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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO Telmo José Souto-Maior GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES: A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL MASCULINO NAS COPAS DO MUNDO DE 1966 E 1970 Florianópolis 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO

Telmo José Souto-Maior

GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES: A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL MASCULINO

NAS COPAS DO MUNDO DE 1966 E 1970

Florianópolis 2014

Telmo José Souto-Maior

GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES: A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL MASCULINO

NAS COPAS DO MUNDO DE 1966 E 1970

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Orientador: Prof. Dr. Francisco Antonio Pereira Fialho Coorientadora: Profa. Dra.Maria José Baldessar

Florianópolis 2014

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da

Biblioteca Universitária da USFC

Souto-Maior, Telmo José Grupos Criativos em Organizações : A Seleção Brasileira de Futebol Masculino nas Copas do Mundo de 1966 e 1970 / Telmo José Souto-Maior ; orientador, Francisco Antonio Pereira Fialho ; coorientadora, Maria José Baldessar. – Florianópolis, SC, 2014. 276 p.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Inclui referências

1. Engenharia e Gestão do Conhecimento. 2. Grupos Criativos. 3. Criatividade. 4. Organização. 5. Seleção Brasileira. I. Fialho, Francisco Antonio Pereira. II. Baldessar, Maria José. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. IV. Título.

Aos meus Queridos Pais, José Liberato Souto-Maior e Carmen Silva Souto-Maior

Exemplos de Vida e Inspiradores deste Trabalho.

FELIZES E SORRIDENTES!!

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Francisco Antonio Pereira Fialho, pelo apoio, paciência e orientação precisa e adequada ao longo de todo o tempo, especialmente quando me exortou: “lê, relê, relê mais uma vez, até enjoar...”.

À coorientadora Maria José Baldessar que, com sua presença, possibilitou que eu pudesse concluir, apresentar e defender este trabalho.

Aos meus filhos Sara, Lara e Cesar Duarte Souto-Maior pelo estímulo, presença constante, paciência, apoio e sempre acreditando em mim.

A todos os meus amigos e familiares que mantiveram, de perto ou de longe, uma torcida pela realização deste trabalho, especialmente Gecy Lucia Savi, amiga de longa data, importante na redação final do texto e do abstract e José Fernandez, amigo desde o Ensino Médio, pelo apoio e boas ideias.

Em especial aos jogadores Carlos Alberto Torres e Gérson de Oliveira Nunes, que aceitaram participar desta pesquisa, concedendo entrevistas e partilhando suas observações e opiniões, importantes e abalizadas, como protagonistas dos eventos abordados. E aos seis entrevistados “anônimos” que aceitaram fazer parte deste estudo, quando ele ainda estava em sua fase embrionária, os meus sinceros agradecimentos.

Em especial a Domenico De Masi por ter escrito “Criatividade e Grupos Criativos” e “A Emoção e a Regra”, obras que me estimularam a abordar o tema e que estão na base teórica e prática da construção deste trabalho.

Aos professores Neri e Fialho de Introdução às Ciências da Cognição; Neri e Grego de Fundamentos de Gestão do Conhecimento; Cristiano e Marina de Metodologia da Pesquisa e de Métodos Qualitativos de Pesquisa; Andreia e Jane de Aprendizagem Organizacional; Paulo Selig, Roberto Pacheco e Vinicius Kern, de Seminários de Pesquisa; Fialho e Marina de Desenvolvimento Humano e Gestão; Édis e Ana, de Empreendedorismo em Organizações do Conhecimento; Vânia e Tarcisio, de Criatividade; a todos agradeço pelos conceitos e empenho no aprendizado de todos nós, seus alunos.

Aos parceiros em artigos Kíria Meurer Matos, em Emoção e Criatividade; Juliana Leonardi, em Transdisciplinaridade e em Memória Organizacional, juntamente com Luciane Camilotti; Jactânia Marques Muller em Cognição Situada; Adenor Martins de Araújo Jr. e Sérgio Ricardo de Campos Nery, em Intraempreendedorismo, a Rita de Cássia Clark Teodoroski no capítulo do E-book sobre Criatividade, meus sinceros agradecimentos pelo companheirismo, dedicação e respectivas capacidades.

Aos amigos de curso, ao longo das diversas disciplinas, pelo incentivo, pela amizade e pelas aprendizagens compartilhadas.

Ao PPGEGC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento pelo apoio institucional nos momentos precisos e pela concessão do tempo necessário para a realização desta pesquisa.

À professora Sandra Rolim Ensslin, do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade – PPGC, pelo incentivo e aulas na disciplina Gestão do Capital Intelectual, quando então despertamos para este tema.

Ao amigo de longa data, Saul Brandalise Júnior, da Band Santa Catarina, pelo apoio oportuno na obtenção de contatos para entrevistas.

Ao PPGEGC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento pelo apoio institucional nos momentos precisos e pela concessão do tempo necessário para a realização desta pesquisa.

A CAPES pelos recursos da bolsa, que me permitiram deslocamentos.

Aos compositores Johann Strauss II, Zequinha de Abreu, Ari Barroso e Gounod, que me embalaram em momentos de concentração, recolhimento e solidão na redação e aos executores das trilhas sonoras de filmes com suas músicas vibrantes, estimulantes e animadoras nos momentos necessários.

A todos aqueles que, de alguma forma contribuíram para que este trabalho se tornasse realidade.

E finalmente a Deus pela presença constante em minha vida.

Devo muito a vocês todos... Muito obrigado!

A Copa do Mundo não é apenas uma competição que mede o talento dos seus participantes, premiando os que tenham maiores habilidades com o trato da bola. Diagnosticá-la dessa forma seria, no mínimo, uma operação preguiçosa. Ela se alimenta de ingredientes emocionais que atravessam os limites do campo de jogo, alcançam as arquibancadas e os mais longínquos pontos do mundo, onde haja um coração pulsando.

Pelé (HEIZER, 2001, prefácio)

RESUMO

Esta pesquisa trata do estudo de grupos criativos em organizações no Brasil e busca elementos sobre sua atuação com vistas a um melhor desempenho e melhores resultados econômicos, que possam ser disseminados não só nas organizações, como também servir de referência para outros grupos que pretendam ser criativos. Considerando que o futebol é o principal esporte no Brasil; sendo uma paixão para os brasileiros, que se referem frequentemente ao país como “país do futebol” ou a “pátria de chuteiras”; escolheu-se como grupo criativo a Seleção Brasileira de Futebol, que representa o Brasil em competições internacionais entre países e jogos amistosos. A Seleção Brasileira de Futebol é, atualmente, a maior vencedora da Copa do Mundo FIFA com cinco títulos. O estudo foca a Seleção Brasileira em duas Copas consecutivas: 1966 e 1970, nas quais os grupos que representaram o Brasil tiveram desempenhos diametralmente opostos. O estudo verifica as ligações existentes entre esses dois grupos criativos e busca saber se a organização, que convoca a Seleção, aprendeu com o insucesso e/ou com o sucesso, com vistas a preservar o que deu certo e a evitar a repetição dos erros cometidos. A Seleção de 1966 é lembrada, até hoje, como a Seleção Brasileira que teve o segundo pior desempenho em todas as Copas do Mundo. Por sua vez, depois de quatro anos, a Seleção de 1970 tem sido citada como uma das melhores Seleções Brasileiras de todos os tempos, senão a melhor. No estudo são abordados diversos conceitos, tais como emoção, pensamento divergente, criatividade, grupos criativos, ambiente/clima de trabalho, master mind, liderança, organização, planejamento, esquema de jogo e soberba. São apresentados, igualmente, argumentos que mostram a sua aderência com a área de Gestão do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento – PPGEGC e com a linha de pesquisa Teoria e Prática em Gestão do Conhecimento. Inicialmente foi realizada a compilação de dados. Em seguida, foi efetuada a transformação desses dados em informações através da agregação de valor pela contextualização e categorização, significados pela relevância e propósitos, quando então foram

elaboradas listagens de categorias e subcategorias relacionadas tanto ao insucesso na Copa de 1966 como ao sucesso na Copa de 1970. Ao final, são apresentados dois quadros como conhecimento resultante de todo o processo: os “Achados da Investigação (Findings)” e “Pontos a considerar na análise de grupos criativos”, ou seja, os possíveis conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos, o objetivo deste estudo.

Palavras-chave: Grupos Criativos. Criatividade. Seleção Brasileira. Copa do Mundo. Organização. Aprendizagem.

ABSTRACT

This research it´s study of creative groups in organizations in Brazil and looks for elements on his acting in order to achieve a better performance and better economical results, which could be disseminated not only in organizations, and also to serve as reference for other groups that intend to be creative. Considering that soccer is the principal sport in Brazil; being a passion for the Brazilians people , that´s why Brazil is frequently known as “ country of the football “ or the “ homeland of football boots “; the Brazilian Football Team there was chosen like creative group which represents Brazil in international competitions between countries and friendly. The Brazilian Football Team is, at present, the biggest winner of the FIFA World Cup Trophy, with five titles. The study focuses the Brazilian Selection in two consecutive Cups: 1966 and 1970, in which the groups that represented Brazil had diametrically opposite performances. The study checks the existent connections between these two creative groups and looks for knowledge if the organization, that summon the Selection, learnt with the failure and /or with the success, with sights to preserve of what it gave right and to avoid the repetition of the committed mistakes. The Team of 1966 is remembered, till now, as the Brazilian Selection that had the worst performance in all the Cups of the World. By his time, after four years, the Team of 1970 has been quoted as one of the best Brazilian Selections till now, or maybe the best. In the study several concepts are boarded, such as emotion, divergent thought, creativity, creative groups, environment / climate of work, master mind, leadership, organization, plans, scheme of play and pride. There are presented, equally, arguments that show his adherence with the area of Knowledge Management of the Post analysisGraduation Program in the Knowledge Management Engineering – PPGEGC and with the line of inquiry Theory and Practice in Knowledge Management . Initially the compilation of data was carried out. Next, the transformation of these data was effectuated in information through the aggregation of value by the contextualization and categorization meant by the relevance and purposes, when then there were prepared listings of categories and subcategories made a list so much to the failure in the Cup of

1966 as to the success in the Cup of 1970. Finely two tables are presented like resultant knowledge of the whole process: the “Findings of the investigation” and “Points to consider in the analysis of creative groups”, in other words, the possible concepts and/or indicative made a list to the performance of creative groups, the objective of this study.

Keywords: Creative groups. Creativity. Brazilian Team. World Cup. Organization. Learning..

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – À esquerda: foto do crânio de Gage tirada no museu da Harvard Medical School, em Boston (1992). À direita: reconstrução do seu cérebro com o uso de modernas tecnologias de visualização. ...................................... 42

Figura 2 – À esquerda a Taça Jules Rimet (1930-1970). À direita o atual Troféu da Copa do Mundo FIFA (desde 1974) .... 67

Figura 3 – Carlos Alberto Torres, à esquerda com a Taça Jules Rimet. À direita, em seu escritório na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, com o autor ................................................... 95

Figura 4 – Foto de Gérson na sala de reunião da TV Bandeirantes. Botafogo, Rio de Janeiro. .................................. 101

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Publicações entre os anos de 1996 e 2013 ........... 191

Gráfico 2 – Países com maior quantidade de publicações ....... 193

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Quadro Evolucionário da Criatividade ..................... 54

Quadro 2 – Possíveis razões para o insucesso em 1966 ........ 120

Quadro 3 – Listagem das categorias e subcategorias relacionadas ao insucesso na Copa do Mundo de 1966 ................................................................................... 127, 199

Quadro 4 – Possíveis razões para o sucesso em 1970 ........... 128

Quadro 5 – Listagem das categorias e subcategorias relacionadas ao sucesso na Copa do Mundo de 1970 ..... 139, 199

Quadro 6 – “Achados” da Investigação (Findings): Possíveis conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos em organizações ............................................. 156

Quadro 7 – Os 23 artigos resgatados da Web of Science – WoS ........................................................................................... 188

Quadro 8 – Artigos mais citados ............................................... 195

Quadro 9 – Artigos mais recentes ............................................. 197

Quadro 10 – 1966: Conteúdos da Categoria “Desorganização” e suas 4 Subcategorias ............................... 201

Quadro 11 – 1966: Conteúdos da Categoria “Liderança” e sua Subcategoria “Líder não conseguiu formar um grupo” ...... 204

Quadro 12 – 1966: Conteúdos da Categoria “Esquema de Jogo” e suas 2 Subcategorias ................................................... 205

Quadro 13 – 1966: Conteúdos da Categoria “Pressão dos Clubes” e suas 4 Subcategorias ............................................... 207

Quadro 14 – 1966: Conteúdos da Categoria “Soberba” e suas 3 Subcategorias ................................................................ 212

Quadro 15 – 1970: Conteúdos da Categoria “Organização” e suas 2 Subcategorias, 1968-Líder(1): Aymoré Moreira; 1969-Líder(2): João Saldanha; 1970-Líder(3): Zagallo. ........... 213

Quadro 16 – 1970: Conteúdos da Categoria “Liderança” e suas 13 Subcategorias, 1968-Líder(1): Aymoré Moreira; 1969-Líder(2): João Saldanha; 1970-Líder(3): Zagallo. ........... 217

Quadro 17 – 1970: Conteúdos da Categoria “Esquema de Jogo” e suas 4 Subcategorias, 1968-Líder(1): Aymoré Moreira; 1969-Líder(2): João Saldanha; 1970-Líder(3): Zagallo. ...................................................................................... 224

Quadro 18 – Estrutura da Dissertação ..................................... 227

Quadro 19 – Comparativo entre Dissertação x Futebol: Seleção nas Eliminatórias de 1969, Técnico João Saldanha... 228

Quadro 20 – Comparativo entre Dissertação x Futebol: Seleção na Copa de 1970, Técnico Zagallo ............................. 236

Quadro 21 – Comparativo entre Dissertação, Seleção em 1969, Seleção em 1970 e Grupos Criativos em Organizações ............................................................................ 246

Quadro 22 – Extrato do texto no cruzamento da linha denominada “como foi feita a pesquisa ou como aconteceu de fato” com a coluna “grupos criativos em organizações” do Quadro 21.................................................................................. 266

Quadro 23 – Grupos criativos em organizações: Pontos a considerar .................................................................................. 168

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – 47 Jogadores convocados para a Copa do Mundo de 1966 ............................................................................ 69

Tabela 2 – Jogadores inscritos na Copa do Mundo de 1966 ..... 71

Tabela 3 – Time titular e reserva da primeira convocação de João Saldanha ............................................................................. 80

Tabela 4 – Jogadores inscritos na Copa do Mundo de 1970 ..... 83

Tabela 5 – Resultados gerais da análise bibliométrica ............ 190

Tabela 6 – 10 Palavras-chave mais citadas ............................. 192

Tabela 7 – Fontes das publicações com mais artigos publicados na área .................................................................... 192

Tabela 8 – 17 instituições mais produtivas ............................... 193

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BMI – Broadway Musical Industry, em A.2.2a do Apêndice A

CBD – Confederação Brasileira de Desportos

CBF – Confederação Brasileira de Futebol

CIKI – Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação

EGC – Engenharia e Gestão do Conhecimento

FIFA – Fédëration Internationale de Football Association

GC – Gestão do Conhecimento

MC – Mídia do Conhecimento

MLT – Memória de Longo Termo

PPGEGC – Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento

Seleção – Seleção Brasileira de Futebol

Seleção Brasileira – Seleção Brasileira de Futebol

WoS – Web of Science

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................... 31

1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ..................................... 32

1.2 OBJETIVOS .......................................................................... 33

1.2.1 Objetivo geral.................................................................... 33

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................... 34

1.3 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA E INEDITISMO.................. 34

1.4 ADERÊNCIA DO TEMA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO ....................................................................... 35

1.5 LIMITAÇÕES ......................................................................... 37

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................. 38

2 CRIATIVIDADE ........................................................................ 39

2.1 EMOÇÃO ............................................................................... 39

2.1.1 A estranha vida de Phineas P. Gage (1823-1861) ......... 41

2.2 PENSAMENTO DIVERGENTE ............................................. 44

2.3 CRIATIVIDADE ..................................................................... 45

2.3.1 Criatividade individual ..................................................... 46

2.3.2 Criatividade em grupos ................................................... 47

3 GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES ........................ 53

3.1 O CAMPO DE PESQUISAS SOBRE GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES ............................................ 55

3.2 DESENVOLVIMENTO DA BIBLIOMETRIA .......................... 58

3.3 MOMENTO SUPREMO ........................................................ 59

4 SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL ................................. 65

4.1 COPA DO MUNDO DE 1966 ................................................ 68

4.1.1 Jogadores e comissão técnica da Copa de 1966 ......... 68

4.1.2 Preparação para a Copa de 1966.................................... 71

4.1.3 Desempenho na Copa de 1966 ....................................... 73

4.1.4 Opiniões sobre a Copa de 1966...................................... 74

4.2 COPA DO MUNDO DE 1970 ................................................ 77

4.2.1 Jogadores e comissão técnica da Copa de 1970 ......... 78

4.2.1.1 Jogadores e comissão técnica nas Eliminatórias de 1969 ............................................................................................. 78

4.2.1.2 Jogadores e comissão técnica na Copa de 1970 ........... 82

4.2.2 Preparação para a Copa de 1970.................................... 86

4.2.3 Desempenho na Copa de 1970 ....................................... 87

4.2.4 Opiniões sobre a Copa de 1970...................................... 91

4.3 ENTREVISTAS COM PROTAGONISTAS DAS DUAS COPAS ........................................................................................ 95

4.3.1 Entrevistas com Carlos Alberto Torres ......................... 95

4.3.1.1 Primeira entrevista .......................................................... 96

4.3.1.2 Segunda entrevista ......................................................... 96

4.3.1.3 Terceira entrevista .......................................................... 96

4.3.2 Entrevistas com Gérson de Oliveira Nunes ................ 101

4.3.2.1 Primeira entrevista ........................................................ 102

4.3.2.2 Segunda entrevista ....................................................... 102

4.3.2.3 Terceira entrevista ........................................................ 103

5 INSTRUMENTOS E MÉTODOS ............................................ 109

5.1 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO ......................................... 111

5.2 COMO FOI FEITA A PESQUISA ........................................ 111

5.3 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA................................. 115

6 RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÃO .................. 117

6.1 PRODUÇÃO ACADÊMICA ................................................. 118

6.2 POSSÍVEIS RAZÕES PARA O INSUCESSO EM 1966 .... 119

6.3 POSSÍVEIS RAZÕES PARA O SUCESSO EM 1970 ........ 127

6.4 LIGAÇÕES ENTRE OS DOIS GRUPOS CRIATIVOS ....... 140

6.4.1 Oito jogadores presentes nas duas Copas ................. 140

6.4.2 Preparo físico.................................................................. 141

6.5 A ORGANIZAÇÃO APRENDEU? ....................................... 142

6.5.1 Primeiro enfoque ............................................................ 143

6.5.2 Segundo enfoque ........................................................... 143

6.5.3 Analisando os dois enfoques ....................................... 145

6.5.4 Copa de 2014 .................................................................. 146

6.6 POSSÍVEIS PADRÕES, CONCEITOS E/OU INDICATIVOS RELACIONADOS AO DESEMPENHO DE GRUPOS CRIATIVOS A PARTIR DO ESTUDO SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NAS COPAS DO MUNDO DE 1966 E 1970 ......................................................... 149

6.6.1 “Achados” da Investigação (Findings) ........................ 151

6.6.2 Varrendo o “Banco de Conhecimentos” ..................... 164

6.6.3 A busca por uma síntese ............................................... 166

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 173

REFERÊNCIAS ......................................................................... 179

APÊNDICES .............................................................................. 185

APÊNDICE A – GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES: BIBLIOMETRIA ......................................... 187

A.1 DESENVOLVIMENTO DA BIBLIOMETRIA ....................... 187

A.2 RESULTADOS ENCONTRADOS ...................................... 190

A.2.1 Resultados da busca sistemática de literatura .......... 190

A.2.2 Resultados da análise descritiva dos artigos selecionados ............................................................................ 194

APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA .............................................................. 198

APÊNDICE C – CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS PARA A ANÁLISE DE CONTEÚDO ........................................ 199

C.1 COPA DE 1966................................................................... 199

C.2 COPA DE 1970................................................................... 199

APÊNDICE D – COPA DO MUNDO DE 1966 QUADROS COM CONTEÚDOS DAS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS ................................................................... 201

APÊNDICE E – COPA DO MUNDO DE 1970 QUADROS COM CONTEÚDOS DAS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS ................................................................... 213

APÊNDICE F – QUADROS COMPARATIVOS DA DISSERTAÇÃO COM FUTEBOL E GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES............................................................... 227

ANEXO ...................................................................................... 269

ANEXO 1 – FOTOS RELACIONADAS ÀS SELEÇÕES DE 1966 E 1970 .............................................................................. 271

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho é o resultado de uma construção continuada desde 2011 quando, pela primeira vez tomei conhecimento do tema criatividade nas aulas da disciplina Introdução às Ciências da Cognição cursada no primeiro trimestre daquele ano e ministrada pelos professores Neri Dos Santos e Francisco Antonio Pereira Fialho. Escolhi esta disciplina por ser um tema de meu interesse e, ao mesmo tempo, intrigante ao tentar entender sobre como é que se aprende. Nas aulas escutei sobre criatividade, que acabou se tornando o tema do seminário e do artigo final da disciplina, os quais desenvolvi e apresentei com a colega e amiga Kíria Meurer Matos, conhecida jornalista da Rede Globo de Televisão. O tema escolhido por nós foi Emoção e Criatividade aplicadas à Linguagem Telejornalística. Ainda em 2011, enviamos este artigo para o primeiro CIKI – Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação, promovido pelo EGC, quando tivemos a alegria e a honra de vê-lo aceito. A apresentação se deu no dia 17 de novembro de 2011.

Em 2006, por sugestão de meu filho, havia cursado, na categoria de disciplina isolada, Gestão do Capital Intelectual no Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, o início do despertar para este tema.

Em agosto e 2011, entrei no processo de seleção para o mestrado, assistindo videoaulas e recebendo vários artigos encaminhados para leitura e estudo. À medida que lia e estudava, um mundo totalmente novo se descortinou sob meu olhar e principalmente em minha mente, que se desprendia dos liames da lógica, do determinismo e da exatidão com que são tratados, necessariamente, os projetos de engenharia e seus planejamentos, com inúmeros detalhes e precisão. Fui aceito no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento – PPGEGC e, desde então, passei a conhecer um pouco mais do ser humano e de sua incessante busca pelo conhecimento.

Já considerando a caracterização da pesquisa, delineada no caput da Seção 5, apresentei como projeto, para ingresso no Programa, o tema desta Dissertação. Ao logo do tempo, fui escolhendo as disciplinas que poderiam, ao mesmo tempo, me

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dar certo estofo para a pesquisa, como também me introduzir em determinados conhecimentos da área sociológica e da gestão do conhecimento. Nessas disciplinas, sempre que se apresentou alguma oportunidade, quando da escolha de temas para os artigos finais, procuramos incluir o assunto da presente dissertação. Uma dessas oportunidades aconteceu na disciplina Criatividade, ministrada pelos professores Vânia Ribas Ulbricht e Tarcisio Vanzin. Por iniciativa dos mestres e a colaboração de quase todos nós, alunos, houve um esforço conjunto para o burilamento dos artigos finais com o objetivo de que juntos construíssemos um e-book sobre criatividade para ficar à disposição do público em geral para consulta, leitura e cópia. Nasceu assim o e-book Contribuições da Criatividade em diferentes Áreas do Conhecimento, publicado em São Paulo pela Pimenta Comunicação e Projetos Culturais no ano de 2013. Consta dessa obra virtual o capítulo 9, de nossa autoria, cujo tema é aquele em que empreendemos a busca do seu entendimento desde que começamos a caminhada no EGC, ou seja, Grupos Criativos em Organizações.

Nas Seções 2 Criatividade e 3 Grupos Criativos em Organizações, seguintes a esta introdução, transcrevemos basicamente os conteúdos já desenvolvidos nesses dois artigos aqui citados, acrescentando a eles novas informações, bem como nova roupagem, adequando-os às finalidades do presente estudo. Esses conteúdos serviram de base para a busca de possíveis padrões, conceitos e/ou indicativos para o desempenho de grupos criativos em organizações.

1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Considerando que a Seleção Brasileira é a única seleção que esteve presente em todas as 20 edições das Copas do Mundo; é aquela que mais títulos conquistou (cinco – 1958, 62, 70, 94 e 2002) e que, historicamente, tem encantado os torcedores de todo o mundo com a habilidade e a criatividade de seus jogadores, causa estranheza o seu fraquíssimo desempenho na Copa do Mundo de 1966, realizada na Inglaterra, quando a Seleção Brasileira terminou em 11º lugar entre 16 seleções, sendo este o segundo pior resultado de todas as participações do Brasil nas 20 Copas (melhor apenas do que

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o 14º. lugar obtido na 2ª Copa realizada em 1934 na Itália), apesar da presença de Pelé, Tostão, Gérson, Jairzinho, Brito, Edu, Carlos Alberto e Joel Camargo, os oito que também estariam na Copa de 70 (ver final do item 4.1.1), quando o Brasil foi campeão, além de outros conhecidos e importantes jogadores, presentes em 1966, como Garrincha, Zito, Bellini, Djalma Santos e Gilmar. O que aconteceu?

No contraponto, quatro anos mais tarde, uma “nova Seleção”, que contava, entre seus jogadores, aqueles oito acima citados, e que foi campeã absoluta. Das seis partidas disputadas, venceu todas, inclusive três seleções campeãs do mundo. Como aconteceu?

São então essas as Questões de Pesquisa: 1) Sob a ótica de grupos criativos, quais as razões do

fracasso da Seleção Brasileira de Futebol na Copa de 1966 e o sucesso na Copa de 1970?

2) Quais as ligações existentes entre os dois grupos criativos?

3) Essas razões foram disseminadas na organização como aprendizado?

A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. A forma interrogativa exige respostas categóricas que não abrem lugar para qualquer alternativa (KARDEC, 2013, p. 410).

1.2 OBJETIVOS

A função dos objetivos da pesquisa é explicitar o que se propõe a fazer e os resultados esperados (SILVA; MENEZES, 2005).

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste estudo é buscar padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos na prática no Brasil, a partir do estudo sobre a Seleção Brasileira de Futebol nas Copas do Mundo de 1966 e1970.

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1.2.2 Objetivos específicos

1) Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1966 e 1970: levantar contexto, jogadores e comissão técnica com vistas a extrair possíveis razões para desempenhos tão díspares.

2) Verificar ligações existentes entre os dois grupos criativos.

3) Verificar se as razões levantadas foram disseminadas na organização como aprendizado

1.3 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA E INEDITISMO

Na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, a Seleção Brasileira foi a 11ª colocada entre 16 seleções, jogou três partidas, venceu uma e perdeu duas, tendo saído do torneio na 1ª fase, nas oitavas de final. Quatro anos depois, em 1970, foi a campeã, vencendo todas as seis partidas que disputou. Considerando que em uma competição esportiva todos os resultados são possíveis, o que cabe levantar e analisar, pelo menos, é o contexto da formação de cada Seleção e como se deu a preparação de cada uma delas para a Copa. Na realidade, é uma busca das possíveis razões para desempenhos tão diferentes, bem como procurar entender o funcionamento de grupos criativos.

Seria um clima incandescente? Um “Master Mind”? Seria o entrosamento entre os jogadores ou a falta dele? Seria a capacidade técnica dos envolvidos? Seria o líder? Entre possíveis razões, além das acima sugeridas, na contextualização prática vai se tentar verificar, também, se essas razões foram disseminadas na organização como aprendizado, na forma de preservação do conhecimento.

Esta pesquisa trata do estudo de grupos criativos em organizações no Brasil e busca elementos sobre sua atuação com vistas a um melhor desempenho e melhores resultados econômicos, que possam ser disseminados não só em sua própria organização, como também servir de referência para outros grupos que pretendam ser criativos.

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Abordando o papel da criatividade nas organizações, Alencar (1996, p. 9-11) lembra que “a competição empresarial sem precedentes” tem sido “um dos fatores contribuintes para despertar a consciência das organizações para o potencial criativo de seus recursos humanos”. Outros fatores seriam “as mudanças constantes no cenário global” e “as mudanças nas leis e regulamentos que afetam a vida do empresário na área internacional”. Com relação a essas mudanças legais, Alencar cita Coutinho e Ferraz (1994, p. 183), destacando que esse aspecto vem alcançando proporções cada vez maiores, levando à “implementação de políticas voltadas para o cultivo de comportamentos orientados para a melhoria contínua de seus produtos e eficiência de processos”, em que “a prática permanente da criatividade e inovação é, sem dúvida, indispensável”.

Com relação ao ineditismo, este se apresenta de forma clara e precisa nas seguintes declarações de Renata Di Nizzo (2009, p. 77): “superabundam os recursos para exterminar a fome e a dor. No entanto, ainda engatinhamos na colaboração criativa”; e de Domenico de Masi (2005, p. 136) “surpreende a circunstância de que quase não existam estudos sobre criatividade coletiva”.

Esses comentários estimularam percorrer um caminho inédito, pouco trilhado.

1.4 ADERÊNCIA DO TEMA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO

Segundo Hendriks e Vriens (1999) é necessário gerir as partes envolvidas no conhecimento e gerir a criação de novos conhecimentos. A criação do conhecimento leva ao conceito de organização aprendiz, onde se destaca a armazenagem do conhecimento, conhecido como memória corporativa ou organizacional. Deve-se preservar a memória organizacional, por ser importante na criação de novos conhecimentos. Sem conhecimento uma organização não sobrevive. É necessário desenvolver as rotinas do dia-a-dia e, talvez mais importante, é necessário refletir sobre essas rotinas e, quando necessário, mudá-las.

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Na descrição da Gestão do Conhecimento – GC como área de concentração do Programa de Pós Graduação em Engenharia e GC – PPGEGC, o site do EGC informa: a GC, “[...] como domínio científico, se deu simultaneamente ao crescimento vertiginoso da Internet e da globalização da economia, o que tem provocado uma série de questões que merecem estudos e pesquisas aprofundados, de natureza acadêmica [...]” (EGC, 2004). Esta pesquisa trata do estudo acadêmico de grupos criativos em organizações na busca de elementos sobre sua atuação, com vistas a um melhor desempenho e melhores resultados econômicos, que possam ser disseminados não só em sua própria organização, como também servir de referência para outros grupos que pretendam ser criativos.

Ainda no site do EGC, na parte relacionada com “Interação das Áreas na Busca do Objeto de Pesquisa do Programa”, temos que a Mídia do Conhecimento – MC tem a oferecer à GC “metodologias e ferramentas de criação, compartilhamento e transferência de conhecimento, tornando a comunicação mais efetiva no processo de gestão.” Por outro lado, na área de GC, “os integrantes do Programa ligados à área de Mídia encontram elementos de pesquisa e desafios da disseminação.” Neste sentido, este estudo considera importante verificar, além de possíveis razões encontradas como resposta às perguntas iniciais da pesquisa, a resposta à terceira pergunta, ou seja, se essas razões foram efetivamente disseminadas na organização como aprendizado, na forma de preservação do conhecimento.

Nesse sentido, adotamos como definição de conhecimento aquela de Uriarte Jr. (2008, p. 4):

Quando a informação é mais processada, ela tem o potencial para se tornar conhecimento. Informação é mais processada quando se encontra uma relação padrão entre dados e informação. E quando se é capaz de perceber e compreender os padrões e suas implicações, então esta coleção de dados e informação torna-se conhecimento.

Este estudo está relacionado à Área de GC, na Linha de Pesquisa “Teoria e Prática em GC”, pois trata de uma prática em GC onde se observa a necessidade de transformação de

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conhecimentos individuais, obtidos em situações passadas, para conhecimentos organizacionais, a serem aplicados em situações futuras. Faz parte, assim, de um dos objetivos da Gestão do Conhecimento (EGC, 2004).

1.5 LIMITAÇÕES

São limitações deste trabalho: • O tempo decorrido dos eventos analisados: 48

anos da Copa de 1966 e 44 anos da Copa de 1970, com a consequência natural da morte e doenças de boa parte dos protagonistas desses eventos;

• A dificuldade de localizar esses protagonistas para entrar em contato;

• Distância das fontes primárias de documentos, localizadas no Rio de Janeiro e São Paulo;

• A distância a ser percorrida para o contato com os protagonistas, os quais, em sua maioria estão no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, sendo que o entrevistador se encontra em Florianópolis/SC;

• Recursos para deslocamentos e hospedagem – foram utilizados aqueles oriundos de bolsa CAPES/DS;

• Poucos estudos com grupos criativos, informação de Di Nizzo (2009, p. 77) e De Masi (2005, p. 136).

Em função dessas limitações, defini que deveria restringir as entrevistas aos jogadores que participaram das duas Copas: Pelé, Tostão, Gérson, Jairzinho, Brito, Edu, Carlos Alberto Torres e Joel Camargo (vide item 4.1.1).

Durante toda a duração do Mestrado consegui entrar em contato e entrevistar Carlos Alberto e Gérson, cujas entrevistas constam da Seção 4.3. Cabe ressaltar a educação, a gentileza e a atenção demonstrada pelos dois entrevistados, o que mostra a simplicidade e grandeza dos dois protagonistas de eventos tão importantes, marcantes e significativos do cenário futebolístico nacional.

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1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta Seção apresenta o projeto de pesquisa, o qual está estruturado nas seguintes seções: na Seção 1 é feita a Introdução, onde se apresenta o problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa, a relevância e o ineditismo do tema, bem como a pertinência ao EGC, ou seja, a aderência do tema ao PPGEGC; na Seção 2 são abordados conceitos relacionados à emoção, ao pensamento divergente e à criatividade, com enfoque sobre a criatividade em grupos; por sua vez, na terceira seção, é apresentado o campo de pesquisas sobre grupos criativos e uma bibliometria, a qual resgatou somente 23 artigos da base de dados Web of Science, mostrando que o tema se apresenta como um campo aberto a investigações; dando sequência, na Seção 4, no estudo de caso aqui desenvolvido, a Seleção Brasileira de Futebol, se apresentam, de forma metódica e sequencial, dados e observações sobre jogadores,dirigentes, jogos, preparação e desempenho nas respectivas Copas, tendo sido resgatadas opiniões de vários profissionais, bem como mostrada a íntegra das entrevistas realizadas com dois dos protagonistas que estiveram presentes nos dois eventos estudados; a seguir, a Seção 5 com instrumentos e métodos e a sexta seção que apresenta os resultados, seguido das Considerações Finais, Referências, Apêndices e Anexo.

Os Quadros 3 e 5 com a listagem das categorias e subcategorias relacionadas às Copas do Mundo de 1966 e 1970, constantes das Seções 6.2 e 6.3, respectivamente, estão duplicados no Apêndice C com o objetivo de agilizar a sua localização para quaisquer leitores que busquem informações específicas sobre as categorias e subcategorias deste trabalho de pesquisa.

Assim, o primeiro passo na busca de possíveis padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos será dado ao iniciar a pesquisa sobre a capacidade criadora, o engenho, a inventividade, a criatividade.

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2 CRIATIVIDADE

Tendo sido apresentados o problema, as questões de pesquisa e os objetivos na seção que antecedeu a este, damos início à busca pelas respostas através de dois conceitos fundamentais, a emoção e o pensamento divergente. A partir desses dois conceitos, chegaremos à compreensão de um terceiro conceito, que é a criatividade.

2.1 EMOÇÃO

Em que pese a dificuldade na definição do conceito de emoção, propomos aqui a seguinte condição: peça para alguém para definir o que seja uma “coisa fofa”. Na maioria dos casos a pessoa, ao mesmo tempo em que expressa palavras como “algo macio”, alguma coisa “oca”, procura fazer gestos com as duas mãos abertas, dedos curvos, aproximando-as e separando-as.

Da mesma forma, peça para alguém definir “emoção”. Ouviremos palavras várias, tais como comoção, abalo moral, estado mental, perturbação, sentimento, surpresa, algo subjetivo. Buscando a etimologia, encontramos que a palavra emoção vem do latim emovere, (ex significando fora e movere movimento). Seria algo que se move de fora para dentro de nós. Quando dizemos que “estamos emocionados” significaria que algo fora de nós se moveu para dentro de nós e que nos afetou. Cabe observar que movere também está na origem da palavra motivação, que, em outras palavras, significa o impulso interno que nos leva à ação.

Percebeu-se a inexistência de uma teoria universal ou aceita para as emoções. Foram encontradas várias concepções, propostas ou ideias de diversos autores, dos quais destacamos aquelas que consideramos que poderiam ser aplicáveis para atender ao objetivo deste estudo.

Charles Darwin (1809-1882) em seu livro “The Expression of the Emotions in Man and Animals” (A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais), publicado em 1872, se perguntava como os nativos expressavam emoções como espanto, vergonha, dor, alegria, medo, dissimulação e mau-humor, entre

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outras. Para Darwin, apenas o homem expressa suas emoções também com os músculos da face (apud FIALHO, 2011).

Em 1954 Paul Ekman começou a estudar emoções e expressões faciais, tema de sua tese de 1955. Após comparar a maneira como as pessoas expressam suas emoções em vários países de todos os continentes, sua descoberta mais importante é que as expressões faciais são universais. Recentemente, uma série na TV, intitulada Lie to me, apresentava um especialista que auxiliava o FBI com sua capacidade de observação de gestos, expressões faciais e respiração, através dos quais identificava se a pessoa estaria mentindo ou não. O Dr. Ekman trabalhou como consultor da série. Fialho (2011, p. 284), no entanto, observa que as conclusões de Ekman, embora largamente aceitas, deixam questões a serem respondidas, tais como: quais expressões pertencem à lista universal; quanto de contexto cultural é necessário para interpretá-las e quão reflexivamente elas estão ligadas a cada emoção.

Damásio (1996, p. 160), delineia seu ponto de vista sobre emoções começando com uma perspectiva de história individual. Observa as diferenças entre as emoções que experienciamos na infância e as emoções que experienciamos como adultos, “cujos andaimes foram gradualmente construídos sobre as fundações daquelas emoções iniciais”. E conclui que

A emoção é a combinação de um processo avaliatório mental, simples ou complexo, com respostas dispositivas a esse processo, em sua maioria dirigidas ao corpo propriamente dito, resultando num estado emocional do corpo, mas também dirigidas ao próprio cérebro, resultando em alterações mentais adicionais. (DAMÁSIO, 1996, p. 168).

Para Sherer (apud FIALHO, 2011, p. 293), a emoção é considerada como “uma função de avaliação contínua dos estímulos internos e externos em função da importância que eles se revestem para o organismo e da reação que eles provocam necessariamente”.

Em Fialho (2011, p. 63), temos: “Maturana sustenta que por trás de todo o comportamento estaria um emocionar” e “Piaget diz

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que não há emoção sem cognição, nem cognição sem emoção, são duas faces de uma mesma moeda” (2011, p. 286).

De Masi (2007, p. 19) tratando da fenomenologia do criativo, destaca a importância da emoção dizendo que “as habilidades intelectuais e a preparação rigorosa dos indivíduos são exaltadas por um forte envolvimento emotivo e, quase sempre, por uma admirável correção profissional, além de um forte senso de união por pertencer ao mesmo grupo”.

Com relação à influência da emoção em nossa memória, Fialho (2011) é bastante incisivo: “Para que algum conhecimento seja armazenado na MLT (Memória de Longo Termo), é necessário que alguma emoção esteja associada a esse tipo de conhecimento”.

2.1.1 A estranha vida de Phineas P. Gage (1823-1861)

Resumindo os acontecimentos relatados por Damásio (1996, p. 23-30), encontramos o capataz da construção civil Phineas Gage aos 25 anos de idade, tendo sob sua responsabilidade um grande número de homens para assentar os trilhos de uma estrada de ferro. O ano é 1848. Na detonação de rochas, o serviço é metódico e exige tanto destreza como concentração. Gage já abriu o buraco na rocha, que deve ser cheio até a metade com pólvora. Adicionado o rastilho e a pólvora, é coberta com areia, a qual é calcada com uma barra de ferro mediante uma cuidadosa sequencia de pancadas. São 16h30m. Gage acabou de colocar a pólvora e o rastilho e disse ao homem que o estava ajudando para colocar a areia. Alguém atrás dele o chama e, por um breve instante, Gage olha para trás, por cima do ombro direito. Distraído, e antes de o seu ajudante introduzir a areia, Gage começa a calcar a pólvora diretamente com a barra de ferro. Num átimo, provoca uma faísca na rocha, ouve-se uma explosão muito forte e a carga explosiva rebenta diretamente no rosto de Gage. O ferro entra pela face esquerda, trespassa a base do crânio, atravessa a parte anterior do cérebro e sai em alta velocidade pelo topo da cabeça. Cai a mais de trinta metros de distância. Phineas Gage cai no chão, atordoado, silencioso, mas consciente. É colocado em um carro de bois e viaja sentado por cerca de um quilômetro. Uma hora após a explosão é atendido pelo Dr. Williams. O

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próprio Gage relatou ao médico os acontecimentos de forma perfeitamente racional. Henry J. Bigelow (1850) (apud DAMÁSIO, 1996) descreveu que o ferro que atravessou o crânio pesava cerca de seis quilos, media cerca de um metro de comprimento e tinha aproximadamente três centímetros de diâmetro. “A extremidade que penetrou primeiro era pontiaguda; o bico mede 21 centímetros de comprimento, tendo a sua ponta meio centímetro de diâmetro, são essas as circunstâncias às quais o doente deve provavelmente a sua vida”.

Na figura 1, pode-se observar uma fotografia do crânio de Gage tirada por Albert Galaburda, neurologista da Harvard Medical School, bem como a reconstrução em três dimensões do cérebro de Gage e do seu ferro de calcar.

Figura 1 – À esquerda: foto do crânio de Gage tirada no museu da Harvard Medical School, em Boston (1992). À direita: reconstrução do seu cérebro com o uso de modernas tecnologias de visualização.

Fonte: Damásio (1996).

Sobreviver à explosão, falar, caminhar e permanecer coerente imediatamente após o acidente é surpreendente. Mais ainda ser dado como são em menos de dois meses.

O espanto maior foi a extraordinária modificação da personalidade de Gage. “O corpo pode estar vivo e são, mas tem um novo espírito a animá-lo”, conforme relato do Dr. Harlow 20 anos depois, o médico que acompanhou Gage nos primeiros anos após o acidente. Gage podia tocar, ouvir, sentir e nem os

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membros nem a língua estavam paralisados. Perdeu a visão do olho esquerdo, mas a do direito estava perfeita. Caminhava firmemente, utilizava as mãos com destreza, sem dificuldade na fala ou na linguagem. Mostrava-se agora caprichoso, irreverente, manifestando pouca deferência para com os colegas, impaciente e vacilante, fazendo muitos planos para o futuro, abandonados no instante seguinte. Seus amigos observavam entristecidos que “Gage já não era Gage”. Foi dispensado da estrada de ferro pela brusca mudança de caráter e indisciplina, e assim continuou, de emprego em emprego, até o fim, em 21 de maio de 1861, aos 38 anos de idade.

Damásio (1996, p. 31) faz a pergunta e a responde: Por que essa triste história merece ser contada?

[...] O exemplo de Gage indicou que algo no cérebro estava envolvido especialmente em propriedades humanas únicas e que entre elas se encontra a capacidade de antecipar o futuro e de elaborar planos de acordo com essa antecipação no contexto de um ambiente social complexo.

Conforme Oliver Sacks (apud DAMÁSIO, 1996), este exemplo abriu

As portas para a investigação de um campo quase inexplorado pela ciência: as relações entre razão e sentimento, emoções e comportamento social. [...] Em suma, uma pessoa incapaz de sentir pode até ter o conhecimento racional de alguma coisa, mas será incapaz de tomar decisões com base nessa racionalidade.

É um caso emblemático para estudos sobre emoções. Definição – Adotei, neste trabalho, a definição de Sherer

(apud FIALHO, 2011, p. 293) para o qual a emoção é considerada como “uma função de avaliação contínua dos estímulos internos e externos em função da importância que eles se revestem para o organismo e da reação que eles provocam necessariamente”.

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2.2 PENSAMENTO DIVERGENTE

Vamos imaginar a seguinte situação: um indivíduo está diante de dois problemas. Em um deles busca o resultado da soma de vários números. No outro, precisa saber quais os usos de uma folha de papel tamanho A-4. Para resolver o primeiro, ele sabe que deverá somar todos os números e sabe também que existe somente uma única solução. No outro, deverá usar a sua imaginação e realizar uma série de associações, respondendo, por exemplo, construir com uma folha A-4 uma série de objetos através da técnica japonesa do origami. Mesmo que apresente um número enorme de usos para a folha de papel, sabe ele que outros usos podem ser acrescidos em sua lista por indivíduos que tenham outras visões e perspectivas.

J. P. Guilford (1897-1987) concebeu, no final dos anos 40, a distinção que ocorre no ser humano quando ele elabora a solução de problemas. Ele percebeu duas formas de pensar, as quais denominou de “pensamento convergente” ou objetivo e “pensamento divergente”.

Em síntese, o pensamento convergente tem uma direção, um objetivo. É preciso. Ou está certo ou está errado. E o pensamento divergente não tem limitações.

Uma característica das representações divergentes é sua brevidade (sua duração média é da ordem de 10 segundos), e o fato de que imagens visuais desempenham aí um papel importante. (FIALHO, 2011, p. 289).

Klinger (1978) cita um objetivo não atingido, mas não abandonado e Fialho (2011, p. 290), por sua vez, fala de

[...] incubação, durante a qual um trabalho de pensamento inconsciente estaria em obra. Mesmo quando pensamos em outra coisa, nossa mente não para de varrer o Banco de Conhecimentos que possuímos, em busca de uma solução.

May (1975, p. 63) cita a experiência vivida pelo matemático francês Jules Henri Poincaré (1854-1912) alguns meses depois

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de ter estabelecido a existência de uma classe de funções fuchsianas:

Estava entrando num ônibus [...]. Quando ia por o pé no degrau – acentua o momento exato – sua mente foi tomada de assalto pela explicação de como as funções matemáticas que tinha descoberto se relacionavam com a matemática convencional. [...] Ele subiu o degrau, entrou no ônibus, continuou a conversar com o amigo, mas sabia perfeitamente como as funções se relacionavam com a matemática geral.

Mais adiante, May elabora um sumário sobre a experiência de Poincaré, do qual destacamos três condições práticas necessárias:

a) um periodo de trabalho árduo sobre o assunto, antes da inspiração; b) um descanso, durante o qual o “trabalho inconsciente” tem oportunidade de seguir sozinho, e após o qual a inspiração poderá ocorrer; c) a necessidade de alternar o trabalho com o descanso, e a inspiração surgindo sempre no momento da passagem de um para o outro, ou pelo menos no período compreendido entre a mudança. (MAY, 1975, p. 65-66).

No Brasil, em termos de educação, observamos que tem sido um processo que costuma ficar concentrado em atividades que desenvolvem cada vez mais o pensamento objetivo. Estamos em constante estado de aprendizagem em busca da solução correta, única, verdadeira para os problemas que se nos apresentam. Quando alguém propõe uma nova resposta, normalmente considerada errada, é visto como rebelde, confuso e que não aprendeu direito o que foi ensinado.

2.3 CRIATIVIDADE

Criatividade para muitos seria uma habilidade inata.

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Para Mozart (1756-1791) (apud CASQUEIRA 2007 p.42) “A criatividade é o disparo da alma”. E um exemplo deste disparo é a história de uma das mais belas composições de Frederic François Chopin (1810-1849): Em um dia chuvoso, Chopin chega em casa e escuta o barulho de uma goteira. Qualquer um procuraria sanar “o problema”, pois afinal está entrando água dentro de casa... mas não Chopin, que imediatamente se dirige ao piano e compõe uma obra a qual apresenta, ao fundo, uma nota constante reproduzindo pingos de chuva.

Criar está associado com tirar do nada, gerar, imaginar. Instiga ser algo novo e original.

De Masi (2007, p. 13): “enquanto sabemos como se produzem os bens materiais e, portanto, como podemos reproduzi-los a nosso gosto, sabemos muito menos como se produzem as ideias, os símbolos e as informações”. E acrescenta: “[...] mas por enquanto as razões e as formas de criatividade permanecem em grande parte misteriosas”.

2.3.1 Criatividade individual

Destacamos um aspecto em De Masi (2005, p. 153), onde o ato criativo necessita de instrumentos e de técnicas com as quais se podem transformar fantasias em obras concretas. Exemplo: um compositor deve poder tocar ao piano a música que ele está inventando. Agora, se ele não está familiarizado com as técnicas de execução ao piano, a sua mente se distrairá na escolha das teclas certas e ele vai se distanciar da composição. Para que o conteúdo criativo possa fluir com liberdade, é necessário que ele saiba tocar de olhos fechados. Ou seja, “Só quando tiver as técnicas de que a sua arte precisa completamente introjetadas, o criativo terá a mente desimpedida e poderá calcá-la no cimento da invenção”.

No futebol, o jogador precisa se manter com um bom preparo físico, que lhe dê resistência, flexibilidade e velocidade, para que seu corpo obedeça e lhe dê condições para realizar efetivamente o que seu cérebro deseja através da sua habilidade e criatividade de momento.

Com relação aos fatores individuais, dentro da fenomenologia do criativo, diz-nos De Masi (2007, p. 19):

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Destaca-se a forte motivação dos artistas e dos cientistas para com a atividade idealizadora e realizadora, frequentemente espaçada ou definitivamente interrompida por fases de abulia, desinteresse ostensivo, repulsas improvisadas. As habilidades intelectuais e a preparação rigorosa dos indivíduos são exaltadas por um forte envolvimento emotivo e, quase sempre, por uma admirável correção profissional, além de um forte senso de união por pertencer ao mesmo grupo. Espírito de iniciativa, confiança recíproca, vontade firme, dedicação total, flexibilidade, precedência ligada à expressividade do trabalho mais do que a instrumentalidade; orientação para o trabalho criativo, de preferência à vida extralaboral, mas também multiplicidade de interesses, competitividade nos confrontos com grupos concorrentes e solidariedade para com os colegas do mesmo grupo; segurança das próprias ideias e capacidade organizativa às vezes acompanhada de ingenuidade exagerada e de ousada disponibilidade para com o risco, culto pela estética, pelos valores, pela dignidade e pela supremacia da arte e da ciência acima de qualquer outra expressão da atividade humana.

2.3.2 Criatividade em grupos

De Masi (2005, p. 136) comenta que “surpreende a circunstância de que quase não existam estudos sobre criatividade coletiva” e também “que a criatividade individual tenha sido estudada, sobretudo sob o perfil psicológico e psicanalítico; que até para explicar a criatividade de grupo se tenha recorrido mais ao inconsciente do que à sociologia”.

Do exame de 13 grupos criativos históricos, objeto de seu livro A emoção e a regra: os grupos criativos na Europa de 1850 a 1950, Domenico De Masi (2007, p. 20) apresenta as características dos grupos criativos:

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– a frequente convivência pacífica, na mesma equipe, de personalidades maníaco depressivas com personalidades dotadas de grande equilíbrio;

– a procura obstinada de um ambiente físico acolhedor, bonito, digno, funcional;

– a flexibilidade dos horários, mas também a capacidade de sincronismo e de pontualidade1

– a interdisciplinaridade e a forte complementaridade e afinidade cultural de todos os membros;

– a habilidade na concentração de energias de cada um no objetivo comum;

– a capacidade de captar tempestivamente as ocasiões, de calibrar a dimensão do grupo em relação à tarefa, de encontrar os recursos, de contemporizar a natureza afetiva com o profissionalismo de modo a facilitar o intercâmbio entre desempenho e funções.

– mas o que se destaca acima de qualquer outro aspecto é a proeminência do líder-fundador • capaz de uma dedicação quase

heroica para com o objetivo; • excepcionalmente eficaz na criação de

um set psicossocial, um clima, um fervor fora do comum;

• fortemente orientado, com tensões equivalentes, seja para com a tarefa, seja para com o grupo, seja para consigo próprio;

• carismático e competente acima de qualquer expectativa;

• inconscientemente inclinado a comportar-se quase como se desejasse que a organização por ele criada morresse com ele;

• atento em alimentar a memória e a história do grupo com notas

1 Disciplina com responsabilidade – nota do autor.

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biográficas, cartas, fotografias, documentação meticulosa;

• capaz de transformar os conflitos em estímulos para a idealização e a solidariedade.

– o grupo quase sempre aceita a liderança com respeito e até com veneração, honrando os imperativos éticos do universalismo, do interclassismo, do antiburocratismo, do antiacademicismo, do internacionalismo e os imperativos práticos da parcimônia, do amor pelo belo e pela modernidade tecnológica.

Aquilo que De Masi (2007) chamou de “criação de um set psicossocial, um clima, um fervor fora do comum”, Hill (2005) chama de “Master Mind”, “a aliança amistosa, num espírito de harmonia, entre duas ou mais mentes”. Declara Hill “que de toda aliança mental, seja ou não num espírito de harmonia, nasce uma outra mente, que afeta todos os participantes da aliança em questão [...] mas acontece também que nem sempre dessa união resulta a criação de um “Master Mind”. O “Master Mind” ocorre como nas reações químicas, nas quais da combinação de dois ou mais elementos surge uma nova substância pela lei das afinidades. O “Master Mind” permanecerá disponível enquanto existir essa aliança amigável e harmoniosa criada pelo líder do grupo.

Quando um instrumento inovador entra em uma empresa surgem, naturalmente, conseqüências e muito provavelmente um grande problema. O instrumento, segundo De Masi (2005), “subtrai aos trabalhadores uma parte de esforço físico e intelectual, assume as suas tarefas repetitivas [...], deixa à disposição deles apenas as tarefas mais ricas em conteúdo intelectual, não-processáveis, ligadas à inventividade de quem os desenvolve”. O grande problema, passível de ocorrer, é se esses “trabalhadores [...] estariam prontos para essas tarefas mais criativas e se a sua fertilidade intelectual não fosse com muita freqüência castrada por uma organização “industrial” [...], que ainda lhes impinge regras feitas há 100 anos”.

De Masi (2005, p. 135) falando de casos problemáticos com que se deparou, afirma: “as empresas se mostravam impotentes para resolver as situações, não tanto porque

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faltassem ideias imaginativas, mas porque as propostas, [...], acabavam ficando no papel”.

De Masi (2005, p. 156), ao tratar da produção de criatividade nas organizações, observa que não é “obrigar as pessoas concretas a serem mais imaginativas, ou as pessoas imaginativas a serem mais concretas” mas é, sim, “formar misturas equilibradas de pessoas imaginativas e de pessoas concretas, cada uma delas coerente consigo mesma e fiel à própria vocação natural”. Normalmente, um grupo empresarial tende a selecionar, de início, “apenas pessoas muito concretas, com os pés muito plantados no chão, arriscando-se a cair numa atmosfera burocrática onde nunca se dá asas à imaginação”. Diz De Masi que “[...] “não basta colocar lado a lado mecanicamente pessoas imaginativas com pessoas concretas, nem é bastante fornecer-lhes um suporte tecnológico adequado”. Ele, com ênfase, diz que

É preciso criar um clima de tolerância recí- proca, estima e colaboração; reforçar esse clima, dando-lhe a certeza de uma missão compartilhada; torná-lo incandescente, graças a uma liderança carismática, capaz de derrubar as barreiras que bloqueiam a criatividade da equipe.

Andrew Carnegie (1835-1919), empresário que construiu e doou o Carnegie Hall à cidade de Nova York, ao ser perguntado sobre como tinha adquirido a sua fortuna, respondeu dizendo que: “aqui na nossa empresa temos um “Master Mind” formado com mais de vinte homens, que constitui o meu pessoal, isto é, diretores, gerentes, contadores, químicos e outras pessoas especializadas”. Continuou, dizendo “Pessoa alguma dentre as que compõem o grupo possui, em particular, esta mente a que acabo de me referir, mas a soma desses espíritos, coordenadas num espírito de harmoniosa cooperação, constitui a força que realizou a minha fortuna”. E concluiu: “Nesse grupo não há duas mentes iguais, mas cada componente desempenha a sua parte, e melhor do que ninguém, no mundo” (HILL, 2005, p. 98).

Definições – Embora existam diversas conceituações para criatividade, tais como: criatividade é uma habilidade inata ou que é o disparo da alma, definição atribuída a Mozart

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(CASQUEIRA, 2007, p. 42); entre outras, adotar-se-ão, neste estudo, a definição de Alencar (1996, p. 15), para a qual a criatividade é entendida como “o processo que resulta na emergência de um novo produto (bem ou serviço), aceito como útil, satisfatório e/ou de valor por um número significativo de pessoas em algum ponto do tempo”; e a de Csikszentmihalyi (1988), para o qual criatividade não é um atributo de indivíduos, mas dos sistemas sociais que fazem julgamento sobre os indivíduos. A criatividade é o produto da interação entre três subsistemas: o domínio, a pessoa e o campo. O domínio representa a cultura a qual um determinado comportamento tem lugar; o campo é composto por indivíduos que conhecem as regras do domínio e que decidem se o desempenho do indivíduo é criativo ou não; e a pessoa é o indivíduo que assimilou as regras do domínio, encontrando-se pronto para imprimir no campo suas variações individuais.

Concluindo a Seção, conforme consta em Matos; Souto-Maior; Fialho (2011): a emoção é o elemento crítico para que o pensamento divergente gere “criatividade”, então o clima incandescente de De Masi, que é o “Master Mind” de Carnegie e Hill, propicia o surgimento das emoções necessárias para a forja da criatividade em grupos.

Dado este primeiro passo nesta Seção, quando estudamos sobre engenho, capacidade criadora, criatividade, daremos o passo seguinte abordando, na Seção 3, grupos criativos em organizações, sempre na busca de padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao seu desempenho.

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3 GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES

Com o entendimento do estudo da Seção anterior sobre emoções (por trás de todo comportamento estaria um emocionar...), sobre pensamento convergente (tem uma direção, um objetivo), pensamento divergente (não tem limitações) e criatividade, tem-se a base para a pesquisa sobre grupos criativos em organizações.

No início de sua existência, o homem caçou e coletou para se alimentar. Viveu como nômade e instalou-se provisoriamente em cavernas. Em seguida, vieram as sociedades tribais, a agricultura, a pecuária, o sedentarismo e as primeiras cidades. Surgiram as civilizações da antiguidade e, da atividade produtiva manual e artesanal, a manufatura; o homem passou para a sociedade industrial e desta para a atual sociedade do conhecimento, que está em franco processo de formação e expansão. Antes dessa última etapa, o homem, de maneira geral, precisava apenas saber ler, interpretar textos e efetuar as quatro operações da matemática. Na nova sociedade do conhecimento, com suas transformações, aumentaram as necessidades de qualificação profissional e acadêmica. Alencar (1996, p. XI) observa que “as características dessas transformações expandem e, em muitos casos, tornam decisivo o papel da criatividade”. A autora acrescenta ainda que “em um cenário marcado por rápidas mudanças, riscos e incertezas [...], a habilidade em criar constitui um dos recursos mais preciosos. Nota-se que, a cada dia, vem a criatividade assumindo maior importância, igualmente para indivíduos, organizações e países” e conclui destacando que a sua demanda é especialmente evidente naquelas empresas que lidam em um ambiente competitivo. Nessas empresas, segundo a autora, a perda de eficiência decorrente de um limitado uso de seu talento criador significa prejuízos ou mesmo afastamento do mercado.

Stein e Buys (2011, p. 2) apresentam panorama semelhante dessa evolução, em forma de quadro (Quadro 1).

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Quadro 1 – Quadro Evolucionário da Criatividade Período Revolução Sociedade Competição

Caçador-Coletor Indivíduos 10kBC-10KBE Agricultura Agrária Clãs Cerca de 1800 Industrial Industrial Nações Cerca de 2000 Informação Informação Ideologias Cerca de 2020 Biotecnologia Frenética (Frantic) Classes?

Fonte: Adaptado por Steyn e Buys (2011, p. 2) de diversos autores.

Tendo a criatividade assumido uma importância cada vez maior em todos os setores – ou seja, um papel decisivo nas diversas atividades das organizações, e considerando estudos recentes como os de De Masi (2005, p. 136) e Di Nizo (2009, p. 77) quando comentam, respectivamente, que “surpreende a circunstância de que quase não existam estudos sobre criatividade coletiva” e que “ainda engatinhamos na colaboração criativa” – observa-se a necessidade de um conhecimento melhor nesse campo de pesquisa. Esta Dissertação poderá ajudar a preencher esta lacuna, pois na busca por deflexões sobre o comportamento criativo na Sociedade do Conhecimento, especialmente na competitividade das empresas, estabeleceu-se o seguinte objetivo de pesquisa: conhecer e traçar um mapa sobre grupos criativos nas organizações. Para chegar nesse objetivo, este estudo valeu-se da técnica bibliométrica para delinear e alavancar as discussões pertinentes. A apresentação do conteúdo desta seção trata, inicialmente, do campo de pesquisas científicas sobre grupos criativos em organizações, Seção 3.1; da descrição sobre como foi desenvolvida a bibliometria, realizada na base de dados com reconhecimento internacional Web of Science, Seção 3.2. Essa Seção 3.2 se completa no Apêndice A, onde consta o desenvolvimento da bibliometria em si, bem como os resultados encontrados, tanto da busca sistemática de literatura, como também da análise descritiva dos artigos selecionados. Na Seção 3.3 resgatamos o

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conceito de “momento supremo” observado e registrado por Stefan Zweig (1956) em livro de mesmo nome, onde são apresentados 13 episódios considerados pelo autor como representativos da justeza do conceito anunciado. Destes, destacamos, de forma resumida, um desses episódios que nos parece efetivamente mostrar, como diz Zweig que “o destino de séculos é, frequentemente decidido no espaço de um único momento, e como um homem pode influir assim no porvir de milhões” de pessoas. Procurarei mostrar, nas seções posteriores, que esse conceito pode ser aplicado tanto na análise do desempenho dos grupos criativos no futebol, como também nos demais grupos criativos.

3.1 O CAMPO DE PESQUISAS SOBRE GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES

Para Webster e Watson (2002) quando se faz uma revisão bem elaborada, ela pode efetivamente contribuir para o avanço do conhecimento, pois pode vir a descobrir áreas para as quais há uma necessidade de pesquisas a serem feitas. Nessa direção, esta Seção procura mostrar, com base na bibliografia de apoio, a necessidade da criatividade e competitividade deste início de século XXI, em que as organizações, para sobreviverem, precisam desenvolver e aproveitar cada vez mais o seu capital humano.

Há dezoito anos, Alencar (1996, p. 5) observava que “com o desenvolvimento científico e tecnológico, em seu sentido amplo, o conhecimento tem se tornado obsoleto em um período muito curto de tempo, exigindo uma aprendizagem contínua e permanente”. A autora comenta ser “indispensável o desenvolvimento de habilidades que ajudem o indivíduo a se adaptar com facilidade ao novo e às circunstâncias marcadas pela mudança, pela incerteza e pela complexidade”. E acrescentava que nesse contexto “a criatividade tem sido apontada como a habilidade de sobrevivência para o próximo milênio, como o recurso mais valioso para lidar com os problemas que afetam as atividades diárias no plano pessoal e profissional”. Nesse sentido, Feurer, Chaharbagui e Wargin (1996, p. 5), no artigo mais antigo resgatado no presente estudo, já observavam: “Há, atualmente, uma percepção geral de que a

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criatividade é a chave para a formulação e a implementação de estratégias bem sucedidas”.

Alencar (1996, p. 6) alertava que “nesse cenário, um conjunto de competências torna-se necessário, sobretudo no que diz respeito à capacidade de pensar, de resolver novos problemas e implementar novas ações. [...] muitas das profissões atuais desaparecerão” e outras “estarão a exigir habilidades, destrezas, atitudes e informações que atualmente não somos capazes de antecipar” e concluía afirmando que: “Torna-se, pois, imprescindível que os caminhos para a criatividade pessoal sejam conhecidos e explorados e que os entraves para as nossas fontes interiores de criação sejam desfeitos”. Um esforço nessa direção aparece no framework de Lucas, Claxton e Spencer (2013, p. 4, 16 e 27) para avaliar a criatividade de estudantes em escolas da Inglaterra. Os autores fornecem uma definição, por eles denominada de penta dimensional da criatividade, que é o foco desse framework e que, na realidade, se baseia em qualidades, características ou requisitos da mente criativa, quais sejam: é inquisitiva, persistente, imaginativa, colaborativa e disciplinada. Nas considerações finais, os autores declaram ter obtido os melhores resultados nas idades de 5-14 anos.

Steyn e Buys (2011, p. 2), por sua vez, citando vários autores, afirmam que a “criatividade repousa no âmago de toda invenção, inovação, empreendedorismo e liderança” e que nem toda criatividade acontece com ruptura dramática (designada por eles por ‘eureka’). A importância deste artigo de 2011 está na apresentação dos primeiros achados (findings) sobre a “natureza e a dinâmica da criatividade e ‘eureka’ em ciência e engenharia”, ancorada pelos autores “na realidade, tanto na literatura como na experiência industrial”.

Abordando o papel da criatividade nas organizações, Alencar (1996, p. 9-11) lembrava que “a competição empresarial sem precedentes que caracteriza o momento atual” tem sido “um dos fatores contribuintes para despertar a consciência das organizações para o potencial criativo de seus recursos humanos”. Outros fatores seriam “as mudanças constantes no cenário global” e “as mudanças nas leis e regulamentos que afetam a vida do empresário na área internacional”. Com relação a esse último aspecto, Alencar cita Coutinho e Ferraz (1994, p. 183), destacando que esse aspecto vem alcançando proporções

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cada vez maiores, levando à “implementação de políticas voltadas para o cultivo de comportamentos orientados para a melhoria contínua de seus produtos e eficiência de processos”, em que “a prática permanente da criatividade e inovação é, sem dúvida, indispensável”.

Embora existam diversas conceituações para criatividade, tais como: criatividade é uma habilidade inata ou que é o disparo da alma, definição atribuída a Mozart (CASQUEIRA, 2007, p. 42); entre outras, adotei, neste estudo, a definição de Alencar (1996, p. 15) e a de Csikszentmihalyi (1988) que constam da Seção 2.3.

Considerando que existem vários integrantes nos diferentes grupos criativos, pelo menos um aspecto da criatividade individual é fundamental quando se aborda o tema: a necessidade do pleno domínio de cada membro do grupo sobre o campo da sua especialidade, sobre a sua arte. De Masi (2005, p. 153) menciona um compositor que estaria inventando determinada música, afirmando que esse compositor precisa, necessariamente, tocar de olhos fechados para que o conteúdo criativo possa fluir com liberdade. E, acentua: “Só quando tiver as técnicas de que a sua arte precisa completamente introjetadas, o criativo terá a mente desimpedida e poderá calcá-la no cimento da invenção”. Esse mesmo autor comenta que “surpreende a circunstância de que quase não existam estudos sobre criatividade coletiva” (DE MASI, 2005, p. 136). Comentário semelhante pode ser encontrado em Di Nizo (2009, p. 77) quando afirma: “Superabundam os recursos para exterminar a fome e a dor. No entanto, ainda engatinhamos na colaboração criativa”. Os resultados da presente pesquisa mostram a justeza dessas afirmações.

Di Nizo (2009, p. 15) observa que “resta investigar de que maneira e em que medida é possível estimular a criação de melhores estratégias para o desenvolvimento do potencial criativo das equipes”. Nas 17 páginas finais da obra, a autora sugere algumas técnicas para o trabalho coletivo, tais como “Os Seis Chapéus” de Edward de Bono e o “Brainstorming” de Alex Osborn. Além dessas, existem inúmeras outras técnicas para estimular a criatividade, tais como a regra Heurística, a Discussão 66, Scamper e Sinética. Nenhuma técnica é melhor que a outra e várias delas estão presentes em diversas obras como, por exemplo, “Ideias: 100 técnicas de criatividade”, de Aznar (2011). O autor é presidente honorário do Créa França,

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uma associação francesa para o desenvolvimento da criatividade e presidente do Créa University, uma associação em colaboração com a Universidade Paris Descartes.

3.2 DESENVOLVIMENTO DA BIBLIOMETRIA

Este estudo é caracterizado como uma pesquisa de natureza exploratória de caráter descritivo com a utilização de técnicas bibliométricas. A pesquisa exploratória é aquela cujos objetivos concentram-se em conhecer melhor o objeto a ser investigado (GIL, 2007) enquanto a pesquisa descritiva “expõe característica de determinada população ou de determinado fenômeno” (VERGARA, 2005, p. 47). Para Machado (2007, p. 4) na técnica bibliométrica “[...] seus indicadores retratam o grau de desenvolvimento de uma área do conhecimento”, o que permite uma análise do estado da arte do tema abordado neste estudo.

Foi utilizada para a coleta de dados, devido sua abrangência, reconhecimento científico e fácil acesso, a base de dados Web of Science (WoS) e suas sub-bases. Como critérios de busca das palavras-chave foram incluídos os termos (“creative group*” OR “creative team*”) AND (“organi?atio*” OR “enterprise*”). O ponto de interrogação (?) representa a possibilidade de inclusão das palavras organizational e organisational, do inglês americano e britânico, respectivamente e o asterisco (*) assegura a possibilidade de uso das palavras no singular ou no plural. Do mesmo modo, o uso dos parênteses e aspas nas expressões permite a busca das duas palavras de forma conjunta. Finalmente, os termos foram buscados em Topic, que abrange títulos, palavras-chave e resumo.

O desenvolvimento da bibliometria encontra-se em sua totalidade no Apêndice A.

Estudamos criatividade na seção anterior e, nesta seção, tratamos de grupos criativos em organizações. Em seguida apresentaremos o conceito denominado de “Momento supremo”, com o qual teremos completado as bases para fundamentar o estudo de dois grupos criativos na prática no Brasil.

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3.3 MOMENTO SUPREMO

Quando cursava Engenharia na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, deparamos com o conceito de “Momento Supremo” no livro de mesmo nome de Stefan Zweig (ZWEIG, 1956). O autor narra treze episódios e diz fazê-lo “sem acrescentar coisa alguma de minha invenção própria, para que a verdade espiritual que contém não se descolore”. Informa ainda “Aqui se pretende demonstrar que o destino de séculos é, amiúde, decidido no espaço de um único momento, e como um homem pode influir assim no porvir de milhões”. Entendo que este conceito se aplica ao presente estudo, tendo em vista momentos de tensão e de decisão existentes, principalmente nas Copas do Mundo nas quais, nas fases de mata-mata, a seleção vencedora continua e a seleção que perde volta mais cedo para casa. Podemos considerá-los como momentos supremos, nos quais poderão surgir heróis ou vilões, dependendo de qual lado está a torcida.

Escolhemos, como representativo do conjunto de treze, o episódio intitulado “O minuto mundial de Waterloo”, que inicia com essas palavras: “[...] Muito raras vezes o fio do destino é agarrado um instante por mão indiferente, e esse homem por isso se sente mais atemorizado do que feliz. Uma tempestade de responsabilidade o lança então ao heroico espetáculo do mundo e a mão deixa escapar o fio”. E acrescenta para logo após narrar o episódio “São muito poucos os que sentem a importância desse acaso e o aproveitam para subir às culminâncias”. De forma resumida por mim, assim se expressa Stefan Zweig ao narrar “o minuto mundial de Waterloo” (p. 9-23):

O ambiente, antecedente da batalha de Waterloo (que aconteceria em 18 de junho de 1815), era de que Napoleão, o leão aprisionado, havia destroçado a sua jaula na ilha de Elba. Ele já havia chegado em Paris e as nações organizaram, às pressas quatro exércitos: um inglês, com Wellington, outro prussiano, com Blücher, outro austríaco, outro russo, afirmando “nunca a clássica Europa dos imperadores e dos reis se viu tão unida como naquela hora de pânico”.

Em 15 de junho, às três da madrugada, o único exército de Napoleão atravessa a fronteira e, no dia seguinte, chega a Ligny, derrota o exército prussiano e o obriga a retroceder. Foi um golpe

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terrível do leão que se sentia livre, mas não mortal. Vencido, mas não aniquilado, retira-se o exército prussiano, sob o comando de Blücher, em direção a Bruxelas.

Napoleão parte então para desferir o segundo golpe contra o inglês Wellington.

No dia 17, véspera da grande batalha, chega onde estava Wellington. Napoleão prevê os perigos, as dificuldades, prevê a possibilidade de que as tropas de Blücher, vencidas, mas não aniquiladas, possam juntar-se às de Wellington. Para evitar isso, destaca uma terça parte das forças para que afaste, passo a passo, as hostes prussianas e impedindo a sua união com os ingleses.

O comando dessa tropa de perseguição é confiado ao marechal Grouchy.

Grouchy é valente, justo, de toda confiança, mas não é um guerreiro ardente e impetuoso, não é um estrategista, nem um herói. Durante vinte anos de incessante guerra, lentamente, não sem méritos, mas sem façanha alguma extraordinária, foi conquistando, passo a passo, a dignidade de marechal. Napoleão sabe que em Grouchy tem apenas um homem de confiança, fiel, valente e sereno, mas era quem estava disponível, por isso se vê obrigado a confiar a um homem medíocre uma missão de decisiva transcendência.

As ordens são precisas: enquanto Napoleão avança contra os ingleses, Grouchy deve perseguir os prussianos. Na missão, apenas três horas de marcha o separariam do exército do Imperador. A chuva cai em torrentes e Grouchy parte ao entardecer do dia 17 seguindo as filas dos prussianos.

Na manhã de Waterloo, com as tropas dispostas, Napoleão, montando sua égua branca, percorre a frente e escuta o grito delirante que sai, com se fosse de uma só boca, de setenta mil gargantas: – Vive l’Empereur! (– Viva o Imperador!)

A artilharia recebe a ordem e começa a hora suprema de Napoleão. Essa batalha já foi descrita inúmeras vezes, mas os dois comandantes sabem que a vitória será do primeiro que receber reforços: Wellington de Blücher; Napoleão de Grouchy.

Para Grouchy, no mesmo dia 18, a chuva cessara e ele não vê aparecer o inimigo em parte alguma, não descobre o menor vestígio do exército prussiano. Ao meio dia chega a eles um ruído surdo, contínuo e amortecido. Era o princípio da batalha de Waterloo. Grouchy reúne os seus vinte oficiais, que são

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unânimes em dizer que era preciso voltar e marchar na direção do fogo de artilharia. Mas Grouchy está indeciso. Acostumado a obedecer, aferra-se às instruções recebidas, se prende à ordem imperial de perseguir os prussianos, que estão em retirada. E diz em tom severo que não pode abandonar o caminho que lhe indica o dever, caso não receba uma contraordem do Imperador. E os oficiais sentem-se decepcionados, escutando silenciosamente o trovejar distante dos canhões. Um dos oficiais suplica que lhe permita acudir o campo de batalha com sua divisão e com umas tantas peças de artilharia.

Um momento medita Grouchy e este instante decide o seu próprio destino, decide o destino de Napoleão e decide o destino de todo o mundo. Aquele momento – que é a Imortalidade – está dependendo dos lábios de um homem medíocre e valente; encontra-se entre as mãos que apertam nervosamente a ordem fatal do Imperador. A França estaria salva se, naquele instante, Grouchy tivesse sido capaz de possuir valor e ousadia, se fosse capaz de compreender os sinais palpáveis, se tivesse força para desobedecer as ordens recebidas. Mas esse homem medíocre se arrima a essas ordens; é incapaz de escutar a palavra do destino. Por essa razão é enérgica a sua negativa. Seria insensato reduzir ainda mais um corpo de exército que já estava dividido. Não pode agir contra as ordens do Imperador. E o instante decisivo deslizou inexoravelmente e nem os fatos e nem as palavras poderão jamais reparar a fatalidade.

Blücher chega para entrar na batalha e Wellington vence. A notícia se espalha rapidamente, mas na manhã seguinte

ao desastre de Waterloo, somente Grouchy nada sabe, apesar de estar afastado somente quatro horas do lugar memorável. Teimoso e sistemático, fiel às ordens recebidas, continua marchando em perseguição dos prussianos... Ao cair da noite do dia 18, os franceses se apoderam de uma aldeia e, no campo de batalha reina um silêncio profundo, uma calma angustiosa, uma paz cruel, uma paz de morte. No dia seguinte, chega um emissário, um oficial do estado-maior, informando que o Imperador não mais existe, tanto quanto o exército imperial. O homem indeciso, mas disciplinado que, no momento supremo, não teve a resolução necessária, agora se converte quase em herói. As suas virtudes, a prudência, a habilidade, a circunspecção e escrupulosidade manifestam-se claramente quando se sente dono de si mesmo e não escravo de uma ordem

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escrita. Cercado por forças cinco vezes superiores às suas, empreende a retirada das suas tropas através do inimigo. Uma retirada que é uma obra prima de tática militar. Não perde um único homem nem um único canhão, e salva deste modo o último exército do Império e da França.

A vida exterior de Grouchy exulta ao ser nomeado general chefe e par da França; segue desempenhando os seus cargos com energia e perícia, mas nada o redimirá daquele momento em que fora dono do destino e que não soubera aproveitar. As virtudes do cidadão, a previsão, a disciplina, o zelo e a prudência, armas magníficas durante os dias vulgares e pacíficos, todos se derretem impotentes nas brasas do grande instante fatal.

Este episódio histórico, da atuação do marechal Grouchy em Waterloo, mostra como “o destino de séculos é, frequentemente, decidido no espaço de um único momento, e como um homem pode influir assim no porvir de milhões” de pessoas (ZWEIG, 1956, p. 5). Trazendo o conceito para o futebol, especialmente as Copas do Mundo, objeto do presente estudo, poderíamos, quem sabe: julgar que o jogador Ghiggia aproveitou o seu momento supremo quando conseguiu marcar o segundo gol da vitória de 2x1 do Uruguai contra o Brasil na final da Copa de 1950, quando o Brasil era o franco favorito e o empate lhe daria o título? Ou então julgar que o Brasil, sendo o favorito, jogando em casa e podendo empatar que seria o campeão, não teve nenhum de seus jogadores percebido esse momento, como diz Zweig, pois “são muito poucos os que sentem a importância desse acaso e o aproveitam para subir às culminâncias”. Por não perceber, deixam o fio do destino escorregar por entre os dedos e perdem o momento supremo. Observamos outro exemplo, de não percepção da importância do momento, na Copa seguinte, na Suíça, quatro anos depois. A poderosa seleção da Hungria jogou todas as partidas como favorita inquestionável, inclusive na final, quando abriu uma vantagem de 2x0 e acabou perdendo o jogo por 2x3, o título e a invencibilidade de 31 jogos para a Alemanha Ocidental. Face à superioridade dos adversários e ao seu natural favoritismo, os jogadores da Alemanha, ou pelo menos alguns deles, perceberam o momento supremo e o aproveitaram. Poderíamos seguir por mais quatro anos, na final da Copa de 1958 entre Brasil e Suécia, a dona da casa. O primeiro gol foi marcado pela

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Suécia e o capitão do time era Bellini, mas foi Didi que pegou a bola no fundo das nossas redes, colocou-a debaixo do braço esquerdo e caminhou firme para o centro do gramado e, no caminho, exortou os companheiros a jogar tudo o que sabiam e a lutar com todas as forças que conquistariam o título. Dali para a frente o Brasil chegou a estar vencendo por 5x1 e o resultado final foi de 5x2. Didi percebeu o momento, Didi foi um daqueles poucos citados por Zweig que sentem a importância do momento e o aproveitam para subir às culminâncias. Onze anos depois, nas eliminatórias de 1969 para a Copa do Mundo de 1970, houve aquele jogo com a Venezuela, narrado na Seção 6.5, em que o técnico Saldanha teve o seu momento de Didi, percebendo a importância do momento, tomando as rédeas da situação e conseguindo uma expressiva vitória no segundo tempo por 5x0. Independente do resultado, o legado daquele momento supremo foi a lição para todos os jogadores que o viveram para se dedicar realmente aos 90 minutos de forma integral. De suar com dedicação em cada minuto da partida. Saldanha já tinha incendiado a Seleção com as chamadas “feras do Saldanha” ao convocar os jogadores, conforme relato de Tostão no item 4.2.1.1, e talvez, lá na distante Venezuela, tenha completado seu ensino ao mostrar como se aproveita o momento supremo dos acontecimentos. Quem sabe, dessas duas lições (feras + momento supremo na Venezuela) nasceu e se firmou a dedicação e o empenho que se observou em todos os jogos da Copa de 1970 no México?

Dissemos quem sabe, porque outros poderiam citar a liderança que se expressou naturalmente, mas de forma memorável, tanto em Didi como em Saldanha. Pode ser também, mas tomamos a liberdade de optar pelo “momento supremo” adaptado na visão do futebol.

Encerrando esta Seção, vamos apresentar, a seguir, os dois grupos criativos na prática no Brasil: a Seleção Brasileira de Futebol nas Copas do Mundo de 1966 e 1970.

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4 SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL

Na busca do entendimento sobre grupos criativos em organizações, em que procuramos possíveis padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao seu desempenho, vamos abordar, a partir de agora, dois grupos brasileiros, semelhantes em tese, mas que obtiveram resultados muito diferentes. Um deles, a Seleção de Futebol que representou o Brasil na Copa do Mundo de 1966, tinha a aura de ser uma Seleção bicampeã, por ter vencido as Copas anteriores de 1958 e 1962, desembarcou na Inglaterra como favorita e deu adeus ao torneio após apenas três partidas. Uma vitória e duas derrotas, saindo nas oitavas de final. Foi o segundo pior desempenho em todas as 20 Copas de que o Brasil participou. A outra Seleção, que se apresentou na Copa do Mundo de 1970, por sua vez, venceu as seis partidas que disputou e se sagrou campeã com todas as honras, sendo considerada por muitos como a melhor, senão entre as melhores Seleções de Futebol de todos os tempos. Esmiuçar detalhes dessas duas Seleções, mesmo tendo decorridas mais de quatro décadas de suas realizações é o que se fará a seguir em busca de informações que possam vir a atender aos objetivos desta pesquisa.

Neste estudo: “Seleção Brasileira” ou simplesmente “Seleção” é o time de futebol masculino, convocado pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF, que representa o Brasil em competições internacionais e jogos amistosos; “Copa do Mundo” ou “Copa” é um torneio de futebol masculino, realizado a cada quatro anos pela FIFA (Fédération Internationale de Football Association), entre seleções nacionais de seus países-membros.

Em termos históricos, o primeiro amistoso internacional de futebol foi jogado em 1872, entre a Inglaterra e Escócia. O futebol, a partir de então, foi conquistando cada vez mais adeptos, tendo participado dos Jogos Olímpicos, edições II, III, IV e V como esporte de demonstração ou espetáculo. Em 1914, a FIFA reconheceu o torneio olímpico como uma “competição global de futebol amador” (site da FIFA) e passou a organizá-lo. Efetivamente, apenas nas Olimpíadas de 1924 aconteceu a primeira disputa de futebol intercontinental, na qual o Uruguai se sagrou campeão, sendo bi-campeão na Olimpíada seguinte, em

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1928. Em 28 de Maio de 1928, por iniciativa de seu presidente, o francês Jules Rimet (1873-1954), a FIFA criou o seu próprio campeonato mundial, cuja primeira edição se deu em 1930, tendo sido escolhido como país-sede o Uruguai, tanto pelas suas conquistas olímpicas, como pela comemoração do centenário da sua independência em 1928. Compareceram treze seleções, sendo quatro da Europa e nove da América. Este campeonato foi chamado de Copa do Mundo (Coupe du Monde, em francês), mesmo nome do troféu entregue à seleção campeã, embora, quando de sua criação, o troféu tenha sido nomeado de “Vitória”. É feito de ouro e liga de prata numa base azul de lápis-lazúli, medindo 35 cm e pesando 3,8 kg. Tem a forma de uma taça octogonal, apoiada por uma figura alada representando Nice, deusa grega da vitória (em grego, Níkē). A mais famosa imagem da deusa Nice é a de Samotrácia, exposta no Museu do Louvre, em Paris. Em 1942 e em 1946 a competição foi cancelada devido à Segunda Guerra Mundial e, a partir de 1946, a taça passou a ser chamada de Taça Jules Rimet, em homenagem ao seu idealizador. Em 1970, com o terceiro campeonato, a seleção brasileira passou a ter a posse definitiva da Taça Jules Rimet. A FIFA, então, criou uma nova taça, chamada Troféu da Copa do Mundo FIFA (FIFA World Cup Trophy, em inglês). Diferentemente da Taça Jules Rimet, ela não irá para qualquer seleção, independente do número de títulos. Ela só será trocada quando a placa em seu pé estiver totalmente preenchida com os nomes dos campeões de cada edição, o que só ocorrerá em 2038. A atual Taça FIFA é feita com 5 kg de ouro e uma base de 13 cm de diâmetro de camadas de malaquita. Pesa 6,17 kg, mede 36,5 cm e tem duas figuras humanas segurando o planeta Terra. Foi entregue pela primeira vez na Copa de 1974 realizada na Alemanha.

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Figura 2 – À esquerda a Taça Jules Rimet (1930-1970). À direita o atual Troféu da Copa do Mundo FIFA (desde 1974)

Fonte: Acervo próprio.

No período que vai da Copa de 1954 na Suíça até a Copa de 1958 na Suécia, a Seleção Brasileira de Futebol foi dirigida por oito técnicos: Zezé Moreira, Vicente Feola, Flávio Costa, Osvaldo Brandão, Teté, Sylvio Pirilo e Pedrinho. O empresário Paulo Machado de Carvalho assumiu o comando da Comissão Técnica, e Feola retornou como técnico em 1958, conduzindo a Seleção ao primeiro título mundial, quando então o capitão Bellini, atendendo ao pedido de fotógrafos, ergueu a taça acima da cabeça, gesto este que passou a ser imitado dali para frente.

No período seguinte entre Copas, dirigiram a Seleção os técnicos Gentil Cardoso, Oswaldo Rolla, Vicente Feola e Aymoré Moreira, que conduziu a Seleção ao seu segundo título, em 1962, tendo novamente Paulo Machado de Carvalho como chefe da delegação e responsável pelo planejamento, como já havia acontecido na Copa anterior.

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4.1 COPA DO MUNDO DE 1966

Assistimos as gravações das Copas de 1958 e 1962, nas quais o Brasil se sagrou campeão mundial, com o charme do preto e branco e, a partir de 1966, passamos a ter o realismo da cor nua e crua. A Inglaterra de 1966 era a Inglaterra de Carnaby Street, dos Beatles e dos Rolling Stones, a Inglaterra da minissaia de Mary Quant, James Bond, o agente secreto inglês da ficção, lançado em 62, já estava em seu quarto filme. Nos jogos, as faltas são mais ásperas, os gols se perdem e se marcam em um piscar de olhos e o nosso Brasil vai à terra dos Beatles tentar o tricampeonato. Mas o novo futebol de tática e força dos europeus e de tática e brilho dos portugueses liderados pelo craque Eusébio, o pantera negra, adia o sonho. O Brasil chega na vibrante Inglaterra de 1966 com uma Seleção confusa e cheia de dúvidas que não chegou nem perto de assumir a responsabilidade de ser bicampeão mundial. Fez tudo errado e tropeçou feio nos próprios erros e, porque não dizer, foi surpreendido pela evolução que estava ocorrendo no futebol, pois, naquela época, já tinha gente vendo o velho jogo bretão com outros olhos: era a apresentação do futebol-força. 1966 era o ano em que Mao-Tse-Tung fez a revolução cultural; os americanos chegavam de vez ao Vietnã; no Brasil, a guerra da música empatou, com Disparada e A Banda dividindo o título de campeãs do II Festival de Música Popular Brasileira e a Seleção Brasileira desembarcou na Inglaterra para disputar a 8ª Copa do Mundo (REINIGER, 2006).

4.1.1 Jogadores e comissão técnica da Copa de 1966

Paulo Machado de Carvalho não estava mais no staff da Seleção e o técnico voltou a ser Feola, auxiliado por Aymoré Moreira. A pressão dos clubes era grande, pois todos queriam ter jogadores na Seleção e ao todo 47 jogadores foram convocados para a fase de preparação a dois meses da Copa. Foram eles:

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Tabela 1 – 47 Jogadores convocados para a Copa do Mundo de 1966 Posição Nome / Clube Goleiros Fábio (São Paulo), Gilmar (Santos), Manga (Botafogo),

Ubirajara Mota (Bangu) e Valdir (Palmeiras). Laterais Carlos Alberto Torres (Santos), Djalma Santos

(Palmeiras), Fidélis (Bangu), Murilo (Flamengo), Edson Cegonha (Corinthians), Paulo Henrique (Flamengo) e Rildo (Botafogo).

Zagueiros Altair (Fluminense), Bellini (São Paulo), Brito (Vasco), Ditão (Flamengo), Djalma Dias (Palmeiras), Fontana (Vasco), Leônidas (América-RJ), Orlando Peçanha (Santos) e Dias (São Paulo).

Meias Denílson (Fluminense), Dino Sani (Corinthians), Dudu (Palmeiras), Edu (Santos), Fefeu (São Paulo), Gérson (Botafogo), Lima (Santos), Oldair (Vasco) e Zito (Santos).

Atacantes Alcindo (Grêmio), Amarildo (Milan-ITA), Célio (Vasco), Flávio (Corinthians), Garrincha (Corinthians), Ivair (Portuguesa de Desportos), Jair da Costa (Internazionale-ITA), Jairzinho (Botafogo), Nado (Náutico), Parada (Botafogo), Paraná (São Paulo), Paulo Borges (Bangu), Pelé (Santos), Servílio (Palmeiras), Rinaldo (Palmeiras), Silva (Flamengo) e Tostão (Cruzeiro).

Fonte: Adaptado pelo autor de Napoleão (2006, p. 75).

Todos davam como certo o tricampeonato e foram mantidos vários jogadores que tinham estado nas duas Copas anteriores. A ideia era que, com Garrincha e Pelé seria fácil vencer. Com muitos problemas de bastidores, entre eles a manutenção de muitos dos convocados pouco antes do torneio começar, provocaram incertezas entre os atletas e a Seleção Brasileira fez uma campanha pífia e o resultado foi aquele que todos conhecem: a eliminação já na primeira fase, com uma vitória e duas derrotas, terminando em 11º lugar, a segunda pior participação em Copas. Houve também rodízio na função de capitão entre Bellini e Orlando. No entanto, alguns craques, como Gérson, Jairzinho e Tostão disputaram sua primeira Copa e ganharam a experiência que lhes valeu na Copa seguinte em 1970, no México. Como curiosidade, por questões religiosas dos anfitriões, nenhum jogo foi realizado aos domingos.

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Vários sites corroboram tudo o que até aqui foi dito sobre a Copa de 1966, mas entendemos ser importante registrar outros pontos sobre a difícil situação enfrentada pelos jogadores que, no final, entrariam em campo para desempenhar o seu papel nos jogos da Copa:

A total falta de organização prejudicou o Brasil, que desperdiçou a oportunidade de conquistar o tri tendo grandes craques em seu elenco, entre eles Pelé, Garrincha, Tostão, Gérson, Bellini e Jairzinho. O número de jogadores chamados para a preparação foi considerado excessivo: 47. Os 22 inscritos só foram definidos já na Europa, depois de uma pequena excursão. (FOLHA ONLINE, 2002).

Em Gehringer (2008) lemos a informação de que dia 16 de junho, 25 dias antes do primeiro jogo do Brasil, aconteceram os primeiros cortes e 27 jogadores seguiram para a Europa. Dia 1º de julho, dez dias antes do início da Copa, foram cortados os cinco últimos: Servílio, Dino Sani, Valdir de Moraes, Fontana e Amarildo.

Carlos Alberto Torres,na época com 22 anos, estava entre os 47 jogadores convocados para a fase de preparação, participou de todos os jogos amistosos, tendo vivido aquele ambiente e, apesar do bom desempenho, foi cortado pouco antes do início da Copa e assim se expressou em Futebol Amador de Minas Gerais (2014): “Alguém me disse que meu nome não tinha sido lido e eu achei que fosse um engano.” Joel Camargo, também com 22 anos em 1966, estava igualmente entre os convocados, participou dos amistosos e do ambiente e foi cortado no Brasil, 25 dias antes do primeiro jogo, junto com Carlos Alberto.

Observamos assim, para os objetivos desse estudo, que Carlos Alberto e Joel Camargo são o sétimo e o oitavo jogadores que estiveram nas duas Copas de 1966 e 1970, juntamente com Brito, Pelé, Gérson, Jairzinho, Tostão e Edu (vide item 6.4.1).

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Tabela 2 – Jogadores inscritos na Copa do Mundo de 1966 N. Jogador Posição Clube Jogos 1 Gilmar Goleiro Santos 2 2 Djalma Santos Lateral Palmeiras 2 3 Fidélis Lateral Bangu 1 4 Bellini Zagueiro São Paulo 2 5 Brito Zagueiro Vasco 1 6 Altair Zagueiro Fluminense 2 7 Orlando Zagueiro Santos 1 8 Paulo Henrique Lateral Flamengo 2 9 Rildo Lateral Botafogo 1 10 Pelé Atacante Santos 2 11 Gérson Armador Botafogo 1 12 Manga Goleiro Botafogo 1 13 Denilson Volante Fluminense 2 14 Lima Armador Santos 3 15 Zito Volante Santos 0 16 Garrincha Atacante Corinthians 2 17 Jairzinho Atacante Botafogo 3 18 Alcindo Atacante Grêmio 2 19 Silva Atacante Flamengo 1 20 Tostão Atacante Cruzeiro 1 21 Paraná Atacante São Paulo 1 22 Edu Atacante Santos 0

TÉCNICO: VICENTE FEOLA Em negrito e com alinhamento à direita, os jogadores que participaram também da Copa de 1970. Fonte: Elaborada pelo autor.

Na Copa de 1966 nem a genialidade de Pelé funcionou. Ele marcou seu gol na estreia (“2x0 contra a Bulgária, com gol também de Garrincha), mas apanhou tanto que ficou fora na derrota por 3x1 para a Hungria. Depois, foi caçado em campo pelos portugueses e não foi capaz de evitar novo revés por 3x1” (FOLHA-PE, 2014).

4.1.2 Preparação para a Copa de 1966

O lateral esquerdo e ídolo no Flamengo naquela época com 23 anos de idade, Paulo Henrique, participou em 1966 de sua única Copa do Mundo e disse, em maio de 2014, no site

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GloboEsporte.com que a falta de organização acabou com as chances de ir mais além à Copa de 1966: “- Quando terminou a Copa, dei a declaração, que era para ser feita “pelos das antigas” que jogaram outras Copas antes, mas eles não deram. Eu disse que faltou organização da CBD, a CBF da época”. E continua, falando dos jogadores “essa Seleção começou com 44 jogadores e cinco foram cortados logo depois (até a Copa, só ficaram 22). Isso dava intranquilidade para o grupo. Estava tudo errado”. Finalmente, Paulo Henrique cita um exemplo bem específico para a falta de organização: “Não tínhamos, na Inglaterra, campo determinando para fazer treinos”. Além da falta de organização, Paulo Henrique acredita que havia um esquema para impedir o tricampeonato em 1966 (GLOBOESPORTE.COM, 2014).

Em Lancepédia (2014) está o seguinte registro, publicado em 23 de março de 2009 às 17:46: “Tudo foi preparado para os anfitriões vencerem. E, quando parecia que não ia dar, os árbitros empurravam. Na final contra a Alemanha, por exemplo, o juiz validou um gol do atacante Hurst em que a bola nitidamente não entrou”. (Essa é, com certeza, a maior controvérsia da Copa na Inglaterra) e continua:

O Brasil, por sua vez, fez feio: foi eliminado por Portugal na primeira fase. Foram chamados 44 jogadores para aquela que seria a campanha do tri, em 1966. Desorganizada como nunca, a Seleção mixava jogadores bicampeões em 1958 e 1962 e garotos, como Tostão e Jairzinho. Vicente Feola não conseguiu formar um time-base, tanto que, em apenas três jogos na Copa, 20 atletas foram utilizados. O resumo da bagunça aconteceu ainda na fase de convocação, quando, com 43 nomes, um dirigente da CBD exigiu mais um corintiano na lista. Assim, foi chamado Ditão. O problema é que, por um erro de digitação, o convocado foi o Ditão do Flamengo. Ficou assim mesmo. (LANCEPÉDIA, 2014).

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4.1.3 Desempenho na Copa de 1966

A Copa do Mundo de Futebol de 1966 foi realizada na Inglaterra entre os dias 11 de julho e 30 de julho de 1966 e contou com a participação de 16 seleções, sendo 10 europeias (Inglaterra, Itália, Alemanha Ocidental, Hungria, Suíça, Portugal, França, União Soviética, Bulgária e Espanha), 5 americanas (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e México) e 1 asiática (Coreia do Norte). O Brasil, por ser o campeão da Copa anterior e a Inglaterra, por ser a anfitriã, não precisaram disputar as eliminatórias para a Copa. Atualmente apenas o anfitrião está dispensado das eliminatórias. A Inglaterra foi escolhida como anfitriã pela FIFA em 1960 para celebrar o centenário em 1963 da The Football Association, a confederação inglesa, a mais antiga associação de futebol do mundo.

Oitavas de Final

Brasil 2x0 Bulgária (12 de julho de 1966), Estádio Goodison Park, Liverpool

1x0 - gol de Pelé, 15min 2x0 - gol de Garrincha, 18min 2º T

Brasil 1x3 Hungria (15 de julho de 1966), Estádio Goodison Park, Liverpool

0x1 - gol de Bene, 2min 1x1 - gol de Tostão, 14min 1x2 - gol de Karkas, 19min 2º T 1x3 - gol de Meszoly, 28min

Brasil 1x3 Portugal (19 de julho de 1966), Estádio Goodison Park, Liverpool

0x1 - gol de Simões, 15min 0x2 - gol de Eusébio, 27min 1x2 - gol de Rildo, 25 2º T 1x3 - gol de Eusébio, 40min

Tendo sido eliminada na primeira fase, a Seleção Brasileira terminou a 8ª Copa do Mundo em 11º lugar, a segunda pior participação em Copas, melhor apenas do que o 14º lugar obtido na 2ª Copa realizada em 1934 na Itália. Nessa Copa de 1934, narra Simões (2010): o navio “Conte de Biancamano”, que levava

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a delegação brasileira atracou apenas três dias antes do confronto contra os espanhóis e que, antes de chegar à Itália, passou pelo porto de Barcelona para o embarque da Seleção Espanhola, nossa adversária no mata-mata da primeira fase. A derrota de 3x1, em Gênova, eliminou o Brasil. Como curiosidade, o goleiro da Seleção Brasileira era Roberto Gomes Pedrosa, que deu nome ao Robertão, torneio que começou como Rio-São Paulo e depois passou a contar com equipes de outros Estados.

4.1.4 Opiniões sobre a Copa de 1966

Opiniões de Armando Nogueira, Luiz Mendes, Ruy Carlos Ostermann, Pelé, Chico Torturra e Teixeira Heizer foram transcritas dos DVDs Colecionadores de Copas, de Reiniger (2006). Em outras a fonte é citada.

Armando Nogueira (AN) – “Os campeões de 62 já estavam todos no chamado plano inclinado do ocaso, da decadência. E se eles foram levados pra Copa da Inglaterra, na verdade, talvez tenha sido esse um dos maiores erros da Comissão Técnica, que já começou aqui no Brasil, numa demonstração de ostentação, formando quatro seleções. Foram formadas quatro seleções que se exibiam por aí. Na verdade, das quatro não sobrou nenhuma seleção porque eu nunca vi o Brasil jogar tão mal. Nem em 90 o Brasil jogou tão mal quanto em 66”. Luiz Mendes (LM) – “Houve muitos erros, por exemplo, a convocação de 44 jogadores. Quatro times. O corte de Carlos Alberto Torres. Foi cortado. Não tinha que ser cortado”. Ruy Carlos Ostermann (RCO) – “Em 62, com um time cansado, se tentou ainda reabilitar algumas daquelas forças campeãs do mundo e tentar fazer um futebol que fosse um futebol do velho tempo, mas não se sabia por onde começar”. Pelé – “O Brasil é um pais bastante privilegiado no futebol porque os garotos

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parecem que já nascem com o futebol nos pés. O futebol para o povo brasileiro, todos sabem, é a comida. Aqui no Brasil, se não houvesse o futebol eu acho que muita gente morreria de desgosto, morreria até de fome. Porque no Brasil eles economizam tudo, eles fazem o máximo do possível para guardar dinheiro e chegar no domingo irem ao campo de futebol”. Pelé, respondendo à pergunta do que seria do futebol sem o Pelé – “O Pelé no futebol é como os outros jogadores que já apareceram. E Pelé é um jogador que está nessa época e que naturalmente irá passar. Mais tarde aparecerão outros Pelés”. LM – “Garrincha fez, ele fez uma partida relativamente fraca contra a Bulgária, mas fez um gol cobrando uma falta, mas o Garrincha em 66 já não era o mesmo. Já estava terminando a sua indiscutível técnica de driblar e tudo, de velocidade. Ele já estava caminhando pro fim”. AN – “O jogo do Brasil contra Portugal e contra a Hungria foram dois monumentais, magistrais vexames do Brasil. O Brasil não tinha a menor condição de disputar aquela Copa. E ainda perdeu o Pelé, caçado no jogo contra Portugal. Em 66 foi a soberba do bicampeão. Aquela história de a gente dizer sempre que a derrota às vezes é mais fecunda do que a vitória se confirmou em 66”. Chico Torturra, cinegrafista do canal 100 – “A cena do Pelé lá, do Vicente caçando o Pelé. Deu a primeira, deu a segunda e tirou o Pelé de campo. O próprio Eusébio foi contra o Vicente pela violência da jogada”. Teixeira Heizer (TH) – “Então eles puseram, para os jogos dos sul americanos, ingleses. Esses juízes deixavam o pau comer, né? [...] e depois aquele escândalo do jogo Argentina

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e Inglaterra. [...] expulsaram o Ratin, que era o grande jogador argentino [...]”. 2 João Havelange – Houve uma conspiração contra a equipe brasileira, pois os árbitros ingleses que apitaram as partidas decisivas teriam deixado os adversários baterem à vontade (SIMÕES, 2010, p. 58). RCO – “A Inglaterra venceu e o seu Alf Ramsey, que era o técnico, introduziu algumas modificações na modelagem de um time de futebol que foram profundamente inovadoras. Lá surgiu o 4-4-2. 4-4-2, mas com variações de movimentos surpreendentes, com uma seleção enérgica, forte, decidida e, na minha opinião, legitimamente a campeã”. TH – “O comando paulista que, com estupenda organização, levara o Brasil aos títulos de 58 e 62, já não estava em ação [...] Sobrou apenas o técnico Vicente Feola, já adoentado [...] A preparação fora inadequada. Nem de leve parecida com o planejamento das Copas anteriores [...] Nos três jogos, em Liverpool, o time não se repetiu [...]”. (HEIZER, 2001). Gilmar – “Levaram só dois goleiros: eu e o Manga. Machucado, nem fui ao estádio no último jogo. Se o Manga se contundisse, Pelé estava escalado para substituí-lo” (HEIZER, 2001, p. 153). Max Gehringer (MG) – “dos 31 árbitros e auxiliares que atuariam na Copa, 10 pertenciam à comunidade britânica, sendo 7 ingleses [...] concentração, no mínimo suspeita: dos 9 juízes e bandeirinhas que atuariam nos 3 jogos do Brasil, sete eram britânicos [...]” (GEHRINGER, 2008). MG – “na preparação física Paulo Amaral foi para um cargo mais alto administrativamente, sendo substituído pelo professor de judô

2 O episódio da expulsão do argentino Ratin no jogo contra a Inglaterra, quando pedia um intérprete para reclamar ao juiz da violência, motivou a FIFA a criar os cartões amarelo e vermelho, que passaram a ser utilizados a partir do México, em 1970.

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Rudolf Hermmany e a preparação física foi muito prejudicada” (GEHRINGER, 2008). MG – “Dia 16 de junho, 25 dias antes do primeiro jogo do Brasil, aconteceram os primeiros cortes e 27 seguiram para a Europa. Dia 1º.de julho, dez dias antes do início da Copa, foram cortados os 5 últimos: Servílio, Dino Sani, Valdir de Moraes, Fontana, Amarildo. Servílio havia jogado 5 dos 7 jogos na Europa como companheiro de Pelé em campo” (GEHRINGER, 2008). MGr – “os treinos eram realizados a 30 Km da concentração, no estádio do Wanderes” (GEHRINGER, 2008).

4.2 COPA DO MUNDO DE 1970

A música Pra frente Brasil, composta por Miguel Gustavo, foi o tema de abertura dos jogos transmitidos pela televisão, diretamente do México, e dizia: Noventa milhões em ação/ Pra frente Brasil do meu coração/ Todos juntos vamos, pra frente Brasil/ Salve a Seleção!/ De repente é aquela corrente pra frente/ Parece que todo o Brasil deu a mão/ Todos ligados na mesma emoção/ Tudo é um só coração!/ Todos juntos vamos pra frente Brasil!/ Salve a Seleção!

Pela primeira vez o Brasil assistia, ao vivo, a Copa do Mundo pela TV. O sinal, dos nove jogos transmitidos, incluindo os seis do Brasil, foi captado em várias cidades do sul, sudeste e mais Salvador, Recife e Brasília, e os outros jogos foram exibidos com o recurso do videotape. Nessa Copa aconteceram gols históricos pela beleza e pelas bolas que teimaram em não entrar e os torcedores ganharam um presente inesquecível via satélite: a Taça Jules Rimet para sempre em nossas mãos. 1970 foi o ano em que o Presidente Emílio Garrastazu Médici assina o decreto-lei que dispõe sobre a ampliação do mar territorial brasileiro de 12 para 200 milhas marítimas; os Beatles, após a dissolução, lançam o álbum Let it be e, no Brasil, nasce o grupo Secos e Molhados; No dia 15 de novembro os brasileiros foram às urnas para eleger deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos e vereadores; O cônsul brasileiro Aloísio Mares Dias Gomide é sequestrado pelos Tupamaros, em Montevidéu e, no

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Brasil, ocorrem três sequestros de embaixadores estrangeiros acreditados no País. Morrem Bertrand Russel, filósofo e matemático inglês; Oscarito, comediante brasileiro; Jimmy Hendrix, cantor e guitarrista americano e Janis Joplin, cantora americana. E o escrete brasileiro sofreu com a mudança de comando a três meses da Copa. Por sugestão do inglês Kenneth Aston, responsável pela Comissão de Arbitragem, foram colocados em prática, nessa Copa, os cartões amarelo e vermelho, cores inspiradas nos semáforos, para advertir e expulsar os jogadores do campo, sendo o soviético Evgeny Lovchev, no jogo de abertura contra o México, o primeiro a receber um cartão amarelo. Em todos os 32 jogos não houve nenhum cartão vermelho. A Copa de 1970 também foi a primeira na qual foram permitidas substituições, estabelecidas duas para cada seleção, tendo aumentado para três posteriormente. Até então, os que entravam em campo tinham que permanecer até o fim, mesmo que se contundissem como foi o caso de Pelé, em 1966, no jogo com Portugal. Quanto à bola, foi utilizada, pela primeira vez, uma bola fabricada com 32 gomos, sendo que os gomos hexagonais eram brancos e os gomos pentagonais pretos, pois a maioria das televisões no mundo ainda transmitia em preto e branco. Era a bola Telstar, fabricada pela Adidas (REINIGER, 2006).

4.2.1 Jogadores e comissão técnica da Copa de 1970

4.2.1.1 Jogadores e comissão técnica nas Eliminatórias de 1969

Na página 94 do livro João Saldanha – sobre nuvens de fantasia, de João Máximo, está a narrativa do dia da apresentação dele como técnico da Seleção, o qual, em suas primeiras palavras, após ser apresentado pelo Presidente João Havelange aos demais jornalistas, informava os onze titulares e os onze reservas com vistas à disputa das Eliminatórias e da Copa do Mundo de 1970, transformando o ambiente em surpresa geral.

A mesma cena, narrada por Milliet (2006, p. 75), que diz que em sua primeira entrevista, Saldanha tira um pequeno papel do bolso afirmando que já tinha definido os times titular e

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reserva. Após nomeá-los, completa com a definição que seria a marca da Seleção nas Eliminatórias de 1969, afirmando “que era preciso dasafrescalhar aquela história de seleção canarinho e que gostaria de ter em campo 11 craques, 11 feras”. E continuava “de todas as feras, o homem é a mais perigosa, portanto, eu não quero nenhum mocinho no meu time. Convoco o jogador para defender a Seleção, não para casar com minha filha”.

Opinião de Nelson Rodrigues, publicada originalmente no jornal O Globo, de 05/11/1969, sobre a escolha de João Saldanha para técnico da Seleção Brasileira:

[...] meu caro João Saldanha. Tenho-lhe um afeto de irmão [...]. Ao ter a notícia, berrei: — “É o técnico ideal!” Um amigo meu, bem-pensante insuportável, veio-me perguntar: — “Você acha que o João tem as qualidades necessárias?” Respondi: — “Não sei se tem as qualidades. Mas afirmo que tem os defeitos necessários” [...]. (apud UOL ESPORTE, 2014).

Tostão assim se expressou no livro Vida que Segue (MILLIET, 2006, p. 16): “Além de ter sido importante para a classificação ao Mundial, Saldanha incendiou a seleção com as “feras do Saldanha” e recuperou a confiança dos torcedores e da imprensa no futebol brasileiro”.

João Saldanha (gravado em 1978) – “Eu fui convocado para treinador numa terça-feira (04/02/1969). Domingo à noite, neste microfone, nesta televisão, num programa de esportes, me perguntaram qual seria o meu time ideal para uma seleção brasileira e eu disse: ora eu não ia mudar de ideia de domingo para terça-feira. Então eu apenas repeti o time que eu tinha dito para o Brasil inteiro no domingo e na terça-feira” (REINIGER, 2006).

Esse time era:

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Tabela 3 – Time titular e reserva da primeira convocação de João Saldanha

Titular/Reserva Jogador Clube Titular Félix Fluminense Titular Carlos Alberto Torres Santos Titular Brito Vasco da Gama Titular Djalma Dias Atlético Mineiro Titular Rildo Santos Titular Piazza Cruzeiro Titular Gérson Botafogo Titular Jairzinho Botafogo Titular Dirceu Lopes Cruzeiro Titular Pelé Santos Titular Tostão Cruzeiro

Reserva Cláudio Santos Reserva Zé Maria Corinthians Reserva Scalla Internacional Reserva Joel Camargo Santos Reserva Everaldo Grêmio Reserva Clodoaldo Santos Reserva Paulo Cesar Lima Botafogo Reserva Paulo Borges Corinthians Reserva Toninho Guerreiro Santos Reserva Rivellino Corinthians Reserva Edu Santos

Fonte: Elaborada pelo autor

Desses jogadores, relacionados nessa primeira convocação em 1969, 15 disputaram a Copa do Mundo de 1970. Desses 15, 11 deles constituíram aquele que a revista Manchete No. 950, de 4 de julho de 1970, classificou como o time invencível: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivellino; Pelé, Tostão e Jairzinho (esses jogadores estão em destaque em negrito e com alinhamento à direita na tabela acima). E todos os jogadores que atuaram nos Jogos da Copa de 1970 estavam entre esses 15. Entendo que estes nomes e números mostram a importância de João Saldanha e a inteligência de Zagallo na formação do escrete vencedor e aclamado desde então como uma das melhores, senão a melhor seleção de futebol de todos os tempos.

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Desempenho da Seleção nas Eliminatórias de 1969: 06/08/1969 Brasil 2 x 0 Colômbia Bogotá 10/08/1969 Brasil 5 x 0 Venezuela Caracas 17/08/1969 Brasil 3 x 0 Paraguai Assunção 21/08/1969 Brasil 6 x 2 Colômbia Rio de Janeiro 24/08/1969 Brasil 6 x 0 Venezuela Rio de Janeiro 31/08/1969 Brasil 1 x 0 Paraguai Rio de Janeiro

Segundo João Saldanha, em Milliet (2006, p. 229-233) a conquista de 1970 teve seu início em 1968 em Varsóvia, na Polônia, um dia após a derrota da Seleção Brasileira em Stuttgart para a Seleção da Alemanha por 2x1. Nesse dia, no hall do Hotel Bristol, Aymoré Moreira, o técnico da nossa Seleção, comunicou: “Não é mais possível continuarmos vivendo do passado. Aquilo que era bom em 1958 e 1962 já não serve mais. Vou mudar tudo, de outra forma sucumbiremos. [...] jogando taticamente como estamos jogando, vamos liquidar nosso futebol. [...]”. foi uma autêntica revolução a conferência de imprensa de Aymoré Moreira e os fatos posteriores demonstraram que o treinador, campeão do mundo em 1962, tinha toda razão, mas não foi fácil a princípio, pois os jogadores estavam um pouco viciados. As vitórias começaram a aparecer e se notava visivelmente a melhora do quadro brasileiro. No entanto, por cisão na cúpula dirigente do futebol brasileiro, Aymoré Moreira, em pleno apogeu, foi demitido apesar do apoio do presidente João Havelange. Conclui Saldanha que, ao convocar os 22 titulares e reservas em sua primeira entrevista como treinador da Seleção, quem prestasse atenção verificaria que estavam lá quase todos os convocados de Aymoré Moreira. Dos nomes diferentes, Pelé era um deles, que não havia sido convocado porque o Santos estava excursionando.

João Saldanha, que foi técnico do Botafogo em 1957, ganhando neste mesmo ano o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, foi técnico da Seleção Brasileira de 04 de fevereiro de 1969 a 17 de março de 1970, tendo sido demitido 2 meses e 14 dias antes do início da Copa de 1970, cujo jogo inaugural seria no dia 31 de maio de 1970.

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4.2.1.2 Jogadores e comissão técnica na Copa de 1970

Com a demissão de Saldanha, a CBD – Confederação Brasileira de Desportos, hoje CBF – Confederação Brasileira de Futebol, convidou inicialmente Dino Sani para técnico da Seleção Brasileira que iria disputar a Copa do Mundo de 1970. Dino Sani acabou recusando o convite por não se sentir devidamente preparado para a missão. Foi então convidado Zagallo, bicampeão mundial pela Seleção como jogador em 58 e 62, que iniciara, em 1966, a carreira de treinador no Botafogo, ganhando os Campeonatos Estaduais do Rio de Janeiro de 1967 e 1968 e a Taça Brasil de 1968. Zagallo aceitou mesmo sabendo que teria menos de três meses para preparar a Seleção. Com o título de 1970, Zagallo se tornou o primeiro a ser campeão mundial como jogador e como técnico.

Jairzinho, Gérson, Tostão Pelé e Rivellino eram camisa 10 em seus clubes e, na Copa, Pelé foi o dez, Jairzinho o sete, Gérson o oito, Tostão o nove e Rivellino o onze.

Eram muitos os que duvidavam no Brasil de que Pelé e Tostão pudessem jogar juntos, mas Zagallo acabou magistralmente com a polêmica. Além disso, permitiu que Clodoaldo e Piazza subissem ao ataque, o que foi um grande sucesso. Era a primeira vez em que se empregava no futebol uma formação 5-3-2, que podia se transformar de forma impecável em um 3-5-2 e depois voltar de novo ao esquema original. (FIFA.COM, 2014).

Com relação a Pelé e Tostão jogarem juntos, lembramos o fato de que, no ano anterior, em agosto, Tostão e Pelé jogaram juntos todas as seis partidas das Eliminatórias e que os dois, naquela competição, foram os artilheiros do Brasil, Tostão com 10, Pelé com 6 e Jairzinho com 3 gols. A dúvida surgiu porque, em setembro de 1969, Tostão sofreu descolamento de retina e foi operado nos Estados Unidos e poucos acreditavam que ele pudesse vir a jogar a Copa de 1970. Nesse aspecto, ler o registro de Armando Nogueira sobre o que Tostão lhe contou sobre o assunto no item 4.2.4.

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Tabela 4 – Jogadores inscritos na Copa do Mundo de 1970 Nº Jogador Posição Clube Jogos 1 Félix Goleiro Fluminense 6 2 Brito Zagueiro Flamengo 6 3 Piazza Volante Cruzeiro 6 4 Carlos Alberto* Lateral Santos 6 5 Clodoaldo Volante Santos 6 6 Marco Antonio Lateral Fluminense 2 7 Jairzinho Atacante Botafogo 6 8 Gérson Armador São Paulo 4 9 Tostão Atacante Cruzeiro 6 10 Pelé Atacante Santos 6 11 Rivellino Armador Corinthians 5 12 Ado Goleiro Corinthians 0 13 Roberto Miranda Atacante Botafogo 2 14 Baldocchi Zagueiro Palmeiras 0 15 Fontana Zagueiro Cruzeiro 1 16 Everaldo Lateral Grêmio 5 17 Joel Camargo* Zagueiro Santos 0 18 Paulo Cesar Lima Armador Botafogo 4 19 Edu Atacante Santos 1 20 Dario Atacante Atlético-MG 0 21 Zé Maria Lateral Portuguesa 0 22 Leão Goleiro Palmeiras 0

TÉCNICO: ZAGALLO Em negrito e com alinhamento à direita, os jogadores que participaram também da Copa de 1966. * ver final do item 4.1.1. Fonte: elaborada pelo autor.

No número especial da revista Manchete, de julho de 1970, denominada de edição histórica, encontramos um registro importante sobre os bastidores, a organização interna que normalmente não aparece e nem é citada. Manchete chamou essa organização interna de “O Estado Maior”:

O tri não foi conquistado apenas no campo. No México, o Brasil tinha outro escrete, que jogava nos bastidores. Nesse sentido, a administração do time foi perfeita. O comandante era um brigadeiro, Jerônimo Bastos. Um cearense atarracado, porte militar, olhar muito agudo e homem de fino

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trato. Ele não se intitulou Brigadeiro da Vitória, como poderia, depois do triunfo. Na verdade, tornou o mais impessoal possível a sua missão. Cumpriu-a como brasileiro, pessoa de confiança do Presidente da República. Como amigo íntimo de João Havelange, a quem atendeu, quando ele o chamou para chefiar a delegação. O brigadeiro viveu a Copa à sua maneira: minucioso, aceitando conselhos dos amigos, combatendo duramente os inimigos, atendendo a todos e a tudo, às vezes passando noites a fio sem dormir. Ao seu lado, Antonio do Passo, diretor de futebol da CBD, que jogava, no México, a sua cartada decisiva. Fora quem manipulara a substituição de João Saldanha e a convocação de Zagallo. Era um homem marcado. Mas Passo cumpriu suas tarefas sem deixar qualquer margem para dúvidas. Um escalão muito importante: o da saúde e do físico. O Dr. Lídio Toledo, os professores Admildo Chirol, Carlos Alberto Parreiras e o Capitão Cláudio Coutinho foram perfeitos, nos seus setores. Trabalharam sempre, em perfeita coordenação. A eles se deve a saúde de ferro e o fôlego inesgotável que o escrete demonstrou durante a campanha. O Capitão Cláudio Coutinho ainda acumulou o cargo de supervisor. Numa delegação moderna e bem organizada, há gente para cuidar de tudo e de todas as minúcias. A secretaria-executiva do escrete era ocupada por três homens de larga experiência: José de Almeida, Sebastião Alonso e Tarso Herédia. Onde quer que o time fosse, já os encontrava sempre a postos. Eram espécie de sapadores, limpando o terreno antes de cada avanço. O Brasil tinha cozinheiros, embora, ao contrário dos ingleses, tenha preferido sempre os vegetais, a carne e a água mexicana. E tinha, também, dois autênticos pés de boi – Mário Américo (um veterano de todos os escretes) e Nocaute Jack. Mário

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cuidava das massagens e Nocaute do Almoxarifado. O Major Guaranis era, oficialmente, o secretário da delegação. Atendia a ordens diretas do brigadeiro e foi o homem que cuidou para que a tranquilidade dos jogadores não fosse prejudicada nas horas de folga. Valter Santos, o homem dos serviços burocráticos, trabalhava em estreita ligação com o major. Mas o Brasil ainda tinha dois outros gigantes, para a partida extra-estádio: Silvio Pacheco Abílio de Almeida. Foram eles que travaram as duras batalhas no Congresso da FIFA e Abílio de Almeida foi o principal responsável pela manutenção do jogo Brasil x Uruguai em Guadalajara, Fato que resultou em severos protestos dos uruguaios. Abílio é, hoje (julho de 1970), vice-presidente eleito da FIFA, o cargo mais importante já ocupado por um brasileiro naquele organismo esportivo. Silvio Pacheco, o homem das relações internacionais, ajudou a tornar vitoriosas quase todas as reivindicações brasileiras. À frente desse estado-maior, atuando de longe, solitário no seu gabinete na sede da CBD, o presidente João Havelange. Pouca gente dá valor ao seu trabalho e há quem o considere um cartola profissional. Mas a verdade é que, sob a presidência de Havelange, a CBD conduziu o Brasil ao tricampeonato mundial de futebol. Este ano, muitos meses antes do escrete embarcar para o México, ele reuniu os seus assessores e ordenou um levantamento completo de tudo o que era necessário para que não faltasse a mínima coisa ao time. Se lhe pedissem mil bolas francesas – das que seriam usadas na Copa, Havelange daria. Empenhou-se, avalizou promissórias, aturou campanha da oposição e enfrentou-as vigorosamente. Sobretudo, cumpriu o seu dever sem fazer alarde. E assim se manteve, mesmo na hora da euforia da vitória.

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Essa retaguarda eficiente é que permitiu ao escrete a tranquilidade indispensável para poder jogar o seu verdadeiro futebol. O sossego que ela transmitiu ao time tornou uma realidade ainda mais forte uma observação que se faz constantemente sobre o futebol brasileiro: sem problemas ele é insuperável.

4.2.2 Preparação para a Copa de 1970

No período entre 1966 e 1970 foram técnicos da Seleção: Vicente Feola, Aymoré Moreira, Zagallo, João Saldanha e Zagallo. Nessa segunda passagem de Zagallo, a preparação foi muito bem feita. A Comissão Técnica, pela primeira vez, contava com uma equipe completa, com preparadores físicos, médico e massagista. A nova visão no preparo físico, com um minucioso trabalho de aclimatação, prática até então inédita, deixou os jogadores em condições de suportar a altitude e o calor mexicano, pois os jogos foram realizados por volta do meio-dia (UOL, 2014).

Em alguns programas do canal de TV fechada SPORTV no mês de agosto de 2012, o Dr. Kenneth Cooper fala do seu encontro com Cláudio Coutinho em um evento que reunia oficiais de educação física das forças armadas de diversos países. Lembra o Dr. Cooper que o então Capitão do Exército Brasileiro Cláudio Coutinho o procurou e disse que iria enfrentar um grande desafio. Ele, Coutinho, era um dos encarregados de preparar a Seleção Brasileira de Futebol para a Copa do Mundo, a qual seria disputada no México, em locais de grande altitude, na ordem de 2.000m acima do nível do mar (Guadalajara, capital do Estado de Jalisco a 1.560m e a capital Cidade do México a 2.235m). Ele (Cooper) havia desenvolvido um teste de aptidão física para avaliar as condições físicas de qualquer pessoa, popularizada posteriormente com o nome de “teste de Cooper”. Além disso, também havia apresentado o como fazer para que o avaliado chegasse ao condicionamento desejável. Coutinho, então, ficou duas semanas a mais, após o término do encontro oficial, para absorver as técnicas criadas por Cooper relacionadas ao condicionamento físico. Voltando ao Brasil, Coutinho explicou tudo a Admildo Chirol e Carlos Alberto

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Parreira, os outros dois preparadores físicos da seleção. Os três então avaliaram todos os jogadores e, através de fichas individuais passaram a registrar a evolução de cada atleta, passo a passo, com a informação de quais exercícios estavam sendo aplicados em cada fase do desenvolvimento dos trabalhos. Na primeira aplicação do chamado “teste de Cooper”, os jogadores apresentaram resultados abaixo do esperado para atletas, da ordem de 2.600m em 12 minutos, quando o desejável são 3.400m. Pouco antes da Copa o desempenho de todos já era em torno dos 3.400m desejáveis, tanto que o capitão Carlos Alberto pôde realizar, na partida final da Copa, aos 41min do 2º.tempo, um verdadeiro “teste de Cooper”, saindo da defesa e chegando na área adversária para receber passe de Pelé e marcar o quarto gol da vitória de 4x1 sobre a Seleção da Itália.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), antes do início da Copa, tinha realizado testes de aptidão física com atletas das seleções que participariam do Mundial, concluindo, ao final, que a seleção melhor preparada em termos de condicionamento físico era a Seleção Brasileira, o que se observou plenamente ao longo da competição.

4.2.3 Desempenho na Copa de 1970

Pelas regras da FIFA a seleção nacional que vencesse três Copas do Mundo ficaria com a posse definitiva da Taça Jules Rimet. O Uruguai, campeão em 1930 e 1950; a Itália, campeã em 1934 e 1938 e o Brasil, campeão em 1958 e 1962 eram as seleções candidatas a ficar com a taça para sempre.

Oitavas de Final Brasil 4x1 Tchecoslováquia (03 de junho de 1970), Estádio Jalisco, Guadalajara

0x0 - quase gol de Pelé, que chutou do meio campo brasileiro, pois ele havia percebido que os goleiros europeus ficavam adiantados e só estava esperando uma oportunidade para surpreender.

0x1 - gol de Petras, 11min 1x1 - gol de Rivellino (de falta feita em Pelé), 24min

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2x1 - gol de Pelé (passe de Gérson), 14min 2º T 3x1 - gol de Jairzinho (passe de Gérson), 16min 4x1 - gol de Jairzinho (passe de Pelé e Jair dribla

três), 36min Brasil 1x0 Inglaterra (07 de junho de 1970), Estádio Jalisco, Guadalajara

0x0 - Gordon Banks, goleiro inglês, realiza o que muitos até hoje consideram a “defesa do século”, em uma cabeçada de Pelé, de cima para baixo (ROMAN, 2014).

1x0 - gol de Jairzinho (Tostão driblou 3 e passou para Pelé, que prendeu um pouco a bola e depois passou para Jair, que dribla mais um), 14min 2º T

[...] Mas vocês se lembram do nosso gol? Vejam quantos jogaram. Primeiro Paulo César passou a Tostão. E Tostão resolveu jogar em cima dos ingleses. Em vez de passar de primeira, deu-se ao luxo voluptuoso de driblar um inimigo; mas era pouco para a sua fome, e driblou outro inimigo. Podia passar. Mas Tostão preferiu enfiar a bola por entre as pernas do terceiro inimigo. Adiante estava Pelé. E o estilista estende a Pelé. Cercado de ingleses por todos os lados, o semidivino crioulo toca para Jairzinho. Este podia ter atirado de primeira. Não: — achou que devia driblar mais outro inglês. E só então sua bomba foi explodir no fundo das redes. [...]. Descrição desse gol por Nelson Rodrigues, no jornal “O Globo”, em 20/06/1970, véspera da final contra a Itália.

Brasil 3x2 Romênia (10 de junho de 1970), Estádio Jalisco, Guadalajara

1x0 - gol de Pelé (gol de falta nele mesmo) aos 19min iniciais

2x0 - gol de Jairzinho (passe de Paulo Cesar), 22min

2x1 - gol de Dumitrache, 34min

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3x1 - gol de Pelé (passe de Tostão de calcanhar para o alto), 22min 2º.T

3x2 - gol de Dembrowski, 39min

Quartas de Final Brasil 4x2 Peru (14 de junho de 1970), Estádio Jalisco, Guadalajara

Didi, técnico do Peru, foi campeão em 58 e 62 como jogador pelo Brasil.

1x0 - gol de Rivellino, 11min 2x0 - gol de Tostão, 15min 2x1 - gol de Gallardo, 28min 3x1 - gol de Tostão, 7min 2º.T 3x2 - gol de Cubillas, 25min 4x2 - gol de Jairzinho, 30min

Semifinal Brasil 3x1 Uruguai (17 de junho de 1970), Estádio Jalisco, Guadalajara

0x0 Pelé aplica o “drible da vaca”3 no goleiro uruguaio Marzukiewski, até hoje considerado o mais famoso “drible da vaca” já aplicado. Sem tocar na bola, ele deu um drible de corpo no goleiro, pegou a bola do outro lado girou rapidamente e chutou para o gol vazio. Caprichosamente, a bola passou a poucos centímetros da trave direita.

0x0 Pelé devolve com um “sem pulo” a bola chutada pelo goleiro uruguaio Marzukiewski, obrigando-o a fazer uma difícil defesa.

0x1 - gol de Cubilla, 19min Carlos Alberto, em entrevista ao autor em novembro de

2013, descreve o que acontecia em campo, dizendo: numa pequena parada durante o jogo, Gérson lhe disse que o seu marcador estava sendo implacável, seguindo-o onde

3 “Drible da vaca”, também conhecido como “meia-lua”, é um drible onde o jogador de frente para o oponente, toca ou chuta a bola para um lado, e corre para o lado oposto, buscando a bola novamente.

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quer que fosse e ele não estava conseguindo dar os passes que queria. Sugeriu então, para resolver essa situação, a troca de posição com Clodoaldo, o qual deveria avançar para o ataque e ele ficaria no meio de campo segurando o seu marcador. Carlos Alberto, o capitão, aprova, e chama Clodoaldo pra lhe dizer para trocar de posição com o Gérson e que era para ele avançar ao ataque. O resultado foi...

1x1 - gol de Clodoaldo (passe de Tostão), 44min 2x1 - gol de Jairzinho, 31min 2º T 3x1 - gol de Rivellino, 44min

Final

Brasil 4x1 Itália (21 de junho de 1970), Estádio Azteca, Cidade do México

1x0 - gol de Pelé, 18min 1x1 - gol de Boninsegna, 37min 2x1 - gol de Gérson, 21min 2º.T 3x1 - gol de Jairzinho (passe de Pelé), 26min 4x1 - gol de Carlos Alberto (passe de Pelé), 41min A vitória final do Brasil, bicampeão em 1958 e 1962, foi

uma vitória total, pois, em sua trajetória dentro da Copa, venceu, no campo, a Seleção da Inglaterra, que defendia o seu título de campeã do mundo, conquistado em 1966; venceu o Uruguai, bicampeão em 1930 e 1950, e venceu a Itália, bicampeã em 1934 e 1938, as outras duas seleções candidatas à posse definitiva da Taça Jules Rimet. Ou seja, o Tricampeonato do Brasil e a consequente posse definitiva da Taça Jules Rimet, representou uma conquista completa, indiscutível e sem margem para qualquer objeção.

De maneira geral, os que lidam com o futebol costumam concordar que o título do Brasil na Copa do Mundo de 1970 foi o mais espetacular e o mais merecido de todos os tempos. O esquema adotado pelos brasileiros tinham aspectos que, além de eficazes, eram igualmente atraentes, desde os precisos e potentes arremates de Rivellino até as arrancadas de Jairzinho, passando pela movimentação de Gérson no meio do campo e pela inspiração inigualável do próprio Pelé. A final contra a Itália

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foi a máxima expressão da magia do chamado “Rei do Futebol”, que abriu o marcador com uma forte cabeçada. Em sequência, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto completaram a goleada, com participação decisiva de Pelé nos dois últimos gols. Assim, em 21 de junho de 1970, Zagallo tornou-se o primeiro treinador a ganhar a Copa do Mundo da FIFA após ter tido a mesma honra como jogador (FIFA, 2014).

A revista inglesa Total Sports, em 1996, fez uma pesquisa com 150 cronistas esportivos e historiadores da Europa para escolher os 50 melhores times de futebol. O time, escolhido como o melhor de todos entre os citados, foi a Seleção Brasileira que disputou a 9ª Copa do Mundo de 1970, no México, ficando, entre as 50, outras duas Seleções Brasileiras: as de 1982 em 11º e a de 1958 em 37º (MEMÓRIA GLOBO, 2014).

João Saldanha assim se expressa do dia seguinte à

conquista no México em sua coluna no jornal O Globo, de 22 de junho de 1970, que intitulou de Vitória da Arte:

Antes de mais nada, quero dizer que a vitória extraordinária do Brasil foi a vitória do futebol. Do futebol que o Brasil joga, sem copiar ninguém, fazendo da arte de seus jogadores a sua força maior e impondo ao mundo futebolístico o seu padrão, que não precisa seguir esquemas dos outros, pois tem sua personalidade, a sua filosofia e jamais deverá sair dela. Foi uma vitória do futebol.

4.2.4 Opiniões sobre a Copa de 1970

Opiniões de Armando Nogueira, Luiz Mendes, Teixeira Heizer, Zagallo e Jairzinho, foram transcritas dos DVDs Colecionadores de Copas, de Reiniger (2006). Em outras a fonte é citada.

Armando Nogueira (em 2002) – “O Saldanha era um passional e eu acho que, em determinado momento, o Saldanha perdeu as condições emocionais de continuar liderando.

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Se desentendeu primeiro com parte mídia, depois de desentendeu com alguns jogadores, não é? Ele perdeu o pulso”. Luiz Mendes (em 2002) – “Eu considero que a principal razão da saída do Saldanha foi exatamente o perigo que corria a Seleção Brasileira de ele não escalar o Pelé. E o Saldanha, não sei porque, algum motivo ele teria, ele estava contestando muito Pelé. Estava contestando o Pelé. Ele dizia que o Pelé estava vendo menos. Chegou a dizer isso na televisão em um programa que eu comandei. Ele disse que o Pelé tinha uma miopia, ou coisa que o valha, mas ele não chegou a dizer claramente que era uma miopia. Tanto que o Pelé foi para a televisão para saber o que é que ele tinha. E ficou com medo de que fosse até câncer”. Teixeira Heizer (2002) – logo após o noticiário sobre essas declarações de Saldanha, faz uma longa narrativa de um encontro dele com Sandro Moreyra, Luiz Mendes e alguém chamado Pirica na Cantina Sorrento, perto da concentração da Seleção no Retiro dos Padres. Disse que os outros três saíram dali para conversar com o amigo Saldanha e retornaram tristes e decepcionados, dizendo que ele havia confirmado, acrescentando inclusive, que Pelé estava esbarrando em móveis na concentração por não enxergar direito. Luis Mendes (2002) – “Aí eles quiseram primeiro o Dino Sani [...] que recusou. E aí é que eles foram para o Zagallo. Zagallo foi uma segunda opção para substituir o Saldanha”. Zagallo (1986) – “Eu apenas fui um personagem, vamos dizer assim, já que faltavam dois meses para começar a Copa do Mundo. Houve um problema com o Saldanha e eu entrei e evidente que, dentro do meu modo de agir e de pensar, fiz algumas modificações, coloquei o Clodoaldo e o Rivellino na equipe, botei o Piazza para quarto Zagueiro e passei o Tostão para a ponta de lança”.

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Armando Nogueira (2002) – “O Zagallo era um perante a mídia, perante a imprensa, mas com os jogadores ele era outro. Ele era o próprio jogadores. Ele era a projeção dos jogadores. E teve uma sorte muito grande porque ele conseguiu juntar, da meia cancha pra frente um verdadeiro, um elenco monumental”. Jairzinho (1998) – Se jogava no 4-2-4. O Zagallo mudou para 4-3-3 com variações. Quer dizer, o ponta esquerda era o Edu e ele tirou o Edu e colocou o Rivellino e, na frente, permaneceram os três: Jairzinho, Tostão e Pelé”. Luiz Mendes (2002) – “O time brasileiro teve uma preparação e depois foi para um lugar lá no México, mais alto que a cidade do México, mais alto que tudo e depois desceu para Guadalajara, que tem uma altitude boa, normal, digamos [...]”.4 Armando Nogueira (2002) – “Eu confesso a vocês que eu não conseguia encarar o Tostão porque o olho dele, o olho dele, era só uma posta de sangue. Eu fiquei muito mal impressionado. Isso foi na semana da estreia. E eu saí convencido, daquele encontro, que o Tostão não poderia jogar. Anos depois, o Tostão me contaria que, sabendo que a cena do olho dele, injetado de sangue, incomodava todo mundo, ele pediu um encontro com a Comissão Técnica e disse: – olha eu sei que tem muita gente achando que eu não sou capaz de jogar com esse olho assim, então, eu queria deixar os senhores inteiramente à vontade se quiserem me afastar do time (ele já estava treinando como titular), eu vou entender perfeitamente, mas eu quero dizer uma coisa... se me escalarem eu vou jogar o que sei porque isso aqui não me prejudicará em

4 A cidade do México fica a 2.235m de altitude e Guadalajara a 1.560m. O lugar a que Luiz Mendes se refere é a cidade de Guanajuato, a 3.180m.

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nada. E os fatos mostraram que ele estava com a visão perfeita em todos os sentidos”.5 Carlos Alberto Torres (em MENDONÇA, 2014) respondendo sobre o que diferenciou a Seleção de 1970 de todas as outras seleções brasileiras) – Acho que foi o trabalho diferenciado na preparação física. E não era o forte do jogador brasileiro, nunca tinha sido, até que, na Copa do Mundo de 1966 os europeus surpreenderam a todos com a preparação extraordinária. Então nós sabíamos que para conseguir algo na Copa de 1970, para fazer uma grande campanha e chegar na final, nós tínhamos que estar muito bem preparados fisicamente. Tecnicamente, nós éramos pródigos. Então pegamos firme no físico, houve a própria programação feita pela CBD (antiga CBF) de levar o time um mês antes de começar o Mundial para uma cidade na altitude para a gente se acostumar. Foi um trabalho muito bem feito e que deu resultado, aliado a um grupo excelente de jogadores. Não adianta preparação física se não tiver técnica. O resultado técnico de tudo o que a gente se preparou veio em todos os jogos. Cada jogo eles foram melhorando. Isso influencia muito na cabeça, a gente sabia que, estando bem fisicamente, tecnicamente a gente tem condição de dominar o adversário. Carlos Alberto Torres – (em MENDONÇA, 2014), respondendo sobre qual foi o grande desafio daquela Copa de 1970) – A Inglaterra (campeã mundial em 1966) foi a grande lição da Seleção Brasileira para a Copa de 1970, porque ela jogou o talento de alguns jogadores com a preparação física. E o jogo da Inglaterra na Copa de 1970 foi a chave, eles eram favoritos para a Copa também, nós sabíamos que aquele jogo contra eles na primeira fase era o nosso jogo. Dali para frente, nosso time era ou igual ou superior aos outros. Tanto que ganhamos aquele jogo de 1 a 0, mas o resto ganhamos com convicção, sem deixar dúvidas.

5 A estreia se deu em 03 de julho no jogo Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia.

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4.3 ENTREVISTAS COM PROTAGONISTAS DAS DUAS COPAS

No Rio de Janeiro, consegui realizar três entrevistas com Carlos Alberto Torres e três com Gérson, dois dos protagonistas nas duas Copas do Mundo de 1966 e de 1970. O primeiro foi o Capitão da Seleção de 70, o líder do grupo dentro das quatro linhas do gramado. O segundo foi o cérebro da Seleção de 70, dentro do campo, definição dada por Carlos Alberto em momento fora da entrevista realizada.

4.3.1 Entrevistas com Carlos Alberto Torres

Entrevistas realizadas com Carlos Alberto Torres, o capitão do Tri, em 07 de novembro de 2013, na cidade do Rio de Janeiro. Estávamos dentro da sua caminhonete enquanto nos deslocávamos de um restaurante na Barra da Tijuca, onde almoçamos com companheiros de Carlos Alberto do Clube do Botafogo, para o escritório dele, localizado no mesmo bairro.

Figura 3 – Carlos Alberto Torres, à esquerda com a Taça Jules Rimet. À direita, em seu escritório na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, com o autor

Fonte: Arcevo próprio.

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4.3.1.1 Primeira entrevista – preliminar duração de 03m55seg

Conversamos sobre a sua nomeação pela FIFA para ser um dos cinco Embaixadores da Copa do Mundo no Brasil, sendo os outros quatro Zagallo, Amarildo, Ronaldo e Bebeto; sua escolha pela CBF para ser o chefe da delegação brasileira nos dois amistosos de preparação da Seleção para a Copa de 2014 nos Estados Unidos e no Canadá; disse viajar muito no Brasil e no Exterior, participando de muitos eventos; informou morar há 15 anos na Barra da Tijuca onde também tem seu escritório.

4.3.1.2 Segunda entrevista – preliminar duração de 09min57seg

Conversamos sobre criatividade e grupos criativos dentro da Gestão do Conhecimento; do trânsito difícil na Barra da Tijuca em determinados horários; ele é síndico do seu condomínio de 22 casas; o filho Alexandre está com 46 anos e jogou no Vasco e no Fluminense; ele casou com 20 anos e tem mais uma filha com 44 anos e dois enteados do segundo casamento; que são todos amigos; tem quatro netos, todos crescidos e um deles, de 27 anos, trabalha com ele no escritório.

4.3.1.3 Terceira entrevista – duração de 17m58seg

Eu Carlos Alberto (CAT), estamos trabalhando com grupos criativos, buscando resposta para a pergunta que: características, que condições que os grupos criativos devem ter para poder funcionar. Na tua opinião, não estou em busca de uma verdade, apenas a opinião das pessoas envolvidas, na tua opinião, como protagonista, o que você acha quais circunstâncias ou fatores que aconteceram em 66 e 70 que levaram a esses resultados diferentes?

CAT Bom, em 66 o Brasil foi surpreendido pelo que seria uma revolução da parte física dos europeus. Foi quando eles mostraram pro mundo o chamado futebol-força, que era, nada mais nada menos, que uma preparação física

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excepcional. Pela primeira vez eles fizeram um trabalho mais duro de preparação física e surpreender todo o mundo, principalmente nós que tínhamos sempre e fomos reconhecidos naquela época pela parte técnica. O jogador brasileiro nunca teve, naquela época. Hoje não, hoje é diferente, mas naquela época era reconhecido como um futebol que fisicamente era mais fraco ou inferior do que os europeus. E, aliado a este trabalho que eles fizeram, que surpreenderam o mundo, o futebol-força, eles ganharam a Copa do Mundo até com certa facilidade. Não só eles, mas também a própria seleção portuguesa, que chegou com toda a força e isso aí serviu de lição pra nossa preparação em 1970. Eu lembro que nos preparativos aqui no Brasil, a preocupação da Comissão Técnica que era o Admildo Chirol, o preparador físico, a preocupação dele, que conversava conosco diariamente, era em relação à parte física. Eles fizeram um planejamento excepcional de trabalho, chamando atenção dos jogadores para a necessidade de que todos se empenhassem e seguissem as determinações dos preparadores físicos. E isso acontecendo eles garantiam que, na Copa do Mundo, nós iríamos estar numa forma extraordinária. Primeiro para jogar na altitude e segundo para enfrentar a evolução que eles tiveram na Copa de 66 e foi o que aconteceu nos preparamos muito. Muito trabalho... Foram, entre Brasil e México foram três meses de preparação visando muito a parte física porque, tecnicamente, nós tínhamos um grupo muito bom. Chegamos na Copa do Mundo e o time não no ápice, vamos dizer assim, mas de 1 a 10, nove de preparação, tanto que o nosso time teve um jogador, o Brito, pela primeira vez na história do futebol brasileiro, um jogador brasileiro de Seleção, foi considerado o melhor preparo físico, que foi o Brito e, fora isso, a prova de que, quase todos os jogos, nós ganhamos no segundo tempo. Quase todos os jogos. A vitória foi conseguida no segundo tempo, numa fase da partida em que o desgaste já existe. Naquela época seria uma coisa muito normal o time cair de produção no segundo tempo. Mas não foi o caso da Seleção. Eu digo em relação a essa preparação, no que diz respeito à parte física. Então essa aí foi a

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grande diferença que houve e a lição que nós soubemos tirar proveito dela, de 66 para 70.

Eu Em 66 uma coisa que me chamou a atenção naquela época e que gostaria de ouvir ver a sua opinião, foram convocados 44 jogadores...

CAT Foi um erro... Foi um erro porque não se aproveitava bem o treinamento porque Você trabalhar com 44 pessoas juntas é muito complicado. É melhor você trabalhar com um grupo menor, em que você pode dar, o técnico pode dar atenção, uma atenção maior para cada um do que dar para 44 jogadores.

Eu E depois, na Seleção vencedora, nós tivemos o começo por ali, quando o Saldanha fez as Eliminatórias e depois, mais tarde, com o Zagallo. E as Eliminatórias, o que você acha em termos de influência no desempenho?

CAT Bom, eu acho isso aí relativo. Quando você tem um bom time, independe se houver Eliminatórias ou não. Então o que acontece é o trabalho antes da competição. Apesar de que hoje o tempo que se tem para preparar o time é menor do que naquela época, mas, de qualquer maneira, se fizer um bom planejamento, dá pra trabalhar bem aí na Seleção. E hoje tem o fator dos jogos amistosos que a FIFA permite nas chamadas datas FIFA. Se não são os jogos oficiais, são os jogos amistosos como, por exemplo, o Brasil agora, nesta semana, vai jogar dois jogos amistosos aproveitando a folga que tem o calendário europeu, em que os times vão estar envolvidos disputando as Eliminatórias para a Copa do Mundo. Então, se não está disputando a competição oficial como as Eliminatórias para a Copa, pelo menos o time tem condição de realizar amistosos e se preparar. Mas o espírito da competição oficial é outro, mas a competição é esse ano e a Copa do Mundo é ano que vem. Se fosse um clube, tudo bem o clube ficar seis meses sem jogar, mas a Seleção fica o clube não. O clube é o dia a dia. Então a Seleção vai se reunir ano que vem pra trabalhar, ainda tem alguns jogos, poucos, mas tem alguns jogos amistosos. Então não há porque buscar antecipadamente desculpas para, no caso do time não ter um rendimento

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que nós esperamos. Então não é por aí. Isso aí não serve de desculpa, não na minha visão.

Eu Outra coisa pra ver como é que você se sente: no site da FIFA, em 2011 numa enquete realizada com jornalistas, com revistas, jogadores famosos, técnicos de seleções, foi feita uma enquete muito grande perguntando qual a melhor seleção de futebol de todos os tempos. Embora a Seleção da Hungria tenha recebido bastante votação, a vencedora, com certa folga, foi a Seleção de 70. E você como protagonista um dos que participaram para ter esse sucesso, como é que você encara isso aí?

CAT Ah! Motivo de muita satisfação para nós que participamos daquela campanha. Quer dizer, a gente ter o time que a gente participou ser apontado como o melhor de todos é um motivo de grande alegria, de muita satisfação, enfim, é... foi um time que teve... foi numa época em que o Brasil conseguia ter os melhores jogadores jogando aqui, o que facilita, sem dúvida, o trabalho do treinador, quer dizer, não só do treinador mas de todo o grupo. Hoje é mais complicado porque os jogadores, na sua maioria, jogam fora então, pra juntar os jogadores pra treinar é mais difícil, entendeu? Apesar de todas essas datas FIFA que tem, na nossa época não jogava todo mês. Às vezes ficava um ano sem jogar, mas, de qualquer maneira, participar, ter participado daquele time, foi uma honra muito grande. No meu caso, em particular, de ter sido o capitão daquela Seleção, isso tudo significa muito pra mim.

Eu No dia a dia quando vocês estavam reunidos na competição ou se preparando, com quem mais você, o grupo que existia, com quem mais que você participava ou discutia?

CAT Não, não. Era um grupo muito unido e nós estávamos... feito uma grande amizade entre todos. Nós nos reuníamos todos os dias. Primeiro, a vantagem que nós não ficávamos em hotel. Hotel o grupo fica muito isolado, cada um vai para o seu quarto e mal se vê. Só se vê na hora do almoço, da janta e, nessa época, nós ficávamos em locais alugados pela CBF, uma casa, entendeu? Um

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local assim que todos estivessem sempre juntos. Era mais fácil pro relacionamento de todos os jogadores. Então nós estávamos sempre juntos. Era um grupo muito unido, muita amizade, enfim, era diferente de hoje, porque hoje o jogador vai para o seu quarto, fica lá na internet, ouvindo música, então o coletivo fica até em segundo plano. Nessa nossa época já era diferente. Quisesse ou não nós estávamos sempre juntos, mais juntos, mais juntos.

Eu Você falou sobre a questão do preparo físico, uma lembrança que a gente tem é aquela final em que você, no final do segundo tempo...

CAT Final do segundo tempo já era pra estar lá descansando... a vitória já estava praticamente garantida, mas ainda encontrei...

Eu E, de repente você sai de lá...

CAT Vai lá fazer o gol, é...

Eu Foi lá fazer o gol e a impressão é a seguinte, a impressão que a gente teve assistindo era que o Pelé parece que sabia que você estava vindo, porque ele nem olha pro lado e ele pá, deu um toque...

CAT Mas ele sabia que eu chegaria ali, pelo fato, principalmente, de que nós jogávamos juntos no Santos e sempre eu chegava ali. Eu tive outros bons passes do Pelé na minha carreira.

Eu Você teve isso aí, né? Participando do Santos, Participando da Seleção...

CAT É, eu joguei onze anos no Santos, na época em que se jogava tanto tempo ainda pelo mesmo clube. Hoje não. Hoje o jogador joga pouco tempo num clube.

Eu As transferências são muito mais...

CAT São facilitadas.

Eu Tá certo. Coisa boa, Carlos Alberto, a gente ter essa oportunidade de poder conversar a respeito.

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CAT É... Porque é difícil a gente tá sempre... Você até por acaso você me pegou, mas você vê, cheguei de viagem essa semana e já estou indo de novo domingo agora. A gente não para. Muito trabalho, muita solicitação, vai aqui, vai acolá, enfim, a gente sempre dá um jeitinho. Hoje eu tinha outras coisas para fazer agora de tarde e nem fiz. A minha mulher vai reclamar, mas tudo bem. Faço amanhã de manhã.

Eu Obrigado.

4.3.2 Entrevistas com Gérson de Oliveira Nunes

Entrevistas realizadas com Gérson de Oliveira Nunes em 30 e 31 de outubro de 2013, na cidade do Rio de Janeiro. Estávamos na sala de reunião da TV Bandeirantes, onde Gérson comparece diariamente para participar de programas de rádio e televisão.

Figura 4 – Foto de Gérson na sala de reunião da TV Bandeirantes. Botafogo, Rio de Janeiro.

Fonte: Acervo do autor.

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4.3.2.1 Primeira entrevista

Feita a entrevista, nos despedimos. Logo após a segunda entrevista, ainda na sala de reunião,

mexendo no gravador, por imperícia, acabei desgravando essa primeira entrevista.

Não havendo mais possibilidade de entrar em contato com Gérson neste mesmo dia, por absoluta falta de tempo dele, já envolvido nos programas de rádio e televisão dos quais participa, decidi retornar no dia seguinte. Imediatamente gravei tudo que me lembrei do que ele me havia dito, no intuito de preservar a memória de seus comentários. A duração desse registro foi de 6min48seg.

A terceira entrevista a seguir, constitui uma nova entrevista, gentilmente concedida por Gérson, em substituição a essa primeira.

4.3.2.2 Segunda entrevista – duração de 02min35seg

Logo após, lembrei-me de perguntar sobre quais os jogadores ou as demais pessoas com as quais ele conversava mais dentro do grupo, procurando informações sobre o trabalho em rede dentro da Seleção, e, como Gérson (G) ainda estava por perto, fui procurá-lo novamente e tivemos a seguinte entrevista:

G Então vamos lá. 70. Félix, Carlos Alberto, Brito, eu, Piazza, Everaldo.

Eu Conversavam mais.

G É as conversas eram com todos esses.

Eu Com esses aí.

G Com esses aí; entrava mais um, entrava outro, mas esse grupo é que era o mais falante... Valeu... Um abraço e boa sorte aí.

Eu Pra você também.

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4.3.2.3 Terceira entrevista – duração de 28min48seg

Retornei à TV Bandeirantes no bairro de Botafogo no dia seguinte, 31 de outubro, comentei com Gérson que eu havia apagado, sem querer, a entrevista do dia anterior e perguntei se ele poderia me conceder nova entrevista com o mesmo assunto.

Gérson gentilmente concordou.

Eu Nas Copas do Mundo de 66 e 70, que fatores, que circunstâncias você acha que pode ter contribuído para esses desempenhos tão diferentes?

G Bom, em 66, são duas coisas distintas... e tudo gira em torno de organização. Em 66 nós tínhamos quatro seleções e, até dentro da Copa do Mundo, não conseguimos formar uma. Tanto é que nas três partidas das oitavas de final foram três times diferentes. Quer dizer, isso, dentro da Copa do Mundo. E, antes da Copa do Mundo, nós andamos o país todo, politicamente falando, andamos o país todo pra mostrar uma coisa, pra mostrar outra, pra mostrar o que era ou que não era e não conseguimos formar uma Seleção. Pra você ter uma ideia, nós estávamos na Suécia, num amistoso na Suécia, pra no dia seguinte embarcarmos pra Inglaterra. Cortaram o Servílio. Eu, o Servílio e o Pelé jogamos nas quatro Seleções durante todo o treinamento e, na véspera ou antevéspera de iniciarmos a Copa do Mundo, eles cortaram o Servílio pra botar o Alcindo, que era o centro avante gaúcho que tinha quebrado o pé, uma fissura no pé num treinamento lá em Niterói, quer dizer, organização zero. Foi aquilo que aconteceu, futebol zero. Pelo time que nós tínhamos se de uma maneira ou de outra, eles pegassem dessas quatro Seleções e formassem duas, uma titular e uma reserva, novamente são 22 ou 23, sendo três goleiros, nós brigaríamos até pelo título. Se íamos ganhar ou não é um outro departamento, mas brigaríamos ali e não sairíamos como nós saímos nas oitavas de final. Então a organização é tudo. Vem 70. 70, uma outra organização. Um outro modelo, que começou essa Seleção em 68, por isso que eu reputo essa Seleção, em conjunto, a melhor até hoje.

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E, tecnicamente falando, a de 58 foi melhor pelos valores que lá estavam. Então, em 70, por exemplo, em 68 saímos para uma excursão à Europa, que era a base, a espinha dorsal dessa de 70 que, em 69, ele teve um, ficou meio quebrada, porque entrou o Saldanha, que tinha que entrar naquela época, para reorganizar a bagunça que tava. Bagunça entre aspas... de excursão... Aquelas coisas todas... Treinamento de Seleção é uma coisa, excursão de Seleção é outra, tá certo? Então, como estava tudo tumultuado, inclusive por causa do regime militar, regime de pressão, essas coisas todas, repressão, essas coisas todas. Entrou o Saldanha, que entrou com o esquema dele, que ele não gostava de ponta que jogasse atrás. Gostava de ponta na frente. Então era o Jairzinho de um lado e o Edu do outro. O terceiro homem de meio de campo era feito pelo ponta de lança, na época o Tostão ou o Pelé. Esse era o esquema do João Saldanha. E aí jogamos as Eliminatórias. Fomos bem. Terminadas as Eliminatórias, confusão de novo e tal e ele saiu. Saiu o Saldanha. Entrou o Zagallo e todo mundo dizia: Ah! Tá em cima da coisa, não tem tempo pra treinar... Entrou o Zagallo. Trocou o sistema. Zagallo já gostava de ponta fechando o meio, como ele jogava...

Eu Como ele jogava...

G Exatamente. E como ele como treinador do time do Botafogo e bicampeão em 67 e 68, tá certo? Ele implantou esse sistema com Paulo Cesar, só que ficaram três pontas: Edu jogando na frente, se necessitasse de um time mais ofensivo; Paulo Cesar fazendo o mesmo trabalho que ele fazia se precisasse; e ele adaptou o Rivellino a essa função, meia função, um pouco na ponta, um pouco no meio e quase sempre na intermediária adversária para chutar de fora da área, que o Rivellino tinha um chute forte e tal. E, para compor o meio do campo, junto comigo e com o Clodoaldo. Já o ponta de lança não voltava mais. Ficava lá. Às vezes voltavam os dois e voltava o Jairzinho também pra fechar o meio do campo. Então, o nosso ataque, no esquema de Zagallo, o nosso ataque marcava quase sempre o meio de campo adversário e o nosso meio de campo marcava o ataque

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adversário, que o ataque adversário ficava muito distante e sem ninguém pra alimentar ele. Aí o que que ele tinha que fazer? Sair de lá da frente e vir pro meio do campo. Ficava mais perto do meio de campo deles e aí o meio de campo nosso marcava o ataque adversário e a nossa defesa ficava tranquila, sem problema nenhum porque não tinha ninguém lá e nem a bola chegava. Isso teoricamente, tá certo? No campo, umas vezes com um pouquinho mais movimentado, saindo mais ou saindo menos, às vezes uma marcação nossa, o adversário conseguia fazer um gol, conseguia chegar perto, mas isso na Copa do Mundo... no contexto geral era o mínimo. Então organizou. O Cláudio Coutinho, por exemplo, ele foi aos Estados Unidos que, na época estava em voga era o teste de Cooper, o Dr. Cooper que fazia esse teste pra astronauta e tal. O Coutinho foi lá e adaptou isso tudo para o futebol e implantou na Seleção Brasileira. Tanto é que quando chegou lá fora, cada seleção foi cada jogador foi destacado de cada seleção pra fazer o teste físico que os médicos exigiam.

Eu A Organização mundial de Saúde, foi ela que fez os testes.

G Exatamente. E o Brito foi considerado o melhor físico de toda a Copa e a nossa Seleção também pelos testes que fizemos e pelo teste que o Brito fez lá que quase explodiu a máquina deles lá. Então organizou. Toda vez que organizaram, a Seleção disputou o título. Se ganhar ou não, é outro problema, mas disputou. E a única vez que foi desorganizada foi essa aí, que perdemos fazendo o papelão que fizemos lá, quando podíamos fazer um grande papel, porque as outras, tecnicamente falando, não eram.

Eu E pra você, assim, o que foi que te marcou em 66 e 70, a tua experiência dentro da Seleção?

G Por exemplo, a desorganização era tanta em 66 que eles não perceberam que nós tínhamos cinco ou seis jogadores de 70 em 66. Melhores ou piores, tecnicamente falando, a mesma coisa. E, fisicamente falando, não tem também, éramos mais novos quatro

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anos, tá certo? E outro detalhe, eu levei uma pancada num treinamento que eles fizeram na antevéspera do primeiro jogo. Eles montaram a Seleção e os reservas, mas não sei por que cargas d’água eles juntaram lá uns ingleses e um deles me deu um pontapé que quase me quebrou a perna e eu joguei...

Eu Na véspera isso?

G Antevéspera. Eu joguei o primeiro jogo e os outros dois eu não consegui jogar. Quer dizer, uma desorganização total em todos os aspectos: treinamento, de viagens, de tudo. Desorganizaram. E eu nem sei por que, porque poderia estar organizado como em 62, em 58 e 62, tá certo? Em 66 não teve que eu não sei por que e em 70 teve. E daí pra frente sempre organizado. Por que eu não sei, talvez até a política querendo mostrar que era uma política melhor, ou pior, não sei, nós não entendemos nada.

Eu Poderia ser pressão dos clubes para ter um jogador lá dentro da Seleção? Aí fizeram 44, vamos dizer assim.

G Até que poderia ou pressão das Federações, pressão do próprio governo, eu, por exemplo, não sei até hoje o porquê daquilo.

Eu Eu nunca tinha visto isso e nunca mais vi convocar quatro Seleções, 44 jogadores...

G Nunca teve. Você convoca, pode até convocar quinhentos e cinquenta mil, como hoje estão convocando aí pra treinamento. Tudo bem. Já conheço aquele outro. Bom, to armado. Eu tenho que ter duas. Aí posso ter quatro, cinco, cinquenta. Isso eu tive. Agora não posso mais, porque não vou ter tempo. Então, no mínimo, no mínimo seis meses eu tenho que estar com tudo pronto. To dizendo o mínimo. Mínimo seis meses. To com o time pronto aqui. Duas Seleções pra eu escolher. Bom, aquele jogo ali eu posso ir pra frente, porque ele é fraco. Bota uma Seleção, sem problema. Bom, pra essa eu preciso me cuidar mais. Bom, tiro dois ou três e boto aqui. Até isso você pode fazer, tendo o grupo.

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Eu E o grupo trabalhando junto...

G Trabalhando junto, sem problema nenhum, aí ao bel prazer do treinador, ou o treinador pode dizer, como o Saldanha fez: a minha Seleção é essa. Pronto. Tem os reservas, acabou. Não entra mais ninguém, nem sai mais ninguém, a não ser que esteja machucado. Pronto. Acabou. Aí vem o Zagallo. Mudou o esquema, mas praticamente com aquela base toda. Trocou dois ou três, tá certo? Mas tá ali. É aquilo, entendeu? Agora não pode tirar trinta e botar mais trinta. Não há conjunto que resista a isso. Não há organização que resista a esse troço. Esse é o problema.

Eu Outra coisa que a gente estava falando depois era a questão da conversa, você, com quem que você, dentro da Seleção...

G Os que falavam mais. Os que discutiam mais discutiam entre aspas, né? Com a comissão técnica, com o Zagallo, entre nós, tinha sempre um grupo, que era Félix, eu, Carlos Alberto, Brito, Piazza...

Eu Seriam esses aí mais ou menos...

G Que a gente discutia, argumentava e, dentro do campo a mesma coisa. Falava, o outro falava. Agora, até na reunião geral, mas tinham aqueles que sempre falavam mais, se posicionavam melhor. Porque não credibilidade, porque credibilidade todo mundo tinha e todo mundo tinha voz, dentro do grupo, né? Todo mundo discutia e tal. É isso? É. Vamos pro treino. Chegava lá, discutia com o Zagallo o que ele queria o que nós queríamos o que nós pensávamos e botava em prática. E aí, no intervalo, a gente discutia o que tinha acontecido, o que o Zagallo tinha observado de fora e o que nós estávamos sentindo de dentro e juntava uma coisa na outra.

Eu Tinha esse diálogo.

G Tinha, tinha. Ele dava liberdade pra gente e, se ele achasse que o que nós estávamos falando era melhor, então faz o que vocês estão dizendo, sem problemas. Quer dizer então, por isso ele, se não é o melhor, é um

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dos melhores até hoje. Primeiro pelo entusiasmo dele, pelo conhecimento.

Eu É uma coisa impressionante.

G É impressionante. Pelo conhecimento dele, pelo que ele jogou, pelo que ele aprendeu fora de campo. Então ele juntou isso tudo.

Interrompi a gravação quando Gérson foi atender ao telefone e, na sua volta, nos despedimos.

Há muito mais material a respeito das duas Seleções estudadas, mas procurei registrar nesta pesquisa aqueles que considerei importantes devido ao seu caráter informativo e igualmente elucidativo para os objetivos estabelecidos. Foi, assim, um filtro particular, específico relacionado ao autor, que procurou ser neutro, ficando atento para evitar uma proliferação de informações semelhantes. Os resultados serão apresentados na Seção 6, depois da Seção a seguir, que aborda aspectos importantes para o entendimento geral, quais sejam os instrumentos e métodos.

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5 INSTRUMENTOS E MÉTODOS

Esta Seção se insere naturalmente na pesquisa, pois trata de aspectos fundamentais como a delimitação do trabalho e informações sobre como ele foi realizado. Essas informações permitem a qualquer pesquisador entender adequadamente a abrangência e a forma com os dados foram obtidos, quer das fontes primárias, através das entrevistas de protagonistas com o autor, quer de fontes secundárias.

De acordo com Morgan (1980), este trabalho se enquadra em uma visão de mundo interpretativista, em que a sociedade é entendida do ponto de vista do participante em ação tanto quanto o observador, procurando entender o processo através do qual múltiplas realidades compartilhadas surgem, são sustentadas e são mudadas. Com relação à modalidade científico-tecnológica, é uma pesquisa científica por ter como objetivo avançar o conhecimento.

Ciência, do latim scientia, significa conhecimento e pode ser caracterizada, de acordo com Gil (2012, p. 2), como:

Uma forma de conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível. O conhecimento científico é objetivo porque descreve a realidade independentemente dos caprichos do pesquisador. É racional porque se vale sobretudo da razão, e não da sensação ou impressões, para chegar a seus resultados. É sistemático porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidades cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo. É verificável porque sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações. Finalmente, é falível porque, ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar.

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O presente trabalho se constitui em uma pesquisa aplicada, a qual, segundo Gil (2012, p. 27),

Apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende de suas descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento; todavia, tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos.

Conforme Saunders, Lewis e Thornhill (2003), classificamos esta pesquisa como sendo uma pesquisa fenomenológica, de lógica indutiva, abordagem qualitativa, exploratória e estudo de caso com coleta de dados através de entrevistas semiestruturadas.

É fenomenológica porque é o tipo de pesquisa que busca descrever e interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção, cujo objetivo é chegar à contemplação das essências, buscando a interpretação do mundo através da consciência do sujeito formulada com base em suas experiências. Para a fenomenologia, um objeto pode ser uma coisa concreta, mas também uma sensação, uma recordação e não importa se é uma realidade ou uma aparência (GIL, 2010, p. 39).

É de lógica indutiva, porque de acordo com Gil (2012, p. 10) “parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados”.

É abordagem qualitativa, porque os dados foram coletados pessoalmente por meio de exame de documentos e de entrevistas com os participantes. Os dados foram depois examinados e extraídos seus sentidos e organizados em categorias ou temas cobrindo todas as fontes de dados. Em todo o processo dessa pesquisa qualitativa o foco estava na aprendizagem do significado que os participantes deram à questão e não no significado que possamos ter levado para a pesquisa ou que pudessem ter sido expressados por diferentes autores na literatura existente (CRESWELL, 2010, p. 208-209).

É exploratória, porque tem como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema da pesquisa, com o objetivo de torná-lo mais explícito. Para isso, foi feito levantamento de

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diversas opiniões e entrevistadas pessoas que tiveram experiência prática com o assunto (GIL, 2010, p. 27).

É estudo de caso porque é uma estratégia de investigação em que o pesquisador explora profundamente um programa, um evento, uma atividade, um processo ou um ou mais indivíduos, no caso, o estudo sobre o desempenho da Seleção Brasileira de Futebol nas Copas de 1966 e 1970 (CRESWELL, 2010, p. 38).

5.1 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

Este estudo tem como escopo abordar conceitos gerais sobre criatividade e focar em grupos criativos; buscar padrões, indicativos e/ou conceitos relacionados ao desempenho de alguns grupos criativos na prática no Brasil, no caso, estudar a Seleção Brasileira de Futebol nas Copas do Mundo de 1966 e de 1970; buscar padrões, indicativos e/ou conceitos relacionados ao desempenho de grupos criativos na pouca literatura que existe sobre o assunto; colher dados sobre o compartilhamento e transferência de conhecimento com vistas a uma comunicação mais efetiva no processo de gestão de equipes.

Para as entrevistas defini que deveria dar preferência aos jogadores que participaram das duas Copas, tanto no período de preparação como das Copas em si, mas considerando, caso viesse a surgir oportunidade, a possibilidade de entrevistar os demais profissionais da população desta pesquisa.

População: • os 22 jogadores inscritos na Copa de 1966; • os 22 jogadores inscritos na Copa de 1970; • respectivas comissões técnicas; • jornalistas e profissionais do futebol, que

cobriram pelo menos, uma das duas Copas do Mundo ou escreveram ou deram entrevistas a respeito de um dos dois eventos deste estudo.

5.2 COMO FOI FEITA A PESQUISA

1 Campo exploratório: na disciplina Métodos Qualitativos de Pesquisa tive a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em trabalhos efetuados,

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quando então realizamos seis entrevistas com um economista, um político, um professor de educação física, um torcedor e dois jornalistas. A pergunta básica foi a mesma que mais tarde veio a ser empregada nas entrevistas realizadas com os jogadores Carlos Alberto e Gérson, que estiveram presentes nas duas Copas (ver Apêndice B). Em termos de organização, por terem sido utilizadas também como treinamento e no intuito de dar destaque às palavras dos dois jogadores entrevistados, de importância fundamental para esta pesquisa, acabei não incluindo essas entrevistas na Dissertação.

2 Critério de seleção: jogadores terem participado de pelo menos uma das duas Copas. Para as entrevistas com os protagonistas, que eram em princípio 22+22=44 jogadores, e mais as respectivas comissões técnicas, reduzimos para 44-8=36 jogadores, considerando que oito deles estiveram nas duas Copas, estando assim contados em duplicidade. Além disso, pelo que pudemos levantar 14 jogadores já faleceram, o que reduz os jogadores para 36-14=22 no total e mais as comissões técnicas, lembrando que os dois técnicos de 66, Feola e o seu auxiliar direto Aymoré Moreira e o técnico das Eliminatórias, João Saldanha, também já faleceram, restando como técnico apenas Zagallo. Resumindo: a população se reduziu a 22 jogadores e 1 técnico.

3 Critério de exclusão: devido à grande dificuldade para localizar os protagonistas dos eventos pesquisados, resolvi restringir a pesquisa aos oito jogadores que viveram o ambiente das duas Copas. Seis que estiveram em campo e dois que participaram da Copa de 70 e dos treinamentos de 66, sendo cortados faltando vinte dias para o início da Copa na Inglaterra. Desses oito entrevistei dois.

4 Entrevistas semiestruturadas: essas entrevistas semiestruturadas com os dois protagonistas, conforme pode ser visto na Seção 4.3, tiveram como pergunta básica: Na tua opinião, não estou em busca de uma verdade, apenas a opinião das pessoas envolvidas, na tua opinião, como protagonista, o que você acha quais

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circunstâncias ou fatores que aconteceram em 66 e 70 que levaram a esses resultados tão diferentes?

5 Levantamento de dados sobre as 2 Copas: foram compilados diversos dados, através da leitura de livros, revistas e diversos sites, bem como através de entrevistas da população indicada na Seção 5.1. Os dados levantados foram agrupados, para cada Copa, em quatro itens, quais sejam: jogadores e comissão técnica; preparação para a Copa; desempenho na Copa; e opiniões sobre a Copa.

6 Entrevistas com protagonistas: dos oito jogadores que estiveram nas Copas do Mundo de 1966 e 1970: Pelé, Carlos Alberto, Gérson, Tostão, Jairzinho, Brito, Edu e Joel Camargo (ver item 4.1.1), consegui entrevistar Carlos Alberto e Gérson, sendo que falei rapidamente por telefone com Jairzinho, não havendo, infelizmente condições de entrevistá-lo na ocasião. As entrevistas com Carlos Alberto e Gérson constam, na íntegra, na Seção 4.3.

7 Categorias e Subcategorias: relendo algumas vezes a Seção 4 em sua totalidade fomos, aos poucos, selecionando trechos específicos, os quais, a nosso juízo, poderiam ser possíveis razões para o insucesso em 1966 ou o sucesso em 1970. Esses trechos foram inseridos ora no Quadro 2 (Seção 6.2), ora no Quadro 4 (Seção 6.3), dependendo de qual Copa o trecho se referia. Tendo sempre a atenção para permitir a rastreabilidade do caminho percorrido, fiz questão de registrar nos Quadros não só a informação em si, contida no trecho selecionado, mas também o item onde a informação aparece e a fonte de onde ela promana. O passo seguinte exigiu atenção, concentração e poder de síntese, pois o desafio, a cada conteúdo de cada registro era ler, reler, ler outra vez e procurar sintetizar em uma palavra ou frase curta o pensamento estampado no respectivo registro. Concluída essa etapa, passamos a ler somente as palavras ou frases curtas e o nosso objetivo passou a ser procurar alguma padronização nelas. E isso mesmo com eventuais modificações nas palavras ou frases curtas sempre tendo o cuidado para que essas

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modificações ou alterações de palavras ou frases não viessem a descaracterizar ou dar um sentido diferente daquele expresso pela fonte originalmente. Para exemplificar, vamos comentar as modificações que ocorreram nos primeiros cinco registros do Quadro 2 – Possíveis razões para o insucesso em 1966 (item 6.2): O primeiro registro, que cita Paulo Machado de Carvalho, denominado carinhosamente de “o Marechal da Vitória” nas Copas de 58 e 62, teve como palavra inicial apenas “Organização”; o segundo registro a frase “Dificuldades naturais em qualquer atividade”; o terceiro registro “Organização e ambiente dentro do grupo”; o quarto registro “Pretensão e soberba”; e o quinto registro novamente apenas a palavra “Organização”. Após aquele trabalho já citado anteriormente de ler e reler na busca da emergência de alguma padronização cheguei finalmente nas palavras que estão nos quadros 2 e 4. Dessa maneira, no primeiro registro, “Organização” passou a ser “Desorganização – falha no planejamento”, sendo ‘Desorganização’ a categoria ou unidade temática de análise e ‘falha no planejamento’ a subcategoria ou subunidade de análise de conteúdo; no segundo registro, categorizado inicialmente como “Dificuldades naturais em qualquer atividade”, foi fundido com o terceiro registro, passando a ser “Pressão dos clubes – convocação de 47(44) jogadores”; o quarto registro passou a ser “Soberba – havia Garrincha e Pelé”; e o quinto registro, que passou da palavra “Organização” para “Pressão dos clubes – demora na definição dos 22”. Vencido o desafio, estavam estabelecidas as categorias e subcategorias, as quais constam nos Quadros 3 e 5, situados no final das Seções 6.2 e 6.3, respectivamente. Para melhor visualização, localização e auxílio no garimpo a ser efetuado para a Seção 6.6, os Quadros 3 e 5 constituem o Apêndice C

8 Achados da Investigação (Findings): os possíveis padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos em organizações estão indicados, descritos e justificados na Seção 6.6.

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5.3 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Podemos definir entrevista como uma forma de interação social, uma técnica na qual o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com o objetivo de obtenção de dados que interessam à investigação na qual está envolvido. É um tipo de diálogo, no qual uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. Muitos autores consideram a entrevista como a técnica por excelência na investigação social, atribuindo-lhe valor semelhante ao tubo de ensaio na Química e ao microscópio na Microbiologia (GIL, 2012, p. 109).

A mais comum das técnicas para coleta de dados é a entrevista semiestruturada, que, ao mesmo tempo em que permite a livre expressão do entrevistado, garante a manutenção de seu foco pelo entrevistador. Para tanto, ele prepara uma lista de questões que vão sendo formuladas oportunamente, com vistas à obtenção de mais detalhes e ao aprofundamento das descrições. Embora sejam feitas diversas perguntas ao longo da entrevista, é preciso definir uma pergunta norteadora, capaz de dar início ao diálogo e permitir sua continuidade (GIL, 2010, p. 137).

Foi realizada pesquisa qualitativa com entrevista semiestruturada no Rio de Janeiro com dois jogadores: Carlos Alberto Torres e Gérson de Oliveira Nunes, que participaram das duas Copas, de 1966 e 1970.

A pergunta norteadora foi: Na tua opinião, não estou em busca de uma verdade, apenas a opinião das pessoas envolvidas, na tua opinião, como protagonista, o que você acha quais circunstâncias ou fatores que aconteceram em 66 e 70 que levaram a esses resultados tão diferentes?

A partir daí, conforme o relato de cada um deles, fomos incentivando o entrevistado com perguntas correlatas, relacionadas, fundamentalmente, com o que ele estivesse dizendo. Havia igualmente uma segunda pergunta que era para saber com quem eles conversavam mais no período de preparação e durante a realização das Copas. O objetivo adicional era procurar entender o trabalho em rede dentro do grupo, o que poderia indicar, talvez, algum padrão, conceito ou

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indicativo que pudesse vir a atender aos objetivos pretendidos na pesquisa.

Para o tratamento inicial do assunto, bem como para a aquisição de experiência e prática com relação ao processo de entrevista, cursei a disciplina Métodos Qualitativos de Pesquisa. Na forma de trabalho para esta disciplina realizei, em Florianópolis, seis entrevistas com dois jornalistas, um economista, um político, um torcedor e um professor de educação física, com idades entre 52 e 78 anos. A essas entrevistas denominamos de campo exploratório. Neste campo exploratório foram antecipadas opiniões pessoais dos entrevistados, na condição de observadores “não protagonistas”, sobre as razões dos desempenhos tão diferentes nas duas Copas objeto da pesquisa. Essas entrevistas não fazem parte desta Dissertação.

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6 RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÃO

QUESTÕES DE PESQUISA 1 Sob a ótica de grupos criativos, quais as

razões do fracasso da Seleção Brasileira de Futebol na Copa de 1966 e o sucesso na Copa de 1970?

Resposta nas Seções 6.2 e 6.3

2 Quais as ligações existentes entre os dois grupos criativos?

Resposta na Seção 6.4

3 Essas razões foram disseminadas na organização como aprendizado?

Resposta na Seção 6.5

OBJETIVO GERAL Buscar padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos na prática no Brasil, a partir do estudo sobre a Seleção Brasileira de Futebol nas Copas do Mundo de 1966 e1970.

Resposta na Seção 6.6

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1 Seleção Brasileira nas Copas do Mundo

de 1966 e 1970: levantar contexto, jogadores e comissão técnica com vistas a extrair possíveis razões para desempenhos tão díspares.

Resposta nas Seções 4.1, 4.2 e 4.3; 6.2 e 6.3

2 Verificar ligações existentes entre os dois grupos criativos.

Resposta na Seção 6.4

3 Verificar se as razões levantadas foram disseminadas na organização como aprendizado

Resposta na Seção 6.5

Logo após a Seção 6.1, que trata da constatação sobre o

reduzido número de trabalhos científicos, darei sequência, nos demais itens desta Seção, ao fechamento da análise de conteúdo, desenvolvida em suas três etapas, conforme nos mostra Gil (2012, p. 152-153), ao longo das diversas Seções deste estudo.

A pré-análise foi a etapa de organização, que se iniciou com os primeiros contatos com os documentos e demais

118

informações, continuou com a escolha dos documentos e à preparação do material para análise.

A exploração do material, como nos alertava Gil, tem sido uma etapa longa, que se completa nas demais Seções a seguir, referindo-se fundamentalmente às tarefas de codificação, envolvendo o recorte, ou escolha das unidades e a classificação ou escolha das categorias.

Nas Seções finais constam a etapa de tratamento dos dados, a inferência e a interpretação, que tem por objetivo tornar os dados válidos e significativos.

Confrontando as informações obtidas nesta pesquisa com as informações existentes, entendemos que pudemos chegar a algumas generalizações, que sintetizamos no Quadro 6, os “Achados” da investigação (Findings), que seriam os possíveis conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos. Nossos “Achados” estão consolidados com as informações obtidas pelos demais autores amplamente citados nos Quadros 18, 19 e 20 do Apêndice F, o que remete ao extremo cuidado que tivemos em destacar e nomear todos os autores. Qualquer falha que possa existir neste sentido, foi involuntária.

6.1 PRODUÇÃO ACADÊMICA

Constatei que o assunto deste estudo, grupos criativos em organizações, tem uma produção acadêmica pequena: apenas 23 trabalhos científicos na base de dados multidisciplinar, reconhecida internacionalmente, Web of Science – WoS no período de 1956 a 2013 (item 3.4).

Esse reduzido número corrobora as afirmações de Domenico De Masi (2005, p.136) no sentido de que “surpreende a circunstância de que quase não existam estudos sobre criatividade coletiva”; e de Renata Di Nizzo (2009, p. 77) que comenta que “ainda engatinhamos na colaboração criativa”.

Desses 23 trabalhos, destacam-se dois, que são os mais citados até 2013, com quase ¾ de todas as citações recebidas pelo conjunto: Team assembly mechanisms determine collaboration network structure and team performance, de autoria de Guimerà et al. (2005), com 180 citações, e A litle creativity goes a long way: An examination of team’s engagement in

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creative processes, desenvolvido por Gilson e Shalley (2004), 70 citações (item A.2.2.a do Apêndice A), os quais se constituem em referência para os que estudam ou apenas buscam conhecer este assunto.

6.2 POSSÍVEIS RAZÕES PARA O INSUCESSO EM 1966

O Quadro 2 apresenta os trechos selecionados com respeito a possíveis razões do insucesso na Copa do Mundo de 1966 e está assim organizado: A coluna 1 registra o item desta Dissertação do qual foi retirada a informação; a coluna 2 a fonte dessa informação e, na coluna 3, a informação em si.

Em negrito, na coluna 3, a categoria e/ou subcategoria, nesta fase do estudo, representativa da síntese das possíveis razões do insucesso na Copa de 66, as quais terão sua definição final no item 6.6.

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da S

eleç

ão.

Des

orga

niza

ção

– fa

lha

no p

lane

jam

ento

4.

1.1

Info

rmaç

ão d

e vá

rios

site

s A

pre

ssão

dos

clu

bes

era

gran

de, p

ois

todo

s qu

eria

m te

r jog

ador

es n

a S

eleç

ão

e.ao

todo

47

joga

dore

s fo

ram

con

voca

dos

para

a fa

se d

e pr

epar

ação

a d

ois

mes

es d

a C

opa.

Pr

essã

o do

s cl

ubes

– c

onvo

caçã

o de

47(

44) j

ogad

ores

4.

1.1

Info

rmaç

ão d

e vá

rios

site

s A

idei

a er

a qu

e, c

om G

arrin

cha

e P

elé

seria

fáci

l ven

cer.

So

berb

a –

havi

a G

arrin

cha

e Pe

4.1.

1 In

form

ação

de

vário

s si

tes

a m

anut

ençã

o de

mui

tos

dos

conv

ocad

os p

ouco

ant

es d

o to

rnei

o co

meç

ar,

prov

ocar

am in

certe

zas

entre

os

atle

tas.

Pr

essã

o do

s cl

ubes

– d

emor

a na

def

iniç

ão d

os 2

2 4.

1.1

Folh

a O

nlin

e (2

014)

A

tota

l fal

ta d

e or

gani

zaçã

o pr

ejud

icou

o B

rasi

l. D

esor

gani

zaçã

o

4.1.

1 Fo

lha

Onl

ine

(201

4)

O n

úmer

o de

joga

dore

s ch

amad

os p

ara

a pr

epar

ação

foi c

onsi

dera

do

exce

ssiv

o: 4

7.

Pres

são

dos

club

es –

con

voca

ção

de 4

7(44

) jog

ador

es

4.1.

1 Fo

lha

Onl

ine

(201

4)

Os

22 in

scrit

os s

ó fo

ram

def

inid

os já

na

Eur

opa,

dep

ois

de u

ma

pequ

ena

excu

rsão

. Pr

essã

o do

s cl

ubes

– d

emor

a na

def

iniç

ão d

os 2

2

4.1.

1 Fo

lha-

PE

(201

4)

Pel

é ap

anho

u ta

nto

que

ficou

fora

na

derr

ota

por 3

x1 p

ara

a H

ungr

ia. D

epoi

s, fo

i ca

çado

em

cam

po p

elos

por

tugu

eses

e n

ão fo

i cap

az d

e ev

itar n

ovo

revé

s po

r 3x

1.

Esqu

ema

de jo

go –

falh

a na

pre

visã

o de

pos

síve

is d

ificu

ldad

es

121

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do in

suce

sso

4.1.

2 P

aulo

Hen

rique

, Jo

gado

r na

Cop

a de

19

66

(GLO

BO

ESP

OR

TE.

CO

M, 2

014)

...fa

ltou

orga

niza

ção

da C

BD

, a C

BF

da é

poca

. D

esor

gani

zaçã

o

4.1.

2 P

aulo

Hen

rique

, Jo

gado

r na

Cop

a de

19

66

(GLO

BO

ESP

OR

TE.

CO

M, 2

014)

E c

ontin

ua, f

alan

do d

os jo

gado

res

“ess

a S

eleç

ão c

omeç

ou c

om 4

4 jo

gado

res

e ci

nco

fora

m c

orta

dos

logo

dep

ois

(até

a C

opa,

ficar

am 2

2). I

sso

dava

in

tranq

uilid

ade

para

o g

rupo

. Est

ava

tudo

erra

do”.

Pr

essã

o do

s cl

ubes

– d

emor

a na

def

iniç

ão d

os 2

2

4.1.

2 P

aulo

Hen

rique

, Jo

gado

r na

Cop

a de

19

66

(GLO

BO

ESP

OR

TE.

CO

M, 2

014)

“Não

tính

amos

, na

Ingl

ater

ra, c

ampo

det

erm

inan

do p

ara

faze

r tre

inos

”.

Des

orga

niza

ção

– fa

lha

na p

repa

raçã

o

4.1.

2 P

aulo

Hen

rique

, Jo

gado

r na

Cop

a de

19

66

(GLO

BO

ESP

OR

TE.

CO

M, 2

014)

Alé

m d

a fa

lta d

e or

gani

zaçã

o, P

aulo

Hen

rique

acr

edita

que

hav

ia u

m e

sque

ma

para

impe

dir o

tric

ampe

onat

o em

196

6.

Esqu

ema

de jo

go –

falh

a na

pre

visã

o de

pos

síve

is d

ificu

ldad

es

4.1.

2 La

ncep

édia

(201

4)

Tudo

foi p

repa

rado

par

a os

anf

itriõ

es v

ence

rem

. E, q

uand

o pa

reci

a qu

e nã

o ia

da

r, os

árb

itros

em

purra

vam

. Es

quem

a de

jogo

– fa

lha

na p

revi

são

de p

ossí

veis

difi

culd

ades

4.

1.2

Lanc

epéd

ia (2

014)

Fo

ram

cha

mad

os 4

4 jo

gado

res

para

aqu

ela

que

seria

a c

ampa

nha

do tr

i, em

19

66. P

ress

ão d

os c

lube

s –

conv

ocaç

ão d

e 47

(44)

joga

dore

s

4.1.

2 La

ncep

édia

(201

4)

Des

orga

niza

da c

omo

nunc

a, D

esor

gani

zaçã

o

122

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do in

suce

sso

4.1.

2 La

ncep

édia

(201

4)

Vic

ente

Feo

la n

ão c

onse

guiu

form

ar u

m ti

me-

base

, tan

to q

ue, e

m a

pena

s trê

s jo

gos

na C

opa,

20

atle

tas

fora

m u

tiliz

ados

. Li

dera

nça

– líd

er n

ão c

onse

guiu

form

ar u

m g

rupo

4.

1.2

Lanc

epéd

ia (2

014)

O

resu

mo

da b

agun

ça a

cont

eceu

ain

da n

a fa

se d

e co

nvoc

ação

, qua

ndo,

com

43

nom

es, u

m d

irige

nte

da C

BD

exi

giu

mai

s um

cor

intia

no n

a lis

ta. A

ssim

, foi

ch

amad

o D

itão.

O p

robl

ema

é qu

e, p

or u

m e

rro d

e di

gita

ção,

o c

onvo

cado

foi o

D

itão

do F

lam

engo

. Fic

ou a

ssim

mes

mo.

Pr

essã

o do

s cl

ubes

– c

onvo

caçã

o de

47(

44) j

ogad

ores

4.

1.4

Arm

ando

Nog

ueira

O

s ca

mpe

ões

de 6

2 já

est

avam

todo

s no

cha

mad

o pl

ano

incl

inad

o do

oca

so,

da d

ecad

ênci

a. E

se

eles

fora

m le

vado

s pr

a C

opa

da In

glat

erra

, na

verd

ade,

ta

lvez

tenh

a si

do e

sse

um d

os m

aior

es e

rros

da

Com

issã

o Té

cnic

a,

Pres

são

dos

club

es –

joga

dore

s en

velh

ecid

os

4.1.

4 A

rman

do N

ogue

ira

Que

já c

omeç

ou a

qui n

o B

rasi

l, nu

ma

dem

onst

raçã

o de

ost

enta

ção,

form

ando

qu

atro

sel

eçõe

s. F

oram

form

adas

qua

tro s

eleç

ões

que

se e

xibi

am p

or a

í. N

a ve

rdad

e, d

as q

uatro

não

sob

rou

nenh

uma

sele

ção

porq

ue e

u nu

nca

vi o

Bra

sil

joga

r tão

mal

. Pre

ssão

dos

clu

bes

– co

nvoc

ação

de

47(4

4) jo

gado

res

So

berb

a

4.1.

4 Lu

iz M

ende

s H

ouve

mui

tos

erro

s, p

or e

xem

plo,

a c

onvo

caçã

o de

44

joga

dore

s. Q

uatro

tim

es.

Pres

são

dos

club

es –

con

voca

ção

de 4

7(44

) jog

ador

es

4.1.

4 Lu

iz M

ende

s O

cor

te d

e C

arlo

s A

lber

to T

orre

s. F

oi c

orta

do. N

ão ti

nha

que

ser c

orta

do

Lide

ranç

a –

líder

não

con

segu

iu fo

rmar

um

gru

po

4.1.

4 R

uy C

arlo

s O

ster

man

n

Em 6

6, c

om u

m ti

me

cans

ado.

.. Pr

essã

o do

s cl

ubes

– jo

gado

res

enve

lhec

idos

4.

1.4

Luiz

Men

des

Gar

rinch

a fe

z, e

le fe

z um

a pa

rtida

rela

tivam

ente

frac

a co

ntra

a B

ulgá

ria, m

as

fez

um g

ol c

obra

ndo

uma

falta

, mas

o G

arrin

cha

em 6

6 já

não

era

o m

esm

o. J

á es

tava

term

inan

do a

sua

indi

scut

ível

técn

ica

de d

ribla

r e tu

do, d

e ve

loci

dade

.

123

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do in

suce

sso

Ele

já e

stav

a ca

min

hand

o pr

o fim

. Pre

ssão

dos

clu

bes

– jo

gado

res

enve

lhec

idos

4.

1.4

Arm

ando

Nog

ueira

E

ain

da p

erde

u o

Pel

é, c

açad

o no

jogo

con

tra P

ortu

gal.

Es

quem

a de

jogo

– fa

lha

na p

revi

são

de p

ossí

veis

difi

culd

ades

4.

1.4

Arm

ando

Nog

ueira

Em

66

foi a

sob

erba

do

bica

mpe

ão. A

quel

a hi

stór

ia d

e a

gent

e di

zer s

empr

e qu

e a

derro

ta à

s ve

zes

á m

ais

fecu

nda

do q

ue a

vitó

ria s

e co

nfirm

ou e

m 6

6.

Sobe

rba

– ér

amos

bic

ampe

ões

4.

1.4

Chi

co T

ortu

rra

A c

ena

do P

elé

lá, d

o V

icen

te c

açan

do o

Pel

é. D

eu a

prim

eira

, deu

a s

egun

da e

tir

ou o

Pel

é de

cam

po. O

pró

prio

Eus

ébio

foi c

ontra

o V

icen

te p

ela

viol

ênci

a da

jo

gada

. Esq

uem

a de

jogo

– fa

lha

na p

revi

são

de p

ossí

veis

difi

culd

ades

4.

1.4

Teix

eira

Hei

zer

Ent

ão e

les

puse

ram

, par

a os

jogo

s do

s su

l am

eric

anos

, ing

lese

s. E

sses

juíz

es

deix

avam

o p

au c

omer

, né?

Es

quem

a de

jogo

– fa

lha

na p

revi

são

de p

ossí

veis

difi

culd

ades

4.

1.4

João

Hav

elan

ge

(SIM

ÕE

S, 2

010)

H

ouve

um

a co

nspi

raçã

o co

ntra

a e

quip

e br

asile

ira, p

ois

os á

rbitr

os in

gles

es q

ue

apita

ram

as

parti

das

deci

siva

s te

riam

dei

xado

os

adve

rsár

ios

bate

rem

à

vont

ade.

Esq

uem

a de

jogo

– fa

lha

na p

revi

são

de p

ossí

veis

difi

culd

ades

4.

1.4

Teix

eira

Hei

zer

O c

oman

do p

aulis

ta q

ue, c

om e

stup

enda

org

aniz

ação

, lev

ara

o B

rasi

l aos

tít

ulos

de

58 e

62,

já n

ão e

stav

a em

açã

o.

Des

orga

niza

ção

– O

rgan

izaç

ão p

ior q

ue 5

8 e

62

4.1.

4 Te

ixei

ra H

eize

r A

pre

para

ção

fora

inad

equa

da. N

em d

e le

ve p

arec

ida

com

o p

lane

jam

ento

das

C

opas

ant

erio

res.

Des

orga

niza

ção

– fa

lha

na p

repa

raçã

o 4.

1.4

Teix

eira

Hei

zer

Nos

três

jogo

s, e

m L

iver

pool

, o ti

me

não

se re

petiu

. Li

dera

nça

– líd

er n

ão c

onse

guiu

form

ar u

m g

rupo

4.

3.1.

3 C

arlo

s A

lber

to

Em 6

6 o

Bra

sil f

oi s

urpr

eend

ido

pelo

que

ser

ia u

ma

revo

luçã

o da

par

te fí

sica

do

s eu

rope

us. F

oi q

uand

o el

es m

ostra

ram

pro

mun

do o

cha

mad

o fu

tebo

l-for

ça,

que

era,

nad

a m

ais

nada

men

os, q

ue u

ma

prep

araç

ão fí

sica

exc

epci

onal

. [...

]

124

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do in

suce

sso

naqu

ela

époc

a (o

fute

bol b

rasi

leiro

) era

reco

nhec

ido

com

o um

fute

bol q

ue

fisic

amen

te e

ra m

ais

fraco

ou

infe

rior d

o qu

e os

eur

opeu

s. E

, alia

do a

est

e tra

balh

o qu

e el

es fi

zera

m, q

ue s

urpr

eend

eram

o m

undo

, o fu

tebo

l-for

ça, e

les

ganh

aram

a C

opa

do M

undo

até

com

cer

ta fa

cilid

ade.

Es

quem

a de

jogo

– s

urpr

eend

idos

pel

o fu

tebo

l-for

ça

4.3.

1.3

Car

los

Alb

erto

Fo

i um

erro

... F

oi u

m e

rro p

orqu

e nã

o se

apr

ovei

tava

bem

o tr

eina

men

to p

orqu

e V

ocê

traba

lhar

com

44

pess

oas

junt

as é

mui

to c

ompl

icad

o. É

mel

hor v

ocê

traba

lhar

com

um

gru

po m

enor

, em

que

voc

ê po

de d

ar, o

técn

ico

pode

dar

at

ençã

o, u

ma

aten

ção

mai

or p

ara

cada

um

do

que

dar p

ara

44 jo

gado

res.

Pr

essã

o do

s cl

ubes

– c

onvo

caçã

o de

47(

44) j

ogad

ores

4.

3.2.

3 G

érso

n Bo

m, e

m 6

6, s

ão d

uas

coisa

s di

stin

tas.

.. e

tudo

gira

em

torn

o de

org

aniza

ção.

Em

66

nós

tính

amos

qua

tro s

eleç

ões

e, a

té d

entro

da

Cop

a do

Mun

do, n

ão

cons

egui

mos

form

ar u

ma.

Tan

to é

que

nas

três

par

tidas

das

oita

vas

de fi

nal f

oram

trê

s tim

es d

ifere

ntes

. Que

r dize

r, is

so, d

entro

da

Cop

a do

Mun

do. E

, ant

es d

a C

opa

do M

undo

, nós

and

amos

o p

aís

todo

, pol

iticam

ente

fala

ndo,

and

amos

o p

aís

todo

pr

a m

ostra

r um

a co

isa, p

ra m

ostra

r out

ra, p

ra m

ostra

r o q

ue e

ra o

u qu

e nã

o er

a e

não

cons

egui

mos

form

ar u

ma

sele

ção.

Pra

voc

ê te

r um

a id

eia,

nós

est

ávam

os n

a Su

écia

, num

am

istos

o na

Sué

cia,

pra

no

dia

segu

inte

em

barc

arm

os p

ra In

glat

erra

. C

orta

ram

o S

erví

lio. E

u, o

Ser

vílio

e o

Pel

é jo

gam

os n

as q

uatro

sel

eçõe

s du

rant

e to

do o

trei

nam

ento

e, n

a vé

sper

a ou

ant

evés

pera

de

inic

iarm

os a

Cop

a do

Mun

do,

eles

cor

tara

m o

Ser

vílio

pra

bot

ar o

Alc

indo

, que

era

o c

entro

ava

nte

gaúc

ho q

ue

tinha

que

brad

o o

pé, u

ma

fissu

ra n

o pé

num

trei

nam

ento

lá e

m N

iteró

i, qu

er d

izer,

orga

niza

ção

zero

. Foi

aqu

ilo q

ue a

cont

eceu

, fut

ebol

zer

o.

Des

orga

niza

ção

– fa

lha

na p

repa

raçã

o.

Lide

ranç

a –

líder

não

con

segu

iu fo

rmar

um

gru

po

4.3.

2.3

Gér

son

Pel

o tim

e qu

e nó

s tín

ham

os s

e de

um

a m

anei

ra o

u de

out

ra, e

les

pega

ssem

125

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do in

suce

sso

dess

as q

uatro

sel

eçõe

s e

form

asse

m d

uas,

um

a tit

ular

e u

ma

rese

rva,

no

vam

ente

são

22

ou 2

3, s

endo

três

gol

eiro

s, n

ós b

rigar

íam

os a

té p

elo

títul

o.

Se

íam

os g

anha

r ou

não

é ou

tro d

epar

tam

ento

, mas

brig

aría

mos

ali

e nã

o sa

iríam

os c

omo

nós

saím

os n

as o

itava

s de

fina

l. E

ntão

a o

rgan

izaç

ão é

tudo

. Pr

essã

o do

s cl

ubes

– s

e de

finis

se lo

go o

s 22

, não

sai

ríam

os n

as o

itava

s.

4.3.

2.3

Gér

son

E a

úni

ca v

ez q

ue fo

i des

orga

niza

da fo

i ess

a aí

, que

per

dem

os fa

zend

o o

pape

lão

que

fizem

os lá

, qua

ndo

podí

amos

faze

r um

gra

nde

pape

l, po

rque

as

outra

s, te

cnic

amen

te fa

land

o, n

ão e

ram

. Pr

essã

o do

s cl

ubes

– s

e de

finis

se lo

go o

s 22

, não

sai

ríam

os n

as o

itava

s.

4.3.

2.3

Gér

son

A d

esor

gani

zaçã

o er

a ta

nta

em 6

6 qu

e el

es n

ão p

erce

bera

m q

ue n

ós tí

nham

os

cinc

o ou

sei

s jo

gado

res

de 7

0 em

66.

Mel

hore

s ou

pio

res,

tecn

icam

ente

fa

land

o, a

mes

ma

cois

a. E

, fis

icam

ente

fala

ndo,

não

tem

tam

bém

, éra

mos

mai

s no

vos

quat

ro a

nos,

tá c

erto

? N

a re

alid

ade

fora

m 8

de

70 e

m 6

6

4.3.

2.3

Gér

son

E o

utro

det

alhe

, eu

leve

i um

a pa

ncad

a nu

m tr

eina

men

to q

ue e

les

fizer

am n

a an

tevé

sper

a do

prim

eiro

jogo

. Ele

s m

onta

ram

a S

eleç

ão e

os

rese

rvas

, mas

não

se

i por

que

car

gas

d’ág

ua e

les

junt

aram

lá u

ns in

gles

es e

um

del

es m

e de

u um

po

ntap

é qu

e qu

ase

me

queb

rou

a pe

rna

e eu

jogu

ei...

[...]

Eu

jogu

ei o

prim

eiro

jo

go e

os

outro

s do

is e

u nã

o co

nseg

ui jo

gar.

Que

r diz

er, u

ma

deso

rgan

izaç

ão

tota

l em

todo

s os

asp

ecto

s: tr

eina

men

to, d

e vi

agen

s, d

e tu

do. D

esor

gani

zara

m.

E e

u ne

m s

ei p

or q

ue, p

orqu

e po

deria

est

ar o

rgan

izad

o co

mo

em 6

2, e

m 5

8 e

62, t

á ce

rto?

Em 6

6 nã

o te

ve q

ue e

u nã

o se

i por

que

e e

m 7

0 te

ve. E

daí

pra

fre

nte

sem

pre

orga

niza

do. P

or q

ue e

u nã

o se

i, ta

lvez

até

a p

olíti

ca q

uere

ndo

mos

trar q

ue e

ra u

ma

polít

ica

mel

hor,

ou p

ior,

não

sei,

nós

não

ente

ndem

os

nada

. Des

orga

niza

ção

– fa

lha

na p

repa

raçã

o

126

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do in

suce

sso

4.3.

2.3

Gér

son

Pod

eria

ser

pre

ssão

dos

clu

bes

para

ter u

m jo

gado

r lá

dent

ro d

a S

eleç

ão?

fizer

am 4

4, v

amos

diz

er a

ssim

. G

– A

té q

ue p

oder

ia o

u pr

essã

o da

s Fe

dera

ções

, pre

ssão

do

próp

rio g

over

no,

eu, p

or e

xem

plo,

não

sei

até

hoj

e o

porq

uê d

aqui

lo.

Pres

são

dos

club

es –

con

voca

ção

de 4

7(44

) jog

ador

es

4.3.

2.3

Gér

son

Voc

ê co

nvoc

a, p

ode

até

conv

ocar

qui

nhen

tos

e ci

nque

nta

mil,

com

o ho

je e

stão

co

nvoc

ando

aí p

ra tr

eina

men

to. T

udo

bem

. Já

conh

eço

aque

le o

utro

. Bom

, to

arm

ado.

Eu

tenh

o qu

e te

r dua

s. A

í pos

so te

r qua

tro, c

inco

, cin

quen

ta. I

sso

eu

tive.

Ago

ra n

ão p

osso

mai

s, p

orqu

e nã

o vo

u te

r tem

po. E

ntão

, no

mín

imo,

no

mín

imo

seis

mes

es e

u te

nho

que

esta

r com

tudo

pro

nto.

To

dize

ndo

o m

ínim

o.

Mín

imo

seis

mes

es. T

o co

m o

tim

e pr

onto

aqu

i. D

uas

sele

ções

pra

eu

esco

lher

. B

om, a

quel

e jo

go a

li eu

pos

so ir

pra

fren

te, p

orqu

e el

e é

fraco

. Bot

a um

a se

leçã

o, s

em p

robl

ema.

Bom

, pra

ess

a eu

pre

ciso

me

cuid

ar m

ais.

Bom

, tiro

do

is o

u trê

s e

boto

aqu

i. A

té is

so v

ocê

pode

faze

r, te

ndo

o gr

upo.

-E

o g

rupo

trab

alha

ndo

junt

o...

G–T

raba

lhan

do ju

nto,

sem

pro

blem

a ne

nhum

, aí a

o be

l pra

zer d

o tre

inad

or, o

u o

trein

ador

pod

e di

zer,

com

o o

Sald

anha

fez:

a m

inha

Sel

eção

é e

ssa.

Pro

nto.

Tem

os

rese

rvas

, aca

bou.

Não

ent

ra m

ais

ning

uém

, nem

sai

mai

s ni

ngué

m, a

não

ser

qu

e es

teja

mac

huca

do. P

ront

o. A

cabo

u. A

í vem

o Z

agal

lo. M

udou

o e

sque

ma,

mas

pr

atica

men

te c

om a

quel

a ba

se to

da. T

roco

u do

is ou

três

, tá

certo

? M

as tá

ali.

É aq

uilo

, ent

ende

u? A

gora

não

pod

e tir

ar tr

inta

e b

otar

mai

s tri

nta.

Não

conj

unto

qu

e re

sist

a a

isso

. Não

orga

niza

ção

que

resi

sta

a es

se tr

oço.

Ess

e é

o pr

oble

ma.

Pr

essã

o do

s cl

ubes

– d

emor

a na

def

iniç

ão d

os 2

2

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

127

A seguir, extraídas do Quadro 2, listei no Quadro 3 as unidades temáticas de análise ou categorias, e respectivas subcategorias relacionadas à Copa de 1966.

Quadro 3 – Listagem das categorias e subcategorias relacionadas ao insucesso na Copa do Mundo de 1966 CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Desorganização Desorganização geral

Falha no planejamento Falha na preparação Organização pior que 58 e 62

Liderança Líder não conseguiu formar um grupo Esquema de jogo Falha na previsão de possíveis dificuldades

Surpreendidos pelo futebol-força Pressão dos clubes

Convocação de 47(44) jogadores Demora na definição dos 22 Jogadores envelhecidos Se definisse logo os 22 não sairíamos nas oitavas

Soberba Havia Garrincha e Pelé A Seleção se exibia Eram bicampeões

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.3 POSSÍVEIS RAZÕES PARA O SUCESSO EM 1970

O Quadro 4, abaixo apresenta os trechos selecionados com respeito a possíveis razões do sucesso na Copa do Mundo de 1970 e está assim organizado: A coluna 1 registra o item desta Dissertação do qual foi retirada a informação; a coluna 2 a fonte dessa informação e, na coluna 3, a informação em si.

Em negrito, na coluna 3, a categoria e/ou subcategoria, nesta fase do estudo, representativa da síntese das possíveis razões do sucesso na Copa de 70, as quais terão sua definição final no item 6.6.

128

Qua

dro

4 –

Pos

síve

is ra

zões

par

a o

suce

sso

em 1

970

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.2.

1.1

Milli

et (2

006,

p. 7

5)

(Joã

o S

alda

nha)

em

sua

prim

eira

ent

revi

sta,

Sal

danh

a tir

a um

peq

ueno

pap

el d

o bo

lso

afirm

ando

qu

e já

tinh

a de

finid

o os

tim

es ti

tula

r e re

serv

a.

Lide

ranç

a –

69-lí

der(

2) d

efin

e o

grup

o e

dá p

erso

nalid

ade

ao g

rupo

– a

s fe

ras

4.2.

1.1

Milli

et (2

006,

p. 7

5)

(Joã

o S

alda

nha)

A

pós

nom

eá-lo

s, c

ompl

eta

com

a d

efin

ição

que

ser

ia a

mar

ca d

a se

leçã

o na

s E

limin

atór

ias

de 1

969,

afir

man

do [.

..] q

ue g

osta

ria d

e te

r em

cam

po 1

1 cr

aque

s, 1

1 fe

ras.

Li

dera

nça

– 69

-líde

r(2)

def

ine

o gr

upo

e dá

per

sona

lidad

e ao

gru

po –

as

fera

s 4.

2.1.

1 U

ol E

spor

te

(201

4) (N

elso

n R

odrig

ues)

[...]

meu

car

o Jo

ão S

alda

nha.

Ten

ho-lh

e um

afe

to d

e irm

ão [.

..]. A

o te

r a n

otíc

ia,

berre

i: —

“É o

técn

ico

idea

l!” U

m a

mig

o m

eu, b

em p

ensa

nte

insu

portá

vel,

veio

-me

perg

unta

r: —

“Voc

ê ac

ha q

ue o

Joã

o te

m a

s qu

alid

ades

nec

essá

rias?

” Res

pond

i: —

“Não

sei

se

tem

as

qual

idad

es. M

as a

firm

o qu

e te

m o

s de

feito

s ne

cess

ário

s”

[...].

Li

dera

nça

– 69

-líde

r(2)

-elo

gios

aos

seu

s de

feito

s 4.

2.1.

1 M

illiet

(200

6, p

. 16)

(T

ostã

o)

Alé

m d

e te

r sid

o im

porta

nte

para

a c

lass

ifica

ção

ao M

undi

al, S

alda

nha

ince

ndio

u a

sele

ção

com

as

“fera

s do

Sal

danh

a” e

recu

pero

u a

conf

ianç

a do

s to

rced

ores

e d

a im

pren

sa n

o fu

tebo

l bra

sile

iro.

Lide

ranç

a –

69-p

erso

nalid

ade

do g

rupo

4.

2.1.

1 O

aut

or d

este

es

tudo

D

esse

s jo

gado

res,

rela

cion

ados

nes

sa p

rimei

ra c

onvo

caçã

o em

196

9, 1

5 di

sput

aram

a C

opa

do M

undo

de

1970

. Des

ses

15, 1

1 de

les

cons

tituí

ram

aqu

ele

que

a re

vist

a M

anch

ete

No.

950

, de

4 de

julh

o de

197

0, c

lass

ifico

u co

mo

o tim

e in

venc

ível

: Fél

ix, C

arlo

s A

lber

to, B

rito,

Pia

zza

e E

vera

ldo;

Clo

doal

do, G

érso

n e

Riv

ellin

o; P

elé,

Tos

tão

e Ja

irzin

ho [.

..] to

dos

os jo

gado

res

que

atua

ram

nos

Jog

os

da C

opa

de 1

970

esta

vam

ent

re o

s 15

. Li

dera

nça

– 68

-69-

70-lí

der m

uda

e o

grup

o pe

rman

ece

129

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.2.

1.1

Milli

et (2

006,

p.

229-

233)

(J

oão

Sal

danh

a)

A c

onqu

ista

de

1970

teve

seu

iníc

io e

m 1

968

em V

arsó

via,

na

Pol

ônia

, um

dia

apó

s a

derro

ta d

a S

eleç

ão B

rasi

leira

em

Stu

ttgar

t par

a a

Sel

eção

da

Ale

man

ha p

or 2

x1.

Nes

se d

ia, n

o ha

ll do

Hot

el B

risto

l, A

ymor

é M

orei

ra, o

técn

ico

da n

ossa

Sel

eção

, co

mun

icou

: “N

ão é

mai

s po

ssív

el c

ontin

uarm

os v

iven

do d

o pa

ssad

o. A

quilo

que

er

a bo

m e

m 1

958

e 19

62 já

não

ser

ve m

ais.

Vou

mud

ar tu

do, d

e ou

tra fo

rma

sucu

mbi

rem

os. [

...] j

ogan

do ta

ticam

ente

com

o es

tam

os jo

gand

o, v

amos

liqu

idar

no

sso

fute

bol.

[...]”

. foi

um

a au

tênt

ica

revo

luçã

o a

conf

erên

cia

de im

pren

sa d

e A

ymor

é M

orei

ra e

os

fato

s po

ster

iore

s de

mon

stra

ram

que

o tr

eina

dor,

cam

peão

do

mun

do e

m 1

962,

tinh

a to

da ra

zão.

Li

dera

nça

– 68

-líde

r(1)

mon

ta o

gru

po

4.2.

1.1

Milli

et (2

006,

p.

229-

233)

(J

oão

Sal

danh

a)

Con

clui

Sal

danh

a qu

e, a

o co

nvoc

ar o

s 22

titu

lare

s e

rese

rvas

em

sua

prim

eira

en

trevi

sta

com

o tre

inad

or d

a S

eleç

ão, q

uem

pre

stas

se a

tenç

ão v

erifi

caria

que

es

tava

m lá

qua

se to

dos

os c

onvo

cado

s de

Aym

oré

Mor

eira

. Dos

nom

es d

ifere

ntes

, P

elé

era

um d

eles

, que

não

hav

ia s

ido

conv

ocad

o po

rque

o S

anto

s es

tava

ex

curs

iona

ndo.

Li

dera

nça

– 68

-69-

70-lí

der m

uda

e o

grup

o pe

rman

ece

4.

2.1.

2 In

form

ação

de

vário

s si

tes

Com

a d

emis

são

de S

alda

nha,

a C

BD

– C

onfe

dera

ção

Bra

sile

ira d

e D

espo

rtos,

ho

je C

BF

– C

onfe

dera

ção

Bra

sile

ira d

e Fu

tebo

l, co

nvid

ou [.

..] Z

agal

lo, b

icam

peão

m

undi

al p

ela

Sel

eção

com

o jo

gado

r em

58

e 62

, que

inic

iara

, em

196

6, a

car

reira

de

trei

nado

r no

Bot

afog

o. L

ider

ança

– 7

0-líd

er(3

) 4.

2.2

Uol

Esp

orte

(2

014)

A

pre

para

ção

foi m

uito

bem

feita

. A C

omis

são

Técn

ica,

pel

a pr

imei

ra v

ez, c

onta

va

com

um

a eq

uipe

com

plet

a, c

om p

repa

rado

res

físic

os, m

édic

o e

mas

sagi

sta.

A

nova

vis

ão n

o pr

epar

o fís

ico,

com

um

min

ucio

so tr

abal

ho d

e ac

limat

ação

, prá

tica

até

entã

o in

édita

, dei

xou

os jo

gado

res

em c

ondi

ções

de

supo

rtar a

alti

tude

e o

ca

lor m

exic

ano,

poi

s os

jogo

s fo

ram

real

izad

os p

or v

olta

do

mei

o-di

a. O

rgan

izaç

ão

– 70

-pre

paro

físi

co e

/ou

aclim

ataç

ão

130

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.2.

2

SP

OR

TV e

m

agos

to d

e 20

12

(Dr.

Ken

neth

C

oope

r).

Clá

udio

Cou

tinho

me

proc

urou

e d

isse

que

iria

enf

rent

ar u

m g

rand

e de

safio

. Ele

, C

outin

ho, e

ra u

m d

os e

ncar

rega

dos

de p

repa

rar a

Sel

eção

Bra

sile

ira d

e Fu

tebo

l pa

ra a

Cop

a do

Mun

do, a

qua

l ser

ia d

ispu

tada

no

Méx

ico,

em

loca

is d

e gr

ande

al

titud

e, n

a or

dem

de

2.00

0m a

cim

a do

nív

el d

o m

ar e

sol

icito

u or

ient

ação

. Em

sua

vo

lta a

o B

rasi

l ess

as o

rient

açõe

s fo

ram

tran

smiti

das

aos

dem

ais

mem

bros

da

Com

issã

o Té

cnic

a, a

ceita

s e

aplic

adas

nos

atle

tas

da S

eleç

ão.

Org

aniz

ação

– 7

0-pr

epar

o fís

ico

e/ou

acl

imat

ação

4.

2.2

S

PO

RTV

em

ag

osto

de

2012

O

MS

– O

rgan

izaç

ão M

undi

al d

e S

aúde

, ant

es d

o in

ício

da

Cop

a, ti

nha

real

izad

o te

stes

de

aptid

ão fí

sica

com

atle

tas

das

sele

ções

que

par

ticip

aria

m d

o M

undi

al,

conc

luin

do, a

o fin

al, q

ue a

sel

eção

mel

hor p

repa

rada

em

term

os d

e co

ndic

iona

men

to fí

sico

era

a S

eleç

ão B

rasi

leira

, o q

ue s

e ob

serv

ou p

lena

men

te a

o lo

ngo

da c

ompe

tição

. Org

aniz

ação

– 7

0-pr

epar

o fís

ico

e/ou

acl

imat

ação

4.

2.3

Car

los

Alb

erto

, em

en

trevi

sta

ao a

utor

em

07

de

nove

mbr

o de

20

13.

Num

a pe

quen

a pa

rada

dur

ante

o jo

go (c

om o

Uru

guai

, que

ven

cia

por 1

x0) G

érso

n lh

e di

sse

que

o se

u m

arca

dor e

stav

a se

ndo

impl

acáv

el, s

egui

ndo-

o on

de q

uer q

ue

foss

e e

ele

não

esta

va c

onse

guin

do d

ar o

s pa

sses

da

man

eira

ade

quad

a. S

uger

iu

entã

o, p

ara

reso

lver

ess

a si

tuaç

ão, a

troc

a de

pos

ição

com

Clo

doal

do, o

qua

l de

veria

ava

nçar

par

a o

ataq

ue e

ele

fica

ria n

o m

eio

de c

ampo

seg

uran

do o

seu

m

arca

dor.

Car

los

Alb

erto

, o c

apitã

o, a

prov

a, e

cha

ma

Clo

doal

do p

ra lh

e di

zer p

ara

troca

r de

posi

ção

com

o G

érso

n e

que

era

para

ele

ava

nçar

ao

ataq

ue. O

resu

ltado

fo

i gol

de

empa

te d

e C

lodo

aldo

aos

44m

in d

o 1º

.tem

po.

Lide

ranç

a –

70-lí

dere

s de

ntro

do

cam

po

4.2.

3 FI

FA.C

OM

(2

014)

O

esq

uem

a ad

otad

o pe

los

bras

ileiro

s tin

ham

asp

ecto

s qu

e, a

lém

de

efic

azes

, era

m

igua

lmen

te a

traen

tes,

des

de o

s pr

ecis

os e

pot

ente

s ar

rem

ates

de

Riv

ellin

o at

é as

ar

ranc

adas

de

Jairz

inho

, pas

sand

o pe

la m

ovim

enta

ção

de G

érso

n no

mei

o do

ca

mpo

e p

ela

insp

iraçã

o in

igua

láve

l do

próp

rio P

elé.

Es

quem

a de

jogo

– 7

0-do

líde

r(3)

131

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.2.

3 FI

FA.C

OM

(2

014)

A

fina

l con

tra a

Itál

ia fo

i a m

áxim

a ex

pres

são

da m

agia

do

cham

ado

“Rei

do

Fute

bol”,

que

abr

iu o

mar

cado

r com

um

a fo

rte c

abeç

ada.

Em

seq

uênc

ia, G

érso

n,

Jairz

inho

e C

arlo

s A

lber

to c

ompl

etar

am a

gol

eada

, com

par

ticip

ação

dec

isiv

a de

P

elé

nos

dois

últi

mos

gol

s.

Lide

ranç

a –

70-a

tuaç

ão d

o m

embr

o m

ais

capa

z do

gru

po

4.2.

3 Jo

ão S

alda

nha

no

jorn

al O

Glo

bo, d

e 22

de

junh

o de

19

70, n

o di

a se

guin

te à

co

nqui

sta.

Que

ro d

izer

que

a v

itória

ext

raor

diná

ria d

o B

rasi

l foi

a v

itória

do

fute

bol.

Do

fute

bol

que

o B

rasi

l jog

a, s

em c

opia

r nin

guém

, faz

endo

da

arte

de

seus

joga

dore

s a

sua

forç

a m

aior

e im

pond

o ao

mun

do fu

tebo

lístic

o o

seu

padr

ão, q

ue n

ão p

reci

sa s

egui

r es

quem

as d

os o

utro

s, p

ois

tem

sua

per

sona

lidad

e, a

sua

filo

sofia

e ja

mai

s de

verá

sa

ir de

la. F

oi u

ma

vitó

ria d

o fu

tebo

l.

Lide

ranç

a –

69-p

erso

nalid

ade

do g

rupo

4.

2.4

Arm

ando

Nog

ueira

O

Sal

danh

a er

a um

pas

sion

al e

eu

acho

que

, em

det

erm

inad

o m

omen

to, o

S

alda

nha

perd

eu a

s co

ndiç

ões

emoc

iona

is d

e co

ntin

uar l

ider

ando

. Se

dese

nten

deu

prim

eiro

com

par

te m

ídia

, dep

ois

de d

esen

tend

eu c

om a

lgun

s jo

gado

res,

não

é?

Ele

per

deu

o pu

lso.

Lid

eran

ça –

70-

Nec

essi

dade

de

mud

ança

do

líder

4.

2.4

Luiz

Men

des

Eu

cons

ider

o qu

e a

prin

cipa

l raz

ão d

a sa

ída

do S

alda

nha

foi e

xata

men

te o

per

igo

que

corr

ia a

Sel

eção

Bra

sile

ira d

e el

e nã

o es

cala

r o P

elé.

E o

Sal

danh

a, n

ão s

ei

porq

ue, a

lgum

mot

ivo

ele

teria

, ele

est

ava

cont

esta

ndo

mui

to P

elé.

Est

ava

cont

esta

ndo

o P

elé.

Ele

diz

ia q

ue o

Pel

é es

tava

ven

do m

enos

. Li

dera

nça

– 70

-Nec

essi

dade

de

mud

ança

do

líder

4.

2.4

Teix

eira

Hei

zer

Dis

se q

ue o

s ou

tros

três

(San

dro

Mor

eyra

, Lui

z M

ende

s e

algu

ém c

ham

ado

Piri

ca)

saíra

m d

ali p

ara

conv

ersa

r com

o a

mig

o S

alda

nha

e re

torn

aram

tris

tes

e de

cepc

iona

dos,

diz

endo

que

ele

hav

ia c

onfir

mad

o, a

cres

cent

ando

incl

usiv

e, q

ue

Pel

é es

tava

esb

arra

ndo

em m

óvei

s na

con

cent

raçã

o po

r não

enx

erga

r dire

ito.

Lide

ranç

a –

70-N

eces

sida

de d

e m

udan

ça d

o líd

er

132

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.2.

4 Za

gallo

E

u ap

enas

fui u

m p

erso

nage

m, v

amos

diz

er a

ssim

, já

que

falta

vam

doi

s m

eses

pa

ra c

omeç

ar a

Cop

a do

mun

do. H

ouve

um

pro

blem

a co

m o

Sal

danh

a e

eu e

ntre

i e

evid

ente

que

, den

tro d

o m

eu m

odo

de a

gir e

de

pens

ar, f

iz a

lgum

as

mod

ifica

ções

. Es

quem

a de

jogo

– 7

0-do

líde

r(3)

4.

2.4

Arm

ando

Nog

ueira

O

Zag

allo

era

um

per

ante

a m

ídia

, per

ante

a im

pren

sa, m

as c

om o

s jo

gado

res

ele

era

outro

. Ele

era

o p

rópr

io jo

gado

res.

Ele

era

a p

roje

ção

dos

joga

dore

s.

Lide

ranç

a –

70-lí

der(3

) ide

ntifi

caçã

o co

m o

gru

po

4.2.

4 Ja

irzin

ho (1

998)

S

e jo

gava

no

424.

O Z

agal

lo m

udou

par

a 43

3 co

m v

aria

ções

. Que

r diz

er, o

pon

ta

esqu

erda

era

o E

du e

ele

tiro

u o

Edu

e c

oloc

ou o

Riv

ellin

o e,

na

frent

e,

perm

anec

eram

os

três:

Jai

rzin

ho, T

ostã

o e

Pel

é”.

Esqu

ema

de jo

go –

70-

do lí

der(

3)

4.2.

4 Lu

iz M

ende

s (2

002)

“O

tim

e br

asile

iro te

ve u

ma

prep

araç

ão e

dep

ois

foi p

ara

um lu

gar l

á no

Méx

ico,

m

ais

alto

que

a c

idad

e do

Méx

ico,

mai

s al

to q

ue tu

do e

dep

ois

desc

eu p

ara

Gua

dala

jara

, que

tem

um

a al

titud

e bo

a, n

orm

al, d

igam

os [.

..]”.

A

cid

ade

do M

éxic

o fic

a a

2.23

5m d

e al

titud

e e

Gua

dala

jara

a 1

.567

m.

Org

aniz

ação

– 7

0-pr

epar

o fís

ico

e/ou

acl

imat

ação

4.

2.4

Arm

ando

Nog

ueira

(2

002)

“E

u co

nfes

so a

voc

ês q

ue e

u nã

o co

nseg

uia

enca

rar o

Tos

tão

porq

ue o

olh

o de

le,

o ol

ho d

ele,

era

uma

post

a de

san

gue.

Eu

fique

i mui

to m

al im

pres

sion

ado.

Isso

fo

i na

sem

ana

da e

stre

ia. E

eu

saí c

onve

ncid

o, d

aque

le e

ncon

tro, q

ue o

Tos

tão

não

pode

ria jo

gar.

Ano

s de

pois

, o T

ostã

o m

e co

ntar

ia q

ue, s

aben

do q

ue a

cen

a do

ol

ho d

ele,

inje

tado

de

sang

ue, i

ncom

odav

a to

do m

undo

, ele

ped

iu u

m e

ncon

tro

com

a C

omis

são

Técn

ica

e di

sse:

– o

lha

eu s

ei q

ue te

m m

uita

gen

te a

chan

do q

ue

eu n

ão s

ou c

apaz

de

joga

r com

ess

e ol

ho a

ssim

, ent

ão, e

u qu

eria

dei

xar o

s se

nhor

es in

teira

men

te à

von

tade

se

quis

erem

me

afas

tar d

o tim

e (e

le já

est

ava

trein

ando

com

o tit

ular

), eu

vou

ent

ende

r per

feita

men

te, m

as e

u qu

ero

dize

r um

a

133

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

cois

a...

se m

e es

cala

rem

eu

vou

joga

r o q

ue s

ei p

orqu

e is

so a

qui n

ão m

e pr

ejud

icar

á em

nad

a. E

os

fato

s m

ostra

ram

que

ele

est

ava

com

a v

isão

per

feita

em

to

dos

os s

entid

os”.

Li

dera

nça

– 70

-con

fianç

a em

dec

lara

ção

de m

embr

o do

gru

po

4.2.

4 C

arlo

s A

lber

to

Torre

s (M

END

ON

ÇA,

20

14)

Res

pond

endo

so

bre

o qu

e di

fere

ncio

u a

Sel

eção

de

1970

de

toda

s as

out

ras

sele

ções

br

asile

iras.

Ach

o qu

e fo

i o tr

abal

ho d

ifere

ncia

do n

a pr

epar

ação

físi

ca. E

não

era

o fo

rte d

o jo

gado

r bra

sile

iro, n

unca

tinh

a si

do, a

té q

ue, n

a C

opa

do m

undo

de

1966

os

euro

peus

sur

pree

nder

am a

todo

s co

m a

pre

para

ção

extra

ordi

nária

. Ent

ão n

ós

sabí

amos

que

par

a co

nseg

uir a

lgo

na C

opa

de 1

970,

par

a fa

zer u

ma

gran

de

cam

panh

a e

cheg

ar n

a fin

al, n

ós tí

nham

os q

ue e

star

mui

to b

em p

repa

rado

s fis

icam

ente

. O

rgan

izaç

ão –

70-

prep

aro

físic

o e/

ou a

clim

ataç

ão

4.2.

4 C

arlo

s A

lber

to

(MEN

DO

A,

2014

)

E o

jogo

da

Ingl

ater

ra n

a C

opa

de 1

970

foi a

cha

ve, e

les

eram

favo

ritos

par

a a

Cop

a ta

mbé

m, n

ós s

abía

mos

que

aqu

ele

jogo

con

tra e

les

na p

rimei

ra fa

se e

ra o

no

sso

jogo

. Dal

i par

a fre

nte,

nos

so ti

me

era

ou ig

ual o

u su

perio

r aos

out

ros.

Tan

to

que

ganh

amos

aqu

ele

jogo

de

1 a

0, m

as o

rest

o ga

nham

os c

om c

onvi

cção

, sem

de

ixar

dúv

idas

. Es

quem

a de

jogo

– 7

0-gr

upo

tinha

con

heci

men

to c

laro

das

difi

culd

ades

4.

3.1.

3 C

arlo

s A

lber

to

É is

so a

í ser

viu

de li

ção

pra

noss

a pr

epar

ação

em

197

0. E

u le

mbr

o qu

e no

s pr

epar

ativ

os a

qui n

o B

rasi

l, a

preo

cupa

ção

da C

omis

são

Técn

ica

que

era

o A

dmild

o C

hiro

l, o

prep

arad

or fí

sico

, a p

reoc

upaç

ão d

ele,

que

con

vers

ava

cono

sco

diar

iam

ente

, era

em

rela

ção

à pa

rte fí

sica

. Ele

s fiz

eram

um

pla

neja

men

to

exce

pcio

nal d

e tra

balh

o, c

ham

ando

ate

nção

dos

joga

dore

s pa

ra a

nec

essi

dade

de

134

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

que

todo

s se

em

penh

asse

m e

seg

uiss

em a

s de

term

inaç

ões

dos

prep

arad

ores

fís

icos

. E is

so a

cont

ecen

do e

les

gara

ntia

m q

ue, n

a C

opa

do M

undo

, nós

iría

mos

es

tar n

uma

form

a ex

traor

diná

ria. P

rimei

ro p

ara

joga

r na

altit

ude

e se

gund

o pa

ra

enfre

ntar

a e

volu

ção

que

eles

tive

ram

na

Cop

a de

66

e fo

i o q

ue a

cont

eceu

nos

pr

epar

amos

mui

to. M

uito

trab

alho

... F

oram

, ent

re B

rasi

l e M

éxic

o fo

ram

três

mes

es

de p

repa

raçã

o vi

sand

o m

uito

a p

arte

físi

ca p

orqu

e, te

cnic

amen

te, n

ós tí

nham

os u

m

grup

o m

uito

bom

. Che

gam

os n

a C

opa

do M

undo

e o

tim

e nã

o no

ápi

ce, v

amos

di

zer a

ssim

, mas

de

1 a

10, n

ove

de p

repa

raçã

o, ta

nto

que

o no

sso

time

teve

um

jo

gado

r, o

Brit

o, p

ela

prim

eira

vez

na

hist

ória

do

fute

bol b

rasi

leiro

, um

joga

dor

bras

ileiro

de

Sel

eção

, foi

con

side

rado

o m

elho

r pre

paro

físi

co, q

ue fo

i o B

rito

e, fo

ra

isso

, a p

rova

de

que,

qua

se to

dos

os jo

gos,

nós

gan

ham

os n

o se

gund

o te

mpo

. Q

uase

todo

s os

jogo

s. A

vitó

ria fo

i con

segu

ida

no s

egun

do te

mpo

, num

a fa

se d

a pa

rtida

em

que

o d

esga

ste

já e

xist

e. N

aque

la é

poca

ser

ia u

ma

cois

a m

uito

nor

mal

o

time

cair

de p

rodu

ção

no s

egun

do te

mpo

. Mas

não

foi o

cas

o da

Sel

eção

. Eu

digo

em

rela

ção

a es

sa p

repa

raçã

o, n

o qu

e di

z re

spei

to à

par

te fí

sica

. Ent

ão e

ssa

aí fo

i a g

rand

e di

fere

nça

que

houv

e e

a liç

ão q

ue n

ós s

oube

mos

tira

r pro

veito

del

a,

de 6

6 pa

ra 7

0. O

rgan

izaç

ão –

70-

prep

aro

físic

o e/

ou a

clim

ataç

ão

4.3.

1.1

Car

los

Alb

erto

B

om, e

u ac

ho is

so a

í rel

ativ

o. Q

uand

o vo

cê te

m u

m b

om ti

me,

inde

pend

e se

ho

uver

Elim

inat

ória

s ou

não

. Ent

ão o

que

aco

ntec

e é

o tra

balh

o an

tes

da

com

petiç

ão. A

pesa

r de

que

hoje

o te

mpo

que

se

tem

par

a pr

epar

ar o

tim

e é

men

or

do q

ue n

aque

la é

poca

, mas

, de

qual

quer

man

eira

, se

fizer

um

bom

pla

neja

men

to,

dá p

ra tr

abal

har b

em a

í na

Sel

eção

. O

rgan

izaç

ão –

70-

prep

aro

físic

o e/

ou a

clim

ataç

ão

135

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.3.

1.1

Car

los

Alb

erto

N

o di

a a

dia

quan

do v

ocês

est

avam

reun

idos

na

com

petiç

ão o

u se

pre

para

ndo,

co

m q

uem

mai

s vo

cê, o

gru

po q

ue e

xist

ia, c

om q

uem

mai

s qu

e vo

cê p

artic

ipav

a ou

di

scut

ia?

C

AT

– N

ão, n

ão. E

ra u

m g

rupo

mui

to u

nido

e n

ós e

stáv

amos

... fe

ito u

ma

gran

de

amiz

ade

entre

todo

s. N

ós n

os re

unía

mos

todo

s os

dia

s. P

rimei

ro, a

van

tage

m q

ue

nós

não

ficáv

amos

em

hot

el. H

otel

o g

rupo

fica

mui

to is

olad

o, c

ada

um v

ai p

ara

o se

u qu

arto

e m

al s

e vê

. Só

se v

ê na

hor

a do

alm

oço,

da

jant

a e,

nes

sa é

poca

, nós

fic

ávam

os e

m lo

cais

alu

gado

s pe

la C

BF,

um

a ca

sa, e

nten

deu?

Um

loca

l ass

im q

ue

todo

s es

tives

sem

sem

pre

junt

os. E

ra m

ais

fáci

l pro

rela

cion

amen

to d

e to

dos

os

joga

dore

s. E

ntão

nós

est

ávam

os s

empr

e ju

ntos

. Era

um

gru

po m

uito

uni

do, m

uita

am

izad

e, e

nfim

, era

dife

rent

e de

hoj

e, p

orqu

e ho

je o

joga

dor v

ai p

ara

o se

u qu

arto

, fic

a lá

na

inte

rnet

, ouv

indo

mús

ica,

ent

ão o

col

etiv

o fic

a at

é em

seg

undo

pla

no.

Nes

sa n

ossa

épo

ca já

era

dife

rent

e. Q

uise

sse

ou n

ão n

ós e

stáv

amos

sem

pre

junt

os, m

ais

junt

os, m

ais

junt

os.

Lide

ranç

a –

70-a

mbi

ente

. Lid

eran

ça –

70-

trab

alho

em

rede

4.

3.1.

1 C

arlo

s A

lber

to

No

final

do

segu

ndo

tem

po (4

1min

) voc

ê fo

i lá

faze

r o g

ol e

a im

pres

são

que

a ge

nte

teve

ass

istin

do e

ra q

ue o

Pel

é pa

rece

que

sab

ia q

ue v

ocê

esta

va v

indo

de

ali,

porq

ue e

le n

em o

lha

pro

lado

e e

le p

á, d

eu u

m to

que.

.. C

AT

– M

as e

le s

abia

que

eu

cheg

aria

ali,

pel

o fa

to, p

rinci

palm

ente

, de

que

nós

jogá

vam

os ju

ntos

no

San

tos

e se

mpr

e eu

che

gava

ali.

Eu

tive

outro

s bo

ns p

asse

s do

Pel

é na

min

ha c

arre

ira. E

sque

ma

de jo

go –

70-

joga

da e

nsai

ada

4.3.

2.2

Gér

son

Jo

gado

res

ou a

s de

mai

s pe

ssoa

s co

m a

s qu

ais

ele

conv

ersa

va m

ais

dent

ro d

o gr

upo:

G

– F

élix

, Car

los

Alb

erto

, Brit

o, e

u, P

iazz

a, E

vera

ldo.

Li

dera

nça

– 70

-trab

alho

em

rede

136

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.3.

2.3

Gér

son

70, u

ma

outra

org

aniz

ação

. Um

out

ro m

odel

o, q

ue c

omeç

ou e

ssa

sele

ção

em 6

8,

[...]

em 6

8 sa

ímos

par

a um

a ex

curs

ão à

Eur

opa,

que

era

a b

ase,

a e

spin

ha d

orsa

l de

ssa

de 7

0 qu

e, e

m 6

9, e

le te

ve u

m, f

icou

mei

o qu

ebra

da, p

orqu

e en

trou

o S

alda

nha,

que

tinh

a qu

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trar n

aque

la é

poca

, par

a re

orga

niza

r a b

agun

ça q

ue

tava

. Bag

unça

ent

re a

spas

... d

e ex

curs

ão...

Aqu

elas

coi

sas

toda

s...

Trei

nam

ento

de

sel

eção

é u

ma

cois

a, e

xcur

são

de s

eleç

ão é

out

ra, t

á ce

rto?

Ent

ão, c

omo

esta

va tu

do tu

mul

tuad

o, in

clus

ive

por c

ausa

do

regi

me

milit

ar, r

egim

e de

pre

ssão

, es

sas

cois

as to

das,

repr

essã

o, e

ssas

coi

sas

toda

s. E

ntro

u o

Sal

danh

a, q

ue e

ntro

u co

m o

esq

uem

a de

le,

Lide

ranç

a –

68-6

9-70

-líde

r mud

a e

o gr

upo

perm

anec

e

4.3.

2.3

Gér

son

Ent

rou

o S

alda

nha,

que

ent

rou

com

o e

sque

ma

dele

, que

ele

não

gos

tava

de

pont

a qu

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gass

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rás.

Gos

tava

de

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a na

fren

te. E

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o J

airz

inho

de

um la

do e

o

Edu

do

outro

. O te

rcei

ro h

omem

de

mei

o de

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po e

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ito p

elo

pont

a de

lanç

a,

na é

poca

o T

ostã

o ou

o P

elé.

Ess

e er

a o

esqu

ema

do J

oão

Sal

danh

a. E

joga

mos

as

Elim

inat

ória

s. F

omos

bem

. Es

quem

a de

jogo

– 6

9-do

líde

r(2)

4.

3.2.

3 G

érso

n Te

rmin

adas

as

Elim

inat

ória

s, c

onfu

são

de n

ovo

e ta

l e e

le s

aiu.

Sai

u o

Sal

danh

a.

Ent

rou

o Za

gallo

e to

do m

undo

diz

ia: A

h! T

á em

cim

a da

coi

sa, n

ão te

m te

mpo

pra

tre

inar

... E

ntro

u o

Zaga

llo. T

roco

u o

sist

ema.

Zag

allo

já g

osta

va d

e po

nta

fech

ando

o

mei

o, c

omo

ele

joga

va...

Es

quem

a de

jogo

– 7

0-do

líde

r(3)

4.

3.2.

3 G

érso

n E

le (Z

agal

lo) i

mpl

anto

u es

se s

iste

ma

com

Pau

lo C

esar

, só

que

ficar

am tr

ês p

onta

s:

Edu

joga

ndo

na fr

ente

, se

nece

ssita

sse

de u

m ti

me

mai

s of

ensi

vo; P

aulo

Ces

ar

faze

ndo

o m

esm

o tra

balh

o qu

e el

e fa

zia

se p

reci

sass

e; e

ele

ada

ptou

o R

ivel

lino

a es

sa fu

nção

, mei

a fu

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, um

pou

co n

a po

nta,

um

pou

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o m

eio

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ase

sem

pre

na in

term

ediá

ria a

dver

sária

par

a ch

utar

de

fora

da

área

, que

o R

ivel

lino

tinha

um

137

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

chut

e fo

rte e

tal.

E, p

ara

com

por o

mei

o do

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po, j

unto

com

igo

e co

m o

C

lodo

aldo

. Já

o po

nta

de la

nça

não

volta

va m

ais.

Fic

ava

lá. À

s ve

zes

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vam

os

dois

e v

olta

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Jai

rzin

ho ta

mbé

m p

ra fe

char

o m

eio

do c

ampo

. Ent

ão, o

nos

so

ataq

ue, n

o es

quem

a de

Zag

allo

, o n

osso

ata

que

mar

cava

qua

se s

empr

e o

mei

o de

ca

mpo

adv

ersá

rio e

o n

osso

mei

o de

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po m

arca

va o

ata

que

adve

rsár

io, q

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at

aque

adv

ersá

rio fi

cava

mui

to d

ista

nte

e se

m n

ingu

ém p

ra a

limen

tar e

le. A

í o q

ue

que

ele

tinha

que

faze

r? S

air d

e lá

da

frent

e e

vir p

ro m

eio

do c

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. Fic

ava

mai

s pe

rto d

o m

eio

de c

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del

es e

aí o

mei

o de

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po n

osso

mar

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o a

taqu

e ad

vers

ário

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nos

sa d

efes

a fic

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tranq

uila

, sem

pro

blem

a ne

nhum

por

que

não

tinha

nin

guém

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nem

a b

ola

cheg

ava.

Isso

teor

icam

ente

, tá

certo

? N

o ca

mpo

, um

as v

ezes

com

um

pou

quin

ho m

ais

mov

imen

tado

, sai

ndo

mai

s ou

sai

ndo

men

os,

às v

ezes

um

a m

arca

ção

noss

a, o

adv

ersá

rio c

onse

guia

faze

r um

gol

, con

segu

ia

cheg

ar p

erto

, mas

isso

na

Cop

a do

Mun

do...

no

cont

exto

ger

al e

ra o

mín

imo.

Ent

ão

orga

nizo

u.

Esqu

ema

de jo

go –

70-

do lí

der(

3)

4.3.

2.3

Gér

son

O C

láud

io C

outin

ho, p

or e

xem

plo,

ele

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os E

stad

os U

nido

s qu

e, n

a ép

oca

esta

va

em v

oga

era

o te

ste

de C

oope

r, o

Dr.

Coo

per q

ue fa

zia

esse

test

e pr

a as

trona

uta

e ta

l. O

Cou

tinho

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á e

adap

tou

isso

tudo

par

a o

fute

bol e

impl

anto

u na

Sel

eção

B

rasi

leira

. Tan

to é

que

qua

ndo

cheg

ou lá

fora

, cad

a se

leçã

o fo

i cad

a jo

gado

r foi

de

stac

ado

de c

ada

sele

ção

pra

faze

r o te

ste

físic

o qu

e os

méd

icos

exi

giam

. O

rgan

izaç

ão –

70-

prep

aro

físic

o e/

ou a

clim

ataç

ão

4.3.

2.3

Gér

son

A O

rgan

izaç

ão m

undi

al d

e S

aúd

e, fo

i ela

que

fez

os te

stes

. G

– E

xata

men

te. E

o B

rito

foi c

onsi

dera

do o

mel

hor f

ísic

o de

toda

a C

opa

e a

noss

a S

eleç

ão ta

mbé

m p

elos

test

es q

ue fi

zem

os e

pel

o te

ste

que

o B

rito

fez

lá q

ue

quas

e ex

plod

iu a

máq

uina

del

es lá

. Ent

ão o

rgan

izou

. O

rgan

izaç

ão –

70-

prep

aro

físic

o e/

ou a

clim

ataç

ão

138

1 Ite

ns

2 Fo

nte

3 Po

ssív

el ra

zão

do s

uces

so

4.3.

2.3

Gér

son

Toda

vez

que

org

aniz

aram

, a S

eleç

ão d

ispu

tou

o tít

ulo.

Se

ganh

ar o

u nã

o, é

out

ro

prob

lem

a, m

as d

ispu

tou.

O

rgan

izaç

ão

4.3.

2.3

Gér

son

A q

uest

ão d

a co

nver

sa, v

ocê,

com

que

m q

ue v

ocê,

den

tro d

a S

eleç

ão...

G

– O

s qu

e fa

lava

m m

ais.

Os

que

disc

utia

m m

ais,

dis

cutia

m e

ntre

asp

as, n

é? C

om

a co

mis

são

técn

ica,

com

o Z

agal

lo, e

ntre

nós

, tin

ha s

empr

e um

gru

po, q

ue e

ra

Félix

, eu,

Car

los

Alb

erto

, Brit

o, P

iazz

a...

Ser

iam

ess

es a

í mai

s ou

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os...

G

– Q

ue a

gen

te d

iscu

tia, a

rgum

enta

va e

, den

tro d

o ca

mpo

a m

esm

a co

isa.

Fa

lava

, o o

utro

fala

va. A

gora

, até

na

reun

ião

gera

l, m

as ti

nham

aqu

eles

que

se

mpr

e fa

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m m

ais,

se

posi

cion

avam

mel

hor.

Por

que

não

cred

ibilid

ade,

por

que

cred

ibilid

ade

todo

mun

do ti

nha

e to

do m

undo

tinh

a vo

z, d

entro

do

grup

o, n

é? T

odo

mun

do d

iscu

tia e

tal.

É is

so?

É. V

amos

pro

trei

no. C

hega

va lá

, dis

cutia

com

o

Zaga

llo o

que

ele

que

ria o

que

nós

que

ríam

os o

que

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pen

sáva

mos

e b

otav

a em

pr

átic

a. E

aí,

no in

terv

alo,

a g

ente

dis

cutia

o q

ue ti

nha

acon

teci

do, o

que

o Z

agal

lo

tinha

obs

erva

do d

e fo

ra e

o q

ue n

ós e

stáv

amos

sen

tindo

de

dent

ro e

junt

ava

uma

cois

a na

out

ra.

Tinh

a es

se d

iálo

go.

G –

Tin

ha, t

inha

. Ele

dav

a lib

erda

de p

ra g

ente

e, s

e el

e ac

hass

e qu

e o

que

nós

está

vam

os fa

land

o er

a m

elho

r, en

tão

faz

o qu

e vo

cês

estã

o di

zend

o, s

em

prob

lem

as.

Lide

ranç

a –

70-tr

abal

ho e

m re

de

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

139

A seguir, extraídas do Quadro 4, listei no Quadro 5 as unidades temáticas de análise ou categorias, e respectivas subcategorias relacionadas à Copa de 1970.

Quadro 5 – Listagem das categorias e subcategorias relacionadas ao sucesso na Copa do Mundo de 1970 CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Organização 70-organização em geral

70-preparo físico e/ou aclimatação Liderança 68-líder(1) monta o grupo

68-69-70-líder muda e o grupo permanece 69-líder(2) define o grupo e dá personalidade ao grupo – as feras 69-70-personalidade do grupo 69-líder(2) elogios aos seus defeitos 70-necessidade de mudança do líder 70-líder(3) 70-líderes dentro do campo 70-identificação do líder(3) com o grupo 70-atuação do membro mais capaz do grupo – Pelé 70-confiança em declaração de membro do grupo – Tostão 70-ambiente 70-trabalho em rede

Esquema de jogo

69-do líder(2) 70-do líder(3) 70-grupo tinha conhecimento claro das dificuldades 70-jogada ensaiada

Fonte: Elaborado pelo autor.

No período entre 1966 e 1970 foram técnicos da Seleção: Vicente Feola, Aymoré Moreira, Zagallo, João Saldanha e Zagallo.

Conforme mostrado no item 4.2.1.1 deste estudo, a Seleção vitoriosa da Copa no México teve o seu início em 1968 com Aymoré Moreira, modificada um pouco por João Saldanha em 1969 e mantida a sua formação básica por Zagallo em 1970. As modificações nas três Seleções foram poucas e naturais, de acordo com o pensamento de cada um dos treinadores, entendemos que houve certa continuidade da equipe e que poderíamos concluir que um bom número deles jogaram juntos durante os anos de 1968, 1969 e 1970. Percebe-se a capacidade

140

de Aymoré Moreira na formação inicial e a inteligência dos treinadores seguintes, Saldanha e Zagallo, que mantiveram a formação inicial em seus princípios e a adaptaram à formação tática que entenderam ser a mais adequada em suas respectivas convicções. Por questões culturais nossas, que afetam sobremaneira a política do futebol, não tivemos um mesmo técnico nos três anos citados, o que nos pareceria natural, mas, pelo menos, tivemos técnicos inteligentes o suficiente e com a necessária persistência na época certa.

6.4 LIGAÇÕES ENTRE OS DOIS GRUPOS CRIATIVOS

6.4.1 Oito jogadores presentes nas duas Copas

De todos os protagonistas dos eventos estudados nesta pesquisa, a ligação mais direta e óbvia são os oito jogadores que estiveram presentes nas duas Copas do Mundo (1966 e 1970). São eles: Pelé, Carlos Alberto, Gérson, Tostão, Jairzinho, Brito, Edu e Joel Camargo. O fato de terem participado do insucesso de 1966 e depois poderem ser igualmente protagonistas do sucesso da Copa seguinte, a de 1970, lhes deu uma visão particular, específica e especial, pois suas opiniões não são a interpretação de quem observa e tira as suas conclusões do que teve a oportunidade de observar, mas sim as opiniões de quem esteve lá e viveu cada momento, cada decisão, cada escolha de alternativas durante os acontecimentos. São observações de quem estava não só presente, mas viveu a ansiedade da preparação, da grande pressão das convocações, da desorganização, da falta de liderança, das indefinições e do ambiente do “já ganhou” de 66. E, quatro anos depois, em 1970, uma preparação primorosa, com a pressão normal que está sempre presente nas convocações da Seleção Brasileira, da organização geral bem melhor do que a da Copa anterior, das lideranças dos treinadores, presentes e atuantes, o que não deu margem para indefinições. Sem falar do ambiente sadio de competir em uma Copa do Mundo sem soberba e encarando as demais seleções com o respeito devido a cada uma delas por terem tido a capacidade de se classificar para um evento tão importante.

141

6.4.2 Preparo físico

Outra ligação importante está relacionada ao preparo físico, que foi deficiente em 1966, tanto pelo fato de que o futebol brasileiro era reconhecido como fisicamente mais fraco ou inferior do que os europeus e até por causa da substituição de Paulo Amaral pelo professor de judô Rudolf Hermmany. Isso serviu de lição, da qual foi tirada proveito de 66 para 70.

Carlos Alberto – [...] “em 66 o Brasil foi surpreendido pelo que seria uma revolução da parte física dos europeus. Foi quando eles mostraram pro mundo o chamado futebol-força, que era, nada mais nada menos, que uma preparação física excepcional.” [...] “o jogador brasileiro” [...] “era reconhecido como” [...] “fisicamente era mais fraco ou inferior do que os europeus” [...] “e isso aí serviu de lição pra nossa preparação em 1970” [...] “a preocupação da Comissão Técnica” [...] “era em relação à parte física”. [...] “eles garantiam que, na Copa do Mundo, nós iríamos estar numa forma extraordinária. Primeiro, para jogar na altitude e segundo para enfrentar a evolução que eles tiveram na Copa de 66 e foi o que aconteceu, nos preparamos muito. Muito trabalho...” [...] “Chegamos na Copa do Mundo e o time não no ápice, vamos dizer assim, mas de 1 a 10, nove de preparação” [...] “Brito, pela primeira vez na história do futebol brasileiro, um jogador brasileiro de Seleção, foi considerado o melhor preparo físico, [...]” “fora isso, a prova de que, quase todos os jogos, nós ganhamos no segundo tempo. Quase todos os jogos, a vitória foi conseguida no segundo tempo, numa fase da partida em que o desgaste já existe”. [...] “Então essa aí foi a grande diferença que houve e a lição que nós soubemos tirar proveito dela, de 66 para 70” (item 4.3.1.3).

142

O Brasil empatou no primeiro tempo em quatro dos seis jogos, justamente os mais difíceis: o jogo de estreia e os outros três com seleções campeãs do mundo.

1º tempo 2º tempo 1 Brasil 4x1 Tchecoslováquia 1x1 4x1 Vitória no 2º tempo 2 Brasil 1x0 Inglaterra 0x0 1x0 Vitória no 2º tempo 3 Brasil 3x2 Romênia 2x1 3x2 ––- 4 Brasil 4x2 Peru 2x1 4x2 ––- 5 Brasil 3x1 Uruguai 1x1 3x1 Vitória no 2º.tempo 6 Brasil 4x1 Itália 1x1 4x1 Vitória no 2º.tempo

Max Gehringer – (Copa de 1966) “Paulo Amaral foi para um cargo mais alto administrativamente, sendo substituído pelo professor de judô Rudolf Hermmany” (item 4.1.4). Gérson – (Copa de 1970) [...] “O Cláudio Coutinho, por exemplo, ele foi aos Estados Unidos que, na época estava em voga era o teste de Cooper, o Dr. Cooper que fazia esse teste pra astronauta e tal. O Coutinho foi lá e adaptou isso tudo para o futebol e implantou na Seleção Brasileira”. [...] “o Brito foi considerado o melhor físico de toda a Copa e a nossa Seleção também pelos testes que fizemos e pelo teste que o Brito fez lá que quase explodiu a máquina deles lá” (item 4.3.2.3).

6.5 A ORGANIZAÇÃO APRENDEU?

O terceiro objetivo específico desta Dissertação é: verificar se as razões levantadas para desempenhos tão diferentes foram disseminadas na organização como aprendizado. Não obstante não termos tido condições e oportunidade de verificar na própria Confederação Brasileira de Futebol – CBF, sucedânea da instituição da época, a Confederação Brasileira de Desportos – CBD, a qual foi a responsável pela organização de todos os esportes no país até 1979, podemos analisar essa questão sob dois enfoques.

143

6.5.1 Primeiro enfoque

Diz respeito ao recorte que fiz neste trabalho, para estudar as Copas do Mundo de 1966 e 1970. De 1966 para 1970, os resultados finais falam por si mesmos e podemos presumir que deve ter havido uma análise dos erros e desencontros de 66, análise essa que deu origem a mudanças em procedimentos e filosofia de trabalho de tal forma que, sendo bem executados, levaram ao sucesso quatro anos depois, em 1970. Em assim sendo, podemos presumir que a resposta à questão desta Seção seja positiva: as razões levantadas foram realmente disseminadas na organização como aprendizado.

Essa constatação vem ao encontro das seguintes palavras de Armando Nogueira, registradas no item 4.1.4: “[...] Aquela história de a gente dizer sempre que a derrota às vezes é mais fecunda do que a vitória, se confirmou em 66”.

E como contestar aquela pesquisa, que está registrada no no final do item 4.2.3, a qual foi realizada em 1996, com 150 cronistas esportivos e historiadores da Europa para escolher os 50 melhores times de futebol, quando então foi escolhido como o melhor time de todos a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1970 no México?

6.5.2 Segundo enfoque

Diz respeito às Copas de 1970 e 1974. Os procedimentos e filosofia de trabalho adotados os quais levaram ao sucesso em 1970 foram disseminados na organização como aprendizado?

Encontramos o seguinte texto em Simões (2010, p.68) sobre o desempenho da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1974 na Alemanha:

A Copa da Alemanha deu início ao maior jejum de títulos mundiais da história da Seleção Brasileira. O que mais impressiona é que, em 1974, a comissão técnica repetiu grande parte dos erros cometidos oito anos antes, na preparação para o mundial da Inglaterra, onde o Brasil foi eliminado ainda na primeira fase.

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Na Alemanha, o vexame não foi tão grande, mas esteve próximo. Zagallo foi mantido à frente da equipe e seguia contando com uma série de craques. É verdade que Gérson, Pelé e Tostão não defendiam mais a Seleção, mas, mesmo assim, o grupo de jogadores era muito forte. Com uma preocupação defensiva exagerada, o time de Zagallo empatou sem gols as suas duas primeiras partidas, contra a Iugoslávia e Escócia. Na última rodada da primeira fase, a vaga no Grupo 2 só seria conquistada com uma vitória de pelo menos três gols de diferença sobre o Zaire, que já tinha levado 9x0 dos iugoslavos. E foi sofrido, pois o terceiro gol sobre os africanos, marcado por Valdomiro, só saiu aos 34 minutos da etapa final. A fórmula de disputa tinha mudado, e as semifinais foram disputadas em dois quadrangulares. [...] A Seleção Brasileira chegou à última partida contra a poderosa Holanda de Cruiff precisando da vitória para ser finalista, pois os holandeses tinham vencido seus dois primeiros jogos e somavam um saldo de gols melhor. [...] na etapa final (2º tempo), os holandeses mandaram na partida e fizeram 2 a 0. Nova derrota foi sofrida na decisão do terceiro lugar, diante da Polônia.

O site Nominuto.com também nos fornece informações bastante interessantes para o entendimento sobre o desempenho da Seleção de 1974, ora descrevendo a Holanda, ora entrevistando o técnico Zagallo. Descrevendo: “a Holanda (que tinha o apelido de Laranja Mecânica [...] tanto pelos uniformes quanto pelo esquema do ‘Carrossel’”. O carrossel se constituía em: “dois jogadores recuados, dois avançados e o resto girando em campo, ora atacando, ora defendendo”). Entrevistado, “Zagallo fez aparentemente pouco caso do inimigo – “Quem é a Holanda?”, indagou” (TORQUATO, 2010).

Diz-nos igualmente o jornal O Estado de São Paulo em seu site que “A falta de tradição dos holandeses em Copas fez

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Zagallo subestimá-los. ‘Não é o diabo que estão pintando’, foi a opinião do treinador publicada pelo Estadão no dia 18 de junho”. A partida contra a Holanda se realizaria no dia 03 de julho. “Nas entrevistas pós derrota o discurso mudara. ‘Caímos diante da melhor seleção que está disputando esse torneio’, é a frase do ‘Velho Lobo’ que aparece em texto de 04 de julho”.

Encontramos ainda em Roman (2014, p. 52, curiosidade 85) “Zagallo desdenhou da ótima equipe da Holanda, antes do confronto que valeria uma vaga na final da Copa. Depois da derrota brasileira, Zagallo admitiu ter sido surpreendido pela qualidade e constante movimentação da laranja mecânica”.

6.5.3 Analisando os dois enfoques

Observando os dois enfoques, deduzimos, assim, que certamente houve um trabalho meticuloso e bem feito de análise dos erros de 1966 seguido de mudanças de procedimentos e filosofia de trabalho, as quais levaram ao sucesso em 1970. Por outro lado, o sucesso de 1970 não foi absorvido e, apenas prestando atenção nas categorias e subcategorias do Apêndice C, fazemos as seguintes observações: primeira, que a “soberba” do bicampeão, uma das razões da derrota em 66, reaparece nas declarações do treinador em 1974, quando se expressa, ao comentar sobre a seleção holandesa: “Quem é a Holanda?”, o que poderia ser chamado de a “soberba” do tricampeão, ou então, transgredindo, digamos assim, uma das subcategorias importantes para a conquista de 70, ao demonstrar não ter conhecimento claro das dificuldades. Ou seja, não conhecer a equipe adversária nas semifinais, ao dizer “Não é o diabo que estão pintando”, tendo sido “surpreendido pela qualidade e constante movimentação da laranja mecânica”. Concluímos dessa forma que, ao contrário do que houve de positivo de 1966 para 1970, não houve a disseminação de informações relevantes na organização quando da preparação da Seleção de 1970 para 1974. Ou seja, a organização aprendeu com o fracasso, mas não aprendeu com o sucesso, o que nos faz acrescentar 1974 às palavras de Armando Nogueira já citadas anteriormente nesta Seção: “Aquela história de a gente dizer sempre que a derrota às vezes é mais fecunda do que a vitória, se confirmou em 66 e 74”.

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6.5.4 Copa de 2014

Ainda a respeito de aprendizado da organização e repetição de erros, três detalhes chamaram a minha atenção na Copa deste ano aqui no Brasil: lapsus linguae; não ter conhecimento claro das dificuldades; e líderes em campo

O primeiro, um lapsus linguae, um erro involuntário de conversação, cometido pelo nosso craque maior, Neymar, em entrevista que ele concedeu ainda em campo ao repórter da TV Globo. Respondendo sobre o que achara da partida de estreia da Seleção na Copa 2014. Disse Neymar mais ou menos assim: – nós sabíamos que não ia ser um jogo difícil, digo, não ia ser um jogo fácil... O lapsus linguae, ou ato falho, se caracteriza pelo fato de a gente dizer, sem querer, o que pensa, buscando corrigir logo em seguida. Na minha dedução, o craque apenas deixou escapar o que todos na Seleção realmente pensavam: que seria fácil ganhar a Copa aqui no Brasil, ou seja, a mesma “soberba de 1966”, agora com a roupagem 2014. Talvez no pensamento de que “a Copa é no Brasil”, ou então que “vencemos bem a Copa das Confederações”, assim, era só deixar o tempo passar e ir lá pegar a Taça, seria, quem sabe, a “soberba” do pentacampeão?

O segundo detalhe me parece repetição da transgressão, digamos assim, já ocorrida em 74, de uma das subcategorias importantes para a conquista de 70, ao demonstrar não ter conhecimento claro das dificuldades, ou seja, não conhecer a equipe adversária nas semifinais. Na minha ótica, e Seleção se apresentou mais ofensiva ainda nas semifinais contra a Alemanha, o que não significa desdenhar a outra equipe e sim não reconhecer a sua força e a sua capacidade. Se não foi esse o caso, como explicar os placares tão apertados da Alemanha contra todas as outras seleções, durante toda a Copa, exceção feita na estreia nos 4x0 contra uma seleção desarticulada e desentrosada de Portugal?

Fase de Grupos Alemanha 4x0 Portugal Alemanha 2x2 Gana Alemanha 1x0 Estados Unidos Oitavas de Final Alemanha 2x1 Argélia Quartas de Final Alemanha 1x0 França Semifinal Alemanha 7x1 Brasil Final Alemanha 1x0 Argentina

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A seleção de Gana empatou de 2x2; os Estados Unidos

perderam de apenas 1x0, ambos na fase de grupos; A Argélia perdeu de 2x1 nas oitavas; a França perdeu de 1x0 nas quartas; o Brasil perdeu de 7x1 nas semifinais e a Argentina perdeu a final por 1x0.

O terceiro detalhe se refere aos líderes em campo e, na memória, ainda está bem nítido para mim algumas cenas do filme que assisti, muitos anos depois, da final com a Suécia em 1958. Ao ver o primeiro gol da partida, gol da Suécia, Didi, um dos líderes em campo daquela Seleção, vai ao fundo do gol, pega a bola e a carrega calmamente para o centro do campo, dirigindo-se aos outros jogadores, falando mais ou menos assim: – calma pessoal, nós vamos ganhar esse jogo. Nós somos melhores ou algo do gênero. Os jogadores escutam o líder, levantam a cabeça, mostram o que sabem fazer e o resultado é aquele que todos já sabem 5x2 para o Brasil. E Didi e os outros líderes como Nilton Santos e Bellini, repetiram a dose em 62 sagrando-se bicampeões. Em 70 tivemos Gérson e Carlos Alberto, em 94 tivemos Dunga. E em 2014? Faltou um Didi, um Nilton Santos, um Bellini que pegasse a bola quando sofremos o primeiro gol e exortasse o time não apenas para a vitória, mas sim para jogar com garra e determinação, para suar a camisa como dizemos aqui no Brasil quando o time se esforça muito no jogo.

Nesse sentido, como diria o mestre e professor Neri, nesse sentido, lembro o pouco conhecido episódio no jogo com a Venezuela, na capital Caracas, pelas Eliminatórias de 1969 para a Copa de 1970, que vou narrar como me ficou na minha lembrança e na leitura de algumas fontes, quando tinha 23 anos. Estava uma chuvinha fina, e o primeiro tempo terminou empatado em 0x0. A surpresa dos jogadores, quando se dirigiram para o vestiário no intervalo, foi encontrá-lo com a porta fechada. E fechada a cadeado. Foram questionar o técnico João Saldanha, pois queriam tomar água e ir ao banheiro. Escutaram dele, de forma indignada, os seus motivos: – Prá que? Vocês não jogaram nada! Não suaram a camisa! Não precisam ir ao vestiário. E assim aconteceu.

Resultado final do jogo: Brasil 5x0 Venezuela. João Saldanha, naquele jogo, foi o nosso Didi.

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Resposta – Em resposta à pergunta-título desta Seção, podemos assim concluir que, devido ao trauma da eliminação precoce da Seleção na Copa do Mundo de 1966, a organização aprendeu, tanto que a Seleção venceu a Copa seguinte, de 1970 com sobras, sendo considerada por muitos, senão a melhor, como uma das melhores Seleções de todos os tempos. Percebemos, também, que, no quesito organização geral a organização aprendeu e tem fornecido boas condições físicas e de ambiente para todas as Seleções desde então, mas não aprendeu com os erros aqui relatados como soberba e conhecimento claro das dificuldades. É bem possível que uma coisa leve à outra, pois, quando a soberba se instala, a pergunta recorrente é sempre a mesma: em 1974 – quem é a Holanda? Em 2014 – Quem é a Alemanha? E aí se cai na avaliação incorreta das dificuldades que a Seleção poderá encontrar no decorrer da partida. Poderíamos também enfocar 1982, quem sabe, será que houve a pergunta Quem é a Itália? Pois, nesta Copa na Espanha, a Seleção estaria classificada para as semifinais com um empate, devido ao melhor saldo de gols. Assim, quando estava 0x0 a Seleção Brasileira já estava classificada. Mas Paolo Rossi fez 1x0 aos 5 minutos e Sócrates empatou aos 12 minutos e a Seleção estava novamente classificada. Aos 29 minutos Paolo Rossi faz 2x1 para a Itália e o Brasil só conseguiu o empate aos 23 minutos do segundo tempo. E a Seleção ficou, pela terceira vez na partida, novamente classificada para as semifinais e continuou atacando. Resultado: Paolo Rossi faz o terceiro e derradeiro gol da partida seis minutos depois, aos 29 minutos e a Seleção sai da Copa naquela que ficou conhecida futebolisticamente como a “tragédia de Sarriá”, o nome do estádio em que foi disputada a partida em Barcelona.

Percebemos neste estudo, que as categorias e subcategorias apesar de terem sido levantadas para cada Copa específica aqui estudada, podem perfeitamente ser estendidas para as Seleções das demais Copas, como o fizemos nesta Seção na análise das Seleções de 1974 e 2014. Com a mesma indução, entendo que estas categorias e subcategorias podem igualmente ser estendidas para outros grupos que pretendam ser criativos, conforme farei na Seção a seguir.

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6.6 POSSÍVEIS PADRÕES, CONCEITOS E/OU INDICATIVOS RELACIONADOS AO DESEMPENHO DE GRUPOS CRIATIVOS A PARTIR DO ESTUDO SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NAS COPAS DO MUNDO DE 1966 E 1970

O título da Seção corresponde ao objetivo geral deste estudo e todo o trabalho até este ponto foi levado a efeito para conduzir a busca por esses possíveis padrões, conceitos e/ou indicativos que possam vir a orientar o desempenho de grupos criativos. O enfoque dado foi no sentido de efetuar um estudo sobre o desempenho da Seleção Brasileira de Futebol em dois eventos subsequentes, com resultados antagônicos, que pudesse fornecer pistas do porque ter acontecido o fracasso no primeiro evento e, quatro anos depois, ter atingido um grande sucesso. Considerando haver inúmeros registros sobre os dois eventos, a Copa do Mundo de 1966 e a Copa do Mundo de 1970, foram selecionados dados e informações em número suficiente, no nosso entender, para compreender o assunto de maneira geral. A partir desses dados e informações, enveredamos pelo caminho na busca de pistas que pudessem nos levar a possíveis respostas sobre como tudo aconteceu.

Considerando, que em 1966 eu tinha vinte anos de idade e escutei pelo rádio aquelas três partidas da Seleção, torcendo como nunca para que a última delas contra Portugal terminasse o mais breve possível para evitar a goleada;

Considerando que, três anos depois, morando na Rua Uruguai, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, acompanhei com vibração a trajetória da Seleção nas Eliminatórias de 69 e, um ano depois, o seu percurso vitorioso na Copa do Mundo de 1970.

Parti para o estudo com algumas ideias pessoais sobre os acontecimentos que seriam pesquisados nesta Dissertação.

E o interesse nesse levantamento não foi somente atender à curiosidade de torcedor, pois o trabalho agora era outro, profundo, cuidadoso, meticuloso, objetivo, mergulhado em uma empreitada acadêmica de interesse científico. As minhas ideias e conjecturas como espectador da época, precisavam ser ditas, digamos assim, pela boca de outras pessoas. Mas não poderiam ser quaisquer pessoas, precisavam ser os protagonistas dos eventos, os jornalistas que os cobriram e/ou aqueles que os entrevistaram e/ou aqueles que escreveram livros. Dos livros que

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pudemos encontrar, resgatamos, de suas páginas, registros e análises a respeito do assunto, e as notícias, ou seriam aquelas de revistas e jornais da época, ou informações em sites.

A estratégia da busca, ou seja, como foi feita a pesquisa, se encontra descrita na Seção 5.2 e os critérios, em cada passo, aparecem nas respectivas Seções.

Alguns resultados do garimpo das informações que fomos selecionando com a peneira particular desses nossos critérios, foram:

1) Que a Seleção de 1970 não havia começado um ano antes, em 1969, como estava no meu imaginário, não. O próprio Saldanha, em registro no item 4.2.1.1, informa que a conquista de 70 teve seu início em 1968 em Varsóvia, na Polônia, com Aymoré Moreira;

2) Que a convocação dos 44(47) jogadores era resultado da pressão dos clubes e/ou federações estaduais;

3) Que não era o técnico de 66 que decidia a escalação da Seleção;

4) Que o jogador Servílio, presente em todos os jogos de preparação para a Copa e em cinco dos sete amistosos realizados às vésperas do Mundial, era muito importante para a Seleção de 1966, pois, junto com Gérson, era um dos alimentadores de Pelé com passes adequados durante os jogos;

5) Que a desorganização era muito maior do que imaginávamos no início dos trabalhos, tanto que Servílio foi cortado dez dias antes da estreia na Copa e deixaram Gérson se contundir na antevéspera do primeiro jogo, o que fez com que o jogador pudesse participar de somente um dos três jogos daquela Copa;

6) Que o gol de empate na partida com o Uruguai não foi uma circunstância fortuita do jogo, mas sim uma jogada que foi urdida por Gérson e Carlos Alberto, dois importantes líderes dentro de campo;

7) Que o quarto gol da vitória sobre a Itália na partida final da Copa também não foi outra circunstância do jogo, não. Foi uma jogada ensaiada que só aconteceu porque Carlos Alberto Torres estava em ótima forma física e fez tranquilamente um “teste de Cooper” ao apagar das luzes do jogo, aos 41 minutos do segundo tempo;

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8) Igualmente importante aquela revelação sobre a atuação particular de Pelé, que solicitou a ajuda de todos para a conquista da Copa que seria a sua última e que se todos se esforçassem, se unissem, poderiam chegar ao título.

6.6.1 “Achados” da Investigação (Findings)

Adotamos como metodologia, fazer os levantamentos necessários, relacionados ao mundo naquela época, especialmente no país onde se realizaria a Copa, os jogadores, as comissões técnicas, os preparativos, o desempenho e as opiniões de cada Copa, restando ao final o conteúdo das entrevistas que pudéssemos realizar. Conseguimos realizar duas entrevistas, com Carlos Alberto Torres, o capitão do Tri e Gérson de Oliveira Nunes, o cérebro do time, de acordo com a opinião de Carlos Alberto e Tostão. De posse dos dados que pudemos levantar, fizemos a compilação e a arrumação adequada, de forma a permitir, a qualquer leitor: conhecer o ambiente quando da realização de cada evento, os protagonistas, alguns detalhes dos jogos, opiniões abalizadas, entrevistas específicas com os protagonistas das duas Copas e o raciocínio que seguimos até chegar neste item, quando então iremos discorrer sobre os resultados finais da pesquisa.

O primeiro conceito ou indicativo observado quando se faz a comparação das duas Seleções é o de “Organização geral”. Com organização no sentido de planejamento e preparo, com hierarquia e funções bem definidas, com as pessoas se relacionando com o objetivo de um bom funcionamento da estrutura organizacional como um todo, no caso o bom funcionamento da organização esportiva CBF. Que facilite a colaboração e a coordenação do trabalho entre os diversos envolvidos e melhore a eficiência das unidades organizacionais. Acrescentamos o termo geral para enfatizar que o que se diz da organização não se relaciona à maior parte ou a alguns setores apenas, é comum, sim, à totalidade do grupo, que abrange todas as pessoas de todos os setores da instituição. O termo geral, enfim, tem o sentido de união, o que deveria ser comum e habitual. Em 1966 constatamos que

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houve desorganização geral e em 1970, ao contrário, uma organização como deve ser.

O segundo conceito que emerge nesta pesquisa é o de “Liderança”, cujo conceito adotado, neste estudo, é aquele de Ferreira (2010): a “capacidade de influenciar outras pessoas ou grupos de modo que eles se envolvam e realizem ações comuns, do interesse do líder, sem necessitar, para isso, da autoridade conferida pela hierarquia funcional”. O conceito se aplica tanto ao técnico, o líder condutor do grupo, como àqueles jogadores que, naturalmente, pela sua capacidade profissional, pela admiração pelo seu comportamento e pelo carisma que possuem, entre outras qualidades, sua ascendência é aceita pelo grupo pela denominação que lhe demos na pesquisa: os líderes dentro do campo. Na Copa de 1966, devido à desorganização geral, o técnico, o líder, não conseguiu sequer montar uma equipe, uma Seleção, e, talvez por isso mesmo não tenha havido possibilidade da emergência de líderes dentro do campo. Ao passo que, em 1970, apesar da mudança repentina e talvez traumática de técnicos-líderes, estes souberam, cada um à sua maneira, conduzir o grupo a atingir patamares inesperadamente altos que repercutiram favoravelmente no público em geral, tanto nas Eliminatórias de 1969, como na conquista da própria Copa do Mundo de 1970. A forma carinhosa e respeitosa com que até hoje, transcorridos 44 anos da Copa, jogadores, jornalistas e o público em geral ainda chamem Carlos Alberto Torres de “Capita”, talvez seja a forma mais contundente de constatação de que aquela Seleção tinha um líder de fato dentro de campo.

Denominei o terceiro conceito de “Esquema de jogo”, com o qual quero significar a maneira como o grupo se organiza para funcionar.

O quarto indicativo foi denominado no trabalho como “Pressão dos clubes”, mas que, ao final no Quadro 6 – “Achados” da Investigação, aparece apenas como “Pressão”. Com esse conceito, buscamos chamar a atenção para que todos na equipe fiquem atentos com as pressões que já tenham se manifestado e também para analisar as possíveis pressões que poderão vir a ocorrer. A existência de uma equipe se deve para que ela realize ou faça algo, com interesses diversos de pessoas e/ou instituições externas ao grupo, com prazos e expectativa por resultados. Todos devem se preparar para

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superar as dificuldades oriundas da própria execução das tarefas, pois as dificuldades são naturais e estarão sempre presentes em todas as atividades. Identificar as dificuldades, alertar e preparar o grupo para a superação delas é uma tarefa afeita aos líderes, quer seja o técnico quer sejam os líderes dentro de campo.

O quinto conceito, a “Soberba”, é o popular “já ganhou”, “vai ser fácil”, “não tem para ninguém”. Em muitos casos, quando a mesma equipe realiza bem uma tarefa, começa a sensação de que dali para frente tudo vai ser mais fácil e que o sucesso está garantido pela permanência no grupo da maioria dos seus integrantes, ou então quando alguns integrantes se destacam e acreditam que o sucesso do grupo foi devido a eles, sem perceberem que a sua parte só foi possível ser feita, e muito facilitada, pelas tarefas bem feitas que os outros realizaram. Quando esses anônimos saem do grupo por alguma razão, permanecendo os que se destacaram, e a equipe não mais deslancha, ou então quando aquele que se destacou sai voluntariamente do grupo pensando em repetir o sucesso em outra equipe devido à sua performance, mas sem perceber que ela se deveu ou dependeu do trabalho bem feito de outro ou de outros. E todos ficam sem perceber o porque do insucesso.

O sexto conceito denominamos de “Estimulação do potencial criativo das equipes”, quando na Seção 3.1, registramos a observação de Di Nizo (2009, p.15) “[...] de que maneira e em que medida é possível estimular a criação de melhores estratégias para o desenvolvimento do potencial criativo das equipes”. Nas 17 páginas finais da obra, a autora sugere algumas técnicas para o trabalho coletivo, tais como “Os Seis Chapéus” de Edward de Bono e o “Brainstorming” de Alex Osborn. Além dessas, existem inúmeras outras técnicas para estimular a criatividade, tais como a regra Heurística, a Discussão 66, Scamper e Sinética. Nenhuma técnica é melhor que a outra e várias delas estão presentes em diversas obras como, por exemplo, “Ideias: 100 técnicas de criatividade”, de Aznar (2011). O autor é presidente honorário do Créa França, uma associação francesa para o desenvolvimento da criatividade e presidente do Créa University, uma associação em colaboração com a Universidade Paris Descartes.

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O sétimo conceito, “Tamanho da equipe”. Dos trabalhos que aparecem no Quadro 8 – Artigos mais citados, do item A.2.2 a, do Apêndice A, destaca-se aquele de autoria de Guimerà et al. (2005) com 180 citações, ou seja, 51,28% do total de todas as 351 citações. Esse artigo, “Team Assembly Mechanisms determine collaboration network structure and Team Performance”, de Guimerà et al. (2005), tem como objetivo mostrar que “equipes bem sucedidas expandem para um tamanho grande o suficiente para permitir especialização e divisão efetiva do trabalho entre os integrantes, mas pequenas o suficiente para evitar custos esmagadores” (GUIMERÀ, 2005, p. 697). Na análise efetuada foram levantados dados tanto da área artística como de disciplinas científicas, tomando como referência, respectivamente, (i) a Broadway Musical Industry (BMI) e (ii) psicologia social; economia, ecologia e astronomia. Os dados apresentados são grandiosos: o período da BMI foi de 1877-1990, com levantamentos de 2.258 produções, não sendo consideradas as reprises. Para as disciplinas científicas, o período foi de 1955-2004 com análises, respectivamente, de 16.526, 14.870, 26.888 e 30.552 trabalhos. As produções foram shows musicais apresentados pelo menos uma vez na Broadway e o time analisado foram todos os integrantes, como coreógrafos, diretores, responsáveis por libretos (escrita e parte lírica), exceto atores. Com relação às disciplinas científicas, foram consideradas publicações em Journals reconhecidos, em número de sete para psicologia social; nove para economia; dez para ecologia e seis para astronomia. Tendo sido investigado, tanto empiricamente como teoricamente, os mecanismos por meio dos quais as equipes criativas eram montadas. Dos resultados que os autores apresentam no artigo, cabe destacar, entre eles, um dos diversos gráficos da sua Figura 1. Esse gráfico mostra a evolução do número de integrantes da equipe da Broadway, partindo de um total de dois em 1880 e chegando a sete na década de 1920, mantendo-se este número mesmo no crack da bolsa em 1929 e durante toda a Segunda Guerra, perdurando esta composição ideal de sete integrantes até 1990. O estudo apresenta uma proposta de modelo, o qual é praticamente validado pela grande quantidade de dados, estando aí talvez a explicação do elevado número de citações (51,28% do total de todas as 351 citações).

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O oitavo conceito “Momento supremo”, foi desenvolvido na Seção 3.3 e poderíamos assim defini-lo: O destino de séculos é, frequentemente, decidido no espaço de um único momento, e um homem pode influir assim no porvir de milhões de pessoas. Raras vezes o fio do destino é agarrado um instante por mão indiferente, e esse homem acaba se sentindo mais atemorizado do que feliz. Uma tempestade de responsabilidade o lança ao grande espetáculo do mundo e a mão deixa escapar o fio. São muito poucos os que sentem a importância desse acaso e o aproveitam para subir às culminâncias. O homem lembra-se das suas outras virtudes, mas as suas outras virtudes, armas magníficas durante os dias vulgares e pacíficos, se derretem todas impotentes nas brasas do grande instante fatal (ZWEIG, 1956).

O nono conceito “Emoção”, vem dos estudos iniciais no EGC, em 2011, quando cursamos a disciplina “Introdução às Ciências da Cognição” e, no artigo final, desenvolvido com a colega e amiga Kíria Meurer Matos. Nesse artigo, estudando emoção, pensamento divergente e criatividade, concluímos que a emoção é o elemento crítico para que o pensamento divergente gere criatividade, definição essa que permeia a maioria dos aspectos aqui estudados.

Em seguida apresentamos os “Achados” da Investigação. São 18 possíveis conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos, para os quais fazemos as seguintes observações: Os cinco primeiros emergiram das categorias e subcategorias extraídas de todo o material levantado, conforme Seções 6.2 e 6.3 e seus significados estão detalhados nesta Seção 6.6. Os demais são aqueles conceitos e/ou indicativos que outros pesquisadores identificaram nas obras a que tivemos acesso, onde destacamos, com ênfase, a contribuição de Domenico de Masi, o qual, com seu livro A Emoção e a Regra, (DE MASI, 2007) nos estimulou percorrer todo esse caminho até chegarmos a estes “Achados”.

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ita p

elo

grup

o pe

la

deno

min

ação

que

lhe

dem

os n

a pe

squi

sa: o

s líd

eres

den

tro d

o ca

mpo

. S

eção

6.6

da

Dis

serta

ção

3)

Esq

uem

a de

jogo

A

man

eira

com

o o

grup

o se

org

aniz

a pa

ra fu

ncio

nar.

S

eção

6.6

da

Dis

serta

ção

157

Con

ceito

Si

gnifi

cado

/ Fo

nte

4) P

ress

ão

Bus

cam

os c

ham

ar a

ate

nção

par

a qu

e to

dos

na e

quip

e fiq

uem

ate

ntos

com

as

pres

sões

que

já te

nham

se

man

ifest

ado

e ta

mbé

m p

ara

anal

isar

as

poss

ívei

s pr

essõ

es q

ue p

oder

ão v

ir a

ocor

rer.

A e

xist

ênci

a de

um

a eq

uipe

se

deve

par

a qu

e el

a re

aliz

e ou

faça

alg

o, c

om in

tere

sses

div

erso

s de

pes

soas

e/o

u in

stitu

içõe

s ex

tern

as

ao g

rupo

, com

pra

zos

e ex

pect

ativ

a po

r res

ulta

dos.

Tod

os d

evem

se

prep

arar

par

a su

pera

r as

pres

sões

oriu

ndas

da

próp

ria e

xecu

ção

das

tare

fas,

poi

s es

sas

pres

sões

o na

tura

is e

est

arão

sem

pre

pres

ente

s em

toda

s as

ativ

idad

es. I

dent

ifica

r di

ficul

dade

s, a

lerta

r e p

repa

rar o

gru

po p

ara

a su

pera

ção

dela

s é

uma

tare

fa a

feita

ao

s líd

eres

, que

r sej

a o

técn

ico

quer

sej

am o

s líd

eres

den

tro d

e ca

mpo

. Que

r sej

a o

coor

dena

dor g

eral

, os

coor

dena

dore

s se

toria

is, q

ualq

uer m

embr

o do

gru

po q

ue

venh

a a

perc

eber

a p

ress

ão. A

todo

s, e

nfim

, cab

e al

erta

r o g

rupo

par

a qu

alqu

er fa

to

ou s

ituaç

ão q

ue e

nten

dam

pod

er d

ificu

ltar o

cum

prim

ento

das

tare

fas

nece

ssár

ias

para

que

o o

bjet

ivo

seja

atin

gido

. S

eção

6.6

da

Dis

serta

ção

5)

Sob

erba

É

o p

opul

ar “j

á ga

nhou

”, “v

ai s

er fá

cil”,

“não

tem

par

a ni

ngué

m”.

Em

mui

tos

caso

s,

quan

do a

mes

ma

equi

pe re

aliz

a be

m u

ma

tare

fa, c

omeç

a a

sens

ação

de

que

dali

para

fren

te tu

do v

ai s

er m

ais

fáci

l e q

ue o

suc

esso

est

á ga

rant

ido

pela

per

man

ênci

a no

gru

po d

a m

aior

ia d

os s

eus

inte

gran

tes,

ou

entã

o qu

ando

alg

uns

inte

gran

tes

se

dest

acam

e a

cred

itam

que

o s

uces

so d

o gr

upo

foi d

evid

o a

eles

, sem

per

cebe

rem

qu

e a

sua

parte

foi p

ossí

vel s

er fe

ita, e

mui

to fa

cilit

ada,

pel

as ta

refa

s be

m fe

itas

que

outro

s re

aliz

aram

. Qua

ndo

esse

s an

ônim

os s

aem

do

grup

o po

r alg

uma

razã

o e

a eq

uipe

não

mai

s de

slan

cha,

todo

s fic

am s

em s

aber

o p

orqu

ê do

insu

cess

o.

Seç

ão 6

.6 d

a D

isse

rtaçã

o

158

Con

ceito

Si

gnifi

cado

/ Fo

nte

6) E

stim

ulaç

ão d

o po

tenc

ial c

riativ

o da

s eq

uipe

s

De

que

man

eira

e e

m q

ue m

edid

a é

poss

ível

est

imul

ar a

cria

ção

de m

elho

res

estra

tégi

as p

ara

o de

senv

olvi

men

to d

o po

tenc

ial c

riativ

o da

s eq

uipe

s. E

xist

em à

di

spos

ição

, vár

ias

técn

icas

par

a o

traba

lho

cole

tivo,

tais

com

o os

Sei

s C

hapé

us, d

e E

dwar

d de

Bon

o, o

Bra

inst

orm

ing,

de

Ale

x O

sbor

n, a

Reg

ra H

eurís

tica,

a D

iscu

ssão

66

, Sca

mpe

r e S

inét

ica.

Nen

hum

a té

cnic

a é

mel

hor d

o qu

e a

outra

e a

sua

apl

icaç

ão

vai d

epen

der d

os o

bjet

ivos

per

segu

idos

, pod

endo

ser

util

izad

a m

ais

de u

ma

técn

ica

com

o m

esm

o gr

upo.

S

eção

3.1

da

Dis

serta

ção:

Di N

izzo

(200

9) e

Azn

ar (2

011)

. 7)

Tam

anho

da

equi

pe

Equ

ipes

bem

suc

edid

as e

xpan

dem

par

a um

tam

anho

gra

nde

o su

ficie

nte

para

pe

rmiti

r esp

ecia

lizaç

ão e

div

isão

efe

tiva

do tr

abal

ho e

ntre

os

inte

gran

tes,

mas

pe

quen

as o

suf

icie

nte

para

evi

tar c

usto

s es

mag

ador

es.

Gui

mer

à et

al.

(200

5) e

stud

ando

o n

úmer

o de

inte

gran

tes

dos

show

s m

usic

ais

da

Bro

adw

ay, e

m 2

.258

pro

duçõ

es, c

omo

core

ógra

fos,

dire

tore

s, re

spon

sáve

is p

or

libre

tos

(esc

rita

e pa

rte lí

rica)

, exc

eto

ator

es, v

erifi

cara

m q

ue: e

m 1

880

a eq

uipe

era

de

ape

nas

dois

inte

gran

tes,

os

quai

s ch

egar

am a

set

e na

déc

ada

de 1

920,

m

ante

ndo-

se e

ste

núm

ero

mes

mo

no c

rack

da

bols

a em

192

9 e

dura

nte

toda

a

Seg

unda

Gue

rra,

per

dura

ndo

esta

com

posi

ção

idea

l de

sete

inte

gran

tes

até

1990

. C

ada

equi

pe te

m s

uas

pecu

liarid

ades

e o

seu

tam

anho

idea

l, qu

e nu

nca

é m

uito

pe

quen

o e

nem

exc

essi

vam

ente

gra

nde.

Ite

m A

.2.2

a, d

o A

pênd

ice

A d

a D

isse

rtaçã

o: G

uim

erà

et a

l. (2

005)

. 8)

Mom

ento

sup

rem

o O

des

tino

de s

écul

os é

, fre

quen

tem

ente

, dec

idid

o no

esp

aço

de u

m ú

nico

mom

ento

, e

um h

omem

pod

e in

fluir

assi

m n

o po

rvir

de m

ilhõe

s de

pes

soas

. R

aras

vez

es o

fio

do d

estin

o é

agar

rado

um

inst

ante

por

mão

indi

fere

nte,

e e

sse

hom

em a

caba

se

sent

indo

mai

s at

emor

izad

o do

que

feliz

. Um

a te

mpe

stad

e de

re

spon

sabi

lidad

e o

lanç

a ao

gra

nde

espe

tácu

lo d

o m

undo

e a

mão

dei

xa e

scap

ar o

fio

. São

mui

to p

ouco

s os

que

sen

tem

a im

portâ

ncia

des

se a

caso

e o

apr

ovei

tam

par

a

159

Con

ceito

Si

gnifi

cado

/ Fo

nte

subi

r às

culm

inân

cias

. Le

mbr

a da

s su

as o

utra

s vi

rtude

s, m

as a

s su

as o

utra

s vi

rtude

s, a

rmas

mag

nífic

as

dura

nte

os d

ias

vulg

ares

e p

acífi

cos,

se

derr

etem

toda

s im

pote

ntes

nas

bra

sas

do

gran

de in

stan

te fa

tal.

Seç

ão 3

.3 d

a D

isse

rtaçã

o: Z

wei

g (1

956)

. 9)

Em

oção

Em

oção

é o

ele

men

to c

rític

o pa

ra q

ue o

pen

sam

ento

div

erge

nte

gere

cria

tivid

ade.

O

clim

a in

cand

esce

nte

de D

e M

asi,

que

é o

“Mas

ter m

ind”

de

Car

negi

e e

Hill,

pro

pici

a o

surg

imen

to d

as e

moç

ões

nece

ssár

ias

para

a fo

rja d

a cr

iativ

idad

e em

gru

pos.

S

eção

2.3

da

Dis

serta

ção:

Mat

os; S

outo

-Mai

or; F

ialh

o (2

011)

. 10

) Con

vivê

ncia

pa

cífic

a Fr

eque

nte

conv

ivên

cia

pací

fica,

na

mes

ma

equi

pe, d

e pe

rson

alid

ades

man

íaco

-de

pres

sivo

s co

m p

erso

nalid

ades

dot

adas

de

gran

de e

quilí

brio

. Ite

m 2

.3.2

da

Dis

serta

ção:

De

Mas

i (20

07, p

.20)

. 11

) Am

bien

te fí

sico

A

pro

cura

obs

tinad

a de

um

am

bien

te fí

sico

aco

lhed

or, b

onito

, dig

no, f

unci

onal

. Ite

m 2

.3.2

da

Dis

serta

ção:

De

Mas

i (20

07, p

.20)

. 12

) Fle

xibi

lidad

e do

s ho

rário

s Fl

exib

ilidad

e do

s ho

rário

s, m

as ta

mbé

m a

cap

acid

ade

de s

incr

onis

mo

e de

po

ntua

lidad

e.

Item

2.3

.2 d

a D

isse

rtaçã

o: D

e M

asi (

2007

, p.2

0).

13) I

nter

disc

iplin

arid

ade

Inte

rdis

cipl

inar

idad

e e

a fo

rte c

ompl

emen

tarid

ade

e af

inid

ade

cultu

ral d

e to

dos

os

mem

bros

Ite

m 2

.3.2

da

Dis

serta

ção:

De

Mas

i (20

07, p

.20)

. 14

) Obj

etiv

o co

mum

A

hab

ilidad

e na

con

cent

raçã

o de

ene

rgia

s de

cad

a um

no

obje

tivo

com

um

Item

2.3

.2 d

a D

isse

rtaçã

o: D

e M

asi (

2007

, p.2

0).

15) I

nter

câm

bio

entre

de

sem

penh

os e

fu

nçõe

s

A c

apac

idad

e de

cap

tar t

empe

stiv

amen

te a

s oc

asiõ

es, d

e ca

libra

r a d

imen

são

do

grup

o em

rela

ção

à ta

refa

, de

enco

ntra

r os

recu

rsos

, de

cont

empo

rizar

a n

atur

eza

afet

iva

com

o p

rofis

sion

alis

mo

de m

odo

a fa

cilit

ar o

inte

rcâm

bio

entre

des

empe

nhos

e

funç

ões.

Ite

m 2

.3.2

da

Dis

serta

ção:

De

Mas

i (20

07, p

.20)

.

160

Con

ceito

Si

gnifi

cado

/ Fo

nte

16) L

íder

-fund

ador

P

roem

inên

cia

do lí

der-f

unda

dor,

capa

z de

um

a de

dica

ção

quas

e he

roic

a pa

ra c

om o

ob

jetiv

o; e

xcep

cion

alm

ente

efic

az n

a cr

iaçã

o de

um

set

psi

coss

ocia

l, um

clim

a, u

m

ferv

or fo

ra d

o co

mum

; for

tem

ente

orie

ntad

o, c

om te

nsõe

s eq

uiva

lent

es, s

eja

para

co

m a

tare

fa, s

eja

para

com

o g

rupo

, sej

a pa

ra c

onsi

go p

rópr

io; c

aris

mát

ico

e co

mpe

tent

e ac

ima

de q

ualq

uer e

xpec

tativ

a; in

cons

cien

tem

ente

incl

inad

o a

com

porta

r-se

quas

e co

mo

se d

esej

asse

que

a o

rgan

izaç

ão p

or e

le c

riada

mor

ress

e co

m e

le; a

tent

o em

alim

enta

r a m

emór

ia e

a h

istó

ria d

o gr

upo

com

not

as b

iogr

áfic

as,

carta

s, fo

togr

afia

s, d

ocum

enta

ção

met

icul

osa;

cap

az d

e tra

nsfo

rmar

os

conf

litos

em

es

tímul

os p

ara

a id

ealiz

ação

e a

sol

idar

ieda

de.

O g

rupo

qua

se s

empr

e ac

eita

a li

dera

nça

com

resp

eito

e a

té c

om v

ener

ação

, ho

nran

do o

s im

pera

tivos

étic

os d

o un

iver

salis

mo,

do

inte

rcla

ssis

mo,

do

antib

uroc

ratis

mo,

do

antia

cade

mic

ism

o, d

o in

tern

acio

nalis

mo

e os

impe

rativ

os

prát

icos

da

parc

imôn

ia, d

o am

or p

elo

belo

e p

ela

mod

erni

dade

tecn

ológ

ica

Item

2.3

.2 d

a D

isse

rtaçã

o: D

e M

asi (

2007

, p.2

0).

17) M

istu

ra e

quilib

rada

N

ão é

obr

igar

pes

soas

con

cret

as a

ser

em m

ais

imag

inat

ivas

, ou

as p

esso

as

imag

inat

ivas

a s

erem

mai

s co

ncre

tas,

mas

sim

, for

mar

mist

uras

equ

ilibra

das

de

pess

oas

imag

inat

ivas

e d

e pe

ssoa

s co

ncre

tas,

cad

a um

a de

las

coer

ente

con

sigo

m

esm

a e

fiel à

pró

pria

voc

ação

nat

ural

. [...

] não

bas

ta c

oloc

ar la

do a

lado

m

ecan

icam

ente

pes

soas

imag

inat

ivas

com

pes

soas

con

cret

as, n

em é

bas

tant

e fo

rnec

er-lh

es u

m s

upor

te te

cnol

ógic

o ad

equa

do, é

pre

ciso

cria

r um

clim

a de

to

lerâ

ncia

recí

proc

a, e

stim

a e

cola

bora

ção;

refo

rçar

ess

e cl

ima,

dan

do-lh

e a

certe

za

de u

ma

mis

são

com

parti

lhad

a, to

rná-

lo in

cand

esce

nte

graç

as a

um

a lid

eran

ça

caris

mát

ica,

cap

az d

e de

rruba

r as

barr

eira

s qu

e bl

oque

iam

a c

riativ

idad

e da

equ

ipe.

Ite

m 2

.3.2

da

Dis

serta

ção:

De

Mas

i (20

07, p

.20)

.

161

Con

ceito

Si

gnifi

cado

/ Fo

nte

18a)

Mas

ter m

ind

A

lianç

a am

isto

sa, n

um e

spíri

to d

e ha

rmon

ia, e

ntre

dua

s ou

mai

s m

ente

s.

De

toda

alia

nça

men

tal,

seja

ou

não

num

esp

írito

de

harm

onia

, nas

ce u

ma

outra

m

ente

, que

afe

ta to

dos

os p

artic

ipan

tes

da a

lianç

a em

que

stão

[...]

mas

aco

ntec

e ta

mbé

m q

ue n

em s

empr

e de

ssa

uniã

o re

sulta

a c

riaçã

o de

um

“Mas

ter m

ind”

. O

“Mas

ter m

ind”

oco

rre c

omo

nas

reaç

ões

quím

icas

, nas

qua

is d

a co

mbi

naçã

o de

doi

s ou

mai

s el

emen

tos

surg

e um

a no

va s

ubst

ânci

a pe

la le

i das

afin

idad

es.

O “M

aste

r min

d” p

erm

anec

erá

disp

onív

el e

nqua

nto

exis

tir e

ssa

alia

nça

amig

ável

e

harm

onio

sa c

riada

pel

o líd

er d

o gr

upo.

Ite

m 2

.3.2

da

Dis

serta

ção:

Hill

(200

5).

18b)

Mas

ter m

ind

Aqu

i na

noss

a em

pres

a te

mos

um

“Mas

ter m

ind”

form

ado

com

mai

s de

vin

te h

omen

s,

que

cons

titui

o m

eu p

esso

al, i

sto

é, d

ireto

res,

ger

ente

s, c

onta

dore

s, q

uím

icos

e

outra

s pe

ssoa

s es

peci

aliz

adas

. Pes

soa

algu

ma

dent

re a

s qu

e co

mpõ

em o

gru

po

poss

ui, e

m p

artic

ular

, est

a m

ente

a q

ue a

cabo

de

me

refe

rir, m

as a

som

a de

sses

es

pírit

os, c

oord

enad

as n

um e

spíri

to d

e ha

rmon

iosa

coo

pera

ção,

con

stitu

i a fo

rça

que

real

izou

a m

inha

fortu

na.

Nes

se g

rupo

não

duas

men

tes

igua

is, m

as c

ada

com

pone

nte

dese

mpe

nha

a su

a pa

rte, e

mel

hor d

o qu

e ni

ngué

m, n

o m

undo

. A

ndre

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162

Com vistas à aplicação desses “Achados” da investigação em grupos que pretendam ser criativos nas organizações em geral e não apenas no futebol, destacamos que uma das características desta pesquisa, é ser uma pesquisa de lógica indutiva. E, como lógica indutiva, parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados (caput da Seção 5). Nessa condição, foram efetuadas análises na Seção 6.5, a partir do conhecimento aqui adquirido, tanto para a Copa de 1974, seguinte à de 70, como para a Copa recém terminada de 2014, mostrando de que forma a estrutura lógica de análise poderia ser seguida para aplicação em outros grupos existentes ou que vierem a ser constituídos nas organizações em geral.

Para exemplificar, farei a seguir uma breve abordagem para alguns dos conceitos e/ou indicativos apresentados no Quadro 6 desta Seção, especificamente os cinco primeiros, que são aqueles oriundos diretamente desta pesquisa.

“Organização geral”, que se aplica à influência da organização como um todo na viabilização à colaboração efetiva para que o grupo possa desenvolver suas atividades. Se algum aspecto dentro da empresa vier a falhar, a equipe deverá encarar como “pressão” ou dificuldade natural que existe em qualquer atividade. Nesse aspecto, o grupo precisa observar e ter conhecimento claro das dificuldades, as quais, em sua maioria, podem perfeitamente ser previstas e elaborados planos que orientem os integrantes do grupo sobre como proceder quando a ocasião se apresentar.

“Liderança”, conforme descrito no Quadro 6, se aplica tanto ao líder condutor do grupo como, em grupos maiores, aos líderes das subdivisões de trabalho, os líderes setoriais, que designamos no caso específico do futebol como líderes dentro do campo.

“Esquema de jogo” nada mais é do que a maneira, a forma como o grupo se organiza para funcionar.

“Pressão”. Ela pode aparecer já na formação do grupo e se aplicam as observações efetuadas na abordagem do quesito anterior “Organização geral”

“Soberba”. Há diversas maneiras dela se manifestar, algumas das quais mostramos no próprio Quadro 6.

Utilizando o grupo que De Masi chamou de “os europeus fora da Europa”, ou seja, “O Projeto Manhattan em Los Álamos”

163

(DE MASI, 2007, p.359-385), poderíamos fazer os seguintes comentários em sequência, tratando dos mesmos cinco conceitos e/ou indicativos ou características abordadas.

Não entramos nos aspectos morais advindos do produto final da equipe de Los Álamos que, afinal foram reunidos para construir uma bomba atômica a ser lançada no território de outro país, que acabaria provocando a morte de milhares de pessoas. Nos ateremos somente na análise do funcionamento desse grupo criativo específico, que obteve sucesso naquilo a que se propôs.

Em relação à “Organização geral”, a complexidade técnico-operativa para construir a bomba atômica e os prazos exíguos, pois era um período de guerra, conduziram a uma determinada estrutura organizacional por projetos, sendo a direção científica confiada a Julius Robert Oppenheimer (1904-1967), que era o líder do laboratório. Foram criadas seis divisões, cada uma delas especializada e responsável pela realização de uma parte precisa para que se chegasse ao produto final. Na configuração de Los Álamos, acima de Oppenheimer estava o General Groves, justamente para salvaguardar a finalização dos trabalhos e, para isso, assegurar que todas as necessidades do grupo pudessem ser atendidas, ou seja para que o quesito aqui denominado de “Organização geral” fosse cumprido.

No quesito “Liderança”, percebemos a habilidade de Oppenheimer, bem como de cada um dos cientistas responsáveis por cada divisão, que englobava cada uma, em média, 12 integrantes. E podemos pensar nas dificuldades em administrar os egos de tanta gente com tanta capacidade. Um fato interessante a registrar é que um grupo teve dois Chefes, o do italiano Bruno Rossi e do suíço Hans Staub. “ambos tinham um tal respeito e simpatia um pelo outro que nenhum queria ser o chefe do outro; concordou-se então que os dois seriam chefes do grupo juntos”, conforme De Masi (2007, p.377). Ainda em relação à atuação de Oppenheimer, assim se pronunciou Glenn Seaborg em 15 de fevereiro de 1968:

Deve-se a grandeza de Los Álamos a Robert Oppenheimer [...] Como jovem químico em Berkeley, em 1930, passei muitas horas com Oppie, discutindo problemas científicos que eu então julgava importantes. Seja o que for

164

que pensasse das minhas perguntas, sempre me acolheu e as respondeu com grande paciência e compreensão; tenho certeza de que as mesmas qualidades evidenciadas em Berkeley constituíram o motivo do sucesso em Los Álamos. (DE MASI, 2007, p. 380).

O aspecto “Esquema de jogo”, a maneira como o grupo se organiza para funcionar, mostra a necessidade de se estabelecer um esquema que seja entendido e aceito por todos.

Quanto à pressão ela existia desde antes da criação da equipe. E todos a enfrentaram adequadamente, mesmo sabendo que, por estarem em guerra, no campo oposto deveriam estar outros cientistas, seus concorrentes, com objetivos semelhantes.

No quesito “Soberba”, talvez não tenha ocorrido, porque o poder, “dentro da comunidade científica foi atribuído não hierarquicamente, mas por competência profissional e pessoal” (DE MASI, 2007, p. 385).

6.6.2 Varrendo o “Banco de Conhecimentos”

A redação das seções, com assuntos separados e metodicamente organizados com a seleção do material pertinente, permitiu que a análise dos resultados pudesse ser feita de forma adequada e facilitada, visto que os argumentos estavam todos lá, espalhados em seus meandros.

A busca, então, foi chegando ao fim de forma natural... Registramos a pouca produção acadêmica existente, já

esperada, e partimos para extrair, do material coletado, as possíveis razões tanto para o insucesso na Copa de 1966, como para o sucesso na Copa de 1970. Em consequência do trabalho realizado com os dados assim obtidos, construímos os Quadros 3 e 5, repetidos no Apêndice C, onde constam as categorias e subcategorias a que chegamos. As ligações existentes entre os dois grupos criativos e a procura pela resposta sobre se a organização, que é responsável pela Seleção Brasileira de Futebol, aprendeu, foram instigantes e nos auxiliaram a compreender melhor o assunto. Entendemos, é claro, que outros pesquisadores, com esses mesmos dados, poderiam chegar a outros resultados. Mas não é assim que Academia funciona?

165

Esperamos realmente que outros estudos possam ser feitos para lançar luz nova aos dados a que chegamos, os quais foram registrados no Quadro 6 como os “Achados” da investigação.

Fizemos alguns comentários sobre esses “achados” e redigimos as considerações finais, dando por encerrada a busca a que nos tínhamos proposto.

Mas a emoção brota com a satisfação de ter chegado ao final de um trabalho tão rico e tão emocionante ao rever e descobrir aspectos novos sobre o assunto da pesquisa. E, no íntimo, nos perguntávamos: o trabalho está claro? A apresentação dos resultados estaria adequada ou haveria outro jeito? Que informações seriam interessantes ou mesmo necessárias para compor uma síntese final desta pesquisa?

E constatamos a justeza de várias citações “teóricas” registradas na Seção 2 Criatividade:

Para Sherer (Seção 2.1) a emoção é considerada como uma função de avaliação contínua dos estímulos internos e externos em função da importância que eles se revestem para o organismo e da reação que eles provocam necessariamente; De Masi informa que as habilidades intelectuais e a preparação rigorosa dos indivíduos são exaltadas por um forte envolvimento emotivo e Fialho (Seção 2.2) fala de incubação, durante a qual um trabalho de pensamento inconsciente estaria em obra. Mesmo quando pensamos em outra coisa, nossa mente não para de varrer o Banco de Conhecimentos que possuímos, em busca de uma solução.

Como resultado dessas emoções, da ‘avaliação contínua’, da “exaltação” e da “incubação”, surgiu a ideia de fazer uma analogia entre a construção de uma Dissertação, que estuda/pesquisa determinado assunto, com a convocação e montagem de uma Seleção, que existe para representar o Brasil em competições internacionais como a Copa do Mundo.

Imediatamente imaginamos uma folha A-4, na posição “paisagem”, onde à esquerda estariam duas colunas-síntese da Dissertação (a estrutura e a descrição) e à direita outras duas colunas relacionadas à montagem da Seleção vitoriosa que disputou as Eliminatórias em 1969, sendo uma delas a mesma estrutura da Dissertação, para organizar a sequência, e a outra a descrição de cada etapa. O objetivo, então, surgiu bem claro para mim: tudo isso para que eu pudesse ver de fato e não apenas vislumbrar, a comparação entre os “achados” da

166

Dissertação com os “achados” do estudo sobre a Seleção Brasileira.

Em sequência, percebi a necessidade de montar a comparação também para a Seleção de 1970 e, por que não um quadro final igualmente com quatro colunas, sendo à esquerda a estrutura da Dissertação, duas colunas com os dados dos dois quadros anteriores, relativos às Seleções de 1969 e 1970 e, mais à direta uma coluna possível, quem sabe, para Grupos Criativos em Organizações.

Construí então os seguintes quadros: • Quadro 18 – Estrutura da Dissertação; • Quadro 19 – Comparativo entre Dissertação x

Futebol: Seleção nas Eliminatórias de 1969, Técnico João Saldanha;

• Quadro 20 – Comparativo entre Dissertação x Futebol: Seleção na Copa de 1970, Técnico Zagallo;

• Quadro 21 – Comparativo entre Dissertação, Seleção em 1969, Seleção em 1970 e Grupos Criativos em Organizações;

• Quadro 22 – Extrato da linha denominada “como foi feita a pesquisa ou como aconteceu de fato” e da coluna “grupos criativos em organizações” do Quadro 21.

6.6.3 A busca por uma síntese

Elaborados os Quadros, imprimi três deles para me orientar na busca por uma possível síntese, quem sabe, uma síntese final dos trabalhos. Esses Quadros foram:

• Quadro 6 – “Achados” da investigação, por motivos óbvios, porque nele constam o que encontrei como resultado dos estudos realizados;

• Quadro 18 – Estrutura da Dissertação, pois montar um grupo de trabalho na estrutura de uma organização dentro do mundo real tem características semelhantes às da “montagem” de uma pesquisa, como é o caso da presente Dissertação, no ambiente acadêmico;

167

• Quadro 22 – Extrato do Quadro 21, pois no texto existente no cruzamento da linha denominada “como foi feita a pesquisa ou como aconteceu de fato” com a coluna “grupos criativos em organizações”, estão sintetizados os conceitos que buscávamos, resultantes da análise efetuada através dos Quadros 19, 20 e 21;

Em seguida, montei o Quadro 23, abaixo, denominado

“Grupos criativos em organizações: Pontos a considerar”, onde estão destacados, em negrito e sublinhados em pontilhado, os termos e conceitos relevantes, cujas indicações aparecem não só nos Quadros citados, 6, 18 e 22, como refletem um resumo de tudo o que foi tratado e desenvolvido ao longo de toda a pesquisa efetuada.

O objetivo geral deste estudo foi “buscar padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao desempenho de grupos criativos na prática no Brasil, a partir do estudo sobre a Seleção Brasileira de Futebol nas Copas do Mundo de 1966 e 1970”.

Dessa forma, entendo que os dois Quadros, 6 e 23, consubstanciam o que buscávamos, ou seja, os padrões, conceitos e/ou indicativos relacionados ao bom desempenho esperado dos grupos criativos em organizações.

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a Se

ção

2.3.

2, c

ham

am e

sse

clim

a de

mas

ter m

ind,

um

a al

ianç

a am

isto

sa, n

um e

spíri

to d

e ha

rmon

ia e

ntre

os

inte

gran

tes

do g

rupo

, que

oco

rre c

omo

nas

reaç

ões

quím

icas

, nas

qua

is d

a co

mbi

naçã

o de

doi

s ou

mai

s el

emen

tos,

sur

ge u

ma

nova

sub

stân

cia

pela

lei d

as a

finid

ades

. Ess

a no

va s

ubst

ânci

a, o

mas

ter m

ind,

pe

rman

ecer

á di

spon

ível

enq

uant

o ex

istir

ess

a al

ianç

a am

igáv

el e

har

mon

iosa

cria

da p

elo

líder

do

grup

o. N

a ba

se d

e tu

do e

que

per

mei

a a

mai

oria

dos

asp

ecto

s aq

ui e

stud

ados

, est

á a

emoç

ão, q

ue é

o e

lem

ento

crít

ico

para

que

o p

ensa

men

to d

iver

gent

e ge

re c

riativ

idad

e. D

essa

form

a, o

clim

a in

cand

esce

nte

de D

e M

asi,

que

é o

mas

ter m

ind

de C

arne

gie

e H

ill, é

um

ver

dade

iro in

cênd

io e

moc

iona

l pro

pici

ando

o s

urgi

men

to d

as e

moç

ões

nece

ssár

ias

para

a fo

rja d

a cr

iativ

idad

e em

gru

pos.

12

U

m it

em im

porta

nte

a se

r obs

erva

do é

o q

ue c

ham

amos

de

Org

aniz

ação

ger

al –

Org

aniz

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, no

sent

ido

de

plan

ejam

ento

e p

repa

ro, c

om h

iera

rqui

a e

funç

ões

bem

def

inid

as, c

om a

s pe

ssoa

s se

rela

cion

ando

com

o

obje

tivo

de u

m b

om fu

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nam

ento

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estru

tura

org

aniz

acio

nal c

omo

um to

do. Q

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cilit

e a

cola

bora

ção

e a

coor

dena

ção

do tr

abal

ho e

ntre

os

dive

rsos

env

olvi

dos

e m

elho

re a

efic

iênc

ia d

as u

nida

des

orga

niza

cion

ais.

Foi

ac

resc

ido

o te

rmo

gera

l par

a en

fatiz

ar q

ue o

que

se

diz

da o

rgan

izaç

ão n

ão s

e re

laci

ona

à m

aior

par

te o

u a

171

Seq.

G

rupo

s cr

iativ

os e

m o

rgan

izaç

ões:

Pon

tos

a co

nsid

erar

al

guns

set

ores

ape

nas,

é c

omum

, sim

, à e

mpr

esa,

que

abr

ange

toda

s as

pes

soas

de

todo

s os

set

ores

da

inst

ituiç

ão. O

term

o ge

ral,

enfim

, tem

o s

entid

o de

uni

ão. E

m m

inha

opi

nião

, par

a qu

e gr

upos

de

traba

lho

func

ione

m e

fetiv

amen

te n

as o

rgan

izaç

ões,

é n

eces

sário

eng

ajam

ento

e a

prov

ação

da

Dire

ção

para

evi

tar

pres

sões

inte

rnas

des

nece

ssár

ias,

sej

a a

Dire

ção

imed

iata

ao

grup

o ou

a D

ireçã

o se

toria

l. Es

sa “p

rote

ção”

po

derá

, em

alg

uns

caso

s, b

linda

r o g

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par

a qu

e el

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bem

des

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lver

sua

s at

ivid

ades

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ro

esse

ncia

l inc

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a D

ireçã

o G

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na

mis

tura

equ

ilibra

da q

ue s

erá

trata

da a

seg

uir.

13

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istu

ra e

quili

brad

a –

Nas

pal

avra

s de

De

Mas

i, m

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ra d

e pe

ssoa

s im

agin

ativ

as e

de

pess

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esm

o e

fiel à

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pria

voc

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nat

ural

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enta

nto,

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oloc

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do

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do m

ecan

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ente

pes

soas

imag

inat

ivas

com

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con

cret

as, n

em é

bas

tant

e fo

rnec

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es u

m

supo

rte te

cnol

ógic

o ad

equa

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pre

ciso

cria

r um

clim

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tole

rânc

ia re

cípr

oca,

est

ima

e co

labo

raçã

o e

refo

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ess

e cl

ima,

dan

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todo

s a

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za d

e um

a m

issã

o co

mpa

rtilh

ada;

um

a m

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ra in

cand

esce

nte

que

evite

a c

riaçã

o de

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reira

s qu

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ssam

vir

a di

ficul

tar o

u m

esm

o bl

oque

ar a

cria

tivid

ade

da e

quip

e em

si.

14

O

utra

car

acte

rístic

a ob

serv

ada

em g

rupo

s qu

e fu

ncio

nam

é q

ue o

gru

po a

ceita

a li

dera

nça

com

resp

eito

. 15

A

cara

cter

ístic

a qu

e re

sgat

amos

com

a d

esig

naçã

o de

Mom

ento

Sup

rem

o, s

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licou

ao

fute

bol d

e m

anei

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gera

l. N

o en

tant

o, e

nten

dem

os q

ue d

eva

esta

r nes

te ro

l dev

ido

à po

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ilida

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e o

líder

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alg

um in

stan

te

vir a

hes

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des

man

char

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abal

ho d

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eses

de

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o g

rupo

, ou

mes

mo

vir a

ser

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ma

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são

ou p

osic

iona

men

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rme

que

refo

rce

o gr

upo

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eces

sida

des.

Pod

eria

ser

ass

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efin

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O

dest

ino

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os é

, fre

quen

tem

ente

, dec

idid

o no

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aço

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m ú

nico

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, e u

m h

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pod

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fluir

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m n

o po

rvir

de m

ilhõe

s de

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soas

. Rar

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ezes

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des

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m in

stan

te p

or m

ão

indi

fere

nte,

e e

sse

hom

em a

caba

se

sent

indo

mai

s at

emor

izad

o do

que

feliz

. Um

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mpe

stad

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re

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sabi

lidad

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lanç

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nde

espe

tácu

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o m

undo

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dei

xa e

scap

ar o

fio.

São

mui

to p

ouco

s os

qu

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ntem

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des

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apr

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par

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lmin

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as. L

embr

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s su

as o

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s vi

rtude

s, m

as a

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s, a

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mag

nífic

as d

uran

te o

s di

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ulga

res

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cífic

os, s

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rret

em

toda

s im

pote

ntes

nas

bra

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rand

e in

stan

te fa

tal.

172

Seq.

G

rupo

s cr

iativ

os e

m o

rgan

izaç

ões:

Pon

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erar

16

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mui

tos

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pe re

aliz

a be

m u

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tare

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a a

sens

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que

dali

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fren

te tu

do v

ai s

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ais

fáci

l e q

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su

cess

o es

tá g

aran

tido

pela

per

man

ênci

a no

gru

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a m

aior

ia d

os s

eus

inte

gran

tes,

ou

entã

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ando

alg

uns

inte

gran

tes

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uces

so d

o gr

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que

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foi p

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mui

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pel

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refa

s be

m fe

itas

que

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s re

aliz

aram

. Qua

ndo

esse

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ônim

os s

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do

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o po

r alg

uma

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a eq

uipe

não

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todo

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o in

suce

sso.

Pel

o qu

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u da

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quis

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sob

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m d

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tore

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vara

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eção

da

Cop

a de

196

6 ao

frac

asso

, poi

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, se

havi

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lé e

Gar

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or q

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e pr

eocu

par?

17

D

e qu

e m

anei

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que

med

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riaçã

o de

mel

hore

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Exi

stem

à d

ispo

siçã

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o tra

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letiv

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is c

omo

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Edw

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Reg

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Heu

rístic

a, a

Dis

cuss

ão 6

6, S

cam

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Sin

étic

a. N

enhu

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técn

ica

é m

elho

r do

que

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tra e

a s

ua a

plic

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va

i dep

ende

r dos

obj

etiv

os p

erse

guid

os, p

oden

do s

er u

tiliz

ada

mai

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um

a té

cnic

a co

m o

mes

mo

grup

o.

Font

es e

refe

rênc

ias

no c

orpo

da

Dis

serta

ção

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

173

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando iniciei a pesquisa, não sabia efetivamente se os resultados a que viesse a chegar poderiam ser aceitos como um trabalho acadêmico, com o necessário rigor científico. Na realidade, as pistas que tinha eram oriundas das lembranças das Copas de 1966 e de 1970, eventos escolhidos como objeto deste estudo, que presenciei pelo rádio, pelos noticiários e programas especiais da televisão e pelas revistas e jornais da época, onde líamos com interesse e prazer as crônicas semanais de João Saldanha e de Nelson Rodrigues e também, por que não dizer, das rodas de conversa com diversas pessoas, amigos e desconhecidos, com os quais dividíamos opiniões sobre os acontecimentos objeto deste estudo.

Não eram dados concretos, objetivos, racionais, sistemáticos e muitos deles talvez não fossem verificáveis, mas eram dados reais, apaixonados, dispersos nos escaninhos da memória, que nos impulsionaram a empreender este trabalho. No íntimo, vibrava uma grande esperança de encontrar “achados” ou findings, termo com o qual nos deparamos durante a investigação e que reflete o que almejávamos desde antes de começar a empreender a pesquisa.

Foi com este espírito que começamos, desenvolvemos e perseguimos os resultados durante todo o período de duração desse estudo.

Foi um grande e proveitoso aprendizado, através do qual tomamos contato com a técnica da bibliometria e da análise de conteúdo, com suas categorias ou unidades temáticas de análise e suas respectivas subcategorias. Encontrá-las ou extraí-las de falas e textos diversos foi uma tarefa inédita para quem passou, durante mais de três décadas, envolvido com o profissionalismo técnico e preciso de atividades voltadas para o determinismo e a objetividade naturais no campo da engenharia.

Este estudo passou por um campo exploratório, existente, mas não incluído no corpo final dos trabalhos; por levantamento de dados em livros, revistas, jornais, sites e por entrevistas com protagonistas de categoria especial. Especial, porque esses protagonistas entrevistados, Carlos Alberto Torres e Gérson de Oliveira Nunes, estiveram presentes nas duas Copas, o que lhes

174

dá uma visão concreta, real e objetiva dos acontecimentos em pauta.

O embasamento teórico de todo o estudo se apresenta na Seção 2 – Criatividade e na Seção 3 – Grupos Criativos em Organizações.

Na Seção 2 abordamos os conceitos “Emoção”, “Pensamento Divergente” e “Criatividade”, para chegar à conclusão, expressa no final do item 2.3.2, de que a emoção é o elemento crítico para que o pensamento divergente gere criatividade. E que o clima incandescente de De Masi, que é o “master mind” de Carnegie e Hill, propicia o surgimento das emoções necessárias para a forja da criatividade em grupos.

No aspecto emoção, clima incandescente, “master mind”, registramos no subitem 4.2.1.1, o relato de Tostão quando se expressa dizendo que, “além de ter sido importante para a classificação ao Mundial, Saldanha incendiou a Seleção com as ‘feras do Saldanha’ e recuperou a confiança dos torcedores e da imprensa no futebol brasileiro”. Registramos, igualmente, no item 6.5.4, o relato daquele episódio no jogo com a Venezuela, realizado na capital Caracas, em que a Seleção havia empatado de 0x0 no primeiro tempo e que, após decisiva e indignada intervenção de Saldanha, que mexeu com as emoções dos jogadores, a partida terminou com o resultado favorável de 5x0.

Na Seção 3, discorremos sucintamente sobre o campo de pesquisas relacionado a grupos criativos em organizações e tratamos do mapeamento das publicações acadêmico-científicas da base de dados multidisciplinar Web of Science, desde o início dos registros em 1956 até 2013. Esta bibliometria está apresentada, na sua totalidade, no Apêndice A. Consta igualmente desta Seção 3, o conceito de momento supremo, desenvolvido por Stefan Zweig, que relacionamos a alguns aspectos desta pesquisa.

Desse trabalho de mapeamento das publicações relacionada ao tema “grupos criativos em organizações”, que pode vir a contribuir para uma melhor gestão do conhecimento das organizações, percebi, em primeiro lugar, que dentro de uma base de dados tão conceituada, utilizada e referenciada como a WoS – 1956-2013, foram encontrados apenas 23 artigos, sendo o primeiro deles somente em 1996, quarenta anos depois dos registros iniciais da base. Em segundo lugar, confirmam-se as palavras de Domenico De Masi (2005, p. 136) e Renata Di Nizo

175

(2009, p. 77), quando comentam, respectivamente, que “surpreende a circunstância de que quase não existam estudos sobre criatividade coletiva” e que “ainda engatinhamos na colaboração criativa”. Os resultados da presente pesquisa mostram a justeza de tais afirmações, pois foram resgatadas apenas essas 23 publicações em 57 anos de registros. Em terceiro, mas não menos importante, verifiquei que muitos desses 23 trabalhos científicos levantados tratam do assunto empiricamente, como os dois mais citados, que correspondem a 71%, quase ¾, de todas as citações recebidas pelo conjunto.

Em função da pequena produção acadêmica, entendo ser bastante importante para aqueles que buscam conhecer o tema desta pesquisa o estudo dos dois artigos mais citados, principalmente o mais citado pela abrangência e profundidade apresentada. Até que surjam novos trabalhos, os dois citados acima, Team assembly mechanisms determine collaboration network structure and team performance, de autoria de Guimerà et al. (2005), com 180 citações, e A litle creativity goes a long way: An examination of team’s engagement in creative processes, desenvolvido por Gilson e Shalley (2004), 70 citações, permanecem como referência.

Ficam abertas, dessa forma, perspectivas para o desenvolvimento de outros trabalhos no sentido de se efetuar busca semelhante em outras bases de dados para complementar o levantamento aqui apresentado.

A Seção 6, denominada por nós “Resultados da pesquisa e discussão”, teve como objetivo mostrar o caminho percorrido e os “Achados” finais da Investigação. Na Seção 6, selecionamos e organizamos, metodicamente, as possíveis razões tanto para o Insucesso em 1966 (Seção 6.2) como para o sucesso em 1970 (Seção 6.3), as quais deságuam, respectivamente, nos Quadros 3 e 5, ao final de cada uma delas, com a listagem das categorias e subcategorias, que permitiram a elaboração da síntese objeto da Seção 6.6.

As Seções intermediárias 6.4 mostra as ligações existentes entre os dois grupos criativos, em função tanto da participação dos oito jogadores que estiveram presentes nos dois eventos, quanto à grande diferença no preparo físico, deficiente em um Copa e excelente na outra; e a Seção 6.5 , que responde à pergunta se a organização aprendeu, apresenta o raciocínio desenvolvido na análise do material resgatado e trabalhado na pesquisa, para

176

mostrar que, infelizmente a organização só aprendeu totalmente com o insucesso de 1966 e subsequente aplicação na realização da Copa seguinte de 1970. A partir daí, a organização retornou aos erros de 1966 tanto na Copa de 1974, como na Copa de 2014, conforme declarações dos protagonistas, registros encontrados, indícios e a relação que entendemos existir, resultado da análise do conjunto que se apresentou. O aprendizado que efetivamente ficou se relaciona ao quesito organização geral, a qual passou a existir a partir de 1970 e vem se repetindo até os nossos dias. Dos demais quesitos, ressaltamos a falta de liderança efetiva e natural dos verdadeiros líderes dentro de campo e a soberba que assola o ser humano quando ele se vê representante de uma estirpe tão vencedora.

Adendo:

Quando terminei de montar o Quadro 6, com os “Achados” da investigação, entendi que havia chegado ao final da pesquisa. Consequentemente, redigi as considerações finais até o parágrafo anterior a este adendo. E fui tomado por forte emoção ao ver concluído o trabalho no qual estou envolvido desde março de 2012. Parecia um sonho concluir uma etapa tão importante, individualmente falando. Estava bastante aliviado.

E aí vivi uma situação nova, pois a emoção que se espalhava em todo o meu ser fez com que, segundo Scherer (Seção 2.1), continuasse avaliando continuamente o trabalho que aparentemente estava findo e minhas habilidades intelectuais foram exaltadas de acordo com De Masi e acontecia dentro de mim, sem que eu percebesse, o que Fialho (Seção 2.2) chamou de incubação, na qual o pensamento inconsciente estaria em obra, varrendo o Banco de Conhecimentos que possuímos, em busca de soluções.

Como resultado disso tudo que acontecia internamente, fomos estimulados a continuar o trabalho com novas ideias para fazer novas analogias e construímos então quatro novos quadros.

Foi assim que cheguei ao Quadro 23, do item 6.6.3, o qual apresenta 17 pontos a serem considerados quando da montagem de grupos criativos em organizações.

Procuramos englobar, nesse Quadro 23, o conteúdo dos “Achados” da investigação do Quadro 6, a estrutura do Quadro

177

18 e as partes relacionadas aos grupos criativos em organizações do Quadro 21.

É uma tentativa de síntese, mas entendemos que os resultados finais desta pesquisa devam ser considerados os conteúdos dos dois Quadros, tanto o 6 como o 23, ou seja, nesses dois Quadros constam o que encontramos como conceitos e/ou indicativos que podem servir para orientar grupos de trabalho em organizações em geral.

No encerramento deste estudo, deixamos as palavras de Carlos Alberto Torres, em 4.3.1.3, sobre o grupo criativo de 1970 (destaques em negrito feitos pelo autor):

Era um grupo muito unido e nós estávamos... feito uma grande amizade entre todos. Nós nos reuníamos todos os dias. Primeiro, a vantagem que nós não ficávamos em hotel. Hotel o grupo fica muito isolado, cada um vai para o seu quarto e mal se vê. Só se vê na hora do almoço, da janta e, nessa época, nós ficávamos em locais alugados pela CBF, uma casa, entendeu? Um local assim que todos estivessem sempre juntos. Era mais fácil pro relacionamento de todos os jogadores. Então nós estávamos sempre juntos. Era um grupo muito unido, muita amizade, enfim, era diferente de hoje, porque hoje o jogador vai para o seu quarto, fica lá na internet, ouvindo música, então o coletivo fica até em segundo plano. Nessa nossa época já era diferente. Quisesse ou não nós estávamos sempre juntos, mais juntos, mais juntos.

179

REFERÊNCIAS

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CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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185

APÊNDICES

187

APÊNDICE A – GRUPOS CRIATIVOS EM ORGANIZAÇÕES: BIBLIOMETRIA

A.1 DESENVOLVIMENTO DA BIBLIOMETRIA

Este estudo é caracterizado como uma pesquisa de natureza exploratória de caráter descritivo com a utilização de técnicas bibliométricas. A pesquisa exploratória é aquela cujos objetivos concentram-se em conhecer melhor o objeto a ser investigado (GIL, 2007) enquanto a pesquisa descritiva “expõe característica de determinada população ou de determinado fenômeno” (VERGARA, 2005, p. 47). Para Machado (2007, p. 4) na técnica bibliométrica “[...] seus indicadores retratam o grau de desenvolvimento de uma área do conhecimento”, o que permite uma análise do estado da arte do tema abordado neste estudo.

Foi utilizada para a coleta de dados, devido sua abrangência, reconhecimento científico e fácil acesso, a base de dados Web of Science (WoS) e suas sub-bases. Como critérios de busca das palavras-chave foram incluídos os termos (“creative group*” OR “creative team*”) AND (“organi?atio*” OR “enterprise*”). O ponto de interrogação (?) representa a possibilidade de inclusão das palavras organizational e organisational, do inglês americano e britânico, respectivamente e o asterisco (*) assegura a possibilidade de uso das palavras no singular ou no plural. Do mesmo modo, o uso dos parênteses e aspas nas expressões permite a busca das duas palavras de forma conjunta. Finalmente, os termos foram buscados em Topic, que abrange títulos, palavras-chave e resumo.

A primeira busca foi realizada em 13 de junho de 2013 e foram encontradas 32 publicações indexadas, porém ao estabelecer o filtro document types para articles e review, bem como para a língua inglesa, o resultado chegou a 23 artigos, que constam do Quadro 2. Os dados foram importados para o software HistCite®, em que é possível uma organização das publicações.

188

Quadro 7 – Os 23 artigos resgatados da Web of Science – WoS Título Autor(es) Publicado em Team Innovation Processes: An Examination of Activity Cycles in Creative Project Teams

Goh, K. T.; Goodman, P. S.; Weingart, L. R.

Apr. 2013

The interplay of conflict and analogy in multidisciplinary teams

Paletz, S. B. F.; Schunn, C. D.; Kim, K. H.

Jan. 2013

Reward System Design and Group Creativity: An Experimental Investigation

Chen, C. X.; Williamson, M. G.; Zhou, F. H.

Nov. 2012

Psychological Safety, Knowledge Sharing, and Creative Performance in Healthcare Teams

Kessel, M.; Kratzer, J.; Schultz, C.

Jun. 2012

The mechanisms of collaboration in inventive teams: Composition, social networks, and geography

Bercovitz, J.; Feldman, M.

Feb. 2011

Theoretical and pedagogical perspectives on orchestrating creativity and collaborative learning

Hamalainen, R.; Vahasantanen, K.

2011

An Agile approach to library IT innovations

Chang, M. 2010

Group blogs: Documenting collaborative drama processes

Philip, R.; Nicholls, J. 2009

Changing Social Norms: A Mass Media Campaign for Youth Ages 12-18

Schmidt, E.; Kiss, S. M.; Lokanc-Diluzio, W.

Jan./Feb. 2009

A qualitative analysis of charismatic leadership in creative teams: The case of television directors

Murphy, S. E.; Ensher, E. A.

Jun. 2008

Entrepreneurship, Subjectivism, and the Resource-Based View: Toward a New Synthesis

Foss, N. et al. Mar. 2008

The Personality Composition of Teams and Creativity: The Moderating Role of Team Creative Confidence

Baer, M. et al. 2008

A comparative study of managers' career factors in selected EU countries

Zakarevicius, P.; Zukauskas, P.

2008

Managing creative team performance in virtual

Kratzer, J.; Leenders, R. T. A. J.; Van

Jan. 2006

189

Título Autor(es) Publicado em environments: an empirical study in 44 R&D teams

Engelen, J. M. L.

Virtuoso teams Fischer, B.; Boynton, A.

Jul./Aug. 2005

Team assembly mechanisms determine collaboration network structure and team performance

Guimera, R. et al. Apr. 29, 2005

Linking the physical work environment to creative context

McCoy, JM 2005

A little creativity goes a long way: An examination of teams' engagement in creative processes

Gilson, L. L.; Shalley, C. E.

2004

Improving the creativity of organizational work groups

Thompson, L Feb. 2003

The new stories/new cultures after-school enrichment program: A direct cultural intervention

Frank, G. et al. Sep./Oct. 2001

Group composition, creative synergy, and group performance

Taggar, S. 2001

Building a creative hothouse: Strategies of history's most creative groups

Kunstler, B. Jan./Feb. 2001

Developing creative teams for operational excellence

Feurer, R.; Chaharbaghi, K.; Wargin, J.

1996

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a realização deste estudo, foram aplicados alguns critérios de busca, tais como: artigos que tratam conjuntamente dos temas de “grupos criativos” e “organizações” e os que foram disponibilizados com texto completo de acesso livre. Os artigos foram categorizados em dois grupos: artigos mais citados e artigos mais recentes os quais serão analisados de maneira quantitativa. No que se refere aos artigos mais recentes, foram destacados os trabalhos publicados no período compreendido entre os anos de 2008 e 2013.

Com base na análise vislumbram-se oportunidades de futuras pesquisas relacionadas com a temática em questão. Os resultados obtidos estão apresentados na próxima Seção na forma de tabelas e gráficos, para facilitar a visualização dos dados.

190

A.2 RESULTADOS ENCONTRADOS

Nesta Seção, são apresentados e discutidos os principais resultados da pesquisa provenientes da busca sistemática e da análise descritiva da literatura.

A.2.1 Resultados da busca sistemática de literatura

Indexadas à base de dados Web of Science – Wos foram encontradas 23 publicações, as quais foram escritas por 60 autores de sete países, vinculados a 30 instituições. Os artigos que, em sua totalidade apresentaram 114 palavras-chave, foram publicados em 21 periódicos. Esses resultados gerais constam da Tabela 5.

Tabela 5 – Resultados gerais da análise bibliométrica

Critério Frequência Publicações 23 Autores 60 Fontes de Informações 21 Países 7 Instituições 30 Palavras-chave 114

Fonte: Elaborado pelo autor

Com relação às publicações por ano sobre o tema grupos criativos em organizações é interessante observar que embora a base WoS tenha os seus registros iniciais em 1956, apenas quarenta anos depois é que apareceu o primeiro trabalho sobre este tema. Assim, o Gráfico 1 apresenta o espectro das publicações resgatadas nos últimos dezoito anos, no qual se pode conferir esse primeiro e único trabalho do ano de 1996, publicado no International Journal of Operations & Production Management, tratando do desenvolvimento de equipes criativas para a excelência. Nele, os autores apresentam o framework desenvolvido pela Hewlett-Packard sobre o tema, seguido de discussão sobre a noção de equipes criativas. Nos quatro anos seguintes nada

191

foi publicado, aparecendo três publicações em 2001 e nenhuma em 2002. A partir de 2003 percebe-se no gráfico uma nítida progressão, com ápices em 2005 e 2008.

Gráfico 1 – Publicações entre os anos de 1996 e 2013

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com relação às palavras-chave mais citadas entre as 114 que constam das 23 publicações, vê-se claramente, na Tabela 6, a predominância de “equipe”, com 17 aparições, sob as designações de Teams, Team e Group e os 15 termos relativos aos termos Creative e Criativity.

Na Tabela 7, destaca-se o Journal of Creative Behavior, com três publicações, todas as três entre as dez mais citadas (4ª, 7ª e 9ª) e o Australasian Journal of Educational Technology, cuja publicação é a 8ª mais citada, as quais aparecem no Quadro 3. As oito fontes restantes aparecem com uma publicação cada uma.

192

Tabela 6 – 10 Palavras-chave mais citadas Palavras-chave Registros Creative 10 Teams 10 Creativity 5 Performance 4 Team 4 Composition 3 Group 3 Processes 3 Collaboration 2 Collaborative 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 7 – Fontes das publicações com mais artigos publicados na área

Fonte das Publicações Registros Journal of Creative Behavior 3 Academy of Management Executive 1 Accounting Review 1 American Journal of Occupational Therapy 1 Australasian Journal of Educational Technology 1 Canadian Journal of Public Health-Revue Canadienne de Sante Publique

1

Cognition 1 Creativity and Innovation Management 1 Educational Research Review 1 Futurist 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto aos países que apresentam o maior número de publicações, o Gráfico 2 mostra a predominância dos Estados Unidos com 11, o qual junto com Alemanha, Canadá e Holanda representam 73,9% das publicações disponíveis na WoS sobre o tema ora estudado.

A Tabela 8 trata das instituições mais produtivas, observa-se então uma distribuição semelhante à Tabela 7, com apenas uma instituição com a produção de quatro artigos e todas as demais com um artigo.

Apesar de 30 instituições apontadas nos resultados gerais, 17 foram listadas na Tabela 8 e as demais, que completam o

193

total das 30 instituições, citadas na Tabela 5, foram instituições coparticipantes na elaboração das pesquisas estudadas.

Gráfico 2 – Países com maior quantidade de publicações

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 8 – 17 instituições mais produtivas Instituição Frequência University of Illinois at Urbana-Champaign 4 Carnegie Mellon University 1 University of Pittsburgh 1 Universitäit Berlin 1 University of Jyväskylä 1 University of Maryland 1 Charles Darwin University 1 Sexual & Reproductive Health Services 1 Loyola Marymount University 1 University of Groningen 1 Boston College’s Carroll School of Management 1 Maastrich University 1 Arizona State University 1 University of Connecti 1 University of Southern California 1 York University 1 Hewlett-Packard GmbH 1 Fonte: Elaborado pelo autor.

194

A.2.2 Resultados da análise descritiva dos artigos selecionados

Nesta Seção serão apresentados os resultados das análises dos artigos.

a) Artigos mais citados

Dos trabalhos que aparecem no Quadro 8, destaca-se aquele de autoria de Guimerà et al. (2005) com 180 citações, ou seja, 51,28% do total de todas as 351 citações. Somando-se o segundo colocado, o artigo de Gilson e Shalley (2004) com 70 citações chega-se a 71, 22%, quase 3/4 de todas as citações recebidas pelo conjunto.

Apresentando esses dois artigos como representantes do universo deste estudo, observa-se que o primeiro deles, com 180 citações, “Team Assembly Mechanisms determine collaboration network structure and Team Performance”, de Guimerà et al (2005), tem como objetivo mostrar que “equipes bem sucedidas expandem para um tamanho grande o suficiente para permitir especialização e divisão efetiva do trabalho entre os integrantes, mas pequenas o suficiente para evitar custos esmagadores” (GUIMERÀ, 2005, p. 697). Na análise efetuada foram levantados dados tanto da área artística como de disciplinas científicas, tomando como referência, respectivamente, (i) a Broadway Musical Industry (BMI) e (ii) psicologia social; economia, ecologia e astronomia. Os dados apresentados são grandiosos: o período da BMI foi de 1877-1990, com levantamentos de 2.258 produções, não sendo consideradas as reprises. Para as disciplinas científicas, o período foi de 1955-2004 com análises, respectivamente, de 16.526, 14.870, 26.888 e 30.552 trabalhos. As produções foram shows musicais apresentados pelo menos uma vez na Broadway e o time analisado foram todos os integrantes, como coreógrafos, diretores, responsáveis por libretos (escrita e parte lírica), exceto atores. Com relação às disciplinas científicas, foram consideradas publicações em Journals reconhecidos, em número de sete para psicologia social; nove para economia; dez para ecologia e seis para astronomia. Tendo sido investigado, tanto empiricamente como

195

teoricamente, os mecanismos por meio dos quais as equipes criativas eram montadas. Dos resultados que os autores apresentam no artigo, cabe destacar, entre eles, um dos diversos gráficos da sua Figura 1. Esse gráfico mostra a evolução do número de integrantes da equipe da Broadway, partindo de um total de dois em 1880 e chegando a sete na década de 1920, mantendo-se este número mesmo no crack da bolsa em 1929 e durante toda a Segunda Guerra, perdurando esta composição ideal de sete integrantes até 1990. O estudo apresenta uma proposta de modelo, o qual é praticamente validado pela grande quantidade de dados, estando aí talvez a explicação do elevado número de citações (51,28% do total de todas as 351 citações).

O segundo, “A litle creativity goes a long way: An examination of team’s engagement in creative processes”, de Lucy L. Gilson e Christina E. Shalley” (2004), tem por objetivo examinar o papel dos processos criativos. Fazendo isso, dizem as autoras, espera-se oferecer uma visão inicial empírica sobre o que teria o poder de influenciar o comprometimento dos integrantes da equipe em processos criativos. Elas apresentam um método bem interessante ao conduzir a pesquisa.

Cabe também destacar que os dois trabalhos de Guimerà et al. (2005) e de Gilson e Shalley (2004) são empíricos.

Quadro 8 – Artigos mais citados Autor(es) Título Fonte das

Publicações Ano Citações

Guimerà, R. et al.

Team assembly mechanisms determine collaboration network and team performance

Science 2005 180

Gilson, L. L.; Shalley, C.E.

A little creativity goes a long way: An examination of teams engagement in creative processes

Journal of Management

2004 70

Foss, N. J. et al.

Entrepreneurship, subjetivism, and the resource-based view: Toward a new synthesis

Strategic Entrepreneurship Journal

2008 36

196

Autor(es) Título Fonte das Publicações

Ano Citações

Taggar, S. Group composition, creative sinergy, and group performance

Journal of Creative Behavior

2001 20

Kratzer, J.; Leenders, R. T. A. J. ; Van Engelen, J. M. L.

Managing creative team performance in virtual environment: An empirical study in 44 R&D teams

Technovation 2006 12

Bercovitz, J.; Fieldman, M.

The mechanisms of collaboration in inventive teams: Composition, social networks, and geography

Research Policy

2011 9

Baer, M et al. The personality composition of teams and creativity: The moderating role of team creative confidence

Journal of Creative Behaviour

2008 8

Philip, R.; Nicholls, J.

Group blogs: Documenting collaborative drama processes

Australasian Journal of Educational Technology

2009 6

McCoy, J. M. Linking the physical work emvironment to creative context

Journal of Creative Behaviour

2005 5

Feurer, R.; Chaharbaghi, K.; Wargin, J.

Developing creative teams for operational excellence

International Journal of Operations & Production Management

1996 5

Fonte: Elaborado pelo autor.

b) Artigos mais recentes

O Quadro 9 apresenta os 10 artigos mais recentes, que abrangem os anos de 2008 a 2013.

197

Quadro 9 – Artigos mais recentes

Autor(es) Título Fonte das Publicações

Ano

Goh, K. T.; Goodman, O.S.; Weigart, L. R.

Team innovation processes: An examination of activity cycles in creative project teams

Small Group Research

2013

Paletz, S. B. F.; Schunn, C. D.; Kim, K. H.

The interplay of conflict and analogy in multidisciplinary teams

Cognition 2013

Chen, CX; Williamson, MG; Zhou, FH

Reward system design and group creativity: An experimental investigation

Accounting Review 2012

Kessel, M.; Kratzer, J.; Schultz, C.

Psychological safety, knowledge, and creative performance in healthcare teams

Creativity and Innovation Management

2012

Bercovitz, J.; Fieldman, M.

The mechanisms of collaboration in inventive teams: Composition, social networks, and geography

Research Policy 2011

Hamalainen, R.; Vahassantanen, K.

Theoretical and pedagogical perspectives on orchestrating creativity and collaborative learning

Educational Research Review

2011

Chang, M. An Agile approach to library IT innovations

Library Hi Tech 2010

Schmidt, E.; Kiss, S. M.; Lokanc-Diluzio, W.

Changing social norms: A mass media campaign for youth ages 12-18

Canadian Journal of Public Health-Review Canadienne de Sante Publique

2009

Philip, R.; Nicholls, J.

Group blogs: Documenting collaborative drama processes

Australasian Journal of Educational Technology

2009

Murphy, S. E., Ensher, E. A.

A qualitative analysis of charismatic leadership in creative teams: The case of television directors

Leadership Quarterly

2008

Fonte: Elaborado pelo autor.

198

APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Foram entrevistados no Rio de Janeiro dois jogadores: • Carlos Alberto Torres e • Gérson de Oliveira Nunes, que participaram das

duas Copas, de 1966 e 1970. A pergunta norteadora foi: Na tua opinião, não estou em busca de uma verdade,

apenas a opinião das pessoas envolvidas, na tua opinião, como protagonista, o que você acha, quais circunstâncias ou fatores que aconteceram no insucesso em 1966 e no sucesso em 1970 que levaram a esses resultados tão diferentes?

A partir daí, conforme o relato de cada um deles, fomos incentivando o entrevistado com perguntas correlatas, relacionadas, fundamentalmente, com o que ele estivesse dizendo. Havia igualmente uma segunda pergunta que era para saber com quem eles conversavam mais no período de preparação e durante a realização das Copas. O objetivo adicional dessa pergunta era procurar entender o trabalho em rede dentro do grupo, o que poderia indicar, talvez, algum padrão, conceito ou indicativo que pudesse vir a atender aos objetivos pretendidos na pesquisa (GIL, 2010, p. 137; GIL, 2012, p. 109).

199

APÊNDICE C – CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS PARA A ANÁLISE DE CONTEÚDO

C.1 COPA DE 1966

Quadro 3 – Listagem das Categorias e Subcategorias relacionadas ao Insucesso na Copa do Mundo de 1966 CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Desorganização Desorganização em geral

Falha no planejamento Falha na preparação Organização pior que 58 e 62

Liderança Líder não conseguiu formar um grupo Esquema de jogo Falha na previsão de possíveis dificuldades

Surpreendidos pelo futebol-força Pressão dos clubes

Convocação de 47(44) jogadores Demora na definição dos 22 Jogadores envelhecidos Se definisse logo os 22 não sairíamos nas oitavas

Soberba Havia Garrincha e Pelé A Seleção se exibia Eram bicampeões

Fonte: Elaborado pelo autor.

C.2 COPA DE 1970

Quadro 5 – Listagem das Categorias e Subcategorias relacionadas ao Sucesso na Copa do Mundo de 1970 CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Organização 70-organização geral

70-preparo físico e/ou aclimatação Liderança 68-líder(1) monta o grupo

68-69-70-líder muda e o grupo permanece 69-líder(2) define o grupo e dá personalidade ao grupo – as feras 69-70-personalidade do grupo 69-líder(2) elogios aos seus defeitos 70-necessidade de mudança do líder 70-líder(3) 70-líderes dentro do campo

200

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS 70-identificação do líder(3) com o grupo 70-atuação do membro mais capaz do grupo – Pelé 70-confiança em declaração de membro do grupo – Tostão 70-ambiente 70-trabalho em rede

Esquema de jogo 69-do líder(2) 70-do líder(3) 70-grupo tinha conhecimento claro das dificuldades 70-jogada ensaiada

Fonte: Elaborado pelo autor.

201

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o pl

anej

amen

to n

ão

esta

va m

ais

no s

taff

da S

eleç

ão.

Falh

a na

Pr

epar

ação

4.

1.2

Paul

o H

enriq

ue,

Joga

dor n

a C

opa

de 1

966

em G

lobo

espo

rte.c

om

(201

4)

“Não

tính

amos

, na

Ingl

ater

ra, c

ampo

det

erm

inan

do

para

faze

r tre

inos

”.

4.1.

4 Te

ixei

ra H

eize

r A

prep

araç

ão fo

ra in

adeq

uada

. Nem

de

leve

par

ecid

a co

m o

pla

neja

men

to d

as C

opas

ant

erio

res.

202

Cat

egor

ia: D

esor

gani

zaçã

o Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 4.

3.2.

3 G

érso

n Bo

m, e

m 6

6, s

ão d

uas

cois

as d

istin

tas.

.. e

tudo

gira

em

to

rno

de o

rgan

izaç

ão. E

m 6

6 nó

s tín

ham

os q

uatro

se

leçõ

es e

, até

den

tro d

a C

opa

do M

undo

, não

co

nseg

uim

os fo

rmar

um

a. T

anto

é q

ue n

as tr

ês

parti

das

das

oita

vas

de fi

nal f

oram

três

tim

es d

ifere

ntes

. Q

uer d

izer

, iss

o, d

entro

da

Cop

a do

Mun

do. E

, ant

es d

a C

opa

do M

undo

, nós

and

amos

o p

aís

todo

, po

litic

amen

te fa

land

o, a

ndam

os o

paí

s to

do p

ra m

ostra

r um

a co

isa,

pra

mos

trar o

utra

, pra

mos

trar o

que

era

ou

que

não

era

e nã

o co

nseg

uim

os fo

rmar

um

a se

leçã

o.

Pra

você

ter u

ma

idei

a, n

ós e

stáv

amos

na

Suéc

ia, n

um

amis

toso

na

Suéc

ia, p

ra n

o di

a se

guin

te e

mba

rcar

mos

pr

a In

glat

erra

. Cor

tara

m o

Ser

vílio

. Eu,

o S

erví

lio e

o

Pelé

joga

mos

nas

qua

tro s

eleç

ões

dura

nte

todo

o

trein

amen

to e

, na

vésp

era

ou a

ntev

éspe

ra d

e in

icia

rmos

a C

opa

do M

undo

, ele

s co

rtara

m o

Ser

vílio

pr

a bo

tar o

Alc

indo

, que

era

o c

entro

ava

nte

gaúc

ho

que

tinha

que

brad

o o

pé, u

ma

fissu

ra n

o pé

num

tre

inam

ento

lá e

m N

iteró

i, qu

er d

izer

, org

aniz

ação

zer

o.

Foi a

quilo

que

aco

ntec

eu, f

uteb

ol z

ero.

203

Cat

egor

ia: D

esor

gani

zaçã

o Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 4.

3.2.

3 G

érso

n E

outro

det

alhe

, eu

leve

i um

a pa

ncad

a nu

m

trein

amen

to q

ue e

les

fizer

am n

a an

tevé

sper

a do

pr

imei

ro jo

go. E

les

mon

tara

m a

Sel

eção

e o

s re

serv

as,

mas

não

sei

por

que

car

gas

d’ág

ua e

les

junt

aram

uns

ingl

eses

e u

m d

eles

me

deu

um p

onta

pé q

ue

quas

e m

e qu

ebro

u a

pern

a e

eu jo

guei

... [.

..] E

u jo

guei

o

prim

eiro

jogo

e o

s ou

tros

dois

eu

não

cons

egui

joga

r. Q

uer d

izer

, um

a de

sorg

aniz

ação

tota

l em

todo

s os

as

pect

os: t

rein

amen

to, d

e vi

agen

s, d

e tu

do.

Des

orga

niza

ram

. E e

u ne

m s

ei p

or q

ue, p

orqu

e po

deria

es

tar o

rgan

izad

o co

mo

em 6

2, e

m 5

8 e

62, t

á ce

rto?

Em 6

6 nã

o te

ve q

ue e

u nã

o se

i por

que

e e

m 7

0 te

ve. E

da

í pra

fren

te s

empr

e or

gani

zado

. Por

que

eu

não

sei,

talv

ez a

té a

pol

ítica

que

rend

o m

ostra

r que

era

um

a po

lític

a m

elho

r, ou

pio

r, nã

o se

i, nó

s nã

o en

tend

emos

na

da.

Org

aniz

ação

pi

or q

ue 5

8 e

62

4.1.

4 Te

ixei

ra H

eize

r O

com

ando

pau

lista

que

, com

est

upen

da o

rgan

izaç

ão,

leva

ra o

Bra

sil a

os tí

tulo

s de

58

e 62

, já

não

esta

va e

m

ação

. Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

204

Qua

dro

11 –

196

6: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “L

ider

ança

” e s

ua S

ubca

tego

ria “L

íder

não

con

segu

iu fo

rmar

um

gru

po”

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o Lí

der n

ão

cons

egui

u fo

rmar

um

gr

upo

4.1.

2 La

ncep

édia

(201

4)

Vice

nte

Feol

a nã

o co

nseg

uiu

form

ar u

m ti

me-

base

, tan

to q

ue,

em a

pena

s trê

s jo

gos

na C

opa,

20

atle

tas

fora

m u

tiliz

ados

. 4.

1.4

Luiz

Men

des

O c

orte

de

Car

los

Albe

rto T

orre

s. F

oi c

orta

do. N

ão ti

nha

que

ser c

orta

do

4.1.

4 Te

ixei

ra H

eize

r N

os tr

ês jo

gos,

em

Liv

erpo

ol, o

tim

e nã

o se

repe

tiu.

4.3.

2.3

Gér

son

Bom

, em

66,

são

dua

s co

isas

dis

tinta

s...

e tu

do g

ira e

m to

rno

de

orga

niza

ção.

Em

66

nós

tínha

mos

qua

tro s

eleç

ões

e, a

té d

entro

da

Cop

a do

Mun

do, n

ão c

onse

guim

os fo

rmar

um

a. T

anto

é q

ue

nas

três

parti

das

das

oita

vas

de fi

nal f

oram

três

tim

es d

ifere

ntes

. Q

uer d

izer,

isso

, den

tro d

a C

opa

do M

undo

. E, a

ntes

da

Cop

a do

M

undo

, nós

and

amos

o p

aís

todo

, pol

iticam

ente

fala

ndo,

and

amos

o

país

todo

pra

mos

trar u

ma

coisa

, pra

mos

trar o

utra

, pra

mos

trar

o qu

e er

a ou

que

não

era

e n

ão c

onse

guim

os fo

rmar

um

a se

leçã

o. P

ra v

ocê

ter u

ma

idei

a, n

ós e

stáv

amos

na

Suéc

ia, n

um

amist

oso

na S

uécia

, pra

no

dia

segu

inte

em

barc

arm

os p

ra

Ingl

ater

ra. C

orta

ram

o S

erví

lio. E

u, o

Ser

vílio

e o

Pel

é jo

gam

os

nas

quat

ro s

eleç

ões

dura

nte

todo

o tr

eina

men

to e

, na

vésp

era

ou

ante

vésp

era

de in

icia

rmos

a C

opa

do M

undo

, ele

s co

rtara

m o

Se

rvíli

o pr

a bo

tar o

Alc

indo

, que

era

o c

entro

ava

nte

gaúc

ho q

ue

tinha

que

brad

o o

pé, u

ma

fissu

ra n

o pé

num

trei

nam

ento

lá e

m

Nite

rói,

quer

dize

r, or

gani

zaçã

o ze

ro. F

oi a

quilo

que

aco

ntec

eu,

fute

bol z

ero.

Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

205

Qua

dro

12 –

196

6: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “E

sque

ma

de J

ogo”

e s

uas

2 S

ubca

tego

rias

Cat

egor

ia: E

sque

ma

de J

ogo

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

Falh

a na

Pr

evis

ão d

e Po

ssív

eis

Difi

culd

ades

4.1.

1 Fo

lha-

PE (2

014)

Pe

lé a

panh

ou ta

nto

que

ficou

fora

na

derr

ota

por 3

x1 p

ara

a H

ungr

ia.

Dep

ois,

foi c

açad

o em

cam

po p

elos

por

tugu

eses

e n

ão fo

i cap

az d

e ev

itar n

ovo

revé

s po

r 3x1

. 4.

1.2

Paul

o H

enriq

ue,

Joga

dor n

a C

opa

de 1

966

em

Glo

boes

porte

.com

(2

014)

Além

da

falta

de

orga

niza

ção,

Pau

lo H

enriq

ue a

cred

ita q

ue h

avia

um

es

quem

a pa

ra im

pedi

r o tr

icam

peon

ato

em 1

966.

4.1.

2 La

ncep

édia

(2

014)

Tu

do fo

i pre

para

do p

ara

os a

nfitr

iões

ven

cere

m. E

, qua

ndo

pare

cia

que

não

ia d

ar, o

s ár

bitro

s em

purr

avam

. 4.

1.4

Arm

ando

N

ogue

ira

E ai

nda

perd

eu o

Pel

é, c

açad

o no

jogo

con

tra P

ortu

gal.

4.1.

4 C

hico

Tor

turr

a A

cena

do

Pelé

lá, d

o Vi

cent

e ca

çand

o o

Pelé

. Deu

a p

rimei

ra, d

eu a

se

gund

a e

tirou

o P

elé

de c

ampo

. O p

rópr

io E

uséb

io fo

i con

tra o

Vic

ente

pe

la v

iolê

ncia

da

joga

da.

4.1.

4 Te

ixei

ra H

eize

r En

tão

eles

pus

eram

, par

a os

jogo

s do

s su

l am

eric

anos

, ing

lese

s. E

sses

ju

ízes

dei

xava

m o

pau

com

er, n

é?

4.1.

4 Jo

ão H

avel

ange

em

Sim

ões

(201

0)

Hou

ve u

ma

cons

pira

ção

cont

ra a

equ

ipe

bras

ileira

, poi

s os

árb

itros

in

gles

es q

ue a

pita

ram

as

parti

das

deci

siva

s te

riam

dei

xado

os

adve

rsár

ios

bate

rem

à v

onta

de.

206

Cat

egor

ia: E

sque

ma

de J

ogo

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

Surp

reen

dido

s pe

lo fu

tebo

l-fo

rça

4.3.

1.3

Car

los

Albe

rto

Em 6

6 o

Bras

il fo

i sur

pree

ndid

o pe

lo q

ue s

eria

um

a re

volu

ção

da p

arte

fís

ica

dos

euro

peus

. Foi

qua

ndo

eles

mos

trara

m p

ro m

undo

o c

ham

ado

fute

bol-f

orça

, que

era

, nad

a m

ais

nada

men

os, q

ue u

ma

prep

araç

ão

físic

a ex

cepc

iona

l. [..

.] na

quel

a ép

oca

(o fu

tebo

l bra

sile

iro) e

ra

reco

nhec

ido

com

o um

fute

bol q

ue fi

sica

men

te e

ra m

ais

fraco

ou

infe

rior

do q

ue o

s eu

rope

us. E

, alia

do a

est

e tra

balh

o qu

e el

es fi

zera

m, q

ue

surp

reen

dera

m o

mun

do, o

fute

bol-f

orça

, ele

s ga

nhar

am a

Cop

a do

M

undo

até

com

cer

ta fa

cilid

ade.

Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

207

Qua

dro

13 –

196

6: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “P

ress

ão d

os C

lube

s” e

sua

s 4

Sub

cate

goria

s C

ateg

oria

: Pre

ssão

dos

Clu

bes

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

Con

voca

ção

de 4

7(44

) Jo

gado

res

4.1.

1 In

form

ação

de

vário

s si

tes

A pr

essã

o do

s cl

ubes

era

gra

nde,

poi

s to

dos

quer

iam

ter

joga

dore

s na

Sel

eção

e a

o to

do 4

7 jo

gado

res

fora

m

conv

ocad

os p

ara

a fa

se d

e pr

epar

ação

a d

ois

mes

es d

a C

opa.

4.

1.1

Folh

a O

nlin

e (2

014)

O

núm

ero

de jo

gado

res

cham

ados

par

a a

prep

araç

ão fo

i co

nsid

erad

o ex

cess

ivo:

47.

4.

1.2

Lanc

epéd

ia (2

014)

Fo

ram

cha

mad

os 4

4 jo

gado

res

para

aqu

ela

que

seria

a

cam

panh

a do

tri,

em 1

966.

4.

1.2

Lanc

epéd

ia (2

014)

O

resu

mo

da b

agun

ça a

cont

eceu

ain

da n

a fa

se d

e co

nvoc

ação

, qua

ndo,

com

43

nom

es, u

m d

irige

nte

da

CBD

exi

giu

mai

s um

cor

intia

no n

a lis

ta. A

ssim

, foi

ch

amad

o D

itão.

O p

robl

ema

é qu

e, p

or u

m e

rro

de

digi

taçã

o, o

con

voca

do fo

i o D

itão

do F

lam

engo

. Fic

ou

assi

m m

esm

o.

4.1.

4 Ar

man

do N

ogue

ira

que

já c

omeç

ou a

qui n

o Br

asil,

num

a de

mon

stra

ção

de

oste

ntaç

ão, f

orm

ando

qua

tro s

eleç

ões.

For

am fo

rmad

as

quat

ro s

eleç

ões

que

se e

xibi

am p

or a

í. N

a ve

rdad

e, d

as

quat

ro n

ão s

obro

u ne

nhum

a se

leçã

o po

rque

eu

nunc

a vi

o

Bras

il jo

gar t

ão m

al.

4.1.

4 Lu

iz M

ende

s H

ouve

mui

tos

erro

s, p

or e

xem

plo,

a c

onvo

caçã

o de

44

joga

dore

s. Q

uatro

tim

es.

208

Cat

egor

ia: P

ress

ão d

os C

lube

s Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 4.

3.1.

3 C

arlo

s Al

berto

Fo

i um

err

o...

Foi u

m e

rro p

orqu

e nã

o se

apr

ovei

tava

bem

o

trein

amen

to p

orqu

e Vo

cê tr

abal

har c

om 4

4 pe

ssoa

s ju

ntas

é m

uito

com

plic

ado.

É m

elho

r voc

ê tra

balh

ar c

om

um g

rupo

men

or, e

m q

ue v

ocê

pode

dar

, o té

cnic

o po

de

dar a

tenç

ão, u

ma

aten

ção

mai

or p

ara

cada

um

do

que

dar

para

44

joga

dore

s.

4.3.

2.3

Gér

son

-Pod

eria

ser

pre

ssão

dos

clu

bes

para

ter u

m jo

gado

r lá

dent

ro d

a Se

leçã

o? A

í fiz

eram

44,

vam

os d

izer

ass

im.

G –

Até

que

pod

eria

ou

pres

são

das

Fede

raçõ

es, p

ress

ão

do p

rópr

io g

over

no, e

u, p

or e

xem

plo,

não

sei

até

hoj

e o

porq

uê d

aqui

lo.

4.3.

2.3

Gér

son

Você

con

voca

, pod

e at

é co

nvoc

ar q

uinh

ento

s e

cinq

uent

a m

il, c

omo

hoje

est

ão c

onvo

cand

o aí

pra

trei

nam

ento

. Tu

do b

em. J

á co

nheç

o aq

uele

out

ro. B

om, t

o ar

mad

o. E

u te

nho

que

ter d

uas.

Aí p

osso

ter q

uatro

, cin

co, c

inqu

enta

. Is

so e

u tiv

e. A

gora

não

pos

so m

ais,

por

que

não

vou

ter

tem

po. E

ntão

, no

mín

imo,

no

mín

imo

seis

mes

es e

u te

nho

que

esta

r com

tudo

pro

nto.

To

dize

ndo

o m

ínim

o. M

ínim

o se

is m

eses

. To

com

o ti

me

pron

to a

qui.

Dua

s se

leçõ

es p

ra

eu e

scol

her.

Bom

, aqu

ele

jogo

ali

eu p

osso

ir p

ra fr

ente

, po

rque

ele

é fr

aco.

Bot

a um

a se

leçã

o, s

em p

robl

ema.

Bo

m, p

ra e

ssa

eu p

reci

so m

e cu

idar

mai

s. B

om, t

iro d

ois

ou tr

ês e

bot

o aq

ui. A

té is

so v

ocê

pode

faze

r, te

ndo

o gr

upo.

-E

o g

rupo

trab

alha

ndo

junt

o...

G–T

raba

lhan

do ju

nto,

sem

pro

blem

a ne

nhum

, aí a

o be

l pr

azer

do

trein

ador

, ou

o tre

inad

or p

ode

dize

r, co

mo

o

209

Cat

egor

ia: P

ress

ão d

os C

lube

s Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o Sa

ldan

ha fe

z: a

min

ha S

eleç

ão é

ess

a. P

ront

o. T

em o

s re

serv

as, a

cabo

u. N

ão e

ntra

mai

s ni

ngué

m, n

em s

ai m

ais

ning

uém

, a n

ão s

er q

ue e

stej

a m

achu

cado

. Pro

nto.

Ac

abou

. Aí v

em o

Zag

allo

. Mud

ou o

esq

uem

a, m

as

prat

icam

ente

com

aqu

ela

base

toda

. Tro

cou

dois

ou

três,

cer

to?

Mas

tá a

li. É

aqu

ilo, e

nten

deu?

Ago

ra n

ão p

ode

tirar

trin

ta e

bot

ar m

ais

trint

a. N

ão h

á co

njun

to q

ue re

sist

a a

isso

. Não

orga

niza

ção

que

resi

sta

a es

se tr

oço.

Ess

e é

o pr

oble

ma.

D

emor

a na

de

finiç

ão d

os

22

4.3.

2.3

Gér

son

Você

con

voca

, pod

e at

é co

nvoc

ar q

uinh

ento

s e

cinq

uent

a m

il, c

omo

hoje

est

ão c

onvo

cand

o aí

pra

trei

nam

ento

. Tu

do b

em. J

á co

nheç

o aq

uele

out

ro. B

om, t

o ar

mad

o. E

u te

nho

que

ter d

uas.

Aí p

osso

ter q

uatro

, cin

co, c

inqu

enta

. Is

so e

u tiv

e. A

gora

não

pos

so m

ais,

por

que

não

vou

ter

tem

po. E

ntão

, no

mín

imo,

no

mín

imo

seis

mes

es e

u te

nho

que

esta

r com

tudo

pro

nto.

To

dize

ndo

o m

ínim

o. M

ínim

o se

is m

eses

. To

com

o ti

me

pron

to a

qui.

Dua

s se

leçõ

es p

ra

eu e

scol

her.

Bom

, aqu

ele

jogo

ali

eu p

osso

ir p

ra fr

ente

, po

rque

ele

é fr

aco.

Bot

a um

a se

leçã

o, s

em p

robl

ema.

Bo

m, p

ra e

ssa

eu p

reci

so m

e cu

idar

mai

s. B

om, t

iro d

ois

ou tr

ês e

bot

o aq

ui. A

té is

so v

ocê

pode

faze

r, te

ndo

o gr

upo.

-E

o g

rupo

trab

alha

ndo

junt

o...

G–T

raba

lhan

do ju

nto,

sem

pro

blem

a ne

nhum

, aí a

o be

l pr

azer

do

trein

ador

, ou

o tre

inad

or p

ode

dize

r, co

mo

o Sa

ldan

ha fe

z: a

min

ha S

eleç

ão é

ess

a. P

ront

o. T

em o

s re

serv

as, a

cabo

u. N

ão e

ntra

mai

s ni

ngué

m, n

em s

ai m

ais

210

Cat

egor

ia: P

ress

ão d

os C

lube

s Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o ni

ngué

m, a

não

ser

que

est

eja

mac

huca

do. P

ront

o.

Acab

ou. A

í vem

o Z

agal

lo. M

udou

o e

sque

ma,

mas

pr

atic

amen

te c

om a

quel

a ba

se to

da. T

roco

u do

is o

u trê

s,

tá c

erto

? M

as tá

ali.

É a

quilo

, ent

ende

u? A

gora

não

pod

e tir

ar tr

inta

e b

otar

mai

s tri

nta.

Não

conj

unto

que

resi

sta

a is

so. N

ão h

á or

gani

zaçã

o qu

e re

sist

a a

esse

troç

o. E

sse

é o

prob

lem

a.

4.1.

1 In

form

ação

de

vário

s si

tes

a m

anut

ençã

o de

mui

tos

dos

conv

ocad

os p

ouco

ant

es d

o to

rnei

o co

meç

ar, p

rovo

cara

m in

certe

zas

entre

os

atle

tas.

4.

1.1

Folh

a O

nlin

e (2

014)

O

s 22

insc

ritos

fora

m d

efin

idos

já n

a Eu

ropa

, dep

ois

de

uma

pequ

ena

excu

rsão

. 4.

1.2

Paul

o H

enriq

ue,

Joga

dor n

a C

opa

de 1

966

em G

lobo

espo

rte.c

om

(201

4)

E co

ntin

ua, f

alan

do d

os jo

gado

res

“ess

a Se

leçã

o co

meç

ou c

om 4

4 jo

gado

res

e ci

nco

fora

m c

orta

dos

logo

de

pois

(até

a C

opa,

ficar

am 2

2). I

sso

dava

in

tranq

uilid

ade

para

o g

rupo

. Est

ava

tudo

err

ado”

. Jo

gado

res

enve

lhec

idos

4.

1.4

Arm

ando

Nog

ueira

O

s ca

mpe

ões

de 6

2 já

est

avam

todo

s no

cha

mad

o pl

ano

incl

inad

o do

oca

so, d

a de

cadê

ncia

. E s

e el

es fo

ram

le

vado

s pr

a C

opa

da In

glat

erra

, na

verd

ade,

talv

ez te

nha

sido

ess

e um

dos

mai

ores

err

os d

a C

omis

são

Técn

ica,

4.

1.4

Ruy

Car

los

Ost

erm

ann

Em

66,

com

um

tim

e ca

nsad

o...

4.1.

4 Lu

iz M

ende

s G

arrin

cha

fez,

ele

fez

uma

parti

da re

lativ

amen

te fr

aca

cont

ra a

Bul

gária

, mas

fez

um g

ol c

obra

ndo

uma

falta

, mas

o

Gar

rinch

a em

66

já n

ão e

ra o

mes

mo.

esta

va

term

inan

do a

sua

indi

scut

ível

técn

ica

de d

ribla

r e tu

do, d

e ve

loci

dade

. Ele

já e

stav

a ca

min

hand

o pr

o fim

.

211

Cat

egor

ia: P

ress

ão d

os C

lube

s Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o Se

Def

inis

se

logo

os

22, n

ão

sairí

amos

nas

O

itava

s.

4.3.

2.3

Gér

son

Pelo

tim

e qu

e nó

s tín

ham

os s

e de

um

a m

anei

ra o

u de

ou

tra, e

les

pega

ssem

des

sas

quat

ro s

eleç

ões

e fo

rmas

sem

dua

s, u

ma

titul

ar e

um

a re

serv

a, n

ovam

ente

o 22

ou

23, s

endo

três

gol

eiro

s, n

ós b

rigar

íam

os a

pelo

títu

lo. S

e ía

mos

gan

har o

u nã

o é

outro

dep

arta

men

to,

mas

brig

aría

mos

ali

e nã

o sa

iríam

os c

omo

nós

saím

os

nas

oita

vas

de fi

nal.

Entã

o a

orga

niza

ção

é tu

do.

4.3.

2.3

Gér

son

E a

únic

a ve

z qu

e fo

i des

orga

niza

da fo

i ess

a aí

, que

pe

rdem

os fa

zend

o o

pape

lão

que

fizem

os lá

, qua

ndo

podí

amos

faze

r um

gra

nde

pape

l, po

rque

as

outra

s,

tecn

icam

ente

fala

ndo,

não

era

m.

Font

e: e

labo

rado

pel

o au

tor

212

Qua

dro

14 –

196

6: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “S

ober

ba” e

sua

s 3

Sub

cate

goria

s C

ateg

oria

: Sob

erba

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o H

avia

Gar

rinch

a e

Pelé

4.

1.1

Info

rmaç

ão d

e vá

rios

site

s A

idei

a er

a qu

e, c

om G

arrin

cha

e Pe

lé s

eria

fáci

l ven

cer.

A Se

leçã

o se

Ex

ibia

4.

1.4

Arm

ando

Nog

ueira

qu

e já

com

eçou

aqu

i no

Bras

il, n

uma

dem

onst

raçã

o de

os

tent

ação

, for

man

do q

uatro

sel

eçõe

s. F

oram

form

adas

qu

atro

sel

eçõe

s qu

e se

exi

biam

por

aí.

Na

verd

ade,

das

qu

atro

não

sob

rou

nenh

uma

sele

ção

porq

ue e

u nu

nca

vi o

Br

asil

joga

r tão

mal

. Er

am

Bica

mpe

ões

4.

1.4

Arm

ando

Nog

ueira

Em

66

foi a

sob

erba

do

bica

mpe

ão. A

quel

a hi

stór

ia d

e a

gent

e di

zer s

empr

e qu

e a

derr

ota

às v

ezes

á m

ais

fecu

nda

do q

ue a

vitó

ria s

e co

nfirm

ou e

m 6

6.

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

213

APÊ

ND

ICE

E –

CO

PA D

O M

UN

DO

DE

1970

Q

UA

DR

OS

CO

M C

ON

TEÚ

DO

S D

AS

CA

TEG

OR

IAS

E SU

BC

ATE

GO

RIA

S

Qua

dro

15 –

197

0: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “

Org

aniz

ação

” e

suas

2 S

ubca

tego

rias,

196

8-Lí

der(1

): A

ymor

é M

orei

ra; 1

969-

Líde

r(2):

João

Sal

danh

a; 1

970-

Líde

r(3)

: Zag

allo

. C

ateg

oria

: Org

aniz

ação

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 70

-Org

aniz

ação

em

Ger

al

4.3.

2.3

Gér

son

Toda

vez

que

org

aniz

aram

, a S

eleç

ão d

ispu

tou

o tít

ulo.

Se

ganh

ar o

u nã

o, é

out

ro p

robl

ema,

mas

dis

puto

u.

70-P

repa

ro

Físi

co e

/ou

Aclim

ataç

ão

4.2.

2 U

ol E

spor

te (2

014)

a

prep

araç

ão fo

i mui

to b

em fe

ita. A

Com

issã

o Té

cnic

a, p

ela

prim

eira

vez

, con

tava

com

um

a eq

uipe

com

plet

a, c

om

prep

arad

ores

físi

cos,

méd

ico

e m

assa

gist

a. A

nov

a vi

são

no

prep

aro

físic

o, c

om u

m m

inuc

ioso

trab

alho

de

aclim

ataç

ão,

prát

ica

até

entã

o in

édita

, dei

xou

os jo

gado

res

em c

ondi

ções

de

sup

orta

r a a

ltitu

de e

o c

alor

mex

ican

o, p

ois

os jo

gos

fora

m re

aliz

ados

por

vol

ta d

o m

eio-

dia.

4.

2.2

Sp

ortv

em

ago

sto

de

2012

(D

r. Ke

nnet

h C

oope

r).

Clá

udio

Cou

tinho

me

proc

urou

e d

isse

que

iria

enf

rent

ar u

m

gran

de d

esaf

io. E

le, C

outin

ho, e

ra u

m d

os e

ncar

rega

dos

de

prep

arar

a S

eleç

ão B

rasi

leira

de

Fute

bol p

ara

a C

opa

do

Mun

do, a

qua

l ser

ia d

ispu

tada

no

Méx

ico,

em

loca

is d

e gr

ande

alti

tude

, na

orde

m d

e 2.

000m

aci

ma

do n

ível

do

mar

e

solic

itou

orie

ntaç

ão. E

m s

ua v

olta

ao

Bras

il es

sas

orie

ntaç

ões

fora

m tr

ansm

itida

s ao

s de

mai

s m

embr

os d

a C

omis

são

Técn

ica,

ace

itas

e ap

licad

as n

os a

tleta

s da

Se

leçã

o.

214

Cat

egor

ia: O

rgan

izaç

ão

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

4.2.

2

Spor

tv e

m a

gost

o de

20

12

OM

S –

Org

aniz

ação

Mun

dial

de

Saúd

e, a

ntes

do

iníc

io d

a C

opa,

tinh

a re

aliz

ado

test

es d

e ap

tidão

físi

ca c

om a

tleta

s da

s se

leçõ

es q

ue p

artic

ipar

iam

do

Mun

dial

, con

clui

ndo,

ao

final

, que

a s

eleç

ão m

elho

r pre

para

da e

m te

rmos

de

cond

icio

nam

ento

físi

co e

ra a

Sel

eção

Bra

sile

ira, o

que

se

obse

rvou

ple

nam

ente

ao

long

o da

com

petiç

ão.

4.2.

4 Lu

iz M

ende

s (2

002)

“O

tim

e br

asile

iro te

ve u

ma

prep

araç

ão e

dep

ois

foi p

ara

um lu

gar l

á no

Méx

ico,

mai

s al

to q

ue a

cid

ade

do M

éxic

o,

mai

s al

to q

ue tu

do e

dep

ois

desc

eu p

ara

Gua

dala

jara

, que

te

m u

ma

altit

ude

boa,

nor

mal

, dig

amos

[...]

”.

A ci

dade

do

Méx

ico

fica

a 2.

235m

de

altit

ude

e G

uada

laja

ra

a 1.

567m

. 4.

2.4

Car

los

Albe

rto T

orre

s (M

END

ON

ÇA,

201

4)

Res

pond

endo

sob

re o

qu

e di

fere

ncio

u a

Sele

ção

de 1

970

de

toda

s as

out

ras

sele

ções

br

asile

iras.

Acho

que

foi o

trab

alho

dife

renc

iado

na

prep

araç

ão fí

sica

. E

não

era

o fo

rte d

o jo

gado

r bra

sile

iro, n

unca

tinh

a si

do, a

que,

na

Cop

a do

mun

do d

e 19

66 o

s eu

rope

us

surp

reen

dera

m a

todo

s co

m a

pre

para

ção

extra

ordi

nária

. En

tão

nós

sabí

amos

que

par

a co

nseg

uir a

lgo

na C

opa

de

1970

, par

a fa

zer u

ma

gran

de c

ampa

nha

e ch

egar

na

final

, nó

s tín

ham

os q

ue e

star

mui

to b

em p

repa

rado

s fis

icam

ente

. 4.

3.1.

3 C

arlo

s Al

berto

e

isso

aí s

ervi

u de

liçã

o pr

a no

ssa

prep

araç

ão e

m 1

970.

Eu

lem

bro

que

nos

prep

arat

ivos

aqu

i no

Bras

il, a

pre

ocup

ação

da

Com

issã

o Té

cnic

a qu

e er

a o

Adm

ildo

Chi

rol,

o pr

epar

ador

físi

co, a

pre

ocup

ação

del

e, q

ue c

onve

rsav

a co

nosc

o di

aria

men

te, e

ra e

m re

laçã

o à

parte

físi

ca. E

les

fizer

am u

m p

lane

jam

ento

exc

epci

onal

de

traba

lho,

ch

aman

do a

tenç

ão d

os jo

gado

res

para

a n

eces

sida

de d

e qu

e to

dos

se e

mpe

nhas

sem

e s

egui

ssem

as

dete

rmin

açõe

s

215

Cat

egor

ia: O

rgan

izaç

ão

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

dos

prep

arad

ores

físi

cos.

E is

so a

cont

ecen

do e

les

gara

ntia

m q

ue, n

a C

opa

do M

undo

, nós

iría

mos

est

ar n

uma

form

a ex

traor

diná

ria. P

rimei

ro p

ara

joga

r na

altit

ude

e se

gund

o pa

ra e

nfre

ntar

a e

volu

ção

que

eles

tive

ram

na

Cop

a de

66

e fo

i o q

ue a

cont

eceu

nos

pre

para

mos

mui

to.

Mui

to tr

abal

ho...

For

am, e

ntre

Bra

sil e

Méx

ico

fora

m tr

ês

mes

es d

e pr

epar

ação

vis

ando

mui

to a

par

te fí

sica

por

que,

te

cnic

amen

te, n

ós tí

nham

os u

m g

rupo

mui

to b

om.

Che

gam

os n

a C

opa

do M

undo

e o

tim

e nã

o no

ápi

ce,

vam

os d

izer

ass

im, m

as d

e 1

a 10

, nov

e de

pre

para

ção,

ta

nto

que

o no

sso

time

teve

um

joga

dor,

o Br

ito, p

ela

prim

eira

vez

na

hist

ória

do

fute

bol b

rasi

leiro

, um

joga

dor

bras

ileiro

de

Sele

ção,

foi c

onsi

dera

do o

mel

hor p

repa

ro

físic

o, q

ue fo

i o B

rito

e, fo

ra is

so, a

pro

va d

e qu

e, q

uase

to

dos

os jo

gos,

nós

gan

ham

os n

o se

gund

o te

mpo

. Qua

se

todo

s os

jogo

s. A

vitó

ria fo

i con

segu

ida

no s

egun

do te

mpo

, nu

ma

fase

da

parti

da e

m q

ue o

des

gast

e já

exi

ste.

Naq

uela

ép

oca

seria

um

a co

isa

mui

to n

orm

al o

tim

e ca

ir de

pro

duçã

o no

seg

undo

tem

po. M

as n

ão fo

i o c

aso

da S

eleç

ão. E

u di

go

em re

laçã

o a

essa

pre

para

ção,

no

que

diz

resp

eito

à p

arte

fís

ica.

Ent

ão e

ssa

aí fo

i a g

rand

e di

fere

nça

que

houv

e e

a liç

ão q

ue n

ós s

oube

mos

tira

r pro

veito

del

a, d

e 66

par

a 70

.

216

Cat

egor

ia: O

rgan

izaç

ão

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

4.3.

1.3

Car

los

Albe

rto

Bom

, eu

acho

isso

aí r

elat

ivo.

Qua

ndo

você

tem

um

bom

tim

e, in

depe

nde

se h

ouve

r Elim

inat

ória

s ou

não

. Ent

ão o

qu

e ac

onte

ce é

o tr

abal

ho a

ntes

da

com

petiç

ão. A

pesa

r de

que

hoje

o te

mpo

que

se

tem

par

a pr

epar

ar o

tim

e é

men

or

do q

ue n

aque

la é

poca

, mas

, de

qual

quer

man

eira

, se

fizer

um

bom

pla

neja

men

to, d

á pr

a tra

balh

ar b

em a

í na

Sele

ção.

4.

3.2.

3 G

érso

n O

Clá

udio

Cou

tinho

, por

exe

mpl

o, e

le fo

i aos

Est

ados

U

nido

s qu

e, n

a ép

oca

esta

va e

m v

oga

era

o te

ste

de

Coo

per,

o D

r. C

oope

r que

fazi

a es

se te

ste

pra

astro

naut

a e

tal.

O C

outin

ho fo

i lá

e ad

apto

u is

so tu

do p

ara

o fu

tebo

l e

impl

anto

u na

Sel

eção

Bra

sile

ira. T

anto

é q

ue q

uand

o ch

egou

lá fo

ra, c

ada

sele

ção

foi c

ada

joga

dor f

oi d

esta

cado

de

cad

a se

leçã

o pr

a fa

zer o

test

e fís

ico

que

os m

édic

os

exig

iam

. 4.

3.2.

3 G

érso

n A

Org

aniz

ação

mun

dial

de

Saúd

e, fo

i ela

que

fez

os te

stes

. G

– E

xata

men

te. E

o B

rito

foi c

onsi

dera

do o

mel

hor f

ísic

o de

to

da a

Cop

a e

a no

ssa

Sele

ção

tam

bém

pel

os te

stes

que

fiz

emos

e p

elo

test

e qu

e o

Brito

fez

lá q

ue q

uase

exp

lodi

u a

máq

uina

del

es lá

. Ent

ão o

rgan

izou

. Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

217

Qua

dro

16 –

197

0: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “L

ider

ança

” e s

uas

13 S

ubca

tego

rias,

196

8-Lí

der(1

): A

ymor

é M

orei

ra;

1969

-Líd

er(2

): Jo

ão S

alda

nha;

197

0-Lí

der(3

): Za

gallo

. C

ateg

oria

: Lid

eran

ça

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

68-lí

der(1

)-Mon

ta

o G

rupo

4.

2.1.

1 M

illie

t (20

06, p

. 229

-23

3)

(Joã

o Sa

ldan

ha)

a co

nqui

sta

de 1

970

teve

seu

iníc

io e

m 1

968

em V

arsó

via,

na

Pol

ônia

, um

dia

apó

s a

derr

ota

da S

eleç

ão B

rasi

leira

em

St

uttg

art p

ara

a Se

leçã

o da

Ale

man

ha p

or 2

x1. N

esse

dia

, no

hal

l do

Hot

el B

risto

l, Ay

mor

é M

orei

ra, o

técn

ico

da n

ossa

Se

leçã

o, c

omun

icou

: “N

ão é

mai

s po

ssív

el c

ontin

uarm

os

vive

ndo

do p

assa

do. A

quilo

que

era

bom

em

195

8 e

1962

não

serv

e m

ais.

Vou

mud

ar tu

do, d

e ou

tra fo

rma

sucu

mbi

rem

os. [

...] j

ogan

do ta

ticam

ente

com

o es

tam

os

joga

ndo,

vam

os li

quid

ar n

osso

fute

bol.

[...]”

. foi

um

a au

tênt

ica

revo

luçã

o a

conf

erên

cia

de im

pren

sa d

e Ay

mor

é M

orei

ra e

os

fato

s po

ster

iore

s de

mon

stra

ram

que

o

trein

ador

, cam

peão

do

mun

do e

m 1

962,

tinh

a to

da ra

zão.

68

-69-

70-L

íder

M

uda

e o

Gru

po

Perm

anec

e

4.2.

1.1

Mill

iet (

2006

, p. 2

29-

233)

(J

oão

Sald

anha

)

Con

clui

Sal

danh

a qu

e, a

o co

nvoc

ar o

s 22

titu

lare

s e

rese

rvas

em

sua

prim

eira

ent

revi

sta

com

o tre

inad

or d

a Se

leçã

o, q

uem

pre

stas

se a

tenç

ão v

erifi

caria

que

est

avam

quas

e to

dos

os c

onvo

cado

s de

Aym

oré

Mor

eira

. Dos

nom

es

dife

rent

es, P

elé

era

um d

eles

, que

não

hav

ia s

ido

conv

ocad

o po

rque

o S

anto

s es

tava

exc

ursi

onan

do.

4.2.

1.1

O a

utor

des

te e

stud

o D

os jo

gado

res,

rela

cion

ados

na

prim

eira

con

voca

ção

em

1969

, 15

disp

utar

am a

Cop

a do

Mun

do d

e 19

70. D

esse

s 15

, 11

del

es c

onst

ituíra

m a

quel

e qu

e a

revi

sta

Man

chet

e N

o.

950,

de

4 de

julh

o de

197

0, c

lass

ifico

u co

mo

o tim

e in

venc

ível

: Fél

ix, C

arlo

s Al

berto

, Brit

o, P

iazz

a e

Ever

aldo

; C

lodo

aldo

, Gér

son

e R

ivel

lino;

Pel

é, T

ostã

o e

Jairz

inho

[...]

218

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o to

dos

os jo

gado

res

que

atua

ram

nos

Jog

os d

a C

opa

de

1970

est

avam

ent

re o

s 15

. 4.

3.2.

3 G

érso

n 70

, um

a ou

tra o

rgan

izaç

ão. U

m o

utro

mod

elo,

que

com

eçou

es

sa s

eleç

ão e

m 6

8, [.

..] e

m 6

8 sa

ímos

par

a um

a ex

curs

ão

à Eu

ropa

, que

era

a b

ase,

a e

spin

ha d

orsa

l des

sa d

e 70

qu

e, e

m 6

9, e

le te

ve u

m, f

icou

mei

o qu

ebra

da, p

orqu

e en

trou

o Sa

ldan

ha, q

ue ti

nha

que

entra

r naq

uela

épo

ca,

para

reor

gani

zar a

bag

unça

que

tava

. Bag

unça

ent

re

aspa

s...

de e

xcur

são.

.. Aq

uela

s co

isas

toda

s...

Trei

nam

ento

de

sel

eção

é u

ma

cois

a, e

xcur

são

de s

eleç

ão é

out

ra, t

á ce

rto?

Entã

o, c

omo

esta

va tu

do tu

mul

tuad

o, in

clus

ive

por

caus

a do

regi

me

milit

ar, r

egim

e de

pre

ssão

, ess

as c

oisa

s to

das,

repr

essã

o, e

ssas

coi

sas

toda

s. E

ntro

u o

Sald

anha

, qu

e en

trou

com

o e

sque

ma

dele

, 69

-Líd

er(2

)-D

efin

e o

Gru

po e

Per

sona

lidad

e ao

Gru

po –

as

Fera

s

4.2.

1.1

Mill

iet (

2006

, p. 7

5)

(Joã

o Sa

ldan

ha)

em s

ua p

rimei

ra e

ntre

vist

a, S

alda

nha

tira

um p

eque

no p

apel

do

bol

so a

firm

ando

que

já ti

nha

defin

ido

os ti

mes

titu

lar e

re

serv

a.

4.2.

1.1

Mill

iet (

2006

, p. 7

5)

(Joã

o Sa

ldan

ha)

Após

nom

eá-lo

s, c

ompl

eta

com

a d

efin

ição

que

ser

ia a

m

arca

da

sele

ção

nas

Elim

inat

ória

s de

196

9, a

firm

ando

[...]

qu

e go

star

ia d

e te

r em

cam

po 1

1 cr

aque

s, 1

1 fe

ras.

69

-70-

Pers

onal

idad

e do

G

rupo

4.2.

1.1

Mill

iet (

2006

, p. 7

5)

(Joã

o Sa

ldan

ha)

Após

nom

eá-lo

s, c

ompl

eta

com

a d

efin

ição

que

ser

ia a

m

arca

da

sele

ção

nas

Elim

inat

ória

s de

196

9, a

firm

ando

[...]

qu

e go

star

ia d

e te

r em

cam

po 1

1 cr

aque

s, 1

1 fe

ras.

4.

2.1.

1 M

illie

t (20

06, p

. 16)

(T

ostã

o)

Além

de

ter s

ido

impo

rtant

e pa

ra a

cla

ssifi

caçã

o ao

Mun

dial

, Sa

ldan

ha in

cend

iou

a se

leçã

o co

m a

s “fe

ras

do S

alda

nha”

e

recu

pero

u a

conf

ianç

a do

s to

rced

ores

e d

a im

pren

sa n

o fu

tebo

l bra

sile

iro.

219

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 4.

2.3

João

Sal

danh

a no

jo

rnal

O G

lobo

, de

22

de ju

nho

de 1

970,

no

dia

segu

inte

à

conq

uist

a.

Que

ro d

izer

que

a v

itória

ext

raor

diná

ria d

o Br

asil

foi a

vitó

ria

do fu

tebo

l. D

o fu

tebo

l que

o B

rasi

l jog

a, s

em c

opia

r ni

ngué

m, f

azen

do d

a ar

te d

e se

us jo

gado

res

a su

a fo

rça

mai

or e

impo

ndo

ao m

undo

fute

bolís

tico

o se

u pa

drão

, que

o pr

ecis

a se

guir

esqu

emas

dos

out

ros,

poi

s te

m s

ua

pers

onal

idad

e, a

sua

filo

sofia

e ja

mai

s de

verá

sai

r del

a. F

oi

uma

vitó

ria d

o fu

tebo

l.

69-L

íder

(2)-

elog

ios

aos

seus

de

feito

s

4.2.

1.1

Uol

Esp

orte

(201

4)

(Nel

son

Rod

rigue

s)

[...]

meu

car

o Jo

ão S

alda

nha.

Ten

ho-lh

e um

afe

to d

e irm

ão

[...].

Ao

ter a

not

ícia

, ber

rei:

— “É

o té

cnic

o id

eal!”

Um

am

igo

meu

, bem

pen

sant

e in

supo

rtáve

l, ve

io-m

e pe

rgun

tar:

“Voc

ê ac

ha q

ue o

Joã

o te

m a

s qu

alid

ades

nec

essá

rias?

” R

espo

ndi:

— “N

ão s

ei s

e te

m a

s qu

alid

ades

. Mas

afir

mo

que

tem

os

defe

itos

nece

ssár

ios”

[...]

. 70

-Nec

essi

dade

de

Mud

ança

do

Líde

r

4.2.

4 Ar

man

do N

ogue

ira

O S

alda

nha

era

um p

assi

onal

e e

u ac

ho q

ue, e

m

dete

rmin

ado

mom

ento

, o S

alda

nha

perd

eu a

s co

ndiç

ões

emoc

iona

is d

e co

ntin

uar l

ider

ando

. Se

dese

nten

deu

prim

eiro

com

par

te m

ídia

, dep

ois

de d

esen

tend

eu c

om

algu

ns jo

gado

res,

não

é?

Ele

perd

eu o

pul

so.

4.2.

4 Lu

iz M

ende

s Eu

con

side

ro q

ue a

prin

cipa

l raz

ão d

a sa

ída

do S

alda

nha

foi

exat

amen

te o

per

igo

que

corri

a a

Sele

ção

Bras

ileira

de

ele

não

esca

lar o

Pel

é. E

o S

alda

nha,

não

sei

por

que,

alg

um

mot

ivo

ele

teria

, ele

est

ava

cont

esta

ndo

mui

to P

elé.

Est

ava

cont

esta

ndo

o Pe

lé. E

le d

izia

que

o P

elé

esta

va v

endo

m

enos

. 4.

2.4

Teix

eira

Hei

zer

Dis

se q

ue o

s ou

tros

três

(San

dro

Mor

eyra

, Lui

z M

ende

s e

algu

ém c

ham

ado

Piric

a) s

aíra

m d

ali p

ara

conv

ersa

r com

o

amig

o Sa

ldan

ha e

reto

rnar

am tr

iste

s e

dece

pcio

nado

s,

220

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o di

zend

o qu

e el

e ha

via

conf

irmad

o, a

cres

cent

ando

incl

usiv

e,

que

Pelé

est

ava

esba

rrand

o em

móv

eis

na c

once

ntra

ção

por n

ão e

nxer

gar d

ireito

. 70

-Líd

er(3

) 4.

2.1.

2 In

form

ação

de

vário

s si

tes

Com

a d

emis

são

de S

alda

nha,

a C

BD –

Con

fede

raçã

o Br

asile

ira d

e D

espo

rtos,

hoj

e C

BF –

Con

fede

raçã

o Br

asile

ira d

e Fu

tebo

l, co

nvid

ou [.

..] Z

agal

lo, b

icam

peão

m

undi

al p

ela

Sele

ção

com

o jo

gado

r em

58

e 62

, que

in

icia

ra, e

m 1

966,

a c

arre

ira d

e tre

inad

or n

o Bo

tafo

go.

70-L

íder

es d

entro

do

Cam

po

4.2.

3 C

arlo

s Al

berto

, em

en

trevi

sta

ao a

utor

em

07

de

nove

mbr

o de

20

13.

Num

a pe

quen

a pa

rada

dur

ante

o jo

go (c

om o

Uru

guai

, que

ve

ncia

por

1x0

) Gér

son

lhe

diss

e qu

e o

seu

mar

cado

r es

tava

sen

do im

plac

ável

, seg

uind

o-o

onde

que

r que

foss

e e

ele

não

esta

va c

onse

guin

do d

ar o

s pa

sses

da

man

eira

ad

equa

da. S

uger

iu e

ntão

, par

a re

solv

er e

ssa

situ

ação

, a

troca

de

posi

ção

com

Clo

doal

do, o

qua

l dev

eria

ava

nçar

pa

ra o

ata

que

e el

e fic

aria

no

mei

o de

cam

po s

egur

ando

o

seu

mar

cado

r. C

arlo

s Al

berto

, o c

apitã

o, a

prov

a, e

cha

ma

Clo

doal

do p

ra lh

e di

zer p

ara

troca

r de

posi

ção

com

o

Gér

son

e qu

e er

a pa

ra e

le a

vanç

ar a

o at

aque

. O re

sulta

do

foi g

ol d

e em

pate

de

Clo

doal

do a

os 4

4min

do

1º.te

mpo

. 70

-Iden

tific

ação

do

Líd

er(3

) com

o

Gru

po

4.2.

4 Ar

man

do N

ogue

ira

O Z

agal

lo e

ra u

m p

eran

te a

míd

ia, p

eran

te a

impr

ensa

, mas

co

m o

s jo

gado

res

ele

era

outro

. Ele

era

o p

rópr

io jo

gado

res.

El

e er

a a

proj

eção

dos

joga

dore

s.

70-A

tuaç

ão d

o M

embr

o M

ais

Cap

az d

o G

rupo

4.2.

3 Fi

fa.c

om (2

014)

A

final

con

tra a

Itál

ia fo

i a m

áxim

a ex

pres

são

da m

agia

do

cham

ado

“Rei

do

Fute

bol”,

que

abr

iu o

mar

cado

r com

um

a fo

rte c

abeç

ada.

Em

seq

uênc

ia, G

érso

n, J

airz

inho

e C

arlo

s Al

berto

com

plet

aram

a g

olea

da, c

om p

artic

ipaç

ão d

ecis

iva

de P

elé

nos

dois

últi

mos

gol

s.

221

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 70

-Con

fianç

a em

D

ecla

raçã

o de

M

embr

o do

G

rupo

– T

ostã

o

4.2.

4 Ar

man

do N

ogue

ira

(200

2)

“Eu

conf

esso

a v

ocês

que

eu

não

cons

egui

a en

cara

r o

Tost

ão p

orqu

e o

olho

del

e, o

olh

o de

le, e

ra s

ó um

a po

sta

de

sang

ue. E

u fiq

uei m

uito

mal

impr

essi

onad

o. Is

so fo

i na

sem

ana

da e

stre

ia. E

eu

saí c

onve

ncid

o, d

aque

le e

ncon

tro,

que

o To

stão

não

pod

eria

joga

r. An

os d

epoi

s, o

Tos

tão

me

cont

aria

que

, sab

endo

que

a c

ena

do o

lho

dele

, inj

etad

o de

sa

ngue

, inc

omod

ava

todo

mun

do, e

le p

ediu

um

enc

ontro

co

m a

Com

issã

o Té

cnic

a e

diss

e: –

olh

a eu

sei

que

tem

m

uita

gen

te a

chan

do q

ue e

u nã

o so

u ca

paz

de jo

gar c

om

esse

olh

o as

sim

, ent

ão, e

u qu

eria

dei

xar o

s se

nhor

es

inte

iram

ente

à v

onta

de s

e qu

iser

em m

e af

asta

r do

time

(ele

est

ava

trein

ando

com

o tit

ular

), eu

vou

ent

ende

r pe

rfeita

men

te, m

as e

u qu

ero

dize

r um

a co

isa.

.. se

me

esca

lare

m e

u vo

u jo

gar o

que

sei

por

que

isso

aqu

i não

me

prej

udic

ará

em n

ada.

E o

s fa

tos

mos

trara

m q

ue e

le e

stav

a co

m a

vis

ão p

erfe

ita e

m to

dos

os s

entid

os”.

70

-Am

bien

te

4.3.

1.3

Car

los

Albe

rto

No

dia

a di

a qu

ando

voc

ês e

stav

am re

unid

os n

a co

mpe

tição

ou

se

prep

aran

do, c

om q

uem

mai

s vo

cê, o

gru

po q

ue

exis

tia, c

om q

uem

mai

s qu

e vo

cê p

artic

ipav

a ou

dis

cutia

?

CAT

– N

ão, n

ão. E

ra u

m g

rupo

mui

to u

nido

e n

ós

está

vam

os...

feito

um

a gr

ande

am

izad

e en

tre to

dos.

Nós

no

s re

unía

mos

todo

s os

dia

s. P

rimei

ro, a

van

tage

m q

ue n

ós

não

ficáv

amos

em

hot

el. H

otel

o g

rupo

fica

mui

to is

olad

o,

cada

um

vai

par

a o

seu

quar

to e

mal

se

vê. S

ó se

na

hora

do

alm

oço,

da

jant

a e,

nes

sa é

poca

, nós

ficá

vam

os e

m

loca

is a

luga

dos

pela

CBF

, um

a ca

sa, e

nten

deu?

Um

loca

l as

sim

que

todo

s es

tives

sem

sem

pre

junt

os. E

ra m

ais

fáci

l

222

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o pr

o re

laci

onam

ento

de

todo

s os

joga

dore

s. E

ntão

nós

es

táva

mos

sem

pre

junt

os. E

ra u

m g

rupo

mui

to u

nido

, mui

ta

amiz

ade,

enf

im, e

ra d

ifere

nte

de h

oje,

por

que

hoje

o jo

gado

r va

i par

a o

seu

quar

to, f

ica

lá n

a in

tern

et, o

uvin

do m

úsic

a,

entã

o o

cole

tivo

fica

até

em s

egun

do p

lano

. Nes

sa n

ossa

ép

oca

já e

ra d

ifere

nte.

Qui

sess

e ou

não

nós

est

ávam

os

sem

pre

junt

os, m

ais

junt

os, m

ais

junt

os.

70-T

raba

lho

em

Red

e 4.

3.1.

3 C

arlo

s Al

berto

N

o di

a a

dia

quan

do v

ocês

est

avam

reun

idos

na

com

petiç

ão

ou s

e pr

epar

ando

, com

que

m m

ais

você

, o g

rupo

que

ex

istia

, com

que

m m

ais

que

você

par

ticip

ava

ou d

iscu

tia?

C

AT –

Não

, não

. Era

um

gru

po m

uito

uni

do e

nós

es

táva

mos

... fe

ito u

ma

gran

de a

miz

ade

entre

todo

s. N

ós

nos

reun

íam

os to

dos

os d

ias.

Prim

eiro

, a v

anta

gem

que

nós

o fic

ávam

os e

m h

otel

. Hot

el o

gru

po fi

ca m

uito

isol

ado,

ca

da u

m v

ai p

ara

o se

u qu

arto

e m

al s

e vê

. Só

se v

ê na

ho

ra d

o al

moç

o, d

a ja

nta

e, n

essa

épo

ca, n

ós fi

cáva

mos

em

lo

cais

alu

gado

s pe

la C

BF, u

ma

casa

, ent

ende

u? U

m lo

cal

assi

m q

ue to

dos

estiv

esse

m s

empr

e ju

ntos

. Era

mai

s fá

cil

pro

rela

cion

amen

to d

e to

dos

os jo

gado

res.

Ent

ão n

ós

está

vam

os s

empr

e ju

ntos

. Era

um

gru

po m

uito

uni

do, m

uita

am

izad

e, e

nfim

, era

dife

rent

e de

hoj

e, p

orqu

e ho

je o

joga

dor

vai p

ara

o se

u qu

arto

, fic

a lá

na

inte

rnet

, ouv

indo

mús

ica,

en

tão

o co

letiv

o fic

a at

é em

seg

undo

pla

no. N

essa

nos

sa

époc

a já

era

dife

rent

e. Q

uise

sse

ou n

ão n

ós e

stáv

amos

se

mpr

e ju

ntos

, mai

s ju

ntos

, mai

s ju

ntos

.

223

Cat

egor

ia: L

ider

ança

Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 4.

3.2.

2 G

érso

n

joga

dore

s ou

as

dem

ais

pess

oas

com

as

quai

s el

e co

nver

sava

mai

s de

ntro

do

grup

o:

G –

Fél

ix, C

arlo

s Al

berto

, Brit

o, e

u, P

iazz

a, E

vera

ldo.

4.

3.2.

3 G

érso

n a

ques

tão

da c

onve

rsa,

voc

ê, c

om q

uem

que

voc

ê, d

entro

da

Sel

eção

...

G –

Os

que

fala

vam

mai

s. O

s qu

e di

scut

iam

mai

s, d

iscu

tiam

en

tre a

spas

, né?

Com

a c

omis

são

técn

ica,

com

o Z

agal

lo,

entre

nós

, tin

ha s

empr

e um

gru

po, q

ue e

ra F

élix

, eu,

Car

los

Albe

rto, B

rito,

Pia

zza.

.. Se

riam

ess

es a

í mai

s ou

men

os...

G

– Q

ue a

gen

te d

iscu

tia, a

rgum

enta

va e

, den

tro d

o ca

mpo

a

mes

ma

cois

a. F

alav

a, o

out

ro fa

lava

. Ago

ra, a

té n

a re

uniã

o ge

ral,

mas

tinh

am a

quel

es q

ue s

empr

e fa

lava

m

mai

s, s

e po

sici

onav

am m

elho

r. Po

rque

não

cre

dibi

lidad

e,

porq

ue c

redi

bilid

ade

todo

mun

do ti

nha

e to

do m

undo

tinh

a vo

z, d

entro

do

grup

o, n

é? T

odo

mun

do d

iscu

tia e

tal.

É is

so?

É. V

amos

pro

trei

no. C

hega

va lá

, dis

cutia

com

o

Zaga

llo o

que

ele

que

ria o

que

nós

que

ríam

os o

que

nós

pe

nsáv

amos

e b

otav

a em

prá

tica.

E a

í, no

inte

rval

o, a

gen

te

disc

utia

o q

ue ti

nha

acon

teci

do, o

que

o Z

agal

lo ti

nha

obse

rvad

o de

fora

e o

que

nós

est

ávam

os s

entin

do d

e de

ntro

e ju

ntav

a um

a co

isa

na o

utra

. -T

inha

ess

e di

álog

o.

G –

Tin

ha, t

inha

. Ele

dav

a lib

erda

de p

ra g

ente

e, s

e el

e ac

hass

e qu

e o

que

nós

está

vam

os fa

land

o er

a m

elho

r, en

tão

faz

o qu

e vo

cês

estã

o di

zend

o, s

em p

robl

emas

. Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

224

Qua

dro

17 –

197

0: C

onte

údos

da

Cat

egor

ia “E

sque

ma

de J

ogo”

e s

uas

4 S

ubca

tego

rias,

196

8-Lí

der(1

): A

ymor

é M

orei

ra; 1

969-

Líde

r(2):

João

Sal

danh

a; 1

970-

Líde

r(3)

: Zag

allo

. C

ateg

oria

: Esq

uem

a de

Jog

o Su

bcat

egor

ia

Itens

Fo

nte

Con

teúd

o 69

-do

Líde

r(2)

4.

3.2.

3 G

érso

n En

trou

o Sa

ldan

ha, q

ue e

ntro

u co

m o

esq

uem

a de

le, q

ue e

le

não

gost

ava

de p

onta

que

joga

sse

atrá

s. G

osta

va d

e po

nta

na

frent

e. E

ntão

era

o J

airz

inho

de

um la

do e

o E

du d

o ou

tro. O

te

rcei

ro h

omem

de

mei

o de

cam

po e

ra fe

ito p

elo

pont

a de

la

nça,

na

époc

a o

Tost

ão o

u o

Pelé

. Ess

e er

a o

esqu

ema

do

João

Sal

danh

a. E

aí j

ogam

os a

s El

imin

atór

ias.

Fom

os b

em.

Esqu

ema

de jo

go –

69-

do lí

der(

2)

70-d

o Lí

der(

3)

4.2.

3 Fi

fa.c

om (2

014)

O

esq

uem

a ad

otad

o pe

los

bras

ileiro

s tin

ham

asp

ecto

s qu

e,

além

de

efic

azes

, era

m ig

ualm

ente

atra

ente

s, d

esde

os

prec

isos

e p

oten

tes

arre

mat

es d

e R

ivel

lino

até

as

arra

ncad

as d

e Ja

irzin

ho, p

assa

ndo

pela

mov

imen

taçã

o de

G

érso

n no

mei

o do

cam

po e

pel

a in

spira

ção

inig

ualá

vel d

o pr

óprio

Pel

é. E

sque

ma

de jo

go –

70-

do lí

der(

3)

4.2.

4 Za

gallo

Eu

ape

nas

fui u

m p

erso

nage

m, v

amos

diz

er a

ssim

, já

que

falta

vam

doi

s m

eses

par

a co

meç

ar a

Cop

a do

mun

do.

Hou

ve u

m p

robl

ema

com

o S

alda

nha

e eu

ent

rei e

evi

dent

e qu

e, d

entro

do

meu

mod

o de

agi

r e d

e pe

nsar

, fiz

alg

umas

m

odifi

caçõ

es. E

sque

ma

de jo

go –

70-

do lí

der(

3)

4.2.

4 Ja

irzin

ho (1

998)

Se

joga

va n

o 42

4. O

Zag

allo

mud

ou p

ara

433

com

va

riaçõ

es. Q

uer d

izer

, o p

onta

esq

uerd

a er

a o

Edu

e el

e tir

ou o

Edu

e c

oloc

ou o

Riv

ellin

o e,

na

frent

e, p

erm

anec

eram

os

três

: Jai

rzin

ho, T

ostã

o e

Pelé

”.

Esqu

ema

de jo

go –

70-

do lí

der(

3)

225

Cat

egor

ia: E

sque

ma

de J

ogo

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

4.3.

2.3

Gér

son

Term

inad

as a

s El

imin

atór

ias,

con

fusã

o de

nov

o e

tal e

ele

sa

iu. S

aiu

o Sa

ldan

ha. E

ntro

u o

Zaga

llo e

todo

mun

do d

izia

: Ah

! Tá

em c

ima

da c

oisa

, não

tem

tem

po p

ra tr

eina

r...

Entro

u o

Zaga

llo. T

roco

u o

sist

ema.

Zag

allo

já g

osta

va d

e po

nta

fech

ando

o m

eio,

com

o el

e jo

gava

... E

sque

ma

de

jogo

– 7

0-do

líde

r(3)

4.

3.2.

3 G

érso

n El

e (Z

agal

lo) i

mpl

anto

u es

se s

iste

ma

com

Pau

lo C

esar

, só

que

ficar

am tr

ês p

onta

s: E

du jo

gand

o na

fren

te, s

e ne

cess

itass

e de

um

tim

e m

ais

ofen

sivo

; Pau

lo C

esar

faze

ndo

o m

esm

o tra

balh

o qu

e el

e fa

zia

se p

reci

sass

e; e

ele

ada

ptou

o

Riv

ellin

o a

essa

funç

ão, m

eia

funç

ão, u

m p

ouco

na

pont

a,

um p

ouco

no

mei

o e

quas

e se

mpr

e na

inte

rmed

iária

ad

vers

ária

par

a ch

utar

de

fora

da

área

, que

o R

ivel

lino

tinha

um

chu

te fo

rte e

tal.

E, p

ara

com

por o

mei

o do

cam

po, j

unto

co

mig

o e

com

o C

lodo

aldo

. Já

o po

nta

de la

nça

não

volta

va

mai

s. F

icav

a lá

. Às

veze

s vo

ltava

m o

s do

is e

vol

tava

o

Jairz

inho

tam

bém

pra

fech

ar o

mei

o do

cam

po. E

ntão

, o

noss

o at

aque

, no

esqu

ema

de Z

agal

lo, o

nos

so a

taqu

e m

arca

va q

uase

sem

pre

o m

eio

de c

ampo

adv

ersá

rio e

o

noss

o m

eio

de c

ampo

mar

cava

o a

taqu

e ad

vers

ário

, que

o

ataq

ue a

dver

sário

fica

va m

uito

dis

tant

e e

sem

nin

guém

pra

al

imen

tar e

le. A

í o q

ue q

ue e

le ti

nha

que

faze

r? S

air d

e lá

da

frent

e e

vir p

ro m

eio

do c

ampo

. Fic

ava

mai

s pe

rto d

o m

eio

de

cam

po d

eles

e a

í o m

eio

de c

ampo

nos

so m

arca

va o

ata

que

adve

rsár

io e

a n

ossa

def

esa

ficav

a tra

nqui

la, s

em p

robl

ema

nenh

um p

orqu

e nã

o tin

ha n

ingu

ém lá

e n

em a

bol

a ch

egav

a.

Isso

teor

icam

ente

, tá

certo

? N

o ca

mpo

, um

as v

ezes

com

um

226

Cat

egor

ia: E

sque

ma

de J

ogo

Subc

ateg

oria

Ite

ns

Font

e C

onte

údo

pouq

uinh

o m

ais

mov

imen

tado

, sai

ndo

mai

s ou

sai

ndo

men

os,

às v

ezes

um

a m

arca

ção

noss

a, o

adv

ersá

rio c

onse

guia

faze

r um

gol

, con

segu

ia c

hega

r per

to, m

as is

so n

a C

opa

do

Mun

do...

no

cont

exto

ger

al e

ra o

mín

imo.

Ent

ão o

rgan

izou

. Es

quem

a de

jogo

– 7

0-do

líde

r(3)

70

-Gru

po ti

nha

Con

heci

men

to

Cla

ro d

as

Difi

culd

ades

4.2.

4 C

arlo

s Al

berto

(M

END

ON

ÇA,

201

4).

E o

jogo

da

Ingl

ater

ra n

a C

opa

de 1

970

foi a

cha

ve, e

les

eram

favo

ritos

par

a a

Cop

a ta

mbé

m, n

ós s

abía

mos

que

aq

uele

jogo

con

tra e

les

na p

rimei

ra fa

se e

ra o

nos

so jo

go.

Dal

i par

a fre

nte,

nos

so ti

me

era

ou ig

ual o

u su

perio

r aos

ou

tros.

Tan

to q

ue g

anha

mos

aqu

ele

jogo

de

1 a

0, m

as o

re

sto

ganh

amos

com

con

vicç

ão, s

em d

eixa

r dúv

idas

. Es

quem

a de

jogo

– 7

0-gr

upo

tinha

con

heci

men

to c

laro

da

s di

ficul

dade

s 70

-Jog

ada

Ensa

iada

4.

3.1.

3 C

arlo

s Al

berto

no

fina

l do

segu

ndo

tem

po (4

1min

) voc

ê fo

i lá

faze

r o g

ol e

a

impr

essã

o qu

e a

gent

e te

ve a

ssis

tindo

era

que

o P

elé

pare

ce q

ue s

abia

que

voc

ê es

tava

vin

do d

e al

i, po

rque

ele

ne

m o

lha

pro

lado

e e

le p

á, d

eu u

m to

que.

.. C

AT –

Mas

ele

sab

ia q

ue e

u ch

egar

ia a

li, p

elo

fato

, pr

inci

palm

ente

, de

que

nós

jogá

vam

os ju

ntos

no

Sant

os e

se

mpr

e eu

che

gava

ali.

Eu

tive

outro

s bo

ns p

asse

s do

Pel

é na

min

ha c

arre

ira.

Esqu

ema

de jo

go –

70-

joga

da e

nsai

ada

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

227

APÊ

ND

ICE

F –

QU

AD

RO

S C

OM

PAR

ATI

VOS

DA

DIS

SER

TAÇ

ÃO

CO

M F

UTE

BO

L E

GR

UPO

S C

RIA

TIVO

S EM

OR

GA

NIZ

ÕES

Qua

dro

18 –

Est

rutu

ra d

a D

isse

rtaçã

o E

stru

tura

Dis

serta

ção

- apr

esen

taçã

o do

pro

blem

a

- per

gunt

a de

pes

quis

a - o

bjet

ivo

gera

l - o

bjet

ivos

esp

ecífi

cos

- j

ustif

icat

iva

- l

imita

ções

- d

elim

itaçã

o do

trab

alho

- e

stru

tura

do

traba

lho

- c

omo

foi f

eita

a p

esqu

isa

(o

u co

mo

acon

tece

u de

fato

) - “

Ach

ados

” da

inve

stig

ação

228

Qua

dro

19 –

Com

para

tivo

entre

Dis

serta

ção

x Fu

tebo

l: S

eleç

ão n

as E

limin

atór

ias

de 1

969,

Téc

nico

Joã

o Sa

ldan

ha

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

Apre

sent

ação

do

pro

blem

a Fr

aco

dese

mpe

nho

da

Sele

ção

na C

opa

de

1966

e s

uces

so n

a C

opa

segu

inte

, de

1970

, ap

esar

da

pres

ença

co

mum

de

oito

joga

dore

s na

s du

as C

opas

.

Apre

sent

ação

do

prob

lem

a A

Sele

ção

não

está

joga

ndo

tão

bem

, mas

a im

pren

sa e

stá

faze

ndo

mui

to b

arul

ho e

crit

ica

bast

ante

a C

BD (a

tual

men

te

CBF

), ch

egan

do a

diz

er q

ue a

Sel

eção

cor

re p

erig

o re

al d

e nã

o se

cla

ssifi

car p

ara

a C

opa

do M

undo

de

1970

. Ess

a pe

rturb

ação

é p

ratic

amen

te d

iária

.

Perg

unta

de

pesq

uisa

So

b a

ótic

a de

gru

pos

cria

tivos

, qua

is a

s ra

zões

do

frac

asso

da

Sele

ção

Bras

ileira

de

Fute

bol n

a C

opa

de 1

966

e do

su

cess

o na

Cop

a de

19

70?

Perg

unta

a s

er

resp

ondi

da

Com

o ac

abar

com

a p

ertu

rbaç

ão?

A so

luçã

o ne

sses

cas

os, n

o fu

tebo

l, é

mud

ar d

e té

cnic

o,

mas

a q

uest

ão c

ontin

ua: q

ue n

ome

pode

ria a

calm

ar a

im

pren

sa?

Obj

etiv

o ge

ral

Busc

ar p

adrõ

es,

conc

eito

s e/

ou

indi

cativ

os re

laci

onad

os

ao d

esem

penh

o de

gr

upos

cria

tivos

na

prát

ica

no B

rasi

l, a

parti

r do

est

udo

sobr

e a

Sele

ção

Bras

ileira

de

Fute

bol n

as C

opas

do

Mun

do d

e 19

66 e

197

0.

Obj

etiv

o ge

ral

Venc

er a

s el

imin

atór

ias,

úni

ca m

anei

ra p

ara

clas

sific

ar a

Se

leçã

o pa

ra a

Cop

a, já

que

não

fom

os c

ampe

ões

na C

opa

ante

rior e

nem

som

os o

s an

fitriõ

es d

a C

opa

do a

no q

ue

vem

.

229

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

Obj

etiv

os

espe

cífic

os

1) S

eleç

ão B

rasi

leira

nas

C

opas

do

Mun

do d

e 19

66 e

197

0: le

vant

ar

cont

exto

, jog

ador

es e

co

mis

são

técn

ica

com

vi

stas

a e

xtra

ir po

ssív

eis

razõ

es p

ara

dese

mpe

nhos

tão

dísp

ares

. 2)

Ver

ifica

r lig

açõe

s ex

iste

ntes

ent

re o

s do

is

grup

os c

riativ

os.

3) V

erifi

car s

e as

razõ

es

leva

ntad

as fo

ram

di

ssem

inad

as n

a or

gani

zaçã

o co

mo

apre

ndiz

ado.

Obj

etiv

os

espe

cífic

os

Serã

o ap

rese

ntad

os p

elo

novo

trei

nado

r à D

ireto

ria d

a C

BD.

Just

ifica

tiva

Busc

ar p

ossí

veis

razõ

es

para

des

empe

nhos

tão

dife

rent

es, b

em c

omo

proc

urar

ent

ende

r o

func

iona

men

to d

e gr

upos

cria

tivos

em

or

gani

zaçõ

es n

o Br

asil,

co

m v

ista

s a

um m

elho

r de

sem

penh

o e

mel

hore

s

Just

ifica

tiva

A m

udan

ça d

e tre

inad

or te

m q

ue s

er im

edia

ta, p

ois

esta

mos

em

feve

reiro

e a

s el

imin

atór

ias

com

eçam

em

ago

sto.

230

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

resu

ltado

s ec

onôm

icos

, qu

e po

ssam

ser

di

ssem

inad

os n

a or

gani

zaçã

o, c

omo

tam

bém

ser

vir d

e re

ferê

ncia

par

a ou

tros

grup

os q

ue p

rete

ndam

se

r cria

tivos

. Li

mita

ções

1)

Pou

cos

estu

dos

com

gr

upos

cria

tivos

, in

form

ação

de

Di N

izzo

(2

009,

p.7

7) e

De

Mas

i (2

005,

p.1

36).

2)

O te

mpo

dec

orrid

o do

s ev

ento

s an

alis

ados

: 48

ano

s da

Cop

a de

19

66 e

44

anos

da

Cop

a de

197

0, c

om a

co

nseq

uênc

ia n

atur

al d

a m

orte

e d

oenç

as d

e bo

a pa

rte d

os p

rota

goni

stas

de

sses

eve

ntos

; 3)

Dis

tânc

ia d

as fo

ntes

pr

imár

ias

de d

ocum

ento

s,

loca

lizad

as n

o R

io d

e Ja

neiro

e S

ão P

aulo

;

Lim

itaçõ

es

O n

ovo

técn

ico

deve

rá s

er a

ceito

pel

a im

pren

sa, ú

nica

m

anei

ra d

e ac

abar

com

ess

a pe

rturb

ação

toda

.

231

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

4) A

difi

culd

ade

de

loca

lizar

ess

es

prot

agon

ista

s pa

ra e

ntra

r em

con

tato

. 5)

A d

istâ

ncia

a s

er

perc

orrid

a pa

ra o

con

tato

co

m o

s pr

otag

onis

tas,

os

quai

s, e

m s

ua m

aior

ia

deva

m e

star

no

Rio

de

Jane

iro, S

ão P

aulo

e

Min

as G

erai

s, s

endo

que

o

entre

vist

ador

se

enco

ntra

em

Fl

oria

nópo

lis/S

C;

6) R

ecur

sos

para

de

sloc

amen

tos

e ho

sped

agem

– fo

ram

ut

ilizad

os a

quel

es

oriu

ndos

de

bols

a C

APES

/DS.

D

elim

ita-

ção

do

traba

lho

Estu

dar a

Sel

eção

Br

asile

ira d

e Fu

tebo

l nas

C

opas

do

Mun

do d

e 19

66 e

197

0 na

bus

ca

de p

adrõ

es, c

once

itos

e/ou

indi

cativ

os

Del

imita

ção

do

traba

lho

Será

apr

esen

tada

pel

o no

vo tr

eina

dor à

Dire

toria

da

CBD

.

232

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

rela

cion

ados

ao

dese

mpe

nho

de g

rupo

s cr

iativ

os. C

om re

laçã

o às

en

trevi

stas

com

os

prot

agon

ista

s de

sses

do

is e

vent

os, d

efin

i que

de

veria

dar

pre

ferê

ncia

ao

s oi

to jo

gado

res

que

parti

cipa

ram

das

dua

s C

opas

, tan

to n

o pe

ríodo

de

pre

para

ção

com

o da

s C

opas

em

si.

Estru

tura

do

traba

lho

O P

lane

jam

ento

se

apre

sent

a de

form

a cl

ara

tant

o na

est

rutu

ra d

o Su

már

io c

omo

no te

xto

da S

eção

1 In

trodu

ção

Estru

tura

do

traba

lho

O P

lane

jam

ento

ser

á ap

rese

ntad

o pe

lo n

ovo

trein

ador

à

Dire

toria

da

CBD

.

Com

o fo

i fei

ta

a pe

squi

sa

Con

form

e co

nsta

da

Seçã

o 5.

2:

1) C

ampo

exp

lora

tório

2)

Crit

ério

de

sele

ção

3)

Crit

ério

de

excl

usão

4)

Ent

revi

stas

se

mie

stru

tura

das

5)

Lev

anta

men

to d

e da

dos

sobr

e as

2 C

opas

Com

o ac

onte

ceu

de fa

to

1) E

m 0

4/02

/196

9 fo

i con

vida

do p

ara

técn

ico

da S

eleç

ão o

jo

rnal

ista

Joã

o Sa

ldan

ha, q

ue a

ceito

u;

2) O

tam

anho

do

grup

o já

est

ava

defin

ido

prev

iam

ente

. Te

riam

que

ser

22

joga

dore

s;

3) A

inte

rdis

cipl

inar

idad

e e

a fo

rte c

ompl

emen

tarid

ade

dos

inte

gran

tes

do g

rupo

é c

omum

no

fute

bol,

pois

cad

a jo

gado

r at

ua e

m p

osiç

ão d

efin

ida

no c

onte

xto

gera

l. Es

sas

posi

ções

se

alte

ram

tant

o pe

las

cara

cter

ístic

as e

spec

ífica

s de

cad

a jo

gado

r com

o pe

la e

stra

tégi

a de

finid

a pe

lo té

cnic

o, s

endo

233

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

6) E

ntre

vist

as c

om

prot

agon

ista

s

7) C

ateg

oria

s e

Subc

ateg

oria

s

8) A

chad

os d

a In

vest

igaç

ão (F

indi

ngs)

frequ

ente

men

te in

fluen

ciad

a pe

lo q

ue a

cont

ece

real

men

te

dura

nte

a ex

ecuç

ão d

a ta

refa

, ou

seja

, no

jogo

que

est

á se

ndo

disp

utad

o. N

o fu

tebo

l cad

a ve

z m

ais

se v

alor

iza

o jo

gado

r pel

a su

a ca

paci

dade

de

atua

r em

dife

rent

es

posi

ções

, o q

ue re

pres

enta

um

a bo

a va

ntag

em c

ompe

titiv

a.

O c

raqu

e m

aior

Pel

é er

a ta

mbé

m u

m b

om g

olei

ro e

não

so

freu

gols

pel

o Sa

ntos

, nos

três

jogo

s em

que

foi

nece

ssár

io s

ubst

ituir

o go

leiro

. Na

Cop

a de

66

era

o re

serv

a do

gol

eiro

Man

ga n

o úl

timo

jogo

, con

form

e af

irmaç

ão d

e G

ilmar

na

Seçã

o 4.

1.4.

4)

A c

ompe

tênc

ia d

o Lí

der f

oi a

test

ada

tant

o po

r ter

ven

cido

o

Cam

peon

ato

Car

ioca

de

1957

qua

ndo

trein

ava

o Bo

tafo

go, c

omo

pelo

con

teúd

o de

sua

s cr

ítica

s, a

s qu

ais

embo

ra c

ontu

nden

tes

expr

essa

ssem

obs

erva

ções

que

po

deria

m s

er c

onsi

dera

das

bast

ante

per

tinen

tes;

5)

O o

bjet

ivo

com

um e

ra p

lena

men

te c

onhe

cido

por

todo

s:

Venc

er a

s el

imin

atór

ias

6–Lí

der –

def

iniu

os

inte

gran

tes

do g

rupo

com

tare

fas

bem

de

finid

as: o

s 11

titu

lare

s e

os 1

1 re

serv

as;

7) L

íder

– d

efin

iu a

per

sona

lidad

e do

gru

po: d

isse

que

go

star

ia d

e te

r em

cam

po 1

1 cr

aque

s, o

nze

fera

s. “C

onvo

co

o jo

gado

r par

a de

fend

er a

Sel

eção

, não

par

a ca

sar c

om

min

ha fi

lha”

; 8)

Tod

os ti

nham

noç

ão e

xata

das

sua

s fu

nçõe

s de

ntro

do

grup

o, d

o qu

e te

riam

que

faze

r em

cam

po, p

ois

joga

vam

pr

ofis

sion

alm

ente

em

seu

s cl

ubes

;

234

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

9) L

íder

– c

oord

enou

os

trein

amen

tos

do g

rupo

e o

bser

vou

cada

joga

dor,

tant

o qu

e, c

onst

atan

do q

ue o

s m

eiõe

s tra

dici

onai

s ap

erta

vam

as

pern

as g

ross

as d

e To

stão

, o q

ue

pode

ria p

reju

dica

r seu

des

empe

nho,

pro

vide

ncio

u a

conf

ecçã

o de

mei

ão e

spec

ial p

ara

o jo

gado

r;

10) L

íder

– c

riou

um s

et p

sico

ssoc

ial,

um c

lima,

um

ferv

or

fora

do

com

um. D

isse

Tos

tão

no it

em 4

.2.1

.1: “

Sald

anha

in

cend

iou

a Se

leçã

o co

m a

s fe

ras

do S

alda

nha

e re

cupe

rou

a co

nfia

nça

dos

torc

edor

es e

da

impr

ensa

no

fute

bol

bras

ileiro

”. O

u se

ja, c

riou

o qu

e H

ill e

Car

negi

e, n

a Se

ção

2.3.

2, c

ham

am d

e m

aste

r min

d, u

ma

alia

nça

amis

tosa

, num

es

pírit

o de

har

mon

ia e

ntre

dua

s ou

mai

s m

ente

s, q

ue o

corr

e co

mo

nas

reaç

ões

quím

icas

, nas

qua

is d

a co

mbi

naçã

o de

do

is o

u m

ais

elem

ento

s, s

urge

um

a no

va s

ubst

ânci

a pe

la le

i da

s af

inid

ades

. Ess

a no

va s

ubst

ânci

a, o

mas

ter m

ind,

pe

rman

ecer

á di

spon

ível

enq

uant

o ex

istir

ess

a al

ianç

a am

igáv

el e

har

mon

iosa

cria

da p

elo

líder

do

grup

o;

11) C

onsi

dera

ndo

a co

nclu

são

da S

eção

2 C

riativ

idad

e: “a

em

oção

é o

ele

men

to c

rític

o pa

ra q

ue o

pen

sam

ento

di

verg

ente

ger

e cr

iativ

idad

e, e

ntão

o c

lima

inca

ndes

cent

e de

De

Mas

i, qu

e é

o m

aste

r min

d de

Car

negi

e e

Hill,

pr

opic

ia o

sur

gim

ento

das

em

oçõe

s ne

cess

ária

s pa

ra a

forja

da

cria

tivid

ade

em g

rupo

s”; o

bser

vam

os q

ue o

Líd

er fo

i ex

cepc

iona

lmen

te e

ficaz

na

cria

ção

dess

e in

cênd

io.

235

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

CO

NST

ATAÇ

ÕES

AD

ICIO

NAI

S ne

sta

Sele

ção

de 1

969,

re

laci

onad

as a

iten

s de

stac

ados

por

div

erso

s au

tore

s em

2.

3.2:

H

avia

boa

con

vivê

ncia

ent

re to

dos

os c

ompo

nent

es d

o gr

upo;

O

am

bien

te fí

sico

na

conc

entra

ção

da S

eleç

ão n

o R

etiro

do

s Pa

dres

, no

Rio

de

Jane

iro, p

oder

ia s

er d

efin

ido

com

o ac

olhe

dor,

boni

to, d

igno

e fu

ncio

nal;

O

com

porta

men

to o

bser

vado

do

Líde

r dur

ante

todo

o te

mpo

em

que

foi t

rein

ador

da

Sele

ção

nos

leva

a d

efin

i-lo

com

o ca

paz

de u

ma

dedi

caçã

o qu

ase

hero

ica

para

com

o

obje

tivo.

Era

igua

lmen

te c

aris

mát

ico

e tra

nsfo

rmav

a co

nflit

os e

m e

stím

ulos

par

a a

idea

lizaç

ão e

sol

idar

ieda

de,

conf

orm

e m

ostra

a n

arra

tiva

do jo

go c

ontra

a V

enez

uela

qu

ase

ao fi

nal d

a Se

ção

6.5;

G

rupo

ace

itou

a lid

eran

ça c

om re

spei

to e

pod

ería

mos

in

ferir

, até

com

ven

eraç

ão.

Mis

tura

equ

ilibr

ada

– co

nsta

tam

os q

ue fo

i cria

da m

istu

ra d

e jo

gado

res

imag

inat

ivos

com

pes

soas

con

cret

as c

omo

o co

orde

nado

r ger

al, o

dire

tor d

e fu

tebo

l da

CBD

, o té

cnic

o, o

m

édic

o, o

s pr

epar

ador

es fí

sico

s, o

sup

ervi

sor,

os

secr

etár

ios-

exec

utiv

os (e

spéc

ie d

e sa

pado

res,

que

vão

na

frent

e an

tes

de to

dos)

, coz

inhe

iros,

mas

sagi

stas

e

alm

oxar

ifes,

ou

seja

, gen

te p

ara

trata

r de

tudo

e d

e to

das

as

min

úcia

s, c

uida

ndo

para

que

a tr

anqu

ilidad

e do

s jo

gado

res

não

foss

e pr

ejud

icad

a na

s ho

ras

de fo

lga.

Igua

lmen

te n

ão s

e

236

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

196

9)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

pode

esq

uece

r do

enga

jam

ento

da

Dire

ção

Ger

al d

a C

BD,

sem

o q

ual e

nten

dem

os q

ue n

ada

diss

o te

ria s

ido

poss

ível

. Em

min

ha o

pini

ão, p

ara

que

grup

os d

e tra

balh

o fu

ncio

nem

ef

etiv

amen

te n

as o

rgan

izaç

ões,

é n

eces

sário

eng

ajam

ento

e

apro

vaçã

o da

Dire

ção

para

evi

tar p

ress

ões

inte

rnas

de

snec

essá

rias.

Con

side

ro e

ssen

cial

incl

uir a

Dire

ção

Ger

al

ness

a m

istu

ra e

quilib

rada

, o q

ue re

alm

ente

oco

rreu

nes

te

caso

. Nas

pal

avra

s de

De

Mas

i, é

prec

iso

cria

r um

clim

a de

to

lerâ

ncia

recí

proc

a, e

stim

a e

cola

bora

ção

e re

forç

ar e

sse

clim

a, d

ando

a to

dos

a ce

rteza

de

uma

mis

são

com

parti

lhad

a; u

ma

mis

tura

inca

ndes

cent

e qu

e ev

ite a

cr

iaçã

o de

bar

reira

s qu

e po

ssam

vir

a di

ficul

tar o

u m

esm

o bl

oque

ar a

cria

tivid

ade

da e

quip

e em

si.

“A

chad

os” d

a in

vest

igaç

ão

Qua

dro

6 da

Seç

ão 6

.6

R

esul

tado

fina

l A

Sele

ção

venc

eu to

dos

os jo

gos

do s

eu g

rupo

nas

el

imin

atór

ias

e se

cla

ssifi

cou

para

a C

opa

do M

undo

de

1970

. Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

237

Qua

dro

20 –

Com

para

tivo

entre

Dis

serta

ção

x Fu

tebo

l: S

eleç

ão n

a C

opa

de 1

970,

Téc

nico

Zag

allo

D

ISSE

RTA

ÇÃ

O

FUTE

BO

L (S

eleç

ão e

m 1

970)

Es

trut

ura

Des

criç

ão

Estr

utur

a De

scriç

ão: D

ados

adv

indo

s da

Dis

serta

ção

e le

itura

de

livro

s, re

vist

as, j

orna

is e

vár

ios

site

s e

víde

os n

o yo

utub

e Ap

rese

ntaç

ão

do p

robl

ema

Frac

o de

sem

penh

o da

Se

leçã

o na

Cop

a de

19

66 e

suc

esso

na

Cop

a se

guin

te, d

e 19

70, a

pesa

r da

pres

ença

com

um d

e oi

to jo

gado

res

nas

duas

Cop

as.

Apre

sent

ação

do

pro

blem

a

– O

Bra

sil p

artic

ipou

das

Elim

inat

ória

s em

ago

sto

de 1

969,

fo

i o p

rimei

ro e

m s

eu g

rupo

e s

e cl

assi

ficou

par

a a

Cop

a do

M

undo

de

1970

, ven

cend

o to

das

as s

eis

parti

das;

A C

opa

será

real

izad

a no

Méx

ico,

com

alti

tude

s en

tre

2.00

0 e

3.00

0m;

– C

arlo

s Al

berto

na

Seçã

o 4.

3.1.

1): “

em 6

6 o

Bras

il fo

i su

rpre

endi

do p

elo

que

seria

um

a re

volu

ção

da p

arte

físi

ca

dos

euro

peus

. Foi

qua

ndo

eles

mos

trara

m p

ro m

undo

o

cham

ado

fute

bol-f

orça

, que

era

, nad

a m

ais

nada

men

os,

que

uma

prep

araç

ão fí

sica

exc

epci

onal

.” [..

.] “o

joga

dor

bras

ileiro

” [...

] “er

a re

conh

ecid

o co

mo”

[...]

“fis

icam

ente

era

m

ais

fraco

ou

infe

rior d

o qu

e os

eur

opeu

s”;

– O

técn

ico

não

é m

ais

o da

s El

imin

atór

ias;

O n

ovo

técn

ico

da S

eleç

ão e

stá

assu

min

do fa

ltand

o m

enos

de

dois

mes

es e

mei

o pa

ra o

iníc

io d

a C

opa.

Pe

rgun

ta d

e pe

squi

sa

Sob

a ót

ica

de g

rupo

s cr

iativ

os, q

uais

as

razõ

es d

o fra

cass

o da

Se

leçã

o Br

asile

ira d

e Fu

tebo

l na

Cop

a de

19

66 e

do

suce

sso

na

Cop

a de

197

0?

Perg

unta

a

ser

resp

ondi

da

Pela

Dire

toria

da

CBD

– Q

ue p

rovi

dênc

ias

(toda

s el

as)

deve

m s

er s

elec

iona

das

para

dar

à S

eleç

ão a

s co

ndiç

ões

mín

imas

nec

essá

rias

de d

ispu

tar a

Cop

a pe

lo m

enos

em

co

ndiç

ões

de ig

uald

ade

com

os

euro

peus

, esp

ecia

lmen

te

ajui

zand

o a

man

eira

pos

síve

l par

a m

elho

rar o

pre

paro

físi

co

e a

aclim

ataç

ão à

alti

tude

e a

o ca

lor m

exic

ano?

Pe

lo n

ovo

técn

ico

– Q

uais

joga

dore

s es

colh

er e

qua

l es

quem

a de

jogo

sel

ecio

nar?

238

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

Obj

etiv

o ge

ral

Busc

ar p

adrõ

es,

conc

eito

s e/

ou

indi

cativ

os

rela

cion

ados

ao

dese

mpe

nho

de

grup

os c

riativ

os n

a pr

átic

a no

Bra

sil,

a pa

rtir d

o es

tudo

sob

re

a Se

leçã

o Br

asile

ira

de F

uteb

ol n

as C

opas

do

Mun

do d

e 19

66 e

19

70.

Obj

etiv

o ge

ral

Inve

ntar

iar,

traça

r e a

plic

ar, a

travé

s do

Pla

neja

men

to, t

udo

o qu

e fo

r nec

essá

rio p

ara

dar à

Sel

eção

Bra

sile

ira a

s m

elho

res

cond

içõe

s pa

ra s

e pr

epar

ar p

ara

a di

sput

a do

C

ampe

onat

o M

undi

al d

e Fu

tebo

l, qu

e va

i ser

real

izad

o no

M

éxic

o de

31d

e m

aio

a 21

de

junh

o, c

om a

ltitu

des

varia

ndo

de 1

.560

m a

2.2

35m

.

Obj

etiv

os

espe

cífic

os

1) S

eleç

ão B

rasi

leira

na

s C

opas

do

Mun

do

de 1

966

e 19

70:

leva

ntar

con

text

o,

joga

dore

s e

com

issã

o té

cnic

a co

m v

ista

s a

extra

ir po

ssív

eis

razõ

es p

ara

dese

mpe

nhos

tão

dísp

ares

. 2)

Ver

ifica

r lig

açõe

s ex

iste

ntes

ent

re o

s do

is g

rupo

s cr

iativ

os.

3) V

erifi

car s

e as

Obj

etiv

os

espe

cífic

os

1) T

écni

co –

con

voca

r os

joga

dore

s, d

efin

ir o

esqu

ema

de

jogo

e tr

eina

r;

2) P

resi

dent

e da

CBD

e D

ireto

ria –

pre

para

r um

a re

tagu

arda

ef

icie

nte,

ou

seja

, def

inir

o ch

efe

da d

eleg

ação

e, c

om e

sse

chef

e, d

efin

ir fu

nçõe

s e

nom

ear a

s pe

ssoa

s pa

ra o

s di

vers

os c

argo

s da

del

egaç

ão, t

ais

com

o: s

ecre

tário

da

dele

gaçã

o; d

ireto

r de

fute

bol;

méd

icos

; pre

para

dore

s fís

icos

; su

perv

isor

; sec

reta

ria-e

xecu

tiva;

mas

sagi

sta;

coz

inhe

iro;

alm

oxar

ife e

repr

esen

tant

es ju

nto

à FI

FA e

rela

ções

in

tern

acio

nais

; 3)

Pre

side

nte

da C

BD, D

ireto

ria e

Che

fe d

a de

lega

ção

– D

efin

ir jo

gos

amis

toso

s pa

ra a

pre

para

ção

da S

eleç

ão.

4) C

hefe

da

dele

gaçã

o –

aplic

ar o

Pla

neja

men

to.

239

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

razõ

es le

vant

adas

fo

ram

dis

sem

inad

as

na o

rgan

izaç

ão c

omo

apre

ndiz

ado.

Ju

stifi

cativ

a Bu

scar

pos

síve

is

razõ

es p

ara

dese

mpe

nhos

tão

dife

rent

es, b

em c

omo

proc

urar

ent

ende

r o

func

iona

men

to d

e gr

upos

cria

tivos

em

or

gani

zaçõ

es n

o Br

asil,

com

vis

tas

a um

mel

hor

dese

mpe

nho

e m

elho

res

resu

ltado

s ec

onôm

icos

, que

po

ssam

ser

di

ssem

inad

os n

a or

gani

zaçã

o, c

omo

tam

bém

ser

vir d

e re

ferê

ncia

par

a ou

tros

grup

os q

ue p

rete

ndam

se

r cria

tivos

.

Just

ifica

tiva

Fom

os c

ampe

ões

em 1

958

e em

62

com

pla

neja

men

to

adeq

uado

e fr

acas

sam

os e

m 1

966,

sur

pree

ndid

os p

elo

fute

bol-f

orça

, sai

ndo

da C

opa

na F

ase

de G

rupo

s.

É ne

cess

ário

iden

tific

ar to

das

as p

ossí

veis

difi

culd

ades

, es

peci

alm

ente

pre

paro

físi

co in

divi

dual

e a

clim

ataç

ão ta

nto

para

a a

ltitu

de e

xces

siva

com

o pa

ra o

cal

or m

exic

ano,

poi

s as

par

tidas

aco

ntec

erão

por

vol

ta d

o m

eio-

dia.

Nes

se

sent

ido,

nece

ssid

ade

de u

m p

lane

jam

ento

par

a to

das

as

açõe

s ne

cess

ária

s co

m v

ista

s a

supe

rar a

s di

ficul

dade

s id

entif

icad

as, b

em c

omo

outra

s di

ficul

dade

s qu

e po

ssam

ser

co

nsid

erad

as c

omo

pass

ívei

s de

aco

ntec

er, i

nclu

sive

as

mai

s re

mot

as. O

pla

neja

men

to d

eve

ser t

raça

do e

apl

icad

o no

men

or p

razo

, por

que

o te

mpo

é m

uito

cur

to e

dev

e se

r di

vidi

do e

m d

uas

etap

as: ‘

ante

s da

Cop

a’ e

‘dur

ante

a C

opa’

e

a ex

ecuç

ão d

e ca

da e

tapa

dev

erá

ser r

igor

osam

ente

cu

mpr

ida.

C

om re

laçã

o ao

esq

uem

a de

jogo

e e

scal

ação

dos

jo

gado

res,

a d

efin

ição

e re

spon

sabi

lidad

e sã

o do

trei

nado

r.

Lim

itaçõ

es

1) P

ouco

s es

tudo

s co

m g

rupo

s cr

iativ

os,

info

rmaç

ão d

e D

i Niz

zo

Lim

itaçõ

es

– o

tem

po é

bas

tant

e cu

rto. S

erão

men

os d

e do

is m

eses

e

mei

o pa

ra p

lane

jar,

exec

utar

e a

Sel

eção

est

ar p

ront

a at

é o

dia

31 d

e m

aio

quan

do a

Cop

a in

icia

(o p

rimei

ro jo

go d

o

240

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

(200

9, p

.77)

e D

e M

asi

(200

5, p

.136

).

2) O

tem

po d

ecor

rido

dos

even

tos

anal

isad

os: 4

8 an

os d

a C

opa

de 1

966

e 44

an

os d

a C

opa

de

1970

, com

a

cons

equê

ncia

nat

ural

da

mor

te e

doe

nças

de

boa

parte

dos

pr

otag

onis

tas

dess

es

even

tos;

3)

Dis

tânc

ia d

as fo

ntes

pr

imár

ias

de

docu

men

tos,

lo

caliz

adas

no

Rio

de

Jane

iro e

São

Pau

lo;

4) A

difi

culd

ade

de

loca

lizar

ess

es

prot

agon

ista

s pa

ra

entra

r em

con

tato

. 5)

A d

istâ

ncia

a s

er

perc

orrid

a pa

ra o

co

ntat

o co

m o

s pr

otag

onis

tas,

os

Bras

il se

rá n

o di

a 03

de

junh

o).

– se

rá a

prim

eira

vez

no

Bras

il em

que

atle

tas

serã

o pr

epar

ados

par

a en

frent

ar a

ltitu

des

elev

adas

e c

alor

ex

cess

ivo.

Res

ta s

aber

com

o fa

zer.

241

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

quai

s, e

m s

ua m

aior

ia

deva

m e

star

no

Rio

de

Jane

iro, S

ão P

aulo

e

Min

as G

erai

s, s

endo

qu

e o

entre

vist

ador

se

enco

ntra

em

Fl

oria

nópo

lis/S

C;

6) R

ecur

sos

para

de

sloc

amen

tos

e ho

sped

agem

– fo

ram

ut

ilizad

os a

quel

es

oriu

ndos

de

bols

a C

APES

/DS.

D

elim

itaçã

o do

trab

alho

Es

tuda

r a S

eleç

ão

Bras

ileira

de

Fute

bol

nas

Cop

as d

o M

undo

de

196

6 e

1970

na

busc

a de

pad

rões

, co

ncei

tos

e/ou

in

dica

tivos

re

laci

onad

os a

o de

sem

penh

o de

gr

upos

cria

tivos

. Com

re

laçã

o às

ent

revi

stas

co

m o

s pr

otag

onis

tas

dess

es d

ois

even

tos,

Del

imita

ção

do tr

abal

ho

Dar

ao

técn

ico

e ao

s at

leta

s da

Sel

eção

toda

s as

con

diçõ

es

e o

soss

ego

para

que

pos

sam

des

envo

lver

sua

s ha

bilid

ades

de

form

a ef

icie

nte,

sem

se

preo

cupa

r com

qua

isqu

er o

utra

s co

isas

.

242

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

defin

i que

dev

eria

dar

pr

efer

ênci

a ao

s oi

to

joga

dore

s qu

e pa

rtici

para

m d

as d

uas

Cop

as, t

anto

no

perío

do d

e pr

epar

ação

co

mo

das

Cop

as e

m

si.

Estru

tura

do

traba

lho

O P

lane

jam

ento

se

apre

sent

a de

form

a cl

ara

tant

o na

est

rutu

ra

do S

umár

io c

omo

no

text

o da

Seç

ão 1

In

trodu

ção

Estru

tura

do

traba

lho

O P

lane

jam

ento

det

erm

inar

á to

das

as e

tapa

s e

indi

cará

a

form

a e

os re

spon

sáve

is p

ela

exec

ução

de

cada

um

a da

s et

apas

.

Com

o fo

i fei

ta

a pe

squi

sa

Con

form

e co

nsta

da

Seçã

o 5.

2:

1) C

ampo

exp

lora

tório

2)

Crit

ério

de

sele

ção

3)

Crit

ério

de

excl

usão

4)

Ent

revi

stas

se

mie

stru

tura

das

5)

Lev

anta

men

to d

e da

dos

sobr

e as

2

Cop

as

6) E

ntre

vist

as c

om

prot

agon

ista

s

Com

o ac

onte

ceu

de

fato

Algo

bem

sem

elha

nte

ao q

ue fo

i des

crito

nes

te it

em d

o Q

uadr

o 18

rela

cion

ado

à Se

leçã

o, v

isto

que

do g

rupo

de

22 jo

gado

res

que

disp

utar

am a

s El

imin

atór

ias

de 1

969,

15

dele

s fo

ram

in

scrit

os p

ara

a C

opa

de 1

970.

1)

Em

mar

ço d

e 19

70 fo

i con

vidad

o pa

ra té

cnic

o da

Sel

eção

M

ario

Jor

ge L

obo

Zaga

llo, q

ue a

ceito

u;

2) O

tam

anho

do

grup

o já

est

ava

defin

ido

prev

iam

ente

. Ter

iam

qu

e se

r 22

joga

dore

s;

3) A

inte

rdis

cipl

inar

idad

e e

a fo

rte c

ompl

emen

tarid

ade

dos

inte

gran

tes

do g

rupo

é c

omum

no

fute

bol,

pois

cada

joga

dor

atua

em

pos

ição

def

inid

a no

con

text

o ge

ral.

Essa

s po

siçõe

s se

243

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

7) C

ateg

oria

s e

Subc

ateg

oria

s

8) A

chad

os d

a In

vest

igaç

ão

(Fin

ding

s)

alte

ram

tant

o pe

las

cara

cter

ístic

as e

spec

ífica

s de

cad

a jo

gado

r co

mo

pela

est

raté

gia

defin

ida

pelo

técn

ico,

sen

do

frequ

ente

men

te in

fluen

ciad

a pe

lo q

ue a

cont

ece

real

men

te

dura

nte

a ex

ecuç

ão d

a ta

refa

, ou

seja

, no

jogo

que

est

á se

ndo

disp

utad

o. N

o fu

tebo

l cad

a ve

z m

ais

se v

alor

iza o

joga

dor p

ela

sua

capa

cida

de d

e at

uar e

m d

ifere

ntes

pos

içõe

s, o

que

re

pres

enta

um

a bo

a va

ntag

em c

ompe

titiv

a.

O c

raqu

e m

aior

Pel

é er

a ta

mbé

m u

m b

om g

olei

ro e

não

sof

reu

gols

pel

o Sa

ntos

, nos

três

jogo

s em

que

foi n

eces

sário

su

bstit

uir o

gol

eiro

. Na

Cop

a de

66,

em

que

não

era

m

perm

itidas

sub

stitu

içõe

s, P

elé

era

o re

serv

a do

gol

eiro

Man

ga

no ú

ltimo

jogo

, con

form

e af

irmaç

ão d

e G

ilmar

na

Seçã

o 4.

1.4.

4)

A c

ompe

tênc

ia d

o Lí

der f

oi a

test

ada

por t

er s

ido,

com

o té

cnic

o, b

icam

peão

car

ioca

, pel

o Bo

tafo

go, e

m 1

967

e 19

68 e

po

r ter

ven

cido

a C

opa

do B

rasil

de

1968

, alé

m d

e, c

omo

joga

dor,

ter s

ido

bica

mpe

ão m

undi

al p

ela

Sele

ção

Bras

ileira

na

s C

opas

de

1958

e 1

962;

5)

O o

bjet

ivo

com

um e

ra p

lena

men

te c

onhe

cido

por

todo

s:

Venc

er a

Cop

a do

Mun

do d

e 19

70

6) L

íder

– d

efin

iu o

s in

tegr

ante

s do

gru

po c

om ta

refa

s be

m

defin

idas

: os

11 ti

tula

res

e os

11

rese

rvas

; 7)

Líd

er –

man

teve

a p

erso

nalid

ade

do g

rupo

8

) Tod

os ti

nham

noç

ão e

xata

das

sua

s fu

nçõe

s de

ntro

do

grup

o, d

o qu

e te

riam

que

faze

r em

cam

po, p

ois

joga

vam

pr

ofis

siona

lmen

te e

m s

eus

club

es;

9) L

íder

– c

oord

enou

os

trein

amen

tos

do g

rupo

e o

bser

vou

244

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

cada

joga

dor;

10

) Líd

er –

man

teve

o s

et p

sicos

soci

al, o

clim

a, o

ferv

or fo

ra d

o co

mum

cria

do p

or s

eu a

ntec

esso

r. M

ante

ve o

que

Hill

e C

arne

gie,

na

Seçã

o 2.

3.2,

cha

mam

de

mas

ter m

ind,

um

a al

ianç

a am

istos

a, n

um e

spíri

to d

e ha

rmon

ia e

ntre

dua

s ou

mai

s m

ente

s, q

ue o

corre

com

o na

s re

açõe

s qu

ímic

as, n

as q

uais

da

com

bina

ção

de d

ois

ou m

ais

elem

ento

s, s

urge

um

a no

va

subs

tânc

ia p

ela

lei d

as a

finid

ades

. Ess

a no

va s

ubst

ânci

a, o

m

aste

r min

d, p

erm

anec

erá

disp

onív

el e

nqua

nto

exis

tir e

ssa

alia

nça

amig

ável

e h

arm

onio

sa c

riada

pel

o líd

er d

o gr

upo;

11

) Con

side

rand

o a

conc

lusã

o da

Seç

ão 2

Cria

tivid

ade:

“a

emoç

ão é

o e

lem

ento

crít

ico p

ara

que

o pe

nsam

ento

di

verg

ente

ger

e cr

iativ

idad

e, e

ntão

o c

lima

inca

ndes

cent

e de

D

e M

asi,

que

é o

mas

ter m

ind

de C

arne

gie

e H

ill, p

ropi

cia o

su

rgim

ento

das

em

oçõe

s ne

cess

ária

s pa

ra a

forja

da

cria

tivid

ade

em g

rupo

s”; o

bser

vam

os q

ue o

nov

o Lí

der f

oi

exce

pcio

nalm

ente

efic

az n

a m

anut

ençã

o de

sse

incê

ndio

. C

ON

STAT

AÇÕ

ES A

DIC

ION

AIS

nest

a Se

leçã

o de

197

0,

rela

cion

adas

a it

ens

dest

acad

os p

or d

iver

sos

auto

res

em 2

.3.2

: H

avia

boa

con

vivên

cia

entre

todo

s os

com

pone

ntes

do

grup

o;

O a

mbi

ente

físi

co n

a co

ncen

traçã

o da

Sel

eção

nas

inst

alaç

ões

da E

scol

a de

Edu

caçã

o Fí

sica

do E

xérc

ito B

rasil

eiro

, no

bairr

o da

Urc

a, a

os p

és d

o Pã

o de

Açú

car,

no R

io d

e Ja

neiro

, pod

eria

se

r def

inid

o co

mo

acol

hedo

r, bo

nito

, dig

no e

func

iona

l;

O c

ompo

rtam

ento

obs

erva

do d

o Lí

der d

uran

te to

do o

tem

po

245

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

em q

ue fo

i tre

inad

or d

a Se

leçã

o no

s le

va a

def

ini-l

o co

mo

capa

z de

um

a de

dica

ção

quas

e he

roic

a pa

ra c

om o

obj

etiv

o.

Era

igua

lmen

te c

arism

átic

o e

dial

ogav

a m

uito

bem

com

os

joga

dore

s. S

egun

do A

rman

do N

ogue

ira n

a Se

ção

4.2.

4, “o

Za

gallo

era

um

per

ante

a m

ídia

, per

ante

a im

pren

sa, m

as c

om

os jo

gado

res

ele

era

outro

. Ele

era

o p

rópr

io jo

gado

res.

Ele

era

a

proj

eção

dos

joga

dore

s. T

ambé

m s

egun

do G

érso

n, n

o fin

al

de 4

.3.2

.3),

“Ele

dav

a lib

erda

de p

ra g

ente

e, s

e el

e ac

hass

e qu

e o

que

nós

está

vam

os fa

land

o er

a m

elho

r, en

tão

faz

o qu

e vo

cês

estã

o di

zend

o, s

em p

robl

emas

”;

Gru

po a

ceito

u a

lider

ança

com

resp

eito

e p

oder

íam

os in

ferir

, at

é co

m v

ener

ação

; M

istu

ra e

quilib

rada

– c

onst

atam

os q

ue fo

i man

tida

e ta

lvez

até

m

elho

rada

a m

istur

a de

joga

dore

s im

agin

ativ

os c

om p

esso

as

conc

reta

s co

mo

o co

orde

nado

r ger

al, o

dire

tor d

e fu

tebo

l da

CBD

, o té

cnic

o, o

méd

ico,

os

prep

arad

ores

físi

cos,

o

supe

rvis

or, o

s se

cret

ário

s-ex

ecut

ivos

(esp

écie

de

sapa

dore

s,

que

vão

na fr

ente

ant

es d

e to

dos)

, coz

inhe

iros,

mas

sagi

stas

e

alm

oxar

ifes,

ou

seja

, gen

te p

ara

trata

r de

tudo

e d

e to

das

as

min

úcia

s, c

uida

ndo

para

que

a tr

anqu

ilidad

e do

s jo

gado

res

não

foss

e pr

ejud

icad

a na

s ho

ras

de fo

lga.

Igua

lmen

te n

ão s

e po

de

esqu

ecer

do

enga

jam

ento

da

Dire

ção

Ger

al d

a C

BD, s

em o

qu

al e

nten

dem

os q

ue n

ada

diss

o te

ria s

ido

poss

ível

. Em

min

ha

opin

ião,

par

a qu

e gr

upos

de

traba

lho

func

ione

m e

fetiv

amen

te

nas

orga

niza

ções

, é n

eces

sário

eng

ajam

ento

e a

prov

ação

da

Dire

ção

para

evi

tar p

ress

ões

inte

rnas

des

nece

ssár

ias.

246

DIS

SER

TAÇ

ÃO

FU

TEB

OL

(Sel

eção

em

197

0)

Estr

utur

a D

escr

ição

Es

trut

ura

Desc

rição

: Dad

os a

dvin

dos

da D

isse

rtaçã

o e

leitu

ra d

e liv

ros,

revi

stas

, jor

nais

e v

ário

s si

tes

e ví

deos

no

yout

ube

Con

side

ro e

ssen

cial

inclu

ir a

Dire

ção

Ger

al n

essa

mis

tura

eq

uilib

rada

, o q

ue re

alm

ente

oco

rreu

nest

e ca

so. N

as p

alav

ras

de D

e M

asi,

é pr

ecis

o cr

iar u

m c

lima

de to

lerâ

ncia

recí

proc

a,

estim

a e

cola

bora

ção

e re

forç

ar e

sse

clim

a, d

ando

a to

dos

a ce

rteza

de

uma

mis

são

com

parti

lhad

a; u

ma

mist

ura

inca

ndes

cent

e qu

e ev

ite a

cria

ção

de b

arre

iras

que

poss

am v

ir a

dific

ulta

r ou

mes

mo

bloq

uear

a c

riativ

idad

e da

equ

ipe

em s

i.

“Ach

ados

” da

inve

stig

ação

Q

uadr

o 6

da S

eção

6.

6 R

esul

tado

fin

al

Com

rela

ção

ao p

repa

ro fí

sico

, con

sta

no fi

nal d

o ite

m 4

.2.2

: “ A

OM

S –

Org

aniz

ação

Mun

dial

de

Saúd

e, a

ntes

do

iníc

io

da C

opa,

tinh

a re

aliz

ado

test

es d

e ap

tidão

físi

ca c

om a

tleta

s da

s se

leçõ

es q

ue p

artic

ipar

iam

do

Mun

dial

, con

clui

ndo,

ao

final

, que

a s

eleç

ão m

elho

r pre

para

da e

m te

rmos

de

cond

icio

nam

ento

físi

co e

ra a

Sel

eção

Bra

sile

ira, o

que

se

obse

rvou

ple

nam

ente

ao

long

o da

com

petiç

ão”.

E G

érso

n af

irma

em 4

.3.2

.3):

“Brit

o fo

i con

side

rado

o m

elho

r fís

ico

de

toda

a C

opa

e a

noss

a Se

leçã

o ta

mbé

m p

elos

test

es q

ue

fizem

os e

pel

o te

ste

que

o Br

ito fe

z lá

que

qua

se e

xplo

diu

a m

áqui

na d

eles

lá”.

Com

o re

sulta

do fi

nal,

a Se

leçã

o ve

nceu

todo

s os

jogo

s na

C

opa

do M

undo

de

1970

e s

e sa

grou

não

a C

ampe

ã,

com

o pa

ssou

a s

er c

onsi

dera

da s

enão

a m

elho

r sel

eção

de

toda

s, c

omo

uma

das

mel

hore

s se

leçõ

es d

e fu

tebo

l de

todo

s os

tem

pos.

Ver

fina

l do

capu

t da

Seçã

o 4.

2, b

em

com

o o

final

do

item

4.2

.3.

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

247

Qua

dro

21 –

Com

para

tivo

entre

Dis

serta

ção,

Sel

eção

em

196

9, S

eleç

ão e

m 1

970

e G

rupo

s C

riativ

os e

m O

rgan

izaç

ões

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

Ap

rese

ntaç

ão

do p

robl

ema

Frac

o de

sem

penh

o da

Sel

eção

na

Cop

a de

196

6 e

suce

sso

na C

opa

segu

inte

, de

1970

, ap

esar

da

pres

ença

com

um

de o

ito jo

gado

res

nas

duas

Cop

as.

A Se

leçã

o nã

o es

joga

ndo

tão

bem

, mas

a

impr

ensa

est

á fa

zend

o m

uito

bar

ulho

e

criti

ca b

asta

nte

a C

BD (a

tual

men

te

CBF

), ch

egan

do a

di

zer q

ue a

Sel

eção

co

rre

perig

o re

al d

e nã

o se

cla

ssifi

car p

ara

a C

opa

do M

undo

de

1970

. Ess

a pe

rturb

ação

é

prat

icam

ente

diá

ria.

– O

Bra

sil p

artic

ipou

das

Elim

inat

ória

s em

ago

sto

de 1

969,

foi o

prim

eiro

em

se

u gr

upo

e se

cla

ssifi

cou

para

a C

opa

do M

undo

de

1970

, ven

cend

o to

das

as

seis

par

tidas

; –

A C

opa

será

real

izad

a no

Méx

ico,

com

al

titud

es e

ntre

2.0

00 e

3.0

00m

; –

Car

los

Albe

rto n

a Se

ção

4.3.

1c):

“em

66

o B

rasi

l foi

sur

pree

ndid

o pe

lo q

ue

seria

um

a re

volu

ção

da p

arte

físi

ca d

os

euro

peus

. Foi

qua

ndo

eles

mos

trara

m

pro

mun

do o

cha

mad

o fu

tebo

l-for

ça, q

ue

era,

nad

a m

ais

nada

men

os, q

ue u

ma

prep

araç

ão fí

sica

exc

epci

onal

.” [..

.] “o

jo

gado

r bra

sile

iro” [

...] “

era

reco

nhec

ido

com

o” [.

..] “f

isic

amen

te e

ra m

ais

fraco

ou

infe

rior d

o qu

e os

eur

opeu

s”;

– O

técn

ico

não

é m

ais

o da

s El

imin

atór

ias;

O n

ovo

técn

ico

da S

eleç

ão e

stá

assu

min

do fa

ltand

o m

enos

de

dois

m

eses

e m

eio

para

o in

ício

da

Cop

a.

A pr

imei

ra ta

refa

é

defin

ir ou

apo

ntar

qua

l o

prob

lem

a ex

iste

nte,

que

se

pre

tend

e re

solv

er

atra

vés

do

esta

bele

cim

ento

/cria

ção

de u

m g

rupo

cria

tivo.

248

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

Pe

rgun

ta d

e pe

squi

sa o

u pe

rgun

ta a

se

r re

spon

dida

Sob

a ót

ica

de

grup

os c

riativ

os,

quai

s as

razõ

es d

o fra

cass

o da

Se

leçã

o Br

asile

ira

de F

uteb

ol n

a C

opa

de 1

966

e do

su

cess

o na

Cop

a de

197

0?

Com

o ac

abar

com

a

pertu

rbaç

ão?

A so

luçã

o ne

sses

ca

sos,

no

fute

bol,

é m

udar

de

técn

ico,

m

as a

que

stão

co

ntin

ua: q

ue n

ome

pode

ria a

calm

ar a

im

pren

sa?

Pela

Dire

toria

da

CBD

– Q

ue

prov

idên

cias

(tod

as e

las)

dev

em s

er

sele

cion

adas

par

a da

r à S

eleç

ão a

s co

ndiç

ões

mín

imas

nec

essá

rias

de

disp

utar

a C

opa

pelo

men

os e

m

cond

içõe

s de

igua

ldad

e co

m o

s eu

rope

us, e

spec

ialm

ente

aju

izan

do a

m

anei

ra p

ossí

vel p

ara

mel

hora

r o

prep

aro

físic

o e

a ac

limat

ação

à a

ltitu

de

e ao

cal

or m

exic

ano?

Pe

lo n

ovo

técn

ico

– Q

uais

joga

dore

s es

colh

er e

qua

l esq

uem

a de

jogo

se

leci

onar

?

Com

o su

gest

ão, a

s se

guin

tes

reco

men

daçõ

es d

e G

il (2

010,

p.1

0-13

):

1) fo

rmul

ar o

pro

blem

a co

mo

perg

unta

; 2)

o p

robl

ema

deve

ser

cl

aro

e pr

ecis

o;

3) o

pro

blem

a de

ve s

er

empí

rico;

4)

o p

robl

ema

deve

ser

su

scet

ível

de

solu

ção;

5)

o p

robl

ema

deve

ser

de

limita

do a

um

a di

men

são

viáv

el,

rela

cion

ada

aos

mei

os

disp

onív

eis

para

in

vest

igaç

ão.

Afirm

a Ka

rdec

(201

3, p

. 41

0) q

ue a

form

a in

terro

gativ

a ex

ige

resp

osta

s ca

tegó

ricas

qu

e nã

o ab

rem

luga

r pa

ra q

ualq

uer

alte

rnat

iva.

249

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

O

bjet

ivo

gera

l Bu

scar

pad

rões

, co

ncei

tos

e/ou

in

dica

tivos

re

laci

onad

os a

o de

sem

penh

o de

gr

upos

cria

tivos

na

prát

ica

no B

rasi

l, a

parti

r do

estu

do

sobr

e a

Sele

ção

Bras

ileira

de

Fute

bol n

as C

opas

do

Mun

do d

e 19

66

e 19

70.

Venc

er a

s el

imin

atór

ias,

úni

ca

man

eira

par

a cl

assi

ficar

a S

eleç

ão

para

a C

opa,

já q

ue

não

fom

os c

ampe

ões

na C

opa

ante

rior e

ne

m s

omos

os

anfit

riões

da

Cop

a do

an

o qu

e ve

m.

Inve

ntar

iar,

traça

r e a

plic

ar, a

travé

s do

Pl

anej

amen

to, t

udo

o qu

e fo

r nec

essá

rio

para

dar

à S

eleç

ão B

rasi

leira

as

mel

hore

s co

ndiç

ões

para

se

prep

arar

pa

ra a

dis

puta

do

Cam

peon

ato

Mun

dial

de

Fut

ebol

, que

vai

ser

real

izad

o no

M

éxic

o de

31d

e m

aio

a 21

de

junh

o,

com

alti

tude

s va

riand

o de

1.5

60m

a

2.23

5m.

Segu

ndo

Gil (

2010

, p.1

3-14

), o

prob

lem

a po

de s

er

apre

sent

ado

sob

a fo

rma

de o

bjet

ivos

(ger

al e

es

pecí

ficos

), o

que

repr

esen

ta u

m p

asso

im

porta

nte

para

a

oper

acio

naliz

ação

e p

ara

escla

rece

r ace

rca

dos

resu

ltado

s es

pera

dos.

Os

obje

tivos

, par

a qu

e se

jam

cla

ros

e pr

ecis

os, d

evem

in

iciar

com

ver

bos

que

não

poss

ibilit

am m

uita

s in

terp

reta

ções

, com

o, p

or

exem

plo,

iden

tifica

r, ve

rifica

r, de

scre

ver e

av

alia

r. Nã

o se

riam

ad

equa

dos

verb

os c

omo

pesq

uisa

r, en

tend

er e

co

nhec

er, p

or n

ão

conf

erire

m c

lare

za e

pr

ecisã

o.

250

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

O

bjet

ivos

es

pecí

ficos

1)

Sel

eção

Br

asile

ira n

as

Cop

as d

o M

undo

de

196

6 e

1970

: le

vant

ar c

onte

xto,

jo

gado

res

e co

mis

são

técn

ica

com

vis

tas

a ex

trair

poss

ívei

s ra

zões

pa

ra d

esem

penh

os

tão

dísp

ares

. 2)

Ver

ifica

r lig

açõe

s ex

iste

ntes

en

tre o

s do

is

grup

os c

riativ

os.

3) V

erifi

car s

e as

ra

zões

leva

ntad

as

fora

m

diss

emin

adas

na

orga

niza

ção

com

o ap

rend

izad

o.

Serã

o ap

rese

ntad

os

pelo

nov

o tre

inad

or à

D

ireto

ria d

a C

BD.

1) T

écni

co –

con

voca

r os

joga

dore

s, d

efin

ir o

esqu

ema

de jo

go e

trei

nar;

2)

Pre

side

nte

da C

BD e

Dire

toria

prep

arar

um

a re

tagu

arda

efic

ient

e, o

u se

ja,

defin

ir o

chef

e da

del

egaç

ão e

, com

ess

e ch

efe,

def

inir

funç

ões

e no

mea

r as

pess

oas

para

os

dive

rsos

car

gos

da d

eleg

ação

, tai

s co

mo:

sec

retá

rio d

a de

lega

ção;

dire

tor d

e fu

tebo

l; m

édic

os; p

repa

rado

res

físic

os;

supe

rvis

or; s

ecre

taria

-exe

cutiv

a;

mas

sagi

sta;

coz

inhe

iro; a

lmox

arife

e

repr

esen

tant

es ju

nto

à FI

FA e

rela

ções

in

tern

acio

nais;

3)

Pre

side

nte

da C

BD, D

ireto

ria e

Che

fe d

a de

lega

ção

– D

efin

ir jo

gos

amist

osos

par

a a

prep

araç

ão d

a Se

leçã

o.

4) C

hefe

da

dele

gaçã

o –

aplic

ar o

Pl

anej

amen

to.

Obs

erva

r tex

to p

ara

obje

tivo

gera

l.

251

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

Ju

stifi

cativ

a Bu

scar

pos

síve

is

razõ

es p

ara

dese

mpe

nhos

tão

dife

rent

es, b

em

com

o pr

ocur

ar

ente

nder

o

func

iona

men

to d

e gr

upos

cria

tivos

em

or

gani

zaçõ

es n

o Br

asil,

com

vis

tas

a um

mel

hor

dese

mpe

nho

e m

elho

res

resu

ltado

s ec

onôm

icos

, que

po

ssam

ser

di

ssem

inad

os n

a or

gani

zaçã

o, c

omo

tam

bém

ser

vir d

e re

ferê

ncia

par

a ou

tros

grup

os q

ue

pret

enda

m s

er

cria

tivos

.

A m

udan

ça d

e tre

inad

or te

m q

ue s

er

imed

iata

, poi

s es

tam

os e

m fe

vere

iro

e as

elim

inat

ória

s co

meç

am e

m a

gost

o.

Fom

os c

ampe

ões

em 1

958

e em

62

com

pl

anej

amen

to a

dequ

ado

e fra

cass

amos

em

196

6, s

urpr

eend

idos

pel

o fu

tebo

l-fo

rça,

sai

ndo

da C

opa

na F

ase

de

Gru

pos.

É

nece

ssár

io id

entif

icar

toda

s as

pos

síve

is

dific

ulda

des,

esp

ecia

lmen

te p

repa

ro fí

sico

in

divi

dual

e a

clim

ataç

ão ta

nto

para

a

altit

ude

exce

ssiv

a co

mo

para

o c

alor

m

exic

ano,

poi

s as

par

tidas

aco

ntec

erão

po

r vol

ta d

o m

eio-

dia.

Nes

se s

entid

o, h

á ne

cess

idad

e de

um

pla

neja

men

to p

ara

toda

s as

açõ

es n

eces

sária

s co

m v

ista

s a

supe

rar a

s di

ficul

dade

s id

entif

icad

as, b

em

com

o ou

tras

dific

ulda

des

que

poss

am s

er

cons

ider

adas

com

o pa

ssív

eis

de

acon

tece

r, in

clus

ive

as m

ais

rem

otas

. O

plan

ejam

ento

dev

e se

r tra

çado

e a

plic

ado

no m

enor

pra

zo, p

orqu

e o

tem

po é

mui

to

curto

e d

eve

ser d

ivid

ido

em d

uas

etap

as:

‘ant

es d

a C

opa’

e ‘d

uran

te a

Cop

a’ e

a

exec

ução

de

cada

eta

pa d

ever

á se

r rig

oros

amen

te c

umpr

ida.

C

om re

laçã

o ao

esq

uem

a de

jogo

e

esca

laçã

o do

s jo

gado

res,

a d

efin

ição

e

resp

onsa

bilid

ade

são

do tr

eina

dor.

Des

crev

er a

s ra

zões

que

su

gere

m q

ue a

re

solu

ção

do p

robl

ema

pass

a pe

la c

riaçã

o de

um

gru

po c

riativ

o.

252

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

Li

mita

ções

1)

Pou

cos

estu

dos

com

gru

pos

cria

tivos

, in

form

ação

de

Di

Niz

zo (2

009,

p.7

7)

e D

e M

asi (

2005

, p.

136)

. 2)

O te

mpo

de

corr

ido

dos

even

tos

anal

isad

os: 4

8 an

os d

a C

opa

de

1966

e 4

4 an

os d

a C

opa

de 1

970,

com

a

cons

equê

ncia

na

tura

l da

mor

te e

do

ença

s de

boa

pa

rte d

os

prot

agon

ista

s de

sses

eve

ntos

; 3)

Dis

tânc

ia d

as

font

es p

rimár

ias

de

docu

men

tos,

lo

caliz

adas

no

Rio

de

Jan

eiro

e S

ão

Paul

o;

O n

ovo

técn

ico

deve

rá s

er a

ceito

pel

a im

pren

sa, ú

nica

m

anei

ra d

e ac

abar

co

m e

ssa

pertu

rbaç

ão

toda

.

– o

tem

po é

bas

tant

e cu

rto. S

erão

m

enos

de

dois

mes

es e

mei

o pa

ra

plan

ejar

, exe

cuta

r e a

Sel

eção

est

ar

pron

ta a

té o

dia

31

de m

aio

quan

do a

C

opa

inic

ia (o

prim

eiro

jogo

do

Bras

il se

rá n

o di

a 03

de

junh

o).

– se

rá a

prim

eira

vez

no

Bras

il em

que

at

leta

s se

rão

prep

arad

os p

ara

enfre

ntar

al

titud

es e

leva

das

e ca

lor e

xces

sivo

. R

esta

sab

er c

omo

faze

r.

Apon

tar a

s lim

itaçõ

es

exis

tent

es

253

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

4)

A d

ificu

ldad

e de

lo

caliz

ar e

sses

pr

otag

onis

tas

para

en

trar e

m c

onta

to.

5) A

dis

tânc

ia a

ser

pe

rcor

rida

para

o

cont

ato

com

os

prot

agon

ista

s, o

s qu

ais,

em

sua

m

aior

ia d

evam

es

tar n

o R

io d

e Ja

neiro

, São

Pau

lo

e M

inas

Ger

ais,

se

ndo

que

o en

trevi

stad

or s

e en

cont

ra e

m

Flor

ianó

polis

/SC

; 6)

Rec

urso

s pa

ra

desl

ocam

ento

s e

hosp

edag

em –

fo

ram

util

izad

os

aque

les

oriu

ndos

de

bol

sa

CAP

ES/D

S.

254

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

elim

itaçã

o do

trab

alho

Es

tuda

r a S

eleç

ão

Bras

ileira

de

Fute

bol n

as C

opas

do

Mun

do d

e 19

66

e 19

70 n

a bu

sca

de p

adrõ

es,

conc

eito

s e/

ou

indi

cativ

os

rela

cion

ados

ao

dese

mpe

nho

de

grup

os c

riativ

os.

Com

rela

ção

às

entre

vist

as c

om o

s pr

otag

onis

tas

dess

es d

ois

even

tos,

def

ini q

ue

deve

ria d

ar

pref

erên

cia

aos

oito

joga

dore

s qu

e pa

rtici

para

m d

as

duas

Cop

as, t

anto

no

per

íodo

de

prep

araç

ão c

omo

das

Cop

as e

m s

i.

Será

apr

esen

tada

pe

lo n

ovo

trein

ador

à

Dire

toria

da

CBD

.

Dar

ao

técn

ico

e ao

s at

leta

s da

Sel

eção

to

das

as c

ondi

ções

e o

sos

sego

par

a qu

e po

ssam

des

envo

lver

sua

s ha

bilid

ades

de

form

a ef

icie

nte,

sem

se

preo

cupa

r com

qua

isqu

er o

utra

s co

isas

.

Des

crev

er o

s lim

ites

do

traba

lho

a se

r ex

ecut

ado.

255

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

Es

trutu

ra d

o tra

balh

o O

Pla

neja

men

to s

e ap

rese

nta

de fo

rma

clar

a ta

nto

na

estru

tura

do

Sum

ário

com

o no

te

xto

da S

eção

1

Intro

duçã

o

O P

lane

jam

ento

ser

á ap

rese

ntad

o pe

lo

novo

trei

nado

r à

Dire

toria

da

CBD

.

O P

lane

jam

ento

det

erm

inar

á to

das

as

etap

as e

indi

cará

a fo

rma

e os

re

spon

sáve

is p

ela

exec

ução

de

cada

um

a da

s et

apas

.

Elab

orar

um

pl

anej

amen

to, o

u se

ja,

um p

lano

ou

rote

iro q

ue

esta

bele

ça, p

ara

toda

s as

eta

pas,

de

talh

adam

ente

: –

o qu

e de

ve s

er fe

ito;

– po

r que

dev

e se

r fei

to;

– qu

em d

eve

faze

r;

– on

de d

eve

faze

r;

– qu

ando

dev

e fa

zer;

com

o de

ve fa

zer;

quan

to v

ai c

usta

r C

omo

foi f

eita

a

pesq

uisa

ou

co

mo

acon

tece

u de

fa

to p

elos

re

gist

ros

no

corp

o da

D

isse

rtaçã

o

Con

form

e co

nsta

da

Seç

ão 5

.2:

1) C

ampo

ex

plor

atór

io

2) C

ritér

io d

e se

leçã

o

3) C

ritér

io d

e ex

clus

ão

4) E

ntre

vist

as

sem

iest

rutu

rada

s

5) L

evan

tam

ento

de

dad

os s

obre

as

2 C

opas

1) E

m 0

4/02

/196

9 fo

i co

nvid

ado

para

técn

ico

da S

eleç

ão o

jorn

alist

a Jo

ão S

alda

nha,

que

ac

eito

u;

2) O

tam

anho

do

grup

o já

est

ava

defin

ido

prev

iam

ente

. Ter

iam

qu

e se

r 22

joga

dore

s;

3) A

in

terd

isci

plin

arid

ade

e a

forte

co

mpl

emen

tarid

ade

Algo

bem

sem

elha

nte

ao q

ue fo

i des

crito

ne

ste

item

do

Qua

dro

18 re

laci

onad

o à

Sele

ção,

vis

to q

ue d

o gr

upo

de 2

2 jo

gado

res

que

disp

utar

am a

s El

imin

atór

ias

de 1

969,

15

dele

s fo

ram

in

scrit

os p

ara

a C

opa

de 1

970.

1)

Em

mar

ço d

e 19

70 fo

i con

vida

do p

ara

técn

ico

da S

eleç

ão M

ario

Jor

ge L

obo

Zaga

llo, q

ue a

ceito

u;

2) O

tam

anho

do

grup

o já

est

ava

defin

ido

prev

iam

ente

. Ter

iam

que

ser

22

joga

dore

s;

3) A

inte

rdis

cipl

inar

idad

e e

a fo

rte

1) D

efin

ição

do

Líde

r; 2)

Def

iniç

ão d

o ta

man

ho

do g

rupo

. Ex.

: fut

ebol

- 11

titu

lare

s e

11

rese

rvas

; BM

I - 7

inte

gran

tes

3) In

terd

isci

plin

arid

ade

e fo

rte c

ompl

emen

tari-

dade

dos

inte

gran

tes

do

grup

o. E

x.: P

elé

era

tam

bém

um

bom

gol

eiro

; 4)

Com

petê

ncia

do

Líde

r at

esta

da. E

x.: f

uteb

ol

256

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

6)

Ent

revi

stas

com

pr

otag

onis

tas

7)

Cat

egor

ias

e Su

bcat

egor

ias

8)

Ach

ados

da

Inve

stig

ação

(F

indi

ngs)

dos

inte

gran

tes

do

grup

o é

com

um n

o fu

tebo

l, po

is c

ada

joga

dor a

tua

em

posi

ção

defin

ida

no

cont

exto

ger

al. E

ssas

po

siçõ

es s

e al

tera

m

tant

o pe

las

cara

cter

ístic

as

espe

cífic

as d

e ca

da

joga

dor c

omo

pela

es

traté

gia

defin

ida

pelo

cnic

o, s

endo

fre

quen

tem

ente

in

fluen

ciad

a pe

lo q

ue

acon

tece

real

men

te

dura

nte

a ex

ecuç

ão d

a ta

refa

, ou

seja

, no

jogo

qu

e es

tá s

endo

di

sput

ado.

No

fute

bol

cada

vez

mai

s se

va

loriz

a o

joga

dor p

ela

sua

capa

cida

de d

e at

uar e

m d

ifere

ntes

po

siçõ

es, o

que

re

pres

enta

um

a bo

a

com

plem

enta

ridad

e do

s in

tegr

ante

s do

gr

upo

é co

mum

no

fute

bol,

pois

cad

a jo

gado

r atu

a em

pos

ição

def

inid

a no

co

ntex

to g

eral

. Ess

as p

osiç

ões

se

alte

ram

tant

o pe

las

cara

cter

ístic

as

espe

cífic

as d

e ca

da jo

gado

r com

o pe

la

estra

tégi

a de

finid

a pe

lo té

cnic

o, s

endo

fre

quen

tem

ente

influ

enci

ada

pelo

que

ac

onte

ce re

alm

ente

dur

ante

a e

xecu

ção

da ta

refa

, ou

seja

, no

jogo

que

est

á se

ndo

disp

utad

o. N

o fu

tebo

l cad

a ve

z m

ais

se v

alor

iza

o jo

gado

r pel

a su

a ca

paci

dade

de

atua

r em

dife

rent

es

posi

ções

, o q

ue re

pres

enta

um

a bo

a va

ntag

em c

ompe

titiv

a.

O c

raqu

e m

aior

Pel

é er

a ta

mbé

m u

m

bom

gol

eiro

e n

ão s

ofre

u go

ls p

elo

Sant

os, n

os tr

ês jo

gos

em q

ue fo

i ne

cess

ário

sub

stitu

ir o

gole

iro. N

a C

opa

de 6

6, e

m q

ue n

ão e

ram

per

miti

das

subs

titui

ções

, Pel

é er

a o

rese

rva

do

gole

iro M

anga

no

últim

o jo

go, c

onfo

rme

afirm

ação

de

Gilm

ar n

a Se

ção

4.1.

4.

4–A

com

petê

ncia

do

Líde

r foi

ate

stad

a po

r ter

sid

o, c

omo

técn

ico,

bic

ampe

ão

cario

ca, p

elo

Bota

fogo

, em

196

7 e

1968

venc

er c

ampe

onat

os

com

o té

cnic

o;

5) o

bjet

ivo

com

um. E

x.:

fute

bol v

ence

r o

cam

peon

ato

que

está

di

sput

ando

; 6)

Líd

er d

efin

e os

in

tegr

ante

s do

gru

po

com

funç

ões

bem

de

finid

as; E

x.: f

uteb

ol –

11

titu

lare

s e

11

rese

rvas

7)

Líd

er d

efin

e a

pers

onal

idad

e do

gru

po;

ex.:

fute

bol –

Sal

danh

a ao

diz

er q

ue g

osta

ria d

e te

r em

cam

po 1

1 cr

aque

s, 1

1 fe

ras;

8)

Tod

os, a

todo

m

omen

to, t

er a

noç

ão

exat

a da

s su

as fu

nçõe

s de

ntro

do

grup

o;

9) L

íder

coo

rden

a os

tra

balh

os e

obs

erva

ca

da in

tegr

ante

par

a

257

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

va

ntag

em c

ompe

titiv

a.

O c

raqu

e m

aior

Pel

é er

a ta

mbé

m u

m b

om

gole

iro e

não

sof

reu

gols

pel

o Sa

ntos

, nos

trê

s jo

gos

em q

ue fo

i ne

cess

ário

sub

stitu

ir o

gole

iro. N

a C

opa

de 6

6 er

a o

rese

rva

do

gole

iro M

anga

no

últim

o jo

go, c

onfo

rme

afirm

ação

de

Gilm

ar n

a Se

ção

4.1.

4.

4) A

com

petê

ncia

do

Líde

r foi

ate

stad

a ta

nto

por t

er v

enci

do o

C

ampe

onat

o C

ario

ca

de 1

957

quan

do

trein

ava

o Bo

tafo

go,

com

o pe

lo c

onte

údo

de

suas

crít

icas

, as

quai

s em

bora

con

tund

ente

s ex

pres

sass

em

obse

rvaç

ões

que

pode

riam

ser

co

nsid

erad

as b

asta

nte

e po

r ter

ven

cido

a C

opa

do B

rasi

l de

1968

, alé

m d

e, c

omo

joga

dor,

ter s

ido

bica

mpe

ão m

undi

al p

ela

Sele

ção

Bras

ileira

nas

Cop

as d

e 19

58 e

196

2;

5–O

obj

etiv

o co

mum

era

ple

nam

ente

co

nhec

ido

por t

odos

: Ven

cer a

Cop

a do

M

undo

de

1970

6–

Líde

r - d

efin

iu o

s in

tegr

ante

s do

gru

po

com

tare

fas

bem

def

inid

as: o

s 11

tit

ular

es e

os

11 re

serv

as;

7–Lí

der –

man

teve

a p

erso

nalid

ade

do

grup

o 8

–Tod

os ti

nham

noç

ão e

xata

das

sua

s fu

nçõe

s de

ntro

do

grup

o, d

o qu

e te

riam

qu

e fa

zer e

m c

ampo

, poi

s jo

gava

m

prof

issi

onal

men

te e

m s

eus

club

es;

9–Lí

der –

coo

rden

ou o

s tre

inam

ento

s do

gr

upo

e ob

serv

ou c

ada

joga

dor;

10

–Líd

er –

man

teve

o s

et p

sico

ssoc

ial,

o cl

ima,

o fe

rvor

fora

do

com

um c

riado

por

se

u an

tece

ssor

. Man

teve

o q

ue H

ill e

Car

negi

e, n

a Se

ção

2.3.

2, c

ham

am d

e m

aste

r min

d, u

ma

alia

nça

amis

tosa

, nu

m e

spíri

to d

e ha

rmon

ia e

ntre

dua

s ou

m

ais

men

tes,

que

oco

rre

com

o na

s re

açõe

s qu

ímic

as, n

as q

uais

da

verif

icar

se

lhe

falta

alg

o pa

ra m

elho

rar o

de

sem

penh

o; e

x.:

fute

bol –

os

mei

ões

espe

ciai

s pa

ra T

ostã

o;

10) L

íder

resp

onsá

vel

pela

cria

ção

de u

m s

et

psic

osso

cial

, um

clim

a,

um fe

rvor

fora

do

com

um

e pó

man

ter o

que

Hill

e C

arne

gie,

na

Seçã

o 2.

3.2,

cha

mam

de

mas

ter m

ind,

um

a al

ianç

a am

isto

sa, n

um

espí

rito

de h

arm

onia

en

tre o

s in

tegr

ante

s do

gr

upo,

que

oco

rre c

omo

nas

reaç

ões

quím

icas

, na

s qu

ais

da

com

bina

ção

de d

ois

ou

mai

s el

emen

tos,

sur

ge

uma

nova

sub

stân

cia

pela

lei d

as a

finid

ades

. Es

sa n

ova

subs

tânc

ia, o

m

aste

r min

d,

perm

anec

erá

disp

onív

el

258

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

pe

rtine

ntes

; 5)

O o

bjet

ivo

com

um

era

plen

amen

te

conh

ecid

o po

r tod

os:

Venc

er a

s el

imin

atór

ias

6) L

íder

- de

finiu

os

inte

gran

tes

do g

rupo

co

m ta

refa

s be

m

defin

idas

: os

11

titul

ares

e o

s 11

re

serv

as;

7) L

íder

– d

efin

iu a

pe

rson

alid

ade

do

grup

o: d

isse

que

go

star

ia d

e te

r em

ca

mpo

11

craq

ues,

on

ze fe

ras.

“Con

voco

o

joga

dor p

ara

defe

nder

a

Sele

ção,

não

par

a ca

sar c

om m

inha

filh

a”;

8) T

odos

tinh

am n

oção

ex

ata

das

suas

fu

nçõe

s de

ntro

do

grup

o, d

o qu

e te

riam

qu

e fa

zer e

m c

ampo

, po

is jo

gava

m

com

bina

ção

de d

ois

ou m

ais

elem

ento

s,

surg

e um

a no

va s

ubst

ânci

a pe

la le

i das

af

inid

ades

. Ess

a no

va s

ubst

ânci

a, o

m

aste

r min

d, p

erm

anec

erá

disp

onív

el

enqu

anto

exi

stir

essa

alia

nça

amig

ável

e

harm

onio

sa c

riada

pel

o líd

er d

o gr

upo;

11

–Con

side

rand

o a

conc

lusã

o da

Seç

ão

2 C

riativ

idad

e: “a

em

oção

é o

ele

men

to

críti

co p

ara

que

o pe

nsam

ento

di

verg

ente

ger

e cr

iativ

idad

e, e

ntão

o

clim

a in

cand

esce

nte

de D

e M

asi,

que

é o

mas

ter m

ind

de C

arne

gie

e H

ill,

prop

icia

o s

urgi

men

to d

as e

moç

ões

nece

ssár

ias

para

a fo

rja d

a cr

iativ

idad

e em

gru

pos”

; obs

erva

mos

que

o n

ovo

Líde

r foi

exc

epci

onal

men

te e

ficaz

na

man

uten

ção

dess

e in

cênd

io.

CO

NST

ATAÇ

ÕES

AD

ICIO

NAI

S ne

sta

Sele

ção

de 1

970,

rela

cion

adas

a it

ens

dest

acad

os p

or d

iver

sos

auto

res

em

2.3.

2:

Hav

ia b

oa c

onvi

vênc

ia e

ntre

todo

s os

co

mpo

nent

es d

o gr

upo;

O

am

bien

te fí

sico

na

conc

entra

ção

da

Sele

ção

nas

inst

alaç

ões

da E

scol

a de

enqu

anto

exi

stir

essa

al

ianç

a am

igáv

el e

ha

rmon

iosa

cria

da p

elo

líder

do

grup

o;

11) E

moç

ão -

Con

side

rand

o a

conc

lusã

o da

Seç

ão 2

C

riativ

idad

e: “a

em

oção

é

o el

emen

to c

rític

o pa

ra

que

o pe

nsam

ento

di

verg

ente

ger

e cr

iativ

idad

e, e

ntão

o

clim

a in

cand

esce

nte

de

De

Mas

i, qu

e é

o m

aste

r m

ind

de C

arne

gie

e H

ill,

prop

icia

o s

urgi

men

to

das

emoç

ões

nece

ssár

ias

para

a fo

rja

da c

riativ

idad

e em

gr

upos

”; ex

.: fu

tebo

l –

em 1

970

os L

íder

es

fora

m e

xcep

cion

alm

ente

ef

icaz

es n

a cr

iaçã

o e

man

uten

ção

dess

e in

cênd

io.

12) b

oa c

onvi

vênc

ia

259

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

pr

ofis

siona

lmen

te e

m

seus

clu

bes;

9)

Líd

er –

coo

rden

ou

os tr

eina

men

tos

do

grup

o e

obse

rvou

cad

a jo

gado

r, ta

nto

que,

co

nsta

tand

o qu

e os

m

eiõe

s tra

dici

onai

s ap

erta

vam

as

pern

as

gros

sas

de T

ostã

o, o

qu

e po

deria

pre

judi

car

seu

dese

mpe

nho,

pr

ovid

enci

ou a

co

nfec

ção

de m

eião

es

peci

al p

ara

o jo

gado

r;

10) L

íder

– c

riou

um

set p

sicos

soci

al, u

m

clim

a, u

m fe

rvor

fora

do

com

um. D

isse

To

stão

no

item

4.2

.1.1

: “S

alda

nha

ince

ndio

u a

Sele

ção

com

as

fera

s do

Sal

danh

a e

recu

pero

u a

conf

ianç

a do

s to

rced

ores

e d

a

Educ

ação

Fís

ica

do E

xérc

ito B

rasi

leiro

, no

bai

rro d

a U

rca,

aos

pés

do

Pão

de

Açúc

ar, n

o R

io d

e Ja

neiro

, pod

eria

ser

de

finid

o co

mo

acol

hedo

r, bo

nito

, dig

no e

fu

ncio

nal;

O

com

porta

men

to o

bser

vado

do

Líde

r du

rant

e to

do o

tem

po e

m q

ue fo

i tre

inad

or d

a Se

leçã

o no

s le

va a

def

ini-l

o co

mo

capa

z de

um

a de

dica

ção

quas

e he

roic

a pa

ra c

om o

obj

etiv

o. E

ra

igua

lmen

te c

aris

mát

ico

e di

alog

ava

mui

to b

em c

om o

s jo

gado

res.

Seg

undo

Ar

man

do N

ogue

ira n

a Se

ção

4.2.

4, “o

Za

gallo

era

um

per

ante

a m

ídia

, per

ante

a

impr

ensa

, mas

com

os

joga

dore

s el

e er

a ou

tro. E

le e

ra o

pró

prio

joga

dore

s.

Ele

era

a pr

ojeç

ão d

os jo

gado

res.

Ta

mbé

m s

egun

do G

érso

n, n

o fin

al d

e 4.

3.2

c), “

Ele

dava

libe

rdad

e pr

a ge

nte

e,

se e

le a

chas

se q

ue o

que

nós

es

táva

mos

fala

ndo

era

mel

hor,

entã

o fa

z o

que

você

s es

tão

dize

ndo,

sem

pr

oble

mas

”;

Gru

po a

ceito

u a

lider

ança

com

resp

eito

e

pode

ríam

os in

ferir

, até

com

ve

nera

ção;

entre

todo

s os

in

tegr

ante

s do

gru

po,

mes

mo

entre

pe

rson

alid

ades

bem

di

fere

ntes

. (ve

r ite

m

2.3.

2).

13) a

mbi

ente

físi

co

acol

hedo

r, bo

nito

, dig

no,

func

iona

l;

14) L

íder

- ca

paz

de u

ma

dedi

caçã

o qu

ase

hero

ica

para

com

o o

bjet

ivo,

ca

rism

átic

o, d

ialo

ga b

em

com

os

mem

bros

do

grup

o, c

apaz

de

trans

form

ar c

onfli

tos

em

estím

ulos

par

a a

idea

lizaç

ão e

so

lidar

ieda

de;

15) G

rupo

ace

ita a

lid

eran

ça c

om re

spei

to;

16) M

istu

ra e

quilib

rada

Nas

pal

avra

s de

De

Mas

i, m

istu

ra d

e pe

ssoa

s im

agin

ativ

as e

de

pes

soas

con

cret

as

260

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

im

pren

sa n

o fu

tebo

l br

asile

iro”.

Ou

seja

, cr

iou

o qu

e H

ill e

Car

negi

e, n

a Se

ção

2.3.

2, c

ham

am d

e m

aste

r min

d, u

ma

alia

nça

amist

osa,

num

es

pírit

o de

har

mon

ia

entre

dua

s ou

mai

s m

ente

s, q

ue o

corre

co

mo

nas

reaç

ões

quím

icas,

nas

qua

is da

co

mbi

naçã

o de

doi

s ou

m

ais

elem

ento

s, s

urge

um

a no

va s

ubst

ância

pe

la le

i das

afin

idad

es.

Essa

nov

a su

bstâ

ncia

, o

mas

ter m

ind,

pe

rman

ecer

á di

spon

ível

enq

uant

o ex

istir

ess

a al

ianç

a am

igáv

el e

har

mon

iosa

cr

iada

pel

o líd

er d

o gr

upo;

11

) Con

side

rand

o a

conc

lusã

o da

Seç

ão 2

Mis

tura

equ

ilibr

ada

– co

nsta

tam

os q

ue

foi m

antid

a e

talv

ez a

té m

elho

rada

a

mis

tura

de

joga

dore

s im

agin

ativ

os c

om

pess

oas

conc

reta

s co

mo

o co

orde

nado

r ge

ral,

o di

reto

r de

fute

bol d

a C

BD, o

cnic

o, o

méd

ico,

os

prep

arad

ores

fís

icos

, o s

uper

viso

r, os

sec

retá

rios-

exec

utiv

os (e

spéc

ie d

e sa

pado

res,

que

o na

fren

te a

ntes

de

todo

s),

cozi

nhei

ros,

mas

sagi

stas

e a

lmox

arife

s,

ou s

eja,

gen

te p

ara

trata

r de

tudo

e d

e to

das

as m

inúc

ias,

cui

dand

o pa

ra q

ue a

tra

nqui

lidad

e do

s jo

gado

res

não

foss

e pr

ejud

icad

a na

s ho

ras

de

folg

a.Ig

ualm

ente

não

se

pode

esq

uece

r do

eng

ajam

ento

da

Dire

ção

Ger

al d

a C

BD, s

em o

qua

l ent

ende

mos

que

nad

a di

sso

teria

sid

o po

ssív

el. E

m m

inha

op

iniã

o, p

ara

que

grup

os d

e tra

balh

o fu

ncio

nem

efe

tivam

ente

nas

or

gani

zaçõ

es, é

nec

essá

rio

enga

jam

ento

e a

prov

ação

da

Dire

ção

para

evi

tar p

ress

ões

inte

rnas

de

snec

essá

rias.

Con

side

ro e

ssen

cial

in

clui

r a D

ireçã

o G

eral

nes

sa m

istu

ra

equi

libra

da, o

que

real

men

te o

corre

u

cada

um

a de

las

coer

ente

con

sigo

mes

mo

e fie

l à p

rópr

ia v

ocaç

ão

natu

ral.

No

enta

nto,

não

ba

sta

colo

car l

ado

a la

do

mec

anic

amen

te p

esso

as

imag

inat

ivas

com

pe

ssoa

s co

ncre

tas,

nem

é

bast

ante

forn

ecer

-lhes

um

sup

orte

tecn

ológ

ico

adeq

uado

. É p

reci

so

cria

r um

clim

a de

to

lerâ

ncia

recí

proc

a,

estim

a e

cola

bora

ção

e re

forç

ar e

sse

clim

a,

dand

o a

todo

s a

certe

za

de u

ma

mis

são

com

parti

lhad

a; u

ma

mis

tura

inca

ndes

cent

e qu

e ev

ite a

cria

ção

de

barr

eira

s qu

e po

ssam

vir

a di

ficul

tar o

u m

esm

o bl

oque

ar a

cria

tivid

ade

da e

quip

e em

si.

Em m

inha

opi

nião

, par

a qu

e gr

upos

de

traba

lho

261

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

C

riativ

idad

e: “a

em

oção

é o

ele

men

to

críti

co p

ara

que

o pe

nsam

ento

di

verg

ente

ger

e cr

iativ

idad

e, e

ntão

o

clim

a in

cand

esce

nte

de D

e M

asi,

que

é o

mas

ter m

ind

de

Car

negi

e e

Hill,

pr

opic

ia o

sur

gim

ento

da

s em

oçõe

s ne

cess

ária

s pa

ra a

fo

rja d

a cr

iativ

idad

e em

gr

upos

”; ob

serv

amos

qu

e o

Líde

r foi

ex

cepc

iona

lmen

te

efic

az n

a cr

iaçã

o de

sse

incê

ndio

. C

ON

STAT

AÇÕ

ES

ADIC

ION

AIS

nest

a Se

leçã

o de

196

9,

rela

cion

adas

a it

ens

dest

acad

os p

or

dive

rsos

aut

ores

em

nest

e ca

so. N

as p

alav

ras

de D

e M

asi,

é pr

ecis

o cr

iar u

m c

lima

de to

lerâ

ncia

re

cípr

oca,

est

ima

e co

labo

raçã

o e

refo

rçar

ess

e cl

ima,

dan

do a

todo

s a

certe

za d

e um

a m

issã

o co

mpa

rtilh

ada;

um

a m

istu

ra in

cand

esce

nte

que

evite

a

cria

ção

de b

arre

iras

que

poss

am v

ir a

dific

ulta

r ou

mes

mo

bloq

uear

a

cria

tivid

ade

da e

quip

e em

si.

func

ione

m e

fetiv

amen

te

nas

orga

niza

ções

, é

nece

ssár

io e

ngaj

amen

to

e ap

rova

ção

da D

ireçã

o pa

ra e

vita

r pre

ssõe

s in

tern

as d

esne

cess

ária

s.

Con

side

ro e

ssen

cial

in

clui

r a D

ireçã

o G

eral

ne

ssa

mis

tura

eq

uilib

rada

262

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

2.

3.2:

H

avia

boa

con

vivên

cia

entre

todo

s os

co

mpo

nent

es d

o gr

upo;

O

am

bien

te fí

sico

na

conc

entra

ção

da

Sele

ção

no R

etiro

dos

Pa

dres

, no

Rio

de

Jane

iro, p

oder

ia s

er

defin

ido

com

o ac

olhe

dor,

boni

to,

dign

o e

func

iona

l;

O c

ompo

rtam

ento

ob

serv

ado

do L

íder

du

rant

e to

do o

tem

po

em q

ue fo

i tre

inad

or d

a Se

leçã

o no

s le

va a

de

fini-l

o co

mo

capa

z de

um

a de

dica

ção

quas

e he

roic

a pa

ra

com

o o

bjet

ivo.

Era

ig

ualm

ente

car

ismát

ico

e tra

nsfo

rmav

a co

nflito

s em

est

ímul

os

para

a id

ealiz

ação

e

263

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

so

lidar

ieda

de,

conf

orm

e m

ostra

a

narra

tiva

do jo

go

cont

ra a

Ven

ezue

la

quas

e ao

fina

l da

Seçã

o 6.

5;

Gru

po a

ceito

u a

lider

ança

com

resp

eito

e

pode

ríam

os in

ferir

, at

é co

m v

ener

ação

. M

istu

ra e

quilib

rada

cons

tata

mos

que

foi

cria

da m

istur

a de

jo

gado

res

imag

inat

ivos

co

m p

esso

as

conc

reta

s co

mo

o co

orde

nado

r ger

al, o

di

reto

r de

fute

bol d

a C

BD, o

técn

ico,

o

méd

ico,

os

prep

arad

ores

físi

cos,

o

supe

rvis

or, o

s se

cret

ário

s-ex

ecut

ivos

(e

spéc

ie d

e sa

pado

res,

qu

e vã

o na

fren

te

ante

s de

todo

s),

264

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

co

zinhe

iros,

m

assa

gist

as e

al

mox

arife

s, o

u se

ja,

gent

e pa

ra tr

atar

de

tudo

e d

e to

das

as

min

úcia

s, c

uida

ndo

para

que

a

tranq

uilid

ade

dos

joga

dore

s nã

o fo

sse

prej

udic

ada

nas

hora

s de

folg

a.Ig

ualm

ente

o se

pod

e es

quec

er

do e

ngaj

amen

to d

a D

ireçã

o G

eral

da

CBD

, se

m o

qua

l en

tend

emos

que

nad

a di

sso

teria

sid

o po

ssív

el. E

m m

inha

op

iniã

o, p

ara

que

grup

os d

e tra

balh

o fu

ncio

nem

ef

etiv

amen

te n

as

orga

niza

ções

, é

nece

ssár

io

enga

jam

ento

e

apro

vaçã

o da

Dire

ção

265

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

pa

ra e

vita

r pre

ssõe

s in

tern

as

desn

eces

sária

s.

Con

side

ro e

ssen

cial

in

clui

r a D

ireçã

o G

eral

ne

ssa

mis

tura

eq

uilib

rada

, o q

ue

real

men

te o

corre

u ne

ste

caso

. Nas

pa

lavr

as d

e D

e M

asi,

é pr

ecis

o cr

iar u

m c

lima

de to

lerâ

ncia

recí

proc

a,

estim

a e

cola

bora

ção

e re

forç

ar e

sse

clim

a,

dand

o a

todo

s a

certe

za d

e um

a m

issã

o co

mpa

rtilh

ada;

um

a m

istur

a in

cand

esce

nte

que

evite

a c

riaçã

o de

ba

rreira

s qu

e po

ssam

vi

r a d

ificul

tar o

u m

esm

o bl

oque

ar a

cr

iativ

idad

e da

equ

ipe

em s

i.

266

DIS

SER

TAÇ

ÃO

SE

LEÇ

AO

EM

196

9 SE

LEÇ

ÃO

EM

197

0 G

RU

PO C

RIA

TIVO

EM

O

RGA

NIZ

AÇÕ

ES

Estr

utur

a D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

D

escr

ição

“A

chad

os” d

a in

vest

igaç

ão

Qua

dro

6 da

Seç

ão

6.6

A Se

leçã

o ve

nceu

to

dos

os jo

gos

do s

eu

grup

o na

s el

imin

atór

ias

e se

cl

assi

ficou

par

a a

Cop

a do

Mun

do d

e 19

70.

Com

rela

ção

ao p

repa

ro fí

sico,

con

sta

no

final

do

item

4.2

.2: “

A O

MS

– O

rgan

izaçã

o M

undi

al d

e Sa

úde,

ant

es d

o in

ício

da

Cop

a,

tinha

real

izado

test

es d

e ap

tidão

físic

a co

m

atle

tas

das

sele

ções

que

par

ticip

aria

m d

o M

undi

al, c

onclu

indo

, ao

final

, que

a s

eleç

ão

melh

or p

repa

rada

em

term

os d

e co

ndici

onam

ento

físic

o er

a a

Sele

ção

Bras

ileira

, o q

ue s

e ob

serv

ou p

lena

men

te

ao lo

ngo

da c

ompe

tição

”. E

Gér

son

afirm

a em

4.3

.2.3

): “B

rito

foi c

onsid

erad

o o

melh

or

físico

de

toda

a C

opa

e a

noss

a Se

leçã

o ta

mbé

m p

elos

test

es q

ue fi

zem

os e

pel

o te

ste

que

o Br

ito fe

z lá

que

qua

se e

xplo

diu

a m

áqui

na d

eles

lá”.

Com

o re

sulta

do fi

nal,

a Se

leçã

o ve

nceu

to

dos

os jo

gos

na C

opa

do M

undo

de

1970

e

se s

agro

u nã

o só

a C

ampe

ã, c

omo

pass

ou a

ser

con

sider

ada

senã

o a

mel

hor

sele

ção

de to

das,

com

o um

a da

s m

elho

res

sele

ções

de

fute

bol d

e to

dos

os te

mpo

s.

Ver f

inal

do

capu

t da

Seçã

o 4.

2, b

em c

omo

o fin

al d

o ite

m 4

.2.3

.

O c

onte

údo

da

linha

/seç

ão a

nter

ior:

C

omo

foi f

eita

a

pesq

uisa

ou

co

mo

acon

tece

u de

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pe

los

regi

stro

s no

cor

po

da D

isse

rtaçã

o

Font

e: E

labo

rado

pel

o au

tor.

267

Qua

dro

22 –

Ext

rato

do

text

o no

cru

zam

ento

da

linha

den

omin

ada

“com

o fo

i fei

ta a

pes

quis

a ou

com

o ac

onte

ceu

de fa

to” c

om a

col

una

“gru

pos

cria

tivos

em

org

aniz

açõe

s” d

o Q

uadr

o 21

1)

Ext

raíd

o do

Qua

dro

21

2) E

xtra

ído

do Q

uadr

o 21

e a

grup

ado

por t

ema

1) d

efin

ição

do

líder

2)

tam

anho

do

grup

o 3)

inte

rdis

cipl

inar

idad

e e

forte

com

plem

enta

ridad

e do

s in

tegr

ante

s 4)

com

petê

ncia

do

líder

ate

stad

a

5) o

bjet

ivo

com

um

6) lí

der d

efin

e in

tegr

ante

s e

funç

ões

7)

líde

r def

ine

pers

onal

idad

e do

gru

po

8) to

dos

a to

do m

omen

to te

r noç

ão e

xata

das

sua

s fu

nçõe

s de

ntro

do

grup

o

9) lí

der c

oord

ena

os tr

abal

hos

e ob

serv

a ca

da in

tegr

ante

pa

ra v

erifi

car s

e lh

e fa

lta a

lgo

que

mel

hore

o d

esem

penh

o 10

) líd

er re

spon

sáve

l pel

a cr

iaçã

o de

um

set

, um

clim

a,

um fe

rvor

fora

do

com

um

11) e

moç

ão é

o e

lem

ento

crít

ico

para

que

o p

ensa

men

to

dive

rgen

te g

ere

cria

tivid

ade.

O c

lima

inca

ndes

cent

e, q

ue é

o

mas

ter m

ind

prop

icia

o s

urgi

men

to d

as e

moç

ões

nece

ssár

ias

para

a fo

rja d

a cr

iativ

idad

e em

gru

pos;

12

) boa

con

vivê

ncia

ent

re to

dos

os in

tegr

ante

s do

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po,

mes

mo

entre

inte

gran

tes

com

per

sona

lidad

es b

em

dife

rent

es. (

ver i

tem

2.3

.2).

13

) am

bien

te fí

sico

aco

lhed

or, b

onito

, dig

no, f

unci

onal

; 14

) Líd

er -

capa

z de

um

a de

dica

ção

quas

e he

roic

a pa

ra

com

o o

bjet

ivo,

car

ism

átic

o, d

ialo

ga b

em c

om o

s m

embr

os

do g

rupo

, cap

az d

e tra

nsfo

rmar

con

flito

s em

est

ímul

os

para

a id

ealiz

ação

e s

olid

arie

dade

;

1) d

efin

ição

do

líder

4)

com

petê

ncia

do

líder

ate

stad

a

6) lí

der d

efin

e in

tegr

ante

s e

funç

ões

7)

líde

r def

ine

pers

onal

idad

e do

gru

po

9) lí

der c

oord

ena

os tr

abal

hos

e ob

serv

a ca

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tegr

ante

pa

ra v

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car s

e lh

e fa

lta a

lgo

que

mel

hore

o d

esem

penh

o 14

) Líd

er -

capa

z de

um

a de

dica

ção

quas

e he

roic

a pa

ra

com

o o

bjet

ivo,

car

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átic

o, d

ialo

ga b

em c

om o

s m

embr

os

do g

rupo

, cap

az d

e tra

nsfo

rmar

con

flito

s em

est

ímul

os

para

a id

ealiz

ação

e s

olid

arie

dade

; 10

) líd

er re

spon

sáve

l pel

a cr

iaçã

o de

um

set

, um

clim

a,

um fe

rvor

fora

do

com

um

11) e

moç

ão é

o e

lem

ento

crít

ico

para

que

o p

ensa

men

to

dive

rgen

te g

ere

cria

tivid

ade.

O c

lima

inca

ndes

cent

e, q

ue é

o

mas

ter m

ind

prop

icia

o s

urgi

men

to d

as e

moç

ões

nece

ssár

ias

para

a fo

rja d

a cr

iativ

idad

e em

gru

pos;

2)

tam

anho

do

grup

o 5)

obj

etiv

o co

mum

13

) am

bien

te fí

sico

aco

lhed

or, b

onito

, dig

no, f

unci

onal

; 3)

inte

rdis

cipl

inar

idad

e e

forte

com

plem

enta

ridad

e do

s in

tegr

ante

s 8)

todo

s a

todo

mom

ento

ter n

oção

exa

ta d

as s

uas

funç

ões

dent

ro d

o gr

upo

12

) boa

con

vivê

ncia

ent

re to

dos

os in

tegr

ante

s do

gru

po,

mes

mo

entre

inte

gran

tes

com

per

sona

lidad

es b

em

dife

rent

es. (

ver i

tem

2.3

.2).

268

1) E

xtra

ído

do Q

uadr

o 21

2)

Ext

raíd

o do

Qua

dro

21 e

agr

upad

o po

r tem

a 15

) Gru

po a

ceita

a li

dera

nça

com

resp

eito

; 16

) Mis

tura

equ

ilibra

da –

Nas

pal

avra

s de

De

Mas

i, m

istu

ra d

e pe

ssoa

s im

agin

ativ

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de

pess

oas

conc

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s ca

da u

ma

dela

s co

eren

te c

onsi

go m

esm

o e

fiel à

pró

pria

vo

caçã

o na

tura

l. N

o en

tant

o, n

ão b

asta

col

ocar

lado

a la

do

mec

anic

amen

te p

esso

as im

agin

ativ

as c

om p

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as

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reta

s, n

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bas

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e fo

rnec

er-lh

es u

m s

upor

te

tecn

ológ

ico

adeq

uado

. É p

reci

so c

riar u

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lima

de

tole

rânc

ia re

cípr

oca,

est

ima

e co

labo

raçã

o e

refo

rçar

ess

e cl

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dan

do a

todo

s a

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za d

e um

a m

issã

o co

mpa

rtilh

ada;

um

a m

istu

ra in

cand

esce

nte

que

evite

a

cria

ção

de b

arre

iras

que

poss

am v

ir a

dific

ulta

r ou

mes

mo

bloq

uear

a c

riativ

idad

e da

equ

ipe

em s

i. Em

min

ha o

pini

ão, p

ara

que

grup

os d

e tra

balh

o fu

ncio

nem

ef

etiv

amen

te n

as o

rgan

izaç

ões,

é n

eces

sário

eng

ajam

ento

e

apro

vaçã

o da

Dire

ção

para

evi

tar p

ress

ões

inte

rnas

de

snec

essá

rias.

Con

side

ro e

ssen

cial

incl

uir a

Dire

ção

Ger

al n

essa

mis

tura

equ

ilibra

da

15) G

rupo

ace

ita a

lide

ranç

a co

m re

spei

to;

16) M

istu

ra e

quilib

rada

– N

as p

alav

ras

de D

e M

asi,

mis

tura

de

pess

oas

imag

inat

ivas

e d

e pe

ssoa

s co

ncre

tas

cada

um

a de

las

coer

ente

con

sigo

mes

mo

e fie

l à p

rópr

ia

voca

ção

natu

ral.

No

enta

nto,

não

bas

ta c

oloc

ar la

do a

lado

m

ecan

icam

ente

pes

soas

imag

inat

ivas

com

pes

soas

co

ncre

tas,

nem

é b

asta

nte

forn

ecer

-lhes

um

sup

orte

te

cnol

ógic

o ad

equa

do. É

pre

ciso

cria

r um

clim

a de

to

lerâ

ncia

recí

proc

a, e

stim

a e

cola

bora

ção

e re

forç

ar e

sse

clim

a, d

ando

a to

dos

a ce

rteza

de

uma

mis

são

com

parti

lhad

a; u

ma

mis

tura

inca

ndes

cent

e qu

e ev

ite a

cr

iaçã

o de

bar

reira

s qu

e po

ssam

vir

a di

ficul

tar o

u m

esm

o bl

oque

ar a

cria

tivid

ade

da e

quip

e em

si.

Em m

inha

opi

nião

, par

a qu

e gr

upos

de

traba

lho

func

ione

m

efet

ivam

ente

nas

org

aniz

açõe

s, é

nec

essá

rio e

ngaj

amen

to

e ap

rova

ção

da D

ireçã

o pa

ra e

vita

r pre

ssõe

s in

tern

as

desn

eces

sária

s. C

onsi

dero

ess

enci

al in

clui

r a D

ireçã

o G

eral

nes

sa m

istu

ra e

quilib

rada

Fo

nte:

Ela

bora

do p

elo

auto

r.

269

ANEXO

271

ANEXO 1 – FOTOS RELACIONADAS ÀS SELEÇÕES DE 1966 E 1970

SELEÇÃO DE 1966

272

SELEÇÃO DE 1970

273

274

275

276