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Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários DIAGNÓSTICO E EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR DA ANAPLASMOSE E THEILERIOSE EQUINA NO ESTADO DO PARÁ ELTON BRITO EVERTON Belém - Pará 2014

Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências ... · 1.2.3 Patogenia e Sinais Clínicos 10 1.2.4 Diagnóstico 11 1.2.5 Epidemiologia 13 ... as principais enfermidades e, o

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Universidade Federal do Pará

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários

DIAGNÓSTICO E EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR DA ANAPLASMOSE E

THEILERIOSE EQUINA NO ESTADO DO PARÁ

ELTON BRITO EVERTON

Belém - Pará

2014

ELTON BRITO EVERTON

DIAGNÓSTICO E EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR DA ANAPLASMOSE E

THEILERIOSE EQUINA NO ESTADO DO PARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos

e Parasitários do Instituto de Ciências

Biológicas da Universidade Federal do Pará

como requisito parcial para a obtenção do grau

de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e

Parasitários.

Orientador: Prof. Dr. Evonnildo Costa

Gonçalves

Co-orientador: Prof. Dr. André Marcelo

Conceição Meneses

Belém - Pará

2014

ELTON BRITO EVERTON

DIAGNÓSTICO E EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR DA ANAPLASMOSE E

THEILERIOSE EQUINA NO ESTADO DO PARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal

do Pará como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários.

Orientador:

Prof. Dr. Evonnildo Costa Gonçalves

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Co-orientador:

Prof. Dr. André Marcelo Conceição Meneses

Instituto de Saúde e Produção Animal, UFRA

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Elane Guerreiro Giese

Instituto de Saúde e Produção Animal, UFRA

Profa. Dra. Juliana Simão Nina de Azevedo

Universidade Federal Rural da Amazônia/Capanema

Profa. Dra. Dra. Hilma Lúcia Tavares Dias

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Prof. Dr. Ednaldo da Silva Filho (Suplente)

Instituto de Ciências Agrárias, UFRA

Belém - Pará

2014

Aos meus pais e irmão, por toda a paciência, pelo carinho

e amor incondicional.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me acompanhado em todos os momentos me dando

força para superar barreiras e obstáculos que surgiram no meu caminho. E por ter me

dado pais maravilhosos dos quais eu tenho muito orgulho.

Aos meus pais Francisco Everton e Lacir Celestino que me criaram e

educaram, mostrando os valores morais e éticos da vida, que deram apoio em todos os

momentos que precisei, por acreditarem e confiarem em mim, por me darem todo amor

e carinho que pais podem oferecer aos seus filhos. Ao meu irmão Elder Everton por ser

meu amigo e companheiro, sempre me ajudando, apoiando e incentivando nos estudos.

Ao meu orientador Evonnildo Gonçalves, pelo exemplo de profissional e

capacidade, espero um dia me tornar metade do profissional que és, e possuir metade do

conhecimento que tens. Obrigado, por ter me aceito e dado essa oportunidade de me

qualificar, agradeço pelos ensinamentos e “paciência”.

Ao meu co-orientador Andre Meneses, por disponibilizar o material para o

desenvolvimento da minha pesquisa.

Aos meus amigos do Laboratório que me ajudaram a fazer a parte prática desse

projeto, e em especial ao Leopoldo Moraes que me ajudou em toda essa caminhada,

muitas vezes me dando força para que não desistisse no meio do caminho.

Aos meus amigos pessoais (sem citar nome para não esquecer de ninguém) que

de alguma forma me ajudaram com palavras de apoio, risos, brincadeiras e

descontração, pois só quem está nessa batalha sabe o quanto é estressante.

À Universidade Federal do Pará, ao Programa de Pós Graduação em Biologia de

Agentes Infecciosos e Parasitários (PPGBAIP) e à coordenação deste, pela oportunidade

de ingresso em um dos cursos de pós-graduação mais conceituados do Brasil.

Aos professores do PPGBAIP pelas aulas ministradas e pelos valiosos

conhecimentos compartilhados.

Á CAPES pelo suporte financeiro ao longo desses 24 meses de pesquisa.

SUMÁRIO

RESUMO 3

ABSTRACT 4

1 INTRODUÇÃO 5

1.1 ENFERMIDADE DOS EQUINOS 5

1.2 ANAPLASMOSE EQUINA 6

1.2.1 Microbiologia 7

1.2.2 Relação Vetores/ Agentes 8

1.2.3 Patogenia e Sinais Clínicos 10

1.2.4 Diagnóstico 11

1.2.5 Epidemiologia 13

1.3 THEILERIOSE EQUINA 14

1.3.1 Microbiologia 18

1.3.2 Vetores 19

1.3.3 Ciclo Biológico 20

1.3.4 Patogenia e Sinais Clínicos 22

1.3 DIAGNÓSTICO 23

1.3 EPIDEMIOLOGIA 26

1.4 JUSTIFICATIVA 27

2 OBJETIVO GERAL 28

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS 29

3.1 AMOSTRAGEM 29

3.2 ANÁLISES MOLECULARES 30

3.2.1 Detecção de Anaplasma phagocytophilum 30

3.2.2 Detecção de Theileria equi 31

3.3 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR 32

3.4 ANÁLISE DOS DADOS 32

4 RESULTADOS 33

5 DISCUSSÃO 38

5.1 PREVALÊNCIA DE Anaplasma phagocytophilum 38

5.2 PREVALÊNCIA DE Theileria equi 39

6 CONCLUSÃO 42

REFERÊNCIAS 43

RESUMO

Dentre muitas doenças que podem acometer os eqüídeos a anaplasmose e a theileriose

destacam-se como as duas principais hemoparasitoses causadoras de grandes perdas

econômicas, seja com o impedimento de importação ou exportação, tratamento da

enfermidade ou morte dos animais infectados. Dada à escassez de dados na região norte,

este estudo teve como objetivo investigar a prevalência do protozoário piroplasmida

Theileria equi e da bactéria zoonótica rickettsial Anaplasma phagocytophilum em

equídeos do estado do Pará. Amostras de sangue foram obtidas de 155 equídeos de

cinco diferentes regiões do estado do Pará. A presença dos dois patógenos foi avaliada

por meio de teste molecular nested-PCR (Reação em Cadeia de Polimerase), resultando

em quatro amostras (2,58%) positivas para A. phagocytophilum e 93 (60,00%) para T.

equi. Em comparação com táxons de outras regiões do globo, a análise de diversidade

das sequências nucleotídicas obtidas na presente pesquisa revelou pouca variabilidade

genética tanto para A. phagocytophilum quanto para T. equi. Este é o primeiro estudo a

utilizar técnicas moleculares para investigar e diagnosticar infecções por A.

phagocytophilum e T. equi em equídeos na região norte e o primeiro a relatar esses

animais como portadores desses parasitos no estado do Pará.

Palavras chave: Hemoparasitoses, equinos, anaplasmose, theileriose, nested-PCR

ABSTRACT

Among many diseases that can affect the equine anaplasmosis and theileriosis stand out

as the two main hemoparasitoses that causes large economic losses, either with the

prevention of importation or exportation, treatment of illness or death of infected

animals. Given the lack of data in the region north this study aimed to investigate the

prevalence of piroplasmid protozoan Theileria equi and zoonotic bacteria Anaplasma

phagocytophilum in horses in the state of Pará. Blood samples were obtained from 155

horses from five different regions of Pará. The presence of both pathogens was

evaluated by nested-PCR (Polymerase Chain Reaction) molecular test, resulting in four

samples (2.58%) were positive for A. phagocytophilum and 93 (60.00%) T. equi.

Compared with taxa from other regions of the globe, the diversity analysis of the

nucleotide sequences obtained in this study showed little genetic variation for bothA.

phagocytophilum and for T. equi. This is the first study to use molecular techniques to

investigate and diagnose infections with A. phagocytophilum and T. equi in horses in

northern region and the first to report these animals as carriers of parasites in the state of

Pará.

Keywords: Hemoparasitosis, equines, anaplasmosis, theileriosis, nested-PCR.

5

1 INTRODUÇÃO

A equideocultura brasileira é representada por uma grande quantidade de raças,

inseridas em vários setores da economia (Silva et al., 1995). O Brasil tem o maior

plantel equino da América Latina, o que movimenta cerca de 7,5 bilhões de reais e

envolve vários segmentos de mercado, dos quais se destaca os insumos, a criação e a

destinação final. Isto compõe a base do denominado Complexo do Agronegócio do

Cavalo, que gera em torno de 3,2 milhões de empregos (Almeida, 2010).

O efetivo dos rebanhos de equídeos do estado do Pará é de 419.869 animais

(IBGE, 2011), sendo que a maior parte desses animais está localizada nas regiões rurais,

contando com animais mestiços para trabalho e animais de raças para exposição e a

prática de esporte (Galo, 2006).

Apesar de originalmente serem utilizados como meio de transporte ao longo

dos anos, os equídeos têm sido incluídos em diversas outras áreas de atuação tais como:

lazer, esportes e terapia (Baptista, 2010) forçando uma estreita relação com o homem,

logo, o conhecimento das enfermidades que podem acometer os equídeos é de grande

importância, não somente do ponto de vista da clínica médico veterinária, mas também

de saúde pública, visto que algumas dessas enfermidades podem apresentar caráter

zoonótico (Urquhart, 1998; Bakken & Dumler, 2006; Parra, 2009).

1.1 ENFERMIDADE DOS EQUINOS

Os equídeos podem ser acometidos por uma gama de enfermidades que afetam

os mais diferentes sistemas orgânicos desses animais, segundo Pierezan (2009), refere

em estudo sobre prevalências de enfermidades em equinos que os sistemas mais

acometidos são: digestivo, com maior prevalência para alterações no posicionamento do

intestino, seguido pelo músculo esquelético, sendo as fraturas a principal afecção;

nervoso, cujas enfermidades de maior frequência são a leucoencefalomalácia e a

tripanossomíase; respiratório, sendo a depressão causada por anestésicos a principal

causa de morte relacionada a esse sistema; tegumentar, com neoplasmas e pitiose como

as principais enfermidades e, o hematopoiético, em que a anemia infecciosa equina e as

hemoparasitoses constituem os maiores problemas.

6

As doenças comumente denominadas hemoparasitoses, são causadas por

organismos chamados de hemoparasitos, que podem ser transmitidos aos animais e ao

homem por vetores mecânicos e/ou biológicos (Rodríguez-Vivas, 2000).

As hemoparasitoses são enfermidades de distribuição mundial que causam

efeitos deletérios na saúde dos rebanhos, principalmente sobre a produtividade e

rentabilidade dos sistemas de produção desenvolvidos nas diferentes regiões

(Tamasaukas et al., 2000). Essas doenças são causadoras de perdas à atividade pecuária,

sendo considerado um grave problema de ordem sanitária à pecuária nacional

(Cavalcante, 2002). Acometem várias espécies, sendo responsáveis por diversas

manifestações clínicas, que podem culminar com o óbito do animal (O’Dwyer, 2000;

Torres et al., 2004).

Dentre as hemoparasitoses que acometem equídeos destacam-se a anaplasmose

e a theileriose, que têm ampliado sua distribuição geográfica devido ao acesso dos

vetores artrópodes a novos nichos ecológicos, representado, assim, um novo desafio

para a medicina veterinária e humana (André, 2008).

Estas enfermidades afetam diretamente o sistema produtivo uma vez que são

responsáveis por grandes perdas econômicas, devido à impossibilidade de importação e

exportação, ao baixo rendimento dos animais em provas, elevado custo de tratamento e

mortalidade dos animais acometidos (Cavalcante, 2002).

1.2 ANAPLASMOSE EQUINA

A anaplasmose granulocítica equina (AGE) é uma doença de importância

médico veterinária e zoonótica que foi relatada pela primeira vez em 1969 na Califórnia

(Stannard, 1969). A AGE é causada pela bactéria Anaplasma phagocytophilum,

primeiramente descrita em 1930 como Rickettsia phagocytophila, mas cuja classificação

sofreu várias modificações, incluindo sua renomeação para Cytoecetes phagocytophila,

Ehrlichia phagocytophila (Dumler, 2001).

Com o advento da engenharia genética, Dumler (2001), partindo de análises

moleculares constatou que E. phagocytophila, agente da febre da carraça em

bovinos, ovinos e caprinos, bem como o agente causal da erliquiose granulocítica

humana e a espécie E. equi eram semelhantes a organismos do gênero Anaplasma sendo

então reclassificados em uma única espécies, A. phagocytophilum.

7

Atualmente, A. phagocytophilum é um organismo taxonomicamente incluído

no Filo Proteobacteria, Classe Alphaproteobacteria, Ordem Rickettsiales, Família

Anaplasmataceae e gênero Anaplasma (Dumler, 2001). No intuito de manter a

coerência com a nomenclatura atual, o termo Anaplasmose Granulocítica Equina (AGE)

passou a ser utilizado como referência à síndrome clínica produzida em equídeos

(Uehlinger et al., 2011).

1.2.1 Microbiologia

A. phagocytophilum é uma bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória,

com tropismo por célula da linhagem granulocítica, sendo comumente encontrada como

inclusões intracitoplasmáticas, também denominadas, mórula (Figura 1) (Uehlinger et

al., 2011; Calderón & Delgardo, 2013). É uma bactéria pleomórfica, em geral cocóide,

que pode variar de 0,4 µm a 1,3 µm, podendo atingir tamanhos próximos a 2 µm de

diâmetro (Lai et al., 2009; Rikihisa, 2011). No entanto, segundo Lai et al. (2009) pouco

se conhece acerca dos fatores bacterianos que regulam seu crescimento e

desenvolvimento intracelular.

A. phagocytophilum é uma das quatro espécies do gênero Anaplasma, que têm

especificidades por diferentes células do hospedeiro. Para esta espécie as células

hospedeiras primárias são os granulócitos, principalmente neutrófilos e com menos

frequência eosinófilos (Rikihisa, 2011; Uehlinger et al., 2011), contudo, infecções de

células endoteliais já foram mostradas in vivo e in vitro (Munderloh et al., 2004; Herron

et al., 2005).

Figura 1 - Inclusão intracitoplasmática (Mórula) de A. phagocytophilum (seta) em neutrófilo de

equino. (Fonte: http://veterinaryrecord.bmj.com/content/166/21/646/F1.expansion.html).

8

1.2.2 Relação Vetores/Agentes

Os vetores do agente da anaplasmose granulocítica são carrapatos do gênero

Ixodes, incluindo as espécies Ixodes ricinus na Europa, Ixodes persulcatus na Europa e

Ásia, Ixodes scapularis e Ixodes pacificus na América do Norte (Foley, 2004). A A.

phagocytophilum também já foi detectada em Ixodes ricinus e Ixodes ventalloi em

Portugal (Santos et al., 2009), além do carrapato da espécie Hyalomma marginatum

(M’Ghirbi et al., 2012).

Ghafar (2012), estudando a prevalência e caracterização molecular do

bioagente A. phagocytophilum, encontrou evidências genômicas desta bactéria em

carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus propondo este artrópode como possível

vetor da anaplasmose granulocítica humana no Egito. No Brasil, suspeita-se que as

espécies Amblyomma cajennense também esteja envolvidos na transmissão da

anaplasmose (Ferrão, 2006).

Uma vez infectados durante o repasto sanguíneo em animal contaminado, o

hospedeiro invertebrado mantém a bactéria viável desde a fase larvária até o estágio

adulto, sendo transmitido ao mamífero durante novo repasto, não havendo evidências de

transmissão horizontal (Rikihisa, 2011).

Após a inoculação no hospedeiro vertebrado, o microrganismo possui duas

formas de desenvolvimento, onde pequenas células densas e tubulares (CDT) se aderem

e penetram nas células alvo e células reticuladas grandes que são diferenciadas a partir

de CDT, que se multiplica por fissão binária no interior de fagossomos formando

mórulas e amadurecem novamente em células CDT causando lise celular permitindo

assim, a bacteremia e com isso a infecção de novas células (Rikihisa, 1991; Munderloh

et al., 1999; Dumler, 2003; Khon et al., 2008).

A colonização das células do hospedeiro é facilitada pelos componentes

presentes na saliva do carrapato vetor, que exercem uma atração quimiotática e

estimulam o rolamento de neutrófilos pelo endotélio vascular, o que facilita a

penetração da A. phagocytophilum nas células alvo, por meio de endocitose (Munderloh

et al., 2004).

Além dos equídeos, cães, gatos, humanos, ruminantes, roedores e aves são

considerados hospedeiros definitivos de A. phagocytophilum, sendo importante salientar

que os animais silvestres atuam como reservatórios do patógeno e que as aves

9

migratórias facilitam a disseminação do vetor artrópode (Dumler et al., 2001; Bowman

et al., 2009).

Existem diversas cepas de A. phagocytophilum circulantes na natureza, com

suscetibilidade variável de acordo com a espécie de mamífero capaz de ser infectada.

Segundo o ciclo de vida proposto por Rikihisa (2011) (Figura 2), em carrapatos do

gênero Ixodes, a bactéria A. phagocytophilum pode não ser transmitida de forma eficaz

do estágio adulto infectado para os ovos, assim, as larvas não estão infectadas após a

primeira metamorfose.

Figura 2 - Ciclo de vida da A. phagocytophilum. Diversas cepas (A, B, C, D, E, F) de A.

phagocytophilum estão em circulação na natureza, e a suscetibilidade entre as diferentes

espécies de mamíferos para as diferentes estirpes bacterianas pode variar. A A. phagocytophilum

não é passada de forma eficaz do carrapato adulto infectado (Ixodes sp.) para ovos, assim, as

larvas não são infectadas. Carrapatos na fase larval, de ninfa ou adultos podem adquirir cepas de

A. phagocytophilum através do repasto sanguíneo em animais infectados. Uma vez presente do

nos estágios de larva ou ninfa, o bioagente é mantido no hospedeiro invertebrado através da

metamorfose e muda para o próximo estágio de vida e transmitida ao hospedeiro vertebrado

susceptível, através de um novo repasto sanguíneo. A susceptibilidade das espécies de animais a

estirpes de A. phagocytophilum representadas é uma proposta, sendo a maioria não comprovada

experimentalmente. [Fonte: Adaptado de Rikihisa (2011)].

10

Vetores no estágio de larva, ninfa ou na fase adulta adquirem cepas de A.

phagocytophilum através do repasto sanguíneo em animais infectados e uma vez

portador durante as fases larva ou ninfa o bioagente é mantido no artrópode até a fase

adulta e transmitido através do repasto sanguíneo a um hospedeiro susceptível à cepa

em questão (Rikihisa, 2011).

1.2.3 Patogenia e Sinais Clínicos

O curso clínico da AGE depende do tempo de duração da doença e da idade do

animal. Segundo Plier et al. (1999), equinos jovens geralmente apresentam

manifestações clínicas menos graves.

O período de incubação é em media de 14 dias, e o animal infectado pode

apresentar doença subclínica ou sinais clínicos característicos da enfermidade como

febre, depressão, anorexia, relutância ao movimento, edema dos membros, icterícia,

petéquias, ataxia e em alguns casos arritmias ventriculares (Madigan, 1993), além de

complicações reprodutivas, como aborto e espermiogênese alterada (Stuen, 2007).

Hilton et al. (2008) descreveram um caso de anaplasmose equina, com sinais

clínico semelhantes aos descritos acima, incluindo orquite e decúbito, decorrente da

miodegeneração (rabdomiólise) causada pela infecção de A. phagocytophilum. Franzén

et al. (2007), relataram o óbito de um equino infectado experimentalmente,

apresentando sequelas da doença, infecção secundária e traumas decorrentes da ataxia,

contudo, Parra (2009), refere que mortes associadas à infecção pela A. phagocytophilum

não são frequentes. O parasitismo pode resultar na redução do crescimento e ganho de

peso, além do aumento da taxa metabólica e exigências nutricionais, decorrentes de

reações inflamatórias e/ou a produtos do metabolismo da bactéria (Smith, 2006).

Nos animais não tratados, a anaplasmose pode ser uma doença autolimitante

que dura em torno de duas ou três semanas, no entanto, equídeos infectados podem

apresentar lesões traumáticas decorrentes da ataxia ou estarem predispostos a infecções

secundárias (Madigan, 1993).

Alterações laboratoriais em equídeos enfermos consistem em leucopenia,

trombocitopenia, anemia, além de leucograma de inflamação quando ocorre infecção

secundária (Madigan, 1987). Em cavalos infectados experimentalmente as repostas

imunitárias desenvolvem-se em média por volta de 21 dias após a infecção (Van Andel,

1998), e a imunidade pode persistir por mais dois anos (Madigan, 1987).

11

Doenças como encefalite, hepatopatias, púrpura hemorrágica e anemia

infecciosa equina, podem ser diagnóstico diferencial por apresentarem condições

clínicas semalhantes a AGE (Madigan, 1993), além de babesiose causada por Babesia

caballi (Bermann et al., 2002).

1.2.4 Diagnóstico

A anaplasmose é uma doença relatada em algumas regiões do Brasil, sendo

estes relatos baseados em várias formas de diagnósticos diretos e indiretos (Aguiar et

al., 2007; Carlos et al., 2007; Oliveira et al., 2008; Saito et al., 2008).

A observação das alterações clínicas e hematológicas é comumente empregada

para oferecer uma diagnose provisória da infecção, contudo essas alterações podem ser

confusas e variáveis, obrigando o uso de exames mais precisos para confirmação de um

diagnóstico definitivo (Waner et al., 2001; Cohn, 2003). A obtenção de um diagnóstico

definitivo requer técnicas mais acuradas, como pesquisa de inclusões em esfregaços

sanguíneos e de capa leucocitária, cultivo celular, testes sorológicos e moleculares

(Dagnone et al., 2003; Morais et al., 2004).

A microscopia direta é o método de rotina, capaz de mostrar as inclusões

intracitoplasmáticas (mórula) em células mononucleares sanguíneas, a partir do

esfregaço, sanguíneo ou de capa leucocitária (Woody & Hoskins, 1991; Plier et al.,

1999), podendo a identificação do agente etiológico ser realizada pelo método coloração

de Wright, que identifica as mórulas do A. phagocytophilum no interior de células

granulocítica (Goodman et al., 1996).

Essa técnica tem a vantagem de ser rápida e confirmatória, entretanto possui

baixa sensibilidade devido ao pequeno número de células infectadas com mórulas, além

de ser dependente da experiência do microscopista (Mylonakis et al., 2003; Passos et

al., 2005).

Outro método de diagnóstico envolve a cultura celular de granulócitos, que de

acordo com Mutani & Kaminjolo (2001), tem se mostrado mais eficiente quando

comparado com o tradicional método de visualização microscópica em esfregaço

sanguíneo. No entanto, a cultura de células é reservada a laboratórios de pesquisas

especializados (Little, 2010), portanto pouco aplicada na rotina médico-veterinária.

Técnicas sorológicas também podem ser usadas para efetuar o diagnóstico de

infecções causadas por Rickettsias (Cohn, 2003). Os anticorpos são detectados a partir

12

da segunda semana após o início dos sintomas clínicos (Bonoldi, 2009). Dentre essas

técnicas as mais utilizadas são reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ELISA

(Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) (Miranda, 2010).

A RIFI é usada para detectar anticorpos contra os antígenos de superfície

(Lester, 2005). A técnica consiste de duas etapas, primeiro uma reação específica,

formando o complexo antígeno-anticorpo, seguida pela utilização de um marcador FITC

(Isotiocianato de Fluoresceína), que se liga ao complexo formado, permitindo a

visualização da reação em microscópico de imunofluorescência. O teste possui alta

sensibilidade e especificidade (Ferrão, 2006), contudo, este pode apresentar resultados

falso-positivos, pois os anticorpos podem permanecer muito tempo após o tratamento

e/ou cura, e resultados falso-negativos, caso as amostras de soro sejam coletadas no

período inicial da doença, onde as imunoglobulinas IgGs ainda não são detectáveis. Em

geral, as IgGs só poderão ser detectadas a partir de 8 a 18 dias após a infecção, assim,

sugere-se a utilização de soros pareados com intervalo de 4 a 8 semanas, para o

acompanhamento da curva de IgG do animal (Ferrão, 2006).

Se comparados os dois testes sorológicos, a RIFI apresenta a vantagem de ser

quantitativo, no entanto, o ELISA é um teste rápido que utiliza agente altamente

específicos confirmando infecções ativas ou passadas (Miranda, 2010).

Apesar das vantagens dos testes sorológicos, estes não possuem a capacidade

de diferenciar todos os agentes da família Anaplasmataceae (Waner et al., 2001),

devendo ser considerada a possibilidade de ocorrência de reações cruzadas entre esses

organismos, tendo que recorrer a testes complementares para a confirmação do

diagnóstico (Rikihisa et al., 1994; Sukasawat et al., 2000; Couto, 2003; Aguiar et al.,

2007).

As técnicas moleculares, que permitem amplificações do material genômico

(DNA), como a reação em cadeia da polimerase (PCR), vêm sendo cada vez mais

empregadas como métodos complementares aos outros testes de diagnóstico de

hemoparasitos (Rodriguez, 1997). A PCR é uma técnica rápida, sensível e específica

para a detecção genômica de muitos microrganismos (Rodriguez, 1997) que permite

superar a dificuldade do diagnóstico diferencial encontrada em outras técnicas (McBride

et al.,1996).

Este método pode detectar o DNA dos microrganismos antes do aparecimento

de anticorpos na circulação sanguínea propiciando um diagnóstico mais rápido e

13

preciso, quando comparado com a sorologia. A PCR apresenta como desvantagem a

necessidade da padronização da técnica e sequenciamento dos produtos do teste, caso

ocorra resultados duvidosos (Miranda, 2010), em especial quando se utiliza iniciadores

não específicos, que podem gerar resultados imprecisos.

Métodos de diagnóstico moleculares permitem a detecção direta do agente,

além da possível comparação com outras linhagens por meios do sequenciamento do

DNA. Contudo, no Brasil a caracterização genética bem como a análise das relações

filogenéticas dos agentes da família Anaplasmataceae são limitadas (Dagnone et al.,

2003).

1.2.5 Epidemiologia

A anaplasmose granulocítica é uma enfermidade de distribuição mundial,

sendo a sazonalidade e a distribuição geográfica da infecção pela A. phagocytophilum,

proporcional à sazonalidade e a distribuição geográfica dos seus vetores (Dumler, 2001;

Greene, 2006), e ocorre com maior frequência em áreas de clima temperado (Telford et

al., 1996; Bown et al., 2008). No verão, devido à maior ocorrência de carrapatos, há

uma maior probabilidade de novas infecções pela bactéria A. phagocytophilum (Waner

et al., 2001).

A AGE vem sendo relatada em vários países do mundo, como no Canadá

(Burgess et al., 2012; Uehlinger et al., 2011), Colômbia (Calderón & Delgado, 2013),

Estados Unidos (Siska et al., 2012) e França (Bermann et al., 2002).

Ebany et al. (2008) avaliando 793 amostras sanguíneas de equídeos, através de

técnica sorológica (RIFI), constatou prevalência de 16,89% (134/793) em animais da

Itália Central. Hansen et al. (2010), utilizando técnica sorológica ELISA, analisaram

390 amostras sanguíneas de diversas regiões da Dinamarca encontrando presença de

anticorpos anti-A. phagocytophilum em 22,3% (87/390) das amostras testadas.

M’ghirbi et al. (2012), avaliando a infecção pela A. phagocytophilum em

equídeos, no norte na Tunísia, por meio da RIFI e teste molecular (nested-PCR)

relataram prevalências de 10% (6/60) e 13% (8/60) respectivamente. No Chile,

Jorqueira & Ortiz (2012), estudando a população de animais de um centro esportivo,

encontraram através de técnica sorológica (RIFI) prevalência de 8% (4/50) dentre os

animais estudados.

14

Segundo Salvagni et al. (2010), no Brasil o relato do agente causador de AGE,

assim como de seus vetores naturais, são escassos. No Rio de Janeiro, por meio de

técnica sorológica (RIFI) foram encontrados cavalos portadores de anticorpos anti-A.

phagocytophilum (Santos et al., 2009a).

Salvagni et al. (2010) compararam o método ELISA com a detecção do 16S

rDNA de A. phagocytophilum por técnicas moleculares (PCR e PCR-nested) em 20

animais do Centro-Oeste brasileiro. Como resultado desta análise os autores observaram

que 65% (13/20) dos animais amostrados apresentaram sorologia positiva, enquanto o

DNA do bioagente não foi detectado em nenhuma amostra.

Parra (2009), em estudo semelhante, comparou três diferentes técnicas de

diagnóstico: microscopia óptica, ELISA indireto e nested-PCR. A análise de 250

amostras de equinos de diversas áreas do estado de São Paulo permitiu evidenciar que

3% (7/250) foram positivas pela técnica sorológica, enquanto nenhuma amostra

mostrou-se positiva, seja pela pesquisa da bactéria em esfregaço sanguíneo ou pela

técnica molecular.

1.3 THEILERIOSE EQUINA

A piroplasmose equina é uma doença infecciosa intraeritrocitária de equídeos,

que tem como vetores biológicos espécies de carrapatos e como agente etiológico

hemoprotozoários do gênero Babesia e Theileria (Fonseca, 2012).

Essa doença tem destaque no meio equestre, por ser uma das principias

doenças parasitarias que acometem equídeos, gerando grandes perdas econômicas como

mortalidade, morbidade, despesas com tratamentos e queda no rendimento atlético dos

animais, além da restrição da comercialização e proibição do trânsito de cavalos

soropositivos em alguns países como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e

alguns países da Europa e da América Latina (Fonseca, 2012).

De Waal & Van Heerden (2004) relatam que o primeiro caso de piroplasmose

equina registrado foi descrito por em 1883 na África do Sul, sendo denominada "Febre

do Antraz”. Uma condição similar foi descrita e denominada “Febre Biliar” em 1890 e

como “Malária Equina” em 1956 na África Ocidental.

Nantes & Zappa (2008) relataram que a primeira descrição de um dos parasitos

causadores da piroplasmose equina foi feita em 1899 e que mais tarde Charles Louis

Alphonse Laveran, em meados de 1901, examinando esfregaços sanguíneos de cavalos

15

encontrou um microrganismo intraeritrocitário que denominou de Piroplasma equi. de

Waal & Van Heerden (2004), referem que duas espécies morfologicamente distintas,

infectando cavalos no Zimbábue, foram identificadas por Koch em 1904, o qual

demonstrou que ambos os parasitos infectavam cavalos e propôs a denominação de

Piroplasma caballi para o parasito de maior tamanho e a manutenção da nomenclatura

Piroplasma equi para o parasito de menor tamanho.

O nome “piroplasma” originou-se pelo fato de que os parasitos, depois da

multiplicação, têm frequentemente forma de pêra. A nomenclatura piroplasmose ainda

sobrevive neste meio, também porque ambas, babesiose e theileriose, são comumente

agrupadas juntas seguindo a designação “piroplasmoses” (Uilenberg, 2006).

Posteriormente, em revisão sobre sistemática e nomenclatura, foi proposta a

reclassificação das duas espécies de piroplasmas equinos dentro do gênero Babesia,

ficando o antigo gênero como sinonímia (Peirce, 1975), tornando-os Babesia equi

(Laveran, 1901) e Babesia caballi (Nuttall & Strickland, 1912).

Mehlhor & Schein (1998) reclassificaram o protozoário B. equi em Theileria

equi por este apresentar tamanho menor comparado com outras espécies do gênero

Babesia, ter um estágio do ciclo de vida em linfócitos dos hospedeiros mamíferos,

desenvolvimento nas glândulas salivares dos seus vetores assim como no gênero

Theileria e, como base em dados moleculares, ser filogeneticamente próximo de

organismos do gênero Theileria. Reforçando esta relação, Kappmeyer et al. (1993)

encontraram uma proteína de superfície em B. equi homóloga as das espécies de

Theileria.

Schnittger et al. (2012), realizou uma inferência Bayesiana utilizando

aproximadamente 600 sequências do gene ribossomal – rRNA 18S, e a árvore

filogenética resultante (Figura 3) demonstrou a parafilia do gênero Babesia, bem como

que o táxon atualmente conhecido como Theileria equi não pode ser considerado uma

espécie pertencente ao grupo Theileria stricto sensu (Figura 3, clado V) nem ao grupo

Babesia stricto sensu (Figura 3, clado VI).

16

Figura 3 - Árvore consenso a partir de 170.000 amostras de árvores pela análise

bayesiana de 603 sequências do gene 18S rRNA de Piroplasmida, com

Cardiosporidium como grupo externo. A escala indica o número inferido de

substituições. Cada legenda da sequência mostra a anotação da sequência, em alguns

casos também com o número de acesso. Múltiplas sequências das mesmas espécies (ou

proximamente relacionadas) foram colapsadas se elas formam um clado, com os

números nos colchetes indicando o número de sequências envolvidas. Probabilidades

posteriores estão indicadas nos ramos principais. Fonte: Schnittger et al. (2012)

17

A análise de 150 genes diferentes, com base nas sequências deduzidas de

aminoácidos, de oito organismos Apicomplexa que tiveram seus genomas totalmente

sequenciados, gerou uma árvore filogenética não enraizada (Figura 4), sugerindo que a

solução mais apropriada para o organismo T. equi seria sua alocação em um gênero

distinto de Theileria e Babesia (Kappmeyer et al., 2012)

Figura 4 - Árvore filogenética de apicomplexas sequenciados. Árvore de distribuição

de probabilidade posterior representando o melhor escore de likelihood (probabilidade

de 1.0) seguindo análise bayesiana de 150 polipetídeos concatenados em oito táxons. O

código dos táxons são Pf (Plasmodium falciparum), Pv (Plasmodium vivax), Tg

(Toxoplasma gondii), Cp (Cryptosporidium parvum), Bb (Babesia bovis), Te (Theileria

equi), Tp (Theileria parva), Ta (Theileria annulata). Fonte: Kappmeyer et al. (2012).

18

Taxonomicamente o protozoário Theileria equi está, atualmente, classificado

no filo Aplicompexa, classe Sporozoea, subclasse Piroplasmea, ordem Piroplasmida,

família Theileriidae, gênero Theileria (Mehlhorn & Schein, 1998). Dados adicionais são

necessários para determinar a colocação final do parasito e, portanto, este estudo irá

utilizar a denominação mais recente, T. equi.

1.3.1 Microbiologia

Theileria equi é um hemoprotozoário intraeritrocitário de equídeos, que junto

com a Babesia caballi, compreendem os parasitos que infectam hemácias de equídeos

(de Wall, 1992). Esse piroplasma é caracterizado por formas intraeritrocitárias que

podem ser em forma de pêra, arredondada ou amebóide (Homer et al., 2000).

Os esporozoítos de Theileria inicialmente penetram em linfócitos nos quais

formam esquizontes. Os merozoítos liberados dos esquizontes entram nas hemácias

onde crescem em formas não pigmentadas de piroplasmas e multiplicam-se gerando

quatro células, formando tétrades muitas vezes em forma de “cruz de malta” (Figura 5)

(Feldman, 2000; Uilenberg, 2006).

Em esfregaço sanguíneo observa-se em eritrócitos o protozoário T. equi como

pequenas inclusões arredondadas com aproximadamente 1 a 2 μm de diâmetro

(Feldman, 2000). As espécies desse gênero não produzem esporos, não possuem

flagelos, cílios ou formam pseudópodes, sua locomoção ocorre por flexão ou

deslizamento. São caracterizados pela presença de complexo apical menos desenvolvido

e sua reprodução assexuada ocorre por fissão binária ou esquizogônia em eritrócitos de

mamíferos (Homer et al., 2000; Chauvin et al., 2009).

19

Figura 5 - Merozoítos de T. equi formando tétrades em “cruz de malta” (Seta) no

interior de um eritrócito de equino. Fonte:

https://googledrive.com/host/0B1IL5zI60TcWN2FoRUs3Tm5xVTg/babesia%20equi%

202.jpg.

1.3.2 Vetores

Os vetores dos parasitos causadores da babesiose são carrapatos que pertencem

à subordem Ixodides e à família Ixodidae (Nizoli, 2005), pertencentes a diversos

gêneros, dos quais se destacam: Dermacentor, Hyalomma e Rhipicephalus, que são

endêmicos de áreas tropicais e subtropicais do mundo (Ali et al., 1996).

Por um longo período o vetor da T. equi nas Américas era desconhecido, uma

vez que carrapatos das espécies Anocentor nintens e Amblyomma cajennense, que

infectam naturalmente equinos, pareciam não ter a capacidade de desempenhar papel

vetoral (Pfeiffer Barbosa, 1993). Em pastagens onde equinos são mantidos em conjunto

com bovinos o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus tem potencial para

parasitar equinos (Falce, 1983), segundo pesquisas de Piotto (2009) infestações por

carrapatos das espécies Anocentor nitens, Rhipicephalus (Boophilus) microplus e

Amblyomma cajennense em equinos da América do Sul já foram associados a casos de

theileriose.

No Brasil, suspeita-se que o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus

pode ser vetor da T. equi (Nizoli et al., 2008). Segundo Ueti et al. (2005) esse carrapato

possui a capacidade de se infectar, mesmo em cavalos em estágios crônicos da doença,

onde a parasitemia é relativamente baixa, obtendo sucesso na transmissão da doenças

para animais saudáveis.

20

1.3.3 Ciclo Biológico

De acordo com o ciclo biológico (Figura 6), o carrapato infecta-se ao ingerir

células sanguíneas contaminadas com o parasito, sendo a forma contaminante os

gametócitos, iniciando o processo de gametogênese no vetor (Uilenberg, 2006; Bhoora,

2009). Os gametócitos diferenciam-se em gametas femininos e masculinos no intestino

do vetor e se fundem tornando-se zigotos móveis (Melhorn & Schein, 1998; Uilemberg,

2006; Bhoora, 2009).

Os zigotos são imaturos e não se multiplicam, evoluem no intestino do

hospedeiro invertebrado, para posteriormente invadirem a hemolinfa, dirigindo-se para

as glândulas salivares. Quando o vetor se infecta, o próximo estágio torna-se infeccioso,

no entanto larvas recém-eclodidas não possuem capacidade infecciosa (Uilenberg,

2006). Quando o próximo estágio do vetor se fixa em um hospedeiro, ocorre a

esporogônia e maturação dos esporozoítos nas glândulas salivares, e a transmissão

ocorre através da inoculação de saliva infectada (Baptista, 2010).

O esporozoíto constitui o último estágio do desenvolvimento dos parasitos de

Theileria sp. dentro das células das glândulas salivares do carrapato, e é transmitido ao

hospedeiro vertebrado durante o repasto sanguíneo. Quando um carrapato adulto

infectado se fixa ao hospedeiro, são necessários três a quatro dias de alimentação para

que se complete a maturação dos parasitos dentro das glândulas salivares do carrapato e

os esporozoítos maduros sejam libertados (Rolão, 2004).

Após ser inoculado por um carrapato infectado, o parasito T. equi pode ser

encontrado em linfócitos e eritrócitos dos hospedeiros vertebrados (Melhorn & Schein,

1998). Inicialmente T. equi penetra e multiplica-se nos linfócitos, onde formam os

denominados esquizontes, na forma de macroesquizontes, que posteriormente se

diferenciam em microesquizontes, esta segunda forma possui um grande número de

merozoítos. O desenvolvimento dos merozoítos de T. equi está completo

aproximadamente ao nono dia após a sua inoculação in vitro, ou no décimo terceiro dias

após a fixação dos carrapatos ao hospedeiro. Os merozoítos maduros ocupam uma

grande parte dos linfócitos o que acarreta na lise celular liberando as estruturas

parasitárias (Ali et al., 1996). Estes merozoítos têm um tamanho que varia entre 1,5 a 2

μm e vão invadir os eritrócitos do hospedeiro, iniciando a sua reprodução por fissão

binária (Melhorn & Schein, 1998; De Waal & Van Heerden, 2004).

21

Após penetrarem nas hemácias se diferenciam em trofozoítos, que se

multiplicam por merogônia, dando origem a quatro merozoítos, que formam a “Cruz de

Malta” (Simpson et al., 1967; De Waal, 1992).

Figura 6 - Diagrama representativo do ciclo de vida de T. equi. 1: esporozoíto

inoculado junto com a saliva; 2: macroesquizonte; 3: microesquizonte; 4: merozoíto; 5:

eritrócito mostrando a formação típica da “Cruz de Malta”; 6: gametócitos; 7: fusão dos

gametas; 8: zigoto; 9-12:desenvolvimento do oocinete; 13: oocinetes em crescimento

originando esporontes multinucleados; 14: divisão dos esporontes multinucleados em

pequenos esporoblastos, que posteriormente originam esporozoítos. G: gametócito; IV:

vacúolo interno; M: merozoíto; N: núcleo; NH: núcleo da célula hospedeira; S:

esporozoíto; SB: esporoblasto; SP: esporonte ST: esquizonte (Fonte: adaptado de

Melhorn & Schein, 1998; Baptista, 2010).

22

As éguas portadoras podem transmitir T. equi para suas crias e isso pode resultar

em abortos ou na ocorrência de theileriose neonatal, mas pesquisas sugeriram que o

potro pode nascer como portador assintomático (Allsopp et al., 2007), que podem não

desenvolver a doença enquanto este estiverem protegido pelos anticorpos maternos

(Robinson, 1992). Outra forma de transmissão da theileriose é a iatrogênica onde pode

ocorrer a inoculação de sangue contaminado pelos pararasitos por meio de fômites

contaminados (Roncati, 2006).

1.3.4 Patogenia e Sinais Clínicos

A theileriose equina é uma doença de apresentação aguda, subaguda ou crônica

(De Waal, 1992; Nizoli, 2005). E vários são os fatores que influenciam no grau de

severidade dos sinais clínicos como idade, imunocompetência, estado nutricional e co-

infecção com outros patógenos (Homer et al, 2000; Dias, 2008). Além da

patogenicidade da cepa e dose do inóculo (Guimarães et al., 1997).

Hailat et al. (1997) e Nogueira et al. (2005) relatam que a imunossupressão

induzida por meio de restrição alimentar, aplicação de corticóides ou esforço físico

intenso predispõe as manifestações clínicas da theileriose.

Apesar do pouco conhecimento em relação à patogênese das infecções

causadas por T. equi, acredita-se que este parasito possua uma patogênese similar a de

outras espécies do gênero Theileria (De Waal & Van Heerden, 2004). Contudo, T. equi

é considerado mais patogênico que B. caballi, causando maior número de casos de

hemoglobinúria e mortes (Camacho et al., 2005), e o seu período de incubação varia de

12 a 19 dias (De Waal et al., 1990; De Waal, 1992).

As infecções por T. equi produzem um quadro de anemia hemolítica

progressiva em equinos (Hailat et al., 1997; Souza et al., 2007), sendo a patogenia da

enfermidade relacionada com a lise de eritrócitos, que ocorre durante a invasão e

multiplicação do parasito nesta célula (Souza et al., 2007), resultando em redução da

capacidade de transporte de oxigênio, causando diminuição do desempenho de equinos

de esporte (Hailat et al., 1997).

A doença aguda é caracterizada por febre, podendo ser de caráter intermitente,

anemia, letargia, icterícia, hepato e esplenomegalia, hemólise intra e extravascular,

hemoglobinúria e hemorragias petequiais em mucosas, podendo em alguns casos, levar

a morte (Schein, 1988; De Wall, 1992; Knowles, 1996). Casos de mortalidade

23

relacionados por infecções de T. equi são relativamente baixos, em geral os animais

resistem à fase aguda da doença, tornado-se portadores do parasito (Schein, 1988).

Sinais clínicos inespecíficos como inapetência, perda de peso e alterações

reprodutivas são comuns durante a fase crônica da infecção (Schein, 1988). Nessa fase a

parasitemia é baixa e a principal manifestação é anemia que, mesmo sendo moderada

leva à diminuição do desempenho físico dos animais (Nogueira et al., 2005),

principalmente quando se trata de animais de competição (Cunha et al., 1996; Pereira et

al., 2004)

A fase crônica da doença ocorre devido à adaptação do parasito as defesas

naturais do hospedeiro. A reagudização de quadros crônicos com agravamento dos

sinais clínicos é comum em situações de stress, treinamento intensivo, doenças

intercorrentes e imunossupressão, sejam por restrição alimentar ou uso de

corticosteróides (Souza et al., 2007; Nogueira et al., 2005).

Segundo Zooba et al., (2008) e Cunha et al. (2005), as alterações laboratoriais

mais frequentes são diminuição na contagem de hemácias, plaquetas e concentração de

hemoglobina, além de neutropenia, linfopenia, diminuição do fibrinogênio plasmático e

aumento da concentração de bilirrubina, ureia e aspartato amino transferase (AST).

Cunha et al. (1998) e Souza et al. (2007) referem que durante a fase aguda da

infecção ocorre uma rápida diminuição dos valores de hematócrito, porém este

parâmetro não sofre alterações significativas durante a fase crônica, não havendo

diferença em relação aos valores do hematócrito em equinos não infectados e

portadores de T.equi.

1.3.5 Diagnóstico

Várias técnicas são utilizadas e veem sendo desenvolvidas para o diagnóstico

de theileriose equina. Estas incluem desde as mais básicas como detecção e

diferenciação de protozoários com base nos sinais clínicos, inoculação de sangue em

animais susceptíveis, até técnicas mais modernas como diagnósticos sorológicos e

moleculares (Baptista, 2010).

O diagnóstico preciso para a detecção específica do parasito causador da

piroplasmose equina é de grande valor, pois o protozoário T. equi induz infecções de

maior severidade e é mais resistente ao tratamento do que o protozoário B. caballi

(Moretti et al., 2010).

24

Devido à possibilidade de infecções mistas de T. equi e B. caballi e de os sinais

clínicos das doenças serem inespecíficos e facilmente confundidos com outras

enfermidades, torna-se quase impossível diferenciar esses parasitos apenas com base

nos sinais clínicos (De Waal, 1992; Salim et al., 2008; Bhoora, 2009; Moretti et al.,

2010).

Desde meados de 1967, o diagnóstico da piroplasmose equina é baseado na

identificação do parasito nas hemácias de equídeos suspeitos (Henriques, 2006) através

da microscopia óptica de esfregaço sanguíneo (Roncati, 2006). A identificação do

agente por meio dessa técnica constitui um diagnóstico definitivo, embora tal método

apresente restrições principalmente durante a fase crônica da doença, decorrente de um

menor número de hemácias infectadas (Alhassan et al., 2007a), o que pode incorrer em

um grande número de falso-negativos (De Wall et al., 1988; Cunha et al., 1998).

Segundo Böse et al.(1995) o esfregação sanguíneo é um excelente método de

diagnóstico para a detecção da piroplasmose equina in loco, tendo como vantagem ser

relativamente barato e prático, além de proporcionar detalhes morfológicos dos

parasitos e permitir a identificação das espécies, sendo uma boa escolha nos casos de

infecção aguda. Estudos demonstram que o esfregaço sanguíneo pode detectar cerca de

32% dos animais infectados (Roncati, 2006).

Outro método de diagnóstico é a técnica da cultura in vitro. Esta metodologia

exige pessoal qualificado e um nível tecnológico elevado, podendo apenas ser utilizadas

em amostras de sangue fresco, tendo um período longo para obtenção de resultados e o

número de amostras analisadas é baixo, limitando a sua aplicação como teste de

diagnóstico (Baptista, 2010).

A técnica de cultura in vitro tem maior sensibilidade para T. equi, devido a esse

parasito se propagar mais rapidamente que os parasitos de B. caballi (Alhassan et al.,

2007b). Esta técnica é um método bastante específico para a detecção direta dos

protozoários T. equi, especialmente em infecções subclínicas e crônicas (Alhassan et al.,

2007b).

Os métodos indiretos consistem na mensuração da produção de anticorpos

resultantes da resposta imunológica contra o parasito. Entre os principais estão a Reação

de Imunofluorescência Indireta, o Teste de Fixação do Complemento (TFC) e o ELISA

competitivo (c-ELISA) (Piotto, 2009).

25

O TFC foi considerado um método de referência para detecção de anticorpos

contra os agentes causadores da piroplasmose equina (Brüning, 1996), no entanto, a

sensibilidade do teste é baixa nos animais portadores de infecções crônicas ou na fase

inicial da doença (Böse et al., 1995; Pereira et al., 2004). O TFC possui um grande

número de resultados falso-negativos quando a quantidade de anticorpos é muito baixa

ou quando anticorpos anticomplemento estão presentes no soro (Nizoli, 2005).

A RIFI é um teste para detecção de anticorpos específicos, possui boa

especificidade e sensibilidade (Böse & Peymann, 1994), é relativamente barato e os

reagentes utilizados são facilmente encontrados (Böse et al., 1995). Este método

permite o diagnóstico diferencial entre B. caballi e T. equi e é mais sensível do que o

teste de fixação de complemento em relação ao animal com infecções crônicas ou pós-

tratamento. As desvantagens desta técnica são diferenciar uma reação negativa de uma

reação fracamente positiva, a leitura dos resultados demanda um grande tempo, além de

que os resultados obtidos sofrem influência pelo julgamento subjetivo do operador que

faz a padronização (Böse et al., 1995).

De maneira geral o TFC e a RIFI possuem algumas desvantagens, assim, com

intuito de aperfeiçoar o diagnóstico da theileriose foi desenvolvido o c-ELISA. Esta

técnica possui maior sensibilidade e especificidade ao diagnóstico dessa doença quando

comparada às outras técnicas sorológicas (Rhalem et al., 2001). No ano de 2004, a

Organização Mundial de Saúde definiu a utilização da técnica de c-ELISA como teste

oficial para exportação de animais para países livres da doença (USA, 2006).

A utilização de técnicas moleculares a exemplo da PCR é considerada mais

trabalhosa e requer equipamentos específicos, entretanto possui boa especificidade e

sensibilidade que pode variar de 78% (Farah et al., 2003) a 95,7% (Battsetseg et al.,

2002). Segundo Roncati (2006) a PCR detecta um maior número de animais infectados

quando comparados com o esfregaço sanguíneo. A PCR como método de diagnóstico

utilizando duas etapas de amplificação (PCR e nested-PCR), com base na amplificação

do gene Equine Merozoit Antigen-1 (EMA-1) do bioagente T. equi, detecta parasitemias

iguais a 0,000006% demonstrando uma alta sensibilidade, por esses motivos esta

técnica vem sendo muito empregada na identificação de infecções causadas por T. equi

(Nizole, 2005).

O diagnóstico diferencial de theileriose equina inclui outras causas de anemia

hemolítica como púrpura hemorrágica e arterite viral equina (Henry, 1993; Zeimer &

26

Bloom, 1999), além de anemia infecciosa equina, doenças imunomediada e intoxicações

por oxidantes (Morris, 2000).

1.3.6 Epidemiologia

Ambos os protozoários causadores da piroplasmose equina estão difundidos

amplamente em áreas tropicais e subtropicais do mundo (Avarzed et al., 1997; Kerber et

al., 1999), sendo T. equi mais prevalente (Friedhoff et al., 1990). A prevalência da

doença é um reflexo da distribuição dos vetores biológicos (Pfeifer Barbosa et al., 1995;

Avarzed et al., 1997).

Alguns países são considerados livres da existência dos parasitos entre eles

Canadá, Austrália, Japão, Alemanha, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Reino Unido

(Nantes & Zappa, 2008; Ogunremi et al., 2008). Segundo Bashiruddin et al., (1999)

apesar da piroplasmose equina ter sido introduzida na Austrália ela não se estabeleceu

devido a inexistência do carrapato vetor. De acordo com Nantes & Zappa, (2008)

relatos da piroplasmose no norte da Europa são inexistentes apesar da existência de

vetores.

A piroplasmose equina causada por T. equi vem sendo relatada em vários

países do mundo como: Mongólia (Battsetseg et al., 2001), Espanha (Camacho, 2005),

Itália (Moretti et al., 2010), Índia (Chhabra et al., 2012), Turquia (Acicci et al., 2008) e

Argentina (Aguirre et al., 2004).

No Brasil, a theileriose tem caráter endêmico e com poucos casos de doença

clínica, entretanto animais de áreas não endêmicas quando são levados a áreas que

possuem o parasito podem desenvolver a doença clínica culminando com o óbito do

animal (Baldani et al., 2006).

Segundo Botteon (1996) em estudo de prevalência de T. equi utilizando RIFI

como método de diagnóstico, em equinos mantidos em diferentes sistemas de criação,

animais criados extensivamente tem maior prevalência (89,6%) em relação aos equinos

criados em estabulação permanente (45%).

Cunha et al. (1996), em estudos epidemiológicos realizados no Rio Grande do

Sul utilizando RIFI para detecção de anticorpos anti-T. equi detectaram prevalência de

57,9%. Em Goiás, Linhares (1994) utilizando o mesmo método de diagnóstico

encontrou prevalência de 94,7% para T. equi na região, caracterizando a área como de

estabilidade enzoótica para a enfermidade.

27

Bittencourt et al. (1997) em estudo de prevalência para theileriose equina, na

região de Seropédica e áreas vizinhas, no Estado do Rio de Janeiro analisando 78

amostras sanguíneas utilizando TFC, demonstraram prevalência de 84,6% para T. equi.

Parra (2009), em estudo comparativo de três métodos de diagnóstico em 250

amostras sanguíneas de equídeos do estado de São Paulo, obteve resultado de 38,4%,

46% e 36% de positividade, respectivamente, nos testes de pesquisa direta em

microscópio óptico, c-ELISA e nested-PCR para Theileria equi.

Em estudo sobre determinação da prevalência da theileriose equina, por meio

de Imunofluorescência Indireta (IFA), em algumas regiões do estado do Pará, Pfeizer

Barbosa et al. (2000) encontraram positividade de 30,83% na Ilha de Marajó, 85,48%

na microrregião Bragantina e 69,79% no município de Paragominas.

1.4 JUSTIFICATIVA

Devido ao estado do Pará possuir um grande rebanho de equinos aliado a

grande importância desses animais no âmbito econômico e a proximidade deste com o

homem se faz necessário o conhecimento das principais enfermidades que podem

acometer esses animais, principalmente devido ao seu potencial zoonótico.

Na região Norte e Nordeste pesquisas epidemiológicas sobre os principias

parasitos do sangue de equídeos são escassas, principalmente quando se utiliza métodos

moleculares para realização do diagnóstico. Neste sentido a presente pesquisa apresenta

caráter original, por ser a primeira a investigar a ocorrência da anaplasmose

granulocítica equina e theileriose equina no estado do Pará.

28

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar a ocorrência e diversidade genética de Anaplasma phagocytophilum

e Theileria equi em rebanhos de equídeos do estado do Pará.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Padronizar protocolo de método molecular para a detecção do DNA de Anaplasma

phagocytophilum e Theileria equi no sangue de equídeos infectados;

- Investigar a ocorrência de infecção por Anaplasma phagocytophilum e Theileria equi

em equídeos em diversas regiões do estado do Pará;

- Caracterizar as relações filogenéticas da linhagem na área de estudo em comparação

com táxons de outras regiões do globo terrestre.

29

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 AMOSTRAGEM

Um total de 155 amostras sanguíneas, sendo 87 machos e 68 fêmeas,

demonstradas na Tabela 1, foram obtidas de equídeos, independentes de raça, sexo,

idade, manejo ou estado clínico do animal. Estes animais eram oriundos de Belém,

quando atendidos no Projeto Carroceiro da Universidade Federal da Amazônia –

UFRA, dos municípios de Barcarena, Castanhal, Goianesia e do arquipélago da Ilha do

Marajó.

Tabela 1 - Amostragem obtida para o presente estudo.

Localidade Macho Fêmea Total

Belém 48 3 51

Barcarena 12 34 46

Castanhal 17 23 40

Goianésia 9 2 11

Ilha do Marajó 1 6 7

Total 87 68 155

Para obtenção do material biológico os animais foram contidos, tentando

proporcionar o mínimo de estresse possível. Em seguida foi realizada assepsia e por

venipunção jugular, seguindo protocolos preconizados por Matos e Matos (1988) e

Smith (2006), realizada a coleta de 3 mL de sangue com auxílio de tubo à vácuo,

devidamente identificados, contendo anticoagulante EDTA (Ácido Etilenodiamino

Tetra-Acético).

Após a colheita, o material foi devidamente alocado em caixa térmica contendo

gelo químico para conservação e transportado para o Laboratório de Tecnologia

Biomolecular da Universidade Federal do Pará (LTB/UFPA), Campus Belém. Todas as

amostras foram armazenadas a 4ºC até o seu processamento.

O DNA genômico de cada amostra foi extraído através do método fenol-

clorofórmio seguindo procedimentos padrões descritos por Sambrook et al. (1989) e

armazenado a uma temperatura de -20ºC até a realização dos procedimentos

moleculares para detecção dos hemoparasitos.

30

3.2 ANÁLISES MOLECULARES

3.2.1 Detecção de Anaplasma phagocytophilum

A presença de A. phagocytophilum foi avaliada com uso de protocolo de

nested-PCR, o qual foi baseado na amplificação de fragmento do gene ribossomal 16S,

cujos iniciadores são específicos para o parasito seguindo protocolo previamente

validado por Parra (2009). Assim, foi realizada uma primeira reação de volume total de

25 µL contendo 10-20 ng de DNA molde, 2,0 mM de MgCl2, 2,5 mM de cada dNTP, 10

mM de Tris-HCl, 50 mM de KCl, 5 µM de cada iniciador Aph E/Aph EF (Parra, 2009)

e 1 U de Taq DNA polimerase (Invitrogen®). A segunda reação, também realizada em

um volume de 25 µL, continha 1 µL do produto da primeira reação, 2,0 mM de MgCl2,

2,5 mM de cada dNTP, 10 mM de Tris-HCl, 50 mM de KCl, 5 µM de cada iniciador

Aph IR/Aph IF (Parra, 2009). O perfil de amplificação da PCR e da nPCR para o

agente A. phagocytophilum estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2 - Protocolo de reação de amplificação para Anaplasma phagocytophilum.

Processos Número de ciclos Temperatura (°C) Tempo

Desnaturação térmica 1 94 5’

Anelamento 40

94 30”

55 30’

72 1’

Extensão final 1 72 5’

O DNA de uma amostra sabidamente infectada com A. phagocytophilum

(gentilmente cedida pela Dra. Rosangela Zacarias Machado/Unesp-Jaboticabal) foi

utilizada como controle positivo de reação e como controle negativo utilizou-se água

bidestilada estéril. A positividade desta amostra foi confirmada com base no

sequenciamento nucleotídico do fragmento amplificado na segunda reação e sua

comparação com a sequência AY969013 obtida do GenBank. Água bidestilada estéril

foi utilizada como controle negativo.

Todos os produtos de PCR foram visualizados após eletroforese em gel de

agarose 1,5% em tampão TAE (Tris-Acetato-EDTA), coloração com o GelRed™

Nucleic Acid Stain (Biotium®) e visualizados em fotodocumentador E-BOX VX2

(Vilber Lourmat®). Um marcador de peso molecular de 100 pb (DNA ladder

Invitrogen®

) foi utilizado para estimar o tamanho de cada fragmento amplificado.

31

3.2.1 Detecção de Theileria equi

A presença de T. equi foi avaliada com uso de protocolo de nested-PCR, o qual

foi baseado na amplificação de fragmentos do gene EMA-1, cujos iniciadores são

específicos para o parasito segundo protocolo estabelecido por Baldani et al. (2010).

Assim, foi realizada uma primeira reação de volume total de 25 µL contendo

10-20 ng de DNA molde, 2,0 mM de MgCl2, 2,0 mM de cada dNTP, 10 mM de Tris-

HCl, 50 mM de KCl, 5 µM de cada iniciador Eeq ER/ Eeq EF (Baldani et al. 2010) e 1

U de Taq DNA polimerase (Invitrogen®

). A segunda reação, também realizada em um

volume de 25 µL, continha 1 µL do produto da primeira reação, 1,5 mM de MgCl2, 2,5

mM de cada dNTP, 10 mM de Tris-HCl, 50 mM de KCl, 5 µM de cada iniciador Eeq

IR/ Eeq IF (Nicolaiewsky et al., 2001). O perfil de amplificação da PCR e da nPCR

para o agente T. equi estão descritos na Tabela 3.

Tabela 3 - Protocolo de reação de amplificação para Theileria equi.

Reação Processos Número de

ciclos

Temperatura

(°C) Tempo

Reação

Desnaturação térmica 1 94 4’

Anelamento 40

94

60 30’

72

Extensão final 1 72 4’

Reação

Desnaturação térmica 1 94 5’

Anelamento 35

94

60 30’

72

Extensão final 1 72 5’

O DNA de uma amostra sabidamente infectada com T. equi (gentilmente

cedida pela Dra. Rosangela Zacarias Machado/Unesp, Jaboticabal) foi utilizada como

controle positivo de reação e como controle negativo utilizou-se água bidestilada estéril.

A positividade desta amostra foi confirmada com base no sequenciamento nucleotídico

do fragmento amplificado na segunda reação e sua comparação com a sequência

KC347577 obtida do GenBank. Água bidestilada estéril foi utilizada como controle

negativo.

32

Todos os produtos de PCR foram visualizados após eletroforese em gel de

agarose 1,5% em tampão TAE (Tris-Acetato-EDTA), coloração com o GelRed™

Nucleic Acid Stain (Biotium®) e visualizados em fotodocumentador E-BOX VX2

(Vilber Lourmat®). Um marcador de peso molecular de 100 pb (DNA ladder

Invitrogen®

) foi utilizado para estimar o tamanho de cada fragmento amplificado.

3.3 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR

As amostras positivas para A. phagocytophilum e T. equi foram selecionadas

para o sequenciamento como descrito a seguir: após a excisão da banda com tamanho

correspondente, do gel de agarose, o produto amplificado na segunda reação foram

purificado com auxílio do GFX PCR DNA and gel purification kit (GE Healthcare®),

ligado ao plasmídeo pGEM-T vector (Promega), que foi por sua vez inserido, através de

choque térmico em Escherichia coli JM109 (Promega®). O fragmento clonado foi

obtido de clones recombinantes por PCR de colônias usando

os iniciadores M13F/M13R e sequenciado automaticamente em no ABI 3500XL

Genetic Analyzer (Applied Biosystems®), de acordo com as especificações do

fabricante. O programa BioEdit (Hall, 1999) foi usado para o alinhamento e edição

manual das sequências obtidas.

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para o delineamento estatístico os dados referentes aos achados de A.

phagocytophilum e T. equi foram dispostos em tabelas de distribuição de frequência

relativa e absoluta e comparados com os dados descritos na literatura.

As sequências de A. phagocytophilum e T. equi obtidas foram comparadas com

sequências disponíveis no GenBank através da ferramenta Basic Local Alignment

Search Tool – BLAST (Altschul et al., 1990), disponível no sítio

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast. As analises filogenéticas foram realizadas com base

no método Neighbor-Joining, modelo Kimura-2-Parâmetros, através do programa

MEGA 6.0 (Tamura, 2013).

33

4 RESULTADOS

No presente estudo, a ocorrência de infecções de anaplasmose e theileriose foi

investigada pelo exame de nested PCR em equídeos de diferentes localidades do Estado

do Pará.

As reações de Anaplasma phagocytophilum geraram produtos de 546 pares de

bases (Figura 7) e as reações de Theileria equi geraram produtos de 102 pb (Figura 8)

ambas para as segunda reações (nested-PCR), corroborando Parra (2009) e Baldani et

al. (2010). As frequências de distribuição dos testes das 155 amostras analisadas para os

hemoparasitos estudados estão apresentadas na Tabela 4.

A distribuição dos casos positivos e negativos mostra que, em função do sexo,

os machos foram mais acometidos para as duas hemoparasitoses, conforme

demonstrado na Tabela 5.

Figura 7 - Segunda reação para detecção de Anaplasma phagocytophilum com

amplificação de 546 pb. AN = amostra negativa; AP = amostra positiva; CN = controle

negativo; CP = controle positivo; M = marcador molecular 100 pares de bases (pb); Seta

= 500 pb.

34

Figura 8 - Segunda reação para detecção de Theileria equi com amplificação de 102pb.

AN = amostra negativa; AP = amostra positiva; CN = controle negativo; CP = controle

positivo; M = marcador molecular 100 pares de bases (pb); Seta = 100 pb.

Tabela 4 - Frequência de distribuição dos resultados para Anaplasma phagocytophilum

e Theileria equi na população de estudo.

Resultado Parasito

Anaplasma phagocytophilum Theileria equi

Negativos 97,42% (151/155) 40% (62/155)

Positivos 2,58% (4/155) 60% (93/155)

Tabela 5 - Frequência de distribuição dos resultados Anaplasma phagocytophilum e

Theileria equi m função do sexo dos animais.

Resultado Anaplasma phagocytophilum Theileria equi

Macho Fêmea Macho Fêmea

Negativo 95,4% (83/87) 100% (68/68) 35,63% (31/87) 45,59% (31/68)

Positivo 4,6% (4/87) 0% (0/68) 64,36% (56/87) 54,41% (37/68)

35

Da comparação da sequência nucleotídica parcial (546 pb) de Belém do 16S

rDNA de A. phagocytophilum obtida neste estudo com aquelas do Genbank, foram

observados apenas seis sítios polimórficos (Tabela 6). Igual número de sítios

polimórficos, isto é, seis, foram observados na comparação dos 102 pb do gene EMA - 1

de Theileria equi da amostra oriunda da Ilha do Marajó com seis outras sequências

nucleotídicas de T. equi de outras regiões do globo terrestre (Tabela 7).

Tabela 6 - Polimorfismo do 16S rDNA de Anaplasma phagocytophilum de Belém, Pará

em comparação a seis cepas de A. phagocytophilum de outras localidades.

País Acesso

GenBank

Sítios de nucleotídeosa

36 67 97 125 181 344

Brasil (Belém) G A A C G C

Áustria JX173652 . . . . . .

Suécia AY527214 . . . . . .

Coréia do Sul AF470701 A . . . . .

Japão AY969013 . . G . . .

Rússia HQ629917 . . . . . .

Brasil EU287434 . G . T C T

a os números representam a posição nucleotídica da sequência do 16S rDNA da cepa de A.

phagocytophilum “Belém”; os pontos (.) indicam a mesma base nucleotídica nas mesmas

posições do 16S rDNA de outras cepas de A. phagocytophilum.

Tabela 7 - Polimorfismo do gene EMA - 1 de Theileria equi da Ilha do Marajó, Pará em

comparação com seis cepas de T. equi de outras localidades.

País Nº GenBank Sítios de nucleotídeosa

3 11 23 25 27 76

Ilha do Marajó G T T C G C

Brasil AF261824 . . . . . .

E.U.A XM004829445 . . . . . .

Japão AB015220 . . . . . .

África do Sul JQ782603 . . . . . .

Índia KC347577 . . . . . .

África do Sul JQ782604 A C C A A T

a os números representam a posição nucleotídica da sequência do gene EMA - 1 da cepa de

Theileria equi “Ilha do Marajó”; os pontos (.) indicam a mesma base nucleotídica nas

mesmas posições do gene EMA - 1 de outras cepas de T. equi.

36

A conservação das sequências nucleotídicas obtidas tanto para A.

phagocytophilum quanto para T. equi confirmou a estreita relação filogenética entre as

linhagens do estado do Pará e aquelas de outras localidades do mundo (Figuras 9 e 10).

Figura 9 - Árvore filogenética baseada nas análises de sequências parciais do gene 16S

rDNA de A. phagocytophilum, gerada a partir do método Neighbor-Joining, modelo

Kimura-2-Parâmetros. Rickettsia rickettsii. Os números nos nós indicam os valores de

bootstrap com 1000 pseudoréplicas.

37

Figura 10 - Árvore filogenética baseada nas análises de sequências parciais do gene EMA-1 de

T. equi, gerada a partir do método Neighbor-Joining, modelo Kimura-2-Parâmetros. O número

acima do nó indica o valor de bootstrap com 1000 pseudoréplicas.

38

5 DISCUSSÃO

5.1 PREVALÊNCIA DE ANAPLASMA PAGHOCITOPHYLUM

A AGE já foi observada em diversas partes do mundo (Bermann et al., 2002;

Uehlinger et al., 2011; Burgess et al., 2012; Siska et al., 2012; Calderón & Delgado,

2013). Estudos epidemiológicos sobre a anaplasmose em equinos encontraram

positividade entre 0% a 65% variando de acordo com a metodologia empregada sendo

principalmente avaliada através de métodos sorológicos, moleculares e/ou microscopia

direta (Parra, 2009; Salvagni et al., 2010).

No presente estudo foram diagnosticados 2,58% (4/155) dos animais, positivos

para A. paghocitophylum, esses resultados se aproximam dos dados obtidos por

Jorquera & Ortiz (2012) que encontraram uma prevalência de 8% (4/50) por meio do

método de diagnóstico sorológico (RIFI) para anaplasmose equina e diferem dos

encontrados por M’Ghirbi et al. (2012) que utilizando RIFI e PCR, obtiveram

prevalências superiores, 67% (40/60) e 13% (8/60) respectivamente, sendo este último

o único a referir positividade em equinos através de técnica molecular.

Isso sugere um baixo percentual de infecção por A. phagocytophilum no Brasil,

contudo, vale ressaltar que estudos moleculares sobre a ocorrência de bioagentes da

família Anaplasmataceae em equídeos brasileiros são limitados (Dagnone et al., 2003).

Neste sentido, Salvagni et al. (2010) identificaram 65% (13/20) dos animais com

sorologia positiva para A. phagocytophilum porém nenhum animal foi positivo quando

testados por meio da técnica molecular (PCR). Parra (2009), também só observou

animais positivos (7/250) quando testados por ELISA, sendo os mesmos animais

negativos ao exame microscópico e nested-PCR.

Excluindo-se os resultados dos testes sorológicos de Salvagni et al. (2010), que

podem ser resultantes de reações cruzadas, a baixa prevalência de infecção por A.

phagocytophilum em equinos no Brasil pode ser um reflexo da baixa ocorrência dos

principais artrópodes vetores, visto que, o parasitismo por carrapatos do gênero Ixodes

foi observado apenas em animais silvestres, sendo as espécies encontradas I. amarali

(Faccini et al., 1999), I. loricatus (Muller et al., 2005) e I. luciae (Luz et al., 2013), que

não foram ainda relacionadas com a transmissão da AGE. Contudo, a presença desta

bactéria em equinos como mostrado no presente estudo aponta para a necessidade de

mais estudos epidemiológicos uma vez que, devido a ausência de um vetor específico, o

39

bioagente A. phagocytophilum pode estar se adaptando a outros artrópodes, dentre os

quais destacam-se A. cajennense e R. sanguineus (Ferrão, 2006; Ghafar, 2012; Santos,

2013).

De fato, a presença de A. phagocytophilum em A. cajennense (Santos et al.,

2013) e em R. sanguineus (Santos et al., 2013), pode explicar a presença desta bactéria

em alguns eqüinos no Brasil. Essa infecção poderia ser resultante de um parasitismo

acidental ou até mesmo da adaptação deste último vetor a um novo hospedeiro

vertebrado, isto é, os equinos, de qualquer forma isto corrobora a baixa prevalência de

A. phagocytophilum em equinos no Brasil.

Tais resultados comprovam que o presente estudo, no conhecimento do autor, é

o primeiro a detectar, com base em testes moleculares, a positividade para A.

phagocytophilum em equinos no Brasil.

O baixo nível de polimorfismo do 16S rDNA entre diferentes cepas de A.

phagocytophilum, sugere que este é um bom marcador para a detecção molecular, mas

que um estudo de variabilidade genética mais refinado deve ter como base outro

marcador que apresente maior taxa de evolução. Isto seria útil para a investigação de se

esta conservação é generalizada do ponto de vista genômico ou se existem regiões

gênicas que seriam mais apropriadas aos estudos de epidemiologia molecular.

5.2 PREVALÊNCIA DE THEILERIA EQUI

A detecção sorológica de piroplasmas em equinos é bastante difundida pelo

mundo, tendo vários relatos com prevalências variando entre 6,66% (Piotto et al., 2009)

e 100% (Baldani et al., 2010). Dentre os testes sorológicos o c-ELISA é considerado

teste padrão ouro para o transito de equinos segundo OIE (USA, 2006). Contudo, apesar

de bem difundidos os testes sorológicos são passíveis de falhas, e existem vários fatores

a serem considerados que podem gerar resultados falso-positivos ou falso-negativos,

dentre os quais se destacam: a produção de imunoglobulinas pouco hábeis em fixar o

complemento, o uso de fármacos babesicidas, além de apresentar uma baixa

sensibilidade em animais portadores de infecções crônicas ou na fase inicial da doença

principalmente devido a baixa quantidade de anticorpos (McGuire et al., 1971; Bose et

al., 1995; Pereira et al., 2004; Nizoli, 2005).

As técnicas moleculares surgem como alternativa para o diagnóstico da

infecção por piroplasmas, por serem altamente sensíveis e específicas permitindo o

40

diagnóstico em infecções agudas e crônicas servindo ainda como método de

identificação de animais portadores (Foley & Pedersen, 2001; Jensen et al., 2001;

Santos, 2008).

Poucos estudos utilizando técnicas moleculares foram referidos no mundo para

a pesquisa de prevalência de T. equi. Baptista (2010) encontrou positividade variando

entre 11,7% (19/162) e 15,2% (12/79) em equinos de diversas regiões de Portugal

através de nested-PCR e Qablan et al. (2013) encontraram ocorrência de 18,8%

(54/288) através de multiplex-PCR para theileriose equina em animais na Jordânia . Os

dados das pesquisas supracitadas, mesmo que diferindo em espaço amostral, foram

inferiores quando comparados ao do presente estudo que mostra positividade de 60%

(93/155) também utilizando um método molecular. O resultado do presente estudo é o

que mais se aproxima do estudo de Friedhoff et al. (1990) que afirma que cerca de 90%

da população mundial de equinos está exposta ao protozoário T. equi.

No Brasil, existem poucos relatos de estudos envolvendo o uso de técnicas

moleculares para a pesquisa de piroplasmas em equinos e estes são encontrados nas

regiões nordeste, centro-oeste e sudeste, com prevalências variando entre 45% e 100%

(Salvagni et al., 2010; Leal et al., 2011; Peckle et al., 2013), mostrando que a presente

pesquisa encontra-se dentro dos limites já referenciados no Brasil.

As taxas referidas no presente estudo mostram o caráter endêmico da T. equi

no Brasil, uma vez que corroboram os estudos de Peckle et al. (2013), com base em

método molecular (real time - PCR), que relatam ocorrência de 81% (253/314) de

positividade em animais de duas regiões do estado do Rio de Janeiro (Seropédica e

Petrópolis). Em São Paulo, Parra (2009) e Baldani et al. (2010), utilizando os mesmos

iniciadores da presente pesquisa, referem prevalências de 35% (90/250) e 63,53%

(108/170) respectivamente, validando a metodologia do presente estudo e tornando-a

ainda mais fidedigna.

Na região norte do Brasil a prevalência de T. equi foi relatada apenas com base

em testes sorológicos. Em um destes relatos, Kerber et al. (1997) observaram que 90%

dos animais são soropositivos para theileriose. No entanto, tais resultados não

corroboram Pfeifer Barbosa et al. (2000) que encontraram prevalências semelhantes

apenas no município de Bragança (85,48%), contudo, prevalências mais baixas foram

descritas para outras regiões do Estado do Pará, isto é, 30,83% na Ilha do Marajó e

69,79% em Paragominas. Apesar de ter como base um diferente método diagnóstico, os

41

dados dos municípios de Bragança e Paragominas de Pfeifer Barbosa et al. (2000) são

os que mais se aproximam aos dados do presente estudo.

Nizole (2008) sugere que o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus

esteja associado ao ciclo da theileriose, sendo que em algumas regiões do estado do

Pará é comum encontrar Rhipicephalus (Boophilus) microplus parasitando equinos

(Pereira et al., 1998), fato este que justificaria a alta prevalência do parasito.

Embora não existam informações sobre a epidemiologia molecular de T. equi

em outros estados da região norte do Brasil, a alta prevalência do presente estudo

confirma a hipótese de que devido suas condições climáticas, esta região apresente taxas

de infecção superiores às observadas para as regiões sudeste e sul. Tal fato é confirmado

pela localização geográfica da cidade de Belém, que situada às margens da Baía do

Guajará (01°26’06”S; 48°26’16”W), de acordo com a classificação de Köppen, possuí

clima quente e úmido (Abreu et al., 2004), favorecendo o ciclo biológico do vetor em

todos os meses do ano, e consequentemente o aumento da prevalência de theileriose em

equinos desta região.

Assim como observado para A. phagocytophilum, o baixo nível de

polimorfismo do gene EMA - 1 entre diferentes cepas de T. equi sugere que este é um

bom marcador para a detecção molecular, mas que um estudo de variabilidade genética

mais refinado deve ter como base outro marcador que apresente maior taxa de evolução.

42

6 CONCLUSÕES

De acordo com as análises aqui realizadas pôde-se concluir que:

Os bioagentes Anaplasma phagocytophilum e Theileria equi ocorrem em

equinos no estado do Pará.

O método molecular utilizando nested-PCR, com amplificação do gene 16S

rDNA e EMA-1, para a detecção de Anaplasma phagocytophilum e Theileria

equi respectivamente, é eficaz para diagnóstico.

A ocorrência da bactéria Anaplasma phagocytophilum é inferior a do

protozoário Theileria equi nos rebanhos de equídeos do estado do Pará.

As cepas de Anaplasma phagocytophilum e Theileria equi circulantes no

estado do Pará apresentam baixa variabilidade genética quando comparadas

com cepas de outras regiões do globo terrestre.

43

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