Upload
dinhtu
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOGRAFIA
JULIANA DA SILVA OLIVEIRA
VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO
URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS.
BOA VISTA/RR
2014
JULIANA DA SILVA OLIVEIRA
VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO
URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS.
Monografia apresentada com pré-requisito
para conclusão do Curso de Bacharel em
Geografia do Instituto de Geociências da
Universidade Federal de Roraima.
Orientador: Prof.° MSc. Thiago Morato
Carvalho.
BOA VISTA/RR
2014
JULIANA DA SILVA OLIVEIRA
VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO
URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS.
Trabalho de Monografia apresentado
como pré-requisito para conclusão do
curso de Bacharel em Geografia da
Universidade Federal de Roraima,
defendida em 17 de julho de 2014
avaliado pela seguinte banca
examinadora:
______________________________
Prof.° MSc. Thiago Morato Carvalho.
Instituto de Geociências – UFRR (Orientador)
_____________________________
Prof.ª Dr.ª Gersa Mourão
Instituto de Geociências – UFRR (Ministrante da Disciplina)
_____________________________
Prof. MSc. Carlos Sander
Instituto de Geociências – UFRR (Avaliador)
Oliveira, Juliana da Silva.
Vulnerabilidades aos impactos ambientais da bacia
hidrográfica do rio cauamé em decorrência da expansão urbana e uso
para lazer em suas praias/ Juliana da Silva Oliveira, Boa Vista, 2014.
65p.
Orientador: Prof.° MSc. Thiago Morato Carvalho.
Dissertação (Graduação) – Universidade Federal de Roraima,
Instituto de Geociências, Departamento de Geografia.
1- Bacia hidrográfica do rio Cauamé. 2 - Boa Vista. 3 -
Sensoriamento Remoto. 4 - Geoprocessamento. 5 - Vulnerabilidade.
6 - Praias. I – Título. II – Carvalho, Thiago Morato (orientador)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus acima de tudo, pela proteção, amor, cuidado e sabedoria que tem
me concedido nesses anos de estudo.
Ao Prof.° MSc. Thiago Morato Carvalho, por dispor do seu tempo e paciência para
comigo nesse processo de elaboração da pesquisa, também pela orientação e apoio.
Aos professores do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Roraima,
que por meio de seus conhecimentos foram fundamentais na minha formação.
A minha amada mãe Mª da Conceição da Silva Oliveira pelo amor, carinho,
incentivo e compreensão nos momentos de ausência.
Ao meu esposo Dayvison Bruno P. da Silva pelo amor, paciência e
companheirismo.
Aos meus cunhados Sara Vanessa P. da Silva, Aldinei Oliveira e primo André
Felipe da Silva Araújo pela colaboração na visita a campo e na aplicação dos questionários,
ao meu sogro Sebastião Correa da Silva por me socorrer na hora do sufoco, e a minha com
cunhada Daiane Maciel pela colaboração na tradução do resumo para o inglês.
A todos os meus colegas de curso de geografia que ao longo desses anos foram
cúmplices e companheiros.
“O temor do Senhor é o princípio do
conhecimento.” Pv. 1:7
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar temporalmente o uso e cobertura da bacia
hidrográfica do rio Cauamé, para o ano de 2014 e análise visual para 1943, 1975, e identificar
as vulnerabilidades sócio-ambientais com base no padrão de uso destinado ao lazer nas praias
do rio Cauamé, adjacentes às áreas urbanizadas de Boa Vista. A metodologia consistiu em
técnicas de sensoriamento remoto/geoprocessamento e campo. As principais etapas foram:
levantamento bibliográfico, cujo objetivo foi estudar sobre a temática do estudo e verificar
estudos anteriores na região da pesquisa; as técnicas de sensoriamento
remoto/geoprocessamento foram utilizadas para a classificação do uso e cobertura da terra,
mapas temáticos, perfil longitudinal, declividade e hipsometria; foram realizadas idas a
campo, cujo objetivo foi a descrição dos pontos vulneráveis a impactos ambientais, e para
aplicação de questionário, no intuito de conhecermos o perfil dos banhistas que frequentam as
praias. A bacia do rio Cauamé apresenta uma grande extensão de campos, divididos em
campos secos e úmidos, além da presença de lagos, pouca declividade no terreno, variando de
0º a 5º. A bacia foi compartimentada em três divisões: alta, média e baixa bacia as quais
representem o alto curso do rio Cauamé, médio e baixo curso. Esses três compartimentos
foram segmentados em quatro tipos de padrões de drenagem: retos, paralelos, dendríticos,
sub-dendítricos. Foram identificadas 06 praias para o lazer as quais são frequentadas aos
feriados e finais de semanas pelos banhistas. Três na zona norte: Praia do Caçari, Praia da
Polar e Praia do Curupira e Três na zona Oeste: Banho da Ponte, Banho do Caranã e Banho da
Cachoeirinha. Os resultados desta pesquisa ajudarão a traçar o perfíl do meio físico, como o
padrão de uso e cobertura da bacia do rio Cauamé, e servir de base para a caracterização das
áreas destinadas ao lazer, conhecidas popularmente como banhos, e seus respectivos impactos
ambientais.Informações importantes para o gerenciamento/planejamento urbano e de áreas
úmidas, assim como compor bases iniciais do entendimento dos aspectos
hidrogeomorfológicos de Roraima.
Palavras-chave: Bacia hidrográfica do rio Cauamé. Boa Vista. Sensoriamento Remoto.
Geoprocessamento. Vulnerabilidade. Praias.
ABSTRACT
The purpose of this research was to describe the use and cover the Cauamé river basin, the
decade between 1943, 1970 and 2014, and to identify the social and environmental
vulnerabilities based on the usage pattern for leisure on the beaches of Cauamé river adjacent
to urbanized areas of Boa Vista. The methodology consisted of sensing techniques remote/
geo-processing. The main steps were: bibliographical survey that whose objective was to
study on the subject of study and verify previous studies in the research area; The remote
sensing techniques remote/ geo-processing have been classification of land cover, thematic
maps, longitudinal profile, slope and hypsometric were realized in days of research. Whose
objective was the description of vulnerabiliies to environmental impacts and implementation
of the questionnaire. In order to know the profile of swimmers attending the riverbanks. The
river basin Cauamé have been showed a big expanse of fields, dividing between dry wet
fields, and the presence of lakes. Have less declivity between of 0º and 5º and three
topographic compartments were divided into: high, médium and low Cauamé with drainage
patterns with three characteristics: straight, parallel and dentritic. Have 06 beachs to
recreation that are very well organised and frequently visited by the public in holidays and
weekends for bathers. In the north zone are located three beachs with: Caçari beach, Polar
beach and Curupira beach, and in the West zone also are located three baths with: bath bridge,
Caranã bath, and Cachoeirinha bath. The results of this survey will help in profile physical
state, can be use the pattern and the coverage of Cauamé River basin, should serve as a basis
to characterization of playground and comfort knowed with baths and its environmetal
impacts information more importante for urban planning and wetlands. Hidrogeomorfologicos
os aspects of Roraima.
Keywords: Cauamé River Basin. Remote Sensing. Geoprocessing. Boa Vista. Vulnerability.
Beachs.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.............. 24
Figura 02 - Fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano de 1943, com
destaque em preto para o aglomerado urbano e o caminho já existente
em direção ao rio Cauamé.....................................................................
26
Figura 03 - Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.................. 34
Figura 04 - Mapa de Variação da Declividade da Bacia do rio Cauamé e Perfil
Longitudinal...........................................................................................
35
Figura 05 - Divisão da Compartimentação alto, médio e baixo Cauamé. Rede de
Drenagem: padrões de drenagem do rio Cauamé e seus afluentes........
36
Figura 06 - Uso e cobertura da terra: classificação supervisionada. Bacia
hidrográfica do rio Cauamé, Roraima...................................................
38
Figura 07 - Porcentagem da distribuição das classes de uso e cobertura da terra
da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé...................................................
39
Figura 08 - Comparativo da fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano
de 1943 com o período atual, em destaque os lagos e igarapés: 1-
Igarapé do Pricumã; 2- Igarapé Grande; 3 – Igarapé Caranã. B –
Imagem GeoEye, 2014..........................................................................
41
Figura 09 - Comparativo entre as décadas de 40, 70 e período atual (1943, 1975 e
2014). A e Aa- Boa Vista 1943, com destaque para a mancha urbana
com área de 32,86 km²; B e Ba- Boa Vista 1975, com destaque para a
mancha urbana com área de 62,88 km²; C e Ca- Boa Vista 2014, com
destaque para a mancha urbana que passou para 131,19 km²...............
42
Figura 10 - Comparativo entre de 1943 e 2014: A e Aa- Visão de parte do baixo
Cauamé após o bairro Cidade Satélite; B e Ba – Alteração da
paisagem ao longo dos anos no sentido Ponte do
Cauamé/BR174/Pacaraima....................................................................
43
Figura 11 - Comparativo entre de 1943 e 2014: A – Fotografia aérea da praia do
Caçari e vegetação nativa da década de 40; B- 2014 e a evolução na
paisagem com destaque para alteração da vegetação de veredas e
ilhas de mata, na área urbana e vegetação aluvial (planície de
inundação) inalterada.............................................................................
44
Figura 12 - A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização
das praias na Zona Norte da cidade e bairros circunvizinhos
(Paraviana e Caçari)...............................................................................
46
Figura 13 - A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização
das praias na Zona Oeste da cidade e bairros circunvizinhos (Cidade
Satélite, Jardim Caranã e Cauamé)........................................................
46
Figura 14 - Fotos da visita da praia do Caçari: A- lixeira disponível na entrada da
praia; B – placa institucional da campanha ambiental; C – vendedor
ambulante na areia da praia; D – visão da margem da praia e
banhistas................................................................................................
48
Figura 15 - Nota dada pelos banhistas à Praia do Caçari......................................... 49
Figura 16 - Fotos tiradas in loco: A- lixeira disponível ao longo da praia; B –
bares situados na praia; C – placa educativa promovida pela PMBV;
D – visão da margem da praia e banhistas no momento do lazer..........
50
Figura 17 - Nota dada pelos banhistas à Praia da Polar........................................... 50
Figura 18 - Fotos tiradas in loco: A- visão da margem direita e esquerda da praia;
B – grupo de banhistas em momento de lazer; C – lixo descartado na
areia da praia; D – estrutura demolida de um antigo bar....................... 52
Figura 19 - Nota dada pelos banhistas à Praia do Curupira..................................... 52
Figura 20 - Fotos tiradas in loco: A- Placa de conscientização ambiental da
PMBV; B – Bar fixo localizado na margem do rio; C – banheiro com
fossa asséptica pertencente ao bar; D – visão da margem da praia e
banhistas; E – Visão direita sentido Boa Vista/Pacaraima, da praia e
do bar; F – Visão de cima da ponte do lado esquerdo Boa
Vista/Pacaraima, da praia......................................................................
54
Figura 21 - Nota dada pelos banhistas à Praia da Ponte........................................... 55
Figura 22 - Fotos tiradas in loco: A- placa de sinalização de proibido veículo
automotor na área da praia; B – visão geral da praia e margem
esquerda ao fundo do rio Cauamé com vegetação nativa sem
alterações; C – foz do igarapé Caranã; D – visão da margem direita
da praia e banhistas. E e F – Lixo despejado na estrada que dá acesso
ao banho.................................................................................................
56
Figura 23 - Nota dada pelos banhistas a Banho do Caranã...................................... 57
Figura 24 - Fotos tiradas in loco: A- visão geral da praia e sua vegetação nativa;
B – margem do rio esculpindo a entrada da praia; C – área de
extração de material à margem do rio; D – lixo presente em torno da
planície de inundação............................................................................
58
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS........................................................................................................ 13
2.1 Objetivo Geral....................................................................................................... 13
2.2 Objetivos Específicos............................................................................................ 13
3 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14
3.1 Utilização de SIGs para Análise Geográfica………………………………….. 19
4 MATERIAS E MÉTODOS............................................................................... 23
4.1 Localização da Área de Estudo.............................................................................. 23
4.2 Metodologia…………………………………………………………………....... 29
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 32
5.1 Caracterização Fisiográfica da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé...................... 32
5.2 Uso e Cobertura da Terra.................................................................................. 36
5.3 Áreas Vulneráveis da Bacia do Cauamé.............................................................. 39
5.4 Praias Fluviais: Localização e Descrição das Áreas de Lazer do rio Cauamé....... 44
5.4.1 Praia do Caçari..................................................................................................... 47
5.4.2 Praia da Polar....................................................................................................... 49
5.4.3 Praia do Curupira................................................................................................ 51
5.4.4 Banho da Ponte..................................................................................................... 53
5.4.5 Banho do Caranã.................................................................................................. 55
5.4.6 Banho Cachoeirinha............................................................................................. 57
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 61
ANEXO ................................................................................................................ 65
11
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa visa caracterizar temporalmente o uso e cobertura da bacia
hidrográfica do rio Cauamé para o ano de 2014, e análise visual do entorno da cidade de Boa
Vista-RR para os anos de 1943 e 1975, possibilitando identificar as vulnerabilidades
socioambientais com base no padrão de uso nas proximidades do rio Cauamé, principalmente
com relação às áreas urbanizadas de Boa Vista. Essa problemática se deve à expansão urbana,
que têm acarretado a ocupação irregular em áreas consideradas de risco e áreas de
preservação permanente (APP), como planícies fluviais e os lagos.
O rio Cauamé é afluente da margem direita do rio Branco e drena a cidade de Boa
Vista pela sua margem direita por aproximadamente 18,70 km. Ao longo do perímetro
urbano, além do uso habitacional em áreas de invasão, também se enquadra o uso destinado
ao lazer, conhecidos popularmente como "banhos". Na região do baixo Cauamé, onde
ocorrem formações de depósitos aluvionares, conhecidos como praias, são frequentadas por
banhistas, que procuram essas áreas do rio em busca de lazer, principalmente aos finais de
semana.
Caracterizar estes ambientes é fundamental para estabelecer padrões de
vulnerabilidades ambientais, decorrentes do uso irregular e atividades de lazer, as quais
favorecem impactos diretos ao meio ambiente como depósitos de lixos, lançamento de
efluentes e alteração na cobertura vegetal.
Alguns questionamentos foram levantados com intuito de verificar, se a expansão da
cidade de Boa Vista está acarretando ações impactantes na planície do rio Cauamé, por
exemplo: i) as áreas de risco a inundações têm aumentando no entorno do rio Cauamé? A
resposta a esta pergunta pode ser devido à expansão urbana, favorecendo invasão em áreas de
APP (ambientes de planície favorável a alagamentos); ii) O uso das praias para lazer
(geoturismo) do rio Cauamé tem acarretado problemas ambientais? A resposta a esta pergunta
pode ser que as praias do Cauamé tem se degradado com a poluição de lixos; instalação de
bares, favorecendo lançamentos de esgoto diretamente no canal; iii) Houve alterações
consideráveis como desmatamento ao longo do Cauamé? Uma possível resposta a esta
pergunta é que houve uma considerável alteração na cobertura vegetal (APP) da planície do
Cauamé.
Essa pesquisa é parte integrante e base para os estudos em andamento, dentro do
escopo do projeto "Aspectos hidrogeomorfológicos do Estado de Roraima", coordenado pelo
Laboratório de Métricas da Paisagem (Mepa) do Dep. de Geografia da Universidade Federal
12
de Roraima. Cuja finalidade será contribuir para a questão da compartimentação hidrográfica
da bacia do rio Cauamé, tipos de uso e cobertura, dando suporte para o entendimento sobre
suas vulnerabilidades, devido ao uso das terras e a utilização de suas praias, do baixo Cauamé,
para lazer. Este estudo servirá de suporte para o planejamento e gestão territorial de ambientes
de áreas úmidas, ambientes pouco estudados nesta região. O suporte desta pesquisa é através
do Mepa o qual possui parcerias com a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais) e Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia).
Dentro desse contexto, no item três será apresentado uma breve fundamentação
teórica relacionada à temática da pesquisa, introduzindo o tema no âmbito da Geografia e sua
importância para análise ambiental e social, sendo um instrumento de políticas públicas; e
respectivas técnicas usuais, por exemplo, utilização de programas para o processamento de
dados no âmbito dos SIGs (Sistemas de Informações Geográfica), os quais foram à base para
elaboração do uso e cobertura da terra, descrição do relevo, delimitação e compartimentação
da bacia hidrográfica, análise da drenagem, e descrição das praias.
A pesquisa seguiu algumas etapas metodológicas, escritas no item quatro, onde são
apresentadas as técnicas utilizadas para os produtos gerados nesse trabalho. Seguindo a ordem
metodológica, em primeiro momento foi definida a bacia hidrográfica do rio Cauamé e sua
planície fluvial, delimitando sua área, e extraindo os dados da compartimentação
geomorfológica. Foi possível comparar imagens da área de estudo para os anos de 1943, 1975
e 2014, para identificar as possíveis mudanças que ocorreram ao longo dos anos e as pressões
que vêm ocorrendo ao longo do rio, com a expansão do perímetro urbano de Boa Vista.
Após as análises do meio físico e questão da dinâmica do uso e cobertura da terra,
esta pesquisa caracterizou os tipos de praias do baixo Cauamé e analisou o aspecto do uso
destinado ao lazer, com a aplicação de questionários, cuja finalidade foi caracterizar o perfil
dos banhistas nestes locais, servindo de base para uma discussão dos impactos gerados nesse
tipo de geoturismo.
13
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Classificar, o uso e cobertura da bacia hidrográfica do rio Cauamé em 2014.
Identificar as vulnerabilidades socioambientais e características das praias para lazer no
perímetro urbano de Boa Vista.
2.3 Objetivos Específicos
1. Delimitar a bacia hidrográfica do rio Cauamé e sua planície fluvial;
2. Caracterização fisiografica da bacia com base nos seguintes produtos:
hipsometria, declividade, perfil topográfico, uso e cobertura do solo, os quais
foram importantes para compartimentação hidrográfica;
3. Comparar imagens da área para os anos 1943, 1975 e 2014 para identificar as
possíveis mudanças que ocorreram ao longo dos anos;
4. Identificar áreas vulneráveis devido à expansão urbana relacionado ao
suprimento da cobertura vegetal e lagos aterrados;
5. Mapear e caracterizar as áreas utilizadas para lazer (praias) e conhecer o perfil
dos banhistas através de aplicação de questionários.
14
3 REFERENCIAL TEÓRICO
A presente pesquisa aborda a respeito da descrição dos aspectos fisiográficos e
impactos ambientais da bacia hidrográfica do rio Cauamé, com base em técnicas de
sensoriamento remoto e geoprocessamento, usuais na elaboração de levantamentos de dados
geográficos de uma determinada região. O tema é amplo e existem vários trabalhos
dissertando a respeito desse assunto, dentre eles, foram utilizados nessa pesquisa alguns
trabalhos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (Manuais Técnicos em
Geociências – n. 9 - Introdução ao Processamento Digital de Imagens, do ano de 2001 e
Manual Técnico em Geociências - Manual Técnico de Uso da Terra do ano de 2013) além do
trabalho de Ramdolph (1998). Para tratar um pouco da história de Roraima e Boa Vista,
utilizamos os trabalhos de Freitas (1993) Veras (2009) e Silva e Veras (2012).
Para temática e foco da pesquisa, aspectos geomorfológicos e bacias hidrográficas,
também existem uma gama de autores que trata desse assunto, neste estudo foram utilizados
os trabalhos de Christofoletti (1980); Guerra e Cunha (2011); Silva et al., (2003, 2004) para
tratar da temática geral.
No entanto, é importante enfatizar que quanto aos estudos da região de Roraima,
principalmente os relacionados aos aspectos hidrogeomorfológicos, há certa limitação de
bibliografia. Ainda assim, há importantes trabalhos que tratam sobre esta temática. Na
presente pesquisa foram utilizados os trabalhos de Carvalho (2012); Carvalho e Carvalho
(2012); para tratar dos aspectos fisiográficos a qual a bacia hidrográfica está inserida no
contexto regional; para tratar do contexto local utilizamos os trabalhos de Barroso (2009);
Costa & Neto (2010) para uma breve caracterização, do ponto de vista de outros autores.
Para se conhecer uma determinada região é importante que se conheça a dinâmica da
paisagem, pois é por meio de sua evolução que reconhecemos os agentes modificadores na
paisagem, sejam eles naturais ou proporcionados pela ação do homem. Carvalho e Morais
(2013) reforçam essa idéia ao dizer que a paisagem representa uma área importante para os
estudos do uso e cobertura da terra e que ambos estão relacionados, pois os elementos
constituídos pelo uso e cobertura da terra estruturam a paisagem de determinado lugar seja de
ordem natural, seja pela ação do homem (antrópica), ambos em constante dinâmica.
Os cursos de água são dinâmicos e influenciam a paisagem e o modelamento do relevo
de forma direta, de acordo com Christofolletti (1980, p.102) “(...) os cursos de água
constituem processo morfogenético dos mais ativos na esculturação da paisagem terrestre”.
15
Segundo o autor citado a drenagem fluvial é composta por um conjunto de canais de
escoamento inter-relacionados que formam a bacia de drenagem, definida como a área
drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade de água que atinge
os cursos fluviais está na dependência do tamanho da área ocupada pela bacia, da precipitação
total e de seu regime, e das perdas devidas à evapotranspiração e à infiltração.
Entre os vários conceitos a respeito do que é uma bacia hidrográfica destacamos o
conceito de Silva, Schulz e Camargo (2003, 2004, p. 93), conceitua de forma dinâmica o que
é uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem ao dizer que é uma área da superfície terrestre
que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado
ponto de um canal fluvial.
Christofoletti (1980, p.102) classifica as bacias de drenagem de acordo com o
escoamento global em quatro tipos: a) exorréicas: quando o escoamento das águas se faz de
modo contínuo até o mar ou oceano; b) endorréicas: quando as drenagens são internas e não
possuem escoamento até o mar, desembocando em lagos ou dissipando-se nas areias do
deserto, ou perdendo-se nas depressões cársicas; c) arréicas: quando não há nenhuma
estruturação em bacias hidrográficas, como nas áreas desérticas onde a precipitação é
negligenciável e a atividade dunária é intensa, obscurecendo as linhas e os padrões de
drenagem; d) criptorréicas: quando as bacias são subterrâneas, como nas áreas cársicas.
O estado de Roraima possui uma identidade regional e insere-se na Amazônia como
uma região que apresenta as mais variadas tipologias morfológicas do relevo e vegetação,
caracterizar a região amazônica é de fundamental importância para compreendermos a
dinâmica morfoclimática no estado de Roraima. (CARVALHO, 2012)
O domínio morfoclimático da Amazônia é característico de áreas tropicais, com baixa
amplitude térmica, elevadas temperaturas médias, possui solos de baixa fertilidade, latossolos
e podzolos, pode ser caracterizada por terras baixas, relevos florestados e uma dicotomia entre
rios alóctones e autóctones, além de possuir um complexo sistema vegetacional distribuído
em áreas periodicamente inundadas (várzeas) e áreas de terra firme, sendo assim, é importante
ressaltar que as áreas úmidas da Amazônia são mantidas pela precipitação, pelo sistema
fluvial ou por ambos e que são áreas dependentes do clima, da topografia e do sistema de
drenagem. (CARVALHO, 2012)
De acordo com Carvalho (2012) na Amazônia as áreas úmidas abrangem mais de
500.000 km² ao longo da bacia hidrográfica do Amazonas. As florestas periodicamente
inundadas são formadas por águas brancas, claras e pretas, onde se desenvolvem a vegetação
de várzea e igapó.
16
Em Roraima a estação chuvosa, inicia-se no mês de maio e estende-se até agosto e
meados de setembro, com uma média pluviométrica para a região de estudo de 1650 mm/ano,
período o qual influência a dinâmica dos rios de Roraima. É consequentemente um dos fatores
determinantes na modificação da paisagem, por trata-se de rios que se caracterizam por serem
apenas continentais, além da sua formação da cobertura vegetal, conjunto de formações
primárias (florestais e campestres), que estão condicionadas, além de outros fatores, aos
diferentes índices pluviométricos da região. Podemos ainda destacar a significativa variação
dos níveis de vazão do rio no período de estiagem e no período chuvoso, além da sua
capacidade de transporte que também, variam conforme a dinâmica do fluxo. A capacidade de
transporte de carga sedimentar que um rio tem, é de fundamental importância para se entender
a dinâmica do mesmo.
Os rios de Roraima caracterizam-se por serem em sua maioria autóctones, e seu
escoamento global é classificado como exorréicos, além de possuir um complexo sistema
lacustre nas áreas abertas, podemos encontrar essas características no lavrado (nordeste de
Roraima) e nas campinaranas no sul do Estado.
Reforçando essa idéia Carvalho (2012) descreve:
“Podemos caracterizar os rios de Roraima sendo na maioria autóctones, com um
complexo sistema lacustre nas áreas abertas, como o lavrado no nordeste de
Roraima e as campinaranas no sul. É uma região ainda insuficientemente descrita,
em termos de processos hidrogeomorfológicos e biológicos, é necessário um melhor
entendimento de como as florestas e as áreas abertas alagadas nesta região,
juntamente com processos geomorfológicos funcionam. Neste aspecto, pesquisas
voltadas para a questão do meio físico-biótico são chaves para a compreensão destes
ambientes”.
Verifica-se a carência de estudos nessa área, e o quão importante se faz pesquisas mais
específicas a respeito do lavrado roraimense. Carvalho (2009, p.9) acrescenta a esta idéia
informando que “as áreas florestadas que rodeiam o lavrado são pouco estudadas fisionômica
e floristicamente, e muito ameaçadas se encontram, devido à colonização e usos da terra que
induzem ao desmatamento”. Logo vemos o quão enraizado está a questão da ação antrópica, o
homem como sujeito modificador da paisagem, no aspecto paisagístico de uma dada área.
É típico da região de Roraima áreas fechadas e abertas, que segundo Carvalho (2009):
“dentro do domínio morfoclimático da hileia, a região de Roraima tem uma peculiar
vegetação composta por áreas abertas e fechadas, as quais dão identidade regional e
condicionam a presença de fauna e flora adaptadas a estes ambientes”. As áreas abertas são
conhecidas regionalmente como lavrado e caracterizam-se por possuírem feições topográficas
suaves, entre 30-60 metros de altura, formada por tesos, que são ondulações do terreno e
17
agem como divisores de águas, também ocorrem formações mais altas e complexas, como os
inselbergs, que são também conhecidos como morro testemunho, por se destacar na paisagem
de forma isolada além de pães-de-açúcar.
O lavrado localiza-se na porção norte e central do Pediplano rio Branco-Rio Negro e
possui em seu relevo, uma baixa energia, que na região central favorece a formação de um
sistema de lagos sazonais rasos de formato circular, não fluviais, os quais estão associados às
águas pluviais e aos lençóis freáticos. Esse lagos tem como característica secarem no período
de estiagem; já no período chuvoso, eles formam uma grande extensão de áreas alagadas
interconectadas (CARVALHO, 2012).
O rio Branco possui uma vegetação aluvial tipicamente de várzea, e ainda é possível
encontrar algumas espécies de igapó provenientes dos rios de água preta que drenam das
campinaranas do baixo rio Branco.
As áreas florestadas que rodeiam o lavrado são muito susceptíveis a ação antrópica
com a colonização e uso da terra que induzem ao desmatamento, além de serem pouco
estudadas fisionômica e floristicamente. É notável a ação antrópica sendo fator determinante
na modificação da paisagem e consequentemente no desmatamento da área de floresta
presente na região.
Acrescentando a essa idéia Guerra e Cunha (2011) descreve: “os desequilíbrios
ambientais originam-se, muitas vezes, da visão setorizada dentro de um conjunto de
elementos que compõem a paisagem. A bacia hidrográfica, como unidade integradora desses
setores (naturais e sociais) deve ser administrada com esta função, a fim de que os impactos
ambientais sejam minimizados”. Inserido nesse contexto, esta a cidade de Boa Vista-RR e a
bacia hidrográfica do rio Cauamé, área de estudo desta pesquisa.
Sobre a origem de Boa Vista, esta iniciou-se de uma das inúmeras fazendas de gado
situadas ao longo dos rios que compõem a bacia do rio Branco, quando a região ainda
pertencia ao estado do Amazonas, no final do século 19, comandada pelo capitão Inácio
Lopes de Magalhães em 1830 (FREITAS, 1993, VERAS 2009).
No ano de 1858 o povoado foi elevado a categoria paroquial com a denominação de
freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco e em 9 de julho de 1890 a freguesia foi
elevada à categoria de vila, sede de um novo município denominado Boa Vista do Rio
Branco, criado pelo Governador da Província do Amazonas, Augusto Ximeno Villeroy. Em
1943, Boa Vista tornou-se a capital do recém-criado Território Federal do Rio Branco, em
1962 passou a se chamar Território Federal de Roraima. No ano de 1988, com a nova
Constituição Federal, se institui como estado de Roraima (FREITAS, 1993).
18
Boa Vista situa-se na porção nordeste do Estado. Com uma área de 5.687,036 km²,
limita-se com Pacaraima a norte, Normandia a nordeste, Bonfim a leste, Cantá a sudeste,
Mucajaí a sudoeste, Alto Alegre a oeste e Amajari a noroeste. Sua população estimada em
2013 é de 308.996. (IBGE).
Ao longo dos anos a cidade de Boa Vista foi expandindo de forma considerada,
desordenada, não seguindo o Plano Diretor que consiste na Lei Complementar Nº 924, de 28
de Nov. de 2006, que não acompanhou o crescimento da cidade ao longo das décadas. O
Plano diretor tem como finalidade ser um dos instrumentos da política de desenvolvimento
municipal determinante para a ação dos agentes públicos e privados que atuam no Município
de Boa Vista e tem como objetivo geral a promoção do ordenamento territorial e o
desenvolvimento social e econômico sustentável do Município, a partir do reconhecimento de
suas potencialidades e de seus condicionantes ambientais (LEI COMPLEMENTAR Nº 924,
2006).
Por meio deste instrumento legal, identificamos a importância que os mananciais
possuem e destacamos algumas normas que foram estabelecidas para um crescimento
ordenado da cidade que na prática não está sendo aplicadas:
SEÇÃO I
DA POLÍTICA DE MEIO AMBIENTE
Art. 7º – (...)
IV – o reconhecimento do relevante serviço ambiental prestado pelos corredores
ecológicos compostos pelos rios Uraricoera, Tacutú, Cauamé, Mucajaí e Rio
Branco, interligando Unidades de Conservação da Natureza de importância regional;
V – a revisão dos limites da Área de Proteção Ambiental do Rio Cauamé;
Art. 10 – Para fins desta lei entende-se por poluição e/ou degradação ambiental
qualquer alteração das qualidades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente
que possam: (...)
III – ocasionar danos relevantes à flora, à fauna e a qualquer recurso natural;
(LEI COMPLEMENTAR N° 924 p. 04-05)
Nesse trecho supracitado pode ser observado que a Lei não ampara de forma
abrangente e nem regulamenta a expansão da área urbana da cidade. Ela só sugere que seja
feito uma revisão dos limites da APP do rio Cauamé, o que ainda não foi feito.
Será discutido ao longo da pesquisa as áreas de pressão ás margens do rio Cauamé e
assim pode-se observar o quanto uma Lei regulamentadora eficiente favoreceria e protegeria
aquela área de APP, que vêm sofrendo com a expansão urbana da cidade de forma
desordenada.
19
3.1 Utilização de SIGs para Análise Geográfica
Os Sistemas de Informações Geográfica (SIGs) surgiram há mais de três décadas e
têm se tornado ferramentas valiosas nas mais diversas áreas de conhecimento. Os
concomitantes progressos em cartografia, sensoriamento remoto e outras áreas correlatas ao
geoprocessamento de dados contribuíram para o avanço e a sofisticação dos SIG
(RAMDOLPH, 1998).
A primeira fotografia aérea foi tirada em 1844 quando o Engenheiro Militar Francês
Aimé Laussedat, construiu a primeira câmara fotogramétrica e idealizou um método para
aplicação desta câmara em trabalhos topográficos, tirando as primeiras fotos aéreas, a bordo
de um avião. Durante a Segunda Guerra Mundial houve um avançado desenvolvimento das
técnicas de Sensoriamento Remoto. As fotografias aéreas foram aperfeiçoadas, surgiram à
fotografia colorida e as películas infravermelhas e começou a serem utilizados os sensores a
base de radar. (IBGE 2001).
O primeiro satélite foi lançado em 1957, pela URSS chamado de Sputnik 1 com fins
bélicos devido aos conflitos da Guerra Fria. Ate 1966, o desenvolvimento de aparelhos de SR
se deu principalmente no âmbito militar, a partir desse ano começaram a serem
comercializados os serviços do sensoriamento remoto.
Os SIGs constituem um ambiente tecnológico e organizacional que tem, cada vez
mais, ganho adeptos no mundo todo. Seu desenvolvimento esta diretamente relacionado com
os avanços na área de computação. Somente após 1960 com o avanço da informática,
cresceram tanto os métodos conceituais de análise espacial, quanto as reais possibilidades de
mapeamento temático quantitativo (BURROUGH, 1986 apud Ramdolph, 1998).
Nestas últimas décadas os programas, têm se tornado ferramentas valiosas nas mais
diversas áreas de conhecimento, e evoluíram como meios de reunir e analisar dados espaciais
diversos, dentre os quais, muitos foram desenvolvidos para fins de planejamento e de manejo
de recursos naturais ao nível urbano, regional, estadual e nacional de órgãos.
Nas décadas posteriores, ocorreram avanços consideráveis em equipamentos e
programas, que permitiram novas aplicações, houve também a redução de seus custos, con-
tribuindo para tornar os SIGs uma tecnologia de rápida difusão e aceitação.
Ao longo dos anos vários satélites, com a finalidade de levantamento dos recursos
terrestres, foram lançados, dentre eles, destacam-se a série Landsat 1 em 1972, Landsat 2 em
1975 , Landsat 3 em 1978 , Landsat 4 em 1982, anos depois foi lançado o Landsat 5, em 1993
20
foi lançado o Landsat 6 que nunca entrou em operação; Landsat 7 em 1999 e Landsat 8 em
2013; Cbers (2 e 2B), Spot (1,2,3,4, 5), Ikonos, QuickBird, Jers, Radarsat, Alos, dentre outros.
De acordo com o Manual Técnico em Geociências - Manual Técnico de Uso da
Terra (2013) os satélites mais usuais no Brasil até recentemente foram o Landstat-TM (Land
Remote Sensing Satellite – Tematic Mapper) e o Spot (Satellite pour l'Observation de la
Terre). Na respectiva pesquisa foi utilizado as imagens dos satélites da série Landsat, GeoEye
e da missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) que serão melhor descritos abaixo.
O Landsat da NASA foi o primeiro entre os programas de Sensoriamento Remoto
para recursos naturais. A série Landsat teve início na segunda metade da década de 60, a
partir de um projeto desenvolvido pela Agência Espacial Americana e dedicado
exclusivamente à observação dos recursos naturais terrestres. Essa missão foi denominada
Earth Resources Technology Satellite (ERTS) passando a se chamar e em 1975, Landsat.
O primeiro satélite, e também o primeiro desenvolvido para atuar diretamente em
pesquisas de recursos naturais, foi lançado em 1972 e denominado ERTS-1 ou Landsat-1.
Levou dois instrumentos a bordo: as câmeras RBV (Return Beam Vidicon) e MSS
(Multispectral Scanner System). Em 1975 foi lançado o Landsat 2 e em 1978 o Landsat 3 com
os mesmos instrumentos do primeiro satélite, e foram considerados satélites experimentais.
Em 1982 começou a operar o Landsat 4, com o MSS e também com o sensor TM
(Thematic Mapper), ele foi projetado para dar suporte às pesquisas nas mais diversas áreas
temáticas, especializado em recursos naturais. Já o Landsat-5 foi lançado dois anos depois,
com os mesmos instrumentos sensores do L4. Em 1995 o sensor MSS do satélite L5 deixou
de enviar dados, já o sensor TM manteve-se ativo até novembro de 2011, e ficou por 28 anos
em operação. Posteriormente, o sensor MSS foi religado a bordo do satélite Landsat 5,
coletando imagens apenas dos Estados Unidos, oferecendo continuidade aos trabalhos e
produtos do Landsat.
Em 1993, o Landsat 4 e o Landsat 5 já haviam superado suas vidas úteis e um novo
satélite foi projetado para entrar em órbita, porém, o sexto satélite da série Landsat não
conseguiu atingir a órbita terrestre, devido à ocorrência de falhas no lançamento. O Landsat 6
foi projetado com o sensor ETM (Enhanced Thematic Mapper), com configurações
semelhantes ao seu antecessor, inovando na inclusão da banda 8 pancromática com 15 metros
de resolução espacial.
O Landsat 7 foi a órbita em 1999 com um novo sensor ETM+ (Enhanced Thematic
Mapper Plus) que é a evolução do anterior, o sensor ETM. Esta ferramenta foi capaz de
aumentar as possibilidades de uso dos produtos Landsat, oferecendo a versatilidade e
21
eficiência obtidas nas versões anteriores. Conseguiu melhorar a acurácia do sistema, manteve
os mesmos intervalos espectrais, ampliou a resolução espacial da banda 6 (infravermelho
termal) para 60 metros, além de tornar a banda pancromática operante e permitir a geração de
composições coloridas com 15 metros de resolução (EMBRAPA, 2013).
Até 2003 o Landsat 7 enviou dados completos para a Terra, só que ele apresentou
avarias de hardware e começou a operar com o espelho corretor de linha (SLC) desligado.
Desde então, para tornar as imagens do Landsat 7 aptas à utilização é necessário que sejam
feitas correções prévias e análise de acurácia no posicionamento e calibração dos pixels.
O satélite mais recente da série foi lançado em 2013, o satélite LDCM (Landsat Data
Continuity Mission) ou Landsat 8. Ele opera com os instrumentos OLI (Operational Land
Imager) e TIRS (Thermal Infrared Sensor). O sensor OLI dará continuidade aos produtos
gerados a partir dos sensores TM e ETM+, a bordo das plataformas anteriores, além de incluir
duas novas bandas espectrais, uma projetada para estudos de áreas costeiras e outra para
detecção de nuvens do tipo cirrus.
Algumas aplicações das imagens da série Landsat são: estudos de sedimentos na
água, mapeamento de águas costeiras, diferenciação solo/vegetação, estradas e áreas urbanas,
delineação de corpos d‟água, mapeamento de rios e corpos de águas etc.
O satélite GeoEye é um Satélite de Observação da Terra, operado no mercado por
empresa do setor privado que, desde 2006, também é responsável pelo controle dos satélites
Orbview e Ikonos. Atualmente a missão atua com um único satélite, que leva a bordo dois
sensores, pancromático e multiespectral, que alcançam respectivamente 41 centímetros e 1,6
metros de resolução espacial. O satélite GeoEye é capaz de adquirir imagens em amplas áreas
do globo terrestre, em intervalos de revisita de no máximo 3 dias. Esta característica, aliada à
alta resolução espacial, possibilita o mapeamento em escalas cartográficas grandes, de
fenômenos distribuídos em extensas áreas. Há previsão de que o próximo satélite da série seja
lançado no futuro próximo, com resolução espacial de 25 cm (EMBRAPA, 2013).
As imagens GeoEye começaram a ser fornecidas a partir de 2008 e, desde então, a
missão contribui para disseminar o uso de imagens de satélites em incontáveis aplicações,
voltadas tanto ao mercado quanto à pesquisa científica. As imagens do GeoEye também
proveem importantes sistemas disponíveis na web, os quais revolucionaram o uso de imagens
de satélites e foram fundamentais para aproximar o cidadão comum da tecnologia geoespacial
(EMBRAPA, 2013).
As principais utilizações dos produtos do GeoEye é para mapeamentos urbanos e
rurais que exijam alta precisão dos dados (cadastro, redes, planejamento, telecomunicações,
22
saneamento, transportes), mapeamentos básicos e aplicações gerais em Sistemas de
Informação Geográfica, levantamento e monitoramento do uso e cobertura das terras (com
ênfase em áreas urbanas), estudo de áreas verdes urbanas, agricultura de precisão, cadastros
rurais, índice de vegetação e laudos periciais em questões ambientais.
Sobe a missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) foi atuar na produção de
um banco de dados digitais para todo o planeta, necessários na elaboração de um Modelos
Digitais de Elevação (MDEs) das áreas continentais. Os dados foram produzidos para a região
do planeta posicionada entre os paralelos 56ºS e 60ºN. Apresentam sensores com visada
vertical e lateral, com capacidade de reproduzir três dimensões espaciais do relevo: latitude,
longitude e altitude (x, y, z).
O uso de imagens da SRTM é um grande aliado na elaboração dos estudos
ambientais, pois são imagens que permitem caracterizar o relevo e a altimetria de uma
determinada região. São imagens caracterizadas como Modelos Digitais de Elevação (MDEs),
importantes para estudos geomorfológicos dentre outros, em que a variável relevo é
importante. Sendo possível analisar variáveis Geomorfométricas (quantificar a morfologia do
relevo), aspectos como declividade; hipsometria; perfis topográficos, dentro outros (Carvalho
e Bayer, 2008; Carvalho, 2009b).
Outra ferramenta importante e de fácil manuseio auxiliador na elaboração de
trabalhos no ambiente de SIGs tem sido o Google Earth que foi desenvolvido pela empresa
Keyhole, Inc., uma companhia que a Google adquiriu em 2004. O nome do produto foi
alterado para Google Earth em 2005. É uma ferramenta de consulta de fácil acesso com
imagens de alta resolução (Landsat e GeoEye). Uma das grandes utilidades deste programa é
o usuário poder inserir informações via internet usando a linguagem Keyhole Markur
Panguage (KML), juntamente com a linguagem Extensible Markup Language (XML).
O programa permite navegar por imagens de satélite de todo o planeta, girar uma
imagem, marcar e salvar locais, medir distâncias entre dois pontos e ter uma visão
tridimensional de uma determinada localidade, vetorizar perfis topográficos, etc. O programa
é gratuito, mais possui mais três versões pagas que além de serem mais rápidas possuem mais
funções e recursos. Os dados vêm de diversas fontes, os mesmos têm resoluções variadas,
tendo imagens com maior resolução geralmente em grandes centros urbanos (ANDRADE E
MEDINA, 2007).
De acordo com Carvalho e Carvalho (2012b) o uso dos produtos derivados por
imageamento orbital e/ou suborbital vão depender do objetivo de cada estudo, sendo
necessário o usuário estabelecer critérios como escala de análise (podendo ser fixa ou
23
variada), necessidade de imagens de diferentes datas (estudo multitemporal), escolha do
produto que melhor identifique o objeto a ser mapeado (interpretado), dentre outros, os quais
vão depender basicamente dos objetivos da pesquisa. Por exemplo, dependendo da escala de
análise, sensores como Landsat 5 apresentam resolução espacial (tamanho do pixel) de 30
metros, já Landsat 7 ou imagens Geocover 2000 são de ~15 metros, além de outros com alta
resolução, como o Quickbird ou Ikonos (~1m), porém com elevado preço.
Reforçando essa idéia o Manual Técnico em Geociências - Introdução ao
Processamento Digital de Imagens (IBGE 2001, p. 39) diz que na hora da seleção do sensor e
das bandas espectrais para um determinado projeto, dois parâmetros são fundamentais: a
resolução espacial e a resolução espectral. A resolução espacial está relacionada ao tamanho
do pixel da imagem, o que irá interferir na escala de trabalho. A resolução espectral está
relacionada com a capacidade de discriminação dos alvos espectralmente semelhantes, ou
seja, número de bandas do sensor, quando maior, mais detalhes podem ser discriminados com
relação ao espectro.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Localização da Área de Estudo
O estudo foi desenvolvido na bacia hidrográfica do rio Cauamé, afluente da margem
direita do rio Branco. Possui 3.159,065 km² e está situada na porção nordeste do estado de
Roraima, abrangendo os municípios de Boa Vista e Alto Alegre (Figura 1).
A bacia hidrográfica do Cauamé possui diferentes domínios. Pode ser observado, ao
longo da paisagem, grandes extensões de um relevo plano com a presença de formas residuais
características da região como inselbergs, campo de blocos e colinas, que localizam-se na
porção sudeste. Os Inselbergs e remanescentes residuais altimetricamente encontram-se na
faixa de 290m e 450m sendo representados pelas serras do Taiano, Tabaio, Murupu e Nova
Olinda, presentes no alto e médio Cauamé e depressão de Boa Vista.
As áreas abaciadas, ou seja, mais planas, inundáveis, veredas e lagos distribuem-se em
planícies e terraços fluviais do rio Cauamé e igarapés maiores. O relevo ainda apresenta um
solo coberto por campos graminosos e também é composto por igarapés com alinhamento de
veredas de buritis. Dentre os igarapés afluentes do rio Cauamé, destacam-se o Murupú, Au-
au, igarapé Caranã.
24
Figura 1 – Mapa de Localização da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.
Em nível regional, a bacia do Cauamé abrange o Planalto Residual de Roraima e
Pediplano Rio Branco-Rio Negro. Ao realizar o diagnóstico físico da área, Barroso (2009)
informa que quase grande parte dessa porção do Estado é marcada por formas do relevo
resultantes de processos de aplainamento, desenvolvido sobre as rochas sedimentares da
Formação Boa Vista, sendo caracterizado por superfície plana e levemente ondulada de
dissecação muito fraca a fraca, marcada pela existência de vários lagos concêntricos,
ocasionalmente sujeitos ao extravasamento no período chuvoso, conferindo um aspecto
bastante característico da paisagem da região e áreas arenosas, constituindo campos de dunas
fixas.
Reforçando essa ideia, Costa &Neto (2010) ressalta que no “período seco verifica-se
uma rede desordenada de canais divagantes, pontilhada por lagos. Na época das chuvas esses
interflúvios ficam submersos pelas águas pluviais, ocasionando represamento provavelmente
por falta de drenagens estabelecidas, decorrentes de um baixo gradiente topográfico”.
O solo da área é formado por processos pedogenéticos que segundo Barroso (2009, p. 38):
“as áreas topograficamente elevadas são constituídas por argissolo amarelo,
alumínico, textura arenosa/média e latossolo amarelo, alumínico, textura média com
potencialidade natural apenas regular para lavoura (...). Nas feições de savanas,
ocorrem áreas de cotas mais baixas, abaciadas, com argissolo acinzentado,
alumínico, textura arenosa média e planossolo háplico e hidromórfico, distrófico
arênico, com mudança textural abrupta, arenosa/argilosa, restrita para lavouras, em
face das deficiências de fertilidade natural e do déficit hidríco sazonal”.
25
A área em termos geológico ainda possui dois contrastes: no seu baixo curso afloram
rochas basálticas (Complexo vulcânico Apoteri) destacando-se a serra Nova Olinda e nas
cabeceiras predominam metassedimentos (paragnaisses e metacherts do Grupo Cauarane).
Quanto ás águas subterrâneas predominam o domínio intergranular (Sistema Aqüífero Boa
Vista) com produtividade bastante elevada, até 113m3/h, e secundariamente, o domínio
fraturado, de menor potencialidade (BARROSO 2009, p. 39).
A cidade de Boa Vista é drenada pelo baixo Cauamé, por aproximadamente 18,70 km
de extensão ao longo rio. Apresenta uma altitude média de 85m acima do nível do mar e
apresenta um clima quente e úmido, com apenas duas estações bem definidas: Chuvoso (de
abril a setembro) e Estiagem (de outubro a março). O crescimento urbano da cidade deu-se
em direção às margens do rio Cauamé, ocasionando pressão nessa área como pode ser
observado nas figuras 8 e 9 do item 5.3.
Podemos observar na figura 2 como era Boa Vista na década de 40, recém capital do
Território Federal do Rio Branco. Verifica-se que o aglomerado urbano era pequeno e
concentrado no que antes era a fazenda Boa Vista em 1943.
Com relação ao aspecto histórico do planejamento urbano da cidade, eo qual ocorreu
entre 1944 e 1946, pelo engenheiro civil Darcy Aleixo Derenusson, correlacionado a um
plano geopolítico estratégico na fronteira amazônica, o formato de leque, ou seja, um formato
radial concêntrico, em alusão às ruas de Paris, na França e inspirado na cidade de Belo
Horizonte-MG. Porém, o que verifica-se é que esse leque eram os caminhos que já estavam
feitos em direção ao rio Cauamé e outros acessos adjacentes à cidade, o que pode ser
observado na fotografia aérea de 1943 (Figura 2).
Percebe-se que ao longo dos anos a cidade foi crescendo e seu modelamento inicial foi
sendo distorcido devido à forma de uso do seu espaço urbano. O setor Leste foi definido
como área nobre, o Oeste, como periférico, marcado pela privatização dos benefícios da
urbanização e pela marginalização das populações mais pobres, historicamente excluídas dos
bens e serviços produzidos pela sociedade (VERAS, 2009). Observa-se com mais intensidade
a ação antrópica constante no seu entorno, contribuindo de modo significativo para a
modificação da paisagem.
Segundo Reis Neto (2007, apud Falcão et al. 2012, p.881)
“Esta modificação vem se intensificando devido ao rápido crescimento urbano por
que passou a cidade nas últimas décadas, principalmente, nos bairros residenciais
periféricos, ocupados geralmente por população de baixo poder aquisitivo, o que
levou a ocupação de sítios instáveis, descaracterizando o mosaico original da
vegetação e criando graves problemas de degradação ambiental na áreas de lagos e
nascentes de igarapé”.
26
É notório que o avanço da urbanização de forma desordenada causa uma série de
fatores negativos ao meio natural, acarretando degradação progressiva das áreas de
mananciais. Outro fator determinante nesses impactos, também é a especulação imobiliária e
as ocupações irregulares, que de forma não planejada se alojam numa determinada área
causando prejuízos ao meio ambiente.
A questão das chamadas „invasões‟ geram vários transtornos e consequências
negativas para a cidade e o meio ambiente. De acordo com Pinheiro et al. (2008 apud Falcão
et. al. 2012, p.883) “esses assentamentos, além de se caracterizarem por precárias condições
de vida, contribuem sobremaneira para o agravo do problemas ambiental das cidades, uma
vez que as já minguadas áreas de proteção ambiental terminam sendo ocupadas”.
Figura 2 – Fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano de 1943, com destaque em
preto para o aglomerado urbano e o caminho já existente em direção ao rio Cauamé.
Fonte: Acervo MEPA/UFRR.
O rio Cauamé é margeado pelos bairros Caçari, Paraviana, Cauamé, Jardim Caranã,
Cidade Satélite e mais recentemente pelo Monte das Oliveiras, o qual é resultante de
ocupação indevida. Os principais problemas ambientais que podem ser identificados ao longo
do rio são principalmente a ocupação irregular, que são áreas de pressão; degradação
ambiental ocasionada pela destruição das matas ciliares, poluição doméstica devido à falta de
saneamento básico.
27
Tendo como referência o destaque supracitado na p. 18, da Seção I do Plano Diretor,
identificamos que nele a margem do Cauamé era pra ser preservada quanto a ocupação da
terra, verifica-se que essa ocupação se deu mais precisamente em direção à margem.
De acordo com Cunha e Guerra (2011, p. 345) “a degradação ambiental pode ter uma
série de causas. No entanto, é comum colocar-se a responsabilidade no crescimento
populacional e na consequente pressão que esse crescimento proporciona sobre o meio
físico”, logo não podemos afirmar que o crescimento da cidade em direção à margem do rio
Cauamé é um fator condicionante para impactos ambientais, pode ser sim um dos fatores que
contribuem para tais impactos, conforme a citação:
“O manejo inadequado do solo, tanto em áreas rurais, como em áreas urbanas, é a
principal causa da degradação (...). Essas áreas estão, portanto, mais sujeitas a sofrer
degradação do que aquelas com grande pressão demográfica, mas que levem em
conta os riscos da natureza (...). As próprias condições naturais podem, junto com o
manejo inadequado, acelerar a degradação”. (CUNHA E GUERRA, 2011, p.345)
Na medida em que o processo de urbanização aumenta, traz consigo problemas ao
meio ambiente, o que se verifica é que não só a expansão urbana e sim outros fatores também
são culminantes na questão dos impactos ambientais.
Para caracterizar a bacia hidrográfica do rio Cauamé, foi necessário gerar alguns
produtos, com o intuito de se conhecer geomorfologicamente a área foram gerados, dentre
eles o mapa de Uso e Cobertura da Terra, pois é de fundamental importância identificar o uso
e a cobertura para conhecer os elementos da paisagem, pois ela pode ser classificada de
acordo com o grau de intervenção humana, e a dinâmica de ocupação do solo pode definir se
essa paisagem é natural, que não sofreu alteração antrópica.
O uso e cobertura da terra consistem em caracterizar a vegetação e demais elementos
naturais que revestem o solo, e identificar de que forma o homem esta utilizando a área por
ele ocupada (CARVALHO e MORAIS, 2013), e a necessidade de se conhecer esses
elementos consiste em identificar os pontos de pressão que vêm ocorrendo nas áreas
vulneráveis ocasionados pela ação humana e assim criar estratégias de amenizar os danos
causados pela ocupação do homem.
De acordo com Carvalho e Morais (2013)
“conhecer como estão relacionados e estruturados os elementos da paisagem
(função, estrutura e dinâmica), é ferramenta crucial para a caracterização da
cobertura do solo, bem como, os tipos de usos antrópicos que interferem nesses
sistemas, identificar e interpretar os diferentes usos e tipos de cobertura de uma
região, além de contribuir para os estudos da paisagem que o cerca, é o meio pelo
qual podemos compreender sua dinâmica espaço-temporal”.
28
A dinâmica espaço e tempo, definem a evolução da paisagem e as modificações que a
mesma sofreu, seja por fatores naturais que atuam constantemente no modelado do relevo,
hidrografia, vegetação, etc., seja na ação humana que é um grande modificador da paisagem.
Essas alterações podem não serem percebidas em um curto espaço temporal, podendo até ser
consideradas como aparentemente estáticas, mas ao se comparar a paisagem numa evolução
temporal serão identificadas as modificações ocorridas na paisagem.
Outro produto gerado foi o Perfil Longitudinal e Declividade que resultam do trabalho
que o rio executa para manter o equilíbrio entre a capacidade e a competência, de um lado,
com a quantidade e o calibre da carga detrítica, de outro lado, através de toda a sua extensão
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
É importante que seja traçado o Perfil Longitudinal de um rio, pois ele mostra a sua
declividade, ou gradiente, sendo, de acordo com Christofoletti (1980) “a representação visual
da relação entre a altimetria e o comprimento de determinado curso de água”.
A compartimentação de uma bacia possui características distintas em cada
compartimento:
1- Alto compartimento: caracteriza-se por serem ambientes com maiores declividades,
com áreas convexas que são altamente suscetíveis aos processos denudacionais que consistem
no processo de erosão das vertentes, e o favorecimento da erosão laminar, que consiste na
lavagem do solo, ou seja, remoção homogenia de uma capa de solos. São áreas de coleta de
água e de erosão, o que implica no entalhamento e regressão das cabeceiras dos rios. São
nessas áreas que se encontram as nascentes do rio além de ser ambiente vulnerável a ação do
homem, com a mecanização;
2- Médio compartimento: é característico dessa área o equilíbrio entre os dois
sistemas, o denudacional (erosivo) e o agradacional (deposicional). Nessa ambiente
concentram-se lagos, sistemas de paleocanais, formando uma planície fluvial em
desenvolvimento, havendo uma tendência de equilíbrio da taxa de transporte e sedimentação;
3- Baixo compartimento: tem como principal processo o agradacional, ou seja, onde
ocorrer maior deposição dos sedimentos, isso devido à perda de energia (gradiente do canal),
havendo menor capacidade de transportar os sedimentos, acumulando além de sedimentos a
água.
Como descrito em Christofoletti (1980) “em direção à jusante, há aumento
proporcional da largura, da profundidade e da velocidade das águas”, ou seja, em direção à
jusante a granulometria dos sedimentos fluviais vão diminuindo o que representa a
diminuição na competência do rio.
29
Outro produto importante na análise geomorfologia da bacia é a hipsometria, que
“preocupa-se em estudar as inter-relações existentes em determinada unidade horizontal de
espaço no tocante a sua distribuição em relação às faixas altitudinais, indicando a proporção
ocupada por determinada área da superfície terrestre em relação às variações altimétricas a
partir de determinada isoípsa base” (CHRISTOFOLETTI, 1980, p.117).
Com o mapa da Divisão da Compartimentação Topográfica e Rede de Drenagem os
quais apresentam morfologias da rede de drenagem de acordo com as características
estruturais, litológicas, pedológicas e climática de uma região, foi possível identificar e
classificar os padrões tomando como base os padrões clássicos de drenagem, difundidos na
literatura sendo eles retangular: consequência da influência exercida por falhas ou pelo
sistema de juntas ou de diáclases; paralela: os cursos de água escoam paralelamente uns aos
outros; dendítrica: seu desenvolvimento assemelha-se à configuração de uma árvore, podendo
haver dois "sub" padrão sub-dendrítico, o que caracteriza um baixo grau de densidade do
padrão dendrítico e o sub-retangular.
4.2 Metodologia
A pesquisa seguiu algumas etapas metodológicas que serão descritas abaixo:
1. Levantamento bibliográfico sobre a temática da pesquisa, após este
levantamento, foi realizado uma triagem e leitura do material levantado o qual
deu aporte para a construção da fundamentação teórica da pesquisa.
2. Descrição fisiográfica e compartimentação da bacia hidrográfica do Cauamé: a
caracterização do relevo (fisiografia) foi realizada com base em modelos
digitais de elevação (SRTM) onde foram gerados produtos como hipsometria
(fatiamento altimétrico), perfil topográfico longitudinal e a declividade. Foram
utilizadas técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento na elaboração
dos Mapas Temáticos utilizando os programas ENVI versão 4.3 e Quantum
Gis versão 1.8.0. As imagens utilizadas foram: Landsat 8 (OLI) de 2014 e da
SRTM (Shuttle Radar Topograhy Mission). Os procedimentos estão descritos
a seguir:
30
i) Delimitação da bacia hidrográfica do rio Cauamé: Foi utilizada imagem
da SRTM do estado de Roraima. A qual foi importante para visualizar
o entalhamento da rede de drenagem, delimitar os divisores de água.
Também foi utilizada a base vetorial da rede de drenagem, extraída dos
modelos digitais de elevação da SRTM para o estado de Roraima,
elaborada pelo Mepa. A drenagem foi importante para auxiliar na
delimitação da bacia hidrográfica, permitindo maior detalhe na
vetorização. Com a programa Quantum Gis foi vetorizado os limites da
bacia na escala de 1:150.000, após a vetorização, o polígono do limite
da bacia hidrográfica foi importado no programa Envi 4.3 para extração
da imagem pertencente à bacia.
ii) Uso e cobertura da terra: Para caracterizar a cobertura da terra como
vegetação, campos e corpos de água, e o tipo de uso, área urbanas e
lavouras, foram utilizadas imagens Landsat 8 (OLI), ano de 2014, para
o período de estiagem. Com a utilização do programa Envi 4.3 foi
elaborado mapa temático de uso e cobertura da terra através do método
de classificação supervisionada, que consiste num método que
relaciona áreas da imagem com as classes de cobertura da terra que
deseja separar. Ou seja, o analista, com conhecimento prévio da área ou
por inferências, seleciona amostras das classes na imagem, que se
deseja obter, chamadas de amostras de treinamento, conforme manual
técnico de Uso e Cobertura da Terra (IBGE, 2001). Com a seleção de
cada classe da imagem o programa irá correlacionar às informações dos
pixels da imagem e assim agrupar os dados, ou seja, será identificado
na imagem o padrão de comportamento espectral de cada pixel, sua
assinatura, utilizando-se de padrões estatísticos neste caso o método de
Máxima Verso Semelhança, método mais usual para classificação
supervisionada. O produto será o mapa temático da área de uso e
cobertura da terra.
Foram amostradas regiões de seis tipologias da paisagem que
melhor representam a espacialização dos elementos contidos nessa
área, as classes foram: água, vegetação, solo exposto, solo úmido,
cultivo e área urbana.
31
iii) Perfil Topográfico Longitudinal; Declividade e Hipsometria: esses
produtos foram importantes para compartimentar a bacia hidrográfica
do Cauamé em três compartimentos, definidos em alta, média e baixa
bacia.
Foi necessário caracterizar o perfil longitudinal do rio,
importante para definir os pontos de quebra do gradiente do canal,
método útil para identificar os trechos de transição entre o alto; médio e
baixo rio Cauamé. Foi traçado o perfil ao longo do canal principal da
nascente até a sua foz, com o rio Branco. O perfil foi feito com base
nos modelos digitais de elevação da SRTM, utilizando o programa
Envi 4.3, na função "transect - profile".
3. Para mapear as áreas vulneráveis devido à expansão urbana (o que tinha e
como esta atualmente), suprimento da cobertura vegetal e lagos aterrados,
foram utilizadas fotografias aéreas de 1943, levantamento aéreo da Força
Aérea dos Estados Unidos, cedidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, e tratadas no Laboratório de Métricas da Paisagem (Mepa/UFRR);
imagem do GeoEye (2014) através do programa Google Earth (7.1.2.2041),
sendo possível comparar para a região de Boa Vista, entre os anos de 1975
com a imagem do Lansdat e 2014, as alterações ocorridas em detrimento da
expansão urbana. Estas imagens foram analisadas, de forma visual, no
programa QuantumGis (vs. 1.8.0), com base no acesso da ferramenta
"OpenLayers", usando a base de dados "Google Satellite"; onde foram
identificadas e mapeadas as alterações, como lagos aterrados, supressão da
vegetação de APP da planície do Cauamé; expansão urbana ocasionado áreas
de pressão na margem do rio e demais aspectos da área.
4. Mapeamento e Caracterização das praias do baixo Cauamé: As praias do baixo
Cauamé foram mapeadas e caracterizadas com base em imagens do GeoEye
(2014) através do programa Google Earth (7.1.2.2041), sendo possível no
programa vetorizar os limites das praias, calcular a área, verificar sua
localização referente aos bairros de Boa Vista. Também foram realizados
trabalhos de campo para o reconhecimento da área, registro fotográfico,
caracterizar o ambiente, verificando possíveis problemas relacionados aos
32
aspectos ambientais, como desmatamento, invasão, infraestrutura, e a aplicação
de questionários, cuja finalidade foi conhecer o perfil dos frequentadores das
praias. As idas a campo foram realizadas durante os finais de semana, com
intuito de conciliar com os dias de maior atividade destes locais, entre os meses
de abril e maio. As perguntas relacionadas ao questionário se referem ao perfil
dos banhistas para saber qual o bairro proveniente desses frequentadores e a
opinião deles a respeito das praias como área de lazer, que estão no Anexo A-
Questionário aplicado aos banhistas.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização Fisiográfica da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.
Com a utilização de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto e o auxílio
dos programas citados na metodologia, alguns produtos a respeito da geomorfologia da bacia
do rio Cauamé foram obtidos, os quais estão descritos a seguir.
Com o produto hipsométrico foi possível caracterizar as diferentes classes altimétricas
do relevo. Conforme pode ser observado na figura 3, as cotas altimétricas da bacia variam
ente 62 e 400 m, sendo que a área predominante encontra-se entre as cotas de 62-100 m, que
estão inseridas no baixo e o médio Cauamé.
Foi possível identificar as mudanças de gradiente longitudinal e dividir a bacia do rio
Cauamé em três compartimentos, definidos em alta, média e baixa bacia. Os compartimentos
foram definidos conforme pode ser observado na figura 4 e posteriormente na figura 5:
1- Alta Bacia: É nesse compartimento que se encontram as nascentes do rio, possui
uma área de 751,723 km², com altitudes entre 75m a 100m, com uma extensão do canal de
aproximadamente 18,35 km. Caracteriza-se por ambientes com maiores declividades, entre 2°
e 5°, ou seja, ambiente favorável a processos erosivos (denudacional), com maior
suscetibilidade a erosão laminar e linear, além de ser ambiente vulnerável a ação do homem,
por exemplo, devido à utilização do solo, como aragem do solo por mecanização.
2- Média Bacia possui 1.231,581 km² de área, com cotas altimétricas entre 62m a 75m,
e uma extensão de 31,48 km de canal. É característico dessa área o equilíbrio entre os
sistemas denudacionais e agradacionais, os quais consistem em ambientes suscetíveis a erosão
(denudacionais); e ambientes suscetíveis a processos de sedimentação (agradacionais), que
33
recebem os sedimentos provenientes das áreas mais altas. Nesse ambiente concentram-se a
maior quantidade de lagos, pois o relevo não tem energia o suficiente para escoar o fluxo, o
qual fica estagnado em determinadas áreas planas, sendo os divisores de água formado pelos
tesos (morfologia convexas - pequenos morros), cuja declividade varia de 0° a 1°,
apresentando áreas também com declividade maiores, entre 1° a 5° (Serras e Morros).
3- Baixa Bacia: com uma área de 1.175,761 km² cujo relevo caracteriza-se por
extensão planície rebaixada, com cotas altimétricas em torno de 62m, e presença de serras e
morros cujas cotas atingem 400 metros. O baixo Cauamé tem como principal processo o
agradacional, ou seja, morfologias típicas de ambiente deposicional, menor capacidade de
transportar os sedimentos, favorecendo maior taxa de deposição. O canal do rio é mais
desenvolvido com aproximadamente 28,43km de extensão, formando uma planície fluvial
mais desenvolvida que no médio trecho, com formações de buritizais em paleocanais, nos
ambientes de terraço fluvial. Neste trecho tem como principal característica morfológica do
canal as formações de meandro, com depósitos de areia (praias), formados por sedimentos de
fundo, os quais são transportados e estabilizados nos trechos de convexidade do canal. Estes
depósitos apresentam como característica marcante as barras de pontal (barras fluviais) que
são feições de deposição muito comuns no sistema fluvial meandrante. Morfologicamente,
são constituídas por uma sucessão de linhas desenvolvidas na margem convexa, que crescem
em função da migração do canal. Ocorrem nas várzeas dos principais rios e em meandros
abandonados, popularmente conhecidas como praias, locais de uso para os banhos do Cauamé
(IBGE 2009).
Com relação à compartimentação da rede de drenagem, podemos classificar a bacia do
Cauamé em três padrões principais (Figura 5). O primeiro padrão é o paralelo os quais os
cursos de água escoam paralelamente uns aos outros, ocorrem predominantemente na região
da margem esquerda do alto e médio Cauamé. O padrão retangular e sub-retangular se
desenvolve na margem esquerda do baixo Cauamé, os quais se formam por conseqüência da
influência exercida por falhas ou pelo sistema de juntas ou de diáclases; e o padrão dendrítico
é característico da alta bacia, formado pelas nascentes, e o sub-dendrítico ocorre
predominantemente na margem direita da média e baixa bacia hidrográfica, onde ocorrem a
maios concentração de drenagem.
34
Figura 3 – Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.
35
Figura 4 – Mapa de Variação da Declividade da Bacia do rio Cauamé e Perfil Longitudinal.
36
Figura 5 - Divisão da Compartimentação alto, médio e baixo Cauamé e Rede de Drenagem:
padrões de drenagem do rio Cauamé e seus afluentes.
5.2 - Uso e Cobertura da Terra
Foram identificadas as seguintes classes: vegetação, campos secos, campos úmidos,
área urbana, lavoura e massa d´água. Pode ser observada na figura 6 e 7 a distribuição das
classes, alem da quantidade de cultivos presentes na região, as quais são atividades que
favorecem o desmatamento e a antropização do espaço natural e consequentemente impactos
ambientais ao longo de sua planície fluvial.
O período avaliado foi o de estiagem, que se dá entre os meses de outubro a março,
para o ano de 2014. Como o pode ser observado na figura 7 à vegetação representa 9,4% da
bacia, estando em sua maioria, presentes no alto e médio Cauamé e margeando o canal do rio,
a vegetação é composta pelas ilhas de mata, e aluvial. Verifica-se uma baixa porcentagem da
classe massa d´água, com 0,6%, constituída pelo canal principal e sistemas lacustres. A classe
predominante é a de campos secos e úmidos (lavrado), com um total de 73% da área, sendo
que destes 48% são de campos seco e 25% de campos úmidos.
37
Os 48% os quais representam os campos secos, estão distribuídos no baixo e médio
Cauamé, os quais representam o lavrado da região, constituído por vegetação rasteira.
As áreas de campo úmido, que representam 25% da bacia, estão concentradas no alto e
uma pequena porção no médio e baixo compartimento da bacia, isso devido à maior
concentração de vegetação (ilhas de mata) e igarapés (veredas), afluentes do Cauamé, o que
nos leva a considerar que esses ambientes estão susceptíveis a inundações periódicas dos
igarapés (veredas), pois este sistema de drenagem possui maior densidade, e está em estreito
contato com o canal principal.
Este ambiente permite com que haja uma constante troca de água entre as veredas,
lagos e canal principal, que no período de estiagem retém uma parte da água nos sistemas
lacustres permanentes ou temporários (JUNK 1980). A classe "urbana" é representada pela
cidade de Boa Vista, margem direita do baixo Cauamé, com 14% representativa na bacia. A
classe cultivo com 3% é representada pelas fazendas de irrigação da região as quais são as
áreas de maior impacto na bacia, devido à mecanização.
38
Figura 6 – Uso e cobertura da terra: classificação supervisionada. Bacia hidrográfica do rio
Cauamé, Roraima.
39
Figura 7 - Porcentagem da distribuição das classes de uso e cobertura da terra da Bacia
Hidrográfica do rio Cauamé.
5.3. Áreas Vulneráveis da Bacia do Cauamé
O papel do homem é fundamental para a análise de vulnerabilidade. A ocupação
realizada sem considerar os aspectos ambientais pode causar graves problemas ambientais. Os
elementos em risco, sociedade e/ou estruturas físicas, podem estar expostos de diferentes
maneiras a uma mesma ameaça. O aumento da vulnerabilidade em ambientes urbanos decorre
não somente do crescimento sem precedentes das cidades, como também da especulação
imobiliária, da pobreza crônica, da precariedade do acesso e da posse da terra urbana, da má
administração e do investimento inadequado em infraestrutura urbana. (SAITO, 2011).
Alguns processos de dinâmica global que afetam diretamente na vulnerabilidade são:
crescimento populacional, rápida urbanização, mudanças ambientais globais e guerra. Esses
processos não são independentes, mas pelo contrário, são todos intrinsecamente relacionados.
Com a expansão urbana da cidade de Boa Vista-RR, podemos observar áreas
vulneráveis a impactos ambientais. Conforme pode ser observado na figura 8, a área urbana
da cidade cresceu em direção a margem direita do rio Cauamé, acarretando no aterramento de
lagos, devido a expansão urbana.
O igarapé Pricumã, como pode ser observado no ponto 1 da figura 8, foi afetado com
essa expansão, parte sendo aterrado e canalizado, com 2,13 km de extensão e 3,20 km não
canalizada. Neste local ocorreu uma diminuição do canal, com a colmatagem de dois canais
40
de 1ª ordem da margem esquerda do igarapé e suprimento da vegetação em alguns pontos,
com maior significância no lago de nascente (aterrado) e na vegetação de contato com a
planície do rio Branco, para extração de areia e garimpo Foram contados na figura 8 em torno
de 57 lagos em sua maioria não existem mais, ou seja, foram aterrados com a expansão
urbana.
Na figura 9 foi realizado um comparativo entre as décadas de 40, 70 e período atual
(1943, 1975 e 2014). Boa Vista em 1943, possuía uma área urbana de 32,86 km² em 1975,
essa área passou para 62,88 km², e em 2014 aumentou para 131,19 km², um aumento de
299,23% na expansão urbana desde 1943, acarretando uma pressão devida à expansão urbana
ao longo da planície do rio Cauamé.
A vulnerabilidade é acarretada pelo uso da terra e alteração em sua cobertura,
fragilizando o ambiente, o qual possui uma suscetibilidade a certos processos naturais,
principalmente os decorrentes de alagamentos por ação pluvial em trechos de lagos
colmatados em Boa Vista, e os de ação fluvial, ao longo dos igarapés e planície como a do
Cauamé, problema de ordem natural o qual é intensificado pela ocupação indiscriminada das
área de proteção ambiental, por exemplo, áreas úmidas as quais são por lei de uso restrito,
devido o trado de Ramsar em 1979, o qual o Brasil é signatário.
No caso de Boa Vista, a região é naturalmente ambiente favorável ao estabelecimento
de sistemas lacustres devido ao baixo gradiente do relevo e lençol freático raso (CARVALHO
E CARVALHO, 2012; FALCÃO, 2012), e que devido a expansão urbana, tem acarretado na
vulnerabilidade local, o qual apresenta um crescimento acelerado, com uma taxa desde a
década de 40 de 299,23%. Estes impactos podem ser agravados por diversas ações, como
efluentes domésticos, despejo de resíduos sólidos e orgânicos, invasão/desmatamento da APP,
dentre outros.
Pode ser avaliado que os problemas gerados pelas rápidas mudanças na distribuição
populacional são enormes e os reflexos socioambientais são notáveis como: a deficiência de
moradia, degradação ambiental a ausência de serviços básicos como um todo. Esses fatores
acarretam impactos ambientais na bacia do rio Cauamé e consequentemente mudança em sua
dinâmica hídrica e geomorfológica.
Não resta duvida que o desmatamento ocorra com essa pressão ocasionada pela
expansão urbana, mas vale ressaltar que, o desmatamento se for seguido de um manejo
adequado do solo, a degradação ambiental pode ser mitigada.
41
Foi observado ao longo da planície do rio Cauamé, figuras 10 e 11, que a vegetação
manteve-se praticamente inalterada longo dos anos (1943-2014), principalmente na margem
esquerda do rio, a qual não é afetada diretamente pela cidade, porém, da mesma forma ao
longo da margem direita do rio (adjacente à cidade) também podemos destacar que não houve
alterações significativas. Na área urbana, o que se percebe de alteração na mata nativa é nas
proximidades da margem direita, relativo ao desmatamento das ilhas de mata e veredas,
principalmente no bairro Caçari.
Figura 8 – A – Comparativo da fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano de 1943
com o período atual, em destaque os lagos e igarapés: 1- Igarapé do Pricumã; 2- Igarapé
Grande; 3 – Igarapé Caranã. B – Imagem GeoEye, 2014.
Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.
42
Figura 9 – Comparativo entre as décadas de 40, 70 e período atual (1943, 1975 e 2014). A e
Aa- Boa Vista 1943, com destaque para a mancha urbana com área de 32,86 km²; B e Ba- Boa
Vista 1975, com destaque para a mancha urbana com área de 62,88 km²; C e Ca- Boa Vista
2014, com destaque para a mancha urbana que passou para 131,19 km².
Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.
43
Figura 10 – Comparativo entre de 1943 e 2014: A e Aa- Visão de parte do baixo Cauamé após
o bairro Cidade Satélite; B e Ba – Alteração da paisagem ao longo dos anos no sentido Ponte
do Cauamé/BR174/Pacaraima.
Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.
44
Figura 11 – Comparativo entre de 1943 e 2014: A – Fotografia aérea da praia do Caçari e
vegetação nativa da década de 40; B- 2014 e a evolução na paisagem com destaque para
alteração da vegetação de veredas e ilhas de mata, na área urbana. E vegetação aluvial
(planície de inundação) inalterada.
Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.
5.4 Praias Fluviais: Localização e Descrição das Áreas de Lazer do rio Cauamé.
As praias são formadas a partir de processos deposicionais, ou seja, o trabalho do rio
em depositar sedimentos de fundo, os quais são transportados e estabilizados nos trechos de
convexidade do canal.
As praias do rio Cauamé são bastante freqüentadas no período seco, que o período
onde o nível de água do rio está baixo, favorecendo o surgimento das barras de areia, ou seja,
aparecimento das praias e sua utilização para banho (lazer).
Foram identificadas e mapeadas seis praias, ao longo do rio Cauamé, as quais
localizam-se predominantemente no baixo trecho, devido ao perfil longitudinal do rio
caracterizar-se por uma baixo gradiente, favorecendo um padrão de canal meandriforme, e
consequentemente na deposição de sedimentos de fundo, os quais dito anteriormente,
constituem-se nas praias, ativas somente durante o período de estiagem. As praias em média
possuem uma área entre 6.528 m² (Banho Cachoeirinha) a 108,25 km² (Praia do Caçari).
A Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR (PMBV) como órgão regulamentador e
fiscalizador criou a Lei Complementar Nº 018, 1974 que estabelece normas foram para o uso
45
e ocupação dessas áreas de banho. Conforme artigo 127 do Código de Postura do Município
(Lei Complementar Nº 018, 1974) é proibido em balneários ou praias:
Banhar animais;
Retirar areia ou outro material que prejudique a sua finalidade;
Armar barracas por mais de 24 horas ou fora dos locais determinados, sem prévia
licença da Prefeitura;
Fazer fogueiras nos matos ou bosques adjacentes;
Lançar pedra, vidros ou outros objetos que possam causar danos aos banhistas;
Danificar, remover ou alterar as cabines ou outros melhoramentos realizados pela
Prefeitura;
Praticar jogos esportivos que atentem contra a saúde e a segurança dos outros
banhistas;
Praticar esportes aquáticos, com barcos motorizados, nas áreas de maior freqüência
dos banhistas;
Fica expressamente proibido às embarcações, motores e esquiadores nas praias e
exibirem num raio de área de 500 metros de extensão a partir da praia.
Em visita a campo nas praias do Cauamé, observamos que algumas dessas proibições
não são cumpridas nem fiscalizadas, como por exemplo, a presença de lixo nas áreas de
banho, verifica-se também a presença de barcos motorizados no canal do rio e Jet ski.
As figuras 12 e 13 identificam as praias mais frequentadas por banhistas em busca de
lazer, as quais localizam-se no baixo Cauamé, no trecho de área urbana de Boa Vista-RR,
estas foram identificadas por zonas urbanas (Norte e Oeste).
Na Zona Norte, encontra-se a Praia do Caçari, cujo acesso se dá pelo bairro Caçari;
Praia da Polar, no bairro Paraviana, a mais frequentada e estruturada dessa Zona, e a Praia do
Curupira. Na Zona Oeste da cidade, localiza-se a Praia da Ponte, praia muito frequentada aos
feriados e finais de semana; banho do Caranã, que leva esse nome devido estar situado no
bairro Jardim Caranã e o banho da Cachoeirinha, no bairro Cidade Satélite.
Em cada praia foram aplicados 10 questionários (Anexo). As perguntas realizadas
compõem os critérios para o levantamento do perfil dos frequentadores.
46
Figura 12 – A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização das praias na
Zona Norte da cidade e bairros circunvizinhos (Paraviana e Caçari).
Fonte: Google Earth.
Figura 13 – A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização das praias na
Zona Oeste da cidade e bairros circunvizinhos (Cidade Satélite, Jardim Caranã e Cauamé).
Fonte: Google Earth.
47
5.4.1 Praia do Caçari
Localizada na Zona Norte da cidade, com uma área aproximada de 108,25 km² no
período seco, a praia do Caçari é uma porção do rio Cauamé frequentada por pescadores,
comerciantes e banhistas principalmente aos finais de semana. O local é de fácil acesso, e
possui uma entrada entre os arbustos que nos leva até as margens do rio.
Por meio de visita in loco, observou-se que na margem direita situa-se o ambiente de
deposição do rio, ou seja, a praia, utilizada para o lazer. Na margem esquerda, encontramos a
vegetação nativa sem grandes alterações, com solapamentos pontuais nas bordas sem
vegetação. No período seco é possível atravessar o rio sem o auxílio de barcos ou canoas, uma
vez que volume de água do canal encontra-se baixo.
Foram aplicados dez questionários entre os banhistas que se encontravam no dia da
visita a campo. Os entrevistados possuem faixa etária que varia entre 18 a 53 anos. Por meio
dos questionários pudemos identificar que a maioria desses frequentadores provém de outros
bairros, geralmente da Zona Oeste (Alvorada, Silvio Botelho, Conj. Cidadão etc.), que se
deslocam em busca de lazer e de um ambiente sossegado para relaxar. Eles costumam ir aos
finais de semana com amigos e/ou familiares e passar em média 4h no local, geralmente aos
domingos à tarde.
Conforme observado na figura 14, é possível perceber comerciantes as margens do rio
com seu veículo, prática que é proibida pelos órgãos de fiscalização. Foi possível observar
também, que no local há um contêiner para descarte dos resíduos sólidos (latas, sacola
plásticas, etc), produzidos pelos banhistas, e mesmo assim, ainda há descarte do lixo no solo.
Foi observado uma placa de advertência “Praia Limpa” implantada pela prefeitura de Boa
Vista-RR, a qual indica que o local ocorre campanha de Educação Ambiental realizada por
parte da prefeitura junto frequentadores/moradores do bairro. No local existe um bar fixo,
conhecido como Bar da Tia, o qual não possui banheiro, até porque não é permitido a
construção de fossa asséptica tão próxima a margem do rio.
Segundo os entrevistados, não há visitas frequentes de guarda-vidas e de autoridade
policial no local, no entanto, ressaltam que a praia é um local tranquilo, não há brigas nem
criminalidade. Foi solicitado aos banhistas que dessem uma nota de 0 à 10 para a praia,
considerando todos os aspectos que eles acham necessários para o lazer (Figura 15).
As notas dadas representam o grau de satisfação dos banhistas com relação ao
ambiente como um todo. Observa-se que não foi dada nenhuma nota inferior a 3, o que nos
leva a pensar que não existe um alto grau de insatisfação dos banhistas com relação à praia;
48
10% deram nota de 4 a 7, por considerar a falta de policiamento no local e a infra estrutura, e
poderia haver melhorias, principalmente por parte da prefeitura em disponibilizar banheiros
químicos e mais lixeiras na praia (Figura 15).
Em entrevista ao ambulante que se encontrava no local, foi questionado o motivo de
sua preferência em vender no local e não em outras praias. Em resposta, nos informou que
esta praia (Caçari) é a melhor praia dentre as 6 pesquisadas, para se estar e trabalhar, por ser
um ambiente familiar e sossegado, sendo que este é um dos principais fatores para que ele
levasse suas filhas para se divertir (Figura 14-C). Com base na pesquisa realizada, o índice de
aprovação da praia é de 90%, por ser considerada um local tranquilo para o lazer e com pouco
movimento de pessoas (Figura 15).
FIGURA 14 – Fotos da visita da praia do Caçari: A- lixeira disponível na entrada da praia; B
– placa institucional da campanha ambiental; C – vendedor ambulante na areia da praia; D –
visão da margem da praia e banhistas.
Fonte: Dayvison Bruno e Juliana Oliveira
49
Figura 15 – Nota dada pelos banhistas à Praia do Caçari.
0% 10%
90%
0-3
4-7
8-10
5.4.2 Praia da Polar
A praia da polar é um ambiente localizado a margem direita do rio Cauamé,
frequentada principalmente por banhistas aos finais de semana, com uma área aproximada de
24.590 m² no período seco. O local tem acesso por meio de mata densa e solo compactado.
Possui três restaurantes/bares muito frequentados pelos banhistas, porém, não há banheiros no
local. O que favorece que seja utilizada a mata da praia como banheiro, onde foi observado
acúmulo de papel higiênico no local.
Observou-se que a praia da Polar é um ambiente mais organizado e a mais frequentada
entre as praias da Zona Norte, e segundo os entrevistados, com a presença constante de
policiamento e fiscalização SMTRAN (Secretaria Municipal de Trânsito), porém não houve
relatos sobre os guarda-vidas. Há lixeiras disponibilizadas pelos proprietários dos bares, em
lugares visíveis aos banhistas, com intuito de coletar o descarte dos resíduos (Figura 16).
A faixa etária dos banhistas entrevistados foi de 17 a 49 anos. É notável que maioria
dos banhistas vem de bairros da Zona Oeste, e os mesmos frequentam o local por considerá-lo
tranquilo. A placa de conscientização da prefeitura de Boa Vista-RR com o titulo “Praia
Limpa” também estava em local visível.
Os banhistas costumam ir aos finais de semana com amigos e/ou familiares para
passar em média 4h no local, geralmente aos domingos à tarde. Ainda, de acordo eles a praia
é tranquila, sem criminalidade ou brigas.
Foi solicitado que fosse dado uma nota de 0 à 10 para a praia, considerando todos os
aspectos que eles acham necessários para o lazer (Figura 17). Observa-se que não foi dada
nenhuma nota inferior a 3, sendo que 30% deram nota de 4 a 7 por considerar, que poderia
haver melhorias, principalmente por parte da prefeitura em disponibilizar banheiros químicos
50
ou seja mais infra estrutura e 70% relataram que estão muito satisfeitos com o “banho” e que
costumam frequentarem todos os finais de semana, no período seco, para se divertir, levar a
família, conversar com os amigos.
FIGURA 16 - Fotos tiradas in loco: A- lixeira disponível ao longo da praia; B – bares situados
na praia; C – placa educativa promovida pela PMBV; D – visão da margem da praia e
banhistas no momento do lazer.
Fonte: Dayvison Bruno e Juliana Oliveira
Figura 17 – Nota dada pelos banhistas à Praia da Polar.
0%
30%
70%
0-3
4-7
8-10
51
5.4.3 Praia do Curupira
A praia do Curupira é um local com entrada irregular, pouco frequentada por
banhistas, localizada no bairro Paraviana na margem direita do rio Cauamé. É um ambiente
sem construção ou qualquer tipo de infraestrutura, onde possui ruínas de um antigo bar, que
segundo os banhistas, em cumprimento a uma ordem judicial movida pelos moradores do
local (Figura 18). Possui uma área de praia, no período seco de aproximadamente de 19.020
m².
No local não havia lixeiras ou contêineres para descarte de resíduos, porém, havia a
placa “Praia Limpa”, para orientar os banhistas a manter limpos os balneários da cidade, o que
não foi observado, pois o lixo encontrava-se descartado por toda a areia da praia e ainda, logo
na entrada verificou-se o descarte de eletrodomésticos (geladeira).
O local não é muito “badalado”, pelo contrário, quase não foi possível atingir o total,
dos 10 questionários a serem aplicados. A faixa etária dos banhistas entrevistados foi de 20 a
47 anos. É notável, segundo entrevistas, que a maioria dos banhistas vem de bairros da zona
oeste, e os mesmos frequentam o local por considerá-lo tranquilo, e que costumam passar a
tarde toda, geralmente 4h, no domingo. Segundo os entrevistados, não existe nenhum tipo de
fiscalização do Órgão de Trânsito (SMTRAM) nem a presença constante da policia militar e
guarda-vidas.
Com a atribuição das notas dada pelos banhistas à praia (Figura 19) observa-se que
20% consideram a praia ruim, sem estrutura e de difícil acesso; 30% deram nota de 4 a 7 por
considerar, que poderia haver melhorias a presença de vendedores ambulante e até mesmo
que fosse mais frequentada e 50% relataram que estão satisfeitos com o “banho”, e que
costumar ir aos finais de semana, no período seco, para se divertir, levar a família, conversar
com os amigos, pelo motivo da praia ser isolada e pouco freqüentada, não tem brigas nem
bagunça. Geralmente os banhistas levam sua bebida para passar à tarde.
52
FIGURA 18 - Fotos tiradas in loco: A- visão da margem direita e esquerda da praia; B –
grupo de banhistas em momento de lazer; C – lixo descartado na areia da praia; D – estrutura
demolida de um antigo bar.
Fonte: Dayvison Bruno e Juliana Oliveira
Figura 19 – Nota dada pelos banhistas a Praia do Curupira.
20%
30%
50%
0-3
4-7
8-10
53
5.4.4 Banho da Ponte
A praia da ponte do Cauamé, conhecida como Banho da Ponte, localiza-se as margens
da BR 174, sentido Pacaraima, com uma área aproximada de 61.630 m². É um ambiente
muito “badalado” aos finais de semana e feriados, principalmente no período de estiagem. Em
suas areias brancas e fina os banhistas costumam passar o dia todo no local. Foi possível ver a
presença de famílias, além de grupos formados por jovens a procura de diversão, sendo
frequentado por vários tipos de pessoas provenientes em sua maioria, da Zona Oeste da
cidade. Os dois lados da praia (lado direito e esquerdo da ponte) são utilizados pelos banhistas
(Figura 20).
Do lado direito, sentido Boa Vista/Pacaraima, possui um bar/restaurante chamado
Restaurante Chico do Carneiro, que inclusive no dia da visita estava interditado pela
Prefeitura. Nele costuma ocorrer festas, com músicas e apresentação de bandas ao vivo, o que
atrai muita gente para o local. Lá possui um banheiro, masculino e feminino, com vasos
sanitários e fossa asséptica o que é permitido, pois o mesmo não encontra-se em área de
alagamento, apesar que ao ocorrer uma cheia excepcional do rio, o nível de água pode
alcançar a área, por se tratar de uma planície de inundação. Ainda identificamos que o bar é
abastecido pela água do próprio rio, por meio de um cano e uma bomba d´água (Figura 20).
Do lado esquerdo também há a presença de uma estrutura de madeira, que aparentava
ser um bar, mas que no momento não encontra-se em funcionamento, mas essa parte da praia
também é utilizada pelos banhistas.
A faixa etária dos banhistas entrevistados foi de 19 a 55 anos. É notável segundo
entrevistas, que maioria dos banhistas vem de bairros da zona oeste, e os mesmos frequentam
o local por considerá-lo agradável para o lazer, alguns costumam passar o dia todo na praia e
utilizar a estrutura do bar para comer e beber, outros costumam passar a tarde toda (4h) do
domingo no local. Segundo os entrevistados, no local existe uma constante fiscalização do
Órgão de Trânsito (SMTRAM) a presença constante da policia militar e raramente dos
bombeiros (guarda-vidas), mesmo assim, foi relatado que sempre acontecem brigas, furtos e
roubos no local.
Com a atribuição das notas dada pelos banhistas à praia (Figura 21) observa-se que
não houve índice de reprovação (notas de 0-3); 20% deram nota de 4 a 7 pela questão das
brigas que ocorrem com freqüência e pela falta de estrutura, como lixeiras ao longo da praia,
mais vendedores ambulantes, cadeiras e mesas disponíveis na praia para sentar etc. e 80%
54
relataram que estão satisfeitos com o “banho” e que costumar ir aos finais de semana, no
período seco, para se divertir, levar a família, conversar com os amigos e dançar.
Também foi identificado no local a placa “Praia Limpa”, além da presença de carro na
areia da praia, com som ligado.
FIGURA 20 - Fotos tiradas in loco: A- Placa de conscientização ambiental da PMBV; B –
Bar fixo localizado na margem do rio; C – banheiro com fossa asséptica pertencente ao bar; D
– visão da margem da praia e banhistas; E – Visão direita sentido Boa Vista/Pacaraima, da
praia e do bar; F – Visão de cima da ponte do lado esquerdo Boa Vista/Pacaraima, da praia.
Fonte: Juliana Oliveira.
55
Figura 21 - Nota dada pelos banhistas à Praia da Ponte.
0%20%
80%
0-3
4-7
8-10
5.4.5 Banho do Caranã
O Banho do Caranã possui uma área aproximada de 22.510 m² no período seco, recebe
esse nome por estar localizada na Zona Oeste no bairro Caranã, esse ponto do rio Cauamé é a
foz do igarapé Caraná. A praia possui acesso irregular por uma estrada de terra. Podemos
perceber que a área de expansão está indo em direção a margem do rio, porém, observou-se
que a vegetação da planície de inundação está manteve-se preservada.
No local existem placas de conscientização para preservação da natureza. Porém,
constatou-se na estrada que dá acesso ao banho, o descarte de lixo sólido diretamente no solo,
como carcaças de eletrodomésticos (Figura 22). Na estação chuvosa, com o alagamento da
planície de inundação é provável que esse lixo será transportado para o leito do rio, uma vez
que o nível da água afeta o local observado.
Foram aplicados 10 questionários entre os freqüentadores que se encontravam no dia
da visita. Foi possível identificar no questionário que o local é bastante frequentado por
pessoas residentes no próprio bairro.
Os entrevistados relataram que o ideal para as famílias tomarem banho sossegado é até
às 15-16h, que a partir desse horário não é possível ficar no local, pois existe a presença de
pessoas de má índole, que consequentemente provocam brigas e confusões na área. Não há
visita das autoridades policias, nem do Corpo de Bombeiros. Também não há nenhum tipo de
estrutura no local, como bares, barracas. No dia da visita também não verificou-se a presença
de vendedores ambulantes.
Com a atribuição das notas dada pelos banhistas à praia (Figura 23) observa-se 20%
deram notas de 0 a 3 devido à praia ser mal freqüentada e não ter nenhuma estrutura; 30%
deram nota de 4 a 7 pela questão das brigas que ocorrem com freqüência e pela falta de
56
estrutura, e 50% relataram que estão satisfeitos com o “banho” e que costumam ir aos finais
de semana, no período seco, para se divertir, por ser um ambiente sem muito movimento.
FIGURA 22 – Fotos tiradas in loco: A- placa de sinalização de proibido veículo automotor na
área da praia; B – visão geral da praia e margem esquerda ao fundo do rio Cauamé com
vegetação nativa sem alterações; C – foz do igarapé Caranã; D – visão da margem direita da
praia e banhistas. E e F – Lixo despejado na estrada que dá acesso ao banho.
Fonte: Juliana Oliveira
57
FIGURA 23 - Nota dada pelos banhistas ao Banho do Cananã.
20%
50%
30%
0-3
4-7
8-10
5.4.6 Banho da Cachoeirinha
A visita ao banho da cachoeirinha foi realizada no mês de junho (chuvoso),
infelizmente, não foi possível fazer o campo no período de estiagem. A praia fica localizada
na Zona Oeste da cidade no bairro Cidade Satélite, com uma área aproximada de 6.528 m². É
um local de difícil acesso, com percurso muito alterado, pois constatamos que na planície de
inundação existe a extração de sedimentos e descarte de lixo solido (Figura 24).
Diferentes das outras praias (banhos), o local não havia placas ou lixeiras para
preservação do ambiente. Foi possível observarmos com a visita in loco que a mesma é
frequentada por pessoas residentes do próprio bairro, mesmo sendo considerado lugar de
lazer, ela não apresenta condições de segurança, pois é formada por rochas pontiagudas, que
de certa forma torna o local perigoso para banho. Além da questão da marginalidade, que é
característico do local.
Não foi possível aplicar nenhum questionário na praia, porque nos dias das visitas não
havia ninguém no local, mas podemos perceber que não existe a ronda das autoridades
policias, nem do Corpo de Bombeiros. Também não há nenhum tipo de estrutura, como bares,
barracas, nem a presença de vendedores ambulantes. A praia em si não é atrativa para o lazer.
58
FIGURA 24 - Fotos tiradas in loco: A- visão geral da praia e sua vegetação nativa; B –
margem do rio esculpindo a entrada da praia; C – área de extração de material à margem do
rio; D – lixo presente em torno da planície de inundação.
Fonte: Dayvison Bruno.
59
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta pesquisa pudemos avaliar que a bacia hidrográfica do rio Cauamé é um
ambiente dinâmico, com presença dos elementos característicos da paisagem do lavrado de
Roraima, com ilhas de mata, veredas (buritizais), sistemas lacustres desconexos da planície
fluvial, e que durante o período analisado manteve-se significativamente inalterado. Sendo um
ambiente propício para o lazer, devido as características morfológicas do canal,
proporcionando na região do baixo Cauamé a deposição de material sedimentar, o qual
formam-se as praias para os banhos. Foi possível identificar e caracterizar fisiograficamente e
geomorfologicamente a bacia hidrográfica sua dinâmica e o uso e cobertura da terra.
Elaborou-se a compartimentação da bacia hidrográfica, seguindo critérios
geomorfológicos, com base em técnicas de sensoriamento remoto/geoprocessamento,
levando-se em consideração a divisão em três compartimentos: alto, médio e baixo Cauamé.
Importante para a descrição fisiográfica da paisagem do Cauamé, servindo de suporte para o
planejamento e gerenciamento territorial da área de estudo.
As áreas vulneráveis a ação antrópica encontram-se na margem direita do rio, no
compartimento do baixo Cauamé, devido à expansão urbana que ocasionou a alteração do
meio natural, como aterramento de lagos e desmatamento da vegetação nativa. Sendo nestas
tipologias vegetacionais não pertencentes a planície de inundação, como ilhas de mata e
veredas, as quais identificou-se significativa alteração desde a década de 40. No entanto, a
vegetação da planície fluvial, manteve-se relativamente inalterada, o que inicialmente parecia
ser uma contradição. No alto e médio Cauamé, houve alteração na vegetação não pertencente
a planície de inundação, porém, com menor intensidade com relação ao baixo Cauamé, trecho
de expansão de Boa Vista-RR. Da mesma forma que no baixo, não foi observado mudança
significativa na vegetação da planície fluvial, constatado através das fotografias aéreas de
1943 e imagens de satélites atuais (2014).
O rio Cauamé, como bem explanado, é um ponto importante no cenário urbano da
cidade de Boa Vista-RR, por se tratar de um ambiente favorável a formação de praias.
A estação seca e chuvosa tem uma grande importância na dinâmica do rio. No período,
de estiagem, a formação das praias é bem marcante, as quais são ambientes utilizados para o
lazer, principalmente aos finais de semana.
Foi possível mapear e caracterizar seis praias na margem direita do rio, no baixo
Cauamé, sendo elas: Praia Caçari, Polar e Curupira, localizadas na Zona Norte da cidade; e
Banhos da Ponte, Caranã e Cachoeirinha, localizados na Zona Oeste da cidade. Muito
60
distintas entre si, essas praias são muito frequentadas por pessoas geralmente provenientes dos
bairros mais distantes em busca de um local tranquilo e amigável para relaxar. Sendo entre
estas, as praias de maior pontuação a praia da Polar e Cauamé por apresentarem uma boa
estrutura, e as praias com menor índice de aprovação foi a do Caranã e Cachoeirinha, devido a
serem inadequadas, desde o ponto de vista ambiental como o social (marginalidade).
Estas praias durante a estação chuvosa, a qual inicia-se em abril-maio e estende-se até
agosto-setembro, período que ocorre a cheia do rio, logo é característico nessa temporada que
ocorra uma diminuição e até mesmo sejam submersas as áreas de praias, fazendo com que os
banhistas deixem de ir com mais frequências aos banhos. Sendo a temporada de praias os
meses setembro a março.
Dessa forma tomamos como satisfatório os resultados desta pesquisa, baseada em
levantamento de campo, o qual objetivou-se caracterizar o aspecto social das praias, e em
técnicas de sensoriamento remoto/geoprocessamento com intuito de caracterizar e contribuir
com o banco de dados do projeto Aspectos Hidrogeomorfológicos do Estado de Roraima
(Mepa/Dep.Geografia/UFRR), importante para a compreensão da dinâmica física-biótica-
social das áreas úmidas de Roraima. Base para a preservação e o planejamento e gestão do
manejo de bacias hidrográficas, por estas serem integrantes e atuantes numa sociedade.
61
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSY, Maria Lúcia; MIRANDA, Izildinha Souza. Fisionomia das Savanas de Roraima,
Brasil. (Parte da Tese de Doutorado). Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – DCF, Belém
– Pa, 2000. ACTA Amazonica. v.30, n.3. 2000, p.423-440. Disponível em:
https://acta.inpa.gov.br/fasciculos/30-3/PDF/v30n3a06.pdf. Acessado em: 10/06/2014.
ANDRADE, Andréa Faria; MEDINA, Simone da Silva Soria. O uso de imagens de satélite
do Google Earth como recurso didático para o ensino de projeções de coberturas.
Curitiba: Graphica, 2007, 10p.
BRASIL, Boa Vista/RR, Lei Complementar Nº 924, de 28 de novembro de 2006. Dispõe
sobre o Plano Diretor Estratégico e Participativo de Boa Vista e dá outras providências.
Diário Oficial do Município de Boa Vista, Boa Vista, RR, 30 de Nov. de 2006.
BRASIL, Boa Vista/RR, Lei Complementar Nº 018, de 21 de agosto de 1974. Dispõe sobre
o Código de Postura da Prefeitura Municipal de Boa vista e dá outras providências.
Disponível em: < http://www.boavista.rr.gov.br/leis-municipal>. Acessado em: 01/06/2014.
BARROSO, José Antônio de Vasconcelos. Diagnóstico Ecológico da bacia do rio Cauamé
no Estado de Roraima, com a utilização de Sistema de Informações Geográficas para o
Desenvolvimento Sustentável. 2009. 77p. Dissertação (Mestrado profissional
interinstitucional em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Universidade Federal de Roraima, 2009. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25780/000740860.pdf?sequence=1>.
Acessado em: 13/06/2014.
BAYER, M.; CARVALHO, T.M., 2008. Utilização dos produtos da "Shuttle Radar
Topography Mission" (SRTM) no mapeamento geomorfológico do Estado de Goiás.
Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 9, p. 35-41, 2008.
CARVALHO, Thiago Morato. CARVALHO, Celso Morato. Sistemas de informações
geográficas aplicadas à descrição de habitats. Acta Scientiarum. Human and Social
Sciences Maringá, v. 34, n. 1, p. 79-90, Jan.-June, 2012.
CARVALHO, Celso Morato de. O lavrado da Serra da Lua em Roraima e perspectivas
para estudos da herpetrofauna na região. Revista Geográfica Acadêmica, v.3, n.1, pág. 4-
17. 2009.
CARVALHO, Thiago Morato de. Síntese Evolutiva da Geomorfologia e Sistemas Fluviais.
Revista Brasileira de Geografia e Física. Recife-PE, v. I, n.02., p.05-14, Set/Dez 2008.
62
_________. 2009a: Avaliação do transporte de carga sedimentar no médio rio Araguaia.
Rev. Geosul, v.24, n.47, p.174-160.
_________. 2009 b. Parâmetros geomorfométricos para descrição do relevo da Reserva
de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, Manaus, Amazonas. In: Edinaldo Nelson dos
Santos-Silva; Veridiana Vizoni Scudeller. (Org.). Biotupé: Meio Físico, Diversidade
Biológica e Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central volume 2. 1ed.Manaus:
Governo do Estado do Amazonas; Universidade Estadual do Amazonas, 2009, v. 2, p. 3-17
_______. Síntese dos Aspectos Hidrogeomorfológicos do Estado de Roraima. Zoneamento
Ecológico Econômico do Estado de Roraima. Governo de Roraima – SEPLAN/IACTI, 2012.
______. Aspectos do meio físico-biótico entre o baixo rio Uraricoera e alto rio Branco:
parâmetros dinâmicos do sistema fluvial do projeto Águas de Macunaíma - SPU/UFRR.
Relatório Águas de Macunaíma - SPU/UFFR.
CARVALHO, Thiago Morato; MORAIS, Roseane Pereira; Cobertura da terra e
parâmetros da paisagem no munícipio de Caracaraí – Roraima. Rev. Geogr. Acadêmica
v.7, n.1, 2013, p.46-59.
CHISTOFOLETTI, Antonio. GEOMORFOLOGIA. 2 ed. São Paulo: Blucher, 1980. 188 p.
COSTA, José Augusto Vieira; NETO, Raimundo Alves dos Reis. Mapeamento de unidades
geomorfológicas da bacia do rio Cauamé – RR. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.11,
n.2, p.3-10, 2010. Disponível em: <
http://www.lsie.unb.br/rbg/index.php/rbg/article/view/147> Acessado em: 13/06/2014.
CUNHA, Sandra Baptista; GUERRA, Antônio José Teixeira (Org.). Geomorfologia e Meio
Ambiente. 10 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. 396p.
CPRM. Processamento Digital Básico de Imagens de Sensores Remoto Ópticos para uso
em Mapeamento Geologico – Programa Envi. Disere 2005.42p.
Embrapa Monitoramento por Satélite. Satélites de Monitoramento. Campinas: Embrapa
Monitoramento por Satélite, 2013. Disponível em: < http://www.sat.cnpm.embrapa.br>.
Acessado em: 27 jun. 2014.
FALCÃO, Márcia Teixeira, Et. al. O Padrão Urbano como determinante do grau de risco
das áreas ocupadas nas proximidades do rio Cauamé: Praia da Ponte, do Curupira, da
Polar e do Caçari. Revista Geonorte, Ed. Especial, v.1, n.4, 2012, p.880-889. Disponível em:
63
<http://www.revistageonorte.ufam.edu.br/attachments/009_O%20PADR%C3%83O%20URB
ANO%20COMO%20DETERMINANTE%20DO%20GRAU%20DE%20RISCO%20DAS%2
0%C3%81REAS%20OCUPADAS%20NAS%20PROXIMIDADES%20DO%20RIO%20CA
UAM%C3%89%20PRAIA%20DA%20PONTE,%20DO%20CURUPIRA,%20DA%20POLA
R%20E%20DO%20CA%C3%87AR%C3%8D..pdf> Acessado em: 16/06/2014.
FREITAS, Aimberê. A história Política e Administrativa de Roraima de 1943 a 1985.
Manaus: Editora Umberto CAlderado Ltda. 1993.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brasil). Manuais Técnicos em Geociências,
n.9. Introdução ao Processamento Digital de Imagens, Rio de Janeiro. 2001. 94p.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brasil). Manual Técnico em Geociências, n.7.
Manual Técnico de Uso da Terra, 3ed., Rio de Janeiro. 2013. 170p.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brasil). Manual Técnico de Geomorfologia,
n. 5, 2ed., Rio de Janeiro. 2009, 175p.
JUNK, Wolfgang Johannes. Áreas inundáveis – Um desafio para Limnologia. Acta
amazônica 10(4), p.775-795, 1980.
RAMDOLPH, Rainer. Os sistemas de informações geográficas: conceitos e aplicações, II.
p.135-151. Saúde e Espaço: estudos metodológicos e técnicas de análise. Rio de Janeiro:
Editora FIOCRUZ, 1998. 276p. Disponível em:<http://books.scielo.org/id/wjkcx/09>.
Acessado em: 16/06/2014.
SAITO, Silvia Midori. Desastres naturais e geotecnologias – Vulnerabilidades. São José
dos Campos: IMPE, 2011. 32p. Disponível em: http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3AQJL25.
Acessado em: 19/03/2014.
SILVEIRA, Mariana Pinheiro. Aplicação do Biomonitoramento para Avaliação da
Qualidade da Água em Rios. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
(Brasil). Jaguariúna, SP. 2004. 68p.
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, XIII, 2007, Florianópolis, Anais Uso da
terra do Estado de Roraima. Florianópolis: INPE, 2007, p.4275-4282.
SILVA, Alexandre Marcos da; SCHULZ, Harry Edmar; CAMARGO, Plínio Barbosa de.
Erosão e Hidrossedimentologia em Bacias Hidrogáficas. São Carlos: RIMA, 2003, 2004.
140 p.
64
SILVA, Paulo Rogério de Freitas; VERAS, Antônio Tolrino de Rezende. Boa Vista – uma
cidade radial concêntrica nos confins amazônicos. In: LIMA, M. C.; BOTÍA, C. G. Z.; LYRA
JÚNIOR, A. A. (Org.). Governabilidade e Fronteira: os desafios amazônicos. Boa
Vista:Editora da Universidade Federal Roraima (EdUFRR), 2012. p. 117-130.
VERAS, Antônio Tolrino de Rezende. A produção do espaço urbano de Boa Vista – Roraima.
(Tese de Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP, São Paulo -
SP, 2009. 235p. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-
19022010-163714/pt-br.php.> Acessado em: 10/06/2014.
65
ANEXO – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS BANHISTAS DO GRUPO DE
AMOSTRAGEM.
Questionário
Sexo: ( )M ( )F
Idade:_____________
Bairro proveniente:_____________________________
Banhista ( )Comerciante ( )Outros ( )_______________
1- Acompanhantes: ( )esposa; ( )filhos; ( )familiares; ( )amigos; ( )namorada(o);
2- Com que freqüência você vem à praia?
( )diariamente; ( ) aos finais de semana; ( )só aos sábados; ( )só aos domingos; ( )
esporadicamente; ( )outros ________________________
3- Costuma passar quantas horas?_________________________________________
4- O que costuma trazer para a praia?
( )comida ( )bebidas diversas ( )água ( )rede ( )barraca ( )mesa ( )cadeira.
5- Qual o descarte que faz do lixo?
____________________________________________________________________
6- Existe a coleta de lixo no local? ( )sim ( ) não
7- Há presença de guardas vida? ( )sim ( ) não
8- Há presença de autoridades policiais? ( )sim ( ) não
9- Costuma usar os bares da praia? ( )sim ( )não
10- Quanto à infraestrutura dos bares você está satisfeito? ( )sim ( )não
11- Possuem banheiros? ( )sim ( )não
12- Quanto à criminalidade? ( )sim ( )não
13- Que tipo de criminalidade? ( )roubos e furtos; ( )brigas; ( )assedio sexual.
14- Uma nota de 0 a 10 qual você classifica este banho? Qual o motivo da nota dada?
____________________________________________________________________