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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA FERNANDA SANTOS ROCHA O TRABALHO DA FISIOTERAPIA JUNTO AOS TRABALHADORES COM LOMBALGIA CRÔNICA: desafios nos processos educativos Santos 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS … · A equipe de Fisioterapia realiza uma avaliação, contendo dados pessoais e laborais, relacionados às incapacidades funcionais, com

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

CAMPUS BAIXADA SANTISTA

FERNANDA SANTOS ROCHA

O TRABALHO DA FISIOTERAPIA JUNTO AOS TRABALHADORES

COM LOMBALGIA CRÔNICA: desafios nos processos educativos

Santos

2015

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FERNANDA SANTOS ROCHA

O TRABALHO DA FISIOTERAPIA JUNTO AOS TRABALHADORES

COM LOMBALGIA CRÔNICA: desafios nos processos educativos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Ensino em Ciências da Saúde nível

Mestrado Profissional, da Universidade

Federal de São Paulo, UNIFESP, campus

Baixada Santista, para obtenção do título de

mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo

Baracho de Alencar

Santos

2015

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Nome: ROCHA, Fernanda Santos

Título: O trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica: desafio nos processos educativos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Ensino em Ciências da Saúde nível

Mestrado Profissional, da Universidade

Federal de São Paulo, UNIFESP, campus

Baixada Santista, para obtenção do título de

mestre.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof.ª Drª Andrea Perosa Saigh Jurdi - Universidade Federal do Estado de São Paulo -

Professora do Departamento - Saúde, Educação e Sociedade

Julgamento: ___________________________ Assinatura: ____________________________

Prof.ª DrªThais Santos Contenças – Universidade Paulista – Professora do Curso de

Fisioterapia

Julgamento: ___________________________ Assinatura: ____________________________

Prof.ª Drª Tatiana de Oliveira Sato - Universidade Federal de São Carlos- Professora do curso

de Fisioterapia

Julgamento: ___________________________ Assinatura: ____________________________

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Aos meus pais com amor, admiração e

gratidão eterna.

In memoriam de Izabela Freitas

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Agradecimentos

À Deus pela oportunidade de vencer todas as barreiras impostas durante o

processo de desenvolvimento da pesquisa.

À minha orientadora Prof.ª Dra. Maria do Carmo, pela paciência,

compreensão e ensinamentos.

À equipe da SERFIS e do SEVREST pela disponibilidade e colaboração.

Aos colegas do Projeto Lombalgia

Aos colegas e professores da 2ª Turma do Mestrado Profissional da

UNIFESP.

À Maria Ramos, Janaina Montrezor, Margareth Bartolotto , Albert Johansen,

Viviane Ceschim e José Luiz Padilha pela disponibilidade em auxiliar com as

formatações e dicas com a dissertação em reta final

À minha amiga e eterna professora Gláucia Magalhães

Aos meus amigos pela compreensão.

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“A menos que modifiquemos à nossa maneira de pensar, não seremos capazes

de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o

mundo”. (Albert Einstein)

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RESUMO

ROCHA, F.S. O trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica: desafio nos processos educativos. 2015. 76f. Dissertação (Mestrado Profissional) –

Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista, Santos, 2015.

Objetivo: Investigar sobre o processo de ensino-aprendizagem relacionado às orientações

posturais realizadas por uma equipe de Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica e em situação de afastamento do trabalho, e sobre a Educação Permanente em saúde

neste processo em um serviço de saúde do trabalhador da Baixada Santista. Métodos: Estudo

exploratório, descritivo e qualitativo. Foi realizado em três etapas. Etapa 1) convite aos

fisioterapeutas e utilização de roteiro pré-elaborado para a realização de entrevistas

individuais que foram gravadas e transcritas na íntegra para análise de conteúdo. Etapa 2)

foram selecionados através dos prontuários da Fisioterapia, os pacientes trabalhadores

atendidos no período de 1º de janeiro a 20º de julho de 2014, e obtidos dados da ficha de

avaliação fisioterapêutica como: pessoais, telefone, profissão, se vivenciou e/ou permanecia

em situação de afastamento do trabalho, entre outros. Os sujeitos selecionados através dos

prontuários foram convidados a participar de um encontro em Grupo de Discussão com os

fisioterapeutas. Para o debate utilizou-se um roteiro pré-elaborado, que foi gravado e

transcrito na íntegra para análise de conteúdo. Etapa 3) foi realizado um encontro em Grupo

de discussão com a equipe de Fisioterapia, com a utilização de roteiro pré-elaborado e análise

de conteúdo. Resultados: Junto aos fisioterapeutas, ocorreram com frequência, demandas

intensas de trabalho, que dificultavam uma maior atenção junto aos pacientes, estigmas junto

à situação de afastamento do trabalho e o “suposto” não interesse pelo aprendizado,

desconhecimento sobre Educação Permanente em Saúde, que influenciaram nos processos de

ensino-aprendizagem. No Grupo de Discussão, evidenciaram-se entre os trabalhadores as

dificuldades de cuidados posturais fora do ambiente terapêutico, medo do retorno ao trabalho,

do agravamento dos sintomas dolorosos crônicos após as sessões de fisioterapia, entre outros.

Conclusões: O presente estudo evidenciou dificuldades no processo de ensino-aprendizagem

durante as orientações posturais realizadas pelos fisioterapeutas, bem como a ausência de

informação sobre Educação Permanente em Saúde e sua aplicabilidade no cotidiano de suas

práticas. É necessário compreender melhor os diversos processos envolvidos, rever e melhorar

os modos e meios de promover processos educativos.

Palavras-Chave: lombalgia; fisioterapia; saúde do trabalhador; educação; dor crônica.

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ABSTRACT

ROCHA, F.S. The work of physiotherapy at workers with chronic low back pain: The

challenge of educational processes. 2015. 76 f. Dissertation (Professional Masters Degree) –

Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista, Santos, 2015.

Target: Investigation of the teaching-learning processes related to postural orientations

conducted by the physiotherapy team next to workers with chronic low back pain and

retirement from work situation in Santos region, and the knowledge of team on Permanent

Health Education in a worker´s service unit. Methods: An exploratory study, descriptive and

qualitative in three steps: Step 1) Invitation of physiotherapists to conduct individual

interviews with a script that has been recorded and totally transcribed for content analysis.

Step 2) Selected workers patients, both genders, various professions, through physiotherapy

records in the period January 1st. to July 20th. 2014, such as: personally, telephone,

profession, if experienced retirement of work situation, among others. The subjects selected

through records were invited to attend a meeting in Discussion Group, also the

physiotherapists. Step 3) Meeting held as discussion group with the physiotherapists team

with a previously elaborated script and content analysis. Results: At the physiotherapists,

frequent occurrence of high demands of work, which increased the difficulties in giving

patients more attention. Also the stigma at the work retirement situation and the supposed

interest to learn, lack of knowledge about Permanent Health Education and others, influencing

in teaching-learning processes. The Discussion Group evidenced the difficulties under the

workers to apply the postural orientations outside the therapeutic ambient, fear of the return to

work, aggravation of pain and chronic symptoms after the physiotherapy sessions, among

others. Final findings: The present study evidenced difficulties at the teaching-learning

process during postural orientations performed by physiotherapists, as well as the lack of

information on Permanent Health Education and its applicability in their daily practices. It´s

necessary to understand the various processes involved, review and get better ways and

methods to promote educational processes.

Keywords: low back pain; physical therapy; occupational health; education; chronic pain

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Lista de tabelas

Tabela 1 Dados pessoais e de trabalho gerais dos fisioterapeutas (Etapa 1) 37

Tabela 2 Dados demográficos, de profissão e sessões dos pacientes (Etapa 2) 43

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Lista de siglas

CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

CNS Conselho Nacional de Saúde

EC Educação Continuada

EP Educação Permanente

EPS Educação Permanente em Saúde

ES Educação em Saúde

INSS Instituto Nacional de Segurança Social

NTEP Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário

SERFIS Seção de Recuperação e Fisioterapia de Santos

SEVREST Seção de Vigilância e Referência em Saúde do Trabalhador

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidades Básicas de Saúde

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

WCPT World Confederation for Physical Therapy

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Sumário

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 01

2. REFERENCIAL TEÓRICO 03

2.1. Trabalho e repercussão na saúde 03

2.2. Lombalgia e trabalho 06

2.2.1. Lombalgia crônica 09

2.3. Afastamento do trabalho 10

2.3.1. Afastamento do trabalho por lombalgia crônica 13

2.3.2. Retorno ao trabalho 14

2.4. Fisioterapia na lombalgia crônica: aspectos gerais 16

2.4.1. Orientações posturais na prevenção das lombalgias 18

2.4.2. A fisioterapia e os processos educativos 23

2.5. Educação em saúde 26

2.6. Educação Permanente em saúde 28

3. OBJETIVOS 33

3.1. Objetivos 33

3.1.1. Objetivo geral 33

3.1.2. Objetivos específicos 33

4. MATERIAIS E MÉTODOS 34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 37

5.1. Resultados referentes à primeira etapa (Etapa 1) 37

5.2. Resultados referentes à segunda etapa (Etapa 2) 43

5.3. Resultados referentes à terceira etapa (Etapa 3) 49

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 53

7. REFERÊNCIAS 55

8. APÊNDICES 66

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e Seção de Vigilância em Saúde do

Trabalhador do município de Santos (CEREST/SEVREST) são unidades de saúde criadas em

1990, alocadas no mesmo endereço, sendo consideradas como uma unidade, com o objetivo

de identificar, tratar e prevenir agravos e doenças relacionadas ao trabalho. O

CEREST/SEVREST é vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à Coordenadoria de

Vigilância em Saúde da Prefeitura Municipal de Santos, e foi habilitado em 2003 pelo

Ministério da Saúde, como referência regional à saúde do trabalhador junto aos municípios de

Santos, São Vicente e Guarujá.

Desde 2012, é desenvolvido na unidade CEREST do município de Santos, um projeto

intitulado “Projeto Lombalgia”, integrado na época por quatro (n=4) fisioterapeutas, um (n=1)

terapeuta ocupacional, cinco (n=5) médicos de diferentes especialidades, sendo elas:

ortopedia, reumatologia e medicina do trabalho, e um (n=1) assistente social. Após a procura

pelo pronto atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região, os usuários com

hipótese diagnóstica de “Dorsopatias” (pela Classificação Internacional de Doenças- CID-10)

eram, e ainda são destinados ao Projeto Lombalgia através de agendamento no local.

O Projeto Lombalgia tem como objetivo geral caracterizar e quantificar os quadros

de dorsopatias relacionadas ao trabalho nos municípios de Santos, São Vicente e Praia

Grande, proporcionando diagnóstico e tratamento interdisciplinar e com equipe

multiprofissional visando reduzir os afastamentos do trabalho e proporcionar melhorias na

qualidade de vida dos trabalhadores.

Os usuários com quadro clínico de dorsopatias e relacionadas ao trabalho eram e são

encaminhados à unidade CEREST/SEVREST do município de Santos através das UBS, após

avaliação médica inicial. Eram encaminhados aos serviços da equipe interdisciplinar e

avaliados pelos setores de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e acompanhados por toda a

equipe da unidade até o término do processo de reabilitação.

A equipe de Fisioterapia realiza uma avaliação, contendo dados pessoais e laborais,

relacionados às incapacidades funcionais, com alguns testes ortopédicos, avaliação do nível

de dor percebida através de escala visual analógica da dor no ato da avaliação, entre outros.

Os usuários encaminhados para a Fisioterapia após as avaliações iniciais eram e são

destinados a terapias individuais com utilização da eletroterapia e mobilizações passivas

conforme os casos e quadros clínicos, e/ou encaminhados para grupos de cinesioterapia e de

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orientações posturais, e os tratamentos da Fisioterapia eram e são realizados na Secção de

Recuperação e Fisioterapia de Santos /SERFIS ZOI, na Avenida Conselheiro Nébias, nº 267,

na cidade de Santos. Devido ao pouco espaço físico e alta demanda de atendimentos

realizados pelo SEVREST/CEREST, os procedimentos fisioterapêuticos são executados na

SERFIS, onde é possível utilizar todos os recursos fisioterapêuticos necessários.

As condutas cinesioterápicas e de orientações posturais eram e são realizadas de forma

individualizada de acordo com cada profissional, ausentando-se em geral de espaços coletivos

de ensino- aprendizagem entre os profissionais e os pacientes atendidos, o que justifica a

proposta deste projeto. Vinha em mente a questão do por que acerca de dificuldades nos

cuidados posturais no cotidiano de vida e de trabalho, e as dificuldades em algumas relações

interpessoais entre profissionais e pacientes. Os sujeitos com dores crônicas lombares

apresentavam dificuldades de vida prática cotidiana, e sem os devidos cuidados posturais,

dificultando muitas vezes os processos de reabilitação, entre outros dificultadores para o

processo de reabilitação.

A Educação Permanente em Saúde surge como importante aliada no trabalho dos

profissionais da área da saúde, favorecendo a troca de experiências e vivências entre o

usuário e o profissional e entre os profissionais, promovendo melhorias na qualidade dos

serviços prestados e nas relações no trabalho.

Como fisioterapeuta integrante da equipe do Projeto Lombalgia, e a partir da

experiência adquirida durante o processo de reabilitação do público em questão, indagou-me a

importância da Educação Permanente em saúde no trabalho da Fisioterapia e da Educação em

saúde junto aos pacientes atendidos.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Trabalho e repercussões na saúde

Para Dejours (2004), trabalho é o engajamento do corpo associado à mobilização da

inteligência, da capacidade de reflexão, da interpretação e reações perante as situações e do

poder sentir, pensar e inventar. Para o mesmo autor, a realidade do trabalho se revela ao

sujeito de maneira afetiva e subjetiva através das novas formas de organização do trabalho

que ressaltam a necessidade de mudanças que muitas vezes geram relações de sofrimento e

adoecimentos.

Segundo Saviani (2007), trabalho é o ato de agir sobre a natureza transformando-a em

função das necessidades humanas. Para esse autor, a essência humana não é então dada ao

homem, não é uma dádiva divina ou natural, não é algo que precede a existência do homem,

ao contrário, a essência humana é produzida pelos próprios homens, pois o que o homem é, é

pelo trabalho.

A denominação de trabalho segundo Brito (2005) está vinculada ao conceito

engendrado pela economia política na medida em que o trabalho é caracterizado como um ato

que se passa entre o homem e a natureza, que diz respeito ao fato de que as trocas entre

homem e natureza ocorrem sob condições sociais determinadas. O trabalho ocupa não apenas

o espaço da empresa, mas também toda a vida do trabalhador, que diante da preocupação do

risco de desemprego, faz com que as relações sejam mais zelosas, buscando adaptar-se as

necessidades das organizações impostas (NEVES, 2006).

O mundo do trabalho é caracterizado por agudas transformações no contemporâneo, o

trabalho permanece marco de sociabilidade, construindo-se como possibilidade identitária e

de construção de laços sociais, e além de garantir a sobrevivência, não há como negar que,

ainda hoje, se reconhecem e se situam na sociedade a partir do trabalho, e ele toma grande

parte do tempo e do espaço da vida de cada um (HENNINGTON, 2001).

O surgimento de novas tecnologias e mudanças nos métodos gerenciais do

empregador das últimas décadas modificou o perfil do adoecimento de enfermidade e

padecimento dos trabalhadores, gerando fadiga física e mental levando a enfermidades

relacionadas ao trabalho (CAETANO; CRUZ; LEITE, 2010). Ainda, segundo os mesmos

autores, é necessária à compreensão do significado global desse processo de saúde-

adoecimento, considerando as condições sociais e culturais do trabalhador, uma vez que a

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presença da doença desencadeia a interferência dos padrões de visibilidade complexa e

contínua da sociedade no individual e coletivo.

As novas formas de organização do trabalho, diante do novo modelo econômico,

associados à reestruturação produtiva que resulta na retração do mercado de trabalho e avanço

na deterioração das condições laborais, têm trazido importantes variações e tendências

relacionadas às doenças laborais no país, e que têm crescido abruptamente desde a década de

90 (SALIM, 2003). Predominam sobre os princípios que sacrificam a subjetividade em nome

da rentabilidade e da competitividade, resultando no distanciamento do conjunto de vida e

agravando as patologias laborais (SCHERER; PIRES; SCHARTZ, 2009).

As repercussões do processo de trabalho sobre a saúde do trabalhador são derivadas

das condições de trabalho e das suas organizações, que por sua vez influenciam o bem-estar

do trabalhador nas percepções de suas tarefas, das relações sociais de trabalho, da hierarquia,

do controle e do sentido do trabalho e das condições físicas ergonômicas do ambiente

(GONÇALVES; BUAES, 2011). Quando a organização do trabalho e a as condições de

trabalho não se equilibram juntamente a expectativa do trabalhador, depare-se com o

adoecimento incapacitante e possíveis afastamentos do trabalho (GONÇALVES; BUAES,

2011).

Uma marca do nosso atual capitalismo é “mais com menos”, e para tal atitude, são

implantadas formas exaustivas de gestão e organização do trabalho, acrescidas pela

terceirização dos serviços e das tecnologias de alta velocidade que intensificam a densidade

de trabalho e resultam no aumento das metas de produção, pressão da clientela, aumento do

ritmo de trabalho, das funções e tarefas exercidas pelo trabalhador (COSTA et al., 2013).

Recentemente a Organização Internacional do Trabalho, abordou a importância

intrínseca do real significado do trabalho na vida das pessoas, e ressaltou que além de sua

importância econômica, fornece significados de valores, capacidades individuais,autoestima e

participacão direta na vida da comunidade (COSTA-BLACK et al.,2010). As más condições

de trabalho, associadas à sobrecarga laboral, desqualificação profissional e baixos salários

resultam em enfraquecimento físico e mental do trabalhador que busca assim, aumentar sua

jornada de trabalho e consequentemente seu desgaste físico em outras oportunidades de

trabalho (DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003).

Os trabalhadores sofrem constante pressão através de exigências de qualificação e de

atualização para melhor desempenhar suas funções e garantir maior produtividade à empresa

(GONÇALVES; BUASES, 2010). Diante disso, Neves (2006) ressalta que as competições

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provocadas pelas empresas através das metas de produção aumentam a carga de ansiedade,

incidindo no desgaste físico dos trabalhadores.

As novas organizações do trabalho modificam a maneira em que o trabalhador

enfrenta o surgimento dos novos riscos, o que resulta em efeitos ainda pouco conhecidos e

dimensionados sobre a sua saúde (ASSUNÇÃO, 2003). O risco do desemprego gera no

trabalhador a capacidade de se adaptar às novas organizações do trabalho, subestimando

possíveis desgastes físicos por medo de se descobrir doente e assim interferir negativamente

na sua carreira (NEVES, 2006). As exaustivas e intensas jornadas de trabalho contribuem para

o surgimento de transtornos que levam o trabalhador ao desinteresse de suas tarefas e

constantes episódios de absenteísmos com atestados médicos para ausentar-se de descontos

salariais e justificar assim sua falta (DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003).

De acordo com Dejours (1992), a relação entre o homem e trabalho pode desencadear

o sofrimento ao trabalhador, que em geral ocorre quando o trabalhador usou o máximo de

suas faculdades intelectuais, psicoafetivas, de aprendizagem e de adaptação. O prazer no

trabalho ocorre quando é permitido ao trabalhador desenvolver suas potencialidades, o que

confere liberdade de criação e de expressão e favorece os laços cognitivos-técnicos (SANTOS

et al., 2013).

As consequências do trabalho para a saúde são resultantes da interação entre o corpo e

os agentes físicos externos que existem no meio do trabalho e que mantêm uma relação de

exterioridade aos trabalhadores, dessa forma cabe então desvendar a dinâmica do processo de

trabalho sob o capitalismo e suas implicações que afetam as potencialidades criativas do

trabalhador (LACAZ, 2007). O trabalho é uma importante esfera da vida, sendo elemento

chave para a constituição da identidade dos indivíduos (BASTOS; PINHO; COSTA, 1995).

Para o trabalhador, o significado do trabalho não é apenas a origem do seu sustento, é também

um meio de se relacionar com os outros, de sentir-se parte integrante de um grupo maior,

estruturante de uma existência que o faz produtivo (GONÇALVES; BUASES, 2010).

“Se o homem reconhecer o trabalho somente como algo obrigatório e

necessário à sobrevivência e aquisições, ele deixa de perceber esse

mesmo trabalho como a categoria integradora, pela qual pode criar e

reconhecer-se enquanto indivíduo e ser social [...] deixando de buscar

sua identidade nas atividades que executa [...] deixa então de atribuir

significados e sentidos positivos ao seu fazer” (TOLFO; PICCININI,

2007, pág. 42).

O trabalho é considerado a atividade mais importante na vida das pessoas, assumindo

uma posição significante no cotidiano, de forma a se reconhecer como ser humano de

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“importância” ao seu trabalho nas tarefas que lhe cabe cumprir (BAPTISTA 2006). Para

Assunção (2003), a relação entre saúde e trabalho não se contextualiza apenas no

adoecimento, mas também como peça importante no amadurecimento biopsicossocial do

trabalhador, onde o mesmo ao conseguir os resultados desejados pela hierarquia e demandas

inusitadas, reafirmam suas habilidades e expressam suas emoções.

2.2. Lombalgia e trabalho

A lombalgia é a doença ocupacional mais antiga e mais comumente relatada na

história, sendo descrita por Bernandino Ramanzini como sintomatologia diretamente ligada “a

movimentos violentos e irregulares que podem estar associados a posturas incorretas do

corpo” (DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003). De acordo com Ferreira e Navega (2010), a

OMS estima que 80% dos indivíduos já vivenciaram o quadro de lombalgia ou irão vivenciar,

e que 40% dos casos agudos tornam-se crônicos com elevado crescimento entre as décadas de

70 e 90.

A lombalgia afeta predominantemente o indivíduo em sua fase produtiva, ocasionando

substanciais custos econômicos para a sociedade como os relacionados aos absenteísmos

laborais, encargos médicos e legais, pagamento de benefícios pelo INSS e indenizações

(BRIGANÓ, MACEDO, 2005). Ainda com etiologia não claramente definida, e para os

mesmos autores, podem ser destacadas como fatores predisponentes, as ações de empurrar e

puxar, quedas, posturas estáticas por longos períodos e agachamentos e torções que

repetitivamente ultrapassam o limite do trabalhador.

É descrita também como um conjunto de manifestações dolorosas de origem

multifatorial que acontecem na região lombar, classificada como primária ou secundária, com

ou sem comprometimentos neurológicos, mecânica, não mecânica e ou psicogênica

(JUNIOR; SIENA, 2010). Segundo os mesmos autores, a Classificação Internacional de

Comprometimentos, Incapacidades e Deficiências da Organização Mundial de Saúde, a

lombalgia é um comprometimento que revela a perda ou anormalidade da estrutura da coluna

lombar e de etiologia psicológica, fisiológica ou anatômica que limita ou impede o

desempenho pleno de atividades físicas, e que ainda pode evidenciar uma instabilidade na

região do tronco associada à diminuição na amplitude dos movimentos, resultantes do uso

excessivo da estrutura musculoesquelética, desequilíbrios musculares ou fraqueza muscular.

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A lombalgia pode ser caracterizada por um desequilíbrio mecânico das estruturas da

coluna vertebral, e a falta ou excesso de movimentação pode acarretar danos à saúde do

indivíduo, com consequente quadro de dor, incapacidade de se movimentar e trabalhar

(TOSCANO; EGYPTO, 2001).

A lombalgia mecânica ou inespecífica é descrita por Brasil et al. (2004), como uma

forma anatomoclínica de maior frequência dentre as causas de natureza mecânico-

degenerativa; na maioria dos casos limita-se ao quadro álgico localizado em região lombar e

nádegas, raramente irradiada para as coxas, com sintomatologia inicial pela manhã com

duração em média de três a quatro dias.

Clinicamente é possível classificar a lombalgia como inespecífica, radicular ou

específica, e dessa forma compreende-se que a lombalgia inespecífica pode estar associada a

fatores que geram dor entre a última costela e a prega glútea com irradiação para as nádegas e

face posterior do joelho de forma difusa (ALBUQUERQUE, 2008). A lombociatalgia ou dor

lombar ciática possui característica de dor lombar intermitente com aspecto em queimação,

choques e parestesias com irradiação em dermátomos específicos distais homolateralmente

(ALBUQUERQUE, 2008).

A dor ciática tem origem multifatorial, oriunda de estímulos mecânicos em

terminações nervosas, compressão direta da raiz nervosa e diferentes fenômenos

inflamatórios induzidos pela extrusão discal que podem gerar inúmeras incapacidades ao

paciente (VIALLE et al., 2010). Atribui-se a radiculopatia ciática a pressão mecânica da

hérnia de disco sobre a raiz nervosa, contudo apenas 20% dos pacientes com protusão discal

possuem história de trauma direto (CAILLIET, 1999).

Devido à subregistros sobre os agravos à saúde do trabalhador, decorrente da falta de

conhecimento dos nexos causais, doenças como as da coluna, frequentemente tem sido

encontrada na população trabalhadora, caracterizando as lombalgias ocupacionais

(FERNANDES; CARVALHO, 2001).

A lombalgia ocupacional segundo Junior, Goldenfum e Siena (2010), é a maior causa

dentre os transtornos de saúde relacionados ao trabalho, de prevalência para adultos jovens

com menos de 45 anos de idade e é a responsável por ¼ dos casos de invalidez prematura.

Para Lessa e Lopes (2011), o grande número de doenças ocupacionais que acometem os

trabalhadores contemporâneos, desperta interesse não apenas de pesquisadores, bem como

das esferas governamentais, levando em consideração que o processo da dor interfere no

rendimento profissional, redução da eficácia, do humor, da produtividade do trabalho, e de

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determinadas tarefas diárias e assim colocando em evidência as despesas médico-

hospitalares, absenteísmos e aposentadorias precoces.

É uma desordem frequentemente encontrada nos trabalhadores braçais, gerando

incapacidades temporárias ou permanentes no trabalho e, consequentemente, gerando custos

expressivos em tratamentos de reabilitação, bem como prejuízos econômicos e sociais

(DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003). Almeida (2008) acrescenta a importância do

conhecimento sócio demográfico e dos fatores de risco associados à lombalgia, para que

ações terapêuticas e preventivas sejam realizadas através de políticas públicas.

Podemos citar como as principais ocupações de maior prevalência de lombalgias

ocupacionais a classe das empregadas domésticas, carpinteiros, mecânicos de automóveis,

zelador, cabelereiro, trabalhadores da construção civil e enfermeiros, o que não assegura que

as demais profissões também não estejam contempladas nos altos índices de

acometimento(DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003). A precarização do trabalho tem sido

determinante para o surgimento de queixas musculoesqueléticas e dentro deste contexto as

demandas físicas, psicossociais e dificuldade no planejamento das tarefas tornam-se as

principais aliadas para o adoecimento desses trabalhadores (FERNANDES, 2011).

Como fatores de riscos individuais de exposição do trabalhador, a lombalgia

ocupacional apresenta prevalência para o sexo masculino com relação direta para os baixos

níveis socioeconômicos que estão correlacionados com a sobrecarga das tarefas braçais

executadas pelos homens e que só possuem seu diagnóstico estrutural e sindrômico através da

investigação ergonômica e nexo causal. (DIAS; GODOY; ALMEIDA, 2003). Em estudo

realizado com trabalhadores portuários, constatou-se que as atividades laborais realizadas,

exigem o manuseio de cargas pesadas com excessivo esforço físico de vários grupos

musculares, bem como uso de veículos que transmitem carga vibracional durante todo o turno

de trabalho (ALMEIDA et al., 2012).

Os fatores de riscos mais frequentes encontrados nas lombalgias ocupacionais,

segundo Junior, Goldenfum e Siena (2010) estão ligados à idade, sexo, índice de massa

corpórea, desequilíbrio muscular, capacidade de força muscular, condições socioeconômicas,

movimentos e posturas incorretas, inadequações do ambiente de trabalho, condições de

funcionamento dos equipamentos, e das formas de organização e execução dos serviços.

Fatores psicossociais, sedentarismo e insatisfação com o trabalho são apontados como

contributivos para a cronificação da dor lombar (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010).

Segundo Filho e Silva (2011), a dor lombar associada às demandas físicas no trabalho, e

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fatores psicossociais como: apoio social, controle das condições de trabalho e cobrança

excessiva para aumento da produtividade, podem exacerbar os sinais clínicos.

As doenças músculo esqueléticas em particular as lombalgias, causam grande

impacto na população trabalhadora através das constantes limitações físicas, psíquicas e

socioeconômicas, responsáveis em média de 15 a 20% das notificações de afastamentos

temporários e aposentadorias por invalidez prematuras, gerando importante prejuízo para a

economia nacional, bem como para a situação financeira do trabalhador (IGUTI; HOEHNE,

2003).

A dor lombar é um dos principais acometimentos de saúde na fase adulta, onde 90%

da população tiveram ao menos um episódio no decorrer da vida e apenas 20% dessas pessoas

em idade de trabalho procurou auxílio médico; 20% relatam absenteísmos por doença e 10%

registraram indenização trabalhista (COSTA-BLACK et al., 2010).

2.2.1A Lombalgia crônica

Após o 3° mês a contar do primeiro episódio de dor aguda, a lombalgia é caracterizada

como crônica, baseando-se na gradativa instalação de incapacidades funcionais frente ao seu

processo de dor (TSUKIMOTO, 2006). A cronicidade da dor lombar vem associada a

sintomas ininterruptos de duração acima de sete semanas, e em geral sendo classificada como

lombalgia crônica na décima segunda semana (SANTOS; FERNANDES; SOUZA, 2008). A

dor lombar crônica compromete a produtividade do trabalhador, ocorrendo em 8% dos casos e

no Brasil, 76,7% dos indivíduos com sintomatologia crônica de dor lombar, apresentam

quadro álgico intenso que compromete diretamente a realização de suas atividades laborais

(JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010).

Por muitos anos, as pesquisas e as práticas clínicas diante da dor lombar crônica foram

realizadas dentro do modelo biomédico e biomecânico de atenção à saúde, no qual

identificam e relacionam a etiologia da dor as estruturas da coluna vertebral ou desordens

musculoesqueléticas (SHIMMONDS; DERGHAZARIAN; VLAYEN, 2012). Atualmente,

percebe-se que as maiorias dos casos de dor lombar crônica não possuem causas estruturais

específicas ou disfunções neuromusculares, evidenciando a necessidade de ampliação do

processo de investigação e tratamento (SHIMMONDS; DERGHAZARIAN; VLAYEN,

2012).

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A dor crônica é um problema que envolve sofrimentos, incapacitações, deficiências

pessoais e socioeconômicas que pode se transformar em doenças incapacitantes com prejuízo

nas habilidades diárias (CAILLIET, 1999). A incapacidade relacionada à dor lombar crônica é

um fenômeno complexo, com alta prevalência de origem multifatorial, associado a elevados

custos sociais e de saúde, podendo ser explicada pela interação das muitas variáveis

envolvidas na determinação da incapacidade (SALVETTI, 2012). Para o mesmo autor, os

elevados custos estão associados à baixa produtividade e aos afastamentos do trabalho

afetando diversos aspectos da vida diária e gerando sofrimento psíquico.

As causas da lombalgia crônica possuem fatores desconhecidos, podendo estar

associados a desordens secundárias como osteoporose, osteoartrose, degeneração discal,

dentre outras, e em até 70% dos pacientes com lombalgia crônica não conseguem chegar a

seu diagnóstico específico (TEIXEIRA, 2011). Para Brasil et al. (2004) fatores psicossociais,

insatisfação laboral, obesidade, hábito de fumar, escolaridade, sedentarismo, trabalhos

pesados, síndromes depressivas, litígios trabalhistas, fatores genéticos, hábitos posturais e

alterações climáticas, são importantes circunstâncias para a o desencadeamento das

lombalgias crônicas. Waddell e Burton (2001), descrevem em seu estudo que pessoas com

demandas físicas ou psicológicas laborais possuem mais dificuldade para realizar suas

atividades laborais quando estão com dor lombar.

A procura por tratamento da dor lombar crônica cresce a cada dia, aumentando as

demandas de assistência com os cuidados de saúde a esses indivíduos, que por sua vez é

caracterizado em maior número em trabalhadores (SILVA; FASSA; VALLE, 2004). A

necessidade de assistência médica e terapêutica por longos períodos associada à ingestão de

grande quantidade de medicamentos e das duplas jornadas de trabalho, resultam no desgaste

psíquico e emocional do trabalhador, gerado pelo adoecimento físico (NEVES, 2006). O

indivíduo com dor lombar crônica realiza uma adequação comportamental junto ao

sofrimento, que por sua vez confunde as pessoas que o cerca, e geram dúvidas quanto a real

presença da dor (BRIGANÓ, MACEDO, 2005).

De acordo com Holloway, Benneti e Walker (2007), a estigmatização e o descrédito

do indivíduo com dor lombar crônica pelos profissionais da saúde são uma das principais

razões de adoecimento psíquico e adaptação a situação de adoecimento.

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2.3. Afastamento do trabalho

O afastamento do trabalho pode acontecer por diversos motivos, tais como acidentes

de trabalho, gestação, lesões esportivas, motivos de doença familiar,dentre outros

(ALENCAR; TERADA, 2012). Segundo as mesmas autoras, o afastamento do trabalhador é

caracterizado pela incapacidade ou redução da capacidade, funcionalidade e desempenho no

trabalho com consequente prejuízo social e econômico que pode levar a demissões ou à

dificuldade de reingresso no mercado de trabalho. Os efeitos da corrida tecnológica e a

ausência de tempo para alcançar metas e prazos, adoecem o trabalhador, que por sua vez

queixa-se de forma pouco compreendida aos serviços médicos das empresas (ASSUNÇÃO,

2003). O afastamento do trabalhador, ainda que em licença médica para tratamento, pode

causar prejuízos tanto para a empresa, como para os próprios funcionários, levando até à

incapacidade permanente de exercer suas atividades (RUMAQUELLA; SANTOS; FILHO,

2010).

Os trabalhadores que se afastam do trabalho e recebem benefícios da Previdência

Social são chamados de segurados. Os segurados recebem benefícios previdenciários quando

perdem a capacidade laboral, decorrentes de doenças ou acidentes relacionados ou não ao

trabalho. Entende-se por incapacidade para o trabalho, a redução ou a perda da capacidade

para atender às atividades profissionais, decorrente da redução ou perda de função corporal ou

social; e acidente de trabalho é o que ocorre durante o exercício do trabalho a serviço da

empresa, e que provoca lesão corporal ou perturbação funcional resultante em perda ou

redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária, ou mesmo em morte

(IWAMOTO et al., 2011).

De acordo com a legislação previdenciária vigente no âmbito do Regime Geral de

Previdência Social (RGPS), tem direito ao benefício de Auxílio-Doença Previdenciário

qualquer segurado empregado com carteira assinada que tendo realizado o mínimo de doze

contribuições mensais, venha a contrair doença que o mantenha afastado do trabalho por

período superior a 15 dias consecutivos, ou por um período menor decorrente da mesma

doença contraída em até 60 dias antes (BRASIL, 1991). Para que o benefício seja concedido,

é necessário que a incapacidade decorrente da doença seja comprovada mediante exame

médico realizado por médico perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A duração

do benefício é determinada pela reabilitação do segurado e seu retorno ao trabalho. Se a

reabilitação não se mostrar possível em exame pericial, o benefício é convertido em

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Aposentadoria por Invalidez (BRASIL, 1991). Em dezembro de 2010 havia 26,16 milhões de

pessoas recebendo benefícios do INSS, e a maioria dessas pessoas (93,6 %), recebiam apenas

um benefício, (6,85 %) recebiam dois benefícios e (0,08%) recebiam três ou mais benefícios,

com prevalência para o sexo feminino (55,49 %) o que representa cerca de 14,52 milhões de

pessoas (BRASIL, 2011). Ainda segundo o anuário estatístico da Previdência Social do ano

de 2011, foram concedidos 4,8 milhões de benefícios, dos quais 85,5% eram previdenciários,

7,3% acidentários e 7,2% assistenciais, com crescente de 4.8% para a população urbana.

Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (2011), o auxílio doença tem

caráter temporário e é devido ao segurado que fica incapacitado por motivo de doença. O

auxílio-doença é um benefício previdenciário concedido pelo INSS após o 16º dia de

afastamento do trabalho a todos os segurados que se encontrem incapacitados em suas

atividades funcionais e laborais (BOFF; LEITE; AZAMBUJA, 2002).

Desde 2007, a perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social, passou a utilizar

um novo procedimento, decorrente da adoção do Nexo Técnico Epidemiológico

Previdenciário (NTEP), para o reconhecimento do nexo entre trabalho e doença e consequente

caracterização da natureza dos benefícios em espécie acidentária. Tal procedimento é baseado

em um sistema informatizado no qual ocorre cruzamento das informações relativas aos dados

ocupacionais e à doença que gerou o afastamento do trabalho (TEIXEIRA; RÊGO, 2011).

Em março de 2014, a quantidade de benefícios emitidos foi de 31,3 milhões, aumento

de 3,7% (1,1 milhão de benefícios) frente ao mesmo mês de 2013. Nessa mesma comparação,

os Benefícios Assistenciais tiveram o maior percentual de aumento, de 4,3% (172,3 mil

benefícios), seguido dos Benefícios Previdenciários, que cresceu 3,6% (919,8 mil benefícios)

e os Benefícios Acidentários, com aumento de 1,8% (14,7 mil benefícios). Entre março de

2014 e o mês correspondente de 2013, cabe destaque às aposentadorias por tempo de

contribuição, que cresceram 4,1% (198,8 mil aposentadorias), as aposentadorias por idade,

aumento de 4,1% (365,3 mil aposentadorias), as pensões por morte, com elevação de 2,5%

(177,4 mil benefícios) e o auxílio-doença (previdenciário + acidentário), que subiu 7,2%

(105,5 mil benefícios) (BRASIL, 2014).

O trabalhador afastado do trabalho, por motivo de saúde, busca receber benefícios

financeiros que lhes são devidos de acordo com a legislação da saúde do trabalhador. Diante

dessa busca, faz-se necessário a comprovação de sua incapacidade física muitas vezes de

sintomatologias subjetivas, através de exames biomédicos objetivos que geram no trabalhador

insegurança na avaliação pericial (SOUZA; FAIMAN, 2007).

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Em meados da década de 90, grandes transformações ocorreram no capitalismo

brasileiro através da reestruturação e do redesenho da divisão internacional do trabalho que

por sua vez consolidou a tendência de redução do nível de empregos formais, mão de obra

barata e aumento das cargas de trabalho (SILVA; PINHEIRO; SAKURAI, 2007).

Com o mundo cada vez mais globalizado e com intuito de reduzir as disparidades

sociais, aumentou a competitividade do mercado, exigindo crescente produtividade, o que

tem afetado amplamente as condições de trabalho, saúde e de vida do trabalhador, cujo

desempenho de atividade remunerada levou-as a conciliar múltiplos papéis e a realizar

duplas jornadas (GOMES; TANAKA, 2003). Quando ocorrem desequilíbrios entre as

condições das organizações de trabalho e das expectativas do trabalhador, inicia-se o

processo de adoecimento que impossibilita a execução das funções exercidas e por fim o

afastamento do trabalhador de seu ambiente de trabalho (GONCALVES; BUAES, 2011).

“A experiência de afastamento do trabalho por adoecimento

profissional está marcada social e historicamente pela incapacidade para

o trabalho e pela insegurança [...] intensificada pelo incremento das

exigências da flexibilização do trabalho, risco do desemprego e pela

busca dos seus direitos [...]” (RAMOS, TITTONI, NARDI, 2008, pág.

212).

O afastamento do trabalho decorrente do adoecimento é vivenciado como

rompimento através do corpo, destacando o sentido de que o corpo do trabalho invade o

corpo do trabalhador diluindo-se e não mais se diferenciando. O corpo adoecido pelo

trabalho deixa de ser sinônimo de potência e produção e passa a ser de dor e sofrimento, e

dessa forma o trabalho passa a ser visto como restrição, impotência e limitação (RAMOS,

TITTONI, NARDI, 2008).

O rompimento com o trabalho por adoecimento pode provocar a mudança nas relações

com o trabalho, gerando sentimentos e questionamentos permeados pela vivência de

inutilidade e ameaça a um lugar social conquistado pelo sujeito através do trabalho

(GONÇALVES; BUASES, 2010). O afastamento do trabalho desvincula a relação construída

entre o trabalhador e o empregador, após o trabalhador atender as demandas solicitadas,

sentir-se satisfeito por poder atendê-las, aguardando o reconhecimento do empregador, que a

partir de então, atende novamente, criando o ciclo de sobrecargas por demandas (RAMOS;

TITTONI; NARDI, 2008).

De acordo com Ramos, Tittoni, Nardi (2008), os indivíduos afastados do trabalho,

muitas vezes portam-se presos a amarras sociais de exclusão, sendo constantemente

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questionados sobre sua incapacidade e produtividade pelos médicos peritos ou pelos

recrutadores empresariais. Ainda de acordo com os mesmos autores, o afastamento do

trabalho pode também afirmar a condição de distanciamento do cotidiano estafante do

trabalho e de afetos silenciados pelo cotidiano normativo.

2.3.1. Afastamento do trabalho e a lombalgia crônica

A lombalgia crônica afeta com maior frequência a população em seu período de vida

produtiva, resultando assim elevados custos econômicos para a sociedade relacionados à

ausência no trabalho, encargos médicos e legais, pagamentos de seguro por invalidez,

indenização ao trabalhador e seguro por incapacidade (BRIGANO; MACEDO, 2005). As

dores nas costas representam um importante fator no absenteísmo laborativo, bem como os

danos relativos ao processo de invalidez permanente ou temporário (TOSCANO; EGYPTO,

2001).

Segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho da Previdência Social, entre

os acidentes e doenças do trabalho a região lombar é a mais comumente acometida, sendo

registrados 47.554 casos de Dorsalgias (M54); segundo a Classificação Internacional de

Doenças – CID10, ocupando o segundo lugar de prevalência (BRASIL, 2012). Segundo

Gadelha e Branco (2006), a dor na coluna está entre os principais motivos de consultas ao

médico e também entre as principais causas de afastamento do trabalho, e cerca de 10 milhões

de brasileiros ficam incapacitados por causa dessa morbidade. Filho e Silva (2011)

registraram em suas citações que em 1998 no Reino Unido, a dor nas costas gerou um

prejuízo maior que quaisquer outras doenças analisadas, bem como nos Estados Unidos, onde

os custos médicos e medicamentosos frente à dor lombar crônica cresceram

significativamente, ocasionando a segunda maior causa de perda da produtividade para o

trabalho. Em pesquisa realizada no Brasil sobre as despesas previdenciárias, constatou-se que

as dorsopatias foram à primeira causa de invalidez e de auxílio doença em 2007 (ALMEIDA;

BARBOSA-BRANCO, 2011). Segundo estes últimos autores, entre as dorsopatias a região

lombar é a mais acometida.

Em um estudo realizado, 32,1% dos pacientes com lombalgia crônica apresentaram

quadros de depressão, que pode estar associada a maior intensidade e persistência da dor,

maior incapacidade, maior dispêndio econômico e mais eventos adversos de vida (ANTUNES

et al., 2013). O pequeno percentual da população que apresenta dor laboral significativa

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representa um fardo socioeconômico para a maioria dos sistemas de saúde, devido à

diminuição da produtividade pelo afastamento laboral. Dentre o grupo de 45-65 anos a dor

lombar é a mais frequente queixa de perda de trabalho (COSTA-BLACK et al., 2010).

2.3.2. Retorno ao trabalho

Segundo Ramos, Tittoni e Nardi (2008), o retorno ao trabalho constitui ao

trabalhador a retomada de sua identidade de “bom trabalhador”, reconhecida pela sua

capacidade produtiva, objetivando a recriação de uma imagem quebrada e adoecida. Porém

algumas dificuldades ocorrem. Os trabalhadores afastados do trabalho manifestam em seu

ensejo descréditos em si mesmo e na empresa à qual dedicaram sua força de trabalho,

vivenciando o impasse com medo de retornar a se submeter aquilo que os fez adoecer

(TOLDRÀ et al., 2010). Ainda segundo esses mesmos autores, as empresas optam pelo

desligamento do trabalhador, ora pelo desinteresse e pela falta de proposta de reinserção ou

por diversos outros dilemas relacionados, o que colabora para o anseio em não retornar ao

trabalho.

Dessa forma, longos períodos de afastamento do trabalho podem causar ou contribuir

em até 20% de riscos para o adoecimento e mortalidade do trabalhador, podendo resultar em

incapacidades permanentes, surgimento de quadros depressivos, inatividade, e fixações em

suas incapacidades (COSTA-BLACK et al., 2009). O processo de retorno ao trabalho

associado aos aspectos preventivos e de reabilitação são necessários para efetividade do

processo de reinserção laboral e reabilitação efetiva dos trabalhadores (MENDES;

LANCMAN, 2010).

O término do período de afastamento mobiliza no trabalhador intensa ansiedade

frente ao seu restabelecimento e suas capacidades em realizar as tarefas cotidianas sem que

as mesmas agravem à sua saúde (SOUZA; FAIMAN, 2007). A manutenção da capacidade

ao trabalho ou retorno às atividades possuem consequências positivas para a saúde, bem-

estar e empregabilidades dos trabalhadores, bem como benefícios ao empregador frente ao

seu processo de produtividade e de redução de gastos sociais oriundos de auxílio por

incapacidades (MARTINEZ; LATORRE; FISCHER, 2010).

O retorno ao trabalho possui fatores relevantes frente aos processos álgicos,

modificação nos postos de trabalho, demanda psicológica, apoio organizacional, programas

de retorno ao trabalho, tempo de afastamento, serviços, bem como políticas facilitadoras

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e/ou barreiras de reinserção e retorno ao trabalho (SALDANHA et al., 2013).Diversas

estratégias de intervenção podem ser usadas para facilitar o retorno ao trabalho, tais como as

aquelas de orientações realizadas por Fisioterapeutas e por equipes multidisciplinares que

objetivam a redução de dias de afastamento do trabalho (WAHLIN et al., 2012).

Os aspectos psicológicos e individuais possuem grande influência para o retorno ao

trabalho, de forma a associar-se a fatores importantes como sociais, econômicos, junto aos

médicos, à reabilitação, entre outros (SILVA, GUIMARAES, RODRIGUES, 2007). A

impossibilidade de retorno ao trabalho faz com que o indivíduo perca o direito e o

reconhecimento social fundamentado na sua identidade e autoestima, sendo capaz de gerar

incertezas nas perspectivas futuras em relação ao mercado de trabalho (NEVES, 2008). Pode

gerar ao trabalhador questionamentos sobre as práticas anteriormente realizadas,

permeabilizando vivências pregressas e futuras de inutilidade perante o seu posto de

trabalho. (RAMOS, TITTONI, NARDI, 2008).

O retorno ao trabalho, segundo Neves (2006) está relacionado ao constrangimento

vivenciado pelos trabalhadores ao lidar com as desconfianças e os descréditos dos colegas de

trabalho, dos chefes, dos médicos, dos amigos e parentes que buscam insistentemente o

“nexo causal” para a comprovação do seu adoecimento.

2.4. Fisioterapia na lombalgia crônica: aspectos gerais

A Fisioterapia surge na Europa em meados do século XIX, nas escolas Alemãs de Kiel

e Dresdem, evidenciando-se no cenário mundial na Inglaterra através da massoterapia,

cinesioterapia respiratória e abordagens neurológicas (NAVES; BRICK, 2011). Em Londres,

criou-se em 1948 a World Confederation for Physical Therapy (WCPT) que juntamente com

Organização Mundial de Saúde ativou a profissão pelo mundo (NAVES; BRICK, 2011).

Instituída no Brasil como profissão de nível superior em 1969, através da publicação

do Decreto-lei nº 938/69, a Fisioterapia carrega na sua origem, um caráter essencialmente

curativo e reabilitador, oriundos das guerras e dos elevados índices de acidentes de trabalho,

que por sua vez gerou a necessidade de reinserir indivíduos lesionados ou mutilados de volta

aos setores produtivos, e assim restaurar sua capacidade física (JUNIOR, 2010).

O profissional fisioterapeuta pode ser definido como um profissional da área da saúde,

de nível superior, pleno e autônomo, que pode atuar isoladamente ou em equipe em todos os

níveis de assistência à saúde, e que através do movimento e da função é capaz de prevenir e

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tratar disfunções e doenças da população (BARROS, 2003). Para que o fisioterapeuta amplie

sua capacidade de produzir saúde , é necessário que nas suas ações estejam presentes as

atenções integrais, a resolutividade do cuidado, o acolhimento e a formação de vínculo

(ALMEIDA; GUIMARAES, 2009). Segundo Almeida e Guimarães (2009), as práticas

tradicionais dos fisioterapeutas são fragmentadas e distantes da integralidade, fruto do modelo

hegemônico do exercício profissional, que por sua vez, caracteriza-se por ações isoladas,

individualizadas e descontextualizadas das práticas na saúde. Ainda em seu estudo, verificou-

se que a maioria dos fisioterapeutas acredita que os problemas de saúde se resolvem

unicamente no setor de saúde, diminuindo então seu papel social e de intervenção na

participação do cuidado integral (ALMEIDA; GUIMARÃES, 2009).

Inicialmente, e de maneira mais importante, para prevenir a dor lombar e sua

cronicidade, deve-se estruturar um programa de prevenção no ambiente do trabalho, que

traduz em uma ação primária de baixo custo de controle da dor e das incapacidades (COSTA-

BLACK et al., 2009). Segundo os mesmos autores, no surgimento de queixas álgicas em seu

quadro agudo, o fisioterapeuta pode traçar condutas imediatistas e eficazes para evitar a

cronicidade da dor (COSTA-BLACK et al., 2009).

Pires e Souza (2012) fundamentam o tratamento fisioterapêutico para lombalgias em

três objetivos: alívio da dor, aumento da capacidade funcional e o retardamento da

progressão da doença, reportando a realização da eletroterapia analgésica e antinflamatórias

na fase aguda e posteriormente alongamentos e reforço muscular na fase pós-aguda. O

método terapêutico- pedagógico, no qual estabelece uma relação educador-educando entre

fisioterapeuta e paciente, mostra-se eficaz na redução do perfil álgico no tratamento das

lombalgias (DECCACHE; SILVA, 2007).

Segundo investigação bibliográfica realizada por Brasil et al. (2004), os exercícios

aeróbicos, de fortalecimento muscular, bem como a educação e os esclarecimentos aos

pacientes, como as “Escolas de Coluna”, são comprovadamente eficazes na reabilitação das

lombalgias. A reabilitação física da lombalgia crônica deve enfatizar exercícios intensos com

intuito de influenciar no comportamento cinesiofóbico, encontrado em grande parte dos

pacientes, e assim otimizar a redução da incapacidade para o trabalho (JUNIOR;

GOLDENFUM; SIENA, 2010).

A utilização das técnicas eletroterapêuticas através do ultrassom de corrente contínua,

bem como a realização de recursos terapêuticos manuais e alongamentos ativos e passivos

podem produzir benefícios nas algias da coluna lombar (PIRES; DUMAS, 2008). Aragão,

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Torres e Cardoso (2001) destacam a importância de desenvolver atividades pedagógicas que

levem à repetição e à automatização de movimentos, para que ocorra uma adequada

compreensão do corpo e das novas concepções.

Em relação aos níveis adequados de aptidão física que o indivíduo adquire ao longo da

sua vida, Toscano e Egypto (2001) destacam que eles podem contribuir na postura corpórea

durante suas funções diárias, minimizando recidivas de dores lombares. A avaliação e o

tratamento nas algias da coluna vertebral, bem como a realização de um exame clínico

detalhado e direcionado associado a uma adequada postura entre terapeuta e paciente são

importantes para o retorno das atividades habituais após a queixa álgica (VELLOSO, 2004).

A dor lombar crônica pode contribuir para a dificuldade na compreensão e

planejamento das condutas fisioterapêuticas, por sua natureza complexa, associada muitas

vezes a fatores psicológicos que não pertencem ao típico modelo biomédico exercido pelos

fisioterapeutas (DAYKIN; RICHARDSON, 2004).

De acordo com Shimmonds, Derghazarian e Vlaeyen (2012), o profissional

fisioterapeuta possui limitado conhecimento e interesse sobre a dor lombar crônica, que por

sua vez necessita de abordagens para além do aspecto físico. Diante disso, os mesmos autores

ressaltam a importância de incluir no tratamento fisioterapêutico aspectos e riscos

biopsicossociais relacionados à dor lombar crônica.

2.4.1. Orientações posturais na prevenção das lombalgias

A postura é a manifestação corporal do ser humano no meio em que vive e varia sua

complexidade de indivíduo para indivíduo, de acordo com sua personalidade e a forma de

posicionar-se frente às diversidades e aos estímulos recebidos (SALVE; BANKOF, 2003). É

possível caracterizar uma boa postura quando há equilíbrio e o bom funcionamento entre as

estruturas e para adquiri-la é necessário que o indivíduo desenvolva seu domínio corporal

(SALVE; BANKOF, 2003).

A maioria das lombalgias são atribuídas a fatores mecânicos relacionados a posturas

inadequadas e repetitivas associadas as deficiências musculares. Relaciona-se a relação entre

a lombalgia e as fraquezas dos músculos paravertebrais, abdominais e baixa flexibilidade da

região lombar (TOSCANO; EGYPTO, 2001).

Para a adequação de uma postura ou movimento, diversas estruturas

musculoesqueléticas são ativadas e fornecem a força e controle adequado para adotar a

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postura ou o movimento, e que se tensionados mecanicamente de forma inadequada, podem

resultar em dores (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Segundo Toscano e Egypto (2001) é

necessária à elaboração de programas educativos de prevenção e recidivas das lombalgias,

que por sua vez, devem ser direcionados no sentido do autoconhecimento e mudanças nas

atitudes cotidianas ao longo da existência dos indivíduos.

Tendo em vista as altas incidências de afecções relacionadas às inadequações

posturais, se faz necessário um trabalho de base abrangente de curto a longo prazo que

possibilite a mudança de hábitos inadequados, capaz de atuar na prevenção e na educação

(BRACCIALLI, VILLARTA, 2000). Segundo os mesmos autores, as orientações posturais

objetivam a possibilidade de o indivíduo proteger-se de lesões estáticas e dinâmicas

cotidianas de forma ativa. A dor lombar crônica afeta os aspectos físicos, psicológicos,

emocionais, financeiros e sociais de um indivíduo, sendo necessária em seu âmbito físico a

realização de um programa de reabilitação e de orientações posturais (PEDRETTI; EARLY,

2005).

Na área da saúde, são realizadas predominantemente ações de caráter técnico e

mecanicistas e muitas vezes são realizadas dessa forma, pela segurança do ato técnico-

científico, contribuindo então para inter-relações fragilizadas e ineficientes (FALKENBACH,

1998). As práticas educativas e preventivas são muitas vezes realizadas de forma dialogais ou

diretivas, dessa forma salienta-se a importância da ampliação da atuação profissional, capaz

de envolver também aspectos promocionais e preventivos para além do caráter reabilitador da

profissão do fisioterapeuta (GHIZONI; ARRUDA; TESSER, 2010. Aspectos sócio afetivos

podem influenciar nas relações e nas intervenções realizadas.

“As técnicas corporais aprendidas tradicionalmente tomam nova

dimensão quando se consegue percebê-las como simples instrumentos,

passando a agir nas relações humanas cientes de que os sucessos das

técnicas dependem exclusivamente dos vínculos sócio afetivos

[...]”Falkenbach (2000, pág.21).

O objetivo principal do tratamento da lombalgia crônica é o retorno ao trabalho e as

atividades de vida diária dos trabalhadores, com isso as orientações posturais devem ser

realizadas para proteger as estruturas acometidas (IMAMURA; KAZIYAMA; IMAMURA,

2001). Para que ocorra a prevenção de desordens posturais é necessária a adequação dos

seguintes fatores: ambientais; mobiliários, espaços e tipos de trabalho; pausas; ferramentas e

adaptações biomecânicas ao ambiente de trabalho (SALVE; BANKOFF, 2003). Sendo esta

uma abordagem focada no modelo biomédico e tradicional de atuação preventiva.

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Para se tentar minimizar as altas incidências de desordens posturais na população

adulta é necessário realizar um plano preventivo e educacional baseado nos hábitos

inadequados realizados diariamente, estruturado em etapas e objetivos a serem alcançadas a

curto, médio e longo prazo (BRACIALLI; VILARTA, 2000). As orientações posturais

devem ser difundidas coletivamente e não apenas esteticamente, com intuito preventivo para

diversas doenças, levando em consideração os hábitos, costumes e crenças da população

(JUNIOR, 2010).

Os exercícios de prevenção, bem como as orientações posturais precisam ser

incorporados no cotidiano dos indivíduos com objetivo de garantir a redução da prevalência

das dores lombares e, dessa forma, o fisioterapeuta possui importante papel no âmbito

educacional através das orientações, incentivos e criação do processo de autocuidado

(SANTOS; FERNANDES; SOUZA, 2008). Fatores biomecânicos e psicológicos envolvidos

na gênese da dor, bem como técnicas de autoaplicação para evitar a perpetuação das crises

álgicas devem ser enfatizados durante as orientações posturais (IMAMURA; KAZIYAMA;

IMAMURA, 2001).

Diversas são as precauções, recomendações e orientações, sendo neste estudo somente

descritas algumas. Sobre a orientação da postura sentada, após a análise postural do tronco,

constatou-se que a pressão intradiscal é diminuída quando o indivíduo senta de forma ereta e

com os braços apoiados nas coxas, bem como sentar com apoio das costas em superfície

estável (SALVE; BANKOFF, 2003). Segundo os mesmos autores, posturas estáticas de longa

duração podem levar os músculos a se tornarem fracos e consequentemente acarretar em

alterações posturais permanentes, dessa forma intervalos e mudanças nas posturas são

importantes para manter uma adequada hidratação discal. Braccialli e Villarta (2000)

ressaltam que o modelo biomecânico estrutural da coluna vertebral do homem não foi

construído para a permanência por longos períodos na postura sentada ou em posturas

estáticas fixas associadas a movimentos repetitivos.

A partir da sintomatologia e do diagnóstico cinético-funcional apresentado, o

posicionamento em repouso é solicitado principalmente nas hérnias discais que resultam nas

lombalgias e que devem ser realizadas com o corpo em decúbito supino, joelhos fletidos, pés

apoiados sobre o leito e/ou com flexão das pernas num ângulo de 90º, objetivando a

retificação da coluna lombar (BRASIL et al., 2004).

A educação e treinamento do paciente para a manutenção do alinhamento adequado

durante suas atividades funcionais são de grande importância durante o processo de

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reabilitação, e em muitos casos, panfletos ilustrativos são distribuídos com informações

posturais sem nenhum conceito educacional (PEDRETTI; EARLY, 2005). Segundo os

mesmos autores, é papel do fisioterapeuta encontrar posições indolores para a manutenção do

repouso através da utilização de rolos, travesseiros que apóiem os contornos naturais do corpo

(Figura 1).

Figura 1. Posições para a manutenção do repouso utilizando rolos (PEDRETTI; EARLY, 2005,

pag. 933).

As orientações posturais e adequações diante da postura em repouso, são

frequentemente abordadas junto aos trabalhadores devido aos constantes episódios de dor

durante e após longos períodos em repouso.

É papel do fisioterapeuta, ensinar técnicas e práticas de mobilidade no leito, bem como

a manutenção postural sentado, com objetivo de garantir um aprendizado sequencial e

minimizar complicações secundárias à má postura ocupacional (Figuras 2 e 3) (PEDRETTI;

EARLY, 2005).

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Figura 2. Método para levantar-se para reduzir o estresse sobre a região lombar (PEDRETTI;

EARLY, 2005, pag. 934)

Diante das orientações posturais realizadas, o método adequado para levantar-se do

leito, assume um importante papel no cotidiano dos trabalhadores, que por sua vez ao

introduzirem os ensinamentos sequenciais, iniciam um processo de aprendizado eficaz e

continuo em suas atividades diárias.

Figura 3. Manutenção Postural Sentado (PEDRETTI; EARLY, 2005, pág. 933).

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A manutenção da postura sentada por longos períodos é relatada pelos trabalhadores

como um dos principais agravantes da dor lombar. Dessa forma, salienta-se a importância de

promover vivências posturais adequadas diante da postura sentada em ambientes laborais e/ou

em suas atividades diárias, com objetivo de minimizar quadros álgicos.

Itiro lida (2005) descreve que há várias recomendações para o levantamento de

cargas. De acordo com o mesmo autor é recomendado que o levantamento de cargas seja

realizado com a coluna na posição vertical, utilizando a musculatura das pernas (Figura 4).

Figura 4. Levantamento de cargas na posição vertical (Itiro Lida,2005, pág. 95).

É recomendado para evitar as dores nas costas, inclinar ou girar o tronco durante o

levantamento de carga, sendo orientada a utilização da musculatura das pernas para a

realização da tarefa (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Segundo os autores, dessa forma, cabe

salientar que cargas acima de 23 Kg devem ser manipuladas por duas ou mais pessoas de

estaturas e forças semelhantes de forma coordenada.

A coluna lombar tem a característica de suportar cargas elevadas em decorrência do

peso do corpo associado a forças adicionais, como em levantamento de peso, o ato de saltar e

a manutenção da postura sentada por longos períodos (VELOSO, 2004).

As orientações prévias focadas nas necessidades de cada paciente por profissional

com formação adequada e com conhecimento de biomecânico evita a interrupção das

atividades cotidianas (LIZIER; PEREZ; SAKATA, 2012). Contudo, as técnicas tradicionais

de intervenção através de educação sobre anatomia da coluna vertebral e alterações

biomecânicas utilizadas isoladamente são ineficazes para o tratamento da dor lombar

crônica, contudo, informações e técnicas de promoção do autocuidado e de promoção à

saúde podem ser importantes para a prevenção e tratamento dos quadros álgicos lombares

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(WADDELL; BURTON, 2000). Para a realização de um programa terapêutico adequado é

necessário desenvolver atividades significativas para o paciente, direcionadas às suas

necessidades, motivando o paciente e individualizando as necessidades a fim de alcançar

metas específicas (BORTAGARAI, 2011).

Outras orientações são importantes e fizeram parte do protocolo de orientações

posturais do Projeto Lombalgia, contudo somente algumas foram destacadas por serem

frequentemente realizadas no cotidiano das práticas fisioterapêuticas. Levou-se em

consideração as principais queixas dolorosas ao movimento laboral e nas atividades de vida

diária.

2.4.2. A Fisioterapia e os processos educativos

Ao refletir quanto à importância da prática educativa como forma de cuidado em

Saúde Pública, deve-se levar em consideração alguns princípios para nortear sua realização: o

diálogo e escuta do outro; iniciar o processo pedagógico a partir do saber anterior das pessoas,

considerando que todos têm um conhecimento construído a partir das experiências vividas; a

troca de experiência e construção do conhecimento entre o saber técnico e o saber popular,

tendo-os como igualmente valiosos nesse processo (SILVA; OLIVEIRA, 2010). O

aprimoramento de métodos educativos são consequências de um amplo empenho da educação

em saúde dos trabalhadores através da criação de estratégias de educação baseadas na sua

participação direta em seu contexto de trabalho (SARDINHA et al., 2013). O processo

ensino-aprendizagem é capaz de transformar a realidade de cada ser humano não a partir da

simples transferência ou absorção de saberes, mas a partir do diálogo e da reciprocidade com

outros sujeitos (FREIRE, 2002).

Segundo Carvalho e Ceccim (2014), as políticas educacionais na saúde não têm tido

uma orientação integradora entre ensino e trabalho, portanto não têm potencializado as

competências da integralidade e do enfrentamento das necessidades de saúde da população.

Segundo os autores, os ensinos de graduação em saúde acumularam ao longo dos anos, a

tradição caracterizada em um formato desconexo entre os núcleos temáticos, predominando o

formato enciclopédico e a orientação pela doença e pela reabilitação.

Ainda sobre o pensamento cartesiano e dicotomizado de atenção à saúde, Ghizoni,

Arruda e Tesser (2010), nos evidenciam em estudo realizado com fisioterapeutas sobre

integralidade do cuidado, que na área da saúde em geral, e da Fisioterapia em particular,

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alguns profissionais ainda tendem a enfatizar a despersonalização da pessoa enferma,

utilizando de suas técnicas de forma a “consertar” um amontoado de peças quebradas. Subtil

et al. (2011) descrevem um bom Fisioterapeuta como aquele que coloca em sua prática

profissional suas habilidades técnicas associadas a um bom relacionamento interpessoal,

sendo capaz de oferecer uma atenção individualizada e integrada daquele que o procura,

considerando tanto os aspectos físicos como os emocionais. A atuação fisioterapêutica

adequada, segundo os mesmos autores, baseia-se na capacidade associativa entre habilidades

técnicas e comunicativas, bem como o aprimoramento na capacidade de oferecer atenção e

cuidado em forma de afeto, atenção e escuta.

O profissional fisioterapeuta trabalha essencialmente com a visão e o tato, mas

também necessita de empatia, de saber ouvir, de entender o ser humano como um todo:

cumpre-lhe, pois, convencer-se de que um bom desenvolvimento no tratamento depende da

relação de confiança que se estabelece entre fisioterapeuta e paciente (NARCIZO, 2006).

Segundo o autor, o conhecimento corporal se dá por meio da observação, do toque e da escuta

corporal, onde é necessário vivenciar e habitar o corpo.

As práticas educativas realizadas entre profissional da saúde e usuários constituem a

base da educação em saúde, centrada na problematização do cotidiano, na valorização de

experiências individuais e de grupos sociais, assim como no reconhecimento das diferentes

realidades, que devem ser representadas em um espaço de produção e aplicação de saberes

destinados ao desenvolvimento humano, voltadas para o desenvolvimento de capacidades

individuais e coletivas (SILVA; OLIVEIRA, 2010). O profissional fisioterapeuta exerce um

importante papel no aspecto educacional, como agente responsável pela capacitação,

orientação, incentivo, criação e prevenção (SANTOS; FERNANDES; SOUZA, 2008).

O pensamento médico – científico ocidental, onde o corpo e a mente são destinados a

diferentes especialistas, resultou na dificuldade em fazer com que o profissional fisioterapeuta

entenda a importância em dialogar sobre o corpo e a mente nas suas relações diretas durante

seus atendimentos, de forma a acreditar que sua formação profissional não é o suficiente para

acolher e estar próximo do sofrimento alheio, e assim reduzir sua auto sensibilidade e ausentá-

lo da necessidade de conhecer as circunstâncias e emotividades da vida do paciente (CANTO;

SIMÃO, 2009). Cabe ao fisioterapeuta realizar uma releitura das suas práticas, visando

contribuir para o quadro social e sanitário do país através de uma atuação integral em diversos

níveis de atenção à saúde e assim desenvolver suas ações de acordo com as diretrizes da

territorialização de clientela (JUNIOR, 2010).

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“No cotidiano da saúde pública, os profissionais se deparam com

situações que exigem, além do conhecimento profissional, o

conhecimento acerca do funcionamento do sistema de saúde vigente no

país [...] a ausência desse conhecimento dificulta a efetivação de ações

articuladas em saúde, problemas que, muitas vezes, é enraizado nos

currículos das instituições formadoras de Fisioterapeutas” (GHIZONI;

ARRUDA; TESSER, 2010, pág. 826).

Segundo Stroschei e Zocche (2012), é necessário que ocorram mudanças imediatas

nos currículos das áreas da saúde, a fim de integrar as transformações das práticas dos

serviços de saúde, visando à melhoria dos movimentos de ensino-serviço.

Para Neuwal e Alvarenga (2005) é evidenciado um despreparo dos profissionais

fisioterapeutas na transmissão dos seus conhecimentos, bem como a ausência de uma postura

educadora e planejadora no processo de educação em saúde em trabalhos educativos,

tornando os indivíduos em tratamento passivos e dependentes frente à reabilitação. Segundo

Santos, Fernandes e Souza (2008), a elaboração de programas educativos baseados na

estimulação do autoconhecimento e na dinâmica social é de grande importância para

prevenção e redução de recidivas dos quadros álgicos lombares.

2.5. Educação em saúde

O percurso das ações de educação em saúde no Brasil tem suas raízes nas primeiras

décadas do século XX, com as campanhas sanitárias da Primeira República e a expansão da

medicina preventiva para algumas regiões do país a partir da década de 1940 (MERHY,

2011). Apresentavam-se estratégias de educação em saúde autoritária, tecnicista e

biologicistas, em que as classes populares eram vistas e tratadas como passivas e incapazes de

iniciativas próprias (MERHY, 2011).

A educação é um instrumento capaz de transformar e mudar a sociedade repercutindo

nos diversos campos do saber e de produção (PASCHOAL; MANTOVANI; MEIER, 2007).

A educação é uma forma de intervenção no mundo, através de um processo contínuo de

construção do conhecimento que conduz o ser humano à prática da liberdade e da autonomia

(PASCHOAL; MANTOVANI; MEIER, 2007). Segundo Freire (2002), o processo ensino-

aprendizagem é capaz de transformar a realidade de cada ser humano não a partir da simples

transferência ou absorção de saberes, mas a partir do diálogo e da reciprocidade com outros

sujeitos.

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Para uma compreensão adequada e autonômica sobre a definição de saúde é necessário

abranger a visão com dimensão política libertadora e emancipatória, no qual coloca o

profissional da saúde perante a necessidade de enfrentamento dos processos que determinam

as doenças e o sofrimento da população (REIS et al., 2009).A educação em saúde constitui-se

em uma prática social, instituída no campo da saúde pública, centrada na problematização do

cotidiano, destinada a manter e elevar o nível de saúde da população e, ao mesmo tempo,

reforçar a manutenção de hábitos positivos de saúde com objetivo de criar vínculos entre a

ação do profissional de saúde e o pensar/fazer cotidiano da população, visando melhorar suas

condições de vida e favorecendo a participação do indivíduo diretamente no processo

educativo, construção e reconstrução de experiências (SILVA; OLIVEIRA, 2010).

Para melhor compreensão sobre o surgimento do termo “Educação em Saúde”,

Falkenberg et al. (2014) descreve um breve relato da história da saúde pública:

“[...] A expansão da medicina preventiva para algumas regiões do país,

a partir da década de 1940, apresentava estratégias de educação em

saúde autoritárias, tecnicistas e biologicistas através das então

chamadas “campanhas sanitárias”. Outras formas de educação em saúde

eram caracterizadas pelas ações verticais de caráter informativo com

intuito de transformar hábitos de vida e colocando o indivíduo como

responsável pela sua saúde” (FALKENBERT et al., 2014, pág.848).

Segundo Ferreira e Navega (2010), a educação em saúde é caracterizada a qualquer

atividade que visa alcançar a saúde, com objetivo de gerar mudanças comportamentais

individuais. Considerando a Educação em Saúde (ES) como um processo político pedagógico,

é necessário desenvolver um “pensar crítico e reflexivo”, que permita propor ações

transformadoras aos indivíduos, promovendo sua autonomia e emancipação como sujeito

histórico social (FALKENBERT et al., 2014).

Educar para a saúde implica ir além da assistência curativa, dando prioridade às

intervenções preventivas e promocionais, onde as práticas sejam desenvolvidas em espaços

convencionais e os diálogos sejam baseados no intercâmbio entre saberes técnico-científicos e

populares, partilhados pelos profissionais e usuários para a construção conjunta de um saber

sobre o processo saúde-doença (SILVA; OLIVEIRA, 2010). O trabalho em saúde é um

trabalho de escuta, em que a interação entre profissional de saúde e usuário é determinante da

qualidade da resposta assistencial (CECCIM; FEUERWERKER, 2004).

O debate sobre o conceito de promoção e vigilância à saúde enquanto elementos

multidimensionais e interdisciplinares nos aproximam desse desafio, levando-nos a pensar o

indivíduo e a coletividade de uma maneira social e relacional (ALMEIDA; GUIMARÃES,

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2009). Segundo o mesmo autor, no modelo contra hegemônico o profissional da saúde, ao

lidar com o usuário do serviço de saúde, preocupa-se com o sujeito e não apenas com a

enfermidade, aprendendo a lidar com as singularidades e não ausentando os aspectos

ontológicos da doença otimizando os processos de ensino e aprendizagem.

Os profissionais da saúde têm como base do seu trabalho as relações interpessoais,

desse modo, a forma que desenvolvem o cuidado está diretamente relacionada à sua

habilidade de comunicação (OTANI, 2013). A humanização do cuidado e, mais

especificamente, a comunicação interpessoal efetiva, não são inatas e somente se consolidarão

se forem praticadas e sustentadas nas ações cotidianas, através do mecanismo de reprodução

entre os profissionais em suas atividades diárias e ou acadêmicas (OTANI, 2013).

O cotidiano de trabalho dos profissionais de saúde apresenta diversos desafios

voltados para o desenvolvimento do papel de educador, para a instrumentalização em técnicas

didático-pedagógicas e para o desenvolvimento da criatividade no sentido de integrar as

dimensões que constituem o sujeito (SILVA; OLIVEIRA, 2010). No âmbito da atenção ao

indivíduo e ao coletivo, esses desafios são representados através da necessidade do

desenvolvimento de práticas dialógicas e emancipadoras, que considerem as experiências,

saberes, contextos sociais, econômicos e culturais, assim como as necessidades apresentadas e

construir a partir de então um processo de Educação em Saúde atravessado pelo desejo de

contribuir por melhores condições de saúde e trabalho (SILVA; OLIVEIRA, 2010).

Em se tratando de educação e saúde, é possível entender que através do conhecimento

e da tecnologia podemos transformar a organização do trabalho, capacitando o trabalhador

para novas habilidades (PASCHOAL; MANTOVANI; MEIER, 2007). O acúmulo de

conhecimento associado ao emprego de novas tecnologias e indicadores da qualidade dos

processos de trabalho, influencia a organização do trabalho através do aprimoramento

profissional dos trabalhadores (RICALDONI; SENA, 2006).

Para eficácia e efetividade do processo de abordagem é necessário compreender os

aspectos envolvidos no processo de adoecimento do indivíduo, bem como a necessidade de

escuta de suas falas para uma efetiva promoção da saúde, baseando-se na integridade física,

biológica e social (SUBTIL et al., 2011). Segundo os mesmos autores, a habilidade de escutar

o paciente é destacada como importante relação terapêutica com intuito de favorecer a criação

de um espaço de livre expressão, gerando a possibilidade da participação efetiva no processo

de reabilitação.

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A prática da educação em saúde não deve ser entendida de forma vertical e unilateral,

onde apenas o profissional possui o conhecimento absoluto das ações. Dessa forma, salienta-

se a importância da construção de ambientes educativos em grupo com o objetivo de partilhar

os medos, inseguranças, expectativas e experiências individuais em um contexto coletivo

(JUNIOR, 2010).

2.6. Educação Permanente em saúde

Segundo o Ministério da Saúde, entende-se por Educação Permanente (EP) os

processos pedagógicos que contribuem para o desenvolvimento da ação do sujeito em torno

do cumprimento do direito à saúde, através de processos formais e informais na troca as

experiências das pessoas (BRASIL, 2009). A Educação Permanente em Saúde foi a estratégia

escolhida para criação de uma política pública reestruturada no modelo de formação com

vistas no fortalecimento do SUS, visando às transformações e reflexões coletivas das práticas

de saúde (LOPES et al., 2007).

Para que essa política fosse construída, diversas etapas foram deliberadas através da

Comissão Intergestores Tripartite em novembro de 2003, e do Conselho Nacional de Saúde

(CNS) por meio da resolução nº 335 que aprovou a “Política nacional para formação e

desenvolvimento para o SUS: Caminhos para a EP” que foi legitimado na 12º Conferência

Nacional da Saúde que avançou até a sua publicação oficial da portaria 198/GM/MS e

denominado como” Política Nacional de Educação Permanente “- 13 de fevereiro de 2004

(LOPES et al., 2007).

A proposta da Educação Permanente em Saúde (EPS) surgiu na década de 1980

através da Organização Pan-Americana de Saúde e da Organização Mundial da Saúde e foi

lançada como política nacional no Brasil em 2003 (MICCAS; BATISTA, 2014). A EP surge

como proposta de promoção da descentralização e disseminação da capacidade pedagógica do

SUS, tornando a rede pública de saúde uma rede de ensino-aprendizagem no exercício do

trabalho (CECCIM, 2005).

“O Sistema Único de Saúde (SUS), pela dimensão e amplitude que tem,

aparece na arena dos processos educacionais de saúde como um lugar

privilegiado para o ensino e a aprendizagem, especialmente os lugares

de assistência à saúde [...]” (MICCAS; BATISTA, 2014, p.171).

Houveram dois momentos importantes voltados para a formação de facilitadores de

EPS, um momento organizado pelo Ministério da Saúde direcionado para os pólos e,

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posteriormente, outro com o auxílio do Ministério da Saúde e de responsabilidade dos

municípios colaboradores com o objetivo de ampliar a capacidade de formulação, de ensino-

aprendizagem, de desenvolvimento e de ação dos municípios (MENDONÇA et al, 2010).

A construção teórica e metodológica da Educação Permanente em Saúde (EPS) relata

a importância da aproximação para educação da vida cotidiana como fruto do conhecimento

do potencial educativo do trabalho, prevendo transformações diárias e aprendizado através

da problematização das práticas (BRASIL, 2009). A aproximação ao cotidiano pode permitir

tornar a educação significativa, possibilitando o questionamento das práticas sociais e a

instrumentalização para conhecer e o agir, permitindo a efetiva incorporação de instrumentos

técnicos, culturais e éticos para uma intervenção competente e capaz de mudar o modo de se

fabricar saúde (GARCIA, 2001; MERHY, 2005).

De acordo com Peduzzi et al. (2009), a EPS está baseada na integralidade em três

eixos de sentido: nas características das políticas de saúde, no sentido da articulação da

promoção, prevenção e recuperação da saúde; na apreensão ampliada e contextualizada das

necessidades de saúde; e na organização dos serviços de saúde nos diferentes níveis de

complexidade da atenção à saúde.

“[...] Colocar a Educação Permanente em Saúde na ordem do dia para

o SUS pôs em nova evidencia o trabalho da saúde, um trabalho que

requer: trabalhadores que aprendam a aprender; práticas cuidadoras;

intensa permeabilidade ao controle social; compromissos de gestão

com a integralidade; desenvolvimento de si, dos coletivos,

institucional e político da saúde, além de implicação com as práticas

concretas de cuidado [...]” (CECCIM, 2005, pág. 977).

Segundo a portaria ministerial 648/GM de 28 de março de 2006, as atividades

oriundas da EPS estão no rol de atribuições mínimas específicas de cada categoria

profissional da área da saúde (SILVA; PEDUZZI, 2011). Atualmente, a formação dos

profissionais da saúde encontra-se dicotomizada, distanciando-se da linha da EPS, na qual

prioriza a aproximação das práticas acadêmicas da realidade de atuação (LOPES et al.,

2007).

As questões relacionadas com a organização e gestão no trabalho e a formação de

pessoal constituem um dos maiores desafios enfrentados no âmbito dos sistemas de saúde no

mundo contemporâneo e no Brasil (PINTO, 2013). A dinâmica decorrente da coexistência de

um processo de construção do SUS, paralela à reconfiguração do setor privado, tem

contribuído para a priorização da área de trabalho e nos seus diversos níveis, induzindo a

formulação e a implementação de políticas públicas (PINTO, 2013).

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A EP é o aprendizado contínuo que objetiva o autoaprimoramento pela busca da

competência pessoal, profissional e social através das experiências pessoais vividas que

podem contribuir intrinsecamente através do meio e das relações de trabalho (PASCHOAL;

MANTOVANI; MEIER, 2007). A EPS deve gerar no trabalhador e em seu cotidiano de

trabalho, transformações da sua prática, capaz de produzir a problematização de si mesmo no

cotidiano de produção do cuidado em saúde (MERHY, 2005).

A EP é a definição pedagógica para o processo educativo em serviço que possibilita

construir espaços coletivos de reflexão e avaliação do sentido dos atos produzidos no

cotidiano, problematizando o cotidiano do trabalho, tanto a incorporação acrítica de

tecnologias materiais, como a eficácia da clínica produzida, os padrões de escuta, e as

relações estabelecidas com os usuários e entre os profissionais (CECCIM; CAPOZZOLO,

2004).

De acordo com Cavalcanti (2009) a EPS é uma abordagem metodológica que busca

atingir, a partir da problematização do cenário das práticas, a qualificação dos processos de

trabalho em saúde, com fins para a resolutividade, integralidade e humanização da atenção a

partir da organização de coletivos de trabalho.

Para Ricaldoni e Sena (2009), a EP é um contínuo de ações de trabalho-

aprendizagem que ocorre no ambiente de trabalho e produção, que parte de uma situação

problematizada existente, que se instala a necessidade de transformá-la em uma situação

desejada. Para que a EP esteja integrada no cotidiano do trabalhador, é necessário estar

sustentada nos conceitos metodológicos críticos e reflexivos, bem como fazer parte do

“pensar e fazer” das suas práticas, para contribuir no crescimento e na organização do

processo de trabalho através da problematização da realidade (RICALDONI; SENA, 2009).

A EPS propõe que, através da análise coletiva dos processos de trabalho, seus atores

possam se responsabilizar mutuamente pela produção da autonomia e de cuidados na

perspectiva da integralidade da assistência baseada na aprendizagem significativa

(FORTUNA et al, 2011). Tais mudanças no trabalho são capazes de acontecer, quando o

homem capta e compreende a realidade e não se reduz a um mero espectador ou cumpridor

de ordens pré-determinadas, assim, os gerentes/líderes não têm o papel de conduzir as

pessoas para a mudança, mas sim de criar ambientes organizacionais que inspirem, suportem

e alavanquem a imaginação e a iniciativa que existe em todos os níveis (MEDEIROS et al,

2010).

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Através de um cenário metodológico que envolve a problematização das práticas de

diversos profissionais da área da saúde, a EP apresenta-se no âmbito da saúde pública, como

importante aliada para reflexão crítica articulada a soluções estratégicas coletivas em

diversas situações cotidianas (STROSCHEIN; ZOCCHE, 2012). De acordo com os mesmos

autores, a EP surge do pressuposto da aprendizagem significativa, onde o aprender e o

ensinar integram o cotidiano dos profissionais da saúde, através das realidades e modelos de

atenção em saúde e suas problemáticas.

Segundo Falkenberg et al. (2014), o homem educa-se a partir da realidade que o cerca

e coeduca-se durante sua interação com outros homens, dessa forma o grande desafio da EP

é estimular o desenvolvimento da consciência dos profissionais sobre o contexto de suas

responsabilidades no processo de sua capacitação, bem como a importância de sua

participação no seu cenário de trabalho como peça importante de transformação social e

transformador de suas práticas.Uma das principais limitações para a disseminação da

Educação Permanente em Saúde é falta de domínio conceitual e operativo pelos profissionais

da área da saúde (CARVALHO, 2011).

O processo de transferência de conhecimento, na perspectiva do educar, cria

possibilidades para que o educando participe do processo recíproco de ensino-aprendizado

(SILVA; PEDUZZI, 2011). O processo de ensino-aprendizagem deve estar incorporado no

cotidiano de trabalho em saúde co-responsabilizando profissionais, usuários e gestores para

criação de espaços de atenção coletivos de trabalho e produção de políticas enraizadas nos

princípios e nas diretrizes do SUS (STROSCHEI; ZOCCHE, 2012; SILVA; PEDUZZI,

2011; SCHERER; PIRES; SCHARTZ, 2009).

O foco central da EP é atuar com a experiência dos trabalhadores e a aquisição de

conhecimentos em seu ambiente de trabalho, utilizando a realidade de cada serviço (EL

HETTI et al, 2013). Para que isso ocorra adequadamente o gestor deve proporcionar

processos educacionais que sensibilizem o profissional e que causem impacto no que é

subjetivo em cada um e também no seu modo de ser, agir e pensar (EL HETTI et al, 2013).

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3.OBJETIVOS

3.1.Objetivo geral

Investigar sobre o processo de ensino-aprendizagem relacionado às orientações

posturais realizadas pela equipe de Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia crônica

e em situação de afastamento do trabalho, e sobre a Educação Permanente em saúde nesse

processo.

3.1.1. Objetivos específicos

3.1.1.1. Investigar sobre as dificuldades encontradas pela equipe de Fisioterapia no

processo de ensino-aprendizagem nas orientações posturais realizadas junto aos trabalhadores

com lombalgia crônica e em situação de afastamento do trabalho atendidos no

CEREST/SEVREST- Santos no período de 1º de janeiro de 2014 a 20º de julho de 2014.

3.1.1.2. Investigar o conhecimento dos profissionais da equipe de Fisioterapia sobre a

Educação Permanente em Saúde e Educação em saúde no trabalho realizado de orientação

postural junto aos trabalhadores com lombalgia crônica e em situação de afastamento do

trabalho.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva e com resultados qualitativos. Na

pesquisa exploratória, pretende-se pesquisar sobre os fatores humanos, com estudo prévio da

realidade durante o planejamento da pesquisa com intuito de elaborar instrumentos baseados

nas experiências reais dos sujeitos (PIOVESAN; TEMPORINI, 1995). A pesquisa descritiva

é utilizada amplamente na área da educação e nas ciências comportamentais, baseando-se na

premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da

descrição (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007). A pesquisa qualitativa costuma ser

direcionada ao longo do seu desenvolvimento, sem mensurações e instrumentos estatísticos

para análise dos dados, composto por dados descritivos mediante contato direto ou interativo

do pesquisador com o objeto de estudo (NEVES, 1996).

Este estudo contém três etapas.

Na primeira etapa, foram selecionados os Fisioterapeutas (n=3) do Projeto intitulado

“Projeto Lombalgia” da Unidade CEREST, cidade de Santos-SP, e apresentado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em conformidade com a Resolução 466/12 do

CNS/MS (APÊNDICE D). Foi realizada uma entrevista que ocorreu na Sessão de

Reabilitação e Fisioterapia de Santos /SERFIS- Orla, com a utilização de um roteiro

semiestruturado com questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem junto às

orientações posturais, como são realizadas essas orientações e o conhecimento sobre a

educação permanente (APÊNDICE A). As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra

para análise de conteúdo por categorias, que tiveram duração de aproximadamente 60

minutos. Segundo Bardin (2011), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise

das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo, capaz de analisar conteúdos diversos e de todas as formas de comunicação, seja

qual for a sua natureza.

A técnica de análise de conteúdo pressupõe algumas etapas, que segundo Bardin

(2011) são: (1) Pré-análise: consiste em um processo de escolha dos documentos ou definição

do corpo de análise, formulação das hipóteses e dos objetivos da análise, e elaboração dos

indicadores que fundamentam a interpretação final; (2) Exploração do material ou

codificação: consiste no processo através do qual os dados brutos são transformados

sistematicamente, agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das

características pertinentes ao conteúdo expresso no texto; (3) Tratamento dos resultados,

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inferência e interpretação: busca-se nesta etapa colocar em relevo as informações fornecidas

pela análise permitindo apresentar os dados em diagramas, figuras, modelos, etc. O autor

define as categorias como classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de

registro) sob um título genérico, e cujo agrupamento é efetuado em razão das características

comuns dos elementos.

Na segunda etapa foram selecionados os prontuários abertos dos sujeitos de ambos os

gêneros, atendidos no Projeto Lombalgia realizado no CEREST/SEVREST, do município de

Santos, situado na Avenida Senador Pinheiro Machado, número 565 no período de 01 de

janeiro e 2014 a 20 de julho de 2014. Foram coletados dados da ficha da avaliação

fisioterapêutica como: demográficos, telefone, município de residência, se vivenciou e/ou

permanecia em situação de afastamento do trabalho, profissão, queixas dolorosas e clínicas

(cervicalgia; cervicobraquialgia; dorsalgia; lombalgia; lombociatalgia), entre outras. Os

critérios de inclusão foram: trabalhadores com idade entre 35 e 50 anos, que estiveram e/ou

se encontravam em situação de afastamento do trabalho, de ter encaminhamento pela equipe

médica para o Projeto Lombalgia, com sintomatologia dolorosa em região lombar superior a

três meses, e que tenha, realizado atendimento fisioterapêutico pela equipe de Fisioterapia do

Projeto Lombalgia, com presença mínima em 15 (quinze) sessões. Os critérios de exclusão

foram: presença de diagnósticos de transtornos mentais e doenças reumáticas, deficiência

física adquirida ou congênita, período gestacional.

Os sujeitos selecionados aleatoriamente e dentro dos critérios estabelecidos e através

dos prontuários da Fisioterapia foram contatados via telefone e somente após a explicação

sobre o estudo através do TCLE e aceite voluntário, foram convidados a participar de um

encontro em grupo de discussão (APÊNDICE E). Os Fisioterapeutas também foram

convidados a participar deste encontro após o aceite voluntário e apresentação TCLE

(APÊNDICE E).

Os grupos de discussão passaram a ser utilizados na pesquisa social empírica, a partir

dos anos 50, com aprofundamento metodológico na década de 1970, sendo caracterizado por

uma técnica de pesquisa e opiniões através de processos interativos, discursivos e coletivos

destas das opiniões (WELLER, 2006). Nesse sentido, os grupos de discussão constituem

uma importante ferramenta para a reconstrução dos contextos sociais e ações dos sujeitos

(WELLER, 2006).

A metodologia de pesquisa dos grupos de discussão consiste em uma prática

qualitativa de análise social que permite descobrir mecanismos sociais ocultos ou latentes

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através de entrevista investigativa aberta (MEINERZ, 2011). Deve ser compreendido dentro

de um contexto questionador da realidade social, admitindo a complexidade do pluralismo

metodológico entre as práticas qualitativas e quantitativas (MEINERZ, 2011).

Para o encontro em grupo, foi utilizado um roteiro semiestruturado com temas

concernentes às dificuldades existentes no processo de ensino aprendizagem relacionado às

orientações posturais, o que foi aprendido sobre o próprio corpo durante os exercícios

propostos, dificuldades encontradas na execução dos exercícios e a relação entre os

ensinamentos e a compreensão das condutas propostas (APENDICE B). Este roteiro foi

utilizado para a realização do encontro, que ocorreu na Sessão de Reabilitação e Fisioterapia

de Santos /SERFIS- Orla, situado na Avenida Conselheiro Nébias, 267, em sala apropriada,

e que foi gravado e transcrito na íntegra para análise de conteúdo. O encontro teve uma

duração de 120 minutos.

Na terceira etapa, os fisioterapeutas que participaram da primeira etapa foram

novamente convidados a participar desta terceira etapa, onde foi apresentado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido em conformidade com a Resolução 466/12 do CNS/MS

(APÊNDICE F). Foi realizado um encontro em grupo de discussão, ocasião em que foi

utilizado um roteiro semiestruturado com questões sobre a participação individual no grupo

de discussão da etapa anterior, sobre o processo de ensino-aprendizado no trabalho realizado

e os desafios existentes para a implementação de um processo educativo permanente

(APÊNDICE C). Este encontro ocorreu também na Sessão de Reabilitação e Fisioterapia de

Santos /SERFIS- Orla, com duração de 41 minutos, sendo gravado e transcrito na íntegra

para análise de conteúdo.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal

de São Paulo- UNIFESP, parecer n° 930842 e data da relatoria em 13/01/2015.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para facilitar a apresentação dos resultados os mesmos serão apresentados por etapas

realizadas no estudo.

5.1. Primeira etapa (Etapa 1)

Na etapa 1 participaram os três (3) fisioterapeutas que atuavam no Projeto Lombalgia,

realizado no CEREST do município de Santos. O total era de quatro fisioterapeutas, sendo a

pesquisadora uma delas. Os dados pessoais e de trabalho estão demonstrados na tabela 1 e

para preservar a identificação dos sujeitos, eles estão representados como F1, F2 e F3.

Tabela 1 – Dados pessoais e de trabalho gerais dos Fisioterapeutas (Etapa 1).

DADOS F1 F2 F3

Idade 29 anos 33 anos 26 anos

Gênero Masculino Masculino Feminino

Estado Civil Casado Casado Casada

Escolaridade Ens. Superior Pós-Graduação Pós-Graduação

Tempo de atuação como Fisioterapeuta 6 anos 10 anos 4 anos

Tempo de atuação no Projeto Lombalgia 2 anos 2 anos 2 anos

Jornada Semanal no Projeto Lombalgia 24 horas 24 horas 24 horas

Outro vínculo empregatício/ Local Não Sim/ Hospitalar Sim/ Hospitalar

Segundo os dados obtidos e informados na Tabela 1, as idades entre eles variaram

entre 29 e 33 anos, todos eram casados e dois do gênero masculino. Em relação à escolaridade

dois tinham pós-graduação strictosensu completa, e os três com tempo de atuação profissional

como fisioterapeuta variando entre quatro (4) e dez (10) anos. Todos possuíam dois anos de

atuação no Projeto Lombalgia, no momento do estudo, e apenas um (1) Fisioterapeuta não

possuía outro vínculo empregatício e dois (2) Fisioterapeutas trabalhavam com dupla jornada

de trabalho (12h/dia).

De acordo com a Lei Federal 8856 de 01 de março de 1994, a jornada de trabalho do

profissional fisioterapeuta deve ser de 6h/dia ou 30h semanais (CONSELHO FEDERAL DE

FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1995), contudo, a fim de complementar a

renda mensal, dentre outros fatores, é comum encontrar profissionais que atuam em locais

diferentes de trabalho, com carga horária além da fixada por lei. De acordo com Pafaro e

Martino (2004), as duplas jornadas de trabalho tornam-se necessárias devido à situação

econômica da área da saúde e aos baixos salários que se tornam insuficientes para o sustento

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familiar, e diante de tais fatos, a saúde do trabalhador sofre influências negativas frente à

rotina de duplo vínculo empregatício e suas demandas.

Nas entrevistas foram elencadas as seguintes categorias: ritmo acelerado de trabalho e

demandas no trabalho; a situação de afastamento do trabalho e estigmas; dificuldades no

processo de aprendizagem dos pacientes nas orientações posturais; e o desconhecimento sobre

os Processos Educativos e Educação Permanente.

Ritmo acelerado e demandas no trabalho

O ritmo acelerado e as altas demandas no trabalho foram destacados nos depoimentos

dos fisioterapeutas entrevistados quando abordados sobre o cotidiano de trabalho e suas

práticas.

“(...) não temos muito tempo, temos que fazer tudo muito rápido, temos uma lista de

espera enorme e tem que acelerar [...] e às vezes acaba perdendo um pouco da paciência”

(F1).

“(...) eu não paro para fazer as orientações em um momento específico porque não dá

tempo para dar as orientações posturais...” (F3).

Os fisioterapeutas referiram as demandas principalmente em relação às extensas listas

de espera para atendimento fisioterapêutico como fatores agravantes durante o processo de

planejamento das condutas terapêuticas. Os serviços de assistência à saúde do trabalhador,

bem como os demais serviços de Fisioterapia credenciados ao SUS possuem alta demanda

de atendimento e funcionam por guias e solicitações de sessões restritas ao pedido médico, o

que resultou em sobrecargas de serviço e um funcionamento “inadequado” em geral do setor

de Fisioterapia, visto que muitas vezes o tratamento é interrompido até que o paciente

consiga uma nova guia.

Reiterando a importância dos serviços de assistência à saúde do trabalhador para o

acolhimento da alta demanda de trabalhadores com disfunções musculoesqueléticas

relacionadas ao trabalho, Mendes e Lancman (2001) reforçam que o tratamento

fisioterapêutico é muitas vezes a primeira e a única abordagem terapêutica de longa duração

acessível a esses trabalhadores. Diante dos processos de reabilitação é importante o

atendimento desses pacientes pela Fisioterapia, porém uma maior organização do fluxo de

trabalho, horários mais longos para os atendimentos, e aumento de contratação de

profissionais se faz necessário para evitar o desgaste e sobrecargas, e consequentemente a

diminuição da qualidade dos serviços prestados.

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A situação de afastamento do trabalho e estigmas

Segundo Goffman (1963) citado por Fernandes e Li (2006) estigma referencia um

atributo depreciativo, fraqueza ou desvantagem de indivíduos de características diferentes da

aceita pela sociedade tratada de maneira preconceituosa. Os depoimentos dos fisioterapeutas

reforçaram em muitos momentos, estigmas gerados frente à situação de afastamento do

trabalho junto aos pacientes com dor crônica e vinculados ao Instituto Nacional do Seguro

Social-INSS

Alguns fisioterapeutas atribuíram o desinteresse e os descuidos durante as orientações

posturais de pacientes como “descaso” ou “desinteresse”, e com suspeitas de estarem visando

a manutenção do benefício recebido por afastamento do trabalho, aspecto que pode interferir

nas relações terapêuticas, estigmatizando o trabalhador adoecido.

“(...) tem o paciente que está afastado do trabalho e que quer voltar para o trabalho e

tem o paciente que não, está mais está louco para se afastar, então entra por um ouvido e sai

pelo outro [...] às vezes tenho medo de generalizar” (F1).

“(...) acho que é porque muitos não querem voltar ao trabalho, por conta da dor (não

são todos) não vou generalizar, mas muitos não querem voltar a trabalhar. ” (F2).

Sobre os estigmas de retorno às atividades laborais, Neves (2006) ressalta a falta de

diálogo associada ao trato rude e ofensivo dos profissionais da saúde junto ao trabalhador

como fator de preocupação, desconfianças e descréditos em relação à doença. Diante de tais

descréditos, Garbin, Neves e Batista (1998) acreditam que as desconfianças advindas de

equipes de saúde e de seu ambiente social perante o adoecimento do sujeito, podem ter

implicações negativas no processo de reabilitação. Sobre os estigmas gerados pelo

profissional fisioterapeuta diante do adoecimento de seus pacientes, Daykin e Richardson

(2004) destacaram em seu estudo que os fisioterapeutas classificam seus pacientes com dor

lombar crônica em estereótipos de “pacientes bons”, aqueles que conseguem claramente

descrever sua dor e “pacientes difíceis” aqueles que não se portam pró ativos em seu

tratamento e não conseguem ser objetivos na descrição da dor.

A invisibilidade da doença gera questionamentos sobre a fidedignidade da

sintomatologia dolorosa relatada pelo paciente. Quando abordados sobre diferenças nos

processos de reabilitação entre os pacientes/trabalhadores em situação de afastamento ou não

do trabalho, alguns fisioterapeutas também demonstraram receios em generalizar o contexto.

As doenças ocupacionais muitas vezes contribuem para atitudes de descréditos dos

profissionais que atuam na área da saúde do trabalhador, por dificuldades na compreensão de

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aspectos subjetivos envolvidos no adoecimento crônico e nos processos de reabilitação. A dor

lombar crônica pode contribuir para a dificuldade na compreensão e planejamento das

condutas fisioterapêuticas por sua natureza complexa, associada muitas vezes a fatores

psicológicos que não pertencem ao típico modelo biomédico exercido pelos fisioterapeutas

(DAYKIN; RICHARDSON, 2004).

Segundo Augusto et al (2008), os profissionais fisioterapeutas trazem na bagagem de

sua formação a postura biomédica reducionista e fragmentada do organismo humano em

relação às representações sociais da saúde do trabalhador que são caracterizadas e

estigmatizadas apenas pelas sintomatologias clínicas objetivas.Dessa forma, para os mesmos

autores, sintomatologias subjetivas como dor, parestesias e ausências de sinais clínicos

objetivos, configuram-se complexas para os Fisioterapeutas que ainda em suas práticas

portam-se desconfiados perante o sofrimento do paciente.

Ressalta-se que o reconhecimento dos aspectos subjetivos, nos quais raramente

coincidem com os aspectos objetivos da doença, não implica em desconsiderar as alterações

biológicas dos pacientes, que por sua vez devem ser tratados pelo profissional fisioterapeuta

como um caminho para um tratamento singular, de abertura para a escuta e o diálogo

(AUGUSTO et al, 2008).

Dificuldades no processo de aprendizagem dos pacientes

Os fisioterapeutas identificaram dificuldades no processo de aprendizagem dos

pacientes frente às orientações posturais durante o processo de reabilitação.

“(...) alguns aprendem, outros aprendem na hora e esquecem [...] não sei se nós não

estamos sabendo ensinar ou eles que não estão aprendendo [...]” (F1).

“(...) muitas pessoas com baixa escolaridade e às vezes fica um pouco difícil você

ensinar. Eu sempre tento falar a “língua” deles, mas muitos não entendem [...] chegam aqui

sem saber o que eles têm e o que é o tratamento [...]” (F2).

Para os fisioterapeutas entrevistados a baixa escolaridade dos pacientes e o suposto

desinteresse no aprendizado dificultavam a compreensão e o processo de aprendizagem dos

pacientes durante as orientações realizadas. As adequações de linguagem, bem como a baixa

escolaridade surgiram como possíveis problemas nos processos educativos junto aos

entrevistados, e corroboram com Neuwal e Alvarenga (2005) que ressaltam a adequação da

linguagem técnica para o contexto popular para que haja um adequado aprendizado entre o

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prestador de saúde e o usuário. Ainda os autores evidenciam o despreparo do profissional

fisioterapeuta na execução de tarefas educadoras durante o processo de reabilitação.

Tais fatores são elencados dentro do modelo biomédico e reducionista característico

da formação do profissional Fisioterapeuta que dificulta uma abordagem integral do sujeito

adoecido e desfavorece o contexto cultural e popular como forma de ensino-aprendizagem no

cotidiano de suas práticas. Segundo Caetano, Cruz e Leite (2002), o profissional fisioterapeuta

deve conciliar a expressão subjetiva com seus conhecimentos técnico-científicos para assim

buscar novas estratégias de intervenção e soluções de problemas neste campo de trabalho.

Desconhecimento sobre os Processos Educativos e Educação Permanente

O desconhecimento sobre processos educativos e Educação Permanente surgiu nos

depoimentos dos fisioterapeutas entrevistados. Por diversos momentos, foi necessário repetir

as perguntas sobre processos educativos e Educação Permanente em Saúde, e as mesmas

foram seguidas de períodos de silêncio como resposta ou questionamentos sobre a pergunta,

com pouca compreensão sobre o que se questionava, sendo repetidas algumas vezes.

Em relação ao ato de ensinar e aprender no trabalho, os fisioterapeutas afirmaram que

o ato de ensinar é maior do que o de aprender, com dificuldades em visualizar o processo de

ensino-aprendizagem em suas práticas e junto aos pacientes, evidenciando uma postura

unilateral no processo.

“(...) Sempre temos coisas a aprender com alguém, mas principalmente no nosso

caso, acredito que tenhamos mais que ensinar do que aprender [...] (F1).

“(...) Existe o processo de ensino... de aprendizado não [...] (F3)

De acordo com os depoimentos, os profissionais fisioterapeutas ainda não

reconheciam em seu cotidiano de trabalho a existência de uma “rede” de ensino-

aprendizagem, bem como os vínculos existentes durante os atendimentos propostos. Há

necessidade destas percepções, bem como de uma escuta mais atenta dos pacientes. A

formação dos profissionais da saúde distancia-se da realidade de suas práticas desde sua

formação acadêmica, onde o profissional não aprende a exercitar sua capacidade de escuta

junto ao usuário (LOPES et al., 2007). Dessa forma, o processo de ensino-aprendizagem na

visão do fisioterapeuta parece tornar-se um elemento secundário no processo de reabilitação.

De acordo com Silva e Peduzzi (2011), educar na perspectiva emancipatória é criar

possibilidades para que o educando participe do processo do saber, gerando o significado

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oposto do processo de transferência de conhecimento, e assim criar a possibilidade de um

processo recíproco de ensinar e aprender no trabalho.

Sobre o que seria Educação Permanente em Saúde, os entrevistados portaram-se

confusos em suas respostas e demonstraram desconhecimento sobre o assunto, bem como

dificuldades em distinguir a Educação Permanente da Educação Continuada.

“(...) apenas ouvir falar sobre Educação Permanente em Saúde, do que se trata, eu

realmente não sei. Imagino que seja algo continuado, que se inicia e não tem fim (silêncio). ”

(F1).

“(...) Educação Permanente (silêncio).. já ouvi falar! Mas não me recordo, se eu não

me engano, na verdade acho que conheço apenas a educação continuada [...] a empresa

onde o indivíduo trabalha, vai pagar ou oferece cursos de atualizações para você se reciclar

e estudar. Agora, Educação Permanente eu não sei (F2).

“(...) Educação Permanente... ah, não sei, não (silêncio)... não sei, não. Nunca ouvi

falar” (F3).

Percebeu-se nos depoimentos o desconhecimento sobre a Educação Permanente no

âmbito do trabalho da Fisioterapia. Diante das ações educativas na área da saúde, cabe-se

ressaltar a sua importância do conhecimento, para a compreensão e intervenções talvez mais

efetivas nas práticas.

O profissional fisioterapeuta desde sua formação acadêmica, não se familiariza com

os contextos educacionais em suas práticas, e dessa forma não tende a se interessar, ou

buscar o conhecimento prévio e básico sobre Educação Permanente em Saúde e no trabalho,

como forma de ampliação do seu conhecimento e consequentemente do cuidado. De acordo

com Falkenberg et al (2014), a educação permanente surge na atualidade com uma exigência

na formação do sujeito, onde ele seja capaz de inovar a forma de “ saber” e “ fazer” para “

saber fazer” no contexto da autonomia e da capacidade de aprender constantemente na

relação inseparável das ações entre teoria e prática e vice-versa.

Para Mancia, Cabral e Koerisch (2004), o modelo convencional de Educação

Continuada, é compreendido como aplicação do conhecimento teórico especializado, com

grande investimento em capacitação de recursos humanos, mas que não tem se traduzido em

mudanças na prestação de serviços em saúde, sendo útil, mas não tendo necessariamente o

potencial de transformar as práticas dos serviços. A Educação Permanente em Saúde objetiva

a constituição de uma rede de ensino-aprendizagem no exercício do trabalho, e nesse sentido,

ela pode representar um resgate da ação comunicativa intersubjetiva nos espaços de trabalho

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técnico científicos ainda exercidos no modelo biomédico hegemônico arraigado entre os

profissionais da saúde (LOPES et al., 2007).

De acordo com as definições sobre a Educação Permanente, o homem se educa por

toda a sua vida, sendo capaz de direcionar seu aprendizado no contexto pessoal e profissional,

através da evolução e aprimoramento de suas práticas, dessa forma é necessário que o

profissional fisioterapeuta perceba os processos de ensino-aprendizagem já existentes em suas

práticas para então desenvolvê-las como ferramenta de aproximação de seu cotidiano de

trabalho como educador,educando e aprendiz.

5.2. Segunda etapa (Etapa 2)

Grupo de Discussão

“Na investigação das relações saúde- trabalho em situações reais de

trabalho, propõe-se evidenciar os sentidos latentes e a pluralidade de

sentidos: ver o mundo dos trabalhadores por seus próprios olhos [...]

aprender a ver o mundo do trabalho pelos olhos dos trabalhadores não

é uma atitude espontânea, sobretudo quando se trata de profissionais já

impregnados de preconceitos ideológicos [...] (ASSUNÇÃO, 2003,

pág. 1016)”

Foram selecionados ao todo vinte e um (21) pacientes , enquadrados nos critérios de

seleção, mas foram selecionados aleatoriamente quatorze (14), para se evitar um número

excessivo de participantes no grupo. Participaram do grupo de discussão quatorze (14)

pacientes trabalhadores, e os três fisioterapeutas (3), totalizando a participação de dezessete

(17) sujeitos no total.

Os dados demográficos, de profissão e sessões dos pacientes estão demonstrados na

tabela 2.

Tabela 2 – Dados demográficos, de profissão e sessões dos pacientes (Etapa 2).

DADOS SUJEITOS (N=14)

Idade 35-38 anos (n=01) =7%

39-42 anos (n=01) =7%

43-46 anos (n=03) =22%

47-50 anos (n=09) =64%

Gênero Masculino (n=10) =71%

Feminino (n=04) =29%

Escolaridade Analfabeto (n=02) =15%

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1° Grau Incompleto (n=08) =57%

2° Grau Incompleto (n=02) =14%

2° Grau Completo (n=02) =14%

Estado civil Casado (n=08) =57%

Solteiro (n=04) =29%

Divorciado (n=02) =14%

Profissão Ensacador (n=03) =22%

Pedreiro (n=03) =22%

Açougueiro (n=01) =7%

Aux. Limpeza (n=01) =7%

Costureira (n=01) =7%

Cuidadora (n=01) =7%

Doméstica (n=01) =7%

Marceneiro (n=01) =7%

Porteiro (n=01) =7%

Sup. Encarregado (n=01) =7%

Situação profissional Licença médica (n=01) =7%

Retornou ao trabalho (n=02) =14%

Afastado pelo INSS (n=11) =79%

Município de referência Santos (n=13) =93%

São Vicente (n=01) =7%

Número de sessões realizadas 21-32 sessões (n=07) =50%

33 ou mais sessões (n=07) =50%

Dos participantes, dez (10) eram do sexo masculino (71%), quatro (4) do sexo

feminino (29%), a maioria com a faixa etária entre 47-50 anos (64%), casados (57%), e com

escolaridade incompleta de primeiro grau (57%), e residentes no município de Santos (93%).

Todos haviam vivenciado o processo de afastamento do trabalho, sendo que onze (11) se

encontravam em situação de afastamento pelo INSS (79%), dois (2) haviam retornado ao

trabalho (14%), e um (1) estava afastado por licença médica (7%). As profissões foram

variadas, porém todas com relatos de exigências de esforços físicos nas tarefas cotidianas de

trabalho.

Em relação às queixas (sintomas clínicos), dez (10) trabalhadores possuíam queixa de

lombalgia (72%), dois (2) de lombociatalgia (14%) e dois (2) apresentaram também

cervicalgia (14%). Em relação ao sono, onze (11) participantes relataram não dormir

adequadamente (78%).

Todos os participantes relataram queixas de dores ao realizar tarefas no trabalho, com

destaque para os movimentos de inclinação e flexão de tronco, e manutenção prolongada da

postura sentada. Em relação ao prejuízo nas atividades de vida diária, os quatorze (14)

participantes afirmaram a existência de dificuldades nos afazeres domésticos, e ao caminhar.

Dos participantes, apenas um (1) possuía histórico pregresso de atividade física.

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Orientações posturais e autocuidado

Através dos depoimentos coletados no grupo de discussão, os participantes ressaltaram

a importância das contribuições da Fisioterapia no processo de reabilitação e retorno das

atividades cotidianas, através das orientações posturais: “Se não fosse a Fisioterapia a gente

tava sentada na cadeira de roda [...] nos ajuda na hora de sentar, deitar, levantar...” (P5). A

Fisioterapia assume um importante papel na educação do corpo e autocuidado, no contexto

das orientações posturais de indivíduos acometidos por dor lombar crônica, possibilitando

entre outros a prevenção de agravos. Também visa com a reabilitação e orientações posturais

um possível retorno ao trabalho. Segundo Imamura, Kaziyamae Imamura (2001), o objetivo

principal do tratamento da lombalgia crônica é o retorno ao trabalho e as atividades de vida

diária dos trabalhadores.

O aprendizado adquirido durante as orientações posturais realizadas pelos

fisioterapeutas foi destacado pelos trabalhadores como fator importante para o autocuidado,

sendo possível, segundo os pacientes, distinguir o que é “certo” e “errado” durante algumas

atividades cotidianas: “ (...) a gente aprendeu e estou colocando em prática em casa, de boa,

a gente já viu o que é certo e o que é errado, então tem que continuar em casa [...]

(P7).Através de processos educativos baseados na integralidade do cuidado, destaca-se a

importância da necessidade de realizar as orientações posturais em suas atividades cotidianas,

fazendo-se necessário contextualizar sobre as dificuldades, além de oferecer informações

técnicas, que por sua vez pode tornar o tratamento fisioterapêutico mais eficaz nestas

intervenções.

Ainda, os exercícios de prevenção, bem como as orientações posturais, segundo

Santos, Fernandes e Souza (2008), precisam ser incorporados no cotidiano dos indivíduos,

com objetivo de garantir a redução da prevalência das dores lombares, e dessa forma o

fisioterapeuta possui importante papel no âmbito educacional através das orientações,

incentivos e criação do processo de autocuidado.

De uma forma geral, para o grupo, as orientações posturais foram importantes para

melhorar ainda mais o conhecimento sobre o próprio corpo, e as compreensões eram

facilitadas quando já havia algum conhecimento prévio do corpo em atividades físicas

realizadas no histórico de vida. Este histórico tornou-se, para alguns, um aspecto positivo na

evolução dos quadros clínicos durante o processo de reabilitação: “(...) as orientações pra

mim só veio a acrescentar né? mesmo porque eu já tinha uma noção já que sempre fiz

atividade física,...” (P8). A prática de atividades físicas ao longo da vida pode proporcionar

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ao indivíduo melhores condições de aprendizado perante as orientações e cuidados posturais,

de forma a possibilitar e otimizar o processo de reabilitação. Em relação aos níveis adequados

de aptidão física que o indivíduo adquire ao longo da sua vida, Toscano e Egypto (2001)

destacam que eles podem contribuir na postura corpórea durante suas funções diárias,

minimizando recidivas de dores lombares.

O tratamento fisioterapêutico e o mundo do trabalho

A segurança de estar em tratamento fisioterapêutico durante o processo de

adoecimento também foi destacada no grupo, através da percepção de melhora do quadro

álgico e da funcionalidade nos dias em que estiveram em tratamento, porém referiram o

quanto piorava a dor em dias de ausência dos atendimentos da Fisioterapia. O grupo trouxe

elementos que indicaram a importância da Fisioterapia para a reabilitação dos sujeitos

acometidos por lombalgia crônica, porém limitada pelo fato de se tratar de um pequeno

período de intervenção por semana e haver situações cotidianas que favoreciam o

ressurgimento e agravamento dos sintomas, além de receios por se tratar de uma doença

crônica: “(...) pra mim esse negócio não tem jeito, então eu sou sincera, esse negócio de

fisioterapia, eu saio daqui, to boa, saio pra outro canto e já to aleijada” (P6), ou ainda, “(...)

eu me sinto bem, quando eu saio daqui eu me sinto bem [...] mas daqui, se eu for andar daqui

pra li volta tudo de novo, novamente...” (P10). Diversas situações desencadeavam o

surgimento das dores, e que também comprometem muitas vezes os cuidados posturais, como

andar em calçadas irregulares e com risco de tropeços ou queda, o subir e descer de ônibus

especialmente lotados, na execução em atividades domésticas por não ter ninguém para

realizá-las e o “ter que fazer”, longas caminhadas por motivos muitas vezes financeiros, entre

outras, que podem dificultar os incentivos para o autocuidado.

A Fisioterapia surge como importante aliada no processo de reabilitação do sujeito

acometido com dor lombar crônica, dessa forma, estar em tratamento fisioterapêutico traduz

aos trabalhadores adoecidos a segurança e a legitimação do adoecimento, que por sua vez

quando ausente do setor desvincula-se do cuidado e pode desencadear o retorno do quadro

álgico gerando inseguranças. De acordo com Toldrá, Santos e Lancman (2010), os

trabalhadores sentem-se acolhidos no ambiente da reabilitação devido ao sentimento de

pertencerem ao grupo de pessoas que também se encontram adoecidas e pelo cuidado

recebido que os auxilia no enfrentamento do processo de exclusão vividos pelo fato de terem

adoecido.Os trabalhadores afastados têm a consciência da doença crônica, e aparentemente

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sentem medo de se desvincular do tratamento fisioterapêutico, medo do ressurgimento dos

sintomas diante de contextos não facilitadores de autocuidados.

Outra questão destacada nos depoimentos do grupo foi que alguns pacientes, ainda em

processo de reabilitação, retornaram para suas atividades laborais sendo submetidos às

mesmas condições de trabalho e que o levaram ao adoecimento, situações que geraram na

época ocorrida o agravamento do quadro clínico, aspectos que pode afetar os resultados dos

tratamentos fisioterapêuticos. Manifestaram certo descrédito da eficácia do processo de

reabilitação geral da Fisioterapia devido ao impasse entre as necessidades de tratamento e

cuidados da saúde, e a realidade para o retorno ao trabalho: “(...) só que você sai daqui

(fisioterapia) e você vai direto trabalhar, aquilo fica sob pressão o dia todo [...] e as

dificuldades da gente vai aumentando [...]” (P11), ainda, “(...) a empresa que a gente

trabalha é só serviço pesado [...] comecei a fazer Fisioterapia e me aliviei um pouco, mas aí

no outro dia eu vou voltar a trabalhar e volta tudo de novo...” (P8). O retorno ao trabalho

sem a alta do tratamento fisioterapêutico ou da ausência dos sintomas dolorosos pode

representar ao trabalhador adoecido um “descaso” da empresa, gerando o agravamento da

doença. Ramos, Tittoni e Nardi (2008) e Toldrá et al. (2010) destacaram que o retorno ao

trabalho pode gerar ao trabalhador questionamentos sobre as práticas anteriormente

realizadas, sendo capaz de permeabilizar vivências pregressas e futuras de inutilidade, e dessa

forma vivenciar o impasse do medo de retornar ao trabalho e se submeter aquilo que os fez

adoecer.Segundo Cailliet (1999), a dor crônica é um problema que envolve sofrimentos,

incapacitações, deficiências pessoais e socioeconômicas que pode se transformar em doenças

incapacitantes com prejuízo nas habilidades diárias. Em relação às orientações posturais

realizadas pela equipe de Fisioterapia e sua aplicabilidade nas atividades cotidianas dos

trabalhadores, os depoimentos do grupo destacaram que as orientações posturais não são

compatíveis com a realidade no ambiente de trabalho, devido ao excesso de cobranças pelas

chefias e sobrecargas físicas em tarefas, que resultavam no agravamento dos quadros clínicos,

retorno das dores e em novo afastamento pelo INSS.

Os participantes acreditaram que as orientações foram importantes em suas atividades

cotidianas, contudo não conseguem aplicá-las no ambiente de trabalho. Relacionaram o fato

de que as altas demandas de trabalho e exigências físicas não permitiam que fossem

realizadas as adequações posturais necessárias e aprendidas, como: “(...) a fisioterapia ajuda

muito, nossa! Muito bom, mas isso aí às vezes não dá para levar no dia a dia, porque em casa

a gente corrige tudo bem! Mas levar pro campo de trabalho não dá” (P1). E ainda, “(...) aí

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você faz fisioterapia aqui, depois vai pegar sessenta, setenta quilos (no trabalho) ...” (P3).

Mesmo os trabalhadores tentando manter alguns cuidados posturais, alguns patrões

aparentemente não se importavam com as restrições físicas necessárias, como: “(...)mas a

chefia, os nossos patrões, eles não querem saber...se vira sozinho, o meu caso é esse! Eu vou

descarregar o caminhão, encosto o carro e descarrego sozinho”(P7). A sobrecarga de

trabalho e o desinteresse do empregador diante da situação de adoecimento do trabalhador,

supostamente reforçam os “descuidos” em tarefas no trabalho, na busca de uma avaliação

positiva do seu trabalho e reconhecimento. Ao retornar para as suas atividades no trabalho, os

trabalhadores buscam apoio de suas chefias e colegas para o seu restabelecimento e retorno ao

trabalho, sendo muitas vezes ausentes, gerando sentimentos de desconfiança e de exclusão.

Diante disso, Ramos, Tittoni e Nardi (2008) acreditam que a relação construída entre o

trabalhador e o empregador é fragilizada no momento do afastamento do trabalho pelo ciclo

de sobrecarga por demandas e busca pelo reconhecimento.

Para os membros do grupo, há um desinteresse do empregador na permanência do

indivíduo adoecido no ambiente de trabalho em situação de retorno e é preocupante, uma vez

que estão adoecidos, com uma doença crônica e também restrições físicas: “(...) agora tô todo

detonado, quem é que quer?”(P3). Os trabalhadores adoecidos e afastados do trabalho

vivenciam o dilema de retornar para as atividades de trabalho, desacreditados da aceitação de

suas restrições físicas e incapacidades pelos empregadores, que resultam muitas vezes no

desligamento do trabalhador (desemprego). Toldrá et al. (2010) ressaltam que as empresas

optam pelo desligamento do trabalhador, ora pelo desinteresse e pela falta de proposta de

reinserção ou por diversos outros dilemas relacionados à reinserção, o que colabora para o

anseio do trabalhador em não retornar ao trabalho.

As incapacidades funcionais e o INSS

No grupo, foi destacado a alta médica “precoce” em perícias também como um

agravante para o retorno ao trabalho: “(...) o médico me deu alta sem condições de trabalhar

[...] ele acha que com sete dias, quinze dias de afastamento, pra quem está com um problema

crônico, vai melhorar?” (P4). Muitas vezes os peritos do INSS dão alta para os pacientes

para retornarem ao trabalho quando os mesmos ainda não se sentem aptos, ou ainda estão em

tratamentos fisioterapêutico sem a alta. Nas consultas médicas periciais de avaliação para o

retorno ao trabalho, muitas vezes a autoridade médica juntamente aos argumentos científicos

impõe-se aos sintomas relatados, o que ressalta o descrédito das queixas dos trabalhadores

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frente ao seu adoecimento (NEVES, 2006). Os trabalhadores com quadro de dor cronificada

possuem uma maior dificuldade em se recuperar de lesões, devido à dificuldade na assistência

ao cuidado da dor crônica, bem como a dificuldade de esquecimento de situações traumáticas

pregressas que os levaram a adoecer (GHISLENI; MERLO, 2005). Sobre a alta médica dos

peritos do INSS e o descrédito na esperança de recuperação integral à saúde física, os

depoimentos do grupo destacaram a falta de apoio e credibilidade diante do adoecimento:

“(...) o problema é que você faz as atividades aqui, você sai bem, mas ai o perito te dá alta e

ai você volta a ficar com problema do mesmo jeito. ” (P9), e ainda conflitos sobre as

incapacidades e a vontade de retornar ao trabalho: “ (...)vou ao médico e falo que não estou

conseguindo trabalhar e o INSS dá alta e a gente fica não sei como...” (P12). O grupo

manifestou o desejo de retornar para o trabalho, mas com a saúde reestabelecida, contudo se

depararam com o impasse de ainda estarem adoecidos, pelas incidências das dores. Ao

receber alta do INSS, retornam ao trabalho ainda adoecidos tendo que executar as tarefas e

assumir suas responsabilidades independente de suas vontades e necessidades.

Durante o Grupo de Discussão, os fisioterapeutas estavam livres para participar ou

comentar algo, e fizeram alguns questionamentos complementares durante as discussões.

Evidenciaram-se os resultados obtidos pelo coletivo de pacientes.

5.3. Terceira etapa (Etapa 3)

Encontro em grupo com os Fisioterapeutas

Após a realização de um Grupo de Discussão com os sujeitos trabalhadores e os

fisioterapeutas, foi realizado um encontro em Grupo de Discussão com os Fisioterapeutas

(n=2) com duração de 41 minutos. Somente um (n=1) fisioterapeuta do serviço não pode

comparecer por razões pessoais. A participação dos fisioterapeutas no grupo de discussão

gerou algumas reflexões diante das práticas e das dificuldades encontradas no cotidiano de

vida e relacionadas aos processos de reabilitação do sujeito trabalhador em questão.

O retorno ao trabalho e seus estigmas

Diante do exposto no grupo de discussão, os pacientes relataram sobre as dificuldades

no processo de retorno ao trabalho, e essas dificuldades foram expostas posteriormente nos

depoimentos pelos fisioterapeutas. Destacou-se para eles a dificuldade no retorno ao trabalho

e a não compreensão de “atitudes negativas” sobre suas capacidades físicas “(...) ele tá

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falando para mim que tá bem, tal, mas como que ele sabe se ele voltar a fazer tal coisa não

vai conseguir? (F1), ou ainda, “(...) eles colocam uma coisa na cabeça e para eles é aquilo e

pronto(F2) ”. Os fisioterapeutas tiveram dificuldades em compreender algumas dificuldades

dos pacientes. Daykin e Richardson (2004), ressaltam que acreditar na dor relatada pelo

paciente, pode influenciar potencialmente a estratégia de tratamento fisioterapêutico. O

modelo biomédico de assistência realizada pelo profissional fisioterapeuta limita as

estratégias de assistência por não conseguir associar os reais danos musculoesqueléticos com

o quadro de dor referido (DAYKIN; RICHARDSON,2004). Dessa forma, o profissional

fisioterapeuta limita seus conhecimentos ao campo biomédico e dicotomizado de atenção à

saúde do trabalhador, não sendo capaz de visualizar os medos e as inseguranças que rodeiam

o trabalhador no seu processo de retorno ao trabalho.

Aprendizados e reflexões a partir do grupo

Destacou-se o aprendizado sobre a integralidade humanizada no cuidado e do processo

de aprendizagem recíproca ocorrido através de trocas de experiências e vivências a partir da

escuta dos trabalhadores: “(...) eu aprendi mais a ser mais humano, né? Tentar entender mais

eles, eu acho..” (F1), ou, “(...) Ah ! foi uma forma de educação para nós e para os pacientes

né? Essa troca de experiências, de querer saber o que eles achavam e qual era a dificuldade

deles..”(F2).Foi percebido pelos profissionais fisioterapeutas, um aprendizado neste estudo, e

a necessidade de promover melhorias diante da humanização do cuidado nas abordagens

fisioterapêuticas. Diante disso, o encontro em grupo com os sujeitos trabalhadores propiciou

a equipe de Fisioterapia reflexões sobre suas práticas e sobre os demais aspectos

biopsicosociais que influenciam no processo de saúde-doença desses trabalhadores, bem

como as dificuldades encontradas durante o processo de afastamento e retorno ao trabalho. De

acordo com Gazzinelli et al. (2005), o educador que reconhece que o sujeito é detentor de um

valor diferente do dele e que pode escolher meios diferentes para desenvolver suas práticas

cotidianas através da escuta e do aprendizado recíproco, é capaz de tornar realidade as

possibilidades de trocas e eficácia nos processos educativos.

Foi destacado a frustração pela ineficácia em algumas condutas de orientação postural

realizadas, de acordo com a sua inviabilidade de realização no cotidiano de trabalho e em

algumas tarefas domiciliares: “(...) um pouco frustrado que muitos não tiveram resultado, não

conseguiram levar para casa, né?” (F1) ou ainda“ (...)as dificuldades né, de eles levarem

para a vida diária deles todas as orientações que a gente passa aqui [...] (F2). Tais

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frustrações foram caracterizadas pela percepção das dificuldades antes não percebidas pelos

fisioterapeutas diante das orientações realizadas, resultantes de processos educativos ausentes

de trocas de saberes e experiências. Segundo Gazzinelli (2005), os trabalhos educativos que

não se preocupam em levantar noções que os sujeitos têm sobre determinados fenômenos e

opiniões são vistos como ultrapassados e equivocados. É necessário realizar trabalhos

educativos para além do campo da informação, com objetivo de integrar e considerar valores,

costumes e modelos sociais que por sua vez levam ao planejamento específicos de condutas e

práticas (GAZZINELLI et al. 2005). As orientações posturais são realizadas rotineiramente

nas condutas fisioterapêuticas, e diante disso percebe-se a necessidade de introduzir nas

orientações posturais, processos educativos que visem a integralidade do sujeito e de suas

dificuldades diante da não execução das propostas, ausentando-se de opiniões e estigmas

perante ao trabalhador.

Desafios existentes nos processos educativos

Ainda quando questionados sobre os processos educativos e os desafios existentes

para melhorar os processos de ensino-aprendizagem junto aos pacientes, os fisioterapeutas

ainda se colocaram confusos sobre o que realmente são os processos educativos e o processo

de ensino-aprendizagem: “(...) Ah ! não sei te responder, é muito difícil ..mas a gente passa

algo para eles, e eles de uma outra forma que recebem acabam passando algo para a

gente”(F2) , ou ainda, caracterizam o “sistema” como fator prejudicial no processo de ensino-

aprendizagem:“(...)para mudar a educação você tem que mudar o sistema e esse é o maior

desafio..” (F2). Segundo Neuwald e Alvarenga (2005), transmitir conhecimentos sobre as

condições de saúde a um indivíduo é uma atitude promovedora de saúde, que permite o

envolvimento do paciente no seu tratamento, com objetivo de esclarecer e interrogá-lo sobre o

entendimento de sua própria saúde. Diante do desconhecimento sobre os processos educativos

e os processos de ensino-aprendizagem, o profissional fisioterapeuta descaracteriza suas ações

terapêuticas das práticas de ensino-aprendizagem, e dessa forma parece não perceber que suas

ações diárias já estão integradas em um processo de ensino- aprendizagem.

Conhecimento sobre a Educação Permanente

Consideraram a importância do processo de ensino-aprendizagem no cotidiano de suas

práticas, contudo não identificaram como isso poderia ser realizado ou se já era existente.

Porém destacou-se que o ensinar e aprender deveriam ser realizados continuamente no

trabalho da Fisioterapia: “(...) que esse ensinar e aprender seja uma coisa continua sabe?

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Para melhorar o nosso trabalho”(F1).Não foi percebido nos depoimentos a relação entre a

Educação Permanente e problematização das práticas realizadas, apenas uma confusão de

denominações e conceitos entre a Educação Permanente com a Educação Continuada,

destacando a importância de campanhas educacionais: “(...) depende de campanhas

educacionais com os fisioterapeutas..educação continuada com os profissionais.” (F2). A EP

segundo Paschoal, Mantovani e Meier (2007) e Merhy (2005) é o aprendizado contínuo que

objetiva o auto aprimoramento pela busca da competência pessoal, profissional e social

através das experiências pessoais vividas e das relações de trabalho, que por sua vez são

capazes de produzir a problematização de si mesmo no cotidiano e transformações da sua

prática. Para Mancia, Cabral e Koerisch (2004), o modelo convencional de Educação

Continuada (EC), o trabalho é compreendido como aplicação do conhecimento teórico

especializado, que não tem se traduzido em mudanças na prestação de serviços em saúde,

sendo útil, mas não tendo necessariamente o potencial de transformar as práticas dos serviços.

Devido ao desconhecimento sobre o que é Educação Permanente e sua correlação com as

práticas cotidianas, os fisioterapeutas não foram capazes de distinguir as diferenças entre a EP

e a EC.

Dificuldades e reflexões sobre a Fisioterapia e suas abordagens na saúde do trabalhador

Uma necessidade de mudança no olhar do fisioterapeuta diante do trabalhador

adoecido e em situação de afastamento do trabalho foi evidenciado: “(...) a gente vê que a

pessoa está lesionada ..a gente tenta buscar o fisiológico, é isso que o fisioterapeuta tenta

sempre buscar ..” (F1) ou ainda“(...) a gente trata doença, né? a cura da doença..( F2). De

acordo com Neuwald e Alvarenga (2005), o fisioterapeuta tem ação direta sobre o princípio

doutrinário do SUS que visa a integralidade do cuidado através de atendimentos voltados à

promoção, prevenção e recuperação da saúde. Segundo os mesmos autores, é necessário

promover mudanças nas instituições de ensino no processo de formação do profissional

fisioterapeuta no ensejo de melhorar o vínculo entre a teoria e a prática afim de entender sobre

sua importância nas ações de promoção e prevenção no âmbito da saúde. O papel do

Fisioterapeuta na Saúde do Trabalhador, embora já destacada como prioridade na reabilitação

do trabalhador, ainda desenvolve seu papel de forma dicotomizada e ineficaz devido à

ausência de uma abordagem baseada na integralidade do cuidado, bem como pelo

desconhecimento do processo de saúde-doença ampliada no contexto biopsicossocial,

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necessitando de ampliar suas intervenções com ações interdisciplinares e com equipes

multiprofissionais.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os serviços de assistência à saúde do trabalhador, bem como os demais serviços de

Fisioterapia credenciados ao SUS possuem alta demanda de atendimento na cidade de Santos-

SP. Dessa forma, existe a importância de uma maior organização do fluxo de trabalho,

horários mais longos para os atendimentos, e aumento de contratação de profissionais para

evitar o desgaste e sobrecargas, e consequentemente a diminuição da qualidade dos serviços

prestados.

As sintomatologias como dor, parestesias, entre outras com ausências de sinais

clínicos objetivos e clinicamente diagnosticados, configuram-se complexas para os

fisioterapeutas quando apresentam em suas práticas a base no modelo de assistência

biomédica. Pois em geral portam-se com descréditos perante a intensidade da dor referida e

quanto ao sofrimento do trabalhador adoecido.

As orientações posturais são realizadas rotineiramente nas condutas fisioterapêuticas.

Diante disso, percebeu-se junto à equipe a necessidade de introduzir nelas, processos

educativos mais participativos e que visassem a integralidade da saúde do paciente

acometidos com dor lombar crônica e em situação de afastamento do trabalho e que

apresentou dificuldades diante destas, ausentando-se de opiniões e estigmas perante o

trabalhador.

O encontro em grupo com os pacientes trabalhadores rendeu a equipe de Fisioterapia

reflexões sobre suas práticas e sobre os demais aspectos biopsicossociais existentes e que

influenciam no processo de saúde-doença desses trabalhadores, bem como as dificuldades

vivenciadas durante o processo de afastamento e retorno ao trabalho. Diante disso ressalta-se

a importância de incorporar no cotidiano das práticas fisioterapêuticas abordagens baseadas

na escuta e no aprendizado recíproco.

Os profissionais fisioterapeutas detêm de conhecimentos limitados ao campo

biomédico e racionais de atenção à saúde do trabalhador, não sendo capaz em geral de

visualizar os medos e as inseguranças que permeiam a vida do trabalhador no seu processo de

retorno ao trabalho. O Fisioterapeuta na Saúde do Trabalhador desenvolve seu papel de forma

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dicotomizada e talvez “ineficaz” nas orientações posturais devido à ausência de uma

abordagem baseada na integralidade do cuidado e de processos educativos diferenciados.

O profissional fisioterapeuta desde sua formação acadêmica, não se familiariza com os

contextos educacionais em suas práticas, e dessa forma não tende a se interessar, ou buscar o

conhecimento prévio e básico sobre Educação Permanente em Saúde e no trabalho, como

forma de ampliação do seu conhecimento e consequentemente do cuidado prestado. Na

política pedagógica da Educação Permanente, o homem se educa por toda a sua vida, sendo

capaz de direcionar seu aprendizado no contexto pessoal e profissional, através da evolução e

aprimoramento de suas práticas, dessa forma é necessário que o profissional fisioterapeuta

perceba os processos de ensino-aprendizagem já existentes em suas práticas para então

desenvolvê-las como ferramenta de aproximação de seu cotidiano de trabalho como educador,

educando e aprendiz.

Evidenciam-se dificuldades no processo de ensino-aprendizagem durante as

orientações posturais realizadas pelos fisioterapeutas, bem como a ausência de informação

sobre Educação Permanente em Saúde e sua aplicabilidade no cotidiano de suas práticas.

Faz-se necessário desviar a atenção para o cenário da saúde pública, em especial para

os profissionais da área da Fisioterapia, na importância de complementar sua base de atuação

biomédica junto ao modelo integral de cuidado a saúde, utilizando de metodologias de ensino-

aprendizagem e das problematizações de suas práticas como usadas na Educação Permanente

em Saúde para compreender os diversos processos envolvidos e rever os modos e meios de

promover processos educativos.

Espera-se com os resultados obtidos estimular novas pesquisas sobre o assunto.

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8. APÊNDICES

Apêndice A – Roteiro de entrevista com os Fisioterapeutas (Etapa 1)

Etapa 1 / Equipe Fisioterapia

Parte I - Roteiro de entrevistas

1.Nome Completo: _______________________________________________________

2.Sexo: Feminino () Masculino ( )

3.Idade: _______________________

4.Estado Civil: Solteiro () Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado ( )

5.Escolaridade: __________________________________________________________

6.Tempo de atuação como Fisioterapeuta: ____________________________________

7.Tempo de atuação no Projeto Lombalgia: ____________________________________

8.Jornada de trabalho no local: ______________________________________________

9.Possui outro vínculo trabalhista? _____________________________________________

10. Já trabalhou anteriormente na área de Saúde do Trabalhador? _____________________

Parte II- Questões Norteadoras (Equipe Fisioterapia)

1) Você percebe o processo de ensino-aprendizado na atuação da Fisioterapia nas condutas de

orientação postural? De que forma?

2) Como são realizadas as orientações posturais?

3) Você considera que as orientações posturais estão aliadas à um processo educativo?

4) Como seria possível melhorar o processo de ensino- aprendizado junto aos trabalhadores afastados

do trabalho? Fale um pouco mais sobre as dificuldades encontradas no seu dia a dia frente a sua equipe

e seu trabalho nesse processo.

5) Você conhece algo sobre a “Educação Permanente em Saúde”?

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Apêndice B – Roteiro para o encontro em grupo de discussão (Etapa 2)

Etapa 2 / Tema: Orientações Posturais

Parte I – Temas para Discussão

1) O que você aprendeu sobre o seu corpo durante os exercícios e as orientações posturais nas sessões

de Fisioterapia?

2) Existe dificuldade em adequar a postura durante os exercícios? Quais?

3) Mudou o seu cuidado com o corpo com os ensinamentos passados pelos Fisioterapeutas?

4) Como poderia melhorar os ensinamentos?

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Apêndice C – Roteiro para o encontro com os Fisioterapeutas (Etapa 3)

Etapa 3 / Tema: Como ensinar e aprender no trabalho

Parte I – Temas para Discussão (Encontro Equipe)

1) Como foi seu processo de participação no grupo?

2) Quais os aprendizados obtidos pelo grupo através das falas e discussões realizadas?

3) Quais os desafios existentes para a implementação de um processo educativo permanente?

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Apêndice D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a realização de

entrevistas com os fisioterapeutas.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Fisioterapeutas/ Etapa 1)

Você está sendo convidado (a) a participar de um estudo. As informações existentes neste

documento são para que você entenda perfeitamente os objetivos da pesquisa e saiba da sua

participação e importância, bem como que sua participação deverá ser espontânea. Após serem

esclarecidas as informações a seguir, no caso de aceitar a fazer parte deste estudo, você deverá assinar

ao final deste documento, que está em duas vias, sendo um dos pesquisadores responsáveis e a outra

sua.

Informações sobre a pesquisa:

Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa intitulada “O Trabalho da

Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia crônica: desafios nos processos

educativos.Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária neste estudo,

que tem o objetivo geral investigar o processo de ensino aprendizado relacionado às orientações

posturais realizadas pela equipe de Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia crônica e em

situação de afastamento do trabalho e sobre a Educação Permanente em Saúde neste trabalho.

Será realizada uma entrevista individual em local apropriado, através de um roteiro

semiestruturado, com conteúdo gravado, contendo dados pessoais, informações sobre o exercício da

sua profissão e perguntas com questões relacionadas ao processo de ensino aprendizado junto as

orientações posturais, como são realizadas essas orientações e o conhecimento sobre a educação

permanente. As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a de outros voluntários, não

sendo divulgada a identificação de nenhum sujeito da pesquisa.

Não haverá despesas ou compensações pela sua participação, que deve ser livre e voluntária.

Você também tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa. Mesmo

concordando em participar, você poderá desistir em qualquer momento do estudo, sem qualquer dano

ou prejuízo. Em qualquer etapa da pesquisa, você poderá ter acesso através da Profa. Dra. Maria do

Carmo Baracho de Alencar, pelos telefones: (13) 9740-0286, ou no endereço: RuaSilva Jardim, 136 -

Vila Mathias - Santos/SP - CEP: 11015-020, telefone 13 3878-3700; ou ainda através do e-mail

[email protected]. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), R. Botucatu, 572, 1º andar, cj. 14, São Paulo,

telefone (11) 5571-1062, E-mail: [email protected]

Eu,_________________________________________RG:___________________acredito ter

sido suficientemente informado a respeito das informações que li e que foram lidas para mim,

descrevendo a pesquisa: “O trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica: desafios nos processos educativos.”, ficaram claros para mim quais são os propósitos do

estudo, os procedimentos a serem utilizados, seus desconfortos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo.

Santos, ____de____________________2014.

________________________________

Assinatura do participante

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste

participante ou representante legal para a discussão neste estudo.

____________________________________

Nome do responsável pela pesquisa

____________________________________

Assinatura do responsável pela pesquisa

Data: ____/____/___

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Apêndice E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a realização dos grupos

de discussão.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Encontro/ Etapa 2) Você está sendo convidado (a) a participar de um estudo. As informações existentes neste

documento são para que você entenda perfeitamente os objetivos da pesquisa, e saiba da sua

participação e importância, bem como que sua participação deverá ser espontânea. Após serem

esclarecidas as informações a seguir, no caso de aceitar a fazer parte deste estudo, você deverá assinar

ao final deste documento, que está em duas vias, sendo uma da pesquisadora responsável e a outra sua.

Informações sobre a pesquisa:Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa

intitulada “O Trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia crônica: desafios

nos processos educativos. ”. Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação

voluntária neste estudo, que tem o objetivo investigar o processo de ensino aprendizado relacionado às

orientações posturais realizadas pela equipe de Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica e em situação de afastamento do trabalho e sobre a Educação Permanente em Saúde neste

trabalho.

Será realizado um encontro em grupo, com duração de até 120 minutos entre a equipe de

Fisioterapia e os pacientes selecionados para o estudo em uma sala reservada para atendimentos no

setor de Fisioterapia na Secção de Recuperação e Fisioterapia de Santos /SERFIS ZOI do SERFIS.

Será utilizado um roteiro semiestruturado com temas relacionados as dificuldades existentes no

processo de ensino aprendizado relacionado às orientações de posturais, o que foi aprendido sobre o

próprio corpo durante os exercícios propostos, dificuldades encontradas na execução dos exercícios e a

relação entre os ensinamentos e a compreensão das condutas propostas. O conteúdo do encontro será

gravado e transcrito na integra para posterior análise. As informações obtidas serão analisadas em

conjunto com a de outros voluntários, não sendo divulgada a identificação de nenhum sujeito da

pesquisa.

Não haverá despesas ou compensações pela sua participação, que deve ser livre e voluntária.

Você também tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa. Mesmo

concordando em participar, você poderá desistir em qualquer momento do estudo, sem qualquer dano

ou prejuízo. Em qualquer etapa da pesquisa, você poderá ter acesso através da Profa. Dra. Maria do

Carmo Baracho de Alencar, pelo telefone: 13-9740-0286, ou no endereço:Av. Ana Costa, 95 - Vila

Mathias - Santos/SP - CEP: 11060-001, telefone 13 3878-3700; ou ainda através do e-mail

[email protected]. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), R. Botucatu, 572, 1º andar, cj. 14, São Paulo,

telefone (11) 5571-1062, E-mail: [email protected].

Eu,______________________________________RG:___________________ acredito ter

sido suficientemente informado a respeito das informações que li e que foram lidas para mim,

descrevendo a pesquisa: “O trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica: desafios nos processos educativos.”, ficaram claros para mim quais são os propósitos do

estudo, os procedimentos a serem utilizados, seus desconfortos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo.

Santos, ____de____________________2014 __________________________________

Assinatura do participante

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste

participante ou representante legal para a discussão neste estudo.

____________________________________

Assinatura do responsável pela pesquisa Data: ___/___/___

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Apêndice F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o encontro com

fisioterapeutas.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Encontro Fisioterapeutas/ Etapa 3)

Você está sendo convidado (a) a participar de um estudo. As informações existentes neste

documento são para que você entenda perfeitamente os objetivos da pesquisa e saiba da sua

participação e importância, bem como que sua participação deverá ser espontânea. Após serem

esclarecidas as informações a seguir, no caso de aceitar a fazer parte deste estudo, você deverá assinar

ao final deste documento, que está em duas vias, sendo um dos pesquisadores responsáveis e a outra

sua.

Informações sobre a pesquisa:Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa

intitulada “O Trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia crônica: desafios

nos processos educativos. Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária

neste estudo, que tem o objetivo investigar o processo de ensino aprendizado relacionado às

orientações posturais realizadas pela equipe de Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica e em situação de afastamento do trabalho e sobre a Educação Permanente em Saúde neste

trabalho.

Será realizado um encontro com os Fisioterapeutas da equipe do Projeto Lombalgia com

conteúdo gravado, abordando o tema “Como ensinar e aprender no trabalho”, onde será discutido

através de um roteiro semiestruturado e dos dados coletados nos encontros anteriores questões como

sobre o processo de ensino-aprendizado no trabalho realizado, a participação individual de cada um

nos grupos e quais os desafios existentes no processo educativo permanente.

Não haverá despesas ou compensações pela sua participação, que deve ser livre e voluntária.

Você também tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa. Mesmo

concordando em participar, você poderá desistir em qualquer momento do estudo, sem qualquer dano

ou prejuízo. Em qualquer etapa da pesquisa, você poderá ter acesso através da Profa. Dra. Maria do

Carmo Baracho de Alencar, pelos telefones: (13) 9740-0286, ou no endereço: Rua Silva Jardim, 136 -

Vila Mathias - Santos/SP - CEP: 11015-020, telefone 13 3878-3700; ou ainda através do e-mail

[email protected]. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), R. Botucatu, 572, 1º andar, cj. 14, São Paulo,

telefone (11) 5571-1062, E-mail: [email protected]

Eu,_________________________________________RG:________________

acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li e que foram lidas para

mim, descrevendo a pesquisa: “O trabalho da Fisioterapia junto aos trabalhadores com lombalgia

crônica: desafios nos processos educativos. ”, ficaram claros para mim quais são os propósitos do

estudo, os procedimentos a serem utilizados, seus desconfortos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo.

Santos, ____de____________________2014.

________________________________

Assinatura do participante

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste

participante ou representante legal para a discussão neste estudo.

____________________________________

Assinatura do responsável pela pesquisa

Data: ___/___/___

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