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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Programa de Engenharia Urbana ISABELLE DE LOYS UTILIZAÇÃO DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM ÁREAS URBANAS: O EXEMPLO DA ECODUCHA SOLAR RIO DE JANEIRO 2012

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Programa de Engenharia Urbana

ISABELLE DE LOYS

UTILIZAÇÃO DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM ÁREAS

URBANAS: O EXEMPLO DA ECODUCHA SOLAR

RIO DE JANEIRO

2012

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UFRJ

ISABELLE DE LOYS

UTILIZAÇÃO DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM ÁREAS

URBANAS: O EXEMPLO DA ECODUCHA SOLAR

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia

Urbana, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Engenharia Urbana.

Orientador: Fernando Rodrigues Lima

RIO DE JANEIRO

2012

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Loys, Isabelle de.

Utilização de Energia solar fotovoltaica em áreas

urbanas: o exemplo da Ecoducha solar. / Isabelle de Loys. –

2012.

116 f.: 70 il.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) –

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Programa de Engenharia Urbana, Rio de Janeiro, 2012.

Orientador: Fernando Rodrigues Lima

1. Energia Renovável. 2. Energia Solar Fotovoltaica. 3.

Mercado da Energia Solar. 4. Energia Solar em Áreas Urbanas.

I. Lima, Fernando Rodrigues. II Universidade Federal do Rio

de Janeiro. Escola Politécnica. III. Título.

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UFRJ

UTILIZAÇÃO DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM ÁREAS URBANAS: O

EXEMPLO DA ECODUCHA SOLAR

Isabelle de Loys

Orientador: Fernando Rodrigues Lima

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia

Urbana, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Engenharia Urbana.

Aprovada pela Banca:

__________________________________________________

Prof. Fernando Rodrigues Lima, D.Sc., POLI/UFRJ-Orientador

_____________________________________________

Profª. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc., POLI/UFRJ

_____________________________________________

Profª. Sylvia Meimaredou Rola, D.Sc., FAU/UFRJ

RIO DE JANEIRO

2012

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DEDICATÓRIA

“Eu colocaria meu dinheiro na energia solar.

Que fonte de energia!

Espero não ser necessário aguardar que o petróleo e o carvão acabem para

encarar isto”

Thomas Edison em conversa com Henry Ford e Harvey Firestone, em 1931.

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AGRADECIMENTO

Agradeço e dedico este trabalho a minha família e aos amigos que me acompanham desde o

inicio do meu curso de arquitetura e urbanismo. Àqueles que indiretamente contribuíram com

informações, ideias e projetos e aos professores que me incentivaram durante a minha

graduação da UNIPLI e aos que me apoiaram e acreditaram durante o mestrado do PEU

POLI-UFRJ.

Aos meus pais queridos Yves François Fernand de Loys (in memorian) e Maria Soledade

Santos de Loys, a minha tia Mercedes Santos (in memorian), ao meu tio Henry T. de Loys (in

memorian), as minhas irmãs Alexandra Baird e Marie-Claude Sabine de Loys.

Aos professores, Claudia Thaumaturgo, Sylvia Rola, Fernando Lima, Elaine Vazquez, Marcos

Freitas.

As empresas a qual trabalhei que contribuíram muito na minha formação na área de energia

renovável, CERA- Cambridge Energy Research Associates, Kyocera Solar e Blue-Sol

Energia Solar.

Aos amigos, Lucia Mara Nunes Alves, Rosane Sobral Guimarães, aos amigos da faculdade

UNIPLI e do PEU-POLI, UFRJ. Aos meus companheiros inseparáveis “peludos” Reiky,

Hanna, Max, Vidinha, Flick e Rafinha (in memorian).

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RESUMO

LOYS, Isabelle de. Utilização de Energia Solar em Áreas Urbanas: o exemplo da

Ecoducha solar. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado) – Programa de Engenharia

Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

O consumo crescente e o impacto ambiental e social causados pelas fontes de energia

fósseis e a dependência de regimes de chuva para o abastecimento dos reservatórios das

usinas hidroelétricas, leva governo e sociedade, no Brasil e no mundo, a pensarem em novas

alternativas para geração de energia, na busca de um mix de fontes complementares. Diante

desse cenário, a busca de fontes renováveis de energia já é uma realidade amplamente

presente no cenário mundial, com iniciativas governamentais e, principalmente, da iniciativa

privada, em especial das indústrias. Com a crise na Europa e o Brasil apresentando um grande

potencial solar e promissor na utilização destas energias, principalmente a solar fotovoltaica.

Os futuros eventos que serão realizados, como a COPA de 2014 e as Olimpíadas de 2016,

auxiliados por uma regulamentação recém aprovada pela ANEEL, fará do Brasil um dos

principais players no mercado mundial. Empresas estrangeiras já estão estudando o mercado

nacional no intuito de aplicar todo seu conhecimento, em projetos, produtos e tecnologias, de

um mercado que já tem vinte anos de experiência. Esta dissertação apresenta os tipos de

sistemas fotovoltaicos, isolados e conectados a rede em áreas urbanas e um panorama atual do

mercado, legislação, projetos e incentivos nacional. É apresentado o exemplo de um sistema

de bombeamento solar instalado na Praia de Ipanema doado à Prefeitura do Rio de Janeiro e

sua dificuldade em mantê-lo operando. Como o Brasil tem um déficit muito grande de mão

de obra especializada neste segmento, a dificuldade em manter o equipamento funcionando é

apresentada em reportagens de jornais.

Palavras-chave: energia renovável, energia solar fotovoltaica, sistemas isolados,

sistemas conectados á rede, Ecoducha solar.

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ABSTRACT

The growing consumption and the environmental and social impact caused by fossil fuels and

dependence on rainfall to supply the reservoirs of hydroelectric plants, leads the government

and society in Brazil and the world, to think of new alternatives for energy generation, in

search of a mix of complementary sources. Given this scenario, the pursuit of renewable

energy is a reality widely present on the world stage, with government initiatives and

especially the private sector, especially industries. With the crisis in Europe and Brazil

featuring a great solar potential and promise in the use of renewable, especially solar

photovoltaic. Future events will be conducted as World Cup in 2014 and the Olympics

Games in 2016, aided by legislation recently approved by ANEEL, will make Brazil a major

player in the global market. Foreign companies are already studying the Brazilian market in

order to apply all his knowledge, projects, products and technologies in a market that already

has twenty years of experience. This dissertation presents the types of photovoltaic systems,

off grid and on grid in urban areas and an overview of the current market, legislation,

incentives and national projects. It is presented an example of a solar pumping system

installed on Ipanema Beach donated to the Municipality of Rio de Janeiro and its difficulty to

keep it operating. As Brazil has a very large deficit of skilled labor in this segment, the

difficulty in keeping the equipment running is shown in newspaper reports.

Keywords: renewable energy, solar photovoltaic, off grid system, on grid system, Ecoducha

solar.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 17

1.1. Apresentação do Tema............................................................................................... 17

1.2. Estrutura da Dissertação............................................................................................ 19

2. ENERGIA ................................................................................................................... 21

2.1. Matriz Energética no Mundo e no Brasil.................................................................. 21

2.2 Fontes Renováveis de Energia.................................................................................... 24

2.3. Energia Solar............................................................................................................. 26

3. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA...................................................................... 30

3.1 Tipos de Sistemas Fotovoltaicos................................................................................ 31

3.2 Sistemas Isolados........................................................................................................ 33

3.2.1 Programa Luz Para Todos....................................................................................... 36

3.3 Sistemas Híbridos....................................................................................................... 39

3.4. Sistemas Interligados a Rede ou Conectados a Rede................................................ 40

3.4.1. Sistemas Fotovoltaicos Integrados à Arquitetura................................................... 43

3.5. Diversos Usos de Sistemas Fotovoltaicos................................................................. 46

4. ASPECTOS CONJUNTURAIS DA APLICAÇÃO DA ENERGIA SOLAR

FOTOVOLTAICA........................................................................................................... 51

4.1. A Energia Solar Fotovoltaica no Mercado Mundial.................................................. 51

4.2. A Energia Solar Fotovoltaica no Mercado Nacional................................................. 56

4.3. Incentivos e a Legislação no Brasil em Sistemas fotovoltaicos................................ 60

4.4. A Regulamentação da ANEEL para Micro e Mini Geração Distribuída.................. 67

4.5. Telhados Solares e a Paridade Tarifaria uma Possível Realidade no Brasil?........... 69

5. A UTILIZAÇÃO DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM ÁREAS

URBANAS....................................................................................................................... 74

5.1. Exemplo de um Sistema Isolado, a solução da Ecoducha Solar. 74

6. CONCLUSÕES............................................................................................................ 92

6.1. Sugestões para Trabalhos Futuros............................................................................. 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 94

ANEXOS.......................................................................................................................... 100

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 As figuras 1a e 1b apresentam a estrutura da matriz de oferta de energia

primária brasileira e a empregada na produção de eletricidade respectivamente............... 22

Figura 2.2 Comparativo da matriz energética mundial com o Brasil.................................. 22

Figura 2.3 Programa Federal Luz pra Todos – Sertão da Bahia – SIGFI 13 COELBA..... 23

Figura 2.4 Cenário das fontes renováveis de energia até 2060........................................... 24

Figura 2.5 Principais características das tecnologias das fontes renováveis de energia..... 25

Figura 2.6 O chamado Cinturão do Sol, localizado entre os trópicos................................. 26

Figura 2.7 Os pontos amarelos indicam as centrais elétricas que compõem os sistemas

fotovoltaicos isolados.......................................................................................................... 27

Figura 2.8 As diferentes direções dos raios solares............................................................ 28

Figura 2.9 Comparativo e comportamento diário da radiação solar – um dia de céu

nublado e um dia ensolarado............................................................................................... 29

Figura 3.10 Satélite em orbita com painéis fotovoltaicos................................................... 30

Figura 3.11 Taxas media de crescimento anual da capacidade de energia renovável........ 31

Figura 3.12 Tipos de sistemas possíveis com geração solar............................................... 32

Figura 3.13 Sistema de bombeamento de água- Valente – Bahia....................................... 33

Figura 3.14 Ecoducha Solar Blue-Sol – Ipanema – R.J...................................................... 34

Figura 3.15 Exemplo de controlador e baterias estacionárias............................................. 35

Figura 3.16 Exemplo de inversor........................................................................................ 35

Figura 3.17 Esquema de um sistema isolado...................................................................... 36

Figura 3.18 Comunidades atendidas dentro do Programa Luz para Todos com energia

solar..................................................................................................................................... 37

Figura 3.19 Esquema de um sistema isolado no Programa Luz para Todos...................... 37

Figura 3.20 Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes

Intermitentes - SIGFI.......................................................................................................... 38

Figura 3.21 Consumo por carga de um SIGFI 80............................................................... 38

Figura 3.22 Exemplo de um sistema híbrido....................................................................... 39

Figura 3.23 Exemplo de um sistema híbrido, eólico e solar............................................... 40

Figura 3.24 Esquema de um sistema conectado a rede....................................................... 41

Figura 3.25 Exemplos de sistemas conectados à rede no Brasil......................................... 41

Figura 3.26 Cidades com mais de 1 milhão de pessoas...................................................... 42

Figura 3.27 Exemplos de sistemas fotovoltaicos integrados a arquitetura - Solar Park

(Porto Alegre – RS) e Solar Academy – SMA (Kassel- Alemanha)................................. 43

Figura 3.28 Exemplos de telhas em diferentes cores. ........................................................ 45

Figura 3.29 Exemplo de laminados de vidros fotovoltaicos. ............................................. 45

Figura 3.30 Exemplos de fachadas e coberturas................................................................. 46

Figura 3.31 Poste solar e eólico – Greenpower – Cidade do Rock, Rio de Janeiro........... 47

Figura 3.32 Iluminação de Outdoors, pontos de ônibus, sinalização férrea e de estradas.. 47

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Figura 3.33 Proteção da tubulação no setor de óleo e gás.................................................. 48

Figura 3.34 Freezer especial para conservar vacinas e um nômade com uma geladeira

portátil.................................................................................................................................

48

Figura 3.35 Desafio solar Brasil – 2009 – embarcação utilizando painéis fotovoltaicos.. 49

Figura 3.36 Diversos meios de transporte com sistema fotovoltaico.................................. 50

Figura 3.37 Alguns TUP´s em lugares remotos alimentados por sistemas fotovoltaicos.. 50

Figura 4.38 Produção de módulos, 2010............................................................................. 51

Figura 4.39 Quantidade de empregos gerados na Alemanha.............................................. 52

Figura 4.40 Panorama do mercado global fotovoltaico – 2010.......................................... 52

Figura 4.41 Os 10 maiores países no mercado fotovoltaico em 2010................................. 53

Figura 4.42 Mercado Fotovoltaico segmentado por aplicação – sistema isolado

(off grid) e sistema conectados a rede (on grid).................................................................. 53

Figura 4.43 Redução de preços dos módulos fotovoltaicos nos últimos 10 anos............... 54

Figura 4.44 Os novos investimentos em energia solar (USDbn)........................................ 55

Figura 4.45 Lista de sistemas conectados a rede no Brasil................................................. 57

Figura 4.46 Centrais Energia Solar com Registro na ANEEL em 30/11/2011.................. 60

Figura 4.47 Lista total de empresas envolvidas no GT ABINEE....................................... 65

Figura 4.48 Incidência de impostos em painéis solares e inversores.................................. 66

Figura 4.49 Esquema básico do caminho da geração de energia centralizada e de um

pequeno circuito de geração distribuída com painéis fotovoltaicos. .................................. 68

Figura 4.50 Paridade tarifaria no Brasil para o ano de 2015 e 2020 respectivamente....... 70

Figura 4.51 Relação de preço de energia das concessionárias X preço da energia solar –

paridade tarifaria................................................................................................................. 71

Figura 4.52 Índice de competitividade de energia solar distribuída- investimento direto

do consumidor..................................................................................................................... 72

Figura 4.53 Índice de competitividade de energia solar distribuída- investimento via

integrador............................................................................................................................ 73

Figura 5.54 Tradicional ducha na praia utilizando motor a diesel para bombeamento

d´água.................................................................................................................................. 75

Figura 5.55 Esquema da Ecoducha Solar............................................................................ 76

Figura 5.56 Esquema elétrico de ligação dos módulos fotovoltaicos e da bomba d´água.. 77

Figura 5.57 Listagem de materiais e características do poço.............................................. 78

Figura 5.58 Protótipo da Ecoducha em teste....................................................................... 79

Figura 5.59 Placa explicativa da Ecoducha Solar............................................................... 80

Figura 5.60 Escolha da furação do poço e o inicio da furação respectivamente................ 81

Figura 5.61 Introdução do filtro geomecânico e a continuação do processo de furação.... 82

Figura 5.62 Continuação da furação do poço e a introdução dos outros tubos.................. 83

Figura 5.63 Continuação da furação do poço, introdução dos outros tubos e a coautora

do projeto: Isabelle de Loys................................................................................................. 84

Figura 5.64 Finalização da instalação do tubo e a colocação de brita e uma tela para

evitar empoçamento de água para auxiliar na drenagem.................................................... 85

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Figura 5.65 Instalação e colocação da torneira e da ducha................................................. 85

Figura 5.66 Acabamento e instalação da estrutura de alumínio e teste do sistema............ 86

Figura 5.67 Inauguração e detalhe da placa explicativa..................................................... 87

Figura 5.68 Inauguração e o teste com o usuário................................................................ 88

Figura 5.69 Inauguração e sucesso absoluto....................................................................... 88

Figura 5.70 Vandalismo praticado na Ecoducha, furto da ducha, torneira e abertura do

driver da bomba................................................................................................................... 90

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CONVENÇÕES TIPOGRÁFICAS

As convenções seguintes são utilizadas nesta dissertação para identificar certos tipos

de informações:

CONVENÇÃO DESCRIÇÃO

MAIÚSCULAS Siglas ou acrônimos

Itálico Palavras ou expressões em língua inglesa ou palavras em

português com significado ligeiramente diferente do

habitual já definidas anteriormente no texto

Sublinhado Termo em destaque

CAIXA ALTA Termos ou expressões sob definição.

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LISTA DE SIGLAS

ABDI Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABINEE Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL Agencia Nacional de Energia Elétrica

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento

°C Graus Celsius

CEMIG Companhia Elétrica de Minas Gerais

CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica

CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

cm Centímetros

cm² Centímetros Quadrados

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CO2 Gás Carbônico

COELBA Companhia Elétrica da Bahia

COGEN Associação das Industrias de Geração Elétrica

CRESESB Centro de Referencia em Energia Solar e Eólica Sergio de Salvo Brito

E.U.A. Estados Unidos da America.

EEG Erneuerbare-Energien-Gesetz

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ES-FV Energia Solar Fotovoltaica

FDI Fundo de Desenvolvimento Industrial

FIES Fundo de Incentivo a Energia Solar

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FIT Feed in Tariff

FUNTEC Fundo de Tecnologia

GEE Gases do Efeito Estufa

GT Grupo de Trabalho

GW Gigawatts

ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias

ICT Instituições de Ciência e Tecnologia

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15

IEC International Electrotechnical Commission's

IPI Imposto sobre Produto Industrializado

KfW Förderbank der Deutschen Wirtschaft

KWh/m² Quilowatts Hora por Metro Quadrado

KWp Quilowatts Pico

LpT Luz para Todos

m² Metro Quadrado

Ma Mileamper

MCTI Ministério de Ciência e Tecnologia E Inovação

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior

mm Milímetros

MME Ministério de Minas e Energia

MW Megawatts

n. Numero

NBR Norma Brasileira

OMM Organização Mundial de Meteorologia

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PRODEEM Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios

PROINFA Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PV Photovoltaic

PVC Policloreto de Vinilo

R$ Reais

RGR Reserva Global de Reversão

SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado a Rede

SFIE Sistema Fotovoltaico Integrados ao Edifício

Si Silício

SIBRATEC Sistema Brasileiro de Tecnologia

SIGFI Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes Intermitentes

SIN Sistema Interligado Nacional

STC Standart Test Conditions

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TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

TWh Terawatts Hora

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UFRJ Universidade Federal do Rio De Janeiro

US$ Dólar Americano

USP Universidade de São Paulo

VR Valor de Referencia

W Watts

Wp Watts Pico

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1. INTRODUÇÃO

Segundo dados do Balanço Energético Nacional – Ministério de Minas e Energia

(MME, 2011) 47,2% da matriz energética do Brasil é renovável, enquanto a média mundial

não chega a 13%.

No entanto, 90% (MME, 2011) da energia elétrica do país é gerada em grandes usinas

hidrelétricas, o que provoca grande impactos ambientais, como o alagamento de grandes áreas

e a consequente perda da biodiversidade local, além dos problemas sociais relacionados.

O aumento da demanda e consumo de energia decorrente do progresso tecnológico e

do avanço no desenvolvimento humano (caracterizado por parâmetros socioeconômicos) são

apontados como os fatores mais importantes na aceleração das alterações climáticas e

ambientais observadas e descritas pela comunidade científica. O crescimento do consumo de

energia em estudos recentes mostra uma tendência de crescimento da demanda energética em

consequência da recuperação econômica nos países em desenvolvimento.

O aumento da demanda energética em conjunto com a possibilidade de redução da

oferta de combustíveis convencionais e a crescente preocupação com a preservação do meio

ambiente está impulsionando a comunidade científica e a indústria através de programas de

P&D a pesquisar e desenvolver fontes alternativas de energia menos poluentes, renováveis e

que produzam pouco impacto ambiental, alem é claro, de diversificar a matriz energética,

podendo ofertar diversas fontes de energia em períodos diferentes.

No início de 2008, o Brasil esteve na eminência de um novo “apagão” de energia, a

falta de chuva colocou o país em estado de alerta, temendo uma repetição da crise de 2001.

Desta vez a situação não foi tão grave como em 2001 porque o nível dos reservatórios estava

mais alto e por conta da recente ampliação da malha de transmissão, o que permitiu a

transferência de energia entre regiões. Porem as poucas chuvas no inicio do ano levaram o

Operador Nacional de Sistema (ONS) a acionar usinas térmicas que utilizam combustíveis

fósseis como carvão, óleo combustível e gás natural, para garantir a estabilidade do

suprimento de energia. E assim, o Brasil que há muito tempo contava com uma matriz elétrica

limpa baseada na hidroeletricidade, sujou a sua geração com o despacho de térmicas a gás,

carvão mineral e óleo combustível. Pode-se relembrar que nos últimos três anos o Brasil

passou por algumas crises de energia, como blackouts em algumas regiões do país, fazendo

com que o país fosse retalhado por partidos opositores ao governo e por países estrangeiros,

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com insinuações de que o Brasil não poderia receber eventos de grandes proporções, como

uma Copa do Mundo e uma Olimpíada.

O parque elétrico nacional é hoje extremamente dependente do regime de chuvas, pela

escolha de um investimento em um modelo hidrotérmico de geração centralizada. A

insegurança desse modelo, estruturado em investimentos bilionários em obras hidrelétricas de

grande porte e no acionamento de termoelétricas a combustíveis fósseis, quando as chuvas da

estação úmida não garantem os reservatórios, tende a aumentar em um cenário de mudanças

climáticas com impactos de regime hidrológico e na instabilidade de suprimento de

combustíveis fósseis como o gás natural.

“Em julho de 2001, a comissão constituída para apurar as

causas do apagão havia reconhecido que o aumento do

consumo (...), não teve qualquer influencia na crise de

suprimento e que a hidrologia adversa, por si só, não teria

sido suficiente para causar a crise. O que houve então?

Falta de planejamento e, sobretudo, falta de investimento –

carências inadmissíveis no setor elétrico.” (ROUSSEFF D.

2011)

Em âmbito global, as fontes renováveis de energia já foram incorporadas aos

planejamentos energéticos de grande escala e são consideradas opções maduras do ponto de

vista tecnológico e econômico. Após décadas de progresso técnico, turbinas eólicas, usinas de

biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), coletores solares térmicos e painéis

fotovoltaicos se consolidaram como sendo a principal tendência do mercado energético.

O mercado de energia solar fotovoltaica, segundo agência de noticias Bloomberg, só

em 2011 a capacidade instalada global atingiu 67 GW sendo que somente em 2011 foram

instalados 27 GW um aumento de 70% sobre o ano anterior.

Segundo Associação de Indústrias Fotovoltaicas Europeias (EPIA, 2011) o maior

mercado consumidor de energia solar é a Europa, que responde por 75% do crescimento

global de 2011. O país líder no uso desta tecnologia é, de longe, a Alemanha, com um

mercado que já supera 25 GW, e 15 GW instalados somente no biênio 2010-2011. Por sua vez

a produção mundial de módulos fotovoltaicos, que até alguns anos atrás era concentrada na

Europa, hoje é predominantemente asiática: China e Taiwan juntas detêm mais de 60% da

produção mundial.

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Para matriz elétrica brasileira foi desenvolvido um cenário específico, modelado pelo

Grupo de Energia do Departamento de Engenharia e Energia e Automação Elétrica da Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo, (GEPEA/USP), segundo o qual em 2050, medidas

de eficiência energética reduziriam a geração de eletricidade em 29% e a energia renovável

seria responsável pelo suprimento de 88% da eletricidade total. A geração estaria distribuída

em 38% de energia hidrelétrica (incluindo PCHs), 26% de geração a partir da biomassa, 20%

de energia eólica e 4% de geração solar a partir de painéis fotovoltaicos. Neste cenário, a

geração elétrica a carvão, óleo diesel e nuclear é totalmente eliminada.

As recentes dificuldades de abastecimento de gás natural e as constantes altas nos

preços do petróleo são exemplos de como a decisão por combustíveis fósseis e importados

encarece a matriz elétrica nacional e coloca em risco a segurança energética do país.

Sem dúvida é política e economicamente estratégica que o Brasil gere sua energia a

partir de fontes limpas, renováveis e abundantes em território nacional. O governo brasileiro,

ao apostar nas fontes renováveis de energia, estará inserindo o Brasil em um mercado em

franca expansão, sendo um modelo descentralizado trazendo benefícios a toda população,

atraindo novos empreendimentos, gerando novos postos de trabalho e aquecendo a economia.

Neste trabalho será possível conhecer as principais tecnologias de fontes renováveis de

energia, principalmente na área de energia solar fotovoltaica, seus diversos usos, legislação e

incentivos e mercado. O uso de painéis fotovoltaicos em áreas urbanas tanto para sistemas de

geração para fins residênciais ou para alimentar pequenos sistemas, já são cada vez mais

comuns nas cidades, é o caso do sistema desenvolvido para a Prefeitura do Rio de Janeiro a

Ecoducha Solar, instalado na praia de Ipanema.

1.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos, organizada da seguinte

maneira:

Capítulo 1 – Introdução: apresenta uma visão geral do objeto em estudo.

Capítulo 2 – Energia: apresenta numa abordagem rápida a matriz energética no

mundo e no Brasil e tipos de energia renovável.

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Capítulo 3 – Energia solar fotovoltaica: apresenta diferentes sistemas fotovoltaicos e

seus usos.

Capítulo 4 – Aspectos conjunturais da aplicação da energia solar fotovoltaica: um

panorama dos mercados nacional e mundial da energia solar fotovoltaica, regulamentação

para micro e minigeração distribuída no Brasil e a paridade tarifária.

Capítulo 5 – A utilização da energia solar fotovoltaica em áreas urbanas: o projeto

Ecoducha Solar.

Capítulo 6 – Conclusões: apresenta as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

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2. ENERGIA

Das mais diversas maneiras, a energia está presente em nosso dia a dia, seja no nosso

próprio movimento corporal, quando acendemos um fogão ou pegamos um ônibus para o

trabalho, tudo é energia. “... energia é aquilo que permite uma mudança na configuração de

um sistema, em oposição a uma força que resiste a esta mudança” (MAXWELL-1879)

“A energia permeia todos os setores da sociedade – economia,

trabalho, ambiente, relações internacionais -, assim como as nossas próprias

vidas – moradia, alimentação, saúde, transporte, lazer e muito mias. O uso

dos recursos energéticos nos liberou de muitos trabalhos penosos e tornou

nossos esforços mais produtivos. Os seres humanos já dependeram de sua

força muscular para gerar energia necessária a realização de seus trabalhos.

Hoje menos de 1% do trabalho feito nos países industrializados depende da

força muscular como fonte de energia”. (HINRICHS et al, 2011, p.2).

Segundo Henrichs (2011, p. 8) Originalmente, para produzir trabalho, os seres humanos

substituíram ou adicionaram aos seus músculos, os animais, água e o vento. A sociedade pré-

industrial já utilizava fontes de energia renovável como a água, o vento, o sol e a biomassa. A

mudança para os recursos não renováveis se deu no inicio do século XVIII justamente na

Revolução Industrial com a máquina a vapor.

Enquanto a reserva de energia fóssil quer sejam medidas, indicadas ou estimadas, são

finitas e, portanto, reduzem à medida que são consumidos, os recursos energéticos renováveis

são dados por fluxos naturais, como ocorre na energia solar, hidráulica, eólica, geotérmica,

energia das marés e biomassa.

2.1. MATRIZ ENERGÉTICA NO MUNDO E NO BRASIL.

Uma característica especifica da matriz energética brasileira que a torna diferenciada da

matriz mundial é ter em sua matriz a energia elétrica de origem hídrica, mais de 80% da

geração elétrica no Brasil é efetuada por hidrelétricas de grande a pequeno porte.

(HINRICHS, 2011)

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A figura 1 apresenta a estrutura da matriz de oferta de energia primária brasileira e a

empregada na produção de eletricidade respectivamente. Como se pode observar a queima de

petróleo (figura 1-1a) responde por grande parte da demanda de energia no setor de transporte

no Brasil. Com programas de incentivo para utilização de etanol e biodiesel espera-se que

num futuro próximo, a biomassa tenha uma contribuição significativa nesses setores.

Por outro lado, o Brasil, na figura 1-1b, tem sua matriz predominantemente hídrica,

portanto renovável, mas tornando-a muito dependente de regimes de chuva.

Figura 1: As figuras 1a e 1b apresentam a estrutura da matriz de oferta de energia primária brasileira e a

empregada na produção de eletricidade respectivamente. Fonte: CEPEL – 2010.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME, 2010) no gráfico abaixo se tem o

comparativo de matriz energética mundial e do Brasil, colocando-o numa posição privilegiada

diante dos outros países.

Figura 2: Comparativo da matriz energética mundial com o Brasil

Fonte: MME, 2010

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Segundo Pereira (2006) o Brasil geograficamente localiza-se na sua maior

parte na região intertropical e possui grande potencial para aproveitamento de energia solar

durante todo ano.

A utilização da energia solar traz benefícios em longo prazo, viabilizando o

desenvolvimento de regiões remotas, como por exemplo, o Programa Federal Luz Pra Todos

(Figura 3), onde o custo da eletrificação pela rede convencional é demasiadamente alto com

relação ao retorno financeiro do investimento, mas como apresentado na figura 1-1 b

representa menos que 4%, ainda dividindo com a eólica, biomassa, biogás.

Figura 3: Programa Federal Luz pra Todos – Sertão da Bahia – SIGFI 13 COELBA Fonte: COELBA – 2010

Existem muitas possibilidades a médio e longo prazo para aproveitamento da energia

solar, que vai desde pequenos sistemas fotovoltaicos autônomos até as grandes usinas solares.

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2.2. FONTES RENOVAVEIS DE ENERGIA

Conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2010), a matriz energética

mundial de renovável é de cerca de 14%, comparada com o Brasil que é de 47,3%. Contudo,

em muitas partes do mundo estas porcentagens estão aumentando de maneira significativa,

pois muitos países têm suas metas de redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE) e já

estão inserindo estes recursos tecnológicos na sua matriz energética, como é o caso de muitos

países da Europa, America do Norte e da Ásia, sendo a China, segundo empresa de consultoria

em energia solar Solarbuzz (2011), o de maior potencial.

Pode-se observar (Figura 4) que o cenário para as energias renováveis são as melhores

possíveis, principalmente em se tratando da biomassa moderna, a chamada de terceira geração

e a solar. Um cenário elaborado pela empresa Shell, dá uma dimensão da relevância que a

energia solar terá na matriz energética mundial no ano de 2060, representando quase 25% de

toda a energia consumida no mundo.

Figura 4: Cenário das fontes renováveis de energia até 2060. Fonte: CEPEL, 2008

Os recursos energéticos renováveis oferecem muitas vantagens para um mundo carente

de energia. Com tecnologias apropriadas e alguns podendo ser controlados, eles podem ser

usados de muitas maneiras com um mínimo de degradação ambiental. Quase que a totalidade

da energia que é utilizada atualmente provém do sol, como: ventos, biomassa (inclusive fóssil),

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quedas d’água são resultantes da radiação térmica ou luminosa desta mesma fonte, como

também, as correntes marinhas.

De acordo com o World Energy Council (1993), as fontes ou recursos energéticos

renováveis podem ser categorizados em eólica, solar, hídrica, pequenas centrais hidrelétricas

(PCH’s), biomassa, geotérmica e dos oceanos ou marés, cada uma utilizando diferentes

tecnologias e características, que são as seguintes:

Eólica Solar Hídrica

(PCH's)

Biomassa Geotérmica Dos Oceanos

Opções Turbinas

eólicas de eixo

vertical e

horizontal e

bombas

eólicas.

Fotovoltaica,

aquecedores

solares, cilindro

parabólico,

torre central e

disco

parabólico.

Represagem e

turbinas

Combustão,

fermentação,

digestão,

gaseificação e

liquefação.

Ciclos

termodinâmicos a

vapor e binários,

magna

geopressurizada.

Ciclos

termodinâmicos,

osciladores de

onda mecânicos,

represagem de

maré.

Magnitude Grande Extremamente

grande

Grande Muito grande Muito grande Muito grande

Distribuição Litoral,

montanhas,

planícies e

oceanos.

Mundial Mundial,

montanhas

Mundial Fronteiras tectônicas Litoral, trópicos

Variação Altamente

variável

Depende do

tempo, geração

diurna, varia

com as estação

do ano.

Dependente

da estação do

ano e de

regime de

chuvas.

Depende do clima

e da estação do

ano

Constante Depende da maré

e da estação do

ano.

Características

ambientais

Muito limpa,

impacto

visual, ruído,

mortalidade de

pássaros.

Muito limpa. Muito limpa,

pequeno

impacto

ambiental.

Limpa, impactos

na fauna e na flora,

resíduos tóxicos.

Limpa, disposição

de salmoura.

Muito limpa,

impacto no meio

ambiente local,

impacto visual.

Figura 5: Principais características das tecnologias das fontes renováveis de energia

Fonte: World Energy Council, 1993.

“A urgente necessidade de mudança no setor energético significa que o

cenário esteja baseado somente em tecnologias sustentáveis e de

comprovado rendimento, como as fontes de energias renováveis e

cogeração eficiente descentralizada, razão pela qual se excluem as

centrais térmicas de carvão limpo e a energia nuclear”. (REVISTA ECO

21, ano XII n.125, p.29 abril 2007).

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2.3. ENERGIA SOLAR

Segundo dados do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL, 2006), a energia

proveniente do sol que incide na superfície terrestre é 10000 vezes superior ao seu consumo

global atual de energia primária. Todas as fontes renováveis de energia, exceto a geotérmica,

derivam da energia solar. O sol é fonte de energia renovável, o aproveitamento desta energia

tanto como fonte de calor quanto de luz, é uma das alternativas energéticas mais promissoras

para enfrentarmos os desafios do novo milênio. No chamado cinturão do sol (Figura 6), o

Brasil encontra-se geograficamente numa posição muito favorável, podendo ter diversas

tecnologias solares, como a solar térmica, a fotovoltaica e a heliotérmica.

Figura 6: O chamado Cinturão do Sol localizado entre os trópicos. Fonte: CEPEL,2007.

A energia solar é abundante e permanente, renovável a cada dia, não polui e nem

prejudica o ecossistema. Em muitos casos, é a solução ideal para áreas afastadas e ainda não

eletrificadas, especialmente num país como o Brasil onde se encontram bons índices de

insolação em qualquer parte do território (PEREIRA, 2006). O mapa a seguir, ilustra

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exatamente as gerações elétricas de sistemas isolados no Brasil apresentados nos pontos

amarelos (ANEEL,2008).

Figura 7: Os pontos amarelos indicam as centrais elétricas que compõem os sistemas fotovoltaicos

isolados.

Fonte: ANEEL, Atlas de Energia Elétrica, 3ª edição. 2008.

Como o Sol emite energia em todas as direções, um pouco desta energia é

desprendida, mas mesmo assim, a Terra recebe mais de 1.500 quatrilhões de quilowatts-hora

de potência por ano, (CEPEL – 2007). A energia solar incidente no meio material pode ser

refletida, transmitida e absorvida, conforme figura que segue.

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Figura 8: As diferentes direções dos raios solares.

Fonte: CEPEL, 2007.

“O planeta recebe aproximadamente 50% de radiação incidente:

21% de radiação direta e 29% após dispersão através das nuvens.

A energia que deixa a superfície terrestre vem da evaporação e da

condução para atmosfera (33%) e da radiação infravermelha. A

maior parte da radiação infravermelha (113%) é absorvida pela

atmosfera e irradiada de volta a superfície (o efeito estufa). Para se

manter o equilíbrio térmico da superfície do planeta, a entrada de

energia tem de ser igual a saída de energia”. (HINRICHS, 2011,

P.184)

Antes de atingir o solo, as características da radiação solar (intensidade, distribuição

espectral e angular) são afetadas por interações com a atmosfera devido aos efeitos de

absorção e espalhamento. Estas modificações são dependentes da espessura da camada

atmosférica, também identificada por um coeficiente denominado "Massa de Ar" (AM), da

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distância entre o \sol e a Terra e das condições atmosféricas e meteorológicas. Além destas

interações as estações do ano, períodos nublados e chuvosos, a geração apresenta uma grande

variabilidade tornando-a uma fonte intermitente.

Como se pode observar no gráfico abaixo a energia solar por ser uma fonte

intermitente, é passível de qualquer variação climática, portanto se durante o dia houver uma

passagem de nuvens é natural que a sua geração seja comprometida. Alem disso observamos

que o sol às sete horas da manha é diferente do sol das 11 horas, portanto o painel gera mais

justamente na máxima insolação do dia ao meio dia. Mesmo o painel sendo de uma

determinada potencia, por exemplo, 135Wp muitas vezes é possível obter um pouco mais,

geralmente 5%, conforme informações de fabricantes que existe uma tolerância de geração <

de 5% e > de 5% referente a sua potencia.

Figura 9: Comparativo e comportamento diário da radiação solar – um dia de céu nublado e um dia ensolarado. Fonte: IEE-USP,2008

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3. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Segundo Ascher (Centro de Tecnologia e Informação - CTI, IINOVA, 03/2011), a

conversão de energia solar em energia elétrica foi verificada pela primeira vez por Edmond

Becquerel, em 1839 onde constatou uma diferença de potencial nos extremos de uma

estrutura de material semicondutor quando exposto a luz. Em 1876 foi montado o primeiro

aparato fotovoltaico resultado de estudos das estruturas no estado sólido, e apenas em 1956

iniciou-se a produção industrial seguindo o desenvolvimento da microeletrônica. Neste ano a

utilização de fotocélulas foi de papel decisivo para os programas espaciais.

Figura 10. Satélite em orbita com painéis fotovoltaicos.

Fonte: Internet Google Imagens, 2012.

Com este impulso, houve um avanço significativo na tecnologia fotovoltaica onde se

aprimorou o processo de fabricação, a eficiência das células e seu peso. Com a crise mundial

de energia de 1973/74, a preocupação em estudar novas formas de produção de energia fez

com a utilização de células fotovoltaicas não se restringisse somente para programas

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espaciais, mas que fosse intensamente estudado e utilizado no meio terrestre para suprir o

fornecimento de energia, principalmente para programas militares em áreas remotas.

Um dos fatores que impossibilitava a utilização da energia solar fotovoltaica em larga

escala era o alto custo das células fotovoltaicas. As primeiras células foram produzidas com

o custo de US$600/Wp para o programa espacial.

Com a ampliação dos mercados e várias empresas voltadas para a produção de

células fotovoltaicas, o preço tem reduzido ao longo dos anos podendo ser encontrado hoje,

para grandes escalas, o custo médio de US$ 1,00/Wp ou menos. Com a queda de preços no

mercado o setor que mais ganhou escala tanto em fabricação como na capacidade instalada

foi a energia solar fotovoltaica (Figura 11), principalmente em sistemas conectados a rede,

segundo a Rede de Políticas de Energia Renovável para o século 21,(REN21, 2008).

Figura 11: Taxas medias de crescimento anual da capacidade de energia renovável

Fonte: REN21, 2008.

3.1 TIPOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS.

Segundo o Centro de Pesquisas em Energia (CEPEL, 2010) um sistema fotovoltaico

pode ser classificado em três categorias distintas:

a) Sistemas isolados.

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b) Híbridos.

c) Conectados a rede.

Os sistemas obedecem a uma configuração básica onde o sistema deverá ter uma

unidade de controle de potência e também uma unidade de armazenamento. Veja a seguir os

tipos possíveis de sistemas.

Figura 12: Tipos de sistemas possíveis com geração solar. Fonte: Blue-Sol Energia Solar, 2011.

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3.2 SISTEMAS ISOLADOS.

Sistemas isolados, em geral, utiliza-se alguma forma de armazenamento de energia.

Este armazenamento pode ser feito através de baterias, quando se deseja utilizar aparelhos

elétricos ou armazena-se na forma de energia gravitacional quando se bombeia água para

tanques em sistemas de abastecimento. Alguns sistemas isolados não necessitam de

armazenamento, que é o caso da irrigação (Figura 13) ou como a Ecoducha Solar (Figura 14),

apresentada no Capitulo 5, onde toda a água bombeada, é diretamente consumida ou

estocadas em reservatórios.

Figura 13: Sistema de bombeamento de água- Valente – Bahia. Fonte: USP-IEE, 2010.

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Figura 14: Ecoducha Solar Blue-Sol – Ipanema – R.J. Fonte: Arquivo pessoal, 2011.

Em sistemas que necessitam de armazenamento de energia em baterias, usa-se um

dispositivo para controlar a carga e a descarga da bateria, o controlador de carga (Figura 15)

que tem como principal função não deixar que haja danos na bateria por sobrecarga ou

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descarga profunda. O controlador de carga é usado em sistemas pequenos, onde os aparelhos

utilizados são de baixa tensão e corrente contínua como apresentado na figura baixo.

Figura 15: Exemplo de controlador (esq.) e baterias estacionárias (dir). Fonte: Kyocera, 2010.

Para alimentação de equipamentos de corrente alternada, quer dizer em 127 V ou em

220 V (60Hz) é necessário um inversor (Figura 16), que liga a bateria com o equipamento a

ser utilizado, por exemplo uma televisão (Figura 17).

Figura 16: Exemplo de inversor Fonte: Kyocera, 2010.

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Figura 17: Esquema de um sistema isolado Fonte: Kyocera, 2010.

3.2.1 PROGRAMA LUZ PARA TODOS.

Com prazo para acabar em 2008 (MME, 2007), o Programa Luz para Todos atendeu

6,6 milhões de brasileiros até agora, segundo o Governo Federal e o Ministério de Minas e

Energia. Foram investidos quase R$ 6 bilhões desde o início do programa, a meta inicial do

Programa Luz para Todos de atender dois milhões de domicílios até o fim de 2008 pode ser

estendida para três milhões, incluindo domicílios isolados e não isolados (Figura 18).

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Figura 18: Comunidades atendidas dentro do Programa Luz para Todos com energia solar. Fonte: COELBA, 2009.

O abastecimento elétrico das comunidades isoladas aproveitará ações de outros

programas do Ministério de Minas e Energia, como o Programa de Desenvolvimento

Energético dos Estados e Municípios (PRODEEM), que levou equipamentos de fontes limpas

de eletricidade, como a energia solar (Figura 19) a áreas não atendidas pela rede convencional

e o PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), que visa

ampliar a geração de energia a partir de fontes eólicas, hidráulicas, e também pela queima de

biomassa.

Figura 19: Esquema de um sistema isolado no Programa Luz para Todos.

Fonte: CEPEL, 2010.

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Respeitando a Resolução N° 83 da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),

que determinou cinco tipos de consumo (Figura 20) para atender o Programa Luz para Todos,

chamado de Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes Intermitentes

(SIGFI), a classificação e disponibilidade de atendimento do SIGFI são feita por pesquisa de

campo pelas próprias concessionárias que identificam o perfil de cada consumidor (Figura

20).

Figura 20: Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes Intermitentes - SIGFI. Fonte: ANEEL, 2010.

A seguir apresentamos o consumo típico e consequente curva de carga típica para

atendimento por um SIGFI 80, que é o sistema de maior potência no Programa Luz para

Todos:

EQUIPAMENTOS Quant. Potência (Watts) Potência Total (Watts) Horas de operação por dia Energia Consumida (W/h/dia)

Lâmpadas fluorescentes 03 11 33 3 99

Ventilador 01 30 30 1 30

Rádio 01 20 20 3 60

TV 14” 01 64 60 3 180

Parabólica 01 15 15 3 45

DVD 01 10 10 0,5 05

Geladeira Eficiente Procel -

RC 28

01 80 80 24 600

Outros eventuais 01 252 Poucos minutos 20

Total de Consumo 500 1.039

Figura 21: Consumo por carga de um SIGFI 80

Fonte: Kyocera, 2010.

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3.3 SISTEMAS HIBRIDOS.

Sistemas híbridos ou as mini redes são aqueles que, desconectado da rede

convencional, apresenta várias fontes de geração de energia como, por exemplo: turbinas

eólicas, geração diesel, módulos fotovoltaicos (Figura 22), entre outras. A utilização de várias

formas de geração de energia elétrica torna-se complexo na necessidade de otimização do uso

das energias. É necessário um controle de todas as fontes para que haja máxima eficiência na

entrega da energia para o usuário.

Figura 22: Exemplo de um sistema híbrido. Fonte: COELBA, 2010.

Em geral, os sistemas híbridos são empregados para sistemas de médio a grande porte,

vindo a atender um número maior de usuários. Por trabalhar com cargas de corrente contínua,

o sistema híbrido também apresenta um inversor. Devido a grande complexidade de arranjos e

multiplicidade de opções, a forma de otimização do sistema torna-se um estudo particular

para cada caso.

Há, no entanto sistemas pequenos (Figura 23) que em regiões onde há sol e vento, um

sistema solar de iluminação pode ser uma alternativa, principalmente em regiões onde a

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passagem de cabos de energia pode se tornar uma complicador, tanto financeiro como para

questões ambientais, como praias, parques e reservas.

Figura 23: Exemplo de um sistema híbrido, eólico e solar. Fonte: Google, 2012.

3.4 SISTEMAS INTERLIGADOS A REDE OU CONECTADOS A REDE.

Estes sistemas utilizam grandes números de painéis fotovoltaicos, e não utilizam

armazenamento de energia, como baterias, pois toda a geração é entregue diretamente na

rede, no caso do Brasil poderíamos considerar os nossos reservatórios das usinas

hidrelétricas como um banco de baterias.

Neste caso o sistema representa uma fonte complementar ao sistema elétrico de

grande porte ao qual esta conectada a rede (Figura 24). Todo o arranjo é conectado em

inversores e logo em seguida guiados diretamente na rede. Estes inversores devem satisfazer

as exigências de qualidade e segurança para que a rede elétrica não seja afetada.

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Figura 3.24: Esquema de um sistema conectado a rede. Fonte: Zilles, USP

A grande vantagem é que a geração de energia fotovoltaica em áreas urbanas é que

está próximo ao consumidor final (Figura 25), minimizando as perdas técnicas, deixando de

sobrecarregar as linhas de transmissão e distribuição. É o caso dos sistemas do CEPEL e da

USP, que geram energia no próprio ponto de consumo.

Figura 3.25: Exemplos de sistemas conectados à rede no Brasil Fonte: USP – IEE, 2010.

Os sistemas conectados a rede sejam eles apenas, solar, eólico ou mesmo híbridos, já

contam com uma nova tecnologia, chamadas redes inteligentes em inglês Smart Grids.

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Algumas cidades brasileiras já estão aderindo, em fase de teste, este sistema

inteligente de gerenciamento de energia, é o caso de Sete Lagoas – M.G. desenvolvido pela

Companhia de Energia Elétrica de Minas Gerais (CEMIG) e a cidade de Búzios pela

companhia de energia elétrica AMPLA. O grande “gancho” do Smart Grid é que tanto o

consumidor final quanto a concessionária podem gerenciar a demanda ou a entrega de

energia, otimizando o sistema e, sem duvida, gerando uma grande economia para ambas as

partes.

Segundo a revista National Geografic (2011), as cidades no mundo evoluíram nos

últimos 200 anos, mostrando que grande parte da população mundial já habita os grandes

centros (Figura 26). No início do século XX, raras eram os centros urbanos com mais de 1

milhão de habitantes. Hoje megalópoles com mais de 10 milhões de habitantes são comuns.

Conta-se nada menos que 21 delas, todas nas regiões em desenvolvimento da Ásia, da África

e da America Latina. Além disso há regiões metropolitanas que formam imensos

conglomerados urbanos; China, Índia e África Ocidental têm áreas que, assim, abrigam, cada

uma, mais de 50 milhões de pessoas.

Para cidades como estas, os sistemas fotovoltaicos seriam uma vantagem, gerando

energia e abastecendo no próprio ponto de consumo e utilizando áreas já existentes para a

instalação dos painéis fotovoltaicos.

Ascensão das cidades - cidades com mais de 1 milhão de

pessoas

Ano 1800 1900 1950 2010

N. Cidades 3 16 74 442 Figura 3.26: Cidades com mais de 1 milhão de pessoas.

Fonte National Geographic – Brasil .Editora Abril. Jan.2012p. 53

A grande vantagem dos sistemas conectados a rede é que na maioria dos países que

utilizam esta tecnologia se beneficiam de subsídios, linhas de credito para a compra do

sistema e a venda de energia excedente. Portanto de consumidor final ele passa também a ser

um produtor de energia com a vantagem de comercializar no mercado.

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3.4.1 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A ARQUITETURA

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica tendem a ser vistos no Brasil

ainda como solução pouco realista, segundo Tolmasquim (EPE, 2010), dada à desproporção

dos custos quando comparados aos da geração convencional, no nosso caso a hídrica.

Esta realidade decorre do desnível cambial e do peso de sobretaxas públicas e

privadas no processo de importação e da ausência de uma política nacional de incentivo. No

entanto, considerando os promissores benefícios energéticos, a arquitetura poderia trazer

sentido à ideia ao incorporar critérios ambientais e mercadológicos.

A utilização de sistemas fotovoltaicos integrados a arquitetura está inserida numa

concepção peculiar de projeto, como podemos ver nas figuras abaixo. Um novo conceito

tecnológico voltado para a sustentabilidade energética dos edifícios cria o momento para uma

proposta estética, refletindo o seu tempo. Essa tendência se espalha pelo mundo

demonstrando uma nova postura por parte dos arquitetos, empreendedores, governos e

mercado.

Figura 3.27: Exemplos de sistemas fotovoltaicos integrados a arquitetura - Solar Park (Porto Alegre – RS) e

Solar Academy – SMA (Kassel- Alemanha) Fonte: arquivo pessoal Isabelle de Loys, 2011.

Conceitualmente, esse sistema não apenas produzem eletricidade, mas é parte

integrante da edificação. O seu elemento mais marcante é o módulo fotovoltaico que em

disposição matricial, lado a lado, forma uma composição a ser instalada no exterior da

construção.

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As grandes vantagens da utilização do sistema são:

a) Possibilidade de aproveitamento de superfícies já construídas e

impermeabilizadas, dispensando o uso de novas áreas naturais.

b) Dispensando o investimento em estrutura de fixação para produzir energia.

c) A instalação é dimensionada para consumo local, reduzindo as perdas de

distribuição e transmissão.

d) Ao atuar simultaneamente como acabamento, material de vedação e elemento

de produção energética, o sistema reflete a consciência dos sérios problemas

ambientais associados à geração e ao uso da energia e a preocupação com a

sustentabilidade.

A utilização dessa tecnologia em edificações criou um nicho na arquitetura mundial,

direcionando a especialização de profissionais para a integração dos sistemas fotovoltaicos ao

projeto, principalmente para àqueles que buscam certificações como LEED.

“Em um país com dimensões do Brasil, o setor elétrico dominado

pelo paradigma de geração centralizada pode começar se se

beneficiar e a abrir espaço a tecnologias de geração distribuída

como a solar integrada a edificação urbana e conectada a rede

elétrica, que gera energia junto ao ponto de consumo. Com a

geração solar em telhados urbanos, perdas de energia e

investimentos no sistema de transmissão e distribuição de energia

são evitadas. Alem disto estas micro usinas não inundam áreas nem

ocupam espaços exclusivos, já que estão integradas a edificações”.

(RUTHER, R., ZILLES R., 2010)

Além dos painéis tradicionais fotovoltaicos, com formato retangular, a indústria já

fornece painéis flexíveis ou rígidos em diversos tamanhos, cores e texturas, permitindo ou não

a entrada parcial de luz natural no interior do edifício.

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Figura 3.28: Exemplos de telhas em diferentes cores. Fonte: Solar safe roofing tile

São agrupados em duas categorias principais: sistemas para fachadas e coberturas. Os

primeiros correspondem aos vidros laminados e coloridos e às peles de vidro. Os sistemas

para telhados incluem telhas, coberturas metálicas, claraboias e sistemas de proteção contra

insolação (Figuras 29 e 30).

Figura 3.29: Exemplo de laminados de vidros fotovoltaicos. Fonte: SolarSafe

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Figura 3.30: Exemplos de fachadas e coberturas. Fonte: Internet Google Imagens.

3.5 DIVERSOS USOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Além do uso na arquitetura os painéis fotovoltaicos podem ser utilizados nos mais

diversos segmentos, desde iluminação publica, mobiliários urbanos, na indústria de óleo e

gás, transporte, telecomunicação, sinalização marítima, terrestre e aérea e em transmissão de

dados, como a seguir:

a) Iluminação

O sistema fotovoltaico pode ser utilizado na iluminação publica residencial,

sinalização férrea, marítima, semafórica, de estradas, aérea, em pontos de ônibus e outdoors.

Dentre estas, a iluminação pública, tem um apelo interessante em áreas urbanas, pois reduz o

uso de materiais, por exemplo, cabos de cobre, eliminando os gastos com a infraestrutura do

cabeamento poste a poste e possíveis furtos de cabo.

Por ser um sistema autônomo, não há consumo de energia da rede, eliminando

qualquer sobrecarregamento nos cabos de transmissão, além disso garante segurança de

energia, pois qualquer interrupção da rede os postes solares continuam a funcionar e em se

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tratando de iluminação publica este é um fator importantíssimo. Esta solução só passou a ser

viável utilizando luminárias a de Diodo de Emissor de Luz (LED), por ser mais eficiente, de

baixo consumo e uma vida útil de no mínimo 50.000 horas ate 100.000 a economia já se faz

no momento de sua instalação.

Segundo a RIOLUZ - RJ, uma luminária LED de 56Watts pode ser substituída

perfeitamente por uma de vapor de sódio de 150Watts.

No Brasil muitas empresas já trabalham com este tipo de solução, podem-se ver em

rodovias, condomínios e estacionamentos.

Figura 3.31: Poste solar e eólico – Greenpower – Cidade do Rock, Rio de Janeiro. Fonte: arquivo pessoal, 2012

Figura 3.32: Iluminação de Outdoors, pontos de ônibus, sinalização férrea e de estradas. Fonte: internet Google Imagens, 2012.

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b) Proteção catódica

Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicos (IPT), os sistemas de proteção

catódica são a maneira mais eficiente de proteger da corrosão estruturas enterradas ou

imersas, sendo amplamente utilizados em dutos para transporte de água, gás e derivados de

petróleo, assim como em grandes estruturas metálicas. Por meio de retificadores de corrente,

é aplicada uma corrente elétrica na estrutura metálica a ser protegida, garantindo assim sua

integridade. Na ausência de um sistema de proteção catódica ou no caso de seu mau

funcionamento, toda a estrutura enterrada ou imersa fica sujeita à agressividade do meio,

podendo sofrer um forte processo corrosivo com consequências catastróficas.

Figura 3.33: Proteção da tubulação no setor de óleo e gás. Fonte: Kyocera, 2010.

c) Freezer para vacinas

Os freezers para vacinas são muito utilizados em regiões remotas longe da rede

elétrica e de postos de saúde para atender comunidades que precisam ter estoques de vacinas,

neste caso a energia solar alimenta uma geladeira apropriada para este sistema.

Figura 3.34: Freezer especial para conservar vacinas e um nômade com uma geladeira portátil. Fonte: Kyocera, 2010.

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d) Meios de Transportes

Um exemplo de sucesso que começou em 2008 na Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ) pelo Polo Náutico sob o comando do professor do Departamento de

Engenharia Naval e Coordenador do Laboratório Polo Náutico Fernando Antônio Sampaio

Amorin, que decidiu participar de uma competição internacional – Frisian Solar Challenge -

para pequenos barcos com propulsão elétrica acionada por módulos fotovoltaicos e baterias,

realizado na Holanda a cada dois anos nos canais da província de Frisia.

Reúnem equipes das principais universidades europeias, centros de pesquisa,

empresas de navegação e escolas técnicas. Com o sucesso da equipe brasileira neste evento,

possibilitou a organização de uma competição nacional – Desafio Solar Brasil 2009 – e que

vem acontecendo uma vez por ano em Parati, neste evento as competições são feitas pelas

Universidades Brasileira.

Figura 3.35: Desafio solar Brasil – 2009 – embarcação utilizando painéis fotovoltaicos. Fonte: UFRJ, 2009.

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Figura 3.36: Diversos meios de transporte com sistema fotovoltaico. Fonte: internet Google Imagens, 2012.

e) Telecomunicações

Até o presente momento o setor de telecomunicação no segmento fotovoltaico é o

segundo mais importante, perdendo apenas para o Programa Federal Luz para Todos,

mantendo o Brasil ainda com um perfil de mercado de sistemas isolados, conforme dados da

empresa japonesa fabricante de painéis fotovoltaicos Kyocera.

De forma adicional, a atual legislação vigente (Decreto 4.769/2003) estabelece o Plano

Geral de Metas para Universalização (PGMU), que objetiva possibilitar o acesso de qualquer

pessoa ou instituição a serviços de telecomunicações, independente de sua localização e

condições socioeconômica. Desse modo, todas as localidades com mais de 100 habitantes que

ainda não foram atendidas com linhas telefônicas, devem dispor de pelo menos um Telefone

de Uso Publico (TUP) instalado em local acessível 24 horas por dia. Neste contexto, em

localidades não eletrificadas a opção fotovoltaica apresenta-se como alternativa energética

promissora.

Figura 3.37: Alguns TUP´s em lugares remotos alimentados por sistemas fotovoltaicos. Fonte: Embratel, 2011.

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4. ASPECTOS CONJUNTURAIS DA APLICAÇÃO DA ENERGIA SOLAR

FOTOVOLTAICA.

Neste capitulo serão apresentados o atual cenário do mercado nacional e

internacional desta tecnologia, traçando um perfil de um Brasil que vem estudando formas de

subsídios e incentivos que permitam esta tecnologia emplacar ou fazer parte, mesmo de um

pequeno percentual da matriz elétrica do país.

4.1. A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO MERCADO MUNDIAL

Segundo a empresa internacional de consultoria Solarbuzz (2012) na última década a

tecnologia fotovoltaica emergiu no panorama mundial como uma das tecnologias mais

promissoras para a geração de energia elétrica. Dos 1.790 MW instalados em 2000, o

mercado cresceu para 22.878 MW em 2010 como mostra o gráfico abaixo, um crescimento

robusto que tende a continuar nos próximos anos (Figura 38). A Europa é a líder no

segmento, cerca de 16 GW de capacidade instalada em 2009 (70% da potência acumulada

mundial) — com Japão (2,6 GW) e Estados Unidos (1,6 GW) em seguida. A China desponta

como a mais nova potência entrando no mercado e existe a expectativa de que se torne um

dos principais players nos próximos anos tanto de produção quanto de geração instalada.

Figura 4.38: Produção de módulos, 2010.

Fonte: COGEN, 2012.

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Vale ressaltar que apesar de toda a crise mundial iniciada em 2008 a produção

aumentou significativamente, confirmando um estudo feito pela BSW que foi o setor que

mais gerou empregos nos últimos anos, conforme podemos analisar na Figura 39.

Figura 4.39: Quantidade de empregos gerados na Alemanha.

Fonte: BSW, 2009.

O mercado fotovoltaico concentra-se basicamente na Europa, região onde há 20 anos

iniciava programas de incentivo para a geração solar fotovoltaica para fins residenciais e

para grandes usinas. A Alemanha continua no topo liderando o mercado desde então,

perdendo apenas no cenário atual para a Itália e Republica Checa, que antes era liderada pela

Espanha.

Tamanho do mercado 18.23 GW

Crescimento do mercado ano/ano 139%

Produção de células fotovoltaicas 20.5 GW

Lucro da industria solar $ 82B

Os três maiores mercados

Alemanha, Itália e Rep. Checa

Figura 4.40: Panorama do mercado global fotovoltaico – 2010.

Fonte: Solarbuzz, 2012.

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Como podemos observar na figura abaixo dentre os dez maiores mercado

fotovoltaico do mundo seis países são da Europa, liderado pela Alemanha.

Figura 4.41: Os 10 maiores países no mercado fotovoltaico em 2010. Fonte: Solarbuzz Marketbuzz 2010

Na figura abaixo, tem-se o raios-x dos dois tipos de sistema utilizados no mundo, é

claro que esta é uma realidade da Europa, dos países do Norte da América e dos Asiáticos. Já

no Brasil o gráfico seria o inverso, o principal mercado são os sistemas isolados e agora está

surgindo os sistemas conectados a rede.

Figura 4.42: Mercado Fotovoltaico segmentado por aplicação – sistema isolado (off grid) e sistema

conectados a rede (on grid). Fonte: Solarbuzz, 2010 Marketbuzz.

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Como todo o mercado, ele só se desenvolve se há viabilidade econômica, e no caso

dos preços dos painéis solares é o que vem acontecendo, o preço vem despencando,

justificando ainda mais a sua utilização seja em pequena escala ou em grande escala.

Conforme KELMAN, (2012) da empresa de consultoria PSR os valores oficiais

chegam a custar $1,25 o Wp, mas sabe-se que já podem ser comercializados a menos de

$1,00.

Figura 4.43: Redução de preços dos módulos fotovoltaicos nos últimos 10 anos.

Fonte: PSR, 2012.

“Entre o final de 2008 até o final de 2009, o preço do

módulo fotovoltaico caiu cerca de 50%, uma vez que o segmento

industrial fotovoltaico — desde o fabricante do silício grau solar até

o de montagem de painéis — tinha feito pesados investimentos na

ampliação da produção. Com a crise, houve um excesso de oferta de

equipamentos, o que resultou na redução do preço do módulo

fotovoltaico.” (KELMAN, 2012)

Com a redução do preço do módulo fotovoltaico, caiu também o valor em dólar que

foi investido na ampliação da produção, e o desempenho financeiro do investimento em solar

caiu.

Outro fator que impactou a indústria da energia solar foi à situação do mercado na

Espanha, que reduziu substancialmente os incentivos de mercado para apoio à energia solar

fotovoltaica em 2009.

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Embora a crise econômica mundial tenha impactado os investimentos no setor de

energias renováveis, que apresentou uma redução de 7%, como um todo, em 2009 (quando

comparado ao ano de 2008), o montante investido — 162 bilhões de dólares — foi mais alto

daquele observado em 2007, de 157 bilhões de dólares segundo a fonte Solarbuzz.

O setor de fotovoltaico correspondeu a aproximadamente 20% dos investimentos em

2009 (24 bilhões de dólares), uma redução de 27%, quando comparado aos 33 bilhões de

dólares investidos no setor em 2008 (Figura 44).

Figura 4.44: Os novos investimentos em energia solar (USDbn)

Fonte: Global Trends in Sustainable Energy Investments, 2010

Recente publicação do World Economic Forum (2011) mostra que em 2010 o

investimento no setor de energias renováveis atingiu 243 bilhões de dólares, devido ao apoio

dos governos de diversos países que aportaram cerca de 194 bilhões de dólares em “stimulus

funding” ou estimulo aos fundos de investimentos. A indústria de energia solar fotovoltaica,

que já se beneficiava da redução dos preços dos módulos fotovoltaicos, teve a adição de mais

18,4 GW de nova capacidade instalada em 2010, dos quais 7,6 GW somente na Alemanha.

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4.2 A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO MERCADO NACIONAL

No Brasil, o mercado fotovoltaico é incipiente e sempre esteve ligado a programas de

eletrificação rural, acesso a energia elétrica e no mercado de telecomunicação. Um dos

exemplos é o PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e

Municípios). O programa foi lançado em 1994 e teve diversas fases, totalizando 5.112 kWp

instalados.

Atualmente este programa encontra-se em fase de reestruturação, pois houve uma

série de problemas na sua execução como manutenção dos equipamentos, sustentação do

programa e até roubo e sucateamento dos equipamentos instalados. A reestruturação do

PRODEEM prevê a revitalização dos módulos fotovoltaicos instalados e a sua incorporação

ao Programa Luz para Todos.

Além do PRODEEM, outras iniciativas, todas voltadas para eletrificação rural,

incentivaram o uso da energia solar fotovoltaica no Brasil: Programa de Combate à Pobreza

do Banco Mundial, para pequenas comunidades no Estado da Bahia; Eletrificação de

Comunidades Ribeirinhas da Eletrobrás; Instalações de Cerca Elétrica da Associação de

Pequenos Proprietários do Estado da Bahia, etc.

De acordo com Zilles (2005) e (2008), o Brasil conta com apenas 152,5 kWp

conectados à rede de energia elétrica. A maioria desses sistemas é proveniente de

universidades ou de empresas que utilizaram sistemas fotovoltaicos no âmbito de projetos de

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), conforme tabela abaixo.

Nome Cidade

Ano de

Instalação

Potência

(kWp)

CHESF* Recife - PE 1995 11

LABSOLAR / UFSC Florianópolis - SC 1997 2,1

LSF - IEE / USP (a) São Paulo - SP 1998 0,8

UFRJ-COPPE* Rio de Janeiro-RJ 1999 0,9

Convivência / UFSC Florianópolis - SC 2000 1,1

FAE-UFPE * Fernando de Noronha - PE 2000 2,5

LSF - IEE / USP (b) São Paulo - SP 2001 6,3

CEPEL Rio de Janeiro - RJ 2002 16,3

IEM Porto Alegre - RS 2002 3

UFJF* Juiz de Fora - MG 2002 31,7

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LSF - IEE / USP (c) São Paulo - SP 2003 6

CELESC Florianópolis - SC 2003 1,4

CELESC Lages - SC 2004 1,4

CELESC Tubarão - SC 2004 1,4

Centro de Cultura e Eventos /

UFSC Florianópolis - SC 2004 10,9

Lab. Energia Solar / UFRGS Porto Alegre - RS 2004 4,8

Escola Técnica Pelotas Pelotas - RS 2004 0,9

LSF - IEE / USP (d) São Paulo - SP 2004 3

Lab. de Sementes / CEMIG Belo Horizonte - MG 2005 3,2

FAE – UFPE Recife-PE 2005 1,3

Clínica Harmonia São Paulo - SP 2005 0,9

CEFET-MG Belo Horizonte - MG 2006 3,2

PUC-MG Belo Horizonte - MG 2006 2,1

EFAP Sete Lagos - MG 2006 3

Casa Eficiente / ELETROSUL Florianópolis - SC 2006 2,3

Greenpeace São Paulo - SP 2007 2,9

FAE - UFPE (b) Recife-PE 2007 1,5

Private House Recife-PE 2007 1

GEDAE Belém - PA 2007 1,6

Unicamp São Paulo - SP 2007 7,5

Private House São Paulo - SP 2008 2,1

Solaris Leme - SP 2008 1

Motor Z São Bernardo do Campo - SP 2008 2,5

Fundição Estrela São Bernardo do Campo - SP 2008 14,7

ELETROSUL Florianópolis - SC 2009 12

UFSC (HU) / TRACTEBEL Florianópolis - SC 2009 2

UFSC (Colégio Aplicação) /

TRACTEBEL Florianópolis - SC 2009 2

UFSC (Aeroporto) /

TRACTEBEL Florianópolis - SC 2009 2,1

Figura 4.45: Lista de sistemas conectados a rede no Brasil.

Fonte: Zilles, 2012.

Apenas recentemente, algumas iniciativas vêm ganhando espaço, procurando

pavimentar o caminho tanto no nível de mercado, como no nível de conhecimento e operação

de sistemas fotovoltaicos conectados à rede, identificando gargalos e barreiras e procurando

mostrar a importância dessa fonte para o Brasil:

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a) Usina Solar Fotovoltaica de Tauá — Iniciativa da MPX Energia, a usina de 1

MW de capacidade instalada é a primeira usina solar conectada à rede. De

acordo com informações da empresa foram investidos R$ 10 milhões na planta

(para construir a infraestrutura inicial) e existe licenciamento ambiental para

mais 5 MW e o projeto prevê dentro de poucos anos uma usina de 50MW.

b) Projeto Megawatt Solar — Projeto da Eletrosul / KfW de 1 MW a ser instalado

em prédio da Eletrosul e conectado à rede de energia elétrica. Pretendem

comercializar a energia no mercado livre para consumidores incentivados e

montar a estrutura para ter um “Selo Solar” para este projeto, tendo o Instituto

Ideal como entidade executora e de monitoramento.

c) CEMIG — pretendem instalar 3 MW de energia solar fotovoltaica no

município de Sete Lagoas, interligados à rede de energia elétrica. Este projeto

está no âmbito do programa de P&D da ANEEL e faz parte do projeto

“Cidades do Futuro”. Tem como parceria a empresa Solaria e serão construídas

3 unidades: uma de 2,5MW, que será a parte comercial, a segunda área onde

ocorrerão os testes de tecnologia e a terceira que será destinada à pesquisa.

d) Estádios solares — Várias iniciativas para a instalação de energia solar em

Estádios estão surgindo, principalmente viabilizado pela Copa do Mundo de

2014. Entre eles podemos citar: Mineirão, projeto com a CEMIG de 1,4 MW;

Pituaçu, projeto com a COELBA de 400 kWp; Maracanã, projeto com a Light

cuja a potencia ainda está sendo estudada.

e) O P&D Estratégico ANEEL, Chamada N° 013/2011

“Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica

na Matriz Energética Brasileira”. Propostas recebidas: 18 (24.5 GWp);

Investimentos: R$ 395, 9 milhões. (ANEXO G)

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P&D Estratégico em energia solar prevê investimento de R$ 395,9 milhões, publicada

em agosto de 2011, a Chamada de Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Estratégico

013/2011 – “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na

Matriz Energética Brasileira”, recebeu 18 propostas, conforme ANEXO G.

De acordo com a ANEEL, os projetos, que totalizam um investimento previsto de R$

395, 9 milhões em um prazo de três anos, foram avaliados em novembro do ano passado por

áreas técnicas da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), além do Ministério de

Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Das dezoito propostas avaliadas, uma recebeu parecer desfavorável e não deve ser

realizada, oito serão revisadas e reavaliadas e nove tiveram parecer favorável e estão em vias

de contratação para início da execução. Apesar de a forma de comercialização e conexão à

rede de distribuição ainda dependerem de regulamentação da ANEEL, a Chamada pretende

alavancar estudos e pesquisas para comprovar a viabilidade desse tipo de fonte (solar) no

Brasil, que ainda não é competitiva.

Na avaliação, a ANEEL levou em consideração o atendimento às premissas

estabelecidas na Chamada, tais como a implantação de uma planta solar fotovoltaicas de 0,5

megawatt-pico (MWp), medida pelo máximo de insolação incidente sobre as placas) a 3,0

MWp, além da definição da forma que o empreendedor comercializará a energia no sistema e

razoabilidade dos custos.

A obrigatoriedade na aplicação dos recursos em P&D está prevista em lei e nos

contratos de concessão, cabendo à Agência regulamentar o investimento no programa,

acompanhar a execução dos projetos e avaliar seus resultados. A legislação estabelece que as

empresas concessionárias, permissionárias ou autorizadas de distribuição, transmissão e

geração de energia elétrica devem aplicar anualmente um percentual mínimo de sua receita

operacional líquida no Programa de P&D do setor de energia elétrica.

A maioria das usinas (Figura 46), são de empresas europeias e algumas asiáticas, que

estão “loteando” as melhores regiões de insolação do Brasil, providenciando outorgas junto a

ANEEL de grandes projetos de usinas solares, estamos falando de usinas de grande porte,

como na Europa, uma media de 30MW, que para se ter uma ideia de quantidade, seriam em

torno de 138 mil painéis solares do mesmo modelo usado na Usina de Tauá KD215Wp da

Kyocera, lembrando que cada painel num plano horizontal ocupa uma área de 1,5 m² de área.

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Figura 4.46: Centrais de Energia Solar com Registro na ANEEL em 30 de novembro de 2011 Fonte: COGEN, 2012

Projetos com esta capacidade nunca foram instalados no Brasil, hoje há apenas uma

usina de 1MW na cidade de Tauá – CE chamada MPX Tauá. Pela falta de experiência com

este tipo de projeto e mão-de-obra capacitada provavelmente serão executados por

estrangeiros. Por ser regiões do semiárido, com o custo da terra a valores baixos, este

Eldorado Solar, esta sendo vendido a valores inferiores do que eles realmente de fato valem

equiparados pelo potencial geração de energia.

4.3 INCENTIVOS E A LEGISLAÇÃO NO BRASIL EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS.

A geração de sistema fotovoltaico pode ser classificada como uma fonte incentivada e

sua comercialização estão sujeita a regulamentação específica, para que ela possa de fato

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competir com outras fontes de energia. De uma forma geral, as leis que incentivam as fontes

renováveis não tratam diretamente da geração de sistema fotovoltaico, mas criam ambiente

adequado para este tipo de aplicação, tais como: a Lei 21.111/09, que dispõe sobre os serviços

de energia elétrica no sistema isolado e reforça no artigo 6º incentivos para a geração

distribuída; e a revisão na Lei n.º 9991/00, que destina os recursos para programas de

universalização do serviço público de energia elétrica.

Segundo a ELETROBRÁS, Além disso, a Lei 10.848 prevê que “a Eletrobrás

instituirá um programa de fomento específico para a utilização de equipamentos, de uso

individual e coletivo, destinados à transformação de energia solar em energia elétrica,

empregando recursos da Reserva Global de Reversão — RGR e contratados diretamente com

as concessionárias e permissionárias”, no entanto, a RGR até o momento ainda não foi

utilizada para tal fim.

Da mesma forma, de acordo com o artigo n° 14 do Decreto 4.541/02 que regulamenta

a Lei 10.438/02 sobre o uso de encargos para universalização do atendimento, “no processo

de universalização dos serviços públicos de energia elétrica no meio rural, serão priorizados

os municípios com índice de atendimento aos domicílios inferior a 85%, calculados com base

nos dados do Censo 2000 do IBGE, podendo ser subvencionada parcela dos investimentos

com recurso da Reserva Global de Reversão, instituída pela Lei nº 5.655, de 20 de maio de

1971 e da Conta de Desenvolvimento Energético — CDE, de que trata o art. 13 desta Lei, nos

termos da regulamentação”.

Criada em 26 de abril de 2002, a CDE é uma conta que é atualmente utilizada para

universalização do acesso à eletricidade, no âmbito do Programa Luz para Todos (LpT), para

subvenção aos consumidores de baixa renda e para a expansão da malha de gás natural para o

atendimento dos estados que ainda não possuem rede canalizada.

Pode ser utilizada também para garantir a competitividade da energia produzida a

partir de fontes alternativas. O exemplo da RGR, os recursos da CDE também podem ser

utilizados para promoção de geração de sistema fotovoltaico.

A RGR é um fundo setorial administrado pela Eletrobrás formado por encargo

embutido na tarifa de energia. Criada em 1957 com objetivo de levantar recursos para

possível recompra pela União de ativos não amortizados de concessões de serviço público de

energia elétrica, os valores arrecadados nunca foram utilizados para tal fim, mas o fundo pode

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repassar recursos a serem aplicados pelas concessionárias em programas gerenciados pela

Eletrobrás.

Segundo o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e a Agencia de

Desenvolvimento do Estado do Ceará S.A. (2010), o primeiro mecanismo de incentivo no

país com o objetivo de fomentar sistema fotovoltaico é o Fundo de Incentivo à Energia Solar

do Estado do Ceará (FIES), um mecanismo desenhado no âmbito estadual. Como no Brasil, a

regulação do setor elétrico se dá no nível federal, o Estado não tem como intervir, por

exemplo, para obrigar que as distribuidoras comprem energia solar.

Dessa forma o FIES foi desenhado para que os grandes consumidores de energia

elétrica, ou seja, empresas que tenham carga acima de 500 kW, e estejam localizadas no

Estado do Ceará, possuam a obrigatoriedade de consumo de uma parcela de sua energia

através de fonte solar.

Empresas grandes consumidoras de energia, que queiram se instalar no Estado do

Ceará podem obter um desconto no ICMS. Em cima do valor do desconto concedido pelo

Governo, incide uma taxa anual de 5%, que é direcionada para o Fundo de Desenvolvimento

Industrial (FDI). Uma parte desse recurso é encaminhada para o FIES; Em resumo o FIES

funciona da seguinte forma:

a) Uma das contrapartidas da empresa para obter esse desconto no ICMS é comprar uma

parte de sua energia de fonte solar, sendo o contrato realizado com base na regulação

do setor elétrico, ou seja, a empresa paga o valor de referência VR;

b) O FIES então cobre a diferença entre o VR e o preço da Energia Solar Fotovoltaica.

São realizadas chamadas públicas, no âmbito do FIES, para uma determinada

capacidade de energia solar, que deverá ser compatível com a quantidade a ser

consumida obrigatoriamente pelas empresas grandes consumidoras de energia. O

contrato é oferecido por 15 anos;

c) O FIES também permite o aporte voluntário de recursos ao Fundo e permite que

outros consumidores/empresas, fora da obrigatoriedade, possam participar do

esquema, sendo que nesse caso, deverão pagar o custo integral da energia solar

fotovoltaica.

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d) O FIES cria também um selo verde para todas as empresas que consomem energia

solar no âmbito desse mecanismo

O FIES foi criado através da Lei Complementar 81/2009 e Decreto 29.993/2009. No

entanto, até o momento ainda não ocorreu a chamada pública. Mas é importante citar esse

mecanismo por ser a primeira tentativa de lançar um incentivo para fonte solar, mesclando

incentivos estaduais no âmbito da regulação federal do setor energético.

Fora esse mecanismo de incentivo, algumas iniciativas recentes vêm ocorrendo de

forma a estimular a energia solar, o que vem ampliando o debate sobre as formas de

incentivos possíveis a esta fonte no País:

No âmbito do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação – MCTI

a) O CGEE — Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, que faz levantamentos em

ciência, tecnologia e inovação para o governo brasileiro, lançou um estudo prospectivo

para energia fotovoltaica com o objetivo de identificar o potencial produtivo brasileiro

e as macrodimensões estratégicas. O resultado desse estudo conta com dois relatórios

base, um referente ao diagnóstico de base da situação brasileira frente à tecnologia

fotovoltaica e o potencial existente no Brasil, e outro especificamente sobre o

diagnóstico e potencial de desenvolvimento do silício grau solar no Brasil, e a

publicação em 2010 de um Documento Técnico.

b) Além disso, pode-se destacar a implantação do Sibratec Fotovoltaico e o apoio do

CNPq e da Finep a projetos em curso em diferentes instituições de ciência e tecnologia

(ICT).

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No âmbito do Ministério de Minas e Energia:

a) A Portaria MME nº 36 de 28/11/08 criou um Grupo de Trabalho (GT) de geração a

partir de sistemas fotovoltaicos com a finalidade de “elaborar estudos, propor

condições e sugerir critérios para subsidiar definições competentes acerca de uma

proposta de política de utilização de geração fotovoltaica conectada à rede e em

edificações urbanas, como um fator de otimização da gestão da demanda de energia e

de promoção ambiental do País, em curto, médio e longo prazo”.

b) Um novo GT está iniciando agora seus trabalhos voltados para aspectos regulatórios e

de planejamento energético, envolvendo Agencia Nacional de Energia Elétrica -

ANEEL e Empresa de Pesquisa Energética - EPE.

No âmbito industrial:

a) O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Agência

Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) têm acompanhado as diversas

iniciativas recentes, governamentais e empresariais, visando identificar e sugerir

mecanismos de incentivo adequados.

b) O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), também examina dispositivos de

apoio à cadeia produtiva da ES-FV e apoia projetos inovadores com recursos não

reembolsáveis do Fundo de Tecnologia (FUNTEC).

c) A Associação Brasileira da Indústria Eletro Eletrônica (ABINEE) formou

recentemente um grupo de trabalho em ES-FV que já conta com a adesão de cerca de

130 empresas (Figura 47).

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Figura 4.47: Lista total de empresas envolvidas no GT ABINEE

Fonte: ABINEE, 2012.

A Associação da Indústria da Cogeração de Energia (COGEN) formou também um

grupo de empresas, cuja maioria é concessionária e poucas da indústria, para discutir qual

mecanismo poderão ser feitos para viabilizar o mercado solar.

Além dos mecanismos de incentivo, outro fator relevante para apoiar o mercado solar

são os instrumentos econômicos, tais como, incentivos ao investimento, incentivos à

produção, empréstimos a baixas taxas de juros, isenção de impostos e taxas, etc.

No que diz respeito à desoneração de impostos, as desonerações de ICMS (Imposto

Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) e IPI (Imposto sobre Produto

Industrializado), de competência estadual e federal, respectivamente. O benefício, entretanto,

se aplica somente aos equipamentos tributados através do decreto 3.827 de 2001. Os módulos

fotovoltaicos, na verdade, são os únicos equipamentos que atualmente são isentos de IPI e

ICMS, conforme convênio ICMS 101/97 prorrogado pelo convênio ICMS 124/10 até

31/12/2013. Na compra de inversores no mercado nacional são incluídos 12% de ICMS e no

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caso dos controladores de carga são incluídos 12% de ICMS e 15% de IPI. Mas há um

mecanismo que isenta os equipamentos tributáveis de IPI e ICMS, como os inversores,

baterias e controladores. Esta isenção acontece caso a empresa seja indústria, podendo

desenvolver kits de geradores fotovoltaicos. Desta forma os custos caem e é possível

comercializar bem abaixo do mercado.

Figura 4.48: Incidência de impostos em painéis solares e inversores. Fonte: COGEN, 2012.

O BNDES também apresenta diversas linhas de financiamento, nas quais projetos de

sistemas fotovoltaicos podem se enquadrar, a depender do tipo de proponente e do valor do

financiamento.

O BNDES financia não apenas as distribuidoras de energia elétrica, mas também os

geradores e os fornecedores de componentes, máquinas e equipamentos. Para esses últimos,

há algumas flexibilizações em termos de valor mínimo, prazo, garantias etc. Todos os atores,

tanto do setor elétrico como da cadeia de fornecedores, podem se beneficiar de linhas de

inovação tecnológica em condições bastante favoráveis, a taxa fixa de financiamento, tal

como ocorre com a RGR.

Quanto as Normas Técnicas, o Brasil ainda não possui sólidas normatizações para os

componentes e instalações de sistemas fotovoltaicos, possuindo apenas esboços que

contemplam tecnologias que já se desenvolveram. Não há um texto normativo para as práticas

de instalação e comissionamento de sistemas fotovoltaicos de qualquer espécie. A Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já caminha para a sua criação de novos textos

normativos e a atualização das normas já existentes sobre sistemas fotovoltaicos, que são:

a) ABNT NBR 11.877 – Sistemas Fotovoltaicos

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b) ABNT NBR 10.899 – Sistemas Fotovoltaicos – Terminologia

c) ABNT NBR 11.876 – Módulos Fotovoltaicos – Especificação

d) ABNT NBR 11.704 – Sistemas Fotovoltaicos – Classificação

e) ABNT NBR 11.878 – Dispositivos Fotovoltaicos – Células e Módulos de Referência

f) ABNT NBR 11.879 – Dispositivos Fotovoltaicos – Simulador Solar – Requisitos de

Desempenho

g) ABNT NBR 14.298 – Sistemas Fotovoltaicos – Banco de Baterias –

Dimensionamento.

Todas essas normas serão atualizadas e expandidas para adicionar os avanços

tecnológicos dos últimos anos.

Outro material que servirá de matriz é a norma IEC 61.727 – PV Systems –

Characteristics of the Utility Interface, que trata dos inversores para sistemas conectados a

rede, responsáveis pela interface entre o arranjo fotovoltaico e a rede de distribuição.

4.4 A REGULAMENTAÇÃO DA ANEEL PARA MICRO E MINIGERAÇÃO

DISTRIBUIDA EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS EM AREAS URBANAS.

A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou em 17 de

Abril de 2012, regras destinadas a reduzir barreiras para instalação de geração distribuída de

pequeno porte, que incluem a micro geração, com até 100 KW de potência, e a mini geração,

de 100 KW a 1 MW. A norma cria o Sistema de Compensação de Energia, que permite ao

consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade consumidora e trocar energia com a

distribuidora local. A regra é válida para geradores que utilizem fontes incentivadas de

energia (hídrica, solar, biomassa, eólica e cogeração qualificada).

Pelo sistema, a unidade geradora instalada em uma residência, por exemplo, produzirá

energia e o que não for consumido será injetado no sistema da distribuidora, que utilizará o

crédito para abater o consumo dos meses subsequentes. Os créditos poderão ser utilizados em

um prazo de 36 meses e as informações estarão na fatura do consumidor, a fim de que ele

saiba o saldo de energia e tenha o controle sobre a sua fatura.

Os órgãos públicos e as empresas com filiais que optarem por participar do sistema de

compensação também poderá utilizar o excedente produzido em uma de suas instalações para

reduzir a fatura de outra unidade desde que seja na mesma concessionária e CNPJ.

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O consumidor que instalar micro ou mini geração distribuída será responsável

inicialmente pelos custos de adequação do sistema de medição necessário para implantar o

sistema de compensação. Após a adaptação, a própria distribuidora será responsável pela

manutenção, incluindo os custos de eventual substituição.

Além disso, as distribuidoras terão até 240 dias após a publicação da resolução para

elaborar ou revisar normas técnicas para tratar do acesso desses pequenos geradores, tendo

como referência a regulamentação vigente, as normas brasileiras e, de forma complementar,

as normas internacionais.

A geração de energia elétrica próxima ao local de consumo ou na própria instalação

consumidora, chamada de “geração distribuída”, pode trazer uma série de vantagens sobre a

geração centralizada tradicional, como, por exemplo, economia dos investimentos em

transmissão (Figura 49), redução das perdas nas redes e melhoria da qualidade do serviço de

energia elétrica.

Figura 4.49: Esquema básico do caminho da geração de energia centralizada e de um pequeno circuito de

geração distribuída com painéis fotovoltaicos. Fonte: UFSC, 2011.

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Como a regra é direcionada a geradores que utilizem fontes renováveis de energia, a

agência espera oferecer melhores condições para o desenvolvimento sustentável do setor

elétrico brasileiro, com aproveitamento adequado dos recursos naturais e utilização eficiente

das redes elétricas.

O assunto foi amplamente discutido com a sociedade em uma consulta e uma

audiência pública aberta no período de 08/08/2011 a 14/10/2011 e, ao todo, foram recebidas

403 contribuições de agentes do setor, universidades, fabricantes, associações, consultores,

estudantes e políticos.

Paralelamente ao sistema de compensação de energia, a ANEEL aprovou novas regras

para descontos na Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição – TUSD e na Tarifa de Uso do

Sistema de Transmissão – TUST para usinas maiores (de até 30 MW) que utilizarem fonte

solar:

Para os empreendimentos que entrarem em operação comercial até 31 de dezembro de

2017, o desconto de 80% será aplicável nos 10 primeiros anos de operação da usina. O

desconto será reduzido para 50% após o décimo ano de operação da usina. Para os

empreendimentos que entrarem em operação comercial após 31 de dezembro de 2017,

mantém-se o desconto de 50% nas tarifas.

4.5. TELHADOS SOLARES E A PARIDADE TARIFARIA UMA POSSÍVEL

REALIDADE NO BRASIL?

De acordo com RUTHER (UFSC, 2011), “ a paridade tarifaria - quer dizer o valor

da tarifa de energia da concessionária será a mesma da energia solar - já é uma realidade

em alguns estados brasileiros e se tornará na maior parte do território nacional em poucos

anos”.

Em recente publicação e através de cálculos da tarifa de energia, somando com o

aumento da tarifa anual, da Taxa Interna de Retorno (TIR) e a queda dos preços de módulos

fotovoltaicos e de alguns componentes, chegou-se a conclusão que em 2015 (Figura 50), os

estados do Tocantins, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais já poderão instalar um sistema

fotovoltaico com o mesmo preço em kW/h da concessionária.

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Em 2020 praticamente o pais inteiro, terá a paridade tarifaria, com exceção do

Amazonas, Roraima, Amapá, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Figura 4.50: Paridade tarifaria no Brasil para o ano de 2015 e 2020 respectivamente. Fonte: Ricardo Ruther, 2010.

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Já na figura abaixo já se pode ter uma ideia de paridade atual, de acordo com a tarifa

de energia e com o valor de um sistema fotovoltaico, custando em torno de R$ 500,00 a

R$600,00 o MWh (RUTHER, 2011), a energia solar já é competitiva com a rede elétrica e até

mesmo mais indicada em algumas regiões.

Hoje os estados que possuem a tarifa mais alta já é economicamente viável o uso da

energia solar e podemos verificar que justamente nestas regiões é onde o Brasil tem o maior

índice de insolação.

Figura 4.51: Relação de preço de energia das concessionaria x preço da energia solar – paridade tarifaria.

Fonte: RUTHER (UFSC, 2011).

Outro estudo feito por KELMAN (2012) pela Consultoria PSR, especializada em

energia, constatou que caso um usuário importasse os equipamentos e instalasse-os num plano

inclinado, para a cidade do Rio de Janeiro o custo resultante seria de R$500,00 / MWh. A

primeira vista, este custo é bastante elevado, no entanto, comparado com a tarifa residencial

da LIGHT, a tarifa com os impostos chega a R$522,00 / MWh.

Segundo Kelman, o mapa a seguir (Figura 52) para indicar quais áreas seria promissor

no momento. Para cada ponto do mapa, calculou-se a razão entre o custo da tarifa e o da solar

(no caso do Rio de Janeiro, por exemplo, esta a razão é 522/500= 1,044). É fácil ver que a

energia solar seria competitiva nos lugares em que a razão é maior que 1. O nível de

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viabilidade (isto é, quanto maior que 1, mais viável, e vice-versa). Representado por um

código de cores, quanto mais quente a cor (tons vermelho), mais competitiva é a energia solar;

quanto mais fria (tons azuis), menor é a competitividade.

Figura 4.52: Indice de competitividade de energia solar distribuida- investimento dureto do consumidor.

Fonte: KELMAN (PSR, 2012).

Por outro lado caso o usuário compre os equipamentos e instalação através de

empresas integradoras (empresas que importam e vendem a solução completa), Kelman

considerou uma margem de lucro da integradora (estimada em 15%) e dos impostos

adicionais (alguns dos que incidem em cascata) a planilha de custos da solar leva a um

aumento de 42%.

Como se observa no mapa abaixo, a geração solar fotovoltaica ainda não seria

competitiva hoje. Porem também se observa que esta competitividade está perto de se

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concretizar (índices próximo de 1) em regiões como o Oeste de Minas Gerais, Zona da Mata

Mineira, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Figura 4.53: Indice de competitividade de energia solar distribuida- investimento via integrador.

Fonte: KELMAN (PSR, 2012).

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5 A UTILIZAÇÃO DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM ÁREAS URBANAS

Muitas cidades da Europa e Asiáticas, como Madri, Barcelona, Berlim, Hamburgo,

Lisboa, Roma, Tóquio, Shangai, Hong-Kong já utilizam esta tecnologia em áreas urbanas

para diversos fins, sejam para fins residências, comercias, industriais ou para alimentar

mobiliários urbanos como: semáforos, monitoramento, telefonia e iluminação pública.

No Brasil podem-se ver algumas soluções, mas muito pontuais, são experimentos,

protótipos que são trazidos por empresas estrangeiras como um argumento de aproximação

seja para uma Prefeitura ou mesmo para empresas em busca de ideias sustentáveis. Há casos

de soluções desenvolvidas no próprio pais como é o caso da Ecoducha Solar, no intuito de

substituir os chuveiros instalados na areia nas praias cariocas, este tema será apresentado a

seguir.

5.1. EXEMPLO DE CASO DE UM SISTEMA ISOLADO, A SOLUÇÃO DA ECODUCHA

SOLAR.

Neste capitulo será apresentado uma solução desenvolvida pela empresa Blue-Sol em

parceria com a fabricante de bombas Anauger e o Instituto E da empresa roupas OSKLEN.

Trata-se de um sistema isolado de bombeamento solar, instalado na praia de Ipanema,

chamado de Ecoducha Solar.

A Ecoducha Solar foi desenvolvida por uma empresa alemã há 10 anos no Brasil para

a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, mas o projeto nunca foi adiante.

A empresa fechou e a ideia permaneceu na “gaveta” por 8 anos.

Há dois anos a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro solicitou a

Kyocera um novo protótipo para ser instalado a principio no Parque Bosque da Barra

localizado na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.

Nesta ocasião esta solicitação não teve aceitação pela diretoria da empresa e a ideia

permaneceu em stand by. Passados alguns meses a ideia foi passada para a empresa Blue-Sol

que através de seu corpo técnico criou uma parceria com a empresa Anauger, que detinha o

conhecimento em bombeamento solar. Havia apenas fotos antigas da ducha e foi

desenvolvido um protótipo simples e que fosse barato no seu desenvolvimento.

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Deu-se inicio no desenvolvimento de um protótipo para coloca-lo funcionando para

testes na própria fabrica de bombas, pois o projeto não iria mais ser no Parque Bosque da

Barra, mas na praia de Ipanema.

A ideia de se instalar na praia foi justamente uma vontade da Prefeitura em “limpar”

as praias cariocas. O uso do diesel, gasolina ou ligações clandestinas na praia para alimentar

os motores (Figura 54) que alimentam as bombas de sucção de agua, foi o pontapé inicial no

desenvolvimento e sucesso da Ecoducha Solar. Além de utilizar energia renovável num

momento em que a cidade do Rio de Janeiro busca alternativas energéticas e o rótulo de

“Cidade da Energia” surgiu à ideia de apresentar o projeto para gerencia da Orla Rio e para o

Secretário Municipal de Meio Ambiente e atual Vice Prefeito Carlos Alberto Muniz.

Figura 5.54: Tradicional ducha na praia utilizando motor a diesel para bombeamento da água.

Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Com aceitação do projeto iniciou-se a pesquisa dos materiais e o desenho o protótipo,

que segue a seguir:

Figura 5.55: Esquema da Ecoducha Solar.

Fonte: arquivo pessoal, 2011.

Foram consultados vários especialistas em furação de poço e decidiu-se que seria

utilizado um tubo geomecanico, com características mais resistentes, pois segundo a empresa

contratada para furar o poço, a profundidade do poço de nove metros, conforme figura acima

não poderia utilizar um tubo comum de policloreto de vinil (PVC), pois não aguentaria a

pressão da areia com água e poderia sofrer deformações impedindo o funcionamento da

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bomba e comprometeria todo o projeto. Os tubos geomecanicos tem uma espessura de 1 cm

capazes de suportar pressões altíssimas.

Conforme figura acima o projeto foi dimensionado para uma vazão de 5400 litro/dia,

pois o uso diurno seria principalmente nas horas de máxima insolação e foi decidido em não

utilizar acumulador de carga – bateria - por questões de vandalismo.

A Ecoducha Solar conta com dois painéis solares de 85 Wp (ANEXO A) cada, que

alimenta uma bomba d’água vibratória – P100 (ANEXO B) que tem seu acionamento por um

interruptor liga/desliga que aciona a bomba d’água direcionando a vazão da água para a

torneira ou para o chuveiro.

Seu funcionamento depende da disponibilidade de sol e da sua intensidade de radiação

solar, podendo o sistema chegar a uma potência máxima de 170 Wp (Figura 56).

Figura 5.56: Esquema elétrico de ligação dos módulos fotovoltaicos e da bomba d´água.

Fonte: Anauger, 2011.

O aterramento do modulo fotovoltaico é realizado através de hastes cobreadas tipo

copperweld diâmetro 20 mm x 2,4 m e conector, enterrados verticalmente no solo. O esquema

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utilizado é o TN-S (condutor neutro e condutor de proteção distinta, conforme NBR 5410:

2009), com condutor de proteção (PE) disponível junto ao aterramento (Figura 58).

Os condutores são fios de cobre com isolamento em PVC 70 Celsius (°C) de 0,75 kV

ou 1,0 kV com seção indicada no projeto, respeitada a bitola mínima de 2,5mm², as seções

dos condutores: neutro, fase, proteção são idêntica. Os condutores são do tipo BWF e

gravados em toda sua extensão as especificações de nome do fabricante, bitola, isolação,

temperatura e certificado do INMETRO.

Figura 5.57: Listagem de materiais e características do poço.

Fonte: Anauger, 2011.

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Depois de três meses o protótipo foi montado em São Paulo e foi testada com êxito, a

bomba funcionou entre 9 horas da manhã até às 16 horas. Os testes foram feitos nos meses de

setembro a novembro e no decorrer do dia, por se tratar de uma fonte intermitente, na

passagem de alguma nuvem ou nos dias nublados a vazão da água variava.

Figura 5.58: Protótipo da Ecoducha em teste.

Fonte: arquivo particular, 2011.

Com os resultados dos testes positivos começou-se a fabricar o protótipo que seria

utilizado em Ipanema e o processo de compra para transporta-lo até o Rio de Janeiro.

O projeto faz parte de uma iniciativa da empresa Grendene e do Instituto E – Osklen -

na revitalização da Praia de Ipanema. Desde 2010 estas empresas adotaram alguns espaços da

orla de Ipanema e começaram a fazer o replantio das mudas de plantas nativas de restinga

cercando os canteiros com mourões.

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A escolha do local foi no mesmo onde estavam instalando o primeiro deck de madeira

100% ecológica, da empresa Ecowood, em frente à Rua Vinicius de Moraes, no intuito de

cobrir uma estrutura de concreto do emissário submarino. A Ecowood com o Intituto E

aprovaram a ideia e foi criado um espaço para a Ecoducha Solar dando um destaque especial

numa iniciativa de mostrar que a prefeitura do Rio estava buscando alternativas sustentáveis e

uma futura substituição das duchas existentes.

Como muitas pessoas não conhecem a tecnologia decidiu-se confeccionar uma placa

explicativa para o usuário, como segue abaixo:

Figura 5.59: Placa explicativa da Ecoducha Solar. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

No inicio do mês de dezembro deu-se inicio a furação do poço e a instalação da

Ecoducha. Como o deck foi projetado com sistema antifurto o poço foi feito primeiro. Com a

finalização do deck foi dado inicio a instalação da Ecoducha Solar. Uma das exigências da

Prefeitura era de pintar o tubo geomecanico que serviria como poste de branco para não

ofuscar a praia, e foi executado conforme segue a sequencia das fotos:

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Figura 5.60: Escolha da furação do poço e o inicio da furação respectivamente. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Figura 5.61: Introdução do filtro geomecanico e a continuação do processo de furação. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Figura 5.62: Continuação da furação do poço e a introdução dos outros tubos. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Figura 5.63: Continuação da furação do poço, introdução dos outros tubos e a co-autora do projeto: Isabelle de

Loys. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Figura 5.64: Finalização da instalação do tubo e a colocação de brita e uma tela para evitar empoçamento de

agua para auxiliar na drenagem. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

Figura 5.65: Instalação e colocação da torneira e da ducha. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Figura5.66: Acabamento e instalação da estrutura de aluminio e teste do sistema. Fonte: Arquivo pessoal, 2011.

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Figura 5.67: Inauguração e detalhe da placa explicativa. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Figura 5.68 : Inauguração e o teste com o usuario. Fonte: Arquivo pessoal, 2011.

Figura 5.69: Inauguração e sucesso absoluto. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

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Desde o seu funcionamento tem sido um sucesso, mas mesmo assim muitas pessoas

não entendem, mesmo com uma placa explicativa, o funcionamento da Ecoducha e suas

características em utilizar uma fonte de energia intermitente.

Inclusive as reportagens do Jornal O Globo (ANEXO C, D, E e F) pode-se constatar a

falta de informação quanto à energia solar.

Além da falta de conhecimento da tecnologia tanto da população quanto dos

repórteres, qualquer equipamento instalado numa cidade está suscetível ao vandalismo e a

furtos. No caso da Ecoducha Solar, a ideia foi fazer um sistema simples e sem baterias para

não despertar o interesse da tentativa de furtar uma bateria, pois muitas pessoas acham que

uma bateria estacionaria pode ser utilizada num carro, mas sabe-se que não, pelo tipo de

ciclagem que não é adequada para um motor de carro que exige um arranque do motor para

dar partida já numa bateria estacionaria para sistema fotovoltaico a bateria tem ciclagens

curtas.

O grande receio na instalação da Ecoducha Solar era um possível furto dos painéis

fotovoltaicos, que no mercado saem por R$850,00 cada, mas nos preocupamos em fixa-los

com vários parafusos por dentro da estrutura e numa altura de 3 metros que dificultaria o seu

furto.

Mas durante o período de carnaval a Ecoducha Solar sofreu dois vandalismos, a

quebra da ducha e da torneira e por ultimo a destruição da caixa do capacitor e do conversor

de energia da bomba, chamado driver (Figura 60).

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Figura 5.70: Vandalismo praticado na Ecoducha, furto da ducha, torneira e abertura do driver da bomba. Fonte: arquivo pessoal, 2011.

Atualmente ela não funciona, pois como foi uma doação à Prefeitura do Rio de Janeiro

– Secretaria Municipal de Meio Ambiente, é de sua responsabilidade a manutenção. Como

não há ninguém capacitado na Secretaria para executar o seu devido reparo, infelizmente

tornou-se um mobiliário sem função. Além disso, para os olhos do usuário, que não conhece

a tecnologia, acha que é o sistema solar é que não funciona.

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Deve-se ter cuidado no uso de novas tecnologias, pois qualquer mau funcionamento,

tanto pela falta de manutenção ou dimensionamento, impacta na tecnologia, fazendo com que

se acredite cada vez menos no seu potencial.

As novas tecnologias sejam eólica, solar ou qualquer outra devem entrar

complementando a matriz energética, mas acompanhada de cursos de capacitação. As

instituições de ensino são de fundamental importância, pois capacitam as pessoas, geram

emprego e utiliza-se de uma forma inteligente estas novas tecnologias.

De acordo com Hamilton Moss (MME, 2011), diretor da Secretaria de Energia

Elétrica pelo Governo Federal, “divulgar outras fontes de energia, motivar jovens e estuda-

las e promover capacitação de profissionais no setor é o principal objetivo”.

Não adianta inserir novas tecnologias no dia a dia de uma cidade se não soubermos o

seu funcionamento e características de funcionamento, seria o mesmo que ter um carro e não

saber dirigir e nem conhecer o seu motor.

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6. CONCLUSÕES

O Brasil apresenta, atualmente, uma conjuntura bastante favorável à difusão de geração

distribuída a partir de fontes renováveis, devido aos investimentos que estão sendo realizados

no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e de projetos para a Copa do

Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Há uma oportunidade ímpar para o Brasil

introduzir a geração solar em aeroportos, estádios de futebol, arenas esportivas, hotéis, prédio

públicos e em mobiliários urbanos.

Sabe-se que os Estádios do Maracanã, Pituaçu, Mineirão e Fonte Nova utilizarão a

tecnologia fotovoltaica em suas coberturas. Alem destes projetos o aeroporto de Jacarepaguá

será o primeiro no Rio de Janeiro a ter um sistema fotovoltaico isolado para alimentar um

deposito de resíduos sólidos e no Porto Maravilha o Museu do Amanha, será agraciado com

um sistema inovador, painéis fotovoltaicos de filmes finos feitos sob medida que contarão

com um avançado sistema de tracking system, equipamento capaz de acompanhar a trajetória

do sol maximizando o seu rendimento e geração. Iniciativas como esta são importantes e

marcam um novo conceito e pensamento da cidade ou de um país.

No caso dos estádios de futebol, a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

elaborou o estudo “Estádios Solares: Opção Sustentável para a Copa 2014 no Brasil”, no qual

se analisam as possibilidades de instalação de sistemas solares nos estádios brasileiros. A

iniciativa de promoção da energia solar fotovoltaica por meio de estádios solares para a Copa

do Mundo de 2014 replica a experiência realizada na Copa do Mundo em 2006 na Alemanha

e na Eurocopa de 2008, esses projetos servem de vitrine para a difusão da tecnologia no país,

exercem uma ação de sensibilização sobre a população, e também criam um mercado de porte

razoável para a escala de produção da tecnologia fotovoltaica.

A geração desta tecnologia é renovável e ambientalmente correta, evitando emissões

de gases de efeito estufa- GEE e impactos ambientais causados pela geração em grande

escala. Redução na demanda de eletricidade nos horários de pico de estabelecimentos

comerciais em alguns sistemas urbanos, como edifícios comerciais, por exemplo.

Redução do risco de abastecimento pela geração distribuída em relação à geração em grande

escala, distante de grandes centros consumidores.

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A grande insolação no país e o elevado potencial de geração de energia solar, em

especial na Região Nordeste e em regiões do semiárido, onde há escassez de insumos

energéticos onde a tarifa de energia é mais cara é hoje considerada o Eldorado Solar.

Hoje as construções residências do programa Minha Casa Minha Vida, já obriga o uso

de coletores solares para aquecimento de água, portanto porque não contemplar um pequeno

sistema fotovoltaico em cada casa, pois em se tratando de um conjunto residencial, olhando

num todo se pode considerar uma pequena usina solar numa área urbana.

A necessidade de capacitar é de fundamental importância, já existem algumas

universidades federais que tem em sua grade de ensino o curso de Engenharia de Energia, que

aborda todas as energias, inclusive a solar fotovoltaica. Mas este conhecimento deve ser de

conhecimento também dos cursos técnicos, como CEFETs, SENAI e outros, pois estes

profissionais serão os que farão as instalações destes sistemas e reparos tanto dos sistemas

como de equipamentos. Não adianta ter a tecnologia sem uma mão de obra qualificada, pois o

“aquecimento” deste mercado não se dará sem uma qualificação, é provável que a demanda

seja muito maior a ponto de se não ter pessoal para atender tal mercado.

6.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

São sugeridos como temas para posteriores estudos os seguintes tópicos:

Dar ênfase, nos estudos de caso, à avaliação da implantação de sistemas fotovoltaicos

em áreas urbana e seu impacto na cidade.

Estudo de viabilidade de uma instalação fotovoltaica conectada a rede em uma

comunidade de baixa renda no Rio de Janeiro. Apresentando problema e soluções e os

impactos desta tecnologia num ambiente que é comum o furto de energia.

Estudar novas alternativas construtivas utilizando a tecnologia fotovoltaica integrada à

arquitetura e na cidade.

Analise de um novo conceito de gerenciamento entre a energia solar fotovoltaica e o

smart grid.

Estudo do mercado da energia solar fotovoltaica e a geração de trabalho no Brasil.

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ANEXO A.

Especificação Técnica do Modulo KC 85T

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ANEXO B.

Especificação Técnica da Bomba Anauger

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ANEXO C.

Matéria Jornal O Globo

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ANEXO D.

Matéria Jornal O Globo

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ANEXO E

Matéria do Jornal O Globo

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ANEXO F

Matéria Jornal O Globo

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ANEXO G

Todos os projetos P&D da ANEEL