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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS RIO DE JANEIRO 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FERNANDA NEUMANN

TECHNOLOGY ROADMAP:

PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS

RIO DE JANEIRO

2016

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FERNANDA NEUMANN

TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS

Dissertação submetida ao corpo docente do curso de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências.

Orientadores: Suzana Borschiver, D.Sc.

Pietro Adamo Sampaio Mendes, D.Sc.

RIO DE JANEIRO

2016

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FERNANDA NEUMANN

TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS

Dissertação submetida ao corpo docente do curso de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências.

Aprovada em 28/11/2016:

Profª. Suzana Borschiver, D.Sc. – Orientadora

Pietro Adamo Sampaio Mendes, D.Sc. – Orientador

Aline Silva Romão Dumaresq, D.Sc.

Luciana Maria Souza de Mesquita, D.Sc.

Profª. Maria Antonieta Peixoto Gimenes Couto, D.Sc.

RIO DE JANEIRO

2016

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Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Escola

de Química e a todos os professores, funcionários e colegas que tornaram esse

mestrado uma experiência de aprendizado marcante para minha vida.

Agradeço especialmente a meus orientadores, professora Suzana Borschiver e

Doutor Pietro Sampaio Mendes por toda a atenção e conselhos dados durante o

desenrolar deste trabalho.

Agradeço a todos os componentes da banca, pois sei que terão muito a

acrescentar para o trabalho e para minha formação profissional.

Gostaria de agradecer aos integrantes do nosso querido projeto Cientista Beta:

Kawoana Vianna, Deise Carvalho, Nicholas Biscardi Groff, Micael Waldhelm, Giovani

Novelli e Bia Diniz. Começar esse projeto com vocês foi incrível e crucial para o meu

desenvolvimento tanto como pessoa como profissional.

Agradeço a meus pais Sergio Luiz Neumann e Maria Elizabet Chaves

Neumann, por todo o caminho já traçado e todo suporte dado para que eu estivesse

aqui hoje alcançando este novo patamar em minha vida. E também aos meus

queridos amigos do curso de Química da UFJF Taimara Polidoro, Juliana Brum,

William Martini, Felipe Dias, Kamila de Sá e Giselle Carvalho, pela alegria nos

momentos mais felizes e por todo apoio nos momentos mais difíceis.

Agradeço a Diano Lauar e Cláudia Lauar, pelos ensinamentos e pelo grande

apoio em um momento de decisão em minha vida.

Mas desejo agradecer, em especial, aquele sem o qual não conseguiria nem

imaginar a conclusão deste trabalho, ao meu amigo, parceiro, cúmplice e namorado

Daniel Figueredo Lauar.

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“If you don’t know where you are going, any road will take you there.”

Lewis Carroll

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Resumo

NEUMANN, Fernanda. Technology Roadmap: propilenoglicol com base em fontes

renováveis. Rio de Janeiro, 2016. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia

de Biocombustíveis e Petroquímica) – Escola de Química, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.

A conversão de recursos naturais renováveis em produtos de alto valor

agregado aparece como uma alternativa para a diversificação da indústria química

brasileira. O propilenoglicol apresenta rotas renováveis de produção em larga escala

(100 mil ton/ano) desde 2007 e é utilizado nos setores de saúde, cosméticos e

alimentos. Tendo em vista seu potencial, torna-se estratégico para o país a

realização de um levantamento mais detalhado sobre as tecnologias e as empresas

envolvidas no processo de produção do propilenoglicol renovável (bioPG). Este

estudo teve como objetivo identificar as organizações atuantes e o conhecimento

tecnológico acerca do bioPG no Brasil e no mundo. Para tal, foi feito o uso de um

método de prospecção tecnológica chamado Technology Roadmapping (TRM),

utilizado principalmente para auxiliar em tomadas de decisão e planejamento

estratégico de curto, médio e longo prazo. Uma estratégia de busca e análise

específica para o bioPG foi realizada entre janeiro e março de 2016 em bases de

dados relevantes, a saber: United States Patent And Trademark Office (USPTO) e

Scopus. Dentre um total de 806 documentos levantados foram analisados somente

os considerados relevantes para o estudo, sendo 115 artigos científicos, 16 patentes

concedidas e 19 patentes solicitadas. As informações obtidas foram dispostas no

formato de um mapa indicativo de tecnologia e organizações atuantes ao longo do

tempo, chamado de technology roadmap. Por meio desse mapa foi possível

identificar os principais atores (players) do bioPG no momento atual como sendo:

Archer Daniels Midland Company, Global Bio-Chem Technology, BASF, Oleon, Dow

Chemical, S2G BioChem, Johnson Matthey Davy Technologies e Virent. Essas

empresas produzem e/ou fornecem tecnologia de produção do bioproduto. A rota

mais utilizada é a química e a matéria-prima é o glicerol. Nota-se no curto e médio

prazo uma tendência de busca pela diversificação da matéria-prima, com estudos

voltados para o uso de celulose e diferentes açúcares e derivados. A tendência de

busca por um novo método de produção via rota bioquímica (ainda não utilizada

comercialmente) aparece em médio prazo, com a empresa brasileira Braskem se

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destacando entre as detentoras de tecnologia. O Brasil aparece no curto, médio e

longo prazo do mapa, com duas patentes concedidas, quatro solicitadas e quatro

artigos científicos. O país apresenta grande potencial, tanto em termos de tecnologia

como em disponibilidade de matéria-prima. Por meio do TRM foi possível mapear o

estado atual e prever as tendências na produção do bioPG de uma maneira simples

e visualmente conveniente, fornecendo dados importantes sobre oportunidades e

desafios no setor.

Palavras-chave: Technology Roadmap. Propilenoglicol. Renovável. Indústria

Química. Prospecção Tecnológica. Planejamento Estratégico.

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Abstract

NEUMANN, Fernanda. Technology Roadmap: propylene glycol from renewable

resources. Rio de Janeiro, 2016. Master thesis (Master in Biofuels and Petrochemical

Engineering) – Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2016.

The conversion of renewable resources into products with higher added value

appears as an alternative for the diversification of the national chemical industry.

Propylene glycol has a renewable production on large-scale (100,000 ton/year) since

2007 and it’s used in health, cosmetics and food sectors. Given its potential, it’s

strategic for Brazil to carry out a more detailed analysis of the technologies and

companies involved in the production process of renewable propylene glycol (bioPG).

This study aimed to identify active organizations and technological knowledge about

bioPG in Brazil and in the rest of the world. To do so, a technology foresight method

called Technology Roadmapping (TRM) was applied, which is normally used to aid in

the decision making processes (strategic planning) for short, medium and long

period. A specific search and analysis strategy was conducted between January and

March 2016 in relevant databases, namely: United States Patent and Trademark

Office (USPTO) and Scopus. Out of a total of 806 documents, only those considered

relevant for the study were analyzed. 115 scientific articles, 16 granted patents and

19 applied patents were examined. The information obtained was arranged in the

shape of an indicative map, called technology roadmap, showing how technology

and organizations act over time. Thought this roadmap it was possible to identify the

main players in bioPG production at the present time as Archer Daniels Midland

Company, Global Bio-Chem Technology, BASF, Oleon, Dow Chemical, S2G

BioChem, Johnson Matthey Davy Technologies and Virent. These companies

produce and/or provide bioPG production technology. The most commonly used

technology route is the chemical and the raw material is glycerol. In the short and

medium period, there is a trend towards the diversification of raw materials, with

studies focused on the use of cellulose and different sugars and derivatives. The

trend towards a new production method using biochemical technology (not yet

commercial) appears in the medium period, with the Brazilian company Braskem

standing out among the holders of this kind of technology. Brazil appears in the short,

medium and long period of the roadmap, with two granted patents, four applied and

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four scientific articles. The country has great potential, both in terms of technology

and availability of raw materials. Through TRM it was possible to map the current

state and predict trends in bioPG production in a simple and visually convenient way,

providing important data on opportunities and challenges for the nacional industry.

Keywords: Technology Roadmap. Propylene glycol. Renewable. Chemical

Industry. Technology Foresight. Strategic planning.

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Lista de Ilustrações

Figura 1 - O conceito de bioeconomia. ..................................................................... 22

Figura 2 - Produtos derivados do glicerol, sendo os destacados em amarelo

classificados como os mais relevantes. .................................................................... 25

Figura 3 - Estrutura química do propilenoglicol. .......................................................... 35

Figura 4 - Produção do propilenoglicol via fonte fóssil. ............................................. 38

Figura 5 - Hidrogenólise do glicerol para a formação de PG. ................................... 38

Figura 6 - Processo de obtenção de produtos renováveis da empresa GBT utilizando

biomassa de milho. ................................................................................................... 39

Figura 7 - Representação esquemática da via bioPG, via 1-propanol e vias principais

concorrentes em E. coli. G3P: Gliceraldeído-3-fosfato. DHAP: Fosfato de di-

hidroxiacetona. ......................................................................................................... 41

Figura 8 - Formação do bioPG e do ác. lático a partir do glicerol via reação catalítica.

.................................................................................................................................. 42

Figura 9 - Exemplos de tipos de technology roadmaps, relativos a planejamento de:

a) produto, b) serviço/capacidade, c) estratégia, d) longo prazo, e) ativos de

conhecimento, f) programa, g) processo, h) integração. .......................................... 55

Figura 10 - Esquema geral de um technology roadmap proposto pela European

Industrial Research Management Association, mostrando como a tecnologia pode

ser alinhada a desenvolvimento de produto e serviço, estratégia de negócios e

oportunidades de mercado. ...................................................................................... 56

Figura 11 - Etapas de construção do technology roadmap segundo a metodologia do

NEITEC. .................................................................................................................... 62

Figura 12 - Exemplo da disposição das informações no technology roadmap. (1)

Título, (2) Divisão temporal, (3) Raias de alocação dos atores encontrados e (4)

Separadores, (5) Taxonomias. ................................................................................. 66

Figura 13 - Exemplo da disposição dos atores encontrados no estudo e do uso das

setas indicativas. O ator “UFRJ” está relacionado somente com as taxonomias 1 e 5,

no espaço de tempo de curto prazo. ........................................................................ 67

Figura 14 - Série histórica dos artigos científicos encontrados pela busca na base

Scopus, sem a restrição do período de análise. ....................................................... 74

Figura 15 - Artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus separados

pelos doze primeiros países de origem que mais publicaram. ................................. 75

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Figura 16 – Seleção dos periódicos onde se publicaram pelo menos 3 artigos

científicos relevantes econtrados na pesquisa. Entre parênteses, se encontra o

Qualis das Engenharias II definido pela CAPES. ...................................................... 76

Figura 17 - Artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus separados

por tipo de instituição de origem. ............................................................................... 76

Figura 18 – Seleção das intituições de origem que publicaram pelo menos 3 artigos

científicos relevantes encontrados na pesquisa. ....................................................... 77

Figura 19 - Artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus separados

pelas taxonomias adotadas. ...................................................................................... 78

Figura 20 - Análise dos artigos com produtos derivados do uso do bioPG como

intermediário ou material de partida para outras reações. ........................................ 80

Figura 21 - Porcentagem dos artigos que adotaram método de obtenção do bioPG

via rota química ou via rota bioquímica. .................................................................... 80

Figura 22 - Separação das principais tendências tecnológicas encontradas dentro

dos artigos agrupados na categoria “Rota Química”. ................................................ 81

Figura 23 - Fontes de matéria-prima para produção do bioPG encontradas nos

artigos. ...................................................................................................................... 82

Figura 24 - Tipos de açúcares usados como matéria-prima para a produção do

bioPG encontrados nos artigos. ................................................................................ 82

Figura 25 - Tipos de reações químicas encontradas nos artigos. ............................. 83

Figura 26 - Metais mais utilizados como catalisadores nas reações químicas de

obtenção do bioPG. ................................................................................................... 84

Figura 27 - Tipos mais comuns de suporte catalíticos utilizados pelos pesquisadores.

.................................................................................................................................. 85

Figura 28 – Micro-organismos utilizados para a produção do bioPG via rota

bioquímica. ................................................................................................................ 85

Figura 29 - Tipos de rotas bioquímicas utilizadas para a produção do bioPG. ......... 86

Figura 30 - Produtos químicos obtidos juntamente com o bioPG encontrados nos

artigos. ...................................................................................................................... 86

Figura 31 - Análise da seletividade ou não dos artigos à produção do bioPG. ......... 87

Figura 32 - Série histórica das patentes concedidas encontradas pela busca na base

USPTO. ..................................................................................................................... 88

Figura 33 - Patentes Concedidas encontradas pela busca na base USPTO

separados por país de origem. .................................................................................. 88

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Figura 34 - Patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO

separadas por tipo de instituição de origem. ............................................................ 89

Figura 35 - Patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO

separadas por cessionários. ..................................................................................... 90

Figura 36 - Patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO

separadas pelas taxonomias. ................................................................................... 91

Figura 37 - Análise das patentes concedidas com produtos derivados do uso do

bioPG como intermediário ou material de partida para outras reações. ................... 92

Figura 38 - Porcentagem das patentes concedidas que adotaram o método de

obtenção do bioPG via rota química ou via rota bioquímica. .................................... 92

Figura 39 - Fontes de matéria-prima para produção do bioPG encontradas nas

patentes concedidas. ................................................................................................ 93

Figura 40 - Tipos de açúcares usados como matéria-prima para a produção do

bioPG encontrados nas patentes concedidas. .......................................................... 93

Figura 41 - Tipos de reações químicas encontradas nas patentes concedidas. ....... 94

Figura 42 - Análise da seletividade ou não das patentes cocedidas à produção do

bioPG. ....................................................................................................................... 95

Figura 43 - Produtos químicos obtidos juntamente com o bioPG encontrados nas

patentes concedidas. ................................................................................................ 95

Figura 44 - Série histórica das patentes solicitadas encontradas pela busca na base

USPTO. .................................................................................................................... 96

Figura 45 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separados

por país de origem. ................................................................................................... 97

Figura 46 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separadas

por tipo de instituição de origem. .............................................................................. 97

Figura 47 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separadas

por cessionários. ....................................................................................................... 98

Figura 48 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separadas

pelas taxonomias. ..................................................................................................... 99

Figura 49 - Análise das patentes solicitadas com produtos derivados do uso do

bioPG como intermediário ou material de partida para outras reações. ................. 100

Figura 50 - Porcentagem das patentes solicitadas que adotaram o método de

obtenção do bioPG via rota química ou via rota bioquímica. .................................. 100

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Figura 51 – Especificação dos processos biotecnológicos encontrados nas patentes

solicitadas utilizados para a produção do bioPG. .................................................... 101

Figura 52 - Fontes de matéria-prima para produção do bioPG encontradas nas

patentes solicitadas. ................................................................................................ 102

Figura 53 - Tipos de reações químicas encontradas nas patentes solicitadas. ...... 102

Figura 54 - Análise da seletividade ou não das patentes solicitadas à produção do

bioPG. ..................................................................................................................... 103

Figura 55 - Produtos químicos obtidos juntamente com o bioPG encontrados nas

patentes solicitadas. ................................................................................................ 104

Figura 56 - Exemplo da colocação das linhas guias saindo das caixas de taxonomia

e da intercessão com as setas que saem dos atores (logos). ................................. 107

Figura 57 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Foco do

Documento. ............................................................................................................. 108

Figura 58 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Produto Final. .. 108

Figura 59 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Insumos do

Processo. ................................................................................................................ 109

Figura 60 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Tecnologia. ...... 109

Figura 61 - Exemplo de um cluster, onde a Dow e a ADM estão ligadas às mesmas

taxonomias no roadmap. ......................................................................................... 110

Figura 62 - Visualização completa do technology roadmap do propilenoglicol com

base em fontes renováveis...................................................................................... 110

Figura 63 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes

Renováveis: Estágio Atual....................................................................................... 113

Figura 64 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes

Renováveis: Curto Prazo......................................................................................... 116

Figura 65 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes

Renováveis: Médio Prazo........................................................................................ 119

Figura 66 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes

Renováveis: Longo Prazo. ...................................................................................... 122

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Classificação da pesquisa realizada. ....................................................... 62

Tabela 2 - Palavras-chave (em inglês) utilizadas para realizar a busca pelos artigos

científicos na base de dados Scopus. ...................................................................... 69

Tabela 3 - Palavras-chave (em inglês) utilizadas para realizar a busca pelas patentes

concedidas na base USPTO. .................................................................................... 70

Tabela 4 - Palavras-chave (em inglês) utilizadas para realizar a busca pelas patentes

solicitadas na base USPTO. ..................................................................................... 72

Tabela 5 - Palavras-chave (em português) utilizadas para realizar a busca pelas

patentes na base INPI. ............................................................................................. 73

Lista de Quadros

Quadro 1 - Perspectivas de penetração dos bioprodutos drop-in e não drop-in

selecionados. ............................................................................................................ 26

Quadro 2 - Toxicidade Oral em Ratazanas para o propilenoglicol em comparação a

outros compostos orgânicos. .................................................................................... 28

Quadro 3 - Métricas comparativas avaliadas para as rotas de produção fóssil e

renovável do PG. ...................................................................................................... 37

Quadro 4 - Alguns métodos conhecidos de prospecção tecnológica separados por

famílias segundo Porter. ........................................................................................... 48

Quadro 5 - Acompanhamento do preço de alguns metais e do dólar, segundo o LME

(London Metal Exchange), para Fevereiro de 2016. ................................................. 84

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Lista de Abreviaturas e Siglas

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química

ADM – Archer Daniels Midland Company

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

bioPG – Propilenoglicol renovável

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CGEE – Centro de Gestão de Estudos Estratégicos

CNI – Confederação Nacional da Indústria

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ENI – Ente Nazionale Idrocarburi

ETP – European Technology Platforms

EUA – Estados Unidos da América

FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio

de Janeiro

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FCC – Fábrica Carioca de Catalisadores

GBT – Global Bio-Chem Technology

GE – General Eletric

INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial

INT – Instituto Nacional de Tecnologia

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JM Davy – Johnson Matthey Davy Technologies

JTEC – Japanese Technology Evaluation Center

NASA – National Aeronautics and Space Administration

NEITEC – Núcleo de Estudos Industriais e Tecnológicos

NREL – National Renewable Energy Laboratory

OCDE – Organização Para A Cooperação E Desenvolvimento Econômico

PG – Propilenoglicol

PNNL – Pacific Northwest National Laboratory

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TRM – Technology Roadmapping

UFF – Universidade Federal Fluminense

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

USPTO – United States Patent And Trademark Office

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SUMÁRIO

1 Introdução ............................................................................................................. 21

1.1 O potencial da bioeconomia para o Brasil ....................................................... 23

1.2 Bioprodutos ...................................................................................................... 24

1.2.1 Propilenoglicol (PG) .................................................................................. 27

1.3 Problema ......................................................................................................... 29

1.4 Delimitação do Tema ....................................................................................... 29

1.4.1 Prospecção Tecnológica e Technology Roadmap .................................... 30

1.5 Objetivos .......................................................................................................... 31

1.5.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 31

1.5.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 32

1.6 Justificativa ...................................................................................................... 32

1.7 Estrutura do Estudo ......................................................................................... 33

2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) .............................. 35

2.1 Características Físico-Químicas ........................................................................ 35

2.2 Matéria-Prima ................................................................................................... 36

2.3 Produção via rota Química ................................................................................ 37

2.4 Produção via Rota Bioquímica ......................................................................... 40

2.5 Coprodução ..................................................................................................... 41

2.6 Intermediário ou material de partida para outras reações ............................... 42

2.7 Purificação ....................................................................................................... 43

2.8 Empresas envolvidas na produção atual de bioPG ......................................... 43

3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) ........................ 45

3.1 Prospecção Tecnológica .................................................................................. 45

3.1.1 Métodos de prospecção tecnológica ......................................................... 47

3.2 Technology Roadmapping (TRM) .................................................................... 50

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3.2.1 Histórico .................................................................................................... 50

3.2.2 Definições ................................................................................................. 51

3.2.3 Os Processos de TRM .............................................................................. 52

3.2.4 Formas de Apresentação ......................................................................... 54

3.2.5 Limitações e desafios da Técnica de TRM ............................................... 56

3.2.6 Aplicações ................................................................................................ 58

3.2.7 Uso do TRM no Brasil ............................................................................... 58

3.2.8 O Método de TRM Desenvolvido pelo NEITEC (Núcleo de Estudos

Industriais e Tecnológicos) ................................................................................ 59

4. Metodologia ......................................................................................................... 61

4.1 Linhas Gerais da Pesquisa ............................................................................. 61

4.2 Metodologia de Elaboração do Technology Roadmap .................................... 62

4.2.1 Fase Pré-prospectiva ................................................................................ 63

4.2.2 Fase de Prospecção Tecnológica ............................................................. 63

4.2.3 Fase Pós-prospectiva ............................................................................... 65

5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica .............................................. 68

5.1 Seleção dos documentos ................................................................................ 68

5.1.1 Artigos Científicos ..................................................................................... 68

5.1.2 Patentes Concedidas ................................................................................ 70

5.1.3 Patentes Solicitadas ................................................................................. 71

5.1.4 Patentes pelo INPI .................................................................................... 72

5.2 Prospecção Tecnológica - Artigos Científicos ................................................. 73

5.2.1 Análise Macro ........................................................................................... 73

5.2.2 Análise Meso ............................................................................................ 77

5.2.3 Análise Micro ............................................................................................ 79

5.3 Prospecção Tecnológica - Patentes Concedidas ............................................ 87

5.3.1 Análise Macro ........................................................................................... 87

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xix

5.3.2 Análise Meso ............................................................................................. 90

5.3.3 Análise Micro ............................................................................................. 91

5.4 Prospecção Tecnológica - Patentes Solicitadas .............................................. 95

5.4.1 Análise Macro ........................................................................................... 96

5.4.2 Análise Meso ............................................................................................. 98

5.4.3 Análise Micro ............................................................................................. 99

5.5 Conclusões sobre a Fase de Prospecção Tecnológica ................................. 104

5.5.1 Situação atual do Brasil ........................................................................... 106

6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap .................... 107

6.1 Estágio Atual .................................................................................................. 111

6.2 Curto Prazo .................................................................................................... 114

6.3 Médio Prazo ................................................................................................... 117

6.4 Longo Prazo .................................................................................................. 120

7. Análise do Technology Roadmap .................................................................... 123

7.1 Análise Vertical .............................................................................................. 124

7.1.1 Cluster ADM e Dow (estágio atual) ......................................................... 124

7.1.2 Cluster BASF e JM Davy (estágio atual) ................................................. 124

7.1.3 Cluster BASF e GTC (curto prazo) .......................................................... 125

7.1.4 Cluster CNRS e IFP (curto prazo) ........................................................... 125

7.1.5 Cluster Genomatica e Braskem (médio prazo) ....................................... 125

7.1.6 Cluster Petrobras e INT (médio prazo) .................................................... 126

7.1.7 Cluster ENI, Petrobrás e INT (médio prazo) ............................................ 126

7.2 Análise Horizontal .......................................................................................... 127

7.3 Análise dos Atores do Processo .................................................................... 128

7.3.1 Archer Daniels Midland Company (ADM) ................................................ 128

7.3.2 BASF ....................................................................................................... 128

7.3.3 Dow Chemical ......................................................................................... 129

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7.3.4 Global Bio-Chem Technology (GBT) ...................................................... 129

7.4 Análise do Potencial Brasileiro ...................................................................... 129

8. Considerações Finais e Direções Futuras de Pesquisa ................................ 132

Referências ........................................................................................................... 135

Apêndice ................................................................................................................ 145

APÊNDICE A – ARTIGOS CIENTÍFICOS USADOS NO TRABALHO COMO

REFERÊNCIA PARA A PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA .................................. 145

APÊNDICES B – PATENTES CONCEDIDAS USADAS NO TRABALHO COMO

REFERÊNCIA PARA A PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA .................................. 160

APÊNDICES C – PATENTES SOLICITADAS USADAS NO TRABALHO COMO

REFERÊNCIA PARA A PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA .................................. 162

APÊNDICES D – LOGOS DAS INSTITUIÇÕES CITADAS NO ROADMAP ....... 165

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1 Introdução 21

1 INTRODUÇÃO

A indústria química é um setor estratégico para todas as economias do mundo.

Os EUA (Estados Unidos da América) chegaram a faturar US$ 801 bilhões só em

2014. No Brasil, o setor obteve um faturamento líquido de aproximadamente US$

112 bilhões em 2015. Porém, os seguidos déficits na balança comercial mostram o

quanto uma diversificação no setor se faz necessária. Com um faturamento de

aproximadamente US$ 147 bilhões em 2014, o déficit comercial do segmento somou

US$ 31,2 bilhões nesse mesmo ano, com previsões futuras de agravamento até pelo

menos 2020 (ABIQUIM, 2016).

Uma boa alternativa para reverter essa situação é a chamada bioeconomia,

definida pela OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento

Econômico) como “[...] um mundo em que a biotecnologia contribui para uma parte

significativa da produção econômica.” (OCDE, 2009). A bioeconomia tem sido

considerada a indústria do futuro, um mercado cada vez mais consolidado e capaz

de gerar produtos de alto valor agregado (SANTI, 2015).

A utilização de qualquer fonte de biomassa1, não só na alimentação como

também para o uso como matéria-prima renovável nas indústrias, é a base da

bieconomia. A União Europeia publicou em 2012 um documento onde complementa

a ideia da OCDE, pois considera a bioeconomia algo que:

“[...] engloba a produção de recursos biológicos renováveis e a conversão destes recursos e o fluxo de resíduos em produtos de alto valor agregado, tais como alimentos, produtos de base biológica e bioenergia.” (EUROPEAN COMMISSION, 2012).

Os documentos The European Bioeconomy in 2030, formulado pela

organização European Technology Platforms (2011), National Bioeconomy Blueprint,

formulado pelo governo americano (2012), An Economic Impact Analysis of the U.S.

Biobased Products Industry – A Report to the Congress of the United States of

America, formulado por pesquisadores da Duke University e da North Carolina State

1 Biomassa é caracterizada como qualquer material biológico (residual ou não) que pode ser

utilizado para a produção de produtos renováveis.

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1 Introdução 22

University e autorizado pelo departamento de agricultura dos EUA (2015) e

Bioenergy & Sustainability: bridging the gaps, formulado pela organização Scientific

Committee on Problems of the Environment (SCOPE) (2015) apontam para o

potencial estratégico da bioeconomia para o mundo, que representa um processo de

inovação e diversificação econômica de alto potencial. Os desafios e as restrições

econômicas e sociais, envolvendo o uso indiscriminável de recursos fósseis, também

reforçam a influência de um movimento de inovação baseado no conceito global de

bioeconomia (Figura 1).

Figura 1 - O conceito de bioeconomia.

Fonte: Adaptado de EUROPEAN TECHNOLOGY PLATFORMS, 2011.

Os biocombustíveis, bioprodutos e biorrefinarias são bons exemplos de

inovações relacionadas à bioeconomia, tanto no cenário mundial como no brasileiro.

Todos eles se baseiam no uso de biomassa para obtenção de produto e/ou energia

renovável. Alguns países possuem vantagens em termos de obtenção das matérias-

primas e o Brasil, em particular, se encontra numa posição privilegiada.

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1 Introdução 23

1.1 O POTENCIAL DA BIOECONOMIA PARA O BRASIL

O Brasil se encontra muito bem colocado em comparação ao resto do mundo

quando se trata de energia sustentável e uso de matérias-primas renováveis. Nossa

matriz energética conta com 39,4% de energias renováveis, bem superiores à média

mundial de 14% (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2015). Segundo os dados do

Ministério de Minas e Energia, os tipos de energias renováveis incluem hidráulica e

eletricidade (11,5%), lenha e carvão vegetal (8,1%), derivados da cana-de-açúcar

(15,7%) e outras fontes (4,1%).

Além da cana-de-açúcar, referência no mundo pela sua qualidade, o país

possui inúmeras commodities agrícolas que geram toneladas de resíduos não

aproveitados e condições geográficas favoráveis para a implantação de uma grande

diversidade de matérias-primas. Só de espécies vegetais produtoras de óleo em

frutos e grãos são mais de 200 conhecidas espalhadas pelo país e cerca de 90

milhões de hectares de terras disponíveis para a expansão agrícola, além dos

resíduos gerados pela agropecuária nacional (EMBRAPA AGROENERGIA, 2011).

Como ressaltado por Bomtempo (2015a), todas as vantagens, como

disponibilidade de matéria-prima, produção competitiva e um mercado de

biocombustíveis bem estabelecido, não são o suficiente para que haja, de fato,

alguma mudança no mercado nacional em direção à bioeconomia aplicada. O

pesquisador retrata o cenário brasileiro e a necessidade, colocada por ele como

urgente, de se criar uma agenda de inovação para a bioeconomia no país.

Uma das iniciativas mais importantes, ainda segundo Bomtempo (2015b), foi o

documento chamado “Bioeconomia, oportunidades, obstáculos e agenda”, fruto de

três fóruns com ampla discussão sobre o tema. Esse documento indica e sugere ao

governo quais ações devem ser priorizadas para o setor, com foco em três

dimensões: biotecnologia industrial, setor primário e saúde humana (CNI, 2014).

A criação e definição de uma agenda direcionada pelo governo para promover

as iniciativas em bioeconomia no país irá potencializar todas as vantagens naturais

já existentes por causa da biodiversidade brasileira. Esse é um dos impulsos

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1 Introdução 24

necessários para que o país aumente sua produção tecnológica e,

consequentemente, industrial.

1.2 BIOPRODUTOS

Neste trabalho serão denominados bioprodutos aqueles compostos químicos

obtidos a partir do processamento da biomassa, seja ele um processamento químico

ou bioquímico. Eles podem ser obtidos por intermédio de vários tipos de matérias-

primas, como açúcar, amido, celulose, óleos e gorduras, agregando valor aos

produtos primários e/ou resíduos gerados na agropecuária.

O glicerol, por exemplo, é um dos resíduos gerados na produção de biodiesel

que pode ser utilizado como matéria-prima. Por ser um subproduto do processo de

obtenção do biocombustível, o preço do glicerol teve uma queda considerável ao

longo do tempo, tornando-o um substrato barato para obtenção de bioprodutos com

maior valor agregado (MOTA et al., 2009).

O estudo Top Value Added Chemicals From Biomass, realizado pelo

departamento de energia dos EUA, buscou avaliar os principais produtos químicos

derivados da biomassa que possuíssem alto valor agregado e trouxessem

vantagens para a indústria química americana. Foram selecionados doze blocos de

construção2 (building blocks), dentre eles o glicerol, como sendo os mais vantajosos

para produção. Para cada bloco de construção, foi feita uma análise dos produtos

secundários mais interessantes ao mercado, identificando o estágio em que se

encontravam as tecnologias de produção e o potencial de aplicação dos produtos no

mercado (PNNL, NREL, 2004).

Dentre as possibilidades apresentadas pelos especialistas em bioenergia dos

EUA, ressalta-se o propilenoglicol (PG), que pode ser obtido pelo processamento do

glicerol, como uma alternativa de grande interesse para o mercado consumidor

(Figura 2).

2 Blocos de Construção, do inglês building blocks, são produtos químicos que funcionam como

base para a produção de vários outros produtos químicos secundários.

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1 Introdução 25

Figura 2 - Produtos derivados do glicerol, sendo os destacados em amarelo classificados como os mais relevantes.

Fonte: PNNL, NREL, 2004.

A revista Chemical & Engineering News trouxe o mesmo tema em um volume

lançado em 2009, onde mostra que grandes empresas do setor químico, como Dow

Chemical e Huntsman Corporation, estavam direcionando seus investimentos para

produção do PG (MCCOY, 2009). A organização IEA Bioenergy, que faz o

monitoramento global sobre o uso da bioenergia, também coloca o PG como uma

alternativa vantajosa para o processamento do glicerol (IEA BIOENERGY, 2011).

No contexto brasileiro, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social) realizou uma chamada pública propondo a realização de um

estudo do potencial de diversificação da indústria química brasileira (BNDES, 2011).

E, dentre os vários segmentos analisados, o segmento com matéria-prima

competitiva e tecnologia emergente foi representado pelos produtos químicos

obtidos de fontes renováveis (BAIN & COMPANY, 2014).

No total foram 15 compostos químicos renováveis selecionados pelo estudo do

BNDES. Dentre eles, observa-se novamente a presença do PG como um bioproduto

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1 Introdução 26

de destaque, sendo esse colocado no grupo de produtos do tipo drop-in3 com

perspectiva de maturação no mercado em médio prazo (Quadro 1) (BAIN &

COMPANY, 2014).

Quadro 1 - Perspectivas de penetração dos bioprodutos drop-in e não drop-in selecionados.

PERSPECTIVA DE MATURAÇÃO PRODUTO DROP-IN % DE PENETRAÇÃO

(VOLUME)*

Médio Prazo (até 2025)

Epicloridrina >50%

Isobutanol >50%

n-Butanol >50%

1,4 Butanodiol (BDO) >50%

Propilenoglicol >50%

Longo Prazo ( até 2030)

Butadieno Entre 10 e 50%

Ácido Adípico Entre 10 e 50%

Isopreno Entre 10 e 50%

Metionina Entre 10 e 50%

Ácido Acrílico Entre 10 e 50%

PERSPECTIVA DE MATURAÇÃO PRODUTO NÂO DROP-IN -

Médio Prazo (até 2025) Óleos de Algas -

Longo Prazo (até 2030)

Ácido Succínico -

Ácido Levulínico -

Farneceno -

Óleos/olefinas de metástase -

(*) Volume definido via pesquisa do mercado mundial, perspectivas de substituição e entrevistas com especialistas.

Fonte: BAIN & COMPANY, 2014.

A capacidade de produção atual do PG renovável é de 220 mil ton/ano, sendo

considerada ainda mais competitiva que as rotas fósseis tradicionais de obtenção do

mesmo (BAIN & COMPANY, 2014; MARINAS et al., 2015). Os EUA é atualmente o

maior consumidor de PG (fóssil e renovável) e a projeção é de que o mercado

alcance um valor de até 4,2 bilhões de dólares em 2019 (MARKETSANDMARKETS,

2016).

3 Se o produto renovável pode ser utilizado diretamente, sem alteração na forma de

distribuição, dos equipamentos de transformação ou da forma de uso, ele é denominado do tipo drop-in. Se o mesmo é considerado um novo bloco de construção, ocupando um espaço completamente novo de segmento na indústria química, então ele é denominado do tipo não drop-in.

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1 Introdução 27

1.2.1 Propilenoglicol (PG)

O álcool propano-1,2-diol, também conhecido como propilenoglicol (PG), é um

composto orgânico de baixa massa molar usado e produzido em larga escala, sendo

assim caracterizado como commodity para a indústria. Seu caráter atóxico faz com

que seja amplamente usado como excipiente para aplicações diversas, envolvendo

pessoas e/ou animais, como nos setores de saúde, cosméticos, alimentação, dentre

outros mais específicos. Atua como potencial substituto do etilenoglicol, que

atualmente é considerado um produto nocivo à saúde humana e ao meio-ambiente

(RAMOS, 2007). O PG é utilizado, por exemplo, como:

Solvente para aromas na indústria de aromas, essências e fragrâncias;

Umectante para resinas naturais;

Solvente para xaropes e preparações farmacêuticas contendo

ingredientes solúveis em água;

Agente de acoplamento em formulações de filtros solares, xampus,

cremes de barbear e outros produtos similares;

Em solução aquosa, apresenta excelentes propriedades

anticongelantes;

Solvente para tintas de impressão;

Estabilizador de espumas em cremes de barbear;

Solvente e acoplador para diversas aplicações (DOW, 2000).

O baixo nível de toxicidade do PG o distingue dos demais glicóis e outros

compostos orgânicos similares (Quadro 2). Para o 1,3-propanodiol, um composto

isômero de posição, por exemplo, a toxicidade é praticamente duas vezes superior

ao do PG.

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1 Introdução 28

Quadro 2 - Toxicidade Oral em Ratazanas para o propilenoglicol em comparação a outros compostos orgânicos.

Composto DL50

Oral – Ratazana (mg/kg)*

1,2-propanodiol 20,000

1,3-propanodiol 10,500

Etilenoglicol 4,700

Metanol 2,769

Etanol 10,470

Glicerina 12,600

Sacarose 29,700

(*) DL50 é a dose letal mediana, ou seja, a quantidade de substância necessária para que haja a morte de 50% da população teste, no caso das ratazanas (medida em miligramas de substância por quilograma da massa corporal dos indivíduos).

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados obtidos em SIGMA-ALDRICH, 2016.

Industrialmente, o PG é produzido via hidratação do óxido de propileno, óxido

este obtido a partir de fontes fósseis (propano) (MARINAS et al., 2015). Os

processos usados são não catalíticos a alta temperatura (200-220°C) ou catalisados

por resinas trocadoras de íons, pequenas quantidades de ácido sulfúrico ou bases.

Uma purificação posterior garante um grau de pureza de 99,5% ou superior, voltado

para os setores de saúde e alimentação.

Sua produção de forma renovável já é conhecida há muitos anos, como mostra

a patente de 1985 da empresa Celanese (CELANESE, 1985). Foram fatores

econômicos, como a queda no preço do glicerol, que motivaram a sua produção no

início dos anos 2000. Hoje, além do glicerol como matéria-prima tem-se o uso de

açúcares ou similares (sorbitol) (GBT, 2015). Como ele é um produto do tipo drop-in,

o PG obtido por meio de biomassa pode ser comercializado para os mesmos

mercados que o correspondente de fonte fóssil.

Estima-se que a demanda mundial de PG seja próxima de dois milhões de

toneladas por ano, o que equivale a três bilhões de dólares. O Brasil produz e

exporta o PG pela Dow Chemical Company utilizando fonte fóssil como matéria-

prima (DOW, 2000). Em 2012 a balança comercial nacional (considerando somente

o PG) teve uma importação total de 19,48 kton e exportação de 24,22 kton,

resultando em um saldo positivo de 12,94 milhões de dólares. Isso mostra um

mercado de consumo já bem estabelecido no país e uma possibilidade de ampliação

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1 Introdução 29

ainda maior dos ganhos com a exportação do produto para o mundo inteiro (BAIN &

COMPANY, 2014).

1.3 PROBLEMA

Considerando as informações obtidas pelos estudos já realizados e o potencial

competitivo do PG como um bioproduto de alto valor agregado, são colocadas as

seguintes questões como o problema a ser desenvolvido neste estudo:

1) Existe algum movimento tecnológico no país para a produção do PG

renovável? Quem está se movimentando?

2) Quais seriam as tendências tecnológicas para o PG renovável no

momento atual e no curto, médio e longo prazo?

3) Quais as expertises tecnológicas de cada organização que já atua no

setor?

4) Quais universidades e institutos de pesquisa, no Brasil e no mundo,

envolvidos no assunto e quais são as suas respectivas expertises?

5) Quais as parcerias existentes entre empresas, institutos e

universidades e as futuras?

1.4 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Para responder as questões levantadas no item anterior, este trabalho propõe

a análise mais detalhada das tecnologias que envolvem a produção e/ou aplicação

da molécula de PG renovável, chamada também de bioPG. Além disso, serão

levantadas as principais organizações atuantes no setor, delimitando quais as fontes

de matéria-prima utilizadas, quais os tipos de rota de produção que cada uma adota

e quais as tendências que estão surgindo nessa área.

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1 Introdução 30

1.4.1 Prospecção Tecnológica e Technology Roadmap

Como o objetivo principal do estudo é a análise, ao longo do tempo, com uma

visão de futuro, das tecnologias e mercados envolvidos com o bioPG, o uso do

método de prospecção tecnológica ajusta-se bem com esse objetivo. Segundo

Kupfer e Tigre (2004), a prospecção tecnológica pode ser definida como um "meio

sistemático de mapear desenvolvimentos científicos e tecnológicos futuros capazes

de influenciar de forma significativa uma indústria, a economia ou a sociedade como

um todo".

A busca pelo entendimento do ambiente tecnológico auxilia na elaboração de

estratégias e posicionamentos diante da competitividade (entre empresas ou

nações), e dos desafios científicos e tecnológicos (ZACKIEWICZ & SALLES-FILHO,

2001). No governo de um país, por exemplo, pode-se usar a prospecção não para

definir políticas públicas em si, mas para ajudar a torná-las mais apropriadas e

flexíveis de acordo com as condições do ambiente tecnológico.

São vários os métodos de prospecção tecnológica já desenvolvidos,

classificados em qualitativos, quantitativos e semi-quantitativos por Popper (2008).

Utilizam-se desde questionários e encontros entre especialistas até métodos

computacionais de busca e análise de palavras-chave em textos científicos. São

ferramentas valiosas para tomadas de direção e decisão, definição de prioridades e

capacidade de antecipação (MCDOWALL, 2012).

O método chamado de technology roadmapping (TRM), ou mapeamento

tecnológico, é caracterizado por Popper (2008) como sendo um método semi-

quantitativo, ou seja, um método que aplica princípios matemáticos para quantificar

ou medir a subjetividade, juízos racionais, valores e pontos de vista de especialistas.

A finalidade principal do método é a construção do roadmap tecnológico que, assim

como os mapas cartográficos, busca mostrar, de forma clara e simples, as

possibilidades de movimentação de um indivíduo (ou organização) em um

determinado espaço de tempo (KAPPEL, 2001).

Considerada uma estratégia muito utilizada em ambientes empresariais que

buscam um olhar mais amplo sobre o mercado, produtos e tecnologias em relação

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1 Introdução 31

ao tempo. É utilizada principalmente para auxiliar em tomadas de decisão e

planejamento estratégico de curto, médio e/ou longo prazo (PHAAL et al., 2001).

O TRM tem sido amplamente utilizado no mundo e no Brasil, inclusive como

ferramenta na exploração do potencial das matérias-primas renováveis para o país.

Coutinho e Bomtempo (2011), por exemplo, criaram um roadmap com a finalidade

de direcionar os esforços necessários para a construção de políticas públicas e

estratégias mais adequadas ao cenário atual e futuro dos produtos renováveis.

O NEITEC (Núcleo de Estudos Industriais e Tecnológicos), liderado pela

professora Suzana Borschiver, atua ativamente no setor e elaborou dez roadmaps

tecnológicos nas áreas de: Adesivos, Tintas, Polímeros, BioMateriais, Automação,

Robótica, Tintas Sustentáveis e Inteligentes, Elastômeros e Compósitos (NEITEC,

2015a). Esse trabalho foi feito em parceria com o SENAI para mapear as tecnologias

e as tendências de mercado para essas áreas. Esses e outros trabalhos são

explorados no livro publicado pela professora, intitulado “TECHNOLOGY ROADMAP

– Planejamento Estratégico para alinhar Mercado-Produto-Tecnologia”

(BORSCHIVER & SILVA, 2016).

No capítulo 3 será abordada uma revisão bibliográfica mais aprofundada sobre

os conceitos de prospecção tecnológica e technology roadmap.

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Geral

Elaborar um technology roadmap do propilenoglicol renovável para identificar

as tendências tecnológicas e de mercado para o momento atual, curto, médio e

longo prazo.

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1 Introdução 32

1.5.2 Objetivos Específicos

Realizar um levantamento bibliográfico em artigos e patentes sobre o

propilenoglicol para criação de uma base sólida de conhecimento;

Quantificar e analisar qualitativamente os documentos obtidos criando

taxonomias que irão gerar os direcionadores (drivers) do estudo.

Mapear as tendências tecnológicas utilizando o technology

roadmapping;

Revisar e analisar criticamente as informações obtidas a partir do

mapa;

Identificar atores brasileiros no segmento e oportunidades de produção

do propilenoglicol para o cenário brasileiro.

1.6 JUSTIFICATIVA

O mapeamento estratégico, ou seja, a investigação do estágio atual da

tecnologia e uma projeção de futuro da mesma são elementos fundamentais para as

tomadas de decisão de qualquer organização. As grandes empresas atuantes do

setor de produtos químicos frequentemente utilizam de várias formas de avaliação e

prospecção de tecnologias e de mercado.

Já foram realizados estudos sobre os aspectos econômicos do bioPG, como o

do BNDES mostrado anteriormente, porém o aspecto tecnológico detalhado,

abrangendo tendência e especificando quais os tipos de rotas, tipo de matéria-prima,

catalisadores e outros insumos de processo necessários e quais os mais utilizados

para a fabricação comercial do bioPG ainda não foram abordados por nenhum

estudo até o presente momento.

É possível concluir que o TRM é um método que se encaixa muito bem no

objetivo de criação de uma base de informações sobre mercado e tecnologia acerca

do produto escolhido, o bioPG. A promoção de uma síntese de pontos chave para o

acompanhamento da tecnologia de uma maneira simples e visualmente oportuna

poderá influenciar decisões de adoção da produção de bioPG no Brasil.

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1 Introdução 33

1.7 ESTRUTURA DO ESTUDO

Para alcançar os objetivos propostos, este estudo foi organizado em oito

capítulos: 1) Introdução, 2) Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG),

3) Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM), 4) Metodologia, 5)

Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica, 6) Fase Pós-prospectiva –

Elaboração do Technology Roadmap, 7) Análise Estratégica do Technology

Roadmap e 8) Conclusões e Futuras Direções de Pesquisa.

No primeiro capítulo de introdução é mostrada uma definição do problema da

pesquisa, uma abordagem do problema, o esclarecimento dos objetivos gerais e

específicos, a relevância do tema, as justificativas e a aplicabilidade do objeto de

estudo.

No segundo capítulo são apresentados os conceitos e conhecimentos acerca

do objeto de estudo, o propilenoglicol. São mostrados os conceitos de propilenoglicol

fóssil e propilenoglicol renovável.

No terceiro capítulo, apresentam-se os conceitos sobre prospecção tecnológica

e technology roadmap. É mostrado um pequeno histórico, definições, processos,

formas de apresentação, limitações da técnica, aplicações e o uso da técnica no

Brasil.

No quarto capítulo é abordada a metodologia geral do estudo adotada para que

os objetivos pudessem ser atingidos. São delimitadas as linhas gerais características

da pesquisa, a metodologia e todas as fases de elaboração do roadmap.

No quinto capítulo são mostrados os resultados da fase de prospecção

tecnológica. É detalhada a metodologia de busca e análise utilizada para obtenção

dos dados e documentos, que em seguida são abordados individualmente de acordo

com cada tipo (artigo, patente concedida, patente solicitada). No final relata-se uma

conclusão sobre os dados obtidos nesta etapa.

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1 Introdução 34

No sexto capítulo é mostrado o roadmap finalizado, separado em cortes

temporais de estágio atual, curto prazo, médio prazo e longo prazo. Finalizando o

capítulo é mostrada uma análise do resultado como um todo obtido pelo roadmap.

No sétimo capítulo é realizada uma análise estratégica utilizando os resultados

obtidos por meio do roadmap.

No oitavo e último capítulo são apresentadas as conclusões finais e também

possíveis direções futuras para a continuação desta e de outras pesquisas.

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 35

2 PROPILENOGLICOL (PG) E PROPILENOGLICOL RENOVÁVEL (BIOPG)

Neste capítulo são mostradas as características químicas da molécula de PG, as

matérias-primas renováveis mais utilizadas, as principais rotas de obtenção de origem

fóssil e renovável, sua utilização como material de partida para outras reações e um

resumo dos principais produtores do bioPG atualmente.

2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS

O propilenoglicol (1,2-propanodiol ou propano-1,2-diol pela IUPAC4) é um

hidrocarboneto com dois grupos hidroxila e fórmula química C3H8O2 (Figura 3). Com

número de registro CAS (Chemical Abstracts Service Registry Number) 57-55-6, ele

é um insumo versátil, não tóxico, e extensivamente comercializado em diversos

mercados, como a indústria farmacêutica e de alimentos.

Figura 3 - Estrutura química do propilenoglicol.

O PG age como um excelente solvente, sendo solúvel em água e outros

compostos orgânicos comuns, com ação umectante (capacidade de atrair e reter água)

e plastificante (DOW, 2000). As suas características adicionais como transparência e

ausência de cheiro, além da baixa volatilidade, complementam as vantagens de seu

uso em medicamentos, cosméticos e alimentos.

O bioPG, produzido mediante uso de biomassa, tem as mesmas características

do PG, pois trata-se da mesma estrutura química obtida por uma rota alternativa. Seu

uso, portanto, se estende aos mesmos mercados já mencionados, só que com um

4 IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) ou União Internacional de

Química Pura e Aplicada é a autoridade reconhecida no desenvolvimento dos padrões e definições sobre os compostos químicos.

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 36

diferencial: ajuda a empresa que utilizá-lo a ganhar créditos em termos de

sustentabilidade. Resinas feitas com bioPG, por exemplo, podem gerar produtos com

selos “verdes” de sustentabilidade (ADM, 2014).

2.2 MATÉRIA-PRIMA

Em termos de fonte de matéria-prima renovável, a mais utilizada para obtenção

do bioPG é o glicerol (WANG et al., 2015). Durante a produção do biodiesel, a molécula

de glicerol é produzida uma vez a cada três moléculas do biocombustível (ésteres)

produzidas, ou seja, uma proporção de 3:1 (AYHAN, 2009). Isso é calculado em torno

de 90 m3 de biodiesel para 10 m3 de glicerol. Como a capacidade de produção do

combustível gira em torno de 20 mil m3/dia (ANP, 2016), tem-se no país hoje uma

produção de glicerol com capacidade em torno de 2,2 mil m3/dia.

O aumento da oferta de glicerol, não só no Brasil como no mundo, fez com que

seu preço caísse junto com a demanda. Mais do que isso, o mercado brasileiro está

saturado, sendo exportado para o exterior cerca de 20 mil toneladas do produto em um

único mês (BIODIESELBR, 2014). Isso pode ser um ponto positivo segundo um estudo

realizado pela Grand View Research, que diz que o mercado global do glicerol irá

chegar a 2,52 bilhões de dólares em 2020, com um aumento contínuo no consumo

(GRAND VIEW RESEARCH, 2014).

Além do glicerol, outros compostos muito utilizados para a produção de bioPG são

os açúcares e seus derivados (poliálcoois), obtidos a partir de cana-de-açúcar ou

amido, por exemplo (GBT, 2015). Tem-se no país um processo bem amadurecido tanto

na agricultura, com várias espécies de cana-de-açúcar aprimoradas, como no processo

de obtenção de açúcares (EMBRAPA AGROENERGIA, 2011). Lazaridis et al. (2015)

mostram como realizar a hidrogenólise da glicose para obter produtos variados,

incluindo o bioPG.

Outras fontes de matéria-prima reportadas para produção de bioPG são as

lignocelulósica (cellulose e hemicelulose) (SUN et al., 2016) e o ác. lático (XIAO et al.,

2015), por exemplo.

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 37

Foi feita uma comparação entre o produto fóssil (via propileno) e o renovável (via

glicerol), avaliando a eficiência material (menor geração de resíduos), a eficiência

energética, o uso da terra e o valor econômico agregado (Quadro 3). Ambas as

matérias-primas foram consideradas competitivas pelos pesquisadores, sendo que o

maior desafio identificado para a fonte renovável foi a necessidade do uso de grandes

extensões de terra. Esse fato não influencia o cenário brasileiro, com seus 90 milhões

de hectares de terras disponíveis, como já citado anteriormente.

Quadro 3 - Métricas comparativas avaliadas para as rotas de produção fóssil e renovável do PG.

Eficiência Material (E-factor)* Eficiência energética Uso da terra

Rota fóssil 50% (1,01) 52 - 61% 0

Rota renovável 81% (0,24) aprox. 70% 7 Ha/t

(*) Permite uma rápida avaliação do impacto ambiental de um processo de fabricação específico por expressar a quantidade de resíduos produzidos por quilograma de produto (SHELDON, 2007).

Fonte: Adaptado de MARINAS et al., 2015.

2.3 PRODUÇÃO VIA ROTA QUÍMICA

O processo de produção do PG via rota química utiliza tanto fontes renováveis

quanto fósseis para obtenção do produto final (WANG et al., 2015). Essa é a única via

utilizada industrialmente para obter o PG comercializado no mercado.

A partir de fontes fósseis, o PG é obtido com a hidratação do óxido de propileno

(Figura 4). A reação ocorre em um reator com água e são usados processos não

catalíticos, a alta temperatura (200-220°C), ou catalisados por resinas trocadoras de

íons, pequenas quantidades de ácido sulfúrico ou bases. Uma purificação posterior

garante um grau de pureza de 99,5% ou maior, voltado para os setores de saúde e

alimentação (MARINAS et al., 2015).

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 38

Figura 4 - Produção do propilenoglicol via fonte fóssil.

Fonte: Adaptado de GBT, 2003.

O ponto chave da produção do PG é a etapa de síntese do óxido de propileno,

como relatado por Marinas et al. (2015), existindo cinco5 rotas tecnológicas

principais dominadas por empresas como a Dow, Huntsman e LyondellBassell, que

são também as principais produtoras do PG (BAIN & COMPANY, 2014).

A hidrogenólise (Figura 5) é a reação química mais utilizada para processar as

matérias-primas de fontes renováveis. A reação consiste na clivagem de ligações do

tipo C-C ou C-X (X=heteroátomo) pelo gás hidrogênio (LIU et al., 2015). É feita com

uso de catalisador e ambiente em condições mais severas de temperatura e

pressão. Pesquisas destinando-se ao esclarecimento dos mecanismos de reação

dão base para ampliar os estudos sobre insumos e condições do processo

(FALCONE et al., 2015).

Figura 5 - Hidrogenólise do glicerol para a formação de PG.

Fonte: TANIELYAN et al., 2014.

5 (1) o processo de hidroperóxido de cumeno (CHP, Sumitomo Chemical Company); (2)

epoxidação com peróxido de hidrogênio (HPPO, Dow-BASF); (3) o processo de óxido de propileno/monômero de estireno (PO / SM, LyondellBasel e Shell Company); (4) o processo de óxido de propileno/álcool t-butílico (PO/TBA, LyondellBasel e Huntsman Corporation PO) e (5) do processo de cloridrina (CHPO,Dow).

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 39

O catalisador é um fator crucial para o desempenho da reação de

hidrogenólise. São realizados diversos testes com vários tipos de catalisadores,

variando-se os metais e os suportes utilizados, para aumentar a conversão e o

rendimento final da reação. Tanielyan et al. (2014) conseguiram obter rendimentos

de até 95% de bioPG, com conversão de 100% da matéria-prima (glicerol),

utilizando um catalisador Cobre-Raney em um reator de leito fixo.

O processo adotado pela GBT (Global Bio-Chem Technology), produtora

chinesa de bioPG, também utiliza a reação de hidrogenólise, porém usando o

sorbitol (derivado da glicose) como substrato (Figura 6). Neste caso existe,

primeiramente, o tratamento do amido de milho para obtenção do sorbitol.

Posteriormente, é feita a hidrogenólise para geração de uma mistura de polióis,

separada através de destilação. Utilizando este processo, são obtidos

simultaneamente o propilenoglicol, o etilenoglicol, o 1,2-butanodiol e o 2,3-

butanodiol.

Fonte: Adaptado a partir de GBT, 2003.

Como a presença do gás hidrogênio também é crucial para a reação de

hidrogenólise, alguns pesquisadores estudaram as possibilidades de sua formação

in situ a partir de reações concomitantes, como a reforma da fase aquosa do glicerol

(SERETIS & TSIAKARAS, 2016).

Amido de Milho

Processo de sacarificação

Sorbitol

Hidrogenólise

Mistura de Glicóis

Separação de gases +

desidratação

Destilação

Etilenoglicol Propilenoglicol 2,3-butanodiol1,2-butanodiol

Glicerol

Redução catalítica

Figura 6 - Processo de obtenção de produtos renováveis da empresa GBT utilizando biomassa de milho.

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 40

2.4 PRODUÇÃO VIA ROTA BIOQUÍMICA

A rota bioquímica consiste na fermentação de açúcares, como a glicose, por

organismos geneticamente modificados para produzirem a molécula de bioPG. As

pesquisas buscam o desenvolvimento de rotas metabólicas sintéticas via engenharia

metabólica e otimização das condições no processo de fermentação (JAIN et al.,

2015). Uma combinação de biossíntese e manipulação do metabolismo celular dos

organismos, como Clostridium thermosaccharolyticum, Saccharomyces cerevisiae,

Escherichia coli, Synechoccus elongates e Corynebacterium glutamicum, leva a

formação de bioPG (SIEBERT & WENDISCH, 2015).

Um dos maiores desafios dessa rota de obtenção é o baixo rendimento obtido

em comparação aos processos químicos, sendo o maior rendimento reportado de

21,3% m/m (massa de produto/massa de substrato) (CLOMBURG & GONZALEZ,

2011). O processo metabólico natural muitas vezes entra em competição com a rota

sintética, comprometendo o rendimento.

JAIN et al. (2015), por exemplo, modificaram a rota da glicólise de um micro-

organismo selvagem E. coli. utilizando silenciamento gênico. Primeiramente o fluxo

de carbono do fosfato de di-hidroxiacetona (DHAP) foi redistribuído para a produção

de metilglioxal e consequente formação de 1,2-propanodiol (bioPG) (Figura 7).

Porém, naturalmente o organismo encontrava formas de retomar o fluxo natural,

produzindo, por exemplo, o lactato a partir do metilglioxal. Isso aconteceu diversas

vezes até o grupo encontrar a ordem correta de modificação das enzimas para que

fosse obtido o bioPG.

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 41

Figura 7 - Representação esquemática da via bioPG, via 1-propanol e vias principais concorrentes em E. coli. G3P: Gliceraldeído-3-fosfato. DHAP: Fosfato de di-hidroxiacetona.

Fonte: Adaptado de JAIN et al., 2015.

2.5 COPRODUÇÃO

A produção do bioPG tem forte ligação com a coprodução de outros compostos

orgânicos, a exemplo dos glicóis formados durante a quebra das matérias-primas,

como 1,3-propanodiol e etilenoglicol, além da possível produção de ác. lático

(MOREIRA et al., 2016). Isso resulta naturalmente da quebra de uma molécula

maior em várias outras estruturalmente menores.

Liu e Ye (2015), por exemplo, propõem um processo para a produção

simultânea de ác. lático e bioPG partindo da hidrogenação do glicerol (Figura 8). O

produto intermediário produzido na reação, chamado 2-hidróxipropanal, dá a opção

de direcionar a reação em direção a produção do bioPG ou forçar uma

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 42

tautomerização para obtenção do piruvaldeído e consequente obtenção do lactato

de cálcio.

Figura 8 - Formação do bioPG e do ác. lático a partir do glicerol via reação catalítica.

Fonte: LIU e YE, 2015.

Para a obtenção do bioPG via rota bioquímica, tem-se como exemplo a

coprodução de 1-propanol, considerado um biocombustível em potencial (JAIN et al.,

2015).

2.6 INTERMEDIÁRIO OU MATERIAL DE PARTIDA PARA OUTRAS REAÇÕES

Além das diversas aplicações possíveis para o bioPG, ele ainda pode ser

usado como material de partida para a síntese de diversos outros compostos, que

serão também considerados compostos renováveis, por consequência.

Dentre as possibilidades de uso encontradas existem a produção de

poliésteres (TORAY INDUSTRIES, 2014), ácido lático (REDINA et al., 2015), ác.

fórmico e acético (FENG et al., 2015), propanal (TAO et al., 2014) e o 1-propanol, via

rota bioquímica (URANO et al., 2014).

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 43

2.7 PURIFICAÇÃO

A quebra das matérias-primas renováveis gera diversos compostos com

características físico-químicas muito semelhantes durante o processo de produção

do bioPG, como o 1,3-propanodiol e o etilenoglicol. Dos métodos de purificação ou

isolamento encontrados, tem-se, por exemplo, o uso da extração do bioPG em meio

aquoso utilizando líquido iônico (CAI et al., 2015), destilações (multiefeito,

azeotópica, extrativa) (CHEN et al., 2015) e membranas (WANG et al., 2015).

A etapa de isolamento ou purificação dos compostos normalmente é cara e

demorada. Uma abordagem diferente priorizando o aumento da seletividade dos

catalisadores é uma saída estrategicamente favorável (LIU et al., 2015). Levando em

consideração que a maioria dos catalisadores são metais ou óxidos sólidos

(heterogênios), sua remoção é simples e não influenciaria no processo de separação

dos produtos finais obtidos.

Vale ressaltar ainda que existem alguns problemas a serem observados

quando a matéria-prima utilizada é o glicerol não purificado na fabricação do

biodiesel, como o mau cheiro característico que impregna no bioPG (BASF, 2014).

Esse odor precisa ser eliminado no caso do uso do bioPG em setores como de

alimentos e medicamentos, fazendo-se necessário, nesse caso, o processo de

purificação. Além do odor, o uso do glicerol em diversos níveis de pureza pode

dificultar a obtenção e/ou a purificação final do bioPG, já que podem estar presentes

interferentes como metais e alcoóis em excesso.

2.8 EMPRESAS ENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO ATUAL DE BIOPG

As rotas de produção do PG a partir de materiais renováveis já estão funcionando

em estágio comercial, como já mencionado anteriormente (BAIN & COMPANY, 2014).

Três empresas já possuem plantas com produção anual de até 100 mil toneladas, sendo

elas:

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2 Propilenoglicol (PG) e Propilenoglicol Renovável (bioPG) 44

Global Bio-Chem Technology (GBT): desde 2007, com uma planta em

Xinglongshan, na China, com capacidade de 200 mil ton/ano6.

Archer Daniels Midland Company (ADM): desde 2011, com uma planta

em Decatur, nos EUA com capacidade de 100 mil ton/ano.

Oleon: desde 2012, com uma planta da Bélgica com capacidade de 20 mil

ton/ano.

Os principais atores na produção do bioPG e/ou detentores da tecnologia além dos

já citados são: S2G Biochem, BASF, Dow, Hunstman, Virent e Johnson Matthey Davy

Technologies (JM Davy).

A ADM e a GBT fizeram um acordo em junho de 2013 sobre colaboração do

desenvolvimento em conjunto de novos catalisadores mais eficientes na produção de

polióis renováveis (GBT, 2013). Com relação às características da produção em si, a

reação química usada pelas três plantas é a hidrogenólise, sendo a matéria-prima

utilizada pela ADM o glicerol e pela GBT o amido de milho, como já mostrado

anteriormente.

No Brasil, a Oxiteno entrou em 2006 com um pedido de financiamento junto ao

BNDES para a construção de uma biorrefinaria7 (INOVA UNICAMP, 2006). O projeto,

feito em parceria com uma empresa sueca, se baseava no uso de bagaço de cana, palha

e outros resíduos para obtenção de bioprodutos de alto valor agregado, entre eles o

bioPG. Além disso, a empresa trabalhou em parceria com a FAPESP (Fundação de

Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) em projetos de pesquisa baseados no

processamento do glicerol em glicóis, como o bioPG (FAPESP, 2008).

6 A planta é caracterizada como de multipropósito, com produção de quatro tipos diferentes de

produtos. A produção de bioPG gira em torno de 100 mil ton/ano. 7 Biorrefinaria é o termo usado para uma unidade industrial que processa biomassa de forma

integrada para produção de vários produtos, como combustíveis, energia e derivados refinados de alto valor agragado.

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 45

3. PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA E TECHNOLOGY ROADMAPPING (TRM)

O presente capítulo visa fornecer uma revisão bibliográfica sobre prospecção

tecnológica e sobre a técnica de technology roadmapping (TRM), recorrendo às

informações e conhecimentos relevantes já adquiridos sobre o tema.

Na seção de prospecção tecnológica é apresentado um pouco mais sobre o

conceito e alguns métodos disponíveis. Já na seção sobre technology roadmapping

são mostrados um histórico sobre o tema, as finalidades do processo, como ele é

realizado, quais são os resultados finais, quais são os desafios encontrados durante

sua execução e exemplos de sua aplicação no Brasil e no mundo.

3.1 PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

É natural ao ser humano o comportamento prospectivo, de planejamento de

futuro. A palavra prospecção tem o significado de “vista de olhos lançada ao futuro”,

“olhar adiante”. Prospectar significa nortear ou direcionar algo para o futuro.

Até o início do século XX, a prospecção tecnológica era feita

predominantemente de maneira determinística, utilizando dados históricos para

realização de projeções. Depois, agregaram-se conceitos sobre as variáveis e as

incertezas que não se encontravam nos dados já obtidos anteriormente, como novos

contextos políticos, introdução de novas tecnologias, presença de novos atores. No

caso específico da prospecção tecnológica busca-se analisar o futuro de longo prazo

da tecnologia, podendo ser analisado seu envolvimento com a economia e a

sociedade (PIO, 2004).

A prospecção tecnológica pode ser definida como o processo que leva a uma

compreensão mais completa das forças que moldam o futuro e que devem ser

consideradas na formulação de políticas, planejamento estratégico e tomada de

decisão em torno de inovações tecnológicas para qualquer tipo de organização. O

grande volume de informações disponibilizadas a cada minuto dificulta a

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 46

compreensão das tendências, oportunidades e ameaças que podem vir de encontro

a instituições públicas ou privadas (SANTO et al., 2006).

Um exemplo da importância do acompanhamento contínuo de inovações

tecnológicas no setor privado foi demonstrado por Rohrbeck e Gemünden (2011).

Os pesquisadores basearam-se em 19 empresas para o estudo de caso e 107

entrevistas com as mesmas para identificar as tendências de prospecção e inovação

tecnológica. Eles mostram como a alta taxa de variação (a grande velocidade com

que ocorrem as mudanças tecnológicas), a ignorância (falha na percepção de

mudanças descontínuas, dificuldade em processar a inundação de informações) e a

inércia (dificuldades em alterar complexas estruturas internas já estabelecidas) são

as principais razões das empresas não conseguirem se adaptar a mudanças

externas de forma rápida e efetiva.

Um grande exemplo de organização do setor público que trabalha diretamente

com estudos de prospecção tecnológica no país é o Centro de Gestão e Estudos

Estratégicos (CGEE). A criação do centro se deu como algo extremamente

necessário para o país durante a primeira Conferência Nacional de Ciência,

Tecnologia e Inovação, realizada em setembro de 2001. Dessa conferência surgiu

um documento chamado “Livro Branco”, que detalha diversas tendências

tecnológicas mundiais da época e quais seriam as melhores alternativas e atividades

para o país reunir esforços e investimentos (BRASIL, 2002). Desde então o CGEE

realiza estudos prospectivos periodicamente, abrangendo temas de interesse

público como energia, produtos renováveis, educação, agropecuária, setor

alimentício, dentre outros (CGEE, 2016).

Para que as tendências e as informações mais importantes sejam agregadas

pela prospecção tecnológica é necessário escolher uma ferramenta adequada que

possa abranger todos os pontos cruciais e indispensáveis para a realização da

análise.

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 47

3.1.1 Métodos de prospecção tecnológica

Não existe uma fórmula pronta para metodologias de prospecção tecnológica,

sendo necessário muitas vezes envolver simultaneamente diferentes técnicas e

métodos que podem ser classificados como quantitativos, qualitativos e semi-

quantitativos, assim como mostrado por Porter et al. (2004) e por Popper (2008).

Os métodos quantitativos requerem séries históricas confiáveis ou dados

padronizados e os métodos qualitativos são vulneráveis à limitação do

conhecimento. Já os métodos semi-quantitativos utilizam características dos dois

métodos, utilizando dados padronizados juntamente ao conhecimento tácito, ou seja,

que reside com o detentor do conhecimento, algo difícil de ser copiado e/ou

transferido.

Os métodos de prospecção mais utilizados internacionalmente são a busca e

análise de patentes e artigos científicos e os painéis de especialistas. A busca e

análise de documentos científicos é feita mediante buscas detalhadas em bases de

dados que detenham os documentos, que são posteriormente analisados

manualmente ou por meio de programas computacionais específicos. O método de

painéis de especialistas envolve a criação de eventos que promovam a troca de

informações entre especialistas da tecnologia em questão, que sugerem e opinam

em conjunto sobre o tema escolhido (PORTER et al. 2004). Ao final é possível reunir

as observações realizadas em um único documento, como no caso já citado do

“Livro Branco”, montado pelo governo brasileiro em 2001.

Além desses métodos clássicos, existem diversos novos métodos sendo

continuamente criados e aprimorados para se adequarem às demandas específicas

do mercado. Outros métodos comumente utilizados podem ainda ser divididos em

nove “famílias”, como mostrou Porter et al. (2004). Essas famílias variam de acordo

com o objetivo final e a forma como a informação é abordada, sendo divididas em:

Criatividade, Métodos descritivos e matrizes, Métodos estatísticos, Opinião de

especialistas, Monitoramento e sistemas de inteligência, Modelagem e simulação,

Cenários, Análise de tendências e Avaliação/Decisão/Econômico (Quadro 4).

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 48

Quadro 4 - Alguns métodos conhecidos de prospecção tecnológica separados por famílias segundo Porter.

Famílias Métodos e técnicas incluídos

Criatividade

Brainstorming [Brainwriting; NGP - Processo de Grupo

Nominal]

Seminários de Criatividade (Future Workshops)

Análise de ficção científica

Métodos descritivos e matrizes

Analogias

Backcasting

Análise morfológica

Decisão multicritério análises [DEA - Análise Envoltória de Dados]

Análise organizacional

Análise de risco

Roadmapping

Avaliação de Impacto Social [Avaliação de Impacto

Socioeconômico]

Análise da Sustentabilidade [Análise do Ciclo de Vida]

Matriz SWOT

Métodos estatísticos

Bibliométricos [ Análise de Patentes, Text Mining]

Análise de correlação

Análise de risco

Análise de Impacto de tendência

Opinião de especialistas

Delphi (Pesquisa iterativa)

Grupos Focados [Painéis; Seminários]

Entrevistas

Monitoramento e sistemas de

inteligência

Bibliométricos [Análise de Patentes, Text Mining]

Monitoramento [Vigilância Tecnológica, Inteligência Competitiva,

Benchmarking]

Modelagem e simulação

Agente de Modelagem

Modelos causais

CAS (Complex Adaptive Modeling System)

Análise de impacto cruzada

Modelagem de difusão

Modelagem de Base Econômica [Input-Output]

Cenário de Simulação [Gaming; Cenários iterativos]

Análise da Sustentabilidade [Análise do Ciclo de Vida]

Simulação de Sistemas [System Dynamics, Ksim]

Cenários

FAR (Field Anomaly Relaxation Methods)

Cenários [cenários com verificações de consistência; Gestão de

cenário; GBN]

Cenário de Simulação [Gaming; Cenários interativos]

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 49

Famílias Métodos e técnicas incluídos

Análise de tendências Análise precursora

Tendência extrapolação [curva de crescimento; projeção]

Avaliação/Decisão/Econômico

Análises de Decisão Multicritério [DEA - Análise Envoltória de

Dados]

Processo de Hierarquia Analítica (AHP)

Análise Custo-Benefício

Modelagem de Base Econômica [Input-Output]

Benchmarking

Fonte: adaptado de PORTER et al., 2004.

Cada método mencionado no quadro anterior foi desenvolvido para satisfazer

as necessidades encontradas no momento de encontrar uma ferramenta adequada

para analisar acontecimentos futuros em torno de uma tecnologia. Cada um desses

métodos também é adaptado para cada trabalho específico, gerando variações

dentro dos mesmos.

Dentre os métodos conhecidos de prospecção tecnológica o que mais se

adéqua ao objetivo principal deste trabalho é o technology roadmapping, pois o

mesmo busca tendências tecnológicas e atores envolvidos ao longo do tempo, de

uma maneira descritiva e detalhada, para complementar e dar suporte para decisões

estratégicas. Ele é colocado na família de métodos descritivos e matrizes e ainda é

caracterizado como um método semi-quantitativo (PORTER et al., 2004; POPPER,

2008).

A metodologia utilizada neste trabalho ainda atua de forma a unir a técnica de

roadmapping com a técnica clássica de busca e análise de patentes e artigos

científicos, de forma a satisfazer as demandas encontradas para o produto em

questão, o bioPG. O método de technology roadmapping será abordado com mais

detalhes a seguir para melhor explicar, exemplificar e mostrar o potencial do mesmo

para o estudo em questão.

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 50

3.2 TECHNOLOGY ROADMAPPING (TRM)

3.2.1 Histórico

Robert Galvin, ex-presidente da Motorola de 1959 a 1986, definiu o mapa

produzido pelo método de TRM como "Uma visão prolongada no futuro de um

campo de investigação composta a partir do conhecimento coletivo e imaginação

dos mais brilhantes condutores da mudança" (DAIM & OLIVER, 2008). A empresa

foi pioneira na utilização do TRM para descrever a evolução tecnológica dos rádios

para carros, no fim da década de 70 (WILLYARD & MCCLESS, 1987).

Depois de ser utilizado pela Motorola e também pela Corning, o TRM foi então

adotado como técnica de planejamento estratégico em diversas empresas, governos

e demais instituições, públicas e privadas. As empresas japonesas especializadas

em eletrônicos Sony, Sharp, Matsushita, Hitachi, Toshiba, NEC e Fujitsu, todas

possuíam roadmaps das suas atividades de pesquisa e desenvolvimento, para

garantir o cumprimento de seus objetivos e resultados esperados (JTEC, 1995).

O Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia dos EUA, por exemplo, utilizou a

técnica em seu plano nacional para pesquisa e desenvolvimento, criando mapas

para segurança, eficiência e compatibilidade ambiental da aviação no país

(NATIONAL SCIENCE AND TECHNOLOGY COUNCIL, 1999). Já Daim e Oliver

(2008) estudaram a implantação do TRM como prática de planejamento tecnológico

para o setor de serviços energéticos dos EUA.

Como exemplo de busca e planejamento estratégico em âmbito

governamental, o Chinese Academy of Sciences utilizou o TRM para projetar os

avanços em diferentes tecnologias até 2050 (WANG et al, 2012). Foi montado um

documento que será utilizado para dar suporte para tomadas de decisão a

pesquisadores, funcionários do governo e empresários em sistemas básicos e

estratégicos de desenvolvimento socioeconômico com o apoio da ciência e

tecnologia.

A NASA (National Aeronautics and Space Administration) desenvolveu uma

rotina de TRM quando lançou um compilado de 14 roadmaps para guiar o

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 51

desenvolvimento das tecnologias ligadas ao espaço (NASA, 2010). Os mesmos

foram ampliados e atualizados em 2012, e mais recentemente em 2015, fornecendo

15 roadmaps que abordam temas como robótica e sistemas autônomos,

nanotecnologia e aeronáutica (NASA, 2015).

3.2.2 Definições

Segundo Kappel (2001), devido à popularização da técnica de TRM, a

nomenclatura utilizada e sua definição têm sido abordadas de diversas formas

diferentes. Encontram-se, por exemplo, os termos “technology roadmapping”,

“technology roadmap”, “roadmapping” ou simplesmente “roadmap” em inglês (LEE;

PARK, 2005) e “Mapas de Rotas Tecnológicas” (LARAIA, 2015), “RoadMap

Tecnológico” (BORSCHIVER et.al. 2014), “Mapas Tecnológicos” (DIDIO, 2011) ou

“Mapeamento Tecnológico” (FRANCO, 2009) em português. Porém, mesmo nos

documentos brasileiros, nota-se principalmente o uso do termo technology

roadmapping para descrição da técnica (OLIVEIRA & FLEURY, 2009). Uma

diferenciação básica que pode ser feita é usar o termo “roadmapping” ou

mapeamento para definir o processo, e “roadmap” ou mapa para definir o

documento gerado ao final do processo (GARCIA & BRAY, 1997; KAPPEL, 2001).

Nesse trabalho serão adotados os termos technology roadmapping (TRM) para o

método e technology roadmap, ou simplesmente roadmap, para se referir ao mapa

final.

Segundo Winebrake (2004) e Phaal et al. (2004), o TRM é uma técnica de

planejamento estratégico, orientada para o futuro, que ajuda na compreensão das

relações existentes entre tecnologias, produtos e mercado ao longo do tempo. Para

os pesquisadores, identificar tecnologias emergentes, que sejam melhorias ou

tecnologias disruptivas, é crucial para a sobrevivência em mercados onde a

dinâmica tecnológica é grande.

Garcia e Bray (1997) destacam o TRM como uma ferramenta muito importante

para planejamentos tecnológicos de empresas e indústrias. Definem-na para

identificação de necessidades críticas para os produtos (que podem influenciar nas

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 52

tomadas de decisão), determinação de alternativas a essas necessidades críticas e

seleção das alternativas tecnológicas apropriadas. Tudo isso para a geração de um

plano de ação para a organização.

Phaal et al. (2008) comentam ainda que ela é relevante principalmente para

planejamentos iniciais que envolvem inovação, pois é nesse momento que as

tomadas de decisão críticas poderão impactar a organização a longo prazo.

3.2.3 Os Processos de TRM

O uso do termo technology roadmapping diz respeito não só a uma técnica

específica, mas sim a um conjunto de técnicas e abordagens semelhantes. Garcia e

Bray (1997) focaram seu estudo na formalização do processo de TRM. Eles

propuseram sua estrutura em três fases: fase preliminar, desenvolvimento do

roadmap e atividade de acompanhamento. Em cada fase foram incluídas os

seguintes procedimentos:

1ª Fase:

a. Satisfazer as condições essenciais;

b. Fornecer liderança/patrocínio;

c. Definir o escopo e os limites para o roteiro de tecnologia.

2ª Fase:

a. Identificar o "produto" que será o foco do roteiro;

b. Identificar os requisitos críticos do sistema e os seus objetivos;

c. Especificar as principais áreas de tecnologia;

d. Especificar os direcionadores da tecnologia e seus alvos;

e. Identificar alternativas tecnológicas e suas linhas de tempo;

f. Recomendar as alternativas tecnológicas que devem ser seguidas;

g. Criar o relatório do roadmap.

3ª Fase:

a. Criticar e validar o roteiro;

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 53

b. Desenvolver um plano de implementação;

c. Revisão e atualização.

Phaal et al. (2001) têm estudado e fornecido conceitos e melhorias na técnica

de TRM desde a idealização e publicação de seu primeiro livro sobre o assunto, o

“T-Plan: Technology Roadmapping – Planning your route to success” (2001), um

guia prático com o passo-a-passo para uma aplicação rápida da técnica por

qualquer organização. Foi o resultado de três anos de pesquisa com mais de 20

roadmaps desenvolvidos em parceria com diversas empresas em diferentes setores.

Na abordagem do livro T-Plan, as ferramentas usadas para obtenção das

informações são as opiniões de especialistas, reunidas em uma série de workshops

facilitados. Ao final, o último workshop é realizado para a montagem do mapa e

definição das estratégias e ações a serem tomadas pela organização em questão.

Meissner et al. (2013), no livro “Science, Technology and Innovation Policy for

the Future: Potentials and Limits of Foresight Studies”, colocaram que existem duas

formas principais de abordagem para o método de TRM: uma orientada para o

mercado e a outra orientada para a tecnologia. A definição dada seria que a forma

orientada para o mercado é feita para que a demanda seja o primeiro fator a ser

analisado no estudo. Já na forma orientada para a tecnologia, são indentificadas

primeiro as tecnologias, para depois então analisar as demandas existentes em que

essas tecnologias poderiam se encaixar.

Para Ilevbare et al. (2014), a análise de diferentes processos contidos na

bibliografia leva a um resumo do TRM em quatro etapas genéricas, que seriam (1)

iniciação e planejamento, (2) entrada e análise, (3) síntese do roadmap e saída e (4)

implementação do roadmap. Segundo eles, a primeira etapa é normalmente feita por

intermédio de um workshop com especialistas, que depois de uma abertura inicial

adentram para a segunda etapa de entrada das informações e análise das mesmas.

Nessa parte do processo existe um grande fluxo de opiniões e informações e é

essencial que haja uma boa conversão desse fluxo em uma seleção democrática e

que reduza tudo à informações essenciais ao problema considerado, finalizando

assim a terceira etapa. A última etapa envolve a implantação dos resultados e das

ideias geradas pelo roadmap no planejamento da organização.

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 54

Para a obtenção das informações necessárias para realizar o processo de

TRM, alguns grupos utilizam, por exemplo, documentos científicos, como artigos e

patentes, no lugar de consultas diretas a especialistas (workshops) (BORSCHIVER

et al., 2014; ZHANG et al., 2015). Nesses casos, é realizada, primeiramente, uma

prospecção tecnológica ou levantamento bibliográfico dos documentos, por meio de

buscas por palavras-chave em uma base de dados confiável. Essas informações

são organizadas no formato do roadmap, separadas nos espaços temporais: estágio

atual, curto prazo, médio prazo e longo prazo. Tem-se assim a opinião dos

pesquisadores expressa exclusivamente pelo material publicado pelos mesmos, de

forma mais quantitativa, além de uma possível correlação com o mercado quando se

utiliza as patentes para a análise das tecnologias.

Zhang et al. (2015) mostraram diferentes modelos de TRM, desenvolvidos a

partir da combinação de técnicas qualitativas (como entrevistas e workshops) e

quantitativas (como o uso de softwares). Segundo os autores, isso é necessário para

que seja possível lidar com a complexidade e emergência existentes em

planejamentos estratégicos e tomadas de decisão.

3.2.4 Formas de Apresentação

Dentro das metodologias de prospecção tecnológica, o TRM se encaixa entre

os métodos que buscam um apelo visual e simplificado para a gestão do futuro das

tecnologias (PHAAL & MULLER, 2009). Assim como um mapa cartográfico, que

mostra a localização atual e onde se pode ir, a ideia principal do método é fornecer

um mapa tecnológico, que atue exatamente da mesma maneira. Ele funciona como

um veículo de comunicação, devendo ser claro e útil a qualquer pessoa, do

especialista ao diretor geral, auxiliando nas tomadas de decisões estratégicas da

organização (DAIM & OLIVER, 2008)

Uma análise de aproximadamente 40 roadmaps levou Phaal et al. (2004) a

identificar diferentes formatos que eram usados de acordo com o propósito do

estudo (Figura 9).

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 55

Figura 9 - Exemplos de tipos de technology roadmaps, relativos a planejamento de: a) produto, b) serviço/capacidade, c) estratégia, d) longo prazo, e) ativos de conhecimento, f) programa, g)

processo, h) integração.

Fonte: Adaptado de PHAAL et al. (2004).

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 56

A técnica de TRM é bem flexível e adaptável a diferentes objetivos, que

normalmente irão nortear a forma de apresentação das informações no formato de

um mapa.

Uma organização não governamental chamada European Industrial Research

Management Association propôs um modelo genérico para os roadmaps, que é o

formato mais comumente adotado (PHAAL et al., 2004). Possuí a forma de um

retângulo, dividido em três camadas que definem as perspectivas comerciais, de

produto e tecnológicas, variando-se o tempo pelo eixo horizontal (Figura 10).

Figura 10 - Esquema geral de um technology roadmap proposto pela European Industrial Research Management Association, mostrando como a tecnologia pode ser alinhada a desenvolvimento de

produto e serviço, estratégia de negócios e oportunidades de mercado.

Fonte: Adaptado de PHAAL et al. (2004).

3.2.5 Limitações e desafios da Técnica de TRM

Assim como todas as técnicas de prospecção tecnológica, o TRM possuiu suas

limitações e seus desafios, tanto os mais qualitativos (que usam entrevistas e

workshops) quanto os mais quantitativos (que usam softwares).

Como apontado por vários pesquisadores, o processo de TRM é um processo

cíclico e precisa ser revisado e atualizado constantemente (GARCIA & BRAY, 1997;

PHAAL et al., 2001; GERDSRI et al., 2009; MCDOWALL, 2012; ZHANG et al.,

2015). Um estudo feito com empresas na Rússia destaca que a técnica de TRM, e a

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 57

própria prospecção tecnológica em si, é cara e só é efetiva quando submetida a

revisões e atualizações regulares (VISHNEVSKIY et al., 2015).

Em 2008, Daim e Oliver (2008), estudaram a implantação do processo de TRM,

com um estudo de caso no setor público. Iniciar um processo de uso do TRM em

uma organização do zero é outro dos desafios apontados pelos pesquisadores. Eles

chegaram a quatro etapas necessárias para implantar o processo pela primeira vez

em uma organização: estabelecimento das metas, estratégias e pesquisas da

organização na área; desenvolvimento de um programa de treinamento (para o uso

da técnica); coleta de dados e criação dos roadmaps; e finalmente avaliar e reavaliar

constantemente os roadmaps produzidos. As etapas são essenciais e podem

demorar mais tempo do que o previsto, como aconteceu no caso do estudo em

questão, principalmente pelas mudanças ocasionadas pelo processo de TRM na

rotina da organização.

Gerdsri et al. (2009) também estudaram a respeito do processo de

implementação do TRM, porém aplicando um estudo de caso em uma empresa

privada. A consciência do envolvimento dos participantes do grupo de execução do

TRM e o entendimento de seus devidos papéis são cruciais para o bom

desempenho de um processo contínuo.

Já uma limitação do processo, levantada por Ilevbare et al. (2014), é a falta de

consciência acerca de riscos e incertezas, que são aspectos fundamentais de

qualquer planejamento estratégico. Eles avaliaram 650 roadmaps publicados e

perceberam que em apenas 10% deles existia a presença clara dos riscos e/ou

incertezas analisados para as tecnologias.

É preciso avaliar cada caso, para saber se as limitações e desafios da técnica

poderão afetar o trabalho ou não. Porém, a técnica foi e é muito aplicada em

diversos casos, para vários objetivos diferentes.

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 58

3.2.6 Aplicações

O TRM se tornou uma das ferramentas mais utilizadas para estruturar a

inovação e a estratégia segundo Phaal e Muller (2009). Diversas metodologias,

como já mostradas, se adaptam ao objetivo final e moldam o processo e o produto

obtido.

O método é, por exemplo, utilizado pelos órgãos públicos (DAIM & OLIVER,

2008; MCDOWALL, 2012), explorando o desenvolvimento de novas políticas, ou em

empresas privadas, (LEE et al., 2009; VISHNEVSKIY et al., 2015) fornecendo novas

e valiosas oportunidades de negócio.

As áreas abordadas são também as mais diversas. Em 2008, o grupo G88 e

outras grandes economias, em reunião sobre segurança energética e mudanças

climáticas, declarou: "Nós também observamos o valor dos technology roadmaps

como ferramentas para promover o investimento e cooperação contínuos em

pesquisa de energia limpa, desenvolvimento, demonstração e implantação."

(MCDOWALL, 2012).

Com um tratamento diferente dos temas usuais, o trabalho descrito por Jeong e

Yoon (2015) fez o desenvolvimento de um roadmap para patentes como um novo

conceito baseado no roadmap de tecnologia no âmbito do planejamento e previsão

de patentes analisando padrões de desenvolvimento e relevância dos documentos.

Além de todos os países e trabalhos já citados, o Brasil também figura na lista

de governos e de centros de pesquisa que utilizam desse método para atingir

objetivos variados.

3.2.7 Uso do TRM no Brasil

Nas universidades brasileiras, o método já foi amplamente utilizado em estudos

de diversas áreas para realização dos trabalhos de mestrado e doutorado, como, por

8 Atualmente denominado G7, devido à saída da Rússia, é formado pelo Canadá, França,

Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia.

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 59

exemplo, num estudo de caso em empresas de software (FIGUEIREDO, 2009), no

estudo de adesivos e selantes aplicados à construção civil (LOUREIRO, 2010) na

prospecção do biobutanol como biocombustível no Brasil (NATALENSE, 2013), no

uso de mapas no contexto de instituições de pesquisa públicas (LARAIA, 2015) e no

uso do método para geração de novas diretrizes de inovação em conglomerados

industriais (FILHO, 2015).

Santos (2011) utilizou a técnica de roadmapping na criação de um mapa de

produtos de lignina no Brasil, já visionando a bioeconomia como uma grande

oportunidade para a diversificação das matérias-primas usadas na indústria química.

Outro trabalho, que utiliza o TRM para a análise de aplicação da bioeconomia no

Brasil, foi o desenvolvido por Coutinho e Bomtempo (2011). Os pesquisadores

fizeram um estudo sobre a dinâmica de inovação em matérias-primas renováveis no

país para auxiliar na construção de novas políticas e adoção de diferentes

estratégias para os setores da indústria química e de energia. A pesquisa foi feita

em conjunto com a empresa brasileira Braskem, que também possuí outros projetos

voltados para área de renováveis.

3.2.8 O Método de TRM Desenvolvido pelo NEITEC (Núcleo de Estudos

Industriais e Tecnológicos)

O NEITEC, localizado na Escola de Química da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ), é um centro de pesquisa que envolve estudos acadêmicos,

projetos de pesquisa e consultorias, interagindo com ambiente público e privado em

busca de melhorias para os setores relacionados com a indústria química (NEITEC,

2015b).

O núcleo aplica vários métodos de prospecção e já desenvolveu diversos

roadmaps para diferentes empresas como GE (General Eletric), FCC (Fábrica

Carioca de Catalisadores), Cosan, CGEE (Centro de Gestão de Estudos

Estratégicos), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e agências de

fomento como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

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3. Prospecção Tecnológica e Technology Roadmapping (TRM) 60

Tecnológico) e FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do

Estado do Rio de Janeiro).

Na metodologia adotada pelo núcleo, o roadmap apresenta os resultados, tal

como a maioria dos casos, em uma análise temporal relacionado fatores críticos

referentes a mercado, produto e tecnologia. Para alcançar tal objetivo, é feita a

analise de diversos documentos técnicos (como artigos científicos e patentes) em

um corte de tempo definido (BORSCHIVER et al., 2014). Isso é feito em três fases

bem definidas: a pré-prospectiva, a de prospecção tecnológica e a pós-prospectiva.

Na primeira fase, são buscados os conhecimentos já adquiridos sobre a tecnologia,

na segunda é feita a busca pelos documentos por meio do uso de palavras-chave e

por fim é feita a elaboração do roadmap (BORSCHIVER & SILVA, 2016).

Possíveis limitações causadas pela técnica, como a falta de consulta direta a

especialistas e a subjetividade na análise efetuada por somente um único operador,

podem ser contornados pela consulta a outros trabalhos. O trabalho encomendado

pelo BNDES (BAIN & COMPANY, 2014), por exemplo, que foi baseado em

demanda, produção e na indústria em si, com ampla consulta a especialistas do

ramo, auxilia no preenchimento dessas lacunas.

Com as considerações colocadas em mente, o método foi considerado

adequado aos objetivos propostos por este estudo, que são: a identificação de

tendências tecnológicas, respectivas expertises de cada empresa e atores do setor

público de pesquisa, desafios e oportunidades, além da representação gráfica dos

pontos chave da tecnologia para auxiliar em tomadas de decisões estratégicas.

Para o desenvolvimento do presente estudo será utilizada a metodologia do

TRM adaptada pelo NEITEC para a criação do mapa tecnológico do propilenoglicol

com base em fontes renováveis.

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4. Metodologia 61

4. METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentada a metodologia utilizada para a construção do

technology roadmap de propilenoglicol com base em fontes renováveis. Para

alcançar os objetivos pretendidos, foi feito o uso do método desenvolvido pelo

NEITEC.

4.1 LINHAS GERAIS DA PESQUISA

Uma pesquisa científica pode ser classificada de modo geral quanto a

natureza, aos objetivos, a abordagem e aos procedimentos (GERHARDT &

SILVEIRA, 2009).

Com relação ao primeiro critério, essa pesquisa pode ser classificada como

aplicada, pois tem-se a geração de um produto (roadmap) dirigido a solução de um

problema específico (Tabela 1).

Quanto aos objetivos, pode-se classificá-la como descritiva, pois envolve a

coleta de documentos e a análise dos mesmos.

No quesito abordagem, o estudo apresenta ambas as características qualitativa

e quantitativa, como Popper (2008) descreveu, pois é usada uma análise estatística

quantitativa para obter e classificar os dados e uma análise qualitativa para tratar e

julgar as informações contidas nos documentos.

Finalmente, com relação aos procedimentos é possível classificá-la como

bibliográfica, pois são utilizadas publicações existentes como artigos e patentes para

a construção do roadmap.

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4. Metodologia 62

Tabela 1 - Classificação da pesquisa realizada.

Critério Classificação

Natureza Aplicada

Objetivos Descritiva

Abordagem Qualitativa-Quantitativa

Procedimentos Bibliográfica

Fonte: Elaboração própria a partir de GERHARDT & SILVEIRA, 2009.

4.2 METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DO TECHNOLOGY ROADMAP

Como abordado anteriormente durante a revisão bibliográfica, os roadmaps

podem possuir diversos formatos e estruturas, e normalmente são adaptados para

cada situação em especial. O método utilizado neste estudo para a construção do

roadmap foi feito baseada na metodologia trabalhada pelo NEITEC, sendo

desenvolvida em três etapas: Fase Pré-prospectiva, Fase de Prospecção

Tecnológica e Fase Pós-prospectiva (Figura 11).

Figura 11 - Etapas de construção do technology roadmap segundo a metodologia do NEITEC.

Fonte: Elaboração própria a partir de BORSCHIVER et al., 2014.

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4. Metodologia 63

4.2.1 Fase Pré-prospectiva

Na primeira etapa, denominada “Fase Pré-prospectiva”, é feita uma busca mais

geral por informações acerca do tema principal em mídias especializadas (revistas,

artigos científicos, e outros). É o momento de formação de uma base de dados

inicial que dará suporte ao restante da pesquisa e, por este motivo, é considerada

uma etapa fundamental.

É mediante a execução da primeira etapa que se tem o embasamento

necessário para a definição das palavras-chave que serão utilizadas nas plataformas

de busca, durante a fase de prospecção tecnológica em si.

No presente estudo, o resultado dessa etapa é mostrado na fase de revisão

bibliográfica feita no capítulo 2, quando foi realizado o levantamento sobre PG e

bioPG.

4.2.2 Fase de Prospecção Tecnológica

A segunda etapa é a “Fase de Prospecção Tecnológica”, ou seja, a utilização

do conhecimento obtido na fase anterior para realização de buscas mais

direcionadas, com uso de palavras-chave, por documentos técnicos como artigos

científicos e patentes. É acompanhada por uma seleção criteriosa (qualitativa) em

busca dos documentos relevantes ao tema do estudo. Para a eficiência e qualidade

dessa seleção, destaca-se novamente que a fase pré-prospectiva se faz

indispensável.

Os tipos de documentos são agrupados em uma evolução temporal que

compreende estágio atual, curto prazo, médio prazo e longo prazo, definidos como

mostrado a seguir:

Estágio Atual: os documentos utilizados para definir esse espaço de

tempo correspondem às informações obtidas via mídia especializada

(monitoramento sistemático) ou documentos científicos que apontem

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4. Metodologia 64

sobre o estágio atual da tecnologia (fabricantes, detentores das

técnicas, etc.).

Curto Prazo: nesse espaço são utilizadas as informações obtidas via

patentes concedidas, encontradas por meio da base de patentes dos

EUA e do Brasil.

Médio Prazo: aqui são utilizadas as informações obtidas via patentes

solicitadas, ou seja, que ainda se encontram sob análise ou que não

foram concedidas, encontradas pela base americana e brasileira.

Longo Prazo: nesse caso são alocadas as informações encontradas

em artigos científicos, cujo conteúdo expõe pesquisas ainda em fase

inicial de desenvolvimento.

A base de dados americana, United States Patents and Trademark Office

(USPTO), foi a escolhida para a captação das patentes concedidas e solicitadas.

Como a criação destes documentos visa à proteção da tecnologia e também de seu

mercado em potencial, as organizações que desenvolvem novas patentes acabam

quase sempre as depositando nos EUA, mesmo que não sejam de origem

americana. Outra vantagem da base americana é a separação da busca por

patentes concedidas e patentes solicitadas, que só foi possível a partir de fevereiro

de 2001.

Já a base brasileira, mantida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial

(INPI), dá acesso às patentes depositadas especificamente no Brasil e não faz a

mesma distinção que a americana, só mostrando os documentos depositados (INPI,

2016). Foi feita uma busca na base de forma a complementar as informações

obtidas pela base americana.

A busca pelos artigos ligados ao tema desejado foi feita por meio da base de

dados Scopus, propriedade do grupo Elsevier (RELX Group)9. A mesma foi

escolhida por ser a maior base de resumos e citações da literatura científica, que

inclui revistas científicas, livros e anais de congressos. São mais de 21.500 revistas

9 RELX Group (ou Reed Elsevier) é uma companhia multinacional com base em Londres,

detentora da editora Elsevier e da base de dados Scopus, além de diversos outros negócios baseados em informações, dados de análise, publicações acadêmicas ou de negócios.

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4. Metodologia 65

e jornais e mais de 360 publicações comerciais de artigos aceitos para publicação

(SCOPUS, 2016).

Depois de reunir e selecionar os documentos relevantes são feitas as análises

dos dados de forma Macro, Meso e Micro:

Análise Macro: são organizadas, analisadas e separadas as

informações mais gerais dos documentos, como país de origem, ano

de publicação, jornais e revistas, além das instituições (universidade,

centro de pesquisa ou empresa).

Análise Meso: os documentos são separados em diferentes

categorias, denominadas taxonomias, que são definidas pelos

aspectos mais relevantes das tecnologias encontrados nos

documentos sobre o tema.

Análise Micro: é feito um detalhamento das taxonomias mais gerais

adotadas na análise Meso. São analisadas as tecnologias específicas,

produtos ou processos adotados em cada um dos documentos

analisados.

4.2.3 Fase Pós-prospectiva

Para a etapa final, ou “Fase Pós-prospectiva”, todo o conhecimento que foi

transformado em inteligência é organizado em tendências e separado de acordo

com uma evolução temporal. É o momento de elaboração e construção do

technology roadmap.

O mapa tecnológico é dividido em dois eixos: horizontal e vertical (Figura 12).

No eixo vertical, no início do mapa, é colocada uma coluna com várias divisões

contendo as taxonomias, escolhidas com base nas tendências tecnológicas

observadas durante o estudo. No eixo horizontal tem-se a divisão temporal descrita

na segunda etapa do método: Estágio Atual, Curto Prazo, Médio Prazo e Longo

Prazo.

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4. Metodologia 66

Figura 12 - Exemplo da disposição das informações no technology roadmap. (1) Título, (2) Divisão

temporal, (3) Raias de alocação dos atores encontrados e (4) Separadores, (5) Taxonomias.

Fonte: Elaboração própria utilizando o Microsoft® Visio® 2013.

No espaço da intercessão do eixo vertical com o eixo horizontal são colocados

os atores (players) encontrados durante o estudo. Eles são as universidades,

institutos de pesquisa e empresas que publicaram artigos ou que patentearam

produtos/processos e que foram selecionados na fase de prospecção tecnológica

por serem pesquisas de relevância ao tema e objetivo do presente estudo. Eles são

colocados no mapa em forma de logotipo (marca registrada) e alocados de acordo

com as taxonomias e com a divisão temporal a que pertence. Vale ressaltar que o

mesmo ator pode aparecer em diferentes divisões temporais ao mesmo tempo,

relacionado com diferentes taxonomias.

Para indicar de forma visual qual ator se relaciona com qual taxonomia são

usadas setas na vertical que saem do ator e vão até o ponto de intercessão com a

faixa da taxonomia ao qual este se refere (Figura 13). No exemplo mostrado, o ator

UFRJ estaria relacionado às taxonomias 1 e 5, dentro da divisão temporal de curto

prazo.

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4. Metodologia 67

Figura 13 - Exemplo da disposição dos atores encontrados no estudo e do uso das setas indicativas. O ator “UFRJ” está relacionado somente com as taxonomias 1 e 5, no espaço de tempo de curto

prazo.

Fonte: Elaboração própria utilizando o Microsoft® Visio® 2013.

Por meio do software Microsoft® Visio® 2013, do pacote Microsoft® Office, é

possível colocar o logotipo dos atores (players) encontrados durante a fase de

prospecção tecnológica, associá-los a uma ou mais tendências e alocá-los no espaço de

tempo que lhes convém, de acordo com a origem da informação (artigo, patente

concedida, patente depositada). Foi feito o uso do software instalado nos computadores

no centro de informática para os alunos de pós-graduação da Escola de Química, nas

dependências da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 68

5. RESULTADOS – FASE DE PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

De acordo com a metodologia descrita para a realização do presente estudo,

foi destacada como a segunda etapa a “Fase de Prospecção Tecnológica”. Assim,

após a etapa de reunião de dados gerais e criação de uma base sólida de

conhecimento sobre o tema, foi executada a fase de busca mais restrita, com uso de

palavras-chave para a seleção dos documentos relevantes.

Neste capítulo, são descritos os resultados da prospecção adotada, explicando

em detalhe os resultados obtidos para cada tipo de documento (artigo, patente

concedida e patente solicitada), separados em análises Macro, Meso e Micro. E ao

final é feita uma conclusão geral dos resultados obtidos.

5.1 SELEÇÃO DOS DOCUMENTOS

5.1.1 Artigos Científicos

Como já relatado, a busca pelos artigos científicos ligados ao tema desejado,

que se relacionam ao espaço temporal de longo prazo no roadmap, foi feita por meio

da base de dados Scopus.

Depois de escolhida a base de dados, foi montada uma estratégia de busca

onde foi especificado o corte temporal (período a ser analisado), o tipo de

documento e as palavras-chave utilizadas (Tabela 2). A busca foi realizada com os

seguintes critérios:

Data da análise: Janeiro de 2016;

Período Analisado: Janeiro de 2014 a Janeiro de 2016 (dois anos);

Tipo de Documentos: Artigo Científico;

Banco de Dados: Scopus;

Parte do documento onde foi feita a busca: Título, Resumo e

Palavras-Chave.

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 69

Tabela 2 - Palavras-chave (em inglês) utilizadas para realizar a busca pelos artigos científicos na base de dados Scopus.

Busca Avançada por Palavras-chave Total de documentos /

Relevantes

TITLE-ABS-KEY ( ( “Propane-1,2-diol “OR "Propylene glycol"

OR ”1,2-propylene glycol“ OR “1,2-Propanediol” OR "1,2-

Dihydroxypropane" OR " methylene glycol" OR " methyl

glycol" ) AND ( biomass OR biobased OR bio-based OR

glycerin OR glycerol OR cellulose OR sugarcane OR sacchar

ose OR sorbitol OR sugar OR glucose OR green) )

480 / 115

Fonte: Elaboração própria.

Foi recuperado um total de 480 artigos, sendo que destes 115 foram

considerados relevantes para a pesquisa. Dos artigos excluídos, a maior parte trata

do uso do PG nos setores farmacêutico/cosmético e alimentício, além de outras

aplicações, tais como solvente e agente crioprotetor. Eles não foram incluídos neste

trabalho por não relatarem a fonte do PG como sendo especificamente renovável.

Como não foi possível afirmar com certeza a origem renovável do produto, esses

artigos não foram incluídos na análise nem na construção do roadmap do bioPG.

Outro tópico muito recorrente, que também foi excluído das análises, dizia

respeito aos cigarros eletrônicos. A glicerina e o PG são os solventes mais comuns

da nicotina, e, consequentemente, muito usados nos cigarros. Tem sido mostrado

que, a altas temperaturas, tanto a glicerina quanto o PG sofrem uma decomposição

a compostos carbonílicos de baixa massa molar, incluindo os carcinogêneos

formaldeído e acetaldeído (KOSMIDER et al., 2014).

Os demais documentos excluídos se referiam a moléculas com o radical

“propylene glycol” ou “1,2-propanediol” no nome, ou seja, que derivam da molécula

de PG. Como exemplo, pode-se citar “propyleno glycol alginate”, “propyleno glycol

monocaprylate”, “poly propyleno glycol” e “1,2-propyleno glycol tartronic acid”.

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 70

5.1.2 Patentes Concedidas

Depois de escolhida a base de dados foi montada uma estratégia de busca,

onde foram novamente especificados o corte temporal, o tipo de documentos e as

palavras-chave utilizadas (Tabela 3). O período analisado foi ampliado para poder

captar um maior número de patentes, visto que o mesmo é bem inferior ao número

de artigos encontrados. A busca foi realizada com os seguintes critérios:

Data da análise: 20 de Fevereiro de 2016;

Período Analisado: 01/01/2011 a 20/02/2016 (cinco anos);

Tipo de Documentos: Patentes Concedidas;

Banco de Dados: USPTO (PatFT: Patents)10;

Parte do documento onde foi feita a busca: Resumo (Abstract) e

Reivindicações (Claim).

Tabela 3 - Palavras-chave (em inglês) utilizadas para realizar a busca pelas patentes concedidas na base USPTO.

Busca Avançada por Palavras-chave Total de documentos /

Relevantes

ABST/("propane-1,2-diol" OR "Propylene glycol" OR "1,2-

Propanediol") AND (biomass OR biobased OR bio-based OR

glycerin OR glycerol OR cellulose OR sugarcane OR

saccharose OR sorbitol OR sugar OR glucose OR green) AND

ACLM/("propane-1,2-diol" OR "Propylene glycol" OR "1,2-

Propanediol") AND (biomass OR biobased OR bio-based OR

glycerin OR glycerol OR cellulose OR sugarcane OR

saccharose OR sorbitol OR sugar OR glucose OR green) AND

APD/20110101->20160220

83 /16

Fonte: Elaboração própria.

Em comparação com a busca feita aos artigos, foram deixadas como palavras-

chave somente as variações de nomenclatura principais da molécula de PG, devido

principalmente à limitação do número de palavras por busca na base de patentes.

Porém, isso não afetou o resultado uma vez que, se tratando de patentes, tem-se

10

Base de dados dentro do USPTO referente a patentes concedidas.

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 71

sempre o cuidado de registrar a maior variedade possível de nomes que

caracterizam o produto a ser patenteado.

Foi recuperado um total de 83 patentes concedidas, sendo que destas, 16

foram consideradas relevantes para a pesquisa. As patentes excluídas

apresentavam a mesma abordagem da maioria dos artigos excluídos, ou seja,

continham o PG como produto sem especificar sua origem (se fóssil ou renovável)

ou tratavam de uma molécula com o mesmo radical no nome (como o propylene

glycol alginate).

5.1.3 Patentes Solicitadas

Foi mantida a mesma estratégia de busca adotada para patentes concedidas

por meio da base de dados USPTO, onde foram especificados o corte temporal, o

tipo de documentos e as palavras-chave utilizadas (Tabela 4). O período analisado

também foi mantido. A busca foi, consequentemente, realizada com os seguintes

critérios:

Data da análise: 01 de Março de 2016;

Período Analisado: 01/01/2011 a 01/03/2016 (cinco anos);

Tipo de Documentos: Patentes Solicitadas;

Banco de Dados: USPTO (AppFT: Applications)11;

Parte do documento onde foi feita a busca: Resumo (Abstract) e

Reivindicações (Claim).

11

Base de dados dentro do USPTO referente a patentes solicitadas.

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 72

Tabela 4 - Palavras-chave (em inglês) utilizadas para realizar a busca pelas patentes solicitadas na base USPTO.

Busca Avançada por Palavras-chave Total de documentos /

Relevantes

ABST/("propane-1,2-diol" OR "Propylene glycol" OR "1,2-

Propanediol") AND (biomass OR biobased OR bio-based OR

glycerin OR glycerol OR cellulose OR sugarcane OR

saccharose OR sorbitol OR sugar OR glucose OR green)

AND ACLM/("propane-1,2-diol" OR "Propylene glycol" OR

"1,2-Propanediol") AND (biomass OR biobased OR bio-based

OR glycerin OR glycerol OR cellulose OR sugarcane OR

saccharose OR sorbitol OR sugar OR glucose OR green)

AND (APD/20110101->20160301)

243 / 19

Fonte: Elaboração própria.

Foi recuperado um total de 243 patentes solicitadas, dentre as quais também

se encontram as patentes que já foram concedidas. Sendo assim, foram excluídas

as patentes já obtidas anteriormente e outras que não tivessem relação com o tema

do trabalho, restando 19 patentes consideradas relevantes para a pesquisa.

As outras patentes excluídas apresentavam a mesma abordagem anterior, ou

seja, continham o PG como produto sem especificar sua origem (se fóssil ou

renovável) ou tratavam de uma molécula com o mesmo radical no nome (como o

propylene glycol alginate).

5.1.4 Patentes pelo INPI

Como mencionado na metodologia, foi realizada uma busca na base de

depósitos de patentes brasileira, INPI, para complementar as informações obtidas na

base de dados americana. Foram usadas como palavras-chave apenas os

diferentes nomes colocados para a molécula de PG, uma vez que o número de

documentos retornados foi muito pequeno (Tabela 5). A busca foi realizada com os

seguintes critérios:

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 73

Data da análise: 01 de Maio de 2016;

Período Analisado: 01/01/2011 a 20/02/2016 (cinco anos);

Tipo de Documentos: Patentes Concedidas e Solicitadas;

Banco de Dados: INPI;

Parte do documento onde foi feita a busca: Título e Resumo.

Tabela 5 - Palavras-chave (em português) utilizadas para realizar a busca pelas patentes na base INPI.

Busca Avançada por Palavras-chave Total de documentos /

Relevantes

Propano-1,2-Diol OU Propilenoglicol OU 1,2-Propanodiol OU

Propileno Glicol 24 / 5

Fonte: Elaboração própria.

Foram encontradas 24 patentes no total, onde 5 foram consideradas relevantes.

Dentre estas, apenas uma ainda não tinha sido encontrada pelas buscas na base

americana. Essa patente se encontra no USPTO, porém passou despercebida pelo

filtro de palavras-chave usado, uma vez que não incluí no título, resumo e

reivindicações as palavras escolhidas que se referem ao produto renovável

(biomassa ou biobased, por exemplo). Utiliza como matéria-prima os lactídeos, que

são os di-ésteres cíclicos do ác. lático. Essa patente foi incluída junto aos resultados

obtidos pela busca de patentes solicitadas.

5.2 PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA - ARTIGOS CIENTÍFICOS

5.2.1 Análise Macro

Apenas para a análise da série histórica, optou-se por analisar todos os artigos

encontrados (sem a seleção de artigos relevantes) no maior período de tempo

possível fornecido pela base de dados, que recuperou documentos de 1926 a 2016

(Figura 14).

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 74

Figura 14 - Série histórica dos artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus, sem a restrição do período de análise.

Fonte: Elaboração própria.

Nota-se um aumento expressivo na curva temporal dos artigos relacionados ao

tema no início dos anos 2000, sendo 2014 o ano de maior volume de publicações,

com 263 artigos no total. No ano de 2007, as pesquisas e empresas interessadas na

produção do bioPG foram amplamente noticiadas pelas diversas mídias (EBERT,

2007). Grandes corporações como Cargill, Dow Chemical, ADM e Huntsman foram

citados como alguns dos envolvidos na exploração do novo método de

aproveitamento do glicerol vindo da indústria de biodiesel.

Para as demais análises foram utilizando somente os documentos

considerados relevantes, ou seja, 115 artigos (Apêndice A).

Em relação à distribuição de artigos por país de origem, tem-se a China como

grande produtor de conteúdo sobre o tema, seguida pelos EUA e pela Índia (Figura

15). Como relatado na introdução a este estudo, a China já atua comercialmente

com uma planta de produção do bioPG, o que confirma um interesse do país pela

tecnologia. O mesmo acontece com os EUA que tem posse de uma planta de

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 75

produção em operação desde 2011. O Brasil aparece em nono lugar com 4 artigos

publicados.

Figura 15 - Artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus separados pelos doze primeiros países de origem que mais publicaram.

Fonte: Elaboração própria.

Na distribuição dos artigos pelos periódicos científicos, 8 das 14 revistas em

que mais se publicaram sobre o tema são revistas especializadas em catálise

(Figura 16). Analisando o total de 56 revistas encontradas, vê-se que

aproximadamente 27% destas tem este mesmo tema central.

49

18

8 7 6 5 4 4 4 4 3 3

mero

de A

rtig

os E

nco

ntr

ad

os

País de Origem

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 76

Figura 16 – Seleção dos periódicos onde se publicaram pelo menos 3 artigos científicos relevantes econtrados na pesquisa. Entre parênteses, se encontra o Qualis das Engenharias II definido pela

CAPES.

Fonte: Elaboração própria.

Foi encontrado um total de 140 instituições durante a pesquisa, sendo as

mesmas separadas em universidades, institutos de pesquisa e empresas (Figura

17). As nove empresas encontradas são voltadas para o setor de óleo e gás ou de

produtos renováveis, sendo elas: Synfuels CHINA (China), Biochemtex (Itália),

Oleotek (Canadá), Praxair (EUA), Sasol (África do Sul), Tereos Syral (França), W.R.

Grace and Co. (EUA) e Zeus Oil and Chemicals Co. (Coréia do Sul).

Figura 17 - Artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus separados por tipo de instituição de origem.

Fonte: Elaboração própria.

3

3

3

4

4

4

4

4

4

5

6

7

9

9

Green Chemistry (A1)

Huagong Xuebao/CIESC Journal ( - )

Journal of Nanoscience and Nanotechnology (B2)

Cuihua Xuebao/Chinese Journal of Catalysis (B2)

Journal of Catalysis (A1)

Chemical Engineering Journal (A2)

Fuel Processing Technology (B1)

Reaction Kinetics, Mechanisms and Catalysis (B3)

RSC Advances (A2)

ACS Catalysis (A1)

Catalysis Communications (A2)

Applied Catalysis B: Environmental (A1)

Applied Catalysis A: General (A2)

Catalysis Today (A2)

Número de Artigos

Universidade 69%

Instituto/Centro de Pesquisa

25%

Empresa 6%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 77

Das onze instituições que publicaram mais de dois artigos tem-se 6

universidades, 4 institutos de pesquisa e a empresa chinesa Synfuels CHINA (Figura

18). Esta última com 3 publicações no total em associação com a Chinese Academy

of Sciences (Taiyuan) e a University of Chinese Academy of Sciences (Beijing).

Foram um total de 11 associações Universidade/Empresa e 31 associações

Universidade/Centro de pesquisa.

Figura 18 – Seleção das intituições de origem que publicaram pelo menos 3 artigos científicos relevantes encontrados na pesquisa.

Fonte: Elaboração própria.

5.2.2 Análise Meso

Baseadas na fase pré-prospectiva e nos resultados obtidos durante a fase de

prospecção tecnológica, foram separadas as seguintes taxonomias (grupos de

classificação):

Métodos de obtenção: estudos da metodologia de obtenção do

bioPG, variando-se as matérias-primas, os tipos de reações, químicas

3

3

3

3

3

4

5

5

5

6

13

0 2 4 6 8 10 12 14

Andhra University

Beijing University of Chemical Technology

Chinese Academy of Sciences (Changchun)

Shanghai Jiao Tong University

Synfuels CHINA Co., Ltd.

Chinese Academy of Sciences (Dalian)

CSIR - Indian Institute of Chemical Technology

Aristotle University of Thessaloniki

Peking University

Chinese Academy of Sciences (Taiyuan)

Univ. of Chinese Academy of Sciences …

Número de Artigos Encontrados

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 78

ou bioquímicas, ou as tendências de métodos de pesquisa

encontrados.

Modelagem computacional/Estudos teóricos: estudos envolvendo

cálculo matemático dos métodos de obtenção e/ou análises

econômicas via uso de modelagem computacional.

Método de purificação: estudos sobre métodos de purificação do

bioPG obtido via uso de fontes renováveis.

Intermediário ou material de partida: uso do bioPG como matéria-

prima para outras reações e obtenção de outros produtos.

Após a definição das taxonomias, foi feita a análise das tendências dos artigos

selecionados, observando-se em quantos artigos cada taxonomia aparece (Figura

19). Tem-se, claramente, uma tendência muito forte de estudos voltados para

metodologias de obtenção do bioPG, mais especificamente de otimização dos

métodos conhecidos, como será mostrado mais a frente no trabalho. Cabe aqui

ressaltar que o mesmo documento pode possuir mais de uma taxonomia

simultaneamente.

Figura 19 - Artigos científicos encontrados pela busca na base Scopus separados pelas taxonomias adotadas.

Fonte: Elaboração própria.

3

6

10

108

Métodos de purificação

Modelagem computacional/Estudos teóricos

Intermediário ou material de partida

Métodos de obtenção

Número de Artigos

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 79

5.2.3 Análise Micro

Na análise Micro são detalhadas todas as taxonomias adotadas. Em termos de

“Modelagem computacional/Estudos teóricos”, os artigos focam em otimização de

processo (como análise do mecanismo e cinética da reação de hidrogenólise do

glicerol) ou no estudo da cadeia produtiva completa. Em dois artigos, produzidos na

Northwestern University nos EUA, os autores utilizam um programa de modelagem

computacional para avaliar toda a cadeia produtiva de produtos químicos obtidos a

partir de microalgas. É feito um mapeamento do processo, análise do ciclo de vida, e

uma análise de viabilidade econômica simultaneamente.

O “Método de purificação” foi o tema menos abordado entre os artigos. As

formas de isolamento do bioPG estudadas foram a extração em meio aquoso

utilizando líquido iônico (Southeast University, Nanjing, China), destilações do tipo

multiefeito, azeotópica, e/ou extrativa (National Taiwan University, Taiwan) e

membranas (Nanjing Tech University, China).

Como a quebra das matérias-primas gera vários compostos de características

físico-químicas muito semelhantes, como o bioPG e o etilenoglicol, a abordagem de

isolamento e purificação dos compostos normalmente é cara e demorada. Nesse

momento uma abordagem diferente, como o enfoque no aumento da seletividade

dos catalisadores, é bastante utilizada. Como em sua grande maioria os

catalisadores são metais ou seus óxidos sólidos (heterogênios), sua remoção é

simples e não influencia no processo de separação dos produtos.

A aplicação como “Intermediário ou material de partida” foi a segunda

taxonomia mais observada nos artigos selecionados. O foco é no uso do bioPG

como bloco de construção para outros compostos químicos de alto valor agregado,

como o ác. lático ou o 1-propanol, que pode ser usado como um biocombustível

(Figura 20).

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 80

Figura 20 - Análise dos artigos com produtos derivados do uso do bioPG como intermediário ou material de partida para outras reações.

Fonte: Elaboração própria.

O “Método de obtenção” foi subdividido e analisado sobre vários ângulos,

primeiramente em dois tipos: rota química e rota bioquímica (Figura 21).

Figura 21 - Porcentagem dos artigos que adotaram método de obtenção do bioPG via rota química ou via rota bioquímica.

Fonte: Elaboração própria.

Apesar da quase totalidade dos estudos estarem focados em metodologias de

obtenção do bioPG via rota química catalítica, seis artigos trouxeram metodologias

envolvendo a modificação de organismos e/ou processos metabólicos durante a

fermentação. Os seis estudos foram realizados exclusivamente por universidades.

Uma análise mais detalhada mostra as maiores tendências tecnológicas no

quesito de “Reações Químicas”, sendo o destaque para os estudos dos

Ác. Lático; 3

1-propanol; 2

Ác. Fórmico; 1

Ác. Acético; 1

Propanal; 1

Carbonato de propileno; 1

1,2-epoxipropano; 1

2-propanol; 1

Rota Química 94%

Rota Bioquímica

6%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 81

catalisadores, ou seja, estudos detalhados da fabricação e desempenho de

catalisadores, diversificando os metais e os suportes utilizados (Figura 22).

Figura 22 - Separação das principais tendências tecnológicas encontradas dentro dos artigos agrupados na categoria “Rota Química”.

Fonte: Elaboração própria.

Apesar do mecanismo de reação se enquadrar também dentro da chamada

cinética da reação, o mesmo foi separado, pois se refere principalmente aos estudos

dos possíveis mecanismos seguidos pelas moléculas orgânicas, que são

normalmente análises mais teóricas do possível movimento atômico e molecular que

as moléculas sofrem durante o processo.

A possível produção de gás hidrogênio (H2) in situ, ou seja, no meio reacional,

já foi levantada durante a revisão bibliográfica. Como o uso de gás externo é caro,

principalmente se tratando do processo a nível industrial, o aproveitamento do gás

gerado in situ por outra reação concomitante é muito interessante para as indústrias.

Ainda dentro da taxonomia “Métodos de obtenção”, a matéria-prima

predominante em mais da metade dos artigos selecionados foi o glicerol, seguido

dos açúcares e derivados, celulose, ác. lático, mircoalgas e bio-óleo (Figura 23).

4

13

24

28

38

93

Efeito de solventes no meio reacional

H2 in situ

Estudo do Mecanismo de reação

Cinética da reação

Estudo/otimização dos parâmetros de reação

Estudo dos Catalisadores

Número de Artigos

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 82

Figura 23 - Fontes de matéria-prima para produção do bioPG encontradas nos artigos.

Fonte: Elaboração própria.

Glicerol é a matéria-prima utilizada pelas plantas em operação da ADM, nos

EUA, e da Oleon, na Bélgica. Já o sorbitol é a fonte de bioPG da planta da GBT, na

China (BAIN & COMPANY, 2014). Os únicos artigos que reportaram o uso das

microalgas foram os artigos com uso de modelagem computacional, e mesmo assim,

primeiramente, tem-se a obtenção do glicerol via produção de biodiesel com o óleo

das microalgas.

Detalhando um pouco mais as matérias-primas, encontram-se açúcares e seus

derivados, que são usados para a produção do bioPG, seja por rota química ou

bioquímica. A glicose e o sorbitol são os mais utilizados nos processos encontrados

(Figura 24). O sorbitol e o xilitol são poliálcoois obtidos pela hidrogenação da glicose

e da xilose, respectivamente.

Figura 24 - Tipos de açúcares usados como matéria-prima para a produção do bioPG encontrados nos artigos.

Fonte: Elaboração própria.

Açúcares e derivados

19%

Glicerol 68%

Celulose 5%

Ác. lático 4%

Microalgas 2%

Bio-óleo 2%

Glicose 45%

Sorbitol 32%

Xilitol 18%

Frutose 5%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 83

Considerando os métodos de obtenção do bioPG via rota química, nota-se

clara predominância das reações que envolvem uso de gás hidrogênio

(hidrogenólise, hidrogenação) (Figura 25). A hidrogenólise, principal reação de

obtenção do bioPG, é caracterizada pela clivagem de ligações do tipo C-C ou C-X

(X=heteroátomo) pelo gás hidrogênio. Outros tipos de reações encontradas foram

catálise em meio básico, conversão eletroquímica, hidrotermal, solvólise e redução

catalítica.

Figura 25 - Tipos de reações químicas encontradas nos artigos.

Fonte: Elaboração própria.

Os catalisadores são necessários nas principais reações estudadas nos

artigos, por isso tem posição de grande destaque estratégico. A maioria dos

documentos traz a análise da eficiência e capacidade de reutilização do catalisador

para a produção dos compostos desejados.

Os metais mais utilizados foram cobre e níquel (Figura 26). É possível

analisarmos o preço dos dois metais, que são considerados commodities de baixo

preço se comparados a metais mais nobres como Platina e Rutênio (Quadro 5).

1

1

1

1

5

91

Redução catalítica

Solvólise

Hidrotermal

Conversão eletroquímica

Catálise em meio básico

Hidrogenólise/Hidrogenação

Número de Artigos

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 84

Figura 26 - Metais mais utilizados como catalisadores nas reações químicas de obtenção do bioPG.

Fonte: Elaboração própria.

Quadro 5 - Acompanhamento do preço de alguns metais e do dólar, segundo o LME (London Metal Exchange), para Fevereiro de 2016.

Metal Cobre

(US$/t)

Zinco

(US$/t)

Alumínio

(US$/t)

Chumbo

(US$/t)

Estanho

(US$/t)

Níquel

(US$/t)

Dólar*

(R$/US$)

Média

Mensal** 4.575,94 1.697,38 1.519,41 1.787,25 15.479,69 8.248,44 3,9819

(*) refere-se à média das taxas de venda praticadas no dia anterior e publicadas pelo Banco Central – PTAX. (**) média dos valores do primeiro ao último dia do mês registrado.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados obtidos em LME, 2016.

Os suportes catalíticos12 mais citados foram alumina (Al2O3), carbono e sílica

(SiO2) (Figura 27). O carbono foi muito usado também nas formas de carbono

ativado ou nanotubo de carbono. Os catalisadores variaram muito de acordo com a

combinação metal+suporte, além de diversas combinações de dois ou mais metais

simultaneamente.

12

São materiais que sustentam a fase ativa em um catalisador (metal), possuindo alta área superficial especifica e porosidade, sendo, normalmente, pouco ativos na reação.

0

10

20

30

40

50

Cu Ni Zn Pt Ru Pd Mg W Al Co

me

ro d

e a

rtig

os

Metais

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 85

Figura 27 - Tipos mais comuns de suporte catalíticos utilizados pelos pesquisadores.

Fonte: Elaboração própria.

Apenas seis artigos foram encontrados com estudos sobre a produção do

bioPG via rota bioquímica, sendo Escherichia coli o organismo mais estudado

(Figura 28).

Figura 28 – Micro-organismos utilizados para a produção do bioPG via rota bioquímica.

Fonte: Elaboração própria.

Cinco artigos tratam da obtenção via modificação metabólica, com apenas um

dos artigos, produzido pela Michigan State University, tratando da conversão

enzimática utilizando enzima glicerol desidrogenase produzida pela bactéria

Thermotogamarítima (Figura 29). Esse processo é feito via manipulação genética

para a produção da commodity desejada. É relatado o uso de açúcares ou do

glicerol como matéria-prima no processo de fermentação.

Al2O3 35%

SiO2 22%

Carbono 20%

Nanotubos de carbono

(CNTs) 7%

Carbono ativado

(AC) 7%

TiO2 5%

Argila 4%

1

1

3

Corynebacterium glutamicum

Shimwellia blattae

Escherichia coli

Número de Artigos

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 86

Figura 29 - Tipos de rotas bioquímicas utilizadas para a produção do bioPG.

Fonte: Elaboração própria.

Dos estudos que relataram a produção de bioPG junto a um ou mais produtos,

a grande maioria (35%) relata a coprodução de etilenoglicol, que é um dos

subprodutos majoritários na quebra da maioria das matérias-primas utilizadas, em

especial do glicerol (Figura 30). Outros produtos de interesse que também são

produzidos incluem outros álcoois, ác. lático e outros compostos orgânicos que

podem ser tão interessantes comercialmente quanto o bioPG.

Figura 30 - Produtos químicos obtidos juntamente com o bioPG encontrados nos artigos.

Fonte: Elaboração própria.

Via Enzimática

17%

Via Metabólica

83%

Etilenoglicol; 29

Álcoois; 17 1-propanol; 9

Ác. Lático; 5

1,3-propanodiol; 5

Acetal; 5

Cetonas; 4

1,2-butanediol; 2 Aldeidos; 2

Ác. Carboxílicos; 2

Ésteres; 2

Hidrocarbonetos; 2

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 87

Visto que o método de obtenção do bioPG via fontes renováveis tem o

potencial de produção de uma gama de coprodutos, como etilenoglicol, ác. lático,

dentre outros glicóis, foi realizada uma análise sobre a seletividade mostrada em

cada documento selecionado. Muitos deles relatavam a produção de vários

compostos, porém a maior parte é composta por estudos que buscam, e priorizam, a

seletividade na produção do bioPG (Figura 31).

Figura 31 - Análise da seletividade ou não dos artigos à produção do bioPG.

Fonte: Elaboração própria.

5.3 PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA - PATENTES CONCEDIDAS

5.3.1 Análise Macro

Para a análise das patentes concedidas foram utilizados os 16 documentos

relevantes encontrados (Apêndice B).

A série histórica abrangeu o período de cinco anos, com as datas de

publicação das patentes relevantes variando de 2012 a 2016. O maior volume de

patentes por ano atualmente se encontra no ano de 2015, com um total de 6

patentes concedidas (Figura 32). Para os anos mais recentes, é necessário lembrar-

se da existência do período de sigilo das patentes depositadas, com duração de 18

meses, além do período de análise e concessão de patentes, que tem duração

média de cinco anos (USPTO, 2016).

Produto principal

55%

Coproduto 39%

Subproduto 6%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 88

Figura 32 - Série histórica das patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO.

Fonte: Elaboração própria.

Em respeito à distribuição de patentes concedidas por país de origem, os EUA

lideram com 9 patentes e o Brasil, junto com a França, aparecem em segundo com 2

patentes cada (Figura 33). Vale pontuar que, apesar de ser o país que mais publica

artigos sobre o tema entre 2014 e 2016, a China não possuí até essa data nenhuma

patente concedida nos EUA (USPTO) no período de 2011 a início de 2016.

Figura 33 - Patentes Concedidas encontradas pela busca na base USPTO separados por país de origem.

Fonte: Elaboração própria.

0

1

2

3

4

5

6

7

2012 2013 2014 2015 2016

mero

de P

ate

nte

s

Ano

9

2 2

1 1 1

EUA Brasil França Índia Japão Alemanha

mero

de P

ate

nte

s

País de Origem

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 89

Das instituições cessionárias, ou seja, que detém a tecnologia das patentes,

foram encontradas 6 empresas, 4 universidades e 3 institutos de pesquisa (Figura

34). O resultado mostra que o domínio da tecnologia de fabricação do bioPG é de

interesse tanto das universidades e institutos de pesquisa, como das empresas.

Figura 34 - Patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO separadas por tipo de instituição de origem.

Fonte: Elaboração própria.

A ADM (EUA) aparece como a empresa detentora do maior número de

patentes no período de análise, seguida pela Petrobrás (BR) e por institutos públicos

de pesquisa da França (CNRS/IFP) (Figura 35).

Empresa 46%

Universidade 31%

Instituto de Pesquisa

23%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 90

Figura 35 - Patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO separadas por cessionários.

Fonte: Elaboração própria.

5.3.2 Análise Meso

Após a definição das taxonomias (as mesmas utilizadas para os artigos), foi

feita a análise das tendências das 16 patentes relevantes selecionadas. Tem-se,

como na análise dos artigos, uma tendência muito forte de estudos voltados para

metodologias de obtenção do bioPG (Figura 36). A taxonomia “Modelagem

computacional/Estudos teóricos” não foi encontrada, uma vez que se refere a

estudos não são comumente patenteados.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

3

BASF SE

Iowa State University Research Foundation, Inc.

CLARIANT CORPORATION

Council of Scientific and Industrial Research

GTC Technology US LLC

Int--Instituto Nacional de Tecnologia

The Curators of the University of Missouri

Toray Industries, Inc.

University of Idaho

William Marsh Rice University

CNRS/ IFP Energies Nouvelles

Petroleo Brasileiro S.A.-Petrobras

Archer Daniels Midland Company

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 91

Figura 36 - Patentes concedidas encontradas pela busca na base USPTO separadas pelas taxonomias.

Fonte: Elaboração própria.

5.3.3 Análise Micro

O “Método de purificação” foi um dos temas abordados entre as patentes.

Como já analisado no caso dos artigos, o foco em um processo mais seletivo ao

bioPG elimina ou diminui a necessidade de purificação dos produtos da reação.

Porém, vale ressaltar aqui que uma das patentes, da empresa alemã BASF, trata da

desodorização do bioPG. O odor não característico do produto, que precisa ser

eliminado no caso de uso nos setores de alimentos e medicamentos, existe quando

a matéria-prima utilizada é o glicerol não purificado, vindo diretamente do processo

de fabricação do biodiesel.

As formas de isolamento do bioPG mencionadas nas patentes foram sistema

de cromatografia por exclusão de íons (pela empresa ADM), o sistema “simulated-

moving bed chromatography” (pela empresa ADM) e torres de purificação (pelas

empresas BASF, Petrobras e GTC Technology), envolvendo várias colunas de

destilação.

Na taxonomia de aplicação como “Intermediário ou material de partida” o foco é

no uso do bioPG como bloco de construção para outros compostos químicos de alto

valor agregado, como poliésteres, ác. lático, etanol, e alguns ácidos orgânicos

(Figura 37).

4

6

14

Intermediário ou material de partida

Métodos de Purificação

Métodos de Obtenção

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 92

Figura 37 - Análise das patentes concedidas com produtos derivados do uso do bioPG como intermediário ou material de partida para outras reações.

Fonte: Elaboração própria.

Nos poliésteres existe a aplicação do bioPG como porcentagem de material

renovável na resina final, possibilitando a obtenção de selos de sustentabilidade, por

exemplo. As empresas que trabalharam com a síntese desses compostos foram a

japonesa Toray Industries e a americana ADM.

O “Método de obtenção” foi novamente subdividido, primeiramente em: rota

química e rota bioquímica (Figura 38).

Figura 38 - Porcentagem das patentes concedidas que adotaram o método de obtenção do bioPG via rota química ou via rota bioquímica.

Fonte: Elaboração própria.

Na parte bioquímica, apenas uma patente, da universidade americana William

Marsh Rice, trouxe metodologias de cultivo dos micro-organismos, tendo o glicerol

como substrato. É mostrado o método do aprimoramento da cultura e de produção

Poliésteres; 2

Ác. acrílico; 1

Ác. metacrílico; 1

Ác. dicarboxílico; 1

Etanol; 1

Ác. lático; 1

Rota Química

93%

Rota Bioquímica

7%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 93

pela manipulação da via metabólica. Os organismos estudados eram dos gêneros

Escherichia ou Enterobacter.

A matéria-prima predominante na grande maioria dos documentos foi o glicerol,

seguido dos açúcares e derivados, celulose e ác. lático (Figura 39). Não foram

encontradas patentes sobre o uso de microalgas nem de bio-óleo, como no caso dos

artigos.

Figura 39 - Fontes de matéria-prima para produção do bioPG encontradas nas patentes concedidas.

Fonte: Elaboração própria.

Detalhando um pouco mais as matérias-primas, encontram-se açúcares e seus

derivados que são usados para a produção do bioPG, seja por rota química ou

bioquímica (Figura 40).

Figura 40 - Tipos de açúcares usados como matéria-prima para a produção do bioPG encontrados nas patentes concedidas.

Fonte: Elaboração própria.

Glicerol 55%

Açúcares e Derivados

25%

Celulose 15%

Ác. lático 5%

Sorbitol 37%

Glicose 25%

Manitol 12%

Xilitol 13%

outros 13%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 94

Além dos já mencionados pelos artigos (Sorbitol, Glicose e Xilitol), foram

colocados nas patentes o possível uso de Manitol e outros (sacarose, lactose,

maltose, alfa metil glicosídeo, glicose penta-acetilada e gluconolactona).

O tipo de rota química mais adotada pelas patentes foi a hidrogenólise e/ou

hidrogenação catalítica (Figura 41). Não foram citadas as reações do tipo redução

catalítica, solvólise ou conversão eletroquímica, trazidas por alguns artigos.

Figura 41 - Tipos de reações químicas encontradas nas patentes concedidas.

Fonte: Elaboração própria.

Os catalisadores são utilizados nas reações de hidrogenólise e/ou

hidrogenação. Porém, diferente do caso dos artigos, nas patentes são citados

normalmente um número muito grande de metais e de suportes que podem ser

utilizados para que as reações aconteçam. Em uma única patente são citados, por

exemplo, 38 metais diferentes com possível aplicação no processo. Por esse motivo

os catalisadores e os suportes não foram quantificados nas patentes.

Os metais mais citados, porém, continuam sendo o cobre e o níquel, assim

como os suportes mais citados continuam sendo alumina (Al2O3) e compostos de

carbono.

Diferente do padrão notado para os artigos, as patentes concedidas se

encontram divididas igualmente entre documentos com enfoque na produção de

bioPG e documentos que trabalham na produção de mais de um produto final

(Figura 42). Vale ressaltar que algumas patentes trabalham com a possibilidade de

escolha do produto majoritário.

1

3

10

Catálise meio básico

Hidrotermal

Hidrogenólise/Hidrogenação

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 95

Figura 42 - Análise da seletividade ou não das patentes cocedidas à produção do bioPG.

Fonte: Elaboração própria.

Dos estudos que relataram a produção de bioPG junto a um ou mais produtos,

a maior parte (33%) relata a coprodução de etilenoglicol, assim como no caso dos

artigos (Figura 43). Outros produtos de interesse que também são produzidos

incluem hidroxiacetona, aldeídos, cetonas, álcoois e outros compostos orgânicos

que podem ser tão interessantes comercialmente quanto o bioPG.

Figura 43 - Produtos químicos obtidos juntamente com o bioPG encontrados nas patentes concedidas.

Fonte: Elaboração própria.

5.4 PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA - PATENTES SOLICITADAS

Produto principal 50%

Coprodução 50%

Etilenoglicol 33%

Hidroxiacetona 22%

Álcoois 11%

Acetal 11%

outros 11%

Aldeídos 6%

Cetonas 6%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 96

5.4.1 Análise Macro

Para a análise das patentes solicitadas foram utilizados os 19 documentos

relevantes encontrados (Apêndice C).

A série histórica abrangeu o período de cinco anos, com as datas de entrada

dos pedidos das patentes relevantes variando de 2014 a 2016 (Figura 44). O maior

volume de patentes solicitadas por ano atualmente se encontra no ano de 2015, com

um total de 10 patentes. Percebe-se que nos últimos cinco anos somente houve

solicitação de patentes sobre bioPG nos últimos três anos, excluindo-se neste caso

as patentes relevantes que já foram concedidas dentro do mesmo período, que já

foram computadas anteriormente neste trabalho.

Figura 44 - Série histórica das patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO.

Fonte: Elaboração própria.

A respeito da distribuição de patentes solicitadas por país de origem, os EUA

lideram com 10 patentes, seguidos pelo Brasil com 4 e a Alemanha com 2 patentes

no total (Figura 45). Os outros países tiveram apenas uma patente solicitada cada.

0

2

4

6

8

10

12

2014 2015 2016

mero

de P

ate

nte

s

Ano

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 97

Figura 45 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separados por país de origem.

Fonte: Elaboração própria.

Das instituições cessionárias, ou seja, que detém a tecnologia das patentes,

foram encontradas 11 empresas, 3 universidades e 3 institutos de pesquisa (Figura

46). Esse resultado, somado ao obtido com as patentes concedidas, mostra que o

domínio da tecnologia de fabricação do PG é de interesse tanto das universidades e

institutos de pesquisa, como das empresas. Porém o interesse majoritário ainda é

das empresas.

Figura 46 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separadas por tipo de instituição de origem.

Fonte: Elaboração própria.

ADM (EUA), Braskem (Brasil) e a University of Georgia (EUA) possuem 2

patentes solicitadas cada (Figura 47). Dentre as empresas encontradas, quatro são

especializadas em biotecnologia, duas são multinacionais petrolíferas, duas são da

10

4

2 1 1 1 1

EUA Brasil Alemanha Canadá França Itália Japão

mero

de P

ate

nte

s

País de Origem

Empresa 65%

Universidade 17%

Instituto de Pesquisa

18%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 98

área de agricultura e agronegócio, uma é da área de plásticos e as duas últimas,

Mitsubishi Rayon e ThyssenKrupp, são empresas especializadas em soluções

tecnológicas em diferentes áreas, como a fabricação de produtos químicos como

plásticos, fibras, fibras de carbono, materiais compósitos e outros.

Figura 47 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separadas por cessionários.

Fonte: Elaboração própria.

5.4.2 Análise Meso

Utilizando a mesma definição das taxonomias já mostradas anteriormente, foi

feita a análise das tendências das 19 patentes relevantes selecionadas (Figura 48).

Tem-se novamente uma tendência muito forte de estudos voltados para

metodologias de obtenção do bioPG, porém um pouco mais distribuída entre as

outras taxonomias.

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

Thyssenkrupp Industrial Solutions GMBH

Algenol Biofuels Inc.

B.R.A.I.N.

Battelle Memorial Institute

ENI S.P.A.

EverNu Technology LLC

Genomatica, Inc.

Instituto Nacional De Tecnologia - INT

Iowa Corn Promotion Board

Metabolic Explorer

Mitsubishi Rayon Co., Ltd.

University Of Saskatchewan

University of Tennesee Research Foundation

Petroleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS

Archer Daniels Midland Company

Braskem S.A.

University of Georgia Research Foundation, Inc.

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 99

Figura 48 - Patentes solicitadas encontradas pela busca na base USPTO separadas pelas taxonomias.

Fonte: Elaboração própria.

5.4.3 Análise Micro

O “Método de purificação” foi um dos temas abordados entre 6 patentes

solicitadas. Além do foco na separação entre o bioPG e o etilenoglicol, duas das

patentes trataram da purificação do produto vindo a partir da rota bioquímica, ou

seja, obtido através de meio de cultura com micro-organismo geneticamente

modificado. Uma delas descreve o processo realizado por meio de centrifugação

(separação meio de cultura), seguida de destilação, membranas ou colunas de

adsorção (separação dos outros componentes).

As outras patentes trouxeram processos de destilação por várias colunas ou

torres de purificação (University of Tennesee e ADM) e cromatografia por exclusão

de íons (simulated moving bed system) (ADM).

Na aplicação como “Intermediário ou material de partida” o foco é no uso do

bioPG como bloco de construção para outros compostos químicos de alto valor

agregado, como os poliésteres, acetal, propanal, e outros compostos orgânicos

(Figura 49). O 1-propanol e o propanal podem ser produzidos via rota química ou via

rota bioquímica, usando o PG como substrato para o meio de cultura.

5

6

17

Métodos de purificação

Intermediário ou material de partida

Métodos de obtenção

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 100

Figura 49 - Análise das patentes solicitadas com produtos derivados do uso do bioPG como intermediário ou material de partida para outras reações.

Fonte: Elaboração própria.

Bem diferente da análise dos artigos e das patentes concedidas, os tipos de

rota de obtenção do bioPG variou muito nas patentes solicitadas. Foram 9 patentes

que mostraram rotas químicas e 8 patentes que mostravam rotas bioquímicas

(Figura 50).

Figura 50 - Porcentagem das patentes solicitadas que adotaram o método de obtenção do bioPG via rota química ou via rota bioquímica.

Fonte: Elaboração própria.

Das quatro patentes brasileiras, três descreviam métodos bioquímicos de

obtenção dos compostos. Duas são da Braskem (Brasil) e a terceira da B.R.A.I.N.

(Alemanha), em cooperação com um pesquisador brasileiro da cidade de Campinas.

Acetal; 2

Propanal; 2

Propionato; 1

1-propanol; 1 Ác. Pirúvico; 1

Ác. acrílico; 1

Poliésteres; 1

Propileno; 1

Acroleína; 1

Ác. lático; 1

Rota Química 53%

Rota Bioquímica

47%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 101

Já as outras organizações que depositaram patentes nessa área foram a University

of Georgia (EUA), Metabolic Explorer (França), Genomatica (EUA), e Algenol

Biofuels (EUA).

Os tipos de micro-organismos manipulados geneticamente variaram muito, de

Escherichia coli a cianobactérias (Algenol Biofuels). Do mesmo modo como ocorreu

com os metais usados como catalisadores, as possibilidades excessivas de

exemplos que podem ser utilizados como micro-organismos nas patentes fez com

que os mesmos não fossem quantificados separadamente. Assim, as patentes foram

divididas pelo tipo de rota bioquímica, se via metabólica ou enzimática, ou se a

tecnologia era voltada para a otimização do bioprocesso. A manipulação pela via

metabólica foi a mais recorrente (Figura 51).

Figura 51 – Especificação dos processos biotecnológicos encontrados nas patentes solicitadas utilizados para a produção do bioPG.

Fonte: Elaboração própria.

Em termos de matéria-prima, a predominantemente utilizada pela grande

maioria das patentes solicitadas continuou sendo o glicerol, seguido dos açúcares e

derivados, celulose e CO2 (Figura 52).

1

2

8

Via Enzimática

Otimização do bioprocesso

Via Metabólica

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 102

Figura 52 - Fontes de matéria-prima para produção do bioPG encontradas nas patentes solicitadas.

Fonte: Elaboração própria.

O dióxido de carbono foi considerado como possível fonte de carbono para as

rotas de obtenção bioquímicas, envolvendo micro-organismos e ambientes

anaeróbicos. Outras possíveis fontes de matéria-prima citadas foram: caldo de cana,

melaço de cana, amido hidrolisado, materiais lignocelulósicos hidrolisados,

sacarose, lactato, lactose, amido, metanol, formato, metano, gordura, lípido, cera,

álcoois ou proteínas.

O tipo de rota química mais adotada pelas patentes foi a hidrogenólise e/ou

hidrogenação catalítica, assim como se viu nas outras análises de artigos e patentes

(Figura 53).

Figura 53 - Tipos de reações químicas encontradas nas patentes solicitadas.

Fonte: Elaboração própria.

Glicerol 37%

Açúcares e derivados

22%

Celulose 11%

CO2 11%

outros 19%

1

1

9

Catálise meio básico

Redução catalítica

Hidrogenólise/Hidrogenação

Número de Patentes

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 103

Os metais mais citados na fabricação dos catalisadores continuam sendo o

cobre e o níquel, assim como os suportes mais citados continuam sendo alumina

(Al2O3) e compostos de carbono. Porém, somente três patentes tiveram foco em

mostrar variações de catalisadores e trabalharam com isso, além do fato de

praticamente metade das patentes trabalharem com biotecnologia, não trabalhando,

portanto, com catalisadores químicos (metálicos e heterogêneos).

A maior parte (64%) das patentes solicitadas trabalha o bioPG como um

coproduto da reação e apenas 36% trazem um foco na produção majoritária a

exclusiva do bioPG (Figura 54).

Figura 54 - Análise da seletividade ou não das patentes solicitadas à produção do bioPG.

Fonte: Elaboração própria.

Por fim, com relação aos estudos de coprodução do bioPG, um quarto (25%)

dos documentos relata a coprodução de etilenoglicol e o outro quarto relata a

coprodução de 1-propanol (Figura 55). O 1-propanol é um dos produtos majoritários

produzidos junto com o bioPG nas rotas de produção bioquímicas e pode ser

utilizado como biocombustível devido a sua alta octanagem.

Produto principal

36%

Coprodução 64%

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 104

Figura 55 - Produtos químicos obtidos juntamente com o bioPG encontrados nas patentes solicitadas.

Fonte: Elaboração própria.

5.5 CONCLUSÕES SOBRE A FASE DE PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

Com os resultados da prospecção tecnológica é possível fazer uma análise

prévia mais global, conectando as informações encontradas de modo a gerar

conhecimento sobre o bioPG. E é esse conhecimento que foi posteriormente

utilizado para a criação do technology roadmap.

Percebe-se, por exemplo, que os EUA detêm uma posição de liderança

tecnológica no curto e médio prazo, enquanto a China aparece dominante no longo

prazo. O não aparecimento da China nas análises de patentes foi um resultado que

se destacou bastante, visto o volume de publicações de artigos que o país

apresentou. Isso levou a uma busca por possíveis patentes depositadas somente

em território chinês, utilizando a base de patentes chinesa SIPO. Porém, foi

confirmado que não houve depósito de nenhuma patente originária da China até o

momento.

Apesar disso, a China está ocupando o mesmo patamar que os EUA em

termos de volume de produção do bioPG. Enquanto os EUA, por intermédio da ADM

e outras, buscam o domínio da tecnologia e do processo, uma hipótese provável

seria que a China está focando seus esforços no aumento da produção, por meio de

aprimoramentos e enfoque tanto na eficiência como no aumento de seletividade do

processo.

Etilenoglicol; 3

1-propanol; 3 Butadieno; 2

Ác. lático; 1

Lactaldeído; 1

1,3-propanodiol; 1

Glicerol; 1

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 105

Levando em consideração os tipos de instituições, vê-se, como era de se

esperar, que as empresas são a maioria em termos de patentes e as universidades

em termos de artigos. Porém a porcentagem de universidades com patentes

concedidas pode ser considerada bem expressiva (31%) em relação às empresas

(46%). Os institutos ou centros de pesquisa possuem uma porcentagem de

participação entre 18 e 25% na produção de artigos e patentes.

As matérias-primas mais usadas foram o glicerol e os açúcares e derivados. Já

com relação ao uso do bioPG como intermediário de reação ou material de partida

para produção de outros bioprodutos, vê-se a predominância do ác. lático, seguido

por poliésteres, 1-propanol, propanal, acetal e ác. acrílico. Finalmente, em relação à

coprodução, ou seja, da produção do bioPG juntamente com outros produtos, vê-se

a predominância do etilenoglicol, seguido pelo 1-propanol, álcoois variados e pelo

ác. lático.

Percebeu-se, durante o estudo, uma relação muito dinâmica entre a molécula

de bioPG e a molécula de ácido lático, podendo essa última aparecer como matéria-

prima (XIAO et al., 2015), coproduto (LIU & YE, 2015) ou produto final (REDINA et

al., 2015). Esse composto químico também é valorizado no mercado como um

bioproduto, obtido principalmente via fermentação. Uma das patentes concedidas da

Petrobrás (Apêndice B; 8,962,882), em parceria com o Instituto Nacional de

Tecnologia (INT), diz respeito exatamente a obtenção de ácido lático via

transformação catalítica do bioPG. A possibilidade de trabalhar com a produção de

dois bioprodutos de alto valor agregado com tamanha flexibilidade de escolha,

podendo variar com preço e demanda de cada um, é uma boa oportunidade de

negócio a ser considerada.

Uma surpresa encontrada foi o volume de patentes solicitadas que forneciam a

produção do bioPG via rota bioquímica, em comparação ao volume escasso de

estudos na área em artigos e patentes concedidas. Os seis estudos de rota

bioquímica encontrados em artigos foram realizados exclusivamente por

universidades, já das oito patentes solicitadas, apenas duas (Apêndice C;

20160040196 e 20140134690) eram da University of Georgia Research Foundation,

sendo as outras cinco pertencentes a empresas privadas: Metabolic Explorer,

Braskem, Genomatica, B.R.A.I.N., Algenol Biofuels.

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5. Resultados – Fase de Prospecção Tecnológica 106

5.5.1 Situação atual do Brasil

Segundo o levantamento de dados aqui realizado, o Brasil possuí até o término

da etapa de pesquisa deste trabalho (Março de 2016) 4 artigos publicados, 2

patentes concedidas e 4 patentes solicitadas, ainda em análise pelo escritório

americano de patentes.

Isso mostra que atores brasileiros já possuem algum interesse pela tecnologia

e podem estar se movimentando em direção a produção do bioPG. As instituições

brasileiras encontradas foram: Braskem, INT, Petrobras, UFRJ, Universidade

Federal Fluminense (UFF), Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Instituto

Nacional de Metrologia (INMETRO), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

e Universidade Federal do ABC (UFABC).

Com a montagem do technology roadmap no próximo capítulo, é possível

visualizar todos os atores propriamente ditos e suas expertises, de modo a

acrescentar ainda mais informações relevantes para as tendências atuais que

envolvem o bioPG.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 107

6. FASE PÓS-PROSPECTIVA – ELABORAÇÃO DO TECHNOLOGY ROADMAP

Seguindo com a metodologia descrita para este estudo, neste capítulo é

abordada a montagem do technology roadmap, utilizando as informações obtidas no

capítulo anterior. É o momento de reorganizar a inteligência adquirida pela

prospecção tecnológica, colocando-a na forma de um mapa dividido nos eixos

horizontal (tempo) e vertical (taxonomias).

Foram selecionadas taxonomias finais de modo a melhor organizar a exposição

da informação encontrada em um formato visual de mapa, sendo elas: Foco do

Documento, Produto Final, Insumos do Processo e Tecnologia. Elas foram

empilhadas em caixas na vertical no início do mapa, de onde foram traçadas linhas

guias na horizontal, que servem de ponto final (intercessão) para as setas indicativas

que saem dos atores (logos), como descrito no capítulo de metodologia (Figura 56).

Figura 56 - Exemplo da colocação das linhas guias saindo das caixas de taxonomia e da intercessão com as setas que saem dos atores (logos).

Fonte: Elaboração própria.

Todas as informações contidas no technology roadmap são prioritariamente

remetidas à tecnologia, como o próprio nome esclarece, porém, pode-se especificar

o foco da informação passada pelos documentos. Na análise das principais

tendências estudadas ou desenvolvidas pelos documentos, pode-se dividir o foco

em: tecnologia e/ou produto. Ou seja, o documento pode relatar prioritariamente a

respeito do bioPG (produto) ou ele pode se referir mais à tecnologia estudada, não

se limitando ao bioPG (Figura 57), por exemplo dando enfoque no teste de novos

catalisadores, na melhora nas condições de reação, etc.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 108

Figura 57 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Foco do Documento.

Fonte: Elaboração própria.

Com relação às informações sobre o uso do bioPG como intermediário de

reação ou material de partida, foi subdividida a taxonomia de produtos finais obtidos

por cada instituição em: ácidos orgânicos, poliésteres, álcoois, aldeídos, epóxidos,

hidrocarbonetos e acetal (Figura 58).

Figura 58 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Produto Final.

Fonte: Elaboração própria.

Em outro agrupamento, foram reunidos os insumos do processo, divididos em

catalisadores e matéria-prima, sendo a última subdividida em: glicerol, açúcares e

derivados, celulose, ácido lático e outros (Figura 59).

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 109

Figura 59 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Insumos do Processo.

Fonte: Elaboração própria.

Para identificar as principais tecnologias adotadas pelos documentos foi criada

uma taxonomia geral denominada “Tecnologia”, subdividida em: métodos de

obtenção (químico ou bioquímico), otimização dos parâmetros de reação,

manipulação de micro-organismos (via enzimática ou metabólica), métodos de

purificação, geração de gás hidrogênio in situ e estudos de cinética/mecanismo de

reação (Figura 60).

Figura 60 - Subdivisões da taxonomia final adotada no roadmap: Tecnologia.

Fonte: Elaboração própria.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 110

A disposição (localização) e ordem específica dos logos dos atores dentro de

cada espaço temporal (estágio atual, curto, médio e longo prazo) são realizadas de

forma a melhor preencher o espaço. O que define as expertises de cada ator são as

setas indicativas. Porém, quando dois ou mais atores descrevem exatamente o

mesmo perfil de expertises no mapa, estes foram alocados em um quadrado maior,

formando um cluster (Figura 61).

Figura 61 - Exemplo de um cluster, onde a Dow e a ADM estão ligadas às mesmas taxonomias no roadmap.

Fonte: Elaboração própria.

Os clusters, portanto, não indicam necessariamente empresas que estão

trabalhando juntas, e sim que estão pesquisando sobre o mesmo assunto. Quando

os atores apresentam as mesmas taxonomias é colocada a indicação “Mesmo

Foco”, e caso tenham trabalhado junto é colocada a indicação “Parceria”.

Como o mapa finalizado é muito extenso (Figura 62), o mesmo será mostrado

em cortes temporais (verticais), com as taxonomias repetidas em cada corte para

facilitar a leitura do mesmo.

Figura 62 - Visualização completa do technology roadmap do propilenoglicol com base em fontes renováveis.

Fonte: Elaboração própria

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 111

6.1 ESTÁGIO ATUAL

No corte temporal do technology roadmap para o estágio atual, pode-se

observar principalmente os atores envolvidos na produção atual de bioPG no mundo

(Figura 63).

Como o bioPG já é produzido em escala industrial, foi feita uma correlação

ligeiramente diferente na taxonomia “Foco do Documento” neste estágio atual. Em

“Produto”, foram relacionados os atores que produzem o bioPG, e em “Tecnologia”

foram relacionados os atores que detém e/ou vendem a tecnologia de produção do

mesmo.

Durante a busca nas mídias especializadas, foi notado um grande movimento

na busca da fabricação de bioPG a partir da glicerina no início dos anos 2000

(EBERT, 2007). A queda no preço da glicerina, causada pela fabricação de

biodiesel, induziu muitas empresas a buscarem novos meios de utilizar esse recurso,

sendo o bioPG colocado como uma das melhores alternativas por diversas

companhias e grupos de pesquisa, segundo a revista americana Biodiesel

Magazine. Empresas importantes como Dow, Huntsman, Cargill, Ashland, Virent e

ADM anunciaram grandes investimentos no desenvolvimento da tecnologia e na

construção de plantas de produção.

Muito foi comentado sobre uma joint venture entre Cargill e Ashland, com

tecnologia da JM Davy, para a produção do bioPG. Porém, no relatório anual de

2009 da Ashland consta que o investimento de oito milhões de dólares na

empreitada foi suspenso, justificado pelo preço da glicerina e outros custos inclusos

no processo (ASHLAND, 2009).

Da mesma forma, a empresa Huntsman, uma das grandes produtoras de PG

fóssil do mundo, anunciou que já estaria comercializando bioPG para o ano de 2008

(HUNTSMAN, 2007). Foi feita uma busca por essa informação em seus relatórios

anuais e em outras fontes da própria empresa, porém não foi encontrada atualização

sobre a situação do processo. Porém, a empresa foi inserida no mapa por se tratar

de uma informação oficial e pela mesma também ter sido encontrada como um

player em outros relatórios sobre o bioPG.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 112

Nesse mesmo ano de 2007, a empresa chinesa GBT começou a produção em

larga escala de bioPG e outros derivados, produzindo aproximadamente 100 mil

ton/ano do produto puro.

Em termos de produção e tecnologia utilizando açúcares de derivados pode-se

observar a GBT (com produção em larga escala) e a S2G BioChem (com uma planta

piloto). Já na tecnologia do glicerol, foram encontradas JM Davy, ADM, Dow,

Huntsman, BASF e Virent. A Oleon produz seu bioPG utilizando a tecnologia

desenvolvida pela BASF, diferente da ADM e Dow, que utilizam a própria tecnologia.

Não existe atualmente a produção de bioPG via rota bioquímica, como pode-se

observar pelo roadmap.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 113

Figura 63 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes Renováveis: Estágio Atual.

Fonte: Elaboração própria.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 114

6.2 CURTO PRAZO

No corte temporal agora para o curto prazo do technology roadmap, pode-se

observar os atores que detém as tecnologias em forma de patentes concedidas

(Figura 64).

Observa-se em destaque a ADM, que aparece atuando em diversas

tecnologias, matérias-primas e utilização do bioPG. A empresa possui três patentes

concedidas somente no período de tempo analisado. As mesmas abrangem

catalisadores para o processo de hidrogenólise do glicerol, açúcares ou derivados

(Apêndice B; 9,259,715), produção de ácido acrílico e ácido metacrílico renováveis a

partir do bioPG (Apêndice B; 9,234,064) e um método de purificação dos polióis

obtidos a partir da hidrogenólise (Apêndice B; 9,174,902).

Já em termos de produção via rota bioquímica, a William Marsh Rice University

aparece sozinha com uma patente de 2012 utilizando a modificação de micro-

organismos por via metabólica para o consumo do glicerol e produção de bioPG

(Apêndice B; 8,334,119).

A BASF e a GTC Technology aparecem em um cluster, indicando que detém

patentes com tecnologias de mesmas taxonomias. Ambas as patentes tratam de

processos de purificação do bioPG obtido do processamento químico do glicerol

(Apêndice B; 9,145,347 e 8,394,999).

O cluster entre CNRS (Centre national de la recherche scientifique) e o IFP

Energies Nouvelles existe porque ambos detém duas patentes em parceria

(Apêndice B; 8,835,694 e 8,877,982) que tratam da transformação de material

lignocelulósico, como a celulose, em bioprodutos como o bioPG utilizando

catalisadores baseados em diferentes metais, como oxidos de estanho, tungstênio e

antimônio.

A única representante da indústria de petróleo no mapa é a Petrobrás (Brasil),

com duas patentes: uma de produção do bioPG (Apêndice B; 8,492,597) e a outra

em conjunto com o INT sobre produção de ácido lático a partir de bioPG (Apêndice

B; 8,962,882).

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 115

A Clariant (Suíça) e a Toray (Japão) são empresas voltadas para

especialidades químicas. A primeira possui patente na área de catalisadores para o

processo de hidrogenólise de polióis (Apêndice B; 9,205,412) e a segunda detém

patente para produção de poliésteres a partir do bioPG (Apêndice B; 9,175,133),

ambas concedidas recentemente em 2015.

Todos os outros atores encontrados são institutos de pesquisa ou

universidades, como, por exemplo, o Council of Scientific and Industrial Research

(India), Iowa State University Research Foundation (EUA) e University of Idaho

(EUA).

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 116

Figura 64 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes Renováveis: Curto Prazo.

Fonte: Elaboração própria.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 117

6.3 MÉDIO PRAZO

Para o corte temporal de médio prazo do technology roadmap obtido, pode-se

observar os atores que detêm as tecnologias em forma de patentes solicitadas

(Figura 65).

O destaque para o médio prazo, como já mostrado na fase de prospecção

tecnológica, foi para a obtenção do bioPG via rota bioquímica. A empresa brasileira

Braskem, especialista em plásticos, se coloca nessa área formando um cluster com

a Genomatica, por ambas tratarem da mesma taxonomia de produção de bioPG

utilizando micro-organismos e diferentes substratos, como glicerol, açúcares e

derivados e celulose. A Genomatica é uma empresa americana de biotecnologia

com forte atuação no setor que desenvolve e licencia processos de fabricação para

a produção de diferentes compostos químicos.

As duas patentes solicitadas da Braskem (Apêndice C; 20150152440 e

20150064760) tratam da obtenção de butadieno, bioPG e/ou do 1-propanol. Já a

patente da Genomatica (Apêndice C; 20140302575) mostra a produção de bioPG, n-

propanol, 1,3-propanodiol ou glicerol por um organismo que possui uma rota

metabólica para o metanol, utilizando esse e outros substratos existentes no meio

para obtenção do produto desejado (Apêndice C; 20140302575).

As empresas B.R.A.I.N., Algenol e Metabolic Explorer também estão

trabalhando na mesma área de biotecnologia. A empresa Algenol está investindo na

diferenciação pelos micro-organismos, utilizando cianobactérias para produção de

bioPG (Apêndice C; 20140113342).

A University of Georgia Research Foundation possui duas patentes: micro-

organismos para produção de 1-propanol (coprodução de bioPG) (Apêndice C;

20140134690) e produção de propionaldeído usando o bioPG (Apêndice C;

20160040196).

As empresas de petróleo ENI e Petrobrás se encontram em busca de

tecnologias similares, formando um cluster juntamente com o INT. O instituto

aparece nesse caso porque possui a patente em parceria com a Petrobrás

novamente sobre síntese de ácido lático usando bioPG (Apêndice C; 20140148616).

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 118

A ADM aparece novamente no mapa, buscando cada vez mais o domínio das

tecnologias, aqui nos campos da produção química via glicerol (Apêndice C;

20150152031 e 20140039224).

A empresa Iowa Corn Promotion Board, especialista na produção de milho que

busca derivados de alto valor agregado para a agricultura, solicitou uma patente

para produção de glicóis como o bioPG e etilenoglicol de carboidratos (Apêndice C;

20150329449). Já a University Of Tennesee Research Foundation pesquisou a

produção simultânea ácido lático e bioPG a partir do glicerol (Apêndice C;

20150299082).

A empresa alemã ThyssenKrupp solicitou uma patente para produção de

bioPG opticamente puro (Apêndice C; 20140212957). Apesar dos enantiômeros

terem propriedades físicas iguais, eles se comportam diferente em reações químicas

e sua aplicação nas áreas de fármacos, químicos e flavorizantes pode gerar efeitos

diferentes para cada molécula de bioPG.

A Mitsubishi Rayon, parte do grupo Mitsubishi do Japão, detém uma patente

voltada para aplicação e materiais, utilizando bioPG para produção de poliésteres

(Apêndice C; 20150291730), assim como a outra empresa japonesa Toray no curto

prazo, porém voltado para fabricação de tôners, as tintas em pó usadas para

impressoras a laser.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 119

Figura 65 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes Renováveis: Médio Prazo.

Fonte: Elaboração própria.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 120

6.4 LONGO PRAZO

Finalmente, para o corte temporal de longo prazo do technology roadmap,

pode-se observar os atores que detêm as tecnologias em forma de artigos

publicados (Figura 66). Devido ao grande número de atores encontrados, foi feito um

corte de seleção dos que apresentaram maior destaque, ou seja, que apresentaram

dois ou mais artigos sobre o assunto.

Como já mencionado, a entrada em peso de instituições Chinesas é o maior

destaque deste corte temporal. Só a Chinese Academy of Sciences soma 19 artigos,

espalhados nas várias cidades com institutos que fazem parte desse órgão

governamental. Ele funciona como o centro nacional de pesquisa da China e foi

responsável pela criação de diversas empresas, como a Synfuels China, que

aparece no mapa com três artigos em parceria com institutos do centro de pesquisas

chinês.

Os temas abordados pela Chinese Academy of Sciences envolvem

principalmente estudos de catalisadores metálicos de alto desempenho. Eles são

estudados para a obtenção de altos rendimentos de bioPG na reação de

hidrogenólise ou mesmo para a conversão seletiva da celulose, sorbitol ou xilitol em

glicóis incluindo o bioPG. Também foram encontrados artigos que relatam estudos

sobre influência de diversos aditivos para o desempenho dos catalisadores,

averiguando a necessidade de utilização de outros metais, suportes ou soluções

para atingir os objetivos de conversão desejados.

As três únicas instituições que aparecem no mapa com artigos sobre

biotecnologia são Beijing University Of Chemical Technology, Shanghai Jiao Tong

University e Michigan State University. Esta última desenvolveu um estudo sobre a

manipulação de micro-organismos via utilização direta de enzimas para produção de

bioPG opticamente puro, convertendo hidroxiacetona em (R)-1,2-propanodiol.

Algumas instituições gregas também foram destaque, como Aristotle University

of Thessaloniki, que possui cinco artigos publicados sobre o tema recentemente. Em

um dos artigos é tratado o desenvolvimento de um processo utilizando a reforma do

metanol como fonte doadora de hidrogênio para a hidrogenólise do glicerol.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 121

O Indian Institute of Chemical Technology (IICT) também possui cinco artigos

publicados recentemente na busca por catalisadores mais seletivos para a

hidrogenólise.

A UFF é a única instituição brasileira que apareceu no mapa no longo prazo,

com um artigo recente de 2016, em parceria com o Instituto Federal Do Rio De

Janeiro (IFRJ) e o Instituto Nacional De Metrologia (Inmetro), mostrando o uso de

um catalisador bimetálico de platina e ferro em suporte de alumina para realização

da hidrogenólise e de uma reforma em fase aquosa. O outro artigo também trata da

produção de catalisadores em parceria com as universidades de Virginia e do Novo

México.

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6. Fase Pós-prospectiva – Elaboração do Technology Roadmap 122

Figura 66 - Technology Roadmap – Propilenoglicol com Base em Fontes Renováveis: Longo Prazo.

Fonte: Elaboração própria.

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7. Análise do Technology Roadmap 123

7. ANÁLISE DO TECHNOLOGY ROADMAP

Após a reunião dos dados iniciais, do detalhamento e compilação das

principais informações e da formação do conhecimento sobre o assunto estudado,

obtem-se o resultado final expresso pelo technology roadmap, que foi apresentado

em cortes temporais no capítulo anterior.

Os resultados obtidos pelo trabalho estão de acordo com os outros trabalhos

que abordam as tendências para o bioPG, incluindo as informações disponibilizadas

gratuitamente por consultorias que vendem relatórios completos de mercado sobre o

PG. Assim, foi possível atualizar o estado atual do processo de produção do bioPG,

além de identificar empresas, universidades e institutos de pesquisa atuantes no

mercado.

Além de confirmar os dados anteriormente obtidos, também foi possível

encontrar dois fatos que não foram abordados pelos outros estudos: a situação da

joint venture Cargill/Ashland e da empresa britânica JM Davy. A parceria entre

Cargill e Ashland, citada no trabalho financiado pelo BNDES e em outros

documentos encontrados na rede como um dos players na produção de bioPG, não

saiu do papel e foi suspensa ainda em 2009 (ASHLAND, 2009). Já a empresa JM

Davy, fornecedora de catalisadores e tecnologias licenciadas, não foi citada pelo

estudo, apesar de contar com uma tecnologia de obtenção do bioPG via

hidrogenólise do glicerol pronta para licenciamento (JM DAVY, 2016). Também

foram encontrados trabalhos que faziam referência a JM Davy como a empresa que

forneceria a tecnologia para a joint venture mencionada, caso esta tivesse sido de

fato realizada.

De posse do technology roadmap, é possível principalmente observar diversas

tendências de tecnologia e de mercado para o Brasil e o resto do mundo. A análise

realizada é apresentada a seguir da seguinte maneira:

1º Análise Horizontal;

2º Análise Vertical;

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7. Análise do Technology Roadmap 124

3º Análise dos Atores do Processo;

4º Análise do Potencial Brasileiro.

7.1 ANÁLISE VERTICAL

Na análise vertical do roadmap são analisados principalmente as empresas e

organizações envolvidas no cenário apresentado, comentando os perfis dos clusters

encontrados. Essa análise complementa a já realizada no capítulo 6 deste trabalho.

Foram encontrados um total de sete clusters, duas parcerias diretas

(organizações que publicaram documento em conjunto) e cinco em que os atores

apresentaram o mesmo foco ou perfil no mapa produzido.

7.1.1 Cluster ADM e Dow (estágio atual)

Ambas as empresas atuam com tecnologia e produção, partindo da mesma

matéria-prima (mesmo foco). A ADM trabalha originalmente com produtos químicos

de material renovável, diferentemente da Dow, que produz utilizando matéria fóssil

majoritariamente. É possível notar então motivações divergentes, já que a primeira

tem o bioPG como produto principal e a segunda como um produto secundário para

possível diversificação de seu portfólio.

7.1.2 Cluster BASF e JM Davy (estágio atual)

Nesse cluster existem duas empresas voltadas para a tecnologia e não para a

produção do bioPG. A BASF é a maior delas, abrangendo diversos setores que

envolvem produtos químicos É possível constatar que o cluster mostra duas

concorrentes tecnológicas, onde ambas dispõem de tecnologia licenciável para

produção do bioPG via hidrogenólise do glicerol.

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7. Análise do Technology Roadmap 125

7.1.3 Cluster BASF e GTC (curto prazo)

Ambas atuam diretamente na venda de tecnologia de obtenção de produtos

renováveis e nenhuma possui interesse aparente na produção do bioPG, ao menos

no cenário atual e no curto prazo. Elas aparecem como concorrentes diretas com

tecnologia de produção e purificação para o bioPG nesse cluster em curto prazo.

A americana GTC é uma empresa que fornece tecnologia de ponta para

indústrias químicas, como equipamentos, processos, catalisadores, principalmente

para os mercados de petróleo, refino e gás. Trabalha com licenciamentos e com

fornecimento de produtos específicos para esses mercados.

A BASF também faz uso do licenciamento de suas tecnologias, porém sua

expertise é na produção propriamente dita de produtos químicos, dos mais básicos

(aminas, dióis, ácidos, etileno) aos mais específicos (catalisadores, plásticos,

solventes).

O tamanho da maior companhia de químicos do mundo não se compara a

iniciante americana, porém a especialidade da GTC é fornecer soluções

tecnológicas de ponta, o que poderia gerar um serviço a favor da gigante alemã.

7.1.4 Cluster CNRS e IFP (curto prazo)

Neste caso observa-se um cluster de parceria, ou seja, a patente concedida foi

desenvolvida com a parceria das duas instituições, ambos os centros de pesquisa

públicos na França.

7.1.5 Cluster Genomatica e Braskem (médio prazo)

A empresa Genomatica é uma especialista em biotecnologia, comercializando

as licenças para diversas indústrias químicas como BASF e Cargill. A Braskem já

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7. Análise do Technology Roadmap 126

atua em parceria com a empresa desde 2013, para criação conjunta de tecnologia

para a produção de butadieno renovável.

A parceria existente entre as empresas foi encontrada somente após a

finalização do roadmap, por isso neste mapa elas não entram como parceiras no

cenário específico do bioPG, e sim como atuantes com mesmo foco. Ou seja, ambas

possuem patentes solicitadas no mesmo setor, mas ainda não publicaram trabalhos

em conjunto.

Percebe-ce, neste caso, uma oportunidade para a formação de uma nova

parceria entre as empresas para o aperfeiçoamento da tecnologia de produção do

bioPG via rota bioquímica, se assim for favorável às diretrizes futuras de ambas.

7.1.6 Cluster Petrobras e INT (médio prazo)

O cluster formado pela parceria entre a empresa Petrobras e o instituto público

de pesquisa INT mostra-se no mapa em consequência de uma patente depositada

que possuía ambos como cessionários.

O conhecimento já existente junto a esses atores mostra centros de pesquisa

brasileiros em potencial para parceria em estudos futuros sobre o bioPG.

7.1.7 Cluster ENI, Petrobrás e INT (médio prazo)

No último cluster existem duas empresas importantes dos setores de petróleo e

petroquímicos. Ambas se apresentam trabalhando na produção de acetal via uso de

bioPG como matéria-prima. Nesse caso pode-se cogitar que o interesse pela

tecnologia se apresenta mais como estratégico do que como uma provável atuação

prática no setor.

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7. Análise do Technology Roadmap 127

7.2 ANÁLISE HORIZONTAL

Para analisar a parte horizontal do mapa são consideradas, principalmente, as

taxonomias e o desempenho ao longo do eixo horizontal do tempo.

É possível notar, ao longo do mapa, uma tendência de diversificação da

matéria-prima usada na produção do bioPG, com destaque para ADM em curto

prazo e a Genomatica em médio prazo. O aumento do preço e insuficiência no

volume de glicerol disponível são dois fatores muito importantes a serem

considerados na análise. Porém, ainda existe clara predominância do glicerol como

matéria-prima, inclusive em longo prazo.

Com relação ao uso do bioPG para obtenção de outro produto final, foram

encontrados poucos atores envolvidos, com destaque para a startu-up tecnológica

EverNu Technology, situada na Pensilvânia (EUA). Outros interessados são as

únicas duas empresas de petróleo que apareceram no mapa (ENI e Petrobrás) e a

Mitsubishi Rayon, segmento especialista em materiais e produtos químicos

avançados do conglomerado Mitsubishi.

É bem expressivo, principalmente em longo prazo, a importância dos

catalisadores no processo de obtenção do bioPG via rota química. É possível notar

isso também pelo acordo de colaboração entre ADM e GBT, no estágio atual, para o

desenvolvimento de catalisadores visando o aprimoramento da produção de glicóis a

partir do glicerol.

E a grande tendência que vem surgindo em médio prazo13 é a alternativa do

uso de rota bioquímica para produção de bioPG. O mesmo é possível graças à

manipulação de micro-organismos pela engenharia genética, principalmente pela via

metabólica e mais raramente pela via enzimática.

13

Pode ser colocado em torno de 5 a 10 anos se considerados os prazos pertinentes às patentes solicitadas.

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7. Análise do Technology Roadmap 128

7.3 ANÁLISE DOS ATORES DO PROCESSO

Durante o desenrolar do estudo foi possível constatar a presença de

diversificadas instituições envolvidas na tecnologia e na produção de bioPG, como

universidades, governo e indústrias. Foram encontradas grandes empresas (Ex.:

ADM, Dow, BASF), pequenas e médias14 empresas (Ex.: S2G BioChem, Synfuels

China), instituições de pesquisa governamentais (Ex.: INT, IICT) e universidades

(Ex.: UFF, University of Idaho).

As principais empresas que estão atuando de forma mais ativa no setor são

colocadas e brevemente comentadas a seguir:

7.3.1 Archer Daniels Midland Company (ADM)

A ADM toma posição de muito destaque, estando presente no estágio atual,

curto e médio prazo. Especialista na transformação de grãos e plantas oleaginosas

em produtos de alto valor agregado, ela tem o domínio da tecnologia e da produção

(100 mil ton/ano). Além disso, ainda conta com uma parceria anunciada com a GBT

chinesa para o aprimoramento de catalisadores.

7.3.2 BASF

A empresa alemã especialista em produtos químicos diversos aparece como

detentora da tecnologia de produção, que já foi licenciada pela empresa Oleon, na

Bélgica. Ela aparece no estágio atual e também no curto prazo, alocada em cluster

com a GTC.

14

Baseado no valor aproximado de funcionários em comparação com as grandes empresas multinacionais encontradas neste estudo.

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7. Análise do Technology Roadmap 129

7.3.3 Dow Chemical

A americana Dow, que lidera o mercado de produção do PG (fóssil), vem com

a tecnologia e a produção também do bioPG, ainda em fase de planta piloto.

Enfrenta a concorrência direta com a produção e tecnologia da ADM, como mostra o

cluster no estágio atual do mapa.

7.3.4 Global Bio-Chem Technology (GBT)

A GBT possui, juntamente com a ADM, a maior produção em larga escala do

bioPG. Sua produção, iniciada em 2003, engloba quatro produtos no total, sendo

perto de 50% a fração obtida de bioPG. Vale ressaltar que a GBT iniciou sua

produção de bioPG muito antes do interesse pelo produto crescer no ocidente em

2007, já que sua produção vem do amido de milho, e não do glicerol.

7.4 ANÁLISE DO POTENCIAL BRASILEIRO

Uma das principais motivações, colocada nos objetivos deste estudo, era a

identificação dos atores e das oportunidades do bioPG para o cenário brasileiro.

Pela análise global, envolvendo os diversos países que tem produção ou

tecnologia voltados para o bioPG, foi possível perceber o aumento de interesse no

ocidente pela sua produção a partir dos anos 2000, que hoje econtra-se estabilizada

com produção considerável de 220 mil toneladas anuais.

O Brasil é um exportador de PG, vendendo-o principalmente para países

vizinhos na América Latina. Como as moléculas de PG e bioPG são idênticas, o

custo de produção pode ser decisivo para viabilizar a produção do bioPG no país.

Porém, o apelo por produtos renováveis pode diminuir essa ameaça pelo custo, uma

vez que o composto é amplamente utilizado nos setores de saúde, cosméticos e

alimentos. Existe ainda um descrédito popular acerca dos efeitos alérgicos que o PG

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7. Análise do Technology Roadmap 130

pode causar, pelo fato de se tratar de um composto obtido via petroquímica, o que

ajudaria ainda mais a impulsionar o consumo do bioPG.

Em relação às empresas ou organizações brasileiras atuantes no roadmap

observa-se: Petrobrás e o INT alocados em curto e médio prazo; Braskem alocada

em médio prazo; e a UFF alocada em longo prazo. Isso mostra o interesse do país

no produto renovável, com parcerias entre instituições públicas e privadas (como

Petrobrás e INT).

De forma imediata, é possível adquirir a tecnologia pronta de empresas como a

S2G BioChem (Sugar-to-Glycol technology), especialista em tecnologias de

transformação de açúcares em glicóis. Outra forma seria adquirir as tecnologias da

JM Davy, BASF ou Virent para produção via glicerol, obtido dos diversos produtores

de biodiesel do país.

Apesar da logística ser um grande problema enfrentado pelo país em relação

ao glicerol, ele ainda é produzido em larga escala, atingindo 2,2 mil m3/dia como já

mencionado. Esse volume vem por conta da demanda obrigatória de biodiesel e não

encontra o escoamento necessário para o mercado, causando problemas

econômicos e ambientais.

Porém, vale ressaltar que o potencial tecnológico brasileiro no ramo também

aparece com a possibilidade de um novo método de produção via rota bioquímica.

Tendo em vista o conhecimento acumulado do país com processos utilizando micro-

organismos, a exemplo da obtenção do etanol, existe a possibilidade da entrada no

mercado como um detentor relevante de uma nova tecnologia de produção

utilizando a biotecnologia.

A Braskem mostrou que tem interesse nessa área e está alocada em médio

prazo, com duas patentes solicitadas, uma em 2012 e outra em 2013. Ela forma um

cluster com a americana Genomatica, uma empresa especializada em

bioengenharia e processos de base bioquímica, como, por exemplo, o processo de

fabricação de 1,4-butanodiol (BDO) renovável licenciado pela BASF.

Utilizando o mapa obtido é possível identificar possíveis parceiros, não só a

Genomatica como também B.R.A.I.N., Algenol, Metabolic Explorer e a University of

Georgia Research Foundation. Em longo prazo, existem três universidades que

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7. Análise do Technology Roadmap 131

estão pesquisando sobre o assunto: Beijing University of Chemical Technology,

Shanghai Jiao Tong University e Michigan State University.

Após o mapeamento das possibilidades e oportunidades, ainda é necessário

mover esforços em conjunto com os vários atores aqui identificados para que exista

alguma possibilidade de investimento no setor específico do bioPG. Cabe às

empresas, governo e universidades se alinharem melhor. É imprescindível que seja

criada uma agenda de inovação para a bioeconomia no país. Somente com a

idealização de uma direção bem definida a ser seguida será possível percorrer o

caminho correto para a implementação definitiva da bioeconomia no país.

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8. Considerações Finais e Direções Futuras de Pesquisa 132

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS E DIREÇÕES FUTURAS DE PESQUISA

A diversificação da indústria brasileira utilizando a bioeconomia pode ser uma

das formar de reequilibrar a balança comercial do país. Isso pode ser feito mediante

produção de bioprodutos utilizando fontes renováveis como matéria-prima.

Neste estudo, foi criado um technology roadmap para o propilenoglicol com

base em fontes renováveis. Os objetivos principais foram a identificação das

tendências tecnológicas e o rastreamento dos atores (players) e suas respectivas

expertises. A obtenção dessas informações e a sua disposição final serão relevantes

para tomadas de decisão de empresas interessadas no bioPG.

Fazendo uma contextualização do período anterior ao analisado no mapa, viu-

se um grande crescimento do interesse pelo bioPG sobressair-se a partir dos anos

2000, com a queda no preço do glicerol. O mesmo foi colocado como a melhor

alternativa para o processamento deste resíduo, proveniente da produção de

biosdiesel, movimentando diversas empresas importantes, como Dow, ADM,

Huntsman, Cargill e Ashland. Seu potencial de tornar-se um substituto atóxico do

etilenoglicol também contribuiu com o aumento do interesse do mercado. Ao mesmo

tempo, a empresa chinesa GBT já ampliava em 2007 sua produção de bioPG para

larga escala, utilizando o amido de milho como matéria-prima.

Atualmente, a produção se encontra bem estabelecida no mercado mundial,

com duas grandes produções em larga escala no EUA e na China (100 mil ton/ano

cada) e pelo menos três plantas-piloto (Dow, S2G Biochem e Virent) em

funcionamento. Foi observada a posição de liderança tecnológica dos EUA,

representados principalmente pela ADM. A empresa americana não só é uma das

líderes em volumes de produção do bioPG, como também está presente no curto e

médio prazo do mapa. A China, representada principalmente pela GBT, disputa com

os EUA, produzindo em igual volume o produto renovável e apresentando claro

domínio tecnológico em termos de longo prazo, com destaque para a principal

instituição nacional de pesquisa, a Chinese Academy of Sciences.

Uma tendência bem evidente, observada em médio prazo, foi a busca por uma

rota bioquímica para produção de bioPG, que é atualmente produzido unica e

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8. Considerações Finais e Direções Futuras de Pesquisa 133

exclusivamente via rota química. O Brasil, representado pela Braskem, encontra-se

entre os atores que trazem essa tendência do uso de manipulação de micro-

organismos para obtenção do bioproduto. Com certa expertise já estabelecida na

área de biotecnologia, a exemplo da produção de etanol, essa possibilidade se torna

mais interessante como investimento prioritário do país.

Outra tendência encontrada foi a busca pela diversificação da matéria-prima,

atualmente dominada pelo glicerol e açúcares. Já em outro âmbito, mais técnico,

uma relação interessante entre a molécula de bioPG e de ácido lático pode gerar

boas oportunidades de negócio. Como mostrado, é possível utilizar/obter o bioPG

como matéria-prima, coproduto ou produto final, utilizando o ácido lático. A

viabilidade de uma produção flexível, que possa optar por qual caminho de produção

irá prosseguir, poderia ser estudada.

O estudo averiguou que Brasil é hoje um grande exportador de PG (fóssil) por

meio da fábrica da Dow, que produz e exporta o produto para toda a América Latina.

Somado a este fato, o País possui potencial tanto para aplicar diferentes matérias-

primas como para a produção do bioPG via rota bioquímica. A existência de

demanda pelo produto, além da oferta de matéria-prima, torna pertinente a

consideração de investimentos, de setor público e/ou privado, na produção do

bioproduto. Porém, deve ser reforçado que só existirá a possibilidade de aproveitar

esse potencial se universidades, governo e empresas se alinharem nas metas e no

planejamento de futuro.

A seguir são colocadas outras diretrizes, para alinhar essa e outras pesquisas

futuras:

Uma conferência (workshop) atendida por vários especialistas, de

tecnologia e de mercado, seria extremamente útil para a obtenção de

novas diretrizes estratégicas para o technology roadmap produzido.

Este technology roadmap, assim como os diversos outros meios de

prospecção tecnológica, deve ser revisados periodicamente. Assim, é

possível realizar uma reavaliação das metas desejadas, reajustando o

caminho a ser traçado a fim de alcançar os objetivos finais pretendidos.

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8. Considerações Finais e Direções Futuras de Pesquisa 134

Por meio deste estudo, observou-se muito interesse na produção de

bioPG junto a outros produtos derivados. A produção de um technology

roadmap abrangendo todos os glicóis renováveis, por exemplo, pode

agregar significativamente.

Outros bioprodutos que foram selecionados como de interesse para o

país também podem e devem ser analisados mais a fundo, para que

seja possível ver com clareza quais as possibilidades de ação

existentes. O technology roadmap também pode ser adotado como

ferramenta nesse caso.

A construção de uma agenda de inovação para a bioeconomia no país

ajudará a por em prática todos os possíveis estudos mencionados

acima, incluindo este próprio, que, do contrário, permanecerão

simplesmente como estudos arquivados nas estantes das

universidades brasileiras.

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Apêndice 145

APÊNDICE

APÊNDICE A – ARTIGOS CIENTÍFICOS USADOS NO TRABALHO COMO

REFERÊNCIA PARA A PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

Título Ano País Revista Instituição

Alumina Supported Bimetallic Pt-Fe

Catalysts Applied To Glycerol

Hydrogenolysis And Aqueous Phase

Reforming

2016 Brasil Applied Catalysis

B: Environmental

Universidade Federal

Fluminense/ Instituto

Federal Do Rio De

Janeiro-Ifrj /Instituto

Nacional De

Metrologia (Inmetro)

Continuous Production Of Lactic Acid

From Glycerol In Alkaline Medium

Using Supported Copper Catalysts

2016 Brasil Fuel Processing

Technology

Universidade Federal

Do Rio De Janeiro -

Ufrj

Wox Modified Cu/Al2o3 As A High-

Performance Catalyst For The

Hydrogenolysis Of Glucose To 1,2-

Propanediol

2016 China Catalysis Today

Chinese Academy Of

Sciences, Taiyuan/

Synfuels China Co.,

Ltd / University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Production Of Gaseous And Liquid

Chemicals By Aqueous Phase

Reforming Of Crude Glycerol: Influence

Of Operating

Conditions On The Process

2016 Espanha

Energy

Conversion And

Management

Universidad De

Zaragoza

Development Of Cerium Promoted

Copper-Magnesium Catalysts For

Biomass Valorization: Selective

Hydrogenolysis Of

Bioglycerol

2016 India /

Austrália

Applied Catalysis

B: Environmental

Csir-Indian Institute

Of Chemical

Technology, Uppal

Road, Hyderabad /

Rmit University,

Melbourne

Hydrogenolysis Of Glycerol To

Propylene Glycol By In Situ Produced

Hydrogen From Aqueous Phase

Reforming Of Glycerol

Over Sio2-Al2o3 Supported Nickel

Catalyst

2016 Grécia Fuel Processing

Technology

University Of

Thessaly, Pedion

Areos

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Apêndice 146

Título Ano País Revista Instituição

Selectivity-Switchable Conversion Of

Cellulose To Glycols Over Ni-Sn

Catalysts

2016 China Acs Catalysis

Chinese Academy Of

Sciences, Dalian,

China / Graduate

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Effects Of Alkaline Additives On The

Formation Of Lactic Acid In Sorbitol

Hydrogenolysis Over Ni/C Catalyst

2016 China Chinese Journal

Of Catalysis

Chinese Academy Of

Sciences, Dalian /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Aqueous Phase Reforming (Apr) Of

Glycerol Over Platinum Supported On

Al2o3 Catalyst

2016 Grécia Renewable

Energy

University Of

Thessaly, Volos

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

To 1,2-Propanediol Catalyzed By

Supported Bimetallic Pdcu-Kf/Γ-

Al<Inf>2</Inf>O<Inf>3</Inf>

2015 China

Chemical

Engineering

Journal

Hefei University Of

Technology, Hefei /

/University Of

Science And

Technology Of

China, Hefei

Influence Of The Carrier And

Composition Of Active Phase On

Physicochemical And Catalytic

Properties Of Cuag/ Oxide

Catalysts For Selective Hydrogenolysis

Of Glycerol

2015 Polônia

Research On

Chemical

Intermediates

Jerzy Haber Institute

Of Catalysis And

Surface Chemistry Of

The Polish Academy

Of Sciences, Krakow

/Institute Of Chemical

Engineering Of The

Polish Academy Of

Sciences, Polish

Academy Of

Sciences , Gliwice

Catalytic Conversion Of Glycerol To

Value-Added Chemicals In Alcohol 2015 EUA

Fuel Processing

Technology

University Of

Tennessee

Conversion Of Biomass-Derived

Sorbitol To Glycols Over Carbon-

Materials Supported Ru-Based

Catalysts

2015 China Scientific Reports

Chinese Academy Of

Sciences,

Qingdao

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Apêndice 147

Título Ano País Revista Instituição

Sorbitol Hydrogenolysis Over Hybrid

Cu/Cao-Al2o3 Catalysts: Tunable

Activity And Selectivity With Solid Base

Incorporation

2015 EUA Acs Catalysis University Of Kansas

Hydrogenolysis Of Glycerol To 1,2-

Propanediol Over Clay Based Catalysts 2015

Coréia Do

Sul

Journal Of

Nanoscience And

Nanotechnology

Korea Institute Of

Science And

Technology (Kist),

Seoul / University Of

Science And

Technology (Ust),

Daejeon / Korea

University, Seoul

Deactivation Study Of Supported Pt

Catalyst On Glycerol Hydrogenolysis 2015 Espanha

Applied Catalysis

A: General

University Of

Córdoba

Evidence For The Bifunctional Nature

Of Pt-Re Catalysts For Selective

Glycerol Hydrogenolysis

2015 EUA /

Alemanha Acs Catalysis

University Of Virginia

/ Fritz-Haber Institut

Der Max-Planck

Gesellschaft

Synthesis Of Ni/Sio2 Catalysts And

Their Performances In Glycerol

Hydrogenolysis To 1, 2-Propanediol

2015 China

Journal Of

Molecular

Catalysis

Yangzhou University

/ Nanjing University

A Submerged Catalysis/Membrane

Filtration System For Hydrogenolysis

Of Glycerol To 1,2-Propanediol Over

Cu-Zno Catalyst

2015 China

Journal Of

Membrane

Science

Nanjing Tech

University, Nanjing

Simultaneous Production Of Lactic

Acid And Propylene Glycol From

Glycerol Using Solid Catalysts Without

External Hydrogen

2015 EUA Fuel Processing

Technology

University Of

Tennessee

Zno-Carbon-Nanotube Composite

Supported Nickel Catalysts For

Selective Conversion Of Cellulose Into

Vicinal Diols

2015 China /

Noruega Chemcatchem

Norwegian University

Of Science And

Technology (Ntnu) /

Chinese Academy Of

Sciences, Dalian /

Sintef Materials And

Chemistry,

Trondheim, Norway

Effect Of Wo<Inf>X</Inf> On

Bifunctional Pd-

Wo<Inf>X</Inf>/Al<Inf>2</Inf>O<Inf>3</I

nf> Catalysts For The Selective

Hydrogenolysis Of Glucose To 1,2-

Propanediol

2015 China Acs Catalysis

Chinese Academy Of

Sciences, Taiyuan /

Synfuels China Co.,

Ltd., Huairou District,

Beijing / University Of

Chinese Academy Of

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Apêndice 148

Título Ano País Revista Instituição

Sciences, Beijing

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

To 1,2-Propanediol Over Bimetallic Cu-

Ni Catalysts Supported On

Γ-Al<Inf>2</Inf>O<Inf>3</Inf>

2015 India / EUA

Journal Of The

Brazilian

Chemical Society

Indian Institute Of

Technology Roorkee

/ State University Of

New York (Suny)

Mechanistic Investigation Of Glycerol

Hydrogenolysis 2015 EUA

Revue Roumaine

De Chimie

Grand Valley State

University / Michigan

State University

Hydrogenolysis Of Glycerol To

Alcohols Catalyzed By Transition

Metals Supported On Pillared Clay

2015 Brasil

Reaction Kinetics,

Mechanisms And

Catalysis,

University Of

Campinas / Federal

University Of Abc

Metabolic Pathway Engineering For

Production Of 1,2-Propanediol And 1-

Propanol By Corynebacterium

Glutamicum

2015 Alemanha Biotechnology For

Biofuels Bielefeld University

Systematically Engineering Escherichia

Coli For Enhanced Production Of 1,2-

Propanediol And 1-Propanol

2015 EUA /

China

Acs Synthetic

Biology

University Of Georgia

/ Beijing University Of

Chemical

Technology, Beijing

Synthesis Of 1,2-Propanediol Through

Glycerol Hydrogenolysis On Cu-Al

Mixed Oxides

2015 México

Reaction Kinetics,

Mechanisms And

Catalysis

Instituto Politécnico

Nacional

Liquid Phase Conversion Of Glycerol

To Propanediol Over Highly Active

Copper/Magnesia Catalysts

2015 India

Journal Of

Chemical

Sciences

Indian Institute Of

Technology Roorkee,

Roorkee

Liquid Extraction Of Polyhydric

Alcohols From Water Using [A336][Scn]

As A Solvent

2015 China

Journal Of

Chemical

Thermodynamics

Southeast University,

Nanjing / Beijing

University Of

Chemical

Technology, Beijing

Exploring The Catalytic Properties Of

Supported Palladium Catalysts In The

Transfer Hydrogenolysis Of Glycerol

2015 Itália /

Japão

Applied Catalysis

B: Environmental

Università

Mediterranea Di

Reggio Calabria /

Hokkaido University

Platinum On Carbonaceous Supports

For Glycerol Hydrogenolysis: Support

Effect

2015 Itália /

França

Journal Of

Catalysis

Istituto Di Chimica

Dei Composti

Organometallici (Cnr-

Iccom) / Istituto Di

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Apêndice 149

Título Ano País Revista Instituição

Scienze E

Tecnologie

Molecolari (Cnr-Istm)

/ Universitè De

Toulouse Ups-Inp-

Lcc

A Novel Approach For 1,2-Propylene

Glycol Production From Biomass-

Derived Lactic Acid

2015 China Process

Biochemistry

Shanghai Jiao Tong

University

Effect Of Phosphine Doping And The

Surface Metal State Of Ni On The

Catalytic Performance Of

Ni/Al<Inf>2</Inf>O<Inf>3</Inf>Catalyst

2015 China Catalysts

Chinese Academy Of

Sciences,

Changchun /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Energy-Saving Designs For Separation

Of A Close-Boiling 1,2-Propanediol And

Ethylene Glycol Mixture

2015 Taiwan

Industrial And

Engineering

Chemistry

Research

National Taiwan

University, Taipei /

National Taiwan

University Of Science

And Technology,

Taipei

A Study On The Oxygen Vacancies In

Znpd/Zno-Al And Their Promoting Role

In Glycerol Hydrogenolysis

2015 China Chemcatchem

Chinese Academy Of

Sciences,

Changchun /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Hydrodeoxygenation Of The Aqueous

Fraction Of Bio-Oil With Ru/C And Pt/C

Catalysts

2015

Reino

Unido /

EUA

Applied Catalysis

B: Environmental

Heriot-Watt

University, Edinburgh

/ Praxair Inc., 175

East Park Drive,

Tonawanda /

University Of

Wisconsin-Madison /

University Of

Massachusetts

Solvent Effect On Hydrogenolysis Of

Glycerol To 1,2-Propanediol Over Cu-

Zno Catalyst

2015 China

Chemical

Engineering

Journal

Nanjing Tech

University

One-Pot Catalytic Conversion Of

Cellulose Into Polyols With Pt/Cnts

Catalysts

2015 China Carbohydrate

Research

Nanjing Forestry

University

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Apêndice 150

Título Ano País Revista Instituição

Advances In Hexitol And Ethylene

Glycol Production By One-Pot

Hydrolytic Hydrogenation And

Hydrogenolysis Of Cellulose

2015 China Biomass And

Bioenergy

Chinese Academy Of

Sciences,

Guangzhou /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing /

Chinese Academy Of

Sciences, Taiyuan

Versatile Nickel-Lanthanum(Iii) Catalyst

For Direct Conversion Of Cellulose To

Glycols

2015 China Acs Catalysis

Chinese Academy Of

Sciences, Dalian /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Understanding The Role Of Co In Co-

Zno Mixed Oxide Catalysts For The

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

2015 India Applied Catalysis

A: General

Csir-Indian Institute

Of Chemical

Technology / Andhra

University,

Visakhapatnam

Comparative Study Of The

Hydrogenolysis Of Glycerol Over Ru-

Based Catalysts Supported On

Activated Carbon, Graphite,

Carbon Nanotubes And Kl-Zeolite

2015 Espanha

Chemical

Engineering

Journal

Icp -Instituto De

Catalisis Y

Petroquímica-/ Uned

- Universidad

Nacional De

Educación A

Distancia

One-Pot Tandem Processing Of

Glycerol Stream To 1,2-Propanediol

With Methanol Reforming As Hydrogen

Donor Reaction

2015 Grécia Applied Catalysis

B: Environmental

Aristotle University Of

Thessaloniki /

Chemical Process

And Energy

Resources Institute

(Certh/Cperi)

One-Step Propylene Formation From

Bio-Glycerol Over Molybdena-Based

Catalysts

2015 Grécia Green Chemistry Aristotle University Of

Thessaloniki

New Bulk Nickel Phosphide Catalysts

For Glycerol Hydrogenolysis To 1,2-

Propanediol

2015 China Catalysis

Communications Yangzhou University

Continuous Hydrogenolysis Of Glycerol

To 1, 2-Propanediol On Highly Active

Cu/Sio2 Catalysts

2015 China

Huagong

Xuebao/Ciesc

Journal

Tianjin

University

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Apêndice 151

Título Ano País Revista Instituição

Vapour Phase Hydrogenolysis Of

Glycerol To Propanediols Over Cu/Sba-

15 Catalysts

2015 India

Journal Of

Chemical

Technology And

Biotechnology

Indian Institute Of

Chemical Technology

Aqueous-Phase Hydrogenolysis Of

Glucose Tovalue-Added Chemicals And

Biofuels: A Comparative Study Of

Active Metals

2015 China Biomass And

Bioenergy

Chinese Academy Of

Sciences, Taiyuan /

Synfuels China Co.,

Ltd., Huairou District,

Beijing / University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Production Of 1, 2-Propanediol By

Engineering Escherichia Coli Hw2 From

Glycerol

2015 China

Gao Xiao Hua

Xue Gong Cheng

Xue Bao/Journal

Of Chemical

Engineering Of

Chinese

Universities

Shanghai Jiao Tong

University

Hydrogenolysis Of Glycerol To 1,2-

Propanediol On Copper Core-Porous

Silica Shell-Nanoparticles

2015 Taiwan

Journal Of The

Taiwan Institute

Of Chemical

Engineers

Tunghai University

Effect Of Alumina Hydroxylation On

Glycerol Hydrogenolysis To 1,2-

Propanediol Over Cu/Al2o3: Combined

Experiment And

Dft Investigation

2015 Tailândia Rsc Advances

National Science And

Technology

Development Agency

(Nstda) / Thailand

Science Park (Tsp)

Preparation Of Cu/Γ-

Al<Inf>2</Inf>O<Inf>3</Inf> Catalyst

And Its Catalytic Performance In

Hydrogenolysis Of Pure Glycerol

To 1,2-Propanediol At Ambient

Pressure

2015 China

Shiyou Xuebao,

Shiyou

Jiagong/Acta

Petrolei Sinica

(Petroleum

Processing

Section)

Hebei University Of

Technology,

Tianjin

Super Solid-Base Supported Cu

Catalysts For Hydrogenolysis Of

Glycerol To 1, 2-Propanediol

2015 China

Huagong

Xuebao/Ciesc

Journal

Zhejiang University,

Hangzhou

Selective Hydrogenolysis Of Sorbitol To

Ethylene Glycol And Propylene Glycol

On Zro<Inf>2</Inf>-Supported

Bimetallic

Pd-Cu Catalysts

2015 China

Cuihua

Xuebao/Chinese

Journal Of

Catalysis

Peking University,

Beijing

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 152

Título Ano País Revista Instituição

A Novel Pd/C-Catalyzed Conversion Of

Glucose To 1,2-Propanediol By Water

Splitting With Zn

2015 Japão /

China Rsc Advances

Shanghai Jiao Tong

University / Tohoku

University / Riken

Innovation Center,

Japan

Selective Transformation Of Glucose

Into Propylene Glycol On Ru/C

Catalysts Combined With Zno Under

Low Hydrogen

Pressures

2015 Japão Applied Catalysis

A: General Kobe University

Sorbitol Hydrogenolysis To Glycerol

And Glycols Over M-Mgo (M = Ni, Co,

Cu) Nanocomposite: A Comparative

Study Of

Active Metals

2015 China

Cuihua

Xuebao/Chinese

Journal Of

Catalysis

Chinese Academy Of

Sciences, Qingdao /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing /

China University Of

Geosciences, Beijing

Gylcerol Conversion Over Novel

Fluorine-Doped Tin Oxide Supported

Catalyst: Effect Of Metal Loadings And

Glycerol

Concentration [Penukaran Gliserol

Menggunakan Timah Oksida Terdop

Florin Sebagai Bahan Sokongan

Mangkin: Kajian

Kesan Muatan Logam Dan Kepekatan

Gliserol]

2015 Malásia

Malaysian Journal

Of Analytical

Sciences

Universiti

Kebangsaan

Malaysia /

International Islamic

University Malaysia

Electrochemical Conversion Of

Enriched Crude Glycerol: Effect Of

Operating Parameters

2015 Tailândia Renewable

Energy

Faculty Of Science,

Thailand /

Chulalongkorn

University

Copper-Supported Catalysts For The

Selective Reduction Of Glycerol

[Catalizadores De Cobre Soportado

Para Reducción

Selectiva De Glicerol]

2015 Argentina Revista Materia

Instituto De

Investigaciones En

Catálisis Y

Petroquímica, Incape

(Fiq-Unl, Conicet)

Hydrogenolysis Of Glycerol To

Propylene Glycol On Nanosized Cu-Zn-

Al Catalysts Prepared Using Microwave

Process

2015 Coréia Do

Sul

Journal Of

Nanoscience And

Nanotechnology

Pukyong National

University / Zeus Oil

And Chemicals Co.,

Ltd., 504-14

Ganjeondong,

Sasanggu, Buan /

Korea Institute Of

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 153

Título Ano País Revista Instituição

Industrial

Technology, 421

Daun-Dong, Jung-

Ku, Ulsan

A Low-Cost Method For Obtaining High-

Value Bio-Based Propylene Glycol

From Sugar Beet Pulp

2015 EUA /

Polônia Rsc Advances

Lodz University Of

Technology /

University Of

Alabama At

Birmingham

Effect Of Preparation Methods On The

Structure And Catalytic Performance Of

Cu-Sio<Inf>2</Inf> Catalysts In The

Selective

Hydrogenolysis Of Biomass-Derived

Xylitol

2015 China

Journal Of

Molecular

Catalysis

Academy Of

Sciences, Lanzhou /

Peking University /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Value-Added Chemicals From

Microalgae: Greener, More Economical,

Or Both?

2015 EUA

Acs Sustainable

Chemistry And

Engineering

Northwestern

University

Value-Added Chemicals From

Microalgae: A Sustainable Process

Design Using Life Cycle Optimization

2015 EUA

Computer Aided

Chemical

Engineering

Northwestern

University

D-Glucose

Hydrogenation/Hydrogenolysis

Reactions On Noble Metal (Ru,

Pt)/Activated Carbon Supported

Catalysts

2015 Grécia /

Romênia Catalysis Today

Aristotle University Of

Thessaloniki / Certh,

Thessaloniki, Greece

/ University Of

Bucharest

Selective Transformation Of Glycerol

Into 1,2-Propanediol On Several Pt/Zno

Solids: Further Insight Into The Role

And Origin

Of Catalyst Acidity

2015 Espanha /

Suécia Catalysis Today

University Of

Córdoba / Kth (Royal

Institute Of

Technology)

Microwave Assisted Process

Intensification Of Lipase Catalyzed

Transesterification Of 1,2 Propanediol

With Dimethyl

Carbonate For The Green Synthesis Of

Propylene Carbonate: Novelties Of

Kinetics And Mechanism Of

Consecutive Reactions

2015 India

Chemical

Engineering

Journal

Institute Of Chemical

Technology, Nathalal

Parekh Marg,

Matunga, Mumbai

Liquid Phase Hydrogenation Of

Biomass-Derived Ethyl Lactate To

Propane-1,2-Diol Over A Highly Active

Cob Amorphous

2015 China Catalysis

Communications

Changchun

University Of

Technology,

Changchun

Page 156: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 154

Título Ano País Revista Instituição

Catalyst

Selectively Catalytic Oxidation Of 1,2-

Propanediol To Lactic, Formic, And

Acetic Acids Over Ag Nanoparticles

Under Mild

Reaction Conditions

2015 China Journal Of

Catalysis

Jiangsu University,

Zhenjiang

Gas-Phase Dehydration Of Vicinal Diols

To Epoxides: Dehydrative Epoxidation

Over A Cs/Sio<Inf>2</Inf> Catalyst

2015 Coréia Do

Sul

Journal Of

Catalysis

Seoul National

University / Gs-

Caltex Corporation,

Daejeon / University

Of Seoul

Au/Pt/Tio<Inf>2</Inf> Catalysts

Prepared By Redox Method For The

Chemoselective 1,2-Propanediol

Oxidation To Lactic Acid

And An Nmr Spectroscopy Approach

For Analyzing The Product Mixture

2015 Rússia /

Alemanha

Applied Catalysis

A: General

Russian Academy Of

Sciences /

Lomonosov Moscow

State University Of

Fine Chemical

Technologies / Ruhr-

Universitat Bochum /

Moscow State

University

Catalytic Glycerol Hydrodeoxygenation

Under Inert Atmosphere: Ethanol As A

Hydrogen Donor

2014 Grécia Catalysts

Aristotle University Of

Thessaloniki /

Chemical Process

And Energy

Resources Institute

(Certh/Cperi)

Hydrogenolysis Of Glycerol Over

Cu/Zno-Based Catalysts: Influence Of

Transport Phenomena Using The

Madon-Boudart

Criterion

2014 Canadá

Industrial And

Engineering

Chemistry

Research

Université Laval /

Oleotek, Thetford

Mines, Que., Canada

An Efficient, Selective Process For The

Conversion Of Glycerol To Propylene

Glycol Using Fixed Bed Raney Copper

Catalysts

2014 EUA

Organic Process

Research And

Development

Seton Hall University

/ W.R. Grace And

Co.-Conn., 7500

Grace Drive,

Columbia, Md, United

States

Engineering Catalyst

Microenvironments For Metal-Catalyzed

Hydrogenation Of Biologically Derived

2014 EUA

Angewandte

Chemie

(International Ed.

University Of

Wisconsin-Madison

Page 157: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 155

Título Ano País Revista Instituição

Platform Chemicals In English)

Glycerol Hydrogenolysis To 1,2-

Propanediol By

Cu/Zno/Al<Inf>2</Inf>O<Inf>3</Inf>

Catalysts

2014 Canadá Topics In

Catalysis

University Of

Waterloo

Exafs Characterization Of Ptni

Bimetallic Catalyst Applied To Glycerol

Liquid-Phase Conversion

2014 Argentina

Journal Of

Physical

Chemistry C

Universidad Nacional

De La Plata

Synergetic Effect Between Cu0 And

Cu+ In The Cu-Cr Catalysts For

Hydrogenolysis Of Glycerol

2014

China /

Alemanha /

EUA

Catalysis Today

Dalian University Of

Technology / Ruhr

University Bochum /

University Of South

Carolina

Selective Hydrogenolysis Of Biomass-

Derived Xylitol To Ethylene Glycol And

Propylene Glycol On Ni/C And Basic

Oxidepromoted

Ni/C Catalysts

2014 China Catalysis Today Peking University

Effects Of The Precipitation Agents And

Rare Earth Additives On The Structure

And Catalytic Performance In Glycerol

Hydrogenolysis Of Cu/Sio 2 Catalysts

Prepared By Precipitation-Gel Method

2014 China Catalysis Today

Chinese Academy Of

Sciences, Lanzhou /

Chinese Academy Of

Sciences, Suzhou /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Size Effects Of Pt-Re Bimetallic

Catalysts For Glycerol Hydrogenolysis 2014

China /

Noruega Catalysis Today

East China University

Of Science And

Technology,

Shanghai /

Norwegian University

Of Science And

Technology

Exploring The Reaction Conditions For

Ru/C Catalyzed Selective

Hydrogenolysis Of Xylitol Alkaline

Aqueous Solutions To

Glycols In A Trickle-Bed Reactor

2014 França /

Itália Catalysis Today

Cnrs-Université

Lyon1 / Biochemtex

S.P.A., Gruppo Mossi

And Ghisolfi, Strada

Savonesa 9, 15050

Rivalta Scrivia, Italy /

Politecnico Di Torino

/ Univ. Degli Studi Di

Genova

Page 158: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 156

Título Ano País Revista Instituição

Aqueous Phase Hydrogenolysis Of

Glucose To 1,2-Propanediol Over

Copper Catalysts Supported By

Sulfated Spherical

Carbon

2014 China Catalysis

Communications

Chinese Academy Of

Sciences, Taiyuan

Selective Production Of 1,2-Propanediol

By Hydrogenolysis Of Glycerol Over

Bimetallic Ru-Cu Nanoparticles

Supported On

Tio2

2014 Brasil /

EUA

Applied Catalysis

A: General

Universidade Federal

Fluminense /

University Of Virginia

/ University Of New

Mexico

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

To Propylene Glycol By Using

Cu:Zn:Cr:Zr Mixed Metal Oxides

Catalyst

2014 Canadá Applied Catalysis

A: General

University Of

Saskatchewan

Effect Of Ag Loading On Cu/Al2o3

Catalyst In The Production Of 1,2-

Propanediol From Glycerol

2014 Japão Applied Catalysis

A: General Chiba University

Selective Hydrogenolysis Of Xylitol To

Ethylene Glycol And Propylene Glycol

Over Copper Catalysts

2014 China Applied Catalysis

B: Environmental

Peking University /

Chinese Academy Of

Sciences, Lanzhou /

Chinese Academy Of

Sciences, Suzhou

Vapour Phase Hydrogenolysis Of

Glycerol Over Nano Ru/Sba-15

Catalysts On The Effect Of Preparatory

Routes And Metal

Precursors

2014 India

Journal Of

Nanoscience And

Nanotechnology

Indian Institute Of

Chemical Technology

/ Andhra University

The Selective Continuous Flow

Synthesis Of Lower Alcohols From

Polyols-A Mechanistic Interpretation Of

The Results

2014

África Do

Sul / Reino

Unido

Catalysis Science

And Technology

University Of

Kwazulu-Natal /

Sasol Technology

Randd Division /

Newcastle University

/ University Of

Johannesburg

Basic Oxide-Supported Ru Catalysts

For Liquid Phase Glycerol

Hydrogenolysis In An Additive-Free

System

2014 China Catalysis

Communications

Chongqing University

Of Science And

Technology / Sichuan

University Of Science

And Engineering /

Sichuan University,

Chengdu

Page 159: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 157

Título Ano País Revista Instituição

Conversion Of Sugars To Ethylene

Glycol With Nickel Tungsten Carbide In

A Fed-Batch Reactor: High Productivity

And Reaction

Network Elucidation

2014

Bélgica /

Alemanha /

França

Green Chemistry

Center For Surface

Science And

Catalysis, Ku Leuven

/ Max-Planck-Institut

Für Kohlenforschung,

Kaiser-Wilhelm-Platz

1 / Tereos Syral Sas

Z.I Et Portuaire,

B.P.32, F-67390

Marckolsheim,

France

Synthesis And Performance Of Highly

Dispersed Cu/Sio2 Catalysts For The

Hydrogenolysis Of Glycerol

2014 Grécia /

Holanda

Applied Catalysis

B: Environmental

Aristotle University Of

Thessaloniki /

Chemical Process

Engineering

Research Institute

(Certh/Cperi) /

Utrecht University

Glycerol Hydrogenolysis To

Propanediols Over Supported Pd-Re

Catalysts

2014 China Rsc Advances

Tsinghua University /

Institute Of Chemical

Defence, Beijing

Fermentative Production Of 1-Propanol

From Sugars Using Wild-Type And

Recombinant Shimwellia Blattae

2014 Japão

Applied

Microbiology And

Biotechnology

Osaka Prefecture

University

Hydrogenolysis Of Glycerol Over A

Catalytic System Based On Heteropoly

Ionic Liquid

2014 China

Ranliao Huaxue

Xuebao/Journal

Of Fuel Chemistry

And Technology

Qingdao University

Of

Science And

Technology

Hydrotreating Of Wheat Straw In

Toluene And Ethanol 2014 Letónia

Bioresource

Technology

Institute Of Applied

Chemistry, Azenes

Str. 14/24, Lv-1048

Riga, Latvia

Effect Of Nickel On Catalytic Behaviour

Of Bimetallic Cu-Ni Catalyst Supported

On Mesoporous Alumina For The

Hydrogenolysis Of Glycerol To 1,2-

Propanediol

2014 Coréia Do

Sul

Catalysis Science

And Technology

Seoul National

University (Snu)

Page 160: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 158

Título Ano País Revista Instituição

Polyol Hydrogenolysis On Supported Pt

Catalysts: Comparison Between

Glycerol And 1,2-Propanediol

2014 França Catalysis

Communications Université De Poitiers

Metabolic Network Balance Depends

On A Novel Pathway Using Glycerol To

Produce 1, 2-Propanediol In

Escherichia Coli

2014 China

Beijing Huagong

Daxue Xuebao

(Ziran

Kexueban)/Journa

l Of Beijing

University Of

Chemical

Technology

(Natural Science

Edition)

Beijing University Of

Chemical

Technology

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

To 1,2-Propanediol Over Mgo-Nested

Raney Cu

2014 China

Reaction Kinetics,

Mechanisms And

Catalysis

Changzhou Institute

Of Technology

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

To 1,2-Propanediol On The Modified

Ultrastable Y-Type Zeolite Dispersed

Copper

Catalyst

2014 China

Reaction Kinetics,

Mechanisms And

Catalysis

Southeast University,

Nanjing

Characterization Of Thermotoga

Maritima Glycerol Dehydrogenase For

The Enzymatic Production Of

Dihydroxyacetone

2014 EUA

Applied

Microbiology And

Biotechnology

Michigan State

University

Aqueous Phase Hydrogenolysis Of

Glucose To 1,2-Propanediol Over

Copper Catalysts Supported By

Sulfated Spherical

Carbon

2014 China Catalysis

Communications

Chinese Academy Of

Sciences, Taiyuan

Oxides-Modified Raney Copper As

Catalysts For Selective Hydrogenolysis

Of Glycerol

2014 China

Asia-Pacific

Journal Of

Chemical

Engineering

Changzhou Institute

Of Technology

Understanding The Role Of Co In Co-

Zno Mixed Oxide Catalysts For The

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

2014 India Applied Catalysis

A: General

Catalysis Laboratory,

Iandpc Division, India

/ Csir-Indian Institute

Of Chemical

Page 161: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 159

Título Ano País Revista Instituição

Technology / Andhra

University

Effect Of Zn Doping On The

Hydrogenolysis Of Glycerol Over Znnial

Catalyst

2014 China

Journal Of

Molecular

Catalysis A:

Chemical

Chinese Academy Of

Sciences,

Changchun /

University Of

Chinese Academy Of

Sciences, Beijing

Solid Base Supported Ru Catalysts For

Sorbitol Hydrogenolysis 2014 China

Huagong

Xuebao/Ciesc

Journal

East China University

Of Science And

Technology

Selective Hydrogenolysis Of Glycerol

To Propylene Glycol On

Hydroxycarbonate-Derived Cu-Zno-

Al2o3 Catalysts

2014 China

Cuihua

Xuebao/Chinese

Journal Of

Catalysis

Peking University

Optimization Of In Situ Hydrogenolysis

Of Glycerol To Propylene Glycol And

Ethanol

2014 EUA Biofuels

Montana State

University-Northern /

University Of Idaho

Hydrogenolysis Of Cellulose To

Valuable Chemicals Over Activated

Carbon Supported Mono- And

Bimetallic Nickel/Tungsten

Catalysts

2014 Alemanha Green Chemistry Technical University

Darmstadt

Efficient Selective And Atom Economic

Catalytic Conversion Of Glycerol To

Lactic Acid

2014 EUA Nature

Communications Yale University

Comparison Of Gas-Phase Dehydration

Of Propane Polyols Over Solid Acid-

Base Catalysts

2014 China Catalysis Today Tsinghua University,

Beijing

Selective Oxidation Of 1,2-Propanediol

To Lactic Acid Catalyzed By Nanosized

Mg(Oh)2-Supported Bimetallic Au-Pd

Catalysts

2014 China Applied Catalysis

A: General

Jiangsu University,

Zhenjiang

Page 162: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 160

APÊNDICES B – PATENTES CONCEDIDAS USADAS NO TRABALHO COMO

REFERÊNCIA PARA A PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

Número Título Ano País Cessionário

9,259,715 Hydrogenolysis catalysts and

uses thereof 2016 EUA

Archer Daniels Midland

Company (Decatur, IL)

9,234,064

Processes for making acrylic-

type monomers and products

made therefrom

2016 EUA Archer Daniels Midland

Company (DeCatur, IL)

9,205,412 Catalyst for polyol

hydrogenolysis 2015 EUA

CLARIANT

CORPORATION

(Louisville, KY)

9,175,133

Polyester with excellent

thermostability and

manufacturing method therefor

2015 Japão Toray Industries, Inc.

(JP)

9,174,902

Removal of organic salts from

bio-derived glycol products of

polyol hydrogenolysis

2015 EUA Archer Daniels Midland

Co. (Decatur, IL)

9,145,347 Process for preparing

deodorized 1,2-propanediol 2015 Alemanha BASF SE (DE)

8,975,453 Catalytic conversion of glycerol

or acetol to alcohols 2015 EUA

University of Idaho

(Moscow, ID)

8,962,882 Lactic acid direct synthesis

process 2015 Brasil

Petroleo Brasileiro S.A.-

-Petrobras (Rio de

Janeiro, BR)

Int--Instituto Nacional de

Tecnologia (Rio de

Janeiro, BR)

Page 163: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 161

Número Título Ano País Cessionário

8,877,982

Process for transformation of

lignocellulosic biomass or

cellulose by tungsten-oxide-

based solid lewis acid catalysts

and a metal that is selected from

groups 8 to 11

2014 França

IFP Energies Nouvelles

(Rueil-Malmaison

Cedex, FR)

Centre National de la

Recherche Scientifique

(Paris Cedex, FR)

8,835,694

Process for transformation of

lignocellulosic biomass or

cellulose by catalysts based on

tin oxide and/or antimony oxide

and a metal that is selected from

the groups 8 to 11

2014 França

Centre National de la

Recherche Scientifique

(Paris, FR)

IFP Energies Nouvelles

(Rueil Malmaison

Cedex, FR)

8,809,593

Process for preparation of

hydroxyacetone or propylene

glycol

2014 Índia

Council of Scientific and

Industrial Research

(New Delhi, IN)

8,686,192

Method for the conversion of

cellulose and related

carbohydrate materials to low-

molecular-weight compounds

2014 EUA

Iowa State University

Research Foundation,

Inc. (Ames, IA)

8,563,783 Method of producing lower

alcohols from glycerol 2013 EUA

The Curators of the

University of Missouri

(Columbia, MO)

8,492,597 Production of propylene glycol

from glycerine 2013 Brasil

Petroleo Brasileiro S.A.-

Petrobras (Rio de

Janeiro, BR)

8,394,999 Process for converting glycerin

into propylene glycol 2013 EUA

GTC Technology US

LLC (Houston, TX)

8,334,119 Anaerobic fermentation of

glycerol 2012 EUA

William Marsh Rice

University (Houston, TX)

Page 164: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 162

APÊNDICES C – PATENTES SOLICITADAS USADAS NO TRABALHO COMO

REFERÊNCIA PARA A PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

Número Título Ano País Cessionário

20160040196

Enzymatic Conversion Of Both

Enantiomers Of 1,2-Propanediol

To Propionaldehyde

2016 EUA University of Georgia Research

Foundation, Inc.

20160002129 Process For Hydrogenolysis Of

Glycerol 2016 Canadá

UNIVERSITY OF

SASKATCHEWAN

20150376523

Integrated Process For The

Preparation Of Compounds

Useful As Fuel Components

2015 Itália ENI S.p. A.

20150329449

Process For The Continuous

Production Of Ethylene Glycol

From Carbohydrates

2015 EUA Iowa Corn Promotion Board

20150299082

Methods, Systems And Devices

For Simultaneous Production Of

Lactic Acid And Propylene

Glycol From Glycerol

2015 EUA UNIVERSITY OF TENNESEE

RESEARCH FOUNDATION

20150291730

Polyester Resin For Toners,

Method For Producing Same,

And Toner

2015 Japão MITSUBISHI RAYON CO., LTD.

20150266005

Catalytic Conversion Of Bio-

Mass Derivable Aliphatic

Alcohols To Valuable Alkenes Or

Oxygenates

2015 EUA EverNu Technology LLC

Page 165: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 163

Número Título Ano País Cessionário

20150159181

Use Of Sucrose As Substrate

For Fermentative Production Of

1,2-Propanediol

2015 França METABOLIC EXPLORER

20150152440

Modified Microorganisms And

Methods Of Co-Producing

Butadiene With 1-Propanol

And/Or 1,2-Propanediol

2015 Brasil Braskem S.A.

20150152031 Methods For Producing

Bioderived Propylene Glycol 2015 EUA Archer Daniels Midland Company

20150094498

Processes And Systems For The

Production Of Propylene Glycol

From Glycerol

2015 EUA BATTELLE MEMORIAL

INSTITUTE

20150064760

Modified Microorganism And

Methods Of Using Same For

Producing Butadiene And 1-

Propanol And/Or 1,2-

Propanediol

2015 Brasil BRASKEM S.A.

20140302575

MICROORGANISMS AND

METHODS FOR ENHANCING

THE AVAILABILITY OF

REDUCING EQUIVALENTS IN

THE PRESENCE OF

METHANOL, AND FOR

PRODUCING 1,2-

PROPANEDIOL, N-

PROPANOL, 1,3-

PROPANEDIOL, OR

GLYCEROL RELATED

THERETO

2014 EUA Genomatica, Inc.

Page 166: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 164

Número Título Ano País Cessionário

20140178953 New Means And Methods For

Producing Propanediol 2014

Brasil/Alem

anha

B.R.A.I.N. BIOTECHNOLOGY

RESEARCH AND

INFORMATION NETWORK AG

20140148616 Processo Catalitico Oxidativo

Para Sintese De Acido Latico 2014 Brasil

INSTITUTO NACIONAL DE

TECNOLOGIA-INT

Rio de Janeiro

RJ

PETROLEO BRASILEIRO S.A. -

PETROBRAS

Rio de Janeiro

RJ

20140134690 Microbes And Methods For

Producing 1-Propanol 2014 EUA

University of Georgia Research

Foundation, Inc.

20140113342 Production Of 1,2-Propanediol In

Cyanobacteria 2014 EUA Algenol Biofuels Inc.

20140039224 Methods For Producing

Bioderived Propylene Glycol 2014 EUA Archer Daniels Midland Company

20140212957 Production Of Optically Pure

Propane-1,2-Diol 2014 Alemanha

THYSSENKRUPP INDUSTRIAL

SOLUTIONS GMBH

Page 167: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 165

APÊNDICES D – LOGOS DAS INSTITUIÇÕES CITADAS NO ROADMAP

Algenol Biofuels

Metabolic Explorer

Andhra University

Michigan State

University

Archer Daniels Midland

Company

Mitsubishi Rayon

Aristotle University of Thessaloniki

Nanjing Tech University

Ashland

Northwestern University

B.R.A.I.N. BIOTECHNOLOGY RESEARCH AND INFORMATION NETWORK AG

Norwegian University of Science and Technology

BASF

Oleon

Battelle Memorial Institute

Peking University

Beijing University of Chemical Technology

Petrobras

Page 168: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 166

Braskem

S2G BioChem

Cargill

Seoul National

University

Changzhou Institute of Technology

Shanghai Jiao Tong

University

Chemical Process and Energy Resources Institute

Southeast University,

Nanjing

Chinese Academy of

Sciences

Synfuels China

CLARIANT CORPORATION

The Curators of the

University of Missouri

CNRS

Thyssenkrupp Industrial Solutions

GMBH

Council of Scientific and

Industrial Research

Toray Industries

CSIR - Indian Institute of Chemical

Technology

Tsinghua University

Page 169: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Apêndice 167

Dow

Universidade Federal

Fluminense

East China University of Science and Technology

University of Córdoba

ENI S.P.A.

University of Georgia

Research Foundation

EverNu Technology

University of Idaho

Genomatica

University Of Saskatchewan

Global Bio-Chem Technology

University of Tennesee Research

Foundation

GTC Technology

University of Tennessee

Huntsman

University of the Chinese Academy of

Sciences

IFP Energies Nouvelles

University of Thessaly

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Apêndice 168

Indian Institute of Technology

Roorkee

University of Virginia

Instituto Nacional de Tecnologia

University of Wisconsin-

Madison

Iowa Corn Promotion Board

Virent

Iowa State University Research

Foundation

William Marsh Rice University

Jiangsu University

Yangzhou University

Johnson Matthey Davy

Technologies

Yangzhou University

Page 171: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO€¦ · iii FERNANDA NEUMANN TECHNOLOGY ROADMAP: PROPILENOGLICOL COM BASE EM FONTES RENOVÁVEIS Dissertação submetida ao corpo docente do

Technology Roadmap - Propilenoglicol com Base em Fontes RenováveisPr

odu

to F

inal

Foco

do

D

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o P

roce

sso

Tecn

olo

gia

Longo PrazoEstágio Atual Curto Prazo Médio PrazoTecnologia

Produto

Propanal

Alcoóis

1,2-epoxirpopano

Propileno

Acroleína

Acetal

Ácidos Orgânicos

Poliésteres

Catalisadores

Mat

éria

-Pri

ma Glicerol

Açucares e derivados

Celulose

Ác. lático

Outros

tod

o d

e o

bte

nçã

o

Otimização dos parâmetros de reação

Rota Bioquímica

Rota Química

Man

ipul

ação

de

mic

roo

rgan

ism

os Via Enzimática

Via Metabólica

Métodos de Purificação

Geração de H2 in situ

Estudo de cinética/mecanismo de reação