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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL MARCELO MEIRELES NETO USO RACIONAL DE ÁGUAS EM PRÉDIOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Fortaleza - Ceará 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE … Racional de... · DBO - Demanda Biológica de Oxigênio DQO - Demanda Química de Oxigênio ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL

MARCELO MEIRELES NETO

USO RACIONAL DE ÁGUAS EM PRÉDIOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Fortaleza - Ceará

2009

ii

MARCELO MEIRELES NETO

USO RACIONAL DE ÁGUAS EM PRÉDIOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. André Bezerra dos Santos

FORTALEZA 2009

iii

MARCELO MEIRELES NETO

USO RACIONAL DE ÁGUAS EM PRÉDIOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aprovada em ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. André Bezerra dos Santos (Orientador) Universidade Federal do Ceará - UFC

Engº Márcio Pessoa Botto Universidade Federal do Ceará - UFC

Engo Marcos Érick Rodrigues da Silva Universidade Federal do Ceará - UFC

iv

Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo R. M. Meireles e Irani do Nascimento R. Meireles, por todo apoio e encorajamento dado em meus estudos.

v

AGRADECIMENTOS

• À Deus por todas as oportunidades que tem me oferecido.

• Ao meu querido avô Marcelo Meireles por todo entusiasmo e alegrias que me deu.

• Ao professor André Bezerra por toda paciência e dedicação cedida para este trabalho.

• À todos os meus amigos de faculdade que dividiram horas de estudo e trabalho, em

especial a Liduino Marques, Marcos Andrew e Lucas Praciano.

• Ao meu irmão Bruno pela paciência de sempre me ouvir.

• Aos meus pais Paulo Roberto e Irani Meireles por todo incentivo em todas as minhas

atividades.

vi

SUMÁRIO

1  INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 

1.1  Objetivos ................................................................................................................... 12 

1.1.1  Objetivo geral ................................................................................................... 12 

1.1.2  Objetivos Específicos ....................................................................................... 12 

2  REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 13 

2.1  Escassez de água ....................................................................................................... 13 

2.2  Consumo de água potável ........................................................................................ 14 

2.3  Produção de águas residuárias ............................................................................... 16 

2.4  Água Cinza ............................................................................................................... 18 

2.4.1  Tratamento de água cinza ................................................................................. 22 

2.4.2  Tratamento Primário ......................................................................................... 23 

2.4.3  Tratamento Secundário ..................................................................................... 23 

2.4.4  Tratamento Terciário ........................................................................................ 24 

2.5  Aproveitamento da água de chuva ......................................................................... 24 

2.6  Implantação do sistema de reúso de água cinza .................................................... 25 

2.6.1  Oportunidades para implantação de sistemas de reúso. ................................... 25 

2.6.2  Dificuldades para implantação de sistemas de reúso........................................ 26 

2.7  Tecnologia do tratamento e retorno financeiro..................................................... 27 

3  METODOLOGIA ........................................................................................................... 30 

3.1  Local da pesquisa ..................................................................................................... 30 

3.2  Estudo da economia de água nos banheiros do Centro de Tecnologia ............... 32 

3.2.1  Cenário 1 – Sem o uso de águas cinzas ............................................................ 32 

3.2.2  Cenário 2 – Com o uso de águas cinzas ........................................................... 33 

4  RESULTADOS ............................................................................................................... 34 

4.1  Características das instalações dos banheiros do CT ........................................... 34 

4.2  Despesas de água potável e esgoto dos blocos – Cenário 1 ................................... 36 

4.3  Despesas de água potável, esgoto e água cinza dos blocos – Cenário 2 ............... 42 

4.4  Análise e Retorno financeiro ................................................................................... 46 

4.5  Análise de custos e tempos retorno sob outras considerações ............................. 48 

5  CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 50 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 51 

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Consumo de água em São Paulo - Brasil............................................................ 11

Figura2. 2 – Distribuição da demanda de água no Brasil....................................................... 14

Figura 2.3 – Etapas, atividades e produtos de um programa de conservação de água........... 16

Figura 2.4 – Sistema convencional de tratamento de água e esgoto....................................... 17

Figura 2.5 – Vaso separador de excretas................................................................................. 18

Figura 2.6 – Esquema do tratamento da ETAC...................................................................... 28

Figura 2.7 – Características visuais da água cinza.................................................................. 28

Figura 3.8 - Exemplo do questionário elaborado para avaliação das instalações hidro-

sanitárias dos blocos do CT da UFC....................................................................................... 31

Figura 4.9 - Distribuição de vasos sanitários nos blocos do Centro de Tecnologia – UFC.... 34

Figura 4.10 – Mictório de aço do banheiro masculino superior do bloco 713....................... 35

Figura 4.11 – Parte inferior do mictório................................................................................. 36

Figura 4.12 – Distribuição de consumo dos blocos................................................................ 39

Figura 4.13 - Despesa média de água potável......................................................................... 40

Figura 4.14 - Consumo médio de água potável...................................................................... 40

Figura 4.15 - Distribuição da despesa final - cenário 1.......................................................... 42

Figura 4.16 – Diferença de custos ao longo dos meses.......................................................... 46

Figura 4.17 – Evolução da dívida ao longo dos anos sob as considerações adotadas. .......... 47

Figura 4.18 – Valores da economia em função de CR e Pesos dos vasos.............................. 48

Figura 4.19 – Tempo de retorno em função de CR e pesos dos vasos.................................... 49

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Tratamentos, destinos e tipos de águas residuárias........................................... 17

Tabela 2.2 - Faixa de valores para parâmetros físico-químicos encontrados na água cinza.. 20

Tabela 2.3 - Parâmetros característicos para água de reúso classe 1...................................... 21

Tabela 2.4 – Comparação dos parâmetros característicos entre países.................................. 21

Tabela 2.5 – Exemplo de leis e normas regulamentadoras em alguns municípios................ 26

Tabela 2.6 – Modelo de tarifação da CAGECE..................................................................... 27

Tabela 3.7 – Nomes dos blocos visitados............................................................................... 30

Tabela 4.8 – Quantidade e aparelhos registrados................................................................... 34

Tabela 4.9 – Histórico de consumo e despesa do CT............................................................. 37

Tabela 4.10 – Médias mensais de consumo e despesa.......................................................... 40

Tabela 4.11 – Composição do custo de água potável mais custo de esgoto.......................... 41

Tabela 4.12 – Processo de estimativa dos volumes de demanda e produção......................... 44

Tabela 4.13 - Composição do custo de água potável, de esgoto e água cinza – Cenário 2.... 45

Tabela 4.14 – Resumo de custos e economias....................................................................... 46

Tabela 4.15 – Economia e retorno com diferentes coeficientes de retorno e pesos

contribuição de vasos ao esgoto............................................................................................. 48

ix

LISTA DE SIGLAS

CAGECE – Companhia de Água e Esgoto do Ceará

ETAC – Estação de Tratamento do Ceará

CR – Coeficiente de Retorno

UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket

CT – Centro de Tecnologia

DBO - Demanda Biológica de Oxigênio

DQO - Demanda Química de Oxigênio

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

O&G – Óleos e Graxas

SST – Sólidos Suspensos Totais

RAC - Reator Anaeróbio Compartimentado

TDH - Tempo de Detenção Hidráulica

FBAS - Filtro Biológico Aerado Submerso

x

RESUMO

É de conhecimento comum que há a necessidade cada vez maior do racionamento de água potável devido às atividades crescentes da indústria e da população. Uma opção para a economia desse recurso natural é através do reúso de águas cinzas, ou seja, aquelas águas produzidas por aparelhos que não sejam vasos sanitários. Estudos em edificações demonstram que sistemas de coleta, tratamento e reúso de águas cinzas são pagos em menos de oito anos, com uma economia de água de cerca de 30 a 40%. Entretanto, poucas são as informações nacionais sobre o uso racional de água em prédios, e não se tem conhecimento sobre nenhum tipo de estudo conduzido na Universidade Federal do Ceará (UFC). A presente pesquisa tem como objetivo geral avaliar o uso racional de água em prédios públicos, fazendo um estudo de caso no Centro de Tecnologia da UFC. Ela conta com os seguintes objetivos específicos:

avaliar o histórico do consumo de água nos diversos blocos do CT da UFC a partir de contas mensais; elaborar um questionário para diagnóstico das instalações sanitárias dos blocos do CT com vista a estimar a produção de águas cinzas e propor substituições nos aparelhos e instalações sanitárias que tragam economias de água para o CT; realizar um estudo financeiro que indique se há viabilidade econômica para o reúso de águas cinzas; propor outras formas de gerenciamento e uso racional de águas.

O estudo de viabilidade partiu do princípio de encontrar valores dos custos unitários da água potável, cinza e esgoto. Baseado em custos reais do histórico de despesa de água do CT, chegou-se a um valor médio de R$ 3,09/m³. Sabendo que o tratamento de esgoto é mais caro que o de água, considerou-se que o custo unitário de esgoto como sendo o dobro do valor da água, resultando em R$ 6,18/m³. Consultando valores de demanda do vaso e admitindo um custo unitário de tratamento de água cinza de R$1,30/m³, foram obtidas economias mensais. Inicialmente assumindo um coeficiente de retorno (CR) de 0,8 e que o vaso sanitário representa um consumo de 30% do total do banheiro, foi obtida uma economia de R$ 2.647,3 por mês e o tempo de retorno obtido foi de aproximadamente 5 anos, desprezando a influência dos juros da poupança e inflação por possuírem valores próximos. Finalmente, variaram-se os valores de CR e demanda do vaso. Isso demonstrou que a água cinza era viável em diversas situações, mas que aumentava o tempo de retorno do investimento na medida em que se considerava uma demanda maior dos vasos sanitários.

Palavras-chave: Reúso; águas cinza; estudo de viabilidade; prédios públicos; Centro de Tecnologia.

11

1 INTRODUÇÃO Nota-se, atualmente, que há uma crescente carência na obtenção e distribuição de

água potável em diversos centros populacionais. A obtenção de água para o abastecimento

público é uma tarefa cada vez mais cara e complexa do ponto de vista tecnológico, seja pela

distância cada vez maior dos mananciais, seja em função da poluição hídrica e a degradação

ambiental dos corpos de água que onera o seu tratamento (Valentina, 2006).

Juntamente a estes fatos, a demanda está aumentando devido ao desenvolvimento

da economia e população. Muitas vezes a água é escassa, provocando limitações para

desenvolvimento populacional, social e econômico. Tais conseqüências instigam o

desenvolvimento de tecnologias e medidas para o uso racional e reaproveitamento da água em

edificações públicas e privadas, já que em muitas situações um correto gerenciamento da água

atenua o problema de sua escassez.

Estudos indicam que o vaso sanitário é o maior vilão em termos de consumo de

água potável em uma residência (Figura 1), quando se poderia ser usada uma água menos

nobre.

Figura 1.1 – Consumo de água em São Paulo - Brasil. Fonte: Gonçalves, 2006.

12

O uso racional de água visa justamente aumentar a oferta de água em uma

residência, a partir da:

• Captação e uso de água de chuva;

• Separação, tratamento e reúso das águas cinzas, ou seja, aquelas provenientes

de lavatórios, chuveiro, máquina de lavar roupas, etc., ou seja, tudo com

exceção do vaso sanitário. O reúso das águas cinzas tem sido proposto

principalmente para a descarga de vasos sanitários, jardim e lavagem de

carros.

• Utilização de sistemas economizadores de água, etc.

Estudos em edificações demonstram que sistemas de coleta, tratamento e reúso de

águas cinzas são pagos em menos de oito anos, com uma economia de água de cerca de 30 a

40%. Entretanto, poucas são as informações nacionais sobre o uso racional de água em

prédios, e não se tem conhecimento sobre nenhum tipo de estudo conduzido na UFC.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar o uso racional de água em prédios públicos, fazendo um estudo de caso no Centro de

Tecnologia da Universidade Federal do Ceará.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Avaliar o histórico do consumo de água nos diversos blocos do CT da UFC a partir de

contas mensais.

• Levantar por meio da observação e formulário padrão as condições sanitárias dos

banheiros do CT com vista a estimar a produção de águas cinzas e propor

substituições nos aparelhos e instalações sanitárias que tragam economias de água para

o CT.

• Realizar um estudo financeiro que indique se há viabilidade econômica para o reúso

de águas cinzas.

• Propor outras formas de gerenciamento e uso racional de águas.

13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Escassez de água Por anos, a sociedade encarou a água como um recurso natural, porém a consumia

com uma postura como recurso infinito. De fato, a água é um recurso que se renova por

possuir um ciclo hidrológico natural. O consumo de água sextuplicou no século XX, mas a

distribuição per capita hoje está despencando. Em 2025, quando a expectativa é de que a

população mundial seja de oito bilhões de pessoas, será de 4.800 metros cúbicos por pessoa

(Globo, 2009).

Pode-se apontar que o contínuo crescimento populacional e industrial resultou em

uma demanda de água de mesmas proporções, a qual ocasionalmente não pode ser atendida.

Quando isto acontece, tanto a sociedade quanto a economia sofrem (Gonçalves, 2006).

Silva (2004) apud Gonçalves (2006) afirma que as principais causas da escassez

da água podem ser resumidas como:

• Urbanização elevada e desordenada da infra-estrutura urbana;

• Diversificação e intensificação das atividades e conseqüentemente do uso da água;

• Impermeabilização e erosão do solo;

• Ocupação de área de mananciais, com conseqüente poluição e assoreamento das

margens;

• Conflitos gerados pelas concorrências entre os diversos aproveitamentos de água;

• Preponderância histórica dos interesses do setor hidroelétrico na política dos recursos

hídricos;

• Deficiências do setor de saneamento e a relação entre água e saúde.

Já que o crescimento populacional e industrial está relacionado com a

disponibilidade de água, conclui-se que esta seja um fator limitante para o desenvolvimento

agrícola, urbano e industrial. Este contínuo aumento da demanda faz com que a

disponibilidade per capita de água seja diminuída, pois além da diversidade de uso há uma

maior produção de águas residuárias.

Hoje, no Brasil, ver-se que diversas regiões, apesar de possuírem recursos hídricos

abundantes, sofrem em atender suas demandas crescentes. Isto evidencia que a escassez não é

mais inerente apenas às regiões áridas e semi-áridas.

14

Segundo o Manual de Conservação e Reúso de Água em Edificações (FIESP,

2005), o equilíbrio entre oferta e demanda de água garante o crescimento da sociedade e da

economia. Para isto, é necessário adotar práticas conservacionistas, as quais são conhecidas

por reúso, reciclagem, gestão de demanda e otimização na geração de efluentes. Outra prática

mencionada é a medição individualizada de consumo de água em condomínio. A medição

individual pode propiciar uma redução de até 25% no consumo de água.

Aditivamente a estes fatos e dificuldades, o custo empregado na captação de água

oriunda de outras fontes é crescente. Isto motiva a adoção de soluções diferentes das usuais,

onde o reúso de águas cinza é uma opção. Do ponto de vista ambiental, a crescente

conscientização da sociedade de que os recursos hídricos são finitos aumenta as exigências

pela conservação (GONÇALVES, 2006).

2.2 Consumo de água potável Obviamente, a água é encontrada em diversos setores da economia e sociedade. É

empregada em diversas atividades, sejam elas domésticas, industriais, agrícolas ou públicas.

A demanda oriunda destas atividades consiste na parcela do consumo somada com a parcela

do desperdício. No Brasil, a distribuição da demanda em atividades está exemplificada na

imagem a seguir:

Figura 2.2 – Distribuição da demanda de água no Brasil

Fonte: ANA (2003) apud GONÇALVES (2006)

15

De acordo com Tomaz (2003), uma das subdivisões do consumo em áreas urbanas

é o consumo residencial. Este se refere a casas e edifícios residenciais. Para se ter referência

do consumo residencial, usa-se o consumo per capita como parâmetro. Pesquisas realizadas

pelo Ministério das Cidades em 2003 mostram que o consumo por habitante no Brasil é de

141L/hab.dia e, mais especificamente, de 107,3L/hab.dia na região nordeste.

Por sua vez, estes parâmetros são influenciados por questões de clima da região,

cultura, renda familiar, tarifa e outras. Outra ferramenta para o estudo do consumo de água

residencial, além do consumo per capita e suas questões de influência, é a identificação dos

locais de consumo. Estes locais podem ser externos, como irrigação e lavagem de garagens, e

internos da residência, como higiene pessoal e descarga de banheiros.

Diversos estudos já foram realizados no Brasil e exterior, tendo resultados

distintos para a quantificação da demanda nesses locais de consumo. Por exemplo, estudos

indicaram que 5% do consumo de água de um apartamento de um conjunto habitacional de

interesse social provêm do vaso sanitário (FIESP, 2005). Gonçalves et al. (2003) já relatam que o

vaso sanitário, em edificação domiciliar, passaria a demandar 29% do consumo total. Conclui-

se assim que a demanda pode variar em função da renda familiar, mas todas concordam que o

banheiro é o principal local de consumo de água.

Segundo Bazarella (2005), o conhecimento dos consumos específicos de água que

ocorrem nos diversos pontos de utilização de uma residência é de fundamental importância

para se saber onde se deve priorizar as ações de conservação do uso da água em edificações.

Logo, para a implantação de um sistema de reúso ou conservação de água, deve-se realizar

um estudo de demanda e oferta de água devido a pessoas e outras atividades. Esse estudo

deverá contemplar uma análise técnica e econômica para ser implantado. A Figura 3 resume

as atividades necessárias para estudo e implantação de um sistema que conserve a água.

16

2.3 Produção de águas residuárias Como foi visto, a água é necessária para o desenvolvimento de diferentes

atividades. Dessa necessidade e consumo é certo a produção de água residuária, a qual é toda

aquela gerada após seu uso. Especificamente, a água descartada em uma residência passa a ser

chamada de água residuária doméstica. Ela é gerada em pias, banhos, máquinas de lavar e

vasos sanitários. Esta água residuária doméstica ou esgoto doméstico é coletado e destinado

ao sistema de tratamento.

O sistema urbano convencional de uso da água é pensado de maneira linear.

Consiste em basicamente na coleta de água de uma fonte, tratamento mínimo para consumo e

lançamento do resíduo em um corpo d’água, podendo ser ou não coletada novamente. A

figura 4 resume o sistema convencional de esgotamento sanitário. Este procedimento implica

em uma acumulação de materiais, pois são simplesmente descartados quando poderiam ser

inseridos em um sistema que funcionasse de modo cíclico e não linear.

Figura 2.3 – Etapas, atividades e produtos de um programa de conservação de água

Fonte: Adaptado de Gonçalves et al, 2006

17

O Saneamento ecológico, também conhecido como ECOSAN, surge como

alternativa no tratamento dos resíduos gerados pelo homem. O ponto chave para seu

funcionamento consiste na segregação de materiais na fonte geradora. Basicamente, pode-se

resumir na separação da matéria orgânica dos líquidos, enquanto estes podem ser subdivididos

em outras categorias. A Tabela 1 resume e exemplifica os tratamentos necessários juntamente

com destinos apropriados para cada tipo de água originada do esgoto doméstico.

Tabela 2.1 – Tratamentos, destinos e tipos de águas residuárias

Origem Tipo de água Tratamento Destino

Esgoto Doméstico

Água Amarela Estocagem,

precipitação. Fertilizante líquido

Água Marrom Compostagem Biogás, fertilizante.

Água Cinza Reatores Anaeróbios Irrigação, reúso.

Água Azul Filtração, Tratamento

biológico. Fonte de água.

A água amarela é basicamente a urina produzida, enquanto a água marrom é

composta pela matéria orgânica juntamente com a água do vaso sanitário. Vale ressaltar que a

combinação da água amarela com a marrom caracteriza a água negra. Água cinza é toda

aquela originada de fontes que não sejam vasos sanitários, porém há autores que afirmem que

os efluentes de cozinhas não sejam, pois há elevada concentração de gorduras. Água azul é

obtida a partir da precipitação de chuvas.

Figura 2.4 – Sistema convencional de tratamento de água e esgoto. Fonte: Adaptado de Winblad (1999)

18

A separação destes tipos de água permite um tratamento adequado, eficiente e de

menor impacto ao ambiente. Os tratamentos podem variar tanto em função do tipo de efluente

quanto disponibilidade de localização. Pode-se concluir que um tratamento em áreas rurais

será diferente de um tratamento localizado em uma região urbana. Para exemplificar essa

diferença, há o sanitário seco, o qual não usa água para transporte de matéria orgânica. Como

é possível deduzir da Figura 5, há uma câmara de armazenamento da matéria orgânica onde

ocorre a compostagem para posterior utilização como fertilizante.

Porém, no meio urbano, o uso do vaso separador de urina pode ser atrativo, por

economia de espaço e funcionalidade, lembrando que será necessário o uso de água. Um

exemplo de vaso separador pode ser visto na Figura 5. Sabe-se que a porcentagem de

consumo de água de um vaso sanitário em uma residência é de aproximadamente 30%, como

visto na Figura 1.1, onde poderia trocar água potável por uma menos nobre, como a água

cinza ou azul depois de um tratamento mínimo exigido.

Figura 2.5 – Vaso separador de excretas. Fonte: Gonçalves (2006)

2.4 Água Cinza Devido aos tipos de fontes geradoras de água cinza, esta possui diversos

componentes. Matéria orgânica, sabão e outros estão presentes devido ao seu uso principal

como limpeza e higienização pessoal.

Apesar de já ser reutilizada em alguns países, a atividade de reaproveitar água

cinza em residências brasileiras é pouco observada. Uma carência no Brasil, diferente de

outros países como Estados Unidos e Suécia, é não haver um amparo legal e técnicas

construtivas para a implantação de sistemas de reúso da água cinza.

19

Esta água possui grande versatilidade e variedade de uso. Diferente da água negra,

a cinza pode ser aproveitada com ou sem tratamento biológico e de desinfecção dependendo

da atividade destinada. Caso haja apenas um tratamento primário, a água cinza pode ser

destinada a irrigação de jardins e recarga de aqüíferos. Havendo um tratamento biológico e de

desinfecção, pode-se empregá-la em lavagem de carros e vasos sanitários. Obviamente, para

não haver uma rejeição por parte dos usuários, é necessário tratá-la tendo em mente

características qualitativas, as quais consistem em não haver odores desagradáveis, cor

reduzida e baixa turbidez.

Compondo as características qualitativas, há outras mais específicas. Uma delas é

a que trata da natureza física. Os principais parâmetros físicos são a temperatura, cor, turbidez

e sólidos suspensos. Procura-se evitar altas temperaturas para reduzir o desenvolvimento de

microrganismos. A turbidez e os sólidos suspensos consistem basicamente de alimentos,

cabelos e fibras de tecidos originados de banhos e limpezas de roupas e louças.

Compostos orgânicos, nitrogenados, fosforados e outros são os parâmetros das

características químicas.

Os compostos fosforados e nitrogenados são conhecidos como nutrientes de

microrganismos. Ambos podem ser originados de produtos de limpeza e detergentes, porém

se pode afirmar que a concentração de nitrogênio total encontrado é baixa porque a fonte

principal de nitrogênio é a urina e esta não está presente na água cinza (VALENTINA, 2009).

Apesar da água cinza não receber contribuições de vasos sanitários, ainda assim

possui microrganismos patogênicos. As atividades geradoras, tais como limpeza de roupas, de

mãos após o toalete e banhos, são a origem da contaminação da água. Escherichia Coli (E.

coli) é comumente usada como indicador de contaminação fecal e a investigação da sua

presença na água cinza pode trazer informações sobre a possibilidade de presença de

patógenos intestinais, como Salmonella e vírus entéricos (ERIKSSON, 2002 apud

VALENTINA, 2009).

20

A Tabela 2 resume quantitativamente os parâmetros das principais características

da água cinza.

Tabela 2.2 - Faixa de valores para parâmetros físico-químicos encontrados na água cinza

Fonte: Adaptado de VALENTINA (2009)

Com a tecnologia atual, a água cinza pode ser tratada a um nível suficientemente

satisfatório para reúso em diferentes atividades. Porém, o grau de refinamento do tratamento

está diretamente relacionado ao valor de investimento. Devido a este fator financeiro, as

atividades a que se destina o reúso de águas cinzas são limitadas. Pode-se citar a irrigação de

jardins e descarga de vasos sanitários como atividades mais freqüentes, mas há outras como

lavagem de carros, vidros e combate a incêndios.

Refletir sobre os impactos da água cinza sobre o solo é conseqüência natural

quando se pretende reusá-la desta maneira. O principais aspectos negativos do contato de

água cinza em solos são (Gonçalves, 2006):

• Redução da capacidade de drenagem do solo;

• Alteração do pH, fazendo com que impossibilite tipos de culturas;

• Salinização de solos pouco drenáveis.

Diversas nações se norteiam por suas diretrizes e normas quanto a utilização desta

água em vasos sanitários. Infelizmente, no Brasil, não há um amparo pela legislação tão forte

quanto em outras áreas da engenharia que incentive a prática do reúso de água. O Manual de

Parâmetros Faixa de valores Fonte pH 5 - 10,9 Schäfer et al. (2006)

Turbidez (NTU) 15 - 240 Gilboa e Friedler

(2007) Sólidos Suspensos (mg/L) 3,1 - 330 Metcalf e Eddy (2003)

DBO (mg/L) 33 - 1460 Al-Jayyousi (2003)

DQO (mg/L) 180 - 650 Gilboa e Friedler

(2007) Nitrogênio Total (mg/L) 0,6 - 74 Eriksson et al. (2002)

Fósforo Total (mg/L) 0,1 - 57 Al-Jayyousi (2003) Coliformes termotolerantes

(NMP/100mL) 9,4x104 – 3,8x108 Eriksson et al. (2002)

E. Coli (NMP/100mL) 1,3x105 – 2,5x108 Eriksson et al. (2002)

21

Reúso FIESP (2005) lista uma série de exigências mínimas e cautelas para orientar a

implementação em edifícios.

Para usos como lavagem de pisos, roupas, veículos e descarga de vasos sanitários,

o Manual de reúso afirma que é necessário uma água de reúso classe 1. Ainda segundo o

manual, além de ter de atender os parâmetros resumidos na Tabela 3 a seguir, deve-se ter o

controle de elementos tensoativos e detectar o cloro residual para evitar problemas de

sedimentação na instalação.

Tabela 2.3 - Parâmetros característicos para água de reúso classe 1.

Fonte: Adaptado de MANUAL DE CONSERVAÇÃO ANA/FIESP (2005)

Contudo, Bazarella (2005) observa que talvez não seja necessário obter resultados

tão baixos de coliformes, pois obteve parâmetros em vasos sanitários de um sistema

convencional parecidos com efluentes de estações de tratamento de esgoto.

Gonçalves (2009) compara os parâmetros do Manual de Conservação da FIESP

com os adotados por outros países como Alemanha, Canadá e Japão. A tabela 4 exemplifica a

diferença de valores.

Tabela 2.4 – Comparação dos parâmetros característicos entre países.

Fonte: Adaptado de GONÇALVES (2009)

Parâmetros Concentrações Coliformes fecais Não detectáveis pH Entre 6,0 e 9,0 Cor (UH) ≤ 10 UH Turbidez (UT) ≤ 2 UT Odor e aparência Não desagradáveis Óleos e graxas (mg/L) ≤ 1 mg/L DBO (mg/L) ≤ 10 mg/L Nitrato (mg/L) < 10 mg/L Fósforo total (mg/L) ≤ 0,1 mg/L Sólido suspenso total (SST) (mg/L) ≤ 5 mg/L Sólido dissolvido total (SDT) (mg/L) ≤ 500 mg/L

Parâmetros Manual Alemanha Canadá Japão O&G (mg/L) ≤ 1 1 a 2 5 5 Coliformes Fecais (NMP/100mL) 0 20 30 10 Compostos orgânicos voláteis (mg/L) 0 100 200 10 SST (mg/L) ≤ 5 30 30 -

22

2.4.1 Tratamento de água cinza A água cinza deve passar por um tratamento adequado a fim de atender quesitos

importantes, os quais são segurança da saúde, qualidade estética e viabilidades técnica e

econômica. Este tratamento é aconselhado ser empregado o mais breve possível, pois os

resultados de pesquisas mostram que a estocagem propicia reações e desenvolvimento

biológico em questão de poucas horas.

Devido ao fato de haver diversas variáveis na geração de águas cinzas, como os

parâmetros, quantidades e locais, existem características principais a serem abordadas para

definir o tipo de tratamento a ser utilizado.

Como não existe um consenso de um valor fixo e sim faixas de valores para esses

parâmetros e vazões, o tipo de tratamento escolhido deve ser vigoroso o suficiente para que

abranja esta variação, produzindo um efluente constante e que atenda as recomendações da

literatura.

Em função de suas características físico-químicas e biológicas, as águas cinzas

podem ser tratadas por processos de tratamento semelhantes aos utilizados em estações de

tratamento de esgoto sanitário (GONÇALVES, 2006). Como é de se esperar, o nível de

exigência da qualidade do efluente tratado deve ser mais elevado, pois estará sendo destinado

ao reúso em edificações.

Friedler (2008) apud Valentina (2009) salienta que para reduzir os custos de

tratamento e resultados indesejados, o reúso deveria ser feito com águas originadas em

chuveiros, lavatórios e máquinas de lavar, as quais são conhecidas como águas cinzas claras.

Bazarella (2005) et al. discutem diversos tipos de tratamento que podem ser

empregados para o reúso das águas cinzas. Variam desde sistemas simples como filtração

seguida de desinfecção a sistemas mais avançados com membrana, mas muitos destes autores

concordam que o tratamento deve abranger níveis primário, secundário e terciário de

tratamento. A proposta é que assim como há a estação de tratamento de esgotos (ETE)

também exista uma estação que contemple estes três níveis. Esta estação é definida como

estação de tratamento de águas cinzas (ETAC).

Devido haver vários métodos em cada nível, não convém abordá-los todos neste

trabalho, porém um tratamento com filtragem seguido de um Reator Anaeróbico

Compartimentado (RAC), um Filtro Biológico Aerado Submerso (FBAS) e desinfecção se

mostra bastante eficiente, compensado ser discutido em detalhes.

23

2.4.2 Tratamento Primário Segundo Gonçalves (2006), apesar de haver aparelhos como ralos e grelhas nas

instalações, ainda ocorre a presença de sólidos como cabelos, tecido e areia. Devido a este

fato, é necessário uma filtração. Em alguns locais experimentais a remoção do material

suspenso foi alcançada através de um sistema de filtros com três estágios: pré-filtração

(remoção de sólidos grosseiros do efluente de lavanderia, chuveiro e banheira), filtro de

peneira (coleta principalmente de cabelo, partículas de sabões, fibra de tecidos) e filtro fino

(retenção dos precipitados e do material sedimentado) (CHRISTOVA-BOAL, 1996 apud

BAZARELLA, 2005).

Para complementação do tratamento primário, talvez seja necessário a

implantação de um tanque de equalização devido ao fato de haver grande variação de

produção e vazão de água cinza. O intuito deste tanque seria a regularização de carga e vazão.

2.4.3 Tratamento Secundário É justamente no tratamento secundário que a matéria orgânica bruta, proveniente

de pias e chuveiros, será degradada em compostos mais simples como gás carbônico, gás

sulfídrico, metano e outros. Assim como em uma ETE, o tratamento secundário em uma

ETAC pode ser feito com sistemas anaeróbios, aeróbios ou uma combinação dos dois.

Resumidamente, os sistemas anaeróbios degradam a matéria orgânica sem a

presença de oxigênio. Para este sistema é comum se empregar os reatores Upflow Anaerobic

Sludge Blanket (UASB), o qual possui um fluxo ascendente e manta de lodo, sendo a

biomassa a responsável pela degradação da matéria orgânica. Com o tempo e melhoria desta

tecnologia, surgiram reatores semelhantes ao UASB. Um deles que foi desenvolvido é

conhecido como reator anaeróbio compartimentado (RAC). O RAC é constituído basicamente

por câmaras justapostas, recebendo o afluente em série. Uma câmara recebe o efluente da

anterior, refinando o tratamento. Valentina (2009) encontra em sua pesquisa uma eficiência

64% na remoção da DQO com um tempo de detenção hidráulica (TDH) de 16 horas. Vê-se

com este resultado que ainda é necessário um pós-tratamento.

Bazarella (2005) empregou o filtro biológico aerado submerso (FBAS) como pós-

tratamento do RAC, o qual é um sistema aeróbio. O FBAS é um reator com biomassa fixa e

leito fluidizado, constituído por um tanque preenchido com um material poroso, sobre o qual

24

se desenvolve o biofilme e através do qual água cinza e o ar fluem permanentemente

(VALENTINA, 2009).

Esta associação de sistemas aeróbios e anaeróbios compõe o tratamento

secundário defendido por diversos autores em ETACs. Todos dois sistemas possuem

vantagens. Um remove a turbidez de forma consistente e o outro degrada a matéria orgânica

respectivamente.

2.4.4 Tratamento Terciário Esta terceira etapa do tratamento visa a desinfecção, eliminação de agentes

patogênicos da água. As principais tecnologias de desinfecção são ultravioleta, ozônio,

peróxido de hidrogênio e compostos de cloro.

Balanceando eficiência e economia, o clorador de pastilha vem sendo bastante

utilizado na desinfecção de águas cinzas. Uma boa desinfecção, além de uma água isenta de

odor e cor, é essencial para uma boa aceitação do reúso de águas cinzas, já que há a

possibilidade de contato direto dos usuários.

2.5 Aproveitamento da água de chuva Como mencionado anteriormente, a água está mais escassa e, por vezes, com nível

de potabilidade não adequado para consumo. Este problema impulsiona a busca por fontes

alternativas de água. Uma delas é considerada a água pluvial. Atualmente o aproveitamento

de águas pluviais em regiões áridas e semi-áridas é prática comum em muitas regiões do

mundo, inclusive no Brasil (ANA & Sinduscon, 2005). O seu aproveitamento, além de

proPiciar a preservação e educação ambiental, ajuda a controlar picos de cheias e reduzir o

volume da carga nos sistemas de drenagem urbanos.

Logo, a disponibilidade da precipitação é de extrema importância no momento de

seu planejamento como fonte de água. Além da precipitação, deve-se atentar para outros

fatores importantes, os quais são a superfície de coleta, qualidade da água, tratamento e

reservatórios.

Devido aos poluentes presentes na atmosfera e a passagem de animais no telhado,

a água coletada inicialmente fica sujeita a conter impurezas. Isto faz com que seja necessário

o uso de um reservatório de descarte de um volume de água inicial. Dependendo do destino da

25

água coletada, recomenda-se uma simples filtração e desinfecção com cloro ou radiação

ultravioleta (Gonçalves, 2006).

2.6 Implantação do sistema de reúso de água cinza É importante fazer um estudo para balancear os fatos que ajudam e atrapalham a

implantação de um sistema de reúso de água em edificações públicas e privadas, as quais

serão discutidas adiante.

2.6.1 Oportunidades para implantação de sistemas de reúso. Uma primeira oportunidade que se pode aproveitar para favorecer a implantação

de um sistema de reúso é o estresse hídrico, o qual é observado em algumas regiões

metropolitanas do Brasil. Esse estresse pode ser influenciado por características do clima e

demanda da região. De acordo com Gonçalves (2009), como exemplo, pode-se citar

Pernambuco, Alagoas e Paraíba como estados que possuem algum grau de estresse, enquanto

Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo como locais de tendência a ocasionais problemas deste tipo.

Este tipo de problema possui uma inconveniência suficiente para que se pense na adoção de

uma solução alternativa, no caso o reúso.

Um segundo fato que favorece o reaproveitamento de águas cinza é o déficit

habitacional no Brasil. Atualmente, no Brasil, existe aproximadamente uma carência de 6,5 a

8 milhões de unidades residenciais para atender famílias sem habitação própria (Globo, 2009).

Pode-se notar que esta quantidade de moradias, caso fossem adaptadas, poderiam consumir

um volume razoável de água, a qual seria reaproveitada posteriormente.

Finalmente, uma terceira oportunidade que favorece a implantação deste sistema

são os edifícios verdes. Assim como qualquer edifício, obras deste porte possuem

aproximadamente 50 anos de vida, onde os proprietários costumam residir por quase 15 anos

(SINDUSCON, 2009). Com estes dados, é possível estimar um tempo de retorno para o

usuário de um edifício com reúso. Segundo Gonçalves (2009), estas construções possuem

diversas vantagens, as quais podem ser resumidas abaixo.

• Reduz consumo de recursos naturais;

• Aumenta saúde e comodidade ;

• Diminui a pressão sobre a infra-estrutura local;

26

• Melhora da qualidade de vida;

• Reduz gasto operacional.

2.6.2 Dificuldades para implantação de sistemas de reúso. Como dito anteriormente, no Brasil, não há uma legislação desenvolvida como

vista em outros países. Logo esta falta de normatização seria um primeiro obstáculo para

implantação de sistemas de reúso em edifícios.

A real situação no Brasil é de haver apenas alguns municípios que regulamentam

a atividade de reúso de águas cinzas e de chuva. Outros fatores como não haver um instituto

que fiscalize e a difícil aprovação do sistema sanitário implicam em um lento processo de

desenvolvimento e insegurança por parte dos empreendedores e usuários.

A Tabela 5 resume leis de alguns municípios e o que elas amparam.

Tabela 2.5 – Exemplo de leis e normas regulamentadoras em alguns municípios

Tipo de Uso Água de Chuva Água Cinza Esgoto Sanitário

Contenção Lei Nº 13.276/2002 - São

Paulo/SP - -

Uso predial

Lei Nº 10.785/2003 - Curitiba/PR

Lei Nº 10.785/2003 - Curitiba/PR

NBR 13.969/1997 Lei Nº 13.276/2002 - São Paulo/SP Lei Nº 6.345/2003 -

Maringá/PR Lei Nº 6.345/2003 - Maringá/PR

Uso Urbano - -

Lei Nº 6.345/2003 - Maringá/PR

Lei Nº 13.309/2002 - São Paulo/SP

NBR 13.969/1997

Fonte: Adaptado de Gonçalves (2009)

Um segundo empecilho para colocar em prática esta tecnologia é o preço da água

potável. Sabe-se que em determinadas regiões o preço final da água tratada é baixo. Este fato

colocaria em questão a viabilidade econômica do tratamento de água cinza em residências.

Lembrando que a água já é barata para uma demanda de uma família de classe média ainda há

a tarifação popular para famílias de renda pequenas. Seria interessante não encarecer o

tratamento da água, mas sim que órgãos públicos incentivassem com descontos e

27

comercialização da água cinza tratada excedente. Como exemplo, a Tabela 6 exemplifica a

tarifação exercida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).

Tabela 2.6 – Modelo de tarifação da CAGECE

Fonte: Cagece, 2009

Infelizmente, outra dificuldade é a necessidade de ampliação da gama de

experiências bem sucedidas, pois servirá de estímulo a implantação de outras. Contudo, novas

experiências precisam da própria implantação, resultando em um ciclo vicioso, o qual precisa

ser desfeito.

2.7 Tecnologia do tratamento e retorno financeiro Como visto anteriormente, há diversos métodos de tratamento possíveis para o

tratamento de água cinza. Uma forma de emprego é a combinação de vários desses métodos

para refinar e reduzir espaço e custos. Diversos autores discutem sobre resultados,

características e eficiência de ETACs que possuam um tratamento anaeróbio seguido de uma

fase aeróbia. Valentina (2009) acompanha um edifício em Vitória, Espírito Santo, o qual

possui uma ETAC, cujo esquema de funcionamento é mostrado na Figura 6.

Tendo-se posse dos tratamentos existentes e modelos de ETACs já utilizadas resta

fazer o devido dimensionamento para a residência. Isso fará com que a estação não fique

superdimensionada ou subdimensionada dependendo do porte da edificação. Pois a questão

do porte do sistema de tratamento refletirá em fatores como maiores ou menores custos

operacionais, complexidade e qualidade do efluente. A Figura 7 mostra diferentes

características visuais da água cinza em diferentes etapas do processo de tratamento da

supracitada ETAC.

Residencial - Normal Residencial - Social Faixa de Consumo

(m³) Valor

(R$/m³) Faixa de Consumo

(m³) Valor

(R$/m³) 0 - 10 R$ 1,18 0 - 10 R$ 0,62 11 -15 R$ 2,00 - - 16 - 20 R$ 2,14 - - 21 - 50 R$ 3,67 - -

acima de 50 R$ 6,45 - -

28

Apesar de Valentina (2009) ter encontrado em sua pesquisa que apenas 32% da

água cinza tratada ter sido aproveitada, Gonçalves (2009), baseado em custos operacionais da

ETAC, estima uma economia de 23% de água. Este valor de água que seria consumida

equivale a R$ 2.100,00/mês. Nessa pesquisa, para uma ETAC com um valor de implantação

de aproximadamente R$150.000,00, esse valor acumulado resultaria em um retorno de

Figura 2.6 – Esquema do tratamento da ETAC. Fonte: Valentina (2009)

Figura 2.7 – Características visuais da água cinza. Fonte: Gonçalves (2009)

29

investimento do sistema em poucos anos e que após isso o edifício passaria a ter despesas

menores com água e esgoto.

Esta comparação de custos e retorno financeiro pode ser realizada caso se tenha,

além do custo de implantação, o valor das despesas operacionais da ETAC, tarifação do

esgoto e preço dos materiais das instalações adaptadas ao reúso. Os custos referentes ao

tratamento mensal da água são basicamente pastilhas de cloro, produtos de limpeza, energia

de motores e manutenção de equipamento.

30

3 METODOLOGIA

3.1 Local da pesquisa O intuito inicial desta pesquisa é fazer um estudo comparativo de custos de água

potável com os custos de uma situação caso fosse implantado um sistema de reúso de água em

vasos sanitários dos blocos do Centro de Tecnologia, o qual é um dos centros localizados no

Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará. Para tanto, levantou-se dados, os quais

foram organizados em um questionário de acompanhamento nas visitas de diversos banheiros

em blocos do Centro de Tecnologia. Neste questionário foram registradas características

como presença de odor, vazamentos, sistemas de coleta de águas pluviais e outros. A Tabela 7

resume os blocos visitados e os nomes respectivos de cada um.

Tabela 3.7 – Nomes dos blocos visitados

Estas visitas foram realizadas durante os dias 08 e 09 de outubro de 2009. Além

das anotações qualitativas do estado das instalações sanitárias dos banheiros, foi registrada a

quantidade dos aparelhos sanitários. A razão de se ter registrado esse quantitativo de

Bloco Nome 710 Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil 709 Engenharia Química 708 Engenharia Civil 717 Didática da Elétrica 706 Engenharia Elétrica 727 Graduação do Centro de Tecnologia 711 Engenharia Mecânica 713 Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental 716 Engenharia Elétrica Departamental 714 Engenharia de Produção Mecânica 726 Pós-graduação do Centro de Tecnologia 715 Laboratório Engesolda 703 Departamento de Engenharia de Transportes 725 Teleinformática 722 GTEL 720 Laboratório de Materiais de Construção 702 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais 723 LESC 718 Laboratório de Energia Solar

31

elementos é para saber a distribuição percentual de aparelhos sanitários nos banheiros. A

Figura 8 mostra a organização do acompanhamento utilizada.

Figura 3.8 - Exemplo do questionário elaborado para avaliação das instalações hidro-sanitárias dos blocos do CT

da UFC

USO RACIONAL DE ÁGUA NO CENTRO DE TECNOLOGIA 

Nome do bloco:     Data:    Nº do bloco:     Banheiro:    

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DOS BLOCOS  SIM  NÃO Existe problema de odor nos banheiros?       Existe problema de vazamento nos banheiros?       Existe separação das águas cinzas?       Existe captação de água pluvial?       

Como é feito o tratamento e armazenamento de água pluvial? 

 

Quais são os tipos de vaso sanitário utilizados nos banheiros?  SIM  NÃO Mictório      

Vaso sanitário com caixa de descarga acoplada      com descarga completa      com descarga separada      

Válvula de descarga      Vaso com caixa de descarga      

Em relação as torneiras, qual o tipo adotado? 

 

Observações Gerais 

  

32

Essa planilha ajudou a registrar as características mais relevantes à elaboração

deste trabalho. Questões como distribuição de aparelhos sanitários, estado e características

dos banheiros serão discutidos no capítulo de resultados.

3.2 Estudo da economia de água nos banheiros do Centro de Tecnologia Os consumos de água e os valores pagos nos diversos blocos do Centro de

Tecnologia da Universidade Federal do Ceará no período de maio a outubro de 2009 foram

obtidos junto à Superintendência de Planejamento Físico e Operações Divisão de Análise de

Contas. Vale lembrar que a concessionária responsável pelo fornecimento e cobrança de

consumo de água é a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).

Para a análise financeira foi pensado em comparar as despesas de dois cenários. O

primeiro cenário é o tradicional, resumindo basicamente as despesas de água potável

juntamente com as despesas da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Campus do Pici.

O segundo cenário contempla as despesas de consumo de água potável e os custos dos

tratamentos de esgoto e de água cinza.

Ambos os cenários são simples em suas estimativas tanto de consumo de água

quanto demanda e produção de água cinza, pois foram admitidos pesos para obtenção de

volumes e custos médios. Os cenários estudados são descritos a seguir.

3.2.1 Cenário 1 – Sem o uso de águas cinzas O cenário 1 basicamente representa as despesas do sistema atual de uso de água

potável e tratamento de esgoto. Logo, o primeiro passo foi a obtenção do consumo e despesa

tanto de água potável quanto de esgoto.

Como alguns dos blocos estudados possuíam laboratórios, a composição do

cenário 1 consistiu em obter os volumes de água potável consumidos em banheiros e

laboratórios através de pesos estimados, já que não havia medição individual destes consumos

nos blocos. O peso do laboratório foi uma especulação inicial para se obter o consumo dos

banheiros. Vale lembrar que devido não haver reúso, todo o volume de água consumido é

convertido em esgoto. Para obtenção das despesas de esgoto dos laboratórios e banheiros

foram usados os mesmos pesos. A seguir é resumido o valor dos pesos considerados na

obtenção dos volumes e despesas.

• Porcentagem destinada a laboratórios – 40%

• Porcentagem destinada aos banheiros – 60%

33

A média dos valores pagos com a água potável foi de R$ 3,09/m³. Valor este

obtido entre a razão entre o a despesa total de água média e o consumo total médio de água.

Estes valores são vistos na tabela 4.11. Como o tratamento de esgoto é mais caro que o

empregado a água potável, assumiu-se que o valor gasto com o tratamento dos esgotos

produzidos seria de duas vezes o valor pago pela água, ou seja, de R$ 6,18/m³.

3.2.2 Cenário 2 – Com o uso de águas cinzas Ao contrário do anterior, este segundo cenário contempla os volumes e despesas

de água potável, cinza e esgoto. Semelhante ao primeiro cenário, este também parte do

princípio de adotar os mesmos pesos para obtenção dos volumes e despesas de laboratório

(40%) e de banheiro (60%). Se o bloco não possuía laboratório, o banheiro ficava com 100%

do peso. Tais informações foram levantadas nas visitas aos blocos do CT, descritas

anteriormente. Adicionalmente, foi considerado que nos banheiros o vaso sanitário consumia

30% do total computado para os banheiros. É evidente que esse porcentual se refere a

consumos residenciais. Como não há o uso de máquinas de lavar e outras atividades, esse

percentual tende a ser maior em prédios públicos.

Como já se possui o custo unitário de água (R$3,09/m³) e de esgoto (R$ 6,18/m³),

os quais foram mencionados anteriormente, é necessário saber o valor do metro cúbico de

água cinza tratada para a composição das despesas finais. Para tanto, a composição do custo

do metro cúbico de água cinza tratada foi obtida por consulta de estudos realizados por

Gonçalves (2009) no acompanhamento de edifícios que implantaram um sistema de

tratamento de água cinza, sendo de R$ 1,30/m³.

34

4 RESULTADOS

4.1 Características das instalações dos banheiros do CT Na visita aos banheiros, além do preenchimento dos itens da planilha, foram

registradas fotos, quantidades e observações dos aparelhos sanitários. A Tabela 8 e Figura 9

resumem a quantidade e distribuição percentual dos aparelhos dos 19 blocos visitados.

Tabela 4.8 – Quantidade e aparelhos registrados

Figura 4.9 - Distribuição de vasos sanitários nos blocos do Centro de Tecnologia - UFC

Pode-se concluir da Figura 9 que dos tipos de vasos sanitários, os que possuem

caixa acoplada são de maior representatividade, totalizando 62% do total de vasos

contabilizados. Outra observação é quanto ao restante dos vasos, os quais são de válvula e

caixa de descarga, representando 35% e 3%, respectivamente. Nota-se que há uma boa

margem de economia caso fossem substituidos por vasos mais econômicos como os de caixa

acoplada.

De acordo com a literatura, vasos com válvula de descarga demandam

aproximadamente de 15 a 25 litros por descarga, enquanto um vaso com caixa acoplada exige

6,5 litros para a mesma atividade. Isso mostra que o vaso acoplado pode ser até 26% mais

econômico que um vaso com válvula de descarga, o que motiva a substituição de vasos com

válvula por outros com caixa acoplada.

Mictórios Caixa acoplada

Válvula de

descarga

Caixa de descarga

(cordinha)Torneiras Chuveiros

ok Chuveiros quebrados

34 82 47 4 124 20 2

35

Outra observação é referente às torneiras. Da quantidade registrada, há apenas

torneiras simples e com aeradores. A troca de torneiras convencionais por outras mais novas e

econômicas seria uma segunda opção para economia de água no Centro de Tecnologia.

Durante a visita foi observado que alguns banheiros possuiam odores, os quais

geralmente eram característicos de algum problema relacionado à urina. Além de problemas

com cheiro, haviam outros como peças ausentes ou defeituosas nos aparelhos.

Tomando como exemplo, o banheiro masculino superior do bloco 713 possuia um

mictório de aço, o qual provavelmente era a razão do odor (Figura 10).

Figura 4.10 – Mictório de aço do banheiro masculino superior do bloco 713

Pode-se apontar duas explicações ao odor presente. A primeira, não havia o sifão,

o qual é uma simples peça sanitária responsável pelo fecho hídrico e consequente

impedimento da passagem de gases. A segunda, quanto à circulação de água para limpeza.

Essa circulação talvez possa ser insuficiente ou inadequada. Infelizmente, caso haja um fluxo

contínuo, pode-se ocasionar o desperdício de água. A Figura 11 mostra a parte inferior do

mictório. Neste local deveria haver um sifão plástico ou metálico, porém havia apenas um

joelho de PVC branco para esgoto, o qual não é suficiente fara impedir o fluxo de gases.

36

Figura 11 – Parte inferior do mictório

4.2 Despesas de água potável e esgoto dos blocos – Cenário 1 O consumo de água potável e as despesas nos diversos blocos do CT da UFC são

mostrados na Tabela 9.

37

Tabela 4.9 – Histórico de consumo e despesa do CT

Outubro Setembro Agosto

BLOCO DISCRIMINAÇÃO Consumo (m³)

Preço Unitário (R$/m³)

Total (R$)

Valor Total (R$)

Consumo

Preço Unitário (R$/m³)

Total (R$)

Valor Total (R$)

Consumo

Preço Unitário (R$/m³)

Total (R$)

Valor Total (R$)

708 Eng. Civil 42  2,68  112,63  33  2,59  85,41  34  2,47  83,84 711 Eng Mecânica 28  2,21  61,94  26  2,38  61,94  54  2,36  127,62 716 Dep. Eng. Elétrica 66  2,37  156,42  69  2,40  165,49  81  2,36  191,43 714 Eng. Mec. Administrativ 5  6,19  30,97  5  6,19  30,97  0  ‐  29,47 715 Eng. Mec. Lab 1  30,97  30,97  5  6,19  30,97  7  4,21  29,47 709 Dept. Eng. Química 85  3,50  297,19  111  3,75  416,31  175  3,79  663,87 

Lab Gás Natural 39  2,66  103,55  30  2,54  76,33  36  2,49  89,56 718 Lab energia solar 84  3,48  292,6  82  3,46  283,44  22  2,25  49,5 720 Galpão Laboratórios 30  2,06  61,94  28  2,21  61,94  24  2,46  58,95 723 Eng. Sist. Computação 26  2,47  64,24  31  2,56  79,36  19  2,15  40,92 

Telecom. S/ fio 15  2,06  30,97  16  2,12  33,99  16  2,02  32,34 710 C. Tecnologia 45  2,70  121,7  42  2,68  112,63  36  2,49  89,56 

Pó de Guaraná 10  3,10  30,97  8  3,87  30,97  4  7,37  29,47  Cantina 84  3,48  292,6  87  3,52  306,35  83  3,26  270,66  Central Telef. 7  4,42  30,97  6  5,16  30,97  12  2,46  29,47 

703 Eng. de Transportes 29  2,53  73,31  17  2,18  37,02  20  2,19  43,78 726 Centro de Tecnologia 15  2,06  30,97  8  3,87  30,97  0  ‐  34,9 727 Unid. Didatica Cent. Tecnologia 59  3,02  178,06  1  30,97  30,97  29  2,40  69,53 725 Eng Teleinformática 37  2,64  97,5  41  2,67  109,6  51  2,63  133,9 717 Didática da Elétrica 41  2,67  109,6  27  2,49  67,26  141  3,68  518,55 713 Eng. Hidráulica 320  3,43  1097,1  276  3,21  886,8  260  2,98  774,92 

Total 1068     3306,2  673     2969,7  1104     3391,7 

38

Tabela 4.9 - Histórico de consumo e despesa do CT (Continuação).

Julho Junho Maio

BLOCO DISCRIMINAÇÃO Consumo (m³)

Preço Unitário (R$/m³)

Total (R$)

Valor Total (R$)

Consumo

Preço Unitário (R$/m³)

Total (R$)

Valor Total (R$)

Consumo

Preço Unitário (R$/m³)

Total (R$)

Valor Total (R$)

708 Eng. Civil 53  2,69  142,44  33  2,45  80,98  59  2,85  168,09 711 Eng Mecânica 42  2,22  93,28  26  2,27  58,95  66  2,45  161,96 716 Dep. Eng. Elétrica 99  2,45  242,94  96  2,44  234,35  96  2,44  234,35 714 Eng. Mec. Administrativ 0  ‐  29,47  0  ‐  29,47  0  ‐  29,47 715 Eng. Mec. Lab 3  9,82  29,47  4  7,37  29,47  11  2,68  29,47 709 Dept. Eng. Química 71  3,09  219,38  89  3,33  296,31  76  3,17  240,75 

Lab Gás Natural 10  2,95  29,47  7  4,21  29,47  8  3,75  30,02 718 Lab energia solar 18  2,11  38,06  9  3,27  29,47  10  2,95  29,47 720 Galpão Laboratórios 22  2,68  58,95  20  2,95  58,95  36  2,11  76,12 723 Eng. Sist. Computação 17  2,07  35,2  12  2,46  29,47  13  2,27  29,47 

Telecom. S/ fio 17  2,07  35,2  16  2,02  32,34  11  2,68  29,47 710 C. Tecnologia 40  2,53  101,01  39  2,52  98,15  41  2,53  103,87 

Pó de Guaraná 7  4,21  29,47  7  4,21  29,47  7  4,21  29,47  Cantina 79  3,21  253,57  94  3,38  317,68  47  2,58  121,04  Central Telef. 6  4,91  29,47  29  2,40  69,53  7  4,21  29,47 

703 Eng. de Transportes 33  2,45  80,98  24  2,30  55,23  22  2,25  49,5 726 Centro de Tecnologia ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 727 Unid. Didatica Cent. Tecnologia 52  2,66  138,17  18  2,00  36,06  35  2,48  86,7 725 Eng Teleinformática 79  3,21  253,57  56  2,77  155,27  36  2,49  89,56 717 Didática da Elétrica 67  3,02  202,28  34  2,47  83,84  50  2,59  129,62 713 Eng. Hidraulica 560  3,67  2057,1  488  3,58  1749,4  276  3,06  843,31 

Total 1275     4099,5  1101     3503,8  907     2541,2 

39

Pode-se observar que a Tabela 9 não possui todos os blocos visitados como

listados na Tabela 7, mas acrescenta outros para obtenção do consumo de água. Este fato não

impede a continuação do estudo, pois todos os blocos são do CT. É possível extrair valores

médios de consumo e tarifa, os quais podem ser resumidos na Tabela 10. Outra observação

importante é a possibilidade de identificar os blocos que possuem maiores consumos de água.

A Figura 12 mostra a distribuição percentual do consumo de água nos vários blocos do CT.

A Figura 12 é muito importante, pois indica os blocos que mais consomem água. Observa-se

que o bloco da Engenharia Hidráulica e Ambiental é o que mais consome água dos blocos

inventariados, representando 34% do consumo total. O bloco da Engenharia Química e o

Departamento da Engenharia Elétrica são o segundo e terceiro no consumo de água, com 9%

e 8%, respectivamente. Provavelmente, além dos ensaios de laboratório do bloco da

Engenharia Hidráulica e Ambiental, vazamentos e uso indevido de água justifiquem esse

maior consumo.

Figura 4.12 – Distribuição de consumo dos blocos

40

Tabela 4.10 – Médias mensais de consumo e despesa de água por bloco

MÉDIAS Maio Junho Julho Agosto Setembro OutubroConsumo (m³) 33,21 32,26 37,63 42,20 33,65 37,40 Despesa (R$) 89,36 92,34 107,49 130,84 104,14 110,46 As Figuras 13 e 14 tornam mais fáceis a visualização do histórico do consumo e

despesa total dos blocos do CT no período avaliado.

Conhecido a distribuição de consumo e seu custo, deu-se início a formação da

composição da fatura final levando em conta o custo da água e esgoto. A Tabela 11 possui

considerações em sua composição, as quais são:

• O volume destinado aos laboratórios é de 40% do total;

• O volume destinado aos banheiros é de 60% do total;

• A despesa de água dos laboratórios representa os mesmos 40% da despesa

total;

• Toda a água consumida gera esgoto, a depender do coeficiente de retorno

adotado, conforme cenário estudado;

• O custo unitário médio da água foi adotado como a razão entre o custo e o

volume médio, R$3,09;

• O custo unitário adotado do esgoto foi de duas vezes o preço da água, R$

6,18/m³.

Figura 4.13 - Consumo médio de água potável por bloco

Figura 4.14 - Despesa média de água potável por bloco

41

Tabela 4.11 – Composição do custo de água potável mais custo de esgoto

Pesos     0,4 0,6       R$/m³  6,2          

Cenário sem considerar a separação de águas cinzas ‐ Cenário Atual 

Mês 

Consumo Água 

Total (m³) 

Consumo Água 

Laboratórios (m³) 

Consumo Água 

Banheiros (m³) 

Despesa Água Total (R$) 

Despesa Água Laboratórios 

(R$) 

Despesas Água 

Banheiros (R$) 

Despesa Tesgotos Total (R$)

Despesa Tesgotos 

Laboratórios (R$) 

Despesa Tesgotos Banheiros 

(R$) 

Custo total com 

água+esgoto (R$) 

Maio  907  362,8  544,2  2541,2  1016,5  1524,7  5612,0  2244,8  3367,2  8153,2 Junho  1101  440,4  660,6  3503,8  1401,5  2102,3  6812,3  2724,9  4087,4  10316,2 Julho  1275  510,0  765  4099,5  1639,8  2459,7  7889,0  3155,6  4733,4  11988,4 Agosto  1104  441,6  662,4  3391,7  1356,7  2035,0  6830,9  2732,4  4098,5  10222,6 

Setembro 949  379,6  569,4  2969,7  1187,9  1781,8  5871,9  2348,7  3523,1  8841,5 Outubro  1068  427,2  640,8  3306,2  1322,5  1983,7  6608,2  2643,3  3964,9  9914,4 Média  1067  426,9  640,4  3302,0  1320,8  1981,2  6604,0  2641,6  3962,4  9906,1 

42

O custo unitário de esgoto representa o valor aproximado da despesa que a ETE

do Campus do Pici possui. A CAGECE não cobra o tratamento de esgoto, pois o próprio Pici

já o faz. Na última coluna da Tabela 4.11 se localiza os custos mensais de consumo de água e

tratamento de esgoto bem como um valor médio, o qual é de aproximadamente R$ 9.906,1

por mês. Já que este valor médio é composto pelo custo de água potável e esgoto, a Figura 15

coloca em evidência a distribuição percentual de cada um.

4.3 Despesas de água potável, esgoto e água cinza dos blocos – Cenário 2 Assim como no cenário anterior, este segundo visa chegar a um valor final médio

da fatura. A diferença é que leva-se em conta o custo do tratamento da água cinza juntamente

com o valor de água potável e esgoto, conforme mostrado na Tabela 13.

Da mesma maneira da água potável e esgoto, a água cinza também possui um

custo unitário para a obtenção do valor de tratamento. O valor adotado foi de R$ 1,30/m³

devido aos resultados observados por Gonçalves (2009) em edifícios que possuíam reúso.

Como foi considerado que o sistema de reúso não influencia no volume de água

destinado aos laboratórios, os volumes e custos continuam os mesmos neste cenário.

De posse dessas definições, o primeiro passo foi estimar a produção e demanda de

água cinza, conforme descrito na metodologia e resumido a seguir:

• Foi adotado um coeficiente de retorno inicial de 0,8;

Figura 4.15 - Distribuição da despesa final - cenário 1

43

• Para o volume dos laboratórios foi admitido 40% apenas para os blocos

que realmente possuíam algum;

• Caso o bloco não possuísse laboratório, foi considerado 100% do volume

consumido como sendo de banheiros;

• Foram estimadas porcentagens do consumo como sendo 30% proveniente

de vasos e 70% dos demais aparelhos.

Com estes critérios foi possível compor uma planilha para cada mês, as quais

fornecem o volume do vaso (demanda de água cinza) e o volume consumido em demais

aparelhos (produção de água cinza). A Tabela 12 mostra uma planilha com valores médios

dos volumes dos blocos, exemplificando o processo.

44

Tabela 12 – Processo de estimativa dos volumes de demanda e produção

CR =  0,8                              Volumes médios de água                               

Nº do bloco 

Nome do Bloco Volume de água (m³) 

Volume de água x 

CR 

Peso Laboratório 

Peso Banheiros 

V. Lab (m³) 

V. Ban (m³) 

Peso Vaso 

Peso Aparelhos 

V. Vaso (m³) 

V. Aparelhos 

(m³) 

708  UFC Eng. Civil  42,3  33,87  0  1  0,00  33,87  0,3  0,7  10,16  23,71 711  UFC Eng Mecânica  40,3  32,27  0  1  0,00  32,27  0,3  0,7  9,68  22,59 716  Dep. Eng. Elétrica  84,5  67,60  0  1  0,00  67,60  0,3  0,7  20,28  47,32 714  UFC Eng. Mec. Administrativ  1,7  1,33  0  1  0,00  1,33  0,3  0,7  0,40  0,93 715  UFC Eng. Mec. Lab  5,2  4,13  0,4  0,6  1,65  2,48  0,3  0,7  0,74  1,74 709  Dept. Eng. Química  101,2  80,93  0,4  0,6  32,37  48,56  0,3  0,7  14,57  33,99 ‐  Lab Gás Natural‐UFC  21,7  17,33  0,4  0,6  6,93  10,40  0,3  0,7  3,12  7,28 

718  Lab energia solar  37,5  30,00  0,4  0,6  12,00  18,00  0,3  0,7  5,40  12,60 720  Galpão Laboratórios  26,7  21,33  0,4  0,6  8,53  12,80  0,3  0,7  3,84  8,96 723  Eng. Sist. Computação  19,7  15,73  0  1  0,00  15,73  0,3  0,7  4,72  11,01 ‐  Telecom. S/ fio  15,2  12,13  0  1  0,00  12,13  0,3  0,7  3,64  8,49 

710  UFC C Tecnologia  40,5  32,40  0  1  0,00  32,40  0,3  0,7  9,72  22,68 ‐  UFC Pó de Guaraná  7,2  5,73  0  1  0,00  5,73  0,3  0,7  1,72  4,01 ‐  UFC Cantina  79,0  63,20  0  1  0,00  63,20  0,3  0,7  18,96  44,24 ‐  UFC Central Telef.  11,2  8,93  0  1  0,00  8,93  0,3  0,7  2,68  6,25 

703  Eng. de Transportes  24,2  19,33  0,4  0,6  7,73  11,60  0,3  0,7  3,48  8,12 726  Centro de Tecnologia  3,8  3,07  0  1  0,00  3,07  0,3  0,7  0,92  2,15 727  Unid. Didatica Cent. Tecnologia 32,3  25,87  0  1  0,00  25,87  0,3  0,7  7,76  18,11 725  UFC Eng Teleinformática  50,0  40,00  0  1  0,00  40,00  0,3  0,7  12,00  28,00 717  UFC Eng Civil  60,0  48,00  0  1  0,00  48,00  0,3  0,7  14,40  33,60 713  Eng. Hidráulica  363,3  290,67  0,4  0,6  116,27 174,4  0,3  0,7  52,32  122,08 

Total:  200,51  467,86 

45

Tabela 4.13 - Composição do custo de água potável, de esgoto e água cinza – Cenário 2

Pesos           R$/m³  1,3 3,09 6,2 6,2      

Cenário considerando a separação de águas cinzas ‐ Cenário Proposto 

Mês 

Consumo Água 

Laboratórios (m³) 

Despesa Água 

Laboratórios (R$) 

Demanda de AC (m³) 

Produção de AC (m³) 

Despesa Tratamento AC (R$) 

Despesa água para demais usos (RS) 

Despesa Tesgotos 

Laboratórios (R$) 

Despesa Tesgotos Banheiros 

(R$) 

Custo total 

TEsgotos (R$) 

Custo total com 

água+esgoto (R$) 

Maio  362,8  1016,5  175,5  409,6  532,5  1267,1  2244,8  1086,1  3330,9  6147,0 Junho  440,4  1401,5  202,7  473,0  614,9  1463,2  2724,9  1254,2  3979,2  7458,8 

Julho  510,0  1639,8  237,2  553,4  719,4  1712,0  3155,6  1467,5  4623,0  8694,3 Agosto  441,6  1356,7  212,7  496,4  645,3  1535,7  2732,4  1316,3  4048,6  7586,3 

Setembro 379,6  1187,9  175,1  408,5  531,0  1263,7  2348,7  1083,1  3431,9  6414,4 Outubro  427,2  1322,5  199,9  466,4  606,3  1442,8  2643,3  1236,7  3880,0  7251,5 Média  426,9  1320,8  200,5  467,9  608,2  1447,4  2641,6  1240,7  3882,3  7258,7 

46

Comparando os resultados dos custos totais de água mais esgoto de ambas as

Tabelas, 11 e 13, e possível concluir que realmente há uma economia mensal das despesas.

Isso acontece devido o custo unitário de água cinza ser mais barato que o da água potável

usada nos vasos e conseqüente redução de emissão de esgoto para a ETE. Devido às

considerações usadas, há uma geração de água cinza maior que a demanda. Dois possíveis

destinos para esse excesso pode ser o encaminhamento para o manancial ou estudar a

possibilidade de revenda.

4.4 Análise e Retorno financeiro Como visto antes, há uma economia mensal caso se implante um sistema de

separação de águas cinzas. A Figura 16 ilustra a diferença de custos nos meses estudados.

Tomando os custos totais médios das Tabelas 11 e 13, é possível estimar um valor médio de

economia mensal simplesmente pela diferença de valores.

Obviamente, pela Figura 16, o cenário 2 apresenta um custo menor que o cenário

1 ao longo do tempo, mas de valores proporcionais. A Tabela 14 resume os dados de custos e

economias por mês.

Figura 4.16 – Diferença de custos ao longo dos meses

47

Tabela 4.14 – Resumo de custos e economias

Custo Mensal Médio Cenário 1 R$ 9.906,06 Cenário 2 R$ 7.258,72

Economia percentual 27% Economia mensal R$ 2.647,34

Resumidamente, a economia encontrada de R$ 2.647,34 representa uma redução

de 27% da despesa do cenário 1. Vale lembrar que além das despesas mensais da ETAC, há o

custo de implantação. Logo, com a posse do valor da economia mensal é possível calcular o

tempo necessário para que a ETAC se pague.

Agora, sabe-se que a implantação de uma ETAC possui um custo, o qual, baseado

em resultados de Gonçalves (2009), seria aproximadamente de R$150.000,00 para tratar esse

volume de água mensal. Vale ressaltar que o autor não menciona se este valor contempla a

substituição de instalações antigas. Partindo da premissa que a poupança seja apenas um

pouco maior que a inflação, o rendimento de juros foi desprezado da economia mensal. Em

outras palavras, o tempo de retorno foi obtido simplesmente pela razão entre o custo de

implantação e economia mensal, conforme mostrado na equação 4.1.

(4.1)

No fim do processo e resultados obtidos, conclui-se que a implantação de uma

ETAC para o tratamento de esgotos do CT é viável e possui um retorno financeiro em 56,66

meses ou aproximadamente 5 anos. A Figura 17 representa a situação da despesa ao longo do

tempo.

Figura 4.17 – Evolução da dívida ao longo dos anos sob as considerações adotadas.

48

4.5 Análise de custos e tempos retorno sob outras considerações Após a definição do procedimento de cálculo, foi decidido avaliar outros cenários

no estudo de viabilidade da implantação de um sistema separador de águas cinzas. Assim,

decidiu-se variar o coeficiente de retorno e o peso de contribuição de água aos vasos

sanitários, pois são os mais relevantes nesse estudo de cenários, e há a possibilidade de serem

maiores quando se trata de prédios públicos. A Tabela 15 mostra os valores de economia e

retorno com diferentes coeficientes de retorno e pesos contribuição de vasos ao esgoto.

Tabela 4.15 – Economia e retorno com diferentes coeficientes de retorno e pesos contribuição de vasos ao esgoto

Peso vaso 0,1 0,2 0,3

CR Econ. Mens

(R$) T Retorno

(meses) Econ. Mens

(R$) T Retorno

(meses) Econ. Mens

(R$) T Retorno

(meses) 0,7 3.269,2 46 3.164,3 48 3.059,4 49 0,8 2.887,1 52 2.767,2 55 2.647,3 57 0,9 2.505 60 2.370,2 64 2.235,3 67

0,95 2314 65 2.171,6 69 2.029,3 74

Nota-se que maiores coeficientes de retorno e pesos implicam em uma menor

economia e maior tempo de retorno. Isso é devido ao fato que quanto mais esgoto enviado a

ETE através dos vasos maior a despesa de tratamento. De forma resumida, economiza-se a

despesa de água ao considerar o uso de maior quantidade de água cinza no vaso, porém estará

sendo enviada maior quantidade de esgoto à ETE com um agravante do custo unitário do

esgoto ser de duas vezes maior que o da água potável, aumentando os custos

conseqüentemente. As Figuras 4.18 e 4.19 representam graficamente os resultados de

economia e tempo de retorno obtidos da Tabela 4.15.

Figura 4.18 – Valores da economia em função de CR e Pesos dos vasos

49

Figura 4.19 – Tempo de retorno em função de CR e pesos dos vasos

50

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O diagnóstico levantado pelo questionário revelou que, além de alguns itens

estarem quebrados, as instalações do banheiro possuem uma margem considerável de

aparelhos que podem ser substituídos por outros mais econômicos como caixas acopladas,

mictórios e torneiras com temporizador.

O estudo do histórico de consumo de água e faturas revelou que alguns blocos

estão com um consumo bastante expressivo quando comparado a outros de mesmo porte e

que, portanto, devem ser avaliadas as causas.

O estudo de cenário comparando a opção atual (sem reúso de águas cinzas) e

futura (com reúso de águas cinzas) revelou que pode-se ter uma economia mensal de R$

2.647,3 e o tempo de retorno do investimento obtido era de aproximadamente 5 anos.

Variando-se os coeficientes de retorno e o peso de consumo dos vasos sanitários

mostrou que maiores coeficientes de retorno e pesos implicam em uma menor economia e

maior tempo de retorno do investimento.

De todo jeito pode-se concluir que a implantação de um sistema de separação de

águas cinzas pode ser bastante atrativa para prédios públicos, tanto sob o ponto de vista

financeiro como o ambiental.

Como sugestões para futuras pesquisas sugerem-se:

• Realizar estudos de viabilidade nos demais centros da UFC;

• Inclusão de estudos no CT que relacionem os cenários com a inclusão da

captação de água de chuva;

• A composição do custo unitário do tratamento de água cinza e tratamento

de esgotos;

• Analisar a viabilidade de uso de águas amarelas;

• Avaliar o impacto da implantação de aparelhos mais econômicos de água.

51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANA/FIESP & Sinduscon. Conservação e reúso da água em edificações. 2005. Prol

Editora Gráfica.

BAZARELLA, BIANCA B. Caracterização e aproveitamento de água cinza para uso

não-potável em edificações.2005. Dissertação (mestrado em engenharia ambiental).

Universidade Federal do Espírito Santo.

GONÇALVES, RICARDO F. Uso racional da água em edificações. 2006.

SERMOGRAF Artes Gráficas e Editora.

GONÇALVES, RICARDO F.Águas cinzas e águas de chuva.2009. Apresentação do

XXV Congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES).

VALENTINA, RENATA S. D. Gerenciamento da qualidade e da quantidade de água

cinza em uma edificação residencial de alto padrão com vistas ao seu reúso não

potável.2009 Dissertação (mestrado em engenharia ambiental). Universidade Federal do

Espírito Santo.

WINBLAD, UNO. Saneamiento Ecologico.1999