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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA - DECP
CLARICE DE CAMARGO IBAÑEZ
OPERAÇÃO LAVA JATO: UMA ANÁLISE DA AÇÃO POLÍTICA EMPRESARIAL
CURITIBA
2017
2
CLARICE DE CAMARGO IBAÑEZ
OPERAÇÃO LAVA JATO: UMA ANÁLISE DA AÇÃO POLÍTICA EMPRESARIAL
Monografia apresentada no curso de Ciências Sociais, com habilitação em Ciência Política, como requisito para colação de grau na Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Neves
Costa
CURITIBA
2017
3
TERMO DE APROVAÇÃO
CLARICE DE CAMARGO IBAÑEZ
OPERAÇÃO LAVA JATO: UMA ANÁLISE DA AÇÃO POLÍTICA EMPRESARIAL
Monografia aprovada com média 9,0 para requisito parcial para a obtenção do grau
de Bacharelado no Curso de Ciências Sociais, com habilitação em Ciência Política,
Setor de Ciências Humanas, da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte Banca
Examinadora:
Prof. Emerson Cervi
Prof. Renato Perissinotto
Orientador:
Prof. Paulo Roberto Neves Costa
Curitiba, 12 de julho de 2017.
4
RESUMO
IBAÑEZ, C. C. Operação Lava Jato: uma análise da ação política empresarial. 2017. 32 f. Monografia (Graduação) – Ciências Sociais. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2017. O objetivo do trabalho é entender a ação política dos empresários envolvidos em corrupção, especialmente daqueles investigados pela operação Lava Jato, por meio da análise de conteúdo, com o auxílio do software Atlas.ti. Para isso, foram utilizadas as delações premiadas desses empresários, concedidas à Justiça Federal como provas processuais, nas quais os agentes descreviam suas práticas corruptas, inclusive em relação à política brasileira. Como conclusões, pôde-se observar relações profundas entre os empresários e a política brasileira, inclusive na aprovação de leis favoráveis às empresas; além de padrões de ação dos empresários em relação aos agentes ou partidos políticos. Palavras-chave: Operação Lava Jato. Corrupção. Empresários. Política. Empresariado. Ação política.
5
ABSTRACT
IBAÑEZ, C. Operation Lava Jato: an analysis of corporate policy action. 2017. 32 f. Course conclusion monograph (Graduation) – Social Sciencies. University Federal of Paraná. Curitiba, 2017. The objective of this work is to understand the political action of the entrepreneurs involved in corruption, especially those investigated by the Lava Jato operation, through content analysis, with the assistance of Atlas.ti software. In order to do so, the plea bargaining of these entrepreneurs, granted to the Federal Court as procedural evidence, in which agents described their corrupt practices, including in relation to Brazilian politics, were used. As conclusions, it was possible to observe deep relations between the entrepreneurs and the Brazilian politics, including in the approval of laws favorable to the companies; In addition to the action patterns of the businessmen in relation to agents or political parties. Keywords: Lava Jato. Policy. Businessmen. Political action.
6
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Cultura da informação nas instituições............................................. 17
Gráfico 2 – Frequência de citação de partidos................................................... 20
Gráfico 3 – Frequência de citação de partidos dos políticos............................... 22
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Relação de empresários delatores utilizados na pesquisa................. 13
Quadro 1 – Categorias utilizadas para codificação dos documentos................. 15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Capítulo sobre Michel Temer na delação de Claudio Filho ................... 21
7
LISTA DE SIGLAS DEM Democratas
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira
PP Partido Progressista
PSD Partido Social Democrático
PTB Partido Trabalhista Brasileiro
PMN Partido da Mobilização Nacional
PRTB Partido Renovador Trabalhista Brasileiro
PCdoB Partido Comunista do Brasil
PT Partido dos Trabalhadores
MP Medida Provisória
CPMI Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 9
1.1. AS DELAÇÕES OU COLABORAÇÕES PREMIADAS ...................................................... 9
1.2. RELEVÂNCIA DA ANÁLISE ................................................................................................. 11
2. A RELAÇÃO ENTRE EMPRESÁRIOS, CORRUPÇÃO E POLÍTICA ................................ 12
2.1. UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 12
2.2. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 13
3. RESULTADOS ............................................................................................................................ 17
3.1. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS .......................................................................................... 18
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 31
9
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste no estudo do discurso de 06 (seis) empresários
envolvidos na investigação Lava Jato, a fim de entender a ação política empresarial.
O material de análise são as delações premiadas, entregues e relatadas pelos
próprios empresários. Os empresários em questão tiveram demonstrada sua atividade
ilícita nos autos e foram condenados por corrupção, entre outros crimes – exceto
Claudio Melo Filho, cujo processo ainda está em trâmite. Os casos que objetos da
análise do presente trabalho são os seguintes: Dalton dos Santos Avancini (Camargo
Corrêa), Eduardo Hermelino Leite (Camargo Corrêa); Ricardo Pessoa (UTC
Engenharia), Elton Negrão (Andrade Gutierrez), Otávio Marques Azevedo (Andrade
Gutierrez) e Claudio Melo Filho (Odebrecht).
A cronologia das delações se dá no seguinte sentido, primeiramente foram os
empresários da Camargo Corrêa a relatar à Justiça as informações contidas em suas
delações, por volta de março de 2015. Em seguida, houve a delação de Ricardo
Pessoa, dono da UTC, que teve seu conteúdo revelado em meados de dezembro de
2015. Por sua vez, as delações da Andrade Gutierrez foram disponibilizadas em abril
de 2016 e, por último, a delação entregue por Claudio Melo Filho ao Supremo Tribunal
Federal “vazou” para a imprensa em dezembro de 2016. Após esse período, houve a
quebra de sigilo das delações dos outros empresários da Odebrecht e de Joesley
Batista, dono da JBS, entretanto devido ao acesso prejudicado a esses documentos,
os mesmos não serão utilizados para a presente análise, e sim aproveitados em
pesquisas futuras.
Essas delações foram acessadas por meio do auxílio da Assessoria de
Imprensa da Justiça Federal, a qual disponibilizou os números dos autos processuais
e suas respectivas chaves de acesso. Sendo assim, o presente tema envolve duas
vertentes que convergem, sendo elas a literatura sobre corrupção e o exemplo fático
do envolvimento do empresariado na investigação Lava Jato.
1.1. AS DELAÇÕES OU COLABORAÇÕES PREMIADAS
Muitas das evidências que propiciam o prosseguimento da investigação em
tela se dão por meio das delações premiadas – “trocas de favores” entre o juiz e o
réu – nas quais benefícios legais são cedidos ao réu que aceite colaborar na
10
investigação e entregar seus companheiros. Desse modo, os empresários em suas
declarações desvendaram diversos mecanismos, antes ocultos, e trouxeram luz a
práticas ilícitas que ocupam tanto o setor público, como o privado; chegando diversas
vezes a consubstanciar ambos os espaços, situação que se verifica no trabalho aqui
exposto.
Pretende-se utilizar esses documentos para analisar a ação política dos
empresários, sem entrar no mérito da veracidade ou da própria legalidade das
delações, que são utilizadas como provas nos processos, mas estudá-los como
discurso desses agentes sobre assuntos nunca antes explicitados.
Todavia, é interessante notar que as delações em questão foram
homologadas, atravessando assim o último passo necessário para que seu conteúdo
fosse válido e pudesse ser utilizado em investigações e processos da Lava Jato. O
juiz, na homologação, tem a obrigação de verificar sua regularidade, legalidade e
voluntariedade, a fim de que ela seja fidedigna à realidade. Não se tratam, portanto,
de simples alegações irresponsáveis. Por mais controversas que possam ser, as
delações são parte de um comprometimento do colaborador com a verdade, perante
à Justiça brasileira, sucedendo em objetos de pesquisa válidos para análise.
O regulamento que prevê esse instituto da colaboração premiada, é a Lei
12.850/13. Essa lei define o que seria “organização criminosa”, incidindo a
colaboração somente nesse contexto, quando, segundo a lei, decorrem dela um ou
mais dos seguintes resultados:
I – A identificação dos demais coautores e partícipes da organização
criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II - A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da
organização criminosa;
III - A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da
organização criminosa;
IV - A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações
penais praticadas pela organização criminosa;
V - A localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada;
(Fonte: art. 4º da Lei 12.850/13)
Tal pretensão, todavia, concerne à preocupação da Justiça brasileira. Ao
analisar as delações premiadas no presente trabalho, se tem como intenção verificar
11
em seus discursos como eles descrevem suas ações políticas que se deu através de
meios ilegais. Pretende-se entender, portanto, como se deu a corrupção empresarial
e como essas ações se relacionam com a política, levando-se em conta a alocução
do empresariado estudado. Desse modo, é possível refletir, a partir das colaborações
premiadas, como se dava a corrupção empresarial, e como essas atitudes
influenciaram a sociedade, a política e a democracia em geral.
1.2. RELEVÂNCIA DA ANÁLISE
Por que analisar os conteúdos de delações premiadas de seis acusados na
operação Lava Jato? A relação entre empresariado, corrupção e política é um assunto
relevante tanto para o meio acadêmico quanto para a sociedade como um todo. Esta
questão é antiga, mas ao mesmo tempo moderna e recorrente no Brasil, que
historicamente vem apresentando altos índices de corrupção.
Como é sabido, os crimes de corrupção estão sendo cometidos não só pelo
setor público, mas também pelo setor privado. Dessa forma, a corrupção seria uma
característica que afetaria até as estruturas internas das empresas, o que torna
essencial entender de que forma isso acontece e qual a visão dos empresários sobre
suas ações corruptas, envolvendo o setor público, mais especificamente a política.
O trabalho foi organizado da seguinte maneira: a seguir, será debatido
sucintamente a bibliografia encontrada sobre o tema. Posteriormente, as concepções
metodológicas da pesquisa serão tratadas, descrevendo os códigos de análise e
discutindo os resultados dos dados obtidos. A partir desses desenvolvimentos, foram
construídas algumas hipóteses e realizadas as análises empíricas. Ao final, breves
considerações serão despendidas acerca dos resultados alcançados, suas vantagens
e limitações, bem como as indicações que surgiram para pesquisas futuras.
12
2. A RELAÇÃO ENTRE EMPRESÁRIOS, CORRUPÇÃO E POLÍTICA
2.1. UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O tema que envolve o objeto em questão é bastante amplo e abrange diversos
estudos acerca da corrupção. Não cabe aqui explicitar todas as vertentes que tratam
sobre o assunto, mas é bom relembrar que durante a história muitos autores
expenderam esforços para explicar o papel do empresariado, assim como produziram
vários trabalhos com o objetivo de explicar a corrupção.
Os trabalhos clássicos da Sociologia Política de Karl Marx e Max Weber, por
exemplo, tiveram a classe social dos empresários capitalistas como referência
fundamental, não só levando em conta a dimensão econômica, mas também sua
influência na política e de dominação, assim como estudaram a burguesia em
especial.
Outrossim, o estudo das práticas ilegais de corrupção, tem sido explorado por
estudiosos no Brasil, como mostram os trabalhos de Cláudio W. Abramo (2005 e 2008)
e Fernando Filgueiras (2009), em se tratando desde de definição do termo corrupção,
até estudos acerca de sua possível medição. Todavia, o estudo do envolvimento do
empresariado, corrupção e sistema político – que é o que se verifica na Lava Jato –
ainda está para ser aprofundado e melhor desenvolvido.
O tema foi contemplado recentemente pela pesquisa International
Management Studies coordenada por Markus Pohlmann em conjunto com a UFPR,
mas refere-se ao âmbito mais propriamente corporativo. Não obstante, também foi
realizado um primeiro estudo sobre a relação entre empresários, política e corrupção
no Brasil (PAZ; COSTA, 2016).
Ademais, foi levantada uma tese, a partir também das delações prestadas à
Lava Jato por empresários específicos, acerca das justificativas utilizadas sobre a
corrupção ativa (FERREIRA, 2016). Neste trabalho, foi constatado que os
empresários justificam suas ações corruptas pautados em um ambiente empresarial
desviante e que justificam suas atitudes corruptas devido a uma suposta normatização
da ilegalidade na relação com os políticos.
Nesse sentido, a operação Lava Jato também pôde ser estudada pelo fato de
que desvendou o cartel realizado pelas empresas, no caso específico da Petrobras,
13
pois se tratava de um grupo empresarial junto aos cartéis em licitação e, até então,
um baixo índice de sanções por parte das autoridades brasileiras (VENTURELLI,
2016).
Destarte, também há o trabalho sobre a Lei Anticorrupção (NETO, 2015),
explicando que tal norma veio para preencher um vazio jurídico: a necessidade de
punir não só o corrupto (funcionário público), mas também a pessoa física (empresa),
prevendo assim a responsabilização objetiva, no âmbito civil e administrativo, de
empresas que praticam atos lesivos contra a administração pública nacional ou
estrangeira, podendo ser responsabilizadas em casos de corrupção.
Por fim, diante desta sucinta ponderação acerca da literatura sobre o tema,
pôde-se constatar que os estudos sobre a corrupção nem sempre abordam a
participação do setor privado, se tratando, à vista disso, de um tema relativamente
recente, ainda mais devido à operação Lava Jato, iniciada em março de 2014¹1. Por
sua vez, os estudos acerca da corrupção sugerem alguns aspectos interessantes para
nossos estudos, a saber da explicação teórica do empresariado e seu papel social,
assim como os diversos trabalhos envolvendo a investigação da Lava Jato, suas
características e seus delatores.
2.2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para o tratamento da questão referenciada, foram utilizados os depoimentos
prestados nas delações premiadas concedidas à Lava Jato de empresários em sua
maioria condenados, sendo eles e suas respectivas características as seguintes:
Quadro 1 – Relação de empresários delatores utilizados na pesquisa
Empresário Empresa Cargo Situação processual
Dalton dos Santos Avancini
Camargo Corrêa
Ex-presidente do Conselho de Administração
Condenação por corrupção, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa a 15 anos e 10 meses de regime fechado. Hoje em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.
1 Disponível no site da Lava Jato, desenvolvido pelo Ministério Público Federal: http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso.
14
Eduardo Hermelino Leite
Camargo Corrêa
Ex-Vice Presidente
Condenação por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa a 15 anos e 10 meses de regime fechado. Hoje cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.
Ricardo Pessoa UTC Engenharia
Ex-Presidente
Condenado por corrupção e organização criminosa a 8 anos e 2 meses em regime aberto. Atualmente cumprindo pena em prisão domiciliar, por conta do acordo de delação premiada.
Elton Negrão Andrade Gutierrez
Ex-Diretor Operacional
Condenado a 17 anos de prisão, atualmente em prisão domiciliar em regime fechado com tornozeleira eletrônica.
Otávio Marques Azevedo
Andrade Gutierrez
Ex-Presidente
Condenação pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa a 18 anos de prisão em regime domiciliar fechado.
Claudio Melo Filho Odebrecht Ex-Diretor de Relações Institucionais
Ainda em trâmite.
No presente trabalho, denominaremos todos os delatores citados como
“empresários”, mesmo que algum não se encaixe perfeitamente no título. Porém, para
ficar mais fácil de analisar, considerar-se-á os agentes em questão como empresários,
pois todos detinham cargos de alta responsabilidade nas referidas empresas. Assim
sendo, os empresários em questão foram escolhidos pelo fato de serem peças
fundamentais na empresa, ou seja, por se tratar de empresários com cargos altos nas
empresas envolvidas em corrupção, senão até mesmo donos das próprias. Desse
modo, seria muito difícil que tais agentes não tivessem conhecimento dos trâmites
internos para que ocorresse a prática de ações corruptas. Partindo desse ponto,
escolheu-se, além de empresários detentores de cargos de prestígio nas referidas
empresas, os que tivessem sido condenados por corrupção. Isto é, aqueles que,
comprovadamente, teriam sido responsáveis pelo exercício da atividade ilícita.
Utilizando das referidas delações e, por meio do método de análise de
conteúdo, foram percebidas nuances que demonstraram como se davam as ações
políticas na prática da corrupção empreendida por eles.
O objeto em questão é diferente de uma entrevista ou de um questionário
aplicado, pois são as colaborações premiadas dos indivíduos, acusados na operação
Lava Jato. Tal fato pode gerar maior confiabilidade nas declarações, visto que, ao
menos formalmente, a natureza da delação premiada obriga-os a falar a verdade para
que possam usufruir das vantagens da colaboração. Não se pode tomar esse objeto
como revelação de como era composta a organização empresarial e sua conexão com
15
a política, mas em contrapartida pode-se obter uma descrição do ponto de vista de
um agente importante nesse organismo.
A análise de conteúdo é uma união de métodos de análise das comunicações,
pretendendo alcançar indicadores, sejam eles quantitativos ou não, que possibilitem
a dedução de conhecimentos concernentes às circunstâncias de construção e
recepção das mensagens, tudo por meio de metodologias específicas (BARDIN,
1977).
Sendo assim, as delações foram analisadas de maneira objetiva e sistemática
a fim de reduzir as características em pontos principais que foram categorizados, do
seguinte modo:
Quadro 2 - Categorias utilizadas para codificação dos documentos
1) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Partidos
Expressão que indica a forma como a empresa agia em relação aos partidos políticos, contato direto com as entidades partidárias.
2) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Políticos
Expressão que indica a forma como a empresa agia em relação aos políticos específicos (nomes), contato direto com os agentes políticos, em ajudas financeiras para campanhas ou para questões específicas, as quais demandavam a influência específica do político. Independe do cargo do político, pois se refere a influência direta entre empresa e agente político, não gerando ações institucionais específicas, mas independentes. Aqui se enquadram também as citações de pagamento de propina para campanha de políticos, porque por mais que concorram à cargos do Executivo, ainda se trata de apoio à políticos específicos e não à ação institucional do Executivo.
3) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Congresso Nacional
Expressão que indica a forma como a empresa agia em relação aos políticos tanto na Câmara dos Deputados como no Senado. Citações que envolvam processo legislativo, sem focar em parlamentares específicos, de forma a explicar como se dava o processo geral. Expressões que explicam como funcionava a influência das empresas sobre políticos e, consequentemente, sobre o Congresso, principalmente no quesito de aprovação de leis favoráveis às empresas. Não focam somente na atuação de um político específico, mas demonstram como se davam as influências.
4) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Executivo
Expressão que indica a forma como a empresa agia em relação aos órgãos do poder Executivo, (ministérios, governos, bancos públicos) contato direto com líderes institucionais, em relação a ações políticas diretamente institucionais. Ou seja, passagens que refletem contatos com esses agentes do Executivo que geravam diretamente influência nas próprias instituições e nos próprios processos do poder Executivo. Passagens que remetem contato somente com os políticos, mas sem relação com a ação institucional, entram na variável "políticos".
5) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Entidades de Classe
Expressão que indica a forma como a empresa agia (contato direto) em relação às Entidades de Classe (sindicatos, associações, etc).
16
6) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Empresas
Expressão que indica a forma como a empresa agia em relação à própria empresa ou a outras empresas.
7) Exp - Padrões de ação política dos empresários – Petrobras
Expressão que indica a forma como a empresa agia em relação aos agentes da Petrobras ou à própria empresa.
A partir desses códigos, foi utilizado o programa Atlas.ti para identificar a
presença das categorias em cada uma das delações. Esse programa permite análises
tanto qualitativas como quantitativas.
Em seguida, foi utilizada a análise de conteúdo, a fim de analisar de forma
mais complexa o material de pesquisa, tentando levar em conta questões importantes
como o lugar de fala do autor, a quem se endereça, com que finalidade, em que
circunstância e que alterações revelam o documento; além da própria categorização
da matéria do objeto pela utilização da análise de conteúdo.
17
3. RESULTADOS
Pela análise dos códigos utilizados, chegou-se tanto a resultados
quantitativos, como a quantidade de relações de cada empresário com os referidos
códigos, como qualitativos. Constatamos que as relações mais presentes nas ações
descritas pelos empresários foram referentes: a) aos políticos específicos; b) a
relações com o Congresso Nacional; c) com o Poder Executivo; e d) com os próprios
partidos. O gráfico 1 mostra a frequência das categorias encontradas nos documentos
analisados:
Gráfico 1 - Frequência das categorias encontradas
Observa-se que a categoria mais encontrada foi em relação ao contato dos
empresários com os políticos, chegando a 81 (oitenta e uma) referências em seu valor
total, em se tratando dos 6 (seis) empresários. Por segundo, observou-se referências
tocante aos partidos, chegando num montante de 49 (quarenta e nove)
correspondências. Já as indicações do Congresso Nacional e o Executivo tiveram
referências de 38 (trinta e oito) e 30 (trinta) trechos, respectivamente. As outras
categorias foram inexpressivas quantitativamente. Esses números sugerem uma forte
relação do empresariado e suas práticas ilícitas com a política brasileira.
Foram utilizados dois códigos além dos citados, referentes expressões que
explicitassem ações do empresariado que envolvessem o judiciário e a imprensa,
porém não foi encontrado nenhum resultado, então ambos os códigos não foram
incluídos na análise geral.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Partidos Políticos CongressoNacional
Executivo Entidades deClasse
Empresários
Claudio Melo Filho - Odebrecht Dalton Avancini - Camargo Corrêa
Eduardo Hermelino leite - Camargo Corrêa Elton Negrão - Andrade Gutierrez
Otavio Marques Azevedo - Andrade Gutierrez Ricardo Pessoa - UTC Engenharia
18
3.1. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS
A partir das categorias acima citadas, as quais foram utilizadas para uma
breve análise de conteúdo, pôde-se explorar as delações de maneira mais profunda,
analisando seu conteúdo de forma pormenorizada.
Ressalta-se desde já que a delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, é
distinta de todas as outras. As colaborações premiadas das outras empresas foram
encontradas por meio da assessoria de imprensa da Justiça Federal, ao verificar nos
autos de cada processo. Elas tem o formato de homologadas, quando o escrivão
transcreve o que foi dito pelo delador. Já a de Claudio Melo Filho foi encontrada na
internet, pois ainda não havia sido homologada nem disponibilizada. Esse documento
foi entregue pelo empresário antes de qualquer julgamento, de forma espontânea e
contém seu discurso ininterrupto, sem quaisquer interferência de perguntas do
Magistrado – diferentemente das delações homologadas. Tal delação também é mais
rica que as demais, por conter detalhes das relações entre a Odebrecht e a política.
Por tal motivo, foram encontradas mais correlações nesse documento do que em
qualquer outro.
Diante disso, serão analisados os discursos de cada empresa, postas
juntamente em uma única categoria de análise. Ou seja, serão tratadas as empresas,
citando quais forem os discursos delas, mas dentro de cada tópico, discriminado pela
categoria (ver quadro 2) referente a ele.
a) CATEGORIA 1 - PARTIDOS
Na relação com os partidos, pôde-se inferir pela delação de Claudio Melo Filho
que era importante o relacionamento com políticos de forte influência sobre partidos,
particularmente sobre o PMDB, pois tal era bastante influente no Congresso Nacional.
Assim, a Odebrecht teria mais condições de aprovar as medidas favoráveis a ela, com
o forte apoio desses políticos e a consequente influência do partido.
Além da liderança parlamentar e do fato de ser um efetivo representante do Senador Renan Calheiros, o Senador Romero Jucá desempenha papel de grande relevância internamente no PMDB. Além de já ter ocupado o cargo de Vice-Presidente, é pública a vozativa do Senador dentro de seu partido. O Senador Romero Jucá desempenha, assim, função de clara ascendência sobre grande parte de outros políticos do PMDB. (Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 15)
19
Em contrapartida, os políticos, em especial Romero Jucá, representando o
próprio partido, solicitavam doações de recursos financeiros, os quais eram
repassados ao posteriormente ao núcleo do partido, a serem utilizados até para
campanhas eleitorais de políticos específicos.
Como o Senador Romero Jucá exercia papel de interlocutor e arrecadador do PMDB, acredito que parte dos pagamentos realizados pode ter sido direcionada por ele a outros agentes políticos de seu partido. (Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 51)
Não só os políticos do PMDB solicitavam auxílio em campanhas ou ao próprio
partido aos empresários da Odebrecht, mas também foram citados o PTB, PT, PP,
DEM, PSDB e PCdoB.
O empresário Elton Negrão, da Andrade Gutierrez relatou doações de mais
de R$10 milhões ao PT. Aduziu também pagamentos de propinas ao PP, sem
quaisquer relações com a Petrobras, assim como pagamentos diretos ao PT e ao
PMDB.
Foi informado por Otávio Marques de Azevedo, também da Andrade
Gutierrez, que as doações ao PT eram permanentes devido às cobranças contínuas.
Que, no entanto, as investidas do PT eram permanentes, com cobranças com sistematicidade, iam sempre pedir doações, vinculadas ou não vinculadas, o que não aconteceu com nenhum outro partido; (...) que nunca do PT fizeram comparação específica com nenhuma outra empresa no sentido de que elas pagavam mais ou menos ao partido; que as empresas “top” não conversavam entre si sobre propina, ao menos o depoente nunca tratou disso, que era posição estratégica dos grupos, que só sabiam dos montantes após a divulgação pelo TSE; que a Odebrecht faturava mais, sendo a Construtora Andrade Gutierrez a segunda; que tem dúvida se o PT “subiu o sarrafo” para as empresas em termo de montante, sem relação direta com o faturamento. (Fonte: Delação nº 1 de Otávio Marques, da Andrade Gutierrez, p. 9)
Já a Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia noticiou que, segundo as palavras
de José Janene (político filiado ao PP), se quisesse continuar trabalhando "para a
Petrobras", deveria continuar contribuindo para o PP, efetuando pagamentos em
espécie para o doleiro Alberto Yousseff. Relatou pagamentos efetuados ao ex-
tesoureiro do PT, João Vaccari, pagamentos estes efetuados com base nos valores
dos contratos, sendo uma parte realizada via doações oficiais e outra por pagamentos
diretos a Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras. Alegou que esses
pagamentos efetuados a João Vaccari Neto eram destinados ao PT, sendo indicado
por Vaccari se seria para o Diretório Regional, Nacional, etc. Notificou, ainda, que
20
costumava "atrasar" o pagamento das propinas, pois sabia que teria que contribuir
nas eleições, efetuando a maioria dos pagamentos dos "débitos" no período eleitoral.
Que no início os valores das “contribuições” eram menores, no meio maiores e no final menores; Que havia meses em que cumulavam valores de diversos contratos e ficava “um pouco pesado para pagar”, razão pela qual o declarante atrasava alguns pagamentos; Que por vezes o declarante atrasava alguns pagamentos; Que por vezes o declarante deixava alguns saldos para pagar perto da campanha, para que aquilo fosse transformado em “doações” para a campanha, pois o declarante já sabia que nesta época cresciam sempre as solicitações de pagamentos por parte do PT; que as “contribuições” vinculadas aos contratos com a Petrobras para o PT começaram com a obra P53, em Rio Grande/RS no ano de 2004; Que a partir de então em todo contrato da Diretoria de Serviço o declarante pagava valores para o PT, no percentual já indicado de 1%; Que a contribuição para o partido (PT) se iniciou antes das contribuições para os funcionários da Petrobras; que depois de um tempo, em 2008, as pessoas físicas funcionários da Petrobras da Diretoria de Serviços passaram a cobrar valores para eles também. (Fonte: Delação nº 19 de Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, 2015, p. 3)
Alegou que foram realizados proventos aos seguintes partidos, além do PT e
PP: DEM, PR, PMN e PRTB.
Por fim, afirmou que a responsabilidade pelo pagamento da propina relativa à
Diretoria de Abastecimento, destinada a Paulo Roberto Costa e ao Partido
Progressista, por meio de Alberto Yousseff, fora assumida pela Odebrecht.
Pôde ser realizada uma inferência de citações dos partidos, ou seja, uma
quantificação de quantas vezes cada partido foi citado em todas as delações
analisadas. Nessa inferência o PT apareceu como mais citado. Isso pode ser
decorrência do fato das delações da Camargo Corrêa e UTC Engenharia terem sido
as primeiras a serem disponibilizadas ao público, ainda em 2015, quando a ex-
presidenta Dilma estava no poder.
Gráfico 2 – Frequência de citação de partidos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
PT PMDB PP PTB DEM PSDB PCdoB PR PMN PRTB
21
É claro que cada colaboração premiada tem suas especificidades, mas as
delações da Camargo Corrêa (Dalton Avancini e Eduardo Hermelino Leite) e da UTC
Engenharia (Ricardo Pessoa) têm essa característica de citar o PT incessantemente,
que era o governo na época.
Já a delação da Odebrecht (Claudio Melo Filho), disponibilizada quando já era
o PMDB no governo – ou seja, quando Dilma Rousseff já teria sido sofrido
impeachment e estava Michel Temer, do PMDB no poder – tem grande concentração
de citação do referido partido.
Na delação do Claudio Melo Filho, que foi a única encontrada na internet,
observa-se até o nome de Michel Temer, atual presidente da República, ressaltado
em amarelo e um capítulo específico para tratar do político:
Figura 1 – Capítulo sobre Michel Temer na delação de Claudio Filho
Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 28.
Em relação aos políticos citados nas delações quanto ao recebimento de
propina pelas empresas, pôde ser averiguado que houve um número grande de
políticos do PMDB envolvidos nas citações. De modo que, já não mais se verifica a
grande referência ao PT, mas ao PMDB, que seria o governo quando tal delação foi
disponibilizada.
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Gráfico 3 – Frequência de citação de partidos dos políticos
b) CATEGORIA 2 - POLÍTICOS
Quanto aos políticos, Claudio Melo Filho declarou que selecionava
determinados agentes políticos como relevância polícia para apoio legislativo em de
contribuições em períodos eleitorais.
Sabia que o apoio legislativo oferecido pelos agentes políticos às empresas se dava, na prática, ao menos em troca de contribuições em períodos eleitorais, quando não em troca de contrapartidas financeiras mais imediatas, conforme demonstrarei em alguns meus relatos. Por causa disso, vários agentes políticos tentaram se aproximar de mim. Valendo-me da situação, percebi que deveria selecionar determinados agentes com relevância política e que teriam melhores condições de gerar resultados positivos para a minha empresa. (Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, p. 5)
Deu destaque para o Senador Romero Jucá, o qual considerou como
importante interlocutor dentro do Senado, na Câmara e até no Executivo, sendo seu
gabinete procurado e frequentado por diversos agentes privados e atuando
praticamente como o preposto de Renan Calheiros, até então presidente do Senado;
reiterando também que ficava clara a atuação do primeiro em detrimento do segundo.
Os papéis desempenhados por cada um dos Senadores dentro do grupo são bastante claros. Pela sua capacidade de interlocução política (tendo sido líder do governo por vários anos seguidos), o Senador Romero Jucá pode ser considerado o “homem de frente” nas tratativas diretas com agentes particulares. Um exemplo disso é encontrado no fato de que o gabinete do Senador sempre foi concorrido e frequentado por agentes privados
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PMDB PT PSB PSDB DEM PTB PP PV PC DO B SDD
Série1 Série2
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interessados na sua atuação estratégica. (Fonte: delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 10)
Ainda, noticiou que os apoios aos pleitos da empresa por parte de Romero
Jucá eram posteriormente equacionados em valores estabelecidos em campanhas
eleitorais, fossem eles oficiais ou via Caixa 2.
De forma clara e objetiva: eu e o Senador tínhamos a convicção de que os apoios aos pleitos da empresa seriam posteriormente equacionados no valor estabelecido para contribuição a pretexto de campanha eleitoral, fosse ela realizada de forma oficial ou via caixa 2. (Fonte: delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 14)
Relatou contato com políticos e auxílios financeiros a agentes como Eliseu
Padilha (PMDB), Jacques Wagner (PT), Rodrigo Maia (DEM), Eduardo Cunha
(PMDB), Ciro Nogueira (PP), Geddel Vieira Lima (PMDB), José Agripino (DEM), Arthur
Maia (PPS), Paes Landim (PTB), Heráclito Fortes (PSB), Adolfo Viana (PSDB), Paulo
Magalhães Júnior (PV), Hugo Napoleão (PSD), Francisco Dornelles (PP) e Orlando
Silva (PCdoB).
O empresário Dalton dos Santos Avancini, da Camargo Corrêa, noticiou que
pagou cerca de 9 milhões a título de propina em favor da campanha de Eduardo
Campos (PSB) em 2014.
Elton Negrão, da Andrade Gutierrez, afirmou que se negou a ir para a RNEST
(Refinaria Abreu e Lima) porque ficou sabendo ainda em 2008, que seriam cobrados
também valores para a campanha de Eduardo Campos. Otávio Marques de Azevedo
notificou também que a partir de 2010 as doações eram efetuadas somente aos
partidos, exceto pagamentos eventuais a políticos específicos, como ao governador
Fernando Pimentel (PT) e à Dilma Rousseff (PT) em 2014.
Já Ricardo Pessoa (UTC Engenharia) alegou que foi o deputado José Janene
que teria indicado Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da
Petrobras e que, após sua ocupação ao cargo, em 2006, o mesmo teria iniciado a
solicitação de "contribuições políticas" - outro nome para propina, segundo ele - em
contrapartida aos contratos firmados com a Petrobras. Frisou a influência de José
Dirceu (PT) em relações até com políticos no exterior, o qual prestava informações e
influência por meio de serviço de consultoria, pedindo pagamento de propina a seu
irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.
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c) CATEGORIA 3 - CONGRESSO NACIONAL
Pôde-se constatar que, a partir de doações para fins específicos aos líderes
do Senado (Renan Calheiros, presidente do Senado; ou seu representante Romero
Jucá), os empresários supostamente conseguiam apoio em medidas provisórias ou
proposições legislativas as quais os beneficiariam, assim como beneficiariam a
atuação da empresa.
A minha empresa tem interesse na permanência desses parlamentares no Congresso e na preservação da relação, uma vez que historicamente apoiam projetos de nosso interesse e possuem capacidade de influenciar os demais agentes políticos. O propósito da empresa, assim, era manter uma relação frequente de concessões financeiras e pedidos de apoio com esses políticos, em típica situação de privatização indevida de agentes políticos em favor de interesses empresariais nem sempre republicanos. (Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 5)
Na colaboração premiada, Claudio Melo Filho afirmou que Renan Calheiros
(PT) pediu expressamente contribuição da empresa para seu filho, candidato ao
governo de Alagoas na época, em contrapartida pelo forte apoio dado à renovação
dos contratos de energia, inclusive publicamente, e que culminou na edição da MP n.
677/15. Claudio Filho declarou que as doações eram feitas prioritariamente para
campanhas políticas e, também, que preferia entrar em contato diretamente com o
Senado e não com a Câmara, dado que o número de parlamentares e a quantidade
de interesses dificultava as tratativas. Por fim, noticiou que, nas vezes que se
encontrou com Eduardo Cunha, por exemplo, sabia que os pagamentos efetuados
geravam certo crédito com o político, a fim de que fossem atendidas as questões da
Odebrecht. Supõe-se que assim funcionava com qualquer um dos outros políticos.
Além disso, Claudio Melo Filho relatou um procedimento que havia dentro da
empresa referente ao contato direto com os membros do Congresso Nacional. A
estratégia se dava em 5 etapas, do seguinte modo:
Etapa 1 – Surgimento do Interesse da Demanda Legislativa O primeiro passo deste processo é o encaminhamento e consulta de possível afetação das MP´s, PL´s e outros temas legislativas, junto as áreas de Relacionamento Institucional de cada empresa, de forma a que estas empresas se manifestem quanto ao interesse ou não de acompanhamento. A partir daí é gerado um documento denominado de “Monitor Legislativo”, contendo todos os projetos que devem ser acompanhados diariamente, por cada empresa, ao longo do ano. Etapa 2 – Monitoramento das Proposições A partir da consolidação do “Monitor Legislativo”, as áreas de relacionamento
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institucional do grupo passam a receber o “Radar Legislativo”, sendo: (a) as segundas-feiras, o envio de informações com a agenda da semana das proposições, identificadas também nas agendas encaminhadas nos mailings das entidades e (b) diariamente, a informação com a movimentação dessas matérias assim que ocorrem. Etapa 3 – Identificação e inserção em debates A partir do monitoramento dos principais temas e proposições identificados pelas empresas, quando solicitado por algum LE ou por Marcelo Odebrecht (raramente isso ocorrida diretamente por parte de um DS ou DC), eu apoiava as áreas de relações governamentais e departamentos jurídicos das empresas na identificação e inserção delas em debates e discussões legitimas de cada setor, sejam nas entidades de classes, associações e confederações. Naturalmente as empresas já possuem essa representação nos comitês temáticos dessas entidades e discutem os temas e proposições em reuniões periódicas, que culminam na atuação dessas entidades no Congresso Nacional. Etapa 4 – Apoio as ações de inserção de cada setor na agenda no Congresso Quando a empresa identifica a necessidade de apresentação de sugestões para uma proposição, sejam emendas a MP ou Projetos de Lei, requerimentos de Audiência Pública para inserção e qualificação da posição, o meu trabalho consistia em dar apoio encaminhando essas sugestões para as áreas de Relações Governamentais e Jurídico dessas entidades. Etapa 5 – Apoio às entidades e empresas nas ações de convencimento do pleito Os comitês temáticos elaboram Notas Técnicas sobre os pontos (proposições e instrumentos apresentados pelos parlamentares) que precisam ser defendidos nas discussões no Congresso. A partir da consolidação dessa Nota Técnica pela entidade, quando solicitado, eu apoiava as áreas de Relações Governamentais das empresas e das entidades e suas estratégias de sensibilização ao longo de toda a tramitação da proposição. (Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 8-9)
Já Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, relatou que o senador Gim Argelo
prometeu influenciar comissões de inquérito a fim de evitar a convocação do
empresário na CPMI do Senado e da Câmara dos Deputados e que recebeu
"contribuições financeiras" para isso, mas sem citar como o faria nem nomes de
parlamentares.
d) CATEGORIA 4 - EXECUTIVO
No caso do Executivo, foi relatado por Claudio Melo Filho que era Eliseu
Padilha (Ministro Chefe da Casa Civil) o preposto de Michel Temer, sendo ele quem
concentrava as arrecadações financeiras desse núcleo político do PMDB para
posteriores repasses internos. Nesse caso, Michel Temer atuava de forma mais
indireta, não sendo responsável pela arrecadação para o partido (embora isso tenha
ocorrido em 2014), sendo Eliseu Padilha o responsável e, em menor escala, Moreira
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Franco (Secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do Brasil). Quanto a
Geddel Vieira Lima (Ministro da Secretaria de Governo), a relação entre a Odebrecht
e esse agente político era clara no sentido de pagamentos efetuados a ele, não
somente em períodos eleitorais, devido a sua influência sobre assuntos de interesse
da empresa, desde 2008, quando Geddel era Ministro da Integração.
Foi salientada, ainda, por Claudio Filho a grande importância do Executivo
para as tratativas referentes a empresa e às aprovações de recursos:
Após esse acontecimento, a Odebrecht mudou radicalmente sua forma de atuação estratégica quanto ao tema. Nesse momento, os recursos para as obras passaram a ser aprovados e liberados diretamente pelo Poder Executivo, por meio da criação de dotação orçamentária específica, que não mais sofria influência individual de parlamentares. Este acompanhamento e pressão política para as liberações de recursos são feitos diretamente pelos DS’s e DC’s das respectivas obras junto 69 ao Poder Executivo. Os DS’s que atuaram ao longo do meu período em Brasília, pós-2004, atrás de recursos são João Pacífico, Valter Lana e Fábio Gandolfo. Quanto aos DC’s, as relações destes são com os seus respectivos DS’s, sendo que eu não tenho seus nomes e relação direta com nenhum deles. A forma de atuação dos DS’s e DC’s também mudou: ao invés de pressionar parlamentares, passou-se a pressionar os “donos da obra”, ou seja, os governadores ou prefeitos, para que estes pressionassem as suas respectivas bancadas estaduais. Quando cheguei na Odebrecht S/A, em 2004, sabendo do ocorrido no passado, acertei que não me envolveria com OGU e nem com nenhuma forma de atuação que envolvesse a liberação de recursos, com receio da investida de parlamentares de uma área que não é de minha responsabilidade, ou seja, obras. Excepcionalmente, em casos específicos que relatei acima (Anexo 2.8 – Paper entregue a Jacques Wagner; e Anexo 2.3 – Apoio ao DS João Pacífico junto a Geddel Vieira Lima), apoiei as demandas da empresa em função exclusivamente da minha relação pessoal com os agentes políticos envolvidos. (Fonte: Delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 68-69, grifos nossos)
Foi citada a relação com Jacques Wagner (PT), quando este foi governador
da Bahia, governo no qual a Odebrecht pleiteava acerca de diversos assuntos junto
ao estado. O caso em questão demonstra um exemplo de análise que a empresa fazia
sobre as possibilidades do político no qual faria investimentos e isso era decisivo para
a decisão de fazer tais investimentos, legais e ilegais.
Foi salientada, por Dalton dos Santos Avancini, da Camargo Corrêa, a
importância do financiamento do BNDES para a execução de diversas obras, até no
exterior.
Isso pode indicar de que forma os padrões de ação política podem se ajustar
à dinâmica institucional da democracia, implicando em relação com outros níveis da
política, ou seja, governadores e prefeitos e não mais somente os parlamentares.
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e) CATEGORIA 5 - ENTIDADES DE CLASSE
Foram citadas, por Claudio Melo Filho, da Odebrecht, propostas de emendas
enviadas à Confederação Nacional da Indústria (CNI), sendo que algumas foram
acolhidas pela entidade e repassadas aos parlamentares. A função dos empresários
seria de representar as empresas do grupo, com o apoio das entidades de classe.
Resumindo, minha atuação, por ser da área de relações institucionais, é no sentido de manter perene e diretamente, e com o apoio das entidades de classe que representam os setores afetos às empresas do grupo, relações institucionais com parlamentares, que preferencialmente exercem forte liderança em seu partido e em seus pares. (Fonte: Delação Claudio Melo Filho, da Odebrecht, 2016, p. 5)
Há outras menções às entidades, mas no sentido de convergência da atuação
do esquema da Odebrecht com o que estava sendo defendido por entidades, por
exemplo, Associação Brasileira de Indústria Química (ABIQUIM) e Confederação
Nacional da Indústria (CNI), ou seja, haveria convergência, mas não participação das
entidades em ilegalidades.
Foi noticiado, ainda, que em várias oportunidades, a Braskem – empresa
controlada pela Organização Odebrecht com participação expressiva da Petrobras –
ou as entidades representativas de classe apresentaram emendas em MPs e também
trataram de temas diretamente no Executivo e no Legislativo, muitas vezes através da
Frente Parlamentar da Indústria Química, que atuava para defender a competitividade
do setor químico, petroquímico e da indústria plástica. A Confederação Nacional da
Indústria (CNI), algumas federações Estaduais e as associações de classe como
Associação Brasileira de Indústria Química (ABIQUIM), Associação Brasileira da
Indústria do Plástico (ABIPLAST), Associação Brasileira de Grandes Consumidores
Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE) e Instituto Sócio-
Ambiental dos Plásticos (PLASTVIDA) também foram veículos de atuação da área de
relações institucionais da Braskem.
f) CATEGORIA 6 - EMPRESAS
Foi informado pelo empresário Dalton Avancini, da Camargo Corrêa, que, na
Petrobras, as empresas que mais participavam as licitações eram a Odebrecht - essa
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mais influente devido a seu porte -, a Camargo Corrêa, a UTC Engenharia, a OAS, a
Andrade Gutierrez e a Queiroz Galvão, sendo essas empresas a dominar o mercado
e as que recebiam a divisão das obras de maneira mais contundente, recebendo um
volume maior de contratos. Já as empresas menores como a Techint, Skanska,
Promon, Engevix, Mendes Júnior, Iesa e Toyo Setal participavam menos tanto nos
contratos como nas decisões adotadas.
QUE, quem capitaneava essa organização e tinha uma maior influência nas decisões devido ao seu porte era a empresa ODEBRECHT, sendo que as empresas que participavam de maneira permanente eram a própria ODEBRECHT, a CAMARGO, UTC, OAS, ANDRADE GUTIERREZ e QUEIROZ GALVAO; QUE, tais empresas eram as maiores e acabavam liderando o mercado e influenciam de maneira mais contundente a divisão as obras, recebendo um volume maior em relação aos contratos em face do seu porte; QUE, havia empresas menores que participavam de maneira permanente do esquema, como TECHINT, SKANSKA, PROMON, ENGEVIX, MENDES JÚNIOR, IESA, TOYO SETAL as quais tinham uma participação menor tanto nos contratos como em relação as decisões adotadas. (Fonte: Delação Dalton dos Santos Avancini nº 2, 2015, p. 2)
g) CATEGORIA 7 - PETROBRAS
O pagamento de propina pelos contratos junto a Petrobras, segundo Dalton
Avancini (Camargo Corrêa), girava de em torno de 1% (um por cento) para a Diretoria
de Abastecimento, gerenciada por Paulo Roberto Costa e outro 1% (um por cento)
para a Diretoria de Abastecimento, chefiada por Renato Duque. Não havia contrato
de "propina", sendo o papel de intermediador desempenhado por Alberto Youssef no
caso de Paulo Roberto Costa e por Julio Camargo no caso de Renato Duque,
conforme o trecho:
QUE, acerca dos valores pagos como propina pelos contratos junto a PETROBRAS, afirma que soube logo que assumiu a Diretoria de Oleo e Gas da CAMARGO que o valor giraria em torno de dois por cento (2%), sendo (1%)um por cento para a Diretoria de Abastecimento, chefiada por PAULO ROBERTO COSTA e 1% (um por cento) para a Diretoria de Abastecimento, chefiada por RENATO DUQUE; QUE, acrescenta que nunca houve um contato direto com PAULO ROBERTO COSTA e RENATO DUQUE para tratar do assunto "propina" sendo esse papel de intermediação desempenhado por ALBERTO YOUSSEFF, no caso de PAULO ROBERTO e por JULIO CAMARGO, no caso de RENATO DUQUE. (Fonte: Delação Dalton dos Santos Avancini nº 2, 2015, p. 4)
Ou seja, a relação dos empresários com os políticos, por meio da Petrobrás,
se dava através de propinas constantes fixadas para as Diretorias.
29
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A literatura para o presente tema tem contribuições recentes bastante
importantes, mas ainda não suficiente para análise da questão da Lava Jato de forma
profunda, devido também à extensão do material disponível e dos acontecimentos que
se sucedem tão rapidamente.
Acerca da metodologia adotada, por se tratar de poucos documentos, a
análise quantitativa restou prejudicada. Ao passo que, se fossem tratados muitos
documentos, o estudo qualitativo seria desgastante. Além disso, a natureza dos
documentos, visto que a delação de Claudio Melo Filho era muito mais rica que as
demais, pode ter prejudicado na quantificação das categorias encontradas.
Como vimos acima, os discursos dos empresários sugerem que os padrões
de ação política através de práticas ilegais por parte se davam em compatibilidade e
quase que completamente inclusos do sistema político e de acordo com a organização
do regime político. Tal característica revela que havia interesse na manutenção do
regime, assim como demonstra certo grau de satisfação e até de confiança no
sistema, mesmo sendo ele marcado pela corrupção.
Além disso, percebe-se que contato direto e pessoal com os políticos era a
forma predominante, ou seja, a relação entre os empresários e a política se dava, num
primeiro momento com os políticos específicos. Após esse contato é que se davam
contribuições a partidos, por exemplo. Mas o que prevalecia eram relações diretas de
“troca de favores”.
Ainda, pode-se aferir que existem nuances entre lobby e a prática ilícita da
corrupção. Não incumbe ao trabalho presente apontar as características específicas
de ambas as condutas, porém é pertinente indicar que, por mais que o lobby não seja
regulamentado no Brasil, ele existe e não consiste na conduta de pagamento de
propina. Desse modo, percebe-se uma linha tênue entre a legalidade e o ilícito nos
casos de corrupção empresarial, diversas vezes se confundindo.
Por fim, este trabalho traz algumas sugestões interessantes para estudos
futuros. Em primeiro lugar, se mostrou interessante estender a análise para as
delações premiadas tanto de outros empresários da Odebrecht, quanto de outras
empresas.
Em segundo lugar, é interessante observar que as delações, além de serem
utilizadas como provas nos processos, são constantemente empregadas pela mídia
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ou por qualquer outro agente interessado para manobras políticas a depender da
conjuntura política da época. Evidência disso é a disponibilização das delações em
conjunturas nas quais seus conteúdos poderiam ser utilizados politicamente.
E por fim, acerca dos tópicos descritos na análise, pode-se perceber uma
relação profunda entre as empresas e a política em geral. Tal relação não é tão
recente – as delações citam relações entre empresários e políticos anteriores a 2004
–, e talvez por tal fato se demonstre tão complexa.
Ainda, pôde-se observar que os empresários corruptos se relacionam, na sua
maioria, com os políticos corruptos, e não com partidos específicos. Pôde-se verificar
que diversos políticos são citados, e quando partidos eram citados, estavam
relacionados, em grande medida, ao nome de pessoas, agentes da corrupção. Prova
factual da tese é que foram citados 81 políticos, enquanto apareceram somente 49
partidos (p. 17). A partir disso, pode-se aferir que as instituições não são corruptas,
mas sim os agentes políticos que delas participam. Ou seja, os partidos passam a ser
um instrumento no qual os políticos envolvidos em corrupção conseguem atingir os
empresários, e vice-versa. Dessa maneira, com o auxílio de políticos situados em
certos partidos políticos, os empresários conseguiriam interferir em decisões de
investimentos públicos e atingir a tomada de decisões de políticos alocados nas
cúpulas do Executivo e Legislativo. As relações destacadas nas delações não são
com as cúpulas dos partidos, mas com os representantes de partidos nas cúpulas dos
governos.
Além disso, pode ser deduzido que as relações mais robustas se dão entre os
empresários e a política em geral, ficando em segundo plano suas relações com as
entidades de classe, a Petrobras ou até mesmo outros empresários.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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