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UNIVERSIDADE FEDERAl DE PERNAMBUCO Prot. Marcos Albuquerque ... monumentos. Analisa as ... a Arqueologia His-tórica não era reconhecida por muitos dos que se dedicavam

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UNIVERSIDADE FEDERAl DE PERNAMBUCO

REVISTA CUO -Série Arqueológica

Fundador: Prot. Armando Souto Maior

DIRETOR: Prot. Abdias MouraSECRET MIA: Profl Alice AguiarEDITORA-RESPONsAVEL: Profl Gabriela Martln

CONSELHO EDITORIAL DA SÉRIE ARQUEOLÓGICA

Profl Ame-Marie PessisProt. Amo Alvarez KemProt. Celso PerotaProfl Conceição Gentil CorreaProfl Dorath Pinto UchôaProt. Igor ChmyzProfllrmhild WU&tProfl Maria da ConceiçAo M.C. BeltrloProt. Marcos AlbuquerqueProfl Maria Cristina Scatamacchia

. Profl MarRia de Mello e AlvimProfl Niéde GuidonProt. Ondemar Ferreira Dias Jr.Prot. Pedro Ignãcio SchmitzProfl TAniaAndrade LimaProt. Ulpiano Bezerra de Meneses

ASSITENTES EDITORIAIS

Ana Nascimento -arque610galUFPECláudia Alves -arque610galUFPESUely Luna -arque610galUFPE

CUO -Série Arqueol6glca. nl 1

Universidade Federal de Pemambuco.Recife. UFPE. 1984. lIust.

Ender8ço p8I'IIconespond6ncia:

REVISTA CUOUniwrsklade Federal de Pemambuco

PIogmn8 de Pós-Glllduaçlo 8111HlsttlrIaCenbo de Filosofia. Ci4nciasHumana -1f1' 8IId8r

CkIede I..IIWr.IiIirla - Recife - PE - BnIsII50.670-&01 ISSN - 0102-«103

I S S N - 0102-6003

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Ct~a~,

VOLUME 1 - NUMERO 8

1992

ANUAL

I Clio Arq. I Recife @] 112811992 I

~

SUMARIO

Maria da Conceição de M. C. Beltrão e Lígia ZaroniRegião Arqueológica de Central, Bahia (Brasil) nQ 1 Abrigoda Lesma: Os Artefatos Líticos 07

Anne-Marie Pessis - Identidade e Classificação dos Regis-tros Gráficos Pré-Históricos do Nordeste do Brasil. . . . . . . 35.Veleda Lucena - Estratigrafia Arqueológica: Pxocesso deConstituição e Interpretação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

Claristella Santos - Mobilidade Espaço - Temporal da Tra-dição Tupiguarani: Considerações Lingüísticas e Arqueológicas

89

Marcos Albuquerque - Arqueologia Histórica, Arquiteturae Restauração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13J

Ondemar F. Dias J r. - A Questão das Origens da Conti-nuidade e da Mudança na Pré-História 153

Cleonice Vergne e Suely Amjincio - A Necrópole Pré-Histórica do JustinojXingó-Sergipe: nota prévia. . . . . . . .171

Ed;the Pereira - Arte Rupestre na Amazônia. Notas sobreum:manuscrito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 183

Informações Arqueológicas .195

Normas para publicações de artigos nesta revista 199

#

ARQUE()LOGIA HISTORICA,-ARQUITETURA ~ RESTAURAÇAO

Marcos Albuquerque

Universidade Federal de Pernambuco

" ABSTRACT

This article discusses the objectives of historical archaeo-lo'gyand its links with projects for the restauration of histori-cal monuments. It analyses the convergences and divergencesbetween the archaeological objectives and the techniques u-sed in restauration. It enphasizes the necessity of a previusdiscussion, in order to incorporate within thearchaeologicalobjectives that which can not be elucidated by the restorerson basis of the textual documentation.

RESUMO

o artigo discute os objetivos da pesquisa arqueológicahistórica, em sua vinculação com projetos de restauração demonumentos. Analisa as convergências e divergências entreos objetivos arqueológicos e aqueles dos técnicos responsáveispela restauração. Ressalta a necessidade de discussão prévia,de modo a incorporar aos objetivos arqueológicos aquilo quenão pôde ser elucidado pela documentação textual consultadapelos restauradores.

KEY WORDS

Restauration Archaeological ObjectivesHistorical Archaeology Monuments

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PALAVRASCHAVE

Restauração Objetivos ArqueológicosArqueologia Histórica Monumentos

A partir do Seco XIX a gama de fontes de que se utiliza ahistória tem sido ampliada; tanto à medida que nova.&formasde registro são utilizadas quanto à medida que novas fo~~asde abordagem ou mesmo novas óticas permitiram cons'iderar-se como "documento histórico" outros elementos da produçãohumana.

O século XIX incorpora às fontes históricas, elementos sig-nificativos: amplia a documentação figurada através da in-venção da fotografia e passa a utilizar de modo bem mais sis-temático que anteriormente uma classe de documentos men-cionada em seu conjunto como Restos. São vestígios de ele-mentos do passado que não foram produzidos visando a trans-missão de conhecimento às futuras gerações; nem mesmo àgeração coeva. Antes constituíam-se, à sua época; em ele-mentos do cotidiano destas sociedades. Entre eles figuram domesmo modo as ruínas de uma cidade, restos de instrumen-tos, de utensílios, e de quaisquer outros elementos produzidospelo homem. Mesmo os restos humanos passam a integraresta classe de documento.

A incorporação desta classe de documentos permitiu umsignificativo avanço no conhecimento da história, sobretudode povos ágrafos. Entretanto, o interesse pelo estudo tantode objetos quanto de edificações de um passado mais distàn-te, não foi despertado apenas no seco XIX. O interesse pelaarte clássica, que levou à constituição de grandes coleções deobjetos, motivava escavações como as que se desenvolverama partir de 1748 em Pompéia. Os objetos resgatados eramvistos primordialmente por seu interesse na reconstituição da

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História da Arte. Apenas a partir do seco XIX desperta-separa uma nova visão de que tais ruínas e objetos poderiampermitir reconstituir-se, ainda que em linhas gerais, parte dahistória de uma sociedade e de suas relações com outras.

Mesmo em se tratando de sociedades das quais se dispu-nham de documentação textual, os restos destas sociedadespassam a ser vistos não apenas por seu valor estético mas so-bretudo por seu valor histórico. Sob esta ótica, não se lhesatribui mais uma mera valorização intrínseca ao objeto, masbusca-se sua inserção no local do achado, sua situação e con-dições.

Embora esta classe de documentos tivesse sido utilizada

desde meados do seco XIX como auxiliar para a reconsti-tuição da história de povos dos quais também se dispunha dedocumentação textual, é. bem mais tardia sua utilização na

reconstituição de um passado mais. recente. Deste modo, adocumentação material não mais fica restrita às "civilizaçõesmortas" passando a ser utilizada na reconstituição do passadode culturas vivas. É sobretudo a partir da segunda metadedo seco XX que se intensificaram os estudos da chamada Ar-queologia Histórica.

Arqueologia Histórica e Restauração de Monumentos

Há menos de vinte e cinco anos atrás, a Arqueologia His-tórica não era reconhecida por muitos dos que se dedicavamà Arqueologia pré-histórica no Brasil. Afirmava-se, àquelaépoca, que Arqueologia Histórica não era Arqueologia. Osprimeiros desbravadores desta" Arqueologia" dificilmente en-contravamespaço em simpósios ou congressos para apresen-tarem o resultado de suas pesquisas.

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Indubitavelmente a Arqueologia Histórica afirmou-se noBrasil. Hoje, em todos os congressos da área, é reservado umespaço considerável destinado a apresentação de trabalhbs deArqueologia Histórica.

A prática de restauração de monumentos no Brasil já con-tava com larga experiência, quando se iniciav~m as pesquisasarqueológicas históricas. Os trabalhos de restauração e~ suamaioria eram orientados por arquitetos, com amplos conheçi-mentos em História da Arte. '

Os arquitetos, no entanto, nem sempre encontravam nadocumentação textual ou iconográfica, elementos satisfatóriospara a execução de seus trabalhos. Por esta razão, removiamo reboco dos monumentos na esperança de encontrar indíciossignificativos para uma restauração mais segura. De modoanálogo, removiam o solo na busca de algum resto ae colunaou outro qualquer elemento que ajudasse a elucidar as dúvidassurgidas na elaboração do projeto.

Embora já se tivessem desenvolvido pesquisas de arqueo-logia histórica no Brasil desde a década de sessenta, foi noinício da década, de setenta que tiveram início os estudos inte-grados de Arqueologia Hist'órica e a Arquitetura voltada paraa restauração de monumentos. Deste modo, foi elaborado umprojeto de pesquisa arqueológica que objetivou o fornecimen-.ta dê dados para um trabalho de restauração. Este projetode pesquisa, ,relacionava-se à restauraçã.o da igreja quinhen-tista de NO$sa Senhora da Graça, na cidade de Olinda. Osresultados obtidos com a pesquisa arqueológica, contribuíramde forma efetiva para o projeto de restauração daquele mo-numento. Este projeto representa, no Brasil, o início de u-ma experiêI).cia, na qual uma restauração foi antecedida ~oruma ampla pesquisa :arqueológica. Em seguida, outras expe-riências foram realizadas, apresentando igualmente resultados

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satisfatórios.

Atualmente, apesar de já ter sido superada a fase de a-firmação da Arqueologia Histórica e de já haver demonstradosua significação para os trabalhos de restauração de monu-mentos, faz-se necess~rio que sejam discutidos alguns aspec-tos de sua prática. Tais aspectos incluem os limites, as con-vergências e divergências entre os objetivos arqueológicos eos de outras áreas com as quais se estabelecem interfácies.

Neste artigo se buscará sobretudo avaliar as relações entre aArqueologia e restauração de monum~ntos, tradicionalmentev~nculada à Arquitetura.

Contextualização da Arqueologia

A Arqueologia, como qualquer área do conhecimento cien-tífico, pode se dedicar ao estudo de períodos específicos semque haja perda de identidade. Lamentavelmente esta visãonão. seen.contrava claramente delineada nos primórdios daprática da Arqueologia Histórica no Brasil. Esta, me parece,foi a principal causa das distorções conceituais que impedi-rama acei~ação da Arqueologia Histórica por parte de algunsarqueólogos que se dedicavam ao período pré-histórico.

A Arqueologia, do ponto de vista científico, independente-mente do período que aborde, possui Objetos Material e For-.mal definidos. De um modo mais amplo, o Objeto Material de

estudo da Arqueologia é a Sociedade enquanto que o ObjetoFormal é forma pr<}pria e única da abordagem arqueológica.

Sendo a soci{}dade o Objet0 Material de estudo da Ar-

queologia, o entendimento da mesma deverá nortear as buscasarqueológicas. Como, no entanto, é privado ao arqueólogo ocontato direto com a sociedade em estudo, o entendimento da

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mesma deverá estar baseado no estudo das relações entre oselementos materiais da cultura.

o Objeto Formal da Arqueologia, constitui-se na maneiraprópria e única que foi desenvolvida por esta área do conhe-cimento com a finalidade de permitir o acesso à sociedade emestudo através das relações entre os produtos materiais des-ta mesma sociedade entendendo-se tais produtos não apen~os objetos ou estruturas arqueológicas, mas ainda quaisqueroutros registros de sua interferência.

A Arqueologia, portanto, não possui como objetivo o res-gate de "peças" ou de "curiosidades" de uma sociedade. Tãopouco se realiza na identificação de antigas estruturas. Possuisim, o objetivo primordial de entender e explicar uma socieda-de através de elementos materiais, produto de suas atividadese das relações destes elementos entre si e com o seu meio am-biente.

O conhecimento produzido pela Arqueologia integra o to-do do conhecimento científico, entretanto, em virtude de seumodus operandi, sobretudo o interdisciplinar, não apenasrecebe informações como também contribui de forma signifi-cativa para outras áreas do conhecimento científico.

O resultado de uma pesquisa arqueológica, ou seja as suasconclusões, apresentam distintos níveis de respostas. Estasrespostas devem atender, em primeiro lugar, à elucidação deproblemas cientificamente formulados. Portanto, um proje-to de pesquisa arqueológica deve apresentar como preocu-pação primeira a explicação de problemas do ponto de vistacientífico. Entretanto, além dos problemas específicos da Ar-queologia, frequentemente problemas de outras áreas con~titu-em-se em motivo de estudo da Arqueologia. Exemplifique-secom problemas relativos a paleonutrição, paleobotânica, pa-

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/'

leopatologia, paleoclimatologia, estratigrafia, dentre outros.

A 'utilização do método científico no trato dos elementosmateriais de culturas gradativamente importa técnicas de ou-tras áreas do saber, incorporando para a interpretação de seusdados, análises de outras áreas do conhecimento.

Atualmente a interdisciplinaridade presente na pesquisaarqueológica, representa a ampliação da gama de informações

resgatáveis em u.m sítio arqueológico. Deste modo, suas fontesnão mais se restringem a elementos produzidos pelo homem,mas abrangem ainda outros elementos contidos no registroarqu'eológico. O procedimento interdisciplinar não significaapenas a absorção, por parte da Arqueologia, dos conheci-mentos oriundos das demais áreas, mas sim sua integração a

um processo de retr°1>limentação do conhecimento científico.Do mesmo modo que faz uso de conhecimentos gerados poroutras áreas, a pesquisa arqueológica gera novas fontes de in-formações para estas mesmas áreas.

O produto de uma pesquisa arqueológica, necessariamenterelaciona-se com o entendimento da sociedade estudada, assimcomo do meio ambiente a ela relacionado. Entretanto, estesresultados muitas vezes transcendem os aspectos puramentecientíficos, como se verá adiante.

o homem, como constante e contínuo inquiridor, sempre

procurou explicar-se a si próprio. Suas origens, de onde veio,o que produziu, como produziu, sua razão de ser~ etc.. An-tes do surgimento da Arqueologia, todas as respostas a es-tas questões que extrapolavam o lapso temporal de domínioda documentação textual eram encontradas em explicaçõesmísticas provenientes das mais diferentes cosmogonias. Osmitos, as 'sagas e as lendas, evidentemente relacionadas ou o-riginárias da tradição oral, envolviam quase sempre um núcleo

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histórico; o contínuo repassar ou o repassar objetivando o re-forço de uma ideologia conduz a um esperado distanciamentodos fatos. A Arqueologia tem conduzido à obtenção de respos-tas, em bases científicas, a grande parte destas preocupações.Por outro lado, nem todo o conhecimento humano é consti-tuído pelo conhecimento científico. As várias modalidades deconhecimento como o popular, o religioso, o filosófico, intera-gem com o conhecimento científico. É sob este aspecto que.oconhecimento científico, oriundo da Arqueologia, transcendea si próprio interagind~ com os demais.

É inegável que algumas descobertas arqueológicas aba-laram aspectos do conhecimento religioso, bem como do fi-losófico. As informações aportadas pela Arqueologia provoca-ram a busca de novas interpretações, de modo a que houvesseum certo "equilíbrio" entre a "verdade arqueológica" e suasrespectivas "verdades". É entretanto o conhecimento popularo meio de cultura mais propício à proliferação de explicaçõesfantasiosas para as descobertas arqueológicas. A imaginaçãofértil, associada a um fascínio pelQ misterioso, tem criadoexplicações verdadeiramente fantásticas para os achados ar-queológicos. Estas explicações, frequentemente têm prejudi-cado a prática arqueológica bem como a imagem da própriaArqueologia perante a sociedade. Tais explicações inegavel-mente estão relacionadas à memória social.

Memória, História e Arqueologia

A memória tem sido objeto de estudo das mais varia-das áreas do conhecimento em diferentes épocas. Do pon-

to de vista de uma abordagem tanto histórica, quanto ar-queológica, o entendimento da memória, em seu mais am-plo sentido, torna-se de substancial interesse para o desen-volvimento destas áreas. Ressalte-se, inclusive, que do ponto

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de vista desta abordagem torna-se imperioso não apenas oentendimento da memória, mas ainda de suas perturbações.O papel exercido pela memória na constituição de fontes, éconsideravelmente influenciado por diferentes tipos de pertur-bações, destacando-se entre elas a amnésia, como ressaltaram,Meudlers, Brion e Lieury em 1971.

Changeux, em 1971, destacou que o processo de orde-nação dos vestígios relaciona-se diretamente com o processode memória humana. Demonstra inclusive que este complexoprocesso transcende à ordenação, permitindo uma releituradestes mesmos vestígios.

Em todas as sociedade humanas encontra-se presente o"ato narrativo" que constitui-se na transmissão a terceiros deuma informação, na ausência do acontecimento ou do objeto.É portanto, o "ato narrativo" na concepção de Pierre Janeto ato mnemônico fundamental. Este ato exige além de umaordenação dos fatos uma capacidade de abstração. Como o"ato narrativo" exige uma linguagem de expressão pode-seafirmar, em concordância com Remi Atlan, que existe umaaproximação entre linguagens e memórias. Para este autor,inclusive, "a utilização de uma linguagem falada, depois es-crita, é de fato uma extensão fundamental das possibilidadesde armazenamento da nossa memória, que graças a isto, podesair dos limites físicos do nosso corpo para estar entrepostaquer nos outros quer nas bibliotecas".

Em uma notável contribuição ao estudo da memória, Leroi-Gou:rhan considera a existência de três tipos de memória: amemória específica, a memória étnica, e a memória artificial.Entende, aquele autor, como memória específica, aquela res-ponsável pela fixação do comportamento animal, algo relacio-nado com a programação genética de cada espécie. A memóriaétnica seria responsável "pela reprodução dos comportamen-

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tos nas sociedades humanas" j enquanto que, a memória arti-ficial relacionar-se-ia com a eletrônica, com a cibernética.

Trabalhos mais recentes, sobretudo na área da psicanálise,preocuparam-se com as relações existentes entre o interesse,a afetividade, o desejo, a inibição, a censura, e a memóriaindividual, sobretudo através de manipulações conscientes ouinconscientes. Observou-se também que a manipulação damemória coletiva relaciona-se com a luta pelo poder. ObservaLe Goff que os "esquecimentos e os silêncios da história sãoreveladores desses mecanismos de manipulação de memóriacoletiva". Para o estudo da memória histórica observa ainda

Le Goff, que "é necessário dar uma importância especial àsdiferenças entre sociedades de memória essencialmente orale sociedades de memória essencialmente escrita e as fases de

transição da oralidade à escrita".

Para o estudo da memória oral torna-se imprescindível ascolocações de NadeI relativas aos Nupe da Nigéria. Segundoas observações deste autor haveria dois "tipos" de história;a objetiva e a ideológica. A história objetiva seria "a sériede fatos que nós, investigadores, descrevemos' e estabelecemoscom base em certos critérios "objetivos" universais no querespeita às suas relações e sucessão. A história ideológica,que Le Goff considera "memória coletiva" seria para NadeI "aque descreve e ordena os fatos de acordo com certas tradiçÕesestabelecidas". Esta história tenderia a confundir a história

com o mito, buscando explicar a origem das sociedades atravésde uma memória caracterizada por uma maior liberdade ecriati vi dade.

Algumas das características da "história ideológica" deNadeI, associadas às observações referentes a "amnésia coleti-

va" de Le Goff, instigam o arqueólogo a elaborar algumas con-siderações acerca do monumento arqueológico, quer histórico

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quer pré-histórico. Instigam sobretudo o desempenho do ar-queólogo diante da memória social.

Um monumento do passado que chegou aos dias atuaisintacto, ou sob forma de ruína, constitui-se em um elemen-to da memória coletiva desta sociedade. Tentaremos pois,entend6l' alguns aspectos fundamentais desta "memória" comrelação ao monumento, à luz das considerações acima expos-tas.

Um monumento, um forte por exemplo, constitui-se ma-terialmente em uma realidade do presente para a sociedade

atual. Entretanto, inegavelmente, este /mesmo monumentotraz consigo, desde o período de sua construção, elementosque agregam-se sucessivamente à memória coletiva. Esta a-gregação de elementos à memória coletiva dá-se através deuma conjugaçâo de processos sociais dos mais diferentes ma-tizes.

A implantação dos sistemas coloniais nas Américas, porexemplo, aporta uma documentação textual que se refere nãoapenas à sociedade européia transplantada, mas ainda às so-ciedades nativas ágrafas, cujas memórias seriam até então es-sencialmente orais, exceto por manifestações pictóricas. Entreestas manifestações podem se incluir as gravuras e pinturastanto rupestres quanto corporais, a "decoração" da cerâmicaou de instrumentos de madeira.

Do ponto de vista da amplitude tratada, a documentaçãotextual relativa à fixação de europeus nas Américas, e suas

relações com o novo ambiente a ser explorado, frequentemen-te apresenta-se fragmentária. Seja por conservação, seja porextravios e danos no~ transportes, destruição por fatores na-turais, destruições intencionais, enfim toda gama de fatoresque atingem de um modo geral a documentação histórica.

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Fragmentária ainda pela própria natureza das informações re-gistradas. A triagem natural dos temas a serem registrados,que não necessariamente representa uma omissão intencional,mas que quase sempre se relaciona com a própria natureza dofato, restringe significativamente o universo das informaçõesregistradas - a memória escrita.

Por outro lado, o registro documental das novas sociedadesamericanas representa uma visão unilateral, mesmo quando serefere a assuntos relativos às sociedades nativas. As aborda-

gens das sociedades nativas através da documentação textual,necessariamente representam uma interpretação exercida porelementos da sociedade européia, constituindo-se em uma fon-te a ser complementada.

Do mesmo modo, a abordagem da própria sociedade co-lonial abrangida pela documentação textual, não necessaria-mente atinge a totalidade dos aspectos destas sociedades. Mui-tas das informações do cotidiano estão contidas, implícita ouexplicitamente, na documentação, entretando outros aspectosdo comportamento destas sociedade não chegam ao presenteatravés do registro textual. São frequentes, por exemplo, oscasos em que se c~mstata divergências entre estruturas pro-jetadas e a atual configuração. Frequentemente as pesquisasarqueológicas têm demonstrado que projetos não foram exe-cutados na íntegra, ou que foram feitas alterações, quer desimplificação, quer de ampliação. Observou-se ainda atravésde pesquisas arqueológicas que foram adotadas soluções lo-cais que implicam em alterações dos usos de materiais; fatosconstatados na prática, mas que passaram imunes ao registrotextual.

Frequentemente observa-se um conflito explicativo, em re-lação a um monumento, entre a "história objetiva" e a "históriaideológica". Na maioria das vezes, é possível resgatar-se uma

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documentação textual relativa ao monumento, que permiteao historiador acessar a sua "história objetiva". A confron-tação, entretanto, entre esta história e a memória coletivanormalmente entra em rota de colisão em diversos aspectos;é a "memória escrita" conflitando-se com a "memória oral".

Muitos dos aspectos relativos à história de um monumentosão submetidos a "manipulações conscientes ou inconscien-tes" de forma a proporcionar certos "esquecimentos" da suahistória. Por outro lado, o "ato narrativo" que se sucede aolongo das gerações proporciona uma "releitura" do monumen-to associando "amnésia coletiva" à confusão da história com

ó mito. O monumento pois, que poderia ser um testemunhomaterializado da memória de uma época, passa na maioriadas vezes à categoria de epicentro de uma narrativa mítica.

Por outro lado, as explicações para um monumento, reti-das, na memória coletiva, frequentemente assumem proporçõesde ficção que desviam a sociedade do entendimento de siprópria. Heróis são transformados em vilões, personagens ine-xistentes são criados, personagens reais são esquecidos, fatossão distorCidos, a cronologia é muitas vezes desprezada.

A nossa experiência arqueológica, ao longo de 27 anos,tem possibilitado o confronto, em todos os monumentos es-cavados, entre a "memória oral" a "memória escrita" e o re-gistro arqueológico. A Feitoria de Cristovão Jaques, local dedesembarque dos primeiros portugueses em terras pernam-bucanas, encontra-se em perfeito estado de "amnésia" com

relação a "memória oral" embora restem alguns registros desua "memória escrita". O Forte Real do Bom Jesus, que deuorigem ao Arraial Velho do Bom Jesus, local de grande e e-fetiva resistência ao invasor holandês, marco referencial daHistória social de uma época, não possui praticamente regis-tro na "memória oral" da sociedade pernambucana, apenas

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a estrada que lhe dava acesso permaneceu com seu q"ntigonome, estrada do Arraial, mas que a população não associaao monumento. A fortaleza da Santa Cruz, construção por-tuguesa, é popularmente conhecida como o Forte de Orange,denominação de um antigo forte de construção holandesa, queexistia no local, e que restou fixado na "memória oral". u-ma pequena construção abaixo do nível do piso, encontradano refeitório deste Forte foi reinterpretada e sucessivaínéntetransmitida como sendo a entrada de um conjunto de sub-terrâneos que dariam acesso a Igarassu e Olinda, e que emseu interior encontram-se grandes riquezas enterradas pelosholandeses. O sistema de esgoto ao qual se achavam interli-gadas varias construções religiosas em Olinda, segundo a tra-dição popular, seriam túneis que interligariam diversos con-ventos de modo a permitir encontros amorosos entre padres efreiras. A cisterna do Forte de óbidos, no Pará, foi registra-do pela "memória oral" como sendo uma câmara de torturas.

Monumentos pré-históricos que apresentam painéis de pintu-ra rupestre são reinterpretados como "mapas de tesouros dosholandeses". Como estes exemplos, inúmeros outros pode-riam ser citados para demonstrar a dicotomia existente entrea "memória oral" e a "história objetiva" inclusive relativos a"amnésia coletiva" quanto a diversos eventos.

No caso particular da Arqueologia Histórica brasileira, sãocomuns versões extraordinárias sobre as façanhas dos jesuítasno Sul do país, bem como dos holandeses no Nordeste. Incluem-se, botijas, tesouros, cidades perdidas, túneis de fuga, túneispara colóquios amorosos entre padres e freiras, dentre muitosoutros que conduzem curiosos e caçadores de tesouros a cavar,derrubar paredes, na,busca de suas fantasias, e que poderiamtransformar-se em milhares de páginas desta "arqueologia pa-ralela" .

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A Arqueologia Histórica, por intervir em uma área povoa-da por conceitos pré-estabelecidos, com fortes vínculos com amemória coletiva, ou com a história ideológica, que em geralnão apresenta limites rígidos entre a História e o Mito, vê-sefrequentemente confrontada com esta memória de ampla li-berdade de criatividade. por outro lado, pelo fato de grandeparte dos sítios históricos encontrarem-se em áreas que con-tinuam povoadas, as pesquisas neles desenvolvidas tendem adespertar a curiosidade de um grande número de pessoas, aserem assistidas de perto pela população, atraída pelos tra-balhos. Portanto cabe aos pesquisadores a missão de, alémde estabelecer suas interpretações, desenvolver um trabalhode extensão, voltado para um maior esclarecimento da popu-lação, de modo a permitir um maior intercâmbio entre estas

. duas modalidades de conhecimento. Neste particular, entre-tanto, esta missão deverá ser estendida aos especialistas deoutras áreas do saber, incluindo-se aqueles que se dedicam àrestauração.

A Produção Técnica da Arqueologia Histórica -

Um outro aspecto de significativa importância, é o da con-tribuição técnica da Arqueologia.

Diferentes áreas do conhecimento beneficiam-se desta con-

tribuição técnica da Arqueologia. Neste artigo entretanto, sebuscou enfocar especialmente a intercambialidade de conhe-cimento com a Arquitetura, sobretudo a voltada para a res-tauração de monumentos.

De acordo com o que foi diséutido anteriormente, a con-tribuição da Arqueologia para outras áreas do conhecimentose dá em diferentes níveis. A par da contribuição científica,relacionada à elucidação âe problemas científicos, a pesquisa

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arqueológica permite a geração de fontes confiáveis para osestudos de outras áreas. A geração de tais fontes pode serconsiderada como uma produção técnica da Arqueologia, u-ma vez que decorre do emprego de técnicas arqueológicas naabordagem do sítio.

Deste modo, a produção técnica, constitui-se em uma de-

c corrência das preocupações científicas da Arqueologia, nãopodendo, entretanto, constituir-se em sua essência, como jáocorre{f outrora. Esta diferença, aparentemente sutil, é designificativa importância para o entendimento do tema. Istoporque o estudo de um sítio histórico sendo desenvolvido ape-nas com o objetivo de resgatar aspectos de natureza técnica,ou artística, terá perdido de forma irremediável a possibili-dade de resgate' das relações entre os elementos do registroarqueológico, o que permite um maior acesso ao entendimen-to da soCiedade, 'objeto principal do estudo arqueológico.

Como já foi mencionado anteriormente, a produção técnicada Arqueologia é uma conseqüência natural de suas preo-cupações científicas. Uma escavação arqueológica, portanto,cientificamente conduzi da, necessariamente oferecerá um ri-goroso controle especial do monumento e de seus arredores.Este controle especial é materializado de forma tridimensionalde modo a permitir a localização de todos os dados encontra-

dos, o que permite seu tratamento e posterior transformaçãoem informação.

A pesquisa arqueológica conduzida sob uma ótica científica,deverá ter como objetivo a elucidação de algum "problema"cientificamente estabelecido. Para o restaurador, no entando,interessa mais de imediato os aspectos decorrentes do objetoformal da ArqueologIa, ou seja de sua prática operacional.

O estudo dos elementos materiais da cultura e suas re-

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lações entre si e com o meio ambiente, permite ao arqueólogopenetrar e interpretar parte dos diversos sub-sistemas de umsistema cultural. Ora, este procedimento passa necessaria-mente por aspectos técnicos do sistema estudado e cOIjitui-seem um dos segmentos de um projeto da pesquisa arqueológica.É justamente este aspecto o que se afigura de maior signi-ficância para o restaurador.

Os recursos técnicos de que dispõe a Arqueologia paradesenvolver um projeto de pesquisa, permite a detecção deum conjunto bastante amplo e objetivo de informações in-dispensáveis ao trabalho do restaurador. Dentre estas infor-mações poder-se-ia destacar, as seguintes:

a- Correspondência entre a ou as plantas disponíveis e omonumento efetivamente construido.

b- Etapas da construção planejadas e não executadas.

c- Etapas da construção planejadas, iniciadas e não con-cluídas.

d- Posicionamento cronológico das etapas construtivas.

e- Posicionamento cronológico das modificações efetuadas.

f- Material construtivo utilizado: 1m .00"

- por matéria prima

- por morfologia

- por distribuição espacial

- por cronologia de utilização

- por reutilização

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- por etapa construtiva

- por material de cimentação

- P9r origem do material

- por detalhes construtivos

Deste modo, complementarmente à documentação textualou iconográfica, o arqueólogo poderá fornecer ao restaurador,informações concretas quanto às diferentes etapas construti-v~ do monumento.

Considerações Finais

Ressaltamos mais uma vez que estes dados não constituem-

se no obj(;jtivo central de uma pesquisa arqueológica. Entre-tanto como a Arqueologia testa as suas hipóteses, bem comoestabelece as suas conclusões em função do estudo relacionaldos elementos materiais da cultura, obviamente estes dadosnecessariamente afloram antes da etapa final de uma pesqui-sa arqueológica. Ora, são exatamente estes dados que sãode significativa importância para o trabalho do restaurador.Caso a documentação textual correspondesse sempre à reali-dade, não seria difícil aos arquitetos elaborarem um projetode restauração. Bastaria uma consulta às plantas e textos eseria obtido a feição do monumento no período desejado. Naprática observa-se que nem sempre ocorre esta justaposição deinformação. Ou seja, nem sempre, ou na maioria das vezes, aconstrução foi realizada conform.e as plantas existentes. Estefato decorre de modificações ao longo da obra por razões asmais diversas. Falta de recursos, falta de capacitação técnica,fatos novos relacionados com a estratégia militar e muitos ou-tros. Por esta razão, e por termos constatado este fenômeno

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ao longo de mais de duas décadas de escavação em monumen-tos é que temos a certeza da necessidade da r~alização de umaescavação arqueológica em fase anterior à eU,boração de umprojeto de restauração de um monumento.

Evidentemente os resultados obtidos através da pesquisaarqueológica, não substituem a análise estética dos objetivosa ser executada pelo historiador da Arte. Antes, fornece-lheelementos complementares que subsidiarão a pesquisa.

É interessante que seja ressaltado, que, em alguns casos,o restaurador, em momento anterior a elaboração de seu pro-jeto, já tem em vista alguns problemas, claramente definidos.Seria oportuno que neste caso, além do que a Arqueologia pos-sa fornecer ao restaurador, de forma convencional, seja incor-porado os problemas do restaurador ao projeto arqueológico.Desta forma o arqueólogo terá condições de dar uma atençãoespecial para a resolução dos problemas desta área afim.

Com base no que foi discutido, deve-se admitir a necessi-dade de que, ao ser elaborado o projeto de restauração de umm6numento, que o mesmo seja antecedido por uma pesquisaarqueológica. Pesquisa que atenda aos propósitos científicosda Arqueologia, enquanto ciência, e que também atenda aosproblemas da restauração, através de sua produção técnica.

Parece-me oportuno que os trabalhos de pesquisa arqueo-lógica bem como os de restauração de monumentos passema ser executados forma integrada, de modo a permitir umverdadeiro intercâmbio de conhecimento e de informações.

Para que esta abordagem encontre respaldo pragmáticotorna-se indispensável que arquitetos passem a entender aspreocupações e os recursos oferecidos pela Arqueologia, do.mesmo modo que os arqueólogos que praticam Arqueologia

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. Histórica desenvolvam os seus projetos de pesquisa de modoa atender às necessidades dos restauradores.

Acredito que os cursos de Arquitetura, sobretudo aquelesque oferecem disciplinas voltadas para a restauração de mo-numentos, devam incluir em seus currículos uma disciplinade Arqueologia Histórica. Esta disciplina não objetivaria aformação de arqueólogos, mas permitiria ao restaurador umados recursos de que ele poderia dispor, atraves dos resultadosadvindos da pesquisa arqueológica.

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COMO CITAR ESTA OBRA: ALBUQUERQUE, Marcos. Arqueologia Histórica, Arquitetura e

Restauração. CLIO - Série Arqueológica, Revista do Curso de Mestrado em História da UFPE, Recife, v. 1, n. 8, p.131-151, 1992. ISSN: 0102-6003.