171
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI) Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN) Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente LAZER E POTENCIALIDADES PARA O TURISMO EM PIRACURUCA, PIAUÍ ROBERTA CELESTINO FERREIRA TERESINA - PIAUÍ 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI)Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste(TROPEN)

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente(PRODEMA)

Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPENCurso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente

LAZER E POTENCIALIDADES PARA O TURISMO EM PIRACURUCA, PIAUÍ

ROBERTA CELESTINO FERREIRA

TERESINA - PIAUÍ2011

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

1

ROBERTA CELESTINO FERREIRA

LAZER E POTENCIALIDADES PARA O TURISMO EM PIRACURUCA, PIAUÍ

Dissertação apresentada ao Programa Regional dePós-Graduação em Desenvolvimento e MeioAmbiente da Universidade Federal do Piauí(PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisitoparcial para obtenção do título de Mestre emDesenvolvimento e Meio Ambiente. Área deConcentração: Desenvolvimento do TrópicoEcotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa:Políticas de Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientadora Profa. Dra. Wilza Gomes Reis LopesCo-orientador Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo

TERESINA – PIAUÍ2011

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

2

FICHA CATALOGRÁFICAServiço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí

Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco

F383l Ferreira, Roberta Celestino.Lazer e potencialidades para o turismo em Piracuruca, Piauí

[manuscrito] / Roberta Celestino Ferreira. – 2011.170 f.

Cópia de computador (printout).Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Piauí,

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e MeioAmbiente (UFPI/TROPEN/PRODEMA), 2011.

“Orientadora: Profª. Drª. Wilza Gomes Reis Lopes”.“Co-Orientador: Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo”.

1. Barragem – Turismo. 2. Turismo. 3. Lazer. 4. Piracuruca.5. Desenvolvimento Sustentável. I. Título.

CDD 338.479 1

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

3

ROBERTA CELESTINO FERREIRA

LAZER E POTENCIALIDADES PARA O TURISMO EM PIRACURUCA, PIAUÍ

Dissertação apresentada ao Programa Regional dePós-Graduação em Desenvolvimento e MeioAmbiente da Universidade Federal do Piauí(PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisitoparcial para obtenção do título de Mestre emDesenvolvimento e Meio Ambiente. Área deConcentração: Desenvolvimento do TrópicoEcotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa:Políticas de Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em 28 de março de 2011.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________Profa. Dra.Wilza Gomes Reis Lopes

Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI)Orientadora

____________________________________________________________Profa. Dra. Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano

Universidade Estadual do Ceará (UECE)Membro-Externo

_____________________________________________________________Prof. Dr. José Ribamar de Sousa Rocha

Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI)Membro-Interno

_____________________________________________________________Prof. Dr. Dennis Barros de Carvalho

Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI)Suplente

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

4

Dedico este trabalho ao meu querido irmão,Lucas Pimenta Ferreira (in memoriam) por tersido meu apoio espiritual; a minha mãe, VeraLúcia Celestino da Silva; meu pai, JoãoPimenta Ferreira, e irmãs Patrícia CelestinoFerreira e Ludimila Celestino Ferreira, porsuportarem a distância em que nosencontramos; a meu esposo, FrancelinoEleuterio da Silva e a meu filho, ThiagoEleuterio da Silva, pela compreensão, carinhoe estímulo dedicado.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas e fortaleza de todos

os dias.

A Universidade Federal do Piauí (UFPI), pela oportunidade e a Coordenação de

Aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa concedida.

A minha orientadora, Profa. Dra. Wilza Gomes Reis Lopes, por todos os

ensinamentos, pelo compromisso durante a orientação, pela motivação e dedicação, pela

paciência e, principalmente, pela amizade.

Ao meu co-orientador. Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo, pela dedicação e

compromisso durante a orientação e pelas lições de vida.

Aos componentes da banca examinadora do Exame de Qualificação, Profa. Dra.

Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano e Prof. Dr. José Ribamar de Sousa Rocha, pela

grandiosa contribuição, e da banca examinadora da Defesa da Dissertação, Profa. Dra. Luzia

Neide Menezes Teixeira Coriolano e Prof. Dr. José Ribamar de Sousa Rocha, pela avaliação

criteriosa do trabalho.

Aos Docentes do Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal

do Nordeste (TROPEN), em especial aos professores: José Machado Moita Neto, João Batista

Lopes, Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Gerson Albuquerque de Araújo Neto, José

Ribamar de Sousa Rocha, Jaíra Maria Alcobaça Gomes, Maria Dione Carvalho de Morais,

Maria do Socorro Lira Monteiro, José Luís Lopes Araújo, Wilza Gomes Reis Lopes, Roseli

Farias Melo de Barros, Antonia Jesuíta de Lima, e também aos Docentes do Programa

Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA).

Aos colegas de turma 2009/2011: Accyolli Rodrigues Pinto de Sousa, Antonio

Joaquim da Silva, Charlene de Sousa e Silva, Daniel César Meneses de Carvalho, Daniel da

Silva Gomes, Elaine Aparecida da Silva, Emiliana Barros Cerqueira, João Macedo Lima

Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano

Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de Sousa Morais, Roberth Luíz Carvalho Cipriano,

Simone Tupinambá Freitas e Victor de Jesus Silva Meireles, pela amizade construída ao

longo do curso e pelo companheirismo, jamais visto em toda minha caminhada acadêmica.

Também aos colegas das turmas 2007/2009, 2008/2010 e 2010/2012.

Aos funcionários do Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico

Ecotonal do Nordeste (TROPEN): Dona Maridete de Alcobaça Brito, Sr. João Batista de

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

6

Souza Araújo e Sr. Raimundo Lemes de Oliveira; e aos seguranças, pela presteza em

colaborar.

Aos meus amigos e companheiros na árdua caminhada de ser um turismólogo.

A Universidade Estadual do Piauí (UESPI), pela oportunidade de realizar meu

estágio de docência superior, em especial à Coordenação do Curso de Bacharelado em

Turismo, pela contribuição a minha jornada como mestranda e enquanto estagiária.

A Profa MSc. Sammya Vanessa Vieira Chaves, pela orientação no Estágio-Docência.

A Liza Dedila de Menezes Fontenelle e ao Francisco Janiel Magalhães Pontes,

amigos do coração, que fiz quando entrei no mestrado, embora eles ainda não sejam do

mestrado, mas por coincidência são de Piracuruca, e muito me ajudaram, em especial na

pesquisa de campo.

A população de Piracuruca, em especial, aos proprietários de bares, donos de casas

de veraneio, moradores do entorno da Barragem Piracuruca, e aos visitantes que buscam o

local como um atrativo turístico do Estado do Piauí, com o intuito de desfrutar de horas de

lazer em contato com a natureza, pelas informações prestadas e pelas muitas experiências e

ensinamentos durante a pesquisa de campo, contribuindo, assim, de forma decisiva para a

concretização desta pesquisa.

A Prefeitura Municipal de Piracuruca, pelo incentivo a minha pesquisa, em especial

ao Prefeito Raimundo Vieira de Brito e a Secretária Municipal de Cultura, Turismo e

Desenvolvimento Econômico de Piracuruca, Jeane da Silva Melo e ao senhor Francisco

Augusto de Alcobaça Brito.

A Secretaria Estadual de Turismo (SETUR) e ao Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste (PRODETUR/NE/PI), em especial à senhora Maria Zuleide de Amorim

Martins, por colaborar com presteza.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a concretização de um sonho,

que busquei corajosamente realizar.

A todos, muito obrigada!

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

7

“O turismo é um fenômeno histórico semprecedentes, na sua extensão e no seu sentido,é uma das invenções mais espetaculares dolazer da sociedade moderna.”

Dumazedier

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

8

RESUMO

O presente trabalho consiste em estudar a atividade turística como forma de desenvolvimentosustentável na Barragem Piracuruca e seu entorno, no município de Piracuruca, Piauí. Apesquisa tem como objetivo geral analisar a Barragem Piracuruca como alternativa dedesenvolvimento socioeconômico e ambiental, para o incremento do turismo no município dePiracuruca, Piauí. Para atingir esse objetivo trabalha-se com os seguintes objetivosespecíficos: 1) Caracterizar o município de Piracuruca, destacando suas potencialidadesturísticas; 2) Identificar as formas de lazer e turismo que podem ser praticadas na BarragemPiracuruca; 3) Levantar os impactos positivos e negativos das atividades de lazer e turismodesenvolvidas na barragem; 4) Caracterizar o perfil e a percepção dos visitantes, dosprestadores de serviço, dos proprietários de casas de veraneio e da população do entorno daBarragem Piracuruca, sobre a atividade turística e sua contribuição para o desenvolvimentolocal. Como metodologia aplica-se a pesquisa bibliográfica e documental, complementadacom a pesquisa de campo aplicada com a amostra (visitantes, moradores, comerciantes eproprietários de casas de veraneio no entorno da Barragem Piracuruca) do objeto de estudo.Nesse caso, apontam-se como resultados encontrados, que o município de Piracuruca dispõede um rico acervo de patrimônio cultural, pelo seu conjunto arquitetônico, pelas diversasmanifestações culturais existentes, pelos atrativos naturais da região como o Parque Nacionalde Sete Cidades e pela potencialidade de lazer e recreação propiciada pela Barragem dePiracuruca. As possibilidades de desenvolvimento de atividades de lazer e do turismo emcontato com o meio natural na barragem são muitas, destacando-se banho aquático e de sol,pesca, mirante, campeonato de jetski e show acústico. Outras atividades também podem serexecutadas, desde que haja uma logística de estruturação e de infraestrutura, mostrando-sefavorável ao desenvolvimento do ecoturismo, turismo de esportes, turismo de pesca, turismonáutico, turismo de aventura, turismo de sol e praia. Com relação aos impactos positivos, aatividade de lazer e turismo na Barragem pode contribuir para uma melhor qualidade de vidada população local e dos visitantes, assim como a geração de empregos e renda; e os impactosnegativos estão relacionados à degradação do meio natural, devido à inadequada acomodaçãoe destinação de resíduos sólidos, a sazonalidade, a falta de conclusão da infraestrutura (doBalneário e da estrada de acesso ao mesmo) e condições de higiene. Além disso, notou-se quea população piracuruquense mais carente está vivenciando um processo de “marginalizaçãoterritorial”, no qual as casas mais pobres estão sendo afastadas da barragem e substituídas porconstruções mais luxuosas, o que demonstrou uma grande especulação imobiliária em toda aextensão da barragem, o que não deixa de ser limitações ao desenvolvimento do turismo,sendo fatores momentâneos, mas preocupantes. Os problemas podem ser suplantados atravésda mudança de postura diante da questão ambiental, em que tal mudança só pode serconseguida através de um planejamento turístico que vise à preservação da natureza,incluindo a educação ambiental, e que leve em consideração a percepção ambiental dasociedade no processo de construção do desenvolvimento local. A barragem é um localagradável à visitação, possuindo elevada potencialidade para o desenvolvimento domunicípio, por suas riquezas naturais, tendo os entrevistados uma percepção otimista quantoao desenvolvimento de atividades de lazer e turismo, podendo fomentar o desenvolvimentoeconômico local, bem como a integração social e cultural, o que deve ser feito com prudênciae diligência por parte da administração pública e pelos próprios moradores e visitantes.

Palavras-chaves: Barragem. Lazer. Desenvolvimento sustentável. Percepção ambiental.Planejamento turístico.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

9

ABSTRACT

This paper studies touristic activity as an alternative for sustainable development onPiracuruca Dam and its neighborhood, in Piracuruca county, Piauí. This research has generalobjective to analyze tourism on Piracuruca Dam as a possibility for social, economic andenvironmental development, for tourism increase on Piracuruca county, Piauí. In order toreach this goal, followed specific objectives were: 1) to characterize county of Piracuruca,pointing out its touristic potentialities; 2) to identify leisure and tourism ways that can bepracticed on Piracuruca Dam; 3) to indicate positive and negative impacts from leisure andtourism activities developed on dam; 4) to characterize profile and perception of visitors,services renderers, summer holiday facilities’ owners and population of Piracuruca Damneighborhood about touristic activity and its contribution for local development. Asmethodological steps, bibliographic and documentary research was realized, as well as fieldresearch developed with pattern (visitors, dwellers, merchants and summer holiday facilities’owners on Piracuruca Dam neighborhood) of study object. Research results point thatPiracuruca county has rich heap of cultural patrimony, composed by architectonic collection,several existent cultural manifestations and, natural attractive of region as Sete CidadesNational Park, in face of leisure and recreation potentiality provided by Piracuruca Dam.There are many possibilities for development of leisure and tourism activities’ in contact withenvironment, detaching water and sun bath, fishery, contemplation on belvedere, jetskichampionship and acoustic music show. Other activities can also be executed, since a logisticinfrastructure could be introduced, which can be favorable to ecological tourism, sportivetourism, fishing tourism, nautical tourism, adventure tourism, sun and beach tourism. Inrelation to positive impacts, leisure and tourism activity on dam can contribute to a better lifequality for local population and visitors, as well as income and employment generation; andnegative impacts are related to environmental degradation, due to inadequate disposition anddestination of solid residue, seasonality, incomplete infrastructure (of bathing place and roadfor access) and bad hygiene conditions. Besides, a “territorial marginalization” process ofneedy people, in which poorest homes have been removed from dam area and substituted bysumptuous constructions, which demonstrate a significant immovable speculation all overdam area, that impose limits to tourism development, as temporary but serious factors. Theseproblems can be solved by change of behavior in face of environmental questions, which onlycan be reached through a touristic planning for nature preservation, including environmentaleducation, taking environmental perception of society in count for process of localdevelopment construction. Piracuruca Dam is a pleasant place for visiting, which has greatpotentiality for county development, due to its natural wealth, so that interviewed personshave optimist perception in relation to development of leisure and tourism activities, whichcan foment local economic development, as well as social and cultural integration, made withprudence and diligence by public administration and this area dwellers and visitors.

Keywords: Dam. Leisure. Sustainable Development. Environmental Perception. TourismPlanning.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

10

LISTA DE QUADROS E ILUSTRAÇÕES

Quadro 2.1: Impactos positivos e negativos do turismo 48Figura 5.1: Mapa de localização do município de Piracuruca, Piauí 76Figura 5.2: Igreja Nossa Senhora do Carmo 81Figura 5.3: Palacete da década de 1930 82Figura 5.4: Casarão antigo da década de 1940 82Figura 5.5: Usina da Cultura 82Figura 5.6: Espaço Jovem 82Figura 5.7: Estação Ferroviária 83Figura 5.8: Ponte Metálica da Estrada de Ferro 83Figura 5.9: Praça Irmão Dantas 83Figura 5.10: Praça José de Brito Magalhães 83Figura 5.11: Prainha durante o dia 84Figura 5.12: Prainha durante a noite 84Figura 5.13: Abertura dos Festejos de Nossa Senhora do Carmo 86Figura 5.14: Procissão a Nossa Senhora do Carmo na semana dos festejos 86Figura 5.15: Primeira Festa da Carnaúba, animada pela banda mexicana Alma Latina 87Figura 5.16: Coroação da Rainha da Carnaúba de 2010, em Piracuruca 87Figura 5.17: Local de venda de artesanato 88Figura 5.18: Doces e licores de Piracuruca 88Figura 5.19: Pedra da Tartaruga no Parque Nacional de Sete Cidades 89Figura 5.20: Mirante no Parque Nacional de Sete Cidades 89Figura 5.21: Mapa de localização da Barragem Piracuruca 90Figura 5.22: Lago da Barragem Piracuruca 91Figura 5.23: Vazante da Barragem Piracuruca 91Figura 6.1: Regiões hidrográficas do Brasil 105Figura 6.2: Vegetação no entorno da Barragem 108Figura 6.3: Visão de satélite da Barragem Piracuruca, Piauí 110Figura 6.4: Visão parcial da Barragem Piracuruca 110Figura 6.5: Agricultura de subsistência das famílias do entorno da barragem Piracuruca 111Figura 6.6: Criação de animais de pequeno porte no entorno da Barragem Piracuruca 111Figura 6.7: Casas de veraneio 112Figura 6.8: Bar e restaurante próximo a barragem 112Figura 6.9: Balneário da EMGERPI em construção, ao fundo, antigo bar e restaurante, emfuncionamento aguardando a nova infraestrutura 112Quadro 6.1:Principais reservatórios nacionais para aproveitamento turístico 114Figura 6.10: Banho de sol e no lago da Barragem 116Figura 6.11: Bate papo, descontração e lazer na Barragem Piracuruca 116Figura 6.12: Movimentação turística na Barragem Piracuruca 117Figura 6.13: Prática esportiva na Barragem Piracuruca 117Figura 6.14: Acúmulo de lixo às margens da barragem 119Figura 6.15: Lançamento de dejetos no reservatório 119Figura 7.1: Diversão e lazer em um bar e restaurante no entorno da Barragem 136Figura 7.2: Banhista pescando na Barragem Piracuruca 136Figura 7.3: Cisterna em residência do entorno da barragem 139Figura 7.4: Casa de veraneio às margens da barragem 143Figura 7.5: Banho às margens da Barragem Piracuruca 144Figura 7.6: Bares e restaurantes próximos à barragem 146

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

11

Figura 7.7: Restauração da estrada que dá acesso ao balneário 150Figura 7.8: Construção do Balneário na Barragem Piracuruca 150

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

12

LISTA DE SIGLAS

ACONVIPI - Associação dos Condutores de Visitantes de PiracurucaAGESPISA - Águas e Esgotos do Piauí S/AANA - Agência Nacional de ÁguasBCB - Banco Central do BrasilBNTM - Brasil National Tourism MartCNMD - Conferência das Nações Unidas para o Meio ambiente e DesenvolvimentoCNRH - Conselho Nacional de Recursos HídricosCODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do ParnaíbaCOGERH - Companhia de Gestão dos Recursos HídricosCHESF - Companhia Hidroelétrica do São FranciscoCOMDEPI - Companhia de Desenvolvimento do PiauíCONSPLAN - Consultoria e PlanejamentoDNOCS - Departamento Nacional de Obras Conta as SecasEIA - Estudo de Impacto AmbientalEMGERPI - Empresa de Gestão de Recursos do PiauíEMATER-PI - Instituto de Assistência Técnica e Extenso Rural do PiauíFUNDAÇÃO CEPRO - Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do PiauíIBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIDEPI - Instituto de Desenvolvimento do PiauíIETS - Instituto de Estudos do Trabalho e da sociedadeINMET - Instituto Nacional de MeteorologiaIPHAN-PI - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Secção do Piauí)LGBT- Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e TransgênerosMTUR - Ministério do TurismoOMT - Organização Mundial do TurismoONU - Organização das Nações UnidasPARNA SETE CIDADES - Parque Nacional de Sete CidadesPAC - Programa de Aceleração do CrescimentoPDTIS - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo SustentávelPNUD – Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoPNRH- Programa Nacional de Recursos HídricosPRODETUR/NE/PI - Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste – PiauíRIMA - Relatório de Impacto AmbientalSEBRAE - Serviço de Apoio às Pequenas e Médias EmpresasSEINFRA-PI - Secretaria da Infra-Estrutura do Estado do PiauíSEMAR-PI - Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do PiauíSEPLAN-PI - Secretaria do Planejamento do Estado do PiauíSETUR-PI - Secretaria de Turismo do PiauíSIRAC - Serviços Integrados de Assessoria e ConsultoriaSPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalUNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 192.1 Lazer e turismo: conceitos modernos 192.2 Patrimônio cultural e turismo como dinamizador da cultural local 312.3 Relações entre paisagem, turismo, meio ambiente e desenvolvimento sustentável 362.4 A prática de lazer e turismo em espaços aquíferos 432.5 Impactos, planejamento e percepção ambiental da atividade turística 47

3 METODOLOGIA GERAL 56

4 REFERÊNCIAS 58

5 PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL NO TURISMO: POTENCIALIDADESDO MUNICÍPIO DE PIRACURUCA, PIAUÍ 665.1 Introdução 675.2 Patrimônio cultural e turismo 695.3 O município de Piracuruca, Piauí e seu patrimônio cultural e natural 745.3.1 Parque Nacional de Sete Cidades 885.3.2 O Grande Lago – Barragem de Piracuruca 905.4 Considerações finais 92Referências 93

6 A ÁGUA COMO SUPORTE PARA ATIVIDADES DE LAZER E TURISMO:POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA BARRAGEM PIRACURUCA NO ESTADODO PIAUÍ 996.1 Introdução 1006.2 Aproveitamento das águas para lazer e turismo 1026.3 A Barragem Piracuruca e seu entorno 1076.4 Possibilidades, limitações e impactos das atividades de lazer e turismo na BarragemPiracuruca 1136.5 Considerações finais 119Referências 121

7 USO E APROPRIAÇÃO DA BARRAGEM PIRACURUCA, PIAUÍ 1257.1 Introdução 1267.2 Procedimentos metodológicos 1277.3 Planejamento turístico e percepção ambiental 1287.4 Perfil e percepção ambiental dos atores envolvidos na Barragem Piracuruca 1337.5 Políticas públicas para o desenvolvimento do turismo na Barragem Piracuruca 1497.6 Considerações finais 151Referências 152

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 156

APÊNDICES: A; B; C; e DANEXOS

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

14

1 INTRODUÇÃO

Lazer e turismo são atividades que estão relacionadas à qualidade de vida, sendo o

lazer inerente às necessidades humanas. De outro modo, pode-se dizer que o lazer é atividade

que ajuda a relaxar as tensões adquiridas pelo indivíduo no seu dia a dia, frente à dialética do

cotidiano em que se encontra.

Os benefícios decorrentes das atividades que envolvem o lazer são percebidos e

valorizados pela sociedade, pois implicam na melhoria da saúde, na redução do estresse, do

absenteísmo, na redução dos acidentes no trabalho, na disposição e integração entre os

trabalhadores, bem como no resgate de valores e o enriquecimento sociocultural. Para que o

lazer seja realizado de modo satisfatório, englobando o turismo, há necessidade de espaços

com equipamentos e suportes de lazer projetados especificamente para esse propósito.

A prática do lazer é imprescindível ao ser humano, fato reconhecido pela

Constituição Federal, no art. 6, no qual se afirma que a educação, a saúde, o trabalho, a

segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, bem como o lazer são direitos sociais; bem como no art. 180 que diz que a

União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo

como fator de desenvolvimento social e econômico (BRASIL, 1988). Desse modo, a

prescrição da Constituição Federal de 1988 pode ser interpretada como um incentivo às

políticas públicas de lazer e turismo nos vários Estados e Municípios da Federação.

Assim, observa-se que o turismo, atualmente, tem sido tema de amplos debates e

discussões relacionadas à questão ambiental, envolvendo estudiosos e políticos. Percebe-se o

reconhecimento de que o turismo tem se revelado como um dos meios eficazes para o

desenvolvimento da economia e, com isso, do desenvolvimento urbano e local, ao se observar

os discursos de vários segmentos políticos, que começam a discutir a viabilização de políticas

ambientais voltadas para este setor.

O turismo, no Brasil e no mundo, tem se configurado como uma das formas de

resgate da prosperidade econômica de muitas regiões, denotando, por sua vez, o expressivo

desenvolvimento deste setor, que passa a envolver grandes volumes de dinheiro, além de

fluxos contínuos de pessoas que buscam locais privilegiados para atividades turísticas (DIAS,

2008). Assim, o turismo passa do simples conceito de deslocamento para se situar mais no

contexto das atividades sociais, que refletem o combate à pobreza, merecendo, portanto,

amplo estudo desse aspecto.

A partir dessa concepção, observa-se que a atividade turística planejada e gerenciada,

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

15

pode atrair riquezas e gerar benefícios para os municípios em que se encontra implantada,

propiciando geração de emprego e renda aos moradores locais e, ainda, aos empresários que

estabelecem empreendimentos comerciais voltados ao turismo.

No que se refere aos benefícios gerados pelo turismo, pode-se apontar seu forte

potencial para a atração de visitantes, potenciais consumidores de produtos e serviços, que

acarretará no aumento de arrecadação de impostos, que por sua vez, poderão ser utilizados na

melhoria das instalações e dos serviços ofertados à comunidade, refletindo de modo positivo

na expansão de atividades econômicas primárias como agricultura, pesca, manufatura e

produção de artesanato, empreendidos pelos moradores locais.

Além disso, em virtude do forte potencial econômico e social, o turismo tem

ajudado, em alguns lugares, na conservação de áreas naturais locais, sítios arqueológicos e

históricos, das artes, dos artesanatos, das tradições culturais e, ainda, contribuir para a

melhoria geral da qualidade de vida dos moradores, que se encontram na área periférica em

que está sendo desenvolvida essa atividade sustentável.

Contudo, se a atividade do turismo não for desenvolvida de maneira eficaz em uma

determinada região poderão ocorrer aspectos negativos, como por exemplo, a destruição dos

seus potenciais naturais e culturais, em curto espaço de tempo, o que pode significar a

redução, ou mesmo a extinção da matéria-prima da atividade turística. Entretanto, esses

aspectos negativos podem ser rechaçados, mediante o reconhecimento de suas consequências

danosas, por meio da preocupação voltada para o bem-estar da população local, bem como,

pela preservação do ambiente natural por parte de seus administradores, que devem

empreender planejamentos preventivos.

O turismo possui importante papel no cenário nacional e internacional, mas tal quais

as indústrias do passado, é altamente dependente dos recursos ambientais. Desse modo, sua

relação com o meio ambiente assume profunda relevância numa perspectiva de

desenvolvimento, que não pode envolver erros do passado nem prescindir de um modelo de

sustentabilidade. Sobre esse aspecto, Sachs (1993) é a favor do desenvolvimento realizado por

meio de um modelo econômico, que compatibilize eficiência econômica, justiça social e

prudência ecológica.

Assim, ressalta-se que a ideia do turismo pautado na sustentabilidade tem como

pressuposto, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003), o desejo social

de que as políticas de investimentos preservem, de um lado a ocupação equitativa do meio

natural e por outro propiciem o desenvolvimento humano social, sem comprometer os níveis

admissíveis da modernidade, enquanto desenvolvimento tecnológico.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

16

A grande valorização dada aos aspectos econômicos do turismo tem negligenciado os

estudos que levam em consideração os aspectos relacionados com o ambiente natural, a

cultura e os aspectos psicossociais das comunidades receptoras. Até porque, a forma

predatória utilizada pelo turismo ao se apropriar dos lugares, leva a uma análise voltada para a

discussão restrita à sustentabilidade ou a um outro determinante, que é a necessidade de se

criar meios menos impactantes, tanto para o ambiente natural quanto para o social

(RUSCHMANN, 2004).

Observa-se que é imprescindível a realização do planejamento da atividade turística

para a utilização dos recursos culturais e naturais, não só para a continuidade da atividade

turística de uma localidade, como também para a continuidade da permanência da espécie

humana e suas manifestações no planeta. Neste caso, verifica-se que é importante o esforço

integrado dos diversos sujeitos do processo: residentes, turistas, governantes, empresários,

operadores, etc., que através da busca em integrar os recursos naturais e culturais num

processo de planejamento, estabeleçam um desenvolvimento local que, respeitando seus

princípios básicos defensores da sustentabilidade da atividade turística, seja capaz de

harmonizar os interesses econômicos com o respeito à natureza e às comunidades envolvidas,

e sua percepção quanto à atividade turística.

Em relação ao turismo, é necessário ter em mente que o objeto turístico não existe

por si só, é uma invenção pelo e para o turismo. Assim, os espaços turísticos são construídos

pelos empreendimentos turísticos, consistindo no estabelecimento de uma nova estrutura

sócio espacial, na qual o que vai valer são as relações dos homens entre si, na sociedade.

Dessa forma, é importante a realização de estudos em áreas com potencial turístico, para que

se possam reduzir os danos ambientais e sociais provenientes da implantação da atividade

turística.

A cada dia, mais e mais pessoas procuram destinações com atrativos naturais

conservados, não só por sua beleza cênica, mas também por significar a fuga do cotidiano

urbano. A partir da diversidade ambiental existente no Piauí, Estado da região Nordeste do

Brasil, são encontrados diversos pontos turísticos que podem contribuir para o

empreendimento do turismo local, regional e mesmo internacional. Entre eles destaca-se a

cidade de Teresina (capital do Estado), o litoral, o Delta do Parnaíba (Parnaíba), os Sítios

Arqueológicos (São Raimundo Nonato), os Poços Jorrantes (Cristino Castro), a cidade

histórica (Oeiras), o Parque Nacional de Sete Cidades (Piracuruca) e algumas cachoeiras,

como a do Urubu (entre Batalha e Esperantina).

A água sempre fez parte das atividades humanas, sendo motivo de escolha para a

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

17

localização das aldeias e cidades. Segundo Benévolo (2003), desde o surgimento das

primeiras cidades destaca-se a proximidade dos cursos d’água como um dos fatores mais

importantes para a escolha de seu local de implantação, como se observa nas cidades da

Babilônia, entre os rios Tigre e Eufrates, Tebas, às margens do rio Nilo; Londres e o rio

Tâmisa; Paris e o rio Sena, pois os rios representavam a possibilidade de irrigação,

abastecimento d’água e meio de transporte, entre outros benefícios. Nos dias de hoje, os

recursos hídricos, como rios, lagoas, mares, represas, açudes e cachoeiras apresentam,

também, potencial turístico que podem ser aproveitados para o desenvolvimento do Estado do

Piauí, destacando-se os açudes e barragens que já possuem atividades de lazer em seu

entorno, como por exemplo, o Açude Caldeirão (em Piripiri) e a barragem Piracuruca, no

município de mesmo nome.

Em estudo da Agência Nacional de Águas (BRASIL, 2005, p. 1) sobre a situação e

locais de desenvolvimento do chamado turismo de lazer, associado aos recursos hídricos de

domínio da União, “visando sua inserção nas discussões do Plano Nacional de Recursos

Hídricos (PNRH) e à preservação do uso múltiplo das águas”, foi considerado que os

brasileiros costumam praticar esse tipo de turismo, em especial nas férias, em locais

relacionados com a água, como praias, lagos, rios e estâncias hidrominerais.

Para este estudo foi selecionada a Barragem Piracuruca, situada no Município de

Piracuruca, localizado na mesorregião do Norte piauiense, às margens do Rio Piracuruca,

distante 204 quilômetros de Teresina, capital do Estado do Piauí.

Como atração turística local, a barragem é visitada por sua exuberância natural e pelo

uso múltiplo de suas águas. Assim, a escolha da Barragem Piracuruca encontra-se relacionada

à necessidade que se verificou de um maior empreendimento turístico local, o que pode

culminar com essa barragem, sendo uma das alternativas de desenvolvimento socioeconômico

e ambiental, para o incremento do turismo no município de Piracuruca e de todo o Estado do

Piauí, podendo resultar em impactos positivos e negativos, caso o planejamento da atividade

turística não se dê de forma sustentável.

Para a realização dessa pesquisa levantou-se a seguinte questão: A atividade turística

praticada na Barragem Piracuruca e seu entorno, desenvolve-se de forma a proporcionar o

desenvolvimento com sustentabilidade? Partindo do pressuposto de que a forma como a

atividade turística é praticada na Barragem Piracuruca, pode trazer impactos ambientais

negativos ao desenvolvimento de forma sustentável.

Assim, este estudo teve como objetivo analisar a Barragem Piracuruca como

alternativa de desenvolvimento socioeconômico e ambiental para o incremento do turismo no

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

18

município de Piracuruca, Piauí. Com esse propósito, buscou-se: a) caracterizar o município de

Piracuruca, destacando suas potencialidades turísticas; b) identificar as formas de lazer e

turismo que podem ser praticadas na Barragem Piracuruca; c) levantar os impactos positivos e

negativos da atividade turística desenvolvida na barragem; e d) caracterizar o perfil e a

percepção dos visitantes, dos prestadores de serviços, dos proprietários de casas de veraneio e

da população do entorno da Barragem Piracuruca, sobre a atividade turística e sua

contribuição para o desenvolvimento local.

Este trabalho foi desenvolvido em duas partes, constando da primeira, a Introdução,

na qual se apresenta o tema, justificando sua importância e descrevendo-se os objetivos geral

e específicos, bem como a estrutura da dissertação. Esta parte contém, também, a Revisão

Bibliográfica, que aborda aspectos teóricos relacionados ao lazer, ao turismo, ao meio

ambiente, à sustentabilidade e à percepção ambiental e, ainda, a Metodologia Geral, que

descreve os percursos metodológicos empregados, e a relação das Referências utilizadas.

Na segunda parte estão apresentados os resultados obtidos, desenvolvidos em forma

de três artigos, que serão enviados a periódicos especializados.

O primeiro artigo – Patrimônio cultural e natural no turismo: potencialidades do

município de Piracuruca, Piauí - traça o contexto histórico, social, cultural, econômico e

ambiental do Município de Piracuruca, Piauí, destacando suas possibilidades para o

desenvolvimento do lazer e do turismo local.

O segundo artigo – A água como suporte para atividades de lazer e turismo:

possibilidades e limitações da Barragem Piracuruca no Estado do Piauí - faz referência

ao Município de Piracuruca, Piauí, descrevendo a Barragem Piracuruca, enquanto espaço de

lazer, turismo e desenvolvimento sustentável, destacando seus aspectos geoambientais, bem

como os impactos positivos e negativos advindos da atividade turística.

O terceiro artigo – Uso e apropriação da Barragem Piracuruca, Piauí - aborda o

planejamento da Barragem Piracuruca como local de lazer, turismo e de proposta de

desenvolvimento sustentável, destacando as políticas públicas para o desenvolvimento da

atividade turística na Barragem Piracuruca, o uso múltiplo da água para atividades de lazer e

recreação, bem como, caracterizando o perfil e a percepção ambiental e turística da população

envolvida (comerciantes, proprietários de casas de veraneio, moradores e turistas).

Por fim, o item Conclusões e Recomendações diz respeito às conclusões da

pesquisa e indica ações que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável do turismo

no município e para a Barragem Piracuruca, Piauí, enquanto lazer e atividade econômica, para

sua região.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste item são apresentados aspectos teóricos relacionados ao turismo, lazer, meio

ambiente, sustentabilidade, planejamento e percepção, visando subsidiar a pesquisa.

2.1 Lazer e turismo: conceitos modernos

A nomenclatura lazer é utilizada usualmente no meio acadêmico, no qual promove

discussões sobre seu significado e potencialidades como promotora do desenvolvimento

social.

Etimologicamente, “lazer” origina-se do verbo latino “licere”, que de acordo com

Larizzatti (2005) significava legítimo, correto, próprio, espontâneo. Desse mesmo verbo

latino, criaram-se outras variações para lazer, como no francês “loisir” e no inglês “leisure”.

No Brasil, os principais trabalhos e conceitos sobre o lazer fundamentam-se nas acepções

teóricas do sociólogo francês Dumazedier (1973, p. 34) que define lazer como

[...] um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livrevontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ouainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, suaparticipação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-seou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

Em pouco tempo, esta concepção repercutiu nas demais formulações teóricas sobre o

lazer no Brasil, que além de muito usual, possui variadas interpretações, transformando

Dumazedier na principal fonte de pesquisa sobre o assunto. No entanto, por limitar o lazer à

pratica de determinadas atividades e situá-lo como sendo um conjunto de ocupações, a

concepção de Dumazedier é alvo de constantes críticas, opondo-se às necessidades e

obrigações cotidianas. Nessa perspectiva, Gomes (2004, p. 121) diz que “trabalho e lazer

possuem diferentes caracteres, mas fazem parte da mesma dinâmica social, estabelecendo

relações dialéticas”.

Muitos estudiosos sobre lazer o definem como sendo um tempo livre ou conquistado,

que tem como finalidade compensar, de modo físico e psíquico. Contudo, para que isso ocorra

é preciso que sua escolha seja pessoal, livre, desinteressada, e principalmente que seja

prazerosa. Nesse sentido, entende-se tempo livre como sendo a liberação do tempo de

trabalho, obrigações domésticas, religiosas, escolares, entre outras. O lazer se utiliza desse

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

20

tempo livre, mas nem tudo que o homem faz no tempo livre pode ser considerado lazer, pois

pode não envolver prazer, vontade própria ou algo do gênero.

Assim, para que haja lazer é preciso disponibilidade de tempo, podendo este ser

diário, semanal, ou de longa duração (férias ou aposentadoria), mas a forma preferida depende

da rotina e o desgaste físico e mental de cada um. Na concepção de Requixa (1980, p. 35), o

lazer pode ser definido como a “[...] ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo

que o vive, e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de

desenvolvimento pessoal e social”. Ao definir o lazer como ocupação, esse autor segue a

mesma linha de raciocínio de Dumazedier, evidenciando a liberdade de escolha e o prazer que

o ser humano deve ter ao se deleitar em uma atividade de lazer, opondo o lazer, das

necessidades e obrigações da vida.

Nesse sentido, Requixa (1980) procurou notabilizar a tese de que o lazer é um

produto do próprio desenvolvimento industrial, com tendência a tornar-se mais importante,

segundo o aumento do tempo livre dos trabalhadores. O autor chega a destacar que o mundo

urbano permitiu que o trabalhador fosse dispondo de um tempo, sobretudo livre e com

tendência a aumentar. Este estudo apresenta, porém, uma limitação crucial, pois na mesma

direção de Dumazedier, Requixa considera a existência do lazer somente a partir da sociedade

industrial. Dessa forma, a grande contribuição deste estudo consiste em que o mesmo dá os

primeiros passos em direção a uma nova visão do problema do lazer no Brasil, na medida em

que ressalta que o tempo livre é um elemento indispensável ao seu desenvolvimento.

Em consonância com Dumazedier, Camargo (1986, p. 97) define lazer como um

[...] conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias,centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos eassociativos, realizadas num tempo livre, roubado ou conquistadohistoricamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstico e queinterferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.

Pelo que se pode notar, a ideia de Camargo, referente ao lazer, também delineia o

ponto de vista do autor francês Dumazedier, apesar da generalização deste conceito, que

compreende as manifestações do lazer como inúmeras atividades (exceto as domésticas e as

trabalhistas). Nesse contexto, Camargo (1986) aponta um elemento importante, quando afirma

que o lazer é uma conquista vinculada à jornada de trabalho/tempo livre.

Outro estudo que dá sequência ao conceito originário de Dumazedier, com certa

ampliação, é o de Marcellino (1983), que ratifica a ideia dumazediana em associar o lazer a

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

21

uma atividade desinteressada, sem fins lucrativos, relaxante, socializante e liberatória.

Contudo, depois de rever seus conceitos sobre o tema, Marcellino (1987, p. 33) passa a

entender o lazer como

[...] a cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada(praticada ou fruída) no “tempo disponível”. O importante, como traçodefinidor, é o caráter “desinteressado dessa vivência. Não se busca, pelomenos fundamentalmente, outra recompensa, além da satisfação provocadapela situação. A “disponibilidade de tempo” significa possibilidade deocupação pela atividade prática ou contemporânea.

Na reformulação da sua definição de lazer, Marcellino (1987) promove um avanço

na concepção, ao direcionar o lazer como cultura. A ampliação conceitual reside numa

formulação reflexiva de que o lazer passa pela apropriação da produção cultural existente na

sociedade. Nessa definição, Marcellino (1987) diz que a democracia política e econômica é

condição básica, ainda que não suficiente, para uma verdadeira cultura popular, para a

eliminação das barreiras sociais que inibem a criação de práticas sociais.

Dessa afirmação de Marcellino, pretende-se enfatizar a necessidade e a importância

de uma ação cultural específica, voltada para a produção e difusão de uma cultura de base

popular, que contribua para a superação das atitudes conformistas e que possibilite a extensão

da participação crítica e criativa, muito além das minorias privilegiadas, na qual se eduque

para o lazer, aproveitando o potencial das atividades desenvolvidas no “tempo livre”, como

significando a aceleração do processo de mudança, que pode possibilitar a instalação de uma

nova ordem no plano cultural.

Procurando entender o lazer dentro de uma perspectiva psicossocial, apresentando-o

como um tempo livre, empregado pelo indivíduo na sua realização pessoal, como um fim em

si mesmo, é que Rolin (1989, p. 118) diz que “[...] o indivíduo se libera, à vontade, do

cansaço, repousando; do aborrecimento, divertindo-se; da especialização funcional,

desenvolvendo de forma intencional as capacidades de seu corpo e espírito”.

Essa definição de Rolin trata de apresentar o lazer como uma categoria fragmentária,

desconectada de uma problemática social. Sua argumentação baseia-se na ideia de que o

homem atua guiado pela autodeterminação, dependendo apenas de si próprio para

desenvolver atividades de lazer. Nessa perspectiva, pode-se dizer que Rolin peca em seu

conceito, pois o ser humano não pode ser visto como um ser isolado, visto que o mesmo é

influenciado e influencia o meio social, sendo o lazer um meio de atuação entre o indivíduo,

seu meio e os outros.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

22

Já para Mascarenhas (2004, p. 92), o lazer é “[...] um fenômeno tipicamente

moderno, resultante das tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo de

vivências lúdicas, lugar de organização da cultura, perpassando por relações de hegemonia”.

Desse modo, ao analisar o conceito de Mascarenhas, pode-se observar que o termo lazer

sofreu influências da Revolução Industrial. É que com o aumento da produção e a falta de

tempo livre começaram as lutas para redução da jornada de trabalho na Europa, no século

XVIII, nos Estados Unidos no século XIX, e no Brasil no século XX.

Dessa forma, é que durante o governo de Getúlio Vargas, na década de 1930, uma

série de medidas foi adotada em beneficio dos trabalhadores, que resultaram na diminuição da

jornada de trabalho para oito horas; descanso remunerado nos fins de semana; férias

remuneradas no fim de cada ano trabalhado; décimo terceiro salário; aposentadorias e

trabalho para as mulheres (CAMARGO, 1986); momento em que a cultura passou a constituir

um campo de produção humana em várias perspectivas, fluindo o lazer de diversas

manifestações culturais (GOMES, 2004).

Diante disso, verifica-se que o homem dispõe, na atualidade, de mais horas livres,

destinadas ao lazer. O descanso e o divertimento compensam a luta diária pelo sustento e

suavizam as dificuldades e preocupações do cotidiano, tornando a vida mais leve e fácil de

levar, ajudando a recuperar energias gastas e a reconquistar o equilíbrio psicológico, muitas

vezes perdido no estresse da vida moderna. Assim, com as atividades voltadas para o lazer, o

homem é compensado em suas capacidades físicas e psíquicas; contudo, para que isso ocorra

é preciso que ele disponha de liberdade para escolher o que quer fazer com o seu tempo livre.

Concordando com a definição de lazer de Dumazedier (1973), que estabelece três

funções para o mesmo, que são o desenvolvimento da personalidade, a função do descanso e o

divertimento, verifica-se neles uma inclinação para a harmonização. Estando aí a importância

de o homem estar educado para agir de modo racional, motivo que lhe proporciona

reconhecer a necessidade de que deve preparar para si uma arte de viver, em que não haja

desequilíbrio entre o trabalho e o lazer, em que esse lazer esteja antecipado em sua vida.

O turismo, com foco na sustentabilidade, deve levar em consideração as atividades

de lazer, que de acordo com Bacal (2003), influenciam e são influenciadas pelo processo de

urbanização, pela industrialização e também pela comunicação. O tempo livre dedicado ao

lazer é um direito de toda pessoa. Usualmente, muitos indivíduos não sabem usar seu tempo

disponível, mas a valorização do lazer somente é viável se o homem refletir que deve usar seu

tempo livre em “atividades que efetivamente o gratifiquem, satisfaçam seu eu, atividades cuja

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

23

finalidade seja um benefício, no sentido das reais necessidades individuais” (BACAL, 2003,

p. 93).

Marcellino (1987, p. 57-58) afirma que “o tempo disponível já é, em grande parte,

ocupado, naturalmente, por atividades culturais”. Ainda, em sua visão, muitas pessoas

“trabalham nos finais de semana e, mesmo aqueles que não exercem atividades profissionais,

participam de uma gama restrita de programações, a grande maioria restringindo-se ao

ambiente doméstico” (MARCELLINO, 1987, p. 58).

Assim, o lazer é por muitas vezes perdido pelo próprio ritmo de vida que os cidadãos

levam, mesmo que eles morem em lugares com ótimas opções de lazer. Deve-se em todos os

casos levar em consideração o tempo livre como sendo um momento de promoção de

desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.

Sobre essa questão, as pessoas devem se conscientizar que o lazer é tão importante

quando o tempo de trabalho, pois segundo Pimentel (2002), nenhuma civilização pode

sustentar um desenvolvimento que se baseie somente na expropriação da natureza e da classe

trabalhadora. É necessário existir uma qualidade de vida calcada no bem-estar e no

crescimento de espaços de lazer.

Portanto, o lazer é a expressão maior de uma atividade turística. Mas, para que haja o

bem-estar pleno da sociedade que utiliza esses espaços de lazer (como os turistas), o turismo

deve ter como objetivo primordial a preservação do meio ambiente, através da prática de

medidas socioeconômicas sustentáveis. Discutindo sobre esse aspecto, Gaelzer (1985, p. 47)

acredita que

talvez a forma mais pura de educação para o lazer seja: ensinar a gostar defazer coisas, não para apresentação exterior, e sim por satisfação; isto não énovidade, ensinar através do jogo e do brinquedo é provavelmente a melhormaneira conhecia de aprendizagem.

Sobre a conjugação de educação e lazer, Marcellino (1987) deixa perceber a

convicção de que só tem sentido falar em aspectos educativos do lazer, se esse for

considerado como um dos possíveis canais de atuação no plano cultural, tendo em vista

contribuir para uma nova ordem moral e intelectual, fornecedora de mudanças no plano

social. Como se pode concluir daí, a cultura é uma condição para a existência humana, seu

caráter dinâmico é percebido pelas interpretações, significados e símbolos diante de uma

realidade em permanente mudança, ao mesmo tempo em que é extremamente rica em sua

diversidade, sobressaindo daí, sua relação com a educação e, sobretudo, com o lazer.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

24

Uma das formas mais contemporâneas de se usufruir do lazer é através do turismo,

que por meio do deslocamento para lugares que não o de residência, por um período

temporário, possibilita a realização de atividades de lazer.

A origem da palavra turismo vem do vocábulo tour, de origem francesa, que

significa “volta” (BARRETO, 2005). Para Andrade (2002), a matriz do radical tour é do

latim, através do seu substantivo tourns, do verbo tornare, que significa “giro, volta, viagem

ou movimento de sair e retornar ao local de partida”. Ao analisar a terminologia da palavra

turismo, percebe-se as primeiras indicações do conceito de turismo, ou seja, deslocamento

temporário com retorno ao local de partida.

Trigo (2002), ao analisar o histórico dos grandes movimentos turísticos, afirma que

os mesmos surgiram no século séc. XIX, com o desenvolvimento do capitalismo, acentuando-

se mais na Europa Ocidental e na América do Norte, contribuindo com o fenômeno do

desenvolvimento tecnológico, em especial no setor de transportes, tendo interrompido seu

crescimento no início do século XX pela I Guerra Mundial. O fenômeno volta a crescer com o

fim da I Guerra Mundial, culminando na origem do turismo de massa.

O turismo, de um modo geral, apresenta-se como um fenômeno inseparável do

espaço geográfico, pois sem a paisagem ele não acontece. A atividade turística recria, inventa

novas formas, novas funções e ritmos, dinamizando os lugares e valorizando paisagens e

regiões. Além disso, a prática turística tornou-se responsável pela maior circulação temporária

de pessoas em diversas partes do planeta, além de ser uma das maiores geradoras de renda do

mundo. De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB, 2011), o ano de 2010 registrou a

entrada recorde de dólares no Brasil, por meio dos gastos de turistas estrangeiros: 5.919

bilhões de dólares em divisas. O valor é 11,58% superior ao registrado em 2009, quando

5.305 bilhões ingressaram no País pelo turismo internacional (BCB, 2011, p.1).

O turismo é um setor da economia que favorece a criação e produção de empregos

formais e informais, a preservação do meio ambiente, a recuperação do patrimônio histórico e

cultural, o desenvolvimento regional e/ou local, estimula o desenvolvimento de infraestruturas

coletivas, satisfaz as necessidades dos indivíduos, e incentiva o investimento e inovação. Por

outro lado, como toda atividade realizada pelos seres humanos, o turismo causa impactos

negativos, caso não seja planejado o seu desenvolvimento.

Conceituar turismo é relativamente complexo, pois ele pode ser conceituado sob a

ótica da oferta e da procura. A Organização Mundial de Turismo (OMT, 2001, p. 38) define o

turismo como “as atividades realizadas pelas pessoas durante viagens e permanência em

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

25

lugares diferentes do seu local de residência habitual, por um período de tempo consecutivo

inferior a um ano, para ócio, negócios e outras finalidades”.

O turismo é uma indústria fácil de identificar, abrangendo um leque de atividades

inter-relacionadas, capazes de prover o necessário para que a atividade turística aconteça de

forma harmoniosa. De acordo com Panosso Neto (2005, p. 41), o turismo “(ainda) se constitui

em um campo de estudo de outras ciências, que não apresenta método de pesquisa nem objeto

definidos, pois não possui corpo teórico conceitual”.

As definições acerca de turismo são bastante controversas, pois estas, além de

agregar valores a lugares e não lugares turísticos, transforma-os, à medida que se torna

necessário, ou mesmo quando se cria um novo valor ao produto.

Para Beni (2004, p. 35), o que acontece é uma “agregação de valores aos diferenciais

turísticos naturais e culturais, não uma transformação tangível e concreta na matéria-prima

original (...). O processo de agregação de valores inicia-se na aquisição dos atrativos

turísticos”. Embora aconteça agregação de valores no local para torná-lo mais atrativo, pode

ocorrer também transformação da matéria-prima original.

O turismo, atualmente tem sido contemplado com conotações associadas à

fomentação do desenvolvimento econômico, social e cultural. Além disso, há ainda a

associação de sua atividade com a prática de se desprender do estresse do trabalho, por meio

de viagens de lazer, como forma de conhecer outros lugares, cidades, estados, países e gozar

de seus ambientes e paisagens. Porém, ainda que essa concepção seja abrangente, ela não

reflete o entendimento científico acerca do turismo.

Para Coriolano (1998, p. 22), “o turismo é, antes de tudo, uma experiência

geográfica. Apresenta-se como fenômeno geográfico, no sentido de representar uma relação

direta entre o homem e os espaços, ou seja, o homem e o ambiente”.

De acordo com Burns (2002), o turismo é constituído, basicamente, por três

elementos: a demanda por viagens; a prestação de serviços de intermediários; e o poder de

atração dos destinos, podendo esta combinação levar a vários efeitos sociais e no ambiente

das localidades onde se desenvolve o turismo, frequentemente chamados de impactos do

turismo, podendo ser positivos ou negativos.

O conceito de turismo pode ser definido sob diversas perspectivas, principalmente do

ponto de vista social e econômico, dada à complexidade das relações entre os elementos que o

formam. Os elementos mais importantes das definições conceituais do turismo são o tempo de

permanência, o caráter lucrativo da visita e a procura do prazer por parte dos turistas.

Dumazedier (1973, p. 38) afirma que “o turismo é um fenômeno histórico sem precedentes,

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

26

na sua extensão e no seu sentido é uma das invenções mais espetaculares do lazer da

sociedade moderna”. A busca incessante por este momento preciso de descontração ou

desligamento gerado por uma necessidade de fazer algo diferente tem se evidenciado no

mundo atual, um direito que foi adquirido, de dispor de um tempo para a autossatisfação.

Porém, não se deve negar que a evolução tecnológica, a ampliação da demanda de

serviços e produtos, a flexibilização do crédito, a ampliação das relações exteriores e a

educação ambiental, consequentes da globalização, servem de exemplo, como fatores que têm

possibilitado a expansão e mesmo a consolidação do turismo como atividade, tanto no Brasil

como em outras partes do mundo. Um fato que denota que o turismo encontra-se relacionado

aos aspectos econômicos, tecnológicos, sociais e culturais.

Observa-se, por isso, que o turismo tem sido cada vez mais empreendido, podendo o

mesmo ser compreendido como um conjunto de fenômenos surgidos a partir das viagens e das

permanências temporárias de pessoas, o turismo requer, além da perspectiva de lazer, de

descontração, o contato com outras culturas, sociedades e ambientes como, por exemplo, o

contato com a natureza.

Krippendorf (2001) defende a teoria de que o turismo é uma espécie de válvula de

escape que permite o relaxamento das tensões, a orientação das vias sociais inofensivas e das

esperanças não realizadas. Nesse contexto, o lazer é compreendido como atividade aprovada

pela sociedade, como uma espécie de entretenimento capaz de ajudar a reduzir os males do

dia a dia, por isso o ser humano vai buscar, nas viagens turísticas, a fuga do seu cotidiano.

Dumazedier (1973) classifica as atividades de lazer em atividades físicas, manuais,

artísticas, intelectuais e sociais; mas Camargo (1986) afirma que deveria ser acrescentada a

atividade turística a esta classificação, por provocar ansiedade nos indivíduos em conhecer

novos lugares, novos ritmos e estilos de vida, quebrando a rotina diária, promovendo a

satisfação pessoal e social. Dumazedier (1973) e Camargo (1986) também concebem o lazer

como sendo passivo ou ativo. O lazer ativo sendo aquele em que se realiza movimentos

físicos e esportivos, e o lazer passivo como aquele em que o ser apenas assiste ou contempla.

Os grandes avanços tecnológicos, os meios de transportes, a qualidade dos

equipamentos turísticos e de lazer e todo produto turístico em si denotam a perspectiva do

turismo como tempo destinado ao divertimento, ao prazer e à satisfação pessoal. Dessa forma,

o lazer turístico é uma opção que se apresenta às comunidades, como forma de utilização de

seu tempo livre, para viajar, conhecer outros lugares e povos. As viagens turísticas se tornam

atraentes pela oportunidade que proporcionam ao turista de fazer algo que não seja o usual e,

assim, descansar, conhecer novos locais e pessoas, divertir-se de maneira diferente,

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

27

aproveitando para recarregar as energias perdidas no dia a dia. Fatores que comportam

associar o turismo a um fenômeno social e opção de lazer.

Conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas e, sobretudo, sair por um

determinado tempo da rotina é o início dessa busca por satisfação, relaxamento, divertimento,

ou mesmo fuga da realidade, momento que desperta o imaginário e o interesse do ser humano.

Krippendorf (2001, p. 13) diz que

[...] a sociedade humana, outrora tão sedentária, pôs-se em movimento. Hojeuma mobilidade frenética tomou conta da maioria dos habitantes das naçõesindustriais. Aproveita-se de todas as oportunidades para viajar e fugir docotidiano com a maior frequência possível. Curtas escapadas no decorrer dasemana ou no fim de semana, longas viagens nas férias [...] Assim que, anoapós ano, fim de semana após fim de semana, milhões de seres humanos secomprimem em multidões, sem necessidade alguma e sem obrigaçãoaparente, consumindo esse período que lhes é tão precioso.

No ano de 1963, a Organização das Nações Unidas (ONU) patrocinou a Conferência

sobre Viagens Internacionais e Turismo, na qual recomendaram que a nomenclatura

“visitante” poderia ser usada para descrever os indivíduos que visitam uma localidade e não

exercem nela qualquer atividade remunerada. Inclui-se, nessa definição, os que são turistas e

excursionistas. Segundo Beni (2004, p 35), o turista é o visitante que passa, no mínimo, 24

horas no lugar, sendo que a viagem pode ser a lazer, a negócios, a missões ou a conferências.

Já o excursionista é o visitante temporário, que permanece menos de 24 horas no local de

visita.

A atividade turística fundamenta-se na perspectiva que tem o turista de conhecer os

atrativos e potencialidades naturais e culturais de um dado lugar, e no fato de proporcionar

aos indivíduos alternativas de viagens, de deslocamentos para outros lugares, cujos atrativos

podem estar manifestados tanto do ponto de vista dos recursos naturais quanto culturais, em

toda sua potência. Dessa forma, tem-se que os atrativos turísticos se constituem como

componentes principais do produto turístico. Para Migliorini et al. (2010), os atrativos

turísticos são considerados como elemento básico para a determinação turística de uma

localidade, tornando-se o referencial do próprio local onde estão localizados ou se

manifestam.

Dessa concordância, resulta o entendimento que o turismo possui uma correlação

com o meio ambiente e, portanto, com os atrativos e potenciais naturais e culturais das regiões

que servem de polo turístico. Nessa perspectiva, observa-se que o turismo é uma atividade a

qual as pessoas que o praticam sentem o desejo e mesmo a necessidade de manter contato

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

28

com locais privilegiados, pela sua diversidade de recursos naturais. Boullón (2002) entende

por recursos naturais os elementos existentes na natureza, sendo eles atuais ou só potenciais, e

por serem utilizados pelo homem.

Desse modo, é possível compreender que o relacionamento do homem com o meio

ambiente é uma relação de subsistência. Tanto da parte do homem que nela convive, quanto

da natureza que necessita que o homem saiba conviver com sua diversidade, sem exaurir seus

recursos minerais, vegetais e animais.

O planejamento da conservação dos recursos naturais dos centros turísticos deve ser

uma preocupação constante das autoridades governamentais e administradores locais. Até

porque, ao fomentar o desenvolvimento local, o turismo também pode trazer impactos

negativos aos recursos naturais e sociais de uma região.

A atividade turística movimenta o país através de recursos financeiros, emprega mão

de obra, permite o intercâmbio cultural, promove o embelezamento paisagístico e pode

melhorar a qualidade de vida das populações envolvidas; mas a falta de conhecimento das

consequências danosas do turismo, a falta de preocupação com o bem-estar da população

residente e com a preservação do ambiente por parte dos administradores, a falta de

planejamento e o capitalismo crescente podem levar à destruição do potencial natural e

cultural de um lugar em curto espaço de tempo. Isto significa destruir a matéria-prima do

turismo (BAHL, 2003).

Segundo Ruschmann (2004), o equilíbrio entre a natureza e o turismo necessita ser

regulado e disciplinado. A atividade turística permite o contato com a crescente valorização

social e política da diversidade cultural de determinados lugares e povos, proporcionando a

manifestação e observação dos seus hábitos e riquezas culturais, denotando seu passado, sua

memória, ao tempo que permite consignar seu legado histórico. No entanto, convém salientar

que a exploração turística desses potenciais naturais e culturais deve ser racionalmente

ponderada, a fim de que predomine a harmonia nos aspectos econômicos, sociais e

ambientais.

No que se refere aos atrativos culturais, tem-se que sua manifestação se dá através da

diversidade de povos, de línguas, de costumes, das artes, dos rituais, da arquitetura que,

estando ou não associados aos recursos naturais, podem ser grandes potenciais de atração

turística. Nesse contexto, a influência do turismo também possui aspectos positivos e

negativos.

Compreende-se que o número de clientes do turismo, bem como sua diversidade,

requer uma segmentação do mercado, visando atender a cada pessoa ou grupos homogêneos,

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

29

consoante a suas individualidades. Nesses termos, a segmentação do turismo aparece como

uma forma de conciliar qualidade de vida, mercado, economia e satisfação do cliente turista.

Sobre esse aspecto, deve-se dizer que, segundo Ansarah (2003, p. 9),

segmentar o mercado é identificar clientes com comportamentoshomogêneos quanto a seus gostos e preferências. A segmentação possibilitao conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes,da composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo devida, entre outros elementos.

Dessa forma, segmentar o turismo é identificar seus clientes potenciais, seus

costumes, preferências, visando ofertar serviços de turismo que se encaixem em seus perfis

socioeconômicos. Quanto maior for o número de características identificadas em seu

público-alvo, maior será a capacidade do mercado em oferecer serviços e produtos desejáveis,

e maior será a eficiência do marketing turístico. Contudo, deve-se adiantar que o motivo das

viagens tem sido o principal meio disponível para se segmentar o mercado.

De qualquer modo, a segmentação do turismo permite um estudo que leva a uma

análise mais completa e segura dos elementos a serem atingidos pelo marketing, e planos de

desenvolvimento que levam, consequentemente, a uma maior satisfação do cliente. Além

disso, permite desenvolver prospecções voltadas à redução dos impactos negativos da

atividade turística. Segundo Coriolano (2006, p. 370-371),

o turismo se materializa na lógica da diferenciação histórica e geográfica doslugares e das regiões. (...). Transfere o valor dos patrimônios culturais, dascidades, dos lugares e da população local para os turistas, enquanto objeto doolhar, do prazer e de desejo. (...) Para cada modalidade de turismo existesempre uma demanda espacial. Aproveitam-se áreas de montanha, de sertãoe litoral, áreas urbanas e rurais, metrópoles e cidades históricas, inclusive osdesertos e os enclaves.

Nessa perspectiva, o turismo apresenta-se como um fenômeno social e cultural, cuja

potencialidade tem o poder de promover o desenvolvimento local e comunitário das regiões

em que é explorado. Em virtude desse fenômeno o turismo pode apresentar impactos

positivos ou negativos sobre as comunidades locais onde se desenvolve.

Vários são os tipos de turismo existentes, cada qual com motivações e características

peculiares. Os produtos turísticos, para atender aos anseios dos consumidores, sofrem

adequações, de acordo com os diversos segmentos do mercado turístico, evitando assim uma

possível padronização. “Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

30

elementos de identidade da oferta, e também das características e variáveis da demanda”

(BRASIL, 2006, p. 3).

O Ministério do Turismo organizou a definição de alguns tipos de turismo, de acordo

com suas terminologias e abordagens, proporcionando um maior entendimento ao setor

turístico, e orientação, existindo, porém, diversos outros segmentos derivados da oferta

principal, tais como:

Turismo Social - é a forma de conduzir e praticar a atividade turística,promovendo a igualdade de oportunidades, a equidade, a solidariedade e oexercício da cidadania na perspectiva da inclusão; Ecoturismo - é umsegmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, opatrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formaçãode uma consciência ambientalista, através da interpretação do ambiente,promovendo o bem-estar das populações; Turismo Cultural - compreendeas atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementossignificativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais,valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura;Turismo Cívico - ocorre em função de deslocamentos motivados peloconhecimento de monumentos, fatos, observação ou participação em eventoscívicos, que representam a situação presente ou a memória política ehistórica de determinados locais; Turismo Religioso - configura-se pelasatividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa emespaços e eventos relacionados às religiões institucionalizadas; TurismoMístico e Esotérico - caracterizam-se pelas atividades turísticas decorrentesda busca espiritual e do autoconhecimento em práticas, crenças e rituaisconsiderados alternativos; Turismo Ético - constitui-se das atividadesturísticas decorrentes da vivência de experiências autênticas em contatoscom os modos de vida e a identidade de grupos étnicos; Turismo deEstudos e Intercâmbio - constitui-se da movimentação turística gerada poratividades e programas de aprendizagem e vivências para fins dequalificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal eprofissional; Turismo de Esportes - compreende as atividades turísticasdecorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidadesesportivas; Turismo de Pesca - compreende as atividades turísticasdecorrentes da prática da pesca amadora, praticada por brasileiros ouestrangeiros, com a finalidade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidadecomercial; Turismo Náutico - caracteriza-se pela utilização de embarcaçõesnáuticas como finalidade da movimentação turística, podendo ser fluvial, emrepresas, lacustre ou marítima. Pode, também, envolver atividades comocruzeiros e passeios, excursões e viagens em quaisquer tipos de embarcaçõesnáuticas para fins turísticos; Turismo de Aventura - compreende osmovimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura decaráter recreativo e não competitivo; Turismo de Sol e Praia - constitui-sedas atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento oudescanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor.Para o turismo de Sol e Praia, a recreação, o entretenimento e o descansoestão relacionados ao divertimento, à distração ou ao usufruto econtemplação do ambiente de praia; Turismo de Negócios e Eventos -compreende o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros deinteresse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial,

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

31

promocional, técnico, científico e social; Turismo Rural - é o conjunto deatividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com aprodução agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando epromovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade; Turismo deSaúde - constitui-se das atividades turísticas decorrentes da utilização demeios e serviços para fins médicos, terapêuticos e estéticos (BRASIL, 2006,p. 6- 53).

Nos últimos anos, vem sendo desenvolvido no Brasil e no mundo, novos tipos de

turismo, tais como cemiterial ou necroturismo; o gastronômico; turismo LGBT (lésbicas,

gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros); o turismo de incentivo; o turismo da

melhor idade; o turismo single (solteiros); o turismo cinematográfico; geoturismo;

espeleoturismo; turismo fluvial; turismo ecológico; entre outros, ainda não bem definidos. A

segmentação da oferta turística possibilita reconhecer/estabelecer produtos turísticos em uma

dada localidade/região de forma sustentável, favorecendo a exclusão de tipos de turismo que

podem culminar em prejuízos à comunidade e danos negativos ao meio ambiente.

2.2 Patrimônio cultural e turismo como dinamizador da cultural local

A cultura, de forma geral, externaliza as relações entre o homem e o meio ambiente,

condicionando a forma como as gerações futuras irão lidar com a natureza. Dessa forma,

como afirma Simão (2001), atualmente, o homem é desligado do seu entorno por conta da

rotina estressante e massificante, que o desliga emocionalmente de suas raízes. Esse

distanciamento entre uma população e seus valores históricos faz surgir um processo de perda

cultural, danosa para a preservação dos patrimônios.

O desenvolvimento da humanidade é permeado por conflitos tangentes à organização

social e à apropriação dos recursos naturais. Esses fatores são expressões da realidade que

identificam culturalmente a sociedade grupal, a qual, segundo Santos (2005), passa por

inúmeras modificações, sejam movidas por forças internas ou externas. Assim, deve-se

entender a humanidade como uma multiplicidade de formas de existência, o que redunda em

inúmeras expressões culturais.

Dessa maneira, a cultura, segundo Santos (2005, p. 8),

[...] diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada umdos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se considera asculturas particulares que existem ou existiram, logo se constata a sua grande

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

32

variação. Saber em que medida as culturas variam e quais as razões davariedade das culturas humanas são questões que provocam muita discussão.

Sendo assim, é visível a complexidade que permeia o entendimento da cultura, por

esta não seguir um padrão de construção, variando de acordo com o grupo humano. Segundo

Goodey (2002), o passado e a “alma” do lugar definem como um povo evolui. Quando a

cidade, por exemplo, permite troca de ideias e produtos, ela dá suporte ao crescimento

qualitativo dos indivíduos. Então, a cultura (expressão da alma de grupos humanos) é uma

expressão social que merece ser preservada.

Segundo Rodrigues (2005, p. 16),

a criação de patrimônios nacionais intensificou-se durante o século XIX eserviu para criar referências comuns a todos que habitavam um mesmoterritório, unificá-los em torno de pretensos interesses e tradições comuns,resultando na imposição de um língua nacional, de “costumes nacionais”, deuma história nacional que se sobrepôs às memórias particulares e regionais.Enfim, o patrimônio passou a constituir uma coleção simbólica unificadora,que procurava dar base cultural idêntica a todos, embora os grupos sociais eétnicos presentes em um mesmo território fossem diversos. O patrimôniopassou a ser, assim, uma construção social de extrema importância política.

O conceito sobre patrimônio cultural no Brasil é recente. De acordo com Rodrigues

(2006), a Semana de Arte Moderna de 1922, sediada na cidade de São Paulo, foi determinante

para a compreensão da importância da preservação patrimonial da nação. Na primeira metade

do século XX, acontecia o movimento modernista e a instauração do Estado Novo, originado

da Revolução de 1930. Por conseguinte, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (SPHAN) foi criado entre as discussões que envolviam cultura, através do Decreto-

Lei nº 25/37, de 30 de novembro de 1937, difundindo o conceito de patrimônio histórico e

regulamentando o tombamento, com o intuito de proteger e preservar o patrimônio histórico.

A conceituação do patrimônio histórico englobava, até o momento, somente os bens

tangíveis (construções, obras de arte, livros). Mário de Andrade, historiador, posteriormente

complementou o Decreto-Lei nº 25/37, incluindo em seu texto a importância da preservação

da arte popular, do folclore, das danças, das lendas, das superstições, da medicina, entre

outros, tidos como bens imateriais (MARTINS, 2006).

O patrimônio cultural compreende os elementos significativos da memóriasocial de um povo ou de uma nação que englobam os elementos do meioambiente, o saber do homem no decorrer da história e os bens culturaisenquanto produtos concretos do homem, resultantes da sua capacidade desobrevivência ao meio ambiente. [...] O patrimônio é o resultado de uma

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

33

dialética entre o homem e seu meio, entre a comunidade e seu território. Elenão é apenas constituído pelos objetos do passado oficialmentereconhecidos, mas também por tudo que liga o homem ao seu passado, ouseja, tudo que os seres humanos atribuem ao legado material e imaterial desua nação (MACHADO; DIAS, 2009, p. 2).

O Patrimônio cultural brasileiro é definido na Constituição Federal Brasileira, no

artigo 216, seção II – DA CULTURA (BRASIL, 1988) como

constituem Patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material eimaterial, tomado individualmente ou em conjunto, portadores de referênciaà identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores dasociedade brasileira, nos quais se incluem: I – formas de expressão; II- Osmodos de criar, fazer e viver; III – As criações científicas, artísticas etecnológicas; IV – As obras, objetos documentos, edificações e demaisespaços destinados às manifestações artístico-culturais; V- Os conjuntosurbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,paleontológico, ecológico e científico.

Em 4 de agosto de 2000, o Decreto nº 3551 cria o Programa Nacional do Patrimônio

Cultural, ficando instituído o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que

constituem patrimônio cultural brasileiro, sendo a partir deste momento assegurada a

preservação de valores culturais que constituem a sociedade brasileira, que expressam a

histórica evolução da nação brasileira em diferentes partes do seu território (MARTINS,

2006). Dessa forma, a legislação brasileira abarcou valores, crenças e estilos de vida sociais,

como forma de preservação da identidade da nação.

Muitas são as cidades que merecem destaque por sua história de consolidação como

patrimônio nacional. Com a construção do conceito de patrimônio cultural houve um

crescente interesse na preservação dos valores culturais. A discussão da importância da

cultura na construção de uma identidade social é necessária por ser uma ferramenta que

garante o usufruto do patrimônio, ao passo que também promove sua preservação. Nesse

cenário, o turismo cultural vem contribuir para a proteção do patrimônio cultural.

Para Murta e Albano (2002), quando surge a preocupação de desenvolver

turisticamente uma região, as primeiras providências que são tomadas remetem ao transporte,

à hospedagem, ao lazer e à alimentação. Com isso, parte-se de um pressuposto que o turista,

dentro de um roteiro de visitas, irá maravilhar-se automaticamente com os atrativos regionais,

com a natureza, com as edificações, entre outros. No entanto, Menezes (2009, p. 64) afirma

que

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

34

[...] uma das principais críticas em relação ao uso do patrimônio culturalcomo recurso turístico está voltada para a questão da ênfase no valor deconsumo do patrimônio em detrimento de seu valor de significado. Deacordo com especialistas, a ênfase no valor de consumo, acaba provocando abanalização da cultura, pois o patrimônio passa a ser importante porque podeser “vendido” como produto turístico e não por sua significação na história.Por outro lado, utilizar o patrimônio cultural como recurso turístico é umaboa estratégia de valorização da cultura local, ajudando na dinamização doturismo e da economia.

O que acontece, nesse caso, é a falta de atenção sobre o principal elemento do

patrimônio cultural: a informação sobre o lugar, sobre seus habitantes (costumes e hábitos) e

sobre as histórias regionais (lendas, por exemplo). O patrimônio, ao ser interpretado, segundo

Murta e Albano, (2002, p. 9),

[...] sinaliza justamente o valor único de um determinado ambiente,buscando estabelecer uma comunicação com o visitante, ampliando seuconhecimento. Em outras palavras, visa estimular suas várias formas deolhar e aprender o que lhe é estranho. Como a experiência turística éfortemente visual, o olhar do visitante procura encontrar a singularidade dolugar, seus símbolos e significados mais marcantes. Os ambientes, sobretudoas cidades, devem ser vistos como um enigma a ser desvendado pelaexploração, como um texto a ser interpretado pelo explorador.

Dessa maneira, cabe ao turismo cultural aliar a eficiência da atividade econômica

turística à exposição de informações inerentes ao lugar, fazendo surgir a conscientização, por

parte dos visitantes, sobre a necessidade de preservação do patrimônio local.

Segundo o Ministério do turismo (BRASIL, 2006, p. 13), o “turismo cultural

compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos

significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e

promovendo os bens materiais e imateriais da cultura”.

Segundo Gonçalves e Coriolano (2007, p. 268),

o turismo cultural tem como atrativos principais a oferta cultural, opatrimônio cultural dos lugares visitados. Este turista tem curiosidade emconhecer os bens materiais e imateriais produzidos pelo homem. Há turistasque gostam da vivência com o grupo visitado, estes curtem a cultura,folclore, costumes e festas locais e participam. Gostam de conhecer culturasdiferentes da sua, desde a arquitetura, música, gastronomia, lugares exóticose os saberes do grupo visitado.

Para que o turismo cultural sirva de promotor do desenvolvimento local e de

preservação do patrimônio, deve existir uma atenção dos órgãos públicos para a atividade

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

35

turística, visando “arrecadar recursos para a manutenção de lugares e manifestações, bem

como um instrumento de informação ao público visitante” (GOODEY, 2002, p. 135).

Contudo, nesse contexto, Murta (2002) entende que a relação entre a preservação, a

conservação e o turismo é ambígua, e que a ligação entre elas é a interpretação. A

interpretação, nesse caso, é a apresentação do lugar e da sua identidade cultural para os

visitantes, tendo como objetivo o enriquecimento da experiência.

Sendo assim, com a interpretação, haverá uma ligação entre o turismo e a

conservação do patrimônio cultural, “desde que o objetivo seja o fortalecimento cultural da

comunidade e a busca de estratégias econômicas que desenvolvam suas habilidades e seus

conhecimentos” (MURTA, 2002, p. 141).

Com a importância dada ao patrimônio e sua necessária preservação, há o

reconhecimento do valor cultural de cada localidade, o que a transforma, potencialmente, em

uma mercadoria de consumo cultural. Dessa forma, segundo Rodrigues (2006, p. 15), o

turismo cultural “implica não apenas a oferta de espetáculos ou eventos, mas também a

existência e preservação de um patrimônio cultural representado por museus, monumentos e

locais históricos”.

Portanto, o patrimônio cultural necessita da efetiva aplicação de estratégias de

disseminação de informações sobre a localidade que está sendo visitada, para que a promoção

do turismo cultural seja algo efetivo, referente às questões de preservação da cultura e da

identidade histórica das cidades.

Nas cidades históricas tem se buscado preservar o seu patrimônio, promovendo o

desenvolvimento do turismo cultural. Aguiar (2003, p. 10), em seu estudo sobre os sítios

urbanos como atração turística, referindo-se à cidade de Porto seguro, afirma que,

reconhecido como "lugar de origem da nação brasileira", Porto Seguro,desde 1968, vem se desenvolvendo, transformando-se, no final dos anos 80,em um importante polo turístico. A partir daí, vários agentes sociais – deinstâncias governamentais e privadas – passaram a explorar sua imagemcomo de estimado valor para a memória nacional.

Já as cidades mineiras, por constituírem um passado e por fazerem parte do

patrimônio histórico da nação, passaram a ser consideradas exemplares para se pensar a

cultura brasileira. Segundo Souza (2009, p. 164), “não teria sido por acaso que Mário de

Andrade, em 1924, viajou para Ouro Preto, juntamente com outros artistas, a fim de

“redescobrir” o Brasil”.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

36

A cidade de Olinda, no Estado de Pernambuco, é considerada, pela Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Patrimônio Cultural da

Humanidade, desde 1982, apresentando “[...] 1,2 km2 de área tombada (polígono de

tombamento) e 10,4 km2 de área de preservação (polígono de preservação cultural),

compreendendo a antiga Vila de Olinda” (LOUREIRO, 2008, p. 10).

Axer (2009), em estudo sobre turismo cultural em Paraty, descreve que a cidade é

um destino que apresenta dois segmentos distintos: o cultural e o de natureza, também

denominado de “sol e praia”. De acordo com o clima vigente, o público apresenta motivações

diferentes. Os atrativos culturais e históricos apresentam maior número de visitação. Por sua

relevância histórica e manifestações culturais de destaque, o município transformou-se em

uma localidade essencialmente turística, que guarda traços da sua movimentada economia

colonial, com diversos aglomerados de casarões e centros históricos, que fazem desta cidade

um local de preservação da identidade e da construção social do povo brasileiro.

2.3 Relações entre paisagem, turismo, meio ambiente e desenvolvimento sustentável

A paisagem é base da atividade turística, explorada como atrativo para os visitantes

em determinada localidade. O impacto visual do ambiente a ser visitado pelo turista deve

sempre ser positivo; nesse sentido, a paisagem sempre deve ser preservada, a fim de manter o

turismo. De acordo com Queiroz (2009, p. 172), o turista sempre busca na paisagem

[...] observar um outro visual, mais verde e mais limpo, ou seja, umapaisagem a ser observada que se apresente de forma diversa daquelavivência das grandes metrópoles e que lhe mostre algo prazeroso. Assim, osviajantes que procuram áreas interioranas para seu entretenimento podemcompreender o espaço construído ali, percebendo os elementos naturais esociais em constante relação uns com os outros. A diversidade das paisagensexistentes e suas singularidades como o relevo, o clima, a vegetação ehidrografia marcadas pelas atividades humanas, chamam a atenção emostram uma combinação dinâmica desenvolvida num contexto único,sempre evoluindo.

Dessa forma, a paisagem é motivo de atração, um diferencial na prática do turismo,

pois o ambiente (como o rural, por exemplo) deve proporcionar, além de um período de

descanso, uma forma prazerosa de passar o tempo e, acima de tudo, impelir o visitante a

retornar.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

37

O turismo tem o papel de conferir a todas as pessoas o direito de usufruir a paisagem,

pois segundo Diegues (2000, p. 27), existem diferentes olhares na construção das paisagens:

“o olhar das populações urbanas ou as elites, marcado pela noção do estético e do belo; o

olhar dos cientistas, que veem nela um conjunto de habitats e o olhar das populações locais,

sobretudo as rurais”. Esses diferentes pontos de vista sobre a paisagem geram, segundo

Diegues (2000, p. 27),

[...] um embate político, pois os olhares das elites urbanas (políticas,ambientalistas) tende a privilegiar o estético, o paradisíaco, e também oselvagem, ao passo que as comunidades locais privilegiam o lugar, o espaçoonde vivem, onde trabalham e se reproduzem socialmente, isto é, o seuterritório.

Diante disso, o que não pode ser perdido nesse embate, de acordo com Paes-Luchiari

(2007), é a conservação do patrimônio natural, que engloba diversos aspectos, como o saber

popular, e interesses oriundos das esferas política, econômica e cultural.

De acordo com os autores citados, para que a paisagem possa servir como atrativo

turístico, o lazer é um dos principais auxiliares. O bem-estar é o foco do visitante, e atividades

agradáveis tornam a interação com a paisagem mais prazerosa.

Contudo, mesmo podendo proporcionar o desenvolvimento sustentável local e

regional, o lazer deve passar por um processo de construção metódico. De acordo com Muller

(2002), para que se possa implantar uma política de lazer, recomenda-se que seja traçado um

planejamento que aborde questões sobre recursos humanos, políticas públicas administrativas,

metodologia de implantação do desenvolvimento sustentável, elaboração de diagnósticos,

planejamentos e programas de lazer, ocupação ordenada dos equipamentos e espaços urbanos,

além de promover campanhas que objetivem a educação para e pelo lazer.

Nesse caso, o planejamento de utilização da paisagem nas atividades turísticas deve

abranger ações que sejam específicas para o lazer pois, de acordo com Muller (2002, p. 24),

mesmo que o lazer não tenha merecido a devida importância nos estudossobre o desenvolvimento regional, ele está lá. E, se está, de que forma serevela essa comunidade regional? Será que ele tem merecido atenção daspolíticas públicas? Será que é um dos itens da pauta de reivindicações dapopulação, dos sindicatos, dos trabalhadores? Será que a população sabe queo lazer é um direito seu? Será que os homens públicos eleitos para mandatossabem que o lazer é um preceito constitucional, portanto um dever doEstado? Será que as pessoas foram educadas para saber usar seu tempo livreequilibradamente entre tempo de trabalho e tempo de lazer? Qual é aimportância que o lazer tem no desenvolvimento regional?

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

38

Esses questionamentos sobre a expressão do lazer devem ser sanados, para que a

elaboração de uma política de desenvolvimento seja eficiente globalmente, abrangendo,

assim, a sociedade, a cultura, a economia e a política.

O turismo é um “braço” revolucionário do lazer, pois como explicita Pellegrin (1996,

p. 33), é no momento de atividades de lazer que é procurada a vivência de algumas coisas

simplesmente por escolha e satisfação, onde se realiza o “encontro de pessoas com o novo e o

diferente, que se encontram possibilidades de questionamento dos valores da estrutura social e

das relações entre sociedade e espaço”.

Assim, o turismo revela a paisagem por distintos caminhos, entre eles o lazer, mesmo

que este ainda não receba a atenção necessária por parte de programas originados de políticas

públicas, que buscam a dinamização da atividade turística. E sobre a discussão que envolve a

paisagem e o desenvolvimento do turismo, deve-se tratar o lugar visitado como um

patrimônio, onde o ambiente será usado de maneira sustentável, incentivando, assim, a

formação de uma consciência ambientalista. Nesse sentido, Sansolo (2007, p. 49) afirma que

o turismo nos permite abordar as paisagens como produto as mediaçõesculturais que conectam lugares ao mundo e que carregam seus significantes.Além disso, as paisagens possuem significados variados, com um alto graude subjetividade, e que dependem, sobretudo, de quem as observa, consomeou vive nelas, ou seja, dependem da relação que se estabelece entrepaisagem e seu observador.

O desenvolvimento sustentável do local turístico, portanto, se deve à relação entre

observador e meio. Porém, é necessário construir uma atitude de preservação do patrimônio,

com o auxílio da esfera governamental. Somente por esse caminho o turismo é capaz de

dinamizar o desenvolvimento sustentável por meio da apreciação da paisagem.

Em julho de 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada a Conferência das Nações Unidas

para o Meio ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92, na qual foram

amplamente discutidos conceitos ambientais, entre eles o de desenvolvimento sustentável.

Muitas consequências surgiram desse encontro, entre elas a criação da Agenda 21,

com princípios norteadores para se alcançar o desenvolvimento sustentável. De acordo com

Borelli (2007, p. 8), “as estratégias de reversão dos processos de degradação ambiental

propostas foram então documentadas através da Agenda 21”.

O desenvolvimento sustentável é colocado como “aquele capaz de atender as

necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem as

suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p. 9).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

39

Com a oferta de produtos turísticos atraem-se novos visitantes, culminado no

crescimento econômico, o que nem sempre é garantia de qualidade de vida para os moradores,

podendo resultar em graves impactos nas localidades ou nos destinos. Os princípios do

desenvolvimento sustentável são

A sustentabilidade ambiental: Assegura a compatibilidade dodesenvolvimento com a manutenção dos processos ecológicos essenciais àdiversidade dos recursos. Sustentabilidade sociocultural: Assegura que odesenvolvimento aumente o controle das pessoas sobre suas vidas, preservea cultura e os valores morais da população e fortaleça a identidade dacomunidade. Tem por objetivo construir uma civilização mais igualitária, ouseja, com mais equidade na distribuição de renda e de bens, de modo areduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres.Sustentabilidade econômica: Assegura que o desenvolvimento sejaeconomicamente eficaz, garanta a equidade na distribuição dos benefíciosadvindos desse desenvolvimento e gere recursos que possam suportar asnecessidades das gerações futuras. Sustentabilidade político-institucional:Assegura a solidez e a continuidade das parcerias e dos compromissosestabelecidos entre os diversos agentes e agências governamentais dos trêsníveis de governo e nas três esferas de poder, além daqueles atores situadosno âmbito da sociedade civil (BRASIL, 2007, p. 20).

A atividade turística atuante no meio ambiente ganhou vigor com a valorização das

paisagens naturais e com o ambientalismo contemporâneo, pois de acordo com Paes-Luchiari

(2007, p. 31), “a natureza reclama um sujeito que a signifique e que lhe confira valor através

de um olhar: olhar nativo, olhar estrangeiro, olhar turístico, olhar artístico, olhar romântico”.

O turismo caracteriza-se como uma atividade que engloba viagens, hospedagem,

lazer. Nesse bojo, o espaço turístico é considerado, como afirma Oliveira (2002), uma fuga do

cotidiano, servindo em grande parte das vezes, como um descanso físico e mental.

A atividade turística é vista, no mercado mundial, como uma prática rentável, em que

seus atrativos são vistos pela grande quantidade de ofertas de viagens, tanto para o exterior do

país como para seu interior. Isso só é possível por conta do fenômeno da globalização, onde é

promovida uma disseminação de informações, sendo estas informações disseminadas por

muitos meios (internet, TV, revistas, guia de viagens, etc.). Essa dinamicidade faz crescer a

atividade turística, e com ela um problema que muitas vezes é agravado pela pouca atenção

que ele recebe: a questão da degradação da natureza.

De acordo com Bursztyn (2005), o turismo, em muitas ocasiões, mantém uma

distância da discussão da problemática ambiental. Sendo assim, o diálogo entre o turismo e a

os conceitos de desenvolvimento sustentável é necessário, pois a atividade turística sempre

manteve uma relação intrínseca com o ambiente.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

40

É flagrante a relação ente turismo e meio ambiente, na qual devem predominar

propostas de desenvolvimento sustentável, baseadas em planejamento, que vise prever e

coibir agressões ao meio ambiente.

O turismo está pautado em planos de desenvolvimentos sustentáveis, cuja concepção

de sustentabilidade contemple a manutenção dos estoques da natureza, ou a garantia de sua

reposição por processos naturais ou artificiais, garantindo a qualidade de vida das pessoas.

Até porque a visão de sustentabilidade não deve se resumir à questão ecológica, deve agregar

também os campos social, cultural e econômico. Para ser sustentável ecologicamente, o

turismo deve ser compatível com os recursos disponíveis, sua biodiversidade e características

reprodutivas (NOIA, 2008).

É necessário entender que a interação entre turismo e meio ambiente é muito

importante, pois a própria atividade do turismo precisa, logicamente, de um ambiente para

acontecer, e esse ambiente tende a se descaracterizar pela ação antrópica. Quando qualquer

atividade relacionada ao turismo é implantada, a natureza sofre com modificações, por conta

da própria produção do turismo (COOPER; FLETCHER; FYALL, 2007).

Mesmo com o turismo dependendo permanentemente do meio ambiente, essa

atividade não percebeu a necessidade de melhorar sua infraestrutura de forma a minimizar os

impactos negativos sobre o ambiente local. Assim, a relação existente entre o turismo e a

natureza é tão complexa, que se o projeto turístico causa impactos negativos ao ambiente, este

mesmo projeto terá redução em seus benefícios, por depender da qualidade do local onde está

atuando, mesmo com os problemas visíveis de um projeto turístico mal arquitetado, não é

correto culpar o turismo por todos os impactos gerados na natureza, pois não são somente

impactos negativos que o turismo gera; ele também constrói positividades.

O Estado, como agente que aplica e administra leis para a população, tem muita

importância na construção de um turismo sustentável. As políticas públicas, quando voltadas

para espaços de lazer, devem prezar pela educação e conscientização da sociedade, através de

um conjunto de metas que façam todos os indivíduos perceberem sua importância na

preservação da natureza (ANDRADE, 2001).

Para Coriolano (2003), o desenvolvimento só ocorrerá quando todas as pessoas

envolvidas com a atividade turística forem beneficiadas, tendo resguardado o direito de uma

existência digna, que inclua saúde, bem-estar, alimentação, vestuário, habitação, cuidados

médicos, segurança, repouso e lazer a todos e suas famílias.

O lazer, sendo considerado política pública voltada para a questão social, deve

abranger toda a sociedade, levando-o até mesmo para os mais necessitados. As ações do

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

41

Estado em áreas de lazer devem incluir formas de disseminação da inclusão por meio da

sociabilidade. Neste sentido, Ruschmann (2004, p. 66) expressa que o “planejamento consiste

em um conjunto de atividades que envolvem a intenção de estabelecer condições favoráveis

para alcançar objetivos propostos”.

Contudo, é de conhecimento da sociedade que o setor público aja conforme a

harmonia das três esferas do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), sendo que, para se

conseguir tal relação harmônica, há diversas barreiras a serem transpostas. Visando o sucesso

de implantação das políticas públicas voltadas ao lazer, elas necessitam ser elaboradas de

forma coletiva, segundo necessidades e reivindicações da população, possibilitando a todos o

acesso a atividades prazerosas, valorizando, acima de tudo, a identidade cultural da região.

Nesse caso, para que exista a valorização da cultura, é preciso que a sociedade seja

educada para defender seus próprios valores de identidade, pois de acordo com Marcellino

(1987), a educação tem o poder de transformar o lazer em uma ferramenta de mudança. Nas

atividades de turismo, o papel do Estado traduz-se na aplicação de um desenvolvimento

harmonioso dessa atividade econômica. Segundo Barretto (2005, p. 33),

cabe ao Estado construir a infraestrutura de acesso e a infraestrutura básicaurbana – que também atenda a população local – e prover de umasuperestrutura jurídica (secretarias e similares) cujo papel é planejar econtrolar que os investimentos que o Estado realiza – que permitem odesenvolvimento da iniciativa privada, encarregada de construir osequipamentos e prestar os serviços – retornem na forma de benefícios paratoda a sociedade.

Portanto, com a inexistência ou a fraca atuação das políticas públicas voltadas para o

lazer, a qualidade dos serviços oferecidos às pessoas ficam reduzidas, fazendo com que a

prática do turismo atraia mais problemas do que benefícios. Assim, é possível afirmar que o

Estado, juntamente com a população local e a conscientização dos visitantes pode vir a

desenvolver uma prática de lazer democrática, que atenda as necessidades de todos os

indivíduos.

O turismo, como uma atividade que requer planejamento, não pode ser pensada sem

sua ordenação, através das políticas públicas. Adianta-se, que a expressão políticas públicas

indica “[...] as ações e as intervenções planejadas por órgãos da administração pública, isto é,

por aparatos burocráticos, em benefício daqueles que o Estado reconhece como sujeitos de

direitos de cidadania” (BORGES; GARCIA, 2007, p. 39). Dessa forma, as políticas públicas

podem ser interpretadas como o conjunto de ações executadas pelo Estado, enquanto ente,

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

42

direcionadas ao atendimento das necessidades da sociedade, como um todo.

Partindo dessa concepção, argumenta-se que os grandes debates sobre o turismo, o

lazer e, consequentemente, o desenvolvimento sustentável, aparecem como formas de

reorientar as teorias acerca do turismo, propondo ações que devem servir de base para as

tomadas de decisões do Governo, através das políticas públicas. Dito isto, persegue-se a idéia

de que no contexto das políticas públicas há muito a ser feito no âmbito do turismo e lazer que

dê respostas de sustentabilidade ambiental.

O papel do Estado, como definidor de políticas voltadas para o turismo, o lazer e a

sustentabilidade ambiental é de suma importância e deve pautar-se, entre outros aspectos, nas

necessidades e problemas evidentes nesses setores. Por isso, concorda-se com Fellini (1983, p

73) ao afirmar que o turismo depende de três componentes básicos:

a) Infraestrutura de base: que compreende as condições de acesso (estradas,ferrovias, aeroportos, rodovias, hidrovias, etc.) e as de caráter urbano (redesde energia, água, iluminação, esgotos); b) Superestrutura turística: que érepresentada pelo conjunto de elementos que possibilitam a estada dosvisitantes em determinado local (acomodação, alimentação, comércio,diversões, agências de viagens, lazer); c) Indústria turística em sentidoestrito, alojamento e alimentação (hotéis, campings, restaurantes, bares,pousadas).

Para a realização do turismo e lazer com base na sustentabilidade ambiental, são

necessárias políticas públicas que contemplem vários aspectos, cujas estruturas demandam

planejamento e recursos econômicos para tanto. Além disso, realça-se o fato de que as

políticas públicas devem situar-se nos níveis Federal, Estadual e Municipal.

Em nível Federal, através de programas, ações e parcerias, disponibilizando recursos

de capital, informação, de gestão e orientações estratégicas. Em nível Estadual, através das

secretarias, otimizando e ordenando as demandas, priorizando as ações emanadas da política.

Em nível Municipal, estabelecendo as linhas gerais que devem ser seguidas para desenvolver

o turismo, baseando-se na sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural do

município (BRASIL, 2006).

Como política pública de nível Federal pode-se citar a criação do Ministério do

Turismo, instituído em 1º de janeiro de 2003, que passou a tratar desse segmento como

assunto prioritário do Estado.

A importância da criação e da efetivação de políticas públicas de lazer e turismo,

visando à sustentabilidade ambiental traz bons resultados; sobretudo, quando contemplam em

seus planejamentos os aspectos culturais, sociais, econômicos e ambientais. Indo mais longe,

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

43

deve-se dizer, que políticas públicas bem planejadas, com objetivos específicos, voltados para

a implementação do turismo e do lazer, com vistas a um desenvolvimento sustentável

equilibrado são capazes de trazer novos índices de crescimento desse setor, ao tempo que

congregam oferta e satisfação (BRASIL, 2006).

A educação ambiental é um importante passo para a conscientização da sociedade de

que o meio ambiente merece ser preservado, como forma de melhorar a qualidade de vida de

toda a população, por meio de atividades que respeitem a natureza. Nesse sentido, o turismo,

que em diversas ocasiões se utiliza de componentes naturais, é uma atividade que deve aplicar

a educação ambiental e o conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável.

2.4 A prática de lazer e turismo em espaços aquíferos

A água, fonte de vida para todos os seres vivos, possui uma importância vital, sendo

que esta fonte natural finita possui múltiplos usos. Em trabalho intitulado “Declaração

Universal dos Direitos da Água”, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU,

1992), que visava expor a importância da água para a humanidade e para a manutenção do

próprio planeta, era enfatizada a responsabilidade de cada povo por sua manutenção, sua

manipulação com responsabilidade e parcimônia, sua proteção constitui uma necessidade vital

para com as gerações presentes e futuras, é preciso evitar que se chegue a uma situação de

esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis, podendo se

tornar escassa em qualquer região do mundo, sua utilização implica em respeito à lei, sua

gestão deve levar em conta a solidariedade e o consenso, em razão de sua distribuição

desigual sobre a Terra.

O Brasil é um país com vastas possibilidades de turismo por conta da sua dinâmica

de crescimento. As atividades turísticas em todo o território nacional podem gerar empregos,

além de incluir socialmente uma parcela da população considerada marginal. Nesse caso, o

turismo pode mitigar em problemas sérios, como a desigualdade social, pois alguns dos

destinos turísticos mais visitados do Brasil encontram-se em regiões economicamente

carentes, e por causa do turismo, acabam por ser visitados por cidadãos mais ricos (BRASIL,

2005).

Os recursos hídricos brasileiros despertam interesse pelo seu grande potencial, sendo

o país um dos que detém maior quantidade de água doce no mundo. Contudo, para gerir

tamanha riqueza aquífera, foram elaboradas leis de uso e gestão da água em território

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

44

nacional. O marco legal direcionado às fontes de água foi a lei nº 9.433, de 8 de janeiro de

1997, que dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), criando assim o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A referida lei também

regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da lei nº 8.001,

de 13 de março de 1990, que modificou a lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989 (BRASIL,

2005).

Assim, como forma de contribuir para a gestão dos recursos hídricos brasileiros, foi

elaborado, pela Agência Nacional de Águas, em 2005, o trabalho intitulado “O turismo e o

lazer e sua interface com o setor de recursos hídricos”, identificando-se os principais

segmentos do setor do turismo associado aos recursos hídricos, que são: turismo desenvolvido

em toda a extensão do litoral brasileiro; turismo ecológico e pesqueiro e; turismo e lazer em

lagos e reservatórios, como barragens, por exemplo.

Sobre a atividade turística desenvolvida no litoral brasileiro, Brasil (2005) afirma que

esse segmento sofre com perceptíveis problemas estruturais, principalmente na falta ou baixa

eficiência do esgotamento sanitário, com decorrente comprometimento da balneabilidade das

praias. Já sobre o turismo ecológico e o pesqueiro, esse tipo de atividade vem, no decorrer dos

anos, transformando-se em uma das principais opções de exploração econômica de uma

região sem degradá-la, o que é mais importante. Como exemplo, a instituição cita o Estado do

Amazonas, que desenvolveu atividades a fim de atrair ecoturistas de diversos países.

Sobre o turismo e o lazer em rios, represas, cachoeiras, lagos e reservatórios, a

sustentabilidade dessa atividade turística, proporcionada pela integração dos componentes

sociais, ambientais e econômicos, pode ser alcançada, entre outras formas, “com a adoção de

práticas de prevenção e controle da degradação do meio ambiente, associada à garantia da

atratividade da atividade turística perante os usuários, o que inclui, também, as instalações e

áreas de entorno” (BRASIL, 2005, p. 20). Contudo, as áreas de lazer localizadas em rios,

represas, cachoeiras, lagos e reservatórios enfrentam sérios problemas, pois

[...] esse segmento carece de definição de política e estratégia de uso racionaldos lagos dos reservatórios como instrumento de ofertar lazer de baixo custoà sociedade. [...] A poluição hídrica de represas, rios, lagos e cachoeirasrepresenta um dos mais impactantes danos causados pelo crescimentodescontrolado de atividades de turismo e recreação, devido ao lançamento deesgotos e à geração de resíduos em embarcações de recreio que expelemgases, óleos e graxas, determinada pela ineficiência ou falta de coleta de lixoe pela falta de orientação dos próprios usuários (BRASIL, 2005, p. 19-20).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

45

Diante do exposto, observou-se que a legislação brasileira deixa claro que a água é

um dos principais recursos da natureza, sendo que, sem o seu uso racional, é impossível

desenvolver satisfatoriamente a humanidade e as atividades econômicas voltadas ao lazer.

Dessa forma, é importante que as leis e sanções previstas sejam aplicadas, rigorosamente, nos

casos que sejam identificados abusos na utilização de fontes aquíferas públicas.

Dentro dessa temática, a atividade turística deve apresentar especial atenção no

aproveitamento das águas, sendo que sua gestão consciente é muito importante, pois na

maioria dos casos, as mesmas águas aproveitadas para lazer servem para o abastecimento das

populações locais, seja para consumo diário ou não. Assim, o compromisso com a

preservação de tais fontes aquíferas cabe não somente aos gestores públicos e à sociedade

autóctone, mas também aos visitantes moradores locais.

O aproveitamento das águas para lazer e turismo relaciona-se, primeiramente, sobre a

capacidade de suporte que o lugar tem para receber os turistas (infraestrutura, instruções de

segurança, entre outros). Contudo, segundo Muller (2002), esses espaços e equipamentos

destinados ao lazer têm sofrido uma desvalorização, pois não são entendidos como essenciais.

Assim, ficam sem a atenção necessária por parte das políticas públicas. Dessa forma, em

alguns locais de desenvolvimento do turismo em águas, observa-se a apatia e o conformismo

de diversos segmentos da população, que não contribuem efetivamente para a devida

manutenção dos equipamentos.

Para minimizar o descaso sobre a preservação do lazer em fontes aquíferas, a

perspectiva ecológica mostra-se relevante, ao passo em que ela se revela como um dos

caminhos de contemplação da não atividade política institucionalizada, ou seja, da natureza.

Nessa perspectiva, Bruhns (2007, p. 89) afirma que

a capacidade humana altera relações com a natureza e constitui-se numaalavanca que movimenta os homens conduzindo-os a inventar novas formasde sociedade. Esse processo ocorre a partir de representações, de ideiasassociadas a ações. Dessa forma, na relação dos homens com a natureza,ocorre uma mediação via representação onde se entrelaçam e se exercem trêsfunções do conhecimento: representação, organização e legitimação dasrelações dos homens entre si e deles com a natureza. Portanto, faz-senecessário analisar o sistema de representações presentes nas relações dosindivíduos com o seu meio, pois baseado nelas, eles agirão sobre esse meio.

Para a preservação de práticas de lazer em águas, é necessária uma reavaliação de

como a sociedade (seja ela local ou visitante) está interagindo com o ambiente, pois com tal

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

46

reavaliação e mudança na postura ecológica como um todo, só beneficia a prática de um

turismo sustentável.

Assim, segundo Migliorini et al. (2010), os múltiplos usos da água permitem tanto a

criação de valor quanto a perda, no caso da degradação devido ao mau uso. Isto porque a

disponibilidade hídrica qualitativa ou quantitativa pode tornar-se insuficiente para atender

todas as demandas existentes, ocorrendo o que se convencionou chamar de conflito de uso da

água. Neste ponto, realça-se a importância da fiscalização dos recursos hídricos com vistas à

garantia do uso múltiplo da água.

Dentro do seu tempo livre, o homem busca atividades de lazer e descanso. Uma das

opções de lazer e turismo mais comum no Brasil é a visitação de lugares com base nos

recursos hídricos. Os recursos hídricos são, em sua grande maioria, procurados com foco no

lazer e no turismo, independente de serem praias marítimas ou praias fluviais e lacustres

(margens de rios, lagoas, beira de lagos, represas e outros corpos de água doce). Em relação

às opções de turismo e de lazer realizadas em contato com a natureza, Oliveira; Decanini

(2002, p. 44) cita

banhos de sol, passeios de barco, pedalinho, caiaque, lanchas, banana boate,jetski; quadras poliesportivas; boxes de pesca, etc. Além disso, oferecematrações, tais como: campeonato de vôlei e futebol de areia, trio elétrico,campeonato de jetski, desfiles, bailes, etc.

Nos locais com recursos hídricos procurados com foco no lazer e no turismo,

também podem ser praticadas atividades esportivas aquáticas, podendo desempenhar um

ótimo papel no desenvolvimento do turismo e de atividades de lazer, tais como: a natação

recreacional, hidrocapoeira, tirolesa, acquavolley e o handebol aquático, entre outras

(SANTOS; QUEIROZ, 2009); a caminhada com trilha (trekking) é uma ótima atividade que

pode ser desenvolvida no entorno de espaços de recreação aquática.

Os recursos hídricos, em sua grande maioria são procurados com foco no lazer e no

turismo, independente de serem praias marítimas ou praias fluviais e lacustres (margens de

rios, lagoas, beira de lagos, represas e outros corpos de água doce).

Tendo em vista que a zona costeira do Brasil tem uma extensão territorial avançada,

e uma beleza natural exuberante de suas praias, ou seja, das regiões norte, nordeste, sudeste e

sul, as mesmas tornaram-se atrativos turísticos bastante procurados, tanto pelo turista interno,

como pelo turista externo, assim como o turismo e o lazer em praias fluviais e lacustres

(margens de rios, lagoas, beira de lagos, represas, cachoeiras, reservatórios e outros corpos de

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

47

água doce), tais como: o Complexo da Cachoeira da Fumaça em Carrancas-MG

(ANDRETTA et al., 2008); o Balneário da Represa Laranja Doce do Município de

Martinópolis-SP (OLIVEIRA; DECANINI, 2002); o Complexo Poliesportivo da Ponta

Negra, na cidade de Manaus-AM, defronte ao Rio Negro (SANTOS; QUEIROZ, 2009); o

balneário municipal de Bonito, Mato Grosso do Sul (SANTOS et al., 2007); o Rio do

Engenho, localizada no município de Ilhéus-BA (NOIA, 2008); o Lago Paranoá, em

Brasília-DF (PARENTE, 2006); o lago da UHE de Ilha Solteira no Município de

Paranaíba-MS no Rio Paranaíba (SILVA, 2008); a represa Jaguari-Jacareí-SP (LEME, 2007);

as praias fluviais no Estado de Tocantins (BRITO et al., 2002), entre outros.

2.5 Impactos, planejamento e percepção ambiental da atividade turística

O turismo é uma atividade que se fundamenta no deslocamento de grande fluxo de

pessoas para locais considerados como pontos de atração turística. Nesse caso, os fatores

sociais, econômicos e ambientais estão em jogo, pois embora a atividade turística possa surtir

efeitos psicofísicos positivos para o ser humano, para a natureza e para as comunidades

autóctones, pode também trazer consequências drásticas, devido aos impactos negativos que

pode causar. Mendonça (2007, p. 147) ressalta que

a atividade turística tem se desenvolvido de tal forma que os indivíduosescolhem o lugar que vão visitar por critérios, digamos, mais universais, quenão incluem forçosamente a personalidade do lugar, seus aspectos peculiarese especiais, suas características ambientais mais fortes, com exceção doclima, que a todos interessa, tais como a vegetação, o relevo, a hidrografia, opovo do lugar e sua cultura, sua música, seus hábitos, sua culinária. E, semesse conhecimento, fica difícil respeitar.

A atividade turística, sem o conhecimento prévio dos turistas acerca do contexto

social, econômico, cultural e ambiental do local de turismo, pode incidir em efeitos negativos,

tanto para a comunidade autóctone como para o próprio meio ambiente, sendo esses efeitos,

em geral, considerados como impactos negativos. Vale ressaltar que se entende aqui por

impacto ambiental o conceito dado pela Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente:

Entende-se por impacto ambiental qualquer alteração das propriedadesfísicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

48

de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que afetem: 1) asaúde, a segurança e o bem-estar da população; 2) as atividades sociais eeconômicas; 3) a biota; 4) as condições estáticas e sanitárias do meioambiente; 5) a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, p. 1).

A degradação do meio ambiente, historicamente, traduz a relação das sociedades

com seus espaços. Deve-se estar atento aos discursos ambientalistas que destacam apenas os

impactos negativos do turismo. É importante lembrar que o turismo pode causar impactos

positivos e negativos, que refletem nos aspectos ambientais, sociais e econômicos de um dado

local, apresentando alguns benefícios e malefícios, listados no Quadro 2.1.

IMPACTOS POSITIVOS DO TURISMO IMPACTOS NEGATIVOS DO TURISMOECONÔMICOS ECONÔMICOS

-Diversificação e estabilização da economialocal.-Dinamização de outras atividades econômicaspara a comunidade.-Geração de impostos, trazendo dinheiro novopara a comunidade.-Geração de empregos e oportunidadescomerciais.-Exigência de treinamento de empregados,proprietários e a educação da população local.

-Utilização de serviços públicos que sãomantidos pelo contribuinte locais, excedendoseus custos.-Atrai atividades comerciais indesejadas.-Gera a fuga de capitais.-Custos operacionais para pesquisa, promoção,etc.

SOCIAIS SOCIAIS-Ajuda a financiar serviços e estabelecimentospúblicos que a comunidade talvez não tivessecondições de financiar (estradas públicas,energia, comunicação, saúde e segurança).-Incentiva a participação cívica e o orgulho pelacomunidade e suas manifestações.-Proporciona o resgate e o intercâmbio cultural.

-Atrai visitantes com comportamento conflitantecom o da comunidade e seus padrões culturais.-Cria tumulto, poluição em vários níveis econgestionamento.-Aumenta os índices de criminalidade emarginalidade.-Perda da originalidade regional, ex: artesanato,de outro local, etc.-Gera conflito entre os que o querem e os que sãocontra o seu desenvolvimento.-Acentuam os problemas sanitários, etc.

AMBIENTAIS AMBIENTAIS-Incentiva a preservação de recursos naturais,culturais e históricos.-Estimula revitalização e embelezamentopaisagístico da cidade ou vila.-Contribui para a sustentabilidade de áreasprotegidas.-Educa para a conservação da natureza.

-Degrada a qualidade de importantes recursosnaturais e históricos.-Aumento acentuado do lixo, barulho e poluiçãodo ar.-Sucesso econômico pode levar a maior pressãosobre os recursos naturais.-Aumenta consumo de matéria-prima paraindústria turística, ex. pedras, madeiras, etc.

Quadro 2.1: Impactos positivos e negativos do turismoFonte: Elaborado através do Guia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável (OMT, 2003).

Diante do que foi dito, tratar de modo específico dos impactos causados pelo turismo

requer ter em mente que não há atividade humana que não interfira de algum modo no meio

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

49

ambiente, pois que seria impossível promover, mesmo, o próprio turismo sem empreender

ações que refletissem nos locais e atração turística. Segundo Marinho (1999, p. 38),

a questão ambiental coloca a necessidade de releitura do território,considerando e compreendendo a complexidade da apropriação, daprodução, do consumo, da distribuição, a complexidade do ecossistema,assim como as relações que se estabelecem, no tempo e no território, entre associedades e a natureza.

É possível dizer que os impactos ambientais, sociais e econômicos envolvendo a

atividade turística são diversos, podendo trazer tanto benefícios para a população da

localidade receptora, bem como ocasionar problemas sérios para as comunidades envolvidas.

Observa-se que a comunidade residente no local, onde se pretende implantar as ações

para o desenvolvimento do turismo, deve ser consultada sua opinião, avaliada e respeitada.

Isso porque a implantação de um plano de desenvolvimento turístico deve ter a aprovação e o

apoio da população local, devendo esta ser esclarecida sobre os benefícios do turismo para a

coletividade, nos aspectos socioeconômicos, com a garantia de que os impactos sobre sua

qualidade e seu nível de vida serão favoráveis.

O turismo é visto, ainda, como uma atividade ambivalente, podendo trazer

desenvolvimento para a população, por meio da valorização de espaços. O turismo também

tem a capacidade de intensificar as relações entre distintos povos, relações estas que podem

levar a uma perda de identidade e à degradação ecológica, por exemplo. Na realidade, como

afirma Cooper, Fletcher e Fyall (2007), toda atividade relacionada ao turismo gerará impactos

ambientais, mas com um planejamento consistente há a possibilidade de minimizar os

impactos negativos e estimular a existência e disseminação de impactos positivos.

Segundo Dias (2005, p. 102), entre os muitos benefícios para o local, o turismo

1. Contribui para a conservação dos animais ameaçados; 2. Leva aoaperfeiçoamento do planejamento e do gerenciamento ambiental; 3.Contribui para o aumento da consciência ambiental; 4. Auxilia na obtençãode recursos para a preservação; 5. Contribui na geração de fontes de rendaalternativas; 6. Constitui uma alternativa de exploração econômica das áreasprotegidas.

O meio ambiente é, portanto, o sustentáculo da atividade turística, pois o mesmo é

baseado na natureza de outros lugares, utilizando-se sempre do ambiente natural e, para que

não ocorra o processo de destruição do mesmo, a prática do turismo sustentável é a melhor

opção de preservação.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

50

O conceito de sustentabilidade aplicado ao turismo surgiu da necessidade de refletir

sobre os impactos ocasionados ao meio ambiente. De acordo com Dias (2005), o turismo

sustentável pode ser conceituado como a atividade que visa atender aos anseios dos visitantes,

ao passo em que planeja suas ações pensando no futuro. A sustentabilidade do turismo é,

assim, a harmonia entre a economia, a sociedade e o meio ambiente.

O aumento da procura dos turistas por espaços naturais faz surgir a necessidade da

existência de uma ação coordenada, que pondere todos os impactos (sendo estes negativos ou

não) pois, segundo Dias (2008), para que a sustentabilidade da atividade turística seja

possível, é de suma importância que o Estado tenha participação ativa no processo,

elaborando e tornando viável a existência de um planejamento no turismo.

Verifica-se, então, que a atividade turística já se consolidou como uma importante

opção de lazer, marcante na sociedade atual, seja através da descontração, do entretenimento,

do conhecimento, seja não fazendo nada ou apenas contemplando, necessitando de espaços e

equipamentos de lazer e turismo para sua concretização, necessitando de um planejamento

criterioso, que ordene as ações dos turistas sobre os centros turísticos, a fim de que os

impactos negativos sejam reduzidos e os impactos positivos aumentados pelo planejamento

turístico.

O turismo pode ser interpretado como um fenômeno histórico sem precedentes, na

sua extensão e no seu sentido. Sendo, por isso, uma das invenções mais espetaculares do lazer

da sociedade moderna (DUMAZEDIER, 1973). Entretanto, para que o turismo mantenha sua

vitalidade como segmento, torna-se imprescindível que se faça um planejamento preventivo e

concreto, tendo em vista os impactos positivos e negativos nos aspectos sociais, econômicos e

ambientais. Porém, quando se fala em planejamento, há que se admitir que não é fácil traçar

seu conceito, até porque, esse termo encontra-se muito mais situado na administração clássica.

Para Padilha (2001, p. 63),

Planejar, em sentido amplo, é um processo que visa dar respostas a umproblema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, demodo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendonecessariamente o futuro, mas considerando as condições do presente, asexperiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostosfilosóficos, culturais, econômicos e políticos, de quem planeja e com quemse planeja.

Na visão de Moraes (2006), o planejamento pode ter cunho tecnológico, empenhando

uma abordagem direcionada para a solução de problemas e cumprimento de tarefas, com uma

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

51

visão segmentária, tática e determinística, com variáveis qualitativas e conhecidas. Seja como

for, o planejamento também deve estar direcionado para o segmento do turismo, tendo em

vista o ordenamento das ações do homem sobre o território e ocupando-se em direcionar a

construção de equipamentos e facilitadores de forma adequada, evitando, desse modo, efeitos

negativos nos recursos, que podem ser destruídos ou reduzidos sua atratividade.

Esse ideário, contudo, só pode ser viabilizado com investimentos em programas

governamentais e comunitários voltados para a fixação do homem em suas atividades

tradicionais, como pesca, pecuária, artesanato e culinária, com a participação da comunidade

local na elaboração dos projetos turísticos, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da

população e a manutenção dos recursos paisagísticos. O que implica, segundo Lage (2004),

no planejamento participativo das atividades turísticas, estrategicamente inseridas nas reais

necessidades da população local.

Petrocchi (2002) enfatiza que o planejamento tornou-se imprescindível ao

desenvolvimento do turismo, pois o turista interage com a sociedade, a cultura e o meio

ambiente das regiões hospedeiras, podendo interferir e afetar o potencial turístico da área

visitada, em função da falta de planejamento

Dessa forma, observa-se que o planejamento turístico pode fomentar a atração

turística, tendo o controle do desenvolvimento sustentável, dos impactos negativos,

minimizando-os. O que pode ser feito considerando-se o meio ambiente, as áreas de risco, a

vulnerabilidade, seja para o assentamento da população em local de empreendimentos, seja

para a realização de atividades propícias para determinada área, seja pelo fluxo e

comportamentos prévios dos turistas (BARRETTO, 2005).

Para Ruschmann (2004, p. 9), o planejamento turístico consiste em “ordenar as ações

do homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de equipamentos e

facilidades de forma adequada, evitando, dessa forma, os efeitos negativos nos recursos, que

os destroem ou reduzem sua atratividade”. Segundo Moraes (2006, p. 61), o planejamento

turístico deve ser

[...] baseado nos princípios de sustentabilidade ambiental, político e social,cultural e econômico, e considerando os aspectos envolvidos através de umavisão sistêmica, com a atividade, bem como com as transformaçõesambientais, positivas e/ou negativas relacionadas aos aspectos antrópicos,biológicos e físicos e com a ecodinâmica do meio ambiente, que satisfaça asnecessidades das presentes e futuras gerações, proporcionando uma melhorqualidade de vida.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

52

Nesses termos, reconhece-se que o planejamento turístico é uma necessidade para

esse segmento e possui grande importância, sendo um desafio a ser empreendido. Isso porque

envolve a organização dos recursos, dos espaços, além da cooperação dos habitantes locais.

No que se refere aos moradores locais, acredita-se que no planejamento deve constar

estratégias de seu envolvimento, com participação ativa, seja no planejamento e organização

do turismo, para que sejam gerados benefícios, seja acompanhando a interação com os

turistas. Além desse aspecto, presume-se que o planejamento turístico deve contemplar os

índices estatísticos de deslocamentos dos turistas, suas preferências, seus perfis.

Para Nogueira (2009, p. 16), no planejamento turístico, “a grande ênfase está no

“produto” (o parque e seus atrativos) sem focar o mercado (o visitante atual, o tipo de

visitante a atrair, o tamanho do mercado etc.). Faltam informações de qualidade sobre

produtos, guias e um marketing consistente e confiável”.

Essa concepção acerca-se do entendimento de que o planejamento turístico no Brasil

ainda se encontra incipiente, pois ainda se mantém no enfoque de uma das dimensões da

atividade turística, deixando de lado as ações de inclusão, combinadas com a melhoria de

equipamentos turísticos. Isto sem contar a falta de objetivos específicos que contemplem a

melhoria da qualidade de vida da comunidade receptora, ao tempo em que permita gerar uma

experiência de qualidade para o turista. Dessa forma, a observação e o planejamento turístico

devem ter presente a preocupação relativa à manutenção das condições originais dos atrativos,

em termos de qualidades ambientais, sociais e culturais (BRASIL, 2007).

O turismo é uma atividade que teve sua evolução baseada no aumento das práticas de

atividades turísticas em massa. Segundo Teles (2006), o turismo em massa é originado na

Inglaterra, já no século XX. Com o crescimento dos fluxos de turistas por todo o mundo, uma

preocupação vem à tona: como aliar a prática turística à preservação do meio ambiente?

Nesse sentido, é necessário abordar o turismo como uma atividade que pode gerar impactos

(negativos e/ou positivos) para a natureza, merecendo, dessa maneira, um planejamento

consistente e que vise mitigar os danos ao entorno.

O planejamento na área turística, segundo Dias (2003), é o mais efetivo instrumento

para amenizar os efeitos econômicos sobre a natureza. Nesse sentido, a ação de planejar deve

vir do Estado, que é o único agente que tem poder para articular forças, a fim de planejar um

desenvolvimento do turismo aliado à preservação do meio ambiente. O turismo, participando

como uma atividade de conservação da natureza, tem condições de se tornar como uma das

variáveis mais eficazes para o desenvolvimento de uma região.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

53

Mas, para que a natureza seja protegida satisfatoriamente, o planejamento do turismo

deve equilibrar os interesses econômicos com os socioambientais, isso porque, segundo

Alexandre (2003, p.11), o controle e o ato de planejar “depende diretamente de critérios,

valores subjetivos e de uma política ambiental e turística adequada”.

Quando as ações políticas não promovem o planejamento turístico, surgem inúmeros

problemas em seu desenvolvimento. O turismo, sozinho, sem o auxílio governamental

satisfatório, fica à mercê de programas impróprios e que não guardam associação com a

realidade econômica, cultural e social de uma determinada região (ALEXANDRE, 2003).

Como um todo, o planejamento turístico deve criar condições para a sustentabilidade,

sendo importante frisar que tal sustentabilidade não deve ser algo utópico. Segundo Dias

(2003, p.69), o planejamento tem que ser um processo de mudança qualitativo, que permita a

elaboração de objetivos alcançáveis. Assim, identifica-se o desenvolvimento do turismo a

partir de práticas originadas da vontade política em equilibrar a “preservação do patrimônio

natural e cultural, a viabilidade econômica do turismo e a equidade social do

desenvolvimento”.

Silva e Boia (2006) contribuem para a discussão do turismo planejado, ao afirmarem

que a atividade turística, para conseguir atender seus objetivos previamente planejados, tem

que almejar sair da esfera comercial (turismo visto somente como uma mercadoria) e passar a

ser visto como um fenômeno social, onde há a interação entre a cultura, a sociedade e a

natureza. O turismo, dessa forma, passa a ser percebido como um campo onde há a

aprendizagem e o sentimento de união, e não somente um cenário de desequilíbrio. Planejar o

turismo é, assim, uma contribuição para o desenvolvimento da prática racional de preservação

da natureza e da cultura.

Operacionalmente, Petrocchi (2002) infere que o planejamento turístico só terá

sucesso se for reciclado continuamente. O sistema dentro do turismo deve garantir a qualidade

dos seus serviços dentro de uma região. Sempre corrigindo as falhas, o planejamento turístico

deve impedir, assim, que qualquer problema (seja ele ambiental, econômico ou social) venha

a comprometer a qualidade dos serviços prestados para os visitantes.

Normalmente, de acordo com Boullón (2002, p.226), para conservar o meio

ambiente, é preciso que o planejamento saiba como o turismo será promovido no ambiente

natural, “sem pensar em planejar a paisagem, porque a paisagem não é planejável, dado que é

uma subjetivação que o homem faz do ambiente natural”.

Sendo assim, o planejamento turístico irá refletir diretamente no meio ambiente,

determinando a qualidade dos serviços ofertados pela atividade turística. Então, preservar a

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

54

natureza não é somente uma questão de necessidade, é também uma forma do turismo crescer

qualitativamente e agradar os visitantes.

A atividade turística é algo que vem crescendo desde a Revolução Industrial na

Inglaterra. Sua atuação gera uma dinamicidade na circulação de capital, o que faz com que

haja o crescimento de serviços, de produtos, e de turistas dispostos a investirem em um tempo

precioso de descanso.

Contudo, para que a atividade turística obtenha sucesso nos lugares em que se

desenvolve, ela conta com uma boa estrutura, capaz de suportar o contingente de visitantes.

Tal estrutura deve ser composta, por exemplo, de hotéis, restaurantes, e de uma boa recepção,

advinda, principalmente, da população local, como colocado por Dartora (2005), a relação

entre o turista e os demais sujeitos que oferecem ou encontram-se envolvidos com as

atividades turísticas pode ser conceituado como percepção ambiental.

Sobre percepção, Tuan (1980, p. 4) diz que é “[...] tanto a resposta dos sentidos aos

estímulos externos, como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente

registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados”.

Para Del Rio (1999), a percepção é uma interação do indivíduo com o meio ambiente

através de mecanismos perceptivos propriamente ditos, e principalmente cognitivos. Para

Rodrigues (1999) a percepção e o intelecto se manifestam por meio da experiência vivida e

compartilhada, construindo o lugar na subjetividade e na intersubjetividade. A limitação dos

sentidos, aliada aos contextos histórico, ecológico e sociocultural, faz com que grupos de

pessoas compartilhem percepções próximas.

A percepção também é diferente para cada pessoa, e ela externaliza a capacidade

individual de apreender aquilo que interessa. Para Ferrara (1999, p. 264) a percepção

ambiental é

[...] a forma de conhecimento, processo ativo de representação que vai muitoalém do que se vê ou penetra pelos sentidos, mas é uma práticarepresentativa de claras consequências sociais e culturais que supõe umaelaboração de informações que ocorrem no interior do indivíduo a partir depequenas experiências, porém, são apenas possíveis e, nesse sentido, nãopodem ser jamais previstas ou programadas.

Segundo Braga e Marcomin (2008, p. 240), “a percepção é subjetiva para cada

indivíduo; contudo, há aspectos comuns em relação às percepções e às condutas”. Ao se tratar

a percepção voltada para o ambiente em volta, é comprovado que ela é construída pelo

próprio indivíduo, através da sua educação e de fatores afetivos e sensitivos originados de

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

55

relações do observador com o ambiente em que ele se encontra. “Assim, cada indivíduo

enxerga e interpreta o mundo natural de acordo com seu próprio olhar, sua própria maneira de

ver o mundo, a partir de suas experiências prévias, expectativas e ansiedades” (DARTORA,

2005, p. 20). Pode-se afirmar, dessa maneira, que a percepção ambiental torna-se mais

abrangente quando o visitante, por exemplo, passa a compreender melhor o meio e suas

peculiaridades socioeconômicas e culturais.

A percepção ambiental é um dado muito importante para o desenvolvimento da

atividade turística, pois com o auxílio dessa percepção refinada de cada indivíduo, o turismo

pode promover locais, paisagens, culturas e patrimônios. Portanto, como frisam Braga e

Marcomin (2008, p. 240) “o entendimento da natureza é determinante para a caracterização

do meio, permitindo, assim, que a percepção individual sobre um determinado lugar possa

ajudar na compreensão do relacionamento entre homem e meio ambiente”.

Com relação à atividade turística, a análise da percepção ambiental pode contribuir

para o planejamento sustentável, pois a compreensão de que as paisagens são carregadas de

significados e interesses, pois estão relacionadas com a forma que cada indivíduo percebe o

mundo.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

56

3 METODOLOGIA GERAL

A revisão bibliográfica teve como eixo a busca por subsídios teóricos que ajudassem

a fundamentar o estudo em questão. Nesse caso, procurou-se na literatura informações acerca

do lazer e do turismo, que fossem capazes de dar respostas à proposta da pesquisa. Desse

modo, o levantamento envolveu amplo acervo bibliográfico disponível nas bibliotecas

universitárias, artigos de revistas, dissertações de mestrado, teses de doutorado.

As informações relativas à barragem foram compiladas a partir dos arquivos de

órgãos oficiais como: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMAR),

Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), Prefeitura Municipal de

Piracuruca, Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (EMGERPI), Companhia de

Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), Secretaria de

Turismo do Piauí (SETUR), Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí (SEPLAN),

Secretaria da Infraestrutura (SEINFRA), Instituto de Desenvolvimento do Piauí (IDEPI),

Instituto de Assistência Técnica e Extenso Rural do Piauí (EMATER-PI), Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-PI), Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), onde se buscou informações relativas ao município e à Barragem

Piracuruca.

Foi realizada entrevista com gestores públicos (estadual e municipal) para identificar

as políticas públicas relativas ao desenvolvimento do lazer e do turismo, tais como a

Secretária Municipal de Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômico de Piracuruca e a

Secretária Estadual de Turismo – SETUR (Programa de Desenvolvimento do Turismo no

Nordeste - PRODETUR/NE/PI).

A pesquisa de campo foi composta pela observação direta do local em estudo, pelo

registro fotográfico e pela coleta de dados, por meio de aplicação de formulários com

perguntas abertas e fechadas. A pesquisa foi realizada nos meses de julho a setembro de 2010,

considerando que o maior fluxo de visitantes se dá no mês de julho, e posteriormente em fins

de semana, com prolongamento relativo a feriados, e em datas de menores fluxos.

Durante a pesquisa foram aplicados quatro tipos de formulários, abordando os

visitantes, os proprietários de casas de veraneio, os donos de bares no entorno da Barragem

Piracuruca e os moradores do entorno da barragem. Em ambos os formulários foram

investigados o perfil (sexo, idade, escolaridade, ocupação e renda) e a percepção sobre a

atividade turística na Barragem Piracuruca (APÊNDICES A, B, C, D).

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

57

Os formulários aplicados aos visitantes tiveram uma amostragem do tipo não

probabilística, por conveniência ou acidental, onde as amostras foram selecionadas por

conveniência e julgamento, devido ser a população da pesquisa desconhecida em seu número

total de elementos do universo amostral (BRAGA, 2007). Como não se dispunha de dados

primários nem secundários relativos à demanda turística no entorno da Barragem Piracuruca,

tomou-se como base um universo de 600 visitantes por mês.

Deste modo, depois de definir um possível universo populacional de visitantes da

pesquisa, utilizou-se do programa Raosoft (2010) para calcular a quantidade de formulários

que seriam aplicados, com uma margem de erro de 5% e nível de confiança de 95%,

totalizando 235 formulários. Os formulários foram aplicados aos turistas que estavam nos

bares no entorno da Barragem Piracuruca, com idade igual ou superior a 18 anos.

Os formulários destinados aos proprietários de casas de veraneio, aos donos de bares

no entorno da Barragem Piracuruca e aos moradores do entorno da barragem, procurou-se

investigar o perfil (sexo, idade, escolaridade, ocupação e renda) e a percepção sobre a

atividade turística na Barragem Piracuruca. Assim, para o cálculo das amostras foram

utilizadas informações relativas à observação direta, tais como: 10 bares no entorno da

barragem; 50 casas de veraneio, 90 famílias residentes no entorno da barragem, com uma

margem de 5% de erro e 95% de nível de confiança. Sendo que os formulários foram

aplicados aos próprios proprietários dos bares no entorno da barragem, aos proprietários de

casas de veraneio, e aos principais responsáveis pela renda das famílias residentes no entorno

da barragem, também com idade igual ou superior a 18 anos.

Dessa forma, utilizou-se o mesmo programa Raosoft (2010), para delimitar as

amostras proporcionais aos números de: 10 bares no entorno da barragem; 45 casas de

veraneio, e 74 famílias residentes no entorno da barragem.

As imagens de satélite e recursos cartográficos foram indispensáveis ao mapeamento

da área, demonstrando a distribuição espacial dos diversos elementos da paisagem relativa à

barragem e sua utilização.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

58

4 REFERÊNCIAS

AGUIAR, L. B. Os sítios urbanos como atração turística: o caso de Porto Seguro. CadernoVirtual de Turismo. Rio de Janeiro. Editora IVT, vol. 3, n. 1, 2003. p. 10-17.

ALEXANDRE, L. M. M. Política de turismo e desenvolvimento local: um binômionecessário. In: BEZERRA, D. M. F. (org.) Planejamento e gestão em turismo. São Paulo:Roca, 2003, p. 3-14.

ANDRADE, J. V. Lazer, princípios, tipos e formas na vida e no trabalho. Belo Horizonte:Autêntica, 2001.

ANDRETTA, V. et al. Impactos ambientais e perfil dos visitantes no Complexo da Cachoeirada Fumaça em Carrancas-MG. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro: Editora IVT, v.8, n. 1, 2008. p. 57-68.

ANSARAH, M. G. (org.). Turismo: como aprender, como ensinar. 3. ed. v. 2, São Paulo:SENAC, 2003.

AXER, S. Turismo cultural: o município de Paraty e a Flip. Revista Itinerarium. Rio deJaneiro: Editora UNIRIO, v.2, 2009. p. 1-23.

BACAL, S. Lazer e o universo dos possíveis. São Paulo: Aleph, 2003.

BAHL, M. Turismo: enfoques teóricos e práticos. São Paulo: Roca, 2003.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Nota para a imprensa - 25.1.2011. Setor Externo:I -Balanço de pagamentos - Dezembro de 2010. Disponível em<http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPEXT>. Acesso em: 26 jan. 2011.

BARRETO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 14. ed. Campinas, SP: EditoraPapirus, 2005.

BENEVOLO, L. História da cidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003.

BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 10. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2004.

BORELLI, E. Urbanização e qualidade ambiental: o processo de produção do espaço da costabrasileira. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis. Florianópolis. v.4, n. 1,2007. p. 1-27.

BORGES, A.; GARCIA, M. Desafios para as políticas sociais. São Paulo: Paulinas, 2007.

BOULLON, R. Planejamento do espaço turístico. Trad. Josely Vianna Baptista. Bauru, SP:SPEDUCS, 2002.

BRAGA, D. C. Planejamento turístico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

59

BRAGA, R. N.; MARCOMIN, F. E. Percepção ambiental: uma análise junto a moradores doentorno da Lagoa Arroio Corrente em Jaguaruna, Santa Catarina. REMEA –RevistaEletrônica Mestrado em Educação Ambiental, v. 21, jul./dez. 2008. p. 236-257.

BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros doBrasil: Conteúdo Fundamental – Turismo e Sustentabilidade. Brasília: Ministério doTurismo, 2007.

______. Ministério do Turismo. Segmentação do turismo: marcos conceituais. Coordenaçãogeral de segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2006.

______. Ministério do Meio Ambiente. Agência Nacional de Águas - ANA. O turismo e olazer e sua interface com o setor de recursos hídricos. Brasília: ANA, 2005 (Caderno deRecursos Hídricos).

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Seção II – Da Cultura: Art. 216.Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

______. Ministério do Meio Ambiente. CNMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.Resolução nº 001/86, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre a necessidade de seestabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes geraispara uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos daPolítica Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 02 fev. 2011.

BRITO, E. R. et al. Perfil ambiental do empreendimento denominado de “Praias Fluviais”,Estado do Tocantins. Revista Árvore. Viçosa-MG, v.26, n.3, 2002. p.349-355.

BRUHNS, H. T. A ideia de natureza como fronteira. In: PAES-LUCHIARI, M. T.;BRUHNS, H. T.; SERRANO, C. (orgs.). Patrimônio, natureza e cultura. Campinas, SP:Papirus, 2007. p. 79-102.

BURNS, Peter M. Turismo e antropologia: uma introdução. São Paulo: Chronos, 2002.

BURSZTYN, I. Políticas públicas de turismo visando a inclusão social. 110 f. Dissertação(Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção). Universidade Federal do Rio de Janeiro,Rio de Janeiro, 2005.

CAMARGO, L. O. L. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, 1986.

CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Nosso futurocomum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.

COOPER, C.; FLETCHER, J.; FYALL, A. Turismo: princípios e prática. 3. ed. PortoAlegre: Bookman, 2007.

CORIOLANO, L. N. M. T. Turismo: prática social de apropriação e de dominação deterritórios. In: Publicación: América Latina: cidade, campo e turismo. LEMOS, A. I. G.;ARROYO, M.; SILVEIRA M. L. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales,San Pablo. Diciembre, 2006. p.367-378.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

60

______. O Turismo de inclusão e o desenvolvimento local. Fortaleza: Editora Premius,2003.

______. Do local ao global: o turismo litorâneo cearense. Campinas, SP: Papirus, 1998.

DIAS, R. Turismo sustentável e meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2008.

______. Introdução ao turismo. São Paulo: Atlas, 2005.

______. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. SãoPaulo: Atlas, 2003.

DARTORA, J. S. Turismo e seus discursos: percepção e atribuição na cidade de Caxias doSul, RS. 136f. Dissertação (Mestrado em Turismo), Universidade de Caxias do Sul, Caxias doSul/ RS, 2005.

DEL RIO, V.; OLIVEIRA, L. (orgs.). Percepção ambiental: a experiência brasileira. 2. ed.São Paulo: Studio Nobel; São Carlos: EDUFSCAR, 1999.

DIEGUES, A. C. Etnoconservação da natureza: enfoques alternativos. In: DIEGUES, A. C.(org.). Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. São Paulo:Hucitec, 2000. p. 1-46.

DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1973.

FERRARA, L. A. Olhar periférico: informação, linguagem, percepção ambiental. SãoPaulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

FELLINI, L. Turismo: uma atividade municipal. Porto Alegre: Editora Est, 1983.

GAELZER, L. Ensaio a liberdade: uma introdução ao estudo da educação para o tempolivre. Porto Alegre: Luzzato, 1985.

GOMES, C. L. Lazer - concepções. In: GOMES, C. L. (org.). Dicionário crítico do lazer.Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p. 119-125.

GONÇALVES, A. M.; CORIOLANO, L. N. M. T. Renda gerando “renda”: o potencialturístico das rendeiras da Prainha-CE. In: CORIOLANO, L. N. M. T; VASCONCELOS, F. P.(orgs.) O turismo e a relação sociedade-natureza: realidades, conflitos e resistências.Fortaleza: EdUECE, 2007.p. 262-282.

GOODEY, B. Interpretação e comunidade local. In: MURTA, S. M.; ALBANO, C. (orgs.)Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: Ed. UFMG; TerritórioBrasilis, 2002. p. 47-58.

IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. São Paulo: Pioneira, 2002.

LAGE, B. H. G. (Org.). Turismo, hotelaria e lazer, agroturismo: uma forma decomplementação da renda na agricultura familiar, uma experiência em Santa Catarina. SãoPaulo: Atlas, 2004.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

61

LARIZZATTI, M. F. Lazer e recreação para o turismo. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

LEME, F. B. M. As represas como lugares turísticos: novas significações de uma paisagemsem memória. CULTUR – Revista de cultura e turismo. Ano 1, n. 1, out., 2007. p. 65-85.

LOUREIRO, J. C. Pelas entranhas de Olinda: um estudo sobre a formação dos quintais.227 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura eUrbanismo. Maceió, 2008.

KRIPPENDORF, J. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e dasviagens. São Paulo: Aleph, 2001.

MACHADO, G. C.; DIAS, R. Patrimônio cultural e turismo: Educação, transformação edesenvolvimento local. Revista Eletrônica Patrimônio: Lazer & Turismo, v. 6, n. 8,out./nov./dez./2009. p.1-11.

MARCELLINO, N. C. Lazer e educação. Campinas, SP: Papirus, 1987.

MARCELLINO, N. C. Lazer e humanização. Campinas: Papirus, 1983.

MARINHO, A. Do bambi ao rambo ou do rambo ao bambi?: Nossas relações com a (e na)natureza. CONEXÕES: Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP (SãoPaulo), v. 03, 1999. p. 37-45.

MARTINS, C. Patrimônio cultural e identidade: significado e sentido do lugar turístico. In:MARTINS, C. (org.). Patrimônio cultural: da memória ao sentido do lugar. São Paulo:Roca, 2006. p. 39-50.

MASCARENHAS, F. Lazer como prática de liberdade: uma proposta educativa para ajuventude. 2. ed. Goiânia: UFG, 2004.

MENDONÇA, R. Turismo ou meio ambiente: uma falsa oposição. In: ALMEIDA, C. P. C.;DACOSTA, L. P. (orgs.). Meio ambiente, esporte, lazer e turismo: estudos e pesquisas noBrasil 1967 à 2007. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho, v. 1, 2007. p. 147-155.

MENEZES, J. S. O patrimônio cultural da cidade de Ilhéus à luz da literatura de JorgeAmado. CULTUR – Revista de Cultura e Turismo. Ilhéus-BA, ano 3, n. 3, jun./2009. p.52-67.

MIGLIANO, F. A. F.; SCATENA, G. K.; CUNHA, T. M. Oportunidades de desenvolvimentosocioeconômico em localidades rurais com participação da comunidade. In: BEZERRA, D.M. F. (org.). Planejamento e gestão em turismo. São Paulo: Roca, 2003. p. 45-52.

MIGLIORINI, S. M. S. et al. A necessidade de se planejar o uso turístico do lago doReservatório da Usina Salto Osório-Paraná: atividades turísticas desenvolvidas no local e osconsequentes impactos ambientais. Revista Geografar. Curitiba, v.5, n.2, jul./dez. 2010.p.115-142.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

62

MORAES, C. S. B. Planejamento e gestão ambiental: uma proposta metodológica. 2006.295 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia deSão Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.

MULHER, A. Lazer e desenvolvimento regional: como pode nascer e se desenvolver umaideia. In: MÜLHER, A.; DACOSTA, L. P. Lazer e desenvolvimento regional. Santa Cruzdo Sul: UNISC, 2002. p. 9-40.

MURTA, S. M. Turismo histórico-cultural: parques temáticos, roteiros e atrações âncora. In:MURTA, S. M.; ALBANO, C. (orgs.) Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar.Belo Horizonte: Ed. UFMG; Território Brasilis, 2002. p. 139-168.

MURTA, S. M.; ALBANO, C. Interpretação, preservação e turismo: uma introdução. In:MURTA, S. M.; ALBANO, C. (orgs.) Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar.Belo Horizonte: Ed. UFMG; Território Brasilis, 2002. p. 9-12.

NOGUEIRA, S. M. B. Ecoturismo em unidades de conservação brasileiras: avanços econtradições. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE TURISMO - SIT, 11, 2009, Curitiba.Anais. GT5. Curitiba, PR: Observatório de Turismo do Paraná/OBSTUR, UniversidadeFederal do Paraná/UFPR, UNIVERSIDADE POSITIVO, 2009.p. 1-22.

NOIA, A. C. Sustentabilidade e atração turística: o caso da comunidade do Rio do Engenho,Ilhéus – BA. Revista Urutágua, Maringá-PR, n. 14, dez. 07/jan./fev./mar., 2008. p. 1-9.

OLIVEIRA, F. V. de. Capacidade de carga nas cidades históricas. Campinas, SP: Papirus,2002. (Coleção Turismo)

OLIVEIRA, K. C. L.; DECANINI, M. M. S. Projeto e produção cartográfica do guia turísticoeletrônico das represas paulistas para internet. RBC - Revista Brasileira de Cartografia, n.54, dez./2002. p. 42-57.

OMT - Organização Mundial do Turismo. Guia de desenvolvimento do turismosustentável. Trad. Sandra Netz. Porto Alegre: Bookman, 2003.

______. Introdução ao turismo. Trad. Dolores Martin Rodriguez Córner. São Paulo, SP:Roca, 2001.

ONU - Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos da Água.Organização das Nações Unidas, 1992.

PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico daescola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

PAES-LUCHIARI, M. T. Turismo e patrimônio natural no uso do território. In: PAES-LUCHIARI, M. T.; BRUHNS, H. T.; SERRANO, C. (orgs.). Patrimônio, natureza ecultura. Campinas, SP: Papirus, 2007. p. 25-46.

PANOSSO NETTO, A. Filosofia do turismo: teoria e epistemologia. São Paulo: Aleph,2005.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

63

PARENTE, A. A. Lago Paranoá: lazer e sustentabilidade urbana. 147 f. Dissertação(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU,Brasília, 2006.

PELLEGRIN, A. de. O espaço de lazer na cidade e a administração municipal. In:MARCELLINO, N. C. (org.). Políticas públicas setoriais de lazer: o papel das prefeituras.Campinas: Autores Associados, 1996. p. 31-38.

PETROCCHI, M. Turismo: planejamento e gestão. 6. ed. São Paulo: Futura, 2002.

PIMENTEL, G. G. de A. A insustentabilidade do lazer sustentável. In: MULLER, A.;COSTA, L. P. Lazer e desenvolvimento regional. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002. p.83-107

QUEIROZ, O. A paisagem como atrativo turístico no interior de São Paulo. In: SEABRA, G.(org.). Educação ambiental. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009. p. 171-174.

RAOSOFT . Samplesize calculator. Disponível em:<http://www.raosoft.com/samplesize.html>. Acesso em: 15 jan. 2010

REQUIXA, R. O lazer no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1980.

RODRIGUES, F. L. L. Conceito de patrimônio cultural no Brasil: do conde de Gálveas àConstituição Federal de 1988. In: MARTINS, C. (org.). Patrimônio cultural: da memória aosentido do lugar. São Paulo: Roca, 2006. p. 1-16.

RODRIGUES, M. Preservar e consumir: o patrimônio histórico e o turismo. In: FUNARI,Pedro Paulo; PINSK, Jaime (orgs). Turismo e patrimônio cultural. 4. ed. São Paulo:Contexto, 2005. (Coleção Turismo Contexto)

RODRIGUES, A. B. Turismo e espaço: rumo a um conhecimento transdisciplinar. 3. ed. SãoPaulo: HUCITEC, 1999.

ROLIN, L. C. Educação e lazer: a aprendizagem permanente. São Paulo: Ática, 1989.

RUSCHMANN, D. M. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente.11. ed. Campinas: Papirus, 2004.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente.São Paulo: Studio Nobel/Fundap, 1993.

SANSOLO, D. G. Os espaços do patrimônio natural: o olhar do turismo. In: PAES-LUCHIARI, M. T.; BRUHNS, H. T.; SERRANO, C. (orgs.). Patrimônio, natureza ecultura. Campinas, SP: Papirus, 2007. p. 47-78.

SANTOS, S. M.; QUEIROZ, M. C. M. C. Esporte aquático: uma visão de lazer esustentabilidade para o complexo poliesportivo da Ponta Negra. Motrivivência, ano XXI, n.32/33, jun./dez. 2009.p. 401-409.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

64

SANTOS, L. F. F. et al. A. Turismo de mínimo impacto no balneário municipal de Bonito,Mato Grosso do Sul: diagnóstico e propostas de implantação. Ensaios e Ciência,vol. 11, n. 2,2007. p.87-98.

SANTOS, J. L. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2005.

SIMÃO, M. C. R. Preservação do patrimônio cultural em cidades. Belo Horizonte:Autêntica, 2001.

SILVA, A. D. Espaços de lazer em área de reservatório: as segundas residências nomunicípio de Paranaíba-MS. 93 f. Dissertação (Mestrado em Geografia), FundaçãoUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana-MS, 2008.

SILVA, Y. F.; BOIA, Y. I. K. Turismo e responsabilidade social: uma reflexão sobre osdireitos das pessoas com necessidades especiais. In: RUSCHMANN, D. M.; SOLHA, K. T.(orgs.). Planejamento turístico. Barueri, SP: Manole, 2006. p. 3-18.

SOUZA, V. Memória poética do espaço: Ouro Preto por Murilo Mendes. Revista EstudosHistóricos. Rio de Janeiro. v. 22, n. 43, 2009.p. 163-175.

TELES, R. M. S. A importância do território na prática do planejamento turístico: reflexõesacerca do Brasil. In: RUSCHMANN, D. M.; SOLHA, K. T. (orgs.). Planejamento turístico.Barueri, SP: Manole, 2006. p. 45-65.

TRIGO, L. G. G. Turismo básico. 6. ed. rev. e amp. São Paulo: SENAC, 2002.

TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. SãoPaulo: DIFEL, 1980.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

65

Secção 5

PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL NO TURISMO: POTENCIALIDADES DO

MUNICÍPIO DE PIRACURUCA, PIAUÍ

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

66

PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL NO TURISMO: POTENCIALIDADES DOMUNICÍPIO DE PIRACURUCA, PIAUÍ1

Roberta Celestino Ferreira2; Wilza Gomes Reis Lopes3; José Luis Lopes Araújo4

Resumo

O turismo é uma ferramenta de desenvolvimento que une valorização cultural, trabalho edefesa do patrimônio. O município de Piracuruca, localizado no norte do Estado do Piauí,caracteriza-se por apresentar atrativos turísticos históricos e naturais, que podem vir acomplementar a economia e contribuir para o desenvolvimento local. Com base naimportância da valorização do turismo para o crescimento qualitativo de grupos humanos, estetrabalho tem como objetivo abordar a importância da preservação do patrimônio cultural e decaracterizar o município de Piracuruca, destacando suas potencialidades turísticas. Foirealizada a caracterização socioeconômica e geográfica do município de Piracuruca eanalisados os potenciais elementos para o desenvolvimento da atividade turística, por meio depesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, onde se primou pela observação analítica doslocais com potencial para o desenvolvimento turístico, levando em consideração os conceitosde desenvolvimento local e preservação patrimonial. Foi observado que Piracuruca dispõe deum rico acervo de patrimônio cultural, formado por seu conjunto arquitetônico, pelas diversasmanifestações culturais existentes, pelos atrativos naturais da região, como o Parque Nacionalde Sete Cidades e pela potencialidade de lazer e recreação, propiciada pela Barragem dePiracuruca, que podem favorecer o desenvolvimento da atividade turística. Contudo,necessita-se de melhoria da infraestrutura para atendimento aos visitantes, além de políticaspúblicas de fortalecimento da identidade cultural do local e melhor divulgação do patrimônioe da potencialidade turística do município.

Palavras-chave: Patrimônio cultural. Turismo. Desenvolvimento local. Lazer. Piracuruca.

Abstract

Tourism is a tool of development that joins cultural valorization, employment and patrimonydefense. Piracuruca county, located in north of Piauí state, is characterized by presentinghistorical and natural touristic attractive, which can complement economy and contribute tolocal development. According to importance of tourism for qualitative growth of humangroups, this study has objective to approach contribution of cultural patrimony preservationand to characterize Piracuruca county, detaching its touristic potentialities. It was realizedsocial, economic and geographic characterization of Piracuruca county and analyzed potentialelements for development of touristic activity, by bibliographic and field research, throughanalytical observation of places with potential to tourism development, considering localdevelopment and patrimony preservation concepts. It was noted that Piracuruca county has

1 Parte da dissertação apresentada ao Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federaldo Piauí (PRODEMA/UFPI/TROPEN).2Turismóloga, mestranda do PRODEMA/UFPI ([email protected]).3Arquiteta, professora do Departamento de Construção Civil e Arquitetura e do Programa de Pós-Graduação emDesenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFPI ([email protected]).4 Geógrafo, professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento eMeio Ambiente – PRODEMA/UFPI ([email protected])

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

67

rich assets of cultural patrimony, constituted by architectonic collection, by several existentcultural manifestations, natural attractive of region, as Sete Cidades National Park andpotentiality for leisure and recreation, provided by Piracuruca Dam, which can be favorable totouristic activity development. However, infrastructure improvement is necessary for visitors’service, as well as public politics for cultural identity enforcement and publication of localpatrimony and county’s potentiality for tourism.

Keywords: Cultural Patrimony. Tourism. Local Development. Leisure. Piracuruca County.

5.1 Introdução

O turismo é ferramenta de desenvolvimento social e econômico, pois une valorização

cultural, trabalho e defesa do patrimônio, seja ele histórico ou natural. Nesse sentido, é

necessário entender como se dá o processo de evolução das relações culturais entre homem e

meio, para que a preservação do patrimônio possa fazer parte dos objetivos da atividade

turística.

O Brasil, país de dimensão continental e formado pela miscelânea de povos diversos,

é rico em atrativos turísticos, tantos naturais como culturais, que possibilitam a prática de

várias modalidades de turismo, tais como o ecoturismo, turismo cultural, turismo de

aventuras, turismo de lazer, turismo religioso, entre outras. Dentre estas, se destaca o turismo

cultural, que compreende “[...] as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de

elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais,

valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura” (BRASIL, 2006, p. 13).

Em lugares que possuem atrativos históricos e culturais, a atividade turística pode ser

fator de desenvolvimento regional, contribuindo, ainda, para a preservação da cultura local.

Neste sentido, o turismo cultural, segundo Batista (2005, p. 31), “[...] tem a função de

estimular aos fatores culturais dentro de uma localidade e é um meio de fomentar recursos

para atrair visitantes e incrementar o desenvolvimento econômico da região turística, a qual

tem características favoráveis a esse setor de turismo [...]”.

Inicialmente, segundo Goulart e Santos (1998, p. 25), “[...] os roteiros culturais

premiaram, sobretudo, o Rio de Janeiro, as cidades históricas de Minas Gerais, a Bahia com

seu rico patrimônio étnico-histórico, e as principais capitais e cidades do Norte e Nordeste,

tanto para turistas nacionais quanto estrangeiros”.

Hoje, se tem acesso aos roteiros culturais da Região Sul do Brasil, destacando-se

visitas às cidades da Serra Gaúcha e, ainda, a visitação de cidades históricas no centro-oeste e

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

68

sudeste do Brasil. Dessa forma, são conhecidas as riquezas das cidades de Goiás e

Pirenópolis, no Estado de Goiás, de Paraty no Rio de Janeiro e de Bananal, Embu das Artes,

Cunha e São Luiz de Paraitinga, em São Paulo.

A atividade turística é uma alternativa importante para o desenvolvimento de cidades

históricas, que estão atreladas à memória material e imaterial, tendo seu legado cultural e

histórico como um dos fatores de atração para o incremento do turismo cultural. Para Oliveira

(2003, p. 36), cidade histórica turística é “[...] um lugar que atrai um grande número de

pessoas [...]”, tendo o seu ambiente construído como “[...] atração principal, seguido pela

paisagem natural, que o complementa”. Com a atividade turística é possível resgatar

acontecimentos, buscando a preservação das edificações e do patrimônio local.

Segundo Soares (2006, p. 4),

preservar as características das cidades históricas significa adaptar o seudesenvolvimento, sem que ocorram danos ambientais, pois muitas cidadeshistóricas têm uma economia baseada em turismo e comércio, é o quepodemos notar em cidades históricas de Minas Gerais e do Brasil, comoTiradentes, Ouro Preto, Parati. Estas cidades guardam aspectossignificativos, conservam patrimônios históricos e culturais, costumes,histórias e lendas, muita memória dos 500 anos Brasil, a partir destes valorespreciosos elas desenvolvem um grande potencial turístico, váriosinvestimentos são atraídos para estas localidades, gerando uma grandedemanda de turistas.

O Piauí, estado da região Nordeste do Brasil, ao contrário do que ocorreu com os

demais Estados da região, segundo Dias (2009), teve sua colonização iniciada do interior para

o litoral, pela necessidade de se obter terras para a criação de gado. Oeiras, que é a cidade

mais antiga do Estado, foi sua primeira capital, possui um patrimônio construído e cultural

representativo, apresentando potencialidade turística. Outras cidades do Estado, que datam da

época da colonização do Piauí, como Parnaíba, Pedro II, Amarante e Piracuruca, também

apresentam riquezas culturais e naturais, que precisam ser divulgadas e melhor aproveitadas.

O município de Piracuruca, localizado no norte do Estado do Piauí, caracteriza-se

por apresentar atrativos turísticos históricos e naturais, que podem vir a complementar a

economia e contribuir para o desenvolvimento sustentável local. Com base na importância da

valorização do turismo para o crescimento qualitativo de grupos humanos, este trabalho tem

como objetivo abordar a importância da preservação do patrimônio cultural e de caracterizar o

município de Piracuruca, destacando suas potencialidades turísticas.

Foi realizada identificação socioeconômica e geográfica do município de Piracuruca,

a partir de dados secundários, coletados em literatura sobre o município, além de entrevista

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

69

realizada com gestor municipal. Por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo,

utilizando-se de observação direta, foram levantados e analisados os locais com potencial para

o desenvolvimento turístico, levando em consideração os conceitos de desenvolvimento local

e preservação ambiental.

5.2 Patrimônio cultural e turismo

Sabe-se que a cultura, de forma geral, externaliza as relações entre o homem e o

meio ambiente, condicionando a forma como as gerações futuras irão lidar com a natureza.

Dessa forma, como afirma Simão (2001), atualmente, o homem é desligado do seu entorno

por conta da rotina estressante e massificante, que o desliga emocionalmente de suas raízes.

Esse distanciamento entre uma população e seus valores históricos faz surgir um processo de

perda cultural, danosa para a preservação do patrimônio.

O desenvolvimento da humanidade é permeado por conflitos relacionados à

organização social e à apropriação dos recursos naturais. Esses fatores são expressões da

realidade que identificam culturalmente a sociedade grupal que, segundo Santos (2005), passa

por inúmeras modificações, sejam movidas por forças internas ou externas. Assim, deve-se

entender a humanidade como uma multiplicidade e formas de existência, o que redunda em

inúmeras expressões culturais.

Dessa maneira, a cultura, segundo Santos (2005, p. 8),

[...] diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada umdos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se considera asculturas particulares que existem ou existiram, logo se constata a sua grandevariação. Saber em que medida as culturas variam e quais as razões davariedade das culturas humanas são questões que provocam muita discussão.

Sendo assim, é visível a complexidade que permeia o entendimento da cultura, por

esta não seguir um padrão de construção, variando de acordo com o grupo humano. Segundo

Goodey (2002), o passado e a “alma” do lugar definem como um povo evolui. Quando a

cidade, por exemplo, permite troca de ideias e produtos, ela dá suporte ao crescimento

qualitativo dos indivíduos. Então, a cultura, expressão da alma de grupos humanos, é uma

expressão social que merece ser preservada.

Segundo Rodrigues (2005, p. 16),

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

70

a criação de patrimônios nacionais intensificou-se durante o século XIX eserviu para criar referências comuns a todos que habitavam um mesmoterritório, unificá-los em torno de pretensos interesses e tradições comuns,resultando na imposição de uma língua nacional, de “costumes nacionais”,de uma história nacional que se sobrepôs às memórias particulares eregionais. Enfim, o patrimônio passou a constituir uma coleção simbólicaunificadora, que procurava dar base cultural idêntica a todos, embora osgrupos sociais e étnicos presentes em um mesmo território fossem diversos.O patrimônio passou a ser, assim, uma construção social de extremaimportância política.

O conceito sobre patrimônio cultural no Brasil é recente. De acordo com Rodrigues

(2006), a Semana de Arte Moderna de 1922, sediada na cidade de São Paulo, foi determinante

para a compreensão da importância da preservação patrimonial da nação. Na primeira metade

do século XX, acontecia o movimento modernista e a instauração do Estado Novo, originado

da Revolução de 1930. Por conseguinte, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (SPHAN) foi criado entre as discussões que envolviam cultura, através do Decreto-

Lei nº 25/37, de 30 de novembro de 1937, difundindo o conceito de patrimônio histórico e

regulamentando o tombamento, com o intuito de proteger e preservar o patrimônio histórico.

A conceituação de patrimônio histórico englobava somente os bens tangíveis

(construções, obras de arte, livros), até que o poeta e historiador Mário de Andrade,

posteriormente, complementou o Decreto-Lei nº 25/37, incluindo em seu texto a importância

da preservação da arte popular, do folclore, das danças, das lendas, das superstições, da

medicina, entre outros, tidos como bens imateriais (MARTINS, 2006).

Para Machado e Dias (2009, p. 2), patrimônio cultural diz respeito aos elementos

marcantes da “[...] memória social de um povo ou de uma nação, que englobam os elementos

do meio ambiente, o saber do homem no decorrer da história e os bens culturais enquanto

produtos concretos do homem, resultantes da sua capacidade de sobrevivência ao meio

ambiente”. Ainda segundo os autores citados, configura-se como patrimônio, o resultado da

interação entre o homem e o meio e entre a comunidade e seu território, não sendo apenas

formado “[...] pelos objetos do passado oficialmente reconhecidos, mas também por tudo que

liga o homem ao seu passado, ou seja, tudo que os seres humanos atribuem ao legado material

e imaterial de sua nação” (MACHADO; DIAS, 2009, p. 2).

O patrimônio cultural brasileiro está definido na Constituição Brasileira, no artigo

216, seção II – DA CULTURA (BRASIL, 1988), como

[...] os bens de natureza material e imaterial, tomado individualmente ou emconjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

71

diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I- formas de expressão; II - Os modos de criar, fazer e viver; III - As criaçõescientíficas, artísticas e tecnológicas; IV - As obras, objetos documentos,edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;V - Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

O Programa Nacional do Patrimônio Cultural, criado em 2000, pelo Decreto nº 3551,

instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, que constituem o patrimônio

cultural brasileiro, assegurando a preservação de valores culturais da sociedade brasileira, que

expressam a histórica evolução do país, em diferentes partes do seu território (MARTINS,

2006). Dessa forma, a legislação brasileira abarcou valores, crenças e estilos de vida sociais,

como forma de preservação da identidade da nação.

Muitas são as cidades que merecem destaque, por sua história de consolidação como

patrimônio nacional. Com a construção do conceito de patrimônio cultural houve um

crescente interesse na preservação dos valores culturais. A discussão da importância da

cultura na construção de uma identidade social é necessária, por ser uma ferramenta que

garante o usufruto do patrimônio e, também, promove sua preservação.

É por meio do patrimônio cultural que se insere e se expressa a historicidade de uma

dada sociedade (FEIBER, 2008). Nesse cenário, o turismo cultural vem contribuir para a

proteção do patrimônio cultural, sendo, de acordo com Teixeira e Oliveira (2010, p. 73), “[...]

um importante instrumento para a economia das cidades patrimoniais, contribuindo também

para sua regeneração urbana, reabilitação arquitetônica e para a preservação do patrimônio e

dos recursos culturais”.

Na visão de Figueiredo (2005), o turismo cultural, além do desenvolvimento

econômico pode promover a captação de recursos, geração de emprego e renda, melhoria da

qualidade de vida (escola, saúde, segurança e transporte), transformando-o em grande motivo

para atrair os turistas, motivando a preservação do meio ambiente e o respeito à diversidade.

Contudo, junto com os benefícios advindos do turismo cultural, podem ocorrer

problemas para a comunidade receptora, destacando-se, segundo Menezes (2009, p. 64), “[...]

a questão da ênfase no valor de consumo do patrimônio em detrimento de seu valor de

significado”, como um dos aspectos mais criticados em relação ao uso do patrimônio cultural

como recurso turístico. A autora afirma, ainda, que “[...] a ênfase no valor de consumo acaba

provocando a banalização da cultura, pois o patrimônio passa a ser importante porque pode

ser ‘vendido’ como produto turístico e não por sua significação na história” (MENEZES,

2009, p. 64).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

72

Por outro lado, o interesse direcionado às riquezas culturais e históricas de

determinada região pode contribuir para a valorização e preservação da cultura local. Segundo

Fernandes (2010), o desenvolvimento do turismo cultural propicia o surgimento de novos

tipos de turistas que procuram na cultura e na natureza novos produtos turísticos, reduzindo os

índices de padronização e massificação turística.

De acordo com Murta e Albano (2002), quando surge a preocupação de desenvolver

turisticamente uma região, as primeiras providências que são tomadas remetem ao transporte,

à hospedagem, ao lazer e à alimentação. Com isso, parte-se de um pressuposto que o turista,

seguindo um roteiro de visitas, irá maravilhar-se automaticamente com os atrativos regionais,

com a natureza e com as edificações. O que acontece, nesse caso, é a falta de atenção sobre o

principal elemento do patrimônio cultural, tanto por parte do morador, quanto por parte do

turista, que é a informação sobre o lugar, sobre seus habitantes (costumes e hábitos) e sobre as

histórias regionais (lendas, por exemplo).

Dessa forma, na visão de Murta e Albano (2002, p.9), o patrimônio, ao ser

interpretado,

[...] sinaliza justamente o valor único de um determinado ambiente,buscando estabelecer uma comunicação com o visitante, ampliando seuconhecimento. Em outras palavras, visa estimular suas várias formas deolhar e aprender o que lhe é estranho. Como a experiência turística éfortemente visual, o olhar do visitante procura encontrar a singularidade dolugar, seus símbolos e significados mais marcantes.

Portanto, através do turismo cultural é possível aliar a eficiência da atividade

econômica turística à exposição de informações inerentes ao lugar, fazendo surgir a

conscientização, por parte dos visitantes, sobre a necessidade de preservação do patrimônio

local.

Para que o turismo cultural sirva de promotor do desenvolvimento local e de

preservação do patrimônio, deve existir uma atenção dos órgãos públicos para a atividade

turística, com vistas a “arrecadar recursos para a manutenção de lugares e manifestações, bem

como um instrumento de informação ao público visitante” (GOODEY, 2002, p. 135).

Murta (2002), afirma que a relação entre preservação, conservação e turismo é

ambígua, sendo que a ligação entre elas é a interpretação. Nesse caso, a interpretação é a

apresentação do lugar e da sua identidade cultural para os visitantes, tendo como objetivo o

enriquecimento da experiência. Sendo assim, com a interpretação haverá uma ligação entre o

turismo e a conservação do patrimônio cultural, “desde que o objetivo seja o fortalecimento

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

73

cultural da comunidade e a busca de estratégias econômicas que desenvolvam suas

habilidades e seus conhecimentos” (MURTA, 2002, p. 141).

Com a importância dada ao patrimônio e sua necessária preservação, há o

reconhecimento do valor cultural de cada localidade, que a transforma, potencialmente, em

uma mercadoria de consumo cultural. Dessa forma, segundo Rodrigues (2006, p. 15), o

turismo cultural “implica não apenas a oferta de espetáculos ou eventos, mas também a

existência e preservação de um patrimônio cultural representado por museus, monumentos e

locais históricos”.

Ressalta-se a importância de se ter o planejamento turístico associado ao

planejamento urbano e territorial. Carvalho (2010, p. 23) reforça esta ideia ao afirmar que,

o objetivo dessa articulação consiste em promover o desenvolvimento doespaço urbano, em suas dimensões infraestruturais, sociais, econômicas,turísticas e culturais, mantendo-se a harmonia e a funcionalidade de seuselementos integrantes, e elevando o bem-estar e a qualidade de vida dosresidentes.

Portanto, o patrimônio cultural necessita da efetiva aplicação de estratégias de

disseminação de informações sobre a localidade que está sendo visitada, para que a promoção

do turismo cultural seja algo efetivo, referente às questões de preservação da cultura e da

identidade histórica das cidades. Segundo Carvalho (2009, p. 114), “torna-se necessário

fortalecer os vínculos da comunidade em relação ao seu patrimônio cultural, através de ações

de sensibilização e de educação ambiental”. Assim como de políticas públicas de preservação

do legado cultural, possibilitando o desenvolvimento do turismo, de acordo com as

expectativas da comunidade local.

Nas cidades históricas se têm buscado preservar o seu patrimônio, promovendo o

desenvolvimento do turismo cultural. Segundo Aguiar (2003, p. 10), após a cidade de Porto

Seguro, na Bahia, ter se transformado em importante polo turístico, “[...] vários agentes

sociais – de instâncias governamentais e privadas – passaram a explorar sua imagem como de

estimado valor para a memória nacional”.

Já as cidades mineiras, por constituírem um passado e por fazerem parte do

patrimônio histórico da nação, passaram a ser consideradas exemplares para se pensar a

cultura brasileira. Segundo Souza (2009, p. 164), “[...] não teria sido por acaso que Mário de

Andrade, em 1924, viajou para Ouro Preto, juntamente com outros artistas, a fim de

“redescobrir” o Brasil”.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

74

O que chama a atenção em São Luís, no Maranhão, segundo Carvalho (2009), é a

arquitetura que demonstra a sua história na sociedade colonial do Século XIX, havendo a

necessidade de se promover uma atuação conjunta entre toda a comunidade ludovicense e

órgãos públicos.

A cidade de Olinda, no Estado de Pernambuco, é considerada, pela UNESCO,

Patrimônio Cultural da Humanidade, desde 1982, apresentando “[...] 1,2 km2 de área tombada

(polígono de tombamento) e 10,4 km2 de área de preservação (polígono de preservação

cultural), compreendendo a antiga Vila de Olinda” (LOUREIRO, 2008, p. 10).

Axer (2009), em estudo sobre turismo cultural em Paraty, descreve que a cidade é um

destino que apresenta dois segmentos distintos: o cultural e o de natureza, também

denominado de “sol e praia”. De acordo com o clima vigente, o público apresenta motivações

diferentes. Os atrativos culturais e históricos apresentam maior número de visitação. Por sua

relevância histórica e manifestações culturais de destaque, o município transformou-se em

uma localidade essencialmente turística, que guarda traços da sua movimentada economia

colonial, com diversos aglomerados de casarões e centros históricos, que fazem desta cidade

um local de preservação da identidade e da construção social do povo brasileiro.

5.3 O município de Piracuruca, Piauí e seu patrimônio cultural e natural

Os primórdios da ocupação das terras do norte piauiense, resultando no surgimento

das primeiras povoações, gênese de futuras vilas e cidades, incluindo-se Piracuruca, estão

imbricados a diversos acontecimentos históricos, ocorridos desde o início do século XVII.

Especial importância tem o início da conquista da Ibiapaba, deflagrada por Pero Coelho, em

1603 (BITENCOURT, 1989, p. 25), que resulta na instalação do aldeamento de São Francisco

Xavier, este, com o objetivo precípuo de realizar a catequese missionária de diversas aldeias

da nação Tabajara. Também a expulsão dos franceses da ilha de São Luis, Maranhão –

liderada por Jerônimo de Albuquerque e concluída em 1615 – impõe aos portugueses, sob o

ponto de vista político, a necessidade da descoberta de caminhos alternativos à travessia

marítima e ao percurso pelo litoral, entre as Capitanias do Maranhão e de Pernambuco.

A esse respeito, Brito (2009, p. 16) cita Pereira da Costa, que faz menção à

expedição comandada por João Velho do Vale, por volta de 1685, oportunidade em que as

margens dos rios Longá e Piracuruca são trilhados, no sentido oeste-leste, até alcançar o

maciço da Ibiapaba. Entre o final do século XVI e início do século XVII, dá-se início à efetiva

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

75

ocupação dos vales do Piracuruca e Jacaraí, por parte de sesmeiros e posseiros, oriundos de

Pernambuco e da Bahia, para a instalação dos primeiros currais.

O atual território do referido município serviu para a instalação de grandes fazendas

de gado, sendo que a povoação mais efetiva de Piracuruca deu-se pela construção de um

templo em homenagem a Nossa Senhora do Carmo (IBGE, 2010), que segundo a tradição

oral, tem a sua construção relacionada à fé votiva de dois irmãos portugueses – Manuel e José

Dantas Corrêa – em sua incursão pelo interior do Piauí para a instalação de fazendas de criar

(BRITO, 2009, p. 16). O processo de ocupação do território piracuruquense intensificou-se

por estar na rota dos grandes negociantes, que se dirigiam à Parnaíba, município localizado no

extremo norte do Estado do Piauí (BITENCOURT, 1988).

De acordo com Brito (1922), não se tem ao certo a data que Piracuruca tornou-se

freguesia; entretanto, com o término da construção da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em

1760, já existiam documentos que identificavam a localidade como freguesia.

Em torno da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construção de grande importância

para Piracuruca, foram se congregando famílias, que edificaram as primeiras casas,

constituindo, dentro de pouco tempo, a próspera povoação de Piracuruca, que vivia,

praticamente, baseada na criação de rebanhos, pois seus terrenos planos eram cobertos com

ricas pastagens e muitos córregos (BITENCOURT, 1988).

Dois anos após a construção do templo de Nossa Senhora do Carmo (1762), se

constatava uma população de mais de 1400 pessoas adultas. Com a visita de Carlos César

Bulamarqui, um dos primeiros governantes da capitania do Piauí, Piracuruca teve sua

primeira chance de elevar-se à categoria de Vila, em 1807, porém, o pedido à metrópole não

foi deferido, tendo sido considerada cidade a partir da Lei Estadual nº 1, em 28 de dezembro

de 1889 (BRITO, 1922).

Além de seus atrativos naturais, o município apresenta repertório de importantes

acontecimentos históricos. A Batalha do Jenipapo, que ocorreu no dia 13 de março de 1823,

no atual município de Campo Maior (antes território de Piracuruca), foi decisiva para o

reconhecimento da independência do Brasil nas regiões Norte e Nordeste, e consolidação do

território nacional (IPHAN, 2008). Poucos anos depois, em 1839, a história de Piracuruca foi

marcada pelo conflito denominado de A Revolta dos Balaios, que ocorreu segundo IBGE

(2010, p.1), “[...] na fazenda do Bebedouro, a oito léguas da Vila, travou-se em 20 e 21 de

setembro de 1839, grande combate entre as forças legais e revoltosos ali entrincheirados,

terminando com a derrota e rendição dos rebeldes”.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

76

O município de Piracuruca (Figura 5.1) está distante 196 km de Teresina, capital do

Piauí. Segundo o censo do IBGE (2010) o município de Piracuruca possui uma área territorial

de 2.380 Km², com população total de 27.548 habitantes, configurando em 2010 uma

densidade demográfica de 11,6 hab./Km². O município está inserido na Microrregião Litoral

Piauiense, constituinte da Mesorregião Norte Piauiense. Faz limite com os municípios de

Cocal, Caraúbas do Piauí, Brasileira, Batalha, São João da Fronteira, Cocal dos Alves e São

José do Divino. A sede municipal possui as coordenadas geográficas de 03º 55’ 41”, de

latitude sul e 41º 42’ 33”, de longitude oeste.

Figura 5.1: Mapa de localização do município de Piracuruca, PiauíFonte: IBGE (2010), adaptado por Kenard da Silva Costa (2010).

Quanto aos acessos, Piracuruca é cortado pela rodovia Federal (BR-343), que liga

Piracuruca a Teresina e ao litoral, e pela rodovia Estadual (PI-110), que facilita o acesso a

vários pontos turísticos, entre eles o Parque Nacional de Sete Cidades, a Piracuruca e a outros

municípios turísticos, tais como Batalha e Barras e outras cidades, inclusive a Teresina,

capital do Estado. O município conta, também, com um campo de pouso com pista de 1.680

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

77

metros com capacidade para pousos e decolagens de pequenas e médias aeronaves, localizado

a dois quilômetros da zona urbana, ao lado da BR 343, funcionando apenas no período diurno,

devido à falta de sistema de iluminação.

O município de Piracuruca, segundo dados do PNUD (2000), apresenta o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,609, podendo ser considerado como desenvolvimento

mediano. O IDH constitui uma média aritmética de três principais indicadores de

desenvolvimento, a saber, a longevidade de vida ao nascer, a educação e a renda per capita.

O Produto Interno Bruto (PIB) municipal, em valores de 2008, foi de R$ 85.789,00

mil, distribuídos em R$ 10.782,00 mil para a agropecuária, R$ 6.719,00 mil da indústria, R$

63.066,00 mil de serviços e R$ 5.223,00 mil para impostos, representando, respectivamente,

12,57%, 7,83%, 75,51% e 6,09% do PIB total do município, sendo que seu PIB per capita é

de R$ 3.254,40 mil. A importância do setor de serviços está inclusive em sua

representatividade para a conformação do PIB municipal (IBGE, 2010).

No município de Piracuruca ocorre grande incidência da palmeira carnaúba

(Coperniciaprunifera), cuja produção de cera chega a 753 toneladas (IBGE, 2010),

representando uma boa fonte de renda para a população rural piracuruquense.

Com um relevo baixo, sem muitas ondulações, Piracuruca tem suas terras

configuradas, principalmente pela bacia do rio Piracuruca. Esse aquífero perpassa o município

no sentido leste-oeste, comprometendo a formação de grandes serras. A zona urbana de

Piracuruca apresenta apenas 60 metros de altitude em relação ao nível do mar, sendo que as

maiores elevações não ultrapassam os 250 metros (MACHADO, 2008).

O clima do município, conceituado como tropical, apresenta temperatura que varia

de 26° a 38º C, sendo as mais baixas nos meses de junho a agosto, caracterizadas,

principalmente, pelas madrugadas frias. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET, 2008), os meses que têm maior pluviosidade são janeiro, fevereiro, março, abril e

maio, apresentando média anual de precipitação em torno de 1.222 mm de chuva.

O município de Piracuruca tem disponível, em seu território, vários aquíferos,

destacando-se os rios Piracuruca, Jenipapo, Catarina e o Jacareí, constituintes da microbacia

do Piracuruca (MACHADO, 2008).

Com uma economia moderada, mesmo em nível estadual, Piracuruca tem no turismo

uma forma de conseguir auferir uma melhor fonte de renda para a população, gerando

empregos diretos e indiretos, e promover o desenvolvimento social com a preservação do

meio ambiente. A atividade turística propicia, dessa forma, a aliança entre o tempo livre dos

visitantes e a geração de renda, pois como afirma Camargo (2002), a atividade de lazer

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

78

contribui para a melhoria de vários aspectos, quando leva em consideração, tanto os

moradores do local quanto os visitantes (turistas).

Para que o visitante se sinta bem ao visitar o local, faz-se necessária uma

infraestrutura básica e turística. A rede hoteleira de Piracuruca ainda é pequena, existindo

apenas dois hotéis, sendo um localizado dentro do Parque Nacional de Sete Cidades e outro

nas proximidades, tido como hotel fazenda. Além destes, foram identificadas pequenas

pousadas, como Pousada Dois Irmãos, Pousada e Churrascaria Requinte, Pousada Estação do

Sabor e Pousada Vitória. Estas se localizam dentro da sede municipal, mas não apresentam a

logística necessária para um atendimento satisfatório ao turista, podendo atender a um número

máximo de 234 hóspedes, incluindo os hotéis.

Na visão de Silva e Neves (2009, p. 471),

a realização do potencial existente do mercado de bens simbólico-culturaisdemanda uma parceria efetiva entre o Estado, a iniciativa privada e asociedade civil organizada. O mercado no atual estágio de desenvolvimentodas forças produtivas do setor, não dá conta, isoladamente, dos desafiosexistentes, que mostram a cultura como um setor estratégico para odesenvolvimento sustentável por apresentar externalidades para outrasdimensões da vida de comunidades como, por exemplo, na economia,política, saúde, educação, desempenho profissional, ou seja, em váriasdimensões da vida humana.

O município de Piracuruca dispõe de uma Secretaria de Cultura, Turismo e

Desenvolvimento Econômico, que desenvolve ações em parceria com o Serviço de Apoio às

Pequenas e Médias Empresas (SEBRAE), Parque Nacional de Sete Cidades (PARNA SETE

CIDADES) e o Ministério do Turismo (MTUR), por meio do Plano de Desenvolvimento

Integrado do Turismo Sustentável (PDTIS) e do Programa de Aceleração do Crescimento

(PAC) Cidades Históricas, além da preciosa contribuição do Instituto do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional (IPHAN). A secretaria dispõe, ainda, de um técnico que, atualmente,

desenvolve estudo para diagnosticar o potencial turístico do município, prevendo parceria

com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, visando a organização da atividade turística

de “forma organizada e responsável”. O município ainda está incluso no roteiro turístico

Serras Nordestes, que reúne belezas naturais do Piauí e do Ceará, lançado em abril de 2009,

em Fortaleza-CE, durante o Brasil National Tourism Mart (BNTM), pelos governantes do

Piauí e do Ceará, em parceria com o SEBRAE. O roteiro Serras Nordeste é um grande

produto turístico criado para integrar ainda mais o turismo interno entre os Estados do Piauí

(envolvendo as cidades de Piracuruca, Piripiri e Pedro II) e Ceará (o roteiro envolve as

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

79

cidades de Tianguá, Ubajara e Viçosa. O município dispõe ainda da Associação dos

Condutores de Visitantes de Piracuruca (ACONVIPI) (Informação verbal)5.

Piracuruca guarda vasta diversidade sociocultural, devido a sua formação histórica,

tendo seu núcleo antigo, segundo o IPHAN (2008), mantido, mesmo com a expansão urbana,

seu acervo arquitetônico e urbanístico preservado, permanecendo, ainda, como centro da

cidade. Embora não tenha tido a divulgação necessária, no sentido de torná-lo ponto de

visitação, não aproveitando a vantagem de Piracuruca ser ponto de passagem para aqueles que

se deslocam à Parnaíba, litoral do Estado, ou ao Parque Nacional de Sete Cidades, atrativos

turísticos bastante visitados.

Estudos têm sido realizados, visando identificar o potencial turístico do local e da

região, que destacam a importância da junção do patrimônio cultural e dos atrativos naturais

para o incremento do turismo em cidades históricas. Neste sentido, Ávila e Wilke (2008, p.

561) observaram na cidade de Paranaguá, Estado do Paraná, a presença de um patrimônio

histórico representativo e em boas condições, com infraestrutura e capacidade adequada para

o recebimento de turistas, aliada à “[...] existência de recursos naturais e paisagísticos em

abundância na região ao entorno da área histórica, [...] fatores de extrema importância para o

desenvolvimento de atividades relacionadas ao turismo”.

Como afirmaram Funari e Pinsky (2005), o patrimônio cultural é uma ligação entre

os membros de uma sociedade, a fim de divulgar e até mesmo redescobrir, os valores que sua

localidade tem.

Em pesquisa realizada na cidade de Jequitibá, Minas Gerais, Pedro e Dias (2008, p.

48) ressaltam a importância do turismo na apropriação e preservação do patrimônio imaterial,

principalmente em relação à identidade da comunidade, afirmando que, neste processo, “[...] o

passado é uma referência propiciadora de identidade, mas que igualmente possibilita a

construção do presente, tornando-se um recurso com valor de mercado, gerando benefício

para seus detentores”. Os autores reforçam a ideia, que pode ser extrapolada para Piracuruca,

que “[...] a valorização, pelo turismo, da cultura tradicional de Jequitibá pode se constituir em

alternativa de renda e emprego para a comunidade, fator de autoestima e fortalecimento da

cultura local” (PEDRO; DIAS, 2008, p. 48).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, por meio de

medidas legais, como o tombamento, vem trabalhando para conseguir preservar os principais

bens que compõem o conjunto arquitetônico cultural de Piracuruca. Desde 2008, existe um

5Informações obtidas com Jeane da Silva Melo, secretária de Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômicode Piracuruca, em entrevista concedida a Roberta Celestino Ferreira, em 13 de Dezembro de 2010.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

80

processo de tombamento, ainda não concluído, do Conjunto Histórico e Paisagístico de

Piracuruca. O conjunto tombado inclui, segundo o IPHAN (2008, p.107),

[...] uma poligonal fechada [...], englobando a Praça Irmãos Dantas, a Igrejade Nossa Senhora do Carmo e as expansões urbanas ocorridas até o início doséculo XX, onde se situam também a Igreja de Santo Antônio e o MercadoMunicipal; o Cemitério Campo da Saudade e o traçado e a caixa da Rua JoãoMartiniano, que faz a ligação entre a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e oCemitério, incluindo o edifício de nº 365, na Rua Coronel Joaquim Onofrede Cerqueira, na esquina com a Rua João Martiniano, e que faz oenquadramento da porta do Cemitério a partir da Igreja de Nossa Senhora doCarmo; o terreno da Unidade Escolar Anísio Brito e seu respectivo edifício.[...] o edifício da Estação Ferroviária e seu pátio, e a Ponte Metálica sobre oRio Piracuruca, conforme disposto no Art. 9º da lei 11.438, de 31 de maio de2007.

Os principais atrativos turísticos de Piracuruca são: a Igreja Nossa Senhora do

Carmo, as construções históricas, o Complexo Turístico Prainha, o Parque Nacional de Sete

Cidades e a Barragem Piracuruca, entre outros, assim como, as expressões culturais e

folclóricas.

É intrínseca da formação territorial do Brasil a criação de templos católicos. Com a

instalação de grandes fazendas de gado no futuro município de Piracuruca, houve a

construção, em 1743, da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. A construção do referido templo

se deve, segundo Brito (1922), aos dois irmãos portugueses, Manoel e José Dantas Correia,

que teriam sido aprisionados por índios canibais e, para serem salvos, teriam feito uma

promessa à Virgem do Carmo, de construir um templo em sua homenagem, caso se livrassem

da morte, o que foi feito, assim que foram libertados.

A Igreja do Carmo (Figura 5.2) é uma obra bem construída, com elementos estéticos

portugueses, que a tornaram um patrimônio cultural importante, não só para Piracuruca, mas

também para todo o Brasil, por conta da sua histórica criação (BRITTO, 2003).

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

81

Figura 5.2: Igreja Nossa Senhora do CarmoFonte: Roberta Ferreira (2010).

Em sua parte frontal, de acordo com o IPHAN (2008), a igreja apresenta arquitetura

de estilo Barroco, com diversas pinturas, que ilustram bem o tempo em que foi construída,

configurando-se como um dos principais atrativos da cidade.

Além da Igreja Nossa Senhora do Carmo, outras construções que, em sua grande

maioria, são decorrentes do período do “Ciclo da Carnaúba” (1920 a 1940), chamam a

atenção dos visitantes que chegam a Piracuruca. Neste período, segundo Machado (2008, p.

42), a cidade “passou por um surto de progresso e prosperidade, por conta do enriquecimento

rápido de proprietários de terras, com grandes carnaubais”. Devido ao enriquecimento e a

necessidade de novas moradias que expressassem o alto poder aquisitivo dos proprietários de

terra, suntuosas residências (Figuras 5.3 e 5.4) foram construídas em Piracuruca. Muitas

destas construções encontram-se, ainda, conservadas, estando incluídas no processo de

inventário e tombamento do IPHAN.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

82

Figura 5.3: Palacete da década de 1930Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.4: Casarão antigo da década de 1940Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Destacam-se, também, a Usina da Cultura (Figura 5.5), que é um espaço destinado a

eventos, como exposições fotográficas, palestras e apresentações, entre outros, possuindo um

auditório com capacidade para 150 pessoas. E, ainda, o antigo casarão do Padre Sá Palácio,

que é uma das construções mais antigas da cidade (Figura 5.6), onde funciona hoje o Espaço

Jovem Desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho.

Figura 5.5: Usina da CulturaFonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.6: Espaço JovemFonte: Roberta Ferreira (2010)

De importância histórica, são também, a Estação Ferroviária e a Ponte Metálica

(Figuras 5.7 e 5.8), inauguradas em 1923, com a construção de um ramal ferroviário, ligando

o Porto de Amarração à cidade de Parnaíba, e prolongamento até Teresina. A estrada de ferro

foi muito importante para o crescimento do município, servindo para o escoamento dos

produtos líderes da economia do Piauí, o gado e a cera de carnaúba, rumo aos mercados

compradores (BITENCOURT, 1989).

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

83

Figura 5.7: Estação FerroviáriaFonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.8: Ponte Metálica da Estrada de FerroFonte: Roberta Ferreira (2010)

Outros locais que chamam a atenção nas cidades por sua representatividade histórica

e cultural são as praças. Segundo Silva, Lopes e Lopes (2009, p. 77), “o resgate de um espaço

público é importante por representar o patrimônio histórico e cultural ligado à imagem da

cidade. As praças centrais acumulam importante características, configurando-se como um

referencial da modificação da paisagem urbana com o passar dos anos”.

Entre as praças de Piracuruca, merece destaque a Praça Irmãos Dantas, que é a mais

antiga da cidade (Figura 5.9), e em cujo entorno encontram-se a Igreja Nossa Senhora do

Carmo e várias casas antigas. Destacam-se, ainda, a Praça da Usina, onde se encontra o

primeiro motor da Usina Elétrica de Piracuruca, a Praça Madre Gurgel, e a Praça Dr. José de

Brito Magalhães (Figura 5.10), antes conhecida como Praça da Bandeira.

Figura 5.9: Praça Irmão DantasFonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.10: Praça José de Brito MagalhãesFonte: Roberta Ferreira (2010)

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

84

O complexo Turístico Prainha (Figuras 5.11 e 5.12) foi construído no ano de 1997, e

desde então é palco de grandes eventos regionais, onde se pode destacar o Carnaval, Festival

de Folguedos, desfiles, Festas Populares e o Reveillon, entre outros eventos (MACHADO,

2008). O nome Prainha surgiu devido à coloração azulada do rio Piracuruca e dos depósitos

areníticos da localidade, que se assemelham muito com uma praia oceânica.

Figura 5.11: Prainha durante o diaFonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.12: Prainha durante a noiteFonte: Roberta Ferreira (2010)

Como atração turística, observou-se que o Complexo Turístico Prainha possui grande

potencialidade econômica, pois há geração de empregos formais e informais, no decorrer de

todo o ano. A infraestrutura do local é bem distribuída pelos seus três mil metros quadrados,

sendo identificados bares, churrascarias, restaurantes e banheiros.

Segundo Machado (2008, p. 39), no Complexo Turístico Prainha tudo foi construído

em harmonia com a história e as riquezas de Piracuruca, “[...] tendo como principal

matéria-prima as pedras e a carnaúba, símbolos de nossa cidade”. A valorização do rio

Piracuruca, o lazer propiciado pelo banho de rio, que atrai muitos frequentadores, e o intenso

comércio, originado da atividade turística às suas margens, fazem deste empreendimento um

local que merece ser preservado.

O patrimônio cultural é formado tanto por bens materiais, quanto por bens imateriais.

As diversas expressões culturais de uma localidade são, sobretudo, um “veículo de

reabilitação das culturas, contribuindo em grande medida para sua difusão” (BENI, 2004, p.

86).

Em Piracuruca, há grandes festas populares, que atraem turistas, principalmente de

municípios vizinhos, como Cocal, Brasileira, Batalha, Piripiri, entre outros. Fazem parte dos

eventos de Piracuruca as comemorações da participação do município na adesão do Piauí à

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

85

Independência do país, que ocorrem entre 22 de janeiro (proclamação da independência por

Leonardo das Dores) e 10 de março (Batalha do Jacaré), com a realização de eventos

culturais, religiosos e sociais, tais como cultos, missas, palestras, solenidade de entrega de

títulos honoríficos, apresentações culturais, etc. Neste intervalo ocorrem, também, as

festividades carnavalescas, com bailes e desfiles populares alusivos ao pré-carnaval e

carnaval, conforme as datas móveis do calendário.

Os eventos do Carnaval e da Semana Santa já são tradicionais na região, atraindo

grande quantidade de visitantes ao município, o que auxilia no crescimento econômico de

Piracuruca, além de alavancar o turismo regional. No ciclo religioso e cultural da Semana

Santa, é realizado um conjunto de atividades culturais e religiosas, envolvendo: celebrações

religiosas da Semana Santa, encenações teatrais da Paixão de Cristo, palestras, filmes e outras

atividades relacionadas à data.

No Festival Regional de Folguedos, com festas e representações populares alusivas

ao período junino, ocorrem arraiais, concursos de quadrilhas, apresentações de bumba-meu-

boi, etc. São realizadas no mês de junho, especialmente no período de festividades de Santo

Antônio, São Pedro e São João.

Entre outras manifestações, ocorre, ainda, o festejo de Nossa Senhora do Carmo, que

segundo Britto (2003), atrai uma grande quantidade de devotos e visitantes na primeira

quinzena do mês de julho. Trata-se de um dos eventos mais esperados por muitos visitantes e

conterrâneos de diversos lugares, devotos de Nossa Senhora do Carmo.

Em 2010, os festejos de Nossa Senhora do Carmo (Figuras 5.13 e 5.14) ocorreram

entre os dias 06 e 16 de julho, com a realização de procissão de abertura, missa dos idosos e

doentes, benção dos veículos e carreata, encontro das gerações, benção dos vaqueiros e

desfile, batizados e casamentos, procissão de encerramento e benção.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

86

Figura 5.13: Abertura dos Festejos deNossa Senhora do Carmo

Fonte: Por Marcio Gomes (2010)

Figura 5.14: Procissão a Nossa Senhora doCarmo, na semana dos festejos

Fonte: Por Marcio Gomes (2010)

A Semana Cultural de Piracuruca, que acontece no período de 17 a 23 de julho, após

os festejos de Nossa Senhora do Carmo, é um conjunto de diversos eventos culturais, tais

como: concurso literário de prosa e poesia, apresentações e exposições de arte (folclore,

danças, teatro, música, fotografia, artes plásticas, artesanato), palestras, ciclo de debates sobre

arte, literatura, cultura e apresentação de vídeos, visando divulgar a arte e a cultura.

Os festejos de São Francisco de Assis também marcam os acontecimentos culturais

de Piracuruca, acontecendo anualmente, com uma semana de antecedência à data

comemorativa do santo, que ocorre no dia 04 de outubro.

Outro evento importante refere-se à Festa da Carnaúba, uma das mais tradicionais

festas do município e do Estado do Piauí, promovida anualmente, com eleição da Rainha da

Carnaúba de Piracuruca, desde 1961 (Figura 5.15). A festa que já está em sua 49ª edição,

ocorrida em Dezembro de 2010 (Figura 5.16), com baile e coroamento da rainha, tem como

objetivo divulgar e valorizar a produção do pó e da cera da carnaúba.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

87

Figura 5.15: Primeira Festa da Carnaúba, animadapela banda mexicana Alma Latina

Fonte: Gerson Avelino (1961)

Figura 5.16: Coroação da Rainha daCarnaúba de 2010, em Piracuruca

Fonte: Clemilton Silva (2010)

A Semana da Cidade, conjunto de eventos culturais, sociais e esportivos é realizada

na última semana de dezembro, tendo como ápice o dia 28, em alusão ao aniversário da

emancipação política do município. Na ocasião ocorre festa popular no Complexo Turístico

Prainha, lançamento de coletânea de trabalhos em prosa e poesia, produzidos no concurso da

Semana Cultural, palestras alusivas à data, apresentações culturais, exposições de arte e

artesanato, competições esportivas e gincanas.

No Ciclo Religioso e Cultural Natalino, que acontece no período entre 25 de

dezembro e 06 de janeiro, são realizadas atividades culturais e religiosas, envolvendo

Celebrações Religiosas do Natal, Danças de São Gonçalo, Folia de Reis e Boi de Janeiro e o

Réveillon.

Outros expressivos patrimônios culturais de Piracuruca são as manifestações

folclóricas, existindo muitas lendas, contos, canções e rezas, algumas quase esquecidas, o

bumba-meu-boi, as quadrilhas matutas e a dança de São Gonçalo, entre outros.

Entre as lendas existentes, destacam-se, entre outras, a lenda da construção da Igreja

dos Irmãos Dantas, a lenda da criação das Sete Cidades, o velho curandeiro "Catirina", a

piscina dos milagres, o enigma solar de Sete Cidades, a teoria Fenícia, as cruzes nos letreiros

da Fazenda Melancia, a lenda da Carnaúba, e a lenda do Pirarucu (PORTAL DE

PIRACURUCA, 2010).

A lenda mais conhecida e divulgada é a da criação da Igreja Nossa Senhora do

Carmo, que deu origem a Piracuruca. Conta a lenda, que “[...] dois irmãos portugueses foram

aprisionados pelos índios que habitavam a região de Piracuruca. Durante o período que

passaram no cativeiro, fizeram uma promessa: se saíssem vivos, construiriam uma igreja,

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

88

pedra sobre pedra, sem utilizar argamassa. E assim foi feito” (GUIA DO PIAUÍ, 2001, p.

432).

O artesanato de Piracuruca é composto, principalmente, por peças de cerâmica,

chapéus e vassouras de palha, redes de tecido e de fibra de tucum, bordados de vários tipos e

formas, esculturas em pedra sabão, doces, cajuína e licores (Figuras 5.17 e 5.18), que são

comercializados na loja "Artes da Terra", casa de apoio aos associados da Associação dos

Artesãos e Artesãs de Piracuruca.

Figura 5.17: Local de venda de artesanatoFonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.18: Doces e licores de PiracurucaFonte: Roberta Ferreira (2010)

Além de ser fonte de renda para os artesãos, a produção e comercialização garantem

o sustento dos artesãos e artesãs e de suas famílias. Perota (2007, p. 49) confirma a

importância do artesanato, destacando a necessidade de “projetos de fomento [...], sempre

levando em consideração os três fatores fundamentais: o cultural, o econômico e o meio

ambiental, a fim de adequá-los às condicionais regionais e locais e à tipologia dos turistas”.

O artesanato é um atrativo de desenvolvimento da sociedade como força propulsora

de renda e desenvolvimento de uma comunidade, agregando conhecimentos culturais de um

determinado povo, que se ultrapassa de geração em geração.

5.3.1 Parque Nacional de Sete Cidades

Uma unidade de conservação é um espaço que apresenta “características naturais

relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

89

definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de

proteção” (BRASIL, 2000, p.1).

O Parque Nacional de Sete Cidades enquadra-se no grupo de Unidades de Proteção

Integral, na categoria de Parque Nacional, distando 18 km da cidade de Piracuruca. Tem como

principal característica os afloramentos rochosos com as mais variadas formas, resultantes da

ação dos agentes erosivos (calor, vento, chuva). Administrado pelo Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o parque foi criado em 1961,

pelo Decreto Federal nº 50.744.

Bitencourt (1989) comenta que a primeira notícia acerca da região onde se localiza

Sete Cidades foi elaborada pelo cearense Jácome Avelino, em dezembro de 1886, onde

nomeava a região como uma “cidade petrificada no Piauí”.

O parque possui área de 6.621 ha, constituindo-se de zonas de recuperação de

ambientes degradados e de proteção de áreas de ambientes e ecossistemas nativos. “A área

aberta à visitação pública corresponde, aproximadamente, a 490 hectares, onde se localizam

os monumentos geológicos, piscinas naturais e a cachoeira, num percurso de

aproximadamente 12 km” (MACHADO, 2008, p. 36).

No parque, é possível encontrar formações rochosas esculpidas pela água e pelo

vento, que aparentam figuras conhecidas, como a Pedra da Tartaruga (Figura 5.19). Entre

vários atrativos, no Mirante é possível ter uma visualização integral do parque (Figura 5.20).

No local ocorre diversidade florística e de fauna silvestre, devido pertencer a Zona de

Transição entre Caatinga e Cerrado, podendo-se encontrar espécies dos dois ecossistemas.

Figura 5.19: Pedra da Tartaruga no ParqueNacional de Sete Cidades

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.20: Mirante no Parque Nacional deSete Cidades

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

90

O Parque Nacional de Sete Cidades, além de ser um local de preservação histórica e

natural em benefício das futuras gerações não só de Piracuruca, mas também de toda a

humanidade, abre espaço para visitação pública, estando sujeita à regulação e restrições tais

como: horários pré-estabelecidos de funcionamento, autorização para visitação,

acompanhamento de guias locais, entre outras.

5.3.2 O Grande Lago – Barragem Piracuruca

A Barragem Piracuruca, localizada no sul do município de Piracuruca (Figura 5.21),

foi inaugurada em maio de 1996, tendo como objetivo principal criar um grande campo

irrigado e perenizar o principal rio do município, o rio Piracuruca, embora o primeiro objetivo

não tenha sido alcançado.

Figura 5.21: Mapa de localização da Barragem PiracurucaFonte: IBGE adaptado por Kenard da Silva Costa (2010).

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

91

A barragem (Figuras 5.22 e 5.23) conta com uma capacidade de armazenamento de

250.000.000 m³ de água, alagando uma região de, aproximadamente, 5.000 hectares. É a

terceira maior do Piauí, só perdendo para a barragem de Boa Esperança, localizada em

Guadalupe e para a Barragem Salinas, no município de São Francisco do Piauí. É

administrada pela Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (EMGERPI). Mesmo com

deficiências de aproveitamento do seu potencial hídrico, o turismo e outras atividades

econômicas (como a pesqueira) dão a atenção merecida à barragem (MACHADO, 2008).

Figura 5.22: Lago da Barragem PiracurucaFonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 5.23: Vazante da Barragem PiracurucaFonte: Roberta Ferreira (2010)

Com o aumento da circulação de pessoas pelo local, para praticar esportes e

atividades de lazer, houve a inserção de estabelecimentos (bares e restaurantes) ao redor do

local, para atender os visitantes e moradores, oferecendo comidas típicas.

A Barragem Piracuruca desponta como importante atrativo turístico local, sendo

procurada durante todo o ano, em especial, nos períodos de carnaval, semana santa, períodos

de férias (julho, dezembro e janeiro), proporcionando atividades de banho aquático e de sol,

campeonato de jetski e show acústico. Apresenta em sua estrutura boas condições para

desenvolver o turismo, tendo como atrativo suas belezas naturais, o que deve ser feito com

prudência e diligência por parte da gestão pública e pelos próprios visitantes.

Evidenciaram-se, também, às margens da barragem, uma elevada especulação

imobiliária, por conta das casas de veraneio, que desde a inauguração da barragem vem

crescendo desordenadamente, tendo por volta de 50 casas, atualmente.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

92

5.4 Considerações finais

A definição de turismo cultural está relacionada à motivação do turista de vivenciar o

patrimônio histórico e natural de determinados eventos culturais. A relação do turista com o

patrimônio cultural implica, essencialmente, no conhecimento e na busca em aprender e

entender o objeto da visitação, a partir de experiências participativas, contemplativas e de

entretenimento.

Devem fazer parte das estratégias de fomento do turismo para o município de

Piracuruca, Piauí (municipal, estadual e federal) o total aproveitamento, a recuperação e a

criação de atrações culturais. É emergente a necessidade de maiores atrações culturais em

Piracuruca, no estado do Piauí, que dispõe da existência de um amplo conjunto de bens

(materiais e imateriais) e que não foram devidamente aproveitados para que o turista ou

visitante disponha de um mínimo de conhecimento acerca de suas características mais

elementares, para o seu total envolvimento com o legado do local.

Os fatos históricos que antecederam o presente em Piracuruca - PI, marcaram de

forma decisiva todo o contexto cultural, favorecendo assim um acervo repleto de experiências

culturais específicas que devem ser valorizadas, a fim de reafirmar nos moradores seu

pertencimento à cultura do local.

Piracuruca guarda vasta diversidade sociocultural, devido a sua formação histórica,

favorecendo o desenvolvimento da pequena freguesia em vila, assim como a Batalha do

Jenipapo (1823), que foi decisiva para o reconhecimento da independência do Brasil nas

regiões Norte e Nordeste.

Mas alguns bens que compõem o conjunto arquitetônico cultural de Piracuruca

precisam ser recuperados e resguardados por disporem de uma representatividade histórica e

cultural. As diversas expressões culturais precisam ser valorizadas, como meio de reabilitação

da cultura local, incluindo as manifestações folclóricas, e as grandes festas populares que

acontecem durante o ano inteiro, atraindo turistas de vários lugares.

O município de Piracuruca desenvolve ações em parceria com outros órgãos públicos

(estadual e federal) e com a iniciativa privada para promover a inclusão do município em um

roteiro turístico nacional.

Com uma economia moderada, mesmo em nível estadual, Piracuruca tem no turismo

uma forma de conseguir auferir uma melhor fonte de renda para a população, gerando

empregos diretos e indiretos, e promover o desenvolvimento social com a preservação do

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

93

meio ambiente. A atividade turística propicia, dessa forma, a aliança entre o tempo livre dos

visitantes e a geração de renda.

O município de Piracuruca, hoje se destaca, turisticamente, pelo seu conjunto

arquitetônico, pelas diversas manifestações culturais existentes, pelos atrativos naturais da

região, como o Parque Nacional de Sete Cidades e pela potencialidade de lazer e recreação,

propiciada pela Barragem Piracuruca, fazendo com que o turismo possa ser uma alternativa

econômica para os moradores do local. Entretanto, diversos obstáculos devem ser vencidos,

como a melhoria de infraestrutura para atendimento aos visitantes, além da necessidade de

fortalecimento da identidade cultural do local e melhor divulgação do patrimônio e da

potencialidade turística no município.

É preciso desenvolver iniciativas com o objetivo de atrair maior número de turistas

ou visitantes com interesse e motivações culturais, favorecendo assim a busca por estes bens e

reduzindo a sazonalidade propícia da atividade turística. Criando grandes atrações culturais

destinadas ao consumo turístico, com o objetivo de promover a cultura local.

Dessa forma, seria importante o desenvolvimento de políticas públicas e de estudos,

com a finalidade de promover o turismo, aliando o patrimônio histórico e cultural à atividade

turística, para que, assim, o turismo possa ser uma das principais atividades econômicas do

município.

Referências

AGUIAR, L. B. Os sítios urbanos como atração turística: o caso de Porto Seguro. CadernoVirtual de Turismo. Rio de Janeiro: IVT, v. 3, n. 1, 2003. p. 10-17.

AVELINO, G. 01 foto. Digital color, 1961.

ÁVILA, M. A.; WILKE, E. P. Dos fatores limitantes ao desenvolvimento sustentável:alternativas planejadas para o turismo em Paranaguá, PR, Brasil. PASOS - Revista deTurismo y Patrimônio Cultural, v. 6, n 3, 2008. p. 555-568.

AXER, S. Turismo cultural: o município de Paraty e a Flip. Revista Itinerarium. Rio deJaneiro, v. 2, 2009.p. 1-23.

BATISTA, C. M. Memória e identidade: aspectos relevantes para o desenvolvimento doturismo cultural. Caderno Virtual de Turismo, Rio de Janeiro: IVT, v. 5, n. 3, 2005.p. 27-33.

BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 10. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2004.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

94

BITTENCOURT, J. M. Apontamentos históricos da Piracuruca. Teresina: COMEPI, 1989.

BRASIL. Ministério do Turismo. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo. Turismocultural: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2006.

______. Ministério do Meio Ambiente. SNUC - Sistema Nacional de Unidades deConservação. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da ConstituiçãoFederal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dáoutras providências. Brasília, 18 de julho de 2000.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Seção II – Da Cultura: Art. 216.Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

______. DECRETO-LEI Nº 25/37. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artísticonacional. Rio de Janeiro: Subchefia para assuntos Jurídicos, 1937.

BRITO, F. A. O. Sob o signo da fé. Revista PiauíTUR, ano I, nº 01; 2009, p. 16.

BRITO, A. O município de Piracuruca (separata do Piauhy no centenário de suaIndependência). Papelaria Piauiense: Teresina, 1922.

BRITTO, M. C. F. Remexendo o baú: pesquisa histórica sobre a nascença, a evoluçãopolítica e social de Piracuruca. Gráfica e Editora Ideal: Piripiri, 2003.

CAMARGO, H. L. Patrimônio histórico e cultural. São Paulo: Aleph, 2002.

CARVALHO, K. D. Lugar de memória e turismo cultural: apontamentos teóricos para oplanejamento urbano sustentável. CULTUR – Revista de Cultura e Turismo. Ilhéus-BA,ano 4, n. 1, jan./2010.p. 15-31.

CARVALHO, K. D. Turismo cultural e preservação do patrimônio sob o olhar dacomunidade do centro histórico de São Luís – MA. Revista Eletrônica do TurismoCultural. Editora ECA/USP, v. 3, n. 1, jan./jun. 2009. p. 95-116.

DIAS, C. C.; Piauhy: das origens à nova capital. 2. ed. Teresina: Nova Expansão Gráfica eEditora Ltda, 2009.

FEIBER, S. D. O patrimônio histórico como lugar social. Revista RA´E GA, Curitiba: Ed.UFPR, n. 16, 2008. p. 23-35.

FERNANDES, F. A cultura da água: da patrimonialização das levadas da madeira à ofertaturística. PASOS - Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, v. 8, n. 4, out./dez., 2010. p.529-538.

FERREIRA, R. C. 17 fotos. Digital color, 2010

FIGUEIREDO, A. M. L. A função turística do patrimônio: questionamentos sobre a ideia desustentabilidade do turismo cultural. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro: IVT, v. 5,n. 4, out./dez., 2005. p. 43-49.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

95

FUNARI, P. P.; PINSK, J. (orgs). Turismo e patrimônio cultural. 4. ed. São Paulo:Contexto, 2005. (Coleção Turismo Contexto)

GOMES, M. 02fotos. Digital color, 2010.

GOODEY, B. Interpretação e comunidade local. In: MURTA, S. M.; ALBANO, C. (Org.)Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: Ed. UFMG; TerritórioBrasilis, 2002. p. 47-58.

GOULART, M.; SANTOS, R. I. C. Uma abordagem histórico-cultural do turismo. Turismo -visão e ação, Itajaí, SC, v. 1, n. 1, jan/jun. 1998.p. 19-29.

GUIA DO PIAUÍ: turístico, cultural, histórico. Teresina: Digitex. 2001.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades @: Município de Piracuruca,2010. Homepage de internet. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 10 fev. 2011.

INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Previsão climática: Piracuruca. Brasília: DF,2008.

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Cidades do Piauítestemunhas da ocupação do interior do Brasil durante os séculos XVIII e XIX: conjuntohistórico e paisagístico de Piracuruca. Brasília/Teresina: IPHAN, 2008.

LOUREIRO, J. C. Pelas entranhas de Olinda: um estudo sobre a formação dos quintais.227 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura eUrbanismo. Maceió, 2008.

MACHADO, G. C.; DIAS, R. Patrimônio cultural e turismo: Educação, transformação edesenvolvimento local. Revista Eletrônica Patrimônio: lazer & turismo, v. 6, n. 8,out./nov./dez./2009. p. 1-11.

MACHADO, I. B. Piracuruca: iniciando geografia e história. Piracuruca: PrefeituraMunicipal de Piracuruca, 2008.

MARTINS, C. Patrimônio cultural e identidade: significado e sentido do lugar turístico. In:MARTINS, C. (Org.). Patrimônio cultural: da memória ao sentido do lugar. São Paulo:Roca, 2006. p. 39-50.

MENEZES, J. S. O patrimônio cultural da cidade de Ilhéus à luz da literatura de JorgeAmado. CULTUR – Revista de Cultura e Turismo. Ilhéus-BA, ano 3, n. 3, jun./2009. p.52-67.

MURTA, S. M. Turismo histórico-cultural: parques temáticos, roteiros e atrações âncora. In:MURTA, S. M.; ALBANO, C. (Org.) Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. BeloHorizonte: Ed. UFMG; Território Brasilis, 2002. p. 139-168.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

96

MURTA, S. M.; ALBANO, C. Interpretação, preservação e turismo: uma introdução. In:MURTA, S. M.; ALBANO, C. (Org.) Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. BeloHorizonte: Ed. UFMG; Território Brasilis, 2002. p. 9-12.

OLIVEIRA, F. V. de. Capacidade de carga nas cidades históricas. Campinas, SP: Papirus,2003. (Coleção Turismo).

PORTAL DE PIRACURUCA. Fatos e lendas. Disponível em:<http://www.piracuruca.com/fatoselendas.asp>. Acesso em: 10 jan. 2011.

PEDRO, F. C.; DIAS, R. Patrimônio imaterial e turismo: o caso do município de Jequitibá -MG. Caderno virtual de turismo, Rio de Janeiro: IVT, v. 8, n. 3, 2008. p. 41-53.

PEROTA, C. Impactos do artesanato sobre o turismo no Espírito Santo. SEBRAE/ES,Vitória: 2007.

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento Humanoe IDH. Brasília: DF, 2000.

RODRIGUES, F. L. L. Conceito de patrimônio cultural no Brasil: do conde de Gálveas àConstituição Federal de 1988. In: MARTINS, C. (Org.). Patrimônio cultural: da memória aosentido do lugar. São Paulo: Roca, 2006.p. 1-16.

RODRIGUES, M. Preservar e consumir: o patrimônio histórico e o turismo. In: FUNARI, P.P.; PINSK, J. (Org.). Turismo e patrimônio cultural. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2005.(Coleção Turismo Contexto)

SANTOS, J. L. dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2005.

SIMÃO, M. C. R. Preservação do patrimônio cultural em cidades. Belo Horizonte:Autêntica, 2001.

SILVA, C. 01 foto. Digital color, 2010.

SILVA, G. M; NEVES, J. A. B. Turismo e indústria criativa artesanal têxtil: expansãocomercial e perda de identidade cultural no Brasil no final do século XX. PASOS - Revistade Turismo y Patrimonio Cultural, v. 7, n. 3, 2009. p. 461-473.

SILVA, G. C.; LOPES, W. G. R.; LOPES, J. B. Aspectos relacionados ao uso e apropriaçãode praças em áreas centrais: transformações e permanências. RA’EGA, Curitiba: EditoraUFPR, n. 18, 2009.p. 59-78.

SOARES, G. M. Os impactos do turismo em cidades históricas – estudo de caso: TiradentesMG. In: Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul UCS, 4, 2006. Caxias do Sul.Anais. Caxias do Sul: UCS, 2006. p.1-12.

SOUZA, V. Memória poética do espaço: Ouro Preto por Murilo Mendes. Estudos históricos.Rio de Janeiro: Editora CPDOC/FGV, vol.22, n.43, 2009.p. 163-175.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

97

TEIXEIRA, K. L.; OLIVEIRA, M. L. S. A experiência da gestão e planejamento do turismodas cidades patrimônio cultural da humanidade na Espanha aplicada à realidade brasileira.Turismo & Sociedade, Curitiba, v. 3, n. 1, abril de 2010. p. 68-90.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

98

Secção 6

A ÁGUA COMO SUPORTE PARA ATIVIDADES DE LAZER E TURISMO:

POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA BARRAGEM PIRACURUCA NO ESTADO

DO PIAUÍ

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

99

A ÁGUA COMO SUPORTE PARA ATIVIDADES DE LAZER E TURISMO:POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA BARRAGEM PIRACURUCA NO ESTADO

DO PIAUÍ

Roberta Celestino Ferreira6; Wilza Gomes Reis Lopes7; José Luis Lopes Araújo8

Resumo

Na década de 1970 houve uma piora na qualidade da preservação ambiental, devido aocrescimento econômico e populacional e, consequentemente, na vida da sociedade dosgrandes centros urbanos. Com isso, a idéia de que os recursos naturais não são infinitos gerouos primeiros esboços do conceito de desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, se o turismofor bem planejado, haverá condições de ocorrer inovações dentro de um plano dedesenvolvimento do local. Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivo verificar aspossibilidades e limitações, levantar os impactos positivos e negativos, assim como,identificar as formas de lazer e turismo desenvolvidas na Barragem Piracuruca, localizada nomunicípio de Piracuruca, Estado do Piauí. Para isso será discutida a relação entre a atividadeturística e o meio natural, sendo que, dentro desta relação, será aplicado o conceito dedesenvolvimento sustentável. Foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros e artigos,voltados para turismo e paisagem, aproveitamento das águas para lazer e turismo, e, ainda, emleis e documentos de instituições ligadas ao uso e gestão dos recursos hídricos no Brasil.Também foi realizada pesquisa de campo, com o objetivo de registrar, fotograficamente amovimentação de visitantes na referida barragem. Para identificar as formas de turismopraticadas na barragem, baseou-se na observação direta, sendo relacionada à literaturaconceitual sobre segmentação do turismo (BRASIL, 2006a). Com relação aos impactospositivos e negativos da atividade turística desenvolvida, também foi realizada observaçãodireta, utilizando-se o Guia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável (OMT, 2003) pararespaldar os resultados encontrados. Concluiu-se que as possibilidades de desenvolvimento deatividades de lazer e do turismo em contato com o meio natural na barragem são muitas,destacando-se banho aquático e de sol, pesca, mirante, campeonato de jetski e show acústico.Outras atividades também podem ser executadas, desde que haja uma logística de estruturaçãoe de infraestrutura, mostrando-se favorável ao desenvolvimento do ecoturismo, turismo deesportes, turismo de pesca, turismo náutico, turismo de aventura, turismo de sol e praia. Mas,a barragem sofre constantemente com o problema do lixo e despejo indevido de esgoto emsuas águas, o que favorece os riscos à saúde da população e dos visitantes. Além disso, notou-se que a população piracuruquense mais carente está vivenciando um processo de“marginalização territorial”, onde as casas mais pobres estão sendo afastadas da barragem esubstituídas por construções mais luxuosas, o que demonstrou uma grande especulaçãoimobiliária em toda a extensão da construção, o que não deixa de ser limitações aodesenvolvimento do turismo. A Barragem Piracuruca, tendo como atrativo suas belezasnaturais, dispõe de boas condições para desenvolver o turismo, o que deve ser feito comprudência e diligência por parte da administração pública e pelos próprios visitantes.

Palavras-chave: Lazer. Turismo. Desenvolvimento Sustentável. Barragem Piracuruca.

6Turismóloga, mestranda do PRODEMA/UFPI ([email protected]).7Arquiteta, professora do Departamento de Construção Civil e Arquitetura e do Programa de Pós-Graduação emDesenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFPI ([email protected]).8 Geógrafo, professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento eMeio Ambiente – PRODEMA/UFPI ([email protected])

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

100

Abstract

In decade of 1970, environmental preservation became worse, due to economic andpopulation growth, as well as life quality of society in big urban centers. Thus,comprehension of natural resources are limited have produced first drafts of sustainabledevelopment concept. Upon this perspective, if tourism is well-planned, there will beconditions for innovation on a local development plan. This study has the objective to verifypossibilities and limitations, to point out positive and negative impacts, as well as to identifyleisure and tourism ways developed on Piracuruca Dam, located in Piracuruca county, Piauístate. Relation between touristic activity and environment was discussed and sustainabledevelopment was applied. It was realized bibliographic research on books and periodicals,related to tourism and landscape, water utilization for leisure and tourism, as well as laws andinstitutional documents for use and management of hydric resources in Brazil. A fieldresearch was also realized, with the objective of registering visitors’ movement in dam byphotos. In order to identify tourism ways practiced in dam, direct observation was effected,related to tourism segmentation (BRASIL, 2006a). As for positive and negative impacts oftouristic activity developed, direct observation was also realized, by using Guide forDevelopment of Sustainable Tourism (OMT, 2003) to give support to found results. Theconclusion is that there are several possibilities for leisure and touristic activities’development in contact with environment, detaching water and sun bath, fishery,contemplation in belvedere, jetski championship and acoustic music shows. Other activitiescan also be executed, since logistic and infrastructure can be improved, being favorable toecological tourism, sportive tourism, fishing tourism, nautical tourism, adventure tourism, sunand beach tourism. However, Piracuruca Dam is affected constantly with garbage problemand inadequate slop of sewer on water, causing risks to population and visitors’ health.Besides, a “territorial marginalization” process of needy people, in which poorest homes havebeen removed from dam area and substituted by sumptuous constructions, which demonstratea significant immovable speculation all over dam area, that impose limits to tourismdevelopment. Piracuruca Dam has the attractive of natural beauty and good conditions fortourism development, which must be done with prudence and diligence by publicadministration and visitors.

Keywords: Leisure. Tourism. Sustainable Development. Piracuruca Dam.

6.1 Introdução

Toda atividade antrópica gera consequências para o meio ambiente, que na maioria

dos casos, são negativas para a natureza. No decorrer do tempo, contudo, tem-se buscado cada

vez mais a conciliação entre as atividades humanas e o ecossistema, a fim de mitigar esses

impactos danosos.

Com o advento das atividades industriais a partir da década de 1950, houve um

aumento do consumo dos recursos naturais por causa da modernização dos meios produtivos,

da explosão da demografia, do acelerado aumento dos centros urbanos e do processo de

globalização. O modelo econômico, dessa forma, acelerou a demanda por produtos

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

101

industriais. Tanto que, na visão de Seabra (2009, p. 12), “a voracidade do consumo humano

rompeu com os critérios e mecanismos naturais para a preservação das espécies, decorrentes

da seleção natural e evolução dos seres”.

O turismo, associado à melhor qualidade de vida, tem se destacado como uma das

atividades que mais tem crescido nos últimos anos. Visto que, o meio ambiente é o

sustentáculo da atividade turística, as ações de planejamento devem estar voltadas para a

prática do turismo sustentável, considerando-se que esta seria a melhor opção de preservação,

evitando o processo de destruição do mesmo, pois “ao mesmo tempo em que a atividade

turística simboliza o uso e a apropriação [...] também simboliza o empreendedorismo, a

conquista, a descoberta, e o sonho de muitas pessoas” (CORIOLANO; VASCONCELOS,

2008, p.13).

O conceito de sustentabilidade aplicado ao turismo surgiu da necessidade de refletir

sobre os impactos ocasionados ao meio ambiente. De acordo com Dias (2005), o turismo

sustentável pode ser conceituado como a atividade que visa atender aos anseios dos visitantes,

ao passo em que planeja suas ações pensando no futuro. A sustentabilidade do turismo é,

assim, a harmonia entre a economia, a sociedade e o meio ambiente.

Dessa forma, a atividade turística necessita de planejamento, para que seja possível a

sua efetiva consolidação, em regiões que apresentem potencial para a implantação de

atividades de lazer. Segundo Diegues (2000), se a atividade turística for bem planejada,

haverá condições de ocorrer inovações em um plano de desenvolvimento sustentável do lugar,

possibilitando o crescimento socioeconômico não só para o local, mas para diversas regiões.

Entretanto, para que o turismo seja viável socioeconomicamente, essa atividade deve

ser implantada dentro de parâmetros sustentáveis, ou seja, “o núcleo receptor, a região, o

Estado devem definir uma política de estratégias e ações para o turismo, promovendo a

conservação socioambiental, contemplando os aspectos econômicos e culturais” (QUEIROZ,

2009, p. 175). O turismo, se desenvolvido com os critérios básicos de desenvolvimento

sustentável, pode promover a preservação do meio ambiente, além de conferir o crescimento

econômico e uma atividade que minimize impactos decorrentes de sua atividade.

O presente trabalho teve como objetivo verificar as possibilidades e limitações,

levantar os impactos positivos e negativos, assim como, identificar as formas de lazer e

turismo desenvolvidas na Barragem Piracuruca, localizada no município de Piracuruca,

Estado do Piauí.

Para elaboração do trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros e

artigos voltados para turismo e paisagem, aproveitamento das águas para lazer e turismo e,

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

102

ainda, em leis e documentos de instituições ligadas ao uso e gestão dos recursos hídricos no

Brasil, como a Agência Nacional das Águas (ANA), e o Conselho Nacional de Recursos

Hídricos (CNRH). Também foi realizada pesquisa de campo, com o objetivo de registrar

fotograficamente a movimentação de visitantes na referida barragem.

Para identificar as formas de turismo praticadas na barragem, baseou-se na

observação direta, sendo relacionada à literatura conceitual sobre segmentação do turismo

(BRASIL, 2006a). Com relação aos impactos positivos e negativos da atividade turística

desenvolvida, também foi realizada observação direta, utilizando-se o Guia de

Desenvolvimento do Turismo Sustentável (OMT, 2003) para respaldar os resultados

encontrados.

6.2 Aproveitamento das águas para lazer e turismo

As definições acerca de turismo são bastante controversas, pois estas, além de

agregar valores a lugares e não-lugares turísticos, transforma-os à medida que se torna

necessário, ou mesmo quando se cria um novo valor ao produto.

A paisagem é base da atividade turística, explorada como atrativo para os visitantes

em determinada localidade. O impacto visual do ambiente a ser visitado pelo turista deve

sempre ser positivo; nesse sentido, e com o intuito de se primar pela sustentabilidade

(ambiental, sociocultural e econômica) do turismo, a paisagem (meio ambiente) sempre deve

ser preservada, a fim de manter o turismo.

É necessário entender que a interação entre turismo e meio ambiente é muito

importante, pois a própria atividade do turismo precisa, logicamente, de um ambiente para

acontecer, e esse ambiente tende a se descaracterizar pela ação antrópica. Quando qualquer

atividade relacionada ao turismo é implementada, a natureza sofre com modificações, por

conta da própria produção do turismo (COOPER; FLETCHER; FYALL, 2007).

A discussão sobre a paisagem possibilita considerar que um espaço de lazer pode ser

construído em diversos locais, desde que eles atendam aos requisitos dos visitantes e do meio

natural, tendo o turismo o poder de criar e recriar paisagens, de acordo com interesses

econômicos. Para Coriolano e Vasconcelos (2007, p. 9),

o homem apropria-se da natureza transformando-a em espaço geográficocom a sua presença e suas interferências. A primeira natureza é modificada

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

103

em segunda natureza com o espaço sendo produzido. A espacialidade desteprocesso define o surgimento de cidades, lugares, paisagens, territórios eambientes para a realização do turismo, entre outras necessidades humanas.A base dessa relação está no trabalho. Os grupos econômicos, através deempresas e firmas, definem a produção, circulação, distribuição e consumodo turismo. São os interesses capitalistas que determinam o uso (consumo)do espaço e a relação social de produção do turismo. Portanto, mais do queuma simples relação do homem com a natureza, há uma relação sociedade enatureza. É a sociedade que determina as formas de uso da natureza ou maisprecisamente do espaço, do trabalho e da riqueza. Assim, ocorre aespacialidade para e pelo turismo, juntamente com inúmeras atividadeseconômicas de apoio, tais como: os meios de transporte, de hospedagem, deagenciamentos, de lazeres e entretenimentos, além de outras açõesmercadológicas.

Uma das formas de lazer e uso do tempo livre que mais tem se desenvolvido nas

ultimas décadas é o turismo. Com raras exceções, o turismo praticado no meio natural tem se

apropriado e provocado a modificação de ecossistemas naturais.

Um dos principais atrativos para turistas que buscam diversão e descanso são

reservas de águas, sejam elas naturais ou artificiais. Como exemplo, pode-se citar as praias,

lagoas, rios, barragens, balneários, cachoeiras, entre outros.

A gestão racional da água é uma ação necessária para que a população mundial tenha

uma vida agradável (ONU, 1992). Enfatiza-se, portanto, que além de ter valor econômico, a

água que cuidamos agora será uma herança para as gerações posteriores, ditando o modo de

vida dessa população no futuro.

Dentro dessa temática, a atividade turística deve apresentar especial atenção no

aproveitamento das águas, sendo que sua gestão consciente é muito importante, pois na

maioria dos casos, as mesmas águas aproveitadas para lazer servem para o abastecimento das

populações locais, seja para consumo diário ou não. Assim, o compromisso com a

preservação de tais fontes aquíferas cabe não somente aos gestores públicos e à sociedade

autóctone, mas também aos visitantes.

O aproveitamento das águas para lazer e turismo relaciona-se, primeiramente, com a

capacidade de suporte que o lugar tem para receber os turistas (infraestrutura, instruções de

segurança, entre outros). Contudo, segundo Muller (2002), esses espaços e equipamentos

destinados ao lazer têm sofrido desvalorização, pois não são entendidos como essenciais, não

tendo atenção necessária por parte das políticas públicas. Dessa forma, em alguns locais de

desenvolvimento do turismo em águas, observa-se a apatia e o conformismo de diversos

segmentos da população, que não contribuem efetivamente para a devida manutenção dos

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

104

equipamentos. Como por exemplo, é o caso da Praia Fluvial da Pedra Branca no Reservatório

de Promissão no Estado de São Paulo (POLO, 2008).

Nessa perspectiva, Bruhns (2007, p. 89) afirma que

[...] devemos reavaliar as posturas interpretativas que contrapõem meioambiente natural e artificial ou natureza e cultura de forma estanque edesvinculada, bem como as novas relações estabelecidas com essesambientes, os quais se interpenetram numa ressignificação da próprianatureza.

Então, a preservação de práticas de lazer em águas é alcançável por meio de uma

reavaliação de como a sociedade, seja ela local ou visitante, está interagindo com o ambiente,

pois tal reavaliação e mudança na postura ecológica como um todo, só traz benefícios à

prática de um turismo sustentável.

O Brasil possui vastas possibilidades de turismo, por dispor de imensa quantidade de

atrativos turísticos, tanto culturais quanto naturais. As atividades turísticas em todo o território

nacional podem gerar empregos, além de incluir socialmente uma parcela da população

considerada marginal.

Nesse caso, o turismo pode mitigar problemas sérios, como a desigualdade social,

pois alguns dos destinos turísticos mais visitados do Brasil encontram-se em regiões carentes,

que por causa do turismo acabam por ser visitadas por cidadãos mais ricos (BRASIL, 2005).

Os recursos hídricos brasileiros despertam interesse pelo seu grande potencial, sendo

o país um dos que detém maior quantidade de água doce no mundo, dividida em doze grandes

regiões hidrográficas, de acordo com o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),

apresentado na Figura 6.1.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

105

Figura 6.1: Regiões hidrográficas do Brasil.Fonte: BRASIL, 2003.

Contudo, para gerir tamanha riqueza aquífera, foram elaboradas leis de uso e gestão

da água em território nacional. O marco legal direcionado às fontes de água foi a lei nº 9.433,

de 8 de janeiro de 1997, a qual dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, criando

assim o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A referida lei também

regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da lei nº 8.001,

de 13 de março de 1990, que modificou a lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989 (BRASIL,

2005).

Assim, como forma de contribuir para a gestão dos recursos hídricos brasileiros, a

ANA elaborou, em 2005, um trabalho intitulado “O turismo e o lazer e sua interface com o

setor de recursos hídricos”. Nesse documento, são identificados os principais segmentos do

setor do turismo associado aos recursos hídricos, que são: turismo desenvolvido em toda a

extensão do litoral brasileiro; turismo ecológico e pesqueiro e; turismo e lazer em lagos e

reservatórios interiores, como barragens, por exemplo.

Sobre a atividade turística desenvolvida no litoral brasileiro, Brasil (2005) afirma que

esse segmento sofre com perceptíveis problemas estruturais, principalmente na falta ou baixa

eficiência do esgotamento sanitário, com decorrente comprometimento da balneabilidade das

praias. Já sobre o turismo ecológico e o pesqueiro, esse tipo de atividade vem, no decorrer dos

anos, transformando-se em uma das principais opções de exploração econômica de uma

região.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

106

Contudo, as áreas de lazer localizadas em reservatórios e lagos enfrentam sérios

problemas, pois

[...] a poluição hídrica de represas, rios, lagos e cachoeiras representa um dosmais impactantes danos causados pelo crescimento descontrolado deatividades de turismo e recreação, devido ao lançamento de esgotos e àgeração de resíduos em embarcações de recreio, que expelem gases, óleos egraxas, determinada pela ineficiência ou falta de coleta de lixo e pela falta deorientação dos próprios usuários (BRASIL, 2005, p. 19-20).

Observa-se que a legislação brasileira deixa claro que a água é um dos principais

recursos da natureza, sendo que, sem o seu uso racional, é impossível desenvolver

satisfatoriamente a humanidade e as atividades econômicas voltadas ao lazer. Dessa forma, é

importante que as leis e sanções previstas sejam aplicadas rigorosamente, nos casos que sejam

identificados abusos na utilização de fontes aquíferas públicas.

São muitos os reservatórios de água caracterizados para o aproveitamento da

atividade turística no Brasil, tendo como critério principal sua beleza paisagística e a

qualidade da água, tais como: Serra da Mesa (Goiás); Lajeado (Tocantins); Tucuruí (Pará);

Três Marias (Minas Gerais); Sobradinho (Bahia); Xingó (situada na divisa entre Alagoas e

Sergipe); Furnas (envolvendo Estados de Minas Gerais e São Paulo); Itaipu (Paraná);

Caconde (São Paulo); Promissão (São Paulo) e Paranoá (Distrito Federal).

O segmento turístico que mais se destaca com relação ao uso de recursos hídricos,

como forma de desenvolvimento, é o turismo de lazer de sol e praia, destacando-se os

destinos turísticos já consolidados, tais como: Natal (Rio Grande do Norte), Porto; Seguro

(Bahia); Recife (Pernambuco); Florianópolis (Santa Catarina); entre outros.

Diverso e repleto de beleza cênica, os destinos turísticos respaldados tanto em

atrativos culturais, como ambientais, sofrem nas férias de verão com a superlotação, pois a

infraestrutura básica não comporta o aumento excessivo de habitantes e visitantes,

ocasionando na incapacidade de tratamento das águas residuárias, reduzindo a qualidade das

águas, podendo comprometer a atividade turística.

No Piauí, a busca por lazer e turismo em recursos hídricos é grande, podendo ser

observado o movimento de visitantes rumo ao litoral piauiense, mas as lagoas, barragens,

cachoeiras, açudes e rios também são muito frequentados, o ano todo, tendo como exemplo: a

Cachoeira do Urubu em Esperantina/Batalha, o açude Caldeirão em Piripiri, o balneário

Corredores em Campo Maior, a barragem do Bezerro em José de Freitas, o balneário Curva

São Paulo em Teresina, balneário Natal em monsenhor Gil, os Poços Jorrantes de Cristino

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

107

Castro, a imensa lagoa de Parnaguá, o balneário Mesa de Pedra em Valença, entre outros,

assim como a Barragem Piracuruca.

6.3 A Barragem Piracuruca e seu entorno

O potencial para atividades de lazer existente em açudes e barragens faz com que

esses locais representem uma opção para o desenvolvimento turístico regional. Segundo

Barreto (2005, p. 83), “dependendo do estado de limpeza da água, da periculosidade das

correntes, profundidade ou da situação geográfica, os lagos e as represas podem ser usados

para a prática da pesca ou de esportes náuticos”.

A bacia do rio Parnaíba possuía 19 barragens, com capacidade acima de

10.000.000m³ (BRASIL, 2006b), sendo que destas, nove eram administradas pela Companhia

de Desenvolvimento do Piauí (COMDEPI): Algodões I, 59.100.000m³; Piracuruca,

250.000.000m³; Corredores, 63.300.000m³; Bezerro, 11.000.000m³; Mesa de Pedra,

55.700.000m³; Salinas, 385.000.000m³; Pedra Redonda, 216.000.000m³; Poços,

43.000.000m³; Algodões II, 247.000.000m³; oito pelo Departamento Nacional de Obras

Contra as Secas (DNOCS): Petrônio Portela, 181.200.000m³; Jenipapo, 248.000.000m³;

Ingazeiras, 25.700.000m³; Estreito, 19.300.000m³; Barreiras, 52.800.000m³; Cajazeiras,

24.700.000m³; Caldeirão, 54.000.000m³; uma pela Águas e Esgotos do Piauí S/A

(AGESPISA): Salgadinha, 25.000.000m³; uma pela Companhia de Gestão dos Recursos

Hídricos (COGERH): Carnaúbal, 87.700.000m³; e uma pela Companhia Hidroelétrica do São

Francisco (CHESF): Boa Esperança, 5000.000.000m³.

Entre as barragens localizadas no território piauiense, a Barragem Piracuruca é o

terceiro maior reservatório de água do Estado, menor apenas que Boa Esperança e Salinas,

atraindo muitos turistas durante todo o ano. Esse local gera oportunidades de emprego e renda

à população, mesmo não sendo o turismo o principal objetivo da construção da barragem.

A região onde foi construída a barragem, tem como principal característica a pouca

profundidade do solo. A formação tectônica é preenchida por rochas formadas por

sedimentação, começando seu processo de consolidação na Era Siluriana (PIAUÍ, 1987).

O clima do local é classificado como Aw', quente e úmido, com chuvas que ocorrem

de verão a outono, com um inverno muito seco. Assim, na região da Barragem Piracuruca, a

média pluviométrica é de 1.378 mm anuais, sendo que o nível de precipitação maior é de

janeiro a agosto e de agosto a outubro; pela falta de chuva, há um clima seco. Isso faz com

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

108

que a temperatura de todo o município de Piracuruca fique em torno de 27,7ºC, não tendo

muitas variações dentro do ano (PIAUÍ, 1987).

Geomorfologicamente, a área da barragem tem drenagem dentrítica aberta, sendo

composta por interflúvios escalonados e planos. Onde há planícies fluviais (na extensão do rio

Piracuruca), o padrão geomorfológico é estreito e pouco significativo. Sobre a área do

reservatório, localiza-se na porção oeste da Bacia do Meio-Norte, ou Bacia do Parnaíba. Essa

bacia tem como principal característica seu tamanho, e por estar em uma rasa depressão

tectônica, sendo que em sua extensão norte-sul ela comporta rochas de origem sedimentar.

Segundo Silva Filho (2002), na flora da região há predominância do tipo Campo

Cerrado, sendo que em áreas de maior fertilidade, identificam-se em menor escala as Florestas

Subcaducifólias. Em outras áreas de solo raso são observadas espécies de Caatinga Arbustiva,

e próximo aos cursos d’água há representantes de Floresta Ciliar de Carnaúba. No entorno da

barragem a vegetação é bastante densa (Figura 6.2).

Figura 6.2: Vegetação no entorno da BarragemFonte: Roberta Ferreira (2010).

A fauna terrestre não é tão abundante, destacando-se: Vulpesvulpes (raposa);

Euphractussexcintus (peba); Caveaaperea (preá); Cyclopesdidactylus (mambira);

Crotalusterrificus (cascavel) Procyoncancrivorous (guaxinim); Dasypusnovencinctus (tatu);

Pantherapardalis (maracajá); Mazama americana (veado); Pantherauncia (onça). Já a fauna

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

109

alada é mais abundante, tais como: Uropeliscampestris (rolinha); Tinamussp. (nambu);

Zenaidaauriculata (avoante); Leptoptilarufaxilla (juriti); Crotophagaani (anum preto);

serinuscanarius (canário); Columbapicaruzo (asa branca); Volaturiajacarina (chico preto);

Penelopesuperciliaris (jacu); Pitangussulphuratus (bem-te-vi). A fauna aquática é composta

pelas espécies: Hopliasmalabaricus (traíra); Sorubim sp. (surubim); Prochilodusvimboides

(curimatá); Leporinus sp. (piau); Ageneiosusbrevifilis (mandi); Pygocentrusnattereri

(piranha); Pseudoplantystomacuruscans (pintado); Trachycorystisstriatulus (cangati);

Mylossamaduriventris (pacu); Anoduslationsp (branquinha) (PIAUÍ, 1987, p. 38-39).

Em janeiro de 1987, o Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria Estadual de

Planejamento (SEPLAN) e da Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí

(FUNDAÇÃO CEPRO) contratou a empresa de Serviços Integrados de Assessoria e

Consultoria (SIRAC), para realizar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA) para a construção da Barragem Piracuruca; no RIMA encontra-se

exposto que a “implantação da Barragem Piracuruca e a subsequente formação do lago,

principalmente por sua pouca expressiva lâmina d’água, tem impactos praticamente

desprezíveis sobre a geologia da área” (PIAUÍ, 1987, p. 100). Mas o relatório também

enfatizou que os impactos sobre a flora são inevitáveis; contudo, encontram considerável

amortecimento e gradual reequilíbrio, através de medidas propostas pelo próprio estudo.

Construída com recursos do Governo Federal, posteriormente passou para o controle

do Governo do Estado, através da extinta Companhia de Desenvolvimento do Piauí

(COMDEPI), absorvida pela Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (EMGERPI). A obra

foi concluída em dezembro de 1997 (PIAUÍ, 1997), mas inaugurada antes de sua conclusão,

em 08 de maio de 1996 (MACHADO, 2008).

A barragem foi edificada no rio Piracuruca (Figura 6.3), principal curso d’água

municipal, que nasce na Serra da Ibiapaba, a uma altitude em torno de 650 metros. Sua

nascente fica compreendida entre o Serrote do Angical e a Serra dos Borges. No Estado do

Ceará, o rio tem o nome de Arabé e sua foz está localizada na Barra do Piracuruca, onde

alimenta o rio Longá. O rio Piracuruca, em toda a sua extensão, atravessa os municípios de

São Benedito (no Ceará), Domingos Mourão, São João da Fronteira, Brasileira, Piracuruca e

São José do Divino, na região norte do Piauí (MACHADO, 2008).

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

110

Figura 6.3: Visão de satélite da Barragem Piracuruca, PiauíFonte: Google Earth, 2010.

A capacidade para armazenamento da barragem é de 250.000.000 m³ de água,

cobrindo uma área de aproximadamente 5.000 hectares, a Barragem Piracuruca é considerada

como o maior reservatório do município, e o terceiro maior do Estado do Piauí. É utilizada

para o abastecimento de água, de pesca, e usada como forma de lazer pela população local e

por visitantes. Dispõe, ainda, de belezas naturais, como: recantos, ilhas, ninhais e mirante

(Figura 6.4), demonstrando assim, seu potencial turístico em construção, com observância da

prudência e diligência dos administradores públicos e seus usuários.

Figura 6.4: Visão parcial da Barragem PiracurucaFonte: Roberta Ferreira (2010).

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

111

Com a construção da barragem, o Governo do Estado do Piauí, através da

Companhia de Desenvolvimento do Piauí (COMDEPI), contratou a Consultoria e

Planejamento (CONSPLAN) para realizar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o

Relatório de Impacto Ambienta (RIMA) do projeto de irrigação de Piracuruca; o mesmo

permitiu avaliar, com rigor, as alterações provocadas em decorrência do projeto, no meio

terrestre (solos, vegetação, fauna e relevo), no meio aquático (qualidade da água e fauna

aquática) e meio socioeconômico (CONSPLAN, 1990). Como resultado, o projeto traria

poucos impactos negativos e mais possibilidades de desenvolvimento. Até o ano de 2010 o

projeto não havia sido executado, encontrando-se estagnado desde a concepção da construção

da barragem.

A população do entorno da barragem é constituída, em sua maioria, por moradores,

alguns comerciantes que exploram o turismo local, e com algumas casas de veraneio. No

entorno da Barragem Piracuruca moram 90 famílias, que convivem com a barragem em seu

dia a dia; os mesmos dispõem de plantios de hortaliças e de lavouras de subsistência (Figura

6.5), da criação de animais de pequeno porte (Figura 6.6), e da pesca. Uma grande maioria da

população ribeirinha que sobrevive da pesca profissional é associada à Colônia de Pescadores

Z-05 de Piracuruca.

Figura 6.5: Agricultura de subsistência dasfamílias do entorno da barragem Piracuruca

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 6.6: Criação de animais de pequenoporte no entorno da Barragem Piracuruca

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Outra característica interessante, sobre a ocupação em volta da área da barragem, são

as grandes casas de veraneio (Figura 6.7), que chegam a aproximadamente 50, cujos

proprietários se fazem mais presentes nos períodos propícios ao fluxo turístico, tais como

férias e finais de semana prolongados por feriados. As casas se aglomeram mais próximas do

principal balneário da Barragem Piracuruca.

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

112

Segundo Macedo (2002, p. 181), este tipo “[...] de ocupação também urbana, é

destinada fundamentalmente para o veraneio, para o turismo de férias de amplos continentes

sociais, abarcando os segmentos mais ricos da população brasileira (da crescente classe média

às elites)”. Trata-se do fenômeno turístico da segunda residência, relacionada, principalmente,

à costa marítima, lagos e cursos de rios.

Figura 6.7: Casas de veraneioFonte: Roberta Ferreira (2010).

Os bares situados no entorno da barragem (cerca de 10 estabelecimentos), são de

características simples (Figura 6.8), embora a Empresa de Gestão de Recursos do Piauí

(EMGERPI) esteja construindo um balneário (Figura 6.9), com maior infraestrutura para

receber bem os visitantes que buscam momentos de lazer e descontração.

Figura 6.8: Bar e restaurante próximo abarragem

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 6.9: Balneário da EMGERPI emconstrução, ao fundo, antigo bar e restaurante, emfuncionamento, aguardando a nova infraestrutura

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

113

6.4 Possibilidades, limitações e impactos das atividades de lazer e turismo na Barragem

Piracuruca

Espaço e lazer são dois termos diferentes, mas que aparentam ser familiares. Espaço,

enquanto unidade geométrica (área ou volume) é uma quantidade mensurável e precisa, em

outras palavras significa lugar (room) (TUAN, 1980). Já o lazer pode ser compreendido como

uma ou mais atividades que a pessoa pratica, visando sua fruição, descanso, recreio, ou

mesmo para ampliar seus conhecimentos, onde não estão envolvidos obrigações das

atividades do trabalho (DUMAZEDIER, 1973).

Turismo, espaço e lazer são dimensões contíguas que se justapõem, proporcionando

alternativas de alívio do estresse do cotidiano. Nessa perspectiva, salienta-se o uso das

barragens para o lazer e o turismo como uma excelente opção.

Ferreira (2007, p. 167) define barragem como, “estrutura construída num vale e que

o fecha transversalmente, proporcionando um represamento de água”, sendo o mesmo que

represa. A criação das barragens tem gerado conflitos em virtude das formas de

desapropriação das famílias locais, para a instalação das barragens. Temas sociais,

envolvendo esses problemas, requerem a participação de movimentos sociais para

reivindicação dos direitos das pessoas atingidas por suas instalações.

As barragens também propiciam benefícios com sua construção, tais como o controle

de enchentes, o abastecimento d’água, a irrigação, a geração de energia, a navegação, a pesca,

a recreação, entre outros. Se bem planejados, podem promover o desenvolvimento sustentável

ambiental, além do desenvolvimento econômico e social das famílias autóctones.

Dessa maneira, o conhecimento da fonte hídrica é o principal passo para a gestão

eficaz das águas. A utilização de barragens e o contexto que as envolvem têm despertado a

atenção de inúmeros setores, como a indústria do turismo, o setor público, bem como os

turistas. Na visão de Leme (2007, p. 74),

com a introdução de um grande volume de água para a construção de umarepresa, é alterado não somente o clima, a vegetação, a ocupação da área,mas também a estética e as possibilidades de uso do local, como para a pescae prática de esportes náuticos. Este fato acaba por gerar uma novaperspectiva sobre o território, a de sua apropriação para o lazer, moldandotambém novos lugares.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

114

Leal e Guimarães (2009, p. 105) ressaltam os impactos negativos que uma atividade

de lazer pode trazer para uma fonte aquífera, e as principais medidas que podem ser tomadas

para evitar o agravamento desse quadro. Segundo os autores,

diante de situações críticas que atingem muitas localidades, provocando aescassez relativa da água, e da necessidade imperiosa de se tentar reverteresse quadro de intensa degradação ambiental, enfatiza-se a urgência derealização de programas e projetos de Educação Ambiental e de estudos apartir da bacia hidrográfica local, valorizando os trabalhos de campo, comouma estratégia para compreender os processos atuantes e buscar os caminhospara reduzir os impactos das ações antrópicas ou dos desastres naturais.

Por ser o Brasil um país rico em belezas naturais e recursos hídricos, alguns

reservatórios d’água, construídos para a geração de energia elétrica, passaram a ser buscados

como alternativa de lazer e turismo (Quadro 6.1). Segundo Almeida, Viana e Alves (2007, p.

3) “os corpos d’água oferecem várias alternativas de turismo e recreação, por meio de

atividades como esportes aquáticos, pesca e navegação esportiva [...], casas de veraneio,

acampamento, trekking, pesca, piquenique, observação de pássaros e banho de sol. As

atividades de lazer e turismo dependem das dimensões do espelho d’água e da qualidade da

água”.

Reservatório Áreainundada

(km²)

Perímetro(km)

Rio UF Município

Sobradinho 4.214 1.352 SãoFrancisco

BA Casa Nova, Juazeiro

Tucuruí 2.430 8.396(incluindo

todas as ilhas)

Tocantins PA Tucuruí

Serra da Mesa 1.784 3898 Tocantins GO MinaçuFurnas 1.442 3.500 Grande SP,

MGSão João da Barra,

AlpinópolisItaipú 1.350 1.400 Paraná PR Foz do Iguaçu

Três Marias 1.009 2.297 SãoFrancisco

MG Três Marias

Lajeado (Luís EduardoMagalhães)

626 1.164 Tocantins TO Lajeado

*Promissão 530 1.423 Tietê SP PromissãoXingó 60 65 São

FranciscoAL,SE

Piranhas,Canindé de São

FranciscoCaconde 31 269 Pardo SP São José do Rio

PardoParanoá 40 80 Paranoá DF Brasília

Quadro 6.1: Principais reservatórios nacionais para aproveitamento turísticoFonte: (BRASIL, 2005, p. 22) adaptado para incluir o Reservatório de *Promissão.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

115

Em ambos os reservatórios, os tipos de turismo desenvolvidos são sempre baseados

nos recursos ambientais, em especial a água: ecoturismo, turismo de esportes, turismo de

pesca, turismo náutico, turismo de aventura, turismo de sol e praia, com atividades de lazer

relacionadas ao banho de sol e em praias fluviais, canyons, cachoeiras e riachos, pesca,

passeio de barcos e chalanas, caminhadas em trilhas ecológicas e mirantes, canoagem,

iatismo, banana-boat, jetski, rafting, canyoning, trekking com tirolesa, mountain bike e

motocross, boiacross, wakeboard e rappel, com infraestrutura nos terminais turísticos, praias

artificiais, clubes e bases náuticas, bares e restaurantes (BRASIL, 2005). As praias fluviais

formadas pelos reservatórios são procuradas por turistas durante o ano todo (MENEGUEL,

2010).

Com relação ao turismo de lazer em lagos e reservatórios, Pertille e Lanzer (2006, p.

6) afirmam que é possível observar “[...] um crescimento vertiginoso, em especial nos

reservatórios de hidrelétricas [...] no lago da Itaipu Binacional, localizados nos municípios de

Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Missal,

Marechal Cândido Rondon e Santa Helena”.

Müller (1995) se reportando aos estudos elaborados pela Eletrobras em 1977, sobre

89 grandes represas, diz que: dos 14 possíveis usos das águas represadas, os cinco primeiros

têm a ver com a recreação, tais como: pesca amadora, acampamentos, caça, esportes aquáticos

e turismo.

No caso da Barragem Piracuruca, situada no município de mesmo nome, não é

diferente. A mesma é procurada em boa parte do ano, possibilitando realizar atividades de

lazer e turismo em contato com o meio natural, destacando-se banhos aquáticos e de sol,

pesca, mirante, campeonato de jetski, show acústico (Figura 6.10 e 6.11). Outras atividades

também podem ser executadas, desde que haja uma logística de estruturação e de

infraestrutura, tais como: iatismo, banana-boat, uso recreativo de jetski, mountain bike e

motocross, wakeboard (esporte aquático praticado com uma prancha tipo snowboard, puxado

por uma lancha), competições esportivas, camping, observação de animais, em especial de

pássaros, passeios de barcos e canoas, caminhadas em trilhas ecológicas, apresentações

artísticas e culturais, atividades esportivas (natação recreacional, hidrocapoeira, acquavolley e

o handebol aquático), encontros da terceira idade, confraternizações, entre outros, podendo

desempenhar um ótimo papel no desenvolvimento do turismo e de atividades de lazer.

Mostrando-se favorável ao desenvolvimento do ecoturismo, turismo de esportes, turismo de

pesca, turismo náutico, turismo de aventura, turismo de sol e praia.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

116

Figura 6.10: Banho de sol e no lago da BarragemFoto: Roberta Ferreira (2010)

Figura 6.11: Bate papo, descontraçãoe lazer na Barragem PiracurucaFoto: Roberta Ferreira (2010)

Por estar a barragem situada em um município que se destaca, turisticamente, por seu

conjunto arquitetônico, pelas diversas manifestações culturais existentes, pelos atrativos

naturais da região, como o Parque Nacional de Sete Cidades e pela potencialidade de lazer e

recreação propiciada pela Barragem de Piracuruca, ideal para o contato com o meio natural,

favorecendo atividades de aventuras, sossego, paz e lazer, também é possível desenvolver, no

entorno dos mesmos (barragem e município), o turismo rural, turismo cultural, turismo social,

e turismo de estudos e intercâmbio, favorecendo assim a educação cultural e ambiental,

fazendo com que o turismo possa ser uma alternativa econômica para os moradores do local.

A maior movimentação na barragem (Figura 6.12) ocorre nos períodos de fins de

semana prolongados por feriados, nos meses de junho e julho e nas festividades de final de

ano, que têm início em dezembro, se estendendo até o final de fevereiro ou início de março,

com os festejos do Carnaval. Percebe-se, então, que de alguma forma os visitantes buscam na

barragem opções de lazer, praticamente o ano inteiro.

Foram realizadas três etapas do Circuito Piauiense de Jet-Ski nas águas represadas da

barragem, sendo a primeira no ano de 2007, a segunda em 2008 e a terceira em 2009, o que

elevou o contingente de visitantes no período de apresentação dos competidores (Figura 6.13),

com a participação de várias equipes de ambos os sexos. Evento realizado pela iniciativa

privada, contando com a parceria da iniciativa pública (prefeitura municipal). No ano de 2010

não foram realizadas competições esportivas na barragem, devido à realização de reparos em

sua parede de contenção das águas.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

117

Figura 6.12: Movimentação turística naBarragem Piracuruca

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 6.13: Prática esportiva na BarragemPiracuruca

Fonte: Roberta Ferreira (2009)

Fatores limitantes são perceptíveis ao desenvolvimento de atividades de lazer e

turismo na Barragem e no seu entorno. Falta compromisso por parte do setor público na

implementação de infraestrutura e estruturação de políticas públicas, participação da iniciativa

privada no envolvimento com a atividade turística, planejamento turístico participativo de

médio e longo prazo, envolvendo a comunidade na pauta de discussão referente ao turismo,

sensibilidade e educação ambiental, sendo os entraves mais urgentes.

Devido a falta de controle e planejamento da atividade turística no entorno da

Barragem Piracuruca, não se dispõe de uma quantidade real de visitantes, por mês, na

barragem. Mas, respaldando-se na quantidade de veículos estacionados no local, pôde-se

mensurar uma quantidade de aproximadamente 600 visitantes por mês, incluindo (alta/baixa)

temporada.

Embora a ocupação de áreas naturais com foco no lazer e no turismo favoreça o

bem-estar pessoal e a qualidade de vida dos seus ocupantes, podendo gerar riquezas para o

município como um todo, o mesmo também pode gerar impactos negativos: econômicos,

socioculturais e ambientais em todos os recursos naturais (terra, água, flora e fauna), tais

como: redução do espaço natural livre, e a poluição de aquíferos pela deposição de lixo e

esgoto. Isso ocorre, em grande parte, devido à falta de planejamento da atividade turística e de

um programa de educação ambiental. “Todos os impactos identificados podem ser mitigados

ou potencializados, conforme o caso” (BRITO et al., 2002, p. 355).

A paisagem no entorno da Barragem, mudou devido ao uso do solo e a cobertura

vegetal. Anterior à construção da barragem situavam-se poucas casas de médio a grande porte

no entorno do rio Piracuruca (PIAUÍ, 1987). Com o passar dos anos as casas de veraneio se

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

118

expandiram de maneira significativa, após a construção da barragem, prevendo-se uma

densidade demográfica alta em pouco tempo, impermeabilizando o solo, removendo porções

de terra e a redução da mata ciliar (desmatamento), o que tem sido provocada com

intensidade, e não deixa de provocar o assoreamento do rio Piracuruca, causando riscos de

contaminação do lençol freático, devido à construção de fossas, podendo causar muitos danos

ao meio ambiente.

Com a propagação de casas de veraneio, reduziu-se os plantios de lavouras de

subsistência e a criação de animais de pequeno porte próximos à Barragem. A quantidade de

casas de veraneio no entorno da barragem tem prosperado a intensa especulação imobiliária

da área, promovida, sobretudo, pelas oportunidades de lazer encontradas na região, e pela

proximidade para com as águas.

Migliorini et al., (2010, p. 137), estudando a necessidade de se planejar o uso

turístico do lago do reservatório da usina Salto Osório no Paraná, também diagnosticaram que

“[...] muitas residências existentes às margens do lago foram construídas encostadas no

reservatório, o que significa que os proprietários não estavam preocupados em respeitar e

preservar o meio ambiente, mas sim em usufruir ao máximo deste local”.

Foi observada a ocorrência de alguns problemas ambientais, que podem culminar em

uma possível poluição das águas da barragem, pelo lançamento de dejetos no reservatório por

moradores do entorno, veranistas, visitantes e proprietários de bares e restaurantes (Figura

6.14 e 6.15). Não havendo saneamento básico, o descarte e a falta de tratamento do esgoto e

dos resíduos sólidos, que se acumulam às margens da barragem, podem contribuir para a

propagação de vermes e doenças para a saúde da população que usa as águas da barragem,

seja para o lazer ou para consumo próprio (OMT, 2003). O acúmulo de lixo traz um aspecto

incompatível com a atividade turística, pois expressa a carência de uma conscientização

ambiental por parte das pessoas que usufruem desse bem público e da gestão municipal.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

119

Figura 6.14: Acúmulo de lixo àsmargens da barragem

Fonte: Roberta Ferreira (2010).

Figura 6.15: Lançamento de dejetos noreservatório

Fonte: Roberta Ferreira (2010).

O uso de equipamentos náuticos para a prática de esportes como: os barcos a motor e

os jetski (pouco usado, na maioria das vezes nas etapas estaduais, que acontecem uma vez ao

ano), lançam óleos e graxas no lago.

6.5 Considerações finais

O turismo é uma atividade que de certa forma se apropria de lugares e espaços,

criando e recriando lugares com possibilidades de lazer e turismo. A prática de atividades de

lazer em qualquer localidade, além de dinamizar o turismo regional, mostra-se necessária para

o bem-estar das pessoas, sejam turistas ou moradores, que dependem diretamente do atrativo

turístico.

A atividade turística atuante no meio ambiente ganhou vigor com a valorização das

paisagens naturais e com o ambientalismo contemporâneo, passando a ser a barragem

Piracuruca uma possibilidade para o incremento econômico. A Barragem Piracuruca, tendo

como atrativo suas belezas naturais, dispõe de boas condições para desenvolver o turismo

local, o que deve ser feito com prudência e diligência por parte da administração pública e

pelos próprios visitantes.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

120

No entanto, é preciso uma nova visão de preservação do patrimônio, para que o

turismo seja uma das principais ferramentas de desenvolvimento sustentável, onde deve

cuidar, primordialmente, da qualidade dos recursos ambientais, sendo que estes, na maioria

dos casos, são de usufruto de todos, pois o patrimônio ambiental é a base para o turismo,

possibilitando também o desenvolvimento econômico das regiões que contemplam barragens,

bem como oportunizando atrativos turísticos de qualidade à população.

Os banhos aquáticos e de sol, pesca, mirante, campeonato de jetski, show acústico,

são atividades realizadas na Barragem Piracuruca, tendo a mesma outras possibilidades que

podem ser executadas, desde que haja uma logística de estruturação e de infraestrutura, tais

como: iatismo, banana-boat, mountain bike e motocross, wakeboard, competições esportivas,

camping, observação de animais, em especial de pássaros, passeios de barcos e canoas,

caminhadas em trilhas ecológicas, apresentações artísticas e culturais, atividades esportivas

(natação recreacional, hidrocapoeira, acquavolley e o handebol aquático), encontros da

terceira idade, confraternizações, entre outros, podem desempenhar um ótimo papel no

desenvolvimento do turismo e de atividades de lazer.

A barragem sofre constantemente com o problema do lixo e despejo indevido de

esgoto em suas águas, o que aumentou os riscos à saúde da população e dos visitantes. Além

disso, notou-se que a população piracuruquense mais carente está vivenciando um processo de

“marginalização territorial”, no qual as casas mais pobres estão sendo afastadas da barragem,

substituídas por construções mais luxuosas, o que demonstrou uma grande especulação

imobiliária em toda a extensão da construção, o que não deixa de ser limitação ao

desenvolvimento do turismo, assim como a falta de infraestrutura adequada. Nesse caso, a

administração pública deve atender a todos que têm a Barragem Piracuruca como um espaço

de lazer ou de sustento, sempre levando em consideração que a economia local depende

intrinsecamente da efetiva gestão desse bem público, aliada à preservação ambiental.

A atividade turística, associada a outros usos dos recursos hídricos na maioria dos

reservatórios no Brasil, ainda ocorre de forma desordenada e despreocupada, provocando

impactos ambientais negativos. Verificou-se que a Barragem Piracuruca é compatível com a

inserção de práticas de lazer e turismo, mas necessita, além de tudo, de uma boa

administração em prol da preservação da qualidade ambiental.

Os danos ambientais provocados pelas atividades de lazer desenvolvidas na

Barragem Piracuruca, detectados pela presente pesquisa, ainda não são alarmantes, mas

podem se tornar drásticos, em um futuro bem próximo, caso a administração pública, com

apoio da sociedade civil, não voltem suas atenções para a questão. Também é preocupante a

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

121

falta de saneamento básico no entorno da barragem, assim como o desmatamento, para a

construção de casas e para o cultivo da agricultura de subsistência.

Referências

ALMEIDA, R. A.; VIANA, A. N. C.; ALVES, A. S. V. Impacto do deplecionamento dereservatórios de regularização no setor de turismo em municípios lindeiros: o caso doreservatório de furnas. XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos - São Paulo – 2007Anais... Simpósios Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH, 2007.

BARRETO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 14. ed. Campinas, SP: EditoraPapirus, 2005.

BRITO, E. R. et al. Perfil ambiental do empreendimento denominado de “praias fluviais”,estado do Tocantins. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.26, n.3, 2002. p. 349-355.

BRASIL. Ministério do Turismo. Segmentação do turismo: marcos conceituais.Coordenação geral de segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2006a

______. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba –CODEVASF. Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado da Bacia do Parnaíba,PLANAP: Atlas da Bacia do Parnaíba – Brasília, DF: TDA Desenho & Arte Ltda., 2006b.

______. Ministério do Meio Ambiente. Agência Nacional de águas – ANA. O turismo e olazer e sua interface com o setor de recursos hídricos. Brasília; ANA, 2005. (Caderno deRecursos Hídricos)

______. CNRH. Resolução Nº 32, de15 de outubro de 2003. Dispõe sobre DivisãoHidrográfica Nacional em regiões hidrográficas, com a finalidade de orientar,fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em:http://www.cnrh-srh.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2010.

BRUHNS, H. T. A ideia de natureza como fronteira. In: PAES-LUCHIARI, M. T.;BRUHNS, H. T.; SERRANO, C. (orgs.). Patrimônio, natureza e cultura. Campinas, SP:Papirus, 2007. p. 79-102.

CONSPLAN. Projeto de irrigação Piracuruca: Estudo de Impacto Ambiental. Teresina, PI:Consultoria e Planejamento LTDA, 1990.

CORIOLANO, L. N. M. T.; VASCONCELOS, F. P. Sustentabilidade e insustentabilidadesdo turismo litorâneo. Revista da Gestão Costeira Integrada, n.8, v. 2, 2008, p. 11-23.

CORIOLANO, L. N. M. T.; VASCONCELOS, F. P. O turismo e a relação sociedade –natureza: realidades, conflitos e resistências. Fortaleza: EdUECE, 2007.

DIAS, R. Introdução ao turismo. São Paulo: Atlas, 2005.

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

122

DIEGUES, A. C. Etnoconservação da natureza: enfoques alternativos. IN: DIEGUES, A. C.(org.). Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. São Paulo:Hucitec, 2000. p. 1-46.

DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1973.

FERREIRA, R. C. 01 foto. Digital color, 2009.

FERREIRA, R. C. 13 fotos. Digital color, 2010.

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 6. ed. rev. e amp. Curitiba:Editora Positivo, 2007.

GOOGLE EARTH. Software. Versão 5.1. Google, 2010.

LEAL, A. C.; GUIMARÃES, E. Gestão das águas e educação ambiental. In: SEABRA, G.(org.). Educação ambiental. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009. p, 93-106.

LEME, F. B. M. As represas como lugares turísticos: novas significações e valorizações deuma paisagem sem memória. CONTUR Revista de Cultura e Turismo. Ano 1, n. 1, 2007.

MACEDO, S. S. Paisagem turismo e litoral. In: YÁZIGI, Eduardo. Turismo e paisagem.São Paulo: Contexto, 2002. p. 181-213.

MACHADO, I. de B. Piracuruca: iniciando Geografia e História. Piracuruca: PI, 2008.

MENEGUEL, C. R. A. Turismo fluvial de base comunitária como alternativa econômicasustentável aos municípios do alto rio Paraná. 196 f. Dissertação (Mestrado em análisegeoambiental) Universidade de Guarulhos – UNG, 2010

MIGLIORINI, S. M. S. et al. A necessidade de se planejar o uso turístico do lago doreservatório da usina Salto Osório – Paraná: atividades turísticas desenvolvidas no local e osconsequentes impactos ambientais. Revista Geografar, Curitiba, v.5, n.2, jul./dez. 2010.p.115-142.

MULLER, A. Lazer, desenvolvimento regional: como pode nascer e se desenvolver umaideia. In: MULLER, A.; COSTA, L. P. Lazer e desenvolvimento regional. Santa Cruz doSul: EDUNISC, 2002. p. 9-40.

MÜLLER, A. Hidrelétricas, meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo: Markon Books,1995.

OMT - Organização Mundial do Turismo. Guia de desenvolvimento do turismosustentável. Trad. Sandra Netz. Porto Alegre: Bookman, 2003.

ONU – Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos da Água.Organização das Nações Unidas, 1992.

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

123

PERTILLE, I.; LANZER, R. Turismo em reservatórios de hidrelétricas: uma reflexão sobre omúltiplo uso e os possíveis impactos ambientais. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EMTURISMO DO MERCOSUL. 4. 2006. Anais... Universidade de Caxias do Sul – Mestradoem Turismo. Caxias do Sul, RS, Brasil, 2006. p. 1-11.

PIAUÍ. Barragem de Piracuruca – Piauí: Relatório de impacto no meio ambiente.Piracuruca, PI; Serviços Integrados de Assessoria e Consultoria LTDA: FUNDAÇÃOCEPRO. Janeiro de 1987.

______. Ficha técnica: Barragem de Piracuruca. Piracuruca, PI: Companhia deDesenvolvimento do Piauí – COMDEPI, 1997.

POLO, R. B. Turismo fluvial no Reservatório de Promissão (SP): estudo de caso dahospitalidade e do turismo receptivo na Prainha da Pedra Branca. 2008, 117 f. Dissertação(Mestrado em Hospitalidade). Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2008.

QUEIROZ, O. T. M. M. A paisagem como atrativo turístico no interior de São Paulo. In:SEABRA, G. (org.). Educação ambiental. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB,2009.p. 171-184.

SEABRA, G. Educação ambiental na sociedade do consumo e riscos. In: SEABRA, G. (org.).Educação ambiental. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009. p. 11-14.

SILVA FILHO, J. P. Avaliação ambiental da represa de Piracuruca (Piracuruca – Piauí),com ênfase nas características físicas e químicas da água e na comunidadezooplanctônica. 2002, 185 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental)Universidade de São Paulo, São Carlos, 2002.

TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. SãoPaulo: DIFEL, 1980.

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

124

Secção 7

USO E APROPRIAÇÃO DA BARRAGEM PIRACURUCA NO ESTADO DO PIAUÍ

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

125

USO E APROPRIAÇÃO DA BARRAGEM PIRACURUCA

Roberta Celestino Ferreira9; Wilza Gomes Reis Lopes10; José Luis Lopes Araújo11

Resumo

É percebida, em muitos locais destinados ao lazer, a necessidade de um planejamentoparticipativo voltado para a área do turismo, como é o caso da Barragem Piracuruca,localizada no município de Piracuruca, Estado do Piauí. Dessa maneira, o presente trabalhotem como objetivo caracterizar o perfil e a percepção dos visitantes, dos prestadores deserviços, dos proprietários de casas de veraneio e da população do entorno da BarragemPiracuruca sobre a atividade turística e sua contribuição para o desenvolvimento local. Paraauxiliar o objetivo do estudo, realizou uma revisão bibliográfica em estudos que viabilizassema construção da fundamentação do mesmo. Já a pesquisa de campo embasou-se emobservação direta, no local de estudo, pelo registro fotográfico, pela coleta de dados, e pormeio de aplicação de formulários com perguntas abertas e fechadas. Houve também umaentrevista com uma representante da Secretaria Estadual de Turismo (SETUR). Foramelaborados quatro modelos de formulários: um para visitantes, um para os proprietários decasas de veraneio, um para os donos de bares no entorno da Barragem Piracuruca e outro paraos moradores do entorno da barragem. Todos os formulários visavam investigar o perfil e apercepção sobre a atividade turística na Barragem Piracuruca. Aplicou-se dez questionáriosaos comerciantes no entorno da barragem, quarenta e cinco nas casas de veraneio, setenta equatro questionários em residências localizadas no entorno da barragem e 235 com visitantes.Através da pesquisa direta, o estudo comprovou que a atividade turística desenvolvida naBarragem Piracuruca, apresenta impactos negativos e positivos. Com relação aos impactospositivos, a atividade de lazer e turismo na Barragem, pode contribuir para uma melhorqualidade de vida da população local e dos visitantes, geração de empregos e renda; osimpactos negativos estão relacionados à degradação do meio natural e à sazonalidade, fatoresmomentâneos mais preocupantes. Os problemas podem ser suplantados através da mudançade postura diante da questão ambiental, em que tal mudança só pode ser conseguida atravésde um planejamento turístico que vise a preservação da natureza, incluindo a educaçãoambiental, e que leve em consideração a percepção ambiental da sociedade no processo deconstrução de um desenvolvimento local sustentável. Os entrevistados reconhecem que odesenvolvimento do turismo na Barragem Piracuruca pode contribuir para a criação deempregos e renda, que é preciso preservar o meio ambiente, porque muitas famílias dependemda região para seu sustento e abastecimento de água. O local é agradável à visitação,simplesmente por conferir aos visitantes uma boa alternativa para entrar em contato com anatureza. Falta infraestrutura (conclusão do Balneário e da estrada de acesso a mesma) econdições de higiene. Mesmo entendendo que degradação da natureza e o descarte indevidodo lixo trazem impactos em longo prazo, ainda existem pessoas que se omitem em tomar umaposição racional e harmoniosa com o local em que se encontra inserido ou visitando.

Palavras-chave: Planejamento turístico. Percepção ambiental. Barragem Piracuruca.

9Turismóloga, mestranda do PRODEMA/UFPI ([email protected]).10 Professora do Departamento de Construção Civil e Arquitetura e do Programa de Pós-Graduação emDesenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFPI ([email protected]).11 Professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e MeioAmbiente – PRODEMA/UFPI ([email protected])

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

126

Abstract

The need of a participative planning related to tourism is perceived in several places destinedto leisure, as the example of Piracuruca Dam, located in Piracuruca county, Piauí state. Thus,this paper has the objective to characterize profile and perception of visitors, servicerenderers, summer holiday facilities’ owners and population of Piracuruca Dam neighborhoodabout touristic activity and its contribution for local development. In order to reach thisobjective, bibliographic research was realized on studies for foundation. Field research wasbased on direct observation on study place, by photographic registering, data gathering andquestionary application with simple and complex questions. An interview with arepresentative of Tourism Government Bureau (SETUR) was also made. It was performedfour types of form: one for visitors, one for summer holiday facilities’ owners, one for bars’owners, and other one for dwellers on dam neighborhood. All forms had the goal ofinvestigate profile and perception about touristic activity on Piracuruca Dam. Tenquestionaries were applied with merchants, forty-five with summer holiday facilities’ owners,seventy-four with dwellers and two-hundred thirty-five with visitors. By direct research, thestudy confirmed that touristic activity developed in Piracuruca Dam presents negative andpositive impacts. As for positive impacts, it was found that leisure and tourism activity ondam can contribute for a better life quality of local population and visitors, as well asemployment and income generation; on the other hand, negative impacts are related toenvironment degradation and seasonality of activity, considered temporary but serious factors.Problems can be solved by change of behavior in face of environmental question, by atouristic planning with the goal of nature preservation, including environmental education,considering society perception in the process of sustainable local development construction.Interviewed persons recognize that tourism development on Piracuruca Dam can contributefor employment and income generation and that environment preservation is necessary,because several families depend upon this region for its survival and water supply. This placeis pleasant for visiting, simply to allow a good alternative for visitors’ contact with nature.However, there is incomplete infrastructure (of bathing place and road for access) and badhygiene conditions. Even comprehending that nature degradation and garbage inadequatedisposition cause negative impacts for long term, there are still people that omit on taking arational and harmonious position in relation to the place which is visiting or living on.

Keywords:Touristic Planning. Environmental. Perception. Piracuruca Dam.

7.1 Introdução

As atividades de lazer, geralmente são importantes para o desenvolvimento social e

econômico de uma região. Contudo, com o crescimento da prática turística em todo o Brasil,

o turismo assume a responsabilidade de aliar suas atividades com a questão da preservação

ambiental e do desenvolvimento sustentável.

Mas, para se alcançar o devido equilíbrio entre o turismo e os conceitos de

desenvolvimento sustentável, deve existir a organização das atividades de lazer, a partir de um

planejamento que leve em consideração a conservação da natureza e o desenvolvimento social

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

127

e econômico. Para tanto, o planejamento turístico deve ser sustentado por políticas públicas de

qualidade, para que suas ações não sejam fragmentadas. Contudo, a população local e os

visitantes, como agentes sociais, têm que ter participação na construção do planejamento, a

partir de sua percepção ambiental, criada a partir da convivência com o espaço de lazer

visitado.

Em muitos lugares destinados às atividades de lazer, observa-se a necessidade de

inserção do planejamento participativo voltado para a área do turismo, como é o caso da

Barragem Piracuruca, usada como espaço de lazer e turismo, localizada no município de

Piracuruca, Estado do Piauí. Segundo o censo do IBGE (2010), o município de Piracuruca

abrange uma área de 2.380 km² e tem uma população total de 27.548 habitantes, configurando

uma densidade demográfica de 11,6 hab./Km².

O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil e a percepção dos visitantes, dos

prestadores de serviços, dos proprietários de casas de veraneio e da população do entorno da

Barragem Piracuruca, sobre a atividade turística e sua contribuição para o desenvolvimento

local.

7.2 Procedimentos metodológicos

Para o aporte teórico, realizou-se revisão bibliográfica em estudos que viabilizassem

a construção da fundamentação do estudo em questão.

Foi realizada entrevista com gestor público da Secretária Estadual de Turismo -

SETUR (Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste - PRODETUR/NE/PI) para

identificar as políticas públicas relativas ao desenvolvimento do lazer e do turismo, com o

intuito de coletar informações relativas ao desenvolvimento do turismo e o desenvolvimento

sustentável

A pesquisa de campo foi composta pela observação direta do local em estudo, pelo

registro fotográfico e pela coleta de dados, por meio de aplicação de formulários com

perguntas abertas e fechadas, realizada nos meses de julho a setembro de 2010, considerando

que o maior fluxo de visitantes se dá no mês de julho, e posteriormente em finais de semana

com prolongamento relativo a feriados, e em datas de menores fluxos.

Durante a pesquisa foram aplicados quatro tipos de formulários (APÊNDICES A, B,

C, D), abordando os visitantes, os proprietários de casas de veraneio, os donos de bares no

entorno da Barragem Piracuruca e os moradores do entorno da barragem. Em ambos os

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

128

formulários foram investigados o perfil (sexo, idade, escolaridade, ocupação e renda) e a

percepção sobre a atividade turística na Barragem Piracuruca.

O número de formulários aplicados aos visitantes foi conseguido pelo procedimento

da amostragem não probabilística, por conveniência ou acidental, em que, de acordo com

Braga (2007), o número da amostra é conseguido pelo que o pesquisador julgar necessário. A

amostragem não probabilística é usada quando não há idéia precisa do tamanho do universo

amostral (no caso, a quantidade de visitantes da barragem, que varia constantemente). Devido

à inexistência de dados primários e secundários sobre a demanda turística no entorno da

Barragem Piracuruca, tomou-se como base um universo de 600 visitantes por mês, devido à

estimativa realizada de acordo com a quantidade de veículos estacionados nos bares no

entorno da barragem.

Deste modo, depois de definir um possível universo populacional de visitantes da

pesquisa, utilizou-se do programa Raosoft (2010) para calcular a quantidade de questionários

que seriam aplicados, com uma margem de erro de 5%, e nível de confiança de 95%,

totalizando 235 questionários. Os questionários, assim, foram aplicados aos visitantes que

estavam nos bares no entorno da Barragem Piracuruca, com idade igual ou superior a 18 anos.

Para o cálculo das amostras dos proprietários de casas de veraneio, dos donos de

bares no entorno da Barragem Piracuruca e para os moradores do entorno da barragem foram

utilizadas informações relativas à observação direta, que contabilizou dez bares no entorno da

barragem, cinquenta casas de veraneio e noventa famílias residentes no entorno da barragem.

Deste modo, também se utilizou do programa Raosoft (2010) para calcular a

quantidade de questionários que seriam aplicados, com uma margem de erro de 5%, e nível de

confiança de 95%, totalizando assim, a partir dos universos amostrais, aplicaram-se dez

questionários aos comerciantes no entorno da barragem, quarenta e cinco nas casas de

veraneio, e setenta e quatro questionários em residências localizadas no entorno da barragem.

Sendo que, os formulários foram aplicados aos proprietários dos bares no entorno da

barragem, aos proprietários de casas de veraneio, e aos principais responsáveis pela renda das

famílias residentes no entorno da barragem, também com idade igual ou superior a 18 anos.

7.3 Planejamento turístico e percepção ambiental

O turismo é uma atividade que teve sua evolução baseada no aumento das práticas de

atividades turísticas em massa. Segundo Teles (2006), o turismo em massa é originado na

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

129

Inglaterra, já no século XX. Com o crescimento dos fluxos de turistas por todo o mundo, uma

preocupação vem à tona: como aliar a prática turística à preservação do meio ambiente?

Nesse sentido, é necessário abordar o turismo como uma atividade que pode gerar impactos

(negativos e/ou positivos) para a natureza, merecendo, dessa maneira, um planejamento

consistente e que vise mitigar os danos ao entorno.

O planejamento na área turística, segundo Dias (2003), é o mais efetivo instrumento

para amenizar os efeitos econômicos sobre a natureza. Nesse sentido, a ação de planejar deve

vir do Estado, que é o único agente que tem poder para articular forças, a fim de planejar um

desenvolvimento do turismo aliado à preservação do meio ambiente. O turismo, participando

como uma atividade de conservação da natureza, tem condições de se tornar uma das

variáveis mais eficazes para o desenvolvimento de uma região.

Mas, para que a natureza seja protegida satisfatoriamente, o planejamento do turismo

deve equilibrar os interesses econômicos com os socioambientais, isso porque segundo

Alexandre (2003, p.11), o controle e o ato de planejar “depende diretamente de critérios,

valores subjetivos e de uma política ambiental e turística adequada”.

Quando as ações políticas não promovem o planejamento turístico, surgem inúmeros

problemas em seu desenvolvimento. O turismo sozinho, sem o auxílio governamental

satisfatório, fica à mercê de programas impróprios e que não guardam associação com a

realidade econômica, cultural e social de uma determinada região (ALEXANDRE, 2003).

Como um todo, o planejamento turístico deve criar condições para a sustentabilidade,

sendo importante frisar que tal sustentabilidade não deve ser algo utópico. Segundo Dias

(2003, p.69), o planejamento tem que ser um processo de mudança qualitativo, que permita a

elaboração de objetivos alcançáveis. Assim, identifica-se o desenvolvimento do turismo a

partir de práticas originadas da vontade política em equilibrar a “preservação do patrimônio

natural e cultural, a viabilidade econômica do turismo e a equidade social do

desenvolvimento”.

Silva e Boia (2006) contribuem para a discussão do turismo planejado ao afirmarem

que a atividade turística, para conseguir atender seus objetivos previamente planejados, tem

que almejar sair da esfera comercial (turismo visto somente como uma mercadoria) e passar a

ser visto como um fenômeno social, onde há a interação entre a cultura, a sociedade e a

natureza. O turismo, dessa forma, passa a ser percebido como um campo onde há a

aprendizagem e o sentimento de união, e não somente um cenário de desequilíbrio. Planejar o

turismo é, assim, uma contribuição para o desenvolvimento da prática racional de preservação

da natureza e da cultura.

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

130

Operacionalmente, Petrocchi (1998) infere que o planejamento turístico só terá

sucesso se for reciclado continuamente. O sistema dentro do turismo deve garantir a qualidade

dos seus serviços dentro de uma região. Sempre corrigindo as falhas, o planejamento turístico

deve impedir, assim, que qualquer problema (seja ele ambiental, econômico ou social) venha

a comprometer a qualidade dos serviços prestados para os visitantes.

Normalmente, de acordo com Boullón (2002, p.226), para conservar o meio

ambiente, é preciso que o planejamento saiba como o turismo será promovido no ambiente

natural, “sem pensar em planejar a paisagem, porque a paisagem não é planejável, dado que é

uma subjetivação que o homem faz do ambiente natural”.

Sendo assim, o planejamento turístico irá refletir diretamente no meio ambiente,

determinando a qualidade dos serviços ofertados pela atividade turística. Então, preservar a

natureza não é somente uma questão de necessidade, é também uma forma do turismo crescer

qualitativamente e agradar aos visitantes.

A atividade turística é algo que vem crescendo desde a Revolução Industrial na

Inglaterra. Sua atuação gera uma dinamicidade na circulação de capital, o que faz com que

haja o crescimento de serviços, de produtos e de turistas dispostos a investirem em um tempo

precioso de descanso.

Contudo, para que a atividade turística obtenha sucesso nos lugares em que se

desenvolve, ela conta com uma boa estrutura, capaz de suportar o contingente de visitantes.

Tal estrutura deve ser composta, por exemplo, de hotéis, restaurantes, e de uma boa recepção,

advinda, principalmente, da população local. Para Dartora (2005) a relação entre o turista e os

demais sujeitos que oferecem ou encontram-se envolvidos com as atividades turísticas, pode

ser conceituada como percepção ambiental.

Sobre percepção, Tuan (1980, p. 4) diz que é “[...] tanto a resposta dos sentidos aos

estímulos externos, como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente

registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados”.

Para Del Rio (1999), a percepção é uma interação do indivíduo com o meio ambiente

através de mecanismos perceptivos propriamente ditos e principalmente cognitivos. Para

Rodrigues (1999) a percepção e o intelecto se manifestam por meio da experiência vivida e

compartilhada, construindo o lugar na subjetividade e na intersubjetividade. A limitação dos

sentidos, aliada aos contextos histórico, ecológico e sociocultural, faz com que grupos de

pessoas compartilhem percepções próximas.

A percepção também é diferente para cada pessoa, e ela externaliza a capacidade

individual de apreender aquilo que interessa. Para Ferrara (1999, p. 264) a percepção

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

131

ambiental é

[...] a forma de conhecimento, processo ativo de representação que vai muitoalém do se vê ou penetra pelos sentidos, mas é uma prática representativa declaras consequências sociais e culturais, que supõe uma elaboração deinformações que ocorrem no interior do indivíduo a partir de pequenasexperiências; porém são apenas possíveis e, nesse sentido, não podem serjamais previstas ou programadas.

Segundo Braga e Marcomin (2008, p. 240) “a percepção é subjetiva para cada

indivíduo, contudo há aspectos comuns em relação às percepções e às condutas”. Ao se tratar

a percepção voltada para o ambiente em volta, é comprovado que ela é construída pelo

próprio indivíduo, através da sua educação e de fatores afetivos e sensitivos originados de

relações do observador com o ambiente em que ele se encontra. “Assim, cada indivíduo

enxerga e interpreta o mundo natural de acordo com o seu próprio olhar, sua própria maneira

de ver o mundo, a partir de suas experiências prévias, expectativas e ansiedades”

(DARTORA, 2005, p. 20). Pode-se afirmar, dessa maneira, que a percepção ambiental torna-

se mais abrangente quando o visitante, por exemplo, passa a compreender melhor o meio e

suas peculiaridades socioeconômicas e culturais.

A percepção ambiental é um dado muito importante para o desenvolvimento da

atividade turística, pois com o auxílio dessa percepção refinada de cada indivíduo, o turismo

pode promover locais, paisagens, culturas e patrimônios. Portanto, como frisam Braga e

Marcomin (2008), o entendimento da natureza é determinante para a caracterização do meio,

permitindo, assim, que a percepção individual sobre um determinado lugar possa ajudar na

compreensão do relacionamento entre homem e meio ambiente.

Com relação à atividade turística, a análise da percepção ambiental pode contribuir

para a o planejamento sustentável, pois a compreensão de que as paisagens são carregadas de

significados e interesses, está relacionada com a forma que cada indivíduo percebe o mundo.

Perceber o ambiente não é pura e simplesmente conceituar o que se vê diante dos

olhos. Segundo Okamoto (1996, p.17), “o fato de estar com olhos abertos não quer dizer que

se vê a realidade, pois ela é percebida através de conceitos, símbolos, mitos, etc.”

E, como todo espaço, a natureza apresenta traços distintos, que segundo Ferrara

(1999, p.62) podem ser chamados de signos. Os signos representam a organização, a estrutura

do lugar e determinam como um turista, por exemplo, irá perceber o ambiente. Contudo, o

sentido e a percepção do lugar se darão de forma diferente para cada pessoa, pois segundo

Ferrara (1999, p. 63),

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

132

[...] o significado não é algo fixo, transportado ou revestido pela linguagem,mas é uma propriedade do signo atualizada naquela operação que não érígida ou predeterminada, mas é apenas uma possibilidade. Sua profundidadeou eficiência dependerá do conjunto de informações que o receptor possuisobre o objeto representado e suas possibilidades de representação.

Sendo assim, ao perceber o ambiente, o indivíduo conhece o local como é

apresentado a ele, e ao mesmo tempo, o próprio indivíduo assimila todas as informações

captadas por ele. Dessa maneira, a percepção ambiental faz surgir novos pontos de vista de

um mesmo local, que faz com que surjam informações constantes e criem um cenário de

análise do próprio ambiente percebido (individual ou coletivamente).

Segundo Lynch (1997), a imagem produzida pela percepção da natureza é criada

pelo processo bilateral resultante da interação entre observador e seu ambiente. O ambiente

“mostra” suas peculiaridades e especificidades, enquanto o seu observador tem a função de

selecionar, organizar e dar um significado àquilo que ele vê.

Dessa forma, segundo Lynch (1997, p. 7),

a imagem assim desenvolvida limita e enfatiza o que é visto, enquanto aimagem em si é testada, num processo constante de interação, contra ainformação perceptiva filtrada. Desse modo, a imagem de uma determinadarealidade pode variar significativamente entre observadores diferentes. Acoerência da imagem pode manifestar-se de diversas maneiras. No objetoreal, pode haver pouca coisa ordenada ou digna de nota, mas ainda assim asua imagem mental terá adquirido identidade e organização através de umalonga familiaridade com ele. Uma pessoa pode ser capaz de encontrarobjetos com facilidade num espaço que, para qualquer outra, parecetotalmente desordenado.

Como se observa, cada indivíduo torna sua experiência de percepção algo único, em

que cada elemento é importante para a construção de uma imagem do ambiente. Na área do

turismo, a percepção ambiental é importante para a boa gestão da prática turística em qualquer

região. Os visitantes demonstram satisfação, caso a percepção deles acerca do ambiente seja

positiva.

O que normalmente determina o prazer no momento da visita são os “signos”

espalhados pelo local, como a infraestrutura, as condições de higiene, a facilidade de acesso, o

atendimento, etc. Caso a resposta a esses estímulos externos seja negativa, e o visitante não se

sinta bem com a região, a atividade turística não conseguiu alcançar seu principal objetivo,

que é o de conferir um ambiente agradável ao turista. A atividade turística conseguirá uma

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

133

boa imagem frente ao visitante, criando assim uma boa percepção ambiental, se conseguir a

participação da comunidade local.

Em muitos locais, de acordo com Migliano, Scatena e Cunha (2002), os serviços de

turismo já são ofertados pelas próprias comunidades do local, constituindo-se como um

elemento de suma importância para a economia da região. A percepção ambiental dessas

pessoas que fazem parte do espaço de visitação também é muito importante, pois reflete,

acima de tudo, nas legítimas aspirações do povo que ali vive. O turismo é o representante de

uma relação consistente entre o desenvolvimento econômico e a natureza.

Portanto, quando se fala em percepção ambiental, têm-se inúmeras concepções,

variando de acordo com a quantidade de pessoas que desfrutam do ponto turístico. As

peculiaridades do local são percebidas de diferentes ângulos, que se analisadas de forma

coletiva, consegue-se uma visão geral das qualidades e potenciais problemas da região. É aí

que o planejamento turístico vem a auxiliar a gestão e manutenção dos espaços de interesse

social.

7.4 Perfil e percepção ambiental dos atores envolvidos na Barragem Piracuruca

A Barragem Piracuruca é um espaço de lazer situado no município de mesmo nome,

no Estado do Piauí. O município de Piracuruca abrange uma área de 2.380 km² e tem uma

população estimada de 27.548 habitantes, segundo o censo do IBGE (2010).

Piracuruca, como afirma Machado (2008), tem atrações históricas e naturais, que

impulsionam a economia local. A Barragem Piracuruca, como um dos seus principais pontos

turísticos, tem sua inauguração datada de 8 de maio de 1996. A referida construção localiza-se

ao sul do município e foi construída para servir como fonte de um campo irrigado e para

perenizar o principal rio, o Piracuruca, sendo que o primeiro objetivo ainda não foi alcançado.

A Barragem Piracuruca tem capacidade de armazenamento de 250.000.000 m³ de

água, o qual alaga uma região de, aproximadamente, 5.000 hectares, sendo o terceiro maior

reservatório do Piauí, perdendo somente para a barragem de Boa Esperança (no município de

Guadalupe) e para Salinas (no município de São Francisco do Piauí).

A Barragem é administrada pela Empresa de Gestão de Recursos do Piauí

(EMGERPI). Mesmo com deficiências de aproveitamento do seu potencial hídrico, o turismo

e outras atividades econômicas (como a pesqueira) dão a atenção merecida para essa obra que

movimentou o maior volume de recursos financeiros em solo piracuruquense.

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

134

De acordo com a concepção de planejamento turístico e percepção ambiental, a

pesquisa direta com os visitantes, moradores, proprietários de casas de veraneio e com os

comerciantes é essencial para o entendimento das condições estruturais do desenvolvimento

do lazer e do turismo na Barragem Piracuruca. A aplicação de formulários caracterizou a

percepção dos investigados, com vistas a evidenciar os principais problemas, as qualidades e

os cuidados que podem ser tomados para a preservação ambiental na referida localidade.

A atividade turística na Barragem Piracuruca atrai visitantes de diferentes idades,

classes sociais e com visões distintas sobre a conservação do meio ambiente. O estudo traçou

um perfil socioeconômico dessas pessoas e suas concepções sobre o espaço de lazer da

barragem.

Segundo a Organização Mundial do Turismo (2001), a nomenclatura “visitante”

pode ser usada para descrever os indivíduos que visitam uma localidade e não exercem nela

qualquer atividade remunerada, incluindo-se nessa definição os que são turistas e

excursionistas. Segundo Beni (2004, p 35), o turista é o visitante que passa, no mínimo, 24

horas no lugar, sendo que a viagem pode ser a lazer, a negócios, a missões ou a conferências.

Já o excursionista é o visitante temporário, que permanece menos de 24 horas no local de

visita.

A pesquisa apontou que, dos 235 visitantes investigados, 50,6% têm de 18 a 25 anos;

35,7% têm de 26 a 40; 10,6% têm de 41 a 60; e somente 3,0% têm mais de 61 anos, sendo a

maioria (53,2%) do sexo feminino, sendo que (55,3%) dos investigados são solteiros,

acompanhados de um bom percentual de pessoas casadas (34,0%).

Nesse caso, os visitantes da barragem são essencialmente jovens e adultos. Devido

aos atrativos que o meio natural oferece e a possibilidade de atividades de aventura, favorece

um maior número de visitantes jovens a essas áreas (KINKER, 2002).

Sobre a escolaridade, foi constatado que 6,8% não eram escolarizados, 8,5% tinham

o fundamental incompleto, 3,4% haviam completado o ensino fundamental, 20,9% ainda

cursavam o ensino médio, 38,7% tinham completado o ensino médio, 5,1% iniciaram o

estudo no ensino superior, 10,6% tinham concluído o curso superior e 6,0% tinham nível de

especialização, sendo o nível de instrução dos visitantes bom, pois mais da metade já havia

completado o ensino médio. A maioria dos entrevistados, ou seja, 60,4% possui o ensino

médio completo, sendo um fator relevante em relação à percepção ambiental dos mesmos

para a preservação da barragem como atrativo turístico. Dado que pode favorecer no

desenvolvimento do turismo. Além disso, Costa (1998) citado por Macedo et al. (2005, p. 3)

afirma que “a formação acadêmica dos indivíduos pode ser um fator de interferência na sua

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

135

conscientização da conservação da natureza, pois os de maior formação tendem a ser os mais

conscientes, embora outros fatores influenciem esse grau de conscientização”.

Aliado ao desenvolvimento e preservação da barragem, a renda é fator determinante

para a continuidade da atividade turística no local. Observa-se que mais da metade dos

pesquisados (69,8%) afirmaram não ter renda superior a três salários mínimos; 13,2%

ganhavam de três a menos de 5 salários; enquanto 15,3% ganhavam de cinco a menos de sete;

1,3% tinham renda de sete a menos de nove; e apenas 0,4% afirmou ganhar mais de nove

salários mínimos. Considerando que o salário mínimo vigente equivalia a R$ 510,00, pode-se

afirmar que o visitante da barragem é essencialmente de baixa renda. A baixa renda dos

entrevistados pode favorecer a sazonalidade turística.

Com relação à principal fonte de renda dos visitantes pesquisados, pode-se perceber

que: 16,6% eram comerciantes, 5,1% eram artesãos, 5,1% agricultores, 3,4% pescadores,

21,3% tinham cargos públicos e 48,5% afirmaram ter outra profissão, como professor,

autônomo, representante, pedreiro, motorista, vigilante, entre outras.

A percepção ambiental dos visitantes também foi investigada, como forma de

demonstrar a preocupação pessoal de manter a qualidade e divulgar os atrativos da Barragem

Piracuruca para outras pessoas.

Dos 235 visitantes questionados, 4,3% disseram que, por mais que a barragem seja

um local relevante de lazer ao ar livre (Figuras 7.1 e 7.2), tal atividade não é importante para a

sociedade. Já 41,3% afirmaram que as atividades de lazer na barragem têm pouca

importância, se comparadas a outras atividades que podem ser desenvolvidas no local

(abastecimento d’água, controle de cheias, perenização do rio, extrativismo, agricultura,

pecuária, piscicultura e apicultura). E 54,5% do total consideram muito importante o lazer na

barragem, como uma forma de dinamizar econômica e culturalmente a referida região.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

136

Figura 7.1: Diversão e lazer em um bar erestaurante no entorno da Barragem

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 7.2: Banhista pescando na BarragemPiracuruca

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

A periodicidade de visitação na Barragem Piracuruca, entre os 235 visitantes,

demonstra que 16,2% estavam indo pela primeira vez à barragem; 10,2% a visitam

semanalmente; 8,5% iam mensalmente para o local; 19,1% demoravam cerca de um ano para

voltar; 19,6% só frequentavam no período de férias e 26,4% aproveitavam os feriados para

irem à barragem. Os resultados da pesquisa mostram que a sazonalidade é um entrave ao

desenvolvimento do turismo, embora em quantidades relativas, a Barragem Piracuruca atrai

visitantes em todas as épocas do ano.

A Barragem Piracuruca, como observado na pesquisa, é ponto de atração,

principalmente para famílias e grupos de amigos, pois 50,2% aproveitavam o espaço de lazer

com os amigos, 46,4% foram com familiares, e somente 3,4% visitam a Barragem

desacompanhados.

A proximidade da barragem com o município de Piracuruca (dez quilômetros) e com

outros municípios, favorece o uso de diversos meios de transportes. Para chegarem à

barragem, a maioria dos visitantes (42,6%) utiliza a moto como principal meio de locomoção

e 40,0% carro particular. Outras formas de locomoção verificadas foram: o ônibus fretado

(6,0%), a bicicleta (10,2%) e outras maneiras de deslocamento, como transporte animal

(1,3%).

Quanto à procedência do visitante, percebeu-se que os mesmos são oriundos de

cidades próximas à cidade de Piracuruca, tais como: Batalha, Campo Maior, Capitão de

Campos, Castelo do Piau, Cocal, Domingos Mourão, Pedro II, Piripiri e São João da Serra,

com poucas exceções para Teresina e cidades mais distantes, demonstrando que a Barragem é

um potencial turístico local a se desenvolver.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

137

Segundo os visitantes, a barragem pode oferecer diferentes formas de

entretenimento. De acordo com os 235 investigados, 26,8% afirmaram que a prática de

esportes necessita ser aperfeiçoada na área da barragem, como competições de Jetski, de

natação, entre outros. Já 7,2% dos visitantes colocaram que as atrações culturais (shows,

festejos, etc.) deveriam ser o principal atrativo do local, ao passo em que, 66,0% afirmaram

que o banho nas águas é o melhor que a barragem pode oferecer.

Os visitantes que se utilizam do espaço para o lazer também veem alguns problemas

na área da Barragem Piracuruca, principalmente acerca do seu estado de conservação. Foi

constatado que 13,2% dos visitantes não observavam nenhum problema na conservação da

barragem. Já 74,9% afirmaram que o local é bem conservado, mas merece atenção do poder

público sobre a questão da segurança, limpeza do local e melhoria do acesso. Somente 11,9%

apontaram que a Barragem Piracuruca não tem a mínima estrutura para receber um grande

fluxo de pessoas. Assim, observou-se que a infraestrutura, se mal conservada, compromete o

desenvolvimento do local, além de comprometer a qualidade ambiental do referido espaço de

lazer.

Para Candido e Ribeiro (2007, p.4), “[...] a questão ambiental é um fator

característico e determinante [...]. Os fatores preservação, exploração sustentável e

desenvolvimento são pontos bastante discutidos e a situação é delicada, pois explorar uma

região que possui uma biodiversidade importante e abriga várias espécies da flora e da fauna é

constituído por diversos aspectos que não só o ambiental”.

Com relação aos impactos 80,9% acreditam que as atividades de lazer e turismo na

Barragem podem contribuir para uma melhor qualidade de vida da população local e dos

visitantes. Sendo que 19,1% afirmaram que a degradação do meio é um grande empecilho.

Pode-se observar que os visitantes vislumbram com mais facilidade os impactos positivos, e

em especial no que tange aos impactos sociais.

Contudo, os visitantes entendem que a conservação do local não é estritamente de

responsabilidade do poder público, sendo que eles mesmos têm papel determinante na

conservação da qualidade ambiental. Sobre o destino que os visitantes dão ao lixo, observou-

se que 11,1% dos visitantes descartam indevidamente o lixo, jogando-o nas águas da

barragem, na vegetação e no chão, muitas vezes demonstrando não se preocuparem com o

impacto ambiental que esta prática pode causar. Já 62,1% dos investigados afirmaram que

jogam o lixo em local apropriado, como cestos de lixo e 26,8% praticavam o hábito de

recolher e levar o lixo para casa, descartando-o posteriormente. Isso demonstrou que mesmo

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

138

com práticas de descarte indevido do lixo, a maioria dos visitantes tem consciência da

importância de se preservar o meio ambiente no entorno na barragem.

Segundo Salgado et al. (2008, p. 78),

é certo que várias ações (infraestrutura, serviços públicos, vias públicas,coleta pública de lixo, entre outras) exigem a ação exclusiva do poderpúblico. Contudo, atitudes como não desmatar, não poluir, manter a cidadelimpa, ter união e organização, entre outras, referem-se à atuação de umapopulação preocupada com os destinos do seu espaço, seu lugar.

Mesmo apresentando alguns pontos que merecem uma melhoria qualitativa, 92,8%

dos visitantes afirmaram que indicariam a Barragem Piracuruca como um ótimo ponto de

lazer. 7,2% dos questionados não a recomendariam como local turístico, justamente pela falta

de infraestrutura e qualidade das águas.

Embora passando por problemas de infraestrutura, os visitantes reconhecem que a

Barragem é um lugar propício ao contato com o meio natural, favorecendo o descanso e o

relaxamento físico e psíquico, em companhia de amigos e familiares.

A percepção dos moradores do entorno ou da comunidade local acerca das atividades

turísticas desenvolvidas na Barragem é de essencial importância para analisar como a

população piracuruquense lida com a promoção do desenvolvimento e preservação ambiental

da Barragem Piracuruca.

Vernaglia e Goulart (2003, p. 117) descrevem que os moradores do entorno ou

comunidade local caracterizam-se “pelo conjunto de pessoas que co-habitam em um espaço

físico delimitado, no qual realizam grande parte de suas atividades cotidianas e que, além de

possuírem uma cultura e identidade comuns, estão sujeitas à mesma estrutura social”.

Dos moradores entrevistados, residentes no entorno da barragem, constatou-se que

56,8% dos moradores eram proprietários legítimos de sua terra; 20,2% tinham terra arrendada

e 23,0% moravam em terra cedida. Os dados da pesquisa também apontaram que a maioria

(85,1%) contava com energia elétrica na sua residência, sendo que apenas 14,9% não

dispunham do serviço. A posse legal das terras favorece a observação constante de possíveis

impactos que podem advir de atividades relacionadas ao turismo na Barragem.

Segundo os 74 moradores investigados, 93,2% estão satisfeitos com o local onde

residem, enquanto que 6,8% se mostraram insatisfeitos com o ambiente criado, depois da

dinamização das atividades no entorno da barragem, por conta da expressiva poluição sonora

e da situação dos arredores (acúmulo de lixo), o que diminui a qualidade de vida das pessoas

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

139

que usam economicamente a Barragem, seja para a agricultura quanto para a pesca, por

exemplo.

A preocupação e os cuidados com o meio ambiente, principalmente com a água da

Barragem é de extrema necessidade, pois grande parte dos moradores pesquisados, 50,0% do

total, afirmou que a Barragem Piracuruca é a principal forma de abastecimento de água,

enquanto 12,2% são atendidos por rede de distribuição, 14,8% se utilizam de poço cacimbão

23,0% dos moradores têm cisternas na residência (Figura 7.3). O fato de morar próximo à

barragem, não corresponde necessariamente que todos sejam servidos da mesma, como forma

de abastecimento, mesmo estando próximo ao recurso hídrico, o índice de cisternas ainda é

grande.

Figura 7.3: Cisterna em residência do entorno da barragemFonte: Roberta Ferreira (2010).

Sobre a questão do lixo produzido nas casas, observa-se que 56,8% dos moradores

queimavam o lixo de suas casas, 14,9% enterravam, 14,8% jogavam em local apropriado

(cesto de lixo), 2,7% afirmaram que a coleta era realizada pelo órgão municipal competente e

10,8% jogavam a céu aberto. Segundo esses números, ficou claro que existe a necessidade de

uma coleta de lixo mais efetiva nas casas do entorno da barragem, pois queimar, enterrar e

jogar a céu aberto não são formas corretas de descartar o lixo, comprometendo a qualidade do

ar, do solo e da água.

Os moradores que residem nos arredores da Barragem Piracuruca, por mais que

morem próximos a um espaço de lazer ao ar livre, não usufruem dele com tanta frequência.

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

140

Dos 74 moradores investigados, 64,9% não praticavam nenhuma forma de lazer na barragem,

29,7% frequentavam, às vezes, o local para descansar e somente 5,4% afirmaram que

costumeiramente desfrutavam da barragem como uma forma de lazer.

Segundo Coriolano (2006, p. 370) “é no conteúdo do espaço de relações sociais que

se engendram os processos, pois nessa formação histórica se estabelecem, se recriam e se

transformam as relações sociais e espaciais”.

Embora com uma baixa visitação à Barragem, pelos moradores, para a prática de

atividades de lazer, somente 9,5% afirmaram que a atividade de lazer e turismo na região não

é importante, ao passo em que 41,8% comentaram que o lazer e o turismo são importantes,

mas não essencial com relação a outras atividades econômicas, e 48,7% concordaram que o

lazer é o principal atrativo da Barragem Piracuruca, podendo ser este o dinamizador

econômico e social do município.

A percepção dos moradores sobre o turismo é necessária para compreendercomo eles veem a atividade, e como estão inseridos na mesma. Se acomunidade local não estiver inserida e nem aceitar o desenvolvimentoturístico local, ele estará fadado ao fracasso, pois os moradores podemrejeitar o turismo e tratar mal os visitantes, afetando diretamente odesenvolvimento da atividade (CARVALHO, 2010, p. 472).

Sobre a percepção dos moradores acerca do estado de conservação da Barragem

Piracuruca, 20,3% dos moradores consideravam ótima, sua conservação, enquanto 48,6%

afirmaram que a conservação é boa, mas há muitos aspectos a melhorar, como o tratamento da

água e o controle do lixo. No entanto, 31,1% criticaram a falta de assistência à barragem,

afirmando que o local não tem a infraestrutura necessária nem para o desenvolvimento do

turismo, nem para a dinamização da economia dos moradores do entorno.

Neste sentido, Godinho e Oliveira (2010, p. 113) afirmam que

o incremento e espacialização de infraestruturas voltadas para o turismodevem cooperar para o desenvolvimento dessa atividade, com o objetivo deatender à demanda turística em conformidade com a realidade local, o queexige um adequado planejamento do turismo, de modo a estar sempre atentoà produção do espaço.

Para Canheo e Paulinich (2008, p. 1259), “[...] as pessoas reconhecem os problemas

ambientais, frequentemente, quando elas próprias ou algo com o qual elas têm uma estreita

ligação e faz parte de suas vidas, sofrem as consequências diretas, através de prejuízos físicos,

sentimentais ou materiais”.

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

141

A pesquisa apontou que, dos 74 moradores do entorno da barragem investigados,

50,7% têm de 41 a 60 anos; 35,7% têm de 26 a 40; 10,6% têm de18 a 25 anos; e somente

3,0% têm mais de 61 anos. Destaca-se que a maioria dos provedores do lar são do sexo

masculino (71,6%), casados ou com união estável (56,8%). Para Oliveira e Nunes, (2007, p.

91), “[...] as pessoas na faixa etária mais produtiva estão mais concentradas no espaço urbano,

que oferece mais oportunidades de emprego”.

Com relação ao grau de escolaridade dos moradores, apresenta-se a seguinte

distribuição, 25,7% não escolarizados; 16,2% com fundamental incompleto; 13,5% com

fundamental completo; 14,9% com ensino médio incompleto; 20,3% com ensino médio

completo; 1,5% superior incompleto e 8,1% superior completo.

Foi detectado que 65,1% dos investigados ganhavam menos de um salário, e 34,9%

ganhavam de um a menos de três salários mínimos. Sendo assim, considerando que o salário

vigente equivalia a R$ 510,00, pode-se afirmar que o morador do entorno da barragem é

essencialmente de baixa renda. O que também pode ser percebido com relação ao nível de

escolaridade baixo.

Os dados da investigação também apontaram que muitos moradores dependem da

Barragem para se sustentarem. Observou-se que 28,4% dos moradores eram pequenos

comerciantes, 5,4% trabalhavam com artesanato, 13,4% eram agricultores, 23,0% eram

pescadores, 23,0% eram funcionários públicos e 6,8% tinham outra fonte de renda. Esses

dados comprovam que grande parte dos moradores tem suas atividades econômicas atreladas

diretamente à Barragem, principalmente os artesãos, agricultores e pescadores, comprovando,

assim, a importância do local, essencial para a manutenção da qualidade de vida da população

do entorno da barragem.

Como impactos, 56% dos moradores indicaram que o lazer e o turismo na barragem

podem gerar novos empregos e melhoria de renda, e 44% disseram que a poluição e a

degradação do meio ambiente podem ser impactos perigosos, por trazerem consequências

irreversíveis à Barragem e as pessoas que sobrevivem dela.

Portanto, a pesquisa demonstrou que os moradores do entorno da Barragem

Piracuruca entendem que o local é um espaço de desenvolvimento econômico, mas que

merece ser preservado, pois além do turismo, as pessoas que moram em seus arredores

dependem do meio natural para se sustentarem, sendo que os moradores do entorno da

Barragem somente passaram a ter esta percepção porque a barragem, de alguma forma, faz

parte de suas vidas, e tanto o meio natural como os moradores, podem sofrem consequências

com os impactos decorrentes da atividade turística.

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

142

Disponibilizando a Barragem de oportunidades de lazer e de um possível

aprimoramento do turismo, no decorrer de pouco tempo, surgiram inúmeras casas de veraneio

em seu entorno.

Para Tulik (1995, p. 21), as casas de veraneio ou residência secundária ou segunda

residência são como “[...] um alojamento turístico particular, utilizado temporariamente, nos

momentos de lazer, por pessoas que têm seu domicílio permanente num outro lugar”. Ao

passo em que Assis (2003, p. 110) respalda o conceito de Tulik, dizendo que a residência

secundária ou segunda residência é um tipo de hospedagem vinculada ao turismo de fins de

semana e de temporadas de férias.

Os proprietários das casas de veraneio no entorno da Barragem Piracuruca

apresentam uma renda superior aos demais moradores que se localizam próximo a esse espaço

de lazer. Constata-se que dos 45 proprietários investigados, 8,9% recebiam de um a menos de

três salários mínimos, 15,6%, de três a menos de cinco, 33,3% de cinco a menos de sete,

31,1% de sete a menos de nove, 8,9% de nove a menos de 11 e somente 2,2% ganhavam mais

de onze salários mínimos, o que demonstra uma boa renda, e favorece o consumo de produtos

turísticos.

Com uma renda acima da média em relação aos demais entrevistados, os donos das

casas de veraneio também confirmaram que suas propriedades próximas à barragem são

recentes, pois 33,3% ocuparam os arredores da barragem entre um a menos de três anos,

55,6% entre três a menos de seis anos, 6,7% de seis a menos de nove anos e somente 4,4%

construíram suas casas de veraneio há mais de nove anos. Isso comprova que a ocupação

dessas propriedades é recente, o que demonstrou que a barragem atrai pessoas de diferentes

classes sociais, favorecendo a especulação imobiliária. A Figura 7.4 mostra algumas casas de

veraneio no entorno da barragem.

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

143

Figura 7.4: Casa de veraneio às margens da barragem.Fonte: Roberta Ferreira (2010).

Pode-se observar com a aplicação dos formulários, que em sua maioria, os

proprietários das casas de veraneio no entorno da Barragem Piracuruca, 57,8% têm de 41 a 60

anos; 37,8% têm de 26 a 40; e apenas 4,4% têm mais de 61 anos. Sendo os mesmos, em sua

maioria, do sexo masculino (88,9%), casados ou com união estável (82,2%).

Acerca do nível de escolaridade dos proprietários investigados, 6,7% dos

proprietários de casas de veraneio tinham apenas o ensino fundamental incompleto, 24,4%

cursaram o fundamental completo, 6,7% tinham o ensino médio incompleto, 51,1%

completaram o ensino médio, 6,7% graduaram-se em um curso de nível superior e somente

4,4% tinham nível de especialização. Dessa maneira, observou-se que o nível de instrução dos

donos de casas de veraneio é bom, pois mais da metade já havia completado o ensino médio.

Dado que pode favorecer no desenvolvimento do turismo, por estarem mais informados e com

uma opinião mais formada com relação aos benefícios físicos e psíquicos do lazer, e dos

impactos que atividade turística pode trazer a uma localidade.

O referido nível de instrução reflete nas atividades econômicas desenvolvidas pelos

pesquisados, onde 31,1% dos proprietários são comerciantes (atuavam tanto no município de

Piracuruca quanto em outros municípios do Piauí); 13,3% são agricultores; 6,7% criadores de

peixes (piscicultura); 24,4% tinham atuação no setor público e outros 24,5% tinham outras

profissões, como professores, autônomos, entre outras.

Os proprietários das casas de veraneio em Piracuruca apontaram que as atividades de

lazer desenvolvidas na barragem são de extrema importância, pois 73,4% da amostra dos

investigados consideravam importante o uso da região da barragem como ponto turístico de

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

144

lazer, ao passo em que 26,6% não consideravam os benefícios socioeconômicos do lazer

muito importantes para o local.

Em seu estudo referente às represas como lugares turísticos, Leme (2007, p. 83)

afirma que é “devido à vivência e experiências adquiridas com o local por sucessivas visitas,

que grande parte dos entrevistados a consideram como um lugar, seja de lazer, bom pra

diversão, descanso, sair da rotina, ou bom para ficar com a família.”

Os referidos pesquisados também apontaram as principais atividades, que segundo

eles, poderiam ser bem mais aproveitadas na barragem, como forma de dinamizar o potencial

da mesma. Observou-se que 35,6% dos proprietários consideravam que práticas esportivas

poderiam ser mais difundidas na barragem. Já 53,3% afirmaram que o banho recreativo

(Figura 7.5) é a atividade de lazer mais praticada e a melhor opção para o aproveitamento

turístico do local; enquanto que 11,1% apontaram que a implantação de mais espaços de

alimentação (restaurantes, bares, lanchonetes) atrairia um número maior de visitantes para o

entorno.

Figura 7.5: Banho às margens da Barragem PiracurucaFonte: Roberta Ferreira (2010).

Os proprietários das casas de veraneio apontaram que o acesso a diversos pontos da

barragem é precário, acarretando que visitantes não familiarizados com o local tenham

dificuldades de conhecer, satisfatoriamente, esse espaço de lazer. Os dados da investigação

apontaram que 73,4% dos donos de casas de veraneio tinham carro próprio, 24,4% usavam a

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

145

motocicleta como principal meio de transporte, e apenas 2,2% alugavam um carro para se

locomover pela região da barragem.

Mesmo com o problema de acesso, 33,3% da amostra dos proprietários investigados

consideravam ótimo o estado de conservação da barragem, 57,8% achavam boa a conservação

do local e somente 8,9% afirmaram que o estado de conservação do entorno era precário, não

oferecendo suporte algum ao visitante ou aos moradores da região.

Um dos principais problemas, também apontado pelos proprietários das casas de

veraneio, é relativo ao lixo que se acumula às margens da Barragem de Piracuruca. Eles

afirmaram que a coleta municipal é precária, pois não atende toda a extensão do local,

fazendo com que os resíduos se acumulem às margens da barragem, o que pode comprometer

a qualidade da água e do solo, além de proliferar doenças pela constante poluição.

Constatou-se que 62,2% dos proprietários jogavam o lixo em local apropriado,

35,6% recolhiam os resíduos e levavam para sua casa de procedência, para depois descartá-lo;

e somente 2,2% não se preocupavam com o lixo produzido por eles. Sendo assim, é relevante

a preocupação dos donos de casas de veraneio sobre o destino final do lixo, pois segundo eles,

a qualidade do local depende também de quem usufrui do espaço de lazer.

Com relação à residência permanente, pode-se observar que muitos dos veranistas

são residentes na própria cidade de Piracuruca, alguns de Teresina, Piauí e pouquíssimos de

cidades próximas a Piracuruca.

Os problemas estruturais e de limpeza do entorno da barragem não a desqualificam,

segundo os proprietários, pois se trata de um ótimo ponto turístico em Piracuruca. Dessa

maneira, 88,9% dos pesquisados indicariam a barragem para outras pessoas e somente 11,1%

não a recomendariam como um espaço de lazer agradável.

Como impactos, 66,6% dos veranistas indicaram que o lazer e o turismo na barragem

podem gerar novos empregos e melhoria de renda e 33,4% disseram que a poluição e a

degradação do meio ambiente podem ter impactos irreversíveis. Segundo Hoeffel et al. (2008,

p.137) “dos usos identificados, os mais dinâmicos, impactantes e transformadores da área de

estudo são os associados aos processos turísticos e de urbanização, responsáveis pela

reconfiguração da paisagem e por afetar as condições ambientais”.

Assim, como as casas de veraneio se proliferam no entorno da Barragem, alguns

pequenos empreendedores também vislumbraram oportunidades de obterem ou de

aumentarem suas rendas. Segundo Jordão (2006, p. 73-74) “os pequenos empreendimentos

familiares se constituem de centenas das mais variadas atividades econômicas nos setores de

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

146

produção [...], criados por seus próprios protagonistas, como resposta à necessidade de

sobrevivência”.

Os comerciantes que se localizam nas proximidades da Barragem Piracuruca também

foram pesquisados, tendo sido aplicados dez questionários, em diferentes pontos comerciais.

A região do entorno da barragem caracteriza-se pela concentração de bares e restaurantes,

embora os mesmos tenham uma movimentação comercial apenas nos finais de semana, férias

e nos feriados municipal, estaduais ou nacionais. A Figura 7.6 mostra os pontos comerciais

mais movimentados do entorno da barragem:

Figura 7.6: Bares e restaurantes próximos à barragemFonte: Roberta Ferreira (2010).

Todos os entrevistados afirmaram que gostam do lugar onde trabalham, pois sempre

há clientes, independente do período do ano. Isso confirma a dinamicidade no comércio

promovido pela Barragem Piracuruca, como um ponto de lazer, que atrai tanto visitantes de

fora quanto a própria população do município.

Uma das diferenças entre a alta e a baixa temporada é a quantidade de trabalhadores

empregados pelos donos dos pontos comerciais. Na baixa temporada, 55,0% contavam com

três empregados, 45,0% tinham dois trabalhadores, Já na alta temporada, somente 35,0%

empregavam três trabalhadores, 30,0% quatro, 20,0% cinco, 15,0% seis empregados.

A quantidade de pessoas empregadas na alta temporada confirma que as atividades

comerciais do entorno da Barragem Piracuruca conferem emprego e renda para a população, o

que confirma a oportunidade que esse espaço de lazer tem em auxiliar no desenvolvimento

socioeconômico de todo o município.

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

147

Segundo Salgado et al. (2008, p. 70) “é inegável, [...] a necessidade de se gerar

emprego e renda no país, notadamente em populações que sofrem, de alguma forma, os

efeitos da estagnação econômica provocada por fatores alheios à sua vontade”.

De acordo com os comerciantes, a barragem representa principalmente uma fonte de

renda para suas famílias. Segundo a investigação, 60,0% disseram que a renda auferida pelo

trabalho no entorno da barragem é a principal qualidade do espaço de lazer; já 40,0%

afirmaram que a barragem representa, acima de tudo, um espaço de diversão e descanso.

Como observado, os comerciantes entendem a importância da sua atividade para a

movimentação da economia local e o desenvolvimento do seu próprio negócio. Foi detectado

que apenas 10,0% dos comerciantes ganhavam de três a menos de cinco salários mínimos,

enquanto 50,0% diziam ganhar de cinco a menos de sete e 40,0% ganhavam de sete a menos

de nove. Observou-se, assim, que a atividade desenvolvida por conta da intensa

movimentação no entorno da barragem é rentável e, de acordo com os comerciantes, todo ano

a renda tende a aumentar, por conta do fluxo de visitantes estar crescendo progressivamente,

principalmente nas férias de final de ano.

Para Coutinho e Coutinho (2007, p. 3), “a atividade turística, atualmente, pode ser

considerada um dos pontos mais importantes para a sustentabilidade socioeconômica de uma

cidade ou região. [...] possibilitando a expansão do trabalho, gerando empregos e melhorando

a distribuição da renda local”.

Hoeffel et al. (2008, p. 143), analisando a percepção ambiental e do turismo na APA

do Sistema Cantareira, diagnosticou que “com relação aos empreendedores, verifica-se que a

satisfação que eles obtêm dos lugares é mais difusa”.

Segundo os investigados, o trabalho desenvolvido por eles, próximo à barragem, é

suficiente para seu sustento. Isso se confirma pela pesquisa, ao comprovar que 70,0% dos

comerciantes da amostra não tinham outro tipo de trabalho, enquanto que, dos 30,0% que

disseram ter outra ocupação, dois eram agricultores e um era pescador. Mesmo estes que

tinham outra profissão fora do comércio, utilizavam-se das águas da barragem para plantar ou

pescar.

Quando questionados se estão preparados para receber os visitantes da barragem,

todos os comerciantes disseram que sim. Contudo, 50,0% não haviam feito nenhum tipo de

treinamento na área turística, enquanto que os demais 50,0% haviam procurado algum tipo de

capacitação na área do turismo, pois consideravam que com a melhoria na qualidade do

atendimento, mais visitantes seriam atraídos para seus estabelecimentos comerciais.

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

148

Os comerciantes do entorno da Barragem Piracuruca entendiam a necessidade de

uma melhor capacitação no atendimento aos visitantes; assim, 90,0% afirmaram que

precisavam de um preparo mais específico de atendimento ao cliente e, somente um, ou 10%

da amostra, dizia-se satisfeito com sua preparação prévia. Por serem empreendedores, os

comerciantes veem a necessidade de se reciclarem, inovando no atendimento aos seus

clientes.

Sobre a faixa etária dos comerciantes, observou-se que apenas 10,0% dos

comerciantes têm idade compreendida entre 18 a 25 anos, 70,0% têm de 26 a 40 anos e 20,0%

têm mais de 61 anos. Estes últimos contam com aposentadoria, como forma de

complementação de renda. Observou-se que a maioria dos entrevistados está em uma faixa

etária compreendida como de maior produção relacionado à experiência adquirida dos

mesmos. A maioria é casado ou em união estável (80,0%), e em seu total são empreendedores

do sexo masculino (100,0%).

Sobre a percepção acerca do estado de conservação 80,0% dos comerciantes diziam-

se insatisfeitos com a infraestrutura do local, ao passo que somente 20,0% dos investigados

qualificaram positivamente a barragem. Os comerciantes expuseram que muitos problemas

mereciam ser corrigidos, como o da limpeza e o da segurança dos visitantes, principalmente.

Com relação à forma de abastecimento d’água, foi observado que 40,0% dos

comerciantes contavam com uma rede de distribuição de água encanada; 20,0% conseguiam

abastecimento por meio de um poço cacimbão e outros 40,0% retiravam água da própria

Barragem Piracuruca. Como o abastecimento de água em boa parte dos estabelecimentos se

dá pela rede hídrica da barragem, a preocupação dos comerciantes é com a preservação da

qualidade da água e destino adequado do lixo.

Como forma de combater o acúmulo de resíduos sólidos no entorno da barragem,

60,0% dos comerciantes queimavam seus descartes, enquanto que 40,0% tinham seu lixo

coletado pelo órgão municipal. Mesmo com essas medidas, os investigados acusavam que o

acúmulo de lixo perto das águas da barragem torna-se um problema cada vez maior.

Em relação aos impactos que podem ocorrer, 90,0% dos comerciantes indicaram que

o lazer e o turismo na barragem podem melhorar o nível de renda, e 10,0% disseram ser a

sazonalidade o fator momentâneo mais preocupante. A sazonalidade pode ser revertida com

estratégias de planejamento, sendo que a mesma só pode ser amenizada com a oferta turística

diversificada, favorecendo o fluxo de visitantes durante o ano inteiro.

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

149

7.5 Políticas públicas para o desenvolvimento do turismo na Barragem Piracuruca

As políticas públicas, se aplicadas corretamente, podem promover o

desenvolvimento de um espaço de lazer, como é o caso da Barragem Piracuruca. Para tanto, o

Estado, como agente de aplicação da lei, deve considerar as regiões com potencial de

desenvolver econômica e culturalmente a população, como sendo um bem público.

Em todo o Brasil, há problemas na política de administração, sendo que as decisões

são inúmeras vezes fragmentadas. Essa falta de organização traz sérios prejuízos para o

desenvolvimento do local. Assim, segundo Muller (2002), é necessário que haja uma

reestruturação dos órgãos públicos, definindo melhor suas funções e alocando corretamente

seus recursos humanos e financeiros.

Como é frisado por Muller (2002), uma das metas essenciais de desenvolvimento das

atividades de lazer é que os órgãos competentes tenham a capacidade de definir a sua própria

forma de atuação, estabelecendo novas prioridades, fazendo com que exista um estímulo para

a participação de outros usuários. Dessa forma, as comunidades teriam como auxiliar os

órgãos públicos na execução de metas e melhoria dos serviços tidos como de lazer.

No caso da Barragem Piracuruca, como qualquer outro ponto turístico, deve ser

levada em consideração a opinião dos indivíduos que lá atuam e os que usufruem,

constantemente, desse espaço de lazer. Deve-se, assim, investigar as necessidades desses

grupos sociais, o que, de acordo com Bruhns (2007, p. 132), “exige o levantamento de

indicadores sociais da realidade pesquisada, podendo ser estes dados históricos, político-

administrativo, demográficos, de perfil psicográfico e de mapeamento de recursos”. Para

Oliveira e Nunes (2007, 97), “[...] os estudos de percepção do ambiente devem objetivar um

melhor entendimento da relação que os homens estabelecem com seu meio, e têm potencial

para aplicação em programas de ação de educação ambiental e no planejamento territorial”.

Em entrevista com uma representante da Secretaria Estadual de Turismo (SETUR),

em especial, do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste

(PRODETUR/NE/PI), a senhora Maria Zuleide de Amorim Martins, com o intuito de coletar

informações relativas ao desenvolvimento do turismo e o desenvolvimento sustentável,

obteve-se as seguintes informações:

Atualmente as políticas públicas são de aporte imediato, não havendo umapolítica pública de turismo pré-estabelecida, com foco no desenvolvimentosustentável em longo prazo, sendo que no que se refere às políticas públicasenvolvendo as atividades turísticas na Barragem Piracuruca deve-se apontar

Page 151: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

150

a restauração da estrada (Figura 7.7) que liga Piracuruca ao balneário. Valeressaltar que essa estrada será de pavimentação asfáltica em todo o trecho. Otrabalho que é desenvolvido para o município de Piracuruca está diretamenteligado a ações desenvolvidas com parceiros. Outra política públicarelacionada ao desenvolvimento das atividades turísticas na BarragemPiracuruca apresenta-se na forma da construção do balneário (Figura 7.8)que irá situar-se às margens do grande lago da barragem com infraestruturaque permitirá o acesso dos turistas e demais pessoas que visitarem ou moramno entorno dessa barragem. (Informação verbal)12.

Figura 7.7: Restauração da estrada que dáacesso ao balneário.

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

Figura 7.8: Construção do Balneário naBarragem Piracuruca.

Fonte: Roberta Ferreira (2010)

A construção do balneário na barragem se dá no sentido de potencializar a região e

torná-la mais atrativa turisticamente, gerando emprego e renda. No entanto, o turismo é um

investimento em longo prazo, em que os estudos e as ações desenvolvidas nessa área precisam

ser bem estruturadas e planejadas, seja através do inventário da oferta turística, plano diretor,

e da participação efetiva do poder legislativo, através da criação de leis que visem a

valorização do turismo de forma sustentável.

Conforme se pode notar, algumas políticas públicas estão sendo realizadas na

Barragem Piracuruca, visando ao desenvolvimento turístico nessa localidade. Contudo,

observa-se que há, ainda, muito o que ser realizado para que o turismo seja realmente

explorado de forma sustentável nessa barragem.

Portanto, pode-se afirmar que as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento

da atividade turística na Barragem Piracuruca devem beneficiar tanto os visitantes como a

população local, desta forma a atuação dos órgãos públicos podem promover a melhoria da

12Informações obtidas com a senhora Maria Zuleide de Amorim Martins, Secretária Estadual de Turismo – Seturem especial do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE/PI) em entrevistaconcedida a Roberta Celestino Ferreira, em 14 de Dezembro de 2010.

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

151

qualidade de vida destes indivíduos, ao passo em que promove o desenvolvimento da

atividade turística.

7.6 Considerações finais

A atividade turística depende diretamente da administração pública, que carece

muitas vezes de ações que objetivem sua melhoria e manutenção no decorrer do tempo. No

caso da Barragem Piracuruca, esse quadro não é diferente, pois o local apresenta problemas

de falta de infraestrutura relativos ao lazer e ao turismo.

Como foi observado pelos resultados dos formulários aplicados com visitantes,

comerciantes, moradores do entorno e donos de casas de veraneio, ainda há muito que se

melhorar na Barragem, principalmente no que se refere às condições estruturais e de higiene.

Contudo, os mesmos também apontaram que, mesmo com alguns problemas, esse espaço de

lazer traduz-se como um local agradável para a visitação, simplesmente por conferir aos

visitantes uma boa alternativa para entrar em contato com a natureza.

O meio ambiente é o principal quesito a ser preservado no entorno da barragem, isso

porque muitas famílias dependem da região para seu sustento e abastecimento d’água. Assim,

pode-se concluir que a preocupação em proteger a natureza, no referido local, não deve partir

somente da esfera pública, mas também da própria população, que como foi observado, deve

ter papel fundamental na construção de políticas públicas de desenvolvimento.

O perfil dos investigados (visitantes, moradores do entorno, comerciantes e donos de

casas de veraneio) demonstra que os mesmos têm discernimento e estão abertos ao diálogo

referente aos problemas estruturais do desenvolvimento turístico na região. Mas, mesmo

entendendo que a degradação da natureza e o descarte indevido do lixo trazem impactos em

longo prazo, ainda foi constatado que existem pessoas que se omitem em tomar uma posição

racional e harmoniosa com o local em que se encontra inserido ou visitando.

Portanto, a atividade turística desenvolvida na Barragem Piracuruca, de acordo com a

percepção dos investigados, apresenta pontos negativos e positivos, sendo que os problemas

podem ser suplantados através da mudança de postura diante da questão ambiental, onde tal

mudança só pode ser conseguida através de um planejamento turístico que vise à preservação

da natureza e não apenas com foco no crescimento econômico, incluindo a educação

ambiental, e a percepção ambiental da sociedade no processo de construção de um

desenvolvimento sustentável.

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

152

Referências

ALEXANDRE, L. M. M. Política de turismo e desenvolvimento local: um binômionecessário. In: BEZERRA, D. M. F. (org.) Planejamento e gestão em turismo. São Paulo:Roca, 2003. p. 3-14.

ASSIS, L. F. Turismo de segunda residência: a expressão espacial do fenômeno e aspossibilidades de análise geográfica. Revista Território, Rio de Janeiro, Ano VII, n.11, 12 e13, set./out., 2003. p. 107-122.

BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 10. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2004.

BOULLÓN, R. C. Planejamento do espaço turístico. Bauru, SP: Edusc, 2002.

BRAGA, R. N.; MARCOMIN, F. E. Percepção ambiental: uma análise junto a moradores doentorno da Lagoa Arroio Corrente em Jaguaruna, Santa Catarina. Revista EletrônicaMestrado em Educação Ambiental, v. 21, jul./dez. 2008. p. 236-257.

BRAGA, D. C. Planejamento turístico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

BRUNHS, H. T. A ideia de natureza como fronteira. In: PAES-LUCHIARI, M. T.;BRUHNS, H. T.; SERRANO, C. (orgs.). Patrimônio, natureza e cultura. Campinas, SP:Papirus, 2007. p. 79-102.

CANDIDO, H. M.; RIBEIRO, K. C. C. A percepção do turista sobre o produto turísticopasseio fluvial encontro das águas. Revista Eletrônica Aboré - Publicação da EscolaSuperior de Artes e Turismo, 03/2007. p. 1-15.

CANHEO, I. H. C.; PAULINICH, A. E. P. Áreas de lazer e os impactos ambientais:a percepção dos moradores ao assoreamento da Represa Lavínio Lucchesi (represa dossonhos) Monte aprazível, SP. In: Simpósio de Pós-Graduação em Geografia do Estado de SãoPaulo - SIMPGEO/SP, Rio Claro, 2008, Rio Claro. Anais... Rio Claro: SP, 2008. p.1248-1258.

CARVALHO, S. M. S. A percepção do turismo por parte da comunidade local e dos turistasno município de Cajueiro da Praia – PI. Turismo em Análise. v. 21, n. 3, dez. 2010. p. 470-493.

CORIOLANO, L. N. M. T. Turismo: prática social de apropriação e de dominação deterritórios. In: Publicación: América Latina: cidade, campo e turismo. LEMOS, A. I. G.;ARROYO, M.; SILVEIRA M. L. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales,San Pablo. Diciembre, 2006. p. 367-378.

COSTA, S. F. da. Avaliação do potencial ecoturístico da reserva particular dopatrimônio natural (RPPN) do Caraça-MG. 74 f. Dissertação (Mestrado em CiênciasFlorestais), Universidade Federal de Viçosa/UFV, Viçosa-MG, 1998.

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

153

COUTINHO, H. P. M.; COUTINHO, H. R. M. Turismo de eventos como alternativa para oproblema da sazonalidade turística. Revista Eletrônica Aboré - Publicação da EscolaSuperior de Artes e Turismo, n. 03, 2007. p. 1-14.

DARTORA, J. S. Turismo e seus discursos: percepção e atribuição na cidade de Caxias doSul/RS. 136f. Dissertação (Mestrado em Turismo), Universidade de Caxias do Sul, Caxias doSul/RS, 2005.

DEL RIO, V.; OLIVEIRA, L. (orgs.). Percepção ambiental: a experiência brasileira. 2. ed.São Paulo: Studio Nobel; São Carlos: EDUFSCAR, 1999.

DIAS, R. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. SãoPaulo: Atlas, 2003.

FERRARA, L. A. Olhar periférico: informação, linguagem, percepção ambiental. SãoPaulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

FERREIRA. R. C. 10 fotos. Digital color. 2010.

GODINHO, R. G.; OLIVEIRA, I. J. Análise e avaliação da distribuição geográfica dainfraestrutura turística no sítio histórico de Pirenópolis (GO): subsídios ao planejamentoturístico. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 30, n. 1, 2010. p. 107-122.

HOEFFEL, J. L. et al. Trajetórias do Jaguary – unidades de conservação, percepção ambientale turismo: um estudo na APA do Sistema Cantareira, São Paulo. Ambiente & Sociedade,Campinas, v. XI, n. 1, jan./ jun. 2008. p. 131-148.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades @: Município de Piracuruca,2010. Home page de internet. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 10 fev. 2011.

IETS – Instituto de Estudos do Trabalho e da sociedade. Home page de internet. Disponívelem:<http://www.iets.org.br/biblioteca/Programa_de_apoio_aos_pequenos_empreendedores_o_sistema_Ceape.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2011.

JORDÃO, R. T. A comunicação como estratégia de ação social: o banco do povo. 117 f.Dissertação (Mestrado em Comunicação), Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero,São Paulo/SP, 2006.

KINKER, S. Ecoturismo e conservação da natureza em parques nacionais.Campinas, SP: Papirus, 2002.

LEME, F. B. M. As represas como lugares turísticos: novas significações e valorizações deuma paisagem sem memória. CONTUR - Revista de Cultura e Turismo. Ano 1, n. 1, 2007.p. 65-85.

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

154

LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

MACEDO, R. L. G. et al. Percepção ambiental do turista visitante do Complexo da Zilda emCarrancas – MG. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal. Ano III, n. 6, ago.2005. p. 1-4.

MACHADO, I. B. Piracuruca: iniciando Geografia e História. Piracuruca: PI, 2008.

MIGLIANO, F. A. F.; SCATENA, G. K.; CUNHA, T. M. Oportunidades de desenvolvimentosocioeconômico em localidades rurais com participação da comunidade. In: BEZERRA,Deise Maria Fernandes (org.). Planejamento e gestão em turismo. São Paulo: Roca, 2002. p.45-52.

MULLER, A. Lazer, desenvolvimento regional: como pode nascer e se desenvolver umaideia. In: MULLER, A.; COSTA, L. P. Lazer e desenvolvimento regional. Santa Cruz doSul: EDUNISC, 2002. p. 9-40.

OKAMOTO, J. Percepção ambiental e comportamento. São Paulo: Plêiade, 1996.

OLIVEIRA, F. L.; NUNES, L. H. A percepção climática no município de Campinas, SP:confronto entre o morador urbano e o rural. Revista Geosul, Florianópolis, v. 22, n. 43,jan./jun. 2007. p 77-102

OMT - Organização Mundial do Turismo. Introdução ao Turismo. Trad. Dolores MartinRodriguez Córner. São Paulo, SP: Roca, 2001.

PETROCCHI, M. Turismo: planejamento e gestão. São Paulo: Futura, 1998.

RAOSOFT . Samplesizecalculator. Disponível em:<http://www.raosoft.com/samplesize.html>. Acesso em: 15 jan. 2010.

SALGADO, F. R. S. et al. Turismo, lugar, meio ambiente e geração de renda na percepção dapopulação do distrito de Palmeiras, Dois Irmãos do Buriti, MS. Caderno Virtual deTurismo, Rio de Janeiro: IVT, v. 8, n. 1, 2008. p. 69-82

SILVA, Y. F.; BOIA, Y. I. K. Turismo e responsabilidade social: uma reflexão sobre osdireitos das pessoas com necessidades especiais. In: RUSCHMANN, D. M.; SOLHA, K. T.(orgs.). Planejamento turístico. Barueri, SP: Manole, 2006. p. 3-18.

SILVEIRA, C. M. Programa de apoio aos pequenos empreendedores: osistema CEAPE. Disponível em <http://www.iets.org.br/article.php3?id_article=481>.Acesso em: 20 jun. 2011.

TELES, R. M. S. A importância do território na prática do planejamento turístico. In:RUSCHMANN, D. M.; SOLHA, K. T. (orgs.). Planejamento turístico. Barueri, SP: Manole,2006. p. 45-65.

TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. SãoPaulo: DIFEL, 1980.

Page 156: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

155

TULIK, O. Residências secundárias: presença, dimensão e expressividade do fenômeno noEstado de São Paulo. 154 f. Tese (Livre-Docência) - Escola de Comunicações e Artes,Universidade de São Paulo. São Paulo/SP, 1995.

VERNAGLIA, R. D’A.; GOULART, C. T. A importância da participação da comunidadelocal no planejamento e gestão turística de Itanhandú. In: BEZERRA, D. M. F. (org.)Planejamento e gestão em turismo. São Paulo, SP: Roca, 2003. p. 115-123.

Page 157: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

156

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O turismo no Estado do Piauí vem se desenvolvendo nos últimos anos, podendo ser

percebido em municípios de pequeno porte como Piracuruca, onde o mesmo tem se efetivado,

recebendo muitos visitantes para os mais diversos eventos, e impressionando com suas

riquezas culturais e naturais.

Com uma economia moderada, mesmo em nível estadual, Piracuruca tem no turismo

uma forma de conseguir auferir uma melhor fonte de renda, tanto para a população local,

gerando empregos diretos e indiretos, quanto para o município, proporcionando o

desenvolvimento sociocultural, aliado a preservação do meio ambiente. A atividade turística

propicia, dessa forma, a aliança entre o tempo livre dos visitantes e a geração de renda.

O turismo é uma atividade que de certa forma se apropria de lugares e espaços,

criando e recriando-os, de acordo com as necessidades da sociedade, possibilitando opções de

lazer e turismo. A prática de atividades de lazer em qualquer localidade, além de dinamizar o

turismo regional, mostra-se necessária para o bem-estar das pessoas, sejam turistas ou

moradores, que dependem diretamente do atrativo turístico.

Piracuruca dispõe de um rico acervo de patrimônio cultural, formado pelo seu

conjunto arquitetônico, pelas diversas manifestações culturais existentes, e pelos atrativos

naturais da região, como o Parque Nacional de Sete Cidades e pelas potencialidades de lazer e

recreação, propiciada pela Barragem de Piracuruca.

Com o represamento das águas do rio Piracuruca, formou-se um imenso lago, com

características propícias ao desenvolvimento de atividades de lazer e turismo, que ganhou

vigor com a valorização das paisagens naturais e com o ambientalismo contemporâneo,

passando a ser a barragem Piracuruca uma possibilidade de fomentar ainda mais o

desenvolvimento da atividade turística no município.

Desde sua inauguração, em 1996, a população piracuruquense e de localidades

próximas passaram a frequentar a Barragem Piracuruca nos fins de semana, com o intuito de

estar mais próximo ao meio natural. A Barragem Piracuruca apresenta elevada potencialidade

para a exploração de lazer e turismo, tais como: os banhos aquáticos e de sol, pesca, mirante,

campeonato de jetski, show acústico. Dispõe, ainda, de outras possibilidades que podem ser

executadas, desde que haja uma logística de estruturação e de infraestrutura, tais como:

iatismo, banana-boat, mountain bike e motocross, wakeboard, competições esportivas,

camping, observação de animais, em especial de pássaros, passeios de barcos e canoas,

caminhadas em trilhas ecológicas, apresentações artísticas e culturais, atividades esportivas

Page 158: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

157

(natação recreacional, hidrocapoeira, acquavolley e o handebol aquático), encontros da

terceira idade, confraternizações, entre outros.

A Barragem Piracuruca é uma alternativa de desenvolvimento socioeconômico e

ambiental para o incremento do turismo no município de Piracuruca, assim como para o

Estado do Piauí. Contudo, constatou-se que existem alguns impactos negativos causados na

barragem que podem atrapalhar o seu desenvolvimento como atrativo turístico. Esses

impactos, em parte são causados por proprietários de casa de veraneio, moradores do entorno,

visitantes e por proprietários de bares no entorno da Barragem.

A barragem sofre constantemente com o problema do lixo e despejo indevido de

esgoto em suas águas, com o desmatamento das margens do rio, com a especulação

imobiliária e a marginalização territorial, assim como, a falta de infraestrutura adequada para

o desenvolvimento de atividades de lazer e turismo. Os danos ambientais provocados pelas

atividades de lazer desenvolvidas na Barragem Piracuruca ainda não são alarmantes, mas

podem se tornar drásticos em um futuro próximo, caso não ocorram ações de educação

ambiental e de gestão ambiental, pela administração pública.

No que tange aos aspectos positivos, verificou-se que proprietários de casa de

veraneio, moradores do entorno, visitantes e proprietários de bares e restaurantes no entorno

da Barragem possuem uma percepção otimista quanto ao desenvolvimento de atividades de

lazer e turismo na Barragem Piracuruca. Isso, porque a atividade turística e de lazer tem

concorrido para o desenvolvimento econômico local, bem como para a integração social e

cultural.

Assim como o município de Piracuruca - Piauí, a Barragem Piracuruca ainda não

possui um planejamento que permita o seu desenvolvimento turístico sustentável. Existem

projetos visando desenvolver o turismo e o lazer na barragem, mas as medidas políticas

realizadas são de caráter pontual, não ocorrendo, ainda, um planejamento estratégico para o

turismo em longo prazo.

Para que ocorra o desenvolvimento do turismo no local, de forma sustentável,

algumas ações podem ser sugeridas para implantação pelos órgãos gestores, tais como:

Elaboração de um Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo, a partir do

Plano Diretor do Município, promovendo assim o planejamento e o desenvolvimento da

atividade turística em Piracuruca de forma sustentável, estimulando a educação ambiental e a

interação da população local com a população visitante;

Articulação com a iniciativa privada do desenvolvimento de atividades ativas e

passivas de lazer, com o objetivo de atender a população local e a turística;

Page 159: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

158

Conscientização e sensibilização da população piracuruquense sobre a

importância da demanda turística em Piracuruca, orientando a mesma para a receptividade

turística;

Promoção da imagem turística de Piracuruca, com foco na paisagem cultural e

ambiental em diferentes mercados estrategicamente escolhidos previamente em nível regional

e nacional, assim como, acompanhar o desenvolvimento da atividade turística efetuando

medidas dos fluxos turísticos recebidos e o controle da qualidade dos bens e serviços

oferecidos, monitorando permanentemente os atrativos turísticos (naturais e culturais), para

que sejam utilizados de forma racional, evitando sua exploração insustentável;

Incentivo para o estabelecimento de parcerias entre os atores envolvidos na busca

da excelência em oferecer bens e serviços melhores, e preços de acordo com sua qualidade,

contribuindo assim para a ampliação das possibilidades de capacitação dos atores envolvidos

no desenvolvimento turístico;

Oferecimento de informações pertinentes e atualizadas sobre a atividade turística

local e estadual, promovendo a realização de melhorias na infraestrutura, para beneficiar a

atividade turística em Piracuruca, e em especial na Barragem Piracuruca;

Divulgação e fomento de roteiros turísticos existentes e já comercializados

nacionalmente, tais como: o Rota das Emoções (Delta do Parnaíba (Piauí); Jericoacoara

(Ceará) e Lençóis Maranhenses (Maranhão); e o seu complemento, o roteiro Serras Nordeste,

que compreende as cidades de Pedro II, Piripiri e Piracuruca (patrimônio histórico cultural do

município, a Barragem Piracuruca e o Parque Nacional de Sete Cidades), no Piauí; e Tianguá,

Ubajara e Viçosa, no Ceará, entre outras.

Contudo, essas providências devem ser realizadas partindo de um planejamento que

considere os possíveis impactos acarretados pela atividade turística. Diante disso, cabe dizer

que, para a melhoria da qualidade de vida da população e do desenvolvimento do turismo na

região estudada, é importante a implantação de políticas efetivas e positivas nesse setor

discutidas com a sociedade, tornando-a consciente de seu papel e de sua interação neste

processo.

Page 160: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

159

APÊNDICE A – FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOS MORADORESDO ENTORNO DA BARRAGEM PIRACURUCA

Este formulário tem como objetivo obter dados referentes à pesquisa intitulada Lazer epotencialidades para o turismo em Piracuruca, Piauí. Os resultados serão utilizados paraestudos de casos no TROPEN/UFPI e não haverá qualquer referência, não autorizada, àpessoa pesquisada.

Mestranda: Roberta Celestino FerreiraOrientadora: Profª. Drª. Wilza Gomes Reis LopesCo-orientador: Profº. Drº. José Luis Lopes Araújo

Este questionário tem como objetivo coletar dados do perfil e da percepção dos moradores doentorno da barragem quanto à atividade turística

Data: ______/______/_______

1) Há quanto você mora no entorno da Barragem Piracuruca?______anos. Você gosta dolugar onde mora?( )sim ( )não Por quê?____________________________________________________________________________________________________________________

2) De que forma você e sua família utiliza as águas da Barragem Piracuruca?___________________________________________________________________________

3) Qual a forma de abastecimento de água em sua residência?( )rede de distribuição ( )chafariz ( )poço cacimbão ( )cisterna( )barragem ( )outro:______ (Quais?_________________________________________)

4) Como você trata o lixo produzido em sua residência?( )queimado ( )enterrado ( )joga na barragem ( )recolhe e joga no lixão( )coletado pelo órgão competente ( )joga em buraco a céu aberto

5) Condições de posse da terra onde mora:( )própria ( )arrendada ( )cedida (morador)

6) Sua residência dispõe de energia elétrica? ( )sim ( )não

7) Você pratica alguma forma de lazer na Barragem?( )não ( )às vezes ( )sim Quais?(__________________________________________)

8) Qual a importância de atividades de lazer ao ar livre?( )nenhuma ( )pouca ( )regular ( )alta ( )muito altaPor quê?____________________________________________________________________

Page 161: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

160

9) Para você a Barragem representa:( )fonte de renda ( )diversão ( )descanso ( )abastecimento d’água( )sair da rotina ( )bom para conhecer pessoas ( )ficar junto da família( )contato com a natureza ( ) outros(Quais?____________________________________________________________________)

10) Quais os dias da semana e períodos do ano você visualiza com maior frequência osturistas no entorno da Barragem Piracuruca?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11) Você gostaria de trabalhar com o turismo:( )não ( )sim (Em quê?_____________________________________________________________________________________________________________________________)

12) Quais os benefícios e os malefícios que a atividade turística pode trazer para as famíliasque vivem no entorno da Barragem Piracuruca?Benefícios:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________Malefícios:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________

13) O estado de conservação ambiental do entorno da Barragem Piracuruca é:( )bom ( )regular ( )precário (Por quê?_______________________________________________________________________________________________________________)

14) Qual a sua principal atividade econômica:( )comerciante ( )artesão ( )agricultor ( )pescador ( ) funcionário público( )outros (Quais? ___________________________________________________________)

15) Qual o seu nível de escolaridade?( )não escolarizado ( )fundamental incompleto ( )fundamental completo( )ensino médio incompleto ( )ensino médio completo ( )superior incompleto( )superior completo ( )especialização ( )mestrado/doutorado

16) Faixa etária (anos)( )18 a 25 ( )26 a 40 ( )41 a 60 ( )61 e mais

17) Qual a sua renda monetária mensal familiar (em salário mínimo*):( )menos de 1 ( )de 1 a menos de 3 ( )de 3 a menos de 5 ( )de 5 a menos de 7( )de 7 a menos de 9 ( )de 9 a menos de 11 ( )mais de 11

Agradecemos pela colaboração

Page 162: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

161

APÊNDICE B – FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOSPROPRIETÁRIOS DE CASAS DE VERANEIO NA BARRAGEM PIRACURUCA

Este formulário tem como objetivo obter dados referentes à pesquisa intitulada Lazer epotencialidades para o turismo em Piracuruca, Piauí. Os resultados serão utilizados paraestudos de casos no TROPEN/UFPI e não haverá qualquer referência, não autorizada, àpessoa pesquisada.

Mestranda: Roberta Celestino FerreiraOrientadora: Profª. Drª. Wilza Gomes Reis LopesCo-orientador: Profº. Drº. José Luis Lopes Araújo

Este questionário tem como objetivo coletar dados do perfil e da percepção dos proprietáriosde casas de veraneio na barragem quanto à atividade turística.

Data: ______/______/_______

1) Qual sua cidade de residência permanente?Cidade:_________________________________________ UF:________________________

2) Qual a importância de atividades de lazer ao ar livre:( )nenhuma ( )pouca ( )regular ( )alta ( )muito altaPor quê?___________________________________________________________________

3) Você costuma visitar a Barragem de Piracuruca( )semanalmente ( )mensalmente ( )anualmente ( )nas férias( )em feriados

4) Está visitando a Barragem Piracuruca( )sozinho ( )com a família ( )com amigos

5) Qual o tipo de transporte você utilizou para chegar a Barragem Piracuruca?( )carro particular ( )motocicleta ( )carro alugado( )outros(Quais?____________________________________________________________________)

6) Quais atividades de lazer o senhor(a) acredita que possam ser praticadas na Barragem?( )esportes ( )show artístico ( )esportes náuticos ( )banho ( )alimentação( )caminhada/trilha ( )esportes radicais ( )outros. Quais?_______________________)

7) Para você a Barragem representa:( )fonte de renda ( )diversão ( )descanso ( )abastecimento d’água( )sair da rotina ( )bom para conhecer pessoas ( )ficar junto da família( )contato com a natureza ( )outros (Quais?___________________________________)

Page 163: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

162

8) Quais os benefícios e os malefícios que a atividade turística pode trazer para quem vive noentorno da Barragem Piracuruca?Benefícios:__________________________________________________________________Malefícios:__________________________________________________________________

9) O estado de conservação ambiental do entorno da Barragem Piracuruca é:( )bom ( )regular ( )precário (Por quê?_________________________________________________________________________________________________________________)

10) Como considera a qualidade nos serviços ofertados na Barragem?( )péssimo ( )ruim ( )regular ( )bom ( )excelente(Por quê?___________________________________________________________________)

11) O que você faz com o lixo produzido pelo seu consumo pessoal na Barragem ?( )joga no Rio ( )joga no cesto de lixo ( )leva de volta pra casa( )joga no mato ( )joga no chão ( )não se preocupa com isso

12) Como você considera a infraestrutura existente voltada para o lazer na Barragem?( ) péssima ( ) ruim ( ) regular ( ) boa ( ) excelente (Por quê?________________________________________________________________________________________)

13) Qual a principal dificuldade encontrada por você para chegar a Barragem Piracuruca?___________________________________________________________________________

14) Você indicaria a Barragem Piracuruca enquanto opção de lazer a um conhecido seu?( )sim ( )não Por quê?___________________________________________________

15) Qual a sua atividade econômica:( ) comerciante ( ) artesão ( ) agricultor ( ) pescador ( ) funcionário público( ) outros (Quais? __________________________________________________________)

16) Qual seu nível de escolaridade?( )não escolarizado ( )fundamental incompleto ( )fundamental completo( )ensino médio incompleto ( )ensino médio completo ( )superior incompleto( )superior completo ( )especialização ( )mestrado/doutorado

17) Faixa etária (anos)( )18 a 25 ( )26 a 40 ( )41 a 60 ( )61 e mais

18) Qual a sua renda monetária mensal familiar (em salário mínimo*):( )menos de 1 ( )de 1 a menos de 3 ( )de 3 a menos de 5 ( )de 5 a menos de 7( )de 7 a menos de 9 ( )de 9 a menos de 11 ( )mais de 11*Inclui aposentadoria ( )sim ( )não

19) Há quanto tempo possui essa residência:____________

Agradecemos pela colaboração!!!

Page 164: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

163

APÊNDICE C – FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOSCOMERCIANTES DO ENTORNO DA BARRAGEM PIRACURUCA

Este formulário tem como objetivo obter dados referentes à pesquisa intitulada Lazer epotencialidades para o turismo em Piracuruca, Piauí. Os resultados serão utilizados paraestudos de casos no TROPEN/UFPI e não haverá qualquer referência, não autorizada, àpessoa pesquisada.

Mestranda: Roberta Celestino FerreiraOrientadora: Profª. Drª. Wilza Gomes Reis LopesCo-orientador: Profº. Drº. José Luis Lopes Araújo

Este questionário tem como objetivo coletar dados do perfil e da percepção ambiental doscomerciantes do entorno da barragem

Data: ______/______/_______

1) Há quanto tempo você trabalha no entorno da Barragem Piracuruca? ______anos. Vocêgosta do lugar onde trabalha? ( )sim ( )não Por quê?______________________________________________________________________________________________________

2) Quais os dias da semana e períodos do ano você recebe um maior número de visitantes emseu estabelecimento no entorno da Barragem Piracuruca?____________________________________________________________________________________________________

3) Quantas pessoas trabalham em seu estabelecimento? Alta temporada_____ Baixatemporada_____

4) Qual a forma de abastecimento d’água em seu estabelecimento comercial?( )rede de distribuição ( )chafariz ( )poço cacimbão ( )cisterna( )barragem ( )outros (Quais?_______________________________________________)

5) Como você trata o lixo produzido em seu estabelecimento comercial?( ) queimado ( ) enterrado ( ) joga na barragem ( ) recolhe e joga no lixão( ) coletado pelo órgão competente ( ) joga em buraco a céu aberto

6) Quais as formas de lazer praticadas na Barragem?_________________________________________________________________________________________________________

7) Qual a importância de atividades de lazer ao ar livre:( )nenhuma ( )pouca ( )regular ( )alta ( )muito altaPor quê?___________________________________________________________________

Page 165: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

164

8) Para você a Barragem representa:( )fonte de renda ( )diversão ( )descanso ( )abastecimento d’água ( )sair darotina ( )bom para conhecer pessoas ( )ficar junto da família ( )contato com anatureza ( )outros (Quais___________________________________________________)

9) Quais os benefícios e os malefícios que a atividade turística pode trazer para quem vive noentorno da Barragem Piracuruca?Benefícios:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________Malefícios:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________

10) O estado de conservação ambiental do entorno da Barragem Piracuruca é:( )bom ( )regular ( )precário (Por quê?________________________________________________________________________________________________________________)

11) Você está preparado para receber bem o turista? ( )sim ( )não (Por quê?__________________________________________________________________________________)

12) Você já fez algum treinamento (curso) na área do turismo: ( )sim ( )não

13) Você gostaria de fazer algum treinamento (curso) na área do turismo: ( )sim ( )não(Por quê?___________________________________________________________________)

14) De quem você adquire/onde os produtos que comercializa em seu estabelecimento?________________________________________________________________________________

15) Você tem outra atividade econômica? ( ) principal ( ) secundária( ) funcionário público ( ) artesão ( ) agricultor ( ) pescador( ) outros ( Quais? __________________________________________________________)

16) Qual o seu nível de escolaridade?( )não escolarizado ( )fundamental incompleto ( )fundamental completo( )ensino médio incompleto ( )ensino médio completo ( )superior incompleto( )superior completo ( )especialização ( )mestrado/doutorado

17) Faixa etária (anos) ( )18 a 25 ( )26 a 40 ( )41 a 60 ( )61 e mais

18) Qual a sua renda monetária mensal familiar (em salário mínimo*):( )menos de 1 ( )de 1 a menos de 3 ( )de 3 a menos de 5 ( )de 5 a menos de 7( )de 7 a menos de 9 ( )de 9 a menos de 11 ( )mais de 11*Inclui aposentadoria ( )sim ( )não

Agradecemos pela colaboração

Page 166: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

165

APÊNDICE D – FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOS TURISTAS QUEFREQUENTAM A BARRAGEM PIRACURUCA

Este formulário tem como objetivo obter dados referentes à pesquisa intitulada Lazer epotencialidades para o turismo em Piracuruca, Piauí. Os resultados serão utilizados paraestudos de casos no TROPEN/UFPI e não haverá qualquer referência, não autorizada, àpessoa pesquisada.

Mestranda: Roberta Celestino FerreiraOrientadora: Profª. Drª. Wilza Gomes Reis LopesCo-orientador: Profº. Drº. José Luis Lopes Araújo

Este questionário tem como objetivo coletar dados do perfil e da percepção dos turistas quefrequentam a barragem quanto à atividade turística.

Data: ______/______/_______

1) Qual sua cidade de residência permanente?Cidade:_________________________________________ UF:________________________

2) Qual a importância de atividades de lazer ao ar livre:( )nenhuma ( )pouca ( )regular ( )alta ( )muito altaPor quê?____________________________________________________________________

3) Você costuma visitar a Barragem de Piracuruca( )primeira vez que visita a Barragem ( )semanalmente ( )mensalmente( )anualmente ( )nas férias ( )em feriados

4) Está visitando a Barragem Piracuruca( )sozinho ( )com a família ( )com amigos ( )em excursão

5) Qual o tipo de transporte você utilizou para chegar a Barragem Piracuruca?( )carro particular ( )motocicleta ( )carro alugado ( )ônibus fretado ( )bicicleta( )outros (Quais?____________________________________________________________)

6) Quais atividades de lazer o senhor(a) acredita que possam ser praticadas na Barragem?( )esportes ( )show artístico ( )esportes náuticos( )banho ( )alimentação ( )caminhada/trilha ( )esportes radicais( )Outros (Quais?___________________________________________________________)

7) Para você a Barragem representa:( )diversão ( )descanso ( )abastecimento d’água ( )sair da rotina( )bom para conhecer pessoas ( )ficar junto da família ( )contato com anatureza ( )outros (Quais?__________________________________________________)

Page 167: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

166

8) Quais os benefícios e os malefícios que a atividade turística pode trazer para quem vive noentorno da Barragem Piracuruca?Benefícios:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________Malefícios:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________

9) O estado de conservação ambiental do entorno da Barragem Piracuruca é:( )bom ( )regular ( )precário (Por quê?_________________________________________________________________________________________________________________)

10) Como você considera a qualidade nos serviços ofertados na Barragem?( )péssimo ( )ruim ( )regular ( )bom ( )excelente(Por quê?___________________________________________________________________)

11) O que você faz com o lixo produzido pelo seu consumo pessoal na Barragem ?( )joga na barragem ( )joga no cesto de lixo ( )leva de volta pra casa( )Joga no mato ( )joga no chão ( )não se preocupa com isso

12) Como você considera a infraestrutura existente voltada para o lazer na Barragem?( )péssima ( )ruim ( )regular ( )boa ( )excelente(Por quê?___________________________________________________________________)

13) Qual a principal dificuldade encontrada por você para chegar a Barragem Piracuruca?___________________________________________________________________________

14) Você indicaria a Barragem Piracuruca enquanto opção de lazer a um conhecido seu?( )sim ( )não Por quê?____________________________________________________

15) Qual a sua atividade econômica:( ) comerciante ( ) artesão ( ) agricultor ( ) pescador ( ) aposentado( ) funcionário público ( ) outros ( Quais? _____________________________________)

16) Qual o seu nível de escolaridade?( )não escolarizado ( )fundamental incompleto ( )fundamental completo( )ensino médio incompleto ( )ensino médio completo ( )superior incompleto( )superior completo ( )especialização ( )mestrado/doutorado

17) Faixa etária (anos)( )18 a 25 ( )26 a 40 ( )41 a 60 ( )61 e mais

18) Qual a sua renda monetária mensal familiar (em salário mínimo*):( )menos de 1 ( )de 1 a menos de 3 ( )de 3 a menos de 5( )de 5 a menos de 7 ( )de 7 a menos de 9 ( )de 9 a menos de 11 ( )mais de 11

Agradecemos pela colaboração!!!

Page 168: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

167

ANEXOS

Page 169: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

168

ANEXO A – INFORME TURÍSTICO DA SECRETARIA ESTADUAL DE TURISMO(SETUR), PIAUÍ

Page 170: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

169

ANEXO B – FICHA TÉCNICA DA BARRAGEM PIRACURUCA, ADMINISTRADAPELA EMPRESA DE GESTÃO DE RECURSOS DO PIAUÍ (EMGERPI)

COMDEPI - Companhia de Desenvolvimento do Piauí

FICHA TÉCNICA

BARRAGEM PIRACURUCA

1.0 - Características Gerais

1.1 Nome da Barragem Piracuruca1.2 Município Piracuruca1.3 Estado Piauí1.4 Rio Piracuruca1.5 Sistema Longá1.6 Capacidade 250.000.000,00 m3

1.7 Precipitação média anual 1.000,00 mm1.8 Área da bacia hidráulica 4.159,00 há1.9 Área da bacia hidrográfica 4.813,00 km2

1.10 Finalidades Desenvolvimento hidroagrícola do vale,através de irrigação, abastecimento,controle de cheias, perenização do rio,piscicultura e lazer.

2.0 - Características da Barragem

2.1 Tipo Terra zoneada2.2 Extensão pelo coroamento 360,00 m2.3 Largura do coroamento 6,00 m2.4 Altura máxima acima da fundação 22,50 m2.5 Altura máxima com fundação 24,00 m2.6 Cota do coroamento 81,00 m2.7 Taludes a) - montante: cota 81 - terreno natural:

1:2,5 (H:V)b) - jusante: cota 81 - terreno natural: 1:3(H:V)

2.8 Volume do maciço 176.356,40 m3

2.9 Volume da fundação 43.528,82 m3

2.10 Área dos taludes da barragem 47.424,37 m2

2.11 Largura máxima da base 129,75 m2.12 Rocha de fundação Arenito de grão fino a médio sem

estratificações, rocha com aspecto defolhelho

Page 171: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (U FPI) (PR ODEMA ... · Junior, Leonardo Madeira Martins, Letícia Ferro Gomes Madeira Campos, Marly Cipriano Feitosa de Melo, Reurysson Chagas de

170

3.0 - Tomada d’água

3.1 Localização Estaca 14 + 0.00 (90º com eixo dabarragem)

3.2 Tipo Galeria com torre a montante3.3 Diâmetro 2.500,00 mm3.4 Comprimento 122,00 m3.5 Descarga regularizada 6,0 m3/s3.6 Escavação 27.191,19 m3

3.7 Cota da galeria 60,00 m (no eixo)3.8 Concreto simples 98,30 m3

3.9 Concreto ciclópico 1.1500,00 m3

3.10 Dispositivo de jusante válvula dispersora3.11 Dimensões do dispositivo diâmetro = 2.000,00 mm

4.0 - Características do Sangradouro

4.1 Tipo Soleira espessa (canal escavado) c/Salto-esquino pé

4.2 Largura 150,00 m4.3 Folga 2,88 m4.4 Escavação 75.905,00 m3

4.5 Volume concreto ciclópico 4.144,00 m3

4.6 Concreto magro 44,00 m3

4.7 Concreto armado 3.000,00 m3

4.8 Concreto simples 7.350,00 m4.9 Cota do sangradouro 71,30 m4.10 Lâmina máxima 6,82 m4.11 Vazão amortecida 3.911,00 m3/s (Tr = 10.000 anos)

Observação:Data de finalização da obra: dezembro de 1997.