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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA ADMINISTRAÇÃO ATUÁRIA CONTABILIDADE E SECRETARIADO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO LAÍS VIEIRA CUNHA “JOY: O NOME DO SUCESSO”: UM ESTUDO OBSERVACIONAL SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O SUCESSO DE NOVOS EMPREENDIMENTOS FORTALEZA 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE … · Para a realização da pesquisa, a metodologia é de abordagem qualitativa e utiliza como método o estudo observacional em linguagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA ADMINISTRAÇÃO ATUÁRIA CONTABILIDADE E SECRETARIADO

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

LAÍS VIEIRA CUNHA

“JOY: O NOME DO SUCESSO”: UM ESTUDO OBSERVACIONAL SOBRE A

IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O SUCESSO DE

NOVOS EMPREENDIMENTOS

FORTALEZA

2017

1

LAÍS VIEIRA CUNHA

“JOY: O NOME DO SUCESSO”: UM ESTUDO OBSERVACIONAL SOBRE A

IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O SUCESSO DE

NOVOS EMPREENDIMENTOS

Monografia apresentada ao Curso de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Profa. Márcia Zebdiele Moreira.

FORTALEZA

2017

2

LAÍS VIEIRA CUNHA

“JOY: O NOME DO SUCESSO”: UM ESTUDO OBSERVACIONAL SOBRE A

IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O SUCESSO DE

NOVOS EMPREENDIMENTOS

Monografia apresentada ao Curso de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profa. Márcia Zebdiele Moreira (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Diego de Queiroz Machado

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

3

A Deus, meu único Senhor e Salvador.

Aos meus pais, Júlio e Umbelina que, cоm

muito carinho е apoio, nãо mediram

esforços para qυе еυ chegasse аté esta

etapa da minha vida. Ao meu irmão Caio

por todo carinho. Ao meu amado Gabriel

por todo apoio, paciência e incentivo.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu Deus criador, mestre dos mestres e

senhor dos senhores, por me permitir desfrutar da dádiva da vida.

Agradeço aos meus pais Júlio e Umbelina por todo esforço dedicado a

mim durante esses vinte e três anos. Pela educação que me ofereceram dentro de

casa. Por propagarem em nosso lar valores que quero passar para gerações futuras.

Por investirem na minha formação desde cedo. Por me amarem incondicionalmente.

Agradeço ao meu irmão Caio por todo companheirismo carinho e cuidado

dedicado a mim.

Agradeço ao meu amado Gabriel por todo incentivo, apoio,

companheirismo e por sempre acreditar no meu potencial.

Agradeço aos meus familiares e amigos por todo apoio.

Agradeço a minha orientadora Profª Márcia Zebdiele pelos

conhecimentos compartilhados, pelas direções a mim oferecidas e pelo tempo

dedicado a esse trabalho.

Agradeço aos meus mestres e professores do curso de Administração da

Universidade Federal do Ceará que me ofereceram grandes conhecimentos e

participaram da minha formação.

5

“Ninguém dá importância ao pão pela

quantidade de pão que existe num país

ou no mundo, mas todos medem sua

utilidade de acordo com a quantidade

disponível para si, e isso, por sua vez,

depende da quantidade total.” – Joseph

Schumpeter

6

RESUMO

O presente estudo busca discutir sobre a importância que o planejamento

estratégico exerce em novas empresas para que elas alcancem o sucesso

esperado. Com esse intuito, foram revistos conceitos com relação ao

comportamento do empreendedor e ao planejamento estratégico. Nas perspectivas

metodológicas, os dados para discussão foram coletados através de um estudo

observacional um filme baseado em fatos reais, “Joy: o nome do sucesso”. A análise

permitiu relacionar, de maneira crítica, a realidade prática evidenciada na narrativa

com as teorias apresentadas nesta pesquisa, e evidenciar como o estudo do

empreendedorismo e de planejamento estratégico podem influenciar positivamente

uma organização e evitar riscos e incertezas.

Palavras-chave: empreendedor, empreendedorismo, planejamento estratégico,

administração.

7

ABSTRACT

The present study seeks to discuss the importance that strategic planning exerts on

new companies so that they achieve the expected success. With this, concepts

regarding entrepreneur behavior and strategic planning were reviewed. In the

methodological perspectives, the data for discussion were collected through an

observational study of a film based on real events, "Joy: the name of success". The

analysis allowed us to critically relate the practical reality evidenced in the narrative

to the theories presented in this research and to show how the study of

entrepreneurship and strategic planning can positively influence an organization and

avoid risks and uncertainties.

Keywords: entrepreneur, entrepreneurship, strategic planning, management.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Pirâmide das necessidades de Maslow ............................................... 24

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Motivação sonhadora de ideia .......................................................... 21

Quadro 2 Motivação potente de ideia................................................................ 22

Quadro 3 Etapas para o plano de negócio ....................................................... 27

Quadro 4 Motivação sonhadora de ideia no filme Joy ..................................... 42

Quadro 5 Motivação potente de ideia no filme Joy .......................................... 44

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

2 EMPREENDEDORISMO ........................................................................ 14

2.1 Contexto histórico do empreendedorismo.......................................... 15

2.2 O empreendedorismo no Brasil e nos Estados Unidos..................... 16

2.3 O papel do empreendedor..................................................................... 18

2.4 Motivação para o empreendedorismo................................................. 20

2.5 Identificação de oportunidades no empreendedorismo.................... 23

2.6 A fase do planejamento do negócio...................................................... 26

3 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA ....................................................... 29

3.1 Contexto histórico do administração estratégica .............................. 29

3.2 Benefícios da administração estratégica............................................ 29

3.3 A análise do ambiente............................................................................ 31

3.4 Áreas funcionais da administração estratégica.................................. 32

3.4.1 Função Marketing.................................................................................. 32

3.4.2 Função Produção.................................................................................... 34

3.4.3 Função Recursos Humano.................................................................... 36

4 METODOLOGIA ..................................................................................... 38

5 CONCLUSÃO ......................................................................................... 21

SINOPSE DO FILME “JOY: O NOME DO SUCESSO”.......................... 39

ANÁLISE FÍLMICA................................................................................... 40

6 CONCLUSÃO ......................................................................................... 21

SINOPSE DO FILME “JOY: O NOME DO SUCESSO”.......................... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 50

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 52

11

1. Introdução

Montar o próprio negócio e obter rentabilidade através dele é o objetivo de

muitas pessoas. No século XXI, com o mercado cada vez mais competitivo, não

adianta ter grandes instalações, bons produtos e serviços, funcionários qualificados

e grandes investimentos, se não se planeja estrategicamente para o futuro. Com a

intensificação da globalização, a competitividade aumentou e a dificuldade de se

destacar perante os concorrentes também (ARRUDA, 2009).

De acordo com o Sebrae (2016), “ser empreendedor significa, acima de

tudo, ser um realizador que produz novas ideias através da congruência entre

criatividade e imaginação”, em outras palavras, o papel do empreendedor é também

inovar. A inovação pode ser desde o produto ou serviço ofertado, até a força de

venda, layout da empresa, logística, gestão de recursos humanos, gestão de

recursos financeiros, canais de atendimento, entre outras áreas da empresa. É

importante que o empreendedor sempre se diferencie em relação aos seus

concorrentes, com o objetivo de se tornar competitivo.

Quanto ao planejamento estratégico, o Sebrae (2009) observa três fases

importantes que devem acontecer para a execução do negócio. A primeira delas é a

fase de convencimento, onde o empreendedor precisa se convencer que sua ideia é

capaz de se transformar em algo promissor para o negócio. Para se obter subsídios

para avançar nessa fase, é imprescindível que o empresário tenha amplo

conhecimento sobre a atividade empresarial escolhida. Dessa maneira, os riscos de

fracasso diminuem. Após isso, começa a fase de avaliação, onde a ideia começa a

ser inserida no mercado e ocorre a avaliação financeira e mercadológica do negócio

e, assim, se inicia a fase de ação, onde as ideias são realmente concretizadas na

empresa.

Nesse contexto, Ladeira (2017) afirma que o planejamento deve ser

metódico, é necessário “respeitar” todas as fases para evitar riscos. Ele observa que

o planejamento estratégico de um negócio é totalmente diferente de um

planejamento pessoal, uma vez que um negócio é formado por pessoas e que têm

12

pensamentos e ações diferentes. Portanto, é função do empresário gerir essas

diferenças e utilizá-las como vantagem para a alavancagem do empreendimento.

É necessário entender o comportamento dos administradores no

momento anterior à abertura de uma empresa, na fase de planejamento, para se

compreender, posteriormente, os motivos que os conduziram ao sucesso ou

fracasso de novos empreendimentos. Para isso, a questão levantada por esse

estudo é: Qual a importância do Planejamento Estratégico para o sucesso de

novos empreendimentos?

O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a importância do

Planejamento Estratégico para a abertura de novos empreendimentos. Os objetivos

específicos foram:

Analisar como os novos empreendedores se preparam desde o

momento da idealização do negócio ao momento de abertura do

novo empreendimento;

Verificar como o planejamento estratégico é inserido no processo

de abertura de novos empreendimentos;

Avaliar como a utilização do planejamento estratégico pode

contribuir para evitar frustrações e o insucesso de novos

empreendimentos.

Para a realização da pesquisa, a metodologia é de abordagem qualitativa

e utiliza como método o estudo observacional em linguagem fílmica, onde o

observador não participa do evento. Para isso, utilizou-se da definição dos objetivos

da pesquisa para a busca e seleção de fontes de dados narrativos. Dessa maneira,

com a escolha do filme, pode-se obter uma visão geral da narrativa fílmica e fazer

uma análise crítica. Com isso, foi possível realizar uma interpretação prática dos

dados e fazer o confronto com a teoria.

Dessa maneira, pretende-se analisar os resultados obtidos através de um

estudo observacional do filme “Joy: o nome do sucesso” com o propósito de

contribuir de forma analítica sobre questões cotidianas que um empreendedor

poderá vivenciar.

13

Esta pesquisa está estruturada em 6 capítulos. No primeiro, com a

introdução, é contextualizado e justificado a escolha do tema. Os dois capítulos

seguintes referem-se aos aspectos teóricos relativos aos temas empreendedorismo

e administração estratégica. No quarto capítulo são identificados os procedimentos

metodológicos utilizados para o estudo. No capítulo seguinte, é retratada uma

análise fílmica sobre “Joy: o nome do sucesso” onde se pretende estreitar e

relacionar os conceitos dos capítulos anteriores com exemplos reais que

aconteceram no filme, contrapondo a teoria e a prática. Por último, no capítulo 6, são

apresentadas as considerações sobre o estudo observacional respondendo a

problemática apresentada, a avaliação sobre o alcance dos objetivos, as limitações

do estudo e as sugestões de novas pesquisas a respeito da temática discutida

nessa análise.

14

2. Empreendedorismo

Schumpeter (1964) conceituou o empreendedor como alguém que desfaz

a ordem econômica atual para introduzir novos produtos e serviços, para concepção

de outras formas de organização ou para obtenção de novos recursos e materiais.

No dicionário, o empreendedorismo significa “atitude de quem, por

iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o objetivo de

desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades de organização

e administração” (AURÉLIO online, 2017).

De acordo com Dornelas (2008), o empreendedor é quem percebe uma

oportunidade e faz com que isso se torne um negócio rentável a ele, considerando

riscos calculados. Entre as diversas definições sobre o empreendedor, o autor cita

três aspectos comuns entre elas:

1. Tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.

2. Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o

ambiente social e econômico onde vive.

3. Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar

(DORNELAS, 2008, p.23).

Nesse mesmo contexto, Degen (2005) contribui para o estudo sobre o

empreendedorismo através da discursão sobre os fatores que podem inibir o

potencial empreendedor de um indivíduo. Um dos fatores citado pelo autor é a

imagem social, que pode tanto alavancar o negócio, quanto inibir seu sucesso. Para

se tornar um bom gestor, é necessário conhecer todas as áreas da empresa, desde

atividades mais complexas como a gestão, até áreas operacionais e de apoio como

recepção, limpeza, logística e etc. O que acontece é que, para preservar uma “boa”

imagem social, alguns empresários preferem não participar de práticas que julgam

irrelevantes para as atividades fim do negócio. É nessa circunstância que se precisa

de uma atenção especial, pois, para que o gestor possa comandar uma organização

de maneira mais eficiente e eficaz é necessário que conheça afundo todas as áreas

da empresa.

15

Fora isso, a disposição para assumir riscos também se trata de um fator

inibidor para o potencial empreendedor de um indivíduo. Uma vez que um

empreendedor dificilmente terá segurança quanto a uma vida regrada, horários

certos e salários garantidos no final do mês, é imprescindível que o mesmo esteja

disposto a assumir riscos e manter o foco principal na alavancagem do negócio em

detrimento, de inicio, dos seus interesses pessoais e conforto (DEGEN, 2005).

Portanto, conclui-se que o processo empreendedor contempla as diversas

funções, atividades e ações relacionadas à criação de um negócio. Primordialmente,

o empreendedorismo compreende o curso de concepção de algo novo, de valor.

Depois, exige dedicação e compromisso, dedicando o tempo e o esforço necessário

para fazer o negócio prosperar. Por último, os riscos calculados precisam ser

assumidos e as principais decisões tomadas (DORNELAS, 2008).

2.1 Contexto histórico do Empreendedorismo

De acordo com Dornelas (2008, p. 5), a origem da palavra empreendedor

é francesa e significa “aquele que assume riscos e começa algo novo”. Fazendo

uma análise histórica do desenvolvimento teórico do empreendedorismo, o autor cita

quatro fases presentes nesse surgimento.

Inicialmente, o autor conta sobre o primeiro uso do termo

empreendedorismo, que aconteceu quando Marco Polo tentou estabelecer uma rota

comercial para o Oriente. Mostrando-se empreendedor, ele assinou um contrato com

uma pessoa que possuía capital para vender suas mercadorias. Assim, enquanto o

capitalista (o quem tinha dinheiro) era uma pessoa que assumia riscos

passivamente, o empreendedor, Marco Polo, se incumbia da função ativa se

ariscando física e emocionalmente.

Em seguida, Dornelas (2008), conta sobre o surgimento do

empreendedorismo durante a Idade Média, onde esse termo foi utilizado para

determinar quem gerenciava grandes projetos de produção. Diferentemente do

papel assumido primordialmente por Marco Polo, esse indivíduo não assumia

16

grandes riscos, ele apenas gerenciava os projetos, com o auxílio dos recursos

disponíveis que, na maioria dos casos, provinha do governo do país.

Após a Idade Média, no século XVII, foi quando, pela primeira vez, o

termo empreendedorismo foi relacionado àquele que assumia riscos, que construía

vínculo contratual com o governo para realizar serviços ou fornecer produtos. Dessa

forma, como na maioria dos casos os preços eram prefixados, todo lucro ou prejuízo

pertencia ao empreendedor.

Já no século XVIII, devido ao início da industrialização que ocorria no

mundo houve, enfim, a diferenciação entre o capitalismo e o empreendedorismo.

Dornelas (2008) exemplifica esse novo contexto através das pesquisas referentes à

eletricidade e à química, de Thomas Edson, que só se tornaram viáveis através do

apoio de capital de investidores que financiaram as pesquisas.

Por fim, ao final do século XIX e inicio do século XX, assim como nos dias

atuais, o empreendedor é também confundido com administradores ou gerentes,

pois, em alguns casos, analisa-se apenas no ponto de vista econômico.

2.2 O empreendedorismo no Brasil e nos Estados Unidos

Segundo o caderno de economia do site Uol (2016), a taxa de

empreendedorismo no Brasil é a maior dos últimos 14 anos. O estudo revela que

cerca de 4 em cada 10 brasileiros já possuem um negócio próprio ou estão inseridos

na criação de um, e ainda, que 56% dos empreendedores que estão criando ou já

criaram uma empresa identificaram uma oportunidade antes de abri-la.

Entretanto, de acordo com Maximiano (2010), no Brasil, a probabilidade

de manter um negócio por mais de três anos é relativamente baixa. Um motivo que

contribui para esse insucesso de alguns negócios que se iniciam, é a falta de

políticas públicas que viabilizem a consolidação de empresas novas. Com poucas

linhas de crédito ao pequeno empreendedor, o país não se mostra acolhedor a esse

tipo de empresário. Além disso, os juros altos, tributos e obrigações trabalhistas

também demonstram isso.

17

De acordo com o Banco Mundial apud Maximiano (2010), em uma

matéria sobre o apoio do país aos empreendedores, o Brasil ficou em 119º lugar em

uma lista de 155 países. As conclusões sobre esse estudo, para o Brasil, foram que

as empresas consomem 2600 horas anuais para pagar as excessivas cargas

tributárias, uma das mais altas do mundo. Além disso, são necessários 460 dias

para se conseguir uma licença e 152 dias para se abrir um negócio.

Quanto às perspectivas positivas do empreendedorismo no Brasil,

existem alguns órgãos de iniciativa de apoio e capacitação ao empreendedor como

o Sebrae, fundações estaduais de amparo à pesquisas, as incubadoras de novos

negócios e as instituições superiores.

Nesse contexto, em uma recente pesquisa realizada pela revista

“Pequenas Empresas e Grandes Negócios”, Skaf (2017) afirma que o cenário está

mais favorável para quem quer empreender no Brasil. Uma vez que, com a crise, os

consumidores tornaram-se ainda mais exigentes quanto ao que consomem e estão

fazendo cada vez mais a contraposição entre o custo e o benefício do produto

adquirido ou serviço contratado. Dessa maneira, o ambiente empreendedor está

mais favorável para os empresários que conseguirem se diferenciar quanto aos

concorrentes e ofertarem o melhor “custo x benefício” ao cliente. Entretanto, o Skaf

(2017) afirma que é necessário se ter uma atenção maior nas fases de planejamento

estratégico, tanto antes de iniciar o empreendimento, quanto durante seu

funcionamento, pois o mercado está em constate mudança e as empresas precisam

estar sempre preparadas para situações inesperadas.

No entanto, há um fator ainda a ser desmistificado pelos brasileiros que,

segundo Dornelas (2008), é a não valorização de homens e mulheres de sucesso

que estão conquistando o Brasil e gerando riquezas. São eles os grandes

empresários, que dificilmente são reconhecidos pelo país, ao contrário, são muitas

vezes vistos como pessoas de sorte que venceram na vida por meios alheios à sua

competência.

18

Pimenta (2016), em sua pesquisa quanto ao empreendedorismo nos

Estados Unidos, relata que a grande motivação para se empreender nos Estados

Unidos é a identificação de uma oportunidade, enquanto que no Brasil é a

necessidade. Além disso, os norte-americanos têm como foco principal para seus

negócios a busca pela inovação e a geração de empregos, o que nos revela que

eles, com bons patriotas, se preocupam com o crescimento econômico e tecnológico

do país.

Baverman (2012) revela em sua pesquisa que o empreendedorismo nos

Estados Unidos está crescendo em largos passos. A autora observa que os norte-

americanos não têm medo de testar novas hipóteses e estão contribuindo

efetivamente para o crescimento econômico do país. Entretanto, ela constata que

ainda há resistência quanto às mulheres no mundo do empreendedorismo, o que

prejudica o potencial econômico do país. Embora as mulheres sejam menos

acreditadas quanto a assumir riscos, são igualmente aos homens capazes de

construir um negócio.

2.3 O papel do empreendedor

Maximiano (2010) contextualiza sobre três papéis fundamentais que um

empreendedor deve exercer em uma organização. São eles: tomar decisões,

trabalhar com pessoas e lidar com informações.

Primeiramente, sobre o papel de tomador de decisões, Maximiano (2010)

associa essa função ao papel do administrador. Ele explica o quanto é importante a

tomada de decisão para a administração e que se pode entendê-la, nesse contexto,

como sinônimo de empreendedorismo. O autor diz que a tomada de decisão é

proveniente de alternativas, o que quer dizer que é fruto da avaliação de problemas

e oportunidades. O autor elenca três tipos de decisões comuns que devem ser

tomadas numa organização, que são: futuro e objetivos, administração de recursos e

resoluções de problemas.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Biagio (2014) observa que a

capacidade de planejar e de controlar é intrínseca para um empreendedor. Uma vez

19

que é função do empresário avistar uma situação futura e traçar alternativas para

atingi-las da melhor forma. Nesses fatores estão inclusas a divisão de tarefas em

trabalhos menores e a estipulação de prazos para a execução das mesmas. Dessa

maneira, através dos subsídios obtidos com o planejamento e controle é possível

adquirir melhores recursos para uma assertiva tomada de decisão.

Maximiano (2010) o fala sobre a importância de saber trabalhar com

pessoas, o principal recurso da empresa. Para o administrador, a parceria com

pessoas é fundamental para o negócio funcionar, alcançar objetivos e crescer. Não

somente é importante o relacionamento interpessoal com os funcionários, mas

também os fornecedores, clientes, sócios, investidores, dentre outros. Por isso, é

importante que o gestor tenha conhecimento sobre as diferenças individuais através

das e ferramentas comportamentais da administração para, assim, entender

processos de liderança, negociação, motivação e dinâmica em grupo.

Nesse contexto, Sertek (2014) contribui para o estudo dos papéis do

empreendedor abordando sobre a capacidade que um empreendedor deve ter de

delegar autoridade dentro de uma empresa. Um bom gestor é aquele que consegue

trabalhar em equipe e, além de delegar tarefa, é capaz também de delegar

autoridade. Uma vez que um indivíduo tem dificuldade em fazer, com excelência,

diversas atividade ao mesmo tempo, para um bom empreendedor é necessário que

o mesmo tenha em mente como pode alavancar o seu negócio contanto com o

apoio de alguém para tomar determinadas decisões por ele, enquanto que ele pode

dar atenção para outras áreas da empresa.

Maximiano (2010) completa o papel do empreendedor discutindo sobre o

processo de lidar com informações. Esse fator está intimamente ligado aos dois

anteriores, pois, é preciso de informações para que a tomada de decisão e o

relacionamento interpessoal ocorram da melhor maneira possível.

Maximiano (2010) expõe três fases sobre trabalhar com informações. A

primeira é procurar e obter informações. Nessa fase, o gestor precisa ter em mente

que nem sempre as informações chegam até ele e, muitas vezes, é necessário que

o mesmo as alcance. Entretanto, é importante se ter filtro quanto às inúmeras

20

informações que são produzidas e ofertadas sempre e saber qual será útil para o

seu negócio. Na segunda fase, processar informações, é necessário analisar e

entender a informação, e relacioná-la com a tomada de decisão. Na última fase, o

administrador precisa divulgar a informação. É necessário para quem estão

trabalhando junto ao administrador, saber quais são os objetivos da empresa. Para

isso, o gestor precisa oferecer as informações necessárias para que se possa ter um

trabalho em conjunto em busca do mesmo objetivo. Assim, o administrador pode

evitar sobrecarga de trabalho.

2.4 Motivação para o empreendedorismo

A motivação impulsiona as pessoas a fazerem algo para atingir

determinado objetivo. No empreendedorismo não é diferente, existem diversos

fatores que são percussores para a iniciação de um negócio próprio. Com já era de

se esperar, em uma pesquisa realizada por Degen (2009), foi constatado que a

vontade de obter riquezas através de sua própria empresa é a principal motivação

para um empreendedor, visto que eles constatam que isso não seria possível em

condições de empregado.

Além disso, outros fatores impulsionam o empreendedorismo e eles

podem ter várias origens motivacionais. Biagio (2014) fala sobre o que pode motivar

uma pessoa a se tornar um empreendedor e elege dois blocos para discutir

diferentes tipos de motivação, sendo elas a maneira sonhadora da ideia e a maneira

potente de ideia.

No primeiro bloco, sobre motivação sonhadora da ideia, Biagio (2014)

descreve esse tipo como arriscada, comuns em pessoas influenciadas ao estímulo

do empreendedorismo pela impulsividade, que se deixam levar por situações

intuitivas ou acreditam estarem diante de oportunidades fantásticas. Nesse caso, a

probabilidade do sucesso do empreendimento é reduzida, visto que os

empreendedores não estão com o “pé no chão” quanto à realidade em que vivem.

Nesse caso, muitos se deixam levar pela vaidade e pelo o entusiasmo do momento,

sem identificar, muitas vezes, se a ideia é real e prática ou simplesmente abstrata e

inútil (BIAGIO, 2014).

21

Para melhor entendimento sobre o assunto, o autor elenca e explica

algumas situações comuns no bloco sobre motivação sonhadora da ideia, através do

Quadro 1:

Quadro 1: Motivação sonhadora de ideia.

Situação Características

Oportunidade

fantástica

É comum quando alguém se depara com uma oportunidade que

aparentemente é irrecusável, pois acredita gerar bons resultados

através dela. Entretanto, por mais que isso seja positivo, é

necessário estarem atentos para a possibilidade real de ganho,

satisfação e crescimento. É importante também ter cuidado para

não realizar uma “rápida avaliação” e deixar de visualizar os

perigos do empreendimento.

Iniciativa levada

pela intuição

Pessoas que têm iniciativa, muitas vezes, são também

realizadoras de ideias. Porém, é necessário ter cautela para não

deixar a sensatez ser substituída pela intuição.

Brilhantismo

criativo

As pessoas criativas são aquelas que criam algo novo, formando

e materializando novas ideias. Isso é uma excelente

característica que um gestor pode ter. Contudo, é importante se

ter cuidado para não ultrapassar o limite da realidade, ou seja, o

idealizador precisa ter em mente que a nova invenção precisa ter

utilidade prática.

Disponibilidade

insuficiente

Antes de empreender, é necessário fazer vários estudos. Um dos

principais e decisivos para a viabilidade do negócio é o estudo da

concorrência, pois, é ele que irá avaliar as possibilidades de se

inserir no mercado e se tornar competitivo. Entretanto, é comum

ter empreendedores que ignoram a existência da concorrência e

investem em um negócio apenas focando no retorno financeiro

em relação ao investimento, ignorando a forte interferência dos

competidores e não se atentado que pode ser que não exista

mais espaço para um novo negócio no mesmo mercado. Nesse

último caso, é necessário oferecer algo a mais, inovar o que já

22

existe. Depois disso, observar se essa inovação ainda trará o

retorno esperado e, assim, constatar a viabilidade do

empreendimento.

Fonte: Adaptado. (BIAGIO 2014).

Maximiano (2010) também contribui com o assunto abordado

apresentando aspectos que contribuem para a motivação de manter o

empreendimento. O autor apresenta que motivos externos à empresa são capazes

de motivar os empresários devidos a satisfação de necessidades de estima e

financeira, desperte sentimentos de interesses ou representação de recompensas

desejadas. Dessa maneira, é possível observar que o empresário poderá ser

motivado ou não após o inicio do negócio de acordo com a sua rede de

relacionamento, clientes e fornecedores.

Com relação ao segundo bloco do estudo abordado por Biagio (2014,

p.37), motivação potente da ideia, o autor observa que esse tipo “reúne estímulos e

ações baseadas na busca pela satisfação de necessidades e movidas pela

expectativa de satisfação”. Nesse bloco, se encaixam o contexto de situações de

superação de dificuldades e garantia de subsistência, além das que envolvem a

satisfação das necessidades pelo reconhecimento.

A grande diferença entre a motivação potente de ideia e a sonhadora está

na sensatez e na cautele, que significa oportunidades seguras, iniciativa moderada,

criatividade sensata, imaginação legítima e disponibilidade de meios e recursos

consideráveis. Assim como no caso anterior, para melhor entendimento, Biagio

(2014) reúne algumas características presentes nesse tipo de motivação, conforme

o Quadro 2:

Quadro 2: Motivação potente de ideia.

Situação Características

Superação e

Isso decorre, muitas vezes, da perda do emprego, renda ou

de outro meio de sobrevivência qualquer. Esses momentos

são excelentes fontes de criatividade e com embasamento

23

subsistência viável de um novo negócio. Nesse novo contexto, o senso de

realidade está presente fortemente, visto que a necessidade

de superação está intimamente ligada à de subsistência.

Relacionamento,

reconhecimento

e

autorrealização.

A necessidade de mudança no estilo de vida resultando numa

maior autoafirmação ou ascensão social são fatores que

podem contribuir para empresários serem bem-sucedidos em

seus negócios. Isso pode ocorrer, segundo estudioso, pelo

grande medo do recuo. Dessa maneira, o empreendedor tem

mais cautela, prudência e senso de realidade perante as

ideias a se empreender. Pode-se dizer também que essas

pessoas, que buscam a realização através de um negócio,

submeteram suas ideias a uma análise detalhada e crítica,

evitando riscos ou fracassos.

Fonte: Adaptado. (BIAGIO, 2014, p.38).

Portanto, é possível observar, quando se compara os dois blocos de

motivação apresentado pelo autor, que as motivações têm diversas origens e elas

podem interferir diretamente no sucesso ou fracasso do negócio. É preciso analisa-

las suscintamente e utilizá-las como vantagem para o empreendimento.

2.5 Identificação de oportunidades no empreendedorismo

Uma oportunidade no mundo dos negócios é vista como algo que pode

ser útil, necessário e/ou interessante para o consumidor. Assim, como o que as

pessoas mais veem é aquilo que precisam, é necessário que essa utilidade,

necessidade ou interesse seja percebido pelo público-alvo. Dessa maneira, fica claro

que o empreendedor deve, acima de tudo, conhecer as necessidades humanas,

visto que esse é o berço da oportunidade, onde podem encontrar nichos pouco

explorados (SCHINEIDER e BRANCO, 2012).

Dornelas (2008) afirma que a decisão de executar uma aparente

oportunidade é delicada e precisa ser tomada com bastante cautela. Primeiramente,

é preciso saber qual mercado será atendido por essa demanda, para posteriormente

estipular um retorno econômico que isso irá proporcionar. Dessa maneira, é possível

24

obter subsídios para entender quais serão as vantagens competitivas que essa

oportunidade oferecerá ao negócio. É importante também se ter em mente como

deve ser a equipe que contribuirá para a alavancagem do empreendimento e

analisar até que ponto o empresário está comprometido com o negócio. Dessa

maneira, é possível obter filtros que podem contribuir para a real identificação de

uma oportunidade.

Com relação à hierarquia das necessidades, a função do gestor é

entender as carências do consumidor e o impacto causado na motivação das

pessoas para obter o produto em um primeiro instante. Posteriormente, em um

segundo momento, a função do gestor é criar um produto ou serviço que atendam

às necessidades dos consumidores. O autor explica que, quanto mais o tipo de

produto ou serviço se inserir nos níveis básicos, maior será a quantidade de clientes,

pois não são todos que conseguem suprir os níveis superiores. Ou seja, para

alcançar os níveis mais altos da pirâmide, é preciso maior especialização e, embora

seja um mercado menos competitivo, o investimento é maior devido ao alto grau de

exigência desse tipo de público que alcançou os níveis superiores da pirâmide da

hierarquia das necessidades de Maslow (SCHINEIDER e BRANCO, 2012).

Figura 1: Pirâmide das necessidades de Maslow. Fonte: (MASLOW, 1943, apud SCHINEIDER e

BRANCO, 2012).

25

Para a transformação da necessidade em oportunidade é necessário,

antes de tudo, adquirir um amplo conhecimento sobre o negócio. Para isso, é

importante conversar com outras pessoas sobre o assunto, conhecer outros

negócios, participar de feiras sobre o segmento além ler a respeito (SCHINEIDER e

BRANCO, 2012).

Degen (2009) observa que a crise também é um importante fator que

pode ser oportuno aos empresários. Ele lembra a crise automobilística no Brasil nos

anos 90, quando os consumidores começaram a adquirir carros importados em

detrimento dos nacionais por conta do atraso tecnológico em que a indústria de

automóvel no Brasil se encontrava. Foi o momento que montadoras como

Volkswagem, GM, Fiat e Ford tiveram que se reinventar e atender às demandas do

mercado doméstico. Dessa maneira, pode-se observar que a crise foi um importante

fator para a alavancagem das vendas das montadoras. Dessa maneira também

pode acontecer com novos negócios a partir da identificação da carência social de

algum atributo com a observação de uma oportunidade de negócio.

Para Schineider e Branco (2012), além disso, algumas questões devem

ser levantadas pelos gestores antes de consolidar a necessidade em oportunidade,

como:

- Quais necessidades podem ser satisfeita com o negócio que se quer

empreender?

- Quanto os potenciais clientes possuem para gastar, ao tentarem satisfazer

suas necessidades?

- Quais são as opções atuais para a satisfação de tais necessidades?

- Quem são os fornecedores atuais para o produto ou serviço?

- O que é fornecido aos clientes pelos concorrentes atuais?

- Como geram valor aos clientes e ao mercado? (SCHINEIDER e BRANCO,

2012, p.64).

Com as respostas para essas perguntas, é possível moldar uma proposta

de atendimento aos clientes e ao mercado.

Sertek (2012, p. 87), fala sobre algumas maneiras de reconhecer

oportunidades além da identificação de necessidade. O autor prossegue e elenca o

26

“observar diferenças” como um fator importante para detectar uma oportunidade. Ele

observa que uma estratégia para manter-se competitivo no mercado é inovando,

pois, é preciso se antecipar antes que outra empresa ganhe o espaço do seu

negócio. Em seguida, ele comenta sobre a importância de se “observar as

tendências”, pois, vivemos em um ambiente de constantes mudanças e isso afeta

também a sociedade e as necessidades demandadas por ela. O autor elenca as três

fases fundamentais que impulsionam a mudança: “ameaças externas”

(sobrevivência da empresa perante os concorrentes), “oportunidades externas”

(novos mercados) e “rapidez de respostas” (demandas do consumidor).

2.6 A fase do planejamento do negócio

De acordo com Chiavenato (2012), para abrir um negócio é necessário

que se tenha um plano a ser colocado em prática. O autor compara a fase de

planejamento de uma empresa com uma longa viajem de carro, onde é necessário

um roteiro, um mapa detalhado, um projeto e um cronograma até alcançar o destino

final. Dessa maneira, voltando para o planejamento do negócio, o empresário não

sabe o que lhe espera no trajeto até a consolidação do seu empreendimento.

Portanto, é fundamental que haja uma organização para que se tenham menos

riscos através da diminuição de incertezas.

Sertek (2012) afirma que a importância do plano de negócio para uma

empresa que está de iniciando é a possibilidade de melhor visão do conjunto da

empresa. Dessa maneira, é possível obter definição de expectativa de potencial

lucro, através da clareza das etapas do negócio.

O plano de negócio ou business plan, é o documento onde estão

detalhados os principais objetivos e informações sobre o futuro da empresa,

viabilizando sua implementação. Além de ser o meio pelo qual os administradores

poderão analisar de forma mais clara a viabilidade e riscos do negócio

(CHIAVENATO, 2012, p.150).

27

Para um melhor entendimento sobre a necessidade de um plano de

negócio, Chiavenato (2012) propôs seis etapas que devem acontecer para a

elaboração do mesmo, conforme o Quadro 3.

Quadro 3: Etapas para o plano de negócio.

Etapa Característica

Sumário

executivo

É a apresentação da empresa, onde constam dados pessoais do

diligente e sócio, além de outras informações gerais como

experiência profissional, atribuições, missão da empresa, fontes de

recursos, etc.

Análise do

mercado

É o momento em que se estuda o público-alvo da empresa, ou seja,

é quando se analisa o comportamento dos clientes na hora da

compra, além de também observar as características dos

concorrentes e dos fornecedores. Assim, é possível se ter uma ideia

do posicionamento da empresa.

Plano de

Marketing

Nessa fase, é onde se realiza a descrição dos produtos e serviços a

serem ofertados, além de características, preço, plano de

comercialização e distribuição, estratégias de promoção,

localização do empreendimento, entre outros.

Plano

operacional

Nesse instante do planejamento do negócio, é apresentado o

arranjo físico das instalações, como será realizado o processo

produtivo, distribuição de máquinas, equipamentos e pessoal, e

também determinar o volume de produção inicial para se ter uma

ideia de capacidade produtiva

Plano

financeiro

É um dos principais pontos de atenção no plano de negócio. É

nesse momento que é definido a estimativa de investimento em

todos os materiais que serão necessários para o funcionamento do

negócio, bem como capital de giro. É necessário também realizar

uma estimativa de fluxo de caixa para anos futuros, determinar

prazo médio de compra e de venda, necessidade de estoque, custo

unitário, custo para comercialização, incluindo mão de obra e

depreciação.

Avaliação É o momento em que se analisa a matriz de oportunidades,

28

estratégica ameaças, pontos fortes e fracos para constatar a viabilidade do

negócio.

Fonte: Adaptado (CHIAVENATO, 2012, p.150).

Nesse contexto, Degen (2009) contribui com o estudo através da

apresentação dos benefícios que um plano estratégico oferece para um empresário.

Dentre eles está a possibilidade de reunir as informações e ideias a respeito do novo

negócio de forma ordenada. Com isso, é possível vender o negócio para o próprio

investidor e, então, analisar se realmente ele “compraria” o seu projeto. Outra

vantagem do plano estratégico é a simulação de consequências sobre as estratégias

competitivas estabelecidas no plano para, dessa maneira, alavancar a possibilidades

de sucesso do negócio.

29

3. Administração Estratégica

De acordo com Sales (2014), administração estratégica é um conjunto de

direcionamentos, caminhos e valores que os gestores da organização determinam

para a empresa poder se desenvolver ao longo do tempo. As estratégias das

empresas tem a função de fazer com que a organização tente prever os problemas

que podem ocorrer no futuro, com o objetivo de diminuir seus riscos de insucesso.

3.1 Contexto histórico da administração estratégica

De acordo com Certo et al. (2014), a definição de administração

estratégica começou a ser estudada nos EUA, em 1950, a partir do patrocínio de

uma pesquisa sobre os currículos das escolas de administração, pela Fundação

Ford e a Carnegie Corporation. O resultado da pesquisa, chamada de Relatório

Gordon-Howell, relatava a necessidade de se amplificar e incluir um curso de

capacitação na área política na grade curricular do curso de administração.

Entretanto, ao invés desses cursos apresentarem para os estudantes problemas de

negócios para análise de áreas específicas, ele seria focado na resolução do

problema no mundo real em todas as áreas da empresa.

A partir de 1970 o relatório de Gordon-Howell começou a ser aceito e

utilizado nos currículos de muitas faculdades de administração. Contudo, com o

passar do tempo, criou-se a necessidade de estudar outras esferas ligadas ao

negócio, como a organização global e o seu ambiente. Assim, começaram a serem

estudados todos os fatores externos e internos que poderiam afetar os resultados da

organização como a responsabilidade social e a ética, além de como os fatores

políticos, legais e econômicos poderiam impactar a empresa, entre outros. Dessa

maneira, a disciplina de política de negócios se expandiu surgindo a administração

estratégica. (CERTO et al., 2014)

3.2 Benefícios da administração estratégica

Uma empresa pode obter benefícios através da administração estratégica

quando ela é bem desenvolvida, implementada e operacionalizada. Um dos

30

benefícios que o negócio adquire através da administração estratégica é um “modelo

de gestão mais simples, flexível e sustentado”. A vantagem é que os modelos de

administração mais modernos ocupam o lugar dos burocratizados, uma vez que a

administração agrega também atualidade à empresa. Nesse contexto, outro fator a

se considerar é a integração das principais atividades administrativas relacionando

fatos, informações, decisões, ações e avaliações, o que faz com que a empresa se

torne cada vez mais competitiva no mercado em que atua (COSTA, 2007, p.11).

Outro benefício relacionado ao tema é a “identificação facilitada das

capacitações e não capacitações dos profissionais da empresa, bem como

consolidação de novo perfil de dirigente”. Na administração estratégica, ao passo

que as questões ficam mais interativas com conteúdos de estratégia, a gestão se

torna mais transparente, eficiente, eficaz e efetiva, acarretando, assim, a

identificação mais rápida das capacitações e não capacitações de conhecimentos ou

habilidades. Isso pode ser aplicado tanto no processo decisório quanto na operação

(COSTA, 2007, p.11).

A “consolidação de postura de atuação empresarial direcionada para as

necessidades e expectativas atuais e futuras do mercado” também se caracteriza

como um benefício adjunto à administração estratégica. Em uma empresa, é

necessário que os planos e a realidade interna interajam com as necessidades do

mercado (COSTA, 2007, p.11).

Mais um benefício apresentado pelo autor é a “melhoria nos níveis de

motivação, comprometimento, proatividade e qualidade”. Na administração

estratégica, fica claro para o colaborador sua função e papel na organização,

controlando seu próprio processo com parâmetros de resultados a serem

alcançados pelos planos e objetivos do negócio (COSTA, 2007, p.11).

Por último, o autor indica como um benefício da administração estratégica

o “incremento na amplitude de atuação e nos resultados da empresa”, uma vez que

a competitividade é impulsionada através da administração estratégica, fazendo com

que a empresa conquiste uma maior participação no mercado e melhores resultados

financeiros (COSTA, 2007, p.11).

31

3.3 A análise do ambiente

De acordo com Johnson, Scholes e Whittington (2011), é por meio do

ambiente que a empresa obtém a sobrevivência. Embora seja ele que mantém as

empresas e as fazem crescer, pode se mostrar também como ameaça aos negócios.

Mudanças na demanda de mercado, novas exigências regulatórias, avanços

tecnológicos ou a chegada de concorrência são fatores do ambiente que afetam um

negócio. Nesse contexto, é possível identificar ameaças ambientais à empresa de

diversos meios e, para melhor entendimento, os autores propõem um modelo

chamado “camadas do ambiente no negócio” onde eles discutem como o macro

ambiente, a indústria e a concorrência podem interferir na organização.

Certo et al. (2014) contribui com o estudo definindo três papéis da análise

do ambiente nas organizações. O primeiro é o de orientar para as políticas,

mantendo a alta administração informada sobre as tendências emergentes no

ambiente, antecipando a descoberta de normas e leis que podem afetar a

organização como um todo. Outro papel importante é o de integrar o planejamento

estratégico, fazendo com que as diversas áreas se comuniquem para que se possa

observar de uma maneira mais clara o ambiente ao qual a empresa está inserida.

Por fim, existe também o papel de orientar para a função, garantindo melhor

eficiência na execução de todas as atividades da empresa e também contribuindo

para que os colaboradores estejam preparados para as mudanças do ambiente que

podem afetar a organização;

Quantos às “camadas do ambiente no negócio” Johnson, Scholes e

Whittington (2011) falam sobre a interferência do macro ambiente nas organizações

e o classifica na camada externa do modelo. Esse fator é constituído de elementos

do ambiente que podem impactar mais ou menos em quase todas as empresas.

Para esse ponto, é possível identificar que os impactos às organizações surgem

através dos cenários políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ecológicos e

jurídicos. Essa análise fornece dados para se observar os principais indicadores de

mudanças e podem ser usados para análise futuras nas organizações. Assim, os

cenários ditam sobre as necessidades de mudança de estratégia com relação às

possibilidades de transformação no ambiente organizacional.

32

Para a camada seguinte, os autores selecionam as indústrias como fator

de interferência nas empresas. Essa camada é constituída por organizações que

fabricam os mesmos produtos ou fornecem os mesmos serviços. Além disso, as

cinco forças de Porter (2011) são utilizadas para a compreensão da atratividade

industrial e das ameaças potenciais proveniente dos concorrentes.

Por fim, a camada mais próxima à organização, ou seja, a que tem mais

interferência, são os concorrentes. Nesse ponto haverá organizações com

características distintas que concorrem em bases diferentes, algumas mais perto e

interferindo mais e outras mais longes e com pouca interferência. Por isso, a

estratégia pode ajudar a identificar quem são esses concorrentes e traçar meios

para manter-se competitiva (JOHNSON, SCHOLES e WHITTINGTON, 2011).

3.4 Áreas funcionais da administração estratégica

Campos (2016), fala sobre o método de análise empresarial a partir da

observação de suas áreas funcionais para, em seguida poder comparar a empresas

com os competidores, a fim de constatar se as práticas adotadas no negócio são

eficientes, o que se pode fazer para melhorar e quais são os diferenciais em relação

aos concorrentes. Nesse contexto, a autora analisa as áreas funcionais da empresa

como o marketing, a produção e o recursos humanos, com o objetivo de reforçar os

pontos positivos e minimizar os negativos em relação aos concorrentes.

3.4.1 Função Marketing

A autora inicia suas considerações enfatizando a importância da

satisfação dos clientes fieis à empresa, pois, é preciso observar se o negócio está

suprindo às expectativas e necessidades dos consumidores, através de uma

pesquisa de mercado. Em seguida, o autor comenta sobre a importância da

fidelidade dos clientes à empresa. É preciso se atentar ao período de compra dos

produtos na empresa no decorrer do tempo e está preparado para suprir o mercado

consumidor quando houver essa demanda. Nesse contexto, o autor observa que a

fidelização traz consigo diversas vantagens como: facilidade de retenção de público,

menos gastos com marketing, os clientes se dispõem a pagar preços superiores e

33

são resistentes em experimentar produtos concorrentes. Outra questão importante a

se analisar é a situação financeira dos clientes da empresa, pois, é preciso

considerar o grau de inadimplência, caso o cliente não tenha condição financeira

estável para adquirir o produto ou serviço que a empresa oferece (CAMPOS, 2016).

Um fator importante a se atentar na função marketing é a imagem da

empresa. Com isso, a organização precisa está dedicada às ações de

responsabilidade social e ao relacionamento com a sociedade e os funcionários,

além de inovar e agregar valor à marca, para viabilizar que se possa cobrar mais,

devido a essa empresa ser vista pelos consumidores como a melhor do mercado

atuante. Nesse mesmo contexto, outro fator importante a se considerar é a

participação de mercado da empresa, pois, é algo que precisa está bem definido e

claro pela equipe de marketing, uma vez que isso é extremamente necessário para

se fazer estimativa de produção e faturamento (CAMPOS, 2016).

Outro ponto importante a ser observado é a localização e número de

ponto de venda, pois, a probabilidade de aumento de venda cresce

proporcionalmente à quantidade de pontos de venda. Entretanto, é preciso atentar-

se de que os custos com aluguéis e funcionários, por exemplo, também aumenta.

Por isso, é necessário fazer um estudo relacionando custo e benefício da quantidade

de pontos de venda. Nesse mesmo contexto, um fator interessante a se analisar é

também a localização número de pontos de armazenagem, visto que esse fator

interfere diretamente no tempo de entrega do produto. Além disso, é necessário

atentar-se também para o sistema de distribuição e identificar qual será o modelo

mais eficaz para o negócio (CAMPOS, 2016).

Rocha (2012) analisa a relação consumidor-produto e observa que é

importante saber o motivo que leva os consumidores a consumirem determinados

produtos em detrimento de outros. É nesse momento que o marketing da empresa

pode contribuir com através da busca de informações quanto às intenções de

consumo dos clientes para, dessa maneira, a empresa poder direcionar os seus

produtos às necessidades do consumidor.

34

A competitividade em preço é um fator fundamental para ser estudado e

definido de acordo com a estratégia da empresa. Pois, se o objetivo do negócio é

focado em diferenciação, o preço inferior pode significar qualidade inferior. Outro

elemento importante é a “amplitude da linha de produtos/serviços”, uma vez que

uma linha mais abrangente e que atende às necessidades dos consumidores, pode

impedir que eles busquem produtos concorrentes do negócio. É importante também

se atentar para a produtividade e força de vendas da empresa, pois, é essencial

para a organização ter o controle sobre a média de venda por vendedor e também

comparando com os dados dos concorrentes, de modo que se possa identificar qual

empresa consegue vender mais com menos profissionais, podendo gerar redução

de custos para empresa (CAMPOS, 2016).

Além disso, de acordo com a página Esag (2017), é necessário que haja

uma compreensão do mercado para que se possa planejar o desenvolvimento de

uma nova oferta. Dessa maneira, é possível identificar o mercado-alvo e criar

estratégias para a conquista do cliente. Após isso, é necessário também se pensar

de forma estratégica com será a gestão de relacionamento com o cliente, uma vez

que todos estamos submetidos à constantes mudanças e, para fidelizar o

consumidor, é necessário diferenciação.

Por fim, ainda sobre o fator marketing, a autora sugerem dois itens a

serem considerados em um planejamento estratégico, a integração e

relacionamento com outras áreas da empresa, possibilidade a comunicação e a

unidade dos setores, e os sistemas de informação de marketing, pois permite uma

busca eficiente, melhor análise e aperfeiçoa a disseminação e uso de informações

do mercado beneficiando a organização (CAMPOS, 2016).

3.4.2 Função Produção

A autora inicia o estudo sobre a função produção no planejamento

estratégico analisando o item localização e número de plantas do empreendimento.

Esse ponto é um indicador sobre o posicionamento estratégico da empresa,

apontando se a quantidade de unidade de produtos ou se um tipo de serviço é

competitivo com relação aos concorrentes. É importante também se atentar para o

35

tamanho das plantas, pois, é possível se planejar estrategicamente para que a

divisão do empreendimento gere redução de custos e melhoria no desempenho da

entrega dos produtos. Além disso, é necessário observar a idade das plantas, uma

vez que plantas produtivas mais atuais pode ser um fator de diferenciação

tecnológica (CAMPOS, 2016).

O nível de automação é um indicador do nível de produtividade.

Entretanto, como uma automação em nível mais elevado significa também custos

mais elevados, é necessário identificar a compatibilidade da aquisição de uma nova

máquina com as estratégias da empresa, visto que isso pode gerar aumento de

preço do produto. Além disso, é importante se observar a produtividade da empresa

e investir em treinamentos e qualificação da força de trabalho (CAMPOS, 2016)

Silva (2010) contribui com o estudo relacionando essa função à inserção

do negócio no mercado através de seus produtos, avaliando a competitividade frente

a seus concorrentes. A autora observa que a produção age em conjunto com outras

funções da empresa, como a de apoio, uma vez que é necessária para desenvolver

objetivos e criar estratégias para a organização. Além disso, a função de

implementação está ligada a de produção, pois é a partir dela que estratégia

acontece, transformando-a em realidade operacional. Dessa maneira, é possível

observar que a produção exerce um papel de extrema importância na organização

fornece meios para o alcance da vantagem competitiva.

Outro ponto interessante para o planejamento estratégico é se observar o

poder de barganha em compras, visto que o volume de compras interfere no poder

de barganha e concomitantemente na relação com os fornecedores, possibilitando

parcerias estratégicas. Além disso, a confiabilidade dos fornecedores é de extrema

importância, dado que isso interfere, por exemplo, na qualidade do produto e no

cumprimento do prazo de entrega. Nesse contexto, é interessante também se

atentar aos “níveis adequados de estoques", em consequência que esse fator pode

trazer eficiência à empresa quanto a aspectos financeiros. Paralelamente, a

“disponibilidade de matéria-prima” também interfere na eficiência da organização, já

que esse fator, quando planejado estrategicamente, pode trazer força ao processo

produtivo em relação aos concorrentes (CAMPOS, 2016).

36

Por fim, sobre a função produção, a autora indica que a integração e

relacionamento com outras áreas da empresa e o “sistema de informação de

produção/operação” são fatores importantes para a atuação da área de marketing da

empresa poder atuar com maior eficiência. (CAMPOS, 2016)

3.4.3 Função Recursos Humanos

Para se formular um diagnóstico interno e dos concorrentes, é preciso

analisar alguns fatores. A autora como falando sobre a importância das politicas de

recrutamento, dado que uma boa imagem da organização pode atrair os melhores

profissionais. Em seguida, ela completa discutindo a importância das políticas de

seleção e observa que, para selecionar os profissionais para determinada função, é

preciso focar no tipo de seleção e no que competência ela irá exigir na hora da

entrevista (CAMPOS, 2016).

Um ponto muito importante a ser considerado é o treinamento na

empresa. De acordo com a autora, pesquisas dizem que quanto mais as empresas

investem em treinamento, melhores são os seus resultado, além de agregar

satisfação e motivação ao funcionário (CAMPOS, 2016).

É preciso fazer elaborar juntamente com o planejamento estratégico da

empresa, o planejamento estratégico para a área de recursos humanos. Silva (2003)

fala que esse plano deve identificar necessidades das organizações quanto ao

gerenciamento eficaz na gestão de pessoas, com o objetivo de possibilitar ganhos

reais na produção, qualidade e competitividade. Além disso, é preciso também se

planejar como a empresa pode satisfazer os anseios pessoais e profissionais de

seus colaboradores.

A avaliação de desempenho é outro fator importante presente na função

recursos humanos. A empresa deve ter como princípio as estratégias e objetivos e

adequar a avaliação de desempenho a isso. Assim, poder determinar as

expectativas dos funcionários e melhorar o desempenho e satisfação dos

colaboradores. Nesse contexto, em seguida, a autora fala sobre um dos principais

37

aspectos motivacional, a remuneração. É importante para o funcionário que a

empresa ofereça não apenas salários atrativos, mas benefícios que o motivem

dentro da empresa. Além disso, o profissional precisa sentir-se desafiado a alcançar

outros níveis e, por isso, a autora identifica como um fator estratégico o plano de

carreira (CAMPOS, 2016).

Um ponto delicado que não pode ser esquecido na função recursos

humanos é o índice de acidente do trabalho. Esse fator diz muito sobre a

confiabilidade da empresa perante o mercado e colaboradores. Além disso, uma

empresa que não cumpre normas de segurança está pondo em risco o seu processo

produtivo também (CAMPOS, 2016).

Segundo a autora, os colaboradores precisam de alguém para se

espelhar, ou seja, diretores competentes e líderes empreendedores contribuem para

a sintonia e motivação dos funcionários da empresa. Além disso, o negócio precisa

também se atentar sobre como os chefes e gerentes estão sendo motivados, afinal,

a motivação é uma cadeia que segue hierarquicamente de cima para baixo

(CAMPOS, 2016).

Assim como nas outras funções da administração estratégica, na recursos

humanos a integração e relacionamento com outras áreas da organização e os

sistemas de informação são de extrema importância. É essencial que todas as

unidades estejam integradas para que se tenha eficiência na troca de informação

(CAMPOS, 2016).

38

4. METODOLOGIA

Essa pesquisa é de caráter qualitativo, realizada através de um estudo

observacional de cenas de um filme baseado em fatos reais. De acordo com Barros

e Lehfeld (2007), esse tipo de estudo permite uma maior exploração sobre o assunto

à medida que novos fatos vão ocorrendo e, assim, gerando questionamentos e

conclusões sobre o tema levando.

Além disso, a pesquisa se caracteriza como descritiva e bibliográfica, visto

que a análise é feita através da apresentação de características, causas, relações e

conexões com outros acontecimentos, além de referências documentais sobre o

assunto estudado (CASTRO, 2006).

Denzin e Lincoln (2006) classificam a análise fílmica como material

empírico nas ciências sociais e, no contexto estudado, é necessário primeiramente

observar o filme com o objetivo de identificar algum padrão de significado e de obter

registros sobre o que foi visto. Posteriormente, é necessário levantar

questionamentos para, em seguida, realizar previamente uma microanálise de todas

as cenas do filme. Por fim, é necessário realizar a descrição do que foi observado

para atingir o objetivo do estudo.

Considerando o estudo observacional com uma abordagem qualitativa de

uma análise fílmica é possível inserir no contexto acadêmico uma nova forma de

ensino e aprendizagem, pois pode viabilizar o entendimento através da conexão

entre a teoria e a realidade prática. O tipo de observação realizada neste estudo é a

indireta, onde ocorre uma análise não participante, de acordo com Cooper e

Schindler (2011). Esse método de estudo observacional dá-se quando é feito

através de meios mecânicos como fotografias, computadores e como no caso aqui

apresentado, através de um filme. Nesse contexto, o filme a ser analisado é “Joy: O

nome do sucesso”, lançado em 2016 e com duração de 2 horas e 4 minutos.

O filme baseado em fatos reais cujo gênero se classifica como comédia e

drama, narra sobre a história de Joy Mangano, a inventora do utensílio doméstico

conhecido como “Magic Mop”, em português, Esfregão Mágico em 1990. Mãe de

39

três filhos, divorciada do seu primeiro marido, Tony, entretanto ainda vive com o

mesmo. O casal se conheceu quando ainda quando eram estudantes na

Universidade Pace, posteriormente casaram e, após o nascimento do último filho, se

divorciaram. Joy se torna campeã de vendas ao começar a trabalhar no ramo

comercial, registrando mais de 100 patentes e se torna a apresentadora de um canal

de compras, até vender sua marca por um contrato milionário.

40

5. ANÁLISE FÍLMICA

O filme “Joy: o nome do sucesso” retrata através da personagem que

dá nome ao filme a história da criação do Esfregão Mágico (“Magic Mop”) e de todo

processo para que esse objeto se tornasse uma inovação extremamente útil para os

consumidores. O relato evidencia a luta da empresária para conseguir provar para

os parceiros e para o público o quanto essa invenção é benéfica e necessária para

aperfeiçoar as atividades de limpeza doméstica. A protagonista é uma contadora,

mãe de dois filhos e chefe de um lar onde moram também sua mãe, avó e seu ex-

marido.

O sonho de se tornar uma inventora se inicia ainda na infância fazendo

detalhadamente uma fazendinha de papel, 17 anos antes do momento atual em que

Joy se encontra no filme. Porém, seu sonho foi pausado após a briga de seus pais

que resultou em separação dos dois. Tempos mais tarde, Joy fez a sua primeira

grande invenção, uma coleira de cachorro que se solta facilmente evitando que o

animal fique sufocado em alguma situação, além de ser também antipulgas.

Entretanto, a inventora não teve apoio de sua família e não patenteou o produto que,

anos mais tarde, outra empresa patenteou.

A grande invenção que mudou a vida de Joy aconteceu após ela cortar a

sua mão torcendo um esfregão enquanto limpava um chão que tinha cacos de vidro.

A protagonista refletiu se realmente era necessário entrar em contato com o pano

sujo para que pudesse dar continuidade à limpeza. E então desenhou o Magic Mop,

um esfregão com 90 fios de algodão super absorventes, que possibilitava para quem

estivesse utilizando o objeto, torcer o pano sem contato com a mão, além de permitir

a remoção da cabeça do esfregão para ser limpo pela máquina de lavar roupas. Ou

seja, o produto além de prático, é também higiênico.

Entretanto, Joy não tinha dinheiro para fabricar essa grande inovação.

Então, ela ousou pedir um financiamento para nova namorada de seu pai, Trudy,

uma viúva que herdou o dinheiro e os negócios do marido falecido. Apesar da

hesitação, sua atual madrasta concordou em financiar esse projeto, mas, para se

assegurar, contratou um advogado que trataria da legalização do produto através da

41

busca de patente. Contudo, o advogado constatou que já havia uma patente

registrada do produto em Honkong e que quem era responsável por isso nos EUA

era um empresário que morava no Texas e que o mesmo tinha uma empresa de

manufatura na Califórnia, a Fabripac, que também poderia fabricar o seus produtos.

Então, como ainda não havia nos EUA esse produto, ficaram acordadas entre as

duas empresas que Joy pagaria os royats referentes ao uso da criação para a

comercialização do produto nos EUA.

Após a confecção dos primeiros Magics Mops, Joy encarou um novo

desafio, inserir esse produto no mercado doméstico. A empresária enfrentou muita

dificuldade, pois as pessoas não compreendiam a real utilidade prática daquele

objeto ou, como no caso de alguns varejistas, achavam que era desvantajoso

oferecer um produto que tinha a vida útil mais longa que um esfregão comum, pois

poderia acarretar na diminuição do volume de vendas.

Analisando as características apresentadas é possível observar que as

ações de Joy se alinham aos pensamentos dos teóricos da administração

estratégica e do empreendedorismo em alguns momentos. Porém, na maioria das

situações a empresária não segue o que é proposto pelos pesquisadores do

assunto. Para Maximiano (2010), a tomada de decisão é fruto da avaliação de

problemas e oportunidades, bem como está associada ao futuro e objetivos da

empresa, administração de recursos e resolução de problemas. Entretanto, de inicio,

Joy não sabia onde queria chegar, se demonstrou inexperiente não conseguindo

administrar os recursos que tinha disponíveis e comprometendo suas ações ao

tomar decisões precipitadas sem saber qual seriam os objetivos e a visão da

empresa.

Portanto, através da teoria sobre motivação para se empreender

apresentada por Biagio (2014), é possível observar que Joy mostrou em algumas

situações que era influenciada por motivações sonhadora de ideia através do

Quadro 4.

42

Quadro 4: Motivação sonhadora de ideia no filme Joy.

Situação (Biagio, 2014)

Características de Joy como empreendedora

Oportunidade fantástica

Joy observou o Magic Mop como uma oportunidade fantástica

apenas pelo fato do produto satisfazer sua própria

necessidade. A rápida avaliação da oportunidade a impediu de

visualizar alguns perigos para o empreendimento.

Iniciativa levada

pela intuição

A protagonista permitiu que a intuição sobressaísse à

sensatez, que era exigida no momento. Não se ateve ao fato

que não tinha recursos financeiros e um plano para inserção

no mercado. O que a prejudicou e colou o seu negócio em

risco de fracasso.

Brilhantismo

criativo

Joy se preocupou em entender a realidade prática do uso do

Magic Mop. Isso contribuiu para que ela fabricasse um produto

que seria útil às donas de casa, seu público alvo.

Disponibilidade

insuficiente

Não estudou como seria a inserção do produto no mercado e

teve dificuldade de provar para o consumidor a utilidade

prática do Magic Mop.

Fonte: Elaborado pela autora.

Nesse bloco de motivações, são evidenciadas situações de motivação

que podem comprometer o sucesso de um negócio. É possível notar que o único

fator motivacional que Joy não se identificou nesse bloco, sonhadora de ideia, foi a

motivação influenciada pelo brilhantismo criativo. Entretanto, quanto às outras

situações de motivação, é possível observar que a protagonista demonstra

fraquezas ao se permitir ser influenciada pela oportunidade fantástica, pela iniciativa

levada pela intuição e pela a identificação da disponibilidade insuficiente. Embora, os

esse fatores não tenham gerados tantos malefícios ao negócio, eles podem ter

impedido a empresária de ter uma percepção estratégica do negócio que poderia ter

evitado algumas frustrações.

43

Além disso, a empresária poderia ter usado dos recursos da

administração estratégica para se inserir no mercado com menos riscos. Costa

(2007, p.11) observa um benefício do planejamento estratégico que poderia ter

potencializado o negócio de Joy no inicio da sua empresa, a “consolidação de

postura de atuação empresarial direcionada paras as necessidades e expectativas

atuais e futuras do mercado”. Caso a protagonista estivesse planejado a sua

inserção no mercado de maneira que tivesse um posicionamento, alguns riscos que

a mesma sofreu durante sua trajetória poderiam ter sido evitados, como o de o

produto ser totalmente rejeitado na sua primeira apresentação no estacionamento do

supermercado.

Seguindo com a exposição dos fatos, após algumas frustrações, o ex-

marido de Joy lhe apresentou um grande varejista que vendia produtos em um

famoso canal de TV. Mais uma vez, ela ousou e apesentou a sua invenção para

grandes executivos e, após algumas hesitações por parte do coordenador do

programa, Neil, a empresária conseguiu convencê-lo a lhe dar a oportunidade de

apresentar o seu produto na TV através do melhor vendedor do programa. Para

isso, Neil lhe solicitou que em uma semana estivessem disponíveis 50 mil esfregões

para serem vendidos durante o programa.

No entanto, Joy precisava ainda de pelo menos 200 mil dólares para

fabricar a quantidade de esfregões solicitada por Neil. Não havendo mais meios de

conseguir financiamento, a inventora fez uma segunda hipoteca da sua casa e

fabricou os 50 mil esfregões. Porém, a empresária teve um prejuízo com a primeira

apresentação na TV, pois o apresentador não tinha habilidade com o objeto e não

conseguiu utilizá-lo de maneira adequada, não conseguindo repassar para o público

a real comodidade que esse produto oferta. Decepcionada, Joy propôs para que Neil

lhe desse uma nova chance onde ela mesma seria a apresentadora, pois ela era

uma dona de casa que utilizava esse equipamento e poderia demonstrar para os

telespectadores a utilidade do esfregão de forma mais assertiva. Dessa maneira, Joy

apresentou e vendeu mais de 47 mil esfregões somente na sua primeira

apresentação.

44

Através dos fatos apresentado, é possível observar que Joy não se

planejou estrategicamente na função produção de seu negócio. Assim como afirma

Campos (2016), o poder de barganha interfere na capacidade produtiva de uma

empresa. A falta de planejamento da inventora ocasionou uma “bola de neve” em

todas as áreas de sua empresa. Contudo, na área de produção, especificamente, a

falta de organização poderia ter comprometido o sucesso de seu negócio

futuramente.

É muito provável que a produção urgente de tantos esfregões tenha

causado outros impactos à organização que não foram citados no filme, como na

área de recursos humanos. Se Joy não esperava produzir tantos esfregões de uma

só vez, provavelmente ela não tinha pessoal suficiente para suprir sua demanda.

Dessa maneira, com a pressa para atender a solicitação, pode-se presumir que a

empresária não traçou estratégias para recrutar os profissionais certos para lhe

auxiliar, podendo ter comprometido o alcance das necessidades da organização.

Assim como Campos (2016) afirma, as necessidades da empresa precisam estar

alinhadas com as dos colaboradores. Dessa maneira, Joy poderia ter criado

estratégia para alavancar o seu negócio através também de sua equipe operacional.

Contudo, nesse novo contexto, é possível observar uma postura mais

realista da empresária. É possível relacionar através da teoria sobre motivação para

se empreender apresentada por Biagio (2014), a influencia da motivação potente de

ideia através do Quadro 5.

Quadro 5: Motivação potente de ideia no filme Joy.

Situação

(Biagio, 2014)

Características de Joy como empreendedora

Superação e

subsistência

Após ter fabricado 50 mil esfregões e não ter obtido sucesso

nas vendas, a empresária precisava arcar com os prejuízos da

segunda hipoteca e assim demonstrou estar motivada pela

subsistência. Com um senso de realidade fortemente

percebido, Joy também se motiva através da superação

através da sua forma de vender.

45

Fonte: Elaborado pela autora.

Através da teoria de Campos (2016) é possível observar a importância e

os impactos que as funções da administração estratégica exercem em uma

organização. Pode-se evidenciar que a função marketing poderia ter contribuído logo

de inicio para alavancagem do negócio caso a comunicação dos benefícios do

produto estivesse clara aos consumidores. Entretanto, observa-se que essa mesma

função é a que faz com que Joy consiga fazer a sua primeira grande venda, uma vez

que ela consegue comunicar ao consumidor de forma clara os benefícios do

produto. Outro fator que colou o negócio de Joy em risco foi o financeiro, visto que

ela não fez previsão de demanda, uma vez que não tinha claro quais eram os seus

objetivos. Esse fator contribuiu para que a incerteza de sucesso aumentasse e fez

com que a motivação de superação e subsistência se sobressaísse ainda mais.

É interessante lembrar que a profissão de Joy é contadora e, portanto, ela

deveria ter subsídios teóricos para evitar tantas incertezas durante a trajetória do

seu empreendimento. Uma vez que Maximiano (2010) nos lembra de que um dos

papéis fundamentais ao empreendedor é a capacidade de lidar com informações, a

protagonista se demonstrou ineficiente nesse quesito.

Animados, prosseguiram com a produção dos esfregões. No entanto, em

meio a tanta alegria houve o falecimento da avó de Joy, Mimi, narradora da história.

Em um momento de luto, seu pai quis poupá-la de preocupações quanto à empresa

e enviou sua outra filha para tratar de problemas com os fornecedores da Califórnia.

A empresa que fornecia os cabos dos esfregões estava aumentando o valor

alegando aumento nos custos. Entretanto, para Joy, essa decisão era inviável e ela

acabaria tendo prejuízo com esse aumento. Quando ela soube do que estava

acontecendo, sua irmã já tinha ido à Califórnia e acordado o aumento com os

fornecedores. Mas Joy não se conformou e foi pessoalmente tratar com os gestores

Relacionamento,

reconhecimento

e

autorrealização.

Joy não se mostrou cautelosa ou prudente em suas ações,

bem como não desenvolveu uma análise crítica e detalhada

para evitar riscos do fracasso. Isso demonstra que o

relacionamento, reconhecimento e autorrealização não estava

entre as principais motivações da empresária.

46

da empresa quanto ao aumento. Os mesmos não cederam às tentativas de

negociação da empresária. No momento seguinte, a inventora descobriu que a

Fabripac estava sendo desonesta e patenteou sua invenção, quando os gestores

acionaram a polícia alegando invasão e Joy foi presa.

Nesse novo contexto, é possível observar mais uma falha da empresária

na função recursos humanos da empresa. Joy permitiu que os familiares, mesmo

sem conhecimentos técnicos ocupassem cargos de gestão dentro da empresa, o

que poderia ter gerado prejuízos financeiros para a mesma. Mais uma vez o

planejamento estratégico em colocar gestores com conhecimentos específicos em

cada área da empresa poderia ter evitado algumas frustrações no seu negócio e

diminuído o risco de fracasso.

Em seguida, após seu pai e sua madrasta pagarem sua fiança

acompanhados de um advogado especialista em patentes, o mesmo a explicou que

a Fabripac havia patenteado a sua invenção e que a própria inventora lhe ofereceu

esse direito no momento em que pagou os royats para a comercialização do

esfregão. Sem saída e com uma dívida muito grande acumulada, Joy foi

aconselhada a declarar falência, e assim fez.

No entanto, inconformada, Joy releu todos os contratos e entrou em

contato com o dono da patente, Sr. Christopher, de Honkong, para tentar negociar a

patente. Então descobriu que o Sr. Christopher não sabia sobre o pagamento dos

royats e que, embora ele realmente tivesse registrado a patente, o produto nunca

tinha sido fabricado e comercializado, além de ser completamente diferente do que

ela havia desenhado. Nesse caso, Joy poderia denunciar o empresário responsável

pelos negócios nos EUA por fraude e peculato. Entretanto, em uma imediata visita

ao empresário da Fabripac no Texas, ele propôs lhe devolver o dobro do valor que

havia pagado em royats mais os juros.

A partir de então, Joy passou a ser detentora da patente do Magic Mop e

também de outras grandes invenções que vieram futuramente, se tornado uma

mulher bem sucedida no ramo varejista.

47

Considerando a análise do filme relatado, foi possível ilustrar as situações

que ocorreram durante a história através da relação com alguns aspectos do

empreendedorismo e da administração estratégica.

Quanto ao aspecto papel do empreendedor Joy se mostra incorporada

desde cedo a esse atributo, uma vez que durante sua infância e juventude realizava

algumas invenções com o objetivo de introduzir um novo produto para a concepção

de novas formas de organização, assim como Schumpeter (1950) conceituou o

empreendedorismo. Mesmo com frustrações, Joy não desistiu e teve a iniciativa de

usar os recursos disponíveis para criar um novo produto, demonstrando paixão pelo

que fazia e ainda assim assumindo os riscos e a possibilidade de fracassar, assim

como Dornelas (2008) conceituou o empreendedor.

Embora a empresária tenha observado a carência por esse tipo de

produto apenas por sua própria experiência e não tenha vivenciado o momento de

estabelecer um público e estudar suas necessidades, ela obteve sucesso com o seu

produto. Assim, pode-se evidenciar outro erro em seu empreendimento, pois, é

arriscado “impor” uma necessidade a partir de uma experiência própria, uma vez

que, dessa maneira, pode-se restringir o público-alvo do negócio a um público que

não foi planejado. Dessa maneira, é importante conhecer o cliente para o deixe mais

satisfeito com um produto que atenda sua real necessidade.

Já com relação à análise de mercado, não houve uma clara preocupação

de Joy em realizá-la. A empresária focou apenas em divulgar o seu produto por meio

de um canal de TV a cabo. Acontece que até o momento, ela não tinha

conhecimento de como seria o comportamento do consumidor na hora da compra.

Um grande erro para os empreendedores, pois, não se pode subestimar ou

superestimar a percepção do cliente quanto ao produto. Outro erro cometido por Joy

foi não ter feito uma pesquisa com possíveis fornecedores. A inventora concordou

em contratar a Fabripac por conveniência de relacionamento. Tudo isso acarretou

incertezas quanto o posicionamento que a empresa teria no mercado e, no mundo

dos negócios, quanto menos incertezas, melhor.

48

Em relação ao plano de marketing, de inicio Joy não pensou como iria

divulgar o seu produto e como essa ideia se tornaria conhecida pelo público. Tanto

que após a fabricação dos primeiros esfregões, Joy se mostrou desnorteada quanto

à disseminação de sua ideia, até chegou a fazer exposição do produto em um

estacionamento de supermercado sem autorização. Felizmente, posteriormente a

empresária conseguiu comunicar a existência se seu produto por um meio de

comunicação que conseguiu atingir o seu público-alvo. Embora, no caso de Joy, a

não execução do plano de marketing não tenha lhe acarretado tantos prejuízos, não

é dessa maneira que acontece na maioria dos casos. É necessário saber quais

serão os melhores meios de promoção de acordo com o produto, pois, nem sempre

o meio que beneficia a divulgação de um objeto será benéfico para outro.

Em relação ao plano operacional, a inventora também falhou nesse ponto

e poderia ter evitado desgastes caso tivesse o executado. O plano operacional, de

acordo com Chiavenato (2012), lhe viabilizaria determinar o volume de produção

inicial para se ter noção da capacidade produtiva. Entretanto, ele só poderia ser

executado, caso Joy tivesse feito uma análise de mercado e um plano de marketing

anteriormente, quando soubesse quais seriam os objetivos em termos de volume

produtivo da empresa.

Além disso, um dos planejamentos mais importantes em um

empreendimento, o plano financeiro, também não foi executado pela empresária. É

fácil observar no filme suas angústias em diversos momentos por consequência da

falta de planejamento financeiro. Entretanto, no caso de Joy, se esse plano fosse

executado estaria irreal devido a carência da execução de outros planos citados

anteriormente. Em um planejamento de negócio, todas as áreas do planejamento da

empresa estão interligadas e uma oferece subsídios para o planejamento de outras.

Por fim a empresária errou em não elaborar um dos principais atributos

para a iniciação de um novo negócio, o planejamento estratégico, que viabilizaria

diversos benefícios, como por exemplo, a “consolidação de postura de atuação

empresarial direcionada para as necessidades e expectativas atuais e futuras do

mercado” (Costa, 2007, p.11). Embora Joy tenha obtido sucesso com sua invenção,

49

um planejamento estratégico seria fundamental para evitar diversas complicações,

dificuldades e incertezas que a inventora enfrentou para iniciar sua empresa.

50

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O enredo do filme se baseia em um relato de superação e conquista e

apresenta elementos para a reflexão quanto um desejo ou algo intuitivo que possa

vir a ser um sucesso, como no caso da protagonista Joy. Além disso, é possível

observar através dos estudos sobre administração estratégica e empreendedorismo

o que contribuiu para o sucesso da inventora e o que evitaria algumas decepções

relatadas no filme.

Como o objetivo desse estudo consistiu em avaliar, através de uma

análise fílmica, a importância do planejamento estratégico para sucesso de novos

empreendimentos, considera-se que o mesmo foi atingido, uma vez que se observou

através da análise crítica, as contribuições positivas que o planejamento estratégico

poderia colaborar para evitar algumas falhas no negócio de Joy.

Dessa maneira, a metodologia analítica de uma narrativa fílmica se

mostrou um recurso de grande relevância, pois permitiu evidenciar ao leitor

concepções sobre situações práticas da administração de empresas, bem como

destacar como a administração estratégica e o empreendedorismo podem se aliar

para evitar incertezas em um negócio, atingindo o seu sucesso.

Portanto, pode-se afirmar que esse trabalho teve uma grande contribuição

para a aplicação na temática do empreendedorismo e da administração estratégica,

uma vez que esse tema é bastante moderno e recorrente nos dias atuais, não

somente para estudantes de administração, mas para muitas pessoas que sonham

em ter o seu próprio negócio. Dessa maneira, observar o comportamento de Joy em

diversas situações viabilizou discursões sobre o assunto e pode contribuir para

pesquisas futuras sobre o tema.

Entretanto, as limitações do estudo quanto à vivência na prática de um

planejamento estratégico por Joy restringiu a discussão desse aspecto à inferências

sobre como isso deveria ter ocorrido no exercício da empresa. Apesar disso, foi

possível levantar um discursão sobre o tema e agregar conhecimento a respeito do

conteúdo.

51

Por fim, nesse contexto, por se tratar de um estudo observacional e de

uma metodologia abrangente e que pode ser explorada por diversas formas e

olhares, observa-se uma oportunidade de estudos sobre administração estratégica e

empreendedorismo utilizando outros filmes. Além disso, sugere-se novas discursões

sobre o filme através de outros aspectos como, por exemplo, a gestão da inovação

nas organizações. Ademais, é possível também analisar esse tema sobre outras

óticas, uma vez que, por se tratar de um estudo analítico, a percepção do

pesquisador pode ser diferente de um estudo para o outro, de acordo com objetivo

estabelecido.

52

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