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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA AFLATOXICOSE EM BOVINOS TESE DE DOUTORADO Felipe Pierezan Santa Maria, RS, Brasil 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …w3.ufsm.br/ppgmv/images/Felipe Pierezan.pdf · 2" " Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais Programa de Pós-Graduação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIEcircNCIAS RURAIS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM MEDICINA VETERINAacuteRIA

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

TESE DE DOUTORADO

Felipe Pierezan

Santa Maria RS Brasil 2013

1

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

Felipe Pierezan

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria Aacuterea de Concentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM RS) como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Doutor em Medicina Veterinaacuteria

Orientador Prof Claudio Severo Lombardo de Barros

Santa Maria RS Brasil

2013

Ficha catalograacutefica elaborada atraveacutes do Programa de Geraccedilatildeo Automaacutetica da Biblioteca Central da UFSM com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Pierezan Felipe Aflatoxicose em bovinos Felipe Pierezan-2013 59 f 30cm

Orientador Claudio Severo Lombardo de Barros Tese (doutorado) - Universidade Federal de SantaMaria Centro de Ciecircncias Rurais Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria RS 2013

1 Doenccedilas de bovinos 2 Micotoxicose 3 Aflatoxicose4 Doenccedilas hepaacuteticas 5 Patologia I Severo Lombardo deBarros Claudio II Tiacutetulo

2

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciecircncias Rurais

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

A Comissatildeo Examinadora abaixo assinada aprova a Tese de Doutorado

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

elaborada por Felipe Pierezan

como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Medicina Veterinaacuteria

COMISSAtildeO EXAMINADORA

Claudio Severo Lombardo de Barros PhD (PresidenteOrientador)

Ana Lucia Pereira Schild Dra (UFPel)

Tatiana Mello de Souza Dra (UFSM)

David Driemeier Dr (UFRGS)

Rafael Fighera Dr (UFSM)

Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

3

RESUMO

Tese de Doutorado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSE EM BOVINOS AUTOR FELIPE PIEREZAN

ORIENTADOR CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Data e Local da Defesa Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

Na primeira parte dessa tese relatamos a ocorrecircncia de um surto de aflatoxicose crocircnica

bezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandeses machos de quatro meses de idade e aproximadamente 100 kg eram alimentados com feno de alfafa milho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15) morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada por mau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dor abdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo A duraccedilatildeo do curso cliacutenico foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeo morreram permaneceram pouco desenvolvidos Os achados de necropsia de trecircs bezerros incluiacuteam fiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascite e edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosa do abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderada megalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros por cromatografia de camada delgada revelou 5136 ppb de aflatoxina B1 (AFB1) O diagnoacutestico de aflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patologia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimentaccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros Na segunda parte da tese dois experimentos foram realizados para determinar os efeitos toacutexicos de diferentes doses de aflatoxinas em bezerros considerando-se aspectos cliacutenicos produtivos e patoloacutegicos No primeiro nove bezerros Holandecircs com 2-4 meses de idade receberam raccedilatildeo contendo 500plusmn100 ppb de aflatoxina na quantidade equivalente a 15 do peso vivodia durante dois meses Trecircs bezerros foram usados como controle No segundo experimento trecircs bezerros Holandecircs com 4-5 meses de idade receberam por via oral pequenas porccedilotildees diaacuterias de um concentrado de aflatoxinas diluiacutedas em 500 ml de aacutegua correspondendo a doses de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 Um bezerro foi usado como controle No primeiro experimento o ganho de peso dos bezerros recebendo AFB1 foi equivalente ao do grupo controle durante todo periacuteodo experimental e natildeo foram observadas alteraccedilotildees na atividade seacuterica da enzima aspartato transaminase (AST) da albumina seacuterica (AS) da proteiacutena total (PT) e no hematoacutecrito quando comparados os resultados semanais do grupo tratamento e controle Diferenccedilas significativas nas atividades seacutericas das enzimas fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (GGT) ocorreram na coleta do 63ordm dia do experimento Natildeo foram observados sinais cliacutenicos e alteraccedilotildees histopatoloacutegicas de aflatoxicose em qualquer dos bezerros do grupo tratamento desse experimento No segundo experimento sinais cliacutenicos observados nos bezerros intoxicados incluiacuteram perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Icteriacutecia diarreia intermitente tenesmo e apatia severa foram observadas apenas em um bezerro (5000 ppb de AFB1) Niacuteveis alterados da atividade seacuterica de FA e GGT foram observados em todos os bezerros do grupo tratamento Natildeo foram observadas variaccedilotildees no hematoacutecrito e na atividade seacuterica de AST nem nos niacuteveis seacutericos de PT bilirrubina total e bilirrubina direta em qualquer dos bezerros desse experimento Alteraccedilotildees histopatoloacutegicas nos bezerros intoxicados incluiacuteram proliferaccedilatildeo de ductos biliares degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios fibrose periportal ou em ponte megalocitose fibrose subendotelial das veias hepaacuteticas terminais e edema Achados de necropsia do bezerro recebendo a maior dose de AFB1 incluiacuteram fiacutegado levemente aumentado de tamanho difusamente amarelo-claro e firme discreta ascite edema de mesenteacuterio e submucosa do abomaso Palavras chave Doenccedilas de bovinos Micotoxicose Aflatoxicose Doenccedilas hepaacuteticas Patologia

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ABSTRACT

Doctoral Thesis Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSIS IN CATTLE AUTHOR FELIPE PIEREZAN

ADVISER CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria February18th 2013

In the first part of the thesis the spontaneous occurrence of an outbreak of chronic

aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old male Holstein calves of approximately 100kg were fed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) died after presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coats abdominal pain prolapsed rectum and grinding of teeth The clinical course was 2-3 days however many calves in this lot that did not die remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings included firm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolon and of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted to the liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and venoocclusive disease The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136 ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinical signs and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of high levels of aflatoxin in the corn fed to the calves In the second part of the thesis two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying doses of aflatoxins in calves Clinical productive and pathologic aspects of affected calves were considered In the first experiment nine 2-4-month old calves Holstein Friesian calves were fed for two months daily amounts corresponding to 15 of their body weight of a ration containing 500plusmn100 ppb of aflatoxins Three calves were used as controls In the second experiment three 4-5-month old Holstein Friesian calves were orally fed daily small parcels of a concentrate of aflatoxins diluted in 500 ml of water corresponding to 1250 2500 e 5000 ppb of B1 aflatoxin (AFB1) A male calf was used as control During all the experimental period of the first experiment the weight gain of the calves receiving AFB1 was equivalent to that of the control group and no differences were observed between treated and control calves when the values of serum activity of aspartate transaminase (AST) serum albumin (SA) total serum protein (TP) and PVC determined weekly were compared A significant difference in the serum activities of alkaline phosphatase (AP) and gamma glutamyl transferase when the serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole experimental period and up to three weeks after the final of the experiment no clinical signs or histopathological changes associated with the consumption of aflatoxins were observed in any of the calves of the first experiment In the second experiment clinical signs observed in three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of weight Jaundice intermittent diarrhea tenesmus and apathy were only observed in the calf receiving 5000 ppb of AFB1 Increased activity of AF and GGT were observed in all the calves of the treated group No changes were observed regarding PCV TP total bilirubin direct bilirubin and in the serum activity of AST in any of the calves of the second experiment Histopathological changes in intoxicated calves included bile duct proliferation cytoplasmic vacuolar hepatocelular degeneration consistent with hepatocelular deposit of lipids periportal to bridging fibrosis megalocytosis subendothelial edema and fibrosis in terminal hepatic veins Necropsy findings in the euthanatized calf which receive de largest doses of AFB1 included slight enlargement of the liver which was firm and diffusely light-yellow mild ascites and edema of the mesentery and of abomasal folds

Key words Diseases of cattle Mycotoxicosis Aflatoxicosis Hepatic diseases Pathology

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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1

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

Felipe Pierezan

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria Aacuterea de Concentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM RS) como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Doutor em Medicina Veterinaacuteria

Orientador Prof Claudio Severo Lombardo de Barros

Santa Maria RS Brasil

2013

Ficha catalograacutefica elaborada atraveacutes do Programa de Geraccedilatildeo Automaacutetica da Biblioteca Central da UFSM com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Pierezan Felipe Aflatoxicose em bovinos Felipe Pierezan-2013 59 f 30cm

Orientador Claudio Severo Lombardo de Barros Tese (doutorado) - Universidade Federal de SantaMaria Centro de Ciecircncias Rurais Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria RS 2013

1 Doenccedilas de bovinos 2 Micotoxicose 3 Aflatoxicose4 Doenccedilas hepaacuteticas 5 Patologia I Severo Lombardo deBarros Claudio II Tiacutetulo

2

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciecircncias Rurais

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

A Comissatildeo Examinadora abaixo assinada aprova a Tese de Doutorado

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

elaborada por Felipe Pierezan

como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Medicina Veterinaacuteria

COMISSAtildeO EXAMINADORA

Claudio Severo Lombardo de Barros PhD (PresidenteOrientador)

Ana Lucia Pereira Schild Dra (UFPel)

Tatiana Mello de Souza Dra (UFSM)

David Driemeier Dr (UFRGS)

Rafael Fighera Dr (UFSM)

Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

3

RESUMO

Tese de Doutorado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSE EM BOVINOS AUTOR FELIPE PIEREZAN

ORIENTADOR CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Data e Local da Defesa Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

Na primeira parte dessa tese relatamos a ocorrecircncia de um surto de aflatoxicose crocircnica

bezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandeses machos de quatro meses de idade e aproximadamente 100 kg eram alimentados com feno de alfafa milho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15) morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada por mau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dor abdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo A duraccedilatildeo do curso cliacutenico foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeo morreram permaneceram pouco desenvolvidos Os achados de necropsia de trecircs bezerros incluiacuteam fiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascite e edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosa do abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderada megalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros por cromatografia de camada delgada revelou 5136 ppb de aflatoxina B1 (AFB1) O diagnoacutestico de aflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patologia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimentaccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros Na segunda parte da tese dois experimentos foram realizados para determinar os efeitos toacutexicos de diferentes doses de aflatoxinas em bezerros considerando-se aspectos cliacutenicos produtivos e patoloacutegicos No primeiro nove bezerros Holandecircs com 2-4 meses de idade receberam raccedilatildeo contendo 500plusmn100 ppb de aflatoxina na quantidade equivalente a 15 do peso vivodia durante dois meses Trecircs bezerros foram usados como controle No segundo experimento trecircs bezerros Holandecircs com 4-5 meses de idade receberam por via oral pequenas porccedilotildees diaacuterias de um concentrado de aflatoxinas diluiacutedas em 500 ml de aacutegua correspondendo a doses de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 Um bezerro foi usado como controle No primeiro experimento o ganho de peso dos bezerros recebendo AFB1 foi equivalente ao do grupo controle durante todo periacuteodo experimental e natildeo foram observadas alteraccedilotildees na atividade seacuterica da enzima aspartato transaminase (AST) da albumina seacuterica (AS) da proteiacutena total (PT) e no hematoacutecrito quando comparados os resultados semanais do grupo tratamento e controle Diferenccedilas significativas nas atividades seacutericas das enzimas fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (GGT) ocorreram na coleta do 63ordm dia do experimento Natildeo foram observados sinais cliacutenicos e alteraccedilotildees histopatoloacutegicas de aflatoxicose em qualquer dos bezerros do grupo tratamento desse experimento No segundo experimento sinais cliacutenicos observados nos bezerros intoxicados incluiacuteram perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Icteriacutecia diarreia intermitente tenesmo e apatia severa foram observadas apenas em um bezerro (5000 ppb de AFB1) Niacuteveis alterados da atividade seacuterica de FA e GGT foram observados em todos os bezerros do grupo tratamento Natildeo foram observadas variaccedilotildees no hematoacutecrito e na atividade seacuterica de AST nem nos niacuteveis seacutericos de PT bilirrubina total e bilirrubina direta em qualquer dos bezerros desse experimento Alteraccedilotildees histopatoloacutegicas nos bezerros intoxicados incluiacuteram proliferaccedilatildeo de ductos biliares degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios fibrose periportal ou em ponte megalocitose fibrose subendotelial das veias hepaacuteticas terminais e edema Achados de necropsia do bezerro recebendo a maior dose de AFB1 incluiacuteram fiacutegado levemente aumentado de tamanho difusamente amarelo-claro e firme discreta ascite edema de mesenteacuterio e submucosa do abomaso Palavras chave Doenccedilas de bovinos Micotoxicose Aflatoxicose Doenccedilas hepaacuteticas Patologia

4

ABSTRACT

Doctoral Thesis Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSIS IN CATTLE AUTHOR FELIPE PIEREZAN

ADVISER CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria February18th 2013

In the first part of the thesis the spontaneous occurrence of an outbreak of chronic

aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old male Holstein calves of approximately 100kg were fed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) died after presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coats abdominal pain prolapsed rectum and grinding of teeth The clinical course was 2-3 days however many calves in this lot that did not die remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings included firm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolon and of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted to the liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and venoocclusive disease The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136 ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinical signs and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of high levels of aflatoxin in the corn fed to the calves In the second part of the thesis two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying doses of aflatoxins in calves Clinical productive and pathologic aspects of affected calves were considered In the first experiment nine 2-4-month old calves Holstein Friesian calves were fed for two months daily amounts corresponding to 15 of their body weight of a ration containing 500plusmn100 ppb of aflatoxins Three calves were used as controls In the second experiment three 4-5-month old Holstein Friesian calves were orally fed daily small parcels of a concentrate of aflatoxins diluted in 500 ml of water corresponding to 1250 2500 e 5000 ppb of B1 aflatoxin (AFB1) A male calf was used as control During all the experimental period of the first experiment the weight gain of the calves receiving AFB1 was equivalent to that of the control group and no differences were observed between treated and control calves when the values of serum activity of aspartate transaminase (AST) serum albumin (SA) total serum protein (TP) and PVC determined weekly were compared A significant difference in the serum activities of alkaline phosphatase (AP) and gamma glutamyl transferase when the serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole experimental period and up to three weeks after the final of the experiment no clinical signs or histopathological changes associated with the consumption of aflatoxins were observed in any of the calves of the first experiment In the second experiment clinical signs observed in three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of weight Jaundice intermittent diarrhea tenesmus and apathy were only observed in the calf receiving 5000 ppb of AFB1 Increased activity of AF and GGT were observed in all the calves of the treated group No changes were observed regarding PCV TP total bilirubin direct bilirubin and in the serum activity of AST in any of the calves of the second experiment Histopathological changes in intoxicated calves included bile duct proliferation cytoplasmic vacuolar hepatocelular degeneration consistent with hepatocelular deposit of lipids periportal to bridging fibrosis megalocytosis subendothelial edema and fibrosis in terminal hepatic veins Necropsy findings in the euthanatized calf which receive de largest doses of AFB1 included slight enlargement of the liver which was firm and diffusely light-yellow mild ascites and edema of the mesentery and of abomasal folds

Key words Diseases of cattle Mycotoxicosis Aflatoxicosis Hepatic diseases Pathology

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

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ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

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RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

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ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

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INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

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AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Ficha catalograacutefica elaborada atraveacutes do Programa de Geraccedilatildeo Automaacutetica da Biblioteca Central da UFSM com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Pierezan Felipe Aflatoxicose em bovinos Felipe Pierezan-2013 59 f 30cm

Orientador Claudio Severo Lombardo de Barros Tese (doutorado) - Universidade Federal de SantaMaria Centro de Ciecircncias Rurais Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria RS 2013

1 Doenccedilas de bovinos 2 Micotoxicose 3 Aflatoxicose4 Doenccedilas hepaacuteticas 5 Patologia I Severo Lombardo deBarros Claudio II Tiacutetulo

2

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciecircncias Rurais

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

A Comissatildeo Examinadora abaixo assinada aprova a Tese de Doutorado

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

elaborada por Felipe Pierezan

como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Medicina Veterinaacuteria

COMISSAtildeO EXAMINADORA

Claudio Severo Lombardo de Barros PhD (PresidenteOrientador)

Ana Lucia Pereira Schild Dra (UFPel)

Tatiana Mello de Souza Dra (UFSM)

David Driemeier Dr (UFRGS)

Rafael Fighera Dr (UFSM)

Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

3

RESUMO

Tese de Doutorado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSE EM BOVINOS AUTOR FELIPE PIEREZAN

ORIENTADOR CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Data e Local da Defesa Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

Na primeira parte dessa tese relatamos a ocorrecircncia de um surto de aflatoxicose crocircnica

bezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandeses machos de quatro meses de idade e aproximadamente 100 kg eram alimentados com feno de alfafa milho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15) morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada por mau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dor abdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo A duraccedilatildeo do curso cliacutenico foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeo morreram permaneceram pouco desenvolvidos Os achados de necropsia de trecircs bezerros incluiacuteam fiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascite e edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosa do abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderada megalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros por cromatografia de camada delgada revelou 5136 ppb de aflatoxina B1 (AFB1) O diagnoacutestico de aflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patologia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimentaccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros Na segunda parte da tese dois experimentos foram realizados para determinar os efeitos toacutexicos de diferentes doses de aflatoxinas em bezerros considerando-se aspectos cliacutenicos produtivos e patoloacutegicos No primeiro nove bezerros Holandecircs com 2-4 meses de idade receberam raccedilatildeo contendo 500plusmn100 ppb de aflatoxina na quantidade equivalente a 15 do peso vivodia durante dois meses Trecircs bezerros foram usados como controle No segundo experimento trecircs bezerros Holandecircs com 4-5 meses de idade receberam por via oral pequenas porccedilotildees diaacuterias de um concentrado de aflatoxinas diluiacutedas em 500 ml de aacutegua correspondendo a doses de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 Um bezerro foi usado como controle No primeiro experimento o ganho de peso dos bezerros recebendo AFB1 foi equivalente ao do grupo controle durante todo periacuteodo experimental e natildeo foram observadas alteraccedilotildees na atividade seacuterica da enzima aspartato transaminase (AST) da albumina seacuterica (AS) da proteiacutena total (PT) e no hematoacutecrito quando comparados os resultados semanais do grupo tratamento e controle Diferenccedilas significativas nas atividades seacutericas das enzimas fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (GGT) ocorreram na coleta do 63ordm dia do experimento Natildeo foram observados sinais cliacutenicos e alteraccedilotildees histopatoloacutegicas de aflatoxicose em qualquer dos bezerros do grupo tratamento desse experimento No segundo experimento sinais cliacutenicos observados nos bezerros intoxicados incluiacuteram perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Icteriacutecia diarreia intermitente tenesmo e apatia severa foram observadas apenas em um bezerro (5000 ppb de AFB1) Niacuteveis alterados da atividade seacuterica de FA e GGT foram observados em todos os bezerros do grupo tratamento Natildeo foram observadas variaccedilotildees no hematoacutecrito e na atividade seacuterica de AST nem nos niacuteveis seacutericos de PT bilirrubina total e bilirrubina direta em qualquer dos bezerros desse experimento Alteraccedilotildees histopatoloacutegicas nos bezerros intoxicados incluiacuteram proliferaccedilatildeo de ductos biliares degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios fibrose periportal ou em ponte megalocitose fibrose subendotelial das veias hepaacuteticas terminais e edema Achados de necropsia do bezerro recebendo a maior dose de AFB1 incluiacuteram fiacutegado levemente aumentado de tamanho difusamente amarelo-claro e firme discreta ascite edema de mesenteacuterio e submucosa do abomaso Palavras chave Doenccedilas de bovinos Micotoxicose Aflatoxicose Doenccedilas hepaacuteticas Patologia

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ABSTRACT

Doctoral Thesis Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSIS IN CATTLE AUTHOR FELIPE PIEREZAN

ADVISER CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria February18th 2013

In the first part of the thesis the spontaneous occurrence of an outbreak of chronic

aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old male Holstein calves of approximately 100kg were fed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) died after presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coats abdominal pain prolapsed rectum and grinding of teeth The clinical course was 2-3 days however many calves in this lot that did not die remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings included firm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolon and of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted to the liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and venoocclusive disease The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136 ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinical signs and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of high levels of aflatoxin in the corn fed to the calves In the second part of the thesis two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying doses of aflatoxins in calves Clinical productive and pathologic aspects of affected calves were considered In the first experiment nine 2-4-month old calves Holstein Friesian calves were fed for two months daily amounts corresponding to 15 of their body weight of a ration containing 500plusmn100 ppb of aflatoxins Three calves were used as controls In the second experiment three 4-5-month old Holstein Friesian calves were orally fed daily small parcels of a concentrate of aflatoxins diluted in 500 ml of water corresponding to 1250 2500 e 5000 ppb of B1 aflatoxin (AFB1) A male calf was used as control During all the experimental period of the first experiment the weight gain of the calves receiving AFB1 was equivalent to that of the control group and no differences were observed between treated and control calves when the values of serum activity of aspartate transaminase (AST) serum albumin (SA) total serum protein (TP) and PVC determined weekly were compared A significant difference in the serum activities of alkaline phosphatase (AP) and gamma glutamyl transferase when the serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole experimental period and up to three weeks after the final of the experiment no clinical signs or histopathological changes associated with the consumption of aflatoxins were observed in any of the calves of the first experiment In the second experiment clinical signs observed in three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of weight Jaundice intermittent diarrhea tenesmus and apathy were only observed in the calf receiving 5000 ppb of AFB1 Increased activity of AF and GGT were observed in all the calves of the treated group No changes were observed regarding PCV TP total bilirubin direct bilirubin and in the serum activity of AST in any of the calves of the second experiment Histopathological changes in intoxicated calves included bile duct proliferation cytoplasmic vacuolar hepatocelular degeneration consistent with hepatocelular deposit of lipids periportal to bridging fibrosis megalocytosis subendothelial edema and fibrosis in terminal hepatic veins Necropsy findings in the euthanatized calf which receive de largest doses of AFB1 included slight enlargement of the liver which was firm and diffusely light-yellow mild ascites and edema of the mesentery and of abomasal folds

Key words Diseases of cattle Mycotoxicosis Aflatoxicosis Hepatic diseases Pathology

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

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ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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2

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciecircncias Rurais

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

A Comissatildeo Examinadora abaixo assinada aprova a Tese de Doutorado

AFLATOXICOSE EM BOVINOS

elaborada por Felipe Pierezan

como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Medicina Veterinaacuteria

COMISSAtildeO EXAMINADORA

Claudio Severo Lombardo de Barros PhD (PresidenteOrientador)

Ana Lucia Pereira Schild Dra (UFPel)

Tatiana Mello de Souza Dra (UFSM)

David Driemeier Dr (UFRGS)

Rafael Fighera Dr (UFSM)

Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

3

RESUMO

Tese de Doutorado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSE EM BOVINOS AUTOR FELIPE PIEREZAN

ORIENTADOR CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Data e Local da Defesa Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

Na primeira parte dessa tese relatamos a ocorrecircncia de um surto de aflatoxicose crocircnica

bezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandeses machos de quatro meses de idade e aproximadamente 100 kg eram alimentados com feno de alfafa milho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15) morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada por mau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dor abdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo A duraccedilatildeo do curso cliacutenico foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeo morreram permaneceram pouco desenvolvidos Os achados de necropsia de trecircs bezerros incluiacuteam fiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascite e edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosa do abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderada megalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros por cromatografia de camada delgada revelou 5136 ppb de aflatoxina B1 (AFB1) O diagnoacutestico de aflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patologia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimentaccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros Na segunda parte da tese dois experimentos foram realizados para determinar os efeitos toacutexicos de diferentes doses de aflatoxinas em bezerros considerando-se aspectos cliacutenicos produtivos e patoloacutegicos No primeiro nove bezerros Holandecircs com 2-4 meses de idade receberam raccedilatildeo contendo 500plusmn100 ppb de aflatoxina na quantidade equivalente a 15 do peso vivodia durante dois meses Trecircs bezerros foram usados como controle No segundo experimento trecircs bezerros Holandecircs com 4-5 meses de idade receberam por via oral pequenas porccedilotildees diaacuterias de um concentrado de aflatoxinas diluiacutedas em 500 ml de aacutegua correspondendo a doses de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 Um bezerro foi usado como controle No primeiro experimento o ganho de peso dos bezerros recebendo AFB1 foi equivalente ao do grupo controle durante todo periacuteodo experimental e natildeo foram observadas alteraccedilotildees na atividade seacuterica da enzima aspartato transaminase (AST) da albumina seacuterica (AS) da proteiacutena total (PT) e no hematoacutecrito quando comparados os resultados semanais do grupo tratamento e controle Diferenccedilas significativas nas atividades seacutericas das enzimas fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (GGT) ocorreram na coleta do 63ordm dia do experimento Natildeo foram observados sinais cliacutenicos e alteraccedilotildees histopatoloacutegicas de aflatoxicose em qualquer dos bezerros do grupo tratamento desse experimento No segundo experimento sinais cliacutenicos observados nos bezerros intoxicados incluiacuteram perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Icteriacutecia diarreia intermitente tenesmo e apatia severa foram observadas apenas em um bezerro (5000 ppb de AFB1) Niacuteveis alterados da atividade seacuterica de FA e GGT foram observados em todos os bezerros do grupo tratamento Natildeo foram observadas variaccedilotildees no hematoacutecrito e na atividade seacuterica de AST nem nos niacuteveis seacutericos de PT bilirrubina total e bilirrubina direta em qualquer dos bezerros desse experimento Alteraccedilotildees histopatoloacutegicas nos bezerros intoxicados incluiacuteram proliferaccedilatildeo de ductos biliares degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios fibrose periportal ou em ponte megalocitose fibrose subendotelial das veias hepaacuteticas terminais e edema Achados de necropsia do bezerro recebendo a maior dose de AFB1 incluiacuteram fiacutegado levemente aumentado de tamanho difusamente amarelo-claro e firme discreta ascite edema de mesenteacuterio e submucosa do abomaso Palavras chave Doenccedilas de bovinos Micotoxicose Aflatoxicose Doenccedilas hepaacuteticas Patologia

4

ABSTRACT

Doctoral Thesis Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSIS IN CATTLE AUTHOR FELIPE PIEREZAN

ADVISER CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria February18th 2013

In the first part of the thesis the spontaneous occurrence of an outbreak of chronic

aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old male Holstein calves of approximately 100kg were fed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) died after presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coats abdominal pain prolapsed rectum and grinding of teeth The clinical course was 2-3 days however many calves in this lot that did not die remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings included firm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolon and of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted to the liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and venoocclusive disease The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136 ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinical signs and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of high levels of aflatoxin in the corn fed to the calves In the second part of the thesis two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying doses of aflatoxins in calves Clinical productive and pathologic aspects of affected calves were considered In the first experiment nine 2-4-month old calves Holstein Friesian calves were fed for two months daily amounts corresponding to 15 of their body weight of a ration containing 500plusmn100 ppb of aflatoxins Three calves were used as controls In the second experiment three 4-5-month old Holstein Friesian calves were orally fed daily small parcels of a concentrate of aflatoxins diluted in 500 ml of water corresponding to 1250 2500 e 5000 ppb of B1 aflatoxin (AFB1) A male calf was used as control During all the experimental period of the first experiment the weight gain of the calves receiving AFB1 was equivalent to that of the control group and no differences were observed between treated and control calves when the values of serum activity of aspartate transaminase (AST) serum albumin (SA) total serum protein (TP) and PVC determined weekly were compared A significant difference in the serum activities of alkaline phosphatase (AP) and gamma glutamyl transferase when the serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole experimental period and up to three weeks after the final of the experiment no clinical signs or histopathological changes associated with the consumption of aflatoxins were observed in any of the calves of the first experiment In the second experiment clinical signs observed in three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of weight Jaundice intermittent diarrhea tenesmus and apathy were only observed in the calf receiving 5000 ppb of AFB1 Increased activity of AF and GGT were observed in all the calves of the treated group No changes were observed regarding PCV TP total bilirubin direct bilirubin and in the serum activity of AST in any of the calves of the second experiment Histopathological changes in intoxicated calves included bile duct proliferation cytoplasmic vacuolar hepatocelular degeneration consistent with hepatocelular deposit of lipids periportal to bridging fibrosis megalocytosis subendothelial edema and fibrosis in terminal hepatic veins Necropsy findings in the euthanatized calf which receive de largest doses of AFB1 included slight enlargement of the liver which was firm and diffusely light-yellow mild ascites and edema of the mesentery and of abomasal folds

Key words Diseases of cattle Mycotoxicosis Aflatoxicosis Hepatic diseases Pathology

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

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AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

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ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

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ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

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Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

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AgraveOslashtimesshy ϐ

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

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shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

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shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

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-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

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rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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RESUMO

Tese de Doutorado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSE EM BOVINOS AUTOR FELIPE PIEREZAN

ORIENTADOR CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Data e Local da Defesa Santa Maria 18 de fevereiro de 2013

Na primeira parte dessa tese relatamos a ocorrecircncia de um surto de aflatoxicose crocircnica

bezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandeses machos de quatro meses de idade e aproximadamente 100 kg eram alimentados com feno de alfafa milho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15) morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada por mau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dor abdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo A duraccedilatildeo do curso cliacutenico foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeo morreram permaneceram pouco desenvolvidos Os achados de necropsia de trecircs bezerros incluiacuteam fiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascite e edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosa do abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderada megalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros por cromatografia de camada delgada revelou 5136 ppb de aflatoxina B1 (AFB1) O diagnoacutestico de aflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patologia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimentaccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros Na segunda parte da tese dois experimentos foram realizados para determinar os efeitos toacutexicos de diferentes doses de aflatoxinas em bezerros considerando-se aspectos cliacutenicos produtivos e patoloacutegicos No primeiro nove bezerros Holandecircs com 2-4 meses de idade receberam raccedilatildeo contendo 500plusmn100 ppb de aflatoxina na quantidade equivalente a 15 do peso vivodia durante dois meses Trecircs bezerros foram usados como controle No segundo experimento trecircs bezerros Holandecircs com 4-5 meses de idade receberam por via oral pequenas porccedilotildees diaacuterias de um concentrado de aflatoxinas diluiacutedas em 500 ml de aacutegua correspondendo a doses de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 Um bezerro foi usado como controle No primeiro experimento o ganho de peso dos bezerros recebendo AFB1 foi equivalente ao do grupo controle durante todo periacuteodo experimental e natildeo foram observadas alteraccedilotildees na atividade seacuterica da enzima aspartato transaminase (AST) da albumina seacuterica (AS) da proteiacutena total (PT) e no hematoacutecrito quando comparados os resultados semanais do grupo tratamento e controle Diferenccedilas significativas nas atividades seacutericas das enzimas fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (GGT) ocorreram na coleta do 63ordm dia do experimento Natildeo foram observados sinais cliacutenicos e alteraccedilotildees histopatoloacutegicas de aflatoxicose em qualquer dos bezerros do grupo tratamento desse experimento No segundo experimento sinais cliacutenicos observados nos bezerros intoxicados incluiacuteram perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Icteriacutecia diarreia intermitente tenesmo e apatia severa foram observadas apenas em um bezerro (5000 ppb de AFB1) Niacuteveis alterados da atividade seacuterica de FA e GGT foram observados em todos os bezerros do grupo tratamento Natildeo foram observadas variaccedilotildees no hematoacutecrito e na atividade seacuterica de AST nem nos niacuteveis seacutericos de PT bilirrubina total e bilirrubina direta em qualquer dos bezerros desse experimento Alteraccedilotildees histopatoloacutegicas nos bezerros intoxicados incluiacuteram proliferaccedilatildeo de ductos biliares degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios fibrose periportal ou em ponte megalocitose fibrose subendotelial das veias hepaacuteticas terminais e edema Achados de necropsia do bezerro recebendo a maior dose de AFB1 incluiacuteram fiacutegado levemente aumentado de tamanho difusamente amarelo-claro e firme discreta ascite edema de mesenteacuterio e submucosa do abomaso Palavras chave Doenccedilas de bovinos Micotoxicose Aflatoxicose Doenccedilas hepaacuteticas Patologia

4

ABSTRACT

Doctoral Thesis Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSIS IN CATTLE AUTHOR FELIPE PIEREZAN

ADVISER CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria February18th 2013

In the first part of the thesis the spontaneous occurrence of an outbreak of chronic

aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old male Holstein calves of approximately 100kg were fed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) died after presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coats abdominal pain prolapsed rectum and grinding of teeth The clinical course was 2-3 days however many calves in this lot that did not die remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings included firm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolon and of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted to the liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and venoocclusive disease The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136 ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinical signs and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of high levels of aflatoxin in the corn fed to the calves In the second part of the thesis two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying doses of aflatoxins in calves Clinical productive and pathologic aspects of affected calves were considered In the first experiment nine 2-4-month old calves Holstein Friesian calves were fed for two months daily amounts corresponding to 15 of their body weight of a ration containing 500plusmn100 ppb of aflatoxins Three calves were used as controls In the second experiment three 4-5-month old Holstein Friesian calves were orally fed daily small parcels of a concentrate of aflatoxins diluted in 500 ml of water corresponding to 1250 2500 e 5000 ppb of B1 aflatoxin (AFB1) A male calf was used as control During all the experimental period of the first experiment the weight gain of the calves receiving AFB1 was equivalent to that of the control group and no differences were observed between treated and control calves when the values of serum activity of aspartate transaminase (AST) serum albumin (SA) total serum protein (TP) and PVC determined weekly were compared A significant difference in the serum activities of alkaline phosphatase (AP) and gamma glutamyl transferase when the serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole experimental period and up to three weeks after the final of the experiment no clinical signs or histopathological changes associated with the consumption of aflatoxins were observed in any of the calves of the first experiment In the second experiment clinical signs observed in three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of weight Jaundice intermittent diarrhea tenesmus and apathy were only observed in the calf receiving 5000 ppb of AFB1 Increased activity of AF and GGT were observed in all the calves of the treated group No changes were observed regarding PCV TP total bilirubin direct bilirubin and in the serum activity of AST in any of the calves of the second experiment Histopathological changes in intoxicated calves included bile duct proliferation cytoplasmic vacuolar hepatocelular degeneration consistent with hepatocelular deposit of lipids periportal to bridging fibrosis megalocytosis subendothelial edema and fibrosis in terminal hepatic veins Necropsy findings in the euthanatized calf which receive de largest doses of AFB1 included slight enlargement of the liver which was firm and diffusely light-yellow mild ascites and edema of the mesentery and of abomasal folds

Key words Diseases of cattle Mycotoxicosis Aflatoxicosis Hepatic diseases Pathology

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

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DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

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Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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4

ABSTRACT

Doctoral Thesis Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria

Universidade Federal de Santa Maria

AFLATOXICOSIS IN CATTLE AUTHOR FELIPE PIEREZAN

ADVISER CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria February18th 2013

In the first part of the thesis the spontaneous occurrence of an outbreak of chronic

aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old male Holstein calves of approximately 100kg were fed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) died after presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coats abdominal pain prolapsed rectum and grinding of teeth The clinical course was 2-3 days however many calves in this lot that did not die remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings included firm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolon and of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted to the liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and venoocclusive disease The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136 ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinical signs and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of high levels of aflatoxin in the corn fed to the calves In the second part of the thesis two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying doses of aflatoxins in calves Clinical productive and pathologic aspects of affected calves were considered In the first experiment nine 2-4-month old calves Holstein Friesian calves were fed for two months daily amounts corresponding to 15 of their body weight of a ration containing 500plusmn100 ppb of aflatoxins Three calves were used as controls In the second experiment three 4-5-month old Holstein Friesian calves were orally fed daily small parcels of a concentrate of aflatoxins diluted in 500 ml of water corresponding to 1250 2500 e 5000 ppb of B1 aflatoxin (AFB1) A male calf was used as control During all the experimental period of the first experiment the weight gain of the calves receiving AFB1 was equivalent to that of the control group and no differences were observed between treated and control calves when the values of serum activity of aspartate transaminase (AST) serum albumin (SA) total serum protein (TP) and PVC determined weekly were compared A significant difference in the serum activities of alkaline phosphatase (AP) and gamma glutamyl transferase when the serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole experimental period and up to three weeks after the final of the experiment no clinical signs or histopathological changes associated with the consumption of aflatoxins were observed in any of the calves of the first experiment In the second experiment clinical signs observed in three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of weight Jaundice intermittent diarrhea tenesmus and apathy were only observed in the calf receiving 5000 ppb of AFB1 Increased activity of AF and GGT were observed in all the calves of the treated group No changes were observed regarding PCV TP total bilirubin direct bilirubin and in the serum activity of AST in any of the calves of the second experiment Histopathological changes in intoxicated calves included bile duct proliferation cytoplasmic vacuolar hepatocelular degeneration consistent with hepatocelular deposit of lipids periportal to bridging fibrosis megalocytosis subendothelial edema and fibrosis in terminal hepatic veins Necropsy findings in the euthanatized calf which receive de largest doses of AFB1 included slight enlargement of the liver which was firm and diffusely light-yellow mild ascites and edema of the mesentery and of abomasal folds

Key words Diseases of cattle Mycotoxicosis Aflatoxicosis Hepatic diseases Pathology

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

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SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

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rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

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tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

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rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

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plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

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plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

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shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

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Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinashelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip14

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

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ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip13

7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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7

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 8 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 10

21 Aspectos histoacutericos 10 22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas 12 23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural 15 24 Biotrasforaccedilatildeo das aflatoxinas 17 25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos 18 26 Sinais cliacutenicos 22 27 Achados de necropsia 23 28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas 25 29 Diagnoacutestico diferencial 26 210 Meacutetodos de controle e tratamento 26

3 ARTIGO 1 29 3 ARTIGO 2 35 5 DISCUSSAtildeO 48 6 CONCLUSOtildeES 51 7 REFEREcircNCIAS 52

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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8

1 INTRODUCcedilAtildeO

Aflatoxicose eacute uma doenccedila hepaacutetica aguda subaguda ou crocircnica de humanos e

animais causada por aflatoxinas metaboacutelitos toacutexicos produzidos principalmente pelos fungos

Aspergillus flavus e A parasiticus Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma

ampla variedade de gratildeos raccedilotildees para animais e alimentos para consumo humano como

amendoim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As quatro principais aflatoxinas satildeo

B1 B2 G1 e G2 e dessas a aflatoxina B1 eacute a mais comum e a mais toacutexica (KELLERMAN

et al 2005)

A doenccedila jaacute foi documentada em humanos primatas natildeo humanos gatos catildees

roedores aves bovinos e buacutefalos pela ingestatildeo de alimento contendo aflatoxina (HUSSEIN

BRASEL 2001 KELLERMAN et al 2005) A toxicidade das aflatoxinas varia dependendo

da espeacutecie animal considerada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes uma vez que

aflatoxinas satildeo parcialmente degradados pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL

2001 YIANNIKOURIS JOUANY 2002) Bovinos satildeo classificados como medianamente

sensiacuteveis e ovinos como resistentes a aflatoxinas (SCHOENTAL 1967 KELLERMAN et al

2005)

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeo raros Nessa espeacutecie a doenccedila

geralmente natildeo eacute tatildeo fulminante quanto em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudo

apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina por vaacuterias semanas ou meses (KELLERMAN et al 2005) mas

casos agudos jaacute foram relatados em bovinos (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989)

A doenccedila foi reproduzida em bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por

administraccedilatildeo de alimentos contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963

GARRET et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976

PATTERSON ANDERSON 1982 RICHARD et al 1983) Mesmo assim ainda satildeo

observadas diferenccedilas significativas nas doses consideradas toacutexicas para bovinos nos surtos

espontacircneos da doenccedila descritos na literatura e discrepacircncias nas manifestaccedilotildees cliacutenicas e

achados patoloacutegicos dessa doenccedila satildeo frequentes entre os vaacuterios estudos naturais e

experimentais A evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas nessa doenccedila foi investigada em apenas um

desses estudos experimentais no qual a quantidade de aflatoxinas no farelo de amendoim

fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT LEWIS 1963 HILL 1963)

9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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9

O presente estudo foi realizado em duas partes e teve como objetivo relatar e

caracterizar a intoxicaccedilatildeo espontacircnea e experimental por aflatoxinas em bovinos aleacutem de

estudar a patogecircnese da doenccedila e estabelecer a dose toacutexica para espeacutecie Na primeira parte

descreve-se a intoxicaccedilatildeo espontacircnea em bezerros (PIEREZAN F et al Surto de aflatoxicose

em bezerros no Rio Grande do Sul Pesq Vet Bras v 30 p 418-422 2010) Na segunda

etapa satildeo descritos dois experimentos realizados com o objetivo de reproduzir

experimentalmente a intoxicaccedilatildeo por aflatoxina em bezerros (PIEREZAN F et al

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros Pesq Vet Bras Pesq Vet Bras v 32

p 607-618 2012)

10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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10

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Aspectos histoacutericos

A descoberta das aflatoxinas ocorreu imediatamente apoacutes surtos de uma doenccedila de

etiologia desconhecida na Inglaterra em 1960 chamada na eacutepoca de ldquoturkey X diseaserdquo

(BLOUNT 1961) Os surtos dessa doenccedila que se estenderam pelo ano seguinte causaram a

morte de aproximadamente 100000 perus de 4 a 6 semanas de idade e de dezenas de

milhares de patinhos e faisotildees Surtos semelhantes foram observados posteriormente em

suiacutenos bovinos e ovelhas (SARGEANT et al 1961) A morte de animais em tais escalas e

consequentes perdas econocircmicas estimularam as investigaccedilotildees pelo agente causador dessa

doenccedila (HEATHCOTE HIBBERT 1978)

Os primeiros surtos da doenccedila em perus ocorreram em propriedades de uma aacuterea

restrita da periferia de Londres e foram associados a alimentos produzidos por apenas uma

faacutebrica de raccedilatildeo na cidade Enquanto numerosos ingredientes dessa raccedilatildeo eram testados para

verificar sua toxicidade ou a presenccedila de metaboacutelitos toacutexicos conhecidos novos surtos

comeccedilaram a ocorrer em outras aacutereas da cidade Constatou-se entatildeo que o ingrediente comum

entre as raccedilotildees fornecidas para os animais nesses surtos era um farelo de amendoim

importado do Brasil (RICHARD 2008) Esse produto chamado de farelo Rosetti (nome da

embarcaccedilatildeo que fez o transporte do alimento) foi importado do Brasil pela empresa Old Cake

Mills Ltda e apresentava sinais de contaminaccedilatildeo fuacutengica (SHADANAIKA 2005)

Nenhum fungo foi isolado do farelo de amendoim brasileiro mas em pesquisas

realizadas com farelo de amendoim proveniente de Uganda envolvido em surtos idecircnticos no

Quecircnia o fungo Aspergillus flavus foi isolado Um material fluorescente azulado extraiacutedo

por clorofoacutermio de uma dessas culturas foi administrado a patos de um dia que

desenvolveram lesotildees hepaacuteticas semelhantes agraves observadas nos casos da ldquoturkey X disesaserdquo

(SARGEANT et al 1961) Nos anos seguintes outros pesquisadores demostraram que esse

material fluorescente azulado quando analisado por cromatografia de camada delgada

poderia ser dividido em outros compostos Essas substacircncias foram identificadas

quimicamente denominadas ldquoaflatoxinasrdquo (de Aspergillus e flavus) e classificadas

inicialmente como B1 B2 G1 e G2 (VAN DER ZIJDEN et al 1962 NESBITT et al 1962

11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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11

ASAO et al 1963) Curiosamente o mesmo isolado de fungo da amostra de farelo de

Uganda foi posteriormente enviado aos Estados Unidos reclassificado como A parasiticus e

armazenado como a amostra NRRL 2999 no US Department of Agriculturersquos Agricultural

Research Service (HEATHCOTE HIBBERT 1978) As descriccedilotildees da ldquoturkey X diseaserdquo e a

descoberta subsequente das aflatoxinas como agentes causadores dessa doenccedila permitiram aos

pesquisadores identificar surtos preacutevios dessa enfermidade em diferentes espeacutecies animais

Uma doenccedila fatal e esporaacutedica de porquinhos-da-Iacutendia conhecida como ldquohepatite

exsudativardquo foi observada em 1954 e inicialmente atribuiacuteda a deficiecircncias nutricionais A

doenccedila era caracterizada por lesotildees no fiacutegado pacircncreas e tecidos linfoacuteides e por ascite

(PAGET et al 1954) Posteriormente a doenccedila foi reproduzida experimentalmente nessa

espeacutecie e esses relatos foram identificados como os primeiros casos conhecidos da

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais (PATERSON et al 1962)

Nos Estados Unidos em 1955 surtos de uma doenccedila em catildees conhecida como

ldquohepatite Xrdquo foram associados ao consumo de uma raccedilatildeo contendo farelo de amendoim

Outros surtos da mesma doenccedila haviam ocorrido entre 1951-1952 em vaacuterios estados

americanos Embora a doenccedila tenha sido reproduzida pelo fornecimento da raccedilatildeo

contaminada a outros animais a etiologia desses casos natildeo foi estabelecida (NEWBERNE et

al 1955) Em 1957 uma doenccedila fatal em suiacutenos e bovinos foi descrita nesse mesmo paiacutes A

doenccedila foi associada agrave presenccedila de milho mofado na raccedilatildeo Dessa raccedilatildeo foram isoladas

culturas puras de A flavus e Penicillium rubrum que foram espalhadas sobre o milho e entatildeo

fornecidas para outros suiacutenos Esses animais desenvolveram sinais cliacutenicos semelhantes aos

observados nos casos naturais da intoxicaccedilatildeo No entanto nesse estudo maior ecircnfase foi

colocada na ingestatildeo das culturas de P rubrum como a causa dessa doenccedila (BURNSIDE et

al 1957)

A flavus foi tambeacutem incriminado como a causa de uma doenccedila em gatos e coelhos

em 1957 provocada pelo consumo de extratos de nozes contaminados com o fungo (KULIK

et al 1957) Nos anos seguintes A flavus foi associado com uma doenccedila em galinhas

conhecida como ldquosiacutendrome hemorraacutegica das galinhasrdquo (FORGACS et al 1958) O

desenvolvimento de hepatomas em trutas observados em 1960 tambeacutem foi atribuiacutedo a essas

toxinas (JACKSON et al 1968)

As primeiras descriccedilotildees de aflatoxicose em bovinos foram realizadas na deacutecada de 60

no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961 SARGEANT et al 1961 CLEGG

BRYSON 1962) Todos esses surtos foram associados ao consumo do mesmo farelo de

amendoim importado do Brasil que estava envolvido nos casos da ldquoturkey X diseaserdquo Na

12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

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ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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12

mesma deacutecada a doenccedila foi reproduzida experimentalmente em bovinos pela administraccedilatildeo

de farelo de amendoim contaminado (ALLCROFT LEWIS 1963) e casos naturais foram

reportados nos Estados Unidos (AUST 1964) e na Iacutendia (GOPAL et al 1968)

Em 1963 os extratos do leite de vacas alimentadas com farelo de amendoim

contaminado com aflatoxinas foram administrados a patinhos e induziram lesotildees hepaacuteticas

semelhantes agravequelas produzidas por essas toxinas No entanto exames de cromatografia de

camada delgada demonstraram a ausecircncia de aflatoxina B1 nesse produto (ALLCROFT

CARNAGHAN 1963) Posteriormente a anaacutelise por cromatografia de camada delgada em

siacutelica gel do leite de animais ingerindo essas toxinas revelou um composto toacutexico

fluorescente azul violeta diferente das demais aflatoxinas (DE IONGH et al 1964) Devido agrave

detecccedilatildeo primaacuteria nesse produto essa aflatoxina foi denominada ldquomilk toxinrdquo ou ldquoaflatoxina

Mrdquo (AFM) (HEATHCOTE HIBBERT 1978) Dessa forma AFM1 e AFM2 foram isoladas

de amostras de urina e leite e identificadas como metaboacutelitos das AFB1 e AFB2 em

mamiacuteferos (DE IONGH et al 1964) Nas deacutecadas seguintes outras substacircncias ou

metaboacutelitos relacionados agraves aflatoxinas como a aflatoxina GM1 GM2 M2a GM2a B2a

G2a aflatoxicol aflatoxina H1 P1 e Q1 tambeacutem foram descobertas (HEATHCOTE

HIBBERT 1978) Mesmo que aproximadamente 20 aflatoxinas tenham sido identificadas

apenas quatro delas (B1 B2 G1 e G2) ocorrem naturalmente (HUSSElN BRASEL 2001)

22 Caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas das aflatoxinas

A natureza quiacutemica e fiacutesica das aflatoxinas B1 B2 G1 e G2 foram caracterizadas nos

anos seguintes a descoberta dessas substacircncias Esses compostos foram classificados como

derivados difurocumariacutenicos (VAN DER ZIJDEN et al 1962 ASAO et al 1963) A

estrutura quiacutemica das aflatoxinas eacute muito semelhante pois satildeo compostos quiacutemicos simples e

de baixo peso molecular que apresentam um nuacutecleo central cumariacutenico ligado a uma

estrutura bi-furanoacuteide A moleacutecula de aflatoxina B1 conteacutem um anel ciclopentona enquanto

que as aflatoxina G1 apresentam anel δ-lactona ligado ao nuacutecleo cumariacutenico As aflatoxinas

B2 e G2 satildeo di-hidro derivados das aflatoxinas B1 e G1 e satildeo formados pela adiccedilatildeo de

hidrogecircnio atraveacutes de uma ligaccedilatildeo dupla isolada na moleacutecula original (ASAO et al 1963)

Essas estruturas podem ser observadas na Figura 1

13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

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HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

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DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

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Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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13

Figura 1 Estrutura quiacutemica das principais aflatoxinas

Fonte IARC 1997

As aflatoxinas assim como outros compostos heterociacuteclicos satildeo substacircncias

fluorescentes com caracteriacutesticas proacuteprias o que possibilita sua separaccedilatildeo devido agrave cor de sua

fluorescecircncia sob iluminaccedilatildeo ultravioleta de ondas largas As aflatoxinas B (do inglecircs blue)

representadas pela AFB1 e AFB2 apresentam uma fluorescecircncia azul enquanto que as

aflatoxinas G (do inglecircs green) apresentam uma fluorescecircncia esverdeada (AFG1) ou a

verde-azulada (AFG2) (SARGEANT 1963 OPAS 1983) A AFM1 emite fluorescecircncia

azul-violeta (DE IONGH et al OPAS 1983)

Essas substacircncias satildeo cristalinas incolores ou amarelo-claras termoestaacuteveis

levemente soluacuteveis em aacutegua (10-20 microgml) insoluacuteveis em solventes natildeo polares e soluacuteveis em

solventes moderadamente polares como metanol clorofoacutermio e especialmente dimetil

sulfoacutexido Satildeo instaacuteveis em luz ultravioleta na presenccedila de oxigecircnio em pH extremo (lt3 ou

14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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14

gt10) e em soluccedilotildees fortemente alcalinas como a amocircnia e o hipoclorito (IARC 1997) As

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas satildeo demostradas na Tabela 1

Tabela 1 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas das principais aflatoxinas

Aflatoxina Foacutermula

Quiacutemica

Massa

Molecular

Temperatura

de fusatildeo

Emissatildeo de fluorescecircncia em

nanocircmetros (nm) e cor

AFB1 C17H12O6 312 269 425-azul

AFB2 C17H14O6 314 286-289 425-azul

AFG1 C17H12O7 328 244-246 450-verde

AFG2 C17H14O7 330 237-240 450-verde

AFM1 C17H12O7 328 299 425- azul violeta

AFM2 C17H14O7 330 293 425-violeta

Aflatoxicol C17H14O6 314 230-234 425

Sob luz ultravioleta Fonte OPAS (1983)

A decomposiccedilatildeo das aflatoxinas ocorre na faixa de temperatura entre 237-306degC

variando de acordo com a atividade de aacutegua (aw) pH do substrato e tempo de exposiccedilatildeo ao

calor Por outro lado os raios ultravioletas da luz do sol satildeo muito eficazes na desativaccedilatildeo das

moleacuteculas de aflatoxinas Natildeo haacute um meacutetodo totalmente eficaz para a inativaccedilatildeo das

aflatoxinas sendo que eficiecircncia de cada processo depende do tipo de alimento a ser

descontaminado sua atividade de aacutegua os tipos de aflatoxinas nele presentes o niacutevel de

contaminaccedilatildeo e o grau de associaccedilatildeo em que as aflatoxinas estatildeo ligadas aos constituintes do

alimento principalmente agraves proteiacutenas (RUSTOM 1997)

Apesar das semelhanccedilas estruturais as aflatoxinas apresentam diferentes graus de

atividade bioloacutegica A AFB1 aleacutem de ser a mais frequentemente encontrada nos cereais eacute a

que apresenta maior poder toxigecircnico seguida das aflatoxinas G1 B2 e G2 (KELLERMAN

et al 2005) A magnitude da toxidez da AFG2 AFB2 e AFG1 correspondem a 10 20 e 50

da AFB1 respectivamente (TERAO UENO 1978)

15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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Van Halderen A Green JR Marasas WFO Thiel PG ampStockenstrom S 1989 A field outbreak of chronic aflatoxicosis indairy calves in the Western Cape Province J South Afr Vet Assoc60210-211

35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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15

Embora a presenccedila concomitante das AFB1 AFB2 e AFG1 ser frequentemente

comum na mesma amostra a AFB1 geralmente compotildee a maior parte das toxinas (60-80 do

total de aflatoxina na amostra) AFB2 AFG1 e AFG2 natildeo ocorrem na ausecircncia de AFB1

(IARC 1997)

23 Fungos produtores e ocorrecircncia natural

Aflatoxinas satildeo produzidas principalmente pelos fungos A flavus e A parasiticus

Aspergillus flavus produz apenas aflatoxinas B e ocasionalmente aacutecido ciclopiazocircnico

(CPA) enquanto que A parasiticus produz ambas aflatoxinas B e G mas nunca CPA Outras

espeacutecies fuacutengicas relacionadas a A flavus podem produzir aflatoxinas em menores

proporccedilotildees como A nomius e A bombycis que produzem ambas aflatoxinas B e G A

pseudotamarri que produz as aflatoxinas B e CPA e A ochraceoroseus que produz a

aflatoxina B e esterigomatocistina (IARC 1997)

Esses fungos ubiacutequos e saprofiacuteticos crescem em uma ampla variedade de gratildeos raccedilotildees

e alimentos comestiacuteveis Os principais produtos susceptiacuteveis ao desenvolvimento desse fungo

incluem amendoim milho (pipoca canjica e gratildeos) trigo arroz soja castanha-do-Paraacute

nozes avelatilde castanha-de-caju amecircndoas frutas secas temperos semente de algodatildeo

mandioca oacuteleos vegetais cacau entre outros que normalmente satildeo utilizados na composiccedilatildeo

de alimentos e raccedilotildees (CALDAS et al 2002) Metaboacutelitos das aflatoxinas (AFM1 e AFM2)

podem ser observados em alimentos de origem animal como leite queijo carne fiacutegado e ovos

(HEATHCOTE HIBBERT 1978) Considerando que o milho (tanto o gratildeo como a silagem)

a soja e outros cereais satildeo a base da dieta animal esses alimentos satildeo os mais frequentemente

analisados especialmente o primeiro No Brasil em 53318 amostras de milho analisadas

entre 1986 e 2009 provenientes de todas as regiotildees do paiacutes 49 estavam contaminadas com

aflatoxinas O niacutevel meacutedio de aflatoxinas observado nessas amostras foi de 112 ppb Em 941

amostras de silagem de milho analisadas nesse mesmo periacuteodo 20 estavam contaminadas e

apresentaram niacutevel meacutedio de 21 ppb de aflatoxinas (MALLMANN et al 2009) Em 333

amostras de soja analisadas entre 2000-2003 o niacutevel de contaminaccedilatildeo foi de 1501 com

niacutevel meacutedio de aflatoxinas de 399 ppb (MUumlRMANN et al 2003)

A formaccedilatildeo de aflatoxinas eacute influenciada por fatores fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos Os

fatores fiacutesicos incluem a temperatura atividade da aacutegua umidade do substrato umidade

16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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16

relativa do ar aeraccedilatildeo luz danos mecacircnicos e tempo de armazenamento Os fatores quiacutemicos

incluem a composiccedilatildeo e a natureza o substrato pH e o teor de oxigecircnio (O2) dioacutexido de

carbono (CO2) e outros gases no ambiente Os fatores bioloacutegicos satildeo aqueles associados com

a espeacutecie hospedeira como por exemplo a linhagem toxigecircnica quantidade de esporos

viaacuteveis competiccedilatildeo microbiana e presenccedila de insetos (JARVIS 1971)

Dentre os fatores fiacutesicos a temperatura a umidade e a atividade da aacutegua do substrato

aparentam ter maior importacircncia para a formaccedilatildeo dessas toxinas A temperatura ideal para o

crescimento fuacutengico e produccedilatildeo de toxinas eacute de 25degC a 32degC e a temperatura limitante eacute de

12degC a 41degC com algumas variaccedilotildees conforme a cepa fuacutengica e o substrato (NORTHOLT et

al 1977 KLICH 2007) O conteuacutedo de aacutegua de alimentos e gratildeos pode ser expresso de duas

maneiras em termos de umidade e em relaccedilatildeo agrave atividade de aacutegua (aw) A umidade eacute expressa

em porcentagem e demonstra o conteuacutedo total de aacutegua no material enquanto que a atividade

de aacutegua mostra a quantidade de aacutegua livre (natildeo ligada a moleacuteculas) que eacute disponiacutevel no

substrato para a utilizaccedilatildeo imediata pelo fungo Em relaccedilatildeo agrave atividade da aacutegua (aw) a

produccedilatildeo maacutexima de aflatoxinas ocorre em niacuteveis de 095-099 aw com um valor miacutenimo de

084 aw para o crescimento fuacutengico e 078 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas por A flavus e de

084 aw para crescimento fuacutengico e 07 aw para produccedilatildeo de aflatoxinas pelo A parasiticus

Em relaccedilatildeo ao teor de umidade no gratildeo niacuteveis acima de 10 favorecem a produccedilatildeo de

toxinas que eacute maacutexima em umidade de 25 a 30degC (DIENER DAVIS 1969) Os estudos

sobre o efeito da luz sobre a produccedilatildeo de aflatoxinas satildeo controversos no entanto Bennet e

Papa (1988) demonstraram que a luz natildeo tem efeito inibitoacuterio sobre esse processo

O grau de oxigenaccedilatildeo eacute importante para o crescimento do fungo e produccedilatildeo de

aflatoxinas pois ambos satildeo processos aeroacutebicos Poreacutem a relaccedilatildeo entre a necessidade de

oxigecircnio e dioacutexido de carbono varia consideravelmente entre as espeacutecies e amostras Baixas

concentraccedilotildees de CO2 satildeo consideradas beneacuteficas para a germinaccedilatildeo de esporos e produccedilatildeo de

aflatoxinas As concentraccedilotildees de CO2 maiores que 20 inibem a germinaccedilatildeo de esporos e

maiores que 10 suprimem a produccedilatildeo de toxinas (DIENER DAVIS 1969) Uma

diminuiccedilatildeo na concentraccedilatildeo de oxigecircnio para menos de 20 ou um aumento para 90 ou

mais provoca a inibiccedilatildeo da formaccedilatildeo de aflatoxinas (LANDERS et al 1967) Um aumento na

concentraccedilatildeo de nitrogecircnio tambeacutem suprime a formaccedilatildeo de aflatoxinas (EPSTEIN et al

1970) Em relaccedilatildeo agrave umidade relativa do ar os niacuteveis ideais para o crescimento do fungo e

produccedilatildeo da toxina satildeo de 85 a 90 ou mais O pH ideal para o desenvolvimento de A

flavus e A parasiticus situa-se entre 5 e 8 poreacutem esses fungos podem crescer em uma ampla

faixa de pH (2 a 11) (BASAPPA e al 1970) Nutrientes especiacuteficos tais como sais minerais

17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

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RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

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shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

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ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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17

(especialmente zinco) vitaminas aacutecidos graxos aminoaacutecidos e fontes de energia

(carboidratos) satildeo necessaacuterios para a formaccedilatildeo de aflatoxinas (WYATT 1991) A fonte de

carboidrato tem forte influecircncia na produccedilatildeo de aflatoxinas e a sacarose eacute a fonte em que se

observa maior produccedilatildeo de aflatoxinas seguida pela glicose maltose e frutose (ENGEL

1975)

Quanto aos fatores bioloacutegicos observa-se maior produccedilatildeo de aflatoxinas por isolados

de fungos que apresentam escleroacutedios menores Poreacutem natildeo satildeo observadas diferenccedilas de

produccedilatildeo relacionadas agrave quantidade maior ou menor de escleroacutedios no isolado A reduccedilatildeo da

esporulaccedilatildeo do fungo estaacute correlacionada com a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de aflatoxinas Aleacutem

disso alguns isolados de A flavus satildeo incapazes de produzir aflatoxinas enquanto que quase

todos os isolados de A parasiticus produzem essas substacircncias (KLICH 2007)

24 Biotransforaccedilatildeo das aflatoxinas

Uma vez absorvida a aflatoxina B1 eacute imediatamente ligada de forma reversiacutevel agrave

albumina sanguiacutenea e em menor escala a outras proteiacutenas Formas de aflatoxinas ligadas e

natildeo ligadas a proteiacutenas seacutericas distribuem-se para os tecidos especialmente para o fiacutegado

(WYATT 1991)

Apoacutes serem depositadas no fiacutegado as aflatoxinas absorvidas satildeo biotransformadas

primariamente por enzimas microssomais do sistema de funccedilotildees oxidases mistas (BIEHL

BUCK 1987) Estas enzimas pertencentes a superfamiacutelia de enzimas citocromo P-450

constituem parte do processo de destoxificaccedilatildeo de uma ampla variedade de xenobioacuteticos no

organismo (FORRESTER et al 1990) A forma ativada da AFB1 eacute o composto identificado

como 89-oacutexido de AFB1 ou AFB1-epoacutexido (anteriormente denominado AFB1-23 epoacutexido)

originado atraveacutes da epoxidaccedilatildeo da dupla ligaccedilatildeo do eacuteter viniacutelico presente na estrutura bi-

furanoacuteide da moleacutecula de AFB1 (WYATT 1991)

As aflatoxinas satildeo biotransformadas pelo sistema microssomal hepaacutetico em

metaboacutelitos muito toacutexicos como AFB2a Estes compostos satildeo altamente eletrofiacutelicos e

capazes de reagir rapidamente atraveacutes de ligaccedilotildees covalentes com siacutetios nucleofiacutelicos de

macromoleacuteculas como aacutecido desoxirribonucleacuteico (DNA) aacutecido ribonucleacuteico (RNA) e

proteiacutenas (BIEHL BUCK 1987) Estas ligaccedilotildees determinam a formaccedilatildeo de adutos os quais

representam a lesatildeo bioquiacutemica primaacuteria produzida pelas aflatoxinas A AFB1-epoacutexido pode

18

tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

19

consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

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rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

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tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

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rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

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plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

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plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

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shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

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Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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tambeacutem ser conjugada enzimaticamente com glutationa reduzida atraveacutes de glutationa-S-

transferases constituindo importante via de destoxificaccedilatildeo deste composto (HAYES et al

1991)

A ligaccedilatildeo da AFB1-epoacutexido com o DNA modifica a sua estrutura e

consequentemente a sua atividade bioloacutegica originando assim os mecanismos baacutesicos dos

efeitos mutagecircnicos e carcinogecircnicos da AFB1 (HSIEH ATKINSON 1991) A formaccedilatildeo de

adutos ocorre atraveacutes da ligaccedilatildeo com guaninas da moleacutecula de DNA na posiccedilatildeo N7 ao niacutevel

do coacutedon 249 do gene supressor de tumores p53 Essas ligaccedilotildees de aflatoxina com proteiacutenas

provocam insuficiecircncia hepaacutetica levando a uma profunda alteraccedilatildeo nas propriedades

funcionais e na siacutentese das proteiacutenas (WYATT 1991)

25 Epidemiologia da aflatoxicose em bovinos

Aflatoxicose eacute uma doenccedila comum em animais domeacutesticos principalmente em aves

suiacutenos e catildees e tem ampla distribuiccedilatildeo mundial No entanto surtos documentados de

aflatoxicose em bovinos satildeo raros e distribuiacutedos esparsamente A condiccedilatildeo nessa espeacutecie foi

relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no Reino Unido (LOOSMORE MARKSON 1961

CLEGG BRYSON 1962) associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelo

fungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevel que a doenccedila descrita em suiacutenos e

bovinos nos anos 1950 nos Estados Unidos (SIPPEL et al 1953 BURNSIDE et al 1957)

tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedila foi relatada em bovinos nos Estados

Unidos (AUST 1964 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 OSWEILLER TRAMPEL

1985 RAY et al 1986) Iacutendia (GOPAL et al 1968 VAID et al 1981) Tailacircndia

(PEDUGSORN et al 1980) Austraacutelia (MCKENZIE et al 1981) Aacutefrica do Sul (VAN

HALDEREN et al 1989) Brasil (MELO et al 1999) Uruguai (LAFLUF et al 1989

DUTRA 2011) e Itaacutelia (DrsquoANGELO et al 2007) A doenccedila tem sido reproduzida em

bovinos pela administraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeo de alimentos

contaminados por aflatoxina (ALLCROFT LEWIS 1963 GARRET et al 1968 LYNCH et

al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PATTERSON ANDERSON 1982

RICHARD et al 1983 HELFERICH et al 1986)

Bovinos satildeo considerados animais medianamente sensiacuteveis agrave intoxicaccedilatildeo por

aflatoxinas em uma classificaccedilatildeo dividida em trecircs graus de susceptibilidade Nessa escala

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consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

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TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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consideram-se (1) animais bastante sensiacuteveis (DL50 le 1 mgkg) em que estatildeo incluiacutedos

patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jovens (2)

animais medianamente sensiacuteveis (que necessitam uma dose de aflatoxina dez vezes maior que

os animais do primeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros faisotildees pintos furotildees

hamsters vacas doninhas e perdizes e (3) animais resistentes como ovinos e camundongos

(SCHOENTAL 1967)

Entre os casos naturais da intoxicaccedilatildeo haacute grande variaccedilatildeo dos niacuteveis de AFL

encontrados no alimento (inclusive entre as amostras de um mesmo surto) no tipo de

alimento contaminado e no tempo de consumo desse produto No primeiro surto em que as

doses toacutexicas satildeo descritas o consumo de torta de amendoim contendo 1100-25000 ppb de

AFL provocou a morte de 58 bovinos na Iacutendia O tempo de consumo desse alimento natildeo foi

informado (GOPAL et al 1968) Em outro surto envolvendo o consumo de farelo de

amendoim os niacuteveis de aflatoxinas variavam conforme a idade dos animais que consumiram

um produto contendo niacuteveis de 1100 ppb de AFL do primeiro ao sexto mecircs de vida e de 600

ppb de AFL por mais trecircs meses quando as mortes comeccedilaram a ocorrer (PEDUGUSORN et

al 1980) Na Austraacutelia em um surto nessa mesma deacutecada os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados no feno de amendoim fornecido aos animais variavam de 20-424 ppb de AFL

Quando analisada apenas a semente na casca coletada em meio ao feno o niacutevel de AFL foi

de 2230 ppb Nesse surto o produto foi consumido por apenas sete dias e os animais

morreram de forma aguda (MCKENZIE et al 1981) Em um surto nos Estados Unidos a

doenccedila foi associada ao consumo de milho contaminado Nesses casos o alimento foi

consumido durante trecircs meses e continha 1500 ppb de AFL (COLVIN et al 1984) Niacuteveis de

96 a 1700 ppb de AFB1 foram encontrados em sementes de algodatildeo da raccedilatildeo consumida

durante dois meses em um confinamento nos Estados Unidos que provocou a morte de 40

bovinos (OSWEILLER TRAMPEL 1985) Ray et al (1986) associaram a ocorrecircncia de

abortos e morte das vacas matildees ao consumo de amendoim contaminado com altos niacuteveis de

aflatoxinas (77000 ppb) por um periacuteodo de apenas quatro dias No uacutenico surto envolvendo o

pastoreio de milho-doce que natildeo havia sido colhido o niacutevel de aflatoxinas nesse produto foi

de 2365ppb Os bovinos foram colocados na lavoura quatro a cinco meses antes da

ocorrecircncia do surto mas o maior consumo das espigas ocorreu um mecircs antes dos primeiros

sinais da doenccedila (HALL et al 1987) Em um surto na Aacutefrica do Sul os niacuteveis de aflatoxinas

encontrados em amostras de milho contaminado coletadas na propriedade onde ocorreram os

casos variavam de 1387 a 11790 ppb O milho era proveniente de outra propriedade e

apresentava alta contaminaccedilatildeo Nesse surto o tempo de consumo do alimento foi de dois a

20

trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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trecircs meses (VAN HELDEREN et al 1989) No primeiro relato de uma doenccedila em bovinos

associada a aflatoxinas no Brasil niacuteveis de 5000 ppb de AFB1 foram encontrados em

amostras de polpa ciacutetrica fornecida aos animais pelo curto periacuteodo de dez dias (MELO et al

1999) Na Itaacutelia a morte de trecircs animais apresentando lesotildees hepaacuteticas crocircnicas e sinais de

encefalopatia hepaacutetica foi associada ao consumo de farelo de milho mofado contendo 1670

ppb de AFL O tempo de consumo desse produto natildeo foi informado (DrsquoANGELO et al

2007) Mais recentemente no Uruguai um surto de aflatoxicose foi associado ao consumo de

silagem de sorgo em gratildeo uacutemido Nesse surto o niacutevel de AFL encontrado foi de 20 ppb e o

tempo de consumo do produto foi de 45 dias (DUTRA et al 2011)

A variaccedilatildeo entre as doses toacutexicas miacutenimas entre os estudos experimentais natildeo eacute tatildeo

ampla como as doses toacutexicas descritas nos surtos espontacircneos como demonstrado no

paraacutegrafo anterior No entanto as diferentes unidades de quantificaccedilatildeo da toxina (ppb ou

mgkg de peso vivodia) dificultam a compreensatildeo dos valores descritos nesses

experimentos Em um desses experimentos cinquenta bezerros foram divididos em cinco

grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo contendo 0 100 300 700 e 1000 ppb de

AFB1 A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que receberam raccedilatildeo com 700 ppb de AFB1

ou mais Nesses dois grupos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do grupo da

raccedilatildeo com 1000 ppb de AFB1 morreram no 59deg e 137ordm dias do experimento e seus fiacutegados

eram fibroacuteticos Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal do grupo que

recebia 1000 ppb e em outros dois animais do grupo de 700 pbb que foram sacrificados aos

133 dias do experimento (GARRET et al 1968) Em outro experimento (LYNCH et al

1970) em que bezerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008 a 008mgkg de

peso corporaldia por seis semanas observaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacutetica

jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os animais foram sacrificados e os de maior

dosagem mostravam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreram quando a aflatoxina

foi administrada por via oral diluiacuteda em propilenoglicol e etanol Os bezerros foram

sacrificados apoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos da aflatoxicose ocorreu nas doses

maiores (008 e 010mgkgdia) (LYNCH et al 1971) Pier et al (1976) administraram

aflatoxina contida em caacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02 e

05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia morreu no 14deg dia do experimento e na

necropsia foram encontradas icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada agrave proliferaccedilatildeo

de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas semelhantes foram encontradas no bezerro que recebeu

02mgkg de pvdia e que foi sacrificado no 32deg dia do experimento Em outro experimento

uma raccedilatildeo contendo milho contaminado com 800 ppb de AFB1 foi administrada a dois

21

grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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grupos de cinco novilhas por 105 e 122 dias Um terceiro grupo de cinco novilhas recebeu

uma raccedilatildeo sem aflatoxinas pelo mesmo periacuteodo Nesse experimento natildeo foram observadas

lesotildees hepaacuteticas e alteraccedilotildees no ganho de peso ou dos paracircmetros bioquiacutemicos nos animais

dos grupos tratamento e controle (RICHARD et al 1983) No estudo conduzido por

Helferich et al (1986) quarenta novilhas foram divididas em quatro grupos de 10 animais

cada que receberam farelo do algodatildeo contendo 0 60 300 e 600 ppb de AFB1 durante 155

dias Nenhuma alteraccedilatildeo foi observada nos bovinos recebendo 0 60 e 300 ppb de AFB1 Os

bovinos recebendo 600 ppb de AFB1 apresentaram diminuiccedilatildeo do ganho de peso e do

consumo de alimento e lesotildees hepaacuteticas sutis

Animais jovens satildeo mais suscetiacuteveis a intoxicaccedilatildeo do que animais adultos

(KELLERMAN et al 2005) Na ampla maioria dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade (AUST 1964 GOPAL

et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 VAN HELDEREN et al

1989 DrsquoANGELO et al 2007) Poucos casos naturais satildeo descritos em animais adultos

(vacas em lactaccedilatildeo vacas gestantes ou com cria ao peacute) (VAID et al 1981 RAY et al 1986

HALL et al 1989) ou com 2-3 anos de idade (DUTRA et al 2011) Nos estudos em que a

doenccedila foi reproduzida experimentalmente os bovinos utilizados eram jovens com 4-8 meses

de idade (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et

al 1971 PIER et al 1976)

Em apenas trecircs surtos espontacircneos foi possiacutevel determinar a morbidade mortalidade e

letalidade da doenccedila com base no nuacutemero de bovinos no rebanho de doentes e de mortos No

surto de aflatoxicose descrito por Pedugsorn et al (1980) a morbidade foi de 100 e a

mortalidade e letalidade foram de 40 enquanto que no surto descrito por Osweiller e

Trampel (1985) a morbidade foi de 142 a mortalidade de 071 e a letalidade de 50 Jaacute

no surto escrito por Dutra et al (2011) a morbidade foi de 322 a mortalidade de 161 e

letalidade de 50 Em alguns dos demais surtos espontacircneos apenas a mortalidade pode ser

determinada e ampla variaccedilatildeo pode ser observada entre os relatos Os maiores iacutendices de

mortalidade descritos foram de 50 (GOPAL et al 1968) 466 (COLVIN et al 1984) e

28 (VAN HELDEREN et al 1989) seguidos por iacutendices menores de 188 (MCKENZIE

et al 1981) e 066 (HALL et al 1989)

A intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos ocorre principalmente em animais

confinados (COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) e em animais de produccedilatildeo leiteira (GOPAL et al 1968 VAID et

al 1981) No entanto haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bovinos em

22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

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ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

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ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

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ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

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AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

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Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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22

pastoreio que ingeriram milho natildeo colhido ou mal colhido ainda na lavoura (SIPPEL et al

1953 HALL et al 1989)

26 Sinais cliacutenicos

A aflatoxicose em bovinos geralmente segue um curso crocircnico ou subagudo de vaacuterias

semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina (KELLERMAN et al 2005) mas casos

agudos jaacute foram relatados (MCKENZIE et al 1981 LAFLUF et al 1989) Os principais

sinais cliacutenicos observados em casos naturais e experimentais de aflatoxicose seguindo uma

ordem dos mais comumente descritos para os incomuns incluem mau estado nutricional

geral perda gradual do apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso perda de peso anorexia pelos

aacutesperos baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia a infecccedilotildees Sinais terminais

incluem bruxismo dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreacuteia que pode ser tingida de

sangue (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al

1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011) A morte ocorre geralmente dois a cinco dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicos

mais graves (PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981 DrsquoANGELO et al 2007)

Sinais neuroloacutegicos foram descritos em vaacuterios surtos espontacircneos de aflatoxicose em

bovinos (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981 OSWEILLER

TRAMPEL 1985) mas foram descritos mais detalhamente por Drsquoangelo et al (2007) que

associou esses sinais a um quadro de encefalopatia hepaacutetica Nesses relatos os sinais

neuroloacutegicos eram caracterizados por andar em ciacuterculos apatia depressatildeo sonolecircncia

ausecircncia de resposta ao ambiente e hiperexcitabilidade

Hemorragias tanto nas mucosas como na forma de epistaxe jaacute foram descritas em

casos naturais de aflatoxicose em bovinos principalmente naqueles com evoluccedilatildeo aguda

(MCKENZIE et al 1981 VAID et al 1981) Hemorragias no mesenteacuterio e sob a caacutepsula

esplecircnica e hematuacuteria foram observadas em um bovino recebendo 05 mgkgdia que tambeacutem

morreu de forma aguda 14 dias apoacutes o iniacutecio do experimento (PIER et al 1976) Apenas

raramente os bovinos desenvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose (COLVIN et

al 1984 et al 1984 MCKENZIE et al 1981)

23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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Felipe Pierezan et al422

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

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ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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23

A ocorrecircncia de abortos antecedendo a morte das vacas foi relatada em um surto

envolvendo o consumo de amendoim com altas doses de aflatoxinas (77000 ppb) (RAY et

al 1986)

Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente

pelo aumento da atividade seacuterica das enzimas hepaacuteticas Dentre essas enzimas as mais

comumente alteradas satildeo a fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamil transferase (GGT)

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 VAID et al 1981

MCKENZIE et al 1981 RAY et al 1986) Outras alteraccedilotildees bioquiacutemicas descritas incluem

a diminuiccedilatildeo do niacutevel da enzima seacuterica lactato desidrogenase (KEYL BOOTH 1970) e

aumento da bilirrubina total e conjugada (MCKENZIE et al 1981 COLVIN et al 1984)

Embora alguns estudos demonstrem um aumento nos niacuteveis da AST em casos de aflatoxicose

(PIER et al 1976 DrsquoANGELO et al 2007) outros estudos demonstram que os niacuteveis dessa

enzima (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970) bem como das proteiacutenas totais e da

albumina (LYNCH et al 1970 VAN HALDEREN et al 1989) permanecem inalterados nos

casos dessa doenccedila em bovinos Alteraccedilotildees hematoloacutegicas satildeo raramente descritas e incluem

graus leves de anemia ou neutropenia (MCKENZIE et al 1981)

27 Achados de necropsia

O fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em animais

(KELLERMAN et al 2005) Lesotildees macroscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por

alteraccedilotildees da cor tamanho e consistecircncia do oacutergatildeo que pode estar amarelo-claro marrom-

bronzeado ou acinzentado invariavelmente firme ao corte e diminuiacutedo ou mais

frequentemente aumentado de tamanho (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011)

Frequentemente observa-se ascite e edema das dobras do abomaso e do mesocoacutelon e

menos comumente hidrotoacuterax e edema no tecido subcutacircneo ou parede da vesiacutecula biliar

(GOPAL et al 1968 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

24

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011) Dilataccedilatildeo da vesiacutecula biliar por liacutequido eacute um achado descrito em

alguns relatos da doenccedila (GOPAL et al 1968 MCKENZIE et al 1981 DUTRA et al

2011) e embora seja um achado incidental frequente em necropsias de bovinos segundo

Lynch et al (1971) nos casos de aflatoxicose a lesatildeo pode ser provocada pela obstruccedilatildeo do

ducto da vesiacutecula biliar devido ao edema da parede do oacutergatildeo

Em alguns dos surtos da doenccedila em bovinos os autores relatam graus variados de

caquexia no momento da necropsia (GOPAL et al 1968 COLVIN et al 1984 VAN

HALDEREN et al 1989) e hemorragias no subcutacircneo fiacutegado rins e na serosa do trato

gastrointestinal (PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAID et al 1981) Icteriacutecia eacute um achado incomum em casos de aflatoxicose (PIER et al

1976 OSWEILLER TRAMPEL 1985)

Os achados histoloacutegicos estatildeo restritos ao fiacutegado e incluem proliferaccedilatildeo de ductos

biliares fibrose megalocitose lesatildeo veno-oclusiva e graus variaacuteveis de degeneraccedilatildeo

gordurosa hepatocelular Proliferaccedilatildeo de ductos biliares eacute uma das principais lesotildees

observadas nos casos de aflatoxicose Essa lesatildeo eacute observada mais frequentemente no

parecircnquima proacuteximo aos espaccedilos porta O padratildeo de fibrose observado nos casos de

aflatoxicose eacute periportal que pode se estender e conectar espaccedilos porta (padratildeo periportal

ldquoem ponterdquo) ou obliterar totalmente o loacutebulo (padratildeo difuso) A degeneraccedilatildeo gordurosa eacute

caracterizada por vacuacuteolos uacutenicos ou muacuteltiplos no citoplasma de hepatoacutecitos e ocorre mais

comumente na regiatildeo centrolobular (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL

BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN

et al 1980 VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984

OSWEILLER TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989

DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al 2011) A lesatildeo veno-oclusiva hepaacutetica consiste na

obliteraccedilatildeo de pequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo do endoteacutelio dos sinusoacuteides

acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrina no espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrose

subendotelial (STALKER HAYES 2007) Lesatildeo veno-oclusiva tem sido relatada em

bovinos afetados por aflatoxicose (LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) seneciose e em

seres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e transplante de medula oacutessea (STALKER

HAYES 2007)

25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

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3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

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RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

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ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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25

28 Diagnoacutestico e meacutetodos de detecccedilatildeo de aflatoxinas

O diagnoacutestico da intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos eacute frequentemente complexo

e o diagnoacutestico definitivo depende da associaccedilatildeo de fatores epidemioloacutegicos cliacutenicos e

patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise micoloacutegica do alimento e anaacutelise

quiacutemica de alimentos ou tecidos por cromatografia de camada delgada ou

fluorodensitrometria e ensaios com a toxina usando patos galinhas ou embriotildees de trutas

(KELLERMAN et al 2005)

Uma vez que a presenccedila do fungo natildeo implica necessariamente na presenccedila de toxinas

as determinaccedilotildees analiacuteticas satildeo necessaacuterias para fiscalizaccedilatildeo monitoramento e pesquisa

Existem vaacuterios fatores que dificultam esse tipo de anaacutelise como por exemplo distribuiccedilatildeo

natildeo uniforme das micotoxinas nos lotes contaminados niacuteveis de contaminaccedilatildeo extremamente

baixos extratos contendo substacircncias que possam interferir nos exames e a natureza variada

das amostras as quais requerem diferentes procedimentos na extraccedilatildeo (AMARAL

MACHINSKI 2006)

O processo de determinaccedilatildeo de aflatoxinas eacute composto pela colheita da amostra sua

moagem subamostragem e finalmente sua anaacutelise Erros em cada uma dessas etapas

implicam em alteraccedilotildees no resultado da anaacutelise que podem ser reduzidas aumentando-se o

volume da amostra (e subamostra) e o nuacutemero de amostras (e o nuacutemero de subamostras)

diminuindo-se o tamanho da partiacutecula durante a moagem e utilizando-se tecnologias

automatizadas e que propiciem a maior precisatildeo possiacutevel (MALLMANN et al 2013)

Na praacutetica as aflatoxinas tecircm sido detectadas por teacutecnicas fiacutesico-quiacutemicas e

bioloacutegicas Dentre as teacutecnicas para verificar a presenccedila de aflatoxina em alimentos estatildeo as

fiacutesico-quiacutemicas cromatograacuteficas e instrumentais As teacutecnicas bioloacutegicas incluem os bioensaios

e imunoensaios (RODRIGUEZ-AMAYA 1989)

A cromatografia em camada delgada (CCD) eacute a teacutecnica de referecircncia para muitos

laboratoacuterios brasileiros porque natildeo necessita de equipamentos onerosos e eacute confiaacutevel Eacute muito

utilizado o sistema-solvente tolueno acetato de etila-clorofoacutermio-aacutecido foacutermico ndash 7050

5020 A quantificaccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da teacutecnica visual sob luz ultravioleta (UV) ou a

densitometria A cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (HPLC) de fase normal e fase

reversa tecircm sido usadas com detecccedilatildeo por absorccedilatildeo UV fluorescecircncia espectrometria de

massas e amperomeacutetrica (AMARAL MACHINSKI 2006)

Existem atualmente no comeacutercio vaacuterios tipos de testes baseados em meacutetodos

26

imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

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UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

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ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

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shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

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ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

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Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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imunoquiacutemicos tanto para detecccedilatildeo qualitativa como quantitativa dessas toxinas Na deacutecada

de 80 foi desenvolvido o ensaio imunoenzimaacutetico ELISA (Enzyme- Linked Immunosorbent

Assay) para a detecccedilatildeo de aflatoxinas No que se refere agraves micotoxinas eacute menos dispendioso

do que muitos testes tradicionais aleacutem de altamente seletivo para determinados tipos de

toxinas O teste ELISA detecta e amplifica a reaccedilatildeo antiacutegeno-anticorpo pela ligaccedilatildeo covalente

entre enzima-anticorpo ou enzima-analito cuja presenccedila eacute subsequumlentemente determinada

pela adiccedilatildeo de enzima no substrato A quantidade de substrato convertido a um dado tempo eacute

indicativo da concentraccedilatildeo original do composto a ser analisado (OLIVEIRA et al 2000)

Um biossensor fluoromeacutetrico de imunoafinidade tem sido desenvolvido para detectar e

quantificar aflatoxinas Os imunosensores geralmente se referem a um sistema que acopla um

material imunoativo a um transdutor para produzir um sinal eleacutetrico proporcional agrave

quantidade de analito presente Ensaio imunoenzimaacutetico colorimeacutetrico de injeccedilatildeo sequencial

utiliza a ceacutelula de jato de fluxo com fase soacutelida de polimetacrilato adsorvidas com AFB1-

albumina seacuterica bovina Eacute uma teacutecnica de imunoensaio competitivo indireto com duplo

anticorpo tatildeo sensiacutevel quanto o ELISA na detecccedilatildeo de AFB1 (AMARAL MACHINSKI

2006)

29 Diagnoacutestico diferencial

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantas que contenham alcaloides

pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacuteda no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que as

alteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condiccedilotildees satildeo muito semelhantes (CLEGG

BRYSON 1962 STOumlBER 1970 PEDUGSORN et al 1980)

210 Meacutetodos de controle e tratamento

O meacutetodo de controle mais eficiente eacute a remoccedilatildeo do alimento contaminado A

recuperaccedilatildeo dos animais afetados depende da quantidade de aflatoxina ingerida e a duraccedilatildeo da

exposiccedilatildeo agrave toxina Os animais podem ser tratados sintomaticamente (KELLERMAN et al

2005)

27

A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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A prevenccedilatildeo contra o crescimento do fungo eacute a medida mais eficiente de se controlar a

contaminaccedilatildeo O conhecimento dos fatores que favorecem a produccedilatildeo de aflatoxinas eacute uacutetil

para minimizar o problema A contaminaccedilatildeo de gratildeos por micotoxinas pode acontecer natildeo soacute

atraveacutes de condiccedilotildees inadequadas de armazenagem mas tambeacutem jaacute na lavoura durante o

periacuteodo preacute-colheita Eacute extremamente importante o uso de praacuteticas como o plantio de

genoacutetipos de plantas mais resistentes agrave contaminaccedilatildeo por fungos de armazenagem Satildeo

essenciais tambeacutem os procedimentos para diminuiccedilatildeo da umidade dos gratildeos colhidos e a

armazenagem dentro de padrotildees recomendados internacionalmente O uso de inibidores de

crescimento fuacutengico em gratildeos armazenados tem sido realizado como um meacutetodo preventivo

Diversas substacircncias quiacutemicas tecircm sido testadas e usadas como inibidores do crescimento

fuacutengico O grupo dos aacutecidos orgacircnicos satildeo os principais anti-fuacutengicos utilizados e incluem

substacircncias de estrutura simples como o aacutecido propiocircnico aceacutetico soacuterbico e benzoacuteico e seus

sais de caacutelcio soacutedio e potaacutessio (SANTURIO 2000)

Os meacutetodos para destoxificaccedilatildeo de aflatoxinas em alimentos satildeo necessaacuterios quando

haacute falha das medidas preventivas Esses meacutetodos incluem a remoccedilatildeo fiacutesica de gratildeos ardidos

remoccedilatildeo de aflatoxinas por solventes polares destruiccedilatildeo atraveacutes do calor ou degradaccedilatildeo de

aflatoxinas por substacircncias quiacutemicas ou microorganismos Todos esses meacutetodos podem ou

natildeo ser efetivos mas com certeza satildeo extremamente caros e economicamente inviaacuteveis

(SANTURIO 2000) Aflatoxinas satildeo termoestaacuteveis assim os tratamentos fiacutesicos por calor

resultam em pequenas mudanccedilas nos niacuteveis de toxina (TRIPATHI MISHRA 2010)

Tratamentos quiacutemicos usando solventes satildeo capazes de extrair esses compostos causando

miacutenimos efeitos na qualidade nutricional do produto no entanto essa tecnologia eacute ainda

pouco praacutetica e cara aleacutem de alterar o odor e sabor dos alimentos Amoniaccedilatildeo eacute um meacutetodo

efetivo para a descontaminaccedilatildeo de produtos contendo aflatoxinas e eacute de faacutecil execuccedilatildeo

Ozonizaccedilatildeo eacute o meacutetodo quiacutemico que vem sendo mais estudado para a descontaminaccedilatildeo de

aflatoxinas em alimentos uma vez que o ozocircnio foi reconhecido como um produto seguro

pelo Food and Drug Administration (FDA) do governo americano em 2001 (ZORLUENCcedil et

al 2008) Atualmente muitos estudos tem demonstrado que aflatoxinas satildeo suscetiacuteveis a

alguns microorganismos como fungos bacteacuterias e leveduras que podem ser considerados

formas de degradaccedilatildeo bioloacutegica dessas toxinas Dessa forma os alimentos podem ser

descontaminados por enzimas produzidas por bacteacuterias como Mycobacterium smegmatis

(TAYLOR et al 2010) ou por fermentaccedilatildeo soacutelida utilizando culturas de outros fungos como

A oryzae e Rhizopus spp (CACCIAMANI et al 2007)

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O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

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AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

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ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

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ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

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Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

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AgraveOslashtimesshy ϐ

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

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shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

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shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

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-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

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rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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28

O uso de aditivos anti-micotoxinas (AAM) na induacutestria de alimentaccedilatildeo animal vem

cada vez mais ganhando espaccedilo Eles atuam no sequestro das micotoxinas com o objetivo de

reduzir a absorccedilatildeo destas espeacutecies no trato gastrointestinal dos animais Os AAM mais

utilizados satildeo agrave base de aluminosilicatos de caacutelcio e soacutedio hidratado (HSCAS) carvatildeo

ativado colestiramina glucomanano e argila sendo que sua eficiecircncia depende das

caracteriacutesticas estruturais tanto das micotoxinas quanto dos proacuteprios AAM bem como de suas

propriedades quiacutemicas Espeacutecies com diferentes polaridades apresentam diferentes interaccedilotildees

com diferentes tipos de AAM Em alguns casos a baixa polaridade de determinadas toxinas

torna ineficaz o uso de sequestrantes como os aluminosilicatos que satildeo conhecidos por sua

atraccedilatildeo por espeacutecies polares Nesses casos satildeo adicionados agrave formulaccedilatildeo dos produtos

glicomananos esterificados componentes da parede interna das leveduras ou ainda

organismos vivos tais como bacteacuterias Isto provoca a bio-tranformaccedilatildeo das toxinas atraveacutes de

reaccedilotildees enzimaacuteticas ou processos microbioloacutegicos (hidroxilaccedilatildeo deepoxidaccedilatildeo ou de

acetilaccedilatildeo) aumentando assim a hidrofilicidade destas espeacutecies e a maior susceptibilidade agrave

accedilatildeo do sequestrante (MALLMANN et al 2013)

29

3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

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3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

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ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

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ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

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INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

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ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

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ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

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Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

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ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

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Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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3 ARTIGO 1

Surto de aflatoxicose em bezerro no Rio Grande do Sul

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira Filho Priscila M Carmo Ricardo B Lucena Daniel R Rissi Monique Togni e Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v30 n5 p418-422 2010

DOI 101590S0100-736X201000050008

418

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

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3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

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ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

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ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

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INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

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ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

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ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

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Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

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ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

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Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

RESUMO- Um surto de aflatoxicose crocircnica eacute relatado embezerros de raccedila leiteira Quarenta bezerros holandesesmachos de quatro meses de idade e aproximadamente 100kgeram mantidos em gaiolas individuais de 15 x 15m e ali-mentados com uma raccedilatildeo constituiacuteda por feno de alfafamilho quebrado e substituto de leite Seis bezerros (15)morreram apoacutes apresentar uma doenccedila caracterizada pormau desenvolvimento geral diarreia pelagem aacutespera dorabdominal tenesmo prolapso de reto e bruxismo Alguns

bezerros ldquodeitavam e rolavamrdquo no chatildeo da gaiola A dura-ccedilatildeo do curso cliacutenico segundo observado pelos proprietaacuteri-os foi de 2-3 dias muitos terneiros desse lote que natildeomorreram permaneceram pouco desenvolvidos Trecircs bezer-ros foram necropsiados Os achados de necropsia incluiacuteamfiacutegado firme e castanho-claro marcados hidrotoacuterax e ascitee edema do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras da mucosado abomaso Os principais achados histopatoloacutegicos esta-vam restritos ao fiacutegado e consistiam de fibrose moderadamegalocitose hiperplasia de ductos biliares e lesatildeo veno-oclusiva A procura por contaminaccedilatildeo de Senecio spp nofeno de alfafa resultou negativa A anaacutelise do milho do ali-mento dos bezerros por cromatografia de camada delgadarevelou 5136ppb de aflatoxina B1 O diagnoacutestico deaflatoxicose foi feito baseado nos sinais cliacutenicos e patolo-gia caracteriacutesticos na ausecircncia de Senecio spp na alimen-taccedilatildeo dos terneiros e na presenccedila de altos niacuteveis deaflatoxina no milho da alimentaccedilatildeo dos bezerros

INDEX TERMS Doenccedilas de bovinos micotoxicose aflatoxi-cose doenccedilas hepaacuteticas patologia

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira Filho2 Priscila M Carmo2 Ricardo BLucena2 Daniel R Rissi2 Monique Togni3 e Claudio SL Barros4

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DRTogni M amp Barros CSL 2010 [Outbreak of aflatoxicosis in calves in southern Brazil]Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira30(5)418-422 Departamento de Patologia Universidade Federal de Santa Maria 97105-900 Santa Maria RS Brazil E-mail claudioslbarrosuolcombr

An outbreak of chronic aflatoxicosis is reported in dairy calves Forty 4-month-old maleHolstein calves of approximately 100kg were kept in individual cages of 15 x 15m and werefed a ration constituted by alfalfa hay broken corn and milk substitute Six calves (15) diedafter presenting a disease characterized by general unthriftiness diarrhea rough hair coatsabdominal pain prolapsed rectum grinding of teeth and lying down and rolling The clinicalcourse as observed by the owners was 2-3 days however many calves in this lot that did notdie remained underdeveloped Three calves were necropsied Necropsy findings includedfirm light tan livers and marked hydrothorax ascites and edema of the mesentery mesocolonand of the mucosal folds of the abomasum Main histopathological changes were restricted tothe liver and consisted of fibrosis moderate megalocytosis biliary duct hyperplasia and veno-occlusive disease The search for Senecio spp contamination in the alfalfa hay resultednegative The analysis by thin layer chromatography of the corn fed to calves revealed 5136ppb of aflatoxin B1 A diagnosis of aflatoxicosis was made based on the characteristic clinicalsigns and pathology on the absence of Senecio spp in the food and on the presence of highlevels of aflatoxin in the corn fed to the calves

INDEX TERMS Diseases of cattle mycotoxicosis aflatoxicosis hepatic diseases pathology

1 Recebido em 14 de dezembro de 2009Aceito para publicaccedilatildeo em 29 de dezembro de 2009Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor

2 Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina Veterinaacuteria aacuterea deconcentraccedilatildeo em Patologia Veterinaacuteria Centro de Ciecircncias RuraisUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria RS 97105-900 Brasil

3 Bolsista de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica (CNPq) junto ao Laboratoacuterio dePatologia Veterinaacuteria do Departamento de Patologia da UFSM

4 Departamento de Patologia UFSM Santa Maria RS Pesquisador1A do CNPq Autor para correspondecircncia claudioslbarrosuolcombr

Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

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3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

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ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

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ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

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INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

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ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

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ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

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Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

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ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

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Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 419

INTRODUCcedilAtildeOAflatoxicose eacute uma micotoxicose causada por aflatoxinasmetaboacutelitos hepatotoacutexicos de Aspergillus flavus e Aparasiticus (Van Halderen et al 1989) A doenccedila jaacute foi docu-mentada em humanos primatas natildeo-humanos gatos catildeesroedores aves bovinos e buacutefalos apoacutes a ingestatildeo de alimen-to contaminado pelos fungos produtores de aflatoxina (Sastryet al 1965 Vaid et al 1981) A condiccedilatildeo eacute mais comum emanimais de produccedilatildeo mas existem diferentes graus de sus-ceptibilidade (Schoental 1967) 1) animais bastante sensiacute-veis (LD50d1mgkg) onde estatildeo incluiacutedos patinhos trutas arco-iacuteris cobaias coelhos catildees gatos ratos jovens e perus jo-vens 2) animais medianamente sensiacuteveis (que necessitamuma dose de aflatoxina dez vezes maior que os animais doprimeiro grupo) como suiacutenos macacos ratos bezerros fai-sotildees pintos furotildees hamsters vacas doninhas e perdizese 3) animais resistentes como ovinos e camundongos

Surtos documentados de aflatoxicose em bovinos satildeoraros A doenccedila nessa espeacutecie geralmente natildeo eacute tatildeo fulmi-nante como em suiacutenos e segue um curso crocircnico ou subagudode vaacuterias semanas ou meses apoacutes a exposiccedilatildeo agrave aflatoxina(Kellerman et al 2005) mas casos agudos jaacute foram relata-dos (McKenzie et al 1981 Lafluf et al 1989) A condiccedilatildeo embovinos foi relatada inicialmente na deacutecada de 1960 no ReinoUnido (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962)associada agrave ingestatildeo de torta de amendoim contaminada pelofungo e contendo aflatoxina no entanto eacute muito provaacutevelque a doenccedila descrita em suiacutenos e bovinos nos anos 1950nos Estados Unidos (Sippel et al 1953 Burnside et al 1957)tambeacutem se tratasse de aflatoxicose Desde entatildeo a doenccedilafoi relatada em bovinos nos Estados Unidos (Aust 1964 Colvinet al 1984 Hall et al 1989 Osweiller amp Trampel 1985 Ray etal 1986) Iacutendia (Gopal et al 1968 Vaid et al 1981) Tailacircndia(Pedugsorn et al 1980) Austraacutelia (McKenzie et al 1981) Aacutefri-ca do Sul (Van Halderen et al 1989) e Uruguai (Lafluf et al1989) A doenccedila tem sido reproduzida em bovinos pela admi-nistraccedilatildeo de doses orais de aflatoxina ou por administraccedilatildeode alimentos contaminados por aflatoxina (Allcroft amp Lewis1963 Garret et al 1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al1976 Patterson amp Anderson 1982 Richard et al 1983)

Os sinais cliacutenicos incluem mau estado nutricional geralpelos aacutesperos anorexia perda gradual do apetite perda depeso baixa na produccedilatildeo de leite e decreacutescimo na resistecircncia ainfecccedilotildees Sinais terminais incluem bruxismo andar em ciacutercu-los dor abdominal tenesmo prolapso retal e diarreia que podeser tingida de sangue (McKenzie et al 1981 Patterson ampAnderson 1982 Colvin et al 1984 Osweiller amp Trampel 1985Van Halderen et al 1989) Apenas raramente os bovinos de-senvolvem fotossensibilizaccedilatildeo associada agrave aflatoxicose(McKenzie et al 1981 Colvin et al 1984) A morte ocorre ge-ralmente dois dias apoacutes o aparecimento dos sinais cliacutenicosmais graves (Loosmore amp Markson 1961) Na necropsia o fiacutega-do estaacute firme com um tom grisaacuteceo ou marrom claro haacuteainda hidrotoacuterax e ascite acentuados edema das dobras doabomaso e do mesocoacutelon (Loosmore amp Markson 1961 Cleggamp Bryson 1962 Osweiller amp Trampel 1985 Hall et al 1989)

Histologicamente satildeo descritos proliferaccedilatildeo de ductos biliaresfibrose megalocitose lesatildeo venooclusiva e graus variaacuteveisde degeneraccedilatildeo gordurosa hepatocelular (Loosmore amp Markson1961 Clegg amp Bryson 1962 Vaid et al 1981 Osweiller amp Trampel1985 Van Halderen et al 1989)

O objetivo deste trabalho eacute descrever um surto deaflatoxicose em bezerros no estado do Rio Grande do Sul

MATERIAL E MEacuteTODOSNum estabelecimento de produccedilatildeo leiteira no municiacutepio dePanambi Rio Grande do Sul quarenta bezerros foram des-mamados logo apoacutes terem ingerido o colostro e colocadosem gaiolas individuais 15 x 15m Inicialmente os bezerroseram alimentados exclusivamente com substituto de leite re-constituiacutedo mas gradativamente foram introduzidos milhoquebrado e feno de alfafa na alimentaccedilatildeo Quando foramexaminados neste estudo aos quatro meses de idade e pe-sando 100 kg os bezerros recebiam raccedilatildeo constituiacuteda 2 kgde milho quebrado 1-2 kg alfafa e 4 litros de substituto deleite reconstituiacutedo O milho estava na alimentaccedilatildeo por pelomenos dois meses O surto da doenccedila que eacute relatada aqui foiobservado inicialmente no mecircs de abril de 1989 pelo veteri-naacuterio que prestava serviccedilos para o estabelecimento e querealizou duas necropsias em dois bezerros que haviammorrido espontaneamente dessas necropsias o seguintematerial foi enviado para exame histoloacutegico no Laboratoacuteriode Patologia Veterinaacuteria da Universidade Federal de SantaMaria fiacutegado coraccedilatildeo pulmatildeo e rim Apoacutes o exame histopa-toloacutegico desse material foi estabelecido um diagnoacutesticopresuntivo de seneciose (intoxicaccedilatildeo por alcaloides pirrolizi-diacutenicos de Senecio spp) e uma visita agrave propriedade foi feitano dia seguinte quando um bezerro afetado jaacute moribundo foisacrificado e necropsiado Dessa necropsia o seguinte mate-rial foi fixado em formol e processado rotineiramente parahistopatologia fiacutegado coraccedilatildeo linfonodo hepaacutetico intestinodelgado coacutelon ceco abomaso enceacutefalo rim e baccedilo Cortesselecionados de fiacutegado foram corados pela teacutecnica dotricrocircmico de Masson Foi feita uma cuidadosa procura porespeacutecimes dessecados de Senecio spp no feno de alfafausado na alimentaccedilatildeo dos bezerros Um pool (total de 1 kg)de amostras de diferentes locais do estoque do milho que-brado que vinha sendo administrado aos bezerros foi colhidoe enviado para anaacutelise por cromatografia de camada delga-da para aflatoxina B1 (AFB1)

RESULTADOSHaacute algum tempo que natildeo foi possiacutevel precisar vaacuterios be-zerros mostravam sinais pouco especiacuteficos de pelos arrepi-ados e mau desenvolvimento geral Seis bezerros morre-ram dois a trecircs dias apoacutes o agravamento desses sinais cliacute-nicos com aparecimento de diarreia dor abdominaltenesmo prolapso de reto e bruxismo

Alteraccedilotildees de necropsia encontradas em trecircs bezerrosnecropsiados incluiacuteam fiacutegado firme e castanho claro mar-cados hidrotoacuterax e ascite edema transluacutecido e de aspectogelatinoso do mesenteacuterio mesocoacutelon e das dobras damucosa do abomaso

Os principais achados histopatoloacutegicos aleacutem da con-firmaccedilatildeo dos edemas observados macroscopicamente

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restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

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608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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Felipe Pierezan et al420

restringiam-se ao fiacutegado Fibrose portal que se estendiapor entre os loacutebulos e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (Fig1)foram achados constantes Os hepatoacutecitos apresentavammoderada megalocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacuteticavacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular delipiacutedios Muitos hepatoacutecitos apresentavam gloacutebulos eosi-nofiacutelicos no citoplasma (Fig2) A tumefaccedilatildeo dos hepatoacuteci-tos obliterava a luz dos sinusoacuteides Necrose individual dehepatoacutecitos e lesatildeo venooclusiva (Fig3) foram tambeacutemfrequentes

A pesquisa por plantas que contecircm alcaloides pirrolizi-diacutenicos no feno que era administrado aos animais resultounegativa A anaacutelise do milho do alimento dos bezerros porcromatografia de camada delgada revelou 5136ppb deAFB1 Natildeo foram pesquisados outros metaboacutelitos deafllatoxina

DISCUSSAtildeOO diagnoacutestico de aflatoxicose neste estudo foi baseadonos sinais cliacutenicos e lesotildees caracteriacutesticas apresentadospelos bezerros e nos altos niacuteveis de AFB1 encontrados emum dos componentes da alimentaccedilatildeo dos bezerros Aslesotildees hepaacuteticas encontradas nos bezerros deste relatoforam consideradas crocircnicas em comparaccedilatildeo com o que eacutedescrito na literatura Lesotildees crocircnicas de aflatoxicose satildeorelatadas como contendo graus variaacuteveis de proliferaccedilatildeodo epiteacutelio dos ductos biliares fibrose endoflebite oblite-rante (lesatildeo venooclusiva) da veia centrolobular (veia he-paacutetica terminal) variaccedilatildeo consideraacutevel no tamanho e for-ma dos hepatoacutecitos e graus variaacuteveis de esteatose hepa-tocelular (Loosmore amp Markson 1961 Clegg amp Bryson 1962Hill 1963) Essas lesotildees foram observadas nos bezerrosdeste estudo

A intoxicaccedilatildeo por Senecio spp ou por outras plantasque contenham alcaloides pirrolizidiacutenicos deve ser incluiacute-da no diagnoacutestico diferencial de aflatoxicose jaacute que asalteraccedilotildees cliacutenicas e anatomopatoloacutegicas nas duas condi-ccedilotildees satildeo praticamente idecircnticas (Clegg amp Bryson 1962Stoumlber 1970 Pedugsorn et al 1980) e jaacute que a seneciose

Fig1 Fibrose portal () e proliferaccedilatildeo de ductos biliares (seta)em bezerro com aflatoxicose crocircnica HE obj20x

Fig2 Alteraccedilotildees histoloacutegicas no fiacutegado de bezerro com aflato-xicose crocircnica Os hepatoacutecitos apresentam moderada me-galocitose e degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar consis-tente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios O aumen-to de volume dos hepatoacutecitos oblitera a luz dos sinusoacuteidesEm dois hepatoacutecitos haacute gloacutebulos eosinofiacutelicos (setas) nocitoplasma HE obj40x

A

Fig3 Lesatildeo veno-oclusiva na aflatoxicose crocircnica em bezer-ros (A) Tecido fibroso obstrui completamente a luz da veiahepaacutetica terminal HE obj20x (B) Mesma lesatildeo em espeacute-cime de fiacutegado corado pelo Tricrocircmico de Masson obj20x

B

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Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

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ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

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rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

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tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

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rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

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plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

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ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

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Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 30(5)418-422 maio 2010

Surto de aflatoxicose em bezerros no Rio Grande do Sul 421

eacute uma intoxicaccedilatildeo comum em bovinos no Rio Grande doSul (Rissi et al 2007) No entanto a possibilidade de ocor-recircncia dessas plantas na dieta dos bezerros foi excluiacuteda ecomo os bezerros eram confinados natildeo tinham acesso agravepastagem

Natildeo eacute possiacutevel calcular com qualquer grau de precisatildeoa quantidade de aflatoxina que cada bezerro deste estudoingeria diariamente pois embora 2kgbezerrodia de milhoestivessem disponiacuteveis natildeo se tem dados para confirmarse essa quantidade era realmente consumida Natildeo se sabetambeacutem se a aflatoxina era homogeneamente distribuiacutedano milho oferecido aos bezerros Na verdade eacute pouco pro-vaacutevel que esse fosse o caso e eacute sim provaacutevel que ocorres-sem porccedilotildees de milho com maior ou menor quantidade deaflatoxina de que 5136 ppb detectados na amostra anali-sada Raciocinando poreacutem com base na quantidade deAFB1 (5136ppb) que correspondia a 5136mgkg de mi-lho e levando em conta que cada bezerro pesava cercade 100 kg e deveria consumir cerca de 2 kgraccedilatildeo(milho)dia a dose diaacuteria de aflatoxina ingerida por cada bezerrosseria 01mgkg Se as quantidades de aflatoxina provavel-mente ingeridas pelos bezerros deste estudo forem com-paradas agraves doses envolvidas nos surtos e experimentosdescritos a seguir seraacute concluiacutedo que elas satildeo suficien-tes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros

Em um desses experimentos cinquenta bezerros de 6-8 meses de idade de raccedila de corte foram divididos emcinco grupos de 10 animais cada que receberam raccedilatildeo con-tendo 0 100 300 700 e 1000ppb de AFB1 (Garret et al1968) A intoxicaccedilatildeo foi observada em animais que recebe-ram raccedilatildeo com 700ppb de AFB1 ou mais Nesses dois gru-pos houve reduccedilatildeo do ganho de peso Dois novilhos do gru-po da raccedilatildeo com 1000ppb de AFB1 morreram no 59o e 137o

dias do experimento e seus fiacutegados eram fibroacuteticos Lesotildeeshepaacuteticas semelhantes foram observadas em um animal dogrupo que recebia 1000ppb e em outros dois animais dogrupo de 700pbb que foram sacrificados aos 133 dias doexperimento Essas quantidades satildeo pelo menos cinco ve-zes menores que as encontradas na raccedilatildeo ingerida pelosbezerros deste relato Stoumlber (1970) menciona dados se-melhantes aos de Garret et al (1968) e afirma que apoacutesingerirem torta de amendoim com 200-1500ppb de AFB1bezerros jovens desenvolvem a intoxicaccedilatildeo e Vaid et al(1981) informam que niacuteveis considerados perigosos na ali-mentaccedilatildeo de bovinos estatildeo entre 300-600ppm

Em outro experimento (Lynch et al 1970) em que be-zerros ingeriram raccedilatildeo com aflatoxinas nas doses de 0008a 008mgkgdia de peso corporaldia por seis semanasobservaram-se alteraccedilotildees nas enzimas de funccedilatildeo hepaacuteti-ca jaacute nos animais que recebiam 002mgkgdia os ani-mais foram sacrificados e os de maior dosagem mostra-vam fibrose hepaacutetica Alteraccedilotildees semelhantes ocorreramquando a aflatoxina foi administrada por via oral diluiacuteda empropilenoglicol e etanol Os bezerros foram sacrificadosapoacutes seis semanas e a maioria dos efeitos presentes daaflatoxicose ocorreu nas doses maiores (008 e 010mgkgdia)

Pier et al (1976) administraram aflatoxina contida emcaacutepsulas de gelatina a trecircs bezerros nas doses de 01 02e 05mgkgdia O bezerro que recebeu 05mgkgdia mor-reu no 14o dia do experimento e na necropsia foram encon-trados icteriacutecia hemorragia e fibrose hepaacutetica associada aproliferaccedilatildeo de ductos biliares Lesotildees hepaacuteticas seme-lhantes foram encontradas no bezerro que recebeu 02mgkgdia e que foi sacrificado no 32o dia do experimentoMcKenzie et al (1981) relataram um surto espontacircneo commorte de 12 dentre um lote de 90 bezerros 5-27 dias apoacutesingerirem 03-07mgkgdia de aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2)Nesses casos essas doses mais elevadas levaram a al-teraccedilotildees agudas o que indica que o curso cliacutenico eacute de-pendente da dose

Bovinos jovens como o deste relato satildeo mais suscetiacute-veis agrave aflatoxicose do que bovinos adultos (Allcroft amp Lewis1963 Aust 1964 Lynch et al 1970 1971 McKenzie et al1981 Colvin et al 1984) mas a condiccedilatildeo eacute tambeacutem rela-tada em animais adultos (Vaid et al 1981 Ray et al 1986Hall et al 1989 Lafluf et al 1989) Por outro lado a intoxi-caccedilatildeo por aflatoxina em bovinos ocorre principalmente emanimais confinados (Gopal et al 1968 Colvin et al 1984Osweiller amp Trampel 1985) e em animais de produccedilatildeo lei-teira como eacute o caso dos bezerros deste estudo No entan-to haacute relatos de surtos ocasionais de aflatoxicose em bo-vinos que ingeriram milho natildeo-colhido ou mal colhido ain-da na lavoura (Sippel et al 1953 Hall et al 1989)

Lesatildeo venooclusiva hepaacutetica foi observada nos trecircscasos deste estudo A lesatildeo consiste na obliteraccedilatildeo depequenas veias intra-hepaacuteticas associadas agrave lesatildeo doendoteacutelio dos sinusoacuteides acuacutemulo de eritroacutecitos e fibrinano espaccedilo subintimal (de Disse) e subsequente fibrosesubendotelial (Stalker amp Hayes 2007) Esse padratildeo defibrose da veia centrolobular pode contribuir para o desen-volvimento de hipertensatildeo portal e ser pelo menos parci-almente responsaacutevel pela ascite observada nos bezerrosLesatildeo venooclusiva tem sido relatada em bovinos afeta-dos por aflatoxicose (Loosmore amp Markson 1961 Clegg ampBryson 1962 Lynch et al 1970 1971) seneciose e emseres humanos apoacutes quimioterapia radioterapia e trans-plante de medula oacutessea (Stalker amp Hayes 2007)

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4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

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DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

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1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

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shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

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ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

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AgraveOslashtimesshy ϐ

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shyshy ϐshy -

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609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

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ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

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ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

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rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

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ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

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Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

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ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

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timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

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Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

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shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

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ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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35

4 ARTIGO 2

Intoxicaccedilatildeo experimental por aflatoxina em bezerros

Felipe Pierezan Joseacute Carlos Oliveira-Filho Priscila M Carmo Adelina R Aires Marta LR Leal Tatiana M Souza Carlos A Mallmann e

Claudio SL Barros

Publicado na revista Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira

v32 n7 p607-618 2012

DOI 101590S0100-736X2012000700004

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

607

shy ϐ1

Felipe Pierezan2 Joseacute Carlos Oliveira-Filho2 Priscila M Carmo2 Adelina R Aires3

Marta LR Leal3 Tatiana M Souza4 Carlos A Mallmann5 e Claudio SL Barros6

ABSTRACT- Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Aires AR Souza TM Mallmann

CA amp Barros CSL 2012 [ϐ] Intoxicaccedilatildeo ex-

ϐ Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira 32(7)607-618 De-

ǡǡǡǡ97105-900 Brazil E-mail ǤǤ

Two experiments were performed in order to determine the toxic effects of varying

ϐǤǡǤ ϐǡʹͶǦǦǡǡͳǤͷΨͷͲͲάͳͲͲϐǤǡϐǡ Ǥ ǡ ͶǦͷǦǡϐͷͲͲͳǡʹͷͲǡʹǡͷͲͲͷǡͲͲͲͳϐȋͳȌǤͶǦǦǤϐǡͳǤϐ-

ȋȌǡȋȌǡȋȌǡǡǡ-

ǤϐȋȌgamma glutamyl transferase when the

serum sampled on the 63th day of the experiment was considered During the whole expe-

ϐǡϐϐǤǡin three treated calves included loss of appetite decrease in weight gain and loss of wei-

Ǥ13ǡǡͷǡͲͲͲͳǤǤǤserum sampled on the 49ordm day of the experiment in the calf receiving the largest dose of

ϐǤǡǡǡǤǡ-

ǡ-

1ʹͻʹͲͳͳǤshy ʹʹͲͳʹǤǤǡ

Ͷ͵Ͷͻ͵ȀʹͲͳͲǦͳǤ2timesǦshy ǡ-

shy ǡsup2ȋȌǡ-ȋȌǡǡǡͻͳͲͷǦ900 Brasil

3timesǡde Grandes Animais CCR-UFSM Santa Maria RS

4times ȋȌ ϐ ǡ ǡCCR-UFSM Santa Maria RS

5timestimesǡǦǡǡǤ6ǡǦǡǡǤȗ

ͳǤsup2ǣǤǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

ǡͳAgraveǤ shyUgraveplusmn-

ȋȌǡAgraveplusmnȋȌǡ-

AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

Agraveϐ-ȋǤʹͲͲͷȌǤ

ϐ -

Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

ȋǤʹ ͲͲͷȌǡȋǤͳͻͺͳǡϐǤͳͻͺͻȌǤ-

shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

608 Felipe Pierezan et al

ϐǡǡϐǤϐͳϐǦǡǡǤallow to conclude that AFB1 doses of 500plusmn100 in the ration do not cause pathologic chan-

ǡ-

ǢͳͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲǤǣǡǡϐǡϐǡǡǤ

RESUMO- Foram realizados dois experimentos para de-

times ϐ-

ǡ Ǧ Agraveǡ timesǤǡǡ sup2ǡ ʹǦͶ ǡ shy ͷͲͲάͳͲͲϐǡͳǡͷΨȀǡǤsup2 ǡshy ϐǡ shyUgraveǤ ǡ sup2 ǡ sup2ǡ ͶǦͷ ǡ ǡ ǡ -shyUgraveϐǡAgraveͷͲͲǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳȋͳȌǤǡsup2ǡͶǡǡǤ-

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AgraveȋȌtimesǡ Ǥ ǡǦshyϐplusmn ȋȌ -

ȋȌcontrole na coleta do 63ordm dia do experimento Durante o

Agraveǡsup2timesplusmnAgraveǡ AgraveshyUgravetimesϐǡ ǤǡAgrave-

sup2Agraveapetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso e emagrecimento Ic-

Agraveǡǡǡ -

ͷǤͲͲͲͳǤAgrave ǤAgrave plusmn AgraveǤAgraveplusmn-

ͶͻϐǤ shyUgravetimesplusmnǡAgrave-plusmnAgraveǡǤ-

shyUgravetimesAgraveshy ǡshy -

ca vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de

Agraveǡ ϐǡǡǡ ϐ-ǤͳAgraveϐAgrave-

ǡ Ǧ ϐǡ ǡplusmnǤϐͷͲͲάͳͲͲͳ shyUgravetimes-shyUgraveǡAgraveshyUgraveAgrave-ǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐ-

ͳshyOslashshyUgraveǤǣshyǡǡϐ-

ǡϐǡshyǡǤ

INTRODUCcedilAtildeO

ϐ plusmn shy ǡ Oslash ǡ ϐǡtimes times Aspergillus ϔe A parasiticus AgraveϐAgrave ǡ shyUgrave animais e alimentos para consumo humano como amen-

doim milho algodatildeo sorgo girassol arroz e nozes As

ϐ 1 B

2 G

1 e G

2Ǣǡ

ϐ1plusmntimesȋ

ǤʹͲͲͷȌǤ shy ǡ

Ǧǡǡ ǡǡǡiuml-

ϐȋǤͳͻͷǡǤͳͻͺͳǡƬʹͲͲͳȌǤ-ϐplusmnconsiderada Ruminantes estatildeo entre os mais resistentes

ϐ ȋƬʹͲͲͳǡƬ13ʹͲͲʹȌǤǡ ϐ-

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Ǥplusmnǡshy plusmn -

AgraveOslashtimesshy ϐ

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shyshy ϐshy -

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

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shyǡshy OslashϐǤ

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Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

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ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

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shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

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-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

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rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

609shy ϐ

ϐȋƬͳͻ͵ǡǤ1968 Lynch et al 1970 1971 Pier et al 1976 Patterson amp

ͳͻͺʹǡǤͳͻͺ͵ȌǤǡshyϐtimes-

ǡAgravetimesshyǡ Ǥshy Ugrave-

ǡϐ ȋƬͳͻ͵ȌǤtimes-

ǡAgravetimesshyOslashǡ -

ϐǡ ȋ-

ǤʹͲͳͲȌǤǡshy -

shyǡshy OslashϐǤ

ϐsup2ϐ-

Agravetimes shy nesses animais

MATERIAL E MEacuteTODOS

shy plusmnshy toxina

times-

ǡǤǡ ǡ ǡ sup2ǡcom 2-4 meses de idade e pesos entre 44-93 Ǥ Agraveȋ͵Ȍǡshy ͳͺΨAgraveǡAgrave ϐ-

ǡǡAgraveAgraveǤshy ȋͳǡͷΨȌǤ shy -

shyUgrave ϐ ͳȋͳȌǡshy AgraveplusmnͷͲͲͳǤ

shy shyUgraveǦ Ǥ shyUgrave homogeneizadas por cerca de 10 minutos e acondicionadas por

AgraveAgravesup2ǡshy -

Ǥsup2shy ϐǤ

ǡ-

ǡsup2ǡͶǦͷͻʹǡͺǦͳͶͷǡͺǤAgraveȋ͵Ȍǡshy ϐǤshy ȋͳǡͷΨȌ -Ǥ ǡAgraveͷͲͲǡshyUgrave-

ͳ ȋAgrave AgraveϐȌǡͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳǤ shy Ǥǡsup2ǡͶǡǡͳ͵ǡͺǡǤ

-Agraveshy shyUgrave-shy Ǥǡ-

Ǥ Ǥ-

rimentos satildeo demonstradas no Quadro 1 - Amos experimentos

sup2plusmnshy ȋʹ͵ͲͺͳǤͲͲͻͻȀʹͲͳͲǦ͵ͶȌǤ

plusmnshy ͳshyUgrave

Agravetimes times ȋȌǡ ʹͻͻͻAspergillus parasiticus por fermentaccedilatildeo em ar-

ǡȋǤͳͻȌǤ

AgraveplusmnplusmnAgrave-

shy plusmnǤshy AgraveǡͳͲ-

ͳǤshy ϐǤǡ

shy

ϐ Dose AFB 1 Modo de

ȋȌ ȋȌ ȋȌ ȋȌ shy 1a 3 679 838 500plusmn100 MR 2a 3 625 797 500plusmn100 MR

3a 4 881 1102 500plusmn100 MR

4a 3 705 856 500plusmn100 MR

5a 4 819 958 500plusmn100 MR

6a 3 719 844 500plusmn100 MR

7a 4 861 115 500plusmn100 MR

8a 4 935 1201 500plusmn100 MR

9a 3 714 996 500plusmn100 MR

10ac 4 820 111 0 MR

11ac 2 445 637 0 MR

12ac 4 799 1023 0 MR

13d 4 928 1072 1250 DAe

14d 5 1358 135 2500 DA

15d 5 1458 1376 5000 DA

16dc 5 1387 161 0 DA

a Experimento1 misturada agrave raccedilatildeo c controle d experimento 2 e AgraveǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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610 Felipe Pierezan et al

shy ȋ ȌǡͳͶǡʹͳǡʹͺǡ͵ͷǡͶͻ͵timesAgrave Ǥͷ-

plusmnȋȌǤshy AgraveǡAgraveshy -

plusmnǦ ȋȌǡ-

Ǧ ȋȌ ȋȌǡ Agrave AgraveȋȌǡplusmnȋȌǡȋȌȋȌǡͷ-

ǤAgrave-

ram realizadas em contadores celulares automatizados atraveacutes do

Agrave plusmnǤAgrave shy ǡplusmnplusmnȋȌplusmnȋǡȌplusmnAgraveǤ-AgraveAgraveplusmnǡǤ

times ǡ-

timesǤ-shyUgraveǦͳͳshyʹͲ ǡ ǣ Agrave -ͳͳshyǤplusmnshy ǣͳȌ Ǧ ǢʹȌȋOslashȌͷAgraveʹΨǢ͵Ȍshy iumlͶͲʹͲǢ ͶȌ shy ϐAgrave Ǧ ȋ Ǥ ʹͲͲȌǤ timestimes -

ϐ ͳͲΨǡ pelas teacutecnicas de hematoxilina e eosina

Agrave ȋȌȋƬʹͲͲʹȌǤAgraveϐϐδͲǤͲͷǤ

RESULTADOS

AgraveAgraveplusmn Agrave shyUgrave

ȋǤͳȌ ͷͲͲάͳͲͲϐǡ͵ shyUgrave plusmn sup2 times plusmn AgraveǤ ǡ shyϐtimesAgraveplusmnAgraveǡ-

e do Grupo tratamento Esses paracircmetros permaneceram

sup2ǡ Agraveǡ ǤAgraveplusmnplusmn-

shyUgraveǡdurante grande parte do experimento poreacutem aumento

ϐȋδͲǤͲͷȌAgrave-iumlAgrave ȋ͵ȌǤAgraveplusmn na Figura 2

ǡ Agrave shy ͳͲǡ ʹ͵ ͶʹǡͷǤͲͲͲǡʹǤͷͲͲͳǤʹͷͲͳǡǡAgraveǡ-

mente perda de apetite seguida de diminuiccedilatildeo do ganho

ȋǤ͵ȌǤshy peso foi avaliada pela comparaccedilatildeo do ganho de peso dos

ǡ ǡplusmnǤshyUgrave-

zerros desse segundo experimento incluindo o animal con-

trole nas primeiras semanas de ingestatildeo da toxina a dimi-

nuiccedilatildeo do ganho de peso dos animais do grupo tratamento

ͳͶʹͺ-

ͷǤͲͲͲʹǤͷͲͲǡǤ acentuada perda de peso nas pesagens do 21ordm e 49ordm dias

ǡ ǤAgrave-

ǡ ȋǤͶȌǡ -

ȋǤͶȌǡAgraveǡ ͷǤͲͲͲǡ ͶͲǡ ͲǤ

shyUgraveAgraveplusmn-

Agrave

ǤͳǤ shy ϐ Ǥ -

shy ϐplusmn primeiro experimento

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611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

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times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

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times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

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perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

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shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

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ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

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ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

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ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

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ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

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Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

611shy ϐ

ǤAgravesup2ͳͶʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲͳʹͺͳǤʹͷͲͳǤAgraveͳͶ-

sup2ǤAgravedessas duas enzimas aumentaram gradativamente nas co-

plusmnplusmnǤAgrave sup2 Agraveǡplusmnǡ ͶͻAgrave-

AgraveͷǤͲͲͲͳǤ timesAgrave-plusmnǡAgraveǡǡAgraveǤAgraveplusmn-ros do segundo experimento estatildeo no Quadro 2

times Agrave ǡ sup2

timesplusmnǡ -shyUgravetimes ϐǡtimes-ros do primeiro experimento

ǤʹǤshy ϐǤshy ϐtimesAgraveplusmnǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

612 Felipe Pierezan et al

times times -

Ǧ -iuml ǡ iumlȋshy shy AgraveȌtimes Ǥ - times ͳͶ ͷǤͲͲͲͳʹͳ-

ͳǤʹͷͲʹǤͷͲͲͳǤǡshy plusmnUgravetimesǤshy -timesʹͺͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲǡ͵ͷǡ-

ʹǤͷͲͲǤǡ

ʹǤshy ϐȋʹȌǤAgraveplusmnsup2

timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

ȋȌa

1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

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ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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timesAgrave Bov 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

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1 1387 1395 1394 1455 1492 1555 160 161 1635 165

2c 928 935 965 971 969 1015 1057 1072 1072 108

3d 1358 1360 1356 137 1372 139 1407 135 1341 1333

4e 1438 1445 1449 1419 1415 1415 1412 1376 - -

FAfȋͲǡͲǦͳͲǡͲȀȌ

1 79 79 97 90 84 91 114 109 98 -

2 93 107 136 146 213 293 268 208 269 -

3 152 156 189 296 365 427 396 400 307 -

4 132 123 164 378 543 568 555 560 - -

GGTgȋʹͲǡͲǦʹǡͲȀȌ

1 13 12 15 14 18 13 17 16 18 -

2 19 19 29 44 93 122 129 101 89 -

3 15 23 30 60 157 178 198 211 173 -

4 16 22 68 226 340 318 226 200 - -

ASThȋͶͲǡͲǦͳ͵ͲǡͲȀȌ

1 65 51 64 42 56 68 62 68 73 -

2 92 97 86 77 76 71 75 85 77 -

3 60 70 67 116 98 104 81 71 82 -

4 61 79 96 112 90 52 63 69 - -

PTiȋǡǦǡͷȀȌ

1 65 61 63 59 63 58 64 64 58 -

2 48 50 56 60 61 61 61 57 56 -

3 54 51 56 55 58 61 59 60 62 -

4 59 60 65 61 65 62 60 66 - -

ASȋʹǡͷǦ͵ǡͷȀȌ

1 26 25 26 24 24 24 26 27 26 -

2 25 28 27 26 26 28 28 27 26 -

3 30 25 29 31 30 28 28 30 28 -

4 30 29 30 28 28 27 25 04 - -

BTȋͲǡͲͳǦ͵ǡʹͲȀȌ

1 169 174 17 18 178 173 163 174 181 -

2 18 169 17 17 17 177 181 185 180 -

3 159 168 186 179 189 114 111 105 114 -

4 126 118 121 115 111 164 192 201 - -

BDlȋͲǡͲͶǦͲǡͶͶȀȌ

1 008 01 007 004 005 002 019 01 006 -

2 010 008 023 005 009 017 015 01 016 -

3 035 004 016 009 002 007 007 016 026 -

4 001 004 007 010 009 024 05 004 - -

a iumlsup2times sup2ǢǢc -ͳʹͷͲǢd ʹͷͲͲǢe ͷͲͲͲǢfǢg Ǣ

h Ǣi AgraveǢplusmnǢǢl Ǥ

plusmnǡǡ-

iuml ǡ shyǤ times Ugravesup2ǡ soacute em torno de espaccedilos porta mas estendendo-se para re-

UgraveǤUgraveϐ-ǡshy-ǡtimes͵ͷȋͳǤʹͷͲͷǤͲͲͲȌͶʹȋʹǤͷͲͲȌǡplusmnǤtimes-

ϐǡshyǡshy ϐȋǤͷȌǤϐ-shy ǡiumltimes-

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613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

ǤͳʹǤshy ϐǤͷͲͲͲϐͳǤ-

ϐ times iuml sup2ȋȌǤǡǤͳͲͲǤ

ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

ǤǤǡǤ13ǤǡǤǤƬǤͳͻͺͳǤϐ-

ǤǤǤ13ǤͷǣʹͺͶǦʹͺǤ

Ǥ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͳͻȋʹȌǣͳͺǦͳͷǤǤǤƬǤǤͳͻͺͷǤϐǤ13ǤǤǤǤǤǣ͵Ǧ͵Ǥ

ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

ϐǤǡ-ǡͳͶȋ͵ȌǣͶʹͺǦͶʹͻǤ

UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

613shy ϐ

ǡǦshy ǡ iuml Agraveǡtimessup2-

nescente

ͳǡǦ

ͳϐshy ȋUacute-

ǤͳͻͻͲȌǡshy ǡ ǤϐAgraveǡ

Ǥ͵Ǥ shy ϐǤ ͷǤͲͲͲ ͳ ȋʹǦͷȌǡǡ-ǡplusmnǡ

ǤͶǤshy ϐǤAgraveȋAȌͷǤͲͲͲͳplusmnAgraveǤȋBȌǤ

ǤͷǤshyUgravetimestimesͶʹͷǤͲͲͲͳǤǦϐshy ǡao redor de espaccedilos porta e ocasionalmente conectando um

Ǥ -

ǤǡǤͳͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

ǡǢ Ǥtimes-shy -shy Agravesup2ǤǡǤͳͲǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤϐAgraveǦǤ

ǤǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦϐAgrave-

vemente aumentado de tamanho e difusamente amarelo-claro

ϐǢAgraveǤ

ǤͺǤ shy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤǦǤ

ǦϐȋǤȌǢ plusmn -

ȋǤͺȌǤAgrave Ǥ -

ǡ ϐAgrave Ǧ shy -sup2 ǡ ϐǡ ϐ ǡ -

ϐAgravesup2ȋȌȋǤͻͳͲȌǤϐ-

dos predominantemente ao redor de espaccedilos porta e oca-

ǡshyȋϐȌȋǤͻȌǤiumltimes-

shy ȋǤͳͳȌǡshy Agraveǡtimesiumlsup2-

ȋȌȋǤͳʹȌAgrave sup2

Ǥ ȋǤͳ͵Ȍǡ-

ϐshyǡ times -

Ǥ -shyUgravetimes Ǥ

DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

shyUgrave times -

ϐ sup2 ǡ -

ͳǤʹͷͲͳǡ-

ǡAgraveplusmnǡ-

plusmn ȋǤͳͻͺǡ

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615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

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AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

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616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

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617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

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ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

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ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

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ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

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ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

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UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

614 Felipe Pierezan et al

ǤͻǤshyUgravetimes ϐAgrave ͷͲͲͲͳǤǦϐshy ǡ-

tradas principalmente ao redor de espaccedilos porta e ocasional-

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DISCUSSAtildeO

O impacto na capacidade produtiva dos animais e as alte-

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

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ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

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zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

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Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

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ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

Allcroft R amp Lewis G 1963 Groundnut toxicity in cattle Experimental poi-

ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

toxins on humans and animals Toxicology 167101-134

ǤǤǡ13ǤǤǤǡplusmnǤǤƬǤ13ǤʹͲͲͷǤ-

Ǥʹnd ed Oxford

University Press Oxford p3-6

ǤǤƬǤǤͳͻͳǤϐǤ13ǤǤǤSoc 48559-604

ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

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ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

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ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

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UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

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Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

615shy ϐ

ƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤ1976

Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǤͳͻͺͻǡ-ǤʹͲͲͷǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲȌǤǡͷͲͲάͳͲͲϐǡǡ Ugrave times Agrave associadas a ingestatildeo dessa toxina demonstrando a maior

Ǥϐͳ-

plusmn-

ǡ ȀȀǡagraves doses utilizadas nesses dois experimentos essas podem

ǤǡͷͲͲάͳͲͲȋͲǡͷάͲǡͳͳȀshy Ȍǡplusmnshy

ϐshy ȋͲǡͷάͲǡͳȌ plusmn shy Ǥplusmn plusmnǤ ǡǦ-

zerros do grupo tratamento do primeiro experimento te-

ͲǡͲͲͷ ͳȀǤǤȀǤǡǡͳǡʹͷǡʹǡͷͷǡͲͳȀshy ǡͲǡͲʹǡͲǡͲͶͲǡͲͺͳȀǤǤȀǡǤ

Se a dose de AFB1 utilizada no primeiro experimento

for comparada com doses de AFB1 utilizadas em estudos

plusmnAgraveplusmnϐ-

shy ǡtimesϐǡUgraveǡͲͲǤǡȋͳͲͲ͵ ͲͲȌǡiuml-

AgraveͶͲͲǡͷͲͲͲͲȋ

ǤͳͳǤshy ϐǤͷǤͲͲͲͳǤiuml iuml ȋshy shy -

AgraveȌtimesǡϐǤǡǤͶͲǤ

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ǤͳͲǤshyUgravetimesϐAgraveͷͲͲͲͳǤȋAȌ Ugrave-ͻǤǦϐshy ǡshyǡǡϐAgravesup2ǤǡǤʹͲǤȋBȌ plusmnϐAgraveOslashǤshy ǤǤʹͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

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ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

ϐǤǤRec 160698-700

ǤʹͲͳͳǤǤ34-12

ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

ticas em 35 surtos de intoxicaccedilatildeo por SenecioǤǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣ͵ͺͻǦ͵ͻǤ

ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

ǤǤ ͳͻ͵Ǥ ǦǤǤǤͷǣͶͻ͵ǦͶͻͶǤ

ǤǤƬ13ǤǤʹͲͲͳǤǡǡ-

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ϐǤǡǤǡǤǡǤǡǤǡplusmnǤǡǤǡǤǡǤǡǤƬǤͳͻͺͻǤϐ-Ǥͳas Jornadas Uruguayas de

ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

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ǤǤǤƬ ǤǤ ͳͻͺʹǤ ϐ -ǤǤǤͳͳͲǣͲǤ

Pedugsorn C Promma S Ratanacchot P amp Rietschel W 1980 Chronic

ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤϐǤǤǤǤ͵ͲȋͷȌǣͶͳͺǦͶʹʹǤ

13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

ǤǤǡǤǤǡϐǤǤƬǤǤͳͻǤ-

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UacuteǤͳͻͻͲǤϐshy ǡǡplusmn-

AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

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Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

616 Felipe Pierezan et al

ƬͳͻͲȌǤǡͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡ ǡ-

ram nas primeiras semanas de experimento de causas natildeo

ȋǤͳͻͲȌǤǡ ϐ -ǡͷͲʹͲͲǡsup2shyOslashȋǤʹͲͳͳȌȋǤͳͻͺͳȌǡǤ ǡ ϐ -

ͷͲʹͲͲǡͷͲͲάͳͲͲͳǡ -

ϐ ǡOslashǡǤǡutilizadas no segundo experimento satildeo comprovadamente

times Agrave -

UgraveǡshyUgraveȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡȋǤͳͻͺͲǡǤͳͻͺͶǡƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲȌǤǡȋͲǡͳȀǤȀȌ timesȋǤͳͻȌǤȋͷǤͲͲͲȌsup2OslashtimesȋǤʹͲͳͲȌǤplusmnǡǦ toxinas com esse surto devido agrave semelhanccedila dos achados

Agravetimesǡ plusmntimesǤ

Agrave ϐǡAgravesup2timesplusmnAgraveǤǡͲǡͲͲͷͳȀǤǤȀǡ Agrave- shy ǡǦ-

nalmente conforme o peso dos animais diferentemente de

ǡ ͲǡͲͲͺͳȀǤǤȀǡshy ǡ-ȋǤͳͻͲȌǤ

Agraveexperimento caracterizados por perda de apetite diminui-

shy ǡ-

Agraveϐǡ -

ϐȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲǡͳͻͳǡet al 1976 Pedugsorn et al 1980 Colvin et al 1984 Os-

ƬͳͻͺͷǡǤͳͻͺͻǡǯǤʹͲͲǡǤʹͲͳͲǡǤʹͲͳͳȌǤǡAgraveshy Agrave-

ǤǡAgraveǡͳͲ-

ǡǡtimesǡ Ͷʹtimes Agraveingestatildeo da toxina Como discutido anteriormente esse si-

shy ǡȋǤͳͻͲȌǡplusmnǡǡAgrave-Agrave ǡͲǡͲͺͲǡͳȀǤǤȀȋǤͳͻͳȌǤshy ǡϐ-

ǡ shy ϐ timesǡ shy shy AgraveϐAgraveǡpela diminuiccedilatildeo do consumo de alimento devido agrave perda

ȋǤͳͻͲȌǤAgraveϐ-

ǡ Agrave ȋǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͲͷȌͷǤͲͲͲ -

OslashǤ times ǡ

Ǥͳ͵Ǥshy ϐǤͷͲͲͲͳǤȋAȌ -ǢshyϐǤǡǤͶͲǤȋBȌ ϐAgraveOslashǡǤͶͲǤ

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

618 Felipe Pierezan et al

REFEREcircNCIAS

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ǤǤǤ75487-493

ǤǤǤǡǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤʹͲͲǤtimestimesshy Senecio brasiliensis ǤǤǤǤǣͷ͵ǦͲǤ

ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

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ǤǤǡǤƬǤǤͳͻͺǤϐǤProc Soc Exp Biol Med 127188-190

Grecco FB Schild AL Soares MP Marcolongo-Pereira C Estima-Silva P

ƬǤǤǤʹͲͳͲǤtimesUgraveUgrave-

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ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͻǤϐϐǤ13ǤǤǤǤǤͳͻͶǣͻ͵ͺǤ

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ǡiumlǡǡshy ͺǡǤͳǦͺǤǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͲǤϐǦǤ13ǤǤͷ͵ǣ͵ǦͳǤ

ǤǤǡǤǤǡ13ǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͳǤ-ϐǤ 13ǤǤͷͶǣͳͺͺǦ1698

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ϐǤAnim Res Development 11106-111

ǤǤǡǤ13Ǥǡ13ǤǤǡǤǤƬǤͳͻǤ-

ϐǡǡand T-2 toxin Proc 80thǤǤǤǤǤǡǤͳ͵ͲǦ148

Pierezan F Oliveira Filho JC Carmo PM Lucena RB Rissi DR Togni M

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13ǤǤǡǤǤǡϐǤǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺ͵ǤϐϐǡǡǡǡǤǤ13ǤǤǤͶͶǣͳʹͻͶǦͳʹͻͻǤ

ǤǤǡ13ǤǤǡǤǡ13ǤƬǤͳͻͷǤ-

ȋȌǤǤ13ǤͶʹǣͻǤ

ǤǤǤ Ƭ ǤǤǤ ʹͲͲʹǤ Assistat para o sistema operacional Windows Revta Bras Prod Agroin-

ǤͶȋͳȌǣͳǦͺǤǤ13ǤƬǤǤʹͲͲǤǡǤʹͻǦ͵ͺͺǤ ǤǤǤ ȋǤȌǡ 13ǡǡ ǯ ǤǤʹǤͷth ed Saunders Elsevier Philadelphia

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AgraveǡǤͶͶǦͺͲǤǣǤǡograveǤǦǤƬUacuteǤȋȌǡAgraveǤ͵ǤǦǡde Janeiro

13ǤǡǤǤǡǤǤƬǤǤͳͻͺͳǤϐǤǤǤʹ͵ǣͶ͵ǦͶ͵ͺǤ

Ǥǡ13ǤǤǡǤǤǤǡǤǤƬǤͳͻͺͻǤϐϐ-

Ǥ13ǤǤǤǤͲǣʹͳͲǦʹͳͳǤǤƬ1313ǤʹͲͲʹǤ-

mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

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HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

52

7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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Pesq Vet Bras 32(7)607-618 julho 2012

617shy ϐ

ϐǡȋǯǤʹͲͲȌǤiumlǡ-

ϐ ȋ-

ǤʹͲͲȌǡ experimento

shyUgrave Agrave ϐ representadas principalmente pelo aumento da ativida-

plusmnȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲǡǤͳͻͲȌǡ-Ǥshy Agrave shy -timesǡǡ-

provado nesse experimento pois o aumento da atividade

plusmnUgravetimesǤ ǡ Agraveplusmn-

AgraveplusmniumlǤAgraveǡǡ sup2 ͵ͷ ǡAgraveǡplusmnǡsup2ͶͻǤǡAgraveǡ Ugrave-

times ǡϐaumento da atividade seacuterica dessas enzimas Dessa forma

shy Agrave -

cida nesse experimento

shy AgraveplusmnǡͶͻǡͷǤͲͲͲsup2ǡshy AgraveAgraveǡ OslashǤtimesAgraveplusmnǡǡ-

Agrave-

ǤAgraveϐȋǤͳͻǡǯǤʹͲͲȌǡ Agrave ȋǤͳͻͺǡƬͳͻͲȌǡAgrave shyȋǤͳͻͲǡǤͳͻͺͻȌǤǡ ϐtimesAgraveshyǤ

ϐAgrave plusmn times shy ϐȋǤʹͲͲͷȌǤUgrave-

croscoacutepicas nesses casos satildeo caracterizadas por alteraccedilatildeo

times ǡshy sup2-

-

shy shy Agraveǡ ǡ -

ciaccedilatildeo com edema geralmente provocam leve aumento de

times ȋ Ǥ ͳͻͺǡƬͳͻͲǡPedugsorn et al 1980 Osweiller amp Trampel 1985 DrsquoAngelo

Ǥ ʹͲͲȌǡ -

ͷǤͲͲͲ Ǥ shyUgravetimes OslashǤǡ-

rosa do trato gastointestinal ou na forma de ascite esteve

ȋ-

Ȍǡshy ϐǤ

times plusmn-

times shy plusmnǦAgraveǡ Ugraveǡshy -

tica vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular

Agraveshy ǡtimesAgraveǤUgraveǡϐǡ-

rentam ser os principais achados histoloacutegicos em casos de

ϐǤǡ ϐǡ ϐ ǡUgraveǡ-

plusmnȋͳͻ͵ǡǤͳͻͲǡ1971 Pier et al 1976 Colvin et al 1984 Osweiller amp Tram-

ͳͻͺͷȌǤ times

timesϐ alcaloides pirrolizidinicos associados principalmente agrave in-

sup2SenecioǤUgrave-shyǡ -

plusmn shy ϐǡshy ǡ-ǡ shy Ugraveǡ shyUgrave shy Ugraveǡ ȋǤʹͲͳͲȌǤǡϐǡshy -liares proliferados e degeneracatildeo vacuolar consistente com

shy Agraveplusmn ȋǤʹͲͳͳȌǡϐ-

ǡϐǤ ǡϐȋǤͳͻͲǡͳͻͳǡǤͳͻͺͶǡǤͳͻͺͻǡǤʹͲͳͲȌǡȋƬʹͲͲȌ-

perimento provavelmente devido ao curto tempo de inges-

tatildeo da toxina

ǡ ͳǤʹͷͲǡʹǤͷͲͲͷǤͲͲͲϐͳǡshyUgraveǡ timesǡ Agrave ϐsup2ǡǡ Oslash-

ǡ ǡ-

sup2Ǥplusmnǡ-

ͷͲͲάͳͲͲͳ timesAgrave-

shyǡtimesAgrave ǡAgraveshyUgraveAgrave-sup2ǤǤǦAgraveshy ϐUgravetimes

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618 Felipe Pierezan et al

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ǤǤǡǤǤǡ ǤǤƬǤǤ ͳͻͺͶǤϐ Ǥ13ǤǤǤǤǤͳͺͶǣͻͷǦͻͷͺǤ

ǯǤǡǤǡǤǤǡǤǡǤǡ ǤǤǡǤǡǤǡǤƬǤʹͲͲǤ-

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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mals A review Anim Res 5181-99

48

5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

50

A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

51

6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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5 DISCUSSAtildeO

Com base nos achados epidemioloacutegicos e cliacutenico-patoloacutegicos observados no surto

natural e nos dois experimentos realizados nesse estudo em concordacircncia com os dados de

outros surtos naturais e experimentos sobre aflatoxicose em bovinos descritos na literatura

pode-se afirmar que a doenccedila eacute rara nessa espeacutecie tem curso geralmente crocircnico afeta

exclusivamente o fiacutegado e seu diagnoacutestico eacute complexo pois depende da associaccedilatildeo desses

achados com a presenccedila de altos niacuteveis de aflatoxina no alimento A escassez de casos dessa

doenccedila em bovinos pode ser explicada pela toleracircncia desses animais a doses elevadas de

toxinas (ateacute 700 ppb) pela necessidade de um longo tempo de ingestatildeo do alimento

contaminado pela presenccedila de baixos niacuteveis de toxinas nos alimentos em relaccedilatildeo agrave dose

toacutexica miacutenima para a espeacutecie e pela ocorrecircncia quase exclusiva da doenccedila em animais jovens

(GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970

LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980 VAID et al 1981

PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER TRAMPEL 1985

HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007 DUTRA et al

2011)

Niacuteveis de 500plusmn100 ppb de aflatoxina mesmo que ingeridos por periacuteodos de ateacute trecircs

meses satildeo insuficientes para causar a intoxicaccedilatildeo em bezerros como observado no primeiro

experimento desse estudo no qual natildeo foram observados sinais cliacutenicos significativos ou

lesotildees hepaacuteticas nos animais do grupo recebendo a raccedilatildeo contaminada Considerando-se os

resultados desse experimento e os observados em outros estudos experimentais (GARRET et

al 1968 KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) estima-se que a dose toacutexica

miacutenima para a produccedilatildeo de sinais cliacutenicos e lesotildees hepaacuteticas em bovinos seja de 700 ppb de

aflatoxinas Essa dose quando transformada para a unidade de mgkg pvdia para um animal

de 100 kg recebendo diariamente 20 kg de raccedilatildeo corresponde a 0014mg de aflatoxinaskg

pvdia o que estaacute proacuteximo da dose toacutexica miacutenima de 002mg de aflatoxinaskg pvdia

(LYNCH et al 1970 PIER et al 1976) O niacutevel de 5136ppb de aflatoxinas encontrado no

milho consumido pelos bezerros intoxicados naturalmente estava entre os valores observados

em outros surtos espontacircneos de aflatoxicose em bezerros descritos na literatura os quais

eram geralmente maiores do que 1000 ppb (GOPAL et al 1968 PEDUGSORN et al

49

1980 COLVIN et al 1984 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO

et al 2007) Esse niacutevel estava inclusive muito acima de valores considerados toacutexicos por

alguns estudos experimentais da doenccedila na espeacutecie (GARRET et al 1968 KEYL BOOTH

1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971) No segundo experimento demonstrou-se

que doses diaacuterias de 1250 2500 e 5000 ppb de AFB1 satildeo toacutexicas para bovinos jovens

produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

(GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970 LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971

PIER et al 1976)

Quando comparado os niacutevel de aflatoxinas necessaacuterio para causar a doenccedila em

bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

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A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs quando utilizadas as doses mais

altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de ingestatildeo da toxina quando

utilizadas as trecircs doses testadas Esses dados estatildeo em conformidade com os de outros estudos

experimentais que utilizaram doses semelhantes para a reproduccedilatildeo da doenccedila nessa espeacutecie

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bovinos com o niacutevel meacutedio de aflatoxinas encontrado em alimentos no Brasil como por

exemplo em amostras de milho (49 de contaminaccedilatildeo 112 ppb de aflatoxinas em meacutedia) ou

silagem (20 de contaminaccedilatildeo 21 ppb de aflatoxinas em meacutedia) (MALLMANN et al

2009) observa-se que esses produtos apresentam niacuteveis extremamente inferiores ao miacutenimo

(700 ppb) estimado para o desenvolvimento da doenccedila nessa espeacutecie (GARRET et al 1968

KEYL BOOTH 1970 HELFERICH et al 1986) Esse pode ser um dos motivos da escassez

de casos naturais de aflatoxicose em bovinos no paiacutes Mesmo assim a anaacutelise de alimentos

visivelmente contaminados ou de maacute qualidade eacute sempre indicada e caso niacuteveis elevados de

toxina sejam detectados o fornecimento desse produto por longos periacuteodos para animais

jovens ou para animais em lactaccedilatildeo natildeo eacute recomendado

Ruminantes estatildeo entre animais mais resistentes a essa intoxicaccedilatildeo pois as aflatoxinas

satildeo parcialmente degradadas pela microbiota ruminal (HUSSEIN BRASEL 2001) Esse fato

pode explicar a maior resistecircncia de animais adultos agrave intoxicaccedilatildeo uma vez que bovinos ateacute o

desmame satildeo semelhantes a monogaacutestricos pois grande parte da digestatildeo do alimento nessa

fase ocorre no abomaso e seus rumens satildeo pouco desenvolvidos O desenvolvimento

completo desse oacutergatildeo e de sua flora microbiana ocorre somente alguns meses apoacutes o

desmame Portanto a absorccedilatildeo de aflatoxinas eacute maior nos animais jovens enquanto que doses

extremamente elevadas sejam necessaacuterias para intoxicar bovinos adultos Na ampla maioria

dos surtos espontacircneos de aflatoxicose em bovinos assim como nos casos naturais e

experimentais deste estudo os animais afetados tinham de trecircs meses a um ano de idade

(AUST 1964 GOPAL et al 1968 PEDUGUSORN et al 1980 MCKENZIE et al 1981

VAN HELDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al 2007)

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A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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CACCIAMANI J L M et al Efeito dos tratamentos teacutermicos seco e uacutemido nos niacuteveis de aflatoxina B1 e Ocrotoxina a presentes em farelo e farinhas cereais Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos Curitiba v 25 n 1 p 157-164 janjun 2007 CLEGG F G BRYSON H An outbreak of poisoning in store cattle attributed to Brazilian groundnut meal Veterinary Record London v 74 p 992-994 Sep 1962 COLVIN B M et al Aflatoxicosis in feeder cattle Journal of the American Veterinary Medical Association Chicago v 184 p 956-958 Apr 1984 DrsquoANGELO A et al Neurological signs associated with aflatoxicosis in Piedmontese calves Veterinary Record London v 160 p 698-700 May 2007 DE IONGH H et al Milk of mammals fedo n aflatoxins containing diet Nature London v 202 p 466-476 May 1964 DIENER U L DAVIS N D Production of aflatoxin on peanuts under controlled environments Journal of the Stored Products Research Oxford v 5 p 251-258 Nov 1969 DUTRA F Enfermedades diagnosticadas Archivo Veterinario Del Este Treinta y Tres v 3 n 10 p 4-12 julset 2011 ENGEL G Production of mycotoxins and their quantitative detemination 4 Extent of aflatoxin synthesis by Aspergillus flavus in depedence on the quality andquantity of carbohydrates avaiable Milchwissenschaft Kempten v 30 p 588-591 1975 EPSTEIN E et al Aflatoxin production as affected by environmental conditions Journal of Food Science Hoboken v 35 n 4 p 389-391 Jul 1970 FORGACS J et al Additional studies on the relationship of mycotoxicoses to the poultry hemorrhagic syndrome American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 19 p 744-753 Jul 1958 FORRESTER L M et al Evidence for involvement of multiple forms of cytochrome P-450 in aflatoxin B1 metabolism in human liver Proceedings of the National Academy of Sciences Hanover PA v 87 p 8306-8310 Nov 1990

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A doenccedila teve evoluccedilatildeo crocircnica nos bezerros do surto espontacircneo e nos bezerros do

segundo experimento e os sinais cliacutenicos nesses casos foram caracterizados principalmente

por perda de apetite diminuiccedilatildeo do ganho de peso emagrecimento e alteraccedilatildeo dos niacuteveis

seacutericos das enzimas FA e GGT Os principais achados histopatoloacutegicos estavam restritos ao

fiacutegado e consistiam de fibrose hiperplasia de ductos biliares lesatildeo veno-oclusiva e leve

megalocitose Tanto os achados cliacutenicos como patoloacutegicos nesses casos satildeo semelhantes aos

observados na maioria dos casos naturais e experimentais de aflatoxicose em bovinos

descritos na literatura (GOPAL et al 1968 GARRET et al 1968 KEYL BOOTH 1970

LYNCH et al 1970 LYNCH et al 1971 PIER et al 1976 PEDUGSORN et al 1980

VAID et al 1981 PATTERSON ANDERSON 1982 COLVIN et al 1984 OSWEILLER

TRAMPEL 1985 HALL et al 1989 VAN HALDEREN et al 1989 DrsquoANGELO et al

2007 DUTRA et al 2011)

O diagnoacutestico definitivo da aflatoxicose em bovinos depende da associaccedilatildeo de fatores

epidemioloacutegicos cliacutenicos e patoloacutegicos observados nos casos ou surtos com a anaacutelise

micoloacutegica do alimento e anaacutelise quiacutemica de alimentos ou tecidos (KELLERMAN et al

2005) Alguns cuidados devem ser tomados especialmente em relaccedilatildeo agrave amostragem do

alimento pois problemas com esse procedimento implicam na detecccedilatildeo de niacuteveis

extremamente altos ou baixos de aflatoxinas como assumido no relato do surto natural da

doenccedila ou que podem ter ocorrido em alguns dos surtos naturais descritos na literatura nos

quais satildeo descritos niacuteveis toacutexicos de 20 ppb a 77000 ppb de aflatoxinas ou variaccedilotildees de 96-

1700 ppb ou 1100-25000 ppb foram encontrados em amostras de um mesmo surto (GOPAL

et al 1968 OSWEILLER TRAMPEL 1985 RAY et al 1986 DUTRA 2011)

A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da

doenccedila preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica

vacuolar consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos

biliares puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos A

evoluccedilatildeo das lesotildees hepaacuteticas conforme o tempo de ingestatildeo e a quantidade de toxinas

ingeridas foi demonstrada pela primeira atraveacutes do segundo experimento pois no uacutenico

estudo experimental em que a evoluccedilatildeo dessas lesotildees havia sido demostrada a quantidade de

aflatoxinas no farelo de amendoim fornecido aos bovinos natildeo era conhecida (ALLCROFT

LEWIS 1963 HILL 1963)

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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6 CONCLUSOtildeES

bull A intoxicaccedilatildeo mesmo que raramente ocorre em nosso paiacutes como demonstrado pelo surto

espontacircneo descrito nesse estudo Sua evoluccedilatildeo eacute crocircnica e animais jovens satildeo mais afetados

bull Bezerros ingerindo doses menores ou iguais a 500plusmn100ppb de AFB1 natildeo desenvolvem

achados patoloacutegicos caracteriacutesticos da doenccedila mesmo apoacutes um periacuteodo de dois meses de

ingestatildeo da toxina mas podem apresentar miacutenimas alteraccedilotildees bioquiacutemicas a partir da

metade do segundo mecircs

bull Doses diaacuterias de 1250ppb 2500ppb e 5000ppb de AFB1 em condiccedilotildees experimentais satildeo

toacutexicas para bovinos jovens produzindo sinais cliacutenicos antes do fim do primeiro mecircs

quando utilizadas as doses mais altas e lesatildeo hepaacutetica crocircnica em menos de dois meses de

ingestatildeo da toxina quando utilizadas as trecircs doses testadas

bull Alteraccedilotildees bioquiacutemicas nos casos de aflatoxicose satildeo representadas principalmente pelo

aumento da atividade seacuterica das enzimas FA e GGT

bull Tanto nos casos naturais como experimentais o fiacutegado eacute o oacutergatildeo alvo nos casos de

intoxicaccedilatildeo por aflatoxinas em bovinos e os principais achados histopatoloacutegicos estatildeo restritos

a esse oacutergatildeo e consistem de fibrose hiperplasia de ductos biliares degeneraccedilatildeo gordurosa lesatildeo

veno-oclusiva e megalocitose leve

bull A bioacutepsia hepaacutetica demonstrou que pode ser um meacutetodo auxiliar no diagnoacutestico da doenccedila

preacute-cliacutenica pois lesotildees iniciais caracterizadas por degeneraccedilatildeo citoplasmaacutetica vacuolar

consistente com acumulaccedilatildeo hepatocelular de lipiacutedios e proliferaccedilatildeo de ductos biliares

puderam ser percebidas nas bioacutepsias antes do aparecimento dos sinais cliacutenicos

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7 REFEREcircNCIAS ALLCROFT R CARNAGHAN R B Groundnut toxicity An examination for toxin in human food products from animals fed toxic groundnut meal Veterinary Record London v 75 p 259-263 Apr 1963 ALLCROFT R LEWIS G Groundnut toxicity in cattle Experimental poisoning of calves and report on clinical effects in older cattle Veterinary Record London v 75 p 487-493 May 1963 AMARAL K A S MACHINSKI JR M Meacutetodos analiacuteticos para a determinaccedilatildeo de aflatoxinas em milho e seus derivados uma revisatildeo Revista Analytica Satildeo Paulo v 5 n 24 p 56-58 fevmar 2006 ASAO T et al Aflatoxins B and G Journal of the American Chemical Society Washington v 85 p 1706-1707 Jun 1963 AUST S D Effects of feeding moldy corn to cattle The Illinois Veterinarian Champaign IL v 7 p 10-12 1964 BASAPPA S C et al Aflatoxin and kojic acid production by resting cells of Aspergillus Link Journal General Microbiology Reading v 61 p 81-86 Apr 1970 BENNET J W PAPA K E The aflatoxigenic Aspergillus spp In SIDHU G S (Org) Advances in Plant Pathology London Academic Press 1988 vol 6 p 263-280 BIEHL M L BUCK W B Chemical contaminants their metabolism and their residues Journal Food Protection Des Moines IA v 50 p 1058-1073 Dec 1987 BLOUNT W P Turkey ldquoXrdquo disease Turkeys London v 9 p 52-77 Mar 1961 BURNSIDE J E et al A disease of swine and cattle caused by eating mold corn II Experimental production with pure cultures of molds American Journal of Veterinary Research Schaumburg v 18 p 817-824 Oct 1957 CALDAS E D et al Aflatoxinas e Ocratoxina A em alimentos e riscos para a sauacutede humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Brasiacutelia v 36 n 3 p 319-323 Jun 2002

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