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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA CARACTERÍSTICAS DE ADOLESCENTES DE ACORDO COM O CONSUMO DE CAFÉ DA MANHÃ EM ESCOLAS DE CINCO CIDADES BRASILEIRAS Laura Augusta Barufaldi Rio de Janeiro, 2014.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

CARACTERÍSTICAS DE ADOLESCENTES DE ACORDO

COM O CONSUMO DE CAFÉ DA MANHÃ EM ESCOLAS

DE CINCO CIDADES BRASILEIRAS

Laura Augusta Barufaldi

Rio de Janeiro, 2014.

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Laura Augusta Barufaldi

CARACTERÍSTICAS DE ADOLESCENTES DE ACORDO COM O

CONSUMO DE CAFÉ DA MANHÃ EM ESCOLAS DE CINCO CIDADE S

BRASILEIRAS

Orientadora: Katia Vergetti Bloch

Rio de Janeiro, 2014.

“Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Saúde Coletiva, do Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como requisito parcial para obtenção do

título de Doutor em Saúde Coletiva”.

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B295 Barufaldi, Laura Augusta.

Características de adolescentes de acordo com o consumo de café da manhã em escolas de cinco cidades brasileiras / Laura Augusta Barufaldi. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2014.

71 f.: il.; 30 cm. Orientadora: Katia Vergetti Bloch.

Tese (Doutorado) - UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2014.

Inclui Referências bibliográficas.

1. Adolescente. 2. Comportamento alimentar. 3.Desjejum. 3. Alimentação. 4. Nutrição do adolescente. I. Bloch, Katia Vergetti. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título.

CDD 363.8

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CARACTERÍSTICAS DE ADOLESCENTES DE

ACORDO COM O CONSUMO DE CAFÉ DA

MANHÃ EM ESCOLAS DE CINCO CIDADES

BRASILEIRAS

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Dedicado à

Minha amada Mãe, sempre presente e

incansável, que me disponibilizou condições de

educação, me ensinou a importância do estudo e me

ama incondicionalmente.

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Agradecimentos

A toda a minha família, em especial aos meus pais, por me apoiarem nessa

trajetória.

À orientadora, Katia Vergetti Bloch, exemplo de profissional, por todos seus

ensinamentos e por tantas horas de dedicação a esse estudo. Não só pela orientação

nesse trabalho, mas também pela amizade.

À Mônica Magnanini, por toda paciente ajuda, especialmente na análise estatística,

totalmente imprescindível para que esse trabalho fosse realizado a tempo.

Aos colegas de trabalho no ERICA, Bruno, Thiago, Erika, e, especialmente

Gabriela, pelo convívio, troca de conhecimentos e parceria durante esses quatro

anos.

Às amigas-irmãs, pela amizade e apoio e por estarem sempre presentes de forma

tão especial na minha vida.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), pela

bolsa de estudo que possibilitou a realização do doutorado.

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SUMÁRIO

Lista de Tabelas 12

Lista de Figuras 12

Lista de Siglas 13

1 APRESENTAÇÃO 14

2 INTRODUÇÃO 16

2.1Avaliação do Consumo Alimentar 16

2.1.1 Métodos de Avaliação do Consumo Alimentar 17

2.2Comportamento Alimentar 19

2.3Café da Manhã 21

2.3.1Conceito de café da manhã 21

2.3.2Prevalência do consumo do café da manhã 22

2.3.3Perfil dos consumidores de café da manhã 23

2.3.4Café da manhã, ingestão de nutrientes e qualidade da dieta 24

2.3.5Café da manhã e excesso de peso 25

3 OBJETIVOS 27

3.1Objetivo Geral 27

3.2Objetivos Específicos 27

4 RESULTADOS 28

Artigo 1 29

Artigo 2 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61

REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS 63

ANEXO 1 72

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RESUMO

BARUFALDI, Laura Augusta. Características de adolescentes de acordo com o consumo de café

da manhã em escolas de cinco cidades brasileiras. Tese. Doutorado em Saúde Coletiva. Instituto

de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Introdução: As dificuldades em se avaliar acuradamente variáveis relacionadas ao consumo

alimentar e ao gasto energético são importantes desafios para a investigação epidemiológica de

doenças associadas à obesidade. Por outro lado, o café da manhã é uma das três principais

refeições do dia e tem sido utilizado como um indicador de comportamento alimentar saudável.

Objetivos: Artigo 1: Descrever o sistema computacional desenvolvido para coleta de dados do

recordatório alimentar de 24 horas no ERICA; Artigo 2: Avaliar a associação do hábito de

realizar café da manhã com características sociodemográficas, outros comportamentos

alimentares e com o consumo de macro e micro nutrientes em adolescentes do estudo piloto do

ERICA.

Métodos: Artigo 1: Para o desenvolvimento do programa computacional que norteou a entrevista

para aplicação do recordatório, utilizou-se a técnica denominada “Multiple Pass Method”, em que

primeiramente são inseridos todos os alimentos consumidos pelo adolescente no dia anterior e,

posteriormente, são inseridas as informações de preparação, medida caseira e quantidade. O

REC24h-ERICA foi desenvolvido a partir de base de dados composta por 1.626 itens alimentares

(alimentos e bebidas) incluindo as formas de preparo e as unidades de medidas caseiras pré-

definidas. Artigo 2: Trata-se de um estudo seccional de base escolar, em cinco cidades brasileiras

que participaram do estudo piloto do ERICA. Em cada cidade foram escolhidas três escolas (duas

públicas e uma particular), e em cada escola foram sorteadas três turmas para participar do

estudo. Dados socioeconômicos, de comportamento alimentar e de atividade física foram

coletados através de questionário auto preenchido. O consumo alimentar foi avaliado através de

recordatório alimentar de 24horas. Resultados: Artigo 1: Na avaliação do uso do programa do

recordatório no piloto foi observado que os pesquisadores não encontraram dificuldades na

utilização do programa, a duração média das entrevistas foi de 20 minutos e foram inseridos 50

alimentos novos na lista de alimentos do programa pelos entrevistadores de campo nos 1047

recordatórios realizados. Artigo 2: Foram avaliados 943 adolescentes (73,8% dos elegíveis).

Observou-se que 18,9% dos adolescentes nunca consome café da manhã. Adolescentes que

referiram consumo do desjejum referiram também realizarem refeições com os pais com maior

frequência (OR: 1,66 e IC: 1,01 – 2,73). O consumo dessa refeição é mais frequente no sexo

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masculino (OR: 2,44 e IC: 1,67-3,55) e entre os adolescentes mais jovens (OR: 0,91 e IC: 0,84-

0,98). A associação com sexo só foi observada nos indivíduos fisicamente ativos. Adolescentes

que realizam desjejum consomem mais energia, fibra e diversos micronutrientes. Conclusões:

Artigo 1: O programa mostrou-se adequado para grandes estudos populacionais, mesmo em um

país como o Brasil onde existe grande variabilidade nos padrões alimentares. Artigo 2: Políticas

de educação e promoção de comportamentos alimentares saudáveis, incluindo o incentivo para

realização do desjejum, são importantes, já que esse comportamento está associado a um maior

consumo de vários nutrientes. Essas políticas devem ser dirigidas especialmente às adolescentes e

aos mais velhos. A presença dos pais/responsáveis nas refeições está associada à maior consumo

de café da manhã.

Palavras-chave: Adolescente, consumo de alimentos, desjejum

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ABSTRACT

BARUFALDI, Laura Augusta. Características de adolescentes de acordo com o consumo de café

da manhã em escolas de cinco cidades brasileiras. Tese. Doutorado em Saúde Coletiva. Instituto

de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Introduction: The difficulties in assessing accurately variables related to food intake and energy

expenditure are important challenges for epidemiological research of diseases associated with

obesity. Moreover, breakfast is one of the three main meals of the day and has been used as an

indicator of healthy eating behavior. Objectives: Paper 1: To describe the computational system

developed to collect data from 24-hour dietary recall in ERICA. Paper 2: To evaluate the

association of breakfast with socioeconomic characteristics, with other dietary behaviors and with

consumption of macro and micro nutrients in adolescents of the pilot study of ERICA. Methods:

Paper 1: We used a technique called "Multiple Pass Method" in the software developed to collect

information on food intake. The technique consists in obtain all food eaten by teenagers the day

before and then insert information about preparation, portion size and quantity. The REC24h -

ERICA was developed from a database consisting of 1,626 food items (foods and drinks)

including preparation methods and units of pre - defined home measures. Paper 2: It is a cross-

sectional school-based study in five Brazilian cities that participated in the pilot study of ERICA.

In each city three schools (two public and one private) were chosen, and three classes in each

school were selected to participate in the study. Data on socioeconomic status, eating behavior,

and physical activity were collected through a self-report questionnaire. Dietary intake was

assessed by 24-hour dietary recall. Results: Paper 1: The interviewers did not find any difficulties

in using the 24-hour dietary recall program, the average length of the interviews was 20 minutes,

and 50 new foods were added to the program list by field interviewers in the 1047 recalls

performed. Paper 2: Information on 943 adolescents (73.8% of those eligible) were analyzed. It

was observed that 18.9% of adolescents never eat breakfast. Adolescents who usually eat

breakfast make meals with parents more often (OR: 1.66 and CI: 1.01 to 2.73). The consumption

of this meal is more frequent in males (OR = 2.44 and CI: 1.67 to 3.55) and among younger

adolescents (OR = 0.91 and CI = 0.84 to 0.98). The association with sex was observed only in

physically active individuals. Teens who eat breakfast consume more energy, fiber and many

micronutrients. Conclusions: Paper 1: The software developed to register the 24h food recall was

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suitable for use in large population studies, even in a country like Brazil, where there is great

variability in eating patterns. Paper 2: Education policy and promotion of healthy eating

behaviors, including the incentive of eating breakfast are important, since this behavior is

associated with a higher intake of various nutrients. These policies should be addressed especially

to the females and older teenagers. The presence of parents / care givers during the meals is

associated with higher consumption of breakfast.

Keys-word: Adolescent, Food Consumption, Breakfast

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Lista de Tabelas

pg

Artigo 2

Tabela 1 – Frequência dos comportamentos alimentares nos adolescentes do estudo piloto do ERICA 51

Tabela 2 – Associação entre café da manhã com os demais comportamentos alimentares nos

adolescentes do estudo piloto do ERICA

52

Tabela 3 – Associação entre café da manhã com sexo, idade e escolaridade da mãe nos adolescentes

do estudo piloto do ERICA

53

Tabela 4 – Médias de consumo de energia, macro e micronutrientes para cada categoria de café da

manhã em adolescentes do estudo piloto do ERICA

54

Lista de Figuras

pg

Artigo 1

Figura 1 – Listagem dos alimentos consumidos com local e hora 35

Figura 2 – Detalhamento dos Alimentos 36

Figura 3 – Inserção de Alimentos novos 37

Figura 4 – Figuras de Medidas Caseiras 37

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Lista de Siglas

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DeCs Descritores de Ciências da Saúde

ERICA Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes

GSHS Global school-based student health survey

INCA Instituto Nacional do Câncer

IMC Índice de Massa Corporal

IPAQ International Physical Activity Questionnaire

MESH Medical Subject Headings

PAQ Physical Activity Questionnaire

PDA Personal Digital Assistant

REC24h Recordatório Alimentar de 24 horas

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VET Valor Energético Total

VIGITEL Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não-transmissíveis por

Inquérito Telefônico

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1 Apresentação

Este projeto faz parte de um estudo maior denominado “Estudo de Riscos

Cardiovasculares em Adolescentes” (ERICA). O ERICA é um estudo multicêntrico,

com uma amostra de cerca de 75 mil adolescentes de 12 a 17 anos que frequentam

escolas públicas e privadas de 124 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes,

incluindo todas as capitais e o Distrito Federal. Tal pesquisa é financiada pelo

Ministério da Saúde (MS), Chamada Pública – MCT/FINEP/MS/SCTIE/DECIT – CT-

Saúde e FNS – Síndrome Metabólica – 01/2008.

O ERICA é um estudo de delineamento seccional de base escolar com o objetivo

de estimar a prevalência de diabetes mellitus, obesidade, fatores de risco cardiovascular

e de marcadores de resistência à insulina e inflamatórios.

Com o objetivo de subsidiar o planejamento do estudo ERICA, o processo de

desenvolvimento da presente tese foi iniciado com a preocupação da forma de

mensuração de algumas características, como a prática de atividade física e o consumo

alimentar em adolescentes. Assim, como um primeiro passo, nos propusemos a realizar

uma revisão sistemática sobre prevalência de atividade física em adolescentes

brasileiros, não só para avaliar a magnitude do problema em si, mas também para

identificar quais instrumentos vinham sendo utilizados para medir atividade física. Essa

preocupação justificou-se pela sabida associação existente de atividade física com

estado nutricional e com consumo alimentar e, menos conhecida, uma possível

associação com comportamentos alimentares. Como resultado foi escrito o artigo

“Meta-analysis of the prevalence of physical inactivity among Brazilian adolescents”

publicado em 2012 na revista Cadernos de Saúde Pública (Anexo I).

Para a avaliação do consumo alimentar no ERICA, o método escolhido foi o

Recordatório Alimentar de 24 horas. Foi necessário, no entanto, desenvolver uma

estratégia de coleta de dados que contemplasse não só a acurácia necessária, mas

também a agilidade de coleta e processamento das informações desejáveis em um

estudo de tamanha abrangência e complexidade. Um artigo foi escrito descrevendo a

construção de um programa de computador desenvolvido para essa finalidade e

integrado ao sistema de informação do ERICA. Este artigo está em fase de submissão

para publicação em revista da área de nutrição ou de Saúde Pública.

14

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Finalmente, os dados obtidos durante o estudo piloto realizado em cinco cidades

brasileiras: Rio de Janeiro (RJ), Feira de Santana (BA), Botucatu (SP), Campinas (SP) e

Cuiabá (MT), foram utilizados para análise do perfil de adolescentes relacionado ao

hábito de tomar café da manhã. O café da manhã foi escolhido por ser um dos

comportamentos alimentares que mais tem sido estudado como um indicador de

comportamento saudável. Nesse artigo, portanto, são analisadas: associações entre

tomar café da manhã e características sócio demográficas, procurando identificar grupos

de risco que com maior frequência não tomam café da manhã; as associações de café da

manhã com outros comportamentos alimentares, para avaliar se tais comportamentos

poderiam compor com o café da manhã um conjunto de hábitos considerados saudáveis;

e as associações entre café da manhã e consumo de macro e micro nutrientes em

adolescentes, buscando-se identificar possíveis consequências do hábito de tomar café

da manhã.

Na Introdução são apresentados alguns conceitos fundamentais e realizada uma

revisão da literatura sobre os principais temas abordados. Após a introdução são

descritos os objetivos do estudo. Dois dos artigos elaborados são apresentados como

resultados e um deles como anexo da tese. Por último, são traçadas as “considerações

finais” resultantes do trabalho como um todo.

15

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2 INTRODUÇÃO

2.1Avaliação do Consumo Alimentar

Assim como a avaliação da atividade física, a avaliação do consumo alimentar

também é um desafio nas pesquisas epidemiológicas. A complexidade da dieta humana

tem instigado pesquisadores a procurar os meios mais adequados para avaliar qualitativa

e quantitativamente o consumo de alimentos, dimensionar a adequação de nutrientes e

relacionar dieta à ausência de saúde (MARGETTS; NELSON, 1997; PEREIRA;

SICHIERI, 2007).

A principal característica do consumo alimentar de indivíduos ou populações

sadias é a variabilidade da dieta, ou seja, a variação do consumo de alimentos existente

entre os indivíduos (variabilidade interindividual) e em um mesmo individuo, em

relação ao dia-a-dia (variabilidade intraindividual) (WILLETT, 1998). Além da

variabilidade da dieta, a estimativa do consumo alimentar também é influenciada pelas

variações decorrentes do próprio processo de avaliação, desde a obtenção das

informações relatadas pelos indivíduos até a compilação dos dados. Entre tais variações,

destacam-se a padronização inadequada de medidas caseiras na aplicação de

instrumentos de inquérito dietético, falta de treinamento dos entrevistadores, viés de

memória do entrevistado, estimativas errôneas do tamanho e da frequência das porções

consumidas e da forma de preparo, tendência à superestimação e/ou subestimação do

relato da ingestão de alimentos e má qualidade dos dados das tabelas de composição

química de alimentos (MAJEM; BARTRINA, 1995). Fatores como a complexidade da

dieta, hábitos alimentares, qualidade da informação, idade, imagem corporal, crenças,

comportamento, cultura e status socioeconômico, são variáveis que também interferem

e tornam muito difícil o ato de registrar a ingestão de um indivíduo, sem exercer

influência sobre esse (FISBERG et al, 2000; MARGETTS; NELSON, 1997).

Vários métodos vêm sendo utilizados para avaliar o consumo dietético de

indivíduos em estudos epidemiológicos, no sentido de obter dados válidos,

reprodutíveis e comparáveis (BONOMO, 2000; SCHAEFER et al, 2000). A escolha do

método deve fundamentar-se nos objetivos da pesquisa, no tipo de estudo e da

população, além de considerar os recursos disponíveis (WILLETT, 1998). Dentre estes

16

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métodos, destacam-se como os mais utilizados o questionário de frequência alimentar e

o recordatório alimentar de 24 horas.

A coleta de dados individuais de consumo de alimentos é o método de escolha

para a investigação e monitoramento das exposições dietéticas, tendo em vista

reconhecer a variabilidade do consumo alimentar usual de indivíduos e grupos da

população. Recentes desenvolvimentos na área de avaliação do consumo de alimentos

indicam que o recordatório do consumo alimentar de 24 horas (REC24h) aplicado de

forma padronizada e computadorizada é um método apropriado para a obtenção dessas

informações em estudos populacionais (TOOZE et al, 2006).

2.2.1 Métodos de Avaliação do Consumo Alimentar

Os métodos dietéticos têm o objetivo de medir a informação dietética e podem

ser classificados em qualitativos e quantitativos, podendo, ainda, ser divididos em duas

categorias: os que registram o consumo atual de alimentos (pesagem de alimentos,

registro alimentar e o recordatório 24 horas) e os que recordam o consumo passado de

alimentos (história dietética e questionário de freqüência alimentar) (CINTRA et al,

1997). Os métodos utilizados com maior frequência em estudos epidemiológisocos são

o reordatório alimentar de 24 horas e o Questionário Alimentar de Frequencia

Alimentar.

Recordatório 24 horas

O recordatório 24 horas consiste no relato de todos os alimentos e bebidas

consumidos pelo indivíduo ao longo de um período de 24 horas, geralmente o dia

anterior à entrevista. As informações são obtidas em medidas caseiras ou unidades e

posteriormente convertidas em pesos e volumes. As informações sobre peso/tamanho

das porções devem ser, em tese, fornecidas por meio de fotografias ou modelos de

porções (THOMPSON et al, 1994).

Bastante usado em todo o mundo, o método recordatório 24 horas é um

instrumento de avaliação da ingestão de alimentos e nutrientes de indivíduos e grupos

populacionais, mas requer um nutricionista ou entrevistador bem treinado para a

realização da coleta de dados. Em geral, esse instrumento é bem aceito pelos

17

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entrevistados, o tempo de aplicação é curto, o custo é baixo e não promove alteração da

dieta habitual (BONOMO, 2000).

A utilização do recordatório 24 horas em estudos epidemiológicos apresenta

muitas vantagens, principalmente porque é rápido, relativamente barato e de fácil

aplicação. Permite que a população estudada não seja alfabetizada. Esse método avalia a

dieta atual e estima valores absolutos ou relativos da ingestão de energia e nutrientes

amplamente distribuídos no total de alimentos oferecidos ao indivíduo (BONOMO,

2000). Entretanto, o entrevistado tem que recordar, definir e quantificar sua ingestão

alimentar do dia anterior à entrevista. Outra limitação importante é que, por refletir a

ingestão atual, não representa os hábitos alimentares. Também não permite considerar a

sazonalidade, além do fato da ingestão real poder estar omitida pelo sub-registro

(MARGETTS, 1997).

As informações obtidas por meio do recordatório 24 horas serão determinadas

pela habilidade do indivíduo de recordar, a qual estará influenciada pelo sexo, idade e

nível de escolaridade. A idade é o fator que mais influencia (MAJEM, 1995). A única

maneira de amenizar as fontes de erro (viés de memória, tamanho de medidas caseiras e

estimação das porções) é associar ao recordatório 24 horas o uso de fotografias, réplicas

de alimentos e kits com medidas caseiras, além de repetir a entrevista (BONOMO,

2000). Apesar de todas as limitações e significativas fontes de erro, esse método é muito

usado (CAVALCANTE et al, 2004).

Questionário de Freqüência Alimentar (QFA)

O questionário de freqüência alimentar (QFA) consiste em uma lista de

alimentos com uma seção de respostas sobre a freqüência com que os alimentos ou

grupo de alimentos são consumidos durante um período de tempo predeterminado,

possibilitando, assim, obter dados qualitativos sobre o consumo alimentar (MAJEM,

1995). Para possibilitar a estimativa de dados quantitativos, incorporam-se, nos

questionários de freqüência alimentar, questões sobre o tamanho das porções. O QFA,

por ser um instrumento dietético que representa o consumo habitual dos indivíduos e

pelo fato de ter menor custo relativo quando comparado a outros instrumentos, tem sido

bastante utilizado em estudos epidemiológicos com o objetivo de elucidar a associação

18

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entre consumo alimentar e ocorrência de doenças crônico-degenerativas (WILLETT,

1998; SEMPOS et al, 1999; TEIXEIRA et al, 2007).

A construção do QFA pode ser feita a partir de um banco de dados, que em geral

é composto pelos alimentos e preparações mais freqüentemente consumidos pela

população a ser estudada ou a partir de tabelas de composição de alimentos. Para

utilização do QFA é necessário menos treinamento do entrevistador, uma vez que pode

ser aplicado em entrevista, auto-administrado ou enviado pelo correio. Essa vantagem

pode ser traduzida em menor custo e eficiência na prática epidemiológica (SICHIERI et

al, 1998).

Pereira e Koifman (1999) analisaram 13 artigos, cujo critério de inclusão foi o

uso do QFA em validação. Os autores concluíram que o QFA foi um instrumento de

grande utilidade no estudo do papel da dieta na etiologia das doenças crônicas

(PEREIRA et al, 1999).

2.2Comportamento Alimentar

A adolescência é um período de intensas transformações, no qual os indivíduos

sofrem influência de diversos fatores. Hábitos e conhecimentos adquiridos nesse

período repercutem sobre o comportamento em muitos aspectos da vida futura, como a

alimentação, saúde, valores, preferências e desenvolvimento psicossocial (OLIVEIRA;

SOARES, 2002). Os adolescentes tendem a viver o momento atual, não dando

importância às consequências de seus hábitos alimentares, que podem ser prejudiciais

no futuro (GAMBARDELLA et al, 1999). Hábitos inadequados na infância e na

adolescência podem ser fatores de risco para doenças crônicas na fase adulta (ANDING

et al, 1996).

Comportamentos relacionados à alimentação têm sido examinados entre crianças

e adolescentes. Alguns deles são considerados como comportamentos saudáveis, como

o hábito de realizar refeições com a família e de realizar o café da manhã; outros são

considerados comportamentos não saudáveis, como o hábito de comer enquanto assiste

televisão e/ou estuda. Estudos demonstram associação positiva entre realizar refeições

com a família e ingestão de alimentos saudáveis e associação inversa entre este

comportamento e a ocorrência de excesso de peso (VIDEON; MANNING, 2003;

19

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PATRICK; NICKLAS 2005; FITZPATRICK et al, 2007; VERGER et al, 2007).

Apontam, ainda, associação positiva do hábito de comer enquanto se assiste televisão

com dietas menos saudáveis e com excesso de peso (FITZPATRICK et al, 2007;

VERGER et al, 2007).

As refeições em família representam um importante evento na promoção de uma

alimentação saudável. Os alimentos servidos e as refeições oferecidas, em geral, são

determinados pela família, ou seja, se a mesma se alimenta em casa ou se faz as

refeições fora do lar (ROSSI et al, 2008). Estudo realizado com crianças encontrou que

o aumento da frequência do jantar com a família está associado com um padrão

dietético saudável (GILLMAN et al, 2000). Além disso, em um estudo com 427

crianças nos Estados Unidos da América (EUA), verificou-se que aquelas que realizam

as refeições na companhia dos pais e irmãos tendem a consumir um maior número de

porções dos grupos dos cereais, verduras e vegetais, leite e derivados e carnes

(STANEK et al, 1990). Da mesma forma, Neumark-Sztainer et al. (2003), avaliando

4.726 escolares de Minesota (EUA), encontraram que a frequência de realizar refeições

com a família esteve associada positivamente ao consumo de frutas, vegetais, grãos e

laticínios.

Outro fator que tem sido foco de estudos é a relevância da televisão no

comportamento alimentar. Um estudo realizado com 91 crianças e 91 pais demonstrou

que as crianças cujas famílias realizam as refeições assistindo televisão apresentaram

um menor consumo de frutas e verduras e um maior consumo de pizzas, salgadinhos e

refrigerantes, comparativamente àqueles que não o fazem (COON et al, 2001).

Ademais, uma pesquisa demonstrou que assistir à televisão durante as refeições está

associado a um maior risco para deficiências nutricionais, em 3.534 indivíduos com

idade entre 2 e 24 anos (SERRA-MAJEN et al, 2002). Em revisão sistemática sobre a

influência da televisão no consumo alimentar e na obesidade em crianças e adolescentes

observou-se associação significativa entre televisão e ingestão alimentar, verificando-se

que crianças e adolescentes que despendem maior tempo com a televisão tendem a

ingerir menos frutas e verduras, e mais porções de salgadinhos, doces e bebidas com

elevado teor de açúcar (ROSSI et al, 2010).

Quanto à ingestão de água, quando adequada, tem benefícios para a saúde e é

essencial para prevenir a desidratação, que está associada com efeitos adversos à saúde,

20

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como dores de cabeça, litíase urinária, e cognição prejudicada (POPKIN et al, 2010).

Riscos para a saúde (por exemplo, cárie dentária, obesidade) tem sido associados com a

ingestão de altos níveis de bebidas açucaradas, ingestão essa que diminui com um maior

consumo de água (POPKIN et al, 2010; TATE et al, 2012). O consumo de água antes

das refeições e a substituição de bebidas açucaradas pela água estão associados com o

consumo mais baixo de energia. Além disso, o aumento da ingestão de água entre os

adultos está associado à manutenção ou perda de peso significativa (STOOKEY et al,

2007; STOOKEY et al, 2008; DANIELS, POPKIN, 2010).

Outro comportamento alimentar considerado saudável é o habito de tomar café

da manhã. Alguns estudos mostram que o perfil dos consumidores habituais do café da

manhã pode ser definido como sendo composto pela maioria de não fumantes, de

pessoas que praticam atividade física, que não fazem uso frequente de álcool e que

controlam o peso. Os estudos analisados parecem indicar uma relação positiva entre o

consumo de café da manhã e um estilo de vida saudável (RAMPERSAUD et al, 2005;

KESKI-RAHKONEN et al, 2003; ALEXANDER et al, 2009). Evidências científicas

relacionam o consumo frequente de café da manhã com baixo risco de sobrepeso e

obesidade (AFFENITO et al, 2005; AFFENITO, 2007; ALEXANDER et al, 2009;

NICKLAS et al, 2004; NIEMEIER et al, 2006; SONG et al, 2005; SUNGSOO et al,

2003).

2.3Café da manhã

2.3.1Conceito de café da manhã

Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, o café da manhã é uma

das três principais refeições do dia (BRASIL, 2006), definida como a primeira refeição

consumida pela manhã (HOUAISS; VILLAR, 2004). Um sinônimo para a expressão

“café da manhã” é a palavra desjejum, que vem do latim e significa o rompimento do

jejum involuntário mantido durante o sono (HOUAISS; VILLAR, 2004).

O Guia alimentar para a população brasileira considera saudável a refeição

preparada com alimentos variados, com tipos e quantidades adequadas. Indica a

realização de pelo menos três principais refeições por dia - café da manhã, almoço e

jantar -, intercaladas por pequenos lanches (BRASIL, 2006). Quanto ao conteúdo do

café da manhã no que se refere à quantidade calórica, o Guia Alimentar para a

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População Brasileira (BRASIL, 2006) sugere um consumo médio diário de 2 mil kcal

totais e Philippi (2008) recomenda dividir esse Valor Energético Total (VET) diário em

seis refeições, cabendo ao café da manhã um consumo de 25% do VET, ou seja, um

consumo energético médio de 500 kcal.

As diversas formas que o café da manhã e sua frequência de consumo são

definidos gera um desafio na comparação dos resultados entre os estudos. O hábito de

tomar café da manhã pode ser avaliado através de um inquérito alimentar ou um

recordatório alimentar de 24h, onde se considera o consumo de café da manhã no dia

em que foi realizado o inquérito ou recordatório, e isso pode não refletir,

necessariamente, o consumo ao longo do tempo. Outra estratégia que pode ser utilizada

é perguntar diretamente ao entrevistado se ele tem o hábito de tomar café da manhã ou

não e com que frequência, e, nesses casos, o conceito de café da manhã vai depender do

respondente (RAMPERSAUD, 2009).

No estudo realizado com adolescentes e adultos finlandeses, o café da manhã foi

definido como comer uma refeição matinal em casa (KESKI-RAHKONEN et al, 2003).

Em estudo realizado com crianças na Nova Zelândia, os alimentos consumidos entre 6 e

9 horas da manhã foram considerados como café da manhã (WILSON et al, 2006). No

estudo que avaliou a tendência do consumo de café da manhã entre crianças e

adolescentes americanos, os alimentos consumidos entre 5 e 10 horas da manhã, foram

considerados como componentes do café da manhã (SIEGA-RIZ et al, 1998).

2.3.2Prevalência do consumo do café da manhã

Segundo resultados de estudos realizados em diferentes países, a proporção de

adolescentes que consome o café da manhã varia entre 45% a 95% (TRANCOSO et al,

2010). O estilo de vida da sociedade contemporânea tem modificado os hábitos

alimentares da população, sendo que há evidências da diminuição do consumo de café

da manhã como uma modificação importante no comportamento alimentar atual

(SIEGA-RIZ et al, 1998; GAMBARDELLA et al, 1999; UNUSAN et al, 2006;

WILSON et al, 2006; RAMPERSAUD, 2009).

Autores mencionam que o declínio no consumo de café da manhã está

normalmente relacionado com mudanças no estilo de vida contemporâneo da

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população, tais como: aumento do número de indivíduos que moram sozinhos e a falta

de tempo para realizar as refeições (RAMPERSAUD, 2009; LAMBERT et al, 2005).

Em estudos realizados com adolescentes brasileiros foram encontrados

percentuais de não consumo de café da manhã entre 19,5% com amostra composta por

dez municípios brasileiros, sendo dois de cada uma das cinco regiões geográficas

(STURION et al, 2005) a 55% em estudo realizado em Santo André, SP

(GAMBARDELLA et al, 1999). Valores intermediários foram encontrados em estudo

realizado com estudantes da Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais (VIEIRA

et al 2002).

2.3.3Perfil dos consumidores de café da manhã

Uma relação importante entre o consumo de café da manhã e a idade é

evidenciada em diversas pesquisas. O consumo dessa refeição parece aumentar com a

idade quando se trata de adultos, entre 18 e 60 anos (HAINES et al, 1996; CARSON et

al, 1999; AFFENITO et al, 2005), e diminuir quando se estuda o consumo dessa

refeição em crianças e adolescentes, entre 4 e 18 anos (SIEGA-RIZ et al, 1998;

RAMPERSAUD et al, 2005; RAMPERSAUD, 2009) constatando-se ainda que, na

idade adulta, em geral, o consumo de café da manhã é predominantemente maior que

em outras fases da vida.

A relação entre café da manhã e sexo foi também evidenciada em diferentes

pesquisas: a omissão dessa refeição foi encontrada principalmente em adolescentes do

sexo feminino. Entre as razões para esse achado, autores destacam a preocupação com a

imagem corporal, o que comumente leva a mulher a seguir dietas restritivas sem

orientação, situação em que a prática de omitir refeições é muito comum (KESKI-

RAHKONEN et al, 2003; RAMPERSAUD, 2009).

Outros estudos ressaltam que omitir refeições é um fenômeno comum entre

adolescentes, para os quais o café da manhã é a refeição mais negligenciada, o que se

justifica pela irregularidade alimentar comum nessa fase da vida, seja pela atitude de

submissão a dietas restritivas sem acompanhamento, seja pela referida falta de tempo

para a realização de refeições (RAMPERSAUD et al, 2005; GAMBARDELLA et al,

1999; STURION et al, 2005). As razões mais comuns citadas por crianças e

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adolescentes para não tomar café da manhã incluem não ter tempo suficiente de manhã

para comer, não sentir fome ou vontade de comer ou preferência por dormir (SHAW,

1998; NEUMARK-SZTAINER et al, 1999; SWEENEY; HORISHITA, 2005;

VANELLI et al, 2005).

Em estudo de revisão foi observada alta frequencia de crianças e adolescentes

que excluem o consumo de café da manhã, tanto nos Estados Unidos como na Europa,

variando de 10% a 30%, dependendo de faixa etária, sexo, raça, e de como o café da

manhã é definido (RAMPERSAUD, 2009). Essa revisão de 47 artigos possibilitou

traçar um perfil dos que excluem essa refeição: adolescentes meninas, crianças de baixo

nível socioeconômico, crianças e adolescentes mais velhos, bem como jovens negros e

hispânicos. A omissão dessa refeição entre os adultos foi associada a pessoas fumantes,

pessoas com baixa frequência de atividade física, ou que, preocupadas com o peso

corporal, fazem dietas sem acompanhamento.

Assim, alguns estudos mostram que o perfil dos consumidores habituais do café

da manhã pode ser definido como sendo composto pela maioria de não fumantes, de

pessoas que praticam atividade física, que não fazem uso frequente de álcool, com

maior nível educacional e com Índice de massa Corporal (IMC) mais baixo. Os estudos

analisados parecem indicar uma relação positiva entre o consumo de café da manhã e

um estilo de vida saudável (KESKI-RAHKNOEN et al., 2003; SONG et al , 2005;

RAMPERSAUD, 2009; ALEXANDER et al, 2009).

2.3.4Café da manhã, ingestão de nutrientes e qualidade da dieta

Há evidências de que as crianças e adolescentes que consomem café da manhã

são mais propensos a ter maior consumo de nutrientes e dietas mais saudáveis.

Consumidores de café da manhã tendem a ter maior ingestão diária de energia em

comparação com não consumidores. Além disso, alguns estudos relatam maior consumo

absoluto de carboidratos, proteína e gordura total nos indivíduos que tomam café da

manhã; outros não mostram diferenças (NICKLAS et al, 2000; SJOBERG et al, 2003;

RAMPERSAUD et al, 2005). Com relação aos micronutrientes, o consumo de café da

manhã está frequentemente associado com um maior consumo deles, especialmente

vitamina A, vitamina C, riboflavina, zinco e ferro (NICKLAS et al, 2004;

RAMPERSAUD et al, 2005). Aparentemente os indivíduos que tomam café da manhã

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também têm maior consumo de fibras (NICKLAS et al, 2000; AFFENITO et al, 2005;

WILLIMS, 2007) e de cálcio, um nutriente essencial para o desenvolvimento ósseo em

crianças e adolescentes (RAMPERSAUD et al, 2005).

Jovens que não tomam café da manhã tendem a não compensar a ingestão de

nutrientes por meio de outras refeições diárias (RAMPERSAUD et al, 2005), o que

destaca a importância do café da manhã como uma oportunidade para crianças e

adolescentes atenderem as necessidades diárias de ingestão de nutrientes. Além disso,

crianças e adolescentes que consomem café da manhã com mais frequência são mais

propensos a ter dietas saudáveis, com um escore maior no Índice de Alimentação

Saudável (HEI) (BASIOTIS et al, 1999) e também em outros índices de qualidade da

dieta (VEUGELERS et al, 2005; ASK et al, 2006).

Crianças que tomam café da manhã fazem melhores escolhas alimentares: mais

frutas, legumes, produtos lácteos, alimentos com alto teor de fibras e baixo teor de

gordura. Os indivíduos que tem o hábito de tomar café da manhã também tendem a ser

menos propensos a consumir salgadinhos, doces e bebidas alcoólicas (SKINNER et al,

1985; UTTER et al, 2007).

2.3.5Café da manhã e excesso de peso

Evidências científicas relacionam o consumo frequente de café da manhã com

baixo risco de sobrepeso e obesidade (SIEGA-RIZ et al, 1998; NEUMARK-

SZTAINER et al, 1999; BERKEY et al, 2003; UTTER et al, 2007; VANELLI M,

2005; SHAW, 1998).

A ideia é que o consumo frequente e adequado do café da manhã poderia

melhorar o poder de saciedade através de uma variedade de efeitos metabólicos

relacionados com a glicemia e a resposta da insulina e, assim, reduzir a quantidade

calórica total ingerida durante o dia, especialmente ao limitar o consumo de lanches

calóricos por crianças e adolescentes. Entretanto, as vias que ligam o café da manhã ao

peso corporal são pouco compreendidas, já que vários estudos têm documentado que as

crianças e adolescentes que tomam café da manhã também têm uma maior ingestão

diária total de energia (NICKLAS et al, 2000; WILLIAMS, 2007; SJOBERG et al,

2003). Isso significa que aqueles que não realizam o café da manhã, não compensam o

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Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · recordatório alimentar de 24horas. Resultados: Artigo 1: Na avaliação do uso do programa do recordatório no piloto foi

valor energético dessa refeição até o final do dia. Por outro lado, tem sido relatado que

as crianças e adolescentes que pulam o café da manhã consomem mais lanches e menos

refeições (SJOBERG et al, 2003), tornando-se possível que elas tenham mais

dificuldade de recordar com precisão o que comeram e que poderia levar a uma

subestimação do consumo calórica desses jovens. Outra hipótese seria que os

adolescentes que não tomam café da manhã ficam um longo período sem se alimentar

(somando-se o do sono) e isso faria com que o organismo tornasse seu metabolismo

mais lento para “guardar” energia, levando à obesidade.

Alexander et al. (2009) observaram associação positiva entre a omissão do café

da manhã e o aumento da adiposidade visceral.

Estudo realizado com adultos brasileiros que analisou os ritmos circadianos de

consumo de lanches e refeições sugeriu que as refeições (café da manhã, almoço e

jantar) podem estar sendo substituídas por pequenos lanches durante o dia (GAUCHE et

al, 2006). A substituição do café da manhã por lanches durante o dia, no entanto, não é

vista como uma prática saudável, gerando como consequência o aumento do consumo

energético total de carboidratos (especialmente os açúcares simples) e de gorduras

(NICKLAS et al, 2004; RIVAS et al, 2005; BENTON; JARVIS, 2007).

Em um estudo randomizado realizado com mulheres, observou-se que refeições

matinais maiores resultam em maior perda de peso em comparação com consumo de

grandes refeições noturnas (KEIM et al, 1997). O consumo de café da manhã tem sido

associado com maiores níveis de atividade física em crianças e adolescentes (KESKI-

RAHKONEN et al, 2003; COHEN et al, 2003; ALBERTSON et al, 2007), o que pode

desempenhar um papel significativo na prevenção do ganho de peso. Como o consumo

de café da manhã também tem sido associado à uma melhor qualidade da dieta, a um

estilo de vida mais saudável e, consequentemente, a uma maior probabilidade de manter

um peso adequado, o café da manhã pode ser considerado um marcador de estilo de

vida saudável global (RAMPERSAUD, 2009).

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3 OBJETIVOS

3.1Objetivo Geral

Avaliar a associação do hábito de realizar café da manhã com características

sociodemográficas, outros comportamentos alimentares e consumo de macro e micro

nutrientes em adolescentes do estudo Piloto do ERICA, em cinco cidades brasileiras.

3.2Objetivos Específicos

Artigo 1

Descrever o sistema computacional desenvolvido para coleta de dados do

recordatório alimentar de 24 horas no ERICA;

Artigo 2

Descrever a frequência de comportamentos alimentares, tais como consumo do

café da manhã, realização de refeições na companhia dos pais e/ou responsáveis,

consumo de alimentos enquanto assiste TV ou usa o computador e consumo de

água em adolescentes que participaram do estudo piloto do ERICA.

Investigar a associação de consumo do café da manhã com características

sociodemográficas, com outros comportamentos alimentares e com o consumo

de macro e micronutrientes.

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4. RESULTADOS

Artigo 1: Programa para registro de recordatório alimentar de 24 horas –

desenvolvimento e aplicação no Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes

(ERICA) – Submetido para publicação na Revista de Nutrição em janeiro de 2014

Artigo 2: Café da manhã: associação com outros comportamentos alimentares e com

consumo de macro e micro nutrientes em adolescentes de cinco cidades brasileiras que

participaram do estudo piloto do ERICA

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Artigo 1

Título: Programa para registro de recordatório alimentar de 24 horas – desenvolvimento

e aplicação no Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) / Program

to record 24-hour food recall - development and application in the study of

Cardiovascular Risk in Adolescents (ERICA)

Autores:

Laura Augusta Barufaldi, Mestre¹, Gabriela de Azevedo Abreu, Mestre¹, Gloria Valeria

da Veiga, Doutora², Rosely Sichieri, Doutora³, Maria Cristina Caetano Kuschnir,

Doutora4, Diana Barbosa Cunha, Doutora³, Rosângela Alves Pereira, Doutora², Katia

Vergetti Bloch, Doutora¹

¹Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Avenida Horácio Macedo, S/N - Ilha do Fundão - Cidade Universitária - Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro – Brasil. Telefone: 21 2598-9280.

[email protected], [email protected], [email protected].

²Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Av.

Carlos Chagas Filho, nº 373 - Edifício do Centro de Ciências da Saúde, Bloco J / 2º

andar. Cidade Universitária, Ilha do Fundão – Rio de Janeiro – Brasil. Telefone: 21

2562-6432. [email protected]

³Instituto de Medicina Social. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro, Brasil. Rua São Francisco Xavier, 524, Pavilhão João Lyra Filho, 7º andar /

blocos D e E, e 6º andar / bloco E, Maracanã, Rio de Janeiro CEP 20550-013. Tels: (21)

2334-0235 / 2334-0354 / 2334-0472 / 2334-0504. [email protected],

[email protected]

4Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente, Universidade do Estado do Rio de

Janeiro. Avenida 28 de Setembro, nº 109 – Vila Isabel – Rio de Janeiro - Brasil.

Telefone: 21 2868-8162. [email protected]

Endereço para correspondência:

Laura Augusta Barufaldi. Rua Júlio de Castilhos, n. 35, apt. 711, Copacabana, Rio de

Janeiro, RJ. CEP.: 22.081-025. Telefone: (21) 3259-7617 / 97617-3716. E-mail:

[email protected].

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RESUMO:

Os objetivos do presente trabalho são descrever o instrumento desenvolvido para coleta

de dados de recordatório alimentar de 24 horas no Estudo de Riscos Cardiovasculares

em Adolescentes (ERICA) e relatar os resultados obtidos no estudo piloto. Para o

desenvolvimento do programa computacional que norteou a entrevista para aplicação do

REC24h, utilizou-se a técnica denominada “Multiple Pass Method”, em que

primeiramente são inseridos todos os alimentos consumidos pelo adolescente no dia

anterior e, posteriormente, são inseridas as informações de preparação, medida caseira e

quantidade. O REC24h-ERICA foi desenvolvido a partir de base de dados composta

por 1.626 itens alimentares (alimentos e bebidas) incluindo as formas de preparo e as

unidades de medidas caseiras pré-definidas. O estudo piloto incluiu 1367 adolescentes,

dos quais 1047 responderam ao REC24h, o que corresponde a 77% dos participantes do

estudo. Foi observado que os entrevistadores não encontraram dificuldades no uso do

programa, a duração média das entrevistas foi de 20 minutos e foram inseridos 50

alimentos novos pelos entrevistadores de campo. O programa desenvolvido mostrou-se

adequado para grandes estudos populacionais, mesmo em um país como o Brasil onde

existe grande diferença nos padrões alimentares.

Palavras-chave: desenvolvimento de programas, consumo de alimentos, adolescente

Keywords: program development, food consumption, adolescent

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ABSTRACT:

The objectives of this study are to describe the tool developed for data collection of the

24-hour food recall in the Study of Cardiovascular Risk in Adolescents (ERICA) and to

report the results obtained in the pilot study. To develop the software used for the

interview, a technique called "Multiple Pass Method" was applied. It consists of first

include all foods consumed the previous day and then enter the information on

preparation, portion size and, quantity. The 24hR-ERICA was developed from a

database consisting of 1,626 food items (food and drinks) including the preparation

methods and units of defined home measures. The pilot study included 1367

adolescents; 1047 answered 24hR, which corresponds to 77% of the participants. It was

observed that the researchers found no difficulties in handling the program, the average

length of the interviews was about 20 minutes and 50 new foods were entered by

interviewers. The program developed was suitable for large population studies, even in

a country like Brazil where there is big difference in eating patterns.

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, mudanças no cenário de saúde e nutrição, conhecidas como

transição epidemiológica e nutricional, têm sido associadas com o aumento sem

precedentes da incidência e da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis.

Porém, estudos epidemiológicos têm falhado em demonstrar claramente a associação

entre fatores da dieta e diversos desfechos relacionados à essas doenças. Esse fenômeno

tem repercussões importantes sobre o adequado desenvolvimento de alternativas para

prevenção e tratamento dessas enfermidades, tanto no plano individual como coletivo.

A dificuldade em demonstrar claramente essa associação é, em parte, atribuída à

imprecisão na obtenção de informações sobre consumo alimentar (1).

A coleta de dados individuais de consumo de alimentos é o método de escolha

para a investigação e monitoramento das exposições dietéticas, tendo em vista

reconhecer a distribuição do consumo alimentar usual de indivíduos e grupos da

população. Recentes desenvolvimentos na área de avaliação do consumo de alimentos

indicam que o recordatório do consumo alimentar de 24 horas (REC24h) aplicado de

forma padronizada e computadorizada é o método mais apropriado para a obtenção

dessas informações em estudos populacionais (2). Os exemplos mais importantes de tais

instrumentos são o EPIC-SOFT (3), utilizado na Europa, e o ASA-24 (4), aplicado nos

Estados Unidos.

O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) é um estudo

multicêntrico nacional que tem por objetivo conhecer a proporção de adolescentes com

diabetes mellitus e obesidade, assim como traçar o perfil dos fatores de risco para

doenças cardiovasculares, incluindo as concentrações séricas de lipídios, pressão arterial

marcadores de resistência à insulina, consumo alimentar e atividade física. O estudo irá

avaliar uma amostra representativa nacionalmente de aproximadamente 75 mil

adolescentes. Para a avaliação do consumo alimentar no ERICA, optou-se pela

realização do recordatório alimentar de 24 horas (REC24h). Entretanto, por tratar-se de

um estudo com amostra muito grande distribuída por todo o Brasil, identificou-se a

necessidade da criação de um instrumento computadorizado para a padronização da

obtenção de dados e a entrada direta dos dados em campo, denominado ERICA-

REC24h, o qual é parte do sistema ERICA-web. Sendo assim, os objetivos do presente

trabalho são descrever o instrumento desenvolvido para coleta de dados de recordatório

alimentar de 24 horas no ERICA e relatar os resultados obtidos no estudo piloto.

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MÉTODOS

Desenvolvimento de programa para coleta de dados do recordatório alimentar de

24 horas no ERICA

Um aplicativo foi desenvolvido para a realização do cadastro de usuários

(coordenadores, supervisores e pesquisadores de campo), e de escolas, turmas e alunos

participantes do ERICA. Esse aplicativo está hospedado no servidor do ERICA e

integra os diferentes módulos que compõem o sistema de informações do ERICA, entre

eles o do ERICA-REC24h. Um arquivo de carga de informações é gerado e transferido

para o programa ERICA-REC24h em netbooks, de uso off line durante o trabalho de

campo nas escolas.

Para a construção do programa do REC24h foi utilizado o Visual Studio .NET

2012 (web site e desktop). O banco de dados é o Firebird 2.5 e a linguagem C#. NET. O

sistema operacional do servidor é Windows 2008.

Todos os módulos do sistema de informação do ERICA são acessados mediante

login e senha de cada usuário.

Para o desenvolvimento do programa computacional que norteou a entrevista

para aplicação do REC24h, utilizou-se a técnica denominada “Multiple Pass Method”

(5). Essa técnica consiste em estimular o entrevistado a recordar os alimentos

consumidos no dia anterior através de cinco etapas: a) listagem rápida dos alimentos e

bebidas consumidos no dia anterior; b) questões que interpelam o entrevistado a

respeito de alimentos que são usualmente omitidos em REC24h; c) respostas do

entrevistado sobre o horário em que cada alimento foi consumido; d) descrição

detalhada dos alimentos relatados e suas respectivas quantidades, revendo as

informações sobre horário e a ocasião do consumo; e) revisão final das informações e

sondagem sobre alimentos que tenham sido consumidos e que não foram relatados.

O módulo do ERICA-REC24h foi desenvolvido a partir de base de dados

composta por 1.626 itens alimentares (alimentos e bebidas) incluindo as formas de

preparo e as unidades de medidas caseiras pré-definidas do software Brasil-Nutri, o qual

foi elaborado por uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto de Medicina

Social, sob a coordenação da Dra. Rosely Sichieri. Essa base de dados é a mesma que

foi utilizada no Inquérito Nacional de Alimentação - INA, desenvolvido pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008-2009 (6). Detalhes sobre a

metodologia do INA encontram-se descritos em Souza et al, 2013 (7).

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Descrição do ERICA-REC24h

No momento anterior à realização da entrevista propriamente dita, o nome da

escola, a turma e o nome do aluno são selecionados. Na segunda tela do programa,

existe um campo para preenchimento de pergunta sobre o uso de açúcar e/ou adoçante

nas bebidas consumidas, com as opções de resposta: açúcar; adoçante; ambos ou nada,

pois à semelhança do procedimento adotado no INA, se optou por não investigar a

quantidade de açúcar utilizada para adoçar as bebidas ingeridas.

Na próxima tela do programa, inicia-se o processo de digitação do REC24h

propriamente dito, com a inserção de todos os alimentos e bebidas consumidos pelo

adolescente no dia anterior (Figura 1). A inserção do alimento é realizada digitando-se,

pelo menos, três letras do nome do alimento, permitindo a seleção do mesmo em uma

lista contida no programa. Nessa etapa do processo, são listados todos os alimentos e

bebidas consumidos, considerando local e hora, sem preocupação com modo de

preparação e quantidade. No campo “LOCAL” onde o alimento foi consumido as

opções são (“em casa”, “na escola” ou “na rua”). No campo “HORA”, as opções são

apenas em números inteiros, registrando-se a hora em que o adolescente consumiu o

alimento. Quando o adolescente relata horários com até 29 minutos, a hora registrada é

a anterior (ex.: 12:15h = 12h) e, para valores acima de 30 minutos, a hora registrada é a

próxima (ex.: 12:35h = 13h). O objetivo da obtenção da informação sobre horário é a

possibilidade de avaliação das refeições realizadas pelos adolescentes através da

combinação dos alimentos ingeridos no mesmo horário.

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Figura 1 – Listagem dos alimentos consumidos com local e hora

O próximo passo é o detalhamento de cada um dos alimentos citados pelo

adolescente. Na quarta tela do programa, clica-se no ícone em formato de lápis para

edição de cada alimento registrado, abrindo uma tela para inserção dos dados de

preparação, unidade e quantidade (Figura 2). No campo “Preparação”, visa-se

identificar o modo de preparo do alimento, por exemplo, assado, frito, cru, cozido,

refogado, grelhado, etc. Quando o alimento já é uma preparação (ex.: lasanha) utiliza-se

a opção “não se aplica”. No campo “Unidade” informa-se a medida caseira utilizada

para consumir o alimento, como por exemplo, copos, colheres, pratos, ponta de faca,

xícara, unidade, pedaço, bife, concha, entre outros. No campo “Quantidade”, informa-se

quantas unidades daquela medida caseira o adolescente comeu daquele alimento (ex. 2

copos, 3 colheres). A quantidade pode ser inserida utilizando-se valor inteiro ou

decimal.

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Figura 2 – Detalhamento dos Alimentos

Para evitar a perda de informações nos casos de alimentos que não estão

presentes na lista, o programa ERICA-REC24h foi desenvolvido de forma a aceitar a

inserção de alimentos novos. O entrevistador digita o nome do alimento a ser inserido

no campo “Alimento”. Caso o alimento não esteja na lista, aparecerá uma mensagem

perguntando se deseja adicioná-lo. Ao clicar em “SIM”, a tela da Figura 3 é

apresentada. Nessa tela, o pesquisador escolhe as unidades (medidas caseiras) e as

preparações que se relacionam com o alimento que está sendo inserindo.

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Figura 3 – Inserção de Alimentos novos

Para facilitar o registro das quantidades consumidas, no campo “Medida”, o

programa disponibiliza imagens de medidas caseiras (canecas, colheres, garrafas,

pegadores, pratos, tigelas, xícaras e copos) (Figura 4). Esse campo não pode ser

utilizado para seleção da unidade, apenas para visualização dos tipos de medidas

caseiras que podem ser escolhidas.

Figura 4 – Figuras de Medidas Caseiras

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Ao final da aplicação do REC24h, o sistema apresenta uma mensagem de alerta

para que o pesquisador confirme junto ao adolescente se algum alimento consumido no

dia anterior deixou de ser relatado, particularmente aqueles usualmente omitidos em

inquéritos desse tipo, como balas, chicletes, bebidas, doces, biscoitos (8). Além disso,

caso tenha ocorrido um intervalo maior do que três horas sem o consumo de nenhum

alimento ou se o participante relatou menos do que cinco alimentos ao longo das

últimas 24 horas, serão geradas mensagens para confirmação dessas informações. O

REC24h é finalizado quando todos os campos de todos os alimentos relatados estiverem

preenchidos.

Após a coleta dos dados, o pesquisador deve descarregar os dados coletados, via

internet. Na última tela do programa, ao ativar o botão “Encerrar Recordatório”, o

sistema gera um arquivo que reúne todas as informações coletadas no ERICA-REC24h.

Ao clicar no botão “Transferir”, os dados são enviados para o servidor do ERICA.

Análise dos alimentos inseridos

O sistema ERICA-web permite a análise dos alimentos “novos” inseridos pelos

entrevistadores. No momento da análise, é possível associar o item inserido a um outro

alimento ou sinonímia já existente na base de dados do programa. Por exemplo, se for

inserido o alimento “Carne de Porco”, este poderá ser associado à composição

nutricional de “Carne Suína”, a qual está listada na base de dados. Outro procedimento

possível para estimar a composição nutricional de um novo alimento é desmembrar uma

preparação mista em seus componentes que são parte da base de dados. Por exemplo, se

for inserida a preparação “Arroz de Brócolis”, esta poderá ser desmembrada em “Arroz”

+ “Brócolis”, havendo protocolos padronizados para calcular as proporções dos

alimentos que compõem as preparações mistas. Quando nenhuma dessas duas

possibilidades for viável, é possível inserir esse alimento novo e sua composição

nutricional na base de dados.

Estimativa do consumo de alimentos e da ingestão de macro e micronutrientes

Após a descarga dos dados, é possível obter um banco, no ERICA-web, com

todos os alimentos consumidos pelos adolescentes. Deve-se converter as quantidades

consumidas dos alimentos em medidas de massa (em gramas) e/ou volume (mililitros)

para relacionar os dados de consumo de alimentos com uma tabela de composição

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nutricional (9) e, assim, estimar a ingestão de macro e micronutrientes para cada

adolescente.

RESULTADOS

O método do ERICA-REC24h foi aplicado no estudo piloto do ERICA, no

primeiro semestre de 2012, realizado em cinco cidades brasileiras: Rio de Janeiro (RJ),

Feira de Santana (BA), Botucatu (SP), Campinas (SP) e Cuiabá (MT), visando a

avaliação da logística do ERICA e dos instrumentos a serem utilizados no estudo em

contextos variados.

Em cada equipe, dois pesquisadores de campo foram responsáveis pela

realização das entrevistas do REC24h com os adolescentes, sob a supervisão de um

supervisor, todos devidamente treinados. Os supervisores de campo são profissionais da

área de saúde, em sua maior parte nutricionistas, enquanto os pesquisadores de campo

são, preferencialmente, profissionais de nível técnico da área da saúde.

O estudo piloto incluiu 1367 adolescentes, dos quais 1047 responderam ao

REC24h, o que corresponde a 77% dos participantes do estudo piloto. Dos alunos

avaliados, 54% eram do sexo feminino e a média de idade foi de 13,8 anos (desvio

padrão 1,5 anos).

Durante todo o trabalho de campo no estudo piloto foram inseridos 50 alimentos

novos pelos entrevistadores de campo. Após análise desses alimentos inseridos,

observou-se que: dois foram inseridos por erro de grafia do pesquisador (ex: “Pão” com

til, sendo que na lista todos os alimentos estão escritos sem acento e sem cedilha); 11

foram inseridos por uma diferença da forma de especificar o nome do alimento (ex:

Alimento inserido: batata – alimento da lista: batata inglesa); 20 foram inseridos por um

detalhamento do pesquisador em relação ao “sabor” do alimento quando a lista não faz

essa diferenciação (Ex: Alimento inserido: suco de jenipapo – alimento da lista: suco);

treze itens inseridos foram associados com alimentos semelhantes (Ex: Alimento

inserido: Doce de abóbora – alimento da lista: doce de fruta em pasta de qualquer sabor)

e dois foram desmembrados em alimentos presentes na lista (Ex: Arroz com abóbora e

molho de camarão); um item foi inserido com nomenclatura regional (“Josefina”) o qual

foi, posteriormente, associado com o alimento incluído na lista do programa

(“Linguiça”).

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Com relação uso do programa, foi observado que os pesquisadores não

encontraram dificuldades com a sua manipulação e a duração média das entrevistas foi

de 20 minutos. Não foi implementada nenhuma mudança no programa após o estudo

piloto.

DISCUSSÃO

A importância da avaliação do consumo alimentar nos estudos sobre saúde e

nutrição já é reconhecida. No entanto, para avaliar o consumo alimentar são necessários

métodos que combinem simplicidade, validade e precisão (10). O programa ERICA-

REC24h se mostrou uma ferramenta adequada quanto ao tempo de aplicação, tendo o

sistema características amigáveis que favoreceram o relato do consumo de alimentos.

O treinamento dos supervisores e pesquisadores de campo, a inserção das figuras

das medidas caseiras e das mensagens de alerta no programa são técnicas que buscaram

garantir a melhor qualidade dos dados de consumo alimentar coletados no trabalho de

campo do ERICA.

A lista de alimentos que compõem o programa para aplicação do REC24h-

ERICA facilita o processo de análise evitando que cada pesquisador insira o alimento

com uma grafia diferente. Essa lista tem cerca de 1600 alimentos já codificados, o que

possibilita o relacionamento desses com uma lista de preparações, unidades e com uma

tabela de composição nutricional. Como o INA é uma pesquisa nacional, a lista gerada

contém alimentos disponíveis no Brasil inteiro. Observou-se mesmo assim a falta de

alguns alimentos, principalmente preparações, como por exemplo, creme de espinafre,

filé à parmegiana e arroz de brócolis.

Uma particularidade do programa REC24h-ERICA é o fato de estar acoplado ao

módulo do sistema ERICA-web para realização de carga e descarga dos dados, além da

análise dos alimentos inseridos e do acesso ao banco de dados. Entretanto, o

programador trabalha com a possibilidade de desvincular esses sistemas, com o objetivo

de disponibilizar o módulo do sistema REC24h-ERICA.

O programa desenvolvido mostrou-se adequado para grandes estudos

populacionais, mesmo em um país como o Brasil onde existe grande diferença nos

padrões alimentares. Os resultados obtidos pelo ERICA são promissores para uma área

muito importante que é de conhecer o consumo alimentar e, em particular, dos jovens

brasileiros.

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AGRADECIMENTOS:

À Jorge Alberto dos Santos (SoftJads) pelo desenvolvimento dos módulos do sistema

ERICA ([email protected]); à FAPERJ pelas bolsas de doutorado de LAB

(processo nº E26/102.797/2010) e GAA (processo nº E26/100.332/2013).

REFERÊNCIAS

1. Fraser GE. A search for truth in dietary epidemiology. Am J Clin Nutr.

2003;78(3 Suppl):521s-5s.

2. Tooze JA, Midthune D, Dodd KW, Freedman LS, Krebs-Smith SM, Subar AF,

et al. A new statistical method for estimating the usual intake of episodically consumed

foods with application to their distribution. J Am Diet Assoc. 2006;106(10):1575-87.

doi: 10.1016/j.jada.2006.07.003.

3. Slimani N, Ferrari P, Ocke M, Welch A, Boeing H, Liere M, et al.

Standardization of the 24-hour diet recall calibration method used in the european

prospective investigation into cancer and nutrition (EPIC): general concepts and

preliminary results. Eur J Clin Nutr. 2000;54(12):900-17.

4. Subar AF, Kirkpatrick SI, Mittl B, Zimmerman TP, Thompson FE, Bingley C, et

al. The Automated Self-Administered 24-hour dietary recall (ASA24): a resource for

researchers, clinicians, and educators from the National Cancer Institute. J Acad Nutr

Diet. 2012;112(8):1134-7. doi: 10.1016/j.jand.2012.04.016

5. Conway JM, Ingwersen LA, Vinyard BT, Moshfegh AJ. Effectiveness of the US

Department of Agriculture 5-step multiple-pass method in assessing food intake in

obese and nonobese women. The American Journal of Clinical Nutrition.

2003;77(5):1171-8.

6. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), 2008-2009: Análise do

Consumo Alimentar Pessoal no Brasil.: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

2010. p. 150.

7. Souza AdM, Pereira RA, Yokoo EM, Levy RB, Sichieri R. Alimentos mais

consumidos no Brasil: Inquérito Nacional de Alimentação 2008-2009. Rev Saúde

Pública. 2013;47:190s-9s.doi: 10.1590/S0034-89102013000700005.

8. Ingwersen LA, Raper NR, Anand J, Moshfegh AJ, Food Surveys Research

Group. Validation study shows importance of probing for forgotten foods during a

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Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · recordatório alimentar de 24horas. Resultados: Artigo 1: Na avaliação do uso do programa do recordatório no piloto foi

dietary recall. Journal of the American Dietetic Association. 2004;104:13. doi:

10.1016/j.jada.2004.05.022.

9. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), 2008-2009. Tabela de

composição nutricional dos alimentos consumidos no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística; 2011.

10. Pereira RA, Araujo MC, Lopes Tde S, Yokoo EM. How many 24-hour recalls or

food records are required to estimate usual energy and nutrient intake? Cad Saude

Publica. 2010;26(11):2101-11. doi: 10.1590/S0102-311X2010001100011.

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Artigo 2

Título: Café da manhã: associação com consumo e comportamentos alimentares em

adolescentes

Autores: Laura Augusta Barufaldi, Mônica Maria Ferreira Magnanini, Gabriela de

Azevedo Abreu e Katia Vergetti Bloch

Resumo

Introdução: O café da manhã/desjejum é uma das três principais refeições do dia e tem

sido utilizado como um indicador de comportamento alimentar saudável. Objetivos:

Avaliar a associação do hábito de realizar café da manhã/desjejum com características

sociodemográficas, outros comportamentos alimentares e consumo de macro e micro

nutrientes. Métodos: Trata-se de um estudo de delineamento seccional de base escolar,

parte do “Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA)”. Os dados

foram obtidos em cinco cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Feira de Santana, Botucatu,

Campinas e Cuiabá. Em cada cidade foram escolhidas 3 escolas (2 públicas e 1

particular), e em cada escola foram sorteadas 3 turmas. Dados socioeconômicos, de

comportamento alimentar e de atividade física foram coletados através de questionário

autopreenchido em coletor eletrônico de dados. O consumo alimentar foi avaliado

através de recordatório alimentar de 24 horas. Foram ajustados modelos de regressão

logística ordinal para investigar se a frequência do consumo do desjejum está associada

às características de interesse (sexo, idade, atividade física, escolaridade da mãe,

refeições com os pais, refeições em frente a telas, consumir petiscos em frente a telas e

ingestão de água). A associação com cada característica foi investigada ajustando-se

para confundimento pelas demais variáveis após avaliação de modificação de efeito por

sexo, idade, atividade física e escolaridade da mãe. As médias de consumo dos

nutrientes de acordo com as categorias de consumo de café da manhã foram comparadas

utilizando-se análise de variância. Resultados: Foram avaliados 943 adolescentes

(73,8% dos elegíveis). Observou-se que 18,9% dos adolescentes nunca consome café da

manhã. Adolescentes que referiram consumo do desjejum referiram também realizarem

refeições com os pais com maior frequência (OR: 1,66 e IC: 1,01 – 2,73). O consumo

dessa refeição é mais frequente no sexo masculino (OR: 2,44 e IC: 1,67-3,55) e entre os

adolescentes mais jovens (OR: 0,91 e IC: 0,84-0,98). A associação com sexo só foi

observada nos indivíduos ativos, que realizam mais de 300 min / semana de atividade

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física moderada e/ou rigorosa. Adolescentes que realizam desjejum consomem mais

energia, fibra e diversos micronutrientes. Conclusão: Os adolescentes que consomem

café da manhã com maior frequência são do sexo masculino, mais jovens e também

fazem refeições com os pais/responsáveis com maior frequência.

Palavras-chave: desjejum; consumo alimentar; adolescentes

ABSTRACT

Introduction: The breakfast is one of the three main meals of the day and has been

used as an indicator of healthy eating behavior. Objectives: To evaluate the association

of breakfast with socioeconomic characteristics, with other dietary behaviors and with

consumption of macro and micro nutrients in adolescents of the pilot study of ERICA.

Methods: It is a cross-sectional school-based study in five Brazilian cities that

participated in the pilot study of ERICA. In each city three schools (two public and one

private) were chosen, and three classes in each school were selected to participate in the

study. Data on socioeconomic status, eating behavior, and physical activity were

collected through a self-report questionnaire. Dietary intake was assessed by 24-hour

dietary recall. Ordinal logistic regression models were fitted to investigate the frequency

of consumption of breakfast is associated with the characteristics of interest (sex, age,

physical activity, mother's education, meals with their parents, eat in front of screens,

consume snacks in front of screens and water intake). The association with each trait

was investigated adjusting for confounding by other variables after evaluation of effect

modification by sex, age, physical activity and maternal education. The average nutrient

intake according to the categories of breakfast consumption were compared using

analysis of variance. Results: Information on 943 adolescents (73.8% of those eligible)

were analyzed. It was observed that 18.9% of adolescents never eat breakfast.

Adolescents who usually eat breakfast make meals with parents more often (OR: 1.66

and CI: 1.01 to 2.73). The consumption of this meal is more frequent in males (OR =

2.44 and CI: 1.67 to 3.55) and among younger adolescents (OR = 0.91 and CI = 0.84 to

0.98). The association with sex was observed only in physically active individuals.

Teens who eat breakfast consume more energy, fiber and many micronutrients.

Conclusions: Teenagers consume breakfast more often are the younger, males and also

make meals with parents / carers with greater frequency.

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Introdução

Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, o café da manhã é uma

das três principais refeições do dia (Brasil, 2006), definida como a primeira refeição

consumida pela manhã (Houaiss A, 2004). Um sinônimo para a expressão “café da

manhã” é a palavra desjejum, que significa a quebra do jejum involuntário mantido

durante o sono e vem do latim (Houaiss A, 2004).

Segundo resultados de estudos realizados em diferentes países, a proporção de

adolescentes que realiza a refeição do café da manhã varia entre 45% a 95% (Trancoso,

2010). O estilo de vida da sociedade contemporânea tem modificado os hábitos

alimentares da população. Autores mencionam que o declínio no consumo de café da

manhã está normalmente relacionado com mudanças no estilo de vida contemporâneo

da população, tais como: aumento do número de indivíduos que moram sozinhos, falta

de tempo para realizar as refeições e particularidades no consumo de pratos diferentes

pelos membros da família (Rampersaud GC, 2009; Lambert JL, 2005).

Comparada aos lanches, a refeição matinal proporciona uma maior ingestão de

vitaminas e minerais e menor ingestão de gorduras e colesterol (Utter J et al, 2007).

Além disso, as crianças que não tomam café da manhã regularmente são também menos

propensas a comer regularmente almoço e / ou jantar e são significativamente mais

propensas a consumir salgadinhos, principalmente entre as refeições (Sjoberg A, 2003).

A ausência dessa refeição pode, por sua vez, favorecer uma possível deficiência de

cálcio, uma vez que nela geralmente se concentra o maior consumo diário de leites e

derivados, que são fontes desse mineral (Gambardella AND et al, 1999).

Estudos demonstram que existe uma relação entre o consumo de café da manhã

e o peso corporal. Nos estados Unidos, houve um declínio significativo no consumo de

café da manhã entre crianças e adolescentes, entre 1965 e 1991 (Siega, 1998), e durante

um tempo semelhante a proporção de crianças e adolescentes definidos como obesos

quase triplicou (National Center for Health Statistics). Muitos estudos transversais têm

documentado uma relação entre não tomar café da manhã e maior índice de massa

corporal (IMC) (Affenito, 2005, Sjoberg A, 2003, Keski-Rahkonen A, 2003).

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Não existem estudos sobre a associação do consumo de café da manhã com

outros comportamentos alimentares.

O objetivo do presente estudo é avaliar a associação do hábito de realizar café da

manhã com características sociodemográficas, outros comportamentos alimentares e

consumo de macro e micro nutrientes.

Métodos

Delineamento de Estudo e Fonte de Dados

Trata-se de um estudo de delineamento seccional de base escolar, parte do

“Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes- ERICA”. O Estudo de Riscos

Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) é um estudo seccional multicêntrico

nacional de base escolar, com o objetivo de estimar a prevalência de diabetes mellitus,

obesidade, fatores de risco cardiovascular e de marcadores de resistência à insulina e

inflamatórios em adolescentes de 12 a 17 anos que frequentam escolas em cidades

brasileiras com mais de 100.000 habitantes.

Os dados utilizados neste estudo foram obtidos em cinco cidades brasileiras: Rio

de Janeiro (RJ), Feira de Santana (BA), Botucatu (SP), Campinas (SP) e Cuiabá (MT).

Em cada uma dessas cidades foram escolhidas três escolas, uma privada e duas públicas

em diferentes áreas da cidade. Nas escolas selecionadas, foi feito um levantamento das

turmas das séries elegíveis (7º, 8º e 9º ano do ensino fundamental e 1º, 2º e 3º ano do

ensino médio) para então, aleatoriamente, três turmas por escola serem selecionadas,

duas no turno da manhã e uma no turno da tarde. A população estudada não é

representativa da população de estudantes das cidades participantes tendo sido

selecionada de forma a possibilitar a avaliação da logística do ERICA e dos

instrumentos a serem utilizados no estudo em contextos variados. Foram entrevistados e

examinados todos os alunos das turmas selecionadas que trouxeram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado por seus responsáveis. Foram

excluídos das análises, por não serem considerados elegíveis, os adolescentes fora da

faixa etária de 12 a 17 anos e adolescentes grávidas. O estudo foi aprovado por um

comitê de ética em pesquisa em cada município participante do estudo.

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Avaliação dos Comportamentos Alimentares

O questionário utilizado foi autopreenchível e aplicado com o uso de um coletor

eletrônico de dados, PDA (Personal Digital Assistant). O questionário contém cerca de

100 questões e está dividido em 11 blocos: aspectos sócio-demográficos, atividades

ocupacionais, atividade física, comportamento alimentar, tabagismo, uso de bebidas

alcoólicas, saúde reprodutiva, saúde bucal, morbidade referida, duração do sono e bem

estar psicológico.

Muitos dos blocos do questionário, incluindo o de comportamentos alimentares,

basearam-se no questionário utilizado na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

(PENSE), realizada pelo IBGE no ano de 2009 (IBGE, 2009). O bloco de

comportamento alimentar contém perguntas sobre o consumo do café da manhã, a

companhia dos pais/responsáveis nas refeições (almoço e jantar), refeições (almoço e

jantar) realizadas enquanto assiste TV, e consumo de petiscos enquanto assiste TV ou

usa o computador e o vídeo game. Todas as perguntas têm as seguintes opções de

resposta: não, às vezes, quase todos os dias e todos os dias.

Para fins de análise, na variável do consumo do café-da-manhã, optou-se pela

junção das opções de resposta “quase todos os dias” e “todos os dias”, obtendo-se uma

variável com as opções: “não consome”; “consome às vezes” e “consome quase/todos

os dias”.

Foi criada uma variável para expressar a companhia dos pais/responsáveis nas

refeições, combinando as variáveis almoço e jantar com pais/responsáveis de forma que

permanecessem as seguintes opções: “Nunca faz nenhuma das refeições com os

pais/responsáveis”; “às vezes faz 1 ou 2 das refeições com pais/responsáveis” e “faz

quase sempre/sempre pelo menos 1 das refeições com os pais/responsáveis”.

Para as questões sobre refeições (almoço e jantar) realizados enquanto assite à

TV, obteve-se a variável refeição em frente à TV e utilizou-se a mesma categorização

final da variável refeição com pais/responsáveis.

Por fim, através das variáveis petisco enquanto assiste à TV e petisco enquanto

usa computador/videogame criou-se a variável petisco em frente a telas com três opções

de resposta: “nunca come petisco em frente a telas”; “ás vezes come petisco em frente a

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TV ou ao computador/videogame” e “quase sempre/sempre come petisco em frente a

TV ou ao computador/videogame”.

Outro comportamento avaliado no mesmo questionário foi o consumo diário de

água e as opções de resposta foram “não bebo água”, “1 a 2 copos”, “3 a 4 copos” e

“pelo menos 5 ou mais copos por dia”.

Avaliação das variáveis sociodemográficas e de atividade física

A frequência do consumo de café da manhã foi analisada de acordo com as

variáveis sexo, idade, escolaridade da mãe e prática de atividade física. A variável idade

foi analisada de forma contínua. Nos casos de falta de informação para a variável de

escolaridade de mãe através do questionário do adolescente, buscou-se a informação no

questionário respondido pelos pais/responsáveis. Na análise, optou-se por reduzir a

variável de escolaridade da mãe a duas categorias: até nível médio incompleto (baixa

escolaridade) e nível médio completo ou mais (alta escolaridade). A atividade física foi

avaliada através de questionário previamente validado (Farias Junior JC et al, 2012)

onde uma lista com várias atividades (consideradas moderadas a vigorosas) é

apresentada e o adolescente deve marcar quais foram realizadas na última semana. Para

as atividades selecionadas é questionado o número de dias e o tempo por dia que foi

realizada. Esse método permite calcular o tempo de atividade física semanal. Foram

classificados como ativos os adolescentes que realizam mais de 300 minutos de

atividade física na semana (Biddle S et al, 1998). Foram excluídos da análise valores

acima de 2100 minutos semanais de atividade física, ou seja, mais de 5 horas diárias

(considerados erro de preenchimento).

Avaliação do Consumo Alimentar

Para avaliação do consumo alimentar, foram realizados dois recordatórios

alimentares de 24 horas (REC24h): um na amostra total e outro em uma subamostra (2

alunos por turma), a fim de avaliar a variabilidade intraindividual no consumo

alimentar. A entrada dos dados do REC24h foi realizada no momento do campo,

utilizando-se um software específico com o uso de netbooks. A aplicação do REC24h

foi realizada por dois pesquisadores de campo, devidamente treinados.

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O banco de dados gerado pelo sistema apresenta todos os alimentos consumidos

por cada um dos adolescentes com a quantidade em medida caseira, sendo que

posteriormente, essas informações foram convertidas em pesos e volumes.

Considerou-se a adição de óleo de soja em todas as formas de preparação de

carnes, peixes e aves e as preparações cozidas e refogadas de legumes e verduras.

Adicionalmente, padronizou-se a adição de 10 g de açúcar para cada 100 ml de suco de

fruta, café, café com leite, chá e mate, quando os indivíduos reportaram o consumo

usual de açúcar, e adição de 5 g de açúcar para cada 100 ml dessas bebidas, quando foi

reportado o consumo frequente de ambos, açúcar e adoçante.

Para a estimativa da ingestão de energia, macronutrientes e micronutrientes

foram utilizadas as tabelas de composição nutricional (IBGE, 2011a) e medida caseira

(IBGE, 2011b) compiladas especificamente para análise dos alimentos e preparações

citados na POF 2008-2009. Os dados de ingestão de nutrientes representam a

contribuição somente dos alimentos e/ou bebidas e não incluíram o consumo de

suplementos e/ou medicamentos.

Para análise do 2º REC24h foi utilizado o programa MSM

(https://msm.dife.de/), que calcula, através da diferença entre o 1º e o 2º REC24h, um

fator de correção para cada um dos macro e micronutrientes e o aplica para toda a

amostra.

Análise estatística

Quanto às análises descritivas, variáveis contínuas foram descritas com médias e

desvio-padrão, e categóricas com frequências e intervalos de confiança. Os dados foram

analisados com o software STATA, versão 12 (Stata Corp., College Station, USA).

Foram considerados significativos p-valores <0,05.

Para verificar a associação da frequência do consumo de desjejum com

características sociodemográficas, atividade física e com os outros comportamentos foi

utilizada a regressão logística ordinal de odds proporcionais. Na regressão logística

ordinal, a variável de desfecho deve ter categorias de resposta intrinsicamente

ordenadas, como acontece com a variável da frequência do consumo de desjejum, onde

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as categorias de resposta são: “nunca”, “às vezes” e “quase sempre/sempre”. Nesse tipo

de análise, é calculada a probabilidade cumulativa de estar em uma categoria contra

todas as categorias inferiores e assume-se que a distância entre cada categoria seja

equivalente. Para testar essa suposição de proporcionalidade, foi utilizado o teste de

Brant.

Para avaliar a modificação de efeito, primeiramente foi realizada uma análise da

associação de interesse pelas categorias da variável com possível efeito modificador da

associação. Quando observada heterogeneidade da associação foi ajustado um modelo

contendo um termo de interação da variável independente de interesse com a possível

variável modificadora de efeito e verificada a significância estatística do termo.

Para avaliar o confundimento foram inseridas nos modelos as variáveis que não

apresentaram efeito modificador estatisticamente significativo e que se associaram tanto

à vaiável dependente quanto à independente (p≤0,20) de interesse. O impacto de cada

variável foi avaliado comparando-se os odds ratios dos modelos com e sem a variável.

Considerou-se confundimento uma mudança de no mínimo 10% no valor do OR.

As médias de consumo dos nutrientes de acordo com as categorias de consumo

de café da manhã foram comparadas utilizando-se análise de variância.

Resultados:

Foram avaliados 943 (73,8%) alunos (que responderam ao questionário e

também ao recordatório alimentar) dentre 1278 elegíveis. Nos 26,2% de perda estão

incluído os adolescentes que responderam apenas o questionário ou o recordatório

alimentar de 24 horas, os adolescentes que se recusaram a participar da pesqusia e

também os que não compareceram à escola no dia da avaliação. Dos avaliados, 53,6%

eram do sexo feminino e a média de idade foi de 13,8 anos (desvio padrão =1,54). Dos

escolares avaliados, 31,2% eram filhos de mães com baixa escolaridade, 58,2% filhos

de mães com alta escolaridade e 10,6% sem informação de escolaridade da mãe. Com

relação à atividade física, 44,9% dos adolescentes foram considerados inativos, 43,9%

foram considerados ativos e 11,2% das respostas foram desconsideradas por serem

valores acima de 5 horas diárias de atividade física.

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As frequências dos comportamentos alimentares são apresentadas na tabela 1.

Do total de adolescentes avaliados, aproximadamente 1/5 nunca tomavam café da

manhã. Cerca de 1/3 relataram nunca ou só às vezes realizar pelo menos uma das

refeições com os pais/responsáveis. Mais da metade dos adolescentes relataram realizar

pelo menos uma das refeições principais enquanto assiste à TV sempre ou quase

sempre. A maioria dos adolescentes tem o hábito de consumir petiscos em frente a telas

às vezes ou sempre/quase sempre. Aproximadamento 1/5 dos adolescentes relatou beber

apenas 1 a 2 copos de água por dia.

Tabela 1- Frequência dos comportamentos alimentares nos

adolescents do estudo piloto do ERICA

Comportamentos n (%)

Café da manhã

Nunca 178 (18,9)

Às vezes 267 (28,3)

Quase sempre/sempre 498 (52,8)

Refeição com pais/responsáveis

Nunca 59 (6,36)

Às vezes 205 (21,7)

Quase sempre/sempre 679 (72,0)

Refeição enquanto assite à TV

Nunca 134 (14,2)

Às vezes 286 (30,3)

Quase sempre/sempre 523 (55,5)

Petisco enquanto usa telas

Nunca 92 (9,8)

Às vezes 455 (48,3)

Quase sempre/sempre 396 (41,9)

Consumo de Água

Não bebo Água 20 (2,1)

1 a 2 copos 185 (18,9)

3 a 4 copos 318 (32,6)

5 ou mais copos 453 (46,4)

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Na tabela 2, são apresentados os resultados dos modelos de associação entre o hábito de

consumir café da manhã e os demais hábitos alimentares. Não foi observado confundimento das

associações por sexo, idade e escolaridade da mãe. O único comportamento alimentar que se

mostrou associado com o consumo do café da manhã foi realizar refeições com os pais, sendo

que a chance dos adolescentes que realizam refeições com os pais quase sempre/sempre

realizarem café da manhã quase sempre/sempre comparando com nunca ou às vezes é 1,66 vezes

maior do que dos adolescentes que nunca realizam refeições com os pais .

Tabela 2 – Associação entre café da manhã com os demais comportamentos

alimentares nos adolescentes do estudo piloto do ERICA

Comportamentos OR IC

Refeição com os pais/ responsáveis

Às vezes 1,42 0,82 – 2,43

Quase sempre/sempre 1,66 1,01 – 2,73

Refeição enquanto assite à TV

Às vezes 0,78 0,52 – 1,17

Quase sempre/sempre 0,69 0,48 – 1,00

Petiscos enquanto usa telas

Às vezes 0,92 0,59 – 1,43

Quase sempre/sempre 0,73 0,47 – 1,15

Consumo de Água

1 a 2 copos 1,58 0,66 – 3,79

3 a 4 copos 1,94 0,82 – 4,57

5 ou mais copos 2,21 0,94 – 5,17

O resultado das análises de associação entre o café da manhã com sexo, idade e

escolaridade da mãe é apresentado na tabela 3. No processo de análise dos dados, foi observado

que a variável de atividade física atua como modificadora de efeito na associação entre sexo e

consumo de café da manhã, portanto, os resultados são apresentados separadamente de acordo

com as categorias dessa variável.

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Tabela 3 – Associação entre café da manhã com sexo, idade e escolaridade da mãe nos

adolescentes do estudo piloto do ERICA

Comportamentos Amostra Total Inativos Ativos

OR IC OR IC OR IC

Sexo 1,77 1,39-2,26 1,24 0,85-1,80 2,44 1,67-3,55

Idade 0,91 0,84-0,98

Escolaridade da mãe 1,20 0,92-1,56 Categoria de referência para variável sexo: feminino

Categoria de referência para a variável escolaridade da mãe: baixa escolaridade

Na amostra total dos adolescentes estudados, sexo e idade mostraram-se associados com o

consumo do café da manhã. Entretanto, quando realizada a análise estratificada por atividade

física, sexo só permaneceu associado estatisticamente com café da manhã nos indivíduos

fisicamente ativos. Escolaridade da mãe não foi associada ao consumo do café da manhã.

Observou-se que, nos adolescentes ativos, a chance dos meninos realizarem café da manhã quase

sempre/sempre comparando com nunca ou às vezes é 2,44 vezes maior do que das meninas. Com

relação à idade, a cada diminuição de um ano, aumenta-se 1,1 vezes a chance de realizar café da

manhã quase sempre/sempre comparando com nunca ou às vezes.

Por fim, na tabela 4 estão as médias de consumo de energia, macro e micronutrientes para

cada categoria de frequência de café da manhã e o resultado do teste de comparação dessas

médias.

Foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre as médias de acordo com as

categorias do café da manhã para consumo energético, de fibras, ferro, cobre, potássio, magnésio,

manganês, sódio, fósforo, zinco vitamina D e vitamina E. Em todos os casos, a média de

consumo aumenta com o aumento da frequência da realização do café da manhã.

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Tabela 4 – Médias de consumo de energia, macro e micronutrientes para cada categoria de café da

manhã em adolescentes do estudo piloto do ERICA

Macro e micro nutrientes

Média (desvio padrão)

P valor¹ Nunca toma café

da manhã

Toma café da

manhã às vezes

Toma café da

manhã quase

sempre∕sempre

Energia (Kcal) 2074,35 (585,41) 2248,17 (633,07) 2299,99 (615,62) 0,0002

Proteína (%) 16,21 (3,33) 16,24 (3,68) 16,37 (3,39) 0,8066

Carboidratos (%) 53,56 (5,97) 52,87 (6,42) 52,79 (5,47) 0,3000

Lipídios (%) 31,22 (5,12) 31,29 (5,47) 31,33 (4,95) 0,9684

Gordura Saturada (%) 11,52 (2,37) 11,45 (2,27) 11,53 (2,27) 0,9114

Gordura trans (%) 0,99 (0,37) 1,02 (0,44) 1,01 (0,49) 0,7786

Colesterol (mg) 263,47 (78,19) 279,63 (85,53) 278,95 (85,81) 0,0816

Fibras (g) 15,92 (5,65) 17,63 (5,63) 19,00 (6,38) 0,0000

Cálcio (mg) 672,11 (277,03) 681,44 (232,51) 698,11 (256,59) 0,4364

Ferro (mg) 12,77 (4,19) 13,59 (4,25) 13,96 (4,42) 0,0070

Cobre (mg) 1,18 (0,73) 1,23 (0,50) 1,35 (0,81) 0,0117

Potássio (mg) 2183,19 (686,04) 2424,99 (771,16) 2527,53 (724,59) 0,0000

Magnésio (mg) 225,33 (68,74) 248,39 (70,51) 262,32 (73,27) 0,0000

Manganês (mg) 3,45 (10,87) 2,32 (1,24) 4,54 (14,77) 0,0432

Selênio (µg) 96,43 (42,72) 105,27 (52,99) 105,07 (46,77) 0,0926

Sódio (mg) 1938,03 (764,68) 2089,05 (813,32) 2198,56 (865,06) 0,0014

Fósforo (mg) 1044,83 (367,22) 1151,12 (402,89) 1200,39 (368,56) 0,0000

Zinco (mg) 12.47 (4,77) 13,69 (5,59) 13,99 (5,15) 0,0038

Vitamina C (mg) 140,65 (92,51) 153,73 (111,45) 160,89 (105,63) 0,0855

Vitamina B12 (µg) 4,64 (4,50) 5,09 (3,32) 5,25 (5,42) 0,3349

Vitamina D (µg) 2,89 (1,12) 3,28 (1,41) 3,53 (1,26) 0,0000

Vitamina E (mg) 3,97 (1,58) 4,26 (1,68) 4,52 (1,75) 0,0006 ¹ P valor da análise de variância

Discussão

Observou-se que, entre os adolescentes participantes do estudo piloto do ERICA, mais da

metade apresenta alta frequência do consumo do café da manhã. Entretanto, um percentual

importante (quase 20%) declarou nunca consumir café da manhã e cerca de 1/3 realizam essa

refeição apenas “às vezes”. Adolescentes que referiram consumo do desjejum referiram também

realizarem refeições com os pais com maior frequência. O consumo dessa refeição é mais

frequente no sexo masculino e entre os adolescentes mais jovens. A associação com sexo só foi

observada nos indivíduos ativos, que realizam mais de 300 min / semana de atividade física

moderada e/ou rigorosa. Adolescentes que realizam desjejum consomem mais energia, fibra e

diversos micronutrientes.

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A associação do café da manhã com os demais comportamentos alimentares pode refletir

a existência de um padrão mais saudável em alguns indivíduos, já que o habito de realizar

refeições com pais/responsáveis, considerado também como hábito saudável, está associado

positivamente com o consumo do café da manhã. Para os demais comportamentos, não foi

encontrada associação estatisticamente significativa. Não foram encontrados outros estudos que

avaliassem essa associação entre os comportamentos alimentares.

A relação encontrada entre café da manhã e idade, onde se observou uma diminuição do

consumo do café da manhã com o aumento da idade nos adolescentes, corrobora resultados de

outros estudos. O consumo do café da manhã parece aumentar com a idade quando se trata de

adultos (entre 18 e 60 anos) (Haines OS, 1996; Carson TA, 1999), e diminuir quando se estuda o

consumo dessa refeição em crianças e adolescentes (entre 4 e 18 anos) (Rampersaud GC, 2005;

Rampersaud GC, 2009; Siega-Riz AM, 1998). As principais justificativas dos adolescentes que

não tomam café da manhã são “falta de tempo”, “falta de fome”, intenção de fazer dieta e

preferência por dormir (Trancoso 2010, Sweeney N, 2005; Shaw ME, 1998; Vanelli M, 2005;

Neumark-Sztainer D, 1999). Siega-Riz (1998) sugere ser possível que as campanhas de incentivo

ao consumo de café da manhã saudável estejam atingindo com mais eficácia o público adulto.

Foi encontrada também relação entre consumo do café da manhã e sexo, sendo que os

meninos são mais assíduos nessa refeição, o que também vêm de encontro com o que já foi

observado em outros estudos (Rampersaud GC, 2009; Keski-Rahkonen A et al, 2003). A relação

de sexo e café da manhã está concentrada nos adolescentes ativos.

Keski-Rahkonen et al (2003) avaliaram a associação de fatores sociodemográficos e

comportamentais com o hábito de não realizar a refeição do café da manhã entre adolescentes e

adultos. Também encontraram associação com o sexo, sendo que, nas meninas adolescentes, o

hábito de omitir o café da manhã foi mais presente, corroborando com os resultados do presente

estudo. O fato das meninas realizarem menos a refeição do café da manhã pode significar que

este é um método escolhido erroneamente de controle de peso, associado à insatisfação corporal.

O consumo do café da manhã em adolescentes também se mostrou associado ao consumo de café

da manhã pelos pais. Tabagismo, pouco exercício físico, baixo nível de escolaridade aos 16 anos,

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uso frequente de álcool, desinibição comportamental e alto índice de massa corporal (IMC) foram

significativamente associados com o hábito de omitir essa refeição (Keski-Rahkonen et al, 2003).

A associação entre o hábito de realizar café da manhã e o consumo de nutrientes já foi

observada em alguns estudos anteriores. Em estudo realizado com crianças e adolescentes (de 5 a

14 anos) da Nova Zelândia, foi observada diferença entre as médias de: energia, gordura saturada,

proteína, carboidrato, percentual do VET relativo aos lipídios, percentual do VET relativo aos

carboidratos, fibra, vitamina A, vitamina C, tiamina, riboflavina, cálcio ferro, zinco e folato

(Wilson et al, 2006) entre consumidores e não consumidores de café da manhã. Na Austrália,

estudo realizado com crianças e adolescentes, também observou diferenças no consumo de

nutrientes entre os que tomavam café da manhã e os que não tomavam. Essas diferenças foram

diferentes por faixa etária e sexo. Para os adolescentes do sexo masculino as principais diferenças

foram no consumo de fibra, tiamina, riboflavina, cálcio, ferro, magnésio, fósforo e potássio; para

as do sexo feminino foram todos esses e mais energia, carboidrato, açúcar, niacina, folato,

vitamina A, vitamina C e zinco (Willians PG, 2007). Da mesma forma que no presente estudo, a

média dos nutrientes é maior naqueles indivíduos que realizam café da manhã, com exceção do

percentual do VET relativo aos lipídios que foi menor nos que consumiam café da manhã no

estudo com os adolescentes da Nova Zelândia e do açúcar no estudo com Australianos.

Em estudo realizado com meninas com idade acima de 9 anos foi observada associação do

consumo de café da manhã com cálcio e fibras (Affenito, 2005). A ausência dessa refeição pode

inviabilizar a elevação da glicemia, necessária às atividades matinais, e favorecer uma possível

deficiência de cálcio, uma vez que nessa refeição geralmente se concentra o maior consumo

diário de leites e derivados, que são fontes desse mineral (Gambardella AND et al, 1999). No

presente estudo, apesar da média do consumo de cálcio aumentar com a elevação da frequência

do consumo do café da manhã, essa diferença não foi estatisticamente significativa.

O consumo de energia foi maior nos adolescentes que realizam café da manhã, entretanto,

existe uma relação inversa entre o consumo do café da manhã e o peso corporal. Existem alguns

estudos que sustentam essa relação (Affenito, 2005, Sjoberg A, 2003, Keski-Rahkonen A, 2003).

As vias que ligam o café da manhã e o peso corporal são menos compreendidas. Vários estudos

têm documentado que as crianças e adolescentes que tomam café da manhã também têm uma

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maior ingestão diária total de energia (Nicklas TA, 2000; Sjoberg A, 2003), o que vem de

encontro com os resultados do presente estudo. Isso significa que aqueles que não realizam o café

da manhã, não compensam o valor energético dessa refeição até o final do dia. Tem sido relatado

também que as crianças e adolescentes que pulam o café da manhã consomem mais lanches e

menos refeições (Sjoberg A, 2003), tornando-se possível que elas tenham mais dificuldade de

recordar com precisão o que comeram. Além disso, não tomar o café da manhã tem sido

associado com estilos de vida menos saudáveis, incluindo pobres escolhas alimentares e atividade

física pouco frequente entre adolescentes e adultos (Sjoberg A, 2003; Keski-Rahkonen A, 2003).

O alto percentual de falta de informações para a variável de escolaridade da mãe foi

contornado com o uso das respostas do questionário dos pais/responáveis. De qualquer forma,

falta de informações para as variáveis de escolaridade da mãe e atividade física pode ser

considerada como uma limitação deste estudo, uma vez que a inacurária na classificação dessas

características pode influenciar as associações obtidas. Entretanto, se essa perda foi semelhante

entre os grupos comparados o erro é considerado não diferencial, o que não causaria viés, apenas

enfraqueceria as associações.

O presente estudo realizou a análise dos resultados do estudo piloto do ERICA. Sendo

assim, a amostra não é representativa dos adolescentes escolares das cidades avaliadas, portanto,

não representa a prevalência dos comportamentos alimentares nessa população. Essas

prevalências serão obtidas através do estudo nacional que está em andamento. Entretanto, os

resultados das análises de associação permitem a observação de um perfil dos adolescentes de

acordo com o hábito de tomar café da manhã. Políticas de educação e promoção de

comportamentos alimentares saudáveis, como parte de um estilo de vida saudável, incluindo o

incentivo para realização do desjejum, são importantes, já que esse comportamento está

associado a um maior consumo de vários nutrientes. Atenção especial deve ser dada aos

adolescentes com idades mais avançadas e do sexo feminino.

Alguns pontos sobre o consumo de café da manhã ainda precisam ser investigados, como

por exemplo, os mecanismos pelos quais esse hábito se associa com obesidade e com os níveis de

insulina e glicose sanguíneos ou como a qualidade (tipos de alimentos consumidos) e o local

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onde se realiza a refeição (em casa ou fora de casa) podem influenciar nos benefícios do café da

manhã.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As dificuldades em se avaliar acuradamente variáveis relacionadas ao consumo alimentar

e ao gasto energético são importantes desafios para a investigação epidemiológica de doenças

associadas à obesidade. Esse desafio se torna ainda maior quando a população de interesse é

composta por adolescentes.

No 1º artigo, descrevemos a aplicação de estratégia desenvolvida para facilitar a coleta de

dados do REC24h em um grande estudo nacional que vai permitir a avaliação do consumo

alimentar dos adolescentes de todas as regiões geográficas brasileiras.

No 2º artigo, procuramos identificar as características dos adolescentes que pulam o café

da manhã, investigar se esse comportamento está associado a outros comportamentos alimentares

e analisar a associação de café da manhã com consumo alimentar. Nossos resultados vão de

encontro ao de outros autores que também observaram ser mais frequente que adolescentes do

sexo feminino pulem o café da manhã e que esse hábito aumente de frequência com a idade. A

ingestão calórica, assim como a de grande parte dos micronutrientes, é maior entre os

adolescentes que tomam café da manhã.

A literatura existente sobre os possíveis mecanismos do café da manhã como proteção de

obesidade ainda é controversa, mesmo considerando-se os estudos longitudinais. No entanto,

parece haver um consenso de que o café da manhã é um marcador de comportamento saudável.

Estudos que investiguem o efeito independente de café da manhã com obesidade precisam

utilizar métodos acurados para mensurar todas as possíveis variáveis envolvidas nessa relação, de

forma a controlar adequadamente confundimento por variáveis como atividade física, outros

hábitos de vida e, até mesmo, estrutura familiar. Quando os métodos de avaliação não são

acurados, não se pode afastar a possibilidade de confundimento residual por erros de

classificação.

A importância de se identificar um efeito independente está na potencialidade das

estratégias de intervenção que estimulam o consumo de café da manhã terem um efeito protetor

para a obesidade. A investigação de comportamentos associados ao consumo de café da manhã

pode contribuir de forma indireta para a efetividade de ações que estimulem o hábito de tomar

café da manhã. Assim, fazer atividade física dormir adequadamente e fazer refeições com os pais

podem facilitar a adoção dessa prática e resultar em adolescentes com peso adequado.

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Orientações dietéticas que atendam a demanda de adolescentes não satisfeitos com seu

peso corporal podem evitar que os mesmos cometam erros nutricionais comumente vistos como

omitir ou espaçar refeições, adotar dietas da moda, ou mesmo, ingerir medicamentos por conta

própria para perder peso.

Os resultados das análises de associação do presente estudo permitem a observação de um

perfil dos adolescentes de acordo com o hábito de tomar café da manhã. Políticas de educação e

promoção de comportamentos alimentares saudáveis, incluindo o incentivo para realização do

desjejum, são importantes, já que esse comportamento está associado a um maior consumo de

vários nutrientes e é considerado um comportamento saudável. Atenção especial deve ser dada

aos adolescentes com idades mais avançadas e do sexo feminino.

62

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ANEXO I

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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

1019

Meta-analysis of the prevalence of physical inactivity among Brazilian adolescents

Meta-análise de prevalência de inatividade física entre adolescentes brasileiros

1 Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.2 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.

CorrespondenceL. A. BarufaldiInstituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro.Av. Horácio Macedo s/n, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ 21941-598, [email protected]

Laura Augusta Barufaldi 1

Gabriela de Azevedo Abreu 1

Evandro Silva Freire Coutinho 2

Katia Vergetti Bloch 1

Abstract

A systematic review and meta-analysis were car-ried out to investigate the prevalence of physi-cal inactivity among adolescents in Brazil. We identified articles that had been published up to August 2010 and the search was conducted using six electronic databases. We did not enforce any search limitations. Forest plot-type graphs were generated using the prevalence of physical inac-tivity stratified by region and sex. Meta-regression models were fitted to identify possible sources of heterogeneity in the prevalence estimates. Of the 1,496 articles initially identified, 37 were deemed appropriate for the systematic review. Prevalence rates ranged from 2% to 80% for male and from 14% to 91% for female subgroups. The lowest prevalence rates of physical inactivity were found to be for the Southern region, whereas the highest rates were observed in the North-Northeast. The methods employed to evaluate physical inactiv-ity in Brazilian adolescents also differed among the studies. This variation demonstrates the need for standardised and validated methods of measuring physical activity in epidemiological investigation.

Motor Activity; Adolescent; Meta-Analysis

Introduction

Childhood and adolescence are extremely important periods for the development of a healthy lifestyle because the behaviors acquired throughout these stages tend to be perpetuat-ed along the course of a lifetime 1. Health-risk behaviors, such as physical inactivity, low fruit consumption, alcoholic-beverage consumption and tobacco use are increasingly present in our society and are associated with the develop-ment of chronic non-communicable diseases (NCDs) 2,3. Moreover, NCDs are increasingly prevalent among children and adolescents and are the leading cause of morbidity and mortality in Brazil as well as worldwide. NCDs can have serious personal, social and financial impacts 4,5. Physical activity and healthy eating are two high-priority behaviors for the promotion of health and the prevention of NCDs 4.

The most comprehensive study on physical activity was conducted between 2002 and 2003, with over 200,000 adults (18-69 years of age) from 51 countries (mostly of low to middle income), including Brazil 6. Although the benefits of physi-cal activity in relation to health are well estab-lished in the literature 7, this study observed an average prevalence of physical inactivity of 18% (unweighed, i.e., for all countries), whereas the prevalence rates in Brazil were 25% and 30% for men and women, respectively 6.

REVISÃO REVIEW

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Barufaldi LA et al.1020

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

In Brazil, several studies have examined phys-ical activity. However, most of these studies have involved specific populations, i.e., representative samples of municipalities or states, not nation-wide surveys.

According to a systematic review published in 2009, which described articles on the preva-lence of physical activity (or inactivity) in Brazil, the number of studies on this topic has largely increased since 2000. Also, according to this re-view, most studies were conducted with adults. Among the studies that evaluated adolescents, the prevalences of physical inactivity were dis-crepant, ranging between 30% and 70% 8.

Considering the importance of physical ac-tivity among adolescents and the dispersed in-formation from Brazilian surveys, this article aims to describe the prevalence of physical in-activity among Brazilian adolescents through a systematic review and a meta-analysis of studies on this topic.

Methodology

This systematic review and meta-analysis has sought to identify articles published up to August of 2010 that were searchable on the following electronic databases: MEDLINE (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), SciELO (http://www.scielo.org), LILACS (http://lilacs.bvsalud.org/), Scopus (http://www.scopus.com/home.url), Web of Science (http://apps.webofknowledge.com) and Adolec (http://www.adolec.br/php/index.php). References of said articles were also searched to identify studies that were not found in the original search.

The descriptors used in the review process were selected after consulting the DeCs (Health Sciences Descriptors, BIREME) and MeSH (Medi-cal Subject Headings, PubMed) terms. The search was conducted in Portuguese and/or English (de-pending upon the database) using blocks of three concepts: the first with terms related to physi-cal activity (“physical activity”, “exercise”, “fit-ness”, “motor activity”, “physical inactivity” and “sedentarism”), the second with terms related to adolescence (“adolescent” and “young”) and the third with terms related to Brazil (“Brazil”, “Bra-zilian” and each state separately). We used the logical operator “OR” to combine the descriptors within each block and the logical operator “AND” to combine the blocks. We also used a resource for term truncations, when necessary. We did not use search limits for the data, language, study-design or sample size.

The inclusion criteria were as follows: (a) the sample population included adolescents (10 to

20 years of age) and the data for adolescents were presented separately if other age groups were included, (b) an assessment of physical inactiv-ity was conducted, (c) data collection was per-formed in Brazil. We excluded reviews or studies that exclusively included adolescents with spe-cific health conditions (obesity, hypertension, diabetes, etc.). We chose not to include theses, dissertations and monographs because a sys-tematic search for these works was not logisti-cally feasible.

Articles were first selected by their title and abstract and then by reading the pre-selected articles in full. Each paper was reviewed and se-lected by two reviewers (L.A.B. and G.A.A.) and, when there was a disagreement, a third person was consulted (K.V.B.). In cases in which there was more than one publication using the data from the same study, the most comprehensive article was selected.

In addition to the prevalence of physical in-activity, we recorded information on the location and time period of the data collection, type of population, assessment method and classifica-tion of physical activity.

The heterogeneity between the studies was assessed using the I² statistic 9. In order to obtain the summary measures, we used random-effect models due to the substantial heterogeneity of the results. In order to combine the prevalence measures, logit transformations were made ini-tially to address the asymmetrical distribution. These prevalences were weighted by the inverse of the variance of the logit. Forest plot-type graphs were constructed using the prevalence of physical inactivity by region and by sex. Meta-regression models were adjusted to identify pos-sible sources of heterogeneity among the preva-lences. The variables considered for this analysis were region, age, percentage by gender, type of population, sampling, sample size, method of evaluation and cut-off point.

The analyses were performed using Stata version 10.0 (Stata Corp., College Station, USA) and StatsDirect 2.7.8b (StatsDirect Ltd., Altrin-cham, UK).

Results

Figure 1 demonstrates the flowchart for the ar-ticle selection process. Of the 1,496 articles ini-tially identified (after removing duplicates), 37 were deemed eligible for the systematic review. The main objective of 18 of these articles was to analyse the prevalence of physical inactivity among adolescents. The remaining 19 articles had different primary goals although physical

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PHYSICAL INACTIVITY AMONG BRAZILIAN ADOLESCENTS 1021

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Figure 1

Flow chart ofstudies.

activity was a covariate in the study. Of the 37 studies, 35 were cross-sectional studies and two included phases of cohort studies, which had a cross-sectional analysis.

The characteristics of the studies are shown in Table 1. Most studies were conducted in the Southern region (19 studies), followed by the Southeastern and Northeastern regions (9 stud-ies each). Only one study was performed in the Northern region. We did not find any studies that were carried out in the Central-Western region.

Most of the studies were based on schools with only six based on households and two on specific population groups (trainees from a uni-versity and adolescents from families observed at a Primary Care Unit as well as from hypertensive families).

The sample size ranged from 49 to 5,028 teenagers; 12 of the 37 studies were performed with samples sizes of up to 500 individuals, 11 with sample sizes between 500 and 1,000 ado-lescents and 14 with sample sizes of more than 1,000 individuals.

In all studies, physical inactivity was measured indirectly (i.e. based on information provided by individuals). Questionnaires were the most com-monly used instruments. However, some studies used daily logs to obtain information. Although most studies used previously validated question-naires, 14 studies used questionnaires unique to their investigation.

There was a large amount of diversity in the areas considered in the assessment of physical activity. Some studies considered only vigorous

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Barufaldi LA et al.1022

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Table 1

Characteristics of included studies.

Reference Data

collection

year

City (Region) Base Sampling Assessment

method

Areas of

physical

activity

considered

Cut-off point

for inactivity

% male Age

group

(years)

Total (n)

Adami et al. 38 2004 Florianópolis

(South)

School-

based

Non-random Questionnaire

(Pate et al. 39)

Travel,

leisure and

sports

12 points 45.0 11-18 242

Araújo et al. 40 2007 Fortaleza

(Northeast)

School-

based

Non-random Self-

assessment

questionnaire

Not reported 3x/week,

minimum 30

min/day

42.7 12-17 794

Arruda et al. 41 - Lages (South) School-

based

Cluster Records

(Bouchard et

al. 24)

N/A 37Kcal/kg/day 100.0 10-17 1,024

Bastos et al. 42 2005 Pelotas (South) Household Cluster Self-

assessment

questionnaire

Travel,

leisure

and sports

(minimum of

10 min)

300 min/week 48.0 10-19 857

Bim et al. 43 2004 Maringá

(South)

Specific

group

Non-random Questionnaire

(Pate RR,

translated and

modified by

Nahas 44)

Travel,

leisure and

sports

Inactive + less

active

68.5 16-17 92

Castro et al. 45 2003 Rio de Janeiro

(Southeast)

School-

based

Cluster Self-

assessment

questionnaire

Travel,

leisure and

sports

300 min/week 47.2 13-18 1,684

Ceschini et al. 46 2006 São Paulo

(Southeast)

School-

based

Non-random Questionnaire

(Florindo et

al. 47)

Travel,

leisure

and sports

(excludes

activity

during

school)

300 min/week 46.1 14-19 775

Ceschini et al. 28 2006 São Paulo

(Southeast)

School-

based

Cluster Questionnaire

(IPAQ - short

version)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

300 min/week 47.4 14-19 3,845

Chaves et al. 48 2006/2007 Fortaleza

(Northeast)

Specific

group

Non-random Self-

assessment

questionnaire

Not reported 3x/week - 12-18 49

Dumith et al. 49 2008 Pelotas (South) Household Census Self-

assessment

questionnaire

Travel,

leisure and

sports

300 min/week 49.0 14-15 4,325

(continues)

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PHYSICAL INACTIVITY AMONG BRAZILIAN ADOLESCENTS 1023

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Table 1 (continued)

Enes et al. 26 2005 Piedade

(Southeast)

School-

based

Cluster Questionnaire

(Florindo et

al. 47)

Travel,

leisure

and sports

(excludes

activity

during

school)

300 min/week 37.0 10-14 105

Farias et al. 29 2002 Porto Velho

(North)

School-

based

Non-random Questionnaire

(IPAQ)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

300 min/week 50.8 11-14 303

Farias Jr. 50 2001 Florianópolis

(South)

School-

based

Cluster Records

(Bouchard et

al. 24)

N/A 37Kcal/kg/day 49.41 12-18 1,949

Farias Jr. et al. 51 2005 João Pessoa

(Northeast)

School-

based

Cluster Records N/A 37Kcal/kg/day 44.1 14-18 2,768

Freitas et al. 52 2007 Fortaleza

(Northeast)

School-

based

Non-random Self-

assessment

questionnaire

Not reported 3x/week,

minimum 30

min/day

44.6 12-17 307

Guedes et al. 53 1998 Londrina

(South)

School-

based

Non-random Records

(Bouchard et

al. 24)

N/A 37Kcal/kg/day 44.1 15-18 281

Guedes et al. 54 2003 Londrina

(South)

School-

based

Non-random Records

(Bouchard et

al. 24)

N/A 37Kcal/kg/day 45.6 15-18 452

Guedes et al. 55 2004/2005 Fortaleza

(Northeast)

School-

based

Non-random Self-

assessment

questionnaire

Not reported 3x/week,

minimum 30

min/day

53.6 12-18 56

Hallal et al. 5 2004/2005 Pelotas (South) Household Census Self-

assessment

questionnaire

Travel and

leisure

(excludes

activity

during

school)

300 min/week 48.7 10-12 4,451

Larcarotte et al. 56 1999-2001 São Paulo

(Southeast)

School-

based

Cluster Self-

assessment

questionnaire

Not reported Does not

participate in

any physical

activity

49.5 10-19 2,125

Magalhães

et al. 57

1996/1997 N/A Household Cluster Self-

assessment

questionnaire

Leisure-

based

physical

activity

Does not

participate

in any leisure

physical

activity

52.39 15-19 1,027 +

824

(continues)

Reference Data

collection

year

City (Region) Base Sampling Assessment

method

Areas of

physical

activity

considered

Cut-off point

for inactivity

% male Age

group

(years)

Total (n)

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Barufaldi LA et al.1024

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Marini et al. 30 - Londrina

(South)

School-

based

Non-random Questionnaire

(IPAQ – short

version)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

Insufficiently

active +

sedentary

45.7 - 92

Melo et al. 31 - Belford Roxo

(Southeast)

School-

based

Non-random Questionnaire

(IPAQ – short

version)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

Insufficiently

active +

sedentary

23.7 15-19 93

Mendes et al. 58 2004/2005 Recife

(Northeast)

School-

based

Non-random Method not

mentioned

Not reported 300 min/week 41.0 14-19 421

Moraes et al. 32 - Maringá

(South)

School-

based

Cluster Questionnaire

(IPAQ – short

version)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

300 min/week 45.5 14-18 991

Oehlschlaeger

et al. 59

- Pelotas (South) Household Cluster Self-

assessment

questionnaire

Travel,

leisure and

sports

3x/week,

minimum 20

min/day

48.2 15-18 960

Pelegrini et al. 33 2007 Florianópolis

(South)

School-

based

Non-random Questionnaire

(IPAQ – short

version)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

300 min/week 32.9 14-18 595

Romanzini et al. 34 2005 Londrina

(South)

School-

based

Cluster Questionnaire

(IPAQ – short

version)

Intense and/

or moderate

physical

activities

during or

outside of

school

300 min/week 38.4 15-18 664

Romero et al. 27 2004 Piracicaba

(Southeast)

School-

based

Cluster Questionnaire

(Florindo et

al. 47)

Travel,

leisure

and sports

(excludes

activity

during

school)

300 min/week 45.7 10-15 328

(continues)

Table 1 (continued)

Reference Data

collection

year

City (Region) Base Sampling Assessment

method

Areas of

physical

activity

considered

Cut-off point

for inactivity

% male Age

group

(years)

Total (n)

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PHYSICAL INACTIVITY AMONG BRAZILIAN ADOLESCENTS 1025

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Silva et al. 60 1997/1998 Niterói

(Southeats)

School-

based

Cluster Questionnaire

(PAQ – C)

Travel,

leisure

and sports

(moderate

and intense)

Score 3 37.8 14-15 325

Santos et al. 11 2006 Curitiba

(South)

School-

based

Cluster Self-

assessment

questionnaire

Moderate

to intense

physical

activity

(minimum of

60 minutes)

300 min/week 40.31 14-18 1,615

Silva et al. 22 - Aracajú

(Northeast)

School-

based

Non-random Questionnaire

(PAQ – C)

Travel,

leisure and

sports

Score 3 43.02 ≥13 774

Silva et al. 61 2002 Santa Catarina

State (South)

School-

based

Cluster Self-

assessment

questionnaire

Travel,

leisure

and sports

(moderate

and intense)

300 min/week 40.7 15-19 5,028

Campos et al. 62 2008 Curitiba

(South)

School-

based

Cluster Records

(Bouchard et

al. 24)

N/A 37Kcal/kg/day 52.31 10-18 497

Suñé et al. 63 2004 Capão da

Canoa (South)

School-

based

Cluster Questionnaire

(Pate RR,

translated and

modified by

Nahas 44)

Not reported 5 points 49.8 11-13 719

Tenório et al. 10 2006 ParáibaState

(Northeast)

School-

based

Cluster Questionnaire

(version

translated and

adapted from

GSHS)

Travel,

leisure

and sports

(moderate

and intense)

300 min/week 40.2 14-19 4,210

Vasconcelos

et al. 64

- São Mateus do

Sul (South)

School-

based

Non-random Records

(Bouchard et

al. 24)

N/A Quartile of

the general

population:

Male:

35.71Kcal/

kg/day and

Female:

38.74Kcal/kg/

day

45.0 12-16 240

GSHS: Global School-based Student Health Survey; IPAQ: International Physical Activity Questionnaire; PAQ: Physical Activity Questionnaire.

Table 1 (continued)

Reference Data

collection

year

City (Region) Base Sampling Assessment

method

Areas of

physical

activity

considered

Cut-off point

for inactivity

% male Age

group

(years)

Total (n)

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Barufaldi LA et al.1026

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

and/or moderate-intensity physical activities (during or outside of school), whereas other stud-ies considered travel, leisure and sports activities as physical activities, excluding activities during school. Finally, some studies considered all trav-el, leisure and sports activities, whether during or outside of school, as physical activity. Some articles did not specify the areas considered in the analysis.

With respect to the cut-off points for classify-ing physical inactivity, the most commonly used cut-off was < 300 minutes per week of moderate to vigorous activity. However, the cut-off values varied widely between studies.

The overall prevalence of physical inactiv-ity, as well as the prevalence stratified by sex, are shown in Table 2. There was a wide variation in these estimates: the lowest was 5.42% 10, and the highest was 91% 11.

The heterogeneity of the results expressed by the I² statistic was 99%. Prevalence rates ranged from 2% to 80% for male and from 14% to 91% for female subgroups. Among females, 69.7% of the prevalences were above 50% whereas, among men, 29.4% were above 50%.

When we evaluated the characteristics of the studies as a source of heterogeneity in the results, using meta-regression models, we observed that the region in which the study was conducted partially explained the inconsistency among prevalence rates for inactivity, both for males (p = 0.08) and females (p = 0.02). Figure 2 shows that the South has the lowest prevalence of inac-tivity, whereas the North and Northeast have the highest estimated prevalences.

The figures representing gender-specific data in the meta-analysis were constructed from 34 studies. One study was exclusively conducted in male adolescents, and, thus, female-specific data were gleaned from 33 studies. Of the 37 studies in the systematic review, three did not have any information on the prevalence of physical inac-tivity according to sex and are therefore not rep-resented in Figure 2.

In the female group, we identified other pos-sible sources of heterogeneity through there was a decline in the average prevalence found in studies using non-random sampling compared with studies with random sampling (by cluster, p = 0.02) and among studies with sample sizes over 1,000 adolescents (p = 0.07).

None of the other variables, for both of the overall population and stratified by gender, were associated with inter-study variations in the prevalence of physical inactivity.

Table 2

Prevalence rates of physical inactivity among Brazilian

adolescents – total and by gender.

Study Total Prevalence (%)

Total Male Female

Adami et al. 38 242 36.7 29.4 43.0

Araújo et al. 40 794 63.9 - -

Arruda et al. 41 1,024 29.4 29.4 -

Bastos et al. 42 857 69.8 56.5 82.1

Bim et al. 43 92 31.5 22.2 51.7

Castro et al. 45 1,684 59.9 47.8 73.9

Ceschini et al. 46 775 64.3 61.6 66.5

Ceschini et al. 28 3,845 62.5 49.7 71.6

Chaves et al. 48 49 71.6 - -

Dumith et al. 49 4,325 51.8 37.4 65.5

Enes et al. 26 105 18.0 - -

Farias et al. 29 303 58.4 53.2 63.7

Farias Jr. 50 1,949 62.6 51.4 73.5

Farias Jr. et al. 51 2,768 55.9 45.5 64.2

Freitas et al. 52 307 67.4 32.4 67.6

Guedes et al. 53 281 56.6 46.0 65.0

Guedes et al. 54 452 49.1 41.9 55.4

Guedes et al. 55 56 19.6 3.3 38.4

Hallal et al. 5 4,451 58.2 49.0 67.0

Larcarotte et al. 56 2,125 23.2 14.4 32.1

Magalhães et al. 57 1,027 59.4 40.6 80.0

824 58.9 46.9 70.7

Marini et al. 30 92 8.6 2.4 14.0

Melo et al. 31 93 31.0 35.0 15.0

Mendes et al. 58 421 41.6 - -

Moraes et al. 32 991 56.9 55.7 57.9

Oehlschlaeger et al. 59 960 39.0 22.2 54.5

Pelegrini et al. 33 595 25.4 21.9 27.1

Romanzini et al. 34 664 39.2 33.3 42.8

Romero et al. 27 328 54.9 35.0 65.0

Silva et al. 60 325 91.0 85.0 94.0

Santos et al. 11 1,615 85.3 77.9 90.9

Silva et al. 22 774 83.1 74.8 89.3

Silva et al. 61 5,028 28.5 27.9 28.8

Campos et al. 62 497 19.7 17.3 22.6

Suñé et al. 63 719 5.4 - -

Tenório et al. 10 4,210 65.1 57.6 70.2

Vasconcelos et al. 64 240 25.0 25.0 25.0

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PHYSICAL INACTIVITY AMONG BRAZILIAN ADOLESCENTS 1027

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Figure 2

Forest plot of the prevalence rates of physical inactivity among Brazilian adolescents, by region and gender.

2a) Male prevalence

2b) Female prevalence

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Barufaldi LA et al.1028

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):1019-1032, jun, 2012

Discussion

This systematic review showed a wide range in prevalence of physical inactivity, as well as in the methods used to assess it, in studies conducted among Brazilian adolescents. We observed that the majority of studies were conducted in the Southern region. Although we investigated the profile of physical inactivity by region, this was not sufficient to explain the heterogeneity of the findings.

Most studies found a higher prevalence of physical inactivity among women, similar to find-ings in international studies 12,13,14. Researchers have reported that this gender difference is re-lated to cultural, behavioral, psychological and maturation factors 13,15. However, there have been no studies conducted in Brazil to assess the possible explanations for this difference.

Despite the progress in developing tools to assess physical activity, there are still many limi-tations in these methods, which are amplified among children and adolescents. The patterns of physical activity among young people can be influenced by cognitive, physiological and biomechanical changes that occur during de-velopment 16,17. Physical activity among young people tends to be intermittent and of a more variable intensity than among adults, usually consisting of activities that involve less planning and less time 18,19.

A major challenge for researchers is to ob-tain a reliable and valid instrument to measure physical activity 20. For logistical reasons, ques-tionnaires are used in most studies although ef-forts are being made to use direct measurements more frequently. Therefore, accurate and valid methods for measuring physical activity among adolescents, as well as among other age groups, are needed to determine the dose-response asso-ciations between physical activity and health, in order to monitor temporal trends in populations and to make cross-cultural comparisons also de-termining the effect of interventions 21.

In Brazil, there are no standardised instru-ments, direct or indirect, to estimate physical in-activity among young people 22. All studies have used indirect methods to assess physical activity (i.e., methods that use reports from the individu-als themselves). The accuracy of self-reporting is influenced by the respondent’s ability to ac-curately recall all relevant activities, retrospec-tively. Therefore, indirect methods are subject to recall bias 23.

Only seven studies used physical activity logs, an instrument in which the individual registers any and all activities performed during the day in short time intervals (typically 15-minute peri-

ods) 24. Most researchers opted to use question-naires, of which 16 were validated and 14 were unique to the individual study. Although valida-tion studies have low correlation values between the questionnaires evaluated and a gold stand-ard, their use is still recommended over unique, non-validated questionnaires 25. The use of vali-dated instruments allows for comparisons be-tween different studies.

The use of different methods to assess physi-cal activity could affect the results of the studies. Some authors found higher prevalences when their questionnaires included all domains (com-muting to work, leisure-time and sports) and dif-ferent environments of physical activity (inside or outside school) when compared with other studies that excluded some domains or activi-ties at school. For example, some authors defined physical activity as the practice of sports outside school as well as going to school by bike or walk-ing 26,27. Other authors considered any kind of vigorous and/or moderate physical activity, in-side or outside school, in a structured way or not 28,29,30,31,32,33,34. The lack of a homogeneous defi-nition of physical activity is an important limi-tation for pooling, or even comparing, results among different studies.

Another factor that complicates comparisons between the studies of Brazilian adolescents is the lack of standardization for the cut-off point used to classify individuals as “inactive”. Most public health authorities agree that adolescents should accumulate at least 60 minutes of moder-ate-to-vigorous physical activity at least five days a week 7,35,36, resulting in a cut-off point of 300 minutes per week. However, when addressing cut-off points, studies had noted variability us-ing different values for this classification.

The difficulties in explaining the observed heterogeneity can be attributed to the dispersed nature and small number of studies related to the characteristics analysed. For example, although 16 studies used the same cut-off point for inactiv-ity, 300 min/week, these 16 studies used different questionnaires and considered different areas of physical activity.

Sisson & Katzmarzyk 37 performed a review of studies presenting national prevalences of physi-cal activity (more than 300 min/week). In their review they reported that women were more in-active than men, considering both adults (> 18 years) and adolescents (< 18 years). In studies with young subjects, the prevalence of physical inactivity varied widely among populations. The countries with highest prevalences were Belgium, France, and Tonga.

To the best of our knowledge, there had been no previously published studies using systematic

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review and meta-analysis tools to investigate the prevalence of physical activity/inactivity among adolescents.

Conclusion

Despite the noted challenges, we believe that this study is the first effort to systematise infor-mation regarding physical inactivity, which is largely relevant to the health of adolescents in Brazil. This review highlights the urgent need to use standardised and validated methods in order to measure physical activity. As such, we shall be able to identify specific groups for intervention action, increasing their physical activity and its beneficial effects.

Resumo

Foram realizadas revisão sistemática e meta-análise para investigar a prevalência de inatividade física en-tre adolescentes no Brasil. Identificou-se artigos publi-cados até agosto de 2010. A busca foi realizada em 6 bases de dados eletrônicas, não tendo sido utilizados quaisquer limites. Gráficos do tipo forest-plots foram gerados usando-se a prevalência de inatividade física estratificada por região e sexo. Modelos de metarre-gressão foram ajustados para identificar as possíveis fontes de heterogeneidade nas estimativas. Dos 1.496 artigos identificados inicialmente, 37 foram conside-rados adequados. As taxas de prevalência variaram de 2% a 80% para o gênero masculino e de 14% para 91% para o feminino. As menores taxas de prevalên-cia foram encontradas na Região Sul, e as maiores nas regiões Norte e Nordeste. Os métodos utilizados para avaliar a inatividade física em adolescentes brasilei-ros também diferiram entre os estudos. Essa variação demonstra a necessidade de métodos padronizados e validados para medir a atividade física na pesquisa epidemiológica.

Atividade Motora; Adolescente; Metanálise

Contributors

L. A. Barufaldi, G. A. Abreu participated in the literature search, article selection, extraction and analysis of the data and in the drafting of the manuscript. E. S. F. Cou-tinho participated in the analysis of the data and in the drafting of the manuscript. K. V. Bloch participated in article selection, analysis of the data and in the drafting of the manuscript.

Acknowledgments

We would like to thank FAPERJ (process no. E26/102.797/2010) for providing a doctoral fellowship to L. A. Barufaldi and CNPq (process no. 381768/2010-4) for providing a research grant to G. A. Abreu. E. S. F. Coutinho was partially supported by CNPq (process no. 302269/2008-8). K. V. Block was partially supported by CNPq (process no. 303594/2009-8).

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Submitted on 10/Dec/2011Final version resubmitted on 15/Feb/2012Approved on 28/Fev/2012