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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA SIMONE RAQUEL MENDES DE OLIVEIRA DENSIDADE POPULACIONAL DO FEIJÃO-CAUPI SOB NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO FORTALEZA 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ... · da minha vida, exemplo a ser ... Aos amigos de estágio da Embrapa Meio-Norte: Roberto Marcelo, Darlan Braga, ... Thales,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA

SIMONE RAQUEL MENDES DE OLIVEIRA

DENSIDADE POPULACIONAL DO FEIJÃO-CAUPI SOB

NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO

FORTALEZA

2013

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SIMONE RAQUEL MENDES DE OLIVEIRA

DENSIDADE POPULACIONAL DO FEIJÃO-CAUPI SOB

NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em

Engenharia Agrícola do Departamento de

Engenharia Agrícola da Universidade Federal

do Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Doutor em Engenharia

Agrícola. Área de concentração: Irrigação e

Drenagem.

Orientador: Dr. Aderson Soares de Andrade

Júnior

FORTALEZA

2013

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SIMONE RAQUEL MENDES DE OLIVEIRA

DENSIDADE POPULACIONAL DO FEIJÃO-CAUPI SOB NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em

Engenharia Agrícola do Departamento de

Engenharia Agrícola da Universidade Federal

do Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Doutor em Engenharia

Agrícola. Área de concentração: Irrigação e

Drenagem.

Aprovada em: 01/11/2013

BANCA EXAMINADORA

Dr. Aderson Soares de Andrade Júnior (Orientador)

Embrapa Meio-Norte - CPAMN

Prof. Dr. Francisco Marcus Lima Bezerra (Examinador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

Prof. Dr. Marlos Alves Bezerra (Examinador)

Embrapa Agroindústria Tropical - CNPAT

Prof. Dr. Antonio Aécio de Carvalho Bezerra (Examinador)

Universidade Federal do Piauí - UFPI

Prof. Dr. Valber Mendes Ferreira (Examinador)

Universidade Federal do Piauí - UFPI

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OFEREÇO

Em especial, aos meus queridos pais, José Ribamar

Rodrigues de Oliveira e Cecília Maria Mendes de

Oliveira pelo amor, dedicação e ensinamentos que

contribuíram para a realização dos meus sonhos.

Ao meu amado esposo Fábio Soares da Paz

pelo amor, paciência, confiança, dedicação e

por ser a minha força nos desafios e meu

grande companheiro nas tristezas e alegrias da

vida.

DEDICO

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,

mas lutei para que o melhor fosse feito. Não

sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não

sou o que era antes”

Marthin Luther King

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a DEUS, pela força, conquistas, graças e bençãos em minha

vida. Aos meus queridos pais, José Ribamar Rodrigues de Oliveira e Cecília Maria Mendes de

Oliveira, minha base e referência, obrigada pelos ensinamentos, amor, compreensão e

dedicação.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal

do Ceará, pelo apoio e oportunidade e ao funcionário Manoel Jacó, pela contribuição.

Ao meu esposo, Fábio Soares da Paz, por ser minha fortaleza e pela

disponibilidade em todas as etapas do meu doutorado.

Ao pesquisador Dr. Aderson Soares de Andrade Júnior, pela orientação,

paciência, compreensão, incentivo, oportunidade e por ser meu guru em todos os momentos

da minha vida, exemplo a ser seguido.

Ao Dr. Edson Alves Bastos, pela colaboração, conhecimentos, oportunidades,

companheirismo, incentivo, conselhos e amizade.

Aos pesquisadores da Embrapa Meio-Norte Valdenir Queiroz Ribeiro, Milton

José Cardoso, Francisco Rodrigues Freire Filho, Rafael Vivian e Marcos Emanuel pelos

ensinamentos e colaboração na elaboração e execução deste trabalho.

Aos técnicos da Embrapa Meio-Norte Anchieta Fontenele, pelo apoio na

implantação do experimento e Francisco Gustavo Carvalho Sousa pela disponibilidade,

acompanhamento e colaboração nas análises.

Aos amigos de estágio da Embrapa Meio-Norte: Roberto Marcelo, Darlan Braga,

Dônavan Noleto, Valber Mendes, Eddie, Marcus Willame, Marcus Vinicius, Ramilos e

Joseane pela amizade e contribuição no trabalho.

Aos professores do Doutorado Claudivan Feitosa, Marcus Bezerra, Thales,

Albanise, Raimundo Nonato, Marlos Alves pelos ensinamentos e ótima acolhida.

Aos amigos do Doutorado Robervânia, Ana Paula, Alexandre Reuber, Alan,

Karísia, Ênio, Lais, Michele, Cicero, Geocleber, Bruno, João Valdenor, Inez Gifone,

Hernandes, Régis, Nayara Luna, Cristina, Newdmar e Marcos pelo apoio, companheirismo e

amizade.

Aos amigos Franklin e Clescy; Claúdia e Ricardo; Nadine pela excelente acolhida,

hospedagem, pelos momentos felizes, apoio, amizade e solidariedade.

Ao CNPq, pela concessão da bolsa de doutorado.

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RESUMO

OLIVEIRA, S. R. M de. Densidade populacional do feijão-caupi sob níveis de irrigação.

Orientador: Dr. Aderson Soares de Andrade Júnior. Fortaleza: UFC. 103f. (Tese). 2013.

O feijão-caupi é uma cultura tradicionalmente produzida nas regiões Norte e Nordeste. No

estado do Piauí, seu baixo rendimento médio ainda persiste nos dias atuais, apesar da cultura

ser bem adaptada às condições edafoclimáticas da região e de existirem cultivares melhoradas

disponíveis no mercado. Assim, estudos que descrevam melhores práticas de manejo da

cultura com a combinação adequada da densidade de plantas e lâmina de irrigação, são

importantes à medida que são capazes de apresentar alternativas que possibilitem o aumento

da eficiência de utilização da água pela cultura e a redução dos custos com insumos agrícolas.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a possível interação de níveis de água e densidade de

plantas do feijão-caupi sobre os parâmetros de crescimento, trocas gasosas, componentes de

produção, produtividade de grãos, eficiência do uso da água e distribuição da umidade no

solo. O experimento foi conduzido no período de julho a setembro de 2012, no campo

experimental da Embrapa Meio-Norte, localizado no município de Teresina, Piauí. Os

tratamentos consistiram de cinco lâminas de irrigação (L5-150%, L4-120%, L3-90%, L2-60%

e L1-30% da ETo) e quatro densidades populacionais (D1-150.00; D2-200.000; D3-250.000;

D4-300.000 plantas ha-1

). Houve interação significativa, entre os níveis de irrigação e as

densidades populacionais nos componentes de produção, número de vagens por planta, peso

de vagens, produtividade de vagens, comprimento de vagem, peso de cem grãos,

produtividade de grãos e eficiência do uso da água. A produtividade de grãos apresentou valor

máximo de 1.668,86 kg ha-1

com uma lâmina de irrigação de 390,88 mm associada à

densidade de 241.000 plantas ha-1

. Obteve-se o valor máximo de eficiência do uso da água,

4,78 kg ha-1

mm-1

, com a lâmina de 342,97 mm e densidade populacional de

233.000 plantas ha-1

. No que se refere à distribuição da umidade do solo, sob as maiores

lâminas de irrigação e nas diferentes densidades de semeadura, houve consumo hídrico

diferenciado do feijão-caupi em função da densidade de raízes. O padrão de extração de água

do solo pelas raízes do feijão-caupi foi diretamente proporcional às densidades de semeadura

avaliadas. Não houve grande variação da extração de água nas diferentes densidades do

feijão-caupi quando submetido às menores lâminas de irrigação. Sob uma lâmina de irrigação

de L5 – 150% ETo e densidade de plantas de 241.000 plantas ha-1

, o feijão-caupi responde

melhor em termos produtivos, com a manutenção da capacidade de água disponível no solo,

na faixa aproximada de 80% (na camada de 0,10 m) a 60% (na camada de 0,30 m). A

interação significativa entre os níveis de irrigação e as densidades populacionais para área

foliar do feijão-caupi, indica que há redução nesse parâmetro de crescimento com diminuições

nos níveis de água e densidade de plantas. Os maiores valores ocorrem com lâmina de

irrigação de 367,86 mm e densidade de 188.000 plantas ha-1

. Isoladamente, a aplicação

contínua de água elevou a taxa fotossintética, a condutância estomática e a transpiração com

reduzidos valores nas menores lâminas de irrigação 201,73 mm e 260,39 mm.

Palavras-chave: Vigna unguiculata. Manejo da irrigação. Adensamento. Interação.

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ABSTRACT

OLIVEIRA, S. R. M. Population density of cowpea under irrigation levels. Advisor:

Aderson Soares de Andrade Júnior. Fortaleza: UFC. 103f. (D. Sc.Thesis). 2013.

The cowpea is a crop traditionally produced in the North and Northeast regions. In the state of

Piauí, its low average income still persists today, despite the culture was well adapted to soil

and climatic conditions of the region and there are improved cultivars available on the market.

Thus, studies that describe best practices in crop management with the proper combination of

plant density and irrigation levels, are important as they are able to present alternatives that

enable increased efficiency of water use by the crop and reduce costs with agricultural inputs.

The aim of this study was to evaluate the possible interaction of water levels and plant density

on cowpea growth parameters, gas exchange, yield components, grain yield, efficiency of

water use and distribution of soil moisture. The experiment was conducted during the period

July to September 2012 in the experimental field of Embrapa Meio-Norte, located in the city

of Teresina, Piauí. Treatments consisted of five irrigation (L5 -150%, L4 -120%, L3 - 90%,

L2 - 60% and L1 - 30 % of ETo) and four densities (D1 – 150,000, D2 - 200,000,

D3 -250,000, D4 – 300,000 plants ha-1

). There was a significant interaction between irrigation

levels and population densities for yield components, number of pods per plant, weight of

pods, pod yield, pod length, pod weight of hundred grains, grain yield and water use

efficiency. Grain yield showed the maximum value of 1668.86 kg ha- 1

with a water depth of

390.88 mm associated with the density of 241,000 plants ha- 1

. Obtained the maximum

efficiency of use of water, 4.78 kg ha-1

mm-1

with the blade of 342.97 mm and density of

233,000 plants ha-1

. As regards the distribution of soil moisture under the higher irrigation

regimes and different seeding rates, water consumption was different cowpea depending on

the density of roots. The pattern of water extraction from the soil by roots of cowpea was

directly proportional to the seeding densities evaluated. There was wide variation in water

extraction in different densities of cowpea when subjected to minor irrigation. Under a water

depth of L5 - 150% ETo and plant density of 241,000 plants ha- 1

, the cowpea responsive in

terms of production, maintaining the available water capacity in the soil, in the approximate

range of 80% (in the layer of 0.10 m) to 60% (in the layer of 0.30 m). A significant interaction

between irrigation levels and population densities for leaf area of cowpea, indicates that there

is a reduction in growth with decreases in water levels and plant density parameter. The

highest values occur with irrigation depth of 367.86 mm and density of 188,000 plants ha- 1

.

Separately, the continuous application of water increased the photosynthetic rate, stomatal

conductance and transpiration with reduced values in the smaller irrigation 201.73 mm and

260.39 mm .

Keywords: Vigna unguiculata. Irrigation management. Densification. Interaction.

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2

Figura 2.1 - Imagem por satélite do campo experimental da Embrapa Meio-Norte e sua

localização no município de Teresina, estado do

Piauí....................................................................................................................... 46

Figura 2.2 – Coleta das amostras de solo na área experimental ............................................ 47

Figura 2.3 - Curva de retenção de água no solo da área experimental.... ............................... 48

Figura 2.4 – Roço (A), aração (B) e gradagem niveladora cruzada (C) na área experimental. 49

Figura 2.5 – Detalhe das linhas de plantio e das covas com as sementes... ............................ 50

Figura 2.6 - Ripas marcadas e identificadas com o espaçamento entre plantas referente a cada

densidade (A) e formação das covas com as ripas de madeira (B).. .................... 51

Figura 2.7 – Disposição dos coletores nos blocos irrigados. ................................................. 52

Figura 2.8 – Estação agrometeorológica da Embrapa Meio-Norte.. ...................................... 53

Figura 2.9 – Localização dos tubos de acesso de PVC dentro das faixas irrigadas e densidades

de plantas. .......................................................................................................... 54

Figura 2.10 – Monitoramento do conteúdo de água no solo. ................................................. 55

Figura 2.11 -Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de

10 – 50 cm, sob a lâmina de irrigação (L5 -150% ETo).. .................................... 58

Figura 2.12 – Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de

10 – 50 cm, sob a lâmina de irrigação (L4 -120% ETo).. .................................... 59

Figura 2.13 – Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de

10 – 50 cm, sob a lâmina de irrigação (L3 -90% ETo). ....................................... 60

Figura 2.14 – Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de

10 – 50 cm, sob a lâmina de irrigação (L2 -60% ETo).. ...................................... 61

Figura 2.15 – Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de

10 – 50 cm, sob a lâmina de irrigação (L1 -30% ETo).. ...................................... 62

CAPÍTULO 3

Figura 3.1 - Medições de área foliar com medidor eletrônico............................................... 69

Figura 3.2 –Localização das folhas utilizadas para determinação das trocas gasosas

foliares..................................................................................................................70

Figura 3.3 – Medições das trocas gasosas foliares.. ............................................................. 71

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Figura 3.4 – Lâminas de irrigação diferenciadas aplicadas após os dias de semeadura do

feijão-caupi.. ................................................................................................... 74

Figura 3.5 – Superfícies de resposta da área foliar (AF, cm²) do feijão-caupi, com a aplicação

de níveis de irrigação e densidade de plantas... ................................................ 76

Figura 3.6 – Condutância estomática – gs (A) e taxa de fotossíntese líquida (B) de plantas de

feijão-caupi em função dos tratamentos (L1 a L5)... ......................................... 78

CAPITULO 4

Figura 4.1 - Superfícies de resposta da produtividade de grãos (A) e número de vagens por

plantas (B) do feijão-caupi, com a aplicação de níveis de irrigação e densidade de

plantas... ............................................................................................................ 92

Figura 4.2 - Superfícies de resposta do peso de vagens (C) e produtividade de vagens (D) do

feijão-caupi, com a aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas.. ...... 94

Figura 4.3 - Superfícies de resposta do peso de cem grãos (E) e comprimento de vagens (F) do

feijão-caupi, com a aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas. ....... 95

Figura 4.4 - Superfície de resposta da eficiência do uso da água (EUA) do feijão-caupi, com a

aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas ...................................... 96

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 2.1 - Características físico-hídricas do solo da área experimental.. ............................ 47

Tabela 2.2 – Características químicas do solo da área experimental. ..................................... 47

Tabela 2.3 – Número de plantas de feijão-caupi por metro de acordo com o espaçamento entre

fileiras (m) e entre plantas dentro da fileira (EDF).............................................. 50

Tabela 2.4 –Valores de coeficientes de cultivo para o feijão-caupi, em diferentes fases do

ciclo, utilizados nas áreas experimentais da Embrapa Meio-Norte, no município

de Teresina (PI).. ............................................................................................... 53

Tabela 2.5 – Equações (1)

obtidas com a calibração da sonda de capacitância Diviner®

2000

em diferentes camadas e para todo o perfil do solo da área experimental... ..........56

Tabela 2.6 – Lâminas de irrigação (L) aplicadas por cada fase do ensaio experimental e os

respectivos valores de coeficiente de uniformidade de Cristhiansen

(CUC, %)................................................................................................................57

CAPÍTULO 3

Tabela 3.1 – Valores médios dos elementos climáticos nos intervalos de dez dias, durante a

condução do experimento1 em Teresina, PI. 2012. ............................................. 73

Tabela 3.2 - Coeficientes do modelo da equação de regressão da área foliar (AF, cm²), índice

de área foliar (IAF) e matéria seca (MS, g), em função de lâminas de irrigação (L)

e densidade de plantas (D), ponto de máximo lâmina PM (L) e densidade PM (D),

valores no ponto máximo (PM), coeficiente de determinação (R²) e coeficiente de

variação (CV%).. ............................................................................................... 75

Tabela 3.3 –Resumo da análise de variância para condutância estomática (gs), taxa de

fotossíntese líquida (A) e taxa de transpiração (E) em plantas de feijão-caupi sob

diferentes lâminas de irrigação e densidades populacionais.. .............................. 77

Tabela 3.4 – Transpiração (E) em folhas maduras de plantas de feijão-caupi em função de

lâminas de irrigação (L) e densidade de plantas (D)... ........................................ 79

CAPÍTULO 4

Tabela 4.1 – Lâminas de irrigação (L) aplicadas por cada fase do ensaio experimental e os

respectivos valores de coeficiente de uniformidade de Cristhiansen

(CUC, %)...............................................................................................................90

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Tabela 4.2 – Coeficientes do modelo da equação de regressão para número de vagens por

planta (NVP), produtividade de grãos (PG), número de grãos por vagem (NGV),

peso de vagem (PV), produtividade de vagem (PRODV), comprimento de vagem

(COMPV), peso de cem grãos (PCG) e eficiência do uso da água (EUA) em

função de lâminas de irrigação (L) e densidade de plantas (D), ponto de máximo

lâmina PM (L) e densidade PM (D), valores no ponto máximo (PM), coeficiente

de determinação (R²) e coeficiente de variação (CV%)....................................... 91

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SUMÁRIO

RESUMO....................... ...................................................................................................... 07

ABSTRACT............ ............................................................................................................. 08

INTRODUÇÃO GERAL... .................................................................................................. 16

CAPÍTULO 1: Aspectos gerais do feijão-caupi. ................................................................... 18

1.1 Cultivar BRS Itaim... .......................................................................................... 19

1.2 Efeitos do estresse hídrico e da densidade de plantas no desempenho fisiológico e

produtivo do feijão-caupi... ................................................................................ 20

1.2.1 Fotossíntese... .................................................................................................... 21

1.2.2 Condutância estomática. ..................................................................................... 23

1.2.3 Transpiração... .................................................................................................... 25

1.2.4 Produção e componentes de produção... .............................................................. 26

1.3 Eficiência do uso da água... ................................................................................. 29

1.4. Parâmetros de crescimento do feijão-caupi.......................................................... 31

1.4.1 Área foliar e índice de área foliar (IAF)... ........................................................... 31

1.4.2 Matéria seca... ..................................................................................................... 33

1.5 REFERÊNCIAS... .............................................................................................. 35

CAPÍTULO 2: Distribuição da umidade do solo cultivado com feijão-caupi sob diferentes

níveis de água e densidade de plantas. ................................................................ 43

RESUMO.............. ............................................................................................................... 43

ABSTRACT.............. ........................................................................................................... 44

2.1 INTRODUÇÃO... .............................................................................................. 45

2.2 MATERIAL E MÉTODOS... ............................................................................ 46

2.2.1 Localização da área do experimento... ................................................................ 46

2.2.2 Análises físico-hídricas e químicas do solo. ....................................................... 46

2.2.3 Curvas de retenção de água no solo.........................................................................48

2.2.4 Preparo do solo e adubação.....................................................................................48

2.2.5 Semeadura..................................................................................... ..........................49

2.2.6 Tratos culturais e controle fitossanitário.................................................................51

2.2.7 Sistema de irrigação................................................................................................51

2.2.8 Monitoramento do conteúdo de água no solo. .................................................... 54

2.2.9 Tratamentos e delineamento experimental.......................................................... 56

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 57

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2.3.1 Lâminas de irrigação aplicadas. ......................................................................... 57

2.3.2 Disponibilidade de água no solo... ...................................................................... 58

2.4 CONCLUSÕES. ................................................................................................ 63

2.5 REFERÊNCIAS... ............................................................................................. 64

CAPÍTULO 3: Parâmetros de crescimento e trocas gasosas do feijão-caupi submetido a

diferentes níveis de irrigação e densidades populacionais.................................... 65

RESUMO................. ............................................................................................................ 65

ABSTRACT............. ............................................................................................................ 66

3.1 INTRODUÇÃO... .............................................................................................. 67

3.2 MATERIAL E MÉTODOS... ............................................................................ 69

3.2.8 Caracterização climática... ................................................................................. 69

3.2.9 Área foliar, índice de área foliar e matéria seca... ............................................... 69

3.2.10 Trocas gasosas foliares. ................................................................................... 70

3.2.11 Análise estatística... ........................................................................................... 71

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 73

3.3.1 Dados climáticos. .............................................................................................. 73

3.3.2 Lâminas de irrigação aplicadas... ....................................................................... 74

3.3.3 Área foliar, índice de área foliar e matéria seca... ............................................... 75

3.3.4 Trocas gasosas foliares... ................................................................................... 77

3.4 CONCLUSÕES. ................................................................................................ 81

3.5 REFERÊNCIAS... ............................................................................................. 82

CAPÍTULO 4: Interação de níveis de água e densidade de plantas nos componentes de

produção, produtividade de grãos e eficiência do uso da água do feijão-caupi .... 85

RESUMO.......... ................................................................................................................... 85

ABSTRACT...... .................................................................................................................. 86

4.1 INTRODUÇÃO... .............................................................................................. 87

4.2 MATERIAL E MÉTODOS... ............................................................................ 88

4.2.9 Produtividade de grãos e componentes de produção... ........................................ 88

4.2.10 Eficiência do uso da água................................................................................... 88

4.2.11 Análise estatística. ............................................................................................. 88

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 90

4.3.1 Lâminas de irrigação aplicadas. ......................................................................... 90

4.3.2 Produtividade de grãos, componentes de produção e eficiência do uso da água.. 91

4.4 CONCLUSÕES. ................................................................................................ 97

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4.5 REFERÊNCIAS... ............................................................................................. 98

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 100

ANEXO................... ........................................................................................................... 102

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16

INTRODUÇÃO GERAL

O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) é uma leguminosa de ciclo curto e

ampla distribuição mundial, estando presente, principalmente, nas regiões tropicais do globo,

em virtude da semelhança das características edafoclimáticas dessas regiões com o seu

provável centro de origem, a África (MOUSINHO, 2005). No Brasil, sua produção

concentra-se nas regiões Norte e Nordeste, sendo considerada como uma das principais fontes

protéicas das populações, componente essencial da dieta alimentar e um importante gerador

de emprego e renda.

Segundo Freire Filho et al. (2009), nos últimos anos a cultura está se expandindo

para os cerrados da região Centro-Oeste, apresentando nessa região elevado potencial

produtivo devido notadamente, à adoção de cultivares melhoradas.

A opção por variedades melhoradas de feijão-caupi adaptadas aos diferentes

ecossistemas e ao cultivo mecanizado, com ciclo curto e porte mais ereto, foi objeto de estudo

e lançamento de diversas cultivares pela Embrapa Meio-Norte, a exemplo da BRS Guariba e

BRS Novaera, lançadas em 2004 e 2007, respectivamente, e as cultivares BRS Tumucumaque

e BRS Itaim lançadas em 2009 (ANDRADE, 2010).

Quando se adota uma cultivar melhorada, com características altamente

favoráveis à produção de grãos secos, sua resposta à irrigação é elevada

(OLIVEIRA et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2003), ocorrendo o mesmo quando se avalia

outros fatores, tais como: adubação e densidade de plantas. Contudo, para que as

características de uma cultivar melhorada se expressem positivamente, com reflexos na

elevação da produtividade de grãos, é essencial o manejo, dentre outros fatores, da irrigação e

da densidade populacional.

Na literatura há registros de forte interação entre os fatores cultivar e arranjo de

plantas, bem como entre cultivares e irrigação, indicando que, além do fator água, as

populações e arranjos populacionais também influenciam o comportamento produtivo do

feijão-caupi (NANGJU, 1976; TÁVORA et al., 2000).

De acordo com Bezerra (2005), a maior expressão do potencial produtivo das

cultivares é resultado da combinação de um conjunto de fatores, dos quais se destaca a

população de plantas, por ter influência marcante em várias características morfofisiológicas e

no rendimento de grãos.

Carvalho et al. (2000) afirmam que há uma forte interação do genótipo com as

condições de plantio, o que permite inferir a necessidade de estudos mais detalhados sobre o

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comportamento de cultivares de feijão-caupi, com características de porte e hábito de

crescimento diferentes, visando a identificação de tipos que melhor se adaptem à condições de

plantio irrigado, em níveis populacionais superiores aos normalmente utilizados em plantios

de sequeiro.

Nesse sentido, estudos sobre o comportamento fisiológico e produtivo do feijão-

caupi que proporcionem compatibilização da densidade populacional e lâmina de irrigação,

são importantes na medida em que são capazes de apresentar alternativas que possibilitem

aumentar a eficiência do uso da água pela cultura, reduzir os custos com insumos agrícolas e

elevar o rendimento de grãos da cultura.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a distribuição da umidade do solo cultivado

com feijão-caupi em função da aplicação de cinco lâminas de irrigação e quatro densidades de

plantas, analisar a influência da interação de níveis de água e densidade de plantas sobre os

parâmetros de crescimento e trocas gasosas do feijão-caupi e seus impactos sobre a

produtividade de grãos da cultura e avaliar a influência de níveis de água e densidade de

plantas, e a interação destes dois fatores, sobre os componentes de produção, produtividade de

grãos e eficiência do uso da água do feijão-caupi.

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CAPÍTULO 1: Aspectos gerais do feijão-caupi

O feijão-caupi é uma dicotiledônea pertencente à ordem Fabales, família Fabacea,

subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae, subtribo Phaseolinae, gênero Vigna, espécie

Vigna unguiculata (L.) Walp. (ONOFRE, 2008).

É uma excelente fonte de proteínas (23-25%, em média) e apresenta todos os

aminoácidos essenciais, carboidratos (62%, em média), vitaminas e minerais, além de possuir

grande quantidade de fibras dietéticas, baixa quantidade de gordura e teor de óleo de 2%, em

média (ANDRADE JÚNIOR et al., 2003).

As condições edafoclimáticas exigidas pela cultura incluem um mínimo de

precipitação de 300 mm, bem distribuída durante o seu ciclo, para que produza a contento sem

a necessidade de utilização da irrigação, faixa de temperatura entre 18 °C a 34 °C, podendo

ser cultivado em quase todos os tipos de solos, merecendo destaque os Latossolos Amarelos,

Latossolos Vermelho-Amarelos, Argissolos Vermelho-Amarelos e Neossolos Flúvicos. Por

ser uma planta C3, satura-se fotossinteticamente a intensidades de luz, relativamente baixas,

em torno de 10.000 e 40.000 lux (CARDOSO, 2000).

Segundo Freire Filho et al. (2011), nacionalmente, no período de 2005 a 2009, o

feijão-caupi contribuiu com 37,53% da área colhida de feijão, 15,48% da produção e teve uma

produtividade que correspondeu a 42,20% da produtividade nacional. No Nordeste, a área

cultivada é 1.289.647 ha, ocupa 34,79% da área plantada e uma produção de 426.367 t,

representando 12,85% da produção de feijão-caupi no Brasil. Entretanto, a produtividade da

cultura na região, ainda é baixa (330 kg ha-1

), representando cerca de 37,66% da

produtividade no país.

No estado do Piauí, a área cultivada com feijão-caupi, no período de 2005 a 2009,

elevou-se de 214.737 ha para 235.602 ha, um acréscimo de cerca de 5,98%. A produção teve

um acréscimo de 1,54%, passando de 41.752 t para 57.957 t. Com esses dados, o Estado, que

antes ocupava a terceira posição, passou a ocupar a segunda posição em termos de área

cultivada e produção, ficando atrás apenas do Ceará cuja área cultivada é de 555.043 ha e

produção de 109.088 t (FREIRE FILHO et al., 2011).

Entretanto, em termos de rendimento médio do feijão-caupi no Piauí, os valores

ainda são baixos (256 kg ha-1

), em relação à média do Nordeste (330 kg ha-1

) e do Brasil

(366 kg ha-1

) (IBGE, 2009).

O baixo rendimento médio do feijão-caupi no Estado que persiste nos dias atuais,

apesar da cultura ser bem adaptada às condições de edafoclimáticas da região e de existirem

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cultivares melhoradas disponíveis no mercado, ocorre porque ao longo de muitos anos, a

cultura não tem recebido a devida atenção, principalmente no que se refere à assistência

técnica e transferência de tecnologia, dificultando a adoção de novas tecnologias nos sistemas

produtivos, refletindo em baixas produtividades de grãos (BENVINDO, 2007).

Na região Centro-Oeste, o feijão-caupi começou a ser cultivado em larga escala

em 2006, e ainda tem uma participação pequena na produção da região, contudo, tem

produtividade superior à média nacional e apresenta-se como uma importante alternativa para

os arranjos produtivos da região.

Segundo Freire Filho et al. (2007), resultados obtidos em diversas regiões

mostram que com a adoção de tecnologia compatível, como a utilização da irrigação, correção

do solo e adubação, um hectare de feijão-caupi pode alcançar rendimentos médios superiores

a 2.500 kg ha-1

.

1.1 Cultivar BRS Itaim

O feijão-caupi, há alguns anos, está se expandindo dos ecossistemas de caatinga e

transição caatinga-cerrado para as áreas de cerrados das regiões Norte e Nordeste do Brasil, e

recentemente, para os cerrados da região Centro-Oeste (FREIRE FILHO et al., 2009).

Atualmente, estados como Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso,

em função das condições climáticas mais favoráveis e, principalmente, do uso de tecnologias

adequadas de cultivo (cultivares melhoradas, manejo da irrigação e uso de insumos), já

apresentam produtividades superiores a 1.000 kg ha-1

, o que demonstra a expansão da cultura

para outros ecossistemas.

A seleção de genótipos com arquitetura de planta adequada ao cultivo mecanizado

tem recebido muita atenção por parte dos melhoristas, no sentido de disponibilizar cultivares

mais eretas, com ramos mais curtos e mais resistentes ao acamamento. Algumas cultivares de

porte semi-ereto e ereto foram lançadas com esse objetivo, são elas: BRS Guariba e BRS

Novaera, de porte semi-ereto, lançadas em 2004 e 2007, respectivamente e BRS

Tumucumaque e BRS Itaim, de porte ereto, lançadas em 2009 (ANDRADE, 2010).

A cultivar BRS Itaim, obtida de cruzamentos realizados em 2004 pela Embrapa

Meio-Norte, é indicada para cultivo na região Norte, nos estados de Roraima, Pará e

Tocantins; na região Nordeste, no Piauí, Maranhão e Sergipe; e na região Centro-Oeste, no

Mato Grosso. Suas características incluem hábito de crescimento determinado, porte ereto,

alta resistência ao acamamento, flores brancas com leve pigmentação roxa e semente branca

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com halo preto, número médio de dias para a floração é de 35 dias e seu ciclo é de 60 a 65

dias (EMBRAPA, 2009).

Essa cultivar apresenta comprimento médio da vagem de 16 cm, número médio de

grão por vagem em torno de 9, peso médio de 100 sementes de 23 gramas. Seus grãos são do

tipo fradinho, brancos, com um grande halo preto e tegumento rugoso. As principais

características nutricionais são: 21,5% de proteína, 48,8 mg kg-1

de ferro, 43,4 mg kg-1

de

zinco (EMBRAPA, 2009).

A variedade BRS Itaim, por ser obtida de melhoramentos e adaptada ao cultivo

mecanizado, desperta interesse em informações sobre práticas que envolvem os diversos

aspectos do manejo no plantio (solo, pragas, irrigação, densidade populacional) e que

permitam a expressão de sua potencialidade genética.

1.2 Efeitos do estresse hídrico e da densidade de plantas no desempenho fisiológico e

produtivo do feijão-caupi

Estresse é um conjunto de reações de um organismo a agressões de ordem física,

fisiológica, ou de outra natureza, capaz de interferir em seu estado normal de equilíbrio, ou

seja, na sua homeostase. Em função da natureza do agente estressante pode-se qualificar o

tipo de estresse como biótico (patógenos, insetos-praga, homem, além de outros) e abiótico

(água, luz, temperatura, nutrientes, além de outros) (LARCHER, 2004; FANCELLI, 2003;

BALDO, 2007).

Em condições naturais de cultivo no campo, as plantas estão frequentemente

expostas a estresses ambientais que, em geral, exercem uma influência desvantajosa sobre a

planta afetando seu crescimento e produtividade. Os estresses luminoso, nutricional, hídrico,

as temperaturas extremas, a salinidade e os gases poluentes são os principais fatores adversos

que restringem o crescimento das plantas (TAIZ e ZEIGER, 2009).

O estresse hídrico afeta acentuadamente alguns processos morfofisiológicos,

enquanto outros são relativamente insensíveis. Para Chaves et al. (2002), a extensão dos

efeitos do déficit hídrico nas espécies vegetais depende da sua intensidade, duração e da

capacidade genética das plantas em responder às mudanças do ambiente.

De acordo com Taiz e Zeiger (2009), a resposta mais proeminente das plantas ao

déficit hídrico, consiste no decréscimo da área foliar, no fechamento dos estômatos e na

abscisão das folhas.

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Quando as plantas são expostas a situações de déficit hídrico exibem,

frequentemente, respostas fisiológicas que resultam de modo indireto, na conservação da água

no solo, como se estivessem economizando para períodos futuros (KRON et al., 2008).

Um ajuste da área foliar é uma mudança importante a longo prazo, beneficiando a

planta quando submetida a estresse hídrico. A abscisão durante o estresse hídrico resulta em

grande parte da síntese acentuada e da sensibilidade ao etileno, um hormônio vegetal

endógeno. O etileno é produzido em quase todas as células da planta adulta, sendo removido

dos tecidos por difusão na atmosfera que cerca a planta. O aumento dos níveis de etileno

promove a formação da camada de abscisão e a perda da folha (TAIZ; ZEIGER, 2009).

As plantas sob a circunstância de seca apresentam mecanismos de tolerância ou

escape. Dentre os mecanismos de tolerância à seca estão a manutenção da turgescência com o

ajuste osmótico (um processo que induz o acúmulo de solutos na célula), aumento na

elasticidade na célula e diminuição no tamanho da célula e na tolerância à dessecação pela

resistência protoplásmica (MITRA, 2001).

Porém, a maioria destes mecanismos de tolerância à seca tem suas desvantagens.

Os mecanismos que conferem resistência à seca reduzindo o resultado da perda de água, tal

como o fechamento estomático e a redução da área foliar, geralmente reduzem a assimilação

de dióxido de carbono. O ajuste osmótico aumenta a resistência à seca mantendo a

turgescência na planta, mas o aumento da concentração de solutos, responsável pelo ajuste

osmótico, pode ter efeito prejudicial além de uma exigência maior de energia.

Consequentemente, a adaptação da planta deve refletir um contrapeso entre fugir, evitar e

tolerar para manter a produtividade adequada (MITRA, 2001).

1.2.1 Fotossíntese

A fotossíntese pode ser resumida como um processo de oxirredução em que a

água é oxidada (eliminação de elétrons com liberação de O2 como subproduto) e o CO2 é

reduzido para formar carboidratos. Este processo ocorre nos cloroplastos e necessita de

radiação fotossinteticamente ativa (SALISBURY; ROSS, 1994; RADIN 2002).

Aproximadamente 40% da massa seca das plantas é constituída de carbono que é fixado na

fotossíntese (LAMBERS et al., 2008; GRANDIS, 2010).

Segundo Larcher (2004), a capacidade fotossintética é uma característica

intrínseca de cada espécie vegetal, sendo que as trocas gasosas mudam durante o ciclo do

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desenvolvimento do indivíduo e dependem do curso anual e até mesmo do curso diário das

flutuações ambientais (tais como luz e temperatura, dentre outras) em torno do vegetal.

Em condição de estresse hídrico, com redução da concentração intercelular de

CO2, em razão do controle da abertura dos estômatos, ocorre a diminuição da condutância

estomática que é um componente defundamental importância na manutenção da turgescência

em resposta adecréscimos no potencial hídrico das plantas. Todavia, quando o estômato se

fecha para proteger a planta da perda de água, ele, simultaneamente, restringe a difusão do

CO2 atmosférico e, consequentemente, provoca queda na taxa fotossintética

(DAMATTA, 2003).

Sob condições favoráveis de solo e clima e quando pragas e doenças deixam de

ser fatores limitantes, a máxima produtividade de uma cultura passa a depender

principalmente da taxa de interceptação de luz e da assimilação de dióxido de carbono pelas

plantas (LIMA, 2008).

No que se refere à densidade populacional e considerando que a fotossíntese pode

ser limitada pela baixa radiação, espera-se que um melhor arranjo espacial entre plantas

favoreça a captação de luz solar e, consequentemente, favoreça o aumento na taxa

fotossintética da planta (FRANÇOIS, 2012). Quando em excesso de luz, a planta desenvolve

mecanismos de fotoinibição para conter o estresse oxidativo (GRANDIS, 2010).

A taxa fotossintética está diretamente relacionada à radiação fotossinteticamente

ativa, ou seja, ao comprimento de onda de luz de 400 a 700 nanômetros, espectro de radiação

que está envolvido na fotossíntese, e indiretamente aos fatores relacionados, às trocas gasosas

e disponibilidade hídrica (NAVES-BARBIERO et al., 2000).

A interceptação da energia luminosa no feijão-caupi geralmente é alta devido às

folhas glabras e de coloração verde escura. Phogat et al. (1984), ao avaliar a taxa de

fotossíntese líquida e a absorção da radiação fotossinteticamente ativa por esta cultura,

observaram que apenas 4,3% da energia luminosa foi refletida pelas folhas de feijão-caupi,

em condições ótimas de água no solo.

Costa et al. (2002), com o objetivo de analisar a atividade fotossintética de

cultivares de Phaseolus vulgaris L. (cv. Carioca e cv. Negro Huasteco) e

Vigna unguiculata (L.) Walp (cv. EPACE 10), submetidas a altas temperaturas, observaram

que a cultivar EPACE 10 demonstrou adaptabilidade, pois seu aparelho fotossintético resistiu

a temperaturas superiores a 40º C.

François (2012), ao avaliar as relações hídricas e as trocas gasosas de plantas de

feijão-caupi submetidas a diferentes manejos de irrigação deficitária de 75%, 50% e 25% da

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ETc acumulada, verificaram que a redução da irrigação de 100% para 25% da ETc acumulada

ocasionou reduções lineares nos valores de taxa fotossintética das plantas, a partir dos 30

DAE. O maior valor de taxa fotossintética foi de 26,77 μmolCO2.

m-2

s-1

, observado nas plantas

comirrigação de 100% da ETc acumulada, e o menor valor observado foi de

5,9 μmolCO2m

-2s

-1 nas plantas com irrigação deficitária de 25% da ETc.

A redução na atividade fotossintética pela redução na assimilação do CO2 é um

indicador do efeito do déficit hídrico de uma cultura (FAVER et al., 1996).

Comparando as respostas fisiológicas de cultivares de feijão comum, cv. BRS

Maratoã (Phaseolus vulgaris L.) e feijão-caupi, cv. BR 17 Gurguéia [Vigna unguiculata (L.)

Walph.] submetidas à dois níveis de suprimento hídrico (capacidade de campo e sem

irrigação), Lima (2008) constatou que no período de deficiência hídrica mais intensa, as

cultivares BRS Marataoã e BR 17 Gurguéia apresentaram taxas fotossintéticas médias de

0,10 e 0,11 µmol m-2

s-1

, ou seja quase nulas.

Percebe-se, portanto, a existência de estudos sobre respostas fisiológicas do

feijão-caupi submetido a estresse hídrico, entretanto no que se refere à densidade de plantas,

apesar de se esperar que um melhor arranjo espacial entre plantas favoreça a captação de luz

solar e, consequentemente, o aumento na taxa fotossintética da planta, não existem estudos

com o feijão-caupi, que relacionam os espaçamentos e as populações com a fotossíntese

líquida da planta o que confere caráter inovador ao presente estudo.

1.2.2 Condutância estomática

O mecanismo de entradas e saídas de CO2 e água nas folhas é regulado pela

abertura ou fechamento estomático que pode ser quantificado pela leitura da condutância

estomática. Conforme Larcher (2004), pode-se considerar a condutância como uma medida da

permeabilidade com que a água e o CO2 difundem-se através da folha. A condutância foliar

ao vapor de água é constituída pelas condutâncias estomática, cuticular e dos espaços

intercelulares. Dentre estas, a condutância estomática assume maior importância por ser a

principal via por onde ocorrem as trocas gasosas entre a planta e a atmosfera (MARTINS,

2010).

A condutância estomática é um dos mecanismos que demonstram o controle

estomático em plantas submetidas ao déficit hídrico. Um dos primeiros efeitos do déficit

hídrico nas plantas vasculares manifesta-se sobre os estômatos. Com a progressão do

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dessecamento, ocorre a desidratação do protoplasma e a redução da capacidade fotossintética

(LIMA, 2008).

O efeito da perda de água predomina sobre os demais fatores que afetam os

estômatos (RAVEN et al., 2001; LIMA, 2008). Sendo assim, quando a turgescência da célula

cai abaixo de um ponto crítico, que é variável de espécie para espécie, a abertura estomática

torna-se menor, limitando as trocas gasosas. O déficit hídrico causa redução sobre a

condutância estomática e taxas de transpiração, sendo essas reduções acompanhadas

paralelamente pela queda do potencial de água na folha (OLIVEIRA et al., 2002;

LIMA, 2008).

O processo de abertura e fechamento dos estômatos está relacionado

principalmente com a intensidade de luz e o estado de hidratação da folha. Dessa forma, o

funcionamento dos estômatos e a área foliar influenciam a produtividade do vegetal. O

primeiro fator porque controla a absorção de CO2 e o segundo porque determina a

interceptação de luz (COSTA; MARENCO, 2007).

Küppers et al. (1988), trabalhando com Vigna unguiculata (L.) Walp, observaram

um declínio da condutância estomática com o aumento da diferença da concentração de vapor

d’água entre a folha e o ar, enquanto o aumento da temperatura da folha induziu uma elevação

dessa condutância, mantendo-se essa diferença constante e pequena.

Ao analisar o efeito do estresse hídrico em duas cultivares contrastantes de feijão-

caupi, sob condições de campo, a fim de identificar e selecionar as cultivares com melhor

nível de adaptação às condições desfavoráveis típicas das regiões semiáridas, Gomes Filho e

Tahin (2002) observaram o fechamento dos estômatos e uma diminuição na atividade

fotossintética, durante a acentuada deficiência de água no solo.

Mendes et al. (2007), com o objetivo de analisar as alterações na relação fonte-

dreno em feijão-de-corda [Vigna unguiculata (L.) Walp.], cultivares Epace 10 e Seridó, por

meio de ciclos de deficiência hídrica nas fases vegetativa e reprodutiva observaram que a

condutância estomática e a transpiração sofreram reduções aos 29 e 52 dias após a semeadura,

quando o estresse hídrico foi aplicado nas fases vegetativa e reprodutiva, respectivamente.

Ao verificar os indicadores de estresse hídrico por meio da aplicação de níveis

crescentes de ET, Oliveira et al. (2005) constataram que os maiores valores de condutância

estomática ocorreram por volta do meio-dia solar, atingindo cerca de 159 e 174 mmol m-2

s-1

,

nos tratamentos com ET intermediárias.

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1.2.3 Transpiração

A transpiração consiste na vaporização da água líquida contida nos tecidos da

plantae da remoção do vapor para a atmosfera. As culturas perdem quase a totalidade da água

através dos estômatos. A vaporização ocorre no interior da folha, nos espaços intercelulares, e

a troca de vapor com a atmosfera é controlada pela abertura estomática (REICHARDT;

TIMM, 2012).

É o mecanismo que fornece a principal energia (driving force) para a absorção de

água das plantas contra a força de gravidade e a resistência à fricção no trajeto da água do

solo para a atmosfera (GOMIDE; MAENO, 2008).

A taxa de perda de água pelas folhas é afetada por interação entre fatores do

ambiente e da própria planta. Os fatores do ambiente não atuam somente de forma direta

sobre a perda de água, mas também podem exercer sua ação indiretamente através do efeito

controlador sobre o comportamento estomático, como acontece com a luz, a umidade do ar, o

vento, as condições hídricas e térmicas do solo (SEIXAS, 2009; FRANÇOIS, 2012).

Segundo Oliveira et al. (2005), a temperatura da folha e a transpiração apresentam

estreita relação com a resistência estomática. A diferença de temperatura foliar em plantas

com e sem estresse fundamenta-se no estado hídrico das plantas, no comportamento

estomático e na perda de calor latente por meio da transpiração. Entretanto, todo esse

processo muda de acordo com espécie, conforme a intensidade e duração do estresse hídrico.

Larcher (2004) afirma que a transpiração e a resistência difusiva (que é

inversamente proporcional à condutância estomática) são processos que têm sido

correlacionados ao déficit hídrico. Em condições normais, a taxa de transpiração nas folhas é

determinada especialmente pela radiação, déficit de saturação e pela condutância estomática.

A transpiração decresce com a queda dos potenciais de água no solo, sendo

também afetada pelos mesmos fatores que governam a evaporação enquanto os estômatos

estão abertos. O tipo de vegetação e o estádio de crescimento também são fatores que alteram

a taxa de transpiração. Quando o solo está a elevados potenciais de água, a transpiração é

mantida numa taxa potencial, determinada pelas condições meteorológicas (KLAR, 1988;

LIMA, 2008).

A transpiração excessiva (perda de água excedendo a absorção) retarda o

crescimento de muitas plantas e causa morte em muitas outras por desidratação. Apesar de sua

longa história evolutiva, as plantas não desenvolveram uma estrutura que seja ao mesmo

tempo favorável à entrada de dióxido de carbono, essencial para a fotossíntese, e desfavorável

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à perda de vapor d’água pela transpiração. No entanto, várias adaptações especiais como a

cutícula e os movimentos estomáticos minimizam a perda de água enquanto otimizam a

captação de dióxido de carbono. Em casos de déficit hídrico severo, quando a disponibilidade

de CO2 está em níveis extremamente reduzidos, a planta utiliza dióxido de carbono

proveniente da respiração para manter um nível mínimo de atividade fotossintética

(RAVEN et al., 2001).

Para estimar o consumo de água pelas plantas é necessário estimar a transpiração

separadamente, isso pode ser feito por meio de metodologias que levam em consideração a

variação de umidade no solo como, por exemplo, o método da pesagem. Mas também pode

ser estimado por meio de parâmetros fisiológicos como, por exemplo, o fluxo de seiva no

xilema ou a partir da diferença de concentração de CO2 e de vapor de água

(RENAULT et al., 2001; ROZA, 2010).

No que se refere à densidade de plantio, a taxa de transpiração de folhas isoladas

decresce com o aumento de densidade de comunidade, porque o microclima, no interior desta,

tende a restringir a evaporação (principalmente devido à proteção contra a radiação, vento e à

elevada umidade) (LARCHER, 2004).

No interior de comunidades fechadas de plantas, das copas densas de árvores e em

outras vegetações firmemente unidas, a umidade é mais alta do que no exterior e a convecção

é mais lenta, de modo que a taxa de transpiração se reduz (LARCHER, 2004).

1.2.4 Produção e componentes de produção

O rendimento do feijão-caupi é bastante afetado pela disponibilidade de água no

solo. Deficiências ou excessos de água nas suas diferentes fases de desenvolvimento causam

redução no seu rendimento em proporções distintas (BLUM, 1996; YORDANOV et al., 2003;

NASCIMENTO, 2009). É muito importante certo grau de umidade na época da floração e

frutificação. A qualidade dos grãos é bastante melhorada quando a colheita é realizada em

dias secos e sem excessos de umidade no solo (OLIVEIRA et al., 1988).

Bastos et al. (2008) ao estudarem os efeitos da aplicação de quatro lâminas de

irrigação (328,7; 375,7; 421,3 e 505,8 mm) sobre a produtividade de grãos de feijão-caupi,

cv. BRS Guariba e seus componentes, nas condições edafoclimáticas do Vale do Gurguéia,

PI, obtiveram a máxima produtividade de grãos (1.192,1 kg ha-1

) com a lâmina de 421,1 mm.

O efeito das variações de níveis de água disponível no solo (40; 60; 80 e 100%

AD) sobre o crescimento e produção de feijão-caupi, vagens e grãos verdes, foi observado por

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Nascimento et al. (2011) que constataram maiores reduções no comprimento da haste

principal, 26 e 48%, no número de folha por planta, 23 e 35%, no número de vagens por

planta, 32 e 49%, e na massa de vagens por planta, 23 e 30%, respectivamente, para os níveis

de 60 e 40% de água disponível do solo.

Carvalho et al. (2000), ao determinar os efeitos de diferentes níveis de déficits

hídricos (reposição de 100, 80, 60, 40 e 20% da água consumida diariamente) na cultura do

feijão-caupi nas etapas fenológicas de crescimento, floração e frutificação, obtiveram

reduções nos rendimentos de grãos e de vagens por planta com o aumento do déficit hídrico

independentemente da fase fenológica. As reduções de rendimentos variaram de acordo com a

intensidade do déficit hídrico e com a etapa fenológica, sendo a etapa de crescimento mais

sensível ao déficit hídrico, seguida das etapas de floração e frutificação.

Outro aspecto importante que influencia o rendimento do feijão-caupi é o excesso

ou escassez de plantas por área e, atualmente, é uma das causas da baixa produtividade da

cultura no Brasil (CARDOSO et al., 2005; BEZERRA et al., 2008).

Tripathi e Singh (1986) afirmam que dentre os fatores a ser observado no manejo

do feijão-caupi o número de plantas por unidade de área é um dos mais importantes, por

influenciar significativamente no seu rendimento, e seus efeitos podem variar com o tipo da

planta, notadamente quando plantas de porte ereto e semi-ereto são usadas.

O porte, a arquitetura e o sistema de produção são fatores que influenciam na

determinação do arranjo de plantas mais adequado para que os fatores ambientais sejam

eficientemente aproveitados e o potencial produtivo da cultivar seja maximizado

(BEZERRA, 2005; BEZERRA et al., 2008).

Os primeiros efeitos da densidade populacional ocorrem no índice de área foliar

(IAF), que interfere na interceptação da luz afetando diretamente na taxa fotossintética. O

autosombreamento provoca decréscimo na taxa fotossintética em função do aumento do IAF.

Em geral, aumentos na população de plantas por área, em uma mesma cultivar,

têm efeito no padrão de distribuição das vagens na planta (HORN et al., 2000). O número de

vagens e o número de grãos por planta são os componentes do rendimento mais afetados por

variações na densidade de plantas na linha de plantio, e pelo espaçamento entre linhas. Tais

variações nem sempre estão relacionadas com o rendimento de grãos

(SHIMADA et al., 2000).

A densidade e o arranjo de plantas irão determinar o grau de competição e o

estádio em que ela será mais intensa entre as plantas. Segundo Bezerra et al. (2008), a

competição em intensidade elevada, nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura, pode

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28

favorecer o surgimento de plantas improdutivas, causar a diminuição do estande produtivo

final e, consequentemente, o rendimento de grãos.

O aumento na densidade, segundo Aphalo et al. (1999), pode modificar o padrão

de distribuição das vagens, tornando-as mais concentradas na parte superior da planta. Assim,

o aumento na população de plantas em um mesmo espaçamento, pode facilitar a colheita

mecanizada, uma vez que o maior número das vagens é deslocado para os nós mais altos. Isso

é resultado da competição por luz, que tem reflexos sobre o desenvolvimento da planta.

Para Jallow e Ferguson (1985), diferentes populações refletem a interação entre

densidade populacional, cultivar e ambiente, destacando a necessidade da condução de

experimentos localmente.

Portanto, a maior expressão do potencial produtivo das cultivares é resultado da

combinação de um conjunto de fatores, destacando-se, dentre eles, a população de plantas por

ter influência marcante em várias características morfológicas, fisiológicas e de rendimento de

grãos (BEZERRA, 2005; BEZERRA et al., 2008).

Ao avaliar o comportamento produtivo do feijão-caupi em diferentes densidades

de plantas sob irrigação, Cardoso et al (1997) observaram que o peso de grãos por planta foi

reduzido pelo aumento da densidade de plantas.

Santos et al. (2000), com o objetivo de avaliar o efeito da densidade populacional

na produtividade e no comportamentode alguns componentes da morfologia da planta em

genótipos de caupi de diferentes portes, tanto em condições de sequeiro como em condições

irrigadas, observaram que a resposta significativa do genótipo de caupi IT 86D-472, de porte

semi-ereto, às diferentes densidades populacionais, indica 207.328 e 203.051 plantas ha-1

como as melhores densidades populacionais em regimes irrigado e de sequeiro,

respectivamente.

Em trabalho realizado por Cardoso e Ribeiro (2006) com o objetivo de avaliar o

comportamento produtivo do feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.), cv. Rouxinol, em

diferentes espaçamentos entre fileiras (50; 70 e 90 cm) e densidades de plantas (4; 8; 12 e

16 plantas m-2

), não constataram interação significativa entre espaçamentos x densidades de

plantas, evidenciando que o efeito dos espaçamentos foi independente das densidades de

plantas, e vice-versa. Os rendimentos de grãos e a produção de grãos por planta foram

influenciados pelos espaçamentos, sendo observados efeitos lineares decrescentes com o

aumento do espaçamento entre fileiras. O número de vagens por planta e a produção de grãos

por planta se comportaram de maneira linear decrescente com o acréscimo do número de

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plantas por área, que também afetou o rendimento de grãos, de forma quadrática. O máximo

rendimento de grãos, da ordem de 1.670 kg ha-1

, foi obtido com 7,75 plantas m-2

.

Também não foi observado interação significativa em trabalho realizado por

Bezerra et al. (2008), com objetivo avaliar os efeitos de diferentes densidades populacionais

sobre as características morfológicas e de rendimento de grãos, numa linhagem moderna de

feijao‑caupi [Vignaunguiculata (L.) Walp.]. Os autores constataram ainda que o número de

nós no ramo principal, o número de grãos por vagem e o peso de 100 grãos não foram

influenciados significativamente pelos espaçamentos entre linhas e populações de plantas.

Aumentos na densidade populacional suscitaram reduções significativas no número de ramos

laterais, no número de vagens por planta e na produção de grãos por planta. Houve acréscimo

de 16,7% no rendimento de grãos da população de 100 mil em comparação ao de 500 mil

plantas por hectare e, além disso, os diferentes arranjos de plantas promoveram modificações

na morfologia, nos componentes de produção e no rendimento de grãos do feijao‑caupi.

As pesquisas mencionadas demonstram que os fatores isolados, níveis de água e

densidade de plantas influenciam a produção e os componentes de produção. Entretanto, os

efeitos da combinação dos fatores níveis de água e densidade populacional necessitam de

estudos mais aprofundados.

1.3 Eficiência do uso da água

Existe uma tendência natural de aumento do uso da água no futuro, seja pelo

aumento populacional, culminando numa maior necessidade por alimentos, seja pela

disponibilidade de terras com aptidão para uso na agricultura irrigada estimadas em

470 milhões de hectares (CHRISTOFIDIS, 2002). Portanto, existe expectativa de aumento da

demanda de água para o futuro próximo, mas não há previsão de aumento da água doce no

planeta. Pelo contrário, os intermináveis desmatamentos e uso inadequado do solo têm

mantido um elevado escoamento superficial com uma baixa reposição contínua dos

mananciais e fontes hídricas (COELHO et al., 2005).

A água utilizada na produção agrícola em 2000 equivaleu a um consumo médio

especifico de 9436 m-3

ha-1

ano-1

. Tal consumo deverá ser reduzido ao longo dos anos com a

incorporação de tecnologias e processos mais eficientes de gestão do uso da água, sendo

estimado para 2025 uma queda para 8100 m-3

ha-1

ano-1

. Entretanto, em 2025, estima-se que

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três bilhões de pessoas serão afetadas pela escassez de recursos hídricos, cuja disponibilidade

será inferior a 1700 m-3

ha-1

ano-1

(CHRISTOFIDIS, 2002).

Dentro desse contexto, encontra-se a agricultura irrigada, que para manter-se

sustentável, em termos ambientais, além de ter que ser eficiente no uso da água na irrigação,

deve otimizar o uso dos agroquímicos que aplicados às plantas ou ao solo podem causar

contaminação dos recursos hídricos subterrâneos (COELHO et al., 2005).

A eficiência do uso da água (EUA) é caracterizada como a quantidade de água

evapotranspirada por uma planta para a produção de certa quantidade de matéria seca. Dessa

forma, plantas mais eficientes no uso da água produzem mais matéria seca por grama de água

transpirada (BAPTISTA et al., 2001; MACHADO et al., 2010). O uso mais eficiente da água

está diretamente atrelado ao tempo de abertura estomática, pois, enquanto a planta absorve

CO2 para a fotossíntese, a água é perdida para o ambiente por evapotranspiração, seguindo

uma corrente de potenciais hídricos (PEREIRA-NETTO, 2002; MACHADO et al., 2010).

A EUA relaciona a produção de biomassa ou produção comercial pela quantidade

de água aplicada ou evapotranspirada. Em agricultura irrigada, a elevação e a determinação

dos níveis da EUA são bastante complexos e requerem conhecimentos e considerações

interdisciplinares (SOUSA et al., 2000).

O uso eficiente da água de irrigação pode ser alcançado atuando-se: a) na estrutura

de irrigação existente, em termos de tipos de cultivo, sistemas de irrigação e gestão do uso de

água; b) nos métodos de manejo da irrigação e c) nas técnicas que permitem aumento da

eficiência do uso da água (COELHO et al., 2005).

Dinar (1993) menciona o manejo adequado de irrigação como um meio para se

elevar os valores de EUA. Segundo Melo et al. (2010), a EUA aumenta quando ocorre uma

redução da lâmina aplicada sem diminuição da produção. Para Lima et al. (2004), com apenas

1% do aumento da EUA na Região Nordeste, estima-se que haveria uma economia de 165 mil

litros de água por hectare irrigado por ano.

Os valores recomendados de EUA, por Doorenbos e Kassam (1994) para feijão

Phaseolus, variam de 0,30 – 0,60 kg m-3

. O feijão-caupi apresenta valores de EUA que variam

conforme as condições edafoclimáticas. Para as condições de Teresina, PI,

Andrade Júnior et al. (2002), observaram produtividade de grãos secos acima de

2.000 kg ha-1

e uma eficiência do uso da água de 6,30 kg m-3

para a cultivar BR 17 Gurguéia,

com aplicação de lâminas de irrigação no intervalo de 362 a 426 mm.

Taiz e Zeiger (2009), afirmam que quando o estresse hídrico é moderado a

eficiência do uso da água pode aumentar. A taxa fotossintética da folha raramente é tão

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responsiva ao estresse hídrico moderado quanto à expansão foliar, pois a fotossíntese é muito

menos sensível à turgescência do que a expansão foliar. Ou seja, mais CO2 pode ser absorvido

por unidade de água transpirada, isto acontece porque o fechamento estomático inibe a

transpiração mais do que diminui as concentrações intercelulares de CO2.

As pesquisas com a aplicação de diferentes níveis de água com o objetivo de

proporcionar um manejo adequado da irrigação e maximizar a eficiência do uso da água do

feijão-caupi são freqüentes na literatura e incluem diversas regiões do país, no entanto,

quando ocorre a associação com densidades populacionais há uma carência de informações e

a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a influencia da combinação níveis de água

e densidade populacionais no feijão-caupi.

1.4. Parâmetros de crescimento do feijão-caupi

1.4.1 Área foliar e índice de área foliar (IAF)

A área foliar é um parâmetro indicativo da produtividade, pois o processo

fotossintético depende da interceptação da energia luminosa e sua conversão em energia

química, sendo este um processo que ocorre diretamente na folha, atuando na formação de

carboidratos, que são alocados para os órgãos vegetativos e reprodutivos

(BASTOS et al., 2002).

Em se tratando da medição do crescimento vegetal, a área foliar e a matéria seca

são os parâmetros mais utilizados, uma vez que esses fatores representam a fábrica e o

produto final, respectivamente (PEIXOTO, 1998; BEZERRA, 2005).

O IAF é na verdade uma medida da quantidade de cobertura, desprovida de

tamanho, com um IAF 4, uma dada área de solo seria coberta por quatro vezes essa área de

folhas arranjadas em várias camadas, naturalmente (LARCHER, 2004).

O IAF é ótimo para a produção quando a razão da área foliar é absorvida, tão

completamente quanto possível, durante sua passagem através do dossel de folhas. Nas

comunidades de plantas cultivadas, é quase sempre este o caso, com um IAF de cerca de 4 a 8

(LARCHER, 2004).

Uma vez que é requerida grande turgidez para a expansão foliar, os efeitos do

déficit hídrico sobre a área foliar resultam, inicialmente, da redução da turgescência das folhas

e, posteriormente, da área foliar (COSTA et al., 1989; SILVA et al., 2000).

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Para Fancelli e Dourado Neto (1997), o estresse hídrico limita a elongação e a

divisão celular, implicando menor crescimento e menor área foliar. Fiuza (2010) afirma que

menor área foliar pode também estar relacionada com a pequena redução no tamanho das

folhas individuais ou com a menor produção de folhas; porém, plantas com déficit hídrico

podem alterar a interceptação da radiação solar, através de modificações na exposição e

duração da área foliar.

No feijão-caupi a redução na área foliar é um dos principais mecanismos de

adaptação ao déficit hídrico, aliado ao desenvolvimento do sistema radicular e alta

condutividade hidráulica na raiz, para maximizar a captação de água e o controle da abertura

estomática.

Por outro lado, um aumento excessivo no teor de água no solo pode favorecer um

intenso desenvolvimento vegetativo da cultura e valores de IAF excessivamente altos. Isso

implica menor disponibilidade de luz para a planta em virtude do autosombreamento, o que

reduz a eficiência fotossintética e o rendimento de grãos (NASCIMENTO, 2009).

Nascimento et al. (2011), ao avaliar o efeito do déficit hídrico em feijão-caupi

durante a fase reprodutiva, constataram que o déficit hídrico reduziu em 20% o índice médio

de área foliar. Para as condições de irrigação plena, o valor máximo de IAF foi 5,0, para o

genótipo BRS Paraguaçu; o menor foi de 3,9 para o Pingo-de-ouro e o valor médio obtido

durante todo o ciclo da cultura foi de 4,5.

Bastos et al. (2002) encontraram valores máximos do IAF variando de 3 a 4,3,

para a cultivar de feijão-caupi BR 14 Mulato, e um IAF de 3 para a cultivar BR17, aos 47 dias

após a semeadura. Lima Filho (2000) verificou um IAF de 2,8 para a cultivar Pitiúba.

Além da influência da disponibilidade de água no solo, o adensamento de plantio

também merece atenção, pois se as plantas estiverem muito próximas umas das outras e a

folhagem se sobrepuser em grande extensão, a luz, na maioria dos lugares ensombreados, não

será mais suficiente para manter positivo o balanço de CO2 em qualquer época

(LARCHER, 2004).

A formação do dossel da cultura desempenha papel importante em seu

rendimento, interceptando a radiação solar, influenciando, sobremaneira, nos processos

fotossintéticos e detranspiração da cultura, além de evitar o aparecimento de ervas daninhas,

sendo, portanto, fatores cruciais na determinação do rendimento final da cultura (SMIT;

SINGELS, 2006).

Carvalho et al. (2000), ao avaliarem o comportamento de cultivares de feijão-de-

corda irrigado em duas populações de plantas (41.666 e 125.000 plantas ha-1

) e determinar

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suas relações com a área foliar, interceptação da luz e florescimento, observaram que o IAF

apresentou grande variação entre as cultivares, porém aumentou em todas na maior população

de plantas.O número de flores por planta teve grande variação entre as cultivares tendo

decrescido significativamente com o aumento da densidade de plantio e a eficiência

reprodutiva não foi afetada pela densidade de plantio, tendo variado de 8,92%.

1.4.2 Matéria seca

A matéria seca é o aumento da massa de uma planta devido aos produtos de

assimilação. O carbono assimilado não perdido pela respiração, isto é, o excedente no

orçamento de CO2 aumenta a matéria seca de uma planta (LARCHER, 2004).

O suprimento adequado de água para a cultura é um dos principais fatores para

garantir uma boa produção de matéria seca (MS) ou biomassa, uma vez que escassez ou

excesso de água afetam diretamente o desenvolvimento das folhas

(FREIRE FILHO et al., 2005).

A baixa disponibilidade de água para as plantas e uma excessiva taxa

transpiratória promove um imediato fechamento dos estômatos, o que resulta na paralisação

da fotossíntese, com sérias reduções na quantidade de biomassa (FANCELLI; DOURADO

NETO, 1999).

No feijão-caupi, elevada quantidade de biomassa nem sempre será garantia de alta

produtividade de grãos. Teores elevados de nutrientes no solo, especialmente nitrogênio, e

solos frequentemente úmidos podem favorecer o seu desenvolvimento vegetativo em

detrimento da formação de vagens e grãos (FREIRE FILHO et al., 2005).

Irene Filho (2012), ao avaliar o crescimento de cultivares de feijão-caupi de porte

semi-ereto e semi-prostrado (BRS Aracê e BRS Tumucumaque) em resposta à aplicação de

lâminas de irrigação, nas condições edafoclimáticas do município de Bom Jesus, PI, constatou

que houve um aumento significativo da matéria seca total com a aplicação da maior lâmina de

irrigação em ambas as cultivares, obtendo maior matéria seca total até aproximadamente os

60 dias após a semeadura, decrescendo após esse dia, nas duas cultivares e em todos os

regimes hídricos.

Comportamento semelhante foi observado por Andrade Júnior et al. (2005), no

município de Parnaíba, PI, quando constatou que as plantas submetidas ao tratamento de

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maior lâmina de irrigação acumularam, no final do ciclo, maior matéria seca (100g planta-1

),

em oposição ao tratamento de menor lâmina (40g planta-1

).

Com o objetivo de verificar os efeitos do estresse hídrico sobre variáveis

determinantes da produção em plantas de feijão-caupi, Leite e Virgens Filho (2004)

comprovaram a evidência do efeito do déficit hídrico sobre a diminuição de acúmulo da

matéria seca total, uma vez que os tratamentos irrigados apresentaram sempre os maiores

valores de matéria seca, enquanto os tratamentos estressados apresentaram decréscimos nos

valores desta variável.

Além dos aspectos hídricos, a densidade de plantas por unidade de área pode

afetar também a produção de matéria seca, de fato a fotossíntese poderá ser máxima quando a

folhagem for densa o suficiente para impedir que a luz solar chegue até o solo e não haja

competição entre as folhas mais próximas da base (PEIXOTO, 1998).

Desde que não ocorram desequilíbrios na partição de matéria seca e eficiência na

produção de frutos, o manejo em espaçamentos adensados pode ser beneficiado para a

obtenção de um maior número de frutos com mínima área foliar, devido ao aumento na

eficiência do uso da água (BEST et al., 1997; SILVA, 2002).

Com a adoção de espaçamentos adensados e ultraadensados, o suprimento de água

é favorecido pela menor evaporação de água do solo, além da melhor interceptação de luz por

unidade de área, que faz com que a retenção de frutos seja maior, contribuindo para maiores

produtividades (KRIEG, 1996; SILVA, 2002).

No feijoeiro comum, Zabot et al. (2004), por meio da análise de crescimento,

observaram variações no comportamento fisiológico de quatro populações de plantas e

constataram que quanto maior a densidade de semeadura, maior é o acúmulo de matéria seca,

durante o período de observação.

Arf et al. (1996) com o objetivo de verificar a influência de diferentes

espaçamentos entre linhas (0,20 x 0,80; 0,30 x 0,80; 0,20 x 0,70; 0,30 x 0,70; 0,60 e 0,50 m) e

densidades de semeadura (8, 12, e 16 plantas m-1

) sobre o comportamento do feijoeiro,

verificaram que o aumento do número de plantas na linha ocasionou redução na produção de

matéria seca das plantas e no número de vagens e de sementes por planta; porém a

produtividade foi aumentada, sendo o maior valor encontrado na densidade de 16 plantas m-1

,

já os espaçamentos não influenciaram na produtividade da cultura.

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CAPÍTULO 2: Distribuição da umidade do solo cultivado com feijão-caupi sob

diferentes níveis de água e densidades de plantas

RESUMO

As perdas de produtividade do feijão-caupi ocasionadas por instabilidades climáticas afetam

todas as regiões do Brasil, principalmente a região Nordeste, o que torna essencial a utilização

da irrigação como forma de redução das perdas agrícolas. O objetivo desse trabalho foi avaliar

a distribuição da umidade do solo cultivado com feijão-caupi em função da aplicação de cinco

lâminas de irrigação L5-150%, L4-120%, L3-90%, L2-60% e L1-30% da evapotranspiração

de referência (ETo) e quatro densidades de plantas (150.000; 200.000; 250.000;

300.000 plantas ha-1

). O experimento foi conduzido na área experimental da Embrapa Meio-

Norte, localizada no município de Teresina, Piauí, no período de julho a setembro de 2012 em

um Argissolo Vermelho-Amarelo. Para o monitoramento do conteúdo de água do solo, foram

instalados 20 tubos de acesso de PVC, com 1,5 m de comprimento, para a introdução de uma

sonda de capacitância (FDR) modelo Diviner 2000®. As leituras de frequência relativa (FR)

foram realizadas diariamente, sempre antes e 24 horas após as irrigações nas camadas de 10,

20, 30, 40 e 50 cm. Sob as maiores lâminas de irrigação e nas diferentes densidades de

semeadura, houve consumo hídrico diferenciado do feijão-caupi em função da densidade de

raízes para extração da água do solo. O padrão de extração de água do solo pelas raízes do

feijão-caupi foi diretamente proporcional às densidades de semeadura avaliadas. Não houve

grande variação da extração de água nas diferentes densidades do feijão-caupi quando

submetido às menores lâminas de irrigação, ou seja, nessas condições de estresse hídrico, o

efeito da densidade sobre a extração de água é muito semelhante. Sob a lâmina de irrigação de

L5 – 150% ETo e densidade de plantas de 241.000 plantas ha-1

, o feijão-caupi responde

melhor em termos produtivos, com a manutenção da capacidade de água disponível no solo,

na faixa aproximada de 80% (na camada de 0,10 m) a 60% (na camada de 0,30 m).

Palavras-Chave: Extração de água. Água no solo. Adensamento.

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CHAPTER 2: Distribution of soil moisture cultivated with cowpea under different water

levels and plant densities

ABSTRACT

Productivity losses of cowpea caused by climatic instability affecting all regions of Brazil,

especially the Northeast, which makes essential use of irrigation as a means of reducing

agricultural losses. The aim of this study was to evaluate the distribution of moisture in the

soil cultivated with cowpea due to the application of five irrigation L5 - 150%, L4 - 120%,

L3 - 90%, L2 - 60% and L1-30% reference evapotranspiration (ETo) and four plant densities

(150,000, 200,000, 250,000, 300,000 plants ha-1

). The experiment was conducted in the

experimental area of Embrapa Meio-Norte, located in the city of Teresina, Piauí, in the period

July to September 2012 in a Ultisol soil. For monitoring the soil water content, were installed

access tubes 20 of PVC with 1.5 m long, for the introduction of a capacitance probe (FDR)

Diviner Model 2000®. Readings relative frequency (RF) were performed daily, always before

and 24 hours after irrigations in layers of 10, 20, 30, 40 and 50 cm. Under the higher irrigation

regimes and different seeding rates, water consumption was different cowpea depending on

the density of roots to extract soil water. The pattern of water extraction from the soil by roots

of cowpea was directly proportional to the seeding densities evaluated. There was wide

variation in water extraction in different densities of cowpea when subjected to minor

irrigation or under these conditions of water stress, the effect of density on water extraction is

very similar. Under the water depth of L5 - 150% ETo and plant density of

241,000 plants ha-1

, the cowpea responds better in terms of production, maintaining the

available water capacity in the soil, in the approximate range of 80% (in the layer of 0.10 m)

to 60% (in the layer of 0.30 m).

Keywords: Water extraction. Water in the soil. Densification.

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2.1 INTRODUÇÃO

As perdas de produtividade do feijão-caupi ocasionadas por instabilidades

climáticas afetam todas as regiões do Brasil, principalmente a região Nordeste, o que torna

essencial a utilização da irrigação como forma de redução das perdas agrícolas. Para um

correto manejo da irrigação, é necessário o conhecimento sobre a variação da umidade do solo

que ocorre em função, dentre outros aspectos, das diferentes densidades de plantas e dos

sistemas de cultivo (monocultivo e consórcios).

A densidade de plantas merece atenção pela importância que assume no

comportamento morfofisiológico da cultura. Um dos aspectos que envolvem o adensamento

de plantio é a competição intraespecífica (competição entre indivíduos da mesma espécie),

que interfere diretamente na disponibilidade de recursos naturais para as plantas. Os efeitos da

competição intraespecífica sobre qualquer indivíduo é tipicamente maior quanto mais

comprimido ele for por seus vizinhos, quanto mais as zonas de esgotamento de recursos de

outros indivíduos se sobrepuserem à sua (TOWNSEND et al., 2006).

O conteúdo de água no solo talvez seja o primeiro fator a influenciar a competição

intraespecífica, pois as variações de umidade ao longo do seu perfil são as primeiras

consequências do adensamento do plantio.

O conhecimento sobre o comportamento da distribuição de umidade no solo

possibilita a compreensão da extração de água pela cultura submetida a diversas situações:

déficit ou excesso hídrico, adensamento populacional, dentre outros.

Culturas como o feijão-caupi podem apresentar alterações morfofisiológicas como

resposta ao estresse hídrico e ao adensamento de plantas. De acordo com Park et al. (2001),

existem dois fatores que influenciam o resultado da competição: i) exibição da plasticidade

fenotípica que pode ser usada por uma planta em ambiente competitivo; ii) potencial de

habilidade competitiva (inclui tamanho da semente, tamanho da muda, tempo de

aparecimento e tamanho da planta). Todas estas características, de uma maneira ou de outra,

influenciam ou refletem a habilidade de uma planta individual para captar recursos.

Considerando esses aspectos, objetivou-se neste estudo avaliar a distribuição da

umidade do solo cultivado com feijão-caupi em função da aplicação de cinco lâminas de

irrigação e quatro densidades de plantas e quantificar seu impacto na produtividade de grãos

da cultura.

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2.2 MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1 Localização da área do experimento

O experimento foi conduzido no período de julho a setembro de 2012, no Campo

Experimental da Embrapa Meio-Norte, localizado no município de Teresina, Piauí (05°05’S;

42°48’W e 74,4 m) (Figura 2.1).

Figura 2.1 - Imagem por satélite do campo experimental da Embrapa Meio-Norte e sua

localização no município de Teresina, estado do Piauí.

Estado do Piauí Município de Teresina Campo experimental

Fonte: Google earth (2013).

2.2.2 Análises físico-hídricas e químicas do solo

O solo da área experimental é um Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico

(SANTOS et al., 2006). As amostras para a caracterização físico-hídrica e química do solo da

área do experimento foram coletadas, nas camadas de 0 m a 0,2 m e 0,2 m a 0,4 m,

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percorrendo a área em zig zag, perfazendo um total de 20 amostras simples, posteriormente,

as mesmas foram misturadas para coleta de uma amostra composta (Figura 2.2). As

características físico-hídricas e químicas são apresentadas nas Tabelas 2.1 e 2.2,

respectivamente.

Figura 2.2 - Coleta das amostras de solo na área experimental.

Foto: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

Tabela 2.1. Características físico-hídricas do solo da área experimental.

Prof.

(m)

Granulometria (g/kg-1

) Ds* CC PMP Classificação

Textural Areia

Grossa

Areia

Fina Silte Argila (Kg/dm

-3) (% em volume)

0,0 – 0,2 532,0 344,5 37,5 86,0 1,65 22,00 9,34 Areia Franca

0,2 – 0,4 453,0 358,5 52,5 136,0 1,70 20,83 11,00 Franco arenoso

Fonte: Laboratório de Solos - Embrapa Meio-Norte. Parnaíba - PI, 2012. * Ds: densidade do solo. CC: capacidade de campo definida a – 10 kPa. PMP: ponto de murcha permanente definida a -1500 kPa.

Tabela 2.2. Características químicas do solo da área experimental.

Prof

(m)

Resultados

MO pH P K Ca Mg Na Al H + Al S CTC V m

g/kg-1

H20 mg/dm-3

mmol/dm-3

------% ------

0,0-0,2 5,24 5,70 12,80 2,0 16,7 8,6 0,1 0,0 33,0 27,4 60,4 45,36 0,0

0,2-0,4 4,46 5,42 4,10 1,3 10,9 6,8 0,1 4,2 44,7 19,1 63,8 29,93 18,0

Fonte: Laboratório de Solos, Embrapa Meio-Norte, Parnaíba - PI, 2012.

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2.2.3 Curvas de retenção de água no solo

As curvas de retenção foram elaboradas através da análise de 10 amostras

indeformadas de solo nas mesmas profundidades. O ajuste das curvas foi realizado por meio

do modelo de Van Genuchten (1980), conforme descrito por Dourado Neto et al. (2000)

(Figura 2.3), cujos parâmetros de ajuste são apresentados nas equações 1 e 2.

= 0,082 + ................................(1)

= 0,105 + ..................................(2)

Figura 2.3 - Curva de retenção de água no solo da área experimental.

0-0,20 m 0,20-0,40 m

2.2.4 Preparo do solo e adubação

O preparo do solo consistiu de roço, uma aração e uma gradagem niveladora

cruzada (Figura 2.4).

0,2-0,4 m

0,0-0,2 m

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Figura 2.4 - Roço (A), aração (B) e gradagem niveladora cruzada (C) na área experimental.

Foto: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

As adubações de fundação e cobertura foram efetuadas com base na análise de

solo e seguindo as exigências nutricionais do feijão-caupi (EMBRAPA, 2003). A adubação de

fundação consistiu na aplicação 50 kg de P2O5 ha-1

(superfosfato simples) e 50 kg de K2O ha-1

(cloreto de potássio). Na adubação de cobertura, realizada aos 15 dias após a emergência,

foram aplicados 20 kg de N ha-1

(sulfato de amônio).

2.2.5 Semeadura

Semeou-se a cultivar BRS Itaim, manualmente, no dia 14 de julho de 2012, em

um bloco experimental de 12 x 12 m, constituído por 18 sulcos espaçados de 0,60 m e a

A B

C

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50

0,03 m de profundidade, colocando-se duas sementes por cova, para desbaste aos 15 dias após

a semeadura (Figura 2.5).

Figura 2.5 - Detalhe das linhas de plantio e das covas com as sementes.

Fotos: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

Variou-se o espaçamento entre plantas dentro da linha de plantio para a obtenção

das diferentes densidades populacionais, conforme Tabela 2.3. Para tanto, foram utilizadas

ripas com o espaçamento de cada densidade, previamente marcadas com madeira em formato

de dentes (Figura 2.6), obtendo, com isso, o número correto de plantas por metro linear.

Tabela 2.3. Número de plantas de feijão-caupi por metro de acordo com o espaçamento entre

fileiras (m) e entre plantas dentro da fileira (EDF).

População de plantas ha-1

Espaçamento entre fileiras (0,60 m)

EDF (m) Plantas m-1

D1-150.000 0,111 9

D2-200.000 0,083 12

D3-250.000 0,066 15

D4-300.000 0,055 18

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Figura 2.6 - Ripas marcadas e identificadas com o espaçamento entre plantas referente a cada

densidade (A) e formação das covas com as ripas de madeira (B).

Fotos: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

2.2.6 Tratos culturais e controle fitossanitário

Realizou-se o controle de plantas daninhas manualmente com enxada, sempre que

necessário, durante todo o ciclo do feijão-caupi. O controle preventivo fitossanitário de pragas

foi realizado com inseticida à base de Thiamethoxam (Actara) de 15 em 15 dias para a

prevenção do pulgão na dose de 20 g.20 L-1

. Fez-se o monitoramento das plantas para a

constatação de doenças por meio de observações periódicas foliares.

2.2.7 Sistema de irrigação

As irrigações foram efetuadas por um sistema de aspersão convencional fixo,

instalado em um espaçamento de 12 m x 12 m e operando sempre duas a duas linhas laterais,

de modo a permitir a aplicação das lâminas de irrigação em faixas distintas. O bloco

experimental era coberto por quatro aspersores, dois em cada linha lateral, de diâmetro de 50

mm e comprimento total de 60 m, a mesma possuía cinco aspersores por linha com

combinação de bocais de 4,4 mm x 3,2 mm, raio de alcance de 12 m, vazão de 1,59 m3.h

-1 e

pressão de serviço de 3,0.106

Pa.

Antes da semeadura, realizou-se o teste de uniformidade, para tanto, instalou-se

16 coletores em cada faixa, perfazendo um total de 80 coletores na área experimental, os

mesmos foram distribuídos em quatro linhas centrais, formando um zigue-zague na área

experimental, sendo, posteriormente, utilizadosna coleta das lâminas de irrigação (Figura 2.7).

A B

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Figura 2.7 - Disposição dos coletores nos blocos irrigados.

Coletou-se os volumes armazenados nos coletores em um tempo de uma hora,

considerando a média de três repetições.

Após a coleta e quantificação das lâminas de irrigação, estimou-se o Coeficiente

de Uniformidade de Cristhiansen (CUC, %), segundo Mantovani et al. (2007) e equação 3.

............................................................................(3)

Onde:

CUC: coeficiente de uniformidade de Christiansen, em %;

n: número de coletores;

: lâmina de água medida em cada coletor;

: lâmina de água média dos coletores.

O tempo das irrigações foi calculado com o auxílio de uma planilha

eletrônicaonde eram registrados os valores diários da precipitação pluviométrica e

evapotranspiração de referência (ETo), estimada pelo método de Penman-Monteith utilizando

Xn

n

iX

iX

CUC 11100

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dados climáticos obtidos na estação agrometeorológica automática da Embrapa Meio-Norte,

Teresina, PI (Figura 2.8).

Figura 2.8 - Estação agrometeorológica de Embrapa Meio-Norte.

Foto: FERREIRA, V. M. (2012).

Da semeadura aos 30 dias foram aplicadas lâminas uniformes de irrigação, com

irrigações diárias, repondo-se a ETo do dia anterior, não provocando com isso estresse hídrico

às plantas e garantindo a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas.

O tempo de irrigação foi calculado através dos valores diários da ETo e

considerando o Kc da cultura recomendado por Andrade Júnior et al. (2000) para o local e

fase do feijão-caupi (Tabela 2.4). Desta forma, garantiu-se o atendimento da demanda hídrica

do feijão-caupi nas fases anteriores à imposição dos tratamentos.

Tabela 2.4. Valores de coeficiente de cultivo para o feijão-caupi, em diferentes fases do ciclo,

utilizados nas áreas experimentais da Embrapa Meio-Norte, no município de Teresina (PI).

Fases do ciclo (dia) Coeficiente de cultivo (Kc)

0 – 15 0,5

16 – 44 0,8

45 – 57 1,05

58 - 65 0,75

A partir dos 30 dias após a semeadura (DAS) do feijão-caupi foram impostos os

tratamentos, com irrigações nas segundas, quartas e sextas-feiras, repondo-se a ETo

acumulada dos dias anteriores não irrigados. Dos 55 DAS aos 63 DAS do feijão-caupi, foram

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aplicadas novamente lâminas uniformes de irrigação, repondo-se a ETo do dia anterior, não

provocando estresse hídrico às plantas.

2.2.8 Monitoramento do conteúdo de água no solo

Para o monitoramento do conteúdo de água do solo (%, em volume) foram

instalados, aos 11 dias após a semeadura e a 0,20 m das fileiras do feijão-caupi, 20 tubos de

acesso de PVC, com 1,5 m de comprimento, sendo quatro em cada faixa com as lâminas de

irrigação e um em cada densidade, dispostos nas fileiras centrais (Figura 2.9).

Figura 2.9 - Localização dos tubos de acesso de PVC dentro das faixas irrigadas e densidades

de plantas.

Os tubos de acesso foram instalados para a introdução de uma sonda de

capacitância (FDR) modelo Diviner 2000® da Sentek Pty Ltda, Austrália (Figura 2.10).

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Figura 2.10 - Monitoramento do conteúdo de água no solo.

Foto: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

As leituras de frequência relativa (FR) foram realizadas diariamente, sempre antes

e aproximadamente 24 horas após as irrigações, inclusive aos sábados e domingos. O

conteúdo de água no solo, em cada camada (0,10; 0,20; 0,30; 0,40 e 0,50 m) das densidades e

faixas com as lâminas de irrigação, foi calculado pela média dos valores de umidade medidos

durante o ciclo do feijão-caupi.

Os valores de freqüência relativa foram convertidos em conteúdo de água no solo

por meio da equação 4.

..............................................................................................................................(4)

Em que:

θv = Umidade volumétrica (m3 m

-3);

FR= Frequência relativa determinada pela sonda adimensional;

a, b= Coeficientes gerados pela regressão.

As equações de calibração, em diferentes camadas e para todo o perfil foram

obtidas por meio da calibração em solo local, apresentadas na Tabela 2.5

(SILVA et al., 2006).

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Tabela 2.5. Equações (1)

obtidas com a calibração da sonda de capacitância Diviner 2000®

em

diferentes camadas e para todo o perfil do solo da área experimental.

Horizonte

(m)

a* b R2 Erro

Padrão (2)

N Umidade (m3 m

-3)

Mínimo Máximo

0,1 0,742 3,782 0,98 0,011 5 0,067 0,233

0,2 0,503 3,144 0,98 0,009 6 0,098 0,247

0,3 0,457 2,553 0,98 0,009 6 0,099 0,264

0,4 0,484 2,596 0,99 0,007 6 0,101 0,252

0,5 0,506 2,707 0,93 0,017 6 0,104 0,242

0,6 0,542 2,923 0,97 0,011 6 0,104 0,238

0,7 0,524 2,923 0,94 0,014 6 0,104 0,221

0,8 0,476 2,640 0,92 0,013 6 0,116 0,216

0,9 0,527 3,051 0,90 0,012 6 0,116 0,210

1,0 0,503 2,813 0,56 0,021 6 0,121 0,198

0 -1,0 0,492 2,757 0,93 0,014 59 0,067 0,264 (1) Regressões feitas com o programa computacional Table Curve v.5.01 (SYSTAT, Software Inc.); (2) Erro-padrão de

estimativa = √quadrado médio dos resíduos; *Os coeficientes a e b são da calibração , em que FR, e N são a

frequência relativa, umidade volumétrica (m3 m-3) e número de amostras usadas por análise, respectivamente.

2.2.9 Tratamentos e delineamento experimental

Utilizou-se o delineamento experimental de blocos completos casualizados, no

esquema de parcelas subdivididas com quatro repetições, onde as lâminas de irrigação

representam as parcelas e as densidades de plantas, as subparcelas.

Os tratamentos foram constituídos por quatro densidades de plantas:

D1-150.000 plantas ha-1

; D2-200.000 plantas ha-1

; D3-250.000 plantas ha-1

;

D4-300.000 plantas ha-1

e cinco níveis de irrigação (L5-150%, L4-120%, L3-90%, L2-60% e

L1-30% da ETo). A distribuição das lâminas de irrigação e densidades populacionais está

apresentada na Figura 2.9.

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2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.3.1 Lâminas de irrigação aplicadas

As lâminas de irrigação aplicadas antes, durante e após a aplicação dos

tratamentos (período de imposição dos diferentes níveis de estresse hídrico), bem como o

total aplicado durante o ciclo da cultura são apresentados na Tabela 2.6.

Tabela 2.6. Lâminas de irrigação (L) aplicadas por cada fase do ensaio experimental e os

respectivos valores de coeficiente de uniformidade de Cristhiansen (CUC, %). Fases / Lâminas L1

(mm)

L2

(mm)

L3

(mm)

L4

(mm)

L5

(mm)

Antes do estresse hídrico1 108,16 108,16 108,16 108,16 108,16

Durante o estresse hídrico2 55,57 114,23 154,34 194,18 247,37

Após o estresse hídrico3 38,00 38,00 38,00 38,00 38,00

Total aplicado 201,73 260,39 300,50 340,34 393,53

CUC (%) 84,4 80,3 86,2 82,7 83,1

1 – Período da semeadura até os 30 dias após semeadura (DAS); 2 – período dos 30 DAS aos 55 DAS; 3 – período dos 55 aos 63 DAS.

A aplicação das frações de 30%, 60%, 90%, 120% e 150% da ETo no período de

desenvolvimento da cultura, resultou nas seguintes lâminas totais de irrigação: 201,73 (L1);

260,39 (L2); 300,50 (L3); 340,34 (L4) e 393,53 mm (L5), respectivamente. O manejo de

irrigação consistiu na aplicação da ETo dos dias anteriores à ultima irrigação.

Da semeadura aos 30 dias de plantio foram aplicadas lâminas uniformes de

irrigação, repondo-se a ETo do dia anterior perfazendo um total de 108,16 mm, o que não

provocou umestresse hídrico às plantas e garantiu a germinação e o desenvolvimento inicial

do feijão.

A partir dos 30 dias após a semeadura (DAS) do feijão-caupi foram aplicadas

lâminas diferenciadas de irrigação (150%, 120%, 90%, 60% e 30% da ETo), correspondendo

a aplicação total de 247,37; 194,18; 154,34; 114,23; 55,57 mm, respectivamente, durante o

período dos 30 aos 55 DAS. Após os 55 DAS até a colheita do feijão-caupi (63 DAS), foram

aplicadas novamente lâminas uniformes de irrigação, no total de 38,00 mm, para garantir uma

condição de não estresse hídrico às plantas até o inicio da colheita. Ressalta-se que durante o

período experimental não houve a ocorrência de precipitação pluviométrica, portanto a

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resposta produtiva ocorreu apenas em função da aplicação das lâminas de irrigação

diferenciadas.

Os valores de CUC oscilaram de 80,3% (L2) a 86,2% (L3), o que segundo

Mantovani et al. (2007), para o sistema de irrigação por aspersão convencional, são

considerados aceitáveis, uma vez que, para esse sistema de irrigação, o mesmo recomenda

CUC de 80%.

2.3.2 Disponibilidade de água no solo

Com a aplicação da maior lâmina de irrigação (L5 – 150% ETo), observa-se

nitidamente as diferenças na variação da capacidade de água disponível do solo,nas diferentes

densidades de plantas, indicando ter havido consumo hídrico diferenciado do feijão-caupi em

função da densidade de raízes para extração da água do solo.

O padrão de extração de água do solo pelas raízes do feijão-caupi foi diretamente

proporcional às densidades de plantas, ou seja, sob a maior densidade (300.000 plantas ha-1

),

onde há uma elevada densidade de raízes, ocorre maior extração de água do solo, o qual

permaneceu durante o ciclo de cultivo, comconteúdo de água variando aproximadamente de

62% (na profundidade de 0,10 m) a 50% (nas profundidades de 0,20 a 0,30 m) da capacidade

de água disponível do solo (Figura 2.11).

Figura 2.11 - Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de 10 – 50

cm, sob a lâmina de irrigação (L5 -150% ETo).

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Sob uma elevada densidade de plantas (D4), os efeitos da maior competição

intraespecífica tornou os níveis de conteúdo de água abaixo da capacidade de campo do solo e

com níveis não satisfatórios, abaixo de 60% da capacidade de água disponível, a partir da

camada de 0,10 m.

Por outro lado, com a menor densidade de semeadura (D1), onde a concentração

de raízes do feijão-caupi no solo é menor, há uma redução na extração de água no solo, o qual

permaneceu durante o ciclo de cultivo, na média, com conteúdo de água variando de 85% (na

profundidade de 0,10 m) a 80% (na profundidade de 0,20 m) da capacidade de água

disponível do solo. É importante destacar que, nessa condição de elevada disponibilidade de

água no solo, as raízes do feijão-caupi não exploraram um volume maior de solo, já que na

profundidade de 0,30 m, o conteúdo de água no solo permaneceu na faixa de 90% a 100% da

capacidade de água disponível.

Para as densidades de semeadura intermediárias (D2 e D3), a extração de água

pelas raízes do feijão-caupi comportou-se com um padrão mediano entre as densidades

extremas (D1 e D4). Com essas densidades de semeadura, o conteúdo de água no solo variou

aproximadamente de 80% (na camada de 0,10 m) a 0,75% (na camada de 0,30 m), com a

densidade de 200.000 plantas ha-1

, e de 75% (na camada de 0,10 m) a 60% (na camada de

0,30 m), com a densidade de 250.000 plantas ha-1

(Figura 2.11).

A Figura 2.12 demonstra que o padrão de extração de água do solo pelas raízes do

feijão-caupi sob a lâmina L4 – 120% ETo foi semelhante à lâmina L5 – 150% ETo.

Figura 2.12 - Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de 10 – 50

cm, sob a lâmina de irrigação (L4 -120% ETo).

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A extração de água foi diretamente proporcional às densidades de semeadura

avaliadas. Sob a maior densidade de plantas (D4), o conteúdo de água

variouaproximadamente de 30% a 40% nas camadas de 0,10 a 0,30 m. Nas menores

densidades (D1 e D2) a extração de água pelas raízes do feijão-caupi comportou-se de

maneira semelhante, nas profundidades de 0,10 a 0,30 m com o conteúdo médio de água no

solo variando de 60%, na camada de 0,10 m a 55%, na camada de 0,30 m..

Na densidade D3, o conteúdo médio de água no solo reduz-se para os valores de

50% e 45%, nas profundidades de 0,10 a 0,20 m igualando o seu valor à densidade D2 (45%),

na camada de 0,40 m.

Na Figura 2.13 percebe-se que sob a lâmina L3 – 90% ETo e densidades de

plantas D1 e D2 o padrão de extração de água no solo apresentou-se de maneira diferenciada

do observado nas mesmas densidades (D1 e D2), sob as lâminas L4 – 120% ETo e L5 – 150%

ETo. Sob a maior densidade de plantas (D4), o conteúdo de água variou aproximadamente de

30% a 40% nas camadas de 0,10 a 0,30 m.

Figura 2.13 - Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de 10 – 50

cm, sob a lâmina de irrigação (L3 - 90% ETo).

Na densidade D2 o conteúdo médio de água no solo eleva-se para o valor

aproximado de 70% na profundidade de 0,30 mreduzindo seu valor para 60% na camada de

0,40 m, na densidade D1 a elevação do conteúdo de água no solo foi inferior alcançando

aproximadamente 60% na camada de 0,30 m e reduzindo para 55% na camada de 0,40 m.

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A elevação no conteúdo de água no solo na camada de 0,30 m pode estar associada ao não

alcance das raízes ocorrido em virtude do estresse hídrico e os menores valores de conteúdo

de água no solo observados na D1 em relação à D2 indicam uma taxa de evaporação da água

no solo superior, consequência de uma menor área foliar da D1.

Não houve grande variação da extração de água nas diferentes densidades com a

aplicação de L2 e L1 (Figuras 2.14 e 2.15), ou seja, nessas condições o efeito da densidade

sobre a extração de água é muito semelhante.

Figura 2.14 - Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de 10 – 50

cm, sob a lâmina de irrigação (L2 - 60% ETo).

O comportamento da extração de água em L1D4 e L2D4 segue o comportamento

de L1D3 e L2D3, respectivamente, o mesmo visualiza-se para L1D2 e L2D2 comparados com

L1D1 e L2D1, todos elevando o conteúdo médio de água no solo na camada de 0,30 m, sendo

que com L2 essa elevação alcança 50% e com L1, 40%, essa elevação na camada de 0,30 m

pode estar associada ao não alcance das raízes como consequência do elevado estresse hídrico

que ocorreu nestas lâminas.

Isso significa que, o estresse hídrico influenciou a competição intraespecífica

tornando semelhante a capacidade das plantas em extrair água, sob diferentes densidades. O

potencial produtivo, sob essas condições, foi substancialmente reduzido, a produtividade de

grãos, sob essas lâminas, foi inferior a 600 kg.ha-1

(Capítulo 4, Figura 4.1 A).

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Figura 2.15 - Variação do conteúdo médio de água no perfil do solo, nas camadas de

10 – 50 cm, sob a lâmina de irrigação (L1 - 30% ETo).

. De acordo com Petry et al. (2007), efeitos semelhantes da extração de água das

plantas sob diferentes densidades e estresse hídrico, podem estar associados ao fato da

disponibilidade de água às plantas depender de fatores intrínsecos do solo e da capacidade das

plantas em extrair água nos diferentes teores de umidade e níveis de energia de retenção.

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2.4 CONCLUSÕES

Sob as maiores lâminas de irrigação há consumo hídrico diferenciado do feijão-

caupi em função da densidade de raízes para extração da água do solo, com o padrão de

extração de água do solo diretamente proporcional às densidades de plantas.

Não há grande variação da extração de água nas diferentes densidades do feijão-

caupi quando submetido às menores lâminas de irrigação, ou seja, nessas condições de

estresse hídrico, o efeito da densidade sobre a extração de água é muito semelhante.

Sob uma lâmina de irrigação de L5 – 150% ETo mm e densidade de plantas de

241.000 plantas ha-1

, o feijão-caupi responde melhor em termos produtivos, com a

manutenção da capacidade de água disponível no solo, na faixa de aproximada de 80% (na

camada de 0,10 m) a 60% (na camada de 0,30 m).

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2.5 REFERÊNCIAS

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Embrapa Meio-Norte, 2000. p. 127 – 154. (Embrapa Meio-Norte. Circular Técnica, 28).

DOURADO NETO, D.; NIELSEN, D. R.; HOPMANS, J. W.; REICHARDT, K.; BACCHI,

O. O. S. Software to model soil water retention curves (SWRC, version 2.00).

ScientiaAgricola, Piracicaba, v.57, n.1, p.191-192, jan./mar. 2000.

MANTOVANI, E. C.; BERNARDO, S.; PALARETTI, L. F. Irrigação: princípios

emétodos. Viçosa: UFV, 2007. 318p.

PARK, S.A.; BENJAMIN, R.L.;WATKINSON, A. R. The Theory and Application of Plant

Competition Models: an Agronomic Perspective. Ecology. v. 82,n. 9, p. 2525 -2535, 2001.

PETRY, M. T.; ZIMMERMANN, F. L.; CARLESSO, R.; MICHELON, C. J.; KUNZ, J. H.;

Disponibilidade de água do solo ao milho cultivado sob sistemas de semeadura direta e

preparo convencional. R. Bras. Ci. Solo, n. 31, p. 531-539, 2007.

SANTOS, H. G. dos; JACOMINE, P. K. T.; ANJOS, L. H. C. dos; OLIVEIRA, V. A. de;

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306 p.

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Resumos Expandidos.

TOWNSEND, C. R.; BEGON, M.; HARPER, J. L. Fundamentos em ecologia.2. ed. Porto

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VAN GENUCHTEN, M.T. A closed-form equation for predicting the hydraulic conductivity

unsaturated soils. Soil Science Society American Journal, v.47, p.892-898, 1980.

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CAPÍTULO 3: Parâmetros de crescimento e trocas gasosas do feijão-caupi submetido a

diferentes níveis de irrigação e densidades populacionais

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi avaliar as alterações nos parâmetros de crescimento e nas trocas

gasosas do feijão-caupi decorrente da aplicação de diferentes níveis de água e densidades de

plantas. Conduziu-se o experimento na área experimental da Embrapa Meio-Norte, localizada

no município de Teresina, Piauí, no período de julho a setembro de 2012, em um Argissolo

Vermelho-Amarelo. Os tratamentos foram constituídos de cinco níveis de irrigação:

L5-150%; L4-120%; L3-90%; L2-60% e L1-30% da evapotranspiração de referência (ETo) e

quatro densidades de plantas (150.000; 200.000; 250.000; 300.000 plantas ha-1

). Utilizou-se o

delineamento experimental em blocos casualizados, com parcelas subdivididas, as densidades

nas subparcelas e as lâminas de irrigação, nas parcelas, com quatro repetições. Para análise

dos parâmetros de crescimento, fizeram-se medições de área foliar e determinações da matéria

seca aos 20, 27, 34, 41, 48 e 55 dias após a semeadura, considerando a média de quatro

plantas. As trocas gasosas foram avaliadas aos 45 dias após a semeadura (15 dias após a

aplicação dos tratamentos). A interação significativa entre os níveis de irrigação e as

densidades populacionais na área foliar do feijão-caupi, indica que a área foliar reduz-se com

diminuições nos níveis de água e densidade de plantas. O maior valor (1.301,89 cm²) ocorre

com lâmina de irrigação de 367,86 mm e densidade de 188.000 plantas ha-1

. Não há interação

significativa entre os níveis de irrigação e densidade de plantas, na condutância estomática,

taxas de fotossíntese e transpiração. Isoladamente, a aplicação contínua de água elevou a taxa

fotossintética, a condutância estomática e a transpiração com reduzidos valores nas menores

lâminas de irrigação 201,73 mm (L1-30% ETo) e 260,39 mm (L2-60% ETo).

Palavras-Chave: Área foliar. Taxa fotossintética. Condutância estomática.

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CHAPTER 3: Growth parameters andgas exchange of cowpea subjected to different

irrigation levels and population densities

ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the physiological changes of cowpea caused by

applying different water level sand plant densities, as well as their interaction on leaf water

potential, photosynthesis, stomatal conductance and transpiration. The experiment was

conducted in the experimental área of Embrapa Meio-Norte, located in the city of Teresina,

Piauí, in the period from July to September 2012, in Ultisol soil. The treatments consisted of

five levels of irrigation: L5-150%; L4-120%; L3-90%; L2-60% e L1-30% reference

evapotranspiration (ETo) and four plant densities (150,000; 200,000; 250,000;

300,000 plants ha-1

). We used a randomized complete block design with split plot, the

densities in subplots and the irrigation, the plots with four replications. For analysis of growth

parameters, measurements were made of leaf area and dry determinations at 20, 27, 34, 41, 48

and 55 days after sowing matter, considering the average of four plants. Gas exchanges were

evaluated at 45 days after treatment (15 days after treatment application) seeding. A

significant interaction between irrigation levels and population densities in leaf area of

cowpea, indicates that the leaf area decreases with decreases in water levels and plant density.

The highest value (1301.89 cm²) occurs with water depth of 367.86 mm and density of

188,000 plants ha- 1

. No significant interaction between levels of irrigation and plant density,

stomatal conductance, photosynthesis and transpiration rates. Separately, the continuous

application of water increased the photosynthetic rate, stomatal conductance and transpiration

with reduced values in the smaller irrigation 201.73 mm (L1 - 30% ETo) and 260.39 mm

(L2 - 60% ETo).

Keywords: Leaf área. Photosynthetic rate. Stomatal conductance.

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3.1 INTRODUÇÃO

As plantas estão frequentemente expostas a diversos tipos de estresses ambientais.

Entre os estresses abióticos, os fatores climáticos representam uma grande porção e dentre os

estresses bióticos é particularmente comum o estresse ocasionado pelo adensamento de

plantas.

A umidade do solo, aliada aos fatores: intensidade de radiação, temperatura,

concentração de CO2 e teor de nitrogênio da folha afetam a atividade fotossintética dos

vegetais (MARENCO; LOPES, 2005; COSTA; MARENCO, 2007).

No que se refere à disponibilidade água às plantas, um aspecto fisiológico que

precisa ser considerado é a condutância estomática, em virtude do seu papel indicador da

condição hídrica das plantas e da relação direta que tem com o nível de disponibilidade de

água no solo (BIANCHI et al., 2007). Segundo Pereira et al. (2003), a condutância foliar é o

indicador fisiológicoque melhor se correlaciona com a fotossíntese em diferentes condições

dedisponibilidade hídrica.

Na avaliação do crescimento do feijão-caupi, a área foliar apresenta-se como im-

portantíssimo parâmetro na determinação da capacidade fotossintética, da densidade ótima de

plantio, da relação solo-água-planta ou em investigações sobre nutrição de várias culturas. Ela

se relaciona com o metabolismo da planta, produção de matéria seca e produtividade

(SEVERINO et al., 2004; BASTOS et al., 2012).

O sombreamento proporcionado pelo adensamento reduz a eficiência global de

interceptação de luz, reduzindo o ganho de carbono e afeta o crescimento e a produtividade

das plantas. Os diferentes graus de luminosidade causam mudanças morfofisiológicas nas

plantas e o grau de adaptação é ditado por características genéticas em interação com o meio

ambiente (MORAIS NETO et al., 2000).

A produção de matéria seca também é influenciada pelos níveis de água e

densidade de plantas. O primeiro fator, quando em condições déficit, contribui para a redução

na taxa de transpiração, no fechamento dos estômatos com paralisação da fotossíntese e na

redução na produção de biomassa e o segundo, influencia a produção de matéria seca à

medida que interfere na penetração da radiação solar no dossel vegetal, afetando a taxa

fotossintética.

As pesquisas que existem na literatura apresentam resultados dos efeitos dos

fatores isolados, níveis de água e densidade de plantas, sobre os aspectos fisiológicos e de

crescimento do feijão-caupi (IRENE FILHO, 2012; ANDRADE JÚNIOR et al., 2005;

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NASCIMENTO et al., 2011; TÁVORA et al., 2000; ZABOT et al., 2004;

BEZERRA et al., 2012). No entanto, há uma carência de informações sobre a influência

conjunta desses fatores na cultura, assim como o impacto na produtividade de grãos.

Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar a influência conjunta de

níveis de água e densidade de plantas, bem como ainteração destes, sobre os parâmetros de

crescimento e trocas gasosas do feijão-caupi e seus impactos sobre a produtividade de grãos

da cultura.

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3.2 MATERIAL E MÉTODOS

Os itens: 3.2.1 Localização da área do experimento, 3.2.2 Análises físico-

hídricas e químicas do solo, 3.2.3 Preparo do solo e adubação, 3.2.4 Semeadura, 3.2.5

Tratos culturais e controle fitossanitário, 3.2.6 Sistema de irrigação e 3.2.7 Tratamentos

e delineamento experimental estão descritos no Capítulo 2.

3.2.8 Caracterização climática

O clima da região, segundo Thornthwaite e Mather (1955) é C1sA'a‘ (subúmido

seco, megatérmico, com excedente hídrico moderado no verão) com 32 % da

evapotranspiração potencial anual, (setembro-outubro-novembro), umidade relativa do ar de

72,6% e índice pluviométrico de 1.336,5 mm, concentrando a maioria das chuvas nos meses

de janeiro a abril (BASTOS; ANDRADE JÚNIOR, 2009).

3.2.9 Área foliar, índice de área foliar e matéria seca

Para determinação da área foliar da planta (AF, cm²), índice de área foliar (IAF) e

matéria seca da parte aérea (MS, g) coletou-se quatro plantas de cada subparcela

experimental, perfazendo um total de 16 plantas por parcela, aos 20, 27, 34, 41, 48 e 55 dias

após a semeadura, em duas fileiras de área útil de 6 m² (5,0 m x 1,2 m).

Mediu-se a área foliar por meio do medidor eletrônico de área LI-3100, LICOR

(LINCOLN, NE, USA) (Figura 3.1).

Figura 3.1 - Medições de área foliar com medidor eletrônico

Foto: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

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Após as medições de área foliar, os componentes das plantas (caule, folhas, flores

e vagens) foram acondicionados em sacos de papel e levados à estufa com ventilação forçada

a 65 °C até atingir o peso constante, sendo posteriormente pesados, onde determinou-se a

matéria seca. O índice de área foliar (IAF) foi obtido pela relação entre a área foliar (cm²) e a

área do terreno (cm²) ocupada pela planta.

3.2.10. Trocas gasosas foliares

Verificou-se o grau de estresse imposto ao feijão-caupi, por meio de medições de

fotossíntese, transpiração e condutância estomática aos 45 dias após a semeadura (15 dias

após o início da aplicação dos tratamentos), em duas folhas completamente maduras de duas

plantas diferentes, de acordo com metodologia descrita por Mendes et al. (2007), ou seja, no

folíolo central da quarta folha a partir da base, conforme Figura 3.2.

Figura 3.2 - Localização das folhas utilizadas para determinação das trocas gasosas foliares.

As medições foram realizadas por meio de um analisador de gases no

infravermelho portátil (IRGA), modelo LI-6400 XT da LICOR (USA), com fonte artificial de

radiação de 1600 µmol m-2

s-1

, no horário entre 07:00 e 09:00 horas (Figura 3.3).

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Figura 3.3 - Medições das trocas gasosas foliares.

Foto: OLIVEIRA, S. R. M. (2012).

3.2.11 Análise estatística

Antes de realizar as análises estatísticas dos dados de área foliar, índice de área

foliar e matéria seca, aplicaram-se os testes de Bartlett e Shapiro-Wilk com o objetivo de

avaliar a heterocedasticidade da variância e ajustes dos erros a uma distribuição

aproximadamente normal, segundo metodologia de Conagin (1949) e Nogueira (2007).

A análise de variância seguiu a estrutura de blocos casualizados com parcelas

divididas e após as estimativas das variâncias residuais de cada variável de resposta,

verificou-se a relação entre a maior e a menor variância residual de acordo com Banzatto e

Kronka (2006), Pimentel-Gomes (2009) e Zimmermann (2004).

Em seguida, fez-se uso da regressão polinomial com modelos de primeiro e

segundo graus para os níveis de irrigação e densidade populacional, de acordo com Custódio

et al. (2000). Ajustaram-se funções de resposta do tipo: Y = b0 + b1A + b2A2 + b3B + b4B

2 +

b5AB onde, Y: variável independente; b0..........b5: coeficientes da regressão e A e B: níveis

de irrigação e densidade populacional, respectivamente.

Em função do teste t, obteve-se a seleção do melhor modelo com o auxílio das

significâncias de cada parâmetro, aceitando nível de significância até o limite de 15% de

probabilidade (CONAGIN; JORGE, 1982).

Seguiu-se também a metodologia de Alvarez e Alvarez (2003) em que a escolha

dos níveis de significância para os modelos é direito do autor e para que uma equação seja

significativa, não é necessário que todos os coeficientes sejam significativos, mas, a

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significância do modelo deve estar explicitamente apresentada na equação (em cada

coeficiente de regressão) e não com apresentação da significância do R².

Estimaram-se os níveis de irrigação (pontos críticos) que proporcionaram os

máxmos valores por meio do cálculo (dx/dy) = 0. Para todas as análises, usou-se o software

SAS (SAS INSTITUTE, 2000).

Nos casos de interação significativa, as superfícies de resposta foram elaboradas

com o auxílio do programa computacional Surfer 10 (GOLDEN SOFTWARE INC, 2011).

Os resultados das trocas gasosas foram submetidos à análise de variância

utilizando como ferramenta de apoio o programa ASSISTAT 7.6 beta

(SILVA; AZEVEDO, 2009) e as médias comparadas pelo teste Tukey com P≤ 0,05.

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3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Dados climáticos

Os valores médios decendiais de temperatura do ar, umidade relativa do ar,

velocidade do vento, evapotranspiração de referência, radiação solar global e precipitação

obtidos de uma estação agrometeorológica a 500 m da área experimental e utilizados para o

cálculo da evapotranspiração de referência, segundo Penman-Monteith, são apresentados na

Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Valores médios dos elementos climáticos nos intervalos de dez dias, durante a

condução do experimento1 em Teresina, PI. 2012.

Período

Temperatura do ar (°C) Umidade relativa do ar

(%)

Velocidade

do vento

ETo

(mm.dia)

Rs

(MJ.m-2

.dia-1

)

P

(mm)

(dias) Max. Min. Méd. Max. Min. Méd. (m.s-1

)

14/07 a 23/07 28,72 27,08 27,87 65,00 58,74 61,60 0,97 5,26 24,95 0,0

24/07 a 02/08 28,66 26,78 27,75 55,36 48,38 52,20 1,45 5,69 25,46 0,0

03/08 a 12/08 28,50 26,74 27,63 56,88 50,54 53,40 1,19 5,03 23,69 0,0

13/08 a 22/08 29,67 27,93 28,82 46,45 40,53 43,20 1,72 5,89 24,17 0,0

23/08 a 01/09 29,76 28,05 28,90 51,50 45,57 48,40 1,46 5,65 24,27 0,0

02/09 a 11/09 29,64 27,78 28,66 50,43 44,12 47,60 1,32 5,57 24,36 0,0

12/09 a 19/09 30,59 28,83 29,81 52,15 46,30 46,29 1,43 5,57 22,60 0,0

Média 29,36 27,60 28,49 53,97 47,74 50,38 1,36 5,52 24,21 0,0

1Plantio: 14 de julho de 2012; colheita: 19 de setembro de 2012. ETo: Evapotranspiração de referência. Rs: Radiação solar.

P: Precipitação

Com base na Tabela 3.1, percebe-se que houve uma elevação da temperatura

média do ar de 27,63 °C para 28,66 °C no período de 12/08 a 07/09 coincidindo com a fase de

aplicação dos tratamentos e de florescimento e enchimento de grãos do feijão-caupi. Em

média, a temperatura do ar, durante todo do ciclo do feijão-caupi, oscilouentre 27,87 °C e

29,81 °C, dentro da faixa ideal de 18 °C a 34 °C para crescimento e desenvolvimento do

feijão-caupi (CARDOSO, 2000).

No mesmo período, ocorreram os menores valores de umidade relativa do ar,

entre 43% e 48%. Valores mais elevados foram observados do plantio (14/07) ao início da

aplicação dos tratamentos em 13/08, aos 30 dias após semeadura. O período de redução dos

valores de umidade relativa do ar coincide com a elevação de temperatura média e com o

período de aplicação dos tratamentos, nessas situações e, principalmente, em condições de

estresse hídrico, o ciclo vegetativo e a produtividade de grãos são extremamente

comprometidos.

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Altas temperaturas prejudicam a fotossíntese líquida e, consequentemente, o

crescimento e desenvolvimento do feijão-caupi, exercendo influência sobre o abortamento de

flores, o vingamento e a retenção final de vagens, atuando também no componente número de

sementes por vagens e produtividade de grãos (CARDOSO et al., 2005).

Os menores valores de ETo (5,03 mm dia-1

) e radiação solar global

(23,69 MJ m-2

dia-1

), ocorreram no período que antecedeu a aplicação dos tratamentos, 03/08 a

12/08, estádio vegetativo, entretanto os valores se elevaram durante o período de

florescimento e frutificação, coincidindo com a aplicação dos tratamentos

O maior valor de ETo (5,89 mm dia-1

) é constatado aos 40 dias após a semeadura

do feijão-caupi, período em que a planta encontrava-se no estádio de florescimento, em

seguida, ocorreu uma ligeira redução para 5,65 mm dia-1

e 5,57 mm dia-1

, durante o período de

frutificação e se estendendo à colheita.

Em relação ao vento, durante a condução do experimento a velocidade média do

vento manteve-se sempre em níveis baixos (mínima de 0,97 m.s-1

e máxima de 1,43 m.s-1

),

sendo favorável ao desenvolvimento da cultura.

3.3.2 Lâminas de irrigação aplicadas

As lâminas de irrigação partem de um mesmo ponto, demonstrando que, antes da

imposição dos tratamentos, não houve variação na aplicação de água no feijão-caupi,

confirmando a uniformidade das lâminas de irrigação (Figura 3.4).

Figura 3.4 - Lâminas de irrigação diferenciadas aplicadas após os dias de semeadura do

feijão-caupi.

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A partir dos 30 dias após a semeadura do feijão-caupi, visualiza-se a notória

diferença na aplicação de água entre as lâminas L5 e L1. A partir dos 55 dias após a

semeadura aplicou-se novamente lâminas de irrigação uniformes.

3.3.3 Área foliar, índice de área foliar e matéria seca

Na Tabela 3.2 são apresentados os coeficientes das equações de regressão para

área foliar (AF, cm²), índice de área foliar (IAF) e matéria seca (MS, g), em função de

lâminas de irrigação (L) e densidade de plantas (D).

Tabela 3.2. Coeficientes do modelo da equação de regressão da área foliar (AF, cm²), índice

de área foliar (IAF) e matéria (MS, g), em função de lâminas de irrigação (L) e densidade de

plantas (D), ponto de máximo lâmina PM (L) e densidade PM (D), valores no ponto máximo

(PM), coeficiente de determinação (R²) e coeficiente de variação (CV%), Teresina, PI, 2012 Variá. Interc. L L² D D² L x D PM

(L)

PM

(D)

PM R² CV

(%)

AF -4206,96 20,1277***

-0,02412 ***

191,88***

-3,85761***

-0,12664**

367,86 18,83 1.301,89 0,76 13,97

IAF -10,2370 0,03849 ***

-0,00005 ***

0,5064***

-0,00999***

-0,00004ns

355,92 24,54 2,82 0,76 15,55

MS -19,2839 0,121327 ***

-0,00014**

0,82090* -0,01844

* -0,00053

ns 384,91 16,69 10,92 0,65 21,55

***: significativo (p=<0,001); **: significativo(0,01>=p>0,001); *: significativo (0,05>=p>0,01); n.s.: não significativo (p>0,20).

Houve interação significativa (0,01>=p>0,001) entre a densidade populacional e

os níveis de irrigação aplicados, apenas na AF do feijão-caupi, o que indica a necessidade de

geração de superfícies de resposta para a avaliação do efeito integrado da aplicação das

lâminas de irrigação e densidade populacional no referido parâmetro.

Os menores valores de AF ocorreram nas menores lâminas de irrigação, sendo

que à medida que se aumentou a lâmina de irrigação e a densidade populacional até um certo

ponto a AF se elevou até o ponto máximo de 1.301,89 cm² com a lâmina de 367,86 mm e a

densidade aproximada de 18,80 plantas m-2

(188.000 plantas ha-1

) (Figura 3.5).

Percebe-se que o maior valor de AF sob a lâmina de 367,86 mm, situou-se entre

as menores densidades (150.000 e 200.000 plantas ha-1

), com o adensamento do plantio

reduziu-se a AF, entretanto, em termos de produtividade de grãos, o maior valor (1668,86 kg

ha-1

) foi obtido com uma densidade mais elevada (241.000 plantas ha-1

) indicando que a

redução da área foliar, sob maiores densidades, favoreceu a formação de vagens e grãos.

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Figura 3.5 - Superfície de resposta da área foliar (AF, cm²) do feijão-caupi, com a aplicação

de níveis de irrigação e densidade de plantas.

Freire Filho et al. (2005), afirmaram que, no feijão-caupi, elevada quantidade de

biomassa nem sempre será garantia de alta produtividade de grãos. Teores elevados de

nutrientes no solo, especialmente nitrogênio, e solos frequentemente úmidos podem favorecer

o seu desenvolvimento vegetativo em detrimento da formação de vagens e grãos.

Os menores valores de AF foram observados nas menores lâminas de irrigação,

situações de déficit hídrico. De acordo com Taiz e Zeiger (2009), a resposta mais proeminente

das plantas ao déficit hídrico, consiste no decréscimo da produção da área foliar, no

fechamento dos estômatos, na aceleração da senescência e na abscisão das folhas.

A mesma situação não ocorreu com o índice de área foliar e a matéria seca onde a

interação foi não-significativa. No caso do IAF, a não interação entre lâminas de irrigação e

densidade populacional pode estar associado ao fato de que o mesmo constitui-se de um

índice calculado por meio da área ocupada pela planta.

A não interação entre os tratamentos lâminas de irrigação e densidade

populacional na MS é decorrente da translocação dos fotoassimilados para outros órgãos.

Nív

eis

de

irri

gaç

ão (

mm

)

Plantas ha-1

x 10³

367,86

1.301,89 cm²

188

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3.3.4 Trocas gasosas foliares

A Tabela 3.3 apresenta o resumo da análise de variância para condutância

estomática (gs), taxa de fotossíntese (A) e taxa de transpiração (E).

Tabela 3.3. Resumo da análise de variância para condutância estomática (gs), taxa de

fotossíntese líquida (A) e taxa de transpiração (E) em plantas de feijão-caupi sob diferentes

lâminas de irrigação e densidades populacionais.

F.V.

G.L.

Quadrado médio

gs A E

Ta (Lâminas) 4 0,837**

1128,581**

134,302**

Resíduo - a 5 0,003 23,758 1,110

Parcelas 9 - - -

CV (%) - 15,29 27,97 18,99

Tb (Densidades) 3 0,017ns

82,475ns

5,789*

Interação Ta x Tb 12 0,009ns

21,359ns

0,801ns

Resíduo - b 15 0,008 27,959 1,237

Total 39 - - -

CV (%) - 22,96 30,34 20,04

*Significativo pelo teste F a 5%; **Significativo pelo teste F a 1%; ns=não significativo.

Constata-se na Tabela 3.3, que não houve interação significativa entre os níveis de

irrigação e densidade de plantas para condutância estomática (gs), taxa de fotossíntese (A) e

taxa de transpiração (E). De acordo com Larcher (2004), a combinação de fatores promotores

de estresses ou uma série de eventos estressantes podem reforçar, diminuir, mascarar ou,

mesmo, reverter a resposta da planta a um simples fator de estresse.

Verificou-se na condutância estomática e taxa de fotossíntese efeito significativo

apenas das lâminas de irrigação. Isso indica que o estresse imposto pelos níveis de irrigação

superou os efeitos proporcionados pela densidade populacional nesses dois parâmetros

fisiológicos, devido à utilização de radiação artificial que anulou o efeito da densidade.

O incremento na condutância estomática ocorreu à medida que se aumentaram os

níveis de irrigação (Figura 3.6 A). Os menores valores, (0,0779 molm-2

s-1

) e

(0,7789 molm-2

s-1

) foram observados nos menores tratamentos L1 e L2, devido ao

fechamento dos estômatos ocasionado pelas condições de déficit hídrico.

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O déficit hídrico causa redução da condutância estomática e das taxas de

transpiração, sendo essas reduções acompanhadas paralelamente pela queda do potencial de

água na folha (OLIVEIRA et al., 2002; LIMA, 2008). O decréscimo na condutância

estomática é uma das formas do feijão-caupi evitar a seca, além da redução da área foliar e

mudança na orientação dos folíolos (SUMMERFIELD et al., 1985).

Esses resultados estão de acordo com os obtidos por Gomes Filho (2002), que ao

verificar o efeito do estresse hídrico em duas cultivares contrastantes de feijão-caupi, sob

condições de campo, observou redução da condutância estomática em virtude do fechamento

dos estômatos durante acentuada deficiência de água no solo.

A aplicação contínua de água elevou a taxa fotossintética, porém não houve

diferenças significativas nas taxas fotossintéticas das plantas sob as lâminas L3, L4 e L5, onde

foram observados os maiores valores, 21 µmolm-2

s-1

, 26 µmolm-2

s-1

e 29 µmolm-2

s-1

,

respectivamente (Figura 3.6 B). Os menores valores (1,0 µmolm-2

s-1

e 10,0 µmolm-2

s-1

)

ocorreram nas menores lâminas L1 e L2, em virtude das condições de deficiência hídrica

impostas por essas lâminas. Segundo Oliveira et al. (2002), sob deficiência hídrica, a queda da

taxa de fotossíntese pode ser relacionada com a limitação da entrada de CO2, consequência do

fechamento dos estômatos em resposta a um decréscimo no potencial hídrico foliar.

Figura 3.6 - Condutância estomática –gs (A) e taxa de fotossíntese líquida (B) de plantas de

feijão-caupi em função dos tratamentos (L1 a L5).

* Médias seguidas das mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05). L1: 30% ETo (201,73 mm); L2: 60% ETo (260,39 mm); L3: 90% ETo (300,50 mm); L4: 120% ETo (340,34 mm) e L5: 150% ETo (393,53 mm).

As reduções sob as menores lâminas foram intensas e bastante expressivas,

entretanto superaram os menores valores de taxas fotossintéticas, 0,10 µmolm-2

s-1

e

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79

0,11 µmolm-2

s-1

encontrados por Lima (2008) ao aplicar deficiência hídrica mais intensa no

feijão-caupi (supressão hídrica aos 38 dias após a semeadura) no estádio vegetativo.

A maior taxa fotossintética sob a L5 (29 µmolm-2

s-1

) está de acordo com a

produtividade de grãos obtida na colheita. A máxima produtividade de grãos

(1.668,86 kg ha-1

) foi obtida com a lâmina de irrigação de 390,88 mm, próxima à lâmina L5

(Capítulo 4, Figura 4.1 A). Além de concordarem com os valores máximos de peso de vagens

(2.248,16 kg) e produtividade de vagens (1.873,45 kg ha-1

), obtidos com a maior lâmina L5

(Capítulo 4, Figuras 4.2 C e 4.2 D).

A Tabela 3.4 apresenta as reduções significativas nas taxas de transpiração

(0,29 mmol-2

s-1

e 2,81 mmolm-2

s-1

) nas menores lâminas, L1 e L2, acompanhando o

desempenho das taxas de fotossíntese e condutância estomática. Nas maiores lâminas, L4 e

L5, com maiores taxas de transpiração (8,65 mmol-2

s-1

e 10,27 mmol-2

s-1

), as diferenças não

foram significativas.

Mendes et al. (2007) também constataram reduções significativas na transpiração

foliar em plantas de feijão-caupi submetidas à deficiência hídrica nas fases vegetativa e

reprodutiva.

Tabela 3.4. Transpiração (E), em folhas maduras de plantas do feijão-caupi em função de

lâminas de irrigação (L) e densidade de plantas (D).

Tratamentos E (mmol-2

s-1

) Tratamentos E (mmol-2

s-1

)

L1 0,29d* D1 5,50AB

L2 2,81c D2 6,28A

L3 5,73b D3 5,90AB

L4 8,65a D4 4,51B

L5 10,27a

*Médias seguidas de mesma letra maiúscula e minúscula na coluna não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. L1: 30% ETo (201,73 mm); L2: 60% ETo (260,39 mm); L3: 90% ETo (300,50 mm); L4: 120% ETo (340,34 mm) e L5: 150% ETo (393,53 mm). D1: 150.000 plantas.ha-1; D2: 200.000 plantas.ha-1; D3: 250.000 plantas.ha-1 e D4: 300.000 plantas.ha-1 .Letras maiúsculas para densidade de plantas e minúscula para lâminas de irrigação.

O efeito do estresse hídrico sobre a transpiração produz significativas diferenças

entre plantas sob deficiência hídrica e irrigadas. A transpiração decresce com a queda dos

potenciais de água no solo, sendo também afetada pelos mesmos fatores que governam a

evaporação enquanto os estômatos estão abertos (KLAR, 1988; LIMA, 2008).

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Em relação ao adensamento populacional, percebe-se que as diferenças nas taxas

de transpiração não foram elevadas quando se adensou o plantio e podem estar associadas ao

efeito de superfície de área e não de folha, além disso, os efeitos das lâminas de irrigação

podem estar superando os resultados das taxas de transpiração obtidos com o adensamento de

plantio.

Entretanto, é importante destacar que o menor valor da taxa de transpiração

observado na maior densidade, D4, pode ter ocorrido em virtude do sombreamento que reduz

a interceptação da radiação solar criando um microclima.

De acordo com Larcher (2004), a taxa de transpiração de folhas isoladas decresce

com o aumento de densidade de comunidade, porque o microclima, no interior desta, tende a

restringir a evaporação (principalmente devido à proteção contra a radiação, vento e à elevada

umidade).

No interior de comunidades fechadas de plantas, das copas densas de árvores e em

outras vegetações firmemente unidas, a umidade é mais alta do que no exterior e a convecção

é mais lenta, de modo que a taxa de transpiração se reduz (LARCHER, 2004).

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3.4 CONCLUSÕES

A área foliar eleva-se com aumentos nos níveis de água e densidade de plantas

com o maior valor 1.301,89 cm² ocorrendo com lâmina de irrigação de 367,86 mm e

densidade de 188.000 plantas ha-1

. Acima desses valores de densidade e lâmina de irrigação, a

área foliar volta a reduzir-se.

A aplicação contínua de água eleva a condutância estomática, a taxa fotossintética

e a transpiração com reduzidos valores nas menores lâminas de irrigação.

A densidade de plantio não influenciou a condutância estomática e a taxa

fotossintética das plantas.

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CAPÍTULO 4: Interação de níveis de água e densidade de plantas nos componentes de

produção, produtividade de grãos e eficiência do uso da água do feijão-caupi

RESUMO

O feijão-caupi, também conhecido como feijão-de-corda ou feijão macassar, é uma cultura

importante para as regiões Norte e Nordeste. O objetivo desse trabalho foi avaliar a possível

interação de níveis de água e densidade de plantas sobre os componentes de produção,

produtividade de grãos e eficiência do uso da água do feijão-caupi, cultivar BRS Itaim. O

experimento foi conduzido na área experimental da Embrapa Meio-Norte, localizada no

município de Teresina, Piauí, no período de julho a setembro de 2012 em um Argissolo

Vermelho-Amarelo. Os tratamentos foram constituídos de cinco níveis de irrigação:

L5-150%; L4-120%; L3-90%; L2-60% e L1-30% da evapotranspiração de referência (ETo) e

quatro densidades de plantas (150.000; 200.000; 250.000; 300.000 plantas ha-1

). Utilizou-se o

delineamento experimental em blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com quatro

repetições, sendo as lâminas de irrigação e as densidades de plantas os fatores principais e

secundários, respectivamente. Houve interação significativa, entre os níveis de irrigação e as

densidades populacionais no número de vagens por planta, peso de vagens, produtividade de

vagens, comprimento de vagem, peso de cem grãos, na produtividade de grãos e eficiência do

uso da água. Apenas no número de grãos por vagem, a interação não foi significativa. A

produtividade de grãos apresentou valor máximo de 1.668,86 kg ha-1

com uma lâmina de

irrigação de 390,88 mm associada à densidade de 241.000 plantas ha-1

. Obteve-se o valor

máximo de eficiência do uso da água, 4,78 kg ha-1

mm-1

, com a lâmina de 342,97 mm e

densidade populacional de 233.000 plantas ha-1

.

Palavras-Chave: Estresse hídrico. Adensamento. Competição intraespecífica.

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CHAPTER 4: Interaction of water levels and plant density on yield components, grain

yield and water use efficiency of cowpea

ABSTRACT

The cowpea, also known as bean-to-string or cowpea, an important crop for the North and

Northeast regions. The aim of this study was to evaluate the possible interaction of water

levels and plant density on yield components, grain yield and water use efficiency of cowpea

cultivar BRS Itaim. The experiment was conducted in the experimental area of Embrapa

Meio-Norte, located in the city of Teresina, Piauí, in the period July to September 2012 in a

Ultisol soil. The treatments consisted of five levels of irrigation: L5-150%; L4-120%;

L3-90%; L2-60% and L1-30% of the reference evapotranspiration (ETo) and four plant

densities (150,000, 200,000, 250,000, 300,000 plants ha-1

). We used a randomized complete

block design in split plot design with four replications, and the irrigation and plant densities in

the primary and secondary, respectively factors. There was a significant interaction between

irrigation levels and population densities in the number of pods per plant, weight of pods, pod

yield, pod length, pod weight of hundred grains, grain yield and water use efficiency. As the

number of grains per pod, the interaction was not significant. Grain yield showed the

maximum value of 1668.86 kg ha-1

with a water depth of 390.88 mm associated with the

density of 241,000 plants ha-1

. Obtained the maximum efficiency of water use,

4.78 kg ha-1

mm-1

, with the blade of 342.97 mm and density of 233,000 plants ha-1

.

Keywords: Water stress. Density. Intraspecific Competition.

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4.1 INTRODUÇÃO

O feijão-caupi, também conhecido como feijão-de-corda ou feijão macassar, é

uma cultura importante para as regiões Norte e Nordeste. Atualmente, com o lançamento de

cultivares melhoradas e a expansão da cultura para a região Centro-Oeste, de tradicional

mecanização, amplia-se a necessidade de estudos que proporcionem o conhecimento do

manejo mais adequado de dois fatores importantes no plantio, níveis de água e densidade de

plantas.

A disponibilidade de água é um fator de relevância no que concerne à

maximização dos ganhos de produtividade do feijão-caupi, nesse caso, o manejo da irrigação

com suprimento adequado segundo suas necessidades hídricas é essencial para o crescimento

e desenvolvimento da planta com consequências diretas no rendimento de grãos.

Além disso, em um contexto onde existe atualmente uma preocupação com a

escassez hídrica, é importante que a agricultura irrigada procure manter-se sustentável, em

termos ambientais e que seja eficiente no uso da água na irrigação (COELHO et al., 2005).

A eficiência do uso da água (EUA) relaciona a produção de biomassa ou produção

comercial pela quantidade de água aplicada ou evapotranspirada. Em agricultura irrigada, a

elevação e a determinação dos níveis da EUA são bastante complexos e requerem

conhecimentos e considerações interdisciplinares (SOUSA et al., 2000).

O uso eficiente da água de irrigação pode ser alcançado atuando-se: a) na estrutura

de irrigação existente, em termos de tipos de cultivo, sistemas de irrigação e gestão do uso de

água; b) nos métodos de manejo da irrigação e c) nas técnicas que permitem aumento da

eficiência do uso da água (COELHO et al., 2005).

Em relação ao adensamento de plantio, a maior expressão do potencial produtivo

de uma cultivar é resultado da combinação de um conjunto de fatores, destacando-se, dentre

eles, a população de plantas por ter influência marcante em várias características

morfológicas, fisiológicas e de rendimento de grãos (BEZERRA, 2005;

BEZERRA et al., 2008).

Dentro desse contexto, objetivou-se com esse trabalho avaliar a influência de

níveis de água e densidade de plantas, e a interação destes dois fatores, sobre os componentes

de produção, produtividade de grãos e eficiência do uso da água do feijão-caupi.

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4.2 MATERIAL E MÉTODOS

Os itens: 4.2.1 Localização da área do experimento, 4.2.2 Análises físico-

hídricas e químicas do solo, 4.2.3 Preparo do solo e adubação, 4.2.4 Semeadura, 4.2.5

Tratos culturais e controle fitossanitário, 4.2.6 Sistema de irrigação e 4.2.7 Tratamentos

e delineamento experimental estão descritos no Capítulo 2.

O item 4.2.8 Caracterização climática encontra-se descrito no Capítulo 3.

4.2.9 Produtividade de grãos e componentes de produção

Realizou-se a colheita no dia 18 de setembro de 2012 em quatro áreas úteis de

cada parcela experimental, sendo uma em cada densidade. Cada área útil apresentava

dimensões de 5,0 m x 2,4 m (12 m²), abrangendo quatro linhas, a partir das quais foram

obtidos: PG - produtividade de grãos (kg ha-1

), PV – peso de vagens (kg), PRODV –

produtividade de vagens (kg ha-1

) e os componentes de produção: NVP - número de vagens

por planta e PCG - peso de cem grãos (g), corrigido para umidade de 13%. Para a obtenção do

COMPV - comprimento de vagem (cm) e NGV - número de grãos por vagem, considerou-se

a média de 10 vagens.

4.2.10 Eficiência do uso da água

Calculou-se a eficiência do uso de água, dividindo as produtividades de grãos

(kg ha-1

) pelas lâminas de irrigação aplicadas (mm), conforme a equação 1.

, kg

, kg ha-1

mm-1

........................................................................................(1)

4.2.11 Análise estatística

Antes de realizar as análises estatísticas dos resultados dos ensaios, aplicaram-se

os testes de Bartlett e Shapiro-Wilk com o objetivo de avaliar a heterocedasticidade da

variância e ajustes dos erros a uma distribuição aproximadamente normal, segundo

metodologia de Conagin (1949) e Nogueira (2007).

L

PGEUA

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A análise de variância seguiu a estrutura de blocos casualizados com parcelas

divididas e após as estimativas das variâncias residuais de cada variável de resposta,

verificou-se a relação entre a maior e a menor variância residual de acordo com Banzatto e

Kronka (2006), Pimentel-Gomes (2009) e Zimmermann (2004).

Em seguida, fez-se uso da regressão polinomial com modelos de primeiro e

segundo graus para os níveis de irrigação e densidade populacional, de acordo com Custódio

et al. (2000).Ajustaram-se funções de resposta do tipo: Y = b0 + b1A + b2A2 + b3B + b4B

2 +

b5AB onde, Y: variável independente; b0..........b5: coeficientes da regressão e A e B: níveis

de irrigação e densidade populacional, respectivamente.

Em função do teste t, obteve-se a seleção do melhor modelo com o auxílio das

significâncias de cada parâmetro, aceitando nível de significância até o limite de 15% de

probabilidade (CONAGIN; JORGE, 1982).

Seguiu-se também a metodologia de Alvarez e Alvarez (2003) em que a escolha

dos níveis de significância para os modelos é direito do autor e para que uma equação seja

significativa, não é necessário que todos os coeficientes sejam significativos, mas, a

significância do modelo deve estar explicitamente apresentada na equação (em cada

coeficiente de regressão) e não com apresentação da significância do R².

Estimaram-se os níveis de irrigação (pontos críticos) que proporcionaram os

máximos valores por meio do cálculo (dx/dy) = 0. Para todas as análises, usou-se o software

SAS (SAS INSTITUTE, 2000).

O programa computacional Surfer 10 (GOLDEN SOFTWARE INC, 2011) foi

utilizado nos casos de interação significativa para a obtenção das superfícies de resposta dos

componentes de produção, produtividade de grãos e eficiência do uso da água em função dos

níveis de irrigação e densidade de plantas.

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4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.1 Lâminas de irrigação aplicadas

As lâminas de irrigação aplicadas antes, durante e após a aplicação dos

tratamentos (período de imposição dos diferentes níveis de estresse hídrico), bem como o

total aplicado durante o ciclo da cultura são apresentados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1. Lâminas de irrigação (L) aplicadas por cada fase do ensaio experimental e os

respectivos valores de coeficiente de uniformidade de Cristhiansen (CUC,%). Fases / Lâminas L1

(mm)

L2

(mm)

L3

(mm)

L4

(mm)

L5

(mm)

Antes do estresse hídrico1 108,16 108,16 108,16 108,16 108,16

Durante o estresse hídrico2 55,57 114,23 154,34 194,18 247,37

Após o estresse hídrico3 38,00 38,00 38,00 38,00 38,00

Total aplicado 201,73 260,39 300,50 340,34 393,53

CUC (%) 84,4 80,3 86,2 82,7 83,1

1 – Período da semeadura até os 30 dias após semeadura (DAS); 2 – período dos 30 DAS aos 55 DAS; 3 –

período dos 55 aos 63 DAS.

A aplicação das frações de 30%, 60%, 90%, 120% e 150% da ETo no período de

desenvolvimento da cultura, resultou nas seguintes lâminas totais de irrigação: 201,73 (L1);

260,39 (L2); 300,50 (L3); 340,34 (L4) e 393,53 mm (L5), respectivamente. O manejo de

irrigação consistiu na aplicação da ETo dos dias anteriores à ultima irrigação.

Da semeadura aos 30 dias de plantio foram aplicadas lâminas uniformes de

irrigação, repondo-se a ETo do dia anterior perfazendo um total de 108,16 mm, o que não

provocou estresse hídrico às plantas e garantiu a germinação e o desenvolvimento inicial do

feijão-caupi.

A partir dos 30 dias até os 55 dias após a semeadura (DAS) do feijão-caupi foram

aplicadas lâminas diferenciadas de irrigação (150%, 120%, 90%, 60% e 30% da ETo),

correspondendo a aplicação total de: 247,37; 194,18; 154,34; 114,23; 55,57 mm,

respectivamente. Após os 55 DAS até a colheita do feijão-caupi (63 DAS), foram aplicadas

novamente lâminas uniformes de irrigação, no total de 38,00 mm, para garantir uma condição

de não estresse hídrico às plantas até o inicio da colheita.

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Ressalta-se, que durante o período experimental não houve a ocorrência de

precipitação pluviométrica, portanto a resposta produtiva ocorreu apenas em função da

aplicação das lâminas de irrigação diferenciadas.

Os valores de CUC oscilaram entre 80,3% (L2) e 86,2% (L3), o que segundo

Mantovani et al. (2007), para o sistema de irrigação por aspersão convencional, são

considerados bons, uma vez que o mesmo recomenda CUC de 80% para esse sistema.

4.3.2 Produtividade de grãos, componentes de produção e eficiência do uso da água

Na Tabela 4.2 são apresentados os coeficientes das equações de regressão para

número de vagens por planta (NVP), produtividade de grãos (PG), número de grãos por

vagem (NGV), peso de vagem (PV), produtividade de vagem (PRODV), comprimento de

vagem (COMPV), peso de cem grãos (PCG) e eficiência do uso da água (EUA) em função de

lâminas de irrigação (L) e densidade de plantas (D)

Tabela 4.2. Coeficientes do modelo da equação de regressão para número de vagens por

planta (NVP), produtividade de grãos (PG), número de grãos por vagem (NGV), peso de

vagem (PV), produtividade de vagem (PRODV), comprimento de vagem (COMPV), peso de

cem grãos (PCG) e eficiência do uso da água (EUA) em função de lâminas de irrigação (L) e

densidade de plantas (D), ponto de máximo lâmina PM (L) e densidade PM (D), valores no

ponto máximo (PM), coeficiente de determinação (R²) e coeficiente de variação (CV%),

Teresina, PI, 2012. Variá. Interce. L L² D D² L x D PM

(L)

PM

(D)

PM R² CV

(%)

NVP -5,00055 0,03379***

-0,00004***

0,07089:o:

-0,00149:o:

-0,00009:o:

393,53 11,37 2,24 0,97 13,52

PG -6653,37 27,01037***

-0,03914***

252,48***

-6,44279***

0,14881**

390,88 24,10 1.668,86 0,90 18,36

NGV 1,28741 0,01076* -0,00001

* -0,0045

ns -0,00027

ns 0,00002

ns 393,53 13,26 3,44 0,77 5,30

PV -6481,53 29,4065***

-0,04310* 202,9630

*** -6,145025

*** 0,26161

** 393,53 25,41 2. 2.248,16 0,89 18,88

PRODV -5401,48 24,5069***

-0,03591* 169,1354

*** -5,12080

*** 0,21800

** 393,53 25,41 1. 1.873,45 0 0,89 18,88

COMPV -10,76689 0,160481***

-0,00024***

0,136089ns

-0,006791∆ 0,00048

* 348,40 22,32 18,70 0,88 4,53

PCG -30,61652 0,396405***

-0,00067***

-0,66816∆ 0,004714

ns 0,00114

* 322,63 30,00 2 22,72 0,87 7,96

EUA -24,310319 0,111250***

-0,00017***

0,85897***

-0,02135***:

0,00040* 342,97 23,32 4,78 0,89 17,12

***: significativo (p=<0,001); **: significativo(0,01>=p>0,001); *: significativo (0,05>=p>0,01); :o:: significativo (0,15>=p>0,10); ∆: significativo (0,10>=p>0,05), n.s.: não significativo (p>0,20).

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Houve interação significativa, entre os níveis de irrigação e a densidade

populacional, o que indica a necessidade de geração de superfícies de resposta para a

avaliação do efeito integrado da aplicação das lâminas de irrigação e densidades

populacionais nos componentes de produção: NVP (0,15>=p>0,10), PV (0,01>=p>0,001),

PRODV (0,01>=p>0,001), COMPV (0,05>=p>0,01), PCG (0,05>=p>0,01) e PG

(0,01>=p>0,001). O efeito da interação da aplicação conjunta de água versus densidade de

plantas no componente NGV não foi significativo, o mesmo ocorreu com o efeito da

densidade.

O valor máximo de PG (1.668,86 kg ha-1

) foi obtido com a lâmina de 390,88 mm

e a densidade populacional de 24,10 plantas m-2

(241.000 plantas ha-1

) (Figura 4.1 A). Os

resultados indicam que existe uma combinação de lâmina de irrigação e densidade

populacional que maximizaram a produtividade de grãos do feijão-caupi. O aumento na

densidade de plantio determinou incremento na produtividade de grãos (PG) até o limite

máximo 241.000 plantas ha-1

, a partir desse houve reduções nos valores de PG.

Figura 4.1 - Superfícies de resposta da produtividade de grãos (A) e número de vagens por

plantas (B) do feijão-caupi, com a aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas.

Plantas ha-1

x 10³

Nív

eis

de

irri

gaç

ão (

mm

)

A B

Plantas ha-1

x 10³

241

390,88

1.668,86 kg ha-1

393,53 2,24

114

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Segundo Bezerra et al. (2008), reduções na produtividade com o aumento de

densidades de plantas estão associadas à redução no número de ramos laterais que ocorre em

virtude do nível de competição entre plantas que se estabelece em altas densidades e afeta

diretamente a capacidade produtiva das mesmas. Por outro lado, as reduções no número de

ramos laterais com a elevação da densidade populacional podem ser favoráveis ao processo de

modernização e tecnificação dos sistemas de produção do feijão-caupi.

Bezerra et al. (2008), com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes densidades

populacionais (105, 3x10

5 e 5x10

5 plantas ha

-1) sobre as características morfológicas e de

produção em genótipos modernos de feijão-caupi de porte ereto e hábito de crescimento

determinado, obteve a maior produtividade de grãos (1.836 kg ha-1

) com uma população

aproximada de 300.000 plantas ha-1

. Na população de 300.000 plantas ha-1

houve uma

competição em tempo e níveis favoráveis, ocorrendo uma interação cooperativa, que

favoreceu a maior produtividade de grãos.

Nesse sentido, nessa pesquisa, a ocorrência de uma interação cooperativa que

contribuiu para a maior produtividade de grãos foi obtida com uma densidade

241.000 plantas ha-1

. A constatação de redução de produtividade de grãos com a elevação

deuma densidade inferior à observada pelo autor pode estar associada à variedade e,

principalmente, à interação com lâminas de irrigação que, com aumentos sucessivos,

contribuíram para a ocorrência deum intenso sombreamento, resultado do elevado

crescimento vegetativo.

De acordo com Grandis (2010), a fotossíntese pode ser limitada pela baixa

luminosidade promovendo uma diminuição no ganho de carbono, crescimento das plantas e,

consequentemente, na produtividade de grãos.

Nas Figuras 4.1B e 4.2C e 4.2D verifica-se que o NVP, PV e PRODV,

apresentaram valores máximos, respectivamente de 2,24, 2.248,16 kg e 1.873,45 kg ha-1

sob

as densidades de plantas aproximadas de: 114.000 e 254.000 plantas ha-1

e mesma lâmina de

irrigação 393,53 mm, ou seja, a maior lâmina. Ressalta-se, que os dados de NVP e NGV

foram transformados em raiz quadrada e que não houve interação significativa entre lâminas

de irrigação e densidade de plantas no NGV.

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Figura 4.2 - Superfícies de resposta do peso de vagens (C) e produtividade de vagens (D) do

feijão-caupi, com a aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas.

Os valores máximos de PCG (22,72 g) e COMPV (18,70 cm) foram obtidos com

as lâminas de irrigação de 322,63 mm e 348,40 mm e densidade de plantas de

300.000 plantas ha-1

e 223.000 plantas ha-1

, respectivamente, ressalta-se que o efeito

quadrático da densidade de plantas no PCG não foi significativo (Figuras 4.3 E e F).

Os menores valores observados nos componentes de produção e na produtividade

de grãos ocorreram em virtude do estresse hídrico imposto pelas menores lâminas de irrigação

que reduziram o conteúdo de água no solo. Esse comportamento indica que além da

intensidade luminosa, temperatura, concentração de CO2 e teor de nitrogênio da folha, a

umidade do solo também é um fator que afeta a atividade fotossintética dos vegetais

(MARENCO; LOPES, 2005; COSTA; MARENCO, 2007).

Os resultados diferenciam de Bastos; Andrade Júnior (2009), que ao estudarem os

efeitos da aplicação de quatro lâminas de irrigação (328,7; 375,7; 421,3 e 505,8 mm) sobre a

produtividade de grãos de feijão-caupi, cv. BRS Guariba e seus componentes, nas condições

edafoclimáticas do Vale do Gurguéia, PI, obtiveram um valor máximo de produtividade de

grãos (1.192,1 kg ha-1

) e número de vagens por planta (9,0) com as lâminas de 421,1 e

426,6 mm, respectivamente. As diferenças nos resultados podem estar associadas às

C D

Nív

eis

de

irri

gaç

ão (

mm

)

Plantas ha-1

x 10³ Plantas ha-1

x 10³

393,53

254

2.248,16 kg 393,53 1.873,45 kg

254

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condições climáticas, à variedade e, principalmente, à interação com o adensamento de

plantio.

Figura 4.3 - Superfícies de resposta do peso de cem grãos (E) e comprimento de vagens (F)

do feijão-caupi, com a aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas.

Em relação à eficiência do uso da água (EUA) em função de lâminas de irrigação

(L) e densidade de plantas (D), percebe-se que houve interação significativa, entre os níveis

de irrigação e as densidades populacionais, o que indica a necessidade de geração de

superfície de resposta para avaliar o efeito integrado da aplicação das lâminas de irrigação e

densidades populacionais na EUA (0,05>=p>0,01).

Os resultados indicam que existe uma combinação de lâmina de irrigação e

densidade populacional que influenciam a EUA do feijão-caupi. A combinação é formada

pela lâmina de 342,97 mm e densidade populacional de aproximadamente

233.000 plantas ha-1

o que proporcionou o valor máximo de EUA de 4,78 kg ha-1

mm-1

. Com o

aumento desses dois fatores houve reduções nos valores de EUA (Figura 4.4).

A água que é evaporada não é utilizada pela planta, mas é contabilizada no

consumo de água nesses tratamentos, fazendo com que diminuam os valores de EUA, assim

Nív

eis

de

irri

gaçã

o (

mm

) E F

Nív

eis

de

irri

gaç

ão (

mm

)

Plantas ha-1

x 10³ Plantas ha-1

x 10³

322,63 22,72 g

300

18,70 cm

223

348,40

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nessa pesquisa, valores inferiores de EUA em densidades abaixo de 233.000 plantas ha-1

,

ocorreram em virtude de ainda haver solo descoberto, com maior evaporação.

Figura 4.4 - Superfície de resposta da eficiência do uso da água (EUA) do feijão-caupi, com a

aplicação de níveis de irrigação e densidade de plantas.

Andrade Júnior et al. (2002), nas mesmas condições edafoclimáticas, obtiveram

EUA de 6,30 kg m-3

, para a cultivar BR 17 Gurguéia, com aplicação de lâminas de irrigação

no intervalo de 362 a 426 mm, a EUA obtida nessa pesquisa é inferior à obtida pelo autor, o

que pode estar associado às características da variedade e ao efeito conjunto dos níveis de

irrigação e das densidades de plantas.

4,78 kg ha-1 mm-1

Nív

eis

de

irri

gaç

ão (

mm

)

Plantas ha-1

x 10³

342,97

233

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4.4 CONCLUSÕES

Houve interação significativa, entre os níveis de irrigação e as densidades

populacionais na produtividade de grãos, número de vagens por planta, peso de vagens,

produtividade de vagens, comprimento de vagem, peso de cem grãos e eficiência do uso da

água.

A produtividade de grãos apresentou valor máximo de: 1.668,86 kg ha-1

alcançado com a lâmina de: 390,88 mm associada à densidade de: 241.000 plantas ha-1

.

O valor máximo de eficiência do uso da água de 4,78 kg ha-1

mm-1

foi obtido com

a lâmina de 342,97 mm e a densidade populacional de 233.000 plantas ha-1

.

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4.5 REFERÊNCIAS

ALVAREZ V. V. H.; ALVAREZ, G. A. M. Apresentação de equações de regressão e suas

interpretações. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa,

MG, v.28, n.3, p.28-32, 2003.

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100

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O feijão-caupi em virtude da sua importância nos aspectos econômicos, sociais e

nutricionais sempre será objeto de pesquisa. Além disso, o lançamento ano após ano de

variedades melhoradas, adaptadas aos diferentes ecossistemas tornam necessárias pesquisas

com o objetivo de que essas cultivares expressem suas características de maneira mais

eficiente, com reflexos na elevação da produtividade de grãos.

No presente estudo, quando se relaciona o perfil médio da extração de água no

solo na maior lâmina (L5-150% ETo), durante o ciclo de cultivo, com a produtividade de

grãos obtida na colheita, os resultados demonstram que a máxima produtividade de grãos

(1.668,86 kg ha-1

) foi obtida com a lâminas de 390,88 mm, muito próxima à L5 de 393,53 mm

e densidade de 241.000 plantas ha-1

, situada justamente entre a D2 (200.000 plantas ha-1

) e D3

(250.000 plantas ha-1

), com conteúdo de água no solo, variando na faixa aproximada de 80%

(na camada de 0,10 m) a 60% (na camada de 0,30 m).

Nas menores lâminas de irrigação (L2-60% ETo e L1-30% ETo) ocorre elevação

no conteúdo médio de água no solo na camada de 0,30 m, sendo que com L2 essa elevação

alcança 50% e com L1, 40%, essa elevação na camada de 0,30 m pode estar associada ao não

alcance das raízes como consequência do elevado estresse hídrico que ocorreu nestas lâminas.

O estresse hídrico nas menores lâminas (L3-90% ETo, L2-60% ETo e L1-30%

ETo) influencia a competição intraespecífica tornando semelhante a capacidade das plantas

em extrair água, sob diferentes densidades. O potencial produtivo, sob essas condições reduz-

se significativamente consequência direta das alterações fisiológicas ocasionadas pelo estresse

hídrico.

O maior valor de AF sob a lâmina de 367,86 mm, situou-se entre as menores

densidades (D1-150.000 e D2-200.000 plantas ha-1

), com o adensamento do plantio reduziu-

se a AF, entretanto, em termos de produtividade de grãos, o maior valor (1668,86 kg ha-1

) foi

obtido com uma densidade mais elevada (241.000 plantas ha-1

) indicando que a redução da

área foliar, sob maiores densidades, favoreceu a formação de vagens e grãos. Os menores

valores de AF foram observados nas menores lâminas de irrigação, ou seja, sob condições de

déficit hídrico.

O incremento na condutância estomática ocorreu à medida que se aumentaram os

níveis de irrigação, os menores valores, (0,0779 molm-2

s-1

) e (0,7789 molm-2

s-1

) foram

observados nas menores lâminas L1 e L2, devido ao fechamento dos estômatos ocasionado

pelas condições de déficit hídrico.

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A aplicação contínua de água elevou a taxa fotossintética, onde foram observados

os maiores valores nas lâminas L3 (21 µmolm-2

s-1

), L4 (26 µmolm-2

s-1

) e L5 (29 µmolm-2

s-1

).

Com maior taxa fotossintética sob a L5 (29 µmolm-2

s-1

) o que está de acordo com a maior

produtividade de grãos obtida na colheita (1.668,86 kg ha-1

). Além de concordarem com os

valores máximos de peso de vagens (2.248,16 kg) e produtividade de vagens

(1.873,45 kg ha-1

), obtidos com a maior lâmina L5.

Reduções significativas nas taxas de transpiração (0,29 mmol-2

s-1

e

2,81 mmolm-2

s-1

) ocorreram nas menores lâminas, L1 e L2, acompanhando o desempenho das

taxas de fotossíntese e condutância estomática. Nas maiores lâminas, L4 e L5, foram

observadas maiores taxas de transpiração (8,65 mmol-2

s-1

e 10,27 mmol-2

s-1

).

Portanto, o estudo comprova que o conteúdo de água no solo e a densidade de

plantas influenciam na dinâmica fisiológica do feijão-caupi com consequências diretas nos

componentes de produção e produtividade de grãos, uma vez que a maior lâmina de

393,53 mm (L5-150% ETo) e a densidade de plantas de 241.000 plantas ha-1

(situada entre D2

e D3), contribuíram para a manutenção do conteúdo de água no solo entre 80% (na camada de

0,10 m) a 60% (na camada de 0,30 m) condições ideais para que a cultura apresentasse

elevadas taxas fotossintéticas ocasionando a maior produtividade de grãos (1.668,86 kg ha-1

).

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102

ANEXO

b

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103

ANEXO A - Resumo da análise de variância (quadrados médios) de produtividade de grãos

(PG), raiz quadrada de número de vagens por plantas (RQNVP), raiz quadrada número de

grãos por vagem (RQNGV) e peso de vagens (PV).

F.V.

G.L.

Quadrado médio

PG RQNVP RQNGV PV

BL 33 3 215267,72* 0,19050066

* 0,07037382

ns 396635,35

*

LÂM 4 5156858,42**

5,66980869**

0,98889418**

9101135,74**

Erro (a) 12 100770,43 0,06114169 0,04780885

135999,06

DEN 3 744984,37**

0,51965711**

0,07468544ns

698686,54**

LAM X DEN 12 102050,73* 0,04781768

ns 0,01100548

ns 253416,78

*

Erro (b) 45 32085,88 0,04059531 0,02822894 60079,78

ns: não significativo; * significativo a 5%; ** significativo a 1%.

ANEXO B - Resumo da análise de variância (quadrados médios) de produtividade de vagens

(PRODV), comprimento de vagem (COMPV), peso de cem grãos (PCG) e eficiência do uso

da água (EUA)

F.V.

G.L.

Quadrado médio

PRODV COMPV PCG EUA

BL 3 275458,51 2,7766384* 1,0222210

ns 3,1027131

**

LÂM 4 6320318,07 75,3547010**

215,4989904**

33,5198227**

Erro (a) 12 94434,27 1,6483687 1,8008906 1,0061791

DEN 3 485191,33 1,3539104ns

11,7897416* 8,1372397

**

LAMX DEN 12 175990,44 1,5635861* 2,1505826

ns 0,7506438

*

Erro (b) 45 41720,41 0,5817290 2,603596 0,2676661

ns: não significativo; * significativo a 5%; ** significativo a 1%.

ANEXO C - Resumo da análise de variância (quadrados médios) de área foliar (AF), índice

de área foliar (IAF) e matéria seca (MS).

F.V.

G.L.

Quadrado médio

AF IAF MS

BL 3 13446,19ns

0,0787343ns

3,587944ns

LÂM 4 1100739,92**

4,9433018**

52,535331**

Erro (a) 12 6958,12 0,0274771 2,146856

DEN 3 570641,21**

3,2523336**

32,924584**

LAM X DEN 12 103261,19**

0,4655901**

11,611539*

Erro (b) 45 17381,71 0,1038039 3,186808

ns: não significativo; * significativo a 5%; ** significativo a 1%.