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Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina Eduardo Gomes Eduardo Nolla Gabriela Lemos Iatagan Josino João Victor Loureiro O Processo da Carcinicultura e a Saúde do trabalhador

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Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina

Eduardo GomesEduardo NollaGabriela LemosIatagan JosinoJoão Victor Loureiro

O Processo da Carcinicultura e a Saúde do trabalhador

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“A preocupação com a integridade e o equilíbrio ambiental (...) decorre do fato de serem as mais ameaçadas do planeta, justamente por representarem, também para as sociedades humanas, um elo de

intensa troca de mercadorias, tornando-se alvo privilegiado da exploração

desordenada, e muitas vezes predatória, de recursos naturais...”

-Zona Costeira foi incluída como Patrimônio Nacional naConstituição Federal, no capítulo do Meio Ambiente, em seu art.

225.

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Histórico

As práticas predatórias, em decorrência da sua elevada produtividade por hectare, utilizando para isso o ecossistema de manguezal, trazem como resultado conflitos com as comunidades nativas, impactos ambientais e sociais importantes, conforme estudos realizados em países como a Tailândia, Bangladesh, Indonésia, China e outros.

Os danos ambientais estão relacionados, ainda, com a diminuição da produtividade pesqueira, soltura involuntária de espécies exóticas e competição com espécies nativas, disseminação de doenças, lançamento de efluentes sem o tratamento adequado e salinização do solo e do lençol freático.

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A carcinicultura teve sua origem no Mediterrâneo a partir do século XV. A era moderna da atividade surgiu no século XX, nos anos 30, no Japão, com a espécie Penaeus Japonicus que possibilitou a produção de pós-larva em grande escala. Nos anos 70, as técnicas de cultivo comercial se propagaram para os países das regiões tropicais e subtropicais, passando a ganhar importância no cenário internacional. Nos anos 80, com o empreendimento em ascensão, a produção de camarões em cativeiro evoluiu rapidamente, e hoje a atividade se desenvolve em mais de 50 países no mundo

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O Brasil destaca-se no cenário mundial na produção de camarão entre os países produtores de camarão, ocupando o sexto lugar no mundo e o primeiro na América Latina, seguido por Equador e México.

De 1997 a 2003, o crescimento da atividade no litoral país foi superior a 300%, o que em termos de produção ultrapassou 2400%, e atividade ocupa hoje uma área de aproximadamente 15.000 ha de viveiros implantados

Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) prevê para o Brasil a possibilidade de manter uma produtividade em torno de 7.500 kg/ha/dia, resultando em uma produção de 300.000 toneladas em 2010.

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A região Nordeste é responsável por 96,5% da produção nacional do pescado por proporcionar um ambiente favorável ao cultivo do camarão em cativeiro, ou seja, a presença de elementos ideais como: a água com salinidade apropriada, clima tropical e temperatura favorável.

Isso resultou em um salto de 507 empreendimentos em 2001 para 680 em 2002, o que representou um aumento de 30% em apenas um ano, significando uma ascendência na escala de investimentos a nível nacional e internacional, passando do 18º para 8º lugar no período de 1997 a 2000.

Ceará que vem ocupando o 1º lugar em produtividade e o 2º lugar em volume de produção de camarão em cativeiro com 11.333 toneladas/ano, dados de 2001, da ABCC, perdendo apenas para o Rio Grande de Norte

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O aumento da produtividade se deve à tecnologia utilizada na alimentação dos camarões, tais como: a implantação de bandejas criadouros, submersas, que contém a quantidade necessária da ração e controla sua distribuição; a intensificação do cultivo, ou seja, melhores condições por densidade de camarões/hectare; a utilização de antibióticos e fertilizantes.

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Aracati é responsável pela parcela de 12% na produção, comercialização e circulação de camarão do país

Todo esse avanço repentino no crescimento e produtividade do crustáceo, tem trazido inúmeras dificuldades e danos ao meio ambiente, especialmente nas áreas de manguezais

Para Meireles,“a indústria da carcinicultura levou em conta unicamente os custos de mercado, em detrimento dos danos ambientais, ecológicos, culturais, sociais e à biodiversidade. Comunidades foram expulsas de suas atividades tradicionais”

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Fatos

ITAIÇABA Produto usado na carcinicultura pode ter matado

trabalhador Dois trabalhadores de uma fazenda de camarões em

Itaiçaba tiveram problemas respiratórios graves. Um morreu, em janeiro. O outro está há 15 dias no Hospital de Messejana. A DRT chamou carcinicultores de todo o Estado para discutir prevenção a doenças de trabalhadores dos viveiros. Um produto utilizado para conservar os camarões libera um gás que pode levar à morte

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As questões voltadas para a saúde do trabalhador, certamente leva a indagar de que maneira o processo de trabalho na carcinicultura na região está sendo realizado. Que “tecnologias” tão avançadas estão sendo implementadas para melhoria da qualidade no trabalho? Onde entra a preocupação com o acompanhamento da saúde dos trabalhadores expostos a riscos e danos diários em sua atividade produtiva? Qual a forma de contração desse trabalhador e que direitos lhes são atribuídos nessa atividade. Em relação àqueles que fazem parte da população abrangida pelo agronegócio em seu cotidiano, pode-se perguntar de que maneira esse “desenvolvimento” é percebido por eles. Qual a repercussão em suas vidas?

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Segundo Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão/ABCC, a carcinicultura não ocupa áreas de manguezal, não faz corte de mangues, não polui as águas, sendo, segundo Rocha, a “solução” para os problemas de geração de renda das comunidades.

20 de novembro, dia da Consciência Negra - Audiência Pública na Assembléia Legislativa do Ceará para discussão dos

impactos da carcinicultura

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O processo produtivo

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Definição

Diz respeito às fases ou etapas realizadas para obtenção do produto que é o resultado do trabalho

Configura-se em quatro etapas Obtenção e transporte de matéria prima Processo de transformação da matéria-prima em produto no

interior das empresas Transporte e consumo do produto Geração de resíduos

As situações de risco oriundas da produção transcendem os limites do ambiente de trabalho e podem atingir, além dos trabalhadores, as pessoas em geral, expostas em diversos ambientes, inclusive no interior das suas residências, a variadas situações de risco à saúde. (Câmara et. al., 2003).

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Fluxograma

Laboratóriode Pós-larva

Fazenda deProdução

Beneficiamento

1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa

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Fazendo de Pós-larvas Compreende duas fases:

Maturação Larvinivultura

Serviços complementares: Laboratório para Análise Bacteriológica Microscopia Cultivo de Algas Sala de Cultivo Massivo

Serviço de apoio Grupo Gerador Casa de Captação de água Serviço de bombeamento

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Laboratório de Pós-larvas Compreende duas fases:

Maturação Larvinivultura

Serviços complementares: Laboratório para Análise Bacteriológica Microscopia Cultivo de Algas Sala de Cultivo Massivo

Serviço de apoio Grupo Gerador Casa de Captação de água Serviço de bombeamento

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Fazendo de Pós-larvas Compreende duas fases:

Maturação Larvinivultura

Serviços complementares: Laboratório para Análise Bacteriológica Microscopia Cultivo de Algas Sala de Cultivo Massivo

Serviço de apoio Grupo Gerador Casa de Captação de água Serviço de bombeamento

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Área de Maturação

Acompanham o ciclo de reprodução Há trabalhadores tanto na parte administrativa, quanto os

cuidando dos camarões Funções de cada trabalhador:

Gerente de maturação Operário de desova Operário da área de adaptação

• Ambiente de trabalho: Úmido e quente Pouca luminosidade Pouca ventilação

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Área de maturação

Esses trabalhadores estão sujeitos à: Calor intenso Frio no ambiente anexo Desconforto visual pela pouca luz Umidade Ruído Contaminação biológica Quedas Fadigas e lesões traumáticas por movimentos

repetitivos

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“Este é um local muito quente, com muito trabalho porque precisa que seja

observado todo o processo de desova para a coleta dos ovos e que as perdas sejam as

mínimas possíveis”. (E2GF)

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Larvinicultura Baseia-se no desenvolvimentos dos nauplius(larva resultante

da eclosão dos ovos) Desenvolvimento das pós-larvas até o momento da despesca Antes da transferência dos nauplius os tanques são:

Higienizados Assepsia com: ácidos, cloro e detergentes Cal hitratada no piso

• Funções de cada trabalhador: Estocador Cultivador Despescador de pós-larvas

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Larvinicultura Despescadores de pós-larvas estão sujeitos à:

Contato com os resíduos alimentares dos nauplius Parasitos, bactérias e toxinas liberadas pelos nauplius Exposição ao sol e umidade excessiva Quedas Esforço repetitivo e postura inadequada no manuseio da

rede de pesca Fadiga

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Larvinicultura

Estocagem: Local de conservação do nauplius após sua transformação em pós-larvas, por um período de 18 dias

Cultivo: Locais onde ocorre o desenvolvimento adequado dos nauplius

Despesca: retirada das pós-larvas dos tanques. Envio das pós-larvas para a fazenda de produção

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Fazenda de Produção

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Pós-Larvas

Engorda Despesca

Calagem

Beneficiamento

Fazenda de Produção

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Fazenda de Produção

Teleiro Arraçoador ou Caiaqueiro Repositor de Água Trabalhadores da Despesca Trabalhadores da Calagem

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Despesca

A atividade pode perdurar por 18 horas ou mais, não podendo ser interrompida

Riscos Ocupacionais: Período Diurno: exposição ao sol e à altas

temperaturas Período Noturno: exposição à baixas temperaturas e

umidade excessiva Risco de Afogamento Aspiração de Metabissulfito de Sódio na sua forma

em pó: contribui para a contaminação por vírus, bactérias e fungos

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Calagem

Trabalhador em contato direto com cal, resíduos orgânicos e químicos

Atividade altamente desgastante Produtos químicos corrosivos e irritantes à

mucosa e pele Ferimentos, calosidades, fissura de pele e

processos alérgicos Aspiração do pó de cal e cloro

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Fazenda de Produção

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Unidade de Beneficiamento

Despesca

Recepção de Camarões

Câmara de Espera

Controle de Qualidade do Produto/ Classificação

Congelamento

Embalagem

Expedição

Caixaria

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Recebimento

Carga horária: 8 horas/dia Contato com Metabissulfito de Sódio Transporte de caixas de 70 e 50 kg feita pelos

trabalhadores Lesões musculares e de coluna Trabalhadores sujeitos a choques térmicos Riscos na manipulação de máquinas

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Controle de Qualidade

Carga horária de 12 horas diárias Em maioria mulheres Trabalham em pé 1 hora destinada ao intervalo de almoço Uma rendição para realização de necessidades

fisiológicas por turno

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Congelamento

Mudança brusca de temperatura Risco evidente de choque térmico Sinais e Sintomas:

Tontura Falta de ar Sudorese intensa Palidez Desmaios

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Embalagem e Caixaria

Embalagem: Contato com frigoríficos Transporte, nos ombros, de caixas de 20kg

Caixaria: Maioria mulheres 8 horas realizando atividades repetitivas

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A visão do trabalhador

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Condições de trabalho

Desvalorização da mão-de-obra

Jornadas longas

Sem carteira assinada

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Depoimentos

“Não tem um horário certo porque o meu trabalho lá vive nesse processo desse manejo d’agua, aí eu não tenho aquele horário de chegar às 7h e sair às 11h e de entrar a 1h da tarde e sair as 5h da tarde. Eu já tenho um horário mais prolongado um pouco. Não tenho carteira assinada.”

“Tava com carteira assinada; foi dada baixa agora há pouco tempo. Porque tava pagando muitos impostos, era uma confusão medonha e deu porque também teve a fazenda que fechou e ele comprou e agora vai assinar de novo. No momento ninguém tem carteira assinada.”

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Saúde e Trabalho

Posições desconfortáveis Movimentos repetitivos Alta salinidade da água causa irritação

da pele Metabissulfito sódico

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Depoimentos

“O que sempre assim acontece é sobre coluna, entendeu? O cara trabalha por muito tempo e sempre e ele apresenta os sintomas. Os problemas de coluna são mais dos caiaqueiros.”

“Uso é só mesmo a calça comprida, camisa de manga longa, é só isso mesmo. Chapéu. Mas teve trabalhador lá que não se dava com a água salgada e teve umas coisas no corpo, coceira, essas coisas, micose, já teve. Às vezes saiu mais por causa disso porque não agüentava o trabalho, aí...”

“Rapaz, só tem problema de saúde quando é na despesca porque a gente mexe com o meta. Você bota dentro da água, mexe com monobloco e absorve todinho na água. Ele é um pó. Na hora que bota na água ele sobe (pó), não dá para sentir o cheiro porque a máscara não deixa. Agora se botar só com a camisa ou então assim limpo aí o cara sente. Faz mal aquilo ali.”

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Qualidade de Vida

Mudança do estilo de vida

Insatisfação por causa do Analfabetismo

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Depoimentos

“Gosto mais do mar. Esse é muito complicado. Porque às vezes, durante o dia, está tudo bem, quando é à noite acontece um problema, aí lá vai. Tem que cuidar logo; pode complicar. Eu nem sei ainda porque desisti do mar, eu tô com vontade de voltar outra vez. Não ta dando pra mim não. Eu trabalho até no domingo, eu fico lá até meio dia. Só tenho à tarde... A tarde é só pra descansar. O lazer que eu tenho é só à tarde de domingo mesmo. Aí vou vê televisão e às vezes no domingo de tarde ainda vou lá porque fico preocupado. É muita responsabilidade.”

“Eu estudei até a 4ª série porque tinha que trabalhar e não dava tempo”

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Interrelação com o Processo Saúde-Doença

Doenças causadas pelo contato com Metabissufito de Sódio

Inalação de substâncias perigosas, como o pó da ração e o cloro.

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Depoimentos

“Agora, “a meta”, como se alguém responsável derruba “a meta”, eu sei que mata. O lado ruim dos viveiros é só essa tal de “meta”. Agora “a meta” é uma elevada responsabilidade...”

“Eu acho que a gente tem que tomar cuidado é nesses tipos de ração que vêm, né? Porque o mal que faz maior dessas rações é algumas que vem com um pó porque são mais fracas do que as outras. Quando você joga a medida dentro da bandeja aquele pó sobe ... É que muitos dizem que dá uma doença do tipo câncer, uma coisa que existe nela..”.

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Meio Ambiente

Contaminação do solo pelo lançamento dos resíduos químicos.

Lançamento de dejetos nos rios.

Devastação dos mangues.

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Depoimentos

“Esses produtos que eles (empresários/carcinicultores) soltam já foi matando a maioria dos caranguejos. Aí o pessoal se afastou um pouco dos mangues porque não tinha mais trabalho, foram se empregando em viveiros de camarão.”

“Voltando a palavra atrás, nos cantos em que eles (carcinicultores) brocaram o mangue, não é comigo mas o lado que é errado eu digo que é errado: aí sim eliminou o caranguejo, como existiu por aí umas brocas, o IBAMA tomou conta disso...”

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Obrigado!