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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE RECURSOS DA AMAZÔNIA Carmem Lúcia Alencar da Silva EFEITO DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MISTURAS ASFÁLTICAS DA AMAZÔNIA MANAUS 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

RECURSOS DA AMAZÔNIA

Carmem Lúcia Alencar da Silva

EFEITO DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS

DAS MISTURAS ASFÁLTICAS DA AMAZÔNIA

MANAUS

2012

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Carmem Lúcia Alencar da Silva

EFEITO DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS

DAS MISTURAS ASFÁLTICAS DA AMAZÔNIA

Dissertação submetida como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau

de mestra ao Programa de Pós-graduação em

Engenharia de Recursos da Amazônia da

Universidade Federal do Amazonas cuja área

de concentração é Engenharia de Recursos

Naturais.

Orientadora: Consuelo Alves da Frota, DSc.

MANAUS

2012

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Silva, Carmem Lúcia Alencar da, 1981-

Efeito da temperatura nas propriedades mecânicas das misturas asfálticas da

Amazônia / Carmem Lúcia Alencar da Silva. – 2012.

87 f. : il. color. ; 24 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Amazonas, Curso de Pós-

graduação em Engenharia de Recursos da Amazônia, 2012.

Orientação: Profa. Dr

a. Consuelo Alves da Frota, Departamento de

Geotecnia e Transporte.

1. Pavimento. 2. Defeitos. 3. Temperatura de serviço. I. Frota, Consuelo

Alves da. II. Universidade Federal do Amazonas. Curso de Pós-graduação em

Engenharia de Recursos da Amazônia. III. Título.

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Carmem Lúcia Alencar da Silva

EFEITO DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS

DAS MISTURAS ASFÁLTICAS DA AMAZÔNIA

Dissertação submetida como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau

de mestra ao Programa de Pós-graduação em

Engenharia de Recursos da Amazônia da

Universidade Federal do Amazonas cuja área

de concentração é Engenharia de Recursos

Naturais.

DATA DE APROVAÇÃO: 17 de AGOSTO de 2012.

APROVADA POR:

_________________________________________

CONSUELO ALVES DA FROTA, DSc. (Universidade Federal do Amazonas)

(ORIENTADORA)

_________________________________________

HIDEMBERGUE ORDOZGOITH DA FROTA, DSc. (Universidade Federal do

Amazonas)

(EXAMINADOR INTERNO)

_________________________________________

LUCINDO ANTUNES FERNANDES FILHO, DSc. (Universidade Federal do

Amazonas)

(EXAMINADOR EXTERNO)

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu pai João Luís (in memoriam), primeiro e maior incentivador da minha vida

acadêmica, sempre presente, participativo e colaborador, e que hoje assiste a esta conquista de

camarote. Eu te amarei eternamente!

Dedico também ao meu avô Isaias (in memoriam), cujo papel foi fundamental em minha

educação, e a quem sempre busquei seguir o exemplo!

Dedico ainda a minha mãe Luzia, batalhadora na criação dos filhos, nos dando toda a

estrutura para que priorizássemos sempre nossos estudos, e exemplo de mulher! E aos meus

irmãos Inês e Joãozinho, meus maiores torcedores!

Enfim, dedico ao meu esposo Petrônio e a minha filha Beatriz. Que esta vitória alcançada se

converta em bons frutos para nossa família!

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar e sempre eu agradeço a DEUS, pois nada acontece sem a Sua permissão.

Agradeço aos meus pais, meus irmãos e meus sogros, que me deram a estrutura física e

emocional ao longo deste trabalho, para que ele pudesse ser feito. E também ao meu esposo e

filha, pelo tempo de convívio abdicado em prol desta realização, que não é pessoal, mas sim

de todos nós.

Agradeço imensamente a Professora Consuelo, pela confiança em mim depositada e por todos

os ensinamentos, orientações, conselhos e lições que se estenderam além do nível acadêmico

ao longo de quase uma década em que trabalhamos juntas.

Obrigada também a todos os colegas e amigos do Grupo GEOTEC da UFAM, pelo convívio,

amizade e troca de experiências, valiosíssimos ao longo desses anos. Em especial, aos que

colaboraram neste trabalho direta ou indiretamente: Diego, Francivaldo, Reginaldo, Marcos,

Graça, Daniela e Tayana. E meu obrigada ainda mais especial ao Cleudinei, pois sem o seu

apoio técnico e moral, este trabalho não teria se realizado.

Obrigada ao Maurício, a Professora Elizabeth e a todos os membros do Programa de Pós-

graduação em Engenharia de Recursos da Amazônia pelo empenho na realização deste

trabalho.

Por fim, agradeço ao CNPq pela concessão da bolsa de pesquisa, a qual deu origem a esta

dissertação.

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RESUMO

Os revestimentos asfálticos da cidade de Manaus apresentam-se, em geral, com trincas em

decorrência principalmente pela não presença do agregado graúdo, aliada às altas

temperaturas de serviço a que ficam submetidos. Esta pesquisa experimental objetiva testar a

resistência e a susceptibilidade de revestimentos asfálticos feitos com resíduos (da construção

civil e do parque industrial) como alternativa aos agregados naturais, aos efeitos da

temperatura (25oC a 60

oC), por meio de ensaios: resistência à tração por compressão

diametral, módulo de resiliência e vida de fadiga. Foram testadas quatro misturas asfálticas: a)

concreto asfáltico com seixo rolado no papel de agregado graúdo, proveniente dos rios

amazônicos; b) concreto asfáltico com o resíduo da construção civil e demolição em

substituição ao seixo; c) areia asfalto a quente com areia típica da região e cimento usado

como fíler; e d) areia asfalto a quente com areia típica da região e cal de carbureto

substituindo o cimento. Os resultados mostraram que o comportamento mecânico das

misturas asfálticas compostas com os materiais alternativos (resíduo de construção e cal de

carbureto) foi superior ao das misturas feitas com os compósitos usuais, consistindo, portanto,

alternativas técnica e ambientais à região.

Palavras-chave: revestimento asfáltico, defeitos, temperatura de serviço, misturas asfálticas,

resíduo da construção civil e demolição, cal de carbureto.

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ABSTRACT

The asphalt coating of the city of Manaus presents, in general, with cracks mainly due to the

non presence of coarse aggregate, coupled with high operating temperatures that are

submitted. This experimental research aims to test the resistance and susceptibility of asphalt

coatings made from waste (construction and industrial) as an alternative to natural

aggregates, the effects of temperature (25oC to 60

oC), by tests: indirect tensile test, resilient

modulus and fatigue test. Four asphalt mixes were tested: a) asphalt concrete with gravel in

the role of coarse aggregate, from Amazonian rivers, b) with asphalt concrete waste from

construction and demolition to replace the gravel c) sand asphalt hot sand typical of the

region and cement used as filler, and d) sand asphalt hot sand typical of the region and

replacing the calcium carbide cement. The results showed that the mechanical behavior of

asphalt mixtures compound with alternative materials (construction waste and calcium

carbide) was superior to blends made with the usual composite consisting therefore technical

and environmental alternative to the region.

Keywords: coating asphalt, defects, pavement temperature, asphalt mixes, waste from

construction and demolition, calcium carbide.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Demolição do Estádio Vivaldo Lima em Manaus/AM (Foto disponível em:

http://acritica.uol.com.br/manaus/Economia-Copa_2014-emprego-vivaldo_lima-

construcao_civil-estadio-arena-Manaus-Amazonia-Amazonas_5_310218977.html) ..... 15

Figura 2: Esquema de seção transversal do pavimento (DNIT, 2006). .................................... 19 Figura 3: Revestimento asfáltico (camada superficial do pavimento) (Arquivo GEOTEC –

UFAM). ............................................................................................................................ 20 Figura 4: Revestimento asfáltico e camadas adjacentes (Arquivo GEOTEC – UFAM). ......... 20

Figura 5: Trincas por fadiga (couro de jacaré) (Arquivo GEOTEC – UFAM). ....................... 21 Figura 6: Prensa Marshall (Arquivo GEOTEC – UFAM). ...................................................... 22 Figura 7: Pulso de carga (BERNUCCI et al, 2007). ................................................................ 25

Figura 8: (a) Tensões constantes no ensaio de Vida de Fadiga por tensão controlada e (b)

deformações causadas por elas (BERNUCCI et al., 2007). ............................................. 27 Figura 9: (a) Deformações constantes no ensaio de Vida de Fadiga por deformação controlada

e (b) tensões necessárias para causá-las (BERNUCCI et al, 2007). ................................. 28

Figura 10: Variação do coeficiente de Poisson com a temperatura (MELO, 2010). ................ 29 Figura 11: Variação do coeficiente de Poisson com a temperatura medidos a partir da

deformação resiliente instantânea, conforme AASHTO (MELO, 2010). ........................ 30

Figura 12: Depósitos irregulares de resíduos da construção civil e demolição na cidade de

Manaus (SEMOSB/Prefeitura Municipal de Manaus, 2006). .......................................... 32 Figura 13: Faixa Granulométrica SUPERPAVE – DNM = 19,0mm ....................................... 35 Figura 14: Faixa granulométrica DNIT para mistura do tipo AAUQ ...................................... 36

Figura 15: Representação da determinação do teor ótimo de ligante pelo 3o DRF. ................. 45

Figura 16: Máquina Universal de Testes e detalhe da célula de carga (Arquivo GEOTEC –

UFAM). ............................................................................................................................ 47 Figura 17: Máquina Universal de Testes e câmara de temperatura (Arquivo GEOTEC –

UFAM). ............................................................................................................................ 47

Figura 18: Módulo de Resiliência (Arquivo GEOTEC – UFAM). .......................................... 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Especificações para o concreto asfáltico (DNIT, 2006). .......................................... 38

Tabela 2: Especificações para a areia-asfalto usinada a quente (DNIT, 2005). ....................... 38

Tabela 3: Especificações brasileiras para o cimento asfáltico de petróleo (ANP, 2005). ........ 40

Tabela 4: Especificação para material de enchimento.............................................................. 44

Tabela 5: Faixa granulométrica Superpave para misturas do tipo CA – DNM = 19,0mm

(SHRP, 1995). ................................................................... Erro! Indicador não definido.

Tabela 6: Faixa granulométrica DNIT para mistura do tipo AAUQ – TN = 2,00 mm (DNIT,

2005). ................................................................................. Erro! Indicador não definido.

Tabela 7: Composição da Faixa Superpave DMN 12.5mm ..... Erro! Indicador não definido.

Tabela 8: Composição da Faixa A: DNIT – AAUQ. ................ Erro! Indicador não definido.

Tabela 9: Coeficientes de Poisson usados variando com a temperatura. ................................. 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AASHTO – do inglês American Association of State Highway and Transportation Officials

AAUQ – Areia asfalto usinada a quente

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás e Energia

ASTM – do inglês American Society for Testing and Materials

CA – Concreto asfáltico

CAP – Cimento asfáltico de petróleo

CENPES – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DC – Deformação controlada

DNER – Departamento Nacional de Estradas e Estradas de Rodagem

DNIT – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

DSR – do inglês Dynamical Shear Rheometer

EUA – Estados Unidos da América

GEOTEC – Grupo de Geotecnia da Universidade Federal do Amazonas

LVDT – do inglês Linear variable differential transformer

Máx. – Máximo

Mín. – Mínimo

MR – Módulo de resiliência

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PAV – do inglês Pressure Aging Vessel

PG – do inglês Performance Grade

PIB – Produto Interno Bruto

RCD – Resíduo da Construção Civil e Demolição

REMAN – Refinaria de Manaus

RT – Resistência à tração

RTFOT – do inglês Rolling Thin Film Oven Test

SEMOSB – Secretaria Municipal de Obras e Saneamento Básico

SHRP – do inglês Strategic Highway Research Program

SUPERPAVE – do inglês Superior Performing Asphalt Pavements

TC – Tensão controlada

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UFAM – Universidade Federal do Amazonas

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 14

1.1 Objetivos ............................................................................................. 16

1.2 Justificativa ......................................................................................... 17

1.3 Escopo da Dissertação ........................................................................ 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 19

2.1 Resistência à Tração por Compressão Diametral ............................... 23

2.2 Módulo de Resiliência ........................................................................ 24

2.3 Vida de Fadiga .................................................................................... 26

2.4 Influência da Temperatura .................................................................. 28

2.5 Misturas Asfálticas .............................................................................. 30

2.5.1 Resíduo da Construção Civil e Demolição (RCD) ................................................ 31

2.5.2 Resíduo da Produção do Gás Acetileno (Cal de Carbureto).................................. 33

2.5.3 Dosagem e Teor de Projeto.................................................................................... 34

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................... 39

3.1 Caracterização dos Materiais .............................................................. 39

3.1.1 Ligante Asfáltico ................................................................................................... 39

3.1.2 Agregados .............................................................................................................. 43

3.1.3 Materiais de Enchimento ....................................................................................... 44

3.2 Dosagem e Teor de Projeto ................................................................. 44

3.3 Ensaios Mecânicos .............................................................................. 46

4 RESULTADOS.................................................................................. 52

4.1 Caracterização dos Materiais .............................................................. 52

4.1.1 Ligante Asfáltico ................................................................................................... 52

4.1.2 Agregados .............................................................................................................. 55

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4.1.3 Materiais de Enchimento ....................................................................................... 58

4.2 Dosagem e Teor de Projeto ................................................................. 59

4.3 Ensaios Mecânicos .............................................................................. 64

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 80

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1 INTRODUÇÃO

A proteção e preservação do meio ambiente tornaram-se tema de muitos discursos em todo o

planeta. Anik et al. (1996) perguntam: “Por que sustentabilidade?”. A resposta dada pelos

autores é simples quando afirmam que mais de 50% dos recursos naturais do planeta e mais

de 40% da energia produzida são consumidos por algum tipo de construção, e que pelo menos

50% do lixo produzido é proveniente de alguma atividade relacionada à construção.

Segundo Fochezatto & Ghinis (2011), a construção civil foi a atividade que mais cresceu no

Brasil. O governo brasileiro espera para o ano de 2012 um crescimento de 6% para este tipo

de atividade, maior que o previsto para a indústria brasileira como um todo, e acima do índice

esperado para o Produto Interno Bruto (PIB). Políticas públicas como o Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) e os megaeventos esportivos Copa do Mundo de 2014 e

Olimpíadas 2016 respondem por esse mencionado desenvolvimento.

Contudo, apesar de ser uma atividade que gera desenvolvimento e progresso, é também

reconhecida como causadora de forte impacto ambiental devido ao intenso consumo de

matéria prima, modificação da paisagem natural e geração de resíduo. Antes denominado

apenas como entulho de obra, este último recebeu designação mais específica: Resíduo da

Construção Civil e Demolição (RCD), em geral, descartado, praticamente sem nenhum tipo

de cuidado, nos aterros sanitários, lixões, e até mesmo bota-foras ilegais. E quando depositado

nos aterros sanitários, diminui consideravelmente o tempo de vida útil destes.

No Brasil, a região do Amazonas é conhecida nacionalmente pela carência de materiais

adequados para construção de obras civis, incluindo-se as obras de pavimentos rodoviários.

As jazidas mais próximas estão a centenas de quilômetros da capital Manaus, o que encarece

o material devido ao gasto com o transporte do mesmo. Os mais usados em revestimentos de

pavimento rodoviário na região são: o seixo, a brita e areia de rio, explorados, na maioria das

vezes, indiscriminadamente, e que se tornam cada vez mais escassos ao longo dos anos. Ao

mesmo tempo, existe a preocupação crescente com os impactos ambientais provenientes desta

atividade exploratória na região do Amazonas.

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Além da geração de RCD por obras particulares, ainda ocorre a geração pelas obras públicas,

pois existem verbas governamentais do PAC para obras em todo o Estado, que será uma das

sedes da Copa do Mundo de 2014, o que consequentemente aumentará consideravelmente a

geração do mencionado material na capital do Amazonas (Figura 1). É neste cenário que o

número de pesquisas com este material aumentou no âmbito do Grupo de Geotecnia da

Universidade Federal do Amazonas (GEOTEC), com o intuito de reaproveitar esse resíduo

em obras da construção civil local. Particularmente, esta pesquisa foca seus esforços em

reaproveitar ou reutilizar o RCD em obras de pavimentos rodoviários, ou seja, promover uma

destinação mais nobre e sustentável a este tipo de material.

Figura 1: Demolição do Estádio Vivaldo Lima em Manaus/AM (Foto disponível em:

http://acritica.uol.com.br/manaus/Economia-Copa_2014-emprego-vivaldo_lima-construcao_civil-

estadio-arena-Manaus-Amazonia-Amazonas_5_310218977.html)

Para tanto, aplicaram-se diversas técnicas de estudo de pavimento. O RCD foi separado e

classificado com o intuito de se adequar a uma faixa granulométrica normalizada,

possibilitando uma comparação entre o mesmo e os materiais da região (seixo e areia de rio),

utilizados atualmente nos pavimentos da cidade de Manaus. Além disso, determinaram-se

suas propriedades físicas e mecânicas a fim de obter informações sobre sua composição,

resistência, tamanho, forma e distribuição das partículas (agregados) e o comportamento

mecânico da mistura asfáltica com RCD quando submetida a carregamentos cíclicos e ao

efeito da temperatura (outro fator importante no dimensionamento de misturas asfálticas para

a região).

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Outro resíduo foi também estudado nesta pesquisa, a cal de carbureto, resultante da produção

do gás acetileno no Polo Industrial de Manaus, substituindo o cimento convencionalmente

usado com fíler nas misturas asfálticas com o propósito de minimizar o custo de produção

destas, além de propiciar uma destinação econômica e ambiental a este resíduo.

Por fim, uma vez avaliado o comportamento físico e mecânico das mistura asfálticas com

RCD e cal de carbureto, e comparado ao das misturas com os materiais usuais dos pavimentos

da cidade de Manaus, obteve-se uma base sólida para a efetiva promoção dos materiais

alternativos como adequados para uso na pavimentação.

1.1 Objetivos

Mostrar a aplicabilidade do RCD e da cal de carbureto como matérias primas para obras de

pavimentos rodoviários, por meio da realização de ensaios mecânicos (resistência à tração

indireta, módulo de resiliência e vida de fadiga) em quatro misturas de revestimento asfáltico,

sendo: duas do tipo concreto asfáltico (uma com o seixo como agregado graúdo e outra

confeccionada com o resíduo da construção civil e demolição, o RCD) e duas misturas do tipo

areia asfalto à quente (uma com o cimento como fíler e outra com o resíduo da produção de

gás acetileno, a cal de carbureto), sob temperaturas variando entre 25ºC e 60ºC. A justificativa

para uso do seixo e areia de rio é de comparar o desempenho mecânico das misturas

usualmente empregadas nos pavimentos da cidade em relação ao das feitas com RCD e cal de

carbureto.

Como objetivos específicos, pretende-se:

a) comprovar a qualidade técnica do RCD e da cal de carbureto para fins de obras de

pavimentação;

b) contribuir para a preservação dos recursos naturais, pois reutilizar o RCD e a cal de

carbureto reduz o uso de matéria prima natural;

c) aprimorar as técnicas de dimensionamento de pavimento usuais, pois nesta pesquisa

utilizaram-se técnicas de dimensionamento e equipamentos de medição laboratorial

com recursos tecnológicos de uso não convencional;

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d) identificar os efeitos da temperatura de serviço (temperatura a qual o pavimento estará

submetido ao longo de sua vida útil) no comportamento estrutural do pavimento;

e) mostrar que o RCD e a cal de carbureto podem ser utilizados como matérias primas

para construção de pavimentos rodoviários de qualidade, contribuindo assim a

sustentabilidade, pois o reuso dos mesmos evita o descarte inadequado destes no meio

ambiente.

1.2 Justificativa

A região amazônica apresenta uma carência histórica de agregados graúdos. Particularmente,

o Município de Manaus é deficitário em jazidas de material pétreo superficial. Bento & Frota

(1998) concluíram que a camada superficial da região urbana da cidade de Manaus é

constituída por 62% de argila, 34% de areia e 4% Arenito-Manaus (rocha sedimentar

característica da região e utilizada em obras da região). Os agregados de maior qualidade

(provenientes de rochas duras) encontram-se a grandes distâncias da cidade, o que encarece o

custo da matéria prima. Além disso, a extração dos agregados disponíveis, menos adequados

para construção, gera impactos ambientais, como acontece com a exploração do seixo rolado

e areia de rio.

Como alternativa econômica, utilizam-se nos pavimentos de Manaus, em regra, material

argiloso (subleito, sub-base e base), e revestimento asfáltico do tipo areia asfalto a quente

(AAUQ), que possui os mesmos componentes do concreto asfáltico, porém sem a parcela

graúda. Mas, pelo tamanho de suas partículas, esse tipo de mistura consome uma maior

quantidade de cimento asfáltico de petróleo (CAP), que além de encarecer a mistura pois o

ligante representa de 25% a 40% do seu custo (BERNUCCI et al., 2007), diminui a

resistência às deformações permanentes, uma vez que se aumenta a parcela de um

componente viscoso, fato agravado pelas altas temperaturas dessa região. Tem-se, então, um

pavimento com vida útil reduzida, mostrando falência estrutural pouco tempo após sua

construção e que constantemente oferece desconforto e prejuízos aos usuários. A deterioração

precoce também se deve aos trincamentos por fadiga, fenômeno referente tanto ao

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comportamento viscoelástico dos ligantes asfálticos quanto à concentração de tensões na

interface agregado-ligante.

No projeto de misturas asfálticas é necessário considerar esses dois fatores (deformação

permanente e trincamento por fadiga) a fim de se produzirem misturas mais robustas, capazes

de resistir a ambas às deteriorações, para que seja aumentada a vida útil das vias públicas e do

bem-estar social.

Por essa problemática apresentada se justifica esta pesquisa para a região amazônica, uma vez

que se busca utilizar como agregado graúdo o resíduo da construção civil e demolição (RCD),

e a cal de carbureto como fíler, misturas capazes de suprir as necessidades:

a) técnica: com revestimentos mais resistentes e duráveis;

b) de segurança e conforto, com um maior atrito na superfície, se comparado com as

misturas que utilizam o seixo rolado;

c) econômica, com revestimentos mais duráveis e que utilizam materiais reciclados,

exigindo menores distâncias para deslocamento e, portanto, economia com transporte

dos mesmos. Além disso, haverá um menor desgaste dos veículos (uma vez que se

melhora a superfície de rolamento) e um menor consumo de ligante, se comparados

com a mistura AAUQ;

d) ambiental, importante no contexto atual, diminuindo os impactos da extração de

recursos e reduzindo os resíduos e custos energéticos, já que são materiais reciclados.

1.3 Escopo da Dissertação

O Capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica em que esta pesquisa se embasou, contendo

trabalhos relevantes para o desenvolvimento desta. O Capítulo 3 descreve os materiais e

métodos aplicados. O Capítulo 4 mostra os resultados e suas discussões. O Capítulo 5

apresenta as conclusões possíveis de serem tiradas e sugestões para pesquisas futuras. Por fim

são listadas as referências utilizadas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Pavimentos rodoviários são estruturas de múltiplas camadas cujas funções são resistir aos

esforços provenientes do tráfego de veículos e as condições climáticas a que está submetido,

além de proporcionar condições de rolamento aos veículos. Podem ser rígidos (concreto-

cimento) ou flexíveis (asfálticos). As camadas dos pavimentos asfálticos (Figura 2)

basicamente são: revestimento asfáltico (camada de rolamento e camada de ligação), base,

sub-base, reforço do subleito, camada de regularização, além do subleito propriamente dito. A

presença de todas as citadas camadas dependerá dos materiais e da finalidade do pavimento.

Figura 2: Esquema de seção transversal do pavimento (DNIT, 2006).

O correto dimensionamento dessa estrutura considera diversos fatores: a técnica, a economia,

o conforto e a segurança aos usuários, além da proteção ao meio ambiente (fator que vem

tendo uma crescente importância, nesta e em todas as áreas).

O revestimento asfáltico é a camada superficial do pavimento (Figura 3). Tem as funções de

receber diretamente os esforços do tráfego e transmiti-los para as outras camadas (Figura 4),

impermeabilizar o pavimento contra os efeitos nocivos da água, e, enfim, proporcionar as

condições de rolamento aos veículos.

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Figura 3: Revestimento asfáltico (camada superficial do pavimento) (Arquivo GEOTEC – UFAM).

Figura 4: Revestimento asfáltico e camadas adjacentes (Arquivo GEOTEC – UFAM).

Essa camada, no caso do concreto asfáltico (CA), consiste de uma mistura asfáltica

preferencialmente composta por um agregado graúdo resistente, um agregado miúdo, material

de enchimento preenchendo os vazios dos grãos maiores e um ligante asfáltico que une estes

materiais.

O trincamento por fadiga é um dos principais defeitos ou patologias que acometem a camada

de revestimento asfáltico. Ocorre a temperaturas intermediárias — no Brasil, entre 30oC e

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40oC — e é causado preponderantemente pelo tráfego pesado, e pela repetição dos esforços

gerados pela passagem dos veículos (BERNUCCI et al., 2006). Mesmo pequenos, esses

esforços causam a flexão constante na camada de revestimento, o que inicia a formação de

trincas que vão se propagando e se interligando, até ficarem com o aspecto de “couro de

jacaré”, como são conhecidos vulgarmente (Figura 5a, Figura 5b).

(a)

(b)

Figura 5: Trincas por fadiga (couro de jacaré) (Arquivo GEOTEC – UFAM).

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No Brasil, usualmente utiliza-se o método Marshall para a dosagem de misturas asfálticas

(Figura 6). Porém, esse método não contempla todos os esforços aos quais a camada de

revestimento fica submetida no campo, não sendo apropriado para prever o desempenho dos

pavimentos sujeitos a condições distintas de serviço (ROBERTS et al, 1996), sendo, portanto,

considerado ultrapassado.

Figura 6: Prensa Marshall (Arquivo GEOTEC – UFAM).

Para tanto, seria ideal utilizar parâmetros mecanísticos para a dosagem, que permitem analisar

o desempenho estrutural das camadas do pavimento. Bernucci et al. (2006) listaram:

a) Resistência à Tração Indireta (que substitui a estabilidade Marshall) serve como

parâmetro de resistência;

b) Vida de Fadiga (Pinto, 1991);

c) Simulação de Tráfego e ensaios de Compressão ou Tração Axial Estática e

Compressão ou Tração Axial de Carga Repetida, para estudar a deformação

permanente.

Durante os anos de 1987 a 1993 foi realizado pelo Congresso dos Estados Unidos da América

(EUA) um programa de estudos, conhecido como Strategic Highway Research Program

(SHRP). O objetivo deste programa foi desenvolver pesquisas na área de pavimentação,

destinando uma verba de US$ 150 milhões para melhorar o desempenho, a durabilidade e a

segurança das estradas. Um dos principais resultados desse programa de pesquisa foi a

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proposição de novos métodos de avaliação dos ligantes asfálticos para pavimentação (WAPA,

2010).

Essas novas especificações passaram a ser conhecidas como SUPERPAVE (Superior

Performing Asphalt Pavements) e apresentaram mudanças significativas nos procedimentos

de ensaios (que ficaram mais representativos) de ligantes e misturas asfálticas, visto que

privilegia a avaliação das propriedades reológicas, baseados nos ensaios tradicionais de

Penetração, Ponto de amolecimento e Viscosidade (WAPA, 2010).

A base da proposta do SHRP é que os ligantes passem a ser avaliados em uma ampla faixa de

temperaturas, que cubra todas as etapas do processo de mistura, espalhamento e compactação,

bem como esteja associada às temperaturas do pavimento ao longo da vida útil do trecho onde

aquele material será utilizado. Esta especificação mantém o valor do parâmetro de avaliação

da característica fixo e verifica para qual temperatura de uso aquele material testado satisfaz o

valor especificado (WAPA, 2010).

Para compor essa nova classificação, foram estabelecidos novos ensaios, realizados em

temperaturas baixas, médias e altas de uso do cimento asfáltico de petróleo (CAP) no campo.

Os ligantes são classificados em graus de temperatura máxima e mínima em que apresentam

determinadas propriedades, estabelecidas como "grau de desempenho" (em inglês,

Performance Grade – PG).

2.1 Resistência à Tração por Compressão Diametral

Mundialmente utilizado, o ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral (RT)

consiste na aplicação de duas cargas concentradas e diametralmente opostas sobre um corpo-

de-prova cilíndrico por meio de frisos metálicos (Carneiro, 1943). Essas cargas de

compressão geram tensões de tração ao longo de todo o diâmetro vertical do corpo-de-prova.

A mistura asfáltica não apresenta comportamento puramente elástico (este, na verdade é

viscoelástico, devido à presença do ligante em sua composição), porém, considerando

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teoricamente que se comporta unicamente deste modo, calcula-se a resistência à tração que

este material apresenta, pela medição da força causadora da ruptura do corpo-de-prova.

Originalmente desenvolvido para testar a resistência do concreto, este ensaio foi adotado

também para as misturas asfálticas desde 1972, por sua facilidade e rapidez de execução.

2.2 Módulo de Resiliência

Os primeiros estudos sobre o Módulo de Resiliência (MR) de materiais datam de 1930, por

Francis Hveem. Trata-se de um parâmetro que procura indicar a rigidez de um material,

permitindo a análise estrutural do pavimento por meio da aplicação de tensões e observação

das deformações e deslocamentos que ocorrem em consequência destas. A resiliência de um

material representa a capacidade do mesmo de se recuperar e voltar ao estado original após

sofrer tensões, portanto, para o cálculo do módulo, são consideradas apenas as deformações

recuperáveis. Trata-se, portanto de um ensaio não destrutivo, uma vez que o corpo-de-prova

não se deforma definitivamente: ele sofre tensões, sofre deformações recuperáveis e volta ao

seu estado original ao final do procedimento.

Os ensaios de carga repetida em que a força aplicada atua no sentido de compressão, de zero a

um máximo, e depois diminui até anular-se ou atingir um patamar inferior, para atuar

novamente após pequeno intervalo de repouso (fração de segundo), procuram reproduzir as

condições de campo. A amplitude e o tempo de pulso dependem da velocidade do veículo e

da profundidade em que se calculam as tensões ou deformações produzidas. A freqüência

espelha o fluxo (ou volume) de veículos (Medina, 1997).

Segundo Souza (1997) apud Santos (2007) o tempo de aplicação de carga simula a velocidade

de translação dos eixos dos veículos no campo, enquanto a frequência reproduz o número de

eixos que passam em determinada seção de rodovia.

O ensaio para a determinação do módulo de resiliência (ensaio por tração indireta com

carregamento repetido) simula o comportamento mecânico da mistura asfáltica na zona onde

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ocorrem as deformações específicas de tração, responsáveis pela fadiga da camada (Santos,

2007).

Além da duração e frequência de aplicação das cargas, o valor do MR também depende da

temperatura de serviço, pois a mistura possui uma parcela viscosa devido à presença do

ligante asfáltico como já comentado, influenciando também o coeficiente de Poisson.

As misturas asfálticas têm comportamento viscoelástico, mas Huang em 1993 concluiu que

esse comportamento pode ser considerado elástico linear a níveis baixo de tensões de tração.

Medina e Motta em 2005 consideraram que as cargas são pequenas até 40% do valor da

ruptura no ensaio de resistência à tração de um determinado material e o comportamento

elástico linear apenas para temperaturas inferiores a 40oC.

Cargas para reproduzir tensões da ordem de 10% a 20% da RT têm sido aplicadas usualmente

por diversos laboratórios, sendo recomendada a aplicação da menor carga capaz de fornecer

um registro compatível com a precisão das leituras dos LVDT’s (Linear Variable Differential

Transformer) (BERNUCCI et al, 2006).

O procedimento consiste na aplicação de cargas repetidas no plano diametral de um corpo-de-

prova que geram tensões de tração ao longo deste. Estas tensões geram deformações

recuperáveis. O pulso de carga pode ter a forma haversine (Figura 7), que equivale ao

carregamento da passagem dos veículos.

Figura 7: Pulso de carga (BERNUCCI et al, 2007).

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2.3 Vida de Fadiga

A fadiga consiste em um fenômeno causado por cargas cíclicas, com valores de tensão mais

baixos que a resistência à tração do material, aplicadas repetidamente que desencadeiam o

processo da mudança estrutural permanente, progressiva e localizada (ASTM, 1979).

Segundo Pinto & Motta (1995) apud Santos (2007), pode ainda ser definida como um

processo de deterioração estrutural que sofre um material quando submetido a um estado de

tensões e deformações repetidas, podendo não alcançar a resistência última do material,

resultando em trincas, após um número suficiente de repetições do carregamento. Ou seja,

fadiga é a perda da resistência que sofre um material quando solicitado repetidamente à flexão

ou à tração.

No ensaio de vida de fadiga, o material é submetido à solicitação ao qual ocorre a evolução de

modo irreversível para um estágio final de ruptura ou um limite arbitrário de deformação

(Pinto e Preussler, 2002). Com o objetivo de estimá-la em misturas asfálticas, dispõe-se de

procedimentos laboratoriais que procuram simular as condições de solicitação de uma rodovia

(executados em placas ou vigotas apoiadas em suporte) e os que procuram uma aproximação

fundamentada (executados em corpos de prova cilíndricos ou prismáticos, submetidos a níveis

de tensões ou deformações de modo a simular a condição de solicitação no campo). A

porcentagem no nível de tensão, geralmente é calculada entre 10% e 50% em relação à de

ruptura no ensaio de RT (BERNUCCI et al, 2006).

Os equipamentos laboratoriais para ensaios de carga repetida permitem a aplicação de

carregamentos cíclicos ao material sob o regime de tensão ou de deformação controlada.

Assim, a grande separação que se pode fazer entre os diferentes experimentos é quanto ao

modo de solicitação, controlando-se a tensão ou a deformação. Em ambos, há uma redução da

rigidez inicial do material a um nível que pode ser pré-estabelecido, no sentido de definir o

fim dos mesmos (PINTO & PREUSSLER, 2002).

No ensaio à tensão controlada (TC), de execução mais simples e mais utilizado, o critério de

fadiga está associado à fratura da amostra. Controlam-se as tensões (Figura 8a), mantendo-se

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a carga constante ao longo do ensaio e as deformações atingem um valor máximo até o

estágio de colapso do corpo-de-prova (Figura 8b). Não há um consenso sobre a deformação

máxima aceitável, a prática mais comum na realização dos experimentos consiste em esperar

até a ruptura do corpo-de-prova, portanto, a vida de fadiga (N) é definida como o número total

de aplicações de uma carga necessária à fratura completa da amostra (PINTO E

PREUSSLER, 2002).

(a)

(b)

Figura 8: (a) Tensões constantes no ensaio de Vida de Fadiga por tensão controlada e (b) deformações

causadas por elas (BERNUCCI et al., 2007).

Já quando se controla a deformação, o critério de fadiga não está condicionado à ruptura

completa do corpo-de-prova. Para que a deformação seja mantida constante ao longo do

ensaio (Figura 9a) é necessário que haja uma diminuição do carregamento aplicado (Figura

9b). A vida de fadiga neste caso será o número de repetições da carga capaz de reduzir o

desempenho ou rigidez inicial da amostra a um nível pré-estabelecido. Alguns consideram

que uma redução de módulo de rigidez ou de resiliência, da ordem de 50%, define o fim do

ensaio, ou seja, da vida de fadiga.

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(a)

(b)

Figura 9: (a) Deformações constantes no ensaio de Vida de Fadiga por deformação controlada e (b)

tensões necessárias para causá-las (BERNUCCI et al, 2007).

Segundo Medina (1997), a solicitação a tensão controlada (TC) é a que ocorre em pavimentos

de revestimento asfáltico muito mais rígido do que a camada de base e que ao resistirem às

cargas determinam à magnitude das deformações. Por outro lado a solicitação a deformação

controlada (DC) corresponde melhor a pavimentos de revestimento delgado e mais débil em

relação à base. Embora adicionando alguma resistência, o revestimento tem sua deformação

controlada pela deformação das camadas subjacentes. Logo, o comportamento à tensão ou

deformação controlada dependerá tanto da espessura e do módulo de rigidez do revestimento,

como do módulo da estrutura subjacente.

2.4 Influência da Temperatura

Tecnicamente, apesar de ser evidente a influência da temperatura nas propriedades das

misturas asfálticas por todos os motivos já expostos, poucos são os trabalhos que

consideraram este fator, devido à complexidade de se realizar ensaios a temperaturas

controladas. Os primeiros estudos brasileiros considerando a temperatura são de Mota (1979),

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com a medição da ação da temperatura nos pavimentos e Pinto (1991), que estudou a vida de

fadiga com variação de temperatura. Frota et al. (2007a) testaram misturas asfálticas com

temperatura controlada variando entre 30ºC e 50ºC, as quais se mostraram instáveis devido ao

ligante local, muito susceptível, criando a necessidade de melhorar o esqueleto da mistura

para compensar a presença do ligante.

Relativo ainda à temperatura, observou-se em uma série de trabalhos reunidos por Bernucci et

al. (2006), em que o coeficiente de Poisson varia entre 0,35 (para baixas temperaturas) e 0,50

para altas temperaturas), sendo assumido para esse parâmetro, no Brasil, o valor de 0,30.

Alguns autores fizeram experimentos medindo o coeficiente de Poisson por meio das

deformações reais sofridas pelos corpos-de-prova, inclusive equacionando este

comportamento, como mostrado no gráfico da Figura 10 (MELO, 2010).

Figura 10: Variação do coeficiente de Poisson com a temperatura (MELO, 2010).

Porém um deles, Barksdale (1997), conclui que a determinação desse coeficiente pode ser

influenciada pelo efeito de cisalhamento próximo aos frisos, podendo ser vantajoso, portanto

assumir um valor para o mesmo.

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Melo (2010) também fez ensaios para as mesmas temperaturas dos autores citados e

encontrou coeficientes muito menores (Figura 11). Isso se deve aos diferentes materiais

utilizados. Talvez por isso a norma recomende o valor de 0,30 para o coeficiente de Poisson,

pois este satisfaz como “média” para uma faixa de diferentes materiais entre temperaturas de

20ºC a 40ºC.

Figura 11: Variação do coeficiente de Poisson com a temperatura medidos a partir da deformação

resiliente instantânea, conforme AASHTO (MELO, 2010).

2.5 Misturas Asfálticas

Como citado, o pavimento submete-se a cargas provenientes do tráfego de veículos que são

primeiramente recebidas pelo revestimento, que, quando do tipo asfáltico, consiste de uma

mistura de vários materiais:

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O ligante asfáltico, derivado do petróleo que quando atende a determinadas especificações

denomina-se cimento asfáltico de petróleo (CAP). Promove uma forte ligação entre os

agregados, e garante as características de flexibilidade, impermeabilidade e durabilidade ao

revestimento. Segundo a SUPERPAVE os ligantes asfálticos são classificados em classes,

com intervalos de 6ºC de temperatura representando a temperatura máxima e mínima em que

apresentam determinadas propriedades, sendo estabelecidos pelo grau de desempenho – PG

(Performance Grade), como por exemplo: PG 64-22, PG 70-22. Os agregados suportam as

tensões, podendo ser graúdos, miúdos, processados, artificiais, reciclados. A escolha do

agregado depende da disponibilidade, custo e qualidade. E o fíler, material muito fino que

preenche os vazios entre os agregados (cimento, cal hidratada, cal de carbureto, entre outros).

2.5.1 Resíduo da Construção Civil e Demolição (RCD)

Um dos focos de estudo desta pesquisa, é um material reciclado, resíduo da construção civil e

demolição (RCD). Em 2002 o CONAMA, órgão ambiental, apresentou uma política de gestão

dos resíduos sólidos, desde então, as buscas por soluções ambientais vêm se intensificando.

Em Manaus, há vários depósitos irregulares de entulho de construção (Figuras 13a, 13b, 13c e

13d), o que evidencia o não reaproveitamento deste material.

(a)

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32

(b)

(c)

(d)

Figura 12: Depósitos irregulares de resíduos da construção civil e demolição na cidade de Manaus

(SEMOSB/Prefeitura Municipal de Manaus, 2006).

A construção civil, maior geradora de resíduos, produz 65,8 milhões de toneladas de resíduos

por ano nas grandes cidades (ÂNGULO, 2005). Frota et al. (2007b) levantaram que o RCD

representa 50% do resíduo produzido em Manaus. A reciclagem reduz 75% dos gastos com

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remanejamento e controle da deposição clandestina e um total de 70% em relação ao uso de

agregados naturais (ZOEDAN, 1997).

Os trabalhos do grupo GEOTEC (FROTA et al. 2003a; 2004a; SILVA, 2004) utilizam o

resíduo proveniente do concreto estrutural, sendo retirados o material cerâmico, gesso, ferro e

vidro. Os primeiros estudos com esse material testaram a estabilidade e fluência Marshall,

percebendo vantagens técnicas da utilização do RCD substituindo o agregado usado na região,

o seixo rolado de rio (FROTA et al. 2003b, 2004a, 2004b). Já em 2005 e 2006, Frota et al.

realizaram o ensaio de creep estático em misturas asfálticas com RCD, onde mais uma vez a

utilização deste material mostrou-se mais vantajosa em relação ao material convencional.

Essa superioridade manteve-se quanto a resistência à tração estática (FROTA et al., 2007c) e

creep dinâmico. Estes últimos testados com variação de temperatura (FROTA et al., 2007d).

Neste mesmo trabalho os autores avaliaram a temperatura do pavimento em Manaus em torno

de 50ºC.

Melo (2010) estudou misturas confeccionadas com RCD variando a temperatura de ensaio.

Entre suas conclusões:

a) as misturas asfálticas são mais estáveis a temperaturas maiores que 25°C;

b) a resistência à tração das misturas com RCD mostrou-se mais alta que a da mistura

com seixo, independentemente da temperatura ou da velocidade de carregamento e

c) a mistura com RCD teve melhor desempenho quanto à deformação acumulada para as

temperaturas de serviço típicas de Manaus (em torno de 40°C).

2.5.2 Resíduo da Produção do Gás Acetileno (Cal de Carbureto)

Outro foco de estudo, é também um material reciclado, resíduo da produção do gás acetileno

no Polo Industrial de Manaus. A cal de carbureto possui granulometria fina e alto poder

cimentante. É um resíduo de difícil tratamento, sendo também descartada sem nenhum

aproveitamento no aterro controlado de Manaus. Seu uso, além dos benefícios da reciclagem,

diminui os custos das misturas asfálticas referente a parcela do cimento (material bastante

oneroso) já que não possui valor econômico elevado.

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O Grupo GEOTEC vem desde 2003 realizando estudos com este material, mostrando que a

cal de carbureto substitui satisfatoriamente o cimento portland em misturas asfálticas com:

a) estabilidade Marshall superior (FROTA et al, 2003b e 2004c);

b) maior resistência à tração por compressão diametral (FROTA et al., 2007d);

c) maiores módulos resiliente e

d) taxas de deformação no ensaio de creep dinâmico mais baixas (FROTA et al., 2007e).

Diante destes resultados confirma-se, conforme bibliografia consultada, o ganho de

desempenho quando se procede a substituição do cimento portland por cal de carbureto.

2.5.3 Dosagem e Teor de Projeto

Definidos os materiais, procede-se a dosagem dos mesmos, ou seja, a proporção dos

constituintes de modo a se conseguir um bom desempenho da mistura em campo, além da

porcentagem de CAP ideal para fazer a ligação entre eles:

As composições granulométricas das misturas asfálticas do tipo Concreto Asfáltico (CA)

(feitas com o seixo rolado ou com o resíduo da construção civil e demolição como agregado

graúdo) seguem a Faixa SUPERPAVE de Diâmetro Máximo Nominal (DMN) igual a

19,0mm (SHRP, 1994a, 1994b).

No método SUPERPAVE a curva granulométrica da mistura é concebida num gráfico, onde a

ordenada, numa escala aritmética, indica a porcentagem de material passando numa

determinada peneira em peso, enquanto a abscissa representa a abertura das peneiras ASTM

elevadas à potência de 0,45 (em mm).

Também, no citado gráfico, duas características são importantes: A Zona de Restrição (ZR) e

os Pontos de Controle (PC). Recomenda o método que a mistura dimensionada evite cruzar a

ZR e passar entre os PCs. Mostra-se, na Tabela 1 e na Figura 13, a Faixa SUPERPAVE com

DMN de 19,0mm.

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Tabela 1: Faixa granulométrica SUPERPAVE para misturas do tipo CA – DNM = 19,0mm (SHRP,

1995).

Figura 13: Faixa Granulométrica SUPERPAVE – DNM = 19,0mm

As misturas do tipo areia asfalto a quente (AAUQ) foram enquadradas na Faixa A do DNIT,

que estabelece por meio da especificação de serviço DNIT ES 032 (2005) os requisitos

constantes na Tabela 2 e Figura 14.

Peneira

(mm)

% passando, em peso

Pontos de Controle Zona de Restrição

Inferior Superior Inferior Superior

25,000 100

19,000 90 100

12,500

9,500

4,750

2,360 23 49 34,6 34,6

1,180 22,3 28,3

0,600 16,7 20,7

0,300 13,7 13,7

0,150

0,075 2 8

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Tabela 2: Faixa granulométrica DNIT para mistura do tipo AAUQ (DNIT, 2005).

Peneiras Faixa A - DNIT

Nº Abertura

(mm)

% em peso passando Tolerâncias %

Mínima Máxima

3/8” 9,530 100 100 -

Nº 4 4,750 80 100 ±5

Nº 10 2,000 60 95 ±4

Nº 40 0,420 16 52 ±4

Nº 80 0,180 4 15 ±3

Nº 200 0,075 2 10 ±2

Figura 14: Faixa granulométrica DNIT para mistura do tipo AAUQ

Geralmente, as distribuições granulométricas das misturas, tanto do tipo concreto asfáltico

(CA) quanto do tipo areia asfalto a quente (AAUQ), são determinadas por meio de tentativas,

que resultam em erros e demandam um maior tempo de estudo. Nesta pesquisa, tal método foi

adotado somente para as misturas do tipo AAUQ, enquanto que as porcentagens relativas a

cada um dos agregados componentes das misturas do tipo CA, incluindo o fíler, foram

definidas de acordo com o Método Bailey de seleção granulométrica, cujo procedimento é

descrito na Circular E-C044 (TRB, 2002) da Transportation Research Board (TRB, 2002) e

foi bastante estudado por Cunha em 2004.

Desenvolvido pelo engenheiro Robert Bailey do Departamento de Transportes de Illinois

(IDOT), o método de Bailey vem sendo empregado desde o início da década de 80, e refinado

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por Vavrik et al. (2001, 2002a, 2002b) com a finalidade de poder ser aplicado a qualquer

mistura, independente do tamanho máximo do agregado.

Este método seleciona a estrutura dos agregados da mistura, buscando um melhor

intertravamento dos agregados graúdos e uma boa compactação dos mesmos, relacionando-se

diretamente com: as características de compactação de cada fração de agregados, os vazios no

agregado mineral (VAM) e os vazios da mistura (Vv).

O intertravamento dos agregados, responsável pela resistência à deformação permanente da

mistura asfáltica, é dado de entrada para os cálculos. As variações nas quantidades de

agregado graúdo e miúdo, balanceiam os vazios no agregado mineral (VAM) e asseguram

uma quantidade ideal de asfalto. Desta forma, as misturas selecionadas podem proporcionar

um forte esqueleto de agregados com um bom desempenho mecânico e mais resistentes à

ocorrência de deformações permanentes.

Os dados de entrada visando à seleção granulométrica pelo citado método são:

a) densidade específica de cada agregado (Gsb);

b) densidade específica solta dos agregados (Wul);

c) densidade específica compactada dos agregados graúdos e finos (Wur);

d) massa específica escolhida para os agregados graúdos;

e) quantidade desejada dos agregados graúdos e finos; e

f) quantidade almejada de material passante na peneira de abertura da malha igual a

0,0075mm.

Após o processo de dosagem, onde é definida a proporção mais adequada entre os materiais,

torna-se necessário também definir o teor de cimento asfáltico de petróleo mais adequado para

ligar os componentes da mistura, ideal para conferir a estas as propriedades volumétricas

desejadas, que são pré-definidas por especificações de acordo com o tipo de mistura. O

método usado é o Marshall, onde confeccionam-se corpos de prova cilíndricos, com 75 golpes

em cada face e diferentes teores de ligante para a verificação as condições de volume de

vazios (Vv), a relação betume/vazios (RBV), e demais parâmetros volumétricos de acordo

com as especificações para o concreto asfáltico (CA) (Tabela 3) e para a areia asfalto a quente

(AAUQ) (Tabela 4):

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Tabela 3: Especificações para o concreto asfáltico (DNIT, 2006).

Tabela 4: Especificações para a areia-asfalto usinada a quente (DNIT, 2005).

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão descritos os materiais da pesquisa e seus procedimentos de

caracterização, os métodos de dosagem das misturas asfálticas, definição do teor de projeto,

os equipamentos, os procedimentos e as considerações para a realização dos ensaios.

Procurou-se adotar preferencialmente para todas estas etapas os métodos da American Society

of Testing and Materials (ASTM), sugeridos pelas especificações SUPERPAVE, tendência

mundial a ser seguida para especificar materiais, projetar misturas asfálticas e analisar

pavimentos, uma vez que considera principalmente os fatores ambientais da localidade de

estudo, de maneira diferente das metodologias usualmente utilizadas.

Quando não houve a possibilidade de utilização das metodologias indicadas pela

SUPERPAVE, foram seguidas as normas do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de

Transportes (DNIT).

3.1 Caracterização dos Materiais

Os materiais para a confecção das misturas asfálticas da pesquisa foram o ligante asfáltico ou

cimento asfáltico de petróleo (CAP), seixo, resíduo da construção e demolição (RCD), areia,

cimento portland e cal de carbureto.

3.1.1 Ligante Asfáltico

Em todas as misturas asfálticas da pesquisa, foi usado como ligante o Cimento Asfáltico de

Petróleo (CAP 50/70) proveniente da Refinaria Isaac Sabbá (Refinaria de Manaus –

REMAN), caracterizado segundo especificações brasileiras da Agencia Nacional de Petróleo,

Gás e Energia (ANP) utilizando normas da ASTM (Tabela 5). Os ensaios de caracterização

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foram realizados no Laboratório da REMAN, que gera um Certificado de Ensaio contendo os

resultados, entregue juntamente com o produto adquirido.

Tabela 5: Especificações brasileiras para o cimento asfáltico de petróleo (ANP, 2005).

Característica Método ASTM Especificação CAP 50/70 Unidade

Penetração (100g, 5s, 25 oC) D 5 50 a 70 0,1 mm

Ponto de amolecimento D 36 46 mín. oC

Viscosidade Saybolt Furol a 135oC E 102 141 mín. s

Viscosidade Brookfield a 135oC, SP 21, 20rpm D 4402 274 mín. cP

Viscosidade Saybolt Furol a 150oC E 102 50 mín. s

Viscosidade Brookfield a 150oC, SP 21 D 4402 112 mín. cP

Viscosidade Saybolt Furol a 177oC E 102 30 a 150 s

Viscosidade Brookfield a 177oC, SP 21 D 4402 57 a 285 cP

RTFOT - penetração retida D 5 55 mín. %

RTFOT - aumento do ponto de amolecimento D 36 8 máx. oC

RTFOT - dutilidade a 25oC D 113 20 mín. cm

RTFOT - variação em % de massa D 2872 0,5 máx. %

Dutilidade A 25oC D 113 60 mín. cm

Solubilidade no tricloroetileno D 2042 99,5 mín. % massa

Ponto de fulgor D 92 235 mín. oC

Índice de suscetibilidade térmica X 018 -1,5 a 0,7

Densidade relativa a 20/4oC D 70 -

Aquecimento a 177oC X 215 Não espuma

O material foi também caracterizado por novos métodos de avaliação de ligantes para

pavimentação SUPERPAVE (SHRP, 1994a, 1994b) propostos pelo Strategic Highway

Research Program (SHRP), capaz de analisar as propriedades reológicas de maneira mais

representativa. Pelas especificações SUPERPAVE, o cimento asfáltico é avaliado em uma

ampla faixa de temperaturas, procurando simular as etapas de: mistura, espalhamento e

compactação, assim como seu comportamento na temperatura de serviço ao longo da vida útil

dos pavimentos.

Os seguintes equipamentos simularam os efeitos do envelhecimento do CAP:

a) estufa de película delgada rotacional – RTFOT (Rolling Thin Film Oven Test) (ASTM

2872, 1997) simula o envelhecimento do ligante durante a usinagem e compactação da

mistura;

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b) vaso de pressão de envelhecimento – PAV (Pressure Aging Vessel) (ASTM 6521,

2000) simula o envelhecimento do ligante asfáltico ao longo da vida útil do pavimento

(cerca de 10 anos).

Os experimentos foram realizados no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo

Américo Miguez de Mello (CENPES), em função de outras pesquisas desenvolvidas pelo

Grupo GEOTEC da UFAM.

Vários fatores, tais como taxa de aplicação de carga ou deslocamento e temperatura,

influenciam no comportamento do material betuminoso. Tendo em vista sua caracterização,

de acordo com tais condições, e por meio do experimento realizado no reômetro de

cisalhamento dinâmico – DSR (Dynamical Shear Rheometer) (ASTM D 7175/2004), mede-se

o módulo complexo de cisalhamento (G*) e o ângulo de fase (δ), submetendo-se uma pequena

quantidade de CAP a tensões cisalhantes oscilatórias, entre duas placas paralelas. O ângulo de

fase se refere à defasagem entre o cisalhamento máximo e a máxima deformação aplicada,

avaliando a razão entre a resposta elástica e a viscosa durante o processo de cisalhamento. Os

valores de G* e δ são alcançados por meio de:

máx

máxG

*

…(1)

).( t

…(2)

Onde:

G* = módulo complexo de cisalhamento, Pa;

δ = ângulo de fase;

τmáx = máxima tensão de cisalhamento aplicada, Pa;

γmáx = máxima deformação devido à tensão de cisalhamento aplicada;

ω = freqüência angular, 1/s;

Δt = tempo de defasagem, s.

De acordo com a SUPERPAVE, G*sen δ ― componente viscosa não recuperável, não deve

exceder 5000 kPa, quando a amostra é envelhecida pelos processos de RTFOT e PAV, para

que os efeitos do trincamento por fadiga sejam minimizados; enquanto a relação G*/sen δ

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deve ser superior a 1,0 kPa para CAP não envelhecido e 2,2 kPa para aqueles previamente

envelhecidos pelo processo de RTFOT (Santos, 2007).

O procedimento é realizado com amostras: não envelhecidas; submetidas ao envelhecimento

em estufa de película delgada rotacional (RTFOT); e envelhecidas em estufa de película

delgada rotacional e vaso de pressão de envelhecimento (PAV). A faixa de temperatura as

quais devem ser submetidas é calculada pelas expressões (Instituto do Asfalto, 2001):

78,17)9545,0)(2,422289,000618,0 2

20 LatLatTT máxarmmmáx …(3)

2/12

10

2 )52,04,4()25(log26,6004,072,056,1 armínarmín ZHLatTT …(4)

Onde:

Tmáx20mm = temperatura máxima de projeto do revestimento asfáltico à profundidade de 20mm

abaixo da superfície, ºC;

Tmáxar = médias das temperaturas máximas do ar dos sete dias consecutivos mais quentes do

ano, ºC;

Lat = latitude geográfica do local do projeto em graus;

Tmín = temperatura mínima de projeto do revestimento asfáltico à profundidade de 20mm

abaixo da superfície, ºC;

Tmínar = temperatura mínima do ar no ano, ºC;

H = profundidade a partir da superfície, mm;

Z = obtido da tabela da distribuição normal. Para 98% de confiabilidade, Z = 2,055;

σar = desvio padrão da temperatura média mínima do ar, ºC.

A velocidade de carregamento proposta nas especificações é de 10rad/s, correspondente a um

tráfego de aproximadamente 90km/h. No entanto, em trechos lentos (pontos de ônibus,

pedágios e estacionamentos), verificou-se que a determinação das propriedades reológicas a

1rad/s (equivalente a 8km/h) reduz a resistência à deformação permanente. Portanto, com o

intuito de compatibilizar tais situações a SUPERPAVE recomenda que se eleve o grau da

temperatura mais alta em 6ºC, para acomodar baixas velocidades e, em 12ºC se estiver

previsto carregamento estacionário.

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3.1.2 Agregados

Os agregados da pesquisa foram o seixo rolado e areia, habitualmente utilizados nas obras de

engenharia da cidade de Manaus, extraídos do leito dos rios regionais (matéria prima natural)

para fins de comparação, além do resíduo da construção civil e demolição, o RCD (matéria

prima reciclada), todos caracterizados segundo as especificações da SUPERPAVE.

Avaliaram-se os agregados graúdos (seixo rolado de rio e resíduos de construção e

demolição):

a) quanto à granulometria (ASTM C136, 1995);

b) por meio da American Society for Testing and Materials – ASTM C127 (1988), onde

determinou-se os parâmetros (ainda sem tradução exata para o português): Gsa

(Apparent Specific Gravity); Gsb (Bulk Specific Gravity); Gsbssd (Bulk Specific

Gravity in the condition Saturated Surface Dry); e absorção;

c) quanto às suas massas específicas solta e compactada (Wur – Rodded Unit Weight and

Wul – Loose Unit Weight), de acordo com a American Association of State Highway

and Transportation Officials – AASHTO T 19 (1997);

d) e quanto ao desgaste pelo equipamento Abrasão “Los Angeles” (ASTM C 131, 1996).

No estudo desses agregados, diferentes denominações foram utilizadas na definição da

densidade ou massa específica (Marques, 2001), sendo as três designações mais comuns:

“Apparent Specific Gravity – Gsa”, “Bulk Specific Gravity – Gsb” e “Effective Specific

Gravity – Gse”.

Já o agregado miúdo (areia) foi caracterizado:

a) quanto à granulometria (ASTM C 136,1995);

b) segundo a ASTM C 128 (1988), onde se determinaram Gsa (Apparent Specific

Gravity), Gsb (Bulk Specific Gravity) e absorção;

c) e, de acordo com a AASHTO T-19/T 19M-93 (1997), encontrou-se a massa específica

compactada (Rodded Unit Weight).

Particularmente, no caso desse último parâmetro, a experiência do grupo GEOTEC da UFAM

tornou possível concluir que a vibração mecânica, aplicada com o auxílio de um agitador de

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peneiras é mais eficiente para compactar o material, que a aplicação de 25 golpes em cada

uma das três camadas do mesmo, conforme especifica a norma (AASHTO T 19).

3.1.3 Materiais de Enchimento

Utilizou-se como materiais de enchimento (filer) o cimento portland e a cal de carbureto,

caracterizados conforme especificações SUPERPAVE e especificações brasileiras do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Foram determinadas sua

massa específica real – DNER ME 085 (1994) e, distribuição granulométrica para verificação

da aceitação ou rejeição como material de enchimento, conforme a norma DNER EM 367

(1997). A Tabela traz a granulometria sugerida pelo referido método.

Tabela 6: Especificação para material de enchimento.

Abertura da malha (mm) % em peso, passando

0,42 100

0,18 95-100

0,075 65-100

3.2 Dosagem e Teor de Projeto

De posse da composição granulométrica desses materiais, busca-se a proporção que se

enquadre em faixas granulométricas pré-definidas pelas especificações adotadas, além da

porcentagem de CAP ideal para fazer a ligação entre eles.

Procurou-se enquadrar as misturas do tipo CA (seixo ou RCD) na Faixa SUPERPAVE (Erro!

Fonte de referência não encontrada., no item 2.5.3) por meio do método Bailey de seleção

granulométrica. Os procedimentos de dosagem pelo método Bailey foram:

a) determinou-se a massa específica escolhida, que foi uma porcentagem da massa

específica solta;

b) determinou-se o volume de vazios desejado para a mistura;

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c) definidos esses parâmetros, determinou-se, usando os dados de distribuição

granulométrica, massa específica e massa específica solta e compactada dos

agregados, a composição de cada fração de agregado.

Procurou-se enquadrar as misturas do tipo AAUQ (cimento portland ou cal de carbureto), na

Faixa do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) (Erro! Fonte de

referência não encontrada., no item 2.5.3).

Determinou-se o teor ótimo de ligante das misturas asfálticas pelo método do 3º Distrito

Rodoviário Federal (3º DRF) do DNIT, que se fundamenta nos valores do Volume de Vazios

(Vv) e na Relação Betume-Vazios (RBV), e de acordo com a especificação do Método

Marshall de dosagem DNER ME 043 (1995): Vv de 3% a 5% e RBV de 75% a 82%.

Este método consiste na determinação dos referidos parâmetros para cinco grupos de corpos

de prova cilíndricos (101,5mm de diâmetro e 63,5 ± 0,5mm de altura), tendo cada grupo três

corpos de prova confeccionados com o mesmo teor de ligante. O teor inicial para o primeiro

grupo é definido pelo método da tentativa, no caso deste trabalho a experiência dos trabalhos

anteriores do GEOTEC (Frota et al., 2004, Silva et al., 2008) contribui na realização dessa

etapa. A Figura 15 mostra a referida metodologia.

Figura 15: Representação da determinação do teor ótimo de ligante pelo 3o DRF.

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O Método Marshall DNER ME 043 (1995), com aplicação de 75 golpes por face (simulando

um alto volume de tráfego), foi adotado na compactação dos corpos de prova, visando à

definição da dosagem a ser utilizada na realização dos ensaios. Objetivando-se simular o

efeito de condicionamento de curto prazo, as misturas ficaram, antes da compactação, duas

horas em estufa e na temperatura de 10oC superior à temperatura de compactação (AASHTO

PP-2).

Fundamentado no Método de ensaio DNER ME 004 (1994), definiram-se as temperaturas de

preparo e compactação das misturas. O Rice Test (ASTM D 2041) utilizou-se no cálculo da

Densidade Específica Máxima da mistura (Gmm), para um teor de ligante em que todos os

agregados ficassem totalmente envolvidos pelo CAP (próximo ao teor de projeto),

permitindo-se, assim, encontrar a percent absorved binder (Pba - porcentagem de ligante

absorvida pelos agregados). Após a determinação da Gmm, para o teor inicial de ligante, os

valores respeitantes aos outros teores, foram calculados com base na Superpave (SHRP,

1994a, 1994b).

Após os corpos-de-prova resfriarem, determinou-se seu diâmetro, altura, massa seca e massa

submersa, para o cálculo da massa específica aparente. Procedeu-se então ao cálculo das

relações volumétricas: volume de vazios (Vv), vazios com betume (VCB), vazios do agregado

mineral (VAM) e relação betume/vazios (RBV), que servirão de parâmetro de aprovação da

mistura confeccionada para uso em revestimento asfáltico. Determinou-se, ao final da análise

desses parâmetros o teor de ligante que satisfaça as especificações volumétricas pré-

determinadas para uma mistura asfáltica, que são Vv = 4% (CA) e Vv = 6% (AAUQ).

3.3 Ensaios Mecânicos

Definidos a composição e o teor de ligante adequados a uma mistura de revestimento

asfáltico, na seqüência inicia-se a bateria de ensaios mecânicos realizados na Máquina

Universal de Testes (UTM-14), composta por um sistema pneumático de carregamento, uma

central de controle e aquisição de dados, e uma célula de carga (Figura 16 e Figura 17).

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Figura 16: Máquina Universal de Testes e detalhe da célula de carga (Arquivo GEOTEC – UFAM).

Todos os ensaios foram realizados a várias temperaturas, controladas por uma câmara de

temperatura (Figura 17).

Figura 17: Máquina Universal de Testes e câmara de temperatura (Arquivo GEOTEC – UFAM).

Os coeficientes de Poisson usados para cada temperatura são mostrados na Tabela :

Célula de Carga

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Tabela 7: Coeficientes de Poisson usados variando com a temperatura.

Temperatura Coeficiente de Poisson

25ºC 0,30

30ºC 0,30

35ºC 0,30

40ºC 0,30

45ºC 0,33

50ºC 0,35

55ºC 0,38

60ºC 0,40

O primeiro dos ensaios é o de Resistência à Tração por Compressão Diametral (DNER-ME

138/94). Os parâmetros de ensaio são:

a) Altura e diâmetro do corpo-de-prova cilíndrico (padrão Marshall);

b) Temperatura de ensaio;

c) Coeficiente de Poisson;

d) Velocidade de aplicação de carga de 0,8 mm/s (48 mm/min) até ruptura do corpo-de-

prova por separação das duas metades.

Inicialmente mediram-se as dimensões dos corpos de prova, sendo em seguida levados a uma

prensa computadorizada com interface gráfica (Máquina Universal de Testes), onde se

aplicou uma taxa de deslocamento de 0.8 mm/s até a ruptura dos mesmos. Com a obtenção do

pico de carga (carga de ruptura (F)) calculou-se resistência a tração por compressão diametral

do corpo-de-prova pela equação 8:

HDπ

F2RT

…(5)

Onde:

RT = resistência à tração em MPa;

F = carga de ruptura em kN;

D = diâmetro do corpo-de-prova em cm;

H = altura do corpo-de-prova em cm.

Outro ensaio é o Módulo de Resiliência (DNER-ME 133/94) (Figura 18).

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Figura 18: Módulo de Resiliência (Arquivo GEOTEC – UFAM).

Os parâmetros são:

a) Altura e diâmetro do corpo-de-prova cilíndrico (padrão Marshall);

b) Temperatura;

c) Coeficiente de Poisson;

d) Carga aplicada (5% - 10% - 20% - 30% RT);

e) 200 pulsos de carga para condicionamento do corpo-de-prova;

f) Frequência de aplicação da carga de 60 ciclos/min: pulso de 0,1 s e repouso de 0,9 s;

g) Pulso de carga na forma Haversine (ASTM D4123 - 1982).

Os ensaios de MR foram realizados a cargas correspondentes a 5, 10, 20 e 30% da carga de

ruptura da RT no intervalo de temperaturas de 25 a 60ºC, variando-se a mesma de 5 em 5

graus, para se analisar a importância do comportamento das misturas asfálticas dependente da

temperatura. A freqüência utilizada foi de 1,0 Hz, com um tempo de aplicação de carga de 0,1

segundos e tempo de repouso de 0,9 segundos.

Foi feito o registro das deformações resilientes instantâneas no oscilógrafo por meio de

transdutores mecânico-eletromagnéticos do tipo LVDT (linear variable differential

transformer) com 300, 400 e 500 ciclos, e calcula-se o MR pela formula abaixo:

…(6)

Onde:

2692.09976.0

H

FM

t

tR

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MR = módulo de resiliência;

F = carga vertical repetida;

Δ = deformação registrada no oscilógrafo;

H = altura do CP;

µ = coeficiente de Poisson.

O módulo de resiliência (MR) de misturas asfálticas é a relação entre a tensão de tração (t )

aplicada repetidamente no plano diametral vertical da amostra e a deformação específica

recuperável (t ), correspondente à tensão aplicada numa dada temperatura e para certa

frequência de aplicação de carga, onde:

t

tMR

…(7)

Analiticamente, o MR é definido por:

H

FMR

2692,09976,0

…(8)

Onde:

MR= Módulo de resiliência, MPa;

F = Carga vertical repetida aplicada diametralmente no corpo-de-prova, N;

= Deslocamento recuperável registrado para 300,400 e 500 aplicações de carga (F), mm;

H= Altura do corpo-de-prova, mm.

= Coeficiente de Poisson.

Por fim o ensaio de Vida de Fadiga (não normatizado), cujos parâmetros de ensaio são:

a) Altura e diâmetro do corpo-de-prova cilíndrico (padrão Marshall);

b) Temperatura;

c) Coeficiente de Poisson;

d) Carga aplicada (30% - 40% - 50% RT);

e) Frequência de aplicação da carga de 60 ciclos/min: pulso de 0,1 s e repouso de 0,9 s

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Aplica-se a carga até a fratura completa do corpo-de-prova (Nf = número de ciclos que

provoca a fratura do corpo-de-prova). Com o objetivo de avaliar o efeito da temperatura que

as misturas asfálticas em estudo estarão sujeitas em campo, os ensaios de vida de fadiga

realizaram-se nas temperaturas de 25, 30, 40, 50 e 60ºC, utilizando-se o ensaio de compressão

diametral em corpos-de-prova cilíndricos e a níveis de tensão controlada de 30, 40 e 50% da

tensão de ruptura do ensaio de RT. A vida de fadiga foi definida como o número total de

aplicações necessária à fratura completa da amostra. As tensões de tração horizontal e de

compressão vertical no plano diametral vertical do corpo-de-prova, assim como a diferença

entre elas, calculou-se a partir das seguintes equações:

H

Ft

2

…(9)

H

Fc

6

…(10)

ct

…(11)

Onde:

t - Tensão de tração horizontal, MPa;

c - Tensão de compressão vertical, MPa;

F - Carga aplicada, N;

- Diâmetro do corpo-de-prova, mm;

H - Altura do corpo-de-prova, mm;

- Diferença de tensões.

As curvas de vida de fadiga são representadas em um gráfico log-log, com números de

solicitações de carga que levam à ruptura do corpo-de-prova nas ordenadas e as diferenças de

tensões que levaram à ruptura nas abscissas.

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4 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados referentes à caracterização dos materiais

(cimento asfáltico de petróleo, seixo rolado de rio, resíduo da construção civil e demolição,

areia típica da cidade de Manaus, cimento Portland e cal de carbureto), às dosagens

calculadas para as misturas asfálticas (concreto asfáltico e areia asfalto a quente, ambos feitos

com materiais usuais e convencionais, num total de quatro misturas asfálticas), aos teores de

projeto definidos e às propriedades mecânicas ensaiadas (resistência a tração indireta, módulo

de resiliência e vida de fadiga).

4.1 Caracterização dos Materiais

Apresentam-se a seguir, as características dos materiais de confecção das misturas asfálticas:

cimento asfáltico de petróleo, seixo rolado de rio, resíduo da construção civil e demolição,

areia típica da cidade de Manaus, cimento portland e cal de carbureto.

4.1.1 Ligante Asfáltico

O Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP 50/70) fornecido pela Refinaria Isaac Sabbá (Refinaria

de Manaus – REMAN), apresentou as características constantes na Tabela 9, obtidas segundo

especificações brasileiras da Agencia Nacional de Petróleo, Gás e Energia (ANP) utilizando

normas da American Society of Testing and Materials (ASTM).

As características deste ligante quando experimentado segundo as especificações americanas

SUPERPAVE, que também sugerem as normas da American Society of Testing and Materials

(ASTM) (realizados no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de

Mello – CENPES), constam nas Tabelas 10 a 12.

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Tabela 9: Características do cimento asfáltico de petróleo (REMAN, 2008).

Característica Especificação Resultado Unidade

Penetração 50 a 70 57 0,1 mm

Ponto de amolecimento 46 mín. 51,2 oC

Viscosidade Saybolt Furol a 135oC 141 mín. 260 s

Viscosidade Brookfield a 135oC, SP 21, 20rpm 274 mín. 675 cP

Viscosidade Saybolt Furol a 150oC 50 mín. 154,81 s

Viscosidade Brookfield a 150oC, SP 21 112 mín. 334,7 cP

Viscosidade Saybolt Furol a 177oC 30 a 150 53,54 s

Viscosidade Brookfield a 177oC, SP 21 57 a 285 128 cP

RTFOT - penetração retida 55 mín. 63,15 %

RTFOT - aumento do ponto de amolecimento 8 máx. 8 oC

RTFOT - dutilidade a 25oC 20 mín. 29 cm

RTFOT - variação em % de massa 0,5 máx. 0,04 %

Dutilidade A 25oC 60 mín. >100 cm

Solubilidade no tricloroetileno 99,5 mín. 99,5 %

massa

Ponto de fulgor 235 mín. 328 oC

Índice de suscetibilidade térmica -1,5 a 0,7 -0,6

Densidade relativa a 20/4oC - 0,996

Aquecimento A 177

oC Não espuma Não espuma

Na Tabela 9 observam-se que as características do CAP satisfazem as especificações, sendo

classificado como CAP 50/70 baseado no valor obtido no ensaio de penetração.

Tabela 10: Resultados dos ensaios no DSR – Amostras envelhecida, RTFOT e PAV.

Temperatura (°C) Após RTFOT e PAV

G* (kPa) δ (º) G*sen(δ) (KPa)

28 1976 59,4 1700

25 3187 56,0 2600

22 5110 52,3 4000

19 8064 48,4 6000

Pela Tabela 10, percebe-se que para temperaturas maiores que 22ºC a condição G*sen(δ) <

5000 kPa (que minimiza os efeitos do trincamento por fadiga) foi atendida. Portanto, quanto

ao PG, define-se a temperatura mínima em -22ºC.

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Tabela 11: Resultados dos ensaios no DSR - Amostras antes e após o envelhecimento.

Temperatura

(°C)

Antes do RTFO Após o RTFO

G* (Pa) δ (°) G*/sen(δ) (kPa) G* (Pa) δ (°) G*/sen(δ) (kPa)

52 - - - 10,780 83,4 10,85

58 2524 87,4 2,5 4,649 85,3 4,66

64 1104 88,3 1,0 2,013 86,8 2,20

70 514 88,9 0,5 - - -

Na Tabela 11, nota-se que a condição G*/sen(δ) ≥ 1,0 kPa para o CAP 50/70 não envelhecido

e G*/sen(δ) ≥ 2,2 kPa para o CAP 50/70 previamente envelhecido é atendida para

temperaturas menores que 64ºC. Portanto, quanto ao PG, determina-se a temperatura máxima

em 64ºC.

Tabela 12: Características do cimento asfáltico de petróleo (CAP).

Característica Unidade Especificação Resultado

Ponto de Fulgor ºC 230 mín 301,0

Viscosidade a 135ºC cP 3000 máx 382,5

Perda de massa por envelhecimento (RTFOT) % 1,0 máx 0,4

Temperatura do ensaio de fadiga ºC G*sen(δ) <

5000kPa 22,0

Deformações

permanentes

Antes do RTFOT ºC G*/sen(δ) ≥

1,00kPa 64,0

Após o RTFOT ºC G*/sen(δ) ≥

2,20kPa

Na Tabela 12 observam-se que os valores das características do CAP quanto ao ponto de

fulgor, viscosidade a 135ºC e perda de massa por envelhecimento satisfazem ao especificado.

Com base nesses valores classifica-se o Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 conforme

critério SUPERPAVE, como PG 64-22. Portanto, só pode ser utilizado para a construção de

pavimentos em que sua temperatura de serviço não seja inferior a 22ºC ou superior a 64ºC.

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4.1.2 Agregados

A Figura 19 apresenta a curva granulométrica para os agregados graúdos RCD e seixo, cujos

valores de composição podem ser observados na Tabela 13. A Tabela 14 indica os resultados

dos demais ensaios caracterização destes agregados.

Figura 19: Curva granulométrica dos agregados graúdos

Tabela 13: Composição granulométrica dos agregados graúdos

Abertura da peneira (mm) % de material Passando

RCD Seixo rolado

25,0 100,0 99,7

19,0 99,8 99,7

12,5 57,7 82,0

9,5 42,4 40,9

4,75 8,4 12,9

2,36 3,7 0,0

1,18 3,1 -

0,6 2,7 -

0,3 1,8 -

0,15 0,9 -

0,075 0,5 -

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Observa-se na Figura 19 e de acordo com o que estabelece a ABNT NBR 6502 (1995), que os

agregados graúdos mostram predominância média (fração entre 6,0 e 20,0mm).

Particularmente o seixo rolado foi fracionado, eliminando-se a fração passando na peneira

#4,75mm.

Tabela 14: Ensaios de caracterização dos agregados graúdos

Análise Amostra

RCD Seixo rolado

Gsb (g/cm³) 2,031 2,626

Gsb ssd (g/cm³) 2,232 2,636

Gsa (g/cm³) 2,542 2,643

Absorção (%) 9,89 0,00

Luw (kg/m³) 1187,79 1894,60

Ruw (kg/m³) 1248,53 1906,32

Como já era esperado, o resíduo da construção civil e demolição (RCD), por se tratar de um

agregado leve, apresentou suas massas específicas aparente, solta e compactada, com valores

inferiores aos respectivos valores geralmente encontrados para agregados convencionais

(Tabela 14). O material alternativo indicou um alto potencial de absorção de 9,89%, podendo

sugerir que a mistura asfáltica composta por esse material, provavelmente, necessitará de uma

maior quantidade de ligante, em relação à mistura confeccionada com agregados aluvionares

(Nunes, 2006).

Tabela 15 – Abrasão “Los Angeles”

Agregado Graúdo Desgaste (%)

Seixo rolado 37

RCD 59

A Tabela 15 apresenta os resultados alcançados no ensaio de abrasão “Los Angeles”. De

acordo com a especificação de serviço ― DNIT ES 031 (2004), os agregados graúdos a serem

utilizados em concreto asfáltico, devem mostrar desgaste igual ou inferior a 50%, admitindo-

se, excepcionalmente, agregados com valores maiores no caso de terem mostrados,

comprovadamente, desempenho satisfatório em utilização anterior. O material seixo atendeu

as especificações estabelecidas e o material RCD mostrou um (alto) desgaste de 59%. Esta

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amostra não poderia ser empregada como agregado graúdo, pelo seu alto grau de desgaste por

abrasão. Contudo, os trabalhos do Grupo de Geotecnia (GEOTEC) da UFAM validaram esse

material quando empregado em misturas asfálticas regionais, pois seu desempenho mecânico

é satisfatório (Frota et al., 2006, Frota et al., 2007a e 2007c).

A Tabela 16 traz a granulometria da areia cuja curva granulométrica consta na Figura 20.

Tabela 16 – Composição granulométrica do agregado miúdo

Abertura da peneira (mm) % de material Passando

Areia

19,0 100,0

12,5 100,0

9,5 100,0

4,75 99,8

2,36 98,8

1,18 94,6

0,6 77,9

0,3 35,6

0,15 8,7

0,075 2,6

Figura 20 – Curva granulométrica do agregado miúdo

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Nota-se na Figura 20 e segundo o que estabelece a ABNT NBR 6502 (1995), que a areia de

Manaus (Mao) é de predominância média (fração entre 0,2 e 0,6mm).

Tabela 17 – Ensaios de caracterização dos agregados miúdos

Amostra Areia

Gsb (g/cm³) 2,632

Gsb ssd (g/cm³) 2,692

Absorção (%) 0,00

Ruw (kg/m³) 1675,90

A Tabela 17 mostra os resultados dos ensaios de caracterização atinentes ao agregado miúdo

em estudo. A areia apresentou resultados de suas massas específicas segundo os valores

teoricamente esperados para tal material (quartzo).

4.1.3 Materiais de Enchimento

Na Tabela 18 tem-se a composição granulométrica dos materiais de enchimento, cimento

portland e cal de carbureto, cujas curvas granulométricas podem ser observadas por meio da

Figura 21. Quanto às suas massas específicas reais, os valores apresentados foram de

3,15g/cm³ e de 2,20g/cm³ para o cimento e cal de carbureto, respectivamente.

Tabela 18 – Composição granulométrica dos materiais de enchimento

Abertura

da peneira

(mm)

% de material Passando

Cimento

Portland

Cal de

carbureto

0,60 100,0 100,0

0,30 100,0 98,0

0,15 100,0 90,0

0,075 100,0 58,0

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Figura 21 – Curvas granulométricas dos materiais de enchimento

O cimento portland utilizado na confecção das misturas passou integralmente na peneira de #

0,075mm, enquanto que a cal de carbureto apresentou apenas 58% passando na referida

peneira, conforme mostram a Figura 21 e a Tabela 19, ficando fora dos limites da

especificação estabelecida.

Tabela 19 – Especificação para material de enchimento

Abertura da malha (mm)

% em peso, passando

Especificação Cimento

Portland

Cal de

carbueto

0,42 100 100 100

0,18 95-100 100 92

0,075 65-100 100 58

4.2 Dosagem e Teor de Projeto

A Tabela 20 apresenta as composições das misturas asfálticas do Tipo CA, alcançadas com a

utilização do método de Bailey de seleção granulométrica, cujas curvas granulométricas

enquadradas na Faixa Superpave, com DMN de 19,0mm podem ser observadas na Figura 22,

onde se nota que as todas as misturas, conforme recomendado, passaram fora da ZR e entre os

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PCs. As misturas com RCD e Seixo são consideradas como de distribuição granulométrica

fina, por estarem acima da Zona de Restrição.

Tabela 20 – Composição das misturas do Tipo CA

Componentes Mistura asfálticas

RCD Seixo

RCD 66,90% -

Seixo - 67,20%

Areia 30,3% 29,70%

Cimento Portland 2,8% 3,10%

Figura 22 – Curvas granulométricas das misturas do Tipo CA

Na Figura 23 tem-se que os valores alcançados para T1, T2, T3 e T4, que foram,

respectivamente, 6,31%, 5,50%, 5,66% e 6,25%. Pela média aritmética dos dois valores

centrais (T3 e T4), definiu-se o teor de projeto “T” da Mistura com RCD, que resultou no

valor de 5,96%. A absorção de ligante pelo RCD resultou para a mistura o valor igual a

1,40%.

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Figura 23 – Teor de ligante da Mistura com RCD pelo 3º DRF

Pela Figura 24, tem-se que os valores encontrados para T1, T2, T3 e T4, que foram,

respectivamente, 5,16%, 3,88%, 3,99% e 4,95%. Pela média aritmética dos dois valores

centrais (T3 e T4), definiu-se o teor de projeto “T” da Mistura com Seixo, que indicou o valor

de 4,5%. Um menor teor de projeto mostrado para a mistura com Seixo corrobora as

afirmações anteriores, que em função de serem constituídas com agregado que apresentou um

alto índice de absorção, a mistura com RCD apresentou um maior teor ótimo de ligante

relativo a esse.

Figura 24 –Teor de ligante da Mistura com Seixo pelo 3º DRF

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A Tabela 21 mostra as composições das misturas asfálticas do Tipo AAUQ, cujas curvas

granulométricas enquadradas na Faixa A do DNIT, podem ser observadas na Figura 25. Com

o objetivo de se realizar uma melhor comparação dos resultados alcançados com os ensaios

mecânicos, as misturas foram confeccionadas nas mesmas frações de materiais, alterando-se

apenas o fíler, o que deixou as curvas granulométricas das mesmas praticamente idênticas.

Tabela 21 – Composição das misturas do Tipo AAUQ

Componentes Mistura asfálticas

AAUQ - cimento AAUQ - cal

Areia Mao 95,0% 95,0%

Cimento Portland 5,0% -

Cal de carbureto - 5,0%

Figura 25 – Curvas granulométricas das misturas do Tipo AAUQ

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Figura 26 – Teor de ligante da Mistura AAUQ-cimento pelo 3º DRF

Na Figura 26 observa-se que os valores calculados para T1, T2, T3 e T4, foram,

respectivamente, 11,68%, 9,68%, 8,89% e 10,94%, tendo a média aritmética dos dois valores

centrais (T2 e T4), definido o teor de projeto “T” da Mistura AAUQ-cimento, que resultou no

valor de 10,3%. Para a Figura 27 tem-se que os valores para T1, T2, T3 e T4, foram,

respectivamente, 11,06%, 9,11%, 8,57% e 10,51%, e a média aritmética dos dois valores

centrais (T2 e T4), mostrando o teor de projeto “T” da Mistura AAUQ-cal como sendo de

9,8%.

Figura 27 – Teor de ligante da Mistura AAUQ-cal pelo 3º DRF

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64

4.3 Ensaios Mecânicos

A Figura 28 mostra as resistências à tração por compressão diametral das misturas asfálticas

estudadas quando submetidas a diferentes temperaturas, onde se observa claramente a

influência da temperatura de serviço nas propriedades mecânicas dos revestimentos asfálticos.

Figur

a 28 – Resistência à tração x Temperatura das misturas de estudo

A Mistura confeccionada com o Seixo como agregado graúdo foi a que apresentou maior

resistência à tração quando submetida a temperaturas de até 40oC, quando então, começa a

perder resistência devido à falta de aderência de suas partículas, de superfície polida, com o

ligante aquecido. Em seguida, têm-se a Mistura com RCD, que mostrou altos valores de

resistência, que se mantiveram a altas temperaturas devido ao maior atrito interno de suas

partículas.

Para a Mistura composta apenas com areia (AAUQ) e utilizando a cal de carbureto como filer,

mesmo consumindo uma grande quantidade de ligante, proporcionou resultados bastante

satisfatórios quanto à resistência à tração, se igualando à Mistura com RCD, sob temperaturas

mais baixas, devido às propriedades cimentantes daquele resíduo. Observa-se, ainda, que a

Mistura de areia e cimento, como material de enchimento, apresentou as menores resistências,

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como o esperado, por não possuir um forte esqueleto de agregados graúdos, além do alto teor

de ligante consumido.

Valores da resistência à tração para estas misturas podem ser visualizados na Tabela 22, onde

se nota que aos 25oC todas apresentam resistência à tração por compressão diametral maior

que 0,65MPa, como recomenda a especificação brasileira para concretos asfálticos (norma

DNIT 031/2004-ES). Ressalta-se, ainda, que as resistências sofrem uma maior variação até

temperaturas em torno de 40oC a 45

oC. Em temperaturas maiores que estas, o ligante asfáltico

já se apresenta tão viscoso que não desempenha mais satisfatoriamente a função de ligar os

agregados, porem os acréscimos na temperatura não acarretam grandes variações nas

resistências, que ainda se reduzem, porém, de maneira bem mais branda. A exceção acontece

com a Mistura composta com Seixo que varia de forma uniforme conforme o aumento de

temperatura.

Tabela 22 – Resistência à Tração das misturas em estudo

Temperatura

Resistência à Tração (MPa)

Seixo RCD AAUQ - cal AAUQ -

cimento

25oC 1,13 0,92 0,92 0,92

30oC 0,86 0,70 0,71 0,71

35oC 0,60 0,48 0,46 0,46

40oC 0,42 0,37 0,25 0,25

45oC 0,31 0,28 0,19 0,19

50oC 0,22 0,23 0,12 0,12

55oC 0,14 0,19 0,10 0,10

60oC 0,11 0,14 0,06 0,06

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As Figuras 29 a 32 mostram os Módulos de Resiliência das misturas submetidas a diferentes

temperaturas, e calculados a partir da aplicação de diferentes níveis de tensão. Teoricamente,

os valores de Módulo de Resiliência devem permanecer estáveis com a variação de tensões, se

estas estiverem dentro do limite elástico (assumido) para as misturas asfálticas, devendo

variar somente com a temperatura de ensaio. Ao final deste subitem, os valores resultantes,

são mostrados na Figura 33 e na Tabela 23.

Figura 29 – Módulos de Resiliência da Mistura com Seixo

A Mistura confeccionada com Seixo mostra-se bastante susceptível a ação da temperatura,

como se observa na Figura 29 e já comprovado pelo ensaio de Resistência à Tração. Também

pela citada figura nota-se que o Módulo de Resiliência tem uma sensível variação com o nível

de tensão aplicada em temperaturas menores (25oC e 30

oC). Aos 25

oC, o Módulo de

Resiliência apresenta certa constância, em torno de 3500MPa, quando aplicadas tensões que

correspondem a 5%, 10% e 20% da Resistência a Tração, porém, o aumento da carga para

30% da RT, causa uma brusca diminuição do MR para aproximadamente 2000MPa,

sugerindo que sob esse nível de tensão, a Mistura de Seixo já não se encontra mais dentro do

seu regime elástico. Aos 30oC, o efeito da temperatura se torna visível, fazendo com que o

regime elástico suporte tensões de até 20% da RT, com um MR em torno de 2500MPa. De

35oC em diante, quando começa a ocorrer uma sensível diminuição da Resistência a Tração

da Mistura Seixo (Figura 28), as cargas aplicadas no ensaio, por serem menores, resultam em

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módulos quase que constantes sob tensões correspondentes de 10% a 20% da RT, sob a

mesma temperatura.

Não foi possível ensaiar esta mistura com tensões correspondentes a 5% da RT a partir de

50oC, devido aos pequenos valores de carga serem menores que o fundo de escala do

equipamento (100N). Para as tensões correspondentes a 30% da RT, quando aplicadas aos

corpos de prova nessas temperaturas, ocasionaram-se grandes deformações (visíveis a olho

nu), antes mesmo do término da fase de condicionamento.

Alusivo à temperatura de ensaio, o MR apresenta grandes variações a temperaturas entre 25oC

a 35oC, uma variação menor entre 35

oC a 45

oC, e quase não varia entre as temperaturas de

45oC a 60

oC, permanecendo em torno de 500 MPa nessas temperaturas. Observam-se mais

valores na Figura 33 e na Tabela 23.

Figura 30 – Módulos de Resiliência da Mistura com RCD

Na Figura 30 pode-se ver que a Mistura composta com RCD também mostra variação do

Módulo de Resiliência com o nível de tensão aplicado e em temperaturas menores (25oC e

30oC), porém, essa variação é bem mais discreta que a apresentada pela Mistura com Seixo.

De 35oC em diante, os módulos apresentam-se quase que constantes sob tensões

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correspondentes de 10% a 20% da RT, sob a mesma temperatura. Assim como na Mistura

com Seixo não foi possível ensaiar esta mistura sob tensões correspondentes a 5% da RT a

partir de 55oC, devido aos pequenos valores de carga serem menores relativos ao fundo de

escala do equipamento (100N).

Referente à temperatura de ensaio, o MR mostra grandes variações a temperaturas entre 25oC

a 40oC, e menores variações entre 40

oC a 60

oC. Observam-se mais valores na Figura 33 e na

Tabela 23.

Figura 3.

Figura 31 – Módulos de Resiliência da Mistura de AAUQ – cal

O comportamento da Mistura AAUQ com cal de carbureto é mostrado na Figura 31. Nessa,

ressalta-se que o Módulo de Resiliência tem uma sensível variação com o nível de tensão

aplicado na temperatura de 25oC, quando apresenta certa constância, em torno de 1400MPa,

para tensões correspondentes a 5% e 10% da Resistência a Tração, porém, o aumento da carga

para 20% e 30% da RT, causa uma brusca diminuição do MR, o que sugere que sob esse nível

de tensão, esta Mistura já não se encontra mais dentro do seu regime elástico. De 30oC em

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diante, as cargas aplicadas no ensaio, por serem menores, resultam em módulos quase que

constantes sob tensões correspondentes de 10% a 30% da RT, sob a mesma temperatura.

Não foi possível ensaiar esta mistura com tensões correspondentes a 5% da RT aos 55oC,

devido aos pequenos valores de carga serem menores que o fundo de escala do equipamento

(100N). Igualmente não se realizaram os ensaios aos 60oC, pois nesta temperatura ocorreu a

ruptura dos corpos de prova antes mesmo do término da fase de condicionamento.

Atinente à temperatura de ensaio, o MR indicou uma grande variação entre 25oC e 30

oC, uma

menor variação entre 30oC a 45

oC, e quase nenhuma variação entre as temperaturas de 45

oC a

55oC, permanecendo em torno de 300 MPa nessas temperaturas. Observam-se mais resultados

na Figura 33 e na Tabela 23.

Figura 32 – Módulos de Resiliência da Mistura de AAUQ – cimento

Por ter as menores Resistências a Tração, a Mistura composta com areia e cimento também

apresentou as menores cargas aplicadas no ensaio, mesmo sendo percentuais da RT,

resultando em módulos quase que constantes sob todas as tensões e mesma temperatura

ensaiadas, como mostrados na Figura 32.

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70

Do mesmo modo que outras misturas não foi possível ensaiar esta mistura com tensões

correspondentes a 5% da RT a partir de 45oC, e com tensões correspondentes a 10% da RT

aos 55oC, devido aos pequenos valores de carga serem menores que o fundo de escala do

equipamento (100N). Ao mesmo tempo não foi possível realizar ensaios aos 60oC, pois nesta

temperatura ocorreu a ruptura dos corpos de prova antes do término da fase de

condicionamento.

Referente à temperatura de ensaio, o MR mostrou grandes variações a temperaturas entre

25oC a 35

oC, uma menor variação entre 35

oC a 40

oC, e quase não variou entre as temperaturas

de 40oC a 55

oC, permanecendo em torno de 300 MPa nessas temperaturas. Tem-se mais

valores na Figura 33 e na Tabela 23.

Na quase totalidade das Misturas ensaiadas a várias temperaturas, nota-se pelas Figuras 29 a

32, que níveis muito pequenos de tensões, como 5% da RT, não proporcionam boas leituras

de deformação dos corpos de prova durante o experimento, resultando em valores de MR

diferenciados daqueles obtidos com tensões maiores, mesmo obedecendo ao regime elástico.

Supõe-se que esse parâmetro obtido a esse nível de tensão sofre maior influência das

condições de ensaio (trepidações devido ao processo de manutenção da temperatura dentro de

câmara apropriada, sensibilidade dos LVDT’s) que propriamente da carga aplicada, que é

relativamente pequena para a mistura. Sendo assim, como recomendado pela norma DNER

ME 133 (1994), adotou-se o menor valor de carga capaz de gerar registros mensuráveis para a

determinação do Módulo de Resiliência das Misturas, que é a carga geradora de tensões em

torno de 10% da RT, que ofereceu sempre boas leituras para todas as misturas e em todas as

temperaturas estudadas, com exceção da Mistura AAUQ - cimento ensaiada a 55oC, cuja

porcentagem da RT correspondeu a uma carga tão pequena (menor que 100N), menor que o

fundo de escala do equipamento utilizado para o ensaio. Para essa mistura, nessa temperatura,

adotou-se o MR calculado com 20% da RT.

A Figura 33, assim como a Tabela 23, tem-se resumos das figuras anteriores apresentando os

mesmos dados já discutidos. São válidos para fins comparativos entre as misturas submetidas

à variação de temperatura. Observa-se que a partir de 30ºC Misturas com RCD apresentam os

maiores valores de MR, seguida pelas Misturas com Seixo, e finalmente, pelas Misturas com

areia.

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Figura 33 – Módulos de Resiliência x Temperatura das misturas de estudo

Tabela 3.1 – Módulo de Resiliência das misturas em estudo

Temperatura Módulo de Resiliência (MPa)

Seixo RCD AAUQ - cal AAUQ - cimento

25oC 3658 2910 1409 1015

30oC 2558 2224 850 717

35oC 1493 1660 732 457

40oC 1064 1006 449 341

45oC 687 779 315 284

50oC 535 645 259 242

55oC 496 503 252 162

60oC 491 310 795 -

Assim como a Resistência à Tração, a partir de 40oC a 45

oC, o Módulo de Resiliência pouco

varia com o aumento da temperatura, tendendo a se estabilizar, provavelmente porque a essas

temperaturas as propriedades viscosas do ligante passam a comandar o comportamento das

Misturas, deixando-as fora do regime elástico assumido.

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É possível relacionar o número N, obtido a partir do tráfego previsto, com o N determinado

no ensaio de Vida de Fadiga por meio de um Fator Laboratório-Campo (FLC), mas devido as

dificuldades de se considerar condições reais do campo nos ensaios em laboratório e no

cálculo das tensões geradas nos corpos de prova, é comum utilizar os resultados dos

experimentos apenas para comparação entre as misturas. As Figuras 34 a 37 mostram as

Curvas de Vida de Fadiga das misturas submetidas a diferentes temperaturas:

Figura 34 – Vida de Fadiga para a Mistura Seixo

Figura 35 – Vida de Fadiga para a Mistura RCD

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Figura 36 – Vida de Fadiga para a Mistura AAUQ – cal

Figura 37 – Vida de Fadiga para a Mistura AAUQ - cimento

Nas Figuras 34 a 37, observa-se para todas as Misturas que, conforme a temperatura vai

aumentando, é necessário um menor número de repetições de carga para que ocorra a ruptura

das misturas sob um determinado nível de tensão, como era esperado, uma vez que as

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propriedades estudadas anteriormente também decrescem. Nota-se, ainda, que a Curva de

Vida de Fadiga em ensaios realizados a 60oC não segue a tendência das Curvas representando

temperaturas mais baixas. Essa falta de coerência se deve a perda das propriedades elásticas

das misturas a altas temperaturas. como já comentado e observado nos ensaios anteriores. A

exceção é a Mistura com RCD, que mostrou coerência na Curva de Vida de Fadiga a 60oC.

Nas Figuras 38 a 42 são mostradas as Curvas de Vida de Fadiga, comparando as Misturas a

cada temperatura de ensaio.

Figura 38 – Vida de Fadiga para as Mistura a 25oC

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Figura 39 – Vida de Fadiga para as Mistura a 30oC

Figura 40 – Vida de Fadiga para as Mistura a 40oC

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Figura 41 – Vida de Fadiga para as Mistura a 50oC

Figura 42 – Vida de Fadiga para as Mistura a 60oC

A análise comparativa das Misturas por suas Curvas de Fadiga não depende apenas dos

coeficientes das mesmas, mas igualmente dos níveis de tensão que são aplicados. Portanto, é

necessária uma análise caso a caso, dependendo da solicitação de projeto. De qualquer forma,

pode-se afirmar, para os níveis de tensão estudados que, em geral, a Mistura com RCD

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indicou maior resistência à Fadiga em todas as temperaturas, como observado nas Figuras 38

a 42. Salienta-se que dependendo do nível de tensão, as situações podem se inverter, uma vez

que as curvas possuem diferentes inclinações. Com uma resistência menor à Fadiga, seguem

as Misturas com Seixo e AAUQ - cal, que também podem intercalar entre si a superioridade,

dependendo da temperatura e do nível de tensão. Com a menor resistência a Fadiga, segue a

Mistura AAUQ - cimento. As Curvas de Vida de Fadiga, obtidas em ensaios realizados a

60oC (Figura 42), não seguem a tendência das Curvas representando temperaturas mais

baixas.

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5 CONCLUSÕES

A análise dos resultados permitiu que fossem geradas algumas conclusões a respeito deste

estudo:

As propriedades mecânicas das misturas asfálticas (Resistência à tração, Módulo de

Resiliência e Vida de Fadiga) sofrem grande influência da temperatura de serviço;

Maiores variações nas propriedades mecânicas das misturas asfálticas ocorrem em

temperaturas abaixo de 40oC a 45

oC. Após essa temperatura, as misturas já se

encontram “enfraquecidas” o suficiente, e suas propriedades pouco variam com o

aumento da mesma;

Um forte esqueleto de agregados (agregados graúdos) e o intertravamento dos grãos

proporcionam às misturas maiores resistências e menores deformações, mesmo

submetidas a temperaturas altas;

O Módulo de Resiliência não varia com o aumento da tensão aplicada, se esta

permanecer dentro do limite elástico assumido para as misturas asfálticas;

Cargas que gerem tensões de 10% a 20% da RT são recomendadas para o cálculo

do Módulo de Resiliência das Misturas, pois apresentaram boas leituras de

deformações e permaneceram dentro do regime elástico na quase totalidade das

misturas desse estudo;

Conforme a temperatura vai aumentando, é necessário um menor número de

repetições de carga para que ocorra a ruptura das misturas sob um determinado

nível de tensão, como era de se esperar, uma vez que as propriedades estudadas

anteriormente (RT e MR) também diminuem;

A Mistura com RCD foi a que apresentou melhores resultados quanto à Resistência

à Tração, que se manteve elevada mesmo em altas temperaturas. O Módulo de

Resiliência permaneceu constante com o aumento de cargas, sugerindo a

permanência desta Mistura no estado elástico (assumido) mesmo sendo submetida a

altas temperaturas. Também se mostrou superior quanto a resistência à Fadiga;

A Mistura com RCD indicou uma excelente alternativa para ser empregada nos

revestimentos, em substituição a Mistura com Seixo (mistura convencional), apesar

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de apresentar alta resistência à tração, não mostrou superioridade nos demais

parâmetros;

As misturas tipo AAUQ confeccionadas com resíduo da fabricação de gás acetileno

(cal de carbureto) mostraram resultados superiores, quando comparadas com as

misturas normalmente compostas com cimento portland como filer;

Pelo exposto, conclui-se que os agregados alternativos podem substituir os agregados

tradicionais, diminuindo a susceptibilidade térmica das misturas asfálticas confeccionadas

com tais materiais.

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