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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA JONATHAN DA SILVA NUNES ESTUDOS, MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO SIMULADOR PIPESIM COM ÊNFASE NA OTIMIZAÇÃO DE “GAS-LIFT” CONTÍNUO Vitória 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

JONATHAN DA SILVA NUNES

ESTUDOS, MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO SIMULADOR PIPESIM COM

ÊNFASE NA OTIMIZAÇÃO DE “GAS-LIFT” CONTÍNUO

Vitória

2008

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JONATHAN DA SILVA NUNES

ESTUDOS, MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO SIMULADOR PIPESIM COM

ÊNFASE NA OTIMIZAÇÃO DE “GAS-LIFT” CONTÍNUO

Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Mecânica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Dr. João Luiz Marcon Donatelli. Co-orientador: Dr. Oldrich Joel Romero.

Vitória

2008

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JONATHAN DA SILVA NUNES

ESTUDOS, MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO SIMULADOR PIPESIM COM

ÊNFASE NA OTIMIZAÇÃO DE “GAS-LIFT” CONTÍNUO

Projeto de graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Mecânica do

Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, com requisito parcial

para obtenção do título de Engenheiro Mecânico.

Aprovado em 10/07/2008

Comissão Examinadora

____________________________________________

Prof. Dr. João Luiz Marcon Donatelli - Orientador

Universidade Federal do Espírito Santo

___________________________________________

Prof. Dr. Oldrich Joel Romero – Co-orientador

Universidade Federal do Espírito Santo

___________________________________________

Prof. Dr. Edson José Soares

Universidade Federal do Espírito Santo

__________________________________________

Prof. Dr. Juan Sérgio Romero Saenz

Universidade Federal do Espírito Santo

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iv

Dedico este trabalho aos meus avós

Leonor Duarte da Silva (in memorian),

Expedito Moreira da Silva (in memorian),

Sifrônio Pereira Nunes (in memorian) e

Margarida Monteiro Carvalho Nunes (in

memorian), que muito me ensinaram e

contribuíram para o que sou hoje.

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sua infinita fidelidade comigo, ao conceder tudo

o que me foi necessário para a conclusão deste curso de graduação.

Aos meus orientadores, Dr. João Luiz Marcon Donatelli e Dr. Oldrich Joel Romero,

pela paciência e dedicação a este trabalho.

Aos meus pais João Pereira Nunes e Maria de Fátima da Silva Nunes, pelo apoio

em todos os momentos, desde a decisão de cursar engenharia mecânica, até à

conclusão do meu curso.

À minha namorada Leiliane da Silva, que muito me apoiou nos momentos difíceis,

dando-me força para continuar.

Ao amigo Juarez Marçal pelo apoio e correção ortográfica do projeto. Valeu por

acreditar em mim.

Aos parentes e amigos que oraram por mim e prestaram opoio durante esta

caminhada.

À ANP – Agência Nacional do Petróleo – pelo suporte financeiro através da bolsa de

pesquisa do programa PRH-29. Esta foi fundamental para o desenvolvimento do

projeto.

À Schlumberger pela concessão da licença do software Pipesim.

Ao Marcus Rossi da Schlumberger pela ajuda com o software.

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Espera no Senhor, anima-te e ele

fortalecerá o teu coração; espera, pois, no

Senhor. Salmos 27:14

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vii

RESUMO

Este trabalho apresenta a utilização de um simulador computacional comercial, o

Pipesim da Schlumberger, para o desenvolvimento de modelagens e simulações de

instalações de produção de petróleo equipadas com elevação artificial por “gas-lift”

contínuo. A instalação modelada é composta por um poço único produzindo um

único reservatório de petróleo, isto é, uma única região de canhoneados, localizado

na plataforma continental (produção “on-shore”).

Uma extensa revisão bibliográfica sobre métodos artificiais de elevação, com ênfase

em “gas-lift” contínuo, foi conduzida neste trabalho antes da definição do problema a

ser tratado e do domínio do software utilizado. Como suporte à realização desta

pesquisa, foi necessário realizar um amplo estudo sobre engenharia de instalações

de produção de petróleo bem como sobre simuladores de processo, tanto os

aplicados à indústria do petróleo, quanto os aplicados às indústrias de potência e

química.

Através do software utilizado (Pipesim) foram determinados parâmetros

operacionais e de projeto ótimos de um sistema de “gas-lift” contínuo, tais como: a

pressão ótima do gás de injeção, a vazão ótima de injeção de gás na coluna de

produção, o mínimo diferencial de pressão de abertura da válvula operadora e a

posição ótima de alocação da válvula operadora na coluna de produção.

Outras aplicações foram desenvolvidas através do software a fim de analisar a

influência de outros parâmetros na produção de hidrocarbonetos, tais como: a razão

gás-óleo (RGO), a percentagem de água produzida (“WaterCut”), o grau API do óleo

produzido e a pressão estática do reservatório (Pe).

Palavras-chave: Gas-lift contínuo. Simuladores de processo. Elevação artificial.

Petróleo.

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ABSTRACT

This research sets out to examine the use of a commercial computer simulator, the

Pipesim of Schlumberger for the development of modeling, and simulations of

petroleum production facilities equipped with continuous gas-lift. The production

facilities consist of a single well and a single reservoir located on the continental

shelf.

An extensive literature review about artificial lift methods was conducted before the

definition of the problem and the software practice, emphasizing continuous gas-lift.

As a support, it was necessary an extensive review about petroleum production

facilities, as well as petroleum industry computer simulator, chemical computer

simulator and power industry computer simulator.

It was obtained through the Pipesim software the optimum operations and design

parameters of a gas-lift system, such as injection gas surface pressure, injection gas

rate, minimum valve injection drop pressure and the optimum valve position in the

tubing.

Other applications were developed through the software in order to analyze other

parameters and their influence on petroleum production, such as gas-oil rate (GOR),

watercut, API degree and the static reservoir pressure.

Keywords: Continuous gas-lift. Process simulators. Artificial lift. Petroleum.

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LISTA DE FIGURAS

Figura Título Página

1.1 Distribuição de utilização dos métodos artificiais de elevação no

mundo...................................................................................................18

3.1 Exemplo de tela de trabalho no simulador IPSEpro.............................35

3.2 Exemplo de tela de trabalho no simulador GATECYCLE.....................37

3.3 Exemplo de tela de trabalho no simulador Aspen Plus.........................38

3.4 Exemplo de tela de trabalho no simulador PIPEPHASE......................40

3.5 Tela de trabalho no simulador OLGA2000............................................43

3.6 Simulação de um reservatório realizada no simulador Eclipse.............44

3.7 Ambiente de trabalho no simulador Pipesim.........................................47

3.8 Caracterização de um modelo “black oil” no Pipesim...........................47

3.9 Caracterização de um modelo Composicional no Pipesim...................48

3.10 Ambiente de trabalho no Pipesim mostrando um envelope de

fases traçado........................................................................................49

3.11 Tela de trabalho mostrando relatórios de produção.............................50

3.12 Tela de trabalho mostrando a utilização da análise de redes...............50

4.1 Diagrama de fases dos fluidos presentes em um reservatório de

petróleo.................................................................................................53

4.2 Curva de IPR para reservatórios saturados – modelo linear................59

4.3 Curva de IPR para reservatórios subsaturados – modelo

de Vogel................................................................................................60

4.4 Oposição de solicitações no fundo do poço..........................................62

4.5 Padrões de fluxo vertical multifásico.....................................................63

4.6 Padrões de fluxo horizontal multifásico.................................................65

5.1 Esquema de um poço operando por surgência....................................67

5.2 Esquema de um poço equipado com BCS...........................................68

5.3 Esquema de um poço operando com Bombeio Mecânico...................70

5.4 Esquema de um poço equipado com BCP...........................................71

5.5 Esquema de poços operando com GLC e GLI.....................................73

5.6 Desenho esquemático de um sistema de elevação por injeção

contínua de gás....................................................................................75

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x

Figura Título Página

5.7 Etapas básicas para a partida de um poço equipado com “gas-lift”

contínuo................................................................................................76

5.8 Típica curva de desempenho de elevação para um poço operando

via injeção contínua de gás..................................................................78

5.9 Válvulas de “gas-lift” contínuo...............................................................81

5.10 Válvulas de “gas-lift”..............................................................................82

6.1 Esquema simplificado de um poço de produção de petróleo...............84

6.2 Janela inicial mostrando a modelagem do problema a ser simulado

com o software Pipesim........................................................................85

6.3 Abertura de uma nova tela de trabalho no Pipesim..............................89

6.4 Tela em branco para início de uma modelagem...................................90

6.5 Ambiente de simulação com os elementos interconectados,

mostrando a localização do “tubing” e do reservatório na barra de

ferramentas..........................................................................................91

6.6 Ambiente de simulação com os elementos interconectados,

mostrando a localização do ícone de análise nodal e do nó que

representa a cabeça do poço...............................................................92

6.7 Menu de entrada utilizado para caracterizar os dados do

fluido......................................................................................................93

6.8 Janela para entrada de dados de caracterização dos fluidos

produzidos............................................................................................94

6.9 Dados das Propriedades do “black oil”.................................................94

6.10 Dados de viscosidade do fluido produzido...........................................95

6.11 Dados de calibração PVT.....................................................................95

6.12 Caracterização da profundidade do poço.............................................96

6.13 Caracterização da profundidade do poço.............................................97

6.14 Caracterização do gradiente geotérmico atuante.................................97

6.15 Caracterização dos diferentes diâmetros presentes na coluna de

produção...............................................................................................98

6.16 Instalação do sistema de “gas-lift” no “tubing”..................................... 99

6.17 Tela mostrando a localização da opção de análise nodal na barra

de ferramentas....................................................................................100

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Figura Título Página

6.18 Tela para entrada de dados no módulo “Nodal Analysis”...................101

6.19 Tela para entrada de dados no módulo “Artificial Lift

Performance”......................................................................................102

6.20 Localização do módulo “Lift Gas Response Curves” na barra de

ferramentas do Pipesim......................................................................103

6.21 Tela para entrada de dados do módulo “Lift Gas Response

Curves”................................................................................................104

7.1 Gráfico mostrando as curvas IPR e TPR do sistema

simulado..............................................................................................106

7.2 Curvas IPR e TPR simuladas considerando-se escoamento

monofásico..........................................................................................107

7.3 Gráfico mostrando várias curvas IPR simuladas a partir de

diferentes pressões de reservatório...................................................108

7.4 Gráfico mostrando a influência da vazão de injeção de gás na

produção de hidrocarbonetos.............................................................109

7.5 Análise de sensibilidade entre pressão de reservatório e vazão de

injeção de gás.....................................................................................111

7.6 Análise de sensibilidade entre RGO e vazão de injeção de

gás......................................................................................................113

7.7 Gráfico mostrando a influência da percentagem de água na

produção de hidrocarbonetos.............................................................113

7.8 Gráfico mostrando a influência do grau API na produção de

hidrocarbonetos..................................................................................114

7.9 Gráfico mostrando a influência do DP na produção dos

hidrocarbonetos..................................................................................116

7.10 Gráfico mostrando a influência da pressão do gás de injeção na

produção dos hidrocarbonetos...........................................................117

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LISTA DE TABELAS

Tabela Título Página

3.1 Informações técnicas e comerciais sobre simuladores de

processo..............................................................................................31

4.1 Intervalo de valores dos parâmetros “black oil”. .................................54

4.2 Propriedades dos fluidos e correlações PVT.......................................55

4.3 Correlações de fluxo vertical multifásico……………………….............56

6.1 Dados do modelo “black oil”................................................................86

6.2 Propriedades do ponto de bolha..........................................................86

6.3 Dados do ponto de bolha.....................................................................86

6.4 Correlações PVT utilizadas..................................................................87

6.5 Dados do poço.....................................................................................87

6.6 Gradiente geotérmico..........................................................................88

6.7 Dados da coluna de produção.............................................................88

6.8 Dados do reservatório..........................................................................88

7.1 Valores obtidos da análise de diferencial de pressão de abertura

da válvula operadora.........................................................................117

7.2 Valores obtidos da análise de pressão do gás de injeção.................118

7.3 Parâmetros ótimos de operação do sistema de “gas-lift”

contínuo.............................................................................................118

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LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo Descrição

BCS Bombeio centrífugo submerso

BM Bombeio mecânico

BCP Bombeio por cavidades progressivas

GLC gas-lift contínuo

GLI gas-lift intermitente

CAPE Computer aided process engineering

CPES Chemical process evolution system

CHESS Chemical engineering simulation system

MIT Massachusetts Institute of Technology

PC Personal computer

OLE Object linking and embedding

GCO Global CAPE-OPEN

GNL Gás natural liquefeito

PSE Process simulation environment

MDK Model development kit

HRSG Heat recovery steam gererator

PVT Pressão, temperatura e pressão

Bo Fator volume de formação do óleo

API American Petroleum Institute

IPR Inflow performance relationship

AOFP Absolute open flow potential

q Vazão de produção

Pe Pressão estática do reservatório

Psat Pressão de saturação do óleo

Pwf Pressão de fluxo no fundo do poço

TPR Tubing pressure requirement

IP Índice de produtividade

IPO Injection pressure operated valves

PPO Production pressure operated valves

UPGN Unidade de processamento de gás natural

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bA Área do fole (“bellow”)

VA Área do orifício da válvula

Pv Pressão de gás no espaço anular, na profundidade da válvula

0VP Pressão de gás no espaço anular, na profundidade da válvula com a

mesma aberta

Pvc Pressão de gás no espaço anular, na profundidade da válvula com a

mesma fechada

Pbt Pressão de gás no fole na temperatura da profundidade de

assentamento da válvula

Pt Pressão na coluna de produção na profundidade da válvula

R Relação entre as áreas de orifício da válvula e do fole (Av /Ab)

RGO Razão gás-óleo

TVD True Vertical Depth

MD Measured Depth

stb Stock tank barrel (Barris por dia em condições padrão)

mmscf/d Milhões de pés cúbicos Standard por dia

DP Mínimo diferencial de pressão para abertura da válvula operadora

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xv

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS..................................... ........................................................... v

RESUMO................................................................................................................. vii

ABSTRACT........................................... ................................................................. viii

LISTA DE FIGURAS................................... ............................................................. ix

LISTA DE TABELAS ................................... ........................................................... xii

LISTA DE SÍMBOLOS.................................. ......................................................... xiii

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO............................ ................................................... 17

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................. ......................................... 20

CAPÍTULO 3 – SIMULADORES DE PROCESSO ............... .................................. 23

3.1 INTRODUÇÃO À SIMULAÇÃO DE PROCESSOS................................... 23

3.1.1 Definição............................................................................................ 23

3.1.2 Breve Histórico da Evolução da Simulação de Processos................. 24

3.1.3 Importância da Simulação de Processos........................................... 27

3.1.4 Vantagens e Limitações do Uso de Simuladores de Processos........ 27

3.2 ARQUITETURA BÁSICA DOS SIMULADORES DE PROCESSO ........... 28

3.2.1 Tipos de Simuladores Existentes (Classificação) .............................. 28

3.3 SIMULADORES COMERCIAIS EXISTENTES ......................................... 31

3.4 SIMULADORES APLICADOS ÀS INDÚSTRIAS DE POTÊNCIA E

QUÍMICA. ............................................................................................................ 34

3.4.1 IPSEpro ............................................................................................. 34

3.4.2 GATECYCLE ..................................................................................... 35

3.4.3 ASPEN PLUS .................................................................................... 37

3.5 SIMULADORES APLICADOS À INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS..... 39

3.5.1 PIPEPHASE....................................................................................... 39

3.5.2 OLGA2000......................................................................................... 40

3.5.3 ECLIPSE............................................................................................ 42

3.6 O SIMULADOR COMPUTACIONAL PIPESIM ......................................... 45

CAPÍTULO 4 – ESCOAMENTO MULTIFÁSICO NA PRODUÇÃO DE

PETRÓLEO………………………………………………………………………………...51

4.1 MISTURAS MULTIFÁSICAS COM MULTICOMPONENTES ................... 51

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4.2 TIPOS DE RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO ....................................... 52

4.3 FLUXO NO MEIO POROSO..................................................................... 57

4.3 FLUXO NA COLUNA DE PRODUÇÃO..................................................... 61

4.3.1 Padrões de Fluxo Vertical Multifásico ................................................ 62

4.4 FLUXO NA SUPERFÍCIE.......................................................................... 64

CAPÍTULO 5 – MÉTODOS DE ELEVAÇÃO DE PETRÓLEO....... ......................... 66

5.1 ELEVAÇÃO NATURAL OU SURGÊNCIA ................................................ 66

5.2 MÉTODOS ARTIFICIAIS DE ELEVAÇÃO................................................ 67

5.2.1 Bombeio Centrífugo Submerso.......................................................... 68

5.2.1 Bombeio Mecânico ............................................................................ 69

5.2.2 Bombeio por Cavidades Progressivas ............................................... 70

5.3 “GAS-LIFT” ............................................................................................... 71

5.3.1 Tipos de “Gas-Lift” ............................................................................. 72

5.3.2 Sistema de “Gas-Lift” Contínuo.......................................................... 74

5.3.3 Partida de um Poço Equipado com “Gas-Lift” Contínuo .................... 75

5.3.4 Descrição do Funcionamento em Regime Permanente..................... 77

5.3.5 Vantagens e Limitações do “Gas-Lift” Contínuo ................................ 78

5.3.6 Válvulas de “Gas-Lift” ........................................................................ 80

CAPÍTULO 6 – DESCRIÇÃO E MODELAGEM DO PROBLEMA NO A MBIENTE DO

PIPESIM.................................................................................................................. 83

6.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................. 83

6.2 DESCRIÇÃO DOS DADOS UTILIZADOS ................................................ 85

6.3 MODELAGEM DO PROBLEMA NO AMBIENTE DO PIPESIM................ 89

6.4 OBTENÇÃO DOS RESULTADOS NO SIMULADOR ............................... 99

CAPÍTULO 7 – RESULTADOS E DISCUSSÕES............... .................................. 105

7.1 ANÁLISE DE SURGÊNCIA..................................................................... 105

7.2 ANÁLISE DE INJEÇÃO DE GÁS............................................................ 109

7.3 PARÂMETROS ÓTIMOS PARA O SISTEMA DE “GAS-LIFT”

CONTÍNUO........................................................................................................ 115

CAPÍTULO 8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ...... ........................ 119

CAPÍTULO 9 – REFERÊNCIAS ........................... ................................................ 122

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17

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Com a crescente demanda mundial por energia e a importância do petróleo na

matriz energética mundial, cada vez mais é necessário aumentar a disponibilidade

de petróleo no mercado mundial. Como a descoberta de novas reservas não

acompanha o aumento na demanda, cada vez mais as indústrias petrolíferas

investem em meios de recuperar a maior quantidade possível de hidrocarbonetos de

um determinado reservatório.

Normalmente, no início da vida produtiva de um poço de explotação de petróleo, o

mesmo possui energia suficiente para elevar os fluidos da formação até as

instalações de processamento. Mas com o aumento da produção acumulada, a

energia do reservatório naturalmente começa a decrescer, o que ao longo do tempo,

faz com que a vazão de produção obtida não seja mais economicamente viável.

Muitos são os métodos utilizados para suplementar a energia de um reservatório, o

que permite um maior aproveitamento de uma determinada jazida de petróleo,

aumentando-se assim a oferta de petróleo no mercado.

Quando um reservatório necessita de energia suplementar para elevar os fluidos até

a superfície, dentre outros métodos pode-se utilizar um Método Artificial de

elevação. O método artificial de elevação normalmente é utilizado de forma

combinada com outras práticas de manutenção do nível de energia do reservatório.

Na indústria do petróleo existem diferentes métodos artificiais de elevação que

podem ser utilizados, cada um aplicável a uma realidade diferente bem como às

características do campo produtor.

Os métodos artificiais de elevação mais utilizados são: Bombeio Centrífugo

Submerso (BCS), Bombeio Mecânico (BM), Bombeio por Cavidades Progressivas

(BCP) e o “gas-lift” Contínuo e Intermitente (GLC e GLI). A Figura 1.1, mostra a

distribuição de utilização destes métodos de elevação no mundo.

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18

Figura 1.1 - Distribuição de utilização dos métodos artificiais de elevação no mundo

Fonte: Nascimento (2005).

O gráfico da Figura 1.1 mostra que o método mais utilizado no mundo é o bombeio

mecânico (87% dos poços no mundo são equipados com esta técnica), que é

também o mais antigo e utilizado somente em poços localizados em terra. Com o

desenvolvimento da tecnologia, novos métodos foram desenvolvidos, os quais são

aplicados onde o bombeio mecânico não traz bons resultados, ou não se aplica, por

exemplo, em poços “off-shore” (poços de produção no mar).

A necessidade de se conhecer estes métodos de elevação e de produzir uma

bibliografia específica sobre o assunto motivou o desenvolvimento deste trabalho,

onde um destes métodos, o “gas-lift” contínuo, é estudado, modelado e simulado

computacionalmente com o auxílio de um simulador comercial.

Apresenta-se neste trabalho um amplo estudo sobre este assunto, no qual consta

extensa revisão bibliográfica da literatura existente bem como a utilização de um

simulador comercial para o estudo e otimização de sistemas de elevação artificial de

petróleo pelo método do “gas-lift” contínuo.

BM (87%) GLC (2%)

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19

As modelagens e simulações computacionais foram desenvolvidas utilizando-se o

simulador Pipesim da Schlumberger, o que possibilitou a otimização do processo de

injeção contínua de gás em um poço de produção de petróleo em terra (“on-shore”).

Desta forma, não foi necessário desenvolver uma modelagem própria para o cálculo

do escoamento multifásico que ocorre neste tipo de instalação.

Após uma introdução ao assunto tratado neste trabalho, apresenta-se uma revisão

bibliográfica, na qual são apresentadas e discutidas referências bibliográficas que

abordam engenharia de instalações de produção de petróleo, o uso de simuladores

de processo, projeto e otimização de sistemas térmicos e a utilização de alguns dos

métodos artificiais de elevação mais utilizados, com ênfase no método de “gas-lift”

contínuo.

A tecnologia dos simuladores de processo mereceu um capítulo a parte. Sendo

apresentadas várias características destas ferramentas computacionais bem como

sua utilização em projetos de sistemas térmicos, projetos na indústria química e

principalmente na indústria do petróleo, com ênfase na modelagem e simulação do

escoamento multifásico que ocorre na coluna de produção.

A seguir, é apresentada uma revisão teórica sobre os padrões de escoamento

multifásico encontrados nas instalações de produção de petróleo e nos reservatórios

de petróleo bem como a classificação dos reservatórios. Também é apresentada

uma descrição sobre os principais métodos de elevação artificial utilizados na

indústria petrolífera e uma revisão detalhada sobre o método de injeção contínua de

gás.

O problema proposto neste trabalho consta de uma instalação de produção de

petróleo “on-shore” composta por um poço único produzindo um reservatório, ou

seja, uma única região de canhoneados. Através do software foram realizadas

simulações que permitiram obter os parâmetros de operação e de projeto ótimos do

sistema de “gas-lift” contínuo bem como dados que possibilitaram verificar a

influência de outros parâmetros na produção do reservatório.

Os resultados obtidos são apresentados e discutidos no Capítulo 7, seguido dos

comentários, conclusões e sugestões para trabalhos futuros no último capítulo.

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20

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O desenvolvimento de poderosas ferramentas computacionais para a simulação de

instalações de produção de petróleo tem crescido muito nas últimas décadas, o que

permitiu às indústrias petrolíferas melhorarem seus processos de exploração e

explotação de hidrocarbonetos bem como aumentar a eficiência no transporte por

tubulações.

Na década de 70, a indústria petrolífera tinha a sua disposição ferramentas de

simulação de fluxo multifásico baseadas em correlações empíricas. Estas

correlações também eram utilizadas para determinar o comportamento do fluxo

multifásico em tubulações já existentes quando sujeitas à mudança nas vazões de

produção. Estes softwares desempenhavam bem o seu papel quando as

correlações eram utilizadas em condições de operação para as quais haviam sido

desenvolvidas.

Nas décadas seguintes os simuladores ganharam mais confiabilidade quando estes

passaram a ser desenvolvidos com base nas equações de massa, momentum e

energia e ainda mais com o desenvolvimento de ferramentas de simulação em

regime transiente, o que permitiu realizar o projeto de novas linhas de tubulações

bem como analisar o escoamento de fluxos multifásicos e multicomponentes (água,

óleo e gás) em regime transiente, Heskestad (2005).

Existe hoje no mercado vários simuladores de processo comerciais aplicados a

diferentes ramos da indústria, tais como: Indústria petrolífera, petroquímica, química,

siderúrgica, geração de potência entre outras. É possível encontrar nos sites dos

fabricantes desses simuladores muitas informações a respeito dos simuladores e a

aplicabilidade de cada um deles.

Muitas ferramentas de simulação têm sido desenvolvidas, não apenas por grandes

empresas como a ScandPower, Schlumberger, Simsci-Esscor ou GE, mas também

como resultados de projetos de pesquisa. No Brasil, Nascimento (2005) desenvolveu

uma ferramenta para simulação de poços operando com bombeio mecânico. Vidal

(2005) desenvolveu uma ferramenta computacional para a simulação de poços que

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operam com elevação artificial por bombeio por cavidades progressivas. Moura

(2004) mostra o desenvolvimento de um simulador computacional para poços que

operam por “gas-lift” contínuo.

Outros trabalhos também têm sido realizados, não desenvolvendo ferramentas

computacionais, mas utilizando simuladores comerciais, dentre os quais podem ser

citados o trabalho desenvolvido por Oliveira (2003) utilizando o simulador Pipesim e

o trabalho realizado por Heskestad (2005), utilizando o software OLGA2000.

No que diz respeito ao projeto, modelagem e otimização de sistemas térmicos, há na

literatura uma grande quantidade de livros que tratam deste assunto, dentre os quais

podem ser citados os trabalhos de Bejan, Tsatsaronis e Moran (1996), Dargan e

Perz (1998), Hodge e Taylor (1998), Jaluria (1998), Stoecker (1989) e

Suryanarayana e Arici (2003). Os mesmos têm sido utilizados como referência em

trabalhos que apresentam estudos de análise exergoeconômica, termoeconômica,

projeto e otimização de sistemas térmicos, o que pode ser visto em Donatelli (2002).

No Brasil, no que tange a assuntos relacionados à engenharia de petróleo, uma

referência básica e fundamental é o livro editado por Thomas (2004) que traz uma

abordagem completa sobre engenharia de instalações de produção de petróleo, ou

seja, uma descrição geral sobre todas as etapas de geração e prospecção do

petróleo, perfuração e completação de poços, análises de reservatórios, aplicação

de métodos artificiais de elevação, análise das formações produtoras e instalações

de processamento primário.

Em Rosa et al. (2006) encontra-se uma descrição completa sobre engenharia de

reservatórios de petróleo. Neste livro é encontrada uma detalhada abordagem sobre

vários tópicos relacionados aos reservatórios, tais como: classificação, mecanismos

de produção, balanço de materiais, fluidos de petróleo entre outros.

No que diz respeito às propriedades dos fluidos de petróleo, McCain (1990) traz uma

abordagem bem detalhada. Este livro conta também com tópicos relacionados à

engenharia de reservatórios.

Com relação ao método de “gas-lift” contínuo, Spíndola (2003), Plucênio (2003),

Oliveira (2003), Nascimento (2005), Moura (2004) e Vidal (2005) trazem uma

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descrição completa sobre este método artificial de elevação, tanto o aspecto técnico,

quanto o aspecto econômico associado à implantação destes sistemas. Thomas

(2004) também traz informações sobre este assunto, mas de forma geral.

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CAPÍTULO 3 – SIMULADORES DE PROCESSO

3.1 INTRODUÇÃO À SIMULAÇÃO DE PROCESSOS

Nas últimas décadas, a simulação de processos é cada vez mais utilizada nas

indústrias químicas, petroquímicas e nas empresas de projeto de equipamentos,

principalmente no que diz respeito ao projeto de novas unidades de produção,

estudos de ampliação de capacidade de processamento, avaliação de unidades

existentes e na concepção e avaliação de novas tecnologias.

A simulação também é muito utilizada para fazer análises térmicas,

dimensionamento, análise de custos e otimizações requeridas para o

desenvolvimento do projeto de um sistema térmico.

Os avanços na computação têm impulsionado uma nova onda de aplicações da

simulação de processos o que tem permitido melhorar os processos já existentes

bem como, conceber novos projetos de maneira eficaz a custos reduzidos. A

tecnologia também conhecida genericamente como CAPE (“Computer Aided

Process Engineering”) está conquistando novas fronteiras que extrapolam o projeto

de processos, tais como sua aplicação para otimização em tempo real, predição de

propriedades on-line e interação com ferramentas de suporte à tomada de decisões.

3.1.1 Definição

Suryanarayana (2003) define simulação como a predição de uma ou mais variáveis

de um componente ou sistema sob diferentes condições de operação. Nascimento

(2005) diz que a simulação computacional é um processo de experimentos em

sistemas ou fenômenos físicos, realizados através de modelos matematicamente

computadorizados, os quais representam características observadas em sistemas

reais. Pode-se perceber então que as definições dadas pelos autores são

correlatas.

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Através da simulação computacional é possível analisar diferentes tipos de

sistemas, o que possibilita:

• Analisar a implantação de novas tecnologias sem a necessidade da

construção física;

• Conhecer melhor e dominar as várias etapas de um determinado

processo;

• Melhorar o desempenho de um sistema;

• Obter informações do processo em tempo real sem precisar parar a

operação da planta;

• Treinamento de operadores;

• Outras aplicações.

3.1.2 Breve Histórico da Evolução da Simulação de P rocessos

A tecnologia de simulação de processos, que pode ser descrita brevemente como a

reprodução em computador do comportamento de uma unidade de processos, teve

seus marcos iniciais na década de 50. Os primeiros desenvolvimentos tiveram

escopo bastante limitado, restrito à modelagem de equipamentos mais simples

(como trocadores de calor) simulados de forma individual, ou seja, desconectados

de um fluxograma completo. Coube, na época, a empresas integradas como a

DuPoint o desenvolvimento das aplicações iniciais de CAPE, como foi o caso do

CPES (“Chemical Process Evolution System”) escrito em linguagem FORTRAN.

Este sistema e outros como o FlowTran (originalmente desenvolvido pela Monsanto)

eram executados em computadores “mainframe” como os IBM 1620, 7090 e 7094.1.

Na década de 60, com o aprimoramento de tais programas e surgimento de outros,

iniciou-se a discussão acadêmica sobre o desenvolvimento de um aplicativo flexível

de simulação, chegando-se então aos primeiros simuladores modulares de estado

estacionário que podiam ser executados de forma robusta. Os testes de

simuladores em problemas industriais reais, no entanto, apresentaram muitos

fracassos neste estágio inicial de desenvolvimento.

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Em 1968, os Drs. Rudy Motard e Ernest Henley concluíram na Universidade de

Houston o desenvolvimento da primeira versão do CHESS (“Chemical Engineering

Simulation System”), a partir de um financiamento da Marinha norte-americana. Na

mesma época o Departamento de Energia dos EUA financiou o desenvolvimento de

um outro simulador de processos no MIT (“Massachusetts Institute of Technology”).

Este simulador daria origem nos anos seguintes a dois produtos comerciais de

simulação, um dos quais incorporou o código FlowTran. Aos poucos empresas

especializadas em simulação (normalmente formadas a partir das universidades

norte-americanas) tomaram o lugar da indústria na dianteira do desenvolvimento.

Na década de 70, cresceu a aceitação da tecnologia e muitos clientes que

compravam novas plantas químicas (como plantas de amônia) passaram a exigir

que o produto fosse simulado durante o seu projeto. Foi um período de

amadurecimento dos produtos comerciais (que só chegariam com força total ao

mercado no início da década seguinte), baseado em avanços na modelagem

termodinâmica e melhores métodos numéricos para solução das equações.

Em 1983, o simulador CHESS (renomeado para “MicroCHESS”) tornou-se um dos

primeiros simuladores a poder ser executado em um PC (“Personal Computer”).

Logo seria seguido pelos demais e, até meados da década, os simuladores já

faziam parte do “desktop” dos engenheiros de processo. Um dos principais avanços

neste período, além dos algoritmos computacionais, foi a interface gráfica com o

usuário, disponibilizando-se, por exemplo, bibliotecas de operações unitárias a partir

das quais os fluxogramas podiam ser elaborados.

Nos anos 90, aprimorou-se a interface gráfica dos produtos e iniciou-se o grande

impulso para a integração dos aplicativos de CAPE com outras ferramentas

computacionais como: planilhas de cálculo, softwares de desenho de engenharia e

editores de texto, entre outros. Os simuladores adentraram a “Era Windows” e

incorporaram a automação OLE (“Object Linking and Embedding”) às suas

funcionalidades.

Além disso, foram lançados módulos específicos para simulação dinâmica de

processos e cálculos de redes de escoamento. Tais avanços pavimentaram o

caminho para aplicações até então não-convencionais de tecnologia de simulação.

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O padrão tecnológico em desenvolvimento, o GCO (Global CAPE-OPEN), que

permitirá a integração de simuladores de diferentes fabricantes e o cálculo de

propriedades físico-químicas de substâncias puras e misturas a partir da estrutura

tridimensional das moléculas via mecânica estatística são algumas das tendências

da simulação de processos no século XXI.

Segundo Heskestad (2005), na década de 70, as empresas de petróleo e gás

costumavam aplicar correlações empíricas nas ferramentas de simulação de fluxo

multifásico que eram usadas para o projeto de novas tubulações. As correlações

empíricas também eram usadas para determinar o comportamento do fluxo nas

tubulações em face de possíveis mudanças nas taxas de produção. Os softwares

desempenhavam bem o seu papel enquanto eram utilizados em tubulações que

mantinham seu projeto original ou em condições de operação para as quais as

correlações empíricas foram desenvolvidas.

Com o passar do tempo, mais simuladores de fluxo confiáveis foram desenvolvidos,

mas agora, tendo como base as equações de conservação da massa, momentum e

energia para óleo e gás. Estes foram utilizados para simular escoamento em regime

permanente sob quaisquer condições. Entretanto, não foram suficientes para o

projeto confiável de novas linhas de tubulações ou para antecipar o comportamento

transiente nas linhas existentes.

A solução apresentada pelas indústrias de petróleo foi a introdução de simuladores

de fluxo multifásico em regime transiente, que permitiu grandes avanços no estudo

do escoamento dos hidrocarbonetos (óleo, gás e água). O próximo passo tende ao

desenvolvimento de simuladores que permitem a simulação de quatro fases, onde a

quarta fase seriam os hidratos. Mas antes da introdução desta nova tecnologia, os

simuladores multifásicos já existentes oferecem uma demanda muito grande de

avaliação/aplicação.

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3.1.3 Importância da Simulação de Processos

Grande parte dos eventos físicos, os quais podem ser simulados

computacionalmente, no mundo real, consomem muito tempo para se realizar, às

vezes dias, meses ou até anos. Em um computador a simulação destes eventos

pode ser realizada em poucos minutos, o que permite diminuir o tempo na fase de

análise do projeto.

Com o advento da simulação computacional, análises que antes só poderiam ser

feitas através de tabelas e números, hoje são feitas de forma visual através da

interface gráfica que existe nos simuladores, o que permite entender melhor o

processo e consequentemente obter melhores resultados. Sem os simuladores de

processo, os engenheiros e cientistas precisariam recorrer a cálculos matemáticos e

probabilísticos complicados, que muitas vezes possuem muitas simplificações e

aproximações que podem levar os resultados obtidos para longe dos valores

corretos, conforme Nascimento (2005).

3.1.4 Vantagens e Limitações do Uso de Simuladores de Processos

Nascimento (2005) relaciona algumas vantagens e limitações do uso da simulação

de processos. Dentre as vantagens citadas anteriormente, pode ser acrescentado:

• A realização de experiências em curto intervalo de tempo;

• A fácil demonstração do processo.

Dentre as principais limitações, cita-se:

• Uma simulação não pode dar resultados precisos quando os dados de

entrada forem imprecisos;

• A simulação não pode dar respostas fáceis para problemas complexos;

• A simulação não pode solucionar problemas por si só.

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O termo usado na literatura para a imprecisão de dados de saída pelo fato de os

dados de entrada serem imprecisos é “garbage in, garbage out” (lixo entrando, lixo

saindo), o que mostra que para a obtenção de bons resultados em uma simulação,

não basta ter uma poderosa ferramenta computacional, mas também saber como

utilizar os dados disponíveis e que os mesmos sejam compatíveis com o modelo

que está por trás do simulador.

Jaluria (1998) diz que se o modelo é uma boa representação do sistema sob

consideração, os dados de saída caracterizarão o comportamento do sistema em

análise, mas se os dados de entrada não forem bem utilizados, de nada adiantará a

boa modelagem feita.

3.2 ARQUITETURA BÁSICA DOS SIMULADORES DE PROCESSO

Os simuladores de processo são programas computacionais projetados para

oferecer ao usuário, normalmente um engenheiro, um ambiente adequado para a

modelagem de processos e sistemas térmicos. Desta forma, essa modelagem

torna-se uma tarefa rápida e fácil para o engenheiro, propiciando economia de

tempo e dinheiro. Concluída a modelagem, é possível efetuar a simulação do

sistema ou processo, que fornece o balanço de massa, energia e exergia bem como

valores para as variáveis específicas incluídas nos modelos usados. Neste trabalho

a simulação é requisitada pelo procedimento de injeção contínua de gás em um

poço equipado com o método de elevação de petróleo “gas-lift”, mas várias outras

aplicações dos simuladores também são possíveis.

3.2.1 Tipos de Simuladores Existentes (Classificaçã o)

Stoecker (1989) e Jaluria (1998) classificam os tipos de simuladores através de

alguns parâmetros, dentre eles pode-se citar:

• Sistema contínuo ou discreto;

• Análise determinística ou estocástica (probabilística);

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• Sistema em regime permanente ou em regime transiente.

O modelo contínuo está relacionado com o fluxo constante de material, por

exemplo, o fluxo de gases quentes e energia térmica. Já o modelo discreto, foca em

itens individuais tratados como um número certo de inteiros, por exemplo, a análise

do fluxo de pessoas em um supermercado.

O modelo pode também ser classificado quanto à maneira como a entrada de dados

será realizada. Nos modelos determinísticos, as variáveis de entrada são

precisamente especificadas, portanto, estes modelos predizem o comportamento do

sistema com certeza enquanto que os modelos estocásticos (probabilísticos),

normalmente utilizam distribuições de probabilidade para determinar as variáveis de

entrada, portanto, através destes modelos, estudam-se as influências probabilísticas

que cercam um determinado sistema.

O sistema modelado, também pode ser classificado quanto ao regime de operação.

Se as propriedades e as variáveis de operação não variam com o tempo, o sistema

é dito estar em regime permanente, mas se a dependência do tempo é incluída, o

sistema é dito estar em regime transiente.

Como visto no item 3.1.2, os simuladores de processo sofreram uma evolução ao

longo do tempo. No início, era comum o desenvolvimento de modelagens

específicas, às vezes muito detalhadas e precisas considerando o sistema térmico

como um todo. Mas atualmente, o que parece uma tendência clara, é a utilização de

uma estrutura modular. Assim, desenvolveram-se modelos para descrever o

fenômeno físico e às vezes o comportamento econômico, para os equipamentos e

processos.

Do desenvolvimento de ferramentas para a simulação, projeto e otimização de

sistemas ou processos mais flexíveis, isto é, passíveis de serem aplicadas a

diferentes sistemas, surgiram os simuladores de processo com estrutura modular.

Donatelli (2002) diz que três tipos de abordagens podem ser claramente utilizadas

na construção destas ferramentas, isto é, modular seqüencial, modular orientada a

projeto e “modular” orientada a equações.

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Modular Seqüencial : Na abordagem modular seqüencial a estrutura do

programa é modular e as variáveis interagidas são variáveis de fluxo de

recirculação. Nessa abordagem várias suposições são feitas para a obtenção da

solução do problema. São elas:

1. As variáveis associadas aos componentes, isto é, as variáveis de projeto,

devem sempre ser definidas e não devem ser tratadas como incógnitas. A

mesma suposição é feita para variáveis associadas com os fluxos que

entram no processo.

2. O fluxo de informações no modelo matemático deve coincidir com os

fluxos físicos da planta. Essa suposição possibilita agrupar as variáveis em

sub-vetores associados com o fluxo físico e selecionar para cada função

uma variável associada com o fluxo de saída deixando o componente.

Essa abordagem é apropriada para a simulação de sistemas e processos.

Entretanto, as suposições feitas tornam o seu uso inadequado para o projeto e

otimização de sistemas e processos.

Modular orientado a projeto : A estrutura do programa é modular e as variáveis

interagidas são variáveis de fluxo de recirculação e variáveis de projeto não

especificadas. Através da estrutura modular orientada a projeto, é possível, com

limitações, aplicá-la ao projeto e otimização de sistemas térmicos.

“Modular” orientado a equações : Nesta abordagem, apesar da sistemática de

solução não ser modular, que é o critério de classificação usado em Bejan,

Tsatsaronis e Moran (1996), aqui considera-se a estrutura como sendo modular,

visto que cada componente usado na configuração do sistema, é modelado

separadamente. No entanto, a modelagem do sistema térmico como um todo,

realizada através da seleção e interligação adequada dos componentes (módulos),

produz um grande sistema de equações algébricas não lineares. Na solução desse

sistema de equações as iterações são feitas simultaneamente sobre todas as

incógnitas. Desta forma, tem-se total liberdade na definição das incógnitas, o que

torna essa abordagem mais apropriada para projeto e otimização de sistemas

térmicos.

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3.3 SIMULADORES COMERCIAIS EXISTENTES

Existe no mercado uma vasta gama de simuladores para diferentes aplicações. A

Tabela 3.1 relaciona alguns desses softwares bem como algumas de suas

aplicações:

Tabela 3.1 - Informações técnicas e comerciais sobre simuladores de processo.

software / Fabricante Classificação Principais Aplicações Observações

PIPESIM / SCHLUMBERGER

Regime Permanente

- Simulação de poços; - Análise nodal; - Otimização de elevação artificial; - Modelagem de tubulações e instalações de processo; - Planejamento do campo exploratório.

É uma poderosa ferramenta para simulação de instalações de produção de petróleo. Possui interface com os simuladores ECLIPSE, da própria Schlumberger e com o HYSYS da AspenTech.

INPLANT/ SIMSCI-ESSCOR

Regime Permanente

- Projeto de novas instalações de tubulações; - Possibilidade de reformulação da grande variedade de sistemas existentes.

Resolve facilmente os problemas de sistemas que envolvem redes com líquidos monofásicos ou multifásicos em velocidades elevadas ou no fluxo crítico.

ARPM / SIMSCI-ESSCOR

Regime Transiente

- Diagnóstico das causas para queda no desempenho da planta; - Antecipa necessidade de execução de manutenção; - Determina impacto econômico no caso de queda no desempenho da planta, processo ou equipamento; - Identifica falhas na instrumentação.

O software utiliza um modelo rigoroso e a tecnologia de reconciliação de dados para calcular parâmetros de desempenho validados. O ARPM pode ser aplicado para o monitoramento do desempenho de plantas de processamento de óleo e gás, refinarias, petroquímicas e indústrias químicas.

DYNSIM / SIMSCI-ESSCOR

Regime Transiente

- Redução de carga e alívio de coluna de destilação; - Estudos de partida de compressores; - Análise de despressurização; - Sistema de controle de vapor em Refinarias; - Análise de Sistemas de “Flare”.

Possui interface com o simulador OLGA2000 da ScandPower.

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Tabela 3.1 - Informações técnicas e comerciais sobre simuladores de processo (continuação).

OLGA2000 / SCANDPOWER

Regime Transiente

- Estudos de aplicabilidade; - Projeto de processos; - Projeto conceitual; - Projeto de sistemas de controle; - Planejamento de operações; - Treinamento de operadores.

Através do OLGA2000 é possível obter: a detecção de vazamentos, a análise da passagem do PIG por uma tubulação, perfis de temperatura e pressão nas tubulações, monitoramento da formação de hidratos, indicação do regime de fluxo, etc.

OLGA2000 /

SCANDPOWER

Combinado com

APIS / PREDIKTOR

Regime Transiente Idem ao anterior para respostas em tempo real.

Idem ao anterior para respostas em tempo real.

ECLIPSE / SCHLUMBERGER

Sem Informação

- Análise de reservatórios utilizando modelos de escoamento trifásico em meio poroso (óleo, água e gás); - Considera quatro fases, onde a quarta fase é um fluido utilizado para ajudar na recuperação de hidrocarbonetos; - Análise do comportamento composicional dos fluidos do reservatório em relação a vários parâmetros; - Análises térmicas do reservatório.

Possui interface com vários simuladores dentre eles cita-se: PVTi, SCAL, COUGAR e SimOpt, todos da Schlumberger.

OFM / SCHLUMBERGER Sem Informação

- software de análise de reservatório utilizado para controlar a produção e planejar a exploração da jazida.

O OFM permite que as curvas de tendência de produção, curvas de bolha (“bubble plotting”) e análise das curvas de declínio sejam controladas em único ambiente de trabalho.

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Tabela 3.1 - Informações técnicas e comerciais sobre simuladores de processo (continuação).

PIPEPHASE / SIMSCI-ESSCOR

Regime

Permanente

- Modela rigorosamente o fluxo multifásico em redes de óleo e gás e em sistemas de tubulações; - Tubulações de distribuição e transmissão de gás natural; - Estudos da gerência e planejamento dos recursos do campo produtor; - Análise de “gas-lift”; - Análise da transferência de calor em tubulações contendo óleo pesado; - Análise de formação de hidratos em tubulações.

O PIPEPHASE cobre uma grande quantidade de fluidos encontrados na indústria de petróleo, incluindo os monofásicos e os “black oil” bem como misturas de diversas composições. Pode ser aplicado também a redes de injeção de vapor ou CO2. Possui interface com os simuladores ROMeo e ARPM da própria SIMSCI-ESSCOR.

GATECYCLE / GE

Sem Informação

- Projeto de plantas de geração de potência tanto a vapor quanto a gás; - Projeto de plantas de ciclo combinado; - Projeto de sistemas de cogeração; - Projeto de “Retrofitting”.

Este software possui uma extensa biblioteca de equipamentos para projeto de uma planta de potência, mas também permite o projeto componente por componente para um determinado equipamento. Possui interface com o MS-Excel.

ASPEN PLUS / ASPENTECH

Regime Permanente

- Simulação, projeto, análise de desempenho, otimização e planejamento econômico de indústrias químicas, petroquímicas e indústrias de materiais.

Possui estrutura “modular” orientada a equações.

IPSEpro / SIMTECH

Regime Permanente

- Suprimento de energia (plantas convencionais e combinadas de geração de potência); - Modelagem de equipamentos (turbina a gás, turbina a vapor); - Outros processos industriais (processo de refrigeração, processo de destilação); - Energia alternativa (produção energia solar, processamento de biomassa).

Possui interface com o MS-Excel

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Tabela 3.1 - Informações técnicas e comerciais sobre simuladores de processo (continuação).

HYSYS / ASPENTECH

Regime Permanente ou Regime Transiente

- Simulação de perfuração de poços; - Simulação da produção de hidrocarbonetos; - Simulação de redes de coleta; - Simulação de plantas de gás e GNL; - Simulação de plantas de processamento de óleo pesado.

É possível utilizar este software tanto para projeto de equipamentos (em regime permanente), quanto para análise de produção (regime transiente). Possui estrutura modular orientada a projeto.

3.4 SIMULADORES APLICADOS ÀS INDÚSTRIAS DE POTÊNCIA E QUÍMICA

3.4.1 IPSEpro

O IPSEpro é um programa computacional que oferece um ambiente flexível para a

simulação de processos e sistemas térmicos, em regime permanente, o qual

proporciona facilidades para a criação de modelos dos componentes, para o

estabelecimento de modelos de equipamentos ou de uma planta de potência

completa e para a solução destes modelos, Dargam e Perz (1998).

O ambiente IPSEpro é dividido em dois módulos principais, que são o módulo de

simulação de processo (PSE – “Process Simulation Environment”) e o módulo

destinado ao desenvolvimento de modelos dos componentes (MDK – “Model

Development Kit”) e um módulo de integração (“PSExcel”) para uma troca de dados

dinâmica com o MS-Excel.

Algumas das áreas onde o IPSEpro é utilizado são:

• Suprimento de energia (plantas convencionais e combinadas de geração de

potência);

• Modelagem de equipamentos (turbina a gás, turbina a vapor);

• Outros processos industriais (processo de refrigeração, processo de

destilação e dessalinização);

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• Energia alternativa (produção de energia solar, processamento de

biomassa).

A Figura 3.1 mostra uma tela de trabalho no simulador IPSEpro.

Figura 3.1 - Exemplo de tela de trabalho no simulador IPSEpro.

3.4.2 GATECYCLE

Com o software GateCycle, é possível analisar o desempenho em condições de

projeto e fora das condições de projeto de plantas de ciclo combinado, caldeiras que

utilizam combustíveis fósseis, sistemas de cogeração, ciclos avançados de turbinas

a gás e muitos outros sistemas de energia. O referido software encontra-se em

desenvolvimento, pela “General Electric Power Systems”, desde 1981 e é muito

utilizado para o projeto e simulação de plantas de potência.

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O GateCycle pode ser usado para avaliações rápidas, projeto, engenharia

detalhada, “retrofitting” e testes de aceitação de plantas de geração de potência.

O software GateCycle é uma ferramenta poderosa para projeto e análise tanto de

plantas de potência a gás quanto a vapor bem como plantas de ciclo combinado.

Para modelar uma turbina a gás, é possível selecionar da biblioteca de turbinas a

gás ou “construir” componente por componente a turbina desejada. No segundo

caso pode-se construir a turbina com seus componentes básicos: compressor,

câmara de combustão e carretéis expansores (“expander spools”). Assim, pode-se

facilmente modelar e analisar: “intercooler”, reaquecedor, armazenamento de ar

comprimido e turbinas em cascata. Para o lado vapor, é colocado à disposição do

usuário um conjunto completo de ícones de componentes, o que permite modelar

precisamente a caldeira de recuperação de calor HRSG (“heat recovery steam

gererator”) considerando a possibilidade de múltiplos níveis de pressão, seções

paralelas e perdas de pressão. É possível criar modelos da planta com diversas

turbinas a gás e HRSG’s em diferentes configurações.

O software ainda possui a ferramenta CycleLink, que permite ao usuário analisar

dados do programa no MS-Excel.

A Figura 3.2 mostra uma tela de trabalho no simulador GateCycle.

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Figura 3.2 - Exemplo de tela de trabalho no simulador GateCycle.

3.4.3 ASPEN PLUS

O software Aspen Plus resolve grande parte dos problemas críticos de engenharia

juntamente com os problemas operacionais que aparecem durante todo o ciclo de

vida de um processo químico, tal como o projeto de um novo processo, a pesquisa

de defeitos de uma unidade de processo ou a otimização das operações de um

processo completo tal como os de uma planta de ácido acrílico. As potencialidades

deste simulador de processos permitem aos engenheiros predizer o comportamento

de um processo usando relações básicas de engenharia tais como balanços de

massa e energia, equilíbrio de fase e químico e cinética das reações.

O Aspen Plus possui interface gráfica que permite ao usuário visualizar todas as

etapas do processo que está sendo montado bem como todos os dados de entrada

que estão sendo inseridos pelo usuário, o que permite uma melhor compreensão do

processo que está sendo projetado.

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38

O programa dispõe de um grande número de modelos de propriedades físicas,

dados e métodos de estimativa que cobrem grande parte dos processos de

comportamento simples e ideal bem como os processos com misturas não ideais. O

software faz também uma análise de convergência que analisa automaticamente e

sugere cortes ótimos no fluxo, métodos de convergência do “flowsheet” e a

seqüência de solução para a maior parte dos “flowsheets” com múltiplos fluxos e

recirculação de dados.

O Aspen Plus é capaz de fazer uma análise de sensibilidade para gerar

convenientemente as tabelas e os gráficos que mostram como o desempenho do

processo varia com mudanças feitas nas especificações do equipamento e nas

condições de operação selecionadas. Através das especificações de projeto, o

programa calcula condições de operação ou parâmetros de equipamentos para

encontrar o desempenho desejado.

O software pode ainda determinar as condições de operação que maximizarão

qualquer função objetivo especificada, incluindo a taxa de produção do processo, o

uso de energia, pureza dos fluxos, a economicidade do processo e promover um

ajuste do modelo do processo aos dados reais da planta para assegurar uma

representação exata, validando a planta real.

A Figura 3.3 mostra uma das telas de trabalho no Aspen Plus.

Figura 3.3 - Exemplo de tela de trabalho no simulador Aspen Plus.

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3.5 SIMULADORES APLICADOS À INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS

3.5.1 PIPEPHASE

O PIPEPHASE modela rigorosamente o fluxo multifásico em regime permanente em

redes de petróleo e gás e em sistemas de tubulações. É uma poderosa ferramenta,

flexível o suficiente para modelar as aplicações que variam desde análises de

sensibilidade de parâmetros chave em um poço simples até o planejamento em

longo prazo de instalações para um campo inteiro.

O software cobre uma escala completa dos líquidos encontrados na indústria do

petróleo, incluindo os monofásicos, o “black oil” ou volumétrico (onde admite-se que

cada uma das fases - água/óleo/gás - eventualmente presentes seja constituída de

um único componente, ou seja, considera-se que a fase óleo é formada por um

único componente denominado simplesmente de óleo, embora se saiba que o óleo é

composto de diversos hidrocarbonetos), Rosa et al. (2006). O programa é capaz

também de fazer simulações considerando misturas em diferentes composições bem

como análise de redes de injeção de vapor ou CO2.

O programa possui um conjunto completo de métodos empíricos e teóricos, que são

padrões na indústria, para analisar o escoamento multifásico em dutos. Juntamente

com uma grande quantidade de modelos de fluidos, um rigoroso balanço de energia

e com uma detalhada análise de transferência de calor, o PIPEPHASE é uma

ferramenta flexível para avaliação de fluxos monofásicos e multifásicos, modelagem

de redes de poços conectados, tubulações e instalações associadas.

A depleção do reservatório também pode ser analisada neste simulador, o que pode

ser feito através de curvas de declínio, enquanto que, as condições de operação da

instalação podem ser mudadas com o tempo para que se possa refletir sobre a

estratégia de desenvolvimento do campo.

A Figura 3.4 mostra uma das telas de trabalho no simulador PIPEPHASE.

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Figura 3.4 - Exemplo de tela de trabalho no simulador PIPEPHASE.

3.5.2 OLGA2000

O simulador OLGA2000 é um programa sofisticado de simulação dinâmica, que com

precisão modela escoamentos multifásicos em poços, tubulações e instalações de

processo.

Soluções em regime permanente dão o gradiente de pressão do oleoduto e a vazão

líquida a uma taxa de fluxo constante, mas não cobre as características do

escoamento dinâmico importantes e as instabilidades vistas durante a operação.

Para avaliar ambientes de produção como na partida, parada, descargas, mudanças

de taxa e “pigging”, utiliza-se um simulador multifásico em regime transiente.

A produção eficiente envolve o transporte multifásico de óleo, gás e água do

reservatório, por poços e tubulações, para as instalações de processo. O OLGA2000

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modela o fluxo de produção usando simulações complexas que predizem o

comportamento do escoamento.

A Interface gráfica permite um eficiente fluxo de trabalho, pois dá fácil acesso ao

usuário visualizar e traçar seus projetos em configurações 2D/3D. O software pode

ser usado em estudos de viabilidade, estudos conceituais e projetos detalhados,

essenciais para definir procedimentos operacionais e esquemas de controle.

Exemplos de aplicação:

• Transiente termohidráulico durante a partida e parada;

• Projeto ótimo para máximo envelope operacional;

• Processo e projeto de sistema de controle;

• Segurança do fluxo, pesquisa de hidratos, parafinas, corrosão, emulsão,

escalas e areia;

• Inventário líquido durante “pigging” e mudanças de taxa de produção.

Sistemas de escoamentos que podem ser modelados

• Óleo e fluxo de gás natural;

• Gás úmido e linha de fluxos de condensado;

• Fluxo nos poços;

• Linhas de fluxo da fase densa;

• Linha de fluxo de fase única de gás ou líquido;

• Experiências de laboratório.

Simulações transientes identificam instabilidades e problemas de escoamento,

dando um melhor entendimento do desempenho global do poço, possibilitando uma

maior recuperação total. A utilização de uma ferramenta de análise transiente torna-

se mais valiosa nas seguintes fases:

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No planejamento, análise e projeto de característic as cruciais

• Elevação de gás;

• Escoamentos;

• Cálculos térmicos, análise de formação de hidratos e parafinas;

• Acumulação de água, corrosão e seleção de material;

• Controle da curva de elevação para ambos os tipos de escoamentos

permanente e transiente.

Na Fase de Operação

• Previsão de problemas de escoamentos e instabilidades, lista de

dificuldades e ações corretivas apropriadas;

• Previsão da carga de líquido;

• Listagem de dificuldade operacional;

• Procedimentos operacionais (partida e fechamento de poço);

• Otimização da elevação artificial.

A Figura 3.5 mostra uma tela de trabalho no simulador OLGA2000.

3.5.3 ECLIPSE

O simulador Eclipse é uma poderosa ferramenta computacional para a análise

de reservatórios de petróleo. Permite a modelagem dos fluidos do reservatório sob

diferentes condições, o que torna os resultados mais reais.

O programa oferece dois modelos diferentes para a análise dos fluidos do

reservatório. Um deles é o “black oil”, que consiste em modelar os hidrocarbonetos

como uma mistura de três componentes (óleo, água e gás) em três fases (líquido

gás e gás em solução), podendo estes componentes ser miscíveis em diversas

proporções. Este modelo é utilizado quando as reservas de óleo e a quantidade de

óleo recuperável necessitam ser determinadas, mas a influência da composição das

fases no comportamento do fluxo não é considerada.

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Figura 3.5 - Tela de trabalho no simulador OLGA2000.

Através deste software é possível também a simulação de sistemas com mais de

quatro componentes, onde este quarto componente pode vir da injeção de fluidos

que sejam miscíveis aos hidrocarbonetos do reservatório.

O modelo composicional do ECLIPSE é útil quando uma equação de estado é

requerida para descrever o comportamento fluido da fase do reservatório ou as

mudanças composicionais associadas com a profundidade. Este modelo é a escolha

correta para estudar condensados, óleos muito voláteis, programas da injeção do

gás e estudos secundários da recuperação. O conhecimento do comportamento

composicional é requerido também para o exato planejamento e projeto das

instalações de produção de superfície.

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Por causa das densidades, das elevadas viscosidades e da física complicada

envolvida quando mudanças maciças ocorrem na temperatura do reservatório e na

energia calorífica, métodos térmicos avançados de recuperação são requeridos

tipicamente para o óleo pesado, extra-pesado e reservatórios de betume, diante

desses fatores, o Eclipse oferece também um módulo para simulação térmica do

reservatório.

A simulação térmica feita pelo Eclipse, utiliza uma hierarquia implícita e multinível

para gerar um modelo de fluxos cruzados (“crossflow”) do poço para um maior

realismo da simulação. Isto permite a análise do óleo, do gás, da água e dos

comportamentos dos sólidos (útil com reações químicas), assim como modelos de

óleo morto ou óleo vivo.

O simulador ECLIPSE modela o fluxo do vapor e dos líquidos, o fluxo da água

quente ou fria, combustão in situ e qualquer outro fenômeno térmico, incluindo óleos

espumosos.

A Figura 3.6 mostra uma simulação em 3D realizada no Eclipse.

Figura 3.6 - Simulação de um reservatório realizada no

simulador Eclipse.

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3.6 O SIMULADOR COMPUTACIONAL PIPESIM

O Pipesim é uma ferramenta computacional para análise de sistemas de produção

de óleo e gás em regime permanente. O software possui módulos individuais que

podem ser usados para uma larga escala de aplicações, incluindo: modelagem de

poços, análise nodal, otimização da elevação artificial, modelagem de instalações de

produção e de tubulações bem como planejamento de exploração de um campo

produtor.

Oliveira (2003) diz que estes módulos permitem as seguintes opções de análise para

um sistema de produção:

• Sistema de Perfis de Temperatura e Pressão (“System Temperature and

Pressure Profiles”) – Permite que o perfil de pressão e temperatura seja

determinado ao longo de todo o sistema. Ambos os perfis são gerados nó a

nó;

• Análise do Sistema (“System Analysis”) – Este módulo permite uma análise

operacional, na qual o usuário pode variar as condições de operação do

sistema, caso a caso, de acordo com a análise de sensibilidade;

• Análise Nodal (“Nodal Analysis”) – O Pipesim foi concebido como uma

ferramenta de análise nodal, em vez de apenas fornecer soluções para um

único ponto dos problemas individuais de fluxo, o modelo permite ao

usuário realizar estudos de sensibilidade e gerar curvas de desempenho do

sistema. Tais técnicas de análises gráficas do sistema são essenciais em

modelagem de desempenho de poços e otimização de sistemas complexos

de dutos;

• Comparação entre Correlações de Fluxo (“Flow Correlation Matching”) –

Módulo utilizado para determinar as corretas correlações a serem utilizadas

através da comparação com dados PVT;

• Interface com Dados de Simuladores de Reservatórios (“Reservoir Tables”)

– Permite ao usuário gerar curvas com dados de entrada provenientes de

um simulador de reservatórios. Estes dados suprem o simulador com as

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informações necessárias para definir a pressão no fundo do poço, na

coluna de produção e na cabeça do poço como função da vazão, razão

gás/óleo, razão água/líquido (“watercut”), pressão na superfície e vazão de

injeção de “gas-lift”, onde aplicável;

• Comprimento Ótimo para Completação Horizontal (“Optimum Horizontal

Completion Length”) – Permite ao usuário determinar o comprimento

econômico de produção de uma “completação” horizontal;

• Desempenho de Elevação Artificial (“Artificial Lift Performance”) – Permite

ao usuário realizar análises de desempenho do sistema quando este

encontra-se equipado com métodos artificiais de elevação. O Pipesim

permite a modelagem de instalações equipadas com sistemas de GLC e

BCS.

O Pipesim possui um módulo destinado especialmente para a modelagem de

desempenho de elevação artificial (“Artificial Lift”). Esta opção permite ao usuário

analisar os efeitos da aplicação de um sistema de elevação artificial. É possível

modelar sistemas que operam por: bombeio mecânico, bombeio centrífugo

submerso e o “gas-lift” contínuo.

Assim como no Eclipse, o Pipesim possui dois modelos para a caracterização dos

fluidos. Um destes modelos é o “black oil” e o outro é o Composicional. Para o

modelo “black oil”, correlações empíricas precisam ser utilizadas para determinar os

parâmetros que não podem ser obtidos por meio de medição física. Para isto, faz-se

o uso dos parâmetros que podem se obtidos através de análises PVT. Estes dados

devem ser utilizados para ajustar as curvas das correlações empíricas, o que

permitirá uma correta seleção das correlações que melhor representam o sistema.

A Figura 3.7 mostra o ambiente de trabalho no simulador Pipesim.

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Figura 3.7 - Ambiente de trabalho no simulador Pipesim.

A Figura 3.8 mostra como é feita a caracterização dos fluidos através do modelo

“black oil”.

Figura 3.8 - Caracterização de um modelo “black oil” no Pipesim.

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A Figura 3.9 mostra como é feita a caracterização dos fluidos de petróleo através da

modelagem Composicional, onde a fração dos componentes do fluido modelado são

os dados de entrada.

Figura 3.9 - Caracterização de um modelo Composicional no Pipesim.

Módulos avançados

O Pipesim possui módulos avançados de simulação que são: “Network”, “Well

Performance Analysis” e o “Pipeline and Facilities”.

• Módulo de Análise de Redes (“Network”) – Através deste módulo é

possível modelar redes complexas que podem incluir vários poços de

coleta, distribuição ou injeção de fluidos no reservatório;

• Módulo de Análise de Desempenho de poços (“Well Performance

Analysis”) – Este módulo é usado para analisar o desempenho de

sistemas compostos por um único poço;

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• Módulo de Análise de Tubulações e Instalações de Superfície (“Pipeline

and Facilities”) – Através deste módulo são realizadas modelagens para

análise de sistemas de injeção de gás (“gas-lift”), bombeio centrífugo

submerso e bombeio mecânico, o que permite otimizar a aplicação de

cada método de elevação.

A Figura 3.10 mostra uma tela de trabalho no Pipesim onde um envelope de

fases foi traçado.

Figura 3.10 - Ambiente de trabalho no Pipesim mostrando um envelope de fases traçado.

A Figura 3.11 mostra uma tela de trabalho onde dados foram gerados através de

uma simulação.

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Figura 3.11 - Tela de trabalho mostrando dados gerados em uma simulação.

A Figura 3.12 mostra a utilização do módulo de análise de redes.

Figura 3.12 - Tela de trabalho mostrando a utilização da análise de redes.

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CAPÍTULO 4 – ESCOAMENTO MULTIFÁSICO NA PRODUÇÃO DE

PETRÓLEO

4.1 MISTURAS MULTIFÁSICAS COM MULTICOMPONENTES

Normalmente é esperado que os fluidos produzidos de um reservatório de petróleo

apresentem-se sob a forma de uma mistura multifásica, composta na maioria das

vezes por óleo, gás e água e, ocasionalmente, certa quantidade de areia também

pode vir a ser produzida. Ao longo do caminho percorrido por esses fluidos desde o

reservatório até as instalações de produção, não só, depósitos orgânicos, tais como,

parafinas e hidratos de gás podem se formar, mas também, depósitos inorgânicos,

como incrustações de sulfato de bário, Oliveira (2003).

Os fluidos de petróleo são compostos orgânicos de carbono e hidrogênio, podendo

apresentar átomos de enxofre, nitrogênio e oxigênio. A composição química destes

fluidos depende de vários fatores, entre eles da profundidade do reservatório e das

características da bacia sedimentar que os contém. Se as cadeias moleculares

existentes forem pequenas, os fluidos se apresentarão sob uma forma gasosa, caso

as cadeias sejam grandes, um óleo mais pesado e viscoso se apresenta.

O estado em que o petróleo se apresenta na formação depende da composição

química do mesmo bem como das características de pressão e temperatura do

reservatório, podendo então ser encontrado no estado monofásico (óleo com todo

gás dissolvido na fase líquida) ou bifásico (óleo e gás livre), Oliveira (2003).

Na indústria do petróleo, não se faz uma rigorosa distinção entre fase e componente,

pois em uma mistura de óleo (fase líquida), gás (fase gasosa) e água (fase líquida),

diz-se estar diante de uma mistura multifásica, apesar de que, na realidade, tem-se

uma mistura bifásica de multicomponentes.

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4.2 TIPOS DE RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO

Rosa et al. (2006) diz que os reservatórios de petróleo podem ser classificados

quanto aos fluidos neles contidos. Dessa forma pode-se dizer que existem

reservatórios de líquido, também chamados de reservatórios de óleo, reservatórios

de gás e reservatórios com as duas fases em equilíbrio. De maneira geral, as

acumulações podem ser separadas em reservatórios de óleo ou reservatórios de

gás, o que vai depender se a temperatura for maior ou menor do que a temperatura

crítica da mistura.

Quando os hidrocarbonetos presentes na acumulação encontram-se no estado

gasoso, diz-se ter um reservatório de gás, mas quando esses hidrocarbonetos

apresentam-se na fase líquida ou numa mistura bifásica de gás e líquido, diz-se ter

um reservatório de óleo.

De acordo com a redução do volume do líquido em decorrência da liberação do gás

associado ao mesmo, causada pela passagem do fluido das condições de

reservatório para as condições de superfície, o óleo pode ser classificado em óleo

de baixa contração e óleo de alta contração. A contração se deve basicamente à

liberação das frações mais leves (geralmente o etano, o metano, o propano, etc), de

onde se conclui que misturas com grandes percentuais de frações leves apresentam

alta contração, enquanto que misturas que apresentam percentuais pequenos,

sofrem menor contração. Os hidrocarbonetos mais leves são chamados também de

mais voláteis, logo, óleos de alta contração, também são chamados de óleos

voláteis, Rosa et al. (2006).

O comportamento de um reservatório, no que tange às características dos fluidos

nele contido, pode ser descrito, de forma aproximada, através de um diagrama de

fases (P x T) para um sistema de vários componentes, sendo P a pressão e T a

temperatura.

A Figura 4.1 mostra um diagrama de fases dos fluidos presentes em um reservatório

de petróleo. Na figura, o termo “bubble point” refere-se ao ponto de bolha, isto é o

ponto onde a primeira bolha de gás começa a aparecer; e “dew-point” ao ponto de

orvalho, onde a última bolha de gás passa para a fase líquida.

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Figura 4.1 - Diagrama de fases dos fluidos presentes em um reservatório de petróleo.

Fonte: Oliveira (2003)

Segundo Rosa et al. (2006) e McCain (1990), de acordo com o diagrama de fases

de um sistema multicomponente e as condições de pressão e temperatura, cinco

tipos de fluidos podem ser encontrados nos reservatórios, o que permite classificá-

los em:

• Reservatório de óleo do tipo “black oil”;

• Reservatório de óleo volátil;

• Reservatório de gás seco;

• Reservatório de gás úmido;

• Reservatório de gás condensado retrógrado (o termo retrógrado é usado

devido ao fenômeno de vaporização, quando de uma expansão

isotérmica, ao invés de uma condensação).

O ponto crítico (PC) representa o ponto que separa a curvas de ponto de bolha

(“bubble point) e ponto de orvalho (“dew point”) e passa a ser definido como o ponto

onde as propriedades do gás e do líquido tornam-se idênticas.

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Aquelas misturas que não se classificam nem como de alta contração nem como de

baixa contração recebem o nome de óleo normal ou “black oil”. Oliveira (2003) diz

que tais óleos são caracterizados por possuírem um grau de encolhimento pequeno,

grau API menor que 45, razão gás-óleo (RGO) inicial inferior a 400 m³/m³ e fator

volume formação (Bo) inferior a 2 m³/m³. Na abordagem numérica chama-se de

modelagem “black oil” aquela que pode ser assumida uma composição constante

para o óleo durante sua vida produtora.

A abordagem “black oil” é largamente utilizada na prática e a grande maioria dos

estudos de simulações de reservatório e de escoamento adotam esta modelagem

simplificada. Nesse tratamento para determinação das propriedades das misturas,

os componentes são traduzidos por propriedades intrínsecas, dependentes do

estado termodinâmico ocorrente, em combinação com formulações relacionais que

traduzem o grau de mistura existente entre tais componentes e suas conseqüências

na determinação das propriedades da mistura.

Oliveira (2003) apresenta uma tabela que relaciona algumas faixas de valores

correspondentes aos principais parâmetros utilizados para caracterizar um óleo do

tipo “black oil”.

Tabela 4.1 - Intervalo de valores dos parâmetros “black oil”.

Parâmetros Intervalos

Densidade API 25,7 a 55,9 °API

Razão Gás-Óleo Produzido (RGO) 261 a 46139 scf / Std

Densidade do Gás Produzido (γgt) 0,618 a 0,931

Razão Água-Óleo Produzido (RAO) 0 a 0,153 Std / Std

Fonte: Oliveira (2003)

Quando outros parâmetros precisam ser usados para a modelagem do escoamento

de óleo do tipo “black oil”, faz-se o uso de correlações empíricas para a

determinação dos mesmos. A Tabela 4.2 lista, a título de exemplificar, o conjunto

completo de propriedades requeridas numa caracterização do tipo “black oil”, a

denominação e os símbolos utilizados para tais propriedades e ainda, as correlações

mais largamente utilizadas na determinação de algumas dessas propriedades,

Oliveira (2003).

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Tabela 4.2 - Propriedades dos fluidos e correlações PVT.

Propriedade Símbolo Método / Correlação

Fator volume de formação do óleo Bo Standing e Vazquez-Beggs

Fator volume de formação do gás Bg Z

Fator volume formação da água Bw Gould

Solubilidade do gás no óleo Rs Lasater, Standing e Vazquez-Beggs

Solubilidade do gás na água Rsw Katz

Fator de compressibilidade do gás Z Hall-Yarborough

Viscosidade do gás µg Lee et al.

Viscosidade do óleo µo Beggs-Robinson e Vazquez-Beggs

Viscosidade do líquido µl Equação

Viscosidade da água µw Van Wingen

Densidade do gás dissolvido γgd Katz

Densidade do gás produzido γgt Valor fornecido

Densidade da água γw Valor fornecido

Densidade do óleo γo Equação API

Massa específica do líquido ρl Equação

Tensão interfacial gás-óleo σο Baker-Swerdloff

Tensão interfacial gás-água σw Hough-Rzasa

Tensão interfacial gás-líquido σl Equação

Pressão crítica do gás Pc Brown

Temperatura crítica do gás Tc Brown

Grau API do óleo API Valor fornecido

Razão gás-líquido de produção RGL Valor fornecido

Razão água-líquido de produção WC Valor fornecido

Pressão de saturação do óleo Pb Lasater, Standing e Vazquez- Beggs

Compressibilidade do óleo Co Vazquez-Beggs

Densidade do gás livre γfg Balanço de material

Fonte: Oliveira (2003).

A Tabela 4.3 mostra algumas das correlações para fluxo vertical multifásico

presentes na literatura bem como a aplicabilidade de cada uma.

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Tabela 4.3 - Correlações de fluxo vertical multifásico.

Correlação Poços verticais

Poços de óleo altamente desviados

Poços de gás/condensado

Dutos de óleo

Dutos de gás/condensado

Duns & Ros Sim Sim Sim Sim Sim

Orkiszewski Sim X Sim X X

Hagedorn & Brown Sim X Sim X X Beggs & Brill Revised Sim Sim Sim Sim Sim

Beggs & Brill Original

Sim Sim Sim Sim Sim

Mukherjee & Brill Sim Sim Sim Sim Sim Govier, Aziz& Forgasi

Sim Sim Sim Sim Sim

NoSlip Sim Sim Sim Sim

OLGAS Sim Sim Sim Sim Sim

Ansari Sim X Sim X X BJA for Condensates

X X Sim X Sim

AGA & Flanigan X X X X Sim

Oliemans X X X Sim Sim

Gray X X Sim X X

Gray Modified X X Sim X X

Xiao X X X Sim Sim Fonte: Banco de dados do Pipesim.

As correlações de fluxo vertical são utilizadas para caracterizar e determinar as

perdas de pressão e os mapas de fluxo ao longo da coluna de produção. Foram

desenvolvidas empiricamente para facilitar os cálculos de fluxo multifásico.

Segundo Oliveira (2003) e Thomas (2004) estas correlações podem ser

classificadas em três grupos, que são:

• Correlações do Tipo I

Estas correlações não consideram nem o escorregamento existente entre as

fases nem os vários padrões de fluxo. A densidade da mistura é determinada

em função da razão gás-líquido total, uma vez que considera o gás e o

líquido escoando a uma mesma velocidade. As correlações amplamente

difundidas na literatura e propostas por Poetmann & Carpenter, Baxendell &

Thomas e Fancher & Brown são todas desse Tipo I.

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• Correlações do Tipo II

Neste tipo de correlação é considerado o escorregamento entre as fases,

porém é desprezado o regime de fluxo. Os volumes ocupados pelo gás e pelo

líquido devem ser determinados para cada ponto, uma vez que se deslocam

a velocidades diferentes. As correlações encontradas na literatura e

propostas por Hagedorn & Brown, Gray & Asheim são todas desse Tipo II.

• Correlações do Tipo III

Além do escorregamento entre as fases, estas correlações consideram

também, o padrão de fluxo existente. A partir da determinação do padrão de

fluxo para cada ponto, são calculados todos os outros parâmetros

relacionados com a densidade média dos fluidos e os fatores de fricção. As

correlações encontradas na literatura e propostas por Duns & Ros,

Orkiszewski, Aziz, Grovier & Fogarasi, Chierici, Ciucci & Sclocchi, Beggs &

Brill e Mukherjee & Brill são classificadas como sendo do Tipo III.

4.3 FLUXO NO MEIO POROSO

Para caracterizar a capacidade de fluxo de um poço, utiliza-se um parâmetro

chamado Índice de Produtividade (IP), que é definido pela seguinte expressão:

PwPe

qIP

−= (4.1)

onde, q – vazão de produção medida na região dos canhoneados;

Pe – Pressão estática (ou média) do reservatório;

Pwf – Pressão de fluxo no fundo do poço.

O índice de produtividade pode ser utilizado para estimar a vazão do poço para

diferentes pressões de fluxo, correspondentes a diferentes aberturas nos

reguladores de fluxo (chokes).

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O valor do IP pode ser estimado através de testes de fluxo realizados no poço.

Quando os fluidos chegam às instalações de superfície, o fluido produzido durante o

teste passa pelos equipamentos reguladores de fluxo, estes, podem ser fixos ou

ajustáveis, dependendo das características de controle requeridas. As vazões do

teste e as pressões na cabeça do poço são controladas pela restrição imposta ao

fluxo, Thomas (2004).

A equação 4.1 pode ser rescrita da seguinte forma:

IP

qPePwf −= (4.2)

Considerando que o índice de produtividade permaneça constante,

independentemente da vazão de líquido, a equação acima é representada por uma

linha reta, denominada de IPR (“Inflow Performance Relationship”).

Esta curva é conhecida como modelo linear e é adequada para representar o

escoamento monofásico no reservatório, o qual ocorre quando o fluido encontra-se a

uma pressão acima da pressão de bolha. Nestas condições o gás presente está

completamente dissolvido no óleo e o reservatório é caracterizado como sendo

subsaturado.

A Figura 4.2 mostra uma típica curva de IPR para o modelo linear.

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Figura 4.2 - Curva de IPR para reservatórios saturados -

modelo linear.

O ponto onde a curva de IPR intercepta a abscissa (vazão de produção) é conhecido

como “potencial do poço” ou AOFP (“Absolute Open Flow Potential”). Este ponto

representa a máxima vazão do reservatório para pressão de fluxo no fundo igual a

zero. Porém, esta vazão é apenas teórica, pois na prática não é possível reduzir a

pressão de fluxo no fundo a zero, já que um gradiente de pressão é necessário para

permitir o escoamento no interior da coluna de produção, Nascimento (2005).

Thomas (2004) diz que o modelo de IPR linear não se aplica quando as pressões no

meio poroso estão abaixo da pressão de saturação do óleo, pois neste caso o gás

sai de solução aumentando a saturação. Neste caso, se faz necessária a utilização

do modelo de Vogel, que é representado pela seguinte equação:

2

max

8,02,01

−=Pe

Pwf

Pe

Pwf

q

q (4.3)

onde, qmax – vazão máxima de produção (AOFP).

O modelo de Vogel é aplicado em reservatórios de gás em solução com pressão

igual ou abaixo da pressão de saturação, considerando somente o fluxo bifásico de

óleo e gás, mas também pode ser aplicado satisfatoriamente em reservatórios que

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operam por capa de gás ou fraco influxo de água, desde que a percentagem de

água não seja muito elevada, Thomas (2004).

A Figura 4.3 mostra uma típica curva de IPR para o modelo de Vogel.

Figura 4.3 - Curva de IPR para reservatórios subsaturados -

modelo de Vogel.

Caso a pressão estática Pe seja menor que a pressão de saturação Psat , deve-se

analisar o potencial do reservatório utilizando uma curva de Vogel. Porém, se a Pe é

maior que a Psat é necessário utilizar uma curva composta (IPR Linear + Vogel),

Nascimento (2005).

Na análise das curvas IPR, observa-se o diferencial de pressão necessário para o

fluxo de fluidos do reservatório para o poço possa ocorrer. Portanto, ocorrerá fluxo

do meio poroso para o poço, quando Pwf for menor que Pe .

Nascimento (2005) diz que a escolha do melhor método de elevação para um poço

está associada ao estudo da capacidade de produção atual do reservatório, o

desempenho futuro de produção do mesmo entre muitos outros fatores. O bom

conhecimento destes parâmetros através das curvas de IPR implica na realização

de projetos sem superdimensionamento dos equipamentos de produção e sem

limitações ou restrições ao fluxo.

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61

4.3 FLUXO NA COLUNA DE PRODUÇÃO

Para que os fluidos cheguem até os separadores na superfície, é necessário que a

pressão de fluxo no fundo do poço seja suficiente para vencer a coluna hidrostática

do fluido na coluna de produção, as perdas por fricção, as perdas nas restrições

(regulador de fluxo, válvulas, etc.), as perdas na linha de produção e a pressão nos

equipamentos de separação.

O gradiente de pressão dentro da coluna de produção, quando em fluxo, é o

resultado da soma do gradiente devido à elevação, do gradiente devido à fricção e

do gradiente devido à aceleração. O gradiente devido à elevação corresponde ao

gradiente hidrostático do fluido que está escoando e é função unicamente da sua

densidade, já o gradiente devido à fricção existe sempre que houver movimentação

de fluidos e depende das características dos fluidos, do diâmetro e da rugosidade da

coluna de produção bem como da vazão, Thomas (2004).

O gradiente devido à aceleração depende da quantidade de gás produzida, pois

quando a razão gás-líquido for baixa, poderá considera-se ter o escoamento de um

fluido incompressível, onde não haverá variação de velocidade no interior da

tubulação, o que tornará esse gradiente nulo.

A Figura 4.4 mostra uma curva de IPR interceptada pela curva de TPR (“Tubing

Pressure Requirement”). O ponto de intercessão representa o ponto de no qual o

sistema deve operar e depende das características do poço e do reservatório.

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Figura 4.4 - Oposição de solicitações no fundo do poço

4.3.1 Padrões de Fluxo Vertical Multifásico

Segundo Thomas (2004), quando o fluido sai do reservatório, este possui certa

quantidade de gás em solução e vem acompanhado de gás livre e água. Sendo

assim, a determinação do gradiente de pressão é uma tarefa complicada, uma vez

que ocorre um fluxo multifásico complexo e difícil.

A diferença de velocidade entre as fases e a geometria das fases líquida e gasosa

são os fatores determinantes para a classificação dos regimes de fluxo multifásico.

Os padrões de fluxo geralmente aceitos para o fluxo vertical multifásico são: bolha,

golfada, transição (caótico) e anular nevoeiro, conforme mostrado na Figura 4.5.

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Figura 4.5 - Padrões de fluxo vertical multifásico

Fonte: Oliveira (2003).

O padrão de fluxo tipo bolha ocorre geralmente próximo ao fundo do poço, pois é

onde ocorrem as maiores pressões na coluna de produção. Neste padrão de fluxo, a

fase gasosa encontra-se dispersa na fase líquida sob a forma de pequenas bolhas.

À medida que a mistura se eleva na coluna, ocorre uma redução na pressão e

conseqüente liberação dos gases dissolvidos na fase líquida. Com o aumento das

bolhas de gás, ocorre o coalescimento dessas bolhas, formando-se então bolsões

de gás separados por golfadas de líquidos.

Com a contínua elevação pela coluna de produção, menores pressões são

alcançadas, a velocidade do líquido aumenta uma maior quantidade de gás encontra

fora de solução. A golfada de líquido então, tende a desaparecer e uma quantidade

significativa de líquido encontra-se disperso na fase gasosa. O gás com o líquido em

suspensão tende a se movimentar mais rapidamente pelo centro da coluna,

enquanto a fase líquida tende a aderir às paredes da coluna de produção, formando

um anel. Apesar de a fase líquida ainda influenciar no escoamento e no gradiente de

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pressão, neste padrão de fluxo tipo transição, efeito da fase gasosa é muito mais

pronunciado, Thomas (2004).

Posteriormente, a quantidade de gás dissolvido e a velocidade do gás liberado são

tais, que a fase líquida, apesar de ainda existir molhando as paredes da coluna, não

influencia o gradiente de pressão, que agora é totalmente dependente da fase

gasosa.

Dependendo das características dos fluidos produzidos, das pressões envolvidas e

das profundidades dos poços, podem ocorrer mais de um padrão de fluxo no mesmo

poço.

4.4 FLUXO NA SUPERFÍCIE

Esta etapa corresponde ao deslocamento do fluido desde a cabeça do poço até os

equipamentos de separação. Da mesma forma como na coluna de produção, nesta

etapa de fluxo a pressão também irá diminuir continuamente, fazendo com que as

propriedades dos fluidos tenham que ser calculadas ponto a ponto.

Considerando a geometria das fases e o grau de escorregamento entre o gás e o

líquido, os padrões de fluxo horizontal mais aceitos são: segregado, intermitente e

distribuído, isto segundo o aumento da velocidade, tal como mostrado na Figura 4.6.

Thomas (2004) diz que a determinação do padrão de fluxo é muito importante para o

cálculo do gradiente de pressão, pois mudando a geometria das fases, altera-se,

principalmente, o gradiente devido à fricção. Algumas correlações para fluxo

horizontal multifásico foram desenvolvidas com equações específicas para cada

regime de fluxo, uma abordagem mais aprofundada sobre este assunto foge ao

escopo deste trabalho.

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Figura 4.6 - Padrões de fluxo horizontal multifásico

Fonte: Oliveira (2003).

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CAPÍTULO 5 – MÉTODOS DE ELEVAÇÃO DE PETRÓLEO

Durante o processo de exploração de um reservatório de petróleo, vários são os

métodos empregados para trazer à superfície os fluidos presentes na formação.

Um parâmetro fundamental para a escolha do método de elevação é a pressão

estática do reservatório, que define se a elevação se dá tão somente pela energia

natural do reservatório (conhecida como surgência) ou se métodos artificiais são

necessários para complementar essa energia e elevar os fluidos desde o fundo do

poço, até as instalações de produção.

5.1 ELEVAÇÃO NATURAL OU SURGÊNCIA

No início da vida produtiva de um reservatório, normalmente, a produção dos fluidos

(água, óleo e gás) se dá unicamente pela energia contida na jazida, energia esta

que permite aos hidrocarbonetos alcançar as instalações de processamento primário

(separadores, tratadores e tanques).

Porém, com o aumento da produção acumulada de hidrocarbonetos, naturalmente,

ocorre uma diminuição da pressão estática do reservatório, que a partir de certo

momento, não é mais capaz de elevar os fluidos até às instalações de produção de

maneira economicamente viável ou conveniente, Thomas (2004).

Segundo Thomas (2004), poços que operam com elevação natural, apresentam

maiores vazões de líquidos e menos problemas operacionais do que aqueles que

operam com elevação artificial, isto devido à maior simplicidade dos equipamentos

instalados, o que torna o custo por unidade de volume produzido menor. A Figura

5.1 mostra um esquema de um poço operando por surgência.

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Figura 5.1 - Esquema de um poço operando por surgência

Fonte: Nascimento (2005).

5.2 MÉTODOS ARTIFICIAIS DE ELEVAÇÃO

Atualmente, muitos são os métodos artificiais usados para a elevação de petróleo. A

escolha do método de elevação mais apropriado para um poço deve levar em

consideração diversos parâmetros, dentre eles, as características do poço em que

será instalado, o teor de areia produzido, a razão gás/líquido, a viscosidade dos

fluidos produzidos, profundidade do reservatório entre outros, além de conhecer

profundamente cada método que possivelmente pode ser aplicado.

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5.2.1 Bombeio Centrífugo Submerso

O método de Bombeio Centrífugo Submerso (BCS) consiste na suplementação da

energia natural do reservatório através de uma bomba centrífuga de múltiplos

estágios localizada no fundo do poço.

A energia é transmitida ao fundo do poço através de um cabo elétrico e lá é

transformada em energia mecânica através de um motor de subsuperfície que está

diretamente conectado a uma bomba centrífuga. Esta transfere energia ao fluido, o

que permite ao mesmo atingir as instalações de produção.

Segundo Thomas (2004), o BCS era utilizado basicamente em poços que produziam

a altas vazões sob a influência de influxo de água (mecanismo de produção do

reservatório que utiliza o aqüífero como meio de manter a pressão original do

mesmo), ou seja, poços que produzem alto teor de água com baixa razão gás-óleo.

Atualmente, este método vem se expandindo pela crescente flexibilidade dos

equipamentos disponíveis e já opera em poços com altas temperaturas e altas

viscosidades.

A Figura 5.2 mostra o esquema de um poço operando pelo método de bombeio

centrífugo submerso.

Figura 5.2 - Esquema de poço equipado com BCS

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5.2.1 Bombeio Mecânico

É o método de elevação artificial mais utilizado em todo o mundo. Consiste na

transformação do movimento rotativo de um motor elétrico, ou de combustão interna,

em movimento alternativo por uma unidade de bombeio localizada próxima à cabeça

do poço.

Uma coluna de hastes é utilizada para transmitir o movimento alternativo a uma

bomba localizada no fundo do poço, onde a mesma transmite energia de pressão

aos fluidos, permitindo-lhes alcançar as instalações de produção, Thomas (2004).

Nascimento (2005) relaciona algumas vantagens desse método de elevação:

• Flexibilidade de vazão e profundidade (atua com médias vazões para

poços rasos e baixas vazões para poços profundos);

• Boa eficiência energética;

• Possibilidade de trabalhar com fluidos de diferentes composições e

viscosidades;

• Simplicidade de operação, manutenção e projeto de novas instalações;

• Pode sofrer mudanças na capacidade de bombeio dependendo das

condições do poço;

• Menor custo/produção ao longo da vida produtiva do poço.

Thomas (2004) diz que este método é razoavelmente problemático em poços que

produzem areia, em poços desviados e em poços onde parte do gás passa pela

bomba, devido ao desgaste das partes móveis e da camisa da bomba. A Figura 5.3

mostra o esquema de um poço operando através de um sistema de bombeio

mecânico.

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Figura 5.3 - Esquema de um poço operando com Bombeio Mecânico

Fonte: Nascimento (2005).

5.2.2 Bombeio por Cavidades Progressivas

O bombeio por cavidades progressivas (BCP) consiste na elevação dos fluidos da

formação através de uma bomba de cavidades progressivas do tipo deslocamento

positivo. É composta basicamente por um rotor e um estator e possui uma geometria

tal, que se formam uma série de cavidades hermética idênticas, Thomas (2004).

O rotor recebe movimento de uma coluna de hastes, que por sua vez é

movimentada por um motor elétrico localizado na cabeça do poço. Quando o rotor

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se movimenta, uma série de cavidades são formadas pelo estator, o que faz o fluido

se deslocar da sucção para a descarga.

A Figura 5.4 mostra um poço equipado com BCP.

Figura 5.4 - Esquema de um poço equipado com BCP

Fonte: Nascimento (2005).

5.3 “ GAS-LIFT”

O método de injeção de gás é largamente utilizado na produção de petróleo e tem

como objetivo, diminuir a densidade média do fluido na coluna de produção, fazendo

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com que a pressão de fluxo no fundo do poço necessária ( Pwf ) diminua,

aumentando-se assim a vazão de produção.

Normalmente o gás é injetado no espaço anular existente entre o revestimento e a

coluna de produção, ingressando para o interior da coluna através das válvulas

presentes em equipamentos conhecidos como mandris, que se encontram

adequadamente instalados e posicionados ao longo da coluna, Plucênio (2003).

É um método bastante versátil em termos de vazão (1 a 1700m³/dia) e de

profundidade (até 2600 m, dependendo da pressão do gás de injeção). É adequado

para poços que produzem fluidos com alto teor de areia e/ou elevada razão gás-

líquido, além de exigir investimentos relativamente baixos para poços profundos,

Thomas (2004).

5.3.1 Tipos de “Gas-Lift”

Existem dois tipos de sistema de “gas-lift”, o contínuo e o intermitente. Nas

simulações realizadas neste trabalho, será utilizado somente o método de elevação

por “gas-lift” contínuo.

O método de “gas-lift” contínuo consiste na injeção contínua de gás na coluna de

produção com o objetivo de diminuir a densidade média do fluido, fazendo com que

a pressão de fundo diminua, aumentando-se assim a vazão de produção. Para isso,

o gás é injetado de forma contínua e controlada, pois seu desempenho está

estreitamente relacionado às condições de produção do reservatório e às

características de fluxo, aspectos estes que podem variar ao longo da vida produtiva

do reservatório, Spíndola (2003).

O método de “gas-lift” intermitente baseia-se no deslocamento de golfadas de fluido

para a superfície através da injeção de gás a alta pressão na base das golfadas.

Esta injeção possui tempos bem definidos e, normalmente, é controlada por um

intermitor de ciclo e uma válvula controladora (“motor valve”) que se localizam na

cabeça do poço, Thomas (2004).

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Há vários parâmetros que devem ser considerados para escolha entre GLC (“gas-lift”

contínuo) e GLI (“gas-lift” intermitente). A princípio, utiliza-se o seguinte critério: GLC

em poços com IP (índice de produtividade) acima de 1,0 m³/dia/kgf/cm² e pressão

estática suficiente para suportar uma coluna de fluido entre 40% e 70% da

profundidade total do poço. Nos poços com IP e/ou pressão estática baixos, utiliza-

se o GLI, Thomas (2004).

A Figura 5.5 mostra um esquema de operação para poços equipados

respectivamente com GLC e GLI, onde é possível verificar que no GLC, ocorre uma

grande mistura entre o gás injetado e os fluidos que estão sendo produzidos. Já no

GLI, a injeção de gás promove uma grande golfada na base dos fluidos que estão no

poço, fazendo com que os hidrocarbonetos possam subir e atingir a cabeça do poço.

Figura 5.5 - Esquema de poços operando

com GLC e GLI.

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5.3.2 Sistema de “Gas-Lift” Contínuo

A Figura 5.6 mostra um esquema típico de uma instalação de produção operando

com sistema de elevação por injeção contínua de gás. Os principais equipamentos

encontrados neste tipo de instalação são:

• A Formação Produtora;

• As Válvulas de “gas-lift” (Válvulas de Descarga e Operadora);

• O “choke” de Injeção de Gás (válvula responsável pelo controle de fluxo

do gás para o anular);

• O “choke” de Produção (válvula responsável pelo controle de fluxo dos

fluidos na cabeça de produção);

• O Separador Água-Óleo-Gás (equipamento responsável por fazer a

separação primária dos fluidos produzidos pela formação);

• O Compressor;

• A coluna de Produção;

• O Revestimento.

O GLC requer injeção contínua de gás para o interior da coluna de produção, a qual

deve ser proporcional à vazão de líquidos oriundos do reservatório. Para isto, faz-se

o uso de uma válvula com orifício bastante pequeno, o que permite uma maior

mistura entre o gás e os fluidos que estão sendo produzidos, aumentando-se assim

a eficiência do sistema, pois havendo uma maior interação entre os fluidos, mais

uniforme será o escoamento, logo, menor será a densidade média do fluido e

consequentemente menor será a pressão de fluxo no fundo do poço, Thomas

(2004).

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Figura 5.6 - Desenho esquemático de um sistema de elevação por injeção contínua de gás

Fonte: Plucênio (2003).

5.3.3 Partida de um Poço Equipado com “Gas-Lift” Contínuo

Quando um poço equipado com “gas-lift” contínuo é colocado em operação, é

comum encontrar, tanto o anular quanto o interior da coluna, preenchido com fluido

de amortecimento, logo, é preciso fazer a retirada desse fluido. Essa retirada, é um

processo contínuo que consiste na injeção de gás de forma controlada para o

anular, elevando para a superfície o líquido que está no poço, Thomas (2004).

A Figura 5.7 ilustra o processo de descarga de um poço que está com o anular e a

coluna cheios de fluido de amortecimento. O controle de injeção de gás na coluna de

produção é feito através das válvulas de “gas-lift” que podem ser de dois tipos:

operadas por pressão de injeção IPO (“Injection Pressure Operated Valves”) ou

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operadas por pressão na coluna de produção PPO (“Production Pressure Operated

Valves”), Plucênio (2003).

As válvulas são estrategicamente dispostas ao longo da coluna, de tal forma que o

ingresso do gás ocorra de forma seqüencial.

Inicialmente todas as válvulas estão abertas devido à hidrostática do líquido e à

pressão do gás que está sendo injetado. O gás entra na coluna de produção através

da válvula mais próxima da superfície. Com a diminuição do nível de fluido no

anular, a válvula imediatamente abaixo é atingida, o que promove o fechamento da

primeira. A etapa final do processo é quando a válvula localizada mais ao fundo é

atingida, o que a torna a única a operar, por isso é chamada de válvula operadora.

As outras válvulas de “gas-lift” utilizadas no poço são conhecidas como válvulas de

descarga, pois são utilizadas somente para descarregar o poço.

Tudo isto ocorre de forma seqüencial até que todo o fluido de amortecimento seja

totalmente retirado da coluna de produção e do espaço anular. Nestas condições, o

poço está pronto para ser posto em produção.

Figura 5.7 - Etapas básicas para a partida de um poço equipado com “gas-

lift” contínuo.

Fonte: Plucênio (2003).

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5.3.4 Descrição do Funcionamento em Regime Permanen te

A partir do momento em que o sistema opera em regime, o gás normalmente é

injetado no espaço anular. Ao atingir a pressão regulada na válvula operadora de

“gas-lift”, o gás penetra a coluna de produção e sobe juntamente com os fluidos

produzidos, fazendo com que a densidade média dos fluidos que escoam pela

coluna diminua o que permite uma diminuição da pressão de fluxo no fundo do poço

e um aumento no diferencial de pressão entre o fundo do poço e o reservatório, o

que aumentará a vazão de fluidos que poderão ser recuperados. Na superfície, os

fluidos produzidos passam pelo “choke” de produção e seguem, normalmente, para

o separador água-óleo-gás.

A maioria dos poços produz também uma quantidade de gás e juntamente com o

gás que foi injetado são coletados do separador, onde parte segue para o

compressor para ser novamente injetado no anular, parte pode ser queimada no

“Flare” ou seguir para unidades de tratamento de gás (UPGN).

Após passar pelo compressor para ganho de pressão, o gás passa pelo “choke” de

injeção, sendo então injetado no anular. Dentro do espaço anular, a vazão com a

qual o gás é injetado na coluna de produção é controlada através do “choke” de

injeção juntamente com a válvula operadora de “gas-lift”.

De acordo com Plucênio (2003), na maioria das instalações procura-se projetar as

válvulas de descarga de forma que elas mantenham-se fechadas em regime

permanente. Segundo Plucênio (2003), a partir da hipótese de que todo o gás que

entra no tubo de produção passa pela válvula operadora, pode-se traçar um gráfico

com o comportamento da vazão de produção versus vazão de injeção. Na Figura

5.8, é possível notar que, com o aumento da vazão de injeção, aumenta-se a vazão

de produção e que a partir de um determinado ponto de produção máxima, P1, o

aumento da vazão de injeção de gás não aumenta a vazão de produção, pelo

contrário, ocorrerá uma diminuição da vazão mássica produzida.

De acordo com Plucênio (2003), isto decorre do fato de que o aumento da queda de

pressão, devido ao atrito, é maior que a diminuição da queda de pressão devido à

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gravidade, logo, o ganho financeiro com a vazão produzida será menor que o custo

de compressão do gás.

Figura 5.8 - Típica curva de desempenho de elevação para um poço operando via injeção

contínua de gás

Fonte: Plucênio (2003).

5.3.5 Vantagens e Limitações do “Gas-Lift” Contínuo

Segundo Spíndola (2003), a maioria dos poços que requerem elevação artificial

pode ser equipada com “gas-lift” contínuo, mas o sistema torna-se mais eficiente e

menos oneroso, quando utilizado em poços que operam com elevada razão gás-

líquido.

Dentre as principais vantagens do “gas-lift” contínuo, destacam-se:

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1 Para um sistema já instalado, o custo de equipamentos é geralmente mais baixo

que para outras formas de elevação artificial, particularmente para poços

profundos;

2 Em termos de flexibilidade não pode ser comparado com outro método de

elevação. As instalações podem ser projetadas para pequenas ou grandes

profundidades, para produzir de um a milhares de barris por dia;

3 A produção pode ser controlada da superfície;

4 A produção de fluido com material abrasivo não afeta os equipamentos de “gas-

lift” na maioria das instalações;

5 O pouco movimento relativo entre as partes num sistema de “gas-lift” proporciona

uma longa vida útil comparado a outros métodos de elevação;

6 Os custos operacionais são, usualmente, relativamente baixos;

7 O principal equipamento do sistema de “gas-lift” (o compressor de gás) é

instalado na superfície, facilitando a inspeção e manutenção.

E as principais limitações são:

1 Necessidade de gás disponível em altas pressões. Em algumas instâncias, ar,

gases de exaustão e nitrogênio podem ser usados, mas são geralmente mais

caros e mais difíceis de trabalhar;

2 Uma grande distância entre o poço e a fonte de alta pressão de gás pode limitar

seu uso. Esta limitação pode ser contornada, em alguns poços, através do uso

de capa de gás como fonte de gás de elevação e o retorno desse gás para a

capa dando-se através da injeção em outro poço;

3 O gás misturado ao óleo tem que ser separado e tratado na superfície;

4 Gás corrosivo pode aumentar os custos operacionais, sendo necessário tratá-lo

ou secá-lo antes de usá-lo para elevação;

5 Não é indicado para poços que produzem hidrocarbonetos com API abaixo de

15.

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5.3.6 Válvulas de “Gas-Lift”

Conforme Thomas (2004), as válvulas de “gas-lift” são, fundamentalmente, válvulas

reguladoras de pressão introduzidas entre a coluna de produção e o revestimento

para:

• Facilitar a operação de descarga do poço, isto é, a retirada do fluido de

amortecimento (válvulas de descarga);

• Controlar o fluxo de gás que é injetado na coluna de produção (válvulas de

descarga e operadora).

A Figura 5.9 mostra uma válvula de “gas-lift” típica em corte e a maneira como é

disposta na coluna de produção.

Existem diversos tipos de válvulas de “gas-lift” para diversas aplicações. Segundo

Thomas (2004), as válvulas que são utilizadas para descarregar o poço são do tipo

insertáveis, operadas pela pressão no anular. São ditas insertáveis, pois podem ser

retiradas e recolocadas no poço através de cabo (wireline). São bastante utilizadas

como válvulas operadoras de “gas-lift” intermitente.

O tipo mais utilizado na operação de “gas-lift” contínuo é a insertável de orifício, pois

não possui partes móveis e funciona semelhantemente a uma placa de orifício.

Como no GLC prevê-se a injeção contínua do gás, este tipo de válvula não possui

sistema de fechamento, mas é dotada de check-valve (mecanismo que impede a

passagem de fluidos da coluna de produção para o anular).

Uma válvula de “gas-lift” é projetada para permanecer fechada até que um valor pré-

estabelecido de pressão exercida pelo anular seja atingido, o que ocasiona abertura

da válvula e entrada do gás na coluna de produção. Quando a pressão no anular

não for suficiente para vencer as forças exercidas pelo nitrogênio no domo, pela

mola e pelo fole, então a válvula se fechará.

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81

Figura 5.9 - Válvulas de “gas-lift” contínuo

Fonte: Thomas (2004).

Segundo Spíndola (2003), para se calcular a pressão de abertura e fechamento da

válvula, duas hipóteses devem ser consideradas:

a) A válvula se encontra totalmente fechada (Figura 5.10a)

−−

−=

R

RP

RPP tbtvc 11

1 (5.1)

onde, Pvc - pressão de gás no espaço anular, na profundidade da válvula com a

mesma fechada;

Pbt - pressão de gás no fole na temperatura da profundidade de

assentamento da válvula;

Pt - pressão na coluna de produção na profundidade da válvula;

R - relação entre as áreas de orifício da válvula e do fole (Av /Ab).

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b) A válvula encontra-se totalmente aberta (Figura 5.10b)

( ) RPRPPP tvvtv .100 −−== (5.2)

onde, Ab - área do fole (“bellow”);

Av - área do orifício da válvula;

Pv - pressão de gás no espaço anular, na profundidade da válvula;

Pvo - pressão de gás no espaço anular, na profundidade da válvula com a

mesma aberta.

Figura 5.10 - Válvulas de “gas-lift”

Fonte: Spíndola (2003).

b) Válvula aberta a) Válvula fechada

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CAPÍTULO 6 – DESCRIÇÃO E MODELAGEM DO PROBLEMA NO

AMBIENTE DO PIPESIM

Como visto no Capítulo 5, quando um reservatório de petróleo não possui energia

suficiente para elevar os fluidos da formação até as instalações de produção, faz-se

necessário a utilização de métodos artificiais de elevação para suplementar esta

energia, fazendo com que os fluidos possam ser produzidos e chegarem à cabeça

do poço com pressão suficiente para alcançar as instalações de produção

(Separadores primários).

Neste capítulo, é apresentada uma descrição de um poço de produção em terra

(produção on-shore) bem como as características do reservatório de petróleo

produzido por este poço. Nesta etapa da pesquisa, considera-se apenas este

sistema simples, reservatório e um poço de produção, para o qual será realizada a

modelagem dentro do ambiente do Pipesim.

6.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

O problema proposto trata-se de um sistema contendo um poço único, cujo ícone no

Pipesim é o “tubing”, produzindo um único reservatório de petróleo (somente uma

região de canhoneados). Neste problema, primeiramente é necessário verificar se o

reservatório opera por surgência ou não.

A partir da constatação da não surgência, é obrigatória a utilização de algum método

artificial de elevação. O problema específico tratado neste trabalho prevê a

instalação de um sistema de “gas-lift” contínuo na coluna de produção e com a

utilização do software Pipesim, determinar os valores ótimos dos principais

parâmetros operacionais e características de projeto, tais como: a profundidade

ótima para instalação da válvula operadora na coluna de produção (ver item 5.3), a

pressão ótima de injeção de gás bem como a vazão ótima de injeção de gás na

coluna de produção.

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A Figura 6.1 representa um esquema simplificado da instalação de produção de

petróleo a ser estudada, modelada e simulada.

Figura 6.1 - Esquema simplificado de um poço de produção de petróleo.

A Figura 6.2 representa uma modelagem da instalação a ser estudada no Pipesim. A

mesma é composta de um “tubing”, um ícone de análise nodal e de um reservatório

de petróleo, conforme encontrado na biblioteca do Pipesim.

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Figura 6.2 - Janela inicial mostrando a modelagem do problema a ser simulado com o software

Pipesim.

6.2 DESCRIÇÃO DOS DADOS UTILIZADOS

Para a caracterização dos fluidos da formação, do reservatório e da coluna de

produção, foram utilizados dados presentes na literatura e no banco de dados do

software utilizado, o Pipesim.

O modelo utilizado para caracterizar os fluidos é o “black oil” (ver item 4.2) por ser

mais simples e de grande utilização na indústria do petróleo.

Para este modelo são necessários dados provenientes de análises PVT e da

produção. Para a modelagem “black oil”, necessita-se de uma menor quantidade de

informações do que em uma modelagem composicional, o que torna a simulação

menos complexa e mais rápida, sendo que para certa faixa de valores, não há

grande diferença entre os resultados encontrados, o que justifica a utilização do

modelo “black oil”. Como visto no item 4.2, existe uma faixa de valores onde a

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modelagem “black oil” pode ser aplicada. Com base nestas informações e em dados

encontrados na literatura, pôde-se obter os dados utilizados no problema proposto.

As Tabelas 6.1, 6.2 e 6.3 mostram os dados de caracterização do modelo “black oil”

que serão utilizados neste trabalho.

Tabela 6.1 - Dados do modelo “black oil”.

WaterCut 60% Razão Gás/Óleo (RGO) 500 scf/stb Densidade do gás 0.84 Densidade da água 1.02 API 36

Dados de Calibração PVT

Tabela 6.2 - Propriedades do ponto de bolha.

Pressão 2100 psia Temperatura 200 °F Solução de gás 500 scf/std

Tabela 6.3 - Dados do ponto de bolha.

Fator Volume de formação do óleo (OFVF) 1.22 res bbl / stb @ 2100 psia e 200°F

Viscosidade do óleo vivo 1.1cP @ 2100 psia e 200°F

Viscosidade do gás 0.029 cP @ 2100 psia e 200°F

Fator de compressibilidade do gás 0.8 @ 2100 psia e 200°F

OFVF acima do ponto de bolha 1.18 res bbl / stb @ 3000 psia e 200°F

Viscosidade do óleo morto 1.5 cP @ 200°F e 10cP @ 6 0°F

Sendo que, na indústria do petróleo chama-se de óleo vivo, o óleo com o gás em

solução (geralmente no reservatório) e óleo morto o óleo em condições de

superfície, ou seja, sem gás dissolvido. O fator volume de formação do óleo (Bo), no

software é denominado por OFVF (“Oil Formation Volume Factor”), sendo o mesmo

definido como a relação entre o volume de óleo nas condições de reservatório (óleo

+ gás dissolvido) e o volume de óleo nas condições padrão (superfície).

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Tabela 6.4 - Correlações PVT utilizadas.

Propriedades Correlação

Solução de gás Lasater

OFVF abaixo do ponto de bolha Standing

Viscosidade do óleo vivo Chew & Connaly

Viscosidade do óleo subsaturado Vasquez & Beggs

Fator de compressibilidade do gás Standing

As correlações apresentadas na Tabela 6.4 são escolhidas por serem padrão no

software.

Para caracterizar a coluna de produção serão utilizados os dados apresentados nas

tabelas seguintes.

Durante a perfuração de um poço, dificilmente a sonda de perfuração segue um

caminho vertical, sempre ocorrem desvios e são estas diferenças entre a

profundidade vertical TVD (“True Vertical Depth”) e a profundidade medida MD

(“Measured Depth”) que são mostrados na Tabela 6.5.

Tabela 6.5 - Dados do poço.

Profundidade Medida (ft) Profundidade Vertical (ft)

0 0

1000 1000

2500 2450

5000 4850

7500 7200

9000 8550

À medida que se avança em direção ao interior da Terra, um gradiente de

temperatura pode ser notado, este é conhecido como o Gradiente geotérmico e

também é parâmetro de caracterização da coluna de produção. O mesmo é

apresentado na Tabela 6.6.

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Tabela 6.6 - Gradiente geotérmico.

Profundidade Medida (ft) Temperatura Ambiente (°F)

0 50

9000 200

Coeficiente de Transferência de Calor: 2 Btu/h/ft²/F (padrão no software).

A Tabela 6.7 mostra os dados utilizados para caracterizar a coluna de produção em

relação aos diferentes diâmetros presentes na coluna.

Tabela 6.7 - Dados da coluna de produção.

Profundidade Medida (ft) Diâmetro Interno (in)

8600 3.958

9000 6.184

Para completar o modelo proposto, falta caracterizar o reservatório de petróleo e

para isto serão utilizados os dados apresentados na Tabela 6.8.

Tabela 6.8 - Dados de reservatório.

Pressão do Reservatório 3000 psia

Temperatura do Reservatório 200 °F

Índice de Produtividade (IP) 6.1 stb/d/psi

Como descrito no item 4.3, quando os fluidos atingem uma pressão abaixo do ponto

de bolha, a utilização do modelo linear para o Índice de Produtividade não é mais

válido uma vez que o escoamento não é mais monofásico e sim multifásico. Deve-se

então utilizar o modelo não-linear de Vogel e no software, esta opção também deve

ser selecionada. O índice de produtividade pode ser determinado através de testes

de produção realizados no início da produção de um reservatório, conforme Thomas

(2004), onde é possível obter maiores informações sobre este assunto.

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6.3 MODELAGEM DO PROBLEMA NO AMBIENTE DO PIPESIM

Inicialmente, é necessário abrir um novo ambiente de simulação para que se inicie a

modelagem no software. A Figura 6.3 mostra a abertura de um novo ambiente de

trabalho no Pipesim.

Figura 6.3 - Abertura de uma nova tela de trabalho no Pipesim.

Como visto no item 3.6, o Pipesim possui módulos avançados que permitem a

simulação e análise de desempenho de poços, análise de redes e análise de

tubulações e instalações de superfície.

O módulo utilizado neste trabalho será o módulo de análise de desempenho de

poços (“Well Performance Analysis”), que, quando selecionado, abrirá uma tela de

trabalho como mostrado na Figura 6.4.

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Figura 6.4 - Tela em branco para início de uma modelagem

Neste ambiente agora são colocados os ícones que representam a cabeça do poço,

a coluna de produção (“tubing”), a análise nodal no fundo do poço e o reservatório

de petróleo. A Figura 6.5 mostra o ambiente de simulação com os elementos já

dispostos e conectados bem como a localização, na barra de ferramentas, dos

ícones utilizados para modelar o “tubing” e o reservatório.

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Figura 6.5 - Ambiente de simulação com os elementos interconectados, mostrando a localização do

“tubing” e do reservatório na barra de ferramentas.

A Figura 6.6 mostra o ambiente de simulação com os elementos já dispostos e

conectados bem como a localização, na barra de ferramentas, dos ícones utilizados

para a análise nodal e o nó que representa a cabeça do poço.

Ícone utilizado para colocação do “tubing”.

Ícone utilizado para colocação do reservatório.

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Figura 6.6 - Ambiente de simulação com os elementos interconectados, mostrando a localização do

ícone de análise nodal e do nó que representa a cabeça do poço.

Após a disposição dos modelos na tela, os valores definidos no item 6.2, devem ser

inseridos como dados de entrada em seus respectivos campos no software.

Primeiramente, são inseridos os dados de caracterização do fluido de trabalho e

definição do modelo a ser adotado, no caso deste trabalho, o modelo “black oil”.

A Figura 6.7 mostra onde esses dados devem ser inseridos. Para isto deve-se clicar

no menu “Setup”, selecionar o modelo “black oil” e entrar com os dados de

caracterização.

Ícone utilizado para colocação da análise nodal.

Nó utili zado para representar a cabeça do poço.

Ícone utilizado para fazer conexões entre as algumas partes do sistema.

Conexão

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Figura 6.7 - Menu de entrada utilizado para caracterizar os fluidos.

Depois da seleção do modelo “black oil”, aparece uma tela onde devem ser inseridos

os dados do fluido. Nesta etapa, são utilizados os dados e informações listados nas

Tabelas 6.1, 6.2, 6.3 e 6.4. As Figuras 6.8, 6.9, 6.10 e 6.11 mostram estas entradas

de dados que incluem as propriedades do óleo, dados de viscosidade e dados de

calibração PVT, que são obtidos a partir de testes PVT e são utilizados para

determinar o ponto de bolha, a viscosidade do gás, a compressibilidade do gás e o

fator volume de formação do óleo (OFVF).

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Figura 6.8 - Janela para entrada de dados de caracterização dos fluidos produzidos.

Figura 6.9 - Dados das Propriedades do “black oil”.

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Figura 6.10 - Dados de viscosidade do fluido produzido.

Figura 6.11 - Dados de calibração PVT.

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Após a caracterização dos fluidos produzidos, é necessário entrar com os dados do

reservatório. Esses dados estão presentes na Tabela 6.8.

Com dois “cliques” no ícone do reservatório presente no ambiente de modelagem,

uma janela para a entrada de dados se abrirá e como mostrado na Figura 6.12, os

dados serão inseridos.

Figura 6.12 - Dados de caracterização do reservatório.

Posteriormente, deve-se caracterizar a coluna de produção (“tubing”). Para isto é

necessário “abrir” o “tubing” com dois “cliques”, então, uma janela se abre e permite

a entrada dos dados que estão relacionados nas Tabelas 6.5, 6.6 e 6.7. As figuras

abaixo mostram esta entrada de dados.

A Figura 6.13 mostra a caracterização da profundidade do poço, a Figura 6.14

mostra a caracterização do gradiente geotérmico atuante e a Figura 6.15 mostra a

caracterização do diâmetro da coluna.

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Figura 6.13 - Caracterização da profundidade do poço.

Figura 6.14 - Caracterização do gradiente geotérmico atuante.

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Figura 6.15 - Caracterização da coluna de produção em relação aos diâmetros.

Para que se possa realizar qualquer simulação com elevação artificial, inicialmente,

o equipamento deve ser instalado na coluna de produção. No caso deste trabalho o

equipamento instalado foi a válvula operadora de “gas-lift”, onde determinou-se uma

profundidade inicial para instalação da mesma. Posteriormente, esta profundidade

pode ser simulada e um novo valor ótimo para alocação desta válvula pode ser

obtido.

A instalação da válvula é feita também no “tubing”, no campo “Downhole

Equipment”. Este procedimento é mostrado na Figura 6.16.

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Figura 6.16 - Instalação do sistema de “gas-lift” no “tubing”.

A partir deste ponto, toda a modelagem do problema proposto encontra-se concluída

no ambiente do Pipesim, o que permite realizar todas as simulações necessárias

para a análise do fluxo na coluna de produção. De posse destas informações pode-

se julgar a necessidade de instalação de um método artificial de elevação e

conceber os principais parâmetros com que estes operam.

6.4 OBTENÇÃO DOS RESULTADOS NO SIMULADOR

Uma vez que todos os dados necessários à modelagem estão inseridos no software,

é necessário conhecer a situação do poço, isto é, verificar se o mesmo está em

condição de surgência ou não. Para tal verificação utiliza-se a análise nodal, que é

obtida através da opção “Nodal Analysis” no menu “Operations”. Este procedimento

encontra-se representado na Figura 6.17.

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Figura 6.17 - Tela mostrando a localização da opção de análise nodal na barra de ferramentas.

Selecionando-se a opção Análise Nodal, surge uma tela que permite rodar o modelo.

Entretanto, é necessário entrar com o dado de pressão de saída (“Outlet Pressure”).

Então, o Pipesim apresenta o resultado para as curvas IPR e TPR (ver itens 4.2 e

4.3 para suas definições), a partir das quais se analisa a situação do poço. Ainda

nesta tela, pode-se fazer uma análise de sensibilidade variando-se parâmetros e

verificando a influência destes nas curvas IPR e TPR.

A Figura 6.18 mostra a tela onde é feita esta entrada de dados.

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Figura 6.18 - Tela para entrada de dados no módulo “Nodal Analysis”.

Como dito anteriormente, para a simulação da elevação artificial, o Pipesim

possibilita a análise de três tipos de métodos artificiais, que são: Bombeio mecânico,

bombeio centrífugo submerso e o “gas-lift” contínuo. Através do item “Artificial Lift

Performance” localizado no menu “Operations” é possível realizar análises de

sensibilidade de vários parâmetros, tais como: pressão estática de reservatório,

índice de produtividade, temperatura do reservatório, diâmetro e rugosidade da

coluna, relacionando-os com parâmetros de operação dos métodos artificiais de

elevação, tais como, vazão de injeção de gás (no caso do “gas-lift”), freqüência de

rotação da bomba de fundo (no caso do bombeio centrífugo submerso) entre outros

fatores.

Nesta análise inicial leva-se em consideração o sistema operando em regime e para

o caso do “gas-lift” contínuo, deve-se estipular uma profundidade para

posicionamento da válvula bem como, parâmetros de pressão de injeção e queda de

pressão para abertura da válvula, mesmo que posteriormente estes parâmetros

possam ser reavaliados no software através de outro módulo de simulação.

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A Figura 6.19 mostra a tela onde o item “Artificial Lift Performance” é acessado e os

campos para preenchimento que devem ser utilizados para realizar as análises de

sensibilidade.

Figura 6.19 - Tela para entrada de dados no módulo “Artificial Lift Performance”.

O campo “Sensivity Data” possui duas opções a serem selecionadas, o objeto de

estudo (“Object”) e o parâmetro a ser simulado deste objeto (“Variable”), onde cada

objeto possui vários parâmetros de sensibilidade. No campo “Artificial Lift”, é

possível selecionar o tipo de método artificial a ser instalado, o “gas-lift”, ou o BCS e

ainda, os dados de entrada do parâmetro de análise, no caso do “gas-lift”, a vazão

de injeção de gás, no caso do BCS, a freqüência de rotação do motor, ou a rotação

em rpm.

Com base no dado da vazão ótima de injeção de gás, conseguido a partir do módulo

“Artificial Lift Performance”, é possível realizar outras simulações afim de se obter

qual será a pressão ótima de injeção de gás e o ponto ótimo de instalação da válvula

operadora na coluna de produção.

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As simulações que permitem a obtenção dos dados de pressão ótima e

profundidade ótima, podem ser realizadas através do módulo “Lift Gas Response

Curves” localizado no menu “Artificial Lift”/”gas-lift”. A Figura 6.20 mostra a

localização deste menu na barra de ferramentas do software.

Figura 6.20 - Localização do módulo “Lift Gas Response Curves” na barra de ferramentas do Pipesim.

A Figura 6.21 mostra a tela de interface com o usuário utilizada para a entrada de

dados que permitem gerar as curvas de análise de sensibilidade. No campo

“Sensivity Data”, existem duas opções a serem selecionadas, o campo “Object” e o

campo “Variable”. São nestes dois campos, onde se determina qual objeto é

analisado (o reservatório, o “tubing”, o fluido ou o sistema de “gas-lift”) e qual será o

parâmetro utilizado, pois, cada objeto possui vários parâmetros passíveis de

simulação. Já no campo “Injection Gas Rate” é feita uma entrada de dados de vazão

de injeção de gás que são utilizados para gerar as curvas de sensibilidade.

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Outros dados que devem ser fornecidos para realizar a simulação são: a pressão de

saída, a temperatura do gás de injeção na superfície, a máxima profundidade onde a

válvula poderá ser alocada e a densidade do gás injetado.

Para o caso da simulação analisar a pressão ótima de injeção deve-se fornecer o

mínimo diferencial de pressão para abertura da válvula, mas se a simulação visa

obter o ótimo diferencial de pressão na válvula, o parâmetro que deve ser fornecido

passa a ser a pressão de injeção.

Figura 6.21 - Tela para entrada de dados do módulo “Lift Gas Response Curves ”.

Todos os resultados gráficos apresentados no Capítulo 7 foram obtidos a partir dos

módulos de simulação apresentados nesta seção.

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CAPÍTULO 7 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como visto no item 3.6, o Pipesim é um simulador que faz análises em regime

permanente e suas respostas são dadas através de gráficos e arquivos de dados,

sendo assim, neste capítulo são apresentados todos os resultados obtidos através

do Pipesim para o problema proposto bem como suas respectivas discussões.

Portanto, não é citado novamente o procedimento de obtenção das curvas, o que já

foi feito no Capítulo 6, mas sim, o módulo de simulação que proporcionou a curva

em análise e quais os parâmetros selecionados para tal procedimento.

Para realizar as simulações presentes neste trabalho é utilizado um computador Intel

(R) Core (TM) 2 CPU 6400 @ 2,13 GHz com 1024 MB de RAM, com sistema

operacional Microsoft Windows XP Versão 2002 Service Pack 2.

7.1 ANÁLISE DE SURGÊNCIA

Através do módulo “Nodal Analysis” e sem utilizar dados para análise de

sensibilidade, é possível obter o gráfico mostrado na Figura 7.1.

Através do gráfico é possível notar que inicialmente quando os fluidos começam a

ser produzidos, ocorre uma diminuição da pressão requerida (curva TPR) e aumento

da vazão, onde, intuitivamente, supõe-se que deveria ocorrer um aumento na

pressão requerida. Isto ocorre devido à diminuição da pressão ao longo da coluna, à

medida que os fluidos são elevados para a superfície, com isso uma maior

quantidade de gás sai de solução, diminuindo a densidade média dos fluidos,

aumentando-se assim a vazão, mesmo sem haver aumento na pressão. Este

fenômeno físico é traduzido matematicamente e introduzido no simulador através da

utilização de correlações para escoamento multifásico.

O simulador permite que esta hipótese seja verificada e para isto, basta considerar

o fluido como sendo monofásico, ou seja, durante a elevação dos hidrocarbonetos,

não ocorrerá dissolução de gás. Isto é possível reduzindo-se a 0 (zero) o valor da

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razão gás-óleo (RGO), o que indica que todo o óleo que deixar o reservatório

chegará às instalações de processamento primário no estado líquido.

Figura 7.1 - Gráfico mostrando as curvas IPR e TPR do sistema simulado.

Utilizando o menu “Setup”/”black oil” da barra de ferramentas e alterando o valor da

RGO para 0 (zero), obtêm-se o gráfico das curvas IPR e TPR como mostrado na

Figura 7.2.

Curva IPR

Curva TPR

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Figura 7.2 - Curvas IPR e TPR simuladas considerando-se escoamento monofásico.

Observa-se que para fluido monofásico, no início do escoamento não ocorre uma

diminuição da pressão com aumento da vazão, como no caso multifásico, pois não

existe gás saindo de solução.

A curva IPR do reservatório representa a energia que o mesmo dispõe para deslocar

os fluidos da formação até o fundo do poço e lá chegar com energia suficiente para

alcançar a cabeça do poço. Já a curva TPR mostra o que é requerido pela coluna de

produção para que a elevação ocorra. Quando não há interseção entre estas duas

curvas não há surgência, pois o requerido não está sendo possibilitado pelo

disponível.

Neste caso verificou-se que não há surgência devido principalmente à energia

insuficiente do reservatório. O software permite simular qual deveria ser a pressão

do reservatório que permitiria a surgência. A Figura 7.3 mostra um gráfico onde seis

curvas IPR foram calculadas considerando-se o aumento gradual desde 1500 psia

até 4000 psia na pressão estática de reservatório e mantendo fixas as

características operacionais na coluna de produção.

Curva IPR

Curva TPR

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Figura 7.3 - Gráfico mostrando várias curvas IPR simuladas a partir de diferentes pressões de

reservatório.

Através do gráfico mostrado na Figura 7.3 é possível verificar que somente em torno

de 3500 psia de pressão no reservatório pode ocorrer a surgência. Para definir qual

a pressão exata, uma nova simulação deveria ser realizada, tomando-se como base

um intervalo entre 3000 psia e 3500 psia.

O gráfico da Figura 7.3 mostra ainda qual é a vazão de hidrocarbonetos bem como a

pressão no fundo do poço se a pressão do reservatório for 3500 psia ou 4000 psia.

Para pressão de 3500 psia a vazão é aproximadamente de 3500 stb/d e a pressão

de fluxo no fundo do poço é aproximadamente de 2900 psia. Já para a pressão de

4000 psia, a vazão é entorno de 6300 stb/d e a pressão de fluxo no fundo é

aproximadamente de 3000 psia.

Pontos de operação do sistema.

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7.2 ANÁLISE DE INJEÇÃO DE GÁS

Verificada a condição de não surgência, algum método de elevação deve ser

utilizado para complementar a energia do reservatório, permitindo assim que os

fluidos sejam produzidos. No caso deste trabalho, o método é o “gas-lift” contínuo.

Através do módulo “Artificial Lift Performance” é possível simular a injeção de gás na

coluna de produção e verificar a influência da quantidade de gás injetado na

produção dos fluidos. A Figura 7.4 mostra uma simulação realizada, onde os

parâmetros de análise são: a vazão de fluidos produzidos e a vazão de injeção de

gás. Inicialmente, o sistema de “gas-lift” foi instalado na coluna de produção a uma

profundidade de 4500 ft de profundidade e a pressão de injeção de gás de 1000

psia.

Figura 7.4 - Gráfico mostrando a influência da vazão de injeção de gás na produção de

hidrocarbonetos.

Vazão ótima de

injeção de gás

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A partir do gráfico mostrado na Figura 7.4 pode-se concluir que quando a vazão de

injeção de gás é zero, ou seja, o “gas-lift” não está atuando, a vazão de produção é

zero. Isto pode ser notado uma vez que o eixo das abscissas do gráfico começa em

1 mmscf/d, ou seja, este reservatório só começa a produzir quando uma vazão de

injeção de gás maior que 1 mmscf/d for realizada.

À medida que se começa a injetar gás na coluna, o poço começa a produzir, e,

aumentando-se a vazão de gás injetado ocorre também um aumento na vazão de

hidrocarbonetos produzidos. Isto ocorre, como visto no item 5.3, devido à diminuição

da densidade média dos fluidos na coluna acima do ponto de injeção, o que diminui

o peso da coluna e possibilita à pressão de fundo, que antes não era suficiente para

elevar os hidrocarbonetos, agora consiga elevá-los.

O gráfico da Figura 7.4 mostra também que a vazão de fluidos produzidos não é

proporcional à vazão de injeção de gás, pois a partir de um determinado valor de

injeção, a produção não aumenta mais, registrando uma diminuição.

Para uma profundidade de instalação da válvula operadora de 4500 ft e uma

pressão de injeção de gás de 1000 psia, a vazão ótima de injeção de gás é

aproximadamente de 5 mmscf/d (5 milhões de pés cúbicos “standart” por dia),

produzindo cerca de 4700 stb/d (barris “standart” por dia). Ressaltando que os

resultados obtidos neste trabalho não levam em consideração o aspecto econômico

associado a qualquer parâmetro. Considerando-se os aspectos econômicos, a

vazão ótima normalmente tem valor menor do que o encontrado acima (ver Fig. 5.8).

É possível também realizar uma simulação onde se verifica a influência da vazão de

injeção de gás para vários valores de pressão de reservatório. A partir desta análise,

é possível verificar como é a vazão dos fluidos produzidos se a pressão do

reservatório for maior ou menor do que a proposta por este trabalho e como esta é

afetada pelo “gas-lift” contínuo.

Esta simulação pode ser realizada através do módulo “Artificial Lift Performance”,

utilizando valores de sensibilidade para a pressão de reservatório. Foram utilizados

valores de 1500 psia, 2000 psia, 2500 psia, 3000 psia, 3500 psia e 4000 psia. Os

resultados da simulação que utiliza os dados citados acima são apresentados na

Figura 7.

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Figura 7.5 - Análise de sensibilidade entre pressão de reservatório e vazão de injeção de gás.

Como a curva que simula o reservatório com pressão estática de 1500 psia não

aparece no gráfico da Figura 7.5, pode-se concluir que para esta pressão, o método

de “gas-lift” contínuo não traz resultados, portanto, um outro método deveria ser

analisado, ou o abandono do poço. Já para a pressão de 2000 psia, percebe-se que

somente a partir de uma vazão de injeção de 2 mmscf/d que o poço começa a

produzir e tem vazão ótima de injeção em 6 mmscf/d, produzindo cerca de 1500

stb/d.

No caso das pressões de 2500 psia e 3000 psia, a vazão ótima de injeção está em

torno de 5 mmscf/d e que, para ambas, a produção só começa com uma vazão de

injeção de gás em torno de 1 mmscf/d, sendo que para a pressão de 2500 psia, a

produção de hidrocarbonetos é aproximadamente de 3000 stb/d.

Para a pressão de 3500 psia, nota-se que o poço opera por surgência, pois para

uma vazão de injeção de gás igual a zero, a produção de fluidos é cerca de 3600

stb/d. A medida que o gás é injetado, aumenta-se significativamente a vazão de

produção, atingindo o máximo de produção de 6500 stb/d, com uma vazão de

injeção de gás aproximadamente de 4 mmscf/d.

Vazão ótima de

injeção de gás.

Vazão ótima de

injeção de gás.

Vazão ótima de

injeção de gás.

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No caso da pressão de 4000 psia, sem o “gas-lift”, a vazão de produção é cerca de

6300 psia e com a injeção de gás, a produção alcança o máximo de quase 9000

stb/d com uma vazão de injeção de aproximadamente 4 mmscf/d.

Outra análise que o software possibilita através do módulo “Artificial Lift

Performance” é a verificação da influência da razão gás-óleo (RGO) na produção

com “gas-lift”. A Figura 7.6 mostra uma análise de sensibilidade realizada com

alguns valores de RGO e como a razão gás-óleo, em conjunto com o “gas-lift”,

influenciam na produção de hidrocarbonetos.

Se o método de “gas-lift” continuo consiste em injetar gás na coluna de produção, é

de se esperar que o mesmo se torne mais eficiente com maiores valores de RGO e

isto é evidenciado no gráfico mostrado na Figura 7.6. Um aumento na RGO acarreta

um aumento na eficiência deste método de elevação. Entretanto, este aumento na

eficiência não ocorre de forma proporcional, ou seja, há um ponto a partir do qual

maiores valores de RGO não resultarão em aumento na produção de fluidos, antes o

contrario, uma diminuição ocorrerá. Considerando-se tratar de um reservatório de

óleo e não de gás.

A quantidade de água produzida, também influencia diretamente na quantidade de

fluidos recuperáveis. A Figura 7.7 mostra um gráfico onde foi realizada uma análise

de sensibilidade, onde o parâmetro utilizado foi a percentagem de água

(“WaterCut”).

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Figura 7.6 - Análise de sensibilidade entre RGO e vazão de injeção de gás.

Figura 7.7 - Gráfico mostrando a influência da percentagem de água na produção de hidrocarbonetos.

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Para a obtenção destes valores, todo o sistema inicialmente descrito foi mantido e

variou-se somente a percentagem de produção de água, o que mostra que a água

influencia diretamente na surgência do poço, pois para o mesmo sistema com

percentagem de água de até 40%, há surgência e para uma percentagem de água

de 60%, somente há produção quando houver injeção de gás de no mínimo 1

mmsfc/d. Isto deve-se ao fato de praticamente não existir gás associado à água, o

que dificulta a elevação pelo fato de o peso da coluna não diminuir a menores

pressões.

O grau API do óleo também influencia diretamente na produção de hidrocarbonetos,

pois para menores graus API, maiores são as densidades e maior o grau de

dificuldade de elevação dos fluidos, isto é, dos mesmos atingirem as instalações de

processamento.

A Figura 7.8 mostra uma análise de sensibilidade onde o parâmetro de análise é o

grau API.

Figura 7.8 - Gráfico mostrando a influência do grau API na produção de hidrocarbonetos.

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Através do gráfico da Figura 7.8, verifica-se que para o mesmo sistema, quanto

menor o grau API do óleo, menor a vazão de produção e, consequentemente, menor

a percentagem de fluidos recuperados do reservatório. Isto pode ser explicado pelo

fato de que um grau API baixo implica em uma maior viscosidade do óleo, e,

portanto, uma maior resistência ao escoamento. Dependendo ainda do grau API do

óleo, o método de elevação por “gas-lift” não pode mais ser aplicado.

Tanto a análise de sensibilidade da percentagem de água, quanto do grau API do

óleo, foram realizadas no módulo “Artificial Lift Performance”.

7.3 PARÂMETROS ÓTIMOS PARA O SISTEMA DE “GAS-LIFT” CONTÍNUO

Através do módulo “Lift Gas Response Curves” localizado no menu “Artificial Lift” é

possível realizar simulações com vários parâmetros e obter, para cada situação

simulada, a vazão ótima de injeção de gás, a pressão ótima do gás de injeção e a

profundidade ótima para alocação da válvula operadora.

Um dos parâmetros que também deve ser determinado é o mínimo diferencial de

pressão para abertura da válvula operadora (DP). Para isto devem-se fixar valores

para a pressão do gás de injeção, o ponto máximo permitido para alocação da

válvula, a temperatura do gás, a densidade do gás e a pressão de saída.

A pressão do gás de injeção considerada nesta simulação foi de 1200 psia (os

valores dos outros parâmetros já foram apresentados nos itens anteriores) e os

valores de sensibilidade para o DP foram de 150 psia e 250 psia. A Figura 7.9

mostra o gráfico obtido com esta simulação.

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Figura 7.9 - Gráfico mostrando a influência do DP na produção dos hidrocarbonetos.

Através do gráfico da Figura 7.9 é possível perceber que para um DP de 150 psia, a

vazão máxima de produção é aproximadamente de 6337 stb/d com uma injeção de

gás de aproximadamente 6 mmscf/d, enquanto que para um DP de 250 psia, a

vazão máxima de produção é aproximadamente de 6076 stb/d com uma vazão de

injeção de gás também de aproximadamente 6 mmscf/d.

Neste mesmo gráfico obtêm-se também a profundidade ótima de alocação da

válvula para as situações modeladas, sendo os valores ótimos de aproximadamente

7000 e 6543 ft, para DP de 150 e 250 psia, respectivamente. Verifica-se então que

uma menor pressão de abertura da válvula operadora permite uma maior vazão de

produção de fluidos, uma vez que a válvula pode ser colocada mais próxima à

região dos canhoneados.

Os valores mostrados são apresentados na Tabela 7.1.

Vazão máxima de produção

Profun didade ótima de alocação da válvula operadora

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Tabela 7.1 - Valores obtidos da análise de diferencial de pressão de abertura da válvula operadora.

Mínimo Diferencial de Pressão de Abertura da

Válvula (DP) Pressão do gás de injeção = 1200 psia

150 psia 250 psia

Vazão máxima de produção (stb/d) 6337 6076

Vazão ótima de injeção de gás (mmscf/d) 6 6

Profundidade ótima da válvula (ft) 7000 6543

A partir dos dados mostrados na Tabela 7.1 optou-se por utilizar o DP de 150 psia,

visto que, o valor da produção de hidrocarbonetos foi maior com este diferencial de

pressão de abertura da válvula.

Outra análise que deve ser feita em um sistema de “gas-lift” contínuo é a avaliação

da pressão ótima de injeção de gás. Esta análise também pode ser obtida através

do módulo “Lift Gas Response Curves”. A Figura 7.10 mostra um gráfico obtido de

uma simulação onde os valores de sensibilidade utilizados são de pressão de gás de

injeção. Nesta simulação, o DP foi fixado em 150 psia, visto que o mesmo já foi

obtido através da simulação anterior.

Figura 7.10 - Gráfico mostrando a influência da pressão do gás de injeção na produção dos

hidrocarbonetos.

Ponto de Operação Escolhido

Ponto de Operação Escolhido

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Através do gráfico mostrado na Figura 7.10 é possível analisar o sistema de “gas-lift”

operando com diferentes pressões do gás de injeção. Os resultados mostram que

maiores vazões de fluidos produzidos são obtidas para pressões de injeções mais

elevadas. A partir destas análises, pode-se verificar onde a válvula operadora deve

ser instalada e qual a vazão de produção que será atingida.

Como neste trabalho não é levada em consideração uma análise termoeconômica,

mas sim a maximização da produção de fluidos, a pressão ótima do gás de injeção

escolhida será de 1400 psia, pois foi a que proporcionou maior vazão de produção.

A escolha dos valores de pressão de gás de injeção utilizados na análise de

sensibilidade foi baseada em valores comuns encontrados em alguns trabalhos

disponíveis na literatura bem como no banco de dados do Pipesim.

A Tabela 7.2 mostra os resultados obtidos nesta análise de pressão de gás de

injeção.

Tabela 7.2 - Valores obtidos da análise de pressão do gás de injeção.

Pressão do Gás de Injeção DP = 150 psia

1000 psia 1200 psia 1400 psia

Vazão máxima de produção (stb/d) 5577 6328 7025

Vazão ótima de injeção de gás (mmscf/d) 6 6 7

Profundidade ótima da válvula (ft) 5746 7000 8270

A partir dos valores apresentados nas Tabelas 7.1 e 7.2, podem ser obtidos os

valores ótimos de operação do sistema de “gas-lift” contínuo modelado neste

trabalho. O resultado é apresentado na Tabela 7.3.

Tabela 7.3 - Parâmetros ótimos de operação do sistema de “gas-lift” contínuo.

Pressão Ótima do Gás de Injeção

Mínimo Diferencial de Pressão para Abertura

da Válvula

1400 psia 150 psia Vazão máxima de produção 7025 stb/d

Vazão ótima de injeção de gás 7 mmscf/d

Profundidade ótima de alocação da válvula 8270 ft

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CAPÍTULO 8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

No desenvolvimento de qualquer trabalho acadêmico, algumas dificuldades sempre

se fazem presentes. Quando a pesquisa é desenvolvida na área de petróleo e gás

natural, somam-se a estas dificuldades, a escassez de bibliografia especializada na

área em língua portuguesa, assim como um acesso difícil a artigos disponíveis em

revistas especializadas e a publicações de centros de pesquisa. Por isso, para se

desenvolver um bom trabalho nesta área, deve-se contar com livros em língua

inglesa bem como dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos

científicos publicados por universidades nacionais e internacionais com reconhecida

qualidade de produção científica.

A simulação de sistemas de produção de petróleo ganha cada vez mais espaço

diante da necessidade de se aprimorar os métodos de produção e os métodos

artificiais de elevação bem como de se aumentar a eficiência dos equipamentos e

dos processos de separação. Diante disto, este trabalho ganha contornos atuais,

pois utiliza um simulador comercial, o Pipesim, para análise e otimização de um

sistema de produção operando por “gas-lift” contínuo, uma vez que este método é

largamente utilizado na produção de petróleo, tanto no Brasil, quanto em outros

países.

Os resultados obtidos com as simulações realizadas neste trabalho, devidamente

apresentados e discutidos no Capítulo 7, permitiram realizar análises de surgência,

influência da pressão do reservatório, assim como das condições ótimas de

operação e dos parâmetros ótimos de projeto do sistema de elevação por GLC,

evidenciando, para o problema proposto neste trabalho, quais são os valores que

maximizam a produção. Entretanto, não considerando o aspecto econômico

envolvido.

Através dos resultados foi possível também compreender melhor o processo de

elevação do petróleo e como alguns parâmetros importantes, como a RGO, o grau

API do óleo, a pressão estática do reservatório e a quantidade de água produzida,

influenciam na produção.

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Como era de se esperar, o aumento da pressão estática do reservatório reflete em

um aumento contínuo na vazão de fluidos produzidos, isto porque um maior

gradiente de pressão significa um aumento na energia natural do reservatório,

consequentemente, um aumento na quantidade de fluidos deslocados até o fundo

do poço.

Com o aumento da razão gás-óleo (RGO) dos fluidos produzidos em uma instalação

de produção de petróleo equipada com GLC, inicialmente ocorre um aumento na

quantidade de fluidos produzidos, porém existe um ponto de máximo, a partir do

qual, o aumento na RGO não acarreta mais um aumento na produção, inclusive

provocando sua diminuição.

A quantidade de água produzida influencia negativamente na produção de

hidrocarbonetos, uma vez que, para maiores percentagens de água (“watercut”),

menores quantidades de fluidos podem ser recuperadas. Isto se deve ao fato de que

a quantidade de gás presente na água é insignificante e não contribui para diminuir a

densidade da coluna sendo elevada.

Outro parâmetro importante na produção de petróleo é o grau API do óleo, pois,

quanto maior o grau API, menor a viscosidade dos fluidos, o que torna mais fácil o

seu escoamento no meio poroso e na coluna de produção, aumentando-se assim a

produção de hidrocarbonetos para um mesmo nível de energia de reservatório.

Estudos de pressão de abertura da válvula de “gas-lift” também foram efetuados.

Verificou-se que as válvulas que requerem menor pressão de abertura, resultam em

maiores vazões de produção e, estas podem ser alocadas em profundidades

maiores na coluna de produção.

Observou-se claramente a existência de um valor ótimo para a vazão de injeção de

gás, a qual maximiza a quantidade de fluidos produzidos. Valores de vazão maiores

que o ótimo acarretam uma diminuição da vazão de fluidos que são elevados até as

instalações de produção.

Verificou-se também que a pressão do gás de injeção é um parâmetro importante

em um sistema de GLC, pois, com o aumento desta pressão, maiores vazões são

obtidas e maiores profundidades podem ser utilizadas para alocação das válvulas de

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GLC, o que permite melhorar a eficiência do sistema ou produzir reservatórios mais

profundos.

Os resultados obtidos com este estudo são promissores o suficiente para justificar a

continuidade dos mesmos, tanto em nível de graduação, quanto de pós-graduação.

Sendo assim, sugere-se a extensão das análises aqui realizadas para sistemas

compostos por uma rede de poços, tanto em terra (produção on-shore), quanto no

mar (produção off-shore).

É possível ainda, a realização de uma pesquisa onde os aspectos energéticos e

econômicos associados ao custo das instalações de compressão e das instalações

de processamento possam ser avaliados e confrontados com a receita obtida

através do aumento na produção de hidrocarbonetos.

A complexidade dos estudos futuros, no sentido de se considerar modelos mais

próximos das instalações reais, pode ser estendida considerando também a

produção de mais de uma zona de canhoneados e a utilização de outros métodos

artificiais de elevação.

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CAPÍTULO 9 – REFERÊNCIAS

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