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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL CARLOS HENRIQUE URSULINO GOMES EFEITO DO SUPERAQUECIMENTO E DA DIREÇÃO DO CRESCIMENTO NA TRANSIÇÃO COLUNAR EQUIAXIAL DA LIGA Al-5.5%Si -3%Cu SOLIDIFICADA DIRECIONALMENTE BELÉM-PA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL

CARLOS HENRIQUE URSULINO GOMES

EFEITO DO SUPERAQUECIMENTO E DA DIREÇÃO DO CRESCIMENTO

NA TRANSIÇÃO COLUNAR EQUIAXIAL DA LIGA Al-5.5%Si -3%Cu

SOLIDIFICADA DIRECIONALMENTE

BELÉM-PA

2015

CARLOS HENRIQUE URSULINO GOMES

EFEITO DO SUPERAQUECIMENTO E DA DIREÇÃO DO CRESCIMENTO

NA TRANSIÇÃO COLUNAR EQUIAXIAL DA LIGA Al-5.5%Si -3%Cu

SOLIDIFICADA DIRECIONALMENTE

Dissertação apresentada para obtenção do

grau de Mestre em Engenharia Industrial do

Instituto de Tecnologia, Universidade

Federal do Pará. Área de concentração

Processos de Fabricação. Orientador: Prof.

Dr. Otávio Fernandes Lima da Rocha.

BELÉM-PA

2015

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por permitir a realização de mais um sonho.

Aos meus familiares pelo incentivo, paciência e compreensão em todos os momentos.

Ao meu orientador Prof. Dr. Otávio Fernandes Lima da Rocha pela orientação,

ensinamentos e incentivo.

Aos professores do PPGEI, pelo ensinamento e conhecimento adquirido nesses mais de

dois anos que irão valer para toda vida.

À Universidade Federal do Pará, pela oportunidade de participar do programa de

mestrado e concluí-lo com sucesso e, de poder nessa nova caminhada, reencontrar

colegas e construir novas amizades.

Ao Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia do Pará IFPA, pelo apoio,

especial agradecimento ao aluno Rafael Hideo Kikuchi pela sua amizade e, sobretudo,

pelo apoio durante a realização dos experimentos.

Aos colaboradores do Laboratório de Metalurgia da UFPA, pela amizade e apoio

técnico, especial agradecimento ao aluno André Santos Barros pela sua amizade e,

sobretudo, pelo apoio durante o processamento dos resultados.

A meus colegas desse mestrado e aos demais que, indiretamente, fizeram parte dessa

conquista, o meu sincero obrigado.

RESUMO

As ligas de fundição do sistema ternário Al-Cu-Si têm um papel fundamemetal na

indústria metal/mecânica. Essas ligas apresentam excelente fluidez, alta resistência

mecânica e baixo peso, o que as tornam uma escolha adequada como ligas de fundição,

sendo amplamente aplicadas na indústria automotiva e aeroespacial. Tais características

e o elevado grau de destaque dessas ligas no campo científico e tecnológico têm

despertado o interesse de pesquisadores para o desenvolvimento de trabalhos que visam

à investigação da evolução macroestutural e microestrutural e correlações com

propriendaes mecânicas. Nesse sentido, o presente trabalho visa investigar os efeitos

combinados do superaquecimento e da convecção natural na transição colunar/equiaxial

(TCE) da liga Al-3%Cu-5,5%Si. A TCE foi correlacionada com as varáveis térmicas de

solidificação tais como velocidade de deslocamento da isoterma liquidus (VL), gradiente

de temperatura (GL) e taxa de resfriamento (TR). Três superaquecimentos foram

assumidos para obtenção das macroestruturas de solidificação da liga multicomponente

investigada. Os lingotes resultantes foram obtidos por um dispositivo de solidificação

direcional horizontal refrigerado à água. Análises térmicas foram realizadas para

determinar as variáveis VL, GL e TR. A fim de analisar os efeitos dos elementos silício e

cobre e da direção de crescimento na ocorênia da TCE, comparações entre os resultados

deste trabalho com os da literatura também foram desenvolvidas. A obervação das

macroestruras revelaram que a ação combinada do superaquecimeno com a convecção

natural favorece a ocorrência da TCE, a qual ocorreu em uma zona em vez de um plano

vertical paralelo à interface metal/molde. Os resultados permitiram evidenciar o efeito

do elemento Si na antecipação da TCE para a liga Al-3%Cu-5,5%Si comparada à liga

Al-3%Cu, solidificada na mesma direção de crescimento (horizontal).

Palavras-chave: Transição colunar equiaxial, Solidificação direcional horizontal,

Parâmetros térmicos, Regime transiente, Ligas Al-Cu-Si.

ABSTRACT

Aluminum alloys castings had a fundamental role in the growth of the metal-mechanics

industry. Nowadays these alloys are supplied in a wide range of chemical compositions.

We highlight the Al–Cu–Si ternary system because of particular outstanding properties

such as high mechanical strength, low weight and very good fluidity. These qualities

make them a good choice for applications in the automotive and aerospace industry. The

potential of such alloys has attracted much attention of researchers with a view to

investigating the macrostructure and microstructure evolution and correlation with

mechanical properties. In this sense, this study aims to investigate the combined effects

of superheat and natural convection in columnar transition to equiaxial (CET) of the

ternary Al-3% Cu-5.5% Si alloy. The CET was correlated with the solidification

thermal variables such growth rate (VL), temperature gradient (GL) and cooling rate

(TR). Three superheats were assumed in obtaining the solidification macrostructure of

the multicomponent investigated. The resulting ingots were obtained by a water cooled-

horizontal directional solidification device. Thermal analysis has been utilized to

determine VL, TR and GL. The observation of the macrostructures has indicated that the

resulting thermo-solutal convection combined with superheat seem to favor the CET,

which did not occur in a single plane, for all ingots obtained, i.e., it has been seen in a

range of positions in ingots. In order to analyze the effects of the silicon and copper

elements and the growth direction in the CET occurrence, comparisons between the

results of this work with the literature were also developed. The addition of Si element

in binary Al-3%Cu alloy (solidified horizontally) anticipates the CET. A comparison

with experimental results for CET occurrence in different solidification growth

directions has been carried out.

Keywords: columnar to equiaxed transition, horizontal directional solidification,

thermal parameters, unsteady-state conditions, Al-Cu-Si alloys.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Sequência de modo esquemático das correlações existentes entre as

variáveis do processo de solidificação (Rocha 2003; Garcia, 2007)...............................18

Figura 2.1. - Esquema do dispositivo de solidificação unidirecional vertical ascendente

refrigerado a água, utilizado em diversos estudos de correlação entre variáveis térmicas

e estruturas de solidificação (Siqueira, 2002; Rocha, 2003; Spinelli, 2005)...................27

Figura 2.2 - Representação esquemática do banco experimental do dispositivo de

solidificação vertical descendente: 1. Aquisição via computador; 2. Material refratário

isolante; 3.Resistências elétricas (sistema de aquecimento); 4. Lingoteira bipartida; 5.

Termosensores; 6. Registrador de dados térmicos; 7. Câmara de refrigeração; 8.

Rotâmetro; 9. Controle de potência do forno, 10. Metal líquido.(Spinelli, 2005; Rosa,

2007)................................................................................................................................27

Figura 2.3 - Esquematização do dispositivo de solidificação unidirecional horizontal

desenvolvido por: (a) Quaresma e (b) Silva (Quaresma, 2000; Silva,

2007)................................................................................................................................29

Figura 2.4 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde na

solidificação horizontal (Costa, 2013).............................................................................30

Figura 2.5 – Representação esquemática das estruturas de solidificação em escala

macroestutural e microestrutural (Osório, 2004).............................................................31

Figura 2.6 – Representação esquemática das estruturas coquilhada, colunar e equiaxial.

(Santos, 2004)..................................................................................................................32

Figura 2.7 – Perfis de temperatura real e da temperatura liquidus na interface S/L

caracterizando a região de super-resfriamento constitucional (Santos,

2006)................................................................................................................................33

Figura 2.8 – Mecanismo proposto por Ohno para a formação da zona coquilhada onde

observasse a estricção de grãos coquilhados sobre as paredes do molde (Almeida,

1999)................................................................................................................................34

Figura 2.9 - Mecanismo do crescimento seletivo proposto por Chalmers e Walton para

explicar a formação da zona colunar (Almeida, 1999)....................................................36

Figura 2.10 – Formação de grãos equiaxiais à frente da zona colunar em crescimento

durante a solidificação da liga Al-3,5%Ni (Reinhart et al.,

2005)................................................................................................................................37

Figura 2.11 – Simulação do transporte de grãos coquilhados, localizados à frente da

zona colunar em crescimento, para o centro do lingote (Moutinho, 2011; Almeida,

1999)................................................................................................................................38

Figura 2.12 – Simulação da quebra de ramificações dendríticas de grãos colunares por

correntes de convecção forçada no líquido (Moutinho, 2011; Almeida,

1999)................................................................................................................................39

Figura. 2.13 - Macroestruturas obtidas com chapa molde de aço inoxidável recoberta

com alumina indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-20%Pb e (b) Sn-30%Pb (Siqueira,

2002)................................................................................................................................44

Figura 2.14 - Macroestruturas obtidas com chapa molde de aço 1020 polida indicando a

ocorrência da TCE: (a) Al-5%Cu e (b) Al-8%Cu (Siqueira,

2002)................................................................................................................................44

Figura 2.15 - Macroestruturas de ligas do sistema Al-Si na solidificação unidirecional

vertical ascendente indicando a ocorrência da TCE: (a) Al-3%Si, (b) Al-5%Si, (c) Al-

7%Si e (d) Al-9%Si (Peres, 2004)...................................................................................46

Figura 2.16 - Macroestruturas de ligas do sistema Sn-Pb na solidificação unidirecional

vertical descendente em molde refrigerado indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-5%Pb

e (b) Sn-20%Pb (Spinelli, 2005)......................................................................................47

Figura 2.17 - Macroestruturas obtidas na solidificação unidirecional em molde

horizontal refrigerado indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-15%Pb e (b) Sn-25%Pb.

(Moutinho, 2007).............................................................................................................48

Figura 2.18 - Macroestruturas obtidas na solidificação unidirecional em molde

horizontal refrigerado indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-15%Pb e (b) Sn-25%Pb

(Moutinho, 2007).............................................................................................................50

Figura 2.19 - Macroestruturas obtidas por Rocha et al (2015) para as ligas Al-3%Cu-nSi

solidificadas em sistema vertical ascendente (Gomes, 2012; Rocha et al.,

2015)................................................................................................................................52

Figura 2.20 – Macroestruturas resultantes de Costa et al, (2015) para as ligas Al-6%Cu

e Al-65Cu-4%Si: (a) e (b) Al-6%Cu solidificadas em sistema vertical ascendente,

respectivamente e (c) e (d) Al-6%Cu-4%Si solidificadas em sistema horizontal (Costa et

al., 2015)..........................................................................................................................54

Figura 2.21 – Análise de Microssegregação realizada no trabalho de Costa et al (2015) –

(Costa et al.,2015)............................................................................................................55

Figura 3.1 - Fluxograma do procedimento experimental empregado neste trabalho,

adaptado de Carvalho (2013)..........................................................................................59

Figura 3.2 – (a) Balança digital precisão de 0,01 mg; (b) Cadinho de carbeto de silício;

(c) Forno tipo mufla com temperatura de trabalho até 1250oC (Carvalho,

2013)................................................................................................................................61

Figura 3.3 - Registro fotográfico do analisador químico (Espectrômetro Ótico) utilizado

neste trabalho (GPMat/UFPA)........................................................................................62

Figura 3.4 - Diagrama de fase pseudo-binários em função de Silício (a), de Cobre (b),

adaptado de Gomes (2012).............................................................................................63

Figura 3.5 - Caminho de solidificação calculado pelo TermoCalc para condições fora do

equilíbrio..........................................................................................................................63

Figura 3.6 - Esquema do conjunto de monitoramento da temperatura liquidus da liga

analisada..........................................................................................................................64

Figura 3.7 - Termopar tipo K (a) e registrador de temperatura (b).................................64

Figura. 3.8 - (a) Representação do conjunto que compõe o dispositivo de solidificação

direcional horizontal utilizado neste trabalho: (10 termopares, (2) Controlador de

temperatura, (3) computador, (4) alimentação principal de água, (5) recipiente

armazenador de água, (6) bomba d’água, (7) rotâmetro, (8) entrada de água de

refrigeração, (9) saída de água, (10) dispositivo de solidificação direcional horizontal,

(11) fidloger – registrador de temperatura, (b) Vista lateral e interna do dispositivo: (12)

isolamento com blindagem em cerâmica; (13) resistências elétricas; (14) lingoteira,

adaptado de Carvalho (2013)...........................................................................................66

Figura 3.9 - Detalhes dimensionais da chapa molde (ou trocadora de calor) e lingoteira

de aço inox.......................................................................................................................67

Figura 3.10 - Desenho esquemático do conjunto chapa de resfriamento e

lingoteira..........................................................................................................................68

Figura 3.11. Registro fotográfico do interior da lingoteira, mostrando in loco detalhes

das resistências elétricas e o conjunto chapa molde e lingoteira.....................................69

Figura 3.12 - Tela de iniciação dos programas (a) AMR-Software, (b) Origin 8.0 e (c)

Image Tool, adaptado de Carvalho (2013)......................................................................70

Figura 3.13 - Perfil de temperatura indicando o tempo de passagem da isoterma liquidus

(Dias Filho, 2013)............................................................................................................73

Figura 3.14 - Deslocamento da posição da isoterma liquidus em função do tempo (Dias

Filho, 2013).....................................................................................................................74

Figura 3.15 - Representação esquemática da obtenção do gráfico das velocidades em

função do tempo e em função da posição (Dias Filho, 2013).........................................75

Figura 3.16 - Sequência experimental para determinação das variáveis térmicas,

adaptado de Rocha, 2003................................................................................................76

Figura 3.17 - Serra de fita (Marca Franho, Mod. F-38S) utilizada neste trabalho para

corte dos lingotes resultantes...........................................................................................77

Figura 3.18 - Representação esquemática do corte longitudinal e correspondente

macroestrutura revelada da liga Al-3%Cu-5,%Si para TV = 10% (GPMet-

IFPA)...............................................................................................................................78

Figura 4.1 - Modelo de apresentação e análise dos resultados........................................79

Figura 4.2 - Curvas de resfriamento obtidas para a liga Al-3%Cu-5,5%Si solidificada

horizontalmente, considerando superaquecimentos (TV) acima de TL iguais a; (a) TV

= 5%; (b) TV = 10% e (c) TV = 15%...........................................................................80

Figura 4.3 - Macrografias representativas das macroestruturas obtidas para a liga Al-

3%Cu-5,5%Si, considerando três superaquecimentos (TV = 5%, 10% e

15%).................................................................................................................................81

Figura 4.4 - Leis experimentais da cinética de solidificação, representando a posição da

isoterma liquidus a partir da interface refrigerada em função do

tempo...............................................................................................................................82

Figura 4.5 - Velocidades das isotermas liquidus a partir da interface metal/molde em

função da posição (IFPA/UFPA).....................................................................................83

Figura 4.6 - Taxas de resfriamento a partir da interface metal/molde em função da

posição para as ligas estudadas (IFPA/UFPA)................................................................84

Figura 4.7 - Gradientes de temperatura a partir da interface metal/molde em função da

posição para as ligas estudadas (IFPA/UFPA) ...............................................................84

Figura 4.8 – Variáveis de térmicas de solidificação na região de ocorrência da TCE para

TV = 5%.........................................................................................................................87

Figura 4.9 – Variáveis de térmicas de solidificação na região de ocorrência da TCE para

TV = 10%.......................................................................................................................88

Figura 4.10 – Variáveis de térmicas de solidificação na região de ocorrência da TCE

para TV = 15%...............................................................................................................89

Figura 4.11 – Macrografias apresentando macroestruturas resultantes deste trabalho

comparadas com as obtidas da literatura.........................................................................92

Figura 4.12 – Macroestrutura de solidificação da liga Al-3%Cu-5,5%Si estudada neste

trabalho para TV = 5% - GPSol (UFPA) e GPMet (IFPA)...........................................93

Figura 4.13 – Esquema representativo das direções de crescimento e movimentação de

soluto: (a) solidificação vertical ascendente, (b) solidificação vertical descendente e (c)

solidificação horizontal....................................................................................................94

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por

Siqueira (2002) para ligas do sistema Sn-Pb (Siqueira, 2002)........................................45

Tabela 2.2 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por Peres

(2004) para ligas do sistema Al-Si (Peres, 2004)............................................................46

Tabela 2.3 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por Spinelli

(2005) para ligas do sistema Sn-Pb (Spinelli, 2005).......................................................47

Tabela 2.4 – Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por

Moutinho (2007) para ligas do sistema Sn-Pb (Moutinho, 2007)...................................49

Tabela 2.5 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à posição da TCE obtidos

nos trabalhos de Moutinho (2001) e Peres et al (2004) – (Moutinho, 2011)..................51

Tabela 2.6 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à posição da TCE obtidos

no trabalho deRocha el al (2015) – (Rocha et al.,2015)..................................................53

Tabela 2.7 – Principais estudos apresentados na literatura que tentam descrever a

formação das zonas coquilhada, colunar, equiaxial assim como a transição colunar-

equiaxial (TCE)...............................................................................................................56

Tabela 2.8 – Principais critérios de ocorrência da TCE associados aos parâmetros

térmicos...........................................................................................................................57

Tabela 3.1 – Composição química (% em peso) dos metais utilizados na elaboração da

liga Al-3wt.%Cu-7wt.%Si (Peres, 2005; Gomes, 2012).................................................60

Tabela 3.2 - Resultado da análise química quantitativa e qualitativa da liga Al-3%Cu-

5,5%Si. Padrão fornecido pelo analisador mostrado na Figura 3.3.................................62

Tabela 4.1 - Leis experimentais do tipo potência obtidas para neste trabalho comparadas

com literatura...................................................................................................................85

Tabela 4.2 - Resultados experimentais dos parâmetros térmicos associados à

TCE..................................................................................................................................90

Tabela 5.1 – Equações correspondentes aos parâmetros térmicos das ligas Al-Cu-Si

investigada.......................................................................................................................95

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Al = alumínio

Be = berílio

Ca = cálcio

Cl = cloro

Cr = cromo

Cu = cobre

Fe = ferro

Ga = gálio

GL = gradiente de temperatura frente a isoterma liquidus[ °C/mm ]

GPS = grupo de pesquisa de solidificação

H = hidrogênio

h i = coeficiente de transferência de calor na interface metal/molde [ W / m² K ]

ISA = Sociedade Instrumento da América

K = condutibilidade térmica do material [W / m K]

L = calor latente de fusão do material [J / m³] ou [J / kg]

Mg = magnésio

Mn = manganês

Ni = níquel

O = oxigênio

P = fósforo

Pb = chumbo

Si = silício

S/L = interface sólido e líquido

Sn = estanho

t = tempo de deslocamento da isoterma solidus [s]

Ti = titânio

TCE = transição colunar equiaxial

T R = taxa de resfriamento

T 0 = temperatura ambiente ou inicial do molde [K]

T L = temperatura da linha liquidus da liga [K]

T V = temperatura de vazamento [K]

∆T = diferença de temperatura [K]

∆TV = superaquecimento [K]

V = velocidade de solidificação [m / s]

V L = velocidade da isoterma liquidus [m/s]

∆V = diferença de potencial [V]

Zn = zinco

ρ 1 = densidade no liquido [kg / m³ ]

SUMÁRIO

1 . CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO....................................................................17

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS..........................................................................17

1.2. OBJETIVOS.......................................................................................................21

2 . CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................23

2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................23

2.2. PARÂMETROS (OU VARIÁVEIS) TÉRMICOS E ESTRUTURAS DE

SOLIDIFICAÇÃO..........................................................................................................23

2.2.1. VARIÁVEIS TÉRMICAS..................................................................................23

2.2.2. ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SOLIDIFICAÇÃO UNIDIRECIONAL EM

CONDIÇÕES TRANSITÓRIAS....................................................................................25

2.3. FORMAÇÃO DA MACROESTRUTURA........................................................30

2.3.1. ZONA COQUILHADA......................................................................................32

2.3.2. ZONA COLUNAR.............................................................................................35

2.3.3. ZONA EQUIAXIAL..........................................................................................36

2.4. TRANSIÇÃO COLUNAR-EQUIAXIAL (TCE)..............................................42

3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................58

3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................58

3.2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NESTE TRABALHO.......58

3.2.1. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA ELABORAÇÃO DA LIGA..........58

3.2.2. MATERIAIS. E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS DURANTE A

SOLIDIFICAÇÃO DIRECIONAL ....................................................................................64

3.3. METODOLOGIA..............................................................................................71

3.3.1. OBTENÇÃO DA LIGA AL-CU-SI INVESTIGADA E LEVANTAMENTO

DAS CURVAS DE RESFRIAMENTO (ATUALIZADO A PARTIR DE CARVALHO,

2013)................................................................................................................................71

3.3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA DETERMINAÇÃO DAS

VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO (VL,TR E GL ) [ADAPTADO A

PARTIR DE DIAS FILHO (2013)].................................................................................72

3.3.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA OBTENÇÃO E

CARACTERIZAÇÃO DA MACROESTRUTURA (ADAPTADO DE GOMES,

2012)................................................................................................................................76

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................79

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................79

4.2. CURVAS DE RESFRIAMENTO...................................................................79

4.3. MACROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO...........................................81

4.4. DETERMINAÇÃO E ANÁLISES DAS VARIÁVEIS TÉRMICAS (VL , TR

e GL )................................................................................................................................81

4.5. ANÁLISES DA DETERMINAÇÃO DA TCE E CORRELAÇÃO COM OS

PARÂMETROS TÉRMICOS.........................................................................................86

5. CONCLUSÕES..............................................................................................95

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.....................................97

REFERÊNCIAS.............................................................................................................99

17

1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais

O Brasil ocupa uma posição de destaque entre os maiores produtores de

alumínio, no entanto, sua indústria de transformação, em especial o setor de fundição,

ainda é incipiente e se encontra tecnicamente muito dependente dos grandes polos

mundiais de desenvolvimento tecnológico, uma vez que a correta utilização de

componentes do alumínio ainda é considerada relativamente nova e com grande

potencial de expansão (Canté, 2009). Nesse contexto, é de grande importância para o

nosso país, principalmente quando é considerada a intensa procura pelas indústrias

automobilística e aeroespacial por produtos baseados em ligas leves, especialmente

ligas de alto desempenho. O sistema de liga Al-Cu-Si, especialmente as pertencentes à

série 319.1, foco deste trabalho, por exemplo, em virtude da sua excelente fluidez, boa

fundibilidade e resistência mecânica a temperaturas relativamente elevadas, baixo

coeficiente de expansão térmica e boa resistência ao desgaste, aliada à elevada relação

resistência/peso, representa uma excelente opção à substituição de materiais

tradicionais, evidenciado nas indústrias aeroespacial e automobilística que têm utilizado

esse sistema de liga em seus produtos, fazendo-se valer das suas propriedades (Metals

Handbook, 1998). O estudo da liga Al-Cu-Si é, portanto, de grande importância, pois a

exigência do mercado consumidor por tecnologias que conjugassem desempenho

mecânico à elevada eficiência e baixo custo de manutenção conduziu à necessidade de

serem desenvolvidos materiais capazes de satisfazer determinadas propriedades, tais

como elevada resistência mecânica e baixo peso específico. Assim, diversos sistemas de

liga têm sido estudados e desenvolvidos com esse propósito ao longo dos últimos anos.

Neste cenário, destaca-se a atuação das indústrias de fundição no seguimento de

transportes, onde o principal elemento fundido é o alumínio. Os componentes fundidos

são os responsáveis pelo maior volume de alumínio utilizado na indústria automotiva.

Assim, a imensa maioria dos produtos metálicos, que atendem às necessidades

imediatas da sociedade moderna, utiliza, em algum momento da sua cadeia produtiva, o

processo de solidificação o qual representa a mais importante alternativa para a

fabricação de produtos metálicos acabados e semiacabados (Garcia, 2007),

especialmente de ligas alumínio. Uma análise global dos atuais processos de manufatura

18

de peças e componentes metálicos mostra que, com exceção dos artigos produzidos por

técnicas de metalurgia do pó, todos os demais passam, pelo menos uma vez, pelo

processo de solidificação, conforme mostra o esquema da Figura 1.1.

Figura 1.1 - Sequência de modo esquemático das correlações existentes entre as variáveis do

processo de solidificação.

Fonte: Rocha (2003); Garcia ( 2007).

Entretanto, com as crescentes exigências da indústria moderna por materiais com

propriedades cada vez mais elevadas, o conhecimento do controle da cinética do

processo de solidificação de metais e ligas metálicas vem a cada dia se consolidando

como um objeto de estudo de extrema importância para a obtenção de materiais com

propriedades homogêneas e cada vez mais adequadas à sua utilização prática. Deste

modo é essencial uma abordagem de alguns princípios básicos que envolvem o processo

de solidificação de materiais metálicos. Destaca-se, por exemplo, a técnica de

solidificação unidirecional que tem sido bastante utilizada no estudo experimental dos

fenômenos da solidificação, esse estudo pode ser abordado tanto em regime estacionário

de extração de calor quanto em regime transitório. Vale destacar, ainda, que a maioria

19

dos resultados experimentais, envolvendo aspectos macro e microestruturais resultantes

do processo de solidificação, presentes na literatura (Garcia, 2007), utilizam condições

estacionárias de troca de calor. Entretanto, a maioria dos processos industriais ocorre em

condições transitórias de fluxo de calor, sendo que a grande parte desses trabalhos

aborda a solidificação direcional vertical ascendente (Siqueira, 2002; Rocha, 2003;

Ferreira, 2004; Rosa, 2004; Peres, 2005; Spinelli, 2005; Boeira, 2006; Osorio et al.,

2007; Cante, 2009; Goulart, 2010; Silva, 2011; Moutinho, 2012; Gomes, 2012).

Investigações sobre a solidificação transitória de ligas ternárias relacionadas aos

parâmetros macroestruturais e microestruturais, modelagem de solidificação,

segregação de soluto e a formação de porosidade são relativamente escassos na

literatura [Gomes, 2012; Moutinho, 2007; Rocha, 2003(A); 2003(B); 2003(C); 2003(D),

Lee et al., 2003] e (Wang e Berckermann, 1996), tanto que para ligas multicomponentes

existe somente um modelo teórico na literatura para a determinação do espaçamento

dendrítico secundário (Rappaz e Boettiinger, 1999) e (Easton et al., 2010), que investiga

a influência do soluto nos espaçamentos dendríticos secundários em ligas de alumínio

em função do tempo local de solidificação. No caso de ligas ternárias, a principal

dificuldade está relacionada com a determinação do caminho da solidificação.

Atualmente, diversos aspectos de natureza física relacionados à formação da

microestrutura e macroestrutura dos produtos obtidos por fundição necessitam ser ainda

estudados. Assim, em geral, a macroestrutura de um fundido é constituída de três

diferentes zonas estruturais conhecidas como zona coquilhada (formada por grãos de

orientações aleatórias, de dimensões muito reduzidas e localizados próximo às paredes

do molde), zona colunar (na qual os grãos são direcionais e cujo crescimento ocorre na

direção da extração de calor) e a zona equiaxial (constituída de grãos sem orientações

preferenciais e de dimensões relativamente grandes quando comparados com os grãos

coquilhados). A formação dessas estruturas depende das condições de extração de calor

consideradas durante o processo de solidificação sendo função, portanto, dos métodos

utilizados para solidificar o metal e das características termofísicas específicas do

material metálico empregado, podendo ou não estar presentes em um caso particular.

Devido à bem conhecida correlação existente entre a morfologia, dimensão e

distribuição dos grãos cristalinos e as correspondentes propriedades mecânicas da peça

obtida, a origem de cada uma delas tem sido objeto de intensa investigação teórica e/ou

experimental por parte de muitos pesquisadores uma vez que a presença dessas

diferentes zonas estruturais promove um elevado grau de anisotropia no material, o que

20

não é desejável (Siqueira, 2002). Logo, na maioria das aplicações exigidas pela

engenharia, com exceção de algumas muito especiais, são utilizadas estruturas

constituídas de grãos equiaxiais de dimensões bastante reduzidas, pois tais estruturas

são isotrópicas e suas propriedades são, comprovadamente, superiores (Moutinho,

2011).

Uma quarta zona macroestrutural de elevada complexidade, que vem sendo

considerada na literatura (Siqueira, 2002) é composta pela existência simultânea de

grãos colunares e equiaxiais, denominada de transição colunar/equiaxial (TCE). Em

função do número de variáveis operacionais e térmicas envolvidas durante a mudança

de fase líquido/sólido, ainda não existe um consenso científico bem estabelecido quanto

à previsão de um determinado tipo de macroestrutura para um lingote e nem, tão pouco,

quanto aos mecanismos envolvidos na TCE que ocorre quando o avanço da frente

colunar é bloqueado pela formação de grãos equiaxiais no líquido. Essa transição é

dependente de várias condições térmicas associadas ao processo de solidificação como,

por exemplo, sistema de liga, composição da liga, temperatura de vazamento, material

do molde, temperatura do molde, coeficiente de transferência de calor na interface

metal/molde, dimensão da peça, taxa de resfriamento, gradientes térmicos, velocidade

da isoterma liquidus, presença de convecção no líquido, transporte de soluto,

concentração de partículas nucleantes, etc, sendo que alguns desses parâmetros variam

tanto com o tempo como com a posição ao longo do processo (Canté, 2007; Flood e

Hunt, 1987; 1994; Sturz, 2005; Wang e Beckermann, 1994). Desta maneira, o não

completo entendimento da relação entre as condições térmicas de solidificação e a

estrutura resultante tem limitado bastante o desenvolvimento de procedimentos

experimentais e métodos matemáticos, analíticos e numéricos, que visem à obtenção de

peças fundidas dotadas de propriedades mecânicas superiores. Com relação à TCE, por

exemplo, embora muitos trabalhos experimentais (Ares e Schvezov, 2000; Silva, 2009;

Siqueira, 2003; Ziv e Weinberg, 1989), métodos analíticos (Flood e Hunt, 1987a e

Flood e Hunt, 1987b; Hunt, 1984) e métodos numéricos (Badillo e Beckermann, 2006;

Dong e Lee, 2005; Hunt, 1984; Dong e Lee, 2005; Wang e Beckermann, 1994) tenham

sido apresentados nos últimos anos, os princípios físicos e/ou químicos que

potencializam a mesma permanecem ainda não suficientemente esclarecidos. Apesar de

inúmeros mecanismos baseados em evidências experimentais terem sido propostos para

o estudo da TCE, todavia, os modelos matemáticos desenvolvidos para previsão dessa

transição estrutural durante a solidificação de ligas metálicas têm apresentado limitações

21

devido ao complexo acoplamento das soluções dos problemas em nível macroscópico

(transferência de calor e massa) e microscópico (nucleação e crescimento). Esses

mesmos modelos ainda simplificam o tratamento da convecção no líquido e o

movimento dos grãos equiaxiais.

Os efeitos do vetor gravidade em relação à TCE, por exemplo, têm sido

investigados em sistemas de solidificação unidirecional com a extração de calor sendo

realizada, principalmente, através da base (Ares e Schvezov, 2000; Canté, 2007;

Siqueira, 2003; Peres, 2004; Reinhart, 2005; Siqueira, 2003) ou da parte superior do

molde (Griffiths e McCartney, 1993, Spinelli, 2004). Assim, na solidificação direcional

vertical ascendente, a influência da convecção é minimizada pois o soluto é rejeitado

para regiões interdendríticas promovendo a formação de um líquido interdendrítico mais

denso que o volume total de metal líquido. Por outro lado, no caso da solidificação

direcional vertical descendente, ocorrem efeitos convectivos no líquido durante o

processo devido à diferença entre as densidades do soluto e do solvente. Na

solidificação unidirecional horizontal (Moutinho, 2010; Silva, 2009; Guimarães, 2014),

no entanto, quando o fluxo de calor é extraído através de somente uma das paredes

laterais do molde, sempre ocorre a convecção em função dos gradientes de composição

no líquido. Uma característica adicional do sistema horizontal durante a mudança de

fase é o gradiente de concentração de soluto bem como os efeitos de densidade na

direção vertical; em decorrência da força de flutuabilidade, o líquido enriquecido de

soluto sempre decanta ao passo que o solvente tende a emergir. Além disso, ocorre um

gradiente de temperaturas na direção vertical devido os efeitos impostos pela convecção

termossolutal. Apesar dessas características particulares, são poucos os estudos

propostos na literatura para investigar estes importantes efeitos convectivos no líquido

na formação da TCE durante a solidificação unidirecional horizontal, especialmente

quando se trata de ligas multicomponentes.

1.2 – Objetivos

Este trabalho objetiva desenvolver experimentos de solidificação direcional sob

condições transitórias de extração de calor, utilizando-se para tal de um dispositivo de

solidificação direcional horizontal refrigerado à água. Foram realizadas análises de

evolução térmica visando caracterizar as macroestruturas de solidificação de uma liga

ternária Al-Si-Cu e correlacioná-la com as variáveis térmicas de solidificação,

22

considerando superaquecimentos de 5%, 10% e 15% acima da tempreatura liquidus.

Dentro da composição do plano de trabalho, as metas estabelecidas para se atingir os

objetivos planejados são:

1 - Realização de experimentos de solidificação unidirecional horizontal com a liga Al-

5,5%Si-3%Cu em condições transitórias de extração de calor, utilizando-se de um

dispositivo de solidificação direcional refrigerado a água, considerando

superaquecimentos de 5%, 10% e 15%;

2 – Realização de análises térmicas para a liga multicomponente estudada neste

trabalho, através do mapeamento de temperaturas no metal liquido, visando à

determinação do caminho de solidificação, para cada superaquecimento adotado.

3 - Determinação experimental da cinética de solidificação e dos parâmetros térmicos

correspondentes para cada superaquecimento adotado, tais como velocidade de

deslocamento da isoterma liquidus (VL), taxa de resfriamento (TR) e gradiente térmico

(GL) para a liga multicomponente analisada.

4 – Caracterização macroestrutural dos lingotes resultantes e verificação da transição

colunar-equiaxial (TCE) para cada superaquecimento adotado.

5 – Inter-relacionar a TCE com as variáveis térmicas de solidificação (VL, TR e GL)

6 - Avaliar os efeitos combinados do superaquecimento e da convecção natural no

comportamento da TCE da liga estudada, durante a solidificação unidirecional

horizontal.

7 – Analisar os efeitos combinados do Si e do Cu na ocorrência da TCE e comparar com

trabalhos da literatura para a liga Al-3%Cu.

8 – Analisar o efeito da direção de crescimento da solidificação (Vertical e Horizontal)

na formação da TCE, utilizando-se de resultados experimentais da literatura.

23

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

De modo geral, as substâncias podem assumir três estados físicos de agregação

atômica: gasoso, líquido e sólido. Do estado sólido, por aquecimento, passa-se para o

estado líquido, mudança conhecida como fusão, que ocorre em uma única temperatura

para componentes puros e geralmente em um intervalo de temperaturas para uma

mistura de componentes. O caminho contrário ao da fusão por resfriamento é conhecido

por solidificação e pode ser entendido como sendo a mudança do estado líquido para o

estado sólido de uma substância. Essa mudança tem início com o aparecimento de

pequenas partículas de nova fase sólida, que crescem até que a transformação se

complete. O aparecimento e o crescimento posterior dessas partículas sólidas

caracterizam o modo de formação da estrutura em metais e ligas metálicas em

momentos sucessivos de tal modo que aspectos cinéticos, térmicos, químicos e

termodinâmicos estão fortemente relacionados (Osório, 2004).

Qualquer processo baseado na solidificação de um metal com o objetivo de

produzir uma peça sólida deve atender certas exigências, que dependem de sua

aplicação futura, e que decorrem de aspectos estruturais e geométricos. Sabe-se que as

propriedades finais do fundido dependerão da estrutura solidificada, por consequência

dos diversos fatores de processo que a controlam, como o fluxo de calor do metal

líquido, propriedades químicas e termofísicas do metal em estudo, condições de

vazamento e propriedades do sistema de solidificação, parâmetros térmicos e

estruturais. A seguir apresentaremos um estudo minucioso a partir da literatura sobre

esses parâmetros (Osório, 2004; Garcia, 2007).

2.2 – PARÂMETROS (OU VARIÁVEIS) TÉRMICOS E ESTRUTURAS DE

SOLIDIFICAÇÃO

2.2.1 - Variáveis térmicas

A descrição do processo de solidificação de materiais, que envolve análises de

transferências de calor e massa, em conjunto com as técnicas de caracterização de

macroestruturas e microestruturas, permite avaliar a influência das variáveis dos

processos na qualidade dos produtos gerados e dessa forma a programação prévia da

produção. A análise do processo de solidificação compreende, basicamente, a

24

determinação da distribuição de temperaturas no sistema metal/molde e a determinação

da cinética envolvida na transformação de estado líquido/sólido (Garcia, 2001).

As variáveis térmicas, temperatura de vazamento (Tv), gradientes de

temperatura (GL), velocidades de evolução das isotermas de transformação liquidus e

solidus (VL e VS) e taxa de resfriamento (TR), são determinantes na análise das

transferências de calor e massa ocorridas durante o processo de solidificação, assim

como são de significativa importância na definição da morfologia apresentada pelas

estruturas brutas de solidificação tanto em escala microestrutural como macroestrutural.

As estruturas e suas morfologias resultantes do processo de transformação

líquido/sólido influenciam as propriedades do produto final, tanto para peças de

fundição como também para aqueles que posteriormente sofrem transformações

mecânicas ou térmicas. O conhecimento da influência das variáveis térmicas sobre a

formação das estruturas resultantes do processo de solidificação é fundamental para o

planejamento da produção, uma vez que essas estruturas determinam a qualidade dos

produtos acabados.

A técnica de solidificação unidirecional tem sido bastante utilizada no estudo

experimental dos fenômenos da solidificação. Esses estudos podem ser divididos em

duas categorias: aqueles que tratam da solidificação em condições estacionárias de fluxo

de calor e os que abordam a solidificação em regime transitório. No primeiro caso, o

gradiente de temperatura GL e a velocidade de crescimento de avanço da isoterma de

transformação VL são controlados independentemente e mantidos constantes ao longo

do experimento, como ocorre nos processos que utilizam a técnica

Bridgman/Stockbarger (Garcia, 2007). O estudo em condições estacionárias de fluxo de

calor é muito utilizado na determinação das relações quantitativas entre os aspectos

microestruturais e as variáveis térmicas de solidificação, já que permite analisar a

influência de cada uma delas de forma independente e permite um mapeamento

experimental de parâmetros microestruturais em um espectro mais amplo da amostra

solidificada. A maioria dos resultados experimentais, envolvendo aspectos macro e

microestrurais resultantes do processo de solidificação, presentes na literatura, utilizam

condições estacionárias de troca de calor.

Por outro lado, a maioria dos processos industriais ocorre em condições

transitórias de fluxo de calor, o que justifica a importância do estudo da solidificação

transitória (Siqueira, 2002; Rocha, 2003; Silva, 2007; Moutinho, 2007; Nogueira, 2011;

25

Silva, 2011; Garcia, 2007; Moutinho 2011; Moutinho, 2012; Gomes, 2012; Guimarães,

2014; Araújo, 2015). Neste caso, tanto o gradiente de temperatura como a velocidade de

avanço da isoterma de transformação variam livremente com o tempo e a posição no

interior do metal. Na literatura são raros os modelos teóricos que correlacionam

parâmetros microestruturais com as variáveis térmicas da solidificação transitória. Os

poucos modelos apresentados na literatura, como os de Hunt-Lu (1996) e Bouchard-

Kirkaldy (1997), ainda não são amplamente validados por resultados experimentais para

solidificação com configuração horizontal onde os efeitos convectivos, devidos aos

gradientes de temperatura e composicionais, somados com o efeito da gravidade, estão

fortemente presentes no processo, ou comparados com resultados muito

particularizados, o que torna de extrema importância a avaliação teórico-experimental

do efeito das variáveis térmicas (hi, Tv, GL, VL e TR) sobre os parâmetros da

macroestrutura e da microestrutura resultantes do processo de solidificação

unidirecional, para diversos sistemas metálicos binários e em uma ampla faixa de

concentração de soluto, apesar de que neste trabalho está sendo utilizada apenas uma

única concentração de soluto.

2.2.2 - Análise experimental da solidificação unidirecional em condições

transitórias

O fenômeno da solidificação pode ser investigado experimentalmente em função

da direção na qual o fluxo de calor é extraído e do sentido de avanço da frente de

solidificação. A literatura apresenta trabalhos que avaliam a influência de fatores, como

a convecção natural devido a fatores térmicos e composicionais, na formação e nos

parâmetros quantificadores das estruturas de solidificação. Essas investigações têm

permitido a obtenção de muitas informações relevantes sobre a evolução da cinética do

processo de solidificação e sobre a redistribuição de soluto (macrossegregação e

microssegregação) de ligas metálicas binárias (Siqueira, 2002; Osório, 2003; Rocha,

2003; Spinelli, 2004; Rosa, 2004/2007; Silva, 2007, Moutinho 2007, Canté, 2009; Cruz,

2008; Moutinho, 2011; Nogueira, 2011).

A solidificação unidirecional vertical, por exemplo, em condições transitórias,

pode ser estudada considerando a direção do fluxo de calor extraído e o sentido de

avanço da frente de solidificação que pode ser ascendente ou descendente. No avanço

26

ascendente, o soluto é rejeitado na frente da solidificação, e dependendo do par

soluto/solvente, pode ocorrer a formação de um líquido interdendrítico mais denso que

o restante do volume global de metal líquido, garantindo assim, do ponto de vista de

movimentação de líquido, a estabilidade do processo de solidificação. Nessa situação, a

refrigeração do metal ocorre na parte inferior, o que produz um perfil de temperaturas

crescentes no líquido, em sentido ascendente, forçando o líquido mais denso a localizar-

se junto à fronteira de transformação sólido/líquido, minimizando as correntes

convectivas tanto por diferenças de temperatura quanto por diferenças de concentração.

A transferência de calor ocorre essencialmente por condução térmica unidirecional; isso

permite uma análise experimental e cálculos teóricos isentos desse complicador

(convecção natural). A Figura 2.1 mostra de forma esquemática o dispositivo de

solidificação direcional vertical ascendente, utilizado pelo Grupo de Pesquisa de

Solidificação da UNICAMP (GPS/UNICAMP).

No caso da frente de solidificação avançar no sentido descendente, a força peso

atua no sentido de deslocar o lingote do contato com a base refrigerada, provocando

mais precocemente uma situação de maior resistência térmica na interface metal/molde,

influenciando na cinética da transformação líquido/sólido. O movimento convectivo,

nesta situação, estará presente já que o perfil de temperatura do líquido é crescente em

direção à base do lingote, que é isolada termicamente. Dessa forma, se o soluto rejeitado

provocar um líquido interdendrítico com massa específica maior do que aquela

correspondente a do líquido na concentração nominal da liga, além da convecção por

diferenças de temperaturas, também estará presente a convecção por diferenças de

concentração de soluto. A Figura 2.2 mostra de forma esquemática o dispositivo de

solidificação direcional vertical descendente, utilizado pelo Grupo de Pesquisa de

Solidificação da UNICAMP (GPS/UNICAMP).

27

Figura 2.1 - Esquema do dispositivo de solidificação unidirecional vertical ascendente refrigerado a

água, utilizado em diversos estudos de correlação entre variáveis térmicas e estruturas de

solidificação.

Fonte: (Siqueira, 2002; Rocha, 2003; Spinelli, 2005).

Figura 2.2 - Representação esquemática do banco experimental do dispositivo de solidificação

vertical descendente: 1. Aquisição via computador; 2. Material refratário isolante; 3.Resistências

elétricas (sistema de aquecimento); 4. Lingoteira bipartida; 5. Termosensores; 6. Registrador de

dados térmicos; 7. Câmara de refrigeração; 8. Rotâmetro; 9. Controle de potência do forno, 10.

Metal líquido.

Fonte: (Spinelli, 2005; Rosa, 2007).

28

No que se refere à solidificação unidirecional horizontal, considerado neste

trabalho o processo de solidificação pode ser conduzido de duas maneiras distintas:

a) A partir do vazamento de metal líquido no interior de um molde isolado

termicamente, sendo o calor extraído somente por uma das paredes constituída de um

bloco maciço metálico ou de uma câmara de refrigeração.

b) Através de um sistema semelhante que permita fundir o metal em seu

interior até que uma temperatura seja alcançada, a partir da qual se inicia a solidificação.

No primeiro caso [Figura 2.3(a)], a turbulência do vazamento induz correntes

de convecção forçadas que levam algum tempo para se dissiparem e que agem com

intensidades diferentes ao longo da secção do lingote. No segundo caso [Figura 2.3(b)],

garante-se, com a fusão do metal dentro do molde, uma maior estabilidade em relação

ao movimento de metal líquido. Convém ressaltar, no entanto, que as mesmas variáveis

térmicas de solidificação não podem ser asseguradas ao longo de diferentes secções

horizontais da base refrigeradas a outra extremidade do lingote, uma vez que

instabilidades térmicas e diferenças de massa específica no líquido irão promover

correntes convectivas que serão diferentes ao longo dessas secções. O perfil térmico da

evolução da solidificação deve ser levantado em uma secção horizontal o mais próximo

possível da interface metal/molde, a partir da qual serão retiradas as amostras para

análise da estrutura. (Quaresma et al, 2000; Osório, 2003; Goulart, 2006; Silva, 2007;

Moutinho, 2007).

A configuração apresentada pelo esquema da Figura 2.4 (b) é semelhante o

utilizado neste trabalho para a liga Al-3%Cu-5,5%Si. Este dispositivo foi projetado,

aferido e utilizado pela primeira vez por Silva (2007) para ligas Al-Cu e Sn-Pb. A

Figura 2.4 mostra de forma esquemática os modos de transferência de calor envolvidos

na solidificação direcional horizontal.

29

Figura 2.3 - Esquematização do dispositivo de solidificação unidirecional horizontal desenvolvido

por: (a) Quaresma e (b) Silva.

Fonte: (a) Quaresma (2000); (b) Silva (2007).

30

Figura 2. 4 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde na solidificação

horizontal.

Fonte: (Costa, 2013).

Para analisar experimentalmente a solidificação, vários trabalhos foram

desenvolvidos na literatura utilizando-se dessas configurações de dispositivos (vertical e

horizontal) que provocam a unidirecionalidade de extração de calor (Siqueira, 2002;

Rocha, 2003; Peres, 2004; Spinelli, 2005; Boeira, 2006; Rosa, 2007; Canté, 2009; Silva,

2011, Nogueira, 2011; Moutinho, 2012; Gomes, 2012; Costa, 2013; Carvalho, 2013,

Guimarães, 2014).

2.3 - FORMAÇÃO DA MACROESTRUTURA

Na temperatura em que o metal encontra-se no estado físico de agregação

líquido, não existe uma ordenação atômica regular (estrutura amorfa), pois os átomos

possuem um alto nível de energia, que pode ser representado pela cinética e potencial. A

primeira energia está relacionada à movimentação atômica e a segunda à distância

interatômica. No instante em que ocorrer extração forçada da carga térmica ou uma

dissipação natural em função da geometria e constituinte do recipiente que acomoda o

metal líquido, desencadeia-se o processo de solidificação que tenderá a arranjar os

átomos com uma determinada simetria espacial e regular.

A evolução da solidificação só é possível devido à ocorrência do processo de

nucleação e crescimento dos núcleos formados pelo mecanismo de adição de átomos,

originando os grãos cristalinos. A nucleação só ocorre quando a energia cinética de

31

vários átomos do metal líquido atinge um valor suficientemente baixo, permitindo que

eles ocupem posições de equilíbrio na rede cristalina. Daí em diante o núcleo continua

crescendo à medida que a extração de calor evolui, desde que a variação total de energia

livre dê condições para a continuidade do crescimento, caso contrário o embrião sólido

volta a se dissolver no líquido. Em termos da solidificação direcional, onde a extração

da carga térmica ocorre em uma única direção, logo após a formação dos primeiros

núcleos cria-se uma pequena casca sólida que define a interface sólido/líquido, que

representa uma separação física entre os dois estados de agregação.

As estruturas de solidificação podem ser subdivididas em: macroestruturas e

microestruturas, como podem ser observadas na ilustração esquemática da Figura 2.5.

Torna-se importante salientar que se denominam macroestruturas as formações

morfológicas estruturais que são observadas e avaliadas a olho nu, ou com auxílio do

aumento óptico em até de 10 vezes (Siqueira, 2002; Osório, 2004; Garcia, 2007). As

microestruturas, no entanto, só são efetivamente observadas por intermédio de

aumentos ópticos no mínimo na ordem de 10 vezes e avançando na observação

nanométrica com auxílio da microscopia eletrônica.

Figura 2.5 – Representação esquemática das estruturas de solidificação em escala macroestutural e

microestrutural.

Fonte: (Osório, 2004).

No que se refere às macroestruturas de solidificação, apresentadas

esquematicamente pela Figura 2.5, o estudo das mesmas tem um destaque no campo

32

científico por permitirem o controle das propriedades mecânicas dos metais através da

geometria, dimensão, distribuição e orientação cristalográfica dos cristais produzidos

durante o processo de formação do metal sólido, o que é possível através do estudo,

entendimento, identificação e controle dos mecanismos geradores. A seguir serão

analisados os mecanismos de formação dessas zonas estruturais, os fatores que

interferem em tais mecanismos bem como as possibilidades de se manipular tais fatores

com o objetivo de se programar a estrutura resultante. A figura 2.6 representa as zonas

dessas estruturas a serem estudadas.

Figura 2.6 – Representação esquemática das estruturas coquilhada, colunar e equiaxial.

Fonte: Santos (2006).

2.3.1. Zona Coquilhada

A zona coquilhada é constituída de grãos de dimensões muito pequenas que

apresentam direções cristalinas aleatórias, sendo localizada junto às paredes do molde.

São quatro os principais mecanismos apresentados pela literatura para explicar a

formação da zona coquilhada:

(a) Mecanismo de Henzel (Nucleação Copiosa / 1937)

A zona coquilhada surge em função de uma nucleação copiosa em uma camada

de líquido super-resfriado existente junto às paredes do molde, como consequência de

33

gradientes térmicos e composicionais. A nucleação ocorre sobre substratos que podem

ser substâncias presentes ou introduzidas no líquido bem como as paredes do molde. Na

Figura 2.7, apresentada abaixo, Santos (2006) mostra os perfis da temperatura real e da

temperatura liquidus na interface S/L caracterizando a região de super-resfriamento

constitucional.

Figura 2.7 – Perfis de temperatura real e da temperatura liquidus na interface S/L caracterizando a

região de super-resfriamento constitucional.

Fonte: Santos (2006).

(b) Mecanismo de Bower e Flemings (Multiplicação Cristalina / 1967)

Os autores afirmam que a formação da referida zona se deve à separação de

ramos dendríticos dos cristais, provocada pela presença de convecção no líquido. De

acordo com os mesmos, na ausência de convecção no líquido não ocorre a formação da

zona coquilhada.

(c) Mecanismo de Biloni e Morando (1968)

Os autores verificaram que tanto a nucleação copiosa como a multiplicação

cristalina são mecanismos responsáveis pela formação da zona coquilhada e que a

participação de cada um dos mesmos depende das condições de extração de calor pelo

molde, ou seja, em sistemas de alta extração de calor predomina o mecanismo da

34

nucleação copiosa, enquanto que com a diminuição da taxa de extração de calor o

mecanismo da multiplicação cristalina passa a ser o mais importante.

(d) Mecanismo de Ohno (Estricção / 1970)

A zona coquilhada é formada devido a precipitação de grãos nucleados de

pequenas dimensões sobre as paredes do molde em regiões mais drasticamente

resfriadas, como o topo do lingote, para a região de líquido adjacente a essas paredes.

Afirma, ainda, que a separação dos cristais das paredes do molde ocorre devido às

flutuações térmicas ou turbulência no líquido. Para que isto aconteça é necessário que

exista soluto no líquido provocando a estricção dos cristais que surgem nas paredes do

molde, conforme indicado na Figura 2.8.

Figura 2.8 – Mecanismo proposto por Ohno para a formação da zona coquilhada onde observasse a

estricção de grãos coquilhados sobre as paredes do molde.

Fonte: Moutinho (2011); Almeida (1999).

De modo geral, pode-se dizer que lingotes obtidos em condições práticas de

fundição podem apresentar zonas coquilhadas de diferentes espessuras, com grãos de

diferentes dimensões, ou mesmo não apresentar esta zona em função das características

operacionais e metalúrgicas do sistema metal/molde. Os fatores que interferem na

formação da zona coquilhada podem ser avaliados através dos mecanismos que

descrevem sua formação.

35

2.3.2 Zona colunar

A zona colunar é constituída de grãos alongados segundo a direção do fluxo de

calor sendo extraído do líquido, isto é, normal às paredes do molde. Tais grãos possuem

dimensões bastante superiores aos grãos da zona coquilhada apresentando, portanto,

direções cristalográficas fortemente orientadas. São dois os principais mecanismos

apresentados para explicar a formação da zona colunar:

(a) Mecanismo de Chalmers e Walton (Crescimento Seletivo / 1959)

Os grãos colunares são formados a partir de um crescimento seletivo, conforme

a direção preferencial do fluxo de calor, de determinados grãos da zona coquilhada.

Assim, os grãos coquilhados nucleados nas paredes do molde possuem uma direção

preferencial de crescimento relacionada em geral com os planos cristalográficos mais

compactos. Nos instantes iniciais da solidificação, os cristais crescem com maior

velocidade lateralmente uma vez que as paredes do molde e regiões adjacentes são as

áreas de menor temperatura. Como estas áreas encontram-se preenchidas por grãos

coquilhados, o sólido passa a crescer em direção ao líquido. Neste instante, os cristais

que apresentarem a direção preferencial segundo o fluxo de calor crescerão mais

rapidamente que cristais vizinhos com orientações desfavoráveis chegando após um

determinado tempo a suprimi-los. Os cristais sobreviventes ao crescimento seletivo

constituirão a zona colunar conforme pode ser observado esquematicamente na Figura

2.9.

36

Figura 2.9 - Mecanismo do crescimento seletivo proposto por Chalmers e Walton para explicar a

formação da zona colunar.

Fonte: Moutinho (2011); Almeida (1999).

(b) Mecanismo de Chalmers e Biloni (1965)

Estes autores, ao observarem a presença de grãos equiaxiais no interior da zona

colunar, sugerem que nem todos os grãos desta zona estrutural seriam necessariamente

originados a partir de grãos coquilhados formados diretamente nas paredes do molde.

Os grãos colunares poderiam também ser nucleados a partir de grãos coquilhados

formados na superfície do lingote e que decantariam para o interior do líquido.

2.3.3 Zona Equiaxial

A zona equiaxial é caracterizada pela presença de grãos que crescem em

direções cristalográficas aleatórias, com dimensões maiores que os grãos da zona

coquilhada, localizando-se na região central do lingote. Pode ser formada por nucleação

direta à frente da zona colunar em crescimento, a partir da ruptura da própria zona

colunar ou por crescimento de cristais originados em outras regiões do líquido que

seriam arrastados até o centro do lingote onde cresceriam. São seis as principais teorias

propostas para explicar a sua formação:

37

(a) Mecanismo de Chalmers e Winegard (Super-resfriamento Constituicional /

1953)

Ao observar a ausência de zona equiaxial em metais puros e que o aumento do

teor de soluto no líquido favorece a presença de grãos equiaxiais, os autores propõem

que esses grãos são nucleados diretamente no líquido diante da zona colunar em

crescimento. A rejeição de soluto à frente da interface de crescimento colunar

possibilita o super-resfriamento constitucional do líquido nesta região, tornando viável a

nucleação, admitindo-se como possível a ocorrência local de alto teor de soluto, baixa

taxa de difusão de soluto no líquido e gradientes térmicos adequados. Surgem então

grãos formados com orientações cristalográficas aleatórias e morfologia dendrítica uma

vez que a solidificação ocorre na presença de super-resfriamento constitucional.

Portanto, o aparecimento de grãos equiaxiais ocorre nos instantes finais da solidificação

quando altos gradientes de soluto são atingidos no líquido à frente da zona colunar até

bloquearem completamente os grãos da mesma, como mostra a Figura 2.10.

Figura 2.10 – Formação de grãos equiaxiais à frente da zona colunar em crescimento durante a

solidificação da liga Al-3,5%Ni.

Fonte: Reinhart et al (2005).

(b) Mecanismo de Chalmers e Biloni (Big-Bang / 1963)

Núcleos coquilhados, formados durante o vazamento nas paredes do molde e/ou

em regiões de líquido adjacentes às mesmas, são transportados para o centro do lingote

e mantidos em uma zona de líquido super-resfriada constitucionalmente. Tais núcleos

continuam crescendo equiaxialmente, pois não se encontram em contato com qualquer

frente de solidificação. Os grãos equiaxiais são mantidos no líquido até que o seu

crescimento bloqueie a zona colunar, apresentado na Figura 2.11.

38

Figura 2.11 – Simulação do transporte de grãos coquilhados, localizados à frente da zona colunar

em crescimento, para o centro do lingote.

Fonte: Moutinho (2011) e Almeida (1999)

(c) Mecanismo de Jackson e colaboradores (Multiplicação Cristalina / 1966)

Os autores observaram um terceiro mecanismo atuando na formação de grãos

equiaxiais originados a partir de grãos colunares onde parte de suas ramificações

dendríticas secundárias são quebradas devido a ação de correntes de convecção no

líquido, sendo então liberadas para a região localizada à frente da interface

sólido/líquido. Os ramos dendríticos separados da zona colunar devem encontrar

condições de crescimento no líquido à frente da interface de solidificação a fim de

constituírem a zona equiaxial. Tan e Zabaras (2007) simularam quebra de ramificações

dendríticas de grãos colunares por correntes de convecção forçada no líquido como

mostra a Figura 2.12.

39

Figura 2.12 – Simulação da quebra de ramificações dendríticas de grãos colunares por correntes

de convecção forçada no líquido.

Fonte: : Moutinho (2011) e Almeida (1999).

(d) Mecanismo de Southin (Decantação / 1967)

Os grãos equiaxiais são formados a partir de dendritas ou parte de dendritas

precipitadas da superfície livre para o interior do líquido, onde crescem constituindo a

zona equiaxial. Southin admite que pequenas vibrações na superfície livre do líquido, o

próprio peso do sólido formado ou ainda a ruptura intergranular dessa camada sólida

por imposição da retração para a formação do rechupe, possibilitam a precipitação de

dendritas ou parte destas para o interior do líquido à frente da zona colunar em

crescimento. Essas dendritas, em contato com o sólido já formado, têm o seu calor

rapidamente retirado por condução e tendem a crescer na direção do fluxo de calor não

havendo necessidade, portanto, de super-resfriamento do líquido à frente da interface de

crescimento.

(e) Mecanismo de Ohno e Motegi (Separação / 1970)

Os grãos equiaxiais são formados por meio do crescimento de grãos coquilhados

nas paredes do molde de onde são separados e conduzidos para o interior do líquido por

correntes de convecção. De acordo com o explicado anteriormente, para a formação da

zona coquilhada, os cristais nucleados em contato com as paredes do molde ao

40

crescerem desenvolvem estricção por efeito da rejeição de soluto possibilitando sua

fácil remoção das paredes. Para a atuação do mecanismo são necessárias, portanto,

condições de nucleação de grãos coquilhados, teor de soluto suficiente para produzir

estricção, rápida separação destes cristais iniciais e condições térmicas no líquido para a

sobrevivência dos cristais separados, conforme mostrado anteriormente na Figura 2.8.

(f) Mecanismo da Nucleação Extensiva

Este mecanismo ocorre quando potentes substratos de nucleação são inoculados

no líquido. A nucleação sobre substratos eficientes requer condições energéticas pouco

severas, podendo ocorrer extensivamente, ou seja, em todo o volume do líquido ao

mesmo tempo desde que haja super-resfriamento suficiente. Assim, núcleos sólidos

surgem em todo o volume líquido crescendo de maneira equiaxial e simultaneamente,

suprimindo a possibilidade do crescimento colunar. A nucleação extensiva pode ocorrer

também via coquilhamento em lingotes de pequenas dimensões, isto é, a estrutura pode

se apresentar totalmente equiaxial devido o forte coquilhamento nos estágios iniciais da

solidificação não ocorrendo, portanto, distinção entre a zona equiaxial e a zona

coquilhada. Analisando-se os mecanismos apresentados observa-se que de maneira

geral a extensão, localização e dimensão dos grãos da zona equiaxial dependem das

seguintes condições:

Nucleação intensa nos estágios iniciais do resfriamento em todo o volume do

líquido e na superfície livre do mesmo durante o processo de solidificação.

Geração de novos núcleos sólidos a partir da zona colunar em crescimento.

Arraste de grãos e partículas sólidas desprendidas da zona coquilhada, superfície

livre do líquido e/ou zona colunar para o líquido à frente da interface de

solidificação.

Sobrevivência e crescimento de grãos e partículas sólidas arrastadas para o

líquido diante da zona colunar.

41

Tais condições, por sua vez, dependem das características termofísicas do

sistema metal/molde, bem como das condições operacionais envolvidas no processo de

solidificação.

Alguns fatores podem favorecer a sobrevivência das ramificações dendríticas

destacadas do crescimento colunar bem como dos cristais coquilhados arrastados pelas

correntes convectivas e, consequentemente, aumentar a dimensão da zona equiaxial

(Garcia, 2001):

Superaquecimento: Valores elevados favorecem a refusão de cristais e

ramificações dendríticas promovendo, por conseguinte, o aumento da extensão

da zona colunar. O superaquecimento é menos significativo na estrutura de grãos

de fundidos de grandes dimensões.

Ligas com grandes intervalos de solidificação: Maiores intervalos de

solidificação, ou qualquer outro fator que proporcione um maior distanciamento

entre as pontas e as raízes das dendritas, induzem um maior comprimento

dendrítico tornando, portanto, as mesmas mais sujeitas à fragmentação.

Composição da liga: Aumentos no teor de soluto da liga (C0) tendem a diminuir

a extensão da região colunar. Alguns estudos relatam, no entanto, que a região

colunar não é uma simples função da concentração da liga.

Refinadores de grão: A produção de núcleos pode não ser suficiente para gerar a

zona equiaxial. A adição de refinadores de grão pode reduzir a extensão do

crescimento colunar.

Moldes com baixas difusividades de calor como, por exemplo, de areia que

quando comparados com moldes metálicos induzem gradientes térmicos

menores na zona pastosa, favorecendo o crescimento de dendritas mais longas.

Movimento convectivo (natural ou forçado): A ação mecânica das correntes

convectivas contribui para a fragmentação das ramificações dendríticas e, ao

mesmo tempo, favorece a dissipação do superaquecimento aumentando as

chances de sobrevivência dessas ramificações diminuindo, assim, a extensão da

região colunar.

42

Estes três mecanismos de geração de núcleos formadores da zona equiaxial

foram constatados em diferentes observações experimentais, principalmente naquelas

desenvolvidas com compostos orgânicos. Possivelmente, todos eles ocorram

simultaneamente durante a solidificação da maioria das ligas de interesse industrial.

2.4. TRANSIÇÃO COLUNAR-EQUIAXIAL (TCE)

A previsão da transição colunar - equiaxial (TCE) é de grande interesse para a

avaliação e o projeto das propriedades mecânicas de produtos solidificados. Assim, os

pesquisadores necessitam de um razoável entendimento a respeito da influência dos

parâmetros envolvidos na solidificação a fim de melhorar a eficiência e desempenho dos

materiais de modo que a TCE pode ser considerada como um importante objeto da

investigação no que diz respeito à solidificação direcional de ligas metálicas. Por isso, é

necessário entender os mecanismos que levam a essa transição.

A literatura apresenta uma extensa série de trabalhos teóricos e experimentais

(Doherty, 1977; Hunt, 1984), que revelam os principais fatores de influência como: o

superaquecimento (que quanto maior impede a formação de zona equiaxial ou retarda a

TCE, aumentando dessa forma o comprimento relativo da zona colunar); o aquecimento

do molde (que provoca efeito semelhante); a capacidade de resfriamento na interface

metal/molde traduzida pelo coeficiente de transferência de calor hi (influi retardando a

transição para valores de hi mais elevados); taxas de resfriamento (quanto mais elevadas

favorecem o aumento da zona colunar); o teor de soluto (na composição química da liga

atua no sentido de favorecer a transição à medida que é aumentado, podendo ocorrer

exceções, como é o caso do teor de carbono nos aços) e, por fim, o tamanho do molde

(que se aumentada a seção transversal favorece a formação da zona equiaxial, já que o

efeito do superaquecimento é diminuído) (Ares e Schvezov, 2000; Canté, 2007;

Doherty, 1977; Flood e Hunt, 1987; Siqueira, 2003; Wang e Beckermann, 1994;

Willers, 2005).

A TCE tem sido objeto de estudos numéricos (Badillo e Beckermann, 2006;

Dong e Lee, 2005; Ludwig E Wu, 2005; Wang e Beckermann, 1994) e analíticos (Flood

e Hunt, 1987A; Flood e Hunt, 1987B; Hunt, 1984) empreendidos com vistas a

modelagem deste fenômeno. Estes estudos destacam a importância do crescimento dos

grãos equiaxiais e colunares e desenvolvem expressões e\ou procedimentos numéricos

43

para descrever a transição colunar Equiaxial (Mahapatra e Weinberg, 1987; Weinberg,

1989).

Uma série de investigações experimentais relatadas na literatura sugere que a

TCE ocorre quando o gradiente de temperatura no estado líquido atinge valor crítico

mínimo. Mahapatra e Weinberg (1987), por exemplo, encontraram valores de 0,10 e

0,13 ºC/ mm, respectivamente, para as ligas de Sn-5 % Pb e Sn-15% Pb. Eles

observaram que a posição da TCE era dependente da taxa de extração de calor da parte

inferior do lingote de solidificação direcional e independente do superaquecimento

contrários aos relatórios anteriores. Ziv e Weinberg (1989) mostraram que a TCE ocorre

quando a inclinação atinge um mínimo de 0,06 ºC/mm, para uma liga Al-3%Cu. Suri et

al (1991) analisaram a solidificação direcional de uma liga Al 4.5% Cu em moldes de

cobre e aço inoxidável em uma larga escala de super-resfriamento, depois de comparar

as posições da TCE com os correspondentes valores de GL e VL, têm sugerido que a

transição ocorre para GL<0,74VL0,64

. Ares e Schvezov (2000) realizaram experimentos

com ligas Pb-Sn de solidificação direcional com molde refrigerado e observaram que a

TCE ocorreu em uma região não comum quando o gradiente de temperatura no estado

fundido diminuiu para valores que variam de -0,8 a 1 oC/cm. Gandin (2000) que

combina simulações de um modelo numérico e de resultados experimentais relativos a

solidificação direcional de ligas Al-Si, propôs um critério de medição da TCE baseado

na posição da velocidade máxima da interface dendrítica, sugerindo um aumento

contínuo na taxa de crescimento da dendrita até um valor máximo, cerca de dois terços

do comprimento do lingote, onde a transição deve ocorrer.

Posteriormente, outros trabalhos interessantes sobre o assunto foram

desenvolvidos entre os quais se podem citar o de Siqueira (2002) que estudou a TCE em

ligas Sn-Pb e Al-Cu solidificadas unidirecionalmente em um sistema vertical

ascendente (Figura 2.1), cujas macroestruturas resultantes estão apresentadas nas

Figuras 2.13. e 2.14. Siqueira desenvolveu uma abordagem teórica-experimental para

determinar quantitativamente parâmetros térmicos da solidificação como coeficiente de

transferência de calor na interface metal/molde, velocidades de crescimento da isoterma

liquidus, gradientes térmicos e taxas de resfriamento que influenciam a TCE,

observadas nas Figuras 2.14 e 2.15. Esse estudo propõe um critério baseado em taxas de

resfriamento críticas de 0,2 K/s para o sistema Al-Cu e 0,014 K/s para o sistema Sn-Pb,

sendo que o crescimento colunar prevalece para taxas maiores que esses valores

44

críticos. A Tabela 2.1 sintetiza os resultados alcançados pelo autor para as ligas

analisadas do sistema Sn-Pb.

Figura. 2.13 - Macroestruturas obtidas com chapa molde de aço inoxidável recoberta com alumina

indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-20%Pb e (b) Sn-30%Pb.

(a) (b)

Fonte: Siqueira (2002).

Figura 2.14- Macroestruturas obtidas com chapa molde de aço 1020 polida indicando a ocorrência

da TCE: (a) Al-5%Cu e (b) Al-8%Cu.

(a) (b)

Fonte: Siqueira (2002).

45

Tabela 2.1 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por Siqueira (2002)

para ligas do sistema Sn-Pb.

Fonte: Siqueira (2002).

Em 2004, Peres, utilizando o mesmo critério de previsão para a TCE realizou

experimentos em ligas Al-Si, empregando o mesmo dispositivo mostrado pela Figura

2.15. Peres (2004) observou que a TCE ocorreu praticamente na mesma posição a partir

da interface metal/molde para todas as composições de Si estudadas, conforme

mostrado na Figura 2.15. O valor médio da taxa de resfriamento encontrado pelo

referido autor foi de 0,17 K/s, muito próximo da taxa crítica de resfriamento

determinada para ligas do sistema Al-Cu analisadas por Siqueira (2002), que foi de 0,2

K/s. A Tabela 2.2 sintetiza os resultados alcançados por Peres.

46

Figura 2.15 - Macroestruturas de ligas do sistema Al-Si na solidificação unidirecional vertical

ascendente indicando a ocorrência da TCE: (a) Al-3%Si, (b) Al-5%Si, (c) Al-7%Si e (d) Al-9%Si.

Fonte: Peres (2004).

Tabela 2.2 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por Peres (2004) para

ligas do sistema Al-Si.

Fonte: Peres (2004).

Spinelli (2005) obteve resultados para a TCE em ligas Sn-Pb sob condições de

solidificação unidirecional vertical descendente (Figura 2.16). O autor observou que a

TCE ocorre essencialmente em um plano horizontal e que a mesma se aproxima da

interface metal/molde à medida que o do teor de soluto aumenta. Da mesma maneira

que Siqueira e Peres, Spinelli notou que a TCE é dependente das variáveis térmicas de

solidificação (GL, VL e TR), sendo que as mesmas dependem do tempo e da posição da

47

isoterma liquidus durante a solidificação. Os resultados encontrados por Spinelli

encontram-se mostrados na Tabela 2.3.

Figura 2.16 - Macroestruturas de ligas do sistema Sn-Pb na solidificação unidirecional vertical

descendente em molde refrigerado indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-5%Pb e (b) Sn-20%Pb.

Fonte: Spinelli (2005).

Tabela 2.3 – Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por Spinelli (2005) para

ligas do sistema Sn-Pb.

Fonte: Spinelli (2005).

Mais recentemente, pela primeira vez, Moutinho (2007), utilizando um

dispositivo de solidificação unidirecional horizontal refrigerado à água, desenvolvido

por Silva (2007) (Figura 2.3(b)), investigou a TCE em ligas Sn-Pb. Moutinho

desenvolveu em seu estudo uma abordagem teórica-experimental que objetivou a

48

análise dos efeitos impostos pela convecção solutal tanto no comportamento das

variáveis térmicas de solidificação (coeficientes de transferência de calor na interface

metal/molde, velocidades da isoterma liquidus, gradientes térmicos, taxas de

resfriamento, etc) como na ocorrência da TCE em ligas do sistema Sn-Pb. A Figura 2.17

apresenta as macroestruturas obtidas por Moutinho (2007) e a Tabela 2.4 mostra os

parâmetros térmicos associados à TCE.

Figura 2.17 - Macroestruturas obtidas na solidificação unidirecional em molde horizontal

refrigerado indicando a ocorrência da TCE: (a) Sn-15%Pb e (b) Sn-25%Pb.

Fonte: Moutinho (2007).

49

Tabela 2.4 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à TCE obtidos por Moutinho

(2007) para ligas do sistema Sn-Pb.

Fonte: Moutinho (2007).

Além destes, uma série de outros trabalhos científicos de natureza teórica e/ou

experimental, também considerados importantes, têm sido publicados na literatura sobre

a influência dos diversos parâmetros térmicos e operacionais na formação da TCE.

Moutinho (2011) elaborou um estudo com ligas Al-Si solidificadas

horizontalmente (Figura 2.18). A referida autora observou que a TCE ocorreu de forma

abrupta e praticamente na mesma posição para todas as composições de Si analisadas.

Os resultados experimentais da posição da transição colunar-equiaxial das ligas

investigadas Al-Si, investigadas por Moutinho (2011), em função dos correspondentes

parâmetros térmicos obtidos neste trabalho são apresentados na Tabela 2.5.

50

Figura 2.18 - Macroestruturas obtidas na solidificação unidirecional em molde horizontal

refrigerado indicando a ocorrência da TCE: (a) Al-35Si, (b) Al-7%Si e (c) Al-9%Si.

Fonte: Moutinho (2011).

Visando analisar os efeitos da convecção natural na ocorrência da TCE,

Moutinho (2011) tem realizado um estudo comparativo entres as direções de

solidificação horizontal e vertical para ligas Al-Si. A Tabela 2.5 compara os resultados

obtidos por Moutinho (2011) e aquele levantado por Peres et al (2004) (Tabela 2.2),

com relação aos valores de VL, GL, e TR na posição em que ocorre a transição colunar-

equiaxial durante a solidificação das ligas Al-3%Si e Al-7%Si solidificadas nos

sistemas vertical ascendente e descendente. Nessa comparação, Moutinho (2011)

observou que o comprimento da zona colunar parece não ter sido influenciado pelo

aumento do teor de soluto nas ligas estudadas. Ainda, a autora notou que o fim da zona

colunar durante a solidificação horizontal foi abreviado por uma taxa de resfriamento

crítica aproximadamente cinco vezes e meia maior que aquela observada durante a

solidificação vertical ascendente das ligas analisadas. Tal fato, segundo Moutinho

51

(2011), pode ser justificado em função da rejeição de soluto para o líquido, durante a

transformação líquido/sólido, provocar um aumento na densidade do líquido e a

diferença na densidade promover convecção interdendrítica. Logo, os efeitos de

correntes convecção no líquido induzidos pela segregação de soluto pode estimular a

formação de grãos equiaxiais a partir dos grãos colunares onde parte de suas

ramificações dendríticas secundárias são quebradas sendo então liberadas para a região

localizada à frente da interface sólido/líquido. Os ramos dendríticos separados da zona

colunar devem encontrar condições de crescimento no líquido à frente da interface de

solidificação a fim de constituírem a zona equiaxial estimulando dessa maneira a

ocorrência da TCE.

Tabela 2.5 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à posição da TCE obtidos nos

trabalhos de Moutinho (2011) e Peres et al (2004).

Fonte: Moutinho (2011).

Rocha et al (2015) e Costa et al (2015), pela primeira vez, apresentam para a

literatura estudos sobre TCE com ligas multicomponentes à base de alumínio

pertencentes às séries Al-3%-mSi (m=5,5, 7 e 9%) e Al6%Cu-4%Si solidificadas, em

sistemas vertical e horizontal.

As macroestruturas obtidas por Rocha et al (2015) estão representadas na Figura

2.19, e este autor observou que a TCE ocorre de forma abrupta, isto é, em um único

plano. Os parâmetros térmicos associados à TCE para as ligas Al-3%Cu-(5,5, 7 e 9%)Si

e se encontram apresentados na Tabela 2.6. Rocha et al (2012) constataram, de forma

surpreendente, que a posição da transição colunar/equiaxial, a partir da interface

52

metal/molde, aumenta com o aumento do teor de Si da liga, contrariando, portanto, as

teorias até então propostas para ligas binárias, nas quais o teor o soluto é um fator

estimulante para o surgimento da zona equiaxial. Convém ressaltar situações

particularizadas para ligas binárias Al-Si, conforme trabalhos relatados anteriormente,

nos quais se verificou que o aumento do teor de Si não alterou significativamente a

posição da TCE. Gandin (2000) afirma que o teor de Si de ligas Al-Si não influencia a

posição experimental da transição colunar/equiaxial.

Figura 2.19 - Macroestruturas obtidas por Rocha et al (2015) para as ligas Al-3%Cu-nSi

solidificadas em sistema vertical ascendente.

Fonte: Gomes (2012) e Rocha et al (2015).

53

Tabela 2.6 - Parâmetros térmicos de solidificação associados à posição da TCE obtidos no trabalho deRocha el al (2015).

Fonte: Rocha et al (2015).

As macroestruturas observadas por Costa et al (2015) se encontram mostradas na

Figura 2.20. Os referidos autores têm realizado um estudo comparativo com ligas Al-

6%Cu e Al-6%Cu-4%Si, analisando ao mesmo tempo o efeito do ligante Si e a direção

de crescimento da solidificação (Vertical x Horizontal). Os autores observaram os perfis

de ocorrência da TCE completamente distintas. Observaram que a TCE na solidificação

vertical ocorre de forma abrupta, isto é, em um único plano, conforme perfil já

observado em trabalhos anteriores para essa mesma direção. No entanto, durante a

solidificação horizontal a TCE não ocorreu um uma zona em vez de um único plano. Os

autores atribuíram este fenômeno da TCE aos efeitos convectivos promovidos pela

convecção natural que está sempre presente na solidificação horizontal. Segundo os

autores, durante a solidificação horizontal das ligas Al-6%Cu e Al-6%Cu-4%Si o

acúmulo de soluto à frente da interface de solidificação, provocado simultaneamente

pela rejeição de soluto e pela convecção termo-solutal, provocando um volume de

liquido enriquecido em soluto mais denso que o volume global, o qual pode ter

decantado gradualmente para o fundo do lingote e ter ocasionado os perfis de TCE,

observadas nas ligas solidificadas horizontalmente. Para afeito de comprovação, Costa

et al (2015) realizou microssegregação nas regiões interdendríticas da liga Al-6%Cu-

4%Si, solidificada em ambos sistemas. A Figura 2.21 apresenta esses resultados, pela

qual se observa maiores concentrações de Cu e Si na solidificação vertical.

Ligas Ternárias

Posição da TCE

[mm]

Velocidades de

Evolução da

Isoterma de

Transformação

Liquidus (VL)

[mm/s]

Taxa de

Resfriamento

(TR) [°C/s]

Gradientes de

Temperatura

(GL) [°C/mm]

Al-5.5%Si-3%Cu 70 0.63 1.23 1.95

Al-7.5%Si-3%Cu 78 0.25 1.06 4.24

Al-9%Si-3%Cu 95 0.58 1.23 2.11

Médias - - 1.17 -

54

Figura 2.20 – Macroestruturas resultantes de Costa et al, (2015) para as ligas Al-6%Cu e Al-65Cu-

4%Si: (a) e (b) Al-6%Cu solidificadas em sistema vertical ascendente, respectivamente e (c) e (d)

Al-6%Cu-4%Si solidificadas em sistema horizontal.

Fonte: Costa et al (2015).

55

Figura 2.21 – Análise de Microssegregação realizada no trabalho de Costa el al (2015).

Fonte: Costa et al (2015).

As tabelas 2.7 e 2.8 apresentam, respectivamente, os principais estudos da

literatura sobre transição colunar/equiaxial assim como os critérios associados à sua

ocorrência, estabelecidos pelos respectivos autores.

56

Tabela 2.7 – Principais estudos apresentados na literatura que tentam descrever a formação das

zonas coquilhada, colunar, equiaxial assim como a transição colunar-equiaxial (TCE).

AUTOR(ES) ANO MATERIAL

Biloni e Morando 1968 Al-Cu

Burden e Hunt 1974 Al-Cu

Doherty et al. 1977 Al-Cu / Al-Zn / Al-Mg

Witzke, Riquet e Durand 1981 Al-Cu

Hunt 1984 Al-Cu

Fredriksson, Olsson e West 1986 Aços Baixa Liga

Flood e Hunt 1987 Al-Cu

Mahapatra e Weinberg 1987 Sn-Pb

Ziv e Weinberg 1989 Al-Cu

Suri, El-Kaddah e Berry 1991 Al-Cu

Grugel 1992 Pb-Cu

Wang e Beckermann 1994 Al-Cu / Sn-Pb

Ares e Schevezov 2000 Pb-Sn

Gandin 2000 Al-Si

Vandyoussefi, Greer e Worth 2000 Al-Mg

Martorano e Capocchi 2000 Cu-Sn

Siqueira 2002 Al-Cu / Sn-Pb

Siqueira, Cheung e Garcia 2002 Al-Cu / Sn-Pb

Heiberg et al. 2002 Al-Si

Martorano, Beckermann e Gandin 2003 Al-Si

Siqueira, Cheung e Garcia 2003 Sn-Pb

Peres, Siqueira e Garcia 2004 Al-Si

Spinelli, Ferreira e Garcia 2004 Sn-Pb

Peres 2005 Al-Si

Spinelli 2005 Sn-Pb

Sturz et al 2005 Al-Si

Reinhart et al. 2005 Al-Ni

Willers et al. 2005 Pb-Sn

Dong e Lee 2005 Al-Cu

Liu 2006 Ti-Al

Canté et al. 2007 Al-Ni / Al-Sn

Ares et al. 2007 Zn-Al

Silva et al 2009 Sn-Pb

Moutinho 2011 Al-Si

Carvalho et al 2013 Al-Si

Costa et al 2015 Al-Si-Cu

Fonte: Adaptado de Moutinho (2011).

57

Tabela 2.8 – Principais critérios de ocorrência da TCE associados aos parâmetros térmicos.

Liga

Parâmetros térmicos

associados à TCE (Critérios

de ocorrência)

Direção da

solidificação Referência

Sn-5wt.%Pb

Sn-15wt.%Pb

GL= 0,10 oC/mm

GL= 0,13 oC/mm

Vertical ascendente Mahapatrae

Weinberg

(1987)

Al-3.0%Cu 0,06 oC/mm

Vertical ascendente Ziv e Weinberg

(1989)

Al-4.5%Cu GL< VL0.64

Vertical ascendente Suri et al

(1991)

Pb-Sn GL variando de -0.8 to 1

oC/mm

Vertical ascendente Ares e

Schvezov

(2000)

Al-Cu

Sn-Pb

TR = 0,2 K/s

TR = 0,014 K/s

Vertical ascendente

Siqueira (2002)

Al-Si TR = 0,14 K/s Vertical ascendente Peres (2005)

Sn-Pb VL = 0,189 mm/s, GL = 0,163

oC/mm and TR = 0,030 K/s

Vertical descendente Spinelli (2005)

Sn-Pb VL = 0.09 mm/s, GL = 0,37 oC/mm and TR = 0,047 K/s

Horizontal Silva et al

(2009)

Al-Si

VL, GL and TR variando de:

0,19 to 0,26 mm/s, 0,35 to 0,64

K/s e 1,68 to 3,25 K/mm,

respectivamente

Horizontal Moutinho

(2011)

Al-Si-Cu TR = 1,17 K/s Vertical ascendente Rocha el al

(2015)

Fonte: Autoria Própria.

58

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente capítulo tem como objetivo apresentar os equipamentos e materiais

empregados nas atividades experimentais bem como a metodologia utilizada durante a

execução das mesmas. A Figura 3.1 ilustra, esquematicamente, a descrição detalhada do

procedimento experimental assumido neste trabalho, desenvolvido com base em

diversas etapas específicas. Observa-se que o planejamento experimental foi definido e

desenvolvido em três etapas, quais são:

1ª Etapa – Preparação das Ligas Estudadas

2ª Etapa – Determinação dos Parâmetros Térmicos de Solidificação: velocidade

de deslocamento da isoterma liquidus (VL), taxa de resfriamento (TR) e gradiente

de temperatura (Gl)

3ª Etapa – Obtenção e Caracterização da Macroestrutura: Verificação da

ocorrência da TCE

3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NESTE TRABALHO

3.2.1. Materiais e equipamentos para elaboração da liga

As composições químicas dos metais utilizados na preparação da liga analisada

são apresentadas na Tabela 3.1. A liga multicomponente à base de alumínio investigada

neste trabalho apresenta teores de solutos equivalentes a 3% de cobre e 5,5% de silício.

Como importâncias de escolha da Al-3%Cu-5,5%Si, destacam-se:

As ligas de alumínio para fundição possuem propriedades de grande interesse

industrial, conforme mencionado anteriormente de maneira detalhada nos

Capítulo 1 e 2 deste trabalho.

Suas propriedades termofísicas são conhecidas na literatura (Gomes, 2012).

Apresentam temperaturas liquidus relativamente baixas, o que facilita as

operações de fusão e vazamento.

59

Figura 3.1 – Fluxograma do procedimento experimental empregado neste trabalho.

1ª Etapa – Preparação das Ligas Estudadas

2ª Etapa – Determinação dos Parâmetros Térmicos de Solidificação

Aferição do

dispositivo de

solidificação

Corte dos metais puros

Al, Cu e Si

Elaboração da

liga Al-3%Cu-5.5%Si

Fusão da

liga Al-3%Cu-5.5%Si no

forno mufla

Verificação dos

teores de solutos (Si e Cu)

através da temperatura liquidus

TL na curva

de resfriamento

Vazamento e

solidificação

da liga

no dispositivo

de solidificação horizontal

Obtenção dos

perfis térmicos

experimentais para

seis posições

no molde, considerando três superaquecimentos (TV) iguais a: 5%, 10% e 15%, acima da TL

da liga analisada

Identificação da TL nos perfis de

temperatura para cada TV,

assumido

Determinação

experimental dos parâmetros

térmicos

P = f(t),

VL= f(P),

TR =f(P)

e GL= f(P)

60

3ª Etapa – Obtenção e Caracterização da Macroestrutura.

Fonte: Adaptado de Carvalho (2013).

Tabela 3.1 – Composição química (% em peso) dos metais utilizados na elaboração da liga Al-3wt.%Cu-7wt.%Si.

Metal Al Fe Ni Si P Ca Ti Zn Ga Cu V

Al 99,7 0,176 0,006 0,062 - - 0,009 0,007 0,012 - 0,011

Si 0,1094 0,3164 0,0102 99,596 0,010 0,0214 0,0455 - - - -

Cu 0,0951 - - - 0,045 - - - - 99,859

Fonte: Peres (2005) e Gomes (2012).

Para elaboração da liga multicomponente utilizada neste trabalho, os lingotes

dos elementos puros (Al, Cu e Si) foram seccionados em pequenas quantidades em uma

serra de fita na proporção estequiometricamente exata e a seguir pesados em uma

balança eletrônica analítica com precisão de 0,01g. O alumínio foi introduzido em um

cadinho de carbeto de silício, previamente revestido com uma camada de alumina para

evitar a contaminação das ligas, sendo em seguida conduzido até um forno tipo mufla,

com temperatura máxima de trabalho de 1250 oC, interiormente revestido com placas

Obtenção dos lingotes resultantes

para cada superaquecimento

assumido

Corte longitudinal do três lingotes

resultantes

Preparação do

reagente químico

adequado para revelação da

macroestrutura

Revelação das macroestruturas para cada TV

Observação e determinação da

TCE em cada lingote

Obtenção das macrografias e

correlação da TCE com os parâmetros

térmicos.

61

refratárias e controle de processamento de temperatura. Devido às temperaturas de fusão

dos componentes serem bastante diferentes, a liga foi obtida mediante o mecanismo de

difusão dos solutos (Cu e Si) na matriz líquida do solvente (Al), ou seja, após a total

fusão do alumínio o cadinho foi retirado do forno sendo então o Cu e o Si adicionados

ao alumínio líquido. A mistura foi homogeneizada com uma vareta de aço revestida

com alumina a fim de facilitar a incorporação do estanho na matriz de alumínio. A

Figura 3.2 apresenta os principais equipamentos utilizados durante a etapa de

elaboração da liga Al-3%Cu-5.5%Si. Convêm destacar que a quantidade de liga

utilizada foi o suficiente para obter os três lingotes para os três superaquecimentos

assumidos.

Figura 3.2 – (a) Balança digital precisão de 0,01 mg; (b) Cadinho de carbeto de silício; (c) Forno

tipo mufla com temperatura de trabalho até 1250oC.

Fonte: Carvalho (2013).

Visando confirmar os teores de solutos (Cu e Si), inicialmente checados pela

temperatura liquidus durante observações experimentais in loco, através da curva de

resfriamento da liga analisada, mostrada por um registrador de temperatura, análise

química quantitativa e qualitativa foi realizada na liga investigada neste trabalho. Para

tanto, uma pequena amostra foi retirada do cadinho e a Figura 3.3 apresenta o analisador

químico utilizado e a Tabela 3.2 o resultado correspondente dos elementos que

compõem a liga. A Figura 3.4 apresenta os diagramas de equilíbrio de fases pseudo-

binários pelo software termodinâmico TermoCalc. Vale ressaltar que o programa

ThermoCalc® foi utilizado para gerar os diagramas de fases no equilíbrio, e para

fornecer os dados necessários referentes ao caminho de solidificação das ligas

multicomponentes. Através da interface ICAPI do ThermoCalc® para Intel Visual

62

Fortran®, é possível obter e gravar dados do ThermoCalc® antes de qualquer simulação

numérica de ligas multicomponentes, procedimento este que acarreta maior precisão nos

dados do diagrama de fases. Nesse sentido, a Figura 3.5 apresenta o caminho de

solidificação calculado pela referido programa. A Figura 3.6 mostra de forma

esquemática o conjunto (computador, registrador de temperatura e cadinho) utilizado

para checagem in loco da temperatura de liquidus da liga estudada e a Figura 3.7 o

registro fotográfico do registrador de temperatura com respectivo termopar tipo “K”.

Figura 3.3. Registro fotográfico do analisador químico (Espectrômetro Ótico) utilizado neste

trabalho.

Fonte: Cedido pelo Grupo de Pesquisa em Engenharia de Materiais (GPMat/UFPA).

Tabela 3.2. Resultado da análise química quantitativa e qualitativa da liga Al-3%Cu-5,5%Si.

Padrão fornecido pelo analisador mostrado na Figura 3.3.

Fonte: Autoria Própria.

63

Figura 3.4. Diagrama de fase pseudo-binários em função de Silício (a), de Cobre (b).

Fonte: Adaptado de Gomes (2012).

Figura 3.5. Caminho de solidificação calculado pelo TermoCalc para condições fora do equilíbrio.

Fonte: autoria própria.

5,5%Si

TL = 617oC

64

Figura 3.6 - Esquema do conjunto de monitoramento da temperatura liquidus da liga analisada.

Fonte: autoria própria.

Figura 3.7. Termopar tipo K (a) e registrador de temperatura (b).

Fonte: Autoria própria.

3.2.2. Materiais e equipamentos utilizados durante a solidificação direcional

O dispositivo completo de solidificação unidirecional horizontal refrigerado a

água utilizado na realização deste trabalho, esquematizado na Figura 3.8, foi projetado

pela empresa FORTLAB, mas teve como projetado básico, a construção e aferição a

65

partir do dispositivo desenvolvido por Silva et al. (2011) e, mais recentemente,

aperfeiçoado por Carvalho (2013). O dispositivo é constituído de resistências elétricas

que permitem controlar sua potência com o intuito de estabilizar os diferentes níveis de

superaquecimento no metal líquido assim como propiciar um isolamento térmico

adequado, evitando perdas de calor pelas laterais e pela base do molde. As Figuras

3.8(a) e 3.8(b) apresentam, respectivamente, uma vista panorâmica do conjunto e a parte

interna do dispositivo de solidificação horizontal, mostrando as referidas resistências e a

lingoteira. O molde foi fabricado com geometria retangular a partir de chapa de aço

inox nas dimensões 59,5x59,5x160mm. Detalhes do projeto da chapa trocadora de calor

(chapa molde) da lingoteira se encontram representados pela Figura 3.9. As Figuras

3.10 e 3.11 mostram, respectivamente, o esquema de montagem da chapa molde na

lingoteira e um registro fotográfico do interior do dispositivo de solidificação

horizontal.

As superfícies laterais internas da lingoteira foram revestidas com camadas de

alumina e as partes inferior e superior foram isoladas com material refratário para evitar

perdas de calor para o meio ambiente. A condição de contato térmico na interface

metal/molde foi padronizada por intermédio do polimento da superfície de extração de

calor. Foram realizados, previamente, alguns experimentos com o objetivo de aferir-se a

direcionalidade horizontal do fluxo de calor por parte do dispositivo de solidificação.

Os termopares usados (Figura 3.7) são identificados por letras segundo a ISA

(Instrument Society of América) e adotados como padrão americano na ANSI C96 –

1964. As temperaturas foram registradas com o auxílio de termopares tipo K com

bainha externa de aço inoxidável de diâmetro 1,6 mm; Tipo K: Chromel (+) – Alumel (-

); Faixa de utilização: (0 a 1260) °C ≡ (0,000 a 50,990) mV; Potência termoelétrica:

(4,04 mV / 100°).

66

Figura. 3.8. (a) Representação do conjunto que compõe o dispositivo de solidificação direcional

horizontal utilizado neste trabalho: (10 termopares, (2) Controlador de temperatura, (3)

computador, (4) alimentação principal de água, (5) recipiente armazenador de água, (6) bomba

d’água, (7) rotâmetro, (8) entrada de água de refrigeração, (9) saída de água, (10) dispositivo de

solidificação direcional horizontal, (11) fidloger – registrador de temperatura, (b) Vista lateral e

interna do dispositivo: (12) isolamento com blindagem em cerâmica; (13) resistências elétricas; (14)

lingoteira.

Fonte: aperfeiçoado por Carvalho (2013).

67

Figura 3.9. Detalhes dimensionais da chapa molde (ou trocadora de calor) e lingoteira de aço inox.

Fonte: autoria própria.

68

Figura 3.10. Desenho esquemático do conjunto chapa de resfriamento e lingoteira.

Fonte: autoria própria.

69

Figura 3.11. Registro fotográfico do interior da lingoteira, mostrando in loco detalhes das

resistências elétricas e o conjunto chapa molde e lingoteira.

Fonte: Autoria própria.

A seguir, são apresentados de forma sucinta os software utilizados na realização

dos trabalhos experimentais de monitoramento da solidificação direcional

Para obtenção dos perfis térmicos de solidificação foi utilizado o software do

Registrador de Temperaturas FieldLogger, que foi configurado para registrar um

ponto a cada dois décimos de segundo, através de termopares inseridos em

posições estratégicas no metal. Após o registro de temperaturas, os dados foram

coletados, e curvas de resfriamento foram obtidas e plotadas em forma de

gráficos de Temperatura em função do Tempo. A Figura 3.12(a) ilustra a tela de

inicialização do programa e curvas experimentais resultantes.

70

Figura 3.12 (a) – Tela de inicialização do software de registro de temperaturas, e curvas

experimentais resultantes.

Fonte: autoria própria.

Figura 3.12 (b)-Tela de iniciação dos programas Origin 8.0.

Fonte: Adaptado de Carvalho (2013).

Software Origin 8.0, cuja tela de inicialização está apresentada na Figura 3.12 (b),

utilizado para plotagem e ajuste dos gráficos correspondentes aos parâmetros

térmicos de solidificação e aos espaçamentos dendríticos primários.

71

3.3 METODOLOGIA

3.3.1 Obtenção da liga Al-Cu-Si investigada e levantamento das curvas de

resfriamento - Atualizado a partir de Carvalho (2013).

(a) Inicialmente foram realizados alguns vazamentos com o objetivo de aferir o

dispositivo de solidificação horizontal a fim de verificar a direcionalidade da

extração do fluxo de calor. Neste caso, a temperatura de superaquecimento de

partida foi de 10% acima da TL, cuja temperatura foi definida a partir de padrões

da literatura (Moutinho, 2012; Gomes, 2012) utilizada para ligas Al-Cu-Si.

(b) Após os ensaios preliminares citados acima, visando avaliar o efeito do

superaquecimento da ocorrência da TCE, foram estabelecidos três

superaquecimentos de 5%, 10% e 15% acima da TL. Nesse sentido, as etapas

seguintes foram realizadas para cada uma desses superaquecimentos.

(c) Em seguida, os metais Al, Cu e Si foram pesados em balança digital [Figura

3.2(a)] de precisão com suas respectivas quantidades em peso para formação das

ligas. Essas quantidades foram determinadas a partir do volume do molde e da

capacidade do cadinho [Figura 3.2(b)].

(d) Posteriormente, efetuando o procedimento para cada composição em questão, os

respectivos materiais constituintes das ligas foram depositados manualmente em

um cadinho de carbeto de silício, revestido internamente por uma camada de tinta

à base de alumina, o qual foi levado ao forno mufla para a fusão do material

[Figura 3.2(c)].

(e) A temperatura do forno [Figura 3.2(c)] foi programada para garantir três

superaquecimentos 5%, 10% e 15% acima da temperatura liquidus (TL) da liga

investigada que corresponde à temperatura de 617ºC [Figura 3.3(a)].

(f) A seguir, os termopares foram corretamente posicionados no dispositivo de

solidificação e o registrador de temperatura foi conectado ao computador [Figura

3.7(a)]. Após o ajuste desses componentes, ocorreu o vazamento do metal líquido

na lingoteira (Figuras 3.10 e 3.11)

(g) Alcançadas as temperaturas de superaquecimentos desejadas (5%, 10% e 15%) e

para que o processo de solidificação fosse iniciado, o dispositivo de solidificação

foi desligado e o sistema de refrigeração automaticamente ligado, por uma válvula

72

solenoide, acionamento de uma bomba d’água para liberação do fluido de

refrigeração, com vazão de 10 LPM, controlada por um rotâmetro [Figuras 3.8(a)

e (b)]. Tal procedimento ocorreu pelo fluxo de água injetado horizontalmente na

parede externa lateral da chapa molde do dispositivo.

(h) Durante o processo de solidificação unidirecional da liga multicomponente

estudada neste trabalho, foram obtidas as respectivas curvas de resfriamento pelo

registro de temperaturas, a cada dois décimos de segundo para cada termopar

estrategicamente posicionado no metal, até a completa solidificação do material

[Figuras 3.8(a) e (b)]. Os dados adquiridos foram armazenados em computador e,

em seguida, devidamente tratados em software específico (Origin 8.0) para

plotagem das curvas das ligas em questão.

3.3.2 Procedimento experimental para determinação das variáveis térmicas de

solidificação (VL, TR e GL ) [Adaptado a partir de Dias Filho (2013)]

Durante a solidificação do material as temperaturas foram monitoradas por

termopares conectados a um registrador de dados interligado a um computador,

conforme a Figura 3.8(a). O monitoramento do processo possibilitou a obtenção de

curvas experimentais da variação de temperatura em função do tempo. As posições dos

termopares no interior do molde foram monitoradas em relação à câmara de refrigeração

nas seguintes posições: 5, 10, 15, 20, 30 50 e 90 mm, para o superaquecimento de 5%

acima de TL; 5, 15, 30, 50, 70 e 90 mm, para o superaquecimento de 10% acima e 5, 10,

15 20, 30 50, 70 e 100, para o superaquecimento de 15%, o que possibilitou o

acompanhamento da extração do fluxo de calor unidirecional horizontal.

A determinação das variáveis térmicas, para cada superaquecimento, a partir das

curvas de resfriamento obtidas em cada sequência de termopares posicionados no metal,

deu-se em duas etapas: em um primeiro momento foi feita a coleta dos dados da

solidificação onde os termopares enviam as informações ao dispositivo conectado a um

computador que transforma a leitura de dados em um arquivo de bloco de notas

tabelado em pares ordenados, tempo e temperatura (t, T), para cada termopar.

Posteriormente foram feitos os cálculos dos parâmetros térmicos de solidificação por

meio de um programa computacional em linguagem “Exel” criado pelo Grupo de

Pesquisa de Metalurgia e Física e Transformação (GPMet) de acordo com os seguintes

procedimentos a seguir. Convém ressaltar que tais procedimentos foram executados

73

para cada um dos três superaquecimentos adotados neste trabalho (TV = 5%, 10% e

15% acimada TL da liga Al-3%Cu-5,5%Si):

a) Tempo de passagem da isoterma liquidus (tL): Os resultados dos pares

ordenados, posição do termopar em relação à base refrigerada do lingote e tempo (P,t), obtidos a

partir do procedimento experimental permitem, que sejam traçados gráficos experimentais da

posição da isoterma liquidus com o tempo. Esses tempos são obtidos a partir da intersecção de

uma horizontal indicativa de cada temperatura liquidus (TL) com as curvas de resfriamento para

cada posição dos termopares (P), ou seja, a partir da TL da liga analisada traça-se uma reta

paralela ao eixo dos tempos. Através das intersecções dessa reta com as respectivas curvas de

resfriamento, em cada uma das seis posições, obtêm-se os tempos correspondentes. Esses

tempos definem-se como sendo os tempos de passagem da isoterma liquidus em cada posição

monitorada pelo termopar. Os resultados dos pares ordenados obtidos são interpretados pelo

software que, para cada coluna de dados de um termopar, reconhece o tempo em que a

temperatura liquidus foi atingida durante a solidificação e cria um novo arquivo de dados de

tempo e posição (t, posição). A Figura 3.13 representa esquematicamente a indicação dos

tempos em que a TL é atingida para diferentes posições de termopares, sendo P1 o termopar mais

próximo da superfície do molde com seu respectivo tempo t1 e P4 o mais afastado, com a

indicação do tempo t4.

Figura 3.13 Perfil de temperatura indicando o tempo de passagem da isoterma liquidus.

Fonte: Dias Filho (2013).

74

Para gerar uma curva que represente o deslocamento desta isoterma em todo o

lingote solidificado, os dados são ajustados matematicamente pelo programa no “exel”

através do método dos mínimos quadrados, gerando uma função bta.P(t) . A Figura

3.14 apresenta um esquema do gráfico com os pontos experimentais de coordenadas

(tempo, posição) e o ajuste matemático gerado pelo programa.

Figura 3.14 Deslocamento da posição da isoterma liquidus em função do tempo.

Fonte: Dias Filho (2013).

b) Velocidade de Deslocamento da Isoterma Liquidus (VL): As

velocidades experimentais de deslocamento da isoterma liquidus (VL), para todas as

ligas, são determinadas pela derivada da função experimental P(t) ajustada

anteriormente pelo programa, isto é, dt

dPL V . A derivada da função P é aplicada em

cada instante de tempo de passagem da isoterma liquidus correspondente a cada

termopar, gerando outro arquivo de dados em bloco de notas com as derivadas pontuais

tabeladas com seus respectivos tempos (tempo, P’(t)). Para obtenção do gráfico de

velocidade em função da posição (posição P’(t)), o programa cria um arquivo

semelhante ao de velocidade pelo tempo e substitui a variável tempo pela posição.

75

Porém, para obtenção de uma função do tipo potencial que represente esse novo gráfico,

é necessário fazer outro ajuste, conforme exemplificado na Figura 3.15

Figura 3.15 Representação esquemática da obtenção do gráfico das velocidades em função do

tempo e em função da posição

Fonte: Dias Filho (2013).

c) Taxa de resfriamento (TR): As taxas de resfriamento TRΔt

ΔT à frente da

isoterma liquidus para cada posição dos termopares, em todas as composições, obtidas

experimentalmente a partir das interseções das retas de cada temperatura liquidus (TL)

com os perfis térmicos em cada posição dos termopares, através do resultado da leitura

direta do quociente das temperaturas imediatamente antes e depois da TR e dos tempos

correspondentes, isto é, dTR = dT/dt. Procedimento semelhante foi utilizado por

Okamoto-Kishitake (1975) e Rocha (2003). A Figura 3.16 apresenta, de forma

esquemática, o procedimento aplicado para determinar TR.

76

Figura 3.16 Sequência experimental para determinação das variáveis térmicas

Fonte: Adaptado de Rocha (2013).

3.3.3 Procedimento experimental para obtenção e caracterização da macroestrutura

(Adaptado de Gomes, 2012).

Após a obtenção dos perfis térmicos, os lingotes obtidos, para cada

superaquecimento, foram seccionados longitudinalmente ao meio numa serra de fita,

mostrada pela Figura 3.17 Para a investigação macroestrutural, uma das partes cortadas

longitudinalmente dos lingotes foram lixadas em folhas de granulometria variando de

100# ate 600# mesh. Em seguida, a superfície lisa recebe ataque químico através de uma

solução aquosa com a seguinte composição: 15 ml de HNO3, 10 ml de HCl, 05 ml de

HF e 70 ml de H2O - solução de Keller (Metals Handbook, 1998), o tempo de reação foi

de aproximadamente 30 segundos. O resultado da reação química e a revelação da

macroestrutura foram utilizadas para conferir a direcionalidade da solidificação, a

77

morfologia macroestrutural e, principalmente, a verificação da transição colunar

equiaxial (TCE).

Figura 3.17 Serra de fita (Marca Franho, Mod. F-38S) utilizada neste trabalho para corte dos

lingotes resultantes.

Fonte: autoria própria.

A Figura 3.18 apresenta esquematicamente o corte longitudinal aplicado no

lingote e a macroestrutura revelada para um dos lingotes, mostrando uma zona de

transição de grãos colunares para equiaxiais, denominada de transição colunar-equiaxial

(TCE). Resultados das demais macroestruturas e análises correspondentes de ocorrência

da TCE, para os três lingotes obtidos, estão apresentados no Capítulo seguinte.

78

Figura 3.18 Representação esquemática do corte longitudinal e correspondente macroestrutura

revelada da liga Al-3%Cu-5,%Si para TV = 10% .

Fonte: Acervo do Grupo de Pesquisa em GPMet (IFPA).

TCE

Zona colunar Zona equiaxial

79

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Considerações Iniciais

A apresentação e as análises dos resultados serão realizadas seguindo o planejamento

mostrado pelo fluxograma da Figura 4.1.

Figura 4.1 – Modelo de apresentação e análise dos resultados.

Fonte: Autoria própria.

4.2. CURVAS DE RESFRIAMENTO

A Figura 4.2 apresenta as histórias térmicas (curvas de resfriamento)

monitoradas durante os experimentos, para os três superaquecimentos adotados neste

trabalho, respectivamente. Quando atingidas as faixas de temperatura liquidus e solidus

(TL e TS, respecticamente), tem início a liberação de calor latente de fusão e de

Produção da liga

Curvas de resfriamento para os três

superaquecimentos assumidos Análise

macroestrutural

Comparação da ocorrência da TCE com

a literatura

Determinação das variáveis térmicas e comparações com a literatura

(VL, TR e GL)

Determinação da TCE

Correlação de VL, TR e GL com a TCE

80

cristalização, respectivamente. A linha liquidus representa o início da solidificação, ao

passo que a linha solidus representa o final da solidificação.

Figura 4.2 – Curvas de resfriamento obtidas para a liga Al-3%Cu-5,5%Si solidificada

horizontalmente, considerando superaquecimentos (TV) acima de TL iguais a; (a) TV = 5%; (b)

TV = 10% e (c) TV = 15%.

Fonte: Autoria própria.

0 150 300 450 600 750

300

375

450

525

600

675

750

TS = 525 ºC

(b)

Al-5,5%Si-3%Cu

Posição dos termopares:

5 mm

15 mm

30 mm

50 mm

TL = 617 ºC

70 mm

90 mm

Tempo, t (s)

Tem

per

atu

ra,

T (

ºC)

0 100 200 300 400 500

300

375

450

525

600

675

750

TS = 525 ºC

Al-5,5%Si-3%Cu

TL = 617 ºC

Posição dos termopares 5 mm

10 mm

15 mm

20 mm

30 mm

50 mm

70 mm

100 mm

Tem

per

atu

ra, T

(ºC

)

Tempo, t (s)

(c)

0 100 200 300 400 500 600

150

300

450

600

750

TS = 525 ºC

(a)

Posição dos termopares 30 mm

50 mm

90 mm

5 mm

10 mm

15 mm

20 mm

Tem

peratu

ra, T

(ºC

)

Tempo, t (s)

Al-5,5%Si-3%Cu

TL = 617 ºC

81

4.3. MACROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO

Foram obtidos três lingotes durante os experimentos um para cada

superaquecimento assumido. A Figura 4.3 apresenta as macrografias das

macroestruturas reveladas para cada lingote analisado, referente à liga Al-3%Cu-5,5%Si

estudada neste trabalho. Observa-se nos três casos apresentados a indicação da transição

colunar equiaxial (TCE).

Figura 4.3 – Macrografias representativas das macroestruturas obtidas para a liga Al-3%Cu-

5,5%Si, considerando três superaquecimentos (TV = 5%, 10% e 15%).

Fonte: Autoria própria.

4.4. DETERMINAÇÃO E ANÁLISES DAS VARIÁVEIS TÉRMICAS (VL , TR e

GL )

Para efeito de comparação com a literatura, os resultados apresentados a seguir

também apresentam um gráfico P=f(t) para uma liga binária Al-3%Cu solidificada

horizontalmente [Barros et al, 2015 (A) e (B)].

TCE

TCE

TCE

82

Os pontos de intersecção entre a temperatura liquidus e os perfis térmicos

(curvas de resfriamento), apresentados na Figura 4.2, permitem determinar, para cada

posição de termopar, um par Posição X Tempo. Portanto, cada uma dos

superaquecimentos assumidos propiciou pontos de Posição X Tempo, que foram

plotados e aparecem consolidados nos gráficos da Figura 4.4.

Figura 4.4 – Leis experimentais da cinética de solidificação, representando a posição da isoterma

liquidus a partir da interface refrigerada em função do tempo.

Fonte: Autoria própria.

As velocidades VL experimentais da liga investigada, representadas pelos

gráficos mostrados na Figura 4.5, para todos os três superaquecimentos, foram

determinadas através das derivadas das funções P=f(t) obtidas experimentalmente

(Figura 4.4), isto é, VL=dP/dt, conforme metodologia detalhada no Capítulo 3 do

presente trabalho. Nota-se, portanto, pelos gráficos da Figura 4.5, a diminuição da

velocidade da isoterma liquidus para as posições mais afastadas da câmara refrigerada.

Isso pode ser explicado em função do aumento crescente da resistência térmica da

camada solidificada com a evolução do processo de solidificação. A Figura 4.6 mostra,

para os casos de superaquecimentos assumidos, o comportamento experimental das

taxas de resfriamento com a posição da isoterma liquidus. Como esperado, os valores de

TR são menores para posições mais afastadas da interface refrigerada. A Figura 4.7

apresenta para a liga estudada os resultados experimentais dos gradientes de

0 75 150 225 3000

50

100

150

200

250

300

350

P = 1.1(t) 0.76

- R2= 0.88

Al-3%Cu P = 4.5(t)0.61

- R2= 0.99

Barros et al, [2015(A) e (B)]

Al-5,5%Si-3%Cu - Deste trabalho

5 % P = 1.9(t) 0.83

- R2= 0.98

10 %

15 %

Po

siçã

o,

P (

mm

)

Tempo, t (s)

83

temperatura para os três superaquecimentos investigados, destacando que os gradientes

foram calculados a partir da expressão analítica GL = TR.VL (Spinelli, 2004). Igualmente

observados para os comportamentos de VL e TR, verifica-se que os valores de GL

diminuem para posições mais afastadas da chapa molde refrigerada.

Figura 4.5 - Velocidades das isotermas liquidus a partir da interface metal/molde em função da

posição.

Fonte: Acervo do Grupo de Pesquisa em Solidificação

(UFPA/IFPA).

0 20 40 60 80 100 120 1400,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

VL = 0.9(P)

-0.32

Al-3%Cu VL = 7.2(P)

-0.64

Barros et al, 2015(A) e (B)

Al-5,5%Si-3%Cu - Deste trabalho

5 % VL = 1.8(P)

-0.2

10 %

15 %

Vel

oci

dad

e d

a i

sote

rma l

iqu

idu

s, V

L (

mm

/s)

Posição, P (mm)

84

Figura 4.6 – Taxas de resfriamento a partir da interface metal/molde em função da posição para as

ligas estudadas.

Fonte: Acervo do Grupo de Pesquisa em Solidificação (UFPA/IFPA).

Figura 4.7 – Gradientes de temperatura a partir da interface metal/molde em função da posição

para as ligas estudadas.

Fonte: Acervo do Grupo de Pesquisa em Solidificação (UFPA/IFPA).

0 20 40 60 80 100

0

20

40

60

80

100

120

Al-3wt%Cu TR = 616(P)

-1.5 - R

2= 0.96

Barros et al, 2015(A) e (B)

TR = 1639(P)

-2.11- R

2= 0.83

Ta

xa

e r

esfr

iam

ento

, T

R (

K/s

)

Posição, P (mm)

Al-5,5%Si-3%Cu - Deste trabalho

5% TR = 490(P)

-1.14 - R

2= 0.99

10%

15%

0 20 40 60 80 1000

25

50

75

100

125

150

Al-5,5%Si-3%Cu - Deste trabalho

5% GL = 272(P)

-0.94

10%

15% G

L = 1821(P)

-1.79

Al-3wt%Cu GL = 85(P)

-0.86

Barros et al, 2015 (A) e (B)

Gra

die

nte

de

tem

per

atu

ra, G

L (

K/m

m)

Posição, P (mm)

85

Observa-se pelos gráficos resultantes apresentados pelas Figuras 4.5, 4.6 e 4.7

que equações do tipo potência dada pelas expressões matemáticas P = Constant (t)n, VL

= Constant (P)n , TR = Constant (P)

n e GL = Constant (P)

n foram obtidas para a liga

investigada em todas condições assumidas neste trabalho. A Tabela 4.1 mostra de forma

consolidada essas expressões comparadas com a liga Al-3%Cu da literatura, destacando

que esta liga binária foi solidificada horizontalmente com superaquecimento de 6%.

Tabela 4.1. Leis experimentais do tipo potência obtidas para neste trabalho comparadas com

literatura.

Fonte: autoria própria.

Evidencia-se pelas Figuras 4.5, 4.6 e 4.7 e Tabela 4.1 que leis experimentais

iguais de P=f(T), VL=f(P), TR=f(P) e GL=f(P) foram encontradas para os

superaquecimentos de 10% e 15%. Entretanto, pode-se observar pela Figura 4.4 que a

cinética de deslocamento da isoterma liquidus (P) é mais rápida para o

superaquecimento de 5% quando comparada com a posição dos demais TV (10% e

15%). Tal comportamento se reflete nos resultados dos parâmetros térmicos, isto é,

observa-se pelos gráficos das Figuras 4.5, 4.6 e 4.7 maiores valores de VL e TR para

TV = 5%. No entanto, nota-se que pouco ou quase nada os valores de GL alteraram

para os três superaquecimentos, exceto nas posições iniciais (até 15 mm) que ocorreu

um ligeiro aumento nos valores de GL para o superaquecimento de 15%, o que era

esperado devido a altas temperaturas do líquido no início do processo.

No que se refere à comparação entre os resultados deste trabalho com os de

Barros et al [2015(A); (B)], desenvolvido para liga Al-3%Cu solidificada

horizontalmente com superaquecimento de 6% acima da TL da referida liga, muito

próximo de um (TV=5%) dos assumidos para a liga ternária deste trabalho, verifica-se

Ligas TV [%] Leis experimentais obtidas

Al-3.%Cu-5.5.%Si

(Deste trabalho)

5 P = 1.9(t)0.83

VL = 1.8(P)-0.20

TR = 490(P)-1.14

GL = 272(P)-0.94

10

P = 1.1(t)0.76

VL = 0.9(P)-0.32

TR = 1639(P)-2.11

GL = 1821(P)-1.79

15

Al-3.%Cu

[Barros et al, 2015(A) e (B)] 6 P = 4.5(t)

0.61 VL = 7.2(P)

-0.64 TR = 616(P)

-1.50 GL = 85(P)

-0.86

86

que o efeito de maior fluidez promovida pelo Si proporciona maiores valores de TR

(Figura 4.6) durante a solidificação da Al-Cu-Si estudada.

4.5 ANÁLISES DA DETERMINAÇÃO DA TCE E CORRELAÇÃO COM OS

PARÂMETROS TÉRMICOS

A Transição Colunar/Equiaxial (TCE) é dependente das variáveis térmicas de

solidificação (VL, TR e GL), sendo que estas variam com o tempo e a posição da

isoterma liquidus durante o processo de mudança de fase. As macroestruturas da liga

solidificada unidirecionalmente, segundo as condições assumidas neste trabalho, são

apresentadas pelas macrografias da Figura 4.3. Observa-se em todos os casos que a

principal característica da TCE mostrada pelas macroestruturas é que a mesma não

ocorre essencialmente em um plano vertical paralelo à interface metal/molde, isto é, a

transição de grãos colunares para equiaxias ocorre para as condições assumidas neste

trabalho em zonas ou regiões onde VL, TR e GL variam de um valor mínimo para outro

máximo, cujas zonas e valores podem ser vistos nas Figuras 4.8, 4.9 e 4.10, assim como

de forma consolidada na Tabela 4.2.

87

Figura 4.8 – Variáveis térmicas de solidificação na região de ocorrência da TCE para TV = 5%.

Fonte: Autoria própria.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 1200

20

40

60

80

(b)

TR

(K

/s)

P (mm)

Al-5.5%Si-3%Cu

TR = 490(P)

-1,14

R2 = 0,99

(2,73 K/s)

Zona

Equaxial

(5,08 K/s)

Zona colunar

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 1200,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

(a)

VL (

mm

/s)

Al-5,5%Si-3%Cu

VL = 1,8(P)

-0,20

P (mm)

Zona colunar

(0,80 mm/s) (0,72 mm/s)

Zona

equiaxial

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 1200

10

20

30

40

50

60

70

(c)

Al-5,5%Si-3%Cu

GL = 272(P)

-0,94

GL (

K/m

m)

P (mm)

Zona

equiaxial

(3,76 K/mm)(6,29 K/mm)

Zona colunar

TCE

TCE

TCE

88

Figura 4.9 – Variáveis térmicas de solidificação na região de ocorrência da TCE para TV = 10%.

Fonte: Autoria própria.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0

10

20

30

(b)

(0,2 K/s)(0,9 K/s)

Zona equiaxialZona colunar

Al-5,5%Si-3%Cu

TR = 1639(P)

-2,11

TR

(K

/s)

P (mm)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

(a)

(0,23 mm/s)(0,29 mm/s)

Zona equiaxial

Al-5.5%Si-3%Cu

VL = 0,9(P)

-0,32

VL (

mm

/s)

P (mm)

Zona colunar

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

10

20

30

40

50

60

(c)

Al-5,5wt.%Si-3wt.%Cu

GL = 1821(P)

-1,79

GL (

K/m

m)

P (mm)

(0,91 K/mm)(3,14 K/mm)

Zona equiaxialZona colunar

TCE

TCE

TCE

89

Figura 4.10 – Variáveis térmicas de solidificação na região de ocorrência da TCE para TV = 15%.

Fonte: Autoria própria.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

(a)

Al-5,5%Si-3%Cu

VL = 0,9(P)

-0,32

VL (

mm

/s)

P (mm)

Zona equiaxial

(0,29 mm/s)

(0,32 mm/s)

Zona

colunar

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0

20

40

60

80

100

(b)

Al-5.5%Si-3%Cu

TR = 1639(P)

-2,11

TR

(K

/s)

P (mm)

(0,9 K/s)

Zona equiaxial

(1,84 K/s)

Zona

colunar

TCE

TCE

90

Tabela 4.2 - Resultados experimentais dos parâmetros térmicos associados à TCE.

Fonte: Autoria Própria.

Geralmente, maiores taxas de extração de calor pelo molde favorecem o

desenvolvimento da região colunar, porque os gradientes térmicos resultantes impedem

o desenvolvimento de uma zona equiaxial à frente dos grãos colunares, o que

impossibilita o crescimento equiaxial (Spinelli, 2004), é o que se verifica na liga Al-

3%Cu-5,5%Si solidificada com TV = 5%, isto é, observa-se para este TV uma maior

extensão no comprimento da zona colunar (55 a 95 mm) para TR variando entre 5,08

K/s a 2,73 K/s, respectivamente, conforme observado na Figura 4.3. Entretanto, durante

a solidificação horizontal os efeitos de convecção devem ser considerados como

principais parâmetros de influência na extensão do crescimento colunar.. Nesse sentido,

os efeitos combinados das convecções térmica e mecânica, provocadas,

respectivamente, pelo superaquecimento e movimentação de soluto, parecem ser

responsáveis pela diminuição da extensão da zona colunar com o aumento dos valores

de TV, conforme pode ser observado pela Figura 4.3. A combinação desses referidos

efeitos contribui para a fragmentação dos ramos dendríticos colunares que, ao mesmo

tempo, promovem a dissipação do superaquecimento, aumentando a sobrevivência

destes ramos que nucleiam como grãos equiaxiais, diminuindo o comprimento da zona

colunar. Isso permitiu a verificação da ocorrência da TCE para a liga analisada, nas

condições assumidas neste trabalho, numa região em que VL, TR e GL variam entre uma

faixa de valores, conforme mostram as Figuras 4.8 a 4.10 e Tabela 4.2.

Liga

Superaquecimento

TV [%]

Zona da TCE

[mm] VL

[mm/s]

TR

[K/s]

GL

[K/mm]

Al-3%Cu-5,5%Si

(Deste trabalho)

5 55 – 95 0,8 – 0,72 5,08 – 2,73 6,29 – 3,76

10 35 – 70 0,29 – 0,23 0,9 – 0,2 3,14 – 0,91

15 25 – 35 0,32 – 0,29 1,84 – 0,9 5,73 – 3,14

Al-3%Cu

Barros et al

[2015(A) e (B)

6 90 – 125 0,40 – 0,33 0,72 – 0.44 1,77 – 1,34

91

Spinelli et al (2004) elaboraram estudos sobre TCE para ligas Sn-Pb durante a

solidificação vertical ascendente, onde os efeitos convectivos observados na

solidificação horizontal também estão presentes. Esses autores concluíram que a

segregação de soluto em frente à interface de solidificação, promovida pelos efeitos

combinados da gravidade e convecção de movimentação de soluto no liquido, foi

responsável pela antecipação da transição colunar equiaxial. Posteriormente Silva et al

(2009) também desenvolveram estudos sobre solidificação direcional horizontal

transiente em ligas Sn-Pb e os referidos autores , igualmente observados por Spinelli et

al (2004) e por este trabalho, concluíram que a convecção termo-solutal foi responsável

pela antecipação da TCE e que as características da transição não ocorreram de forma

abrupta, isto é, o perfil da mesma ocorreu de forma semelhante ao do presente trabalho.

Mais recentemente Costa (2013) desenvolveu um trabalho para ligas

multicomponentes da séria Al-6%Cu-(2,5, 4 e 8)%Si, solidificadas horizontalmente, e o

perfil da TCE encontrado pelo autor também foi semelhante ao deste trabalho. Costa

(2013) relatou em seu trabalho que a TCE ocorreu de maneira antecipada na região

inferior dos lingotes e que a mesma demonstrou ser retardada nas zonas mais próximas

ao topo dos lingotes, formando, desta maneira, um perfil de gradiente e de taxas de

resfriamento da região superior para a região inferior das amostras. Os resultados deste

trabalho e os de Costa (2013) contrariam os observados por Moutinho (2011) e

Carvalho et al (2014) que investigaram ligas binária Al-(3, 7 e 9)%Si, solidificadas

horizontalmente, cujos resultados encontrados mostram que a TCE ocorre de forma

abrupta em um único plano para todas as composições de Si analisadas. No entanto, ao

contrário de Costa et al (2013) que observou a antecipação da TCE para maiores valores

de Si, a posição da TCE nos estudos de Moutinho (2011) e Carvalho et al (2014) não

sofreram influência do elemento Si. Rocha et al (2015) apresentaram à literatura os

primeiros estudos de solidificação direcional sobre TCE com ligas multicomponentes à

base de alumínio da mesma série investigada no presente trabalho, isto é, Al-3%Cu-

(5,5, 7 e 9)%Si. Convém ressaltar que os estudos de Rocha et al (2015) foram para

solidificação direcional vertical ascendente e os resultados encontrados no que se

referem às características da TCE foram que as mesmas ocorreram, como esperado, de

forma abrupta, mas, ao contrário dos trabalhos de Costa et al (2012), Moutinho (2011)

Carvalho et al (2014) a TCE foi retardada com o aumento do teor de Si, isto é, a

extensão da zona colunar aumentou para maiores teores de silício.

92

Visando analisar o efeito do ligante Si adicionado à liga binária Al-3%Cu para

formação da liga Al-3%Cu-5,5%Si, bem como a influência da direção de crescimento

(vertical e horizontal) na formação da transição colunar/equiaxial, a Figura 4.11

apresenta macroestruturas de solidificação obtidas neste trabalho e aquelas resultantes

dos estudos de Barros et al [2015(B) ] e Rocha et al (2015) para as ligas Al-3%Cu e Al-

3%Cu-5,5%Si, solidificadas, respectivamente, nas direções horizontal e vertical. Nota-

se o efeito do elemento Si na antecipação da TCE da Al-3%Cu-5,5%Si comparada à

liga Al-3%Cu, solidificadas na mesma direção de crescimento (horizontal). Por outro

lado, verificam-se características diferentes na formação da TCE para diferentes

direções de crescimento, isto é, enquanto que na solidificação horizontal a TCE ocorre

em uma zona de transição, onde grãos colunares e equiaxiais coexistem, na direção

vertical ascendente a transição ocorre de forma abrupta, ou seja, em um único plano. A

Figura 4.12 permite observar a região de transição de grãos colunares para equiaxiais

bem como a coexistência nesta região de microestruturas dendríticas colunares e

equiaxiais.

Figura 4.11 – Macrografias apresentando macroestruturas resultantes deste trabalho comparadas

com as obtidas da literatura.

Fonte: Autoria Própria.

93

Figura 4.12 – Macroestrutura de solidificação da liga Al-3%Cu-5,5%Si estudada neste trabalho

para TV = 5%.

Fonte: Acervo do GPSol (UFPA) e GPMet (IFPA).

Convém ressaltar que durante a solidificação horizontal as mesmas variáveis

térmicas de solidificação não podem ser asseguradas ao longo de diferentes secções

horizontais e verticais da base refrigeradas a outra extremidade do lingote, uma vez que

instabilidades térmicas e diferenças de massa específica no líquido irão promover

correntes convectivas que serão diferentes ao longo dessas secções. Nesse sentido, sabe-

se que o perfil térmico da evolução da solidificação deve ser levantado em uma secção

horizontal o mais próximo possível da interface metal/molde, a partir da qual serão

retiradas as amostras para análise da estrutura. (Quaresma et al, 2000; Osório, 2003;

Goulart, 2006; Silva, 2007; Moutinho 2007). Costa et al (2015) elaboraram um recente

estudo para analisar os efeitos do ligante Si e da direção de crescimento nas estruturas

de solidificação das ligas Al-6%Cu e Al-6%Cu5.5%Si, solidificadas nas direções

vertical e horizontal. Esses autores têm encontrado as mesmas características da TCE

deste trabalho (veja Figura 2.20) e concluíram que durante a solidificação horizontal da

Al-6%Cu-4%Si, o líquido enriquecido em solutos (Si e Cu) localizado nas regiões

interdendríticas e à frente da ponta das dendritas colunares (frente da solidificação),

induzidos por convecções térmica e de movimentação de soluto, provocam um fluxo de

líquido mais denso que o volume global o qual decanta para o fundo da lingoteira. O

94

resultado de tal fenômeno refletiu no perfil da macroestrutura de solidificação. Ainda,

os referidos autores também observaram a antecipação da TCE para a liga Al-6%C-

4%Si solidificada horizontalmente, provocada pela segregação de Si à frente da

solidificação devido à convecção. A Figura 4.13 apresenta um esquema representativo

do efeito convectivo nas três direções crescimento, explicando desta maneira os

fenômenos observados neste trabalho e nos de Spinelli et al (2004) e Costa et al (2015)

no que se refere às instabilidades de acúmulo de soluto nas regiões interdendríticas e à

frente da solidificação, promovida pelo arraste do mesmo devido a convecção atuante

nas direções vertical ascendente e horizontal. Vale ressaltar que análises de

microssegregação foram realizadas no trabalho de Costa et al (2015) para a liga Al-

6%Cu-4%Si, solidificada nas direções vertical ascendente e horizontal, cujos perfis

resultantes de Si e Cu têm comprovado um perfil crescente de solutos (Si e Cu) das

regiões interdendríticas para a frente da interface da solidificação horizontal (veja

Figura 2.20).

Figura 4.13 – Esquema representativo das direções de crescimento e movimentação de soluto: (a)

solidificação vertical ascendente, (b) solidificação vertical descendente e (c) solidificação horizontal.

Fonte: Autoria Própria.

ascendente descendente

Horizontal

Gravidade Gravidade Gravidade

95

5. CONCLUSÕES

O estudo experimental desenvolvido neste trabalho, somado às comparações

realizadas tendo como referência outros trabalhos anteriormente realizados sobre o

assunto, permitem que sejam extraídas as seguintes conclusões:

(1) A cinética de solidificação P=C(t)n assim como os valores encontrados para os

parâmetros térmicos VL TR e GL podem ser representados por equações

experimentais expressas na forma de potência do tipo (VL, TR e GL ) = C(P)n,

cujos valores de C e n para a liga Al-3%Cu-5,5%Si para os valores de TV

assumidos, estão apresentados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Equações correspondentes aos parâmetros térmicos da ligas Al-Cu-Si investigada.

TV

Valores experimentais obtidos

P=f(t) VL = f(P) TR = f(P) GL=f(P)

5% C = 2,8 e n=0,56 C = 3,5 e n = -0,78 C = 263 e n = -1,74 C = 272 e n = -0,94

10% C = 1,1 e n=0,76 C = 0,9 e n = -0,32 C = 1639 e n = -

2,11

C = 1821 e n = -

1,79

15% C = 1,1 e n=0,76 C = 0,9 e n = -0,32 C = 1639 e n = -

2,11

C = 1821 e n = -

1,79

Fonte: Autoria Própria.

(2) As equações obtidas e apresentadas na Tabela 5.1 permitem concluir que os

parâmetros térmicos VL, TR e GL diminuem com o avanço da isoterma liquidus,

em razão do aumento da resistência térmica imposta pelo avanço da interface

sólido/líquido, contudo o uso do fluido de refrigeração impõe elevados valores

destes parâmetros no início da solidificação (próximo à base refrigerada).

(3) Leis experimentais iguais de P=f(T), VL=f(P), TR=f(P) e GL=f(P), foram

encontradas para os superaquecimentos de 10% e 15%, conforme valores das

constantes C e n mostrados na Tabela 5.1, entretanto, observou-se que a cinética

de deslocamento da isoterma liquidus (P) é mais rápida para o superaquecimento

de 5% quando comparada com a posição dos demais. Tal comportamento

96

refletiu-se nos resultados dos parâmetros térmicos, ou seja, notaram-se maiores

valores de VL e TR para TV = 5%. Por outro lado, observou-se que pouco ou

quase nada os valores de GL alteraram para os três superaquecimentos, exceto

nas posições iniciais (até 15 mm) que ocorreu um ligeiro aumento nos valores de

GL para o superaquecimento de 15%.

(4) A análise da comparação entre os resultados do presente trabalho e os de Barros

et al [2015(A); (B)], desenvolvido para liga Al-3%Cu, ambos considerando os

mesmos valores de TV, permitiu constatar que o efeito de maior fluidez

promovida pelo Si proporcionou maiores valores de TR durante a solidificação

da Al-Cu-Si estudada.

(5) Através das observações proferidas pelas macrografias da liga solidificada

horizontalmente, segundo as condições assumidas neste trabalho, permitiu

observar que a principal característica da TCE mostrada pelas macroestruturas é

que a mesma não ocorre essencialmente em um plano vertical paralelo à

interface metal/molde, isto é, verificou-se em todos os lingotes obtidos que a

TCE ocorre em zonas onde VL, TR e GL variam de um valor mínimo para outro

máximo, cujos valores se encontram consolidados na Tabela 4.2.

(6) Os efeitos combinados das convecções térmica e mecânica, provocadas,

respectivamente, pelo superaquecimento e movimentação de soluto, parecem ser

responsáveis pela diminuição da extensão da zona colunar com o aumento dos

valores de TV.

(7) Análises comparativas entre as macroestruturas de solidificação obtidas neste

trabalho e aquelas resultantes dos estudos de Barros et al [2015(B) ] e Rocha et

al (2015) para as ligas Al-3%Cu e Al-3%Cu-5,5%Si, solidificadas,

respectivamente, nas direções horizontal e vertical, permitiu evidenciar o efeito

do elemento Si na antecipação da TCE para a liga Al-3%Cu-5,5%Si comparada

à liga Al-3%Cu, solidificadas na mesma direção de crescimento (horizontal).

97

(8) No que se refere à influência da direção de crescimento da solidificação, as

análises comparativas efetuadas permitiram observar características diferentes

na formação da TCE para diferentes direções de crescimento, isto é, enquanto

que na solidificação horizontal a TCE ocorre em uma zona de transição, onde

grãos colunares e equiaxiais coexistem, na direção vertical ascendente a

transição ocorre de forma abrupta, ou seja, em um único plano.

(9) Convém ressaltar que os estudos da literatura elaborados para formular os

mecanismos que explicam o surgimento das zonas macroestruturais foram

analisados por observações teóricas e experimentais, exclusivamente para ligas

binárias. Nada se conhece sobre comprovações dessas teorias para ligas

multicomponentes.

(10) Finalmente, é importante salientar, neste momento, que é necessário o

desenvolvimento de estudos complementares relacionados à macro e

microssegregação em ligas multicomponentes a fim de que sejam melhores

compreendidos os eventos termofísicos que promovem tal comportamento à

TCE, tendo em vista que a solidificação horizontal por apresentar também um

gradiente de temperatura na mesma direção e sentido da gravidade, leva a um

estudo que deve ser aprofundado sob o ponto de vista físico e matemático como

bidimensional.

5.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Considerando os resultados obtidos, as discussões realizadas e as conclusões

apresentadas neste trabalho as principais linhas de pesquisa sugeridas, a partir do

mesmo, para a análise da TCE, são as seguintes:

1. Analisar a influência de correntes convectivas na macro e microssegregação das

ligas investigadas neste trabalho, objetivando o melhor entendimento dos

eventos termofísicos que promoveram o comportamento observado para as TCE

identificadas.

98

2. Investigar a influência da convecção termossolutal nas propriedades mecânicas

de diferentes sistemas de ligas solidificadas direcionalmente em sistemas de

configuração horizontal.

3. Aprofundar os estudos sobre TCE para outros sistemas de ligas

multicomponentes, visando observar as características ocorridas.

99

REFERÊNCIAS

ARES, A.E.; GASSA, L.M.; GUEIJMAN, S.F.; SCHVEZOV, C.E. Correlation

between thermal parameters, structures, dendritic spacing and corrosion behavior

of Zn–Al alloys with columnar to equiaxed transition. Journal of Crystal Growth, v.

310, p.1355-1361, 2007.

ARES, A.E.; GUEIJMAN, S.F.; SCHVEZOV, C.E. An experimental investigation of

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