121
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM SERGIO DE CARVALHO PEREIRA TRABALHADORES COM RESTRIÇÕES E A ERGONOMIA – PERSPECTIVA DA ENFERMAGEM DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE …abennacional.org.br/.../DissertacaoMestradoSergio.doc  · Web viewOs resultados foram apurados manualmente e organizados em tabelas no

  • Upload
    doannhi

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIROCENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

SERGIO DE CARVALHO PEREIRA

TRABALHADORES COM RESTRIÇÕES E A ERGONOMIA – PERSPECTIVA DA ENFERMAGEM DO TRABALHO

RIO DE JANEIRO2006

SERGIO DE CARVALHO PEREIRA

TRABALHADORES COM RESTRIÇÕES E A ERGONOMIA – PERSPECTIVA DA ENFERMAGEM DO TRABALHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, na linha de pesquisa enfermagem e população: conhecimentos, atitudes e práticas em saúde.

Orientadora: Profª Drª Florence Romijn Tocantins

Rio de Janeiro2006

2

Pereira, Sergio de Carvalho.P436t Trabalhadores com restrições e a ergonomia – perspectiva da enfermagem do trabalho / Sergio de Carvalho Pereira. – Rio de Janeiro, 2006. 76 p.

Orientador: Florence Romijn Tocantins. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2003-). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Programa de Pós-Graduação. Mestrado em Enfermagem.

1. Enfermagem do trabalho. 2. Saúde do trabalhador. 3. Engenharia Humana. 4. Pessoas portadoras de deficiência. I.Tocantins, Florence Romijn. II. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2003-). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Programa de Pós-Graduação. Mestrado em Enfermagem. III. Título.

CDD – 610.7346

Todos os direitos reservados de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte desta dissertação pode ser reproduzida ou utilizada seja por que meios forem – eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do autor. Certificado de registro de direitos autorais expedido pela Biblioteca Nacional em 13 de abril de 2007, número 401.256, livro 747, folha 416.

3

SERGIO DE CARVALHO PEREIRA

TRABALHADORES COM RESTRIÇÕES E A ERGONOMIA –PERSPECTIVA DA ENFERMAGEM DO TRABALHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, na linha de pesquisa Enfermagem e População: conhecimentos, atitudes e práticas em saúde.

Aprovado em 28 de novembro de 2006.

Profª Drª Florence Romijn TocantinsPresidente da Banca Examinadora

Profª Drª Regina Célia Gollner Zeitounne1ª Examinadora

Profª Drª Liliana Angel Vargas2ª Examinadora

4

À minha família, a quem devo o afeto, o amor a mim dedicado, e as glórias conquistadas na minha vida, pelo apoio e estímulo durante este período de estudo, pela compreensão da perda de tantas horas de convívio familiar para a realização desta pesquisa.

Aos eficientes profissionais do cenário da pesquisa, pela competência técnica que conduzem suas atividades,

5

investindo no seu maior patrimônio, os trabalhadores e suas grandes idéias.

6

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa para realização desta pesquisa.

E, finalmente, a todas as pessoas que diretamente e/ou indiretamente, contribuíram de alguma forma, tanto

7

para a conclusão das diversas etapas do projeto como a realização deste trabalho.

8

“Uma vez colocados no posto conveniente, conseguem fazer o mesmo trabalho que os outros, quando não os excedem em sua atividade. Assim, por exemplo, um cego colocado no armazém, com a obrigação de contar parafusos e porcas para remessa às sucursais. Na mesma ocasião se confiou o mesmíssimo trabalho a outros operários fisicamente perfeitos. Dois dias depois, o mestre de obras enviava uma nota à seção de

9

transferência, pedindo que se desse outro serviço aos sãos porque o cego era capaz de fazer o trabalho dos companheiros além do seu próprio” (HENRY FORD).

10

PEREIRA, Sergio de Carvalho. Trabalhadores com restrições e a ergonomia – perspectiva da enfermagem do trabalho. 2006. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2006.

RESUMO

O estudo focaliza trabalhadores com restrições, acometidos por agravos ergonômicos. Estes agravos geram um alto índice de absenteísmo a essa população, observadas na prática de enfermagem, e conseqüentemente, influenciando na sua saúde, no bem-estar e no modo de produção. Os objetivos do estudo foram: caracterizar os trabalhadores com restrições absorvidos no escritório central de uma empresa no Município do Rio de Janeiro; e, analisar os agravos de saúde no trabalho, gerados pelos riscos ergonômicos na perspectiva da enfermagem. Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório com enfoque descritivo. A amostra do universo estudado foram 17 funcionários administrativos. Os resultados apontam que o perfil dos trabalhadores com restrições constitui-se de: 58,82% pessoas do sexo masculino, compreendendo a faixa etária de 22 aos 32 anos (52,94%), possuem o nível de instrução médio completo (47,06%), naturais do Estado do Rio de Janeiro (88,23%), são portadores de deficiência auditiva (52,94%), não freqüentaram a reabilitação profissional (64,70%), desempenham a função de assistente administrativo (70,59%) e, estão no exercício de suas funções no período compreendido de 01 a 02 anos (52,94%) aproximadamente. Quanto aos agravos predominantes, estes se distribuíram segundo aos aspectos físicos (dores articulares e/ou musculares na coluna lombar, ombro direito, ombro esquerdo e coluna lombar), cognitivos (cefaléia, stress e cansaço) influenciados por aspectos organizacionais. As recomendações delinearam-se nas ergonomias de concepção, correção e conscientização. Nas considerações finais, o estudo valoriza investir na inclusão dos trabalhadores com restrições, onde se faz presente, a perspectiva da responsabilidade da enfermagem do trabalho em preservar, promover, recuperar e reabilitar a capacidade profissional e a saúde deste grupo de trabalhadores.

Descritores: Enfermagem Ocupacional; Engenharia Humana; Pessoas Portadoras de Deficiência; Saúde do Trabalhador.

11

PEREIRA, Sergio de Carvalho. Workers with restrictions and the ergonomics - perspective of occupational nursing. 2006. Dissertation (Master in Nursing) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2006.

ABSTRACT

This study focuses on workers with restrictions and ergonomic injury. These injuries generate a high index of absenteeism to this population, observed in nursing practice, and consequently, influence their health, well-being and the way of their production. The study has as objective to characterize the workers with restrictions absorbed in the central office of a company in the City of Rio de Janeiro and, to analyze the health problems generated by ergonomic risks in the perspective of occupational nursing. It is a quantitative and explorative study with a descriptive approach. The studied sample was composed by 17 administrative employees. The results pointed out at a profile of these workers with restrictions, consisting of 58,82% of men, with a age from 22 to the 32 years (52.94%), have a complete medium level of instruction (47.06%), are natural of the State of Rio de Janeiro (88.23%), have auditive deficiency (52.94%), have not frequented a professional rehabilitation (64.70%), have an administrative assistant function (70.59%), and develop their function for a period of 01 to 02 years (52,94%). The predominant ergonomics injuries involved physical aspects (articulate and/or muscular pain in the lumbar column, right shoulder, left shoulder and lumbar column), cognitive aspects (chronic headache, stress and fatigue) influenced by the organizational aspects. The recommendations are delineated by ergonomic conception, correction and awareness. It is concluded about the importance to invest in the inclusion of the workers with restrictions, emphasizing the responsibility of the occupational health nursing to preserve, promote, recover and rehabilitate the professional capacity and the health of this group of workers.

Key-words: Occupational Nursing; Human Engineering; Disabled Person; Occupational Health;

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estimativa de com trabalhadores restrições aptos ao mercado de trabalho 14Tabela 2: Estimativa de portadores com restrições, classificados quanto ao tipo de

deficiência16

Tabela 3: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência, em relação a jornada de trabalho

40

Tabela 4: Distribuição de com restrições entrevistados, por tipo de deficiência, em relação às posturas adotadas

41

Tabela 5: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação à localização da dor articular e/ou muscular

45

Tabela 6: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação ao horário extraordinário

47

Tabela 7: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação aos fatores de risco ergonômico presente

49

Tabela 8: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação aos agravos de saúde no trabalho

49

Tabela 9: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação à prevenção de riscos ocupacionais

54

13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERGO Associação Brasileira de ErgonomiaCLT Consolidação das Leis de TrabalhoCONADE Conselho Nacional da Pessoa Portadora de DeficiênciaCONEP Conselho Nacional de Ética em PesquisaCORDE Coordenadoria em Nacional para Integração das Pessoas Portadoras de

DeficiênciaDORT Doença Ósteo-Muscular Relacionada ao TrabalhoEPI Equipamento de Proteção Individual IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaINSS Instituto Nacional do Seguro SocialLIBRAS Linguagem Brasileira de SinaisMPAS Ministério da Previdência e Assistência SocialMTE Ministério do Trabalho e EmpregoNR Norma RegulamentadoraOIT Organização Internacional do TrabalhoOMS Organização Mundial de SaúdeONU Organização das Nações UnidasPCR Trabalhadores com RestriçõesPCMSO Programa de Controle Médico em Saúde OcupacionalPPRA Programa de Prevenção de Riscos AmbientaisSESMT Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho

14

SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 14

2. REVISÃO DE LITERATURA 20

2.1. Os Trabalhadores com Restrições e o Mercado de Trabalho 202.2. O Processo Saúde-Doença nos Trabalhadores com Restrições 242.3. Os Riscos Ocupacionais Incidentes nos Trabalhadores com Restrições 262.4. A Prevenção de Agravos nos Trabalhadores com Restrições e a Intervenção da Enfermagem do Trabalho

28

2.5. A Ergonomia e os Trabalhadores com Restrições 30

3. ABORDAGEM METODOLÓGICA 34

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 37

5. RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS 55

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 62

7. REFERÊNCIAS 64

8. APÊNDICES 71

A. Termo de consentimento livre e esclarecido 71B. Instrumento de coleta de dados 72

9. ANEXOS

Ata do parecer consubstanciado fornecido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

76

15

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nesta seção, apresentamos o problema de investigação desta pesquisa, bem como a

questão norteadora, objeto de estudo da dissertação e seus objetivos específicos, a relevância

que justifica a importância de trabalho científico e suas respectivas contribuições.

A inclusão social de trabalhadores com restrições (PCR) 1, sofrem além dos limites do

próprio corpo, as barreiras sociais de um processo contínuo de exclusão, transforma-se numa

questão de justiça social. Bem antes das crises econômicas que reduziram a possibilidade de

vagas no mercado, tornando-se alvo de uma disputa acirrada, cada vez mais no

aperfeiçoamento educacional e técnico do ser humano, o direito ao trabalho já era negado à

grande maioria deste grupo por preconceito, ignorância e discriminação.

Este fato pode ser comprovado nos dados do censo 2000 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) (Neri, 2003), onde, dos 169.799.170 de brasileiros, 9.044.209,

são trabalhadores com restrições, ou seja, 5,33% da população total estimada, correspondendo

a 10% da amostra mundial, o que nos coloca bem abaixo dos Estados Unidos e dos demais

países desenvolvidos, donde este percentual varia de 30 a 40%.

Utilizando-se do sistema de recuperação automática da base de dados do IBGE,

construiu-se, a Tabela 1 a seguir, demonstrando-se a estimativa comparativa da distribuição

dos trabalhadores PCR, aptos ao trabalho, segundo a macro-região, meso-regiões, regiões e

micro-região brasileiras.

Tabela 1: Estimativa de trabalhadores com restrições, aptos ao mercado de trabalho – Brasil, 2000.

Fonte: BRASIL, 2006.

1 Pessoas potencialmente capazes de executar suas funções, independentes de terem sido reabilitadas e habilitadas ou não em programas específicos, porém apresentam limitações adaptativas (NAKAMURA, 2003).

Região n %Brasil 9.047.209 5,33

Nordeste 2.894.204 31,99Sul 1.443.791 15,96Norte 786.172 8,69Centro Oeste 622.498 6,89Sudeste 3.297.544 36,47

São Paulo 1.451.987 44,03Minas Gerais 940.108 28,51Espírito Santo 182.285 5,53Rio de Janeiro 723.164 21,93

Município do Rio de Janeiro 278.708 38,54

16

Identifica-se na tabela 1 que a maior concentração de trabalhadores PCR está na região

sudeste, mais precisamente no estado de São Paulo. Esta situação pode estar relacionada à

diversidade de serviços capazes de absorver a mão-de-obra dos PCR.

Ao analisarmos a estimativa da distribuição demográfica destes trabalhadores, é

imprescindível comentar alguns conceitos referentes a este grupo de pessoas.

O Decreto nº- 5.296, de 2 de dezembro de 2004, refere sobre as normas e critérios

básicos de acessibilidade dos portadores de necessidades especiais e aplica uma definição

ampla de deficiência: “[...] restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou

transitória que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividade essencial de vida diária,

causada ou agravada pelo ambiente econômico e social” (BRASIL, 2005 a, p. 87).

Porém, vale ressaltar que para este estudo, além do conceito de PCR, citado

anteriormente, ao considerar pessoas com mobilidade reduzida, o decreto supracitado, as

refere como: “aquela que não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência,

tenha por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente,

gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção”

(Brasil, 2005 a, p. 87), o que não os excluem de suas atividades laborais.

Além disso, neste decreto, definiu-se com mais detalhes as diversas deficiências, as

quais os portadores com restrições se enquadram nas seguintes categorias:

a. Física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho das funções;

b. Auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de 41 dB ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 3000 Hz;

c. Visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05, no melhor olho, com melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nas quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores;

d. Múltiplas: associação de duas ou mais deficiências (BRASIL, 2005 a, p. 87).

Assim, o universo de pessoas portadoras de deficiências com restrições, considerando o

censo demográfico de 2000 (IBGE, 2006), distribui-se da seguinte forma:

17

Tabela 2: Estimativa de pessoas portadoras com restrições, classificados quanto ao tipo de deficiência – Brasil, 2000.

Tipo de deficiência N %Visual 16.644.842 48,13Múltipla 9.980.465 28,86Física 9.355.844 27,05Auditiva 5.735.099 16,58Mental 2.844.936 8,23Total 34.580.721 100,00

Fonte: IBGE, (2006).

A partir das correlações apontadas acima, e a forma de atenção dada a este grupo

populacional, o problema que originou esta investigação emergiu durante a minha vivência

prática adquirida em ambulatórios do serviço de saúde ocupacional, observando-se, um alto

índice de absenteísmo e de acidentes no trabalho nos trabalhadores com restrições, gerando

distúrbios osteomusculares por movimentos repetitivos, posturas incorretas no trabalho,

limitações físicas, tarefas muito restritas, observados na ergonomia física 2; a

comunicabilidade por parte dos portadores de deficiência auditiva, constrangimento,

frustração, sofrimento psíquico e desgaste mental, observados na ergonomia cognitiva 3; e

fatores ligados na organização da atividade e do ambiente, observados na ergonomia

organizacional 4.

E estes agravos irão influenciar na sua saúde, no seu bem estar e no seu modo de

produção.

Reconhece-se que o trabalhador, inclusive aquele com restrições, sofre influência do

ambiente de trabalho e de seus riscos ocupacionais, principalmente os ergonômicos, e quando

não controlados, ultrapassam seus limites de tolerância, podendo ocasionar o aparecimento de

doenças profissionais e/ou do trabalho, corroborando assim, com as afirmações do Capítulo II

– A investigação das relações de saúde-trabalho, o estabelecimento do nexo causal da doença

com o trabalho e as ações decorrentes, e do Capítulo III – Bases técnicas para controle dos

fatores de risco e para melhoria dos ambientes e das condições de trabalho contidas no manual

de procedimentos para os serviços de saúde para as doenças relacionadas ao trabalho (OPAS,

2001).

2 Permitir ao trabalhador com restrições adaptar-se ao posto de trabalho e realizar suas atividades de forma cômoda e produtiva ao longo de sua jornada, reduzindo o desgaste físico e mental, melhorando a sua produtividade (BRASIL, 2006 c).

3 Refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora afetando as interações entre os seres humanos, associa-se com pausas de descanso, monotonia e fadiga (BRASIL, 2006 c).

4 Quando o ambiente de trabalho pode converter-se em elemento agressor do indivíduo qualquer que seja, a origem do desequilíbrio, existe a possibilidade de dano para a saúde do trabalhador (BRASIL, 2006 c).

18

Para nortear o estudo, teve-se como questionamento central: que agravos ergonômicos

acometem os trabalhadores com restrições absorvidos em empresas no Município do Rio de

Janeiro?

O agravo ergonômico no trabalhador com restrição oriunda de deficiência foi objeto de

estudo desta pesquisa.

Para o desenvolvimento do estudo, teve-se como objetivos:

a. Caracterizar os trabalhadores portadores com restrições absorvidos no escritório

central de uma empresa no Município do Rio de Janeiro;

b. Analisar os agravos à saúde dos PCR no trabalho, gerados pelos riscos ergonômicos

na perspectiva da enfermagem.

A relevância deste estudo justifica-se, pelo fato de existirem poucos estudos abordando

à temática da pesquisa.

Em revisão de literatura, utilizou-se o tutorial de pesquisa e fontes de navegação do

banco de dados de teses e dissertações do Ministério da Ciência e Tecnologia, do banco de

teses e dissertações da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do banco de teses e

dissertações da Universidade Federal de Santa Catarina, do banco de teses e dissertações da

Universidade Federal de São Carlos, da Biblioteca Virtual de Saúde, nas bases de dados

virtuais Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, National Library of

Medicine e Scientific Electronic Library Online com os descritores selecionados: enfermagem

ocupacional, ergonomia, portadores de necessidades especiais e saúde do trabalhador.

A partir deste levantamento bibliográfico foram originados quatorze estudos científicos,

relacionados à temática ergonomia dos PCR, porém existem poucas produções científicas em

base de dados virtuais relacionando a enfermagem com o tema proposto 5.

Bissigo (2004), Bustos (2004), Hepp (2001), Nakamura (2003) e Simonelli (2005) na

engenharia de produção, reconhecem que o trabalhador sofre influência do ambiente,

afetando a sua produtividade, e apontam que a aplicação das ações propostas pela

análise ergonômica do trabalho permite a operacionalização da política de cotas;

5 Resultados apresentados no 13º Pesquisando em Enfermagem, Rio de Janeiro, maio de 2006; I Seminário do Grupo de Pesquisa: Enfermagem e a Saúde da População, Rio de Janeiro, julho de 2006 e 12º Encontro Nacional de Enfermagem do Trabalho, São Paulo, agosto de 2006.

19

Carvalho (2001), Hoffmann (2002) e Rosa (2003), na engenharia de produção, o

ambiente de trabalho adaptado às limitações dos PCR, permite uma melhor qualidade de

vida, ou seja, melhoria na saúde, segurança e independência e bem estar social;

Barbosa (2004) sob o olhar do serviço social, Dakusaku (2004; 1999) da engenharia de

produção, Pereira (2006), na educação especial, Pereira (2001) da enfermagem do

trabalho e Velândia (2001) na saúde coletiva, observam que a inserção do PCR no

programa de reabilitação e habilitação profissional, torna-se um facilitador para a sua

contratação num mercado competitivo e/ou seletivo numa sociedade inclusiva.

Pelo exposto, considerei importante estudar os riscos ergonômicos e os respectivos

agravos ao que estão expostos estes trabalhadores, com perspectiva para o aprimoramento da

assistência de enfermagem ao trabalhador com restrição, elaborando propostas de ações de

enfermagem no trabalho, e associando-se as ações propostas enfocadas pelas III Conferência

Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em outubro de 2005 (Brasil, 2005 b), tais como:

Garantir o acesso ao trabalho ao PCR em funções compatíveis com suas

potencialidades;

Garantir o acompanhamento da saúde do trabalhador PCR e;

Garantir a reabilitação e reinserção no mercado de trabalho às pessoas portadoras de

deficiência decorrentes de acidentes de trabalho.

Como também as da I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Deficiente,

realizada em maio de 2006 (BRASIL, 2006 a), em suas medidas sugeridas:

Criação de um programa de incentivo às empresas com menos de 100 funcionários para

a contratação de pessoas com deficiência mediante compensação financeira nos moldes

do programa primeiro emprego;

Fomento ao empreendedorismo e ao cooperativismo para as pessoas com deficiência,

com o apoio de instituições financeiras e parcerias entre empresas privadas para garantir

a sua inserção no mercado nacional e internacional e;

20

Implantação de uma política de emprego e geração de renda às pessoas com deficiência,

incorporando-as ao sistema produtivo, buscando a sua emancipação econômica, social e

pessoal.

Quanto às contribuições do estudo, serão fundamentais para a implantação de soluções

na redução de riscos nos postos de trabalho, além de treinamentos, conscientizando as pessoas

para a relação entre a ergonomia e a prevenção de acidentes no trabalho e doenças

ocupacionais.

Em suma, o aprimoramento da assistência de enfermagem e outros membros da equipe

de saúde ocupacional deste grupo populacional manifesta a sua inclusão no mercado de

trabalho e conseqüente qualidade de vida do trabalhador com restrições, podendo ajudar na

humanização do trabalhador PCR.

E na área acadêmica, para o ensino, a construção do conhecimento em desenvolver

novas práticas e atitudes de enfermagem frente a este grupo populacional diferenciado, com

um olhar mais crítico dos seus direitos e possibilidades enquanto cidadãos, perante estes

trabalhadores.

21

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A estruturação desta seção, objetiva referendar o estudo, e promover a compreensão do

tema estabelecido para a pesquisa, auxiliando na análise dos resultados e considerações finais.

São abordados os seguintes tópicos: trabalhadores com restrições e o mercado de

trabalho; o processo saúde-doença do trabalhador com restrição; a ergonomia e o trabalhador

com restrição.

2.1. Trabalhadores com Restrições e o Mercado de Trabalho

Para o trabalhador com restrições, prover a sua existência e as suas necessidades

básicas, ou seja, ao inserir-se no mercado de trabalho, torna-se um elemento motivador, para

que o mesmo seja produtivo à sociedade apesar das suas dificuldades em exercer plenamente

sua cidadania e ter um ambiente no qual desenvolva suas atividades.

Ao correlacionar trabalho com este grupo populacional, torna-se importante referendar

as afirmações de Nakamura (2003), quando relembra alguns casos de portadores com

restrições, que se integraram à sociedade, superando as suas deficiências.

Tais como Ludwig Von Beethoven, portador de deficiência auditiva, foi compositor

destacado de várias obras sinfônicas. Outro caso é de Franklin Delano Roosevelt, presidente

dos Estados Unidos, portador de seqüelas de poliomielite, governou durante a crise na Bolsa

de Valores de Nova York e na Segunda Guerra Mundial. Nakamura (2003) argumenta que os

portadores de deficiência auditiva desenvolvem um poder de concentração inquestionável, são

indicados para tarefas como digitação, devido à rapidez e mínima margem de erro. Os que

possuem algum tipo de deficiência visual se destacam pelo seu raciocínio, destreza manual e

sensibilidade tátil, e são eficazes na revelação de filmes de raios X em hospitais, e no conserto

de alguns equipamentos.

Vale também lembrar a evolução da trajetória histórica das conquistas dos PCR para a

sua inclusão no mercado de trabalho.

Esta se inicia na década de 1970, onde diversas organizações internacionais, tais como

a Organizaçao das Nações Unidas (ONU) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT),

através de seus escritórios filiados, passaram a concentrar esforços ao criar mecanismos

legislativos, no sentido de garantir a inclusão dos PCR no mercado de trabalho (CORDE,

1997).

22

Somente em 1975, a ONU, seguindo os princípios da Declaração Universal dos Direitos

Humanos, de dez de dezembro de 1948, aprovou a “Declaração dos Direitos das Pessoas

Portadoras de Deficiência” e, reestruturada em dez de junho de 1994, na Declaração de

Salamanca (Espanha) por todos os países-membros presentes nesta Assembléia, inclusive o

Brasil, ratificaram o compromisso de executarem serviços de educação, formação profissional

e reabilitação dos trabalhadores com restrições, além de terem o direito de permanecer nas

comunidades através de uma sociedade inclusiva e igualitária até o ano de 2010, além de

receberem os serviços de saúde e emprego como os demais habitantes. Assim sendo, passa da

condição passiva de objeto para um posicionamento ativo de sujeito (SILVA; HEIDEMANN,

2002).

Em 1981, a ONU, proclamou este ano como “Ano Internacional para a Pessoa

Deficiente”, e no período de 1983 a 1992, reservou-se para a “Década para as Pessoas com

Deficiência” (CORDE, 1997).

A Constituição Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, em seu “Capítulo I – Dos

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, assegura a igualdade de direitos ao cidadão

brasileiro que tenha uma deficiência; e no “Capítulo II – Dos Direitos Sociais”, institui o

direito de proteção ao trabalho para uma sociedade inclusiva desta população (PINTO, 2006).

Em 1999, o Decreto nº- 3.298, estabelece a Política Nacional para a Integração de

Pessoas Portadoras de Deficiência no mercado de trabalho e na sociedade em geral. Adotando

como princípio que a integração dos portadores com restrições no meio em que vivem

depende da ação conjunta do Estado e da sociedade civil. A partir deste decreto, criou-se o

Conselho Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE) e definiu uma série de

responsabilidades dos órgãos públicos nos campos da educação, saúde, trabalho, cultura,

lazer, habilitação e reabilitação profissionais (NERI, 2003).

Ao ritmo da evolução histórica da inclusão dos trabalhadores com restrições no mercado

de trabalho, ainda caminha lentamente.

Como podemos observar, dos 180 mil PCR, ativos na idade produtiva brasileira, apenas

1,85%, conseguem colocação no mercado de trabalho, exercida de forma legal, com registro

em carteira de trabalho, ou então, de forma autônoma com as devidas proteções de seguridade

social e em atividades informais, onde a vasta maioria é constituída de camelôs que trabalham

irregularmente, vendedores de bilhetes de loteria, distribuidores de adesivos em semáforos, e

os que conseguem dinheiro em nome de entidades que cuidam de pessoas com restrições

(PASTORE 2002).

23

A Instrução Normativa nº- 20, de 19 de janeiro de 2001 do Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS) (BRASIL, 2006 c), estabelece a proporção das cotas do quadro de funcionários

com restrições, habilitados nas empresas em seus postos de trabalho, após o processo de

reabilitação e habilitação profissional, onde o órgão supracitado expedirá o certificado

individual de capacitação, beneficiando a este trabalhador com o exercício de suas atividades:

100 até 200 empregados – 2 %;

201 até 500 empregados – 3 %;

501 a 1000 profissionais – 4 %;

1.001 empregados em diante – 5 %.

O Decreto nº- 3.298/99 (BRASIL, 2006 c) estabelece que nos editais dos concursos

públicos, devem prever que a reserva de vagas para trabalhadores com restrições, não pode

ser inferior a 5% e nem superior a 20% do total de vagas, especificando claramente as

atribuições ao cargo ao qual concorrem, e em caso de aprovação, serão avaliados por uma

equipe multiprofissional para compatibilizar a vaga pleiteada no momento da nomeação e

posse do candidato.

Além disso, a Lei nº- 7.853, de 24 de outubro de 1989, da Política Nacional para a

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, estabelece em seu Art. 8º, que constitui crime

punível com multa e reclusão de 1 à 4 anos, negar sem justa causa, a alguém, por motivos

derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho (BRASIL, 2006 c).

Querer apenas, impor lei ou punir por meio da multa, e da condenação são alternativas

contraproducentes para acomodar milhares de portadores com restrições nos ambientes de

trabalho das empresas (PASTORE, 2002).

Segundo Pastore (2002), embora o sistema de cotas tenha sido adotado e persista em

vários países, parece existir uma forte tendência de mudança de sua concepção, com uma

ênfase sendo colocada na combinação de leis antidiscriminação, sistema de cotas e esquemas

de contribuição, dentro do conceito de “rede de apoio”. Cumpre observar que a rede de apoio

é uma articulação de instituições públicas e privadas que atuam no sentido de educar, formar,

reabilitar, informar, intermediar e criar estímulos para inserir, reter e recolocar os PCR no

mercado de trabalho. Essas redes de apoio podem ser tanto formais como informais. Em

suma, o que a experiência mundial tem revelado é a pouca eficiência do sistema de cotas e da

regulação compulsória do emprego, a menos que atividades complementares sejam realizadas

de forma articulada e com a participação das entidades de portadores com restrições.

24

O passo inicial para a aplicação da proposta recomendada pela OIT, no Art. 3º, da

Convenção nº- 159, de 20 de junho de 1983 e referendada através do Decreto nº- 129/91, para

a construção do conhecimento do ambiente ergonomicamente harmônico, com o objetivo de

inseri-los no trabalho. É necessário realizar o levantamento dos postos existentes, os tipos de

empresa e de negócios presentes nas áreas industrial, comercial, urbana e rural. É importante

que se identifique e analise as funções existentes, quais os critérios adotados pelas diferentes

empresas para contratação, bem como os requisitos necessários para o desempenho nas

funções ocupacionais. A porta de entrada destes trabalhadores, na empresa, como qualquer

outro funcionário, é o Setor de Recursos Humanos e a seguir o Serviço Especializado de

Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), para o exame de admissão, onde o mesmo

deverá apresentar o laudo pericial do INSS e o certificado de reabilitação e habilitação

profissional, este último se possuir, para que se conclua o processo seletivo. Este profissional

já capacitado para o exercício das funções ocupacionais, pode necessitar, além dos suportes

físicos (re-organização do 'layout', adaptação de objetos e/ou de maquinários), de suporte

pessoal intensivo e constante, no início do processo, os quais podem ser retirados

gradativamente, à medida que este vá alcançando níveis mais altos de autonomia (CORDE,

1997).

Todavia, a empresa deverá estar atenta para acompanhar e analisar o desenvolvimento

de suas funções, durante o estágio probatório num período de 90 dias e após atender os

requisitos, ser definitivamente contratados, conforme o estabelecido no § 1º do Art. 193, da

Lei nº- 8.213, de 24 de julho de 1991, sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social do

Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). E, só ocorrerá, após a contratação de

substituto de condição semelhante (BRASIL, 2006 c).

O mercado de trabalho compreende diferentes e diversos níveis de emprego, capazes de

favorecer ao portador com restrições, ingressar uma participação ativa plena na comunidade.

A inserção deste no mercado de trabalho, segundo o Art. 35 do Decreto nº- 3.298, de 20

de dezembro de 1999, Ministério Público do Trabalho e Procuradoria Geral do Trabalho se

processa em três modalidades, sempre a primeira, amplamente empregada pelas empresas de

forma irracional para esta população, onde se deveria preconizar a colocação seletiva e por

conta própria.

I. colocação competitiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais para sua concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização de apoios especiais;

25

II. colocação seletiva: processo de contratação regular nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de procedimentos de apoios especiais para a sua concretização;

III. trabalho por conta própria: processo de fomento de ação de uma ou mais pessoas, mediante trabalho autônomo, cooperativado ou em regime de economia familiar, com vista à emancipação econômica e pessoal (NAKAMURA, 2003, p. 70).

Conhecendo-se os critérios de seleção e colocação de PCR nos postos de trabalho, a

empresa deve investir na capacitação dos seus empregados procurando formar trabalhadores

competentes e especializados. Portanto, o afastamento por motivo de doença traz sérios

prejuízos para o empregador com reflexos na sua produção. Repor o funcionário afastado

constitui um problema. Pois, o tempo gasto com o recrutamento de um novo empregado, e

com a sua preparação representa um aumento dos custos ao qual se agrega ao da queda de

produção.

Uma atitude ética por parte das empresas é um comportamento cada vez mais exigido

pelo mercado e pelos consumidores. Por isso, muitas delas já colocam em prática os

Princípios da Responsabilidade Social, em busca de uma relação mais justa com o seu próprio

corpo funcional e com a sociedade como um todo.

2.2. O Processo Saúde-Doença nos Trabalhadores com Restrições

Como princípios gerais das políticas públicas nas incapacidades, oportunizando o

direito da justiça social estabelecendo: a igualdade de promoção do bem estar, acesso aos

serviços de saúde e bens de consumo, a não discriminação na sua exclusão, autonomia e

participação na tomada de decisões em que, na perspectiva de Demo (1995) adaptada à alusão

aos PCR, no âmbito geral das formas de deficiências, estes ainda possuem a sua cidadania

tutelada, ou seja, o Estado e a sociedade de forma execrável, ainda os consideram incapazes

de exercer seus direitos plenamente.

Consequentemente interferem no Capítulo dos Direitos Sociais, na concepção da nova

Carta Constitucional Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, em que se introduz um

conceito ampliado de saúde expresso no Art. 196:

[...] entendida como direito de cidadania e garantia pelo estado, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco e de doenças e de outros agravos e do acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção

26

e recuperação em uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único de saúde (BRASIL, 2005 b, p. 7).

Nas palavras de Minayo (1991, p. 71), num contexto antropológico, esta define a

doença “como uma realidade construída e doente, um personagem social".

E, transpondo para a visão dos mecanismos de produção laboral, Dejours (2005),

explica que o adoecimento está relacionado à impossibilidade de transformação ou

aperfeiçoamento de um determinado processo de trabalho numa organização.

Ao associarmos estes dois conceitos (saúde e doença), inicialmente, o processo saúde-

doença é observada numa dimensão isolada, como resposta orgânica às condições naturais.

Nesta dicotomia da ruptura da produção laboral saudável, Canesqui (2003), afirma que

o corpo foi o primeiro instrumento de trabalho no qual são utilizados todos os órgãos do

sentido; e este trabalhador (Mauro; Guimarães, 2005), sofre influência na exposição de

agentes agressores nos seus postos de trabalho, onde o PCR é capaz de se adaptar e interagir

com as mudanças do ambiente externo e interno ao seu organismo, ao passo que, quando

obtêm uma resposta ineficaz no enfrentamento frente aos riscos ocupacionais, acarretará em

seu adoecimento.

No trabalhador PCR, geralmente a moléstia profissional apresenta um período de

latência longo, isto é, demoram um tempo apreciável, às vezes anos, para apresentarem os

primeiros sintomas. Portanto, as doenças do trabalho se caracterizam, em sua maioria, por

apresentar lesões mediatas, ou seja, que afetam o ser humano no trabalho ao longo prazo.

Nesta concepção, podemos conceituar a doença profissional ou do trabalho, segundo o

Decreto nº- 3.048, do MPAS, de 6 de maio de 1999, como:

[...] quando diagnosticada a intoxicação ou afecção, verificando que atividade o empregado exerce, e que agente patogênico (biológico, físico, químico ou ergonômico) que está exposto, mediante ao nexo de causa a ser estabelecido conforme o disposto nos Manuais de Procedimentos Médico-Periciais em Doenças Profissionais ou do trabalho, levando-se em consideração a correlação entre doença e a atividade exercida pelo segurado (BRASIL, 2005 b, p. 99).

Estas doenças profissionais ou do trabalho são consideradas como acidente do trabalho

quando são peculiares ao desempenho da atividade laboral; ou em caso excepcional,

constatando-se que a doença não incluída na relação constante do Anexo II, resulta de

condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente o INSS,

deve-se equipara-la como acidente de trabalho, e, solicitar à empresa a emissão de

27

Comunicado de Acidente do Trabalho, com a data de início da incapacidade para exercício da

atividade de trabalho, ou seja, de até 24 horas após o evento e encaminhá-lo para o INSS.

Entretanto, não são consideradas como doenças do trabalho, segundo o Art. 20 do

Decreto-lei do MPAS, nº- 3.048, Anexo II, de 6 de maio de 1999: a doença degenerativa

inerente ao grupo etário; a que não produza incapacidade para o trabalho; doença endêmica

adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de

que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

A análise da perspectiva antropológica do processo saúde-doença nos PCR

(VELÂNDIA, 2001), permite afirmar que está centrada no indivíduo, na sua incapacidade

funcional e na sua exigência de se adaptar ao meio físico e social, priorizando: a promoção da

saúde e a prevenção das incapacidades; habilitação e reabilitação do ser humano,

oportunizando acessibilidade aos espaços físicos, transporte, lazer, educação e trabalho.

Porém, o que vem caracterizar a diferenciação de prevenção de doença e a promoção da

saúde, modernamente, é a constatação do papel protagonista dos determinantes gerais sobre as

condições de saúde, em torno da qual se reúnem os conceitos de Buss (2000).

Ainda, segundo Buss (2000), o objetivo de prevenir as doenças, é centrado num grupo

populacional específico, desenvolvendo ações de detecção, controle e debelação das

enfermidades, como objetivo final. Já na promoção da saúde, as ações estão centradas no ser

humano e no seu ambiente, oportunizando um melhor estilo de vida e conseqüentemente

incide na sua qualidade de vida, ou seja, o objetivo é contínuo.

2.3. Os Riscos Ocupacionais Incidentes nos Trabalhadores com Restrições

Independente dos trabalhadores serem PCR ou não, a instalação do processo saúde-

doença, tem a sua origem no nexo causal da atividade laborativa desenvolvida e o risco

ocupacional incidente.

Partindo deste princípio, consideramos como fator de risco ocupacional (originado nas

atividades insalubres e perigosas), quando provocar um dano característico ou circunstância

que acompanha um aumento da probabilidade de ocorrência do fato indesejado, ocasionando

lesões permanente ou temporária à sua saúde (SACCHIERO, 2006).

28

Estes riscos são classificados de acordo com o tipo de agente, segundo o Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), NR-9, Portaria nº- 25, do MTE, republicada em 15

de dezembro de 1995 6 (BRASIL, 2006 c):

a) Riscos ambientais são considerados os agentes físicos, químicos e biológicos

existentes no meio ambiente, agentes passíveis de produzir insalubridade e perigo no

meio ambiente, agentes mecânicos e outras condições que podem gerar insegurança

no local de trabalho e provocar lesões físicas ou acidentes de trabalho (BRASIL,

2006 c);

b) Riscos físicos (grupo 1) sofrem influência de agentes, tais como – ruído, calor,

radiações ionizantes, pressões anormais, radiações não - ionizantes, vibrações, frio e

umidade, e como conseqüência à saúde teremos – taquicardia, irritação, cefaléia,

diminuição da audição, hipertensão, problemas do aparelho gastro-intestinal, risco

de infarto, taquisfigmia, cansaço, prostração térmica, choque térmico, alterações

celulares, câncer, problemas visuais, acidentes de trabalho, embolia, dores

musculares e articulares, lesões ósseas, queimaduras, lesões de tecidos moles, lesões

circulatórias, dermatites, doenças respiratórias (BRASIL, 2006 c; WHO, 2001).

c) Riscos ergonômicos (grupo 4) são aqueles de natureza biopsicosocial do meio

ambiente profissional que, com base na fisiologia, psicologia e na organização do

trabalho, podem produzir desequilíbrio no processo de adaptação do homem ao

trabalho, e tais agentes estão ligados a fatores que afetam a saúde dos trabalhadores

como – trabalho físico pesado, posturas incorretas e posições incômodas, imposição

de ritmos excessivos, atividade repetitiva e monotonia, trabalho em turnos e

noturno, jornada prolongada, conflitos, ansiedade e responsabilidade, outras

situações causadoras de stress físico e/ou psíquico , que como conseqüência teremos

– cansaço, dores musculares, fraqueza, hipertensão arterial, úlcera duodenal, doença

do sistema nervoso, alterações do ritmo normal de sono, problemas na coluna,

taquicardia, angina, infarto, diabetes, gastrite, ansiedade e medo (BRASIL, 2006 c;

WHO, 2001);

d) Riscos de acidentes (grupo 5) abrangem as situações adversas no local de trabalho,

6 Visa à preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a ter espaço no trabalho (BRASIL, 2006 c, p.102).

29

tendo como agentes o arranjo físico deficiente, máquinas sem proteção, instalações

elétricas inadequadas, matéria - prima sem especificação, ferramentas inadequadas, falta

ou inadequação do equipamento de proteção individual, transporte de materiais e

equipamentos sem precaução, edificações defeituosas, falta de sinalização,

armazenagem e manuseio inadequado de produtos, que geram as seguintes

conseqüências: acidentes por desgaste físico excessivo, doenças profissionais, queda na

qualidade da produção, incêndios e explosões (BRASIL, 2006 c, WHO, 2001).

2.4. A Prevenção de Agravos nos Trabalhadores com Restrições e a Intervenção de

Enfermagem do Trabalho

Sabendo-se que os agentes geram seus respectivos agravos, neste contexto, é de

primordial importância que o enfermeiro do trabalho, realize intervenções que promovam a

proteção e promoção do bem-estar dos trabalhadores PCR em seus postos de trabalho.

Partindo do princípio de que os conceitos de enfermagem do trabalho e saúde do

trabalhador estão intimamente correlacionados, a Lei Orgânica da Saúde, nº- 8080, de 19 de

novembro de 1990, regulamentadora da saúde do trabalhador, no art. 6º, § 3º estabelece:

[...] entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL, 2005 b, p.171).

Seguindo as atribuições deste conceito e das ações desenvolvidas, preconizadas na

Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Deficiente (BRASIL, 2006 a) e na 3ª

Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador (BRASIL, 2005 b), tendo a finalidade da

responsabilidade civil da saúde nas esferas federal, estadual e municipal, referentes ao PCR:

em promover a adoção de práticas, estilos e hábitos de vida saudáveis para prevenir agravos

de deficiências já instaladas nesta população por intermédio de campanhas publicitárias e de

processos de educação permanente a saúde, tais como:

a. Na prevenção primária e secundária a função do enfermeiro do trabalho é atender as

intercorrências gerais de saúde à população portadora com restrições, intervindo no

30

processo de trabalho e orientando-os a desenvolver atividades seguras e saudáveis,

mediadas pela educação permanente; garantir a sua inclusão no meio social, com

orientações para a locomoção de portador de deficiência visual, prevenção de

deformidades mediante posturas adequadas; e garantir o acesso ao trabalho ao portador

com restrições, em funções compatíveis com suas potencialidades;

b. Na prevenção terciária garantir a reabilitação e reintegração no mercado de trabalho das

pessoas portadoras de deficiências decorrentes de acidentes de trabalho para a inserção

no mercado de trabalho, por intermédio do INSS e/ou organizações conveniadas

(Secretaria de Trabalho e Emprego, Instituto de Defesa dos Direitos dos Portadores de

Deficiência, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial, Serviço Social do Comércio, Serviço Social da Indústria e

outros) onde serão avaliados por uma equipe multiprofissional (enfermeiros do trabalho,

fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais,

médicos do trabalho e outros, conforme a complexidade do caso) que os capacitarão

para realizar atividades laborais.

Deste modo, a ergonomia se instala na prevenção secundária, segundo o modelo de

Leavell & Clark, realizando o diagnóstico precoce e o pronto-atendimento, aplicado no

período pré-patogênico, objetivando a proteção especifica, ou seja, a prevenção primária.

E, no senso comum, podemos afirmar que o trabalhador PCR com potencialidades e

talentos, considerado um ser de “necessidades”, quando na existência de circunstâncias

favoráveis, oportunizando a conquista de seu espaço e impondo-se ativamente em seu próprio

cotidiano, participando e tomando decisões a respeito de sua vida, promovendo as mudanças

de paradigmas, sinalizando um processo de revelação de suas necessidades humanas

essenciais.

Necessidades estas, enunciadas pela Teoria de Maslow associada à de Leavell & Clark,

repercute na ergonomia como um modelo organizacional e sistemático favorável na

manutenção da vida e proteção do ambiente físico (prevenção secundária), e promove o

relacionamento interpessoal com o grupo nos postos de trabalho e sua auto-estima (prevenção

primária) (PIRES DO RIO et al., 1999 b).

Conhecer o processo de trabalho, bem como o desgaste, as doenças e os acidentes que

vitimam os PCR, assume papel primordial, implicando obrigatoriamente a utilização de

metodologias da saúde do trabalhador. Porém, na perspectiva de ser o sujeito para implantar

31

as mudanças no seu ambiente de trabalho mereceria um espaço na formação geral do

enfermeiro do trabalho. Os programas devem orientar a organização dos serviços e não

somente se limitar em abordar o cliente, conforme o pensamento da sociedade.

A intervenção de enfermagem do trabalho se expressa no conjunto de ações

administrativas, educativas, pesquisa e assistenciais, visando prevenir e controlar as doenças

profissionais e recuperar a força de trabalho (BULHÕES, 1998; ICOH, 2002). Estas ações são

planejadas de forma individual ou coletiva, antevendo os riscos inseridos na carga de trabalho

e no desgaste dos trabalhadores, norteadas pela a educação permanente, sistematizando as

informações, visando à saúde e a segurança do funcionário.

Neste contexto, a enfermagem do trabalho, dentro do programa de saúde do trabalhador

(Bulhões, 1998; Pereira, 2001), numa empresa que visa buscar a qualidade de vida de seus

funcionários, deve promover várias mudanças:

Para o empregado – mudança de hábitos no estilo de vida; prevenir-se quanto à riscos de

acidentes e doenças do trabalho; redução do absenteísmo; melhorar a auto-estima;

Para o empregador – aumento da produtividade; diminuição do absenteísmo; redução de

custos de benefícios; redução de acidentes de trabalho; satisfação no ambiente de

trabalho; aumento dos lucros e uma empresa mais saudável.

2.5. A Ergonomia e o Trabalhadores com Restrições

A origem da ergonomia nasceu de duas correntes distintas, sendo uma na França (1950),

e outra pelo psicólogo inglês K. F. Hywell Murrel (1947). No Brasil, a ergonomia surgiu

aproximadamente em 1960, quando Sergio Penna Kehl faz uma abordagem sobre o tema no curso

de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo. Em agosto de 1983, foi fundada a

Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO). No ano de 1990, o MTE, instituiu a Portaria

nº- 3.751, em 23 de novembro de 1990, a qual define a NR-17 7, que direciona especialmente

a ergonomia, deriva do grego “ergon” (trabalho) e “nomos” (leis) denota o estabelecimento de

parâmetros para adaptações das condições de trabalho, as características psicológicas dos

trabalhadores com o objetivo de proporcionar o conforto, a segurança e o desempenho

eficiente. É a partir deste momento que a classe empresarial brasileira tem interesse pela

7 Estabelece a compreensão fundamental das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema, e da aplicação de métodos, teorias e dados apropriados para melhorar o bem estar do ser humano e, sobretudo a performance dos sistemas (BRASIL, 2006 c, p.226).

32

ergonomia (SANTOS, 2001).

Na ergonomia (SIMONELLI, 2005), não existe diferenciações para PCR ou não, porém

as soluções apresentadas para os problemas fisiológicos, patológicos e de invalidez, podem

ser adaptados às recomendações a estas questões relacionadas.

Na prática, para produzir e formular conhecimentos a serem utilizados para a análise e

transformação das situações reais de trabalho, ou seja, para melhorar a relação entre o ser

humano e o trabalho, a ergonomia incorpora, na base do seu arcabouço teórico, um conjunto

de conhecimentos científicos oriundos de várias áreas (antropometria, fisiologia, psicologia,

sociologia, entre outras) e os aplica com vistas às transformações do trabalho. Considera-se,

como critério de avaliação do trabalho, o bem - estar dos trabalhadores nas situações laborais.

Esta abordagem avaliativa se torna possível com a análise ergonômica do trabalho, de

origem francesa e introduzida no Brasil desde 1990.

Para a realização deste procedimento, faz-se necessário à utilização de determinantes

internos de características próprias dos trabalhadores, tais como - sexo, idade, tempo de

serviço, nível de escolaridade, estado de saúde e outros, e também de determinantes externos,

tais como – ambiente organizacional, associados com a ocupação desenvolvida, e a sua

aplicação da ergonomia – colaborando na identificação de potenciais locais de riscos de

acidentes e doenças profissionais (ergonomia de concepção); no acompanhamento da saúde

dos trabalhadores através dos exames periódicos, complementares e de enfermagem;

realizando estudos técnicos para interação do trabalhador com restrição ao ambiente laboral e

ao equipamento de maneira adequada (ergonomia de correção); promovendo sistemas de

comunicação e desenvolvendo exercícios de compensação nos postos de trabalho e

prevenindo o erro humano nos postos de trabalho (ergonomia de conscientização)

(NAKAMURA, 2003).

Porém, os trabalhadores PCR, nas suas atividades laborais diárias, estão sujeitos às

doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho, gerando lesões graves de esforço

repetitivo, atingindo o sistema nervoso central, limitando as suas funções motoras, tornando a

motricidade, desorganizada e fatigante, ao utilizarem as mãos para processar trabalhos

manuais.

Quando este trabalhador adota posturas inadequadas, principalmente na posição

sentada, o desgaste energético além de promover o sedentarismo, a pressão na região posterior

da coxa, acarreta um obstáculo para o retorno venoso e linfático, além de alterações dos

movimentos respiratórios pela diminuição da expansão diafragmática, convergência do

arcabouço das costelas superiores, pela flacidez dos músculos abdominais, e alterações nas

33

simetrias dos discos intervertebrais, cuja incidência é observada com maior nitidez nos

portadores de deficiência de origem física (cadeirante) e os de origem visual, quando estes

ultrapassam seus limites de tolerância (MENDES; DIAS, 2003; MENDES, 2006).

Outra situação prejudicial à saúde do trabalhador PCR está relacionada aos níveis de

ruído superior a 55 dB [Anexo I, da NR-15, limites de tolerância para ruídos contínuos ou

intermitentes 8, Portaria nº- 3.214, de 8 de junho de 1978, do MTE (Brasil, 2006)] para uma

jornada de trabalho de 8 horas, pois perturbam a performance intelectual do ser humano,

dificultando a realização de atividades complexas, e acometendo principalmente os portadores

de deficiência visual, onde a perda da concentração e da sensibilidade auditiva, pode se tornar

uma constante (MENDES; DIAS, 2003; MENDES, 2006).

Outro fator que agrava o problema é que muita gente sofre calada, por falta de

conhecimento ou por receio de perder o emprego, e os mais jovens por não terem experiência,

são alvo fácil desse tipo de pressão indireta. Eles se sentem pressionados a gerar resultados, o

que é cobrado de forma mais incisiva pelas empresas e acabam relaxando com a saúde. Tais

fatos podem ser evidenciados com distúrbios de ritmo biológico pelo revezamento de trabalho

caracterizado em turnos, destacando a redução e a qualidade do sono, quando este é relativo

ao trabalho noturno (DEJOURS, 2005).

A vida sedentária sem a prática de exercícios físicos, também contribui para o

surgimento de doenças. Quando as próprias condições de trabalho são ruins, o corpo fica

mais fragilizado e vulnerável as doenças. É por isso que algumas pessoas sob tais condições,

já acordam cansadas e passam o dia se arrastando (DEJOURS, 2005).

Quanto à disposição organizacional, e mais especificamente a barreiras arquitetônicas,

convêm destacar que os mesmos não dificultam apenas fisicamente a vida do portador com

restrições, mas afeta todo o seu íntimo, o aspecto psicológico de seu cotidiano. São oportunas

as palavras de Duarte (2004, p. 75), quando conclui que: "a acessibilidade é a possibilidade de

acesso, sem impedimentos com autonomia, e de todos os equipamentos, seja em edifícios,

seja no espaço do entorno”. A melhor acessibilidade é aquela que não percebemos que existe

e que abraça a maioria das pessoas.

Assim, as adaptações nos postos de trabalho, para que o PCR exerça com potencialidade

suas atividades, tais como, sinalizações internas e externas visuais e sonoras, equipamentos de

acessibilidade (escadas, rampas, elevadores, banheiros, bebedouros), organização do ambiente

(acústico, lumínico e térmico), devem estar previstos no PPRA.

8 Entende-se por ruído contínuo ou intermitente para fins da aplicação de limites de tolerância, o ruído que não seja de impacto, medidos em decibéis (dB) com instrumento de pressão sonora (BRASIL, 2006 c, p.134).

34

Entretanto, torna-se primordial desenvolver ações do enfermeiro do trabalho, para uma

intervenção ergonômica (OMS/OIT, 2000), avaliando os trabalhadores com restrições, em que

se deve tomar como base:

a) a visão dos trabalhadores sobre o seu trabalho, condições de execução, dificuldades,

queixas e problemas verbalizados;

b) a observação da atividade nas situações reais de trabalho e as observações dos

indicadores mais importantes na situação, relativos à eficácia ou à saúde, definidos na

análise da demanda;

c) a confrontação e análise destes dados com as questões levantadas pelo enfermeiro do

trabalho e com os dados da literatura.

As recomendações e sugestões ergonômicas para a melhoria da situação laboral

dependem de fatores econômicos, sociais, técnicos e organizacionais, os quais se interligam

de formas, ou execuções diferenciadas, porém centradas na mesma atividade, obtendo-se um

melhor avanço no desenvolvimento humano.

35

ABORDAGEM METODOLÓGICA

A presente seção apresenta a caracterização do estudo, os aspectos éticos, o cenário, os

sujeitos, o instrumento de medida, o modo para coletar os dados, a apresentação e a análise

das informações.

Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório com enfoque descritivo.

Para Leopardi (2001), a pesquisa quantitativa enfatiza o raciocínio dedutivo, as regras

da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana e tem como base os

procedimentos estatísticos para a análise das informações numéricas sob o controle do

pesquisador.

O estudo descritivo e exploratório (Gil, 2002) se preocupa com a descrição do

fenômeno, delineando-se em quatro aspectos principais: descrição, registro, a análise e a

interpretação dos fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente.

Quanto à cronologia dos aspectos éticos da pesquisa, esta se desenvolveu de acordo com

os seguintes acontecimentos:

Após o contato prévio com o diretor da divisão de saúde ocupacional da empresa a ser

estudada, em novembro de 2005, em reunião conjunta, com as chefias imediatas e os

respectivos funcionários interessados em participar da pesquisa, ao apresentar a síntese do

projeto da dissertação, informando sobre seu anonimato, foram estabelecidos os critérios de

inclusão e exclusão, o procedimento de coleta de dados, como acessá-los, os riscos e

benefícios, as eventuais dúvidas.

Ao fim dos esclarecimentos e a concordância dos mesmos, obteve-se a autorização da

empresa para a realização do estudo, mediante a assinatura da folha de rosto do Conselho

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que se refere a pesquisas envolvendo seres

humanos, assim como a assinatura do consentimento livre e esclarecido do estudo pelos

sujeitos envolvidos na pesquisa, conforme estabelecido na Resolução nº- 196/96, do Conselho

Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), em 15 de dezembro de 2005 (APÊNDICE A e B).

Apesar da instituição possuir um Comitê de Ética, este apenas delibera para as questões

de conduta profissional de seus empregados (Lacerda, 2005). Desta forma, optou-se então,

por encaminhar o protocolo da pesquisa ao Comitê de Ética em pesquisa da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, sendo acolhido em 24 de abril de 2006, e obtendo a

aprovação do estudo em 18 de junho de 2006 (ANEXO).

36

O cenário do estudo foi um escritório central de uma empresa da administração indireta

do Governo Federal.

Acatando o princípio de respeitar a manutenção da integridade da imagem da empresa,

bem como, não tenho autorização em divulgá-la, posso somente descrever o cenário do

estudo, conforme o mencionado acima.

A composição da amostra dos sujeitos do estudo foi por escolha aleatória, voluntária,

independente da área de atuação e de seu setor laboral, preservando-se o anonimato dos

participantes.

Adotou-se, o critério de inclusão e exclusão, não fazendo parte da pesquisa, os

portadores de deficiência mental, e os menores de 18 anos, que segundo Polit e Hungler

(1995), pois juridicamente não possuem a responsabilidade civil por seus atos, quando se trata

de sua integridade física e mental para este tipo de pesquisa. Conseqüentemente, são

protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) e Lei nº- 10.216, de 6 de

abril de 2001, que trata sobre a proteção e os direitos das pessoas portadores de transtornos

mentais (BRASIL, 2001).

A amostra consistiu de 17 funcionários administrativos portadores com restrições,

oriundos de deficiência auditiva, física, múltipla e visual, conforme a classificação

estabelecida pelo Decreto nº- 5.296, de 2 de dezembro de 2004, o qual se refere às normas e

critérios básicos dos portadores de necessidades especiais (BRASIL, 2004).

Este quantitativo representa 22% 9 dos 80 PCR existentes em julho de 2006 na empresa,

a partir do programa de responsabilidade social, iniciado em 1º de março de 2002 e, vinculado

à diretoria de recursos humanos (Morgado, 2006), com o propósito de atender a adequação da

política de cotas, instituída pela Instrução Normativa nº- 20, de 19 de janeiro de 2001 do MTE

(Brasil, 2006 b), estabelecendo-se, assim, a conformidade do quantitativo mínimo de 5% do

total da força de trabalho contratada.

Apesar da relevância do assunto em questão, tivemos 7 funcionários não-participantes

do estudo, respeitando-se os princípios da ética na pesquisa envolvendo seres humanos.

Na composição do instrumento de coleta de dados, construímos um questionário

estruturado, onde agrupamos na abordagem ergonômica (Iida, 1993), as variáveis em

categorias, tais como:

a) Na categoria perfil dos trabalhadores, utilizamos as variáveis demográficas – sexo,

9 Considera-se amostra válida e saturada, quando se atinge a 10% da população a ser investigada ou 50% das respostas apresentadas pelo entrevistados coincidentes, com uma margem de erro de 2% destes questionamentos (LEOPARDI, 2001).

37

idade, nível de instrução, naturalidade; e socioeconômicas – categoria profissional, tempo

de serviço na função e programa de readaptação e habilitação profissional;

b) Na categoria fatores de risco, utilizamos as variáveis ocupacionais – jornada de

trabalho, o setor; e condições de trabalho – postura corporal adotada e esforço físico e;

c) Na categoria agravos à saúde, utilizamos as variáveis de saúde – exames ocupacionais

e agravos à saúde do trabalhador (APÊNDICE C).

Para Leopardi (2001), os questionários têm duas funções: descrever as características e

medir determinadas variáveis individuais ou de grupo.

O questionário tem o mesmo objetivo da entrevista, contudo as perguntas devem ser

respondidas por escrito e, com ou sem a presença do entrevistador.

A coleta de dados foi realizada, no período de junho de 2006, em salas de reuniões dos

setores onde os participantes da pesquisa responderam aos seus questionários, em dia e hora

previamente agendados, de acordo com a disponibilidade dos sujeitos do estudo e do

pesquisador.

Os resultados foram apurados manualmente e organizados em tabelas no programa

Microsoft Word, versão 2003. Foram utilizados procedimentos estatísticos (distribuição de

freqüência absoluta e da freqüência percentual).

E, a interpretação dos dados foi realizada à luz da literatura pertinente, devendo-se

reafirmar que os resultados encontrados atendem aos objetivos propostos neste estudo.

38

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Nesta seção, descrevemos os resultados e discussão das informações obtidas, numa

abordagem quantitativa, dada pela investigação da realidade sob a forma da análise

ergonômica.

Deste modo, em conformidade com o primeiro objetivo deste estudo, e o instrumento de

coleta de dados; considerando-se as maiores incidências tanto das freqüências absoluta e

relativa das variáveis apresentadas demográficas (sexo, idade, nível de instrução, naturalidade

e tipo deficiência) e ocupacionais (reabilitação e habilitação profissional, categoria

profissional e tempo de serviço na função), obtivemos o seguinte resultado do perfil dos

trabalhadores PCR absorvidos no escritório central da empresa estudada no Município do Rio

de Janeiro:

Constitui-se predominantemente, de pessoas do sexo masculino (n= 10; f= 58,82%), na

faixa etária de 22 aos 32 anos (n= 9; f= 52,94%), possuem o nível médio completo (n= 8; f=

47,06%), naturais do Estado do Rio de Janeiro (n= 15; f= 88,23%), são portadores de

deficiência auditiva (n= 9; f= 52,94%), não freqüentaram a reabilitação profissional (n= 11; f=

64,70%) e, desempenham a função de assistente administrativo (n= 12; f= 70,59%), estão no

exercício de suas funções no período compreendido de 1 a 2 anos (n= 9; f=52,94%)

aproximadamente.

O sexo masculino nesta amostra estudada (58,82%) é predominante, embora a força

feminina no mercado do trabalho vem modificando significativamente desde a Revolução

Industrial, rompendo os paradigmas no desempenho de seus papéis, antes restrito aos

trabalhos domésticos, e nos dias de hoje, destaca-se no contraste em ocupação nos cargos de

elevada importância nos mais variados setores de diversas empresas. Porém, com a

fragilidade da complacência da estrutura física da mulher (equivale a 2/3 da força do homem),

e no que tange às tarefas que necessitem do desprendimento de carga física, a preferência

ainda é para com os homens. A NR-17 considera o limite de transporte de peso de 23 kg,

sendo que para mulheres esta é reduzida em 75%, correspondendo a 5,75 kg para não

comprometer a sua saúde e segurança.

O outro fator característico para a preferência pelo sexo masculino seria a

vulnerabilidade das alterações do metabolismo feminino, sendo um diferencial no

enfrentamento do stress no desenvolvimento de determinadas atividades. Assim, as empresas

preferem contratar mulheres na faixa etária de 40 a 52 anos, quando esta já encerrou seu ciclo

39

reprodutivo, ao passo que as empresas procuram evitar admissões e/ou pagar benefícios, no

período gestacional e/ou no puerpério (BRASIL, 2006 c; BULHÕES, 1998; PEREIRA,

2006).

A maioria das organizações vem investindo na juventude, pelas percepções de idéias

inovadoras, quando se trata da idade laborativa, porém, para ocupações onde se exige a

responsabilidade no cargo, a experiência das pessoas com mais vivências atendem às

expectativas na contratação.

E, após os 30 anos de idade, esta população de trabalhadores começa a apresentar

debilidades em sua saúde, tais como, doenças cardiovasculares, pulmonares, musculares com

redução da capacidade de força física, os órgãos sensoriais perdem o poder de percepção, o

sono se torna mais vulnerável às variações de horário e ambiente (PEREIRA 2006).

Segundo o MTE, o estudo intitulado “A ocupação dos jovens no mercado

metropolitano”, realizado no ano de 2005, comprovou que a evasão escolar afeta

principalmente mulheres jovens na faixa etária dos 16 aos 24 anos de idade, tendo como causa

condicionante, a conciliação dos estudos e do emprego, impostas pelas 44 horas de jornada de

trabalho, regidas, pela CLT.

E, como a questão prioritária das empresas está relacionada diretamente com a garantia

da melhoria dos serviços, através de uma qualificação profissional de seus funcionários, caso

a instituição não garantir o acesso escolar, fatalmente, esta medida contribuirá para o

afastamento do trabalhador do emprego, visto que não há semelhanças para o PCR, já que a

sua não - continuidade nos estudos pode ser inferida pela própria deficiência, principalmente a

física, devido à dificuldade de locomoção do indivíduo, constituindo-se ainda numa barreira

arquitetônica a este grupo populacional, além da pouca existência em educação especial para

deficientes auditivos e visuais, apesar da empresa em questão neste estudo, estimular aos

funcionários a se capacitarem profissionalmente, a fim de pleitearem melhores cargos e

salários. Existe, porém, um outro fator desanimador; a carga horária de trabalho pode

inviabilizar este incentivo (PEREIRA 2006; NAKAMURA, 2003).

A predominância de trabalhadores PCR auditivos pode ser justificada pelos convênios

firmados com uma escola de educação especial para deficientes auditivos, responsável pela

sua capacitação e por uma organização não - governamental, que o seleciona para sua

inserção no mercado de trabalho (MORGADO, 2006).

O objetivo da reabilitação profissional é a promoção social do trabalhador incapacitado

na sua máxima valorização através do aproveitamento de suas potencialidades e capacidade

laborativa residual (PEREIRA, 2001). Porém, neste contexto, estes trabalhadores, não

40

necessitam em participar deste processo, pois os mesmos apresentam características próprias

no desempenho de suas funções.

A classificação brasileira de ocupações do MTE, versão 2004 caracteriza a atividade do

assistente administrativo (código 4110-10), como:

[...] executam serviços de apoio nas áreas de recursos humanos, administração, finanças e logística; atendem fornecedores e clientes, fornecendo e recebendo informações sobre produtos e serviços; tratam de documentos variados, cumprindo todo o procedimento necessário referente aos mesmos; preparam relatórios e planilhas; executam serviços gerais de escritórios (BRASIL, 2006 b, p. 1).

A esta função, habilitam-se as seguintes categorias de trabalhadores portadores com

restrições: física com maior ou menor comprometimento motor; deficiência auditiva leve ou

total; deficiência visual parcial.

O segundo objetivo desta pesquisa foi analisar os agravos de saúde no trabalho, gerados

pelos riscos ergonômicos na perspectiva da enfermagem, em que utilizamos as variáveis

ocupacionais – jornada de trabalho, o setor; e condições de trabalho – postura corporal

adotada e esforço físico; e, nas categorias de agravos à saúde, utilizamos as variáveis

ocupacionais – exames ocupacionais e agravos à saúde do trabalhador.

Na correlação dos fatores de riscos ocupacionais com os agravos á saúde do trabalhador,

é possível estabelecer o nexo causal, na concepção das classificações do tipo de ergonomia.

a. Ergonomia física: permite ao trabalhador PCR, adaptar-se ao posto de trabalho e realizar

suas atividades de forma cômoda e produtiva ao longo de sua jornada, reduzindo o desgaste

físico e mental, melhorando a sua produtividade (BRASIL, 2006 c; FIALHO; SANTOS,

1997; IIDA, 1993; SANTOS, N., 2001).

A duração da jornada das atividades realizadas se reflete nos processos psico-

fisiológicos para o trabalho (BULHÕES, 1998).

As horas de trabalho, geralmente, são fixadas por lei, podendo ser limitadas também

através de acordos coletivos entre empregados e empregadores. As horas trabalhadas diferem

da duração normal, já que as horas extras devem ser acrescentadas. Se as horas de trabalho

forem inadequadas, elas podem influenciar na saúde e na segurança, no grau de tensão e

fadiga e na qualidade de vida do trabalho em geral. Como conseqüência, pode gerar processos

infecciosos no organismo (MAURO et al., 1997).

41

Na Tabela 3, abaixo, apresentamos o quantitativo de horas das atividades desenvolvidas

por trabalhadores PCR em seus postos de trabalho.

Tabela 3: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, em relação à jornada de trabalho, jun/2006, Rio de Janeiro, Brasil.

Jornada de trabalho (em horas)

Auditiva n %

Físican %

Múltipla n %

Visual n %

Total n %

Até 04 horas 03 33,33 00 00,00 00 00,00 00 00,00 03 17,64Até 08 horas 05 55,56 04 66,67 01 100,00 01 100,00 11 64,70Mais de 08 horas 01 11,11 02 33,33 00 00,00 00 00,00 03 17,64Total de entrevistados 09 100,00 06 100,00 01 100,00 01 100,00 17 100,00

Fonte: Entrevistados da Empresa.

Dos 17 depoentes, observamos que a maior ocorrência está na jornada de trabalho de até

08 horas; tal qual é estipulado no Art.6º, XIII, da Constituição Federativa da República

Brasileira, de 5 de outubro de 1988: “duração do trabalho normal não superior a 08 horas

diárias e 44 horas semanais [...]” (PINTO, 2006, p. 79).

Nesta análise, 33,33% trabalhadores PCR auditivos, relatam em seus contratos de

trabalho, carga horária de 4 horas, sendo 2 estagiários. A Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, de 23 de dezembro de 1996, em seu capítulo referente ao ensino

profissionalizante, estabelece que a jornada de atividade em estágio a ser cumprida pelo

estudante, deverá ser compatível com seu horário escolar e com o seu horário de estágio

(BRASIL, 1997).

Do conjunto de PCR entrevistados, apenas 2 trabalhadores deficientes auditivos

(22,22%), realizam atividades em rodízio de turno de trabalho.

E quando esta prática se torna comum, podem sofrer alterações no estilo de vida,

aumentando o consumo do fumo em trabalhadores noturnos, influenciando negativamente a

qualidade do sono, ocasionando problemas estomacais, aumento na fadiga devido ao ritmo

intenso de trabalho, e outros (FISCHER; METZNER, 2001).

Neste tipo de trabalho traz outros distúrbios no ritmo biológico normal, quando a

temperatura do corpo varia durante o dia, tendo sua mínima na manhã e sua máxima à noite.

Isto coincide com mudanças no sistema circulatório, nos tecidos, nas atividades hormonais e

cerebrais que estão adequadas para o trabalho durante o dia e o sono à noite.

E, este ritmo biológico não se inverte completamente na mudança de turnos. Sabe-se

que a adaptação completa não acontece mesmo depois de semanas. Esta é a razão pela qual o

42

trabalho noturno é mais penoso e porque o sono do dia é mais curto e menos compensador

que o sono normal da noite.

De uma maneira geral na concepção dos postos de trabalho não se leva em consideração

o conforto do trabalhador na escolha da postura na atividade laboral, mas sim nas

necessidades da produção.

Na Tabela 4, a seguir, observamos a predominância das posturas adotadas durante a

jornada de trabalho e a sua relação com as dores articulares e/ou musculares como fator

agravante à saúde destas pessoas.

Tabela 4: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação às posições adotadas junto aos equipamentos de trabalho, jun/2006, Rio de Janeiro, Brasil.

Posições adotadas Auditivan %

Físican %

Múltiplan %

Visual n %

Total n %

Sentados 06 66,67 06 100,00 01 100,00 01 100,00 14 82,35Em pé 08 88,89 00 0,00 00 0,00 00 0,00 08 47,06Encurvados 02 22,22 00 0,00 00 0,00 00 0,00 02 11,76Total de entrevistados 09 100,00 06 100,00 01 100,00 01 100,00 17 100,00

Fonte: Entrevistados da Empresa.

A Tabela 4, referente à postura adotada pelos trabalhadores PCR junto aos

equipamentos, aponta para a predominância da posição sentada para todos os funcionários

sem distinção quanto ao tipo de deficiência.

A postura sentada (Tabela 4) permite melhor controle dos movimentos pelo esforço de

equilíbrio reduzido e indicado para trabalhos que exijam precisão, tendo como vantagens a

baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores, reduzindo a sensação de

desconforto e cansaço; possibilidade de evitar posições forçadas do corpo; menor consumo de

energia; facilitação da circulação sanguínea pelos membros inferiores (BRASIL, 2006 c;

FIALHO; SANTOS, 1997; IIDA, 1993, LIMA, 2006; PIRES DO RIO et al., 1999 a, b).

De uma maneira geral, os problemas lombares advindos da postura sentada (Tabela 4),

são justificados pelo fato da compressão dos discos intervertebrais ser maior na posição

sentada do que na em pé.

No entanto, tais problemas não são apenas decorrentes de cargas que atuam sobre a

coluna vertebral, mas sim, principalmente, na manutenção da postura estática.

A imobilidade postural constitui um fator desfavorável para a desnutrição do disco

intervertebral que é dependente do movimento e da variação da postura. A incidência de dores

lombares está relacionada à alternação da postura sentada com a posição em pé (BRASIL,

43

2006 c; FIALHO; SANTOS, 1997; IIDA, 1993, LIMA, 2006; PIRES DO RIO et al., 1999 a,

b).

Como desvantagens nesta postura, citamos: sedentarismo; lordoses ou cifoses

excessivas; estase sanguínea nos membros inferiores, agravando-se quando houver a

compressão da face posterior da coxa ou da panturrilha, se estiver mal posicionada.

Os músculos que sustentam o tronco contra a força gravitacional, embora vigorosos são

mais adequados para manter a postura em pé. Eles são mais eficazes na produção dos

movimentos necessários às principais mudanças de postura. Por mais econômica que possa

ser em termos de energia muscular, a posição em pé ideal não é usualmente mantida por

longos períodos, pois as pessoas tendem a utilizar alternadamente a perna direita e esquerda

como apoio, facilitando as compressões das articulações.

Ainda como desvantagens desta postura, podemos citar: compressão nos órgãos do

sentido, distúrbios digestivos, insuficiência vascular venosa nos membros inferiores,

resultando em varizes, sensação de peso nas pernas, ocasionando dores nas superfícies de

contato articular do corpo (quadris, joelhos e pés); a tensão muscular para manter o equilíbrio,

dificulta as tarefas de precisão (BRASIL, 2006 c; FIALHO; SANTOS, 1997; IIDA, 1993,

LIMA, 2006; PIRES DO RIO et al., 1999 a, b).

A escolha da postura em pé só está indicada nas seguintes condições: tarefas exigentes

de deslocamento contínuo; manipulação de cargas com peso superior a 4,5 kg; operações

freqüentes em vários ambientes separados fisicamente. Afora estas situações, não se deve

aceitar em hipótese alguma, o trabalho contínuo em pé.

Na posição curvada (Tabela 4), o trabalhador poderá sofrer desvio na coluna vertebral,

principalmente na região lombar, devido à sobrecarga física, afecções e lesões dos discos

intervertebrais, distensões, fadigas, dores musculares irradiando para a região dos quadris e

dos membros inferiores (BRASIL, 2006 c; FIALHO; SANTOS, 1997; IIDA, 1993, LIMA,

2006; PIRES DO RIO et al., 1999 a, b).

Observando-se as principais regiões do corpo afetadas nos trabalhadores com restrições

físicas, descritas na Tabela 5, a seguir, apresentaremos as principais localizações das doenças

osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), para este estudo.

Dos 17 entrevistados, 9 (52,94%) depoentes desta amostra, referem queixas

relacionadas a dores articulares e/ou musculares, segundo o seu tipo de deficiência

apresentada.

44

Tabela 5: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação à localização das dores articular e/ou muscular relacionadas ao trabalho, jun/2006, Rio de Janeiro, Brasil.

Localização das dores Auditiva n %

Física n %

Visual n %

Total n %

Coluna cervical 01 11,11 00 00,00 00 00,00 01 6,25Coluna vertebral 01 11,11 00 00,00 00 00,00 01 6,25Coluna torácica 00 00,00 01 16,67 00 00,00 01 6,25Coluna lombar 02 22,22 02 33,33 00 00,00 04 25,00Ombro direito 03 33,33 02 33,33 00 00,00 05 31,25Ombro esquerdo 03 33,33 01 16,67 00 00,00 04 25,00Cotovelo direito 02 22,22 00 00,00 00 00,00 02 12,50Cotovelo esquerdo 02 22,22 01 16,67 00 00,00 03 18,75Punho direito 03 33,33 00 00,00 00 00,00 03 18,75Punho esquerdo 03 33,33 00 00,00 00 00,00 03 18,75Dedos da mão direita 00 00,00 01 16,67 01 100,00 02 12,50Coxa direita 01 11,11 02 33,33 00 00,00 03 18,75Coxa esquerda 01 11,11 02 33,33 00 00,00 03 18,75Perna direita 00 00,00 02 33,33 00 00,00 02 12,50Perna esquerda 00 00,00 02 33,33 00 00,00 02 12,50Pé direito 00 11,11 02 33,33 00 00,00 02 12,50Pé esquerdo 00 11,11 02 33,33 00 00,00 02 12,50Total de entrevistados 09 100,00 06 100,00 01 100,00 16 100,00

Fonte: Entrevistados da Empresa.

Dos 17 trabalhadores PCR da amostra do estudo, apenas aquele com deficiência

múltipla não respondeu a esta questão, totalizando assim, 16 entrevistados.

Destaca-se que a maior concentração de queixas relacionadas a dores articulares e/ou

musculares, incide na coluna lombar para os portadores de deficiência auditiva (22,22%) e

nos deficientes físicos (33,33%), no ombro direito para os portadores de deficiência auditiva

(33,33%) e deficientes físicos (33,33%) e no ombro esquerdo para os portadores de

deficiência auditiva (33,33%) e deficientes físicos (16,67%) (Tabela 5), os quais se

correlacionam com as posturas apresentadas na Tabela 4, podendo ser sugestivas de DORT.

Embora na empresa exista o treinamento ergonômico associado à postura, o empregado

deve estar sempre monitorado e acompanhado, na possibilidade da ocorrência de novos casos

de DORT.

Todo treinamento e melhoria nos postos de trabalho necessitam da participação e da

responsabilidade do empregador e do empregado, caso contrário, será um investimento sem

retorno e inútil.

A DORT, reconhecida pela Ordem de Serviço nº- 606, de 5 de agosto de 1998, do

INSS, é um conjunto de doenças proveniente de certo tipo de operações, pela sua

característica repetitiva, durante a jornada de trabalho, ocasionando graves lesões aos

músculos, tendões e nervos. Muitas vezes, a própria organização do trabalho pode ocasionar

45

situações que propiciem a manifestação deste tipo de doença (BRASIL, 2006 c, BRASIL,

2002).

Dentre as principais DORT relacionadas às regiões afetadas pode-se citar dois aspectos

principais que contribuem para vários agravos a saúde do trabalhador e que estão intimamente

relacionadas com as atividades laborais (OPAS, 2001; FIALHO; SANTOS, 1997; IIDA,

1993; MACIEL, 1995; MENDES, 2006; KAPLAN, 1994; LIMA, 2006; PIRES DO RIO et

al., 1999, a, b; SANTOS, 2001):

Aspectos relacionados às posturas sentadas – os trabalhadores podem apresentar

sinais e sintomas na coluna vertebral, apesar de não serem característicos de DORT,

ocasionando:

Cervicalgia ou síndrome tensional do pescoço: desordem orgânica e funcional

provocada pelo trabalho repetitivo, aumentando as cargas musculares estática,

secundárias a postos de trabalho inadequados;

Síndrome do desfiladeiro torácico: compressão do feixe vásculo-nervoso

compreendido pelos músculos escaleno anterior e médio, a primeira costela e a

clavícula;

Dor ciática e lumbago com ciática: dor na região lombar, que pode se irradiar para

os membros inferiores e evoluir para um quadro persistente de dor isolada em

membros inferiores;

Escoliose: desvio lateral curvo da coluna;

Cifose: aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente na região

torácica;

Lordose: aumento da concavidade na região cervical ou lombar acompanhado por

inclinação dos quadris para frente;

E, quando não ocorrem pausas ou ao final da jornada de trabalho, os agravos acometem

principalmente os portadores com restrições físicas, os quais podem manifestar:

Artrite reumatóide: inflamação crônica das membranas das cápsulas das articulações

46

sinovais dos dedos, das mãos, dos punhos, dos joelhos, da coluna vertebral e do quadril;

Varizes: superfícies dilatadas e tortuosas, causadas pela compressão das valvas

venosas;

Câimbras nos membros inferiores e, com o passar do tempo, pela não percepção da

sensibilidade nesta região, o aparecimento de feridas.

Aspectos relacionados às tarefas repetitivas, que podem afetar os ombros e

cotovelos e, conseqüentemente, ocasionar:

Tendinite do supra-espinhoso (síndrome do impacto ou impingement): uso

prolongado de movimentos repetitivos elevação e abdução dos braços acima dos

ombros ocasionando a inflamação e impotência funcional da articulação,

denominado ombro congelado;

Tendinite biceptal ou tendinite da cabeça longa do bíceps: inflamação aguda ou

crônica do tendão da cabeça longa do bíceps na extensão do úmero, causadas por

movimentos repetitivos e posturas viciosas de membro superior (tarefas que exijam

elevação, abdução dos braços acima dos ombros durante longos períodos de tempo);

Tendinite distal dos bíceps: inflamação aguda ou crônica do tendão distal do bíceps,

associada aos movimentos de flexão de antebraço supinado, rompendo o tendão com

a contração máxima;

Tendinite calcificante do ombro: caracterizando-se pela deposição de cálcio no

tendão supra-espinhoso dos ombros,

Epicondilite medial: processo inflamatório resultante da inserção dos músculos

flexores do carpo na borda medial do cotovelo, podendo haver comprometimento do

nervo ulnar, através das constantes pronações e supinações do antebraço;

Síndrome do supinador: compressão do nervo radial na altura do músculo supinador;

Síndrome do pronador redondo: compressão do nervo mediano abaixo da prega do

cotovelo, alterando a sensibilidade da mão com fraqueza no punho ao realizar

pronação dolorosa do antebraço;

47

Síndrome do túnel cubital: caracterizando-se por dor quando o cotovelo é mantido

em flexão e pronação por período de 30 minutos, além de dor e parestesia à noite na

área do nervo ulnar, levando a pessoa a acordar devido aos sintomas, diminuição na

força de preensão e dificuldade para realizar movimentos finos de precisão.

Nos punhos:

Dedos em gatilho: desencadeado por movimentos de esforços repetitivos

traumáticos, ocasionando inflamação dos tendões flexores profundos dos dedos e do

tendão flexor longo do polegar, levando ao bloqueio mecânico e comprimindo a

extensão palmar;

Epicondilite lateral (Tennis Elbau): processo inflamatório da inserção dos músculos

extensores e flexores responsáveis pela supinação e pronação do ombro, cotovelo e

punho, podendo haver comprometimento do nervo radial;

Síndrome do canal de Guyon: compressão da borda do nervo ulnar e do músculo

palmar curto do punho, devido a trauma direto, com uso repetitivo da borda ulnar do

punho (trauma ocupacional), como fraturas dos dedos e outras causas;

Síndrome do túnel do carpo: neuropatia da compressão do nervo mediano do punho,

desencadeando edema das estruturas e da preensão interna do túnel do carpo.

A dor pode irradiar para o cotovelo, ombro e até a região cervical, contribuindo

inclusive para:

Tenossinovite estilóide radial ou síndrome de Quervain: constrição dolorosa da

bainha comum dos tendões do abdutor longo do polegar e extensor curto do polegar;

Tendinite extensor longo do polegar: quando há repetição de extensão forçada do

punho, podendo ocasionar um trauma direto e fratura distal do rádio.

Em relação à ergonomia física podemos afirmar que: 64,7% dos trabalhadores com

restrições cumprem jornada de trabalho de 8 h/dia, que apenas 22,22% trabalhadores PCR

auditivos trabalham em turnos alternados; trabalham sentados 66,67% dos deficientes

auditivos, 100 % dos deficientes físicos, 100 % dos trabalhadores PCR com deficiências

48

múltiplas e 100% dos trabalhadores com deficiência visual; e ainda que as principais regiões

acometidas por dores articulares e/ou musculares são: a coluna lombar (22,22% dos PCR

auditivos e 33,33% dos PCR físicos), o ombro direito (33,33% auditivos e 33,33% físicos) e,

o ombro esquerdo (33,33% auditivos e 16,67% físicos).

b. Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória,

raciocínio e resposta motora afetando as interações entre os seres humanos, os quais são

associados com pausas de descanso, monotonia e fadiga (BRASIL, 2006 c; FIALHO;

SANTOS, 1997; IIDA, 1993; SANTOS, 2001).

Na Tabela 6, a seguir, descrevemos a distribuição de trabalhadores PCR por tipo de

deficiência em relação à realização de horário extraordinário.

Tabela 6: Distribuição de trabalhadores com restrições, entrevistados por tipo de deficiência em relação ao horário extraordinário, jun/2006, Rio de Janeiro, Brasil.

Horário extraordinário Auditivan %

Físican %

Total n %

Não 08 88,89 03 50,00 11 73,33Sim 01 11,11 03 50,00 04 26,67Total de entrevistados 09 100,00 06 100,00 15 100,00

Fonte: Entrevistados da Empresa.

O trabalho extraordinário compreende as horas trabalhadas além da habitual. Quando

esta prática for freqüente pode afetar a saúde, a segurança e o bem-estar. Pode elevar os

custos para a empresa, quando resultado de concentração sazonal de trabalho, atividade

intermitente de longa carga horário, falta de mão - de - obra especializada ou qualificada,

controle de execução fraco ou com dificuldade.

Os efeitos adversos nos trabalhadores compreendem: tensão e cansaço excessivo, tanto

físico como mental, baixa qualidade de trabalho e aumento na incidência de erros; aumento no

número de acidentes no trabalho, sono insuficiente associado com a dificuldade para dormir e

possível necessidade de uso de medicamentos, envelhecimento precoce, alterações na vida

familiar e nas atividades sociais.

Os efeitos negativos podem estar associados a fatores, tais como: higiene e segurança

deficientes, alimentação inadequada, saúde geral e de moradia precária, falta de serviços

públicos disponíveis, longas horas de viagens e meios de transporte ineficientes (BULHÕES,

1998).

Com relação às pausas durante o trabalho, em relação ao universo da amostra

49

pesquisada, apenas um trabalhador PCR auditivo (11,11%), não realiza a pausa para o

trabalho.

A existência de períodos de descanso e intervalos é necessária para a saúde e o bem

estar dos trabalhadores. O sono e repouso contribuem para a reposição de energia em nosso

corpo (BULHÕES, 1998).

Tais medidas devem incluir: intervalos curtos durante as horas de trabalho, e como

exemplo citamos, como exemplos, que nas atividades de digitação deve haver no mínimo,

uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados e não deduzidos da jornada

normal de trabalho. Os pequenos intervalos durante as horas de trabalho são necessários para

evitar a fadiga, eles são importantes nos trabalhos de acompanhamento do ritmo das máquinas

ou supervisão contínua.

No intervalo entre jornadas de trabalho, haverá um período mínimo de descanso de 11

horas, e repouso semanal de 24 horas consecutivas, devendo-se coincidir com os domingos

em sua parte (PINTO, 2006).

O intervalo de uma hora para as refeições é obrigatório, previsto no Art.71 da CLT,

sendo indispensável para jornada de oito horas por dia. O empregador deve proporcionar um

local adequado para as refeições fora do local de trabalho. Recomenda-se a utilização de

recursos alternativos para distração de seus funcionários. Os intervalos para refeições e as

pausas curtas para descanso evitam a perda de concentração. O contato com os colegas de

trabalho é essencial para o convívio social nas empresas (PINTO, 2006).

Os agravos à saúde, gerados no trabalho pelos fatores de risco ergonômicos,

mencionados pelos trabalhadores portadores com restrições durante atividades laborais são

observadas na Tabela 7 e seus sinais e sintomas são descritos na Tabela 8 a seguir:

Tabela 7: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo deficiência em relação aos fatores de risco ergonômico presente, jun/2006, Brasil.

Fatores de riscos ergonômicos

AuditivaN %

Físican %

Múltiplan %

Visualn %

Total N %

Responsabilidade 08 88,89 03 50,00 00 00,00 00 00,00 11 64,71Repetitividade 05 55,56 04 66,67 00 00,00 01 100,00 10 58,82Ritmo intenso de trabalho 05 55,56 00 00,00 00 00,00 00 00,00 05 29,41Monotonia 03 33,33 00 00,00 00 00,00 01 100,00 04 23,53Ansiedade 02 22,22 00 00,00 01 100,00 00 00,00 03 17,64Esforço físico intenso 04 44,44 00 00,00 00 00,00 00 00,00 04 23,53Total de entrevistados 09 100,00 06 100,00 01 100,00 01 100,00 17 100,00

Fonte: Entrevistados da Empresa.

50

Tabela 8: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação aos agravos de saúde no trabalho, jun/2006, Rio de Janeiro, Brasil.

Agravos à saúde Auditiva n %

Física n %

Visual N %

Total n %

Cefaléia 06 66,67 03 50,00 00 00,00 09 52,94Stress 06 66,67 02 33,33 01 100,00 09 52,94Cansaço 02 22,22 03 50,00 00 00,00 05 29,41Úlcera duodenal 04 44,44 00 00,00 00 00,00 04 23,53Doenças do sistema nervoso 02 22,22 01 16,67 00 00,00 03 17,65Gastrite 02 22,22 00 00,00 00 00,00 02 11,76Insônia 01 11,11 00 00,00 01 100,00 02 11,76Fraqueza 01 11,11 00 00,00 00 00,00 01 5,88Total de entrevistados 09 100,00 06 100,00 01 100,00 17 100,00

Fonte: Entrevistados da Empresa.

Quando o trabalhador PCR se sente frustrado e constrangido com as limitações de suas

tarefas, o lado mental acaba afetando o físico, e então, a pessoa adoece. A depressão é o

próximo passo dos doentes crônicos de LER/DORT, avançando com a fibromialgia, síndrome

do pânico e a ansiedade, quando o trabalhador percebe que terá que reduzir a atividade ou se

afastar definitivamente do trabalho.

Outro fator que agrava o problema é que muita gente sofre calada, por falta de

conhecimento ou medo de perder o emprego, e os jovens por não terem experiência são alvo

fácil desse tipo de pressão indireta; eles se sentem pressionados a gerar resultados de uma

forma incisiva (responsabilidade) no cumprimento dos prazos determinados pelas chefias de

serviço, e acabam relaxando com o cuidado a saúde, e foram identificados como fatores de

risco para problemas musculoesqueleticos, e são situações causadoras de stress ocupacional,

também chamada de síndrome de Burnout (OPAS, 2001; DEJOURS, 1996, 2005; MACIEL,

1995; MENDES, 2006; KAPLAN, 1994).

Keyserling e outros (1993) e Zeitoune (1996) referem que os trabalhadores aos

realizarem esforços físicos em um ritmo intenso, adotam posturas inadequadas com repetição

dos movimentos e acentuada velocidade, com gasto energético aeróbico de 9,5 kcal/min

(BRASIL, 2002), o que contribui para o desgaste físico e mental, gerando, conseqüentemente,

o stress ocupacional.

E, podemos apontar como seqüelas deste stress ocupacional, os problemas emocionais

(ansiedade, angústia, falta de concentração e frustração), comportamentais (aumento do

consumo de álcool, drogas prescritas ou não e cigarros, agressividade, distúrbios do apetite e

mudança de libido) e também físicos (como dores musculares, cansaço crônico e distúrbios do

sono).

51

Por outro lado, a automatização acarreta uma série de problemas, decorrentes da

monotonia que engendram e, dependendo de como o trabalho é organizado, a pessoa se

sentirá exaurida, sem energia, depressiva, podendo desenvolver cefaléias, cansaço, distúrbios

do sistema nervoso (ansiedade, depressão e stress), úlcera duodenal, hipertensão, síndrome do

pânico, herpes; no caso dos trabalhadores com restrições, poderá ser desenvolvida a frustração

decorrente da limitação na realização de suas tarefas e o constrangimento pela sua deficiência

aparente (BRASIL, 2006 c; DEJOURS, 1996 e 2005; MENDES, 2006, KAPLAN, 1994).

Tais atividades físicas, atribuídas ao trabalhador PCR, e a ultrapassagem dos limites de

tolerância aliados a estes fatores de risco geram o erro humano e conseqüentemente se tornam

passíveis do acometimento de acidentes de trabalho.

Ao analisarmos o trabalhador com restrição, sob o aspecto da ergonomia cognitiva,

concluímos que 11,11% dos PCR auditivo e 50,00% dos PCR físicos entrevistados realizam

jornadas extraordinárias de trabalho, 70,59% fazem pausas durante as atividades

desempenhadas. Na Tabela 8, pudemos observar ainda as incidências dos fatores de riscos

ergonômicos acometidos a esta população, e ao ultrapassar seus limites de tolerância, como

conseqüência, desenvolveram os agravos à saúde, já apontados em relação a Tabela 5.

c. Ergonomia organizacional: quando o ambiente de trabalho converte-se em elemento

agressor ao indivíduo, qualquer que seja a origem do desequilíbrio, existe a possibilidade de

dano para a saúde do trabalhador (BRASIL, 2006 c; FIALHO; SANTOS, 1997; IIDA, 1993;

SANTOS, 2001).

Quanto à temperatura, apenas 3 trabalhadores (17,65%) PCR auditivos, referem

inadequação do ambiente em razão do frio proveniente do ar condicionado, sendo que os 17

trabalhadores PCR (100%) estão satisfeitos quanto à iluminação e ao ambiente acústico.

O sistema regulador térmico do ser humano é muito eficaz para o calor e pouco

eficiente para o frio. Nos ambientes frios, o organismo perde calor, exigindo que o trabalhador

proteja-se adequadamente, de modo a não baixar a sua temperatura interna, afetando o

funcionamento de diversos órgãos.

O ambiente artificial é prejudicial em virtude da temperatura inferior a do corpo

humano, da umidade dos gases que produzem frio ao se despenderem. A regulagem

inadequada do ar condicionado pode acarretar frio excessivo e desconforto térmico. Com

relação aos equipamentos de ar condicionado centralizados, deve se tomar cuidado com sua

limpeza, pois é uma fonte potencial de microorganismos advindos da poeira do equipamento

são causadores, conjuntivite e de doenças respiratórias, tais como faringite e sinusite.

52

A existência do frio, em conjunto com fatores como vento e umidade, pode originar

reumatismo localizado e dores nas articulações da região cérvico-braquial da coluna vertebral,

das mãos e dos pés. A combinação do frio com vibrações origina perturbações ósseas e

articulares, além de perda de sensibilidade e cãibras dolorosas nas mãos (síndrome de

Raynaud).

O Anexo 3 da NR-15, Portaria nº- 12 do MTE, de 12 de novembro de 1979 10, e a NR-

24, Portaria nº- 13 do MTE, de 17 de setembro de 1993 11, orientam que a zona de conforto de

temperatura aceitável para muitas pessoas varia de 20 a 23ºC, com a umidade relativa em

torno de 40 a 60%, e velocidade do ar de 0,2 m/s, se a carga for leve e não transmitir calor

radiante. À proporção em que a carga de trabalho aumenta, é necessária uma temperatura

mais amena, para manter o conforto, pelo fato dos músculos em movimento produzirem calor

durante o trabalho físico pesado, e a temperatura é fixada abaixo de 20ºC. Para locais com

umidade do ar muito alta é indicado equipamento de ar condicionado tradicional esfriando e

secando o ambiente. Para locais secos, há necessidade de controle extra da umidade, caso

contrário os aparelhos de ar condicionado irão ressecar mais o ambiente. Em climas mais

secos, pode ser necessário utilizar umidificadores. (BRASIL, 2006 c; OPAS, 2001).

No que se refere às condições de trabalho do portador com restrições, nesta amostra,

optou-se por distribuir a freqüência, correlacionando o seu tipo de deficiência com a sua

necessidade de adaptação ao trabalho, tendo como resultado que 3 (17,65%) dos PCR físicos

sinalizaram para esta importância.

Entretanto, podemos observar que, ao longo dos anos, a empresa vem investindo na

reestruturação da organização dos seus postos de trabalho, a partir das propostas apresentadas

de pesquisas anteriores, modificando-os de acordo com as necessidades de adequação dos

seus funcionários, garantindo uma melhor satisfação destes trabalhadores no desempenho de

suas tarefas.

Em relação aos recursos que são empregados para a adaptação ao trabalho dos

portadores com restrições, podem ser citados o piso e o acesso aos postos de trabalho. Estes,

quando inadequados, tornam-se agentes de risco de acidentes de trabalho. Como exemplos,

citamos: rota acessível, ou seja, ter percurso livre de barreiras desde a origem até o seu

destino; piso-guia e piso de alerta - adequação do contraste no chão para os cegos e portadores

de visão subnormal, rampas e calçadas rebaixadas, piso antiderrapante, maçanetas tipo 10 Limites de tolerância ao calor para caracterização do conforto térmico (BRASIL, 2006 c).

11 Condições sanitárias de conforto nos locais de trabalho determinando os requisitos básicos para as instalações sanitárias e de conforto a serem observados nos locais de trabalho, no que se refere aos ambientes em geral (BRASIL, 2006 c).

53

alavanca, portas com largura mínima de 1,00 m, área interna dos elevadores na proporção de

1,50 x 1,50 m, botoneira de elevador ajustada para a altura de 0,80 m e sinalizada em braile,

sanitários adaptados, contribuindo para a melhoria do conforto no ambiente de trabalho para

os deficientes motores. Os elevadores além de terem botoneiras em braile, devem possuir

sinalização de aviso de andares tanto luminoso e sonoro, atendem as expectativas dos PCR

visuais e auditivos. No que se refere ao item mobiliário, a correlação equipamento não

ajustado antropometricamente em relação ao trabalhador, torna-se um obstáculo no

desempenho de suas tarefas (BRASIL, 2002).

Merece destaque que, quanto à categoria exames do PCMSO, apenas um PCR físico

(5,88%) não realizou tal procedimento.

Os objetivos do PCMSO, estabelecidos na NR-7, Portaria nº- 8 do MTE, e republicada

em 8 de maio de 1996 (BRASIL, 2006 b), são de promover e manter o mais alto grau de bem-

estar físico, mental e social dos trabalhadores, prevenindo os desvios causados pelas

condições de trabalho, estabelecer a relação entre ambiente de trabalho e as atividades

profissionais na ocorrência das doenças ocupacionais, analisar as causas de acidentes do

trabalho e cumprir a legislação vigente.

Os exames ocupacionais (admissional, periódico, demissional, retorno ao trabalho,

mudança de função e complementares) na prevenção secundária, têm o caráter de um estudo

individual e epidemiológico das alterações relacionadas ao risco ocupacional, a sua evolução

– elucidada a partir do diagnóstico de enfermagem e médica, e realizar medidas de controle

das doenças ocupacionais.

A não realização dos exames supracitados, assim como a não realização de treinamentos

em saúde e segurança, conforme o depoimento de 70,59% dos funcionários predispõe os PCR

a acidentes de trabalho, sendo que 11,76% já sofreram este evento e agravos à saúde.

A Lei de Acidentes de Trabalho, regulamentada pelo Decreto nº- 2.172, de 5 de março

de 1997, define:

O acidente de trabalho é aquele que pode ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho; isto diz respeito também à causa que não sendo à única, tenha contribuído para o resultado; pode ocorrer no local de trabalho, a serviço da empresa e aos intervalos ou a caminho. Equipara-se ao acidente de trabalho a doença profissional e/ou a doença do trabalho (BRASIL, 2006 c, p. 64).

54

Como todos os eventos, os acidentes possuem uma ou mais causas, e uma ou mais

conseqüências, a prevenção de acidentes consiste em eliminar as causas, evitando assim a sua

ocorrência.

Os acidentes do trabalho decorrem basicamente de duas causas primárias (PEREIRA,

2001):

Os comportamentos inseguros (correspondem a 90% dos acidentes de trabalho) são as

causas de acidentes de trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto é,

aquelas causas que decorrem da execução de tarefas de uma forma contrária às normas

de segurança, e;

Condições inseguras (correspondem a 10% dos acidentes de trabalho) são as causas dos

acidentes do trabalho que decorrem diretamente das condições do local ou de ambientes

de trabalho. Estas condições inseguras de local ou de ambientes são conhecidas como

riscos profissionais.

Esta classificação foi estruturada em torno do conceito da casualidade de um acidente

de trabalho, ou seja, tanto sobre as explicações meramente fenomenológicas iniciais como a

modelagem do mecanismo de acidentes e taxonomia dos fatores causais: culpabilidade,

acidentalidade, pré-disposição aos acidentes, fatores técnicos x fatores humanos, acidentes e

contexto do trabalho e a teoria da confiabilidade de sistemas (PEREIRA, 2001).

Quanto às medidas de prevenção dos riscos inerentes às atividades laborais dos

trabalhadores, portadores com restrições estão de acordo com a Tabela 9:

Tabela 9: Distribuição de trabalhadores com restrições entrevistados, por tipo de deficiência em relação à prevenção de riscos ocupacionais, jun/2006, Rio de Janeiro, Brasil.

Prevenção de riscos ocupacionais Auditiva n %

Física N %

Múltipla n %

Visual n %

Total n %

Realiza pausa durante as atividades 08 88,89 06 100,00 01 100,00 01 100,00 16 94,12Adequação a postura correta 09 100,00 00 00,00 01 100,00 01 100,00 11 64,70Realizam rodízio de tarefas 08 88,89 00 00,00 01 100.00 00 00,00 09 52,94Usam de EPI 06 66,67 01 16,67 01 100,00 00 00,00 08 47,06Realizam exames do PCMSO 09 100,00 04 66,67 01 100,00 00 00,00 14 82,35Utiliza a acessibilidade adequada ao local de trabalho

00 00,00 03 50,00 00 00,00 00 00,00 03 17,64

Não realizam prevenção 00 00,00 01 16,67 00 00,00 00 00,00 01 5,88Total 09 100,00 06 100,00 01 100,00 01 100,00 17 100,00Fonte: Entrevistados da Empresa.

55

Estas medidas adotadas contribuem para a prevenção de acidentes de trabalho e doenças

profissionais e/ou do trabalho.

As medidas de prevenção da saúde e segurança no trabalho, avidamente monitorados

pelo SESMT da empresa, fazem-se presentes nas ações de conscientização dos trabalhadores

dos riscos iminentes ao seu corpo, buscados durante os treinamentos, nos diálogos diários de

segurança, inclusive às empresas contratadas, inspeções aos postos de trabalhado, utilização

de EPI, e exames do PCMSO, são condutas integrantes do programa de disponibilidade

máxima e acidente zero na instituição (NEUMANN, 2006).

Com relação à ergonomia organizacional, podemos dizer que: quanto aos postos de

trabalho, os funcionários PCR referem o conforto adequado, apenas 17,65% relatam a

inadequação do controle térmico (frio), e outros 17,65%, principalmente os PCR físicos

necessitam de adaptação ao trabalho, em termos de acessibilidade, adequação de pisos e

ajustar-se ao mobiliário. Na categoria exames do PCMSO, 88,24% trabalhadores PCR,

preocupam-se com a sua saúde ocupacional. 70,59% destas pessoas não realizaram

treinamentos de saúde e segurança no trabalho, embora a grande maioria que deveria adotar

medidas de prevenção, não os fazem, o que os leva a tornarem-se vulneráveis aos acidentes de

trabalhos já acometidos a 11,76% dos funcionários.

Esta análise e discussão dos dados, explicitada em cada tipo de ergonomia - física,

cognitiva e organizacional, permite apontar as recomendações ergonômicas para este grupo da

população, visando a sua qualidade de vida.

56

RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS

Existem conceitos de qualidade de vida que abarcam os aspectos sociais mais amplos,

como é o caso de Minayo (2000, p.7), em que para a autora:

[...] a qualidade de vida diz respeito ao padrão que a própria sociedade define e se mobiliza a conquistar, consciente ou inconscientemente, e ao conjunto das políticas públicas e sociais que induzem e norteiam o desenvolvimento humano, as mudanças positivas no modo, nas condições e estilo de vida, cabendo parcela significativa da formulação e das responsabilidades ao denominado setor saúde.

Ao apropriar-se do conceito supracitado, Neri (2003), menciona que o que afeta a

qualidade de vida no trabalho do PCR é a dificuldade de se relacionar e de se integrar à

sociedade. No entanto, as pessoas são marginalizadas, estigmatizadas não só pela deficiência,

mas pelas dificuldades encontradas na integração social. Assim, a qualidade de vida não pode

ser vista como um assunto pessoal, a qual a responsabilidade é única e exclusivamente do

indivíduo.

Sabendo que este trabalhador PCR sofre a influência dos agentes dos riscos

ergonômicos nas áreas de produção, fazendo-o um ser de carências afetadas, cabe a

enfermagem do trabalho, reconhecer as suas necessidades, e desenvolver a atenção primária

(na recuperação, prevenção e prevenção da saúde) (SCHRAIBER; MENDES-GONÇALVES,

2000 apud FIGUEIREDO, 2005),

A ergonomia associada ao modelo de Maslow, refere-se aos “níveis de conservação da

vida, domínio do ambiente físico, integração no grupo, reconhecimento do próprio valor,

auto-realização para a fisiologia das atividades, ao sistema músculo-esquelético e ao sistema

óptico” (PIRES DO RIO et al., 1999 b, p.5).

A enfermagem do trabalho é caracterizada por um conjunto de ações educativas e

assistenciais, que visam interferir no processo de trabalho – saúde – adoecimento no sentido

de valorizar o ser humano (ZEITOUNE, 1990). Neste sentido e, correlacionando com a

Classificação Brasileira de Ocupações do MTE, o enfermeiro do trabalho deve desempenhar

as seguintes funções:

[...] a. estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria de trabalho;

b. elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde dos trabalhadores;

57

executar e avaliar programas de prevenção de acidentes do trabalho e doenças profissionais ou não, fazendo análise de fadiga, fatores de insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho do homem e da mulher para preservar a integridade física do eventual trabalhador;

c. prestar primeiros socorros no local de trabalho;

d. elaborar e executar ou supervisionar e avaliar as atividades de assistência de enfermagem aos trabalhadores;

e. organizar e administrar o setor de enfermagem da empresa;

f. treinar os trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes;

g. planejar e executar programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios;

h. registrar dados estatísticos de acidentes e doenças profissionais e mantendo cadastros atualizados (BRASIL, 2006 c , p. 1).

A análise dos dados coletados aponta como sua parte integrante, para as recomendações

ergonômicas, entendidas como:

[...], um processo construtivo e participativo para a resolução de um problema complexo que exige o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingirem o desempenho e a produtividade exigidos nas estruturas ambientais e organizacionais (BRASIL, 2002, p. 16).

Assim, e com esta concepção, delineamos algumas sugestões para a melhoria do

desempenho das atividades laborais dos trabalhadores PCR, na perspectiva da enfermagem do

trabalho, sendo focalizadas os três aspectos de sua aplicabilidade qual seja, sua concepção,

correção e conscientização, a seguir:

a) Concepção:

Ao inserir o trabalhador PCR no posto de trabalho, adequá-lo ergonomicamente,

considerando a correlação antropométrica e a restrição de cada funcionário;

Ao admitir o trabalhador PCR, analisar a compatibilidade da função exercida por

este funcionário com sua limitação e a área de trabalho, utilizando um modelo de

ficha de exame admissional específico para este caso;

58

O trabalhador PCR deve saber, conhecer e respeitar os limites de seu próprio

corpo, minimizando os agravos ergonômicos aparentes;

Fazer a análise ergonômica das atividades de trabalhadores PCR para que

possamos compreender melhor o processo de trabalho real e ajustar as

modificações dos ambientes das organizações da empresa;

Realizar inspeções periódicas no ambiente de trabalho para que sejam

identificados os potenciais riscos ocupacionais nos setores da empresa;

Desenvolver o relacionamento interpessoal com a equipe de trabalho, realizando

uma mecânica corporal ajustada aos limites de sua deficiência no decorrer de seu

processo de trabalho, sem se fadigar;

Propor a todos trabalhadores a interagir nos programas de segurança e saúde do

trabalhador;

Realizar palestras de integração durante a admissão do funcionário, esclarecendo

os fatores de risco no trabalho e as medidas de prevenção dos agravos à saúde;

Realizar diálogos diários de 15 minutos como forma de educação permanente

em serviço com os funcionários nos postos de trabalho, abordando temas sobre

saúde e segurança, a partir da identificação de problemas detectados,

aperfeiçoando e atualizando-os;

Fazer educação permanente em serviço, além dos diálogos diários nos postos de

trabalho, a partir das estatísticas epidemiológicas de casos incidentes de agravos

a saúde e a segurança dos trabalhadores;

Orientar os trabalhadores a serem mais assíduos nos exames de saúde

ocupacional (admissional, periódico, demissional, mudança de função e retorno

ao trabalho) oferecidos pela empresa, bem como realizar exames

complementares de forma rotineira, sinalizando-os à obrigatoriedade e

responsabilidade de realização prevista em lei, e lembrando-os que a não

participação torna a empresa passível de multa;

59

Organizar o arquivo com prontuários individualizado de cada trabalhador, de

forma que se estabeleça o nexo causal entre acidentes de trabalho e doenças

ocupacionais em relação à atividade desenvolvida, fornecendo dados para a

investigação, acompanhamento e intervenção;

Orientar a participação de trabalhadores em atividade física que diminua o stress

ocupacional, as DORT, as doenças cardíacas e as depressões, através de

caminhadas, natação e hidroginástica adaptadas, reduzindo assim o excesso de

peso e sedentarismo, a fração de lipídios de baixa densidade, elevando a fração

de lipídios de alta densidade de colesterol;

Oferecer programas de musculação, fortalecendo as partes do corpo mais

exigidas durante o trabalho, como os braços e as mãos. O alongamento e a

reeducação postural global são outros exercícios aconselháveis para os que

ficam muitas horas em pé ou sentado;

De acordo com a função desempenhada durante a jornada de trabalho, o

funcionário deve realizar uma parada e fazer um alongamento rápido e diário de

15 minutos sem interrupção;

Oferecer ginástica laboral adaptada é mais uma forma de prevenção, inclusive

como terapia alternativa, como por exemplo, o shiatsu, caso perceba alterações

físicas, comportamentais e emocionais;

Orientar que o transporte de cargas com peso, realizada por PCR físicos, sejam

abaixo de 12 kg;

Orientar a redução do fumo e as bebidas alcoólicas como forma diminuir o risco

coronariano e o stress ocupacional.

b) Correção:

Nas contratações, ajustar um horário diferenciado para o trabalhador PCR e,

compatível com a sua disponibilidade, conforme preconiza a CORDE, visando

um ambiente mais saudável;

60

Incentivar o uso de música ambiente em volume sonoro adequado, motivando o

relaxamento mental;

Manter o horário de pausa para as refeições preconizadas pela empresa, como

forma do trabalhador promover a reposição da energia física e mental;

Oferecer ao trabalhador PCR noturno uma pausa de no mínimo 2 horas em local

adequado, conforme as NR-17 e NR-24, de acordo com as diretrizes da

ergonomia, das condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

respectivamente, além da CLT (BRASIL, 2006 c; PINTO, 2006);

Para os trabalhadores PCR visuais, instalar o programa software Dosvox ®, nos

sistemas informatizados, com teclados em leitura Braille, e permitindo a

interação deste equipamento com o ser humano por intermédio da comunicação

por voz por parte da máquina (tecnologia desenvolvida pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro) – de acordo com a NBR 9050 (BRASIL, 2002);

Os degraus das escadas devem ser, sinalizadas com tiras adesiva contrastante

(preferencialmente amarelo claro, para não ofuscar a sensibilidade visual),

permitindo um acesso perceptível do trabalhador PCR visual – de acordo a NBR

9050 (BRASIL, 2002);

Instalar portas de dimensão de 90 a 120 cm de largura com coloração mais

escura, identificação tátil ou Braille, facilitando a percepção sensorial do

trabalhador PCR visual – de acordo a NBR 9050 (BRASIL, 2002);

Instalar mesas e bancadas, com bordas arredondadas que ofereçam condições de

boa postura e operacionalidade e superfície de trabalho com tamanho adequado,

que transmita luminosidade ao PCR de visão subnormal, movimentação

corporal, e altura compatível com o assento, além de apoio para os pés adaptável

para o cumprimento da perna do trabalhador – de acordo com a NBR 9050

(BRASIL, 2002);

Instalar cadeiras móveis, estofada, com apoio de braço e assentos ajustáveis

conforme a atividade realizada e em relação à altura, ao tamanho do trabalhador

e encosto para as costas;

61

Colocar piso guia com estrutura antiderrapante e anti-reflexo, minimizando

assim, os obstáculos para os trabalhadores PCR de visão subnormal;

Muitas vezes pessoas que trabalham com computadores se queixam de sofrer de

fadiga visual. Adotar como medidas – assegurar que as lentes de leitura do

trabalhador foram examinadas a fim de que a pessoa mantenha distância visual

apropriada para a execução da tarefa, focando os aspectos ergonômicos, tais

como, à distância e a altura da tela, ajustar a iluminação para prevenir o brilho

intenso, utilizar monitores de boa qualidade, manter a tela do computador livre

de poeiras, estabelecer pausas periódicas, estimular as pálpebras e umedecer os

olhos para evitar ressecamento – de acordo com a NBR 9050 (BRASIL, 2002);

Para os digitadores, a empresa deverá fornecer apoio para antebraço no teclado e

filtro para o monitor;

Orientar quanto à adoção de alimentação saudável e mudança os hábitos dos

alimentos que ingere, promovendo a redução de peso e calorias indesejáveis ao

tipo de atividade de trabalho exercida.

c) Conscientização:

Promover a conscientização dos trabalhadores, quanto à importância de

desenvolver atividades conjuntamente com funcionários PCR, sem discriminá-

los e valorizando os seus desempenhos nos setores de trabalho;

Oferecer curso de linguagem brasileira de sinais (LIBRAS) aos funcionários

para viabilizar a comunicabilidade com os PCR auditivos;

Implantar a gestão de responsabilidade social (SA: 8000) 12, integrada aos

serviços de gestão integrada de saúde (OHAS: 18001) 13,

12 Social Accountability International (SA: 8000), disponível na versão 2001, normatiza a gestão em responsabilidade social nas organizações (VIEGAS, 2004). 13 Specification for Occupacional, Health & Safety Management Sytems (OHAS: 18001), disponível na versão do ano de 1999, trata sobre as políticas de gestão de segurança e saúde ocupacional, realizando o planejamento para identificação de perigos, avaliação e controle de riscos de acidentes e doenças profissionais, melhorando o desempenho da organização (SACCHIERO, 2006; VIEGAS, 2004).

62

segurança (BS: 8800)14, meio ambiente (ISO: 14000) 15 e qualidade (ISO: 9001) 16;

Orientar a empresa a participar de programas governamentais que promova o

incentivo à acessibilidade de PCR, tais como, “Acessibilidade Nota 10” da

Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e os “Oito Jeitos para o

Mundo” do Ministério das Cidades do Governo Federal;

Incentivar as contratações de trabalhadores PCR, independente do limite de

cotas de empregabilidade, conforme preconizada a Convenção nº- 159 da OIT e

a Instrução Normativa nº- 20 do INSS;

Incentivar o trabalhador PCR a ser componente integrante das Comissões

Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA);

Auxiliar na formação da cultura de prevenção, fazendo abordagens diretas na

presença de atitudes incompatíveis, confeccionando cartazes, discutindo

informações diversas e retirando dúvidas provenientes de informações não

qualificadas ou mal interpretadas;

Promover a conscientização sobre a importância da utilização de medidas de

proteção no ambiente de trabalho (equipamentos de proteção individual e

coletiva) com certificado de autenticação do MTE.

14 British Standard (BS: 8800) encontra-se na versão 1996, normatiza os critérios para implantação do sistema de gestão de segurança, saúde e meio ambiente (SACCHIERO, 2006; VIEGAS, 2004).15

? Internacional Standard Organization for Environmental Management Systems (ISO: 14000), encontra-se na versão do ano de 1996, trata sobre os sistemas de gestão ambiental com as diretrizes gerais sobre os princípios, sistemas e técnicas de apoio (SACCHIERO, 2006; VIEGAS, 2004). 16

? Internacional Standard Organization for Quality Management Sytems (ISO: 9001), encontra-se na versão do ano de 2000, normatiza o controle de qualidade dos processos de serviços da organização (SACCHIERO, 2006; VIEGAS, 2004).

63

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo foi desenvolvido, reconhecendo que de 15 a 25% dos brasileiros possuem

algum tipo de deficiência adquirida ou congênita e que mensalmente 8.000 trabalhadores

adquirem alguma deficiência em conseqüência de acidente de trabalho e/ou causas externas,

afastando-os do mercado de trabalho.

Frente a este reconhecimento, consideramos uma empresa socialmente inclusiva, aquela

que valoriza os potenciais humanos, independente de suas adversidades individuais, para

instrumentalizar as práticas administrativas nos postos de trabalho em ambientes físicos,

sejam harmônicos e adaptados, espaços estes proporcionados por seus empregadores. Qual

seja, à medida que o conceito de cidadania se sedimenta e as conquistas sociais procedem,

torna-se notório que a mobilidade com autonomia representa um direito universal (Camissão

apud SASSAKI, 1999).

Com relação à saúde ocupacional no conjunto de sua equipe multi-profissional, onde se

destaca o enfermeiro do trabalho, todos têm um papel de destaque neste processo de inserção

do trabalhador PCR, ou seja, avaliar o posto de trabalho ergonômico x deficiência existente,

ofertando assim os serviços a serem desenvolvidos nas empresas.

Salientamos que enfermeiro do trabalho representa um personagem de vital

importância, no desenvolvimento de suas ações junto aos trabalhadores PCR, nas

identificações dos agentes ergonômicos agravantes a este grupo específico, na concepção das

ergonomias física, cognitiva e organizacional, como também, desenvolvendo atividades junto

a estes trabalhadores e demais membros da organização, através de uma educação permanente

e sistemática, oportunizando melhores condições de trabalho e, realizando recomendações

acertivas na perspectiva das ergonomias de concepção, correção e conscientização.

A pesquisas desenvolvida, atendendo as prerrogativas de sua questão norteadora e seus

objetivos, originou resultados que apontaram para o fato de que os agravos à saúde nos

trabalhadores PCR, incididos pelos agentes ergonômicos não têm como nexo de causa o tipo

de deficiência para se manifestar. Esta afirmativa tem por fundamento de que, uma vez que

qualquer tipo de funcionário - com necessidades especiais ou não, ao estar exposto a este

risco, o mesmo apresenta uma grande probabilidade de adoecer.

Acrescenta-se que a instituição estudada, na vanguarda de sua responsabilidade social

corporativa, ultrapassa dos limites que a legislação apregoa sobre inclusão de cotas para PCR,

extrapolando além do quantitativo mínimo necessário, pois, na percepção desta empresa, é de

64

suma importância valorizar o potencial de seus trabalhadores, independente da deficiência ou

não.

Porém, na realidade, percebemos que ainda nos encontramos longe de uma sociedade

desejável, solidária e inclusiva com vida de qualidade. Entendendo que para tornar esta

sociedade inclusiva, faz-se necessário, sobretudo, uma participação coletiva.

É necessário ocorrerem pequenas e grandes transformações, o acesso a bens e serviços

de infra-estrutura social e urbana, mudança na mentalidade das pessoas, impedindo a

discriminação, ou preconceitos vivenciados, além de assegurar a inclusão no circuito das

relações, nas oportunidades e direitos usufruídos pelos demais cidadãos, conviverem na

sociedade como cidadãos comuns e não como "deficientes" e ter a garantia do exercício de

sua cidadania a que todos os cidadãos têm direito e melhoria na qualidade de vida.

Destaca-se ainda, que a proposta da enfermagem do trabalho deve fazer referência a um

processo global e ser realizado de forma integral para que se complete para além da avaliação

do processo ergonômico dos trabalhadores PCR, e assim, garantir a sua proteção, promoção e

reabilitação a partir de suas necessidades de saúde afloradas.

65

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Viviane Cristina. Tem que ser deficiente e eficiente: a condição do trabalhador com deficiência física. 2004. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

BÍSSIGO, Maria Claudia Kirsch. Nível de satisfação de pessoas portadores de deficiência ambulatória com o trabalho e com as condições de acesso às empresas de Caxias do Sul. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, D.F., 1997. Disponível em: www.mec.gov.br. Acesso em: 10. set. 2006.

_______. Ministério da Justiça. Coordenadoria para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE). Decreto nº- 5.296, normas e critérios básicos dos portadores de necessidades especiais. In: SEMINÁRIO QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2005, 3, 2 de dezembro de 2004, Rio de Janeiro. Anais... ALERJ, RJ, 2005 a, p. 85-87.

_______. Relatório final da I Conferência nacional dos direitos da pessoa deficiente. Brasília, D.F., 2006 a. Disponível em: www.corde.gov.br. Acesso em: 1. jul. 2006.

________. Ministério da Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos: RESOLUÇÃO Nº- 196, DE 10 DE OUTUBRO DE 1996 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1998.

________. Manual de legislação em saúde da pessoa portadora de deficiência. Brasília, D.F., 2003.

________. Estatuto da criança e do adolescente. Lei nº- 8.069, de 13/07/90. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 2001, 13 de julho de 1990. Disponível em: www.dou.gov.br. Acesso em: 10. set. 2006.

________. Proteção e direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Lei nº- 10.216, de 6 de abril de 2001. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 9 de abril de 2001. Disponível em: www.dou.gov.br. Acesso em: 10. set. 2006.

_________. Relatório final da 3ª Conferência nacional de saúde do trabalhador. Brasília,

66

D.F., 2005 b.

________. Ministério do Trabalho. Classificação brasileira de ocupações. Brasília, D.F., 2006 b. Disponível em: www.mte.gov.br/cbo. Acesso em: 22. set. 2006.

________. Manual de aplicação da norma regulamentadora nº- 17. 2 ed. Brasília, D.F., 2002.

________. Segurança e medicina do trabalho. Manuais de legislação. 59 ed. São Paulo: Atlas, 2006 c.

BULHÕES, Ivone. Riscos do trabalho em enfermagem. 2 ed. Rio de Janeiro: Carioca, 1998.

BUSS, Paulo Marchiori. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000.

BUSTOS, Carolina. Condições de percepção e deslocamento dos usuários com deficiência visual: um estudo de caso na ADAPEV-RS. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004, 170 p.

CANESQUI, Ana Maria. Os estudos de antropologia da saúde/doença no Brasil na década de 1990. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, 2003.

CARVALHO, Leila Regina. Ergonomia e o trabalho do portador de necessidade motora específica: o caso do cadeirante. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. 2001.

CORDE. Os direitos das pessoas portadoras de deficiência. Brasília: CORDE, 1997.

COUTO, H.A.; NICOLETTI, S.J.; LECH, O. Como gerenciar a questão da LER/DORT. Belo Horizonte: Ergo, 1988. Adaptado por MARTINS, Caroline de Oliveira, 1999. p. 426.

DAKUSAKU, Regina Yoneko. Pessoas com deficiência organizando-se em cooperativas: uma alternativa de trabalho. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004.

___________. De deficiente a trabalhador: reabilitação profissional na perspectiva da

67

pessoa com deficiência – um estudo de caso. 1999. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1999.

DEJOURS, Christophe. Fator humano. (Tradução Maria Helene Stocco Betiol, Maria Tonelli). 5 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

_________. A loucura do trabalho – estudo de psicopatologia do trabalho. 3 ed. São Paulo: Cortez-Oboré, 1996.

DEMO, Pedro. Cidadania tutelada e cidadania assistida. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1995.

DUARTE, Cristiane Rose Siqueira. Transporte e acessibilidade. In: SEMINÁRIO QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2, 2004, Rio de Janeiro. Anais... ALERJ, 2004, p.75.

FIALHO, F.; SANTOS, N. Manual de ergonomia no trabalho. Curitiba: Gênesis, 1997.

FIGUEIREDO, Wagner. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro. v. 10, n. 1, p.105-110, 2005.

FISCHER, Marina Frida; METZNER, Ricardo Jorge. Fadiga e capacidade para o trabalho fixo de doze horas. R. Saúde Pública. São Paulo. v. 35, n.6, dez. 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2002.

HEPP, Marcos Ricardo Goebel. O Comportamento do gerente de agência bancária frente ao portador de deficiência: um estudo de caso. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

HOFFMANN, Lia Teresinha. Abordagem ergonômica para a inserção laboral dos portadores de deficiência visual em estúdio de gravação. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.

IBGE. Sistema IBGE de recuperação automática – Sidra. s/d. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/popul/default.asp. Acesso: 31. dez. 2005.

68

IOCH. Código internacional de ética para profissionais da área de saúde do trabalhador. (Tradução ANENT). São Paulo: ANENT, 2002.

IIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: E. Blucher, 1993.

KAPLAN, J. Medicina del trabajo. 3 ed. Buenos Aires: El Ateneo, 1994.

KEYSERLING, W.M; STEVSON, D.S; SILVERTEIN, B.A; BROUWER, M.L. A checklist for evoluating ergonomics risk fators associated with upper extermities cumulative trauma disorders. Ergonomics, [s.e], n. 36, p. 807-831, 1993.

LACERDA, Anamar Miranda. Código de Ética. Revista Furnas. Rio de Janeiro, n. 325, out. 2005.

LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti, 2001.

LIMA, André de Souza. Lesões de esforços repetitivos e distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho. Rio de Janeiro: ABPA, 2006.

MACHADO, William César Alves et. al. Cuidar de pessoas com deficiência na comunidade: implicações e evidências de um ensino diferenciado. Revista Enfermagem Brasil, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, jan/fev, 2006.

MACIEL, R.H. Ergonomia e lesões por esforços repetitivos. In: CODO W., ALMEIDA M. C. LER – lesões por esforços repetitivos. Petrópolis: Vozes, 1995.

MAURO, M.Y.C. et. al. Saúde da mulher docente universitária: fadiga e aspectos ergonômicos no trabalho. Revista de enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro, n. 2, p. 118, 1997.

MAURO, M.Y.C.; GUIMARÂES, Raphael Mendonça. Fatores ergonômicos de risco e de proteção contra acidentes de trabalho: um estudo caso-controle. Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 282-294, 2005.

MENDES, R.; DIAS, E.C. A medida da saúde coletiva. In: ALMEIDA FILHO, N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à epidemiologia moderna. Rio de Janeiro: APCE – ABRASCO, 2003, p. 434.

MENDES, René (Org.) Patologia do trabalho. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2006.

69

MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento – pesquisa qualitativa em saúde. 8 ed. São Paulo – Rio de Janeiro: HUCITEC – ABRASCO, 2004.

_________. Abordagem antropológica para avaliação de políticas sociais. R. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 233-238, 1991.

MINAYO, M.C., HARTZ, Z.M, BUSS, P.M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, 2000, p. 7-18.

MORGADO, Júlio. Furnas promove a inclusão social. Revista Furnas. Rio de Janeiro, n. 333, jun. 2006.

NAKAMURA, Eunice Kimie Kiosen. O trabalho de pessoas com restrições oriundas de deficiências em instituições bancárias. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

NERI, Marcelo. Retratos da deficiência no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2003. Disponível em: www.fgv.br/cps/deficiência_br/pdf. Acesso em: 27. abr. 2006.

NEUMANN, Ton. Acidente zero, disponibilidade máxima. Revista Furnas, Rio de Janeiro, n. 332, maio, 2006.

OMS/OIT. Enseñanza y formación profesional em higiene y seguridad del trabajo y ergonomia. Informe del comitê mixto OIT/OMS sobre higiene del trabajo. [Spain]: Gráficas reunidas, 2000.

OPAS. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

PASTORE, José. Oportunidades de trabalho para portadores de deficiência. São Paulo: LTr, 2002.

PEREIRA, Camila de Sousa. Habilidades sociais em trabalhadores com e sem deficiência física: uma análise comparativa. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação Especial). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006.

PEREIRA, Sergio de Carvalho. A equipe multiprofissional: uma contribuição da enfermagem do trabalho no processo de reabilitação e readaptação profissional. 2001.

70

Trabalho de Conclusão de Curso (14º Curso de Enfermagem do Trabalho). Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, dez/2001.

PINTO, Antônio Luiz de Toledo, et. al. Consolidação das leis de trabalho, legislação previdenciária e constituição federal. São Paulo: Saraiva, 2006.

PIRES DO RIO, R. et al. LER – ciência e lei: novos horizontes da saúde e do trabalho. Belo Horizonte: Health, 1999 a.

___________. Ergonomia: fundamentos da ergonomia. 2 ed. Belo Horizonte: Health, 1999 b

POLIT, D.F.; HUNGLER, B.P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

ROSA, Najara Maria Fleck. As relações de trabalho da PPD. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.

SACCHIERO, Carlo. Estratégias de prevenção e gerenciamento de riscos no trabalho. Trabalho apresentado na Jornada internacional de atualização profissional. Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006, 1 CD-ROM.

SANTOS, N. Ergonomia e organização do trabalho. 2001. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-graduação em ergonomia). UNC, Florianópolis, 2001.

SASSAKI, Romeu K. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1999.

SILVA, A. M. F.; HEIDEMANN, I. T. S. B. Desvelando a deficiência em busca da cidadania. Acta Paul. Enf. São Paulo, São Paulo, v.15, n. 1, p. 79-89, 2002.

SIMONELLI, Ângela Paula. Desenvolvimento e sistematização de análise de tarefas industriais para a inclusão de portadores de necessidades especiais no trabalho. 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade de São Carlos, São Carlos, 2005, 128 p.

VELÂNDIA, Isabel Cruz. Entre a vulnerabilidade e a exclusão: pessoas portadoras de deficiência física face à nova questão social. 2001. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social, Rio de Janeiro, 2001.

71

ZEITOUNE, R.C.G. Desconforto lombar e as variáveis cinemáticas da postura do profissional de enfermagem. 1996. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.

__________. A prática da enfermagem do trabalho: um estudo exploratório no contexto do Rio de Janeiro. 1990. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1990.

VIEGAS, Luis Antônio. Auditoria integrada de segurança, saúde ocupacional, meio ambiente e qualidade (BS – 8800/OHAS – 18001 e ISO 14001/9001). Rio de Janeiro: ABPA, 2004.

WHO. Occupational Health. A manual for primary health care workers. Cairo: Regional Office for the western mediterranean, 2001. Disponível em: www.ilo.org. Acesso em: 1. set. 2006.

72

APÊNDICES

Apêndice A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, ______________________________________, na qualidade de funcionário desta empresa, declaro que aceito participar de livre e espontânea vontade e ciente da importância da realização e divulgação de trabalhos científicos relacionados à saúde do trabalhador, autorizo a utilização de dados presentes em meu questionário na realização da dissertação de mestrado intitulado “Trabalhadores com Restrições e a Ergonomia – a Perspectiva da Enfermagem do Trabalho”, a ser realizada pelo mestrando Sergio de Carvalho Pereira 17, sob orientação da Profª Drª Florence Romijn Tocantins, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UNIRIO com garantia de meu anonimato.

Fui informado (a), que os objetivos do estudo serão: caracterizar os trabalhadores com restrições absorvidos no Escritório Central de uma Empresa no Município do Rio de Janeiro, e; analisar os agravos de saúde no trabalho, gerados pelos riscos ergonômicos na perspectiva da enfermagem.

Afirmo, outrossim, ter recebido as informações necessárias para que, espontaneamente autorize a utilização dos dados do questionário, podendo solicitar esclarecimentos quando sentir necessidade e interromper a sua participação a qualquer momento, sem ônus, de qualquer natureza.

Rio de Janeiro, _______________

_____________________________

assinatura

17 Enfermeiro do Trabalho; Mestrando em Enfermagem/Bolsista CAPES – PPGEnf – UNIRIO; [email protected]

73

Apêndice B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Caro colaborador,

Gostaria de contar com a sua participação no fornecimento de algumas informações

relativas a seu processo de trabalho, para consolidarmos uma pesquisa sobre prevenção de

agravos ergonômicos junto aos trabalhadores com restrições. Essa pesquisa tem como

finalidade a elaboração de uma dissertação de mestrado em enfermagem que estou realizando

na UNIRIO. Os resultados obtidos servirão como referência e contribuição da melhoria das

ações da área de saúde na empresa, principalmente a enfermagem.

Atenciosamente,

Sergio de Carvalho Pereira

Informações

1. Responda atentamente as perguntas;

2. O anonimato das informações está assegurado;

3. A participação é de livre e espontânea vontade, podendo ser interrompida a qualquer

momento, sem ônus de qualquer natureza.

74

I. Perfil dos trabalhadores

Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Idade: __________________________.

Grau de instrução: ________________.

Naturalidade: ____________________.

Tipo de deficiência: _______________.

Reabilitação profissional: ( ) sim ( ) não

Ocupação atual: _________________________.

Tempo na função: _______________________.

II. Fatores de Risco

1. Horário de trabalho

Jornada de trabalho: ___________ h/dia.

Trabalha em turno: ( ) sim ( ) não

Horas extras: ( ) sim ( ) não

Em caso positivo, média mensal: ________________.

Pausas durante o trabalho: ( ) sim ( ) não

Em caso positivo, tempo de duração: _____________.

2. Ambiente, condições e organização do trabalho

2.1. Condições ambientais: marque com (X), as adequações apresentadas ao ambiente

térmico, segundo seu entendimento:

( ) adequado ( ) inadequado

2.2. Ambiente acústico: marque com (X), as adequações apresentadas aos níveis de

ruído ao posto de trabalho, segundo seu entendimento:

( ) adequado ( ) inadequado

2.3. Ambiente lumínico: marque com (X), as adequações apresentadas a iluminação no

posto de trabalho, segundo seu entendimento:

( ) adequado ( ) inadequado

75

3. Saúde no trabalho

3.1. Quais os fatores de risco ergonômicos, abaixo relacionados que você reconhece

como presentes em seu trabalho?

( ) esforço físico intenso ( ) ansiedade ( ) responsabilidade

( ) repetitividade ( ) monotonia ( ) ritmo intenso de trabalho

3.2. Posições adotadas junto aos equipamentos de trabalho

( ) em pé ( ) sentado ( ) agachados ( ) encurvados

3.3. Participa de treinamentos de saúde e segurança no trabalho?

( ) sim ( ) não

3.4. Sofreu algum acidente de trabalho?

( ) sim ( ) não

3.5. Quanto aos riscos como você se previne? ____________________________.

III. Agravos à Saúde

1. Apresentou algum problema de saúde relacionado ao trabalho?

( ) sim ( ) não

2. Fez exames complementares do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional

(PCMSO)?

( ) sim ( ) não

3. Sua condição atual exige trabalho especial adaptado?

( ) sim ( ) não

4. Quanto aos agravos de saúde, sente alguma dor localizada (articular e/ou muscular)?

( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo, assinale com um (X), as regiões em que comumente sente dor

articular e/ou relacionada ao seu trabalho:

76

Corpo Frente Corpo Costas.

COUTO, HÁ; NICOLETTI, S.J: LECH, O. Como gerenciar a questão da LER/DORT. Belo Horizonte: Ergo, 1998. Adaptado por MARTINS, Caroline de Oliveira, 1999, p.426

5. Em relação ao seu trabalho, você apresenta (ou) algum destes agravos de saúde

relacionada ao trabalho?

( ) cansaço ( ) fraqueza ( ) asma

( ) hipertensão arterial ( ) úlcera duodenal ( ) stress

( ) doenças do sistema nervoso ( ) insônia ( ) gastrite

( ) taquicardia ( ) angina ( ) cefaléia

( ) infarto ( ) diabete

77

ANEXO

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ATA DE PARECER CONSUBSTANCIADO

Parecer Nº-: 003/2006Pesquisador(a) Responsável: FLORENCE ROMIJN TOCANTINS (orientadora)

SERGIO DE CARVALHO PEREIRA (mestrando)

Protocolo Nº-: 003/2006Instituição onde será desenvolvido: Empresa suprimida por questões de ética na pesquisa.Tipo de Pesquisa: Saúde ocupacional / Ergonomia – Coleta e interpretação de dados com questionário.Situação: Aprovado.

O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – CEP-UNIRIO analisou, na sua Quinta Reunião Ordinária, do dia 14/06/2006, o projeto com protocolo Nº- 003/2006, referente à pesquisa: “Prevenção dos agravos ergonômicos dos portadores com restrições – a transformação social da enfermagem do trabalho” que foi considerada de importância social e científica. A proposta para a execução da Pesquisa está em conformidade com requisitos éticos universais e o projeto atende às exigências da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS e suas complementares. Emitimos, portanto, parecer favorável à realização do projeto classificando-o como APROVADO.

Solicita-se ao pesquisador que envie a este CEP, semestralmente os relatórios parciais sobre a situação do encaminhamento do projeto, eventuais informações de alterações no projeto e o relatório final em via escrita.

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2006.

Ricardo da Silva CardosoCoordenador do CEP-UNIRIO

Comitê de Ética em Pesquisa CEP-UNIRIOUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

Avenida Pasteur, 296 – Urca – Rio de Janeiro – RJ – Cep: 22290-240.Telefones: 21-22295-5737 ramal 345 E-mail: [email protected] e [email protected]

78