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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DESENVOLVIMENTO, PROJETO E CONSTRUÇÃO
DE UM EQUIPAMENTO DE REPARO DE TRINCAS
POR ATRITO.
ROBSON JOSÉ DE SOUZA
Uberlândia, 10 de Fevereiro de 2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DESENVOLVIMENTO, PROJETO E CONSTRUÇÃO
DE UM EQUIPAMENTO DE REPARO DE TRINCAS
POR ATRITO.
Dissertação apresentada
à Universidade Federal de Uberlândia por:
ROBSON JOSÉ DE SOUZA
Como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre
em Engenharia Mecânica
Avaliada por:
Prof. Dr. Sinésio Domingues Franco - (UFU) - Orientador
Prof. Dr. Vera Lúcia D. S. Franco - (UFU) - Co-orientadora
Prof. Dr. João Carlos Mendes Carvalho - (UFU)
Dr. Luiz Cláudio de Marco Meniconi - (Petrobras/CENPES)
Eng. Msc. Marcelo Torres Piza Paes
Uberlândia, 10 de Fevereiro de 2006
À meus pais,
Sidney de Souza e Maria Euripedes de Souza.
Agradecimentos
Ao meu orientador, Sinésio Domingues Franco, pela orientação, dedicação e amizade.
À minha co-orientadora, Vera Lúcia Domingues Franco, pelo apoio e orientação durante
todo o decorrer do trabalho.
Ao curso de Pós-graduação em ENGENHARIA MECÂNICA da UNIVERSIDADE
FEDERAL DE UBERLÂNDIA pela oportunidade que me concedeu na realização deste
trabalho.
À PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS, pelo financiamento do projeto.
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
Às alunas de iniciação científica Maíra Prata Jardin e Camila Monteiro Formoso, pelo
auxílio no desenvolvimento do sistema de controle do equipamento.
Aos ex-companheiros de trabalho, engenheiros Teófilo Ferreira Barbosa e Leonardo de
Oliveira Cardoso, pelas suas valorosas ajudas no desenvolvimento mecânico do projeto.
Ao engenheiro Francisco Francelino Ramos Neto, por sua amizade e, especialmente, por
sua participação de forma ativa em todas as etapas do trabalho.
Ao engenheiro Marcelo Torres Piza Paes, pela oportunidade dada e pelo suporte técnico
oferecido.
Aos professores, funcionários e alunos do LABORATÓRIO DE TRIBOLOGIA E
MATERIAIS da UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, pelo apoio, incentivo e
oportunidade de discussões teóricas sobre os mais variados temas.
Finalmente, mas não por último, aos meus amigos e familiares pelo incentivo, apoio e,
principalmente, por sua paciência comigo durante esse longo período.
Sumário
Resumo I
Abstract II
Simbologia III
Abreviaturas IV
Lista de Tabelas V
Lista de figuras VI
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 01
1.1- PARCERIA ENTRE A INDÚSTRIA E A UNIVERSIDADE 01
1.2- REPARO POR ATRITO – DESAFIOS 02
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 07
2.1- SOLDAGEM POR ATRITO 07
2.1.1- Energia de Soldagem 08
2.1.2- Ciclos de Soldagem 10
2.1.3- Fases do Processo 11
2.1.4- Influência dos Parâmetros de Soldagem na Qualidade da Junta 14
2.1.5- Soldagem de Diferentes Tipos de Materiais 15
2.1.6- Variantes do Processo de Soldagem por Atrito 17
2.2- REPARO DE TRINCAS POR ATRITO 21
2.2.1- Aspectos Fenomenológicos 21
2.2.2- Influência das Geometrias do Pino de Queima e do Furo na
Qualidade da Região de Reparo 22
2.2.3- Influência das Variáveis do Processo nas Propriedades Mecânicas
e Microestrutura da Região de Reparo 24
2.2.4- Reparos por Costura 25
CAPÍTULO 3: DESENVOLVIMENTO DO EQUIPAMENTO DE REPARO DE
TRINCAS POR ATRITO 27
3.1- DESENVOLVIMENTO DOS COMPONENTES MECÂNICOS 27
3.1.1- Conjunto Mesa de Sustentação – Pórtico 27
3.1.2- Projeto da Cabeça de Reparo 29
3.1.3- Unidade Hidráulica 32
3.2- SISTEMA ELÉTRICO 35
3.3- SISTEMA DE CONTROLE 36
3.3.1- Componentes do Sistema de Controle 36
3.3.2- Programa de Controle do Processo de Reparo de Trincas 41
CAPÍTULO 4: CALIBRAÇÕES 47
4.1- DESLOCAMENTO AXIAL 47
4.2- CALIBRAÇÃO DA FORÇA AXIAL 48
4.3- CALIBRAÇÃO DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO 51
4.4- ESTIMATIVA DO TORQUE 53
CAPÍTULO 5: PROCEDIMENTO PARA REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS DE
VALIDAÇÃO DO EQUIPAMENTO 55
5.1- MATERIAIS UTILIZADOS 55
5.2- GEOMETRIAS DE FUROS E PINOS EMPREGADAS 56
5.3- PARÃMETROS DE PROCESSO UTILIZADOS 57
5.4- ANÁLISE DA QUALIDADE DA REGIÃO DE REPARO 58
CAPÍTULO 6: RESULTADOS E DISCUSSÕES 61
6.1- AQUISIÇÃO DE DADOS 61
6.2- MACROGRAFIAS E INSPEÇÃO VISUAL 71
6.3- MICROGRAFIAS 74
6.4- ENSAIOS DE MICRODUREZA 75
CAPÍTULO 7: CONCLUSÕES 79
CAPÍTULO 8: TRABALHOS FUTUROS 83
CAPÍTULO 9: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85
I
Souza, R. J., 2006, Desenvolvimento, Projeto e Construção de um Equipamento de Reparo de Trincas por Atrito, Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
Resumo
Na indústria de produção de petróleo, a utilização dos processos convencionais de reparo de
trincas, como o processo de soldagem a arco elétrico, são realizadas excepcionalmente em
ambiente submerso e normalmente em áreas classificadas. Como conseqüência disso, vários
defeitos podem surgir na região de reparo tais como porosidades e fragilização pelo hidrogênio.
Desta forma, o desenvolvimento de uma técnica de reparo de trincas, como a de reparo de
trincas por atrito, torna-se um grande atrativo para a indústria do petróleo. O processo de
reparo de trincas por atrito consiste em fazer, na região da trinca, um furo cilíndrico ou cônico o
qual é posteriormente preenchido por um pino também cilíndrico ou cônico. Apesar da grande
potencialidade da técnica de reparo de trincas por atrito, poucos estudos foram realizados a
respeito do processo. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo, desenvolver, projetar,
construir e validar um equipamento de reparo de trincas por atrito. O equipamento projetado
possui capacidade de carga axial de 50 kN, capacidade de carga tangencial de 10 kN e pode
atingir velocidade de rotação de até 8000 rpm. O controle do equipamento é realizado de forma
automatizada, cabendo ao usuário entrar, no programa de controle, com os parâmetros de
teste a serem utilizados. Para validação e levantamento dos limites operacionais do
equipamento, foram realizados ensaios com amostras de aço carbono, cujos resultados
mostraram, em alguns casos, a formação da ligação metálica entre o material do pino e o furo.
Ao final do trabalho, obteve-se uma infra-estrutura que permitirá um maior estudo do processo,
além de permitir a otimização dos parâmetros de testes para os mais diversos materiais.
Palavras chaves: reparo de trincas por atrito; FPSO; controle, desenvolvimento de equipamento
II
Souza, R. J., 2006, Development, Design and Construction of a Friction Hydro Pillar Processing
Equipment, Master Dissertation in Mechanical Engineering, Federal University of Uberlândia –
Brazil.
Abstract
In the offshore industry, the utilization of conventional process of arc welding processes are
frequently used to repair structure defects, such as cracks. These repairs are carried out under
water to reduce risks of explosion. Under water welds are subjected to hydrogen embrittlement
and severe porosity. An alternative is offered by the friction hydro pillar processing (FHPP),
which may be regarded as a process in which a hole is drilled and filled with a consumable rod
of the same material. Despite its wide applicability, this technique has not been widely
investigated. Motivated by the potentialities of this method, an infrastructure for repairing
engineering structures by drilling and filling holes was designed and constructed. The
equipment was designed with an axial force capacity of 50 kN, and a tangential force limited to
10 kN. The rotational speed was limited to 8000 rpm. The FHPP parameters were completely
automated, where by the user has only to give them. To validate the infrastructure repair tests
were carried out in plain carbon steel plats. The obtained results showed that a metallic bond
between the substrate and the rod was achieved. The system enables to perform experimental
tests in order to optimize the friction hydro pillar process parameters.
Key-words: friction hydro pillar processing; FPSO; control; development of test rigs
III
Simbologia
F: Força axial [KN];
f: Freqüência;
HV(0,05): Microdureza Vickers, carga de 50 g, [Kgf/cm2];
L: Deslocamento [mm];
M: Torque [Nm];
N: Velocidade de Rotação [rpm];
P: Pressão [MPa];
Ps: Pressão de saída do fluido hidráulico;
T: Torque resistivo [Nm];
V: Diferença de Potencial elétrico [Volts];
Vg: Cilindrada do motor hidráulico [cm3];
∆l: Comprimento de queima [mm];
∆p: Diferença de pressão [MPa];
φ: Diâmetro [mm];
ηmh: Rendimento mecânico hidráulico;
σy: Tensão de escoamento [MPa];
IV
Abreviaturas
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas;
API: American Petroleum Institute;
ASM: American Society of Metals;
AWS: American Welding Society;
CCP: Cartão de controle da pressão;
CCV: Cartão de controle de vazão;
CENPES: Centro de Pesquisa da Petrobras;
CLP: Controlador lógico programável;
CPF: Cartão lógico de processamento da força axial;
CPR: Cartão lógico de processamento da velocidade de rotação;
CPU: Unidade de processamento;
DIN: Deutsches Institut für Normung;
FHPP: Friction Hydro Pillar Processing;
FPSO: Floating, production, storage and offloading;
PID: Proporcional, integral e diferencial;
SP: Sensor de posição;
SR: Sensor de rotação;
FTPW: Friction Taper plug welding;
TP: Transdutor de pressão;
UPPA: Unidade de processamento de pinos por atrito;
VRP: Válvula reguladora de pressão;
VRV: Válvula reguladora de vazão;
ZAC: Zona afetada pelo calor.
V
Lista de Tabelas
Tabela 5.1- Composição química dos materiais utilizados na confecção das amostras 55
Tabela 5.2- Parâmetros utilizados na realização dos ensaios de validação 58
Tabela 6.1- Parâmetros de processo utilizados nos ensaios de 2 a 8 63
Tabela 6.2- Dados de entrada dos ensaios de número 10 a 20, características Geométrica
das amostras 66
VI
Lista de Figuras
Figura 1.1- Trincas em tanques de armazenamento de um FPSO da PETROBRAS 3
Figura 1.2- Geometria característica do processo “friction taper plug welding” 4
Figura 1.3- Geometria característica do processo de reparo de trincas por atrito 4
Figura 2.1- Etapas do processo de soldagem por atrito a) etapa de aceleração radial e avanço,
b) etapa de aplicação da força de soldagem e c) etapa de forjamento 8
Figura 2.2- Ciclo típico do processo de soldagem convencional 9
Figura 2.3- Ciclo típico do processo de soldagem inercial – utilização de volante de inércia 9
Figura 2.4- Ciclos de soldagem propostos por Lebedev e Chernenko 10
Figura 2.5- Ciclos do processo com mais de um estágio. a) Força e rotação variam ao
longo do tempo; b) Apenas a rotação varia ao longo do tempo 11
Figura 2.6- Variação das variáveis: Força (F), Rotação (n), Torque (M), Potência consumida
(N), Temperatura (T) e Comprimento de queima (∆l). Ao longo das fases do
processo de soldagem por atrito 13
Figura 2.7- Foto de diferentes componentes mecânicos, fabricados pelo processo de
soldagem por atrito, especial atenção para as válvulas fabricadas de diferentes
tipos de materiais 15
Figura 2.8- Tabela de soldabilidade de diferentes tipos de metais apresentada pela
AWS e DIN 17
Figura 2.9- Figura esquemática do processo “Center Drive” 19
Figura 2.10- Figura esquemática do processo de soldagem em orbital 19
Figura 2.11- Figura esquemática do processo de soldagem por vibração 19
Figura 2.12- Figura esquemática do processo de soldagem por atrito radial 19
Figura 2.13- Representação esquemática do processo “Friction Stir Welding” 20
Figura 2.14- Geometria convencional utilizada no processo de reparo de trincas por atrito,
a qual promove vazios na região entre o fundo do furo e a parede lateral 23
Figura 2.15- Geometria de furo com fundo arredondado, que após os testes não
apresentou vazios na região de transição entre o fundo do furo e a
parede lateral 23
Figura 2.16- Processo de reparo por costura, pinos sobrepostos ao longo de uma linha 25
VII
Figura 3.1- Conjunto mesa de sustentação – pórtico e cabeça de reparo 28
Figura 3.2- a) Detalhe do sistema de ajuste de altura do pórtico, b) Mesa de sustentação –
detalhe do local onde será fixa a amostra, ou inserida a mesa de
deslocamento mono-axial. 28
Figura 3.3- Desenho esquemático da cabeça de reparo 29
Figura 3.4- Análise por elementos finitos das tensões equivalentes de von Misses [MPa] no
cilindro externo, quando submetido a uma pressão interna de 12 MPa 31
Figura 3.5- Análise das tensões equivalentes de von Misses [MPa] na haste hidráulica
quando submetida a uma pressão externa de 12 MPa. 31
Figura 3.6- Foto da unidade hidráulica – Reservatório de óleo e moto-bombas 32
Figura 3.7- Diagrama esquemático da unidade hidráulica 34
Figura 3.8- Desenho esquemático da alimentação elétrica dos motores 35
Figura 3.9- Fluxo de informação dos sinais analógicos de controle e monitoração das
variáveis do processo de reparo de trincas 38
Figura 3.10- Representação esquemática dos cartões lógicos de condicionamento de sinal 39
Figura 3.11- Representação esquemática do circuito conversor de 24 Volts p/ 5 Volts 40
Figura 3.12- Representação esquemática do circuito conversor de 5 Volts p/ 24 Volts 40
Figura 3.13- Laço principal do programa de controle do processo de reparo de trincas e
Recobrimento 42
Figura 3.14- Subrotina de retorno da haste 43
Figura 3.15- Subrotina – fase de recobrimento 44
Figura 3.16- Subrotina da fase de “queima do pino” 45
Figura 3.17- Subrotina da fase de forjamento do pino de queima 46
Figura 4.1- Curva de calibração do sensor de posição 48
Figura 4.2- Curva de calibração do sinal de saída da força axial,enviado para o cartão de
controle PID da força axial 50
Figura 4.3- Curva de calibração da aquisição da força axial, advindo do cartão
condicionador de sinal da força (circuito subtrator) 50
Figura 4.4- Curva de calibração do sinal de saída da velocidade de rotação, enviado
para o cartão de controle PID 50
Figura 4.5- Curva de calibração da aquisição da velocidade de rotação, advindo do cartão
condicionador de sinal da velocidade de rotação (conversor de freqüência em
tensão) 52
Figura 5.1- Microestrutura do material utilizado para a convecção de: a) chapa de reparo,
b) pino de queima 56
Figura 5.2- Geometria dos pinos utilizados durante os ensaios de validação do equipamento 56
VIII
Figura 5.3- Diferentes geometrias das chapas de reparo usadas nos ensaios de validação 57
Figura 5.4- Posicionamento das linhas de perfil de microdureza 59
Figura 6.1- Dados adquiridos durante a execução do ensaio Nº 1 62
Figura 6.2- Dados adquiridos durante o ensaio 2 63
Figura 6.3- Dados adquiridos durante o ensaio 4 64
Figura 6.4- Dados adquiridos durante o ensaio 6 64
Figura 6.5- Dados adquiridos durante o ensaio 16 67
Figura 6.6- Dados adquiridos durante o ensaio 18 69
Figura 6.7- Dados adquiridos durante o ensaio 19 69
Figura 6.8- Dados adquiridos durante o ensaio 20 70
Figura 6.9- Macrografia do ensaio 2, indicando não haver total preenchimento do furo por
parte do pino, além de não existir nenhum ponto com ligação metálica 71
Figura 6.10- Macrografia do ensaio 4. Presença de vazios indicados por manchas escuras e
ausência de formação de ligação metálica 72
Figura 6.11- Macrografia do ensaio 6. a) com manchas escuras indicando a presença de
vazios; e b) Ampliação mostrando vazios na interface entre a chapa de reparo
e o pino de queima, indicando ausência de ligação metálica 72
Figura 6.12- Foto da seção transversal do ensaio 15. Presença de vazios nas laterais e
na região de transição fundo/parede lateral, e possível presença de regiões
com ligação metálica 73
Figura 6.13- Foto da seção transversal do ensaio 20. Presença de vazios nas laterais e
na região de transição fundo/parede lateral, e possível presença de regiões
com ligação metálica 74
Figura 6.14- Figuras da análise microestrutural da amostra 15: a) Região de interface
inferior entre o pino e o furo e b) microestrutura do pino de queima 75
Figura 6.15- Figuras da análise microestrutural da amostra 20: a) Região de interface
inferior entre o pino e o furo e b) microestrutura do pino de queima 75
Figura 6.16- Perfil de microdureza horizontal da amostra referente ao ensaio 20 76
Figura 6.17- Perfil de microdureza vertical da amostra referente ao ensaio 15 77
Figura 6.18- Perfil de microdureza vertical da amostra referente ao ensaio 20 77
Capítulo I
INTRODUÇÃO
1.1 Parceria entre a indústria e a universidade
Com a criação das várias estatais no Brasil ao longo das décadas de 50 e 60, um novo
horizonte para o desenvolvimento tecnológico e científico brasileiro foi aberto. Pois, a partir de
então, fez-se necessário o surgimento de tecnologia nacional capaz de competir com as
empresas estrangeiras já a muito engajadas nos mais diversos setores da indústria. Dentre as
estatais então criadas, pode-se destacar dentre outras a Petróleo Brasileiro S.A
(PETROBRAS).
Desde a sua criação, a PETROBRAS teve por objetivo não só o aumento da sua
produção de petróleo, como também a ampliação de suas reservas. Para alcançar tais
objetivos a mesma implementou diversos programas para desenvolvimento de tecnologia de
extração de petróleo em águas profundas e ultra-profundas. Como fruto desse investimento,
hoje a PETROBRAS é líder mundial no que tange a explotação de petróleo em águas
profundas e ultra-profundas (www.petrobras.com.br).
Além do caráter estratégico e financeiro desses programas, deve-se também enfatizar o
fato de que, os mesmos, em grande parte, foram executados em parceria com universidades
brasileiras, levando à geração de novos conhecimentos científicos, e um amplo
desenvolvimento tecnológico.
Desta forma, fica evidente que a parceria entre a universidade e a indústria brasileira, foi
e ainda é o caminho não só para o aumento da competitividade da indústria brasileira no
mercado nacional e internacional, mas também um veículo importante na geração de
conhecimento técnico-científico, além de ser de suma importância na formação de uma mão de
obra altamente qualificada, visto que tais parcerias promovem a formação de mestres e
doutores nas mais diversas áreas.
2
1.2 Reparo por atrito – desafios
Atualmente, uma das grandes preocupações das empresas é diminuir o número de
paradas de um equipamento para manutenção, bem como o tempo de duração da mesma,
pois a cada intervenção registram-se perdas não só pelo custo da manutenção, mas também
pelo custo da parada, total ou parcial, da produção. Esses custos são consideravelmente
elevados quando se trata da indústria de produção de petróleo, principalmente quando a
intervenção é realizada em águas profundas, ultra-profundas ou em áreas classificadas.
Nessas situações, a utilização dos tradicionais processos de reparo de trincas, tais
como soldagem por arco elétrico, tornam-se essencialmente críticos. Da mesma forma,
técnicas que dependem da utilização de mergulhadores, como a utilização de grampos
mecânicos, passam a ser limitadas à profundidades de apenas 300 m, sendo, portanto,
inviáveis na extração de petróleo em águas profundas e ultra-profundas. Além das dificuldades
técnicas apresentadas agrega-se também a esses processos de manutenção o alto custo dos
mesmos, seja pela necessidade da alta qualificação da mão de obra, ou ainda, pelo tipo de
equipamento a ser empregado.
Desta forma, o desenvolvimento de uma técnica de reparo, tal como a de reparo de
trincas por atrito, torna-se não só atrativa, mas também uma necessidade para a indústria de
extração de petróleo. Como vantagens dessa técnica, citam-se: a) pouco influenciada pelo
ambiente marinho, b) pode ser parcialmente ou totalmente automatizada, eliminando-se assim
a necessidade de utilização de mergulhadores, e c) baixos riscos quando da sua utilização em
áreas classificadas ou em ambientes explosivos. As Figuras 1.1 a) e b) ilustram duas trincas
presentes em tanques de armazenamento em plataformas semi-submersíveis (FPSO –
Floating, production, storage and offloding), onde o emprego da técnica de reparo de trincas
por atrito pode vir a oferecer baixos riscos quando comparado aos demais processos de reparo
de trincas utilizados atualmente.
O processo de reparo de trincas por atrito ou FHPP (“Friction Hydro Pillar Processing”)
foi desenvolvido em 1990 por Andrews e Mitchel (1990), sendo originado do processo Friction
Taper Plug Welding - FTPW. O processo FTPW consiste em fazer um furo passante cônico na
peça e preenchê-lo através da deformação plástica de um pino também cônico (Figura 1.2). O
processo FTPW já vem sendo utilizado na indústria petrolífera há mais de 25 anos na fixação
de pinos em equipamentos e estruturas de extração de petróleo (plataformas, FPSO’s e dutos
submarinos, com o objetivo de fixar ânodos de sacrifício dentro d’água), sendo utilizado em
plataformas do mar do norte deste 1974. A utilização e aplicação desse processo foram bem
descritas por Blackmore (BLACKMORE, 2000) e Grey (GREY, 1995).
3
a) b)
Figura 1.1: a) e b) Trincas em tanques de armazenamento de um FPSO da PETROBRAS
O processo de reparo de trincas por atrito consiste em fazer, na região da trinca, um
furo cônico ou cilíndrico, sendo que, ao contrário do FTPW, tem-se necessariamente um furo
não passante. Após a realização do furo, ele é preenchido por um pino também cônico ou
cilíndrico (Figura 1.3). Nesse processo, o pino é submetido a elevadas cargas axiais e elevada
rotação, o que provoca, devido ao calor gerado pelo atrito, um aumento da temperatura do
pino, e da superfície do furo. Com o aumento de temperatura há uma diminuição no valor do
limite de escoamento do pino, facilitando-se, assim, o fluxo plástico do mesmo e seu forjamento
dentro do furo. Garante-se, dessa forma, que haja um íntimo contato entre as superfícies do
furo e do pino, fazendo com que ocorra não só o preenchimento do furo pelo material do pino,
mas também a formação de uma ligação metálica entre as superfícies do furo e do pino após o
término do movimento relativo. Devido ao atrito e às deformações a que o material é
submetido, a união acontece entre as paredes da cavidade e o consumível (pino de queima),
em um intervalo de tempo que pode variar substancialmente, sendo esse valor função do
material, da velocidade relativa, da pressão axial, da profundidade da cavidade e temperatura
de preaquecimento.
Apesar da grande potencialidade da técnica de reparo de trincas por atrito, poucos
estudos foram realizados a respeito do processo, sendo que até o ano de 2002, o número de
publicações a respeito desse assunto limitava-se a menos de uma dezena (MEYER, 2002).
4
Figura 1.2: Geometria característica do Processo “Friction Taper Plug Welding”
Figura 1.3: Geometria característica do processo de reparo de trincas por atrito.
Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo, desenvolver, projetar, construir e
validar um equipamento de reparo de trincas por atrito. O equipamento é capaz de trabalhar
com diferentes valores de rotações e forças axiais. Os valores de força axial e velocidade de
rotação são passíveis de alteração durante o ciclo do processo, sendo, portanto, possível de se
realizar o processo em mais de um estágio. Com isso, pode-se avaliar o efeito da velocidade
de rotação e da força axial nas propriedades mecânicas e qualidade da região de reparo, bem
como avaliar a influência da utilização de mais de um estágio na região de reparo, ou ainda,
verificar as implicações advindas quando da utilização de diferentes geometrias de pinos ou
furos.
5
Outro aspecto importante a ser mencionado, é a possibilidade de utilização do
equipamento, mediante algumas adaptações, para o estudo de outros processos, tais como:
soldagem por atrito convencional (Friction Welding), soldagem por atrito por mistura (Friction
Stir Welding), costura por atrito (Friction Stitch Welding), etc.
Os assuntos abordados neste trabalho foram organizados com a seguinte estrutura: O
Capítulo I apresenta as motivações para o desenvolvimento do projeto; O Capítulo II apresenta
uma revisão bibliográfica a respeito dos processos de soldagem por atrito e de reparo de
trincas por atrito; O Capítulo III mostra o desenvolvimento dos diversos componentes
mecânicos e eletrônicos do equipamento; O Capítulo IV relata os procedimentos utilizados para
a calibração do equipamento e conseqüente determinação das funções de transferência; No
Capítulo V é apresentada a metodologia para a realização dos ensaios de validação do
equipamento; No Capítulo VI é feita uma discussão a respeito dos resultados obtidos; No
Capítulo VII são apresentadas as principais conclusões; No Capítulo VIII estão presentes
algumas das várias sugestões para trabalhos futuros. Finalmente, no Capítulo IX são citadas
as referências bibliográficas utilizadas na confecção dessa dissertação.
6
Capítulo II
Revisão Bibliográfica
O processo de reparo de trincas por atrito foi desenvolvido em 1990 (Andrews and
Mitchel, 1990) e patenteado em 1993 (Thomas et al., 1992). Devido ao seu caráter recente e
ainda o limitante de seu estudo por outros institutos devido à sua patente, existe, atualmente,
um número bastante restrito de publicações abordando as características do mesmo.
Entretanto, o processo de reparo de trincas por atrito é originado do processo de soldagem por
atrito, possuindo ambos os processo o mesmo princípio físico. As diferenças fundamentais
entre os dois processos são: A presença de um consumível (pino) no processo de reparo de
trinca por atrito e os diferentes valores de pressão axial e velocidade de rotação.
Devido a tais características, preferiu-se dividir esta revisão bibliográfica em dois sub-
itens. O primeiro refere-se ao processo de soldagem por atrito e suas variantes, e o segundo
ao processo de reparo de trincas por atrito.
2.1 Soldagem por atrito
O processo de soldagem por atrito é um processo de união de peças no estado sólido,
no qual duas peças são colocadas em contato com movimento relativo, sendo
simultaneamente aplicada uma força axial entre os componentes. Com a geração de calor
devido ao atrito das peças e o íntimo contato entre as partes decorrente da força aplicada, há a
formação da ligação entre as peças (AWS, 1991).
Apesar de ser considerado um processo de soldagem em estado sólido, alguns autores
consideram que, em determinadas circunstancias, um filme de fluido metálico fundido pode ser
formado na interface entre as peças. Contudo, nenhuma evidência da fusão do material pode
ser obtida de forma macroscópica devido à intensa deformação à quente. Dessa forma, a
grande maioria dos autores considera que durante todo o processo de soldagem por atrito não
há fusão do metal de base (Lebedev and Chernenko, 1992), (Nicholas, 1995), (Thomas and
Nicholas, 1997), (Lin et al., 1999).
O processo de soldagem por atrito pode ser dividido em três etapas ilustradas na figura
2.1. Primeiramente tem-se a fase de aceleração de uma das peças e a aproximação entre elas
(figura 2.1a). No momento do contato entre as duas superfícies inicia-se uma segunda etapa
do processo (figura 2.1b), que é a etapa de aplicação de força axial com simultâneo movimento
8
relativo entre as peças. Nesta etapa há a geração de calor e conseqüente aumento de
temperatura nas superfícies, favorecendo, portanto, a deformação plástica do material naquela
região. Finalmente tem-se a etapa de forjamento (figura 2.1c). Nessa etapa é cessado o
movimento relativo entre as peças e é aplicada uma força igual ou superior à força da etapa
anterior, tendo-se ao final de todo o processo a união entre as duas partes.
a) b) c)
Figura 2.1: Etapas do processo de soldagem por atrito (a) Etapa de aceleração radial e avanço;
b) Etapa de aplicação da força de soldagem; c) Etapa de forjamento.
2.1.1 Energia de soldagem
No processo de soldagem por atrito, a energia de soldagem pode ser obtida de duas
formas distintas, a convencional e a inercial. Na forma convencional, a parte girante é acoplada
a um motor, sendo, a sua rotação, mantida constante ao longo do processo (figura 2.2). Neste
caso, a velocidade de rotação, força axial e tempo determinam o total de energia fornecida ao
processo.
No processo inercial, a parte girante é acoplada a um volante de inércia, que é
previamente acelerado até uma determinada rotação. Após atingida a rotação o volante é
desacoplado do motor e as peças colocadas em contato. Nota-se, que neste caso, a
velocidade de rotação da peça, ao longo do processo, varia do valor pré-determinado até zero
(figura 2.3). Para a determinação da energia total fornecida ao sistema, faz-se também
necessário, nesse processo, conhecer o momento de inércia do volante. O equacionamento
para obtenção da energia de soldagem, em ambos os casos é descrito por Lebedev e
Chernenko (1992).
9
Processo de Soldagem Forjamento
Fase
de
Des
acel
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Velo
cida
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e R
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Axi
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Velocidade de RotaçãoFa
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Força Axial
Comprimento de Queima
Tempo
Figura 2.2: Ciclo típico do processo de soldagem por atrito convencional.
Forjamento Processo de Soldagem
Velo
cida
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orça
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Velocidade de Rotação
Fase
de
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ção
Força Axial
Comprimento de Queima
Tempo
Figura 2.3: Ciclo típico do processo de soldagem inercial – utilização de volante de inércia
10
2.1.2 Ciclos de soldagem
Dependendo do equipamento, das propriedades mecânicas requeridas na região de
soldagem e do material a ser unido, o ciclo de soldagem do processo convencional (figura 2.2)
pode sofrer algumas alterações. Em equipamentos de baixa potência, por exemplo, pode-se
dividir o ciclo em dois estágios. No primeiro, aplicam-se baixos valores de força axial e no
segundo, após o aquecimento inicial, eleva-se o valor da mesma (figura 2.4 b). A figura 2.4
ilustra os diferentes tipos de ciclos propostos por Lebedev e Chernenko (1992).
Percebe-se, que nos ciclos propostos, apenas a força axial varia. No entanto,
dependendo do processo e da necessidade, pode-se utilizar ciclos com mais de um estágio,
cuja força axial e velocidade de rotação sofram alterações. Ou ainda, ciclos em que apenas a
velocidade de rotação seja alterada ao longo do processo (figura 2.5).
a) b)
c) d)
e)
Figura 2.4: Ciclos de soldagem propostos por Lebedev e Chernenko (1992).
11
a) b)
Figura 2.5: Ciclos do processo com mais de um estágio. a) Força e rotação variam ao longo do
processo; b) apenas a rotação varia ao longo do processo.
2.1.3 Fases do processo
Para a melhor compreensão dos fenômenos ocorrentes durante o processo de
soldagem por atrito, vários autores dividiram o ciclo básico do processo convencional em
diferentes números de fase. A “American Welding Society – AWS” (AWS, 1991) e a “American
Society of Metals – ASM” (ASM, 1993) dividem o ciclo em duas fases. Meyer (2002) cita
autores que dividiram o ciclo de soldagem por atrito em 3, 4 e 5 fases. Uma última divisão em 6
fases é proposta por Lebedev e Chernenko (1992) que, por ser a mais detalhada, optou-se, em
utilizar esta divisão para a descrição dos fenômenos ocorrentes no processo.
A divisão proposta por Lebedev e Chernenko (1992) é representada na figura 2.6. Os
valores das variáveis de entrada, força e rotação, são representados no primeiro gráfico da
figura. O segundo gráfico indica a variação do torque e da potência ao longo do ciclo, ao passo
que o último gráfico mostra o comportamento da temperatura da interface e do encurtamento
axial ao longo do processo.
Na fase τ1 ocorre o contato inicial entre as superfícies. Há nesta fase o “amaciamento”
das protuberâncias das superfícies, acompanhada de uma pequena queda no torque inicial.
Com o “amaciamento” das superfícies há um aumento das regiões de contato e,
conseqüentemente, quebra dos filmes de graxa ou óleo presentes nas superfícies. Ocorre
também nesta fase a quebra e a expulsão de parte dos filmes de óxido presentes na interface.
Na fase τ2 há uma grande elevação do torque, o que pode ser explicado pela ação
conjunta de dois fenômenos distintos. O primeiro fenômeno diz respeito à quebra e remoção de
parte dos filmes de óxido iniciada na fase τ1. O segundo fenômeno refere-se ao aumento da
área real de contato. Óxidos, por serem inertes quimicamente, possuem um baixo valor na
12
componente adesiva do coeficiente de atrito. E ainda, devido a sua elevada dureza, os
mesmos apresentam baixa taxa de deformação plástica, fazendo com que a componente do
coeficiente de atrito referente à deformação também apresente valores reduzidos quando
comparados com metais (ASM international, 1992). Desta forma, a quebra e remoção dos
filmes de óxidos levam à ocorrência do contato metal-metal. Que, apresentando um maior
coeficiente de atrito, provoca um aumento no torque.
Percebe-se pela figura 2.6 que na fase τ2, há um grande aumento da temperatura
superficial das peças. Com o aumento da temperatura há uma redução no limite de resistência
do material, fazendo com que haja uma maior taxa de deformação dos mesmos. Desta forma,
há o aumento da área real de contato das superfícies, o que provoca o aumento da
componente adesiva do coeficiente de atrito.
Na fase τ3, ocorre uma queda brusca no torque e um pequeno aumento de temperatura.
Este pequeno aumento de temperatura é suficiente para plastificar o material, de tal forma que
na interface há a formação de uma fina camada de material plástico capaz de atuar como
lubrificante, mudando o regime de atrito a seco para lubrificado. Nesta fase, parte do material
começa a ser extrutado para a periferia das superfícies, formando as rebarbas.
A fase τ4 também é conhecida como fase semi-estacionária. Nesta fase, o sistema entra
em regime, e a velocidade de encurtamento, a temperatura e a transferência de calor são
praticamente constantes. Ao final desta fase, as superfícies de contato estão prontas para a
formação da ligação metálica, pois tem-se temperaturas elevadas, o metal está plastificado, e
os possíveis detritos foram removidos em direção à rebarba.
Na fase τ5 ocorre a frenagem do sistema com a diminuição da velocidade de rotação.
Ocorre nesta fase o segundo pico de torque. Esta é uma fase de fundamental importância para
o processo, pois é ao final desta fase que ocorre a formação das ligações metálicas. Duffin e
Bahrani (1976) realizaram estudos específicos com relação a esta fase, no qual é abordado a
influência da velocidade de desaceleração nas características da união.
Finalmente, na fase τ6, ocorre a etapa de forjamento. Nesta fase, a velocidade de
rotação é nula, sendo que ainda há a aplicação da força. Há um rápido resfriamento da
interface, e ao final da mesma a união entre as partes está estabelecida.
13
Figura 2.6: Variação das variáveis: Força (F), Rotação (n), Torque (M), Potência consumida
(N), Temperatura (T) e comprimento de queima (∆l) ao longo das fases do processo de
soldagem por atrito (Lebedev and Chernenko, 1992).
14
2.1.4 Influência dos parâmetros de soldagem na qualidade da junta
Os principais parâmetros do processo que influenciam a qualidade da junta soldada,
são a velocidade de rotação, força axial, taxa de queima (encurtamento axial), tempo de
aquecimento, velocidade de frenagem e força de forjamento. As três primeiras variáveis são as
mais importantes e as que serão abordadas nesse estudo.
• Velocidade de rotação: Segundo Vill (1962), existe uma velocidade ótima para
cada par de materiais utilizados. Elevadas velocidades de rotação levam à
ocorrência de uma “lapidação” das superfícies das peças, deixando-as mais planas,
fato que aumenta o tempo de aquecimento das superfícies. Maiores tempos de
aquecimento provocam um aumento de temperatura em um volume maior da peça,
que, por conseqüência, diminui a velocidade de resfriamento das partes unidas.
Dessa forma, a utilização de uma elevada velocidade de rotação pode vir a
aumentar a zona afetada pelo calor (ZAC), como também prejudicar as
propriedades mecânicas da região da solda. Por outro lado, a utilização de baixas
velocidades de rotação pode exigir que se tenha maiores forças axiais e exigir um
maior torque do sistema, o que em termos de equipamento significa maior robustez.
Além da questão mecânica, a utilização de baixas velocidades de rotação também
pode levar a uma velocidade de resfriamento extremamente rápida, que apesar de
diminuir o tamanho da ZAC, deixaria essa região potencialmente com dureza
elevada e com tenacidade extremamente baixa.
• Força axial: A força axial usada no processo deve ser suficiente para provocar o
íntimo contato entre as peças, de forma a romper o filme de óxidos e promover a
formação da ligação metálica. Contudo, a utilização de forças axiais extremamente
elevadas aumentam significativamente a taxa de queima das peças podendo vir a
prejudicar o controle do processo. Ellis (1972), demonstrou que a força axial
influencia a largura e características microestruturais da ZAC. Isto se explica pelo
fato que a força axial atua diretamente nas condições de plastificação do material
influenciando, portando, nas propriedades da peça. A AWS (1991), recomenda a
utilização, sempre que possível, de maiores forças axiais, pois essa condição tende
a favorecer a formação de uma ferrita refinada, em detrimento da ferrita de
Widmanstätten, melhorando a tenacidade da estrutura.
• Taxa de queima: A taxa de queima mede a velocidade de encurtamento das peças,
sendo função da velocidade de rotação e da força axial. Maiores forças axiais e
menores velocidades de rotação aumentam a taxa de queima das peças,
promovendo, devido ao aumento da velocidade de resfriamento, melhores
15
propriedades mecânicas, com uma microestrutura mais refinada. Visto que, a taxa
de queima é função da velocidade de rotação e da forca axial, no processo de
soldagem por atrito o parâmetro de entrada é o comprimento de queima, ou
encurtamento axial.
2.1.5 Soldagem de diferentes tipos de materiais
Uma das grandes vantagens do processo de soldagem por atrito é que, ao contrário dos
processos convencionais de soldagem, que raramente permitem a soldagem de metais
dissimilares, nesse processo há a facilidade de soldagem de diferentes pares de materiais. Isso
é possível uma vez que na soldagem por atrito não há a fusão do metal de base, garantindo
não só uma maior tenacidade da junta, como também, na grande maioria dos casos,
propriedades mecânicas superiores às do metal de menor qualidade do par. Um bom exemplo
da aplicação desse material é na confecção de válvulas de motores de combustão interna, nas
quais a haste é de metal menos nobre do que o do obturador (Figura 2.7).
Quando os pares de materiais apresentarem propriedades mecânicas e plasticidades
similares, suas taxas de deformação também são similares. Por conseqüência, a ativação do
processo de união das peças também se dará de forma simultânea
Figura 2.7: Foto de diferentes componentes mecânicos fabricados pelo processo de soldagem
por atrito.
16
Atenção especial deve ser dada quando se deseja soldar pares de materiais de
propriedades mecânicas bastante diferentes, pois, nesse caso, pode haver tendência de
plastificação de apenas um dos materiais. Muitas vezes, esse fenômeno pode ser evitado
através da utilização de mecanismos mecânicos que venham a minimizar a plastificação do
material menos duro, sendo que alguns desses mecanismos são mencionados por Lebedev e
Chernenko (1992). Nesse mesmo trabalho, os autores mencionam os parâmetros de processo
utilizados para a soldagem de diferentes pares de materiais com aplicações na indústria como
um todo, dos quais podem-se citar:
1. Aço carbono com aço ligas: Utilizado na fabricação de componentes
hidráulicos;
2. Aço rápido com aço estrutural: Utilizado na fabricação de ferramentas de
usinagem;
3. Diferentes ligas de alumínio: Processo bastante difundido na indústria
aeronáutica;
4. Ligas de alumínio com diferentes tipos de aço: Utilizado na fabricação de
barras de ânodo de sacrifício;
5. Cobre com ligas de alumínio e diferentes tipos de aço.
A AWS (1991) e a norma DIN (2000) lançaram uma tabela (Figura 2.8) de soldabilidade
de diferentes pares de materiais que podem vir a ser unidos pelo processo de soldagem por
atrito. Essa tabela serve apenas como orientação inicial, pois caso deseje-se soldar diferentes
tipos de materiais é recomendável recorrer à literatura para verificar a real possibilidade de
união dos materiais, como também os valores recomendados para força axial e velocidade de
rotação. Na ausência de referências, sobre pares de materiais específicos, trabalhos de
otimização e desenvolvimento de processo devem ser realizados.
17
Formação de uma perfeita
ligação metálica (em alguns casos é
necessário tratamento térmico pós-
soldagem).
Podem ser soldados pelo processo
de soldagem por atrito, porém não formam
uma perfeita ligação metálica.
Figura 2.8: Tabela de soldabilidade de diferentes tipos de metais apresentada pela AWS e DIN.
2.1.6 Variantes do processo de soldagem por atrito
Diferentes variantes surgiram a partir do processo de soldagem por atrito convencional.
A primeira variante, já mencionada nesse trabalho, é o processo inercial no qual há a utilização
de um volante de inércia para acumulo de energia durante a fase de aceleração, a qual é
utilizada quando os dois materiais estão em contato (Figura 2.3).
Uma outra variação, e mais simples, é o processo com rotação contrária (“Counter
rotation”). Nesse processo, as duas peças são colocadas para girar, porém uma em sentido
contrário ao da outra. Uma grande vantagem desse processo é a possibilidade de se obter
maiores velocidades relativas entre as superfícies. Em contrapartida, nesse caso há a
18
necessidade de que ambas as peças tenham forma cilíndrica e ainda, o equipamento de
soldagem nesse processo se torna extremamente mais complexo, dificultando a sua utilização.
O processo conhecido como “Center drive” (Figura 2.9) consiste da utilização de uma
peça central girante que irá se unir a duas outras peças de material igual ou diferente da peça
central. A grande vantagem desse processo é a possibilidade de soldar peças de comprimento
extremamente grande, pois a peça girante possui pequenas dimensões, quando comparada
com as outras duas. A desvantagem desse processo é a complexidade do equipamento, o
qual, além de ter que aplicar força nos dois sentidos da direção axial, também tem que ter um
sistema de controle que permita a aplicação da força de forma igual e simultânea em ambos os
pares de superfícies em contato.
No processo em orbital “Orbital friction welding” (Figura 2.10), as duas peças são
colocadas a girar no mesmo sentido, havendo, contudo, um deslocamento relativo entre os
centros dos eixos. Nesse processo, ao contrário dos anteriores, a região central de uma peça
apresenta movimento relativo em relação à outra, fato que promove maior uniformidade na
geração de calor ao longo da seção transversal de cada uma das peças a serem unidas. A
principal desvantagem desse processo é a excentricidade da peça final.
Outro processo bastante comum é o processo de soldagem por vibração (Figura 2.11),
no qual se tem uma peça fixa e uma outra em movimento oscilatório, de tal forma que as duas
superfícies tenham movimento relativo transversal. A grande aplicação desse método encontra-
se na soldagem de materiais poliméricos.
Para a soldagem de anéis em eixos ou tubos foi desenvolvido o processo radial de
soldagem por atrito “Radial friction welding” (Figura 2.12). Nesse processo, o esforço é aplicado
de forma uniforme e radialmente no anel, promovendo a união do anel ao eixo ou tubo.
Com o intuito de atender principalmente à indústria aeroespacial, foi desenvolvido o
processo conhecido como “Friction stir welding” (Figura 2.13), que é bastante aplicado na
soldagem de ligas de alumínio (Su et al., 2003,), (Daves and Hall, 1999). O processo consiste
basicamente de um pino girante não consumível de elevada dureza e elevada resistência
mecânica a quente em contato com duas chapas metálicas a serem unidas. Ao entrar em
contato com as chapas, o pino promove o aquecimento das mesmas, fornecendo a energia
necessária para a união das peças. Para que haja a soldagem ao longo de todo o comprimento
da chapa, ao mesmo tempo em que há o movimento de rotação do pino, há também o
movimento de translação das chapas em relação ao pino.
19
Figura 2.9: Figura esquemática do processo “Center Drive” (Lebedev and Chernenko, 1992).
Figura 2.10: Figura esquemática do processo de soldagem em orbital (Lebedev and
Chernenko, 1992).
Figura 2.11: Figura esquemática do processo de soldagem por vibração (Lebedev and
Chernenko, 1992).
20
Tubo fixo
Suporte
Anel de rotação
e compressão
Figura 2.12: Figura esquemática do processo de soldagem por atrito radial.
Figura 2.13: Representção esquemática do processo “Friction Stir Welding”.
Além dos processos de soldagem mencionados nesse item, outros processos também
foram desenvolvidos a partir do processo de soldagem por atrito. Em destaque, tem-se os
processos de reparo de trincas, dos quais pode-se citar: “Friction Pull Plug Welding” processo
recentemente patenteado por Colett e Cantrell (2002); “Friction Hydro Pillar Processing” ou,
como usualmente é denominado, reparo de trincas por atrito; e o processo de reparo de trincas
por costura, sendo esses dois últimos abordados a seguir.
21
2.2 Reparo de trincas por atrito
O processo de reparo de trincas por atrito ou “Friction Hydro Pillar Processing – FHPP”,
foi desenvolvido em 1990, e patenteado em 1993. Devido ao seu caráter extremamente
recente e à limitação de pesquisas devido à sua patente, existem poucos trabalhos na literatura
tratando de seu aspecto fenomenológico, das características microestruturais da região de
reparo, das propriedades mecânicas da região de reparo ou ainda das potencialidades do
processo. Dessa forma, a revisão que segue, a respeito do processo de reparo de trincas por
atrito, será baseada em alguns poucos trabalhos disponíveis na literatura.
2.2.1 Aspectos fenomenológicos
O processo de reparo de trincas por atrito consiste em fazer um furo cilindro ou cônico
não passante na região da trinca, e, posteriormente, preenchê-lo com um pino também
cilíndrico ou cônico. O pino, aqui denominado de pino de queima, no momento em que entra
em contato com o furo, encontra-se com uma elevada velocidade de rotação, sendo aplicada
uma força axial sobre mesmo, suficiente para deformar o material do pino.
Fundamentalmente, esse processo difere do processo de soldagem por atrito, pela
presença de um consumível (pino de queima). O pino de queima é colocado em rotação em
relação ao eixo do furo da chapa a ser reparada. Após atingir a rotação pré-determinada, o
mesmo é colocado em contato com o fundo do furo e, então, é iniciada a aplicação da força
axial. Devido à aplicação da carga axial e do movimento relativo das superfícies, uma camada
contínua de material plastificado é formada. O pino de queima é totalmente plastificado devido
ao atrito entre as interfaces do pino e do furo, sendo a região vazia existente entre o pino e o
furo preenchida pelo material plastificado do pino.
Thomas e Smith (1997), ao descrever o processo, afirmam que o material plastificado
forma infinitas series de superfícies cisalhadas adiabaticamente. Os mesmos autores afirmam
que o material plastificado da interface é mantido em um regime suficientemente viscoso, de tal
forma, que se tenha um regime de transmissão de força hidrostático. Ou seja, a tensão
existente entre o pino e parte inferior do furo é a mesma da existente entre a parede lateral do
furo e do material plastificado do pino. No entanto, Meyer (2002), em seu trabalho, sugere que
o regime plástico não é suficientemente viscoso de tal forma que haja uma distribuição de
forças de forma hidrostática.
Outro aspecto importante a ser mencionado é que, devido às altas temperaturas
atingidas pelo pino de queima e devido à intensa deformação plástica, o material plastificado
passa por um processo de recristalização dinâmica. Tal fato, juntamente com o curto tempo de
22
resfriamento, promove o refinamento da microestrutura, resultando numa maior dureza na
região preenchida pelo furo em relação ao metal-base.
2.2.2 Influência das geometrias do pino de queima e do furo na qualidade da região de reparo
Um dos principais aspectos ainda a serem trabalhados no processo de reparo trincas
por atrito é a questão geométrica, tanto do pino de queima quanto do furo da chapa de reparo.
Sabe-se, que a utilização de pinos e furos, com geometrias mostradas na figura 2.14, tende a
formar vazios na região de transição entre o fundo do furo e a sua parede lateral. Estes vazios,
além de diminuir a resistência da estrutura pela diminuição de área, constituem pontos
propícios para a geração de trincas.
Meyer (2002) em seu trabalho utiliza várias geometrias de furos e pinos. Os pinos
utilizados por Meyer eram cilíndricos ou cônicos, com pontas cegas, chanfradas e
arredondadas. Ao passo que os furos também eram cilindros ou cônicos, com fundo cego ou
arredondado. Foi reportado nesse trabalho que a utilização de pinos cônicos com furos cônicos
implicava em um maior aporte de calor na peça, resultando em um maior volume de material
aquecido. Tal característica implica em uma menor velocidade de resfriamento, o que leva a
uma menor dureza. Outro ponto importante foi a constatação, que para as geometrias
utilizadas, a geometria do furo era mais importante que a do pino, pois para o furo com fundo
arredondado (Figura 2.15) na realização dos teste sempre houve preenchimento total do furo
pelo pino, independente da geometria do pino. O sucesso da utilização desse tipo de geometria
de furo se deve à transição suave entre o fundo do furo e a parede lateral do mesmo. Apesar
dessa informação fornecer a possibilidade de uma geometria onde se tenha total
preenchimento do furo pelo pino, é necessário um maior estudo a respeito do assunto visando
a redução dos custos de usinagem de campo, visto que a obtenção de tal geometria em um
reparo de campo requer a utilização de ferramentas especiais de usinagem.
23
Figura 2.14: Geometria convencional utilizada no processo de reparo de trincas por atrito, a
qual promove vazios na região de transição entre o fundo do furo e a parede lateral.
Figura 2.15: Geometria de furo com fundo arredondado, que após os testes não apresentou
vazios na região de transição entre o fundo do furo e a parede lateral (Meyer, 2002).
24
2.2.3 Influência das variáveis do processo nas propriedades mecânicas e microestrutura da região de reparo.
Meyer (2002) em seu trabalho mostrou resultados da influência de velocidade de
rotação e da força axial nas propriedades mecânicas da região de reparo. A velocidade de
rotação mostrou ter pouca influência nas propriedades mecânicas da peça, pois com o
aumento da velocidade de rotação não houve redução significativa de dureza ou de limite de
resistência. Foi constatado que a utilização de velocidades de rotação mais elevadas, fato que
implica em um maior aporte de calor da peça, leva ao aumento da zona afetada pelo calor
(ZAC).
A utilização de uma maior força axial por sua vez leva a uma tendência de aumento de
dureza, porém com valores não muito significativos. Com relação à ZAC, devido ao fato de que
maiores forças axiais implicam em maiores taxas de queima do pino e, portando, em um menor
tempo de aquecimento da peça, isso leva, ao contrário da utilização de maiores velocidades de
rotação, a uma ZAC relativamente menor. Foi reportado que a força axial age de forma mais
preponderante que a velocidade de rotação, sendo a principal variável a ser trabalhada nesse
aspecto.
Também foi observado que como no processo de soldagem por atrito, no processo de
reparo de trincas, as propriedades mecânicas da região trabalhada se mostraram superiores às
do metal-base e às do pino, demonstrando mais uma vez as potencialidades do processo.
Em termos de microestrutura, todos os ensaios realizados por Meyer em aços API X65
apresentaram as mesmas tendências, que foi a formação de martensita e ferrita com grãos de
martensita alinhada na interface entre o pino de queima e o furo. A formação desse tipo de
microestrutura se deveu à maior velocidade de resfriamento nessa região. Já a região mais
central das peças, com menores velocidades de resfriamento, mostrou uma microestrutura com
grãos maiores, com presença de ferrita globular e ferrita acicular, sendo que essa última
promove uma melhora significativa na tenacidade da peça.
25
2.2.4 Reparos por costura
O processo de reparo por costura (“Friction stitch welding”), nada mais é que o próprio
processo de reparo de trincas por atrito, no qual o reparo é executado através de uma
seqüência de reparos ao longo de uma linha, de tal forma a reparar todo o comprimento de
uma trinca (Figura 2.16) (Pinheiro et al., 2001).
Em termos de variáveis de processo, tudo o que se aplica ao processo de reparo de
trincas por atrito, também se aplica a esse processo. No entanto, nesse processo existe um
efeito adicional da execução de soldas subsequentes, que é a sobreposição de reparos, que
leva a uma obtenção de propriedades mecânicas diferentes, em relação ao processamento
isolado de um único pino.
Essa diferença nas propriedades mecânicas é devida a uma variável adicional, que é o
fenômeno da recristalização dinâmica e estática realizada sob a ação de reaquecimento pelo
pino subsequente. Como a primeira região sofreu forte deformação plástica, ao ser aquecida
devido à transferência de calor por condução que ocorre durante o reparo da região
imediatamente vizinha à primeira região, passará pelo processo de recristalização, fazendo
com que haja um crescimento dos grãos e uma possível diminuição de sua tenacidade. Meyer,
em seu trabalho, constatou essa alteração de microestrutura e propriedades mecânicas.
Contudo, ainda faz-se necessário um estudo mais abrangente dos efeitos desses sucessivos
tratamentos térmicos gerados pelos novos preenchimentos sobre a qualidade do reparo como
um todo.
Desta forma, justifica-se a construção de uma infra-estrutura capaz de gerar reparos em
estruturas com defeitos. Na seqüência do trabalho, apresentam-se os resultados decorrentes
desse esforço.
Figura 2.16: Processo de reparo por costura, pinos sobrepostos ao longo de uma linha.
26
Capítulo III
DESENVOLVIMENTO DO EQUIPAMENTO DE REPARO DE TRINCAS POR ATRITO
Tendo em vista o grau de complexidade do equipamento, denominado de Unidade de
Processamento de Pinos por Atrito – UPPA, achou-se mais conveniente dividir a abordagem de
seu desenvolvimento em duas partes. A primeira referente ao desenvolvimento do sistema
mecânico, e, a segunda, referente ao desenvolvimento eletro-eletrônico do equipamento.
Assim, o presente capítulo será dividido em dois subitens, abrangendo essas duas etapas.
3.1 Desenvolvimento dos componentes mecânicos
A Unidade de Processamento de Pinos por Atrito possui três sistemas mecânicos
distintos, que são: Conjunto mesa de sustentação – pórtico, cabeça de reparo e unidade
hidráulica, sendo os mesmos detalhados a seguir.
3.1.1 Conjunto mesa de sustentação – pórtico
Este conjunto foi desenvolvido com o intuito sustentar a cabeça de reparo e, ainda, fixar
a amostra ou peça a ser reparada. Sua estrutura pode ser vista na Figura 3.1.
O pórtico de sustentação da cabeça de reparo foi confeccionado em aço carbono ABNT
1020, e seu projeto foi concebido para suportar uma carga vertical de até 70 KN. Um outro
aspecto importante relativo ao pórtico é que o mesmo permite o ajuste da altura da cabeça de
reparo em relação à mesa através do reposicionamento da cabeça de solda presa por pinos,
conforme mostrado na Figura 3.2 a), permitindo, assim, a inserção de uma mesa deslocamento
mono-axial sobre a base do pórtico.
28
Figura 3.1: Conjunto mesa de sustentação – pórtico e cabeça de reparo
A mesa de sustentação, confeccionada em aço carbono ABNT 1020, possui duas
funções propriamente ditas. A primeira de dar sustentação ao pórtico e à chapa de reparo, e a
segunda de fornecer alta rigidez ao sistema, minimizando, assim, problemas de vibração. A
mesma foi concebida com dimensões tais que permitam a utilização de corpos de prova de até
500 mm de largura, os quais são fixados em um porta amostra através da utilização de uma
morsa ou ainda por presilhas de fixação, ilustrado na Figura 3.2 b)
b)a)
Figura 3.2: a) Detalhe do sistema de ajuste de altura do pórtico, b) Mesa de sustentação –
Detalhe do local onde será fixada a amostra, ou inserida a mesa de deslocamento mono-axial.
29
3.1.2 Projeto da Cabeça de Reparo
Dentre todos os componentes projetados e especificados durante a realização do
projeto, a cabeça de reparo (Figura 3.3) foi o de maior complexidade, sendo, portanto, este
subconjunto a “alma” do projeto. Tal complexidade se deve às elevadas solicitações mecânicas
e elevadas velocidades de rotação, às quais o conjunto está submetido, e ainda ao fato de que
dois dos sensores utilizados no projeto estão inseridos dentro da cabeça de reparo. Devido a
tais características, e a necessidade de se construir uma cabeça de reparo com as menores
dimensões possíveis, este conjunto tornou-se o limitante de carga e rotação do sistema.
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Figura 3.3: Desenho esquemático da cabeça de reparo. 1) Motor hidráulico; 2) Roda dentada;
3) Sensor de rotação; 4) Haste hidráulica; 5) Conexões hidráulicas; 6) Sensor de posição; 7)
Cilindro externo; 8) Acoplamento deslizante; 9) Eixo de rotação; 10) Mancais de rolamento.
30
A cabeça de reparo é constituída de um motor hidráulico que transmite o movimento de
rotação para o eixo através de um acoplamento deslizante. O eixo é inserido em uma haste
hidráulica vazada. A haste possui movimento de translação na vertical e através dos mancais
transmite esse movimento ao eixo. Dessa forma, o eixo passa a possuir os dois movimentos
distintos. Na ponta do eixo á acoplado o mandril, no qual é fixado o pino de queima a ser
processado. A seguir tem-se uma breve descrição dos principais componentes utilizados na
cabeça de reparo, à exceção dos sensores de rotação e posição, que serão descritos no item
3.2.1.
• O motor hidráulico possui potência de 50 KW (65 CV) e velocidade de rotação
nominal de 8000 RPM. Devido às suas características construtivas é conhecido
como motor de torque constante. O torque fornecido pelo motor depende
unicamente da diferença de pressão do fluído hidráulico na entrada e saída do
motor. Desta forma, o mesmo pode ser estimado pela equação fornecida pelo
fabricante, bastando para isso conhecer a diferença de pressão do fluído hidráulico.
• A roda dentada foi inserida ao sistema para que o sensor de rotação fosse capaz de
medir um sinal de freqüência do tipo onda quadrada, que posteriormente é
convertido em velocidade de rotação.
• O cilindro externo foi dimensionado para suportar uma pressão interna de 12 MPa
(pressão capaz de gerar uma força axial de 70 [KN] no pino de queima. Para efetuar
o seu dimensionamento foi utilizado o programa de elementos finitos ANSYS 6.0®.
Como critério de aceitação utilizou-se o da tensão máxima equivalente de von
Misses. Verificou-se, que para o aço utilizado, (DIN St 52, σy = 370 MPa), obteve-se
um coeficiente de segurança superior a 3 (Figura 3.4).
• Para o dimensionamento da haste hidráulica utilizou-se como dado de entrada uma
pressão externa de 12 MPa. Como critério de aceitação novamente utilizou-se o da
tensão máxima equivalente de von Misses. Verificou-se que para o aço utilizado
(ASTM 4140 σy = 417 MPa), obteve-se uma tensão máxima de 46,5 MPa (figura
3.5).
• O acoplamento utilizado é um acoplamento do tipo deslizante com curso máximo de
45 mm, torque nominal de 45 Nm e torque de pico máximo de 90 Nm.
• O eixo confeccionado em aço ASTM 4140 é apoiado em dois conjuntos de mancais
de rolamento, para os quais são transmitidos os esforços axiais e tangenciais.
Devido à elevada rotação do sistema (8000 RPM), os rolamentos, para que
tivessem uma vida útil satisfatória, ficaram limitados a cargas de no máximo 50 KN
axial e 10 KN tangencial, sendo esses os valores máximos de cargas que podem
31
ser utilizados durante o processamento de pinos. Dessa forma, o valor da carga
axial máxima foi reduzido de 70 [KN] para 50 [KN].
Figura 3.4: Análise por elementos finitos das tensões equivalentes de von Misses [MPa] no
cilindro externo, quando submetido a uma pressão interna de 12 MPa.
Figura 3.5: Análise das tensões equivalentes de von Misses [MPa] na haste hidráulica, quando
submetida a uma pressão externa de 12 MPa.
32
3.1.3 Unidade Hidráulica
A unidade hidráulica (Figura 3.6) tem por finalidade básica prover energia tanto ao
motor hidráulico, quanto à haste hidráulica. Dentre os componentes da unidade hidráulica,
pode-se destacar como mais importantes o reservatório de óleo com capacidade de 400 litros,
três conjuntos de moto-bombas, e o bloco de válvulas.
Cada conjunto de moto-bomba tem uma finalidade específica. O primeiro conjunto, com
potência de 0,75 KW (1 CV), é responsável pela recirculação e filtragem do óleo. O segundo
conjunto moto bomba, com potência de 1,5 KW (2 CV), é responsável por fornecer fluído à
haste hidráulica com pressão de até 12 MPa, e vazão de 5 litros/min, o que garante uma
velocidade máxima de deslocamento da haste de aproximadamente 11 mm/s. O terceiro e
último conjunto moto bomba tem potência de 75 KW (100 CV), sendo responsável pelo
acionamento do motor hidráulico. A vazão é de até 99 litros/min e pressão máxima da ordem
de 35 MPa, o que garante um torque máximo no motor hidráulico de 57 Nm.
Figura 3.6: Foto da unidade hidráulica – Reservatório de óleo e moto-bombas.
33
O bloco de válvulas possui seis válvulas, sendo três responsáveis pelo controle lógico
de pressão e vazão do fluido que aciona o motor hidráulico e três responsáveis pelo controle
lógico de pressão e vazão do fluido que aciona a haste hidráulica (Figura 3.7). Ao ser
bombeado do reservatório o fluido de acionamento do motor hidráulico passa inicialmente por
uma válvula limitadora de pressão (pressão máxima de 35 MPa) com ajuste manual.
Posteriormente o fluido passa por uma válvula direcional de arco elétrico (válvula de
ventagem), acionada por sinal elétrico digital de 24 Volts. Esta válvula tem por objetivo fazer a
recirculação do fluido quando o motor hidráulico não estiver sendo acionado. Finalmente o
fluido hidráulico passa por uma válvula direcional proporcional com acionamento por sinal
analógico de –10 a 10 Volts. Esta válvula tem por objetivo controlar a vazão de óleo para o
motor hidráulico e por conseqüência a velocidade de rotação do motor (a velocidade de rotação
do motor é diretamente proporcional à vazão de fluido hidráulico), sendo a sua principal
característica o baixíssimo tempo de resposta (abertura de 0 a 100% em 15 ms).
A lógica hidráulica atuante na haste hidráulica (Figura 3.7) é bastante semelhante à
vista anteriormente, sendo que neste caso a válvula limitadora de pressão permite um ajuste
de pressão máxima de 12 MPa. Já a válvula de ventagem (válvula responsável pela
recirculação do óleo quando a moto-bomba está ligada e o sistema – haste hidráulica – não
está sendo alimentado de óleo) possui as mesmas características da usada no controle do
motor hidráulico, diferenciando apenas pelas dimensões. Finalmente, a terceira válvula é uma
válvula direcional proporcional acionada por sinal analógico de –10 a 10 Volts. Esta válvula
permite o controle da pressão na haste hidráulica e como conseqüência o controle da força
atuante no pino de queima. Esta válvula também permite limitar a vazão máxima de fluido,
sendo possível através dela limitar a velocidade máxima de queima do pino (Burn-off rate
máximo).
34
Figura 3.7: Diagrama esquemático da unidade hidráulica. 1) Reservatório; 2) Moto-bomba de
acionamento da haste; 3) Válvula limitadora de pressão da haste; 4) Válvula de ventagem da
haste; 5) Válvula direcional proporcional de controle da diferença de pressão da haste; 6)
Sensores de pressão da haste; 7) Haste hidráulica; 8) Sensor de pressão do Motor hidráulico;
9) Motor Hidráulico; 10) Válvula de ventagem do motor hidráulico; 11) Válvula limitadora de
pressão do motor hidráulico; 12) Válvula direcional proporcional de controle de vazão; 13)
Moto-bomba de acionamento do motor hidráulico.
35
3.2 Sistema elétrico
O sistema elétrico de acionamento do equipamento de reparo de trincas (Figura 3.8) é
composto basicamente pelos seguintes componentes:
• Disjuntor elétrico de 350 Ampéres;
• Painel elétrico – alimentado com tensão de 220 [Volts] e corrente máxima de 350
[A]. Em seu interior estão instaladas as fontes de tensão contínua (24 Volts; ± 15
Volts), cartões PID de controle de força axial e velocidade de rotação, cartões
lógicos de condicionamento de sinal, relés, potenciômetros e chave estrela-triângulo
para partida do motor elétrico de maior potência;
• Três motores elétricos – alimentados a partir do painel elétrico, o primeiro para
acionamento da bomba que fornece fluido ao motor hidráulico tem potência de 75
KW (100 CV), sendo sua partida realizada através da chave estrela-triângulo; o
segundo motor elétrico, para acionamento da bomba de recirculação de fluido tem,
potência de 750 Watts (1 CV), com acionamento direto; o terceiro motor elétrico,
para acionamento da bomba que fornece fluido à haste hidráulica, de potência de
1,5 KW (2 CV), também com acionamento direto.
Figura 3.8.: Desenho esquemático da alimentação elétrica dos motores.
36
3.3 Sistema de controle
3.3.1 Componentes do sistema de controle
Devido à necessidade de um baixo tempo de resposta do sistema de controle, preferiu-
se realizar o controle da UPPA via “hardware” utilizando para isto cartões analógico com
algoritmo de controle PID. A figura 3.9 representa o fluxo de informações, transmitido via sinais
analógicos do sistema de controle. Os principais componentes do sistema de controle são
descritos a seguir.
• Sensor de posição resistivo, curso máximo L = 75 [mm]; alojado na cabeça de
reparo do equipamento e alimentado por uma fonte de 6 Volts. Este mede o
deslocamento axial do pino de queima, gerando um sinal de saída analógico 0 – 6
Volts, proporcional ao deslocamento do pino;
• Sensor de pressão de diafragma, pressão máxima P = 35 MPa; colocado na linha de
retorno de fluido do motor hidráulico alimentado com tensão de 24 Volts. Mede a
pressão na linha, gerando um sinal de saída de 0 – 10 Volts, que é proporcional ao
torque no motor;
• Sensor de pressão de diafragma, pressão máxima P = 10 MPa; em número de dois,
alojados na linha de pressão e retorno da haste hidráulica. Ambos são alimentados
com 24 Volts, sendo seus sinais de saída de 0 – 10 Volts. A força atuante na haste é
proporcional à diferença entre esses dois sinais;
• Sensor de aproximação, freqüência máxima f = 1 kHz; alojado junto ao eixo à 2 mm
de uma roda dentada de 6 dentes, alimentado com 15 Volts. Gera um sinal do tipo
onda quadrada de freqüência igual a 6 vezes a freqüência de rotação do eixo e
amplitude de 15 Volts;
• Cartões lógicos de condicionamento de sinal (figura 3.10); em número de dois foram
desenvolvidos no âmbito desse trabalho, sendo que o primeiro tem a função de
converter o sinal de freqüência da rotação em um sinal analógico de 0 – 10 Volts,
proporcional à velocidade de rotação do motor. Já o segundo, trata-se de um circuito
subtrator, responsável por geral um sinal 0 – 10 Volts, proporcional à diferença entre
os sinais dos sensores de pressão alojados na linha de pressão e retorno da haste,
que, por conseqüência, é proporcional à força axial no pino de queima;
• Cartão de controle PID da velocidade de rotação; este cartão é responsável pelo
controle da velocidade de rotação do pino de queima. É feita uma comparação entre
o valor de referência enviado pela CPU e o valor adquirido do cartão lógico de
processamento do sinal da velocidade de rotação. A partir do processamento desses
37
dois sinais é enviado o sinal para maior ou menor abertura da válvula direcional
proporcional de controle da rotação;
• Cartão de controle PID da força axial; responsável pelo controle da força axial. Este
cartão recebe três sinais. O primeiro sinal é o de referência (-10 a 10 Volts) advindo
da CPU e os outros dois são referentes aos sinais dos sensores de pressão alojados
na linha de entrada e saída de fluido da haste hidráulica. O próprio cartão subtrai os
sinais dos sensores e compara com o valor de referência, enviando um sinal que
pode aumentar ou diminuir a abertura da válvula, ou ainda, no caso do retorno da
haste, inverter a linha de pressão do fluido hidráulico;
• CPU – Pentium IV, 1.6 GHz – 512 Mb - Memória RAM, com uma placa se aquisição
de dados modelo PCI DAS 1200 Jr; a CPU é responsável pela execução do
algoritmo do processo de reparo de trincas, enviando através de sinais analógicos,
por intermédio da placa de aquisição de dados, os valores de referência da
velocidade de rotação e da força requerida para os respectivos cartões de controle.
A CPU, também através da placa de aquisição de dados, recebe os sinais
analógicos com informações em tempo real da força aplicada, da velocidade de
rotação, do torque aplicado e do deslocamento axial. Finalmente, cabe à CPU a
função de enviar os sinais digitais responsáveis pela abertura e fechamento das
válvulas de ventagem e, também receber os sinais digitais de: alarme de
temperatura elevada de óleo, sinal de segurança do painel elétrico e sinal do final da
partida do motor elétrico de 100 CV.
MOTOR HIDRÁULICO HASTE
SR VRV TP1 TP2 TP3 VRP SP
N x t T x t F x t
• SR: Sensor de Rotação;• VRV: Válvula Reguladora de Vazão;• TP1: Transdutor de pressão alojado na entrada do motor;• CPR: Cartão lógico de processamento da Vel. Rotação;• CCV: Cartão de controle da vazão;• N: Rotação [Rpm];• T: Torque [N*m].
• TP2: Transdutor de pressão alojado na entrada da haste;• TP3: Transdutor de pressão alojado na saída da haste;• VRP: Válvula Reguladora de pressão;• SP: Sensor de posição;• CPF: Cartão lógico de processamento da força axial;• CCP: Cartão de controle da pressão;• F: Força [N];• ∆l: Comprimento de queima [mm];
∆l x t
CPU
CCV CCPCPR CPF
Figura 3.9: Fluxo de informações dos sinais analógicos de controle e monitoração das variáveis do processo de reparo de trinca.
a)
b
Figura 3.10: Representação esquemática dos cartões lógicos de condicionamento de sinal, a)
Circuito lógico de condicionamento do sinal da rotação; b) Circuito lógico de condicionamento
de sinal da força axial.
Além dos sinais analógicos descritos anteriormente, o sistema de controle também
possui sinais digitais que têm atuação em componentes periféricos do equipamento,
responsáveis não só pelo adequado funcionamento do equipamento, como também pela
segurança patrimonial e pessoal.
Os sinais digitais trabalham em dois padrões de tensão diferentes. O primeiro, da placa
de aquisição de dados, é de 0 – 5 Volts, e o segundo, do CLP, 0 – 24 Volts. Por isso, para que
40
houvesse a comunicação entre a placa de aquisição de dados e o CLP, foi necessário o
desenvolvimento de dois “drivers”. O primeiro (figura 3.11) tem por função transformar o sinal
de 24 Volts do CLP em 5 Volts e o segundo (figura 3.12) fazer a operação inversa, ou seja,
transformar o sinal de 5 Volts da placa de aquisição em 24 Volts, possibilitando, assim, a
perfeita comunicação entre os sinais digitais do CLP e da placa de aquisição de dados.
Figura 3.11: Representação esquemática do circuito conversor de 24 Volts P/ 5 Volts.
Figura 3.12: Representação esquemática do circuito conversor de 5 Volts P/ 24 Volts.
41
3.3.2 Programa de controle do processo de reparo de trincas
O programa de controle foi desenvolvido de forma interativa entre a confecção do
algoritmo e a implementação do mesmo. Inicialmente, desenvolveu-se o algoritmo inicial de
controle que, posteriormente, foi implementado em Labview 6.0®. Após a implementação do
algoritmo foram observados os primeiros pontos de possíveis otimizações do programa. Esses
pontos de otimização se referem principalmente à adequação do algoritmo à linguagem
utilizada e à busca de um melhor desempenho do programa com a eliminação de possíveis
erros no algoritmo. Esse processo de otimização e correção durou quase todo o período de
desenvolvimento do projeto, o que culminou no algoritmo final representado nas Figuras de
3.13 a 3.17.
O algoritmo final ficou constituído de um laço principal (figura 3.13) indicativo de
diferentes etapas de processo, e ainda de quatro sub-rotinas principais. A primeira subrotina é
a de retorno da haste (Figura 3.14), na qual se estabelece o instante em que a haste hidráulica
deve retornar para a posição superior do pino. A segunda subrotina, aqui denominada de fase
de recobrimento (Figura 3.15) é acionada quando o equipamento é utilizado para a realização
do processo de recobrimento por atrito (“friction surfacing”), no qual têm-se, além do movimento
de rotação e translação axial do pino, o movimento simultâneo de translação de uma mesa de
deslocamento monoaxial. Essa subrotina foi inserida ao programa tendo em vista a futura
instalação de uma mesa de deslocamento monoaxial, que viria a possibilitar a realização do
processo de recobrimento por atrito. É na terceira subrotina ou fase de “queima do pino”
(Figura 3.16) que ocorre o processo de reparo de trincas. Nessa sub-rotina são aplicadas a
força axial e a velocidade de rotação em um único estágio ou em vários estágios. A quarta e
última rotina corresponde à fase de forjamento (Figura 3.17), que pode ou não ser utilizada.
Uma característica importante do programa desenvolvido é a interface do mesmo com o
usuário. Através de uma janela gráfica é possível ao usuário informar o número de estágios
requeridos, entrar com os valores de referência das variáveis de entrada (velocidade de
rotação, força axial e comprimento de queima para cada estágio), indicar se deseja um
processo com ou sem forjamento e, em caso positivo, indicar a força e o tempo de forjamento.
Através do programa, o usuário também pode acompanhar em tempo real, por meio gráficos, o
desenvolvimento dos valores das variáveis adquiridas. O mesmo também permite a exportação
dos dados adquiridos em forma matricial para uma posterior análise dos resultados obtidos.
O programa ainda é dotado de um sistema de segurança que interrompe o processo,
caso o valor de alguma variável desvie abruptamente do seu valor de referência. O programa
pode ainda ser interrompido diretamente pelo operador, caso esse verifique algum erro ou falha
no sistema.
42
Sim
Não
NãoComforjamento?
Não
Sim
Fazerretorno?
Aquisiçõesdigitais, OK?
Sim
Não
Comtranslação da
mesa?Sim
DADOS DE ENTRADA
Retornoda haste Final
Retorno da haste
Fase de queima do pino
Fase de forjamento
Final
Retornoda haste Final
Fase de recobrimento
Retorno da haste
Final
Figura 3.13: Laço principal do programa de controle do processo de reparo de trincas e
recobrimento.
43
Sim
Posição absoluta < 0,5 [mm]?
Não
Inverte linhas de presão e
retorno da haste
Fecha válvula de ventagem da haste
Aplica força de retorno
0 p/ força de retorno
Abre válvula de ventagem da haste
Inverte linhas de presão e retorno da haste
Final da fase de retorno
Figura 3.14: Subrotina de retorno da haste.
44
Não
Força > 0,5Xforça avanço?
NãoSim
Sim
Não
Sim
Não Sim
Fechar válvula de ventagem do motor hidráulico
Implementar rotação do motor hidráulico
Aplicar força avanço
Adquirir sinais analógicos
Adquirir sinais analógicos
Implementar força axial
Tempo > tempode aquecimento?
Adquirir sinais analógicos
Aplicar sinal detranslação da mesa
Adquirir sinais analógicos
Mensagemde erro
Sinaisanalógicos, OK? Final
Deslocamento da mesa> deslocamento total?
Final da fase deunião de peças.
Fechar válvula de ventagem da haste
Figura 3.15: Subrotina – Fase de recobrimento.
45
Força > 0,5Xforça avanço?
NãoSim
Posição relativa> posição(i)?
i = n?
Posição relativa> posição(n)?
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Fechar válvula de ventagen motor hidráulico
Implementar rotação(1)
Aplicar força avanço
Adquirir sinais analógicos
Zerar posição relativa
Aplicar força(i)
Adquirir sinais analógicos
Implementar forca(1)
Mensagemde erro
Adquirir sinais analógicos
Sinaisanalógicos, OK?
Aplicar rotação(i)
i = i+1
Final
Final da fase dequeima do pino.
Fechar válvula de ventagen da haste
Figura 3.16: Subrotina da fase de “queima do pino”.
46
Não
Sim
Sim
Não
Fechar válvula de ventagen do motor
Interromper rotação
Aplicar força de forjamento
Mensagem de erro
Adquirir sinais analógicos
Sinais analógicos, OK? Final
Tempo > tempo de forjamento?
Final da fase de forjamento.
Figura 3.17: Subrotina da fase de forjamento do pino de queima.
Capítulo IV
Calibrações
4.1 Deslocamento axial
Para a calibração do sensor de deslocamento axial foram utilizados um paquímetro
digital de resolução 0,01 mm e um multímetro portátil. Abaixo segue o procedimento utilizado
para calibração do sensor.
1. Medição do valor da tensão de saída do sensor na posição de zero absoluto pela
placa de aquisição e respectiva conferência com o multímetro;
2. Avanço da haste hidráulica até que ocorresse uma variação de 0,2 Volts na leitura
da placa de aquisição;
3. Medição da tensão de saída do sensor via placa de aquisição e via multímetro, e
medição do deslocamento axial com o paquímetro;
4. Repetição dos passos 2 e 3 até que a haste chegasse ao fim de curso;
5. Para uma melhor confiabilidade dos resultados, os passos de 1 a 4 foram repetidos
por 3 vezes;
6. Plotagem da curva de calibração e obtenção da equação de conversão do valor lido
de tensão em deslocamento axial.
A Figura 4.1 apresenta a curva de calibração do sensor de posição, pode-se perceber
pela curva que trata-se de um sensor com grande linearidade com coeficiente de correlação
igual à 0.99996 e cuja equação de conversão é descrita por:
y [mm] = -12,66*V + 64,43; (4.1)
48
y [mm] = -12,66*V + 64,43R2 = 0,99996
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 2 3 4 5Tensão [Volts]
Des
loca
men
to a
xial
[mm
]
6
Figura 4.1: Curva de calibração do sensor de posição.
4.2 Calibração da força axial
Para calibração da força axial é necessário a calibração de dois sinais: o primeiro
referente ao sinal de aquisição da força axial advindo do cartão lógico de condicionamento de
sinal (circuito subtrator), responsável por processar a diferença entre o valor da pressão de
fluido na entrada da haste da pressão do fluido da saída da haste. O segundo sinal é referente
ao sinal de referência que é enviado da CPU para o cartão PID. A necessidade de fazer a
calibração desses dois sinais é explicada pelo fato de que o ganho (fator multiplicador do sinal)
do circuito de aquisição é diferente do circuito de envio de sinal.
Foram utilizados no procedimento de calibração uma célula de carga AKROS 50 KN, o
respectivo condicionador de sinal e um multímetro portátil. Antes do procedimento de
calibração foi feita uma aferição da célula de carga, na qual constatou o seu perfeito
funcionamento e linearidade. A calibração da força axial contou com o seguinte procedimento:
49
1. Posicionamento e alinhamento da célula de carga;
2. Envio de um sinal de saída de força de -0,3 Volts, suficiente para o início do
deslocamento axial da haste hidráulica;
3. Leitura do sinal adquirido do cartão de condicionamento de sinal da força (circuito
subtrator) em Volts, via multímetro e via placa de aquisição de dados;
4. Leitura da força axial no conversor de sinal da célula de carga;
5. Aplicação de um sinal de saída de força -0,5 Volts e respectivas leituras conforme
passos 3 e 4;
6. Incremento do sinal de saída de -0,5 Volts com respectivas leituras conforme passos
3 e 4 até o valor de saída do sinal da força chegar a -3,5 Volts o que corresponde à
aproximadamente 50 KN.
7. Para uma melhor confiabilidade dos resultados, os passos de 2 a 6 foram repetidos
3 vezes;
8. Plotagem do gráfico de calibração do sinal de saída em função da força axial, e do
sinal de aquisição também em função da força axial.
Após a execução do procedimento acima descrito foram obtidas as curvas de calibração
da força axial (Figuras 4.2 e 4.3) e as respectivas equações de calibração. Em ambas as
curvas, o valor do coeficiente de correlação foi de 0,9990, o que corresponde a um elevado
grau de linearidade. Também, pode ser visto em ambas as curvas, que o desvio padrão é
bastante reduzido mostrando uma ótima precisão e repetibilidade. As equações de calibração
são descritas por:
• Sinal de saída da força axial: V [Volts] = -0,066*F [KN] – 0,160; (4.2)
• Aquisição da força axial: F [KN] = 15,26*V [Volts] – 2,91; (4.3)
Após a obtenção das equações 4.2 e 4.3 as mesmas foram inseridas no programa
de controle do processo, fazendo a conversão da aquisição, dada em volts, para KN, e
transformando a saída cuja entrada pelo usuário é em KN, em Volts.
50
y = -0,066*F - 0,160R2 = 0,9990
-4,00
-3,50
-3,00
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0 10 20 30 40 50Força axial [KN]
Sina
l de
saíd
a [V
olts
]
60
Figura 4.2: Curva de calibração do sinal de saída da força axial, enviado para o cartão de
controle PID da força axial.
y = 15,26*V - 2,91R2 = 0,9990
0
10
20
30
40
50
60
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,
Sinal de aquisição da força axial [Volts]
Forç
a A
xial
[KN
]
0
Figura 4.3: Curva de calibração da aquisição da força axial, advindo do cartão condicionador de
sinal da força (circuito subtrator).
51
4.3 Calibração da velocidade de rotação
Da mesma forma que na calibração da força axial, para a calibração da velocidade de
rotação foi necessário calibrar dois sinais. O primeiro, referente ao sinal de aquisição da
velocidade de rotação, advindo do cartão lógico de condicionamento de sinal da velocidade de
rotação (conversor de freqüência em tensão). O segundo sinal é o sinal de referência que é
enviado para o cartão PID de controle da velocidade de rotação.
Na calibração da velocidade de rotação foram utilizados um multímetro portátil para
medir o sinal advindo do cartão lógico de processamento de sinal e um osciloscópio digital para
medição da freqüência de pulsação enviada pelo sensor de velocidade de rotação. Abaixo
segue o procedimento utilizado para calibração da velocidade de rotação:
1. Instalação do osciloscópio capturando, em paralelo com o cartão de
condicionamento de sinal da velocidade rotação, o sinal advindo do sensor indutivo
de medição de freqüência;
2. Envio de um sinal de referência para o cartão PID de 0 Volts;
3. Medição da freqüência do sinal do sensor de rotação pelo osciloscópio;
4. Medição do valor do sinal de aquisição da velocidade de rotação pela placa de
aquisição de dados e pelo multímetro portátil;
5. Cálculo da velocidade de rotação em RPM para a freqüência medida pelo
osciloscópio, dado pela seguinte equação: N = 60*f/n, sendo N a velocidade de
rotação [RPM], f a freqüência [Hz] e n o número de dentes da roda dentada, que
nesse caso é igual a 6;
6. Incremento do sinal de referência de 0,5 em 0,5 Volts até uma saída final de 9,5
Volts com repetição dos passos de 3 a 5 para cada incremento de tensão;
7. Para uma melhor confiabilidade dos resultados, os passos de 2 a 6 foram repetidos
3 vezes;
8. Plotagem das curvas de calibração do sinal de aquisição da velocidade de rotação e
do sinal de saída de referência em função da velocidade rotação;
Após a execução do procedimento acima descrito foram obtidas as curvas de calibração
da velocidade de rotação (Figuras 4.4 e 4.5) e as respectivas equações de calibração, as quais
foram inseridas no programa de controle. Em ambas as curvas, o valor do coeficiente de
correlação foi superior a 0,99, indicando uma elevada linearidade. Também, pode ser visto um
reduzido desvio padrão indicando boa precisão e repetibilidade. As equações obtidas são:
• Sinal de saída da vel. de rotação: V [Volts] = -0,0014*N [RPM] – 0,542; (4.4)
• Aquisição da vel. de rotação: N [RPM] = 988,23*V [Volts] – 22,32. (4.5)
52
y = 0,0014*N - 0,542R2 = 0,9989
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 2000 4000 6000 8000Velocidade de Rotação [RPM]
Sin
al d
e sa
ída
do s
etpo
int [
Volts
]
Figura 4.4: Curva de calibração do sinal de saída da velocidade de rotação, enviado para o
cartão de controle PID.
N = 988,23*V - 22,32R2 = 0,9990
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0 2 4 6 8Aquisição da velocidade de rotação [Volts]
Vel
ocid
ade
de R
otaç
ão [R
PM
]
Figura 4.5: Curva de calibração da aquisição da velocidade de rotação, advindo do cartão
condicionador de sinal da velocidade de rotação (conversor de freqüência em tensão).
53
4.4 Estimativa do torque
Devido às características geométricas do equipamento não foi possível alojar no mesmo
um torquímetro capaz de medir com precisão o valor do torque resistivo proveniente do atrito
entre o pino e a peça. Desta forma, preferiu-se utilizar a equação de torque fornecida pelo
fabricante do motor hidráulico (Mannesmann Rexroth, www.Bosch.com.br), para fazer uma
estimativa do valor do torque. A equação é dada por:
T [N*m] = Vg*∆P*ηmh/2π; (4.6);
Onde:
Vg: Cilindrada do motor hidráulico [cm3], que para o motor em questão é de 10,3 cm3;
∆P: Diferença de pressão entre a entrada e saída do motor hidráulico, dada em MPa;
ηmh: Rendimento mecânico do motor hidráulico.
Para estimar o valor do torque foi preciso determinar duas variáveis, que são a pressão
do fluido hidráulico na entrada do motor hidráulico e a pressão do mesmo fluido na saída do
motor hidráulico.
O valor da pressão do fluido de entrada foi obtido pelo alojamento de um sensor de
pressão do tipo membrana na linha de entrada de fluido, logo após a válvula limitadora de
pressão, sendo regulada para uma pressão de 31,5 MPa. Terminada a regulagem da válvula
limitadora de pressão, foram feitas várias medidas da pressão de entrada para diferentes
velocidades de rotação e diferentes torques resistivos. Foi observado que o valor da pressão
de entrada era praticamente constante e igual à 31,5 MPa, sendo que a variação desse valor
foi inferior a 2%.
Após realizada a verificação da pressão de fluido da linha de entrada, o sensor foi
recolocado na linha de saída, onde indicava de forma direta o valor da pressão de saída do
fluido para os diferentes torques resistivos.
Ao invés de obter o rendimento mecânico hidráulico do motor, preferiu-se apenas
subtrair do valor do torque resistivo o valor da diferença de pressão necessária para o motor
girar em vazio (valor referente às perdas mecânicas), a qual era de 5,95 MPa. Tal simplificação
implica em um erro na leitura do torque, fazendo com que seu valor possa ser usado apenas a
titulo comparativo. Desta forma, a equação 1, ficou em função apenas da pressão de saída do
fluido hidráulico, sendo dada por:
54
T [N*m]= 41,9 – 1,94*Ps; (4.7)
Onde:
Ps: Pressão de saída do fluido hidráulico dada, em MPa.
A equação acima pode ser rescrita para a leitura do sensor em Volts, bastando utilizar a
relação de conversão fornecida pelo fabricante do sensor (1 Volt = 3,5 MPa). Desta forma, tem-
se:
T [N*m] = 41,9 – 0,554*V; (4.8)
Onde:
V: Leitura do sensor de pressão alojado na linha de saída do fluido hidráulico dado em
Volts.
Capítulo V
Procedimento para Realização dos Ensaios de Validação do Equipamento
5.1 Materiais utilizados
A primeira etapa para a definição do procedimento experimental para realização dos
ensaios de validação do equipamento foi a definição dos materiais a serem utilizados. Devido
ao fato de não se pretender nesta fase do projeto determinar a efetividade do processo quanto
da união de ligas metálicas complexas, optou-se por utilizar tanto para o pino de queima,
quanto para a chapa de reparo, o aço carbono ABNT 1020.
Para preparação das amostras foram adquiridas barras circulares de aço carbono de
diâmetro 3/8” e 1/2” (9,35 mm e 12,7 mm) e chapas de aço carbono de espessura de 1 ½”
(38,1 mm), sendo realizada análise metalográfica, tanto da chapa quanto da barra circular de
menor diâmetro, para verificação da microestrutura das amostras antes da realização dos
ensaios. A análise de composição química de ambos os materiais foi realizada no Centro de
Pesquisas da PETROBRAS – CENPES (tabela 5.1).
Através da análise de composição química, percebe-se que tanto o material da chapa
de reparo, quanto o do pino, têm composição típica de aço ABNT 1020.
No caso do material da chapa de reparo, percebe-se uma microestrutura típica de aço
laminado, ou seja, com “bandas” de ferrita e perlita. Já para o material do pino tem-se uma
microestrutura nitidamente mais refinada, com presença de perlita e ferrita.
Tabela 5.1: Composição química dos materiais utilizados na confecção das amostras
(porcentagem em peso)
Material C S P Si Mn Cr Ni Mo + V
Chapa Aço Carbono, esp. = 1 1/2" 0,21 0,011 0,022 0,22 1,17 0,01 0,02 < 0,01
Barra de Aço Carbono, D = 3/8"
(Pino)
0,18 0,012 0,019 0,20 0,71 0,01 0,03 < 0,01
56
a) b)
100 µm 100 µm
Figura 5.1: Microestrutura do material utilizado para a confecção de: a) chapa de reparo, b)
pino de queima.
5.2 Geometrias de furos e pinos empregadas
Foram utilizadas quatro geometrias diferentes de pino, nas quais variaram o ângulo de
ponta (118º e180º) e o diâmetro dos pinos (9,35, 12 e 12,7 mm). A Figura 5.2 mostra as quatro
geometrias utilizadas nos ensaios de validação do equipamento.
Todas as chapas de reparo possuíam as mesmas dimensões básicas (50x50x38,1 mm),
diferenciando-se apenas pela geometria dos furos. Também foram utilizadas quatro geometrias
de furos (conforme pode ser visto pela Figura 5.3), diferenciando-se uns dos outros pelo
diâmetro do furo (11, 12 e 14,3 mm) e ângulo de fundo (118º e 180º).
Figura 5.2: Geometria dos pinos utilizados durante os ensaios de validação do equipamento.
57
Figura 5.3: Diferentes geometrias das chapas de reparo usadas nos ensaios de validação.
Vale ressaltar, que por se tratar de ensaios de validação do equipamento e não de
análise precisa do processo, achou-se por bem não fazer medições precisas dos ângulos de
ponta e diâmetros dos pinos como também dos da chapas de reparo, proporcionando maior
agilidade no desenvolvimento dos ensaios de validação.
5.3 Parâmetros de processo utilizados
Ao todo foram realizados 20 ensaios, ao longo dos quais variou-se o número de
estágios empregados, velocidade de rotação, força axial, comprimento de queima, além das
diferentes geometrias de pino de queima e chapa de reparo, mencionadas no item 5.2.
Nesta etapa do projeto buscava-se estabelecer os limites de operação do equipamento,
como também observar o comportamento do processo em diferentes faixas de trabalho. Nesta
etapa, buscou-se também, fazer a regulagem manual das válvulas limitadoras de pressão e da
vazão máxima da válvula direcional proporcional de controle da força axial.
Desta forma, os parâmetros utilizados foram definidos ao longo dos ensaios, tendo em
vista a evolução dos mesmos. A tabela 5.2 ilustra todos os parâmetros utilizados ao longo dos
20 ensaios.
58
Tabela 5.2: Parâmetros utilizados na realização dos ensaios de validação
Ensaio Nº Est.
Força Axial [N]
Vel. Rotação [rpm]
Comp. Queima [mm]
Diâm. Pino [mm]
Diâm. Furo [mm]
Âng. De Ponta
1 1 3000 5000 8 9,35 12 118º
2 1 3000 5000 6 9,35 11 118º
3 1 5000 5000 6 9,35 11 118º
4 1 5000 5000 6 9,35 11 118º
5 1 8000 5000 10 9,35 11 118º
6 1 5000 5000 10 9,35 11 118º
7 2 3000/5000 6500/5000 5/10 9,35 11 118º
8 1 3000 6000 10 9,35 11 118º
9 1 20000 5000 8 12 14,3 118º
10 1 25000 5000 12 12 14,3 118º
11 1 25000 5000 12 12 14,3 118º
12 1 25000 5000 10 12 14,3 118º
13 2 4000/25000 5000/5000 4/8 12 14,3 118º
14 2 4000/25000 5000/5000 4/12 12 14,3 118º
15 2 4000/25000 5000/5000 4/12 12 14,3 118º
16 2 4000/25000 4000/4000 4/12 12 14,3 118º
17 1 25000 5000 12 12 14,3 118º
18 1 25000 5000 12 12 14,3 180º
19 1 25000 5000 12 12 14,3 180º
20 1 25000 5000 12 12,7 14,3 180º
5.4 Análise da qualidade da região de reparo
Durante a realização dos ensaios os valores da força axial, velocidade de rotação e
comprimento de queima eram obtidos e armazenados sendo que, ao término do ensaio os
mesmos eram exportados para realização futura de uma análise mais detalhada. Além da
observação dessas variáveis, foi necessário, para um melhor estudo do processo como um
todo, uma análise mais apurada das condições da região de reparo.
A verificação das condições da região de reparo foi feita em quatro etapas distintas. A
primeira etapa consistia em se fazer uma corte transversal na chapa de reparo, longitudinal ao
pino, e realizar uma inspeção visual para verificar se houve ou não preenchimento do furo pelo
59
material do pino. Em caso positivo, prosseguia-se com a segunda etapa. Na segunda etapa era
feita uma macrografia da seção transversal da peça, na qual observa-se a ocorrência ou não
de ligação metálica entre o material do pino e do furo. Na terceira etapa era realizada a análise
microestrutural da região de reparo, na qual era observada a microestrutura do material
adicionado, como também a microestrutura da interface entre a chapa de reparo e pino de
queima. As micrografias da interface foram feitas em microscópio óptico, enquanto que a
microestrutura do pino foi realizada via microscopia eletrônica de varredura.
A quarta e última etapa consistia em fazer uma avaliação das propriedades mecânicas
da região de reparo, tendo por base o levantamento de perfis de microdureza. Para a
realização dos ensaios de microdureza foi utilizado o penetrador Vickers com carga de 50 gf,
sendo a carga aplicada durante um período de 15 segundos. Para cada amostra foram
realizados dois perfis de microdureza: o primeiro vertical e o segundo horizontal. O perfil
vertical teve seu primeiro ponto a 4 mm abaixo do fundo da região de reparo (Figura 5.4), e o
último ponto do perfil vertical era situado 12 mm acima do fundo da região de reparo. Para
cada ponto duas outras medidas de microdureza eram realizadas: uma situada 0,5 mm à direita
e outra 0,5 mm à esquerda, obtendo-se assim uma média e um desvio padrão para cada ponto
do perfil vertical.
Com relação ao perfil de microdureza horizontal, o mesmo foi realizado 6 mm acima do
fundo da região de reparo, sendo o ponto inicial a 2 mm à esquerda da interface entre o pino e
o furo e o ponto final a 12 mm à direita da mesma interface. Da mesma forma que no perfil
vertical, foram realizados para cada posição duas medidas, uma primeira medida 0,5 mm
acima da medida inicial e uma segunda 0,5 mm abaixo, obtendo, assim, para cada ponto uma
média e o respectivo desvio padrão.
Figura 5.4: Posicionamento das linhas de perfil de microdureza.
60
Capítulo VI
Resultados e Discussões
6.1 Aquisição de dados
Para a realização do ensaio de queima do pino número 1, aplicou-se uma força axial
suposta relativamente baixa, tendo em vista os limites operacionais do equipamento. O gráfico
da figura 6.1 mostra o comportamento das variáveis ao longo do tempo. Observa-se, conduto,
que o ensaio foi interrompido antes que atingisse o comprimento total de queima. Isto se deve
ao fato de que o motor hidráulico travou no meio do ensaio. Além do travamento do motor
hidráulico, esse ensaio apresentou um outro problema que foi a elevada folga radial (1,32 mm)
entre o pino de queima e o furo. Isso fez com que não houvesse o perfeito preenchimento do
furo pelo material do pino. Com o intuído de diminuir a elevada folga radial, passou-se a utilizar
para os ensaios subseqüentes furos da chapa de reparo com diâmetro de 11 mm.
Para sanar o problema do motor hidráulico, decidiu-se inicialmente trabalhar no sistema
de controle do mesmo. Para isto, uma série de alterações nos valores dos parâmetros
direcional, proporcional e integral do PID foi realizada, visando diminuir o tempo de resposta do
sistema de controle e, por conseqüência, evitar o travamento do motor hidráulico. Ao longo
desta etapa foram realizados ao todo sete ensaios (tabela 6.1), sendo que o ganho de força
axial obtido foi bastante reduzido (valor máximo de força axial sem o travamento do motor
hidráulico = 5000 N), indicando que o ideal seria trabalhar na regulagem da válvula limitadora
de pressão do motor hidráulico.
Como pode ser observado na tabela 6.1, apenas os ensaios 2, 4 e 6 obtiveram sucesso,
sendo que os gráficos das figuras 6.2, 6.3 e 6.4 indicam o comportamento das variáveis de
controle ao longo do tempo. Para essas três amostras foram feitas o corte transversal e análise
metalográfica das mesmas, conforme será mencionado no item 6.2 desse capítulo.
62
Vel. de Rotação
Comp. de Queima
Força Axial
Ensaio 1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 5000 10000 15000 20000 25000Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a ax
ial [
N]
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Com
p. Q
ueim
a [m
m]
Figura 6.1: Dados adquiridos durante a execução do ensaio Nº 1, com os seguintes parâmetros
de teste: a) Diâmetro do pino = 9,35 mm, b) Diâmetro do furo = 12 mm, c) Vel. de rotação =
5000 rpm, d) Força axial = 3000 N, e) Profundidade de queima = 8 mm, f) ângulo de ponta =
118º.
Pela análise do gráfico da figura 6.4, observa-se que a velocidade de rotação ficou com
um valor sempre abaixo do estabelecido, isso pode ser explicado pelo fato de que na
realização desse ensaio alterou-se o valor da constante proporcional, diferencial e integral do
cartão de controle PID da velocidade de rotação, fato que alterou o ganho do cartão, fazendo
com que houvesse um erro em regime permanente entre o valor de referência e o valor real da
velocidade de rotação. No entanto, como foi visto nos ensaio 7 e 8, a alteração de tal
parâmetro não trouxe nenhum grande benefício ao comportamento do sistema. Desta forma,
optou-se pela regulagem novamente da constante proporcional do cartão PID em seu valor
inicial. Sendo o mesmo procedimento adotado tanto para os valores da constante integral
quanto para os da constante diferencial.
Os demais ensaios dessa etapa não foram concluídos, pois o motor hidráulico travou,
como pode ser visto na tabela 6.1. Desta forma, nenhuma conclusão mais significativa pode
ser obtida desses ensaios.
63
Tabela 6.1: Parâmetros de processo utilizados nos ensaios de 2 a 8.
Ensaio N.º Est. Força
[N]
Rotação
[rpm]
Comp.
[mm]
Diâm.
Pino [mm]
Diâm.
Furo [mm]
Âng. de
Ponta
Teste
2 1 3000 5000 6 9,35 11 118º Concluído
3 1 5000 5000 6 9,35 11 118º Motor Travou
4 1 5000 5000 6 9,35 11 118º Concluído
5 1 8000 5000 10 9,35 11 118º Motor travou
6 1 5000 5000 10 9,35 11 118º Concluído
7 2 3000/5000 6500/5000 5/10 9,35 11 118º Motor travou
8 1 3000 6000 10 9,35 11 118º Motor travou
Vel. de Rotação
Comp. de Queima
Força Axial
Ensaio 2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 5000 10000 15000
Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xial
[N]
0
1
2
3
4
5
6
Com
p. d
e Q
ueim
a [m
m]
Figura 6.2: Dados adquiridos durante o ensaio 2, cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.1.
64
Vel. de Rotação
Força Axial
Comp. de Queima
Ensaio 4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xial
[N]
0
1
2
3
4
5
6
Com
p. d
e Q
ueim
a [m
m]
Figura 6.3: Dados adquiridos durante o ensaio 4, cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.1.
Vel. de Rotação
Força Axial
Comp. de Queima
Ensaio 6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xial
[N]
0
2
4
6
8
10
12C
omp.
de
Que
ima
[mm
]
Figura 6.4: Dados adquiridos durante o ensaio 6, cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.1.
65
Tendo visto que a alteração dos parâmetros de controle do cartão PID não acarretou na
solução do problema do motor hidráulico, partiu-se para a segunda hipótese do problema, que
era alterar a regulagem da válvula limitadora de pressão. Para determinação do valor da
pressão regulada na válvula, posicionou-se o sensor de pressão utilizado para calibração do
torque na linha de entrada do entrada do motor hidráulico. Ao ligar o motor hidráulico, obteve-
se uma leitura de pressão de 80,5 bar. Esta pressão estava aquém do limite operacional do
equipamento (350 bar). Com isto optou-se em regular a pressão da válvula para o valor de 315
bar, aumentando-se a capacidade de torque do motor de aproximadamente 4 vezes.
Após a realização do ajuste da válvula limitadora de pressão, posicionou-se o sensor de
pressão na linha de saída de fluido do motor hidráulico, e passou-se a monitorar o torque
conforme descrito no item 4.4, passando essa a ser uma variável a mais a ser analisada nos
ensaios subseqüentes.
Com o intuito de verificar as novas condições de operação do motor hidráulico, realizou-
se o ensaio número 10, no qual utilizaram-se os seguintes parâmetros: Velocidade de rotação
= 5000 rpm, Força axial = 25.000 N, Comp. de queima = 8 mm, Diâm. pino = 12 mm, Diâm. furo
= 14.3 mm e ângulo de ponta = 118º. Durante a realização desse ensaio, o motor hidráulico
funcionou perfeitamente, indicando que o problema realmente era devido ao baixo torque
advindo de uma baixa pressão na linha de entrada de fluido. Não foi possível salvar os dados
adquiridos durante esse ensaio devido à problemas técnicos no sistema operacional da CPU.
A próxima etapa do trabalho foi a realização dos ensaios de número 10 ao 20, cujos
parâmetros de teste, características geométricas das amostras e principais observações
durante a execução do ensaio são descritas na tabela 6.2.
Realizaram-se inicialmente os ensaios 10, 11 e 12. Como pode ser visto na tabela 6.2,
os três ensaios falharam, sendo que o motivo da falha, neste caso, não foi conseqüência de
nenhum problema operacional do equipamento, e sim devido ao ajuste dos parâmetros de
teste. A partir desse ponto, passou-se a dar uma ênfase maior no processo visto que, todos os
problemas anteriormente observados no equipamento foram solucionados.
Ao analisar os pinos de queima dos ensaios 10, 11 e 12, observou-se que todo o
material plastificado encontrava-se aderido aos mesmos e que, nenhum material foi aderido às
partes laterais do furo da chapa de reparo, não havendo, portando, nenhum preenchimento do
furo. Tal fato indicou que para aqueles valores de velocidade de rotação e força axial a folga
radial utilizada (1,15 mm) foi excessiva. Dessa forma, resolveu-se: variar as condições de
referência, passando a fazer o ensaio em dois estágios (ensaios 13, 14, 15 e 16); variar a folga
radial (ensaio 20); e ainda variar a geometria de ponta tanto do pino de queima, quanto do furo
da chapa de reparo (ensaios 18, 19 e 20).
66
Tabela 6.2: Dados de entrada dos ensaios de número 10 a 20, características geométricas das
amostras.
Ensaio N.º Est. Força
[N]
Rotação
[rpm]
Comp.
[mm]
d
[mm]
D
[mm]
Âng. De
ponta
Obs.:
10 1 25000 5000 12 12 14,3 118º Furo sem preenchimento
11 1 25000 5000 12 12 14,3 118º Furo sem preenchimento
12 1 25000 5000 10 12 14,3 118º Furo sem preenchimento
13 2 4000/25000 5000/5000 4/8 12 14,3 118º O.k.!
14 2 4000/25000 5000/5000 4/12 12 14,3 118º O.k.!
15 2 4000/25000 5000/5000 4/12 12 14,3 118º O.k.!
16 2 4000/25000 4000/4000 4/12 12 14,3 118º O.k.!
17 1 25000 5000 12 12 14,3 118º Furo sem preenchimento
18 1 25000 5000 12 12 14,3 180º Furo sem preenchimento
19 1 25000 5000 12 12 14,3 180º Furo sem preenchimento
20 1 25000 5000 12 12,7 14,3 180º OK!
Em todos os ensaios realizados em dois estágios houve o preenchimento do furo da
chapa de reparo pelo material do pino de queima. Contudo, como será visto posteriormente,
nesses ensaios, apesar do furo ser quase que totalmente preenchido, não houve formação de
ligação metálica entre o material do pino de queima e as paredes laterais do furo, havendo
formação de ligação metálica apenas entre o material do pino de queima e o fundo do furo.
Ao analisar os gráficos de dados adquiridos desses ensaios, observou-se que todos
possuíam a mesmas características. A figura 6.5 mostra o gráfico de dados adquiridos do
ensaio 16. Nesse gráfico, pode-se perceber que ao longo de todo o ensaio a velocidade de
rotação permanece praticamente constante oscilando em torno de seu valor de referência
(4000 rpm). O torque resistivo, ao contrário, primeiramente atinge um pico de máximo
decorrente da aplicação da força axial e posteriormente começa a cair, tal queda pode ser
explicada devido ao aumento da temperatura do pino o que levou a uma diminuição do limite
de escoamento do material de tal forma que se tivesse um contato visco-plástico. O torque
resistivo volta a crescer quando o processo entra no segundo estágio. Esse acréscimo é devido
o aumento da força axial.
67
Com
p. d
e Q
ueim
a
Vel. de Rotação
Torque Resistivo
Ensaio 16
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 5000 10000 15000 000Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xial
[N]
0
2
4
6
8
10
12
14
Torq
ue re
sist
ivo
[N x
m]
Com
p. d
e Q
ueim
a [m
m]
20
Forç
a A
xial
Figura 6.5: Dados adquiridos durante o ensaio 16. Cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.2.
Outra curva interessante a ser analisada do gráfico da figura 6.5 é a curva do
comprimento de queima. Percebe-se inicialmente que se tem uma taxa de queima alta, pois
nesse estágio, a área transversal do pino, devido a sua geometria de ponta ser cônica é menor.
Posteriormente, a taxa de queima diminui e fica praticamente constante, pois nesse estágio,
tanto a força quanto a área transversal do pino continuam constantes. Ao entrar no segundo
estágio, a taxa de queima do pino aumenta novamente. Contudo, ao contrário do que se
esperava, a mesma estabilizou-se a uma taxa constante antes que a força axial atingisse seu
valor de referência. Tal característica se deve ao fato de que o cartão de controle PID da força
axial foi regulado para uma vazão máxima de 1,36 L/min o que corresponde a uma velocidade
de deslocamento axial máxima de 3 mm/s. Essa velocidade corresponde à máxima taxa de
queima que o pino pode atingir e, portanto, inferior à necessária para que a força axial atingisse
seu valor de referência. Observa-se, que tal característica se repete ao longo dos ensaios 18,
19 e 20.
Após a realização dos ensaios de número 13 à 16 foi executado o ensaio de número 17,
o qual tinha as mesmas características dos ensaios 10, 11 e 12. Assim o resultado do ensaio
17 acompanhou às características daqueles, não havendo preenchimento do furo por parte do
68
material do pino. Confirmando, que para as características geométricas empregadas, somente
o processo em dois estágios, sendo o primeiro com baixa carga axial, poderia vir a resultar no
preenchimento do furo.
Com o intuito de prover total preenchimento do furo, com o processo em apenas um
estágio, trabalhou-se na geometria do pino e do furo. Inicialmente, manteve-se a folga radial e
alterou-se a geometria de ponta do pino, passando esta a ter um ângulo de 180º apresentado
na figura 5.2, e também a geometria da ponta do furo que passou a ter o mesmo ângulo (figura
5.3). Após a realização dos ensaios 18 e 19, percebeu-se que o fenômeno que ocorreu durante
os ensaios 10, 11, 12 e 17 novamente se repetiu, ou seja, todo material plastificado do pino
ficou aderido ao mesmo, não havendo preenchimento do furo da chapa de reparo. Desta
forma, ficou claro que a folga radial até então utilizada, trabalhando em apenas 1 estágio, era
excessiva.
As figuras 6.6 e 6.7 mostram os gráficos dos dados adquiridos para os ensaios 18 e 19,
respectivamente. Em ambos os gráficos, tal como ocorrido durante o ensaio 16, a velocidade
de rotação se manteve em torno do seu valor de referência. O valor de torque máximo chegou
a valores pouco inferiores a 20 N*m para o ensaio 18 e pouco superiores a isso durante o
ensaio 19. Com relação à força axial e ao comprimento de queima, o mesmo fenômeno
observado durante o ensaio 16 se repetiu. Em ambos os casos, a força axial máxima foi inferior
a 20.000 N, valor abaixo do valor de referência, e ainda a taxa de queima do pino se manteve
constante e aproximadamente igual a 3 mm/s.
Depois de realizado os ensaios 18 e 19, foi executado o ensaio 20, sendo que neste
ensaio, o furo tinha as mesmas características dos ensaios 18 e 19. O pino de queima alterava
geometricamente dos anteriores apenas pelo aumento do diâmetro, passando a ter φ = 12,7
mm (figura 5.2). Desta forma, houve uma redução da folga radial de 1,15 mm para 0,8 mm.
Conforme esperado, com uma menor folga radial, o furo da chapa de reparo foi preenchido
pelo material do pino, e mais, como será visto posteriormente, assim como nos ensaios 13, 14,
15 e 16, houve a formação da ligação metálica entre o material do pino e o fundo da chapa de
reparo.
69
Força Axial Torque Resistivo
Vel. de Rotação
Comp. de Queima
Ensaio 18
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xaia
l [N
]
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Torq
ue R
esis
tivo
[N x
m]
Com
p. d
e Q
ueim
a [m
m]
Figura 6.6: Dados adquiridos durante o ensaio 18. Cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.2.
Força Axial
Torque Resistivo
Vel. de Rotação
Comp. de Queima
Ensaio 19
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
0 1000 2000 3000 4000 5000Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xial
[N]
0
5
10
15
20
25To
rque
Res
istiv
o [N
x m
] C
omp.
de
Que
ima
[mm
]
Figura 6.7: Dados adquiridos durante o ensaio 19. Cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.2.
70
Através da análise do gráfico dos dados adquiridos para ensaio 20 (figura 6.8), percebe-
se, nitidamente, um valor de pico máximo para o valor do torque resistivo (aproximadamente 30
N*m), bastante superior aos valores obtidos anteriormente, o que se explica devido ao aumento
do diâmetro do pino. Outro detalhe interessante a ser observado na mesma curva do torque é a
presença de uma queda abrupta do mesmo, explicada pela plastificação do material, formando
um sistema visco-plástico, fenômeno semelhante ao que ocorre no processo de soldagem por
atrito, fase τ3 do processo de soldagem por atrito apresentado (Lebedev and Chernenko,
1992). A curva de velocidade de rotação aparece com um valor de mínimo, que não
coincidentemente acontece no mesmo instante de torque máximo. Essa pequena queda é
explicada pelo fato de que o sistema de controle levou alguns instantes para recuperar a
velocidade de rotação em seu valor de referência inicial.
As curvas de força axial e de comprimento de queima seguiram a mesma tendência das
curvas anteriores. Como solução a esse problema foi proposto que, para os ensaios
subseqüentes, fosse alterada a regulagem da vazão máxima do cartão de controle PID da
força axial, aumentando o limite de vazão de 1,36 L/min para 2,72 L/min e, aumentando a taxa
de queima de 3 mm/s para 6 mm/s. Espera-se que esse valor seja superior ao necessário para
que o sistema faça o controle da força axial no valor de referência e, ainda, não muito elevado
a ponto de gerar um impacto nos rolamentos no momento do contato inicial entre o pino de
queima e o furo.
Força Axial
Torque Resistivo
Vel. de RotaçãoComp. de Queima
Ensaio 20
0
5000
10000
15000
20000
25000
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo [ms]
Vel.
de R
otaç
ão [r
pm]
Forç
a A
xial
[N]
0
5
10
15
20
25
30
Torq
ue R
esos
tivo
[N x
m]
Com
p. d
e Q
ueim
a [m
m]
Figura 6.8: Dados adquiridos durante o ensaio 20. Cujos parâmetros de teste são descritos na
tabela 6.2.
71
6.2 Macrografias e inspeção visual
Inicialmente foi realizada a análise macrográfica dos ensaios 2, 4 e 6. A figura 6.9 ilustra
a macrografia do ensaio número 2. Percebe-se por essa macrografia, que não houve total
preenchimento do furo por parte do material do pino, indicativo de uma baixa força axial.
Nas figuras 6.10 e 6.11, tem-se as macrografias dos ensaios 4 e 6, respectivamente.
Nesses ensaios utilizou-se como parâmetro de entrada uma carga axial de 5000 N. Percebe-
se, que para a carga axial aplicada houve quase que total preenchimento do furo da chapa de
reparo pelo material do pino. No entanto, fica claro a presença de vazios, indicado por
manchas escuras, na parte interna ao pino.
Além da presença desses vazios, pode ser visto em ambas as macrografias uma linha
escura ao longo de todo o contorno da interface entre o pino de queima e a chapa de reparo,
indicando a ausência de ligação metálica, fato que pode ser confirmado pela figura 6.11 b.
Figura 6.9: Macrografia do ensaio 2, indicando não haver total preenchimento do furo por parte
do pino, além de não existir nenhum ponto com ligação metálica.
72
Figura 6.10: Macrografia do ensaio 4. Presença de vazios indicados por manchas escuras e
ausência de formação de ligação metálica.
a) b)
100 µm
Figura 6.11: a) Macrografia do ensaio 6, com manchas escuras indicando a presença de
vazios; e b) Ampliação mostrando vazios na interface entre a chapa de reparo e o pino de
queima, indicando ausência de ligação metálica.
A figura 6.12 refere-se à chapa de reparo do ensaio 15 (os ensaios 13, 14 e 16
apresentaram característica similar). Observa-se por essa foto a presença de vazios em várias
regiões da peça, principalmente no que concerne à parede lateral e na região de transição
entre o fundo do furo e a parede lateral do mesmo. No entanto, ao contrário dos ensaios 2, 4, e
6, na interface entre o fundo da chapa de reparo e o pino de queima existe uma região com
indicação de formação de ligação metálica, fato que será melhor discutido no item 6.3 desse
capítulo.
73
Figura 6.12: Foto da seção transversal do ensaio 15. Presença de vazios nas laterais e na
região de transição fundo/parede lateral, e possível presença de regiões com ligação metálica.
Também foi realizada uma análise visual da seção transversal da peça do ensaio 20
(figura 6.13). Pela análise da mesma, percebe-se a falta de material plastificado na parte
superior da peça, provavelmente devido ao maior comprimento do furo (figura 5.3), visto que o
comprimento de queima manteve-se em 12 mm.
Na parede lateral inferior há um preenchimento quase que total de material, contudo há
uma nítida linha escura indicando a falta de ligação metálica entre a chapa de reparo e o pino.
Na região de transição entre o fundo e a parede lateral também não houve preenchimento do
furo por parte do pino, indicando essa ser uma região também problemática necessitando de
uma maior análise empírica. No que tange à parte inferior do furo, semelhantemente ao visto
anteriormente, há uma nítida indicação formação de ligação metálica, a qual será analisada
posteriormente no item 6.3.
74
Região central
com pequena taxa
de deformacao
Figura 6.13: Foto da seção transversal do ensaio 20. Presença de vazios nas laterais e na
região de transição fundo/parede lateral, e possível presença de regiões com ligação metálica.
6.3 Micrografias
Após verificada a indicação de formação de ligação metálica das amostras referentes
aos ensaios de 13 a 16 e ao ensaio 20, foi realizado o estudo microestrutal dessas amostras.
Ao analisar as figuras 6.14 e 6.15 a), referentes à interface entre o fundo da chapa de
reparo e o pino de queima, observa-se que, em ambos os casos, a nítida formação da ligação
metálica entre as peças.
Através da análise dessas figuras, percebe-se também, uma transição brusca entre a
microestrura da chapa de reparo constituída de faixas de perlita intercaladas com faixas de
ferrita e a microestrutura do pino. A microestrutura do pino, por sua vez, apresenta-se bastante
refinada e, constituída, muito provavelmente de ferrita acicular.
75
Figura 6.14: Figuras da análise microstrutural da amostra 15: a) Região de interface inferior
entre o pino e o furo e b) Microestrutura do pino de queima.
50 µm
50 µm 10 µm
10 µm
Material do pino
Material de base
Material do pino
Material de base
b)a)
b)a)
Figura 6.15: Figuras da análise microstrutural da amostra 20: a) Região de interface inferior
entre o pino e o furo e b) Microestrutura do pino de queima.
6.4 Ensaios de microdureza
A figura 6.16 mostra o perfil de microdureza horizontal da amostra referente ao ensaio
20. Percebe-se nitidamente um ligeiro aumento de dureza na região referente à parte
preenchida pelo pino de queima. Isso pode ser explicado pelo fato de que essa região contém
uma microestrutura bastante refinada, com forte presença de ferrita acicular (figura 6.15),
provendo, assim, maiores valores de dureza na região em relação ao metal de base. Outro
detalhe que pode ser observado é uma pequena queda da microdureza ao longo do perfil a
partir da posição 2,5 mm seguida, posteriormente, de um aumento a partir da posição 10 mm,
decorrente da falta de deformação do pino em sua região central, como pode ser visto na figura
6.13
76
As figuras 6.17 e 6.18 ilustram os perfis verticais de microdureza das amostras
referentes aos ensaios 15 e 20, respectivamente. Na figura 6.17 nota-se que a microdureza
tende a aumentar seu valor à medida que se aproxima da região da interface, na qual assume
um valor de pico, que pode ser explicado pela transição abrupta de microestrutura (figura 6.14).
Assim como no perfil de microdureza horizontal referente ao ensaio 20, percebe-se que a
região referente ao pino de queima possui valores de microdureza ligeiramente superiores aos
do metal de base devido às suas características microestruturais.
Na figura 6.18, referente ao ensaio 20, observa-se situação semelhante, na qual, na
região da interface entre o pino de queima e o furo há um valor de pico, com grandes
oscilações para pontos laterais, oscilações essas decorrentes da transição de microestrutura.
Outro fato importante a ser observado é que nesse caso o valor de microdureza teve pico 370
Kgf/cm2, bastante superior ao referente ao ensaio 15 (210 Kgf/cm2), provavelmente decorrente
de um maior encruamento nessa região quando comparado ao ensaio 15, ou ainda pelo fato de
que a temperatura da região possa ter sido suficiente para que houvesse a austenetização do
material e conseqüente formação de uma microestrutura martensítica.
100
120
140
160
180
200
220
240
-4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
Posição [mm]
Perf
il H
oriz
onta
l de
Mic
rodu
reza
H
V(0.
05)
Junção
Figura 6.16: Perfil de microdureza horizontal da amostra referente ao ensaio 20.
77
100
120
140
160
180
200
220
240
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14Posição (mm)
Perf
il Ve
rtic
al d
e M
icro
dure
za H
V(0.
05)
Junção
Figura 6.17: Perfil de microdureza vertical da amostra referente ao ensaio 15.
0
70
140
210
280
350
420
-6,00 -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00Posição (mm)
Perf
il Ve
rtic
al d
e M
icro
dure
za H
V(0.
05)
Junção
Figura 6.18: Perfil de microdureza vertical da amostra referente ao ensaio 20.
78
Capítulo VII
CONCLUSÕES
Ao longo desse trabalho foram desenvolvidas várias etapas do projeto de
desenvolvimento de um equipamento para reparo de trincas por atrito. Dentre essas etapas,
citam-se: desenvolvimento conceitual da estrutura física do equipamento, passando pelo
dimensionamento, confecção de desenhos técnicos, desenvolvimento do sistema de controle e
software, acompanhamento de fabricação, instalação e montagem, calibrações, ensaios
preliminares de validação do equipamento e determinação dos limites operacionais.
O desenvolvimento de tais etapas permitiu obter um maior conhecimento do equipamento
e do processo, estabelecendo parâmetros de ajuste do equipamento que melhor atendeu o
processo, além de levantar dados baseados nos quais se possa propor uma matriz de ensaios
buscando, dessa vez, otimizar o processo para um preenchimento total do furo pelo pino de
queima, como também otimizá-lo no que tange às propriedades mecânicas da região de
reparo.
Assim sendo, a partir do que foi exposto nessa dissertação pode-se tirar as seguintes
conclusões:
i - Ao final do projeto, obteve-se uma infra-estrutura, até então inexistente no país,
para o estudo do processo de reparos de trincas por atrito, a qual permitirá
estabelecer parâmetros ótimos do referido processo para os diversos tipos de
materiais metálicos, visando a futura utilização do mesmo em estruturas “offshore”
e/ou áreas classificadas. Também com a referida estrutura será permitido estudar
outros processos utilizados na indústria aeronáutica, ou ainda novas vertentes do
processo de reparo de trincas por atrito que possam vir a ser propostas no cenário
mundial;
ii - O equipamento desenvolvido pode trabalhar com velocidades de rotação de até
8000 rpm, força axial de 50 KN e força tangencial de 10 KN (situação em que se
utiliza uma mesa x), simultaneamente. Sendo que os componentes críticos, que
vêm a limitar as forças axial e tangencial e a velocidade de rotação do
equipamento, são os mancais de rolamento, os quais possuem vida útil limitada;
80
iii - O dimensionamento estrutural dos principais componentes da cabeça de reparo
(haste vazada e cilindro externo) foi realizado com o auxílio do programa
computacional comercial de elementos finitos ANSYS 6.0®. Tanto a haste vazada
como cilindro externo, devido aos requisitos geométricos mínimos necessários
para a sua fabricação, apresentaram coeficientes de segurança bastante elevados;
iv - O sistema de controle utilizado, consta de cartões PID analógicos, que atuam em
dois sistemas distintos: primeiramente, na força axial através da pressão de óleo
da linha de entrada da haste hidráulica, sendo o elemento atuado a válvula
direcional proporcional de controle de pressão. E, em segundo, na velocidade de
rotação através da vazão de óleo da linha de entrada do motor hidráulico, sendo o
elemento atuado a válvula direcional proporcional de controle de vazão. Ambas as
válvulas direcionais proporcionais possuem tempo de reposta de 15 ms. O baixo
tempo de resposta do sistema permite o perfeito controle das variáveis em um
processo que dura em torno de 10 segundos.
v - O programa computacional de controle do sistema foi implementado com o auxílio
do programa comercial LabView 6.0®. O algoritmo do sistema permite a
identificação de qualquer falha durante o processo, interrompendo o mesmo e
gerando uma mensagem de segurança. As variáveis de processo são inseridas
pelo usuário em um ambiente gráfico de fácil operação. O algoritmo também
permite monitorar todas as variáveis em tempo real através de acompanhamento
gráfico, além de armazenar todos os dados adquiridos para posterior exportação
dos mesmos, permitindo o tratamento dos mesmos para uma melhor análise dos
resultados. Para se ter uma maior facilidade de implantação e otimização do
programa e, ainda, permitir a inserção de novas fases ao processo (inserção da
mesa x por exemplo) o algoritmo foi estruturado em sub-rotinas;
vi - Na calibração de todas as variáveis, à exceção do torque resistivo, foram
observados coeficientes de correlação superior a 0,99, indicando uma elevada
correlação. Foram observadas pequenas diferenças entre as equações de
calibração do sinal de saída da força axial e velocidade de rotação, em relação às
equações de calibração do sinal de entrada, diferenças essas decorrentes dos
diferentes ganhos do sistema de controle no que tange aos sinais de entrada e
saída;
81
vii - Para o perfeito funcionamento do sistema é preciso trabalhar com pressões
hidráulicas na entrada do motor hidráulico da ordem de 31,5 MPa. Pressão essa
suficiente para prover torque ao motor hidráulico capaz de vencer o torque resistivo
decorrente do atrito dinâmico entre a chapa de reparo e o pino de queima. A
utilização de valores de pressão hidráulica inferiores pode levar ao travamento do
motor hidráulico durante o processo de reparo;
viii - Com aplicação de valores mais elevados de forças axiais, faz-se necessário, para
que se tenha controle da força ao longo de todo o processo, a elevação da vazão
máxima da válvula direcional proporcional de controle da força axial, pois para
elevadas cargas axiais, a taxa de queima do pino ficou limitada por essa vazão
(para a vazão de 1,2 L/min tem-se uma taxa de queima máxima do pino de 3
mm/s, inferior à necessária para o perfeito andamento do processo);
ix - Ao longo do processo, à exceção dos ensaios em que houve o travamento do
motor, o sistema de controle da velocidade de rotação se mostrou bastante eficaz
mediante as variações de torque resistivo, não permitindo grandes oscilações da
velocidade de rotação em relação ao seu valor de referência;
x - Os valores de torque resistivo máximo são obtidos durante o início do processo,
sendo que seu valor sofre uma forte queda em uma segunda etapa. Essa queda do
torque é atribuída à formação de um regime semi-viscoço, pois o material do pino
nessa etapa, devido às altas temperaturas apresenta baixos limites de
cisalhamento favorecendo assim a diminuição do atrito entre o pino de queima e o
furo da chapa de reparo reduzindo o torque resistivo;
xi - A utilização de baixas cargas axiais (valores inferiores a 5 KN) dificulta a formação
de ligação metálica entre o pino de queima e a chapa de reparo, além de deixar
vazios no interior da região preenchida pelo pino de queima. Fica eliminado,
portanto, a utilização do processo de reparo de trincas nessa faixa de força axial;
82
xii - A utilização do processo em dois estágios, com carga axial do primeiro estágio
inferior ao do segundo estágio, pode vir a favorecer o preenchimento do furo da
chapa de reparo pelo pino de queima, quando da utilização de folgas radiais
maiores, como também pode vir a evitar picos de torque no motor hidráulico no
início do processo. Contudo, um maior estudo sobre os valores da força axial do
primeiro e do segundo estágio deve ser realizados, para que se tenha valores
ótimos que levem a formação da ligação metálica ao longo de toda a região de
interface entre o pino de queima e o furo da chapa de reparo;
xiii - Valores elevados de folga radial fazem com que não haja o preenchimento do furo
da chapa de reparo pelo pino de queima, pois com folgas elevadas, o material do
pino que é plastificado adere-se ao próprio pino, não entrando em contato com a
parede do furo. Em contrapartida, valores de folga radial reduzidos podem levar a
um excessivo torque resistivo que pode vir a ser superior ao limite do motor
hidráulico ou ainda, ser superior ao limite de algum componente mecânico do
equipamento;
xiv - A região do pino deformada plasticamente apresenta valores de microdureza
superiores ao do metal de base, indicando uma possível austenetização do metal e
encruamento do mesmo. Fazendo que, essa região possa vir a ter propriedades
mecânicas superiores ao material a ser reparado.
xv - Não foi possível, dentro do escopo do trabalho, concluir quais são as faixas de
valores das variáveis de entrada estipuladas pelo usuário ideais para que se
obtivesse: a) total preenchimento do furo pelo pino de queima e b) formação da
ligação metálica entre os mesmos;
xvi - Estudos mais profundos e elaborados são necessários para que, não só se
obtenha parâmetros ótimos (folga radial, força axial de cada estágio, velocidade de
rotação de cada estágio, número de estágios e força de forjamento) do processo
para os diversos tipos de materiais aplicados na indústria offshore, como também
adquirir um maior conhecimento do processo como todo visando obter os seus
limites de operação, aplicabilidade e potencialidades.
Capítulo VIII
TRABALHOS FUTUROS
O processo de reparo de trincas por atrito é relativamente recente, e poucos estudos
fenomenológicos são encontrados na bibliografia a seu respeito. Com o intuito de sua futura
utilização em campo, vários testes devem ser preliminarmente realizados. Assim, sugere-se a
realização de ensaios de otimização dos parâmetros do equipamento, visando obter uma
região de reparo totalmente preenchida pelo pino de queima e na qual haja formação de
ligação metálica ao longo de todo o contorno entre o pino de queima e o furo da chapa de
reparo.
Para realização desses ensaios, sugere-se a utilização de uma matriz, na qual a variação
dos valores de parâmetros do processo permita tirar conclusões independentes da influência
de cada um no processo como um todo, como também entender a influência de seu efeito
combinado. Para tal, deve-se utilizar ferramentas estatísticas apropriadas de otimização. As
principais variáveis avaliadas nessa etapa devem a força axial, força de forjamento, velocidade
de rotação, folga radial, geometria de ponta do pino e do furo da chapa de reparo e
profundidade do furo.
Também sugere-se a realização de ensaios em aços API utilizados na indústria
“offshore”, com o intuito de avaliar as propriedades mecânicas da região de reparo. Nesses
aços sugere-se ainda a realização de ensaios com o sistema submerso em água, visando
compreender a influência do meio nas propriedades mecânicas e na qualidade da região de
reparo.
Para a compreensão do processo, também sugere-se a inserção de células de carga na
chapa de reparo, na parede lateral e no fundo do furo de modo a obter os esforços atuantes
nessas regiões. De modo análogo, sugere-se a introdução de termopares nas mesmas
regiões, obtendo os perfis de temperaturas ao longo do tempo em cada região. Com a
combinação dessas duas informações poder-se-á ter um maior conhecimento do processo.
Também sugere-se, a realização de ensaios em aços inoxidáveis e aços carbono com
furos passante. Recomenda-se, também, a realização de ensaios com proteção gasosa e em
ambientes molhados
Já está sendo desenvolvida no Laboratório de Tribologia e Materiais da Universidade
Federal de Uberlândia, uma nova cabeça de reparo a ser utilizada em campo, a qual contará
com um motor hidráulico de maior torque. Com a nova cabeça de reparo será possível a
84
utilização de maiores cargas axiais e maiores diâmetros de pino avaliando suas influências no
processo. Essa nova cabeça de reparo utilizará a mesma unidade hidráulica e sistema de
controle da já então desenvolvida.
Finalmente, pretende-se, após os ensaios em laboratórios, realizar os ensaios de campo
e verificar as reais potencialidades do processo.
Capítulo IX
REFERÊNCIAS
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86
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Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
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