo uma dinâmica muito
particular e própria. Deve-se reconhecer que o controle global pertence às montadoras, mais
especificamente devido ao movimento de concentração descrito em seguida, que trás além de
uma maior autonomia e poder, uma série de conseqüências que serão analisadas na seção 5.8.
95
Capítulo 5 As Tendências
Movimento de Concentração da Indústria Automotiva
Na segunda metade da década de 90, ocorreram muitas fusões, aquisições e alianças na
indústria automotiva. Houve uma disseminação de mega-alianças. Arbix e Veiga (2001) trazem
alguns dados relativos à dinâmica destas mega-alianças. Dentre eles destaca-se:
• A DaimlerChrysler passou a controlar 37,7% das ações da Mitsubishi e 9,8% da Hyundai;
• A GM ficou com 20% das ações da Fiat, 20% da Fuji, aumentou para 49% sua participação
na Isuzu e para 10% na Suzuki;
• A Renault adquiriu 36,8% da Nissan e incorporou a pequena Samsung Motors;
• A Ford incorporou a divisão de carros de passeio da Volvo e a Land Rover (da BMW);
• A Volvo comprou a divisão de caminhões pesados da Renault depois que a União Européia
impediu-a de controlar a Scania que, na seqüência, acabou cedendo 18,7% de suas ações
para a Volkswagen;
• A Toyota ampliou sua participação na Hino Motors de 36,6% para 50,1% e hoje deixa
entrever suas intenções de controlar a Navistar, o que alteraria profundamente a disputa
mundial no setor de caminhões pesados.
Desta forma, observa-se claramente que os grandes grupos tornam-se cada vez mais pode-
rosos, pois, a flutuação das vendas numa determinada região do planeta pode ser compensada
por outra.
5.7.2 A Indústria de Autopeças
O setor de autopeças, devido à sua diversidade e multiplicidade de insumos e produtos,
caracteriza-se por ser um setor de transformação que agrega valores a matérias primas e insumos
utilizados na cadeia produtiva do setor.
Invariavelmente, cada item produzido destina-se a uma aplicação específica, tem um dese-
nho e uma aplicação técnica, que dificilmente permite alterações sem necessidade de introduzir
96
Capítulo 5 As Tendências
adaptações. Sua fabricação depende de escala de produção que viabilize o retorno dos investi-
mentos necessários.
Cada componente automotivo, individualmente, pode ter período de concepção, desenvol-
vimento, teste de validação e aprovação para uso em linhas de montagem, que pode variar de
6 meses a 3 anos, dependendo da complexidade e de onde é aplicado nos veículos.
Um dos fatores mais importantes para definir se a produção é ou não viável no país, refere-
se ao custo dos ferramentais exigidos para viabilizar a produção em série e a quantidade de
produtos a serem fabricados.
Sem escala de produção que proporcione retorno sobre investimentos necessários para a
aquisição ou alocação de máquinas, equipamentos, ferramentais, treinamento de mão de obra,
além de muito empenho para definir e racionalizar maneiras indispensáveis para viabilizar a
produção em série, não há empresário interessado em investir no negócio de produzir autopeças.
Um dos principais fatores necessários para um país atrair investimentos de empresas monta-
doras de veículos automotores é o tamanho do mercado e de sua capacidade de absorver parcela
significativa da produção.
Essas empresas, geralmente, concentram investimentos necessários para produção e mon-
tagem de veículos, em poucos países. Além disso, atualmente, elas dependem cada vez mais
do fornecimento de componentes produzidos e fornecidos por empresas sistemistas (“first tier
suppliers”). Estas empresas, por sua vez, dependendo das características de seus produtos,
adquirem componentes produzidos por empresas que pertencem ao segundo e ao terceiro nível
da cadeia produtiva (fabricantes de sub-conjuntos e componentes individuais) “2nd e 3rd tiers”.
Do total do capital investido na indústria de autopeças no Brasil, 77,8% pertence ou é
controlado por empresas multinacionais.
Considerando-se o montante do capital estrangeiro investido no setor de autopeças, o per-
centual do capital de origem européia representa 46,8%, seguido de 31,8% dos Estados Unidos;
4,6% do Japão e 16,8% de outros países (Arbix & Veiga, 2001).
Há inúmeras empresas que mantém subsidiárias no Brasil e ou no MERCOSUL. Entretanto,
muitas relataram que suas matrizes e/ou os fornecedores de tecnologia impõem restrições geo-
gráficas que definem, limitam e até inviabilizam sua atuação em determinados mercados.
97
Capítulo 5 As Tendências
5.7.3 O Mercado das Concessionárias
Uma tendência observada nos EUA é que as concessionárias são multimarcas, o que significa
que elas podem vender carros novos e usados de todas as marcas, seja Fiat, Volkswagen, Che-
vrolet, Ford, Renault, etc. Isto acentua a concorrência entre as marcas porque numa mesma
loja o consumidor se depara simultaneamente com todos os veículos que concorrem numa de-
terminada categoria ou faixa de preço, conhecendo então todas as vantagens e desvantagens
dos veículos.
Isto certamente não acontece aqui no Brasil, porque quando se visitam as concessionárias
separadamente, percebe-se que os vendedores das marcas específicas são orientados a explicita-
rem apenas as qualidades dos seus produtos, os quais dificilmente têm defeitos. Esta atitude é
usual para um vendedor, mas faz com que o consumidor leigo fique sem critérios para comparar
veículos de marcas diferentes.
Com este cenário de vendas, torna-se mais direcionada a política a ser empregada para
ampliar a fatia do mercado para a empresa, sabendo-se que o espaço de ações que uma conces-
sionária pode tomar envolve inúmeras dimensões que podem influenciar as vendas. Essas ações
envolvem aspectos, que podem ser divididos em3:
• financeiros, como baixa nas taxas de juros dos financiamentos;
• sociais, como ajudar comunidades carentes com um percentual das vendas;
• publicitários, para vender o produto ou a imagem da empresa, incluindo também uma
forte campanha de marketing ;
• estratégicos, como abrir uma nova filial em uma área com mercado potencial crescente.
3Cada um dos aspectos abaixo será explicado mais detalhadamente na seção 5.8.2
98
Capítulo 5 As Tendências
5.7.4 O Status Quo das Redes de Concessionárias de Automóveis no
Brasil
História Recente
O Status Quo: As mudanças substanciais na conjuntura econômica mundial na última dé-
cada, associadas às evoluções extraordinárias no setor de distribuição de automóveis no Brasil,
com a oferta de mais de 40 (quarenta) marcas de veículos (171 novos modelos), contra apenas
6 (seis) no início da década de 90, fizeram nascer uma forte concorrência no setor automotivo.
Conseqüências: Observou-se uma redução drástica na taxa de lucro da rede de concessio-
nárias autorizadas, resultando num grande número de falências, concordatas e transferências
acionárias nas empresas do setor.
A evolução da taxa de lucro das concessionárias no Brasil pode ser conferida na tabela 5.7.1.
Tabela 5.7.1: Evolução da Taxa de Lucro das Concessionárias no Brasil.
Ano Taxa de Lucro1959 39,0%1990 13,6%1991 5,9%1993 2,1%1995 1,3%1997 1,0%1999 0,6%2000 0,7%
FONTE: ANFAVEA
Já a evolução do número de concessionárias do ano de 1995 ao ano 2000 está resumida na
tabela 5.7.2, para as quatro grandes marcas, que detém mais de 80% do mercado brasileiro.
A seqüência dos lucros antes do IR (%), nos quatro últimos anos do século passado, das
concessionárias das quatro marcas que predominam no mercado brasileiro está mostrada na
tabela 5.7.3.
99
Capítulo 5 As Tendências
Tabela 5.7.2: Evolução do número de concessionárias no Brasil.
Marca Ano Ano %1995 2000 Redução
Ford 363 236 35%Volkswagen 730 620 15%Fiat 430 352 18%Chevrolet 462 392 15%
FONTE: ANFAVEA
Tabela 5.7.3: Evolução do lucro das concessionárias antes do IR (%).
Marca Ano Ano Ano Ano1997 1998 1999 2000
Ford 0,6% -0,3% -0,8% -0,6%Volkswagen 1,6% 0,1% -0,5% -0,8%Fiat 2,0% 0,8% 0,8% 1,6%Chevrolet 0,4% 0,8% 2,2% 1,1%
FONTE: ANFAVEA
5.8 Análise Atual e Perspectivas
Num cenário onde as montadoras despontam como os agentes econômicos privados mais
poderosos do planeta, provocado pela crescente necessidade, ou até mesmo dependência, dos
veículos, observa-se que as concessionárias encontram-se cada vez mais dependentes das mon-
tadoras principalmente devido ao movimento de concentração descrito na seção 5.7.1.
Segundo Arbix e Veiga (2001) por sua posição-chave e pelo maior poder adquirido recen-
temente, as montadoras agem como um juiz na partilha dos ônus e bônus de todo o negócio
automotivo. As pequenas e médias empresas, que vivem como ilhas de um grande arquipélago,
são as perdedoras, e, pelo menos aparentemente, estão convencidas de que a sua coesão e coo-
peração é difícil e mesmo inviável. A revenda está na berlinda. O sistema de distribuição, na
maior parte dos países, ainda não viveu nenhuma mudança dramática como a da produção, da
tecnologia e da logística automotiva dos últimos vinte anos. Assim, o paradigma tradicional da
revenda se encontra em turbulência. Ainda não se consolidou nenhum novo paradigma, mas
as montadoras estão empurrando os concessionários para as bordas da cadeia de distribuição.
100
Capítulo 5 As Tendências
No Brasil, como foi mostrado na seção 5.7.4, a lucratividade das concessionárias vem decres-
cendo drasticamente nos últimos anos, o que inclusive acarretou no fechamento de inúmeras
concessionárias de todas as grandes marcas.
O que se observa atualmente é que as montadoras encontram-se numa situação muito cô-
moda, as joint ventures permitem que a disputa pelo cliente se dê de forma macro. Para a GM
por exemplo, não faz tanta diferença se um veiculo Chevrolet ou Fiat será vendido, pois a GM
é dona de 20% da Fiat, desta forma o risco associado à perda de credibilidade num estado,
região ou mesmo país não afeta tão significativamente os índices globais da empresa. Por outro
lado o que se observa na rede de distribuição são concessionárias da mesma marca brigando
com unhas e dentes para aumentar o volume de vendas, dentro de uma mesma cidade e muitas
vezes dentro de um mesmo bairro. As concessionárias debatem-se por novas fatias de mercado,
para aumentar o volume de vendas e não enxergam que o seu futuro deve estar exatamente
no setor de serviços. Os preços dos serviços são exorbitantemente mais altos do que os dos
concorrentes, sejam eles oficinas, revendas, distribuidores, entre outros.
Como se não bastasse este cenário totalmente desfavorável às concessionárias, pode-se ainda
ressaltar que as montadoras pressionam as concessionárias a elevarem cada vez mais o nível do
atendimento, fazendo cada vez mais exigências para as concessionárias, impondo assim grandes
transformações tanto na estrutura física das instalações e equipamentos, quanto na sua maneira
de operar, acarretando assim contínuo achatamento das margens de lucros das concessionárias,
provocado pelo relativo aumento dos custos fixos.
Quando comentam sobre os fatores que revelam o esmagamento das concessionárias por
parte das montadoras Pimenta e Cruz (2002) sentenciam:
“As peças de reposição são financiadas com um prazo mínimo de 60 dias e o
distribuidor é estrategicamente obrigado a adquirir cerca de 80% do estoque di-
retamente à montadora, com preços superiores aos praticados pelos fabricantes, o
que acarreta excesso de estoque e, conseqüentemente, retenção de capital, gerando
custo financeiro elevado para o negócio. A situação se agrava na medida em que
são lançados novos modelos no mercado e toda rede de concessionários é obrigada
101
Capítulo 5 As Tendências
a adquirir um volume de peças de reposição, cuja rotação somente será iniciada a
partir do sexto mês de uso do produto pelo consumidor, sempre de forma lenta e
gradativa.”
Luiz José Pimenta e Rossine Cruz
A Crise da Rede de Concessionárias de Automóveis no Brasil (2002)
Ainda segundo Arbix e Veiga (2001) as mudanças na distribuição de automóveis no Brasil
conduziram a uma queda na rentabilidade do setor, maior do que a de outros segmentos da
economia e da própria cadeia automotiva. Em 1998, por exemplo, o retorno sobre as vendas
foi quase três vezes inferior ao ocorrido com as similares da Inglaterra e dos Estados Unidos;
correspondeu à metade do retorno dos supermercados e foi cinco vezes menor do que lucro do
setor de eletrodomésticos.
Como pode-se observar, a situação das concessionárias é cada vez pior. Entretanto, pelo
lado dos detentores do poder, ou seja, as montadoras, esta não é a verdade mandatória, pois os
bancos das montadoras obtiveram uma rentabilidade em mais do que o dobro da ocorrida com
a média dos bancos brasileiros.
Segundo Pimenta e Cruz (2002) os fatores que provocam o esmagamento das concessionárias
por parte das montadoras são:
• A queda da rentabilidade dever-se-ia à grande fragmentação das redes, com a competição
entre revendas da mesma marca e uma conseqüente descapitalização das pequenas e
médias empresas.
• Os distribuidores estariam induzidos a desenvolver serviços para os quais não estão capi-
talizados, em detrimento da venda de veículos novos.
• A descapitalização teria reduzido a motivação para a continuidade de algumas empresas
no negócio.
• Haveria ressentimentos com a falta de lideranças capazes de coordenar e encabeçar nego-
ciações mais adequadas com as montadoras.
102
Capítulo 5 As Tendências
• As indeléveis incertezas quanto ao futuro do negócio.
• Muitos teriam a percepção do movimento das montadoras na distribuição como parte de
um processo para substituição do concessionário pela própria montadora.
• As montadoras estariam induzindo a rede a se concentrar nos serviços.
• A concentração na indústria vai num ritmo que assume proporções apontando para a fusão
das marcas mundiais em apenas cinco ou seis grandes grupos, dentre os quais a General
Motors, Ford e Volkswagen. Este processo influenciará ainda mais a rentabilidade das
suas concessionárias em todo o mundo, principalmente no caso brasileiro, que concentra
um número de montadoras maior do que os Estados Unidos.
Sendo assim o diagnóstico desta pesquisa aponta para uma diminuição do número de con-
cessionárias no modelo atual, ou seja, caso uma mudança de paradigma não seja realizada.
Inclusive deve-se observar que esta é uma tendência global.
5.8.1 Mudança de Paradigma nas Concessionárias
Os movimentos recentes apontam para a necessidade de mudanças profundas no paradigma
tradicional dessas organizações, objetivando a adaptação das empresas de distribuição ao novo
patamar de rentabilidade.
Neste contexto a tabela 5.8.1 destaca as estratégias de marketing que podem ser adota-
dos pelas empresas, desta forma, sugere-se algumas atitudes e ações das concessionárias que
provocariam mudanças no paradigma tradicional de vendas no Brasil.
103
Capítulo 5 As Tendências
Tabela 5.8.1: Comparação entre duas estratégias de Marketing.
Marketing Tradicional Gestão do Relacionamentocom o Cliente
Objetivos Gerar vendas Fidelizar o clienteFoco Fase de aquisição do pro-
dutoCiclo de vida total do produto
Duração Curto prazo Médio a longo prazoIndicadores de De-sempenho
Fatia de mercado, vendas Compartilhamento de carteira,relação custo/benefício para o cli-ente, valor para o cliente
Conhecimento doConsumidor
Demandas de segmentos declientes
Preferências e necessidades indi-viduais (função utilidade do cli-ente)
Produto Produto stand-alone Integração de produtos e serviçosPreço Descontos gerais Diferenciação nos preços com
base na fidelidade do clienteCanais de Vendas(Distribuição)
Canais de vendas tradicio-nais (multi-nível)
“Desintermediação”, gerencia-mento de multi-canais
Comunicação Comunicação unidirecional Diálogo interativo com os clientese a comunidade, com disponibili-dade de 24 horas por dia, 7 diaspor semana
Objetivos
No marketing tradicional o objetivo é simplesmente o de gerar vendas, o chamado “mar-
keting de emboscada”, não existe uma preocupação com a satisfação do cliente e nem com
vendas posteriores. Propõe-se aqui, a valorização do cliente, de modo a torná-lo fiel, como foi
visto na seção 5.4 a fidelidade do cliente4 é um fator imprescindível para um crescimento das
vendas.
Foco
Enquanto o marketing tradicional foca exclusivamente o momento da compra, ou seja, a
fase de aquisição do produto, propõe-se aqui um acompanhamento contínuo do cliente-produto
4A fidelidade do cliente pode ser obtida através de campanhas de fidelidade que serão analisadas mais adiante
104
Capítulo 5 As Tendências
durante toda a sua vida útil. É fato que atualmente a principal fonte de lucro das concessi-
onárias está nos serviços de manutenção e não na venda de veículos, desta forma, fazer um
acompanhamento do ciclo de vida do produto-cliente é a melhor maneira de ampliar a lucrati-
vidade das concessionárias.
Indicadores de desempenho
A constante preocupação com a fatia atual de mercado e com o volume de vendas são os
principais indicadores de desempenho do marketing tradicional, entretanto, quando se investe
numa gestão continuada do relacionamento com o cliente, estes indicadores devem visar o
compartilhamento da carteira, percentual de fidelidade, relação custo/benefício para o cliente
e agregar valor ao produto-serviço para o cliente.
Conhecimento do consumidor
Neste aspecto a gerência de relacionamento com o cliente incorpora a flexibilidade como
principal prioridade competitiva, tentando adequar-se às necessidades do consumidor, enquanto
o marketing tradicional restringe-se a atender segmentos-padrão de mercado. Uma base de
dados completa seria uma arma extremamente eficaz no sentido de conhecer melhor o cliente e
de melhor persuadi-lo. Pesquisas aprofundadas, como a pesquisa apresentada nesta dissertação,
também constituem outro recurso eficaz.
Produto
A integração entre produtos e serviços faz-se absolutamente necessária numa relação pro-
veitosa entre cliente e empresa. Esse aspecto deve ser observado pelas concessionárias, uma
vez que na rede de distribuição de automóveis uma tendência é a de só se fazer a primeira re-
visão, que é grátis, na concessionária. Em seguida, procura-se uma oficina automecânica para
se efetuar todos os serviços de manutenção posteriores do veículo. Este paradigma tem que ser
quebrado.
105
Capítulo 5 As Tendências
Canais de vendas
Tradicionalmente os canais de venda obrigam os clientes a um esforço de se deslocar de
concessionária em concessionária para conhecer os produtos e as ofertas disponíveis. Propõe-se
aqui um novo approach no sentido de disponibilizar canais de venda alternativos, em que os
produtos são apresentados ao cliente de forma mais acessível, como em feirões, em shoppings
e até através da “venda dirigida”, em que os vendedores visitariam os clientes em potencial
em suas empresas ou mesmo em casa. Outra proposta, ainda mais ousada, é a criação de um
shopping multi-marcas, que será abordado com mais especificidade na seção 5.8.3.
Preço
Enquanto o marketing tradicional busca oferecer vantagem em descontos para todos os
clientes a proposta de uma estratégia diferenciada aponta para descontos proporcionais à fide-
lidade do cliente, desta forma gerar-se-á uma confiança mútua entre empresa e cliente. Sabe-se
que devido ao esmagamento mencionado na seção 5.8, torna-se cada vez mais difícil ter como
diferencial competitivo o preço dos serviços e das peças, até porque, como mostra a figura 4.8.1
92% dos entrevistados julgam os serviços das concessionárias consideravelmente mais caros que
os das oficinas em geral. Desta forma deve-se buscar outras formas de competir, oferecendo-se
diferenciais.
Comunicação
Como complementação das idéias propostas para a quebra do paradigma tradicional de
vendas faz-se mister a manutenção de um canal permanente de comunicação entre empresa e
cliente, ao invés de uma comunicação unidirecional através única e exclusivamente do ponto de
venda. Na rede de distribuição da indústria automotiva isto poderia ser implementado através
de um serviço de atendimento ao cliente (SAC) onde o cliente poderia tirar dúvidas ou mesmo
acionar a concessionária (parceira direta) para rebocar ou guinchar o veículo.
106
Capítulo 5 As Tendências
5.8.2 Alternativas de Ação para as Concessionárias
Como mencionado na seção 5.7.3 as alternativas de ação das concessionárias envolvem quatro
aspectos básicos: o financeiro, o social, o publicitário e o estratégico. Examinando cada um
separadamente pode-se dizer que:
Aspecto Financeiro
Os aspectos financeiros constituem um dos principais fatores a serem ponderados quando
se tem como objetivo alavancar as vendas de qualquer bem de consumo ou mesmo serviço. A
associação entre as vendas e o dinheiro, de fato, não exige muita criatividade, no entanto, por
detrás desta associação podem existir muitas variantes.
1. Condições de financiamento. Na figura 5.8.1 pode-se analisar a importância das con-
dições de financiamento na opinião dos entrevistados que possuem automóvel. Observa-se
que 63% destes dão muita ou enorme importância para as condições de financiamento do
veículo no momento da compra. Este é um resultado realmente significante que leva a
concluir que baixas nas taxas de juros dos financiamentos implicariam necessariamente
num aumento de vendas.
Figura 5.8.1: Importância das Condições de Financiamento.
107
Capítulo 5 As Tendências
2. Preço do carro. É natural pensar que uma baixa nos preços dos carros acarretará um
aumento no volume de vendas. Esta hipótese foi confirmada quando o Governo Federal
reduziu o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) em 2002. Esta medida provocou
uma baixa significativa nos preços dos veículos de passeio implicando, portanto, num
aumento nas vendas.
3. Preço dos Serviços de Manutenção. Na figura 5.8.2 pode-se analisar a opinião dos
entrevistados no tocante ao preço dos serviços de manutenção das concessionárias em
geral em comparação com a maioria das outras oficinas.
Não; 8%
Sim; 92%
Figura 5.8.2: Preço dos Serviços de Manutenção das concessionárias.
Observa-se que 92% dos entrevistados consideram os preços dos serviços de manutenção
das concessionárias em geral significativamente mais caros que o da maioria das outras
oficinas, portanto é apropriado pensar que uma redução nestes preços também provocaria
um aumento no volume de serviços vendidos.
4. Alargamento das Possibilidades de Crédito. O Alargamento das possibilidades de
crédito estabelece uma relação diretamente proporcional ao aumento do volume de vendas
de veículos nas concessionárias. Este alargamento nas possibilidades significa oferecer para
clientes que ainda não possuem automóvel, novas oportunidades, através da simplificação
108
Capítulo 5 As Tendências
ou flexibilização dos critérios de concessão dos créditos. Isto significa criar um novo grupo
de clientes potenciais.
Aspecto Social
Os aspectos sociais são aqueles voltados para melhorar a imagem da empresa perante a
sociedade, geralmente por meio de alguma forma encontrada para ampliar as vendas de maneira
que tenha como cenário de fundo, um benefício social. Um termo bastante utilizado neste
sentido é “responsabilidade social”
Algumas empresas em outros ramos da economia, já fazem isso. Um exemplo clássico que
pode ser citado é o da Mac Donalds, que uma vez por ano, reverte um percentual das vendas de
um tipo de hambúrguer (big mac) para ajudar crianças com câncer. Esse dia é chamado “Mac
Dia Feliz”, quando é notório que ocorre um aumento significativo das vendas. Certamente,
esses tipos de programas de vendas ligados a alguma forma de assistência social, mobilizam a
sociedade e aumentam o prestígio da empresa.
Outra forma de melhorar as vendas, também investindo no aspecto social, seria a preocupa-
ção com o meio ambiente. Mostrar que a empresa tem um compromisso ambiental e reconhecer
a importância da proteção e economia dos recursos naturais globais, visando a qualidade de vida
atual e futura, assumindo uma postura ambientalmente consciente e responsável, controlando
toda a produção da empresa de forma a não agredir desnecessariamente o meio ambiente. O que
garante à comunidade uma maior segurança e tranqüilidade na hora de comprar. Além disso,
a empresa deve adquirir sua matéria prima com critérios ambientais, usá-las racionalmente,
promover a reciclagem e descartar adequadamente os materiais permanentes e de consumo,
incluindo água e energia, envolvidos nas atividades diárias da fábrica, desde que não implique
em perda da qualidade do produto ou serviço.
Pode-se ainda, agradar ao cliente, colocando anúncios de jornal parabenizando-o por alguma
data específica comemorativa (dia da mulher, das mães, dos pais, etc).
Tudo isso faz com que a imagem da empresa melhore perante a sociedade, incrementando
o sucesso das vendas.
109
Capítulo 5 As Tendências
Aspecto Publicitário
“Publicidade é tudo o que se difunde pelos veículos de comunicação como men-
sagem de venda dirigida a um público por meio de processos de persuasão pessoal.
Numa visão sociológica ponderada os métodos e processos de Publicidade e Propa-
ganda podem interferir no processo composto pela demanda, fabricação e consumo.”
José Predebon
Curso de Propaganda, do Anúncio à Comunicação Integrada.
A publicidade engloba todas as ações que podem ser planejadas e realizadas para fazer a
ponte entre o consumidor e o produto, ou entre o consumidor e a empresa. Os objetivos da
publicidade são:
• persuadir os consumidores;
• diferenciar os produtos uns dos outros;
• apresentar os benefícios dos produtos;
• gerar a necessidade de consumo;
• estimular as pessoas para o ato do consumo.
Portanto, a publicidade torna-se um jogo de sedução. E para fazer essa sedução funcio-
nar, entram as técnicas e o planejamento, do qual as ações de marketing podem fazer parte,
dependendo das necessidades do cliente.
Neste contexto, Kotler (2003) define os objetivos do marketing como:
“O objetivo do marketing é conhecer e compreender o cliente tão bem que o
produto ou serviço - citado aqui para que se tenha a visão de que serviços também
são produtos - o satisfaça e venda-se por si mesmo.”
Philip Kotler e Gary Armstrong
Princípios de marketing.
110
Capítulo 5 As Tendências
Assim, uma campanha agressiva de publicidade é uma forte ação que pode ser tomada no
sentido de alavancar as vendas. É por isso que muitas das concessionárias investem amplamente
em divulgação pelos veículos de comunicação, tornando e suas logomarcas e slogans bastante
conhecidos pelo mercado consumidor.
As Campanhas de Fidelidade do Cliente compreendem uma estratégia de marketing
imprescindível para qualquer coorporação que vise uma estabilidade no mercado a longo prazo.
Com as concessionárias não poderia ser diferente. Neste nicho de mercado as campanhas de
fidelidade têm-se mostrado bastante eficientes. Em particular pode-se citar o caso da Honda,
cuja campanha vem obtendo resultados relevantes.
Fidelizar o cliente é uma atividade difícil, mas até certo ponto, essencial para o êxito das
estratégias mercadológicas e comerciais de uma empresa. Segundo Stone, todo programa de
fidelidade é baseado em 3 pilares:
• relacionamento: que estabelece um canal de comunicação direta com o cliente, uma
relação interativa.
• reconhecimento: a oferta de benefícios que diferencie o cliente dos demais, que o faça
se sentir parte de um grupo especial.
• recompensa: que oferece prêmios proporcionais ao consumo, visando incentivar o cliente
a aumentar o seu consumo tradicional (Stone, 2000).
No entanto, nem sempre é necessário desenvolver os 3 pilares. Podem existir ações baseadas
em um dos três somente. Os programas mais complexos usam todos os três de forma integrada.
Assim, pode-se dizer que Marketing de Relacionamento é um conjunto de estratégias que
visam o entendimento e a gestão do relacionamento entre uma empresa e seus clientes, atuais
e potenciais, com o objetivo de aumentar a percepção de valor da marca e a rentabilidade da
empresa ao longo do tempo.
As companhias aéreas foram um dos primeiros segmentos a reconhecer os benefícios do
Marketing de Relacionamento. Com os conhecidos “programas de milhagem” elas descobriram
que 65% de sua receita total provêm de 21% de seus próprios clientes, os que utilizam seus
111
Capítulo 5 As Tendências
serviços com mais freqüência, por isso chamados de passageiros freqüentes (frequent flyers).
Logo, as companhias aéreas concentraram a maior parte de seus investimentos em comunicação
e marketing neste segmento de clientes mais valiosos (Albuquerque, 2003).
Aspecto Estratégico
Historicamente, a origem da palavra estratégia vem do grego strategus, que significa “a
arte do general”, designativo dos generais da antiga Grécia. A estratégia começou a ganhar
importância a partir do séc. XVIII. Até então, as guerras haviam sido relativamente simples e
limitadas, havendo quase que uma completa justaposição entre estratégia e tática. A liderança
estratégica era do próprio general que conduzia as batalhas, e estas eram praticamente decididas
ao ser um dos dois generais antagonistas ferido, capturado ou morto. Com o tempo, as guerras
tornaram-se mais complexas, daí surgiu a elaboração dos grandes planejamentos estratégicos.
Nos dias atuais, uma guerra não é apenas uma questão de ações militares para proteger
uma nação, e também a disputa para se manter no mercado tendo em vista o aumento da
competitividade enfrentado pelas empresas atuais devido à mudança do mercado globalizado,
onde o cliente passa a determinar os preços dos produtos e não mais os fabricantes, exigindo
ao mesmo tempo, produtos de melhor qualidade e de preços baixos. Assim, tornam-se cada
vez mais importantes as campanhas para conquistar e manter os clientes, as quais dependem
de alguns aspectos estratégicos.
Desse modo, deve-se sempre procurar formas de que os produtos e serviços das concessio-
nárias se aproximem cada vez mais dos clientes. Tendo-se em mente que qualquer que seja a
estratégia adotada, deve-se implantar um processo de melhoria contínua, para estar sempre à
frente no mercado. Além disso, manter o cliente satisfeito, saber se ele está gostando do carro e
do atendimento na concessionária, mandar brindes de tempos em tempos, mandar informações
através de jornais, tudo para cativá-lo e conquistar sua confiança e preferência. Essa é a chave
do negócio.
112
Capítulo 5 As Tendências
5.8.3 Considerações Finais
A nova dinâmica do mercado está levando as organizações empresariais a um processo de
transformação na maneira de realizar seus negócios, esta mudança surge em função da intensa
concorrência que pressiona as empresas na adoção de estratégias inovadoras, as quais permitem
atingir posições consideradas mais “confortáveis” em suas arenas de negócios. A implantação
de técnicas de gestão podem ser otimizadas caso a organização tenha condições de incorporar
inovações de diversas esferas em prol de seu desempenho competitivo.
O conhecimento das forças que impulsionam, ou regem, o mercado põe em destaque, um
conjunto de possíveis ações que podem conduzir estas concessionárias a vantagens competitivas.
Este entendimento esclarece possíveis mudanças estratégicas e pode trazer retornos substanciais
para essas empresas.
De modo geral, propõe-se para as concessionárias algumas ações baseadas em todos os
estudos realizados na elaboração desta dissertação, são elas:
1. A busca de novos serviços e a criação de novos produtos capazes de agregar valor ao
negócio da revenda poderia ser um caminho mais adequado para a afirmação da rede
como merecedora de um espaço e perfil próprios na cadeia automotiva.
2. As técnicas de Engenharia de Sistemas podem contribuir para que a revenda monomarca
se transforme em um sistema multiserviços e multinegócio e, no limite, multimarca. A
proposta mais audaciosa reside em um grande shopping center do automóvel, onde as
marcas poderiam concorrer entre si livremente. Em um só lugar o cliente poderia visitar
concessionárias de todas as marcas, sendo então capaz de efetuar a sua compra de uma
forma muito mais eficiente e prática.
3. Cooperação e inovação. A solidariedade na rede poderia ser uma forma de alcançar pontos
de apoio para sustentar um sistema de inovações e de valorização do próprio negócio,
contrabalançando eventuais abusos de poder no interior da indústria.
4. A concentração das atividades das empresas poderia contribuir para a redução de custos
de compras, custos fixos, variáveis e administrativos, e poderiam ser exploradas pelo
113
Capítulo 5 As Tendências
compartilhamento e cooperação entre as empresas da própria rede, independentemente
de fusão, aquisição ou incorporação, usando-se basicamente as técnicas da engenharia
de sistemas. Poder-se-ia ter então uma desmobilização do ativo, com redução dos altos
custos financeiros praticados no país.
5. Trabalhar com nicho de mercado: observar quem são os potenciais consumidores e fazer
programas direcionados, como por exemplo: visitando grandes empresas para troca da
frota de veículos com planos vantajosos;
6. Treinar funcionários para formar grupos de vendas para pessoas específicas, tais como
gerentes e funcionários de bancos, funcionários públicos, empresários, os quais têm certa
estabilidade. E ainda formar equipes de vendedores externos direcionados para os as-
salariados que trabalham em empresas de porte diferenciado, como Philips, Petrobrás,
Embratel, descontando em folha — sendo seu cadastro pré-aprovado para um determi-
nado tipo de veículo.
7. Formar equipes de vendas de modo que trabalhem em áreas diferentes, fazendo com que
elas concorram entre si, trabalhando com performance de equipes.
8. Fazer campanhas publicitárias voltadas para segmentos específicos (mulheres, homens,
jovens, classe média, classe alta etc).
9. Fazer grandes promoções facilitando a forma de pagamento dos carros (crediário, redução
de juros, consórcios populares etc).
10. Fundar um sindicato das concessionárias de automóveis para a realização de uma cam-
panha publicitária conjunta no intuito de persuadir os consumidores de que vale a pena
pagar mais caro ou que a diferença de preços não é tão significativa a ponto de se abdicar
de todas as garantias e atrativos oferecidos pelas concessionárias.
11. Promover eventos como feirões para demonstração dos carros, oferecendo vantagens aos
clientes depois de efetuar as vendas nessas ocasiões.
12. Desenvolver ferramentas específicas de apoio ao relacionamento como cliente.
114
Capítulo 5 As Tendências
Vale ainda ressaltar que a pesquisa da seção 3.2 retrata a percepção do consumidor com
relação ao mercado automotivo do grande Recife. Isto implica que as empresas, especificamente
as concessionárias, devem repensar o modo como o atendimento, notadamente na prestação de
serviços, vem sendo feito. Pois, apesar de algumas concessionárias terem plena confiança de
que os seus serviços são de boa qualidade não é assim que os consumidores estão percebendo.
O que acontece de fato na rede de distribuição é que as informações existem, mas não são
processadas, e quando são processadas não são repassadas para o consumidor. As concessio-
nárias poderiam, por exemplo, fornecer para o cliente informações relativas a gastos futuros
de manutenção (em valores reais) de um veículo que está sendo observado pelo cliente. Desta
forma o consumidor compraria um veículo e saberia, em média, quanto iria gastar por ano
para manter aquele veículo. Designa-se aqui as informações relativas a gastos futuros como
expectativa de gasto. Além disso as concessionárias poderiam fornecer a expectativa de
gasto anual relacionando-a com o freqüência da manutenção que será efetuada, bem como com
o nível de utilização do veículo. Desta forma o cliente saberia que com uma manutenção men-
sal X, rodando N quilômetros por ano, sua expectativa de gasto anual seria de R$ Y . Este
tipo de informação, provocaria nos consumidores uma reflexão a respeito da importância da
manutenção, gerando desta forma uma maior proximidade entre cliente e concessionária, além
de se ter um veículo em melhores condições.
Outro fator decisivo que poderia ser abordado pelas concessionárias é o momento de efetuar
a troca de carro. Sabe-se que o valor do automóvel é calculado em função da idade, devido
ao desgaste das peças, maior suscetibilidade de quebra, aumento no custo de manutenção etc.
De modo geral, pode-se dizer que atualmente o tempo de uso é o principal fator considerado
no momento de se avaliar um carro. Contudo, sabe-se que o valor do automóvel usado é
função de outras variáveis, tais como: qualidade da manutenção, freqüência da manutenção,
quilometragem, etc. A partir do momento em que a concessionária tem o controle de como
foi feita a manutenção de um determinado veículo, ela poderá calcular o valor do veículo de
maneira mais justa. Afinal de contas, um veículo bem mantido, não apenas presta um melhor
serviço ao usuário, mas também permite que o veículo tenha um maior valor de revenda.
115
Capítulo 5 As Tendências
Este ciclo manutenção-preço é bom para todos:
• para o consumidor, pois está vendendo o carro por um preço justo;
• para a concessionária, pois além de ter vendido os serviços de manutenção durante
toda o ciclo de vida do veículo, ela está comprando um veículo conhecido e vendendo um
outro;
• para o futuro comprador do veículo, pois o veículo a ser adquirido será respaldado
pela concessionária;
• para a frota como um todo por motivos óbvios, além das questões ecológicas.
Neste sentido, o cliente também poderia ser orientado quanto ao momento ótimo de trocar
o carro. Naturalmente, esta decisão se basearia na manutenção, conforto, status etc, variando
de cliente para cliente.
É necessário que se conclua este capítulo afirmando que um esforço contínuo de pesquisas
deve ser realizado para se obter melhoras em qualquer setor. No mercado das concessionárias
não poderia ser diferente.
116
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
6 CONCLUSÕES, COMENTÁRIOS E SUGESTÕES
6.1 Esclarecimentos Iniciais
Após o estudo do mercado automotivo brasileiro, e em particular, do grande Recife apresentou-
se inúmeras informações que facilitam o bom entendimento da dinâmica do setor automotivo.
Faz-se neste capítulo um apanhado geral dos principais resultados, trazendo-se apenas os re-
sultados per se, ou seja, sem as respectivas análises. Continua com a exposição de alguns
comentários que contribuem para o fechamento do trabalho exploratório realizado. Em se-
guida, apresenta-se algumas sugestões para estudos futuros. E por fim, fecha-se este capítulo,
e por conseguinte a dissertação, lançando-se uma reflexão.
6.2 O Perfil do Consumidor
Foram analisados diversos fatores envolvendo as dimensões sócio-econômicas, ocupacionais
e geográficas. Tais como: sexo, idade, nível de instrução, renda individual e familiar, estado
civil, ocupação, setor de atuação e posição/cargo. Delineou-se, portanto, o perfil do consumidor
de automóveis do grande Recife com relação a estes aspectos, obtendo-se que:
1. A amostra obtida através da pesquisa da seção 3.2 é robusta, portanto possui um nú-
mero grande o suficiente de observações para caracterizar o perfil e as preferências do
consumidor recifense de automóveis.
2. 40% dos entrevistados não possuem filhos e 86% possuem três filhos ou menos.
3. 21% dos entrevistados apresentam uma renda familiar menor que R$ 2.000,00 e 14%
apresentam uma renda familiar maior que R$ 8.000,00, logo os outros 65% possuem
renda entre R$ 2.000,00 e R$ 8.000,00.
4. As áreas 1 (Espinheiro e adjacências) e 5 (Boa Viagem e adjacências) apresentam, em
média, maior renda individual, renda familiar e nível de instrução.
117
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
5. Nível de Instrução
(a) 90% dos entrevistados possuem ao menos o segundo grau completo.
(b) O nível de instrução apresenta uma correlação positiva com as rendas individual e
familiar.
(c) A renda individual cresce cerca de R$ 1.000,00 a partir da conclusão do curso de
nível superior e cresce novamente cerca R$ 1.000,00 a partir da conclusão de um
curso de pós-graduação.
(d) A renda familiar apresenta uma diferença em cerca de R$ 2.500,00 entre as pessoas
que têm e que não têm o ensino médio completo.
6. Sexo
(a) Apesar de não se detectar diferenças significativas entre os níveis de instrução com
relação ao sexo e entre a renda familiar com relação ao sexo, os resultados da pesquisa
apontaram para uma diferença de cerca de R$500,00 entre os salários dos homens e
das mulheres.
7. Idade
(a) Muito embora não se detecte diferenças significativas entre as rendas familiares com
relação à idade. Percebeu-se que quanto maior a idade, maior é o nível de instrução
e a renda individual, excetuando-se as pessoas com mais de 65 anos.
(b) Dentre os consumidores cuja idade está entre 40 e 60 anos, pôde-se observar que a
sua renda individual média é quase o dobro que a dos mais jovens. Além disso esta
faixa etária apresentou o maior nível de instrução.
118
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
8. Estado Civil
(a) Pessoas casadas e desquitadas apresentam rendas individuais médias e níveis de
instrução mais altos que as pessoas solteiras, viúvas e com união informal.
(b) A renda familiar das pessoas casadas e solteiras mostrou-se significativamente maior
que o das outras categorias.
9. Ocupação, posição e cargo
(a) Apesar da renda familiar dos funcionários públicos e privados não mostrar diferença
significativa, os resultados da pesquisa mostraram que os funcionários públicos pos-
suem a renda individual e o nível de instrução mais altos.
(b) Os empresários possuem maior renda individual e familiar que todas as outras ca-
tegorias. Entretanto seu nível de instrução médio equipara-se ao dos funcionários
públicos.
(c) Os estudantes possuem a menor renda individual, porém a sua renda familiar encontra-
se entre as mais altas.
(d) A pesquisa mostrou que as pessoas que ocupam melhores posições ou cargos dentro
das corporações possuem, em média, um nível de instrução mais elevado, conseqüen-
temente possuem rendas familiares e individuais maiores.
(e) As posições de gerência, diretoria e chefia proporcionam um aumento médio de
R$ 2.000,00, tanto na renda individual quanto na renda familiar.
(f) Apesar dos estagiários possuírem a menor renda individual, seu nível de instrução e
renda familiar são, em média, mais elevados.
Observou-se de forma geral que a renda individual e o nível de instrução são basicamente
equivalentes, excetuando-se o caso do sexo. Todavia, na grande maioria das análises observou-se
que as rendas familiares não apresentavam grandes diferenças.
É importante reafirmar que estes resultados não representam toda a população recifense,
representa, sim, a população recifense consumidora de automóveis.
119
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
Com relação à frota, foram obtidos alguns resultados descritivos básicos, são eles:
1. 90% da frota possui menos de 8 anos de uso, ou seja, foi fabricada depois de 1995.
2. 26% dos consumidores efetuam atividade de manutenção do seu veículo semestralmente
ou menos de uma vez a cada seis meses.
3. Cerca de 70% dos entrevistados consideram os seus carros em bom estado de manutenção
do motor, lanternagem/pintura e acessórios.
4. 57% dos entrevistados possuem seguro.
5. 47% dos entrevistados já se acidentaram causando danos leves, graves ou moderados.
6.3 Conclusões
Esta dissertação trouxe vários resultados que fornecem subsídios para uma análise do setor
automotivo, trazendo elementos de apoio à tomada de decisão. A exploração de dados reais,
obtidos através de uma pesquisa envolvendo mais de mil e quatrocentos sujeitos, constitui a
principal fonte dos resultados aqui apresentados. Naturalmente, uma pesquisa da bibliografia
existente colaborou para o refinamento das análises aqui contidas. Desta forma esta seção
objetiva apresentar os principais resultados desta dissertação. Vale lembrar que, muito embora,
alguns dos resultados sejam menos expressivos é importante que sejam ratificados neste capítulo
para uma visualização do panorama geral dos resultados desta dissertação.
120
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
6.3.1 Preferências do Consumidor e suas Interações com os Fatores
Condicionantes
Quando se comparou as preferências do consumidor recifense de automóveis com os fatores
que as influenciam obtiveram-se inúmeros resultados relevantes que servem de apoio para a
tomada de decisões. Dentre eles destaca-se:
1. Os consumidores recifense usam o seu carro principalmente para: compras domésticas
(83%), ida pessoal para o trabalho ou estudo (81%), transporte de parentes e amigos para
locais diversos (77%) e para viagens (65%). Os outros usos apresentaram um percentual
menor que 50%.
2. As marcas líderes de mercado são: Fiat (33%), Volkswagen (23%), Chevrolet (21%) e
Ford (10%). Os 14% restantes pertencem a todas as outras marcas juntas.
3. Pode-se dividir a importância dada aos fatores na escolha de um veículo em três níveis:
(a) Maior importância: economia de combustível, preço total do veículo, durabilidade e
manutenção.
(b) Importância intermediária: condições de financiamento, desempenho, aparência, va-
lor de revenda e acessórios.
(c) Menor importância: valor do seguro e status.
4. Os homens dão significativamente mais importância que as mulheres ao desempenho e à
durabilidade na hora de adquirir um veículo.
5. Quanto maior o nível de instrução, maior é a importância dada: aos acessórios, à durabi-
lidade, ao desempenho, ao status e ao valor de revenda.
6. A importância dada à economia de combustível e ao valor de revenda decresce quando o
nível de instrução aumenta.
121
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
7. As fontes de informação mais consultadas são os parentes e amigos, e as concessioná-
rias e revendas. Enquanto as menos consultadas são os sites de internet e as revistas
especializadas.
8. As mulheres consultam mais os amigos e parentes que os homens, enquanto os homens
consultam mais as concessionárias e revendas, e os sites de internet que as mulheres.
9. Consumidores com menos de 40 anos consultam mais os sites de internet que os mais
velhos. Contudo, esta diferença tende a desaparecer com o passar dos anos.
10. A procura pelos sites de internet e pelas concessionárias e revendas aumenta quando o
nível de instrução aumenta.
11. Os pontos de venda com mais credibilidade são as concessionárias e lojas de veículos novos
e usados.
12. A venda particular de automóveis encontra maior aceitação entre os consumidores que
compram carros mais antigos.
13. A compra de carros via internet ainda possui um alto índice de rejeição.
14. Apesar de as mulheres causarem mais acidentes por hora dirigida, é justo que elas tenham
desconto no seguro do veículo pois dirigem menos, logo batem menos.
15. O percentual de carros segurados diminui quando a idade dos veículos aumenta.
16. Cerca de 96% dos carros com valor estimado acima de R$ 20.000,00 possuem seguro.
Além disso, pode-se afirmar que: carro com maior valor tem mais chance de ser segurado.
17. 70% ou mais das pessoas com renda individual acima de R$ 2.000,00, fazem seguro dos
seus veículos.
122
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
18. Quando os consumidores compararam os serviços das concessionárias com os serviços das
oficinas em geral, os resultados obtidos foram:
(a) 92% dos entrevistados acham que as concessionárias são significativamente mais
caras.
(b) 92% acham que as concessionárias devem ser sempre usadas enquanto o veículo
estiver na garantia.
(c) 84% dos entrevistados acham que as concessionárias oferecem mais garantias.
(d) 81% dos entrevistados as consideram mais seguras que as oficinas em geral.
(e) 75% acham que as concessionárias usam sempre peças originais.
(f) 70% dos entrevistados consideram o ambiente e o atendimento das concessionárias
melhor que o das oficinas em geral.
(g) 66% acham que elas têm melhores profissionais.
(h) 48% acham que usar as concessionárias sempre aumenta o valor de revenda do carro.
(i) 46% dos entrevistados acham que as concessionárias são mais inconvenientes que as
oficinas em geral, por serem poucas e/ou distantes.
19. Quando os consumidores trocam de carro, normalmente adquirem um carro cerca de
R$ 9.600,00 mais caro.
20. A marca não se revela como um fator significativo para a determinação do preço dos
veículos mais novos (menos que três anos de uso). Entretanto, para os carros mais velhos
(mais de três anos de uso) a marca começa a se tornar mais significativa na determinação
do preço.
21. O percentual de fidelidade mostrou-se um excelente indicador do crescimento ou decres-
cimento da fatia de mercado das marcas. Os percentuais de fidelidade das grande marcas
são: Fiat (35%), Volkswagen (34%), Chevrolet (23%) e Ford (21%).
22. Não se encontrou, entre os fatores de ordem sócio-econômica, ocupacional e geográfica
algum, que explicasse a dinâmica da fidelidade. O modelo de cadeia de Markov deixa
123
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
claro, entretanto, que existe uma dinâmica estocástica da fidelidade (ou volubilidade) do
recifense com relação à marca do automóvel que ele vai adquirir.
23. Não se conseguiu identificar quais os critérios usados pelos consumidores para escolher a
marca dos veículos a serem adquiridos usando as dimensões sócio-econômica, ocupacional
e geográfica. Especula-se que estes perfis sejam tão dinâmicos que não se possa prever de
antemão qual a marca do veículo a ser adquirido, lançando mão apenas de variáveis das
dimensões supracitadas.
24. Desenvolveu-se um método para estimação de fatias de mercado futuro das marcas. Na
simulação deste método os resultados apontaram para um aumento da fatia de mercado
em 6% para a Volkswagen e em 1% para a Ford. Os resultados apontaram também para
uma queda de 2% na fatia de mercado da Fiat e de 7% da Chevrolet.
25. Constatou-se que o mercado das montadoras está intimamente atrelado ao crescimento
econômico do país, cujo maior indicador é o PIB. Todos os outros agentes econômicos
do mercado automotivo, por sua vez, estão atrelados ao crescimento (ou decrescimento)
das montadoras. Entretanto, diagnosticou-se uma forte tensão no mercado das concessio-
nárias provocado por um esmagamento que vem acontecendo ao longo dos anos, assim
sendo, pode-se conjeturar que haverá uma mudança de paradigma neste mercado.
26. Propôs-se algumas ações alternativas para as concessionárias.
27. Desenvolveu-se uma classificação para as possíveis ações que podem ser tomadas pelas
concessionárias objetivando êxito competitivo. A classificação envolve os aspectos: finan-
ceiros, sociais, publicitários ou estratégicos.
É relevante ressaltar que foram apresentados nesta dissertação os resultados mais expres-
sivos. Inúmeros outros resultados parciais foram obtidos para que se chegasse a estes aqui
apresentados. Outros tantos foram desprezados por não se adequarem ao contexto específico
ao que se propunha esta dissertação. Todavia, deve-se reconhecer que muitos outros resulta-
dos poderiam ser obtidos, mas limitações das mais diversas origens inibiram este processo. A
principal delas: o tempo.
124
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
6.4 Comentários
Vale salientar que os resultados apresentados nesta dissertação trazem mais informações
do que a grande maioria das “pesquisas de mercado” normalmente divulgam. Faz-se portanto,
uma crítica ao modo como vêm sendo conduzidas as pesquisas de opinião neste país, pois,
mesmo as pesquisas ditas “sérias”, ou seja, realizadas por instituições probas, sem interesses
“politiqueiros”, não trazem consigo uma análise mais adequada e aprofundada. Uma vez que a
maioria limita-se a descrições superficiais que fornecem poucos subsídios para apoio às decisões
dos agentes envolvidos. Portanto, a dissertação aqui apresentada buscou efetuar uma análise
mais aprofundada e diferenciada dos dados pesquisados a fim de fornecer maiores subsídios
para tomadas de decisões estratégicas dos agentes do setor.
A grande maioria dos resultados obtidos nesta dissertação foram gerados a partir de uma
pesquisa realizada na área específica do grande Recife, portanto, generalizações deste resultado
não são absolutamente consistentes. Entretanto, sabe-se que o mercado automotivo brasileiro
é bastante similar ao longo do seu vasto território. Desta forma, apesar de não se poder garan-
tir nada, é natural que se permita expandir uma série de conclusões relativas ao mercado do
grande Recife para o mercado de outras cidades, especialmente das metrópoles. Obviamente, o
estudo de percentuais de fatia das grandes marcas e de previsões futuras não possui nenhuma
relevância. Todavia, os resultados referentes às preferências e suas interações com o perfil do
consumidor podem facilmente ser expandidos e aplicados a outros mercados. Conseqüente-
mente, muito embora esta pesquisa não objetivasse um estudo nacional ela pode ser usada por
pessoas de todos os estados do país no intuito de se obter melhorias nas estratégias de venda.
É também importante lembrar que toda pesquisa de opinião funciona como uma fotografia,
ou seja, ela mede as preferências, as intenções, os preços etc num determinado instante. Além
disso, sabe-se que o mercado automotivo está em constante mudança, e a dinâmica do setor
automotivo mundial envolve uma quantidade inimaginável de variáveis. Por conseguinte, os
resultados desta dissertação não são eternos e não podem ser usados sempre. A todo momento
novos carros estão sendo lançados, novas marcas estão entrando no mercado, novas campanhas
publicitárias estão sendo lançadas entre outras variáveis que estão sempre alterando a dinâmica
125
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
do mercado automotivo brasileiro. Contudo, é necessário que se reconheça que as mudanças
na configuração deste mercado não acontecem de maneira tão brusca em um período de tempo
curto como o de um ano, excetuando-se interferências externas, como uma guerra, por exemplo.
Assim sendo, os resultados desta pesquisa terão sempre um valor. Inclusive, com o passar do
tempo, outras pesquisas semelhantes podem ser realizadas e, neste sentido, pode-se fazer uma
análise da evolução histórica do mercado automotivo.
6.5 Sugestões para Futuros Estudos
Os resultados apresentados nesta dissertação mostraram que pesquisas de opinião cons-
tituem uma poderosa ferramenta no sentido de se conseguir vantagens estratégicas em um
mercado particular, no caso o automotivo. Neste sentido pretende-se, nesta seção, dar algumas
sugestões para futuros estudos com o objetivo de aprimorar o estudo aqui realizado. Portanto,
propõe-se:
• Dar continuidade ao trabalho que já foi iniciado, realizando pesquisas semelhantes, de
forma periódica, objetivando fazer uma análise da evolução histórica do mercado auto-
motivo.
• Realizar uma pesquisa semelhante, entretanto mais abrangente, não entrevistando apenas
as pessoas que possuem um automóvel ou moram sob o mesmo teto que alguém que
efetivamente possui um, e sim, entrevistando todos os tipos de pessoas.
• Estimar o mercado futuro para o segmento específico de veículos 1.0, pois segundo Pimenta
e Cruz (2002) este segmento corresponde a mais de 70% do mercado brasileiro.
• Refazer o questionário para realizar uma pesquisa semelhante, porém procurando cap-
tar questões que abordem dimensões do perfil psicológico do consumidor, visto que as
dimensões sócio-econômicas, ocupacionais e geográficas não explicam tudo.
• Fazer a pesquisa focando outros segmentos da indústria automotiva, como motos e cami-
nhões, por exemplo.
126
Capítulo 6 Conclusões, Comentários e Sugestões
• Aplicar o know how adquirido nesta pesquisa em pesquisas para outros setores industriais,
sejam eles de bens de consumo ou serviço.
• Adaptar esta pesquisa para poder realizar pesquisas políticas, dado que este setor tradici-
onalmente usa as pesquisas de opinião para conhecer o público eleitor, e obter vantagens
competitivas.
6.6 O Jargão
Por fim, após todas as análises e inferências realizadas nesta dissertação, seria bastante
justo reverenciar o que propiciou a obtenção de tais resultados, os dados. Termina-se então
esta dissertação com a seguinte reflexão:
Os dados não falam, eles berram.
Fernando Menezes Campello de Souza
127
Referências Bibliográficas
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(Janeiro).
130
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131
Apêndice
A Questionário Sobre Automóveis
01) Sexo: 0 Feminino 1 Masculino
02) Data de Nascimento: / /
03) Maior Nível de Instrução Obtido:
1 Até a 4ª Série (1º Grau Menor) 5 Curso Superior
2 Da 5ª à 8ª Série (1º Grau Maior) 6 Especialização
3 Da 1ª à 3ª Série do 2º Grau 7 Mestrado
4 Curso Técnico 8 Doutorado
04) Estado Civil:
1 Casado 4 Viúvo
2 Solteiro 5 União Informal
3 Desquitado
05) N˚ de Filhos:
06) Faixa de Renda Familiar:
1 Até R$ 2.000,00 6 De R$ 10.000,01 a R$ 12.000,00
2 De R$ 2.000,01 a R$ 4.000,00 7 De R$ 12.000,01 a R$ 14.000,00
3 De R$ 4.000,01 a R$ 6.000,00 8 De R$ 14.000,01 a R$ 16.000,00
4 De R$ 6.000,01 a R$ 8.000,00 9 Acima de R$ 16.000,00.
5 De R$ 8.000,01 a R$ 10.000,00
07) Principal Ocupação (Atual ou a Última):
1 Emprego Privado 4 Produtor Rural 7 Do Lar
2 Emprego Público 5 Empresário 8 Outra
3 Autônomo 6 Estudante 9 Nenhuma
08) Qual o setor no qual você ou sua organização atua?
132
Apêndice
1 Comércio 4 Agricultura 7 Nenhum
2 Serviços 5 Construção
3 Indústria 6 Outro
09) Que tipo de posição ou cargo que você exerce atualmente?
1 Nenhum
2 Estagiário
3 Administrativa (Agente Administrativo/Secretário/Assistente/Auxiliar/Atendente)
4 Supervisão ou Gerência (Chefia de Setor ou Divisão/Direção de Departamento)
5 Diretoria (Presidência/Direção Geral/Superintendente)
10) Faixa de Renda Mensal Individual Total:
1 Até R$ 1.000,00 6 De R$ 5.000,01 a R$ 6.000,00
2 De R$ 1.000,01 a R$ 2.000,00 7 De R$ 6.000,01 a R$ 7.000,00
3 De R$ 2.000,01 a R$ 3.000,00 8 De R$ 7.000,01 a R$ 8.000,00
4 De R$ 3.000,01 a R$ 4.000,00 9 Acima de R$ 8.000,00.
5 De R$ 4.000,01 a R$ 5.000,00
11) Qual o bairro onde você reside? (USAR CÓDIGO)
12) Você tem automóvel próprio? 0 Não 1 Sim
13) Qual o seu automóvel? (Responder “NENHUM” em todos os campos caso não possua
automóvel)
A) Fabricante/Montadora:
B) Modelo:
C) Cilindrada:
D) Ano:
E) Tem ar condicionado? 0 Não 1 Sim
14) Há quanto tempo você possui o automóvel? A) anos B) meses
133
Apêndice
15) Fabricante do automóvel:
0 Não tem automóvel 7 Honda 14 Renault
1 Audi 8 Hyundai 15 Subaru
2 BMW 9 Kia 16 Suzuki
3 Chevrolet 10 Mercedes-Benz 17 Toyota
4 Citröen 11 Mitsubishi 18 Volkswagen
5 Fiat 12 Nissan 19 Outro
6 Ford 13 Peugeot
16) Tipo de modelo:
1 Popular 4 Esporte
2 Passeio 5 Luxo
3 Utilitário
17) Uso freqüente do automóvel (diariamente, semanalmente ou pelo menos uma vez por
mês):
A Ida pessoal ao trabalho/estudo. 1 Sim 0 Não
B Compras domésticas. 1 Sim 0 Não
C Viagens. 1 Sim 0 Não
D Transporte de parentes e amigos para locais diversos. 1 Sim 0 Não
E Transporte de carga. 1 Sim 0 Não
F Transporte de turistas. 1 Sim 0 Não
G Transporte de passageiros pagantes. 1 Sim 0 Não
H Outros usos. 1 Sim 0 Não
134
Apêndice
18) Normalmente, quantas horas por semana você passa dirigindo o seu automóvel?
1 Não dirijo.
2 Até 07 horas por semana.
3 Entre 07 e 14 horas por semana.
4 Entre 14 e 21 horas por semana.
5 Mais de 21 horas por semana.
19) O seu carro já se danificou num acidente de trânsito? (Responda em relação ao acidente
mais grave).
1 Não.
2 Sim, com danos apenas na pintura e/ou lanternagem.
3 Sim, com danos atingindo o funcionamento de acessórios.
4 Sim, com danos atingindo motor ou suspensão.
20) O seu carro tem seguro? 0 Não 1 Sim
21) Com que freqüência você realiza atividades de manutenção do seu automóvel, tais como
verificação de água, óleo, pneus, etc.?
6 Diariamente
5 Semanalmente
4 Quinzenalmente
3 Mensalmente
2 Semestralmente
1 Menos de uma vez a cada seis meses.
22) Honestamente, qual o atual estado do seu carro?
A Motor 1 Ruim 2 Mais ou Menos 3 Bom
B Lanternagem e Pintura 1 Ruim 2 Mais ou Menos 3 Bom
C Acessórios 1 Ruim 2 Mais ou Menos 3 Bom
135
Apêndice
23) Nos últimos seis meses, quantas vezes você precisou ir à oficina automecânica para
resolver um problema com o seu automóvel?
24) Você irá adquirir um outro automóvel nos próximos seis meses? 0 Não 1 Sim
25) Você pretende adquirir agora (ou escolheria adquirir, caso não planeje uma compra
próxima) um automóvel:
A) Idade:
1 Novo, isto é, 0 km
2 Com até 02 anos de fabricação.
3 Com 02 a 04 anos de fabricação.
4 Com mais de 04 anos de fabricação.
B) Marca:
0 Não tem automóvel 7 Honda 14 Renault
1 Audi 8 Hyundai 15 Subaru
2 BMW 9 Kia 16 Suzuki
3 Chevrolet 10 Mercedes-Benz 17 Toyota
4 Citröen 11 Mitsubishi 18 Volkswagen
5 Fiat 12 Nissan 19 Outro
6 Ford 13 Peugeot
C) Tipo de modelo:
1 Popular 4 Esporte
2 Passeio 5 Luxo
3 Utilitário
136
Apêndice
26) Usando a escala abaixo, indique a importância de cada um dos fatores listados a seguir
na hora de você comprar um carro.
A Acessórios e Op-
cionais
1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
B Aparência, Be-
leza, Estética
1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
C Condições de Fi-
nanciamento
1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
D Desempenho 1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
E Durabilidade 1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
F Economia de
Combustível
1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
G Manutenção 1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
H Preço Total 1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
I Status e Prestí-
gio do Carro
1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
J Valor de Re-
venda
1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
K Valor do Seguro 1 Nenhuma 2 Pouca 3 Razoável 4 Muita 5 Enorme
27) Qual a importância das fontes de informação consultadas por você para a compra de
um automóvel?
A Amigos e Parentes 0 Não Consulto 1 Pouca 2 Razoável 3 Muita
B Classificados de Jornal 0 Não Consulto 1 Pouca 2 Razoável 3 Muita
C Concessionárias/Revendas 0 Não Consulto 1 Pouca 2 Razoável 3 Muita
D Revistas Especializadas 0 Não Consulto 1 Pouca 2 Razoável 3 Muita
E Sites da Internet 0 Não Consulto 1 Pouca 2 Razoável 3 Muita
F Outras Fontes 0 Não Consulto 1 Pouca 2 Razoável 3 Muita
137
Apêndice
28) Você comprará ou compraria um automóvel de:
A Concessionárias de
Marcas Específicas
1 C. N. 2 P. N. 3 T. S., T. N. 4 P. S. 5 C. S.
B Lojas de Carros Novos
e/ou Usados em Geral
1 C. N. 2 P. N. 3 T. S., T. N. 4 P. S. 5 C. S.
C Consórcios de Carros
Novos e/ou Usados
1 C. N. 2 P. N. 3 T. S., T. N. 4 P. S. 5 C. S.
D Particulares (Pessoa
Física)
1 C. N. 2 P. N. 3 T. S., T. N. 4 P. S. 5 C. S.
E Direto do Fabricante
via Internet
1 C. N. 2 P. N. 3 T. S., T. N. 4 P. S. 5 C. S.
F Outros 1 C. N. 2 P. N. 3 T. S., T. N. 4 P. S. 5 C. S.
Onde as abreviações acima significam:
C. N. Certamente Não
P. N. Provavelmente Não
T. S., T. N. Talvez Sim, Talvez Não
P. S. Provavelmente Sim
C. S. Certamente Sim
29) Aproximadamente, qual seria o preço justo para você vender o seu atual automóvel?
(Responda “R$ 0,00 caso não possua automóvel) R$
30) Quanto você acha que custa o carro que você estará ou estaria disposto a comprar?
R$
138
Apêndice
31) Qual a sua opinião acerca dos serviços de manutenção das concessionárias em geral em
comparação com a maioria das outras oficinas?
A São significativamente mais caras. 1 Sim 0 Não
B São mais seguras. 1 Sim 0 Não
C Oferecem mais garantias. 1 Sim 0 Não
D Usam sempre peças originais. 1 Sim 0 Não
E O ambiente e o atendimento são sempre melhores. 1 Sim 0 Não
F Têm os profissionais mais qualificados. 1 Sim 0 Não
G Devem ser sempre usadas enquanto o carro estiver na garantia. 1 Sim 0 Não
H São inconvenientes por serem poucas e/ou distantes. 1 Sim 0 Não
I Usá-las sempre aumenta o valor de revenda do carro. 1 Sim 0 Não
139
Apêndice
B Instruções para a Coleta de Dados
COLETAR DADOS DOS SUJEITOS ADEQUADOS: Um total de 40 pessoas com
idade maior ou igual a 18 anos com ao menos um membro da família que more sob o mesmo
teto que tenha automóvel próprio, obedecendo-se à seguinte distribuição:
As áreas mencionadas na tabela acima correspondem aos cinco grupos apresentados abaixo:
ÁREA 1: Aflitos, Apipucos, Casa Forte, Espinheiro, Graças, Jaqueira, Parnamirim, Poço,
Tamarineira, etc.
ÁREA 2: Afogados, Areias, Barro, Bongi, Caxangá, CDU, Cohab, Cordeiro, Curado, Enge-
nho do Meio, Estância, Ibura, Iputinga, Ilha do Retiro, Ipsep, Jardim São Paulo, Ma-
dalena, Mangueira, Mustardinha, Prado, Sancho, San Martin, Tejipió, Torre, Torroes,
Vázea, etc.
ÁREA 3: Água Fria, Alto José Bonifácio, Alto José do Pinho, Alto do Mandú, Alto Sta. Tere-
zinha, Arruda, Beberibe, Cajueiro, Campina do Barreto, Campo Grande, Casa Amarela,
Dois Irmãos, Encruzilhada, Fundao, Linha do Tiro, Macaxeira, Monteiro, Morro da Con-
ceição, Nova Descoberta, Torreão, Vasco da Gama, etc.
ÁREA 4: Boa Vista, Cabanga, Derby, Ilha do Leite, Ilha Joana Bezerra, Paissandú, Santo
Amaro, Santo Antônio, São José, etc.
ÁREA 5: Boa Viagem, Imbiribeira, Pina, Setúbal e afins.
FAZER AS PERGUNTAS DE MODO A SE FAZER ENTENDER: Utilizar a lin-
guagem necessária até que o sujeito dê sinais de que compreendeu o que está sendo perguntado.
OBTER RESPOSTA PARA TODAS AS PERGUNTAS: Não deixar pergunta al-
guma sem resposta, mesmo que isso signifique pedir estimativas ou ter que descartar o sujeito
atual e obter outro para substituí-lo.
RESPONDER CONFORME INDICADO: Cada pergunta deve ter apenas uma única
resposta e a mesma deve ser fornecida estritamente no formato indicado, mesmo que para isso
140
Apêndice
seja preciso “forçar” o sujeito a uma escolha, ou então descartar o sujeito atual e obter outro
para substituí-lo.
NÃO INFLUENCIAR AS RESPOSTAS: Procurar ser o mais neutro possível na hora
de fazer as perguntas, sem sugerir, direta ou indiretamente, qualquer resposta. Esforçar-se para
não indicar, via tom de voz, gesto ou expressão facial, qualquer concordância ou discordância,
aprovação ou desaprovação, para com qualquer resposta que seja fornecida.
141
Apêndice
C Folhas de Respostas
Tabela C.0.1: Roteiro da Pesquisa.
SEXO IDADE ÁREA SEXO IDADE ÁREAMasculino 18 a 21 anos 1 Feminino 18 a 21 anos 1Masculino 21 a 40 anos 1 Feminino 21 a 40 anos 1Masculino 40 a 65 anos 1 Feminino 40 a 65 anos 1Masculino >65 anos 1 Feminino >65 anos 1Masculino 18 a 21 anos 2 Feminino 18 a 21 anos 2Masculino 21 a 40 anos 2 Feminino 21 a 40 anos 2Masculino 40 a 65 anos 2 Feminino 40 a 65 anos 2Masculino >65 anos 2 Feminino >65 anos 2Masculino 18 a 21 anos 3 Feminino 18 a 21 anos 3Masculino 21 a 40 anos 3 Feminino 21 a 40 anos 3Masculino 40 a 65 anos 3 Feminino 40 a 65 anos 3Masculino >65 anos 3 Feminino >65 anos 3Masculino 18 a 21 anos 4 Feminino 18 a 21 anos 4Masculino 21 a 40 anos 4 Feminino 21 a 40 anos 4Masculino 40 a 65 anos 4 Feminino 40 a 65 anos 4Masculino >65 anos 4 Feminino >65 anos 4Masculino 18 a 21 anos 5 Feminino 18 a 21 anos 5Masculino 21 a 40 anos 5 Feminino 21 a 40 anos 5Masculino 40 a 65 anos 5 Feminino 40 a 65 anos 5Masculino >65 anos 5 Feminino >65 anos 5
142
Apêndice
Tabela C.0.2: Folha de Respostas.
ÁREA Q01 Q02 Q03 Q04 Q05 Q06 Q07
Q08 Q09 Q10 Q11 Q12 Q13A Q13B Q13C
Q13D Q13E Q14A Q14B Q15 Q16 Q17A Q17B
Q17C Q17D Q17E Q17F Q17G Q17H Q18 Q19
Q20 Q21 Q22A Q22B Q22C Q23 Q24 Q25A
Q25B Q25C Q26A Q26B Q26C Q26D Q26E Q26F
Q26G Q26H Q26I Q26J Q26K Q27A Q27B Q27C
Q27D Q27E Q27F Q28A Q28B Q28C Q28D Q28E
Q28F Q29 Q30 Q31A Q31B Q31C Q31D Q31E
Q31F Q31G Q31H Q31I
143
Apêndice
Tabela C.0.3: Bairros do grande Recife.
Cód Bairro Cód Bairro Cód Bairro1 Aflitos 32 Córrego do Jenipapo 63 Nova Descoberta2 Afogados 33 Curado 64 Paissandú3 Agua Fria 34 Derby 65 Parnamirim4 Alto do Mandú 35 Dois Irmãos 66 Passarinho5 Alto José Bonifácio 36 Dois Unidos 67 Pau Ferro6 Alto José do Pinho 37 Encruzilhada 68 Peixinhos7 Alto Sta. Terezinha 38 Engenho do Meio 69 Pina8 Apipucos 39 Espinheiro 70 Poço9 Areias 40 Estância 71 Ponto de Parada10 Arruda 41 Fundão 72 Porto da Madeira11 Barro 42 Graças 73 Prado12 Beberibe 43 Hipódromo 74 San Martin13 Boa Viagem 44 Ibura 75 Sancho14 Boa Vista 45 Ilha do Leite 76 Santana15 Bomba do Hemetério 46 Ilha do Retiro 77 Santo Amaro16 Bongi 47 Ilha Joana Bezzerra 78 Santo Antônio17 Brasília Teimosa 48 Imbiribeira 79 São José18 Brejo da Guabiraba 49 Ipsep 80 Sítio dos Pintos19 Brejo de Beberibe 50 Iputinga 81 Soledade20 Cabanga 51 Jaqueira 82 Tamarineira21 Cajueiro 52 Jardim São Paulo 83 Tejipió22 Campina do Barreto 53 Jiqui 84 Torre23 Campo Grande 54 Jordão 85 Torreão24 Casa Amarela 55 Linha do Tiro 86 Torroes25 Casa Forte 56 Macaxeira 87 Toto26 Caxangá 57 Madalena 88 Várzea27 CDU 58 Mangabeira 89 Vasco da Gama28 Coelhos 59 Mangueira 90 Vila Ma Lúcia Cacote29 Cohab 60 Monteiro 91 Zumbi30 Coqueiral 61 Morro da Conceição 92 Outros31 Cordeiro 62 Mustardinha
144