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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS COM LAJES ALVEOLARES PROTENDIDAS Jonas Pedro Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. Roberto Chust Carvalho São Carlos 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS COM LAJES ALVEOLARES PROTENDIDAS

Jonas Pedro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. Roberto Chust Carvalho

São Carlos 2009

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos, primeiramente a Deus, que me deu saúde, força de vontade e as condições necessárias para que eu pudesse desenvolver este trabalho. Aos meus pais, Jamil Pedro Filho e Eliane Hussni Pedro, por me apoiarem ao longo de toda a graduação e me fazerem compreender a importância da conclusão de mais esta etapa dos meus estudos. Aos meu irmãos, Gabriel Pedro e Veridiana Pedro, pelos sábios conselhos e estímulos que me forneceram durante o período universitário. Ao Professor Doutor Roberto Chust Carvalho, que me orientou, com dedicação e paciência incontestáveis, na elaboração deste trabalho. A todos os meus professores, que me ensinaram o conhecimento necessário para que eu chegasse a este momento. Aos meus queridos amigos, tanto os que conheci durante a graduação como os que já conhecia antes desta etapa, que ajudaram – me sempre que precisei e, ao lado dos quais passei muitos momentos felizes e de descontração, momentos estes que contribuíram para diminuir a tensão ocasionada pelas inúmeras atividades de avaliação ao longo de minha jornada universitária.

RESUMO

Neste trabalho é desenvolvido um roteiro de cálculo para o dimensionamento de

pavimentos com lajes alveolares protendidas. Neste modelo de cálculo realiza-se a

verificação isolada dos elementos da laje alveolar. São verificados os esforços de flexão,

cisalhamento e a deformação excessiva. Um ponto importante deste trabalho é o cálculo

detalhado das perdas de protensão mostrando como as mesmas podem afetar a solução

final. Mostra-se também como deve ser feito o estudo da necessidade de utilização de

cabos superiores na laje.

Através de exemplos mostra-se como indicar as melhores situações para modulação

dos painéis, evitando aquelas que podem comprometer estruturalmente a peça ou serem

difíceis de produzir.

Para mostrar a aplicação do roteiro em questão desenvolve-se exemplo numérico em

que todas as passagens e análises necessárias são mostradas. Por fim comenta-se os

resultados obtidos e apresenta-se algumas sugestões sobre trabalhos futuros.

Palavras-chave: lajes alveolares, perdas de protensão, dimensionamento de

armadura, modulação

ABSTRACT

ABSTRACT

In this work it is developed a script for calculating and design of prestressed hollow

core floor. In this model the calculation is made with an isolated element of slab. It is verified

the bending efforts, shear and the excessive deformation. A very important point of this work

is the detailed calculation made of the prestressing losses showing how they can affect the

final solution. It is shown how it should be a study of the need for cables above the slab.

Through examples show how to establish the optimum conditions for modulation of

the panels, avoiding those that may compromise the structural part or are difficult to produce.

To show the application of the script in question is developed numerical example in

which all the passages and necessary tests are shown. Finally we comment the results and

presents some suggestions for future work.

Key-words: hollow corer slabs, prestressing losses, reinforcement sizing, modulation

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1 Justificativa ............................................................................................................... 2

1.2 Objetivos .................................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 3

3. METODOLOGIA ............................................................................................................ 12

4. EQUAÇÕES PARA DIMENSIONAMENTO ................................................................ 14

4.1 Equações para determinação da quantidade de armadura a utilizar ............... 14

4.2 Equações para determinação das perdas de protensão inicias .......................... 15 4.2.1 Perda por ancoragem da armadura ....................................................................... 15 4.2.2 Perda por relaxação da armadura.......................................................................... 15

4.2.3 Perda por deformação imediata do concreto ........................................................ 16

4.3 Equações para determinação das perdas de protensão diferidas ou ao longo do

tempo considerando cada uma isoladamente ................................................................... 16 4.3.1 Perda por fluência do concreto ............................................................................. 16

4.3.2 Perda por retração do concreto ............................................................................. 17

4.4 Equação para determinação das perdas de protensão considerando-as como

perdas progressivas ............................................................................................................ 17

4.5 Equações para verificações de tensões nas bordas da peça ................................ 18 4.5.1 Verificação no tempo zero .................................................................................... 19 4.5.2 Verificação no tempo infinito ............................................................................... 20

4.6 Equações para verificações de deformações excessivas ...................................... 20

4.7 Equação para determinação do cisalhamento em lajes sem armadura para

força cortante ...................................................................................................................... 21

5. EXEMPLOS ..................................................................................................................... 23

5.1 EXEMPLO NUMÉRICO ...................................................................................... 23 5.1.1 Determinação dos Carregamentos ........................................................................ 24

5.1.2 Pré-Dimensionamento no ELU (t=∞)................................................................... 25 5.1.3 Verificação em vazio (t=0) ................................................................................... 27

5.1.4 Cálculo das perdas ................................................................................................ 31 5.1.5 Determinação das Perdas de Protensão ................................................................ 32

5.1.6 Verificação de fissuração - tempo ∞ .................................................................... 47 5.1.7 Verificação das deformações ................................................................................ 49 5.1.8 Verificação do Cisalhamento................................................................................ 51

5.2 EXEMPLO TEÓRICO 1 – .................................................................................... 54

5.3 EXEMPLO TEÓRICO 2 - ..................................................................................... 55

5.4 EXEMPLO TEÓRICO 3 - ..................................................................................... 56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 57

7. GLOSSÁRIO .................................................................................................................... 61

8. ANEXO ............................................................................................................................ 67

1

1. INTRODUÇÃO

Na bibliografia internacional e nacional é consenso que um pavimento com painéis

alveolares possa ser considerado, para efeito de cálculo e verificação estrutural, com seus

elementos tomados isoladamente. Assim, não são considerados no cálculo dos esforços dos

painéis os deslocamentos verticais dos seus apoios (as vigas) embora, obviamente, estes

deslocamentos devem influenciar na deformação final do pavimento. Desta forma definir um

modelo de cálculo para dimensionamento de pavimentos de lajes alveolares acaba se

reduzindo, em geral, a análise de um elemento, para efeito de esforços, de viga pois as

nervuras estão disposta em uma única direção.

Partindo desta hipótese especula-se neste trabalho qual o roteiro a se seguir: a)

escolha da altura do painel; b) escolha da capa; c) determinação da armadura longitudinal;

d) verificações a serem efetuados para que as condições normativas estejam atendidas, a

saber: ruptura em vazio, verificações de fissuração, verificação no estado limite último para

flexão e cisalhamento e finalmente verificação de deformação excessiva.

Pode-se dizer que as verificações a serem feitas nos painéis de lajes alveolares são

as mesmas que seriam feitos em qualquer peça de concreto protendido e pré-fabricado,

porem há bastante particularidades no seu cálculo, tais como: a) trata-se de um elemento do

tipo “laje” (não tendo comportamento de viga) sem armadura transversal; b) pode exigir a

colocação de armadura de protensão junto à face superior (do elemento pré-moldado) pois

não é possível fazer o isolamento de cordoalha (ou fios); c) o cisalhamento é crítico e

reforços junto ao apoio da laje ainda são de eficiência duvidosa; d) trata-se de uma seção

composta elemento pré-fabricado e capa que precisa ser ensaiado para verificar

comportamento sem deslizamento; e) seu funcionamento depende muito de como são

efetuadas as etapas construtivas (tempo de estocagem, tempo decorrido para entrada de

ações de capa etc).

Inicialmente nesta primeira revisão bibliográfica procura-se identificar os

procedimentos usados para verificações e cálculos fazendo-se a indagação: o elemento é

considerado isolado ou o pavimento é resolvido como um todo? Usa-se sistema isostático

(laje simplesmente apoiado) de laje ou hiperestático (contínuo)? Há uma espessura padrão

para as lajes? Quais são as condições determinantes de projeto: fissuração, cisalhamento,

flexão ou flecha limite?

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1.1 JUSTIFICATIVA

As lajes alveolares na construção civil mostram-se muito vantajosas, já que reduzem

a quantidade de serviços realizados na obra, apresentam facilidade de transporte, rapidez

na montagem, boa qualidade e também por serem econômicas.

No entanto, apesar de o uso de lajes alveolares protendidas ter crescido no mundo

todo nos últimos anos, no Brasil ainda existem poucas orientações para a criação de um

projeto com esse tipo de laje, bem como sua produção. Dessa maneira, o projeto e a

produção das lajes alveolares no país seguem critérios estrangeiros.

Um dos principais problemas de se utilizar esses critérios estrangeiros na produção

das lajes é que estes são desenvolvidos levando-se em conta fatores característicos de

cada país, tais como agressividade ambiental, clima e atividade sísmica. Por causa disso,

pode haver perda de qualidade na produção, já que nem todos os fatores citados são

equivalentes aos nacionais.

Assim, por meio deste trabalho, pretende-se aumentar o conhecimento sobre este

tipo de estrutura, além de fornecer material para futuros estudos relativos ao assunto.

1.2 OBJETIVOS

Pretende-se definir um modelo de cálculo para dimensionamento de pavimentos de

lajes alveolares considerando-se neste caso suficiente o dimensionamento e verificação

isolada dos elementos de lajes alveolares quanto à esforços de flexão e cisalhamento e à

deformações excessivas conforme NBR 6118:2003. Para isso será apresentado um

exemplo de cálculo.

Apresentar recomendações para detalhamento em projeto, indicando as melhores

situações para modulação dos painéis e evitando aquelas que podem comprometer

estruturalmente a peça, obtendo-se a qualidade final desejada.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O sistema de piso de laje alveolar protendida foi desenvolvido com a execução de

uma capa estrutural sobre a laje, pois esta promove uma grande melhora no desempenho

do conjunto, uma vez que em função dessa capa as cargas são mais bem distribuídas e as

lajes trabalham de forma mais eficiente.

No entanto, é possível utilizar esse sistema sem a execução da capa estrutural de

concreto. Porém, quando se utiliza esse sistema dessa maneira, deve-se tomar alguns

cuidados no dimensionamento do pavimento, tais como estudo pontual do comportamento

do pavimento, posicionamento e altura da alvenaria e preenchimento das juntas entre as

lajes, já que é por meio dessas ligações que ocorre a transmissão dos esforços cortantes.

Em MELO (2004) estão disponíveis tabelas e gráficos que possibilitam a

determinação das características da laje alveolar a ser utilizada, tais como altura da seção e

quantidade de armadura longitudinal.

De acordo com MELO (2004), há estudos para o caso das lajes sem a capa

estrutural (ver figuras 2 e 3). Para essas lajes, os gráficos fornecem tais características com

base nos limites, para cada caso, em função do vão máximo para cada sobrecarga e vice

versa. Para a criação dos gráficos, considerou-se que as lajes são biapoiadas, a flecha

máxima admitida é de Lx/250, resistência de uma hora em caso de incêndio e força de

protensão nos cabos de 7500 kg/cabo, para os cabos cujo diâmetro = 9,5 mm e

14500kg/cabo para = 12,7mm.

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Figura 2- Gráfico para laje alveolar de 26,5 cm de altura, sem capa estrutural. MELO (2004).

Figura 3- Gráfico para laje alveolar de 20 cm de altura, sem capa estrutural. MELO (2004).

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Tabela 1- Tabela de Cargas limites de laje alveolar. MELO (2004).

Na confecção dessas tabelas levou-se em conta os valores da carga permanente

devido ao peso próprio (g1), carga permanente devido ao capeamento (g2), sobrecarga

permanente (g3) e sobrecarga acidental (q). Multiplicados por um coeficiente de majoração,

utiliza-se a combinação (g3 + q) para se obter os valores limites de flexão, fissuração,

deformação e cortante. A partir desses valores, toma-se o menor para que se tenha o

limitante superior da carga limite. Já os momentos fletores de cálculo máximos são

estimados a partir do valor máximo da combinação citada. Em todos os casos considerou-se

uma capa estrutural de 5 cm.

Segundo PETRUCELLI (2009) quando se faz o dimensionamento da peça de laje

alveolar, é necessário também fazer uma verificação da mesma quanto às situações

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críticas, que são: limite de transporte, de deformação, resistência à cortante, capacidade de

suporte e resistência à flexão. Essas situações são obtidas em função da carga aplicada

sobre a peça e do vão coberto pela mesma.

Tanto para concreto armado, como para concreto protendido, o dimensionamento da

armadura longitudinal de flexão deve atender as condições dos estados limites últimos e de

serviço. Em concreto protendido, além de se dimensionar a armadura de flexão no estado

limite último e verificar as demais condições, também é comum dimensionar a armadura no

estado limite de fissuração e fazer sua verificação na ruptura. O dimensionamento no estado

limite último em concreto protendido pouco difere do concreto armado, de maneira que as

hipóteses que ambos devem seguir estão descritas no item 17.2 da NBR 6118:2003.

Quando se calcula uma peça de concreto armado ou protendido, deve-se garantir a

segurança no estado limite último assim como verificar as condições de utilização. Então,

além das verificações no estado limite último, é preciso verificar a estrutura em seu

funcionamento, ou seja, em serviço ou uso. Essas verificações são correspondentes aos

estados limites de serviço de fissuração e deformação excessiva. Não basta uma estrutura

ter um segurança à ruptura, é preciso que funcione adequadamente e que tenha

durabilidade compatível ao que foi projetada. (PETRUCELLI, 2009)

De acordo com PETRUCELLI (2009), a fissuração excessiva de uma peça de

concreto protendido pode comprometer significativamente sua durabilidade. Mesmo não

sendo a única causa ou condição necessária, pode-se dizer que, quando de sua ocorrência,

há grande risco de haver uma degradação rápida do concreto superficial e da armadura.

Assim, a fim de evitar a fissuração excessiva devida à flexão, deve-se detalhar

adequadamente a armadura na seção transversal, aumentando-a, caso necessário.

Embora tenha se colocado como verificação dos estados limites de serviço, os

estados limites relativos à fissuração podem, no caso de concreto protendido, ser usados

como procedimentos de dimensionamento da armadura longitudinal. (PETRUCELLI, 2009)

Tanto as peças de concreto protendido, como as moldadas in loco, apresentam

comportamento à flexão semelhante. PETRUCELLI (2009) afirma que, no caso das lajes

alveolares, a grande diferença no comportamento se dá devido à complexa geometria, pois

os alvéolos reduzem rapidamente a espessura da alma próxima à linha neutra.

Em serviço a peça está sujeita a um momento fletor que traciona o concreto na face

superior levando-o à ruptura, caso a tensão de tração exceda o módulo de ruptura. Após a

fissuração, a tensão de tração nessa região fica reduzida e quando essa redução se

aproxima da alma, a fissura se estende rapidamente através da seção e a rigidez à flexão

fica com valor muito distante de uma seção retangular. Como grande parte da seção não

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possui armadura, a fissuração começa a se tornar mais problemática para a resistência ao

cisalhamento, sendo assim a tensão de tração não deve ser excedida. (PETRUCELLI, 2009)

De acordo com ELLIOT (2002), a verificação das condições de serviço também deve

ser feita considerando-se que, para as lajes alveolares, a razão entre o momento de ruptura

e o momento em serviço é cerca de 1,7 a 1,8. Assim, pode-se dizer que a peça trabalha em

condições críticas quando as cargas são majoradas, utilizando-se coeficiente de majoração

de 1,4 para as cargas permanentes e 1,3 para as cargas acidentais.

Então, pode-se utilizar para calcular a armadura longitudinal de flexão tanto a

condição de estado limite último como as condições de verificação no estado limite de

fissuração, de tal forma que uma delas é empregada para determinar a quantidade de

armadura e a outra é utilizada como condição de verificação. Ainda assim é necessário

conhecer as perdas de protensão envolvidas no processo, tais como as que ocorrem logo

na aplicação da protensão como as perdas ao longo do tempo.

Os painéis de laje alveolar não possuem armadura transversal, responsável pela

resistência ao cisalhamento. A ausência dessa armadura é devida ao processo de produção

da laje, mecanizado, que não permite a colocação dos estribos. Por esse motivo, as tensões

de cisalhamento são resistidas pela armadura de protensão (longitudinal) e pelo concreto da

seção.

Diferentemente da flexão, a capacidade ao cisalhamento é determinada sempre pelo

estado limite último, não havendo condições de limitação em serviço. A ruptura se dá de

forma repentina, com a fissuração se estendendo pela alma, sendo esta devido a um

carregamento que a seção não consegue resistir. (PETRUCELLI, 2009)

Para se calcular a capacidade de cisalhamento de uma peça protendida, considera-

se duas condições: a) seção fissurada por flexão e b) seção não fissurada. Nos casos em

que o esforço cortante atuante é maior que o esforço máximo calculado, a NB1:2003

permite o preenchimento dos alvéolos para aumentar a área de concreto da seção da laje,

na região onde tal situação ocorre. Segundo PETRUCELLI (2009), o ganho da resistência

ao cisalhamento ao preencher os alvéolos é proporcional à área do concreto,

desconsiderando a possibilidade de escorregamento da armadura.

Em FUSCO (2008) há uma explicação de como 9 grupos de pesquisas da Europa

conduziram estudos para chegar a formulação contida na NBR6118:2003 que é usada para

verificar o cisalhamento em lajes alveolares.

Para verificar as condições de fissuração (durabilidade) e deformação excessiva,

condições essas utilizadas no dimensionamento das lajes protendidas, é necessário

conhecer os esforços de protensão atuantes ao longo do elemento considerado. Sabe-se

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que, em função de vários fatores, a força de protensão nos cabos, após a aplicação da

protensão, não é constante ao longo do mesmo.

Há, via de regra, uma diminuição do esforço de protensão ao longo do cabo,

cabendo ao projetista determinar seu valor para que em qualquer seção, combinação de

carregamentos ou época na vida da estrutura, tanto as condições de utilização como as de

estado limite último estejam verificadas. (PETRUCELLI, 2009)

A essa diminuição do esforço de protensão ao longo do cabo dá-se o nome de

perdas de protensão. Essas perdas podem ser classificadas como perdas imediatas ou

perdas ao longo do tempo. As primeiras ocorrem em função das propriedades elásticas do

aço e do concreto e também da forma como se procede a protensão. Já as perdas ao longo

do tempo são devidas às propriedades viscoelásticas tanto do aço como do concreto.

A deformação excessiva em lajes alveolares protendidas, assim como todos os

elementos em concreto armado e protendido, trata-se de valores em que sejam respeitados

os limites estabelecidos para a utilização normal da estrutura. (PETRUCELLI, 2009)

Segundo CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO (2003), para a verificação dos estados-

limite de deformações excessivas, devem ser analisados, além das combinações de ações a

serem empregadas, as características geométricas das seções, os efeitos da fissuração e

da fluência do concreto e as flechas limite, estas diretamente ligadas à destinação ou tipo de

elemento estrutural.

PETRUCELLI (2009) afirma que um dos problemas da deformação em lajes é a

contra-flecha excessiva, que traz dificuldades durante a montagem dos painéis e também na

concretagem da capa.

PETRUCELLI (2009) completa ainda dizendo que os deslocamentos excessivos e a

tendência à vibração podem ser indesejáveis por motivos descritos na norma

NBR6118:2003, que aqui se seguem resumidamente:

aceitabilidade sensorial: limita-se a deformação para que não ocorram

vibrações indesejáveis ou efeito visual desagradável;

efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada

da construção;

efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem

ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar de não fazerem

parte da estrutura, estão ligados a ela;

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efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o

comportamento do elemento estrutural, provocando afastamento em relação

as hipóteses de cálculo adotadas. Se os deslocamentos forem relevantes

para o elemento considerado, seus efeitos sobre as tensões ou sobre a

estabilidade da estrutura devem ser considerados, incorporando-os ao

modelo estrutural adotado.

De acordo com PETRUCELLI (2009), o roteiro a seguir deve ser utilizado para

detetrminar a armadura longitudinal do meio do vão de uma laje alveolar pré-fabricada:

1) Obtenção de todos os dados iniciais, dentre eles as características do elemento

(tipo de concreto, aço, seção transversal com e sem capa, etc), carregamentos a serem

considerados, as características geométricas através da seção e as condições ambientais.

As dimensões da seção transversal devem ser obtidas a partir de manuais que apresentam

tabelas que relacionam a espessura com a sobrecarga e vão;

2) Determinação da armadura de protensão Ap no estado limite último no tempo

“infinito”. Aqui ainda se trata de um pré-dimensionamento, por isso devem ser consideradas

decorridas todas as perdas, adotando-se um valor para tal;

3) Verificação do estado limite de serviço no tempo “zero” apenas com peso próprio

(em vazio) e no tempo infinito considerando-se as combinações freqüente e quase

permanente para as cargas acidentais. A força de protensão é dada através do valor de Ap

obtido no item 2. Também se deve estimar um valor para perdas iniciais para cálculo no

tempo zero. Considera-se que nas fibras opostas há inexistência de tensão de tração. Caso

as duas condições de tração e de compressão estejam atendidas ir para o item 5;

4) Verificação de fissuração atendendo os limites de tração e compressão descritos

pela norma. Ocorrendo tração nas fibras superiores, acrescentam-se cordoalhas nas

mesmas para combatê-la. Se necessário, aumentar a resistência de liberação da peça (fcj).

Não sendo possível eliminar a tração e a compressão excessiva, verificar outro elemento de

maior altura;

5) Determinação das perdas de protensão por etapas (estipular pelo menos 4 etapas

em que atuam os carregamentos nas seções simples e composta). Adotar os períodos em

que ocorre cada uma delas, sendo que se iniciam quando é introduzido um novo

carregamento até o momento em que começa atuar o próximo. Devem ser calculadas

sempre considerando que o valor inicial de tensão de uma etapa é a tensão final da etapa

anterior. Assim cada uma terá uma porcentagem característica que pode ser adotada em

outros casos;

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6) Dimensionamento do valor de Ap como no item 2 e verificação no estado limite de

serviço como no item 3 e 4, com o valor final das perdas já calculado;

7) Verificação do cisalhamento das situações com seção simples (laje sem capa) e

seção composta (laje com capa). Se necessário, introduzir armadura passiva após a

concretagem e/ou preencher os alvéolos para diminuir as tensões;

8) Verificação das deformações, determinado os valores das flechas para cada

etapa, comparando-se o momento total com o momento de fissuração e em seguida

determinando o coeficiente de fluência que atua desde a data inicial do carregamento até a

idade considerada, sendo, portanto variável para cada uma delas. Comparar com os valores

limites descritos na norma.

9) Detalhamento da peça com os valores finais encontrados e já verificados.

FERNANDES (2007) apresenta alguns resultados experimentais de PACPs (painel

alveolar de concreto protendido), obtidos na empresa CASSOL PREFABRICADOS, na

unidade de Curitiba - Paraná, e que fazem parte de um programa de estudo que vem sendo

desenvolvida pelo autor principal do referido documento.

São mostrados os resultados dos ensaios de cisalhamento efetuados naquela

empresa, bem como a forma de realização dos ensaios já padronizada. Trata-se de painéis

(PACPs) de seis alvéolos, com quatro metros de comprimento, um metro e vinte e cinco

centímetros de largura e vinte centímetros de espessura, com distância entre os apoios

(rótulas) para ensaio de três metros e noventa centímetros.

A aplicação de força se dá na transversal, a 2,0h ou 2,5h de um dos apoios, sendo h

a altura do painel, com uma taxa de aplicação de força de 40 kN/min, de acordo com

recomendações do manual da FIP. Além dos resultados dos ensaios dos PACPs acima

destacados, também serão apresentados os resultados de PACPs com as mesmas

características de fabricação (tais como altura, comprimento, número de alvéolos,

composição etc), porém com acréscimo de capa de concreto (com ou sem fibras de aço) ou

com 2 ou 4 dos alvéolos preenchidos com concreto reforçado com fibra de aço (CRFA).

Serão relacionadas, também, as possíveis configurações de fissuras para este tipo

de ensaio, comparando-as com o apresentado na literatura internacional do assunto. A partir

de todos os resultados obtidos, realizar-se-á uma comparação destes com o que é

apresentado na Norma EN 1146:2005, norma inglesa para lajes alveolares protendidas,

para melhor avaliação do comportamento dessas lajes ao cisalhamento.

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BOIÇA e SANTOS FILHO (2005) verificam, de maneira quantitativa e qualitativa, a

partir de um estudo de caso, a influência da utilização, tanto na fase de concepção como na

fase de projeto estrutural, de resistência à compressão do concreto mais elevadas.

MONTEDOR (2006) apresenta alguns resultados de ensaios de apoio padrão de

lajes alveolares protendidas, bem como as possíveis configurações de fissuras para esses

ensaios.

FERREIRA (2003) aborda, com ênfase nos aspectos relativos a projeto, as peças de

concreto protendido de um modo geral.

Consultou-se o endereço eletrônico da empresa TATU Pré-Moldados com o objetivo

de verificar os tipos possíveis de painéis de laje alveolar e sua disponibilidade no mercado.

A norma NBR 14861 (2002) que está sendo revisada no momento, caracteriza os

painéis alveolares e indica algumas condições de execução. No novo formato serão

acrescentadas algumas condições de cálculo e verificações segundo as informações do

professor FERREIRA, que é o presidente da comissão desta norma.

A parte de fundamentação teórica é fornecida de forma didática em CARVALHO

(2007) que será usado como referência nos cálculo e verificações relativos à protensão.

No livro pioneiro de EL DEBS, (2000) são apresentadas algumas das características

destas lajes e feitos alguns comentários sobre o procedimento de projeto e de cálculo

embora não conste nenhum exemplo numérico.

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3. METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido em etapas distintas, de modo a organizar as atividades

e proporcionar um encadeamento lógico. Será feito 1 exemplo representativo com vão de

8m e com cargas usuais de edificação escolar. Assim neste exemplo serão usadas

dimensões das lajes fabricadas no Brasil e disponíveis no mercado de São Paulo como as

apresentadas na figura 4.

Figura 4- Fotografia de lajes alveolares da Fábrica Tatu em Limeira SP (consultado em 5/05/2006 http://www.tatu.com.br/lajes_alveolares.asp)

O trabalho constará, em princípio, das seguintes fases:

Estudo bibliográfico das lajes alveolares;

Modelo de cálculo no estado limite último de lajes alveolares na flexão e no

cisalhamento;

Cálculo no estado limite último de lajes alveolares na flexão e no

cisalhamento usando concreto protendido;

Verificação do estado limite de serviço de fissuração para lajes alveolares em

concreto protendido;

Verificação do estado limite de serviço de deformação excessiva para lajes

alveolares em concreto protendido;

Exemplo numérico de cálculo e verificação de lajes alveolares.

Como os resultados poderão ser usados posteriormente em outras pesquisas, e para

que o número de variáveis não seja muito elevado, será abordado inicialmente apenas

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sistema isostático, simplesmente apoiado, que inclusive é o mais empregado, na prática, em

sistemas de lajes alveolares.

Os resultados serão analisados de forma criteriosa, avaliando-se: sua consistência;

efeitos das principais variáveis; eventuais necessidades de abordar novas situações não

previstas inicialmente. Sempre que possível os resultados serão apresentados em tabelas e

gráficos para que facilitem a visualização e compreensão.

Com as conclusões, espera-se auxiliar projetistas, calculistas, construtores e mesmo

fabricantes de lajes alveolares a desenvolver projetos mais corretos e seguros, e que os

mesmos possam orientar de maneira adequada os usuários quanto ao projeto e utilização,

visto que esse sistema tem tido emprego crescente.

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4. EQUAÇÕES PARA DIMENSIONAMENTO

Para o dimensionamento da peça de laje alveolar protendida define-se um modelo de

cálculo respeitando-se a NBR 6118:2003 e a NBR 9062:2006 e usando os procedimentos

básicos de concreto armado e protendido que estão contidos em CARVALHO (2009). Neste

capítulo são mostradas e explicadas as equações utilizadas neste modelo de cálculo.

4.1 EQUAÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE ARMADURA A UTILIZAR

Para o estado limite último (no tempo infinito - tempo após todas as perdas terem

ocorrido)

1,4

f*d²*wb

MKMD

cd

d (4.1)

Onde:

Md – momento máximo resistente;

bw – largura da seção;

d – altura útil;

fcd – resistência de cálculo do concreto (geralmente o da capa, pois considera-se x <

hcapa).

pd

d

pσ*d*KZ

MA (4.2)

Onde:

Ap – área total de cabos;

Md – momento máximo resistente;

15

KZ – coeficiente obtido pela tabela 3.1 de Carvalho e Figueiredo Filho (2004), dada

também no anexo A;

d – altura útil;

pdσ – tensão na armadura de protensão no tempo infinito devido o pré-alongamento e

a deformação da seção para que seja obtido o equilíbrio na flexão.

4.2 EQUAÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE PROTENSÃO INICIAS

4.2.1 PERDA POR ANCORAGEM DA ARMADURA

*panc E (4.3)

Onde:

L

– deformação decorrente do aço conforme a pista de protensão e sistema de

ancoragem;

– acomodação ou recuo característico da ancoragem (valor que pode ser medido

nas fábricas);

L – comprimento da pista de protensão;

pE – módulo de elasticidade do aço.

4.2.2 PERDA POR RELAXAÇÃO DA ARMADURA

),( 0* ttpir (4.4)

Onde:

15,0

01000),(

67,41*

0

tttt – coeficiente adimensional;

16

1000 – coeficiente obtido pela tabela 8.3 da NBR6118:2003, fazendo-se a relação

entre a tensão no instante t0 e a tensão última de protensão no aço;

pi – tensão do aço no instante considerado.

4.2.3 PERDA POR DEFORMAÇÃO IMEDIATA DO CONCRETO

*cgcabopd (4.5)

onde:

I

eM

I

eN

A

N pp

cgcabo

*²* – tensão no centro de gravidade dos cabos;

c

p

E

E - relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto;

M – soma dos momentos fletores na seção devido às ações atuantes;

Np – esforço normal de protensão;

e – excentricidade do cabo na seção;

A – área da seção transversal de concreto;

I – inércia da seção.

4.3 EQUAÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE PROTENSÃO DIFERIDAS OU AO LONGO DO TEMPO CONSIDERANDO CADA UMA ISOLADAMENTE

4.3.1 PERDA POR FLUÊNCIA DO CONCRETO

*,, ccgcabocp (4.6)

Onde:

17

),(**

),(**

00, ttI

eMtt

I

eM

A

N pp

ccgcabo

– tensão no centro de gravidade

dos cabos;

),( 0tt – coeficiente de fluência dado pelo período do carregamento considerado,

calculado em A.2.2.3 – Anexo A da NBR6118:2003. No caso da expressão anterior os

valores dos momentos permanentes devem ser multiplicados pelo coeficiente de fluência

correspondente que depende da data em que a ação atua;

Mp – momento devido à força de protensão na seção;

M – soma dos momentos fletores na seção devido às ações atuantes;

Np – esforço normal de protensão;

e – excentricidade do cabo na seção;

A – área da seção transversal de concreto;

I – inércia da seção.

4.3.2 PERDA POR RETRAÇÃO DO CONCRETO

psscs Ett *)]()([*Δσ 0scg, (4.7)

Onde:

),( 0ttcs – coeficiente de retração obtido em A.2.3 – Anexo A da NBR6118:2003;

)(ts e )( 0ts – coeficientes obtidos através da figura A.3, item A.2.3.2 da

NBR6118:2003.

4.4 EQUAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE PROTENSÃO CONSIDERANDO-AS COMO PERDAS PROGRESSIVAS

ppcp

pgpcppcs

p

ttttEtttt

***

),(*),(***),(),(

0000,0

0

(4.8)

18

Onde:

pcs Ett *),( 0 – parcela relativa à retração do concreto, calculada pela equação 4.7;

),(** 00, ttgpcp – parcela referente à fluência do concreto, obtida pela equação

4.3;

0p – tensão inicial, considerando-se que já ocorreram as perdas iniciais;

)],(1ln[),( 00 tttt - com ),( 0tt calculado no item A.3.3;

),(1 0ttp ;

),(*5,01 0ttc - neste caso usa-se o valor inicial de ),( 0tt ;

c

cp

I

Ae *1

2 ;

c

p

pA

A ;

pe – excentricidade do cabo na seção;

cA – área da seção transversal de concreto;

cI – inércia da seção de concreto;

pA – área total dos cabos de protensão.

4.5 EQUAÇÕES PARA VERIFICAÇÕES DE TENSÕES NAS BORDAS DA PEÇA

Neste trabalho utiliza-se a seguinte convenção de sinais:

TENSÃO TRAÇÃO – SINAL NEGATIVO

TENSÃO COMPRESSÃO – SINAL POSITIVO

19

4.5.1 VERIFICAÇÃO NO TEMPO ZERO

A ser realizada na seção onde ocorre a regularização da protensão.

W

M

W

e*N

A

gpp (4.9)

Onde:

– tensões normais no concreto junto à borda inferior ou superior;

Np – esforço normal de protensão na data da liberação da protensão;

e – excentricidade do cabo na seção;

A – área da seção transversal inicial de concreto;

W – módulo de resistência da seção inicial em relação ao bordo inferior ou superior

dependendo da fibra a ser considerada;

gM – momento fletor devido à ação de peso próprio da seção do painel.

bpt

2

bpt

2

bpd 0,6h lll (4.10)

Onde:

bpdl – distância de regularização das tensões;

bptl – comprimento de transferência da protensão, calculado pela equação 4.11;

h – altura do elemento.

bpd

pi

bptf

l*36

**5,0*0,7 (4.11)

Onde:

20

pi – tensão do aço no instante considerado;

– diâmetro do aço;

bpdf – resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto na

ancoragem da armadura de protensão (pré-tração), obtido no item 9.3.2.2 da

NBR6118:2003.

OBS.: se a liberação da protensão é considerado como não gradual, o resultado da

equação deve ser considerado 25% maior.

4.5.2 VERIFICAÇÃO NO TEMPO INFINITO

A ser realizada preferencialmente na seção do meio do vão

i

ipp

W

M

W

e*N

A

Nσ (4.12)

Onde:

pN – esforço normal de protensão no tempo infinito;

iW – módulo de resistência da seção em relação ao bordo inferior e superior que

deve ser considerado para a etapa i;

iM – Momentos fletor na seção devido a ação i.

e – excentricidade do cabo na seção;

A – área da seção transversal inicial de concreto.

4.6 EQUAÇÕES PARA VERIFICAÇÕES DE DEFORMAÇÕES EXCESSIVAS

Valores de flecha

21

**8

* 2

IE

lMa

p

p (4.13)

**384

**5 4

IE

lvav (4.14)

Onde:

pa – flecha devido ao efeito da protensão;

pM – momento devido à força de protensão;

va – flecha devido à intensidade considerada;

v – intensidade considerada;

l - vão do elemento considerado;

E – módulo de elasticidade do concreto;

I – inércia da seção de concreto correspondente a etapa considerada.

(OBS.: a flecha deve ser calculada multiplicando-se cada uma delas pelo coeficiente

de fluência respectivo para cada etapa estipulada)

4.7 EQUAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO CISALHAMENTO EM LAJES SEM ARMADURA PARA FORÇA CORTANTE

dbkV wcptrdrd **]*15,0)*402,1(**[ (4.15)

Onde:

ctdrd f*25,0 – resistência de projeto ao cisalhamento;

c

ctk

ctd

ff

inf, – resistência à tração obtido no item 8.2.5 da NBR6118:2003;

02,0*

1 db

A

w

st – coeficiente adimensional;

22

1sA – área da seção transversal de concreto do elemento;

bw – largura da seção;

d – altura útil;

c

sdcp

A

N – tensão na seção de concreto;

sdN – força de protensão total na seção;

cA – área da seção de concreto;

16,1 dk – coeficiente adimensional (situação em que mais de 50% da

armadura inferior chega aos apoios, caso contrário 1k ).

A partir disto, desenvolve-se, no próximo capítulo, o modelo de cálculo para

dimensionar as peças de laje alveolar protendida.

23

5. EXEMPLOS

Neste capítulo são apresentados quatro exemplo. O primeiro aqui referido como

exemplo numérico trata numericamente do dimensionamento da armadura longitudinal de

uma laje alveolar além de apresentar as verificações numéricas pertinentes. Nos três

posteriores designados como exemplos teóricos apresenta-se o estudo de como realizar o

projeto dos painéis alveolares para um trecho de pavimento, indicando as vantagens e

desvantagens na escolha dos painéis.

5.1 EXEMPLO NUMÉRICO

Dimensionar e verificar a laje alveolar de altura h=200 mm com seção simples e

composta, juntamente com as características geométricas dados na tabela 5.1, para um vão

livre de 8 m sendo simplesmente apoiada, concreto com fcj =30 MPa (sendo j=20 horas –

introdução da protensão) e fck=50 MPa, capa de 5 cm com fck=30 MPa, aço CP190RB e

Ep=2,05*105 MPa. Considerar sobrecarga de revestimento de 2 kN/m² e sobrecarga

acidental de 5 kN/m². Dados complementares: Ψ1 =0,6, Ψ2 =0,4, cimento do tipo ARI (α=3

para fluência), CAA II, umidade relativa do ar U=70% e temperatura ambiente média

T=20ºC. As equações necessárias utilizadas encontram-se no capítulo 4 deste trabalho.

24

Tabela 5.1: Seções genéricas de uma laje alveolar de 200 mm e propriedades geométricas.

Seção genérica de uma laje de 200 mm de altura Propriedades Geométricas

Seção Simples

Área = 0,1427 m²

Perímetro = 5,87 m

I = 0,0007 m4

ys = 0,0995 m

Ws = 3

007,00995,0

0007,0m

Wi = 3

0069,01005,0

0007,0m

es = 0,11005-0,031=

= 0,069 m

Seção Composta

Área = 0,2017 m²

Perímetro = 5,97 m

I = 0,0013 m4

ys = 0,1131 m

Ws = 3

0115,01131,0

0013,0m

Wi = 3

0095,01369,0

0013,0m

ec = 0,1369-0,031=

= 0,1059 m

5.1.1 DETERMINAÇÃO DOS CARREGAMENTOS

Os carregamentos que são considerados para o dimensionamento da laje são:

Peso próprio – g1 = 0,1427*25 = 3,57 kN/m

Capa – g2 = 0,05*1,25*25 = 1,56 kN/m

25

Revestimentos – g3 = 2*1,25 = 2,5 kN/m

Sobrecarga Acidental – q = 5*1,25 = 6,25 kN/m

Pode-se, a partir desses valores, considerar a tabela 5.2 com os dados a serem

usados para tais carregamentos.

Tabela 5.2: Carregamentos e momentos a considerar para a laje de 200 mm.

Ação Sigla Intensidade

(kN/m)/peça

Momento Máximo

(kN.m)/peça

Peso próprio g1 3,57 28,56

Capa g2 1,56 12,48

Revestimento g3 2,50 20,00

Acidental q 6,25 50,00

Acidental quase permanente 0,4*q 2,50 20,00

Acidental frequente 0,6*q 3,75 30,00

5.1.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO NO ELU (T=∞)

Para o pré-dimensionamento no ELU, considera-se que a seção trabalha no tempo

infinito (t=∞) com a seção composta e a peça na condição de simplesmente apoiada.

Levando-se em conta que em estruturas pré-moldadas utiliza-se o valor de 1,3 para

coeficientes de majoração de cargas permanentes e 1,4 para cargas acidentais, chega-se

ao seguinte valor:

Momento Máximo: mkNM d .60,152)00,5000,2048,12(*4,156,28*3,1

Supondo que a linha neutra passe na capa e fazendo uso da equação 4.1 dos dados

do capítulo 4, tem-se:

26

119,0

30000*²031,025,0*25,1

60,152*4,1

4,1*²*

cd

w

d

fdb

MKMD

KX = 0,1911

KZ = 0,9236

εs = 10‰ – domínio 2

Verificando a posição da linha neutra:

x = KX*d = 0,1911*0,219 = 4,18cm < 5,00cm => a linha neutra passa na capa!

Determinação de εt:

Para determinar o valor de εt é necessário adotar as perdas de protensão totais.

Nesse caso são adotados 25%.

De acordo com o item 9.6.1.2.1 da NB1:2003 ,o valor da tensão inicial para o caso de

pré-tração (aço com relaxação baixa – RB) é dado por:

MPa1453MPa14531710*85,0f85,0

MPa14631900*77,0f77,0p

pyk

ptk

p

MPapt 109075,0*1453

Interpolando a tabela A.2 de Vasconcelos (1980) dada no anexo A: εp = 5,60‰

Então, tem-se que: pst = 10‰ + 5,60‰ = 15,6‰ pst

Novamente interpolando a tabela A.2 do anexo A:

²cm/kN9,150MPa1509pd

27

Determinação de Ap:

Com isso é possível determinar a quantidade de armadura necessária para atender o

Estado Limite Último (t=∞), com a equação 4.2:

²00,59,150*219,0*9236,0

60,152

**cm

dKZ

MA

pi

dp

Considerando a área da cordoalha de 9,5 mm (3/8”) = 0,55 cm²

Ou seja, são necessárias 9 cordoalhas de 9,5 mm. A partir deste valor são

calculadas as perdas de protensão.

5.1.3 VERIFICAÇÃO EM VAZIO (T=0)

Anteriormente ao cálculo das perdas de protensão é necessário verificar a peça em

vazio, pois neste caso a força de protensão tem seu valor máximo e nem todas as cargas

estão atuando (atua apenas o peso próprio), assim como a geometria da seção ainda não

conta com o trabalho da capa. Com isso, pode ocorrer tração excessiva na peça, sendo

preciso acrescentar cordoalhas nas fibras superiores.

Os valores das tensões nas fibras inferior e superior são limitados por

ckct ff 7,02,1 (caso em que se permite tração) ou ckf7,00 (caso em que não

se permite tração). Neste exemplo não será permitida a tração, obtendo-se

MPafck 2107,00 .

A tensão atuante é obtida após adotar um valor para as perdas inicias, sendo aqui

igual a 5%. Os esforços de protensão podem ser calculados com:

MPapi 138095,0*1453

mmn 5,990,955,0

00,5

28

kNN p 10,683138*55,0*9

mkNMeN pp .13,47069,0*10,683*

mkNM g .56,281

Inicialmente a verificação é feita para o meio do vão, mas posteriormente é mostrado

que a seção crítica é aquela onde se completa o efeito da transferência da força de

protensão. Destaca-se aqui que a convenção de sinais adotada é: sinal positivo –

compressão; sinal negativo – tração. Utilizando a equação 4.8:

a)Efeito da protensão:

MPa62,110,0069

47,13

0,1427

683,10

W

e*N

A

i

spp

i

MPa-1,950,007

47,13

0,1427

683,10

W

e*N

A

s

spp

s

b)Verificação no meio do vão:

Considerando a ação do peso próprio:

MPaW

M

i

g

i 14,40069,0

56,281

MPaW

M

s

g

s 08,4007,0

56,281

29

Somando-se os efeitos:

)(2148,714,462,11 OKMPaMPai

)(013,208,495,1 OKMPas

Assim as duas condições estão atendidas.

c)Verificação próxima aos apoios:

Como o momento da laje varia, a seção mais crítica para a tensão de tração na

borda superior deve ser onde ocorre a transferência da protensão, que é dada pela equação

4.11, considerando que a situação de liberação da protensão é não gradual:

m92,0737,1*36

1380*0095,0*375,4

f*36

**25,1*5,0*0,7l

bpd

pi

bpt

Utilizando-se agora a expressão 4.10 da distância de regularização:

bptbptbpd l)²*6,0(²hl

m59,0)²92,0*6,0(²20,0lbpd

Assim: mll bptbpd 92,0

Ou seja, os esforços de protensão na seção vão crescendo linearmente de zero ao

valor total que se encontra a 92 cm do apoio, tendo para valor do momento de peso próprio:

30

mkNx

xpxp

M bpt .63,112

92,0*92,0*57,392,0*

2

8*57,3

2***

2

*

E as tensões referentes ao peso próprio:

MPai 68,10069,0

63,11

MPas 66,1007,0

63,11

Resultando finalmente nas tensões (considerando agora também a protensão):

)(2194,968,162,11 OKMPaMPai

029,066,195,1 MPas São necessárias cordoalhas superiores

Para determinar a quantidade de armadura superior (Ap‟), acrescentam-se as

parcelas referentes a essas cordoalhas superiores na mesma equação de verificação,

porém com o valor da tensão sσ já igual a zero. Então os valores de Np e Mp para as duas

bordas são:

kNN p 10,683138*55,0*9

kNMeN psp 13,47069,0*10,683*

'*138'*' ppp AAN

'*14,8059,0'**138'''* pppsp AAMeN

31

0W

M

W

'M

A

'N

W

M

A

s

bpt

s

pp

s

pp

s

²13,0'A00,007

11,63

0,007

'A*8,14

0,1427

'A*138

0,007

47,13

0,1427

683,10p

ppcm

Considerando a área da cordoalha de 9,5 mm (3/8”) = 0,55 cm²

mmn 5,9224,055,0

13,0 (Número mínimo de cordoalhas)

Portanto, são necessárias duas cordoalhas de 9,5 mm para combater a tração

excedente nas fibras superiores. Com esses dados segue o cálculo das perdas de

protensão.

5.1.4 CÁLCULO DAS PERDAS

Após o pré-dimensionamento no ELU, segue-se a obtenção das perdas de protensão

totais ao longo do tempo e confere-se o cálculo inicial, onde essas perdas foram adotadas.

Inicialmente é preciso caracterizar bem como será procedida a fabricação e montagem da

laje. Isto pode ser visto na tabela 5.3, em que se indica a seção a se considerar e as ações

que atuam a cada etapa e principalmente a data em dias desde o início da fabricação do

painel alveolar. Resta ainda discutir como será considerada a área de concreto e o

perímetro da peça em contato com ar. Também é bom lembrar que existem dois tipos de

concreto na peça: o concreto do painel e o da capa. Todas estas considerações são feitas

no item correspondente às perdas ao longo do tempo.

32

Tabela 5.3: Seqüência considerada para determinação das perdas de protensão em etapas de acordo com a introdução de um novo tipo de carregamento.

Etapa Tempo decorrido

da concretagem Ação Seção Perdas

1

t=20 horas

(aplicação da

protensão)

p+g1 Simples

Deformação imediata,

Deformação por

ancoragem e

Relaxação da armadura

2 t= 15 dias p+g1+g2 Simples

Retração e fluência do

concreto e Relaxação da

armadura

3 t= 45 dias p+g1+g2+g3 Composta

(laje+capa)

Retração e fluência do

concreto e Relaxação da

armadura

4 t= 60 dias p+g1+g2+g3+

Ψ2*q

Composta

(laje+capa)

Retração e fluência do

concreto e Relaxação da

armadura

5 t= ∞ dias p+g1+g2+g3+

Ψ2*q

Composta

(laje+capa)

Retração e fluência do

concreto e relaxação da

armadura

Obs.: p – protensão; g1 – peso próprio; g2 – carga devida à capa de concreto; g3 – sobrecarga permanente; q – utilização; t0 – tempo inicial; t∞ - tempo final; Ψ2 – fator de redução de combinação quase permanente.

5.1.5 DETERMINAÇÃO DAS PERDAS DE PROTENSÃO

Neste caso são três perdas a considerar: por ancoragem da armadura, por relaxação

da armadura durante a cura do concreto e, finalmente, por deformação imediata do

concreto. A seguir é feito o cálculo de cada uma delas.

5.1.5.1 Determinação das Perdas Iniciais – Cabos Inferiores

33

a)Deformação por ancoragem da armadura:

Supondo uma pista de protensão de 150 m e considerando um = 0,6 cm, tem-se

através da equação 4.3:

00004,0150

006,0

L

De acordo com a Lei de Hooke:

*Ep

MPaanc 810*05,2*00004,0 5

b)Relaxação da armadura:

Aqui o correto é já utilizar a tensão com a perda anterior. Sabendo-se que a perda

por ancoragem da armadura foi de 8 MPa e com a relação abaixo entre tensão inicial e

última do aço, é possível achar o valor de Ψ1000 através da tabela 5.4:

76,01900

81453

R

34

Tabela 5.4: Valores de Ψ1000, em %.

Cordoalhas Fios Barras

Tensão inicial RN RB RN RB

0,5 fptk 0 0 0 0 0

0,6 fptk 3,5 1,3 2,5 1,0 1,5

0,7 fptk 7 2,5 5 2 4

0,8 fptk 12 3,5 8,5 3 7

Interpolando os valores, tem-se para RB que Ψ1000 = 3,1% (equação 4.4):

%72,167,41

083,0*1,3

67,41*

15,015,0

0

1000),( 0

tttt

Com isso, MPar 25100

72,1*1453

c)Perda imediata do concreto:

A tensão é utilizada já com as perdas anteriores e o cálculo é feito apenas para a

seção no meio do vão.

MPa14202581453

MPaN p 10,859142*55,0*2142*55,0*9

mkNM p .28,39059,0*2*55,0*142069,0*9*55,0*142

².71,2069,0*28,39* mkNeM sp

35

².97,1069,0*56,28*1 mkNeM sg

Com esses valores calcula-se a tensão no cg das cordoalhas:

MPamkNI

eMe

I

M

A

N sg

s

pp

cgcabo 08,7²/70770007,0

97,1

0007,0

71,2

1427,0

10,859**

1

MPafE ckc 2607130*5600*85,0*5600*85,0

MPaip 5467,7*08,7,

Assim, a perda de protensão dos cabos inferiores chega a:

MPaht 875425820

Então, a tensão final é de:

MPahpt 136687145320

E o valor referente à perda imediata, ou seja, apenas da etapa 1 é de:

% Perda Etapa 1 %0,6060,01453

13661453

67,726071

10*05,2 5

c

p

E

E

36

5.1.5.2 Determinação das Perdas Iniciais – Cabos Superiores

Como em 5.1.5.1, os valores das perdas por ancoragem da armadura e relaxação da

armadura iguais a 8 MPa e 25 MPa, respectivamente.

a)Perda imediata do concreto:

Para efetuar o cálculo da tensão no cg do cabo, têm-se:

MPa14202581453

MPaN p 10,859142*55,0*2142*55,0*9

mkNM p .28,39059,0*2*55,0*142069,0*9*55,0*142

².32,2059,0*28,39'* mkNeM sp

².68,1059,0*56,28'*1 mkNeM sg

Com esses valores é calculada a tensão no cg das cordoalhas:

MPamkNI

eMe

I

M

A

N sg

s

pp

cgcabo 5²/51060007,0

68,1

0007,0

32,2

1427,0

10,859'*'*

1

MPapdi 3867,7*5

Assim, a perda de protensão dos cabos superiores chega a:

37

MPat 71382581

Então, a tensão final é de:

MPahpt 138271145320

O valor referente à perda imediata é de:

% Perda Etapa 1 %9,4049,01453

13821453

5.1.5.3 Determinação das Perdas Diferidas (Etapas 2, 3, 4 e 5) – Cabos

Inferiores e Superiores

A partir da etapa 2 as perdas já são consideradas „perdas ao longo do tempo‟, ou

seja, são determinadas as perdas por fluência do concreto, retração do concreto e relaxação

da armadura, conforme a idade adotada na tabela 5.3.

Existem dois processos de cálculo, sendo um deles considerando os fenômenos

isoladamente e o outro considerando a simultaneidade entre eles, conhecido como cálculo

de perdas progressivas. São feitos os dois métodos para fins comparativos.

Para aplicar as formulações é preciso definir a área da seção e o perímetro de

concreto em contato com ar. Como se trata de uma seção composta em que há mudanças

durante a utilização da mesma, é preciso adotar um critério, mesmo que simplificado, para

avaliar estas duas variáveis. Com a seqüência da tabela 5.5, pode-se considerar que:

Na segunda etapa a área da seção a considerar é a média da área do painel (seção

simples) com a seção com a capa (composta), ou seja, m²0,1722=A . O perímetro do

concreto em contato com o ar é bem grande, considerando inclusive os alvéolos e

resultando em m87,5 .

Na terceira etapa a seção já pode ser considerada com a capa (mesmo que ainda

não tenha endurecido já faz parte da seção) e, portanto, m² 0,2050=A . Para o perímetro

não se consideram as partes laterais da peça que já devem estar preenchidas e considera-

38

se agora que o ar do alvéolo está bem saturado. Assim, considera-se para o perímetro a

largura da peça (em cima e embaixo) e metade do perímetro dos alvéolos chegando-se em

m 3,866 2

0,145)*π*(61,25*2=μ .

Na quarta etapa a seção recebe o revestimento superior que provavelmente torna a

superfície superior isolada do ar (por causa do piso), entrando no cálculo do perímetro

apenas a parte inferior. Considera-se ainda que o ar do alvéolo esteja bem saturado e

soma-se metade do perímetro dos alvéolos chegando-se a

m2,616 2

0,145)*π*(61,25=μ .

Na quinta e última etapa, em geral, o alvéolo é tampado e neste caso o ar do mesmo

já deve estar totalmente saturado, como demonstram relatos em ensaios de CATOIA (2009)

no NETPRÉ. Desta maneira, tem-se em m1,25=μ e m² 0,2050=A .

Assim, para fazer um cálculo racional é considerada para ação da protensão e peso

próprio (g1) a média dos valores da área e para o perímetro é feita a média de todas etapas.

Para a ação da capa, a média dos valores característicos da terceira fase em diante e da

mesma forma para as outras ações resultando na tabela 5.5.

Tabela 5.5: Valores de área e perímetro a considerar no cálculo das perdas para cada ação.

Ação Descrição Área da

seção (m2)

Perímetro em contato com o ar (m)

g1 Peso próprio 0,1722 40,34

25,1616,2866,387,5

g2 Capa 0,2050 58,23

25,1616,2866,3

g3 Revestimento 0,2050 93,12

25,1616,2

q Carga acidental 0,2050 25,1

Nos próximos itens são calculadas as perdas usando os valores mostrados na tabela

5.5.

Nesse item serão calculadas as perdas diferidas tanto para os cabos inferiores

quanto para os cabos superiores simultaneamente.

39

a) Perda por fluência do concreto:

Através dos dados da tabela 5.5 e das equações no capítulo 4 (item 4.3.1), chega-se

a valores de coeficiente de fluência resumidos na tabela 5.6 a seguir:

Tabela 5.6: Coeficientes de fluência determinados de acordo com o período estabelecido.

Etapa Período (dias) Área (m²) Perímetro (cm) )t(t, 0

2 1 - ∞ 0,1722 340 3,04

3 15 - ∞ 0,2050 258 1,85

4 45 - ∞ 0,2050 193 1,44

5 60 - ∞ 0,2050 125 1,38

Com os valores dos coeficientes de fluência é possível determinar o valor da perda

por fluência:

kNN p 11,8362,138*55,0*22,138*55,0*9

mkNM p .23,38059,0*55,0*2*2,138069,0*55,0*9*2,138

mkNM g .56,281 , mkNM g .48,122 , mkNM g .203 e mkNM q .204,0

40

- Cabos Inferiores:

)45,(**

)15,(**

)1,(**)( 321

I

eM

I

eM

I

eMM

A

N cgsgsgpp

cgcabo

86,1*0007,0

069,0*48,1202,3*

0007,0

069,0*)56,2823,38(

1427,0

11,836)60,(*

*4,0

I

eMc

q

²/1367539,1*0013,0

1059,0*2044,1*

0013,0

1059,0*20mkN

A perda por fluência para os cabos inferiores fica: MPa85,10467,13*67,7 cp,

- Cabos Superiores:

)45,(*I

'e*M)15,(*

I

'e*M)1,(*

I

'e*)MM(

A

N c3gs2gs1gpp

cgcabo

86,1*0007,0

059,0*48,1202,3*

0007,0

059,0*)56,2823,38(

1427,0

11,836)60,(*

'*4,0

I

eMc

q

²/971139,1*0013,0

0190,0*2044,1*

0013,0

0190,0*20mkN

A perda por fluência para os cabos superiores fica: MPa48,7471,9*67,7 cp,

41

b)Perda por retração do concreto:

A perda por retração pode ser considerada igual para os cabos superiores e

inferiores e é calculada como se mostra a seguir:

A perda por retração é obtida pela expressão 4.7:

psscs Ett *)]()([*Δσ 0scg,

O coeficiente de retração é dado pela equação:

sscs tt 210 *),( , onde:

4

1 10*5,275,0*))1590/²()484/(16,6( UUs

95,019,15*38,20

19,15*233

*38,20

*2332

fic

fic

sh

h

Em que: mA

h fic 1519,040,3

1722,0*2*5,1

2*

Através da figura A.3, item A.2.3.2 da NBR6118:2003, obtém-se:

10,0)3( tf

00,1)10000( tf

MPa43,8210*2,05*0,10)(1,00*0,95*10*2,5Δσ 54

sp,

42

c)Perda por relaxação da armadura:

-Cabos inferiores:

72,01900

1366R

Interpolando os valores da tabela 4.4, tem-se para RB que Ψ1000 = 2,7% (equação

4.4)

%14,667,41

010000*7,2

67,41*

15,015,0

0

1000),( 0

tttt

Com isso, MPar 84100

14,6*1366

-Cabos superiores:

73,01900

1382R

Interpolando os valores da tabela 5.4, tem-se para RB que Ψ1000 = 2,8%:

%37,667,41

010000*8,2

67,41*

15,015,0

0

1000),( 0

tttt

Com isso, MPar 88100

37,6*1382

43

d)Perdas totais considerando cada uma delas isoladamente:

Considerando as perdas isoladas chega-se a:

- Cabos Inferiores:

MParscp 2338482,4385,104,

- Cabos Superiores:

MParscp 2068882,4348,74,

E as tensões finais ficam:

- Cabos Inferiores:

MPapt 11332331366

- Cabos Superiores:

MPapt 11762061382

A porcentagem das perdas é de:

- Cabos Inferiores:

% Perdas Total %0,22220,01453

11331453

44

- Cabos Superiores:

% Perdas Total %1,19191,01453

11761453

Para este exemplo as perdas totais variam de 19 a 22%. O item a seguir mostra o

cálculo das perdas como progressivas, ainda para os cabos inferiores.

5.1.5.4 Perdas Progressivas – Cabos Inferiores

Utilizando a equação 4.8:

ppcp

00p0g0p,cpp0cs

0p***

)t,t(*)t,t(**E*)t,t()t,t(

Com:

pcs Ett *),( 0 - calculado no item 5.1.5.3 b

),(** 00, ttgpcp - calculado no item 5.1.5.3 a

MPap 13660

0645,0]0625,01ln[)]t,t(1ln[)t,t( 00

0645,1)t,t(1 0p

51,2),(*5,01 0 ttc (neste caso usa-se o valor inicial de 02,3),( 0 tt )

45

97,10007,0

1427,0*069,01*1 22

c

cs

I

Ae

310*2,41427

55,0*255,0*9

c

p

pA

A

O valor das perdas progressivas é de:

MPattp 19410*2,4*97,1*67,7*51,20645,1

0645,0*136685,10482,43),(

30

E a tensão final fica sendo:

MPapt 11721941366

Com isso, tem-se o valor final das perdas:

%34,191934,01453

11721453

Perdas

Aqui os valores das perdas pelos dois processos de cálculo também são muito

próximos. Assim sendo, pode-se considerar que há uma perda de protensão para os cabos

inferiores de 19 a 22%. No item a seguir são determinadas as perdas nas fibras superiores.

5.1.5.5 Perdas Progressivas – Cabos Superiores

Utilizando a equação 4.8:

46

ppcp

00p0g0p,cpp0cs

0p***

)t,t(*)t,t(**E*)t,t()t,t(

Com:

pcs Ett *),( 0 - calculado no item 5.1.5.3 b

),(** 00, ttgpcp - calculado no item 5.1.5.3 a

MPap 13820

0645,0]0625,01ln[)],(1ln[),( 00 tttt

0645,1),(1 0 ttp

51,2),(*5,01 0 ttc (neste caso usa-se o valor inicial de 02,3),( 0 tt )

71,10007,0

1427,0*059,01*'1 22

c

cp

I

Ae

310*2,41427

55,0*255,0*9

c

p

pA

A

O valor das perdas progressivas é de:

MPattp 47,17210*2,4*71,1*67,7*51,20645,1

0645,0*138248,7482,43),(

30

47

E a tensão final fica sendo:

MPapt 121047,1721382

Com isso tem-se o valor final das perdas:

%0,1717,01453

12101453

Perdas

Para os cabos superiores, a perda resultou em valores de 17 a 19%. Para este valor

não há alteração significativa e a área de cabos continua praticamente a mesma, ou seja,

ainda são usados 9 cabos de 9,5 mm.

5.1.6 VERIFICAÇÃO DE FISSURAÇÃO - TEMPO ∞

Com os valores das perdas já calculados, é possível calcular o efeito da protensão

no tempo infinito com maior precisão.

Considerando os maiores valores das perdas obtidas para cada fibra, chega-se a:

kNN p 20,6906,117*55,0*23,113*55,0*9

kNeNeNM spspp 06,31059,0*6,117*55,0*2069,0*3,113*55,0*9''**

mkNM gg .04,4121

mkNM qg .00,404,03

mkNM qg .00,506,03

48

a)Para combinação quase permanente ( MPa35σ00,7fσ0 ck ):

- Fibras Inferiores:

)(019,8200,0095

40

0,0069

41,04

0,0069

31,06

0,1427

690,20

W

M

W

M

A

ii

pp

i nãoOK

Utilizando mais um cabo inferior:

kNN p 51,7526,117*55,0*23,113*55,0*10

mkNeNeNM spspp .36,35059,0*6,117*55,0*2069,0*3,113*55,0*10''**

)(024,00,0095

40

0,0069

41,04

0,0069

35,36

0,1427

752,51

W

M

W

M

A

ii

pp

i OK

- Fibras Superiores:

)y- (h*I

M

W

e*N

A

compostaseçãossimples seção

compostaseçãos

spp

s

)1131,025,0(*0,0013

40

0,007

41,04

0,007

35,36

0,1427

752,15

W

M

W

M

A

ss

pp

s

)(3530,10σs OKMPaMPa

b)Para combinação freqüente ( MPa35σ3,420,7fσ1,2f ckct ):

Como no item a:

- Fibras Inferiores:

49

)(42,3813,0/8130,0095

50

0,0069

41,04

0,0069

35,36

0,1427

752,15σ 2

i OKMPaMPamkN

- Fibras Superiores:

)(3535,11)1131,025,0(*0,0013

50

0,007

41,04

0,007

35,36

0,1427

752,15σs OKMPaMPa

Utilizando-se 10 cabos na borda inferior, para as verificações no tempo infinito, as

tensões também não ultrapassaram os valores limites, estando, portanto, de acordo com as

prescrições da Norma.

5.1.7 VERIFICAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES

Após o dimensionamento da laje alveolar e feita todas as verificações, é necessário

também verificar se as deformações estão de acordo com os limites descritos pela norma.

Para isso, faz-se o cálculo da flecha por etapas, já que os coeficientes de fluência são

diferentes para cada uma delas, pois esta varia conforme a idade em que foi introduzido o

carregamento em questão até a idade que está sendo analisada.

Assim, o momento total de cada etapa é dado pelos carregamentos atuantes, sendo

que este deve ser menor que o momento de fissuração. Observa-se também que, pela

verificação de fissuração na situação quase permanente não ode ocorrer fissuração pois a

protensão limitada estabelece que só haverá fissuração a partir da combinação freqüente.

As flechas são calculadas para a ação imediata e depois com a consideração da fluência,

além também da flecha proveniente da “perda” de protensão.

5.1.7.1 Determinação das Deformações

Na etapa 1 a força de protensão a ser considerada é de:

kNN p 32,9032,138*55,0*26,136*55,0*10

mkNM p .87,42059,0*55,0*2*2,138069,0*55,0*10*6,136

50

Sabendo-se que a perda de protensão nos cabos inferiores é de 320 MPa e nos

cabos superiores é de 277 MPa:

kN.m10,35=0,059*27,7*0,55*2-0,069*32,0*0,55*10=Mp

Com esses dados é possível chegar aos valores da tabela 5.7 a seguir:

Tabela 5.7: Flechas imediatas para as diversas ações.

Ação Símbolo Intensidade

(v) )t(t, 0

I (m4) a (mm)

Protensão p 42,87 kN.m 3,04 0,0007 -18,79

Perda de protensão p 10,35 kN.m (3,04/2)=1,52 0,0007 3,51

Peso próprio g1 3,57 kN/m 3,04 0,0007 10,43

Capa g2 1,56 kN/m 1,85 0,0007 4,56

Revestimento g3 2,50 kN/m 1,44 0,0013 3,93

Acidental quase

permanente 0,4q 2,50 kN/m 1,38 0,0013 3,93

A flecha inicial para este exemplo é de:

mm36,8-=10,43+-18,79gp=a 10=t

A contra-flecha inicial não deve ser superior a mm86,22350/8000350/ , e

assim, este valor atende aos limites prescritos pela norma.

5.1.7.2 Determinação das Deformações: Etapas 2, 3, 4 e 5

O valor da flecha final considerando a fluência é dado por:

)1(*)1(*)1(*)1(*)( ),60(4,0),45(3),15(2),1(1tota qgggpl aaaaaa

51

)2

1(a),1(

p

)38,11(*93,3)44,11(*93,3)85,11(*56,4)04,31(*)43,1079,18( totala

)52,11(*51,3

mma 25,784,839,959,900,1377,33total

E a flecha limite é dada por:

mmmm 25,732250/8000250/

Portanto, o valor de deformação está dentro do limite prescrito pela Norma.

5.1.8 VERIFICAÇÃO DO CISALHAMENTO

O cisalhamento em lajes alveolares é calculado pela expressão da NBR6118:2003, e

neste caso deve ser verificada tanto para a seção simples, que é a situação em que as

peças ficam no estoque das fábricas, quanto para a seção composta, quando a laje trabalha

junto com a capa após a montagem.

5.1.8.1 Cálculo para Seção Simples

Esta verificação cabe para efeito de montagem, ou seja, imagina-se que a peça ao

ser montada está sem capa e o concreto com resistência de saque de 30 MPa. Destaca-se

que devem ser descontados os diâmetros dos alvéolos para determinação da largura bw.

Utilizando a equação dada no capítulo 4, item 4.7:

dbkV wcptrdrd **]*15,0)*402,1(**[

Em que:

52

²/3621448*25,0*25,0 mkNfctdrd

²/14481000*30*15,0*15,04,1

*3,0*7,0 3/23/2

3/2

inf,mkNf

fff ck

ck

c

ctk

ctd

02,00113,022*5,26

55,0*255,0*10

*

1

db

A

w

st

²/63301427,0

55,0*2*2,13855,0*10*6,136mkN

A

N

c

sdcp

138,122,06,16,1 dk

Então:

22,0*265,0*]6330*15,0)0113,0*402,1(*38,1*362[ rdV

kNVrd 5,103

A força resistente Vrd deve ser maior que a força solicitante de cálculo Vsd,m:

msdrd VV ,

!73,284,1*2

8*13,54,1*

2

*OKVkN

lpV rdsd

Como a força de cisalhamento se apresentou menor que a máxima permitida, a peça

está verificada.

53

5.1.8.2 Cálculo para Seção Composta

Aqui é considerada a situação final, onde já estão atuando todos os carregamentos

na laje.

dbkV wcptrdrd **]*15,0)*402,1(**[

Em que:

²/5092036*25,0*25,0 mkNfctdrd

²/20361000*50*15,0*15,04,1

*3,0*7,0 3/23/2

3/2

inf,mkNf

fff ck

ck

c

ctk

ctd

02,00113,022*5,26

55,0*255,0*10

*

1

db

A

w

st

²/52731427,0

55,0*2*6,11755,0*10*3,113mkN

A

N

c

sdcp

138,122,06,16,1 dk

Então:

kNVrd 76,11322,0*265,0*]5273*15,0)0113,0*402,1(*38,1*509[

Como no item 5.1.8.1:

sdrd VV

54

!7,774,1*2

8*88,134,1*

2

*OKVkN

lpV rdsd

Como a força de cisalhamento se apresentou menor que a máxima permitida, a peça

está verificada.

A seguir serão mostrados alguns exemplos de modulações com lajes alveolares

protendidas que mostram situações aconselháveis e outras não recomendadas.

5.2 EXEMPLO TEÓRICO 1

Analisar a solução adotada para o trecho de pavimento dado na figura 5.1 usando

pavimento alveolar.

Figura 5.1 – Modulação de pavimento com escada

No exemplo de modulação acima, os painéis de laje alveolar protendida possuem

módulo de 1,20 m. No entanto, um deles possui, por causa da geometria, precisa ter largura

de 0,6 m, inferior ao valor do módulo, ou seja, este painel deve passar por um processo de

corte longitudinal, processo que deve ser evitado. Nos casos em que é necessário realizar

tal corte, o mesmo deve ser feito no alvéolo e de maneira que a laje apresente cordoalhas

simétricas.

É aconselhável que o trecho do pavimento que compreende a escada seja

executado com trilho pré-moldado, já que, como o vão é relativamente pequeno, não seria

55

possível utilizar laje alveolar, já que ocorreriam problemas na execução de uma peça para

tal vão.

5.3 EXEMPLO TEÓRICO 2

Analisar a solução adotada para o trecho de pavimento dado na figura 5.2 usando

painéis alveolares.

Figura 5.2 – Modulação de pavimento com corte na diagonal

Neste exemplo de pavimento com laje alveolar protendida utiliza-se também

modulação de 1,20 m. Entretanto, por motivos arquitetônicos, foi necessário executar uma

faixa de laje com largura inferior a 1/3 do módulo. Neste caso, o recomendado seria

executar este trecho com concreto moldado in loco.

Observa-se também nesta modulação a necessidade de se utilizar painéis com

cortes na diagonal. Existe grande dificuldade para se fabricar uma peça com tal corte, uma

vez que, nas fábricas, as máquinas de corte são projetadas para trabalhar no sentido

longitudinal ou transversal, sem possibilidade de girá-los em determinada angulação. Dessa

maneira, os fabricantes necessitam adquirir máquinas de corte que realizem tal

procedimento (corte diagonal) ou empregar outros equipamentos, o que proporciona um

produto de qualidade inferior. Além disso, no transporte das peças com cortes na diagonal

ocorrem problemas de torção.

56

5.4 EXEMPLO TEÓRICO 3

Analisar a solução adotada para o trecho de pavimento dado na figura 5.3 usando

painéis alveolares.

Figura 5.3 – Modulação de pavimento com planta retangular usual

Para a modulação deste pavimento utilizou-se, além das peças de laje alveolar

protendida com módulo de 1,20, peças com largura inferior a esta medida (0,80 e 1,00 m). É

importante observar neste exemplo que as peças que foram cortadas longitudinalmente não

estão posicionadas lado a lado, seguindo as recomendações da Norma.

Outro fato a se destacar neste exemplo é que foi necessário fazer cortes nos painéis

para adequar os pilares, e tais cortes foram feitos nas peças que não passaram pelo

processo de corte longitudinal, solução esta que é a mais adequada.

57

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exemplo numérico 1 apresenta o dimensionamento de uma laje alveolar de 20 cm

de altura, com vão livre de 8 m, considerada simplesmente apoiada, com sobrecarga total

de 7 KN/m2.

A partir desses dados, foram necessários 9 cordoalhas de 9,5 mm (totalizando uma

área de aço de 5,00 cm2) para combater a tração nas fibras inferiores. Porém, quando foi

feita a verificação em vazio da peça, obteve-se tração nas fibras superiores no valor de 0,29

MPa, o que fez com que fosse necessário colocar armadura próxima as fibras superiores.

Apesar de a área de aço necessária ser de apenas 0,13 m², foram colocadas 2 cordoalhas

também de 9,5 mm, já que este é o número mínimo possível, em função da simetria

necessária. No final verificou-se que considerando todas as perdas (de forma mais precisa)

na condição de descompressão da combinação quase permanente foi necessário aumentar

o número de cabos para 10, ou seja, a condição de verificação de fissuração acabou sendo

determinante e não as do ELU, como é visto em Petrucelli (2009). Desta forma verifica-se

como é importante seguir o roteiro proposto por Petrucelli, pois não há como saber

inicialmente qual é a condição determinante na obtenção da armadura longitudinal.

Através deste exemplo, pôde-se perceber que a tensão crítica para verificar se é

necessário o uso de cabo superior se dá próximo aos apoios, onde se completa a

transferência de protensão, isto porque nesse ponto o momento devido ao peso próprio

(Mg1), que contribui para o combate do excesso de tração, é muito pequeno. Conclui-se

assim que, para lajes com bastante protensão, a condição limitante para colocação de

cordoalhas superiores é a verificação, no tempo zero, em seção próxima aos apoios.

Já sobre as perdas de protensão, os cabos inferiores apresentaram perdas inicias no

valor de 6,0% e os cabos superiores, de 4,9%. Partindo-se destes valores, chegou-se a

perdas finais de 22,0% para os cabos inferiores e 19,1% para os superiores, o que mostra

que houve uma diferença entre o valor adotado no pré-dimensionamento (25%) e os valores

obtidos. Não ocorreu neste exemplo diferença entre a área de cabos necessária e a

determinada no dimensionamento, de maneira que foi mantida a quantidade inicial.

Para o dimensionamento das lajes alveolares protendidas pode-se utilizar dois

procedimentos de cálculo que são: o que se considera as parcelas de perdas isoladamente

e o processo em que se aplica a simultaneidade dos efeitos, conhecido como perdas

58

progressivas. Este último apresenta resultados menores de perdas e como não é muito

mais trabalhoso usá-lo recomenda-se a aplicação deste processo.

No exemplo feito, obteve-se uma contra-flecha inicial de 8,36 mm e, posteriormente

ao acréscimo dos carregamentos no tempo t , obteve-se uma flecha de 7,25 mm.

Comparando-se estes resultados com os obtidos no exemplo numérico 1 de Petrucelli

(2009), que apresenta laje com mesmas propriedades e submetida ao mesmo

carregamento, pode-se chegar a algumas conclusões. A contra-flecha inicial é quase 3

vezes maior que a obtida por Petrucelli (2009) porque a laje do exemplo do presente

trabalho possui muito mais protensão que a de Petrucelli (2009). Essa protensão foi

necessária porque o vão coberto era maior que o do exemplo referido contido em Petrucelli

(2009). Já no exemplo desenvolvido aqui, chegou-se a um valor positivo para a flecha da

laje com todos os carregamentos atuantes, diferentemente do que se vê no exemplo

numérico 1 em Petrucelli (2009), onde se obtém um valor negativo para a flecha final

(contra-flecha). Isso porque, no exemplo do atual trabalho, a parcela relativa ao momento

devido a perda de protensão, que contribui para a flecha, é muito grande (4,81 vezes maior),

em comparação com a mesma parcela do exemplo de Petrucelli (2009).

A verificação do cisalhamento é feita para as seções simples e composta. No caso

da seção simples, a verificação tem como objetivo conferir a peça em estoque e durante a

montagem, etapas em que atua sobre a peça apenas o peso próprio. Já a verificação para a

seção composta possui grande importância, pois se considera que a peça recebe todos os

carregamentos previstos no projeto. É importante destacar que na verificação do

cisalhamento deve-se descontar da largura da peça o valor do diâmetro dos alvéolos

multiplicado pelo número de alvéolos da seção, isto porque, na laje alveolar, apenas a

resistência do concreto contribui para o combate ao cisalhamento. Neste caso mostra que

esta verificação é atendida facilmente. Problemas com cisalhamento devem ocorrem para a

atuação de cargas concentradas próximas ao apoio ou vãos pequenos com grandes

intensidade de ações (ver tabelas de pré-dimensionamento de lajes Melo (2004))..

Por fim fica mais claro o comportamento deste tipo de lajes quando se compara os

resultados aqui obtidos com os de Petrucelli (2009) e apresentados na tabela 5.8.

Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se o estudo de situações em que

há continuidade da laje (colocação de armadura negativa na capa) e outras situações de

carregamento, como o caso de cargas verticais de grande intensidade (concentradas ou

não).

59

Tabela 5.8 – Resultados dos exemplos numéricos

Resultados Exemplo Numérico 1

Petrucelli (2009) Exemplo Numérico

Vão (m) 6 8

Sobrecarga total (kN/m²) 7 7

h (cm) 20 20

Verificação em

vazio

Inferior Atendida Atendida

Superior Atendida Não atendida

Acréscimo de cordoalhas

superiores - 2 φ 9,5 mm

Perdas isoladas

Inferior 15% 22,0%

Superior - 19,1%

Perdas

progressivas

Inferior 13,28 19,34%

Superior - 17,0%

Dimensionamento

Inferior 5 φ 9,5 mm 9 φ 9,5 mm*

Superior - 2 φ 9,5 mm

Verificação no

tempo infinito

Inferior Atendida Não atendida

Superior Atendida Atendida

Acréscimo de cordoalhas

inferiores - 1 φ 9,5 mm

Flecha inicial -3,22 -8,36

Flecha final -1,09 7,25

Cisalhamento Atendida Atendida

*É preciso depois acrescentar uma cordoalha

60

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, Rio de Janeiro, 2006. 42p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14861: Laje Pré-Fabricada – Painel Alveolar de Concreto Protendido – Requisitos, Rio de Janeiro, 2002. 5p.

BOIÇA, S. M. R.; SANTOS FILHO, M. L. Análise da Performance de Elementos Pré- Fabricados de Concreto. In. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA-PROJETO-PRODUÇÃO EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO, 1., 2005, São Carlos. Anais... Disponível em <www.set.eesc.usp.br>. Acesso em: 11 abr. 2009.

CARVALHO, R. C. Introdução ao Concreto Protendido. São Carlos: UFSCar / Departamento de Engenharia Civil, 2009. 183 p. Apostila.

EL DEBS, M. K. Concreto Pré-Moldado: Fundamentos e Aplicações. 1ª ed. São Carlos: EESC – USP, 2000. 456 p.

ELLIOT, Kim S. Precast Concrete Structures. Oxford: ELSEVIER, 2002.

FERNANDES, N. S. Cisalhamento em Lajes Alveolares Pré Fabricadas em Concreto Protendido: Ensaio Padrão de Apoio para Controle de Qualidade. Dissertação de Mestrado. São Carlos. EDUFSCAR, 2007.

FERREIRA, M. A. Manual de sistemas pré-fabricados de concreto (tradução). Autor do texto original: Arnold Van Acker, (FIP-2002). Associação Brasileira de Construção Industrializada de Concreto – ABCIC: São Paulo, 2003.

FUSCO, P.B. Estruturas de concreto – Solicitações tangenciais. 1° edição. São Paulo: Pini, 2008.

MELO, C. E. E.; Manual Munte de Projetos em Pré-Fabricados de Concreto. 1. ed. São Paulo:Pini, 2004. 492 p.

MONTEDOR, L. C. Ensaio de cisalhamento em lajes alveolares. Caderno de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 32, p. 41-44, 2006.

PETRUCELLI, N. S. Considerações sobre Projeto e Fabricação de Lajes Protendidas. 2009. 83 p. Qualificação de Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009.

TATU PRÉ-MOLDADOS. Laje Alveolar Protendida. Disponível em: <www.tatu.com.br/Paineis%20Alveolares%20Tatu.pdf>. Acesso em 11 mai. 2009.

61

7. GLOSSÁRIO

M – momentos fletores na seção devidos às ações atuantes

Md – momento máximo resistente

Mp – momento devido à força de protensão na seção tensão no concreto adjacente

ao cabo inferior resultante

Mp‟ – momento devido à força de protensão na seção tensão no concreto adjacente

ao cabo superior resultante

Mg1 – momento fletor devido à ação de peso próprio

Mg2 – momento fletor devido à ação do peso da capa

Mg3 – momento fletor devido à ação da carga de revestimento

Mq – momento fletor devido à ação da carga acidental

M0,4q – momento fletor devido à ação da carga acidental minorada por 4,02

M0,6q – momento fletor devido à ação da carga acidental minorada por 6,02

Mbpt – momento fletor devido à ação de peso próprio dado pela distância bptl

Np – esforço normal de protensão dos cabos inferiores

Np‟ – esforço normal de protensão dos cabos superiores

sdN – força normal solicitante de cálculo

Ap – área dada pela quantidade total de armadura inferior de protensão

Ap‟ – área dada pela quantidade total de armadura superior de protensão

A ou Ac ou As1 – área da seção transversal de concreto

bw – largura da seção

d – altura útil

h – altura da seção

62

x – posição da linha neutra

n – número de cabos da seção

p – carga aplicada

cg – centro de gravidade

fcd – resistência de cálculo do concreto

fck – resistência característica à compressão do concreto

fcj – resistência à compressão do concreto

fptk – resistência à tração do aço de armadura ativa

fpyk – resistência ao escoamento do aço de armadura ativa

bpdf – resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto na

ancoragem da armadura de protensão (pré-tração)

ctdf – resistência à tração do concreto

KMD – coeficiente para determinação da armadura de Carvalho e Figueiredo Filho

(2004)

KX – coeficiente obtido pela tabela 3.1 de Carvalho e Figueiredo Filho (2004)

KZ – coeficiente obtido pela tabela 3.1 de Carvalho e Figueiredo Filho (2004)

g1 – ação de peso próprio

g2 – ação de peso da capa

g3 – ação devido à carga de revestimento

q – ação devido à carga acidental

s – deformação específica do aço da armadura passiva

p – deformação específica da armadura ativa

t – deformação total do aço, dada pela soma de s e p

1 – fator de redução de combinação frequente

2 – fator de redução de combinação quase permanente

U – umidade relativa do ar

T – temperatura média ambiente

63

- perímetro da seção

iσ ou

sσ – tensão na borda inferior e superior, respectivamente

pdσ – tensão da armadura ativa de cálculo

ancσ – perda de protensão devida à ancoragem da armadura

ip,σ – perda de protensão devida à perda imediata do concreto

20hptσ

– perda de protensão no instante t=20h

iσ – tensão inicial no tempo considerado

pi – tensão do aço no instante inicial de cálculo.

20hptσ

– tensão final no instante t=20h

caboccg,σ – tensão no centro de gravidade dos cabos

gpc 0, – valor final de tensão para determinação da parcela relativa à fluência do

concreto (depois de calculada a perda)

scg,σ – tensão no centro de gravidade dos cabos para determinação da perda por

fluência

cp,σ – perda de protensão devida à fluência do concreto

sp,σ – perda de protensão devida à retração do concreto

rp,σ – perda de protensão devida à relaxação da armadura

rscp,σ

– soma das perdas de protensão devidas à fluência e retração do concreto

e ancoragem da armadura

ptσ – perda de protensão no instante t

ptσ – tensão de protensão no instante t

t0)p(t,σ – perda de protensão considerando-as como perdas progressivas

64

pσ – tensão na armadura de protensão no tempo infinito devido o pré-alongamento e

a deformação da seção para que seja obtido o equilíbrio na flexão

cp – tensão na seção de concreto

s1 – coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da consistência do

concreto

s2 – coeficiente dependente da espessura fictícia

hfic– espessura fictícia

– coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente

– deformação decorrente do aço conforme a pista de protensão e sistema de

ancoragem

– acomodação ou recuo característico da ancoragem (valor que pode ser medido

nas fábricas)

L – comprimento da pista de protensão

pE – módulo de elasticidade do aço de armadura ativa

cE – módulo de elasticidade do concreto

),( 0tt – coeficiente adimensional

1000 – coeficiente obtido pela tabela 8.3 da NBR6118:2003, fazendo-se a relação

entre a tensão no instante t0 e a tensão última de protensão no aço

ou p - relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto

es – excentricidade do cabo inferior na seção simples

ec – excentricidade do cabo inferior na seção composta

ec‟ – excentricidade do cabo superior na seção composta

),( 0tt – coeficiente de fluência

),( 0ttcs – coeficiente de retração

)(ts e )( 0ts – coeficiente relativo à retração no instante t ou t0

),( 0tt – coeficiente de fluência do aço

65

p - taxa geométrica da armadura de protensão

cI ou I – inércia da seção de concreto

Wi ou Ws – módulo de resistência da seção inicial em relação ao bordo inferior ou

superior, respectivamente

bpdl – distância de regularização das tensões

bptl – comprimento de transferência da protensão

– diâmetro das barras de armadura

pa – flecha devida ao efeito da protensão

pa – flecha devida ao efeito da perda de protensão

va – flecha devida à intensidade „v‟ considerada

1ga – flecha devida ao efeito do peso próprio

2ga – flecha devida ao efeito da carga da capa

3ga – flecha devida ao efeito da carga de revestimento

4,0 qa – flecha devida ao efeito da carga acidental minorada por 4,02

0ta – flecha no instante t=0

totala – flecha total no instante t

p – tensão devida à perda de protensão

dVr – valor de cálculo da força cortante resistente ao cisalhamento

,s mdV – força cortante de cálculo

v – intensidade considerada

l - vão do elemento considerado

rd – tensões de cisalhamento resistentes de cálculo

t – coeficiente adimensional

66

16,1 dk – coeficiente adimensional (situação em que mais de 50% da

armadura inferior chega aos apoios, caso contrário 1k )

67

8. ANEXO

ANEXO A

Tabelas

68

Tabela A.1: Valores para cálculo de armadura longitudinal de seções retangulares (tabela 3.1 de Carvalho e Figueiredo Filho (2004)).

KMD KX KZ c s KMD KX KZ c s 0,0100 0,0148 0,9941 0,1502 10,000 0,2050 0,3506 0,8597 3,5000 6,4814 0,0200 0,0298 0,9881 0,3068 10,000 0,2100 0,3609 0,8556 3,5000 6,1971 0,0300 0,0449 0,9820 0,4704 10,000 0,2150 0,3714 0,8515 3,5000 5,9255 0,0400 0,0603 0,9759 0,6414 10,000 0,2200 0,3819 0,8473 3,5000 5,6658 0,0500 0,0758 0,9697 0,8205 10,000 0,2250 0,3925 0,8430 3,5000 5,4170

0,0550 0,0836 0,9665 0,9133 10,000 0,2300 0,4033 0,8387 3,5000 5,1785 0,0600 0,0916 0,9634 1,0083 10,000 0,2350 0,4143 0,8343 3,5000 4,9496 0,0650 0,0995 0,9602 1,1056 10,000 0,2400 0,4253 0,8299 3,5000 4,7297 0,0700 0,1076 0,9570 1,2054 10,000 0,2450 0,4365 0,8254 3,5000 4,5181 0,0750 0,1156 0,9537 1,3077 10,000 0,2500 0,4479 0,8208 3,5000 4,3144

0,0800 0,1238 0,9505 1,4126 10,000 0,2550 0,4594 0,8162 3,5000 4,1181 0,0850 0,1320 0,9472 1,5203 10,000 0,2600 0,4711 0,8115 3,5000 3,9287 0,0900 0,1403 0,9439 1,6308 10,000 0,2650 0,4830 0,8068 3,5000 3,7459 0,0950 0,1485 0,9406 1,7444 10,000 0,2700 0,4951 0,8020 3,5000 3,5691 0,1000 0,1569 0,9372 1,8611 10,000 0,2750 0,5074 0,7970 3,5000 3,3981

0,1050 0,1654 0,9339 1,9810 10,000 0,2800 0,5199 0,7921 3,5000 3,2324 0,1100 0,1739 0,9305 2,1044 10,000 0,2850 0,5326 0,7870 3,5000 3,0719 0,1150 0,1824 0,9270 2,2314 10,000 0,2900 0,5455 0,7818 3,5000 2,9162 0,1200 0,1911 0,9236 2,3621 10,000 0,2950 0,5586 0,7765 3,5000 2,7649 0,1250 0,1998 0,9201 2,4967 10,000 0,3000 0,5721 0,7712 3,5000 2,6179

0,1300 0,2086 0,9166 2,6355 10,000 0,3050 0,5858 0,7657 3,5000 2,4748 0,1350 0,2175 0,9130 2,7786 10,000 0,3100 0,5998 0,7601 3,5000 2,3355 0,1400 0,2264 0,9094 2,9263 10,000 0,3150 0,6141 0,7544 3,5000 2,1997 0,1450 0,2354 0,9058 3,0787 10,000 0,3200 0,6287 0,7485 3,5000 2,0672 0,1500 0,2445 0,9022 3,2363 10,000 0,3300 0,6590 0,7364 3,5000 1,8100

0,1550 0,2536 0,8985 3,3391 10,000 0,3400 0,6910 0,7236 3,5000 1,5652 0,1600 0,2630 0,8948 3,5000 9,8104 0,3500 0,7249 0,7100 3,5000 1,3283 0,1650 0,2723 0,8911 3,5000 9,3531 0,3600 0,7612 0,6955 3,5000 1,0983 0,1700 0,2818 0,8873 3,5000 8,9222 0,3700 0,8003 0,6799 3,5000 0,8732 0,1750 0,2913 0,8835 3,5000 8,5154 0,3800 0,8433 0,6627 3,5000 0,6506

0,1800 0,3009 0,8796 3,5000 8,3106 0,1850 0,3106 0,8757 3,5000 7,7662 0,1900 0,3205 0,8718 3,5000 7,4204 0,1950 0,3305 0,8678 3,5000 7,0919 0,2000 0,3405 0,8638 3,5000 6,7793

Tabela A.2: Tensão no aço σsd (MPa) – adaptado de Vasconcelos (1980).

(‰) 5,250 6,794 7,438 8,167 9,000 9,962 10,00 12,50 15,00 17,50

CP175 1025 1264 1316 1344 1365 1368 1368 1378 1388 1397

CP190 1025 1314 1411 1459 1482 1486 1486 1496 1507 1517

(‰) 20,00 22,50 25,00 27,50 30,00 32,50 35,00 37,50 40,00

CP175 1407 1416 1426 1436 1445 1455 1464 1474 1484

CP190 1527 1538 1548 1559 1569 1579 1590 1600 1611

69