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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA FRANCIMARA BUDAL ARINS EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL FEMININO FLORIANÓPOLIS, 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO … · Física da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito final para obtenção do título de doutora em Educação Física

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE DESPORTOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

FRANCIMARA BUDAL ARINS

EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO

INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A

PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E

NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL

FEMININO

FLORIANÓPOLIS, 2015

FRANCIMARA BUDAL ARINS

EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO

INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A

PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E

NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL

FEMININO

Tese de doutorado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Educação

Física da Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito final para obtenção do

título de doutora em Educação Física.

Orientador: Dr. Luiz Guilherme A. Guglielmo

Co-orientador: Dr. Ricardo Dantas de Lucas

FLORIANÓPOLIS, FEVEREIRO DE 2015.

Francimara Budal Arins

EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO

INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E

NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL FEMININO

Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de

“Doutora”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de

Santa Catarina.

Florianópolis, 19 de fevereiro de 2015.

Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação

Física

Banca Examinadora:

____________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo

(UFSC - presidente - orientador)

____________________________________________________ Prof. Dr. Fábio Yuzo Nakamura (UEL)

____________________________________________________ Prof. Dr. Lorival José Carminatti (UDESC)

____________________________________________________ Prof

a. Dr

a. Rosane Carla Rosendo da Silva (UFSC)

____________________________________________________ Prof

a. Dr

a. Saray Giovana dos Santos (UFSC)

Este trabalho é dedicado a toda equipe Barateiro Futsal

de Brusque, SC.

“Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

(Mahatma Gandhi)

AGRADECIMENTOS

A todas as Instituições que contribuíram para a

elaboração e execução deste estudo:

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao

Centro de Desportos (CDS);

À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em

Educação Física (PPGEF) da Universidade Federal de Santa

Catarina (UFSC);

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES);

A todos os membros da equipe Barateiro Futsal de

Brusque, SC que acreditaram, participaram e contribuíram para

este estudo.

Aos membros da banca pela ajuda no aprimoramento

deste estudo:

Professor Dr. Fábio Yuzo Nakamura, por toda

contribuição e atenção, desde a qualificação até a banca de

defesa da tese.

Professora Dra. Saray Giovana dos Santos, por suas

importantes contribuições realizadas sempre de forma sincera e

amiga.

Professora Dra. Rosane Carla Rosendo da Silva, por me

aceitar como seu “karma” e amiga, me inspirando sempre, nos

caminhos da docência e da vida.

Professor Dr. Lorival José Carminatti, pela parceria

inigualável, desde o momento inicial de desenvolvimento do

projeto, conhecimento, coletas de dados, trocas de ideias, e

finalmente, por ter confiado a mim a análise de dois dos seus

modelos de TIAI.

Professor Dr. Ricardo Dantas de Lucas, por sua amizade

e ajuda constante e incansável durante toda a minha formação

no processo de doutorado.

Professor Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo,

excelente orientador e grande amigo. Não conseguirei transmitir

em palavras meu agradecimento sincero pela acolhida no LAEF

e no doutorado. Obrigada também por todos os ensinamentos ao

longo do nosso convívio, que foram indescritíveis. Sua liderança

impecável e seu bom humor nos contagiam sempre. Você é

fonte de inspiração para quem tem o prazer de trabalhar e

conviver ao seu lado. Fica aqui registrado o meu muito obrigada

eterno.

Aos amigos do LAEF, pela troca de ideias, muita ajuda e

amizade, que fizeram desses anos momentos especiais.

Aos meus amigos do coração e parceria forte Dani, Dal

Pupo, Naia, Pri, Ju, Jol, Andy e PC.

À minha família, Lalo, Dete e Quique, por me ajudarem a

ser quem sou, e pelo amor infinito que preenche a minha vida.

Ao amor das minhas vidas Coelho, o meu maior parceiro,

sempre ao meu lado, mesmo nos momentos em que mais

ninguém está por perto.

Ao Papai do Céu, pela minha vida e tudo o que ela

proporciona. Amém.

RESUMO

O objetivo principal deste estudo do tipo pré-experimental foi

analisar os efeitos de dois modelos de treinamento intervalado

de alta intensidade (TIAI) aplicados durante cinco semanas na

performance de jogo, índices fisiológicos e neuromusculares em

atletas de elite de futsal feminino. Participaram da pesquisa 16

jogadoras pertencentes às categorias adulto, sub-20 e sub-17

(idade = 19 ± 2 anos; estatura = 161,5 ± 4,6 cm; massa corporal

= 58,7 ± 7,9 kg). O modelo TIAI7,5x7,5 (n = 7), consistiu de quatro

séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por três

minutos de recuperação passiva entre elas, possuindo uma

relação esforço:pausa de 1:1 (7,5 x 7,5 segundos), com as

distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal

sonoro) individualizadas pelo pico de velocidade obtido no Futsal

Intermittent Endurance Test (PVFIET). O TIAI15x15 (n = 9) consistiu

de quatro séries de aproximadamente quatro minutos de esforço

por três minutos de recuperação passiva entre elas, tendo

relação esforço:pausa de 1:1 (15 x 15 segundos), com as

distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal

sonoro) individualizadas pelo PVFIET. Os pré e pós-testes foram

compostos por avaliações de laboratório, de campo e de

performance em jogo simulado que foi realizada por meio da

análise cinemática dos deslocamentos pelo sistema de tracking

computacional. As avaliações de laboratório foram realizadas

como descrito a seguir: 1) avaliação antropométrica; 2) protocolo

submáximo na esteira rolante para determinação da economia

de corrida (EC); 3) teste incremental na esteira rolante para a

determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max),

velocidade correspondente ao VO2max (vVO2max), pico de

velocidade na esteira (PVTIER) e velocidade correspondente ao

segundo limiar de transição fisiológica (vLTF2); 4) testes na

plataforma de força para a determinação dos saltos verticais:

squat jump (SJ) e counter movement jump (CMJ); 5) testes

máximos no dinamômetro isocinético, para a determinação dos

torque máximos concêntrico e excêntrico dos músculos

extensores e flexores do joelho (PT). As avaliações de campo

foram realizadas conforme descrito a seguir: 1) Futsal

Intermittent Endurance Test para determinação do pico de

velocidade (PVFIET); 2) Maximal shuttle run test (40-m MST) para

determinação do melhor tempo (MT), tempo médio (TM) e índice

de fadiga (IFF). A análise de variância ANOVA modelo misto

(grupo vs. tempo) foi usada para analisar as diferenças entre os

grupos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) e entre os períodos pré e pós-

intervenção, assim como a interação entre estes fatores. O teste

post-hoc de Bonferroni foi aplicado nos casos em que foram

observadas diferenças. O nível de significância adotado foi

fixado em p ≤ 0,05. Adicionalmente, para analisar a magnitude

dos efeitos causados pelo treinamento foi calculado o Effect Size

(ES). Em relação à performance de jogo, o deslocamento em

forma de sprint, foi maior para o grupo TIAI15x15 (ES = grande)

que para o TIAI7,5x7,5 (ES = pequeno). Em relação às variáveis de

potência aeróbia, somente os valores PVFIET e o PVTIER

apresentaram aumentos significantes em relação ao tempo (F =

24,735; p ≤ 0,001 e F = 24,945; p ≤ 0,001, respectivamente) para

os dois grupos. A vLTF2 foi o único índice de capacidade aeróbia

que exibiu diferença significante (F = 90,363, p ≤ 0,001) em

relação ao tempo para os dois modelos de TIAI, sendo que a EC

apresentou melhoras práticas somente para o TIAI15x15 (ES =

0,68; moderado). Em relação ao desempenho anaeróbio, o MT

reduziu de forma significante (F = 6,815, p = 0,002) somente

para o grupo TIAI15x15. Os índices de potência muscular de

membros inferiores (CMJ e SJ) apresentaram aumento

significante (F = 19,387; p ≤ 0,001 e F = 11,499; p = 0,004,

respectivamente) em relação ao tempo para os dois modelos de

TIAI. A respeito das variáveis de torque dos músculos

extensores do joelho, o PTECC-EXT apresentou aumento

significante (F = 5,962, p = 0,028) em relação ao tempo (pré vs.

pós) somente para o grupo TIAI15x15. Com base nos resultados

obtidos pode-se concluir que um curto período de aplicação dos

dois modelos de TIAI pode causar melhoras na capacidade e

potência aeróbia e anaeróbia, na potência muscular de membros

inferiores e nos valores de força máxima excêntrica e

concêntrica dos músculos extensores do joelho, em jogadoras de

futsal. Porém, destaca-se que o modelo de TIAI15x15, mostrou-se

mais eficiente para provocar mudanças de caráter prático nas

variáveis neuromusculares (CMJ, PTCON-EXT, PTECC-EXT, PTCON-

FLE), e anaeróbia MT, o que pode ter refletido na melhora da EC,

PV e, principalmente, nas variáveis de performance corrida de

alta intensidade (15,5 < V ≤ 18,3 km.h-1

) e sprint (V > 18,4

km.h-1

) registradas durante a partida simulada de futsal.

Palavras-chave: futsal feminino, performance, variáveis

fisiológicas, variáveis neuromusculares.

ABSTRACT

The aim of the present study, with pre-experimental design, was

to analyze the effects of two high-intensity interval training

models (HIT) applied during five weeks in game performance,

physiological and neuromuscular indices in female futsal elite

athletes. Took part of the study 16 professional players from U-20

and U-17 categories (age = 19 ± 2 years, height = 161.5 ± 4.6

cm; body mass = 58.7 ± 7.9 kg). The HIT7,5x7,5 model (n = 7),

consisted of four series of four minutes of effort and three

minutes of passive recovery, characterizing an exercise rest ratio

of 1: 1 (7.5 x 7.5 seconds). On the other hand, the HIT15x15 (n = 9)

consisted of four series of four minutes of effort with three

minutes of passive recovery between them and have an exercise

rest ratio of 1: 1 (15 x 15 sec). The distances (3.75 seconds of

time between each beep) of the both training model were

individualized by the peak velocity obtained in Futsal Intermittent

Endurance Test (PVFIET). Pre- and post-tests were composed of

lab and field evaluations and performance in a simulated game

that was performed by the kinematic analysis of movements by

computer tracking system. The laboratory assessments were

performed as follows: 1) anthropometric measurements; 2)

submaximal protocol in a treadmill to determine the running

economy (RE); 3) incremental test on a treadmill to determine the

maximal oxygen consumption (VO2max), the speed at VO2max

(vVO2max), peak velocity on treadmill (PVTRE) and the speed

corresponding to the second physiological transition threshold

(vLTF2); 4) tests on the force platform for the determination of

vertical jumps: squat jump (SJ) and counter movement jump

(CMJ); 5) maximum tests at the isokinetic dynamometer to

determine the concentric and eccentric maximum torque of the

extensor and flexor muscles of the knee (PT). The field

evaluations were performed as follows: 1) Futsal Intermittent

Endurance Test to determine the peak velocity (PVFIET); 2)

Maximal shuttle run test (40-m MST) to determine the best time

(BT), average time (AT) and fatigue index (FI). The ANOVA

mixed model analysis of variance (group x time) was used to

analyze differences between groups (HIT7,5x7,5 vs. HIT15x15) and

between the pre and post intervention, as well as the interaction

between these factors. The post-hoc Bonferroni test was applied

when necessary. Statistical significance was set at p<0.05 for all

analyses. In addition, the Effect Size (ES) was used to analyze

the magnitude of the differences induced by the training

programs. In relation to the game performance, the time spent in

form of sprint, was higher for HIT15x15 group (ES = large) that for

HIT7,5x7,5 (ES = small). Regarding aerobic power values, only

PVFIET and PVTRE results showed significant increases over time

(F = 24.735; P ≤ 0.001 and F = 24.945, P ≤ 0.001, respectively)

for both groups. The vLTF2 was the only aerobic capacity index

that presented significant difference (F = 90.363, P ≤ 0.001) with

respect to time for both HIT models, and the RE presented

practical improvements only for HIT15x15 group (ES = 0.68;

moderate). Concerning the anaerobic performance, the AT

significantly reduced (F = 6.815, p = 0.002) only for HIT15x15

group. The muscle power indexes of the lower limbs (CMJ and

SJ) showed a significant increase (F = 19.387, p ≤ 0.001 and F =

11.499, p = 0.004, respectively) with respect to time for the two

HIT models. Regarding torque variables of the knee extensor

muscles, the o PTECC-EXT showed significant increase (F = 5.962,

p = 0.028) with respect to time (pre vs. post) only for HIT15x15

group. Based on the results of the present study, it can be

concluded that a short period of HIT can induce improvements in

capacity and aerobic and anaerobic power, muscle power of

lower limbs and in the maximum force eccentric and concentric

values of the knee extensor muscles in female futsal players.

However, it is emphasized that the HIT15x15 model was more

efficient to induce practical changes over the neuromuscular

(CMJ, PTCON-EXT, PTECC-EXT, PTCON-FLE), and anaerobic (MT)

variables, which may have reflected in the improvement of the

RE, PV, and mainly in high intensity (15.5 <V ≤ 18.3 km h-1) and

sprint running (V> 18.4 km h-1) performance recorded during the

simulated futsal game.

Key words: female futsal, performance, physiological variables,

neuromuscular variables.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Cronograma de visita aos laboratórios para avaliações das jogadoras de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17........................................................................................................... 59 Quadro 2. Cronograma das avaliações de campo das 20 jogadoras de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17............................................................................................................ 60 Quadro 3. Descrição do modelo 1 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva ........................................... 64 Quadro 4. Descrição do modelo 2 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI15x15) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva............................................ 67

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação esquemática do design do estudo....................... 58 Figura 2. Visualização esquemática da disposição dos subgrupos na quadra para realização simultânea dos dois modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15)............................................................................... 62 Figura 3. Visualização do modelo 1 de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5): 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa...................................................................................... 63 Figura 4. Visualização do modelo 2 de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI15x15): 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa....................................................................................................... 66 Figura 5. Ilustração da realização do SJ (BOSCO, 1999)........................... 76 Figura 6. Ilustração da realização do CMJ (BOSCO, 1999)........................ 77 Figura 7. Esquema ilustrativo do futsal intermittent endurance test (FIET)............................................................................................................ 80 Figura 8. Esquema ilustrativo do perfil do protocolo do futsal intermittent endurance test (FIET) (CASTAGNA et al., 2010)......................................... 81 Figura 9. Esquema ilustrativo do maximal shuttle run test (40-m MST)...... 83 Figura 10. Área de cobertura das câmeras durante as duas partidas simuladas...................................................................................................... 85 (pré e pós-TIAI)............................................................................................. 85 Figura 11. Seleção da região de interesse a ser analisada (acima) e cálculo e extração do fundo de quadra (abaixo) das sequências de imagens de uma das câmeras.......................................................................................... ....... 88 Figura 12. Binarização dos elementos restantes após a extração do fundo de quadra das sequências de imagens de uma das câmeras........................................................................................................ 89 Figura 13. Escala 0-10 de Foster et al. (2001)............................................ 91 Figura 14. Valores de FC (bpm) registrados durante as 10 sessões de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) propostos por Carminatti (2014) em relação à FC máxima obtida no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET)........................................................................................ ............ 97 Figura 15. Valores de PSE da sessão (produto da duração total da sessão pelo score apontado na escala PSE CR-10) obtidos nas 10 sessões de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) propostos por Carminatti (2014).......................................................................................................... 99 Figura 16. Visualização dos valores de concentração de lactato sanguíneo [Lac] coletados durante uma sessão dos dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15)............................................................................................. .........101

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de FC registrados durante as 10 sessões dos dois modelos de TIAI............................................................................................ 96 Tabela 2. Valores de PSE obtidos durante as 10 sessões dos dois modelos TIAI.............................................................................................................. 98 Tabela 3. Valores de [Lac] coletados durante as segunda e décima sessões dos dois modelos de TIAI........................................................................... 100 Tabela 4. Deslocamento das jogadoras de futsal nas partidas pré e pós-TIAI............................................................................................................. 103 Tabela 5. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis de deslocamento das jogadoras de futsal nas partidas pré e pós-TIAI........... 105 Tabela 6. Variáveis fisiológicas aeróbias e anaeróbias mensuradas no pré e pós-TIAI.............................................................................................. ........ 108 Tabela 7. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis fisiológicas obtidas no pré e pós-TIAI......................................................... 110 Tabela 8. Variáveis neuromusculares mensuradas no pré e pós-TIAI....... 112 Tabela 9. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis neuromusculares obtidas no pré e pós-TIAI............................................... 114

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

[Lac] Concentração de lactato sanguíneo

CMJ Counter Movement Jump

DPP Distância parcial percorrida

DT Distância total percorrida

EC Economia de corrida

FC Frequência cardíaca

FCmax Frequência cardíaca máxima

FIET Futsal Intermittent Endurance Test

IFF Índice de fadiga

40-m MST Maximal Shuttle Run Test

MT Melhor tempo

PSE Percepção subjetiva de esforço

PT Pico de torque

PTCON-EXT Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do

joelho

PTCON-FLE Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho

PTECC-EXT Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do

joelho

PTECC-FLE Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho

PVFIET Pico de velocidade obtido no Futsal Intermittent Endurance

Test

PVTIER Pico de velocidade obtido no teste incremental em esteira

rolante

SJ Squat jump

TIAI15x15 Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75

segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa.

TIAI7,5x7,5 Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75

segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa

TM Tempo médio

vLTF2 Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição

fisiológica

VO2max Consumo máximo de oxigênio

vVO2max Velocidade correspondente ao VO2max

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1 1.1 Situação problema.................................................................................... 1 1.2 Objetivo geral............................................................................................ 8 1.3 Objetivos específicos................................................................................ 9 1.4 Justificativa....................................................................................... ....... 10 1.5 Hipóteses estatísticas............................................................................. 12 1.6 Variáveis do estudo: definição e classificação........................................ 13 1.7 Delimitação do estudo............................................................................. 22 1.8 Limitações do estudo.............................................................................. 22 2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 25 2.1 Caracterização fisiológica e neuromuscular do futsal............................. 25 2.2 Treinamento intervalado de alta intensidade no futsal............................ 34 2.3 Futsal Intermittent Endurance Test (FIET) e pico de velocidade (PV).... 42 3. MATERIAIS E MÉTODO........................................................................ 53 3.1 Modelo do estudo.................................................................................... 53 3.2 Participantes do estudo........................................................................... 55 3.3 Design pré-experimental......................................................................... 56 3.4 Protocolos de treinamento...................................................................... 60 3.5 Protocolos de laboratório........................................................................ 71 3.6 Protocolos de campo.............................................................................. 79 3.7 Partidas simuladas................................................................................. 83 3.8 Monitoramento da carga interna............................................................. 90 3.9 Análise estatística................................................................................... 92 4. RESULTADOS....................................................................................... 95 4.1 Carga interna do treinamento................................................................. 95 4.2 Performance de jogo simulado............................................................. 102 4.3 Variáveis fisiológicas............................................................................. 106 4.4 Variáveis neuromusculares................................................................... 111 5. DISCUSSÃO......................................................................................... 115 6.1 Carga interna de treinamento............................................................... 115 6.2 Performance em jogo simulado............................................................ 120 6.3 Variáveis fisiológicas............................................................................ 124 6.4 Variáveis neuromusculares................................................................... 133 6. CONCLUSÕES..................................................................................... 139 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 143 ANEXO……………………………………………………………..…………… 165 APÊNDICE……………………………………………………………………… 169

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Situação problema

Apesar de sua popularidade mundial e status competitivo

existem poucos estudos que investigaram o futsal,

consequentemente, as demandas fisiológicas e neuromusculares

requeridas dos atletas dessa modalidade ainda não são

totalmente conhecidas (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008;

CASTAGNA et al., 2009; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2009;

DROGAMACCI; WATSFORD; MURPHY, 2011; RODRIGUES et

al., 2011; NASCIMENTO et al., 2015). Além disso, trabalhos

recentes ressaltaram que há um número muito restrito de

pesquisas que tiveram como objetivo investigar o futsal feminino

(MARTIN-SILVA et al., 2005; KARAHAN, 2012; BERDEJO-DEL-

FRESNO, 2014).

Por ser um esporte coletivo caracterizado pela realização

de esforços intermitentes de intensidades elevadas, intercalados

com períodos de recuperação variáveis durante as partidas, o

futsal sob o ponto de vista fisiológico, é uma modalidade

equilibrada, na qual o nível de performance de seus atletas

depende tanto de variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio

quanto anaeróbio (MEDINA et al., 2002; BARBERO ÁLVAREZ;

ANDRÍN, MÉNDEZ-VILLANUEVA, 2005; CASTAGNA et al.,

2009; CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010; DOGRAMACI;

WATSFORD; MURPHY, 2011), sendo que a razão esforço:pausa

2

durante as partidas é de aproximadamente 1:1 (BARABERO

ÁLVAREZ; ANDRÍN, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).

Para execução de esforços máximos e de curta duração

(chutes, cabeceios), a energia é proveniente principalmente do

sistema ATP-CP, enquanto que nas sequências de situações de

transição ataque-defesa e contra ataques sucessivos, o

metabolismo anaeróbio lático é o principal responsável pela

manutenção das ações. Por sua vez, durante o decorrer do

período total de partida a via aeróbia possui uma participação

expressiva que fica por volta de 90 % (MEDINA et al., 2002;

BARBERO ÁLVAREZ; BARBERO ÁLVAREZ, 2003; BARBERO

ÁLVAREZ et al., 2008).

Castagna et al. (2009) verificaram que os atletas de futsal

permanecem grande parte do jogo realizando atividades em

intensidade elevada, sendo que em 46 % do tempo os valores

encontram-se acima de 80 % do consumo máximo de oxigênio

(VO2max), enquanto que esse percentual aumenta para 52 % do

tempo acima de 90 % da frequência cardíaca máxima (FCmax).

Além dos aspectos fisiológicos, é necessário elucidar que para

executar o padrão de movimentação requerido pela modalidade

durante os treinamentos e as partidas, que provoca inúmeras

mudanças de direção, com constantes acelerações e

desacelerações, é imprescindível que o jogador apresente

elevados níveis de potência muscular (FERREIRA et al., 2009;

GOROSTIAGA et al., 2009).

3

Por meio da análise de movimento, pesquisas

demonstraram que os períodos decisivos em uma partida de

esportes coletivos são precedidos por corridas rápidas e de

intensidade elevada (10 - 30 metros ou 2 - 4 segundos), sendo

que atletas profissionais passam, aproximadamente, 5 - 12 % do

tempo de jogo realizando corridas de alta intensidade (> 15 km.h-

1), destacando a importância do treinamento intervalado de alta

intensidade (TIAI) para atletas de futsal (SPENCER, BISHOP;

DAWSON, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008). Nesse

sentido, Castagna e Barbero Álvarez (2010) observaram que a

habilidade de realizar exercícios intermitentes de alta intensidade

é um fator decisivo da performance no futsal, ressaltando

novamente a importância do TIAI na modalidade. Porém, estudos

demonstram que o rendimento alcançado durante esse modelo

de treinamento depende da duração dos períodos de

recuperação (GAITANOS et al., 1993; BANGSBO, 1994) e da

atividade realizada (DORADO GARCIA et al., 1999).

Desse modo, Tomlin e Wenger (2001) reportaram que

valores elevados de VO2max podem ser determinantes da

capacidade de restaurar fosfagênios entre os exercícios

intermitentes de alta intensidade. Assim, o VO2max é capaz de

discriminar diferentes níveis competitivos de atletas de futsal

(BARBERO ÁLVAREZ; D’OTTAVIO; CASTAGNA, 2006;

CASTAGNA et al., 2009), destacando a sua importância para a

performance na modalidade. Além disso, alguns estudos

indicaram que jogadores com maiores valores de potência

4

aeróbia podem ser mais econômicos para realizar as ações

solicitadas, o que resulta em maior manutenção de performance

durante o tempo total das partidas (BARBERO ÁLVAREZ;

BARBERO ÁLVAREZ, 2003; BARBERO ÁLVAREZ, ANDRÍN E

MÉNDEZ-VILLANUEVA, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al.,

2009; CASTAGNA et al., 2009).

Nesse sentido, o TIAI, que pode ser definido como o

estímulo que envolve qualquer esforço entre um e quatro minutos

de duração na intensidade de 85 - 100 % do VO2max (BILLAT et

al., 2001a), com períodos de recuperação similar ou maior que o

tempo de esforço, torna-se um método muito interessante para

ser aplicado por preparadores físicos de modalidades como o

futsal, a fim de melhorar a performance dos atletas.

Segundo Midgley et al. (2006), esse modelo de

treinamento contribui para o desenvolvimento da capacidade e

potência aeróbia em períodos relativamente breves de tempo,

pois proporciona ganhos relacionados às adaptações centrais

(aumento do volume sistólico que gera uma elevação no débito

cardíaco e consequentemente nos valores de VO2max) e

periféricas (melhora da capacidade de trabalho para ressintetizar

e utilizar ATP). Dellal et al. (2010) também relataram que o

treinamento intervalado solicita o uso do metabolismo aeróbio e

anaeróbio de fornecimento de energia e ainda estimula as

adaptações neuromusculares.

Em um estudo clássico, Helgerud et al. (2001) verificaram

que 16 sessões de TIAI (quatro repetições de quatro minutos na

5

zona de intensidade de esforço de 90 – 95 % da FCmax por três

minutos de recuperação a 50 - 60 % da FCmax), realizado duas

vezes por semana proporcionou o aumento significativo do

VO2max (10,8 %), do segundo limiar de transição fisiológica

(LTF2 = 16 %) e da economia de corrida (EC = 6,7 %) em

jogadores juniores de futebol, resultando na melhora tanto da

capacidade como da potência aeróbia.

Recentemente, Carminatti (2014) propôs dois modelos de

TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) baseados no pico de velocidade (PV)

obtido no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET), que é um

teste de campo peculiar para avaliar a performance de jogadores

de futsal, visto que o mesmo fornece dados relevantes sobre as

características fisiológicas e neuromusculares indispensáveis

para a realização de exercício intermitente em intensidade

elevada (≥ 90 % da FCmax) de acordo com as demandas de

jogo da modalidade (BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN; MÉNDEZ-

VILLANUEVA, 2005; BARBERO ÁLVAREZ; MILADI; AHMAIDI,

2006; CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010).

Adicionalmente, o mesmo envolve constantemente a ação

muscular excêntrica, como as desacelerações nas mudanças de

direção, que ocorrem frequentemente durante os esportes

intermitentes (CURREL; JEUKENDRUP, 2008), incluindo o

futsal.

É importante destacar que as respostas fisiológicas do

TIAI realizado em linha reta já foram estudadas (DELLAL, 2008),

porém as possíveis diferenças causadas devido às mudanças de

6

direção, que são fundamentais para a performance no futsal,

ainda não estão esclarecidas (DELLAL et al., 2010). Quando

comparado à corrida em linha reta, as corridas com mudanças de

direção podem influenciar na musculatura envolvida, resultando

assim no aumento do consumo de energia, o que resulta em

respostas fisiológicas mais expressivas (DELLAL;

GROSGEORGE, 2006; AKENHEAD et al., 2015).

De acordo com Brughelli et al. (2008), a performance

durante as corridas com mudança de direção é dependente dos

níveis de potência muscular do indivíduo, visto que, as mesmas

são compostas por acelerações e desacelerações frequentes, as

quais envolvem constantemente a ação muscular excêntrica.

Adicionalmente, Dellal et al. (2010), ao compararem dois modos

de exercício realizados de forma intermitente com mudança de

direção (180º) e em linha reta por jogadores de alto nível de

futebol, observaram que os valores de percepção subjetiva do

esforço (PSE), FC e concentração de lactato sanguíneo foram

significativamente maiores para o modelo com mudança de

direção. Isso ocorreu porque para voltar a acelerar durante a

mudança de direção os indivíduos solicitam essencialmente o

metabolismo anaeróbio e as fibras musculares de contração

rápida que, quando comparadas às de contração lenta,

apresentam maior conteúdo de enzimas glicolíticas e menor de

enzimas oxidativas (ESSEN; HAGENFELDT; KAIJSER, 1997).

Os modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) propostos por

Carminatti (2014) foram baseados nas análises das demandas

7

de partidas de futsal, sendo que os dois apresentam

similaridades no que diz respeito ao tempo de cada série

(aproximadamente 4 minutos), relação esforço:pausa (1:1) e

distância relativa (m.min-1

), porém com intensidade de corrida

(TIAI7,5x7,5 = 86-91 % PVFIET vs. TIAI15x15 = 83-88 % PVFIET) e

número de mudanças de direção (TIAI7,5x7,5 = 1 vs. TIAI15x15 = 3)

distintos. No primeiro modelo (TIAI7,5x7,5), cada repetição é

constituída por uma mudança de direção, duas acelerações e

uma desaceleração, por sua vez, no segundo modelo (TIAI15x15),

cada repetição apresenta três mudanças de direção, quatro

acelerações, e três desacelerações. Ainda, em cada sessão

(quatro séries) de treinamento, o TIAI7,5x7,5 possui 136

acelerações, 68 desacelerações e 68 mudanças de direção,

enquanto que o TIAI15x15 possui 144 acelerações, 108

desacelerações e 108 mudanças de direção. Essas diferenças,

principalmente no que diz respeito às 40 desacelerações a mais

previstas no segundo modelo (TIAI15x15), possivelmente geram

uma sobrecarga fisiológica e neuromuscular mais expressiva

devido a maior quantidade de concentrações excêntricas

envolvidas nessas ações. Além disso, espera-se que os

diferentes modelos de TIAI possam provocar níveis distintos de

mudanças nas variáveis de performance das atletas de futsal

mensuradas durante as partidas (distância total percorrida - DT e

distâncias parciais percorridas - DPP).

Assim, considerando que o futsal é caracterizado pela

execução de esforços intermitentes de intensidades elevadas

8

com inúmeras mudanças de direção, as quais envolvem

constantes ações musculares excêntricas, formulou-se o

seguinte problema de pesquisa: Qual dos modelos de TIAI

(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) é mais eficaz para aprimorar as variáveis

de performance de jogo, fisiológicas e neuromusculares em

atletas de futsal feminino?

A partir dessas observações e considerando que as

corridas com uma mudança de direção, em comparação com as

corridas com três mudanças de direção, solicitam um maior gasto

energético e necessitam de um nível de potência muscular

elevado para ser realizada, devido às constantes contrações

excêntricas envolvidas nas mudanças de direção, a hipótese

principal desta pesquisa é que o modelo de TIAI15x15 promoverá

maiores ganhos nos índices fisiológicos e neuromusculares

analisados no presente estudo, resultando em um maior

aprimoramento na performance de jogo.

1.2 Objetivo geral

Analisar os efeitos de dois modelos de treinamento

intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) aplicados

durante cinco semanas na performance de jogo, índices

fisiológicos e neuromusculares em atletas de elite de futsal

feminino.

9

1.3 Objetivos específicos

- Comparar os valores de carga interna de treinamento por meio

da resposta da FC, da percepção subjetiva de esforço (PSE) e

da concentração de lactato sanguíneo [Lac] entre os dois

modelos de TIAI;

- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre as

variáveis de performance das partidas (DT e DPP), obtidas por

meio do método tracking computacional;

- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre as

variáveis fisiológicas aeróbias (PVFIET, VO2max, velocidade

correspondente ao VO2max (vVO2max), PVTIER, vLTF2, EC);

- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre a

performance anaeróbia (melhor tempo (MT), tempo médio (TM),

índice de fadiga (IFF));

- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre as

variáveis neuromusculares de potência muscular de membros

inferiores por meio da performance dos saltos: counter

movement jump (CMJ) e squat jump (SJ);

- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre o pico de

torque concêntrico (PTCON) e excêntrico (PTECC) dos músculos

extensores e flexores do joelho;

10

1.4 Justificativa

A identificação das exigências fisiológicas e

neuromusculares impostas aos jogadores de futsal durante as

partidas é fundamental para a formulação das estratégias da

equipe durante a temporada, pois contribuem de forma decisiva

para que a comissão técnica elabore um programa de

treinamento apropriado e adaptado às necessidades específicas

do esporte (CASTAGNA et al., 2009).

Nesse sentido, Ferreira et al. (2009) e Gorostiaga et al.

(2009) realçaram a importância na busca do conhecimento sobre

os modelos de treinamentos adequados para o desenvolvimento

do padrão de movimentação requerido pela modalidade, que é

constituído de inúmeras mudanças de direção com constantes

acelerações e desacelerações.

Contudo, apesar da aplicação usual dos treinamentos

intervalados de alta intensidade na periodização de atletas de

diferentes modalidades, é possível notar ainda, a ausência de

informações sobre a análise dos efeitos particulares desse

método sobre os parâmetros fisiológicos, neuromusculares e de

performance de atletas profissionais de futsal, principalmente no

que se refere ao futsal feminino devido à inexistência de estudos

desse modelo, ratificando a relevância da realização desta

pesquisa.

11

Nesse sentido, é importante destacar que as respostas

do treinamento intervalado de alta intensidade realizado em linha

reta têm sido amplamente estudadas (BILLAT, 2001a; BILLAT,

2001b;DELLAL, 2008), porém, as possíveis diferenças causadas

devido às mudanças de direção, que são fundamentais para a

performance no futsal, também não estão suficientemente

esclarecidas (DELLAL et al., 2010; HADER et al., 2014).

Desse modo, o presente estudo irá suprir essa lacuna,

por meio da análise de dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs.

TIAI15x15) baseados nas demandas específicas do futsal feminino

que ainda não foram investigados pela literatura científica. Esses

modelos possuem números de desacelerações bruscas

diferentes em função de mudanças de direção de 180° (1 vs. 3),

as quais poderão produzir modificações fisiológicas e

neuromusculares que ainda não foram analisadas, que irão

influenciar positivamente na performance das atletas durante as

partidas. Essas diferenças existentes em relação às 40

desacelerações a mais presentes no modelo TIAI15x15, quando

comparado ao TIAI7,5x7,5, provavelmente produzirão uma

sobrecarga fisiológica e neuromuscular mais significativa devido

ao maior número de desacelerações envolvidas no movimento.

É pertinente destacar que este é o primeiro estudo que

pretende realizar a análise das respostas pertinentes a cada

modelo de TIAI, capazes de provocar modificações distintas

sobre os índices fisiológicos aeróbios e anaeróbios, e sobre as

variáveis neuromusculares de potência muscular de membros

12

inferiores e de torque dos músculos extensores e flexores do

joelho, devido as respostas originadas pelas mudanças de

direção peculiares a cada modelo, as quais são compostas por

ações musculares excêntricas mais frequentes.

Assim, o presente trabalho visa fornecer informações

capazes de esclarecer qual modelo de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs.

TIAI15x15) é o mais eficiente para aprimorar as variáveis

fisiológicas, neuromusculares e de performance em jogo

simulado (tracking computacional) em atletas de futsal feminino,

servindo de referência para auxiliar os profissionais da

modalidade na elaboração de um programa de treinamento

adequado que atenda as necessidades particulares do esporte.

1.5 Hipóteses estatísticas

H1: A [Lac] da segunda sessão de treinamento será maior no

grupo TIAI15x15, quando comparado ao TIAI7,5x7,5;

H2: A DT percorrida serão maiores no grupo TIAI15x15, quando

comparado ao TIAI7,5x7,5;

H3: O PVFIET e o PVTIER serão maiores no grupo TIAI15x15, quando

comparado ao TIAI7,5x7,5;

H4: A vLTF2 será maior no grupo TIAI15x15, quando comparado ao

TIAI7,5x7,5;

H5: A EC será menor no grupo TIAI15x15, quando comparado ao

TIAI7,5x7,5;

13

H6: O MT será menor no grupo TIAI15x15, quando comparado ao

TIAI7,5x7,5;

H7: O CMJ será maior no grupo TIAI15x15, quando comparado ao

TIAI7,5x7,5;

H8: O PTECC-EXT será maior no grupo TIAI15x15, quando

comparado ao TIAI7,5x7,5;

1.6 Variáveis do estudo: definição e classificação

1.6.1 Variáveis independentes

- Dois modelos de treinamentos (TIAI7,5x7,5 e TIAI15x15)

Conceitual: ambos os modelos podem ser definidos como

o estímulo que envolve qualquer esforço entre um e quatro

minutos de duração na intensidade ente 85 - 100 % do VO2max

(BILLAT, 2001a).

Operacional: 1) o primeiro modelo de treinamento

intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5), consiste de quatro

séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por três

minutos de recuperação passiva entre elas, resultando em uma

relação esforço:pausa de 1:1 (7,5 x 7,5 segundos), com as

distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal

sonoro) individualizadas pelo PVFIET; 2) o segundo modelo de

treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI15x15) consiste de

quatro séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por

três minutos de recuperação passiva entre elas, resultando em

14

uma relação esforço:pausa de 1:1 (15 x 15 segundos), com as

distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal

sonoro) individualizadas pelo PVFIET.

1.6.2 Variáveis dependentes

- Percepção subjetiva de esforço (PSE)

Conceitual: a PSE pode ser entendida como uma

integração de sinais periféricos e centrais, que interpretados pelo

córtex sensorial, produzem uma percepção geral ou local do

empenho para a realização de uma tarefa (BORG, 1982).

Operacional: percepção subjetiva analisada por meio da

escala de percepção subjetiva de esforço CR-10 de Borg et al.

(1982), adaptada por Foster et al. (2001).

- Distância total percorrida (DT)

Conceitual: A DT representa o deslocamento total

realizado em qualquer velocidade por jogadora durante uma

partida de futsal, expressa em metros.

Operacional: A DT (m) foi calculada por meio de uma

rotina específica, considerando a soma cumulativa do

deslocamento entre dois frames consecutivos, que foi obtida por

meio do software DVideo de sistema de rastreamento automático

(tracking computacional) (BUENO et al., 2014).

- Distância parcial percorrida (DPP)

15

Conceitual: A DPP representa o deslocamento total

realizado em faixas de velocidades específicas por jogadora

durante uma partida de futsal, expressa em metros (Castagna et

al., 2099).

Operacional: Para identificação da DPP foi realizada uma

divisão de faixas de velocidade durante as partidas de acordo

com o proposto por Castagna et al. (2009) e Bueno et al. (2014),

como descrito na sequência: 1) parado ou andando (0,0 ≤ V1 ≤

6,0 km.h-1

); 2) corrida de baixa intensidade (6.1 < V2 ≤ 12,0 km.h-

1); 3) corrida de média intensidade (12,1 < V3 ≤ 15,4 km.h

-1); 4)

corrida de alta intensidade (15,5 < V4 ≤ 18,3 km.h-1

); e 5) sprint

(V5 > 18,4 km.h-1

).

- Pico de velocidade obtido no Futsal Intermittent Endurance Test

(PVFIET)

Conceitual: O pico de velocidade (PV) é a máxima

velocidade de corrida encontrada em testes progressivos de

laboratório ou de campo (NOAKES, 1988).

Operacional: O PVFIET será considerado como a maior velocidade

obtida no futsal intermittent endurance test (FIET), expressa em

km.h-1

.

- Economia de corrida (EC)

Conceitual: representa o consumo de oxigênio (VO2) para

uma dada velocidade submáxima de corrida (DANIELS, 1985).

16

Operacional: a EC será determinada por meio dos

valores do VO2 obtidos em um teste submáximo em esteira

rolante realizado no laboratório na intensidade de 8 km.h-1

,

expressa em mL.kg-1

.min-1

.

- Consumo máximo de oxigênio (VO2max)

Conceitual: representa a mais alta captação de oxigênio

alcançada por um indivíduo, respirando ar atmosférico ao nível

do mar (ASTRAND, 1952).

Operacional: o VO2max será obtido no teste incremental

máximo em esteira rolante realizado no laboratório com base nos

critérios propostos Basset e Howley (2000), Laursen et al. (2002)

e Silva e Torres (2002), expresso em L.min-1

ou mL.kg-1

.min-1

.

- Velocidade correspondente ao VO2max (vVO2max)

Conceitual: representa a menor velocidade (corrida e

natação) ou potência (ciclismo estacionário) na qual o VO2max é

atingido durante um teste incremental (BILLAT et al., 1995).

Operacional: a menor velocidade de corrida na qual

ocorrerá o VO2max durante o teste incremental máximo em

esteira rolante realizado no laboratório, expressa em km.h-1

.

- Pico de velocidade obtido no teste incremental em esteira

rolante (PVTIER)

Conceitual: O pico de velocidade (PV) é a máxima

velocidade de corrida encontrada em testes progressivos de

laboratório ou de campo (NOAKES, 1988).

17

Operacional: O PVTIER será considerado como a maior

velocidade obtida teste incremental em esteira rolante (TIER),

expressa em km.h-1

.

- Frequência cardíaca máxima (FCmax)

Conceitual: a FCmax pode ser definida como o valor mais

elevado da FC que o indivíduo pode atingir num esforço máximo

até o ponto de exaustão (WILMORE; COSTILL, 2001).

Operacional: a FCmax será identificada como a maior

média de cinco segundos obtida durante o teste incremental

máximo em esteira rolante realizado no laboratório, expressa em

bpm.

- Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição

fisiológica (vLTF2)

Conceitual: o segundo limiar de transição fisiológica

(vLTF2) representa a máxima fase estável de lactato (MFEL),

definida como a maior intensidade de exercício na qual ocorre o

equilíbrio entre a produção e a remoção de lactato do sangue

(FARREL et al., 1979).

Operacional: para a determinação da vLTF2,

primeiramente se encontra a menor relação entre concentração

de lactato sanguíneo e a velocidade obtida no teste incremental

máximo em esteira rolante realizado no laboratório. Uma vez

identificado o valor mínimo existente nessa relação, adiciona-se

o valor de 1,5 mmol.L-1

e assim se realiza o cálculo do valor de

18

lactato que representaria o LTF2, por meio da interpolação linear

(lactato x velocidade), expressa em km.h-1

(BERG et al., 1990).

- Squat jump (SJ)

Conceitual: salto vertical realizado utilizando somente a

ação concêntrica dos músculos extensores do joelho (BOSCO,

1999).

Operacional: representa a altura máxima do salto vertical

realizado em uma plataforma de força a partir de uma posição

estática, com o ângulo do joelho em aproximadamente 90º, que

será executado sem contra movimento para não haver a

aceleração do centro de gravidade para baixo, expresso em cm.

- Counter Movement Jump (CMJ)

Conceitual: salto vertical realizado a partir de um contra

movimento, com a contribuição do ciclo alongamento-

encurtamento (BOSCO, 1999).

Operacional: representa a altura máxima de elevação do

centro de gravidade durante o salto realizado com contra

movimento em uma plataforma de força, considerada indicadora

da potência muscular do atleta associada à ocorrência do ciclo

alongamento-encurtamento, expresso em cm.

- Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do joelho

(PTCON-EXT)

19

Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos

músculos extensores do joelho na fase concêntrica do

movimento (RODACKI et al., 2002).

Operacional: será determinado como o maior valor de

torque obtido pelos músculos extensores do joelho na fase

concêntrica do movimento de extensão de joelho realizado em

um dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1

.

- Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do joelho

(PTECC-EXT)

Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos

músculos extensores do joelho na fase excêntrica do movimento

(RODACKI et al., 2002).

Operacional: será determinado como o maior valor de

torque obtido pelos músculos extensores do joelho na fase

excêntrica do movimento de extensão de joelho realizado em um

dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1

.

- Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho

(PTCON-FLE)

Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos

músculos flexores do joelho na fase concêntrica do movimento

(RODACKI et al., 2002).

Operacional: será determinado como o maior valor de

torque obtido pelos músculos flexores do joelho na fase

20

concêntrica do movimento de flexão de joelho realizado em um

dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1

.

- Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho

(PTECC-FLE)

Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos

músculos flexores do joelho na fase excêntrica do movimento

(RODACKI et al., 2002).

Operacional: será determinado como o maior valor de

torque obtido pelos músculos flexores do joelho na fase

excêntrica do movimento de flexão de joelho realizado em um

dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1

.

- Melhor tempo (MT)

Conceitual: o MT pode ser definido como o menor valor

em segundos obtido em cada esforço durante um teste (BAKER;

RASBOTTON; HAZELDINE, 1993).

Operacional: será considerado como o menor tempo de

sprint alcançado durante o maximal shuttle run test (40-m MST),

expresso em segundos.

- Tempo médio (TM)

Conceitual: o TM é o valor médio obtido em segundos

para a realização dos oito sprints durante o maximal shuttle run

test (40-m MST) (BAKER; RASBOTTON; HAZELDINE, 1993).

21

Operacional: o TM será considerado como o a média dos

oito tempos dos sprints tempo realizados durante o maximal

shuttle run test (40-m MST), expresso em segundos.

- Índice de fadiga (IFF)

Conceitual: o IF é a incapacidade de manutenção da

produção de potência ou força durante contrações musculares

repetidas (GIBSON; EDWARDS, 1985).

Operacional: o IFF será calculado por meio da fórmula

IF= (Σ8TEMPOS / MT x 8) x 100 - 100, proposta por Fitzsimons

et al. (1993).

1.6.3 Variáveis moderadoras

- Treinamento técnico.

- Treinamento tático.

1.6.4 Variáveis de controle

- Aquecimento anterior ao treinamento;

- Carga de treinamento;

- Recuperação do treinamento;

- Nível inicial de treinamento;

- Posição que ocupa na quadra;

- Tempo entre avaliações;

- Idade;

22

- Sexo;

- Hidratação.

1.6.5 Variáveis intervenientes

- Massa corporal;

- Fatores psicológicos;

- Fatores nutricionais;

- Fatores genéticos;

- Temperatura ambiente;

- Umidade relativa do ar.

1.7 Delimitação do estudo

Este estudo investigou o efeito dos dois modelos de TIAI

(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) em jogadoras de futsal feminino de elite

das categorias adulto, sub-20 e sub-17 do Estado de Santa

Catarina.

1.8 Limitações do estudo

O número reduzido de participantes e das sessões

aplicadas pode ter limitado os resultados das análises da

estatística inferencial da pesquisa. Adicionalmente, a falta de

controle de algumas variáveis intervenientes, somada ao fato de

o grupo ser composto por atletas de idade variada também pode

23

ter influenciado nos dados encontrados. Por fim, devido ao fato

dos dois modelos possuírem intensidades de corrida distintas, há

a possibilidade de ter existido uma compensação proporcional da

carga externa imposta, ou seja, a maior intensidade de corrida

estabelecida no modelo TIAI7,5x7,5 pode ter sido equilibrada pelo

número de mudança de direção superior presente no modelo

TIAI15x15.

24

25

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Caracterização fisiológica e neuromuscular do futsal

Atualmente o futsal é gerido pela Federation International

of Football Association (FIFA) e está crescendo em popularidade

por todo o mundo desde o final da década de 1980, sendo

praticado em mais de 100 países nos cinco continentes, de modo

que desde 1989 existe um campeonato mundial que acontece a

cada quatro anos (AMARAL; GARGANTA, 2003; DA COSTA,

2005; CASTAGNA et al., 2009).

O futsal é um esporte coletivo, disputado por duas

equipes com cinco jogadores titulares cada (um goleiro e quatro

de linha) em uma quadra com 40 m de comprimento por 20 m de

largura com duração da partida de 40 minutos cronometrados, o

que normalmente significa um acréscimo de 75 - 85 % de tempo

a mais que o programado, os quais são divididos em dois

períodos de 20 minutos e um intervalo de 10 minutos para

descanso entre eles (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008). Ainda,

por ser uma modalidade em que o número de substituições é

ilimitado, a intensidade de jogo mantido pelo atleta permanece

elevada durante todo o período da partida, devido aos momentos

de recuperação do mesmo durante o descanso, o que se torna

fundamental para a manutenção de uma performance elevada

(BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008; DOGRAMACI; WATSFORD;

MURPHY, 2011).

26

É importante destacar que o deslocamento dos atletas de

futsal durante os jogos é determinado, principalmente, pela

função tática desempenhada, sugerindo que cada atleta possui

níveis de solicitação metabólica específicos, o que resulta em

demandas fisiológicas diferenciadas, determinando o tempo de

permanência em quadra (SOARES; TOURINHO FILHO, 2006;

CASTAGNA et al., 2009). Do mesmo modo, a intensidade

exigida nas partidas dependerá da categoria, nível de

competição, dimensões da quadra e, principalmente, pelo padrão

de jogo adotado pela equipe, obrigando o atleta a realizar

diferentes funções táticas (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).

Em um estudo que objetivou analisar a distância e a

intensidade dos deslocamentos executados durante oito jogos de

futsal válidos pela Copa Capão da Canoa no Rio Grande do Sul,

foi verificado que a média da distância percorrida por partida de

16 jogadores foi de 3.554 metros, sendo que os mesmos

permaneceram 60 % do tempo em intensidade baixa de esforço

(deslocamentos para trás, para os lados e andando), 30,13 % em

intensidade média (trotando) e 9,95 % em intensidade alta

(correndo) (SOARES; TOURINHO FILHO, 2006). Dogramaci,

Watsford e Murphy (2011) verificaram que jogadores de nível

internacional da Equipe Nacional Australiana realizaram um

deslocamento 42 % maior durante as partidas que os de nível

nacional da New South Wales State League (4.277 ± 1.030 m vs.

3.011 ± 999 m, respectivamente). A média da distância total

percorrida por atletas profissionais durante uma partida da Liga

27

de Futsal da Espanha foi de 4.313 ± 2.139 metros, sendo que a

distância relativa consistiu em 117, 3 ± 11,6 m.min-1

(102,7 -

145,4 m.min-1

) (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008). É importante

ressaltar que nos esportes com substituições ilimitadas, como o

futsal, a distância percorrida por minuto, ou seja, a distância

relativa indica com maior eficiência a intensidade de esforço das

ações executadas pelos atletas e pode ser usada como variável

mais precisa para representar as exigências da competição

(BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).

Pela sua característica intermitente de alta intensidade, o

futsal sob o ponto de vista fisiológico é uma modalidade

equilibrada que depende tanto das variáveis relacionadas tanto

ao metabolismo aeróbio como anaeróbio (BARBERO ÁLVAREZ;

ANDRÍN, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008; CASTAGNA,

2009). O sistema ATP-CP é a principal fonte de energia para a

realização de esforços máximos e de curta duração (chutes e

cabeceios), enquanto que o metabolismo anaeróbio lático é a via

fundamental nas sequências de situações de transição ataque-

defesa e contra ataques sucessivos e, por sua vez, o

metabolismo aeróbio possui uma participação expressiva durante

o decorrer das partidas em torno de 90 % (BARBERO ÁLVAREZ;

BARBERO ÁLVAREZ, 2003; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).

Castagna et al. (2009) também constataram que é

indispensável que atletas profissionais possuam valores de

VO2max próximos de 55 mL.kg-1

.min-1

para que consigam suprir

as demandas fisiológicas solicitadas durante as partidas,

28

destacando a importância da potência aeróbia máxima para a

performance no futsal. Adicionalmente, Castagna et al. (2007)

também observaram que em uma partida recreacional houve

uma relação inversa e significante entre o nível de VO2max e

tempo gasto acima de 90 % da FCmax (r = - 0,79, p ≤ 0,01),

sugerindo que atletas de futsal com maior potência aeróbia são

mais econômicos para executar os movimentos requeridos

durante o jogo (BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN; MÉNDEZ-

VILLANUEVA, 2005). Nesse sentido é importante lembrar que a

economia de corrida (EC) pode ser entendida como o VO2

obtido, para uma determinada intensidade submáxima de esforço

(DANIELS, 1985). Além disso, Guglielmo, Greco e Denadai

(2009) observaram que há relação entre as características

neuromusculares e a EC, sendo que Arampatzis et al. (2006)

concluíram que os indivíduos mais econômicos apresentaram

maiores níveis de força contrátil e stiffness muscular.

Segundo Castagna et al. (2009), os atletas permanecem

grande parte do tempo de jogo realizando atividades em alta

intensidade, sendo que em 46 % os valores encontram-se acima

de 80 % do VO2max, enquanto que esse percentual aumenta

para 52 % acima de 90 % da FCmax.

Durante uma partida amistosa de futsal profissional da

Liga Espanhola, a média do VO2 e da FC foram,

respectivamente, 75 % (59 - 92 %) e 90 % (84 - 96 %) dos

valores máximos obtidos pelos jogadores no teste incremental

em esteira rolante. O pico do VO2 e da FC consistiu em 99 % (88

29

- 109 %) e 98 % (90 - 106 %) dos seus valores mais elevados,

respectivamente, enquanto que valor médio de concentração de

lactato sanguíneo foi de 5,3 mmol.L-1 (1,1 - 10,4 mmol.L-1

), que

representou uma intensidade próxima de 80 - 85 % dos valores

máximos (CASTAGNA et al., 2009).

Por meio da análise de movimento de quatro jogos de um

time profissional da Liga Espanhola, Barbero Álvarez et al. (2008)

observaram que a média da FC foi de 173 ± 7 bpm (164 – 181

bpm), o que representou 90 ± 2 % (86 – 93 %) dos valores da

FCmax, sugerindo que os atletas permaneceram 73 % do tempo

da partida realizando ações de intensidade vigorosa.

Adicionalmente, Barbero Álvarez et al. (2008) constataram que o

futsal requer uma demanda cardiovascular elevada que varia de

85 - 90 % da FCmax, e que a modalidade solicita um elevado

componente anaeróbio dos jogadores, visto que os mesmos

exibiram um valor médio de concentração de lactato sanguíneo

de 8,5 ± 2,6 mol.L-1

(4,1 - 12,6 mmol.L-1

) (ÁLVAREZ et al., 2002;

BARBERO ÁLVAREZ; SOTO; GRANDA, 2004). Do mesmo

modo, Castagna et al. (2009) observaram que jogadores

profissionais alcançam níveis elevados de concentração de

lactato sanguíneo, sugerindo que o metabolismo anaeróbio

contribui de forma importante para o fornecimento de energia

durante as partidas.

De maneira semelhante, pesquisas que examinaram a

intensidade de esforço de jogadores profissionais do futsal

brasileiro também verificaram valores elevados de FC. A partir da

30

análise de quatro treinamentos coletivos da equipe titular da

divisão especial do Campeonato Catarinense de Futsal foi

possível constatar que os valores médios de percentual da

FCmax variaram de 71 - 90 % (ARINS; ROSENDO DA SILVA,

2007). Por sua vez, Rodrigues et al. (2011) observaram que

durante 13 partidas da Liga Futsal Nacional os jogadores

mantiveram a média da FC próxima a 86,4 ± 3,8 % da FCmax, o

que correspondeu a 79,2 ± 9,0 % dos valores VO2max.

Pode-se observar que a maioria dos estudos

relacionados à modalidade é direcionada aos atletas do sexo

masculino (BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN, 2005; MEDINA et al.

2002; BARBERO ÁLVAREZ et al. 2008; BARBERO ÁLVAREZ;

VERA; HERMOSO, 2004; GARCIA, 2004; RODRIGUES et al.

2011). Adicionalmente, Martin-Silva et al. (2005) ressaltaram que

há um número muito restrito de pesquisas que tiveram como

objetivo avaliar a intensidade de jogos oficiais de futsal feminino.

Miles et al. (1993) verificaram que em um jogo simulado de futsal

feminino o valor médio de FC foi de 171 ± 17 bpm (85,7 % da

FCmax). Martin-Silva et al. (2005) indicaram que a FC média

observada em dois jogos oficiais de futsal feminino da categoria

adulto consistiu de 178 ± 9 bpm e 170 ± 30 bpm (89 ± 3% e 86 ±

13 % da FCmax), representando uma intensidade de 82 % e 78

% dos valores de VO2max, respectivamente. Por sua vez, a

intensidade de esforço de dois jogos simulados de uma equipe

que participa da Liga Futsal Feminina que é organizada pela

Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) foi de 90,6% ± 3,6 da

31

FCmax obtida no FIET, sendo que a FC média obtida no jogo 1

consistiu de 179 ± 12 bpm, enquanto que no jogo 2 de 180 ± 12

bpm e, por fim, as FCmax foram de 195 ± 8 bpm no primeiro

jogo e 195 ± 9 bpm no segundo (DA SILVA; FERNANDES DA

SILVA, 2012).

Além dos aspectos fisiológicos, é imprescindível que o

atleta possua elevados níveis de potência muscular para

desempenhar as ações exigidas durante as partidas de futsal,

como as inúmeras mudanças de direção com as constantes

acelerações e desacelerações (GOROSTIAGA et al., 2009).

Ferreira et al. (2009) afirmaram que essa qualidade física é um

dos atributos considerados indispensáveis para a performance

no futsal. A potência muscular pode ser definida como a

capacidade do sistema neuromuscular de produzir potência

durante o exercício máximo quando a produção de energia é

elevada e, assim, a capacidade de contração muscular pode ser

limitada (PAAVOLAINEN; NUMMELA; RUSKO, 1999). O

conceito de potência (produto da força que um segmento

corporal pode produzir pela velocidade do mesmo) é

determinado pela relação hiperbólica força-velocidade proposta

por Hill em 1938, a qual ilustra que quanto mais elevada a carga

a ser vencida, maior será a força realizada pelo componente

contrátil e menor será a velocidade de encurtamento muscular,

sendo que o ponto mais elevado dessa sequência corresponde à

força máxima isométrica (CARVALHO; CARVALHO, 2006). Os

mesmos autores ainda destacaram a relevância da combinação

32

ideal entre força e velocidade para o planejamento do

treinamento de potência.

Além disso, é necessário que o atleta possua a

habilidade de resistir à fadiga, que é a incapacidade de

manutenção da produção de potência ou força durante

contrações musculares repetidas (GIBSON; EDWARDS, 1985),

para ser capaz de manter a performance máxima durante a sua

permanência em quadra (MEDINA et al., 2002; EVANS;

LAMBERT, 2007; GOROSTIAGA et al., 2009). Desse modo,

devido às demandas elevadas do sistema ATP-CP junto à falta

de uma recuperação completa que possibilite a restauração

completa das reservas de energia, a fadiga torna-se um fator

decisivo na execução de esforços máximos e intermitentes.

Fitzsimons et al. (1993) ressaltaram que os atletas capazes de

manter níveis elevados de velocidade máxima tendem a

apresentar melhor performance nos jogos, devido a um menor

índice de fadiga. Lembrando que a velocidade de corrida que o

jogador pode alcançar possui papel essencial para a manutenção

do seu nível máximo de performance durante a sua permanência

em quadra, visto que a mesma pode ser determinante nos

momentos decisivos das partidas (GOROSTIAGA et al., 2005).

Os saltos verticais squat jump (SJ) e counter movement

jump (CMJ) são índices válidos e de grande confiabilidade para

estimar os níveis de potência muscular de membros inferiores

(MARKOVIC et al., 2004). O CMJ representa os níveis de força

explosiva exercida, a capacidade de recrutamento neural e a

33

reutilização da energia elástica, enquanto que o SJ mensura a

potência muscular utilizando somente a fase concêntrica do

movimento, que reflete a habilidade de recrutamento neural do

atleta (BOSCO, 1999).

Almeida e Rogatto (2007) observaram que, após

aplicação de quatro semanas de treinamento pliométrico (oito

sessões) houve melhora na impulsão horizontal de atletas de

futsal feminino, afirmando que estes resultados foram alcançados

devido ao aprimoramento da potência muscular. Ainda, Thomas,

French e Hayes (2009) com o objetivo de comparar o efeito de

dois modelos de treinamento pliométrico baseados no drop jump

e no CMJ na potência muscular em 12 jogadores jovens de

futebol, encontraram desenvolvimento dessa qualidade física a

partir do CMJ após seis semanas. Gorostiaga et al. (2009), com

o objetivo de comparar os valores de indicadores fisiológicos e

neuromusculares de jogadores de futsal com de futebol,

encontraram relações significativas entre o salto vertical CMJ e a

produção de força concêntrica obtida durante a extensão do

joelho em aparelho isocinético com a performance nos sprints de

5 metros e 15 metros, demonstrando a importância da potência

muscular para as duas modalidades. Do mesmo modo,

Gorostiaga et al. (2005), após a aplicação de 11 semanas de

treinamento de força explosiva (baseado no CMJ) com grupo de

jogadores jovens de futebol, encontraram correlações

significantes entre as mudanças na produção de força

concêntrica mensurada em aparelho isocinético e as velocidades

34

de sprint no final de 5 metros e 15 metros, sugerindo que a

potência muscular pode auxiliar na performance de corridas em

velocidade máxima.

O entendimento sobre as possíveis modificações das

variáveis neuromusculares que podem determinar a produção

máxima de potência poderá servir de referência para auxiliar os

preparadores físicos na elaboração de um programa de

treinamento adequado para a otimização da performance dos

jogadores de futsal. Porém, os efeitos particulares de programas

sobre as possíveis modificações nas variáveis neuromusculares

que determinam a produção de potência muscular ainda é tema

de discussão. Desse modo, a avaliação dos efeitos do

treinamento pode ser realizada por meio da análise das

mudanças nos valores de variáveis neuromusculares específicas

que podem provocar possíveis alterações nos níveis de produção

de potência muscular.

2.2 Treinamento intervalado de alta intensidade no futsal

Para ocupar os espaços da quadra nas diferentes

circunstâncias das partidas, os jogadores modificam

constantemente a distância, a velocidade e o sentido de corrida

em cada ação efetuada (ARINS; ROSENDO DA SILVA, 2007;

RODRIGES et al., 2011). Barbero Álvarez et al. (2008) afirmaram

que a razão esforço-pausa no futsal é de 1:1, sendo que o

esforço significa a distância percorrida em intensidade de corrida

35

média (10,9 km.h-1

- 18,0 km.h-1

), elevada (18,1 km.h-1

- 25,0

km.h-1

) ou máxima (> 25,1 km.h-1

) e repouso denota que o

jogador encontra-se quase parado (0 km.h-1

- 0,36 km.h-1

),

caminhando (0,37 km.h-1

- 3,6 km.h-1

) ou em intensidade de

corrida baixa (3,7 km.h-1

- 10,8 km.h-1

).

Castagna et al. (2009) demonstraram que durante as

partidas de futsal acontecem sequências de corridas curtas em

velocidade máxima com mudança de direção (3 – 4),

intervaladas por períodos de recuperação muito curtos (20 - 30

segundos) realizado em menor intensidade (< 12 km.h-1

). Desse

modo, a exigência constante de esforços máximos de forma

intermitente e com pausas ativas e passivas de duração variável

não permite uma recuperação completa do atleta, exigindo a

participação constante dos processos aeróbios e anaeróbios

durante toda a partida (BARBERO ÁLVAREZ; BARBERO

ÁLVAREZ, 2003). Dogramaci e Watsford (2006) observaram que

durante 26 % do tempo total de uma partida os jogadores de

futsal executam ações de alta intensidade, na qual o padrão de

movimento se modifica a cada 3,28 segundos. Por sua vez,

Barbero Álvarez, Granda Vera e Hermoso (2004) demonstraram

que são efetivadas 8,6 atividades por minuto de jogo, sendo que

a cada 23 segundos um esforço é realizado em intensidade

elevada.

De acordo com , Bishop e Dawson (2005), a maior parte

dos momentos decisivos em uma partida de futsal é precedida

por corridas rápidas e de intensidade elevada (10 - 30 metros ou

36

2 - 4 segundos),

destacando a importância do treinamento

intervalado de alta intensidade na modalidade. Por sua vez, dos

121 m.min-1

(105 – 137 m.min-1

) que os jogadores percorrem

durante uma partida, 5 % (1 – 11 %) são de sprints (> 18,3 km.h-

1) e 12 % (3,8 – 19,5 %) de corrida em intensidade elevada

(>15,5 km.h-1

) (CASTAGNA et al., 2009). Adicionalmente, os

mesmos autores afirmaram que em cada período do jogo os

atletas executam 26,4 (13 – 39) corridas com mudança de

direção em alta intensidade (>15,5 km.h-1

), dos quais 7,2 (1,5 –

12,9) são sprints (> 18,3 km.h-1

) que se repetem a cada 79

segundos.

Barbero Álvarez e Barbero Álvarez (2003) observaram

que a habilidade de realizar exercícios intermitentes de alta

intensidade é um fator decisivo da performance no futsal. Porém,

estudos demonstraram que o rendimento alcançado depende da

duração dos períodos de recuperação (SALTIN et al., 1992;

GAITANOS et al., 1993; BANGSBO, 1994) e da atividade

realizada durante a mesma (DORADO GARCIA et al., 1999).

Assim, Bogdanis et al. (1996) e Tomlin e Wenger (2001)

concluíram que valores elevados de VO2max podem ser

determinantes na capacidade de recuperar a energia entre os

exercícios intermitentes de alta intensidade, sendo capaz de

discriminar diferentes níveis competitivos de atletas profissionais

de futsal (BARBERO ÁLVAREZ; D’OTTAVIO; CASTAGNA, 2006,

CASTAGNA et al., 2009), destacando a importância da potência

aeróbia máxima para a performance nessa modalidade. Nesse

37

contexto, o treinamento intermitente de alta intensidade possui

como objetivo principal melhorar o VO2max dos jogadores

(BILLAT; HAMARD; KORALSZTEIN, 2002), permitindo que os

mesmos consigam realizar esforços por períodos mais longos em

comparação com o treinamento contínuo executado na mesma

intensidade, devido a maior ressíntese de fosfocreatina e ao

menor acúmulo de lactato, os quais são parcialmente

metabolizados durante os períodos de recuperação (BALSOM,

1992; BARBERO ÁLVAREZ; BARBERO ÁLVAREZ, 2003).

Assim, é possível afirmar que o treinamento intervalado

intensivo realizado com estímulos com duração de um a quatro

minutos de duração na intensidade de 85 - 100 % do VO2max

(BILLAT et al., 2001a), que possui períodos de recuperação

semelhantes ao tempo de esforço parece ser um modelo válido

para ser adotado por preparadores físicos de modalidades

intermitentes, como o futsal.

Esse modelo de treinamento contribui para o

desenvolvimento aeróbio em períodos relativamente breves de

tempo, pois proporciona ganhos relacionados às adaptações

centrais (aumento do volume sistólico que gera uma elevação no

débito cardíaco e consequentemente nos valores de VO2max) e

periféricas (melhora da capacidade de trabalho para produzir e

utilizar ATP) (MIDGLEY et al., 2006). Os mesmos autores

sugeriram que o treinamento realizado próximo ou na intensidade

do VO2max pode provocar tensão máxima sobre os processos

fisiológicos que limitam este índice, proporcionando o estímulo

38

ideal para a adaptação do indivíduo (MIDGLEY et al., 2006).

Desse modo, foi observado que em indivíduos treinados, a

sobrecarga atingem os valores máximos de intensidade de

exercício associados com o alcance do VO2max (GLEDHILL;

COX; JAMNIK, 1994; ZHOU et al., 2001). Essa sobrecarga

mecânica é o principal estímulo para a adaptação do miocárdio

associado com o aumento do volume sistólico, o que corrobora a

utilização do treinamento intervalado intensivo para a melhora da

performance de jogadores de futsal. Dellal et al. (2010) relataram

que o treinamento intermitente solicita o uso do metabolismo

aeróbio e anaeróbio de fornecimento de energia, possibilitando a

melhora da capacidade oxidativa das enzimas, do tempo de

reação e ainda estimulando as adaptações neuromusculares.

Edge, Bishop e Goodman (2006) observaram que,

enquanto o treinamento intervalado realizado acima do segundo

limiar de transição fisiológica (LTF2: 120 – 140 %) resultou em

um aumento de 25 % na capacidade de tamponamento muscular

de mulheres praticantes de modalidades coletivas (futebol,

basquetebol, hóquei), enquanto que o treinamento contínuo

executado abaixo do LTF2 (80 – 95 %) promoveu um aumento

de apenas 2 %, sugerindo que a intensidade do treinamento

pode ser considerada um importante estímulo para a melhora da

capacidade de tamponamento muscular. Nesse sentido, é

necessário lembrar que a melhoria deste mecanismo provoca o

atraso no acúmulo de íons hidrogênio (H+), o qual pode reduzir a

performance, pois prejudica a percepção de esforço, a regulação

39

iônica, a atividade enzimática e o funcionamento das proteínas

contráteis durante as ações musculares (EDGE; BISHOP;

GOODMAN, 2006).

Por sua vez, Helgerud et al. (2001) verificaram que o

treinamento intervalado de alta intensidade (quatro repetições de

quatro minutos a 90 – 95 % da FCmax por três minutos de

recuperação a 50 - 60 % da FCmax), realizado durante oito

semanas (2 vezes por semana), proporcionou o aumento

significativo do VO2max (10,8 %), do segundo limiar de transição

fisiológica (16 %) e da EC (6,7 %) em nove jogadores juniores de

futebol de duas equipes de elite da Noruega, resultando na

melhora tanto capacidade como da potência aeróbia. No mesmo

estudo também foi constatado, por meio da análise do

movimento, que a média da distância percorrida durante a

partida aumentou em 20 %, enquanto que o número de sprints

realizados dobrou e, ainda, que a quantidade de envolvimentos

com a bola teve um acréscimo de 24,1 %. Corroborando esses

achados, Impellizzeri et al. (2006) demonstraram que, após a

aplicação do mesmo modo de treinamento intervalado de alta

intensidade de corrida realizado antes do início da temporada

competitiva com 15 jogadores juniores de dois clubes de futebol

profissional da Itália, o valor médio de VO2max aumentou em 7

%, a velocidade no segundo limiar de transição fisiológica em 10

% e a EC em 2 %. Do mesmo modo, McMillan et al. (2005)

também aplicaram um treinamento intervalado na intensidade de

90 – 95 % da FCmax durante 10 semanas (duas vezes por

40

semana), porém adicionando bola no circuito que os jogadores

deveriam realizar, e observaram os valores de VO2max dos

mesmos aumentaram 9 %.

Recentemente, foi realizado um estudo piloto com 18

atletas da atual vice-campeã da Liga Futsal Feminina organizada

pela CBFS (Carminatti e Arins (2012), dados não publicados). A

equipe foi dividida em dois grupos para realização de dois

modelos de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI)

como descrito na sequência. Os dois modelos consistiram de

quatro séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por

três minutos de recuperação passiva entre elas, com uma

relação esforço:pausa de 1:1 (TIAI7,5x7,5 = 7,5:7,5 segundos;

TIAI15x15 = 15:15 segundos), sendo que tiveram as distâncias de

corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal sonoro)

individualizadas pelo pico de velocidade obtido no FIET (PVFIET =

15,1 ± 8,0 km.h-1

). Com base nos dados desse piloto, observou-

se que a média de valores de FC do grupo que realizou uma

sessão de treinamento no modelo TIAI7,5x7,5 foi de 194 ± 8 bpm

(97,3 ± 3,0 % da FCmax), enquanto que o grupo que executou a

sessão no modelo TIAI15x15 foi de 191 ± 6 bpm (95,6 ± 2,0 % da

FCmax). Neste sentido, destaca-se que na execução da sessão

dos dois modelos de TIAI descrita no presente estudo, os quais

foram desenvolvidos por Carminatti (2014), as atletas não

somente atingiram como ultrapassaram a zona alvo de

intensidade de esforço de 90 – 95 % da FCmax proposta por

Helgerud et al. (2001), indicando a importância desta pesquisa

41

para o aprimoramento das variáveis determinantes da

performance no futsal.

É importante destacar que as respostas fisiológicas do

treinamento intervalado de alta intensidade realizado em linha

reta já são conhecidas (BILLAT; HAMARD; KORALZTEIN, 2002;

DELLAL, 2008), porém as possíveis diferenças causadas devido

às mudanças de direção, que são fundamentais para o padrão

de movimentação no futsal, ainda não estão esclarecidas

(DELLAL et al., 2010), especialmente no que concerne a

preparação de atletas dessa modalidade. Quando comparado à

corrida em linha reta, as mudanças de direção podem influenciar

na musculatura envolvida, afetando assim o consumo de energia,

o que resulta em respostas fisiológicas mais expressivas

(DELLAL; GROSGEORGE, 2006). Um estudo que visou

comparar as respostas fisiológicas obtidas por 10 jogadores

amadores de futebol durante a realização do exercício

intervalado de alta intensidade em linha reta e o executado com

mudança de direção de 180º verificou que os valores de

concentração de lactato sanguíneo e de PSE dos mesmos foram

significativamente maiores no último modelo (DELLAL et al.;

2010).

Apesar da importância que o treinamento intervalado de

alta intensidade possui para a performance de jogadores de

futsal, não foram encontrados estudos que analisaram seus

efeitos na modalidade em questão e, ainda, ao nosso

conhecimento, nenhum trabalho verificou quais as possíveis

42

diferenças que podem ser observadas nas adaptações

fisiológicas relacionadas com as corridas executadas com

mudanças de direção de 180º nesses atletas.

2.3 Futsal Intermittent Endurance Test (FIET) e pico de

velocidade (PV)

É possível constatar o grande interesse por parte dos

pesquisadores sobre a utilização de índices fisiológicos para a

prescrição da intensidade e controle dos efeitos do treinamento

que visam a melhora da performance de esportistas de alto nível

(BILLAT et al., 1999; PAAVOLAINEN et al., 1999), destacando-

se o aumento considerável do uso de testes de laboratório e

campo nas últimas décadas para este fim (IMPELLIZZERI;

MARCORA, 2009; FERNADES DA SILVA et al., 2011).

Porém, apesar das avaliações realizadas em laboratório

fornecerem dados valiosos sobre a performance e as

características fisiológicas de atletas (NOAKES, 1988; BILLAT et

al., 1999), normalmente não possuem validade ecológica, sendo

incapazes de reproduzir os padrões de movimentos específicos

associados as modalidades intermitentes (FERNANDES DA

SILVA et al., 2011). Adicionalmente, tais protocolos não

envolvem qualquer ação muscular excêntrica, como as

mudanças de direção, que ocorrem constantemente durante

esses esportes (CURREL; JEUKENDRUP, 2008), incluindo o

futsal. Desse modo, para superar algumas deficiências

43

apontadas sobre os testes de laboratório, foram desenvolvidos

protocolos de campo mais específicos que possuem a finalidade

de refletir de forma mais apropriada o caráter intermitente dessas

modalidades (LEGÉR; LAMBERT, 1982; BANGSBO, 1994;

CARMINATTI; LIMA-SILVA; DE-OLIVEIRA, 2004; BUCHHEIT,

2008). Segundo Fernandes da Silva et al. (2011), os testes

compostos por multi-estágios têm sido amplamente utilizados

para estudar as respostas fisiológicas do exercício intermitente

que envolve mudanças de direção, como o futsal. Esses

protocolos objetivam reproduzir o padrão de movimento

executados nos esportes coletivos, permitindo a avaliação

simultânea de um grande número de atletas por um custo

financeiro mínimo (AHAMAIDI et al., 1992; KRUSTRUP et al.,

2003).

O teste progressivo intermitente de campo de 20 metros

(SHT20) de Léger et al. (1982), é um teste incremental máximo,

do tipo intermitente escalonado, composto de multi-estágios de

60 segundos de duração em sistema vai e vem (shuttle run),

constituído de um número de repetições variadas de corrida. O

ritmo é ditado por um sinal sonoro, com intervalos regulares, que

determinam a velocidade de corrida a ser desenvolvida nos

deslocamentos entre as linhas paralelas demarcadas no solo e

também sinalizadas por cones em distância fixa de 20 metros. A

velocidade inicial do teste é de 8,5 km·h-1

com incrementos de

0,5 km·h-1

a cada estágio até a exaustão voluntária, mediante

diminuições sucessivas de tempo entre os sinais sonoros. O

44

SHT20 fornece dados de potência (estimativa do VO2max; PV) e

capacidade (ponto de deflexão da FC (PDFC)) aeróbia.

Outro protocolo reportado na literatura é o Yo-Yo Tests

(YY), proposto por Bangsbo (1994), que possuí três versões

diferentes. O Yo-Yo endurance (YYE) é usado para avaliar a

capacidade de correr continuamente durante um longo período

de tempo no modo de “shuttle run” na distância fixa de 20

metros. Este modelo apresenta dois níveis de acordo com a

condição física do avaliado, sendo que no 1 (YYE1) a velocidade

inicial é de 8,0 km.h-1

, enquanto que no 2 (YYE2) a velocidade

inicial é de 11,5 km.h-1

, com um acréscimo de 0,5 km.h-1

a cada

minuto para ambos. O Yo-Yo intermittent endurance (YYIE) foi

preconizado para avaliação da capacidade do indivíduo de

executar atividades intermitentes no sistema de shuttle run, por

períodos prolongados de tempo na distância fixa de 20 metros,

sendo que a cada 40 metros (2 x 20 metros) percorridos há uma

pausa de cinco segundos para recuperação. Também possui

dois níveis, com velocidades iniciais de 8,0 km.h-1

(nível 1) e 11,5

km.h-1

(nível 2). Já a versão mais apresentada na literatura é Yo-

Yo intermittent recovery (YYIR), que exibe como principal

característica a adoção de pausas de 10 segundos a cada 40

metros (2 x 20 metros), com a velocidade inicial de 10,0 km.h-1

no nível 1 (YYIR1) e velocidade inicial de 13,0 km.h-1

no nível 2

(YYIR2). O YY fornece como principal resultado o valor da

distância total percorrida no teste, que pode ser usado para

comparação com referência a performance em jogo.

45

Por sua vez, Carminatti, Lima-Silva e De-Oliveira (2004)

desenvolveram o teste incremental de corrida intermitente (T-

CAR), que é um teste máximo, do tipo intermitente escalonado,

com multi-estágios de 90 segundos de duração em sistema “ida-

e-volta”, constituído de cinco repetições de 12 segundos de

corrida (distância variável), intercaladas por seis segundos de

caminhada (5 metros). O ritmo é ditado por um sinal sonoro (bip),

em intervalos regulares de seis segundos, que determinam a

velocidade de corrida a ser desenvolvida nos deslocamentos

entre as linhas paralelas demarcadas no solo e também

sinalizadas por cones. O teste inicia com velocidade de 9,0 km·h-

1 (distância inicial de 15 metros) com incrementos de 0,6 km·h

-1 a

cada estágio até a exaustão voluntária, mediante aumentos

sucessivos de um metro a partir da distância inicial. A partir do

TCAR é possível identificar variáveis relacionadas à potência

(PVTCAR) e à capacidade (PDFC; percentual fixo de 80,4 do

PVTCAR [80.4%PV]) aeróbia (CARMINATTI; LIMA-SILVA; DE-

OLIVEIRA, 2004).

Buchheit (2008) propôs o Intermittent Fitness Test (30-

15IFT), que consiste de 30 segundos de corrida no sistema shuttle

run, intercaladas por de 15 segundos de recuperação passiva,

com velocidade inicial de 8 km.h-1

nos primeiros 30 segundos de

corrida e aumentos de 0,5 km.h-1

a cada 45 segundos seguintes.

O 30-15IFT fornece a velocidade máxima de corrida (MRS)

realizada de forma intermitente, a qual pode ser considerada

uma variável precisa para discriminar o perfil fisiológico do atleta,

46

servindo como referência para padronização das sessões

individualizadas de treinamento intervalado (85 % -100 % do PV).

Recentemente, Castagna e Barbero Álvarez (2010)

propuseram um teste específico, intitulado Futsal Intermitente

Endurance Test (FIET) de campo intermitente de alta intensidade

baseado na análise do movimento de 10 partidas de futsal da

Liga Profissional Espanhola. Segundo Barbero Álvarez e Andrín

(2005), até mesmo dados como tempo de esforço, considerando

ataque e defesa (8,9 ± 1,1 s; 7,5 s – 11,2 s) e tempo e pausa

(12,2 ± 1,3 s; 10,8 s – 14,4 s), o que indica uma relação de

esforço:pausa de 1:1,4, foram levados em consideração para o

desenvolvimento dos FIET.

O índice de correlação intraclasse (ICC) e o coeficiente

de variação (CV) do protocolo FIET foi reportado em 0,95 e 3,9

%, respectivamente (CASTAGNA, et al., 2009). O FIET consiste

de corridas shuttle running de 45 metros (3 x 15 metros), os

quais são intercaladas por 10 segundos de recuperação ativa,

sendo que há um período maior de 30 segundos de pausa após

cada bloco de oito repetições (8 x 45 metros). A velocidade inicial

do teste é de 9 km.h-1

, com incrementos de 0,33 km.h-1

durante

as nove (9 x 45 metros) primeiras voltas, mudando na sequência

para 0,20 km.h-1

a cada 45 metros até a exaustão do atleta. Esse

estudo de Castagna e Barbero Álvarez (2010) destacou a

importância da solicitação dos sistemas aeróbio e anaeróbio de

fornecimento de energia dos atletas durante a execução do teste,

assim como ocorre nas partidas de futsal.

47

Durante o FIET, os jogadores atingiram um VO2 pico

(61,6 ± 4,6 mL.kg-1

.min-1

), que correspondeu a 95 % dos seus

valores máximos obtido no teste incremental em esteira rolante

(TIER), enquanto que os valores de FCpico não apresentaram

diferenças significantes entre os testes (TIER = 193 ± 8 bpm vs.

FIET = 191 ± 7 bpm) (CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010),

demonstrando que há um envolvimento predominante da via

aeróbia (KRUSTRUP et al., 2006). Esses achados são uma

informação muito valiosa, pois estudos têm demonstrado que o

treinamento intervalado na intensidade referente à zona alvo da

FC de 90 – 95 % da FCmax é uma ferramenta eficiente para

aumentar a capacidade e a potência aeróbia de atletas de

modalidades coletivas e intermitentes (futsal) em um curto prazo

de tempo (HELGERUD et al., 2001; IMPELLIZZERI et al. 2006).

É importante destacar que outros mecanismos

fisiológicos podem contribuir para a performance no FIET, como

a habilidade para executar as mudanças de direção solicitadas,

juntamente com a capacidade de resistir às elevadas

intensidades de corrida, refletida pela capacidade anaeróbia do

atleta (CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010). Pode-se

sugerir ainda, que a performance no FIET exige uma grande

participação do sistema neuromuscular do jogador, visto que o

protocolo envolve corridas com mudanças de direção em alta

intensidade realizadas em uma distância curta (15 metros)

(WISLOFF et al., 2004; BARNES et al., 2007), indicando que a

mesma pode ser influenciada também pela fadiga periférica

48

(MOHR, KRUSTRUP; BANGSBO, 2005). Além disso, Barbero

Álvarez, Miladi e Ahmaidi (2006) observaram que houve uma

relação significante (r = 72; p = 0,029) entre a performance de 15

jogadores profissionais de futsal no FIET com um teste para

verificar a habilidade de realizar sprints repetidos (RSA = 8 x 25

metros com 25 segundos de recuperação ativa), evidenciando

indiretamente que os mecanismos fisiológicos (fadiga temporária

e/ou acumulada) que contribuem para a interrupção no FIET são

similares aos que causam o término no teste de sprints repetidos

(KRUSTRUP et al., 2006). Adicionalmente, Castagna e Barbero

Álvarez (2010) demostraram que, mesmo com 47 % do tempo de

teste sendo utilizado para períodos de recuperação, o FIET pode

ser considerado um protocolo de campo que ressalta a utilização

da via anaeróbia (pico de lactato sanguíneo = 12,6 ± 2,3

mmol.L-1

), mostrando que este metabolismo desempenha um

papel importante para o aparecimento da fadiga no teste.

Com base nas informações citadas, pode-se concluir que

o FIET é um teste de campo peculiar para avaliar a performance

de jogadores de futsal, visto que o mesmo fornece dados

relevantes sobre as características fisiológicas indispensáveis

para a realização de exercício intermitente em intensidade

elevada de acordo com as necessidades da modalidade

(BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN, 2005; BARBERO ÁLVAREZ;

MILADI; AHMAIDI, 2006; CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ,

2010). Nesse sentido, Carminatti (2014) propôs a determinação

da intensidade relativa ao PVFIET em protocolos específicos que

49

possam reproduzir os gestos motores realizados na modalidade

específica, dentre os quais se destaca o FIET. O mesmo autor

realizou um estudo piloto em 2012 (dados não publicados) com

uma equipe que participa da Liga Feminina de Futsal organizada

pela CBFS. As atletas (n = 18) foram divididas em dois grupos

para realização dos dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15)

que foram propostos por Carminatti (2014), sendo que as

mesmas tiveram que percorrer distâncias individualizadas pelo

PV obtido no FIET (PVFIET = 15,1 ± 8,0 km.h-1

; 13,6 – 16,4 km.h

-

1). Com base nos dados deste estudo, observou-se que a média

de valores de FC do grupo que realizou uma sessão de

treinamento no modelo TIAI7,5x7,5 foi de 194 ± 8 bpm (97,3 ± 3,0

% da FCmax-FIET), enquanto que o grupo que executou a sessão

no modelo TIAI15x15 foi de 191 ± 6 bpm (95,6 ± 2,0 % da

FCmax-FIET). Neste sentido, destaca-se que na execução da

sessão dos dois modelos de TIAI as atletas não somente

atingiram como ultrapassaram a zona alvo de intensidade de

esforço de 90 – 95 % da FCmax-FIET, indicando a importância

desses modelos treinamento para o aprimoramento da

performance durante as partidas no futsal.

Castagna e Barbero Álvarez (2010) verificaram que

evidências de validade de critério do PVFIET para estimativa da

velocidade aeróbia máxima (VAM) indicam que essa variável

pode ser usada para avaliar e monitorar a aptidão aeróbia de

jogadores de futsal. Adicionalmente, Carminatti (2014), observou

que PVFIET pode servir de referência para a prescrição de

50

treinamentos para o desenvolvimento da potência aeróbia de

atletas de futsal.

O PV pode ser definido como é a máxima velocidade de

corrida encontrada em testes progressivos de laboratório ou de

campo, com ou sem correções (NOAKES, 1988). Ainda não são

totalmente conhecidos os fatores determinantes do PV, porém

Noakes, Myburgh e Schall (1990) afirmam que, provavelmente,

não está relacionado à capacidade máxima de utilização

muscular de oxigênio. Em uma revisão clássica Noakes (1988)

sugere que o mesmo pode ser determinado pela capacidade

muscular de gerar força (aproveitamento dos componentes

contráteis e elásticos nos micro mecanismos de contração) e

adaptações respiratórias periféricas.

Medina et al. (2002) constataram que a potência aeróbia

é um requisito básico para obter uma alta capacidade de

rendimento no futsal, afirmando que quanto mais desenvolvida

esteja, de forma mais econômica se efetuará a síntese dos

fosfatos de alta energia (ATP-CP), que representam as fontes

energéticas mais decisivas para as modalidades intermitentes.

Galotti e Carminatti (2008) observaram que, quando comparado

ao VO2max, o PV, definido como a velocidade atingida no último

estágio de um teste progressivo, com ou sem correções

(BERTHOIN et al., 1996; DE-OLIVEIRA, 2004), é um índice que

apresenta maior sensibilidade frente as variações induzidas pelo

treinamento na capacidade de utilização do sistema aeróbio

durante o esforço, demonstrando-se como alternativa válida de

51

predição da potência aeróbia máxima (DE-OLIVEIRA, 2004;

GALOTTI; CARMINATTI, 2008).

É importante lembrar que o PV é um índice de fácil

determinação que não necessita de técnicas invasivas e

equipamentos sofisticados, sendo capaz de avaliar

conjuntamente os sistemas aeróbios e anaeróbios de

fornecimento de energia (NOAKES, 1988). Esta variável

encontra-se relacionada com a intensidade correspondente ao

VO2max, porém parece ser influenciada em maior proporção que

a velocidade relativa ao VO2max pela capacidade anaeróbia,

potência muscular e habilidade neuromuscular de correr em

velocidades elevadas (JONES; CARTER, 2000), tornando-o uma

alternativa válida para a prescrição de intensidades de

treinamento no futsal (DITTRICH et al., 2011).

52

53

3. MATERIAIS E MÉTODO

3.1 Modelo do estudo

O presente estudo pode ser caracterizado quanto à

natureza como aplicado, quanto à abordagem do problema como

quantitativo e quanto aos objetivos como experimental (SILVA et

al., 2011). Segundo Campbell e Stanley (1979), quanto ao design

pode ser classificado como pré-experimental, no qual um grupo é

submetido a um protocolo (tratamento) e o controle dos efeitos é

realizado por meio de um teste antes da experiência (pré-teste) e

um teste ao final (pós-teste).

Para definição do delineamento pré-experimental foram

controlados os fatores de interveniência na validade interna, que

permite concluir que as prováveis diferenças ocorreram devido

aos treinamentos aplicados e externa, que pode indicar a

possível generalização dos resultados (KARASIAK et al., 2011).

Em relação à validade interna foram controlados os

fatores que provêm da experiência, como destacados a seguir: 1)

Testagem, onde as jogadoras receberam instruções e estímulos

verbais semelhantes dos mesmos avaliadores em todo o período

de coletas (pré e pós-treinamento) e 2) Expectativa, em que

durante o tempo total da pesquisa foram fornecidos estímulos

verbais padronizados para cada atleta, os quais foram realizados

pelos mesmos avaliadores. Como não foi possível controlar a

história, o delineamento do estudo foi caracterizado como pré-

54

experimental. Adicionalmente, foram controlados os fatores de

distorção que provêm dos participantes, como descritos na

sequência, 1) Seleção diferencial: para execução de cada

protocolo de treinamento intervalado de alta intensidade

(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) a equipe foi dividida em dois subgrupos

de 10 jogadoras cada com nível homogêneo no estado físico; 2)

Processo de maturação: no qual o período de seis semanas pré-

estabelecido para a intervenção anula este fator de distorção; 3)

Regressão estatística, onde o fato do grupo apresentar um nível

homogêneo de estado de treinamento técnico, tático e físico

minimizará esta distorção; 4) Perda experimental: participaram

inicialmente da pesquisa 20 atletas, porém durante o período da

intervenção, três atletas do modelo TIAI7,5x7,5 e uma do TIAI15x15

foram cortadas do estudo por motivo de lesão ou saída da

equipe, resultando em um número final de 16 atletas (TIAI7,5x7,5; n

= 7 vs. TIAI15x15; n = 9); 5) Instrumentação: os mesmos

instrumentos de medidas foram usados no pré e pós-testes e,

adicionalmente, os mesmos avaliadores conduziram todo o

período de estudo.

Quanto à validade externa, foram monitorados os

seguintes fatores: 1) Efeitos da tendência de seleção: foram

selecionadas atletas de futsal experientes na modalidade de uma

equipe da elite nacional que não possuíam lesão; 2) Efeitos

relativos aos procedimentos experimentais: nas avaliações de

laboratório foi realizada uma familiarização com os

procedimentos e equipamentos, enquanto que os testes de

55

campo já possuem maior especificidade, 3) Interferência do

tratamento múltiplo: as jogadoras foram submetidas a

tratamentos semelhantes durante o período de intervenção,

minimizando as possíveis interferências.

3.2 Participantes do estudo

Participaram inicialmente da pesquisa 20 atletas de futsal

de elite do sexo feminino pertencentes às categorias adulto, sub-

20 e sub-17 (16 - 23 anos de idade), as quais treinavam

regularmente cinco dias por semana em dois períodos (manhã e

tarde). Durante a intervenção, três jogadoras do modelo TIAI7,5x7,5

e uma do TIAI15x15 saíram do estudo por motivo de lesão ou

desligamento da equipe, resultando em um número final de 16

(idade = 19,2 ± 2,0 anos; estatura = 161,5 ± 4,6 cm; massa

corporal = 58,7 ± 8,0 kg; gordura corporal = 18,8 ± 4,9 %). Assim,

restaram sete jogadoras no TIAI7,5x7,5 (idade = 18,1 ± 1,8 anos;

massa corporal = 62,8 ± 8,4 kg; estatura = 160,4 ± 4,0 cm;

gordura corporal = 20,6 ± 4,7 %) e nove jogadoras no TIAI15x15

(idade = 18,7 ± 2,2 anos; massa corporal = 55,7 ± 6,5 kg;

estatura = 162,4 ± 5,1 cm; gordura corporal = 17,5 ± 5,0 %).

Em relação à divisão das atletas por categorias o modelo

TIAI7,5x7,5 foi composto por uma adulta, três sub-20 e três sub-17,

enquanto que o modelo TIAI15x15 foi composto por duas adultas,

cinco sub-20 e duas sub-17, sendo que a média de tempo de

prática das atletas na modalidade era 4,3 ± 2,1 anos.

56

A seleção das participantes para o estudo foi realizada de

forma intencional não probabilística, tendo como critério para

seleção as jogadoras de linha pertencentes a uma equipe de elite

que foi terceira colocada da Liga Futsal Feminina, organizada

pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), campeã do

Campeonato Estadual Feminino adulto, organizado pela

Federação Catarinense de Futsal (FCF) e campeã dos 530 Jogos

Abertos de Santa Catarina, organizado pela Fundação

Catarinense de Esporte (FESPORTE).

Para execução de cada modelo de treinamento as

participantes foram divididas nos dois grupos (TIAI7,5x7,5 vs.

TIAI15x15) de acordo com a ordem decrescente do valor individual

do PV obtido durante o protocolo do FIET realizado pré-

intervenção. A atleta com maior PVFIET fez parte do modelo

TIAI7,5x7,5, enquanto que a com o segundo valor fez parte do

modelo TIAI15x15, na sequencia a jogadora com o terceiro valor foi

para o modelo TIAI7,5x7,5, e a com quarto valor foi para o modelo

TIAI15x15, e assim sucessivamente até a formação final dos dois

grupos.

3.3 Design pré-experimental

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob o número

251.245 (anexo 1). Antes de iniciarem os procedimentos para a

57

coleta de dados, as atletas participantes do estudo foram

esclarecidas sobre os objetivos e os métodos da pesquisa e na

sequência assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (apêndice 1).

As avaliações laboratoriais foram realizadas no

Laboratório de Esforço Físico (LAEF) e no Laboratório de

Biomecânica (BIOMEC), localizados do Centro de Desportos

(CDS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no

Laboratório de Pesquisas em Desempenho Humano (Lapedh),

localizado no Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID)

da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),

enquanto que as de campo foram executados na própria quadra

do local de treinamento da equipe. Tanto as avaliações de

laboratório quanto as de campo foram realizadas conjuntamente

pela pesquisadora e um grupo de avaliadores experientes

pertencentes aos laboratórios do LAEF e BBIOMEC.

As avaliações iniciais e finais e o período de intervenção

foram incorporados na rotina diária de treinamento da equipe e

aconteceram durante o período preparatório específico

(fevereiro-abril) do calendário de 2013.

Um dia após as avaliações iniciais e um dia anterior às

avaliações finais deste estudo houve o monitoramento das

atividades realizadas durante uma partida simulada entre as

jogadoras da equipe.

58

A representação esquemática do experimento do

presente estudo é exibida na figura 1.

Figura 1. Representação esquemática do design do estudo.

As avaliações de laboratório foram realizadas em dois

períodos, distribuídos em dois dias distintos, conforme os

procedimentos descritos a seguir (quadro 1), sendo que o grupo

pré e pós-treinamento de 16 atletas foi dividido aleatoriamente

em quatro subgrupos de quatro membros cada (G1, G2, G3, G4).

Após a realização da avaliação antropométrica para

caracterização da amostra, um subgrupo executou um protocolo

submáximo na esteira rolante para determinação da EC e na

sequência um teste incremental na esteira rolante para a

determinação do VO2max, FCmax, velocidade correspondente

59

ao VO2max (vVO2max), pico de velocidade (PVTIER) e velocidade

correspondente ao segundo limiar de transição fisiológica

(vLTF2). Enquanto isso, outro subgrupo foi submetido ao

protocolo realizado na plataforma de força para a determinação

dos saltos verticais squat jump (SJ) e counter movement jump

(CMJ) e na sequência, após uma hora de intervalo, realizou os

testes máximos no dinamômetro isocinético para a determinação

do torque máximo isocinético (PTCON-FLE, PTECC-FLE, PTCON-EXT,

PTECC-EXT). Cada subgrupo fez duas visitas ao laboratório em

dois dias consecutivos no mesmo período do dia.

Quadro 1. Cronograma de visita aos laboratórios para avaliações

das jogadoras de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17.

Dia 1 Dia 2

Manhã G1 = ER

G2 = PF + DI

G1 = PF + DI

G2 = ER

Tarde G3 = ER

G4 = PF + DI

G3 = PF + DI

G4 = ER

ER = esteira rolante (EC, VO2max, vVO2max, vLTF2); PF =

plataforma de força (SJ, CMJ); DI = dinamômetro isocinético

(PTCON-FLE, PTECC-FLE, PTCON-EXT, PTECC-EXT).

As avaliações de campo foram realizadas no período da

tarde durante dois dias consecutivos conforme protocolos

60

descritos na sequência (quadro 2). No primeiro dia as atletas

executaram o FIET para determinação do PVFIET, enquanto que

no segundo o teste anaeróbio maximal shuttle run test (40-m

MST) para determinação do melhor tempo (MT), tempo médio

(TM) e índice de fadiga (IFF).

Quadro 2. Cronograma das avaliações de campo das jogadoras

de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17.

Dia 1 Dia 2

Tarde G1 + G2 + G3+

G4 = FIET

G1 + G2 + G3+

G4 = 40-m MST

FIET = Futsal intermittent endurance test (PVFIET); 40-m MST =

maximal shuttle run test (MT, TM, IFF).

Todos os testes foram realizados no mesmo horário do

dia, respeitando intervalo mínimo de 24 horas. As participantes

foram orientadas a não realizar treinamentos nos dias de coletas

e a comparecer alimentadas e hidratadas para realização das

avaliações.

3.4 Protocolos de treinamento

Para execução de cada protocolo de TIAI (CARMINATTI,

2014) as participantes selecionadas (n = 16) foram divididas em

dois grupos TIAI7,5x7,5 (n = 7) e TIAI15x15 (n = 9) de acordo com o

61

valor do PVFIET, que forneceu as respectivas distâncias a serem

percorridas pelos diferentes subgrupos de atletas pertencentes a

cada modelo de TIAI.

Os dois modelos de treinamento possuem similaridades

no que diz respeito ao tempo de cada série (aproximadamente 4

minutos), relação esforço:pausa (1:1) e distância relativa

(m.min-1

), porém com intensidade de corrida (TIAI7,5x7,5 = 86-91 %

PVFIET vs. TIAI15x15 = 83-88 % PVFIET) e número de mudanças de

direção (TIAI7,5x7,5 = 1 vs. TIAI15x15 = 3) distintos.

Antes das sessões de treinamento os dois subgrupos

foram dispostos em lados opostos da quadra de jogo, perfilados

dois metros para frente das linhas de fundo, para iniciarem um

aquecimento de dois minutos, de acordo com o padrão de cada

modelo descritos abaixo, seguidos por mais dois minutos de

pausa para descanso.

Após esse período inicial, os dois grupos se

reposicionaram nas respectivas linhas de fundo para iniciarem

simultaneamente a execução dos dois modelos de TIAI (figura 2),

sendo que o controle da intensidade se deu por meio da

reprodução de um áudio que sinaliza o ritmo de corrida das

jogadoras pelo mesmo sinal sonoro (beep) que é emitido em

intervalos de tempo fixo de 3,75 segundos entre eles

(CARMINATTI, 2014).

62

Figura 2. Visualização esquemática da disposição dos

subgrupos na quadra para realização simultânea dos dois

modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).

O primeiro modelo de treinamento intervalado de alta

intensidade (TIAI7,5x7,5; n = 7), consiste de quatro séries de

aproximadamente quatro minutos de esforço (17 repetições de

corrida) por três minutos de recuperação passiva entre elas,

resultando em uma relação esforço:pausa de 1:1 (7,5 x 7,5

segundos), com as distâncias de corrida (3,75 segundos de

tempo entre cada sinal sonoro) individualizadas pelo PVFIET

(quadro 3), totalizando de 25 minutos de sessão. Cada repetição

é constituída por duas acelerações, uma desaceleração e uma

mudança de direção, enquanto que na duração total da sessão

(quatro séries) o TIAI7,5x7,5 possui 136 acelerações, 68

desacelerações e 68 mudanças de direção (figura 3), sendo que

a intensidade desse modelo de TIAI ficou estabelecida entre 86-

91 % do PVFIET.

7 9

63

= cone

Figura 3. Visualização do modelo 1 de treinamento intervalado

de alta intensidade (TIAI7,5x7,5): 2 x 3,75 segundos = 7,5

segundos com 7,5 segundos de pausa.

64

Quadro 3. Descrição do modelo 1 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade

(TIAI7,5x7,5) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva (CARMINATTI,

2014).

PV FIET (km.h

-1)

V (km.h-1

) (86-91 %PVFIET)

d relativa (m.min

-1)

d x rep (m)

d x 1 série (m)

d total (m)

13,6 – 14,0 12,0 103 12,5 425 1700 14,2 – 14,6 12,5 107 13,0 442 1768 14,8 – 15,2 13,0 111 13,5 459 1836 15,4 – 15,8 13,9 120 14,5 493 1972 16,0 – 16,4 14,4 124 15,0 510 2040 16,6 – 17,0 14,9 128 15,5 527 2108 17,2 – 17,6 15,8 136 16,5 561 2244 17,8 – 18,2 16,3 140 17,0 578 2312 18,4 – 18,8 16,8 144 17,5 595 2380

PVFIET = pico de velocidade obtido no FIET; V = velocidade do treinamento; d relativa = distância relativa

do treino; d x rep = distância percorrida por cada repetição; d x série = distância percorrida por série; d

total = distância percorrida por sessão de treinamento.

65

O segundo modelo de treinamento intervalado de alta

intensidade (TIAI15x15; n = 9) consiste de quatro séries de

aproximadamente quatro minutos de esforço (nove repetições de

corrida) por três minutos de recuperação passiva entre elas,

resultando em uma relação esforço:pausa de 1:1 (15 x 15

segundos), com as distâncias de corrida (3,75 segundos de

tempo entre cada sinal sonoro) individualizadas pelo PVFIET

(quadro 4), totalizando de 25 minutos de sessão. Cada repetição

apresenta quatro acelerações, três desacelerações e três

mudanças de direção, enquanto que na duração total da sessão

(quatro séries) o TIAI15x15 possui 144 acelerações, 108

desacelerações e 108 mudanças de direção (figura 4) , sendo

que a intensidade desse modelo de TIAI ficou estabelecida entre

83-88 % do PVFIET.

66

= cone

Figura 4. Visualização do modelo 2 de treinamento intervalado

de alta intensidade (TIAI15x15): 4 x 3,75 segundos = 15 segundos

com 15 segundos de pausa.

67

Quadro 4. Descrição do modelo 2 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade

(TIAI15x15) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva (CARMINATTI,

2014).

PV FIET (km.h

-1)

V (km.h-1

) (83-88 %PVFIET)

d relativa (m.min

-1)

d x rep (m)

d x 1 série (m)

d total (m)

13,6 – 14,0 11,5 102 12,0 432 1728 14,2 – 14,6 12,0 106 12,5 450 1800 14,8 – 15,2 12,5 110 13,0 468 1872 15,4 – 15,8 13,4 119 14,0 504 2016 16,0 – 16,4 13,9 123 14,5 522 2088 16,6 – 17,0 14,4 127 15,0 540 2160 17,2 – 17,6 15,4 136 16,0 576 2304 17,8 – 18,2 15,8 140 16,5 594 2376 18,4 – 18,8 16,3 144 17,0 612 2448

PVFIET = pico de velocidade obtido no FIET; V = velocidade do treinamento; d relativa = distância relativa

do treino; d x rep = distância percorrida por cada repetição; d x série = distância percorrida por série; d

total = distância percorrida por sessão de treinamento.

68

O período total de intervenção foi de cinco semanas, com

duas sessões semanais (total de 10 sessões), as quais foram

realizadas nas dependências do clube e incorporadas na rotina

diária de treinamento (técnico, tático e físico) da equipe durante o

período vespertino. Porém, na primeira sessão de treinamento as

jogadoras executaram apenas três séries de aproximadamente

quatro minutos de esforço por três minutos de recuperação

passiva entre elas do TIAI para que houvesse uma familiarização

com os modelos propostos. Adicionalmente, na décima sessão

as atletas realizaram o TIAI na mesma intensidade prescrita da

segunda sessão para comparação da carga interna entre essas

sessões. Dessa forma, as atletas realizaram um total de oito

sessões na intensidade e volume completos dos dois modelos

propostos.

As intensidades de corrida (km.h-1

) dos treinamentos

intervalados de alta intensidade foram individualizadas por atleta,

tendo como referência o valor percentual do PV que cada

jogadora atingiu no FIET, sendo que no grupo do TIAI7,5x7 o valor

foi de 86-91 % PVFIET, enquanto que no TIAI15x15 foi de 83-88 %

PVFIET (quadros 1 e 2).

A sobrecarga durante a periodização dos microciclos

referentes aos dois modelos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) se deu de

forma individualizada por meio do aumento da distância de

corrida em um metro após a atleta apresentar valores de FC

inferiores a 90 % de sua FCmax em duas sessões consecutivas,

que equivale a aproximadamente 6 % na intensidade do PVFIET.

69

Para quantificação da carga interna de cada sessão de

TIAI foi usado o monitor cardíaco para mensuração da FC,

enquanto que, para obtenção das medidas de percepção

subjetiva de esforço (PSE) da sessão foi utilizada a escala CR-10

de Borg (1982) modificada por Foster et al. (2001). Também

foram realizadas coletas de sangue no final de cada série da

segunda sessão de TIAI e nos minutos três e cinco da

recuperação para determinação dos níveis de concentração de

lactato sanguíneo ([Lac]).

Para garantir o rigor do treinamento, todas as sessões

foram controladas pelo preparador físico da equipe, pela

pesquisadora e por um pesquisador colaborador.

Durante o período da pesquisa as sessões de treinamento

técnico e tático, com duração de duas horas, aconteceram de

segunda a sexta-feira no período da manhã e foram coordenados

pelo técnico da equipe. Por sua vez, as sessões de duas horas

de treinamento físico realizado na segunda e quarta-feira a tarde

foram usadas para aplicação dos dois modelos de TIAI propostos

e dos pré e pós-testes. Esse momento inicial de treino foi dirigido

pela pesquisadora sob a supervisão do preparador físico da

equipe, o qual coordenou o restante do tempo da sessão com

exercícios específicos planejados pelo mesmo. Como

complemento do trabalho físico as atletas realizavam

musculação durante uma hora na terça e quinta-feira a tarde.

3.4.1 Controle das variáveis

70

Para prevenir a interferência de fatores que possam

influenciar os resultados da pesquisa (KARASIAK et al., 2011)

foram controladas algumas variáveis que serão descritas na

sequência:

a) Aquecimento anterior ao treinamento: Antes da

aplicação de cada sessão de treinamento intervalado de alta

intensidade foi realizado um aquecimento de dois minutos, sendo

que cada subgrupo da equipe executou as corridas com

mudança de direção padronizadas de acordo com os dois

modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 = uma mudança vs. TIAI15x15

= três mudanças).

b) Carga de treinamento: O volume e intensidade dos

dois modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) foram

controlados por meio do número pré estabelecido de séries,

repetições e tempo de recuperação entre cada série e sessão

durante todo o período do experimento.

c) Recuperação do treinamento: O período de

recuperação entre cada sessão de treinamento (≥ 48 horas) foi o

mesmo para todas as atletas participantes do estudo.

d) Nível inicial de treinamento: A equipe possui um nível

homogêneo de estado de treinamento físico.

e) Posição que ocupa na quadra: Participaram do estudo

somente as atletas que jogam na linha, excluindo-se as goleiras.

f) Tempo entre avaliações: A realização dos pré e pós-

testes foram separados por um período de cinco semanas e, do

71

mesmo modo que a intervenção, executados no mesmo período

da pesquisa.

g) Idade: Todas as jogadoras da equipe de futsal que

participaram da pesquisa pertencem às categorias adulto, sub-20

e sub-17 e possuem idade compreendida entre 16 e 23 anos.

h) Sexo: Todas as jogadoras da equipe de futsal que

participaram da pesquisa (n = 16) são do sexo feminino.

i) Hidratação: As participantes foram orientadas a

comparecer e permanecer hidratadas para realização das

avaliações.

j) Treinamento técnico, tático e físico: As jogadoras da

equipe de futsal que participaram da pesquisa realizaram o

mesmo treinamento técnico, tático e físico durante o período da

intervenção.

3.5 Protocolos de laboratório

3.5.1 Avaliação antropométrica

Os procedimentos utilizados para realizar as

mensurações antropométricas seguiram os protocolos definidos

em Alvarez e Pavan (2003) e Benedetti, Pinho e Ramos (2003).

A massa corporal foi medida utilizando-se uma balança com

resolução de 0,1 kg (TOLEDO®). Para a determinação da

estatura foi utilizado um estadiômetro com resolução de 1 mm

(SANNY®). Foram medidas quatro dobras cutâneas (dc), com o

72

adipômetro científico com resolução de 1 mm (CESCORF®). A

densidade corporal (DC) foi estimada pela equação (1) Jackson,

Pollock e Ward (1980), validada para atletas do sexo feminino e

idade entre 11 e 27 anos (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000),

com aplicação deste valor para estimar o percentual de gordura

deste por meio da equação (2) de Siri (1961).

DC=1, 096095-0,0006952 x (Σ4dc) + 0, 0000011 (Σ4dc)² -

0,0000714 x (idade)

Onde: Σ4dc = somatório 4 dobras cutâneas (tríceps + supra-

ilíaca anterior + abdominal + coxa média)

(1)

%GC = [(5,01/DC) – 4,57] x 100 (2)

3.5.2 Protocolos retangular e incremental em esteira rolante

para determinação das variáveis aeróbias

O teste submáximo de carga retangular para a

determinação da EC e o teste máximo de cargas progressivas

para mensuração do VO2max, FCmax, vVO2max, pico de

velocidade (PVTIER) e vLTF2, foram realizados em esteira rolante

motorizada (IMBRAMED, modelo 10.200).

Inicialmente as jogadoras realizaram o teste submáximo

com velocidade constante de 8 km.h-1

e 1% de inclinação com

duração de seis minutos, tendo o VO2 medido no minuto final por

meio do gás expirado pelo analisador de gases (COSMED,

73

modelo Quark CPET), a partir do qual se determinou a EC

(CASTAGNA et al., 2009).

Na sequência, após três minutos de intervalo, as atletas

executaram o teste máximo com a velocidade inicial de 9 km.h-1

e 1% de inclinação com incrementos de 1 km.h-1

a cada 3

minutos até a exaustão voluntária.

O VO2 foi mensurado respiração a respiração durante

todo o procedimento a partir do gás expirado por meio do

analisador de gases (COSMED, modelo Quark CPET) com os

dados reduzidos a média de 15 segundos. O VO2max foi adotado

como o maior valor de 15 segundos obtido durante o teste. Para

considerar que o indivíduo realizou um teste máximo foram

adotados os seguintes critérios: quociente respiratório (R) maior

que 1,10; platô de VO2 (variação do VO2 menor do que 150

mL.min-1

ou 2,1 ml.kg-1

.min-1

para um aumento de 1 km.h-1

na

velocidade); 90% da FCmax predita pela idade (LAURSEN et al.,

2002) e concentração de lactato maior que 8 mmol.L-1

ao final do

teste (BASSET; HOWLEY, 2000; SILVA; TORRES, 2002). A

calibração do analisador de gases (ar ambiente, gás padrão e

turbina) foi realizada antes de cada teste de acordo com as

recomendações do fabricante.

A FC foi registrada com o uso do frequencímetro

incorporado ao analisador de gases, que permitiu registrar e

armazenar os valores do comportamento da FC em sincronia

com os valores de VO2. A FCmax foi identificada como a maior

74

média de cinco segundos obtida durante o teste (CASTAGNA et

al., 2009).

A vVO2max, foi considerada como sendo a menor

intensidade de exercício na qual ocorreu o VO2max durante o

teste (BILLAT et al., 1996; BILLAT et al., 1999).

O PVTIER foi determinado como a máxima velocidade de

corrida obtida durante o teste (NOAKES, 1988).

Para dosagem do lactato sanguíneo houve um intervalo

de 30 segundos entre cada estágio do teste para coleta de 25 μL

de sangue do lóbulo da orelha em capilar heparinizado, o qual foi

imediatamente transferido para microtubos de polietileno com

tampa (Eppendorff) de 1,5 mL, contendo 50 μL de solução de

NaF 1% e armazenado em gelo (BILLAT et al., 2000). A análise

do lactato foi realizada por meio de um analisador bioquímico

(YSI 2700, modelo Stat Select) que possuí precisão de 2 %,

sendo que a calibração foi realizada antes da leitura da amostra

de sangue por meio do uso de uma solução de concentração

conhecida (0,50 g.L-1

), de acordo com as recomendações do

fabricante. O segundo limiar de transição fisiológica foi

determinado por meio da identificação da menor relação entre o

lactato sanguíneo e a velocidade no teste. A partir disso, foi

adicionado o valor de 1,5 mmol.L-1

para identificação da vLTF2

por meio de uma interpolação linear (lactato x velocidade) (BERG

et al., 1990; GROSSL et al., 2011).

75

3.5.3 Protocolo na plataforma de força para determinação dos

saltos verticais

Para determinação da potência de membros inferiores, as

jogadoras realizaram uma série de saltos verticais squat jump

(SJ) e counter movement jump (CMJ), de acordo com o protocolo

proposto por Bosco (1999).

Todas as variáveis foram mensuradas na plataforma de

força (QUATTRO JUMP, modelo 9290AD) tipo piezelétrica, na

qual as informações adquiridas foram transmitidas via cabo a um

computador na frequência de 500 Hz.

Todos os saltos possuem índice de fidedignidade de 0,94

e 0,97 para especificidade. A partir disso foi analisada a variável

altura de salto (h), calculada pelo software Quatro Jump pelo

método de integração dupla, considerada o melhor indicador da

potência muscular de membros inferiores (BOSCO et al., 1982).

Por meio dos valores de força obtidos na plataforma, de massa

corporal do indivíduo e da velocidade inicial conhecida, foi

calculada a velocidade instantânea. Para obter o valor de h,

basta conhecer a variação da velocidade, ou seja, o impulso

gerado durante a fase propulsiva do salto, de acordo com a

equação 3.

, Onde: h = altura do salto; v =

velocidade final; v0 = velocidade inicial; dt = intervalo de

tempo infinitesimal.

(3) dt)vv(h o

76

O SJ (figura 5) foi realizado utilizando somente a ação

concêntrica dos músculos extensores do joelho para estimar a

potência muscular e a habilidade de recrutamento neural do

atleta. O protocolo estabelece que o sujeito realize um salto

vertical a partir de uma posição estática com o ângulo do joelho

em aproximadamente 90º, com o tronco o mais vertical possível

e as mãos na cintura. O salto deve ser executado sem contra

movimento para não acelerar o centro de gravidade (CG) para

baixo. Foram realizadas três tentativas para o SJ, sendo

considerada para análise a maior h obtidas nas mesmas.

A = posição inicial. B = salto. C = aterrissagem.

Figura 5. Ilustração da realização do SJ (BOSCO, 1999).

O CMJ (figura 6) foi realizado utilizando a contribuição do

ciclo alongamento-encurtamento (CAE), objetivando estimar a

potência muscular associada com o aproveitamento da energia

elástica dos músculos extensores do joelho. Neste protocolo, o

77

indivíduo executou os saltos verticais a partir de uma posição em

pé, com as mãos na cintura, sendo o mesmo precedido por um

contra movimento, o qual consiste em uma aceleração para

baixo do CG, flexionando os joelhos até próximo aos 90º.

Durante o salto, o tronco foi mantido o mais vertical possível.

Foram realizadas três tentativas para o CMJ, sendo considerada

para análise a maior h obtidas nas mesmas.

A = posição inicial. B = ângulo do joelho próximo a 90º. C =

joelho em completa extensão no salto. D = aterrissagem.

Figura 6. Ilustração da realização do CMJ (BOSCO, 1999).

3.5.4 Protocolo no dinamômetro isocinético para determinação

das variáveis de torque

Para identificação do torque excêntrico/concêntrico dos

músculos flexores (isquiotibiais) do joelho e

concêntrico/excêntrico dos músculos extensores (quadríceps) do

joelho com cada membro foi usado um dinamômetro isocinético

78

(BIODEX MEDICAL SYSTEMS, modelo Biodex Systems 3).

Após a familiarização do movimento, as jogadoras realizaram

duas contrações isocinéticas máximas de extensão/flexão para

determinação do torque máximo concêntrico/excêntrico dos

músculos extensores do joelho (PTCON-EXT, PTECC-EXT) e, após um

período de cinco minutos de recuperação, elas executaram mais

duas contrações isocinéticas máximas de extensão/flexão para

mensuração do torque excêntrico/concêntrico dos músculos

flexores do joelho (PTECC-FLE, PTCON-FLE), sendo que o toque

máximo foi considerado o maior valor medido (SMALL et al.,

2010). Esses procedimentos foram realizados na velocidade de

120.s-1

, considerada uma das mais rápidas para garantir a

segurança na avaliação excêntrica (RAHNAMA et al., 2003).

Para a determinação do torque excêntrico/concêntrico

dos músculos flexores e do torque concêntrico/excêntrico dos

músculos extensores do joelho, as atletas ficaram posicionadas

na posição sentada, presas de forma segura à cadeira por dois

cintos cruzados sobre o tronco, a partir do ombro, um cinto na

região do quadril e um no terço distal da coxa, sendo que o

ângulo entre o quadril e a coxa foi de 85º e a amplitude do

movimento foi de aproximadamente 700, considerado que 0

0

indica à extensão completa do joelho e 700 a flexão. O braço de

alavanca foi preso na perna logo acima do tendão de Aquiles e

este braço de alavanca teve seu eixo de rotação alinhado com o

côndilo lateral do fêmur. Como as avaliações foram realizadas

em dois momentos (pré e pós-treinamento) os dados de ajuste

79

da cadeira (chair settings) foram anotados em uma ficha para

serem replicados na segunda vez.

Os valores de torque isocinético, posição e velocidade

angular do joelho foram extraídos do software Biodex Advantage

e tabulados em planilhas eletrônicas do Microsoft Excel. Para

filtrar as curvas de torque foi usado o filtro Butterworth do tipo

passa-baixa (10 Hz). Na sequência foi aplicada uma rotina

desenvolvida por dal Pupo, Detanico e dos Santos (2014) em

ambiente MatLab (The MathWorks Inc., Natick, Massachusetts,

USA), para identificação do pico de torque isocinético

excêntrico/concêntrico dos músculos flexores e do torque

concêntrico/excêntrico dos músculos extensores do joelho.

3.6 Protocolos de campo

3.6.1 futsal Intermittent Endurance Test (FIET)

O FIET, proposto por Castagna e Barbero Álvarez (2010),

consiste de corridas vai-e-vem (shuttle run) de 45 metros (3 x 15

metros), os quais são intercaladas por 10 segundos de

recuperação ativa, sendo que há um período maior de 30

segundos de pausa após cada bloco de oito repetições (8 x 45

metros) (figura 7). A velocidade inicial do teste é de 9 km.h-1

, com

incrementos de 0,33 km.h-1

durante as nove primeiras voltas (9 x

45 metros), mudando na sequência para 0,20 km.h-1

a cada 45

metros (figura 8). O ritmo é ditado por um sinal sonoro (bip), que

80

determina a velocidade de corrida a ser desenvolvida nos

deslocamentos entre as linhas paralelas demarcadas no solo (15

metros) e também sinalizadas por cones. O teste finaliza quando

a avaliada atrasar mais do que 1,5 metros em relação à linha de

referência de 15 metros por duas vezes consecutivas ou no

momento que a mesma atingir exaustão voluntária. O índice de

correlação intraclasse (ICC) e o coeficiente de variação (CV) do

protocolo FIET foram 0,95 e 3,9%, respectivamente

(CASTAGNA; BARBERO ALVAREZ, 2010). A partir do FIET foi

possível determinar a FCmaxFIET e o PVFIET identificado como a

maior velocidade alcançada pelas atletas durante o teste em

km.h-1

.

Durante as duas execuções do FIET foram usados

monitores cardíacos para mensuração da FC a fim de quantificar

a carga interna.

=

con

e

Figura 7. Esquema ilustrativo do Futsal Intermittent Endurance

Test (FIET).

81

Figura 8. Esquema ilustrativo do perfil do protocolo do Futsal Intermittent Endurance Test (FIET)

(CASTAGNA; BARBERO ALVAREZ, 2010).

82

3.6.2 Maximal Shuttle Run Test (40-m MST)

Para determinação das variáveis relativas à capacidade

anaeróbia lática (tempo médio (TM), índice de fadiga (IFF)) e

alática (melhor tempo (MT)) foi realizado o teste de sprints

repetidos 40-m MST (figura 9), proposto por Baker, Ramsbottom

e Hazeldine (1993), que apresenta alta reprodutibilidade para o

TM (CCI = 0,91) e o MT (CCI = 0,92) (GLAISTER et al., 2009). O

protocolo é composto por oito sprints de 40 metros com duas

mudanças de direção de 180 º cada (10º e 30º metros do

percurso) e período de recuperação de 20 segundos entre cada

sprint. A atleta iniciou o teste no ponto médio entre os 20 metros,

marcado por um par de fotocélulas eletrônicas (Speed Test 4.0).

Em seguida a mesma corre 10 metros até a primeira marca,

retorna e corre novamente por 20 metros em direção oposta até

a segunda marca, e para finalizar, corre mais 10 metros até

passar novamente pelas fotocélulas. As jogadoras foram

estimuladas verbalmente para executar o máximo esforço em

cada sprint. Antes de realizar o teste as atletas foram instruídas a

executar o percurso em baixa intensidade para familiarização. O

IFF foi calculado por meio da equação (4) proposta por

Fitzsimons et al. (1993), que representa o decréscimo relativo do

tempo de realização dos sprints.

IFF= (Σ8TEMPOS / MT x 8) x 100 - 100 (4)

83

= cone = fotocélula

Figura 9. Esquema ilustrativo do Maximal Shuttle Run Test

(40-m MST).

3.7 Partidas simuladas

Para execução das duas partidas simuladas, a equipe (n

= 16) foi dividida pelo técnico em quatro subgrupos de quatro

jogadoras cada (Q1, Q2, Q3, Q4) com nível homogêneo no

estado técnico, tático e físico.

Os jogos foram compostos por dois tempos

cronometrados de 20 minutos cada separados por um intervalo

de 10 minutos. Durante os cinco minutos iniciais do primeiro

período da partida (1º - 5º minuto) o subgrupo 1 enfrentou o 2

(Q1 vs. Q2) para então o quarteto 3 jogar contra o 4 (Q3 vs. Q4)

por mais cinco minutos (6º - 10º minuto). Na sequência os

subgrupos 1 e 2 (Q1 vs. Q2) retornaram para a quadra (11º - 15º

84

minuto) e então os quartetos 3 e 4 (Q3 vs. Q4) jogaram

novamente por mais cinco minutos (16º - 20º minuto). O mesmo

ocorreu no segundo período de jogo e assim cada atleta

permaneceu em quadra por um total de 20 minutos

cronometrados (4 x 5 minutos).

Na partida simulada pós-TIAI, duas jogadoras do modelo

TIAI7,5x7,5 e três do TIAI15x15 não participaram por motivo de lesão

e foram substituídas, resultando em um número final de 11

(TIAI7,5x7,5: n = 5 e TIAI15x15: n = 6) para análise das variáveis de

performance DT e DPP.

Durante os dois jogos a comissão técnica estimulou as

atletas constantemente a desenvolver a performance em quadra

de forma similar às competições oficiais.

As partidas foram filmadas por duas câmeras de vídeo

digitais (SONY, modelo HDV 1080i/minidv e SONY, modelo

HDR/xr100) ajustadas a uma frequência de aquisição de 30 Hz

(720 X 480 pixel e 24-bit de resolução de cor), as quais foram

posicionadas estrategicamente em dois cantos da parte superior

do ginásio, cada uma cobrindo aproximadamente 3/4 da área

total da quadra (Figura 10) para que fossem capturadas todos os

deslocamentos realizados pelas atletas durante os jogos

simulados.

85

Figura 10. Área de cobertura das câmeras durante as duas

partidas simuladas (pré e pós-intervenção).

Para a análise cinemática dos deslocamentos realizados

pelas jogadoras foi empregado o software DVideo de sistema de

86

rastreamento automático (tracking computacional) (FIGUEROA;

LEITE; BARROS, 2006; BUENO et al., 2014).

Os procedimentos de sincronização, calibração

bidimensional, filtragem morfológica, marcação dos quadros e

reconstrução bidimensional foram executados de forma

sequencial.

As imagens transferidas para os computadores foram

sincronizadas para identificação dos eventos comuns às duas

câmeras, sendo que na sequência as posições das atletas como

uma função do tempo foram obtidas por meio de um sistema de

seguimento automático (BUENO et al. 2014).

A calibração bidimensional foi realizada por meio da

marcação de 21 pontos controle da superfície da quadra de jogo

com distâncias reais previamente mensuradas, definindo-se

previamente que o eixo “x” representaria o comprimento da

quadra e o eixo “y” sua largura.

A filtragem morfológica (segmentação) consistiu de uma

série de passos executados por meio de um algoritmo específico

(BARROS et al., 2010) para identificação automática das

trajetórias das atletas na quadra, em ambiente DVideo. Durante

esse processo foram extraídas as imagens das jogadoras dos

elementos restantes (figura 11), para então ser realizada

binarização das sequencias de imagens (figura 12) (MISUTA,

2004; FIGUEROA; LEITE E BARROS, 2006; BARROS et al.,

2010).

87

As marcações dos quadros que não ocorreram

automaticamente sofreram correção manual, sendo que ao final,

as matrizes de dados contendo as informações referentes à

posição bidimensional de cada uma das jogadoras em função do

tempo foram obtidas pela reconstrução 2D pelo método Direct

Linear Transformation (DLT) (ABDEL-AZIZ; KARARA, 1971).

As matrizes de dados da reconstrução bidimensional (2D)

obtidas ao final da marcação dos quadros foram exportadas para

o ambiente MatLab (The MathWorks Inc., Natick, Massachusetts,

USA), com os dados filtrados pelo filtro Butterworth do tipo

passa-baixa de terceira ordem (0,4 Hz) (MOURA et al., 2012,

BUENO et al., 2014), selecionada após análise residual

(WINTER, 2009).

88

Figura 11. Seleção da região de interesse a ser analisada

(acima) e cálculo e extração do fundo de quadra (abaixo) das

sequências de imagens de uma das câmeras.

89

Figura 12. Binarização dos elementos restantes após a extração

do fundo de quadra das sequências de imagens de uma das

câmeras.

A DT, expressa em m, foi calculada por meio de uma

rotina específica, considerando a soma cumulativa do

deslocamento entre dois frames consecutivos. Adicionalmente,

foram calculadas as distâncias percorridas em relação à DT em

cada uma das faixas de velocidade pré-definidas (DPP) e o

percentual deste valor.

Para identificação das DPP foi realizada uma

classificação de faixas de velocidade durante as partidas de

acordo com o proposto por Castagna et al., (2009) e Bueno et al.

(2014), como descrito na sequência: 1) parado ou andando (0,0

≤ V1 ≤ 6,0 km.h-1

); 2) corrida de baixa intensidade (6.1 < V2 ≤

12,0 km.h-1

); 3) corrida de moderada intensidade (12,1 < V3 ≤

15,4 km.h-1

); 4) corrida de alta intensidade (15,5 < V4 ≤ 18,3

km.h-1

); e 5) sprint (V5 > 18,4 km.h-1

).

90

Os valores de temperatura (T) e umidade relativa do ar

(URA) registrados na primeira partida (pré-TIAI) foram T = 320 e

URA = 65 %, enquanto que na segunda (pós-TIAI) foram T = 280

e URA = 65 %.

A reprodutibilidade dos valores de FC máxima e FC

média e as correlações intraclasses observadas demonstraram

reprodutibilidade quase perfeita para a FC máxima (0,93, p<0,01)

e muito alta para a FC média (0,89; p<0,01), com erro técnico de

medida (ETM) de 1,08 % e 1,60 %, respectivamente, entre dois

jogos simulados de atletas de elite de futsal (CARMINATTI;

FERNANDES (2012), dados não publicados).

3.8 Monitoramento da carga interna

A FC foi registrada e armazenada a cada cinco segundos

por meio monitor cardíaco (Polar, modelo S610i) durante as duas

execuções do FIET (pré e pós-TIAI) e as 10 sessões dos TIAI

(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).

As medidas de PSE das 10 sessões de TIAI (TIAI7,5x7,5

vs. TIAI15x15) foram obtidas por meio da escala CR-10 de Borg

(1982) modificada por Foster (2001), que foi apresentada às

jogadoras 15 minutos após o término de cada sessão de

treinamento (PEDRO, et al., 2014). Após a pregunta “Como foi a

sua sessão de treino?”, as atletas apontaram na escala (figura

10) um descritor de 0 a 10, sendo 0 para a condição de repouso

absoluto e 10 para o maior esforço realizado pela mesma. Para

91

quantificação da carga interna por meio da PSE de cada sessão

foi calculado o produto da duração total da sessão, considerando

o aquecimento (29 minutos) pelo valor (score) apontado na

escala PSE CR-registrado 15 minutos após o término da

sessão10 (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010; PEDRO, et al.,

2014). O produto da PSE (intensidade na classificação) pela

duração da sessão (volume) foi expresso em unidades arbitrárias

(ua).

Classificação Descritor

0 Repouso

1 Muito, Muito Fácil

2 Fácil

3 Moderado

4 Um Pouco Difícil

5 Difícil

6 -

7 Muito Difícil

8 -

9 -

10 Máximo

Figura 13. Escala 0-10 de Foster et al. (2001).

Para determinar a concentração de lactato após a

aplicação da segunda sessão de treinamento foram realizadas

92

coletas de sangue imediatamente após cada série e nos minutos

três e cinco da recuperação. Para isso, foram coletados 25 μL de

sangue do lóbulo da orelha em capilar heparinizado, o qual foi

imediatamente transferido para microtubos de polietileno com

tampa - tipo Eppendorff - de 1,5 mL, contendo 50 μL de solução

de NaF 1% e armazenado em gelo. A análise do lactato foi

realizada por intermédio de um analisador bioquímico (YSI 2700,

modelo Stat Select) que possui precisão de 2 %.

3.9 Análise estatística

Os dados foram apresentados por meio de estatística

descritiva na forma de média e desvio-padrão (DP) e coeficiente

de variação (CV), sendo que foi usado os critérios estabelecidos

por Gomes (1990) para determinar a homogeneidade das

variáveis. A normalidade dos dados e dos resíduos foi verificada

por meio do teste de Shapiro-Wilk e para os dados que não

apresentaram normalidade aplicou-se a transformação Box-Cox.

Para verificar se houve diferença entre as variáveis de FC, PSE

e [Lac] entre os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) foi

utilizado o teste t para amostras independentes (dados

paramétricos) ou teste de Mann-Whitney (dados não-

paramétricos). Para verificar se houve diferença entre a FCmax

registrada no FIET e a FCmax registrada no TIER foi utilizado o

teste t para amostras dependentes (dados paramétricos) ou teste

de Wilcoxon (dados não-paramétricos). A análise de variância

93

ANOVA modelo misto (grupo vs. tempo) foi usada para analisar

as diferenças entre os grupos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) e entre os

períodos pré e pós-intervenção, assim como a interação entre

estes fatores. O teste post-hoc de Bonferroni foi aplicado nos

casos em que foram observadas diferenças. O nível de

significância adotado foi fixado em p ≤ 0,05, sendo que as

análises foram realizadas no programa Statistical Package for

Social Sciences Windows® (SPSS versão 17.0). Para analisar a

magnitude dos efeitos causados pelo treinamento foi calculado o

Effect Size (EF) por meio do software G*Power 3.1. Para

classificação dos coeficientes de magnitude foram adotados os

critérios estabelecidos por Batternham e Hopinks (2006), como

descritos a seguir: < 0,2 = trivial; 0,2-0,6 = pequeno; 0,6-1,2 =

moderado; 1,2-2,0 = grande; 2,0-4,0 = muito grande.

94

95

4. RESULTADOS

4.1 Carga interna do treinamento

Os valores de FC e percentual da FC em relação à

máxima obtida no Futsal Intermittent Endurance Test (%FCmax-

FIET) registrados durante as 10 sessões (S) dos dois modelos de

TIAI estão apresentados na Tabela 1 e Figura 14,

respectivamente. Pode-se observar que não foi encontrada

diferença significante na FC (t = -1,137, p = 0,893) e no

%FCmax-FIET (t= 0,517; p = 0,611) entre o TIAI7,5x7,5 e o

TIAI15x15.

96

Tabela 1. Valores de FC (bpm) registrados durante as 10 sessões dos dois modelos de TIAI.*

Frequência Cardíaca (bpm)

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Média±DP CV

TIAI7,5x7,5 194 188 187 183 187 182 181 188 185 181 186 2% (n=7) ±5 ±9 ±7 ±5 ±9 ±8 ±8 ±5 ±5 ±7 ±4

TIAI15x15 193 190 184 181 188 179 189 188 191 176 186 3% (n=9) ±7 ±6 ±5 ±8 ±7 ±4 ±7 ±6 ±8 ±8 ±6

*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa (Carminatti, 2014). TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa (Carminatti, 2014).

97

Figura 14. Valores de FC registrados durante as 10 sessões

de TIAI propostos por Carminatti (2014) em relação à FC

máxima obtida no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET).

= TIAI7,5x7,5 = TIAI15x15

Os valores de percepção subjetiva de esforço (PSE) e o

cálculo de PSE da sessão (produto da duração total da sessão,

de 29 minutos, pelo score apontado na escala PSE CR-10)

obtidos nas 10 sessões dos dois modelos de TIAI estão

apresentados na Tabela 2 e Figura 15, respectivamente.

98

Pode-se observar que não foi encontrada diferença significante na PSE (t = -1,342; p = 0,215) e

na PSE da sessão (t = -1,248; p = 0,228) entre o TIAI7,5x7,5 e o TIAI15x15.

Tabela 2. Valores de PSE obtidos durante as 10 sessões dos dois modelos TIAI.*

Percepção Subjetiva de Esforço (score)

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Média±DP CV

TIAI7,5x7,5 5,2 4,2 4,4 4,2 4,3 3,9 3,4 3,7 4,5 2,2 4,0 18,4% (n=7) ±1,0 ±0,7 ±0,5 ±0,4 ±0,4 ±0,6 ±0,5 ±0,8 ±0,8 ±1,0 ±0,7

TIAI15x15 6,1 4,2 4,6 4,4 4,5 4,0 4,5 4,4 5,4 2,8 4,5 19,1% (n=9) ±1,8 ±0,4 ±0,7 ±0,6 ±0,9 ±0,5 ±0,8 ±0,9 ±1,4 ±0,5 ±0,9

*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa (Carminatti, 2014). TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa (Carminatti, 2014).

99

Figura 15. Valores de PSE da sessão (produto da duração

total da sessão pelo score apontado na escala PSE CR-10)

obtidos nas 10 sessões de TIAI propostos por

Carminatti (2014).

= TIAI7,5x7,5 = TIAI15x15

Os valores de concentração de lactato sanguíneo ([Lac])

obtidos em uma sessão dos dois modelos de TIAI estão

apresentados na Tabela 3 e Figura 16.

100

Pode-se observar que não foi encontrada diferença significante na segunda sessão (t = - 1,236; p

= 0,996) entre o TIAI7,5x7,5 e o TIAI15x15. Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-se H1 que

indica valores maiores de [Lac] no modelo TIAI15x15.

Tabela 3. Valores de [Lac] coletados durante a segunda sessão dos dois modelos de TIAI.*

Concentração de lactato sanguíneo (mmol.L-1

)

Aquecimento Série 1 Série 2 Série 3 Série 4 Média±DP CV

TIAI7,5x7,5 1,51 2,73 4,43 4,86 5,54 3,81 43,43% (n=7) ±0,50 ±1,31 ±0,86 ±1,23 ±1,51 ±1,66

TIAI15x15 1,73 3,79 4,53 5,08 5,75 4,18 36,95% (n=9) ±0,59 ±1,21 ±1,40 ±2,08 ±2,51 ±1,54

*Dados expressos em média ± DP. S = Sessão de treinamento. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa (Carminatti, 2014). TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa (Carminatti, 2014).

101

Figura 16. Visualização dos valores de concentração de lactato sanguíneo [Lac] coletados durante

uma sessão dos dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) propostos por Carminatti (2014).

= TIAI7,5x7,5 = TIAI15x15

102

4.2 Performance de jogo simulado

As variáveis obtidas de deslocamento de jogo obtidas

nas duas partidas simuladas realizadas pré e pós-intervenção

estão demonstradas na tabela 5.

Pode-se observar que em relação à performance de jogo,

houve uma diminuição ao longo do tempo na variável

parado/andando para os dois modelos de TIAI (F = 19,884; p =

0,002). Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-se

H2 que indica valores maiores para a DT somente no modelo

TIAI15x15.

103

Tabela 4. Deslocamento das jogadoras de futsal nas partidas pré

e pós-TIAI.*

Variável (m)

TIAI7,5x7,5 (n = 5)

TIAI15x15 (n = 6)

Pré Pós p Pré Pós p

Parado/ Andando

1000 ±50

945# ±15

0,030

1014 ±59

940# ±18

0,004

Baixa intensidade

1358 ±117

1360 ±78

0,977 1374

±106 1402 ±50

0,524

Moderada intensidade

472 ±75

520 ±68

0,363 490

±117 511 ±120

0,661

Alta intensidade

232 ±69

232 ±78

1,000 224

±56 250 ±42

0,511

Sprint 191

±88

161 ±115 0,315

137 ±49

179 ±55

0,131

Distância Total

3253 ±136

3218 ±182 0,831

3238 ±227

3281 ±69

0,400

*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa. #Significativamente diferente do pré-treinamento no mesmo modelo de TIAI.

Os valores de effect size e das mudanças absoluta e

relativa (%) referentes à magnitude dos efeitos causados pelos

TIAI sobre as variáveis de deslocamento das jogadoras de futsal

nas partidas pré e pós-TIAI estão descritos na Tabela 5.

Em relação à DT o grupo que realizou o modelo TIAI15x15

teve um ligeiro aumento de 1,3 ± 13 % de deslocamento, ao

contrário do TIAI7,5x7,5 que reduziu em 1,10 ± 13 %. Sobre a

distância percorrida em alta intensidade o ganho foi maior para o

104

TIAI15x15 (ES = 0,45; pequeno), quando comparado ao TIAI7,5x7,5

(ES = 0,00; trivial). Por sua vez, destaca-se que no sprint o

aumento foi considerado maior para o TIAI15x15 (ES = 1,32;

grande) que para o TIAI7,5x7,5 (ES = 0,35; pequeno), refletindo em

um deslocamento a mais nesta faixa de velocidade para o

TIAI15x15 de 11,5 ± 31,7 %.

105

Tabela 5. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis de deslocamento das jogadoras de

futsal nas partidas pré e pós-TIAI.

Variável

TIAI7,5x7,5 (n = 5) TIAI15x15 (n = 6)

Mudança absoluta

Mudança relativa

Effect size

Descritor Mudança absoluta

Mudança relativa

Effect size

Descritor

Parado/ Andando

-55,0 ±48,1

-5,5 ±4,6

1,13 Moderado -74,0

±47,7 -7,3 ±4,3

1,54 Grande

Baixa intensidade

2,0 ±80,7

0,13 ±6,2

0,02 Trivial 28,0

±118,6 2,0 ±8,7

0,24 Pequeno

Moderada intensidade

48,0 ±96,1

10,2 ±21,80

0,50 Pequeno 21,0

±125,4 4,3

±30, 0 0,17 Trivial

Alta intensidade

0,0 ±120,4

0,0 ±64,70

0,00 Trivial 25,7

±58,0 9,2

±20,7 0,45 Pequeno

Sprint

-29,0 ±85,8

-15,4 ±47,3

0,35 Pequeno 25,7

±31,5 11,5

±31,7 1,32 Grande

Distância Total

-35,0 ±242

-1,1 ±8,0

0,95 Moderado 43,0

±441,0 1,30

±13,0 0,38 Pequeno

TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa.

106

4.3 Variáveis fisiológicas

Os valores de frequência cardíaca máxima registrados

durante Futsal Intermittent Endurance Test (201±7 bpm) e

durante o teste incremental em esteira rolante (200±6 bpm) na

pós-intervenção não exibiram diferença significante (t = 0,959; p

= 0,353), e apresentaram um coeficiente de correlação

considerado muito alto (r = 0,86; p ≤ 0,001).

As variáveis obtidas no FIET (PVFIET); teste incremental

em esteira rolante (VO2max, vVO2max, PVTIER, VLTF2); teste

retangular em esteira rolante (EC) e teste de sprint repetido (MT,

TM, IFF) estão demonstradas na tabela 6.

Observou-se que em relação às variáveis de potência

aeróbia, somente o PVFIET e o PVTIER apresentaram diferença

significante (F = 24,735; p ≤ 0,001 e F = 24,945; p ≤ 0,001,

respectivamente) em relação ao tempo (pré vs. pós) para os dois

modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15). A vLTF2 foi o único

índice de capacidade aeróbia que exibiu diferença significante (F

= 90,363, p ≤ 0,001) em relação ao tempo (pré vs. pós) para os

dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).

O MT obtido no teste de sprints repetidos apresentou

diferença significante (F = 6,815, p = 0,002) em relação ao

tempo (pré vs. pós) somente para o grupo TIAI15x15, distinta do

TM e IFF que exibiram diferença significante (F = 34,203; p ≤

0,001 e F = 11,251; p = 0,005, respectivamente) em relação ao

107

tempo (pré vs. pós) para os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs.

TIAI15x15).

Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-

se H3, H4 e H5 que indicavam, respectivamente, valores maiores

de PVFIET, PVTIER, vLTF2, e menores na EC somente no modelo

TIAI15x15. Por sua vez, rejeita-se a hipótese nula, ou seja, aceita-

se H6 que indica valores menores de MT somente no modelo

TIAI15x15.

108

Tabela 6. Variáveis fisiológicas aeróbias e anaeróbias

mensuradas nos testes pré e pós-TIAI.*

Variável TIAI7,5x7,5 (n = 7)

TIAI15x15 (n = 9)

Pré Pós p

Pré Pós p

PVFIET

(km.h-1)

14,7 ±0,8

15,7# ±0,7

0,006

14,9 ±1,0

16,1# ±1,2

0,002

VO2max (mL.kg

-1.min

-1)

47,35 ±3,98

48,19 ±4,98

0,190

48,64 ±5,17

50,43 ±5,69

0,198

vVO2max (km.h

-1)

14,0 ±1,2

14,1 ±0,9

0,585

13,8 ±1,4

14,0 ±1,3

0,341

PVTIER

(km.h-1)

14,0 ±1,2

14,4# ±0,8

0,050

13,6 ±1,5

14,5# ±1,3

≤0,001

vLTF2 (km.h

-1)

10,1 ±0,6

11,6# ±0,7

≤0,001

10,0 ±0,5

11,5# ±1,0

≤0,001

EC (mL.kg

-1.min

-1)

32,87 ±2,55

33,41 ±2,41

0,322

34,22 ±2,41

33,18 ±1,95

0,851

MT

(s) 8,86 ±0,25

8,77 ±0,31

0,282

8,83 ±0,46

8,64# ±0,30

0,018

TM (s)

9,39 ±0,26

9,15# ±0,29

0,007

9,33 ±0,44

8,99# ±0,34

≤0,001

IFF

6,48 ±1,38

4,46# ±1,33

0,029

5,68 ±3,87

3,99# ±1,57

0,037

*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa. PVFIET = Pico de velocidade obtido no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET). VO2max = Consumo máximo de oxigênio. vVO2max = Velocidade correspondente ao VO2max. PVTIER: Pico de velocidade obtido no teste incremental em esteira rolante (TIER). vLTF2 = Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição fisiológica. EC = Economia de corrida. MT = Melhor tempo obtido no Maximal Shuttle Run Test (40-m MST). TM = Tempo médio obtido no Maximal Shuttle Run Test (40-m MST). IFF = Índice de fadiga calculado pela equação proposta por Fitzsimons et al. (1993). #Significativamente diferente do pré-treinamento no mesmo modelo de TIAI.

109

Os valores de effect size e das mudanças absoluta e

relativa (%) referentes à magnitude dos efeitos causados pelos

TIAI sobre as variáveis fisiológicas estão descritos na tabela 7.

Pode-se observar que em relação às variáveis aeróbias o

PVFIET apresentou uma mudança considerada grande em relação

ao tempo para o modelo TIAI7,5x7,5 (ES = 1,58) e TIAI15x15 e (ES =

1,20). O ganho do PVTIER após a aplicação dos dois modelos foi

maior para o TIAI15x15 (ES = 1,88; grande), quando comparado ao

TIAI7,5x7,5 (ES = 0,86; moderado) com um aumento relativo de

3,1% vs. 6,5%, respectivamente. Por sua vez, destaca-se que a

EC apresentou melhoras somente para o TIAI15x15 (ES = 0,68;

moderado)

Das variáveis anaeróbias, somente o MT exibiu um

aumento maior do modelo TIAI15x15 (ES = 0,77; moderado) em

relação ao TIAI7,5x7,5 (ES = 0,36; pequeno). De acordo com os

valores relativos, percebe-se que, tanto o MT (2,2% vs. 1,0%,

respectivamente) como o TM (2,5% vs. 3,7%, respectivamente),

apresentaram maiores ganho no modelo TIAI15x15.

110

Tabela 7. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis fisiológicas obtidas no pré e pós-TIAI.

Variáveis TIAI7,5x7,5 (n = 7) TIAI15x15 (n = 9)

Mudança absoluta

Mudança relativa

Effect size

Descritor Mudança absoluta

Mudança relativa

Effect size

Descritor

PVFIET

(km.h-1)

1,0 ±0,6

6,6 ±4,5

1,58 Grande 1,3

±0,8 9,0 ±5,5

1,26 Grande

VO2max (mL.kg

-1.min

-1)

2,7 ±3,9

5,7 ±8,0

0,69 Moderado 1,8

±1,7 3,7 ±3,5

0,99 Moderado

vVO2max (km.h

-1)

0,1 ±0,7

1,0 ±5,3

0,14 Trivial 0,2

±0,8 1,6 ±6,0

0,37 Trivial

PVTIER

(km.h-1)

0,4 ±0,5

2,9 ±3,8

0,86 Moderado 0,8

±0,5 6,2 ±4,3

1,88 Grande

vLTF2 (km.h

-1)

1,5 ±0,5

14,6 ±4,7

3,22 Muito

Grande 1,5

±0,7 15,0 ±6,9

2,07 Muito

Grande EC

(mL.kg-1.min

-1)

0,5 ±1,8

1,6 ±5,5

0,30 Pequeno -0,9

±1,6 -2,6 ±4,4

0,68 Moderado

MT

(s) -0,1 ±0,2

-1,0 ±2,8

0,36 Pequeno -0,2

±0,2 -2,2 ±2,0

0,77 Moderado

TM (s)

-0,2 ±0,2

-2,5 ±1,9

1,40 Grande -0,3

±0,2 -3,7 ±2,2

1,31 Grande

IFF

-2,0 ±2,2

-31,2 ±27,4

0,91 Moderado -1,7

±2,2 -29,7 ±23,4

0,62 Moderado

PVFIET = Pico de velocidade obtido no FIET. VO2max = Consumo máximo de oxigênio. vVO2max = Velocidade correspondente ao VO2max. PVTIER: Pico de velocidade obtido TIER. vLTF2 = Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição fisiológica. EC = Economia de corrida. MT = Melhor tempo. TM = Tempo médio. IFF = Índice de fadiga.

111

4.4 Variáveis neuromusculares

As variáveis neuromusculares obtidas na plataforma de

força a partir dos saltos verticais (SJ, CMJ) e no dinamômetro

isocinético para determinação dos torques (PTCON-EXT, PTECC-EXT,

PTCON-FLE, PTECC-EXT) estão demonstradas na Tabela 8.

Observou-se que em relação à potência de membros

inferiores, os valores de altura de ambos os saltos apresentaram

diferença significante (F = 19,387; p ≤ 0,001 e F = 11,499; p =

0,004, respectivamente) em relação ao tempo (pré vs. pós) para

os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).

Das variáveis de torque dos músculos extensores do

joelho, o PTECC-EXT apresentou diferença significante (F = 5,962,

p = 0,028) em relação ao tempo (pré vs. pós) somente para o

grupo TIAI15x15, diferente do PTCON-EXT que exibiu diferença

significante (F = 14,109; p = 0,002) em relação ao tempo (pré vs.

pós) para os dois grupos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15). Os índices

referentes ao torque dos músculos flexores do joelho PTCON-FLE e

PTECC-FLE não apresentaram diferença significante em relação

aos dois modelos de TIAI (F = 0,857; p = 0,382 e F = 4,238; p =

0,059, respectivamente) e ao tempo (F = 2,026; p = 0,201 e F =

4,478; p = 0,053, respectivamente).

Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-

se H7 que indicava valores maiores de CMJ somente no modelo

TIAI15x15. Por sua vez, rejeita-se a hipótese nula, ou seja, aceita-

112

se H8 que indica valores maiores de PTECC-EXT somente no

modelo TIAI15x15.

Tabela 8. Variáveis neuromusculares mensuradas no pré e pós-

TIAI.*

Variável TIAI7,5x7,5 (n = 7)

TIAI15x15 (n = 9)

Pré Pós p

Pré Pós p

CMJ

(cm) 33,1 ±2,0

35,4# ±3,3

0,016

32,09 ±3,49

34,82# ±3,99

0,003

SJ (cm)

29,6 ±2,3

32,0# ±2,8

0,020

29,89 ±3,16

32,46# ±3,22

0,050

PTCON-EXT (N.m)

148,8 ±39,7

173,0# ±30,2

0,018

130,6 ±21,2

151,9# ±23,0

0,019

PTECC-EXT (N.m)

263,6 ±30,4

274,0 ±40,3

0,320

237,3 ±37,0

259,7# ±44,3

0,024

PTCON-FLE (N.m)

96,6 ±19,8

108,1 ±18,8

0,674

81,9 ±13,3

92,3 ±11,4

0,167

PTECC-FLE (N.m)

155,3 ±28,9

168,4 ±21,7

0,141

135,6 ±22,4

146,3 ±19,2

0,175

*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa. CMJ =Counter movement jump. SJ = Squat Jump. PTCON-EXT = Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do joelho. PTECC-EXT = Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do joelho. PTCON-FLE = Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho. PTECC-FLE = Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho. #Significativamente diferente do pré-treinamento no mesmo modelo de TIAI.

Os valores de effect size e das mudanças absoluta e

relativa (%) referentes à magnitude dos efeitos causados pelos

113

TIAI sobre as variáveis neuromusculares estão descritos na

Tabela 9.

Pode-se destacar que, em relação aos saltos verticais, o

aumento dos valores de CMJ e SJ foram maiores para o modelo

TIAI15x15 (ES = 1,21; grande e ES = 1,37; grande,

respectivamente), quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (ES = 0,81;

moderado e ES = 0,84; moderado, respectivamente).

Em relação aos valores de torque, o PTECC-EXT teve um

ganho mais expressivo no modelo TIAI15x15 (10,2 ± 8,9%; ES =

1,15; moderado), quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (3,9 ±14,4%;

ES = 0,30; trivial). Igualmente, o PTCON-FLE também apresentou

mudanças maiores no modelo TIAI15x15 (ES = 1,4; grande) em

relação ao TIAI7,5x7,5 (ES = 0,81; moderado).

114

Tabela 9. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis neuromusculares obtidas no pré e pós-

TIAI.

Variáveis

TIAI7,5x7,5 (n = 7) TIAI15x15 (n = 9)

Mudança absoluta

Mudança relativa

Effect size

Descritor Mudança absoluta

Mudança relativa

Effect size

Descritor

CMJ

(cm) 2,4

±2,8 7,17 ±8,6

0,81 Moderado 2,7

±1,8 8,52 ±6,1

1,21 Grande

SJ (cm)

2,3 ±2,9

7,91 ±10,1

0,84 Moderado 2,5

±1,4 8,62 ±5,2

1,37 Grande

PTCON-EXT (N.m)

24,2 ±28,8

16,26 ±26,2

0,84 Moderado 21,3

±19,7 16,27 ±17,9

1,09 Moderado

PTECC-EXT (N.m)

10,4 ±34,2

3,94 ±14,4

0,30 Trivial 22,4

±19,2 10,2 ±8,9

1,15 Moderado

PTCON-FLE (N.m)

11,5 ±14,3

11,94 ±20,3

0,81 Moderado 10,4

±9,1 12,70 ±11,3

1,14 Grande

PTECC-FLE (N.m)

13,1 ±22,3

8,47 ±20,9

0,59 Pequeno 10,6

±22,3 7,83 ±19,1

0,48 Pequeno

CMJ =Counter movement jump. SJ = Squat Jump. PTCON-EXT = Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do joelho. PTECC-EXT = Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do joelho. PTCON-FLE = Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho. PTECC-FLE = Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho.

115

5. DISCUSSÃO

O principal objetivo do presente estudo foi analisar os

efeitos de dois modelos de TIAI aplicados durante cinco semanas

sobre a performance em jogo simulado, índices fisiológicos e

neuromusculares em atletas de elite de futsal feminino. Os

resultados demonstraram que não houve interação significante

entre tempo e grupo (p > 0,05) para as variáveis investigadas, o

que contraria a hipótese geral da pesquisa de que o TIAI15x15

(três mudanças de direção por repetição) promoveria os maiores

ganhos quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (uma mudança de

direção por repetição). Desse modo, pode-se verificar que as

diferenças existentes em relação às 40 desacelerações por

sessão a mais presentes no TIAI15x15 não foram suficientes para

produzir uma sobrecarga fisiológica e neuromuscular mais

significativa que no TIAI7,5x7,5.

5.1 Carga interna de treinamento

Segundo Nakamura, Moreira e Aoki (2010) os métodos

mais usados para avaliação da carga interna de treinamento são

o monitoramento da FC, a PSE e a [Lac].

Em relação à FC, observou-se que a intensidade de

esforço atingida nas 10 sessões de TIAI em relação à FC

máxima obtida no FIET (%FCmax-FIET) foi de 93 ± 2 % (90 - 97

%) no modelo TIAI7,5x7,5 e 92 ± 2 % (90 - 96 %) no modelo

116

TIAI15x15. Estes achados são semelhantes aos resultados de

trabalhos realizados com jogadores juniores de futebol que

verificaram que o treinamento intervalado na intensidade

referente à zona alvo da FC de 90 – 95 % da FCmax é uma

ferramenta eficiente para aumentar a capacidade e a potência

aeróbia de atletas de modalidades coletivas e intermitentes em

um espaço reduzido de tempo (HELGERUD et al., 2001;

IMPELLIZZERI et al., 2006).

Adicionalmente, foi constatado que não houve diferença

significante nas respostas de FC (Tabela 1) e %FCmax-FIET

(Figura 14) entre os dois grupos, corroborando os dados de

Dellal et al. (2010), que encontraram valores similares de FC em

corridas intermitentes realizadas por jogadores de futebol com

estímulos de 10:10 segundos e 15:15 segundos em ambos os

modelos de treino (linha reta vs. mudança de direção de 180°).

Do mesmo modo, Fernandes da Silva (2013) também não

verificou diferença nos valores de FC quando comparou dois

modelos de treinamento de corrida intermitente de alta

intensidade individualizadas pelo pico de velocidade obtido no T-

CAR com (T12:12 segundos = 92,2 ± 2,5 %FCmax) e sem (T6:6

segundos = 90,7 4,1 %FCmax) mudança de direção de 180°.

Além disso, Carminatti (2014) observou o mesmo

comportamento nas respostas agudas de FC de 10 jogadoras de

futsal durante a aplicação dos modelos de TIAI7,5x7,5 (95,4 ± 1,9

%FCmax) e TIAI15x15 (95,4 ± 2,7 %FCmax).

117

De acordo com Dellal et al. (2010), as mudanças de

direção dos modelos de exercícios intermitentes de curta

duração parecem não provocar alterações na resposta da FC.

Uma possível explicação se dá em função da recuperação

passiva presente em cada repetição dos modelos propostos, que

contribui para a manutenção das reservas de oxigênio na

hemoglobina e mioglobina e a ressíntese dos estoques de

creatina fosfato, exigindo menor participação do metabolismo

aeróbio durante a execução das corridas e assim, causando

menores modificações nas respostas centrais (DUPONT et al.,

2003; DELLAL et al., 2010).

Considerando a PSE registrada nas 10 sessões de TIAI,

pode-se verificar que não houve diferença significante na PSE

(Tabela 2) e na PSE da sessão (Figura 15) entre o TIAI7,5x7,5 (4 ±

1 e 117 ± 22 u.a., respectivamente) e o TIAI15x15 (5 ± 1 e 130 ± 25

u.a., respectivamente). Estes achados conflitam com os dados

de Dellal et al. (2010), que indicaram que jogadores de futebol

apresentaram valores mais elevados de PSE nas corridas

intermitentes com mudança de direção de 180° vs. linha reta (p <

0,05) durante a execução dos três modelos de exercício

intermitente (10:10 segundos, 15:15 segundos e 30:30

segundos) realizados em intensidades supra máximas (≥

vVO2max). Adicionalmente, Carminatti (2014), verificou que

houve diferença significante (p = 0,013) entre os valores de PSE

indicados por 11 jogadoras de futsal após 15 minutos da

118

execução de uma única sessão dos modelos de TIAI7,5x7,5 e

TIAI15x15.

No presente estudo era esperado que, quando

comparado ao TIAI7,5x7,5, o modelo TIAI15x15 solicitaria uma maior

demanda fisiológica das atletas, devido às contrações

excêntricas realizadas durante as 40 mudanças de direção de

180° a mais, o que deveria refletir em valores maiores de PSE na

realização do mesmo. A ausência dessa diferença pode ser

explicada pela elevada variabilidade nas respostas de PSE e

PSE da sessão para ambos os grupos TIAI7,5x7,5 (CV = 18,4 % e

18,7 %, respectivamente) vs. TIAI15x15 (CV = 19,1 % e 19,1 %,

respectivamente). Outro motivo que merece destaque é a

possibilidade de ter existido uma compensação proporcional da

carga externa imposta pelos dois modelos. Se por uma lado a

velocidade de corrida correspondente ao valor percentual do

PVFIET no TIAI7,5x7,5 (86 - 91 %PVFIET) é maior (3,1 % PVFIET) que

no TIAI15x15 (83 - 88 %PVFIET), o número de mudanças de direção

de 180° do modelo 1 (uma mudança por repetição) é menor

quando comparado ao modelo 2 (três mudanças por repetição), o

que poderia resultar em valores similares de PSE, contrariando o

reportado por Carminatti (2014). Porém, é importante destacar

que a equipe de jogadores analisada por este autor joga somente

em nível estadual, enquanto que as atletas do presente estudo

disputam competições nacionais. Adicionalmente, o volume de

treino semanal do grupo citado (cinco períodos por semana) é

inferior ao do presente estudo (dez períodos por semana). Assim,

119

pondera-se que essas diferenças de nível de treinamento

existentes entre as equipes podem ter contribuído para os

achados divergentes. Essa hipótese pode ser confirmada pelos

valores menores de PSE apontados nas sessões dois a nove

deste estudo (TIAI7,5x7,5 = 4,1 ± 0,3; TIAI15x15 = 4,5 ±0,4), quando

comparados com o de Carminatti (2014) (TIAI7,5x7,5 = 5,2 ± 1,6;

TIAI15x15 = 6,3 ± 1,9) para a mesma carga externa realizada.

Assim como a PSE, a concentração sanguínea de lactato

([Lac]) registrada após cada série de TIAI também não

apresentou diferença significante na segunda sessão analisada

para os dois modelos apresentados (Tabela 3 e Figura 16). Por

outro lado, Dellal et al. (2010) observaram que jogadores de

futebol apresentaram valores de [Lac] superiores durante a

realização de corridas intermitentes realizadas em intensidade

supra vVO2máx com mudança de direção de 180° vs. linha reta

nos exercícios de 30:30 segundos (p ≤ 0,5), de 15:15 segundos

(p ≤ 0,01) e de 10:10 segundos (p ≤ 0,01). Além disso, Carminatti

(2014) verificou que 11 jogadoras de futsal de nível estadual

(19,1 ± 1,7 anos) exibiram valores de [Lac] significativamente

diferentes (p = 0,004) durante a realização dos dois modelos TIAI

(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15), ao contrário dos achados do presente

estudo.

Segundo Dellal et al. (2010), as frequentes ações

musculares excêntricas exigidas durante o movimento de

frenagem brusca e reaceleração peculiares das corridas com

mudança de direção acabam gerando uma maior solicitação do

120

metabolismo anaeróbio. Nesse sentido, acreditava-se que as

jogadoras analisadas neste estudo que realizaram o modelo

TIAI15x15 exibiriam maiores valores de [Lac] que o TIAI7,5x7,5.

Porém, como no caso da PSE, uma possível explicação para

esse resultado é a possibilidade de ter existido uma

compensação proporcional da carga externa imposta pelos dois

modelos, ou seja, a maior intensidade de corrida estabelecida no

modelo TIAI7,5x7,5 pode ter sido equilibrada pelo número de

mudança de direção superior presente no modelo TIAI15x15, como

detalhado anteriormente. Adicionalmente, pode-se perceber que

as atletas deste estudo apresentaram valores menores de [Lac]

nos dois modelos de TIAI para a mesma carga externa de

treinamento imposta (TIAI7,5x7,5 = 3,81 ± 1,66 mmol.L-1

e TIAI15x15

= 4,18 ± 1,54 mmol.L-1

), quando comparadas à equipe analisada

por Carminatti (2104) (TIAI7,5x7,5 = 8,25 ± 1,87 mmol.L-1

e TIAI15x15

= 9,23 ± 1,45 mmol.L-1

). Isso reflete um resultado importante na

capacidade de remoção do lactato das jogadoras analisadas no

presente trabalho, demonstrando o efeito positivo do TIAI

aplicado no componente aeróbio das mesmas.

5.2 Performance em jogo simulado

Segundo Bueno et al. (2014), variáveis como a distância

total percorrida (DT) e distâncias parciais percorridas em faixas

de velocidade específicas (DPP) podem indicar qual o nível de

performance do atleta durante as partidas de futsal. Por isso, a

121

quantificação desses índices pode servir de referência para que

os treinadores adequem ainda mais as sessões de treinamento

às necessidades específicas dos jogos (BARROS et al., 2007).

Nesse sentido, foi verificado que as atletas que

realizaram os dois modelos de TIAI deste estudo apresentaram

valores de DT (Tabela 4) semelhantes à distância média de 3133

m registrada em cinco jogos da Liga Futsal Masculina de 2012,

organizada pela CBFS (BUENO et al., 2014). Com base nesta

informação, é possível refletir que as duas partidas simuladas

realizadas (pré e pós-TIAI) aconteceram em intensidades

próximas de partidas oficiais de alto nível competitivo. Por sua

vez, observou-se que não houve diferença significante em

relação ao tempo e aos dois modelos de TIAI para as variáveis

de deslocamento analisadas. Por outro lado, outros trabalhos

que investigaram o efeito de oito semanas de um modelo

específico de TIAI de corrida, composto por quatro repetições de

quatro minutos na zona de intensidade de esforço de 90 – 95 %

da FCmax, similar a do presente estudo, por três minutos de

recuperação a 50 - 60 % da FCmax encontraram mudanças em

algumas variáveis relacionadas à performance de jogo

(HELGERUD et al., 2001; IMPELLIZZERI et al., 2006). Helgerud

et al. (2001), por meio da análise de vídeo (Wacom Digitizer SD-

421-E digital board e marking pen para PC), verificaram

mudanças significantes na distância total percorrida (DT; p <

0,01) de 8619 ± 1237 m (pré) para 10335 ± 1608 m (pós) e no

número de sprints de 6,2 ± 2,2 m (pré) para 12,4 ± 4,3 m (pré) de

122

nove jogadores juniores durante duas partidas de futebol. Do

mesmo modo, Impellizzeri et al. (2006), por meio da análise time

motion, observaram o efeito do TIAI somente em função do

tempo para a DT (pré = 9330 ± 425 m vs. pós = 9924 ± 331 m),

para o deslocamento caminhando (pré = 3071 ± 263 segundos

vs. pós = 2784 ± 229 segundos), corrida em baixa intensidade

(pré = 1395 ± 183 segundos vs. pós = 1649 ± 166 segundos) e

corrida em alta intensidade (pré = 351 ± 67 segundos vs. pós =

431 ± 75 segundos) em partidas de jogadores juniores de futebol.

Ainda sobre a performance de jogo, destaca-se que na

corrida em alta intensidade o effect size indicou valores maiores

para o grupo que realizou o modelo TIAI15x15 (pequeno), quando

comparado ao TIAI7,5x7,5 (trivial). Do mesmo modo, foi possível

observar que o aumento calculado pelo effect size para o

deslocamento em forma de sprint, foi maior para o grupo TIAI15x15

(grande) que para o TIAI7,5x7,5 (pequeno). Na prática isto

representa uma aumento de 11,5 % percorridos em sprint após a

realização do TIAI15x15. Os achados do presente estudo podem

ser explicados pelas inúmeras ações musculares excêntricas

exigidas durante o movimento de frenagem brusca e

reaceleração peculiares do TIAI15x15. Nesse sentido, sugere-se

que o maior deslocamento realizado nessa faixa de velocidade

pode estar associado à melhora significante da variável

neuromuscular pico de torque excêntrico dos músculos

extensores do joelho (PTECC-EXT: p = 0,024) observada somente

para o TIAI15x15, devido ao maior número de contrações

123

musculares excêntricas realizadas durante as desacelerações

requeridas nas mudanças de direção de 180° em um sprint.

Girard, Mendez-Villanueva e Bishop (2011) relataram que

a performance em um sprint, ou ainda, na habilidade de realizar

sprints repetidos (repeated-sprint ability - RSA), tem sido

considerado um importante atributo para a desenvolvimento da

performance em esportes coletivos, como o futsal e futebol.

Análises cinemáticas de jogo revelaram que nos esportes

coletivos os momentos decisivos de uma partida são geralmente

precedidos por sprints com duração de dois a quatro segundos

(SPENCER et al., 2005). Ainda, foi evidenciado que jogadores

profissionais de futsal permanecem cerca de 5 a 12 % do tempo

de jogo realizando corridas de alta intensidade e sprints e

(velocidade > 15 km h-1

) (BARBERO-ALVAREZ et al., 2008).

Nesse sentido, Young, McDowell e Scarlett (2001) e Spencer,

Bishop e Dawson (2005), concluíram que a maioria dos

momentos decisivos durante partidas de modalidades coletivas,

como o futsal, é precedida por deslocamentos de alta intensidade

e sprints curtos. Desse modo, pode-se considerar que as

mudanças de direção a mais presentes no modelo TIAI15x15 são

capazes de promover maiores ganhos práticos de performance

das atletas durante a partida. Por sua vez, é importante ressaltar

que, ao nosso conhecimento, este foi o primeiro estudo que

investigou os efeitos de dois modelos de TIAI sobre as variáveis

de performance de jogo de atletas de futsal feminino por meio do

sistema de rastreamento automático (tracking computacional).

124

5.3 Variáveis fisiológicas

Em relação à variável fisiológica de potência aeróbia

máxima (VO2max), pode-se observar que não houve diferença

significante em relação ao tempo (F = 3,718; p = 0,076) e aos

dois modelos de TIAI (F = 0,103; p = 0,753), contrariando

trabalhos que demonstraram que o TIAI é capaz de promover

ganhos neste índice em jogadores juniores de futebol

(HELGERUD et al., 2001; IMPELLIZZERI et al., 2005). Porém, é

válido lembrar que o número de sessões de TIAI do presente

estudo foi inferior ao dos autores citados (8 vs. 16,

respetivamente), o que pode ter influenciado nos resultados

distintos (EDGE; BISHOP; GOODMAN, 2006).

Adicionalmente, apesar do VO2max ser capaz de

diferenciar níveis competitivos de atletas profissionais de futsal

(BARBERO ÁLVAREZ; D’OTTAVIO; CASTAGNA, 2006,

CASTAGNA et al., 2009), a pequena sensibilidade dessa variável

frente aos efeitos do treinamento de atletas com melhor nível

técnico poderia explicar esses achados (DENADAI; ORTIZ;

MELLO, 2004). Nesses indivíduos, embora continuem existindo

importantes adaptações (metabólicas e neuromusculares) que

podem determinar a melhora da performance aeróbia, a oferta

central de oxigênio, principalmente o débito cardíaco máximo,

não permite que o VO2max continue aumentando com o

treinamento (BILLAT, et al. 1999; DENADAI, 2000). Como

demonstrado por Denadai, Ortiz e Mello (2004) ao investigarem

125

corredores, essa hipótese é fundamentada em estudos que

analisaram o aumento ou diminuição da performance aeróbia,

sem que tenha ocorrido modificação nos valores de VO2max.

Guglielmo (2005) apontou que está bem relatado na literatura

que atletas de elite apresentam uma estabilização do VO2max

em determinados momentos de seu treinamento, embora grande

parte deles adquira uma melhora da performance. Assim, as

adaptações periféricas, como o aumento da capilarização e da

atividade enzimática que continuam ocorrendo durante o período

de treinamento, acabam não sendo detectadas por esse índice

(DENADAI, 1999).

Por outro lado, o PVFIET e o PVTIER apresentaram

aumentos significantes para os dois grupos (Tabela 6), ao

contrário da vVO2max que não exibiu mudança significativa após

a intervenção (F = 1,146; p = 0,300). É valido destacar que o

volume de 10 sessões (2 vezes por semana) de realização dos

modelos de TIAI talvez não tenham sido suficientes para

promover possíveis melhoras nos valores de vVO2max das

atletas. Além disso, Galotti e Carminatti (2008) observaram que,

quando comparado a vVO2max, o PV é um índice que mostra

maior sensibilidade frente as variações induzidas pelo

treinamento na capacidade de utilização do sistema aeróbio,

demonstrando-se como alternativa válida de prescrição de TIAI

no futsal (DITTRICH, 2009). O PV parece ser influenciado em

maior proporção que a vVO2max pela força e habilidade

neuromuscular para correr em altas velocidade e pela

126

capacidade anaeróbia (JONES; CARTER, 2000). Neste sentido,

os aumentos observados nos valores de PVFIET e PVTIER podem

estar associados às melhoras significantes verificadas nos dois

modelos de TIAI nas variáveis neuromusculares (Tabela 8)

analisadas no presente estudo. Novamente, uma possível

explicação para a falta de diferença significante (estatística

inferencial) e prática (effect size) entre os dois modelos é a

possibilidade de que a intensidade de esforço gerada pelas

mudanças de direção a mais presentes no TIAI15x15 terem sido

compensadas pela maior velocidade de corrida (% PVFIET)

realizada no TIAI7,5x7,5. Porém, destaca-se que as modificações

observadas nos valores de PV para os dois grupos analisados

poderá resultar na melhora da performance de jogo, pois de

acordo com Barbero Álvarez et al. (2008), níveis elevados de

potência aeróbia reduzem a condição de fadiga de atletas

durante as partidas.

Sobre a variável de capacidade aeróbia (vLTF2),

verificou-se que houve diferença significante somente em relação

ao tempo para os dois modelos de TIAI investigados (Tabela 6).

Na prática, o aumento obtido nos valores deste índice para o

TIAI7,5x7,5 de 14,6 % (pré = 10,1 ± 0,6 km.h-1

vs. pós = 11,6 ± 0,7

km.h-1

) e para o TIAI15x15 de 15,0 % (pré = 10,0 ± 0,5 km.h-1

vs.

pós = 11,5 ± 1,0 km.h-1

) foi considerado muito grande pelo

cálculo do effect size (Tabela 7). Esses achados corroboram o

estudo de Helgerud et al. (2001) que observaram melhoras (p <

0,05) próximas de 16 % (pré = 11,1 ± 0,7 km.h-1

vs. pós = 13,5 ±

127

0,4 km.h-1

) na vTLF2 em atletas juniores de futebol após a

aplicação de oito semanas de TIAI de corrida (quatro repetições

de quatro minutos na zona de intensidade de esforço de 90 – 95

% da FCmax por três minutos de recuperação a 50 - 60 % da

FCmax). Utilizando o mesmo protocolo antes do início da

temporada competitiva, Impellizzeri et al. (2006) encontraram

aumentos significantes de 10 % (pré = 11,2 ± 0,6 km.h-1

vs. pós =

12,2 ± 0,4 km.h-1

) nos valores de vLTF2 em jogadores juniores

de futebol. Igualmente, Ferrari Bravo et al. (2008), ao

compararem esse modelo de TIAI de corrida com o de sprint

repetido, verificaram que os valores de limiar ventilatório de 13

atletas juniores de futebol aumentaram significativamente (pré =

43,6 ± 3,3 mL.kg-1

. min-1

vs. pós = 45,2 ± 3,0 mL.kg-1

. min-1

) após

sete semanas de realização do TIAI.

Segundo BILLAT et al. (2003), a vLTF2 é a variável que

melhor reflete as adaptações periféricas do exercício aeróbio,

visto que está associada ao aumento da densidade capilar e a

maior capacidade de transportar lactato e íons H+

devido ao

número elevado de enzimas mitocondriais. Do mesmo modo,

Gladen (2004) observou que a resposta do lactato sanguíneo ao

exercício é especialmente relacionada aos fatores periféricos

(tipo de fibra muscular, densidade capilar e o balanço entre a

atividade enzimática glicolítica e oxidativa), os quais são bastante

suscetíveis às adaptações provocadas pelo treinamento aeróbio.

Além disso, Spencer, Bishop e Dawson (2005) afirmaram que a

capacidade aeróbia aprimorada acelera a ressíntese dos

128

estoques de fosfocreatina durante a recuperação das corridas

realizadas em alta intensidade ou sprint, permitindo que os

atletas realizem um maior número de sprints em intensidade

máxima, ou próxima da máxima durante as partidas (BISHOP;

GIRARD; MENDEZ-VILLANUEVA, 2011).

Nesse sentido, destaca-se que, para a manutenção da

performance durante o tempo total de partida, é necessário que o

atleta possua elevados níveis de capacidade aeróbia (ÁLVAREZ;

ÁLVAREZ, 2003). Medina et al. (2002) observaram que quanto

melhor o nível de treinamento aeróbio do atleta mais tarde ele irá

ultrapassar a vLTF2 em uma atividade longa e intensa,

retardando a perda de força muscular devido à acidose. Por sua

vez, Carminatti (2006) relatou que jogadores de alto nível

apresentam valores de LTF2 próximos de 80 % do PV alcançado

em um teste máximo, sendo que quanto maior o valor dessa

variável e, portanto da capacidade aeróbia, melhor será o ritmo

que o atleta poderá manter durante os jogos. Assim, novamente

pode-se constatar que a melhora da capacidade aeróbia

apresentada pelos dois grupos de TIAI propostos no presente

estudo podem contribuir para uma elevada performance das

atletas durante as partidas de futsal.

Ao contrário da vTLF2, a EC não apresentou mudança

significante em relação ao tempo e aos modelos de TIAI (Tabela

6). Por outro lado, Helgerud et al. (2001) e Impellizzeri et al.

(2006) observaram melhoras significantes nos valores de EC de

6,7 % (pré = 0,75 ± 0,05 mL.kg-0,75

. min-1

vs. pós = 0,70 ± 0,04

129

mL.kg-0,75

. min-1

) e de 2,0 % (pré = 0,73 ± 0,03 mL.kg-0,75

. min-1

vs. pós = 0,71 ± 0,03 mL.kg-0,75

. min-1

), respectivamente, após

uma intervenção de oito semanas de um modelo de TIAI de

corrida realizado na intensidade de 90 - 95 % da FCmax, similar

a do presente estudo. Porém, é importante lembrar que atletas

com uma melhor EC (menor VO2 para uma determinada

velocidade) estão em vantagem porque eles serão capazes de

se exercitar em um percentual menor do VO2max para

determinada intensidade de exercício (ALMARWAEY; JONES;

TOLFREY, 2003). Adicionalmente, os atletas com nível inferior

de treinamento realizam uma determinada atividade submáxima

de corrida com maior custo de oxigênio (DANIELS, 1985;

DENADAI, 1999), ao contrário dos bem treinados, que

normalmente são capazes de correr numa menor fração do

VO2max (SAUNDERS, et al. 2004), dependendo da velocidade

analisada (DANIELS; DANIELS, 1992).

Porém, um achado muito interessante do presente estudo

foi que pelo cálculo do effect size houve uma melhora prática na

EC somente para o grupo TIAI15x15 (Tabela 7). Alguns autores

sugerem que há relação entre as características

neuromusculares e a EC, os quais indicam que atletas com

valores inferiores de EC possuem maior dificuldade de utilizar a

energia produzida pela fase excêntrica da contração muscular

(ciclo alongamento-encurtamento - CAE), sendo que os mais

econômicos apresentaram maiores níveis de força contrátil e

stiffness muscular (NOAKES, 1998; ARAMPATZIS et al., 2006).

130

Nesse sentido, sugere-se que as modificações observadas no

modelo de TIAI com mais mudanças de direção podem estar

associadas à melhora significante (Tabela 8) e prática (Tabela 9)

das variáveis neuromusculares analisadas neste estudo. Por

exemplo, a altura do salto vertical (CMJ), que investiga os níveis

de força explosiva exercida, a capacidade de recrutamento

neural e a reutilização do CAE (BOSCO, 1999; KOMI, 2000),

apresentou uma melhora significante e prática considerada

grande para o grupo de atletas que realizou o TIAI15x15. Do

mesmo modo, PTECC-EXT foi maior para o grupo de TIAI15x15 e

teve um aumento prático considerado moderado, o que pode ser

atribuído à maior participação do CAE durante as contrações

excêntricas realizadas durante as desacelerações que precedem

a mudança de direção (CASTILLO-RODRIGUEZ et al., 2012).

Isso pode ser confirmado pelos dados de Guglielmo, Greco e

Denandai (2009), os quais concluíram que as alterações obtidas

nos valores de uma repetição máxima e CMJ (p < 0,05) após a

aplicação de dois meses de treinamento de força tradicional foi

capaz de melhorar a EC (pré = 47,3 ± 6.8 mL.kg-1

.min-1

vs. pós =

44.3 ± 4.9 mL.kg-1

.min-1

) de 16 corredores de endurance. Por sua

vez, considerando que uma melhor EC pode ser vantajosa, pois

permitirá menor utilização fracional do VO2max para qualquer

intensidade submáxima de exercício (GUGLIELMO; GRECO;

DENADAI, 2005), os achados do presente estudo podem ser

considerados importantes para a manutenção da performance

das jogadoras de futsal durante as partidas.

131

Em relação às variáveis fisiológicas anaeróbias, pode-se

observar que houve melhora significante no tempo para o IFF e o

TM nos dois grupos de TIAI. Segundo Karahan (2012), o

desenvolvimento da performance anaeróbia de jogadoras de

futsal pode se atribuído ao estímulo fornecido pela realização de

programas de TIAI, os quais induzem o aumento da quantidade

de enzimas glicolíticas e da capacidade de tamponamento

muscular.

Os achados do presente estudo corroboram outras

pesquisas que investigaram a influencia do TIAI sobre a

performance anaeróbia de atletas de modalidades coletivas

(DUPONT; AKAKPO; BERTHOIN, 2004; KARAHAN, 2012).

Dupont, Akakpo e Berthoin (2004) verificaram que houve melhora

significante (p < 0,001) no tempo de sprint de 40 metros (pré =

5,55 ± 0,15 segundos vs. pós = 5,35 ± 0,13 segundos) de 22

jogadores profissionais de futebol depois de 10 semanas de TIAI

de corrida, com a velocidade individualizada de acordo com a

máxima velocidade aeróbia de cada atleta. Do mesmo modo,

Karahan (2012) demonstrou que a realização de um modelo de

TIAI baseado nas habilidades técnicas de jogo foi capaz de

melhorar a potência máxima (pré = 232,56 ± 14,85 W vs. pós =

292,68 ± 17,34 W), a potência média (pré = 280,95 ± 13,90 W vs.

pós = 342,64 ± 18,90 W) e o IFF (pré = 3,26 ± 0,16 W.s-1

vs. pós

= 2,64 ± 0,17 W.s-1

) de 12 atletas de elite de futsal feminino após

o período de oito semanas. Por outro lado, Ferrari Bravo et al.

(2008) não observaram diferenças significantes no valor médio

132

de tempo em três sprints de 10 metros (pré = 7,42 ± 0,22

segundos vs. pós = 7,40 ± 0,22 segundos) de jogadores juniores

de futebol, o que pode ser explicado pelo fato do modelo de TIAI

de corrida em linha reta não ser intenso o suficiente para

provocar aumento elevados nos níveis de [Lac], indicando uma

menor solicitação do metabolismo glicolítico.

Por sua vez, destaca-se que no presente estudo o MT de

sprint foi significativamente menor somente no modelo TIAI15x15

(F = 6,815; p = 0,21), coincidindo com o cálculo do effect size,

que verificou que o grupo TIAI15x15 (ES = moderado) apresentou

alterações em maior magnitude que o TIAI7,5x7,5 (ES = pequeno).

Isso pode ser justificado pelas inúmeras ações musculares

excêntricas exigidas durante o movimento de frenagem brusca e

reaceleração peculiares do modelo TIAI15x15, pois segundo

Karahan (2012), a melhora da potência anaeróbia após a

realização de um programa de TIAI pode estar parcialmente

relacionada ao desenvolvimento da força muscular, o que

corrobora os achados do presente estudo sobre a diferença

significante observada nos valores de PTECC-EXT pré (237,3 ± 37,0

N.m) e pós-TIAI15x15 (259,7 ± 44,3 N.m). Adicionalmente, Medina

et al. (2002) concluíram que o sistema alático é o principal

responsável pelo fornecimento de energia durante a execução

das ações determinantes nas partidas de futsal, ou seja, esforços

de curta duração realizados em intensidades próximas da

máxima. Assim, é possível afirmar que as melhoras da aptidão

anaeróbia verificadas no presente estudo podem provocar um

133

atraso no desenvolvimento da fadiga muscular causada pelos

elevados níveis de acidose, o que refletirá na manutenção da

eficácia da habilidade física e técnica por mais tempo durante as

partidas.

5.4 Variáveis neuromusculares

No futsal, a execução dos gestos motores e o padrão de

movimentação exigido durante os treinamentos e jogos geram

inúmeras mudanças de direção, o que acarreta na exigência de

elevados níveis de potência muscular dos membros inferiores

destes atletas (ÁLVAREZ et al., 2008; CASTAGNA et al., 2009).

A potência muscular é caracterizada como a taxa de realização

de um trabalho em determinado período de tempo, sendo a força

provinda do torque máximo que um grupo muscular pode gerar

em determinada velocidade (KOMI, 2006).

Nesse sentido, observa-se que neste estudo houve

melhora significante nos valores de altura dos saltos CMJ e SJ

(Tabela 8) em relação ao tempo para os dois modelos de TIAI.

Esses dados corroboram pesquisas que verificaram que modelos

de treinamentos baseado na RSA são capazes de aumentar a

potência muscular obtida por meio do CMJ (DAWSON et al.,

1998; TONNESSEN et al., 2001; MARKOVIC et al., 2007). Por

outro lado, Ferrari Barvo et al. (2008) não acharam diferenças

nos valores de CMJ (pré = 48,5 ± 3,8 cm vs. pós = 48,1 ± 3,8 cm)

de 13 atletas de juniores de futebol após a aplicação de sete

134

semanas do modelo de TIAI de corrida realizado em intensidade

de esforço similar a do presente estudo. Uma possível

justificativa para a falta de melhora do CMJ daquele estudo pode

ser atribuída ao fato do modelo de TIAI de corrida em linha reta

não ser capaz de provocar mudanças nos níveis de potência

muscular, destacando ainda mais os resultados do presente

trabalho.

Adicionalmente, Gorostiaga et al. (2009) concluíram que

as relações significantes observadas entre o CMJ (38,1 ± 4,1 cm)

e a performance nos sprints de cinco metros (1,01 ± 0,02

segundos; p ≤ 0,001) e 15 metros (2,41 ± 0,08 segundos; p ≤

0,001) em 15 jogadores de elite de futsal enfatizam a importância

da potência muscular para o nível de performance desses atletas

durante as partidas. Por sua vez, a habilidade do atleta em gerar

elevada potência está ligada a fatores neuromusculares como a

habilidade de recrutamento neural e o aproveitamento do CAE

(KOMI, 2006). O CAE é caracterizado por um alongamento com

geração de força durante a fase excêntrica e armazenamento de

energia potencial nos componentes elásticos do complexo

músculo-tendão, sendo que dessa forma, na passagem rápida da

fase excêntrica para a concêntrica, essa energia pode ser

reutilizada, gerando uma maior quantidade de trabalho positivo,

explicando a melhor performance no salto vertical quando

precedido de um contra movimento (GUGLIELMO, 2005). Desse

modo, pode-se destacar que, a melhora prática observada no

valor do CMJ foi maior para o modelo TIAI15x15 (ES = grande),

135

quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (ES = moderado). Nesse

sentido, Castillo-Rodríguez et al. (2012) indicaram que o

componente elástico do CAE presente na realização do CMJ

está correlacionado com o tempo de execução de sprints com

mudança de direção de 180° (r = 0,60; p ≤ 0,001). Assim é

possível conjeturar que a melhora no deslocamento em forma de

sprint também esteja associada ao aprimoramento nos valores

de CMJ observadas neste estudo, o que pode refletir no nível de

performance das jogadoras nas partidas.

A partir das variáveis de pico de torque (Tabela 8), foi

verificado que o PTCON-EXT apresentou diferença significante ao

longo do tempo para os dois modelos de TIAI. Por sua vez,

destaca-se que o valor do PTECC-EXT foi maior apenas no

TIAI15x15, coincidindo com os dados do effect size (Tabela 9) que

indicaram mudanças práticas mais eficientes no modelo TIAI15x15

(ES = moderado), quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (ES = trivial).

Do mesmo modo, observou-se que no PTCON-FLE o ganho prático

foi maior para o TIAI15x15 (ES = grande) que no TIAI7,5x7,5 (ES =

moderado).

Esses resultados corroboram o trabalho de Miller et al.

(2013) que comparou dois protocolos de treinamento de força

isocinética na velocidade de 60°.s-1

(concêntrico vs. excêntrico)

realizados por mulheres adultas (18-26 anos) durante 20

semanas (três vezes na semana). Os dois grupos apresentaram

melhoras significante no PTCON-EXT, PTECC-EXT, PTCON-FLE e no

PTECC-FLE. Porém, foi verificado que o grupo que executou o

136

protocolo excêntrico exibiu maiores valores de PTECC-FLE e

PTECCEXT, quando comparado ao concêntrico. Por outro lado,

Eniseler et al. (2012) em um trabalho que objetivou analisar os

possíveis efeitos de um modelo de treinamento próprio de futebol

de uma equipe masculina profissional aplicados durante 24

semanas, não encontrou diferenças significantes no PTECC-EXT e

no PTCON-EXT realizado na velocidade angular de 60°.s-1

e

300°.s-1

. Desse modo, destaca-se os resultados do presente

estudo, que mostram que os modelos de TIAI específicos para

futsal, propostos por Carminatti (2014), são capazes de provocar

mudanças nos valores de PTECC-EXT e PTCON-EXT, principalmente

o TIAI15x15 que possuí inúmeras mudanças de direção de 180°,

responsáveis pelas contrações musculares excêntricas exigidas

durante o movimento de frenagem brusca e reaceleração.

Segundo, Allen (2001) e Byrne e Eston (2002), durante a

execução de exercícios com substancial componente excêntrico,

como as constantes mudanças de direção presentes no futsal, as

reduções na produção de força podem ser percebidas

imediatamente após o exercício, sendo umas das consequências

mais agudas da fadiga, principal responsável pela queda de

performance das atletas durante as partidas. Eston, Byrne e

Twist (2003) encontraram evidências que a redução na

performance de sprints de 10 e 20 m pode ser atribuída à

redução na capacidade dos músculos flexores e extensores do

joelho em produzir força. Adicionalmente, Mark et al. (2004)

reportaram que níveis elevados de força concêntrica e excêntrica

137

dos músculos quadríceps e isquiotibiais podem afetar

positivamente na performance de sprints e saltos de jogadores

de futebol. Nesse sentido, a melhora observada nos valores de

PT do presente estudo pode retardar o aparecimento da fadiga e

promover a manutenção da performance por um período mais

prolongado. Porém, apesar da importância que as variáveis

neuromusculares apresentam para a performance de atletas de

futsal, ao nosso conhecimento, este é o primeiro trabalho que

investigou os efeitos de dois modelos de TIAI com mudança de

direção de 180° sobre os valores do saltos e PT excêntrico e

concêntrico dos músculos extensores e flexores do joelho de

jogadoras de futsal.

138

139

6. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-

se sugerir que:

Os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI 15x15)

aplicados no presente estudo provocaram mudanças similares

sobre as variáveis aeróbias (PVFIET, PVTIER, vLTF2) e anaeróbias

(TM e IFF) de atletas de elite de futsal feminino.

Igualmente, os dois modelos de TIAI analisados também

promoveram mudanças semelhantes nas variáveis

neuromusculares de potência muscular de membros inferiores

(CMJ e SJ) e pico de torque dos músculos extensores do joelho

(PTCON-EXT) das jogadoras elite de futsal.

O modelo TIAI15x15 foi mais eficaz que o modelo TIAI7,5x7,5

para gerar mudanças na variável anaeróbia MT e na variável

neuromuscular PTECC-EXT das participantes do estudo.

Adicionalmente, o modelo TIAI15x15 foi mais eficiente que

o modelo TIAI7,5x7,5 para originar mudanças práticas nas variáveis

de deslocamento em alta intensidade e sprint das jogadoras de

futsal durante a partida simulada monitorada após a realização

da intervenção.

Pode-se destacar que, em relação à carga interna de

treinamento, é possível que tenha existido uma compensação

proporcional da carga externa imposta pelos dois modelos. Se

por uma lado a velocidade de corrida correspondente ao valor

percentual do PVFIET no TIAI7,5x7,5 (86 - 91 %PVFIET) foi maior que

140

no TIAI15x15 (83 - 88 %PVFIET), o número de mudanças de direção

de 180° do primeiro modelo (uma mudança por repetição) é

menor quando comparado ao segundo modelo (três mudanças

por repetição)

Nesse sentido, recomenda-se a realização de novos

estudos com uma amostra maior que permita a inclusão de um

grupo controle. Adicionalmente, sugere-se que os dois modelos

de TIAI analisados sejam executados na zona de intensidade de

treinamento baseado no mesmo valor percentual do PV obtido no

FIET.

A partir das análises realizadas no presente trabalho em

relação às aplicações práticas pode-se observar que:

Durante todas as sessões dos dois grupos de TIAI

analisados as jogadoras permaneceram na intensidade referente

à zona alvo da FC de 90 – 95 % da FCmax, representando a

similaridade dos protocolos com a demanda fisiológica exigidas

durante as partidas de futsal feminino de elevado nível

competitivo.

Adicionalmente, os modelos apresentados podem ser

facilmente aplicados pelo preparador físico de forma

concomitante com toda a equipe, sempre respeitando a

intensidade individual de cada atleta, sem que haja a

necessidade do uso de qualquer instrumento de medida de carga

interna.

141

Por fim, destaca-se ainda, a praticidade em ajustar a

carga de treinamento individual no decorrer da periodização, sem

que haja a necessidade da realização de testes ou retestes a

curto ou médio prazo.

Desse modo, recomenda-se para os profissionais que

trabalham com o futsal a inclusão de uma a duas sessões

semanais dos protocolos de TIAI analisados, dando mais ênfase

ao modelo com maior número de mudanças de direção com a

finalidade de melhorar as variáveis fisiológicas e

neuromusculares apresentadas e, por consequência, a

performance de jogo das atletas de elite de futsal.

142

143

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164

165

ANEXO

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APÊNDICE

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172

173

174