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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS CARMELITA ZACCHI SCOLFORO CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E ACEITAÇÃO DE MORANGOS SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO ALEGRE ES JULHO, 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

CARMELITA ZACCHI SCOLFORO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E ACEITAÇÃO

DE MORANGOS SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO

ALEGRE – ES

JULHO, 2014

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CARMELITA ZACCHI SCOLFORO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E ACEITAÇÃO

DE MORANGOS SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Orientadora: Profª DSc. Suzana Maria Della Lucia

Coorientadora: Profª DSc. Pollyanna Ibrahim Silva

Alegre – ES

Julho, 2014

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Aos meus pais, Maria Célia e Mauro e a minha amada irmã, Lorena.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por permitir minha existência e me abençoar todos os dias.

Aos meus pais, os quais são base para tudo que faço em minha vida.

São minhas razões de viver junto a minha irmã querida.

À professora, orientadora, amiga, conselheira, Suzana Maria Della Lucia,

por todo carinho e atenção dada nesses anos de convivência; o trabalho é

nosso. Obrigada por estar sempre presente em cada etapa.

À professora Pollyanna Ibrahim Silva, co-orientadora, pela

disponibilidade em ensinar.

Aos professores Christiano Jorge Gomes Pinheiro e José Luís Passamai

Junior, por acreditarem e possibilitarem este trabalho. Obrigada pelas viagens,

conselhos e ensinamentos.

Ao professor Sérgio Henrique Saraiva pela disponibilidade em sanar

dúvidas e ensinar.

Aos meus queridos estagiários, Luiza, Louise e Milton, o meu obrigada

por todas as noites que viramos no laboratório, por todo trabalho que fizemos

em equipe.

Aos professores Pollyanna Ibrahim Silva, Sérgio Henrique Saraiva,

Christiano Jorge Gomes Pinheiro, Raquel Vieira de Carvalho e José

LuísPassamai Junior, pelas importantes contribuições para o trabalho.

À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro de Ciências

Agrárias, pela oportunidade de realização deste trabalho.

À Universidade Federal de Viçosa, principalmente à professa Valéria

Paula Rodrigues Minim, pela disponibilidade de uso do Laboratório de Análise

Sensorial de Alimentos da UFV, e aos alunos do curso de graduação em

Engenharia de Alimentos por participarem da análise sensorial.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), pelo financiamento deste trabalho.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES) pela

disponibilidade de bolsa durante todo o curso.

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Ao Laboratório de Irradiação Gama (LIG) do Centro de Desenvolvimento

da Tecnologia Nuclear (CDTN), principalmente aos técnicos Omar e Timóteo, e

ao Luiz Ladeira, pela irradiação dos morangos.

Às minhas amigas do PCTA, Hélia, Tiemi, Marcella, Alessandra, Priscila

e todas as outras que de alguma forma me ajudaram e sempre torceram por

mim.

Às minhas amigas de infância, Bruna, Natasha, Eloara, Joana, Gabi,

Luma, Marina, por entenderem meu distanciamento e sempre desejarem o

melhor para mim.

Aos meus queridos julgadores selecionados para análise sensorial

descritiva: Amanda, Ana Paula, Bruna, Elloá, Estefânia, Geovana, Felipe,

Gisela, Kaio, Leandro, Natália, Olívia, Sabrina, Tássia e Vanessa. Muito

obrigada pela disponibilidade em realizar as análises.

Aos 60 julgadores que participaram da aceitação sensorial.

A todos aqueles que, de alguma forma, me ajudaram e torceram por

mim durante este trabalho.

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BIOGRAFIA

Carmelita Zacchi Scolforo, filha de Maria Célia Zacchi Scolforo e Mauro

Scolforo, nasceu em Rio Novo do Sul, em 11 de dezembro de 1989.

Ingressou no curso de Nutrição na Universidade Federal do Espírito

Santo em agosto de 2007, e ao final de 2011 concluiu o curso. Iniciou o curso

de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, nível mestrado, pela

mesma Universidade, no segundo semestre de 2012. E, em julho de 2014,

submeteu-se à defesa da dissertação.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela com resultados de estudos de alimentos irradiados ............. 9

Tabela1.1 Valores obtidos nas análises físico-químicas das amostras de

morango submetidas a diferentes doses de radiação ...................................... 39

Tabela 1.2 Valores dos parâmetros de cor das amostras de morango

submetidas a diferentes doses de radiação. .................................................... 47

Tabela 1.3 - Valores obtidos nas análises de capacidade antioxidante e

compostos fenólicos das amostras de morango submetidas a diferentes doses

de radiação. ..................................................................................................... 49

Tabela 1.4 - Conteúdo de antocianina determinado pelo método de pH único e

método de pH diferencial em amostras de morango irradiado e não irradiado. 50

Tabela 1.5 - Valores de porcentagem de cor polimérica em morangos

submetidos a diferentes doses de radiação. .................................................... 52

Tabela 2.1 - Resumo da análise de variâncias para os atributos sensoriais no

teste do PDO .................................................................................................... 70

Tabela 2.2 - Valores médios dos atributos sensoriais obtidos por PDO............71

Tabela 2.3 - Correlações dos atributos sensoriais com os dois componentes

principais. ......................................................................................................... 79

Tabela 2.4 - Médias de aceitação sensorial de morango irradiado e não

irradiado.............................................................................................................77

Tabela 3.1 - Correlações entre medidas físico-químicas determinadas para os

cinco tratamentos em estudo. .......................................................................... 90

Tabela 3.2 - Correlação entre medidas sensoriais determinadas para os cinco

tratamentos em estudo......................................................................................91

Tabela 4.1 - Valores das medidas físico-químicas das amostras de morango

correspondentes aos três tratamentos (controle, 0,405 kGy e 3,6 kGy). ....... 107

Tabela 4.2 - Parâmetros de cor das amostras de morango correspondentes aos

três tratamentos (controle, 0,405 kGy e 3,6 kGy). .......................................... 108

Tabela 4.3 - Médias dos atributos cor, firmeza e suculência para as amostras

de morango controle e amostras com morango irradiado nas doses dos

limiares. .......................................................................................................... 109

Tabela 4.4 - Médias de aceitação de morango irradiado e morango não

irradiado avaliados em duas sessões ............................................................ 111

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas da metodologia de PDO (baseado em SILVA et al., 2012)..14

Figura 1.1 - Curva de regressão ajustada para a firmeza, dada em função das

doses de radiação aplicadas ao morango. ....................................................... 43

Figura 2.1 - Curva de regressão ajustada para o atributo suculência de

morangos irradiados e não irradiados. ............................................................. 72

Figura 2.2 - Curva de regressão ajustada para o atributo firmeza de morangos

irradiados e não irradiados. .............................................................................. 74

Figura 2.3 - Curva de regressão ajustada para o atributo sabor adocicado de

morangos irradiados e não irradiados...............................................................75

Figura 2.4 – Gráfico de dispersão das médias das notas de intensidade de cor

sensorial em função das doses de radiação em morangos. ............................ 77

Figura 2.5 -Gráfico dos descritores sensoriais e das amostras de morango em

relação aos dois primeiros componentes principais. ........................................ 78

Figura 2.6 - Mapa de preferência interno das amostras de morango irradiado e

não irradiado e aceitação dos consumidores em relação aos dois componentes

principais............................................................................................................80

Figura 3.1- Relação funcional entre firmeza sensorial e firmeza instrumental

para morangos irradiados em diferentes doses (0 kGy a 4 kGy)......................92

Figura 3.2- Relação funcional entre o atributo suculência e firmeza instrumental

para morangos irradiados em diferentes doses (0 kGy a 4 kGy). .................... 93

Figura 3.3- Relação funcional entre os atributos sensoriais firmeza e suculência

para morangos irradiados em diferentes doses (0 kGy a 4 kGy). .................... 95

Figura 4.1 - Perfil sensorial de morangos irradiado e não irradiado. .............. 110

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1.1 ..................................................................................................... 34

Equação 1.2 ..................................................................................................... 36

Equação 1.3 ..................................................................................................... 36

Equação 1.4 ..................................................................................................... 44

Equação 2.1 ..................................................................................................... 72

Equação 2.2 ..................................................................................................... 72

Equação 2.3 ..................................................................................................... 74

Equação 2.4.......................................................................................................74

Equação 2.5.......................................................................................................75

Equação 2.6.......................................................................................................76

Equação 3.1 ..................................................................................................... 92

Equação 3.2 ..................................................................................................... 93

Equação 3.3 ..................................................................................................... 95

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 4

2.1 Morango .................................................................................................... 4

2.2 Irradiação de alimentos ............................................................................. 5

2.3 Análise Sensorial .................................................................................... 10

2.3.1 Análise Descritiva ou Perfil Convencional ........................................ 10

2.3.2 Perfil Descritivo Otimizado ................................................................ 13

2.3.3 Testes de sensibilidade: limiares de detecção e rejeição sensoriais 16

2.3.4 Aceitação sensorial ........................................................................... 18

2.4 Correlação entre medidas sensoriais e instrumentais ............................ 19

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 20

Capítulo I - Caracterização físico-química de morangos irradiados e não

irradiados .................................................................................................... 28

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 30

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 31

2.1 Material ................................................................................................... 31

2.2 Irradiação ................................................................................................ 31

2.3 Análises físico-químicas ......................................................................... 31

2.3.1 pH ..................................................................................................... 32

2.3.2 Acidez total titulável .......................................................................... 32

2.3.3 Sólidos solúveis totais e relação sólidos solúveis e acidez total

titulável (ratio) ............................................................................................ 32

2.3.4 Açúcar redutor, não redutor e total ................................................... 33

2.3.5 Pectina .............................................................................................. 33

2.3.6 Ácido Ascórbico ................................................................................ 33

2.3.7 Firmeza do fruto................................................................................ 34

2.3.8 Cor .................................................................................................... 34

2.3.9 Compostos fenólicos, Conteúdo total de antocianinas e Capacidade

antioxidante ............................................................................................... 34

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 37

3.1 pH e acidez total titulável ........................................................................ 37

3.2 Sólidos solúveis, ratio e açúcares ........................................................... 40

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3.3 Pectina .................................................................................................... 41

3.4 Ácido Ascórbico ...................................................................................... 42

3.5 Firmeza ................................................................................................... 43

3.6 Cor .......................................................................................................... 45

3.7 Determinação de compostos fenólicos ................................................... 48

3.8 Capacidade antioxidante ........................................................................ 49

3.9 Conteúdo total de antocianinas .............................................................. 50

3.9.1 Determinação de antocianinas pelo método de pH único e pelo

método do pH diferencial ........................................................................... 50

3.9.2 Determinação da porcentagem de cor polimérica ............................ 52

4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 52

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 53

Capítulo II - Perfil sensorial e aceitação de morangos irradiados e não

irradiados .................................................................................................... 60

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 62

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 63

2.1 Material ................................................................................................... 63

2.2 Irradiação ................................................................................................ 63

2.3 Análise sensorial ..................................................................................... 63

2.3.1 Análise descritiva: Perfil Descritivo Otimizado (PDO) ....................... 64

2.3.2 Aceitação Sensorial .......................................................................... 67

2.4 Aspectos éticos ....................................................................................... 68

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 68

3.1 Perfil Descritivo Otimizado ...................................................................... 68

3.1.1 Recrutamento e pré-seleção de julgadores ...................................... 68

3.1.2 Avaliação das amostras .................................................................... 69

3.2 Aceitação sensorial de morangos irradiados e não irradiados ................ 79

4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 81

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 82

Capítulo III - Correlação entre medidas sensoriais e instrumentais de

morango irradiado e não

irradiado............................................................................................................82

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 87

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 88

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2.1 Correlação entre medidas físico-químicas .............................................. 88

2.2 Correlação entre medidas físico-químicas e atributos sensoriais

descritivos ..................................................................................................... 89

2.3 Correlação entre atributos sensoriais descritivos.................................... 89

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 89

3.1 Correlações entre medidas físico-químicas ............................................ 89

3.2 Correlações entre medidas físico-químicas e atributos sensoriais

descritivos ..................................................................................................... 91

3.3 Correlações entre medidas sensoriais descritivas .................................. 94

4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 96

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 96

CAPÍTULO IV Caracterização físico-química, sensorial e aceitação de

morangos submetidos a doses de radiação correspondentes aos

limiares de detecção e rejeição sensoriais para morangos irradiados . 98

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 102

2 METODOLOGIA ......................................................................................... 103

2.1 Material ................................................................................................. 103

2.2 Irradiação .............................................................................................. 103

2.3 Análises físico-químicas ....................................................................... 104

2.4 Análise sensorial descritiva: Perfil Descritivo Otimizado ....................... 104

2.5 Análise sensorial: testes de aceitação .................................................. 104

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 105

3.1 Caracterização físico-química ............................................................... 105

3.2 Caracterização sensorial: Perfil Descritivo Otimizado (PDO) ............... 109

3.3 Análise sensorial: teste de aceitação .................................................... 110

4 CONCLUSÃO ............................................................................................. 112

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 112

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 114

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE RECRUTAMENTOS DE JULGADORES

PARA O PDO ................................................................................................. 116

APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO PARA O TESTE TRIANGULAR .... 118

APÊNDICE C–EXEMPLO DE FICHA DE AVALIAÇÃO DE ATRIBUTOS NO

TESTE DO PDO ............................................................................................ 119

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ANEXO I – Embalagem para morangos irradiados utilizada no teste de

aceitação com informação ............................................................................. 120

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RESUMO

SCOLFORO, Carmelita Zacchi. Caracterização físico-química, perfil sensorial e

aceitação de morangos submetidos à irradiação. 2014. Dissertação (Programa

de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade

Federal do Espírito Santo, Alegre – ES. Orientadora: Profª DSc. Suzana Maria

Della Lucia. Coorientadora: Profª DSc. Pollyanna Ibrahim Silva.

A irradiação de alimentos é um método de conservação não térmico utilizado em diferentes alimentos e em diferentes doses. Sabe-se que, dependendo da dose aplicada, esse método pode ocasionar alterações nas características físico-químicas e sensoriais, que afetam a qualidade do produto. Portanto, um dos objetivos deste estudo foi analisar o efeito da irradiação nas características físico-químicas e sensoriais de morangos irradiados. A irradiação das amostras de morango ocorreu um dia após a colheita e foi realizada no Laboratório de Radiação Gama do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte-MG. As doses utilizadas foram 1 kGy, 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy e a amostra controle (0 kGy). Foram avaliados pH, acidez total titulável, sólidos solúveis, ratio (relação entre teor de sólidos solúveis e acidez total titulável), açúcares redutores, totais e não redutores, pectina, ácido ascórbico, firmeza, cor, antocianinas, compostos fenólicos e capacidade antioxidante. Para a caracterização sensorial das amostras, foi utilizado o método Perfil Descritivo Otimizado (PDO), sendo avaliados os atributos sensoriais cor, sabor adocicado, gosto ácido, firmeza e suculência, por 15 julgadores previamente selecionados. Além da caracterização sensorial, foi realizada a análise de aceitação sensorial por 60 consumidores de morango em duas sessões. A irradiação não alterou significativamente a maioria das características físico-químicas analisadas, ao comparar todas as doses empregadas, incluindo o morango controle (não irradiado); apenas a firmeza apresentou valores diferentes estatisticamente: com o aumento da dose, houve diminuição da firmeza do fruto. No PDO, as amostras diferiram quanto à cor, sabor adocicado, firmeza e suculência, sendo que a amostra controle e a amostra irradiada com 1 kGy tiveram maiores valores de firmeza e menores de suculência e sabor adocicado. Em relação à aceitação, a amostra controle e a amostra irradiada com 1 kGy não diferiram estatisticamente pelo teste Tukey a 5%, mas diferiram das amostras irradiadas com doses de 3 kGy e de 4 kGy; no entanto, a amostra irradiada a 2 kGy não diferiu de nenhuma outra dose. Foram realizados estudos de correlações entre os dados físico-químicos de pH, acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis (SS), açúcares totais e açúcares não redutores, antocianina (método pH diferencial), pectina, firmeza instrumental, relação entre SS/ATT (ratio) e alguns parâmetros de cor (a*, b*, c* e L), e os dados do teste sensorial descritivo, ou seja, os atributos de firmeza, suculência, sabor adocicado e gosto ácido. Os resultados obtidos foram correlações significativamente positivas entre pH e ratio, sólidos solúveis e pectina, antocianinas e parâmetros de cor (a* e c*), açúcares e parâmetros de cor (b* e c*), firmeza sensorial e firmeza instrumental, suculência e sabor

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adocicado e firmeza sensorial e gosto ácido. Já as correlações negativas foram entre acidez e ratio, sólidos solúveis e firmeza, antocianina e L*, firmeza sensorial e sabor adocicado e suculência com: firmeza instrumental, firmeza sensorial e gosto ácido. Neste trabalho, também foi realizada a caracterização físico-química e sensorial de morangos irradiados nas doses determinadas por Lima Filho et al. (2014) como sendo correspondentes ao limiar de detecção (LD) sensorial (0,405 kGy) e ao limiar de rejeição (LR) sensorial (3,6 kGy) para morangos irradiados. Além disso, foi verificada a influência da embalagem na aceitação sensorial de morangos irradiados na dose 3,6 kGy. Todas as medidas físico-químicas apresentaram pequena variação entre as amostras controle (0 kGy) e o LD e o LR. Não houve diferença significativa em relação à aceitação da amostra irradiada na ausência e na presença da embalagem, provavelmente devido ao grau de conhecimento do painel de consumidores em relação ao processo de irradiação de alimentos. Conclui-se que a irradiação é um método de conservação que pode ser utilizado em morangos, uma vez que exerce pouca influência, no período de tempo estudado, nas suas características físico-químicas e sensoriais.

Palavras-chave: irradiação, morango, correlação, aceitação sensorial, Perfil

Descritivo Otimizado, limiares sensoriais.

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ABSTRACT

SCOLFORO, C.Z. Physico-chemical characterization, sensory profile and

acceptance of strawberries submitted to irradiation process. Dissertation

(Master’s degree in Food Science and Technology) – Universidade Federal do

Espírito Santo, Alegre – ES. Adviser: Prof. DSc. Suzana Maria Della Lucia. Co-

adviser: Prof. DSc. Pollyanna Ibrahim Silva.

Irradiation is a non-thermal preservation method used in different foods and at different dosages. Changes in the physico-chemical characteristics and in food quality depend on the applied dosage of radiation. Therefore, the aim of this study was to analyze the effect of radiation in the physico-chemical characteristics of irradiated strawberries. The irradiation of the samples was taken one day after harvest and was performed at the Laboratory of Gama Radiation of the Development Center of Nuclear Technology (CDTN) in Belo Horizonte-MG. The radiation doses used were 1 kGy, 2 kGy, 3 kGy and 4 kGy and the control sample (0 kGy). We evaluated the pH, titratable acidity (ATT), soluble solids (SS), the ratio (SS/ATT), total sugars, reducing and non-reducing sugars, pectin, ascorbic acid, firmness, color, anthocyanins (by three different methods of analysis), phenolics and antioxidant capacity. For the sensory characterization of the samples, it was used the Optimized Descriptive Profile (PDO). Fifteen selected judges participated of the analyses. The attributes evaluated were characteristic color, sweetness, sour taste, firmness and juiciness. Sensory acceptance was performed with 60 consumers of strawberry in two sessions. Irradiation did not significantly change most of the analyzed characteristics; only the firmness showed statistically different values: by increasing the dose, the firmness of the strawberry decreased. In PDO, the samples differed in color, sweetness, firmness and juiciness, and the control sample and the sample irradiated at 1 kGy had higher values of firmness and lower juiciness and sweetness. Regarding acceptance, the control sample and the sample irradiated at 1 kGy did not differ by Tukey test at 5%, but they differed from samples irradiated at doses of 3 kGy and 4 kGy; the sample with a dose of 2 kGy did not differ from any other sample. In this study we tested correlations between pH, titratable acidity (ATT), soluble solids (SS), total sugars and non-reducing sugars, anthocyanins (pH differential), pectin, instrumental firmness, relation SS/ATT (ratio), the color parameters “a”, “b”, “c” and “L”, and the sensory descriptive data, which were firmness, juiciness, sweetness and sour taste. Significantly positive correlation were found between pH and ratio, SS and pectin, anthocyanins and “a”, “c” values, sugars and “b”, “c” values, sensory firmness and instrumental firmness, juiciness and sweetness, sensory firmness and sour taste. Significantly negative correlation were found between ATT and ratio, SS and instrumental firmness, anthocyanins and “L”, juiciness and instrumental firmness, sensory firmness and sour taste,

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sensory firmness and sweetness. In this study, we also determined the physico-chemical and sensory characteristics of strawberries irradiated at the DT and CRT dosages, and evaluated the influence of packaging in sensory acceptance of irradiated strawberries at the CRT dosage (3.6 kGy). There was little variation in physico-chemical characteristics between control sample and DT and CRT samples; however the instrumental firmness decreased with the increasing of the dose. The values of the global difference of color, ΔE* were above 8.0, therefore, the difference in color between samples are easily noticeable to the human eyes. The values of the attributes sour taste and sweetness were similar between samples, but for firmness, juiciness and color the values varied according to radiation doses. The sensory acceptance of control sample did not statistically differ (p>0.05) from the CRT sample, and the information that the strawberry was irradiated did not affect the sensory acceptance; in other words, the control sample and the CRT sample had good acceptance. It can be concluded that irradiation is a preservation method that can be used in strawberries since it exerts little influence on their physico-chemical and sensory characteristics, in the studied period of time.

Keywords: irradiation, strawberry, correlation, sensory acceptance, Optimized

Descriptive Profile, sensory threshold.

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1 INTRODUÇÃO

As frutas são fontes de diversas vitaminas e minerais, os quais

contribuem para uma alimentação nutricionalmente adequada (FRANÇOSO et

al., 2008). O morango está entre as frutas mais consumidas mundialmente.

Pode ser consumido de forma natural ou como ingrediente de várias

preparações (DU et al., 2011; AABY et al., 2012). Apresenta-se como fonte de

vitamina C, potássio, cálcio e fósforo (FRANÇOSO et al., 2008; TACO, 2011).

Além disso, o morango contém quantidades consideráveis de compostos

fenólicos, principalmente antocianinas, as quais estão associadas à elevada

atividade antioxidante e à cor avermelhada do fruto (AABY et al., 2012).

O morango é um pseudofruto (BARROSO et al., 1999) que apresenta

alta perecibilidade, e a manipulação durante e após a colheita torna o fruto

mais suscetível a alterações na cor, na firmeza e no brilho, além de alterações

causadas por contaminação por microrganismos. Assim sendo, tecnologias de

conservação que evitem ao máximo as alterações citadas, as quais são, na

maioria das vezes, indesejáveis, devem ser utilizadas no seu beneficiamento

(FRANÇOSO et al., 2008; PONCE et al., 2009). Hussain et al. (2010) afirmam

que uma manipulação inadequada durante o armazenamento e transporte de

produtos frescos, como frutas, pode ocasionar perdas entre 20 % e 40 %, além

da contaminação microbiológica, a qual pode causar prejuízos à saúde

humana.

Existem várias técnicas de conservação sendo utilizadas para frutas,

como o uso de embalagens com atmosfera modificada, revestimento do fruto,

inativação térmica da polifenoloxidase e processamento mínimo (PONCE et al.,

2009; HOLZWARTH et al., 2012; PERDONES et al., 2012).

A irradiação é uma alternativa adotada por diversos países no mundo

(FRANÇOSO et al., 2008; AKRAN e KWON, 2010) e, apesar de ser

desconhecida pela maioria da população leiga (SILVA e ROZA, 2010), é

considerada um método seguro de conservação de alimentos e não agressivo

ao meio ambiente, por não produzir resíduos (SILVA e ROZA, 2010). As

principais vantagens de seu emprego na indústria de alimentos são: não uso de

conservantes químicos, baixo custo operacional e pouco ou nenhum

aquecimento. A principal desvantagem é o alto custo das instalações

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(FELLOWS, 2007).

O método de irradiação consiste em expor produtos de origem animal ou

vegetal à radiação ionizante por meio de feixes de elétrons ou por fontes

radioativas. Existem duas fontes de radiação, o 60Co e o 137Cs, consideradas

para o uso comercial, sendo que a primeira é a mais utilizada devido à sua

forma metálica e à insolubilidade em água (SILVA e ROZA, 2010).

Segundo Wani et al. (2008), doses entre 1,5 kGy e 1,7 kGy de radiação

são responsáveis por manter a qualidade das frutas em até 14 dias de

armazenamento. Françoso et al. (2008) destacam que baixas doses de

radiação podem diminuir o envelhecimento e a maturação de frutas, devido a

alterações provocadas na estrutura celular (IAEA, 1991). Além disso, devido às

liberações de íons provocadas pela irradiação, a membrana celular dos

microrganismos contaminantes pode sofrer mudanças que afetam a sua

atividade enzimática (FELLOWS, 2007).

A irradiação é aprovada por órgãos como o Food and Drug

Administration (FDA), a Codex Alimentarius Commission, a World Health

Organization (WHO), a American Medical Association e o Institute of Food

Technologies (AKRAN e KWON, 2010). No Brasil, há regulamentação sobre a

irradiação desde 1973, mas a maioria dos alimentos irradiados são

ingredientes, como condimentos e temperos (SILVA e ROZA, 2010). A Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta o uso da irradiação

para alimentos no Brasil com a resolução RDC n° 21, de 26 de janeiro de 2001

(BRASIL, 2001). Em 2011, o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) publicou a Instrução Normativa n° 9, com orientações

técnicas sobre o uso de irradiação como medida fitossanitária (BRASIL, 2011).

No entanto, ainda que o uso da irradiação acarrete todos os benefícios

supracitados, este método de conservação pode causar alterações físico-

químicas, nutricionais e sensoriais no alimento, dependendo da dose utilizada

(FELLOWS, 2007). Portanto, torna-se evidente a importância da caracterização

de alimentos submetidos ao processo de irradiação, em termos de suas

características físico-químicas e sensoriais, principalmente em se tratando de

um produto de grande consumo mundial, como o morango, e, portanto, de

grande relevância econômica.

Portanto, o objetivo deste estudo foi: a) caracterizar amostras de

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morango não irradiado e irradiado por meio de análises físico-químicas; b)

obter o perfil sensorial das amostras de morango por meio do método do Perfil

Descritivo Otimizado (PDO); c) correlacionar os dados obtidos por meio das

análises físico-químicas e das análises sensoriais descritivas e calcular,

quando apropriado, a relação funcional entre elas; d) avaliar a aceitação

sensorial das amostras de morango e e) caracterizar morangos irradiados em

doses determinadas previamente e adotadas como sendo os limiares

sensoriais de detecção (LD) e rejeição (LR) pelo consumidor e verificar a

influência da embalagem na aceitação sensorial de morangos irradiados na

dose correspondente ao LR.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Morango

O morangueiro é uma planta rasteira, pertencente à família Rosácea,

sendo a parte comestível denominada de morango, cujo nome científico é

Fragaria anassa Duch. O morango é um pseudofruto não climatérico,

caracterizado pelo sabor e aroma adocicados (BARROSO et al., 1999;

HENRIQUE e CEREDA, 1999; CHITARRA e CHITARRA, 2005; GOMES,

2007), mas popularmente é conhecido como fruta. O pseudofruto é um tecido

vegetal desenvolvido adjacente à flor que sustenta o fruto, e este é proveniente

do ovário da planta (BARROSO et al., 1999).

O morangueiro adapta-se a diferentes climas. Seu órgão vegetativo é

muito resistente às geadas, no entanto, suas flores são muito sensíveis, por

isso a temperatura ótima de crescimento é de 23°C. Além disso, são plantas

sensíveis ao encharcamento e à salinidade, tanto do solo, quanto da água

(PALHA, 2005).

Existem diversas variedades de morango. A variedade Camino Real foi

introduzida recentemente no Brasil (quando comparada a outras variedades) e

tem como características pseudofrutos grandes, firmes, com polpa

avermelhada e sabor agradável (SHAW e LARSON, 2002).

O morango está entre as frutas mais produzidas e consumidas

mundialmente. Estados Unidos, Espanha e Turquia são os maiores produtores

deste fruto (FAO, 2011), o qual pode ser consumido de forma natural ou como

ingrediente de várias preparações (DU et al., 2011; AABY et al., 2012).

Apresenta-se como fonte de vitamina C, potássio, cálcio e fósforo (FRANÇOSO

et al., 2008; TACO, 2011). Além disso, o morango contém quantidades

consideráveis de compostos fenólicos, principalmente antocianinas, as quais

estão associadas à elevada atividade antioxidante e à cor avermelhada do fruto

(AABY et al., 2012).

No Brasil, a colheita de morango acontece de abril a outubro em regiões

mais quentes, mas pode estender-se até dezembro em regiões mais frias; além

disso, a época da colheita depende do tipo de cultivar (CANTILLANO e SILVA,

2010). O estado do Espírito Santo, em 2010, produziu cerca de 6 mil toneladas

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e 70% da sua produção foi comercializada fora do estado, segundo dados do

Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural

(INCAPER). Os principais munícipios produtores do estado são: Santa Maria

de Jetibá, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Castelo e Marechal

Floriano (INCAPER, 2010; SEAG, 2011; CEASA/ES, 2012). No entanto, há

produção maior de morango em outros estados como São Paulo, Minas Gerais

e Rio Grande do Sul (MADAIL et al., 2007; MADAIL, 2008; BETEMPS, 2013).

As frutas apresentam-se vivas ainda após sua colheita e, por isso,

alterações fisiológicas podem ocorrer, devido à respiração e à transpiração.

Algumas dessas alterações são desejáveis, uma vez que podem favorecer

suas características sensoriais; no entanto, a maioria dessas mudanças é

indesejável, pois contribuem para a redução da qualidade da fruta. Para evitar

estas alterações existem alguns métodos que podem ser adotados, como por

exemplo, o resfriamento imediato pós-colheita (CANTILLANO e SILVA, 2010).

O morango apresenta alta perecibilidade e a manipulação durante e

após a colheita torna a fruta mais suscetível a alterações na cor, na firmeza e

no brilho, além de alterações causadas por contaminação por microrganismos.

Hussain et al. (2010) afirmam que uma manipulação inadequada durante o

armazenamento e transporte de produtos frescos, como frutas, pode ocasionar

perdas entre 20 % e 40 %, além da contaminação microbiológica, a qual pode

causar prejuízos à saúde humana.

A qualidade do morango deve-se a fatores relacionados à pré-colheita e

pós-colheita. Os primeiros estão ligados às práticas de adubação, qualidade da

muda, condições climáticas e disponibilidade de água. Os segundos estão

associados ao ponto de colheita e ao manejo da fruta (CANTILLANO e SILVA,

2010). Assim sendo, tecnologias de conservação que evitem ao máximo as

alterações citadas devem ser utilizadas no seu beneficiamento, permitindo

maiores ganhos econômicos, sensoriais e nutricionais (FRANÇOSO et al.,

2008; PONCE et al., 2009).

2.2 Irradiação de alimentos

A radiação usada em alimentos é classificada como radiação ionizante,

pois emite grande quantidade de energia que desloca elétrons de átomos e

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moléculas, os quais são convertidos em cargas elétricas (FRANCO e

LANDGRAF, 2003). A irradiação de alimentos é um tratamento não térmico de

conservação adotado por diversos países no mundo (FRANÇOSO et al., 2008;

AKRAN e KWON, 2010) e, apesar de ser desconhecida pela maioria da

população leiga (SILVA e ROZA, 2010), é considerada um método seguro de

conservação de alimentos e não agressivo ao meio ambiente, por não produzir

resíduos (SILVA e ROZA, 2010). As principais vantagens de seu emprego na

indústria de alimentos são: não uso de conservantes químicos, baixo custo

operacional e pouco ou nenhum aquecimento. A principal desvantagem é o alto

custo das instalações (FELLOWS, 2007).

A irradiação consiste em expor produtos de origem animal ou vegetal à

radiação ionizante por meio de feixes de elétrons ou por fontes radioativas.

Existem duas fontes de radiação, o 60Co e o 137Cs, consideradas para o uso

comercial, sendo que a primeira é a mais utilizada devido à sua forma metálica

e à insolubilidade em água (SILVA e ROZA, 2010). O 60Co é um isótopo

radioativo do metal cobalto presente na natureza; este radioisótopo foi

descoberto por Glennt, Seaborg e John Livingood na década de 30. Ele é

produzido comercialmente e muito utilizado em radiografias, radioterapia, como

medidores de espessuras e em esterilização de objetos e alimentos. A meia

vida deste isótopo radioativo é de 5,27 anos. Já o 137Cs é um dos produtos de

fissão do urânio e do plutônio, tem meia vida de 30 anos, é encontrado na

forma líquida à temperatura ambiente. Sua utilização é principalmente na

indústria como medidor de densidade, nível, espessura e, além de ser utilizado

em radioterapias (MOLLER, 2014).

Segundo Wani et al. (2008), doses entre 1,5 kGy e 1,7 kGy de radiação

são responsáveis por manter a qualidade das frutas em até 14 dias de

armazenamento. Françoso et al. (2008) destacam que baixas doses de

radiação podem diminuir o envelhecimento e a maturação de frutas, devido a

alterações provocadas na estrutura celular (IAEA, 1991). Além disso, devido às

liberações de íons provocadas pela irradiação, a membrana celular dos

microrganismos contaminantes pode sofrer mudanças que afetam a sua

atividade enzimática (FELLOWS, 2007).

A irradiação é aprovada por órgãos como o Food and Drug

Administration (FDA), a Codex Alimentarius Commission, a World Health

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Organization (WHO), a American Medical Association e o Institute of Food

Technologies (AKRAN e KWON, 2010). A farinha de trigo e o trigo destinado à

alimentação humana foram os primeiros alimentos a serem irradiados, em

1963; no entanto, nas décadas de 80 e 90, surgiram novas regulamentações

que permitiram o uso deste processamento para outros alimentos (ORNELLAS

et al., 2006).

No Brasil, as primeiras pesquisas foram realizadas na década de 50,

pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), em Piracicaba (SP)

(ORNELLAS et al., 2006). Em 1973 foi criada uma regulamentação sobre o uso

da irradiação, mas a maioria dos alimentos irradiados atualmente são

ingredientes, como condimentos e temperos (SILVA e ROZA, 2010). A Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta o uso da irradiação

para alimentos no Brasil com a resolução RDC n° 21, de 26 de janeiro de 2001

(BRASIL, 2001). Em 2011, o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) publicou a Instrução Normativa n° 9, com orientações

técnicas sobre o uso de irradiação como medida fitossanitária (BRASIL, 2011).

Os alimentos, em geral, não toleram doses altas de radiação. Cada

alimento/produto tem um limite de dose para que não perca sua qualidade.

Desde 1980, foi estabelecido pelo Comitê Misto de Especialistas em Irradiação

de Alimentos (CMEIA), que a dose máxima permitida em alimentos é de 10

kGy, uma vez que, respeitada esta dose, os alimentos não apresentam riscos

toxicológicos, microbiológicos ou nutricionais. No entanto, um grupo de

pesquisadores de FAO (Food Agriculture Organization), IAEA (Agência

Internacional de Energia Atômica) e OMS (Organização Mundial de Saúde)

estudou as consequências de doses maiores que 10 kGy em alimentos para

consumo animal. Estes pesquisadores concluíram que doses de até 70 kGy

não acarretaram em danos à saúde (WHO, 1981; WHO, 1999). A partir dessas

pesquisas mais países passaram a adotar esta tecnologia de conservação e

dados de 2011 indicam que mais de 60 países possuem regulamento para o

uso da irradiação (FAO/IAEA, 2011).

No entanto, ainda que o uso da irradiação acarrete benefícios, este

método de conservação pode causar alterações físico-químicas, nutricionais e

sensoriais no alimento, dependendo da dose utilizada no tratamento

(FELLOWS, 2007). A irradiação tem sido aplicada em diversos tipos de

alimentos e ingredientes, a fim de avaliar o efeito deste método nas

características físicas, químicas e sensoriais. No Quadro 1 está resumido o uso

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da irradiação em diferentes produtos e com diferentes doses.

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Tabela1 - Tabela com resultados de estudos de alimentos irradiados

Autores/ano Alimento/ produto

Dose utilizada (kGy)

Efeitos

COSTA NETO et al., 1997

Mandioca 8 e 10 Inibição do escurecimento enzimático em até 9 dias de armazenamento

VACHON et al., 2003

Morango 1,5 Aumento da vida de prateleira

MIRANDA et al., 2006

Cachaça 0,15 Aceleração do envelhecimento da cachaça

Boa aceitação sensorial em relação a todos os atributos avaliados (aroma, sabor e aparência)

KIM E YOOK, 2009

Kiwi 1, 2 e 3

Diminuição dos valores de L*, a* e b*, de ácido ascórbico, de textura e atividade antioxidante

Boa aceitação sensorial Inativação de patógenos

PARKER et al., 2010

Mamão 5 e 7,5

Conferiu sabor adocicado Junto com tratamento térmico brando foram obtidos resultados

satisfatórios em relação à microbiologia e à inativação enzimática Diminuição de ácido ascórbico e de antioxidantes

VAZ et al., 2011 Lectina 0,02 a 25 Nas doses maiores houve inibição da lectina, a qual está presente em

diversos alimentos, como fator alergênico

LU et al., 2012 Batata 0,1 Evitou brotamento durante o período de estocagem

CHOUKSEY et al., 2013

Maçã 1,5 Aumento da vida útil em até 6 dias à temperatura ambiente

Manutenção da textura, cor, sabor e características nutricionais

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2.3 Análise Sensorial

A qualidade de um produto está relacionada com diversas

características que compõem o alimento; sendo assim, a análise sensorial

pode ser usada como técnica de avaliação das suas características de

qualidade.

Na análise sensorial, o homem é o instrumento de medida utilizado, o

qual utiliza os seus cinco sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) para

avaliar características relacionadas à qualidade de um produto analisado

(SILVA, 2010). Existem diferentes métodos de análise sensorial, como, por

exemplo, métodos afetivos, os quais avaliam a preferência ou aceitação dos

consumidores (DELLA LUCIA et al., 2010); os métodos discriminativos ou de

diferença, os quais indicam se há diferença ou não entre as amostras

(DUTCOSKY, 2011), e os métodos descritivos.

Os métodos descritivos descrevem os alimentos qualitativamente e, ou

quantitativamente, de forma a caracterizá-los sensorialmente (DUTCOSKY,

2011). Exemplos desses métodos são: Perfil de Sabor, Perfil de Textura, Perfil

Livre, Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), Perfil Flash (DUTCOSKY, 2011),

Perfil Descritivo Otimizado (PDO) (SILVA et al., 2012), dentre outros.

2.3.1 Análise Descritiva ou Perfil Convencional

O método sensorial quantitativo mais utilizado é a Análise Descritiva

(AD), também denominada de Perfil Convencional, o qual avalia todos os

atributos sensoriais de um alimento e sua intensidade. Para isto, são

necessários julgadores devidamente treinados para descrever as propriedades

sensoriais do produto a ser estudado. Este método é uma adaptação do

método denominado Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), desenvolvido em

1974 por Stone e Sidel (DUTCOSKY, 2011).

Existem variadas aplicações para a AD como, por exemplo, teste de

armazenamento, desenvolvimento de novos produtos, comparação com

produtos concorrentes, definição de um padrão para ser utilizado como controle

de qualidade, descrição de um produto que passou por tecnologia diferenciada,

determinações químicas com resposta sensorial, dentre outros (MEILGAARD

et al., 2006).

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Por utilizar uma escala não estruturada, a AD permite quantificar a

intensidade de cada atributo sensorial com precisão matemática, o que

possibilita correlacioná-los com medidas instrumentais (MEILGAARD et al.,

2006).

Aplicam-se as seguintes etapas neste método:

a) Recrutamento – no momento da avaliação, a equipe treinada deve ser

composta por, no mínimo, 10 julgadores; portanto, na etapa de recrutamento, o

número de candidatos recrutados deve ser três vezes maior que o desejado

(DUTCOSKY, 2011). O recrutamento pode ser realizado por meio de

questionário, o qual permite identificar a disponibilidade de tempo dos

julgadores, familiaridade com atributos sensoriais e habilidade em utilizar

escalas não estruturadas. Além disso, podem ser inseridos questionamentos

pertinentes ao estudo (SILVA, 2010).

b) Pré-seleção – nesta etapa utilizam-se métodos de diferença, que podem ser

o duo trio ou o triangular. Os julgadores com uma determinada porcentagem de

acertos são selecionados para dar continuidade à análise (MEIGAARD, 2006;

SILVA, 2010). Esta porcentagem de acertos é estabelecida conforme a

complexidade do produto a ser avaliado (SILVA, 2010).

c) Levantamento de termos descritivos – os julgadores analisam os produtos

em estudo e sugerem quais os atributos serão avaliados. Existem alguns

métodos para desenvolver uma lista de termos, sendo um exemplo o chamado

de método tradicional, no qual cada julgador faz uma lista com os atributos que

acha serem inerentes ao produto. Em seguida abre-se uma discussão e os

julgadores, em consenso, escolhem os termos que irão compor a lista. Outro

exemplo é o método denominado de método de rede, em que as amostras dos

produtos são apresentadas aos pares e os julgadores listam as principais

diferenças entre elas. As diferenças mais utilizadas compõem a lista de

atributos a serem analisados (DUTCOSKY, 2011).

d) Definição das referências – nesta etapa são definidos os extremos da escala

não estruturada para cada atributo (MURRAY, 2000).

e) Treinamento – é realizado para aumentar a sensibilidade e reprodução dos

dados, permitindo que a equipe tenha desempenho mais exato e homogêneo

(SILVA, 2010). Este treinamento pode ser feito com o produto ou com sistemas

modelo, como, por exemplo, soluções ácida, doce, salgada, dentre outras

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(DUTCOSKY, 2011). O número de sessões de treinamento depende da

complexidade do produto em estudo e da equipe (SILVA, 2010).

f) Seleção final dos julgadores – os julgadores que apresentarem como

resultados boa capacidade de discriminação (pamostra<0,5) e repetibilidade

(pjulgador>0,05) serão selecionados para avaliar as amostras (DAMASIO e

COSTELL, 1991).

g) Avaliação dos produtos – são as análises que os julgadores fazem do

produto estudado. A análise deve ser realizada em cabines individualizadas, as

amostras devem ser codificadas com número de três dígitos e distribuídas

seguindo um delineamento e com a ficha de avaliação. O procedimento precisa

ser conduzido em condições que minimizem influências que podem gerar erros

(DUTCOSKY, 2011).

h) Análise dos resultados – os dados geralmente são analisados por Análise de

Variância (ANOVA) e teste de comparação de médias com representação

gráfica. Um tipo desta é o chamado gráfico-aranha (spider-web), que dispõe da

intensidade de cada atributo (DUTCOSKY, 2011). Porém, há outras formas de

se avaliar os dados, dependendo do objetivo do teste e do tipo de amostra

estudada. Outras formas são: análise de regressão e mapas sensoriais.

A AD é o método descritivo mais utilizado atualmente pelos

pesquisadores para diferentes tipos de produtos. Jin et al. (2012) utilizaram o

método descritivo AD para caracterizar amostras de presuntos irradiados nas

doses de 2,5 kGy, 5 kGy, 7,5 kGy e 10 kGy. Os atributos avaliados pelo teste

descritivo foram: aparência, cor, aroma de irradiado e maciez. Os presuntos

irradiados tiveram coloração mais clara que o não irradiado, e o aroma

irradiado foi maior, quanto maior a dose de radiação.

Leonardi et al. (2011) estudaram a influência da irradiação em leite

bovino nas características sensoriais e aplicaram doses de 0,5 kGy e 1 kGy. Os

atributos estudados na AD eram relacionados à aparência (translúcido,

brancura, aparência característica e opaco), ao aroma (intensidade de odor,

odor adocicado, odor característico, odor agradável), ao sabor (saboroso,

doçura, azedo, salgado, intensidade de sabor característico) e à textura

(concentrado, homogêneo, viscoso). Como resultado, verificaram que a

irradiação influenciou na aparência característica e na brancura do leite

irradiado, tornando-o mais amarelado. Além disso, para todos os atributos

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relacionados ao aroma, a irradiação influenciou de maneira negativa quando

comparado ao controle (sem irradiação). Isto se deve ao fato de a irradiação

aumentar a taxa de oxidação de compostos como lipídios e,

consequentemente, influenciar na cor, sabor e aroma do produto. No entanto,

neste estudo, a maioria dos atributos relacionados ao sabor não diferiram entre

as amostras, com exceção da doçura, a qual foi maior no leite sem irradiação.

Para a textura, houve diferença nas três características analisadas, sendo que

as amostras irradiadas apresentaram maior concentração, viscosidade e

homogeneidade que a amostra controle, provavelmente devido à quebra das

moléculas de gordura causada pela irradiação.

Verruma-Bernardi e Spoto (2003) avaliaram o efeito de doses de 1,5

kGy e 3,0 kGy sobre as características sensoriais do suco de laranja

conservado sob refrigeração a 4°C por 1, 7, 14 e 21 dias. Julgadores

selecionados e treinados realizaram AD e avaliaram aparência, aroma, sabor e

textura oral dos sucos. As amostras de suco irradiado apresentaram coloração

amarelo mais claro, maior brilho e menor grumosidade que o suco controle.

Além disso, apresentaram maior intensidade de aroma cozido, passado e

artificial, gosto ácido, amargo, sabor cozido, de sumo, passado e de laranja

artificial.

2.3.2 Perfil Descritivo Otimizado

O teste de Perfil Descritivo Otimizado foi proposto como um método

mais rápido e que fornece informações quantitativas sobre características do

produto estudado. Este método visa a eliminar as etapas de treinamento e

seleção final dos julgadores, etapas da AD que requerem maior tempo e

maiores quantidades de amostras. Para isso, as referências são apresentadas

junto às amostras avaliadas, para que possam ser usadas na comparação

(SILVA et al., 2012). Na Figura 1 está representado o esquema das etapas do

PDO.

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Figura 1 – Etapas da metodologia de PDO (baseado em SILVA et al., 2012).

A primeira etapa é a de recrutamento dos julgadores, seguida da pré-

seleção de julgadores, levantamento dos atributos sensoriais (termos

descritivos) e definição das referências. Estas etapas são semelhantes à AD.

Neste método, não há treinamento dos julgadores, portanto, no momento da

avaliação das amostras, são apresentadas as referências que limitam os

extremos da escala não estruturada, para que os julgadores possam utilizá-las

durante toda a avaliação. Outra diferença do PDO para AD é na forma de

avaliação, uma vez que na AD a avaliação é realizada por amostra, incluindo

todos os atributos e, no PDO, a avaliação é feita por atributo (a diferença entre

as fichas de avaliação nos dois casos é ilustrada nas Figuras 2 e 3).

A análise dos dados obtidos a partir do PDO pode ser realizada por meio

de ANOVA e teste de comparação de médias, ou por análise de regressão e

mapas sensoriais, dependendo do número de amostras e do objetivo do teste.

Recrutamento Pré Seleção Determinação dos

termos descritivos

Apresentação dos

padrões

Avaliação das

amostras (atributo

por atributo)

Análise dos

dados

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Figura 2 - Exemplo de ficha da AD (adaptado de Silva, 2010)

Figura 3 - Exemplo de ficha da PDO (baseado em Silva, 2010).

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2.3.2.1 Aplicação do PDO

Este método de análise foi proposto recentemente, portanto são

encontrados poucos trabalhos que relatam o uso da PDO. É importante

ressaltar suas vantagens em relação aos demais métodos descritivos, uma vez

que, eliminando as etapas de treinamento de julgadores e seleção final de

julgadores, este método mostra-se mais rápido, com menor custo, já que

requer menor número de amostras. Além disso, é ideal para análises de

produtos perecíveis ou de difícil preparo, e fornece dados quantitativos assim

como a AD.

Foi realizado um estudo com cinco diferentes formulações de requeijão

light variando percentuais de água e gordura. O objetivo do estudo foi comparar

o PDO com a Análise Descritiva (AD). Portanto, os dois métodos foram

aplicados para todas as formulações. O delineamento utilizado no estudo foi o

Delineamento em Blocos Casualizados e os dados foram submetidos à Análise

de Variância (ANOVA). Os autores verificaram que houve correlação entre os

métodos PDO e AD, indicando que o PDO pode ser utilizado em substituição à

AD (SILVA et al, 2012).

Em outro estudo de Silva et al. (2013), o objetivo foi comparar os

métodos descritivos AD, PDO e ADO. Neste estudo foram utilizadas quatro

diferentes formulações de chocolate. Os resultados obtidos evidenciaram que a

PDO é uma boa alternativa de método descritivo para avaliar chocolates; além

disso, na análise dos dados, este método apresentou menor interação entre

julgador-amostra do que o método da AD, sendo, portanto, mais eficiente na

descrição do produto.

2.3.3Testes de sensibilidade: limiares de detecção e rejeição sensoriais

A psicofísica é uma ciência que estuda a relação de um dado estímulo e

as sensações individuais geradas por este estímulo, fornecendo dados

quantitativos. É muito usada na análise sensorial, com o intuito de avaliar o

comportamento dos julgadores em decorrência da presença do estímulo

estudado (SOUZA e SILVA, 1996).

Os limites de concentração de um estímulo que podem ser medidos são

denominados de limiares (threshold) sensoriais, podendo ser classificados em

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limar de detecção, limiar de reconhecimento, limiar terminal e limiar de rejeição

(PRESCOT et al., 2005; MEILGAARD, 2006).

O limiar de detecção é caracterizado por ser o menor estímulo capaz de

ser percebido pelo julgador (MEILGAARD, 2006). E o limiar de rejeição é a

concentração de determinado estímulo a partir da qual o julgador começa a

rejeitar o alimento ou produto (PRESCOT et al., 2005).

Os limiares variam de acordo com a sensibilidade de cada indivíduo e

estão relacionados com vários fatores como faixa etária, uso de próteses

dentárias, condições patológicas, uso de medicamentos, dentre outros (SILVA

NETTO, 2007; BORGES, 2012). No entanto, existem testes sensoriais para

estabelecer esses limiares e, assim, conhecer o comportamento dos julgadores

em decorrência de um estímulo.

Diversos estudos têm adotado o limiar de detecção em suas

metodologias para avaliar a sensibilidade sensorial sobre uma determinada

característica. Mitchell et al. (2013) estabeleceram o limiar de detecção de sal

para possível redução deste aditivo em sopas de vegetais. Como resultado,

verificaram que o limiar de detecção não diferiu entre os sexos, e puderam

reduzir 48% do sal nas sopas comerciais sem alterar a detecção. Antonello et

al. (2007) realizaram estudo para avaliar o limiar de detecção de sal em

indivíduos com a pressão arterial sem alteração (normotensos). Foi realizado o

teste do limite com concentrações que variaram de 0,228 g/ L até 58,44 g/ L. O

resultado encontrado foi que o limiar de detecção ao cloreto de sódio foi de

1,826 g/L para estes indivíduos.

Em relação ao limiar de rejeição, são poucos os trabalhos encontrados

na literatura, uma vez que esta metodologia foi proposta recentemente. Saliba

et al. (2009) determinaram o limiar de rejeição em vinhos. Estes autores

analisaram um composto que está associado ao sabor de eucalipto em vinhos

e com o resultado puderam estabelecer qual limite da concentração deste

composto pode ser usado sem provocar rejeição por parte dos consumidores.

Um outro estudo foi realizado por Harwood et al. (2012), os quais

estabeleceram os limiares de detecção e rejeição de um composto associado

ao sabor amargo em chocolate (octaacetato). Neste estudo, os participantes

foram divididos em dois grupos, um dos que preferiam chocolate escuro e outro

dos que preferiam chocolate ao leite; com isso, concluíram que o limiar de

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rejeição para este composto foi 2,3 vezes maior para os que preferiram

chocolate escuro. Para o limiar de detecção, não houve diferença entre os

grupos.

Lima Filho et al. (2014) determinaram o limiar de detecção e de rejeição

sensoriais para doses de radiação em morangos. Para o limiar de detecção,

utilizaram seis testes triangulares, em que, em cada triângulo, uma amostra era

irradiada (0,125 kGy, 0,25 kGy, 0,5 kGy, 1 kGy, 1,5 kGy, 2 kGy) e as outras

duas não irradiadas (0 kGy). Para o teste foi utilizado o método do estímulo

constante, ou seja, as amostras foram apresentadas em ordem crescente. Para

estabelecer o limiar de rejeição, estes autores utilizaram cinco testes pareado-

preferência para cada dose (0,5 kGy, 1,0 kGy, 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy), e

também foi utilizado o método do estímulo constante. Os valores encontrados

para os limiares de detecção e de rejeição sensoriais foram, respectivamente,

de 0,405 kGy.e 3,6 kGy.

2.3.4 Aceitação sensorial

A aceitação sensorial é um método afetivo amplamente utilizado em

pesquisas cujo objetivo é avaliar se os consumidores gostam ou desgostam de

um produto. As escalas utilizadas podem ser: hedônica, de atitude ou do ideal.

A escala hedônica é facilmente compreendida pelos consumidores e, por isso,

bastante utilizada (REIS e MINIM, 2010).

Al-Bachir e Mehio (2001) estudaram a vida de prateleira de carnes

irradiadas com doses de 1 kGy a 4 kGy mantidas sob refrigeração. Teste

sensorial afetivo, utilizando escala de cinco pontos, foi realizado em períodos

de armazenamento e todas as amostras tiveram aceitação igual, ao nível de

5% de probabilidade pelo teste de Fisher, ou seja, a irradiação não influenciou

na aceitação das amostras.

Badr e Mahmoud (2011) estudaram a adição de suco de cenoura em

salsichas irradiadas nas doses de 3,0 kGy e 4,5 kGy, a fim de avaliar o efeito

antioxidante do suco. A análise sensorial foi baseada nos atributos cor, odor,

sabor, textura e suculência, utilizando escala hedônica de nove pontos. Apenas

a salsicha adicionada de água (controle) e irradiada com dose de 4,5 kGy

diferiram das outras amostras, apresentando gosto e odor desagradáveis.

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Rodrigues et al. (2012) elaboraram biscoitos enriquecidos com farinha

de linhaça e, para aumentar a conservação deste produto optaram pela

irradiação. Os autores aplicaram doses de 0,5 kGy, 1,0 kGy e 1,5 kGy. Com

objetivo de avaliar a aceitação sensorial, aplicaram teste afetivo de aceitação

sensorial usando escala hedônica de nove pontos. As amostras irradiadas não

diferiram significativamente a 5% pelo teste Tukey em relação à amostra

controle (sem irradiação), ou seja, a irradiação não descaracterizou as

amostras de biscoitos adicionados de farinha de linhaça. Todas as amostras

tiveram boa aceitação dos consumidores, em média nota entre 7 e 8, que na

escala hedônica representa os termos “gostei moderadamente” e “gostei

muito”.

2.4 Correlação entre medidas sensoriais e instrumentais

O homem é o instrumento de medida que melhor avalia um produto em

termos sensoriais. No entanto, este instrumento de medida nem sempre pode

ser usado em indústrias de alimentos, devido ao alto custo e maior demanda

de tempo. Nestes casos, adota-se a correlação dos métodos instrumentais e

sensoriais para avaliar, descrever e controlar a qualidade de um alimento ou

produto (LASSOUED, 2008; DUTCOSKY, 2011). Além disso, o estudo da

correlação permite entender quais fatores influenciam no perfil sensorial do

alimento/produto, contribuindo para o processo de produção (ALMEIDA et al.,

1999; PEDRÃO et al., 1999).

O estudo de correlação abrange duas ou mais variáveis no intuito de

identificar a relação entre as mesmas. O coeficiente de correlação de Pearson

é determinado como o grau de relacionamento entre as variáveis. Uma

propriedade importante do coeficiente de correlação linear simples é que o

parâmetro populacional varia de -1 a +1. À medida que os coeficientes

assumem outros valores, os relacionamentos podem ser fortes ou fracos,

sejam eles mais próximos ou não dos valores extremos (-1 e +1). Valores de

coeficientes mais próximos ou iguais a zero indicam ausência de correlação

linear (RODRIGUES e IEMMA, 2009).

O coeficiente pode ser estimado por ponto, sendo que, para dados que

seguem a normalidade, utiliza-se o coeficiente de correlação de Pearson; ou o

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coeficiente pode ser estimado por intervalo. Neste caso, adota-se o modelo de

Fisher (RODRIGUES e IEMMA, 2009).

O coeficiente de determinação, R2, estabelece uma medida da

proporção da variação explicada pela equação de regressão em relação à

variação total das respostas. Em geral, esse coeficiente é expresso em

porcentagem (RODRIGUES e IEMMA, 2009).

Sandi et al. (2003) correlacionaram cor, açúcares redutores e não-

redutores e compostos voláteis com características sensoriais obtidas pela AD.

Estes autores tiveram correlações que permitem indicar o uso de métodos

instrumentais para avaliar as características citadas em suco de maracujá-

amarelo. Gunness et al. (2009) avaliaram e correlacionaram características

sensoriais (AD) com características físico-químicas de morangos em diferentes

graus de maturação. Concluíram que há correlação entre sabor doce com pH e

com o índice ratio, e entre níveis de maturação e textura sensorial. Em um

estudo das características sensoriais de soja, Yamamoto et al. (2012)

correlacionaram os atributos sensoriais obtidos pela AD com a composição

metabólica dos compostos presentes neste alimento e tiveram importantes

correlações.

De acordo com os estudos, pode-se destacar que há importantes

correlações sendo estabelecidas com métodos sensoriais, geralmente

descritivos, e características físicas, químicas e nutricionais, as quais

contribuem para praticidade nas indústrias e pesquisas em alimentos.

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CAPÍTULO I

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MORANGOS

IRRADIADOS E NÃO IRRADIADOS

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Caracterização físico-química de morangos irradiados e não irradiados

RESUMO

A irradiação é um método de conservação não térmico utilizado em diferentes

alimentos e em diferentes doses. Sabe-se que, dependendo da dose aplicada,

esse método pode ocasionar alterações nas características físico-químicas que

afetam na qualidade do produto. Portanto, o objetivo deste capítulo foi analisar

o efeito da irradiação em algumas características físicas e químicas de

morangos irradiados. Foram avaliados pH, acidez total titulável, sólidos

solúveis, ratio (relação entre sólidos solúveis e acidez), açúcares redutores,

totais e não redutores, pectina, ácido ascórbico, firmeza, cor, antocianinas

(avaliação por três diferentes métodos), compostos fenólicos e capacidade

antioxidante. A irradiação não alterou significativamente a maioria das

características analisadas; apenas a firmeza apresentou valores diferentes

estatisticamente: com o aumento da dose, houve diminuição da firmeza. Em

relação às antocianinas, o método de pH diferencial mostrou-se mais sensível,

uma vez que leva em consideração possíveis interferentes das amostras.

Portanto, a irradiação é um método que pode ser mais utilizado para a

conservação de morangos, já que nestas doses estudadas alterou apenas a

firmeza, e esta variável é facilmente alterada quando o produto é submetido a

outros métodos de conservação tradicionais como congelamento e aplicação

de revestimentos.

Palavras-chave: irradiação, caracterização físico-química, morango.

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Physico-chemical characterization of irradiated and non-irradiated strawberries

ABSTRACT

Irradiation is a non-thermal preservation method used in different foods and at different dosages. Changes in the physico-chemical characteristics and in food quality depend on the applied dosage of radiation. Therefore, the aim of this study was to analyze the effect of radiation in the physico-chemical characteristics of irradiated strawberries. We evaluated the pH, titratable acidity (ATT), soluble solids (SS), the ratio (SS/ATT), total sugars, reducing and non-reducing sugars, pectin, ascorbic acid, firmness, color, anthocyanins (by three different methods of analysis), phenolics and antioxidant capacity. Irradiation did not significantly change most of the analyzed characteristics; only the firmness showed statistically different values: by increasing the dose, the firmness of the strawberry decreased. In relation to anthocyanins, the method of differential pH was more sensitive since it takes into account possible interfering in samples. Therefore, the irradiation is a method that should be used for the preservation of strawberries, since in the studied doses, only the firmness has changed, and this is a characteristic also influenced by other traditional preservation methods such as freezing and coatings. Keywords: irradiation, physico-chemical characteristics, strawberry.

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1 INTRODUÇÃO

A irradiação é um método não térmico de conservação de alimentos

adotada por diversos países no mundo (FRANÇOSO et al., 2008; AKRAN e

KWON, 2010) e, apesar de ser desconhecida pela maioria da população leiga

(SILVA e ROZA, 2010), é considerada um método seguro de conservação e

não agressivo ao meio ambiente, por não produzir resíduos (SILVA e ROZA,

2010). As principais vantagens de seu emprego na indústria de alimentos são:

não uso de conservantes químicos, baixo custo operacional e pouco ou

nenhum aquecimento. A principal desvantagem é o alto custo das instalações

(FELLOWS, 2007).

Segundo Wani et al. (2008), doses entre 1,5 kGy e 1,7 kGy de radiação

são responsáveis por manter a qualidade das frutas em até 14 dias de

armazenamento. Françoso et al. (2008) destacam que baixas doses de

radiação podem diminuir o envelhecimento e a maturação de frutas, devido às

alterações provocadas na estrutura celular (IAEA, 1991). Além disso, devido às

liberações de íons provocadas pela irradiação, a membrana celular dos

microrganismos contaminantes pode sofrer mudanças que afetam a sua

atividade enzimática (FELLOWS, 2007).

No entanto, ainda que o uso da irradiação proporcione benefícios, este

método de conservação pode causar alterações físico-químicas, dependendo

da dose utilizada (FELLOWS, 2007). As frutas são fontes de diversas vitaminas

e minerais, os quais contribuem para uma alimentação nutricionalmente

adequada (FRANÇOSO et al., 2008). O morango apresenta-se como fonte de

vitamina C e quantidades consideráveis de compostos fenólicos,

principalmente antocianinas, as quais possuem elevada atividade antioxidante

e à cor avermelhada do fruto (FRANÇOSO et al., 2008; TACO, 2011; AABY et

al., 2012).

Portanto, o objetivo deste estudo foi realizar caracterização físico-

química de morangos irradiados e não irradiados em diferentes doses, a fim de

avaliar o efeito da irradiação nas características da fruta.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Material

Os morangos foram adquiridos em Guaçuí – ES. Estes foram colhidos

maduros (80% da coloração vermelha), selecionados e acondicionados em

embalagem de polietileno tereftalato (PET), sob refrigeração, conforme

recomendado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(BRASIL, 2007).

2.2 Irradiação

Os morangos foram divididos em cinco lotes: um de morangos não

irradiados (0 kGy, controle) e os outros constituídos de morangos irradiados

nas doses de 1 kGy, 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy, seguindo um Delineamento em

Blocos Completos Casualizados. Estas doses foram determinadas de acordo

com estudo prévio realizado por Lima Filho (2013), o qual determinou os

limiares de detecção e de rejeição sensorial a partir destas e outras doses.

A irradiação das amostras ocorreu um dia após a colheita e foi realizada

no Laboratório de Irradiação Gama do Centro de Desenvolvimento da

Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte-MG. As amostras foram

irradiadas com radiação gama emitidas por fonte de Cobalto 60 localizadas em

um irradiador Panorâmico Multipropósito de Categoria II, fabricado pela MDS

Nordion no Canadá, Modelo/número de série IR-214 e tipo GB-127, com

atividade máxima de 2.200 TBq ou 60.000 Ci.

As amostras foram transportadas em isopor com recipientes fechados

contendo gelo, e a temperatura foi monitorada durante o percurso com

termômetro infravermelho com mira a laser Temp com precisão de ± 1,5 %, a

fim de manter todos os lotes com temperatura próxima a 8°C.

2.3 Análises físico-químicas

As análises físico-químicas foram realizadas nos laboratórios de

Química de Alimentos e de Operações Unitárias do Centro de Ciências

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Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES).

As análises foram realizadas em triplicatas e o delineamento

experimental foi em Blocos Completos Casualizados. Foram utilizadas três

repetições experimentais, sendo os morangos foram colhidos em diferentes

meses (julho, agosto e setembro). Os dados foram analisados por Análise de

Variância (ANOVA) com nível de 5 % de probabilidade e, quando pertinente, foi

aplicada análise de regressão. Para comparação de métodos de determinação

de antocianinas, foi utilizado o teste t para amostras pareadas. Os programas

utilizados foram Microsoft Excel® 2010, Statistca® 7 e Sigmaplot®.

2.3.1 pH

Amostras de cada tratamento foram liquefeitas e homogeneizadas em

mixer (Britânia®/ modelo: Ultra Mixer/ XB986B). O pH foi medido em pHmetro

digital de bancada ION LAB® (modelo: pH B500), segundo metodologia

indicada pela AOAC (2005).

2.3.2 Acidez total titulável

A acidez total titulável foi determinada por titulação com solução de

NaOH 0,1 N, utilizando a fenolftaleína como indicador. As amostras foram

liquefeitas e homogeneizadas em mixer (Britânia®/ modelo: Ultra Mixer/

XB986B) e uma alíquota de aproximadamente 5 g foi transferida para um

béquer adicionado de água destilada. Em seguida, a mistura foi filtrada em

peneira doméstica transferida para um erlenmeyer para titulação. Foram

utilizadas três gotas do indicador. Os resultados foram expressos em mg de

ácido cítrico por 100g de polpa de morango, de acordo com as normas do

Instituto Adolfo Lutz (2008).

2.3.3 Sólidos solúveis totais e relação sólidos solúveis e acidez total

titulável (ratio)

Amostras de cada tratamento foram liquefeitas e homogeneizadas em

mixer (Britânia®/ modelo: Ultra Mixer/ XB986B). Em seguida, foram retiradas

aproximadamente três gotas do suco para serem analisadas quanto ao teor de

sólidos solúveis totais, expressos em °Brix, em refratômetro de bancada

ATAGO® (modelo: DRA1(125221)) e feita a correção em relação à temperatura

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(AOAC, 2005).

A relação sólidos solúveis/acidez total titulável, denominada ratio foi

calculada, pois é um indicador de sabor de frutas, principalmente quando

consumidas in natura (MANICA et al., 1998; NASCIMENTO et al., 1998).

2.3.4 Açúcar redutor, não redutor e total

O açúcar redutor foi determinado conforme método titulométrico de

Lane-Enyon, utilizando solução de Fehling (AOAC, 2005). Este método utiliza

amostras contendo açúcares redutores como agente titulante, e o precipitado

vermelho formado é indicador do ponto de viragem. Foram utilizados 5 g de

amostra diluídos em 100 mL de água destilada. Esta solução foi transferida

para bureta e usada para titular o licor de Soxlet até formar o precipitado. Os

açúcares totais foram determinados pelo mesmo método, em que foi feita uma

digestão ácida com HCl 2N e neutralização das amostras com NaOH 1 N,

facilitando a hidrólise dos açúcares. A diferença entre os açúcares redutores e

açúcares totais representa os açúcares não redutores.

2.3.5 Pectina

As amostras foram liquefeitas e homogeneizadas em mixer (Britânia®/

modelo: Ultra Mixer/ XB986B) e foram aquecidas em chapa Marconi® (modelo:

MA 085), sendo aproximadamente 100 g de amostra adicionada de 400 mL de

água destilada. Em seguida, o conteúdo foi transferido para um balão de 500

mL e seu volume foi completado. Filtrou-se a amostra e foi retirada uma

alíquota de 100 mL, a qual foi adicionada de água destilada e NaOH 1 N. Esta

solução ficou em repouso por aproximadamente 7 horas. Após este tempo, foi

adicionado ácido acético (50 mL) e, após 5 minutos, foi adicionado 50 mL

cloreto de cálcio. Aqueceu-se por 1 minuto e se obteve o precipitado pectina-

cálcio. A amostra foi filtrada e o resíduo levado para estufa a 100°C por 12 h.

Após esfriar em dessecador, os resíduos foram pesados em balança analítica

(Marconi, modelo: 2104N). O teor de pectina foi calculado e seu valor expresso

em pectato de cálcio em g/100 g de morango (PEARSON, 1976).

2.3.6 Ácido Ascórbico

O teor de ácido ascórbico foi determinado pelo método titulométrico com

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2,6 diclorofenolindofenol. Uma alíquota de aproximadamente 5 g da amostra

homogeneizada em mixer (Britânia®/ modelo: Ultra Mixer/ XB986B) foi

transferida para tubo de ensaio e adicionado de 5 mL da solução de extração

(ácido metafosfórico e ácido acético). Estas amostras foram centrifugadas em

centrífuga FANEM (modelo: 206 BL). Utilizou-se 2 mL do sobrenadante para

diluições posteriores. Em seguida, as amostras foram tituladas com a solução

de indofenol. Os resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico/ 100 g

da fruta, de acordo com metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008).

2.3.7 Firmeza do fruto

A firmeza do fruto foi determinada com auxílio do penetrômetro digital

SoilControl® (modelo: PTR-100). Foram efetuadas duas determinações, em

faces opostas, na lateral dos frutos. Os resultados foram expressos em Newton

(N) (CUNHA JÚNIOR, 2011).

2.3.8 Cor

As análises de cor foram realizadas com auxílio de um colorímetro

KONICA MINOLTA® (modelo: CM-5) em sistema tridimensional L*, a* e b*, em

que L* indica a luminosidade, que varia do preto (l* = 0) ao branco (l* = 100), a*

consiste no eixo que varia do vermelho ao verde, e b* varia do amarelo ao azul

(CANER e ADAY, 2009). Além disso, foram observados os valores de h

(ângulo de tonalidade cromática), c* (saturação de cor) e calculado o valor de

ΔE* (diferença global de cor) descrita na Equação 1.1.

ΔE = [(L∗ − L∗0)]

2+ [(a∗ − a∗0)]

2+ [(b∗ − b∗0)

2]1/2 (Equação 1.1)

2.3.9 Compostos fenólicos, Conteúdo total de antocianinas e Capacidade

antioxidante

2.3.9.1 Preparo do extrato

Uma alíquota de aproximadamente 10 g da amostra liquidificada e

homogeneizada foi transferida para um béquer e, em seguida, foram

adicionados 50 mL de etanol 70%. Com HCl ajustou-se o pH para

aproximadamente 2,0. Esta mistura ficou em repouso por 24 horas ao abrigo

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de luz e sob refrigeração. Passado o tempo, a solução foi filtrada a vácuo e

transferida para um balão de 100 mL, onde foi completado o volume com

etanol 70% (FRANCIS, 1982). Este extrato preparado foi utilizado para

determinação de compostos fenólicos, capacidade antioxidante e conteúdo

total de antocianinas.

2.3.9.2 Determinação de compostos fenólicos

O conteúdo total de compostos fenólicos foi determinado utilizando o

reagente Folin-Ciocauteau (SINGLETON e ROSSI, 1995). Uma alíquota do

extrato foi diluída com o reagente Folin-Ciocauteau, agitado vigorosamente e,

após três minutos, foi adicionado carbonato de sódio saturado (7,5 % m/v).

Depois de uma hora de repouso em ausência de luz, foi realizada leitura em

espectrofotômetro (Bel Photonics® 2000 UV) em 760 nm. Para determinação

do teor de compostos fenólicos foi utilizada uma curva padrão de ácido gálico e

o resultado foi expresso em mg de ácido gálico/ 100 g de amostra (base

úmida).

2.3.9.3 Capacidade antioxidante

A capacidade antioxidante foi determinada pelo método de ensaio do

radical ABTS (2,2’-azino-bis (3-etilbenzotiazolin) 6-ácido sulfônico) (RE et al.,

1999). Para a formação do radical ABTS•+, a solução aquosa de ABTS 7 mM

foi adicionada à solução de persulfato de potássio 2,45 mM e mantida no

escuro à temperatura ambiente por 16 horas. Uma alíquota do extrato diluído

foi misturada com solução do radical ABTS e a mistura foi deixada para reagir

por 6 minutos. Após este tempo, foi realizada leitura em espectrofotômetro (Bel

Photonics® 2000 UV) no comprimento de onda de 734 nm. A capacidade

antioxidante foi determinada utilizando uma curva padrão de Trolox ((±)-ácido

6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromano-2-carboxílico, Sigma-Aldrich®) e os

resultados foram expressos em equivalente de Trolox.

2.3.9.4 Conteúdo total de antocianinas

2.3.9.4.1 Determinação de antocianinas pelo método de pH único

O extrato foi diluído com solução de etanol-HCl 1,5 mol/L (85:15 v/v) até

atingir leitura de absorbância entre 0,2 e 0,8. Em seguida, foi realizada leitura

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em espectrofotômetro no comprimento de onda de 510 nm, considerando o

coeficiente de absortividade molar de 31600 mol-1L.cm-1. (RODRIGUEZ-

SAONA et al., 1998; GIUSTI e WROLSTAD, 2001). O conteúdo de antocianina

foi expresso em mg de antocianina/100g de morango.

2.3.9.4.2 Determinação de antocianinas pelo método de pH diferencial

Uma alíquota do extrato foi diluída em solução tampão de pH 1,0 e outra

alíquota do mesmo extrato diluída com solução tampão de pH 4,5. As soluções

foram preparadas de acordo com o método adaptado de Francis (1968). A

leitura foi realizada em dois comprimentos de onda: 496 nm (comprimento de

onda de máxima absorção da perlagonidina-3-glicosídio) e a 700 nm (para

corrigir desvios causados pelos interferentes). Os valores de absorbância foram

contrastados com os dos respectivos tampões. O conteúdo de antocianina foi

expresso em mg de antocianina/100g de morango (base úmida).

2.3.9.3.3 Determinação da porcentagem de cor polimérica

O extrato foi diluído com cloreto de potássio até a leitura ficar entre 0,2 e

0,8 de absorbância no comprimento de onda de 496 nm (comprimento de onda

onde há maior absortividade da perlagonidina-3-glicosídio). Posteriormente, o

extrato foi diluído com água destilada na mesma proporção da diluição com

cloreto de potássio. Em seguida, foram adicionados 0,2 mL de bissulfito de

potássio a uma alíquota do extrato (provocando o branqueamento da amostra)

e 0,2 mL de água em outra alíquota (2,8 mL) e se deixou reagir por 15 minutos.

Após este tempo, as amostras foram lidas em 420 nm, 496 nm e 700 nm. A

porcentagem de cor polimérica foi dada pela relação da cor polimérica e a

densidade de cor:

Densidade de cor – amostra tratada com água destilada (Equação 1.2)

[(A420nm – A700nm) + (A _max– A700nm)] x FD Cor polimérica – amostra tratada com bissulfito (Equação 1.3) [(A420nm – A700nm) + (A _max– A700nm)] x FD

Em que:

A = Absorbância

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FD = Fator de Diluição

Porcentagem de cor polimérica é Densidade de cor/ cor polimérica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 pH e acidez total titulável

Os valores encontrados para pH e acidez foram estatisticamente iguais

(p>0,05) para os morangos que não receberam irradiação e para os morangos

que receberam este tratamento em diferentes doses (Tabela 1.1). Este

resultado foi semelhante ao encontrado por Françoso et al. (2008), que

avaliaram morangos irradiados nas doses 0,5 kGy; 1,0 kGy; 1,5 kGy e 2,0 kGy.

No entanto, para pH, estes autores encontraram valor médio de 3,46, sendo

que, no presente estudo, a média foi de 2,87. Ponce et al. (2009) avaliaram o

pH de morangos revestidos e verificaram que houve influência do revestimento

em relação ao pH dos frutos.

A acidez do morango é expressa em mg de ácido cítrico/100 g da fruta.

Os ácidos orgânicos e os teores de açúcares presentes nos frutos são

indicadores de qualidade, além de conferirem o aroma característico.

Os valores de acidez total titulável encontrados neste estudo variaram

de 0,74 mg/100 g a 0,80 mg/100 g e não diferiram entre si (p>0,05) (Tabela

1.1). Ávila et al. (2012) obtiveram valores semelhantes para a variedade

Camino Real, sendo 0,70 mg/100 g e 0,74 mg/100 g para morangos

convencionais e orgânicos, respectivamente. Valores maiores foram

encontrados por Françoso et al. (2008); no entanto, estes autores não

encontraram diferenças significativas em relação às doses de radiação

aplicadas. Pineli et al. (2011) caracterizaram a variedade Camino Real em

diferentes graus de maturação e a acidez total titulável variou de 1,11 mg/100 g

a 1,40 mg/100 g, para morangos maduros e verdes, respectivamente. As

diferenças de valores de acidez encontradas entre os diferentes estudos

podem ser devidas à variedade estudada ou pela discrepância entre os solos,

climas e regiões onde os frutos foram cultivados (LEE e KADER, 2000).

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Os dados indicam que a irradiação não altera valores de pH e de acidez

de morangos submetidos às doses de radiação estudadas. Isto porque,

segundo Calegano et al. (2002), durante o amadurecimento dos frutos, os

ácidos orgânicos são utilizados como substrato na respiração, alterando acidez

total titulável e consequentemente pH, no entanto, as doses de radiação

estudadas não influenciaram no processo de amadurecimento normal do fruto,

o qual é não climatérico, ou seja, apresenta baixa taxa respiratória pós-colheita.

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39

Tabela 1.1 - Valores obtidos nas análises físico-químicas das amostras de morango submetidas a diferentes doses de radiação

Dose (kGy)

pH Sólidos Solúveis (°Brix)

Acidez (mg ácido cítrico/100

g)

Ratio Açúcar Redutor (g/100 g)

Açúcar Total

(g/100 g)

Açúcar não-

redutor (g/100 g)

Pectina (g pectato de cálcio/100

g)

Ácido Ascórbico (mg/100 g)

Firmeza (N)

0 2,88 6,74 0,74 9,06 5,62 6,03 0,39 0,35 84,38 2,07

1 2,87 7,11 0,77 9,29 5,41 5,76 0,34 0,61 67,13 1,33

2 2,87 7,27 0,81 9,01 5,33 5,75 0,40 0,57 62,40 0,98

3 2,87 7,31 0,81 8,98 5,42 5,80 0,36 0,44 78,65 0,80

4 2,88 7,12 0,80 8,92 5,41 5,93 0,50 0,55 66,27 0,54

F 0,20ns 2,98 ns 1,95 ns 0,78 ns 0,39 ns 0,45 ns 2,12 ns 1,03 ns 2,08 ns 105,87*

*F = F calculado na ANOVA a 5% de probabilidade. ns: não significativo (p>0,05) e * : significativo (p<0,05).

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40

3.2 Sólidos solúveis, ratio e açúcares

O teor de sólidos solúveis é um importante indicador de qualidade para

frutas (ADAY et al., 2012), pois fornece informações acerca da quantidade de

açúcares existentes. Além disso, em menores proporções, outros compostos

como vitaminas, aminoácidos, pectinas e alguns ácidos fazem parte da

composição dos sólidos solúveis das frutas (FRANÇOSO et al., 2008).

Neste estudo foram obtidos valores de teor de sólidos solúveis

estatisticamente iguais (p>0,05) em todas as doses de radiação estudadas e

nos frutos que não receberam este tratamento de conservação (Tabela 1.1). Os

valores encontrados estão entre 6,74 °Brix e 7,31 °Brix, indicando que a

variedade Camino Real é, provavelmente, menos doce que a variedade Sweet

Charles estudada por Françoso et al. (2008), os quais encontraram valores

variando de 7,0 °Brix a 9,5 °Brix para esta variedade, e, provavelmente, mais

doce que as variedades Dover e Campineiro, com 5,4 °Brix e 6,0 °Brix,

respectivamente, estudadas por Cordenunsi et al. (2002).

Além da variedade, o teor de sólidos solúveis é influenciado pelo grau de

maturação da fruta, como pode ser visto no trabalho de Ornelas-Paz et al.

(2013), no qual, quanto maior o grau de maturação, maior o teor de sólidos

solúveis em morangos. Segundo Françoso et al. (2008), há aumento do teor de

sólidos solúveis no processo de maturação, devido à biossíntese de compostos

ou por causa da degradação de polissacarídeos. De acordo com os resultados

deste trabalho, a radiação, nas doses estudadas, não favoreceu a biossíntese

nem a degradação de compostos que afetariam a concentração de sólidos

solúveis.

Os tratamentos estudados não diferiram entre si (p>0,05) em termos da

relação entre teor de sólidos solúveis e acidez total titulável (Tabela 1.1) como

era esperado, uma vez que, nem o teor de sólidos solúveis e nem a acidez total

titulável foram variáveis-resposta em relação às quais as amostras se diferiram

estatisticamente. A média deste indicador foi de 9,05, maior do que o

encontrado por Camargo et al. (2011), os quais estudaram morangos

convencionais e orgânicos da variedade Camino Real. Segundo Berilli et al.

(2011), quanto maior o valor do ratio, melhor a aceitação da fruta em relação

ao sabor.

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Na determinação de açúcares redutores, açúcares totais e açúcares não

redutores, os tratamentos também não diferiram entre si (p>0,05). Kafkas et al.

(2007) obtiveram valores de açúcares totais de 5,79 g/100 g e 6,96 g/100 g dos

cultivares Camarosa e Osmanli, respectivamente. Estes valores são

semelhantes ao encontrados neste estudo, os quais variaram de 5,83 g/100 g a

6,15 g/100 g de morango.

De acordo com estudo de Kafkas et al. (2007), a concentração de

açúcares depende principalmente do grau de maturação das frutas e das

diferentes variedades. A radiação, nas doses estudadas, não influenciou no

processo de maturação dos morangos, uma vez que estes frutos são não

climatérios. Além disso, provavelmente, este método de conservação não

causou hidrólise de polissacarídeos suficientemente para aumentar o conteúdo

de açúcares determinados nas amostras (monossacarídeos e dissacarídeos).

3.3 Pectina

Pectinas são fibras solúveis encontradas principalmente em frutas e

vegetais. Estão associadas à regulação da glicemia, formação de gel, além de

ser substrato para fermentação de bactérias benéficas.

Os valores de pectina foram expressos em pectato de cálcio. A

irradiação não influenciou nos teores de pectina presentes no morango (Tabela

1.1). Os resultados encontrados neste estudo variaram de 0,35 g a 0,61 g de

pectato de cálcio/100 g da fruta, valores estes semelhantes ao encontrado por

Galetto et al. (2010), os quais estudaram morango da variedade Camarosa e

obtiveram valores de pectina entre 0,54 g e 0,58 g de ácido por 100 g da fruta.

Françoso et al. (2008) encontraram valores médios maiores em morangos

irradiados, 0,74 g de ácido galacturônico/100 g da fruta; no entanto, verificaram

que a irradiação não alterou os teores de pectina de morangos que receberam

diferentes doses de radiação.

O pectato de cálcio é formado pela ligação dos grupos ácidos

carboxílicos com o cálcio, formando composto denominado protopectina (grupo

das pectinas), que é insolúvel em água e predominante em frutas imaturas.

Com o amadurecimento há liberação de cálcio, por via enzimática, e

solubilização da protopectina, favorecendo o amaciamento das frutas

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(CHITARRA e CHITARRA, 1990). Essa alteração ocorre também no processo

de armazenamento de frutas e é favorecida por alguns métodos de

conservação.

3.4 Ácido Ascórbico

Neste estudo, verificou-se que a irradiação não causou perdas do

conteúdo de ácido ascórbico nas doses utilizadas (Tabela 1.1). Os valores

encontrados variaram de 62,40 mg ácido ascórbico/100 g de fruta a 84,38 mg

de ácido ascórbico/100 g de fruta, sendo estes semelhantes ao definido na

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos para morangos crus, ou seja,

que não sofreram nenhum tipo de tratamento (TACO, 2011).

O teor de ácido ascórbico nos vegetais depende de fatores pré e pós-

colheita, tais como: variedade, estado de maturação, estação do ano e tempo

de armazenamento (MOSER e BENDICH, 1991; COZZOLINO, 2009; COSTA e

ROSA, 2010).

A estabilidade do ácido ascórbico é dada em estado seco e protegido da

luz. Porém, sob condições de processamento, pode se oxidar rapidamente

devido à exposição ao ar, calor, luz e pH alcalino (ARAÚJO, 2011; NELSON e

COX, 2006; OLIVEIRA e MARCHINI, 2006). As perdas também podem ocorrer

por lixiviação (durante corte e descascamento) (ZHAN, et al., 2013),

armazenamento prolongado e congelamento (DAMODARAN et al., 2010;

HIATT et al., 2010). A temperatura tem sido descrita como um dos principais

fatores que influenciam significativamente a estabilidade da vitamina C

(PHILLIPS et al., 2012). Como a irradiação é um tratamento não térmico,

exerce pouca ou nenhuma influência na degradação do ácido ascórbico, nas

doses estudadas e no tempo estudado.

Sahari et al. (2004) estudaram o efeito do congelamento na degradação

de alguns compostos presentes no morango, sendo o ácido ascórbico um dos

compostos estudados. Estes autores encontraram valores médios de 52 mg de

ácido ascórbico/100 g morangos congelados em diferentes temperaturas. A

diferença dos valores encontrados entre o presente estudo e o estudo de

Sahari et al. (2004) pode ser devido ao processo de conservação utilizado,

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como também pelo próprio local de cultivo da fruta, uma vez que esta vitamina

apresenta alta sensibilidade.

Tiwari et al. (2009) avaliaram o efeito do tratamento de morangos com

ozônio e observaram que houve 85,8% de perda de ácido ascórbico causada

por este método de conservação, em comparação com o morango sem

tratamento.

3.5 Firmeza

Ao contrário das outras análises físico-químicas, a irradiação influenciou

significativamente na firmeza dos morangos irradiados (p<0,05), sendo que a

amostra controle (sem irradiação) apresentou maior valor de firmeza, seguida

da dose de 1 kGy, 2 kGy, 3 kGy, e a amostra que recebeu dose de 4 kGy foi a

que apresentou menor firmeza. Portanto, foi realizada uma análise de

regressão não linear, a partir da qual pode ser observado que, com o aumento

das doses de radiação, houve diminuição dos valores de firmeza dos morangos

(Figura 1.1).

Dose (kGy)

0 1 2 3 4

Firm

eza

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

experimental (médias)

modelo

Figura 1.1 -Curva de regressão ajustada para a firmeza, dada em função das doses de radiação aplicadas ao morango.

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44

Foi testado um modelo de reação de primeira ordem para a firmeza da

fruta (Equação 1.4).

(Equação1.4)

Em que:

é a firmeza, em N, após aplicação da dose , em kGy

é a firmeza, em N, para , ou seja, sem irradiação

é a constante de redução da firmeza para a reação de primeira ordem, em

kGy.

O modelo testado foi ajustado, sendo obtida a Equação 1.5, com um

valor de coeficiente de determinação R2 igual a 0,9844.

(Equação 1.5)

Também foi realizado teste de falta de ajuste do modelo, e o F para falta

de ajuste foi não significativo (p= 0,73); portanto, o modelo foi bem ajustado e

pode determinar a firmeza do morango mesmo em outras doses de radiação

não testadas neste estudo, dentro do intervalo estudado.

A parede celular primária é composta de celulose, pectina, hemicelulose

e ligninas, os quais conferem firmeza ao fruto. A pectina na forma insolúvel é

denominada de protopectina e, com o amadurecimento natural da fruta, há um

rompimento das ligações envolvendo pectina devido à ação de enzimas de

degradação da parede celular, atuantes nos polissacarídeos, como é o caso da

poligalacturonase, pectina metil esterase, beta-galactosidase, pectato liase,

entre outras (MARTÍNEZ e CIVELLO, 2008). Assim, a pectina se solubiliza e há

diminuição da espessura da parede celular e consequentemente amolecimento

do fruto sem alterar o conteúdo total de pectina existente (PAIVA et al., 2009).

De acordo com o presente estudo, acredita-se que as doses de radiação

possam ter favorecido a solubilidade da pectina.

Santos (2008) estudou o efeito da irradiação na inativação da

poligalacturonase, enzima que favorece a degradação da parede celular de

frutas e hortaliças e, na dose de até 3 KGy, a irradiação não foi eficiente para

inativar esta enzima. Junqueira-Gonçalves et al. (2011) observaram que a

irradiação de revestimentos de morangos permitiu melhor conservação do fruto

durante o tempo de estocagem, sendo que os valores de firmeza foram

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45

significativamente melhores em relação aos morangos com revestimentos sem

irradiação.

3.6 Cor

A cor gera o primeiro impacto do alimento sobre o consumidor e fornece

indicações sobre o grau de maturação ou conservação do alimento, por isso é

uma importante característica que determina a qualidade de frutas (RAMOS e

GOMIDE, 2007).

Os parâmetros de cor objetiva avaliados foram: a*, b*, L*, c* e h. O valor

de a* varia de – 60 (verde) a + 60 (vermelho), o parâmetro b* também varia de

– 60 (azul) ao + 60 (amarelo) (RAMOS e GOMIDE, 2007) e, de acordo com os

resultados obtidos no presente estudo, positivos para ambos os parâmetros, o

morango apresenta-se com coloração avermelhada. O valor de L* varia do 0

(preto) a 100 (branco) e é denominado luminosidade; indica se a cor é clara ou

escura (RAMOS e GOMIDE, 2007). No caso das amostras avaliadas os valores

foram em torno de 30: pode-se afirmar que apresentam luminosidade mais

próxima do intermediário. O valor c*, ou chroma, descreve a intensidade ou

quantidade de uma tonalidade, representa o quanto ela está misturada com o

cinza, branco ou preto. É o que identifica cores fortes ou fracas (RAMOS e

GOMIDE, 2007) e, segundo Conti et al. (2002), valores maiores que 36,08,

como encontrados no presente estudo, são considerados frutos com maior

homogeneidade de cor. O ângulo hue (h0) é a medida que determina a

tonalidade, ou seja, é a grandeza que caracteriza a qualidade da cor (vermelho,

verde, azul etc.), permitindo diferenciar as cores. Este parâmetro varia do 0° ao

360°, sendo que até 90°, como encontrado neste estudo (em torno de 40 °),

representa a tonalidade vermelha (RAMOS e GOMIDE, 2007). O valor deste

ângulo é calculado com base nos valores de a* e b* (CANER e ADAY, 2009).

No presente estudo a irradiação não influenciou nos valores que

determinam a cor do morango (p>0,05) (Tabela 1.2), ao contrário do observado

na literatura para outros métodos de conservação, como no caso do uso do

tratamento térmico, em que os valores de L*, c* e h° sofreram influência com o

aumento da temperatura, modificando a cor de morangos (HOLZWARTH et al.,

2012). O revestimento de morangos também não foi suficiente para manter a

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cor destes frutos em um estudo realizado por Ponce et al. (2009); os autores

identificaram aumento na intensidade de escurecimento de morangos.

Junqueira-Gonçalves et al. (2011) verificaram que a irradiação dos

revestimentos de morango ajudou a manter a cor desses frutos durante o

armazenamento quando comparados aos frutos não irradiados.

Para o valor de a* e L*, Aday et al. (2012) observaram que o tratamento

com ultrassom alterou esses parâmetros quando comparado ao morango

controle.

Os valores de diferença global de cor (ΔE*) indicam quanto a impressão

global de cor de uma amostra difere da amostra padrão/controle, ou seja, o

quanto a diferença é perceptível aos olhos humanos. De acordo com Ramos e

Gomide (2007), há controvérsias em relação aos valores perceptíveis, mas

estes autores afirmam que valores de ΔE* acima de 3,0 podem ser detectados.

Os valores encontrados neste estudo encontram-se entre 4,0 e 7,0; portanto,

são perceptíveis. O ΔE* engloba os valores de a*, b* e L, ou seja, avalia a

interação entre estes; porém, nem todos contribuem para a aceitação dos

consumidores (RAMOS e GOMIDE, 2007).

Os resultados da colorimetria permitem afirmar que a radiação, nas

doses estudadas, não altera nenhum parâmetro de cor dos morangos, o que é

essencial para a qualidade do fruto.

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Tabela 1.2 - Valores dos parâmetros de cor das amostras de morango submetidas a diferentes doses de radiação.

Dose (kGy) L* a* b* c* h° ΔE*

0 31,90 31,98 28,45 43,25 41,60

1 31,69 32,75 27,00 42,70 39,86 4,57

2 29,82 36,22 29,63 46,97 38,72 6,62

3 32,38 30,09 26,98 40,91 42,80 4,77

4 33,36 31,53 26,46 41,83 40,49 5,88

F 0,32ns 1,22 ns 1,39 ns 0,20 ns 0,82 ns

a* (varia do verde ao vermelho), b* (varia do amarelo ao azul), L* (luminosidade, que varia do branco ao preto), c* (intensidade de cor) e h0 (tonalidade), ΔE* (diferença global de cor). F = F calculado para ANOVA a 5% de probabilidade. ns: não significativo (p>0,05).

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48

3.7 Determinação de compostos fenólicos

Os compostos fenólicos são substâncias que apresentam um anel

aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos

funcionais (ANGELO e JORGE, 2007). Muitos destes compostos apresentam

efeitos biológicos, incluindo ação antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória

e vasodilatadora (DEGÁSPARI e WASZCZYNSKYJ, 2004).

Segundo Breitfellner et al. (2002), alguns compostos fenólicos são mais

sensíveis à degradação pelo processo de irradiação do que outros compostos,

no entanto, o mecanismo de reação ainda não está bem esclarecido. No

presente estudo, não houve diferença significativa (p>0,05) entre os morangos

tratados com diferentes doses de radiação em relação ao conteúdo total de

compostos fenólicos (Tabela 1.3). O valor médio encontrado foi de 232,06 mg

de ácido gálico / g de morango em base úmida. Este valor é inferior ao

encontrado por Kadivec et al. (2013) em um estudo com morango da variedade

Senga Sengana; estes autores encontraram valor médio de 303,20 mg de

ácido gálico /100 g de morango.

Ornelas-Paz et al. (2013) estudaram morango da variedade Albino em

diferentes graus de maturação e concluíram que o conteúdo total de compostos

fenólicos diminuiu com o aumento da maturação. Os autores encontraram

elevado teor de fenóis em morangos verdes, porém em morango com grau de

maturação comercial obtiveram valores semelhantes ao encontrado no

presente estudo.

Hussain et al. (2010), em um estudo com pêssego irradiado, observaram

que, com o aumento da dose de radiação, também se aumentou o conteúdo

total de compostos fenólicos. Os autores afirmam que este aumento de fenóis

está relacionado com a degradação de compostos fenólicos de cadeias

maiores, ocasionados pela irradiação, a qual pode gerar radical livre por meio

da hidrólise da água. Então estes radicais hidrolisam os glicosídeos e outros

compostos presentes nas frutas e, dessa forma, aumentam o conteúdo total de

fenóis. No entanto, para morangos e, nas doses estudadas neste trabalho, esta

reação não aconteceu em quantidades significativas, reafirmando, mais uma

vez, que o uso deste método de conservação não influencia na qualidade de

morango.

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Tabela1.3 - Valores obtidos nas análises de capacidade antioxidante e compostos fenólicos das amostras de morango submetidas a diferentes doses de radiação.

Dose (kGy) Capacidade

antioxidante (µmols de trolox/g)

Compostos fenólicos (mg de

ácido gálico/100 g**)

0 186,97 252,17

1 182,84 244,05

2 164,52 237,08

3 185,34 205,36

4 170,74 221,65

F 0,67 ns 1,25 ns

*F = F calculado para ANOVA a 5% de probabilidade. ns: não significativo

(p>0,05). **Dados expressos em base úmida.

3.8 Capacidade antioxidante

O valor médio encontrado neste trabalho foi de 178,08 µmols de trolox/g

de morango, valor semelhante ao encontrado por Freire et al. (2013), os quais

acharam valor médio de 199,82 µmols de trolox/g de morango.

A capacidade antioxidante de morangos está relacionada com o

conteúdo total de ácido ascórbico e de compostos fenólicos existentes,

principalmente de antocianinas (KUSKOSKI et al., 2006). Como descrito nos

itens 3.4, 3.7 e 3.9, nenhum destes compostos sofreu alteração do teor total em

relação às doses de radiação aplicadas ao morango; portanto, a capacidade

antioxidante também não foi influenciada pelas diferentes doses de radiação

(Tabela 1.3). Este resultado é extremamente interessante, uma vez que a

importância dos antioxidantes para a saúde humana está bem estabelecida na

literatura. Estes são responsáveis por reagir com radicais livres e diminuir o

risco de desenvolvimento de cânceres, de doenças cardiovasculares, de

obesidade, de diabetes e outras doenças crônicas (COSTA et al., 2013).

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3.9 Conteúdo total de antocianinas

3.9.1 Determinação de antocianinas pelo método de pH único e pelo

método do pH diferencial

O resultado das concentrações de antocianinas determinadas pelo

método de pH único e método de pH diferencial estão descritos na Tabela 1.4.

Como pode ser visto não houve diferença significativa entre todas as amostras

de morango (irradiadas e não irradiada) para ambos os métodos de

determinação. Este resultado indica que as doses de radiação estudadas não

provocaram a degradação deste pigmento essencial na qualidade de frutas.

Este resultado pode ser devido ao fato de que o pH do morango é ácido e não

alterou com o tratamento recebido. Sabe-se que em pH ácido as antocianinas

são mais estáveis (IACOBUCCI e SWEENY,1983; MAZZA e BROUILLARD,

1987).

Tabela1.4 -Conteúdo de antocianina determinado pelo método de pH único e método de pH diferencial em amostras de morango irradiado e não irradiado.

Dose (kGy) pH único (mg de

antocianina/100g)**

pH diferencial (mg de

antocianina/100g)**

0 16,74 aA 25,95bB

1 19,32aA 30,24bB

2 17,84aA 28,22bB

3 17,43aA 26,21bB

4 16,19aA 24,35bB

*Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. Letras maiúsculas diferentes na mesma linha diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t. ** Dados expressos em base úmida.

Os valores de antocianina encontrados neste trabalho, para o método de

pH único, foram, em média, de 17,5 mg de antocianina/100 g de morango e,

pelo método de pH diferencial, foi de, em média, 26,9 mg de antocianina/100 g

de morango.

Calvete et al. (2008) avaliaram o teor de antocianina pelo método de pH

único e obtiveram resultados superiores ao encontrado neste estudo, porém

estudaram os cultivares Camarosa (38,01 mg/100 g), Serrano (56,00 mg/100 g)

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51

e Comander (54,00 mg/100 g). No entanto, Camargo et al. (2011) verificaram o

teor de antocianina em morangos de diferentes variedades cultivada pelos

métodos convencional e orgânico e, para a variedade Camino Real,

encontraram valores de 48,20 mg/100 g e 52,30 mg/100 g de antocianina,

respectivamente, utilizando como método de determinação o do pH diferencial.

Badanjak et al. (2011) estudaram a estabilidade de antocianina em suco

de morango conservado pelo método tradicional de pasteurização e pelo

método de ultrassom. Em ambos os tratamentos de conservação, os autores

verificaram perda do conteúdo total de antocianina; no entanto, a pasteurização

provocou maiores perdas.

Tiwari et al. (2009) também testaram a estabilidade de antocianina em

suco de morango. Estes autores utilizaram como método de conservação a

atmosfera modificada com ozônio, e observaram perdas significativas do

conteúdo total de antocianina no suco de morango que recebeu 7,8 % de

ozônio por 10 minutos. O mesmo resultado foi encontrado por Bodelón et al.

(2010) usando CO2 como método de conservação por meio da modificação da

atmosfera.

Entre as doses estudadas não ocorreu diferença no conteúdo total de

antocianina; houve diferença significativa entre os métodos utilizados para a

determinação deste teor. O método de pH diferencial apresentou maiores

valores de antocianina em todas as amostras. Segundo Fuleki e Francis

(1968), o método de pH único pode subestimar os valores de antocianinas

devido à presença de interferentes, os quais podem ser derivados de

degradação de açúcares e das próprias antocianinas. Já o método de pH

diferencial, por realizar leitura em dois comprimentos de onda, leva em

consideração os interferentes presentes na amostra, sendo, portanto,

considerado mais sensível na determinação de antocianinas em alguns

alimentos.

Teixeira et al. (2008) avaliaram dez fontes de antocianinas por dois

métodos de determinação, sendo o método de pH único e o método de pH

diferencial. Dentre as fontes avaliadas, os pesquisadores identificaram que a

casca de jabuticaba, pétalas de hibisco e inflorescência de capim gordura

foram as que apresentaram maiores conteúdos do pigmento. Em relação aos

métodos de determinação, verificaram que apenas para a casca de jabuticaba

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houve diferença significativa. O método de pH diferencial mostrou-se mais

sensível à determinação da concentração de antocianinas, uma vez que é

capaz de minimizar os possíveis interferentes, como taninos.

3.9.2 Determinação da porcentagem de cor polimérica

A determinação da cor polimérica é realizada como um método

subtrativo para se descontar à presença de antocianinas poliméricas e

pigmentos marrons resultantes das reações de escurecimento enzimático,

reação de Maillard e degradação de antocianinas. Estes pigmentos

polimerizados são resistentes ao branqueamento com bissulfito de potássio

(GIUSTI e WROLSTAD, 2001). Portanto, os valores obtidos representam a

porcentagem de cor que é devida apenas à presença de antocianinas. Não

houve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F entre

as doses estudadas, ou seja, a irradiação não afetou a porcentagem de cor dos

morangos (Tabela 1.5).

Tabela 1.5 - Valores de porcentagem de cor polimérica em morangos submetidos a diferentes doses de radiação.

Dose (kGy) Cor polimérica (%)

0 17,22

1 14,57

2 14,93

3 15,85

4 15,13

F= 0,8611 para ANOVA a 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO

As doses de radiação estudadas influenciaram apenas em uma medida

física analisada, a firmeza. Quanto maior a dose empregada, menores os

valores de firmeza do fruto. No entanto, o amadurecimento normal do fruto

influencia a firmeza do fruto, de maneira semelhante. Portanto, em relação à

qualidade físico-química do morango, as doses estudadas preservaram as

características de pH, acidez total titulável, sólidos solúveis, açúcares, pectina,

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CAPÍTULO II

PERFIL SENSORIAL E ACEITAÇÃO DE MORANGOS

IRRADIADOS E NÃO IRRADIADOS

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60

Perfil sensorial e aceitação de morangos irradiados e não irradiados

RESUMO

A qualidade de um produto está relacionada a diversas características que

compõem o alimento; sendo assim, a análise sensorial descritiva é um método

que pode avaliar atributos sensoriais relacionados à qualidade. O Perfil

Descritivo Otimizado (PDO), proposto recentemente, é uma ferramenta que

fornece informações qualitativas e quantitativas a respeito das características

sensoriais de um produto com menor gasto de tempo e de amostras. Por isso,

o objetivo deste trabalho foi caracterizar sensorialmente morango irradiado e

não irradiado em diferentes doses seguindo o método PDO e determinar a

aceitação sensorial destas amostras. A irradiação das amostras ocorreu um dia

após a colheita e foi realizada no Laboratório de Radiação Gama do Centro de

Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte-MG. Para

a caracterização sensorial foram utilizados 15 julgadores selecionados por

teste triangular com 100 % de acertos. Os atributos avaliados foram cor, sabor

adocicado, gosto ácido, firmeza e suculência. As análises, exceto a de cor,

foram realizadas sob luz vermelha. A análise de aceitação sensorial foi

realizada por 60 consumidores de morango em duas sessões. A análise dos

dados foi feita por meio de ANOVA e teste de comparação de médias, além de

Análise de Componentes Principais (ACP). As amostras diferiram quanto à cor,

firmeza e suculência, sendo que a amostra controle e a amostra irradiada a 1

kGy tiveram maiores valores de firmeza e menores de suculência. Em relação

à aceitação, a amostra controle e a amostra irradiada a 1 kGy não diferiram

estatisticamente pelo teste Tukey a 5%, mas diferiram das amostras irradiadas

com doses de 3 kGy e de 4 kGy; a amostra com dose de 2 kGy não diferiu de

nenhuma outra dose. Portanto, o emprego da dose de até 2 kGy permite a

utilização da irradiação como método de conservação sem alterar as

características sensoriais e com mesma aceitação obtida para amostra

controle.

Palavras-chave: Perfil Descritivo Otimizado, aceitação sensorial, morango,

irradiação.

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61

Sensory profile and acceptance of irradiated and non-irradiated strawberries

ABSTRACT

Product quality is related to different characteristics of the food; thus, the

sensory descriptive analysis is a method to evaluate sensory attributes related

to food quality. Optimized Descriptive Profile (ODP), a descriptive method

recently proposed, is a tool that provides qualitative and quantitative information

about the sensory characteristics of a product with reduced time and samples.

Thus, the objective of this study was to sensory characterize irradiated and non-

irradiated strawberries at different doses by the ODP method and to determine

the sensory acceptability of these samples. The irradiation of the samples was

taken one day after harvest and was performed at the Laboratory of Gama

Radiation of the Development Center of Nuclear Technology (CDTN) in Belo

Horizonte-MG. For the sensory characterization of the samples, 15 judges

selected by triangular tests with 100% correct answers participated of the

analyses. The attributes evaluated were characteristic color, sweetness, sour

taste, firmness and juiciness. The analyses, except for the color, were

performed under red light. Sensory acceptance was performed with 60

consumers of strawberry in two sessions. Data analysis was performed by

ANOVA and mean tests, and Principal Component Analysis (PCA). The

samples differed in color, sweetness, firmness and juiciness, and the control

sample and the sample irradiated at 1 kGy had higher values of firmness and

lower juiciness. Regarding acceptance, the control sample and the sample

irradiated at 1 kGy did not differ by Tukey test at 5%, but they differed from

samples irradiated at doses of 3 kGy and 4 kGy; the sample with a dose of 2

kGy did not differ from any other sample. Therefore, the use of doses up to 2

kGy allows the use of irradiation as a method of preservation without altering

the sensory characteristics and with the same acceptance obtained for the

control sample.

Keywords: Optimized Descriptive Profile, sensory acceptance, strawberries,

irradiation.

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62

1 INTRODUÇÃO

A qualidade de um produto está relacionada a diversas características

que compõem o alimento, incluindo os seus atributos sensoriais; sendo assim,

a análise sensorial é uma ferramenta que permite avaliar atributos relacionados

à qualidade do alimento. Na análise sensorial, o homem é o instrumento de

medida utilizado, o qual utiliza os órgãos dos sentidos (visão, olfato, tato,

audição e paladar) para avaliar as propriedades sensoriais do produto

analisado (SILVA, 2010). Existem diferentes tipo de métodos de análise

sensorial, como por exemplo, métodos afetivos, os quais avaliam a preferência

ou aceitação dos consumidores (DELLA LUCIA, et al., 2010); os métodos

discriminativos ou de diferença, os quais indicam se há diferença ou não entre

as amostras (DUTCOSKY, 2011) e os métodos descritivos.

Os métodos descritivos descrevem os alimentos qualitativamente e

quantitativamente de forma a caracterizar sensorialmente os produtos, em

termos estatísticos (DUTCOSKY, 2011).

O teste do Perfil Descritivo Otimizado, um método descritivo proposto

recentemente por Silva et al. (2012), resume-se nas etapas de recrutamento e

seleção de julgadores, levantamento de termos descritivos, avaliação das

amostras e análises dos dados. Ao contrário dos métodos tradicionais de

análise descritiva, este não requer treinamento e seleção final de julgadores;

sendo assim, a PDO requer menor disponibilidade dos julgadores e menor

quantidade de amostras. Portanto, é mais rápido e fornece informações

quantitativas e qualitativas sobre as características do produto estudado.

O teste de aceitação é um método afetivo amplamente utilizado para

avaliar o quanto os consumidores gostaram ou desgostaram de um produto, ou

seja, por meio deste método determina-se a aceitação de um produto.

O objetivo deste trabalho foi caracterizar sensorialmente morango não

irradiado e irradiado em diferentes doses e avaliar a aceitação sensorial dos

mesmos.

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63

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Material

Os morangos foram adquiridos em Guaçuí – ES. Estes foram colhidos

maduros (80% da coloração vermelha), selecionados e acondicionados em

embalagem de polietileno tereftalato (PET), sob refrigeração, conforme

recomendado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(BRASIL, 2007).

2.2 Irradiação

Os morangos foram divididos em cinco lotes: um de morangos não

irradiados (0 kGy, controle) e os outros constituídos de morangos irradiados

nas doses de 1 kGy, 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy, seguindo um Delineamento em

Blocos Completos. Estas doses foram determinadas de acordo com estudo

prévio de Lima Filho (2013), o qual determinou os limiares de detecção e de

rejeição sensorial a partir destas e outras doses.

A irradiação das amostras ocorreu um dia após a colheita e foi realizada

no Laboratório de Irradiação Gama do Centro de Desenvolvimento da

Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte-MG. As amostras foram

irradiadas utilizando fonte de Cobalto 60 em irradiador Panorâmico

Multipropósito de Categoria II, fabricado pela MDS Nordion no Canadá,

Modelo/número de série IR-214 e tipo GB-127, com atividade máxima de 2.200

TBq ou 60.000 Ci.

As amostras foram transportadas em isopor com recipientes fechados

contendo gelo, e a temperatura foi monitorada durante o percurso com

termômetro infravermelho com mira a laser Temp com precisão de ± 1,5 %, a

fim de manter todos os lotes com temperatura próxima a 8°C.

2.3 Análise sensorial

Os testes sensoriais foram realizados no Laboratório de Análise

Sensorial do CCA-UFES.

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64

2.3.1 Análise descritiva: Perfil Descritivo Otimizado (PDO)

As etapas do PDO que foram empregadas neste trabalho estão

descritas a seguir.

2.3.1.1 Recrutamento de julgadores

Foi realizado o recrutamento dos julgadores por meio de distribuição e

preenchimento de questionários que identificassem a disponibilidade de tempo

dos julgadores, familiaridade com atributos sensoriais e habilidade em utilizar

escalas não estruturadas. Além disso, foi avaliado o hábito do julgador de

consumir morango e suas condições de saúde (APÊNDICE A).

2.3.1.2 Pré-seleção de julgadores

Foi aplicado o teste triangular utilizando morango submetido ao

congelamento por 12 horas e descongelamento por 4 horas e o morango in

natura (controle). Este processo de congelamento e descongelamento foi

utilizado por alterar a firmeza dos morangos de forma semelhante ao processo

de irradiação de morangos. Para que este processamento fosse utilizado,

foram realizadas medidas de firmeza com o penetrômetro digital da marca

SoilControl® (modelo: PTR-100),além de um teste triangular com 20 julgadores

adaptados a este tipo de análise. Na análise instrumental, os resultados obtidos

revelaram que os morangos que sofreram o congelamento e descongelamento

apresentaram médias de firmeza de 0,40 N, sendo esta semelhante aos

morangos irradiados com doses de 4 kGy, média de 0,54 N (Capítulo I). Por

meio da análise sensorial, constatou-se que o morango in natura e o morango

congelado/descongelado diferiram entre si ao nível de 1% de probabilidade.

Portanto, foi adotado este processamento para realizar a etapa de pré-seleção

de julgadores.

Os julgadores realizaram quatro testes triangulares para que fosse

verificada a habilidade de discriminar as amostras. Em cada teste, os

julgadores receberam três amostras codificadas com número de três dígitos,

sendo que duas amostras eram iguais e uma diferente. Os julgadores foram

instruídos a identificar a amostra diferente. As amostras foram oferecidas de

forma casualizada, sob luz branca e em cabines individuais. No momento da

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65

análise foi servida água a temperatura ambiente e entregue a ficha de

avaliação (APÊNDICE B).

Foram selecionados os julgadores que apresentaram 100% de acertos

nos testes triangulares.

2.3.1.3 Levantamento de termos descritivos

Nesta etapa foi realizada uma discussão aberta com uma lista prévia

baseada em estudos de Ares et al. (2009) e Gunness et al. (2009), com termos

descritivos para caracterizar morangos (Quadro 2.1). Morangos irradiados em

diferentes doses e os morangos controle foram apresentados aos julgadores

junto à lista prévia. Dessa forma, os julgadores estabeleceram os atributos a

serem avaliados, suas definições, além das referências de mínimo e máximo

da escala para cada atributo sensorial.

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66

Quadro 2.1 – Lista de termos descritivos para análise sensorial de morangos

2.3.1.4 Análise das amostras

Antes da análise das amostras foi realizada uma familiarização dos

julgadores com as mesmas. Dessa forma, os julgadores puderam relembrar os

termos definidos e suas referências.

As amostras foram apresentadas todas de uma única vez e a avaliação

foi realizada pelo protocolo atributo-por-atributo (APÊNDICE C). Dessa forma,

os julgadores comparavam as amostras no momento da avaliação. Além disso,

Atributo Definições Referências

Aparência

Cor Característica Cor vermelha característica

de morango maduro

Ausente: morango verde

Forte: morango com coloração vermelha cobrindo o fruto até o mais próximo do

pedúnculo (cabo)

Sabor

Gosto Ácido Sensação de gosto ácido

na língua

Nenhum: água

Forte: 2g ácido cítrico/500mL água

Sabor Adocicado Gosto doce característico

de morango

Nenhum: água

Forte: 30g sacarose + 0,2g ácido cítrico/500mL água

Textura

Firmeza

Força necessária para provocar uma determinada

deformação, através da compressão com os dentes

frontais

Pouca: morango irradiado a uma dose de 4,5kGy

Muita: morango verde

Suculência Quantidade de suco

desprendido na primeira mordida

Pouca: morango verde

Muita: morango irradiado a uma dose de 4,5kGy

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67

as referências foram apresentadas junto às amostras para que os julgadores

pudessem consultá-las durante a avaliação.

As análises foram divididas em duas sessões, sendo que na primeira

sessão os julgadores avaliaram os atributos cor característica e sabor

adocicado, e na segunda sessão avaliaram os outros atributos: gosto ácido,

firmeza e suculência. Para cada atributo foram realizadas três repetições.

Para o atributo cor, as amostras foram apresentadas sob luz branca, e

para os demais atributos, sob luz vermelha, a fim de uma maior padronização

das amostras, sem que os atributos de aparência influenciassem na análise

dos outros atributos.

2.3.1.5 Análise dos dados

A análise dos dados obtidos a partir do PDO foi realizada por meio de

ANOVA para cada atributo, com as fontes de variação: amostra, julgador e a

interação entre amostra*julgador. Quando a interação era significativa (p<0,05),

recalculava-se o F usando no denominador o quadrado médio da interação, a

fim de tornar o teste mais robusto (SILVA e DAMASIO, 1994). Quando

significativo o teste, foi realizada a análise de regressão para o atributo

sensorial em questão. Além disso, foi realizada a Análise de Componentes

Principais (ACP), apresentando os resultados do PDO em um Mapa Sensorial

(SILVA et al.,2012).

2.3.2 Aceitação Sensorial

Foi realizado um teste de aceitação sensorial, por meio de escala

hedônica de nove pontos (variando de 1 – “desgostei extremamente” a 9 –

“gostei extremamente”), de todos os tratamentos estudados, ou seja, da

amostra controle (sem irradiação) e das amostras irradiadas nas diferentes

doses (1 kGy, 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy). As amostras foram apresentadas em

copos codificados com números de três dígitos, de forma monádica, sob

iluminação branca, em cabines individuais. Para a análise das amostras foram

realizadas duas sessões, com a participação de 60 julgadores, sendo eles

alunos e servidores da Universidade Federal do Espírito Santo.

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68

Os dados da aceitação foram analisados por ANOVA e teste de

comparação de médias de Tukey a 5% de significância, além do Mapa de

Preferência Interno, baseado na Análise de Componentes Principais (ACP).

Para a obtenção deste mapa, os dados de aceitação foram organizados em

uma matriz de formulações (em linhas) e de consumidores (em colunas). Esta

é uma análise multivariada utilizada para obter a correlação de dados e indicar

graficamente a aceitação das amostras considerando a individualidade de cada

consumidor (REIS et al., 2010).

2.4 Aspectos éticos

Foram respeitados os cuidados éticos de acordo com a Resolução n°

196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê

de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade

Federal do Espírito Santo (UFES) – ES, Brasil, sob os números 65403 e

324.897.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Perfil Descritivo Otimizado

3.1.1 Recrutamento e pré-seleção de julgadores

Foi realizado o recrutamento dos julgadores por meio de distribuição e

preenchimento de 73 questionários, sendo que 54 voluntários recrutados foram

os que apresentaram disponibilidade de tempo, familiaridade com atributos

sensoriais e habilidade em utilizar escalas não estruturadas. Além disso, era

preciso que estes julgadores tivessem o hábito de consumir morango e

condições de saúde que não comprometessem as análises sensoriais.

Dos voluntários recrutados, 23 julgadores acertaram 100% dos testes

triangulares; no entanto, apenas 15 julgadores participaram do levantamento

de termos descritivos, sendo 3 homens e 12 mulheres.

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69

3.1.2 Avaliação das amostras

Os atributos avaliados foram cor, gosto ácido, sabor adocicado, firmeza

e suculência. De acordo com a análise de variância, houve diferença

significativa para os atributos sabor adocicado. cor, firmeza e suculência

(Tabela 2.1). A interação entre amostra*julgador indica que existe pelo menos

um julgador que avaliou as amostras de forma diferente do grupo, e isto ocorre

com frequência em análise sensorial (SILVA e DAMASIO, 1994). Como forma

de avaliar o efeito das amostras, Stone e Sidel (1974) recomendam recalcular o

F da amostra usando o quadrado médio da interação no denominador. Isto

ocorreu para os atributos gosto ácido, firmeza e suculência (Tabela 2.1).

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70

Tabela 2.1 -Resumo das análises de variâncias para os atributos sensoriais no teste do PDO

Resíduo no

denominador

Interação no

denominador

Atributo FV GL QM p-valor p-valor

Cor

Característica

A 4 31,738 0,000000*

J 14 6,612

A*J 56 1,850 0,970304ns

Resíduo 150 2,878

Gosto ácido

A 4 13,765 0,024723* 0,174163ns

J 14 15,935

A*J 56 7,264 0,024247*

Resíduo 150 4,781

Sabor

adocicado

A 4 11,381 0,066081*

J 14 8,841

A*J 56 5,559 0,320093ns

Resíduo 150 5,052

Suculência

A 4 136,387 0,000000* 0,000000*

J 14 13,894

A*J 56 4,059 0,019898*

Resíduo 150 2,625

Firmeza A 4 123,753 0,000000* 0,000000*

J 14 13,819

A*J 56 6,128 0,000421*

Resíduo 150 3,039

*significativo (p<0,10) e ns não significativo (p>0,10), A = amostra, J = julgador e A*J =

interação amostras – julgador.

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71

Os valores médios de intensidade encontrados pelo PDO para os

atributos sensoriais por dose de radiação empregada estão expostos na Tabela

2.2.

Tabela 2.2 - Valores médios de intensidade dos atributos sensoriais obtidos

pelo PDO

Dose

(kGy)

Atributos sensoriais

Cor

Característica

Gosto

Ácido

Sabor

Adocicado Firmeza Suculência

0 6,1 5,0 4,2 6,4 2,5

1 6,9 4,4 4,4 3,9 5,2

2 5,4 4,3 5,2 2,9 6,6

3 7,2 3,5 5,4 2,6 6,5

4 7,4 4,3 4,8 2,2 6,5

*Escala de intensidade variando de 0 cm a 9 cm.

Na curva da regressão ajustada para o atributo suculência (Figura 2.1),

pode-se destacar que, com o aumento da dose de radiação aplicada, há

aumento da suculência do morango até um valor máximo.

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72

Dose (kGy)

0 1 2 3 4 5

Su

cu

lên

cia

2

3

4

5

6

7

experimental (médias)

modelo

Figura 2.1 - Curva de regressão ajustada para o atributo suculência de

morangos irradiados e não irradiados.

Para suculência o modelo testado foi de crescimento exponencial até um

valor máximo (Equação 2.1).

(Equação 2.1)

Em que

é a suculência, em unidades, após aplicação da dose , em kGy

é a suculência, em unidades, para , ou seja, sem irradiação

é um parâmetro relacionado com a taxa de variação da suculência em função

da dose, em kGy

é um parâmetro relacionado com a suculência máxima, ou seja, a assíntota

horizontal (a assíntota horizontal é )

O modelo testado foi ajustado, sendo obtida a Equação 2.2, com um

valor de coeficiente de determinação R2 igual a 0,9882.

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73

(Equação2.2)

Também foi realizado teste de falta de ajuste do modelo, e o F para falta

de ajuste foi não significativo (p= 0,30); portanto, o modelo foi bem ajustado e

pode determinar a suculência do morango mesmo em outras doses de

radiação não testadas neste estudo, dentro do intervalo estudado.

Comportamento oposto ocorreu com o atributo firmeza sensorial: há

diminuição da intensidade deste atributo com aumento da dose de radiação

aplicada (Figura 2.2). Chaudry et al. (2004) verificaram que, em cenouras

minimamente processadas e irradiadas, não houve alteração da firmeza nas

doses estudadas (0 kGy a 3 kGy), e afirmam que a firmeza é determinada por

diversos fatores como tipo do vegetal, estágio de maturação, forma de

armazenamento e outros. Acredita-se que as frutas em geral são mais

sensíveis à irradiação do que os vegetais. Portanto, o aumento da dose de

radiação influencia na perda da firmeza sensorial para morangos e,

consequentemente, aumenta a suculência, a qual foi definida como a

“quantidade de suco desprendido na primeira mordida”.

Estes resultados do atributo sensorial de firmeza são semelhantes ao

ocorrido na firmeza instrumental que, com aumento da dose de radiação,

houve diminuição significativa da firmeza do fruto medida com penetrômetro.

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74

Dose (kGy)

0 1 2 3 4 5

Firm

eza

2

3

4

5

6

7

experimental

modelo

Figura 2.2 - Curva de regressão ajustada para o atributo firmeza de morangos irradiados e não irradiados.

Foi testado um modelo de decaimento exponencial até um mínimo, por

meio da Equação 2.3.

(Equação 2.3)

Em que

é a firmeza, em unidades, após aplicação da dose , em kGy

é a firmeza mínima, em unidades, ou seja, a assíntota horizontal

é um parâmetro relacionado com a taxa de variação da firmeza em função da

dose, em kGy

é um parâmetro relacionado com a firmeza, em unidades, para , ou

seja, sem irradiação (a firmeza na dose zero é )

O modelo testado foi ajustado, sendo obtida a Equação 2.4, com um

valor de coeficiente de determinação R2 igual 0,9966.

(Equação 2.4)

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75

Também foi realizado teste de falta de ajuste do modelo, e o F para falta

de ajuste foi não significativo (p>0,05); portanto, o modelo foi bem ajustado e

pode determinar a suculência do morango mesmo em outras doses de

radiação não testadas neste estudo, dentro do intervalo estudado.

Em relação ao sabor adocicado, houve aumento da intensidade deste

atributo com aumento da dose de radiação até um valor máximo (Figura 2.3).

Camargo (2004) e Behrens et al. (2009) observaram que, em algumas frutas

irradiadas, houve aumento da intensidade de gosto doce quando comparadas

às frutas não irradiadas, provavelmente devido à hidrolise dos polissacarídeos

e consequente formação de carboidratos de cadeia menores, que possuem

maior poder edulcorante que o seu polissacarídeo original.

Dose (kGy)

0 1 2 3 4 5

Sab

or

ad

ocic

ado

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

Experimental

Modelo

Figura 2.3 - Curva de regressão ajustada para o atributo sabor adocicado de morangos irradiados e não irradiados

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76

Para o atributo sabor adocicado, o modelo testado foi de crescimento

exponencial até um valor máximo (Equação 2.5).

(Equação 2.5)

Em que

é o sabor adocicado, em unidades, após aplicação da dose , em kGy

é o sabor adocicado, em unidades, para , ou seja, sem irradiação

é um parâmetro relacionado com a taxa de variação do sabor adocicado em

função da dose, em kGy

é um parâmetro relacionado com o sabor adocicado máximo, ou seja, a

assíntota horizontal (a assíntota horizontal é )

O modelo testado foi ajustado, sendo obtida a Equação 2.6, com um

valor de coeficiente de determinação R2 igual a 0,6344.

(Equação4.6)

Também foi realizado teste de falta de ajuste do modelo, e o F para falta

de ajuste foi não significativo (p>0,1); portanto, o modelo foi bem ajustado e

pode determinar o sabor adocicado de morango mesmo em outras doses de

radiação não testadas neste estudo, dentro do intervalo estudado.

Para o atributo cor, como pode ser visto na Figura 2.4, não foi possível

ajustar nenhum modelo de regressão que explicasse o comportamento deste

atributo. Possivelmente este atributo é difícil de ser avaliado pelos julgadores

por se tratar de fruta, na qual não há uma padronização de cor bem

estabelecida. De acordo com o gráfico de dispersão houve aumento das notas

de intensidade para cor com o aumento da dose de radiação; no entanto, na

dose de 2 kGy, houve queda acentuada da cor da fruta.

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Dose (kGy)

0 1 2 3 4

Suculê

ncia

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

Dose vs Cor

Figura 2.4– Gráfico de dispersão das médias das notas de intensidade de cor

sensorial em função das doses de radiação em morangos.

A Figura 2.5 é uma projeção dos dados obtidos pela Análise de

Componentes Principais (ACP) para as amostras de morango estudadas.

Cor

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78

Figura 2.5 -Gráfico dos descritores sensoriais e das amostras de morango em relação aos dois primeiros componentes principais.

O primeiro componente principal explica 87,79 % da variação dos dados,

sendo suficiente para descrever a variação entre as amostras de morango

estudadas. O segundo componente principal explica 9,64 % da variação;

portanto, juntos explicam 97,43 % da variação total dos dados. Os vetores

representam os atributos sensoriais determinados no PDO.

Sugere-se que as amostras controle e irradiada com 1 kGy foram as que

apresentaram maiores valores de firmeza e gosto ácido. E as amostras

irradiadas com 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy, as quais estão bem próximas umas das

outras no mapa, foram caracterizadas pela suculência e sabor adocicado e,

consequentemente por menores valores de firmeza e gosto ácido. Além disso,

a amostra controle é a que está localizada mais afastada das demais no mapa,

portanto, possivelmente comporta-se diferente das amostras irradiadas.

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79

Tabela 2.3 - Correlações dos atributos sensoriais com os dois componentes principais.

Atributos Correlação com

primeiro CP Valor de p

Correlação com segundo CP

Valor de p

Cor

Característica 0,3696 0,5404 0,9289 0,0225

Gosto ácido -0,8118 0,0952 -0,1683 0,7867

Sabor

Adocicado 0,8087 0,0975 -0,3120 0,6093

Suculência 0,9939 0,0006 -0,1056 0,8657

Firmeza -0,9959 0,0003 -0,0358 0,9544

Com exceção do atributo cor, todos os outros estão correlacionados com

o primeiro componente principal (Tabela 2.3), sendo considerado p<0,10. Por

isso, o atributo cor apresenta pouca importância na caracterização de

morangos irradiados e não irradiados. Possivelmente, devido a esta baixa

correlação, não foi possível ajustar nenhum modelo matemático que explicasse

o comportamento dos julgadores para o atributo cor.

3.2 Aceitação sensorial de morangos irradiados e não irradiados

A amostra controle e a amostra que recebeu dose de 1 kGy não

diferiram entre si (p>0,05) e tiveram maiores valores de médias hedônicas do

que as amostras que receberam dose de 3 kGy e 4 kGy. No entanto, a amostra

irradiada a 2 kGy não diferiu estatisticamente das amostras controle e 1 kGy, e

nem das amostras com doses de 3 kGy e 4 kGy (Tabela 2.4).

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80

Tabela 2.4 - Médias de aceitação sensorial de morango irradiado e não irradiado.

Doses (kGy) Médias Hedônicas

0 7,2ª

1 7,3ª

2 6,7ab

3 6,3b

4 6,1b

*Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si ao nível de 5% de

probabilidade pelo teste de Tukey. Escala hedônica de nove pontos.

Todas as médias encontram-se na faixa positiva da escala hedônica, isto

é, na porção de aceitação da escala; a amostra controle (0 kGy) e a amostra

irradiada a 1 kGy tiveram aceitação entre “gostei moderadamente” e “gostei

muito” e as demais amostras entre “gostei ligeiramente” e “gostei

moderadamente”.

De acordo com o Mapa de Preferência Interno obtido por meio da ACP

(Figura 2.6), o primeiro componente principal explica 43,79 % da variação dos

dados e o segundo componente principal explica 23,25 %, totalizando 67,05 %

da variação total dos dados. A fim de melhor visualização, optou-se por não

adicionar um terceiro componente principal no mapa.

Neste mapa, os dados de correlação dos consumidores com os

componentes principais estão representados por pontos e a correlação destes

com pelo menos um dos componentes principais indica diferença na aceitação

das amostras de morangos (SILVA, 2010). Como pode ser observado, alguns

dados de correlação de julgadores localizam-se no centro do gráfico, indicando

que não diferenciaram as amostras em relação à aceitação sensorial. Quanto

maior a concentração de pontos perto de alguma amostra, mais aceita esta

amostra é (SILVA, 2010) e, de acordo com a Figura 2.5, os consumidores

estão bem distribuídos, ou seja, todas as amostras foram bem aceitas pelos

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81

consumidores. Entretanto, observa-se maior concentração de pontos próximo

às amostras controle (0 kGy) e 1 kGy.

Figura 2.6- Mapa de preferência interno das amostras de morango irradiado e não irradiado e aceitação dos consumidores em relação aos dois componentes principais.

4 CONCLUSÃO

A irradiação influenciou no perfil sensorial e na aceitação dos morangos

tratados com diferentes doses de radiação. Dos atributos analisados, a firmeza,

a suculência, o sabor adocicado e a cor são os que sofreram algum tipo de

alteração causado pela irradiação; no entanto, o emprego da dose de até 2 kGy

permite a utilização desse método de conservação sem causar grandes

alterações nas características sensoriais de morangos. E, de acordo com o

resultado do teste de aceitação, esta dose obteve valor estatisticamente igual

ao da amostra controle, ambas com boa aceitação sensorial.

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82

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CAPÍTULO III

CORRELAÇÃO ENTRE MEDIDAS SENSORIAIS E

INSTRUMENTAIS DE MORANGOS IRRADIADOS E NÃO

IRRADIADOS

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Correlação entre medidas sensoriais e instrumentais de morangos

irradiados e não irradiados

RESUMO

Existem importantes correlações sendo estabelecidas entre métodos sensoriais, geralmente descritivos, e características físicas, químicas e nutricionais, as quais contribuem para maior praticidade nas indústrias e pesquisas em alimentos. Entretanto, podem ser testadas correlações entre as próprias medidas físico-químicas e entre as próprias medidas sensoriais, dependendo do objetivo do estudo. Foram testadas correlações entre os dados físico-químicos de pH, acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis (SS), açúcares totais e açúcares não redutores, antocianina (método pH diferencial), pectina, firmeza instrumental, relação entre SS/ATT (ratio) e alguns parâmetros de cor (a*, b*, c* e L), e os dados do teste sensorial descritivo, ou seja, os atributos de firmeza, suculência, sabor adocicado e gosto ácido. Os resultados obtidos foram correlações significativamente positivas entre pH e ratio, sólidos solúveis e pectina, antocianinas e parâmetros de cor (a* e c*), açúcares e parâmetros de cor (b* e c*), firmeza sensorial e firmeza instrumental, suculência e sabor adocicado, firmeza sensorial e gosto ácido. Já as correlações negativas foram entre acidez e ratio, sólidos solúveis e firmeza instrumental, antocianina e L*, suculência e firmeza instrumental, firmeza sensorial e gosto ácido, firmeza sensorial e sabor adocicado. Portanto, a partir destas correlações as relações entre os compostos e características estudadas podem ser estabelecidas, além de se poder determinar o relacionamento linear entre as medidas estudadas em morangos irradiados e não irradiados.

Palavras-chaves: correlação, morango, irradiação, análise sensorial, análise

instrumental.

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Correlation between sensory and instrumental measurements of

irradiated and non-irradiated strawberries

ABSTRACT

There are important studies about correlations between sensory attributes and physic, chemical and nutritional characteristics of foods, which collaborate for convenience in industries and researches with food. Depending on the objective of the study, one can evaluate the relationship between physico-chemical components or between sensory attributes. In this study we tested correlations between pH, titratable acidity (ATT), soluble solids (SS), total sugars and non-reducing sugars, anthocyanins (pH differential), pectin, instrumental firmness, relation SS/ATT (ratio), the color parameters “a”, “b”, “c” and “L”, and the sensory descriptive data, which were firmness, juiciness, sweetness and sour taste. Significantly positive correlation were found between pH and ratio, SS and pectin, anthocyanins and “a”, “c” values, sugars and “b”, “c” values, sensory firmness and instrumental firmness, juiciness and sweetness, sensory firmness and sour taste. Significantly negative correlation were found between ATT and ratio, SS and instrumental firmness, anthocyanins and “L”, juiciness and instrumental firmness, sensory firmness and sour taste, sensory firmness and sweetness. Therefore, these correlations between components and the studied characteristics could be established, and we could determine the linear relationship between studied measures in irradiated and non-irradiated strawberries.

Keywords: correlation, strawberry, irradiation, sensory analysis, instrumental

analysis.

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1 INTRODUÇÃO

O coeficiente de correlação de Pearson é determinado como grau de

relacionamento entre as variáveis. O coeficiente pode ser estimado por ponto,

sendo que, para dados que seguem a normalidade, utiliza-se o coeficiente de

correlação de Pearson; ou o coeficiente pode ser estimado por intervalo. Neste

caso, adota-se o modelo de Fisher (RODRIGUES e IEMMA, 2009). O

coeficiente de determinação, R2, estabelece uma medida da proporção da

variação explicada pela equação de regressão em relação à variação total das

respostas. Em geral, esse coeficiente é expresso em porcentagem

(RODRIGUES e IEMMA, 2009).

Uma propriedade importante do coeficiente de correlação linear simples

é que o parâmetro populacional varia de -1 a +1. À medida que os coeficientes

assumem outros valores, os relacionamentos podem ser fortes ou fracos,

sejam eles mais próximos ou não dos valores extremos (-1 e +1). Valores de

coeficientes positivos sugerem correlação linear positiva, ou seja, quanto maior

o valor de uma variável, maior o valor da outra variável estudada. Valores de

correlação negativos indicam que, quanto maior o valor de uma variável, menor

o valor da outra variável. E valores mais próximos ou iguais a zero indicam

ausência de correlação linear (RODRIGUES e IEMMA, 2009).

Em análise sensorial o homem é o instrumento de medida, porém, em

indústrias de alimentos nem sempre é possível utilizá-lo para avaliar a

qualidade de produtos. Nestes casos, adota-se a correlação dos métodos

instrumentais e sensoriais para avaliar, descrever e controlar a qualidade de

um alimento ou produto (LASSOUED, 2008; DUTCOSKY, 2011). Além disso, a

correlação permite entender quais fatores influenciam no perfil sensorial do

alimento/produto, contribuindo para o processo de produção (ALMEIDA et al.,

1999; PEDRÃO et al., 1999).

Na indústria de alimentos, análises sensoriais, principalmente análises

descritivas, são pouco utilizadas devido ao alto custo, grande demanda de

tempo e grandes quantidades de amostra (LASSOUED, 2008). Como o

morango é um pseudofruto muito perecível, é importante estudar correlações

entre medidas sensoriais e físico-químicas e entre as próprias medidas físico-

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químicas, a fim de diminuir a quantidade de amostra requerida para análises,

aumentar a praticidade no cotidiano das indústrias e diminuir custos.

De acordo com estudos da literatura, pode-se destacar que há

importantes correlações sendo estabelecidas com métodos sensoriais,

geralmente descritivos, e características físicas, químicas e nutricionais, as

quais contribuem na praticidade nas indústrias e pesquisas em alimentos.

Entretanto, podem ser testadas correlações entre as medidas físico-químicas, a

fim de compreender o comportamento de alguns compostos, e correlações

entre as medidas sensoriais podem reafirmar que a interação dos atributos tem

efeito sobre a percepção dos julgadores. Portanto, o objetivo deste capítulo foi

estudar as possíveis correlações entre medidas físico-químicas, entre medidas

sensoriais e entre medidas físico-químicas e sensoriais para morangos

irradiados em diferentes doses.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo foram mostradas as correlações significativas ao nível de

5 % de probabilidade entre medidas físico-químicas e sensoriais de morangos

irradiados (1 kGy, 2 kGy, 3 kGy e 4 kGy) e não irradiado. Para as análises de

correlação foram utilizadas as repetições obtidas nos Capítulos I e II.

2.1 Correlação entre medidas físico-químicas

Os dados de algumas medidas físico-químicas, obtidas no capítulo I,

foram utilizados para o teste de correlação, a fim de verificar se havia influência

de uma medida no valor de outra medida. Para este teste foram usados os

valores de acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis (SS), açúcares totais e

açúcares não redutores, antocianina (método pH diferencial), pectina, firmeza

instrumental, relação entre SS/ATT (ratio) e alguns parâmetros de cor (a*, b*,

c* e L). Para o cálculo do relacionamento linear entre as variáveis foi utilizado o

programa Statistica®7.0 e para a plotagem de gráficos e determinação das

equações foi utilizado o programa Sigmaplot®.

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2.2 Correlação entre medidas físico-químicas e atributos sensoriais

descritivos

Foram testadas correlações entre firmeza instrumental e atributos

sensoriais descritivos de firmeza e suculência. Os dados dos atributos

sensoriais foram obtidos pelo teste de PDO descrito no capítulo II. Os mesmos

softwares do item 2.1 foram utilizados para as análises.

2.3 Correlação entre atributos sensoriais descritivos

Correlações entre atributos sensoriais de firmeza, suculência, gosto

ácido e sabor adocicado foram testadas com o objetivo de verificar a relação

funcional entre estes atributos. Os mesmos softwares do item 2.1 foram

utilizados para as análises.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Correlações entre medidas físico-químicas

As correlações significativas entre as medidas físico-químicas testadas

estão expostas na Tabela 3.1. Os valores de acidez total titulável (ATT)

apresentaram correlação negativa com o ratio. O ratio é a relação entre sólidos

solúveis (SS) e acidez total titulável, portanto este resultado era esperado, ou

seja, quanto maior o valor de acidez total titulável, menor o valor de ratio,

reafirmando a relação entre estas medidas.

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Tabela 3.1 - Correlações entre medidas físico-químicas determinadas para os cinco tratamentos em estudo.

Pectina Firmeza Ratio a* b* c* L*

ATT -0,75

SS 0,55 -0,55

Antocianina 0,66 0,72 -0,72

Aç. Total 0,63

Aç não

redutor 0,76 0,68

A determinação de pectina é dada pela hidrólise causada pelo

aquecimento e precipitação formada pelo complexo pectina/cálcio. Por isso,

quanto maior o teor de pectina na amostra, maior quantidade de pectina

encontra-se hidrolisada no alimento; portanto, mais facilmente foi detectada a

pectina na análise. As medidas de SS apresentaram correlação positiva com a

pectina e negativa com os valores de firmeza instrumental (Tabela 3.1). Sabe-

se que a pectina compõe a parede dos vegetais, proporcionando firmeza

característica dos frutos (NEVES, 2012). Quando degradada, há o aumento do

teor de SS totais e, quanto maior o teor de SS, menor o valor de firmeza,

possivelmente devido à hidrólise de compostos que compõem a parede celular

das frutas. No entanto, não houve correlação significativa entre pectina e

firmeza. Este fato pode estar relacionado ao fato de que a quantidade de

pectina hidrolisada não foi suficiente para estar associada à perda de firmeza

instrumental, mas foi significativa para a correlação do conteúdo de sólidos

solúveis com a firmeza.

Houve correlação positiva entre açúcares totais e açúcares não

redutores com o valor de b*, além de açúcares não redutores também se

correlacionarem positivamente com c*. Segundo Sato et al. (2004), a presença

de açúcares, ácidos e aminoácidos influencia na determinação dos parâmetros

de cor.

As antocianinas determinadas pelo método pH diferencial apresentaram

correlações positivas com valores de a* e c* e negativa com os valores de L*

(Tabela 3.1). Este resultado era esperado, uma vez que as antocianinas são os

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compostos responsáveis pela cor característica do morango. O valor c* ou

chroma indica a saturação ou intensidade de cor; portanto, quanto maior o teor

de antocianinas, maiores valores de c*. O oposto é verdadeiro para o L*, o qual

indica a luminosidade ou grau de claridade de cor; por isso há correlação

negativa com antocianinas, sendo que, com o aumento do conteúdo total deste

pigmento, há diminuição dos valores de L*. Quanto maior o valor de a*, mais

próxima ao vermelho a cor do alimento se encontra, e é conhecido na literatura

que, em alimentos com pH baixos, como o morango, as antocianinas

apresentam coloração avermelhada (RAMOS e GOMIDE, 2007).

3.2 Correlações entre medidas físico-químicas e atributos sensoriais

descritivos

A firmeza instrumental apresentou correlação positiva significativa com a

firmeza sensorial (0,82) e correlação negativa com a suculência (-0,86). Este

resultado sugere que, em análises rotineiras de morangos irradiados e não

irradiados, pode-se utilizar a firmeza instrumental em vez da firmeza sensorial e

da suculência, a partir da relação funcional existente entre elas; as medidas

sensoriais requerem mais tempo e mais custo envolvido para obter resultados

do que a medida instrumental (Figura 3.1 e 3.2).

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Firmeza Instrumental

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Firm

eza S

ensorial

1

2

3

4

5

6

7

Modelo

Experimental

Figura 3.1 - Relação funcional entre firmeza sensorial e firmeza instrumental para morangos irradiados em diferentes doses (0 kGy a 4 kGy).

O modelo ajustado para a relação entre firmeza sensorial e firmeza

instrumental foi o representado pela Equação 3.1, com um valor de coeficiente

de determinação R2 igual a 0,98.

(Equação 3.1)

Em que

y = firmeza sensorial

x = firmeza instrumental (N)

(N)

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Firmeza Instrumental

0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

Suculê

ncia

2

3

4

5

6

7

8

Modelo

Experimental

Figura 3.2 - Relação funcional entre o atributo suculência e firmeza instrumental para morangos irradiados em diferentes doses (0 kGy a 4 kGy).

O modelo que estabelece a relação funcional entre a suculência e a

firmeza instrumental foi o representado pela Equação 3.2, com um valor de

coeficiente de determinação R2 igual a 0,92.

(Equação 3.2)

Em que

y = suculência

x = firmeza instrumental (N)

Existem diferentes estudos correlacionando medidas instrumentais com

medidas sensoriais. Sandi et al. (2003) correlacionaram cor, açúcares

redutores e não-redutores e compostos voláteis com características sensoriais

obtidas pela Análise Descritiva(AD) em maracujá-amarelo. Gunness et al.

(2009) verificaram correlação significativa entre sabor doce e pH e entre sabor

(N)

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doce e o índice ratio, além de observar correlação entre níveis de maturação

de morangos e textura sensorial. Khouryieha e Aramouni (2012) obtiveram

correlações significativas importantes para a produção de biscoito com farinha

de linhaça; um exemplo foi que, a viscosidade da massa diminuiu e a dureza

do biscoito aumentou com o aumento da concentração de linhaça. Yamamoto

et al. (2012) correlacionaram os atributos sensoriais obtidos pela AD com a

composição metabólica dos compostos presentes em soja e obtiveram

importantes correlações. Porém, no presente estudo, foram citadas somente as

correlações que foram significativas a 5% de probabilidade.

3.3 Correlações entre medidas sensoriais descritivas

Na Tabela 3.2 podem ser vistas as correlações obtidas entre os atributos

sensoriais descritivos. A firmeza sensorial correlacionou-se negativamente com

o sabor adocicado e positivamente com o gosto ácido, possivelmente devido ao

fato de que, quanto menor a firmeza, maior o grau de hidrólise de moléculas

maiores em moléculas menores; como exemplo, tem-se a lise da pectina em

moléculas menores (NEVES, 2012), os quais acentuam o sabor doce das

frutas. Os resultados foram opostos para o atributo suculência, o qual se

correlacionou positivamente com o sabor adocicado e negativamente com o

gosto ácido. Além disso, a firmeza e a suculência apresentaram correlação

negativa (Figura 3.3), ou seja, o aumento de um desses atributos acarreta na

diminuição do outro. Este resultado pode ser reafirmado no levantamento de

termos descritivos, Capítulo II, no qual os julgadores definiram os atributos a

serem avaliados e suas referências máximas e mínimas. Como pode ser visto

naquele capítulo, a referência que apresenta maior firmeza para morangos é a

que representa menor suculência para este fruto.

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Tabela 3.2 – Correlação entre medidas sensoriais determinadas para os cinco tratamentos em estudo.

Sabor adocicado Firmeza Gosto ácido

Suculência 0,61 -0,96 -0,68

Firmeza -0,56 0,65

Firmeza Sensorial

2 3 4 5 6 7

Suculê

ncia

2

3

4

5

6

7

Modelo

Experimental

Figura 3.3 - Relação funcional entre os atributos sensoriais firmeza e suculência para morangos irradiados em diferentes doses (0 kGy a 4 kGy).

O modelo ajustado para a relação funcional entre os atributos de firmeza

e suculência está apresentado na Equação 3.3, com um valor de coeficiente de

determinação R2 igual a 0,97.

(Equação 3.3)

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Em que

y = suculência

x = firmeza sensorial

4 CONCLUSÃO

Foi possível verificar correlações positivas e correlações negativas entre

medidas físico-químicas, reafirmando algumas relações estabelecidas na

teoria, além de determinar correlações entre as próprias medidas sensoriais,

reafirmando a coerência dos julgadores durante as análises. Outro importante

relacionamento linear estabelecido foi entre as medidas sensoriais e físico-

químicas, os quais podem ser úteis tanto para as indústrias de alimentos e

pesquisadores, uma vez que medidas sensoriais são obtidas com maior

demanda de tempo e custo.

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CAPÍTULO IV

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, SENSORIAL E ACEITAÇÃO DE MORANGOS SUBMETIDOS A DOSES DE

RADIAÇÃO CORRESPONDENTES AOS LIMIARES DE DETECÇÃO E REJEIÇÃO SENSORIAIS PARA MORANGOS

IRRADIADOS

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Caracterização físico-química, sensorial e aceitação de morangos submetidos a doses de radiação correspondentes aos limiares de

detecção e rejeição sensoriais para morangos irradiados

RESUMO

Os limites de concentração de um estímulo que podem ser medidos

sensorialmente são denominados de limiares (threshold) sensoriais e estes são influenciados pela sensibilidade de cada indivíduo. O limiar de detecção é caracterizado por ser o menor estímulo capaz de ser percebido pelo julgador, e o limiar de rejeição é a concentração de determinado estímulo a partir da qual o julgador começa a rejeitar o alimento. Lima Filho et al. (2014) determinaram o limiar de detecção, LD (0,405 kGy), e de rejeição, LR (3,6 kGy), para doses de radiação em morangos. Já a aceitação sensorial de um alimento está relacionada com seus atributos sensoriais e com características não sensoriais, como por exemplo, a embalagem do produto. O objetivo deste capítulo foi realizar caracterização físico-química e sensorial de morangos irradiados nas doses encontradas dos limiares supracitados, além de verificar a influência da embalagem na aceitação de morangos irradiados na dose 3,6 kGy (LR). Foram determinados valores de pH, acidez total titulável, sólidos solúveis, açúcar total, açúcar redutor e açúcar não redutor, cor, antocianina, firmeza, pectina, ácido ascórbico e capacidade antioxidante. Para a caracterização sensorial foi realizada análise descritiva utilizando o método do Perfil Descritivo Otimizado (PDO).Todas as medidas físico-químicas apresentaram pequena variação entre as amostras controle (0 kGy) e o LD e o LR. Porém, a firmeza instrumental diminuiu conforme o aumento das doses estudadas. Os valores de diferença global de cor, ΔE*, encontraram-se acima de 8,0, portanto, as diferenças de cor entre as amostras são facilmente perceptíveis aos olhos humanos. As médias para os atributos gosto doce e sabor adocicado foram numericamente semelhantes e para os atributos firmeza, suculência e cor variaram de acordo com a dose de radiação. A aceitação sensorial da amostra controle não diferiu estatisticamente (p>0,05) da aceitação da amostra irradiada com a dose do LR, assim como a informação de que o morango é irradiado não afetou na aceitação do mesmo, ou seja, ambos tiveram boa aceitação sensorial.

Palavras-chave: limiar de detecção sensorial, limiar de rejeição sensorial, irradiação, embalagem.

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Physico-chemical and sensory characterization and acceptance of strawberries submitted to radiation dosages equivalent to sensory detection threshold and consumer rejection threshold for irradiated

strawberries

ABSTRACT

The concentration limits of stimulus that may be sensory measured are denominated threshold and they are influenced by individual sensitivity. The detection threshold (DT) is the lowest stimulus that a judge can perceive and the consumer rejection threshold (CRT) is the concentration of the stimulus in which the judges start to reject food. Lima Filho et al. (2014) determined the DT and CRT to radiation doses in strawberries and they were 0.405 kGy and 3.6 kGy, respectively. The sensory acceptance of a food is related to sensory attributes and non-sensory characteristics of the food, example, product packaging. The aim of this study was to determine the physico-chemical and sensory characteristics of strawberries irradiated at the DT and CRT dosages, and evaluate the influence of packaging in sensory acceptance of irradiated strawberries at the CRT dosage (3.6 kGy). Physico-chemical analyzes performed were: pH, titratable acidity (ATT), soluble solids (SS), total sugars, reducing and non-reducing sugars, color, anthocyanins, firmness, pectin, ascorbic acid and antioxidant capacity. The Optimized Descriptive Profile was the sensory descriptive analysis used to characterize the samples. There was little variation in physico-chemical characteristics between control sample and DT and CRT samples; however the instrumental firmness decreased with the increasing of the dose. The values of the global difference of color, ΔE* were above 8.0, therefore, the difference in color between samples are easily noticeable to the human eyes. The values of the attributes sour taste and sweetness were similar between samples, but for firmness, juiciness and color the values varied according to radiation doses. The sensory acceptance of control sample did not statistically differ (p>0.05) from the CRT sample, and the information that the strawberry was irradiated did not affect the sensory acceptance; in other words, the control sample and the CRT sample had good acceptance. Keyword: detection threshold, consumer rejection threshold, irradiation, packaging.

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1 INTRODUÇÃO

A irradiação de alimentos é um método de conservação que pode

eliminar microrganismos patogênicos e aumentar a vida útil de morango em

mais de uma semana (ZEGOTA, 1988; THOMAS, 1993). No entanto,

dependendo da dose, a irradiação pode provocar alterações nas características

do alimento. Algumas doses empregadas são consideradas “pontos de

transição”, podendo levar à percepção de diferenças sensoriais ou à rejeição

do morango pelo consumidor (LIMA FILHO, 2013).

Os limites de concentração de um estímulo que podem ser medidos

sensorialmente são denominados de limiares (threshold) sensoriais, podendo

ser classificados em limar de detecção, limiar de reconhecimento, limiar

terminal e limiar de rejeição (PRESCOT et al., 2005; MEILGAARD, 2006).

O limiar de detecção é caracterizado por ser o menor estímulo capaz de

ser percebido pelo julgador (MEILGAARD, 2006). E o limiar de rejeição é a

concentração de determinado estímulo a partir da qual o julgador começa a

rejeitar o alimento ou produto (PRESCOT et al., 2005).

Os limiares variam de acordo com a sensibilidade de cada indivíduo e

estão relacionados a vários fatores como faixa etária, uso de próteses

dentárias, condições patológicas, uso de medicamentos, dentre outros (SILVA

NETTO, 2007; BORGES, 2012). No entanto, existem testes sensoriais para

estabelecer esses limiares e, assim, conhecer o comportamento dos julgadores

em decorrência de um estímulo.

A embalagem é uma característica não sensorial que influencia

diretamente na aceitação do consumidor frente a um alimento. Testes

sensoriais realizados às cegas, sem que o julgador saiba o que está

analisando, e testes realizados com a informação de alguma importante

característica (como exemplo, a embalagem) são muito utilizados como

ferramentas de medida para estudar o comportamento dos consumidores.

Lima Filho et al. (2014) calcularam o limiar de detecção e de rejeição

para morangos irradiados; os valores encontrados foram de 0,405 kGy e de 3,6

kGy, respectivamente. Isto significa que, a partir da dose de 0,405 kGy, os

indivíduos detectam algum estímulo no morango (LD) e a partir de 3,6 kGy, os

indivíduos passam a rejeitar o morango por causa do estímulo, ou seja, por

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causa da irradiação do fruto. Além disso, Lima Filho (2013) determinou, por

meio de sessões de grupo de foco e por análise conjunta de fatores, a

embalagem ideal para morangos irradiados.

Assim, o objetivo deste capítulo foi realizar caracterização físico-química

e sensorial de morangos irradiados nas doses dos limiares de detecção e

rejeição sensoriais, além de avaliar a aceitação sensorial de morangos

irradiados na dose do limiar de rejeição em relação à embalagem de morango

irradiado previamente determinada.

2 METODOLOGIA

2.1 Material

Os morangos foram adquiridos em Guaçuí – ES. Estes foram colhidos

maduros (80% da coloração vermelha), selecionados, retirados a sépala e o

pedicelo e acondicionados em embalagem de polietileno tereftalato (PET), sob

refrigeração, conforme recomendado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (BRASIL, 2007).

2.2 Irradiação

Os morangos foram divididos em três lotes: um de morangos não

irradiados (controle) e os outros dois foram constituídos de morangos

irradiados nas doses de 0,405 kGy e 3,6 kGy, seguindo um Delineamento

Inteiramente Casualizado (DIC). Essas doses foram determinadas no estudo

de Lima Filho (2013) como sendo os limiares de detecção e de rejeição

sensoriais, respectivamente.

A irradiação das amostras ocorreu um dia após a colheita e foi realizada

no Laboratório de Irradiação Gama do Centro de Desenvolvimento da

Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte-MG. As amostras foram

irradiadas utilizando fonte de Cobalto 60 em irradiador Panorâmico

Multipropósito de Categoria II, fabricado pela MDS Nordion no Canadá,

Modelo/número de série IR-214 e tipo GB-127, com atividade máxima de 2.200

TBq ou 60.000 Ci.

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2.3 Análises físico-químicas

As análises físico-químicas foram realizadas nos laboratórios de

Química de Alimentos e de Operações Unitárias do CCA-UFES, a fim de se

caracterizar as amostras e verificar se há alterações em parâmetros físico-

químicos em decorrência do tratamento de irradiação dado aos morangos.

Foram determinados valores de pH, acidez total titulável, sólidos

solúveis, açúcar total, açúcar redutor e açúcar não redutor, além de

determinação de cor, antocianina, firmeza, pectina, ácido ascórbico e

capacidade antioxidante, seguindo as metodologias descritas no Capítulo I.

As análises foram realizadas em triplicata e em três repetições. Para

análise dos dados foi utilizada estatística descritiva, com auxílio do Microsoft

Excel® 2010.

2.4 Análise sensorial descritiva: Perfil Descritivo Otimizado

Foram utilizados os mesmos julgadores e as mesmas condições do teste

do PDO descrito no Capítulo II; portanto, os termos descritivos e as referências

utilizadas neste capítulo foram os mesmos descritos no item 2.3.1.3 do

Capítulo II. Entretanto, neste teste, os julgadores avaliaram três tratamentos

apenas (controle ou 0 kGy, 0,405 kGy e 3,6 kGy). Os dados foram analisados

de acordo com estatística descritiva, com auxílio do Microsoft Excel® 2010.

2.5 Análise sensorial: testes de aceitação

No estudo de Lima Filho (2013) foram utilizadas sessões de grupo de

foco, as quais permitiram elaborar embalagens para morangos irradiados e, por

meio de Análise Conjunta de Fatores e Análise Conjunta de Fatores baseada

em Escolhas, foi estabelecida a embalagem com a maior intenção de compra e

probabilidade de escolha por parte dos consumidores. A embalagem ideal para

o grupo de consumidores que realizaram o estudo possui a informação:

“alimento tratado por processo de ionização”, “para garantir maior frescor e

qualidade por mais tempo” e com a presença do símbolo radura. No entanto, a

legislação brasileira determina que o termo utilizado na embalagem seja

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“irradiação” e não “ionização”, por isto, neste estudo foi utilizado o termo

preconizado pela legislação (ANEXO I).

Foram realizados testes de aceitação utilizando escala hedônica de nove

pontos que variava de 1 (desgostei extremamente) a 9 (gostei extremamente)

(REIS e MINIM, 2010). As análises foram realizadas em duas sessões com 60

julgadores, com idade entre 20 e 26 anos, sendo alunos do curso de graduação

em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa. As amostras

foram servidas de forma monádica em cabines individuais sob iluminação

branca. A sessão 1 constou de um teste cego, em que os julgadores

receberam amostras de morango controle (0 kGy) e irradiada a 3,6 kGy

(correspondente ao LR) codificadas com número de três dígitos escolhidos

aleatoriamente, ou seja, os julgadores não tinham nenhuma informação acerca

da amostra que receberam. A sessão 2 constou de um teste com informação,

ou seja, nesta sessão os julgadores receberam o morango controle rotulado de

“morango” e o morango irradiado juntamente com a figura de uma embalagem

elaborada para morangos irradiados (ANEXO1).

A análise dos dados foi realizada por meio de análise de variância dentro

de cada sessão, e teste t para amostras pareadas entre as sessões, a fim de

comparar o efeito da apresentação da informação na aceitação dos

consumidores (DELLA LUCIA et al., 2010).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Caracterização físico-química

As medidas físico-químicas obtidas para os tratamentos em estudo

podem ser observadas nas Tabelas 4.1 e 4.2. Os valores de pH, acidez total

titulável, açúcares, sólidos solúveis, pectina e capacidade antioxidante tiveram

pequena variação entre as amostras controle e os limiares de detecção (LD) e

rejeição (LR). Estes resultados eram esperados, uma vez que as doses

estabelecidas dos limiares estão entre as doses estudadas no Capítulo I e,

conforme visto nesse capítulo, não foram encontradas diferenças significativas

(p>0,05) entre os tratamentos para estas medidas.

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A firmeza instrumental diminuiu conforme aumento das doses, assim

como ocorreu para as doses de 1 kGy a 4 kGy (Capítulo I). Em relação aos

parâmetros de cor avaliados, também pode ser observado pequena variação;

no entanto, destacam-se os valores de ΔE* (diferença global de cor), o qual

indica o quanto a impressão global de cor de uma amostra difere da amostra

padrão/controle, ou seja, o quanto é perceptível essa diferença aos olhos

humanos. De acordo com Ramos e Gomide (2007), valores de ΔE* acima de

3,0 indicam que as diferenças podem ser detectadas. Os valores encontrados

neste estudo encontram-se acima de 8,0; portanto, são facilmente perceptíveis

aos olhos humanos. O ΔE* engloba os valores de a*, b* e L, ou seja, avalia a

interação entre estes, porém, nem todos contribuem para aceitação dos

consumidores (RAMOS e GOMIDE, 2007). Pelo fato de o morango ser um fruto

não climatério, sua colheita é dada no grau de maturação comercial, que

corresponde a 80 % de coloração vermelha característica. Porém, esse grau de

maturação é medido visualmente, o que pode contribuir para maior

heterogeneidade dos frutos e, consequentemente, menor padronização. É

conhecido que a coloração de morango varia com o grau de maturação

(RAMOS e GOMIDE, 2007).

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Tabela 4.1 - Valores das medidas físico-químicas das amostras de morango correspondentes aos três tratamentos (controle, 0,405 kGy e 3,6 kGy).

Dose (kGy)

pH Sólidos Solúveis (°Brix)

Acidez (mg ácido cítrico/100

g)

Açúcar Redutor (g/100

g)

Açúcar Total

(g)

Açúcar não-

redutor (g)

Pectina (g de

pectato de

cálcio /100g)

Antocianina (mg/100 g)

Firmeza (N)

Ácido Ascórbico (mg/100 g)

Capacidade Antioxidante

(µmols de trolox/g)

0 2,88 6,74 0,74 5,62 6,03 0,39 0,35 30,56 2,07 81,03 103,30

0,405 2,89 7,11 0,73 5,60 6,05 0,43 0,46 29,01 0,43 65,43 91,94

3,6 2,89 6,48 0,76 5,48 5,91 0,41 0,69 22,90 0,34 63,57 92,67

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Tabela 4.2 - Parâmetros de cor das amostras de morango correspondentes aos três tratamentos (controle, 0,405 kGy e 3,6 kGy).

Dose (kGy) L a* b* c* H ΔE*

0 31,90 31,98 28,45 43,25 41,60

0,405 24,81 35,69 26,96 44,85 37,03 11,52

3,6 29,37 35,33 27,39 44,86 37,21 8,54

a* (varia do verde ao vermelho), b* (varia do amarelo ao azul), L* (luminosidade que varia do branco ao preto), c* (intensidade de cor) e h0 (tonalidade), ΔE* (diferença global de cor).

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3.2 Caracterização sensorial: Perfil Descritivo Otimizado (PDO)

Os mesmos atributos do Capítulo II foram estudados para as doses

correspondentes aos limiares de detecção e de rejeição, além do controle

(amostra sem irradiação), sendo eles: cor, gosto ácido, sabor adocicado,

firmeza e suculência. Os valores médios obtidos no PDO (Tabela 4.3)

apresentaram pouca variação. Para cor, a média variou de 5,6 para a amostra

controle a 7,7 para o LR, ou seja, com aumento da dose houve um aumento da

média das notas dos julgadores. O oposto aconteceu para o atributo firmeza,

em que a amostra controle obteve média semelhante ao LD, porém

numericamente maior que o LR. Estes resultados condizem com os valores

obtidos no PDO descrito no Capítulo II, em que, com aumento da dose de

radiação, houve diminuição da firmeza sensorial percebida pelos julgadores.

Tabela 4.3 - Médias de intensidade dos atributos cor característica, firmeza e suculência, gosto ácido e sabor adocicado para as amostras de morango controle e amostras com morango irradiado nas doses dos limiares sensoriais.

Dose

(kGy)

Cor

característica Firmeza Suculência Gosto

ácido

Sabor

adocicado

0 5,6 5,5 4,3 4,2 5,2

0,405 6,1 5,1 5,6 4,4 4,8

3,6 7,7 3,0 7,4 4,6 5,2

*Escala de intensidade variando de 0 cm a 9 cm.

Para o atributo suculência as médias aumentaram numericamente com

aumento da dose. No entanto, para os atributos gosto ácido e sabor adocicado,

as médias são semelhantes, assim como estatisticamente afirmado no Capítulo

II para as doses de 0 kGy a 4 kGy. A Figura 4.1 é uma representação gráfica

dos atributos estudados, em que pode ser observada a distribuição das notas

médias de intensidade dos atributos para as amostras irradiadas nas diferentes

doses.

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Figura 4.1 - Perfil sensorial de morangos irradiados e não irradiados.

3.3 Análise sensorial: teste de aceitação

A análise de variância para cada uma das sessões indicou que não

houve diferença significativa entre as médias de aceitação das amostras

controle e do limiar de rejeição (Tabela 4.4). No teste cego a amostra controle

obteve média de 7,2, ou seja, está entre os termos “gostei moderadamente” e

“gostei muito”, já a amostra irradiada na dose 3,6 kGy apresentou média de

aceitação 6,8, situando-se entre os termos “gostei ligeiramente” e “gostei

moderadamente”. Ambas as médias estão na região de aceitação, o que indica

que, apesar de o limiar de rejeição ser um limite em aceitar ou rejeitar o

produto, este foi bem aceito pelos consumidores.

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Tabela 4.4 - Médias de aceitação de morango irradiado e morango não irradiado avaliados em duas sessões

Amostras Sessão I

(teste cego)

Sessão II

(teste com informação)

Controle (0 kGy) 7,2 aA 7,1aA

Irradiada (3,6 kGy) 6,9aA 7,2aA

*Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. Letras maiúsculas iguais na mesma linha não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t.

Na sessão II, o teste de aceitação com a presença da informação, as

médias foram 7,1 e 7,2 para a amostra controle e a amostra irradiada,

respectivamente, e não houve diferença significativa entre elas (p>0,05). A

aceitação de ambas as amostras está entre os termos “gostei moderadamente”

e “gostei muito”. Visto isto, não há diferença em dizer que o morango é

irradiado ou não, pois a informação sobre o método de conservação não

alterou a aceitação do fruto.

Pelo teste t para amostras pareadas pode ser concluído que não houve

diferença de aceitação da amostra irradiada entre as sessões; portanto, a

embalagem não exerceu influência na aceitação dos consumidores. Este

resultado foi observado numa amostra de consumidores com maior grau de

instrução e estudantes do curso de Engenharia de Alimentos, em que se

espera que os julgadores tenham maior conhecimento a respeito das

vantagens e desvantagens das técnicas de conservação de alimentos. Para

estes julgadores, o morango irradiado teve boa aceitação independente da

embalagem, mas o mesmo não acontece para todos os públicos. Como

exemplo disso, tem-se o estudo de Ribeiro et al. (2008), no qual a marca

influenciou na aceitação de cervejas, algumas de modo positivo, contribuindo

para maior aceitação do produto, e outras de forma negativa, ou seja,

diminuindo a aceitação do produto quando identificada a marca. Em

contrapartida, Minim et al. (2012) estudaram a influência de marcas nacionais e

regionais de requeijão cremoso e, verificaram que não houve influência das

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marcas na aceitação dos requeijões testados, indicando que aquela população

de consumidores consideram as características sensoriais determinantes para

aceitação do produto.

4 CONCLUSÃO

Os resultados das análises físico-químicas e da caracterização sensorial

para morangos irradiados nas doses correspondentes aos limiares de detecção

e rejeição sensoriais são condizentes com os resultados das doses estudadas

nos capítulos I e II. Foi possível caracterizar físico-química e sensorialmente as

doses que indicam os limiares de detecção e de rejeição em relação à

irradiação de morangos. Além disso, o teste de aceitação com informação

revelou que não houve influência da embalagem para morangos irradiados nas

respostas dos julgadores, ou seja, o morango irradiado na dose estabelecida

pelo limiar de rejeição obteve aceitação estatisticamente igual ao morango

controle. Portanto, o morango pode ser submetido à dose de 3,6 kGy sem

afetar sua aceitação sensorial. Além disso, é possível indicar a tecnologia de

conservação aplicada no morango (irradiação), sem alterar a aceitação do

mesmo, pelo menos para o mesmo tipo de público para o qual a análise foi

realizada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As doses de radiação estudadas influenciaram apenas a resposta de

uma medida física analisada, a firmeza; quanto maior a dose de radiação,

menores os valores de firmeza do morango. No entanto, outros métodos de

conservação também influenciam de maneira semelhante a firmeza de frutas e

vegetais. Portanto, em relação à qualidade físico-química do morango, as

doses estudadas preservaram as características de pH, acidez, sólidos

solúveis, açúcares, pectina, ácido ascórbico, antocianinas, compostos fenólicos

e capacidade antioxidante, em comparação ao morango in natura.

A irradiação influenciou no perfil sensorial e na aceitação de morangos.

A utilização da dose de até 2 kGy permite a utilização deste método de

conservação sem alterar a aceitação sensorial de morango e com menor

comprometimento da firmeza instrumental. No entanto, sugerem-se outros

estudos com o intuito de avaliar doses abaixo de 1 kGy na alteração da firmeza

instrumental, além de estudos para avaliar todos os parâmetros de textura do

fruto. Além disso, podem ser realizados estudos microbiológicos para avaliar a

vida de prateleira de morango submetido a diferentes doses de radiação, como

as aplicadas no presente trabalho. Além disso, pode ser avaliada a estabilidade

das características sensoriais e físico-químicas do fruto durante seu

armazenamento.

Neste trabalho foi possível verificar algumas correlações positivas e

correlações negativas entre medidas físico-químicas, reafirmando algumas

relações estabelecidas na teoria, além de determinar correlações entre as

próprias medidas sensoriais, reafirmando a coerência dos julgadores durante

as análises. Outro importante relacionamento linear estabelecido foi entre as

medidas sensoriais e físico-químicas (firmeza instrumental correlacionada

positivamente com firmeza sensorial e correlacionada negativamente com a

suculência), correlações que podem ser úteis tanto para as indústrias de

alimentos quanto para pesquisadores, uma vez que medidas sensoriais são

obtidas com maior demanda de tempo e custo. Sendo assim, outros estudos

podem ser realizados utilizando as correlações determinadas neste trabalho,

desde que respeitadas as características do fruto em análise.

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Foi possível caracterizar físico-quimicamente e sensorialmente os

morangos submetidos as doses estabelecidas que indicam os limiares de

detecção e de rejeição sensorial em relação à irradiação de morangos.

O teste de aceitação com informação revelou que não houve influência

da embalagem para morangos irradiados nas respostas dos julgadores.

Portanto, sugerem-se novos estudos com um painel mais abrangente de

consumidores e não somente em escala laboratorial, a fim de avaliar se de fato

não há influência da embalagem na aceitação sensorial de morangos

irradiados.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE RECRUTAMENTOS DE JULGADORES

PARA O PDO

RECRUTAMENTO DE JULGADORES O Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Engenharia de Alimentos – CCA – UFES necessita formar uma equipe de julgadores. Se você deseja participar dessa equipe, favor preencher o formulário abaixo. Se tiver qualquer dúvida, ou necessidade de informação complementar, não hesite em nos contatar.

Nome:

e-mail:

Faixa etária ( ) 18 – 25 ( ) 26 – 36 ( ) 37 – 50 ( ) acima de 50

Endereço:

Telefone : ( )

Horários e dias da semana em que trabalha ou tem aula

3ª 4ª

Você tem interesse e disponibilidade para participar de análises sensoriais de morango? ( ) Sim ( ) Não

Porquê?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1-Indique o quanto você aprecia morango: ( ) Gosto ( ) Nem gosto/nem desgosto ( ) Desgosto

2-Indique com que frequência você consome morango: ( ) todo dia ( ) de uma a três vezes na semana ( ) quinzenalmente ( ) mensalmente ( ) outro. Cite:_______________

3-Cite um alimento que seja mole :

4-Cite um alimento que seja ácido:

5-Cite um alimento que seja doce:

6-Cite um alimento suculento:

7-Marque na linha à direita de cada figura um trecho que identifique a proporção da figura que foi coberto de preto (não use a régua).

Exemplo:

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Agora é a sua vez:

8-Você está tomando alguma medicação que possa influenciar na sua capacidade de perceber cheiros e sabores? Em caso positivo, cite o medicamento.

9-Você possui ou apresenta: ( ) Diabetes ( ) Alergia a alimentos ( ) Enxaqueca ( ) Doenças bucais ( ) Dentadura ( ) Daltonismo ( ) Outro:_______________________

Obrigada pela sua colaboração!!!

Profª Suzana Maria Della Lucia Ramal: 3552 8602

Carmelita Zacchi Scolforo (28) 99110115

Luiza Arcobele Cola Marques (27) 97454143

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APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO PARA O TESTE TRIANGULAR

Nome: _________________________________________Data:____/____/____

Por favor, prove as amostras da esquerda para a direita e circule a amostra que

lhe pareça diferente. Enxague a boca com água entre as avaliações e espere

30 segundos.

__________ __________ __________

Comentários:_____________________________________________________

________________________________________________________________

__________________

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APÊNDICE C–EXEMPLO DE FICHA DE AVALIAÇÃO DE ATRIBUTOS NO

TESTE DO PDO

Nome:___________________________________________Data:___/___/___.

Atributo: GOSTO ÁCIDO

Por favor, prove as amostras da esquerda para a direita e marque, com um

traço vertical nas escalas abaixo, a posição que melhor identifique a

intensidade da característica avaliada.

Código:______

________________________________________________

Nenhum Forte

Código:______

________________________________________________

Nenhum Forte

Código:______

________________________________________________

Nenhum Forte

Código:______

________________________________________________

Nenhum Forte

Código:______

________________________________________________

Nenhum

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ANEXO I – Embalagem para morangos irradiados utilizada no teste de

aceitação com informação

Fonte: LIMA FILHO (2013).