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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E ESTUARINOS ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANUROS EM UMA ÁREA DOMINADA POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA BRASILEIRA ARTHUR LUIZ RAIOL DE BRITO Orientador: Prof. Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes Bragança 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ MESTRADO EM ... - ufpa.br · Maria Cristina dos Santos Costa (UFPA - ICB) ... além da preferência da dieta e dos nutrientes ... tanto em florestas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL

MESTRADO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E

ESTUARINOS

ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANUROS EM UMA

ÁREA DOMINADA POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA

BRASILEIRA

ARTHUR LUIZ RAIOL DE BRITO

Orientador: Prof. Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes

Bragança

2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL

MESTRADO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E

ESTUARINOS

ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANUROS EM UMA

ÁREA DOMINADA POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA

BRASILEIRA

ARTHUR LUIZ RAIOL DE BRITO

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Biologia

Ambiental, do Instituto de Estudos

Costeiros, da Universidade Federal do

Pará, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Grau de

Mestre em Biologia Ambiental.

Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes Orientador

Bragança

2012

ARTHUR LUIZ RAIOL DE BRITO

ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANUROS EM UMA

ÁREA DOMINADA POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA

BRASILEIRA

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Biologia

Ambiental, do Instituto de Estudos

Costeiros, da Universidade Federal do

Pará, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Grau de

Mestre em Biologia Ambiental.

Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes

Orientador:

BANCA EXAMINADORA

---------------------------------------------------

Prof. Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes (Orientador)

UFPA - Campus de Bragança

______________________________________________

Profa. Dra. Maria Cristina dos Santos Costa (UFPA - ICB) (Titular)

_______________________________________

Prof. Dr Gleomar Fabiano Maschio (UFPA - ICB) (Titular)

_______________________________________

Profa. Dra. Rita de Cássia Oliveira Santos (Titular)

__________________________________________________

Prof. Dr. José Antonio Renan Bernardi (Instituto Federal do Pará – IFPA) (Suplente)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a FAPESPA pela bolsa fornecida durante o curso.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental, IECOS, Campus de Bragança.

Ao Laboratório de Ecologia de Manguezal.

Ao Dr. Marcus Fernandes, que se dispôs a me orientar e acreditar na viabilidade do

trabalho, bem como por estar aberto a trabalhar com um grupo diferenciado de sua linha

de pesquisa.

A minha família, Ruth Helena, Luiz Alberto e Aimée que sempre esteve perto pra me

apoiar a ajudar de todas as formas possíveis e impossíveis.

A Tayana Maria pelo seu companheirismo durante quase 7 anos me aturando e me

dando forças, em cada uma das batalhas, que juntos tivemos que superar.

A Dra. Ilmarina por fazer parte da minha vida, me dando e recebendo muito amor e

carinho.

Aos amigos Rosivan, Kelle, Folha, André Palmeira, Dani, Cinthya, Adriano, Dante,

Denis, Kelli, Nara, Cristovam e Célio agradeço pela ajuda durante esta jornada, tendo

enfrentado juntos as adversidades e alegrias. Certamente não conseguirei me lembrar de

todos. Para aqueles aqui não citados, minhas sinceras desculpas.

Agradeço também ao João e o Eliphas, que me ajudaram muito nos trabalhos de

laboratório, se tornando grandes amigos.

Enfim, a todos que ajudaram nessa jornada.

i

Sumário

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................ 1

INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................................. 1

ESTUDOS DE ECOLOGIA ALIMENTAR ............................................................................. 2

FATORES QUE INFLUENCIAM AS RELAÇÕES TRÓFICAS ........................................... 2

A DIETA DOS ANUROS......................................................................................................... 3

ESTRATÉGIAS DE FORRAGEIO DOS ANUROS ............................................................... 4

OS ANUROS ANALISADOS .................................................................................................. 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 7

CAPÍTULO 2 .............................................................................................................................. 11

ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANURAS EM UMA ÁREA DOMINADA

POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA BRASILEIRA ....................................... 11

ABSTRAT ................................................................................................................................. 12

RESUMO ................................................................................................................................... 13

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 14

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 15

Área de Estudo .................................................................................................................... 15

Espécies de Anuros.............................................................................................................. 16

Composição da Dieta .......................................................................................................... 16

Análise Estatística ............................................................................................................... 18

RESULTADO ............................................................................................................................. 19

Composição da Dieta .......................................................................................................... 19

Sobreposição e Índices de Diversidade............................................................................... 23

Morfologia e Dieta .............................................................................................................. 25

DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 26

Partição de Recursos .......................................................................................................... 26

Dieta e Forrageio ................................................................................................................ 28

LITERATURA CITADA ............................................................................................................... 31

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO GERAL

Capitulo escrito segundo as normas da ABNT (autor-data).

2

ESTUDOS DE ECOLOGIA ALIMENTAR

Em geral, um dos principais objetivos em estudos de ecologia animal é avaliar os tipos de

alimento e a variedade de hábitat que os animais utilizam (Johnson, 1980), sendo a ideia de teia

alimentar central nesses estudos. Tais relações tróficas atuam na história de vida, fisiologia,

comportamento e regulação populacional em resposta às adaptações a competidores intra e

interespecíficos, à defesa de suas presas e aos próprios inimigos naturais (Wilbur, 1997).

Deste modo, as relações tróficas atuam como um importante componente que possibilita um

melhor entendimento da estrutura de comunidade animais, desempenhando grande papel na

dinâmica de suas populações. Seu estudo ainda possibilita a identificação de possíveis

competidores, a definição do período em que estão ativos e as interações predatórias em que

estão envolvidos (Caldwell, 1996; Peltzer e Lajmanovich, 1999).

Na ecologia trófica de uma dada assembleia, a amplitude (diversidade das presas consumidas)

e a sobreposição (similaridade da dieta) do nicho trófico são medidas importantes para o

entendimento da dinâmica das populações estudadas (Pianka, 1974). Estes índices têm sido

amplamente utilizados em estudos da dieta de anfíbios que vivem em simpatria (Lima e

Magnusson, 1998; Santos, Almeida e Vasconcelos, 2004; Menin, Rossa-Feres e Giaretta, 2005;

Piatti e Souza, 2011).

FATORES QUE INFLUENCIAM AS RELAÇÕES TRÓFICAS

Os ecólogos também têm apontado para o fato de que a dieta dos anuros é fortemente

influenciada por interações interespecíficas, relacionados a predação e a competição (Gordon,

2000). Nesse sentido varios estudos tem correlacionado a dieta dos anfíbios com fatores, como:

tamanho da presa e do predador, número e volume das presas consumidas e mudanças

ontogenéticas (Lima e Moreira, 1993; Lima e Magnusson, 1998; Menin, Rossa-Feres e Giaretta,

3

2005; Batista et al., 2011; Piatti e Souza, 2011). Deste modo, a dieta pode afetar a organização de

uma dada comunidade, podendo determinar assim, a existência ou co-existência de uma

determinada espécie, onde a utilização de vários itens alimentares é de extrema importância

nessas relações, diminuindo a competição entre as espécies (Caldwell, 1996). Além do mais,

estudos recentes sugerem ainda que a mirmecofagia e a toxicidade são traços coevolutivos em

algumas famílias de anuros (Caldwell, 1996; Darst et al., 2005).

Tais mecanismo que permite que as diferentes espécies utilizem os recursos (ex. espaço,

alimento e tempo) disponíveis de forma diferenciada, foi o que Schoener (1989) chamou de

partição de recursos. Essa partição é resultado de dois ou mais fatores e ocorre independente de

cada espécie, sendo essencial para as interações de uma comunidade, determinando a diversidade,

distribuição e abundância dessas espécies (Pianka, 1974; Toft, 1985). De maneira geral, os

estudos realizados sobre a partição de recursos assumem que a similaridade morfológica entre as

espécies conduz ao uso de alguns recursos de modo similar (MacArthur e Levins, 1967) e que

para acessar a dieta de diferentes espécies dentro de uma determinada assembleia é importante o

melhor entendimento das relações entre essas espécies (Duré, Kehr e Schaefer, 2009).

A DIETA DOS ANUROS

Os anfíbios são, excepcionalmente, carnívoros quando adultos, alimentando-se principalmente

de invertebrados, tais como: insetos, crustáceos e moluscos (Beebee, 1996). Alguns espécies de

maior porte podem chegar a consumir uma diversidade de vertebrados, como doninhas (Beringer

e Johnson, 1995), aves (Wu et al., 2005), roedores (Quiroga, Sanabria e Acosta, 2009) e,

eventualmente, morcegos (Silva, Santos e Amorim, 2010). Outras podem consumir anuros, como

por exemplo, as rãs neotropicais do gênero Leptodactylus (Teixeira e Vrcibradic, 2003; Brito,

4

2011; Heitor et al., 2012). Como exceção ao grupo dos anuros carnívoros podemos mencionar a

espécie Rana hexadactyla, cujos indivíduos podem consumir insetos na fase de girino e

macrófitas aquáticas na fase adulta (Das, 1996), além de Xenohyla truncata, cujos espécimes

incluem frutas em sua dieta (Da Silva e De Britto-Pereira, 2006).

Apesar do grande número de estudos que trata sobre a dieta de anfíbios, ainda são poucos

aqueles que enfocam a partição de recursos em nível interespecífico (Toft, 1980; 1981; Rosa et

al., 2002; Santos, Almeida e Vasconcelos, 2004; Vignoli e Luiselli, 2012). A maioria investiga a

dieta de uma espécie ou grupos taxonômicos (Hirai e Matsui, 2002; Duré, Kehr e Schaefer, 2009;

Quiroga, Sanabria e Acosta, 2009; Solé et al., 2009; Valderrama-Vernaza, Ramírez-Pinilla e

Serrano-Cardozo, 2009; Paula-Lima, Roedder e Solé, 2010).

ESTRATÉGIAS DE FORRAGEIO DOS ANUROS

Muitos herpetólogos consideram os anuros como sendo consumidores generalistas, entretanto

diversos estudos têm revelado a existência de várias guildas alimentares (Parmelee, 1999).

Existem duas estratégias de forrageio relacionadas aos anfíbios anuros: i) o forrageio senta-e-

espera e ii) o forrageio por busca ativa. Na primeira estratégia o predador espera imóvel a presa

passar. Suas presas são relativamente grandes, de alta mobilidade, o número de captura por dia é

baixo, gasta-se pouca energia para a captura, utilizando-se principalmente a visão. As espécies de

sapos são geralmente robustas, de coloração críptica, apresentam baixas taxas metabólicas e boca

larga. Esse é um tipo de forrageamento utilizado por diversas espécies de leptodactilídeos e

hilídeos (Toft, 1981; Perry e Pianka, 1997). Na segunda estratégia, o predador procura ativamente

suas presas, as quais são geralmente menores, de baixa mobilidade e maior abundância,

utilizando o olfato, além da visão, para efeito de captura. São animais geralmente menores

5

quando comparados àqueles que usam a técnica senta-e-espera. Muitas espécies possuem toxinas

na pele, como os dendrobatídeos e bufonídeos, além de apresentarem altas taxas metabólicas,

bem como altas taxas de capturas de presas por dia (Toft, 1981; Perry e Pianka, 1997).

Ambas as estratégias alimentares podem estar relacionadas a fatores externos (ex.

disponibilidade de presas, presença ou ausência de competidores e risco de predação) e fatores

intrínsecos (ex. idade, sexo e estado reprodutivo), além da preferência da dieta e dos nutrientes

que cada espécie necessita (Perry e Pianka, 1997). Por último, fatores como as limitações

sensoriais, características morfológicas e parâmetros fisiológicos (Perry e Pianka, 1997).

OS ANUROS ANALISADOS

O presente trabalho analisou a dieta de seis espécies de anuros pertencentes a três famílias:

Hylidae, Leptodactylidae e Leiuperidae, ocorrentes na península de Ajuruteua, em Bragança,

Pará. Das espécies estudadas, quatro pertencem à família Hylidae:

Hypsiboas raniceps Cope, 1862 – um hilídeo, amplamente distribuídos na

Amazônia brasileira, sendo registrado em vários tipos de hábitats. Em áreas de floresta essa

espécie pode ser encontrada em lagos ou na vegetação de entorno, podendo ser encontrada

também nas savanas amazônicas, áreas urbanas e hábitats degradados (La Marca, 2004; Zina, De

Sá e Prado, 2010).

Phyllomedusa hypochondrialis (Daudin, 1800) - uma espécie noturna que pode ser

encontrada em grande parte da bacia amazônica brasileira. É facilmente encontrada em arbustos e

herbáceas de savanas inundadas e de hábitats florestais, bem como em hábitats degradados e

áreas urbanas (Azevedo-Ramos et al., 2010).

6

Scinax x-signatus (Spix, 1824) - espécie facilmente adaptável à perturbação

humana, ocorrendo em savanas tropicais e bordas de floresta da Venezuela até o Suriname e em

boa parte do Brasil (Miquel, Ulisses e Abraham, 2010). Este hilídeo é muito comum próximo às

habitações humanas, apresentando hábitos noturnos e arborícolas (Galatti et al., 2007).

Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) – Espécie de hilídeo que ocorre em

quase todo o território brasileiro, em vegetações herbáceas na beira da água parada, podendo ser

encontrada em florestas e savanas, além de áreas abertas e perturbadas (Reichle et al., 2004).

A família Leptodactylidae está representada, no presente trabalho, por apenas uma espécie:

Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926 - uma rã que pode ser

encontrada em uma grande variedade de hábitats, tanto em florestas tropicais úmidas quanto em

áreas abertas, como os ambientes savânicos, campos e áreas secas (Heyer et al., 2008). A espécie

L. macrosternum é amplamente distribuída na América do Sul, a leste dos Andes.

A família Leiuperidae também está representada por apenas uma espécie:

Pseudopaludicola cf. canga (Giaretta & Kokubum, 2003) - uma rã classificada

como endêmica da região de Carajás (Giaretta e Kokubum, 2003), porém estudos recentes têm

demonstrado que a distribuição geográfica dessa espécie pode ser maior do que o conhecido

(Duarte et al., 2010; Pansonato, Morais e Ávila, 2012).

O manguezal é um ecossistema que apresenta condições ambientais (ex. solo lamoso, inundação

diária e salinidade da água) que pode limitar a ocorrência e o estabelecimento de muitas espécies de

anuros. Considerando que as diferenças na ecologia alimentar são decorrentes do mecanismo de

partição dos recursos disponíveis entre espécies que vivem em simpátria, espera-se que o grau de

sobreposição dessas espécies seja maior entre aquelas taxonomicamente semelhantes. Assim, o

7

presente estudo tem como objetivo maior descrever as relações tróficas de espécies de anuros

presentes em áreas de manguezal.

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11

CAPÍTULO 2

ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANURAS EM UMA ÁREA

DOMINADA POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA

BRASILEIRA

Artigo a ser submetido à revista Herpetologica

12

ABSTRAT.- Most anurans are regarded as generalist predator because of its diet reflect the availability

of prey. However, the feeding of the animals may also be influenced by environmental and

morphological factors. We evaluate trophic relationships in order to describe the dietary composition of

six sympatric species of frogs and verify the effect of breadth and niche overlap on this resource

partitioning in areas dominated by mangrove forests. We observed that the highest values of overlap

were recorded between taxonomically similar species, however this trend was not true for all species.

Our results showed that among the six species studied three are ant specialists (H. Raniceps, L.

macrosternum, and P. cf. canga) two are not ant specialists (P. hypocondrialis and D nanus) and one is

generalist (S. x-signatus). However, other tests involving the collection of more detailed information

about prey electivity can improve the understanding of how frogs use the available resources in their

environment, besides better determine trends that nocturnal anurans present about their foraging way.

Keywords: diet, mangrove, anurans assemblage, Pará, Brazil

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RESUMO.- A maioria dos anuros é considerada como predador generalista, devido a sua dieta refletir a

disponibilidade das presas. Entretanto, sua alimentação pode ser influenciada também por fatores

ecológicos e morfológicos. Aqui nós avaliamos as relações tróficas no intuito de descrever a

composição da dieta de seis espécies de anuros que vivem em simpatria e verificar o efeito da

amplitude e sobreposição de nicho sobre a partição desse recurso em áreas dominadas por florestas de

mangue. Observamos que os maiores valores de sobreposição foram entre espécies taxonomicamente

semelhantes, entretanto essa tendência não foi verdadeira para todas as espécies. Nossos resultados

mostraram que entre as seis espécies estudadas, três são especialistas em formiga (H. raniceps, L.

macrosternum e P. cf. canga) duas são não especialistas em formiga (P. hipocondrialis e D. nanus) e

uma generalista (S. x-signatus). Entretanto, outros testes que envolvem a coleta de informações mais

detalhadas sobre a eletividade da dieta podem melhorar o entendimento de como os anuros usam os

recursos disponíveis em seu ambiente, além de melhor determinar as tendências que os anuros noturnos

apresentam quanto ao modo de forrageio.

Palavras-chave: dieta, manguezal, assembleia de anuros, Pará, Brasil

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INTRODUÇÃO

Estudos têm demonstrado que os animais partilham os recursos disponíveis no ambiente de três

formas básicas: eles diferem quanto ao tempo de atividade, quanto ao espaço que exploram e quanto

aos alimentos que ingerem (Pianka, 1973; Schoener, 1974). Além desses tipos de partilha de recursos,

tradicionalmente os anuros também diferem quanto suas estratégias de forrageio. Eles podem ser do

tipo de predador que procura ativamente suas presas (forrageador ativo), ou podem ser predadores por

emboscada, que esperam suas presas (forrageador senta-e-espera) (Perry e Pianka, 1997). Tais

diferenças tanto no uso dos recursos como nas estratégias de forrageio reduzem a competição, pois lhes

permitem capturar uma gama variada de presas, além de permitir uma coexistência de uma variedade

de espécies (Duré e Kehr, 2004).

A maioria dos anuros tem uma alimentação considerada oportunista, já que sua dieta é altamente

influenciada pela disponibilidade de alimentos (Parmelee, 1999). Entretanto, trabalhos em laboratório

têm revelado que algumas espécies são seletivas em sua alimentação, principalmente das famílias

Bufonidae e Dendrobatidae (Drewes e Roth, 1981; Simon e Toft, 1991). Outros estudos ainda apontam

para uma especialização a nível individual (Bolnick et al., 2003; Araújo et al., 2009), onde cada

indivíduo utiliza apenas um pequeno subconjunto do seu nicho populacional.

Fatores como a plasticidade da dieta e a habilidade de explorar vários tipos de presas são essenciais

para o sucesso das espécies de anuros em ambientes inóspitos, como o manguezal. Globalmente, pouco

se sabe sobre a fauna de anuros no ecossistema de manguezal (Kathiresan e Bingham, 2001).

Adicionalmente, a maioria dos trabalhos se limita apenas a reportar a ocorrência de certas espécies

nesse ambiente (Kathiresan e Rajendran, 2004; Rao, 2004; Satheeshkumar, 2011; Dev Roy e

Sivaperuman, 2012; Jena et. al., 2013), sendo escassos os trabalhos que tratam de ecologia trófica

(Glorioso, et al., 2012).

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De fato, as relações tróficas apresentam-se como uma ferramenta importante que melhora o

entendimento da história de vida dos anuros (Vignoli e Luiselli, 2012). Tais relações ajudam a

compreender o modo de forrageio, a forma de utilização do habitat, além do comportamento de

regulação populacional, em resposta às adaptações a competidores e à defesa de suas presas (Wilbur,

1997; Parmelee, 1999). Partindo desse pressuposto, nós avaliamos as relações tróficas no intuito de

descrever a composição da dieta de seis espécies de anuros que vivem em simpatria e verificar o efeito

tanto da amplitude quanto da sobreposição de nicho sobre a partição de recursos em áreas dominadas

por florestas de mangue.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

A área de estudo está localizada na península de Ajuruteua (46º50’– 46º38’W e 00º05’–01º00’S),

nos limites da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçú, município de Bragança, nordeste do

Estado do Pará. Essa região é entrecortada por canais-de-maré que ligam as florestas de mangue ao

estuário (Fernandes, 2003) possuindo um regime de macromarés semidiurnas (DHN, 2011). Para o

ano amostrado, os níveis de umidade relativa do ar ultrapassam 90%, com taxa de precipitação

pluviométrica anual de 3.613 mm e temperatura do ar média anual de 26°C. Duas estações foram

definidas de acordo com a pluviosidade mensal: uma estação seca, que abrangeu o período de agosto

a dezembro/2008 (precipitação <100 mm), e uma estação chuvosa, compreendendo o período

representado pelos meses de julho/2008 e de janeiro a junho/2009 (precipitação >100 mm). Dados

foram obtidos da Estação meteorológica automática (A226), localizada no município de Bragança-

PA.

A vegetação de mangue ocupa a maior parte da Planície Costeira Bragantina, distribuindo-se ao

longo dos canais-de-maré em direção ao continente (Souza-Filho e El-Robrini, 2000). Ao longo da

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península também ocorrem manchas de vegetação de campo natural, as quais são alagadas

periodicamente, sob influência de águas pluviais e estuarinas (Souza-Filho e El-Robrini, 2000).

O local onde os anuros foram coletados é uma área dominada por florestas de mangue, contígua às

zonas de marismas de água doce (freshwater marshes), e é conhecida localmente como “Furo do

Taici”. Os manguezais são dominados por Avicennia germinans (L.) Stearn, com ocorrência de

Rhizophora mangle L. e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn f., sendo esta última encontrada

principalmente nas bordas da floresta. Apenas as marés equinociais inundam essa área de manguezal, e

por esse motivo o chão da floresta permanece a maior parte do tempo consolidado, facilitando a entrada

e o forrageio de espécies de anuros terrícolas nesse ambiente. As áreas de marisma contíguas ao

manguezal acumulam água doce no período chuvoso, secando totalmente no período seco. Espécies

herbáceas como Heliconia sp. e Eleucharias sp. são abundantes nesse ambiente .

Espécies de Anuros

Todos os espécimes analisados pertencem à Coleção de Zoologia de Bragança (CZB), da

Universidade Federal do Pará (UFPA), e foram cedidos para a produção deste trabalho. Seis espécies

de anuros foram selecionadas, por serem as espécies mais representativas na área do Taici. As espécies

analisadas pertencem a três famílias, sendo a família Hylidae composta por anuros arborícolas

[Hypsiboas raniceps Cope, 1862; Phyllomedusa hypochondrialis (Daudin, 1800); Scinax x-signatus

(Spix, 1824) e Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889)], enquanto Leptodactylidae (Leptodactylus

macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926) e Leiuperidae (Pseudopaludicola cf. canga Giaretta &

Kokubum, 2003) são famílias representadas por anuros terrestres.

Composição da Dieta

Medimos o comprimento rostro-cloacal (CRC) e a largura da boca (LB) de cada espécime com

ajuda de um paquímetro digital (precisão 0,01mm). O sexo de cada indivíduo foi determinado através

da presença do saco vocal, ou pela observação direta das gônadas. Indivíduos nos quais as gônadas

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observadas não foram diferenciadas, tais como testículos ou ovários, foram classificados como

imaturos. Investigamos o conteúdo gastrointestinal, haja vista que presas pequenas passariam mais

rapidamente para a porção intestinal do tubo digestivo, não sendo contabilizadas no cômputo total dos

itens alimentares (Schoener, 1989).

Considerando apenas as presas inteiras, ou completas, e não levando em conta antenas e apêndices

locomotores, medimos o maior comprimento e largura, para calcularmos o volume (mm³) usando a

fórmula do ovóide-esferóide:

𝑉 = 43𝜋⁄ . 𝐶

2⁄ . (𝐿2⁄ )² (1)

onde V é o volume, C é o comprimento e L a largura da presa (Magnusson et al., 2003). Acessamos o

Índice de Importância Relativa (IR) de cada categoria de presa usando a fórmula:

IR = (N% + F% + V%) 3⁄ (2)

onde N% é o percentual numérico, F% é o percentual da frequência e V% é o percentual volumétrico

(Biavati et al., 2004).

Para investigar a diversidade de itens alimentares, nós usamos o índice de Shannon (H’):

(3)

onde pi é a proporção dos recursos, ln é p logaritmo natural e s o número de presas (Shannon e Weaver,

1949). A fim de fazer uma comparação mais precisa usamos o índice de Shannon padronizado proposto

por (Krebs, 1999):

Hstd = H’/ln(s) (4)

onde H’ é o índice de Shannon. Para estima a amplitude do nicho trófico de cada espécie nós usamos o

Índice de Levins (1968):

(5)

18

onde j é a categoria do recurso utilizado e p é a proporção da categoria j utilizada por cada espécie.

O índice de Levins foi padronizado em uma escala que varia de 0 a 1 seguindo Hulbert (1978):

(6)

onde B é o índice de Levins e N o número de possíveis presas. Para esse cálculo usamos tanto dados

numéricos como volumétricos.

Análise Estatística

Nós estimamos o valor de similaridade entre as dietas das espécies de anuros, com o auxílio da

rotina SIMPER (Similarity Percentage). Desta forma, identificamos as diferentes presas que

apresentavam maior contribuição na dieta. Realizamos análises comparativas (ANOSIM-um fator) da

dieta entre as espécies e entre os grupos de anuros terrestre e arborícola, utilizando os dados de

composição numérica da dieta, a partir de uma matriz de similaridade utilizando-se o software

PRIMER v6, PML (Clarke e Gorley, 2006). Adicionalmente, verificamos possíveis diferenças na dieta

entre os sexos, para cada espécie, através do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (U), com o

auxílio do pacote estatístico Bioestat 5.0, IDSM (Ayres et al., 2007).

A fim de avaliar a sobreposição da dieta entre as espécies, usamos o índice de sobreposição de

Pianka (Ojk) (Pianka, 1974), com a ajuda do software EcoSim v7, Intelligence Inc. (Gotelli e

Entsminger, 2001). Este programa realiza permutações para criar “pseudo-comunidades” (Pianka

1974), e compara estatisticamente os padrões dessas “pseudo-comunidades” com a matriz original.

Para essas análises foram feitas 1.000 permutações com base na matriz de dados, usando a opção do

algoritmo RA3 do EcoSim (Gotelli e Entsminger, 2001).

Conduzimos uma Análise de Correspondência (AC), no intuito de avaliar as associações entre as

espécies de predadores e os itens de presas, utilizando o software Statistica v6.0, StatSoft (StatSoft,

2001).

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Após a transformação normalizando os dados originais, as diferenças no CRC entre as espécies de

anuros foram testadas através da análise de variância (ANOVA-um fator). Da mesma forma, os dados

transformados foram utilizados para a análise de regressão linear entre as variáveis morfométricas CRC

e LB, para cada espécie. Para verificar possíveis relações entre essas duas variáveis com os volumes

médios e máximos das presas ingeridas, nós usamos a correlação de Pearson. Todos os testes acima

foram rodados com o auxílio do pacote estatístico Bioestat 5.0 (Ayres et al., 2007).

RESULTADO

Composição da Dieta

Analisamos um total de 246 indivíduos (Tabela 1), onde 12% desses indivíduos não apresentavam

nenhuma presa no seu trato digestório. A mesma tabela mostra que L. macrosternum foi a espécie que

apresentou o maior número de presas (19,4 ± 36,7) e volume (67,3 ± 121,1) por indivíduo. Scinax x-

signatus foi a espécie que apresentou o menor valor de presas por indivíduo (2,4 ± 2,1), enquanto P. cf.

canga apresentou os menores volumes (0,4 ± 0,6).

TABELA 1.—Valores (Média ± Desvio Padrão) dos dados biométricos e tróficos das seis espécies de anuros em áreas

dominadas por manguezais da costa amazônica brasileira. CRC= Comprimento Rostro-Cloacal, LB= Largura da Boca

Hypsiboas

raniceps

Phyllomedusa

hypochondrialis

Scinax

x-signatus

Dendropsophus

nanus

Leptodactylus

macrosternum

Pseudopaludicola

cf. canga

Número de

indivíduos (n=246) 46 45 50 32 23 50

CRC (mm) 47,0 ± 12,7 34,9 ± 4,0 33,4 ± 26,3 16,1 ± 1,1 47,8 ± 9,8 14,1 ± 1,2

LB (mm) 15,0 ± 3,9 11,3 ± 1,1 10,1 ± 1,7 5,6 ± 0,3 15,8 ± 2,8 4,7 ± 0,4

Número de presas por

indivíduo 12,0 ± 60,9 5,3 ± 6,1 2,4 ± 2,1 3,4 ± 5,0 19,4 ± 36,7 12,3 ± 13,2

Volume das presas por

indivíduo (mm²) 21,3 ± 76,5 4,9 ± 12,8 32,3 ± 59,5 2,2 ± 3,2 67,3 ± 121,1 0,4 ± 0,6

Número de táxon por

indivíduo 1,8 ± 1,2 2,5 ± 1,4 1,4 ± 1,1 1,5 ± 1,5 2,5 ± 2,0 3,8 ± 2,0

Hábito/Hábitat Noturno/Arbóreo Noturno/Arbóreo Noturno/Arbóreo Noturno/Arbóreo Noturno/Terrestre Noturno/Terrestre

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Os conteúdos gastrointestinais dos espécimes analisados revelaram um total de 2097 presas,

incluindo invertebrados e vertebrados (Tabela 2). Phyllomedusa hypochondrialis foi a espécie que

exibiu a dieta mais diversa, consumindo 15 diferentes grupos de presas, ao passo que P. cf. canga

consumiu o maior número de presas (N = 612). Leptodactylus macrosternum e H. raniceps foram as

espécies que consumiram os maiores volumes totais de presas (> 1000 mm³ cada). A espécie L.

macrosternum também foi a única que consumiu um vertebrado (anuro).

TABELA 2.—Valores numéricos (fora do parêntesis) e valores volumétricos (dentro do parêntese) de cada

categoria de presas identificada na dieta das seis espécies de anuros em áreas dominadas por manguezais da

costa amazônica brasileira.

Tipos de presas H. raniceps P. hypochondrialis S. x-signatus D. nanus L. macrosternum P. cf. canga Total

Acari 478 (72,5) 76 (6,2) 16 (1,5) 7 (0,3) 12 (0,5) 66 (1,0) 655 (82)

Anura -- -- -- -- 1 (--) -- 1 (--)

Araneae 4 (6,8) 12 (15,9) 12 (66,7) 6 (13,3) 3 (35,6) 31 (29,8) 68 (168,1)

Blattodea -- 2 (9,9) 1 (17,1) -- -- -- 3 (27)

Coleoptera 14 (430,2) 21 (73,6) 22 (243,6) 5 (9,5) 54 (426,1) 28 (17,0) 144 (1200)

Collembola -- -- -- 18 (1,2) -- 321 (11,5) 339 (12,7)

Decapoda -- -- -- -- 3 (344,3) -- 3 (344,3)

Dermaptera -- -- -- 1 (0,1) -- -- 1 (0,1)

Diptera 10 (2,2) 7 (3,1) 7 (18,1) 30 (2,7) 6 (5,3) 66 (28,4) 126 (59,8)

Formicidae 16 (181,1) 10 (1,0) 8 (0,2) 18 (7,8) 184 (495,4) 24 (18,0) 260 (703,5)

Gastropoda -- -- -- -- 1 (20,6) -- 1 (20,6)

Hemiptera 26 (64,9) 77 (160,4) 3 (106,4) 4 (13,6) 21 (420,9) 33 (22,3) 164 (788,5)

Hymenoptera -- 4 (1,2) 2 (0,0) 2 (0,1) 7 (1,0) 11 (2,9) 26 (5,2)

Isoptera -- 1 (0,0) 6 (0,0) 12 (37,2) 129 (1464,2) -- 148 (1501,4)

Isopoda -- 2 (4,4) 2 (35,8) -- -- -- 4 (40,2)

Larva 16 (241,1) 7 (50,0) 15 (96,0) -- 24 (103,3) 26 (3,3) 88 (493,7)

Lepidoptera 2 (14) 7 (2,0) 8 (9,9) 1 (2,1) -- -- 18 (28)

Myriapoda -- -- -- 1 (11,7) 2 (344,0) -- 3 (355,7)

Odonata 1 (310,6) 1 (75,5) -- -- -- -- 2 (386.1)

Orthoptera 2 (611,1) 4 (0,0) 9 (280,2) -- -- 5 (3,8) 20 (895,1)

Psocoptera 1 (0,9) -- 12 (2,6) 1 (0,0) -- 1 (0,0) 15 (3,5)

Zoraptera -- 8 (3,4) -- -- -- -- 8 (3,4)

Total 570 (1935,4) 239 (406,6) 123 (878) 106 (99,7) 447 (3661,4) 612 (137,9) 2097 (7118,9)

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Os maiores valores do Índice de Importância Relativa (IR) das presas consumidas diferem entre

todas as espécies de anuros estudadas (Tabela 3). A mesma tabela mostra que a ordem Acari

apresentou o maior valor de IR dentre todas as presas, na dieta de H. raniceps (IR=37,4), enquanto que

as ordens Acari, Coleoptera, Hemiptera e a família Formicidae foram os tipos de presa que

apresentaram as maiores médias desse índice (IR=13,5; 12,6; 12,5 e 10,4, respectivamente).

TABELA 3.—Valores do Índice de Importância Relativa (IR) de cada presa consumida pelas seis espécies

de anuros em áreas dominadas por manguezais da costa amazônica brasileira.

Tipos de

presa H. raniceps P. hypochondrialis S. x-gnatus D. nanus L. macrosternum P. cf. canga Média (%)

Acari 37,4 16,6 8,4 5,2 3,8 9,3 13,5

Anuro - - - - 0,7 - 0,1

Araneae 2,1 6,1 9,4 10,0 2,3 11,0 6,8

Blattodea - 1,7 1,4 - - - 0,5

Coleoptera 13,4 12,4 19,7 6,2 15,5 8,6 12,6

Collembola - - - 8,3 - 25,5 5,6

Decapoda - - - - 4,5 - 0,8

Dermaptera - - - 1,1 - - 0,2

Diptera 4,1 2,7 4,4 21,2 1,7 16,2 8,4

Formicidae 7,5 4,4 4,9 11,2 27,0 7,6 10,4

Gastropoda - - - - 0,8 - 0,1

Hemiptera 8,3 32,2 6,2 8,7 8,9 10,5 12,5

Hymenoptera - 1,9 1,4 1,4 1,1 2,9 1,5

Isoptera - 0,4 3,0 19,1 24,1 - 7,8

Isopoda - 1,2 2,8 - - - 0,7

Larva 8,1 6,8 11,3 - 5,1 6,1 6,2

Lepidoptera 1,2 2,9 4,8 1,7 - - 1,8

Myriapoda - - - - 4,5 - 0,8

Odonata 5,8 6,6 - - - - 2,1

Orthoptera 11,5 1,4 16,7 5,0 - 2,1 6,1

Psocoptera 0,5 - 5,6 1,0 - 0,2 1,2

Zoraptera - 3,1 - - - - 0,5

Total (%) 100 100 100 100 100 100 -

22

Os valores de contribuição percentual estimados pela rotina SIMPER corroboraram os índices de IR,

destacando as mesmas categorias de presas como principais na dieta das seis espécies de anuros

estudadas: [H. raniceps = Acari (44,65%); P. hypocondrialis = Hemiptera (55,72%); S. x-signatus =

Coleoptera (19,47%); D. nanus = Diptera (78,55%); L. macrosternum = Formicidae (50,84%); P.cf.

canga = Collembola (27,78%)], evidenciando o uso diferenciado dos recursos alimentares entre essas

espécies (Tabela 4)’.

Segundo a rotina SIMPER, dentre as espécies estudadas, S. x-signatus apresentou a menor média de

similaridade na composição da dieta (7,28), enquanto P. cf. canga apresentou a maior média (32,69)

(Tabela 4). A análise de similaridade mostrou diferença significativa tanto entre a dieta das espécies (R

= 0,236; p < 0,01) quanto entre os grupos de anuros terrestre e arborícola (R = 0,245; p < 0,01).

Entretanto, em relação ao sexo, apenas a espécie D. nanus apresentou diferenças significativas na dieta

(U = 46,5; p < 0,05).

TABELA 4.—Valores de abundância e percentual de contribuição dos itens na dieta das seis espécies de

anuros, segundo a rotina SIMPER (PRIMER v6.), em áreas dominadas por manguezais da costa amazônica

brasileira. Média Abund.=Média da Abundância, Contrib%=Contribuição

H. raniceps P. hypochondrialis S. x-signatus D. nanus L. macrosternum P. cf canga

Tipos de

Presas

Média

Abund. Contrib.%

Média

Abund. Contrib.%

Média

Abund. Contrib.%

Média

Abund. Contrib.%

Média

Abund. Contrib.%

Média

Abund. Contrib.%

Acari 0,60 44,65 0,52 20,49 0,17 13,72 0,12 3,57 -- -- 0,66 20,87

Araneae -- -- 0,18 6,30 0,14 15,53 0,12 6.34 -- -- -- --

Coleoptera 0,20 13,60 0,26 6,58 0,21 19,47 -- -- 0,78 34,09 0,32 6,38

Collembola -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- 1,17 27,78

Diptera 0,14 7,66 -- -- -- -- 0,47 78,55 -- -- 0,68 25,76

Formicidae 0,18 7,87 0,15 4,80 0,10 6,93 -- -- 1,11 50,84 -- --

Hemiptera 0,27 18,65 0,75 55,72 -- -- -- -- 0,29 6,76 0,36 6,10

Isoptera -- -- -- -- -- -- 0,15 4,75 -- -- -- --

Larva -- -- -- -- 0,14 14,88 -- -- --- -- 0,34 7,57

Lepidoptera -- -- -- -- 0.09 6,00 -- -- -- -- -- --

Orthoptera -- -- -- -- 0,12 13,77 -- -- -- -- -- --

Média de

Similaridade 13,89 24,07 7,28 11,55 20,17 32,69

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Sobreposição e Índices de Diversidade

A média observada de sobreposição de nicho trófico, com dados nos valores numéricos, entre as

espécies foi baixa (Ojk = 0,36), mas foi maior que a média esperada ao acaso, sendo a diferença entre

elas significativa (Ojk = 0,19; p < 0,01). O maior valor de sobreposição (Ojk = 0,72) foi entre H.

raniceps e P. hipocondrialis, ao passo que o menor (Ojk = 0,09) foi entre L. macrosternum e H.

raniceps (Tabela 5). Já com relação ao volume, a média observada (Ojk = 0,45) também foi maior que

a esperada (Ojk = 0,22), entretanto, nenhuma diferença significativa foi observada entre elas. Ao passo

que, o maior valor de sobreposição volumétrica foi entre as espécies H. raniceps e S. x-signatus (Ojk =

0,91), e o menor entre S. x-signatus e L. macrosternum (Ojk = 0,25).

TABELA 5.—Valores de sobreposição de nicho trófico, calculado pelo índice de Pianka, com a ajuda do

programa EcoSim 7.0, das seis espécies de anuros em áreas dominadas por manguezais da costa amazônica

brasileira.

H. raniceps P. hypochondrialis S. x-signatus D. nanus L. macrosternum P. cf. canga

H. raniceps --

P. hypochondrialis 0,723 (0,646) --

S. x-sgnatus 0,451 (0,911) 0,539 (0,663) --

D. nanus 0,210 (0,261) 0,356 (0,272) 0,621 (0,339) --

L. macrosternum 0,093 (0,270) 0,224 (0,340) 0,447 (0,255) 0,621 (0,865) --

P. cf. canga 0,210 (0,343) 0,247 (0,506) 0,242 (0,446) 0,366 (0,433) 0,108 (0,304) --

24

A ordenação da Análise de Correspondência confirma alguns dos resultados de sobreposição de

nicho trófico (Fig. 1). A dimensão 1 claramente separa L. macrosternum, que é mais relacionado com

os grupos Isoptera e Formicidae do que as outras espécies de anuros. Por outro lado, a dimensão 2

separa as espécies de menor tamanho como P. cf. canga e D. nanus dos outros anuros, relacionado-os

com os grupos de presas que apresentam pequenos volumes, como aquelas pertencentes às ordens

Collembola e Diptera.

FIG. 1.—Grupos das espécies de predador e itens de presas em duas dimensões. Hyp =

Hypsiboas raniceps, Phy = Phyllomedusa hipochondrialis, Sci = Scinax x-signatus,

Den = Dendropsophus nanus, Lep = Leptodactylus macrosternum e Pse =

Pseudopaludicola cf. canga

25

A Tabela 6 apresenta os índices de amplitude de nicho e de diversidade de Shannon para as seis

espécies de anuros em manguezal. Scinax x-signatus foi a espécie que apresentou o maior valor de

amplitude de nicho numérico 9,66 (padronizado = 0,41) e de diversidade de Shannon 1,04

(padronizado = 0,49). Levando em consideração dados volumétricos, Pseudopaludicula sp. apresentou

o maior valor de amplitude 7,64 (BA = 0,31), enquanto todas as outras espécies apresentaram valores

similares.

TABELA 6.—Valores dos índices de diversidade de presas e amplitude de nicho da dieta

dos anuros em áreas dominadas por manguezais da costa amazônica brasileira. Para a

coluna de amplitude de nicho os valores fora dos parêntesis representam os dados

numéricos e dentro dos parêntesis os dados volumétricos.

Morfologia e Dieta

Nós encontramos diferenças significativas no CRC das seis espécies de anuros investigadas

(ANOVA, F(1,34) = 305,7; p < 0,001). O teste post hoc de Tukey mostrou que o único par de espécies

que não apresentou diferença significativa foi L. macrosternum e H. raniceps. Todas as espécies

apresentaram correlação positiva e significativa entre os seus valores de CRC e LB. Contudo, quando

comparamos as médias dos volumes das presas com o valor de CRC, apenas o táxon Pseudopaludicula

cf. canga mostrou correlação significativa (r = 0,32; n = 42; p < 0,05), enquanto o volume máximo das

Diversidade de presas

(Índice de Shannon - Hstd)

Amplitude do nicho

(Índice de Levins - BA)

Hypsiboas raniceps 0,11 0,01 (0,16) Phyllomedusa hypochondrialis 0,34 0,16 (0,15) Scinax x-signatus 0,49 0,41 (0,17) Dendropsophus nanus 0,44 0,24 (0,18) Leptodactylus macrosternum 0,26 0,12 (0,18) Pseudopaludicola cf. canga 0,25 0,10 (0,31)

26

presas não mostrou relação significativa com nenhuma das espécies. Assim como Da mesma forma,

nenhuma relação significativa foi encontrada entre LB e os volumes das presas.

DISCUSSÃO

Partição de Recursos

Nossos resultados mostram que a sobreposição de nicho trófico entre as espécies de anuros

estudadas em área de manguezal foi maior do que o esperado por acaso. Entretanto, em comunidades

reais, seria esperada uma menor sobreposição, do que se espera no caso nulo (Schoener, 1974). Para

esse resultado são conhecidas duas interpretações: i) que a alta sobreposição de nicho é resultado de

uma disponibilidade de recursos no hábitat suficiente pra satisfazer as espécies (Jiménez e Bolaños,

2012) ou ii) que os altos valores de sobreposição estão atuando como uma força seletiva, porém sem

expressar divergência na dieta das espécies (Connel, 1980; Piatti e Souza, 2011).

Encontramos também grandes diferenças na composição e quantidade das presas, entre a dieta dos

anuros estudados. Isto certamente reflete a ampla variedade de presas registradas, cuja diferença é

expressa de várias formas, tais como: tamanho (ex. de microhimenópteros a libélulas), grau de

esclerotização do exoesqueleto (ex. colêmbolas a crustáceos), e até com relação ao estágio de

desenvolvimento (ex. de larvas a adultos). Além disso, cada uma das seis espécies de anuros apresentou

um grupo de presa típico e com maior representatividade em sua dieta, o que pode funcionar como uma

estratégia de coexistência, que reflete o grau de diferenciação no uso do nicho entre essas espécies

(Begon et al., 2007).

De acordo com Zimmerman e Simberloff (1996), a sobreposição da dieta é maior entre espécies

taxonomicamente semelhantes, devido estas compartilharem traços comportamentais, fisiológicos e

morfológicos. Nossos resultados corroboram essa teoria mostrando que os maiores valores de

sobreposição foram registrados entre espécies da mesma família (Hylidae) e menores valores entre

27

espécies de famílias diferentes (Tabela 5). Contudo, L. macrosternum e D. nanus apresentaram um

valor de sobreposição elevado em relação a média, mesmo sendo de famílias distintas e possuindo

tamanhos diferentes. Isto pode estar associado ao fato de essas duas espécies terem apresentado

elevado consumo de indivíduos da ordem Isoptera e da família Formicidae. As formigas, por exemplo,

figuram entre os insetos mais importantes para o manguezal, tanto pela sua grande abundância quanto

por suas múltiplas interações com o sistema (Cannicci et al., 2008). É importante ressaltar que amplas

sobreposições de nichos nem sempre indicam alta competição, já que a abundância do recurso no

ambiente resulta em partição do mesmo sem prejuízos ou perdas para as espécies consumidoras

(Jiménez e Bolaños, 2012).

O alto valor de sobreposição de nicho também foi registrado entre H. raniceps e P. hypochondrialis.

Neste caso, a sobreposição pode ser resultado não apenas da proximidade taxonômica, mas também da

distribuição vertical dos seus indivíduos (Menin et al., 2005), cuja variação é muito pequena nos

estratos verticais que ocupam, como foi relatado para essas espécies em um trabalho feito nessa mesma

área (Silva, 2010). Outro resultado que pode estar demonstrando essa relação com a distribuição

vertical é a sobreposição entre as espécies H. raniceps e D. nanus, que apresentaram o menor valor de

sobreposição entre os hilídeos, e possuem a maior variação no uso dos estratos verticais (Silva, 2010).

No caso das duas espécies terrestres, L. macrosternum e P. cf. canga, essas apresentaram um baixo

valor de sobreposição, que pode ser uma mera consequência da grande diferença no tamanho do corpo

entre essas espécies. Contudo, em assembleias de anuros, os padrões de uso dos recursos alimentares

estão relacionados, principalmente, às habilidades comuns de utilização de recursos, que são herdadas

de suas respectivas linhagens e que surgiram concomitantemente com a divergência das famílias (Toft,

1980), podendo ter coevoluído com outras características, como a defesa contra predadores (Caldwell,

1996).

28

Dieta e Forrageio

Hypsiboas raniceps apresentou grande número de presas por indivíduo, além de uma baixa

diversidade de presas e de amplitude de nicho, indicando uma dieta especializada, onde há o consumo

de uma grande quantidade de itens taxonomicamente limitados. Observamos que nas áreas estudadas,

H. raniceps alimentou-se principalmente de ácaros, sendo este resultado diferente daqueles já

reportados por outros autores, os quais indicam maiores valores de insetos na dieta dessa espécie

(Peltzer e Lajmanovich 2001; Vaz-Silva, 2004). Simon e Toft (1991) também não encontraram

nenhuma especialização das espécies da família Hylidae em direção ao grupo Acari. Adicionalmente,

alguns trabalhos têm demonstrado que especialistas tendem a usar a estratégia de forrageio ativo para

capturar suas presas, de preferência sedentárias, irregularmente distribuídas e de corpo duro, como

formigas, besouros e ácaros (Toft, 1980; Huey e Pianka, 1981).

Já a espécie P. hypochondrialis consumiu principalmente Hemiptera, seguido de Acari e Coleoptera.

Esta espécie de anuro mostrou uma dieta generalista, apresentando números intermediários de captura

de presa e de amplitude de nicho (Toft, 1980, 1981). Esses resultados se mostraram semelhantes aos

descritos por Silva-Filho (2011), em áreas de terra firme no nordeste do Pará, onde Phyllomedusa

hypochondrialis se alimentou principalmente de Hemiptera. Esse resultado pode estar relacionado com

a influência do hábitat sobre a disponibilidade de presas. Esse tipo de dieta está relacionado com

forrageio tipo senta-e-espera, onde suas presas são caracterizadas por artrópodes mais ativos e de corpo

mole, como ortopteras, hemipteras e aranhas (Perry e Pianka, 1997). Segundo Toft (1981), existem

mais especialistas, de qualquer tipo, do que espécies generalistas.

Scinax x-signatus alimentou-se principalmente de coleoptera, aranhas, larvas e ortopteros, que

juntos contribuíram com cerca de 60% da dieta. Nesse sentido, S. x-signatus apresentou os maiores

valores de diversidade de presas e amplitude de nicho, e os menores valores para a média de presas por

individuo, indicando assim uma dieta não especialista. Adicionalmente, S. x-signatus apresentou o

29

menor valor de similaridade com base na rotina SIMPER, o que indica que esta espécie utiliza de forma

mais igualitária seu espectro de presas. Nenhuma referência a dieta dessa espécie foi encontrada na

literatura.

A dieta de D. nanus em nosso trabalho foi composta principalmente de Diptera, seguido de Araneae

e Isoptera. A espécie teve um número baixo de presas por individuo, porém um alto valor de

diversidade de presas, mostrando uma dieta não especialista em formiga (Toft, 1980; 1981). Nosso

resultado de dieta foi similar ao reportado por Menin et al. (2005), onde Diptera foi o grupo de presa

mais abundante na dieta da espécie.

Leptodactylus macrosternum teve uma dieta bastante diversificada, entretanto, com altos valores de

contribuição para apenas dois grupos de presas (formigas e besouros). Por outro lado, obteve valores de

diversidade e amplitude de nicho relativamente baixos. Também apresentou altas taxas de capturas de

presas por individuo, o que ligado ao fato da desproporcionalidade de algumas presas, nos faz pensar

que esta espécie tem um comportamento alimentar especialista, que consome outros tipos de presas por

oportunismo (Sabagh e Carvelho-e-Silva, 2008). Esses altos valores de Formicidae e Coleoptera já

foram reportados para a espécie em outro trabalho (Pereira, 2012), entretanto, o autor trata a espécie

como generalista.

A família Leptodactylidae sempre foi reconhecida por apresentar forrageador do tipo generalista,

com estratégia senta-e-espera (Duré e Kehr, 2004). Entretanto, exceções já foram registradas, como a

espécie Eleutherodactylus vocator, que utiliza formigas em proporções similares à especialistas em

formiga (Toft, 1980).

A rã Pseudopaludicola cf. canga utilizou principalmente itens menores de presas dos grupos

Collembola, Diptera e Acari. A taxa de presas por individuo nesta espécie foi relativamente alta, com

baixos valores de diversidade e amplitude de nicho, indicando uma dieta aparentemente especialista. A

ordem Collembola é amplamente distribuída, estando entre os artrópodes terrestres mais comuns e

30

abundantes, apresentando um comportamento agregado e irregular, com altas densidades por m²

(Hopkin, 1997; Culik et al., 2006), sendo portanto muitas vezes relacionados a dietas de especialistas e

forrageio tipo ativo (Perry e Pianka, 1997; Sabagh e Carvalho-e-Silva, 2008).

Muitos trabalhos têm demonstrado correlações significativas entre o tamanho do predador (ou

largura da boca) e o volume da presa (Quiroga et al., 2009; Piatti e Souza, 2011; Batista et al., 2011).

No entanto, em nosso estudo apenas a espécie P. cf canga mostrou essa relação entre CRC e o volume

máximo das presas, além de ser a espécie com maior amplitude volumétrica. Este resultado pode estar

relacionado com grande o número de presas inteiras em vários espécimes de P. cf. canga, o que

aumentou e melhorou a amostragem.

Os padrões dentro das famílias de anuros apresentam provas de que as especializações em formigas

derivam de um modo de forrageio não especializado ou generalista (Toft, 1981), como por exemplo, os

dendrobatídeos, que surgiram na América do Sul, e podem ter divergido de leptodactilídeos (Linch,

1971; Savage, 1973; Toft, 1981). Por exemplo, espécies do gênero Colostethus, que são considerados

primitivos, estão entre os dendrobatídeos em que a especialização em formiga é menos evidente (Darst

et al., 2005). No entanto, alguns modelos preveem que o modo de forrageio, pode mudar em resposta

da disponibilidade de presas (Dullman e Trueb, 1994).

Contudo, os estudos de modo de forrageio têm sido restrito a anuros diurnos de serapilheira (Toft,

1981), existindo ainda uma insuficiência de dados sobre o comportamento de forrageio de anuros

noturnos, tanto arborícola, terrestres ou aquáticos. Entretanto, estudos de anuros de hábito noturno

indicam que eles apresentam padrões semelhantes de especialização de dieta (Duellman, 1978). As

evidências apresentadas em nosso estudo sugerem que semelhanças taxonômicas aumentam a

sobreposição da dieta, mas não necessariamente a competição interespecífica. Contudo, nem todas as

evidências aqui apresentadas são consistentes com esta hipótese. Outros testes que envolvem a coleta

de informações mais detalhadas sobre a eletividade da dieta podem melhorar o entendimento de como

31

os anuros usam os recursos disponíveis em seu ambiente, além de melhor determinar as tendências que

os anuros noturnos apresentam quanto ao modo de forrageio.

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