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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA-POSGRAP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL-PPGPI AURELIO RICARDO RIBEIRO FONSÊCA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA COMO RECURSO ESTRATÉGICO: REPUTAÇÃO E JULGAMENTO DE MARCA DO PORTO DIGITAL RECIFE, PE São Cristóvão (SE) 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA-POSGRAP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA PROPRIEDADE

INTELECTUAL-PPGPI

AURELIO RICARDO RIBEIRO FONSÊCA

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA COMO RECURSO ESTRATÉGICO:

REPUTAÇÃO E JULGAMENTO DE MARCA DO PORTO DIGITAL – RECIFE, PE

São Cristóvão (SE)

2015

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AURELIO RICARDO RIBEIRO FONSÊCA

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA COMO RECURSO ESTRATÉGICO:

REPUTAÇÃO E JULGAMENTO DE MARCA DO PORTO DIGITAL – RECIFE, PE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência da Propriedade

Intelectual, como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Ciência de Propriedade

Intelectual.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Renata Silva-Mann

São Cristóvão (SE)

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

F676i

Fonsêca, Aurelio Ricardo Ribeiro Indicação geográfica como recurso estratégico : reputação e

julgamento de marca do Porto Digital – Recife, PE / Aurelio Ricardo Ribeiro Fonsêca ; orientadora Renata Silva-Mann. – São Cristóvão, 2015.

57 f. : il. Dissertação (mestrado em Ciência da Propriedade Intelectual)

– Universidade Federal de Sergipe, 2015.

1. Propriedade intelectual. 2. Indicações geográficas (Marcas de origem). 3. Marca registrada. I. Porto Digital (Recife, PE). II. Silva-Mann, Renata, orient. III. Título.

CDU 347.772

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AURELIO RICARDO RIBEIRO FONSÊCA

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA COMO RECURSO ESTRATÉGICO: REPUTAÇÃO E

JULGAMENTO DE MARCA DO PORTO DIGITAL – RECIFE, PE

Dissertação de Mestrado aprovada no programa de pós-graduação em ciência da propriedade

intelectual da Universidade Federal de Sergipe em 20 de julho de 2015

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Renata Silva-Mann – Orientadora

Drª em Fitotecnia – UFLA

___________________________________________________

Laura Jane Gomes - Examinador Externo

Drª em Agronomia - Unicamp

___________________________________________________

Ana Eleonora Almeida Paixão - Examinador Interno

Drª em Engenharia Química - Unicamp

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RESUMO

As Indicações Geográficas (IG) são sinais utilizados para bens que têm uma origem

geográfica específica e possuem qualidade, reputação ou características essencialmente

atribuíveis àquela origem. As IG, como marcas registradas, são sinais distintivos que

permitem aos produtores proteger sua reputação estabelecida contra imitação ou fraude. A IG

para o setor de serviços possui objetivos diferentes das de regiões produtoras de bens

tangíveis, pois não confere exclusividade legal aos serviços oferecidos por um parque

tecnológico, ou, mais geralmente, por um Arranjo Produtivo Local. Desta forma, não há

clareza se os atributos estratégicos derivados da IG - sobretudo a reputação – podem gerar

vantagem competitiva. Assim, com este trabalho objetivou-se verificar se a IG confere

vantagem competitiva e reputação positiva ao arranjo produtivo local Porto Digital. Para isto,

foi realizado estudo transversal, de caráter descritivo com 10 clientes e 25 gestores de

empresas pertencentes ao parque tecnológico Porto Digital. Foi aplicado questionário baseado

no modelo customer-based brand equity abordando a caracterização das empresas quanto a

seu faturamento, número de funcionários e tempo de alocação no parque tecnológico; e os

valores atribuídos pelos gestores e clientes para Adesão, Qualidade, Superioridade,

Consideração e Credibilidade da Marca Porto Digital. Os dados e escores obtidos foram

comparados e submetidos a análise de correlação.Foram obtidos valores acima do escore

médio (e=3,27) para o Julgamento de Marca, tanto por clientes quanto por gestores, e valores

acima do escore médio (e=3,45) para a Adesão à Marca pelos gestores. Foi verificada baixa

correlação entre faturamento e Julgamento (r=0,18) e faturamento e Adesão (r=0,29). Não

foram verificadas correlações significativas entre número de funcionários ou tempo de

embarque das empresas e seus escores atribuídos para Julgamento e Adesão (r<0,1). Foi

verificada correlação significativa (r=0,72) entre Julgamento de Marca e Adesão à Marca.

Concluiu-se que a Marca Porto Digital confere Julgamento de Marca positivo aos serviços

oferecidos pelo parque tecnológico.

Palavras-chave: terroir, procedência, selo, software, marca, parque, brand-equity.

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ABSTRACT

Geographical Indications are signs used for goods that have a specific geographical origin and

hold quality, reputation or characteristics that are essentially attributable to that origin.

Geographical Indications and Trademarks are distinctive signs that allow producers to protect

their established reputation against imitation or fraud. The use of Geographical Indication by

regions that provide services has different goals of Geographical Indications by producing

regions of tangible goods. Geographical Indication does not ensure legal exclusivity to the

services offered by a technology park, or, more generally, by a Local Productive

Arrangement. Thus, there is no clarity whether the derivatives strategic attributes of

Geographical Indication - especially reputation - can generate competitive advantage. This

study aims to check that the Geographical Indication gives competitive advantage and

positive reputation to the local productive arrangement Porto Digital. Descriptive cross-

sectional study was conducted with 10 customers and 25 managers of companies belonging to

the technological park Port Digital. A questionnaire was applied based on the customer-based

brand equity model addressing the characterization of the companies and the values assigned

by managers and customers to adherence, quality, superiority, consideration and credibility of

Porto Digital Brand. Data and scores obtained were subjected to correlation analysis. Values

above the mean score for Brand Judgment were obtained both by customers and by managers,

and values above the mean score for Brand Adherence where obtained by managers. There

was no significant correlation between billing, number of employees or age of companies and

their assigned scores for Judgment and Adherence. Judgment and Adherence are correlated.

Porto Digital brand gives positive brand judgment to the services offered by the technological

park.

Keywords: terroir, indication, origination, label, software, brand, reputation, judgment.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores médios das dimensões por segmento.........................................................43

Tabela 2 – Julgamento de marca por segmento.......................................................................43

Tabela 3 – Adesão à Marca Porto Digital por Segmento.........................................................44

Tabela 4 – Valores médios das dimensões e do Julgamento de Marca por clientes e

empresas....................................................................................................................................44

Tabela 5 – Médias normalizadas e coeficientes de correlação de Pearson entre todas as

variáveis....................................................................................................................................46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do teste VRIO.....................................................................................38

Figura 2 – Segmento da empresa.............................................................................................40

Figura 3 – Faturamento anual em reais....................................................................................40

Figura 4 – Número de funcionários.........................................................................................41

Figura 5 – Tempo de presença no Porto Digital......................................................................42

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SUMÁRIO

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 10

2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................................... 11

2.1 Indicações Geográficas ............................................................................................................... 11

2.2 Indicações Geográficas para Serviços ......................................................................................... 12

2.3 Gestão Estratégica ....................................................................................................................... 15

2.3.1 Visão Baseada em Recursos ................................................................................................. 16

2.3.2 A Vantagem Competitiva e a Técnica Valor-Raridade-Imitabilidade-Organização (VRIO)17

2.4 Recursos Estratégicos dos Arranjos Produtivos Locais .............................................................. 18

2.5 Reputação .................................................................................................................................... 20

2.5.1. Vantagem Competitiva e Gestão da Reputação .................................................................. 21

2.6 Modelo Customer-Based Brand Equity – A Reputação de uma Marca ...................................... 22

2.7 Marcas Guarda-Chuva................................................................................................................. 24

2.8 O Parque Tecnológico “Porto Digital” ........................................................................................ 25

2.9 A Indicação de Procedência “Porto Digital” ............................................................................... 26

3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................................. 28

3.1 Classificação da Pesquisa ............................................................................................................ 28

3.2 Universo ...................................................................................................................................... 29

3.3 Definição da Amostra.................................................................................................................. 31

3.4 Aspectos Éticos ........................................................................................................................... 31

3.5 Procedimentos para Coleta de Dados .......................................................................................... 31

3.6 Instrumentos de Medidas ............................................................................................................ 31

3.6.1 Escala Customer-Based Brand Equity ................................................................................. 32

3.7 Instrução para Coleta de Dados ................................................................................................... 32

3.8 Variáveis Envolvidas no Estudo ................................................................................................. 33

3.9 Processamento e Análise dos Dados ........................................................................................... 33

3.10 Metodologia para Análise Estatística ........................................................................................ 34

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ......................................................................... 36

4.1 Análise VRIO do Atributo Estratégico Indicação Geográfica .................................................... 36

4.2 Análise Exploratória .................................................................................................................... 40

4.2.1 Perfil das Empresas Respondentes ....................................................................................... 40

4.2.2 Julgamento da Marca Porto Digital pelas Empresas Respondentes ..................................... 43

4.2.3 Julgamento da Marca Porto Digital pelos Clientes .............................................................. 44

4.3 Análise Quantitativa .................................................................................................................... 45

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5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES ....................................................................................................... 48

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 49

7. APÊNDICE ....................................................................................................................................... 53

QUESTIONÁRIOS ............................................................................................................................. 53

REPUTAÇÃO DA MARCA - CLIENTES ....................................................................................... 53

REPUTAÇÃO DA MARCA PORTO DIGITAL - GESTORES .................................................... 55

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1. INTRODUÇÃO

A Indicação Geográfica (IG) confere direitos de proteção e exclusividade a regiões

que possuam a reputação de centros produtores de algum produto ou serviço. A exploração da

IGé bastante utilizada para inibir a utilização por terceiros de nomes de produtos consagrados,

com ampla aceitação no mercado, como exemplos o Queijo Roquefort, o Champagne, o

Artesanato em Capim Dourado, entre outros. É atribuída a total exclusividade de exploração

desses nomes pelos produtores das regiões consagradas às quais foram atribuídas a Indicação

Geográfica.

Em 11 de dezembro de 2012, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)

concedeu ao parque tecnológico Porto Digital a Indicação de Procedência para serviços em

Tecnologia de Informação e Comunicação. Gestores do parque apresentaram visão inovadora,

já que perceberam que o mesmo cumpria todos os requisitos legais necessários à aquisição da

Indicação. O caso do Porto Digital apresenta diferenças significativas em relação às proteções

de regiões produtoras tradicionais - das 50 Indicações Geográficas já conferidas pelo INPI, a

do Porto Digital é a única que oferece serviços. A utilização de IG pelo setor de serviços

possui objetivos diferentes das de regiões produtoras de bens tangíveis. Serviços oferecidos

em um parque tecnológico podem ser perfeitamente oferecidos por qualquer empresa do

mesmo segmento que esteja situada fora do parque. A IG não confere exclusividade legal aos

serviços oferecidos por um parque tecnológico, ou, mais geralmente, por um Arranjo

Produtivo Local. Desta forma, não há clareza se os atributos estratégicos derivados da IG -

sobretudo a reputação – podem gerar vantagem competitiva, e, no caso estudado, se esse

atributo é adequadamente explorado e gerido pelas empresas pertencentes ao Porto Digital.

Assim, este trabalho focou em verificar as seguintes hipóteses:

1ª) A Indicação Geográfica confere vantagem competitiva a um Arranjo Produtivo Local;

2ª) A Marca Porto Digital confere reputação/julgamento positivo aos serviços oferecidos pelo

Porto Digital.

3ª) O Julgamento da Marca do Porto Digital determina a sua Adesão pelas empresas do APL.

Desta forma, objetivou-se com este trabalho verificar se a Indicação Geográfica

confere vantagem competitiva e reputação positiva ao arranjo produtivo local Porto Digital.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Indicações Geográficas

As Indicações Geográficas (IG) são sinais utilizados para bens que têm uma origem

geográfica específica e possuem qualidade, reputação ou características que são

essencialmente atribuíveis àquela origem (WIPO, 2014). As Indicações Geográficas como

marcas registradas são sinais distintivos que permitem aos produtores proteger sua reputação

estabelecida contra imitação ou fraude (VLACHVEI, 2012).

O uso de um nome geográfico para definir o nome de um produto originado de uma

região correspondente é bastante antigo. No quarto século antes de Cristo na Grécia antiga,

existiam produtos conhecidos primariamente por sua região de origem, como os vinhos de

Corinto, almôndegas de Naxos, mel da Sicília, e madeira de Paros, enquanto no império

romano sob o reino de Augusto, havia bem conhecidas tâmaras do Egito, presunto curado de

Gales, ostra de Brindsi e mármore de Carrara (DE VLIETAN, 1989 apud BERTOZZI, 1995).

A maioria das designações do passado foi abandonada, conforme evoluções

econômicas ou sociais, porém o emprego desses nomes geográficos continua e tem

desenvolvido, conforme o crescimento da produção e do comércio. Como resultado, acordos

em nível internacional têm sido elaborados, começando com a Convenção de Paris de 1883. O

uso do nome geográfico para designar o produto originado em determinada região é explicado

pelo fato de que esse produto apresenta algumas características de qualidade e ou

originalidade que são resultados da influência geográfica e ou dos fatores humanos. Esse uso

foi primeiramente estabelecido nos níveis local e regional, e, com o desenvolvimento do

comércio, nos níveis nacional e internacional (BERTOZZI, 1995).

No Brasil, a lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, divide as Indicações Geográficas em

dois tipos: Indicações de Procedência, definidas como “o nome geográfico de país, cidade,

região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de

extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado

serviço”; e Denominações de Origem, definidas como “o nome geográfico de país, cidade,

região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou

características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores

naturais e humanos” (BRASIL, 1996). Infere-se dessas duas definições que a ligação entre o

produto e o meio geográfico é mais forte no caso da Denominação de Origem, na qual o

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processo produtivo deve ser inteiramente efetuado dentro da região que conquistou a

proteção.

É atribuição do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) analisar e conferir

as Indicações Geográficas utilizadas no território nacional. O INPI conferiu, até o momento,

50 Indicações Geográficas em diversos setores, sendo 34 Indicações de Procedência e 16

Denominações de Origem, das quais seis são de países estrangeiros (INPI, 2014).

A Instrução Normativa n° 12 do INPI estabelece as condições para o registro das

Indicações Geográficas no território brasileiro. Além da “comprovação de o nome geográfico

ter se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou de

prestação de serviço” (no caso da Indicação de Procedência) ou da “comprovação dos

elementos que identifiquem a influência do meio geográfico, na qualidade ou características

do produto ou serviço, que se devam exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico,

incluindo fatores naturais e humanos” (no caso da Denominação de Origem), o INPI exige,

para o registro de uma Indicação Geográfica, a “comprovação da existência de uma estrutura

de controle sobre os produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso

exclusivo da Indicação Geográfica, bem como sobre o produto ou a prestação do serviço

distinguido com a Indicação Geográfica; e a comprovação de que os produtores ou

prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada exercem, efetivamente, as

atividades de produção ou prestação do serviço.

2.2 Indicações Geográficas para Serviços

Ao contrário da legislação brasileira, a legislação internacional não é explícita quanto

à utilização de Indicações Geográficas para serviços.

Geographical indications are defined, for the purposes of the Agreement, as

indications which identify a good as originating in the territory of a Member, or a

region or locality in that territory, where a given quality, reputation or other

characteristic of the good is essentially attributable to its geographical origin(WTO,

1994).

(As Indicações Geográficas são definidas, para os efeitos do Acordo, como indicações

que identificam um bem como originário do território de um Membro, ou de uma

localidade ou região desse território, onde uma dada qualidade, reputação ou outra

característica do produto seja essencialmente atribuível a essa origem geográfica).

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A legislação norte-americana adere fielmente ao texto do TRIPS e também se refere

apenas à produção de bens, na definição de Indicação Geográfica. O mesmo ocorre com as

legislações da França, Índia e Espanha.

Geographical indications are indications that identify a good as originating in the

territory of a Member, or a region or locality in that territory, where a given quality,

reputation or other characteristic of the good is essentially attributable to its

geographic origin(USPTO, 2013).

A legislação suíça cita explicitamente os serviços como sendo passíveis de Indicação de

Procedência e define os critérios para sua determinação.

Indication de Provenance

Par Indication de Provenance, on entend toute référence directe ou indirecte à la

provenance géographique dês produits ou dês services, y compris la référence à dês

propriétés ou à la qualité, em rapport avec la provenance. (...)

Les indications de provenance régionales ou locales s’appliquant à dês services sont

considérées comme exactes si ces services remplissent lês critères de provenance

propres à l’ensemble du pays. (...)

Provenance des services

La provenance des services est déterminée par l’um des critères suivants:

a.Le siège social de la personne qui fournit lês services;

b.La nationalité dês personnes qui exercent Le controle effectif de la politique

commerciale et de ladirection;

c.Le domicile dês personnes qui exercent le controle effectif de la politique

commerciale et de la direction. (...)

Dans chaquecas d’espèce, lês critères doivent être definis em fonction de l’influence

qu’ils exercent sur la renommée dês services; lorsqu’une indication de provenance

correspond aux usages, elle est présumée correcte.

(L’ASSEMBLÉE FÉDÉRALE DE LA CONFÉDÉRATION SUISSE, 1992)

(Indicação de Procedência

Por Indicação de Procedência entende-se qualquer referência direta ou indireta à

origem geográfica dos produtos ou serviços, incluindo a referência a propriedades ou à

qualidade em relação à procedência. ( ... )

As Indicações de Procedência locais ou regionais aplicáveis a serviços são

consideradas precisas se esses serviços atendem aos critérios de origem para o país.

( ... )

Dos serviços

A origem de serviços é determinada pelos seguintes critérios:

a. a sede social do prestador de serviços;

b. a nacionalidade das pessoas que exercem controle efetivo da política e gestão

comercial;

c. do domicílio das pessoas que exercem o controle efetivo da política comercial e

direção. ( ... )

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Em cada caso, os critérios devem ser definidos em termos de sua influência sobre a

reputação dos serviços; dado que uma indicação de procedência corresponde à

utilização, ela é presumida correta.)

Em virtude da existência de poucos casos de caracterização legal explícita da

Indicação Geográfica ou de Procedência para serviços, as legislações da maioria dos Estados

signatários do TRIPS, só permitem a proteção industrial para serviços por meio de Marcas

Coletivas ou Marcas de Certificação.

De acordo com a Agence Française de Developpement, as Marcas Coletivas indicam

que os produtos ou serviços são produzidos, fornecidos ou realizados pelos membros de um

grupo de pessoas específicas. Eles pertencem a uma comunidade. Para ser um membro, deve-

se submeter a certos requisitos, tais como a área geográfica ou padrões de produção. A Marca

de Certificação (tipo dominante de proteção das Indicações Geográficas nos Estados Unidos)

indica que os produtos ou serviços em causa cumprem as normas definidas e, portanto, têm

características específicas. A marca pode muito bem se referir ao lugar sem possuir ligações

específicas com a qualidade do produto. O proprietário (organismo público ou empresa

privada) é responsável por garantir que bens ou serviços tenham certificado de qualidade.

As leis de marcas aplicadas às Marcas Coletivas ou de Marcas de Certificação

oferecem certa proteção para Indicações Geográficas já concedidas pelo Estado, baseando-se

numa iniciativa privada.

Uma Indicação Geográfica por si só não pode ser objeto deum registo de Marca para

os bens caracterizados por sua origem geográfica. Essa marca também seria desprovida de

qualquer caráter distintivo que descreva uma característica do produto, sua origem.A marca

pode, no entanto, abrangir a Indicação de Procedência ou Geográfica, sob algumas condições.

Só os produtores instalados de maneira efetiva nessa área podem utilizar a Indicação de

Procedência dos seus produtos. A Indicação Geográfica pertence a todos os produtores

interessados- naquele âmbito geográfico - e não a uma pessoa em particular, seja física ou

jurídica (AGENCE FRANÇAISE DE DEVELOPEMENT, 2010). Desta forma, observa-se

que a utilização de Indicação de Procedência ou Geográfica para serviços é uma clara exceção

à regra no âmbito internacional.

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2.3 Gestão Estratégica

A Gestão Estratégica teve, em comparação com outros aspectos da Gestão da

Empresa, tais como Finanças e Operações, um desenvolvimento teórico mais recente. Os

primeiros conjuntos de estudos sobre Gestão Estratégica giravam em torno dos conceitos de

Designe Planejamento- consideradas as primeiras “escolas” do pensamento estratégico. Nessa

era inicial, as teorias focavam na adaptação da empresa ao meio envolvente com vistas a

conquistar uma posição dominante. A Escola do Design, surgida nos anos 60, foi a primeira a

utilizar uma abordagem descritiva do ambiente concorrencial. Esta Escola apresentou algumas

premissas que definiam conceitos basilares da formulação e gestão estratégica, tais como: a

unicidade e simplicidade da formulação da estratégia, a responsabilidade exclusiva da alta

direção, o caráter não contínuo da formulação da estratégia e a divisão entre os processos de

formulação e execução da estratégia.

Posteriormente, ainda dentro do paradigma do Design, Humpreye Baker

desenvolveram a Análise SWOT (Strenghts, Weakness, Oportunities, Treaths) que busca

destacar as Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças que envolvem a empresa. Ao cabo,

essa teoria visava a esclarecer em qual negócio se encontra a empresa e qual poderia ser seu

negócio (BARNEY, 2011).

A Escola do Planejamento Estratégico propõe uma maior formalidade para o “pensar

estratégico”, utilizando planos, programas e técnicas específicas. Ela é derivada da escola do

Design, porém, utiliza ferramentas de controle mais complexas. Dois dos conceitos mais

conhecidos que nasceram dessa escola foram os de Visão e Missão da Empresa.

No início dos anos 80, Porter apresentou uma visão analítica da formação da

estratégia, baseada fortemente na ideia de um processo controlado e consciente de

planejamento formal, com etapas delineadas por metas e apoiada por técnicas. A alta direção

continua sendo a responsável pelo planejamento da estratégia. As estratégias surgem acabadas

deste processo, devendo ser explicitadas para que possam ser implementadas através da

atenção detalhada às metas e aos planos da empresa. Essa Escola ressalta a importância da

fixação de metas e das auditorias internas e externas. A estratégia escolhida pela empresa

seria sempre uma num conjunto definido de estratégias genéricas, comuns e identificáveis.

Algumas ferramentas genéricas de análise do posicionamento estratégico surgiram durante

essa era, como a matriz BCG (Boston Consulting Group) que buscava identificar os produtos

e serviços de uma empresa e definir quais desses produtos e serviços possuíam maior

potencial de rentabilidade. As chamadas “cinco Forças” de Porter relacionam a estrutura da

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indústria, a conduta e o desempenho da empresa, e destina-se à análise de competição entre as

empresas. Baseadas nesses fatores externos, nasceram as Estratégicas Genéricas de liderança

em custo, diferenciação e enfoque (BARNEY, 2011).

2.3.1 Visão Baseada em Recursos

Os estudos que buscam representar plenamente o impacto de atributos da empresa

sobre seu desempenho e crescimento têm aderido à perspectiva de Recursos, Competências e

Capacidade Dinâmica. A Visão Baseada em Recursos (VBR) da empresa descreve as

condições em que recursos únicos ou distintivos possuídos por uma empresa são uma fonte de

vantagem competitiva sustentável (BARNEY, 1991). Barney tentou descrever as condições

de desenvolvimento que favorecem altos níveis de desempenho da firma, enfatizando o

impacto de atributos particulares da firma na sua posição competitiva.

O apelo de criar ou descobrir uma fonte sustentada de vantagem sobre outras empresas

tem ajudado este conceito a entrar em cursos de estratégia e livros didáticos, bem como à

geração de volumes significativos de pesquisa (KNOTT, 2009).

Barney (2011) define “Recursos” como todos os Ativos, Capacidades, Processos

Organizacionais, Atributos da Firma, Informação, Conhecimento etc., controlados pela firma

que a permitem conceber e implementar estratégias, que aumentem sua eficiência e eficácia,

partindo da análise de pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças. Os recursos podem

ser Físicos, Humanos e Organizacionais. Alguns atributos da firma são estrategicamente

irrelevantes, e podem até atrapalhar a concepção e implementação de estratégias. A Cadeia de

Valor também pode ser utilizada no contexto da VBR ao isolar os atributos de um recurso e

analisar quais deles geram vantagem competitiva sustentada.

Um atributo cria valor e torna-se um recurso se ele permite a exploração de

oportunidades e/ou a neutralização de ameaças (BARNEY, 1991). Serviços podem ser

definidos como o resultado de como a empresa utiliza seus recursos; eles não são úteis a

menos que sejam utilizados de forma eficiente. Para Cardeal & Nelson (2012) as empresas

devem ter acesso aos recursos adequados para tirar proveito de seus recursos. Ou seja,

enquanto alguns recursos podem ter o potencial para criar serviços de valor, o valor destes

serviços vai permanecer latente até que a empresa tenha os recursos necessários para

implementá-los (NEWBERT, 2005). Isto é consistente com várias outras definições de

recursos, por exemplo, os recursos são valiosos quando eles contribuem para a produção de

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algo que os clientes querem, a um preço que eles estão dispostos a pagar (COLLIS &

MONTGOMERY apud CARDEAL & NELSON, 2012). Recursos valiosos permitem à

empresa fazer coisas que levam ao valor econômico (FIOL apud CARDEAL & NELSON,

2012).

2.3.2 A Vantagem Competitiva e a Técnica Valor-Raridade-Imitabilidade-Organização

(VRIO)

Para Barney (2011), a Vantagem Competitiva é obtida quando a firma implementa

uma estratégia de criação de valor, que não tenha sido implementada por nenhum concorrente

atual ou futuro, e este não consegue duplicar os benefícios daquela estratégia. A Vantagem

Competitiva provém da existência de recursos críticos que são utilizados superiormente

(capacidade organizativa).

Uma das tarefas críticas na análise estratégica é fazer os gestores compreenderem a

relação entre os recursos que eles controlam e o desempenho da empresa. Cursos de

Estratégia refletem isso, dando lugar de destaque às técnicas e teorias que tentam estruturar

esta análise. Proeminente entre estes é a visão baseada em recursos da empresa

(WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991). Da literatura baseada em recursos, a técnica VRIO

(Valor-Raridade-Imitabilidade-Organização) (BARNEY, 2011) tornou-se o método mais

amplamente defendido para avaliar recursos de uma empresa particular. Essa técnica supõe

que caso os recursos da empresa possuam os atributos Valor, Raridade, Difícil Imitabilidade e

Organização, esses recursos gerarão Vantagem Competitiva. A técnica VRIO representa os

indicadores empíricos da utilidade de um recurso para gerar vantagem sustentada (BARNEY,

1991; 2011). Esta, se aplicada integralmente por um usuário com uma boa compreensão da

visão baseada em recursos, é eficaz em ajudar gerentes a avaliar as fontes existentes de

vantagem competitiva, sustentada ou temporária. A seguir, apresenta-se uma breve

explanação de cada atributo.

Valor – Barney (2011) afirma que recursos e capacidades de uma empresa só possuem valor

se permitem melhorar sua vantagem competitiva, ou seja, os mesmos recursos e as mesmas

capacidades podem ser forças em um determinado mercado e fraquezas em outro. Nenhum

recurso ou capacidade é valioso por natureza.

Raridade–É possível que uma empresa em um dado segmento de mercado possua um recurso

ou capacidade particularmente valioso e mesmo assim não obtenha vantagem competitiva

(BARNEY, 2011). Quando a maior parte dos concorrentes possui o mesmo recurso valioso, é

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18

provável que eles explorarão seu uso de forma semelhante, implementando o mesmo valor. A

posse do recurso valioso não resultaria na conquista automática de vantagem competitiva para

a empresa (BARNEY & ZAJAC apud CARDEAL &NELSON, 2012). Recursos e

capacidades valiosos podem ser considerados raros e, consequentemente, fonte potencial de

vantagem competitiva se o número de empresas que os possuem é menor do que o número de

empresas necessárias para criar a dinâmica de concorrência perfeita em um setor (BARNEY,

2011).

Difícil Imitabilidade – Recursos com valor e raridade podem gerar vantagem competitiva se

as empresas que não os possuem enfrentam grandes desvantagens de custo para obtê-los ou

desenvolvê-los em comparação com as empresas que já os possuem. Patentes de produtos ou

processos, segredo industrial e recursos intangíveis podem gerar vantagem competitiva se

forem difíceis de serem imitados ou adquiridos. Apenas organizações que possuem e

exploram esses recursos ou capacidade que sejam raros, valiosos e difíceis ou custosos para

imitar podem conquistar vantagem competitiva sustentável (BARNEY, 2011).

Organização – O potencial de geração de vantagem competitiva por uma empresa depende do

valor, raridade e difícil imitabilidadede seus recursos e capacidades. Porém, se a empresa não

estiver organizada para explorar esses recursos e capacidades, esse potencial não será

explorado plenamente. Políticas de remuneração, sistemas formais e informais de controle de

gestão, ferramentas de reporte e outras diversas qualidades referentes à microestrutura

organizacional são fundamentais para a questão da organização (BARNEY, 2011). A

vantagem competitiva decorre da forma como as empresas operam e relacionam seus recursos

estratégicos e não estratégicos, explorando os processos organizacionais para produzir os

produtos intermediários – gerados com os recursos primários e geradores dos produtos finais

da empresa (PAN et al. apud CARDEAL & NELSON, 2012).

2.4 Recursos Estratégicos dos Arranjos Produtivos Locais

Arranjos Produtivos Locais (APL) podem ser conceituados como “aglomerações

espaciais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de

atividades econômicas, que apresentam vínculos e interdependência” (REDESIST, 2015).

Os APLs geralmente envolvem:

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19

- a participação e a interação de empresas e suas variadas formas de representação e

associação;

- instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos

humanos,tais como escolas técnicas e universidades; pesquisa,desenvolvimento e

engenharia; política, promoção e financiamento (CASSIOLATO & LASTRES, 2003).

Barney (1991) considera que os recursos de uma empresa podem ser Físicos,

Humanos, Organizacionais ou Financeiros. Dentro dessa perspectiva, algumas características

dos Arranjos Produtivos Locais elencados na literatura podem ser consideradas “recursos

estratégicos”, por possuírem potencial para gerar vantagem competitiva.

Lemos apud Cassiolato & Szapiro (2003) apresenta as seguintes características de um

Arranjo Produtivo Local:

Intensa divisão de trabalho entre as firmas;

Flexibilidade de produção e de organização;

Especialização;

Mão-de-obra qualificada;

Competição entre firmas baseada em inovação;

Estreita colaboração entre as firmas e os demais agentes;

Fluxo intenso de informações;

Identidade cultural entre os agentes;

Relações de confiança entre os agentes;

Complementaridades e sinergias;

De acordo com a Agence Française de Developemant (2010), arranjos produtivos de

produtos tradicionais possuem, necessariamente, os três pontos comuns seguintes:

Qualidades e caraterísticas específicas do lugar;

Reputação positiva;

Saber coletivo ancorado pela história.

Partindo da perspectiva dos recursos estratégicos, pode-se categorizar a Qualidade e a

Reputação dos produtos como Recursos Organizacionais, e o saber coletivo como Recurso

Humano.

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20

2.5 Reputação

De acordo com Srour (2003) “reputação é um ativo intangível bastante frágil por dizer

respeito à percepção que os outros têm quanto ao valor de uma organização ou profissional”

Conforme este autor, a reputação:

Equivale à consideração que dada coletividade confere;

Corresponde a gozar de prestígio ou a construir um nome ao longo dos anos;

Vincula-se à identidade corporativa ou pessoal, constituída pelos traços mais

expressivos que observadores atribuem;

É conceito composto por variadas imagens que o imaginário social elabora ao longo

do tempo;

Deriva de uma percepção cristalizada e que vai sendo forjada dia após dia à medida

que a organização ou o profissional satisfaz as expectativas dos seus stakeholders.

Assemelha-se ao conhecimento científico – um processo aberto, provisório,

penosamente construído, condicionado e atormentado por incessantes verificações e

confirmações.

Outros autores trazem definições específicas da Reputação da Firma.

Weigelt&Camerer apud Ruiz et al (2014) definem reputação da firma como um conjunto de

atributos adscritos a uma firma, inferidos das ações passadas daquela firma. O Reputation

Institute (2010) define a reputação da firma como o conjunto de percepções sobre a compania

por diversos atores (stakeholders), sejam internos ou externos. Ela é o resultado do

comportamento desenvolvido pelos anos e descreve a habilidade da empresa para distribuir

valor para esses atores.

A reputação está fortemente relacionada à confiança e à legitimidade coletiva

conquistadas pelas políticas declaradas pela empresa ou pelas ações efetivamente realizadas.

Em várias situações, o conceito de reputação coincide com os de julgamento ou credibilidade.

Credibilidade pode ser conceituada como o crédito dado por uma entidade que já possua

prestígio ou fama, as quais premiam a empresa ou o profissional com base nas experiências e

relações bem-sucedidas com estes. Desta forma, pode-se formalizar uma boa reputação por

meio do credenciamento fornecido por uma instituição conhecida. Via de regra, alguns

conjuntos de critérios formais são utilizados para balizar o processo de reconhecimento.

Universidades, fundações, ONG’s e agências de classificação são exemplos de entidades

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certificadoras. Parte dessas entidades tem como exclusiva função conferir autenticidade aos

produtos e processos de uma empresa, tais como instituições certificadoras em Gestão da

Qualidade ou Gestão Ambiental (SROUR, 2003).

É possível distinguir o conceito de reputação dos conceitos de identidade e imagem, os

quais, mesmo longe de serem sinônimos de reputação, são conceitos relacionados. Por

conseguinte, as ações passadas da organização, influenciadas pela identidade da empresa, se

tornariam sua imagem externa (imagem corporativa), a qual gera expectativas para a

performance futura da firma, ao comportamento e à ética, os quais são contrastados por

indivíduos ao longo do tempo com suas experiências e outras ações da empresa, dando origem

a uma reputação(RUIZ et al., 2014). De acordo com esse conceito de reputação, uma firma

pode criar sua imagem imediatamente por campanhas de mídia, enquanto sua reputação toma

forma ao longo do tempo enquanto os stakeholders adquirem experiências diretas ou indiretas

com a organização. Portanto, a boa reputação é o resultado final do processo de construção de

imagem. (RINDOVA apud RUIZ et al., 2014)

No caminho inverso, a reputação por si só pode se converter em credibilidade e

confiança atribuída de antemão pelos observadores, dado o pré-julgamento positivo de boa-fé

ou qualidade. Ao alcançar essa dimensão, o conceito de reputação fecha o seu “ciclo mágico”,

que ocorre quando a confiança naquele sujeito ou empresa é sustentada, mesmo que existam

testes ou suspeitas sobre aquele profissional ou organização (SROUR, 2003).

2.5.1. Vantagem Competitiva e Gestão da Reputação

Todos os atores envolvidos no ambiente organizacional, sejam clientes, funcionários,

fornecedores ou concorrentes, influenciam e são influenciados pelas ações e decisões da

empresa. Uma vez afetados por essas ações, esses atores podem agir em retaliação. Desta

forma, a manutenção de boa reputação pela empresa é fundamental para resguardar sua

imagem e suas marcas, com vistas à sua sobrevivência.

Segundo Srour (2003), uma boa reputação pode:

Operar como barreira contra os concorrentes, constituindo uma vantagem competitiva;

Criar um escudo contra as crises, graças ao apoio que muitos Stakeholders se dispõem

a oferecer à empresa em dificuldade;

Reduzir as resistências por parte de quem diverge da empresa;

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Aumentar o valor de mercado da empresa e facilitar o acesso ao mercado de capitais.

Contribuir para obter créditos junto a órgãos de financiamento;

Captar e conservar talentos – muitos profissionais preferem ganhar menos em

empresas das quais possam se orgulhar a trabalhar em empresas cuja fama é

comprometedora;

Facilitar os relacionamentos com fornecedores, investidores, concorrentes, prestadores

de serviço, comunidades locais e autoridades.

A Gestão da Reputação visa, ao cabo, criar e manter um ativo intangível que reduz a

vulnerabilidade da empresa e gera lealdade dos clientes, além de associar o nome ou marca da

empresa a atributos positivos, tais como inovação, preocupações socioambientais, qualidade

dos produtos e serviços, confiança e credibilidade. A Gestão da Reputação baseia-se na gestão

competente das relações com os atores que se relacionam com o negócio (SROUR, 2003).

2.6 Modelo Customer-Based Brand Equity – A Reputação de uma Marca

Reputação pode ser definida como o conjunto total de julgamentos individuais e

coletivos sobre a confiança em uma instituição baseada num conjunto geral de valores, sua

confiabilidade e sua competência (GOLGELI, 2014). A reputação de uma marca, por

conseguinte, pode ser entendida como o julgamento que os clientes, funcionários e todos os

stakeholders possuem sobre aquela marca. Como Keller (2001) apresenta em seu modelo

Brand Equity, os fatores essenciais à construção de uma marca forte são Identidade de Marca,

Significado de Marca, Respostas à Marca e Relacionamentos. A Resposta à Marca pode ser

de caráter racional (Julgamento de Marca) ou emocional (Sentimentos de Marca). O

julgamento de uma marca refere-se às opiniões pessoais dos consumidores e suas avaliações a

respeito da marca. O Julgamento de Marca diz respeito a como os consumidores comparam as

diferentes performances da marca para formar diferentes opiniões. Consumidores podem fazer

qualquer tipo de julgamento a respeito de uma marca, mas o modelo conceitual de Keller

(2001) considera particularmente importantes quatro tipos de julgamentos: a Qualidade

Percebida da Marca, a Credibilidade da Marca, a Consideração da Marca e a Superioridade da

Marca.

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23

Qualidade Percebida da Marca – Há um conjunto de atitudes que os consumidores carregam a

respeito de marcas, porém a mais importante refere-se à qualidade percebida da marca. Outras

atitudes notáveis referem-se às percepções de valor e satisfação.

Credibilidade da Marca – Consumidores formam julgamentos que transcendem conceitos

específicos de qualidade de marca e consideram aspectos mais amplos relativos à Empresa ou

Organização, que faz o produto ou provê o serviço associado àquela marca. Em outras

palavras, consumidores formam julgamentos com respeito à Empresa ou à Organização por

trás da marca. Credibilidade da Marca refere-se à medida na qual a marca como um todo é

vista como confiável em termos de três dimensões – expertise percebida, confiança e agrado.

Em outras, em que medida a marca é vista como: (1) competitiva, inovadora e líder de

mercado (expertise de marca); (2) sensível aos interesses dos consumidores (confiança de

marca) e (3) divertida, e interessante (apreço de marca).

Consideração da Marca– eleger atitudes de marca favoráveis e percepções de credibilidade é

importante, mas insuficiente se consumidores considerarem seriamente a marca para possível

compra ou uso. Consideração é mais do que o mero conhecimento de uma marca; ela sugere a

tendência que consumidores irão incluir de verdade a marca na lista de marcas que eles

comprariam ou usariam. Consideração depende em parte de quão pessoalmente relevante os

consumidores consideram a marca, ou seja, a medida na qual eles veem a marca como sendo

apropriada e significante para eles próprios. Logo, consumidores, frequentemente fazem uma

análise geral se eles têm algum interesse pessoal em uma marca e se eles iriam de fato

comprá-la. Consideração de marca é um filtro crucial em termos de construção de uma marca

forte. Não importa quão fortemente lembrada ou de credibilidade uma marca pode ser. Caso a

marca não receba séria consideração, consumidores irão sempre mantê-la numa certa

distância e nunca a abraçarão. Consideração de marca dependerá, em grande parte, da medida

na qual associações fortes e favoráveis de marcas podem ser criadas como parte da imagem da

marca.

Superioridade da Marca – Refere-se à medida na qual consumidores veem a marca como

única e melhor do que outras marcas. Em outras palavras, consumidores acreditam que a

marca oferece vantagem competitiva que outras marcas não oferecem. Superioridade é

absolutamente crítica em termos de construção de relacionamentos intensos e ativos com

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24

consumidores e dependerá em grande parte do número e da natureza da associação unívoca

que faz a imagem da marca (KELLER, 2001).

2.7 Marcas Guarda-Chuva

Uma marca guarda-chuva é um método de gestão de marcas em que o nome da marca

mãe é usado em uma gama de produtos. A utilização dessa estratégia leva em consideração

que a familiaridade dos consumidores e as associações positivas com a marca-mãe e com sua

credibilidade vão produzir um "efeito halo" que pode beneficiar novos produtos associados.

Para que a gestão de uma marca guarda-chuva produza um efeito halo valioso ela precisa ser

planejada e executada adequadamente, evitando-se um marketing confuso (KNOWLEDGE

POINT, 2014).

Logunov (2014) aponta as seguintes vantagens obtidas com o uso de uma marca guarda-

chuva:

“1. A marca guarda-chuva continuamente reforça a marca-mãe resultando no aumento de sua

notoriedade;

2. O consumidor tem uma maior interação com o nome de marca-mãe conforme ela é vista em

vários outros produtos;

3. Os consumidores associam todos os produtos que levam a marca-mãe com o mesmo padrão

de qualidade;

4. Os consumidores que gostam de um produto sob uma marca guarda-chuva são muito mais

propensos a experimentar outros produtos dentro da mesma marca;

5. O orçamento para gestão de marca pode ser utilizado de forma eficaz para promover uma

família de marcas sob o mesmo guarda-chuva;

6. Novos produtos podem ser facilmente adicionados ao portfólio de marcas da família e

tendem a serem bem recebidos pelos consumidores que são leais à marca-mãe.”

O mesmo autor aponta as potenciais desvantagens para a marca guarda-chuva:

“1. A gestão de uma marca guarda-chuva pode ser difícil de ser executada se os diferentes

produtos envolvidos são muito diversificados, se têm um mercado-alvo diferente ou se estão

em categorias completamente diferentes;

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25

2. Uma marca guarda-chuva pode criar uma aversão à marca. Assim como uma boa

experiência com um produto dentro de uma família pode convencer um consumidor a

comprar um outro tipo de produto ou serviço a partir da mesma marca-mãe, uma experiência

ruim tem o efeito oposto.”

Empresas que possuam produtos de qualidade consistente e têm a mesma promessa de

marca da marca guarda-chuva podem ganhar muito ao aderir a uma marca guarda-chuva,

dado que essa estratégia tem o poder de aumentar o alcance de marketing e as vendas do

produto da empresa associada. (LOGUNOV, 2014)

2.8 O Parque Tecnológico “Porto Digital”

O Porto Digital é um Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação e

Comunicação (TIC) voltado prioritariamente ao desenvolvimento de software. O objetivo do

APL é promover desenvolvimento econômico e social por meio da Tecnologia da Informação.

O APL está situado na cidade de Recife-PE. A maior parte das empresas integrantes está

locada na Ilha do Recife, bairro do Recife. O projeto foi responsável pelo crescimento da

participação do segmento de tecnologia de 0,8% para 4,8% no Produto Interno Bruto do

estado de Pernambuco entre os anos de 2000 e 2008 (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS,

2010).

O Porto Digital é a denominação fantasia do Parque Tecnológico de Pernambuco. O

Parque nasceu com a missão de integrar, por meio de uma política pública, várias iniciativas

empreendedoras de tecnologia já existentes naquela região, com o objetivo de fomentar o

setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, gerar e manter recursos humanos

qualificados com vistas a desenvolver economicamente a região. Com o projeto, foi possível

agrupar competências, know-how e integração entre diversos profissionais e empresas,

promovendo inovação, competitividade e compartilhamento de recursos – um processo de

ganho mútuo entre profissionais e empresas (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2009).

O projeto Porto Digital inclui-se na denominação das Iniciativas de Desenvolvimento

Local. Tendo como foco o estado de Pernambuco, o APL tem conseguido implementar um

ambiente sustentável de TIC. Como parte de sua missão, o parque tem como tarefas a

revitalização urbanística do Bairro do Recife, a preservação do meio ambiente local e a

inclusão social da população da região (SILVA, 2011).

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26

Segundo Amorim e Dornelas (2004), a exportação de mercadorias e serviços de alto

valor agregado, e a maior participação do mercado externo nas atividades produtivas da

economia brasileira são fortemente dependentes da indústria de Tecnologia de Informação. A

mudança do paradigma econômico atual, voltado basicamente para a exportação de

commodities e alimentos, é de fundamental importância para o alcance e manutenção do

superávit comercial do país.

Com a missão de gerir o parque, foi criado o Núcleo de Gestão do Porto Digital

(NGPD) organização social de direito privado e sem fins lucrativos. O Núcleo possui um

Plano Estratégico que tem como objetivo fomentar a competitividade das empresas,

permitindo a ampliação do seu mercado consumidor, partindo do âmbito regional para o

internacional. Para tanto, o Plano orienta ações que visam incrementar a cooperação entre os

integrantes do APL, além de buscar a formação de capital humano nos níveis técnico e

gerencial, criar e aplicar novos modelos de inovação tecnológica e promover melhorias

urbanas e sociais na região(GOUVEIA, 2013).

O Núcleo de Gestão do Porto Digital objetiva fomentar a capacidade inovativa e

competitiva das empresas, investido na melhoria dos fatores ambientais internos e externos.

Gouveia (2013) aponta como papéis principais no NGPD os seguintes: (i) gerar ideias

originais; (ii) desenvolver projetos inovadores; (iii) articular agentes operadores, de forma que

projetos possam ser implementados -incluindo patrocinadores, governo, empresas,

universidades; e (iv) atrair empresas inovadoras tecnológicas (GOUVEIA, 2013).

Além de sua função gerencial, o NGPD assumiu um compromisso de revitalização do

Bairro do Recife, priorizando a ocupação de imóveis vazios ou subutilizados, investindo na

ampliação dos pontos de lazer e a melhoria na mobilidade. Em parceria com o poder

municipal, o NGPD coordena ações que têm transformado econômica e socialmente a região

(AMORIM, 2004).

Por meio de ações de comunicação empresarial e marketing, o Núcleo busca criar e

manter uma imagem de excelência em inovação tecnológica do Parque nos âmbitos regional,

nacional e internacional (SOFTEX, 2002).

2.9 A Indicação de Procedência “Porto Digital”

Ao certificar, em 11 de dezembro de 2012, a Indicação Geográfica Porto Digital, o

INPI reconheceu o cumprimento dos requisitos legais para a concessão de tal indicação. O

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Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD) descreve os seguintes objetivos do

reconhecimento da Indicação Geográfica:

Reconhecer e promover a imagem das empresas instaladas no Porto Digital (que

receberam o selo de Indicação de Procedência);

Estimular novas empresas a aprimorarem seus processos e atenderem aos requisitos de

qualidade para obtenção do selo;

Reforçar a reputação do Porto Digital.

(NÚCLEO DE GESTÃO PORTO DIGITAL, 2013)

O NGPD (2014) descreve da seguinte forma o papel do reconhecimento de Indicação

Geográfica para o Parque: “Os objetivos do reconhecimento da Indicação Geográfica aderem

à missão institucional do Porto Digital, baseada na tríade Inovação, Empreendedorismo e

Capital Humano, onde a Tecnologia da Informação e Comunicação e Economia Criativa são

ferramentas de desenvolvimento econômico e social.”

Ainda conforme o NGPD (2013), “Esse reconhecimento oferece os seguintes

benefícios ao Porto Digital:

O selo é um distintivo de qualidade;

Agrega valor à empresa e aos seus serviços;

Contribui para o aumento da inserção nos mercados internacionais;

Vincula a reputação da região aos serviços;

Diferencia a imagem do Porto Digital junto a outros ambientes produtivos.”

A conquista do selo de Indicação Geográfica pelo Porto Digital demandou a adoção de

critérios de gestão voltados à maior inserção no mercado, gestão e capacitação da força de

trabalho, gerenciamento de processos aplicados à oferta de serviços, gestão da infraestrutura

de tecnologia e implementação de ações de responsabilidade socioambiental

(NÚCLEO DE GESTÃO PORTO DIGITAL, 2013).

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28

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Classificação da Pesquisa

Conforme Oliveira (2002), uma pesquisa busca elaborar compreensões com o

propósito de obter respostas para dúvidas e problemas existentes em quaisquer áreas do

conhecimento.

O conhecimento científico, por sua vez, é aquele obtido através de procedimentos e

métodos que permitem ao investigador conhecer um fenômeno de maneira ordenada e

padronizada, por meio de técnicas e normas estabelecidas. A ciência é um processo em

contínua construção, atualizado continuamente por novidades e que possui intrinsicamente

falhas e contradições (ZANELLA, 2009).

Vergara (1997) classifica as pesquisas, quanto à sua finalidade, em seis tipos:

exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. O mesmo

autor classifica a pesquisa, quanto aos meios, em: de campo, de laboratório, documental,

bibliográfica, experimental, pesquisa-ação e estudo de caso.

De acordo com as classificações apresentadas, este trabalho é definido como uma

pesquisa descritiva, pois busca estabelecer relações entre variáveis, utilizando para isso

métodos padronizados de coleta de dados, como questionários. É também uma pesquisa

bibliográfica, já que se utiliza de conteúdos existentes em livros, artigos, teses e dissertações

referentes ao tema.

Ainda quanto ao meio, este trabalho enquadra-se na classificação de estudo de caso,

por explorar meticulosamente um fenômeno existente num universo específico e delimitado.

Todavia, apresenta deduções que podem ser aplicadas a objetos semelhantes. Além disso, este

trabalho é uma pesquisa de campo, por ter realizado uma investigação empírica no local onde

se dá o fenômeno estudado.

Primeiramente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica objetivando investigar o

recurso estratégico Indicação Geográfica sob o prisma da vantagem competitiva.

Posteriormente, foi realizado um estudo exploratório, descritivo com abordagem quantitativa

de corte transversal.

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3.2 Universo

Gil (2006) define o universo ou população de uma pesquisa como um conjunto

definido de elementos que possuem determinada característica comum.

Neste trabalho, o universo de estudo foi constituído pelo conjunto de empresas

integrantes do parque tecnológico Porto Digital, situado em Recife, Pernambuco. O parque é

formado atualmente por 250 empresas, quais sejam: 30Ideas, Acadetec, Accenture, , Agora

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30

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SOLUÇÕES EM TIC.

Das empresas instaladas no Porto Digital, mais de 60% atuam exclusivamente no ramo

de desenvolvimento de sistemas. Além dessas empresas, o APL possui empresas de diversas

áreas de atuação, como desenvolvimento de jogos, serviços médicos on-line, engenharia civil,

gestão de informações, educação, contabilidade e consultoria empresarial, comunicação,

publicidade, assessoria jurídica, assessoria tributária e organizações sociais.

Considerando que o estudo também visou conhecer a reputação percebida pelos

clientes do Porto Digital e compará-la às expectativas dos gestores do Porto, fizeram parte

deste estudo pessoas com função de direção ou gerência de empresas, que sejam clientes

corporativos do Porto Digital, além dos representantes de seu Núcleo de Gestão. Sendo assim,

os entrevistados se submeteramaos seguintes critérios de inclusão:

Clientes:

Possuir poder decisório na empresa, sobretudo na contratação dos serviços;

Ter contratado serviços do Porto Digitalno último ano;

Gestores:

Possuir poder decisório de alto nível na empresa;

Ter função de relacionamento com o núcleo de gestão do Porto Digital.

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3.3 Definição da Amostra

O plano amostral foi dependente de aceitação de participação na pesquisa, e, portanto,

não estimável. Sendo assim, a amostra do presente estudo foi formada por um grupo de 25

empresas respondentes que pertencem ao Porto Digital, além de 10 empresas que são clientes

de empresas do Parque.

A baixa adesão à pesquisa por parte das empresas, apesar de prejudicar o nível de

confiabilidade estatística da análise, ainda permitiu a obtenção de uma amostra representativa

do universo estudado.

3.4 Aspectos Éticos

Para todos os sujeitos incluídos no estudo, a aceitação na participação em responder os

questionários foi considerada como termo de concordância.

3.5 Procedimentos para Coleta de Dados

Foram enviados questionários padronizados (vide Apêndice) aos gestores e clientes

das empresas do Porto Digital, via e-mail ou contato telefônico. O questionário enviado via e-

mail foi elaborado com a ferramenta Google Docs, e os dados primários também foram

obtidos com essa ferramenta.

3.6 Instrumentos de Medidas

Para responder às perguntas norteadoras deste estudo, foi aplicado um instrumento,

adaptado para o modelo Customer-Based Brand Equity, com o objetivo de medir a reputação

e o julgamento da Marca Porto Digital. Foram comparadas as respostas dos clientes com as

respostas dos gestores, analisadas as dimensões onde há maior discordância ou concordância

entre as opiniões dos clientes e dos gestores. Para que se obtivesse a compreensão completa

da reputação da marca do Porto Digital, foram analisados, além do gap entre as percepções de

gestores e clientes, o valor bruto obtido pela consolidação das respostas, dado que os

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questionários são normalizados e abrangem valores negativos, neutros e positivos de cada

dimensão analisada.

Como instrumento auxiliar, foram aplicadas (apenas aos gestores) perguntas – também

normalizadas -referentes à Adesão à marca Porto Digital pelas empresas embarcadas. A

aplicação desse questionário adicional visou apresentar uma análise completa sobre todos os

aspectos referentes à marca do APL. A escala customer-based brand equity estuda o

julgamento/reputação da marca (objetivo principal do trabalho) enquanto o questionário sobre

Adesão estuda o uso e benefício da marca do Porto Digital pelas empresas embarcadas.

3.6.1 Escala Customer-Based Brand Equity

Instrumento que mede o Julgamento/Reputação da Marca Porto Digital. As

afirmativas são seguidas de uma escala tipo Likert, na qual o cliente ou o gestor assinala seu

grau de concordância ou discordância em uma escala de avaliação de cinco pontos, composta

por quatro dimensões as quais estão representadas nas 10 perguntas da escala, sendo:

Dimensão qualidade: perguntas 1,2, 3 e 21 - referem-se à qualidade percebida

da marca.

Dimensão credibilidade: perguntas4, 5, 6, 7 e 18 - referem-se à medida na qual

a marca como um todo é vista como creditável em termos de três dimensões –

expertise percebida, confiança e agrado.

Dimensão consideração: perguntas8 e 20 – medem se consumidores

considerarem seriamente a marca para possível compra ou uso.

Dimensão superioridade: perguntas de 9, 10, 11 e 19 - referem-se à medida na

qual consumidores veem a marca como única e melhor do que outras marcas.

Dimensão adesão: perguntas 12, 13, 14, 15, 16 e 17 – referem-se à importância

que os gestores dão à marca Porto Digital e à sua utilização como diferencial.

3.7 Instrução para Coleta de Dados

Foram enviados pela internet, após contato prévio, os questionários aos clientes e

gestores do Porto Digital, os quais receberam orientação quanto ao objetivo da pesquisa e

instruções sobre o preenchimento dos instrumentos de pesquisa.

Após a concordância em participar da pesquisa, foi explicado ao cliente a composição

do instrumento e a maneira como poderia responder as perguntas.

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3.8 Variáveis Envolvidas no Estudo

Variáveis dependentes: relativas ao estudo da reputação e julgamento da Marca por meio da

escala utilizada (valores normalizados das dimensões qualidade, credibilidade, julgamento,

consideração e adesão) variando de 1 a 5, além dos gaps entres os valores dados pelos

gestores e os valores dados pelos clientes.

Variáveis independentes: faturamento da empresa, número de funcionários da empresa, área

de atuação da empresa e tempo de embarque no Porto Digital.

3.9 Processamento e Análise dos Dados

Primeiramente realizou-se uma análise exploratória dos dados. Esta metodologia teve

como objetivo básico sintetizar uma série de valores de mesma natureza, permitindo que se

tivesse uma visão global da variação desses valores.

Cálculo do escore de reputação da marca:

O escore, quando se mede a Percepção do Gestor ou a Percepção do cliente, pode

variar de 1 a 5, com valor mínimo 1 (pior) e máximo 5 (melhor). Já o gap é obtido pela

diferença entre as notas do desempenho percebido pelo gestor e as notas dadas pelos clientes,

portanto, varia de - 4 (gap= 1 – 5 = - 4) até 4 ( gap = 5 – 1 = 4).

Para caracterizar a reputação percebida, foram adaptados os critérios descritos por

Eleutério e Souza (2002), em que:

1. Percepção do Gestor < Percepção do Cliente = reputação é boa, com um máximo de quatro;

2. Percepção do Gestor = Percepção do Cliente = reputação é aceitável; valor zero ou próximo

de zero;

3. Percepção do Gestor > Percepção do Cliente = reputação é pobre, com um mínimo de - 4.

Cálculo do escore do Questionário de Adesão à marca pelas empresas:

O escore, quando se mede a Adesão à marca varia de 1 a 5, com valor mínimo 1 (pior)

e máximo 5 (melhor).Os dados obtidos foram consolidados entre para esta grandeza (Adesão)

e seus valores comparados com o escore médio (3).

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3.10 Metodologia para Análise Estatística

A análise de correlação é uma ferramenta estatística para determinar a intensidade e

tipo de relação entre duas variáveis. A este respeito, o coeficiente de correlação é um critério

prático na determinação de correlação entre duas variáveis. O coeficiente de correlação de

Pearson é um método paramétrico aplicado para dados de distribuição normal. Esta relação de

correlação é calculada por meio da base principal de dados.

Foram investigados comportamentos de correlação entre as variáveis independentes e

as variáveis dependentes do estudo.

Variáveis independentes:

Número de funcionários;

Faturamento;

Área de atuação da empresa;

Tempo de ingresso no APL.

Variáveis dependentes:

Escore bruto da dimensão qualidade (de clientes e gestores);

Escore bruto da dimensão credibilidade (de clientes e gestores);

Escore bruto da dimensão consideração (de clientes e gestores);

Escore bruto da dimensão superioridade (de clientes e gestores);

Gapentre os escores dos clientes e gestores nas quatro dimensões;

Escore bruto da Adesão à marca (gestores).

A análise empregada consistiu em verificar os escores das variáveis dependentes, e

estimar o comportamento dessas variáveis conforme os valores das variáveis independentes

(classificados em faixas), exceto a área de atuação da empresa, a qual foi estudada apenas

descritivamente.

Os dados foram submetidos a um teste de correlação simples dois a dois entre as 9

variáveis dependentes e independentes.

Quanto ao segmento de atuação das empresas, foram analisados os valores médios das

dimensões estudadas conforme suas áreas de atuação.

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Esta análise visou avaliar o comportamento das respostas dos gestores e clientes para

diferentes tipos de empresas, seja em relação ao tamanho, ao faturamento, ao segmento ou ao

tempo de ingresso no Porto Digital.

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4. RESULTADOSE DISCUSSÃO

4.1 Análise Valor-Raridade-Imitabilidade-Organização do Atributo Estratégico

Indicação Geográfica

Nesta etapa, buscou-se responder à primeira hipótese da pesquisa: “A Indicação

Geográfica confere vantagem competitiva a um Arranjo Produtivo Local”.

Para investigar essa hipótese, faz-se necessário submeter o atributo estratégico

Indicação Geográfica ao teste do modelo VRIO, apresentado na revisão bibliográfica.

Como apresentado anteriormente, um atributo só confere vantagem competitiva a uma

organização se ele possuir valor, for raro, de difícil imitabilidade, e se a empresa está

devidamente organizada para a sua exploração.

O framework VRIO é uma ferramenta largamente utilizada em investigações de

atributos/recursos estratégicos em diversos tipos de organizações. Popadiuk (2011) submete

ao teste VRIO o atributo “conversão de conhecimento”, subdividido nas dimensões

“socialização do conhecimento”, “externalização do conhecimento”, “combinação do

conhecimento” e “internalização do conhecimento”.

Melo (2011) submete ao framework VRIO os atributos “ativos protegidos por lei”,

como patentes, proteção por legislação regulamentadora e licenças; “ativos não protegidos por

lei”, como reputação e estrutura de rede; “conhecimento” e “cultura organizacional”.

Tonini et al (2009) submete 45 atributos à análise VRIO, destacando os principais

como “expertise da organização no ramo de atuação”, “reputação institucional” e

“propriedade intelectual”.

Teste de Valor:

Segundo Barney (2011), um atributo pode ser considerado valioso se permite à

organização explorar suas oportunidades ou neutralizar suas ameaças externas. Porém, pelo

fato de que é difícil determinar com precisão aspectos do ambiente externo, pode-se

identificar o impacto de um atributo analisando suas receitas e custos. Empresas que possuem

atributos valiosos conquistam aumento em suas receitas líquidas ou decréscimo em seus

custos líquidos, ou ambos, comparados com outros recursos não valiosos.

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Tonini et al (2009) destaca os atributos “propriedade intelectual”, “reputação no

mercado” e “expertise no ramo” como possuidores de valor. Nota-se que esses atributos estão

presentes em APL’s protegidos por Indicações Geográficas.Melo (2011) também classifica

como valioso o atributo “ativos protegidos por lei”, como patentes e proteção por legislação

regulamentadora. Segundo o autor, a posse de ativos protegidos por lei pode ser considerada

como força geradora de oportunidades e neutralizadora de ameaças. O mesmo autor classifica

como valioso o atributo “reputação”, tanto no âmbito interno da organização quanto junto aos

clientes.

Ao investigar o papel do atributo IG numa dimensão externa à organização, observa-se

que a posse de um selo de indicação por um APL gera um ganho no potencial de exploração

de mercado, dada a distinção proferida aos produtos certificados. Além disso, o

referendamento da indicação geográfica cria uma barreira à entrada de novos concorrentes

naquele segmento, neutralizando ou mitigando sobremaneira as ameaças externas.

Teste de Raridade

Segundo Barney (2011), atributos valiosos de uma organização que sejam únicos

dentre o grupo de concorrentes atuais e potenciais podem gerar vantagem competitiva.Tonini

et al (2011) classifica como raros os atributos “propriedade intelectual”, “reputação no

mercado” e “expertise no ramo”. Melo (2011) considera raro o atributo “reputação”, dada a

escassez de organizações com equivalente reconhecimento.

O pequeno número de APL’s de produtos tradicionais que possuem o selo de

Indicação Geográfica no Brasil é uma evidência de como esse atributo é raro entre produtores.

Uma indicação de procedência ou denominação de origem somente será conquistada após

meticuloso processo formal, que leva em conta aspectos intrinsicamente ligados à região

produtora, em nível geográfico, histórico e cultural. Desta forma, a indicação não é um

atributo que se possa conquistar simplesmente por meio de investimento financeiro. É antes

uma confirmação das características raras e únicas daquela região produtora.

Teste de Imitabilidade

Barney (2011) afirma que um atributo é de difícil imitabilidade se outras empresas

concorrentes enfrentam uma desvantagem de custo para obtê-lo ou desenvolvê-lo, em

comparação com as empresas que já o possuem.Tonini et al (2011) considera o atributo

“expertise no ramo” difícil de ser imitado. No entanto, o autor considera como passíveis de

imitação em médio prazo os atributos “reputação no mercado” e “propriedade intelectual”.

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Melo (2011) classifica como facilmente imitáveis os atributos “ativos protegidos por lei”,

como patentes e proteção por legislação regulamentadora e “ativos não protegidos por lei”,

como a reputação. O autor considera apenas os atributos “conhecimento” e “cultura

organizacional” como de difícil imitabilidade.

As Indicações Geográficas são definidas e caracterizadas por lei. Desta forma, a

obtenção da certificação respeita o princípio da impessoalidade, já que os critérios são

previamente estabelecidos e igualmente aplicados a todos os requerentes. Desta forma, um

selo de IG pode ser perfeitamente conquistado por regiões produtoras concorrentes. Do que se

infere que a “imitação” desse atributo é possível, tendo como único entrave a desvantagem em

tempo que um requerente teria em relação a outra região que já possua o selo.

Teste de Organização

Barney (2011) elenca alguns componentes da organização que são relevantes para a

questão da organização, tais como a estrutura formal de reporte, sistemas de controle

gerencial, controles gerenciais formais, controles gerenciais informais e cultura da empresa.

É do INPI a competência para estabelecer as condições de registro das indicações

geográficas. Este órgão analisa, para conceder a IG, além dos critérios geográficos e de

qualidade dos produtos ou serviços, outros fatores relativos à estrutura gerencial do APL, tais

como “elementos que comprovem a existência de uma estrutura de controle sobre os

produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da denominação

de origem ou indicação de procedência” (INPI, 2013)

A Agence Française de Developement (2010) também aponta requisitos de Gestão

necessários a uma região produtora com IG: “Uma abordagem coletiva e formalizada dos

profissionais dessa indústria é essencial(produtores, processadores, distribuidores) para

implementar e monitorar o processo de IG. Esta deve ser acompanhada por uma forte

cooperação entre todos estes atores que partilhamos mesmos interesses e objetivos”.

Os requisitos de estrutura gerencial para os APL com IG são fatores essenciais ao seu

pleno desenvolvimento desde o processo inicial de análise e certificação. No entanto,

diferentes regiões produtoras possuem diferentes níveis de formalização dos processos de

gestão, fazendo com que não se possa tomar como geral o fato de uma região com IG possuir

ou não organização adequada à exploração desse atributo.

A Figura 1 apresenta a dinâmica da análise VRIO para um determinado atributo estratégico.

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FIGURA 1. Fluxograma do teste VRIO (Traduzido)

Fonte:KNOTT (2009)

O framework VRIO permite inferir as implicações competitivas que determinado

atributo/recurso estratégico pode provocar numa organização. Apenas recursos que geram

vantagem competitiva sustentada propiciam uma performance econômica acima da média.

Atributos que não atendam a todos os requisitos provocam performances equivalentes ou

inferiores à média do mercado, criando situações de paridade ou inferioridade competitiva.

(BARNEY, 2011)

Poucos atributos alcançam os critérios para criação de vantagem competitiva

sustentada. Popadiuk (2009) classifica o atributo “conversão do conhecimento” como não-

gerador de vantagem competitiva, já que este atributo possui valor mas não atende aos

critérios de raridade e imitabilidade. Tonini (2011) considera, entre os atributos “expertise no

ramo”, “propriedade intelectual” e “reputação no mercado”, que apenas a expertise é geradora

de vantagem competitiva sustentada, já que os atributos “reputação no mercado” e

“propriedade intelectual” não atendem ao critério de difícil imitabilidade. Melo (2011)

classifica como geradores de vantagem competitiva os atributos “conhecimento” e “cultura

organizacional”, não considerando os atributos “ativos protegidos por lei” e “reputação” como

geradores de vantagem competitiva, por não serem considerados dificilmente imitáveis.

A análise dos quatro fatores basilares da teoria da vantagem competitiva indica como

resposta à primeira hipótese do trabalho que o atributo Indicação Geográfica, num Arranjo

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Produtivo Local devidamente organizado, pode ser considerado um Recurso Estratégico, o

qual confere vantagem competitiva temporária, já que se enquadra como um atributo

valioso, raro, mas que pode ser imitado por outra região produtora que possua os requisitos

legais necessários.

4.2 Análise Exploratória

Nesta etapa é respondida a segunda hipótese apresentada: “A Marca Porto Digital

confere reputação/julgamento positivo aos serviços oferecidos pelo Porto Digital”. Para isso,

são analisados os dados coletados por meio do questionário estruturado aplicado às empresas.

O referido questionário foi elaborado com a ferramenta Google Docs e encaminhado aos

endereços dos gestores das empresas pertencentes ao Porto Digital, conforme o cadastro que

foi cedido pelo Núcleo de Gestão do Porto Digital.

O questionário foi composto por 25 (vinte e cinco) questões, sendo as primeiras 21

questões baseadas do modelo customer-based brand equity, dentro do qual foram agrupadas

questões referentes às dimensões Adesão à Marca (seis questões), Qualidade de Marca (quatro

questões), Superioridade de Marca (quatro questões), Consideração de Marca (duas questões)

e Credibilidade de Marca (cinco questões).

Visando investigar o perfil das empresas respondentes, foram aplicadas mais quatro

questões, referentes ao segmento de atuação da empresa, ao faturamento anual, ao número de

funcionários e ao tempo de ingresso no parque tecnológico. Foi garantido o sigilo quanto aos

nomes das empresas respondentes.

Um total de 25 (vinte e cinco) empresas e 10 (dez) clientes respondeu ao questionário

proposto. O baixo número de respondentes expõe a baixa adesão a pesquisas relativas à

Gestão por parte das empresas de base tecnológica, seja por fatores relacionados à cultura

organizacional ou à falta de confiança dos gestores em revelar quaisquer dados privativos do

seu negócio. Não obstante, a amostra conquistada foi suficientemente representativa do

universo das empresas baseadas no Porto Digital.

4.2.1 Perfil das Empresas Respondentes

Em relação ao segmento de atuação, obteve-se a distribuição a seguir, conforme

apresentado na Figura 2.

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FIGURA 2. Segmento das empresas hospedadas no Porto Digital, Recife-PE, 2015.

Fonte: Dados obtidos pelo autor

Nota-se que cerca de 60% das empresas respondentes trabalham com desenvolvimento

de software ou com serviços relacionados à Tecnologia da Informação em geral. Há que se

destacar que apenas 12% das empresas respondentes afirmam ter como carro chefe do

negócio produtos tangíveis, como equipamentos de hardware, telecomunicações ou

automação industrial.

Quanto ao faturamento anual, as empresas respondentes declararam as seguintes

informações dispostas na Figura 3. As informações sobre faturamento não foram solicitadas

em seus valores exatos no questionário, mas em faixas, visando preservar o relativo sigilo da

empresa quanto às suas informações financeiras.

FIGURA 3. Faturamento anual (R$) em empresas no Porto Digital, Recife-PE, 2015.

Fonte: Dados obtidos pelo autor

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O número de funcionários das empresas respondentes apresentou a distribuição

mostrada na Figura 4. Nota-se a predominância de empresas de pequeno porte na amostra

estudada.

FIGURA 4. Número de funcionários das empresas no Porto Digital, Recife-PE, 2015.

Fonte: Dados obtidos pelo autor

Na Figura 5, verifica-se o tempo em que as empresas estão embarcadas no Porto

Digital. Verifica-se que em praticamente todos os anos empresas ingressam no parque

tecnológico, o que pode apontar para uma política constante de fomento ao acolhimento de

novas empresas.

FIGURA 5. Tempo de presença no Porto Digital, Recife-PE, 2015.

Fonte: Dados obtidos pelo autor

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4.2.2 Julgamento da Marca Porto Digital pelas Empresas Respondentes

Como explicado anteriormente, o julgamento de uma marca baseia-se em quatro

dimensões balizadoras, que são qualidade, superioridade, credibilidade e consideração. Na

Tabela 1 são apresentadas as médias das quatro dimensões, variando entre 1 e 5, de acordo

com o segmento da empresa.

TABELA 1. Valores médios das dimensões por segmento de empresas no Porto Digital, Recife-PE,

2015.

SEGMENTO QUALIDADE CREDIBILIDADE CONSIDERAÇÃO SUPERIORIDADE

T.I. 3,98 4,23 3,13 2,50

Desenvolvimento 3,96 4,17 3,79 2,41

Consultoria 2,88 2,70 3,25 2,10

Web 3,50 4,40 3,50 3,20

Indústria/Hardware/Telec. 3,75 3,33 2,67 1,73

Jogos 4,00 4,20 2,50 2,60

Fonte: Dados colhidos pelo autor

Com relação ao julgamento da marca, os dados elencados apontam para avaliações

distintas para os diferentes segmentos de atuação das empresas respondentes. Os segmentos

de TI, desenvolvimento, web e jogos apresentam valores superiores ao valor médio (três),

enquanto que os segmentos de consultoria e indústria alcançaram valores abaixo do valor

médio (três), conforme mostra a Tabela 2. Esse fato aponta para uma avaliação mais positiva

da marca do Porto Digital para segmentos mais fortemente vinculados às atividades pelas

quais o parque tecnológico construiu sua reputação, as quais são mais facilmente associadas

aos serviços lá desenvolvidos. A avaliação inferior ao valor médio pelos segmentos de

consultoria e indústria ilustra uma menor vinculação da imagem da marca porto digital a essas

atividades, quando comparadas àquelas de essência criativa.

TABELA 2. Julgamento da Marca Porto Digital por segmento de empresas no Porto Digital, Recife-

PE, 2015.

SEGMENTO JULGAMENTO DA MARCA

T.I. 3,46

Desenvolvimento 3,58

Consultoria 2,73

Web 3,65

Indústria/Hardware/Telec. 2,87

Jogos 3,33

Média das empresas 3,27

Fonte: Dados obtidos pelo autor

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A Adesão das empresas à marca Porto Digital ilustra o nível de utilização dessa marca

coletiva pelas empresas, visando desfrutar das vantagens conferidas por uma marca com

reputação já estabelecida. Os valores obtidos para a Adesão à marca são elencados na Tabela

3.

TABELA 3. Adesão à Marca Porto Digital por segmento de empresas no Porto Digital, Recife-PE,

2015.

SEGMENTO ADESÃO

T.I. 3,56

Desenvolvimento 3,29

Consultoria 3,58

Web 3,83

Indústria/Hardware/Telec. 2,58

Jogos 3,83

Média das empresas 3,45

Fonte: Dados obtidos pelo autor

Por meio da análise realizada, conclui-se que as empresas pertencentes ao parque

tecnológico utilizam e se beneficiam da marca Porto Digital nas suas atividades, já que tanto

os valores médios de adesão (3,45) quanto os de julgamento de marca (3,27) situam-se na

faixa de avaliação positiva, qual seja, maior que 3 (três).

4.2.3 Julgamento da Marca Porto Digital pelos Clientes

O modelo customer-based brand equity é utilizado prioritariamente para investigações

de julgamento de marca por parte de clientes de uma empresa. Por este fato, o mesmo

questionário aplicado às empresas incubadas foi aplicado a um grupo genérico de clientes do

Porto Digital, visando medir o julgamento da marca por esse grupo e compará-lo ao

julgamento dado pelas empresas. Os valores médios das dimensões formadoras do julgamento

de marca pelos clientes, pelas empresas e o gap entre esses valores são apresentados na

Tabela 4.

TABELA 4. Valores médios das dimensões e do julgamento de marca por clientes e empresas no

Porto Digital, Recife-PE, 2015.

MÉDIA QUALIDADE CREDIBILIDADE CONSIDERAÇÃO SUPERIORIDADE JULGAMENTO

Clientes 3,89 3,94 4,00 2,93 3,69

Empresas 3,68 3,84 3,14 2,42 3,27

Gap 0,21 0,10 0,86 0,50 0,42

Fonte: Dados obtidos pelo autor

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Observa-se uma diferença relevante entre os valores dados pelos clientes e os valores

dados pelas empresas respondentes. O valor do gap é positivo para todas as quatro dimensões

estudadas. Este fato demonstra, em primeiro lugar, a percepção positiva da marca Porto

Digital por seus clientes em todos os aspectos formadores de uma marca forte, como a

qualidade dos serviços prestados, a credibilidade e a superioridade do parque tecnológico em

comparação com concorrentes, e a propensão dos clientes em contratar seus serviços. Além

disso, pode-se inferir, por meio desses valores, que o julgamento de marca pelas empresas

pode ser ainda mais fomentado por meio de políticas de comunicação empresarial e marketing

interno, visando obter as vantagens de uma estratégia unificada de gestão de imagem por

todas as empresas do parque tecnológico.

Conforme Golgeli (2004), a reputação pode ser definida como o conjunto total de

julgamentos individuais e coletivos sobre a confiança em uma instituição baseada num

conjunto geral de valores, sua confiabilidade e sua competência. A análise do julgamento de

marca pelos clientes permitiu responder à segunda hipótese da pesquisa, concluindo-se que a

marca Porto Digital confere reputação positiva às empresas embarcadas.

4.3 Análise Quantitativa

Nesta etapa é respondida a terceira hipótese de pesquisa: “O Julgamento da Marca do

Porto Digital determina a sua Adesão pelas empresas do APL”. Para isso, foi investigado o

comportamento dos valores de cada dimensão do Julgamento de Marca e da Adesão à marca

em relação às variáveis independentes do estudo, que são faturamento, número de

funcionários e tempo no parque. Buscou-se determinar se há alguma correlação entres essas

variáveis inerentes às empresas e os valores atribuídos pelos gestores para as dimensões de

Julgamento e Adesão. Ao final, apresentamos um modelo de regressão entre as variáveis

Julgamento de Marca e Adesão, e estimamos uma função determinante da relação entre essas

duas variáveis.

O modelo customer-based brand equity permite investigar as dimensões formadoras

da marca de uma empresa num perspectiva descritiva. Aghaeiet al(2013) apresentam um

modelo de correlação entre as dimensões do brand equity (Julgamento de Marca, Qualidade

de Marca, Associação de Marca e Consciência de Marca) e as dimensões do mix de marketing

(Preço, Produto, Promoção, Praça). Buil (2015) investiga a correlação entre diversas variáveis

da modelo brand equity para formação de marca, como personalidade de marca e

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performance de marca, e características gerenciais da empresa, como comunicação interna,

recursos humanos e satisfação do cliente

Com o objetivo de investigar o comportamento das dimensões do Julgamento de

Marca em relação às características das empresas do Porto Digital, foram calculados os

coeficientes de correlação linear de Pearson entre nove variáveis utilizadas na pesquisa

(tempo da empresa no parque tecnológico, número de funcionários, faturamento anual,

qualidade de marca, consideração de marca, credibilidade de marca, superioridade de marca,

julgamento de marca e adesão). Os valores de correlação calculados são apresentados na

Tabela5.

TABELA 5.Médias normalizadas e coeficientes de correlação de Pearson entre todas as variáveis.

Variável Tempo

Funcio

-nários

Fatura-

mento

Quali-

dade

Consi-

deração

Credibi-

lidade

Superio-

ridade

Ade-

são

Julga-

mento

Média

Normal

Tempo 1,00

2,63

Funcionários 0,40 1,00

1,45

Faturamento 0,23 0,86 1,00

0,92

Qualidade 0,01 0,14 0,34 1,00

3,78

Consideração 0,06 0,08 0,28 0,86 1,00

3,22

Credibilidade -0,12 0,04 0,24 0,81 0,76 1,00

3,90

Superioridade -0,09 0,03 0,25 0,77 0,77 0,84 1,00

2,35

Adesão -0,10 0,02 0,18 0,55 0,68 0,67 0,76 1,00

3,37

Julgamento -0,04 0,08 0,29 0,92 0,91 0,93 0,92 0,72 1,00 3,31

Fonte: Dados obtidos pelo autor

Os dados apresentados apontam baixa correlação entre as variáveis independentes

(tempo, funcionários e faturamento) e as dimensões do Julgamento de Marca. Em nenhum

caso a correlação entre as variáveis dependentes e independentes foi superior a 0,5. Aghaei et

al (2013) considera como significativas correlações entre fatores gerenciais e as dimensões de

julgamento de marca mesmo que sejam inferiores a 0,5, desde que todas as dimensões

acompanhem o mesmo comportamento.

No caso do Porto Digital, há correlação significativa, com coeficiente superior a 0,2,

apenas entre a variável independente Faturamento, quando correlacionada com as quatro

dimensões de Julgamento de Marca e, consequentemente, com os próprios valores calculados

para o Julgamento de Marca. Essa característica aponta para uma atenção maior aos

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benefícios da marca Porto Digital por empresas de grande porte situadas no parque

tecnológico, não obstante o fato dessas empresas já possuírem uma marca própria forte.

Aghaei et al (2013) submete ao modelo de correlação as dimensões do brand equity

entre si, com o objetivo de referendar a interdependência entre essas dimensões para a

formação de uma marca. Desta forma, o autor estuda os valores de correlação entre as

dimensões Julgamento de Marca, Consciência de Marca, Lealdade à Marca e Associação de

Marca, tomadas duas a duas.

No caso do Porto Digital, foram tomadas as dimensões formadoras do Julgamento de

Marca (qualidade, superioridade, consideração e credibilidade). Os valores de correlação entre

essas variáveis foi superior a 0,7 em todas as oito correlações estudadas. Este fato demonstra

que as dimensões formadoras do julgamento de marca estão intimamente relacionadas. Como

exemplo, os gestores que consideram a marca Porto Digital superior têm forte tendência a

considerá-la possuidora de qualidade e credibilidade, e vice versa. Da mesma forma, gestores

que atribuem valores baixos a uma dimensão tendem a fazer o mesmo para as outras

dimensões.

A utilização de uma marca coletiva por uma empresa é uma estratégia defendida em

diversos trabalhos. Logunov (2014) e Porto (2012) apresentam os benefícios da utilização de

marcas coletivas pelas organizações, sobretudo as de pequeno porte. No caso do Porto Digital,

foi analisada a dimensão Adesão, que não compõe o modelo brand equity. Essa dimensão foi

utilizada com o objetivo de investigar o uso da marca Porto Digital pelas empresas do parque

tecnológico, e avaliar se o Julgamento de Marca possui correlação com a adesão àquela marca

coletiva.

Buil (2014) utiliza um modelo de correlação linear para investigar a interdependência

entre o comprometimento dos empregados e as dimensões Identidade de Marca e

Performance de Marca, considerando significativos os coeficientes r=0,82 e r=0,62 para esses

dois casos.

No caso do Porto Digital, os valores obtidos revelam correlação positiva e

significativa entre a adesão a marca e cada uma das dimensões do julgamento de marca.

Foram obtidos os coeficientes r=0,55 para a relação entre a adesão e a qualidade de marca;

r=0,68 para a consideração de marca; r=0,67 para a superioridade de marca e r=0,76. O valor

do coeficiente de correlação entre a adesão à marca e o julgamento de marca propriamente

dito foi de r=0,72. Os valores encontrados permitem referendar uma relação causal entre o

julgamento de marca dados pelos gestores e a utilização dessa marca por sua empresa.

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48

5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES

No âmbito da aplicação das Indicações Geográficas a regiões produtoras de serviço em

geral, esta pesquisa sugere que apenas parques tecnológicos que possuam um segmento de

atuação bem estabelecido podem ser beneficiados com a aquisição da Indicação Geográfica.

Para tanto, os parques tecnológicos devem, além de garantir a qualidade e superioridade de

seus serviços, estabelecer de antemão uma marca que identifique univocamente seus serviços

e esteja fortemente vinculada à cultura local.

O investimento em atributos intangíveis por parte das organizações tem se tornado

fator essencial à conquista e à manutenção de vantagem competitiva. O estudo realizado

conclui que a Indicação Geográfica apresenta-se como um recurso estratégico passível de

aproveitamento por parte de regiões produtoras ou prestadoras de serviços que possuam os

requisitos legais para sua aquisição, mas, sobretudo, que possuam os requisitos estratégicos

para sua exploração mercadológica proveitosa.

Verificou-se que as características de brand das Indicações Geográficas para serviços

são criadoras de diferencial competitivo, apesar da não-exclusividade de seus “produtos” sob

o ponto de vista legal.

Os dados coletados retratam um julgamento positivo da marca Porto Digital tanto

pelos clientes quanto pelas empresas embarcadas no parque tecnológico, sobretudo por

aquelas voltadas prioritariamente a atividades criativas, como desenvolvimento de software e

tecnologia da informação; e retratam significativa adesão à marca por empresas de todos os

segmentos.

Não foi inferida nenhuma relação entre o número de funcionários da empresa e seu

julgamento ou adesão à marca Porto Digital. O mesmo se deu com o seu tempo de embarque

no parque tecnológico. Foi encontrada moderada correlação entre o faturamento da empresa e

o julgamento de marca.

Observou-se que o julgamento da marca coletiva possui significativa influência sobre

a adesão a essa marca pelas empresas, o que demonstra que políticas de marketing interno são

essenciais para a difusão da marca guarda-chuva entre as empresas.

Desta forma, esta pesquisa sugere a adoção de planos de gestão que considerem a

exploração da marca Porto Digital por parte das empresas embarcadas, obtendo os benefícios

de sua utilização, ao mesmo tempo em que retroalimentam a reputação da marca coletiva

oferecendo serviços com qualidade e superioridade. Recomenda-se, portanto, a inclusão dessa

política nos critérios de gestão adotados pelo Núcleo de Gestão do Porto Digital.

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53

7. APÊNDICE

QUESTIONÁRIOS

REPUTAÇÃO DA MARCA - CLIENTES

1. QUAL SUA OPINIÃO GERAL SOBRE O PORTO DIGITAL?

MUITO NEGATIVA

NEGATIVA

INDIFERENTE

POSITIVA

MUITO POSITIVA

2. QUAL SEU JULGAMENTO SOBRE A QUALIDADE DOS SERVIÇOS DO PORTO DIGITAL?

MUITO RUIM

RUIM

RAZOÁVEL

BOA

MUITO BOA

3. EM QUE MEDIDA O PORTO DIGITAL SATISFAZ PLENAMENTE SUAS NECESSIDADES?

NÃO SATISFAZ MINHAS NECESSIDADES

SATISFAZ POUCO MINHAS NECESSIDADES

SATISFAZ RAZOAVELMENTE MINHAS NECESSIDADES

SATISFAZ ADEQUADAMENTE MINHAS NECESSIDADES

SATISFAZ PLENAMENTE MINHAS NECESSIDADES

4. QUÃO INOVADOR É O PORTO DIGITAL?

NÃO É INOVADOR

É POUCO INOVADOR

É RAZOAVELMENTE INOVADOR

É BASTANTE INOVADOR

É EXTREMAMENTE INOVADOR

5. QUÃO CONFIÁVEL É O PORTO DIGITAL?

NÃO É CONFIÁVEL

É POUCO CONFIÁVEL

É RAZOAVELMENTE CONFIÁVEL

É MUITO CONFIÁVEL

É EXTREMAMENTE CONFIÁVEL

6. QUANTO VOCÊ GOSTA DO PORTO DIGITAL?

NÃO GOSTO

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54

SOU INDIFERENTE

GOSTO UM POUCO

GOSTO RAZOAVELMENTE

GOSTO MUITO

7. QUANTO VOCÊ ADMIRA O PORTO DIGITAL?

NÃO ADMIRO

SOU INDIFERENTE

ADMIRO UM POUCO

ADMIRO RAZOAVELMENTE

ADMIRO MUITO

8. EM QUE MEDIDA VOCÊ INDICA O PORTO DIGITAL PARA OUTROS?

NUNCA

RARAMENTE

ALGUMAS VEZES

MUITAS VEZES

SEMPRE QUE POSSO

9. QUÃO EXCLUSIVO/ÚNICO É O PORTO DIGITAL EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS DE T.I.?

NÃO É EXCLUSIVO

É POUCO EXCLUSIVO

É RAZOAVELMENTE EXCLUSIVO

É MUITO EXCLUSIVO

É ÚNICO

10. QUÃO SUPERIOR É O PORTO DIGITAL NOS SERVIÇOS DE T.I.?

É INFERIOR

É IGUAL AOS OUTROS

É UM POUCO SUPERIOR

É RELATIVAMENTE SUPERIOR

É MUITO SUPERIOR

11. EM QUE MEDIDA VOCÊ CONCORDA COM ESSA AFIRMATIVA “EU ACEITO PAGAR MAIS

POR UM SERVIÇO OFERECIDO PELO PORTO DIGITAL.”?

DISCORDO TOTALMENTE

NÃO CONCORDO

CONCORDO UM POUCO

CONCORDO MUITO

CONCORDO PLENAMENTE

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55

REPUTAÇÃO DA MARCA PORTO DIGITAL - GESTORES

QUESTIONÁRIO PARA OS GESTORES

1. QUAL SUA OPINIÃO GERAL SOBRE O PORTO DIGITAL?

MUITO NEGATIVA

NEGATIVA

INDIFERENTE

POSITIVA

MUITO POSITIVA

2. QUAL SEU JULGAMENTO SOBRE A QUALIDADE DOS SERVIÇOS DO PORTO

DIGITAL?

MUITO RUIM

RUIM

RAZOÁVEL

BOA

MUITO BOA

3. EM QUE MEDIDA O PORTO DIGITAL SATISFAZ PLENAMENTE AS NECESSIDADES

DOS CLIENTES?

NÃO SATISFAZ

SATISFAZ POUCO

SATISFAZ RAZOAVELMENTE

SATISFAZ ADEQUADAMENTE

SATISFAZ PLENAMENTE

4. QUÃO INOVADOR É O PORTO DIGITAL?

NÃO É INOVADOR

É POUCO INOVADOR

É RAZOAVELMENTE INOVADOR

É BASTANTE INOVADOR

É EXTREMAMENTE INOVADOR

5. QUÃO CONFIÁVEL É O PORTO DIGITAL?

NÃO É CONFIÁVEL

É POUCO CONFIÁVEL

É RAZOAVELMENTE CONFIÁVEL

É MUITO CONFIÁVEL

É EXTREMAMENTE CONFIÁVEL

6. QUANTO VOCÊ GOSTA DO PORTO DIGITAL?

NÃO GOSTO

SOU INDIFERENTE

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56

GOSTO UM POUCO

GOSTO RAZOAVELMENTE

GOSTO MUITO

7. QUANTO VOCÊ ADMIRA O PORTO DIGITAL?

NÃO ADMIRO

SOU INDIFERENTE

ADMIRO UM POUCO

ADMIRO RAZOAVELMENTE

ADMIRO MUITO

8. EM QUE MEDIDA VOCÊ INDICA OS SERVIÇOS DO PORTO DIGITAL PARA OUTROS?

NUNCA

RARAMENTE

ALGUMAS VEZES

MUITAS VEZES

SEMPRE QUE POSSO

9. QUÃO EXCLUSIVO/ÚNICO É O PORTO DIGITAL EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS DE

T.I.?

NÃO É EXCLUSIVO

É POUCO EXCLUSIVO

É RAZOAVELMENTE EXCLUSIVO

É MUITO EXCLUSIVO

É ÚNICO

10. QUÃO SUPERIOR É O PORTO DIGITAL NOS SERVIÇOS DE T.I.?

É INFERIOR

É IGUAL AOS OUTROS

É UM POUCO SUPERIOR

É RELATIVAMENTE SUPERIOR

É MUITO SUPERIOR

11. EM QUE MEDIDA VOCÊ CONCORDA COM ESSA AFIRMATIVA “MEUS CLIENTES

ACEITAM PAGAR MAIS POR UM SERVIÇO OFERECIDO PELO PORTO DIGITAL.”?

DISCORDO TOTALMENTE

NÃO CONCORDO

CONCORDO UM POUCO

CONCORDO MUITO

CONCORDO PLENAMENTE

12. QUAL A IMPORTÂNCIA DA MARCA PORTO DIGITAL PARA A IMAGEM DA SUA

EMPRESA?

NENHUMA IMPORTÂNCIA

POUCA IMPORTÂNCIA

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57

RELEVANTE

MUITA IMPORTÂNCIA

ESSENCIAL

13. COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ UTILIZA A MARCA PORTO DIGITAL NA

DIVULGAÇÃO DE SUA EMPRESA?

NUNCA

RARAMENTE

ALGUMAS VEZES

MUITAS VEZES

SEMPRE

14. EM QUE MEDIDA VOCÊ UTILIZA A MARCA PORTO DIGITAL NO SEU

RELACIONAMENTO DIÁRIO COM CLIENTES?

NUNCA

RARAMENTE

ALGUMAS VEZES

MUITAS VEZES

SEMPRE

15. EM QUE MEDIDA VOCÊ UTILIZA A MARCA DE SUA EMPRESA NO SEU

RELACIONAMENTO COM CLIENTES?

NUNCA

RARAMENTE

ALGUMAS VEZES

MUITAS VEZES

SEMPRE

16. QUAL IMPORTÂNCIA RELATIVA DA MARCA PORTO DIGITAL EM COMPARAÇÃO

COM A MARCA DA SUA EMPRESA?

A MARCA PORTO DIGITAL É IRRELEVANTE

A MARCA PORTO DIGITAL É MENOS IMPORTANTE DO QUE A MARCA DE MINHA EMPRESA

A MARCA PORTO DIGITAL É TÃO IMPORTANTE QUANTO A MARCA DE MINHA EMPRESA

A MARCA PORTO DIGITAL É MAIS IMPORTANTE DO QUE A MARCA DE MINHA EMPRESA

SOMENTE A MARCA PORTO DIGITAL É RELEVANTE

17. EM QUAL MEDIDA VOCÊ CONSIDERA QUE A MARCA PORTO DIGITAL É BEM

GERIDA?

NÃO É GERIDA

É MAL GERIDA

É GERIDA ADEQUADAMENTE

É BEM GERIDA

É MUITO BEM GERIDA

18. EM QUAL MEDIDA VOCÊ CONSIDERA QUE A MARCA PORTO DIGITAL CONFERE

CREDIBILIDADE A SEUS SERVIÇOS?

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58

CONFERE CREDIBILIDADE NEGATIVA

NÃO CONFERE NENHUM TIPO DE CREDIBILIDADE

CONFERE POUCA CREDIBILIDADE POSITIVA

CONFERE ADEQUADA CREDIBILIDADE POSITIVA

CONFERE MUITA CREDIBILIDADE POSITIVA

19. EM QUAL MEDIDA VOCÊ CONSIDERA QUE A MARCA PORTO DIGITAL CONFERE

SUPERIORIDADE A SEUS SERVIÇOS?

CONFERE INFERIORIDADE AOS SERVIÇOS

NÃO CONFERE SUPERIORIDADE AOS SERVIÇOS

CONFERE POUCA SUPERIORIDADE AOS SERVIÇOS

CONFERE RAZOÁVEL SUPERIORIDADE AOS SERVIÇOS

CONFERE MUITA SUPERIORIDADE AOS SERVIÇOS

20. EM QUAL MEDIDA VOCÊ CONSIDERA QUE A MARCA PORTO DIGITAL CONFERE

LEALDADE DOS CLIENTES A SEUS SERVIÇOS?

ATRAPALHA A LEALDADE AOS SERVIÇOS

NÃO CONFERE LEALDADE AOS SERVIÇOS

CONFERE POUCA LEALDADE AOS SERVIÇOS

CONFERE ALGUMA LEALDADE AOS SERVIÇOS

CONFERE MUITA LEALDADE AOS SERVIÇOS

21. EM QUAL MEDIDA VOCÊ CONSIDERA QUE A MARCA PORTO DIGITAL CONFERE

REPUTAÇÃO A SEUS SERVIÇOS?

CONFERE REPUTAÇÃO NEGATIVA

NÃO CONFERE NENHUM TIPO DE REPUTAÇÃO

CONFERE POUCA REPUTAÇÃO POSITIVA

CONFERE RAZOÁVEL REPUTAÇÃO POSITIVA

CONFERE MUITA REPUTAÇÃO POSITIVA