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] UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC CNPq e PIBIC UFPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Setembro de 2014 a Agosto de 2015 ( ) PARCIAL (x) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: “Tectônica e estratigrafia do sudeste da faixa Paraguai (MT) e suas implicações com o sistema petrolífero Araras do neoproterozóico” – PROCAD (Programa Nacional de Cooperação Acadêmica). Resolução CONSEP: Portaria Nome do Orientador: Afonso César Rodrigues Nogueira [email protected] Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Geologia Unidade: Instituto de Geociências Título do Plano de Trabalho: “Análise paleoambiental dos arenitos deformados da sucessão permo-triássica da bacia do Parnaíba, região de Carolina e balsas (MA)”. Nome do Bolsista: Leonardo Silva de Freitas [email protected] Matrícula: 201108540029 Tipo de Bolsa: PIBIC/UFPA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC

CNPq e PIBIC UFPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período: Setembro de 2014 a Agosto de 2015

( ) PARCIAL

(x) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa: “Tectônica e estratigrafia do sudeste da faixa Paraguai

(MT) e suas implicações com o sistema petrolífero Araras do neoproterozóico” –

PROCAD (Programa Nacional de Cooperação Acadêmica).

Resolução CONSEP: Portaria

Nome do Orientador: Afonso César Rodrigues Nogueira – [email protected]

Titulação do Orientador: Doutor

Faculdade: Geologia

Unidade: Instituto de Geociências

Título do Plano de Trabalho: “Análise paleoambiental dos arenitos deformados da

sucessão permo-triássica da bacia do Parnaíba, região de Carolina e balsas (MA)”.

Nome do Bolsista: Leonardo Silva de Freitas – [email protected]

Matrícula: 201108540029

Tipo de Bolsa: PIBIC/UFPA

1 - INTRODUÇÃO 1.1 – Apresentação

O intervalo marcado pela deposição da sequência Neocarbonífera

Eotriassíca, que representa o Grupo Balsas é marcada por intensas mudanças

paleogeográficas e paleoclimáticas de caráter global, em parte associadas a eventos

catastróficos (Keller, 2005). As bacias intracratônicas, sobretudo a Bacia do

Parnaíba guardam registros desses eventos na porção norte do Brasil, onde foram

identificadas excelentes exposições que possibilitam um melhor entendimento da

história sedimentar - deposicional do Permo- Triássico, onde já é conhecido que

ambientes costeiros-plataformais do início do Permiano, foram transformados em

extensos desertos, oriundo do processo de continentalização do supercontinente

Pangéia. (Goés & Feijó, 1994; Vaz et al ., 2007 e Abrantes Jr, 2013). O

conhecimento sedimentar e estratigráfico da Bacia do Parnaíba vem sido

constantemente revisado nos últimos anos, impulsionado pelas grandes empresas

petrolíferas. Haja vista que a Bacia do Parnaíba apresenta grande potencialidade

para acumulação de hidrocarbonetos. Além disso, inúmeros trabalhos de

mapeamento geológico em escala de maior detalhe têm possibilitado cada vez mais

desvendar particularidades da história sedimentar da Bacia. Esta pesquisa busca o

entendimento mais detalhado da sucessão sedimentar, com ênfase nas estruturas

deformacionais, inserida no limite Permiano-Triássico da Bacia do Parnaíba, que é

representada pela zona de contato entre as Formações Motuca e Sambaíba,

pertencentes ao Grupo Balsas.

1.2- Localização e acesso

A área de estudo ocorre situada na folha SB 23, nas regiões nordeste e

sudoeste dos estados do Tocantins e Maranhão respectivamente (figura 1). As

principais cidades em que a região de estudo, encontra-se inserida são Filadélfia

(TO), Carolina (MA), Balsas (MA), São Raimundo das Mangabeiras (MA) e

Sambaíba (MA). As principais vias de acesso à região estudada são a rodovia TO –

010 (Filadélfia-Wanderlândia-Babaçulândia) e a BR-230. Além dessas, existem

estradas vicinais trafegáveis que conduzem a pequenos povoados e vilas da região.

Figura 01: Mapa de localização da área de estudo, com as unidades litoestratigráficas e os pontos estudados (Modificado de Jr Abrantes, 2013).

2- JUSTIFICATIVA

A grande importância atribuída a esse estudo deve-se, entre outras coisas,

aos poucos trabalhos envolvendo a sucessão permo-triássica da Bacia do Parnaíba.

As interpretações estratigráficas e paleoambientais prévias para este limite

permiano/triássico nas regiões de Filadéfia (TO), Carolina e Loreto (MA)

demonstraram a presença de depósitos lacustres rasos/mudflats e de saline pans-

topo da Formação Motuca e de lençol de areia e campo de dunas-base da formação

Sambaíba na porção centro-oeste de Bacia do Parnaíba (Abrantes Jr, 2013). Na

zona de contato entre estas duas formações ocorrem intervalos deformados

lateralmente contínuos por centenas de quilômetros. São representados por pelitos

com camadas contorcidas e brechadas (Formação Motuca) e arenitos apresentando

falhas/microfalhas sinsedimentares, laminação convoluta e diques de injeção

preenchidos por argilitos (Formação Sambaíba), interpretados como sismitos

induzidos por terremotos de alta magnitude (>8 na escala Ritcher). Embora o

paleoambiente desta sucessão tenha sido discutido, os níveis deformados não foram

estudados e tratados adequaldamente, de tal maneira que, propiciassem um melhor

entendimento paleoambiental dos depósitos. Este trabalho fornece a oportunidade

de se obter um melhor entendimento paleogeográfico e paleoambiental da região,

além de informações mais detalhadas dos eventos deformacionais decorridos na

passagem Permiano-Triássico.

3- OBJETIVO

Dentre os objetivos a serem alcançados durante o desenvolvimento deste

plano de trabalho destacam-se:

1-Caracterização das estruturas deformacionais dos arenitos da zona de contato das

formações Motuca e Sambaíba;

2- Reconstituição Paleoambiental;

3- Definição dos eventos deposicionais.

4- CONTEXTO GEOLÓGICO

A bacia do Parnaíba é do tipo intracratônica ocupa em torno de metade da

província em sua parte centro-sul (figura 2). Ela foi instalada sobre os riftes

cambroordovicianos de jaibaras, jaguarapi, Cococi/Rio Jucá, São Julião e São

Raimundo Nonato (Brito Neves, 1998). De maneira estratigráfica a Bacia do

Parnaíba compreende as supersequências Siluriana (Grupo Serra Grande),

Devoniana (Grupo Canidé) e Carbonífero-triássica (Grupo Balsas) (Góes e Feijó.,

1994). A Bacia do Parnaíba, geograficamente, abrange os estados do Piauí e

Maranhão e uma parte extensa dos estados do Pará, Tocantins e Ceará.

Litologicamente é representada por rochas originadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano do Cinturão Araguaia-Tocantins, da faixa Gurupi, dos crátons Amazônico

e São Francisco e da Província Borborema (Cunha, 1986). Têm seus limites na

porção setentrional definidos pelo Arco Ferrer-Urbano Santos; a leste, pela falha de

Tauá; a sudeste, pelo lineamento Senador Pompeu; a oeste, pelo Lineamento

Tocantins-Araguaia; e,a noroeste, pelo Arco Tocantins (Goes, 1995). A Bacia do

Parnaíba tem sua origem atribuída a um megassistema de fraturas e posterior

sedimentação durante o estágio de estabilização da Plataforma Sul- Americana

(Almeida e Carneiro, 2004). Segundo Vaz et al (2007) esse conjunto de fraturas

esteve relacionado com uma grande subsidência crustal de um antigo cratôn, que se

desenvolveu no final da orogenia Brasiliana e se estendeu até a orogenia

Caledoniana (Siluriano-Devoniano). A sedimentação da bacia depois desse

processo de estabilização da plataforma Sul-Americana foi interpretada, como sendo

resultado da deposição de três grandes sequências deposicionais limitadas por.

Discordâncias regionais, representadas pelos grupos Serra Grande (Ordoviciano-

Devoniano Inferior), Canindé (Devoniano Superior-Carbonífero Inferior) e Balsas

(Carbonífero Superior-Triássico Inferior). O Grupo Balsas marca mudanças

estruturais e ambientais profundas na bacia. Seus principais eixos deposicionais,

antes controlados por expressivas zonas de fraquesas de direção nordeste e

noroeste, deslocaram-se em direção ao centro da bacia e aos mares abertos com

ampla circulação e clima temperado passaram para mares de circulação restrita e

clima quente dando início ao processo de desertificação (Caputo, 1984). Esta

grande sequência deposicional representada pelo Grupo Balsas, é formado

litoestratigraficamente pela Formação Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Sambaíba.

Esta sequência representa um ciclo transgressivo regressivo, em condições de mar

raso, caracterizando uma sedimentação controlada por condições de extrema aridez,

responsáveis pela deposição de evaporitos e posterior implantação de um ambiente

desértico (Vaz et al., 2007).

A Formação Sambaíba foi definida primeiramente por Plummer et al. (1948).

Essa unidade é representada por arenito com estratificações planares e cruzadas de

grande porte (Aguiar, 1971). Esses arenitos apresentando estratificação cruzada de

grande porte, contendo feições característica de sedimentos eólicos, demonstram

um sistema desértico, com contribuição fluvial (Vaz et al., 2007). O contato superior

da Formação Sambaíba ocorre com os derrames básicos do Eojurássico da

Formação Mosquito (Góes e Feijó, 1994).

Figura 2: Mapa geotectônico da Província Parnaíba, mostrando a disposição da bacia (Modificado de

Góes, 1995).

5 – MATERIAIS E MÉTODOS

A primeira etapa deste trabalho consistiu em um levantamento bibliográfico

nacional referente à geologia da Bacia do Parnaíba, ao Grupo Balsas e às

respectivas unidades do limite permo-triássico, sobretudo as unidades Motuca e

Sambaíba. Artigos internacionais foram utilizados para ajuda no entendimento

paleoambiental da área de estudo e descrição e caracterização das estruturas

deformacionais, principal objetivo do trabalho. A atividade de campo consistiu no

reconhecimento e descrição de litofácies em afloramento (análise de fácies), com

coleta sistemática de amostras na região de Carolina-MA(Serra da mutamba) e nos

arredores do município de São Raimundo das Mangabeiras, próximo a BR-230.

5.1 ANÁLISE DE FÁCIES

Tendo como base as técnicas de modelamento de fácies de Walker (1984),

Walker & James (1992), desenvolveu-se um estudo de análise de fácies nos perfis

da Serra da Mutamba (Perfil 1 e 2) e nos perfis de São Raimundo das Mangabeiras

(Perfil 3 e 4), levando em consideração os seguintes aspectos (Figura 3).

i) A individualização e descrição de fácies, com o objetivo de caracterizar

composição, geometria, texturas, estruturas sedimentares, conteúdo fossilífero e

padrões de paleocorrente;

ii) Entendimento dos processos sedimentares, revelando como foi a gênese da

litofácies;

iii) A associação de fácies, que agrupa fácies contemporâneas e cogenéticas, com

diferentes padrões de empilhamento e geometria que refletem os diferentes

ambientes e sistemas deposicionais.

Em conjunto com a análise de fácies foram elaborados perfis colunares e

seções dos afloramentos estudados.

Figura 3: Modelo esquemático das etapas para a realização da análise de fácies (Fonte: Abrantes,

2011).

6- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

6.1 SISTEMA DESÉRTICO 6.1.1 Ambiente eólico

Diversos autores descrevem o sistema eólico (Davis, Jr. 1983; Ahlbrandt &

Fryberger 1982; Reineck & Singh 1980; Galloway & Hobday 1996; Brookfield 1992;

Nickling 1994; Kocurek 1996), considerando-o como áreas áridas com pouca

precipitação e limitadas por grandes cadeias de montanhas, onde a vegetação se

desenvolve de maneira restrita ou não existe; até mesmo regiões polares são

consideradas desertos gelados (Reineck & Singh 1980).Entretanto, o sistema eólico.

está mais ligado à designação de deserto, como região de mudanças bruscas de

temperaturas, desenvolvidas em latitudes de até 30 graus.

O sistema eólico pode ser entendido a partir de seu modo de transporte. Em

ambiente desértico os sedimentos podem ser transportados por arrasto/tração,

saltação e suspensão. Movimento de arrasto ou tração ocorre em sedimentos de

granulometria de até 2 mm (areia muito grossa), enquanto que sedimentos com até

1 mm (areia grossa) movem se por saltação. Sedimentos de granulometria

silteargilosa são transportados por suspensão eólica (Reineck & Singh 1980,

Galloway & Hobday 1996).

As areias eólicas do presente, em sua grande maioria, compreendem

desertos e dunas costeiras. Os depósitos em desertos são em geral muito extensos.

As condições climáticas áridas e semi-áridas afetam cerca de 1/3 da superfície atual

da terra. Em termos de ambiente de sedimentação eólico, eles podem compreender:

1) depósitos de hamada; 2) depósitos de serir; 3) lago de deserto e depósitos de

sabkha; 4) depósitos de wadi; 5) depósitos de poeira ou loess; e 6) depósitos de

areias eólicas (Reineck & Singh 1980; Kocurek, 1996).

6.1.1.1 Depósito de Hamada

São terrenos rochosos em deserto, caracterizados por áreas elevadas e

planas, que são cobertas por cascalhos e seixos. Os sedimentos são angulares,

pouco retrabalhados. Formam depósitos levemente inclinados quando em contato

com obstáculo rochoso. A área de hamada é intensamente submetida à erosão e

seus depósitos são pouco preservados. Caracterizam-se por apresentar verniz de

deserto e ventifactos (Reineck & Singh 1980, Kocurek, 1996).

6.1.1.2 Depósitos de Serir

São áreas rochosas, apresentando substrato de lag de deflação (áreas de

interduna) subhorizontalizado, constituído por sedimentos grossos, cascalho e

seixos. O depósito de serir apresenta esta configuração pela grande remoção de

sedimentos mais finos pela atividade eólica, deixando materiais que não podem ser

transportados por suspensão ou saltação. Geralmente, a espessura desses

depósitos alcança poucos centímetros, representado por camadas plano-paralelas

com grande extensão lateral, bem como camadas inclinadas associado à ondulas

eólicas (wind granule ripples) (Reineck & Singh 1980).

6.1.1.3 Depósitos de lago e depósitos de sabkha interiores

Lago de desertos são depósitos originados de bacias de drenagem interna de

desertos, onde o fluxo aquoso migra para a sua parte central. Caracterizam-se por

serem áreas levemente rebaixadas geradas por processos de deflação ou atividade

tectônica (Reineck & Singh 1980). Neste ambiente, as águas acumulam-se formando

lagos rasos, secos na maior parte do ano. Os depósitos de lago de deserto

apresentam sedimentos transportados por processos trativos e de suspensão,

dependendo da velocidade dos rios de desertos (wadi). Siltes e argilas são

principalmente depositados e apresentam gradação normal. Durante os períodos

secos, podem formar gretas de ressecação e curl up. Gipsita e halita estão

associados a estes depósitos. Também podem estar relacionados à exsudação de

águas subterrâneas e nestes casos, os processos trativos são muito tênues,

originando panelas salinas. Entretanto, se estas áreas são alagadas e estas águas

ao secar deixam sedimentos incrustados de sal, são denominados de sabkha,

constituídas por crostas salinas, camadas e cristais de gipsita. Em períodos secos,

os sais são fraturados e levados pelo vento e alguns destes sais são dissolvidos

pelas águas fluviais, pluviais ou mesmo águas superficiais, enquanto outra parte é

recristalizada dentro de camadas de lama. Os acamamentos são horizontalizados a

levemente ondulados. Ondulas de adesão (adhesion ripples) e ôndulas eólicas (wind

ripples) são atribuídas à lago de deserto e sabkha, respectivamente (Davis Jr. 1983;

Ahlbrandt & Fryberger 1982; Reineck & Singh 1980;Galloway & Hobday 1996;

Brookfield 1992).

6.1.1.4 Depósitos de Wadi

Wadi são rios efêmeros em ambiente desértico. São gerados pela atividade

fluvial esporádica e abrupta e pela baixa razão água/sedimento, ocasionando a

deposição muito rápida, pela perda súbita de velocidade e absorção subterrânea da

água. Este processo fluvial em ambiente desértico é denominado de flash flood.

Apresenta acamamento cruzado, plano-paralelo, megamarcas e pequenas ondulas

eólicas. A presença de argila ou camadas de lama no topo das seqüências

eventualmente pode formar gretas ou mesmo impressões de chuva, que são

considerados como indicativo de wadi. A alternância de sedimentos eólicos e

subaquosos marcam claramente este depósito (Reineck & Singh 1980, Ahlbrandt &

Fryberger 1982, Galloway & Hobday 1996).

6.1.1.5 Depósitos de poeiras e loess

São depósitos de silte e argila, oriundos de desertos e mantidos em

suspensão por longo período de tempo e levados pelo vento a grandes distâncias.

Caracterizam-se pelo aspecto maciço, com eventuais laminações, podem alcançar

espessuras de até 50 metros, também apresentam alta porosidade e geralmente

intercalam-se a sedimentos fluviais, lacustres e glaciais (Reineck & Singh 1980).

6.1.1.6 Depósitos de areias eólicas

São representados por dois grandes tipos de depósitos os lençóis de areia e

dunas.

Os lençóis de areia se configuram, como sendo áreas amplas de deserto de

aspecto tabular. Podem ser considerados como sendo a materialização de uma zona

de alimentação ou de passagem de areia “bypassing zone” (Fryberger et al, 1983).

Ocorrem em regiões marginais de campo de dunas, eventualmente podem

apresentar dunas de pequeno porte. As principais estruturas são: estratificação

cruzada de baixo ângulo, estruturas cut-and-fill, depósitos de queda de grão, lâminas

com gradação inversa. Sedimentos eólicos e não-eólicos são atribuídos aos

depósitos de lençóis de areia (Galloway & Hobday 1996; Reineck & Singh 1980).

As dunas para Bloom (1978) são “obstruções deformáveis” pelo fluxo de

vento e que estão livres para mover-se e que não dependem de obstáculos fixos

para manter-se. Outros autores relacionam a evolução de dunas a depressões

topográficas e ocorrência de vegetação (Hesp 1981; Mckee 1982).

6.2 DEFORMAÇÃO SINSEDIMENTAR (SOLF-SEDIMENT DEFORMATION)

As estruturas de deformações de sedimentos formados durante ou logo após

a deposição tem sido cadê vez mais relatados ao longo do tempo (Johnson,

1977;Gama & Dott, 1980 ). Essas estruturas tem seu processo de formação

atribuída à mudanças de pressão do poro associada com fluidificação e liquefação

(Allen, 1982; Owen, 1987). Estes mecanismos podem ser induzidos por

instabilidades hidrodinâmicas em sedimentos (causados pela compactação ou

outros quaisquer processos gravitacionais ocorrente no ambiente deposicional)

(Owen, 1987; Blanc et al., 1998). No entanto, deformação generalizada em camada

sedimentar horizontal vem sido frequentemente associada a pressão de poros (build-

up) durante o desenvolvimento de terremotos (Allen, 1975; Mohindra & Bagati; Blanc

et al., 1998).A caracterização dessas estruturas, que tem sua gênese associada a

ábalos sísmicos é ainda bastante problemática, principalmente por causa de suas

semelhanças com muitas outras estruturas de deformação (Minoura et al., 1996).

6.2.1 Mecanismo de deformação

Aqui nesse texto vamos assumir apenas as estruturas formadas em rocha

não consolidada ou semi-consolidada, geralmente com o sedimento ainda saturado

em água ocorre uma força de condução adequada (afundamento gravitacional,

estresse de cisalhamento por arraste de corrente). Esta força reduz aumentando a

pressão sobre o sedimento ocasionando fluidificação e liquefação dando origem a

uma grande variedade de estruturas de deformação (Blatt et al, 1980; Owen, 1987).

Para Nichols (1995) esses processos dificilmente agem de maneira isolada, mas sim

em conjunto durante a deformação.

7- RESULTADOS

7.1 ANÁLISE DE FÁCIES

A sucessão sedimentar estudada da zona de contato entre as formações

Motuca e Sambaíba ocorre em afloramentos lateralmente contínuos, em cortes de

estrada, situados às margens da rodovia federal BR-230 na região de Carolina – MA

e São Raimundo das Mangabeiras, rodovia estadual MA-374 na região de Loreto –

MA e rodovia estadual TO-010 na região de babaçulândia/Wanderlândia (figura 1).

Os perfis descritos apresentam expressivos níveis deformados e possuem

espessuras que variam de 6m a 11m (figura 4). Porém, os depósitos da Formação

Sambaíba alcançam até 400m nas mesetas identificadas na área (Jr Abrantes,

2013). Em campo foram identificadas 4 fácies sedimentares, reunidas em 2

associações de fácies, relacionada a um grande sistema desértico (tabela 01).

Figura 4: Perfis estratigráficos descritos na área de estudo.

Fm Fácies Descrição Processos Associação

de fácies

SIST

EMA

DES

ÉRTI

CO

SAM

BA

ÍBA

Arenito com estratificação

cruzada de médio porte (Acz)

Arenito médio de coloração vermelho alaranjada com

estratificação cruzada de médio porte. Os sets possuem espessuras

que variam de 0,5 a 2,5 m e migração preferencial para NW-SE. Os

grãos são bem selecionados, bimodais, bem arredondados com alta

esfericidade. Estruturas de grainfall, grainflow e superfícies de

reativação são observadas comumente.

Migração de formas de leito eólicas para NW - SE.

CA

MP

O D

E D

UN

AS

(AF2

)

Arenito com estratificação plano

paralela (App)

Arenito de granulometria média e coloração vermelho

alaranjada, com camadas decimétricas a métricas e estratificação

plano-paralela.

Migração de formas de leito planas a levemente onduladas (windripples) relacionada a alta

velocidade do vento.

Arenito médio deformado (Ad)

Arenito médio a grosso de coloração vermelho alaranjada,

com camadas decimétricas a métricas e estratificação cruzada de

médio porte, apresentando intensa deformação. Essa deformação

se apresenta de duas maneiras. A deformação 1(Df 1): Exibir uma

grande dobra, medindo em torno de 3m de altura de um franco ao

outro, em que o seu interior são identificado diversas dobras

menores. A deformação 2 (Df 2): É marcada pela a presença de

porções onduladas associadas na sua grande maioria com a

presença de fraturas com atitude preferencial de 220° Az.

Migração de formas de leitos eólicas, associada com

deformação sinsedimentar .

LEN

ÇO

L D

E A

REI

A (

AF1

)

Arenito mosqueado com

falhas e microfalhas (Af)

Arenito de granulometria fina e coloração creme

esbranquiçado, apresentando falhas e microfalhas. As

falhas/microfalhas exibir planos de baixo e alto ângulo, crenulados,

com deslocamentos subhorizontais e oblíquos com mergulho

preferencial para NW-SE e W-E. Os espaços entre os planos são

comumente preenchidos por material argiloso.

Colapso de pacotes úmidos de areia próximo ou no ambiente subaquoso com processos de

liquefação e injeção de argila em espaços gerados durante o

deslocamento dos planos de falha.

Tabela 01: Quadro mostrando as diferentes fácies encontradas em campo, com seus respectivos processos de formação.

7.1.1 Associação de fácies - Lençol de areia (AF1)

A AF1 é formada pelas fácies arenito mosqueado com falhas e microfalhas

(Af) e arenito médio deformado. Esta associação representa a base da Formação

Sambaíba, compreendendo uma sucessão de até 6m de espessura e lateralmente

contínua por pelo menos 200 km (Jr Abrantes, 2013), nos perfis descritos essa

sucessão apresenta de 2 a 4m de espessura. A fácies arenito médio deformado (Ad)

é observada em três dos quatros perfis descritos variando de 0,5 a 4m de espessura

(Figura 5). Esta fácies apresenta dois tipos de deformação, uma mais proeminente

representada por grandes dobras e convoluções e outra formada por camadas

onduladas e pequenas dobras associadas com fraturas com atitude preferencial de

220 °Az. A fácies arenito fino mosqueado com falhas e microfalhas demonstra

planos de baixo a alto ângulo, com deslocamentos subhorizontais e oblíquos com

direção preferencial para NE- SW e E-W. Em alguns planos de falhas é notado a

presença de preenchimento argiloso (figura 6).

Figura 5: A imagem mostra na Serra da Mutamba, os dois tipos de deformação de caráter dúctil

identificado na fácies arenito médio deformado (Ad). A) Porção formada por grande dobra com cerca

de 2,5 m de altura. B) Porção com pequenas dobras e convoluções, associada com fraturas.

Figura 6:A) Imagem mostrando a fácies arenito mosqueado com falhas e microfalhas (Af), com

direções NE-SW. B) Desenho em linha mostrando a disposição das microfalhas.

7.1.2 Associação de fácies – Campo de dunas (AF2)

Esta associação AF2 é representada pelas litofácies arenito com

estratificação cruzada de médio porte (Acz) e arenito com estratificação plano-

paralela, que representa grande parte dos perfis descritos. A fácies (Acz) que é

formada por estratos cruzados, com sets variando em espessura de 0,5 a 2,5 metros

e paleocorrente variando de 280 a 330° Az (figura 7). Estes depósitos configuram as

dunas, relacionadas a zonas de intensa deflação de uma planície marginal, com

similaridade geométrica com aquelas descritas por Kocurek e Dott Jr. (1981). Os

estratos planares, representado pela fácies com arenito com estratificação plano-

paralela (App) apresentam espessura de 0,4 a 1m (figura 8). Estes depósitos

configuram ambiente de interdunas e têm sua gênese em regiões localizadas entre

as dunas, onde os sedimentos são saturados em água devido ao lençol freático

permanecer próximo a superfície.

Figura 7: Imagem mostrando o arenito de coloração vermelho alaranjado com estratificação cruzada

de médio porte (Acz).

Figura 8: A) Contato das fácies arenito com estratificação cruzada de médio porte (Acz) com a fácies

arenito com estratificação plano paralela (App). B) Detalhe mostrando os estratos planares da fácies

(App).

7.2 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE DEFORMAÇÃO

7.1 Caracterização e descrição das estruturas deformacionais

Os depósitos da área de estudo apresentam vários tipos de estruturas de

deformação suaves em sedimentos semelhantes às relatadas por Lowe (1975), bem

como muitas outras formas complicadas. A aplicação de um sistema de classificação

adequado para estas estruturas é difícil por causa das geometrias complexas e

processos responsáveis pela sua gênese. Seguindo as sugestões de Lowe (1975),

as estruturas individuais na área de estudo foram agrupadas em duas categorias

morfológicas distintas (Figura 9): contorcidas e estruturas frágeis. Uma descrição

detalhada de cada uma destas categorias é fornecida abaixo.

Figura 9: Resumo das estruturas de deformação soft-sediment observada na Formação Sambaíba na

área de estudo (Modificado de Rossetti, 1999).

7.1.1 Estruturas contorcidas

Estruturas contorcidas é um termo geral usado para todos os tipos de

estruturas com características que apresentam diferentes graus de “amarrotamento”

ou dobragem complicada das lâminas no interior de um leito de areia (Brenchley &

Newall, 1977). Este tipo de estruturas de deformação plástica são as mais comuns

observadas na área de estudo. Foi possível definir vários tipos de estruturas

contorcidas de acordo com a sua morfologia: dobras convolutas, estrutura de bola e

travesseiro, caminhos côncavos com laminação consolidada,

estratificação/laminação convoluta irregular e estratificação cruzada recumbente.

7.1.1.1 Dobras convolutas (Dc)

Esta estrutura é definida como sendo uma estratificação distorcida de formas

côncavas alternadas dispostas lateralmente, com morfologias convexa para cima,

produzindo na maioria das vezes um padrão complexo de sinclinal e anticlinal geral.

Características similares foram descritas na literatura (Por exemplo, Visher &

Cunningham, 1981 e Mills, 1983). Na área de estudo, (figura 10), as dobras

individuais são de 0à 0,4 m de altura e 0 à 0,5 m de largura. A deformação torna-se

difusa para baixo e ocorre em camadas quase homogêneas em composição e

texturas similares.

7.1.1.2 Caminhos côncavos com laminação consolidada (Cl)

Caminhos côncavos com consolidação de laminação consistem em estruturas

alongadas, côncavo-ascendentes de 1 a 5 m de comprimento e menos de 1m de

diâmetro cujas bordas são marcadas por lâminas de coloração escura formada por

concentrações de argila e outros grãos mais finos do que os sedimentos médios (isto

consiste em laminação de consolidação, cf. Lowe, 1975). Esta estrutura é observada

em algumas porções do intervalo deformado, formando uma série de camadas

dobradas que seguem de perto a forma côncava dos sinclinais (figura 11).

7.1.1.3 Estruturas de bola e travesseiro ( structure Ball and pillow) (Bt)

Estruturas de esfera e de almofadas que são caracterizadas por corpos de

areia, com morfologia sinclinal ou de bola concêntrica, em que os sedimentos dentro

e no em torno das estruturas possui areia de mesma composição e granulação fina.

Ocorre sinclinais individuais e são geralmente simétricos e variam de 0 a 1,2m de

largura e 0 a 1m de altura (figuras 11 e 12). Bolas de areia concêntricas são

estruturas arredondadas, que perderam completamente a sua continuidade com as

camadas superiores e internamente exibir lâminas simples, concêntricas, muitas

vezes com um núcleo maciço interior. Estruturas similares a “bola e travesseiro” têm

sido descrito extensivamente na literatura (por exemplo, Mills, 1983; Allen, 1986 e

Moretti et al., 1995).

7.1.1.4 Estratificação cruzada recumbente

A estratificação cruzada recumbente é comumente associada com

estratificação convoluta irregular. Esta estrutura (figura 13) se assemelha a

estratificação cruzada deformada de tipos b e c de Allen & Banks (1972) e é

composta por conjuntos de cruzadas com estratificação interna virada, que faz

dobras reclinadas, com planos axiais horizontais ou ligeiramente inclinados. O grau

de deformação torna-se menos pronunciado lateralmente, com as dobras

progressivamente menores em amplitude.

7.1.1.5 Estratificação convoluta irregular (Eci)

Este tipo de estrutura é caracterizada por ser uma estratificação distorcida, o

qual é distribuída de maneira caótica ou exibe dobras com morfologias e tamanhos

irregulares (figura 10 e 11). Esta estrutura ocorre na área de estudo em arenitos

finos e bimodais e está associada a qualquer uma das estruturas descritas acima.

Figura 10: A) Imagem mostrando o intervalo deformado, separados por camadas não deformadas de

textura similar. B) Desenho em linha mostrando a disposição das estruturas deformacionais, onde foi

identificado pequenas dobras convolutas (Dc), estratificação convoluta irregular (Eci) e caminhos

côncavos com laminação consolidada.

Figura 11: A) imagem mostrando dois tipos de deformações identificadas na área de estudo. As

estruturas de bola e travesseiro (Bt) e estratificação convoluta irregular (Eci). B) Diagrama em linha

mostrando a disposição das estruturas deformacionais.

Figura 12: Imagem mostrando uma porção do afloramento da serra da mutamba, com uma estrutura

de bola e travesseiro bem proeminente no centro da figura associada com um conjunto de fraturas. B)

Detalhamento de uma dobra recumbente com o plano axial ligeiramente inclinado.

7.1.2 Estruturas Quebradiças

7.1.2.1 Falhas e fraturas

Estas estruturas são bem desenvolvidas em grande parte dos intervalos deformados

sobretudo na fácies arenito mosqueado com falhas e microfalhas (Af). As estruturas

quebradiças consistem de numerosas fraturas irregulares ramificadas e falhas de gravidade

com deslocamentos de alguns centímetros com direção preferencial NW-SE (Figura 13).

Figura 13:A) Imagem, mostrando a fácies arenito mosqueado com falhas e microfalhas,

demonstrando como as fraturas e falhas se apresentam na área de estudo. B)Diagrama em linha

mostrando em detalhe a disposição das microfalhas.

7.2 Mecanismo de deformação

Estruturas de deformação, tais como aquelas descutida neste trabalho para

depósitos não consolidados ou semi-consolidados, ocorre geralmente enquanto o

sedimento está saturado em água (por exemplo Lowe, 1975; Mills, 1983). Sob a

aplicação de uma força de condução adequada (por exemplo, gradiente de

densidade inversa, afundamento gravitacional, o stress de camada de cisalhamento

por correntes de arrasto), a força do sedimento será substancialmente reduzida por

fluidização ou liquefação, produzindo uma variedade de estruturas de deformação

(Owen, 1987).Em vez de isoladamente, vários processos podem atuar em conjunto

durante a deformação (Nichols, 1995). Uma análise detalhada das estruturas de

deformação suave em sedimentos na Formação Sambaíba revelou que um, ou uma

combinação, destes processos provocou uma ruptura ou destruição completa da

laminação existente e a geração de estruturas completamente novas. Uma série de

possíveis explicações existem para explicar a gênese das estruturas de deformação

observada na área de estudo. Lâminas contorcidas semelhantes as descritas neste

estudo têm sido atribuídas a diferentes processos hidráulicos relacionados ao fluxo

de movimento durante a sedimentação: (1) súbito afluxo de águas carregadas de

sedimentos ao longo dos slipfaces, onde as camadas cruzadas avançam resultado

da gravidade (por exemplo McKee et al, 1971).; (2) desenvolvimento de um

diferencial de pressão Bernoulli-tipo, com a diminuição da pressão sobre cristas de

oscilação e aumento da pressão, promovendo a normal contorção e geração das

ondulações (Kuenen de 1953); e (3) Camada de corte produzida por arrasto de uma

massa de líquido rico em sedimentos que fluir sobre areias saturadas em água (por

exemplo, Middleton, 1996).

A associação de estruturas bola-e-travesseiro e dobras convolutas nos

depósitos deformados da Formação Sambaíba sugerem, no entanto, que inverter o

carregamento de densidade poderia ter sido um importante processo de

deformação. Essas estruturas assemelham-se a dobras convolutas e estrutura de

esfera e travesseiro descritos na literatura, que são formas extremamente complexas

de carga produzidas quando uma camada de alta densidade sobrepõe-se a uma

camada de baixa densidade (Visher Cunningham, 1981; Mills, 1983). Processos

tixotrópico ou liquefação reduz a resistência ao cisalhamento e promover o colapso

gravitacional de camadas e a sobrecarga da camada mais densa provoca a

ascensão de camadas menos densas. Apesar do carregamento de densidade

reversa ser comumente promovida pela rápida deposição de areia sobre lamas com

alto teor de água (por exemplo Visher & Cunningham, 1981). A falta de camadas de

lama subjacentes às camadas de arenito contorcido da Formação Sambaíba impede

falhas tixotropicas das argilas como mecanismo de indução da deformação. Na

ausência de lama, a perda da capacidade de carga no interior do corpo de areia

pode está associada a liquefação parcial/ fluidização e pode gerar contrastes de

densidade de maneira gravitacional entre os sedimentos mais fluidizados e os

menos fluidizados, resultando no desenvolvimento de estruturas retorcidas ( Nichols

et al, 1994; Owen, 1996). Os sedimentos com composição e textura semelhantes

podem apresentar diferentes graus de compactação em função do diferencial de

liquefação/ fluidização (Lowe, 1975). As razões pelas quais a fluidificação

homegênea ou liquefação se desenvolver dentro de depósitos de areia ainda não é

bem conhecida, mas pode ser explicada pela superposição de diferentes estilos e

tamanhos de formas onduladas ou sets cruzados (Anketell et al., 1970). Assim, as

dobras convolutas provavelmente foram formadas quando os sedimentos estavam

menos liquefeito, portanto, os sedimentos mais compactados afundaram para

substituir a areia subjacente removida por fluidificação. Como a deformação tornou-

se mais pronunciada, estruturas de bola e almofadas foram formadas. De maneira

mais caótica, provavelmente mais intensa, a deformação ocorreu em áreas menos

compactadas e mais liquefeitas em sedimentos menos viscosos, dando origem a

estruturas do tipo dobras convoluta irregular. As enormes camadas associadas

provavelmente representam áreas com o menor grau de compactação de

sedimentos. Essas áreas sofreram liquefação em maior escala e fluidificação se

comparados a sedimentos mais compactados. Essas camadas que se sobrepõem,

que foram dobradas plasticamente resistiram a deformação causada pelo aumento

de pressão do fluido dos poros.

Os caminhos côncavos com laminação consolidada são atribuídos a

fluidificação de sedimentos causados pela injeção forçada de água rapidamente ao

longo de camadas que afundam com geometria sinclinal. A laminação consolidada

ao longo das camadas que afundaram se desenvolvem ao longo das bordas e é

atribuída a segregação de tamanhos de grãos mais finos transportados a partir das

camadas côncavas com as laminas consolidadas no sedimento circundante devido

ao escape da água intersticial (Lowe, 1975).

Apesar da importância da compactação diferencial e da liquefação na gênese

das camadas contorcidas da Formação Sambaíba, além disso, o arrasto de maneira

adicional pode ter contribuído para produzir as camadas com estratificação cruzada

dobrada recumbente. As experiências laboratoriais demonstraram que uma corrente

aquosa que fluir ao longo de um sedimento liquefeito fornece tensão de

cisalhamento suficiente para produzir estruturas de deformação suave do tipo

estratificação cruzada dobrada recumbente (Owen, 1996). A presença dessas

estruturas na área de estudo sugere liquefação perto do sedimento, mas ou menos

na interface da água.

As falhas e fraturas são tipos de deformação frágeis que ocorrem no

momento ou logo após a deposição e como revelado possui uma estreita associação

com as outras estruturas de deformação soft-sediment discutidas neste trabalho. As

estruturas frágeis/quebradiças são atribuídas para áreas localizadas dentro dos

depósitos com um maior grau de compactação e, portanto, com condições mais sub-

saturada do que as áreas menos compactadas, saturadas com a deformação de

caráter dúctil.Isto tudo associado com a pressão nos poros da rocha.Dependendo do

valor da pressão dos poros, uma gama de características estruturais (dobras, falhas

e fraturas) podem ser produzida em todo o espectro frágil / dúctil (Anand & Jain,

1987).

7.3 Discução acerca da origem da deformação

A deformação soft-sediment ocorrem (1) em depósitos que são suscetíveis a

deformação; (2) tem que haver uma força um “gatinho” suficiente para que o

depósito possa a vim falhar e/ ou modificar o seu estado físico do tipo sólido para

líquido, como (Allen, 1986); e (3) a deformação a força atua quando o sedimento

está em um estado quase líquido. Eventos que reúnam estas exigências incluem

carregamento súbito de sedimentos induzidos por gravidade com movimento de

massas, impacto de tempestade e abalos sísmicos. A determinação de maneira

inequívoca a respeito de qual desses mecanismos foi o “gatilho” e deu origem a

essas estruturas nos estratos deformados da passagem do permiano para o triássico

não é possível. Apesar de nenhum dos processos acima mencionados poderem ser

eliminados de maneira definitiva, uma origem relacionada com a atividade sísmica é

a mais plausível neste caso porque grande parte dos critérios de Sims (1975) para

correlacionar horizontes deformados associados a eventos sísmicos podem ser

satisfeita:

1 As estruturas deformadas da Formação Sambaíba ocorrer dentro de uma bacia

sismicamente ativa, com a deposição próxima de uma grande zona de falha que foi

reativada durante o final do Cretáceo e permaneceu ativa durante todo o Terciário,

como mostrado pela presença de várias falhas transcorrentes no nível sísmico e

afloramento. Este contexto estrutural permite movimentos ao longo da zona de falha,

sendo fonte responsável pelos depósitos deformados registrados aqui.

2 O intervalo deformado está confinado a níveis estratigráficos individuais separados

por estratos inteiramente não deformados. Isto revela a natureza instantânea do

mecanismo “gatilho”, que afetou apenas camadas específicas.

3 Os estratos deformados pode ser correlacionados em distâncias de até dezenas

de quilômetros da área de estudo

4 É típico de áreas sismicamente ativas, houve uma recorrência de eventos sísmicos

no tempo, como registrado por, pelo menos, duas camadas de sucessivas com a

deformação soft-sediments, que são separados por depósitos integralmente não

deformadas (perfil 3).

5 As estruturas de deformação descritos aqui são semelhantes a muitas das

características induzidas por sismicidades descritas na literatura. Por exemplo, as

estruturas contorcidas são semelhantes às estruturas de deformação de jovens

sedimentos em Golcuk, Turquia ( Scott & Price, 1988).

8- CRONOGRAMA

O cronograma das atividades realizadas durante a iniciação científica compreende o período de setembro de 2014 a Agosto de 2015, período de vigência da bolsa PIBIC.

ATIVIDADES ANO ( Setembro de 2014 a Agosto de 2015)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pesquisa Bibliográfica X X X X X X X X X X X

Base cartográfica pré-campo

X X X X

Confecção dos mapas geológicos e de pontos

X X

Campo: Análise faciológica/estratigráfica

preliminar e confecção de perfis, seções e coleta

sistemática de amostras

X X X X

Descrição e análise das estruturas deformacionais

X X X X X

Integração e interpretação dos dados

X X X

Entrega do relatório final X

Tabela 2: Cronograma de atividades desenvolvidas durante o período de vigência da bolsa PIBIC/Cnpq 2014/2015.

9- CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste estudo sugerem que a variabilidade de estruturas

de deformação solf-sediments na passagem do permo-triássico expostas nos

sedimentos da Formação Sambaíba, foram formados pela combinação complexa de

vários mecanismos de condução, principalmente reversão de gradiente de

densidade, fluidificação e liquefação. A associação de estruturas contorcidas e

quebradiças registra a existência de uma relação entre as forças motrizes

responsáveis pela deformação de sedimentos. Tal relação com base nas discussões

realizadas nesse trabalho e na análise e descrição das diversas estruturas de

deformação identificadas na área de estudo, podemos dizer que tais estruturas são

mais coerentemente explicadas pela atividade sismogênica. Contudo, ainda não é

possível afirmar se são oriunda da reativação de grandes zonas de falhas reativadas

no final do cretáceo ou de um evento espontâneo (sismito) propriamente dito.

11-BIBLIOGRAFIA

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