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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
FRANCIMARA BUDAL ARINS
EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO
INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A
PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E
NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL
FEMININO
FLORIANÓPOLIS, 2015
FRANCIMARA BUDAL ARINS
EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO
INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A
PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E
NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL
FEMININO
Tese de doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Física da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito final para obtenção do
título de doutora em Educação Física.
Orientador: Dr. Luiz Guilherme A. Guglielmo
Co-orientador: Dr. Ricardo Dantas de Lucas
FLORIANÓPOLIS, FEVEREIRO DE 2015.
Francimara Budal Arins
EFEITO DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO
INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A PERFORMANCE DE JOGO, ÍNDICES FISIOLÓGICOS E
NEUROMUSCULARES EM ATLETAS DE ELITE DE FUTSAL FEMININO
Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de
“Doutora”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Florianópolis, 19 de fevereiro de 2015.
Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação
Física
Banca Examinadora:
____________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo
(UFSC - presidente - orientador)
____________________________________________________ Prof. Dr. Fábio Yuzo Nakamura (UEL)
____________________________________________________ Prof. Dr. Lorival José Carminatti (UDESC)
____________________________________________________ Prof
a. Dr
a. Rosane Carla Rosendo da Silva (UFSC)
____________________________________________________ Prof
a. Dr
a. Saray Giovana dos Santos (UFSC)
AGRADECIMENTOS
A todas as Instituições que contribuíram para a
elaboração e execução deste estudo:
À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao
Centro de Desportos (CDS);
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em
Educação Física (PPGEF) da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC);
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES);
A todos os membros da equipe Barateiro Futsal de
Brusque, SC que acreditaram, participaram e contribuíram para
este estudo.
Aos membros da banca pela ajuda no aprimoramento
deste estudo:
Professor Dr. Fábio Yuzo Nakamura, por toda
contribuição e atenção, desde a qualificação até a banca de
defesa da tese.
Professora Dra. Saray Giovana dos Santos, por suas
importantes contribuições realizadas sempre de forma sincera e
amiga.
Professora Dra. Rosane Carla Rosendo da Silva, por me
aceitar como seu “karma” e amiga, me inspirando sempre, nos
caminhos da docência e da vida.
Professor Dr. Lorival José Carminatti, pela parceria
inigualável, desde o momento inicial de desenvolvimento do
projeto, conhecimento, coletas de dados, trocas de ideias, e
finalmente, por ter confiado a mim a análise de dois dos seus
modelos de TIAI.
Professor Dr. Ricardo Dantas de Lucas, por sua amizade
e ajuda constante e incansável durante toda a minha formação
no processo de doutorado.
Professor Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo,
excelente orientador e grande amigo. Não conseguirei transmitir
em palavras meu agradecimento sincero pela acolhida no LAEF
e no doutorado. Obrigada também por todos os ensinamentos ao
longo do nosso convívio, que foram indescritíveis. Sua liderança
impecável e seu bom humor nos contagiam sempre. Você é
fonte de inspiração para quem tem o prazer de trabalhar e
conviver ao seu lado. Fica aqui registrado o meu muito obrigada
eterno.
Aos amigos do LAEF, pela troca de ideias, muita ajuda e
amizade, que fizeram desses anos momentos especiais.
Aos meus amigos do coração e parceria forte Dani, Dal
Pupo, Naia, Pri, Ju, Jol, Andy e PC.
À minha família, Lalo, Dete e Quique, por me ajudarem a
ser quem sou, e pelo amor infinito que preenche a minha vida.
Ao amor das minhas vidas Coelho, o meu maior parceiro,
sempre ao meu lado, mesmo nos momentos em que mais
ninguém está por perto.
Ao Papai do Céu, pela minha vida e tudo o que ela
proporciona. Amém.
RESUMO
O objetivo principal deste estudo do tipo pré-experimental foi
analisar os efeitos de dois modelos de treinamento intervalado
de alta intensidade (TIAI) aplicados durante cinco semanas na
performance de jogo, índices fisiológicos e neuromusculares em
atletas de elite de futsal feminino. Participaram da pesquisa 16
jogadoras pertencentes às categorias adulto, sub-20 e sub-17
(idade = 19 ± 2 anos; estatura = 161,5 ± 4,6 cm; massa corporal
= 58,7 ± 7,9 kg). O modelo TIAI7,5x7,5 (n = 7), consistiu de quatro
séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por três
minutos de recuperação passiva entre elas, possuindo uma
relação esforço:pausa de 1:1 (7,5 x 7,5 segundos), com as
distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal
sonoro) individualizadas pelo pico de velocidade obtido no Futsal
Intermittent Endurance Test (PVFIET). O TIAI15x15 (n = 9) consistiu
de quatro séries de aproximadamente quatro minutos de esforço
por três minutos de recuperação passiva entre elas, tendo
relação esforço:pausa de 1:1 (15 x 15 segundos), com as
distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal
sonoro) individualizadas pelo PVFIET. Os pré e pós-testes foram
compostos por avaliações de laboratório, de campo e de
performance em jogo simulado que foi realizada por meio da
análise cinemática dos deslocamentos pelo sistema de tracking
computacional. As avaliações de laboratório foram realizadas
como descrito a seguir: 1) avaliação antropométrica; 2) protocolo
submáximo na esteira rolante para determinação da economia
de corrida (EC); 3) teste incremental na esteira rolante para a
determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max),
velocidade correspondente ao VO2max (vVO2max), pico de
velocidade na esteira (PVTIER) e velocidade correspondente ao
segundo limiar de transição fisiológica (vLTF2); 4) testes na
plataforma de força para a determinação dos saltos verticais:
squat jump (SJ) e counter movement jump (CMJ); 5) testes
máximos no dinamômetro isocinético, para a determinação dos
torque máximos concêntrico e excêntrico dos músculos
extensores e flexores do joelho (PT). As avaliações de campo
foram realizadas conforme descrito a seguir: 1) Futsal
Intermittent Endurance Test para determinação do pico de
velocidade (PVFIET); 2) Maximal shuttle run test (40-m MST) para
determinação do melhor tempo (MT), tempo médio (TM) e índice
de fadiga (IFF). A análise de variância ANOVA modelo misto
(grupo vs. tempo) foi usada para analisar as diferenças entre os
grupos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) e entre os períodos pré e pós-
intervenção, assim como a interação entre estes fatores. O teste
post-hoc de Bonferroni foi aplicado nos casos em que foram
observadas diferenças. O nível de significância adotado foi
fixado em p ≤ 0,05. Adicionalmente, para analisar a magnitude
dos efeitos causados pelo treinamento foi calculado o Effect Size
(ES). Em relação à performance de jogo, o deslocamento em
forma de sprint, foi maior para o grupo TIAI15x15 (ES = grande)
que para o TIAI7,5x7,5 (ES = pequeno). Em relação às variáveis de
potência aeróbia, somente os valores PVFIET e o PVTIER
apresentaram aumentos significantes em relação ao tempo (F =
24,735; p ≤ 0,001 e F = 24,945; p ≤ 0,001, respectivamente) para
os dois grupos. A vLTF2 foi o único índice de capacidade aeróbia
que exibiu diferença significante (F = 90,363, p ≤ 0,001) em
relação ao tempo para os dois modelos de TIAI, sendo que a EC
apresentou melhoras práticas somente para o TIAI15x15 (ES =
0,68; moderado). Em relação ao desempenho anaeróbio, o MT
reduziu de forma significante (F = 6,815, p = 0,002) somente
para o grupo TIAI15x15. Os índices de potência muscular de
membros inferiores (CMJ e SJ) apresentaram aumento
significante (F = 19,387; p ≤ 0,001 e F = 11,499; p = 0,004,
respectivamente) em relação ao tempo para os dois modelos de
TIAI. A respeito das variáveis de torque dos músculos
extensores do joelho, o PTECC-EXT apresentou aumento
significante (F = 5,962, p = 0,028) em relação ao tempo (pré vs.
pós) somente para o grupo TIAI15x15. Com base nos resultados
obtidos pode-se concluir que um curto período de aplicação dos
dois modelos de TIAI pode causar melhoras na capacidade e
potência aeróbia e anaeróbia, na potência muscular de membros
inferiores e nos valores de força máxima excêntrica e
concêntrica dos músculos extensores do joelho, em jogadoras de
futsal. Porém, destaca-se que o modelo de TIAI15x15, mostrou-se
mais eficiente para provocar mudanças de caráter prático nas
variáveis neuromusculares (CMJ, PTCON-EXT, PTECC-EXT, PTCON-
FLE), e anaeróbia MT, o que pode ter refletido na melhora da EC,
PV e, principalmente, nas variáveis de performance corrida de
alta intensidade (15,5 < V ≤ 18,3 km.h-1
) e sprint (V > 18,4
km.h-1
) registradas durante a partida simulada de futsal.
ABSTRACT
The aim of the present study, with pre-experimental design, was
to analyze the effects of two high-intensity interval training
models (HIT) applied during five weeks in game performance,
physiological and neuromuscular indices in female futsal elite
athletes. Took part of the study 16 professional players from U-20
and U-17 categories (age = 19 ± 2 years, height = 161.5 ± 4.6
cm; body mass = 58.7 ± 7.9 kg). The HIT7,5x7,5 model (n = 7),
consisted of four series of four minutes of effort and three
minutes of passive recovery, characterizing an exercise rest ratio
of 1: 1 (7.5 x 7.5 seconds). On the other hand, the HIT15x15 (n = 9)
consisted of four series of four minutes of effort with three
minutes of passive recovery between them and have an exercise
rest ratio of 1: 1 (15 x 15 sec). The distances (3.75 seconds of
time between each beep) of the both training model were
individualized by the peak velocity obtained in Futsal Intermittent
Endurance Test (PVFIET). Pre- and post-tests were composed of
lab and field evaluations and performance in a simulated game
that was performed by the kinematic analysis of movements by
computer tracking system. The laboratory assessments were
performed as follows: 1) anthropometric measurements; 2)
submaximal protocol in a treadmill to determine the running
economy (RE); 3) incremental test on a treadmill to determine the
maximal oxygen consumption (VO2max), the speed at VO2max
(vVO2max), peak velocity on treadmill (PVTRE) and the speed
corresponding to the second physiological transition threshold
(vLTF2); 4) tests on the force platform for the determination of
vertical jumps: squat jump (SJ) and counter movement jump
(CMJ); 5) maximum tests at the isokinetic dynamometer to
determine the concentric and eccentric maximum torque of the
extensor and flexor muscles of the knee (PT). The field
evaluations were performed as follows: 1) Futsal Intermittent
Endurance Test to determine the peak velocity (PVFIET); 2)
Maximal shuttle run test (40-m MST) to determine the best time
(BT), average time (AT) and fatigue index (FI). The ANOVA
mixed model analysis of variance (group x time) was used to
analyze differences between groups (HIT7,5x7,5 vs. HIT15x15) and
between the pre and post intervention, as well as the interaction
between these factors. The post-hoc Bonferroni test was applied
when necessary. Statistical significance was set at p<0.05 for all
analyses. In addition, the Effect Size (ES) was used to analyze
the magnitude of the differences induced by the training
programs. In relation to the game performance, the time spent in
form of sprint, was higher for HIT15x15 group (ES = large) that for
HIT7,5x7,5 (ES = small). Regarding aerobic power values, only
PVFIET and PVTRE results showed significant increases over time
(F = 24.735; P ≤ 0.001 and F = 24.945, P ≤ 0.001, respectively)
for both groups. The vLTF2 was the only aerobic capacity index
that presented significant difference (F = 90.363, P ≤ 0.001) with
respect to time for both HIT models, and the RE presented
practical improvements only for HIT15x15 group (ES = 0.68;
moderate). Concerning the anaerobic performance, the AT
significantly reduced (F = 6.815, p = 0.002) only for HIT15x15
group. The muscle power indexes of the lower limbs (CMJ and
SJ) showed a significant increase (F = 19.387, p ≤ 0.001 and F =
11.499, p = 0.004, respectively) with respect to time for the two
HIT models. Regarding torque variables of the knee extensor
muscles, the o PTECC-EXT showed significant increase (F = 5.962,
p = 0.028) with respect to time (pre vs. post) only for HIT15x15
group. Based on the results of the present study, it can be
concluded that a short period of HIT can induce improvements in
capacity and aerobic and anaerobic power, muscle power of
lower limbs and in the maximum force eccentric and concentric
values of the knee extensor muscles in female futsal players.
However, it is emphasized that the HIT15x15 model was more
efficient to induce practical changes over the neuromuscular
(CMJ, PTCON-EXT, PTECC-EXT, PTCON-FLE), and anaerobic (MT)
variables, which may have reflected in the improvement of the
RE, PV, and mainly in high intensity (15.5 <V ≤ 18.3 km h-1) and
sprint running (V> 18.4 km h-1) performance recorded during the
simulated futsal game.
Key words: female futsal, performance, physiological variables,
neuromuscular variables.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Cronograma de visita aos laboratórios para avaliações das jogadoras de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17........................................................................................................... 59 Quadro 2. Cronograma das avaliações de campo das 20 jogadoras de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17............................................................................................................ 60 Quadro 3. Descrição do modelo 1 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva ........................................... 64 Quadro 4. Descrição do modelo 2 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI15x15) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva............................................ 67
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática do design do estudo....................... 58 Figura 2. Visualização esquemática da disposição dos subgrupos na quadra para realização simultânea dos dois modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15)............................................................................... 62 Figura 3. Visualização do modelo 1 de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5): 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa...................................................................................... 63 Figura 4. Visualização do modelo 2 de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI15x15): 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa....................................................................................................... 66 Figura 5. Ilustração da realização do SJ (BOSCO, 1999)........................... 76 Figura 6. Ilustração da realização do CMJ (BOSCO, 1999)........................ 77 Figura 7. Esquema ilustrativo do futsal intermittent endurance test (FIET)............................................................................................................ 80 Figura 8. Esquema ilustrativo do perfil do protocolo do futsal intermittent endurance test (FIET) (CASTAGNA et al., 2010)......................................... 81 Figura 9. Esquema ilustrativo do maximal shuttle run test (40-m MST)...... 83 Figura 10. Área de cobertura das câmeras durante as duas partidas simuladas...................................................................................................... 85 (pré e pós-TIAI)............................................................................................. 85 Figura 11. Seleção da região de interesse a ser analisada (acima) e cálculo e extração do fundo de quadra (abaixo) das sequências de imagens de uma das câmeras.......................................................................................... ....... 88 Figura 12. Binarização dos elementos restantes após a extração do fundo de quadra das sequências de imagens de uma das câmeras........................................................................................................ 89 Figura 13. Escala 0-10 de Foster et al. (2001)............................................ 91 Figura 14. Valores de FC (bpm) registrados durante as 10 sessões de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) propostos por Carminatti (2014) em relação à FC máxima obtida no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET)........................................................................................ ............ 97 Figura 15. Valores de PSE da sessão (produto da duração total da sessão pelo score apontado na escala PSE CR-10) obtidos nas 10 sessões de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) propostos por Carminatti (2014).......................................................................................................... 99 Figura 16. Visualização dos valores de concentração de lactato sanguíneo [Lac] coletados durante uma sessão dos dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15)............................................................................................. .........101
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Valores de FC registrados durante as 10 sessões dos dois modelos de TIAI............................................................................................ 96 Tabela 2. Valores de PSE obtidos durante as 10 sessões dos dois modelos TIAI.............................................................................................................. 98 Tabela 3. Valores de [Lac] coletados durante as segunda e décima sessões dos dois modelos de TIAI........................................................................... 100 Tabela 4. Deslocamento das jogadoras de futsal nas partidas pré e pós-TIAI............................................................................................................. 103 Tabela 5. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis de deslocamento das jogadoras de futsal nas partidas pré e pós-TIAI........... 105 Tabela 6. Variáveis fisiológicas aeróbias e anaeróbias mensuradas no pré e pós-TIAI.............................................................................................. ........ 108 Tabela 7. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis fisiológicas obtidas no pré e pós-TIAI......................................................... 110 Tabela 8. Variáveis neuromusculares mensuradas no pré e pós-TIAI....... 112 Tabela 9. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis neuromusculares obtidas no pré e pós-TIAI............................................... 114
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
[Lac] Concentração de lactato sanguíneo
CMJ Counter Movement Jump
DPP Distância parcial percorrida
DT Distância total percorrida
EC Economia de corrida
FC Frequência cardíaca
FCmax Frequência cardíaca máxima
FIET Futsal Intermittent Endurance Test
IFF Índice de fadiga
40-m MST Maximal Shuttle Run Test
MT Melhor tempo
PSE Percepção subjetiva de esforço
PT Pico de torque
PTCON-EXT Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do
joelho
PTCON-FLE Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho
PTECC-EXT Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do
joelho
PTECC-FLE Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho
PVFIET Pico de velocidade obtido no Futsal Intermittent Endurance
Test
PVTIER Pico de velocidade obtido no teste incremental em esteira
rolante
SJ Squat jump
TIAI15x15 Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75
segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa.
TIAI7,5x7,5 Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75
segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa
TM Tempo médio
vLTF2 Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição
fisiológica
VO2max Consumo máximo de oxigênio
vVO2max Velocidade correspondente ao VO2max
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1 1.1 Situação problema.................................................................................... 1 1.2 Objetivo geral............................................................................................ 8 1.3 Objetivos específicos................................................................................ 9 1.4 Justificativa....................................................................................... ....... 10 1.5 Hipóteses estatísticas............................................................................. 12 1.6 Variáveis do estudo: definição e classificação........................................ 13 1.7 Delimitação do estudo............................................................................. 22 1.8 Limitações do estudo.............................................................................. 22 2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 25 2.1 Caracterização fisiológica e neuromuscular do futsal............................. 25 2.2 Treinamento intervalado de alta intensidade no futsal............................ 34 2.3 Futsal Intermittent Endurance Test (FIET) e pico de velocidade (PV).... 42 3. MATERIAIS E MÉTODO........................................................................ 53 3.1 Modelo do estudo.................................................................................... 53 3.2 Participantes do estudo........................................................................... 55 3.3 Design pré-experimental......................................................................... 56 3.4 Protocolos de treinamento...................................................................... 60 3.5 Protocolos de laboratório........................................................................ 71 3.6 Protocolos de campo.............................................................................. 79 3.7 Partidas simuladas................................................................................. 83 3.8 Monitoramento da carga interna............................................................. 90 3.9 Análise estatística................................................................................... 92 4. RESULTADOS....................................................................................... 95 4.1 Carga interna do treinamento................................................................. 95 4.2 Performance de jogo simulado............................................................. 102 4.3 Variáveis fisiológicas............................................................................. 106 4.4 Variáveis neuromusculares................................................................... 111 5. DISCUSSÃO......................................................................................... 115 6.1 Carga interna de treinamento............................................................... 115 6.2 Performance em jogo simulado............................................................ 120 6.3 Variáveis fisiológicas............................................................................ 124 6.4 Variáveis neuromusculares................................................................... 133 6. CONCLUSÕES..................................................................................... 139 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 143 ANEXO……………………………………………………………..…………… 165 APÊNDICE……………………………………………………………………… 169
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Situação problema
Apesar de sua popularidade mundial e status competitivo
existem poucos estudos que investigaram o futsal,
consequentemente, as demandas fisiológicas e neuromusculares
requeridas dos atletas dessa modalidade ainda não são
totalmente conhecidas (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008;
CASTAGNA et al., 2009; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2009;
DROGAMACCI; WATSFORD; MURPHY, 2011; RODRIGUES et
al., 2011; NASCIMENTO et al., 2015). Além disso, trabalhos
recentes ressaltaram que há um número muito restrito de
pesquisas que tiveram como objetivo investigar o futsal feminino
(MARTIN-SILVA et al., 2005; KARAHAN, 2012; BERDEJO-DEL-
FRESNO, 2014).
Por ser um esporte coletivo caracterizado pela realização
de esforços intermitentes de intensidades elevadas, intercalados
com períodos de recuperação variáveis durante as partidas, o
futsal sob o ponto de vista fisiológico, é uma modalidade
equilibrada, na qual o nível de performance de seus atletas
depende tanto de variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio
quanto anaeróbio (MEDINA et al., 2002; BARBERO ÁLVAREZ;
ANDRÍN, MÉNDEZ-VILLANUEVA, 2005; CASTAGNA et al.,
2009; CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010; DOGRAMACI;
WATSFORD; MURPHY, 2011), sendo que a razão esforço:pausa
2
durante as partidas é de aproximadamente 1:1 (BARABERO
ÁLVAREZ; ANDRÍN, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).
Para execução de esforços máximos e de curta duração
(chutes, cabeceios), a energia é proveniente principalmente do
sistema ATP-CP, enquanto que nas sequências de situações de
transição ataque-defesa e contra ataques sucessivos, o
metabolismo anaeróbio lático é o principal responsável pela
manutenção das ações. Por sua vez, durante o decorrer do
período total de partida a via aeróbia possui uma participação
expressiva que fica por volta de 90 % (MEDINA et al., 2002;
BARBERO ÁLVAREZ; BARBERO ÁLVAREZ, 2003; BARBERO
ÁLVAREZ et al., 2008).
Castagna et al. (2009) verificaram que os atletas de futsal
permanecem grande parte do jogo realizando atividades em
intensidade elevada, sendo que em 46 % do tempo os valores
encontram-se acima de 80 % do consumo máximo de oxigênio
(VO2max), enquanto que esse percentual aumenta para 52 % do
tempo acima de 90 % da frequência cardíaca máxima (FCmax).
Além dos aspectos fisiológicos, é necessário elucidar que para
executar o padrão de movimentação requerido pela modalidade
durante os treinamentos e as partidas, que provoca inúmeras
mudanças de direção, com constantes acelerações e
desacelerações, é imprescindível que o jogador apresente
elevados níveis de potência muscular (FERREIRA et al., 2009;
GOROSTIAGA et al., 2009).
3
Por meio da análise de movimento, pesquisas
demonstraram que os períodos decisivos em uma partida de
esportes coletivos são precedidos por corridas rápidas e de
intensidade elevada (10 - 30 metros ou 2 - 4 segundos), sendo
que atletas profissionais passam, aproximadamente, 5 - 12 % do
tempo de jogo realizando corridas de alta intensidade (> 15 km.h-
1), destacando a importância do treinamento intervalado de alta
intensidade (TIAI) para atletas de futsal (SPENCER, BISHOP;
DAWSON, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008). Nesse
sentido, Castagna e Barbero Álvarez (2010) observaram que a
habilidade de realizar exercícios intermitentes de alta intensidade
é um fator decisivo da performance no futsal, ressaltando
novamente a importância do TIAI na modalidade. Porém, estudos
demonstram que o rendimento alcançado durante esse modelo
de treinamento depende da duração dos períodos de
recuperação (GAITANOS et al., 1993; BANGSBO, 1994) e da
atividade realizada (DORADO GARCIA et al., 1999).
Desse modo, Tomlin e Wenger (2001) reportaram que
valores elevados de VO2max podem ser determinantes da
capacidade de restaurar fosfagênios entre os exercícios
intermitentes de alta intensidade. Assim, o VO2max é capaz de
discriminar diferentes níveis competitivos de atletas de futsal
(BARBERO ÁLVAREZ; D’OTTAVIO; CASTAGNA, 2006;
CASTAGNA et al., 2009), destacando a sua importância para a
performance na modalidade. Além disso, alguns estudos
indicaram que jogadores com maiores valores de potência
4
aeróbia podem ser mais econômicos para realizar as ações
solicitadas, o que resulta em maior manutenção de performance
durante o tempo total das partidas (BARBERO ÁLVAREZ;
BARBERO ÁLVAREZ, 2003; BARBERO ÁLVAREZ, ANDRÍN E
MÉNDEZ-VILLANUEVA, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al.,
2009; CASTAGNA et al., 2009).
Nesse sentido, o TIAI, que pode ser definido como o
estímulo que envolve qualquer esforço entre um e quatro minutos
de duração na intensidade de 85 - 100 % do VO2max (BILLAT et
al., 2001a), com períodos de recuperação similar ou maior que o
tempo de esforço, torna-se um método muito interessante para
ser aplicado por preparadores físicos de modalidades como o
futsal, a fim de melhorar a performance dos atletas.
Segundo Midgley et al. (2006), esse modelo de
treinamento contribui para o desenvolvimento da capacidade e
potência aeróbia em períodos relativamente breves de tempo,
pois proporciona ganhos relacionados às adaptações centrais
(aumento do volume sistólico que gera uma elevação no débito
cardíaco e consequentemente nos valores de VO2max) e
periféricas (melhora da capacidade de trabalho para ressintetizar
e utilizar ATP). Dellal et al. (2010) também relataram que o
treinamento intervalado solicita o uso do metabolismo aeróbio e
anaeróbio de fornecimento de energia e ainda estimula as
adaptações neuromusculares.
Em um estudo clássico, Helgerud et al. (2001) verificaram
que 16 sessões de TIAI (quatro repetições de quatro minutos na
5
zona de intensidade de esforço de 90 – 95 % da FCmax por três
minutos de recuperação a 50 - 60 % da FCmax), realizado duas
vezes por semana proporcionou o aumento significativo do
VO2max (10,8 %), do segundo limiar de transição fisiológica
(LTF2 = 16 %) e da economia de corrida (EC = 6,7 %) em
jogadores juniores de futebol, resultando na melhora tanto da
capacidade como da potência aeróbia.
Recentemente, Carminatti (2014) propôs dois modelos de
TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) baseados no pico de velocidade (PV)
obtido no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET), que é um
teste de campo peculiar para avaliar a performance de jogadores
de futsal, visto que o mesmo fornece dados relevantes sobre as
características fisiológicas e neuromusculares indispensáveis
para a realização de exercício intermitente em intensidade
elevada (≥ 90 % da FCmax) de acordo com as demandas de
jogo da modalidade (BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN; MÉNDEZ-
VILLANUEVA, 2005; BARBERO ÁLVAREZ; MILADI; AHMAIDI,
2006; CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010).
Adicionalmente, o mesmo envolve constantemente a ação
muscular excêntrica, como as desacelerações nas mudanças de
direção, que ocorrem frequentemente durante os esportes
intermitentes (CURREL; JEUKENDRUP, 2008), incluindo o
futsal.
É importante destacar que as respostas fisiológicas do
TIAI realizado em linha reta já foram estudadas (DELLAL, 2008),
porém as possíveis diferenças causadas devido às mudanças de
6
direção, que são fundamentais para a performance no futsal,
ainda não estão esclarecidas (DELLAL et al., 2010). Quando
comparado à corrida em linha reta, as corridas com mudanças de
direção podem influenciar na musculatura envolvida, resultando
assim no aumento do consumo de energia, o que resulta em
respostas fisiológicas mais expressivas (DELLAL;
GROSGEORGE, 2006; AKENHEAD et al., 2015).
De acordo com Brughelli et al. (2008), a performance
durante as corridas com mudança de direção é dependente dos
níveis de potência muscular do indivíduo, visto que, as mesmas
são compostas por acelerações e desacelerações frequentes, as
quais envolvem constantemente a ação muscular excêntrica.
Adicionalmente, Dellal et al. (2010), ao compararem dois modos
de exercício realizados de forma intermitente com mudança de
direção (180º) e em linha reta por jogadores de alto nível de
futebol, observaram que os valores de percepção subjetiva do
esforço (PSE), FC e concentração de lactato sanguíneo foram
significativamente maiores para o modelo com mudança de
direção. Isso ocorreu porque para voltar a acelerar durante a
mudança de direção os indivíduos solicitam essencialmente o
metabolismo anaeróbio e as fibras musculares de contração
rápida que, quando comparadas às de contração lenta,
apresentam maior conteúdo de enzimas glicolíticas e menor de
enzimas oxidativas (ESSEN; HAGENFELDT; KAIJSER, 1997).
Os modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) propostos por
Carminatti (2014) foram baseados nas análises das demandas
7
de partidas de futsal, sendo que os dois apresentam
similaridades no que diz respeito ao tempo de cada série
(aproximadamente 4 minutos), relação esforço:pausa (1:1) e
distância relativa (m.min-1
), porém com intensidade de corrida
(TIAI7,5x7,5 = 86-91 % PVFIET vs. TIAI15x15 = 83-88 % PVFIET) e
número de mudanças de direção (TIAI7,5x7,5 = 1 vs. TIAI15x15 = 3)
distintos. No primeiro modelo (TIAI7,5x7,5), cada repetição é
constituída por uma mudança de direção, duas acelerações e
uma desaceleração, por sua vez, no segundo modelo (TIAI15x15),
cada repetição apresenta três mudanças de direção, quatro
acelerações, e três desacelerações. Ainda, em cada sessão
(quatro séries) de treinamento, o TIAI7,5x7,5 possui 136
acelerações, 68 desacelerações e 68 mudanças de direção,
enquanto que o TIAI15x15 possui 144 acelerações, 108
desacelerações e 108 mudanças de direção. Essas diferenças,
principalmente no que diz respeito às 40 desacelerações a mais
previstas no segundo modelo (TIAI15x15), possivelmente geram
uma sobrecarga fisiológica e neuromuscular mais expressiva
devido a maior quantidade de concentrações excêntricas
envolvidas nessas ações. Além disso, espera-se que os
diferentes modelos de TIAI possam provocar níveis distintos de
mudanças nas variáveis de performance das atletas de futsal
mensuradas durante as partidas (distância total percorrida - DT e
distâncias parciais percorridas - DPP).
Assim, considerando que o futsal é caracterizado pela
execução de esforços intermitentes de intensidades elevadas
8
com inúmeras mudanças de direção, as quais envolvem
constantes ações musculares excêntricas, formulou-se o
seguinte problema de pesquisa: Qual dos modelos de TIAI
(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) é mais eficaz para aprimorar as variáveis
de performance de jogo, fisiológicas e neuromusculares em
atletas de futsal feminino?
A partir dessas observações e considerando que as
corridas com uma mudança de direção, em comparação com as
corridas com três mudanças de direção, solicitam um maior gasto
energético e necessitam de um nível de potência muscular
elevado para ser realizada, devido às constantes contrações
excêntricas envolvidas nas mudanças de direção, a hipótese
principal desta pesquisa é que o modelo de TIAI15x15 promoverá
maiores ganhos nos índices fisiológicos e neuromusculares
analisados no presente estudo, resultando em um maior
aprimoramento na performance de jogo.
1.2 Objetivo geral
Analisar os efeitos de dois modelos de treinamento
intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) aplicados
durante cinco semanas na performance de jogo, índices
fisiológicos e neuromusculares em atletas de elite de futsal
feminino.
9
1.3 Objetivos específicos
- Comparar os valores de carga interna de treinamento por meio
da resposta da FC, da percepção subjetiva de esforço (PSE) e
da concentração de lactato sanguíneo [Lac] entre os dois
modelos de TIAI;
- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre as
variáveis de performance das partidas (DT e DPP), obtidas por
meio do método tracking computacional;
- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre as
variáveis fisiológicas aeróbias (PVFIET, VO2max, velocidade
correspondente ao VO2max (vVO2max), PVTIER, vLTF2, EC);
- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre a
performance anaeróbia (melhor tempo (MT), tempo médio (TM),
índice de fadiga (IFF));
- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre as
variáveis neuromusculares de potência muscular de membros
inferiores por meio da performance dos saltos: counter
movement jump (CMJ) e squat jump (SJ);
- Comparar os efeitos dos dois modelos de TIAI sobre o pico de
torque concêntrico (PTCON) e excêntrico (PTECC) dos músculos
extensores e flexores do joelho;
10
1.4 Justificativa
A identificação das exigências fisiológicas e
neuromusculares impostas aos jogadores de futsal durante as
partidas é fundamental para a formulação das estratégias da
equipe durante a temporada, pois contribuem de forma decisiva
para que a comissão técnica elabore um programa de
treinamento apropriado e adaptado às necessidades específicas
do esporte (CASTAGNA et al., 2009).
Nesse sentido, Ferreira et al. (2009) e Gorostiaga et al.
(2009) realçaram a importância na busca do conhecimento sobre
os modelos de treinamentos adequados para o desenvolvimento
do padrão de movimentação requerido pela modalidade, que é
constituído de inúmeras mudanças de direção com constantes
acelerações e desacelerações.
Contudo, apesar da aplicação usual dos treinamentos
intervalados de alta intensidade na periodização de atletas de
diferentes modalidades, é possível notar ainda, a ausência de
informações sobre a análise dos efeitos particulares desse
método sobre os parâmetros fisiológicos, neuromusculares e de
performance de atletas profissionais de futsal, principalmente no
que se refere ao futsal feminino devido à inexistência de estudos
desse modelo, ratificando a relevância da realização desta
pesquisa.
11
Nesse sentido, é importante destacar que as respostas
do treinamento intervalado de alta intensidade realizado em linha
reta têm sido amplamente estudadas (BILLAT, 2001a; BILLAT,
2001b;DELLAL, 2008), porém, as possíveis diferenças causadas
devido às mudanças de direção, que são fundamentais para a
performance no futsal, também não estão suficientemente
esclarecidas (DELLAL et al., 2010; HADER et al., 2014).
Desse modo, o presente estudo irá suprir essa lacuna,
por meio da análise de dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs.
TIAI15x15) baseados nas demandas específicas do futsal feminino
que ainda não foram investigados pela literatura científica. Esses
modelos possuem números de desacelerações bruscas
diferentes em função de mudanças de direção de 180° (1 vs. 3),
as quais poderão produzir modificações fisiológicas e
neuromusculares que ainda não foram analisadas, que irão
influenciar positivamente na performance das atletas durante as
partidas. Essas diferenças existentes em relação às 40
desacelerações a mais presentes no modelo TIAI15x15, quando
comparado ao TIAI7,5x7,5, provavelmente produzirão uma
sobrecarga fisiológica e neuromuscular mais significativa devido
ao maior número de desacelerações envolvidas no movimento.
É pertinente destacar que este é o primeiro estudo que
pretende realizar a análise das respostas pertinentes a cada
modelo de TIAI, capazes de provocar modificações distintas
sobre os índices fisiológicos aeróbios e anaeróbios, e sobre as
variáveis neuromusculares de potência muscular de membros
12
inferiores e de torque dos músculos extensores e flexores do
joelho, devido as respostas originadas pelas mudanças de
direção peculiares a cada modelo, as quais são compostas por
ações musculares excêntricas mais frequentes.
Assim, o presente trabalho visa fornecer informações
capazes de esclarecer qual modelo de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs.
TIAI15x15) é o mais eficiente para aprimorar as variáveis
fisiológicas, neuromusculares e de performance em jogo
simulado (tracking computacional) em atletas de futsal feminino,
servindo de referência para auxiliar os profissionais da
modalidade na elaboração de um programa de treinamento
adequado que atenda as necessidades particulares do esporte.
1.5 Hipóteses estatísticas
H1: A [Lac] da segunda sessão de treinamento será maior no
grupo TIAI15x15, quando comparado ao TIAI7,5x7,5;
H2: A DT percorrida serão maiores no grupo TIAI15x15, quando
comparado ao TIAI7,5x7,5;
H3: O PVFIET e o PVTIER serão maiores no grupo TIAI15x15, quando
comparado ao TIAI7,5x7,5;
H4: A vLTF2 será maior no grupo TIAI15x15, quando comparado ao
TIAI7,5x7,5;
H5: A EC será menor no grupo TIAI15x15, quando comparado ao
TIAI7,5x7,5;
13
H6: O MT será menor no grupo TIAI15x15, quando comparado ao
TIAI7,5x7,5;
H7: O CMJ será maior no grupo TIAI15x15, quando comparado ao
TIAI7,5x7,5;
H8: O PTECC-EXT será maior no grupo TIAI15x15, quando
comparado ao TIAI7,5x7,5;
1.6 Variáveis do estudo: definição e classificação
1.6.1 Variáveis independentes
- Dois modelos de treinamentos (TIAI7,5x7,5 e TIAI15x15)
Conceitual: ambos os modelos podem ser definidos como
o estímulo que envolve qualquer esforço entre um e quatro
minutos de duração na intensidade ente 85 - 100 % do VO2max
(BILLAT, 2001a).
Operacional: 1) o primeiro modelo de treinamento
intervalado de alta intensidade (TIAI7,5x7,5), consiste de quatro
séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por três
minutos de recuperação passiva entre elas, resultando em uma
relação esforço:pausa de 1:1 (7,5 x 7,5 segundos), com as
distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal
sonoro) individualizadas pelo PVFIET; 2) o segundo modelo de
treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI15x15) consiste de
quatro séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por
três minutos de recuperação passiva entre elas, resultando em
14
uma relação esforço:pausa de 1:1 (15 x 15 segundos), com as
distâncias de corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal
sonoro) individualizadas pelo PVFIET.
1.6.2 Variáveis dependentes
- Percepção subjetiva de esforço (PSE)
Conceitual: a PSE pode ser entendida como uma
integração de sinais periféricos e centrais, que interpretados pelo
córtex sensorial, produzem uma percepção geral ou local do
empenho para a realização de uma tarefa (BORG, 1982).
Operacional: percepção subjetiva analisada por meio da
escala de percepção subjetiva de esforço CR-10 de Borg et al.
(1982), adaptada por Foster et al. (2001).
- Distância total percorrida (DT)
Conceitual: A DT representa o deslocamento total
realizado em qualquer velocidade por jogadora durante uma
partida de futsal, expressa em metros.
Operacional: A DT (m) foi calculada por meio de uma
rotina específica, considerando a soma cumulativa do
deslocamento entre dois frames consecutivos, que foi obtida por
meio do software DVideo de sistema de rastreamento automático
(tracking computacional) (BUENO et al., 2014).
- Distância parcial percorrida (DPP)
15
Conceitual: A DPP representa o deslocamento total
realizado em faixas de velocidades específicas por jogadora
durante uma partida de futsal, expressa em metros (Castagna et
al., 2099).
Operacional: Para identificação da DPP foi realizada uma
divisão de faixas de velocidade durante as partidas de acordo
com o proposto por Castagna et al. (2009) e Bueno et al. (2014),
como descrito na sequência: 1) parado ou andando (0,0 ≤ V1 ≤
6,0 km.h-1
); 2) corrida de baixa intensidade (6.1 < V2 ≤ 12,0 km.h-
1); 3) corrida de média intensidade (12,1 < V3 ≤ 15,4 km.h
-1); 4)
corrida de alta intensidade (15,5 < V4 ≤ 18,3 km.h-1
); e 5) sprint
(V5 > 18,4 km.h-1
).
- Pico de velocidade obtido no Futsal Intermittent Endurance Test
(PVFIET)
Conceitual: O pico de velocidade (PV) é a máxima
velocidade de corrida encontrada em testes progressivos de
laboratório ou de campo (NOAKES, 1988).
Operacional: O PVFIET será considerado como a maior velocidade
obtida no futsal intermittent endurance test (FIET), expressa em
km.h-1
.
- Economia de corrida (EC)
Conceitual: representa o consumo de oxigênio (VO2) para
uma dada velocidade submáxima de corrida (DANIELS, 1985).
16
Operacional: a EC será determinada por meio dos
valores do VO2 obtidos em um teste submáximo em esteira
rolante realizado no laboratório na intensidade de 8 km.h-1
,
expressa em mL.kg-1
.min-1
.
- Consumo máximo de oxigênio (VO2max)
Conceitual: representa a mais alta captação de oxigênio
alcançada por um indivíduo, respirando ar atmosférico ao nível
do mar (ASTRAND, 1952).
Operacional: o VO2max será obtido no teste incremental
máximo em esteira rolante realizado no laboratório com base nos
critérios propostos Basset e Howley (2000), Laursen et al. (2002)
e Silva e Torres (2002), expresso em L.min-1
ou mL.kg-1
.min-1
.
- Velocidade correspondente ao VO2max (vVO2max)
Conceitual: representa a menor velocidade (corrida e
natação) ou potência (ciclismo estacionário) na qual o VO2max é
atingido durante um teste incremental (BILLAT et al., 1995).
Operacional: a menor velocidade de corrida na qual
ocorrerá o VO2max durante o teste incremental máximo em
esteira rolante realizado no laboratório, expressa em km.h-1
.
- Pico de velocidade obtido no teste incremental em esteira
rolante (PVTIER)
Conceitual: O pico de velocidade (PV) é a máxima
velocidade de corrida encontrada em testes progressivos de
laboratório ou de campo (NOAKES, 1988).
17
Operacional: O PVTIER será considerado como a maior
velocidade obtida teste incremental em esteira rolante (TIER),
expressa em km.h-1
.
- Frequência cardíaca máxima (FCmax)
Conceitual: a FCmax pode ser definida como o valor mais
elevado da FC que o indivíduo pode atingir num esforço máximo
até o ponto de exaustão (WILMORE; COSTILL, 2001).
Operacional: a FCmax será identificada como a maior
média de cinco segundos obtida durante o teste incremental
máximo em esteira rolante realizado no laboratório, expressa em
bpm.
- Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição
fisiológica (vLTF2)
Conceitual: o segundo limiar de transição fisiológica
(vLTF2) representa a máxima fase estável de lactato (MFEL),
definida como a maior intensidade de exercício na qual ocorre o
equilíbrio entre a produção e a remoção de lactato do sangue
(FARREL et al., 1979).
Operacional: para a determinação da vLTF2,
primeiramente se encontra a menor relação entre concentração
de lactato sanguíneo e a velocidade obtida no teste incremental
máximo em esteira rolante realizado no laboratório. Uma vez
identificado o valor mínimo existente nessa relação, adiciona-se
o valor de 1,5 mmol.L-1
e assim se realiza o cálculo do valor de
18
lactato que representaria o LTF2, por meio da interpolação linear
(lactato x velocidade), expressa em km.h-1
(BERG et al., 1990).
- Squat jump (SJ)
Conceitual: salto vertical realizado utilizando somente a
ação concêntrica dos músculos extensores do joelho (BOSCO,
1999).
Operacional: representa a altura máxima do salto vertical
realizado em uma plataforma de força a partir de uma posição
estática, com o ângulo do joelho em aproximadamente 90º, que
será executado sem contra movimento para não haver a
aceleração do centro de gravidade para baixo, expresso em cm.
- Counter Movement Jump (CMJ)
Conceitual: salto vertical realizado a partir de um contra
movimento, com a contribuição do ciclo alongamento-
encurtamento (BOSCO, 1999).
Operacional: representa a altura máxima de elevação do
centro de gravidade durante o salto realizado com contra
movimento em uma plataforma de força, considerada indicadora
da potência muscular do atleta associada à ocorrência do ciclo
alongamento-encurtamento, expresso em cm.
- Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do joelho
(PTCON-EXT)
19
Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos
músculos extensores do joelho na fase concêntrica do
movimento (RODACKI et al., 2002).
Operacional: será determinado como o maior valor de
torque obtido pelos músculos extensores do joelho na fase
concêntrica do movimento de extensão de joelho realizado em
um dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1
.
- Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do joelho
(PTECC-EXT)
Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos
músculos extensores do joelho na fase excêntrica do movimento
(RODACKI et al., 2002).
Operacional: será determinado como o maior valor de
torque obtido pelos músculos extensores do joelho na fase
excêntrica do movimento de extensão de joelho realizado em um
dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1
.
- Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho
(PTCON-FLE)
Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos
músculos flexores do joelho na fase concêntrica do movimento
(RODACKI et al., 2002).
Operacional: será determinado como o maior valor de
torque obtido pelos músculos flexores do joelho na fase
20
concêntrica do movimento de flexão de joelho realizado em um
dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1
.
- Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho
(PTECC-FLE)
Conceitual: o maior valor de torque obtido pelos
músculos flexores do joelho na fase excêntrica do movimento
(RODACKI et al., 2002).
Operacional: será determinado como o maior valor de
torque obtido pelos músculos flexores do joelho na fase
excêntrica do movimento de flexão de joelho realizado em um
dinamômetro isocinético, expresso em N.m-1
.
- Melhor tempo (MT)
Conceitual: o MT pode ser definido como o menor valor
em segundos obtido em cada esforço durante um teste (BAKER;
RASBOTTON; HAZELDINE, 1993).
Operacional: será considerado como o menor tempo de
sprint alcançado durante o maximal shuttle run test (40-m MST),
expresso em segundos.
- Tempo médio (TM)
Conceitual: o TM é o valor médio obtido em segundos
para a realização dos oito sprints durante o maximal shuttle run
test (40-m MST) (BAKER; RASBOTTON; HAZELDINE, 1993).
21
Operacional: o TM será considerado como o a média dos
oito tempos dos sprints tempo realizados durante o maximal
shuttle run test (40-m MST), expresso em segundos.
- Índice de fadiga (IFF)
Conceitual: o IF é a incapacidade de manutenção da
produção de potência ou força durante contrações musculares
repetidas (GIBSON; EDWARDS, 1985).
Operacional: o IFF será calculado por meio da fórmula
IF= (Σ8TEMPOS / MT x 8) x 100 - 100, proposta por Fitzsimons
et al. (1993).
1.6.3 Variáveis moderadoras
- Treinamento técnico.
- Treinamento tático.
1.6.4 Variáveis de controle
- Aquecimento anterior ao treinamento;
- Carga de treinamento;
- Recuperação do treinamento;
- Nível inicial de treinamento;
- Posição que ocupa na quadra;
- Tempo entre avaliações;
- Idade;
22
- Sexo;
- Hidratação.
1.6.5 Variáveis intervenientes
- Massa corporal;
- Fatores psicológicos;
- Fatores nutricionais;
- Fatores genéticos;
- Temperatura ambiente;
- Umidade relativa do ar.
1.7 Delimitação do estudo
Este estudo investigou o efeito dos dois modelos de TIAI
(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) em jogadoras de futsal feminino de elite
das categorias adulto, sub-20 e sub-17 do Estado de Santa
Catarina.
1.8 Limitações do estudo
O número reduzido de participantes e das sessões
aplicadas pode ter limitado os resultados das análises da
estatística inferencial da pesquisa. Adicionalmente, a falta de
controle de algumas variáveis intervenientes, somada ao fato de
o grupo ser composto por atletas de idade variada também pode
23
ter influenciado nos dados encontrados. Por fim, devido ao fato
dos dois modelos possuírem intensidades de corrida distintas, há
a possibilidade de ter existido uma compensação proporcional da
carga externa imposta, ou seja, a maior intensidade de corrida
estabelecida no modelo TIAI7,5x7,5 pode ter sido equilibrada pelo
número de mudança de direção superior presente no modelo
TIAI15x15.
25
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Caracterização fisiológica e neuromuscular do futsal
Atualmente o futsal é gerido pela Federation International
of Football Association (FIFA) e está crescendo em popularidade
por todo o mundo desde o final da década de 1980, sendo
praticado em mais de 100 países nos cinco continentes, de modo
que desde 1989 existe um campeonato mundial que acontece a
cada quatro anos (AMARAL; GARGANTA, 2003; DA COSTA,
2005; CASTAGNA et al., 2009).
O futsal é um esporte coletivo, disputado por duas
equipes com cinco jogadores titulares cada (um goleiro e quatro
de linha) em uma quadra com 40 m de comprimento por 20 m de
largura com duração da partida de 40 minutos cronometrados, o
que normalmente significa um acréscimo de 75 - 85 % de tempo
a mais que o programado, os quais são divididos em dois
períodos de 20 minutos e um intervalo de 10 minutos para
descanso entre eles (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008). Ainda,
por ser uma modalidade em que o número de substituições é
ilimitado, a intensidade de jogo mantido pelo atleta permanece
elevada durante todo o período da partida, devido aos momentos
de recuperação do mesmo durante o descanso, o que se torna
fundamental para a manutenção de uma performance elevada
(BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008; DOGRAMACI; WATSFORD;
MURPHY, 2011).
26
É importante destacar que o deslocamento dos atletas de
futsal durante os jogos é determinado, principalmente, pela
função tática desempenhada, sugerindo que cada atleta possui
níveis de solicitação metabólica específicos, o que resulta em
demandas fisiológicas diferenciadas, determinando o tempo de
permanência em quadra (SOARES; TOURINHO FILHO, 2006;
CASTAGNA et al., 2009). Do mesmo modo, a intensidade
exigida nas partidas dependerá da categoria, nível de
competição, dimensões da quadra e, principalmente, pelo padrão
de jogo adotado pela equipe, obrigando o atleta a realizar
diferentes funções táticas (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).
Em um estudo que objetivou analisar a distância e a
intensidade dos deslocamentos executados durante oito jogos de
futsal válidos pela Copa Capão da Canoa no Rio Grande do Sul,
foi verificado que a média da distância percorrida por partida de
16 jogadores foi de 3.554 metros, sendo que os mesmos
permaneceram 60 % do tempo em intensidade baixa de esforço
(deslocamentos para trás, para os lados e andando), 30,13 % em
intensidade média (trotando) e 9,95 % em intensidade alta
(correndo) (SOARES; TOURINHO FILHO, 2006). Dogramaci,
Watsford e Murphy (2011) verificaram que jogadores de nível
internacional da Equipe Nacional Australiana realizaram um
deslocamento 42 % maior durante as partidas que os de nível
nacional da New South Wales State League (4.277 ± 1.030 m vs.
3.011 ± 999 m, respectivamente). A média da distância total
percorrida por atletas profissionais durante uma partida da Liga
27
de Futsal da Espanha foi de 4.313 ± 2.139 metros, sendo que a
distância relativa consistiu em 117, 3 ± 11,6 m.min-1
(102,7 -
145,4 m.min-1
) (BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008). É importante
ressaltar que nos esportes com substituições ilimitadas, como o
futsal, a distância percorrida por minuto, ou seja, a distância
relativa indica com maior eficiência a intensidade de esforço das
ações executadas pelos atletas e pode ser usada como variável
mais precisa para representar as exigências da competição
(BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).
Pela sua característica intermitente de alta intensidade, o
futsal sob o ponto de vista fisiológico é uma modalidade
equilibrada que depende tanto das variáveis relacionadas tanto
ao metabolismo aeróbio como anaeróbio (BARBERO ÁLVAREZ;
ANDRÍN, 2005; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008; CASTAGNA,
2009). O sistema ATP-CP é a principal fonte de energia para a
realização de esforços máximos e de curta duração (chutes e
cabeceios), enquanto que o metabolismo anaeróbio lático é a via
fundamental nas sequências de situações de transição ataque-
defesa e contra ataques sucessivos e, por sua vez, o
metabolismo aeróbio possui uma participação expressiva durante
o decorrer das partidas em torno de 90 % (BARBERO ÁLVAREZ;
BARBERO ÁLVAREZ, 2003; BARBERO ÁLVAREZ et al., 2008).
Castagna et al. (2009) também constataram que é
indispensável que atletas profissionais possuam valores de
VO2max próximos de 55 mL.kg-1
.min-1
para que consigam suprir
as demandas fisiológicas solicitadas durante as partidas,
28
destacando a importância da potência aeróbia máxima para a
performance no futsal. Adicionalmente, Castagna et al. (2007)
também observaram que em uma partida recreacional houve
uma relação inversa e significante entre o nível de VO2max e
tempo gasto acima de 90 % da FCmax (r = - 0,79, p ≤ 0,01),
sugerindo que atletas de futsal com maior potência aeróbia são
mais econômicos para executar os movimentos requeridos
durante o jogo (BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN; MÉNDEZ-
VILLANUEVA, 2005). Nesse sentido é importante lembrar que a
economia de corrida (EC) pode ser entendida como o VO2
obtido, para uma determinada intensidade submáxima de esforço
(DANIELS, 1985). Além disso, Guglielmo, Greco e Denadai
(2009) observaram que há relação entre as características
neuromusculares e a EC, sendo que Arampatzis et al. (2006)
concluíram que os indivíduos mais econômicos apresentaram
maiores níveis de força contrátil e stiffness muscular.
Segundo Castagna et al. (2009), os atletas permanecem
grande parte do tempo de jogo realizando atividades em alta
intensidade, sendo que em 46 % os valores encontram-se acima
de 80 % do VO2max, enquanto que esse percentual aumenta
para 52 % acima de 90 % da FCmax.
Durante uma partida amistosa de futsal profissional da
Liga Espanhola, a média do VO2 e da FC foram,
respectivamente, 75 % (59 - 92 %) e 90 % (84 - 96 %) dos
valores máximos obtidos pelos jogadores no teste incremental
em esteira rolante. O pico do VO2 e da FC consistiu em 99 % (88
29
- 109 %) e 98 % (90 - 106 %) dos seus valores mais elevados,
respectivamente, enquanto que valor médio de concentração de
lactato sanguíneo foi de 5,3 mmol.L-1 (1,1 - 10,4 mmol.L-1
), que
representou uma intensidade próxima de 80 - 85 % dos valores
máximos (CASTAGNA et al., 2009).
Por meio da análise de movimento de quatro jogos de um
time profissional da Liga Espanhola, Barbero Álvarez et al. (2008)
observaram que a média da FC foi de 173 ± 7 bpm (164 – 181
bpm), o que representou 90 ± 2 % (86 – 93 %) dos valores da
FCmax, sugerindo que os atletas permaneceram 73 % do tempo
da partida realizando ações de intensidade vigorosa.
Adicionalmente, Barbero Álvarez et al. (2008) constataram que o
futsal requer uma demanda cardiovascular elevada que varia de
85 - 90 % da FCmax, e que a modalidade solicita um elevado
componente anaeróbio dos jogadores, visto que os mesmos
exibiram um valor médio de concentração de lactato sanguíneo
de 8,5 ± 2,6 mol.L-1
(4,1 - 12,6 mmol.L-1
) (ÁLVAREZ et al., 2002;
BARBERO ÁLVAREZ; SOTO; GRANDA, 2004). Do mesmo
modo, Castagna et al. (2009) observaram que jogadores
profissionais alcançam níveis elevados de concentração de
lactato sanguíneo, sugerindo que o metabolismo anaeróbio
contribui de forma importante para o fornecimento de energia
durante as partidas.
De maneira semelhante, pesquisas que examinaram a
intensidade de esforço de jogadores profissionais do futsal
brasileiro também verificaram valores elevados de FC. A partir da
30
análise de quatro treinamentos coletivos da equipe titular da
divisão especial do Campeonato Catarinense de Futsal foi
possível constatar que os valores médios de percentual da
FCmax variaram de 71 - 90 % (ARINS; ROSENDO DA SILVA,
2007). Por sua vez, Rodrigues et al. (2011) observaram que
durante 13 partidas da Liga Futsal Nacional os jogadores
mantiveram a média da FC próxima a 86,4 ± 3,8 % da FCmax, o
que correspondeu a 79,2 ± 9,0 % dos valores VO2max.
Pode-se observar que a maioria dos estudos
relacionados à modalidade é direcionada aos atletas do sexo
masculino (BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN, 2005; MEDINA et al.
2002; BARBERO ÁLVAREZ et al. 2008; BARBERO ÁLVAREZ;
VERA; HERMOSO, 2004; GARCIA, 2004; RODRIGUES et al.
2011). Adicionalmente, Martin-Silva et al. (2005) ressaltaram que
há um número muito restrito de pesquisas que tiveram como
objetivo avaliar a intensidade de jogos oficiais de futsal feminino.
Miles et al. (1993) verificaram que em um jogo simulado de futsal
feminino o valor médio de FC foi de 171 ± 17 bpm (85,7 % da
FCmax). Martin-Silva et al. (2005) indicaram que a FC média
observada em dois jogos oficiais de futsal feminino da categoria
adulto consistiu de 178 ± 9 bpm e 170 ± 30 bpm (89 ± 3% e 86 ±
13 % da FCmax), representando uma intensidade de 82 % e 78
% dos valores de VO2max, respectivamente. Por sua vez, a
intensidade de esforço de dois jogos simulados de uma equipe
que participa da Liga Futsal Feminina que é organizada pela
Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) foi de 90,6% ± 3,6 da
31
FCmax obtida no FIET, sendo que a FC média obtida no jogo 1
consistiu de 179 ± 12 bpm, enquanto que no jogo 2 de 180 ± 12
bpm e, por fim, as FCmax foram de 195 ± 8 bpm no primeiro
jogo e 195 ± 9 bpm no segundo (DA SILVA; FERNANDES DA
SILVA, 2012).
Além dos aspectos fisiológicos, é imprescindível que o
atleta possua elevados níveis de potência muscular para
desempenhar as ações exigidas durante as partidas de futsal,
como as inúmeras mudanças de direção com as constantes
acelerações e desacelerações (GOROSTIAGA et al., 2009).
Ferreira et al. (2009) afirmaram que essa qualidade física é um
dos atributos considerados indispensáveis para a performance
no futsal. A potência muscular pode ser definida como a
capacidade do sistema neuromuscular de produzir potência
durante o exercício máximo quando a produção de energia é
elevada e, assim, a capacidade de contração muscular pode ser
limitada (PAAVOLAINEN; NUMMELA; RUSKO, 1999). O
conceito de potência (produto da força que um segmento
corporal pode produzir pela velocidade do mesmo) é
determinado pela relação hiperbólica força-velocidade proposta
por Hill em 1938, a qual ilustra que quanto mais elevada a carga
a ser vencida, maior será a força realizada pelo componente
contrátil e menor será a velocidade de encurtamento muscular,
sendo que o ponto mais elevado dessa sequência corresponde à
força máxima isométrica (CARVALHO; CARVALHO, 2006). Os
mesmos autores ainda destacaram a relevância da combinação
32
ideal entre força e velocidade para o planejamento do
treinamento de potência.
Além disso, é necessário que o atleta possua a
habilidade de resistir à fadiga, que é a incapacidade de
manutenção da produção de potência ou força durante
contrações musculares repetidas (GIBSON; EDWARDS, 1985),
para ser capaz de manter a performance máxima durante a sua
permanência em quadra (MEDINA et al., 2002; EVANS;
LAMBERT, 2007; GOROSTIAGA et al., 2009). Desse modo,
devido às demandas elevadas do sistema ATP-CP junto à falta
de uma recuperação completa que possibilite a restauração
completa das reservas de energia, a fadiga torna-se um fator
decisivo na execução de esforços máximos e intermitentes.
Fitzsimons et al. (1993) ressaltaram que os atletas capazes de
manter níveis elevados de velocidade máxima tendem a
apresentar melhor performance nos jogos, devido a um menor
índice de fadiga. Lembrando que a velocidade de corrida que o
jogador pode alcançar possui papel essencial para a manutenção
do seu nível máximo de performance durante a sua permanência
em quadra, visto que a mesma pode ser determinante nos
momentos decisivos das partidas (GOROSTIAGA et al., 2005).
Os saltos verticais squat jump (SJ) e counter movement
jump (CMJ) são índices válidos e de grande confiabilidade para
estimar os níveis de potência muscular de membros inferiores
(MARKOVIC et al., 2004). O CMJ representa os níveis de força
explosiva exercida, a capacidade de recrutamento neural e a
33
reutilização da energia elástica, enquanto que o SJ mensura a
potência muscular utilizando somente a fase concêntrica do
movimento, que reflete a habilidade de recrutamento neural do
atleta (BOSCO, 1999).
Almeida e Rogatto (2007) observaram que, após
aplicação de quatro semanas de treinamento pliométrico (oito
sessões) houve melhora na impulsão horizontal de atletas de
futsal feminino, afirmando que estes resultados foram alcançados
devido ao aprimoramento da potência muscular. Ainda, Thomas,
French e Hayes (2009) com o objetivo de comparar o efeito de
dois modelos de treinamento pliométrico baseados no drop jump
e no CMJ na potência muscular em 12 jogadores jovens de
futebol, encontraram desenvolvimento dessa qualidade física a
partir do CMJ após seis semanas. Gorostiaga et al. (2009), com
o objetivo de comparar os valores de indicadores fisiológicos e
neuromusculares de jogadores de futsal com de futebol,
encontraram relações significativas entre o salto vertical CMJ e a
produção de força concêntrica obtida durante a extensão do
joelho em aparelho isocinético com a performance nos sprints de
5 metros e 15 metros, demonstrando a importância da potência
muscular para as duas modalidades. Do mesmo modo,
Gorostiaga et al. (2005), após a aplicação de 11 semanas de
treinamento de força explosiva (baseado no CMJ) com grupo de
jogadores jovens de futebol, encontraram correlações
significantes entre as mudanças na produção de força
concêntrica mensurada em aparelho isocinético e as velocidades
34
de sprint no final de 5 metros e 15 metros, sugerindo que a
potência muscular pode auxiliar na performance de corridas em
velocidade máxima.
O entendimento sobre as possíveis modificações das
variáveis neuromusculares que podem determinar a produção
máxima de potência poderá servir de referência para auxiliar os
preparadores físicos na elaboração de um programa de
treinamento adequado para a otimização da performance dos
jogadores de futsal. Porém, os efeitos particulares de programas
sobre as possíveis modificações nas variáveis neuromusculares
que determinam a produção de potência muscular ainda é tema
de discussão. Desse modo, a avaliação dos efeitos do
treinamento pode ser realizada por meio da análise das
mudanças nos valores de variáveis neuromusculares específicas
que podem provocar possíveis alterações nos níveis de produção
de potência muscular.
2.2 Treinamento intervalado de alta intensidade no futsal
Para ocupar os espaços da quadra nas diferentes
circunstâncias das partidas, os jogadores modificam
constantemente a distância, a velocidade e o sentido de corrida
em cada ação efetuada (ARINS; ROSENDO DA SILVA, 2007;
RODRIGES et al., 2011). Barbero Álvarez et al. (2008) afirmaram
que a razão esforço-pausa no futsal é de 1:1, sendo que o
esforço significa a distância percorrida em intensidade de corrida
35
média (10,9 km.h-1
- 18,0 km.h-1
), elevada (18,1 km.h-1
- 25,0
km.h-1
) ou máxima (> 25,1 km.h-1
) e repouso denota que o
jogador encontra-se quase parado (0 km.h-1
- 0,36 km.h-1
),
caminhando (0,37 km.h-1
- 3,6 km.h-1
) ou em intensidade de
corrida baixa (3,7 km.h-1
- 10,8 km.h-1
).
Castagna et al. (2009) demonstraram que durante as
partidas de futsal acontecem sequências de corridas curtas em
velocidade máxima com mudança de direção (3 – 4),
intervaladas por períodos de recuperação muito curtos (20 - 30
segundos) realizado em menor intensidade (< 12 km.h-1
). Desse
modo, a exigência constante de esforços máximos de forma
intermitente e com pausas ativas e passivas de duração variável
não permite uma recuperação completa do atleta, exigindo a
participação constante dos processos aeróbios e anaeróbios
durante toda a partida (BARBERO ÁLVAREZ; BARBERO
ÁLVAREZ, 2003). Dogramaci e Watsford (2006) observaram que
durante 26 % do tempo total de uma partida os jogadores de
futsal executam ações de alta intensidade, na qual o padrão de
movimento se modifica a cada 3,28 segundos. Por sua vez,
Barbero Álvarez, Granda Vera e Hermoso (2004) demonstraram
que são efetivadas 8,6 atividades por minuto de jogo, sendo que
a cada 23 segundos um esforço é realizado em intensidade
elevada.
De acordo com , Bishop e Dawson (2005), a maior parte
dos momentos decisivos em uma partida de futsal é precedida
por corridas rápidas e de intensidade elevada (10 - 30 metros ou
36
2 - 4 segundos),
destacando a importância do treinamento
intervalado de alta intensidade na modalidade. Por sua vez, dos
121 m.min-1
(105 – 137 m.min-1
) que os jogadores percorrem
durante uma partida, 5 % (1 – 11 %) são de sprints (> 18,3 km.h-
1) e 12 % (3,8 – 19,5 %) de corrida em intensidade elevada
(>15,5 km.h-1
) (CASTAGNA et al., 2009). Adicionalmente, os
mesmos autores afirmaram que em cada período do jogo os
atletas executam 26,4 (13 – 39) corridas com mudança de
direção em alta intensidade (>15,5 km.h-1
), dos quais 7,2 (1,5 –
12,9) são sprints (> 18,3 km.h-1
) que se repetem a cada 79
segundos.
Barbero Álvarez e Barbero Álvarez (2003) observaram
que a habilidade de realizar exercícios intermitentes de alta
intensidade é um fator decisivo da performance no futsal. Porém,
estudos demonstraram que o rendimento alcançado depende da
duração dos períodos de recuperação (SALTIN et al., 1992;
GAITANOS et al., 1993; BANGSBO, 1994) e da atividade
realizada durante a mesma (DORADO GARCIA et al., 1999).
Assim, Bogdanis et al. (1996) e Tomlin e Wenger (2001)
concluíram que valores elevados de VO2max podem ser
determinantes na capacidade de recuperar a energia entre os
exercícios intermitentes de alta intensidade, sendo capaz de
discriminar diferentes níveis competitivos de atletas profissionais
de futsal (BARBERO ÁLVAREZ; D’OTTAVIO; CASTAGNA, 2006,
CASTAGNA et al., 2009), destacando a importância da potência
aeróbia máxima para a performance nessa modalidade. Nesse
37
contexto, o treinamento intermitente de alta intensidade possui
como objetivo principal melhorar o VO2max dos jogadores
(BILLAT; HAMARD; KORALSZTEIN, 2002), permitindo que os
mesmos consigam realizar esforços por períodos mais longos em
comparação com o treinamento contínuo executado na mesma
intensidade, devido a maior ressíntese de fosfocreatina e ao
menor acúmulo de lactato, os quais são parcialmente
metabolizados durante os períodos de recuperação (BALSOM,
1992; BARBERO ÁLVAREZ; BARBERO ÁLVAREZ, 2003).
Assim, é possível afirmar que o treinamento intervalado
intensivo realizado com estímulos com duração de um a quatro
minutos de duração na intensidade de 85 - 100 % do VO2max
(BILLAT et al., 2001a), que possui períodos de recuperação
semelhantes ao tempo de esforço parece ser um modelo válido
para ser adotado por preparadores físicos de modalidades
intermitentes, como o futsal.
Esse modelo de treinamento contribui para o
desenvolvimento aeróbio em períodos relativamente breves de
tempo, pois proporciona ganhos relacionados às adaptações
centrais (aumento do volume sistólico que gera uma elevação no
débito cardíaco e consequentemente nos valores de VO2max) e
periféricas (melhora da capacidade de trabalho para produzir e
utilizar ATP) (MIDGLEY et al., 2006). Os mesmos autores
sugeriram que o treinamento realizado próximo ou na intensidade
do VO2max pode provocar tensão máxima sobre os processos
fisiológicos que limitam este índice, proporcionando o estímulo
38
ideal para a adaptação do indivíduo (MIDGLEY et al., 2006).
Desse modo, foi observado que em indivíduos treinados, a
sobrecarga atingem os valores máximos de intensidade de
exercício associados com o alcance do VO2max (GLEDHILL;
COX; JAMNIK, 1994; ZHOU et al., 2001). Essa sobrecarga
mecânica é o principal estímulo para a adaptação do miocárdio
associado com o aumento do volume sistólico, o que corrobora a
utilização do treinamento intervalado intensivo para a melhora da
performance de jogadores de futsal. Dellal et al. (2010) relataram
que o treinamento intermitente solicita o uso do metabolismo
aeróbio e anaeróbio de fornecimento de energia, possibilitando a
melhora da capacidade oxidativa das enzimas, do tempo de
reação e ainda estimulando as adaptações neuromusculares.
Edge, Bishop e Goodman (2006) observaram que,
enquanto o treinamento intervalado realizado acima do segundo
limiar de transição fisiológica (LTF2: 120 – 140 %) resultou em
um aumento de 25 % na capacidade de tamponamento muscular
de mulheres praticantes de modalidades coletivas (futebol,
basquetebol, hóquei), enquanto que o treinamento contínuo
executado abaixo do LTF2 (80 – 95 %) promoveu um aumento
de apenas 2 %, sugerindo que a intensidade do treinamento
pode ser considerada um importante estímulo para a melhora da
capacidade de tamponamento muscular. Nesse sentido, é
necessário lembrar que a melhoria deste mecanismo provoca o
atraso no acúmulo de íons hidrogênio (H+), o qual pode reduzir a
performance, pois prejudica a percepção de esforço, a regulação
39
iônica, a atividade enzimática e o funcionamento das proteínas
contráteis durante as ações musculares (EDGE; BISHOP;
GOODMAN, 2006).
Por sua vez, Helgerud et al. (2001) verificaram que o
treinamento intervalado de alta intensidade (quatro repetições de
quatro minutos a 90 – 95 % da FCmax por três minutos de
recuperação a 50 - 60 % da FCmax), realizado durante oito
semanas (2 vezes por semana), proporcionou o aumento
significativo do VO2max (10,8 %), do segundo limiar de transição
fisiológica (16 %) e da EC (6,7 %) em nove jogadores juniores de
futebol de duas equipes de elite da Noruega, resultando na
melhora tanto capacidade como da potência aeróbia. No mesmo
estudo também foi constatado, por meio da análise do
movimento, que a média da distância percorrida durante a
partida aumentou em 20 %, enquanto que o número de sprints
realizados dobrou e, ainda, que a quantidade de envolvimentos
com a bola teve um acréscimo de 24,1 %. Corroborando esses
achados, Impellizzeri et al. (2006) demonstraram que, após a
aplicação do mesmo modo de treinamento intervalado de alta
intensidade de corrida realizado antes do início da temporada
competitiva com 15 jogadores juniores de dois clubes de futebol
profissional da Itália, o valor médio de VO2max aumentou em 7
%, a velocidade no segundo limiar de transição fisiológica em 10
% e a EC em 2 %. Do mesmo modo, McMillan et al. (2005)
também aplicaram um treinamento intervalado na intensidade de
90 – 95 % da FCmax durante 10 semanas (duas vezes por
40
semana), porém adicionando bola no circuito que os jogadores
deveriam realizar, e observaram os valores de VO2max dos
mesmos aumentaram 9 %.
Recentemente, foi realizado um estudo piloto com 18
atletas da atual vice-campeã da Liga Futsal Feminina organizada
pela CBFS (Carminatti e Arins (2012), dados não publicados). A
equipe foi dividida em dois grupos para realização de dois
modelos de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI)
como descrito na sequência. Os dois modelos consistiram de
quatro séries de aproximadamente quatro minutos de esforço por
três minutos de recuperação passiva entre elas, com uma
relação esforço:pausa de 1:1 (TIAI7,5x7,5 = 7,5:7,5 segundos;
TIAI15x15 = 15:15 segundos), sendo que tiveram as distâncias de
corrida (3,75 segundos de tempo entre cada sinal sonoro)
individualizadas pelo pico de velocidade obtido no FIET (PVFIET =
15,1 ± 8,0 km.h-1
). Com base nos dados desse piloto, observou-
se que a média de valores de FC do grupo que realizou uma
sessão de treinamento no modelo TIAI7,5x7,5 foi de 194 ± 8 bpm
(97,3 ± 3,0 % da FCmax), enquanto que o grupo que executou a
sessão no modelo TIAI15x15 foi de 191 ± 6 bpm (95,6 ± 2,0 % da
FCmax). Neste sentido, destaca-se que na execução da sessão
dos dois modelos de TIAI descrita no presente estudo, os quais
foram desenvolvidos por Carminatti (2014), as atletas não
somente atingiram como ultrapassaram a zona alvo de
intensidade de esforço de 90 – 95 % da FCmax proposta por
Helgerud et al. (2001), indicando a importância desta pesquisa
41
para o aprimoramento das variáveis determinantes da
performance no futsal.
É importante destacar que as respostas fisiológicas do
treinamento intervalado de alta intensidade realizado em linha
reta já são conhecidas (BILLAT; HAMARD; KORALZTEIN, 2002;
DELLAL, 2008), porém as possíveis diferenças causadas devido
às mudanças de direção, que são fundamentais para o padrão
de movimentação no futsal, ainda não estão esclarecidas
(DELLAL et al., 2010), especialmente no que concerne a
preparação de atletas dessa modalidade. Quando comparado à
corrida em linha reta, as mudanças de direção podem influenciar
na musculatura envolvida, afetando assim o consumo de energia,
o que resulta em respostas fisiológicas mais expressivas
(DELLAL; GROSGEORGE, 2006). Um estudo que visou
comparar as respostas fisiológicas obtidas por 10 jogadores
amadores de futebol durante a realização do exercício
intervalado de alta intensidade em linha reta e o executado com
mudança de direção de 180º verificou que os valores de
concentração de lactato sanguíneo e de PSE dos mesmos foram
significativamente maiores no último modelo (DELLAL et al.;
2010).
Apesar da importância que o treinamento intervalado de
alta intensidade possui para a performance de jogadores de
futsal, não foram encontrados estudos que analisaram seus
efeitos na modalidade em questão e, ainda, ao nosso
conhecimento, nenhum trabalho verificou quais as possíveis
42
diferenças que podem ser observadas nas adaptações
fisiológicas relacionadas com as corridas executadas com
mudanças de direção de 180º nesses atletas.
2.3 Futsal Intermittent Endurance Test (FIET) e pico de
velocidade (PV)
É possível constatar o grande interesse por parte dos
pesquisadores sobre a utilização de índices fisiológicos para a
prescrição da intensidade e controle dos efeitos do treinamento
que visam a melhora da performance de esportistas de alto nível
(BILLAT et al., 1999; PAAVOLAINEN et al., 1999), destacando-
se o aumento considerável do uso de testes de laboratório e
campo nas últimas décadas para este fim (IMPELLIZZERI;
MARCORA, 2009; FERNADES DA SILVA et al., 2011).
Porém, apesar das avaliações realizadas em laboratório
fornecerem dados valiosos sobre a performance e as
características fisiológicas de atletas (NOAKES, 1988; BILLAT et
al., 1999), normalmente não possuem validade ecológica, sendo
incapazes de reproduzir os padrões de movimentos específicos
associados as modalidades intermitentes (FERNANDES DA
SILVA et al., 2011). Adicionalmente, tais protocolos não
envolvem qualquer ação muscular excêntrica, como as
mudanças de direção, que ocorrem constantemente durante
esses esportes (CURREL; JEUKENDRUP, 2008), incluindo o
futsal. Desse modo, para superar algumas deficiências
43
apontadas sobre os testes de laboratório, foram desenvolvidos
protocolos de campo mais específicos que possuem a finalidade
de refletir de forma mais apropriada o caráter intermitente dessas
modalidades (LEGÉR; LAMBERT, 1982; BANGSBO, 1994;
CARMINATTI; LIMA-SILVA; DE-OLIVEIRA, 2004; BUCHHEIT,
2008). Segundo Fernandes da Silva et al. (2011), os testes
compostos por multi-estágios têm sido amplamente utilizados
para estudar as respostas fisiológicas do exercício intermitente
que envolve mudanças de direção, como o futsal. Esses
protocolos objetivam reproduzir o padrão de movimento
executados nos esportes coletivos, permitindo a avaliação
simultânea de um grande número de atletas por um custo
financeiro mínimo (AHAMAIDI et al., 1992; KRUSTRUP et al.,
2003).
O teste progressivo intermitente de campo de 20 metros
(SHT20) de Léger et al. (1982), é um teste incremental máximo,
do tipo intermitente escalonado, composto de multi-estágios de
60 segundos de duração em sistema vai e vem (shuttle run),
constituído de um número de repetições variadas de corrida. O
ritmo é ditado por um sinal sonoro, com intervalos regulares, que
determinam a velocidade de corrida a ser desenvolvida nos
deslocamentos entre as linhas paralelas demarcadas no solo e
também sinalizadas por cones em distância fixa de 20 metros. A
velocidade inicial do teste é de 8,5 km·h-1
com incrementos de
0,5 km·h-1
a cada estágio até a exaustão voluntária, mediante
diminuições sucessivas de tempo entre os sinais sonoros. O
44
SHT20 fornece dados de potência (estimativa do VO2max; PV) e
capacidade (ponto de deflexão da FC (PDFC)) aeróbia.
Outro protocolo reportado na literatura é o Yo-Yo Tests
(YY), proposto por Bangsbo (1994), que possuí três versões
diferentes. O Yo-Yo endurance (YYE) é usado para avaliar a
capacidade de correr continuamente durante um longo período
de tempo no modo de “shuttle run” na distância fixa de 20
metros. Este modelo apresenta dois níveis de acordo com a
condição física do avaliado, sendo que no 1 (YYE1) a velocidade
inicial é de 8,0 km.h-1
, enquanto que no 2 (YYE2) a velocidade
inicial é de 11,5 km.h-1
, com um acréscimo de 0,5 km.h-1
a cada
minuto para ambos. O Yo-Yo intermittent endurance (YYIE) foi
preconizado para avaliação da capacidade do indivíduo de
executar atividades intermitentes no sistema de shuttle run, por
períodos prolongados de tempo na distância fixa de 20 metros,
sendo que a cada 40 metros (2 x 20 metros) percorridos há uma
pausa de cinco segundos para recuperação. Também possui
dois níveis, com velocidades iniciais de 8,0 km.h-1
(nível 1) e 11,5
km.h-1
(nível 2). Já a versão mais apresentada na literatura é Yo-
Yo intermittent recovery (YYIR), que exibe como principal
característica a adoção de pausas de 10 segundos a cada 40
metros (2 x 20 metros), com a velocidade inicial de 10,0 km.h-1
no nível 1 (YYIR1) e velocidade inicial de 13,0 km.h-1
no nível 2
(YYIR2). O YY fornece como principal resultado o valor da
distância total percorrida no teste, que pode ser usado para
comparação com referência a performance em jogo.
45
Por sua vez, Carminatti, Lima-Silva e De-Oliveira (2004)
desenvolveram o teste incremental de corrida intermitente (T-
CAR), que é um teste máximo, do tipo intermitente escalonado,
com multi-estágios de 90 segundos de duração em sistema “ida-
e-volta”, constituído de cinco repetições de 12 segundos de
corrida (distância variável), intercaladas por seis segundos de
caminhada (5 metros). O ritmo é ditado por um sinal sonoro (bip),
em intervalos regulares de seis segundos, que determinam a
velocidade de corrida a ser desenvolvida nos deslocamentos
entre as linhas paralelas demarcadas no solo e também
sinalizadas por cones. O teste inicia com velocidade de 9,0 km·h-
1 (distância inicial de 15 metros) com incrementos de 0,6 km·h
-1 a
cada estágio até a exaustão voluntária, mediante aumentos
sucessivos de um metro a partir da distância inicial. A partir do
TCAR é possível identificar variáveis relacionadas à potência
(PVTCAR) e à capacidade (PDFC; percentual fixo de 80,4 do
PVTCAR [80.4%PV]) aeróbia (CARMINATTI; LIMA-SILVA; DE-
OLIVEIRA, 2004).
Buchheit (2008) propôs o Intermittent Fitness Test (30-
15IFT), que consiste de 30 segundos de corrida no sistema shuttle
run, intercaladas por de 15 segundos de recuperação passiva,
com velocidade inicial de 8 km.h-1
nos primeiros 30 segundos de
corrida e aumentos de 0,5 km.h-1
a cada 45 segundos seguintes.
O 30-15IFT fornece a velocidade máxima de corrida (MRS)
realizada de forma intermitente, a qual pode ser considerada
uma variável precisa para discriminar o perfil fisiológico do atleta,
46
servindo como referência para padronização das sessões
individualizadas de treinamento intervalado (85 % -100 % do PV).
Recentemente, Castagna e Barbero Álvarez (2010)
propuseram um teste específico, intitulado Futsal Intermitente
Endurance Test (FIET) de campo intermitente de alta intensidade
baseado na análise do movimento de 10 partidas de futsal da
Liga Profissional Espanhola. Segundo Barbero Álvarez e Andrín
(2005), até mesmo dados como tempo de esforço, considerando
ataque e defesa (8,9 ± 1,1 s; 7,5 s – 11,2 s) e tempo e pausa
(12,2 ± 1,3 s; 10,8 s – 14,4 s), o que indica uma relação de
esforço:pausa de 1:1,4, foram levados em consideração para o
desenvolvimento dos FIET.
O índice de correlação intraclasse (ICC) e o coeficiente
de variação (CV) do protocolo FIET foi reportado em 0,95 e 3,9
%, respectivamente (CASTAGNA, et al., 2009). O FIET consiste
de corridas shuttle running de 45 metros (3 x 15 metros), os
quais são intercaladas por 10 segundos de recuperação ativa,
sendo que há um período maior de 30 segundos de pausa após
cada bloco de oito repetições (8 x 45 metros). A velocidade inicial
do teste é de 9 km.h-1
, com incrementos de 0,33 km.h-1
durante
as nove (9 x 45 metros) primeiras voltas, mudando na sequência
para 0,20 km.h-1
a cada 45 metros até a exaustão do atleta. Esse
estudo de Castagna e Barbero Álvarez (2010) destacou a
importância da solicitação dos sistemas aeróbio e anaeróbio de
fornecimento de energia dos atletas durante a execução do teste,
assim como ocorre nas partidas de futsal.
47
Durante o FIET, os jogadores atingiram um VO2 pico
(61,6 ± 4,6 mL.kg-1
.min-1
), que correspondeu a 95 % dos seus
valores máximos obtido no teste incremental em esteira rolante
(TIER), enquanto que os valores de FCpico não apresentaram
diferenças significantes entre os testes (TIER = 193 ± 8 bpm vs.
FIET = 191 ± 7 bpm) (CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010),
demonstrando que há um envolvimento predominante da via
aeróbia (KRUSTRUP et al., 2006). Esses achados são uma
informação muito valiosa, pois estudos têm demonstrado que o
treinamento intervalado na intensidade referente à zona alvo da
FC de 90 – 95 % da FCmax é uma ferramenta eficiente para
aumentar a capacidade e a potência aeróbia de atletas de
modalidades coletivas e intermitentes (futsal) em um curto prazo
de tempo (HELGERUD et al., 2001; IMPELLIZZERI et al. 2006).
É importante destacar que outros mecanismos
fisiológicos podem contribuir para a performance no FIET, como
a habilidade para executar as mudanças de direção solicitadas,
juntamente com a capacidade de resistir às elevadas
intensidades de corrida, refletida pela capacidade anaeróbia do
atleta (CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ, 2010). Pode-se
sugerir ainda, que a performance no FIET exige uma grande
participação do sistema neuromuscular do jogador, visto que o
protocolo envolve corridas com mudanças de direção em alta
intensidade realizadas em uma distância curta (15 metros)
(WISLOFF et al., 2004; BARNES et al., 2007), indicando que a
mesma pode ser influenciada também pela fadiga periférica
48
(MOHR, KRUSTRUP; BANGSBO, 2005). Além disso, Barbero
Álvarez, Miladi e Ahmaidi (2006) observaram que houve uma
relação significante (r = 72; p = 0,029) entre a performance de 15
jogadores profissionais de futsal no FIET com um teste para
verificar a habilidade de realizar sprints repetidos (RSA = 8 x 25
metros com 25 segundos de recuperação ativa), evidenciando
indiretamente que os mecanismos fisiológicos (fadiga temporária
e/ou acumulada) que contribuem para a interrupção no FIET são
similares aos que causam o término no teste de sprints repetidos
(KRUSTRUP et al., 2006). Adicionalmente, Castagna e Barbero
Álvarez (2010) demostraram que, mesmo com 47 % do tempo de
teste sendo utilizado para períodos de recuperação, o FIET pode
ser considerado um protocolo de campo que ressalta a utilização
da via anaeróbia (pico de lactato sanguíneo = 12,6 ± 2,3
mmol.L-1
), mostrando que este metabolismo desempenha um
papel importante para o aparecimento da fadiga no teste.
Com base nas informações citadas, pode-se concluir que
o FIET é um teste de campo peculiar para avaliar a performance
de jogadores de futsal, visto que o mesmo fornece dados
relevantes sobre as características fisiológicas indispensáveis
para a realização de exercício intermitente em intensidade
elevada de acordo com as necessidades da modalidade
(BARBERO ÁLVAREZ; ANDRÍN, 2005; BARBERO ÁLVAREZ;
MILADI; AHMAIDI, 2006; CASTAGNA; BARBERO ÁLVAREZ,
2010). Nesse sentido, Carminatti (2014) propôs a determinação
da intensidade relativa ao PVFIET em protocolos específicos que
49
possam reproduzir os gestos motores realizados na modalidade
específica, dentre os quais se destaca o FIET. O mesmo autor
realizou um estudo piloto em 2012 (dados não publicados) com
uma equipe que participa da Liga Feminina de Futsal organizada
pela CBFS. As atletas (n = 18) foram divididas em dois grupos
para realização dos dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15)
que foram propostos por Carminatti (2014), sendo que as
mesmas tiveram que percorrer distâncias individualizadas pelo
PV obtido no FIET (PVFIET = 15,1 ± 8,0 km.h-1
; 13,6 – 16,4 km.h
-
1). Com base nos dados deste estudo, observou-se que a média
de valores de FC do grupo que realizou uma sessão de
treinamento no modelo TIAI7,5x7,5 foi de 194 ± 8 bpm (97,3 ± 3,0
% da FCmax-FIET), enquanto que o grupo que executou a sessão
no modelo TIAI15x15 foi de 191 ± 6 bpm (95,6 ± 2,0 % da
FCmax-FIET). Neste sentido, destaca-se que na execução da
sessão dos dois modelos de TIAI as atletas não somente
atingiram como ultrapassaram a zona alvo de intensidade de
esforço de 90 – 95 % da FCmax-FIET, indicando a importância
desses modelos treinamento para o aprimoramento da
performance durante as partidas no futsal.
Castagna e Barbero Álvarez (2010) verificaram que
evidências de validade de critério do PVFIET para estimativa da
velocidade aeróbia máxima (VAM) indicam que essa variável
pode ser usada para avaliar e monitorar a aptidão aeróbia de
jogadores de futsal. Adicionalmente, Carminatti (2014), observou
que PVFIET pode servir de referência para a prescrição de
50
treinamentos para o desenvolvimento da potência aeróbia de
atletas de futsal.
O PV pode ser definido como é a máxima velocidade de
corrida encontrada em testes progressivos de laboratório ou de
campo, com ou sem correções (NOAKES, 1988). Ainda não são
totalmente conhecidos os fatores determinantes do PV, porém
Noakes, Myburgh e Schall (1990) afirmam que, provavelmente,
não está relacionado à capacidade máxima de utilização
muscular de oxigênio. Em uma revisão clássica Noakes (1988)
sugere que o mesmo pode ser determinado pela capacidade
muscular de gerar força (aproveitamento dos componentes
contráteis e elásticos nos micro mecanismos de contração) e
adaptações respiratórias periféricas.
Medina et al. (2002) constataram que a potência aeróbia
é um requisito básico para obter uma alta capacidade de
rendimento no futsal, afirmando que quanto mais desenvolvida
esteja, de forma mais econômica se efetuará a síntese dos
fosfatos de alta energia (ATP-CP), que representam as fontes
energéticas mais decisivas para as modalidades intermitentes.
Galotti e Carminatti (2008) observaram que, quando comparado
ao VO2max, o PV, definido como a velocidade atingida no último
estágio de um teste progressivo, com ou sem correções
(BERTHOIN et al., 1996; DE-OLIVEIRA, 2004), é um índice que
apresenta maior sensibilidade frente as variações induzidas pelo
treinamento na capacidade de utilização do sistema aeróbio
durante o esforço, demonstrando-se como alternativa válida de
51
predição da potência aeróbia máxima (DE-OLIVEIRA, 2004;
GALOTTI; CARMINATTI, 2008).
É importante lembrar que o PV é um índice de fácil
determinação que não necessita de técnicas invasivas e
equipamentos sofisticados, sendo capaz de avaliar
conjuntamente os sistemas aeróbios e anaeróbios de
fornecimento de energia (NOAKES, 1988). Esta variável
encontra-se relacionada com a intensidade correspondente ao
VO2max, porém parece ser influenciada em maior proporção que
a velocidade relativa ao VO2max pela capacidade anaeróbia,
potência muscular e habilidade neuromuscular de correr em
velocidades elevadas (JONES; CARTER, 2000), tornando-o uma
alternativa válida para a prescrição de intensidades de
treinamento no futsal (DITTRICH et al., 2011).
53
3. MATERIAIS E MÉTODO
3.1 Modelo do estudo
O presente estudo pode ser caracterizado quanto à
natureza como aplicado, quanto à abordagem do problema como
quantitativo e quanto aos objetivos como experimental (SILVA et
al., 2011). Segundo Campbell e Stanley (1979), quanto ao design
pode ser classificado como pré-experimental, no qual um grupo é
submetido a um protocolo (tratamento) e o controle dos efeitos é
realizado por meio de um teste antes da experiência (pré-teste) e
um teste ao final (pós-teste).
Para definição do delineamento pré-experimental foram
controlados os fatores de interveniência na validade interna, que
permite concluir que as prováveis diferenças ocorreram devido
aos treinamentos aplicados e externa, que pode indicar a
possível generalização dos resultados (KARASIAK et al., 2011).
Em relação à validade interna foram controlados os
fatores que provêm da experiência, como destacados a seguir: 1)
Testagem, onde as jogadoras receberam instruções e estímulos
verbais semelhantes dos mesmos avaliadores em todo o período
de coletas (pré e pós-treinamento) e 2) Expectativa, em que
durante o tempo total da pesquisa foram fornecidos estímulos
verbais padronizados para cada atleta, os quais foram realizados
pelos mesmos avaliadores. Como não foi possível controlar a
história, o delineamento do estudo foi caracterizado como pré-
54
experimental. Adicionalmente, foram controlados os fatores de
distorção que provêm dos participantes, como descritos na
sequência, 1) Seleção diferencial: para execução de cada
protocolo de treinamento intervalado de alta intensidade
(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) a equipe foi dividida em dois subgrupos
de 10 jogadoras cada com nível homogêneo no estado físico; 2)
Processo de maturação: no qual o período de seis semanas pré-
estabelecido para a intervenção anula este fator de distorção; 3)
Regressão estatística, onde o fato do grupo apresentar um nível
homogêneo de estado de treinamento técnico, tático e físico
minimizará esta distorção; 4) Perda experimental: participaram
inicialmente da pesquisa 20 atletas, porém durante o período da
intervenção, três atletas do modelo TIAI7,5x7,5 e uma do TIAI15x15
foram cortadas do estudo por motivo de lesão ou saída da
equipe, resultando em um número final de 16 atletas (TIAI7,5x7,5; n
= 7 vs. TIAI15x15; n = 9); 5) Instrumentação: os mesmos
instrumentos de medidas foram usados no pré e pós-testes e,
adicionalmente, os mesmos avaliadores conduziram todo o
período de estudo.
Quanto à validade externa, foram monitorados os
seguintes fatores: 1) Efeitos da tendência de seleção: foram
selecionadas atletas de futsal experientes na modalidade de uma
equipe da elite nacional que não possuíam lesão; 2) Efeitos
relativos aos procedimentos experimentais: nas avaliações de
laboratório foi realizada uma familiarização com os
procedimentos e equipamentos, enquanto que os testes de
55
campo já possuem maior especificidade, 3) Interferência do
tratamento múltiplo: as jogadoras foram submetidas a
tratamentos semelhantes durante o período de intervenção,
minimizando as possíveis interferências.
3.2 Participantes do estudo
Participaram inicialmente da pesquisa 20 atletas de futsal
de elite do sexo feminino pertencentes às categorias adulto, sub-
20 e sub-17 (16 - 23 anos de idade), as quais treinavam
regularmente cinco dias por semana em dois períodos (manhã e
tarde). Durante a intervenção, três jogadoras do modelo TIAI7,5x7,5
e uma do TIAI15x15 saíram do estudo por motivo de lesão ou
desligamento da equipe, resultando em um número final de 16
(idade = 19,2 ± 2,0 anos; estatura = 161,5 ± 4,6 cm; massa
corporal = 58,7 ± 8,0 kg; gordura corporal = 18,8 ± 4,9 %). Assim,
restaram sete jogadoras no TIAI7,5x7,5 (idade = 18,1 ± 1,8 anos;
massa corporal = 62,8 ± 8,4 kg; estatura = 160,4 ± 4,0 cm;
gordura corporal = 20,6 ± 4,7 %) e nove jogadoras no TIAI15x15
(idade = 18,7 ± 2,2 anos; massa corporal = 55,7 ± 6,5 kg;
estatura = 162,4 ± 5,1 cm; gordura corporal = 17,5 ± 5,0 %).
Em relação à divisão das atletas por categorias o modelo
TIAI7,5x7,5 foi composto por uma adulta, três sub-20 e três sub-17,
enquanto que o modelo TIAI15x15 foi composto por duas adultas,
cinco sub-20 e duas sub-17, sendo que a média de tempo de
prática das atletas na modalidade era 4,3 ± 2,1 anos.
56
A seleção das participantes para o estudo foi realizada de
forma intencional não probabilística, tendo como critério para
seleção as jogadoras de linha pertencentes a uma equipe de elite
que foi terceira colocada da Liga Futsal Feminina, organizada
pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), campeã do
Campeonato Estadual Feminino adulto, organizado pela
Federação Catarinense de Futsal (FCF) e campeã dos 530 Jogos
Abertos de Santa Catarina, organizado pela Fundação
Catarinense de Esporte (FESPORTE).
Para execução de cada modelo de treinamento as
participantes foram divididas nos dois grupos (TIAI7,5x7,5 vs.
TIAI15x15) de acordo com a ordem decrescente do valor individual
do PV obtido durante o protocolo do FIET realizado pré-
intervenção. A atleta com maior PVFIET fez parte do modelo
TIAI7,5x7,5, enquanto que a com o segundo valor fez parte do
modelo TIAI15x15, na sequencia a jogadora com o terceiro valor foi
para o modelo TIAI7,5x7,5, e a com quarto valor foi para o modelo
TIAI15x15, e assim sucessivamente até a formação final dos dois
grupos.
3.3 Design pré-experimental
Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob o número
251.245 (anexo 1). Antes de iniciarem os procedimentos para a
57
coleta de dados, as atletas participantes do estudo foram
esclarecidas sobre os objetivos e os métodos da pesquisa e na
sequência assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (apêndice 1).
As avaliações laboratoriais foram realizadas no
Laboratório de Esforço Físico (LAEF) e no Laboratório de
Biomecânica (BIOMEC), localizados do Centro de Desportos
(CDS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no
Laboratório de Pesquisas em Desempenho Humano (Lapedh),
localizado no Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID)
da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),
enquanto que as de campo foram executados na própria quadra
do local de treinamento da equipe. Tanto as avaliações de
laboratório quanto as de campo foram realizadas conjuntamente
pela pesquisadora e um grupo de avaliadores experientes
pertencentes aos laboratórios do LAEF e BBIOMEC.
As avaliações iniciais e finais e o período de intervenção
foram incorporados na rotina diária de treinamento da equipe e
aconteceram durante o período preparatório específico
(fevereiro-abril) do calendário de 2013.
Um dia após as avaliações iniciais e um dia anterior às
avaliações finais deste estudo houve o monitoramento das
atividades realizadas durante uma partida simulada entre as
jogadoras da equipe.
58
A representação esquemática do experimento do
presente estudo é exibida na figura 1.
Figura 1. Representação esquemática do design do estudo.
As avaliações de laboratório foram realizadas em dois
períodos, distribuídos em dois dias distintos, conforme os
procedimentos descritos a seguir (quadro 1), sendo que o grupo
pré e pós-treinamento de 16 atletas foi dividido aleatoriamente
em quatro subgrupos de quatro membros cada (G1, G2, G3, G4).
Após a realização da avaliação antropométrica para
caracterização da amostra, um subgrupo executou um protocolo
submáximo na esteira rolante para determinação da EC e na
sequência um teste incremental na esteira rolante para a
determinação do VO2max, FCmax, velocidade correspondente
59
ao VO2max (vVO2max), pico de velocidade (PVTIER) e velocidade
correspondente ao segundo limiar de transição fisiológica
(vLTF2). Enquanto isso, outro subgrupo foi submetido ao
protocolo realizado na plataforma de força para a determinação
dos saltos verticais squat jump (SJ) e counter movement jump
(CMJ) e na sequência, após uma hora de intervalo, realizou os
testes máximos no dinamômetro isocinético para a determinação
do torque máximo isocinético (PTCON-FLE, PTECC-FLE, PTCON-EXT,
PTECC-EXT). Cada subgrupo fez duas visitas ao laboratório em
dois dias consecutivos no mesmo período do dia.
Quadro 1. Cronograma de visita aos laboratórios para avaliações
das jogadoras de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17.
Dia 1 Dia 2
Manhã G1 = ER
G2 = PF + DI
G1 = PF + DI
G2 = ER
Tarde G3 = ER
G4 = PF + DI
G3 = PF + DI
G4 = ER
ER = esteira rolante (EC, VO2max, vVO2max, vLTF2); PF =
plataforma de força (SJ, CMJ); DI = dinamômetro isocinético
(PTCON-FLE, PTECC-FLE, PTCON-EXT, PTECC-EXT).
As avaliações de campo foram realizadas no período da
tarde durante dois dias consecutivos conforme protocolos
60
descritos na sequência (quadro 2). No primeiro dia as atletas
executaram o FIET para determinação do PVFIET, enquanto que
no segundo o teste anaeróbio maximal shuttle run test (40-m
MST) para determinação do melhor tempo (MT), tempo médio
(TM) e índice de fadiga (IFF).
Quadro 2. Cronograma das avaliações de campo das jogadoras
de futsal da categoria adulto, sub20 e sub17.
Dia 1 Dia 2
Tarde G1 + G2 + G3+
G4 = FIET
G1 + G2 + G3+
G4 = 40-m MST
FIET = Futsal intermittent endurance test (PVFIET); 40-m MST =
maximal shuttle run test (MT, TM, IFF).
Todos os testes foram realizados no mesmo horário do
dia, respeitando intervalo mínimo de 24 horas. As participantes
foram orientadas a não realizar treinamentos nos dias de coletas
e a comparecer alimentadas e hidratadas para realização das
avaliações.
3.4 Protocolos de treinamento
Para execução de cada protocolo de TIAI (CARMINATTI,
2014) as participantes selecionadas (n = 16) foram divididas em
dois grupos TIAI7,5x7,5 (n = 7) e TIAI15x15 (n = 9) de acordo com o
61
valor do PVFIET, que forneceu as respectivas distâncias a serem
percorridas pelos diferentes subgrupos de atletas pertencentes a
cada modelo de TIAI.
Os dois modelos de treinamento possuem similaridades
no que diz respeito ao tempo de cada série (aproximadamente 4
minutos), relação esforço:pausa (1:1) e distância relativa
(m.min-1
), porém com intensidade de corrida (TIAI7,5x7,5 = 86-91 %
PVFIET vs. TIAI15x15 = 83-88 % PVFIET) e número de mudanças de
direção (TIAI7,5x7,5 = 1 vs. TIAI15x15 = 3) distintos.
Antes das sessões de treinamento os dois subgrupos
foram dispostos em lados opostos da quadra de jogo, perfilados
dois metros para frente das linhas de fundo, para iniciarem um
aquecimento de dois minutos, de acordo com o padrão de cada
modelo descritos abaixo, seguidos por mais dois minutos de
pausa para descanso.
Após esse período inicial, os dois grupos se
reposicionaram nas respectivas linhas de fundo para iniciarem
simultaneamente a execução dos dois modelos de TIAI (figura 2),
sendo que o controle da intensidade se deu por meio da
reprodução de um áudio que sinaliza o ritmo de corrida das
jogadoras pelo mesmo sinal sonoro (beep) que é emitido em
intervalos de tempo fixo de 3,75 segundos entre eles
(CARMINATTI, 2014).
62
Figura 2. Visualização esquemática da disposição dos
subgrupos na quadra para realização simultânea dos dois
modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).
O primeiro modelo de treinamento intervalado de alta
intensidade (TIAI7,5x7,5; n = 7), consiste de quatro séries de
aproximadamente quatro minutos de esforço (17 repetições de
corrida) por três minutos de recuperação passiva entre elas,
resultando em uma relação esforço:pausa de 1:1 (7,5 x 7,5
segundos), com as distâncias de corrida (3,75 segundos de
tempo entre cada sinal sonoro) individualizadas pelo PVFIET
(quadro 3), totalizando de 25 minutos de sessão. Cada repetição
é constituída por duas acelerações, uma desaceleração e uma
mudança de direção, enquanto que na duração total da sessão
(quatro séries) o TIAI7,5x7,5 possui 136 acelerações, 68
desacelerações e 68 mudanças de direção (figura 3), sendo que
a intensidade desse modelo de TIAI ficou estabelecida entre 86-
91 % do PVFIET.
7 9
63
= cone
Figura 3. Visualização do modelo 1 de treinamento intervalado
de alta intensidade (TIAI7,5x7,5): 2 x 3,75 segundos = 7,5
segundos com 7,5 segundos de pausa.
64
Quadro 3. Descrição do modelo 1 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade
(TIAI7,5x7,5) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva (CARMINATTI,
2014).
PV FIET (km.h
-1)
V (km.h-1
) (86-91 %PVFIET)
d relativa (m.min
-1)
d x rep (m)
d x 1 série (m)
d total (m)
13,6 – 14,0 12,0 103 12,5 425 1700 14,2 – 14,6 12,5 107 13,0 442 1768 14,8 – 15,2 13,0 111 13,5 459 1836 15,4 – 15,8 13,9 120 14,5 493 1972 16,0 – 16,4 14,4 124 15,0 510 2040 16,6 – 17,0 14,9 128 15,5 527 2108 17,2 – 17,6 15,8 136 16,5 561 2244 17,8 – 18,2 16,3 140 17,0 578 2312 18,4 – 18,8 16,8 144 17,5 595 2380
PVFIET = pico de velocidade obtido no FIET; V = velocidade do treinamento; d relativa = distância relativa
do treino; d x rep = distância percorrida por cada repetição; d x série = distância percorrida por série; d
total = distância percorrida por sessão de treinamento.
65
O segundo modelo de treinamento intervalado de alta
intensidade (TIAI15x15; n = 9) consiste de quatro séries de
aproximadamente quatro minutos de esforço (nove repetições de
corrida) por três minutos de recuperação passiva entre elas,
resultando em uma relação esforço:pausa de 1:1 (15 x 15
segundos), com as distâncias de corrida (3,75 segundos de
tempo entre cada sinal sonoro) individualizadas pelo PVFIET
(quadro 4), totalizando de 25 minutos de sessão. Cada repetição
apresenta quatro acelerações, três desacelerações e três
mudanças de direção, enquanto que na duração total da sessão
(quatro séries) o TIAI15x15 possui 144 acelerações, 108
desacelerações e 108 mudanças de direção (figura 4) , sendo
que a intensidade desse modelo de TIAI ficou estabelecida entre
83-88 % do PVFIET.
66
= cone
Figura 4. Visualização do modelo 2 de treinamento intervalado
de alta intensidade (TIAI15x15): 4 x 3,75 segundos = 15 segundos
com 15 segundos de pausa.
67
Quadro 4. Descrição do modelo 2 para referência de treinamento intervalado de alta intensidade
(TIAI15x15) com 4 séries de 4 minutos de esforço por 3 minutos de recuperação passiva (CARMINATTI,
2014).
PV FIET (km.h
-1)
V (km.h-1
) (83-88 %PVFIET)
d relativa (m.min
-1)
d x rep (m)
d x 1 série (m)
d total (m)
13,6 – 14,0 11,5 102 12,0 432 1728 14,2 – 14,6 12,0 106 12,5 450 1800 14,8 – 15,2 12,5 110 13,0 468 1872 15,4 – 15,8 13,4 119 14,0 504 2016 16,0 – 16,4 13,9 123 14,5 522 2088 16,6 – 17,0 14,4 127 15,0 540 2160 17,2 – 17,6 15,4 136 16,0 576 2304 17,8 – 18,2 15,8 140 16,5 594 2376 18,4 – 18,8 16,3 144 17,0 612 2448
PVFIET = pico de velocidade obtido no FIET; V = velocidade do treinamento; d relativa = distância relativa
do treino; d x rep = distância percorrida por cada repetição; d x série = distância percorrida por série; d
total = distância percorrida por sessão de treinamento.
68
O período total de intervenção foi de cinco semanas, com
duas sessões semanais (total de 10 sessões), as quais foram
realizadas nas dependências do clube e incorporadas na rotina
diária de treinamento (técnico, tático e físico) da equipe durante o
período vespertino. Porém, na primeira sessão de treinamento as
jogadoras executaram apenas três séries de aproximadamente
quatro minutos de esforço por três minutos de recuperação
passiva entre elas do TIAI para que houvesse uma familiarização
com os modelos propostos. Adicionalmente, na décima sessão
as atletas realizaram o TIAI na mesma intensidade prescrita da
segunda sessão para comparação da carga interna entre essas
sessões. Dessa forma, as atletas realizaram um total de oito
sessões na intensidade e volume completos dos dois modelos
propostos.
As intensidades de corrida (km.h-1
) dos treinamentos
intervalados de alta intensidade foram individualizadas por atleta,
tendo como referência o valor percentual do PV que cada
jogadora atingiu no FIET, sendo que no grupo do TIAI7,5x7 o valor
foi de 86-91 % PVFIET, enquanto que no TIAI15x15 foi de 83-88 %
PVFIET (quadros 1 e 2).
A sobrecarga durante a periodização dos microciclos
referentes aos dois modelos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) se deu de
forma individualizada por meio do aumento da distância de
corrida em um metro após a atleta apresentar valores de FC
inferiores a 90 % de sua FCmax em duas sessões consecutivas,
que equivale a aproximadamente 6 % na intensidade do PVFIET.
69
Para quantificação da carga interna de cada sessão de
TIAI foi usado o monitor cardíaco para mensuração da FC,
enquanto que, para obtenção das medidas de percepção
subjetiva de esforço (PSE) da sessão foi utilizada a escala CR-10
de Borg (1982) modificada por Foster et al. (2001). Também
foram realizadas coletas de sangue no final de cada série da
segunda sessão de TIAI e nos minutos três e cinco da
recuperação para determinação dos níveis de concentração de
lactato sanguíneo ([Lac]).
Para garantir o rigor do treinamento, todas as sessões
foram controladas pelo preparador físico da equipe, pela
pesquisadora e por um pesquisador colaborador.
Durante o período da pesquisa as sessões de treinamento
técnico e tático, com duração de duas horas, aconteceram de
segunda a sexta-feira no período da manhã e foram coordenados
pelo técnico da equipe. Por sua vez, as sessões de duas horas
de treinamento físico realizado na segunda e quarta-feira a tarde
foram usadas para aplicação dos dois modelos de TIAI propostos
e dos pré e pós-testes. Esse momento inicial de treino foi dirigido
pela pesquisadora sob a supervisão do preparador físico da
equipe, o qual coordenou o restante do tempo da sessão com
exercícios específicos planejados pelo mesmo. Como
complemento do trabalho físico as atletas realizavam
musculação durante uma hora na terça e quinta-feira a tarde.
3.4.1 Controle das variáveis
70
Para prevenir a interferência de fatores que possam
influenciar os resultados da pesquisa (KARASIAK et al., 2011)
foram controladas algumas variáveis que serão descritas na
sequência:
a) Aquecimento anterior ao treinamento: Antes da
aplicação de cada sessão de treinamento intervalado de alta
intensidade foi realizado um aquecimento de dois minutos, sendo
que cada subgrupo da equipe executou as corridas com
mudança de direção padronizadas de acordo com os dois
modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 = uma mudança vs. TIAI15x15
= três mudanças).
b) Carga de treinamento: O volume e intensidade dos
dois modelos de treinamento (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) foram
controlados por meio do número pré estabelecido de séries,
repetições e tempo de recuperação entre cada série e sessão
durante todo o período do experimento.
c) Recuperação do treinamento: O período de
recuperação entre cada sessão de treinamento (≥ 48 horas) foi o
mesmo para todas as atletas participantes do estudo.
d) Nível inicial de treinamento: A equipe possui um nível
homogêneo de estado de treinamento físico.
e) Posição que ocupa na quadra: Participaram do estudo
somente as atletas que jogam na linha, excluindo-se as goleiras.
f) Tempo entre avaliações: A realização dos pré e pós-
testes foram separados por um período de cinco semanas e, do
71
mesmo modo que a intervenção, executados no mesmo período
da pesquisa.
g) Idade: Todas as jogadoras da equipe de futsal que
participaram da pesquisa pertencem às categorias adulto, sub-20
e sub-17 e possuem idade compreendida entre 16 e 23 anos.
h) Sexo: Todas as jogadoras da equipe de futsal que
participaram da pesquisa (n = 16) são do sexo feminino.
i) Hidratação: As participantes foram orientadas a
comparecer e permanecer hidratadas para realização das
avaliações.
j) Treinamento técnico, tático e físico: As jogadoras da
equipe de futsal que participaram da pesquisa realizaram o
mesmo treinamento técnico, tático e físico durante o período da
intervenção.
3.5 Protocolos de laboratório
3.5.1 Avaliação antropométrica
Os procedimentos utilizados para realizar as
mensurações antropométricas seguiram os protocolos definidos
em Alvarez e Pavan (2003) e Benedetti, Pinho e Ramos (2003).
A massa corporal foi medida utilizando-se uma balança com
resolução de 0,1 kg (TOLEDO®). Para a determinação da
estatura foi utilizado um estadiômetro com resolução de 1 mm
(SANNY®). Foram medidas quatro dobras cutâneas (dc), com o
72
adipômetro científico com resolução de 1 mm (CESCORF®). A
densidade corporal (DC) foi estimada pela equação (1) Jackson,
Pollock e Ward (1980), validada para atletas do sexo feminino e
idade entre 11 e 27 anos (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000),
com aplicação deste valor para estimar o percentual de gordura
deste por meio da equação (2) de Siri (1961).
DC=1, 096095-0,0006952 x (Σ4dc) + 0, 0000011 (Σ4dc)² -
0,0000714 x (idade)
Onde: Σ4dc = somatório 4 dobras cutâneas (tríceps + supra-
ilíaca anterior + abdominal + coxa média)
(1)
%GC = [(5,01/DC) – 4,57] x 100 (2)
3.5.2 Protocolos retangular e incremental em esteira rolante
para determinação das variáveis aeróbias
O teste submáximo de carga retangular para a
determinação da EC e o teste máximo de cargas progressivas
para mensuração do VO2max, FCmax, vVO2max, pico de
velocidade (PVTIER) e vLTF2, foram realizados em esteira rolante
motorizada (IMBRAMED, modelo 10.200).
Inicialmente as jogadoras realizaram o teste submáximo
com velocidade constante de 8 km.h-1
e 1% de inclinação com
duração de seis minutos, tendo o VO2 medido no minuto final por
meio do gás expirado pelo analisador de gases (COSMED,
73
modelo Quark CPET), a partir do qual se determinou a EC
(CASTAGNA et al., 2009).
Na sequência, após três minutos de intervalo, as atletas
executaram o teste máximo com a velocidade inicial de 9 km.h-1
e 1% de inclinação com incrementos de 1 km.h-1
a cada 3
minutos até a exaustão voluntária.
O VO2 foi mensurado respiração a respiração durante
todo o procedimento a partir do gás expirado por meio do
analisador de gases (COSMED, modelo Quark CPET) com os
dados reduzidos a média de 15 segundos. O VO2max foi adotado
como o maior valor de 15 segundos obtido durante o teste. Para
considerar que o indivíduo realizou um teste máximo foram
adotados os seguintes critérios: quociente respiratório (R) maior
que 1,10; platô de VO2 (variação do VO2 menor do que 150
mL.min-1
ou 2,1 ml.kg-1
.min-1
para um aumento de 1 km.h-1
na
velocidade); 90% da FCmax predita pela idade (LAURSEN et al.,
2002) e concentração de lactato maior que 8 mmol.L-1
ao final do
teste (BASSET; HOWLEY, 2000; SILVA; TORRES, 2002). A
calibração do analisador de gases (ar ambiente, gás padrão e
turbina) foi realizada antes de cada teste de acordo com as
recomendações do fabricante.
A FC foi registrada com o uso do frequencímetro
incorporado ao analisador de gases, que permitiu registrar e
armazenar os valores do comportamento da FC em sincronia
com os valores de VO2. A FCmax foi identificada como a maior
74
média de cinco segundos obtida durante o teste (CASTAGNA et
al., 2009).
A vVO2max, foi considerada como sendo a menor
intensidade de exercício na qual ocorreu o VO2max durante o
teste (BILLAT et al., 1996; BILLAT et al., 1999).
O PVTIER foi determinado como a máxima velocidade de
corrida obtida durante o teste (NOAKES, 1988).
Para dosagem do lactato sanguíneo houve um intervalo
de 30 segundos entre cada estágio do teste para coleta de 25 μL
de sangue do lóbulo da orelha em capilar heparinizado, o qual foi
imediatamente transferido para microtubos de polietileno com
tampa (Eppendorff) de 1,5 mL, contendo 50 μL de solução de
NaF 1% e armazenado em gelo (BILLAT et al., 2000). A análise
do lactato foi realizada por meio de um analisador bioquímico
(YSI 2700, modelo Stat Select) que possuí precisão de 2 %,
sendo que a calibração foi realizada antes da leitura da amostra
de sangue por meio do uso de uma solução de concentração
conhecida (0,50 g.L-1
), de acordo com as recomendações do
fabricante. O segundo limiar de transição fisiológica foi
determinado por meio da identificação da menor relação entre o
lactato sanguíneo e a velocidade no teste. A partir disso, foi
adicionado o valor de 1,5 mmol.L-1
para identificação da vLTF2
por meio de uma interpolação linear (lactato x velocidade) (BERG
et al., 1990; GROSSL et al., 2011).
75
3.5.3 Protocolo na plataforma de força para determinação dos
saltos verticais
Para determinação da potência de membros inferiores, as
jogadoras realizaram uma série de saltos verticais squat jump
(SJ) e counter movement jump (CMJ), de acordo com o protocolo
proposto por Bosco (1999).
Todas as variáveis foram mensuradas na plataforma de
força (QUATTRO JUMP, modelo 9290AD) tipo piezelétrica, na
qual as informações adquiridas foram transmitidas via cabo a um
computador na frequência de 500 Hz.
Todos os saltos possuem índice de fidedignidade de 0,94
e 0,97 para especificidade. A partir disso foi analisada a variável
altura de salto (h), calculada pelo software Quatro Jump pelo
método de integração dupla, considerada o melhor indicador da
potência muscular de membros inferiores (BOSCO et al., 1982).
Por meio dos valores de força obtidos na plataforma, de massa
corporal do indivíduo e da velocidade inicial conhecida, foi
calculada a velocidade instantânea. Para obter o valor de h,
basta conhecer a variação da velocidade, ou seja, o impulso
gerado durante a fase propulsiva do salto, de acordo com a
equação 3.
, Onde: h = altura do salto; v =
velocidade final; v0 = velocidade inicial; dt = intervalo de
tempo infinitesimal.
(3) dt)vv(h o
76
O SJ (figura 5) foi realizado utilizando somente a ação
concêntrica dos músculos extensores do joelho para estimar a
potência muscular e a habilidade de recrutamento neural do
atleta. O protocolo estabelece que o sujeito realize um salto
vertical a partir de uma posição estática com o ângulo do joelho
em aproximadamente 90º, com o tronco o mais vertical possível
e as mãos na cintura. O salto deve ser executado sem contra
movimento para não acelerar o centro de gravidade (CG) para
baixo. Foram realizadas três tentativas para o SJ, sendo
considerada para análise a maior h obtidas nas mesmas.
A = posição inicial. B = salto. C = aterrissagem.
Figura 5. Ilustração da realização do SJ (BOSCO, 1999).
O CMJ (figura 6) foi realizado utilizando a contribuição do
ciclo alongamento-encurtamento (CAE), objetivando estimar a
potência muscular associada com o aproveitamento da energia
elástica dos músculos extensores do joelho. Neste protocolo, o
77
indivíduo executou os saltos verticais a partir de uma posição em
pé, com as mãos na cintura, sendo o mesmo precedido por um
contra movimento, o qual consiste em uma aceleração para
baixo do CG, flexionando os joelhos até próximo aos 90º.
Durante o salto, o tronco foi mantido o mais vertical possível.
Foram realizadas três tentativas para o CMJ, sendo considerada
para análise a maior h obtidas nas mesmas.
A = posição inicial. B = ângulo do joelho próximo a 90º. C =
joelho em completa extensão no salto. D = aterrissagem.
Figura 6. Ilustração da realização do CMJ (BOSCO, 1999).
3.5.4 Protocolo no dinamômetro isocinético para determinação
das variáveis de torque
Para identificação do torque excêntrico/concêntrico dos
músculos flexores (isquiotibiais) do joelho e
concêntrico/excêntrico dos músculos extensores (quadríceps) do
joelho com cada membro foi usado um dinamômetro isocinético
78
(BIODEX MEDICAL SYSTEMS, modelo Biodex Systems 3).
Após a familiarização do movimento, as jogadoras realizaram
duas contrações isocinéticas máximas de extensão/flexão para
determinação do torque máximo concêntrico/excêntrico dos
músculos extensores do joelho (PTCON-EXT, PTECC-EXT) e, após um
período de cinco minutos de recuperação, elas executaram mais
duas contrações isocinéticas máximas de extensão/flexão para
mensuração do torque excêntrico/concêntrico dos músculos
flexores do joelho (PTECC-FLE, PTCON-FLE), sendo que o toque
máximo foi considerado o maior valor medido (SMALL et al.,
2010). Esses procedimentos foram realizados na velocidade de
120.s-1
, considerada uma das mais rápidas para garantir a
segurança na avaliação excêntrica (RAHNAMA et al., 2003).
Para a determinação do torque excêntrico/concêntrico
dos músculos flexores e do torque concêntrico/excêntrico dos
músculos extensores do joelho, as atletas ficaram posicionadas
na posição sentada, presas de forma segura à cadeira por dois
cintos cruzados sobre o tronco, a partir do ombro, um cinto na
região do quadril e um no terço distal da coxa, sendo que o
ângulo entre o quadril e a coxa foi de 85º e a amplitude do
movimento foi de aproximadamente 700, considerado que 0
0
indica à extensão completa do joelho e 700 a flexão. O braço de
alavanca foi preso na perna logo acima do tendão de Aquiles e
este braço de alavanca teve seu eixo de rotação alinhado com o
côndilo lateral do fêmur. Como as avaliações foram realizadas
em dois momentos (pré e pós-treinamento) os dados de ajuste
79
da cadeira (chair settings) foram anotados em uma ficha para
serem replicados na segunda vez.
Os valores de torque isocinético, posição e velocidade
angular do joelho foram extraídos do software Biodex Advantage
e tabulados em planilhas eletrônicas do Microsoft Excel. Para
filtrar as curvas de torque foi usado o filtro Butterworth do tipo
passa-baixa (10 Hz). Na sequência foi aplicada uma rotina
desenvolvida por dal Pupo, Detanico e dos Santos (2014) em
ambiente MatLab (The MathWorks Inc., Natick, Massachusetts,
USA), para identificação do pico de torque isocinético
excêntrico/concêntrico dos músculos flexores e do torque
concêntrico/excêntrico dos músculos extensores do joelho.
3.6 Protocolos de campo
3.6.1 futsal Intermittent Endurance Test (FIET)
O FIET, proposto por Castagna e Barbero Álvarez (2010),
consiste de corridas vai-e-vem (shuttle run) de 45 metros (3 x 15
metros), os quais são intercaladas por 10 segundos de
recuperação ativa, sendo que há um período maior de 30
segundos de pausa após cada bloco de oito repetições (8 x 45
metros) (figura 7). A velocidade inicial do teste é de 9 km.h-1
, com
incrementos de 0,33 km.h-1
durante as nove primeiras voltas (9 x
45 metros), mudando na sequência para 0,20 km.h-1
a cada 45
metros (figura 8). O ritmo é ditado por um sinal sonoro (bip), que
80
determina a velocidade de corrida a ser desenvolvida nos
deslocamentos entre as linhas paralelas demarcadas no solo (15
metros) e também sinalizadas por cones. O teste finaliza quando
a avaliada atrasar mais do que 1,5 metros em relação à linha de
referência de 15 metros por duas vezes consecutivas ou no
momento que a mesma atingir exaustão voluntária. O índice de
correlação intraclasse (ICC) e o coeficiente de variação (CV) do
protocolo FIET foram 0,95 e 3,9%, respectivamente
(CASTAGNA; BARBERO ALVAREZ, 2010). A partir do FIET foi
possível determinar a FCmaxFIET e o PVFIET identificado como a
maior velocidade alcançada pelas atletas durante o teste em
km.h-1
.
Durante as duas execuções do FIET foram usados
monitores cardíacos para mensuração da FC a fim de quantificar
a carga interna.
=
con
e
Figura 7. Esquema ilustrativo do Futsal Intermittent Endurance
Test (FIET).
81
Figura 8. Esquema ilustrativo do perfil do protocolo do Futsal Intermittent Endurance Test (FIET)
(CASTAGNA; BARBERO ALVAREZ, 2010).
82
3.6.2 Maximal Shuttle Run Test (40-m MST)
Para determinação das variáveis relativas à capacidade
anaeróbia lática (tempo médio (TM), índice de fadiga (IFF)) e
alática (melhor tempo (MT)) foi realizado o teste de sprints
repetidos 40-m MST (figura 9), proposto por Baker, Ramsbottom
e Hazeldine (1993), que apresenta alta reprodutibilidade para o
TM (CCI = 0,91) e o MT (CCI = 0,92) (GLAISTER et al., 2009). O
protocolo é composto por oito sprints de 40 metros com duas
mudanças de direção de 180 º cada (10º e 30º metros do
percurso) e período de recuperação de 20 segundos entre cada
sprint. A atleta iniciou o teste no ponto médio entre os 20 metros,
marcado por um par de fotocélulas eletrônicas (Speed Test 4.0).
Em seguida a mesma corre 10 metros até a primeira marca,
retorna e corre novamente por 20 metros em direção oposta até
a segunda marca, e para finalizar, corre mais 10 metros até
passar novamente pelas fotocélulas. As jogadoras foram
estimuladas verbalmente para executar o máximo esforço em
cada sprint. Antes de realizar o teste as atletas foram instruídas a
executar o percurso em baixa intensidade para familiarização. O
IFF foi calculado por meio da equação (4) proposta por
Fitzsimons et al. (1993), que representa o decréscimo relativo do
tempo de realização dos sprints.
IFF= (Σ8TEMPOS / MT x 8) x 100 - 100 (4)
83
= cone = fotocélula
Figura 9. Esquema ilustrativo do Maximal Shuttle Run Test
(40-m MST).
3.7 Partidas simuladas
Para execução das duas partidas simuladas, a equipe (n
= 16) foi dividida pelo técnico em quatro subgrupos de quatro
jogadoras cada (Q1, Q2, Q3, Q4) com nível homogêneo no
estado técnico, tático e físico.
Os jogos foram compostos por dois tempos
cronometrados de 20 minutos cada separados por um intervalo
de 10 minutos. Durante os cinco minutos iniciais do primeiro
período da partida (1º - 5º minuto) o subgrupo 1 enfrentou o 2
(Q1 vs. Q2) para então o quarteto 3 jogar contra o 4 (Q3 vs. Q4)
por mais cinco minutos (6º - 10º minuto). Na sequência os
subgrupos 1 e 2 (Q1 vs. Q2) retornaram para a quadra (11º - 15º
84
minuto) e então os quartetos 3 e 4 (Q3 vs. Q4) jogaram
novamente por mais cinco minutos (16º - 20º minuto). O mesmo
ocorreu no segundo período de jogo e assim cada atleta
permaneceu em quadra por um total de 20 minutos
cronometrados (4 x 5 minutos).
Na partida simulada pós-TIAI, duas jogadoras do modelo
TIAI7,5x7,5 e três do TIAI15x15 não participaram por motivo de lesão
e foram substituídas, resultando em um número final de 11
(TIAI7,5x7,5: n = 5 e TIAI15x15: n = 6) para análise das variáveis de
performance DT e DPP.
Durante os dois jogos a comissão técnica estimulou as
atletas constantemente a desenvolver a performance em quadra
de forma similar às competições oficiais.
As partidas foram filmadas por duas câmeras de vídeo
digitais (SONY, modelo HDV 1080i/minidv e SONY, modelo
HDR/xr100) ajustadas a uma frequência de aquisição de 30 Hz
(720 X 480 pixel e 24-bit de resolução de cor), as quais foram
posicionadas estrategicamente em dois cantos da parte superior
do ginásio, cada uma cobrindo aproximadamente 3/4 da área
total da quadra (Figura 10) para que fossem capturadas todos os
deslocamentos realizados pelas atletas durante os jogos
simulados.
85
Figura 10. Área de cobertura das câmeras durante as duas
partidas simuladas (pré e pós-intervenção).
Para a análise cinemática dos deslocamentos realizados
pelas jogadoras foi empregado o software DVideo de sistema de
86
rastreamento automático (tracking computacional) (FIGUEROA;
LEITE; BARROS, 2006; BUENO et al., 2014).
Os procedimentos de sincronização, calibração
bidimensional, filtragem morfológica, marcação dos quadros e
reconstrução bidimensional foram executados de forma
sequencial.
As imagens transferidas para os computadores foram
sincronizadas para identificação dos eventos comuns às duas
câmeras, sendo que na sequência as posições das atletas como
uma função do tempo foram obtidas por meio de um sistema de
seguimento automático (BUENO et al. 2014).
A calibração bidimensional foi realizada por meio da
marcação de 21 pontos controle da superfície da quadra de jogo
com distâncias reais previamente mensuradas, definindo-se
previamente que o eixo “x” representaria o comprimento da
quadra e o eixo “y” sua largura.
A filtragem morfológica (segmentação) consistiu de uma
série de passos executados por meio de um algoritmo específico
(BARROS et al., 2010) para identificação automática das
trajetórias das atletas na quadra, em ambiente DVideo. Durante
esse processo foram extraídas as imagens das jogadoras dos
elementos restantes (figura 11), para então ser realizada
binarização das sequencias de imagens (figura 12) (MISUTA,
2004; FIGUEROA; LEITE E BARROS, 2006; BARROS et al.,
2010).
87
As marcações dos quadros que não ocorreram
automaticamente sofreram correção manual, sendo que ao final,
as matrizes de dados contendo as informações referentes à
posição bidimensional de cada uma das jogadoras em função do
tempo foram obtidas pela reconstrução 2D pelo método Direct
Linear Transformation (DLT) (ABDEL-AZIZ; KARARA, 1971).
As matrizes de dados da reconstrução bidimensional (2D)
obtidas ao final da marcação dos quadros foram exportadas para
o ambiente MatLab (The MathWorks Inc., Natick, Massachusetts,
USA), com os dados filtrados pelo filtro Butterworth do tipo
passa-baixa de terceira ordem (0,4 Hz) (MOURA et al., 2012,
BUENO et al., 2014), selecionada após análise residual
(WINTER, 2009).
88
Figura 11. Seleção da região de interesse a ser analisada
(acima) e cálculo e extração do fundo de quadra (abaixo) das
sequências de imagens de uma das câmeras.
89
Figura 12. Binarização dos elementos restantes após a extração
do fundo de quadra das sequências de imagens de uma das
câmeras.
A DT, expressa em m, foi calculada por meio de uma
rotina específica, considerando a soma cumulativa do
deslocamento entre dois frames consecutivos. Adicionalmente,
foram calculadas as distâncias percorridas em relação à DT em
cada uma das faixas de velocidade pré-definidas (DPP) e o
percentual deste valor.
Para identificação das DPP foi realizada uma
classificação de faixas de velocidade durante as partidas de
acordo com o proposto por Castagna et al., (2009) e Bueno et al.
(2014), como descrito na sequência: 1) parado ou andando (0,0
≤ V1 ≤ 6,0 km.h-1
); 2) corrida de baixa intensidade (6.1 < V2 ≤
12,0 km.h-1
); 3) corrida de moderada intensidade (12,1 < V3 ≤
15,4 km.h-1
); 4) corrida de alta intensidade (15,5 < V4 ≤ 18,3
km.h-1
); e 5) sprint (V5 > 18,4 km.h-1
).
90
Os valores de temperatura (T) e umidade relativa do ar
(URA) registrados na primeira partida (pré-TIAI) foram T = 320 e
URA = 65 %, enquanto que na segunda (pós-TIAI) foram T = 280
e URA = 65 %.
A reprodutibilidade dos valores de FC máxima e FC
média e as correlações intraclasses observadas demonstraram
reprodutibilidade quase perfeita para a FC máxima (0,93, p<0,01)
e muito alta para a FC média (0,89; p<0,01), com erro técnico de
medida (ETM) de 1,08 % e 1,60 %, respectivamente, entre dois
jogos simulados de atletas de elite de futsal (CARMINATTI;
FERNANDES (2012), dados não publicados).
3.8 Monitoramento da carga interna
A FC foi registrada e armazenada a cada cinco segundos
por meio monitor cardíaco (Polar, modelo S610i) durante as duas
execuções do FIET (pré e pós-TIAI) e as 10 sessões dos TIAI
(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).
As medidas de PSE das 10 sessões de TIAI (TIAI7,5x7,5
vs. TIAI15x15) foram obtidas por meio da escala CR-10 de Borg
(1982) modificada por Foster (2001), que foi apresentada às
jogadoras 15 minutos após o término de cada sessão de
treinamento (PEDRO, et al., 2014). Após a pregunta “Como foi a
sua sessão de treino?”, as atletas apontaram na escala (figura
10) um descritor de 0 a 10, sendo 0 para a condição de repouso
absoluto e 10 para o maior esforço realizado pela mesma. Para
91
quantificação da carga interna por meio da PSE de cada sessão
foi calculado o produto da duração total da sessão, considerando
o aquecimento (29 minutos) pelo valor (score) apontado na
escala PSE CR-registrado 15 minutos após o término da
sessão10 (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010; PEDRO, et al.,
2014). O produto da PSE (intensidade na classificação) pela
duração da sessão (volume) foi expresso em unidades arbitrárias
(ua).
Classificação Descritor
0 Repouso
1 Muito, Muito Fácil
2 Fácil
3 Moderado
4 Um Pouco Difícil
5 Difícil
6 -
7 Muito Difícil
8 -
9 -
10 Máximo
Figura 13. Escala 0-10 de Foster et al. (2001).
Para determinar a concentração de lactato após a
aplicação da segunda sessão de treinamento foram realizadas
92
coletas de sangue imediatamente após cada série e nos minutos
três e cinco da recuperação. Para isso, foram coletados 25 μL de
sangue do lóbulo da orelha em capilar heparinizado, o qual foi
imediatamente transferido para microtubos de polietileno com
tampa - tipo Eppendorff - de 1,5 mL, contendo 50 μL de solução
de NaF 1% e armazenado em gelo. A análise do lactato foi
realizada por intermédio de um analisador bioquímico (YSI 2700,
modelo Stat Select) que possui precisão de 2 %.
3.9 Análise estatística
Os dados foram apresentados por meio de estatística
descritiva na forma de média e desvio-padrão (DP) e coeficiente
de variação (CV), sendo que foi usado os critérios estabelecidos
por Gomes (1990) para determinar a homogeneidade das
variáveis. A normalidade dos dados e dos resíduos foi verificada
por meio do teste de Shapiro-Wilk e para os dados que não
apresentaram normalidade aplicou-se a transformação Box-Cox.
Para verificar se houve diferença entre as variáveis de FC, PSE
e [Lac] entre os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) foi
utilizado o teste t para amostras independentes (dados
paramétricos) ou teste de Mann-Whitney (dados não-
paramétricos). Para verificar se houve diferença entre a FCmax
registrada no FIET e a FCmax registrada no TIER foi utilizado o
teste t para amostras dependentes (dados paramétricos) ou teste
de Wilcoxon (dados não-paramétricos). A análise de variância
93
ANOVA modelo misto (grupo vs. tempo) foi usada para analisar
as diferenças entre os grupos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) e entre os
períodos pré e pós-intervenção, assim como a interação entre
estes fatores. O teste post-hoc de Bonferroni foi aplicado nos
casos em que foram observadas diferenças. O nível de
significância adotado foi fixado em p ≤ 0,05, sendo que as
análises foram realizadas no programa Statistical Package for
Social Sciences Windows® (SPSS versão 17.0). Para analisar a
magnitude dos efeitos causados pelo treinamento foi calculado o
Effect Size (EF) por meio do software G*Power 3.1. Para
classificação dos coeficientes de magnitude foram adotados os
critérios estabelecidos por Batternham e Hopinks (2006), como
descritos a seguir: < 0,2 = trivial; 0,2-0,6 = pequeno; 0,6-1,2 =
moderado; 1,2-2,0 = grande; 2,0-4,0 = muito grande.
95
4. RESULTADOS
4.1 Carga interna do treinamento
Os valores de FC e percentual da FC em relação à
máxima obtida no Futsal Intermittent Endurance Test (%FCmax-
FIET) registrados durante as 10 sessões (S) dos dois modelos de
TIAI estão apresentados na Tabela 1 e Figura 14,
respectivamente. Pode-se observar que não foi encontrada
diferença significante na FC (t = -1,137, p = 0,893) e no
%FCmax-FIET (t= 0,517; p = 0,611) entre o TIAI7,5x7,5 e o
TIAI15x15.
96
Tabela 1. Valores de FC (bpm) registrados durante as 10 sessões dos dois modelos de TIAI.*
Frequência Cardíaca (bpm)
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Média±DP CV
TIAI7,5x7,5 194 188 187 183 187 182 181 188 185 181 186 2% (n=7) ±5 ±9 ±7 ±5 ±9 ±8 ±8 ±5 ±5 ±7 ±4
TIAI15x15 193 190 184 181 188 179 189 188 191 176 186 3% (n=9) ±7 ±6 ±5 ±8 ±7 ±4 ±7 ±6 ±8 ±8 ±6
*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa (Carminatti, 2014). TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa (Carminatti, 2014).
97
Figura 14. Valores de FC registrados durante as 10 sessões
de TIAI propostos por Carminatti (2014) em relação à FC
máxima obtida no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET).
= TIAI7,5x7,5 = TIAI15x15
Os valores de percepção subjetiva de esforço (PSE) e o
cálculo de PSE da sessão (produto da duração total da sessão,
de 29 minutos, pelo score apontado na escala PSE CR-10)
obtidos nas 10 sessões dos dois modelos de TIAI estão
apresentados na Tabela 2 e Figura 15, respectivamente.
98
Pode-se observar que não foi encontrada diferença significante na PSE (t = -1,342; p = 0,215) e
na PSE da sessão (t = -1,248; p = 0,228) entre o TIAI7,5x7,5 e o TIAI15x15.
Tabela 2. Valores de PSE obtidos durante as 10 sessões dos dois modelos TIAI.*
Percepção Subjetiva de Esforço (score)
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Média±DP CV
TIAI7,5x7,5 5,2 4,2 4,4 4,2 4,3 3,9 3,4 3,7 4,5 2,2 4,0 18,4% (n=7) ±1,0 ±0,7 ±0,5 ±0,4 ±0,4 ±0,6 ±0,5 ±0,8 ±0,8 ±1,0 ±0,7
TIAI15x15 6,1 4,2 4,6 4,4 4,5 4,0 4,5 4,4 5,4 2,8 4,5 19,1% (n=9) ±1,8 ±0,4 ±0,7 ±0,6 ±0,9 ±0,5 ±0,8 ±0,9 ±1,4 ±0,5 ±0,9
*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa (Carminatti, 2014). TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa (Carminatti, 2014).
99
Figura 15. Valores de PSE da sessão (produto da duração
total da sessão pelo score apontado na escala PSE CR-10)
obtidos nas 10 sessões de TIAI propostos por
Carminatti (2014).
= TIAI7,5x7,5 = TIAI15x15
Os valores de concentração de lactato sanguíneo ([Lac])
obtidos em uma sessão dos dois modelos de TIAI estão
apresentados na Tabela 3 e Figura 16.
100
Pode-se observar que não foi encontrada diferença significante na segunda sessão (t = - 1,236; p
= 0,996) entre o TIAI7,5x7,5 e o TIAI15x15. Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-se H1 que
indica valores maiores de [Lac] no modelo TIAI15x15.
Tabela 3. Valores de [Lac] coletados durante a segunda sessão dos dois modelos de TIAI.*
Concentração de lactato sanguíneo (mmol.L-1
)
Aquecimento Série 1 Série 2 Série 3 Série 4 Média±DP CV
TIAI7,5x7,5 1,51 2,73 4,43 4,86 5,54 3,81 43,43% (n=7) ±0,50 ±1,31 ±0,86 ±1,23 ±1,51 ±1,66
TIAI15x15 1,73 3,79 4,53 5,08 5,75 4,18 36,95% (n=9) ±0,59 ±1,21 ±1,40 ±2,08 ±2,51 ±1,54
*Dados expressos em média ± DP. S = Sessão de treinamento. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa (Carminatti, 2014). TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa (Carminatti, 2014).
101
Figura 16. Visualização dos valores de concentração de lactato sanguíneo [Lac] coletados durante
uma sessão dos dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15) propostos por Carminatti (2014).
= TIAI7,5x7,5 = TIAI15x15
102
4.2 Performance de jogo simulado
As variáveis obtidas de deslocamento de jogo obtidas
nas duas partidas simuladas realizadas pré e pós-intervenção
estão demonstradas na tabela 5.
Pode-se observar que em relação à performance de jogo,
houve uma diminuição ao longo do tempo na variável
parado/andando para os dois modelos de TIAI (F = 19,884; p =
0,002). Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-se
H2 que indica valores maiores para a DT somente no modelo
TIAI15x15.
103
Tabela 4. Deslocamento das jogadoras de futsal nas partidas pré
e pós-TIAI.*
Variável (m)
TIAI7,5x7,5 (n = 5)
TIAI15x15 (n = 6)
Pré Pós p Pré Pós p
Parado/ Andando
1000 ±50
945# ±15
0,030
1014 ±59
940# ±18
0,004
Baixa intensidade
1358 ±117
1360 ±78
0,977 1374
±106 1402 ±50
0,524
Moderada intensidade
472 ±75
520 ±68
0,363 490
±117 511 ±120
0,661
Alta intensidade
232 ±69
232 ±78
1,000 224
±56 250 ±42
0,511
Sprint 191
±88
161 ±115 0,315
137 ±49
179 ±55
0,131
Distância Total
3253 ±136
3218 ±182 0,831
3238 ±227
3281 ±69
0,400
*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa. #Significativamente diferente do pré-treinamento no mesmo modelo de TIAI.
Os valores de effect size e das mudanças absoluta e
relativa (%) referentes à magnitude dos efeitos causados pelos
TIAI sobre as variáveis de deslocamento das jogadoras de futsal
nas partidas pré e pós-TIAI estão descritos na Tabela 5.
Em relação à DT o grupo que realizou o modelo TIAI15x15
teve um ligeiro aumento de 1,3 ± 13 % de deslocamento, ao
contrário do TIAI7,5x7,5 que reduziu em 1,10 ± 13 %. Sobre a
distância percorrida em alta intensidade o ganho foi maior para o
104
TIAI15x15 (ES = 0,45; pequeno), quando comparado ao TIAI7,5x7,5
(ES = 0,00; trivial). Por sua vez, destaca-se que no sprint o
aumento foi considerado maior para o TIAI15x15 (ES = 1,32;
grande) que para o TIAI7,5x7,5 (ES = 0,35; pequeno), refletindo em
um deslocamento a mais nesta faixa de velocidade para o
TIAI15x15 de 11,5 ± 31,7 %.
105
Tabela 5. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis de deslocamento das jogadoras de
futsal nas partidas pré e pós-TIAI.
Variável
TIAI7,5x7,5 (n = 5) TIAI15x15 (n = 6)
Mudança absoluta
Mudança relativa
Effect size
Descritor Mudança absoluta
Mudança relativa
Effect size
Descritor
Parado/ Andando
-55,0 ±48,1
-5,5 ±4,6
1,13 Moderado -74,0
±47,7 -7,3 ±4,3
1,54 Grande
Baixa intensidade
2,0 ±80,7
0,13 ±6,2
0,02 Trivial 28,0
±118,6 2,0 ±8,7
0,24 Pequeno
Moderada intensidade
48,0 ±96,1
10,2 ±21,80
0,50 Pequeno 21,0
±125,4 4,3
±30, 0 0,17 Trivial
Alta intensidade
0,0 ±120,4
0,0 ±64,70
0,00 Trivial 25,7
±58,0 9,2
±20,7 0,45 Pequeno
Sprint
-29,0 ±85,8
-15,4 ±47,3
0,35 Pequeno 25,7
±31,5 11,5
±31,7 1,32 Grande
Distância Total
-35,0 ±242
-1,1 ±8,0
0,95 Moderado 43,0
±441,0 1,30
±13,0 0,38 Pequeno
TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa.
106
4.3 Variáveis fisiológicas
Os valores de frequência cardíaca máxima registrados
durante Futsal Intermittent Endurance Test (201±7 bpm) e
durante o teste incremental em esteira rolante (200±6 bpm) na
pós-intervenção não exibiram diferença significante (t = 0,959; p
= 0,353), e apresentaram um coeficiente de correlação
considerado muito alto (r = 0,86; p ≤ 0,001).
As variáveis obtidas no FIET (PVFIET); teste incremental
em esteira rolante (VO2max, vVO2max, PVTIER, VLTF2); teste
retangular em esteira rolante (EC) e teste de sprint repetido (MT,
TM, IFF) estão demonstradas na tabela 6.
Observou-se que em relação às variáveis de potência
aeróbia, somente o PVFIET e o PVTIER apresentaram diferença
significante (F = 24,735; p ≤ 0,001 e F = 24,945; p ≤ 0,001,
respectivamente) em relação ao tempo (pré vs. pós) para os dois
modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15). A vLTF2 foi o único
índice de capacidade aeróbia que exibiu diferença significante (F
= 90,363, p ≤ 0,001) em relação ao tempo (pré vs. pós) para os
dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).
O MT obtido no teste de sprints repetidos apresentou
diferença significante (F = 6,815, p = 0,002) em relação ao
tempo (pré vs. pós) somente para o grupo TIAI15x15, distinta do
TM e IFF que exibiram diferença significante (F = 34,203; p ≤
0,001 e F = 11,251; p = 0,005, respectivamente) em relação ao
107
tempo (pré vs. pós) para os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs.
TIAI15x15).
Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-
se H3, H4 e H5 que indicavam, respectivamente, valores maiores
de PVFIET, PVTIER, vLTF2, e menores na EC somente no modelo
TIAI15x15. Por sua vez, rejeita-se a hipótese nula, ou seja, aceita-
se H6 que indica valores menores de MT somente no modelo
TIAI15x15.
108
Tabela 6. Variáveis fisiológicas aeróbias e anaeróbias
mensuradas nos testes pré e pós-TIAI.*
Variável TIAI7,5x7,5 (n = 7)
TIAI15x15 (n = 9)
Pré Pós p
Pré Pós p
PVFIET
(km.h-1)
14,7 ±0,8
15,7# ±0,7
0,006
14,9 ±1,0
16,1# ±1,2
0,002
VO2max (mL.kg
-1.min
-1)
47,35 ±3,98
48,19 ±4,98
0,190
48,64 ±5,17
50,43 ±5,69
0,198
vVO2max (km.h
-1)
14,0 ±1,2
14,1 ±0,9
0,585
13,8 ±1,4
14,0 ±1,3
0,341
PVTIER
(km.h-1)
14,0 ±1,2
14,4# ±0,8
0,050
13,6 ±1,5
14,5# ±1,3
≤0,001
vLTF2 (km.h
-1)
10,1 ±0,6
11,6# ±0,7
≤0,001
10,0 ±0,5
11,5# ±1,0
≤0,001
EC (mL.kg
-1.min
-1)
32,87 ±2,55
33,41 ±2,41
0,322
34,22 ±2,41
33,18 ±1,95
0,851
MT
(s) 8,86 ±0,25
8,77 ±0,31
0,282
8,83 ±0,46
8,64# ±0,30
0,018
TM (s)
9,39 ±0,26
9,15# ±0,29
0,007
9,33 ±0,44
8,99# ±0,34
≤0,001
IFF
6,48 ±1,38
4,46# ±1,33
0,029
5,68 ±3,87
3,99# ±1,57
0,037
*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa. PVFIET = Pico de velocidade obtido no Futsal Intermittent Endurance Test (FIET). VO2max = Consumo máximo de oxigênio. vVO2max = Velocidade correspondente ao VO2max. PVTIER: Pico de velocidade obtido no teste incremental em esteira rolante (TIER). vLTF2 = Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição fisiológica. EC = Economia de corrida. MT = Melhor tempo obtido no Maximal Shuttle Run Test (40-m MST). TM = Tempo médio obtido no Maximal Shuttle Run Test (40-m MST). IFF = Índice de fadiga calculado pela equação proposta por Fitzsimons et al. (1993). #Significativamente diferente do pré-treinamento no mesmo modelo de TIAI.
109
Os valores de effect size e das mudanças absoluta e
relativa (%) referentes à magnitude dos efeitos causados pelos
TIAI sobre as variáveis fisiológicas estão descritos na tabela 7.
Pode-se observar que em relação às variáveis aeróbias o
PVFIET apresentou uma mudança considerada grande em relação
ao tempo para o modelo TIAI7,5x7,5 (ES = 1,58) e TIAI15x15 e (ES =
1,20). O ganho do PVTIER após a aplicação dos dois modelos foi
maior para o TIAI15x15 (ES = 1,88; grande), quando comparado ao
TIAI7,5x7,5 (ES = 0,86; moderado) com um aumento relativo de
3,1% vs. 6,5%, respectivamente. Por sua vez, destaca-se que a
EC apresentou melhoras somente para o TIAI15x15 (ES = 0,68;
moderado)
Das variáveis anaeróbias, somente o MT exibiu um
aumento maior do modelo TIAI15x15 (ES = 0,77; moderado) em
relação ao TIAI7,5x7,5 (ES = 0,36; pequeno). De acordo com os
valores relativos, percebe-se que, tanto o MT (2,2% vs. 1,0%,
respectivamente) como o TM (2,5% vs. 3,7%, respectivamente),
apresentaram maiores ganho no modelo TIAI15x15.
110
Tabela 7. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis fisiológicas obtidas no pré e pós-TIAI.
Variáveis TIAI7,5x7,5 (n = 7) TIAI15x15 (n = 9)
Mudança absoluta
Mudança relativa
Effect size
Descritor Mudança absoluta
Mudança relativa
Effect size
Descritor
PVFIET
(km.h-1)
1,0 ±0,6
6,6 ±4,5
1,58 Grande 1,3
±0,8 9,0 ±5,5
1,26 Grande
VO2max (mL.kg
-1.min
-1)
2,7 ±3,9
5,7 ±8,0
0,69 Moderado 1,8
±1,7 3,7 ±3,5
0,99 Moderado
vVO2max (km.h
-1)
0,1 ±0,7
1,0 ±5,3
0,14 Trivial 0,2
±0,8 1,6 ±6,0
0,37 Trivial
PVTIER
(km.h-1)
0,4 ±0,5
2,9 ±3,8
0,86 Moderado 0,8
±0,5 6,2 ±4,3
1,88 Grande
vLTF2 (km.h
-1)
1,5 ±0,5
14,6 ±4,7
3,22 Muito
Grande 1,5
±0,7 15,0 ±6,9
2,07 Muito
Grande EC
(mL.kg-1.min
-1)
0,5 ±1,8
1,6 ±5,5
0,30 Pequeno -0,9
±1,6 -2,6 ±4,4
0,68 Moderado
MT
(s) -0,1 ±0,2
-1,0 ±2,8
0,36 Pequeno -0,2
±0,2 -2,2 ±2,0
0,77 Moderado
TM (s)
-0,2 ±0,2
-2,5 ±1,9
1,40 Grande -0,3
±0,2 -3,7 ±2,2
1,31 Grande
IFF
-2,0 ±2,2
-31,2 ±27,4
0,91 Moderado -1,7
±2,2 -29,7 ±23,4
0,62 Moderado
PVFIET = Pico de velocidade obtido no FIET. VO2max = Consumo máximo de oxigênio. vVO2max = Velocidade correspondente ao VO2max. PVTIER: Pico de velocidade obtido TIER. vLTF2 = Velocidade correspondente ao segundo limiar de transição fisiológica. EC = Economia de corrida. MT = Melhor tempo. TM = Tempo médio. IFF = Índice de fadiga.
111
4.4 Variáveis neuromusculares
As variáveis neuromusculares obtidas na plataforma de
força a partir dos saltos verticais (SJ, CMJ) e no dinamômetro
isocinético para determinação dos torques (PTCON-EXT, PTECC-EXT,
PTCON-FLE, PTECC-EXT) estão demonstradas na Tabela 8.
Observou-se que em relação à potência de membros
inferiores, os valores de altura de ambos os saltos apresentaram
diferença significante (F = 19,387; p ≤ 0,001 e F = 11,499; p =
0,004, respectivamente) em relação ao tempo (pré vs. pós) para
os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15).
Das variáveis de torque dos músculos extensores do
joelho, o PTECC-EXT apresentou diferença significante (F = 5,962,
p = 0,028) em relação ao tempo (pré vs. pós) somente para o
grupo TIAI15x15, diferente do PTCON-EXT que exibiu diferença
significante (F = 14,109; p = 0,002) em relação ao tempo (pré vs.
pós) para os dois grupos (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15). Os índices
referentes ao torque dos músculos flexores do joelho PTCON-FLE e
PTECC-FLE não apresentaram diferença significante em relação
aos dois modelos de TIAI (F = 0,857; p = 0,382 e F = 4,238; p =
0,059, respectivamente) e ao tempo (F = 2,026; p = 0,201 e F =
4,478; p = 0,053, respectivamente).
Desse modo, aceita-se a hipótese nula, ou seja, rejeita-
se H7 que indicava valores maiores de CMJ somente no modelo
TIAI15x15. Por sua vez, rejeita-se a hipótese nula, ou seja, aceita-
112
se H8 que indica valores maiores de PTECC-EXT somente no
modelo TIAI15x15.
Tabela 8. Variáveis neuromusculares mensuradas no pré e pós-
TIAI.*
Variável TIAI7,5x7,5 (n = 7)
TIAI15x15 (n = 9)
Pré Pós p
Pré Pós p
CMJ
(cm) 33,1 ±2,0
35,4# ±3,3
0,016
32,09 ±3,49
34,82# ±3,99
0,003
SJ (cm)
29,6 ±2,3
32,0# ±2,8
0,020
29,89 ±3,16
32,46# ±3,22
0,050
PTCON-EXT (N.m)
148,8 ±39,7
173,0# ±30,2
0,018
130,6 ±21,2
151,9# ±23,0
0,019
PTECC-EXT (N.m)
263,6 ±30,4
274,0 ±40,3
0,320
237,3 ±37,0
259,7# ±44,3
0,024
PTCON-FLE (N.m)
96,6 ±19,8
108,1 ±18,8
0,674
81,9 ±13,3
92,3 ±11,4
0,167
PTECC-FLE (N.m)
155,3 ±28,9
168,4 ±21,7
0,141
135,6 ±22,4
146,3 ±19,2
0,175
*Dados expressos em média ± DP. TIAI7,5x7,5 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 2 x 3,75 segundos = 7,5 segundos com 7,5 segundos de pausa. TIAI15x15 = Treinamento intervalado de alta intensidade com 4 x 3,75 segundos = 15 segundos com 15 segundos de pausa. CMJ =Counter movement jump. SJ = Squat Jump. PTCON-EXT = Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do joelho. PTECC-EXT = Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do joelho. PTCON-FLE = Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho. PTECC-FLE = Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho. #Significativamente diferente do pré-treinamento no mesmo modelo de TIAI.
Os valores de effect size e das mudanças absoluta e
relativa (%) referentes à magnitude dos efeitos causados pelos
113
TIAI sobre as variáveis neuromusculares estão descritos na
Tabela 9.
Pode-se destacar que, em relação aos saltos verticais, o
aumento dos valores de CMJ e SJ foram maiores para o modelo
TIAI15x15 (ES = 1,21; grande e ES = 1,37; grande,
respectivamente), quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (ES = 0,81;
moderado e ES = 0,84; moderado, respectivamente).
Em relação aos valores de torque, o PTECC-EXT teve um
ganho mais expressivo no modelo TIAI15x15 (10,2 ± 8,9%; ES =
1,15; moderado), quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (3,9 ±14,4%;
ES = 0,30; trivial). Igualmente, o PTCON-FLE também apresentou
mudanças maiores no modelo TIAI15x15 (ES = 1,4; grande) em
relação ao TIAI7,5x7,5 (ES = 0,81; moderado).
114
Tabela 9. Effect Size e mudança absoluta e relativa das variáveis neuromusculares obtidas no pré e pós-
TIAI.
Variáveis
TIAI7,5x7,5 (n = 7) TIAI15x15 (n = 9)
Mudança absoluta
Mudança relativa
Effect size
Descritor Mudança absoluta
Mudança relativa
Effect size
Descritor
CMJ
(cm) 2,4
±2,8 7,17 ±8,6
0,81 Moderado 2,7
±1,8 8,52 ±6,1
1,21 Grande
SJ (cm)
2,3 ±2,9
7,91 ±10,1
0,84 Moderado 2,5
±1,4 8,62 ±5,2
1,37 Grande
PTCON-EXT (N.m)
24,2 ±28,8
16,26 ±26,2
0,84 Moderado 21,3
±19,7 16,27 ±17,9
1,09 Moderado
PTECC-EXT (N.m)
10,4 ±34,2
3,94 ±14,4
0,30 Trivial 22,4
±19,2 10,2 ±8,9
1,15 Moderado
PTCON-FLE (N.m)
11,5 ±14,3
11,94 ±20,3
0,81 Moderado 10,4
±9,1 12,70 ±11,3
1,14 Grande
PTECC-FLE (N.m)
13,1 ±22,3
8,47 ±20,9
0,59 Pequeno 10,6
±22,3 7,83 ±19,1
0,48 Pequeno
CMJ =Counter movement jump. SJ = Squat Jump. PTCON-EXT = Pico de torque concêntrico dos músculos extensores do joelho. PTECC-EXT = Pico de torque excêntrico dos músculos extensores do joelho. PTCON-FLE = Pico de torque concêntrico dos músculos flexores do joelho. PTECC-FLE = Pico de torque excêntrico dos músculos flexores do joelho.
115
5. DISCUSSÃO
O principal objetivo do presente estudo foi analisar os
efeitos de dois modelos de TIAI aplicados durante cinco semanas
sobre a performance em jogo simulado, índices fisiológicos e
neuromusculares em atletas de elite de futsal feminino. Os
resultados demonstraram que não houve interação significante
entre tempo e grupo (p > 0,05) para as variáveis investigadas, o
que contraria a hipótese geral da pesquisa de que o TIAI15x15
(três mudanças de direção por repetição) promoveria os maiores
ganhos quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (uma mudança de
direção por repetição). Desse modo, pode-se verificar que as
diferenças existentes em relação às 40 desacelerações por
sessão a mais presentes no TIAI15x15 não foram suficientes para
produzir uma sobrecarga fisiológica e neuromuscular mais
significativa que no TIAI7,5x7,5.
5.1 Carga interna de treinamento
Segundo Nakamura, Moreira e Aoki (2010) os métodos
mais usados para avaliação da carga interna de treinamento são
o monitoramento da FC, a PSE e a [Lac].
Em relação à FC, observou-se que a intensidade de
esforço atingida nas 10 sessões de TIAI em relação à FC
máxima obtida no FIET (%FCmax-FIET) foi de 93 ± 2 % (90 - 97
%) no modelo TIAI7,5x7,5 e 92 ± 2 % (90 - 96 %) no modelo
116
TIAI15x15. Estes achados são semelhantes aos resultados de
trabalhos realizados com jogadores juniores de futebol que
verificaram que o treinamento intervalado na intensidade
referente à zona alvo da FC de 90 – 95 % da FCmax é uma
ferramenta eficiente para aumentar a capacidade e a potência
aeróbia de atletas de modalidades coletivas e intermitentes em
um espaço reduzido de tempo (HELGERUD et al., 2001;
IMPELLIZZERI et al., 2006).
Adicionalmente, foi constatado que não houve diferença
significante nas respostas de FC (Tabela 1) e %FCmax-FIET
(Figura 14) entre os dois grupos, corroborando os dados de
Dellal et al. (2010), que encontraram valores similares de FC em
corridas intermitentes realizadas por jogadores de futebol com
estímulos de 10:10 segundos e 15:15 segundos em ambos os
modelos de treino (linha reta vs. mudança de direção de 180°).
Do mesmo modo, Fernandes da Silva (2013) também não
verificou diferença nos valores de FC quando comparou dois
modelos de treinamento de corrida intermitente de alta
intensidade individualizadas pelo pico de velocidade obtido no T-
CAR com (T12:12 segundos = 92,2 ± 2,5 %FCmax) e sem (T6:6
segundos = 90,7 4,1 %FCmax) mudança de direção de 180°.
Além disso, Carminatti (2014) observou o mesmo
comportamento nas respostas agudas de FC de 10 jogadoras de
futsal durante a aplicação dos modelos de TIAI7,5x7,5 (95,4 ± 1,9
%FCmax) e TIAI15x15 (95,4 ± 2,7 %FCmax).
117
De acordo com Dellal et al. (2010), as mudanças de
direção dos modelos de exercícios intermitentes de curta
duração parecem não provocar alterações na resposta da FC.
Uma possível explicação se dá em função da recuperação
passiva presente em cada repetição dos modelos propostos, que
contribui para a manutenção das reservas de oxigênio na
hemoglobina e mioglobina e a ressíntese dos estoques de
creatina fosfato, exigindo menor participação do metabolismo
aeróbio durante a execução das corridas e assim, causando
menores modificações nas respostas centrais (DUPONT et al.,
2003; DELLAL et al., 2010).
Considerando a PSE registrada nas 10 sessões de TIAI,
pode-se verificar que não houve diferença significante na PSE
(Tabela 2) e na PSE da sessão (Figura 15) entre o TIAI7,5x7,5 (4 ±
1 e 117 ± 22 u.a., respectivamente) e o TIAI15x15 (5 ± 1 e 130 ± 25
u.a., respectivamente). Estes achados conflitam com os dados
de Dellal et al. (2010), que indicaram que jogadores de futebol
apresentaram valores mais elevados de PSE nas corridas
intermitentes com mudança de direção de 180° vs. linha reta (p <
0,05) durante a execução dos três modelos de exercício
intermitente (10:10 segundos, 15:15 segundos e 30:30
segundos) realizados em intensidades supra máximas (≥
vVO2max). Adicionalmente, Carminatti (2014), verificou que
houve diferença significante (p = 0,013) entre os valores de PSE
indicados por 11 jogadoras de futsal após 15 minutos da
118
execução de uma única sessão dos modelos de TIAI7,5x7,5 e
TIAI15x15.
No presente estudo era esperado que, quando
comparado ao TIAI7,5x7,5, o modelo TIAI15x15 solicitaria uma maior
demanda fisiológica das atletas, devido às contrações
excêntricas realizadas durante as 40 mudanças de direção de
180° a mais, o que deveria refletir em valores maiores de PSE na
realização do mesmo. A ausência dessa diferença pode ser
explicada pela elevada variabilidade nas respostas de PSE e
PSE da sessão para ambos os grupos TIAI7,5x7,5 (CV = 18,4 % e
18,7 %, respectivamente) vs. TIAI15x15 (CV = 19,1 % e 19,1 %,
respectivamente). Outro motivo que merece destaque é a
possibilidade de ter existido uma compensação proporcional da
carga externa imposta pelos dois modelos. Se por uma lado a
velocidade de corrida correspondente ao valor percentual do
PVFIET no TIAI7,5x7,5 (86 - 91 %PVFIET) é maior (3,1 % PVFIET) que
no TIAI15x15 (83 - 88 %PVFIET), o número de mudanças de direção
de 180° do modelo 1 (uma mudança por repetição) é menor
quando comparado ao modelo 2 (três mudanças por repetição), o
que poderia resultar em valores similares de PSE, contrariando o
reportado por Carminatti (2014). Porém, é importante destacar
que a equipe de jogadores analisada por este autor joga somente
em nível estadual, enquanto que as atletas do presente estudo
disputam competições nacionais. Adicionalmente, o volume de
treino semanal do grupo citado (cinco períodos por semana) é
inferior ao do presente estudo (dez períodos por semana). Assim,
119
pondera-se que essas diferenças de nível de treinamento
existentes entre as equipes podem ter contribuído para os
achados divergentes. Essa hipótese pode ser confirmada pelos
valores menores de PSE apontados nas sessões dois a nove
deste estudo (TIAI7,5x7,5 = 4,1 ± 0,3; TIAI15x15 = 4,5 ±0,4), quando
comparados com o de Carminatti (2014) (TIAI7,5x7,5 = 5,2 ± 1,6;
TIAI15x15 = 6,3 ± 1,9) para a mesma carga externa realizada.
Assim como a PSE, a concentração sanguínea de lactato
([Lac]) registrada após cada série de TIAI também não
apresentou diferença significante na segunda sessão analisada
para os dois modelos apresentados (Tabela 3 e Figura 16). Por
outro lado, Dellal et al. (2010) observaram que jogadores de
futebol apresentaram valores de [Lac] superiores durante a
realização de corridas intermitentes realizadas em intensidade
supra vVO2máx com mudança de direção de 180° vs. linha reta
nos exercícios de 30:30 segundos (p ≤ 0,5), de 15:15 segundos
(p ≤ 0,01) e de 10:10 segundos (p ≤ 0,01). Além disso, Carminatti
(2014) verificou que 11 jogadoras de futsal de nível estadual
(19,1 ± 1,7 anos) exibiram valores de [Lac] significativamente
diferentes (p = 0,004) durante a realização dos dois modelos TIAI
(TIAI7,5x7,5 vs. TIAI15x15), ao contrário dos achados do presente
estudo.
Segundo Dellal et al. (2010), as frequentes ações
musculares excêntricas exigidas durante o movimento de
frenagem brusca e reaceleração peculiares das corridas com
mudança de direção acabam gerando uma maior solicitação do
120
metabolismo anaeróbio. Nesse sentido, acreditava-se que as
jogadoras analisadas neste estudo que realizaram o modelo
TIAI15x15 exibiriam maiores valores de [Lac] que o TIAI7,5x7,5.
Porém, como no caso da PSE, uma possível explicação para
esse resultado é a possibilidade de ter existido uma
compensação proporcional da carga externa imposta pelos dois
modelos, ou seja, a maior intensidade de corrida estabelecida no
modelo TIAI7,5x7,5 pode ter sido equilibrada pelo número de
mudança de direção superior presente no modelo TIAI15x15, como
detalhado anteriormente. Adicionalmente, pode-se perceber que
as atletas deste estudo apresentaram valores menores de [Lac]
nos dois modelos de TIAI para a mesma carga externa de
treinamento imposta (TIAI7,5x7,5 = 3,81 ± 1,66 mmol.L-1
e TIAI15x15
= 4,18 ± 1,54 mmol.L-1
), quando comparadas à equipe analisada
por Carminatti (2104) (TIAI7,5x7,5 = 8,25 ± 1,87 mmol.L-1
e TIAI15x15
= 9,23 ± 1,45 mmol.L-1
). Isso reflete um resultado importante na
capacidade de remoção do lactato das jogadoras analisadas no
presente trabalho, demonstrando o efeito positivo do TIAI
aplicado no componente aeróbio das mesmas.
5.2 Performance em jogo simulado
Segundo Bueno et al. (2014), variáveis como a distância
total percorrida (DT) e distâncias parciais percorridas em faixas
de velocidade específicas (DPP) podem indicar qual o nível de
performance do atleta durante as partidas de futsal. Por isso, a
121
quantificação desses índices pode servir de referência para que
os treinadores adequem ainda mais as sessões de treinamento
às necessidades específicas dos jogos (BARROS et al., 2007).
Nesse sentido, foi verificado que as atletas que
realizaram os dois modelos de TIAI deste estudo apresentaram
valores de DT (Tabela 4) semelhantes à distância média de 3133
m registrada em cinco jogos da Liga Futsal Masculina de 2012,
organizada pela CBFS (BUENO et al., 2014). Com base nesta
informação, é possível refletir que as duas partidas simuladas
realizadas (pré e pós-TIAI) aconteceram em intensidades
próximas de partidas oficiais de alto nível competitivo. Por sua
vez, observou-se que não houve diferença significante em
relação ao tempo e aos dois modelos de TIAI para as variáveis
de deslocamento analisadas. Por outro lado, outros trabalhos
que investigaram o efeito de oito semanas de um modelo
específico de TIAI de corrida, composto por quatro repetições de
quatro minutos na zona de intensidade de esforço de 90 – 95 %
da FCmax, similar a do presente estudo, por três minutos de
recuperação a 50 - 60 % da FCmax encontraram mudanças em
algumas variáveis relacionadas à performance de jogo
(HELGERUD et al., 2001; IMPELLIZZERI et al., 2006). Helgerud
et al. (2001), por meio da análise de vídeo (Wacom Digitizer SD-
421-E digital board e marking pen para PC), verificaram
mudanças significantes na distância total percorrida (DT; p <
0,01) de 8619 ± 1237 m (pré) para 10335 ± 1608 m (pós) e no
número de sprints de 6,2 ± 2,2 m (pré) para 12,4 ± 4,3 m (pré) de
122
nove jogadores juniores durante duas partidas de futebol. Do
mesmo modo, Impellizzeri et al. (2006), por meio da análise time
motion, observaram o efeito do TIAI somente em função do
tempo para a DT (pré = 9330 ± 425 m vs. pós = 9924 ± 331 m),
para o deslocamento caminhando (pré = 3071 ± 263 segundos
vs. pós = 2784 ± 229 segundos), corrida em baixa intensidade
(pré = 1395 ± 183 segundos vs. pós = 1649 ± 166 segundos) e
corrida em alta intensidade (pré = 351 ± 67 segundos vs. pós =
431 ± 75 segundos) em partidas de jogadores juniores de futebol.
Ainda sobre a performance de jogo, destaca-se que na
corrida em alta intensidade o effect size indicou valores maiores
para o grupo que realizou o modelo TIAI15x15 (pequeno), quando
comparado ao TIAI7,5x7,5 (trivial). Do mesmo modo, foi possível
observar que o aumento calculado pelo effect size para o
deslocamento em forma de sprint, foi maior para o grupo TIAI15x15
(grande) que para o TIAI7,5x7,5 (pequeno). Na prática isto
representa uma aumento de 11,5 % percorridos em sprint após a
realização do TIAI15x15. Os achados do presente estudo podem
ser explicados pelas inúmeras ações musculares excêntricas
exigidas durante o movimento de frenagem brusca e
reaceleração peculiares do TIAI15x15. Nesse sentido, sugere-se
que o maior deslocamento realizado nessa faixa de velocidade
pode estar associado à melhora significante da variável
neuromuscular pico de torque excêntrico dos músculos
extensores do joelho (PTECC-EXT: p = 0,024) observada somente
para o TIAI15x15, devido ao maior número de contrações
123
musculares excêntricas realizadas durante as desacelerações
requeridas nas mudanças de direção de 180° em um sprint.
Girard, Mendez-Villanueva e Bishop (2011) relataram que
a performance em um sprint, ou ainda, na habilidade de realizar
sprints repetidos (repeated-sprint ability - RSA), tem sido
considerado um importante atributo para a desenvolvimento da
performance em esportes coletivos, como o futsal e futebol.
Análises cinemáticas de jogo revelaram que nos esportes
coletivos os momentos decisivos de uma partida são geralmente
precedidos por sprints com duração de dois a quatro segundos
(SPENCER et al., 2005). Ainda, foi evidenciado que jogadores
profissionais de futsal permanecem cerca de 5 a 12 % do tempo
de jogo realizando corridas de alta intensidade e sprints e
(velocidade > 15 km h-1
) (BARBERO-ALVAREZ et al., 2008).
Nesse sentido, Young, McDowell e Scarlett (2001) e Spencer,
Bishop e Dawson (2005), concluíram que a maioria dos
momentos decisivos durante partidas de modalidades coletivas,
como o futsal, é precedida por deslocamentos de alta intensidade
e sprints curtos. Desse modo, pode-se considerar que as
mudanças de direção a mais presentes no modelo TIAI15x15 são
capazes de promover maiores ganhos práticos de performance
das atletas durante a partida. Por sua vez, é importante ressaltar
que, ao nosso conhecimento, este foi o primeiro estudo que
investigou os efeitos de dois modelos de TIAI sobre as variáveis
de performance de jogo de atletas de futsal feminino por meio do
sistema de rastreamento automático (tracking computacional).
124
5.3 Variáveis fisiológicas
Em relação à variável fisiológica de potência aeróbia
máxima (VO2max), pode-se observar que não houve diferença
significante em relação ao tempo (F = 3,718; p = 0,076) e aos
dois modelos de TIAI (F = 0,103; p = 0,753), contrariando
trabalhos que demonstraram que o TIAI é capaz de promover
ganhos neste índice em jogadores juniores de futebol
(HELGERUD et al., 2001; IMPELLIZZERI et al., 2005). Porém, é
válido lembrar que o número de sessões de TIAI do presente
estudo foi inferior ao dos autores citados (8 vs. 16,
respetivamente), o que pode ter influenciado nos resultados
distintos (EDGE; BISHOP; GOODMAN, 2006).
Adicionalmente, apesar do VO2max ser capaz de
diferenciar níveis competitivos de atletas profissionais de futsal
(BARBERO ÁLVAREZ; D’OTTAVIO; CASTAGNA, 2006,
CASTAGNA et al., 2009), a pequena sensibilidade dessa variável
frente aos efeitos do treinamento de atletas com melhor nível
técnico poderia explicar esses achados (DENADAI; ORTIZ;
MELLO, 2004). Nesses indivíduos, embora continuem existindo
importantes adaptações (metabólicas e neuromusculares) que
podem determinar a melhora da performance aeróbia, a oferta
central de oxigênio, principalmente o débito cardíaco máximo,
não permite que o VO2max continue aumentando com o
treinamento (BILLAT, et al. 1999; DENADAI, 2000). Como
demonstrado por Denadai, Ortiz e Mello (2004) ao investigarem
125
corredores, essa hipótese é fundamentada em estudos que
analisaram o aumento ou diminuição da performance aeróbia,
sem que tenha ocorrido modificação nos valores de VO2max.
Guglielmo (2005) apontou que está bem relatado na literatura
que atletas de elite apresentam uma estabilização do VO2max
em determinados momentos de seu treinamento, embora grande
parte deles adquira uma melhora da performance. Assim, as
adaptações periféricas, como o aumento da capilarização e da
atividade enzimática que continuam ocorrendo durante o período
de treinamento, acabam não sendo detectadas por esse índice
(DENADAI, 1999).
Por outro lado, o PVFIET e o PVTIER apresentaram
aumentos significantes para os dois grupos (Tabela 6), ao
contrário da vVO2max que não exibiu mudança significativa após
a intervenção (F = 1,146; p = 0,300). É valido destacar que o
volume de 10 sessões (2 vezes por semana) de realização dos
modelos de TIAI talvez não tenham sido suficientes para
promover possíveis melhoras nos valores de vVO2max das
atletas. Além disso, Galotti e Carminatti (2008) observaram que,
quando comparado a vVO2max, o PV é um índice que mostra
maior sensibilidade frente as variações induzidas pelo
treinamento na capacidade de utilização do sistema aeróbio,
demonstrando-se como alternativa válida de prescrição de TIAI
no futsal (DITTRICH, 2009). O PV parece ser influenciado em
maior proporção que a vVO2max pela força e habilidade
neuromuscular para correr em altas velocidade e pela
126
capacidade anaeróbia (JONES; CARTER, 2000). Neste sentido,
os aumentos observados nos valores de PVFIET e PVTIER podem
estar associados às melhoras significantes verificadas nos dois
modelos de TIAI nas variáveis neuromusculares (Tabela 8)
analisadas no presente estudo. Novamente, uma possível
explicação para a falta de diferença significante (estatística
inferencial) e prática (effect size) entre os dois modelos é a
possibilidade de que a intensidade de esforço gerada pelas
mudanças de direção a mais presentes no TIAI15x15 terem sido
compensadas pela maior velocidade de corrida (% PVFIET)
realizada no TIAI7,5x7,5. Porém, destaca-se que as modificações
observadas nos valores de PV para os dois grupos analisados
poderá resultar na melhora da performance de jogo, pois de
acordo com Barbero Álvarez et al. (2008), níveis elevados de
potência aeróbia reduzem a condição de fadiga de atletas
durante as partidas.
Sobre a variável de capacidade aeróbia (vLTF2),
verificou-se que houve diferença significante somente em relação
ao tempo para os dois modelos de TIAI investigados (Tabela 6).
Na prática, o aumento obtido nos valores deste índice para o
TIAI7,5x7,5 de 14,6 % (pré = 10,1 ± 0,6 km.h-1
vs. pós = 11,6 ± 0,7
km.h-1
) e para o TIAI15x15 de 15,0 % (pré = 10,0 ± 0,5 km.h-1
vs.
pós = 11,5 ± 1,0 km.h-1
) foi considerado muito grande pelo
cálculo do effect size (Tabela 7). Esses achados corroboram o
estudo de Helgerud et al. (2001) que observaram melhoras (p <
0,05) próximas de 16 % (pré = 11,1 ± 0,7 km.h-1
vs. pós = 13,5 ±
127
0,4 km.h-1
) na vTLF2 em atletas juniores de futebol após a
aplicação de oito semanas de TIAI de corrida (quatro repetições
de quatro minutos na zona de intensidade de esforço de 90 – 95
% da FCmax por três minutos de recuperação a 50 - 60 % da
FCmax). Utilizando o mesmo protocolo antes do início da
temporada competitiva, Impellizzeri et al. (2006) encontraram
aumentos significantes de 10 % (pré = 11,2 ± 0,6 km.h-1
vs. pós =
12,2 ± 0,4 km.h-1
) nos valores de vLTF2 em jogadores juniores
de futebol. Igualmente, Ferrari Bravo et al. (2008), ao
compararem esse modelo de TIAI de corrida com o de sprint
repetido, verificaram que os valores de limiar ventilatório de 13
atletas juniores de futebol aumentaram significativamente (pré =
43,6 ± 3,3 mL.kg-1
. min-1
vs. pós = 45,2 ± 3,0 mL.kg-1
. min-1
) após
sete semanas de realização do TIAI.
Segundo BILLAT et al. (2003), a vLTF2 é a variável que
melhor reflete as adaptações periféricas do exercício aeróbio,
visto que está associada ao aumento da densidade capilar e a
maior capacidade de transportar lactato e íons H+
devido ao
número elevado de enzimas mitocondriais. Do mesmo modo,
Gladen (2004) observou que a resposta do lactato sanguíneo ao
exercício é especialmente relacionada aos fatores periféricos
(tipo de fibra muscular, densidade capilar e o balanço entre a
atividade enzimática glicolítica e oxidativa), os quais são bastante
suscetíveis às adaptações provocadas pelo treinamento aeróbio.
Além disso, Spencer, Bishop e Dawson (2005) afirmaram que a
capacidade aeróbia aprimorada acelera a ressíntese dos
128
estoques de fosfocreatina durante a recuperação das corridas
realizadas em alta intensidade ou sprint, permitindo que os
atletas realizem um maior número de sprints em intensidade
máxima, ou próxima da máxima durante as partidas (BISHOP;
GIRARD; MENDEZ-VILLANUEVA, 2011).
Nesse sentido, destaca-se que, para a manutenção da
performance durante o tempo total de partida, é necessário que o
atleta possua elevados níveis de capacidade aeróbia (ÁLVAREZ;
ÁLVAREZ, 2003). Medina et al. (2002) observaram que quanto
melhor o nível de treinamento aeróbio do atleta mais tarde ele irá
ultrapassar a vLTF2 em uma atividade longa e intensa,
retardando a perda de força muscular devido à acidose. Por sua
vez, Carminatti (2006) relatou que jogadores de alto nível
apresentam valores de LTF2 próximos de 80 % do PV alcançado
em um teste máximo, sendo que quanto maior o valor dessa
variável e, portanto da capacidade aeróbia, melhor será o ritmo
que o atleta poderá manter durante os jogos. Assim, novamente
pode-se constatar que a melhora da capacidade aeróbia
apresentada pelos dois grupos de TIAI propostos no presente
estudo podem contribuir para uma elevada performance das
atletas durante as partidas de futsal.
Ao contrário da vTLF2, a EC não apresentou mudança
significante em relação ao tempo e aos modelos de TIAI (Tabela
6). Por outro lado, Helgerud et al. (2001) e Impellizzeri et al.
(2006) observaram melhoras significantes nos valores de EC de
6,7 % (pré = 0,75 ± 0,05 mL.kg-0,75
. min-1
vs. pós = 0,70 ± 0,04
129
mL.kg-0,75
. min-1
) e de 2,0 % (pré = 0,73 ± 0,03 mL.kg-0,75
. min-1
vs. pós = 0,71 ± 0,03 mL.kg-0,75
. min-1
), respectivamente, após
uma intervenção de oito semanas de um modelo de TIAI de
corrida realizado na intensidade de 90 - 95 % da FCmax, similar
a do presente estudo. Porém, é importante lembrar que atletas
com uma melhor EC (menor VO2 para uma determinada
velocidade) estão em vantagem porque eles serão capazes de
se exercitar em um percentual menor do VO2max para
determinada intensidade de exercício (ALMARWAEY; JONES;
TOLFREY, 2003). Adicionalmente, os atletas com nível inferior
de treinamento realizam uma determinada atividade submáxima
de corrida com maior custo de oxigênio (DANIELS, 1985;
DENADAI, 1999), ao contrário dos bem treinados, que
normalmente são capazes de correr numa menor fração do
VO2max (SAUNDERS, et al. 2004), dependendo da velocidade
analisada (DANIELS; DANIELS, 1992).
Porém, um achado muito interessante do presente estudo
foi que pelo cálculo do effect size houve uma melhora prática na
EC somente para o grupo TIAI15x15 (Tabela 7). Alguns autores
sugerem que há relação entre as características
neuromusculares e a EC, os quais indicam que atletas com
valores inferiores de EC possuem maior dificuldade de utilizar a
energia produzida pela fase excêntrica da contração muscular
(ciclo alongamento-encurtamento - CAE), sendo que os mais
econômicos apresentaram maiores níveis de força contrátil e
stiffness muscular (NOAKES, 1998; ARAMPATZIS et al., 2006).
130
Nesse sentido, sugere-se que as modificações observadas no
modelo de TIAI com mais mudanças de direção podem estar
associadas à melhora significante (Tabela 8) e prática (Tabela 9)
das variáveis neuromusculares analisadas neste estudo. Por
exemplo, a altura do salto vertical (CMJ), que investiga os níveis
de força explosiva exercida, a capacidade de recrutamento
neural e a reutilização do CAE (BOSCO, 1999; KOMI, 2000),
apresentou uma melhora significante e prática considerada
grande para o grupo de atletas que realizou o TIAI15x15. Do
mesmo modo, PTECC-EXT foi maior para o grupo de TIAI15x15 e
teve um aumento prático considerado moderado, o que pode ser
atribuído à maior participação do CAE durante as contrações
excêntricas realizadas durante as desacelerações que precedem
a mudança de direção (CASTILLO-RODRIGUEZ et al., 2012).
Isso pode ser confirmado pelos dados de Guglielmo, Greco e
Denandai (2009), os quais concluíram que as alterações obtidas
nos valores de uma repetição máxima e CMJ (p < 0,05) após a
aplicação de dois meses de treinamento de força tradicional foi
capaz de melhorar a EC (pré = 47,3 ± 6.8 mL.kg-1
.min-1
vs. pós =
44.3 ± 4.9 mL.kg-1
.min-1
) de 16 corredores de endurance. Por sua
vez, considerando que uma melhor EC pode ser vantajosa, pois
permitirá menor utilização fracional do VO2max para qualquer
intensidade submáxima de exercício (GUGLIELMO; GRECO;
DENADAI, 2005), os achados do presente estudo podem ser
considerados importantes para a manutenção da performance
das jogadoras de futsal durante as partidas.
131
Em relação às variáveis fisiológicas anaeróbias, pode-se
observar que houve melhora significante no tempo para o IFF e o
TM nos dois grupos de TIAI. Segundo Karahan (2012), o
desenvolvimento da performance anaeróbia de jogadoras de
futsal pode se atribuído ao estímulo fornecido pela realização de
programas de TIAI, os quais induzem o aumento da quantidade
de enzimas glicolíticas e da capacidade de tamponamento
muscular.
Os achados do presente estudo corroboram outras
pesquisas que investigaram a influencia do TIAI sobre a
performance anaeróbia de atletas de modalidades coletivas
(DUPONT; AKAKPO; BERTHOIN, 2004; KARAHAN, 2012).
Dupont, Akakpo e Berthoin (2004) verificaram que houve melhora
significante (p < 0,001) no tempo de sprint de 40 metros (pré =
5,55 ± 0,15 segundos vs. pós = 5,35 ± 0,13 segundos) de 22
jogadores profissionais de futebol depois de 10 semanas de TIAI
de corrida, com a velocidade individualizada de acordo com a
máxima velocidade aeróbia de cada atleta. Do mesmo modo,
Karahan (2012) demonstrou que a realização de um modelo de
TIAI baseado nas habilidades técnicas de jogo foi capaz de
melhorar a potência máxima (pré = 232,56 ± 14,85 W vs. pós =
292,68 ± 17,34 W), a potência média (pré = 280,95 ± 13,90 W vs.
pós = 342,64 ± 18,90 W) e o IFF (pré = 3,26 ± 0,16 W.s-1
vs. pós
= 2,64 ± 0,17 W.s-1
) de 12 atletas de elite de futsal feminino após
o período de oito semanas. Por outro lado, Ferrari Bravo et al.
(2008) não observaram diferenças significantes no valor médio
132
de tempo em três sprints de 10 metros (pré = 7,42 ± 0,22
segundos vs. pós = 7,40 ± 0,22 segundos) de jogadores juniores
de futebol, o que pode ser explicado pelo fato do modelo de TIAI
de corrida em linha reta não ser intenso o suficiente para
provocar aumento elevados nos níveis de [Lac], indicando uma
menor solicitação do metabolismo glicolítico.
Por sua vez, destaca-se que no presente estudo o MT de
sprint foi significativamente menor somente no modelo TIAI15x15
(F = 6,815; p = 0,21), coincidindo com o cálculo do effect size,
que verificou que o grupo TIAI15x15 (ES = moderado) apresentou
alterações em maior magnitude que o TIAI7,5x7,5 (ES = pequeno).
Isso pode ser justificado pelas inúmeras ações musculares
excêntricas exigidas durante o movimento de frenagem brusca e
reaceleração peculiares do modelo TIAI15x15, pois segundo
Karahan (2012), a melhora da potência anaeróbia após a
realização de um programa de TIAI pode estar parcialmente
relacionada ao desenvolvimento da força muscular, o que
corrobora os achados do presente estudo sobre a diferença
significante observada nos valores de PTECC-EXT pré (237,3 ± 37,0
N.m) e pós-TIAI15x15 (259,7 ± 44,3 N.m). Adicionalmente, Medina
et al. (2002) concluíram que o sistema alático é o principal
responsável pelo fornecimento de energia durante a execução
das ações determinantes nas partidas de futsal, ou seja, esforços
de curta duração realizados em intensidades próximas da
máxima. Assim, é possível afirmar que as melhoras da aptidão
anaeróbia verificadas no presente estudo podem provocar um
133
atraso no desenvolvimento da fadiga muscular causada pelos
elevados níveis de acidose, o que refletirá na manutenção da
eficácia da habilidade física e técnica por mais tempo durante as
partidas.
5.4 Variáveis neuromusculares
No futsal, a execução dos gestos motores e o padrão de
movimentação exigido durante os treinamentos e jogos geram
inúmeras mudanças de direção, o que acarreta na exigência de
elevados níveis de potência muscular dos membros inferiores
destes atletas (ÁLVAREZ et al., 2008; CASTAGNA et al., 2009).
A potência muscular é caracterizada como a taxa de realização
de um trabalho em determinado período de tempo, sendo a força
provinda do torque máximo que um grupo muscular pode gerar
em determinada velocidade (KOMI, 2006).
Nesse sentido, observa-se que neste estudo houve
melhora significante nos valores de altura dos saltos CMJ e SJ
(Tabela 8) em relação ao tempo para os dois modelos de TIAI.
Esses dados corroboram pesquisas que verificaram que modelos
de treinamentos baseado na RSA são capazes de aumentar a
potência muscular obtida por meio do CMJ (DAWSON et al.,
1998; TONNESSEN et al., 2001; MARKOVIC et al., 2007). Por
outro lado, Ferrari Barvo et al. (2008) não acharam diferenças
nos valores de CMJ (pré = 48,5 ± 3,8 cm vs. pós = 48,1 ± 3,8 cm)
de 13 atletas de juniores de futebol após a aplicação de sete
134
semanas do modelo de TIAI de corrida realizado em intensidade
de esforço similar a do presente estudo. Uma possível
justificativa para a falta de melhora do CMJ daquele estudo pode
ser atribuída ao fato do modelo de TIAI de corrida em linha reta
não ser capaz de provocar mudanças nos níveis de potência
muscular, destacando ainda mais os resultados do presente
trabalho.
Adicionalmente, Gorostiaga et al. (2009) concluíram que
as relações significantes observadas entre o CMJ (38,1 ± 4,1 cm)
e a performance nos sprints de cinco metros (1,01 ± 0,02
segundos; p ≤ 0,001) e 15 metros (2,41 ± 0,08 segundos; p ≤
0,001) em 15 jogadores de elite de futsal enfatizam a importância
da potência muscular para o nível de performance desses atletas
durante as partidas. Por sua vez, a habilidade do atleta em gerar
elevada potência está ligada a fatores neuromusculares como a
habilidade de recrutamento neural e o aproveitamento do CAE
(KOMI, 2006). O CAE é caracterizado por um alongamento com
geração de força durante a fase excêntrica e armazenamento de
energia potencial nos componentes elásticos do complexo
músculo-tendão, sendo que dessa forma, na passagem rápida da
fase excêntrica para a concêntrica, essa energia pode ser
reutilizada, gerando uma maior quantidade de trabalho positivo,
explicando a melhor performance no salto vertical quando
precedido de um contra movimento (GUGLIELMO, 2005). Desse
modo, pode-se destacar que, a melhora prática observada no
valor do CMJ foi maior para o modelo TIAI15x15 (ES = grande),
135
quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (ES = moderado). Nesse
sentido, Castillo-Rodríguez et al. (2012) indicaram que o
componente elástico do CAE presente na realização do CMJ
está correlacionado com o tempo de execução de sprints com
mudança de direção de 180° (r = 0,60; p ≤ 0,001). Assim é
possível conjeturar que a melhora no deslocamento em forma de
sprint também esteja associada ao aprimoramento nos valores
de CMJ observadas neste estudo, o que pode refletir no nível de
performance das jogadoras nas partidas.
A partir das variáveis de pico de torque (Tabela 8), foi
verificado que o PTCON-EXT apresentou diferença significante ao
longo do tempo para os dois modelos de TIAI. Por sua vez,
destaca-se que o valor do PTECC-EXT foi maior apenas no
TIAI15x15, coincidindo com os dados do effect size (Tabela 9) que
indicaram mudanças práticas mais eficientes no modelo TIAI15x15
(ES = moderado), quando comparado ao TIAI7,5x7,5 (ES = trivial).
Do mesmo modo, observou-se que no PTCON-FLE o ganho prático
foi maior para o TIAI15x15 (ES = grande) que no TIAI7,5x7,5 (ES =
moderado).
Esses resultados corroboram o trabalho de Miller et al.
(2013) que comparou dois protocolos de treinamento de força
isocinética na velocidade de 60°.s-1
(concêntrico vs. excêntrico)
realizados por mulheres adultas (18-26 anos) durante 20
semanas (três vezes na semana). Os dois grupos apresentaram
melhoras significante no PTCON-EXT, PTECC-EXT, PTCON-FLE e no
PTECC-FLE. Porém, foi verificado que o grupo que executou o
136
protocolo excêntrico exibiu maiores valores de PTECC-FLE e
PTECCEXT, quando comparado ao concêntrico. Por outro lado,
Eniseler et al. (2012) em um trabalho que objetivou analisar os
possíveis efeitos de um modelo de treinamento próprio de futebol
de uma equipe masculina profissional aplicados durante 24
semanas, não encontrou diferenças significantes no PTECC-EXT e
no PTCON-EXT realizado na velocidade angular de 60°.s-1
e
300°.s-1
. Desse modo, destaca-se os resultados do presente
estudo, que mostram que os modelos de TIAI específicos para
futsal, propostos por Carminatti (2014), são capazes de provocar
mudanças nos valores de PTECC-EXT e PTCON-EXT, principalmente
o TIAI15x15 que possuí inúmeras mudanças de direção de 180°,
responsáveis pelas contrações musculares excêntricas exigidas
durante o movimento de frenagem brusca e reaceleração.
Segundo, Allen (2001) e Byrne e Eston (2002), durante a
execução de exercícios com substancial componente excêntrico,
como as constantes mudanças de direção presentes no futsal, as
reduções na produção de força podem ser percebidas
imediatamente após o exercício, sendo umas das consequências
mais agudas da fadiga, principal responsável pela queda de
performance das atletas durante as partidas. Eston, Byrne e
Twist (2003) encontraram evidências que a redução na
performance de sprints de 10 e 20 m pode ser atribuída à
redução na capacidade dos músculos flexores e extensores do
joelho em produzir força. Adicionalmente, Mark et al. (2004)
reportaram que níveis elevados de força concêntrica e excêntrica
137
dos músculos quadríceps e isquiotibiais podem afetar
positivamente na performance de sprints e saltos de jogadores
de futebol. Nesse sentido, a melhora observada nos valores de
PT do presente estudo pode retardar o aparecimento da fadiga e
promover a manutenção da performance por um período mais
prolongado. Porém, apesar da importância que as variáveis
neuromusculares apresentam para a performance de atletas de
futsal, ao nosso conhecimento, este é o primeiro trabalho que
investigou os efeitos de dois modelos de TIAI com mudança de
direção de 180° sobre os valores do saltos e PT excêntrico e
concêntrico dos músculos extensores e flexores do joelho de
jogadoras de futsal.
139
6. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-
se sugerir que:
Os dois modelos de TIAI (TIAI7,5x7,5 vs. TIAI 15x15)
aplicados no presente estudo provocaram mudanças similares
sobre as variáveis aeróbias (PVFIET, PVTIER, vLTF2) e anaeróbias
(TM e IFF) de atletas de elite de futsal feminino.
Igualmente, os dois modelos de TIAI analisados também
promoveram mudanças semelhantes nas variáveis
neuromusculares de potência muscular de membros inferiores
(CMJ e SJ) e pico de torque dos músculos extensores do joelho
(PTCON-EXT) das jogadoras elite de futsal.
O modelo TIAI15x15 foi mais eficaz que o modelo TIAI7,5x7,5
para gerar mudanças na variável anaeróbia MT e na variável
neuromuscular PTECC-EXT das participantes do estudo.
Adicionalmente, o modelo TIAI15x15 foi mais eficiente que
o modelo TIAI7,5x7,5 para originar mudanças práticas nas variáveis
de deslocamento em alta intensidade e sprint das jogadoras de
futsal durante a partida simulada monitorada após a realização
da intervenção.
Pode-se destacar que, em relação à carga interna de
treinamento, é possível que tenha existido uma compensação
proporcional da carga externa imposta pelos dois modelos. Se
por uma lado a velocidade de corrida correspondente ao valor
percentual do PVFIET no TIAI7,5x7,5 (86 - 91 %PVFIET) foi maior que
140
no TIAI15x15 (83 - 88 %PVFIET), o número de mudanças de direção
de 180° do primeiro modelo (uma mudança por repetição) é
menor quando comparado ao segundo modelo (três mudanças
por repetição)
Nesse sentido, recomenda-se a realização de novos
estudos com uma amostra maior que permita a inclusão de um
grupo controle. Adicionalmente, sugere-se que os dois modelos
de TIAI analisados sejam executados na zona de intensidade de
treinamento baseado no mesmo valor percentual do PV obtido no
FIET.
A partir das análises realizadas no presente trabalho em
relação às aplicações práticas pode-se observar que:
Durante todas as sessões dos dois grupos de TIAI
analisados as jogadoras permaneceram na intensidade referente
à zona alvo da FC de 90 – 95 % da FCmax, representando a
similaridade dos protocolos com a demanda fisiológica exigidas
durante as partidas de futsal feminino de elevado nível
competitivo.
Adicionalmente, os modelos apresentados podem ser
facilmente aplicados pelo preparador físico de forma
concomitante com toda a equipe, sempre respeitando a
intensidade individual de cada atleta, sem que haja a
necessidade do uso de qualquer instrumento de medida de carga
interna.
141
Por fim, destaca-se ainda, a praticidade em ajustar a
carga de treinamento individual no decorrer da periodização, sem
que haja a necessidade da realização de testes ou retestes a
curto ou médio prazo.
Desse modo, recomenda-se para os profissionais que
trabalham com o futsal a inclusão de uma a duas sessões
semanais dos protocolos de TIAI analisados, dando mais ênfase
ao modelo com maior número de mudanças de direção com a
finalidade de melhorar as variáveis fisiológicas e
neuromusculares apresentadas e, por consequência, a
performance de jogo das atletas de elite de futsal.
143
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