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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL RIO BRANCO ACRE - BRASIL 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL

FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR

AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO

SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL

RIO BRANCO

ACRE - BRASIL

2013

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FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR

AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO

SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Acre, como parte das exigências do Programa de

Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, para

a obtenção do título de “Magister Scientiae”, sob a

orientação do Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes

Maciel.

RIO BRANCO

ACRE - BRASIL

2013

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©LIMA JUNIOR, F. B., 2013.

LIMA JUNIOR, Francisco Bezerra. Agricultura familiar e suas relações de mercado: um estudo sobre a

formação de preços do palmito de pupunha do PDS Bonal. Rio Branco, 2013. 108 f. Dissertação (Mestrado em

Desenvolvimento Regional) – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Universidade Federal do Acre, Rio

Branco.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFAC

Bibliotecária: Maria do Socorro de O. Cordeiro – CRB 11/667

L732a Lima Junior, Francisco Bezerra, 1987-

Agricultura familiar e suas relações de mercado: um estudo sobre a

formação de preços do palmito de pupunha do PDS Bonal / Francisco

Bezerra de Lima Junior. – 2013.

108 f.: Il.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Acre, Pró-

Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Curso de Mestrado em

Desenvolvimento Regional. Rio Branco, 2013.

Inclui referências bibliográficas e anexos.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel.

1. Agricultura Familiar. 2. Formação de Preços. 3. Palmito de

pupunha. I. Título.

CDD: 338.1

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iv

Aos meus pais, pelo amor incondicional.

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v

AGRADECIMENTOS

A conclusão deste trabalho é fruto de uma trajetória de aprendizado marcada pela

contribuição de muitas pessoas. Certamente nem todas as pessoas a quem eu gostaria de me

referir estarão citadas abaixo, muito embora assim eu gostaria que fosse. Além disso, as

palavras aqui mencionadas certamente serão incapazes de expressar o meu sentimento de

gratidão, portanto, peço a todos que tenham complacência com este que aqui se manifesta.

Ao meu Deus, supremo criador do universo, pelo privilégio de me conceder saúde,

paz, coragem e esperança para lutar por dias melhores sobre a terra. Louvado seja o nome do

Senhor pela todo o sempre!

Aos meus pais, Sr. Francisco e dona Angelita Lima, pelo amor, pelo cuidado e pela

ajuda incondicional que sempre dedicaram a mim e aos meus irmãos. Sem vocês eu não teria

alcançado tamanha bênção!

Aos meus irmãos, Inês, Eliete, Jociley, Jocilene, Sandra e Jair, pelo cuidado e carinho

que sempre tiveram por mim.

À Aline, Jaderley, Jayne, Samuel e Esther, meus amados sobrinhos, e aos meus

cunhados Aldenor, Arnaldo, Mariana, Jorge, Joel e Luana, por sempre estarem ao meu lado, e

acima de tudo, por fazer parte da minha família!

À minha noiva Clícia Rodrigues, pelo carinho e atenção que sempre teve comigo, pelo

apoio em todos os momentos difíceis e pelas trocas de palavras nos momentos de angústias,

além, é claro, do seu gigantesco amor e compreensão, que são fontes de inspiração... Te amo!

Ao professor, conselheiro e amigo Almir Dantas, pela amizade, confiança e incentivo

depositados em mim desde a educação básica.

Ao meu orientador, professor Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel, pela amizade e

atenção destinada a mim, além de seus valiosos conselhos e orientações que serão lembrados

por toda a minha vida.

A toda equipe de pesquisadores e bolsistas do Projeto ASPF, em especial à Dieime,

Pedro, Geso, Tiago, Reginaldo, Paulo, Eline e Emerson, pelo apoio e ajuda incondicional em

todas as etapas da pesquisa deste trabalho.

Aos Professores Carlito e Carlos Franco, pela amizade e pelos incentivos e, além

disso, por terem aceitado o convite de participar da banca de qualificação e defesa desta

dissertação.

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Ao Professor Rubicleis, pelos conselhos, orientações e incentivos repassados desde a

graduação do curso de Ciências Econômicas.

A todos os colegas do Mestrado em Desenvolvimento Regional, em especial à Ana

Paula e Flávia, companheiras que estiveram ao meu lado durante todo o percurso da pós-

graduação, pelo compartilhamento de novas experiências que foram basilares para a

conclusão deste trabalho.

Aos produtores rurais e lideranças do PDS Bonal, em especial à Francisca, Raimundo,

Edilson, Antônia e Manoel, pela acolhida e pelas valiosas informações que foram

fundamentais para a construção deste trabalho.

A toda a rede de supermercados, distribuidoras, restaurantes e pizzarias do Estado do

Acre, pelo apoio à pesquisa realizada nos estabelecimentos e pelas preciosas informações que

foram necessárias para a concretização deste trabalho.

A CAPES pela concessão de bolsa de estudo essencial na ajuda dos custos na pós-

graduação.

Ao Governo do Estado do Acre, através da FUNTAC, que proporcionou o apoio

financeiro para o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao INCRA pelo apoio logístico e pela disponibilização dos dados das famílias do PDS

Bonal.

A todos os meus amigos que fazem parte da trajetória de minha vida, pela contribuição

direta e indireta que sempre tiveram ao longo de toda a minha vida. Obrigado por tudo!

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vii

BIOGRAFIA

FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR, filho de Francisco Bezerra de Lima e

Angelita da Silva Lima, nasceu em Rio Branco-AC, no dia 1º de maio de 1987.

Cursou o ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio

Henrique Lima, concluindo-o no em dezembro de 2001.

Em fevereiro de 2002, iniciou o ensino médio na Escola Batista Fernanda Trimble

(Colégio Batista), no qual cursou o 1º e o 2º ano do Ensino Médio. Em 2004, iniciou o 3º ano

do Ensino Médio no Colégio Estadual Armando Nogueira, concluindo-o em dezembro do

mesmo ano.

Em abril 2005, ingressou no Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal

do Acre, concluindo-o no dia 10 de agosto de 2009.

Em março de 2011, ingressou no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento

Regional – MDR/UFAC, submetendo-se a defesa da dissertação no dia 19 de março de 2013,

para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

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viii

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo estudar a formação de preços do Palmito de Pupunha da

Agroindústria do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal. Especificamente, busca-se

identificar os canais de comercialização, sua estrutura de mercado, bem como seus agentes

mercantis, a fim de determinar a composição dos preços no mercado. Além disso, busca-se

avaliar o desempenho do mercado de palmito de pupunha, identificando as margens de

comercialização dos agentes mercantis, a demanda atual e potencial do mercado. A hipótese

deste trabalho considera que normalmente, grande parte das dificuldades das cooperativas

estão relacionadas às relações de mercado. Pois, normalmente os agentes mercantis das

cadeias de comercialização se apropriam da maior parcela do preço cobrado ao consumidor

final devido ao desconhecimento de uma correta política de formação de preços. Os

procedimentos metodológicos baseiam-se no levantamento de informações a fim de

identificar e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, bem

como mensurar quais são as margens e markups de comercialização referentes ao palmito de

pupunha produzido no PDS Bonal, que serão elementos essenciais para a formação de preços

de venda do palmito de pupunha. Os resultados demonstraram que a maior parte dos

problemas agroindústria Bonal possui ligação direta com as falhas ocorridas pela forma que

são fixados os preços no mercado, uma vez que os preços praticados não remuneram sequer

os custos de produção. Neste sentido, através da análise da situação atual da agroindústria,

percebeu-se que a alternativa imediata para a resolução de parte dos problemas atualmente

enfrentados pelo empreendimento seria analisar a demanda de palmito de pupunha acreano.

Através destas informações, foi possível encontrar o tamanho do mercado do Acre além da

parcela de mercado que o palmito Bonal se insere. Além disso, através dos procedimentos

metodológicos foram encontrados os preços mínimos de venda para cada tipo de palmito

vendido na agroindústria. Além dos preços mínimos formados a partir dos custos de

produção, através da pesquisa descobriu-se que o preço do palmito de pupunha pode

expandir-se ainda mais com o potencial de mercado acreano, devido a sua comprovada

preferência entre os consumidores e a sua qualidade.

Palavras-Chave: Formação de Preços; PDS Bonal; Agroindústria; Palmito de Pupunha.

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ix

ABSTRACT

The present work aims to study the pricing of Pupunha Palmetto Agribusiness Development

Project Sustainable Bonal. Specifically, we seek to identify marketing channels, its market

structure and market their agents in order to determine the composition of market prices.

Furthermore, we seek to evaluate the performance of the heart of palm market, identifying

marketing margins mercantile agents, the current demand and market potential. The

hypothesis of this study considers that normally, most of the difficulties are related to the

cooperative market relations. For agents normally market marketing chains appropriate the

largest share of the price charged to the final consumer due to lack of proper pricing policy.

The methodological procedures are based on survey information to identify and describe the

structure and mercantile agents marketing chains and measure what are the marketing margins

and markups for the heart of palm produced in PDS Bonal, to be elements essential for the

formation of selling prices of heart of palm. The results showed that most of the problems

agribusiness Bonal has a direct connection with the failures by the way they are set market

prices, since prices do not remunerate even production costs. In this sense, by analyzing the

current state of agribusiness, it was realized that the immediate alternative to solving some of

the problems currently faced by the project would be to analyze the demand for heart of palm

Acre. Through this information, it was possible to find the market size of Acre beyond the

market share that falls palm Bonal. Furthermore, through the methodological procedures were

found the minimum selling prices for each type of palm sold in agribusiness. In addition to

the minimum prices formed from production costs, through research it was discovered that the

price of heart of palm can be expanded further with the market potential Acre, due to its

proven preference among consumers and their quality.

Keywords: Price Formation; PDS Bonal; Agribusiness; Heart of palm of pejibaye.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de Localização do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal, 2012. .... 53

Figura 2: Representação de um Sistema de Comercialização Simplificado ............................ 57

Figura 3: Localização do Palmito em uma Palmeira ................................................................ 63

Figura 4: Palmito in natura ...................................................................................................... 63

Figura 5: Cultivo da Pupunheira para a Produção de Palmito, 2012. ...................................... 67

Figura 6: Fluxograma do Processamento Industrial Padrão na Agroindústria de Palmito de

Pupunha do PDS Bonal, 2012. ................................................................................................. 70

Figura 7: Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012. .............. 79

Figura 8: Circuitos da Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal,

2012. ......................................................................................................................................... 85

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Participação da agricultura familiar nas principais culturas brasileiras, 2006. ........ 25

Tabela 2: Valor total (FOB), peso e valor por tonelada do palmito exportado pelo Brasil,

1993 a 2010. ............................................................................................................................. 64

Tabela 3: Produção Brasileira e Participação dos Principais Estados Produtores de Palmito no

Brasil – 1974-2011 (Anos Selecionados). ................................................................................ 66

Tabela 4: Quantidade total produzida (em quilos) dos tipos de palmito de pupunha do PDS

Bonal entre os anos 2006 a 2011. ............................................................................................. 75

Tabela 5: Quantidade média anual comprada (em caixas) de Palmito de Pupunha Bonal pelos

estabelecimentos comerciais – 2011/2012 ............................................................................... 81

Tabela 6: Preços médios de compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal pelos Agentes

Mercantis (R$/pote) – 2012. ..................................................................................................... 82

Tabela 7: Preço de Venda dos Agentes Mercantis da Cadeia de Comercialização do Palmito

de Pupunha do PDS Bonal - 2012. ........................................................................................... 83

Tabela 8: Quantidade demandada atual (em caixas) de palmito Bonal – Anos 2011/2012. .... 88

Tabela 9: Demanda Potencial Anual de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012. ............... 90

Tabela 10: Participação nas Vendas dos tipos de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.. 91

Tabela 11: Custo Unitário de Produção e Preço de Comercialização do Palmito de Pupunha

do PDS Bonal, 2012. ................................................................................................................ 92

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Média de Produção Mensal de Palmito de Pupunha (em Kg) na Empresa Bonal

entre os anos 1990 a 2004. ....................................................................................................... 73

Gráfico 2: Produção anual (em Kg) de palmito de pupunha no PDS Bonal entre os anos

2006 a 2011. ............................................................................................................................. 74

Gráfico 3: Receitas e Custos Totais de Produção da Agroindústria de Palmito de Pupunha do

PDS Bonal entre os anos 2006 a 2011. .................................................................................... 75

Gráfico 4: Variação dos custos unitários e do preços unitários do PDS Bonal no período de

2006 a 2011. ............................................................................................................................. 76

Gráfico 5: Preços de compra do palmito pelos estabelecimentos comerciais no Estado do Acre

no ano de 2012 (principais marcas). ......................................................................................... 77

Gráfico 6: Destino do Palmito Bonal, 2012. ............................................................................ 80

Gráfico 7: Periodicidade de Compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal,

anos 2011/2012. ....................................................................................................................... 80

Gráfico 8: Quantidade consumida de Palmito no Estado do Acre entre os anos 2011/2012. .. 88

Gráfico 9: Disposição em comprar quantidades maiores de palmito de pupunha do PDS Bonal

pelos agentes mercantis do Estado do Acre no ano de 2012. ................................................... 89

Gráfico 10: Disposição a pagar mais pelo palmito Bonal no ano de 2012. ............................. 89

Gráfico 11: Nota de Qualidade e Aceitação no Mercado do palmito de pupunha do PDS

Bonal, 2012. ............................................................................................................................. 90

Gráfico 12: Taxa de Lucro Mínimo e Potencial para os tipos de Palmito de Pupunha do PDS

Bonal, 2012. ............................................................................................................................. 94

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LISTA DE SIGLAS

ABRAPALM - Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado

AGRIANUAL - Anuário da Agricultura Brasileira

ALICEWEB - Análise das Informações de Comércio Exterior

ASPF - Análise Socioeconômica dos Sistemas Básicos de Produção Familiar do Acre

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUNTAC - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre

IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IICA - Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura

INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

PAA - Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar

PAM/IBGE - Pesquisa Agrícola Municipal

PLANAF - Plano Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PDS - Projeto de Desenvolvimento Sustentável

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECEX - Secretaria de Comércio Exterior

SIDRA/IBGE - Sistema IBGE de Recuperação Automática

UFAC - Universidade Federal do Acre

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15

1. AGRICULTURA FAMILIAR E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS

AGRÍCOLAS .......................................................................................................................... 18

1.1. Agricultura Familiar na Amazônia ............................................................................... 18

1.2. Agroindústria Familiar ................................................................................................. 27

1.3. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas ..................................................... 31

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS

AGRÍCOLAS .......................................................................................................................... 36

2.1. Preços Fixos e Flexíveis: Uma abordagem a partir de Kalecki e Hicks ....................... 42

2.2. Formação de Preços Agrícolas ..................................................................................... 46

2.4. Canal de Comercialização e Margens de Comercialização .......................................... 49

3. METODOLOGIA: .......................................................................................................... 53

3.1. Caracterização do Objeto de Estudo ............................................................................. 53

3.1.1. Caracterização da Agroindústria de Palmito de Pupunha Bonal ...................... 55

3.2. Coleta de Dados ............................................................................................................ 55

3.3. Análise dos dados ......................................................................................................... 56

3.3.1. Margem Total (MT) .......................................................................................... 58

3.3.2. Markup de Comercialização (Mk) .................................................................... 58

3.3.3. Apropriação Efetiva (AEi) ................................................................................ 59

3.3.4. Formação de Preços da Agroindústria de Palmito do PDS Bonal .................... 59

3.3.5. Markup, Preço de Venda e Preço Potencial na Produção Agroindustrial do

PDS Bonal ....................................................................................................................... 61

4. PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE PREÇOS DA

AGROINDÚSTRIA DE PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL ........................... 63

4.1. Caracterização e História do Palmito no Brasil ............................................................ 63

4.2. Principais Características Palmito de Pupunha ............................................................ 67

4.2.1. Etapas de produção do Palmito de Pupunha ..................................................... 70

4.3. Produção, Agroindustrialização e Resultados Econômicos do palmito da pupunha do

PDS Bonal ........................................................................................................................... 72

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xiv

4.3.1. Histórico da Produção na Agroindústria de Processamento do Palmito de

Pupunha da Empresa Bonal: Anos 1990-2004 ............................................................... 72

4.3.2. Produção e Resultados Econômicos da Agroindústria de Palmito de Pupunha

do PDS Bonal: Anos 2005-2012 ..................................................................................... 74

4.3.2.1. Agentes Mercantis e Resultados Econômicos do Palmito de Pupunha da

Agroindústria do PDS Bonal .......................................................................................... 78

4.3.2.2. Demanda Atual e Potencial de Mercado do Palmito de

Pupunha do PDS Bonal ................................................................................................... 87

4.3.2.3. Formação do Preço Mínimo de Mercado e Preço Potencial do Palmito de

Pupunha do PDS Bonal ................................................................................................... 91

CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 99

ANEXOS ............................................................................................................................... 108

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15

INTRODUÇÃO

A busca por alternativas que tenham por objetivo gerar trabalho e renda e que

garantam a sustentabilidade apresenta-se como um modo de amenizar a pobreza e primar pela

dignidade humana. Ter uma renda, um emprego é indispensável para garantir a sobrevivência

e determinante para preservar a cidadania. Neste sentido, a agroindústria familiar rural surge

como uma alternativa na busca de novos nichos de mercados, utilizando-se da maior

diversidade de produtos e da diferenciação dos produtos através da transformação dentro da

propriedade, que representa um importante papel para o desenvolvimento da sociedade, em

especial quando se enfatiza os pequenos estabelecimentos rurais (NICHELE E WAQUIL,

2011).

Contudo, apesar de reconhecida a importância que a agricultura familiar proporciona

para a sociedade, principalmente quando se trata da produção obtida através de unidades

agroindustriais, observa-se a existência de problemas presentes dentro e também fora das

unidades de produção. Mas é, sem dúvida, fora do alcance dos produtores rurais que ocorrem

a maior parte dos problemas que afetam o resultado econômico-financeiro, que resultam em

sérias consequências sociais aos produtores rurais (PADILHA JÚNIOR, 2006).

Esses gargalos, na maioria dos casos, estão relacionados à forma de comercialização

dos produtos agrícolas no mercado, os quais se manifestam como obstáculos responsáveis

para que os ganhos destinados aos produtores rurais sejam diluídos nas mãos dos

intermediários durante o processo de venda dos produtos. Inhetvin (1998) corrobora que os

principais motivos para esses problemas estão relacionados principalmente pelos baixos

preços dos produtos no mercado. Relacionado aos preços de mercado, destaca-se ainda os

problemas existentes na forma de gestão e planejamento de algumas agroindústrias que, em

muitos casos não conseguem barganhar um preço ideal no mercado, seja pela falta de apoio

dos órgãos competentes com auxílio ao crédito e condições de comercialização ou

simplesmente por não saber como são formados os preços de venda dos produtos.

Agregado às dificuldades enfrentadas quanto à comercialização no mercado, existem

poucos estudos que sejam destinados a analisar com maior profundidade as estruturas de

mercado local, a fim de saber qual o real tamanho do mercado em que se inclui determinado

produto, para que a partir dessas informações sejam encontradas soluções e alternativas que

sirvam de estratégias de comercialização, principalmente quando se trata de agroindústrias de

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processamento de palmito de pupunha na região norte do Brasil, em especial quando se trata

da agroindústria de processamento de palmito do PDS Bonal.

Não obstante, é precisamente neste ponto que reside à questão central do presente

trabalho: As dificuldades encontradas para a viabilidade econômica da agroindústria do PDS

Bonal estão relacionadas à formação de preços do palmito?

Diante dessa discussão, o presente trabalho tem por objetivo estudar a formação de

preços do Palmito de Pupunha da Agroindústria do Projeto de Desenvolvimento Sustentável

Bonal. Especificamente, busca-se identificar os canais de comercialização, sua estrutura de

mercado, bem como seus agentes mercantis, a fim de determinar a composição dos preços no

mercado. Além disso, busca-se avaliar o desempenho do mercado de palmito de pupunha,

identificando as margens de comercialização dos agentes mercantis, a demanda atual e

potencial do mercado.

A hipótese deste trabalho considera que normalmente, grande parte das dificuldades

das cooperativas estão relacionadas às relações de mercado. Pois, normalmente os agentes

mercantis das cadeias de comercialização se apropriam da maior parcela do preço cobrado ao

consumidor final devido ao desconhecimento de uma correta política de formação de preços.

Os procedimentos metodológicos baseiam-se no levantamento de informações a fim

de identificar e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, bem

como mensurar quais são as margens e markups de comercialização referentes ao palmito de

pupunha produzido no PDS Bonal.

As informações contidas neste trabalho são procedentes de informações da pesquisa

primária realizada pelo grupo de pesquisa do projeto ASPF, que foram levantadas através de

dados oriundos da estrutura de funcionamento, bem como o fluxo de caixa da agroindústria

do PDS Bonal. Já as informações referentes aos mercados foram extraídas através de uma

pesquisa de campo em que foram entrevistados os agentes mercantis que comercializam o

palmito do PDS Bonal.

A presente pesquisa pretende contribuir para a elaboração de políticas e estratégias que

sejam favoráveis à comercialização do palmito de pupunha do PDS Bonal, com a finalidade

de fornecer informações aos gestores da agroindústria sobre o mercado e a demanda de

palmito do Estado do Acre, a fim de desenvolver a partir dessas informações um preço

competitivo no mercado que seja capaz de remunerar os custos de produção e garantir receita

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17

para a agroindústria, que diretamente contribuirá para a melhoria na qualidade de vida das

famílias residentes neste projeto de assentamento.

Este trabalho está divido em quatro capítulos. No primeiro, faz-se uma revisão sucinta

sobre a agricultura familiar, agroindústria familiar e a comercialização de produtos agrícolas.

No segundo capítulo, se analisa os fundamentos teóricos sobre a formação de preços,

discutindo as principais evoluções do pensamento econômico sobre o tema, assim como a

discussão sobre a formação de preços agrícolas, canais de margens de comercialização

No terceiro capítulo, discutem-se detalhadamente os procedimentos metodológicos

utilizados neste trabalho, enfatizando o objeto de estudo assim como as técnicas de obtenção

das margens, markups, apropriação efetiva e o cálculo da formação de preços.

No quarto e último capítulo são apresentadas as discussões sobre o palmito de

pupunha, destacando suas características e etapas de produção. Além disso, será abordada a

produção, agroindustrialização e principais resultados econômicos do palmito da pupunha do

PDS Bonal, enfatizando os agentes mercantis que compõem a cadeia de comercialização, bem

como o resultado das margens, markups de comercialização e apropriação efetiva obtidas com

a comercialização e por fim, serão discutidas as demanda atual e potencial do palmito de

pupunha Bonal e a elaboração da formação dos preços através dos custos de produção.

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1. AGRICULTURA FAMILIAR E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS

AGRÍCOLAS

1.1. Agricultura Familiar na Amazônia

A busca em garantir a disponibilidade de alimentos sempre foi uma das maiores

preocupações da humanidade desde a sua existência. Com o crescimento da população

paralela à disponibilidade de alimentos, tornava-se necessário a dominação de técnicas que

tinham como objetivo principal prover a produção alimentar capaz de garantir a manutenção e

a sobrevivência da espécie humana. Neste contexto surge o termo “agricultura”.

A agricultura, de um modo geral, foi definida como “a arte de modificar os ecossistemas, em

termos econômicos e sem produzir danos irreversíveis” (MALAVOLTA, 1997, p. 89).

Contudo, em uma visão mais simplista, a agricultura pode ser definida como um tipo de

atividade desenvolvida pelo homem e que o relaciona com a terra de uma forma metódica e

sistemática, tendo como objetivo a produção de alimentos.

Em termos conceituais, a agricultura se compreende como a atividade produtiva

integrante do setor primário da economia, que é caracterizada através da produção de bens

alimentícios e matérias primas decorrente do cultivo de plantas e da criação de animais.

Quando em uma unidade agrícola o emprego de capital é o fator predominante, trata-se de

agricultura intensiva, como ocorre nos países industrializados. Por outro lado, numa unidade

agrícola onde o emprego da terra é o fator fundamental da produção, trata-se então de

agricultura extensiva, como é o caso dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento,

onde a principal característica é a presença de abundantes extensões de terra para a produção.

O desenvolvimento da agricultura permitiu a sobrevivência da espécie humana,

suprimindo absolutamente o risco de sua extinção. Além disso, possibilitou sucessivos e

contínuos aumentos da população, o que ocorre até os dias atuais. Além de garantir a

sobrevivência da espécie humana, a agricultura libertou o homem da necessidade de ser

nômade, permitindo o florescimento de comunidades que, com o tempo, se tornaram cidades

(PATERNIANI, 2001, p. 305). É importante ressaltar que, com o aumento da eficiência

agrícola, menor número de indivíduos era necessário para a produção de alimentos,

possibilitando que grande parte da população pudesse se dedicar a outras atividades:

artesanais, comerciais, artísticas, políticas, militares e religiosas. O contínuo aumento da

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eficiência agrícola permitiu o florescimento de sociedades cada vez mais complexas,

possibilitando o crescimento de grande variedade de atividades profissionais (idem).

Entre os vários métodos utilizados pelas civilizações ao longo da história, cabe

destacar com mais atenção a utilização de técnicas que envolviam, principalmente, a presença

da família em todo o processo produtivo dos alimentos.

Uma das categorias mais importantes da agricultura é, sem dúvida, a da agricultura

familiar. O conceito de agricultura familiar refere-se basicamente à agricultura dirigida pelo

próprio produtor rural e que utiliza mais a mão-de-obra familiar que a contratada. Segundo

Lamarche (1993, p. 15 e 21), “a agricultura familiar é definida como uma unidade de

produção na qual a propriedade e o trabalho estão intrinsecamente relacionados com a família,

tendo como característica primordial a diversidade produtiva, como base para sua adaptação

às diversidades do sistema que lhes são próprias”.

Segundo Abramovay (1997), para ser mantido o caráter familiar da produção é

necessário que pelo menos um membro da família combine as atividades de trabalhador e

administrador da produção:

A agricultura familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do

trabalho, vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento.

Que esta definição não seja unânime e muitas vezes tampouco operacional, é

perfeitamente compreensível, já que os diferentes setores sociais e suas

representações constroem categorias científicas que servirão a certas finalidades

práticas: a definição de agricultura familiar, para fins de atribuição de crédito, pode

não ser exatamente a mesma daquela estabelecida com finalidades de quantificação

estatística num estudo acadêmico. O importante é que estes três atributos básicos

(gestão, propriedade e trabalho familiar) estão presentes em todas elas.

(ABRAMOVAY, 1997, p.3)

De forma geral, os empreendimentos familiares possuem duas características

principais: a primeira mostra que esses estabelecimentos são administrados pela própria

família; e a segunda característica, refere-se em destacar que a família trabalha de forma

direta, com ou sem o auxílio de terceiros.

Um empreendimento familiar é, ao mesmo tempo, uma unidade de produção e de

consumo; uma unidade de produção e de reprodução social1.

Nota-se, que em países capitalistas mais desenvolvidos, como é o caso dos Estados

Unidos e Japão, a forte presença da agricultura familiar desempenhou um papel importante na

1 O Fortalecimento da Agricultura Familiar. Cf.: http://homologar.prodepa.gov.br/sagri/?q=node/74

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estruturação de economias mais dinâmicas e de sociedades mais democrática e igualitária, que

segundo Guanziroli, é apontada como:

A expansão e dinamismo da agricultura familiar baseou-se na garantia do acesso a

terra em que cada país assumiu de forma particular, desde a abertura da fronteira

oeste americana aos farmers até a reforma agrária compulsória na Coréia e em

Taiwan. Em todos esses países, além de contribuir para dinamizar o crescimento

econômico, a agricultura familiar desempenhou um papel estratégico e tem sido

relevado em muitas análises: o de garantir uma transição socialmente equilibrada

entre uma economia de base rural para uma economia urbana e industrial

(GUANZIROLI, 2001, p. 15).

Além do mais, a agricultura familiar cria oportunidades de trabalho local, reduz o

êxodo rural, diversifica os sistemas de produção, possibilita uma atividade econômica em

maior harmonia com o meio ambiente e contribui para o desenvolvimento dos municípios,

pois, o maior percentual de emprego, de produção e de renda não provém da grande

propriedade agrícola e, sim, da pequena produção [familiar] (RÊGO, COSTA FILHO E

BRAGA, 2003). Sabe-se que o êxodo rural ocorre devido à perda da capacidade produtiva, ou

à falta de condições de subsistência em determinado local, o que faz com que os moradores

rurais busquem, na cidade, novas alternativas de sobrevivência. A agricultura familiar visa

modificar tal cenário.

Segundo Savoldi e Cunha (2010), a Agricultura Familiar possui as seguintes

categorias:

- Família Agrícola de Caráter Empresarial, ou o chamado “verdadeiro agricultor”,

cuja lógica de reprodução social é determinada pela realização de uma produção

orientada para o mercado, obedecendo a satisfação de índices de rentabilidade e de

produtividade crescentes: caracteriza-se por uma conjunção de fatores econômicos,

técnicos a uma situação patrimonial e social favorável à rentabilização da

exploração.

- Na família Camponesa, a lógica da atividade agrícola não é dada em termos de

prioridade pela busca da taxa de produtividade e de rentabilidade crescentes, mas

pelo esforço de manter a família em determinadas condições culturais e sociais, isto

é a manutenção da propriedade familiar e da exploração agrícola. A família é um

valor que se impõe à produção embora seja indissociável da propriedade e da

exploração agrícola.

- A Família Agrícola Urbana não se orienta prioritariamente pelos padrões

produtivistas, mas também se distingue da “família camponesa” apesar de resgatar

alguns de seus valores e de expressar um forte vínculo com uma localidade

particular. Esse modelo de família rural repousa sobre um sistema de valores

próprios que orienta a produção agrícola, não em função do lucro e da produtividade

crescentes, mas para a melhoria da qualidade de vida, sem deixar de considerar a

realidade do mercado e obviamente a capacidade de retorno com termos de

rendimento (SAVOLDI E CUNHA, 2010, p. 27 – Grifo nosso).

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Além disso, fica cada vez mais nítido, conforme Guanziroli (2001), que as alterações

no cenário econômico e institucional, mesmo que sua importância seja reconhecida, apresenta

desafios ainda maiores à sobrevivência da agricultura familiar:

A viabilidade de a agricultura familiar absorver progresso tecnológico tem origem

nas especificidades naturais do setor agrícola, as quais condicionaram sua evolução

tecnológica. O camponês viu seus instrumentos de trabalho se aperfeiçoarem

enormemente, sem que o processo de trabalho tivesse sofrido mudanças da mesma

ordem daquelas observadas no processo de trabalho do artesão, que foi deslocado

para manufatura e, depois, pela grande indústria. O trator substituiu o cavalo, os

fertilizantes químicos a matéria orgânica; as ferramentas e equipamentos se

sofisticaram e diversificaram, mas continuaram a ser instrumentos cuja boa

utilização depende da arte e habilidade do agricultor e que, portanto, dificultam um

trabalho de supervisão capitalista caso o agricultor seja mais um trabalhador

assalariado. Também o fato da produção ser dispersa numa área extensa reforça as

dificuldades de organização e controle do processo de trabalho, as quais tendem a

elevar os custos de produção mais que proporcionalmente aos benefícios do

aumento da área cultivada (GUANZIROLI, 2001, p. 20).

Desta forma, Lima e Wilkinson (2002) corroboram o pensamento que a agricultura

familiar precisa se adaptar as novas exigências de eficiência e qualidade, para se manter nos

patamares atuais. Pois para ter acesso a mercados mais promissores, os agricultores precisam

combinar a competência herdada das gerações precedentes com novos conhecimentos e novas

práticas. Isso remonta o fato de que o desenvolvimento de novas habilidades, principalmente

de natureza técnica, é um dos principais desafios a serem enfrentados pelos agricultores

familiares rurais (se não for o maior).

A fim de entender qual o papel desempenhado pela agricultura familiar no Brasil,

torna-se importante resgatar as origens sobre sua inserção na economia nacional, a partir do

século XVII, quando surgiu de fato, para abastecer os centros urbanos em expansão, através

do ciclo da mineração2.

Guimarães (1991), analisando o significado da pequena propriedade rural, evidencia

que o aparecimento da agricultura familiar no país iniciou após uma série de lutas travadas

entre senhores de terras que determinaram que trabalhadores libertos, moradores agregados,

intrusos ou posseiros fossem trabalhar nas piores terras e por fundar nas proximidades dos

latifúndios ou distante deles, alguns cultivos de subsistência, casas de farinha, engenhocas e

2 De acordo com Furtado (2005, p. 81), a população do Brasil teria alcançado 100 mil habitantes em 1600, um

máximo de 300 mil em 1700 e ao redor de 3.250.000 em 1800. A população de origem europeia seria de cerca

de 30 mil em 1600 e dificilmente alcançaria 100 mil em 1700. Ignorando-se qualquer contribuição migratória

europeia ocorrida no século, deduz-se que o crescimento vegetativo dessa população permitia no máximo que a

mesma triplicasse no correr de um século.

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produção de aguardentes. Isto ocorreu até que o sistema escravista começou a desagregar-se e,

com ele, o monopólio latifundiário da terra. Desta forma, pode-se facilmente perceber que a

pequena propriedade ou pequena produção foi se constituindo lentamente nos arredores do

latifúndio ou até mesmo distante dele.

No final da década de 1920, com o desencadeamento da crise na cafeicultura

(principal atividade econômica do país), a alternativa encontrada pelos proprietários de terras

foi o retalhamento da propriedade, que beneficiou os antigos imigrantes, significou a própria

reafirmação das condições em que se processou o desenvolvimento do capitalismo no Brasil,

na medida em que se recolocou a importância da terra como meio de produção fundamental.

O parcelamento gerou o desaparecimento de uma pequena propriedade diferente dos núcleos

oficiais de colonização (GRAZIANO, 1978, p. 31).

De acordo com Savoldi e Cunha (2010), esse parcelamento das terras ocorreu

paralelamente ao crescimento dos núcleos urbanos, especialmente no Rio de Janeiro, São

Paulo, Santos e Campinas para atender as funções comerciais ligados ao café.

Ainda segundo os autores, a questão alimentar desses centros, que já vinha se

manifestando desde o período colonial, apareceu nesse momento, com mais intensidade.

Destarte, era necessária uma produção de alimentos cada vez maior capaz de suprir o

contingente populacional que se instalava nas cidades. A pequena propriedade foi responsável

por esse abastecimento, utilizando basicamente a mão de obra familiar.

Durante a década de 1970, o meio rural brasileiro passou por uma série de

modificações, principalmente no âmbito econômico e social. Essas transformações, por sua

vez, resultaram de forma negativa no desempenho da agricultura familiar que traz, desde sua

institucionalização, algumas “precariedades”, tais como, a precariedade econômica, social e

jurídica do domínio dos meios de trabalho e produção (sobretudo a terra), caráter rudimentar

dos sistemas de cultura e das técnicas de produção, pobreza da população engajada nas

atividades agropecuárias, constatadas na grande mobilidade espacial e dependência diante da

grande propriedade (BRUMER, 1993). Para Guanziroli (2001), a introdução de uma política

urbana de desenvolvimento rural culminou em um desastre social de grandes proporções,

devido à disponibilidade de terras ociosas que poderiam ter sido apropriadas pelos pequenos

produtores familiares sem ameaçar a expansão das áreas ocupadas produtivamente pelos

produtores comerciais não familiares.

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No início da década de 1980, a economia brasileira encarava uma crescente

instabilidade macroeconômica, com altas taxas de inflação. Segundo Lucena e Souza (2003),

para estimular a produção e a exportação de produtos agrícolas, o Governo viria a substituir o

subsídio ao crédito por uma política de preços mínimos. Idealizado pelo Ministro do

Planejamento Antônio Delfim Netto, nasceu com o interessante slogan “Plante que o João

Garante”, algo bastante populista. O crescimento da agricultura brasileira também não pode

ser separado das políticas relativas a fertilizantes e máquinas agrícolas. No período, o

consumo de fertilizantes no Brasil cresceu em média 20% ao ano, passando de 300 mil

toneladas em 1965 para 4 milhões de toneladas em 1980.

No inicio da década de 1990, a globalização dos mercados e as notáveis modificações

que ocorreram na economia, influenciaram de forma significativa o espaço mundial. Ligado a

estes dois fatores, a agricultura familiar, enfim começa a ganhar relevância política e

institucional. Segundo Pinheiro (1999), no final do século XX, a agricultura familiar passou a

ocupar espaços mais variados, da mídia à agenda política nacional, e suas demandas são

disputadas por diferentes entidades de representação. Como salienta Savoldi e Cunha (2010),

no âmbito governamental, a agricultura familiar foi incluída como propriedade na segunda

metade da década de 1990, quando foi lançado o PLANAF (Plano Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar) em agosto de 1995. No início, esse plano garantia

apenas uma linha de crédito para custeio. Depois essa linha de crédito, seguindo as

reivindicações da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura),

culminou na criação do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar) em 1996.

A preocupação fundamental, segundo Souza (1999), foi a promoção do

desenvolvimento sustentável do segmento rural, estabelecido pelos agricultores familiares

com o intuito de garantir a ampliação da capacidade produtiva no campo, além da geração de

empregos e a melhoria da renda.

No entanto, a carência de uma clara inteligibilidade teórica, há somente um argumento

para a institucionalização da noção de agricultura familiar: permitir o acesso aos fundos

públicos por parcela expressiva dos produtores, antes marginalizados da ação do Estado

(Buainain , 2007, p. 18). Neste sentido, o Governo Federal estabeleceu, através da Lei nº

11.326, de 24 de julho de 2006, as diretrizes para a formulação da Política Nacional da

Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais:

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Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor

familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,

atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo

Poder Executivo;

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

§ 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se

tratar de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a

fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2o São também beneficiários desta Lei:

I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata

o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o

manejo sustentável daqueles ambientes;

II - aquiculturas que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata

o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até

2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água,

quando a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos

incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no

meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;

IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos

incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira

artesanalmente.

V - povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos

incisos II, III e IV do caput do art. 3º;

VI - integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais

povos e comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e

IV do caput do art. 3º.

§ 3o O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e

condições adicionais de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito

destinadas aos agricultores familiares, de forma a contemplar as especificidades dos

seus diferentes segmentos.

§ 4o Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e

associações que atendam a percentuais mínimos de agricultores familiares em seu

quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima beneficiada, processada ou

comercializada oriunda desses agricultores, conforme disposto pelo CMN.

(BRASIL, Lei nº. 11.326, de 24 de julho de 2006).

Levando em consideração a legislação brasileira e os resultados obtidos pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, é possível verificar a importância que a

agricultura familiar possui no país. De acordo com o Censo Agropecuário 2006 registrou

5.175.489 estabelecimentos rurais que ocupavam uma área de 329,94 milhões de hectares do

território brasileiro. Do total de estabelecimentos, foram identificados 4.367.902

estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 84,4% dos estabelecimentos

brasileiros. Este numeroso contingente de agricultores familiares ocupava uma área de 80,25

milhões de hectares, ou seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos agropecuários

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brasileiros, que é responsável por 38% do Valor de toda Produção (R$ 54,4 bilhões). Segundo

IBGE (2009), estes resultados mostram uma estrutura agrária ainda concentrada no País: os

estabelecimentos não familiares, apesar de representarem 15,6% do total dos

estabelecimentos, ocupavam 75,7% da área ocupada. A área média dos estabelecimentos

familiares era de 18,37 hectares, e a dos não familiares, de 309,18 hectares.

Em relação a destinação das áreas utilizadas pela agricultura familiar (80,25 milhões

de hectares), 45% eram destinados a pastagens, 28% destinava-se as florestas, matas ou

sistemas agroflorestais, e por fim as lavouras que ocupavam 22,0% da área.

Em relação às principais culturas produzidas no Brasil, de acordo com o Censo

Agropecuário de 2006, nota-se um importante papel sobre a participação da agricultura

familiar. A Tabela 1 ilustra a participação da agricultura familiar nas principais culturas

produzidas:

Tabela 1: Participação da agricultura familiar nas principais culturas brasileiras, 2006.

Cultura Participação

Mandioca 87%

Feijão 70%

Suínos 59%

Leite 58%

Aves 50%

Milho 46%

Café 38%

Arroz 34%

Bovinos 30%

Trigo 21%

Soja 16% Fonte: IBGE (2009), Censo Agropecuário 2006.

Segundo Aleixo et al. (2007) em geral, são agricultores com baixo nível de

escolaridade que diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e

aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade de mão-de-obra. Por ser

diversificada, a agricultura familiar traz benefícios agro-sócioeconômicos e ambientais.

A dinâmica da pequena produção familiar decorre das peculiaridades encontradas nas

regiões brasileiras, principalmente quando se observa a região amazônica, considerando sua a

grande diversidade na fauna e flora, além da sua forma particular de produção familiar no

campo.

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Durante séculos, de acordo com Hurtienne (2005), extrativistas tradicionais e

agricultores itinerantes, como os grupos indígenas, caboclos e ribeirinhos, foram os grupos

populacionais mais importantes na Amazônia rural.

Com a imigração de colonos oriundos do Nordeste e do Sul do Brasil após a abertura

da Amazônia através dos novos eixos rodoviários a partir da década de 1970, os programas de

colonização oficial e os grandes projetos governamentais foram a base para a formação da

população agrícola da Amazônia, dos quais contribuíram para o crescimento demográfico na

região.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, a Amazônia possui 475.775

estabelecimentos rurais que ocupavam uma área de 54.787.296,58 milhões de hectares da

região Norte do Brasil. Considerando a quantidade total de propriedades rurais, o Censo

identificou 413.101 estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 90% dos

estabelecimentos da região Norte e, 10% do total nacional. Desta forma, torna-se visível que a

agricultura familiar possui uma grande relevância quanto à forma de produção na região.

Esses números têm significados que vão além dos valores quantitativos em relação

restante do país, uma vez que se inserem em estruturas de propriedade de terra. Neste sentido,

observa-se na região amazônica, característica referente aos estabelecimentos familiares que,

por sua vez, estão dispersos em vastos territórios de baixa densidade populacional e inseridos

em estados com forte presença de grandes latifúndios, com um tamanho médio que alcança

até 200 ha.

Em relação às principais culturas produzidas no Norte do Brasil, de acordo com o

Censo Agropecuário de 2006, nota-se um importante papel sobre a participação da agricultura

familiar.

Entre as culturas selecionadas pelo Censo, destaca-se a mandioca com 93% de

participação, o café (89%), o feijão (83%), suínos (76%), leite (69%), milho (65%), arroz

(60%), aves (43%), bovinos (38%) e soja (6%).

Além das diferenças em relação ao tamanho da área em relação ao restante do país,

outra característica importante a ser relacionada, é a questão do baixo emprego de tecnologias

adequadas à produção. Na Amazônia, há uma grande predominância de utilização de

equipamentos rústicos, tais como o martelo, a enxada, o terçado, etc. (ASPF 2010).

Buainain (2006) salienta que os agricultores familiares buscam reduzir riscos

econômicos e alimentares e que, por isso, tendem, inicialmente, a valorizar a adoção de

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sistemas mais diversificados e a alocar recursos, sobretudo tempo de trabalho, para produzir

parte dos alimentos que consomem ou matéria-prima utilizada no estabelecimento.

Porém, apesar de possuir extrema relevância para a população residente na Amazônia,

grande parte dos agricultores familiares ainda sofrem dificuldades que não foram superadas,

mesmo com a participação governamental: acesso precário aos mercados; imperfeições do

processo de comercialização que tinham como resultado a baixa remuneração do esforço

produtivo e a transferência de renda para os intermediários; insegurança alimentar por causa

da distância dos mercados; isolamento nos períodos de chuva; acentuadas variações de preço

entre a safra e a entressafra; ausência de mecanismos de financiamento e proteção contra os

riscos da natureza (idem).

Segundo Buainain (2006, p. 34), diante dessas condições, “a opção pela diversificação

e busca do máximo de autossuficiência alimentar e produtiva é, sem dúvida, adotada pela

grande maioria dos agricultores”. A mesma análise histórica revela que na medida em que

algumas das restrições são relaxadas, muitos grupos de agricultores ajustam suas estratégias

produtivas, aumentam o grau de abertura e inserção aos mercados, focam em alguns produtos

de maior valor agregado e elevam o grau de especialização da produção.

1.2. Agroindústria Familiar

Um dos maiores desafios para se garantir um salto qualitativo e quantitativo em uma

unidade de produção agrícola é sem dúvida, a busca e a aplicação de novas medidas que

tenham como foco promover a organização, integração e capacitação entre os agentes que

compõem uma cadeia produtiva3, além do aumento de qualidade do produto beneficiado. Isso,

por sua vez, torna se visível quando estas perspectivas consistem na procura de práticas

alternativas que visem aprimorar o modo de produção, agregando valor aos produtos, ao

mesmo tempo, gerando emprego e renda com responsabilidade social e ambiental.

3 A cadeia produtiva compreende em um conjunto de operações técnicas de produção responsáveis pela

transformação da matéria prima em produto acabado (PROCHMANN e MICHELS, 2003 p. 7). Por outro lado,

ela possui um conjunto de agentes econômicos que interagem e se relacionam para atender às necessidades dos

consumidores em adquirir um determinado produto (idem, p. 1).

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Desta forma, como um meio de aprimorar a qualidade e agregar valor aos produtos

do campo, surge o termo “agroindústria”. Lourenço (2010) afirma que o termo agroindústria é

definido e descrito por diferentes instituições e entidades. No entanto, tais definições se dão

através de duas abordagens principais, ou seja, uma definição ampliada e outra mais restrita:

Num conceito ampliado, agroindústria engloba o complexo agroindustrial (CAI)

como um todo, ou seja, todos os agentes que fazem parte do segmento de insumos e

fatores de produção (antes da porteira), da produção propriamente dita (dentro da

porteira), do processamento e da transformação até a distribuição e o consumo

(depois da porteira).

A agroindústria, no entanto, definida por um conceito mais restrito revela

basicamente as indústrias que se dedicam à transformação e ao processamento de

matérias-primas agropecuárias (de origem animal e vegetal). Tais matérias-primas

que são transformadas e preservadas através de alterações físico-químicas,

caracterizam-se por apresentar grande variabilidade (qualitativa e quantitativa),

diferentes graus de perecibilidade e sazonalidade.

A agroindústria é o conjunto de atividades relacionadas à transformação de

matérias-primas provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura.

Numa linguagem mais rural pode-se dizer que as atividades da agroindústria

classificam-se em: atividades antes da porteira, atividades dentro da porteira e

atividades depois da porteira.

Em termos mais simplistas podemos dizer que, agroindústria é apenas um dos itens

da chamada organização da produção, que envolve todo o processo de produção

deste as atividades chamadas antes da porteira, como insumos, sementes, máquinas e

equipamentos, mão-de-obra e crédito, passando pela produção dentro da porteira,

onde os agricultores geram a matéria prima, chegando depois da porteira, que prevê

a transformação industrialização e comercialização da produção até o consumidor

final (LOURENÇO, 2010, p. 29 e 30).

Segundo o PRONAF (2007), uma agroindústria corresponde ao beneficiamento e/ou

transformação de produtos agrosilvopastoris, aquícolas e extrativistas, abrangendo desde

processos mais simples até os mais complexos, incluindo o artesanato no meio rural, com o

objetivo de agregar valor ao produto em questão. Araújo (2005, p. 93), salienta que a

agroindústria consiste em uma unidade empresarial na qual ocorrem as etapas de

beneficiamento, processamento e transformação de produtos agropecuários “in natura” até a

embalagem, prontos para comercialização, envolvendo diferentes tipos de agentes

econômicos, como comércio, agroindústrias, prestadores de serviços governo e outros.

Como salienta Araújo (2005, p. 93), existem dois grupos distintos de agroindústrias:

Agroindústrias não alimentares: como fibras, couros, calçados, óleos vegetais não

comestíveis e outras;

Agroindústrias alimentares: voltadas para a produção de alimentos (líquidos e

sólidos), como sucos, polpas, extratos, lácteos, carnes e outros (grifo nosso).

Os procedimentos industriais utilizados nas agroindústrias alimentares e não

alimentares se diferem um do outro. “Nas agroindústrias alimentares os cuidados são maiores,

devido a uma maior preocupação do fornecimento de alimento seguro para a saúde do

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consumidor. Já nas agroindústrias não alimentares, os procedimentos industriais gerais são

bastante similares aos de indústrias de outros setores”. (LOURENÇO, 2010, p. 30).

Para Silveira (2007), a agroindústria é um dos principais segmentos da economia

brasileira, com importância tanto no abastecimento interno como no desempenho exportador

do Brasil. Segundo o autor, estima-se através de uma avaliação, que a participação do

agronegócio4 no produto interno bruto (PIB) seja de 12%, tendo, pois, uma posição de

destaque entre os setores da economia. Santos et al. (2009) salientam que o agronegócio

representa um conjunto de setores e subsetores, agentes e instituições que apresentam seu

foco principal de trabalho voltado ao setor primário, ou seja, organizações que produzem

alimentos, pelo extrativismo vegetal e pela produção de outras matérias-primas de origem

primária, entre outras atividades.

Lourenço (2010) assevera que a agroindústria brasileira é um setor próspero que

superou grandes desafios nos últimos anos, gerando divisas e empregos. De acordo com o

autor, apesar de o Brasil possuir uma enorme extensão territorial (que é um fator importante,

mas não suficiente), outra ferramenta é essencial para a obtenção de resultados positivos: o

conhecimento. Com o crescimento das fronteiras agrícolas e a expansão da produção

agroindustrial e, especificamente, com o aumento da importância estratégica da produção de

alimentos para o mercado internacional, o Brasil vem se mostrando competitivo no que se

refere ao agronegócio, em que o país consegue obter mais produção com menos tecnologias

que os países ricos.

Cabe ressaltar que em muitas propriedades rurais brasileiras, em especial na

Amazônia, as atividades agroindustriais desenvolvidas em muitos estabelecimentos

apresentam características tradicionais, gerenciada pelos próprios agricultores (BATALHA,

2001). A agroindústria familiar, por sua vez, constitui-se de instalações e equipamentos

adequados à escala de produção não industrial tradicional, ou seja, de grandes agroindústrias

(PREZOTTO, 2001). Desta forma, a agroindústria familiar surge como uma estratégia de

reprodução social dentro do grande universo empírico do que se costuma chamar, a partir dos

anos 1990, de agricultura familiar. Como definiu Mior (2005, p. 190), “a agroindústria

familiar rural é uma forma de organização em que a família rural produz, processa e/ou

4 De acordo com PRONAF (2007), o agronegócio é composto pelo conjunto de várias redes agroindustriais.

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transforma parte de sua produção agrícola e/ou pecuária, visando, sobretudo, a produção de

valor de troca que se realiza na comercialização”.

Segundo Pelegrini e Gazolla (2009, pg. 334), uma agroindústria familiar [rural] é

entendida como uma “atividade de produção de produtos agropecuários com sua consequente

transformação em derivados alimentares de diversos tipos, ocorrendo, nesse processo, a

agregação de valor ao produto final”. Por outro lado, deve-se destacar a grande relevância do

trabalho e da gestão por parte do próprio núcleo familiar estes empreendimentos.

A agroindústria familiar, segundo Ruiz et al. (2001) constitui-se a partir de

motivações de natureza econômica e social. Para o autor, a motivação de ordem econômica,

está na agregação de valor aos produtos, via transformação artesanal ou semi-artesanal aos

excedentes que os produtores rurais não conseguem comercializar in natura. Em relação às

motivações sociais mais relevantes destacam-se a fixação do produtor na propriedade rural e a

manutenção da integridade familiar via envolvimento de todos na produção, inclusive das

donas de casa.

Destarte, os elementos que caracterizam uma agroindústria familiar são:

• Constituída por um grupo de agricultores e de um grupo de agricultores associados

em rede ou cooperativas que possuem, no seu modo de vida, trabalho e gestão, a

forma familiar de administrar o empreendimento;

• O empreendimento deve produzir a maioria da sua matéria-prima na própria

propriedade rural. Esta matéria-prima deverá ser utilizada no processamento dos

alimentos, podendo, às vezes e em pequenas quantidades, ser adquirida de outros

agricultores próximos às suas propriedades, de parentes ou de terceiros, porém, não

em percentuais elevados;

• Quanto à força de trabalho utilizada no empreendimento, esta deve ser, na sua

maior parte, da própria família, ou seja, as tarefas nas atividades, na gestão, na

comercialização e no trabalho diário devem ser realizadas por pessoas do grupo

doméstico em questão, podendo haver contratação de força de trabalho externo às

unidades agroindustriais, desde que em número pequeno;

• A família rural é aquela cujos laços de parentesco e sanguíneos entre os seus

membros são históricos, hereditários e cujo processo de trabalho e gestão das

agroindústrias é realizado pelos próprios integrantes do grupo doméstico em

conjunto (PELEGRINI e GAZOLLA, 2009, p. 345).

As agroindústrias familiares possuem sua importância no vinculo familiar, por possuir

potencial para absorver a mão-de-obra familiar próximos como a dos filhos que sem o

incentivo e motivação para continuar na propriedade acabam se deslocando para o meio

urbano em busca de trabalho e independência financeira, bem como um fator que contribui

para a diversificação de atividades produtivas, preservação da cultura, retenção da família no

meio rural (PEREZ et al., 2009, p. 5; AGNE e WAQUIL, 2011, p. 165).

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Sulzbacher (2009) salienta ainda que a Agroindústria Familiar constitui uma atividade

que sempre esteve intrínseca no modo de vida rural, através do processamento artesanal dos

produtos agropecuários na cozinha doméstica rural. Ao observar seu caráter histórico,

percebe-se que este segmento representa uma forma de minimizar os impactos da

dependência da natureza, e de seus produtos primários, garantindo, através do processamento,

o aumento da diversidade e a durabilidade dos produtos alimentícios.

Quanto às dificuldades enfrentadas pelas agroindústrias familiares rurais, Ruiz et al.

(2001, p. 2) afirma que os produtos deste segmento, em geral, são pouco competitivos devido

à baixa escala de produção e a pouca atenção dispensada à apresentação dos produtos ao

consumidor no que se referem às embalagens, rótulos e símbolos. Já em relação à

comercialização dos produtos, os produtores geralmente enfrentam problemas para colocar os

seus produtos em diferentes mercados, pois, na maioria das vezes, os nichos e oportunidades

não foram devidamente analisados previamente. A taxa estimada de sobrevivência desses

empreendimentos está em torno de 3%. Muitos fracassam em função de não terem sido

devidamente planejados e terem pouca capacidade de adaptação às frequentes mudanças

econômicas.

Batalha (2001) apud Santos et al. (2009, p. 5) afirma que muitos estabelecimentos

agroindustriais apresentam características tradicionais, onde a base administrativa é familiar e

as decisões são empíricas, por isso os resultados estão sujeitos a incerteza, assim os

proprietários dos estabelecimentos ficam cada vez mais vulneráveis a atravessadores

perdendo ganhos significativos. Neste sentido, torna-se necessário que esses estabelecimentos

usem técnicas de produção e gestão eficazes para que assim possam posicionar-se

competitivamente em seu mercado agroindustrial.

1.3. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas

O processo de comercialização da produção agrícola não incide somente na simples

operação de venda de determinados produtos em um determinado mercado. Pelo contrário, é

um processo complexo, caracterizado pela condução contínua e organizado da produção

agrícola, pelo qual o produto sofre modificações, diferenciações e agregações de valor. As

facilidades (utilidades) que os produtos agrícolas sofrem são de posse, forma, tempo e lugar,

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adequando-os, desta forma, ao gosto e preferência dos consumidores finais (PADILHA

JUNIOR, 2006, p. 1).

Neste sentido, o sistema de comercialização agrícola (que, por exemplo, inclui desde a

existência de estradas de acesso, ao estabelecimento e funcionamento de um poder

comprador, ou a instalação de uma planta agroindustrial ou de um centro de armazenamento,

etc.), denota uma função fundamental dentro da economia, isto porque ele procede estabelece

a ligação entre o setor produtivo e os consumidores finais (PADILHA JUNIOR, 2006 p. 1).

Compreender como se dá o funcionamento da comercialização, auxilia no processo de

tomada de decisões, desde como um todo. Em termos conceituais, entende-se por

comercialização uma série de funções ou atividades de transformação e adição de utilidade,

onde bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores (MARQUES e

AGUIAR, 1993, p.15). De acordo com Brandt (1979, p.11), a comercialização é conceituada

como o “desempenho de todas as atividades necessárias ao atendimento das necessidades e

desejos dos mercados, planejando a disponibilidade da produção, efetuando transferência de

propriedade de produtos, provendo meios para sua distribuição física, e facilitando a operação

de todo o processo de mercado”. Em outras palavras, Barros (1987), salienta que a

comercialização compreende o conjunto de atividades realizadas por instituições que se

acham empenhadas na transferência de bens e serviços desde o ponto de produção inicial até

que eles atinjam o consumidor final. Além disso, a comercialização é o “processo social

através da qual a estrutura de demanda de bens e serviços econômicos é antecipada ou

ampliada e satisfeita através da concepção, promoção, intercâmbio e distribuição física de tais

bens e serviços” (idem).

Segundo Henkes (2006), a comercialização acontece em diversos níveis de mercado,

porém, considerando os produtos agrícolas, geralmente ocorre ao mercado do produtor, ao

mercado atacadista e ao mercado varejista. Neste sentido,

O mercado do produtor é aquele que o produtor oferece sua mercadoria aos

intermediários. O mercado atacadista refere-se àquele segmento onde as transações

mais volumosas têm lugar. Nesse nível ocorrem fundamentalmente transações entre

intermediários – atacadistas e varejistas-, sendo pequena a participação de

produtores e consumidores. O mercado varejista é aquele, onde os consumidores

adquirem suas mercadorias. Os vendedores são chamados varejistas que, colocando

as mercadorias no momento, na forma e no lugar desejados pelos consumidores,

constituem-se no último elo da cadeia de intermediários envolvidos na

comercialização. Nos diferentes níveis de mercado cria-se um fluxo organizado de

bens e serviços, produzindo utilidades de forma, tempo e lugar aos produtos. De

modo geral este fluxo segue as seguintes etapas: concentração, equilíbrio e dispersão

(BARROS, 1987, p.7).

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A comercialização segue em movimentos diferentes que são resultado da ação de seus

atores, que se interagem e compõe um sistema de comercialização, baseado em três funções

fundamentais: reunião, processamento e distribuição (HENKES, 2006, p. 22).

No Brasil, o processo de comercialização agrícola, passou por três etapas

intrinsecamente ligadas ao processo de urbanização e industrialização do país:

A primeira etapa relativa ao início da industrialização e urbanização do país

caracteriza-se como o período de crescimento do mercado interno, onde a

infraestrutura de transporte restringia-se ao sistema ferroviário criado para a

exportação do café, época em que os canais de escoamento eram controlados por

grupos oligopsônicos; A segunda etapa foi marcada pelo intenso processo de

urbanização e industrialização do país no pós II Guerra, provocando desequilíbrios

entre a produção agrícola-consumo urbano de produtos agrícolas e deficiente

estrutura de comercialização. Com a ampliação da malha rodoviária, surge a figura

dos caminhoneiros transportadores de produtos agrícolas, levando a produção de

uma região para outra em todo o país, e as culturas hortícolas de subsistência passam

a ser culturas comerciais, conduzidas aos centros urbanos, onde construiu-se

mercados atacadistas, com a responsabilidade de organizar a distribuição e o

abastecimento do varejo; A terceira etapa foi marcada pelo contínuo crescimento

urbano e pela transformação e fortalecimento do sistema varejista, com o surgimento

de cadeias de supermercados, que pela sua estrutura econômica e financeira,

estabelecem compras diretas de regiões produtoras (CASTRO 1972, p. 35-36).

A comercialização é um processo social, pelo qual abrange as formas de interação

entre agentes econômicos através de instituições apropriadas. Uma importante instituição no

sistema de comercialização é o mercado (BARROS, 2007).

Em termos conceituais, o mercado refere-se a uma área geográfica, em que

compradores e vendedores têm as facilidades para negociar um com o outro (preço e

quantidade) e onde as forças de oferta e demanda atua de tal forma que ocorra a transferência

de propriedade da mercadoria através de operações de compra e venda. O tamanho desta área

é limitado pelo sistema de comunicação, transporte e características do produto. (MENDES,

2007 p. 7; BARROS, 2007 p. 2; PADILHA JUNIOR, 2006, p. 4).

Além disso, Brandt (1979), corrobora que:

Por mercado, imagina-se uma esfera dentro da qual operam as forças construtoras do

preço, e na qual a transferência de propriedade tende a ser acompanhada pelos

deslocamentos reais dos produtos atingidos. Existem ainda outras concepções de

mercado que são: a) geográfica; b) área ou local, mantido e operado por uma

organização; c) esfera de ação de forças determinantes de preço de dado produto; d)

compradores ou vendedores potenciais; e) nível de comercialização (atacado,

varejo); f) área de competição efetiva (BRANDT, 1979, p. 11-12).

Vale ressaltar, que de forma mais ampla, mercado pode ser compreendido como uma

construção social, com destaque ao espaço de interação e troca, que é dirigido por regras e

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normas (formais ou informais), onde são emitidos sinais (por exemplo, os preços) que

influenciam as decisões dos atores envolvidos (WAQUIL et al., 2010, p. 11).

Barros (2007) salienta que para qualquer tipo de mercadoria, pode-se elencar

diferentes níveis de mercado. Desta forma, no caso de produtos agropecuários, de forma geral,

é habitual referir-se ao mercado do produtor, mercado atacadista e mercado varejista. Neste

sentido, o mercado do produtor é conhecido como aquele em que os produtores ofertam sua

produção aos intermediários. Já o mercado atacadista, consiste no segmento do mercado em

que as transações mais volumosas têm lugar. Nesse nível ocorrem fundamentalmente

transações entre intermediários – atacadistas e varejistas -, sendo pequena a participação de

produtores e consumidores (idem). Além disso, destaca-se o mercado varejista, que engloba o

lugar onde os consumidores adquirem suas mercadorias. Os vendedores são chamados

varejistas que, colocando a mercadoria no momento, na forma e no lugar desejado pelos

consumidores, constituem o último elo da cadeia de intermediários envolvidos na

comercialização (ibidem).

No que se refere à questão da estrutura e a organização dos mercados, Barros (1987)

salienta que a estrutura de mercado, se refere basicamente as formas de organização de um

mercado que parecem influenciar estrategicamente, a natureza da competição e dos preços

dentro do mercado. Neste sentido, destacam-se as principais características de uma estrutura

de mercado:

Grau de concentração de vendedores e compradores – número e a distribuição por

tamanho dos vendedores e compradores existentes no mercado.

Grau de diferenciação do produto – grau em que os produtos de diferentes

vendedores sejam considerados diferentes ou não homogêneos pelos compradores;

Condição de entrada no mercado – maior ou menor facilidade com que os

vendedores podem entrar no mercado, determinada pelas vantagens e pressões que

os atuais vendedores podem exercer (Barros 1987, p.10).

Em relação à estrutura de mercado de produtos agrícolas, Alves e Staduto (1999),

afirmam que o produtor rural encontra-se passivo à assimetria de informações em relação a

outros agentes. Analisando a assimetria de informação, observa-se que o agente intermediário

e também o atacadista, habitualmente age de forma oportunista em relação ao produtor, se

apropriando de suas margens de lucro. (ESTADO DE MINAS, 2007 apud PIERRI, 2010, p.

16).

Outro aspecto importante é visto quando se observam que vários sistemas

agroindustriais têm se tornado mais concentrado. Estudos realizados, como por exemplo, o

estudo sobre a Cadeia Produtiva da Castanha do Caju e suas Relações de Mercado (Guanziroli

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et al., 2009), aponta que um número reduzido de grandes empresas agroindustriais não apenas

absorve um volume significativo da produção primaria como tem significativa participação no

mercado de produtos processados. Além disso, observa-se que as grandes redes de varejo vêm

pressionando a margem de lucro de seus fornecedores. Desta forma, Margens de lucro

reduzidas levam a necessidade de grande volume de vendas como mecanismo de

compensação, levando a produção em maior escala (idem).

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2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS

AGRÍCOLAS

Várias abordagens do pensamento econômico tratam de forma distinta a discussão

sobre a formação de preços na economia, notadamente a capitalista. De acordo com Possas

(1987), pode-se trabalhar com três tipos de abordagem: clássica, neoclássica e o princípio do

custo total.

A primeira abordagem refere-se à teoria clássica do valor, pela qual apresenta o valor

ou “preço natural” seu caráter “absoluto”, em que a natureza determina o resultado do

trabalho humano, que antecede a ocorrência da troca de mercadorias. Em outras palavras,

considerando que o valor se é apresentado na troca como um conteúdo gerado pelo trabalho

humano, em que se torna possível estabelecer a relação de troca entre duas mercadorias. Desta

visão, surge a formação de preços como um método de geração e apropriação sociais de poder

aquisitivo em geral, com as correspondentes lógicas de repartição e ampliação do produto ou

renda gerada na produção capitalista.

Ao contrário da abordagem clássica do valor, a segunda abordagem (introduzida

através da visão de equilíbrio geral de Leon Walras), estabelece de forma direta que os preços

constituem a razão de intercâmbio que configuram um sistema de equilíbrio. Esta abordagem,

por sua vez, expressava de forma simultânea, uma taxa de equivalência entre os bens no plano

do consumo, nas equações de demanda, e no plano das condições técnicas de produção nas

equações de oferta, os preços relativos atuam como índices de escassez para o sistema

econômico, regulando a produção a remuneração e a alocação dos recursos; e de passagem

garantindo, em condições perfeitamente competitivas, o máximo de “bem-estar” social.

Através da presunção de que há concorrência perfeita em todos os mercados, Walras afirma

que os preços ostentam o duplo papel sobre as variáveis de ajuste para o equilíbrio geral e

também de critérios para os agentes econômicos em sua conduta racional-maximizadora

(POSSAS, 1987, p. 12).

Apesar de se apresentar de forma organizada e elegante em relação à abordagem

clássica do valor, a teoria do equilíbrio geral se torna insatisfatória como uma teoria de

preços, até mesmo no ponto de vista neoclássico. Segundo Possas (1987), a evidência em

relação à interdependência de preços e quantidades torna potencialmente impraticável a

análise do processo estático de equilíbrio de um dado mercado específico, e como

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consequência, da própria formação dos preços e da produção; os agentes econômicos são

considerados como meros instrumentos sem conteúdo, simples objetos a mercê das regras de

racionalidade atribuídas à concorrência; a ponte para o mundo real, onde existe, revela-se

demasiadamente frágil.

A fim de superar a grave deficiência teórica e operacional herdada da análise estática

de Walras, surge então as teorias de equilíbrio parcial, introduzidas por Alfred Marshall.

Mesmo com as inconsistências contidas sobre a análise do modelo neoclássico, Marshall

busca inserir, na medida do possível, porções de realismo e de seu conhecimento empírico na

indústria britânica. A partir da análise marshalliana, algumas vantagens (analíticas e didáticas)

do estudo de formação dos preços em equilíbrio parcial na visão neoclássica podem ser

elencadas: maior clareza na identificação das variáveis relevantes, a abertura de um campo

para a análise mais simples e operacional, maior proximidade com a noção empírica de

indústria; ao contrário do mundo walrasiano, “onde tudo está determinado, mas nada pode ser

jamais determinado” (idem).

A compreensão de Marshall sobre a determinação do preço num mercado competitivo

congrega, fundamentalmente, os elementos a seguir:

a) Oferta e procura determinam simultaneamente preço e produção, configurando

(a não ser no período “de mercado”, muito curto) uma situação de equilíbrio estável

do mercado/indústria, isto é, em que os “agentes econômicos” não têm motivos para

alterar sua posição;

b) Os fatores de produção (ou insumos) podem ser combinados em diferentes

proporções (“princípio da substituição”) – no limite, substituíveis em doses

infinitesimais;

c) Uma firma constitui uma unidade de produção que toma decisões autônomas;

estas se reduzem a preço, produção e combinação eficiente de fatores, e visam

maximizar o lucro, configurando o equilíbrio da firma;

d) Pode-se subdividir o equilíbrio da firma e da indústria em curto prazo – quando

alguns fatores (insumos) são fixos (basicamente, a capacidade de produção), e longo

prazo – quando todos os fatores são variáveis, e a capacidade produtiva da firma e

da indústria podem se alterar através do investimento e da entrada e saída de firmas

na indústria, auferindo cada firma neste último caso apenas o “lucro normal”;

e) Considera-se um mercado competitivo (“perfeitamente”, mas o termo não é de

Marshall) quando há grande número de firmas vendendo um produto homogêneo,

quando se dispõe de informação plena e há livre mobilidade de fatores (livre entrada

de mercado);

f) Admite-se a vigência da lei dos rendimentos (físicos) marginais decrescentes a

“curto prazo” configurando uma curva de custos marginais (e médios) em forma de

“U”; o mesmo se aplicaria a “longo prazo”, em face da presença das economias e

deseconomias de escala, que seriam explicitadas por razões distintas (POSSAS,

1987, p. 14).

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Apesar dos avanços obtidos pelos estudos de Marshall em relação à determinação de

preços na economia capitalista, foi inevitável a presença de alguns problemas de cunho

teórico, como por exemplo, a existência de um imenso vazio em seu tratamento dos tipos de

mercado, em que se limitou apenas aos casos da concorrência perfeita e do monopólio. Desta

forma, todas as outras situações intermediárias consideradas menos distantes da realidade,

como o oligopólio, foram omitidos (POSSAS, 1987, p. 14). Além do mais, o autor salienta

ainda que o enfoque tradicional do mercado em concorrência perfeita revela deficiências

graves, destacando-se o irrealismo das premissas, que tornavam o modelo virtualmente

inaplicável a qualquer situação concreta. Essa questão conduz à terceira abordagem.

No ano de 1926, o economista italiano Piero Sraffa publicou o artigo “The Laws of

Returns under Competitive Conditions” (As Leis dos Rendimentos sob Condições de

Concorrência), no qual o autor avalia a necessidade de uma nova abordagem sobre a análise

econômica dos mercados. A crítica de Sraffa fundamenta-se basicamente, em dois pontos

sobre a teoria marginalista: A crítica externa evidencia que a teoria vigente analisa apenas os

casos limites – a concorrência perfeita e o monopólio – e não levam em conta as situações

intermediárias que são frequentemente mais observadas na economia.

[...] a vertente teórica dominante, inspirada em Marshall, examinara apenas duas

situações limítrofes no que diz respeito às condições de concorrência, a concorrência

pura ou livre [...] e o monopólio, quando no mundo real o que predomina são

situações intermediárias. (POSSAS, 1983, p. 156).

Ainda em relação às críticas externas, Sraffa afirma que a teoria neoclássica não se

adequa a realidade, pois as empresas não são simplesmente tomadoras de preços, bem como

não operam com custos crescentes, mas sim com custos decrescentes ou constantes.

Por outro lado, a crítica interna está relacionada ao fato de as Leis dos Rendimentos

não proporcionais (com base na Lei dos Rendimentos Decrescentes de David Ricardo e a Lei

dos Rendimentos Crescentes de Adam Smith) terem sido generalizadas para se adaptarem a

teoria neoclássica. Sraffa salienta que tal generalização incide em inconsistências na curva de

oferta e a tornam irrealista.

[...] removeu ambas as leis da posição que, de acordo com a divisão tradicional da

economia política, costumava ocupar, uma sob o titulo de “distribuição” e a outra de

“produção”, e transferiu-as para o capítulo “valor de troca”, lá fundindo-as na “lei

dos rendimentos não proporcionais e derivando delas uma lei da oferta (SRAFFA,

1988, p.16).

A ideia de rendimentos decrescentes, desenvolvida por Ricardo, estava relacionada à

teoria da distribuição da terra, e não à teoria dos preços, de maneira que “a teoria marginalista

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estendeu sua aplicação a qualquer combinação de fatores de produção (conceito alheio a Ricardo),

inclusive capital e trabalho, e não apenas à terra, onde parece ser mais razoável, dando-lhe um

pretenso caráter universal” (POSSAS, 1983, p.156).

Segundo Possas (1987), Sraffa extrai a partir da análise das “leis de rendimentos” de

Smith e Ricardo, algumas conclusões de ordem geral que são utilizadas como pontos basilares

da argumentação marginalista com relação à formação da curva de oferta: i) Em condições

competitivas, é mais apropriado admitir que os custos de produção constantes sejam a regra e

não a exceção; ii) Em decorrência, a melhor aproximação à formação dos preços em mercados

competitivos ainda é a teoria “atualmente obsoleta” (a teoria clássica do valor) fundamentada

nos custos de produção; iii) Uma teoria de preços determinados a nível de cada indústria

(“equilíbrio parcial”) pode apresentar inconvenientes devido à interação com outras indústrias

através da demanda ou da oferta, eventualmente provocando – o que é mais sério – a

interdependência de ambas (idem).

Contestando o pressuposto da teoria neoclássica sobre a tendência inescapável dos

custos médios crescentes (tradicionalmente relacionada à concorrência perfeita), Sraffa

argumenta que as firmas podem operar ampliando a produção a custos constantes e, deste

modo, é possível que possam acumular lucro e, com isso, serem levadas ao aumento da escala

de produção, crescendo através de economias de escala. Admitindo que o custo seja um fator

constante, “as empresas podem aumentar seu tamanho sem que isso acarrete uma condição

sine qua non de custos produtivos unitários crescentes, significando um duro enfrentamento

ao pressuposto marginalista basilar da firma “atomizada”, extremamente passiva com relação

às condicionantes do mercado” (SANTOS, 2006, p. 25).

Considerando outro argumento destacado por Sraffa sobre a teoria marginalista,

referente à firma como simples tomadora de preço, se for considerado que trabalhando a

custos constantes ou até mesmo decrescentes a firma encontre nisso um estímulo ao aumento

da produção, acabaria ela própria construindo um cenário de excesso de oferta frente à

demanda, o que levaria a uma redução do seu preço. Isso demonstra uma importante questão:

“a firma individual pode influenciar o preço de mercado, então, a noção de firma tomadora de

preços, o preço como um dado, revela-se uma prática nem sempre comum a todas elas”

(idem).

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Quanto aos avanços ocorridos em relação à teoria ortodoxa dos preços5, o principal

progresso consistiu em mostrar a possibilidade de um equilíbrio competitivo a longo prazo,

isto é, com livre entrada e lucros “normais”, quando os produtos da “indústria” não são

homogêneos (POSSAS, 1987). Desta forma, além de supostamente resolver o problema entre

concorrência perfeita e monopólio, com a teoria mais próxima à do mundo, o estado de

equilíbrio arbitrado as firmas em concorrência monopolística ou imperfeita oferecia ainda

uma solução para o “dilema de Marshall”, já que a eliminação dos lucros anormais de uma

firma que maximiza lucros e cuja demanda é menos que infinitamente elástica requer

logicamente que ela esteja operando com retornos crescentes de escala (idem).

No entanto, poderia se dizer que a teoria da concorrência imperfeita (monopolística)

não obtém êxito em seu objetivo de dotar a teoria neoclássica dos preços de uma ponte de

ligação entre concorrência perfeita e monopólio que evitasse tratar da questão do oligopólio.

Isso porque não existe uma região intermediária empírica nem reconciliação teórica possível

entre a concorrência perfeita com livre entrada para o monopólio com barreiras institucionais.

Porém, esse fracasso foi, ironicamente, seu maior legado à teoria microeconômica, ao liberá-

la pela primeira vez da antiga ilusão marginalista de que é possível estudar o processo de

formação dos preços numa economia capitalista contemporânea sem formular qualquer

hipótese sobre o comportamento real das empresas em face da concorrência (idem).

Possas (1987) salienta que devido o consenso em torno da prioridade quanto da

dificuldade do oligopólio como objeto de estudo da teoria dos preços ou dos mercados

também levou à crescente sistematização dos resultados de estudos de autores

“institucionalistas” e de pesquisas empíricas. Seguindo este enfoque, observa-se que uma das

maneiras implícitas mais comuns de coordenação oligopolística é a liderança de preços, que é

desempenhada na maioria dos casos, por uma empresa dominante no mercado, mas

geralmente através da liderança colusiva entre as principais firmas (com o intuito de manter o

domínio do mercado). Contudo, podem surgir conflitos quando as diferenças de custos, de

tamanho ou estratégia forem muito acentuadas, mas a coordenação é facilitada pelo uso, na

5 De acordo com Possas (1987, p. 20), após o intenso debate em torno artigo proposto por Sraffa, surgem

simultaneamente em 1933, as teorias de concorrência imperfeita (The economics of imperfect competition) de

Joan Robinson (1903-1983) e concorrência monopolística (The theory of monopolistic competition) de Edward

H. Chamberlin (1899-1967), na qual ambas contemplam às reinvindicações propostas por Sraffa frente à teoria

marginalista.

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grande maioria das indústrias de métodos convencionais de fixação de preços – todos

variantes do chamado princípio do “custo total” (idem).

Nesse sentido, em 1939, Robert Hall e Charles J. Hitch, através do artigo “A Teoria

dos Preços e o Comportamento Empresarial”, introduzem o princípio do “custo total”. Para

tanto, Hall e Hitch realizaram uma pesquisa, pela qual foram entrevistados dirigentes de 38

empresas britânicas (quase todos os entrevistados pertenciam ao segmento industrial),

buscando objetivamente respostas ao questionamento elementar: como é formado o preço de

venda dos produtos e se há a preocupação com a questão das curvas de custo e receita

marginal e, fundamentalmente, com a questão da maximização do lucro (HALL e HITCH,

1986).

Segundo as declarações dos empresários através das entrevistas realizadas, Hall e

Hitch, descobriram que uma grande proporção dos homens de negócios [empresários] não

tentam igualar a receita marginal com o custo marginal (princípio da teoria marginalista

neoclássica). Nesse sentido, Hall e Hitch então questionaram sobre qual método era, então,

utilizado para a definição do preço dos produtos. A partir dos dados coletados, foi revelado

que os empresários, “[...] tentam aplicar uma regra prática, que denominaremos de ‘custo-

total’ e que os lucros máximos, se resultam da aplicação dessa regra, serão um subproduto

acidental [...]” (HALL e HITCH, 1986, p. 386).

A interpretação direta dessa afirmação conduziu ao diagnóstico de que os empresários

tomam como base para a definição do preço de venda dos produtos o custo direto por

unidade, ou seja, segundo o princípio do custo total. Assim, o preço era composto pela adição

de determinada porcentagem (markup) aos custos para a determinação do preço de venda

(HALL e HITCH, 1986).

O princípio do “custo total”, segundo Possas (1987), representou um passo importante

quanto ao avanço da teoria dos preços, pois foi capaz de organizar pela primeira vez amplas

evidências empíricas que iam de encontro a duas bases de sustentação da microeconomia

neoclássica: a importância do custo marginal (crescente) e da demanda, através da receita

marginal, na determinação dos preços; e a maximização do lucro como norma de

comportamento das empresas. Em outras palavras, segundo Eichner (1985, p. 4), “isto

implicava que certas grandes empresas ao invés de serem tomadoras de preços, como suposto

pela maioria dos modelos microeconômicos, eram de fato controladoras de preços com algum

grau de poder de mercado, isto é, com arbítrio sobre o estabelecimento do preço”. Além disso,

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as empresas consideram importante analisar as possíveis reações de seus concorrentes quando

do estabelecimento do preço dos produtos. Assim, percebe-se que existe entre elas uma

articulação indireta em favor da manutenção de um nível de preços em um patamar estável

que lhes garanta o lucro “justo” e, por extensão, evitando-se a concorrência predatória via

preços (SANTOS, 2006, p. 31-32). Ainda mais, esses resultados implicavam que as grandes

empresas eram capazes de estabelecer os seus preços sem levar explicitamente em conta as

condições de demanda (EICHNER, 1985, p. 4).

Desta forma, “havia evidência de que os preços em certas indústrias eram

determinados pelo lado da oferta e não pelo da demanda” (idem).

Por fim, cabe salientar que a partir do princípio do custo total surgem duas

ramificações teóricas que se tornaram importantes por darem lugar ênfase em suas análises

aos elementos dinâmicos de formação de preços em mercados oligopolísticos. De acordo com

Possas (1987, p. 35), a primeira delas é a teoria de “preços-limite” elaborada por J. Bain e

Sylos-Labini, que consistiu em discutir a importância das barreiras à entrada na determinação

do preço oligopolístico e da conformação e modificação das estruturas de mercado.

Já a segunda ramificação, abrange a teoria do “grau de monopólio” de Kalecki, que

propõe articular os determinantes dos preços e margens de lucro em oligopólio com a

distribuição macroeconômica da renda.

2.1. Preços Fixos e Flexíveis: Uma abordagem a partir de Kalecki e Hicks

Seguindo com o enfoque sobre a formação preços na economia capitalista, alguns

autores buscaram aprofundar suas discussões baseando-se no princípio do custo total e a

inserção dos modelos dinâmicos, que até então não eram considerados pela teoria ortodoxa.

Dentre os principais teóricos, pode-se destacar a contribuição de Michal Kalecki (1899-1970)

e John Richard Hicks (1904-1989).

A formulação de Kalecki (a partir do princípio do custo total, de Hall e Hitch)

fundamentava-se basicamente através da então conhecida teoria do “grau de monopólio”, pela

qual procura captar sinteticamente o “poder de mercado”, das empresas, “na medida em que

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este se manifesta na capacidade de fixar preços de modo mais ou menos discricionário sobre

os custos de produção (POSSAS, 1987).

Kalecki salienta a existência de uma dicotomia entre os mercados, considerando que

os preços de produtos acabados (industrializados) são “determinados pelo custo”, ao passo

que as mudanças nos preços das matérias-primas, inclusive produtos alimentícios primários

(agricultura e indústrias extrativas), são “determinados pela demanda” (NEDER, 1994).

Desta forma,

Os preços na agricultura cumpririam, portanto um papel de "variáveis de ajuste"

entre as quantidades ofertadas em cada safra e as quantidades demandadas ao longo

do ano agrícola. Os setores produtores de produtos manufaturados, ao contrário,

trabalhando em geral com capacidade ociosa teriam oferta elástica, podendo ajustá-

la com maior capacidade de resposta (com menor defasagem temporal) às variações

de demanda. Os empresários desses setores em geral possuem capacidade de formar

preços, de certa forma independente das condições de demanda, através da fixação

de um "markup" sobre os custos diretos de produção. Neste último caso, as variáveis

de ajuste seriam as quantidades ofertadas via alteração mais imediata do grau de

utilização da capacidade produtiva instalada e/ou variação de estoques (NEDER,

1994 p. 23-24).

Na visão de Kalecki, como afirma Baltar (1985), a razão da formação dos preços

industriais reflete as condições específicas da concorrência à medida que a disputa pelo poder

de compra que é mediatizada pelas características particulares das estruturas de mercado, na

medida em que elas condicionam as formas de concorrência, que entre outras coisas abarcam

as estratégias de preços das empresas. Por outro lado, Baltar (1985) corrobora ainda que a

lógica da formação dos preços dos produtos primários básicos, na mesma medida que as

condições comerciais de seus mercados permitem maior especulação, tende a apresentar um

maior grau de indiferença quanto a formas particulares da disputa pelo poder de compra, pela

qual se predomina os critérios abstratos da valorização do capital, ou seja, rentabilidade

prospectiva, risco e liquidez.

Por outro lado, observando o debate em torno da formação de preços, Hicks apresenta

através da obra Valor e Capital (1939) a ligação entre o modelo neoclássico estático e os

modelos dinâmicos. De acordo com Hicks, tanto a indústria, quanto o varejo são formadores

de preço, em vez de tomadores de preço.

Neste sentido, Hicks enfatiza em suas discussões a distinção de dois tipos de preços

existentes no mercado: os mercados de preço flexível (flexprice) e os mercados de preço fixo

(fixprice). No mercado de preços flexíveis, o empresário ou produtor é um tomador de preços

resultantes dos movimentos relativos da oferta e da demanda pelos produtos. Nesta categoria

de mercado, destaca-se a presença do setor agrícola, devido à sua exposição ao mercado

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externo e por atuar em mercados competitivos, isto é, os preços são determinados pelas

interações de oferta e demanda. Já o mercado de preços fixos são aqueles em que as firmas

são formadoras de preços e onde as variações de preços são devidas a flutuações de custos,

sendo que a oferta ajusta-se às flutuações da demanda através da algum principio do

ajustamento de estoques corroborado (ou não) por uma variação no grau de utilização da

capacidade produtiva (fazendo com que a produção tenda a ajustar-se às vendas e à demanda)

(idem).

Para Ghosh (1986, p. 122) dizer que os mercados são de preços fixos (fixprices) não

significa que os “preços nunca mudam”. Isso porque, os preços não terão que mudar sempre

que houver excesso de demanda ou excesso de oferta no mercado. Em tal sistema de preços,

os preços mudam apenas em resposta a mudanças nos custos reais, que dependem de

mudanças na tecnologia, salários, preços das matérias-primas, etc. Uma característica destes

mercados é que os preços comportam-se de forma mais rígida, em face de um excesso de

demanda ou por causa da existência de estoques. Assim, o mercado estará em equilíbrio

sempre que houver equilíbrio entre fluxos. Além disso, outra importante característica desse

tipo de mercado refere-se ao papel exercido pela intermediação das mercadorias produzidas.

Os intermediários estariam subordinados aos produtores, do modo que o nível global desejado

dos estoques seria uma função exclusiva dos planos das empresas (NEDER, 1994, p. 22).

Por outro lado, o papel dos estoques em um mercado de preços flexíveis (flexprices) é

diferente do mercado de preço fixo: o equilíbrio no mercado um preço flexível é um

equilíbrio de estoque e não um equilíbrio de fluxo. Um atributo marcante dos mercados de

preços flexíveis é a presença de comerciantes intermediários, que mantêm certo nível mínimo

de estoques de modo a manter-se no negócio. A atividade de intermediação teria um papel

dominante em relação ao nível dos estoques desejados: neste caso, a relação estoques em

poder dos intermediários / fluxos de oferta e de demanda corrente é muito maior, surgindo

condições mais favoráveis para a busca de uma valorização especulativa e, com isto, as

flutuações da demanda por estoques poderiam causar uma grande instabilização dos preços, já

que o ajuste não pode se dar via quantidade. Isto é, quando a oferta atual excede a demanda

de fluxo, esses intermediários absorvem o excedente da produção, o que tende a moderar a

queda dos preços. Se a demanda de fluxo excede a oferta atual, os comerciantes podem liberar

alguns “dos estoques, que tende a moderar a subida dos preços” (GHOSH, 1986, p. 122).

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Partindo da ideia do método de preços, Hicks (1987) apud Costa et al. (2001, p. 100)

salienta que o método de preços fixos são aqueles cujo equilíbrio se dá através de mercados

organizados e administrados. Diferentemente como ocorre no mercado de preços fixos, o

método de preços flexíveis são aqueles em que o equilíbrio é estabelecido pela igualação da

oferta e demanda, com a ajuda do jogo de mercado. Hicks afirma que ao contrário do método

de preço fixo, no preço flexível não há preocupação com estoques, isso porque o

comportamento dos estoques é um indicador de manifestação do desequilíbrio. Contudo, o

caminho para examinar o desequilíbrio é ter como referência o equilíbrio.

Além disso, Hicks corrobora que o mercado de preços flexíveis é considerado como o

método de equilíbrio temporário, enquanto o mercado de preço fixo é um método de

desequilíbrio.

A partir do método dinâmico proposto por Lindahl, Hicks apud Costa et al. (2001, p.

101), observa a origem dos modelos de mercados de preço fixo. Para Hicks, as decisões de

produção e fixação de preços são obtidas a partir do início do período [de produção], tomando

por base as expectativas. A oferta e demanda se ajustam gradativamente ao longo do período

por meio dos estoques, com os preços dados. Destarte, no final do período o nível de estoques

observado poderá ser diferente do nível de estoques que foi planejado. Assim, Hicks concluiu

que o desequilíbrio de estoques é o motor que impulsiona o processo, considerando que a

sincronia entre eventos correntes e as expectativas, influenciadas pelas decisões de produzir,

período a período, torne-se dinâmico.

Costa et al. (2001, p. 101), salienta que, segundo Hicks, os mercados de preços

flexíveis, que são formados por comerciantes intermediários, foram aos poucos substituídos

pelos mercados de preço fixo, em que os preços são determinados pelos próprios produtores

(ou por uma autoridade), e não pela oferta e demanda. Assim, observa-se segundo o

entendimento de Hicks, os vendedores fixam seus preços deixando que as quantidades

vendidas sejam determinadas pela demanda.

Além disso, segundo Hicks apud Costa,

Nos mercados de preços flexíveis, o produtor só acumulará estoques quando crer

que o preço que obterá, vendendo-os em algum período futuro, será melhor que o

que poderia obter vendendo no presente, e compensará o custo de manutenção (e o

risco de perda) desses estoques. Nesse sentido, é voluntária a acumulação de

estoques. O sistema estará sempre em equilíbrio, pois, ainda que as demandas e

ofertas de fluxos sejam desiguais, as demandas e ofertas totais (incluindo o que se

agrega ou resta dos estoques) serão iguais todo o tempo. O método dos preços

flexíveis é um método de equilíbrio temporal.

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Ao contrário, o método dos preços fixos é um método de desequilíbrio. O acúmulo

de estoques não é considerado (necessariamente) como voluntário, ainda que não se

negue que uma parte possa ser voluntária. Num modelo de preços fixos, as

demandas e ofertas não têm que ser iguais. Na verdade, não há nenhuma equação de

demanda e oferta para determinar os preços. Isso não significa que os preços

permaneçam constantes ao longo do tempo, ou de um determinado período até o

seguinte; só se supõe que não mudam, necessariamente, sempre que a demanda e a

oferta estejam em desequilíbrio (COSTA et al., 2001 p. 102).

Neste caso, a oposição entre um mercado flexível e um mercado rígido deixa de ser

uma questão de velocidade de ajuste e passa a ser uma forma de mercado. Para tanto, segundo

Hicks, os modelos rígidos são mais adequados para mercados em que há uma grande

incompatibilidade entre a oferta e a demanda, tal que não desencadeia mudanças de preços

(HORST, 2012, p. 44).

2.2. Formação de Preços Agrícolas

O preço agrícola é uma variável decisória muito importante para o produtor rural e

para o setor agrícola como um todo. Sabe-se que o processo de formação dos preços

agrícolas, diferentemente como ocorre nos mecanismos de formação de preços em mercados

industriais e/ou oligopolizados, ocorre em um conjunto que participam produtores,

intermediários e consumidores. Os produtos deste setor, segundo Henkes (2006), são

dimensionados pelo volume colocado à disposição dos interessados, constituindo-se desta

forma a oferta. No entanto, para que exista um mercado, não basta haver a oferta de produtos,

deve existir concomitantemente a demanda por eles, pela qual é determinada por uma relação

que descreve o quanto de um bem ou serviço os consumidores estão dispostos a adquirir aos

diferentes níveis de preços, em um determinado período de tempo e dado um conjunto de

condições.

Por outro lado, Salles (1991) corrobora que a formação de preços se dá por um

conjunto de fatores, como: o tamanho dos mercados; tipo de produto; e expectativas dos

agentes de comercialização.

Ao considerar um modelo que pretenda explicar o comportamento dos preços

agrícolas (e, portanto, da produção e renda), Barros (1987) destaca a presença dos três fatores

podem levar a variações no preço de um determinado produto agrícola:

a) Ao nível de produtor – mudanças tecnológicas, preços dos fatores e produtos

alternativos, financiamento, armazenamento, condições de financiamento, etc.;

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b) Ao nível de intermediário – variações nos custos dos insumos de

comercialização (transporte, processamento, armazenamento, condições de

financiamento, etc.);

c) Ao nível de consumidor – variações na renda, população, preços de outros bens,

etc. (BARROS, 1987, p. 59).

A característica fundamental dos preços dos produtos agropecuários, segundo Padilha

Junior (2006), consiste em sua instabilidade, ou seja, eles apresentam um elevado grau de

variabilidade ao longo do tempo. Este fenômeno ocorre como consequência de fatores, tais

como, dificuldade de previsão e controle da oferta, produção sazonal e elasticidade-preço da

demanda e da oferta6. Para uma dada variação na produção (oferta), quanto mais inelástica a

curva de demanda, maior a variabilidade nos preços do produto.

É devido a este fator que os produtores rurais sofrem drástica redução na receita da

sua propriedade rural quando ocorrem safras elevadas sem ganhos de produtividade.

Além disto, a formação dos preços nos mercados agropecuários segue, basicamente,

as mesmas leis de mercado dos demais bens e serviços gerados na economia.

Existem, entretanto, certas características desta atividade produtiva que devem ser

lembradas:

a) Os produtos agropecuários geralmente são comercializados na forma não

diferenciada, sendo então denominados de commodities. Para conseguir melhores

preços para seus produtos, alguns produtores rurais investem na embalagem, em

serviços e outros elementos agregadores de valor. Isso diferencia o produto e

permite estratégias de vendas baseadas na qualidade.

b) Os produtos agropecuários são produzidos na forma bruta, precisando ser

processados antes de serem vendidos aos consumidores finais.

c) Os produtos agropecuários são geralmente perecíveis, alguns muito rapidamente,

o que diminui o tempo disponível para sua comercialização.

d) A produção agropecuária é sazonal; em função disso, os produtos precisam ser

armazenados durante o ano, garantindo assim um abastecimento adequado para o

mercado tanto na safra como na entressafra.

e) Além da produção estar distribuída em função do clima, solos, tradições e outros

fatores, ela é extremamente atomizada em termos de localização geográfica e

tamanho da unidade produtiva.

f) A produção agropecuária é de difícil ajustamento às necessidades da demanda,

porque o planejamento da produção é feito com meses ou anos de antecedência à

entrega do produto, quando as condições de mercado podem ter se modificado.

g) As empresas (propriedades rurais) do setor de produção agropecuária enfrentam

um alto grau de concorrência, aproximando-se da concorrência perfeita. Entretanto,

os produtores rurais defrontam-se com poucos vendedores de insumos e poucos

compradores de seus produtos. Para fazer frente a estas desigualdades de forças,

6 De acordo com Feldens apud Mendes (2007), “nos países de renda mais alta a elasticidade-renda é

relativamente baixa, entre 0,01 e 0,02. Isto significa que o crescimento da demanda de produtos agrícolas

depende mais do crescimento da população do que do aumento da renda da mesma. Em países de renda mais

baixa, a situação é um pouco diferente. A elasticidade-renda para produtos agrícolas é relativamente mais alta,

variando entre 0,30 e 0,50. Mesmo assim, havendo um aumento na renda da população em 10 por cento, o

aumento no consumo de alimentos seria em torno de 3 a 5 por cento. No caso de ocorrer um aumento na renda,

conjugado com um aumento da população, sem um aumento substancial na oferta interna de produtos agrícolas,

ocorrerá um aumento nos preços ou o racionamento de produtos agrícolas”.

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normalmente os produtores procuram se organizar em associações ou cooperativas.

(PADILHA JUNIOR, 2006, p. 69-70)

Além disso, torna-se importante mencionar que os preços agropecuários, segundo

Padilha Junior (2006) e Mendes (2007) cumprem três funções fundamentais; isto é, na

alocação de recursos, na distribuição de renda e na formação de capital.

Na alocação de recursos, o nível de preços de mercado será determinante para o nível

de consumo quanto para nível o de produção. Desta forma, quanto maior o preço de um

produto, relativamente aos demais, maior será a probabilidade de auferir uma rentabilidade

elevada e consequentemente maior o volume de recursos que serão alocados na produção

deste produto.

Já a distribuição de renda, as variações nos preços dos produtos agropecuários em

relação aos não agropecuários afetam a distribuição intersetorial da renda; Além disso,

variações nos preços dos produtos agropecuários afetam distribuição da renda entre grupos de

renda do meio urbano e por fim; as variações nos preços agropecuários afetam a distribuição

de renda entre os grupos de produtores de baixa e de alta renda.

Quanto à formação de Capital, observa-se que aumentos nos preços agropecuários

permitem maiores retornos aos recursos setoriais, e, portanto maiores níveis de renda e de

poupança setorial, cuja consequência é o estímulo ao investimento (formação de capital).

O principal problema agrícola incide nos preços baixos e relativamente instáveis. Sob

o olhar da comercialização, o problema torna-se particularmente importante porque é difícil

para quem produz ajustar rapidamente sua produção às alterações de mercado. Para complicar

ainda mais este problema, as alterações climáticas, as pragas e doenças e outros fatores

exógenos impedem que se faça uma estimativa mais precisa da produção e dos preços.

2.3. Cadeia de Comercialização

De acordo com Gomes (2007), uma cadeia produtiva consiste em um conjunto de

elementos que se interagem, os quais podem incluir os mais diversos sistemas produtivos, tais

como fornecedores de insumos e serviços, industriais de processamento e transformação,

agentes de distribuição e comercialização, além de consumidores finais.

Marques e Aguiar (1993) corroboram a visão que a atividade de comercialização está

inerentemente ligada à troca de bens e serviços por ativos monetários. Neste sentido, observa-

se também que os preços das mercadorias, geralmente são determinados pelo mercado que é o

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local onde operam as forças de oferta e demanda, e ocorrem as transferências de bens e

serviços em troca de dinheiro. O fluxo da mercadoria em direção ao consumidor passa por

diferentes patamares de mercado.

Por outro lado, Rezende e Aguiar (1996) salientam que os desejos e as necessidades

dos consumidores são resultado das utilidades que a comercialização pode incorporar aos

bens e serviços. Isso porque a utilidade é a qualidade que faz com que um bem seja desejado

ou procurado, e a capacidade que possui um bem ou serviço de satisfazer a uma necessidade

ou a um desejo.

Gomes (2007) destaca que o estudo da cadeia de comercialização torna-se importante

para entender como se orienta a organização da comercialização nos seus aspectos externos e

estruturais, pois dá uma visão ampla do seu funcionamento, dos pontos de estrangulamento e

do grau de competição entre os agentes da cadeia. Permite fazer um diagnóstico dos setores,

possibilitando a identificação de alternativas favoráveis para a comercialização dos produtos.

Além da cadeia de comercialização, destaca-se a importância dos estudos do canal de

comercialização e margens de comercialização, que serão enfatizados na seção 2.4.

2.4. Canal de Comercialização e Margens de Comercialização

Conceitualmente, o canal de comercialização é o caminho que a mercadoria percorre

até chegar ao consumidor final, ou seja, é o desencadeamento que o produto passa entre os

mercados, sob a participação de diversos intermediários até chegar à região de consumo. É no

canal de comercialização que se evidencia “como os intermediários se instituem e como se

agrupam para o exercício da transferência da produção ao consumo” (PADILHA JUNIOR

2006, p. 50).

Padilha Junior (2006), afirma que a classificação dos canais de comercialização

consiste de acordos com seu comprimento e complexidade. Segundo Pierri (2010), os

principais canais de comercialização dos produtos da Agricultura Familiar podem ser

classificados em quatro:

Vendas diretas: todas as operações de entrega direta do produto pelo produtor ao

consumidor final, tais como: entregas a domicílio, feiras livres, feiras especializadas

e eventos comerciais promocionais, lojas de produtores, vendas na propriedade;

Integração vertical: venda de produtos como matéria prima para beneficiamento

pelo comprador (leite, fumo, tomate, suínos e aves, etc.);

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Vendas para distribuição: atacadistas, varejistas, distribuidores, restaurantes,

lojas especializadas de agricultura orgânica e produtos naturais, supermercados e

hipermercados, exportação.

Mercados institucionais: um exemplo são os mercados criados pelo Programa de

Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA, Lei n°10.696 de 2 de julho

de 2003). O PAA é um instrumento de política pública, operado por um Comitê

Gestor formado pelo MDA, MDS e CONAB, que realiza a compra de produtos da

Agricultora Familiar. A aquisição é feita por diferentes modalidades, sendo as

principais: 1) compra para o atendimento de populações em situação de insegurança

alimentar e nutricional, distribuição nas escolas, creches, hospitais públicos,

restaurantes populares, entre outros; 2) formação de estoques estratégicos (PIERRI

2010, p. 14 e 15).

Quanto à decisão de escolha do canal de comercialização, Padilha Junior (2006, p. 50)

destaca dois fatores importantes: a natureza do produto e a natureza do mercado. Para a

natureza do produto, a determinação decisiva para a escolha do canal de comercialização está

sobre a questão da perecibilidade do produto, afim encurtar caminhos entre o produtor e o

consumidor com o intuito de evitar perdas na produção. Quanto maior o valor unitário do

produto, tanto maior a possibilidade de sucesso na comercialização direta, pois o lucro é

obtido da venda de pequenas quantidades de tais produtos.

Já para a natureza do mercado, observa-se que mercadorias de consumo limitado

permitem um canal de comercialização curto, à medida que para produtos de maior consumo,

que exigem maior trabalho de distribuição, é necessário adotar um canal de comercialização

mais longo. Quanto maior a volume médio de vendas por consumidor, tanto menor a

possibilidade de realizar a comercialização direta. O caráter estacional das vendas favorece o

prolongamento do canal de comercialização (PADILHA JUNIOR, 2006, p. 50).

Por outro lado, Barros (2007) salienta que o sistema de comercialização abrange

diversas atividades ou funções pelas quais bens e serviços são repassados dos produtores para

os consumidores finais. A comercialização agrícola versa de um processo de produção pelo

qual incide em alterações sobre a matéria-prima agrícola que podem ser de três naturezas: de

forma, de tempo e de espaço. A separação da produção e consumo na forma, no espaço e no

tempo é que motiva o surgimento das atividades de comercialização. Desta forma, como

afirma Zanin (2011), agentes intermediários transportam, armazenam e transformam o

produto disponibilizando-o ao consumidor final. Este procedimento apresenta custos de

comercialização que são agrupados ao preço do produto e repassados ao consumidor.

Determinar o custo de comercialização é um elemento complexo e difícil de ser

realizado devido à necessidade do levantamento de vários itens, tais como: salários, juros,

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51

aluguéis, insumos, depreciações, impostos, etc. Porém, a margem pode ser dividida em custo

de comercialização e lucro (ou prejuízo) do intermediário (ZANIN, 2011, p. 57). No entanto,

vale mencionar que estimar margens através dos preços do produto nos diferentes níveis de

mercado (que no caso de produtos agropecuários, são utilizados basicamente três níveis de

mercado, que são o produtor, atacado e varejo) é uma tarefa relativamente mais simples do

que a estimativa de resultados por meio de custos e lucros.

Considerando os níveis de mercado agrícola (produtor, atacado e varejo), Junqueira e

Canto (1971) apud Zanin (2011, p. 58), define a margem de comercialização pela diferença

entre o preço pelo qual um intermediário (ou um conjunto de intermediários) vende uma

unidade de produto e o pagamento que faz por uma quantidade equivalente que precisa

comprar para vender essa unidade. A equivalência se faz necessária para contabilizar perdas

decorrentes de apodrecimento, amassamento, deterioração nos processos de armazenamento,

perdas no transporte, além da existência de subprodutos. Portanto, as quantidades

equivalentes nos diferentes níveis de mercado devem, sempre, ser levadas em consideração.

Porém, o emprego das margens de comercialização como indicador de eficiência

apresenta algumas limitações, devido a outros fatores que podem afetar paralelamente as

margens. De acordo com Barros (2007, p. 7). Os principais fatores que podem afetar as

margens de comercialização são:

A estrutura de mercado do produto, grau de concorrência, fundamentalmente - desse

mercado, esperando-se margens maiores quando as formas de monopólio ou oligopólio

predominem no mercado. Por outro lado, quanto mais concorrenciais forem os

mercados, menores devem ser as margens;

Intensidade e frequência dos choques de oferta e demanda do produto e de seus

insumos de produção e de comercialização;

Características do produto. Produtos processados ou perecíveis tendem a apresentar

maiores margens, por demandarem maiores cuidados na comercialização.

Mudanças tecnológicas, que neste caso podem tanto reduzir quanto aumentar as

margens de comercialização.

Apesar da existência de tais limitações, Zanin (2011) ressalta a importância de estudos

sobre o comportamento das margens de comercialização, pois, além de servir de indicador de

eficiência de mercado, o acompanhamento da margem de comercialização se justifica pela sua

capacidade de identificar como se dá a divisão do gasto do consumidor final entre os agentes

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envolvidos em todo o processo produtivo. O diagnóstico das margens ao longo do tempo

torna possível identificar mudanças nos custos de comercialização e/ou de rentabilidade,

quando as variações das margens não podem ser explicadas por variações de custos (idem).

De acordo com Araújo et. al (2010), as margens de comercialização podem ser

expressas de diversas formas, envolvendo todas ou apenas alguma das categorias de

intermediários, bem como podem ser absoluta (em unidades monetárias) ou relativa. Assim,

através da interpretação do comportamento da margem absoluta é possível analisar se os

intermediários estão recebendo mais que o justo por unidade vendida. Esses acréscimos

podem representar ineficiência, caso o produto não tenha sido melhorado ou não tenha havido

aumento de preço de insumos de comercialização.

Para Carneiro e Parré (2005), a margem relativa facilita a análise da distribuição do

gasto do consumidor entre todos os agentes. Brandt (1979, p. 75) salienta que a margem de

comercialização se reflete na parcela de uma unidade monetária que é gasto pelo consumidor,

que chega nas mãos do produtor, ou seja, se reflete na margem do produtor. Em outras

palavras, a margem do produtor é pura e simplesmente o preço recebido pelo produtor. Além

disso, “o maior grau de industrialização dos produtos agrícolas e maior exigência dos

consumidores tenderão a aumentar a margem de comercialização, reduzindo a participação do

produtor no preço pago pelo consumidor final” (MANFIO, 2005, p. 4).

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3. METODOLOGIA:

Este trabalho tem como objeto de estudo a comercialização da produção do palmito da

Agroindústria dos assentados do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Bonal. A

seguir, será abordada a caracterização do PDS Bonal, bem como os procedimentos

metodológicos que serão utilizados para coleta e análise dos dados da pesquisa realizada.

3.1. Caracterização do Objeto de Estudo

Instituído através da Portaria nº. 21 de 05 de julho de 2005, publicado no Diário

Oficial da União nº. 132, de 12 de julho de 2005, Seção 1, pág. 90, o PDS Bonal possui uma

área total de 10.447 ha (dez mil, quatrocentos e quarenta e sete hectares), está localizado no

Estado do Acre, no município de Senador Guiomard à margem da BR-364, km76 entre Rio

Branco e Porto Velho-RO, conforme Figura 1, com capacidade para assentar 210 famílias7.

Figura 1: Mapa de Localização do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal, 2012.

Fonte: Base de Dados INPE e ZEE/AC (2012).

Elaboração: Francisco Ivam Castro do Nascimento (2012).

7 Publicação de retificação da Portaria/INCRA/SR.14/Nº 21, de 5 de julho de 2005 , através do Diário Oficial da

União nº. 187, de 29 de setembro de 2010, Seção I, pág. 48.

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De acordo com INCRA (2010), a área do PDS Bonal foi adquirida8 pelo INCRA

mediante processo da compra do local que pertencia a um grupo de empresários de origem

Belga, que desenvolviam, desde o início dos anos 1970, um projeto agroindustrial. A fazenda

Bonal, como era conhecida na região, desenvolveu inicialmente o plantio racional de

seringueiras para extração de látex. No início dos anos 1980, a empresa começou o plantio de

pupunha para a produção de palmito. E, em meados dos anos 1990, foi construída a

agroindústria para o beneficiamento do palmito.

Após o processo de aquisição da área, o INCRA priorizou, inicialmente, o acesso à

terra para as 41 famílias empregadas da antiga Fazenda Bonal. Na criação do PDS Bonal foi

mantida a organização territorial original do imóvel que estava distribuída em três núcleos de

moradia (agrovilas): Bom Destino, com 26 famílias, Morada Nova (Pista), com 14 famílias e

a agrovila Retiro que, naquele momento possuía apenas uma família residente. A chegada das

primeiras famílias que não faziam parte do quadro de empregados da antiga Fazenda Bonal,

iniciou a partir do mês de outubro de 2005. Essas famílias, por sua vez, foram alocadas nas

agrovilas já existentes.

No dia 15/07/2005, foi constituída a Cooperativa Agroextrativista Bom Destino LTDA

- CAEB, designada a coordenar a exploração do palmito e a utilização da infraestrutura

existente no assentamento. Segundo INCRA (2010), a CAEB inicialmente contava com 24

cooperados fundadores. No início de 2006 foi criado o Conselho Gestor da Cooperativa,

órgão encarregado de representar os demais assentados e buscar soluções para os problemas.

De acordo com INCRA (2010), a CAEB caracteriza-se como uma cooperativa de

produção e trabalho que conta com uma estrutura administrativa e de produção. As reuniões

ordinárias são realizadas a cada mês e extraordinárias sempre que necessário. A cooperativa

realiza um amplo trabalho com os jovens residentes no assentamento de modo a formar

lideranças para conduzirem o empreendimento no futuro. O trabalho na cooperativa é um

fator muito importante para a fixação dos jovens no assentamento evitando a evasão e a

migração para os centros urbanos.

8 Portaria/INCRA/Nº 185, de 23 de março de 2005, publicada no Diário Oficial da União nº. 57, de 24 de março

de 2005, Seção I, pág. 105.

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3.1.1. Caracterização da Agroindústria de Palmito de Pupunha Bonal

De acordo com INCRA (2010), a atividade agroindustrial do PDS Bonal está

diretamente associada ao processo de transformação industrial e agregação de valor da

produção de palmito de pupunha existente no assentamento. Além de aproveitar as áreas

plantadas pelo antigo proprietário do imóvel, os assentados realizaram o plantio de 340.000

(trezentos e quarenta mil) mudas entre os anos de 2006 a 2008. Nos anos de 2010/2011, foram

plantadas mais 200.000 (duzentas mil) mudas de pupunha somente no PDS Bonal, com vistas

a aumentar a capacidade produtiva e a capacidade operacional da agroindústria, com a

possibilidade de aumentar a quantidade produzida e renda dos assentados.

Vale ressaltar que atualmente, toda a produção de palmito do PDS Bonal é

comercializada em alguns municípios do Acre.

De acordo com a CAEB, além do cultivo da pupunha, todas as famílias desenvolvem

outras atividades para complementar a renda, como extração do látex, criação de pequenos

animais, extração do açaí, plantios de culturas anuais e perenes para subsistência e

comercialização dos excedentes.

A partir do capítulo 4, serão discutidos com maiores detalhes a produção e os

principais resultados econômicos estabelecidos na unidade agroindustrial do PDS Bonal.

3.2. Coleta de Dados

A metodologia utilizada baseia-se no levantamento de informações a fim de identificar

e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, bem como

quantificar quais são as margens e markups de comercialização referentes ao palmito de

pupunha produzido no PDS Bonal.

As informações contidas neste trabalho são procedentes de informações da pesquisa de

campo realizada pelo projeto de pesquisa “Análise Socioeconômica de Sistemas de Produção

Familiar Rural no estado do Acre”, denominado ASPF9, desenvolvido pelo Centro de

Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA), da Universidade Federal do Acre (UFAC).

O processo de levantamento das informações sobre a produção foi realizado através de

9 O projeto ASPF desenvolve pesquisas socioeconômicas na área da produção familiar rural na região acreana

desde 1996, com diversas publicações sobre o tema. Para maiores informações ver: http://aspf.wordpress.com

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dados oriundos do fluxo de caixa da agroindústria do PDS Bonal e as informações referentes

aos mercado foram extraídas através de uma pesquisa (censo), no qual foram entrevistados

todos os agentes mercantis que comercializam o palmito do PDS Bonal – um total de 18

estabelecimentos (representante, supermercados, distribuidoras, pizzarias e restaurantes) –,

localizados nos municípios do Estado do Acre.

Para o levantamento de informações foi utilizado um questionário estandardizado10

dividido em cinco seções:

1. Dados sobre os agentes mercantis;

2. Dados de mercadorias compradas (quantidade, preços, período de compra/venda,

forma de pagamento);

3. Dados de mercadorias vendidas (quantidade, preços, período de compra/venda,

forma de pagamento);

4. Informações de infraestrutura existente, empregados, capital;

5. Informações sobre a satisfação sobre a comercialização do produto (demanda

insatisfeita/potencial, preço do produto).

O levantamento de dados foi realizado no período de julho a agosto de 2012, nos

municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul.

Para o tratamento dos dados utilizou-se o software Microsoft Office Excel 2010®

. Para

a análise das margens de comercialização e respectivas apropriações, foram utilizados os

métodos indicados por Brandt (1979), Barros (1987), Marques e Aguiar (1993) e Cogan

(1999), que serão discutidos na seção 3.3.

3.3. Análise dos dados

Com a finalidade de avaliação dos resultados da pesquisa, considerando a formação de

preços da agroindústria bem como os agentes mercantis que compõem a cadeia de

comercialização (supermercados, distribuidoras, restaurantes e pizzarias) do palmito de

pupunha produzido no PDS Bonal, será utilizado neste trabalho a abordagem do

estabelecimento de preços com enfoque no estudo dos custos, margens e markup de

comercialização.

10 Cf. Gomes (2007).

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57

De acordo com Barros (1987, p. 38), margem e custo de comercialização são dois

conceitos interligados e, por isso, às vezes, confundidos entre si. Segundo o autor, para a

efetivação das funções de comercialização torna-se necessário a existência de um custo

incorrido pelos comerciantes na forma de salários, aluguéis, insumos diversos, depreciações,

juros, impostos, etc. Destarte, a determinação do custo de comercialização abrange o

levantamento desses diversos itens, o que é, sem dúvida, mais difícil do que o levantamento

dos preços dos produtos nos diversos níveis de mercado. A partir desses preços é que se

determina a margem de comercialização.

Margem de comercialização (M), segundo Padilha Junior (2006, p. 54) corresponde às

despesas cobradas dos consumidores pela execução de alguma função de comercialização por

parte dos intermediários do sistema de comercialização. A margem de comercialização

também se refere à diferença entre preços nos diferentes níveis do sistema de

comercialização, ajustada para o nível inferior de mercado e que é sempre cobrado do

consumidor final. Assim, a margem deve refletir os custos de comercialização e a produção

relativa do lucro ou prejuízo dos intermediários.

LCM (1)

Onde:

M = Margem;

C = Custo;

L = Lucro ou prejuízo dos intermediários.

Para Junqueira e Canto (1971) apud Barros (1987), a margem é dada pela diferença

entre o preço pelo qual um intermediário (ou um conjunto de intermediários) vende uma

unidade de produto e o pagamento que ele faz pela quantidade equivalente que precisa

comprar para vender essa unidade.

A análise das margens brutas, como afirma Padilha Junior (2006), não considera as

perdas e quebras dos produtos agropecuários ao longo do sistema de comercialização, apenas

as variações do preço de forma absoluta ou relativa. Uma representação de um sistema

simplificado de comercialização pode ser observada na figura 2.

Figura 2: Representação de um Sistema de Comercialização Simplificado

Fonte: PADILHA JUNIOR (2006)

PRODUTOR Pp ATACADO Pa VAREJO Pv CONSUMIDOR

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Em que:

Pp = preço na esfera da propriedade rural, isto é, corresponde ao preço recebido pelo produtor;

Pa = preço na esfera de atacado, quer dizer, referente ao preço de venda do atacadista;

Pv = preço no âmbito do varejo, ou seja, preço pago pelo consumidor.

Além disso, a presença de intermediários na comercialização afeta de forma direta o

cálculo da margem, o que reflete em uma segmentação da margem em cada nível do sistema

de comercialização, como será abordado a seguir:

3.3.1. Margem Total (MT)

A Margem Total (MT) busca estimar as despesas do consumidor devidas a todo o

processo de comercialização. O cálculo da Margem Total, consiste na diferença entre preço

do varejo (Pv) de um produto qualquer e o pagamento recebido pelo produtor pela quantidade

equivalente na propriedade rural (Pp). Em termos absolutos,

pv PPMT (2)

A margem total relativa é expressa como proporção do preço no varejo, ou seja:

100].P/)PP[('MT vpv (3)

Segundo Barros (1987, p. 39), como alternativa à margem é frequente o emprego do

conceito de markup de comercialização.

3.3.2. Markup de Comercialização (Mk)

O markup (Mk), de acordo com Padilha Junior (2006), é a diferença entre o preço de

venda e o preço de compra (ou de custo), ou seja, ele mostra quanto que cada intermediário do

sistema de comercialização acrescentou de preço sobre o produto antes de repassá-lo ao

próximo intermediário, nos diversos níveis do sistema. Em termos absolutos, markup é igual à

margem de comercialização.

Já em termos relativos, o markup mostra o percentual de aumento entre os preços de

venda e de compra relativamente ao preço de compra, ou, entre o preço de venda e o custo de

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produção relativamente ao custo de produção.

Desta forma,

100].P/)PP[(Mk ccv (4)

Em que:

Mk = markup

Pv = preço de venda no mercado;

Pc = preço de compr no mercado

3.3.3. Apropriação Efetiva (AEi)

De acordo com Inhetvin (1998 e 2000) e Dürr (2002), a Apropriação Efetiva (AEi)

consiste no lucro bruto total efetivamente apropriado por cada tipo de intermediário. Desta

forma, a Apropriação Efetiva pode ser calculada a partir da margem de lucro bruto,

multiplicada pela participação proporcional de cada tipo de intermediário no valor total do

produto comprado, representada através da seguinte expressão:

Pc

Pc.MkAE i

i (5)

Onde:

AEi = Apropriação Efetiva

Mk = markup

Pci = Participação proporcional de cada tipo de intermediário no preço

Pc = Preço de compra no mercado

3.3.4. Formação de Preços da Agroindústria de Palmito do PDS Bonal

Para a determinação da formação de preços do palmito de pupunha produzido na

agroindústria do PDS Bonal, será necessário, a princípio, descobrir e determinar os custos de

produção existentes na agroindústria, para que a partir destes, sejam definidos os preços de

venda e os preços potencial do mercado de palmito em questão.

A literatura econômica destaca que para uma boa gestão em uma firma, torna-se

importante saber quais são os custos de uma unidade de produção. Dentre os principais tipos

de custos, destacam-se a presença do custo unitário, do custo total de produção, assim como

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os custos fixos e variáveis. Diversos autores, entre eles Buarque (1984), afirmam que o custo

unitário consiste no resultado da razão entre os custos totais de produção e a quantidade

produzida de um determinado produto. Desta forma o custo unitário de produção é

determinado pela seguinte expressão:

q

CTCUP (6)

Em que:

CUP = Custo Unitário de Produção

CT = Custo Total

q = Quantidade Produzida

Os custos totais de produção (CT), por sua vez, são determinados a partir da soma dos

custos fixos e variáveis de produção, Desta forma:

CVCFCT (7)

Onde:

CT = Custo Total

CF = Custo Fixo

CV = Custo Variável

Os custos fixos de produção (CF) são aqueles em que os valores não se alteram em

caso de aumento ou diminuição da produção, ou seja, possíveis variações na produção não

irão afetá-los, uma vez que seus valores já estão fixados.

Exemplos:

Limpeza e Conservação;

Aluguéis de Equipamentos e Instalações;

Salários da Administração;

Segurança e Vigilância, etc.

Já os custos variáveis (CV), são aqueles que variam de forma proporcional ao nível de

produção ou atividades. Seus valores são dependentes do volume a ser produzido ou volume

de vendas efetivado em um determinado período.

Exemplos:

Matérias-Primas;

Comissões de Vendas;

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Insumos produtivos (Água, Energia), etc.

Após a determinação dos custos de produção, como resultado final do método de

formação de preços para a agroindústria de palmito de pupunha do PDS Bonal, serão

abordados na seção 3.3.7 os métodos de determinação do markup de produção para a

agroindústria.

3.3.5. Markup, Preço de Venda e Preço Potencial na Produção Agroindustrial

do PDS Bonal

De acordo com Cogan (1990), markup é um índice aplicado sobre o custo de um bem

ou serviço para a formação do preço de venda. Esse índice é tal que cobre os impostos e taxas

aplicadas sobre vendas fixas, custos indiretos fixos de fabricação e o lucro.

Considerando que os valores são fornecidos como uma porcentagem do preço de

venda, o markup pode ser encontrado através de diversas maneiras. De acordo com a

literatura econômica, destacam-se duas categorias: o cálculo através do markup divisor e do

markup multiplicador.

Markup Divisor:

%)]Mc%ITV(%100[%100MKP (8)

Em que:

MKP = Markup de Produção

ITV% = Impostos e Taxas de Vendas (ICMS, PIS, Cofins, Comissões de Vendas, etc.)

Mc% = Margem de Contribuição11

[custos/despesas fixas mais lucro (nível aceitável de lucro

determinado pelo mercado)].

Através do cálculo do markup divisor, pode-se determinar o preço de venda para o

palmito Bonal, através da razão entre os custos variáveis de produção e o markup divisor:

PMK

CVPV (9)

Pelo qual:

PV = Preço de Venda

CUP = Custos Variáveis

MKP = Markup de Produção

11 Ver Cogan (1990, p. 134)

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Markup Multiplicador:

%)]Mc%ITV(%100[

%100MKP

(10)

Em que:

MKP = Markup de Produção

ITV% = Impostos e Taxas de Vendas

Mc% = Margem de Contribuição

Após a determinação do markup multiplicador, pode-se encontrar o preço de venda

para o palmito Bonal, através do produto entre custos variáveis de produção e o markup

multiplicador. Desta forma,

PMK.CVPV (11)

No qual:

PV = Preço de Venda

CUP = Custos Variáveis

MKP = Markup de Produção

Por fim, o preço potencial (preço máximo que os agentes mercantis estão dispostos a

pagar pelo palmito de pupunha Bonal), será determinado através da pesquisa de mercado,

obtida através dos resultados da aplicação do questionário com os agentes mercantis

participantes do processo de comercialização (supermercados, distribuidoras, restaurantes e

pizzarias) do Palmito Bonal, conforme anexo 1.

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4. PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE PREÇOS DA

AGROINDÚSTRIA DE PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL

4.1. Caracterização e História do Palmito no Brasil

Segundo Sampaio et.al (2007), o palmito12

(Figuras 3 e 4) é considerado uma iguaria

tipicamente brasileira, consumido em diversos países do mundo como um produto exótico,

muito utilizado para confecção de pratos finos, tornando-se assim um produto com boa

demanda de mercado nacional e internacional.

Figura 3: Localização do Palmito em uma Palmeira

Fonte: AGUIAR (2010).

Figura 4: Palmito in natura

Fonte: ASPF (2012).

De acordo com Sousa et.al (2011), o Brasil é o maior produtor e consumidor de

palmito do mundo, porém, não possui o título de maior exportador. Nos últimos anos, a Costa

Rica e o Equador, com plantios organizados, com ganhos de escala e preços mais baixos,

assumiram a liderança de exportações no mercado internacional. A Tabela 2 demonstra que o

Brasil que se mantém com uma tendência de queda desde 1993, quando exportou 11.389

toneladas, até as irrisórias 1.282 toneladas exportadas em 2010 para os Estados Unidos,

Líbano, França, Itália, Japão, México e Espanha13

(RODRIGUES, 2011).

12 O palmito corresponde ao miolo da parte superior do caule da palmeira, de consistência tenra e cor

esbranquiçada 13

Cf. http://aliceweb2.mdic.gov.br/

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64

Tabela 2: Valor total (FOB), peso e valor por tonelada do palmito exportado pelo Brasil, 1993 a 2010.

ANO VALOR (US$ Milhões) PESO (t) US$/t

1993 45.374 11,389 3.984

2004 7.608 2,222 3.424

2005 9.695 2,401 4.038

2006 10.061 2,081 4.835

2007 13.765 2,847 4.835

2008 11.349 2,568 4.419

2009 7.142 1,634 4.371

2010 6.567 1,282 5.083

Fonte: SECEX (2011); RODRIGUES (2011).

A principal justificativa para a perda do Brasil da primeira posição no ranking dos

maiores exportadores mundiais deve-se ao fato do palmito nacional apresentar baixa

qualidade no produto. Inhetvin (2010, p. 67) corrobora ainda que as condições sanitárias

precárias durante o processo produtivo levaram ainda à contaminação bacteriana denominada

botulismo (Clostridium botulinum) em conservas de palmito em 1998. O principal fator para a

baixa qualidade do palmito é resultado do processo de exploração extrativista, em grande

parte ilegal, do palmito no Brasil.

De acordo com Frasson e Lopes (2002) apud Sampaio et.al (2007), a utilização

econômica do palmito no Brasil iniciou-se nas Regiões Sudeste e Sul durante a década de

1930, advinda da extração do palmito da palmeira juçara (Euterpe edulis Martius), originária

da Mata Atlântica.

Segundo Rodrigues e Durigan (2005), a industrialização do palmito brasileiro teve

início em 1949, no Estado do Paraná. A partir da década de 1960, o desenvolvimento

agroindustrial do palmito se deu no Litoral Norte de Santa Catarina e no Litoral Sul de São

Paulo. De acordo com Rosetti (1988), em 1959, o número oficial de agroindústrias de palmito

no País era 95 indústrias no ano de 1959, na qual todas eram localizadas no Paraná, passou

para o número de 1.163 no ano de 1970 e, em 1974, esse número reduziu para 66 indústrias.

A redução do número de indústrias envasadoras de palmito no ano de 1974 deveu-se

principalmente ao aumento significativo da demanda por palmito em todo o país, que resultou

num processo desenfreado de exploração do palmito de juçara, e que consigo trouxeram

inúmeros impactos ambientais, entre os quais se destaca a escassez da palmeira juçara na

Mata Atlântica brasileira. Dentre os vários fatores que contribuíram para que esta palmeira

entrasse em risco de extinção, Sampaio et.al (2007) destaca a sua intensa exploração seletiva,

devido à simplicidade que os palmiteiros encontravam para explorá-lo. Por outro lado, a

palmeira juçara possui um ciclo produtivo longo, entre oito a nove anos, que também

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65

contribuiu para sua escassez.

Como consequência da escassez do palmito de juçara, considerando que a regeneração

natural desta espécie não suportava mais a demanda por matéria-prima pelas empresas de

palmito em conserva das regiões Sul e Sudeste, a partir da década de 1970, algumas empresas

decretaram falência enquanto outras empresas se transferiram para a Região Norte do Brasil.

De acordo com Sampaio et.al (2007), tais empresas migraram, principalmente, para os

Estados do Pará, na região do Baixo Amazonas, e do Amapá, para explorar o açaí (Euterpe

oleracea Martius.), que é uma palmeira tropical, perene, nativa da Amazônia Oriental.

Nascimento e Moraes (1991) apud Rodrigues e Durigan (2005, p. 4), corroboram que os

primeiros registros da agroindústria do palmito na Região Norte apontam que no ano de 1968

implantou-se a primeira indústria no Estado do Pará. A partir de então, o agronegócio do

palmito passa a ser comandado pelo núcleo agroindustrial de Belém, consolidando-se a partir

da década de 80. Segundo a ABRAPALM14

(Associação Brasileira dos Produtores de Palmito

Cultivado), a partir do início dos anos 80, praticamente 90% do palmito em conserva

colocado a venda no mercado era proveniente do Açaí.

Em relação à produção de palmito, segundo dados oficiais publicados pelo IBGE

(Tabela 3), no Brasil, a produção passou de 34.273 toneladas em 1974 para 203.948 toneladas

no ano de 1976. Já em 1977, houve uma redução da produção para 35.123 toneladas. Nos

anos seguintes, a produção cresce, chegando a obter, em 1989 uma produção de 202.440

toneladas, em 1989. A partir de 1990, a produção decresce e apenas no ano de 2011, alcança o

número de 108.982 toneladas produzidas.

14 Cf.: http://www.inpa.gov.br/pupunha/empreendedores/abrapalm_historico.html

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66

Tabela 3: Produção Brasileira e Participação dos Principais Estados Produtores de Palmito no Brasil –

1974-2011 (Anos Selecionados).

ANO BRASIL (t)* PARÁ (%) SÃO PAULO (%) PARANÁ (%) S

TA CATARINA (%) ACRE (%)

1974 34.273 62,00 8,90 3,30 10,80 -

1976 203.948 97,00 0,80 0,70 1,60 -

1977 35.123 85,00 4,20 2,90 6,40 -

1980 114.408 95,00 0,50 0,90 2,00 -

1989 202.440 96,40 0,04 0,00 0,00 -

1990 27.031 81,23 0,58 0,31 2,22 0,91

1991 23.687 81,69 0,07 0,36 1,85 1,78

1993 21.596 83,42 0,21 0,66 0,28 2,51

1994 22.400 82,97 1,08 0,57 0,05 3,05

1996 19.696 82,53 1,87 0,37 0,77 3,05

1997 41.222 84,33 3,02 0,15 0,18 1,33

1998 35.637 64,18 3,78 0,01 0,22 1,63

1999 37.664 47,68 2,42 0,01 0,24 1,54

2000 41.510 39,51 6,95 0,12 1,11 0,93

2001 41.714 34,70 5,41 0,20 3,63 5,73

2002 55.648 24,86 6,29 0,38 2,26 3,51

2003 51.376 24,49 9,88 1,02 3,43 1,78

2005 51.830 15,13 9,18 2,39 6,53 0,85

2007 67.466 8,81 3,02 6,79 2,85 0,60

2008 89.879 6,85 19,25 6,03 5,99 0,15

2009 75.860 7,01 4,05 9,17 5,62 0,86

2010 121.790 4,29 13,90 30,47 5,40 0,64

2011 108.982 4,94 14,64 25,77 7,01 0,64

Fonte: IBGE/SIDRA (2012); RODRIGUES e DURIGAN (2005). *Os dados contidos nesta coluna referem-se ao resultado da soma da produção extrativa e da produção em

lavouras, oriundos das Tabelas “Quantidade produzida na extração vegetal por tipo de produto extrativo”

e da Tabela “Lavouras Permanentes” (IBGE/SIDRA).

Obs: Seguindo o método adotado por Rodrigues e Durigan (2005), excluíram-se os anos/linhas em que a

produção do ano anterior foi aproximada.

Quanto à participação dos estados na produção, observa-se que Paraná, Santa Catarina

e São Paulo (Tabela 3), que na década de 1970 participaram com até 10,8 % do total

produzido no país, contribuíram, entre as décadas de 1980 e início da década de 1990 com

percentuais mínimos – no máximo até 3% –, Este fator deveu-se principalmente à exploração

do palmito de açaí no Estado do Pará. O Estado do Acre, por sua vez, possui participação

apenas a partir do ano de 1990, a partir da iniciativa do cultivo do palmito de pupunha.

A extração do palmito em palmeiras nativas, como é o caso do açaí e da juçara,

provocaram inúmeros danos ao meio ambiente, tais como o impacto causado em populações

de aves e mamíferos, “que têm nos frutos e brotos destas palmeiras parte da sua alimentação e

estes, por sua vez, garantem a dispersão destas espécies, promovendo o equilíbrio ambiental

das florestas” (SAMPAIO et.al, 2007, p. 15).

Devido ao avanço das discussões sobre a preocupação mundial em se conservar os

recursos naturais existentes, Maranhão (2012), Silva (2000) e Sampaio et.al (2007), salientam

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67

que com a realização da Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (ECO-92) em que os países participantes assinaram um acordo se

comprometendo a importar e exportar palmito proveniente de plantações, o Brasil se vê

obrigado a adotar novas formas de exploração do palmito. Neste sentido, destaca-se o cultivo

da pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) para a produção de palmito, devido as suas qualidades

que permitem o seu uso de modo sustentável.

4.2. Principais Características Palmito de Pupunha

De acordo Inhetvin (2010, p. 65), a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) é uma palmeira

multicaule pertencente à família das Palmáceas, nativa da Amazônia, que chega a atingir até

20 m de altura e com diâmetro do caule entre 15 a 30 cm. O comprimento dos entrenós é de 2

a 30 cm, que muitas vezes apresentam numerosos espinhos rígidos e pretos ou marrons

escuro. Algumas espécies são desprovidas de espinhos (Figura 5).

Figura 5: Cultivo da Pupunheira para a Produção de Palmito, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2007)15

, o

15 Cf.: http://www.inpa.gov.br/pupunha/revista/clement-intro.html#nomenclatura

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68

ápice do estipe sustenta uma coroa de 15 a 25 folhas do tipo pinadas, inseridas em diferentes

ângulos. As folhas tenras não expandidas, localizadas no centro da coroa, formam o palmito,

um importante produto econômico. A inflorescência monoica aparece nas axilas das folhas

senescentes. Após a polinização, os cachos podem conter entre 50 e 1000 frutos e pesar de 1 a

25 kg. Ainda segundo INPA (2007), a palmeira de pupunha floresce com maior intensidade

entre os meses de agosto a dezembro. A maturação de seus frutos ocorre principalmente nos

meses de dezembro a julho. Outra característica importante desta planta é a sua capacidade de

perfilhamento, sendo comum encontrar exemplares com até 5 perfilhos16

.

Segundo Anacleto et.al (2011), a partir da década de 1990 teve início o cultivo da

pupunha para a produção de palmito. Um dos principais fatores que motivaram o interesse de

agricultores de todo o Brasil em investir no plantio da pupunha, foi à busca de novas opções

de cultivo em substituição às palmeiras nativas e de longo ciclo (como ocorriam nas palmeiras

de juçara e açaí).

A vantagem da pupunha sobre as espécies tradicionais consiste especialmente na sua

precocidade e capacidade de formar perfilhos o que favorece a produção continuada e a

padronização dos toletes, porção foliar destinada a industrialização (ANACLETO et.al, 2011,

p. 26).

Quanto ao sabor, Anacleto et.al (2011) corrobora que o palmito da pupunha possui um

sabor levemente adocicado e agradável, além de possuir um elevado valor nutritivo, em que

se destacam as elevadas taxas de caroteno de proteína e de gordura, bem como fornece muitos

minerais, pois contém sódio, potássio, manganês, cálcio, ferro, flúor, cobre, boro e silício

(Bernardi et al., 2007 apud Anacleto et.al., 2011).

Em relação ao mercado, o palmito de pupunha possui uma tendência ascendente de

mercado. Como salienta Inhetvin (2010), devido ao aumento da demanda por frutos de açaí

para produção da polpa, que apresenta maior rentabilidade e menor risco ambiental para os

extratores que o mercado de palmito, além de uma paulatina redução de palmito extrativo

neste mercado.

Deste modo, o panorama atual aponta para o crescimento da pupunha no mercado de

palmito em conserva, como é tradicionalmente comercializado. “Mas como uma

peculiaridade do palmito de pupunha é de não oxidar ao ser cortado, ele também é apropriado

16 Cf.: http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A39pupunha.htm.

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69

para ser conservado apenas em refrigeração, podendo ser consumido, assim, fresco ou

minimamente processado” (INHETVIN, 2010, p. 68).

Quanto ao potencial econômico e ecológico, Inhetvin (2010) destaca que a pupunha

apresenta uma série de vantagens ecológicas e econômicas quando comparada com outros

tipos de palmeiras destinadas a produção de palmito (juçara e açaí, por exemplo). Entre tais

vantagens, pode-se destacar:

Vantagens ecológicas: a pupunha pode ser plantada a céu aberto, não

necessitando ser plantada sob mata ou capoeira, e consequentemente, sem

causar dano às florestas nativa, além de repor a matéria orgânica do solo e

manter a erosão sob controle. Com a expansão desta cultura, diminuirá

paulatinamente as pressões que incorrem sobre a extração devastadora das

palmeiras nativas nas matas Atlântica a Amazônia;

Baixo custo de implantação e manutenção da lavoura;

Rusticidade: a pupunha não carece da utilização de controles químicos para

pragas e doenças;

Maior precocidade de produção: o primeiro corte ocorre entre 15 a 24 meses

após o plantio no campo;

Capacidade de perfilhamento: a pupunha permite que se possa repetir o corte

nos anos seguintes, sem necessidade de replantio da área;

Como planta perene, a pupunha promove a cobertura vegetal permanente, pois

o corte é realizado seletivamente;

A pupunha não escurece após o corte (não oxida), o que facilita seu

processamento, além de permitir a venda in natura do palmito;

Boa produtividade de palmito por área e com bom rendimento no

processamento;

Ótima qualidade: o palmito de pupunha é muito macio e saboroso, não tendo

problemas de aceitação pelo mercado interno mais exigente e internacional;

Segurança para o produtor: o palmito não estraga, já que o produtor pode

deixá-lo no pé ou, então, envasá-lo, guardando os vidros e realizando as vendas

quando achar conveniente.

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70

4.2.1. Etapas de produção do Palmito de Pupunha

O processo de produção do palmito de pupunha passa por uma série de etapas, que se

inicia desde a recepção da matéria-prima oriunda dos lotes dos produtores rurais do

assentamento até a fase de estocagem do produto, quando o produto está pronto para o

consumo e apto para a comercialização. A Figura 6 ilustra as etapas de processamento do

palmito de pupunha.

Figura 6: Fluxograma do Processamento Industrial Padrão na Agroindústria de Palmito de Pupunha do

PDS Bonal, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Recepção

Lavagem

Corte do Picado

Repouso

Salmoura ácida

Água (espera)

Resfriamento

Cozimento

Vedação da Tampa

Adição de Salmoura

Envase

Corte e Classificação

Estocagem

Embalagem

Rotulagem

Controle de Qualidade

Quarentena

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71

O processamento do palmito de pupunha inicia-se com a recepção da matéria-prima no

pátio da agroindústria, em local bem próximo do processamento propriamente dito.

Os palmitos in natura são agrupados de modo a receberem a lavagem com água

corrente e abundante nas hastes para a remoção da cerosidade externa.

Após a lavagem da matéria-prima o palmito é colocado em uma sala onde é feito o

corte a classificação do palmito conforme os tipos mais comuns encontrados no mercado:

Tolete, Picado, Rodelas do tipo “A” e “B” e Bandas. Os primeiros cortes (feitos em moldes)

representam o palmito mais tenro ou de melhor qualidade, em que são extraídos os toletes. As

demais partes do palmito são usadas para outros cortes denominados “palmito picado”,

“rodelas” e “bandas”.

Logo após o processo de corte e classificação, os diferentes cortes do palmito são

separados e acondicionados recipientes com água, para em seguida serem envasados e

receberem a adição de salmoura de espera (solução diluída em água, que contém em média

5% de cloreto de sódio e 1% de ácido cítrico monohidratado), e por fim receberem uma tampa

de vedação.

Após os vidros serem hermeticamente fechados, são encaminhados para sala de

cozimento onde ocorre imediatamente a sua imersão em caldeiras inoxidáveis cheios de água

quente com temperatura aproximada de 100ºC. O período de cozimento dura cerca de 50

minutos.

Depois do cozimento, os potes devem ser resfriados o mais rápido possível, afim de

evitar o contato prolongado de vapores ácidos concentrados na parte interna das tampas e para

completar o processo de pasteurização. O resfriamento dos potes deve ser feito inicialmente

de forma lenta, para evitar a quebra destes por choque térmico. Para que seja feito este

procedimento, injeta-se água fria na parte superior do banho-maria, em quantidade suficiente

para reduzir a temperatura a 40ºC, em 15 minutos.

A partir do resfriamento total dos vidros, estes são encaminhados à sala do controle de

qualidade, pela qual permanecem em observação por 12 horas.

Concluído o controle de qualidade, os vidros de palmito são encaminhados à sala de

observação do produto, também chamada de “quarentena”, em que permanecem neste local

por 15 dias, onde ocorre a segunda avaliação da qualidade do produto.

Após o período de quarentena, os vidros são levados ao setor de rotulagem. A

operação de rotulagem é um trabalho artesanal, evitando-se assim uma má apresentação do

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produto devido a problemas de colagem mal feita, com rótulos sujos, rasgados ou enrugados.

Após este procedimento, os vidros são colocados em embalagens de caixas de papelão e

imediatamente distribuídos em lotes visando facilitar o controle de estoque.

Por fim, as embalagens são estocadas em uma seção de armazenagem, aguardando a

sua distribuição nos estabelecimentos comerciais.

4.3. Produção, Agroindustrialização e Resultados Econômicos do palmito da

pupunha do PDS Bonal

O processo de produção agroindustrial do palmito de pupunha no Estado do Acre teve

seu início a partir do início da década de 1990 através da iniciativa proposta pala Fazenda

Bonal (ver seção 3.1), em substituição à produção de borracha na existente na propriedade,

pela qual já apresentava com um fraco desempenho econômico devido, em especial, aos

baixos preços praticados no mercado, desde o início da década de 1980.

4.3.1. Histórico da Produção na Agroindústria de Processamento do Palmito

de Pupunha da Empresa Bonal: Anos 1990-2004

Considerada a pioneira no cultivo e na produção de palmito de pupunha no Brasil, a

empresa Bonal tornou-se um elemento chave para o desenvolvimento da produção de palmito

cultivado no país. Além disso, a Bonal tornou-se a primeira empresa brasileira a se preocupar

com os efeitos da exploração predatória das palmeiras nativas, a Jussara da Mata Atlântica e o

Açaí da Floresta Amazônica a partir dos anos 1990.

De acordo com INPA (2007), no ano 2000 a Bonal foi uma das onze empresas

alimentícias da América do Sul (e a única produtora de palmito) a receber o Prêmio Qualidade

América do Sul, promovido pela ABIQUA (Associação Brasileira de Incentivo à Qualidade).

Este prêmio representa o maior reconhecimento do público à eficiência e qualidade no setor

empresarial.

Com o início de suas operações, a agroindústria de palmito de pupunha da empresa

Bonal, processava em média 16.900 kg mensais de palmito, conforme Gráfico 1. Esta

produção, porém, perdurou durante os sete primeiros anos (entre 1990 a 1996). Com grande

prestígio e aceitação no mercado, o palmito de pupunha Bonal possuía, além da

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comercialização no mercado local, exportação direta para o Estado de São Paulo, onde era

distribuído para o centro-sul do país.

Gráfico 1: Média de Produção Mensal de Palmito de Pupunha (em Kg) na Empresa Bonal entre os anos

1990 a 2004.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Após esse período, segundo alguns produtores entrevistados, ex-funcionários da

fazenda Bonal, a produção de palmito começava a encontrar barreiras. Especula-se que em

1996, os donos da propriedade visualizaram desvantagens relacionadas aos custos de

produção da agroindústria, bem como o aumento da concorrência e da oferta de outras

agroindústrias de palmito de pupunha que se instalavam rapidamente no país. Com isso, os

empresários chegaram à conclusão de que não seria possível aumentar seus lucros produzindo

palmito de pupunha. Como resultado desta decisão, observa-se ainda no Gráfico 1, que houve

diminuição do ritmo de produção de palmito, que culminou em uma queda de 50% se

comparado à produção dos anos anteriores (para 8.400 kg entre os anos 1997-2003), o que

resultou na redução gradativa das vendas e o fechamento do ponto de distribuição do produto

no Estado de São Paulo.

Em meio ao aumento dos problemas existentes no empreendimento, aliado à

diversificação produtiva do palmito, os empresários chegam à conclusão que a melhor decisão

seria cessar atividades, decidindo pela venda da propriedade. Com isso, apesar das

dificuldades encontradas para encontrar compradores para a propriedade, em 2004, o INCRA

torna-se interessada em comprar a área para constituir um projeto de assentamento. Em meio

às negociações (ano de 2004), observa-se que a produção agroindustrial cresceu

significativamente em relação aos anos anteriores, em média, 20.300 kg de palmito

processado por mês, ultrapassando até mesmo a média de produção ocorrida durante o início

das atividades agroindustriais na década de 90. No entanto, este aumento na produção deveu-

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

1990-1996 1997-2003 2004

16.900

8.400

20.300

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74

se à superexploração dos pupunhais, o que resultou na morte de maior parte do plantio de

pupunha existente na propriedade.

4.3.2. Produção e Resultados Econômicos da Agroindústria de Palmito de

Pupunha do PDS Bonal: Anos 2005-2012

Finalizada a negociação e a transição da propriedade da empresa Bonal para o INCRA,

ocorrida no ano 2005 (conforme seção 3.1), a produção de palmito na agroindústria tornou-se

responsabilidade dos próprios assentados do PDS, ex-funcionários da empresa Bonal. Porém,

juntamente com a agroindústria, foram herdados os problemas relacionados à estrutura

organizacional da fábrica, com máquinas e equipamentos obsoletos aliado a falta de

conhecimento dos assentados (que outrora empregados), que passaram a gerir o

funcionamento da fábrica sem ao menos passar por treinamentos básicos de gestão ou de

procedimentos de processamento do palmito.

Em relação à produção, o Gráfico 2 apresenta a produção bruta anual do palmito do

PDS Bonal.

Gráfico 2: Produção anual (em Kg) de palmito de pupunha no PDS Bonal entre os anos 2006 a 2011.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

A partir do ano 2006, primeiro completo de operação da fábrica após a aquisição da

propriedade pelo INCRA, observa-se que sua produção total foi de 34.000 kg. Já em 2007, a

produção anual da fábrica regrediu para 27.000 kg. Além disso, o Gráfico 2 ilustra ainda que

os anos 2008 e 2010 houve crescimento na produção, enquanto 2009 e 2011 foram registradas

novas quedas de produção. De forma detalhada, a Tabela 4 ilustra a produção de palmito da

agroindústria do PDS Bonal entre os anos 2006 a 2011, para cada tipo de palmito produzido.

34.091

27.517

31.467

25.590

30.837

27.482

20.000

22.000

24.000

26.000

28.000

30.000

32.000

34.000

36.000

2006 2007 2008 2009 2010 2011

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75

Tabela 4: Quantidade total produzida (em quilos) dos tipos de palmito de pupunha do PDS Bonal entre os

anos 2006 a 2011.

Tipo de Palmito Ano

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Picado – 300g 10.773 7.403 8.375 7.795 8.618 9.126

Picado – 1200g 2.030 2.834 2.765 2.316 3.300 2.480

Tolete Premium – 1200g 3.465 2.324 3.646 2.981 864 2.013

Tolete Tradicional – 300g 10.498 6.761 8.586 5.738 8.435 4.590

Bandas – 300g 2.236 2.846 3.920 2.689 3.650 2.975

Rodela A – 300g 1.231 1.080 810 788 799 1.291

Rodela B – 1200g 812 899 708 691 1.089 1.054

Rodela B – 300g 3.046 3.370 2.657 2.592 4.082 3.953

Quant. Total Produzida 34.091 27.517 31.467 25.590 30.837 27.482

Média Mensal 4.261 3.440 3.933 3.199 3.855 3.435

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

A oscilação da produção demonstrada no Gráfico 2 e na Tabela 4 é resultado direto da

entressafra da pupunha (além da herança causada pela superexploração dos pupunhais

ocorrida em 2004), e principalmente aos problemas enfrentados pela gestão da agroindústria

em manter a receita total auferida na produção maior que custos de produção (Gráfico 3).

Gráfico 3: Receitas e Custos Totais de Produção da Agroindústria de Palmito de Pupunha do PDS Bonal

entre os anos 2006 a 2011.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

De acordo com o Gráfico 3, a receita total obtida no ano de 2006 foi de R$

440.961,77, enquanto o custo total de produção para o mesmo período foi de R$ 495.424,60.

Já em 2007, considerado o melhor ano da agroindústria do PDS Bonal, a receita total foi de

R$ 591.944,05 valor significativamente superior aos custos totais da fábrica, que se

apresentaram menores em relação ao ano de 2006. Porém, apesar do sucesso obtido no ano de

2007, o mesmo não ocorreu nos anos posteriores. Ora, então o que motivou o grande sucesso

440.961,77

591.944,05

453.228,15

501.534,18 488.151,96

391.420,80

495.424,60

493.593,32

507.333,61

565.141,39

492.509,84

341.091,49 300.000,00

350.000,00

400.000,00

450.000,00

500.000,00

550.000,00

600.000,00

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Receita Total Custos Totais

Em

R$

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obtido no ano de 2007, considerando que sua produção alcançou quantidades inferiores se

comparado aos anos de 2006 e 2008 (Tabela 4)?

O principal motivo é que no ano de 2007, os preços unitários do palmito de pupunha

se mantiveram acima dos custos unitários de produção (Gráfico 4).

Gráfico 4: Variação dos custos unitários e do preços unitários do PDS Bonal no período de 2006 a 2011.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Analisando o Gráfico 4, observa-se que entre os anos de 2006 a 2011 ocorre uma

oscilação entre os custos e preços, devido a ineficiência na produção ocorrida durante o

período, que impacta diretamente nos custos unitários de produção e nos preços. Neste

sentido, é possível notar que o período de 2006 a 2011 apresenta uma tendência de

crescimento nos custos unitários de produção. Por outro lado, nota-se que no mesmo período

a tendência em relação aos preços apresenta-se em queda. É importante observar que a

evolução de 80% nos preços de 2007 em relação ao ano de 2006, deve-se principalmente ao

período em que a gestão da agroindústria contava com um arranjo institucional favorável para

negociação do palmito, o que gerou um maior poder de barganha de preços frente ao mercado.

Com o gradativo abandono das instituições que apoiavam no início do projeto de

assentamento e principalmente por não se ter uma política de formação do preço ideal para o

palmito de pupunha do PDS Bonal, os gestores da agroindústria viram-se enfraquecidos

quanto à negociação do palmito no mercado (devido à inconstância da produção, pela

inabilidade e inexperiência em barganhar o preço no mercado e, principalmente, por não saber

como se formam preços).

Nota-se no Gráfico 5, que apesar de ser a única empresa a oferecer aos seus

consumidores uma diversidade de tipos de palmito, o palmito de pupunha Bonal tem o preço

de venda para os estabelecimentos comerciais bem abaixo do preço praticado pelos demais

-43%

34%

-15%

39%

-24% -21%

41%

80%

-37%

39%

-15% -8%

-60%

-10%

40%

90%

2006 2007 2008 2009 2010 2011

(%) Custo Unitário de Produção (%) Preço Unitário

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concorrentes, devido principalmente aos critérios adotados para fixação dos preços na

agroindústria.

Gráfico 5: Preços de compra do palmito pelos estabelecimentos comerciais no Estado do Acre no ano de

2012 (principais marcas).

*Preços referentes à pesquisa de mercado realizada nos estabelecimentos comerciais entre os meses de

julho a agosto de 2012.

**Algumas empresas denominam o palmito tipo tolete pelo nome de “Palmito tipo Inteiro”.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Segundo informações oriundas da CAEB – Cooperativa Agroextrativista Bonal, os

preços dados pela agroindústria aos tipos de palmito produzidos são determinados com base

no preço do seu principal concorrente local – o palmito Reca. De acordo com informações,

atualmente a fixação dos preços para venda consiste na dedução de 20% referente ao preço

praticado pelo Reca, pois segundo estes “colocando o preço menor que o preço de mercado do

Reca, a Bonal terá um preço competitivo e mercado garantido [sic]”. Porém, agindo desta

forma, os gestores não sabem sequer que estão agravando ainda mais os problemas

enfrentados pela agroindústria, no tocante à venda do produto no mercado, na medida em que

não consideram os custos unitários de produção.

Desta forma, fica fácil perceber que a agroindústria Bonal possui problemas tanto na

produção, como também falhas na formação de preços do palmito. Porém, sabe-se que para

4,23 9,33 4,87 11,00 3,81

14,04

22,38

6,37

11,12

6,94 8,38

8,44

8,41

11,00

8,44 6,32

5,79

3,85

4,33

5,46

5,43

5,38

17,34

Picado – 300g Picado – 1.200g Inteiro – 1.200g Inteiro – 300g

Banda – 300g Rodela - A 300g Rodela – 300g Rodela – 1.200g

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78

tornar a agroindústria competitiva, capaz de obter receita superior aos seus custos de

produção, torna-se um desafio que envolve, acima de tudo, eficiência na oferta do produto.

No entanto, conhecer como se dá o funcionamento do mercado que o palmito de

pupunha do PDS Bonal se insere (a fim de descobrir qual sua demanda atual e conhecer um

possível potencial de mercado), além de se determinar corretamente qual o preço mínimo de

cada tipo de palmito comercializado (de modo que se acarretem ganhos efetivos com a venda

do produto e se torne um mecanismo capaz de proporcionar a capitalização da agroindústria e

promover até mesmo a modernização da fábrica), tornam-se elementos chave para nortear as

mudanças necessárias para reverter o cenário que a agroindústria atualmente convive.

4.3.2.1. Agentes Mercantis e Resultados Econômicos do Palmito de

Pupunha da Agroindústria do PDS Bonal

O palmito de Pupunha do PDS Bonal possui participação importante no segmento de

palmitos comercializados na economia acreana, pois além de ser um produto produzido no

Estado do Acre, destaca-se pela sua qualidade e aceitação no mercado já comprovada. Os

principais estabelecimentos comerciais onde se comercializam o palmito Bonal são os

supermercados, distribuidoras, restaurantes e pizzarias, localizadas tanto em Rio Branco

quanto nos municípios de Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Através de uma árdua

pesquisa realizada entre os meses de julho a agosto de 2012, foram encontrados e

entrevistados todos os agentes que compõe a cadeia de comercialização do palmito Bonal.

Residentes no Estado do Acre, a cadeia de comercialização do produto é composta

por: Representante de vendas da agroindústria, Distribuidoras, Supermercados, Restaurantes e

Pizzarias que compram o palmito produzido no PDS Bonal e repassam ao consumidor final,

conforme esquema descrito na Figura 7.

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Figura 7: Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Cada tipo de agente mercantil tem as suas próprias características:

Representante: Pessoa responsável pela intermediação entre a agroindústria Bonal e os

demais agentes mercantis. Responsável por todas as vendas feitas pela Bonal, o representante

recebe uma comissão fixa de 8% (paga em produto) de todo o montante de palmito vendido.

Porém, devido às dificuldades financeiras enfrentadas pela agroindústria, a comissão atual foi

reduzida para 5%.

Distribuidoras: Situada em Rio Branco/AC, empresa responsável pela distribuição de

alimentos e produtos no mercado, funcionando como intermediário entre a agroindústria do

PDS Bonal e os estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados da capital e do

interior do Estado do Acre.

Supermercados: Grandes lojas de varejo, situada nos municípios acreanos de Rio

Branco, Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, que vendem diretamente para o

consumidor final o palmito de pupunha produzido pelo PDS Bonal.

Restaurantes e Pizzarias: Empresas de alimentação, situadas na cidade de Rio

Branco/AC, que utilizam o palmito de pupunha do PDS Bonal como insumo para a confecção

de receitas à base de palmito.

Produtor Agroindústria

Bonal/Representante

Distribuidoras

Consumidor Final

Supermercados

Interior Restaurantes Pizzarias

Supermercados Capital

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80

Quanto à participação dos agentes no mercado, o Gráfico 6 demonstra que os

supermercados representam uma participação de 66,67% na compra do palmito produzido,

que por sua vez, comercializam com o consumidor final.

Gráfico 6: Destino do Palmito Bonal, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

A participação dos restaurantes e pizzarias, estabelecimentos que utilizam o palmito

como matéria-prima para a confecção de variadas receitas, possuem juntos uma participação

de 22,22% (11,11% cada um dos segmentos) de todo o palmito produzido pela Bonal. Cabe

ainda destacar a participação das distribuidoras e do representante da agroindústria no

mercado (que recebe seu pagamento em produto), que juntos completam a cadeia de

comercialização com 11,11%.

Quanto à periodicidade de compra, como ilustrado no Gráfico 7, cerca de 75% dos

agentes mercantis afirmam que suas compras de palmito de pupunha Bonal ocorrem de forma

mensal.

Gráfico 7: Periodicidade de Compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal, anos 2011/2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

66,67% 11,11%

11,11%

5,56% 5,56%

Supermercados Pizzaria Restaurante Distribuidora Respresentante

75,00%

18,75%

0,00%

6,25%

Mensal

Bimestral

Semestral

Anual

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

Mensal

Bimestral

Semestral

Anual

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81

Apenas 18,75% e 6,25% afirmam comprar palmito de forma bimestral ou anual,

respectivamente. Nenhum dos entrevistados afirmou comprar o palmito a cada semestre do

ano.

Em relação aos tipos e quantidades compradas por cada agente mercantil, a Tabela 5

descreve detalhadamente o quanto em média cada estabelecimento comprou do produto.

Tabela 5: Quantidade média anual comprada (em caixas) de Palmito de Pupunha Bonal pelos

estabelecimentos comerciais – 2011/2012

Tipos de Palmito Agentes Mercantis

Supermercado

Capital %

Supermercado

Interior % Distribuidora % Pizzaria % Restaurante %

Picado – 300g* 2.136 31% 182 27% 840 38% 360 38% 384 48%

Picado – 1.200g** 468 7% 50 7% - - - - - -

Tolete – 1.200g 240 4% - - - - - - - -

Tolete – 300g 1.320 19% 128 18% 600 28% 36 4% 120 15%

Banda – 300g 1.116 16% 154 22% 360 17% 60 6% 48 6%

Rodela A – 300g 312 5% - - - - - - - -

Rodela B – 1.200g 180 3% 14 2% - - - - - -

Rodela B – 300g 984 15% 166 24% 360 17% 480 52% 240 31%

Total Comprado 6.756 60% 694 6% 2.160 19% 936 8% 792 7%

* Uma Caixa de Palmito de Pupunha Bonal de 300g contém cada uma 15 potes de palmito.

** Uma Caixa de Palmito de Pupunha Bonal de 1.200g contém cada uma 6 potes de palmito.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Segundo a Tabela 5, os supermercados da capital são os principais compradores do

palmito de pupunha Bonal, totalizando uma quantidade de 6.756 caixas de palmito de

pupunha por ano. Entre os principais tipos de palmito comprados pelos supermercados,

destaca-se a forte participação do palmito picado (300g), com 2.136 caixas, que corresponde a

31% de todo o palmito de pupunha comprado pelo setor, além dos palmitos do tipo tolete

(300g) e bandas (300g), com participações de 19% e 16%, respectivamente. Já os outros tipos

de palmito, correspondem juntos a 34% do palmito Bonal comercializado neste mercado.

No que se refere à distribuidora, observa-se que a comercialização ocorre somente

com quatro tipos de palmito, que são os palmitos do tipo picado, tolete, bandas e rodela B,

(todos em potes de 300g). Apesar de não comercializar outros tipos de palmito, a

distribuidora, atualmente, é responsável pela compra de 19% de toda a produção obtida na

agroindústria do palmito Bonal, destacando-se como o segundo agente mercantil em termos

de volume de compra do produto, com 2.160 caixas compradas no ano.

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82

Quanto aos restaurantes e pizzarias, os tipos de palmito mais demandados são os tipos

picado (300g) e rodela (300g), muito utilizados no preparo de saladas, pizzas e outros pratos,

de acordo com os entrevistados.

Já os supermercados do interior, que juntos tiveram apenas um volume de 694 caixas

de palmito, atualmente comercializam todos os tipos de palmito produzidos pela agroindústria

Bonal (exceto os tipos tolete de 1200g e rodela A de 300g). Entre os tipos mais

comercializados destacam-se o tipo picado (300g), com participação de 27%, o tipo rodela B

(300g) e tolete (300g), com participação de 24% e 22%, respectivamente.

As principais formas de pagamento praticadas na compra do palmito Bonal se

estabelece em pagamento à vista e à prazo (15 ou 30 dias), período, que de acordo com os

agentes mercantis entrevistados, é o tempo necessário para vender o produto para o

consumidor final, seja na forma de potes (supermercados e distribuidora), como na forma de

outros produtos (pizzas, saladas, etc.) à base de palmito.

No que diz respeito ao preço de compra efetivamente pago pelos agentes mercantis, a

Tabela 6 demonstra detalhadamente a variação entre os preços entre os supermercados

(capital e interior), distribuidoras, pizzarias e restaurantes.

Tabela 6: Preços médios de compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal pelos Agentes Mercantis

(R$/pote) – 2012.

Tipos Supermercado

Capital

Supermercado

Interior Distribuidora Pizzaria Restaurante Média

Picado – 300g 3,81 5,01 3,81 4,24 3,67 4,08

Picado – 1.200g 14,04 14,24 - - - 14,14

Tolete – 1.200g 22,38 - - - - 22,38

Tolete – 300g 5,79 6,09 5,79 5,27 5,27 5,63

Banda – 300g 4,33 5,31 4,33 4,22 4,20 4,45

Rodela A – 300g 5,46 - - - - 5,46

Rodela B – 1.200g 17,34 17,00 - - - 17,17

Rodela B – 300g 5,38 6,03 5,38 5,20 4,27 5,25

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Analisando todos os tipos de palmito, observa-se que os preços sofreram variações

para cada agente mercantil entrevistado. Tomando como exemplo o palmito tipo picado –

300g, é possível notar na Tabela 6 que os restaurantes compram ao preço de R$ 3,67, seguido

pelos supermercados de Rio Branco e distribuidoras (R$ 3,81), pizzarias (R$ 4,24) e por fim,

os supermercados do interior (R$ 5,01).

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83

A diferença de preços, no entanto, é fruto da forma de comercialização realizado com

cada agente mercantil. De acordo com resultados da pesquisa, apurou-se que os restaurantes

comercializam a compra do palmito através de pagamento à vista, recebendo assim um

abatimento no preço de compra. Já os supermercados de Rio Branco e distribuidoras, apesar

de comprar uma quantidade superior aos demais agentes mercantis, compram o palmito com

pagamento à prazo para 15 dias, ocorrendo o mesmo com as pizzarias, que efetuam o

pagamento à prazo para 30 dias. Já em relação aos supermercados do interior, os preços se

elevam devido à escassez do produto nos municípios e aos altos custos de transporte.

Em relação aos preços de venda praticados pelos agentes mercantis, observa-se

apenas a participação dos supermercados da capital, do interior e das distribuidoras (Tabela

7). A explicação decorre da dificuldade enfrentada para se ter acesso ao fluxo de caixa dos

restaurantes e pizzarias, tendo em vista que o palmito é utilizado como um insumo de

produção e, além disso, são utilizadas quantidades diferentes de acordo com o pedido dos

clientes, que também varia no preço final.

Tabela 7: Preço de Venda dos Agentes Mercantis da Cadeia de Comercialização do Palmito de Pupunha

do PDS Bonal - 2012.

Preço Distribuidoras Supermercado

Capital

Supermercado

Interior

Picado – 300g 4,71 5,33 6,80

Picado – 1.200g - 19,90 20,15

Tolete – 1.200g - 31,58 -

Tolete – 300g 7,33 7,87 8,53

Banda – 300g 5,39 5,87 7,20

Rodela A – 300g - 7,36 -

Rodela B – 1.200g - 22,94 23,00

Rodela B – 300g 6,86 7,05 7,88

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

A partir da Tabela 7, observa-se que o preço de venda da distribuidora segue abaixo

em relação aos supermercados do interior e da capital. O motivo principal é que a

distribuidora revende o produto para outros estabelecimentos, principalmente supermercados,

como descrito no esquema da Figura 8. Quanto ao preço repassado ao consumidor final pelos

supermercados, observa-se uma hegemonia nos preços praticados pelos supermercados do

interior. Este patamar elevado nos preços está ligado à forma de comercialização realizada

com os mesmos. De acordo com os proprietários dos supermercados do interior, as compras

do palmito Bonal de alguns supermercados ocorrem em período bimestral, enquanto em

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84

outros supermercados sucedem apenas em um período no ano, devido, entre muitos motivos à

dificuldade de negociação entre o representante da agroindústria Bonal e às dificuldades de

frete do palmito nos estabelecimentos do interior do Estado, o que influencia diretamente para

o acréscimo no preço final.

Com base nas informações obtidas, torna-se possível verificar agora quem

efetivamente fica com os lucros auferidos com a venda do palmito de pupunha, através do

cálculo das margens e markups de comercialização e apropriação efetiva do PDS Bonal em

relação aos agentes mercantis. Vale ressaltar que para melhor entendimento dos resultados

obtidos pela pesquisa através destes instrumentos de avaliação e considerando às diversas

formas de comercialização do palmito, foi adotada a divisão da comercialização do palmito

Bonal a partir de três circuitos da cadeia de comercialização, como é ilustrado na Figura 8.

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85

Figura 8: Circuitos da Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Agroindústria

Bonal/Representante

Restaurantes

Pizzarias

Agroindústria

Bonal/Representante

Distribuidoras

(Apropriação Efetiva: 26%)

Agroindústria

Bonal/Representante

Supermercado – Interior

(Apropriação Efetiva: 25%)

Supermercado – Capital

(Apropriação Efetiva: 8%)

CIRCUITO 2

CIRCUITO 3

Consumidor Final

Supermercado – Capital

(Apropriação Efetiva: 36%)

Supermercado – Interior

(Apropriação Efetiva: 47%)

Margem de Comercialização: 26%

Markup: 36%

CIRCUITO 1

Margem de Comercialização: 32% Markup: 47%

Consumidor Final

Consumidor

Final

Margem de Comercialização: 20% Markup: 26%

Margem de Comercialização: 8% Markup: 8%

Margem de Comercialização: 20% Markup: 25%

Comissão paga ao Representante:

8% das vendas

Comissão paga ao Representante: 8% das vendas

Comissão paga ao Representante: 8% das vendas

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O Circuito 1 compreende a comercialização direta entre agroindústria Bonal, por meio

do seu representante, com os supermercados da capital e do interior.

Sabe-se que os supermercados são principais agentes mercantis na comercialização do

palmito de pupunha Bonal, pois detêm mais da metade do volume transacionado (60% para os

supermercados da capital e 6% para os supermercados do interior), ficando as distribuidoras

em segundo lugar (19%). O papel central dos supermercados na comercialização do palmito

de pupunha Bonal também fica evidente quando se analisa que os supermercados da capital

obtêm uma margem de comercialização de 26%. Por outro lado, o markup de comercialização

(valor percentual que é resultado da diferença entre o preço de venda e o preço de compra em

razão do preço de compra) tem como resultado o valor de 36%. Por outro lado, a apropriação

efetiva dos lucros obtidos na venda do palmito de pupunha Bonal pelos supermercados da

capital é de 36%.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos comerciantes do interior do Estado em

abastecer as gôndolas de seus estabelecimentos comerciais com o palmito produzido pelo

PDS Bonal com frequência, os supermercados do interior apresentam a maior margem de

comercialização (32%) na negociação final do palmito. Já em relação ao markup obtido na

negociação é de 47% em relação ao preço de compra do PDS Bonal. Já a apropriação efetiva

no mercado, observa-se que os supermercados do interior obtêm 47% dos ganho auferidos

com a venda do produto.

A título de apresentação, o circuito 2 abrange às pizzarias e restaurantes que compram

diretamente o palmito Bonal através do representante da agroindústria. No entanto, como

citado anteriormente, devido à dificuldade de acesso ao fluxo de caixa das empresas para a

obtenção dos dados, não foi possível calcular as margens de comercialização, markups e

apropriação efetiva destes estabelecimentos comerciais.

Já o circuito 3, envolve a comercialização do palmito de pupunha para outros

supermercados da capital e do interior por intermédio das distribuidoras. Neste circuito de

comercialização, mais complexo que o circuito 1, observa-se que as distribuidoras obtêm

uma margem de comercialização de 20%. Além disso, o markup e apropriação efetiva das

distribuidoras é 26%. Observa-se ainda neste circuito, que houve uma redução nas

porcentagens da margem de comercialização, markups e apropriação efetiva entre os agentes

mercantis que vendem o palmito para o consumidor final. Os supermercados da capital,

através da compra do palmito pela distribuidora, obtêm uma margem de comercialização de

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87

8%, mesma porcentagem alcançada para o markup e apropriação efetiva. Os supermercados

do interior, por sua vez, obtêm margens de 20%, enquanto apresentam 25% no markup e na

apropriação efetiva da comercialização do palmito para o consumidor final.

Após análise dos circuitos de comercialização, observa-se que as relações mercantis

atuais canalizam a receita obtida pelo palmito de pupunha para os agentes da cadeia, ficando

evidente que grande parte dos lucros obtidos pela comercialização do palmito está ficando

com os agentes mercantis que compõe esta cadeia.

No entanto, os resultados demonstram ainda que é possível a Bonal reverter a situação

atual e obter melhores ganhos, considerando que atualmente a agroindústria vem perdendo

dinheiro no mercado pela falta de negociação adequada, pelo desconhecimento do tamanho do

mercado acreano de palmito e quais seus potenciais e devido principalmente por não entender

como se forma preços. Neste sentido surgem inúmeras indagações a respeito do tema, os

quais se destacam: qual o tamanho e qual o potencial de mercado do palmito no Acre? Qual a

quantidade ideal de palmito de pupunha que pode ser absorvida pelos consumidores? Qual o

preço mínimo que se deve fixar em cada tipo de palmito que sejam capazes de remunerar seus

custos unitários de produção e ainda obter receitas com sua venda?

Neste sentido, as próximas seções serão discutidas a situação do mercado através de

sua demanda atual e potencial e, além disso, será tratada a formação dos preços de venda da

agroindústria por intermédio do cálculo do markup de produção e seus custos de produção.

4.3.2.2. Demanda Atual e Potencial de Mercado do Palmito de Pupunha

do PDS Bonal

Conhecido os todos os agentes que integram a cadeia de comercialização do palmito

de pupunha do PDS Bonal, além de se ter determinado o valor das margens e markups de

comercialização e a apropriação dos agentes mercantis participantes da cadeia de

comercialização do palmito de pupunha do PDS Bonal, torna-se necessário saber qual o

tamanho da demanda de palmito do Estado do Acre e qual a participação do palmito Bonal

neste mercado.

Através da pesquisa realizada nos diversos segmentos mercantis do Estado, foi

possível determinar qual o tamanho desse mercado. O gráfico 8 demonstra qual a demanda

atual mensal de palmito no Estado do Acre.

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88

Gráfico 8: Quantidade consumida de Palmito no Estado do Acre entre os anos 2011/2012.

*Quantidades (em caixas) mensais; **Em algumas marcas, o nome adotado para o palmito tipo “Tolete” é

denominado como palmito tipo “Inteiro”.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

De acordo com o Gráfico 8, quantidade consumida de palmito no Estado do Acre é de

aproximadamente 2.608 caixas mensais, o que equivale há um pouco mais 39 mil potes de

palmito comercializados em um único mês.

Quanto à participação do palmito da agroindústria do PDS Bonal neste mercado, a

Tabela 8 descreve que a demanda mensal média é de 945 caixas, o que corresponde a 36% do

mercado atual de palmito do Estado do Acre.

Tabela 8: Quantidade demandada atual (em caixas) de palmito Bonal – Anos 2011/2012.

Tipo de Palmito Demanda Mensal Demanda Anual Parcela de Mercado

Picado – 300g 325 3.902 42%

Picado – 1.200g 43 518 22%

Tolete – 1.200g 20 240 15%

Tolete – 300g 184 2.204 38%

Banda – 300g 145 1.738 35%

Rodela A – 300g 26 312 21%

Rodela B – 1.200g 16 194 38%

Rodela B – 300g 186 2.230 42%

Total 945 11.338 36%

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Porém, é importante salientar que todos os agentes mercantis pesquisados

demonstraram interesse em aumentar ou pelo menos continuar comprando a mesma

quantidade do palmito Bonal para abastecer as gôndolas de seus estabelecimentos comerciais.

Neste sentido, através da pesquisa realizada, constatou-se que 62,50% estariam

dispostos a comprar quantidades maiores do palmito, caso haja uma maior quantidade

ofertada.

770

195 135

483 415 126 42

442

2608

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89

Gráfico 9: Disposição em comprar quantidades maiores de palmito de pupunha do PDS Bonal pelos

agentes mercantis do Estado do Acre no ano de 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Além disso, através de uma simulação de reajuste nos preços, a pesquisa revela que

87,50% dos entrevistados têm interesse em continuar comprando o palmito Bonal, caso

aconteça acréscimo nos preços do palmito.

Gráfico 10: Disposição a pagar mais pelo palmito Bonal no ano de 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Além da vantagem de ser um produto produzido no Estado do Acre, o motivo que

explica tamanha aceitação dos estabelecimentos em até ampliar a compra do produto ou até

mesmo aceitar o reajuste nos preços deve-se entre muitos fatores, aos ganhos excessivos

obtidos com a venda do palmito aliado à sua excelente qualidade e aceitação no mercado que

o palmito de pupunha Bonal possui, como descrito no Gráfico 11.

37,50%

62,50%

Não Sim

12,50%

87,50%

Não Sim

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90

Gráfico 11: Nota de Qualidade e Aceitação no Mercado do palmito de pupunha do PDS Bonal, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Além disso, através do diagnóstico realizado no setor varejista do Estado do Acre,

constatou-se que grande parte dos empreendimentos entrevistados tem o desejo de substituir

os palmitos de açaí, juçara, palmeira real e pupunha importado de outras regiões (que,

segundo os entrevistados, boa parte dos palmitos importados apresenta péssima qualidade de

consumo), pelo palmito de pupunha Bonal, caso houvesse a expansão na quantidade ofertada

pela agroindústria. Neste sentido, a Tabela 9 demonstra qual o potencial de mercado do

palmito de pupunha Bonal.

Tabela 9: Demanda Potencial Anual de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.

Tipo Quantidades Demandadas Parcela de Mercado

Potencial (%) Atual Potencial

Picado – 300g 3.902 5.338 58%

Picado – 1.200g 518 1.816 78%

Tolete – 1.200g 240 1.380 85%

Tolete – 300g 2.204 3.592 62%

Banda – 300g 1.738 3.244 65%

Rodela A – 300g 312 1.200 79%

Rodela B – 1.200g 194 304 61%

Rodela B – 300g 2.230 3.070 58%

Total 11.338 19.944 64%

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

A Tabela 9 ilustra claramente que o palmito de pupunha do PDS Bonal possui um

grande potencial de mercado, se comparada com os outros tipos de palmito comercializados

no Estado. Desta forma, a demanda atual, que é de 11.338 caixas de palmito anuais, pode ser

- 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00

9,15

9,24

Qualidade Aceitação no mercado

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91

ampliada para 19.944 caixas de palmito de pupunha anuais, o que corresponde a 64% do

mercado de palmito do Estado do Acre.

Contudo, sabe-se que não basta apenas ampliar a oferta de palmito se não houver uma

correta política de formação de preços que sejam capazes de satisfazer os custos de produção

gerados pela agroindústria e que ao mesmo tempo sejam capazes de competir de forma

racional no mercado acreano. Neste sentido, torna-se necessário calcular e determinar quais

são os preços mínimos e quais são os preços potenciais que o mercado está disposto a pagar

pelo palmito de pupunha Bonal.

4.3.2.3. Formação do Preço Mínimo de Mercado e Preço Potencial do

Palmito de Pupunha do PDS Bonal

Com a finalidade de buscar formas eficientes de garantir que a comercialização do

palmito Bonal ocorra de forma eficiente de modo que alcance novos patamares de

lucratividade, resgatando parte dos lucros obtidos que ficam concentrados nas mãos dos

agentes mercantis da cadeia de comercialização, torna-se imprescindível determinar o preço

de venda do palmito de pupunha Bonal a partir da fixação de uma margem mínima (markup)

que seja capaz de cobrir todos os custos de fabricação e garanta lucro para a unidade

agroindustrial.

No entanto, antes de calcular o preço mínimo de venda para os diversos tipos de

palmito produzidos na agroindústria, é necessário apreciar qual a participação de venda de

cada tipo de palmito, conforme a Tabela 10, a fim de verificar quais são os principais tipos de

palmito com condições de barganhar o mercado local.

Tabela 10: Participação nas Vendas dos tipos de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.

Tipo de Palmito Participação nas Vendas (%)

Picado – 300g 31%

Picado – 1.200g 6%

Tolete – 1.200g 5%

Tolete – 300g 25%

Bandas – 300g 11%

Rodela A – 300g 4%

Rodela B – 1200g 2%

Rodela B – 300g 16%

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

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A Tabela 10 elenca todos os tipos de palmito de pupunha comercializado pelo PDS

Bonal. Contudo, observa-se que o principal palmito comercializado é o palmito do tipo picado

– 300g, com uma participação de 31% de todo o palmito vendido para os agentes mercantis,

seguido pelos tipos tolete (25%), rodela B (16%) e bandas (11%), todos vendidos em potes de

300g. Vale ressaltar ainda, que todos os tipos de palmito envasados em potes de 1.200g

possuem pequenas participações na venda final do produto, porém, manter estes tipos no

mercado torna-se importante para manter assegurar o portfólio de variedade que a Bonal

possui no mercado. Conforme pesquisa realizada, tanto a maioria dos consumidores (de

acordo com os supermercados) quanto os restaurantes e pizzarias têm preferência apenas por

palmito de 300g, devido sua praticidade de manuseio. Desta forma, considerando apenas os

principais tipos de palmito geradores de renda para a agroindústria Bonal, será conveniente

analisar apenas os quatro principais tipos de palmito comercializados no mercado.

Tabela 11: Custo Unitário de Produção e Preço de Comercialização do Palmito de Pupunha do PDS

Bonal, 2012.

Tipos Custo

Unitário

Preço

Atual

Preço

Mínimo

Preço

Potencial

Taxa de Lucro

Atual

Taxa de Lucro

Mínimo

Taxa de Lucro

Potencial

Picado – 300g 4,21 3,81 5,00 5,24 -17% 19% 25%

Tolete – 300g 4,15 5,79 4,94 7,07 31% 19% 71%

Bandas – 300g 3,53 4,33 4,21 5,61 14% 19% 59%

Rodela B – 300g 4,47 5,38 5,31 6,88 12% 19% 54%

Média Total 10% 19% 52%

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Através da Tabela 11, é possível observar que os preços atuais não acompanham

equitativamente os seus custos de produção. Ao contrário do que ocorre com os demais tipos

de palmito, o palmito do tipo picado atualmente possui uma taxa de lucro negativa de 17%,

motivado pelos altos custos de produção que por sua vez, são maiores que o preço de venda

para os agentes mercantis. Vale ressaltar que por ser o principal palmito produzido e vendido

pela agroindústria, o palmito picado concentra maior parte da mão-de-obra destinada a

produção do palmito, justificando assim o alto custo de produção. Por outro lado, apesar de

possuir melhor preço no mercado por ser a parte nobre do palmito e apresentar uma taxa de

lucro maior que todos os outros tipos de palmito produzidos, o palmito do tipo tolete ostenta

uma produção inferior, garantindo lucros inferiores ao final da venda do palmito. Além do

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mais, observando a média da taxa de lucro, a venda do palmito Bonal não garante uma

remuneração suficiente para cobrir os custos de produção. Essa diferença na taxa de lucro

atual decorre da falta de equalização dos preços de venda ante aos custos de produção, visto

que a média da taxa de lucro da agroindústria é de apenas 10%. Isso ocorre porque o palmito

do tipo picado, principal tipo de palmito produzido e vendido pela Agroindústria do PDS

Bonal, influencia diretamente para a queda da taxa de lucro da agroindústria.

Através dos resultados da pesquisa, observou-se que desta maneira os preços fixados

pela agroindústria são insuficientes para remunerar até mesmo os custos unitários de

produção, uma vez que não existe equalização correta dos preços de venda, o que incide em

uma queda na taxa de lucro. Desta forma, através da literatura adotada e com base nos custos

unitários de produção, a formação do preço mínimo de venda do palmito de pupunha da

agroindústria deve possuir um markup de venda de 19% para que o negócio seja mantido.

Desta forma, calculando o preço de venda do palmito de pupunha através do cálculo do

markup multiplicador, determinou-se que o seu preço mínimo seja de R$ 5,00 para o palmito

tipo picado – 300g, R$ 4,94 para o palmito tipo tolete – 300g, R$ 3,53 para o palmito tipo

bandas – 300g e por fim R$ 4,47 para o palmito tipo rodela B – 300g.

Além dos preços formados a partir dos custos de produção, através da pesquisa

descobriu-se que o preço do palmito de pupunha pode expandir-se ainda mais com o potencial

de mercado (Tabela 11). De acordo com os entrevistados, o preço potencial determinado pelos

agentes mercantis é de R$ 5,24 para o palmito tipo picado – 300g, R$ 7,07 para o palmito tipo

tolete – 300g, R$ 5,61 para o palmito tipo bandas – 300g e por fim R$ 6,88 para o palmito

tipo rodela B – 300g, pode ser também visualizado na Tabela 11.

Considerando que a taxa de lucro atual média da agroindústria é de apenas 10% após a

venda do palmito, as novas taxas de lucro após o cálculo dos preços mínimos e potenciais,

alcançarão novos patamares, como descrito no Gráfico 12.

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Gráfico 12: Taxa de Lucro Mínimo e Potencial para os tipos de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).

Com base no Gráfico 12, a agroindústria pode equilibrar suas vendas a partir da

fixação da taxa de lucro mínimo de 19% para todos os tipos de palmito, garantindo assim, que

todos alcancem um preço justo no mercado. Além disso, a agroindústria Bonal pode utilizar-

se das taxas de lucro obtidas através do preço potencial para que possa incrementar seus

preços de mercado e assim consiga ampliar seus lucros com a venda do palmito.

Após a análise descrita sobre a formação dos preços de venda e os preços potenciais

de mercado para o palmito de pupunha do PDS Bonal, nota-se que é possível a agroindústria

obter um salto positivo nos seus lucros a partir de uma correta política de formação de preços,

capazes de barganhar mercado e satisfazer os custos de produção. Com isso, a agroindústria

Bonal poderá modernizar sua planta, com novos equipamentos capazes de aumentar a oferta

atual, e principalmente proporcionando melhoria na qualidade de vida de todos assentados

deste projeto de desenvolvimento.

-17%

31%

14% 12% 19% 19% 19% 19%

25%

71%

59% 54%

Picado - 300g Tolete - 300g Bandas - 300g Rodela B - 300g

Taxa de Lucro Atual

Taxa de Lucro Mínimo

Taxa de Lucro Potencial

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95

CONCLUSÕES

O estudo sobre a agricultura familiar aponta que as agroindústrias familiares

desempenham um importante papel no que diz respeito à busca de novos nichos de mercados,

utilizando-se da maior diversidade de produtos e da diferenciação dos produtos através da

transformação dentro da propriedade, que representa um passo importante para o

desenvolvimento da sociedade, em especial quando se fala os pequenos estabelecimentos

rurais.

Porém, sabe-se ainda que apesar de reconhecida a importância que estes

empreendimentos proporcionam para a sociedade brasileira, existe inúmeros problemas que

ocorrem dentro e fora destas unidades de produção que afetam o resultado econômico-

financeiro e que resultam em sérias consequências sociais aos produtores rurais.

No que diz respeito à agroindústria de beneficiamento do palmito de pupunha do PDS

Bonal, observa-se que esta fábrica possui diversos problemas que não estão apenas

relacionados à produção do palmito, mas também no que tange à comercialização do produto

no mercado.

Vale ressaltar a agroindústria Bonal é herança da negociação de compra da

propriedade realizada no ano de 2005 entre os empresários belgas e o INCRA. Porém,

juntamente compra da propriedade também foram herdados os problemas relacionados à

estrutura organizacional da fábrica, com máquinas e equipamentos obsoletos e o pior, aliado à

falta de conhecimento da maioria dos assentados, que passaram a gerir o funcionamento da

fábrica sem quaisquer tipos de treinamentos básicos para a gestão da fábrica ou mesmo

capacitação sobre os procedimentos básicos para o processamento do palmito.

Aliada à sazonalidade e aos efeitos negativos que ocorreram devido à superexploração

das pupunheiras no ano de 2004, a produção do palmito de pupunha entre os anos de 2006 a

2011 sofreram oscilações quanto ao valor produzido. Porém não foi apenas a produção que

sofreu variações no período, mas também no que se refere aos preços do palmito no mercado,

ocasionados devido à ineficiência na produção e seus elevados custos.

Com enfraquecimento do apoio institucional que existia no bojo da criação do projeto

de assentamento e principalmente por não se ter uma política de formação do preço ideal para

o palmito de pupunha do PDS Bonal, os gestores da agroindústria viram-se enfraquecidos

quanto à negociação do palmito no mercado, devido à inconstância da produção, pela

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inabilidade e inexperiência em barganhar o preço no mercado e principalmente por não saber

como se formam preços, uma vez que segundo relatos oriundos da CAEB – Cooperativa

Agroextrativista Bonal, os preços dados pela agroindústria aos tipos de palmito produzidos

são determinados com base no preço do seu principal concorrente local – o palmito Reca.

De acordo com informações, a fixação dos preços para venda consiste na dedução de

20% referente ao preço praticado pelo Reca, pois segundo estes “colocando o preço menor

que o preço de mercado do Reca, a Bonal terá um preço competitivo e mercado garantido

[sic]”. Porém, agindo desta forma, os gestores não sabem sequer que estão agravando ainda

mais os problemas enfrentados pela agroindústria, que podem até mesmo comprometer o

funcionamento futuro da fábrica.

Destarte, percebe-se que a maior parte dos problemas agroindústria Bonal possui

ligação direta com as falhas ocorridas na formação de preços do palmito. Todavia, para tornar

a estrutura da agroindústria competitiva e com capacidade de obter receita superior aos seus

custos de produção, envolve, acima de tudo, eficiência na oferta do produto através de

medidas eficientes de produção.

Neste sentido, através da análise da situação atual da agroindústria, percebeu-se que a

alternativa imediata para a resolução de parte dos problemas atualmente enfrentados pelo

empreendimento seria analisar a demanda de palmito de pupunha acreano, para que através

destas informações fossem apontados parâmetros necessários para a criação de estratégias

corretas de venda do palmito.

Através do levantamento de dados, tornou-se possível conhecer os agentes mercantis

que compõem a cadeia de comercialização, que são os supermercados da capital e do interior

do Estado do Acre, as distribuidoras, os restaurantes e pizzarias. Descobriu-se ainda a

periodicidade de compra, na qual a maioria dos entrevistados (cerca de 75%) afirmam

comprar o palmito durante todos os meses do ano.

Quanto ao destino do palmito Bonal, observou-se que os supermercados (capital e

interior) obtêm a maior parte do palmito produzido no PDS Bonal, configurando-se como os

principais compradores do produto.

Já em relação à venda do palmito Bonal, observou-se que o fluxo da cadeia de

comercialização ocorre em três circuitos, nos quais foram observadas altas concentrações dos

ganhos nas mãos dos intermediários comprovada através da análise das margens de

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comercialização, markups e apropriação efetiva, que por sua vez inviabilizam que a

agroindústria Bonal obtenha ganhos maiores com a venda do palmito.

Através da pesquisa realizada, também foi possível determinar qual o tamanho

mercado acreano de palmito. Atualmente, o consumo de palmito no Estado do Acre é de

aproximadamente 2.608 caixas mensais, o que equivale há um pouco mais 39 mil potes de

palmito comercializados em um único mês. Neste mercado, o palmito Bonal possui uma

participação de aproximadamente 36%, mas que pode ampliar, devido ao desejo dos

comerciantes em substituir os palmitos de açaí, juçara, palmeira real e pupunha importado de

outras regiões (que, segundo os entrevistados, boa parte dos palmitos importados apresenta

péssima qualidade de consumo), pelo palmito de pupunha Bonal (que possui ótima qualidade

e aceitação pelo consumidor), caso haja a expansão na quantidade ofertada pela agroindústria.

Assim, através da pesquisa apurou-se que a expansão deste mercado pode corresponder a

participação de até 64% do mercado de palmito do Estado do Acre.

Contudo, sabe-se que não basta apenas ampliar a oferta de palmito se não houver uma

correta política de formação de preços que sejam capazes de satisfazer os custos de produção

gerados pela agroindústria e que ao mesmo tempo sejam capazes de remunerar de forma

racional no mercado acreano. Neste sentido, através dos procedimentos metodológicos

aplicaram-se o cálculo da formação de preços de venda através dos custos de produção.

Assim, através da pesquisa, determinou-se que a margem mínima de lucro (markup de venda)

deve ser de 19% para que sejam satisfeitas a remuneração dos custos e se obtenha receita.

Outro motivo fundamental para a fixação do markup de venda consiste na equalização correta

dos preços para cada tipo de palmito produzido. Se considerado, por exemplo, o palmito tipo

picado (300g), observa-se que este produto possui uma taxa de lucratividade negativa de 17%,

o que revela influencia diretamente na taxa de lucro final para a agroindústria, culminando até

mesmo em prejuízos, mesmo com a venda do produto.

Além dos preços mínimos formados a partir dos custos de produção, através da

pesquisa descobriu-se que o preço do palmito de pupunha pode expandir-se ainda mais com o

potencial de mercado acreano, devido a sua comprovada preferência entre os consumidores e

a sua qualidade.

Após a análise descrita sobre a formação dos preços de venda e os preços potenciais

de mercado para o palmito de pupunha do PDS Bonal, nota-se que é possível a agroindústria

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98

obter um salto positivo nos seus lucros a partir de uma correta política de formação de preços,

capazes de barganhar mercado e satisfazer os custos de produção.

Por fim, a fim de contribuir para o melhor funcionamento da fábrica de processamento

de palmito, torna-se necessário que sejam incrementadas medidas para que agroindústria

Bonal alcance novos patamares, no que diz respeito à comercialização do produto no

mercado. Entre estas medidas, torna-se necessário a promoção de capacitação e treinamentos

de âmbito gerencial, administrativo e estratégico como suporte a pratica de formação de

preços e venda no mercado para os gestores da agroindústria, além de capacitações

continuadas de manejo e preparo do palmito de pupunha para os moradores do projeto de

assentamento e funcionários da agroindústria Bonal. Além disso, é importante que sejam

instituídas parcerias públicas e privadas, com a finalidade de garantir apoio ao crédito para a

melhoria da planta industrial.

De forma geral, essas medidas são importantes, pois visa, além da melhoria da

capacidade de produção e comercialização do palmito de pupunha no mercado acreano, busca

a melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais residentes no Projeto de

Desenvolvimento Sustentável Bonal!

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108

ANEXOS

PESQUISA:

“AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO

PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL”

Entrevista com Agentes Mercantis

O objetivo da pesquisa é obter informações sobre a cadeia produtiva do Palmito de Pupunha produzido pela Agroindústria de Palmito do Projeto de

Desenvolvimento Sustentável Bonal, com o intuito de estudar sua potencialidade da economia regional. Todas as informações obtidas nessa pesquisa são de

caráter sigiloso e anônimo e servirão somente para finalidades científicas.

1. Questionário Nº: ______ 2. Data: ____/____/____ 3. Nome do entrevistador: __________________________

4. Localidade: _______________________________ 5. Município: __________________________

6. Nome do entrevistado / da empresa: ___________________________________________________________________________________

7. Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ____________________________________________________________________________

8. Categoria:

8.1. Indústria/Empresa ( ) 8.2. Intermediário ( ) 8.3. Produtor ( )

(8.1.1.) Empresa: Matriz ( ) Filial ( )

Nome / local da matriz: ______________________________________

Tempo de trabalho no ramo / no local: __________________________

(8.1.2.) Intermediário:

Nascido em: _______________________________________________

Profissão anterior: __________________________________________

Profissão paralela: __________________________________________

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(8.1.3.) Produtor:

Nascido em: _______________________________________________

Local: ___________________________________________________

Tamanho do lote: ___________________________________________

9. Palmito de Pupunha COMPRADO de PRODUTORES

Tipo de Palmito Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quantas pessoas? ( )

De quem / De onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.

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10. Palmito de Pupunha COMPRADO de AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.)

Tipo de Palmito Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quantas pessoas? ( )

De quem / De onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.

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11. Palmito de Pupunha VENDIDO para AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.)

Tipo de Palmito Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quantas pessoas? ( )

Para quem / Para onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem

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12. Palmito de Pupunha VENDIDO para CONSUMIDORES

Tipo de Palmito Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quantas pessoas? ( )

Para quem / Para onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem

13. Qual é a infra-estrutura que dispõe?

13.1. Armazéns (número, capacidade): _________________________, _________________________.

13.2. Meios de transporte (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.

13.3. Máquinas (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.

13.4. Outros (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.

______________________, ______________________, ______________________.

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14. Tem problemas com falta de capacidade? De que tamanho?

( ) Sim ( ) Não

14.1. Se sim, quanto? _________%

15. Quais as causas da falta de capacidade (falta de oferta, falta de capital, outras)?

_______________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________

16. Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________

17. Como é o tempo de emprego (ano inteiro, certos períodos, tempo integral / parcial etc.)?

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________

18. Qual é o salário pago aos empregados, em média (por categoria, por mês, diária etc.)?

18.1. Trabalhador: R$ _________

18.2. Administrador: R$ _________

18.3. Outros: R$ _________

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19. Existem outros agentes que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________

20. Se a oferta (quantidade) do Palmito de Pupunha Bonal aumentar, você estaria disposto a comprar uma quantidade maior?

( ) Sim ( ) Não

20.1. Se sim, quanto?

Tipo de Palmito Quantidade Máxima

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

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21. Se o preço do palmito de pupunha Bonal aumentar, você estaria disposto a permanecer comprando o produto?

( ) Sim ( ) Não

21.1. Se sim, quanto?

Tipo de Palmito Quantidade Máxima

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

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22. Além do Palmito de Pupunha Bonal, seu estabelecimento comercializa outros tipos de Palmito?

( ) Sim ( ) Não

22.1. Se sim, quais?

Tipo de Palmito Palmito (palmeira)* Quantidade Marca

Banda – 300g

Picado – 300g

Picado – 1.200g

Rodela A – 300g

Rodela B – 300g

Rodela B – 1.200g

Tolete – 300g

* 1 – Pupunha; 2 – Açaí; 3 – Juçara; 4 – Palmeira Real; 5 - Outros

23. Na sua opinião, qual nota (de 0 a 10) você daria ao Palmito de Pupunha Bonal?

23.1. Qualidade: ________

23.2. Disponiblidade para Compra junto ao fornecedor: ________

23.3. Aceitação no Mercado Consumidor: ________