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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
JOÃO RICARDO KOTOVICZ FILHO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
MECANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE SILVICULTURA EM EMPRESAS
FLORESTAIS BRASILEIRAS
CURITIBA
2016
JOÃO RICARDO KOTOVICZ FILHO
MECANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE SILVICULTURA EM EMPRESAS
FLORESTAIS BRASILEIRAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Florestal do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, como requisito para a conclusão da disciplina ENGF006 e requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Anselmo Malinovski
CURITIBA
2016
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela vida concedida.
À Universidade Federal do Paraná, ao Curso de Engenharia Florestal e ao
Laboratório de Operações Florestais, pelo acolhimento e possibilidade de
realização deste trabalho.
À minha família, em especial aos meus pais, João Ricardo Kotovicz e
Glodani Kobus Kotovicz, que nunca mediram esforços para a minha formação
pessoal e profissional, e ao meu irmão pelo companheirismo de toda a vida.
Ao professor Dr. Ricardo Anselmo Malinovski, pelos conhecimentos
compartilhados no dia a dia e pelas oportunidades concedidas.
A Associação Atlética Lenhadores e aos meus amigos, pelos bons
momentos vividos dentro e fora da universidade.
Aos bons professores, pelas contribuições acadêmicas e pessoais.
i
DADOS ACADÊMICOS
Nome do aluno: João Ricardo Kotovicz Filho
GRR: 20122348
Telefones: (41) 99647-4545
E-mail: [email protected]
Endereço: R. Maria Vaccari Bortolan, 454, Ouro Fino, São José dos Pinhais, PR
Orientador:Prof. Dr. Ricardo Anselmo Malinovski
ii
RESUMO
Em função da tendência e necessidade atual da mecanização das atividades de
silvicultura, faz-se necessário um diagnóstico para apresentar a real situação das
atividades de plantio, implantação e manutenção da floresta realizadas nas
principais empresas de base florestal do país. O trabalho foi idealizado no
Laboratório de Operações Florestais do curso de Engenharia Florestal da
Universidade Federal do Paraná, através da elaboração e aplicação de um
questionário em 30 empresas localizadas nas regiões sul, sudeste e centro-oeste.
Estas regiões juntas, totalizam mais de 6.000.000 de hectares segundo o relatório
da Industria Brasileira de Árvores (IBÁ) de 2016. Através do levantamento das
máquinas e equipamentos utilizados nas atividades de preparo do solo, limpeza
da área, combate a formiga, aplicação de herbicida, irrigação, plantio e adubação,
foi possível nivelar as operações em seis diferentes níveis. Além do nível de
mecanização das atividades, foi possível identificar que as tecnologias utilizadas
são independentes de espécie cultivada, sendo o relevo o fator que mais interfere
na mecanização ou não das atividades. A região Centro-Oeste foi considerada a
mais mecanizada, sendo a única a atingir o nível 6 de mecanização na atividade
de adubação de cobertura em uma das empresas colaboradoras. As atividades
de plantio e replantio apresentaram os menores índices de mecanização.
Informações de custo de implantação foram disponibilizadas por algumas
empresas, enriquecendo as informações
Palavras chave: Operações florestais, Implantação, Tecnologia florestal.
iii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: MULCHER UTILIZADO PARA FRAGMENTAÇÃO DE RESÍDUOS
FLORESTAIS ACOPLADO A FELLER ................................................................ 19
FIGURA 2: ENLEIRAMENTO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE SKIDDER COMO
MÁQUINA BASE .................................................................................................. 20
FIGURA 3: AUTOPROPELIDO UTILIZADO PARA APLICAÇÃO DE HERBICIDA
............................................................................................................................. 21
FIGURA 4: APLICAÇÃO DE HERBICIDA COM BOMBA COSTAL ..................... 22
FIGURA 5: SUBSOLADOR ACOPLADO A UM TRATOR ESTEIRA UTILIZADO
NA ATIVIDADE DE PREPARO DO SOLO ........................................................... 24
FIGURA 6: TRATOR AGRÍCOLA COM EQUIPAMENTO UTILIZADO PARA
APLICAÇÃO DE ADUBAÇÃO DE COBERTURA ................................................ 25
FIGURA 7: TRATOR AGRICOLA COM PLANTADEIRA FLORESTAL
UTILIZADOS NO PLANTIO .................................................................................. 26
FIGURA 8: COLABORADOR CAMINHANDO COM PLANTADEIRA DE
ACIONAMENTO MANUAL EM BICO DE IRRIGAÇÃO ........................................ 27
FIGURA 9: BICO DOSADOR UTILIZADO NA OPERAÇÃO DE IRRIGAÇÃO ..... 28
FIGURA 10: OPERADOR CAMINHANDO COM DOSADOR DE ISCAS
UTILIZADO NO COMBATE A FORMIGA ............................................................. 29
FIGURA 11: MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PLANTIOS FLORESTAIS NO PAÍS
COM DESTAQUE PARA ÁREA DE ATUAÇÃO DA PESQUISA ......................... 31
FIGURA 12A E 12B: ENXADA À ESQUERDA, E COLABORADOR COM
PLANTADEIRA DE ACIONAMENTO MANUAL À DIREITA ................................. 38
FIGURA 13A E 13B:COLABORADOR SEGURANDO ROÇADEIRA A
ESQUERDA E COLABORADORES REALIZANDO A OPERAÇÃO DE
IRRIGAÇÃO A DIREITA ....................................................................................... 38
FIGURA 14: COVEADOR ROTREE EM CAMPO ................................................ 48
FIGURA 15: AUTOPROPELIDO JACTO 2500 STAR .......................................... 49
iv
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01: EXEMPLIFICAÇÃO DO PREENCHIMENTO DAS INFORMAÇÕES
EM PLANILHA ELETRÔNICA...............................................................................34
QUADRO 02: COMPARAÇÃO DO NIVEL DE MECANIZAÇÃO POR REGIÃO..47
v
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01: PERCENTUAL DA CARACTERIZAÇÃO DO RELEVO.................36
GRÁFICO 02: NÍVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NO PREPARO DO SOLO
...............................................................................................................................39
GRÁFICO 03: NÍVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NA ADUBAÇÃO DE
COBERTURA.........................................................................................................41
GRÁFICO 04: NIVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NO PLANTIO...................42
GRÁFICO 05: NIVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NA IRRIGAÇÃO..............43
GRÁFICO 06: NIVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NO CONTROLE DE
PLANTAS INVASORAS.........................................................................................46
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS
PIB - Produto Interno Bruto
IBÁ - Industria Brasileira de Árvores
SNIF - Sistema Nacional de Informações Florestais
IMA - Incremento Médio Anual
Ha - Hectare
NPK - Combinação de Nitrogênio, Fósforo e Potássio
GPS - Global Positioning System
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 15
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 15
2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 15
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................. 16
3.1 Mecanização ................................................................................................................... 16
3.2 Silvicultura ....................................................................................................................... 16
3.3 Tratos Culturais ............................................................................................................... 17
3.3 Operações ....................................................................................................................... 18
3.3.1 Limpeza da área ..............................................................................................18
3.3.2 Aplicação de herbicida .....................................................................................20
3.3.3 Preparo do solo................................................................................................23
3.3.4 Adubação.........................................................................................................24
3.3.5 Plantio ..............................................................................................................26
3.3.6 Irrigação ...........................................................................................................27
3.3.7 Combate a formiga ..........................................................................................28
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 30
4.1 Definição do local ............................................................................................................ 30
4.2 Levantamento de empresas .......................................................................................... 31
4.3 Elaboração do questionário ........................................................................................... 32
4.4 Aplicação do questionário .............................................................................................. 33
4.5 Compilação das informações ......................................................................................... 33
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 35
5.1 Níveis de mecanização .................................................................................................. 37
5.2 Níveis por operação ........................................................................................................ 39
5.2.1 Preparo do solo................................................................................................39
5.2.2 Fertilização do solo ..........................................................................................40
5.2.3 Plantio ..............................................................................................................41
5.2.4 Irrigação ...........................................................................................................43
5.2.5 Controle de formiga e Replantio .......................................................................44
5.2.6 Controle de Plantas Invasoras .........................................................................46
5.2.7 Índice por região ..............................................................................................47
5.3 Novas Tecnologias ........................................................................................................ 48
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 51
7 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 53
12
1 INTRODUÇÃO
O setor florestal brasileiro representa 1,2% de toda a riqueza gerada no
País e 6% do PIB industrial, segundo o Relatório da Indústria Brasileira de
Árvores (IBÁ) de 2016. Cada hectare de árvores plantadas contribuiu com R$ 7,8
mil ao PIB nacional em 2014, contribuição 60% maior que o complexo soja, que
em 2014 adicionou R$ 4,9 mil/ano por hectare plantado.
Com aproximadamente 7,74 milhões de hectares de florestas plantadas, o
país se destaca na produção de papel, móveis, painéis de madeira reconstituída,
painéis compensados, pisos laminados, carvão vegetal e outros produtos com fins
energéticos. Além da importância econômica, o setor florestal tem papel
ambiental fundamental na preservação da fauna e flora. Segundo o Sistema
Nacional de Informações Florestais (SNIF) os segmentos do setor florestal juntos
empregam mais de 600.000 pessoas, mesmo apresentando uma redução nos
últimos 5 anos de 49.000 empregos formais registrados resultado da incerteza da
economia global e deficiência de mão-de-obra.
O manejo e a exploração das florestas brasileiras contribuem para o
desenvolvimento econômico do nosso país, e a tecnologia, por sua vez, contribui
para o desenvolvimento de todo setor, exemplificado pela colheita florestal, que
nos últimos 20 anos evoluiu significativamente com as máquinas de grande porte,
importadas de países tradicionalmente florestais, específicas para estas
operações (ALTOÉ, 2004).
Contrapondo-se a colheita florestal, que se desenvolveu de maneira
satisfatória nas ultimas décadas, a silvicultura apresenta um cenário oposto,
desenvolvendo-se de maneira lenta e herdando tecnologias provenientes do setor
agrícola. Nas décadas de 1960 e 1970 a silvicultura era caracterizada pelo uso de
tratores de esteira, arados e correntes (SOARES, 2008).
Nos anos 80 as técnicas de cultivo mínimo se intensificaram na mesma
medida que o uso dos tratores agrícolas, sendo seguidos pelo início das
certificações e a preocupação com a conservação do solo nos anos 90. Neste
13
mesmo período, os primeiros passos foram dados para a melhoria dos processos
de conservação do solo, para áreas destinadas ao plantio florestal (WINCHERT,
2006).
Equipamentos exclusivamente florestais começaram a surgir apenas nos
canos 2000, integrando a realidade de produtores com máquinas com cabines e
alta capacidade hidráulica (SOARES, 2008).
A mecanização das atividades desenvolvidas para plantar, manter e colher
florestas está mudando com o ingresso de novas tecnologias e conceitos, muitas
empresas já adotam sistemas sofisticados na área de planejamento, utilizando
tablets e celulares, facilitando a tomada de decisão. A utilização de Veículo Aéreo
Não Tripulado (VANT) tornou-se realidade nas mensurações, e no melhoramento
genético clones híbridos surpreendem pelo alto crescimento e resistência.
(VIEIRA, 2012).
A tecnologia é considerada um bem social, tornando-se meio para
agregação de valores aos mais diversos produtos, resultando em progresso e
desenvolvimento. Considerando a importância econômica do setor florestal e
madeireiro no cenário nacional, a relação da tecnologia com o desenvolvimento
da sociedade, e a relevância da silvicultura no sistema de produção florestal,
acredita-se que o diagnóstico correto, das atuais tecnologias utilizadas nas
operações de silvicultura, poderá permitir a produtores e empresas, a
identificação e nivelamento de suas próprias tecnologias de implantação,
estimulando o uso de tecnologias eficientes, que solucionem problemas de
escassez de mão de obra, aumento na qualidade na execução das operações,
produtividade e conseqüentemente a qualidade dos povoamentos florestais.
A concentração de novas empresas em uma mesma região, vinculadas a
uma característica de relevo plano ou levemente ondulado, deverá apresentar um
nível de mecanização elevado, caso da região centro-oeste, que apresenta uma
topografia favorável e aumentou em mais de meio milhão de hectares sua área de
florestas plantadas nos últimos cinco anos.
Operações que exigem um cuidado maior para execução, como o plantio,
deverão apresentar níveis de mecanização inferiores as demais operações. No
14
caso do plantio, não existem equipamentos que consigam igualar a qualidade
desta operação realizada por um colaborador, considerando que o coleto não
deve ser afogado, que a muda deve sofrer uma leve pressão quando colocada no
solo evitando a formação de bolsões de ar e outros pequenos detalhes que a
máquina ainda não é capaz de fazer.
As informações disponibilizadas pelas empresas proporcionarão o
nivelamento das operações, podendo revelar as tecnologias utilizadas em cada
região e possibilitar a comparação de cada atividade além da identificação dos
fatores que interferem no nível empregado nas operações.
15
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo diagnosticar os atuais níveis
de mecanização das operações silviculturais no que se refere ao preparo do solo,
combate a formiga, combate a plantas invasoras, irrigação, adubação e plantio
nas principais empresas florestais das regiões, sul, sudeste e centro-oeste do
país.
2.2 Objetivos Específicos
i. Categorizar o nível das tecnologias aplicadas no dia a dia das
empresas nas operações silviculturais;
ii. Determinar possíveis variáveis de influência no nível de tecnologia
adotado;
iii. Identificar novas tecnologias para as diversas etapas das operações
de silvicultura;
16
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Mecanização
Mecanização é o ato ou efeito de mecanizar; tornar semelhante a uma
máquina; tornar mecânico, ou introduzir o emprego de máquinas.
Diretamente correlacionada a rendimento, a mecanização tornou-se
realidade em todos os setores produtivos do mundo. No setor florestal,
especificamente no Brasil, a mecanização das atividades iniciou-se a partir da
década de 1980. A introdução de equipamentos é um processo lento, que deve se
adequar aos sistemas de trabalho, treinamento de mão-de-obra e
dimensionamento de equipes (SALMERON, 1980).
As primeiras máquinas para uso florestal foram os tratores de esteira,
utilizados principalmente para limpeza da área e preparo do solo através da
subsolagem. Posteriormente os equipamentos destinados a colheita florestal
sofreram transformações e ganharam porte e robustez. Para a silvicultura restou
algumas adaptações de equipamentos provenientes da agricultura e a utilização
de equipamentos com baixos níveis de mecanização empregados (SOARES,
2008).
Os altos custos de insumos, a realidade das áreas destinadas ao setor de
base florestal e mão-de-obra são os principais desafios da silvicultura hoje no
Brasil. O desenvolvimento de equipamentos específicos para esta atividade é
uma necessidade, assim como a melhoria da qualidade das operações. (IPEF,
2015).
3.2 Silvicultura
A palavra silvicultura provém do latim e quer dizer floresta (silva) e cultivo
de árvores (cultura). Silvicultura é a ciência que estuda as maneiras naturais ou
artificiais de melhorar o povoamento florestal, atendendo às exigências do
17
mercado. Manutenção, aproveitamento e uso consciente das florestas são
algumas das aplicações da silvicultura (BARROS, 2008).
O documento "Plantações florestais: gerando benefícios com baixo impacto
ambiental" realizado em 2015 pela Embrapa Florestas em parceria com a
Industria Brasileira de Árvores (IBÁ), define silvicultura como a ciência e arte de
controlar o crescimento, estabelecimento, qualidade das florestas e dos
ambientes, composição e sanidade de indivíduos de porte lenhoso que suprem as
diversas necessidades e valores da sociedade e de proprietários florestais,
através de práticas sustentáveis que podem ser utilizadas em ambientes naturais
ou plantados. Além disso, as praticas de manejo florestal destinadas a produção
ou proteção ambiental também estão atreladas a silvicultura.
Inseridas na silvicultura, as práticas silviculturais referem-se aos processos
em que uma floresta é tratada, removida ou substituída por outra, produzindo
madeira para as mais diversas finalidades. Envolve os métodos de regeneração,
distribuição, melhoria, utilização e formas de produção da floresta. A finalidade da
floresta, meio biótico e físico e as características ambientais podem fazer com que
as práticas silviculturais variem (TROUP, 1928).
3.3 Tratos Culturais
O potencial de produção de uma espécie florestal, relativos a produtividade
de madeira e rentabilidade, exige tratos culturais adequados. O controle cultural e
manejo de plantas infestantes são algumas das técnicas utilizadas para o
desenvolvimento adequado de plantações florestais (ALVEZ, 2004).
A competição com plantas invasoras é indesejável para produção florestal,
principalmente no processo de estabelecimento e fixação do povoamento. O
numero de intervenções pode variar de acordo com características do clima, tipo
de planta a ser combatida, técnicas de implantação, nível de infestação, entre
outros (PAIVA, 2011).
18
Dentro das atividades de silvicultura, existem os tratos culturais e
silviculturais. Segundo a Revista da Madeira (2001) os tratos silviculturais podem
melhorar os fatores que afetam a qualidade da madeira, como espaçamento,
fertilização, podas e desbastes. Já os tratos culturais envolvem operações como
coroamentos, capinas e roçadas, geralmente realizados após plantio com o
objetivo de diminuir a competição com plantas oportunistas. Ou seja, tratos
culturais refere-se as operações realizadas no meio, já as operações realizadas
diretamente na árvore são definidas como tratos silviculturais.
3.3 Operações
3.3.1 Limpeza da área
A primeira operação, dentre as operações de silvicultura, para o início de
implantação, ou reforma de um povoamento florestal, consiste na remoção dos
resíduos presentes na área. O resíduo é o resultado de processos de qualquer
origem industrial, doméstica ou agrícola, e pode se apresentar no estado sólido,
semi-sólido ou líquido (ORMOND, 2006). Já o resíduo florestal é o material
resultante das operações de colheita de um povoamento florestal. Este resíduo,
normalmente, é composto por galhos, folhas, cascas e material lenhoso com
diâmetro inferior ao desejado pelas indústrias de consumo (NOVAES, 2008).
A limpeza de área é necessária para que as operações posteriores, como
plantio, possam ser facilitadas. Esta, pode acontecer com a abertura de novas
áreas, onde existe a supressão vegetal, ou a limpeza dos resíduos
remanescentes. Em ambas as situações as operações base serão: enleiramento
e fragmentação de resíduos (SCHORN, 2004).
19
Para fragmentação de resíduos é comum a utilização de mulchers, uma
ferramenta que pode ser caracterizada como um triturador acoplado a uma
máquina base, como exemplificado na FIGURA 01.
FIGURA 1: MULCHER UTILIZADO PARA FRAGMENTAÇÃO DE RESÍDUOS FLORESTAIS ACOPLADO A FELLER
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
O enleiramento é o processo de amontoamento ou empilhamento, em
leiras ou camadas espaçadas entre si, do material derrubado (ORMOND, 2006).
Como mostra a FIGURA 02.
20
FIGURA 2: ENLEIRAMENTO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE SKIDDER COMO MÁQUINA BASE
FONTE: Gustavo Castro (2016)
3.3.2 Aplicação de herbicida
Segundo a Embrapa Florestas (2015) o uso de herbicidas nos
povoamentos florestais é realizado nos primeiros anos, não ocorrendo durante
toda a rotação da cultura, devido a estabilidade do ambiente florestal se
comparado com culturas anuais. Além disso, fungicidas e inseticidas muitas vezes
são utilizados apenas em viveiro de produção de mudas reduzindo a aplicação de
agroquímicos no campo.
O controle de plantas invasoras antes de emergirem sobre a superfície do
solo ocorre com a aplicação de herbicidas pré emergentes*, que são utilizados no
Herbicida pré emergente*: substância que controle o mato, se aplicada uniformemente sobre o solo úmido antes do desenvolvimento das plantas invasoras.
21
setor florestal principalmente na implantação ou reforma da floresta, normalmente
pulverizados em toda superfície do terreno.
É recomendado que este tipo de herbicida apresente uma seletividade adequada,
não afetando os indivíduos de interesse comercial em questão, e que o período
de controle satisfaça as necessidades do povoamento (PITELLI, 1987). A
FIGURA 03 exemplifica a aplicação de herbicida com a utilização de trator
agrícola.
FIGURA 3: AUTOPROPELIDO UTILIZADO PARA APLICAÇÃO DE HERBICIDA
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
A aplicação de herbicidas pós-emergentes segue princípios semelhantes a
aplicação pré-emergente no que diz respeito a tecnologias e objetivos, a diferença
agora é a existência da muda no campo. O produto utilizado neste caso, deve
necessariamente, eliminar apenas as plantas sem interesse comercial, evitando a
mato competição e contribuindo para o desenvolvimento sadio do indivíduo, com
22
níveis ideais de nutrientes, luz e água. (RIBEIRO, 2002). A utilização de bomba
costal para aplicação de pós-emergente é comum, exemplificado na FIGURA 04.
FIGURA 4: APLICAÇÃO DE HERBICIDA COM BOMBA COSTAL
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
A operação de aplicação de herbicida em área total, em geral, possibilita a
mecanização, principalmente quando a floresta está em estágio inicial ou ainda
não foi plantada, contribuindo com a entrada de equipamentos na área, sofrendo
influência apenas das características do relevo e das condições ambientais
(PITELLI, 1987).
23
A barra protegida, popularmente conhecida como 'conceição', é um
equipamento utilizado para a aplicação de herbicida pós emergente em áreas já
plantadas. A proteção da barra evita o contato do herbicida com a muda, e a
aplicação ocorre apenas na entre linha. A faixa de aplicação pode variar de 2 a 4
metros de acordo com a marca do equipamento e a necessidade do cliente,
podendo em alguns casos ser regulável (MACHADO NETO, 2007).
3.3.3 Preparo do solo
Objetivando eliminar ou atenuar fatores físicos, químicos e biológicos, que
possam prejudicar o desenvolvimento da cultura de interesse, o preparo do solo é
uma das operações responsáveis diretamente pelo sucesso ou não do
povoamento, influenciando na brotação, no crescimento radicular e no
estabelecimento da cultura (SANTIAGO, 2008).
Em algumas plantações florestais, adota-se como princípio a “convivência
com os resíduos vegetais”, objetivando economizar operações e reduzir danos ao
solo. Esse princípio consiste em realizar algumas operações essenciais, como o
preparo de solo, evitando movimentar ou alterando o mínimo possível a
disposição ou as características dos resíduos. Para isso, podem-se usar alguns
recursos, como: adição de acessórios mecânicos nos implementos de preparo de
solo, como o disco cortante e a haste retrátil do subsolador; conjugação do limpa-
trilho ou do rastelo com a subsolagem, de forma a deslocar os resíduos da linha
de subsolagem; elevação do chassi do trator com rodas e/ou pneus especiais
(pneus maiores, às vezes, com uso de esteira); e modificação do espaçamento de
plantio, de forma a possibilitar a realização de operações em faixas de terreno
com menos obstáculos (Gonçalves et al., 2002).
24
FIGURA 5: SUBSOLADOR ACOPLADO A UM TRATOR ESTEIRA UTILIZADO NA ATIVIDADE DE PREPARO DO SOLO
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
Na FIGURA 05 é possível observar que o equipamento acoplado ao trator
realiza a operação de subsolagem com disco localizado no final do equipamento
que auxilia no preparo do solo superficial, além disso, a imagem sugere que
possivelmente esteja sendo realizada operação de adubação em conjunto com o
preparo do solo, comum neste processo.
3.3.4 Adubação
Segundo Paiva (2011) a fertilização é responsável por ganhos de
produtividade, pois enriquece de elementos minerais os solos que, em geral,
apresentam carência do nível ideal de fertilidade, subdividindo-se a operação de
25
adubação em: aplicação de calcário, adubação de arranque ou inicial e adubação
de cobertura.
Correção do solo, ou calagem, é a primeira etapa na fertilização de um solo
destinado a plantios florestais, com o objetivo de corrigir a acidez presente. A
adubação inicial pode ser realizada pré ou pós plantio, em conjunto ou não com a
operação de plantio, e consiste na aplicação de NPK em teores que variam
conforme a característica nutricional do solo (PAIVA, 2011).
FIGURA 6: TRATOR AGRÍCOLA COM EQUIPAMENTO UTILIZADO PARA APLICAÇÃO DE ADUBAÇÃO DE COBERTURA
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
A adubação de cobertura pode ser parcelada entre 2 a 4 aplicações e
realizada de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da copa, no
período de 3 a 24 meses após o plantio. Realiza-se ainda de maneira mecanizada
em um filete contínuo. Nos dois tipos de aplicações, deve-se iniciar a partir de um
diâmetro de copa superior a 40 cm (GONÇALVES, 2007)
26
3.3.5 Plantio
Segundo a Embrapa Florestas (2001), caracteriza-se plantio como a
colocação da muda no campo, sendo uma das operações que exige maior nível
de atenção na implantação florestal.
Espaçamento, relevo, operações de manejo, adubação e tratos culturais
afetam diretamente a mecanização desta operação, exigindo uma definição clara
dos usos e objetivos do povoamento em questão. Controle de pragas e doenças,
e limpeza da área, também influenciam no sucesso ou não desta operação.
FIGURA 7: TRATOR AGRICOLA COM PLANTADEIRA FLORESTAL UTILIZADOS NO PLANTIO
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
O plantio, segundo o Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (2008),
quando realizada através da utilização de plantadeiras de acionamento manual
(FIGURA 08), deve seguir algumas recomendações, como a manutenção do
coleto ao nível do solo e a realização de uma leve pressão nesta região com o
objetivo de manter a muda firme ao chão, evitando bolsões de ar.
27
FIGURA 8: COLABORADOR CAMINHANDO COM PLANTADEIRA DE ACIONAMENTO MANUAL EM BICO DE IRRIGAÇÃO
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
3.3.6 Irrigação
Esta operação é definida como a aplicação de água no solo de forma a
complementar e suprir as necessidades hídricas das plantas permitindo valores
de umidade ideal para o desenvolvimento do indivíduo (FOLEGATTI, 2011).
Segundo a Embrapa (2010), em 2008 as regiões sul e sudeste
apresentaram altas taxas de irrigação na agricultura, porém, estes valores são
desconhecidos para florestas plantadas, sabe-se apenas que a irrigação tem
papel fundamental na garantia de produção e diminuição das taxas de
mortalidade.
28
FIGURA 9: BICO DOSADOR UTILIZADO NA OPERAÇÃO DE IRRIGAÇÃO
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
3.3.7 Combate a formiga
Dentre as pragas que provocam danos aos povoamentos florestais, as
formigas cortadeiras certamente tem importância significativa. É necessário que
essas formigas sejam controladas nas áreas reflorestadas, favorecendo o
desenvolvimento das mudas em campo, diminuindo taxas de mortalidade e,
conseqüentemente, aumentando a produtividade da floresta. (PAIVA, 2011).
29
FIGURA 10: OPERADOR CAMINHANDO COM DOSADOR DE ISCAS UTILIZADO NO COMBATE A FORMIGA
FONTE: Ricardo Malinovski (2016)
Existem experimentos em regiões onde o ataque de formigas quenquém,
gênero Acromyrmex, chega a 200 formigueiros/ha, levando perdas de 30% nas
cepas de Eucalyptus sp por isso o combate a formiga é realizado em etapas,
iniciando na área a ser plantada meses antes do plantio, nas reservas de mata
nativa próximas e nas faixas ecológicas. Posteriormente realiza-se o repasse,
com novas aplicações do produto utilizado e finaliza-se com a ronda, que ocorre
em todo período de formação e maturação do povoamento (PAIVA, 2016).
O principal produto utilizado para o combate a formiga é a isca granulada,
que possui dois princípios ativos principais, fipronil e sulfluramida. A inatividade
dos formigueiros tratados demora cerca de 15 dias após aplicação.
30
4 MATERIAL E MÉTODOS
Para o presente trabalho, que visa diagnosticar o nível de mecanização das
operações de silvicultura em empresas florestais brasileiras, foi utilizado a
aplicação de questionário aliado ao referencial bibliográfico atinente ao assunto.
O questionário pode ser definido como a técnica de investigação composta
por questões que normalmente levantam informações sobre interesses e opiniões
(PERRIEN, 1986)
4.1 Definição do local
A pesquisa foi idealizada no Laboratório de Operações Florestais e obteve
informações de empresas localizadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande
do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás,
Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, representada pela área destacada na
FIGURA 11.
31
FIGURA 11: MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PLANTIOS FLORESTAIS NO PAÍS COM DESTAQUE PARA ÁREA DE ATUAÇÃO DA PESQUISA
FONTE: Relatório IBÁ (2015)
4.2 Levantamento de empresas
Considerando importância e relevância no segmento de florestas
plantadas, buscou-se identificar as principais empresas em cada região,
independentemente de espécie cultivada, relevo ou finalidade da floresta.
Foram identificadas 30 empresas, divididas de maneira igualitária em cada
região, ou seja, 10 na região sul, 10 na região centro-oeste e 10 na região
sudeste. Estimou-se que as 30 empresas juntas possuem mais de 2.000.000 de
hectares de florestas plantadas das regiões sul, sudeste e centro-oeste somadas,
esta área representa mais de 25% da área total de florestas plantadas no país
segundo o relatório da Industria Brasileira de Árvores (IBÁ) de 2016, portanto este
número é satisfatório para um diagnóstico correto das operações realizadas.
32
4.3 Elaboração do questionário
O questionário, em anexo neste trabalho, foi elaborado de maneira sucinta,
com questões abertas, que permitem que o participante responda com as próprias
palavras, buscando atender as expectativas propostas, com perguntas
envolvendo o funcionamento e detalhamento de todas as operações realizadas na
silvicultura da empresa. Todas estas perguntas obrigatoriamente deveriam ser
respondidas.
As perguntas envolvendo as operações foram as seguintes:
Como é realizado preparo de solo e qual maquinário é utilizado? (máquina
base +implemento) Descreva.
A adubação é feita em conjunto com o preparo? Como ela é realizada?
Descreva.
Como é realizado e qual maquinário é utilizado para o Plantio? Descreva.
Ocorre irrigação? Se sim, descreva.
Ocorre replantio? Se sim, descreva.
Como é realizado o controle de plantas invasoras/mato competição?
Como é realizado o controle de formigas?
As perguntas foram elaboradas de acordo com o passo a passo da
implantação florestal, considerando o preparo do solo, os tipos de adubação, os
diferentes métodos de controle de plantas infestantes, combate a formiga,
irrigação e replantio.
Além das informações de tecnologias, foram elaboradas perguntas
relacionadas ao Incremento Médio Anual (IMA) da floresta, gênero cultivado pela
empresa, caracterização do relevo das áreas da empresa, área efetiva de plantio,
índice de sobrevivência, destino final da madeira proveniente das florestas e o
custo médio de implantação por hectare. Perguntou-se ao final da pesquisa se a
empresa possui ou não linhas de pesquisas envolvendo tecnologia das operações
de silvicultura e qual a expectativa de mecanização para os próximos 5 anos.
33
Ao todo o questionário foi formado por 16 questões, das quais 12 eram de
preenchimento obrigatório.
4.4 Aplicação do questionário
Considerando o número de empresas participantes optou-se pela aplicação
do questionário via e-mail, sem a utilização de ferramentas específicas para tal
finalidade.
Inicialmente foi realizado o contato com as empresas, via telefone, e
realizada a apresentação do projeto para o responsável pela silvicultura, em
seguida enviou-se um e-mail com o questionário anexado. Explicou-se no e-mail a
importância da pesquisa, a necessidade do detalhamento das informações e
confiabilidade da mesma, sendo de total responsabilidade da empresa envolvida
qualquer informação não condizente com a realidade. A última etapa era o
recebimento do questionário respondido e o retorno através de uma nova ligação
para confirmação de recebimento e retirada de eventuais dúvidas envolvendo as
respostas.
4.5 Compilação das informações
A compilação das informações foi realizada entre agosto e outubro de
2016, e o nivelamento das operações realizado através da utilização de planilha
eletrônica.
Assim que o questionário era recebido, as informações eram lidas e
interpretadas, e, caso existisse omissão de informação ou dúvida em relação as
respostas, imediatamente era realizado o contato com a empresa, para
averiguação da situação citada pelo responsável.
34
As informações foram inseridas em uma planilha Excel, como exemplifica o
Quadro 01, adicionando todas as informações propostas neste trabalho, com o
nome da empresa, e os níveis de mecanização já classificados, facilitando a
visualização da situação por região e cultura. As operações não realizadas na
empresa eram preenchidas com a letra 'X', indicando ausência da operação, não
sendo contabilizado no nível de mecanização.
Para operações realizadas em conjunto, adotou-se o mesmo nível
tecnológico, por exemplo, se uma empresa realiza o preparo do solo e juntamente
a adubação na linha, as operações possuem o mesmo nível tecnológico
empregado, se estas duas operações foram executadas com a utilização de uma
máquina base e apenas um operador ambas são consideradas operações de
mesmo nível de mecanização (Máquina base + Operador).
QUADRO 01: EXEMPLIFICAÇÃO DO PREENCHIMENTO DAS INFORMAÇÕES EM PLANILHA ELETRÔNICA
FONTE: O Autor (2016)
Região Cultura Área (Hectares) Preparo do solo Aplicação de herbicida Adubação ...
EMPRESA 01 Centro-Oeste Teca 24.000 5 5 x ...
EMPRESA 02 Sul Pinus 60.000 5 2 2 ...
EMPRESA 03 ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ...
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 30 empresas consultadas, 14 responderam o questionário, totalizando
mais de 1.000.000 de hectares de florestas plantadas, pouco menos de 20% da
área total estimada das regiões sul, sudeste e centro-oeste somadas.
As finalidades da madeira das empresas participantes foram diversas,
como produção de compensados, carvão, embalagens, laminados, móveis,
celulose e energia. Além disso, três gêneros foram identificados, Pinus,
Eucalyptus eTectona.
Apenas 1/3 da área total envolvida na pesquisa foi caracterizada como
plana, possibilitando um maior nível de mecanização das operações, enquanto
que quase metade foi caracterizada como ondulada ou fortemente ondulada.
As áreas caracterizadas como onduladas ou fortemente onduladas estão
distribuídas nos três estados do sul e no estado de São Paulo, locais que
apresentaram as atividades com menor nível de mecanização. O relevo está
diretamente relacionado com o nível de mecanização, afetando na escolha dos
equipamentos, considerando que máquinas e equipamentos de grande porte tem
dificuldade de trabalhar em sítios com topografia acidentada.
Existem diversos trabalhos na literatura que relacionam o rendimento das
operações de colheita com as características do relevo, e sempre é possível
observar um rendimento menor das máquinas em áreas com relevo acidentado se
comparadas a áreas planas. No caso da silvicultura o mais comum é a
substituição do equipamento, por exemplo, se em uma área caracterizada como
plana utiliza-se barras protegidas ("conceição") para aplicação de herbicida nas
entre linhas do povoamento, em um relevo ondulado opta-se por aplicação do
mesmo herbicida utilizando colaboradores com bombas costais. No caso
exemplificado podemos comparar um método que utiliza uma máquina base com
operador contra um método que utiliza um comboio com dezenas de
colaboradores e bombas costais, sendo níveis totalmente diferentes de
mecanização influenciados exclusivamente pelo relevo.
36
GRÁFICO 01: PERCENTUAL DA CARACTERIZAÇÃO DO RELEVO
FONTE: O Autor (2016)
Dentre as perguntas cuja a resposta era optativa tem-se o custo de
implantação, que foi disponibilizado por 7 das 30 empresas, e variou de R$
3.600,00 para o gênero Pinus, até R$ 9.000,00 para o gênero Eucalyptus. Tal
variação pode ser justificada pela adição de custos na implantação, como podas e
desbastes, considerando que algumas empresas consideram estas operações
como pertencentes a implantação da floresta. De qualquer maneira, o custo
médio para o cultivo do Pinus foi de R$ 4.365,00 e R$ 5.795,00 para o
Eucalyptus. Para Tecnona não foi disponibilizado valores referentes a custos de
implantação.
Com um incremento médio de 37m³/hectare/ano e sobrevivência média de
96% o Pinus representa quase 19% da área total envolvida neste trabalho, a Teca
representa menos de 2% da pesquisa e os valores de incremento médio anual e
sobrevivência deste gênero não foram disponibilizados pelas empresas, e o
Eucalipto, apresentando incremento de 43m³/ha/ano e 97% de taxa de
sobrevivência representa 79% da área total deste trabalho.
37
5.1 Níveis de mecanização
Tradicionalmente pode-se dividir as operações em manuais, semi-
mecanizadas e os mecanizadas. Não é raro encontrar casos de operações, iguais
ou semelhantes, que são classificadas de maneira diferente entre as empresas.
Dentre todos métodos utilizados pelas empresas entre as operações
silviculturais, obteve-se 6 diferentes níveis de mecanização, sendo o primeiro
nível atividades exclusivamente manuais, e o sexto e ultimo nível, atividades com
maior tecnologia empregada, totalmente automatizadas. Como produto do
questionário obteve-se os seguintes níveis, ou graus de mecanização:
- Nível ou Grau 1: Atividades desenvolvidas com ferramentas manuais;
- Nível ou Grau 2: Atividades com ferramentas de acionamento manual;
- Nível ou Grau 3: Atividades desenvolvidas com ferramentas motorizadas;
- Nível ou Grau 4: Atividades desenvolvidas com tratores em conjunto com
colaboradores;
- Nível ou Grau 5: Atividades desenvolvidas com tratores somente com o
operador;
- Nível ou Grau 6: Atividades desenvolvidas com tratores automatizados ou
aviões com ou sem presença de piloto.
O primeiro e o segundo grau de mecanização referem-se as operações
manuais, subdivididas pela ferramenta utilizada. O primeiro nível refere-se a
ferramentas como enxada, foice e 'sacho', enquanto o segundo nível pode ser
representado por plantadeiras, adubadeiras, aplicadores manuais e qualquer
outro equipamento com acionamento manual. Os níveis 1 e 2 estão
representados nas FIGURAS 12A e 12B, respectivamente.
38
FIGURA 12A E 12B: ENXADA À ESQUERDA, E COLABORADOR COM PLANTADEIRA DE ACIONAMENTO MANUAL À DIREITA
FONTE: Santaluz (2012) e Portal Florestal (2015)
Os graus 3 e 4 de mecanização, representados nas FIGURAS 13A e 13B
respectivamente, considera operações semi-mecanizadas, através da utilização
de ferramentas ou equipamentos motorizados. Roçadeiras, moto-coveadores e
pulverizadores costais motorizados são exemplos do terceiro grau de
mecanização, enquanto que atividade de irrigação utilizando trator agrícola com
operador e colaboradores, representa grau quatro.
FIGURA 13B E 13B:COLABORADOR SEGURANDO ROÇADEIRA A ESQUERDA E COLABORADORES REALIZANDO A OPERAÇÃO DE IRRIGAÇÃO A DIREITA
FONTE: Garthen (2015) e Painel Florestal (2013)
A B
A B
39
Os dois últimos níveis representam as atividades totalmente mecanizadas,
o nível 5 foi classificado como atividades com a utilização de trator agrícola ou
máquina base e a utilização de apenas um operador, sem a necessidade de
colaboradores em campo, e o sexto e último nível é a mecanização totalmente
automatizada, com a utilização de aviões ou tratores guiados por GPS, sem a
necessidade de operador.
5.2 Níveis por operação
5.2.1 Preparo do solo
A grande maioria das empresas destacou a prática de técnicas de cultivo
mínimo para o preparo do solo, com a utilização de um trator esteira ou agrícola e
subsolador. Destacaram também que as práticas de preparo de solo são as mais
semelhantes as praticadas na agricultura, resultando em um nível de
mecanização 5 em 75% das empresas. O nível ou grau 5 de mecanização
consiste em máquina base e apenas o operador.
GRÁFICO 02: NÍVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NO PREPARO DO SOLO
FONTE: O Autor (2016)
40
O trabalho "Técnicas modernas de preparo do solo na busca do aumento
da produtividade florestal e redução do custo operacional" de Edésio P. Bortolas e
João Batista Rosa, apresentados no 3º Encontro Brasileiro de Silvicultura em
2014, retrata os métodos utilizados para o preparo do solo em uma unidade
florestal da Klabin S.A no norte do estado do Paraná. Tal trabalho aponta que as
características de relevo são suavemente ondulados ou ondulados possuindo
restrição para mecanização, todavia o sistema proposto é justamente a utilização
de tratores esteira equipados com subsolador, para atender as exigências de
qualidade e custos operacionais.
Campos (2013) denota em sua dissertação que utiliza-se trator agrícola e
subsolador para o preparo do solo em uma área localizada no estado do Espírito
Santo, além da fertilização do solo em conjunto com o preparo, realidade
encontrada nas empresas colaboradoras deste trabalho.
Através da comparação de técnicas de preparo do solo em empresas
situadas nos estados participantes desta pesquisa com situações de relevo
também similares, caracteriza-se esta operação predominantemente como nível 5
de mecanização.
5.2.2 Fertilização do solo
A fertilização do solo apresentou padrões de mecanização, demonstrando
estagnação na evolução de tecnologias para esta operação. Metade das
empresas realiza a adubação em conjunto com o preparo do solo, com máquina
base e operador, sendo 5 seu nível de mecanização. A outra metade das
empresas utiliza técnicas de adubação no momento do plantio, e novamente,
todas apresentaram o uso da mesma pratica, adubadeiras de acionamento
manual, portanto, nível 2 de mecanização.
Klitzke (2016) relata a utilização de dois tipos de subsoladores com
adubadeiras, que realizam tanto a subsolagem como a fertilização em conjunto
com esta operação, em áreas florestais da empresa Fibria Celulose S.A, no
estado do Espírito Santo, reforçando os métodos encontrados neste trabalho, que
41
demonstram que 50% da empresas que realizam a fertilização em conjunto com o
preparo do solo e estão categorizadas como nível ou grau 5 de mecanização.
A adubação em conjunto com o preparo do solo justifica-se principalmente
na redução de custos operacionais e preservação das características do solo,
visto que a máquina realiza duas operações com apenas uma passagem pela
linha de plantio.
Para a adubação de cobertura obtivemos a primeira e única tecnologia a
atingir o nível máximo de mecanização em uma das empresas. Apenas três
empresas praticam a operação de adubação de cobertura, e uma delas,
localizada na região centro-oeste do país, através da utilização de avião para
realização desta atividade, obtendo nível 6 de mecanização. As outras empresas
utilizam trator agrícola com operador ou adubadeiras de acionamento manual.
GRÁFICO 03: NÍVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NA ADUBAÇÃO DE COBERTURA
FONTE: O Autor (2016)
5.2.3 Plantio
A operação de plantio possui o menor índice de mecanização, com 82%
das empresas utilizando plantadeiras de acionamento manual. Apenas duas
42
empresas apresentaram tecnologias diferentes e foram caracterizadas como grau
4 e 5 de mecanização.
GRÁFICO 04: NIVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NO PLANTIO
FONTE: O Autor (2016)
O fato de uma atividade apresentar um nível ou grau de mecanização baixo
não necessariamente define a operação como ruim ou atrasada. No caso do
plantio observa-se uma dependência da qualidade humana na operação,
considerando que esta atividade exige atenção e cuidados maiores em relação
as demais.
A muda, independente de espécie, passa por numerosos cuidados antes
de ser levada a campo, desde a atenção contra ataques de fungos, podridões ou
outros agentes, até o detalhamento quanto a presença ou não de micorrizas e
enovelamento de raízes. Todos esses cuidados, vinculados ao material genético
da planta e características do ambiente influenciam diretamente na taxa de
sobrevivência do plantio, que afeta conseqüentemente os custos operacionais de
qualquer empresa ou proprietário.
Na atividade de plantio a chave para o sucesso do povoamento está na
altura do coleto em relação ao solo e na formação ou não de bolsões de ar na
cova onde a muda foi inserida, ou seja, mesmo com todos os cuidados na
preparação da muda no viveiro, se no momento do plantio o coleto for afogado ou
43
existir a formação de bolsões de ar na muda certamente as taxas de
sobrevivência despencam.
Considerando todos estes fatores e vinculando-os com os resultados
obtidos, observamos que mesmo existindo empresas que utilizam tecnologias
com níveis maiores, a grande maioria permanece no nível 2 de mecanização
desta atividade justamente pela ausência de máquinas e equipamentos que
plantem com a mesma qualidade que o homem com plantadeiras de acionamento
manual.
5.2.4 Irrigação
A irrigação também apresentou um padrão. Apenas 8 empresas fazem uso
de irrigação, entre elas 7 utilizam trator agrícola com tanque de água e
colaboradores no campo realizando aplicação nas mudas.
GRÁFICO 05: NIVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NA IRRIGAÇÃO
FONTE: O Autor (2016)
Sabe-se, através de notícias divulgadas pelo portal online Painel Florestal
em janeiro de 2016, que empresas de base florestal vem testando equipamentos
totalmente automatizados para realização de irrigação, com redução de mais de
44
30% dos custos destas operações. Estes sistemas ainda não são realidade, como
observa-se no Gráfico 05, em que 87% das empresas são categorizadas no nível
ou grau 4 de mecanização.
A atividade de irrigação está muito associada as características do solo e
clima, especificamente pluviosidade neste caso. Das 14 empresas que
colaboraram com esta pesquisa 8 realizam esta operação, ou seja, as 6 empresas
que não adotam este tipo de operação estão localizadas em regiões favoráveis.
Considerando que o Eucalipto representa cerca de 80% deste trabalho em
área plantada, e este gênero exige em média entre 2 e 4 litros de água por muda
por operação, deve-se imaginar que milhares de litros de água são transportados
diariamente para dentro dos talhões. Portanto qualquer método, que não seja
através da utilização de ao menos um trator com tanque de água e mangueiras
para aplicação nas linhas, tornar-se-ia inviável. Basta imaginar uma situação de
nível ou grau 2 de mecanização, um colaborador carregando um volume 'x' de
água consegue irrigar entre 5 e 10 mudas antes de abastecer, o número de
colaboradores, o tempo de aplicação e deslocamento, tornariam esta atividade
inviável.
5.2.5 Controle de formiga e Replantio
Ambas as operações obtiveram o mesmo grau de mecanização em todas
as empresas. Para o controle de formiga obteve-se grau 2 de mecanização, com
a utilização de dosadores de acionamento manual, realizando a distribuição das
iscas granuladas em campo, por 100% das empresas.
Dentre os métodos de controle de formiga temos o controle mecânico, que
pode ser através da escavação do formigueiro até localizar a rainha e então matá-
la ou com o uso de barreiras para proteger a copa das plantas, ambos inviáveis
em grande escala. O controle cultural como gradagem, aração ou até mesmo a
45
utilização de plantas que repelem algumas formigas cortadeiras também são
inimagináveis no dia a dia de empresas de base florestal.
O método de controle químico é o mais econômico e prático, dentro deste
método temos as iscas granuladas que comumente são aplicadas com a
utilização de dosadores costais ou trator agrícola com equipamento específico
para aplicação dos grânulos. Certamente o rendimento por área de aplicação do
trator agrícola é superior ao dosador costal, porém, a maior vantagem do dosador
costal é novamente a questão humana. O operador responsável pela direção do
trator agrícola não consegue observar os olheiros dos formigueiros ou as trilhas
utilizadas pelas formigas, enquanto que o colaborador que utiliza o dosador
consegue caminhar dentro do talhão e localizar facilmente os formigueiros,
aplicando as iscas próximo as trilhas ou olheiros, elevando a eficiência da
aplicação e evitando o desperdício do produto. Além disto, eventualmente são
necessários repasses ou rondas para aplicação dos grânulos, o deslocamento de
um trator para realizar esta atividade é totalmente inviável, novamente possui-se a
vantagem da utilização do colaborador.
O replantio também teve 100% das empresas niveladas no mesmo grau de
mecanização. Com a utilização de plantadeiras de acionamento manual, todas as
empresas estão no grau 2 de mecanização.
Considera-se, geralmente, que o replantio é necessário quando a taxa de
sobrevivência é inferior a 95% e está operação é realizada entre 30 e 60 dias
após o plantio. Se na atividade de plantio exige-se a qualidade humana para sua
realização, no replantio essa necessidade aumenta, pois além da atenção com o
coleto e bolsões de ar, existem mudas já plantadas. Uma máquina para realizar
esta operação deveria: não afundar o coleto, não permitir a formação de bolsões
de ar e ainda não danificar as mudas já existentes no campo. Considerando que
cada empresa adota espaçamentos diferentes a máquina deveria ainda se
adequar aos espaçamentos, ou seja, a utilização de colaboradores e plantadeiras
de acionamento manual são a melhor opção.
46
5.2.6 Controle de Plantas Invasoras
Foi englobado todo e qualquer método de controle a mato competição
neste tópico, desde o controle químico com bombas costais, até o controle
mecânico com a utilização de roçadeiras acopladas a tratores agrícolas.
Possuiu a maior variação no nível das atividades, tendo representantes nos
niveis 2, 3, 4 e 5, como observa-se no GRÁFICO 06.
GRÁFICO 06: NIVEL OU GRAU DE MECANIZAÇÃO NO CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS
FONTE: O Autor (2016)
O controle de plantas invasoras pode ser realizado através de métodos
físicos, biológicos, mecânicos e químicos. No questionário aplicado obtivemos
alguns destes métodos de controle, variando desde a utilização de bombas
costais para aplicações de herbicida (método químico), roçadeiras (método
mecânico) até aplicação de herbicida em área total através da utilização de
autopropelidos.
Denota-se que as empresas não seguem um padrão como nas demais
operações, os diferentes tipos de métodos de controle podem ser a principal
47
razão desta variação, ou simplesmente a situação de cada empresa permite que
a atividade de controle de plantas invasoras possa variar.
5.2.7 Índice por região
O quadro a seguir faz uma comparação entre o nível da
mecanização das operações de preparo do solo, adubação, plantio, irrigação e
replantio entre as 3 regiões propostas neste trabalho, além de uma comparação
das taxas de sobrevivência.
QUADRO 02: COMPARAÇÃO DO NIVEL DE MECANIZAÇÃO POR REGIÃO FONTE: O Autor (2016)
As operações de preparo do solo e adubação apresentara os maiores
índices de mecanização. A região Centro-Oeste obteve os maiores níveis de
mecanização, justificados principalmente pela característica do relevo, e embora a
característica topográfica desta região tenha colaborado com o nível de
mecanização, é importante destacar que todas as empresas do centro-oeste
possuem pesquisas em desenvolvimento no que diz respeito a tecnologia de
silvicultura.
O replantio e o plantio foram as operações com o menor nível de
mecanização, justificados principalmente pela exigência de uma qualidade de
execução que as máquinas ainda não atingiram.
Preparo do Solo 4,5 Preparo do Solo 4,5 Preparo do Solo 5,0
Adubação 2,0 Adubação 4,3 Adubação 5,5
Plantio 2,0 Plantio 2,0 Plantio 3,0
Irrigação 4,0 Irrigação 4,0 Irrigação 4,3
Replantio 2,0 Replantio 2,0 Replantio 2,0
Sobrevivência 95,80% Sobrevivência 96,50% Sobrevivência 97%
SUL SUDESTE CENTRO-OESTE
48
Sabe-se que as características do clima afetam diretamente a taxa de
sobrevivência de um povoamento florestal, mesmo assim deve-se considerar que
a região com os maiores índices de mecanização foi também a que apresentou a
maior taxa de sobrevivência, podendo existir uma relação entre estes fatores.
5.3 Novas Tecnologias
No questionário da pesquisa incluiu-se uma pergunta sobre avaliações ou
testes, e 7 entre as 14 empresas possuem algum tipo de pesquisa em andamento
na área de mecanização da silvicultura. As empresas destacaram o
desenvolvimento da ergonomia, redução de custos, eficiência das operações e
melhor aproveitamento da terra como os pontos a serem melhorados.
FIGURA 14: COVEADOR ROTREE EM CAMPO
FONTE: Komatsu Forest (2011)
O Coveador Rotree, indicado como potencial tecnologia por uma das
empresas, deve ser testado. Segundo o fabricante, o coveador é ideal para áreas
acidentadas e permite aplicação de fertilizante e herbicida pré-emergente no
49
momento do coveamento. Sabe-se que operações realizadas em conjunto
reduzem custos e contribuem para a manutenção das características físicas do
solo.
Outra recomendação de uma das empresas participantes, foi a de
utilização de autopropelidos, tanto para a correção e fertilização do solo, quanto
para aplicação de herbicidas. A altura deste equipamento possibilita a aplicação
de herbicida em área total mesmo com a floresta já plantada, desde que em
estágio inicial e que o herbicida não prejudique o desenvolvimento do
povoamento florestal. As barras chegam a alcançar 28 metros de comprimento,
proporcionando maior rendimento da operação.
FIGURA 15: AUTOPROPELIDO JACTO 2500 STAR
FONTE: JACTO (2016)
A ultima tecnologia recomendada pelas empresas participantes da
pesquisa, foi a utilização de Drones para aplicação de herbicidas, evitando
colaboradores no campo em contato direto com o ingrediente ativo do produto em
questão, ganhando em rendimento e obtendo informações precisas sobre o
povoamento. Estes equipamentos já existem, mas antes de serem uma
50
ferramenta competitiva no mercado é necessário ajustar questões de rendimento,
considerando que os Drones atuais tem capacidade para no máximo 15 litros.
As tecnologias recomendadas pelas empresas muitas vezes não são tão
atuais, como o coveador Rotree, que está a mais de 5 anos no mercado e ainda
não é realidade nas operações de preparo de solo. Além disto, a sugestão de
utilização de autopropelidos maiores é, possivelmente, reflexo da herança das
tecnologias da agricultura, considerando que esta tecnologia já está em uso no
setor agrícola.
Atrelados ao controle químico de plantas infestantes, temos na agricultura
sensores que detectam a clorofila da planta e então acionam automaticamente a
válvula para a aplicação de herbicida, estes equipamentos estão em uso, mas a
adaptação em áreas destinadas a florestas plantadas ainda é restrita,
principalmente pela característica dos relevos, resíduos existentes no campo e
intensidade de infestação das plantas.
Sabe-se que as tecnologias em uso nas operações silviculturais são
algumas vezes adaptações de equipamentos provenientes da agricultura. Este
fato não é necessariamente ruim, caso da adaptação dos autopropelidos, porém,
o que se observa são equipamentos sucateados, sem uso na agricultura que
acabam sendo adaptados para o uso florestal. É evitando o reaproveitamento de
equipamentos sucateados e desenvolvendo equipamentos específicos para as
atividades de silvicultura que possibilita-se o desenvolvimento acentuado do setor.
51
6 CONCLUSÕES
Em função dos resultados obtidos conclui-se que:
Combate a formiga e replantio foram categorizados em nível 2 de
mecanização em todas as empresas colaboradoras;
Plantio foi categorizado em nível 3 de mecanização na região
centro-oeste e nível 2 nas regiões sul e sudeste;
Preparo do solo apresentou a maior média do nível de mecanização
4,5 nas regiões sul e sudeste e 5 na região centro-oeste;
Adubação de cobertura foi a única a apresentar uma empresa em
nível 6 de mecanização;
A região centro-oeste obteve o maior nível de mecanização em
todas as operações, justificados principalmente pela característica
do relevo plano ou levemente ondulado;
A maior taxa de sobrevivência foi identificada na região centro-
oeste, podendo existir uma relação entre o nível de mecanização e
a sobrevivência do povoamento;
As novas tecnologias existentes para as operações silviculturais
ainda não são realidade, justificados principalmente pela
inviabilidade econômica .
52
7 RECOMENDAÇÕES
Com base no trabalho, recomenda-se a realização de pesquisas
destinadas a tecnologias nas operações de silvicultura;
A criação de um banco de informações por parte das empresas de
base florestal, vinculadas a uma instituição pública, que facilite o
acesso de pesquisadores a essas informações;
Desenvolvimento de equipamentos exclusivos para silvicultura
florestal, evitando o reaproveitamento ou adaptação de
equipamentos agrícolas;
53
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Acesso em: 08 out. 2016.
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ANEXOS
QUESTIONÁRIO
Quais espécies a empresa planta?
Qual a área efetiva de plantio?
Qual é o IMA da empresa?
Como é caracterizado o relevo da região?
Como é realizado preparo de solo e qual maquinário é utilizado? (máquina
base +implemento) Descreva.
A adubação é feita em conjunto com o preparo? Como ela é realizada?
Descreva.
Como é realizado e qual maquinário é utilizado para o Plantio? Descreva.
Ocorre irrigação? Se sim, descreva.
Ocorre replantio? Se sim, descreva.
Qual taxa de mortalidade aceitável?
Como é realizado o controle de ervas daninhas/mato competição?
Como é realizada a aplicação de inseticidas?
Como é realizado o controle de formigas?
Atualmente a empresa realiza testes ou avaliação para mecanização de
alguma atividade de implantação e/ou manutenção da floresta?
Há previsão de mudanças na mecanização de alguma atividade abordada
para os próximos 5 anos?
Qual o custo de implantação hoje na empresa?