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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS DE RCD POR MEIO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS PARA APLICAÇÃO EM AMBIENTES URBANOS LUIZ FELIPE VALE DE CARVALHO Rio de Janeiro, 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS DE

RCD POR MEIO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS PARA APLICAÇÃO EM

AMBIENTES URBANOS

LUIZ FELIPE VALE DE CARVALHO

Rio de Janeiro, 2019

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ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS DE

RCD POR MEIO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS PARA APLICAÇÃO EM

AMBIENTES URBANOS

LUIZ FELIPE VALE DE CARVALHO

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Profa. Elaine Garrido Vazquez

RIO DE JANEIRO

Março de 2019.

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ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS DE

RCD POR MEIO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS PARA APLICAÇÃO EM

AMBIENTES URBANOS

Luiz Felipe Vale de Carvalho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc., UFRJ/POLI

________________________________________________

Prof. Theóphilo Benedicto Ottoni Filho, D.Sc., UFRJ/POLI

________________________________________________

Prof. Lais Amaral Alves, M.Sc. CEFET

________________________________________________

Vitor Sant’Anna Rodrigues, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2019

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III

Carvalho, Luiz Felipe Vale de

Análise da capacidade de infiltração de pavimentos

permeáveis de RCD por meio de ensaios experimentais para a

aplicação em ambientes urbanos / Luiz Felipe Vale de

Carvalho – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2019.

xii, p.:il.; 29,7 cm.

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p 75 - 78.

1. Introdução. 2. Drenagem Urbana. 3. Pavimentos

Permeáveis. 4. Materiais e métodos. 5. Resultado e

Discussões. 6. Considerações Finais. 7. Bibliografia.

I. Vazquez, Elaine Garrido; II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Título

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IV

DEDICATÓRIA

À minha mãe e às minhas irmãs.

Ao meu pai e ao meu irmão.

Ao meu sobrinho Luiz Filipe.

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V

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus que me deu força, sabedoria e saúde para que eu

pudesse passar por mais essa fase da vida.

À minha mãe, Maria Rita, por todo amor, cuidado, atenção e estímulo para que eu

alcançasse meus objetivos e por todo esforço para que eu pudesse me preocupar somente em

estudar. Tenho certeza que sem o apoio dela, passar por essa etapa seria quase impossível.

Ao meu pai, José Luiz, por todo apoio e paciência que teve comigo durante esses anos

de faculdade.

Ao meu irmão gêmeo, Luiz Henrique, por estar sempre ao meu lado, me apoiando, me

ajudando com as matérias e pelo companheirismo de sempre.

Às minhas irmãs, Josse e Simone, por sempre terem cuidado de mim com todo

carinho, por terem sido as primeiras a me incentivarem a entrar numa faculdade pública e por

todo suporte dado durante essa caminhada.

Ao meu sobrinho, Luiz Filipe, um dos maiores presentes que recebi na vida, e à minha

irmã, Josse, e meu cunhado, Filipe, por terem me dado esse presente e o privilégio de poder

vê-lo crescer.

À minha orientadora, Elaine Garrido Vazquez, pela oportunidade que me deu de

participar de um projeto que despertou meu interesse pelo tema deste trabalho, e pela atenção

e respostas, sempre rápidas, aos meus questionamentos que me conduziram nesse trabalho. E

por todo suporte dado durante as atividades práticas no CESA/UFRJ.

Ao professor Theóphilo Benedicto Ottoni, pela atenção e suporte dado, tirando

dúvidas ao longo da execução deste trabalho.

Ao professor Roberto Machado, por ter me dado a oportunidade de participar de uma

Iniciação Científica, algo que me ajudou muito no meu momento mais difícil durante esta

jornada.

Aos amigos que fiz ao longo desta caminhada na graduação de Engenharia Civil,

Lucas Afonso, Rafael, Cassia, Thamires, Rafael Freire, Will e Rodrigo.

À equipe de pesquisa sobre pavimentos permeáveis que trabalhou comigo no

CESA/UFRJ, sempre com ânimo e dedicação, Juliana Almeida, Lucas Pessanha, Thomas,

Leonardo, Ronan e Vitor, pela ajuda, em especial na montagem do pavimento. Sem vocês

esse trabalho não teria sido possível.

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VI

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS DE

RCD POR MEIO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS PARA APLICAÇÃO EM AMBIENTE

URBANO

Luiz Felipe Vale de Carvalho

Março de 2019

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Com o intenso processo de urbanização que ocorre nos centros urbanos aumentou-se a taxa de

impermeabilização do solo, tornando áreas antes com características rurais em urbanas. Este

fenômeno atinge diretamente os sistemas de drenagem urbana que, por sua vez, ficam

sobrecarregados aumentando a possibilidade de danos físicos e materiais à população. Como

forma de auxiliar na mitigação desses problemas torna-se relevante o estudo de técnicas

compensatórias que auxiliem os sistemas de drenagem convencional, tendo ainda mais

relevância se aplicado com um viés sustentável como é o caso dos pavimentos permeáveis

produzidos com 100% de resíduos de demolição. Este trabalho tem o objetivo de analisar a

capacidade de infiltração de pavimentos permeáveis montados com placas de concreto

permeável reciclado. O método utilizado será ensaios de permeabilidade das placas de

concreto permeável reciclado de acordo com a norma ABNT NBR 16416/2015, e ensaios em

protótipos de pavimentos permeáveis com auxilio de um simulador de chuva. O principal

resultado deste trabalho é comprovar, a partir da curva de infiltração, que pavimentos

permeáveis tendo como revestimento placas permeáveis produzidas com resíduos de

demolição, são hidraulicamente capazes de reduzir os efeitos de chuvas intensas por

diminuírem a lâmina de escoamento superficial que chegará as estruturas de drenagem

convencional.

Palavras-chave: Pavimentos Permeáveis, Resíduos de demolição, Concreto Permeável,

Técnica Compensatória, Ambiente Urbano.

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VII

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

ANALYSIS OF THE INFILTRATION CAPACITY OF RCD PERMEABLE PAVEMENTS

BY EXPERIMENTAL TESTS FOR APPLICATION IN THE URBAN ENVIRONMENT

Luiz Felipe Vale de Carvalho

March 2019

Advisor: Elaine Garrido Vazquez

With an intensive process of urbanization occurring in urban centers, a rate of soil sealing has

increased, becoming zones with rural characteristics in urban areas. This phenomenon affects

urban drainage systems which, in turn, may deny the possibility of physical and material

damage to the population. As a way of helping to mitigate these problems, it is relevant to

study compensatory techniques that aid conventional drainage systems, and are even more

relevant if applied with a sustainable bias, such as permeable pavements produced with 100%

demolition waste. This work has the objective of analyzing the permeability of permeable

pavements assembled with recycled permeable concrete slabs. The method used will be

permeability tests of recycled permeable concrete slabs according to ABNT NBR

16416/2015, and tests on prototypes of permeable pavements with the aid of a rain simulator.

The main result of this work is to verify, from the infiltration curve, that permeable pavements

having as a coating permeable plates produced with demolition residues, are hydraulically

able to reduce the effects of intense rains by diminishing the surface flow sheet that will reach

the structures drainage system.

Keywords: Permeable Flooring, Demolition Waste, Permeable Concrete, Permeable Concrete,

Compensatory Techniques, Urban Environment.

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VIII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ........................................................................... 1 1.1

OBJETIVO ..................................................................................................................... 5 1.2

JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 5 1.3

METODOLOGIA ........................................................................................................... 6 1.4

DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ............................................................................................ 6 1.5

2 DRENAGEM URBANA ........................................................................................ 8

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8 2.1

HISTÓRICO DA DRENAGEM URBANA NO BRASIL............................................ 11 2.2

SISTEMAS DE DRENAGEM ..................................................................................... 12 2.3

2.3.1 Drenagem na Fonte ............................................................................................... 13

2.3.2 Macrodrenagem .................................................................................................... 13

2.3.3 Microdrenagem ..................................................................................................... 15

MEDIDAS DE CONTROLE E TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS EM DRENAGEM 2.4

URBANA ............................................................................................................................. 16

2.4.1 Medidas de Controle ............................................................................................. 17

2.4.2 Técnicas compensatórias em drenagem urbana.................................................... 19

3 PAVIMENTOS PERMEÁVEIS ......................................................................... 26

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 26 3.1

HISTÓRICO ................................................................................................................. 27 3.2

VANTAGENS E DESVANTAGENS .......................................................................... 28 3.3

CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS PERMEÁVEIS .......................................... 29 3.4

3.4.1 Classificação quanto ao funcionamento hidráulico .............................................. 29

3.4.2 Classificação quanto ao controle do escoamento superficial ............................... 30

3.4.3 Classificação quanto à composição ...................................................................... 31

TIPOLOGIA DE REVESTIMENTOS ......................................................................... 32 3.5

3.5.1 Revestimento de peças de concreto com juntas alargadas ................................... 32

3.5.2 Revestimento de peças de concreto com áreas vazadas ....................................... 32

3.5.3 Revestimento de peças de concreto permeável .................................................... 33

3.5.4 Revestimento de placas de concreto permeável ................................................... 33

3.5.5 Revestimento de pavimento de concreto permeável ............................................ 34

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IX

SISTEMA DE INFILTRAÇÃO ................................................................................... 34 3.6

3.6.1 Sistema de infiltração total ................................................................................... 35

3.6.2 Sistema de infiltração parcial ............................................................................... 35

3.6.3 Sistema de infiltração para controle da qualidade da água ................................... 36

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 38

PROTÓTIPO DE ENSAIO DO CESA ........................................................................... 38 4.1

4.1.1 Simulador de chuva InfiAsper Double ................................................................. 39

4.1.2 Caixa Pluviômetra ................................................................................................ 40

4.1.3 Pavimento (Placas e Camadas) ............................................................................. 42

4.1.4 Bancada Experimental e Montagem do Pavimento Experimental ....................... 47

4.1.5 Requisitos de Projeto ............................................................................................ 48

4.1.6 Requisitos da Camada de Sub-Base e/ou Base ..................................................... 49

4.1.7 Requisito da Camada de Assentamento ............................................................... 50

4.1.8 Requisito do Material de Rejuntamento ............................................................... 50

4.1.9 Requisito de Revestimento: Coeficiente de Permeabilidade ................................ 51

4.1.10 Requisito de Revestimento: Resistência Mecânica e Espessura Mínima ............. 52

4.1.11 Requisito de Revestimento: Inspeção Visual e Avaliação Dimensional Das Peças

ou Placas de Concreto....................................................................................................... 53

4.1.12 Amostragem Para os Ensaios de Aceitação .......................................................... 53

ENSAIOS ........................................................................................................................ 54 4.2

4.2.1 Metodologia do Ensaio de Infiltração .................................................................. 54

4.2.2 Ajuste da Curva de Infiltração .............................................................................. 59

4.2.3 Metodologia do Ensaio de Permeabilidade .......................................................... 60

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 63

ANÁLISE DOS REQUISITOS DE PROJETO .......................................................................... 64 5.1

ENSAIO DE INFILTRAÇÃO DO PAVIMENTO ...................................................................... 65 5.2

ENSAIO DE PERMEABILIDADE DA PLACA ........................................................................ 71 5.3

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 75

APÊNDICE A – FOLHAS DE CAMPO DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS ...... 79

APÊNDICE B – GRÁFICOS DE CADA ENSAIO ................................................... 86

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1 INTRODUÇÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 1.1

Desde o início do século XX, em especial a partir dos anos 40, o ritmo de crescimento

populacional se intensificou no Brasil, alcançando um pico histórico de 2,99% ao ano entre

1950 e 1960 (IBGE,2003), como pode ser visto na figura 1. Esse rápido crescimento

populacional, associado ao processo de urbanização que foi acelerado pela Revolução

Industrial iniciado na segunda metade do século XVIII, trouxe transformações para as cidades

que se desenvolveram de maneira desordenada e sem preocupação com o ambiente urbano.

Figura 1: Taxa média geométrica de crescimento anual – Brasil – 1900/2000

(IBGE,2003)

Ainda de acordo com o senso demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE, realizado em 2010, mostra que 84% da população habitava nas cidades,

enquanto que em 1970, apenas 30% habitavam nas cidades (IBGE,2010). Essa revolução

ocorreu, segundo Granzieira (2007), pelas melhores condições de vida e aumento na oferta de

empregos, para dar suporte às indústrias, também foi influenciada pela falta de emprego e as

condições precárias de sobrevivência no campo, que aceleraram o processo de emigração para

as cidades.

Para ilustrar esse crescimento da população urbana em relação a população rural,

segundo o IBGE (2010) no anos 50 aproximadamente 64% da população residia em área

rural, em 2010 os dados já mostram uma completa inversão, onde apenas 15% dos brasileiros

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residiam nessas áreas, ou seja, 85% agora residem em áreas urbanas, como pode ser visto na

figura 2.

Figura 2: Valor Relativo da população por situação de domicílio (presente e residente)

entre 1940-2010

(IBGE, 2010).

Esse processo de urbanização, ao ponto que traz benefícios como crescimento

econômico e mais postos de trabalho, se feito sem o devido planejamento, gera problemas nas

cidades pela não adequação da infraestrutura ao novo padrão de uso do solo, e consequentes

alterações no ciclo hidrológico. A figura 3 mostra a sequência de acontecimentos vinculados à

urbanização que afetam o ciclo hidrológico.

Figura 3: Efeitos da urbanização nos processos hidrológicos

(Hall, M. J. Urban Hidrology,1986)

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3

Como é ilustrado pela figura 3, essas alterações impostas pela urbanização geram

aumento do escoamento superficial, aumentando o pico de vazões. Segundo Tucci (1997)

ocorre alteração da cobertura vegetal local e a mesma é substituída por superfícies

impermeáveis.

A figura 4 ilustra o ciclo da água, onde quando chove parte dela é interceptada pela

vegetação, e parte atinge o solo. Essa parte que atinge o solo tem três destinos possíveis que

são infiltrar no mesmo, escoar pela superfície ou ficar retido em depressões. Tais volumes são

afetados por fatores como o tipo de solo, sua condição e a conformação da bacia.

Figura 4: O ciclo hidrológico (BRAGA et al., 2005)

Com a urbanização, a condição do solo tende a ser cada vez mais impermeabilizada,

conforme podemos ver na figura 5, que gera um acréscimo no escoamento superficial, ou seja,

um excedente de água que precisa de um encaminhamento, que são os sistemas de Drenagem

Urbana (PINTO et al, 1976).

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Figura 5: Alterações Hidrológicas consequentes do crescimento urbano (MATA-LIMA et al,

2007).

No Brasil, as soluções que são adotadas para a gestão das águas urbanas são baseadas,

em sua maioria, em projetos calcados na abordagem clássica de drenagem urbana. Tais

projetos podem ser mais eficientes e atingir outros objetivos com a adoção de técnicas

compensatórias que, de acordo com Baptista et al (2015), são medidas que visam aumentar a

capacidade de infiltração e armazenamento de uma área, com o objetivo de compensar os

impactos da urbanização no ciclo hidrológico. O Quadro 1 resume as opções dos sistemas

clássicos de drenagem e algumas técnicas compensatórias.

Quadro 1: Abordagens de Drenagem Urbana

(Amaral, 2016)

O sistema clássico tem foco no rápido escoamento de água e é dividido nos sistemas

de microdrenagem e de macrodrenagem. Já as técnicas compensatórias, buscam reduzir os

efeitos da urbanização sobre o ciclo hidrológico, preservando o ambiente e aumentando a

qualidade de vida local – conceito de Drenagem Urbana Sustentável (RECESA, 2007).

As medidas de controle compensatórias têm por finalidade principal promover a

infiltração e o armazenamento das águas de chuva. Com relação à infiltração, podem-se

apontar benefícios como a recarga das águas do subsolo, a redução do escoamento superficial

e a melhoria da qualidade da água, segundo Pinto (2011).

Segundo a ABCP (2010), uma medida compensatória para este problema é a utilização

de pavimentos permeáveis. Esses pavimentos possuem uma tecnologia que permite: a

infiltração da água pela superfície; a filtragem dos detritos contidos na água; o

armazenamento temporário desta água infiltrada.

Urbonas e Stahre (1993) mencionam que não existem limitações para o uso do

pavimento permeável, exceto quando a água não pode infiltrar para dentro do subsolo devido

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5

à baixa permeabilidade do solo ou se o nível do lençol freático for alto, ou ainda se houver

uma camada impermeável que não permita a infiltração.

Segundo Pinto (apud Asce, 1992), pavimentos permeáveis são técnicas compensatórias

em drenagem urbana que podem ser utilizadas principalmente em estacionamentos e ruas de

tráfego leve (condomínios residenciais), bem como armazéns e arenas de esportes, por exemplo.

Essas estruturas, quando analisadas sob a ótica da engenharia hidráulica, têm por

finalidade principal a redução do escoamento superficial agindo diretamente sobre o hidrograma

da bacia onde se encontram instaladas, e geralmente apresentam maior eficiência durante as

chuvas de pequena intensidade (PINTO apud ASCE,1992).

OBJETIVO 1.2

O objetivo deste trabalho é fazer uma análise da curva de infiltração de um pavimento

permeável construído com a placa AGD – 100% de resíduo de demolição. Esta placa foi

produzida por Almir dos Santos Vidal para a dissertação de mestrado: “Caracterização de

concreto permeável produzido com resíduos de construção e demolição para utilização em

pavimentação permeável em ambiente urbano”. Será feita a análise da placa de acordo com os

parâmetros expostos na ABNT NBR 16416: 2015, como resistência mecânica e o ensaio para

definição do coeficiente de permeabilidade. Para avaliar a eficiência do pavimento com a

placa quanto à capacidade de infiltração, ela será aplicada em um protótipo de pavimento em

uma bancada experimental, onde será simulada uma chuva de intensidade constante.

JUSTIFICATIVA 1.3

O crescimento populacional associado ao processo de urbanização que ocorreu sem

planejamento da infraestrutura das cidades e, portanto, também dos sistemas de drenagem que

gera riscos diretos e indiretos à sociedade e às propriedades, tornando as cidades e as pessoas

suscetíveis aos efeitos de possíveis enchentes que ocorrem devido ao aumento do escoamento

superficial sem a drenagem adequada e suficiente.

Segundo Neto (2016), os problemas de enchentes e inundações, por muito tempo,

foram tratados a partir da utilização de soluções localizadas, como a construção de canais e

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galerias, que levam os impactos das cheias para locais a jusante. Esse tipo de solução,

conforme Canholi (2014), apenas transfere a “alocação de espaços” a serem inundados. Com

o passar das décadas, essas soluções tradicionais de combate aos problemas relacionados à

drenagem das cidades foram se mostrando, muitas vezes, ineficazes quando existentes, ou

inexequíveis, quando propostas, visto o alto custo envolvido.

A urbanização crescente das Cidades Brasileiras, via de regra, traz consigo graves

problemas de infraestrutura como: a gestão de resíduos, o abastecimento de água, saneamento

básico, mobilidade urbana, ocupação desordenada, dentre outros. A drenagem de águas pluviais,

tratamento e destinação dos resíduos urbanos, não fogem deste panorama, uma vez que a

urbanização influencia consideravelmente nestes aspectos. (Vidal, 2014)

Acredita-se que os estudos que procurem investigar soluções combinadas para esses

problemas, podem melhorar a aplicação das ações necessárias para a melhoria de vida, em

ambientes urbanos. Por este motivo este trabalho estuda a capacidade hidráulica dos pavimentos

permeáveis com placas de concreto permeável, utilizando agregados graúdos reciclados de

construção e demolição.

METODOLOGIA 1.4

O trabalho será dividido em duas partes. A primeira englobando uma revisão sobre o

tema através de pesquisa bibliográfica, artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorado e

referências eletrônicas. A segunda parte está voltada à pesquisa experimental, onde será

testada a placa de concreto permeável produzida com agregado graúdo de demolição, em

protótipo de pavimento montado na bancada experimental do Centro Experimental de

Saneamento Ambiental (CESA/UFRJ). Esses testes serão feitos através de ensaios de chuva

com auxílio de um simulador de chuva que vai permitir testar a placa sob uma intensidade de

chuva, e da caixa pluviômetra que vai possibilitar fazer a coleta dos dados de infiltração e

escoamento superficial. Antes do ensaio na bancada experimental, será executado o ensaio

para definição do Coeficiente de Permeabilidade seguindo o método definido na norma

ABNT NBR 16416/215.

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7

DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS 1.5

O primeiro capítulo visa apresentar a revisão bibliográfica, abordando os principais

aspectos relacionados à drenagem urbana, bem como as técnicas compensatórias que podem

ser aplicadas e suas especificidades.

O segundo capítulo tem o objetivo de apresentar a teoria sobre os pavimentos

permeáveis, com um breve histórico, as principais aplicações e algumas classificações no que

se refere tanto aos revestimentos quanto ao funcionamento hidráulico.

O terceiro capítulo visa apresentar os materiais e métodos que foram utilizados na

pesquisa, e os requisitos propostos pela norma ABNT NBR 16416/2015.

O quarto capítulo consiste em classificar o protótipo de pavimento quanto às

classificações expostas no primeiro e segundo capítulos, e apresentar os resultados dos

ensaios de infiltração e permeabilidade da placa, e a curva de infiltração ajustada do

pavimento testado.

O quinto capítulo apresenta as considerações finais do trabalho e também sugestões

para estudos futuros, e ressaltando alguns pontos relevantes dessa pesquisa que podem ser

aprimorados.

Em seguida serão apresentadas as referências bibliográficas e os apêndices.

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2 DRENAGEM URBANA

INTRODUÇÃO 2.1

Ao longo de toda a história da humanidade sempre houve uma profunda ligação das

cidades com os cursos d’água, sendo estes determinantes para a sua própria existência, na

medida em que constituíram fatores essenciais no processo de sedentarização das populações.

Entretanto, os papéis desempenhados pelos cursos d’água em muito variaram, historicamente,

com o desenvolvimento das cidades, refletindo a transição das sociedades de base econômica

agrícola, de ocupação populacional majoritária em áreas rurais, para as sociedades industriais,

predominantemente urbanas (BAPTISTA; NASCIMENTO, 2002).

O aumento das aglomerações urbanas, em particular a partir do século XIX, trouxe

dificuldades e desconforto resultantes da precariedade da infra-estrutura de controle da

presença de águas nas cidades, tanto as do meio “natural” (cursos d’água, áreas úmidas, lagos)

quanto as águas de origem pluvial e as águas servidas. Datam dessa época as concepções de

sistemas de drenagem de águas pluviais e do esgotamento sanitário por meio de redes

subterrâneas de tubulações e a canalização quase generalizada de cursos d’água em meio

urbano (BAPTISTA; NASCIMENTO, 2002).

A urbanização consome espaço natural, impermeabilizando o solo alterando o fluxo e

balanço hídrico das águas urbanas, perturbando o funcionamento de zonas ribeirinhas

(SILVEIRA, 2002 apud NETO, 2012).

Podemos classificar as inundações urbanas em duas categorias: Inundações em áreas

ribeirinhas: é quando a água do rio se eleva de nível e deixa de passar somente através do leito

menor, inundando também o leito maior. Esse é um fenômeno que acontece pelo menos uma

vez a cada dois anos; Inundações devidas à urbanização: a urbanização gera a

impermeabilização de áreas, e consequentemente o aumento da velocidade de escoamento

superficial e redução da recarga do lençol freático (PINTO; PINHEIRO, 2006).

Segundo Tucci (1997), o desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal

provocando vários efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico natural. A

cobertura da bacia é alterada para pavimentos impermeáveis, gerando as seguintes alterações

no ciclo hidrológico: i) redução da infiltração no solo; ii) aumento do escoamento superficial;

iii) com a redução da infiltração, o aquífero tende a diminuir o nível do lençol freático por

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falta de alimentação; e iv) Com a substituição da cobertura natural ocorre uma redução da

evapotranspiração, já que a superfície urbana não retém água como a cobertura vegetal.

As figuras 6 e 7 esquematizam a mudança que ocorre no ciclo hidrológico antes e

depois da urbanização, e a figura 8 apresenta o hidrograma típico de uma bacia que sofreu

impacto da urbanização.

Figura 6- Balanço hídrico antes da urbanização

(ARNOLD e GIBBONS, 1996 apud Castro, 2011)

Figura 7 – Balanço Hídrico após a urbanização

(ARNOLD e GIBBONS, 1996 apud Castro, 2011)

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Figura 8 – Hidrograma típico que representa o impacto da urbanização

(TUCCI, 1997)

À medida que a impermeabilização do solo aumenta, ocorre uma aceleração do

escoamento através de condutos e canais, aumentando também a quantidade de água que

chega ao mesmo tempo ao sistema de drenagem. Além disso, o aumento da urbanização pode

produzir obstruções ao escoamento devido a aterros e pontes, drenagens inadequadas e

assoreamento. Quando a precipitação é muito intensa, o volume que escoa para o sistema de

drenagem pode superar a capacidade de escoamento do sistema e o excesso de volume de

água provocará as inundações (CASTRO, 2011).

Em um quadro de urbanização crescente, tem-se por resultado a obsolescência gradual

e inexorável das redes de drenagem, levando a inundações cada vez mais frequentes em áreas

urbanas, com pesadas implicações sociais, econômicas e políticas decorrentes (BAPTISTA;

NASCIMENTO, 2002).

As enchentes aumentam a sua frequência e magnitude em razão da impermeabilização

do solo e da construção da rede de condutos pluviais. O desenvolvimento urbano pode

também produzir obstruções ao escoamento, como aterros, pontes, drenagens inadequadas,

obstruções ao escoamento junto a condutos e assoreamento. Geralmente essas inundações são

vistas como locais porque envolvem bacias pequenas (< 100 km², mas frequentemente bacias

< 10 km²) (TUCCI, 2008).

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11

HISTÓRICO DA DRENAGEM URBANA NO BRASIL 2.2

Historicamente a hidrologia urbana pode ser dividida em três fases distintas:

Higienismo, Período da Racionalização e Período Científico (PINTO; PINHEIRO, 2006).

No Higienismo, a ideia é eliminar rapidamente os focos de água parada ou empoçada

que é uma grave ameaça à saúde pública (PINTO; PINHEIRO, 2006).

Até o século XX, o desafio das cidades era evitar a proliferação de doenças,

especialmente pelas condições sanitárias dos efluentes da própria população que contaminava

suas fontes de abastecimento, criando condições ideais de proliferação de doenças infecciosas

(TUCCI, 2008).

O conceito higienista surgido na Europa no século XIX não demorou a chegar ao

Brasil como testemunham as primeiras redes enterradas de esgoto sanitário implantadas em

1864 no Rio de Janeiro, mas ele somente seria aplicado mais decididamente após a

proclamação da República em 1889 (MELLO FRANCO, 1968 apud SILVEIRA, 2002).

Nesta época, havia no mundo um casamento bem sucedido entre filosofia higienista e

o domínio da hidráulica de condutos e canais que permitam promover o saneamento junto

com as reformas urbanísticas. Os sanitaristas da época estavam atentos a isso e, no fim do

século XIX, o Brasil vê surgir entre eles a figura do engenheiro fluminense Saturnino de

Brito, formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (SILVEIRA, 2002).

Devido à atuação de Saturnino de Brito, já no início do século XX, o conceito

higienista, usando uma rede de drenagem pluvial separada dos esgotos domésticos, ficou

estabelecido como regra para as cidades brasileiras. (SILVEIRA, 2002).

Vale ressaltar que o Brasil não podia utilizar o sistema unitário da tendência europeia.

Isso ocorre pela diferença entre os regimes de chuva entre o clima temperado da Europa, que

tem baixas intensidades pluviométricas, e o tropical do Brasil, caracterizado por chuvas

intensas e de baixa frequência (NETO, 2012).

Ainda segundo Neto (2012), ao utilizar sistemas unitários em regiões de clima

tropical, as redes coletoras devem ser dimensionadas de maneira a receber chuvas intensas e e

os esgotos sanitários no período da chuva. Sendo que no período seco, esse sistema seria

subutilizado por carrear somente a parcela dos esgotos sanitários.

De acordo com Silveira (1998), ao se perceber isso na época, o sistema separador

absoluto parece ter dominado desde o início sobre o sistema unitário. Razões econômicas

também podem estar por trás desta preferência, como o fato de tubulações exclusivas para o

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12

esgoto doméstico ter um custo menor do que uma tubulação de sistema unitário que deverá

comportar tanto o esgoto doméstico quanto as águas pluviais.

A abordagem Racional que considera o tempo de concentração como duração crítica

da chuva de projeto, para reduzir o empirismo, parece ter chegado ao Brasil em meados da

década de 30, ajudada pela presença de um número maior de pluviógrafos em território

nacional. A consideração da frequência de ocorrência das precipitações como elemento de

projeto na fórmula racional parece ter se consolidado no Brasil dos anos 50 (SILVEIRA,

1998).

Nos anos 70, com uma disponibilidade maior de computadores, começa a se

reproduzir no Brasil a tendência mundial de simular o ciclo hidrológico, principalmente a

transformação chuva-vazão, por algoritmos matemáticos hoje corriqueiramente chamados

modelos hidrológicos (SILVEIRA, 1998).

Observa-se então que, até este ponto, a drenagem do país era concebida através da

aplicação de modelos e métodos estrangeiros, com poucas adequações às características locais

do Brasil. Isso dificultou o desenvolvimento de normas próprias para elaboração de projetos

de drenagem, o que acarretou em uma dificuldade do setor crescer em fase de crescente

urbanização (NETO, 2012).

Com uma visão ambientalmente correta, busca-se incorporar os cursos d’água à

paisagem urbana, despoluindo-os e preservando suas margens, valorizando-se os corpos

d’água. Ao invés de direcionar e acelerar águas de enchentes rio abaixo se procura

reestabelecer a retenção natural (PINTO; PINHEIRO, 2006).

Segundo Silveira (2002), a história da drenagem urbana no Brasil, apesar das

dificuldades, parece estar em uma transição entre a abordagem higienista e a sustentável.

Onde muitas capitais estão promovendo ações no sentido de estabelecer planos diretores de

drenagem urbana, seguindo os preceitos do conceito ambiental que passa pela conscientização

de que a drenagem urbana deve se integrar ao planejamento ambiental das cidades.

SISTEMAS DE DRENAGEM 2.3

Segundo a ABNT NBR 16416/20015, a drenagem consiste na remoção na remoção da

água da superfície do pavimento e/ou da estrutura do pavimento, por meio de drenos.

O Sistema de Drenagem Urbana é o conjunto de infraestruturas existentes em uma

cidade para realizar a coleta, o transporte e o lançamento final das águas superficiais. É

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constituído por uma série de medidas que visam a minimizar os riscos a questão expostas as

populações, diminuindo os prejuízos causados pelas inundações e possibilitando o

desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e ambientalmente sustentável

(PINTO; PINHEIRO, 2006).

Os sistemas de drenagem urbana são sistemas preventivos de inundações,

principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos ou marginais

aos cursos d’água (PINTO; PINHEIRO, 2006).

Segundo Tucci e Bertoni (2003), os sistemas de drenagem são definidos como na

fonte, microdrenagem e macrodrenagem.

2.3.1 Drenagem na Fonte

A drenagem na fonte é definida pelo escoamento que ocorre no lote, condomínio ou

empreendimento individualizado, estacionamentos, parques e passeios (TUCCI; BERTONI,

2003).

A prática de técnicas compensatórias, como telhados verdes, pavimentos permeáveis e

valas de infiltração são medidas que visam reduzir o volume de água logo no sistema de

drenagem na fonte, uma vez que podem promover uma amortização do volume de água que é

precipitado na escala do próprio empreendimento (NETO, 2012).

Segundo Silveira (2002), os dispositivos de controle na fonte são de dois tipos:

Dispositivos de armazenamento e Dispositivos de infiltração.

Os dispositivos de armazenamento normalmente tem por objetivo o retardo do

escoamento superficial para sua liberação defasada, e com pico amortecido ao seu destino,

que pode até ser um ponto de captação de uma rede pluvial existente (SILVEIRA, 2002).

Os dispositivos de infiltração, diferentemente dos de armazenamento, retiram água do

sistema pluvial, promovendo sua absorção pelo solo para redução do escoamento pluvial

(SILVEIRA, 2002).

2.3.2 Macrodrenagem

A macrodrenagem é um conjunto de obras que visam melhorar as condições de

escoamento de forma a atenuar os problemas de erosões, assoreamento e inundações ao longo

dos principais talvegues (fundo de vale). Ela é responsável pelo escoamento final das águas, a

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qual pode ser formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimensões e

estruturas auxiliares (MORALES, 2003).

A macrodrenagem geralmente recebe os aportes da microdrenagem e é constituída por

córregos, riachos e rios da zona urbana. Frequentemente córregos e riachos são retificados e

engalerizados (SILVEIRA, 2002).

A seguir estão dois exemplos de obras de macrodrenagem, nas figuras 9 e 10.

Figura 9 - Retificação de Canal Natural

(https://minutosertao.s3.amazonaws.com/imagens/1311616292canaldosertao.jpg)

Figura 10 - Galeria de Concreto Armado

(https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/governo-avanca-com-obra-de-macrodrenagem-

no-tabuleiro-previsao-de-entrega-e-para-dezembro/)

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15

2.3.3 Microdrenagem

A microdrenagem é definida pelo sistema de condutos pluviais ou canais a nível de

loteamento ou de rede primária urbana. Este tipo de sistema de drenagem é projetado para

atender à drenagem de precipitações com risco moderado (TUCCI; BERTONI, 2003).

E segundo Morales (2003) a microdrenagem é definido pelo sistema de condutos

pluviais, relacionados aos espaços definidos pelos loteamentos ou de rede primária urbana,

que propicia a ocupação do espaço urbano ou periurbano por uma forma artificial de

assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária.

Conforme ilustrado na figura 11, na microdrenagem a água da chuva é conduzida

pelas ruas e sarjetas até serem captadas em pontos definidos em projeto pelas bocas de lobo –

bocas coletoras. A partir desse ponto, a água segue para galeria principal através de ramais de

ligação. A manutenção se dá por meio de poços de visita localizados estrategicamente

(CREA-MG, 2013).

Figura 11 - Elementos da Microdrenagem

(Sousa, 2011)

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No Quadro 2, é possível observar a definição dos elementos do sistema de

microdrenagem.

Quadro 2 – Dispositivos do sistema de microdrenagem urbana

DISPOSITIVO FUNCÃO

Sarjetas Elemento de drenagem das vias públicas. A calha formada é a receptora

das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas

escoam em direção as bocas de lobo.

Sarjetões Calhas localizadas nos cruzamentos das vias públicas, formadas pela sua

própria pavimentação e destinadas a orientar o fluxo das águas que

escoam pelas sarjetas.

Boca de lobo Captar águas pluviais, localizados nas sarjetas.

Galerias Canalizações usadas para conduzir as águas captadas pelas bocas de lobo

e das ligações prediais.

Poço de Visita Dispositivos que permitem acesso para inspeção e manutenção das redes.

São posicionados em determinados pontos, sempre que se deseja alterar

direção, declividade, diâmetro ou o material da tubulação.

Tubos de ligação Canalizações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas

de lobo para a galeria ou para os poços de visita.

Condutos Obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas.

Adaptado de Neto (2012).

MEDIDAS DE CONTROLE E TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS EM DRENAGEM 2.4

URBANA

Nos sistemas clássicos as águas pluviais são captadas e conduzidas a condutos

artificiais, preferencialmente subterrâneos, funcionando por gravidade, sendo evacuadas das

zonas urbanas e lançadas em corpos d’água rapidamente. Eles são constituídos,

essencialmente, de dispositivos de captação das águas superficiais, estruturas de condução das

águas captadas, na forma de canais abertos ou condutos enterrados e, eventualmente, obras

complementares, tais como bueiros e dissipadores de energia (RECESA, 2007).

A partir dos anos 70, outra abordagem para tratar o problema começou a ser

desenvolvida, sobretudo na Europa e na América do Norte. Trata-se do conceito de

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tecnologias alternativas ou compensatórias de drenagem, que buscam neutralizar os efeitos da

urbanização sobre os processos hidrológicos, com benefícios para a qualidade de vida e a

preservação ambiental (RECESA, 2007).

2.4.1 Medidas de Controle

As medidas de correção e/ou prevenção que visam minimizar os danos das inundações

são classificadas, de acordo com sua natureza, em medidas estruturais e medidas não

estruturais (CANHOLI, 2014).

As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial evitando os

prejuízos decorrentes das enchentes, enquanto que as medidas não-estruturais são aquelas em

que os prejuízos são reduzidos pela melhor convivência da população com as enchentes

(TUCCI; BERTONI, 2003).

As medidas não estruturais são aquelas em que se procura reduzir os danos ou as

consequências das inundações, não por meio de obras, mas pela introdução de normas,

regulamentos e programas que visem, por exemplo, o disciplinamento do uso e ocupação do

solo, a implementação de sistemas de alerta e a conscientização da população para a

manutenção dos dispositivos de drenagem (CANHOLI, 2014).

2.4.1.1 Medidas Estruturais

As medidas estruturais compreendem as obras de engenharia, que podem ser

caracterizadas como medidas intensivas e extensivas (CANHOLI, 2014).

As medidas extensivas são aquelas que agem na bacia, procurando modificar as

relações entre precipitação e vazão, como a alteração da cobertura vegetal do solo, que reduz

e retarda os picos de enchente e controla a erosão da bacia (TUCCI; BERTONI, 2003).

As medidas intensivas são aquelas que agem no rio e podem ser de três tipos (Simons

et al., 1977): i) aceleram o escoamento: construção de diques e polders, aumento da

capacidade de descarga dos rios e corte de meandros; ii) retardam o escoamento: reservatórios

e as bacias de amortecimento; iii) desvio do escoamento, são obras como canais de desvios

(TUCCI; BERTONI, 2003).

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O Quadro 3, a seguir, apresenta as principais características das medidas estruturais.

Quadro 3 - Principais Características das Medidas Estruturais

Controle da cobertura vegetal

A cobertura vegetal interfere no processo precipitação-

vazão, reduzindo as vazões máximas, devido ao

amortecimento do escoamento. Além disso, reduz a erosão

do solo que pode aumentar, gradualmente, o nível dos rios

e agravar as inundações.

Controle da erosão do solo

O aumento da erosão implica a redução da área de

escoamento dos rios e consequente aumento de níveis. O

controle da erosão do solo pode ser realizado pelo

reflorestamento, pequenos reservatórios, estabilização das

margens e práticas agrícolas corretas.

Reservatórios

O reservatório retém parte do volume da enchente,

reduzindo a vazão natural, procurando manter no rio uma

vazão inferior àquela que provocava extravasamento do

leito. O volume retido no período de vazões altas é escoado

após a redução da vazão natural. O reservatório pode ser

utilizado quando existe relevo conveniente a montante da

área atingida, mas exige altos custos de construção e

desapropriações.

Adaptado de TUCCI; BERTONI (2003)

2.4.1.2 Medidas Não Estruturais

Em contraposição às medidas estruturais, que podem criar uma sensação de falsa

segurança e até induzir à ampliação da ocupação das áreas inundáveis, as ações não

estruturais podem ser eficazes a custos mais baixos e com horizontes mais longos de atuação.

As ações não estruturais procuram disciplinar a ocupação territorial, o comportamento de

consumo das pessoas e as atividades econômicas (CANHOLI, 2014).

As medidas não estruturais de inundação podem ser agrupadas em: zoneamento de

áreas de inundação através de regulamentação do uso da terra, construções à prova de

enchentes, seguro de enchente, previsão e alerta de inundação (TUCCI; BERTONI, 2003).

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O Quadro 4 apresentas características das principais medidas não-estruturais.

Quadro 4 – Principais medidas não-estruturais

Zoneamento de áreas de inundação

Por meio da delimitação das áreas sujeitas a

inundações em função do risco, é possível estabelecer

um zoneamento e a respectiva regulamentação para a

construção, ou ainda eventuais obras de proteção

individuais a serem incluídas nas construções

existentes. Podem-se desapropriar algumas áreas

destinando-as a praças, parques, estacionamentos e

outros.

Construções à prova de enchente

É definida como o conjunto de medidas projetadas para

reduzir as perdas de prédios localizados nas várzeas de

inundação durante a ocorrência das cheias.

Seguro de enchente

Permite aos indivíduos ou empresas a obtenção de uma

proteção econômica para as perdas decorrentes dos

eventos de inundação.

Previsão e alerta

É um sistema composto de aquisição de dados em

tempo real, transmissão de informação para um centro

de análise, previsão em tempo atual com modelo

matemático, e Plano de Defesa Civil que envolve todas

as ações individuais ou de comunidade para reduzir as

perdas durante as enchentes.

Adaptado de Tucci; Bertoni (2003) e Canholi (2014).

2.4.2 Técnicas compensatórias em drenagem urbana

As medidas não convencionais em drenagem urbana podem ser entendidas como

estruturas, obras, dispositivos ou mesmo como conceitos diferenciados de projeto, cuja

utilização não se encontra ainda disseminada. São soluções que diferem do conceito

tradicional de canalização, mas podem estar a ela associadas, para adequação ou otimização

do sistema de drenagem (CANHOLI, 2014).

Com o intuito de preservar o meio ambiente, os sistemas de drenagem conhecidos

como alternativos ou compensatórios, além de reterem parte do volume de água superficial,

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promovem sua infiltração no solo ou disponibilizam esse volume de água para o consumo.

Esses dispositivos têm sido utilizados como complementares aos sistemas convencionais

(CARVALHO; LELIS, 2000).

Essas técnicas compensatórias são consideradas alternativas em relação às soluções

clássicas porque consideram os impactos da urbanização de forma global, tornando a bacia

hidrográfica como base de estudo; e buscam compensar sistematicamente os efeitos da

urbanização, controlando na fonte, a produção de excedentes de água decorrentes da

impermeabilização, através de infiltração, e evitando a sua transferência rápida para jusante,

através de estruturas de armazenamento temporário (RECESA, 2007).

O tipo de sistema de drenagem a ser adotado depende de fatores como integração com

o urbanismo, características do local e custos de implantação e manutenção (CARVALHO;

LELIS, 2000).

No Quadro 5 abaixo serão mostrados os principais pontos que devem ser

considerados relativos a cada aspecto envolvido na escolha das técnicas compensatórias.

Quadro 5 – Parâmetros Considerados para a escolha do tipo de técnicas compensatórias

Aspectos Físicos

Topografia do local;

Capacidade de infiltração do solo;

Estabilidade do subsolo;

Nível das águas subterrâneas;

Aporte permanente de água.

Aspectos Urbanísticos e de

Infraestrutura

Disponibilidade de espaço;

Inclinação e forma dos telhados;

Redes existentes.

Aspectos Sanitários e

Ambientais

Risco de poluição;

Risco sanitário associado à proliferação de

doenças.

Aspectos Socioeconômicos

Percepção da população próxima à área com

relação à estrutura a ser implantada;

Critérios relativos à manutenção e ao custo.

Adaptado de RECESA (2007).

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No Quadro 6, a seguir, é mostrado os tipos de técnicas drenagem quanto a

implantação.

Quadro 6 – Técnicas de drenagem

Técnicas de controle na

fonte

Estão associadas a pequenas estruturas de

drenagem, como poços e valas de infiltração.

Técnicas lineares

Estão associadas a áreas maiores a serem

drenadas, como ruas, estacionamentos, onde

podem ser implantadas trincheiras de

infiltração e pavimentos drenantes.

Técnicas de controle

centralizado

Estão associados a estruturas de drenagem de

grande porte, como as bacias de retenção e

detenção.

Adaptado de (Carvalho; Lelis, 2000).

Técnicas compensatórias são consideradas sustentáveis quando os sistemas de

drenagem minimizam a perturbação aos processos naturais e sociais e o ônus a

empreendedores e municipalidades para manutenção e ampliação de sua infraestrutura. Desta

forma o grau de interação do sistema de drenagem a outras atividades e ao meio serve como

parâmetro para identificar seu nível de sustentabilidade (CRUZ; SOUZA; TUCCI, 2007).

Diante disso a estratégia de Low Impact Development (LID), ou Desenvolvimento

Urbano de Baixo Impacto se mostra como um método para aproximar a drenagem urbana ao

desenvolvimento sustentável, tendo em vista que sua implementação pode ser compatível com

o sistema existente, além de providenciar melhorias pelo redirecionamento de águas pluviais

para seu aproveitamento, infiltração e evaporação, mitigando os efeitos da urbanização

desordenada (CRUZ; SOUZA; TUCCI, 2007).

A estratégia de LID consiste no planejamento de espaços urbanos e de

empreendimentos para a conservação de processos hidrológicos e de recursos naturais, além

da prevenção à poluição do solo e das águas (CRUZ; SOUZA; TUCCI, 2007).

O Quadro 7 mostra os elementos chave para alcançar os objetivos da estratégia de

LID.

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Quadro 7 - Elementos chave para objetivos LID

Conservação

Consiste na preservação de vegetação e solo nativos, de

forma a minimizar o emprego de áreas impermeáveis e

permitindo a manutenção de caminhos naturais de

drenagem.

Projetos locais únicos

Elaboração de projetos que respeitem peculiaridades locais

naturais e assegurem a proteção de toda a bacia, em

detrimento a padronizações.

Direcionar

escoamento para

áreas vegetadas

Visa encorajar a infiltração e recarga de aquíferos, terras

úmidas e riachos, aproveitamento controle e tratamento

realizado pela natureza.

Controles

distribuídos de

pequena-escala

Empregar técnicas de manejo hídrico o mais próximo

possível da fonte de geração do escoamento, de forma

integrada ao ambiente, para mimetizar processos

hidrológicos naturais.

Manutenção,

prevenção à poluição

e educação

Trabalhar a educação e envolvimento objetivando a redução

de cargas de poluentes e o aumento da eficiência e

longevidade de sistemas de drenagem

Adaptado de Cruz; Souza; Tucci (2007).

No Quadro 8, a seguir, serão descritos algumas técnicas compensatórias em drenagem

urbana, serão elas: valas de infiltração, poços de Infiltração, trincheiras de infiltração, Bacias

de Retenção, Bacias de Detenção e Pavimentos permeáveis

Quadro 8 – Técnicas Compensatórias

Valas de Infiltração

Valas de infiltração são estruturas lineares pouco

profundas e vegetadas geralmente utilizadas

quando o lençol freático é superficial ou o manto

impermeável é pouco profundo. Elas permitem o

armazenamento temporário de águas pluviais e

favorecem a infiltração no solo. (CARVALHO;

LELIS, 2000).

Figura 12 - (CANHOLI, 2014)

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Continuação do Quadro 8.

Poços de Infiltração

Os poços de infiltração são estruturas geralmente

cilíndricas cuja profundidade e diâmetro

dependem das características do perfil do solo e

do volume de água a ser infiltrado. O

dimensionamento deve considerar o volume de

armazenamento do poço e a capacidade de

infiltração do terreno (CARVALHO; LELIS,

2000).

Esses poços são usados para infiltrar água de

áreas impermeabilizadas, como, por exemplo,

casas, edifícios e praças (CARVALHO; LELIS,

2000).

Figura 13 - (RECESA, 2007)

Trincheiras de Infiltração

As trincheiras permitem o armazenamento e a

infiltração de água no solo. São estruturas lineares

pouco profundas que, nos sistemas convencionais,

são preenchidas total ou parcialmente com

material granular, como britas e seixos, e

revestidas com manta de geotêxtil que funciona

como filtro (CARVALHO; LELIS, 2000).

São usadas em áreas industriais, junto a pátios de

estacionamentos e ao longo de ruas e avenidas

para infiltração de água das áreas urbanas

pavimentadas. Os locais de implantação das

trincheiras, quando fechadas, podem se integrar à

paisagem e servir como áreas de parques e jardins

(CARVALHO; LELIS, 2000).

Figura 14 -

(https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul

a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em

janeiro de 2019)

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Continuação do Quadro 8.

Bacia de Retenção

É um reservatório construído para não secar entre

uma enxurrada e outra, retendo água

permanentemente em uma parcela do seu volume

(SILVEIRA, 2002). As Bacias de Retenção,

muitas vezes, são usadas como Bacias de

Infiltração. Essas estruturas podem apenas reter

sem infiltrar ou reter e infiltrar as águas pluviais.

As bacias de retenção podem ser bacias

permanentes com lâmina d'água nos períodos de

chuva e de seca. (CARVALHO; LELIS, 2000).

Figura 15 -

(https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul

a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em

janeiro de 2019)

Bacia de Detenção

É um reservatório (on e off-line) mantido seco nas

estiagens destinado a laminar os picos de

escoamento superficial, liberando mais

lentamente os volumes afluentes. Podem ser

escavado ou materializado por uma pequena

barragem de terra ou de concreto, aproveitando ou

não depressões naturais do terreno. O fundo e

taludes podem ser de terreno natural, de terreno

escavado ou de concreto (SILVEIRA, 2002).

Figura 16 -

(https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul

a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em

janeiro de 2019)

Telhado Verde

Os telhados verdes ou telhados vivos são

estruturas que se caracterizam pela aplicação de

cobertura vegetal nas edificações, utilizando

impermeabilização e drenagem adequadas.

Consistem basicamente em uma camada de

vegetação, uma camada de substrato (onde a água

é retida e a vegetação é escorada) e uma camada

de drenagem responsável pela retirada de água

adicional (CASTRO, 2011).

Figura 17 –

(https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul

a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em

janeiro de 2019)

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25

Continuação do Quadro 8.

Pavimento Permeável

Segundo Canholi (2005), pavimentos permeáveis

normalmente são construídos de concreto ou

asfalto dos quais foram retiradas as partículas

finas.

Assim como Tucci et al. (1995), que se refere aos

pavimentos porosos como uma medida de redução

do escoamento superficial, auxiliando na

infiltração da água no solo.

Figura 18 -

(http://www.revistaprisma.com.br/novosite/a

dmin/imagens/150x100/5004.jpg, acessado

em janeiro de 2019)

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26

3 PAVIMENTOS PERMEÁVEIS

INTRODUÇÃO 3.1

Para começar a definir o pavimento permeável e suas especificidades, é preciso definir

que pavimento é uma estrutura construída após a terraplanagem e destinada, econômica e

simultaneamente, em seu conjunto a: resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais,

melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança e resistir aos esforços

horizontais que nela atuam tornando mais durável a superfície de rolamento (ABNT, 2015).

Os pavimentos permeáveis são técnicas compensatórias em drenagem urbana que

podem ser utilizadas principalmente em estacionamentos e ruas de tráfego leve, bem como em

armazéns e arenas de esportes (ASCE, 1992).

Pode-se afirmar ainda, que os pavimentos permeáveis podem promover a recarga do

lençol freático e a melhora significativa da qualidade da água que infiltra pelo subsolo, apesar

de apresentar possibilidade de contaminação do lençol freático, provavelmente desprezível

(SCHUELER, 1987).

E o pavimento permeável é aquele que atende simultaneamente às solicitações de

esforços mecânicos e condições de rolamento e cuja estrutura permite a percolação e/ou o

acúmulo temporário de água, diminuindo o escoamento superficial, sem causar dano à sua

estrutura (ABNT, 2015).

Figura 19 – Seção típica do pavimento permeável

(PR3 – Sistemas Construtivos Pavimentos Permeáveis – ABCP)

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27

HISTÓRICO 3.2

Segundo Acioli (2005), tradicionalmente, as obras de pavimentação tentavam conferir

ao revestimento a máxima impermeabilidade possível. Isso acontecia, pois é fato que o

aumento da umidade do solo, diminui sua resistência e também para evitar a rápida

degradação do revestimento, o qual fissura quando submetido a pressões devido à agua.

Porém com o crescimento da malha viária associado ao crescimento das cidades, que

levou a um intenso processo de impermeabilização fez com que aumentasse a frequência e a

intensidade de eventos de inundação. Esse processo fez com que se buscassem alternativas

para devolver ao solo a capacidade de infiltração que lhe foi tirada.

As primeiras experiências com pavimentos permeáveis, ou com estrutura porosa,

ocorreram na França nos anos de 1940-1950, porém não obteve êxito, pois a qualidade do

ligante asfáltico, o betume, ainda não era o suficiente para suportar as ligações da estrutura

dado que era heterogêneo e de pouca trabalhabilidade. No final dos anos 1970, os pavimentos

com estrutura porosa voltaram a ser testado por países como França, Estados Unidos, Japão e

Suécia. (AZZOUT et al., 1994).

Nos Estados Unidos, vários estados criaram leis mudando os objetivos e métodos de

drenagem urbana, impondo a máxima infiltração ou armazenamento temporário da água de

escoamento superficial. Em certos casos, a água era conduzida para diversos usos, tais como

irrigação (FIELD, MASTERS et al. 1982, apud AZZOUT et al. 1994).

Em 1978, foi lançado na França pelo “Ministère de l’Equipement” um projeto de

pesquisa com o objetivo de desenvolver novas soluções para a redução dos problemas de

inundações. O pavimento permeável em concreto destacou-se dentre as soluções estudadas,

devido à facilidade que apresenta de integração ao ambiente das cidades.

Já no Japão, o pavimento permeável foi usado para atender às necessidades das

grandes cidades japonesas, devido ao grande adensamento populacional, eles tem buscado

desde 1994 estudar as técnicas de controle na fonte, como é o pavimento permeável. E na

Suécia ele foi utilizado por solucionar alguns problemas típicos da região, como redução do

nível do lençol freático.

Os primeiros tipos de pavimentos permeáveis usaram como revestimento o concreto

poroso, asfalto poroso e peças intertravadas de concreto permeável. O asfalto e o concreto

poroso foram introduzidos anteriormente, na década de 1970 e o pavimento intertravado de

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28

concreto permeável foi introduzido na Europa no fim da década de 1980 e na América do

Norte em 1992. (WIEBBELLING, 2015, apud NIGRI et al. 2017).

No Brasil, pesquisa sobre sistemas construtivos, manutenção e melhores práticas para

pavimentos permeáveis vem sendo desenvolvidas pela Associação Brasileira de Cimento

Portland, coordenadas pela engenheira civil Mariana Marchioni desde 2007.

Em 2015, houve um avanço importante para consolidação de sistemas construtivos e

especificações de peças para pavimento permeável com a criação da ABNT NBR 16416:2015

com título “Pavimentos Permeáveis de Concreto – Requisitos e Procedimentos”. Essa norma

foi elaborada pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (CB-18) da

Associação Brasileira de Normas Técnicas.

VANTAGENS E DESVANTAGENS 3.3

A seguir, no Quadro 9, são apresentadas algumas vantagens dos pavimentos

permeáveis.

Quadro 9 – Vantagens dos pavimentos permeáveis

Vantagens

É um dispositivo de drenagem que se integra completamente à obra,

não necessitando de espaço exclusivo.

Aumento da segurança e conforto em vias, pela diminuição de

derrapagens e ruídos.

Permite a recarga do lençol freático.

Controle da erosão do solo

A infiltração reduz o volume total de água que entraria na rede de

drenagem, diminuindo o risco de inundação nos sistemas a jusante.

Elaborado pelo autor, adaptado de EPA (1999) e Pinto (2011).

Quanto às desvantagens, também cabe ressaltar algumas limitações, que geralmente

são sobre a capacidade de infiltração do subsolo e sobre a altura do nível do lençol freático,

como é possível ver no Quadro 10, a seguir.

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29

Quadro 10 – Desvantagens dos pavimentos permeáveis

Desvantagens

Sofrerá limitações se a água não puder infiltrar no subsolo devido

à baixa permeabilidade do solo.

Se o nível alto do lençol freático for alto, limita o uso do

pavimento permeável.

Quando a água drenada for fortemente contaminada, havendo

impacto sobre o lençol freático.

Necessidade de inspeções regulares para verificar a eficiência

dos pavimentos.

Mão de obra qualificada para execução da obra com a finalidade

de prevenir a obstrução prematura do pavimento.

Elaborado pelo autor, adaptado de Urbonas; Stahre, (1993) e Pinto, (2011)

CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS PERMEÁVEIS 3.4

3.4.1 Classificação quanto ao funcionamento hidráulico

Segundo o funcionamento hidráulico dos pavimentos permeáveis, podemos classifica-

los conforme o Quadro 11, a seguir.

Quadro 11 – Classificação quanto ao funcionamento hidráulico

Entrada imediata da água da chuva no corpo do pavimento,

como é o caso dos revestimentos permeáveis e porosos.

Estocagem temporária da água no interior do pavimento, nos

vazios da camada reservatório.

Evacuação lenta da água, que é feita por infiltração no solo, pela

liberação lenta para a rede de drenagem, ou uma combinação

das duas formas.

Elaborado pelo autor, adaptado de Azzout (1994 apud Acioli, 2005).

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30

3.4.2 Classificação quanto ao controle do escoamento superficial

De acordo com Baptista (2005 apud Castro, 2011), quanto à atuação no controle do

escoamento superficial, os pavimentos podem ser classificados em três diferentes tipos,

conforme podemos ver no Quadro 12.

Quadro 12 – Classificação quanto à atuação no controle do escoamento superficial

Pavimentos com

revestimento superficial

permeável

Reduz a velocidade de escoamento superficial, e

retém temporariamente pequenos volumes na

própria superfície, além de permitir a infiltração

de parte das águas pluviais.

Pavimentos de estrutura

porosa

Provoca amortecimento de vazões através da

detenção temporária de pequenos volumes de

águas pluviais.

Pavimentos de estrutura

porosa e dispositivo de

facilitação da infiltração

Atua tanto na detenção temporária como na

infiltração de águas pluviais, reduzindo os

volumes efetivamente escoados e gerando

alteração temporal nos hidrogramas.

Elaborado pelo autor, adaptado de Baptista (2005 apud Castro, 2011).

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31

3.4.3 Classificação quanto à composição

Os pavimentos permeáveis podem ser classificados, segundo Urbonas e Stahre (1993

apud DEP, 2005), quanto à composição de seus materiais componentes, conforme o Quadro

13.

Quadro 13 – Classificação quanto à composição

Pavimento de asfalto poroso

A camada superior (o revestimento

asfáltico) é composta de forma

similar às convencionais, mas com

retirada de fração de areia fina

(graduação aberta) da mistura dos

agregados do pavimento.

Figura 20 – Asfalto poroso

(http://www.sicepot-

mg.com.br/imagensdin/arquivos/3476.pdf, acessado

em janeiro de 2019)

Pavimento de concreto poroso

É construído de forma semelhante ao

pavimento de asfalto poroso, onde se

retira a fração de areia fina da

mistura dos agregados.

Figura 21 – Concreto poroso

PR3 – Sistemas Construtivos Pavimentos Permeáveis

- ABCP

Pavimento de blocos de concreto vazado preenchido com material granular

Os blocos de concreto vazado são

assentados sobre material granular,

como areia, e preenchidos com

vegetação rasteira, como grama.

Filtros geotêxteis, as serem

colocados sob a camada de areia, são

importantes para prevenir o

carreamento de areia fina para as

camadas granulares inferiores.

Figura 22 – Concregrama

Neto (2012)

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32

TIPOLOGIA DE REVESTIMENTOS 3.5

Segundo a ABNT NBR 16416/2015 - Pavimentos Permeáveis de Concreto –

Requisitos e Procedimentos, os pavimentos permeáveis podem ser executados com as

seguintes tipologias:

3.5.1 Revestimento de peças de concreto com juntas alargadas

Esse é um tipo de revestimento permeável intertravado cuja percolação de água ocorre

pelas juntas entre as peças de concreto.

Figura 23 – Revestimento Intertravado Permeável com juntas alargadas

ABNT NBR 16416/2015

3.5.2 Revestimento de peças de concreto com áreas vazadas

É um tipo de revestimento permeável intertravado onde a percolação ocorre pelas

áreas vazadas das peças de concreto.

Figura 24 – Revestimento Intertravado com áreas vazadas

ABNT NBR 16416/2015

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33

3.5.3 Revestimento de peças de concreto permeável

É um revestimento intertravado cuja percolação ocorre pelas peças de concreto

permeável.

Figura 25 – Revestimento Intertravado com peças de concreto permeável

ABNT NBR 16416/2015

3.5.4 Revestimento de placas de concreto permeável

É um revestimento de pavimento com placas de concreto permeável, cuja percolação

ocorre pelo concreto da placa, esse tipo de revestimento se diferencia do item 3.4.3, pois nesse

caso as placas não são intertravadas.

Figura 26 – Revestimento com placas de concreto permeável

ABNT NBR 16416/2015

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34

3.5.5 Revestimento de pavimento de concreto permeável

É um tipo de revestimento feito com concreto permeável, onde a percolação ocorre

pelo concreto permeável, o que o diferencia dos demais é que esse tipo o concreto é moldado

no local.

Figura 27 – Revestimento de concreto permeável moldado no local

ABNT NBR 16416/2015

SISTEMA DE INFILTRAÇÃO 3.6

Segundo Pinto (2011), os pavimentos permeáveis podem ser classificados em dois

tipos, os infiltrantes e os armazenadores. Os Infiltrantes são aqueles quando se pretende que a

água da chuva penetre na camada de pavimento e infiltre no subleito. Já os armazenadores são

usados quando se quer que o volume precipitado permaneça retido dentro de um reservatório

e seja despejada na microdrenagem por meio de condutos projetados para esse fim.

Sabendo-se desses dois tipos de pavimentos permeáveis, abrem-se algumas opções

que vão depender da função esperada da estrutura e da capacidade de infiltração do solo do

subleito. Schueler (1987) preconiza que os pavimentos permeáveis sejam projetados

considerando-se três categorias de sistemas de infiltração distintas. São eles o Sistema de

infiltração total, Sistema de infiltração parcial e Sistema de infiltração para controle da

qualidade da água.

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35

3.6.1 Sistema de infiltração total

Segundo a ABNT NBR 16416/2015, neste sistema de infiltração, toda a água

precipitada alcança o subleito e se infiltra. Neste caso o reservatório deve ter uma capacidade

suficiente para armazenar o volume de escoamento correspondente ao de uma chuva de

projeto, que será o mesmo infiltrado durante a precipitação. Desse modo, a estrutura promove

o controle total da descarga de pico, do volume e da qualidade de água para precipitação

inferior ou igual a chuva de projeto.

Figura 28 – Sistema de Infiltração total

Adaptado de Schueler (1987 apud Pinto, 2011)

3.6.2 Sistema de infiltração parcial

Segundo Schueler (1987 apud Pinto, 2011), este sistema é usado em casos onde o solo

não possui boa capacidade de infiltração. Nele, parte da água precipitada alcança o subleito e

se infiltra, porém parte da água fica temporariamente armazenada na estrutura permeável,

sendo depois removida pelo dreno. O sistema de drenagem é composto por tubos perfurados

enterrados e igualmente espaçados entre si, e é instalado na parte superior do reservatório.

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36

Figura 29 – Sistema de Infiltração parcial

Adaptado de Schueler (1987 apud Pinto, 2011)

3.6.3 Sistema de infiltração para controle da qualidade da água

Segundo a ABNT NBR 16416/2015, esse sistema também poderia se chamar Sistema

sem infiltração. Nele, parte da água precipitada fica temporariamente armazenada na estrutura

permeável e não infiltra no subleito, sendo depois removido pelo dreno. Esse sistema não é

dimensionado para armazenar toda água de chuva, o volume de água excedente deverá ser

direcionada ao sistema de drenagem convencional. Por não ser projetado para armazenar toda

a água da chuva resulta em menores custos de implantação.

Figura 30 – Sistema de infiltração para controle da qualidade da água

Adaptado de Schueler (1987 apud Pinto, 2011)

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37

Basicamente a escolha do tipo de pavimento permeável dependerá principalmente das

condições do local de instalação. Com o tempo, os veículos que trafegam sobre o pavimento

transportam materiais sólidos (terras ou folhas), que juntamente com as partículas carreadas

pelo vento acumulam-se nas aberturas superficiais do pavimento. Sendo que essas aberturas

são fundamentais para o funcionamento da estrutura, pois são elas que dão a porosidade ao

pavimento. Esse acúmulo de partículas causa obstrução dos poros e reduz a capacidade de

infiltração do pavimento permeável. (CASTRO, 2011).

A acumulação dos sólidos pode ter as mais diversas fontes, tais como: partículas

transportadas por veículos, deterioração dos pneus e presença de áreas verdes ou terrenos

descobertos próximos a área do pavimento. Mesmo em locais apropriados, a instalação e a

manutenção de pavimentos permeáveis devem ser feitas de forma adequada, para que seus

poros não sejam rapidamente obstruídos e percam suas propriedades hidráulicas (EPA,

1999ª).

Figura 31 – Ilustração de pavimento permeável com superfície colmatada.

Castro (2011)

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38

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a análise da capacidade de infiltração do pavimento permeável, foi utilizada uma

bancada suspensa onde foi montado o pavimento, um equipamento desenvolvido pela Escola

Politécnica da UFRJ, denominado de Caixa Pluviômetra (CP) e um simulador de chuvas, o

modelo InfiAsper Double.

Para o ensaio de determinação do Coeficiente de Permeabilidade, definido na norma

ABNT NBR 16416/2015, dos revestimentos de pavimentos permeáveis foram utilizados um

anel de infiltração, a massa de calafetar e recipiente com 20L. Em relação aos demais

Requisitos de Projeto, definidos em norma, será utilizado os resultados obtidos na pesquisa de

Vidal (2014).

PROTÓTIPO DE ENSAIO DO CESA 4.1

O protótipo de pavimento permeável, local dos ensaios realizados nesse trabalho, está

localizado no Centro Experimental de Saneamento Ambiental (CESA/UFRJ), conforme

figura 32. O CESA/UFRJ é um laboratório de ensino, pesquisa e extensão, do Departamento

de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Drhima) da Escola Politécnica da UFRJ.

Figura 32 – Vista panorâmica do Centro Experimental de Saneamento Ambiental da UFRJ

(www.saneamento.poli.ufrj.br, acessado em fevereiro de 2019)

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39

Neste tópico serão abordados os principais equipamentos usados para os ensaios

expostos nesse trabalho.

4.1.1 Simulador de chuva InfiAsper Double

O simulador de chuva InfiAsper Double, figura 33, é um equipamento composto por

dois interceptadores de água e uma estrutura em metal com 4 apoios, que estão sobre barras

circulares de 11/2”, além de necessitar de uma bomba, um reservatório com 200 litros, que

deverá ter o nível de água constante, e duas mangueiras para levar a água aos interceptadores.

E a bomba que serve para alimentar o simulador com a água do reservatório.

O equipamento pesa 170 kg, e a faixa de operação do equipamento é de 30 a 150

mm/h, essa intensidade é determinada pela abertura do obturador que fica nos interceptadores

de água. O equipamento garante a chuva prevista em uma área de 1,80 m², com dimensões de

0,90 x 2,00 m disposto na região central abaixo do simulador.

Figura 33 – Simulador de Chuva InfiAsper Double com tonel e bomba

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40

O método utilizado para medir a intensidade da chuva é realizado com auxílio de duas

bandejas, que juntas formam uma área de 1,8m², posicionados no centro logo abaixo do

simulador de chuva. É instalada uma lona no simulador para evitar interferências naturais

como o arraste da chuva do simulador pelo vento. Com o simulador e as placas posicionados

é simulada uma chuva durante 6 minutos. Logo após, é coletada a água das bandejas e

somado o volume total de água coletado, que através da Equação (1) torna possível o cálculo

da intensidade de chuva. Para conferência, esse procedimento é realizado duas vezes de forma

a obter uma média dessa intensidade.

𝐼𝑛𝑡𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐ℎ𝑢𝑣𝑎 (𝑚𝑚/ℎ) =

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜 (𝑙)

Á𝑟𝑒𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 (𝑚2)

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 (ℎ)

Eq. 1

4.1.2 Caixa Pluviômetra

A caixa Pluviômetra, projetada pelo professor Theophilo Benedicto Ottoni Filho, cuja

patente foi depositada pela UFRJ junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial sob o

número BR2020120286942, é um equipamento que tem a finalidade de mensurar os

principais processos hidrológicos associados a chuva, tais como chuva total, infiltração e

escoamento superficial, além da erosão.

A caixa Pluviômetra tem dimensões de 1,00 x 0,90. 0,70 m, o protótipo foi produzido

em ferro galvanizado. O equipamento é composto de um corpo e uma tampa. No corpo está

acoplado um pluviômetro padrão onde sua área de captação é de 500 cm² e fica localizado a

1,50 m acima do nível da tampa. O corpo ainda possui dois reservatórios de armazenamento

de água proveniente do escoamento superficial, sendo um maior com cerca de 230 litros e

área de 0,54 m² (para obtenção dos dados de escoamento superficial somente foi usado este

reservatório), e o outro menor com capacidade de 90 litros e área de 0,21 m². Há ainda um

terceiro compartimento para promover a drenagem dessa água. Integrado aos reservatórios de

armazenamento de água estão localizados três tubos piezométricos, destinados à medição dos

níveis do reservatório do pluviômetro e dos dois reservatórios de armazenamento da água do

escoamento superficial, conforme mostrado na Figura 34.

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Figura 34 – Vista Superior Caixa Pluviômetra

(Neto, 2016)

O uso da Caixa Pluviômetra tem o objetivo de medir a água que é descartada como

escoamento superficial quando na operação de um dos protótipos da bancada. O seu uso

associado ao simulador de chuvas, que gera uma intensidade de chuva conhecida, faz com que

seja possível quantificar o quanto de água é retido pelo sistema do protótipo da bancada, ou

seja, a infiltração do pavimento que será testado no protótipo. A taxa de infiltração é a

diferença da taxa de chuva e taxa de escoamento superficial.

Pelo fato de a caixa pluviômetra não ser dotada de sensor de leitura nos piezômetros,

foi desenvolvido um aparato, como demonstrado em Liberato (2015), que é instalado no tubo

piezométrico do reservatório onde a água será armazenada. Esse equipamento é uma estrutura

em ferro galvanizado com 0,81 m de comprimento e 0,02 m de largura, conforme figura 35.

A figura 36 demonstra como é utilizado o aparato dentro do tubo piezométrico através

de uma ilustração, onde é possível ver que ele funciona através da diferença de leituras. Por

praticidade na obtenção dos dados foi definido uma cota mínima para facilitar as primeiras

leituras que geram leituras diferenças mínimas.

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(a)

(b)

Figura 35 – (a) Aparato medidor de nível; (b) Equipamento instalado no piezômetro com auxílio

dos dois parafusos.

Figura 36 – Esquematização do funcionamento do medidor de nível

(Liberato, 2015)

4.1.3 Pavimento (Placas e Camadas)

As placas utilizadas nesse trabalho foram produzidas no trabalho de Vidal (2014).

Para produção do concreto permeável, foram consideradas cinco misturas; (I) 100% de

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43

agregado graúdo natural – AGN, (II) 100% agregado graúdo de resíduo de demolição – AGD,

(III) 100% agregado graúdo de resíduo de construção – AGC, (IV) 50% de AGN e 50%

AGD, e (V) REF – agregado miúdo e graúdo natural.

A tabela 1 abaixo esquematiza o consumo de insumos para produção de cada uma das

placas.

Tabela 1 – Consumo de cimento, água e agregados utilizados

(Vidal, 2014)

Vidal (2014) caracterizou os agregados utilizados na produção das placas, segundo as

Normas Brasileiras, e também obteve a composição granulométrica nos laboratórios da

Indústria de Cimento Holcim, situado no Rio de Janeiro. A Tabela 2 mostra a caracterização

quanto as Normas.

Tabela 2 – Caracterização dos agregados graúdos reciclados

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(Vidal, 2014)

A Tabela 3 apresenta a composição granulométrica, a seguir.

Tabela 3 – Composição granulométrica dos agregados graúdos reciclados

(Vidal, 2014)

De posse desses resultados foi executada a moldagem das placas de concreto

permeável reciclado, bem como os corpos de prova para testes posteriores, de acordo com a

mesma dosagem estabelecida na Tabela 1.

Elas foram moldadas no Laboratório de Estrutura da COPPE/UFRJ, em oito formas

quadradas de PVC, com 0,45 m por 0,45 m e 0,05 m de espessura, conforme a figura 38.

Figura 37 – a) Molde de PVC; b) Concreto permeável nas formas em processo de cura

(Vidal, 2014)

Neste trabalho, será utilizada para o ensaio de infiltração a placa AGD – 100%

agregado graúdo de demolição, conforme figura 38.

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45

Figura 38 – Placa AGD – 100% agregado graúdo de demolição

Acervo do autor (2018)

As placas utilizadas nos ensaios de permeabilidade e de infiltração do pavimento

foram instaladas acima de um pavimento padronizado, dentro da bancada experimental que

será descrita no item 4.1.4, com camadas bem definidas e de acordo com Liberato (2015).

No fundo das bancadas foram instalados dois tubos perfurados de 60 mm de diâmetro

com a finalidade de drenar a água percolada, esse dreno é controlado por um registro simples,

com a água sendo despejada diretamente na superfície do terreno.

O módulo utilizado neste experimento foi o módulo número 3, conforme a figura 33, e

de acordo com Liberato (2015), as camadas foram definidas criteriosamente, sendo o

subbleito de drenagem composto por areia grossa com granulometria entre 0,6 e 2,0 mm

(material retido nas peneiras #10 e #30, respectivamente), com propósito de padronizar a

pesquisa.

Esse subleito é composto por duas camadas de areia com 0,09 m de espessura, sendo

que ambas foram igualmente compactadas com uma enxada. Acima dessas duas camadas, que

somam 0,18 m de altura, foi instalado um sistema de retirada de ar, com propósito de

minimizar bolsões de ar que poderiam interferir na determinação da curva de infiltração. Os

tubos foram envolvidos numa manta geotêxtil para evitar que partículas de areia fossem

careadas, e causassem entupimentos no sistema. A figura 34 mostra o sistema de retirada de ar

do subleito.

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46

Figura 39 – Sistema de retirada de ar do subleito de drenagem

(Liberato, 2016)

Acima do sistema de retirada de ar foi feito uma terceira camada de areia com

espessura variável. A areia é a mesma usada nas duas primeiras camadas e a espessura dessa

camada vai depender da espessura do pavimento. Como as placas permeáveis têm 0,05 m de

espessura, foi definida que essa camada deve ter 0,15 cm. Logo acima dessa camada, e

colocada uma manta geotêxtil, com a finalidade de preservar o subleito e o sistema de retirada

de ar que poderiam ser prejudicados pelo carreamento de partículas finas. Acima da manta

geotêxtil foi colocada mais uma camada de areia com espessura de 0,05 m.

A figura 35 ilustra com um corte esquemático as camadas que compõem o subleito do

pavimento permeável padronizado para os ensaios.

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47

(a)

(b)

Figura 40 – Corte esquemático da bancada dos pavimentos permeáveis com indicação de cada

camada. (a) Corte transversal; (b) Corte Longitudinal

4.1.4 Bancada Experimental e Montagem do Pavimento Experimental

Segundo Neto (2016), a bancada experimental, figura 41, foi construída no CESA, no

período de março a julho de 2013.

Figura 41 – Bancada experimental e equipamentos

(Neto, 2016)

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48

Ela apresenta 5 módulos, separados e delimitados por parede de alvenaria, com toda a

sua área interna impermeabilizada. Esses 5 espaços permitem a implantação de diversos

protótipos de telhado verde e pavimentos permeáveis.

A partir do projeto da estrutura da bancada, e levando em consideração as dimensões

do simulador de chuva, foi definido que um dos protótipos medirá 2,00 x 0,90m, que será

utilizado para a cobertura verde e quatro protótipos teriam dimensões de 1,90 x 0,90 m, onde

serão instalados os pavimentos permeáveis e pisos de referência.

Na bancada foi implantado um trilho para o deslocamento do simulador. Além disso,

também foi acoplado à bancada uma calha para direcionar a água para a caixa pluviômetra. A

calha têm declividade de 0,3%, com caimento para a caixa pluviômetra.

Nas cinco bancadas foram instalados quatro tubos, com a borda inferior nivelada

aproximadamente, a 1,0 mm do topo do pavimento, com 100 mm de diâmetro. Estes tubos

têm a finalidade de direcionar o escoamento superficial para a calha coletora que leva em

direção à caixa pluviômetra.

4.1.5 Requisitos de Projeto

A ABNT NBR 16416/2015 estabelece algum requisitos gerais para os itens que

compõe a estrutura de pavimentos permeáveis. O projeto de um pavimento permeável deve

considerar o tipo de uso e o local de implantação, sendo que a definição dos materiais e

espessuras das camadas a serem executadas deve atender ao dimensionamento mecânico e

hidráulico, concomitantemente.

No projeto devem constar informações sobre as condições de implantação, utilização

do pavimento e interferências em geral, além das condições de carregamento quanto ao tipo

de solicitação, se móvel ou estática, frequência, magnitude e configuração à qual o pavimento

deve estar sujeito.

Também deve atender a alguma especificações como capacidade de suporte do solo,

conforme ABNT NBR 9895, coeficiente de permeabilidade do subleito que dependendo do

tipo de solo deve atender aos requisitos da ABNT NBR 13292 ou ABNT NBR 14545. As

áreas de contribuição não podem exceder em até cinco vezes as áreas permeáveis do

pavimento. A declividade mínima deve ser de 5% para as áreas permeáveis e a declividade

máxima de 20% para as áreas de contribuição. Além das especificações como resistência

mecânica mínima do revestimento e avaliação de risco de contaminação do lençol d’água,

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49

devendo manter a distância de 30 metros de fontes de captação de águas subterrâneas e outras

especificações que serão expostas nos itens a seguir.

4.1.6 Requisitos da Camada de Sub-Base e/ou Base

A camada de base é constituída de materiais de granulometria aberta, e tem a

finalidade de resistir e distribuir os esforços aos qual o pavimento estará submetido e ainda

permitir a percolação e/ou acúmulo temporário de água. Já a camada de sub-base é utilizada

como reforço do subleito ou camada complementar à base.

Nestas camadas deve se utilizar materiais pétreos de granulometria aberta, devendo

cumprir as especificações da tabela 4.

Tabela 4 - Especificação para o material de sub-base e/ou base

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

A norma recomenda a distribuição granulométrica da Tabela 5 para o material de sub-

base e/ou base.

Tabela 5 – Distribuição Granulométrica recomendada para o material de sub-base e/ou base

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50

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

4.1.7 Requisito da Camada de Assentamento

Esta camada se aplica aos projetos de pavimento intertravado permeável ou pavimento

com placas de concreto permeável. A norma determina que ela deve ter entre 20mm e 60mm

na condição não compactada. E os materiais usados nessa camada, assim como os da camada

de base e/ou sub-base, devem ser materiais pétreos de granulometria aberta, devendo cumprir

as especificações da Tabela 6.

Tabela 6 – Especificação para o material de assentamento.

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

E recomenda-se que a distribuição granulométrica siga as especificações da Tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição granulométrica recomendada para o material de assentamento

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

4.1.8 Requisito do Material de Rejuntamento

Esta recomendação se aplica aos projetos de pavimento intertravado permeável, cuja

percolação ocorre pelas juntas alargadas ou pelas áreas vazadas entre as peças. Os materiais

devem ser de granulometria aberta e seguir as recomendações da Tabela 8.

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Tabela 8 – Especificação do material de rejuntamento

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

É recomendado a seguinte distribuição granulométrica, de acordo com a Tabela 9.

Tabela 9 – Distribuição granulométrica recomendada para o material de rejuntamento

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

De acordo com a norma ABNT NBR 16416/2015, o material de rejuntamento deve

preencher as juntas ou áreas vazadas até 5 mm abaixo do topo das peças após a compactação.

E no caso de se adicionar polímeros para estabilização do material de rejuntamento para evitar

carreamento do material, não pode haver o comprometimento do coeficiente de

permeabilidade.

4.1.9 Requisito de Revestimento: Coeficiente de Permeabilidade

O coeficiente de permeabilidade é um dos principais requisitos para o pavimento

permeável. Por definição ele é o parâmetro que representa a taxa de percolação com que uma

determinada quantidade de água atravessa um elemento ou estrutura permeável, com

escoamento à pressão atmosférica na saída.

A norma ABNT NBR 16416/2015 determina que, independente do tipo de

revestimento adotado, o pavimento permeável deve ter coeficiente de permeabilidade maior

que 10−3 m/s.

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52

O coeficiente de permeabilidade pode ser avaliado em laboratório, podendo ser

ensaiada apenas a camada de revestimento ou o revestimento junto com toda a estrutura do

pavimento. A Tabela 10 fornece um resumo das considerações sobre a determinação do

coeficiente de permeabilidade em campo e em laboratório.

Tabela 10 – Determinação do coeficiente de permeabilidade

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

A avaliação prévia do coeficiente de permeabilidade, executado em laboratório, é feita

para a aprovação preliminar dos materiais de revestimento. Já a avaliação final desse requisito

deve ser feito em campo, após a execução do pavimento pelo método descrito no Anexo A da

ABNT NBR 16416/2015.

Algumas observações devem ser feitas quanto à repetição do ensaio no mesmo local,

pois em dia de testes só poderão ser feitos dois ensaios no mesmo ponto, e se o intervalo entre

os dois ensaios for menor que cinco minutos, não será necessário fazer a pré-molhagem.

A norma também determina a amostragem mínima de ensaios, que devem ser

realizados em três pontos diferentes se a área for de até 2500 m² e um ponto adicional para

1000 m² adicionais. E o ensaio deve ser realizado com intervalo superior a 24h após a última

precipitação.

4.1.10 Requisito de Revestimento: Resistência Mecânica e Espessura Mínima

A norma determina que os lotes de peças ou placas de concreto, quando entregues com

idade inferior a 28 dias, devem apresentar no mínimo 80% da resistência especificada no

momento da instalação, sendo que, aos 28 dias ou mais de idade de cura, a resistência deve

ser igual ou superior ao especificado em projeto que deve atender aos requisitos da Tabela 11.

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53

Tabela 11 – Resistência mecânica e espessura mínima do revestimento permeável

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

4.1.11 Requisito de Revestimento: Inspeção Visual e Avaliação Dimensional Das Peças ou

Placas de Concreto

As peças e placas de concreto devem ser fabricadas de modo que permitam que os

produtos finais tenham: i) aspecto homogêneo, arestas regulares, livre de rebarbas, defeitos ou

descamação do concreto; ii) arestas regulares nas duas faces e nas paredes laterais; iii)

espessura com medida nominal igual ou superior ao especificado na Tabela 11, podendo ser

especificadas em projeto medidas superiores com múltiplos de 20mm; iv) tolerância

dimensional para comprimento, largura e espessura de mais ou menos 3 mm em relação às

respectivas medidas nominais (ABNT NBR 16416/2015).

4.1.12 Amostragem Para os Ensaios de Aceitação

A amostragem para os ensaios de aceitação deve considerar o lote de execução do

pavimento. O lote deve corresponder a no mínimo 2500 m² de área pavimentada e para cada

lote devem ser realizados os ensaios indicados na Tabela 12.

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Tabela 12 – Amostragem mínima para ensaio em campo

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

ENSAIOS 4.2

4.2.1 Metodologia do Ensaio de Infiltração

Os ensaios de infiltração no CESA/UFRJ se iniciaram no fim de julho, mais

precisamente em 26/07/2018 e se estenderam até o final de agosto.

O inicio do procedimento experimental se deu com a troca do pavimento permeável,

pois já havia um pavimento instalado no protótipo. Para esta etapa foi utilizada uma marreta e

uma talhadeira para retirar as placas. Após retirar todas, iniciou-se a montagem do pavimento

permeável com a instalação das novas placas permeáveis de concreto reciclado, como pode

ser visto nas figuras 42 (a) e (b).

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(a) (b)

Figura 42 – (a) Bancada pronta para receber novo pavimento; (b) placas sendo instaladas na

bancada.

Instaladas as placas foi iniciado o processo de rejuntamento, feito com uma mistura a

base do concreto da própria placa que foi quebrada em partes menores e adicionado cimento,

como mostra a figura 43, criando uma pasta que foi aplicada nas juntas. Na figura 44 é

possível observar o resultado final da instalação das placas.

(a) (b)

Figura 43 – (a) mistura para rejuntamento; (b) aplicação da mistura nas juntas

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56

Figura 44 – Placas de concreto reciclado permeável instaladas

Após a conclusão da instalação do pavimento permeável foi possível iniciar os

ensaios, sendo que para poder iniciar as atividades foi definido um procedimento padrão para

a realização do ensaio.

Seguindo critério estabelecido no trabalho de Liberato (2015), foi estabelecida a

umidade inicial do subleito. Esse procedimento, ilustrado na figura 45 (a), (b) e (c), consiste

em fechar o registro do sistema de drenagem percolada e, com uma mangueira, aplicar água

sobre o pavimento de modo a saturar o subleito, ou seja, até que se formasse uma camada de

água acima do pavimento. Terminada essa etapa, o pavimento é coberto com uma lona para

evitar perdas por evaporação.

E logo após o pavimento ser coberto, abre-se o registro do sistema de drenagem

percolada, para que a água escoasse para o meio externo, deixando na bancada apenas a água

retida nos macroporos do sistema poroso. Esse procedimento garante que em todos os ensaios

o pavimento sempre terá a mesma umidade inicial. Foi definido o período de 24 horas, ou

quando o tubo de drenagem de água percolada drenasse por completo a bancada, após a

aplicação da água de saturação da bancada para início dos ensaios no pavimento.

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57

(a) (b) (c)

Figura 45 – Saturação do subleito. (a) aplicação de água sobre o pavimento; (b) colocação da

lona; (c) abertura do registro do sistema de drenagem percolada.

No dia dos ensaios alguns pontos devem ser observados antes do início efetivo da

atividade, como separar os baldes graduados e a proveta para medição, proceder a limpeza da

calha e da caixa pluviômetra, instalar o aparato que auxilia na leitura do tubo piezométrico,

cobrir o simulador com lona para diminuir perdas com o vento, verificar se o tonel está cheio,

e conectar a ele uma mangueira ligada à rede de água, para que não haja problema de

abastecimento do simulador, que pode provocar variações na chuva simulada.

Realizada todas as atividades preliminares, é executado o primeiro passo do ensaio

que consiste em realizar a medição de uma chuva de 6 minutos, conforme orientação do

manual do simulador de chuva, com auxilio das bandejas, baldes e proveta, para obter a

intensidade de chuva produzida de acordo com a fórmula (1), procedimento este que também

será repetido no fim do ensaio.

A intensidade de chuva que será considerada constante é a calculada conforme a

Equação (2).

𝐼 (𝑚𝑚

ℎ) =

𝐼𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑐ℎ𝑢𝑣𝑎 (𝑚𝑚/ℎ) + 𝐼𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑐ℎ𝑢𝑣𝑎(𝑚𝑚/ℎ)

2 Eq. 2

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(a)

(b)

Figura 46 – (a) estrutura pronta para o início dos ensaio de medição da chuva, com bandejas

posicionadas; (b) após a chuva de 6 minutos é coletado a água das duas bandejas para cálculo da

intensidade da chuva.

Após a primeira medição da chuva, a caixa pluviômetra é preenchida com um volume

mínimo para facilitar as medições seguintes do ensaio.

A seguir é executado efetivamente o ensaio que consiste em ligar o simulador de

chuva, já corretamente posicionado sobre a bancada do experimento, e observar os instantes

em que surge a primeira lâmina d’água no pavimento, o momento em que a água sai dos tubos

de 100 mm da bancada e quando esse escoamento entra na caixa pluviômetra, sendo todos

esses dados anotados na folha de ensaio.

A partir do momento em que o escoamento superficial chega à caixa pluviômetra são

feitas leituras sucessivas do piezômetro que podem variar de 1 a 5 minutos, porém o ensaio

deve terminar antes do transbordamento da caixa pluviômetra.

No experimento, objeto desse trabalho, foi definido que seriam feitas oito medidas

sequenciais primeiro a cada 1 minuto, depois a cada 2 minutos e, por último, a cada 5

minutos. As folhas de ensaio onde constam os dados de todas as leituras de cada ensaio

encontram-se no Apêndice A.

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59

4.2.2 Ajuste da Curva de Infiltração

O ajuste da curva de infiltração foi determinado a partir de um modelo empírico,

Kostiakov (Kostiakov, 1932). Ele foi escolhido, pois, a análise da dissertação de Liberato

(2015) mostrou que esse modelo foi mais adequado para ensaios na Caixa Pluviômetra. A

equação para ajuste da curva de infiltração está descrito na Equação (3).

𝐼 = 𝑘 × 𝑇𝑎 Eq. 3

em que I é a infiltração acumulada em mm (milímetros) no tempo T [T]; k é um parâmetro da

equação relacionado com a unidade dos dados experimentais coletados e a é um número

adimensional que varia entre 0 e 1.

A partir da equação de infiltração de Kostiakov, pode-se determinar a velocidade

instantânea de infiltração da água no solo por meio da derivada da Equação (3), reproduzida a

seguir como Equação (4):

𝑑𝐼

𝑑𝑇= 𝑖 = 𝑘 × 𝑎 × 𝑇𝑎−1 Eq. 4

Porém, para a aplicação do modelo de Kostiakov foi necessária adaptar a fórmula para

que o ajuste fosse realizado a partir das taxas de infiltração (em mm/h) ao invés das lâminas

medidas. A adaptação também foi feita de acordo com a pesquisa de Liberato (2015). Desta

forma, a Equação passou a ser do tipo:

𝑖 = 𝐶1 × 𝑇𝐶2 Eq. 5

em que i é dado em mm/h e T em minutos e

𝐶1= 60 × 𝑘 × 𝑎

𝐶2 = 𝑎 − 1

Eq. 6

Eq. 7

Para serem obtidos os coeficientes 𝐶1 e 𝐶2, a Equação (5) será linearizada, ou seja,

para uma equação do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, de acordo com a Equação 8.

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60

log(𝑖) = log(𝐶1) + 𝐶2 × log (𝑇) Eq. 8

Através do software Microsoft Excel, e utilizando os dados de i e T obtido nos ensaios

de infiltração, será aplicada uma regressão linear num gráfico log x log para podermos obter

os coeficientes 𝐶1 e 𝐶2.

4.2.3 Metodologia do Ensaio de Permeabilidade

A metodologia para o ensaio de Permeabilidade é dada pelo Anexo A da ABNT NBR

16416/2015. O Anexo A determina os materiais e procedimentos que devem ser feitos para

Determinação do coeficiente de permeabilidade de pavimento permeável. Os equipamentos

utilizados são um anel de infiltração com diâmetro de (300 ± 10) mm e altura mínima de 50

mm. Uma balança, um recipiente com volume mínimo de 20L, um cronômetro, massa de

calafetar e água limpa.

O procedimento deve ser realizado em uma área de, no mínimo, 0,5 m. O ensaio da

placa de concreto permeável reciclado foi executado com auxilio de uma estrutura auxiliar,

que foi esquematizada como a ilustração a seguir.

Figura 47 – Esquema representativo para ensaio das placas

(Nigri, 2017)

O primeiro passo do ensaio é limpar a superfície das placas. Após isso o anel de

infiltração foi posicionado e, com a massa de calafetar, foi executada a vedação da borda do

anel na superfície da placa, conforme figura 48.

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Figura 48 – Procedimento para vedar o anel de infiltração com massa de calafetar

(Acervo do autor, 2018)

Ao término do procedimento para vedar o anel de infiltração na placa, foi executada a

pré-molhagem da placa, que deve seguir o disposto na tabela 13.

Tabela 13– Determinação da massa de água para ensaio

Adaptado de ABNT NBR 16416/2015

A pré-molhagem foi executada com auxílio de uma mangueira conforme a figura 49.

Anterior a pré-molhagem da placa, já haviam sido medido os 18 litros de água, para serem

despejados na placa.

Figura 49 – Pré-molhagem da placa de concreto permeável reciclado

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Para o próximo, e último, passo foram destacadas duas pessoas com cronômetros para

marcar o tempo em que a água bate na superfície até o momento onde não há mais água sobre

a superfície da placa, foram colocados dois cronômetros para melhor calibração da medida,

onde o tempo considerado para cálculos foi a média das duas marcações. O ensaio foi

executado conforme a figura 50.

Figura 50 – Execução do ensaio para determinação do Coeficiente de Permeabilidade

Ao final dos ensaios e de posse dos dados, a norma determina fórmula (9) para o

cálculo do coeficiente de permeabilidade (k).

𝑘 =𝐶 × 𝑚

𝑑² × 𝑡 Eq. 9

Onde:

k é o coeficiente de permeabilidade, expresso em milímetros por hora (mm/h);

m é a massa de água infiltrada, expresso em quilogramas (kg);

d é o diâmetro interno do cilindro de infiltração, expresso em milímetros (mm);

t é o tempo necessário para toda a água percolar, expresso em segundos (s);

C fator de conversão de unidades do sistema SI, com valor igual a 4 583 666 000.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho foi realizado no período de junho de 2018 a agosto de 2018. Inicialmente

foram feitos os ensaios de permeabilidade na placa. E os ensaios de infiltração nos

pavimentos permeáveis foram iniciados algumas semanas depois de efetuado a troca das

placas dos pavimentos e devido a problemas operacionais.

O pavimento permeável é um sistema de drenagem do tipo drenagem na fonte. É uma

medida de controle classificada como medida estrutural extensiva, pois modifica a relação

entre precipitação e vazão, reduzindo e retardando os picos de enchente.

No Quadro 14, a seguir, o pavimento permeável será classificado quanto aos itens

constantes nos Quadros 5, 6 e 8.

Quadro 14 – Classificação quanto às características de drenagem urbana

Técnica compensatória Pavimento Permeável

Parâmetros considerados para

a escolha do tipo de técnica

compensatória

Os aspectos que devem ser considerados são a

capacidade de infiltração do solo, nível das

águas subterrâneas, o risco de poluição e

critérios relativos ao custo de implantação e

manutenção.

Técnica de drenagem quanto à

implantação

Trata-se de uma técnica linear, pois estão

associadas a áreas maiores a serem drenadas,

podendo ser aplicado em ruas e

estacionamentos.

Em relação aos aspectos dos pavimentos permeáveis, podemos classificar o pavimento

utilizado neste trabalho conforme o Quadro 15.

Quadro 15 – Classificação do pavimento permeável

Classificação quanto ao

funcionamento hidráulico

Entrada imediata no corpo do

pavimento.

Classificação quanto à atuação no

controle do escoamento superficial

Pavimento que atua tanto na detenção

temporária como na infiltração.

Classificação quanto à composição É um pavimento de concreto poroso.

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64

De acordo com a classificação da tipologia dos revestimentos feita pela ABNT NBR

16416/2015, o revestimento permeável utilizado nos ensaios, o AGD – 100% resíduo de

demolição (Vidal, 2014), pode ser classificado como revestimento de placas de concreto

permeável, onde a percolação ocorre pelo concreto da placa e as placas não são intertravadas.

Em relação aos sistemas de infiltração, o protótipo de pavimento montado na bancada

pode ser classificado como um sistema de infiltração total, devido às várias camadas

permeáveis no pavimento.

No quadro 16, a seguir, será feito um resumo dos resultados da placa em relação aos

requisitos determinados na Norma ABNT NBR 16416:2015.

Quadro 16 – Resultado Requisitos norma ABNT NBR 16416:2015

Requisitos Norma ABNT NBR 16416/2015 Avaliação

Requisito de camada de sub-base e/ou base Ensaio não foi feito

Requisito de camada de assentamento Ensaio não foi feito

Requisito do material de rejuntamento Ensaio não foi feito

Coeficiente de Permeabilidade Atende a norma

Resistência Mecânica Atende a norma

Espessura Mínima Não atende a norma

Inspeção visual e avaliação dimensional das placas Atende a norma

Amostragem para ensaios de aceitação Não foi feito

ANÁLISE DOS REQUISITOS DE PROJETO 5.1

Em relação aos itens de base, sub-base e camada de assentamento as informações

encontradas no trabalho de Liberato (2015), não trazem informações suficientes sobre os

materiais que foram usados nessas camadas do pavimento. Apenas foi definido que a areia

utilizada para essas camadas seria areia grossa compreendida entre as peneiras de

granulometria #10 (2,0 mm) e #30 (0,6 mm), sem especificar as porcentagens de distribuição

granulométrica. Cabe ressaltar que o trabalho de Vidal (2014) é anterior à vigência da norma

ABNT NBR 16416/2015.

Na camada de assentamento é possível afirmar que ela tem espessura necessária que é

definida em norma, tendo 5,0 cm, conforme o item 4.1.3, sendo que a faixa permitida está

entre 2,0 cm e 6,0 cm conforme exposto no item 4.1.7.

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No que tange aos aspectos de resistência mecânica, no estudo de Vidal (2014), que é

anterior à vigência da norma ABNT NBR 16416/2015, foram feitos estudos sobre resistência

à compressão axial, resistência à tração por compressão diametral e resistência à tração na

flexão. A Tabela 11, que traz os requisitos de resistência mecânica, informa que para placas

de concreto permeável, deve ser utilizado o ensaio de resistência a flexão, e define como valor

mínimo de resistência 2 MPa. Como os resultado obtidos através de ensaios, feitos por Vidal

(2014), na placa AGD (100% resíduo de demolição) mostram que a resistência à tração na

flexão foi de 2,44 MPa, logo a placa atende aos requisitos de resistência mecânica da norma.

No que tange à espessura mínima, exposto na tabela 11, podemos classificar a placa

AGD – 100% de resíduo de demolição de acordo com a tabela a seguir:

Tabela 13 – Avaliação espessura mínima

Espessura mínima determinada

pela Norma (mm)

Espessura da

placa do ensaio

(mm)

Avaliação

60,0 mm – Tráfego de pedestres

80,0 mm – Tráfego leve

50 mm

A placa não atende ao

requisito da Norma ABNT

NBR 16416/2015.

Em relação aos requisitos de inspeção visual é possível avaliar que as placas são livres

de defeitos ou descamação do concreto, o aspecto das placas é homogêneo, as arestas são

regulares, livres de rebarbas e as placas tem dimensões bem definidas. As placas apresenta

superfície irregular.

ENSAIO DE INFILTRAÇÃO DO PAVIMENTO 5.2

Foram realizados ensaios de infiltração em um pavimento permeável construído com

resíduos de demolição, o pavimento AGD – 100% de resíduo de demolição, sob aplicação de

chuva simulada, aproximadamente constante, sendo feito 2 repetições do ensaio para o

mesmo pavimento.

A intensidade de chuva nos ensaios foi definida em 100 mm/h. Esse valor não é

realmente constante devido às pequenas variações no tempo da chuva simulada. Para obter

esse dado, foram executadas medições para definir a intensidade de chuva antes e depois de

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cada ensaio (conforme descrito no item 4.1.1), calculado de acordo com as Eq. 1, sendo

adotado como constante o valor médio dos ensaios conforme a Eq. 2. A Tabela 14 apresenta

os resultados obtidos nos testes de intensidade com o simulador de chuvas para o pavimento

permeável AGD.

Tabela 14 – Intensidade de chuva considerada em cada ensaio experimental.

Ensaio Data de

realização

i prevista (mm/h)

i antes (mm/h)

i depois (mm/h)

Intensidade adotada (mm/h)

1 26/07/2018 100 101.7 95.6 98.6

2 02/08/2018 100 99.7 100.3 100.0

Cabe ressaltar que os ensaios de calibração da intensidade de chuva do simulador

foram realizados em um período curto de tempo, 6 minutos, em relação ao tempo total do

ensaio nos pavimentos (cerca de 1h e 10 minutos). As oscilações na intensidade de chuva

podiam ser sentidas tanto visualmente e, em alguns momentos, pelo som da chuva quando

entrava em contato com o pavimento.

Foi definido como primeiro ponto do ensaio, o momento em que surge uma lâmina

sobre todo o pavimento, tendo esse momento variado em torno 45 minutos, e somente em um

dos ensaios em pouco mais de 1 hora devido a problemas operacionais com o reservatório do

simulador de chuva.

Conforme indicado no item 4.1.4, as bancadas são dotadas de quatro tubos de 100 mm

por onde escoam a água até a calha que leva a Caixa Pluviômetra. Por construção, os

pavimentos ficam posicionados a cerca de 3,0 mm abaixo desses tubos na bancada. Logo,

para a determinação do primeiro ponto da curva de infiltração acumulada foi estimada uma

retenção superficial de 3,0 mm na bancada. A partir dessa primeira leitura, a retenção

superficial nas leituras seguintes foi considerada constante.

A partir da primeira leitura considerada na Caixa Pluviômetra, foram adotado

intervalos definidos em 8 intervalos de 1 minuto, 8 intervalos de 2 minutos e 8 intervalos de 5

minutos para as medidas dos volumes de escoamento superficial. O momento de

encerramento do ensaio se deu após a leitura do último intervalo de 5 minutos.

A Tabela 15 e Tabela 16 apresentam o resumo dos dados coletados na primeira,

segunda e terceira repetição com o pavimento AGD, respectivamente.

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Tabela 15 – Dados do primeiro ensaio com o pavimento permeável AGD

DATA Tempo (min)

ΔT (min)

T acum. (min)

ΔR5 (mm)

ΔI (mm)

I acum (mm)

i (mm/h)

26/07/2018 831 - 0.0 0.00 98.64

26/07/2018 94 11.0 11.0 0.00 15.082 15.08 82.24

26/07/2018 95 1.0 12.0 0.32 1.323 16.40 79.38

26/07/2018 96 1.0 13.0 0.64 1.00 17.40 60.16

26/07/2018 97 1.0 14.0 0.32 1.32 18.73 79.38

26/07/2018 98 1.0 15.0 0.64 1.00 19.73 60.16

26/07/2018 99 1.0 16.0 0.64 1.00 20.73 60.16

26/07/2018 100 1.0 17.0 0.64 1.00 21.73 60.16

26/07/2018 101 1.0 18.0 0.64 1.00 22.74 60.16

26/07/2018 103 2.0 20.0 0.96 2.33 25.06 69.77

26/07/2018 105 2.0 22.0 1.28 2.01 27.07 60.16

26/07/2018 107 2.0 24.0 1.60 1.69 28.75 50.55

26/07/2018 109 2.0 26.0 1.92 1.36 30.12 40.94

26/07/2018 111 2.0 28.0 1.60 1.69 31.80 50.55

26/07/2018 113 2.0 30.0 1.92 1.36 33.17 40.94

26/07/2018 115 2.0 32.0 1.60 1.69 34.85 50.55

26/07/2018 117 2.0 34.0 1.92 1.36 36.22 40.94

26/07/2018 122 5.0 39.0 1.60 6.62 42.83 79.38

26/07/2018 127 5.0 44.0 5.77 2.45 45.28 29.41

26/07/2018 132 5.0 49.0 4.80 3.41 48.69 40.94

26/07/2018 137 5.0 54.0 4.80 3.41 52.11 40.94

26/07/2018 142 5.0 59.0 5.13 3.09 55.20 37.10

26/07/2018 147 5.0 64.0 4.48 3.73 58.93 44.78

26/07/2018 152 5.0 69.0 5.13 3.09 62.02 37.10

26/07/2018 157 5.0 74.0 5.45 2.77 64.79 33.25

¹ Momento em que surge uma lâmina d’água sobre o pavimento, onde é

considerado o início do escoamento superficial. Neste ensaio específico

houve um problema no início da chuva o que elevou o tempo de surgimento da

lâmina d’água.

² Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo

(ΔT), menos a retenção superficial formada sobre o pavimento (3,0 mm) e a

primeira leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra.

³ Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo

(ΔT) menos a leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra. Esta

fórmula foi usada para as demais linhas da coluna.

4 Intensidade de chuva média do ensaio.

5 Leitura de Runoff obtida nos ensaios.

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Tabela 16 - Dados do segundo ensaio com o pavimento permeável AGD

DATA Tempo (min)

ΔT (min)

T acum. (min)

ΔR5 (mm)

ΔI (mm)

I acum (mm)

i (mm/h)

02/08/2018 46.01 - 0.0 0.00 1004

02/08/2018 56.0 10.0 10.0 0.00 13.672 13.67 82.00

02/08/2018 57.0 1.0 11.0 0.32 1.353 15.01 80.78

02/08/2018 58.0 1.0 12.0 0.32 1.35 16.36 80.78

02/08/2018 59.0 1.0 13.0 0.64 1.03 17.39 61.56

02/08/2018 60.0 1.0 14.0 0.96 0.71 18.09 42.34

02/08/2018 61.0 1.0 15.0 0.64 1.03 19.12 61.56

02/08/2018 62.0 1.0 16.0 1.28 0.39 19.50 23.12

02/08/2018 63.0 1.0 17.0 0.96 0.71 20.21 42.34

02/08/2018 65.0 2.0 19.0 2.24 1.09 21.30 32.73

02/08/2018 67.0 2.0 21.0 1.92 1.41 22.71 42.34

02/08/2018 69.0 2.0 23.0 2.24 1.09 23.80 32.73

02/08/2018 71.0 2.0 25.0 2.24 1.09 24.89 32.73

02/08/2018 73.0 2.0 27.0 2.56 0.77 25.66 23.12

02/08/2018 75.0 2.0 29.0 2.24 1.09 26.75 32.73

02/08/2018 77.0 2.0 31.0 2.24 1.09 27.85 32.73

02/08/2018 79.0 2.0 33.0 2.24 1.09 28.94 32.73

02/08/2018 84.0 5.0 38.0 5.45 2.89 31.82 34.65

02/08/2018 89.0 5.0 43.0 5.77 2.57 34.39 30.81

02/08/2018 94.0 5.0 48.0 5.77 2.57 36.96 30.81

02/08/2018 99.0 5.0 53.0 5.77 2.57 39.53 30.81

02/08/2018 104.0 5.0 58.0 5.77 2.57 42.09 30.81

02/08/2018 109.0 5.0 63.0 5.77 2.57 44.66 30.81

02/08/2018 114.0 5.0 68.0 6.09 2.25 46.91 26.96

02/08/2018 119.0 5.0 73.0 5.77 2.57 49.48 30.81

¹ Momento em que surge uma lâmina d’água sobre o pavimento, onde é

considerado o início do escoamento superficial.

² Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo

(ΔT), menos a retenção superficial formada sobre o pavimento (3,0 mm) e a

primeira leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra.

³ Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo

(ΔT) menos a leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra. Esta

fórmula foi usada para as demais linhas da coluna.

4 Intensidade de chuva média do ensaio.

5 Leitura de Runoff obtida nos ensaios.

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A definição dos coeficientes do modelo de Kostiakov, 𝐶1 e 𝐶2, seguiu a metodologia

apresentada no item 4.2.2, ou seja, o ajuste foi realizado a partir dos dados medidos das taxas

de infiltração. Aplicando técnicas de regressão aos dados (i e T, localizado na oitava e quarta

colunas da Tabela 15 e Tabela 16), a equação de Kostiakov foi otimizada a partir da Equação

5, originando a equação 10. Foi feito um único ajuste, considerando todas as repetições

juntamente.

𝑖 = 168,0 × 𝑇−0,405 Eq. 11

em que i é dado em mm/h e T em minutos

O gráfico da Figura 51 apresenta os dados experimentais medidos e a curva ajustada

para o modelo de Kostiakov para o pavimento montado com a placa AGD.

Como é possível observar no gráfico da Figura 51, a curva de infiltração pelo modelo

de Kostiakov teve baixa correlação com os dados experimentais medidos, com R² = 0,434.

Essa baixa correlação entre a curva ajustada e os dados experimentais pode ter sido

ocasionada pela variação temporal da chuva simulada, que não pode ser caracterizada,

somente sendo feito uma medição antes e depois do experimento.

Porém, perceberam-se durante os ensaios algumas variações na produção de chuva

pelo simulador, ora visualmente, ora pelo som da chuva ao atingir o pavimento. Segundo

Liberato (2015), essa baixa correlação pode estar associado a uma instabilidade que é natural

do processo de infiltração em meios porosos heterogêneos, onde a camada superior

(pavimento) tem menor permeabilidade que a camada inferior (subleito de drenagem).

Foram feitos ajustes para o modelo de Kostiakov considerando cada ensaio

separadamente, os gráficos e curva de infiltração estão no Apêndice B, e os coeficientes de

determinação (R²) foram 0,626 e 0,508 para o primeiro e segundo ensaio, respectivamente. Os

gráficos destes ensaios indicaram que os coeficientes de determinação (R²) foram todos

superiores aos do gráfico da Figura 51.

Apesar da baixa correlação dos dados com a curva, a análise dos dados obtidos nos

ensaios mostra que os pavimentos permeáveis são eficientes para retardar o pico de cheio de

chuvas intensas, auxiliando o sistema de drenagem convencional.

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Figura 51 – Dados de infiltração medidos no primeiro, segundo e terceiro ensaio, bem como a curva

ajustada para o modelo de Kostiakov para o pavimento permeável AGD (Vidal, 2014).

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71

ENSAIO DE PERMEABILIDADE DA PLACA 5.3

O ensaio de permeabilidade da placa AGD – 100% de resíduo de demolição (Vidal,

2014) foi realizado no dia 19.07.2018 no CESA/UFRJ. O ensaio foi realizado conforme

descrito no item 4.2.3, seguindo as orientações da ABNT NBR 16416/2015.

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

Figura 52 – Etapas do ensaio do coeficiente de permeabilidade

Para a execução do ensaio do coeficiente de permeabilidade, conforme figura 52,

inicialmente é verificada a condição da placa e feita uma limpeza para retirada de impurezas,

figura 52(a), da placa AGD – 100% de resíduo de demolição havia 4 placas inteiras que

mediam 44,5 cm x 44,5 cm com 5,0 cm de altura e outras 8 partes que tinham 5 cm de altura,

porém, estavam cortadas pela metade. Portanto para a realização do ensaio foi escolhido a

melhor placa no que tange a avaliação visual.

Na etapa seguinte, é colocada sob a placa o anel de infiltração, fabricado em aço, ele é

vedado com auxílio de massa de calafetar, figura 52(b). Terminada a etapa de vedação do

anel, a placa é colocada sobre o balde com o auxílio de um espaçador, figura 52(d). Com o

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esquema montado é feito a molhagem da placa, figura 52(e), tendo a massa de água, que será

utilizada no ensaio, sido separada em um balde a parte.

Na última etapa, figura 52(f), verte-se a massa de água, de maneira cuidadosa e

constante, para que o nível de água fique sempre entre as linhas de 10 mm e 15 mm, que estão

marcadas no anel de infiltração. Durante essa parte do processo foram feitas duas medições

com cronômetros para coleta dos dados necessários para o cálculo do coeficiente de

permeabilidade que seria feito posteriormente.

O anel de infiltração media 305 mm de diâmetro e 50 mm de altura, dimensões estas

que atendem aos requisitos descritos no Anexo A da norma ABNT NBR 16416/2015.

O ensaio foi realizado conforme a metodologia descrita no item 4.2.3, seguindo as

orientações da ABNT NBR 16416/2015. Para a placa foram feitos dois ensaios para melhor

calibração dos resultados, em cada ensaio foram tomadas medidas de dois cronômetros para

melhor segurança dos dados. E os resultados foram os mostrados na tabela 18.

Tabela 17 – Resultado dos ensaios de coeficiente de permeabilidade

Placa de pavimento permeável AGD (Vidal, 2014)

Medidas da Placa 44,5 x 44,5 x 5,0 cm

Tempo (segundos) - Tentativa 1 21,007 s 21,037 s

Tempo (segundos) - Tentativa 2 21,037 s 22,000 s

Tempo médio 21,2703 s

Coeficiente de permeabilidade 11,97 x 10-3 m/s

Após a realização dos ensaios e tomada de dados foi aplicado a equação 9 para o

cálculo do Coeficiente de Permeabilidade. De acordo com a Tabela 10 que está no item 4.1.9,

o coeficiente de permeabilidade de placas de concreto permeável deve ser superior a 10-3

m/s,

logo é possível analisar que a placa AGD – 100% de resíduo de demolição atende aos

requisitos da norma ABNT NBR 16416/2015, tendo Coeficiente de permeabilidade maior que

o estipulado.

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73

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de analisar hidraulicamente a placa de concreto permeável reciclado,

este trabalho buscou avaliar a capacidade de infiltração do pavimento e a permeabilidade da

placa que o reveste.

Como observado introdução, o problema de impermeabilização das superfícies com o

aumento das aglomerações urbanas causou uma mudança no balanço hídrico, fazendo com

que o escoamento superficial aumentasse muito e sobrecarregasse as estruturas convencionais

de drenagem gerando prejuízos de todo o tipo, portanto estruturas alternativas, tem se

mostrado boas opções para mitigar esses danos devido a sua capacidade de aumentar a

infiltração dos terrenos, aliviando as estruturas convencionais.

No Brasil a evolução da drenagem urbana se deu de maneira lenta, sendo projetada por

muito tempo segundo uma visão ultrapassada, que só visava captar a água e direcioná-la a

jusante. Porém com o advento de técnicas compensatórias no leque de soluções possíveis para

a drenagem urbana, o Brasil tem feito uma transição para uma abordagem mais sustentável,

onde já se pensa em soluções de drenagem na fonte, como os pavimentos permeáveis.

Quanto aos pavimentos permeáveis, foi possível perceber que existe uma gama de

possibilidades de materiais e tipologias para revestimento, podendo ser aplicado em diversos

sistemas de infiltração diferentes, se mostrando uma técnica compensatória bastante versátil e

que com a norma, que veio para estabelecer requisitos e métodos, ela pode se tornar mais

popular e acessível.

Com base nos resultados apresentados e discutidos, pode-se concluir que as placas

atendem aos requisitos mínimos de permeabilidade, tendo coeficientes superiores ao definido

em norma.

Foi possível verificar, de acordo com Vidal (2014), que a placa atende a requisitos

mecânicos como resistência flexão, e aos requisitos de inspeção visual, sendo homogêneas,

sem rebarbas e imperfeições nas bordas, porém do ponto de vista funcional ele não se mostra

muito adequada, pois apresenta desníveis grandes, podendo ser desconfortável ao andar se

forem instalados em calçadas ou estacionamentos.

Cabe ressaltar que para um melhor desempenho do pavimento, seja em termos

hidráulicos ou em termos mecânicos, todo o pavimento deve obedecer aos requisitos da

norma, que determina parâmetros não só para as placas, mas para as camadas de base, sub-

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base e camada de assentamento. Isso se faz necessário para que o pavimento resista aos

esforços solicitantes e ainda assim permita a infiltração de água.

O simulador de chuva, que é parte fundamental dos ensaios de infiltração, apresentou

ao longo dos ensaios problemas com vazamentos, que foram solucionados à medida que

surgiam, e, apesar de pequenos, esses vazamentos podem entrar como contribuição no

pavimento e não são possíveis de ser mensurados. Portanto, cabe enfatizar que a manutenção

deste equipamento é de suma importância para futuras pesquisas.

Em relação à caixa pluviômetra, ela se mostrou muito útil para o ensaio de infiltração,

tendo os itens necessários para se coletar os dados de infiltração e escoamento superficial.

Entretanto, a precisão dos dados coletados é de suma importância para a construção da curva

de infiltração, logo o aparato que auxilia a medição no tubo piezométrico deve ser melhorado

para facilitar a leitura, e se possível trocado por sensores que tornariam a coleta dos dados

mais fácil, e os dados com menos incerteza.

Como recomendações para pesquisas futuras, cita-se que os ensaios com a caixa

pluviômetra devem continuar, porém testando novos pavimentos e outras intensidades de

chuva. Em relação às placas de concreto reciclado, novos trabalhos poderiam ser

desenvolvidos no sentido de adequá-las a maiores condições de conforto em sua utilização.

Também há a possibilidade de ser realizado um estudo para a massa especifica das placas,

conforme as orientações que constam na norma ABNT NBR 16416/2015. Outras pesquisas

poderiam produzir uma metodologia para o dimensionamento hidráulico das camadas de base

e sub-base e compará-la com a metodologia que consta no anexo B da norma ABNT NBR

16416/2015.

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75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Paulo, ABCP.

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permeáveis de concreto - Requisitos e procedimentos. 2015.

AMARAL, A.C.R.: Pavimento intertravado de concreto convencional e

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Janeiro, UFRJ, Rio de Janeiro, 2017.

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2ªedição, Pearson Prentice Hall, ISBN 978-85-7650-041-4, São Paulo, SP, Brasil. Disponível

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79

APÊNDICE A – Folhas de campo dos ensaios experimentais

A folha de campo utilizada nos ensaios experimentais foi sendo aperfeiçoado de

acordo com as necessidades que iam surgindo ao longo do trabalho, vale ressaltar que essa

folha de campo que já é fruto de outros trabalhos realizados. A última versão desta contempla

as seguintes informações:

1) Informações Gerais: local e data de realização do experimento, temperatura

observada durante o ensaio, e o número de dias anteriores sem chuva.

2) Determinação da precipitação: volumes de água obtidos antes e após o experimento

na calibração do simulador de chuva.

3) Horário de início da chuva, momento em que surge a lâmina d’água sob o

pavimento, hora em que a água começa a sair dos tubos, hora em que chega à caixa

pluviômetra e hora do fim da chuva.

4) Anotação da cota inicial que está marcada na régua acoplada ao tubo piezométrico.

5) Medições na caixa pluviômetra: A partir do início até o término da chuva, onde são

verificadas, a cada intervalo de tempo definido na pesquisa, a cota na régua.

A seguir, são apresentadas as folhas de campo com as medições realizadas em cada

ensaio experimental. E logo após será apresentada a tabela confeccionado com os dados de

campo que

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Primeiro Ensaio

Local: Centro Experimental de Saneamento Ambiental - CESA/UFRJ

Data: 26/07/2018

Horário de início das atividades: Temperatura Média (ºC):

Horário de fim das atividades: Nº de dias anteriores sem chuva:

1.1. Precipitação antes da realização do experimento (Hora - 09: 22 )

Volume da placa azul 1: Litros

Volume da placa azul 2: Litros P1 = 101.7 mm/h

Volume total: Litros

P1 (mm/h) = [ Volume total (Litros) / Área de coleta (=1,8 m² ) ] / Tempo (0,1 h=6min)

1.2. Precipitação após a realização do experimento (Hora - 12: 20 )

Volume da placa azul 1: Litros

Volume da placa azul 2: Litros P2 = 95.6 mm/h

Volume total: Litros

P2 (mm/h) = [ Volume total (Litros) / Área de coleta (=1,8 m² ) ] / Tempo (0,1 h=6min)

1.3. Precipitação Média: P = ( P1 + P2 ) / 2 P = 98.6 mm/h

2.1. Controle dos tempos e horário Relógio

(HH:MM)

Hora do inicio da chuva sobre o pavimento (Hi): 09:37

11:00

11:04

Hora em que o deflúvio do telhado chega na CP (Hc): 11:09

Tempo de demora do inicio do escoamento até chegada na CP (Tr): -

Hora do fim da chuva sobre o pavimento (Hf): 12:14

Tempo de duração da chuva (Td): -

2.2. Caixa Pluviômetra Leitura inicial da cota na Caixa Grande (cm):

01:32

00:05

02:37

02:37

18

Hora em que começa a sair água dos tubos (Ht): 01:27

1) Determinação da Precipitação Média do Ensaio

10.0

8.3

18.3

8.5

8.7

17.2

2) Experimento

Cronômetro

(HH:MM)

00:00

Hora que surge lâmina d´água (Hl) 01:23

Participantes: Lucas Pessanha, Leonardo, Thomas; Luiz Felipe.

Folha de Campo - Ensaios no módulo de Pavimentos Permeáveis

09:00 21ºC

12:30 1

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81

2.4. Medições

t Hora Lcg (cm) t Hora Lcg (cm) t Hora Lcg (cm)

0 11:10 18.0 48 96

1 11:11 18.0 49 97

2 11:12 18.1 50 98

3 11:13 18.3 51 99

4 11:14 18.4 52 100

5 11:15 18.6 53 101

6 11:16 18.8 54 102

7 11:17 19.0 55 103

8 11:18 19.2 56 104

9 11:20 19.5 57 105

10 11:22 19.9 58 106

11 11:24 20.4 59 107

12 11:26 21.0 60 108

13 11:28 21.5 61 109

14 11:30 22.1 62 110

15 11:32 22.6 63 111

16 11:34 23.2 64 112

17 11:39 23.7 65 113

18 11:44 25.5 66 114

19 11:49 27.0 67 115

20 11:54 28.5 68 116

21 11:59 30.1 69 117

22 12:04 31.5 70 118

23 12:09 33.1 71 119

24 12:14 34.8 72 120

25 73 121

26 74 122

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Tabela 18 – Tabela com a síntese dos dados coletados no campo no primeiro ensaio do pavimento

permeável AGD

DATA Tempo (min)

Nível RESERV.

(mm)

PRECIPITAÇÃO RESERVATÓRIO Runoff total

(mm) Taxa de Precipitação (mm/h)

DIF. Nível Runoff (l)

26/07/2018 0 180 97.4 0 0.00 0.00

26/07/2018 83 180 97.4 0 0.00 0.00

26/07/2018 94 180 97.4 0 0.00 0.00

26/07/2018 95 181 97.4 1 0.54 0.32

26/07/2018 96 183 97.4 2 1.08 0.64

26/07/2018 97 184 97.4 1 0.54 0.32

26/07/2018 98 186 97.4 2 1.08 0.64

26/07/2018 99 188 97.4 2 1.08 0.64

26/07/2018 100 190 97.4 2 1.08 0.64

26/07/2018 101 192 97.4 2 1.08 0.64

26/07/2018 103 195 97.4 3 1.63 0.96

26/07/2018 105 199 97.4 4 2.17 1.28

26/07/2018 107 204 97.4 5 2.71 1.60

26/07/2018 109 210 97.4 6 3.25 1.92

26/07/2018 111 215 97.4 5 2.71 1.60

26/07/2018 113 221 97.4 6 3.25 1.92

26/07/2018 115 226 97.4 5 2.71 1.60

26/07/2018 117 232 97.4 6 3.25 1.92

26/07/2018 122 237 97.4 5 2.71 1.60

26/07/2018 127 255 97.4 18 9.76 5.77

26/07/2018 132 270 97.4 15 8.13 4.80

26/07/2018 137 285 97.4 15 8.13 4.80

26/07/2018 142 301 97.4 16 8.67 5.13

26/07/2018 147 315 97.4 14 7.59 4.48

26/07/2018 152 331 97.4 16 8.67 5.13

26/07/2018 157 348 97.4 17 9.21 5.45

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Segundo Ensaio

Local: Centro Experimental de Saneamento Ambiental - CESA/UFRJ

Data: 02/08/2018

Horário de início das atividades: Temperatura Média (ºC):

Horário de fim das atividades: Nº de dias anteriores sem chuva:

1.1. Precipitação antes da realização do experimento (Hora - 09: 22 )

Volume da placa azul 1: Litros

Volume da placa azul 2: Litros P1 = 99.7 mm/h

Volume total: Litros

P1 (mm/h) = [ Volume total (Litros) / Área de coleta (=1,8 m² ) ] / Tempo (0,1 h=6min)

1.2. Precipitação após a realização do experimento (Hora - 12: 20 )

Volume da placa azul 1: Litros

Volume da placa azul 2: Litros P2 = 100.3 mm/h

Volume total: Litros

P2 (mm/h) = [ Volume total (Litros) / Área de coleta (=1,8 m² ) ] / Tempo (0,1 h=6min)

1.3. Precipitação Média: P = ( P1 + P2 ) / 2 P = 100.0 mm/h

2.1. Controle dos tempos e horário Relógio

(HH:MM)

Hora do inicio da chuva sobre o pavimento (Hi): 09:53

10:39

10:43

Hora em que o deflúvio do telhado chega na CP (Hc): 10:47

Tempo de demora do inicio do escoamento até chegada na CP (Tr): -

Hora do fim da chuva sobre o pavimento (Hf): 11:52

Tempo de duração da chuva (Td): -

2.2. Caixa Pluviômetra Leitura inicial da cota na Caixa Grande (cm):

Participantes: Lucas Pessanha, Thomas; Luiz Felipe.

Folha de Campo - Ensaios no módulo de Pavimentos Permeáveis

09:00 20ºC

12:30 0

Hora em que começa a sair água dos tubos (Ht): 00:50

1) Determinação da Precipitação Média do Ensaio

9.3

8.7

18.0

9.6

8.5

18.1

2) Experimento

Cronômetro

(HH:MM)

00:00

Hora que surge lâmina d´água (Hl) 00:46

00:54

00:04

01:59

01:59

16.2

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84

2.4. Medições

t Hora Lcg (cm) t Hora Lcg (cm) t Hora Lcg (cm)

0 10:48 16.2 48 96

1 10:49 16.2 49 97

2 10:50 16.3 50 98

3 10:51 16.4 51 99

4 10:52 16.6 52 100

5 10:53 16.9 53 101

6 10:54 17.1 54 102

7 10:55 17.5 55 103

8 10:56 17.8 56 104

9 10:58 18.5 57 105

10 11:00 19.1 58 106

11 11:02 19.8 59 107

12 11:04 20.5 60 108

13 11:06 21.3 61 109

14 11:08 22.0 62 110

15 11:10 22.7 63 111

16 11:12 23.4 64 112

17 11:17 25.1 65 113

18 11:22 26.9 66 114

19 11:27 28.7 67 115

20 11:32 30.5 68 116

21 11:37 32.3 69 117

22 11:42 34.1 70 118

23 11:47 36.0 71 119

24 11:52 37.8 72 120

25 73 121

26 74 122

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85

Tabela 19 - Tabela com a síntese dos dados coletados no campo no segundo ensaio do pavimento

permeável AGD

DATA Tempo (min)

Nível RESERV.

(mm)

PRECIPITAÇÃO RESERVATÓRIO Runoff total

(mm) Taxa de Precipitação (mm/h)

DIF. Nível Runoff (l)

02/08/2018 0 162 100.0 0 0.00 0.00

02/08/2018 46 162 100.0 0 0.00 0.00

02/08/2018 56 162 100.0 0 0.00 0.00

02/08/2018 57 163 100.0 1 0.54 0.32

02/08/2018 58 164 100.0 1 0.54 0.32

02/08/2018 59 166 100.0 2 1.08 0.64

02/08/2018 60 169 100.0 3 1.63 0.96

02/08/2018 61 171 100.0 2 1.08 0.64

02/08/2018 62 175 100.0 4 2.17 1.28

02/08/2018 63 178 100.0 3 1.63 0.96

02/08/2018 65 185 100.0 7 3.79 2.24

02/08/2018 67 191 100.0 6 3.25 1.92

02/08/2018 69 198 100.0 7 3.79 2.24

02/08/2018 71 205 100.0 7 3.79 2.24

02/08/2018 73 213 100.0 8 4.34 2.56

02/08/2018 75 220 100.0 7 3.79 2.24

02/08/2018 77 227 100.0 7 3.79 2.24

02/08/2018 79 234 100.0 7 3.79 2.24

02/08/2018 84 251 100.0 17 9.21 5.45

02/08/2018 89 269 100.0 18 9.76 5.77

02/08/2018 94 287 100.0 18 9.76 5.77

02/08/2018 99 305 100.0 18 9.76 5.77

02/08/2018 104 323 100.0 18 9.76 5.77

02/08/2018 109 341 100.0 18 9.76 5.77

02/08/2018 114 360 100.0 19 10.30 6.09

02/08/2018 119 378 100.0 18 9.76 5.77

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86

APÊNDICE B – GRÁFICOS DE CADA ENSAIO

Primeiro ensaio – 26/07/2018

Figura 53 – Gráfico do primeiro ensaio (26/07/2018)

Equação da Curva de Infiltração

𝑖 = 191,0 × 𝑇−0,395 Eq. 11

em que i é dado em mm/h e T em minutos.

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Segundo ensaio – 02/08/2018

Figura 54 – Gráfico do segundo ensaio (02/08/2018)

Equação da Curva de Infiltração

𝑖 = 156,9 × 𝑇−0,433 Eq. 12

em que i é dado em mm/h e T em minutos.