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Rio de Janeiro 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO/ UFRJ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/ CCS INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA/ IESC MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA GYSELLE GUIMARÃES CORRÊA NOGUEIRA IMPACTO DA EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO SOBRE A SAÚDE DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MACAÉ.

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Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO/ UFRJ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/ CCS

INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA/ IESC

MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA

GYSELLE GUIMARÃES CORRÊA NOGUEIRA

IMPACTO DA EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO SOBRE A SAÚDE DA POPULAÇÃO

DO MUNICÍPIO DE MACAÉ.

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GYSELLE GUIMARÃES CORRÊA NOGUEIRA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde

Coletiva da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Saúde

Coletiva

Orientador (a): Drª. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus

Rio de Janeiro

2011

IMPACTO DA EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO SOBRE A SAÚDE DA POPULAÇÃO

DO MUNICÍPIO DE MACAÉ.

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N778 Nogueira, Gyselle Guimarães Corrêa.

Impacto da exploração de petróleo sobre a saúde da

população do município de Macaé / Gyselle Guimarães Corrêa

Nogueira. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva, 2011.

96 f.; 30cm.

Orientador: Carmen Ildes Rodrigues Frões Asmus.

Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva, 2011.

Referências: f. 87-88.

1. Medição de risco. 2. Resíduos perigosos. 3. Toxicologia.

4. Saúde ambiental. 5. Petróleo. 6. Hidrocarbonetos. I. Asmus,

Carmen Ildes Rodrigues Frões. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título.

CDD 615.902

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GYSELLE GUIMARÃES CORRÊA NOGUEIRA

IMPACTO DA EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO SOBRE A SAÚDE DA

POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MACAÉ.

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde

Coletiva da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Saúde

Coletiva

Aprovada em: 19 de maio de 2011

_________________________________________

Profª Drª Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de

Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ

______________________________________________

Profª Drª Cláudia Medina Coeli

Professora Adjunta do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ

____________________________________________________

Profº Drº Herling Gregório Aguilar Alonzo

Profº da Faculdade de Ciências Médicas/UNICAMP

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À Deus, minha família, amigos,

colegas de trabalho e orientadoras

pelo apoio, força, incentivo,

companheirismo e amizade. Sem eles

nada disso seria possível.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para superar as

dificuldades, mostrar o caminho nas horas incertas e me suprir em todas as minhas

necessidades.

A minha orientadora Profª Carmen Fróes por acreditar em mim, me mostrar o caminho

da ciência, fazer parte da minha vida nos momentos bons e ruins, por ser exemplo de

profissional e de mulher.

À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, paciência e incentivo.

Aos amigos que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e incentivando.

Ao meu marido pelo apoio incondicional em todas as etapas deste trabalho.

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“Quando o homem aprender a

respeitar até o menor ser da criação,

seja animal ou vegetal, ninguém

precisará ensiná-lo a amar seu

semelhante.”

Albert Schweitzer

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RESUMO

CORRÊA, GGN. Impacto da exploração do petróleo sobre a saúde da população do

município de Macaé. Rio de Janeiro, 2011. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) -

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2011.

Este trabalho teve como objetivo investigar o impacto da instalação da cadeia produtiva do

petróleo sobre a saúde da população do município de Macaé. Neste contexto as atividades do

projeto foram desenvolvidas em duas fases. A primeira fase consistiu da construção de uma

visão geral acerca do perfil de saúde da população comparando seus indicadores no tempo,

tendo como fontes registros de órgãos oficiais (Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística). O crescimento populacional conseqüente trouxe a desorganização

urbana, o processo de favelização crescente, o aumento dos índices de mortalidade por causas

externas, em particular violência, que sinalizaram para um quadro de falta de planejamento

dos gestores municipais e estaduais para as conseqüências decorrentes da instalação de um

empreendimento de grande porte. A segunda fase do projeto levou em consideração a

contaminação um terreno situado no bairro Parque Aeroporto, no município de Macaé, onde

havia deposição de material oriundo das plataformas. No presente, não foram identificados

concentrações de contaminantes derivados do petróleo no terreno do bairro Parque Aeroporto,

que o configurem como uma área de risco à saúde da população que habita e trabalha entorno

dele. No entanto, foram identificados indícios de contaminação por produtos do petróleo,

decorrentes do período em que o terreno serviu como depósito de material sucateado oriundo

das atividades de exploração do petróleo (entorno de 6 anos), o que ocorreu há 10 anos

passados. Esta situação estabelece rotas potenciais passadas de exposição da população que

morava e trabalhava neste terreno na época em que ele era utilizado para este propósito.

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Embora não seja possível calcular as doses a que estas pessoas estavam expostas, e, portanto,

verificar se estavam dentro dos níveis de segurança estabelecidos pelas agências

internacionais (Nível de Risco Mínimo - MRL, Dose de Referência - RfD) é preciso

considerar o alto potencial tóxico à saúde humana que estes compostos têm, o que justifica a

recomendação de identificação e avaliação de saúde dos moradores e ex-trabalhadores do

terreno e da população moradora circunvizinha ao mesmo. Desta forma, o projeto espera ter

contribuído junto aos gestores dos municípios que futuramente possam abrigar

empreendimentos semelhantes, através da identificação dos possíveis impactos sobre a

organização social e urbana que estes municípios possam ter consequentes, e em paralelo, ao

desenvolvimento econômico almejado, permitindo a elaboração de um plano de políticas

públicas e de gestão, de forma conjunta com a população, para a prevenção dos impactos

assinalados neste estudo e a promoção do bem-estar coletivo.

Palavras-chave: Medição de Risco; Resíduos Perigosos; Toxicologia; Saúde Ambiental;

Petróleo; Hidrocarbonetos.

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ABSTRACT

CORRÊA, GGN. Impact of oil exploitation on the health of the population of

the municipality of Macaé. Rio de Janeiro, 2011. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva) - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, 2011.

This study aimed at investigating the extent of the impact generated by the installation of the

chain of oil production on the health of the city of Macaé. In this context, the project activities

were developed in two phases. The first phase consisted of constructing an overview of the

health profile of the population, comparing its indicators in date range and time, considering

as source records of official agencies (Ministry of Health and the Brazilian Institute of

Geography and Statistics). The resulting population growth has brought urban clutter, a

growing process of slums and an increase in the mortality rate caused by external causes,

especially violence, which indicated a lack of planning framework by the city and the state for

the consequences arising from the installation of such a large project. The second phase of the

project took into consideration contamination in the neighborhood Parque Aeroporto, in the

city of Macaé, where there was deposition of material from the platforms. At the moment,

there were no concentrations found of petroleum contaminants in the fields of Parque

Aeroporto that could make it a risk area to the health of the population living and working

around it. However, we identified evidence of contamination by petroleum products, resulting

from the period in which the land served as a waste depot of materials derived from oil

exploration activities for around 6 years, which occurred 10 years ago. This situation provides

potential routes of past exposure for those who lived and worked in this area at the time it was

used for this purpose. Although it is not possible to calculate the doses to which these people

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were exposed and thus verify whether they were within the safety levels set by international

agencies (Minimal Risk Level - MRL, the Reference Dose - RFD), it seems necessary to

consider the elevated toxic potential to human health these compounds have, hence the

recommendation to identify and evaluate the health of residents and former workers of the

land and the resident population in the surrounding area. Thus, the project expects to have

contributed with the managers of the cities that could host in the future similar ventures by

identifying the possible impacts on social and urban organization as a consequence and in

parallel to the desired economic development, allowing the establishment of a plan for public

and management policies, jointly with the population for the prevention of impacts reported in

this study and the promotion of the collective welfare.

Key-words: Risk Assessment; hazardous waste; Toxicology; Environmental Health,

Petroleum; Hydrocarbon.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de Resíduos gerados nas plataformas de petróleo na Região da

Bacia de Campos

26

Quadro 2 – Carcinogenicidade, genotoxicidade e mutagenicidade de alguns

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

32

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de Localização da Bacia de Campos 22

Figura 2 – Fluxograma da exploração e produção do petróleo offshore e os

momentos de geração de resíduos

28

Figura 3 – Pirâmide etária do município de Macaé 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Indicador de qualidade da informação 70

Tabela 2 – Indicadores de mortalidade na infância e ligados ao nascimento 71

Tabela 3 – Taxas de mortalidade específicas por causas externas 72

Tabela 4 – Taxas de mortalidade específicas por doenças crônico-degenerativas 73

Tabela 5 – Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos 74

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SUMÁRIO

1 PETRÓLEO 16

1.1 Formação e utilização do petróleo 16

1.2 A exploração do petróleo no Brasil 18

1.3 A exploração do petróleo na Bacia de Campos 21

1.4 A exploração do petróleo como problema de saúde ambiental/coletiva 23

1.5 Exposição humana aos resíduos do petróleo 30

2 AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA 35

2.1 Metodologias de avaliação de risco 35

2.2 Estudos de avaliação de risco no Brasil 38

3 O MUNICÍPIO DE MACAÉ 42

3.1 Características sócio-demográficas 44

4 JUSTIFICATIVA 50

5 OBJETIVOS 52

5.1 Objetivo Geral 52

5.2 Objetivos Específicos 52

6 MATERIAL E MÉTODOS 53

7 RESULTADOS 54

7.1 PRIMEIRO ARTIGO: “Impacto da exploração do petróleo no perfil de saúde

da população do município de Macaé” 54

7.2 SEGUNDO ARTIGO: “Estudo de Avaliação de Risco no Município de Macaé

– Estudo de caso Parque Aeroporto” 75

8 CONCLUSÕES GERAIS 89

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA DISSERTAÇÃO 91

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NOTA INTRODUTÓRIA

Este estudo caracteriza-se como um recorte dos dados coletados e das informações

obtidas no Projeto “Avaliação de Risco para a Saúde das populações expostas aos resíduos da

exploração de petróleo”. Este projeto, aprovado pelo edital MCT-CNPq/MS-SCTIE-

DECIT/CT – Saúde – nº 24/2006, e desenvolvido no período de setembro de 2007 a setembro

de 2009, tinha como objetivo realizar um estudo de avaliação de risco à saúde humana pela

exposição de populações a resíduos de produtos oriundos da exploração do petróleo na Bacia

de Campos (BRASIL, 2006), na Macrorregião Ambiental 5 (MRA-5).

A MRA-5 é composta por 11 municípios e apresenta um cenário histórico-cultural

bastante diversificado, sendo de grande importância para o desenvolvimento econômico do

país, no passado e no presente. É composta pelos municípios de Campos dos Goytacazes,

Macaé, Rio das Ostras, Quissamã, Carapebus, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu,

Barra de São João, Santa Maria Madalena, Nova Friburgo e Trajano de Moraes. As duas

principais cidades da região em foco são Campos dos Goytacazes, com 556.24 habitantes e

Macaé, com 160.725 habitantes (BRASIL, 2005).

Sendo Macaé o município que abrigou as instalações industriais que compõem o

processo produtivo de extração do petróleo, este estudo teve como objeto responder a questão

levantada: o processo produtivo de exploração do petróleo teve impacto sobre a saúde da

população do município de Macaé? Para responder a esta questão foi realizada uma análise

dos dados do município de Macaé coletados pelo projeto, através de duas propostas

metodológicas. Um estudo ecológico abrangendo os indicadores de saúde e um estudo de caso

realizado em uma área suspeita de contaminação por resíduos de petróleo, onde foi aplicada a

metodologia de avaliação de riscos à saúde humana por exposição a substâncias perigosas,

proposta pelo Ministério da Saúde do Brasil.

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1 O PETRÓLEO

A necessidade de energia tem origem nos primórdios da nossa sociedade. A larga

utilização começou e se intensificou durante o período da Revolução Industrial, onde era

consumida uma grande quantidade de combustíveis fósseis, em especial o petróleo e o carvão

mineral. No século XX, a Revolução Industrial esteve em seu auge e, gradativamente, a

utilização do petróleo e seus derivados se tornou de extrema importância para a maioria das

atividades humanas, ganhando grande espaço após a Segunda Guerra Mundial, como recurso

mais utilizado para gerar energia no mundo, até os dias atuais. O tema de produção e consumo

de energia é de grande relevância, visto que ocupa espaços importantes de discussão na

trajetória política e econômica mundial, no entanto, a produção deste recurso é baseada na

exploração dos recursos naturais que geram diversas alterações no ambiente (SILVA ET AL,

2008).

Atualmente, cerca de 40% da energia consumida no Brasil provém do petróleo e seus

derivados (BRASIL, 2007; CONCAWE, 2001) demonstrando a importância desse recurso no

país. Dentre outros motivos, essa preferência se explica por seu rendimento calorífico-

energético por unidade de volume ser superior ao do carvão mineral e do gás natural. O total

de energia consumida através da utilização do petróleo e dos demais combustíveis fósseis

corresponde a 90% da energia consumida no mundo (SALVADOR; MARQUES, 2004;

ACSELRAD, 2005). Cerca de 40% da energia consumida pela sociedade brasileira é utilizada

pela indústria, 26% pelo setor de transportes, 11% é utilizado nas residências e menos de 5%

nos setores comercial e público (BRASIL, 2007).

1.1 Formação e utilização do petróleo

O petróleo é proveniente da decomposição da matéria orgânica de plantas aquáticas e

animais pré-históricos, que se acumularam ao longo de milhões de anos no fundo de mares,

lagos e pântanos. Através de movimentos realizados pela crosta terrestre é formada uma

substância oleosa que pode ser encontrada como um combustível fóssil em determinadas

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formações geológicas, as bacias sedimentares. Estes locais são formados por camadas ou

lençóis porosos de areia, arenito ou calcário que facilitam o acúmulo do petróleo, formando

jazidas. Nestas formações são encontrados petróleo e gás natural nas partes altas e água nas

partes baixas (PEDROZO; BARBOSA, 2003; UNICAMP, 2001).

O conhecimento acerca do petróleo data da Antigüidade e Idade Média. É possível

encontrar relatos referentes à utilização do óleo. O descobridor Marco Polo descreveu em uma

de suas cartas o mercado de petróleo em Baku, no atual Azerbaijão. Encontraram-se

informações sobre a utilização do betume como material de liga para as construções dos

Jardins Suspensos da Babilônia; alguns historiadores defendem a idéia de que o óleo bruto

teria sido usado como argamassa no templo do Rei Salomão; os egípcios utilizavam o óleo

para embalsamar os mortos e na construção das pirâmides; o óleo era usado para a queima das

“bolas incendiárias” lançadas pelas catapultas, artefato bélico típico da Idade Média.

Comercialmente, o petróleo passou a ser usado, no século XVIII, na indústria farmacêutica,

como medicamento para o coração, cálculos renais, dores e câimbras e na iluminação que até

aquele momento era feita através da queima do óleo de baleia (PEDROZO; BARBOSA,

2003; KOLESNIKOVAS, 2006).

O processo de exploração do petróleo era feito a partir de poços naturais ou

escavações manuais. Tais poços eram localizados visualmente, e só eram exploradas jazidas

de petróleo que apresentavam um afloramento natural do óleo na superfície do solo. A

exploração tinha pouco investimento, sendo feita de maneira arcaica, sem uma avaliação

criteriosa para encontrar o petróleo, o que refletia no baixo sucesso da exploração

(PEDROZO; BARBOSA, 2003; UNICAMP, 2001).

Atualmente, o processo de exploração do petróleo é altamente mecanizado, utilizando

métodos cada vez mais complexos e com a mais alta tecnologia, o que propiciou a exploração

e produção de petróleo em lâminas d’água cada vez mais profundas (CANELAS, 2004).

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A busca pelo petróleo tem início através do processo de exploração, é nesta fase que se

realizam os estudos sobre o solo e subsolo para localização das jazidas através da aplicação de

conhecimentos oriundos, principalmente, da Geologia e da Geofísica (UNICAMP, 2001).

Após a identificação da jazida, inicia-se o processo de perfuração do poço. Esta

atividade é feita através de uma sonda ou torre de sustentação, formada por vários tubos. Na

ponta do primeiro tubo encontra-se uma broca que vai triturando a rocha e abrindo caminho

pelas camadas subterrâneas. Caso seja comprovada a existência de petróleo, serão abertos

novos poços para que seja medida a extensão da jazida, isso permitirá avaliar se o petróleo

encontrado no local é comercialmente viável ou não. Se for comercialmente viável, serão

abertos novos poços, formando assim, um campo de petróleo. É possível que durante a

descoberta do petróleo seja encontrado também o gás natural. Este combustível é encontrado

dissolvido no petróleo (UNICAMP, 2001).

O transporte na indústria petrolífera é realizado através de oleodutos, gasodutos,

navios petroleiros e terminais marítimos. O petróleo e o gás natural retirados nos campos de

produção ficam estocados no parque de armazenamento, local onde se instalam diversos

tanques interligados por tubulações (UNICAMP, 2001).

O petróleo é matéria-prima para diversos produtos químicos, entre eles combustíveis,

solventes, óleos lubrificantes, parafinas, asfaltos e outros derivados. São necessários diversos

tipos de processos de síntese e transformação petroquímica para criar os mais variados

produtos derivados do petróleo e gás natural, que geram, anualmente, cerca de três bilhões de

toneladas de produtos químicos (CONCAWE, 2001; BURGESS, 1997).

1.2 A exploração do petróleo no Brasil

A utilização do petróleo no Brasil era feita quase que exclusivamente para iluminação.

As pesquisas com o óleo somente começaram no século XIX. Do período do império até

1953, as pesquisas se mantiveram nas mãos de grupos privados nacionais ou estrangeiros.

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Este longo período ocorreu por causa das características das bacias sedimentares brasileiras,

que necessitam de grandes esforços para a identificação dos campos e não atingem as

dimensões comuns das principais zonas produtoras do mundo (PACHECO, 2003).

O processo de exploração de petróleo no Brasil teve início no fim do século XIX.

Porém, somente em 1939 houve a perfuração do primeiro poço de petróleo, por livre

iniciativa, em Lobato, na Bahia (PEDROZO; BARBOSA, 2003).

Partindo da eminência de um conflito mundial, foi dado início a busca de

conhecimento tecnológico visando a descoberta de novas técnicas que melhorassem o

processo de extração de petróleo na plataforma marítima, onde seria mais provável encontrar

este recurso em escala comercial. Para tanto, em 1934, foi criado o Código de Minas,

favorecendo o processo de nacionalização, criando normas para a pesquisa e lavras das

jazidas. Cabe destacar que neste mesmo ano, foi promulgada a Lei nº 366 que declarou como

privativa as atividades relacionadas ao petróleo aos brasileiros. Com o objetivo de apreciar

todos os pedidos de pesquisa e lavra de jazidas petrolíferas, foi instituído, em 1938, o

Conselho Nacional de Petróleo (CNP) (PEDROZO; BARBOSA, 2003; PACHECO, 2003)

com a participação do governo federal e da população.

Em 29 de julho de 1938, já sob a jurisdição do recém-criado CNP, foi iniciada a

perfuração do poço DNPM-163, em Lobato, na Bahia. O poço DNPM-163, apesar de ter sido

considerado antieconômico, foi de fundamental importância para o desenvolvimento da

atividade petrolífera no estado. Isso deixou clara a existência do óleo no Brasil, mas a

consolidação desta atividade ocorreu realmente na década de 1950, com a participação ativa

de todas as correntes de opinião pública na campanha nacionalista conhecida como “O

Petróleo é Nosso” (UNICAMP, 2001; PACHECO, 2003; BREGMAN, 2004).

Este movimento propiciou a criação da Petrobras (Lei nº 2004 de 03 de outubro de

1953) e o monopólio estatal do Petróleo. À empresa coube a responsabilidade de executar as

atividades petrolíferas em nome da União (PACHECO, 2003; FARIAS, 2003; LESSA, 2005).

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A Petrobras permaneceu com o monopólio na exploração e produção do petróleo em

nome da União até 9 de novembro de 1995. Após a promulgação da Emenda Constitucional

nº 9, com alteração do artigo 177 da Constituição de 1988, o monopólio da União foi mantido,

porém, foi permitido às empresas privadas executar as atividades de exploração e produção.

No entanto, após a promulgação da Lei do Petróleo (Lei nº 9.478 de 6 de agosto de 1997), as

atividades de exploração e produção do petróleo foram transferidas às empresas, através de

contratos de concessão, realizados com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), entidade

reguladora governamental. Isto permitiu à Petrobrás atuar como empresa privada, com livre

escolha de projetos e parceiros (PACHECO, 2003).

A busca por petróleo em território nacional não foi apenas uma necessidade

econômica, mas uma afirmação de nacionalidade. Desde a sua descoberta, o petróleo

transformou rapidamente a economia, a sociedade e o espaço brasileiro, fornecendo divisas,

energia e matéria-prima para o processo de industrialização (PACHECO, 2003; MONIÉ,

2003). A difusão da atividade de produção do petróleo e a utilização de elevados padrões

técnicos mundialmente reconhecidos, proporcionaram numerosas realizações nas áreas de

atuação do monopólio, provocando o surgimento de diversas outras atividades (PACHECO,

2003).

Por se tratar de um combustível fóssil com alto rendimento calorífico-energético, a

busca por este recurso é intensa. É interesse de todas as nações expandirem o conhecimento

técnico-científico acerca da exploração e produção do petróleo. No entanto, este crescimento

não leva em consideração os possíveis impactos que tal atividade gera ao meio ambiente,

como a acelerada degradação, esgotamentos dos recursos ambientais, liberação de

combustíveis fósseis na atmosfera, colaborando para o aquecimento global (SILVA ET AL,

2008).

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1.3 A exploração do Petróleo na Bacia de Campos

Em 1973, por conta do choque do aumento dos preços do petróleo, a Petrobrás decidiu

ampliar a produção interna de óleo e gás natural para reduzir o déficit sobre a balança

comercial. A exploração de petróleo na região da bacia de campos levou recursos para o local,

com o intuito de desenvolver tecnologias e infraestrutura para a exploração. Tal investimento

fazia parte dos chamados “Grande Projetos de Investimentos”, de grande importância e

magnitude econômico-financeira, que possibilitou a descoberta de petróleo na Bacia de

Campos, em 1974. O desenvolvimento da produção na plataforma continental permitiu a

Petrobrás o destaque no cenário internacional (ARAÚJO, 2001; PIQUET, 2003).

Desde a descoberta até o início da produção em 1977, foram questionadas as

potencialidades da reserva que eram comparadas as da Arábia Saudita. Tal especulação

provocou na população da região um sentimento saudosista, trazido com a vinda da estatal, de

que esta descoberta traria de volta para a cidade de Campos dos Goytacazes, e para a região, a

“era do ouro” vivida no passado. Porém, as decisões em torno do empreendimento foram

definidas como “interesses nacionais”, não se pensando, naquele momento, nos impactos

sociais, econômicos, culturais e ambientais que seriam causados com a sua instalação

(PIQUET, 2003; COSTA, 2007).

Em 1974, o município de Macaé já havia sido eleito como a sede das operações das

atividades de pesquisa e produção de petróleo e gás natural (PIQUET, 2003), com a base de

operações da Petrobras também sendo ali instalada no ano de 1978. Existiam duas principais

razões para que a sede fosse localizada em Macaé, uma seria de caráter administrativo e

técnico: a distância em relação ao edifício-sede da Petrobras, localizado na cidade do Rio de

Janeiro, já que Macaé ficaria 150 quilômetros mais próxima do que a praia do Farol de São

Tomé, facilitando as relações administrativas e as viagens dos técnicos e engenheiros da

empresa. A segunda, a necessidade de construção de um porto na base de operações,

aparentemente inviável no mar aberto do Cabo de São Tomé, ao qual se oferecia como

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alternativa a ampliação de um pequeno porto localizado na tranqüila enseada de Imbetiba,

Macaé (CRESPO, 2003).

A Bacia de Campos é considerada a maior reserva petrolífera da Plataforma

Continental Brasileira. Tem cerca de 100 mil quilômetros quadrados e se estende do estado do

Espírito Santo nas imediações da cidade de Vitória, até Arraial do Cabo, no litoral norte do

Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é responsável por aproximadamente 84% da produção

nacional de petróleo (PETROBRAS, 2009).

Figura 1 – Mapa de localização da Bacia de Campos

Fonte: http://saraiva13.blogspot.com/2010/11/pre-sal-turbinado-e-petroleo.html

Em 2007, a Bacia de Campos completou 30 anos de produção e abriga cerca de 80%

das reservas de petróleo já descobertas pela Petrobras no Brasil. Atualmente são extraídos,

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diariamente, cerca de 1,49 milhão de barris de óleo e 22 milhões de metros cúbicos de gás. As

previsões para 2010 é que a produção aumentasse para 1,8 milhão de barris de óleo por dia e

34,6 milhões de metros cúbicos de gás (PETROBRAS, 2009).

1.4 A exploração do petróleo como problema de saúde ambiental/coletiva

O processo de industrialização vem gerando em todo mundo grandes volumes de

resíduos. Em muitos casos, os insumos e produtos finais contêm substâncias com diversas

características de periculosidade para o meio ambiente e para a saúde humana. Uma das

principais situações de risco devido aos processos que envolvem substâncias químicas está na

possibilidade de contaminação por substâncias tóxicas (BRASIL. 2005a). Este fato se torna

mais complexo quando se atenta para o elevado número de substâncias químicas em

movimentação e, principalmente para a questão de que não estão disponíveis informações

toxicológicas e ecotoxicológicas destas substâncias, e os processos técnico-científicos de

diagnóstico de contaminação, gerenciamento dos seus resíduos, ainda estão muito incipientes

no país.

Em todas as fases do processo produtivo do petróleo, desde a prospecção nos campos

até o início do processo de refino, existe o grande potencial de geração de impactos

ambientais e à saúde da população. Em cada etapa desse processo há a geração de inúmeros

resíduos, através de emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos de vários

tipos.

Na Bacia de Campos, considerada a principal produtora de petróleo em mar no país

(atividades offshore), os principais resíduos gerados são a água de produção, que acompanha

o óleo cru, os resíduos de perfuração (cascalho e fluidos), emulsões oleosas, esgoto sanitário,

aditivos químicos, entre outros. A contaminação humana pode ocorrer de maneira

ocupacional ou ambiental, tais compostos e metais pesados ainda podem contaminar animais

e plantas, contaminando água e alimentos que, se consumidos, podem provocar intoxicação

química (BRAGA, 2002; OLIVEIRA, 2006; GURGEL; MEDEIROS; ALVES, 2009).

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A água de produção gerada por um campo de petróleo é composta por água de

formação do reservatório de petróleo, água de injeção utilizada para estimular poços

produtores e a água contida no fluido extraído do reservatório constituído de uma mistura de

óleo, água e gás (OLIVEIRA, 2006).

Geralmente, a água de produção ou Água Conata, possui elevada salinidade, partículas

de óleo em suspensão, produtos químicos adicionados nos diversos processos de produção,

metais pesados e por algumas vezes radioatividade. Na formação do reservatório, água e óleo

permaneceram em contato por longos períodos geológicos, propiciando a solubilidade de

orgânicos. Sendo assim, a água de produção pode também conter uma grande variedade de

componentes orgânicos dissolvidos.

A água destinada à injeção pode ter variada composição. Pode-se utilizar a água doce

captada em poços executados para esse fim, a água do mar ou a própria água resultante do

processo de extração. Esta última contém sal, óleo emulsionado e pode receber, durante o

processo de separação do petróleo, produtos químicos como desemulsificantes, anti-

espumantes, bem como fluidos descartados de outros processos (SILVA, 2000).

Antes da implementação de políticas ambientais, essa água residual era lançada ao

mar, sem qualquer tratamento. Atualmente, o fluido extraído do reservatório é tratado na

própria unidade marítima, em sistemas de separadores primários para a separação da água, do

óleo e do gás (OLIVEIRA, 2006). O efluente deste tratamento pode ser lançado ao mar em

conformidade com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº

357/05, limite máximo de Teor de Óleos e Graxas (TOG) de 20 partículas por milhão (ppm) e

temperatura máxima de descarte de 40 º C.

As unidades marítimas são providas de sistemas de tratamento de esgoto sanitário, que

realizam a desinfecção antes do lançamento ao mar. Este sistema se baseia no processo de

digestão aeróbica, com a diminuição da carga orgânica do efluente, associado a uma etapa

posterior de desinfecção com hipoclorito de sódio. O volume e a qualidade do esgoto tratado

lançado ao mar variam de acordo com a capacidade nominal de tratamento do equipamento e

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o número de tripulantes a bordo da unidade. Em média, esse volume é da ordem de 200

L/pessoa/d numa unidade marítima (PETROBRAS in OLIVEIRA 2006).

As águas servidas correspondem às águas de lavagem da planta industrial, da área de

armazenamento de insumos combustíveis e do setor de lavagem de peças e equipamentos

associados ainda às águas pluviais que incidem sobre estas áreas e carreiam resíduos oleosos

(PETROBRAS in OLIVEIRA 2006, p.8)

Normalmente as águas servidas contaminadas por óleos e graxas são estocadas em

tanques para água oleosa e tratadas no sistema separador de água e óleo presente nas unidades

marítimas. Após a separação, a água tratada que apresenta teor de óleos e graxas (TOG)

inferior a 15 ppm, é lançada ao mar em conformidade com a Convenção Internacional para

Prevenção de Poluição de Navios de 1974, modificada pelo Protocolo de 1978 (MARPOL

73/78). Enquanto que, o resíduo oleoso é encaminhado a um tanque de óleo sujo, de onde é

levado para um novo refino em instalações terrestres (OLIVEIRA, 2006).

Os fluidos de perfuração são produzidos ou constituídos por misturas complexas de

sólidos, líquidos e produtos químicos. As principais funções do fluido de perfuração são: (i)

sustentar as paredes do poço, (ii) resfriar a broca de perfuração, (iii) manter sólidos em

suspensão, (iv) inibir a reatividade de formações argilosas, (v) carrear os cascalhos perfurados

pela broca, dentre outras (OLIVEIRA, 2006).

Durante o processo de perfuração do poço, o fluido retorna à unidade de perfuração

carreando cascalhos pela tubulação chamada riser. A partir de seu retorno, o fluido e o

cascalho são conduzidos ao sistema de controle de sólidos para a recuperação do fluido (que

pode ser utilizado em etapas posteriores) e para a remoção parcial do fluido aderido ao

cascalho. Na maioria das vezes, após tratamento o cascalho é lançado ao mar seguindo

diretrizes das legislações ambientais (SANTOS; FACHEL; PULGATI, 2004).

O descarte de cascalho revestido de fluido não aquoso representa um fator de nítida

relevância para o sistema bêntico em geral, e para os invertebrados associados ao fundo

marinho em particular (SANTOS; FACHEL; PULGATI, 2004).

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Os sistemas de resfriamento das unidades marítimas são normalmente em circuito

fechado e utilizam água potável. Para resfriar a água utilizada neste circuito, há um trocador

de calor, que usa como segundo fluido para troca térmica, água salgada. O efluente deste

sistema de refrigeração, a água salgada, é lançado ao mar em temperatura abaixo de 40 ºC,

limite estabelecido pela Resolução CONAMA N º 357/05 para descarte de efluentes ao mar

(OLIVEIRA, 2006).

As emissões atmosféricas são geradas a partir de diversas fontes existentes em uma

unidade marítima de exploração ou produção de petróleo e gás, tais como: (i) sistema de

inertização dos tanques de armazenamento de petróleo, (ii) motores de combustão interna,

(iii) sistema de gás combustível e (iv) sistema de queima no flare cujos gases são constituídos

de dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono, metano, hidrocarbonetos

parcialmente oxidados, traços de dióxido de enxofre e alguns carbonilados minoritários como

aldeídos e cetonas (OLIVEIRA, 2006).

As atividades de exploração e produção de petróleo em unidades offshore geram

inúmeros tipos de resíduos sólidos. O quadro 1 apresenta os principais tipos de resíduos que

são gerados nas referidas unidades que operam na Bacia de Campos e sua respectiva

classificação segundo a Norma Brasileira (NBR) 10.004, bem como a percentagem em peso e

sua forma de destinação final.

Quadro 1: Tipos de resíduos gerados nas plataformas de petróleo da região da Bacia de

Campos

Tipo de Resíduo Classe

NBR 10004

Por cento

(%)

Destinação

Pilhas e baterias comuns e

alcalinas I 0,02 Encaminhadas para o fornecedor

Borras oleosas I 5,15

Tratadas por co-processamento em cimenteiras ou

encapsulamento em instalações terrestres da

Petrobras

Sacarias de produtos

Químicos perigosos

(vazias)

I 0.05 Encaminhados para empresas de incineração

Embalagens metálicas IIA 2,50 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Sacaria de madeira IIB 0,81 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Papel reciclável IIB 0,15 Encaminhados para empresa de reciclagem

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Sucata de metais não

ferrosos IIB 0,65 Encaminhados para empresa de reciclagem

Sucatas de materiais

Elétricas IIA 0,81 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Sucatas de metais ferrosos IIA 26,00 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Plásticos recicláveis IIB 0,23 Encaminhados para empresa de reciclagem

Entulho de obras IIB 0,13 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Vidros recicláveis IIB 0,40 Encaminhados para empresa de reciclagem

Latas de flandres IIB 0,89 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Latas de alumínio IIB 0,22 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Papelão IIB 0.36 Encaminhados para empresa de reciclagem

Lixo comum IIA 3,40 Encaminhamento - aterro Municipal de Macaé

Embalagens plásticas IIB 2,64 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Restos de alimentos IIA 5,50 Triturados na unidade marítima e lançado ao mar

em conformidade com a convenção Marpol

Resíduos de fluido de

Intervenção em poços I 0,50 Encaminhados - Aterra Municipal de Macaé

Sucata plástica IIB 0,08 Encaminhada para empresas de incineração

Carepas de tinta e ferrugem IIA 0,50 Encaminhadas para empresas de incineração

Sacaria de produtos

químicos I 0, 005 Encaminhados para empresas de incineração.

Resíduos contaminados

com óleo I 0,02 Encaminhados para empresas de incineração

Produtos químicos vencidos

– líquidos I 6,55 Encaminhados para empresas de incineração.

Produtos químicos vencidos

– sólidos I 0,13 Encaminhados para empresas de incineração.

Lâmpadas fluorescentes I 0,03 Encaminhadas para empresa de reciclagem

Resíduos químicos de

laboratório. I 0.24 Encaminhados para empresas de incineração.

Resíduos de

Saúde I 0,01 Encaminhados - Aterro Municipal de Macaé

Sinalizadores I 0, 004 Encaminhadas para incineração.

Fonte: Moni in Oliveira, 2006.

Dentre os principais resíduos sólidos produzidos nas atividades de exploração e

produção de petróleo, destaca-se a borra oleosa, oriunda do fundo dos tanques de

armazenamento e dos separadores de água e óleo e materiais contaminados com óleo

(materiais resultantes de alguma atividade de limpeza, manutenção, varrição ou amostragem,

etc.) (MARTINS; RABELO; FREIRE, 2008).

A geração de borra oleosa não é resultado do processo de produção de combustíveis e

derivados e sim dos processos que operacionalizam o sistema produtivo, ou seja, os processos

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que gerenciam a entrada e estocagem de matéria-prima, estocagem e expedição de produtos,

manutenção de equipamentos, tanques e materiais, limpeza de tubovias e canaletas de águas

oleosas, procedimentos operacionais e problemas de comunicação (MAGALHÃES, 2006). Os

produtos utilizados na limpeza dos tanques de armazenamento, para remoção da borra, são

solventes originários do petróleo, que não alteram a homogeneidade e a composição química

do resíduo (CASAGRANDE; VALE; FERNANDES; SOARES E BARBOSA-SOARES,

2007).

A borra oleosa tem em sua constituição hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos, água e

sólidos, em proporções que variam conforme suas origens, possuindo pequenas quantidades

de metais pesados (FRANCISCO; FRANÇA, 2007). São resíduos de composição

extremamente variável, com difícil reaproveitamento e importante resistência à decomposição

de determinadas moléculas contidas neste tipo de material. De acordo com a NBR 10004, este

resíduo é classificado como sendo de Classe I – perigoso, pois apresenta risco à saúde pública,

provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade ou incidência

de doenças; riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma

inadequada. São classificados, ainda, como perigosos por apresentarem as características de

corrosividade, inflamabilidade, patogenecidade, reatividade e toxicidade (BRAGA, 2002).

Figura 2 – Fluxograma referente a exploração e produção do petróleo offshore e os

momentos de geração de resíduos

Fonte: Petrobrás (Gerência UM-BC/SMS).

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É de conhecimento que os hidrocarbonetos aromáticos presentes na composição do

petróleo, como o benzeno, tolueno e xileno (BTX), possuem potencial efeito mutagênico,

carcinogênico, teratogênico e neurotóxico (GURGEL; MEDEIROS; ALVES, 2009).

A possibilidade de ocorrência de derrames acidentais é inerente às atividades de

produção, armazenamento e transferência de petróleo e derivados. A contaminação ambiental

por derramamentos de petróleo e derivados é um problema global e que vem ganhando grande

importância no Brasil nos últimos anos, em função do diagnóstico crescente de áreas

impactadas. Cabe salientar que a magnitude do impacto não ocorre somente no ambiente,

possuindo um potencial de dano à saúde muito expressivo, em decorrência de efeitos

carcinogênicos de alguns componentes do petróleo (SANTOS, 2009; MICHELS;

SCHNEIDER; COELHO ET AL, 2004).

A contaminação de compartimentos ambientais é um fato alarmante, sendo que muitas

vezes a remediação é uma etapa difícil e complexa. A grande preocupação nos dias atuais

recai, principalmente, sobre a contaminação de solo e água subterrânea proveniente, de

refinarias, pólos petroquímicos, indústrias químicas e postos de abastecimento de

combustíveis derivados do petróleo. Sobre este fato existe um consenso de que estas

substâncias, quando presentes no meio ambiente (água, ar e solo), representam algum risco à

saúde humana (SILVA, 2007).

Qualquer que seja a atividade humana trata-se de uma ação que causará uma ou

diversas reações na natureza e na sociedade. Somente uma análise cuidadosa do conjunto de

ações e critérios aplicados pode determinar se uma atividade ou empreendimento causa mais

benefícios ou malefícios a um determinado lugar e a saúde da população (SISINNO;

PEREIRA NETTO; REGO ET AL, 2003).

Do ponto de vista toxicológico, a principal importância dos Hidrocarbonetos Policíclicos

Aromáticos (HPA) são as evidências de sua associação a diversos tipos de cânceres em seres

humanos, principalmente os de pulmão, bexiga, colo, reto e esôfago. Esta associação é sustentada

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por estudos epidemiológicos em populações ocupacionalmente expostas e por estudos realizados

em animais de laboratório.

A compreensão da natureza complexa dos problemas socioambientais e da múltipla

determinação social da saúde mostra a necessidade de uma abordagem própria aos sistemas

complexos. Desta forma há a necessidade de abordar os problemas do desenvolvimento de

forma sistêmica, interdisciplinar e intersetorial em todos os níveis da organização social

(GURGEL; MEDEIROS; ALVES, 2009).

1.5 Exposição Humana aos Resíduos do Petróleo

O petróleo é uma mistura complexa de vários compostos orgânicos, com predomínio

de hidrocarbonetos, tendo variações em sua composição de acordo com a procedência do óleo

(VIEIRA, 2004) e alguns compostos orgânicos contendo enxofre, nitrogênio e oxigênio,

assim como baixas concentrações de compostos orgânicos metálicos, principalmente níquel e

vanádio (PEDROZO; BARBOSA, 2003).

O petróleo pode ser absorvido, principalmente, por via respiratória e dérmica. A

absorção respiratória é rápida e ocorre através da inalação do produto. A ação do produto em

nível local ou no sistema nervoso central dependerá da volatilidade de mesmo. A absorção por

via dérmica ocorre na forma líquida ou gasosa. Após da entrada do composto na corrente

sanguínea ocorre uma rápida distribuição por todo o organismo. Tais substâncias se

acumulam no fígado, tecido adiposo e ósseo e nestes locais há uma maior concentração e ação

tóxica do agente.

Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados apenas de moléculas de

hidrogênio e carbono, dispostas em diversas configurações estruturais (PEDROZO e

BARBOSA, 2003). Podem ser agrupados, de acordo com a sua estrutura em hidrocarbonetos

aromáticos, alcanos, alcenos e cicloalcanos.

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Os principais constituintes absorvidos por via respiratória são as mercaptanas, gás

sulfídrico e hidrocarbonetos de até dez carbonos. A exposição a esses compostos levam a

efeitos agudos e crônicos. Dentre os efeitos agudos destacam-se os de caráter irritativo,

narcóticos e/ou letais, podendo variar de acordo com a fração inalada. Nos efeitos crônicos

são evidenciados efeitos sobre diversos órgãos e sistemas, principalmente, hematopoiético,

renal e nervoso. Dentre os sinais e sintomas podem ser verificados a ansiedade, depressão,

cefaléia, irritação ocular e das vias aéreas, anemia aplástica, leucemia, alterações

imunológicas, polineuropatia, fraqueza muscular, déficit sensitivo das extremidades, alteração

de enzimas hepáticas, infiltração gordurosa no fígado, insuficiência hepática e outros

(MERHI, 2010).

Também são encontrados efeitos à saúde quando da exposição dérmica, podendo ser

agudos ou crônicos de acordo com a composição do produto. Os principais efeitos

encontrados são dermatite, foliculite, eritema, queimaduras, bolhas e pústulas, secura e

rachadura. Podem ocasionar ainda câncer cutâneo por contato direto com a pele.

Os efeitos adversos à saúde proveniente das propriedades tóxicas dos hidrocarbonetos

que compõem o petróleo são os mais variados. Entre os mais conhecidos e estudados

compostos estão os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA). Estas substâncias são

consideradas como Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) (Santos, 2009), cuja família é

caracterizada por possuir dois ou mais anéis aromáticos fundidos, formados exclusivamente

por átomos de carbono e hidrogênio (BORGES, 2007; PEREIRA NETTO; MOREIRA;

DIAS, 2000; MEIRE; AZEREDO; TORRES, 2007). Tais compostos possuem propriedades

especiais associadas ao núcleo ou anel benzênico, sendo encontrados em todos os tipos de

petróleo. São os que possuem a maior toxicidade, bem como um potencial efeito

carcinogênico (SANTOS, 2009). Informações sobre carcinogenicidade, genotoxicidade e

mutagenicidade de alguns HPAs e derivados podem ser encontrados no Quadro 2.

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QUADRO 2 - Carcinogenicidade, genotoxicidade e mutagenicidade de alguns

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos e seus derivados

FONTE: Pereira Netto et al, 2000 (modificado) (apud Pedrozo; Barbosa, 2003, 175p.)

NOTA: S = suficientes; I = insuficientes; L = limitados; N = não carcinogênico. Genotoxicidade foi avaliada

através dos testes de deterioração do DNA; aberração cromossômica e mutagenicidade. Mutagenicidade (teste de

Ames): + (positivo), - (negativo).

A formação destas substâncias está ligada a combustão incompleta de material

orgânico, cuja origem é influenciada por fatores como temperatura e pressão, que vão

direcionar o perfil constituinte de cada composto. Esses compostos podem facilmente ser

encontrados na atmosfera através de atividades naturais (vulcões) e antropogênicas (exaustão

de motores a diesel ou a gasolina, chaminés de fábricas, queima de carvão, processos

industriais ligados ao aço e alumínio, fumaça de cigarros e processos petrolíferos). Cabe

ressaltar que a complexidade e a composição dos HPA vão variar de acordo com a fonte

emissora, podendo conter uma grande variedades destes compostos, porém em diferentes

níveis de concentração (MEIRE; AZEREDO; TORRES, 2007).

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Os HPA são encontrados em todos os locais e sua formação, fonte e destino tem sido

extensivamente revisados (PEREIRA NETTO; BRUM, 2009). A exposição humana a estes

compostos se dá, principalmente, por contaminação ambiental. Sendo a principal via as

atividades humanas presentes em grandes centros urbanos e complexos industriais (PEREIRA

NETTO; MOREIRA; DIAS ET AL, 2000; MEIRE; AZEREDO; TORRES, 2007). Por serem

substâncias altamente lipossolúveis, os HPA podem ser rapidamente absorvidos por seres

humanos pelos pulmões através da inalação do ar, intestinos através da ingestão de água e

alimento contaminado, solo e contato dérmico, sendo logo distribuídos pelo organismo

(PEDROZO; BARBOSA, 2003; BORGES, 2007).

Os HPA constituem uma ameaça para a saúde de toda a população. Podem entrar em

todos os tecidos do corpo que contenham gordura, acumulando-se principalmente em fígado,

rins e tecido adiposo e, em pequenas quantidades, em baço, glândulas adrenais e ovários. Já

dentro do corpo humano, vários componentes deste grupo têm a capacidade de reagirem

diretamente, ou após sofrerem transformações metabólicas, com o DNA, tornando-se

potenciais carcinógenos e eficientes mutagênicos. São excretados, principalmente, pela urina

e pelas fezes, não permanecendo por muito tempo no organismo (PEDROZO; BARBOSA,

2003). No entanto, alguns grupos populacionais são submetidos a um risco maior, como

exemplo, indivíduos que residem ou trabalham em ambientes que sofrem influencia direta da

liberação de HPA (BORGES, 2007; MEIRE; AZEREDO; TORRES, 2007).

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos com mais de quatro anéis, ou seja, com

baixo peso molecular, têm se apresentado relativamente resistentes à biodegradação, já

aqueles que possuem dois ou três anéis, como o naftaleno e o antraceno, são mais facilmente

biodegradados. Grande parte da fração hidrossolúvel do petróleo pode ser degradada,

tendendo a interagir com o solo, o que pode contribuir para a degradação no decorrer do

tempo. Em resíduos sólidos deve-se avaliar a presença de HPA, já que devido a sua natureza

físico-química (lipossolúveis e semivoláteis) são persistentes no meio contaminado e

facilmente absorvidos pelo organismo humano, podendo atuar como um indicador ambiental

de exposição (SISINNO; PEREIRA NETTO; REGO, 2003).

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Os hidrocarbonetos aromáticos do petróleo têm ação lesiva comprovada sobre diversos

órgãos e sistemas do organismo humano (carcinogênica, mutagênica e genotóxica). O tipo de

efeito lesivo é distinto, de acordo com a dose e tempo de exposição, entre outros fatores.

Populações em contato com ambientes contaminados, com baixas doses de exposição e por

longos períodos de tempo, relatam como principais efeitos associados à ação tóxica sobre o

fígado (alteração do metabolismo dos sistemas enzimáticos), sistema nervoso (alterações e

disfunções cognitivas, de memória, sensoriais e motoras; neuropatia periférica) e sistema

hematológico (anemia hemolítica, diminuição da hematopoiese e leucemia) (ATSDR, 1995,

1999).

O crescimento da taxa de mortalidade por câncer e o fato do tratamento ser bem

dispendioso para o paciente e para os serviços de saúde, expõem claramente os benefícios

potenciais que o entendimento, a avaliação e o controle da exposição humana as substâncias

que possuam atividade carcinogênica/mutagênica podem trazer (PEREIRA NETTO;

MOREIRA; DIAS, 2000). No caso dos HPA e seus derivados, a identificação dos níveis

ambientais destas substâncias, o conhecimento das vias de penetração no organismo, do seu

metabolismo e da avaliação precoce de seus efeitos biológicos tem papel fundamental para a

identificação destes compostos, buscando mitigar eventos inespecíficos, cuja ocorrência na

população geral pode estar associada com outras causas, ou interação de diversos fatores.

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2 AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA

O procedimento de avaliação de risco à saúde humana por resíduos perigosos é uma

atividade recente no Brasil e, diferentemente do que ocorre nos países onde esta prática já

existe desde a década de 80, ainda não existe um arcabouço jurídico-institucional que

imponha uma seqüência formal aos resultados dos estudos de avaliação de risco (BRASIL,

2005a).

A preocupação com o meio ambiente e saúde, neste contexto, aponta para a

necessidade de gerenciamento ambiental em saúde adequado, tendo como prioridades para

esta área de atuação, o cadastramento e o mapeamento das áreas com solos contaminados que

tenham risco ou potencial risco à saúde humana, além de estabelecer instrumento de avaliação

de risco à saúde para determinar as ações prioritárias de saúde e recomendar outras ações na

área de meio ambiente (BRASIL, 2006).

A determinação da contaminação dos diversos compartimentos ambientais, o

estabelecimento de rotas de exposição, a identificação das populações expostas, bem como a

qualificação de perigo e suas conseqüências nestas áreas são objetos principais do estudo de

avaliação de risco à saúde humana.

As instituições e os profissionais de saúde frequentemente têm se deparado com a

necessidade de investigar a ocorrência dos efeitos sobre a saúde, estabelecer o diagnóstico e a

possível relação com a exposição ambiental e determinar medidas de intervenção e tratamento

desta população. O desenvolvimento e aplicação de metodologias de avaliação de risco à

saúde humana são uma das ferramentas mais adequadas para o cumprimento desta tarefa

(ASMUS, 2005).

2.1 Metodologias de Avaliação de Risco

As metodologias de avaliação de risco têm sido usadas para medir e caracterizar os

riscos para a saúde humana, além de serem ferramentas de gestão que possibilitam uma

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solução sustentável, têm a capacidade de construir propostas de gerenciamento integrado de

saúde e ambiente. O uso desta abordagem tem crescido em países em desenvolvimento,

principalmente devido à existência de extensas áreas contaminadas por produtos químicos.

Entretanto, poucos são os profissionais que dominam o uso destas metodologias de avaliação

de risco.

Algumas metodologias de avaliação de risco à saúde humana são utilizadas no Brasil,

dentre elas destacamos: Environmental Protection Agency (EPA); Risk Based Corrective

Action (RBCA) e a metodologia da Agency for Toxic Substances and Disease Registry

(ATSDR).

Atualmente a Avaliação do Risco é uma ferramenta fundamental nos Estados Unidos,

e em outros países como Canadá, Austrália, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Holanda

entre outros (COUTO, 2006), direcionando todos os trabalhos de gerenciamento de uma área

contaminada e adotando medidas de remediação (HACON; BARROCAS; SICILIANO,

2005).

A metodologia de avaliação de risco da United States Environmental Protection

Agency (USEPA) é composta de quatro grandes etapas: Coleta e avaliação de dados; Análise

da exposição; Análise da toxicidade e; Caracterização dos riscos. Tem como principal

objetivo identificar e quantificar os riscos à saúde humana, decorrentes da exposição da

população a áreas potencialmente contaminadas no passado ou no presente (HACON;

BARROCAS; SICILIANO, 2005).

O produto desta avaliação é uma estimativa numérica que serve para determinar

limites de exposição a determinadas substâncias que servem de parâmetros para a legislação e

contribuem para programas de prevenção e controle da exposição a algum poluente químico

ambiental (CÂMARA; TAMBELLINI, 2003).

A metodologia de ação corretiva baseada no risco traduzida de Risk Based Corrective

Action, conhecida pela sigla RBCA (“rebeca”), é um procedimento consistente de tomada de

decisões e respostas às contaminações ambientais, tendo como objetivo a proteção a saúde

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humana e recursos naturais. Sua avaliação está centrada em áreas de passivos ambientais e no

gerenciamento de áreas contaminadas. O RBCA foi elaborado pela American Society for

Testing and Materials (ASTM) por meio da norma E1739-95 Standard Guide for Risk Based

Corrective Action Applied at Petroleum Released Sites. É uma metodologia genérica de

avaliação de risco socioambiental, sendo primeiramente utilizada para áreas com vazamentos

de petróleo e seus derivados, tendo numa etapa posterior ampliado sua aplicação para áreas

contaminadas por outras substâncias químicas (HACON; BARROCAS; SICILIANO, 2005;

TAKEUCHI, 2008).

A utilização do RBCA permite um melhor gerenciamento ambiental e seu método que

integra métodos de avaliação de risco e de modelagem matemática para o transporte e destino

dos contaminantes, permite tomada de decisões economicamente racionais, enquanto a saúde

humana e recursos naturais permanecem protegidos. O processo de avaliação do RBCA segue

os procedimentos sugeridos pela USEPA (1989), com etapas de coleta e avaliação dos dados,

avaliação da exposição, análise de toxicidade e caracterização do risco (TAKEUCHI, 2008).

Outra metodologia existente é a metodologia de avaliação de risco à saúde humana

para exposição a resíduos perigosos, desenvolvida pela Agencia para Registro de Substâncias

Tóxicas e Doenças (Agency for Toxic Substances and Disease Registry - ATSDR) dos

Estados Unidos. Esta considera objeto de avaliação compostos químicos, elementos ou

combinações que, por sua quantidade, concentração, características físicas ou características

toxicológicas, possam representar um perigo imediato ou potencial para a saúde humana ou

para o ambiente, quando são inadequadamente usados, tratados, armazenados, transportados

ou eliminados (ATSDR, 2001).

A metodologia de avaliação de risco da ATSDR abrange as seguintes etapas: avaliação

das informações existentes sobre o local, identificação das preocupações da população com a

sua saúde, caracterização da área do processo de contaminação ambiental e estabelecimento

das implicações sobre a saúde. O processo completo permite classificar o nível de perigo do

local para a saúde pública; elaborar conclusões e recomendações para a saúde e para estudos

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ambientais futuros e identificar as ações necessárias para mitigar ou prevenir efeitos adversos

na saúde (ATSDR, 1992).

As etapas da metodologia de avaliação de risco da ATSDR referentes ao levantamento

das informações do local e as respostas as preocupações da comunidade, constituem uma

forma de aprofundamento dos problemas sócioambientais que ocasionam efeitos indesejáveis

ou não na saúde, no ambiente e na sociedade. Ela tem o objetivo de fornecer ao tomador de

decisão, elementos para o estabelecimento de estratégias de melhoria para a população.

2.2 Estudos de Avaliação de Risco no Brasil

No Brasil foram realizados seis estudos de avaliação de risco à saúde utilizando a

metodologia da ATSDR. Estes estudos foram realizados em áreas onde havia exposição da

população em sítios contaminados por resíduos perigosos, ao longo do período de 2001 a

2008. Eram locais onde o processo de contaminação tinha ocorrido em anos anteriores e as

pesquisas feitas até aquele momento não permitiam a definição de conclusões e a

determinação de recomendações de ações para a saúde. Estas áreas foram: Cidade dos

Meninos, Município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro; site de uma fundição de

chumbo situada no Município de Santo Amaro da Purificação, Estado da Bahia; Condomínio

Barão de Mauá, Município de Mauá, Estado de São Paulo; bairro Mansões Santo Antônio,

Município de Campinas, Estado de São Paulo; e Cubatão, Baixada Santista; Município de

Adrianópolis, Paraná (BRASIL, 2005a, BRASIL, 2006).

Cidade dos Meninos, Município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro, onde,

em 1950, existia uma fábrica de produção de hexaclorociclohexano (HCH) e formulação e

armazenamento de outros pesticidas, como o diclorodifeniltricloroetano (DDT). As atividades

desta fábrica foram encerradas em 1964, no entanto, a produção remanescente permaneceu

estocada ao ar livre ao redor da unidade (ASMUS, 2005).

No ano de 2001, realizou-se um estudo de avaliação de risco que estabeleceu quatro

rotas de exposição completa da população circunvizinha a fábrica – solo superficial,

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alimentos, poços de água e o ar. A contaminação pelos compostos se dava através da ingestão,

contato com a pele ou inalação. Os principais compostos químicos identificados pelo estudo

foram o HCH e seus isômeros, o DDT e seus metabólitos, encontrados nos ovos, leite, água,

solo e poeira domiciliar e dioxinas, encontradas nos ovos e no solo (ASMUS, 2005).

Identificadas as rotas completas de exposição, foi possível determinar que a população

de Cidade dos Meninos estava exposta à compostos químicos nocivos à saúde humana. Por

isso, foi recomendada a investigação e o monitoramento da saúde desta população, bem

como, a retirada dos mesmos do local (ASMUS, 2005).

Em 2003, realizou-se um estudo de avaliação de risco à saúde humana na cidade de

Santo Amaro da Purificação, na Bahia. O foco do estudo foi uma empresa mineradora de

chumbo causadora de contaminação ambiental. Foram estabelecidas rotas completas passadas,

presentes e futuras para solo, ar, água e alimentos. A partir destes achados, determinou-se que

a população residente no entorno da empresa e a população geral que se alimentava da biota

aquática “tinha estado exposta, e ainda permanecendo, a compostos químicos à saúde

humana” (ASMUS, 2005).

No caso do Condomínio Barão de Mauá, um conjunto de prédios foi construído sobre

um depósito de lixo industrial, isto gerou gases, entre eles o gás metano, que causou uma

explosão com morte de um trabalhador do condomínio. Através do estudo de avaliação de

risco à saúde humana pode-se constatar que não existiam rotas de exposição completas, nem

contaminantes de interesse. No entanto, o estudo ressaltou os impactos resultantes sobre a

qualidade de vida dos moradores do Condomínio (ASMUS, 2005).

Em 2006, foi realizado um estudo na Região da Baixada Santista, onde foram

identificadas nove áreas contaminadas (quatro no município de Intanhaém e cinco no

município de São Vicente) por deposição clandestina de resíduos organoclorados,

provenientes do processo produtivo da empresa Rhodia. A destinação dos resíduos era de

maneira variada. Uma parte era armazenada dentro da própria indústria, em uma área de

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aterro e a outra parte era entregue à transportadoras contratadas que realizavam o despejo

(BRASIL, 2005a).

O despejo ocorria em qualquer terreno, cujo proprietário se dispusesse a receber. Desta

maneira, a Rhodia depositou os resíduos provenientes da produção de pentaclorofenol,

percloroetileno e tetracloreto de carbono em locais inapropriados para este fim (BRASIL,

2005a).

Partindo das fontes geradoras destes resíduos, identificaram-se os seguintes

contaminantes de interesse: Clorofórmio, Tetracloreto de carbono, 1,2-Dicloroetano,

Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Cloreto de Vinila, Hexacloroetano, Hexaclorobutadieno,

Pentaclorofenol, Tetraclorobenzeno, Pentaclorobenzeno, Hexaclorobenzeno. Foram

estabelecidas rotas completas passadas, presentes e futuras para solo superficial, alimentos

(biota aquática), ar e água subterrânea. A partir destas informações pode se estabelecer que a

população afetada era composta por residentes e trabalhadores dos focos de contaminação

(BRASIL, 2005a).

Em 2008, foi realizado um estudo na região do Alto Vale do Ribeira. Este local possui

um importante patrimônio ambiental e cultural e está situada próxima de grandes cidades do

estado de São Paulo e da cidade de Curitiba, Paraná. Essa região foi palco de intensa atividade

de mineração durante mais de cinqüenta anos, sendo responsável, até o ano de 1954, por todo

o minério de chumbo produzido no Brasil (BRASIL, 2005a).

Durante o período de atuação das minas e da usina de refino da PLUMBUM

Mineração e Metalurgia Ltda, foram processadas aproximadamente 3 milhões de toneladas de

minérios, gerando cerca de 2.780.000 toneladas de rejeitos (produto da concentração e da

metalurgia). No início, os resíduos sólidos eram lançados diretamente no rio Ribeira, sem

tratamento, e mais tarde passaram a ser depositados no entorno da usina (BRASIL, 2005a).

Em 1995, as minas e a refinaria encerraram suas atividades, deixando para trás

importante passivo ambiental, além de expor a população da área aos contaminantes. Nas

últimas décadas, aquela área e seus moradores foram objeto de estudos realizados por diversas

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instituições, que apontaram a contaminação do solo, de alimentos e a exposição da população

residente no entorno da antiga usina (BRASIL, 2005a).

Diante disso, com assessoria da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental

(CGVAM/MS), após técnicos da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná participarem do curso

online sobre a referida metodologia, promovido pelo Ministério da Saúde (MS), em parceria com

a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Organização Pan Americana da Saúde

(OPAS), decidiu-se pela aplicação da metodologia de avaliação de risco à saúde humana na área

da PLUMBUM, no município de Adrianópolis (BRASIL, 2005a).

As principais causas para a contaminação dos compartimentos ambientais devido às

atividades da usina são: particulados expelidos pela chaminé da metalurgia, contaminando a biota,

águas superficiais, solo e populações do entorno da metalúrgica; lançamento de efluentes da

produção da metalúrgica diretamente no rio Ribeira; depósito da escória, sem critérios técnicos,

devido a indústria considerá-la inócua; deposição inadequada da escória. Foram identificados os

seguintes focos de contaminação: 1- Usina metalúrgica; 2- Mina; 3- Pilha de rejeitos; 4- Aterro de

rejeitos; 5- rio Ribeira; 6- Estrada. A partir da avaliação dos vários estudos existentes foram

identificados como contaminantes de interesse para os diversos compartimentos ambientais o

Cádmio, Chumbo, Cobre e Zinco (BRASIL, 2005a).

Os seis estudos realizados fizeram parte de um projeto da Coordenação de Vigilância

Ambiental em Saúde do Ministério da Saúde (CGVAM/MS), para avaliação da aplicabilidade

da metodologia da ATSDR à realidade brasileira.

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3 O MUNICÍPIO DE MACAÉ

O início da colonização da área ocorreu em 1627, quando a Coroa Portuguesa

concedeu aos setes capitães, militares portugueses que lutaram na expulsão dos franceses da

Baía de Guanabara, as terras entre o Rio Macaé e o Cabo de São Tomé. O núcleo inicial de

Macaé progrediu apoiado na economia canavieira, em torno da antiga Fazenda dos Jesuítas de

Macaé (1630), constituída de engenho, colégio e capela situada no Morro de Santana (TCE,

2006).

Até fins do século XVII, no entanto, os esforços de colonização de Macaé não

surtiram efeito, ficando a cidade desprotegida. Em 1725, piratas franceses chegaram a se

estabelecer no arquipélago de Santana, de onde passaram a saquear o litoral (TCE, 2006).

Com a expulsão dos jesuítas, a partir de 1759, a região passou a receber novos

imigrantes, proporcionando o surgimento de novas fazendas e engenhos, o que motivou sua

emancipação. Esta ocorreu com a edição do Alvará de 29 de julho de 1813, sob o nome de

São João de Macaé, cujo território foi desmembrado dos atuais municípios de Cabo Frio e

Campos dos Goytacazes (TCE, 2006).

Sua instalação deu-se em 25 de janeiro de 1814. No período imperial, a vila evoluiu

rapidamente, favorecida pela posição geográfica de maior acessibilidade ao Norte

Fluminense, passando a categoria de cidade em 1846 (TCE, 2006).

O alicerce da economia de Macaé foi, por muitos anos, o cultivo da cana-de-açúcar,

que respondeu por um crescimento demográfico expressivo nos séculos XVIII e XIX. O

município chegou a desempenhar o papel de porta de entrada e saída do Norte Fluminense.

Era favorecido pela ligação com Campos dos Goytacazes, através da construção do canal

Macaé – Campos. Este canal possuía 109 quilômetros de extensão, e tinha como objetivo

auxiliar o escoamento da produção, que era transportada até o Rio de Janeiro, a partir do Porto

de Imbetiba. Chegou a operar, até 1875, com cincos barcos a vapor. A partir desta data, o

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transporte da produção regional se fez a partir de via férrea, o que provocou um novo impulso

na economia de Macaé. Hoje, a rodovia desempenha a função de ligação entre ambas (TCE,

2006).

Até o início do século XX, a economia do município se fundamentava na produção da

cana-de-açúcar, do café, na pecuária e na extração do pescado. No período republicano, a

cidade foi mantida como sede do município de Macaé, embora tenha sofrido várias alterações

na malha distrital (TCE, 2006).

Os distritos de Conceição de Macabu e Macabuzinho vieram a constituir o município

de Conceição de Macabu, em 1952; Carapebus e Quissamã ganharam autonomia municipal

mais recentemente (TCE, 2006).

Até a metade dos anos 1970, as atividades econômicas de Macaé estavam fortemente

dominadas pelo setor terciário – e mais precisamente o comércio, que representava em torno

de 65% do Produto Interno Bruto (PIB) macaense. A agricultura e a agropecuária contribuíam

com 20% da riqueza local e a indústria contribuía modestamente, com menos de 5%

(CÂMARA NETO, 2005).

Em 1974, foi feita a primeira descoberta comercial de petróleo na plataforma local.

Após vários anos de levantamento, foi descoberto o Campo de Garoupa com o poço 1-RJS-9ª.

A partir daí uma seqüência de novos campos foram descobertos. Em 1977, iniciou-se a

produção no Campo de Enchova, o primeiro de muitos (SILVA, 2004).

A partir da descoberta de petróleo na região, e com a chegada da Petrobras, Macaé

passou por um novo momento econômico que culminou, também, em acelerado crescimento

demográfico. Da Bacia de Campos é extraído 80% do petróleo brasileiro, motivo este que

levou os veículos de comunicação a conferir ao município o título de capital nacional do

petróleo (PONTES, 2004).

Apesar do nome Bacia de Campos, é em Macaé que se situam as instalações da

Petrobras e as empresas do setor offshore. Pode-se dizer que a partir desta situação, a cidade

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passou por um boom industrial no setor petrolífero, principalmente a partir da quebra do

monopólio do petróleo no segmento de Exploração e Produção pela lei 9.478, de 6 de agosto

de 1997 (PONTES, 2004).

O centro urbano de Macaé foi desenvolvido na margem direita da foz do Rio Macaé,

expandindo-se para o sul, pelas áreas planas, entre praias e colinas suaves. Atualmente, cresce

nas baixas encostas em direção ao interior e na faixa de praias para o sul e norte (PONTES,

2004).

3.1 Características sócio-demográficas

Macaé pertence à Região Norte Fluminense. Tem uma área total de 1219,8

quilômetros quadrados (CIDE, 2002), correspondentes a 12,5% da área da Região Norte

Fluminense (TCE, 2006).

De acordo com a Prefeitura Municipal de Macaé, o município está dividido em seis

distritos: Macaé (distrito sede), Cachoeiros de Macaé, Córrego do Ouro, Glicério, Frade e

Sana. No entanto, para que fosse possível acompanhar e regularizar a reorganização espacial

constante que passou a ocorrer de maneira mais intensa com a instalação da indústria

petrolífera na cidade, o governo municipal promoveu o reordenamento territorial, alterando a

Divisão Administrativa e setorizando o seu território (SILVA, 2004). Atualmente, Macaé é

composta por nove Setores Administrativos com 22 bairros no Distrito de Macaé.

As ligações da sede municipal são feitas por duas rodovias e uma ferrovia. A RJ-106

percorre todo o litoral, de Rio das Ostras a Carapebus, atravessando o centro da cidade. A RJ-

168 corta o município de leste a oeste, acessando a BR-101, que alcança Conceição de

Macabu, ao Norte, e Rio das Ostras, ao Sul. Com apenas um pequeno trecho asfaltado, a RJ-

162 tem um traçado pelo interior, alcançando Trajano de Moraes, ao Norte e Casimiro de

Abreu, ao Sul. A ferrovia, que liga o Estado do Rio de Janeiro ao Espírito Santo, é usada

quase que exclusivamente para transporte de cargas (TCE, 2006).

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De acordo com o Censo, em 2000, o município de Macaé apresentava uma população

de 132.461 habitantes, correspondente a 19,0% do contingente da região Norte Fluminense,

com uma proporção de 97,9 homens para cada 100 mulheres. A densidade demográfica era de

116 habitantes por quilômetros quadrados. Em 2009, a população de Macaé era de 194.414

pessoas, apresentando uma densidade demográfica de 159 habitantes por quilômetro quadrado

(TCE, 2010) e alcançou, em 2010, uma população de 206.728 habitantes, apresentando uma

densidade demográfica no período de 170 habitantes por quilômetro quadrado (IBGE, 2010).

A distribuição da população em 2010 apresenta o seguinte quadro:

Figura 3 – Pirâmide etária – Macaé, 2010

6 4 2 0 2 4 6

0 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 14 anos

15 a 19 anos

20 a 24 anos

25 a 29 anos

30 a 34 anos

35 a 39 anos

40 a 44 anos

45 a 49 anos

50 a 54 anos

55 a 59 anos

60 a 64 anos

65 a 69 anos

70 a 74 anos

75 a 79 anos

80 anos e mais

Percentual da População

Faix

a e

tári

a (an

os)

Pirâmide Populacional - 2010

Masculino

Feminino

Fonte: IBGE, 2010.

O crescimento urbano deste local foi observado através da taxa anual de crescimento

populacional de 3,9 entre 1991 e 2000; taxa de urbanização de 91,4% em 1991 e de 95,1% em

2000; taxa líquida de imigração de 103 entradas por mil habitantes em 2000 (MOTA et al,

2007). De acordo com o Programa Macaé - Cidadão (2010), 86.156 pessoas (cerca de 45%

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dos habitantes) eram provenientes de outras localidades que não Macaé em 2007. De acordo

com o Censo 2010, Macaé possui 98,1% da sua população residindo na área urbana.

No tocante ao abastecimento de água, Macaé tem 89,4% dos domicílios com acesso à

rede de distribuição, 8,3% com acesso à água através de poço ou nascente e 2,3% têm outra

forma de acesso. O total distribuído alcança 30.792 metros cúbicos por dia, dos quais a

totalidade passa por tratamento convencional (TCE, 2006).

A rede coletora de esgoto sanitário chega a 67,2% dos domicílios do município; outros

15,6% têm fossa séptica; 9,7% utilizam fossa rudimentar; 2,4% estão ligados a uma vala; e

4,9% são lançados diretamente em um corpo receptor (rio, lagoa ou mar). O esgoto coletado

passa por algum tipo de tratamento e é lançado no mar e outro corpo receptor não identificado

(TCE, 2006).

Macaé tem 93,6% dos domicílios com coleta regular de lixo, outros 0,3% têm seu lixo

jogado em terreno baldio ou logradouro, e 5,4% o queimam. O total de resíduos sólidos

coletados somava 256 toneladas por dia, cujo destino era 1 aterro controlado, 6 aterros

sanitários e 5 aterros de resíduos especiais (TCE, 2006).

De acordo com Ferreira (2010), Macaé é o segundo município que mais recebe

repasses dos royalties provenientes do processo de exploração e produção de petróleo na

Bacia de Campos. No período de início do incremento, 1997 a 2004, o PIB per capita do

município teve uma taxa de variação de 305,4% (CORRÊA; MALHÃO; ASMUS et al, 2010).

Para o ano de 2008, o PIB per capita foi de R$ 42.394,00 (TCE, 2010).

Um estudo desenvolvido por Corrêa, Malhão, Asmus et al (2010) demonstrou que no

período de 1999 a 2004, houve um incremento e um maior dependência das compensações

financeiras repassadas em Macaé. No ano de 2004, o município apresentou 54,7% de

arrecadação de royalties sobre as receitas totais. O estudo ainda evidenciou que os municípios

pertencentes a Zona de Produção Principal (ZPP) da Bacia de Campos também se encontram

dependentes dessas participações governamentais.

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Com o enfoque da sustentabilidade fiscal, o Índice de Qualidade dos Municípios,

obtido por Macaé, 0,577, permitiu que o mesmo fosse classificado com médio superior nível

de sustentabilidade fiscal, ocupando a 10ª posição entre os 91 municípios do Estado do Rio de

Janeiro (CIDE, 2002 apud CORRÊA; MALHÃO; ASMUS et al, 2010). As características que

permitiram tal classificação se baseavam na elevada capacidade econômica (devida à

combinação de elevado PIB per capita e elevada importância da arrecadação do imposto

sobre serviços (ISS) na composição da receita corrente líquida) e elevada capacidade de

investimento (MACAÉ, 2003).

Em relação ao Índice de Qualidade dos Municípios – Potencial para Desenvolvimento,

Macaé foi o que obteve o melhor potencial para desenvolvimento dentre os municípios da

Zona de Produção Principal no ano de 2005. Este local apresenta a melhor infraestrutura

básica para a atividade de exploração e produção de petróleo da Bacia de Campos. Se

destacou por apresentar um grande crescimento demográfico devido a instalação de empresas.

Por necessidade de mão-de-obra qualificada, estimulou a criação de cursos técnicos de níveis

médio e superior, inclusive em outros municípios (CORRÊA; MALHÃO; ASMUS et al,

2010).

No que se refere ao índice de Gini que mede o grau de desigualdade existente na

distribuição de indivíduos, segundo a renda domiciliar e varia de 0, quando não há

desigualdade, a 1, quando a desigualdade é máxima, o município de Macaé, de acordo com o

Mapa da pobreza e desigualdade dos municípios brasileiros de 2003 do IBGE, apresentou um

valor de 0,44 (IBGE, 2010). Para contemplar a situação pobreza, observou-se que a cidade de

Macaé possuía, em 2000, 14,2% das pessoas vivendo com renda per capita abaixo de R$

75,00 (MACAÉ, 2003).

Macaé apresentou para o ano de 2000, uma esperança de vida ao nascer de 67,6 anos.

Para o mesmo ano, verificou-se no município uma proporção de pessoas com 15 anos ou mais

com menos de 04 anos de estudo de 19,8%. E em relação ao Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH-M), o município apresentou o valor de 0,790, qualificando-o como

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médio desenvolvimento (IDH-M entre 0,5 e 0,8) (PNUD, 2003). Considerando o Atlas da

Exclusão Social no Brasil, Macaé apresentou o resultado de 0,604 (Índice de Exclusão Social

entre 0 e 1), estando com uma das melhores condições sociais, de acordo com este indicador,

porém, obteve um dos piores resultados no índice de violência, uma das dimensões do Índice

de Exclusão Social (PORCHMANN; AMORIM; GUERRA; MORETTO et al, 2003).

A cidade de Macaé apresenta uma situação incomum em relação aos demais

municípios do Brasil, é a localidade em que mais prevalecem os empregos formais, com

carteira de trabalho assinada e encargos sociais atendidos. De acordo com Moulin (apud

HERCULANO, 2010), no período de 1995 a 2005 os empregos formais deram um salto de

67% para 82% da totalidade de pessoas empregadas. Um estudo revelou que dos 55 mil

postos de trabalho formal (41,7%) existentes em uma população de 132 mil habitantes, 19%

(10.432) estavam ocupados em atividades de extração de petróleo e gás (ARAÚJO, 2005). No

entanto, trata-se de uma população flutuante, com cerca de 50 mil empregados formais. Em

2006, haviam cerca de 8.159 empresas instaladas no município de Macaé, porém, 3.555

dessas empresas, estavam no setor de prestação de serviços (HERCULANO, 2010).

O crescimento econômico e urbano proveniente das atividades petrolíferas acarreta

diversas alterações na estrutura urbana. Macaé se transformou em uma nova fronteira de

oportunidades para a população de entorno. No entanto, esse crescimento acelerado veio

acompanhado pelo processo de favelização. Tal fato pode ser observado no indicador

percentual de pessoas que vivem em domicílios subnormais1 de Macaé, que em 2000 foi de

16,3% (PNUD, 2003).

Este crescimento, além da favelização, veio acompanhado da violência, do tráfico de

drogas e da degradação ambiental (HERCULANO, 2010). De acordo com Mapa da Violência

dos Municípios Brasileiros (2008) a cidade de Macaé está entre os 15 municípios mais

violentos do Brasil. Tal fato pode ser observado através de um estudo realizado por

1 Considerou-se como domicílio subnormal, aqueles com ocupação desordenada, sem posse de terra ou do título

de propriedade. Pode ser designado ainda como “assentamento informal” ou mocambo, alagado e barranco de

rio.

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Swarcwald e colaboradores (1999), no município do Rio de Janeiro, uma vez que foi

constatado através de análise multivariada, um efeito significativo do indicador “densidade de

população residente em favelas” sobre o excesso de homicídios. Isto confirma a influência do

ambiente onde os jovens se socializam sobre sua exposição à violência e a sua eventual

inserção nos circuitos de criminalidade.

Mesmo com os benefícios econômicos e financeiros provenientes da indústria do

petróleo, Macaé se viu com um grave problema na sua estrutura urbana, pois todo esse

crescimento não foi acompanhado por um planejamento adequado em sua infraestrutura

técnica e social. De acordo com BARUQUI (apud TERRA e RESSIGUIER, 2010) tal

movimento levou a ocupação de áreas ambientalmente sensíveis, levando ao grave problema

de degradação ambiental. Houve modificação intensa da região costeira do município,

levando a descaracterização de áreas de restingas e ocupação de manguezais pela população

mais carente. Todo esse despreparo se reflete ainda no sistema de esgotos sanitários que

funciona de maneira parcial e ineficiente, no adensamento do solo e nas questões voltadas

para as moradias populares, caos do sistema viário, atendimento precário na área da saúde,

educação e piora nos níveis de poluição.

Dois grandes exemplos de degradação ambiental e descaracterização da cidade são a

Lagoa de Imboassica, considerada há tempos atrás um santuário ecológico, mas que na

atualidade encontra-se assoreada e poluída pelos dejetos de esgoto domiciliar que recebe dos

bairros ao redor, e a Praia de Imbetiba, cartão de visita do município, que deixou de ser usada

pela população após a implantação do Porto de Imbetiba. Neste local existiam bares e

restaurantes que eram frequentados por moradores e veranistas e que foram substituídos pelo

embarque e desembarque de petroleiros (DIAS, 2006 apud TERRA e RESSIGUIER, 2010).

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4 JUSTIFICATIVA

A sociedade contemporânea vem sendo marcada por uma crise na relação ser

humano/natureza decorrente do avanço agressivo da sociedade sobre o meio ambiente. Na

dinâmica desta relação configuram-se novas formas de produção e consumo capazes de

interferir nos mecanismos que regulam o ecossistema, como também gerar agentes agressivos

à saúde humana.

É possível considerar que o potencial de benefícios para o desenvolvimento local

advindo da exploração do petróleo, após quase 3 décadas de atividades, ainda está por ser

avaliado, pois embora venha proporcionando à região grandes contribuições financeiras, a

avaliação da influência das atividades diretamente decorrentes da indústria petrolífera sobre o

“estado de bem estar social” é ainda pouco conhecida (PIQUET, 2003).

A chegada do capital, proveniente da indústria petrolífera, e das pessoas que nela

trabalham, provocou em Macaé a aceleração do seu ritmo de crescimento. Com isso, Macaé

passa a ser vista como centro de negócios e de oportunidades de emprego, já que este

município está localizado na Região Norte Fluminense, uma área que neste mesmo período se

apresentava economicamente estagnada, pelo declínio da atividade açucareira (SILVA, 2004).

A avaliação de risco tem-se constituído em importante ferramenta, com o objetivo de

subsidiar os processos decisórios, de controle e prevenção da exposição de populações e

indivíduos aos agentes perigosos à saúde que estão presentes no meio ambiente por meio de

produtos, processos produtivos ou resíduos. Trata-se de um conjunto de procedimentos que

possibilitam avaliar e estimar o potencial de danos a partir da exposição a determinados

agentes presentes no meio ambiente. Sendo assim, embora tenha suas origens relacionadas

aos processos de produção, de produtos e resíduos radioativos e químicos, essa avaliação

pode, enquanto ferramenta, ser estendida a outras situações (FREITAS, 2002).

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Este projeto se justifica pela necessidade de identificar os impactos sobre a saúde

humana decorrentes da instalação de um processo de produção de grande porte em um

município. Como a situação instalada no município de Macaé, casos semelhantes também

devem ocorrer em outros municípios brasileiros provenientes da expansão econômica atual. A

compreensão dos seus impactos sobre os condicionantes ambientais, sócioeconômicos,

culturais e de saúde das populações destes municípios é fundamental para prover os gestores

municipais de ferramentas adequadas para o seu controle e prevenção.

Propõe-se estudar neste trabalho, os impactos da instalação da cadeia produtiva do

petróleo sobre a saúde da população do município de Macaé, através do levantamento e

análise dos indicadores de saúde existentes e através do estudo de uma área contaminada por

resíduos de petróleo dentro deste município.

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5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral

Investigar o impacto da instalação da cadeia produtiva do petróleo sobre a saúde da

população do município de Macaé

5.2 Objetivos Específicos

1. Descrever o perfil de saúde da população comparando seus indicadores no tempo.

2. Avaliar o impacto sobre a saúde de uma população residente em uma área

contaminada por resíduos de petróleo, identificada no Município de Macaé.

3. Propor medidas de intervenção e prevenção dos impactos sobre a saúde pública para

a população da área contaminada e de seu entorno.

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6 MATERIAIS E MÉTODOS

A dissertação foi estruturada sob a forma de dois artigos:

PRIMEIRO ARTIGO: “Impacto da exploração do petróleo no perfil de saúde da

população do município de Macaé”.

Objetivo: Este artigo teve por objetivo descrever o perfil de saúde da população

residente no município de Macaé e comparar os seus indicadores no tempo, buscando avaliar

os impactos potenciais da exploração de petróleo nessa região.

SEGUNDO ARTIGO: “Estudo de Avaliação de Risco em uma área contaminada por

resíduos de petróleo no município de Macaé – Estudo de caso no bairro Parque Aeroporto”.

Objetivo: Este artigo teve por objetivo apresentar os resultados de um estudo de

avaliação de risco para a saúde da população residente entorno de uma área contaminada, no

Bairro de Parque Aeroporto, em Macaé, Rio de Janeiro, utilizando-se a metodologia de

avaliação de risco a saúde por exposição a substâncias perigosas, proposta pelo Ministério da

Saúde do Brasil.

As referências bibliográficas serão exclusivas dos referidos artigos, não seguindo a

sequência até então apresentada na dissertação.

Quanto aos aspectos éticos, a pesquisa proposta foi desenvolvida de acordo com os

princípios éticos de respeito pela pessoa, beneficência e justiça, seguindo as diretrizes e

normas regulamentares da resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde. O projeto foi

desenvolvido a partir de fontes de dados secundários sem identificação do participante. Foi

submetido à Comissão de Ética e Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e aprovado, segundo processo 08/2007, em 14 de

maio de 2007.

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7 RESULTADOS

7.1 Primeiro Artigo: Impacto da exploração do petróleo no perfil de saúde da população

do município de Macaé

Introdução

O Município de Macaé situado no estado do Rio de Janeiro vem sofrendo as

conseqüências de um acelerado processo de urbanização, especialmente a partir da década de

70, com a descoberta de grandes reservas de petróleo e gás natural na Bacia de Campos

(BRASIL, 2006).

Por esta exploração e produção dentro dos limites do seu mar territorial, Macaé e os

demais municípios fluminenses que integram a região produtora de petróleo recebem uma

compensação financeira denominada royalty. Sua distribuição é feita em consonância com a

lei nº 9478/97 (BARBOSA, 2001). Além desse benefício, essas localidades ainda contam com

as participações especiais devidas pelos concessionários nos casos de grande volume de

produção ou grande rentabilidade (FERNANDES, 2007).

A distribuição de recursos para os municípios toma por base a divisão das zonas de

produção de petróleo e gás realizada pela ANP. A zona de produção principal (ZPP) é

formada pelo conjunto dos municípios de Armação dos Búzios, Cabo Frio, Campos dos

Goytacazes, Casimiro de Abreu, Carapebus, Macaé, Quissamã, Rio das Ostras e São João da

Barra, onde se localizam três ou mais instalações dos seguintes tipos: instalações industriais

para processamento, tratamento, armazenamento e escoamento, excluindo-se os dutos e

àquelas relacionadas às atividades de apoio à exploração, produção e escoamento (portos,

aeroportos, oficinas de manutenção e fabricação, almoxarifados, armazéns e escritórios). A

zona de produção secundária (ZPS) contempla os municípios atravessados por oleodutos ou

gasodutos, incluindo as respectivas estações de compressão e de bombeio, destinadas

exclusivamente ao escoamento da produção petrolífera marítima. Por fim, a zona limítrofe a

zona de produção principal (ZLZPP) compreende os municípios contíguos àqueles que

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integram a ZPP, bem como os que sofrem conseqüências sociais ou econômicas da produção

ou exploração do petróleo e gás (BARBOSA, 2001).

De acordo com o que foi dito anteriormente, Macaé se encontra na Zona de Produção

Principal, e é o município-sede da Petrobras. Como todo grande projeto, a instalação do

processo produtivo de exploração e produção de petróleo na cidade gerou transformações

rápidas e significativas na dinâmica territorial, provocando mudanças na estrutura

populacional, no emprego, na malha urbana, no quadro político e na cultura local (MONIÉ,

2003 apud PIQUET, 2010, p. 13).

Todos os benefícios oriundos das receitas provenientes dos royalties possibilitaram à

Macaé uma posição privilegiada em relação às demais cidades do Estado do Rio de Janeiro,

em decorrência das atividades de extração, produção e logística do petróleo, situando-a entre a

localidade de melhor relação entre postos de trabalho e população (PIQUET, 2010). Em

contrapartida, o acelerado crescimento urbano trouxe como conseqüência o inchaço da cidade,

gerado pelo processo de migração, resultando em ocupação urbana desordenada, problemas

ambientais, sobrecarga nos serviços de utilidade pública, escassez de moradias, violência e

outras mazelas que uma ocupação industrial sem planejamento acarreta nos locais em que se

estabelece (NETO; BORBA, 2008; PIQUET, 2010).

O setor petrolífero apresenta forte influência na economia, tanto pelo impacto

multiplicador sobre as demais cadeias produtivas, quanto por seus efeitos sobre o balanço de

pagamentos e contas públicas (PACHECO, 2003). Traz como resultados, o progresso

tecnológico e o desenvolvimento, através de instalação de novas empresas, indústrias e

comércio, atraindo também multinacionais do setor petrolífero (TERRA; RESSIGUIER,

2010). Entretanto, o crescimento, mesmo que acelerado, não garante a melhoria

socioeconômica por parte da população, já que não há um planejamento para atenuar as

desigualdades que surgem deste processo (SACHS, 2004 apud BORBA; NETO, 2008). O

presente artigo tem como objetivos descrever o perfil de saúde da população residente no

município de Macaé e comparar os seus indicadores no tempo, tendo por base a avaliação dos

impactos potenciais da instalação do processo de exploração de petróleo nessa localidade.

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Metodologia

Foi realizado um estudo ecológico, onde foram analisados indicadores de saúde,

empregando-se três eixos de comparação: (1) entre o município de Macaé e desse com a

mediana do estado do RJ; (2) baseada no comportamento dos indicadores num período

anterior e posterior ao incremento das receitas, oriundas de participações governamentais; (3)

e de acordo com a divisão das zonas de produção de petróleo e gás.

Para observar os possíveis impactos da exploração de petróleo na saúde dos residentes

do município de Macaé foram escolhidos 13 indicadores de morbimortalidade. Para a

definição dos indicadores empregados no presente estudo, foram utilizados os seguintes

critérios de elegibilidade: importância epidemiológica (relevância) e a disponibilidade de

dados com cobertura. O risco de morte dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida

foi estimado com base na taxa de mortalidade infantil. Foram consideradas altas, as taxas com

valores acima de 50 óbitos por 1000 nascidos vivos, médias, entre 20 e 49, e baixas, com

menos de 20 (RIPSA, 2002). Para os indicadores taxa de mortalidade por doenças do aparelho

circulatório e taxa de mortalidade de neoplasias malignas, tanto a população como os casos

foram estratificados segundo sexo e faixa etária, sendo então realizada a padronização pelo

método direto. O ajustamento teve como população padrão a brasileira, no período de análise.

Este procedimento se justifica por minimizar as possíveis diferenças nas distribuições de sexo

e idade nos locais estudados (MEDRONHO, 2006). A taxa de anos potenciais de vida

perdidos foi obtida, aplicando a técnica de Romeder e Whinnie, que estabelece uma idade

limite para o cálculo dos anos potenciais de vida perdidos (APVP), com base na vida média

da população. A obtenção dos APVP consiste em somar os produtos do número de mortes em

cada idade – entre 1 e 64 anos; ou 1 e 69 anos – pelos anos de vida restantes até a idade de 65

ou 70 anos, respectivamente. Neste trabalho, optou-se pelo segundo ponto de corte. Em

seguida, foi realizada a divisão do APVP pela população residente de 1 a 69 anos, por 1.000

habitantes (SILVA, 2003). A escolha de 70 anos como limite potencial de vida foi devido ao

fato de este valor aproximar-se da estimativa da esperança de vida ao nascer, que em 2008

(IBGE, 2010) atingiu 72,86 anos para o Brasil, além de facilitar o agrupamento dos dados do

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banco de mortalidade em faixas etárias, e permitir comparações com dados de outros estudos.

Cabe ressaltar que para este estudo foram excluídos os óbitos dos menores de 1 ano de idade,

tendo em vista que para o estudo da mortalidade infantil o trabalho já utiliza um indicador

específico.

Os anos de análise dos indicadores estiveram compreendidos entre 1997 a 2008,

levando-se em consideração os dois períodos de referência (anterior e posterior ao incremento

das receitas) variaram conforme o tipo de indicador avaliado e da sua disponibilidade de

dados. Os indicadores de saúde selecionados foram obtidos das seguintes fontes: Sistema de

Informação de Nascidos Vivos (SINASC, 1997-2008) e Sistema de Informação de

Mortalidade (SIM, 1997-2008).

No que se refere às populações utilizadas para o cálculo dos indicadores de saúde, foi

resgatada a base de dados fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

(IBGE), com base nos Censos demográficos de 1991 e 2000 e utilizando o método de

Lagrange nos cálculos das populações em 1º de Julho para os anos intercensitários. Para

viabilizar a comparação entre os dois períodos de referência, foi realizado um trabalho de

compatibilização dos dados de 1991, reproduzindo neste ano a malha municipal de 2000

(CIDE, 2004).

Foram utilizados para análise e processamento dos dados os softwares Tabwin versão

3.4 e Microsoft® Office Excel 2003.

Resultados

De acordo com o Censo, em 2000, o município de Macaé apresentava uma população

de 132.461 habitantes, correspondente a 19,0% do contingente da região Norte Fluminense,

com uma proporção de 97,9 homens para cada 100 mulheres. A densidade demográfica era de

116 habitantes por quilômetros quadrados. Em 2009, a população de Macaé era de 194.414

pessoas, apresentando uma densidade demográfica de 159 habitantes por quilômetro quadrado

(TCE, 2010) e alcançou, em 2010, uma população de 206.728 habitantes, apresentando uma

densidade demográfica no período de 170 habitantes por quilômetro quadrado (IBGE, 2010).

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De acordo com Ferreira (2010), Macaé é o segundo município que mais recebe

repasses dos royalties provenientes do processo de exploração e produção de petróleo na

Bacia de Campos. No período de início do incremento, 1997 a 2004, o Produto Interno Bruto

(PIB) per capita do município teve uma taxa de variação de 305,4% (CORRÊA; MALHÃO;

ASMUS et al, 2010). Para o ano de 2008, o PIB per capita foi de R$ 42.394,00 (TCE, 2010).

Um estudo desenvolvido por Corrêa, Malhão, Asmus et al (2010) demonstrou que no

período de 1999 a 2004, houve um incremento e um maior dependência das compensações

financeiras repassadas em Macaé. No ano de 2004, o município apresentou 54,7% de

arrecadação de royalties sobre as receitas totais. O estudo ainda evidenciou que os municípios

pertencentes a Zona de Produção Principal da Bacia de Campos também se encontram

dependentes dessas participações governamentais.

Com o enfoque da sustentabilidade fiscal, o Índice de Qualidade dos Municípios,

obtido por Macaé, 0,577, permitiu que o mesmo fosse classificado com médio superior nível

de sustentabilidade fiscal, ocupando a 10ª posição entre os 91 municípios do Estado do Rio de

Janeiro (CIDE, 2002 apud CORRÊA; MALHÃO; ASMUS et al, 2010). As características que

permitiram tal classificação se baseavam elevada capacidade econômica (devida à

combinação de elevado PIB per capita e elevada importância da arrecadação do imposto

sobre serviços (ISS) na composição da receita corrente líquida) e elevada capacidade de

investimento (MACAÉ, 2003).

Em relação ao Índice de Qualidade dos Municípios – Potencial para Desenvolvimento,

Macaé foi o que obteve o melhor potencial para desenvolvimento dentre os municípios da

Zona de Produção Principal no ano de 2005. Este local apresenta a melhor infraestrutura

básica para a atividade de exploração e produção de petróleo da Bacia de Campos. Destacou-

se por apresentar um grande crescimento demográfico devido a instalação de empresas. Por

necessidade de mão-de-obra qualificada, estimulou a criação de cursos técnicos de níveis

médio e superior, inclusive em outros municípios (CORRÊA; MALHÃO; ASMUS et al,

2010).

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Macaé apresentou para o ano de 2000, uma esperança de vida ao nascer de 67,6 anos.

Para o mesmo ano, verificou-se no município uma proporção de pessoas com 15 anos ou mais

com menos de 04 anos de estudo de 19,8%. E relação ao Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDH-M), o município apresentou o valor de 0,790, qualificando-o como médio

desenvolvimento (IDH-M entre 0,5 e 0,8) (PNUD, 2003). Considerando o Atlas da Exclusão

Social no Brasil, Macaé apresentou o resultado de 0,604 (Índice de Exclusão Social entre 0 e

1), estando com uma das melhores condições sociais, de acordo com este indicador, porém,

obteve um dos piores resultados no índice de violência, uma das dimensões do Índice de

Exclusão Social (PORCHMANN; AMORIM; GUERRA; MORETTO et al, 2003).

O crescimento econômico e urbano proveniente das atividades petrolíferas acarreta

diversas alterações na estrutura urbana. Macaé se transformou em uma nova fronteira de

oportunidades para a população de entorno. No entanto, esse crescimento acelerado veio

acompanhado pelo processo de favelização. Tal fato pode ser observado no indicador

percentual de pessoas que vivem em domicílios subnormais de Macaé, que em 2000 foi de

16,3% (PNUD, 2003).

Indicadores de Saúde

Com relação à mortalidade proporcional por causas mal definidas observou-se que

Macaé apresentou valores inferiores a 10%, nos quatro triênios, com valores bem abaixo da

mediana Estadual e do grupo dos municípios da ZPP, no entanto, no último período houve

aumento em relação às demais unidades de análise (tabela 1).

Em todos os grupos avaliados, notou-se um persistente declínio da mortalidade

proporcional por infecção respiratória aguda em menores de 5 anos. Na mortalidade

proporcional por doença diarréica aguda em menores de 5 anos, Macaé apresentou uma

tendência de aumento nessa taxa evidenciada pela variação de 7,69% (tabela 2).

Quanto à taxa de mortalidade infantil, pôde-se destacar uma tendência de redução em

todas as unidades de análise estudadas. No último triênio, Macaé apresentou baixo número de

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óbitos de menores de um ano de idade, por 1.000 nascidos vivos, na população residente, bem

como as demais unidades analisadas (tabela 2).

Foi constatada uma elevação gradual na proporção de nascidos vivos com baixo peso

ao nascer, no município de Macaé e em todas as demais medianas, de 1997 a 2008, variando

com maior intensidade em Macaé (15,7%) e na ZLZPP (39,1%). De 2006 a 2008, Macaé

encontrava-se com os valores inferiores de anomalia congênita em relação a mediana do

estado e à demais medianas das zonas de produção, mas apresentou uma variação positiva,

demonstrando a elevação do indicador. No que se refere à proporção de nascidos vivos com

prematuridade, Macaé se manteve abaixo das medianas comparadas, exceto no triênio de

1997-1999, em que esteve acima da mediana do Estado (2,2%) (tabela 2).

Observou-se um acréscimo na taxa de mortalidade por acidentes de trânsito, em todas

as unidades de análise. A maior variação percentual foi encontrada na ZPP (46,2%). Não

somente a ZPP, como a ZLZPP, obtiveram valores acima da mediana do estado (mínimo:

15,36 óbitos/ 100.000 habitantes, em 1997-1999; máximo: 20,63 óbitos/ 100.000 habitantes,

em 2003-2005), em todos os anos avaliados. Macaé apresentou em todos os triênios valores

superiores a mediana estadual, no entanto, quando comparado a ZPP, Macaé mantem-se

abaixo dos valores encontrados nessa unidade de análise (tabela 3).

Macaé apresentou os menores valores na taxa de mortalidade por suicídio, em todo

período de análise, a ZLZPP se destacou por apresentar valores bem superiores aos

apresentando pelo Estado. Na análise da taxa de mortalidade por homicídios em homens de 15

a 29 anos, Macaé se destaca com taxas bem superiores àquelas apresentadas pelo Estado, pela

ZPP e pela ZLZPP, o triênio de 2003-2005 foi o que apresentou a maior elevação (345,34

óbitos/100.000 habitantes) (tabela 3).

Em todos os períodos de análise para o indicador taxa de mortalidade por neoplasias

malignas padronizada, Macaé apresentou valores inferiores às demais unidades de análise. A

taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório padronizada seguiu a mesma

tendência da taxa de mortalidade por neoplasia maligna, onde Macaé apresenta o maior

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decréscimo em sua taxa (-22,77%) quando comparado aos demais, já a ZLZPP que apresenta

as maiores taxas, observa-se uma tendência de elevação da taxa (22,64%) (tabela 4).

Quando foi avaliada a taxa de anos potenciais de vida perdidos, verificou-se que as

medianas dos municípios da ZPP foram superiores às da ZLZPP. Neste indicador, Macaé,

obteve os maiores valores, tanto em relação a mediana do Estado quanto às zonas de produção

(tabela 5).

Discussão

Através dos dados levantados, observou-se que a instalação da cadeia produtiva do

petróleo em Macaé, proporcionou um aumento significativo no contingente populacional.

Mesmo apresentando um grande incremento nos repasses provenientes da atividade

petrolífera, o município demonstra grande dependência desses recursos. Por concentrar as

atividades de exploração e produção de petróleo, o município tem um grande poder de atração

de pessoas e empresas, se destacando como uma localidade com capacidade de grandes

investimentos. No entanto, todo esse crescimento gera aumento nas demandas de

infraestrutura, como habitação, emprego, saúde e meio ambiente.

A transição demográfica teve origem nos países de origem capitalista. A partir do fim

da Segunda Guerra Mundial, diversos países não desenvolvidos como o Brasil, também

deram início a esse processo, embora com características e implicações distintas (FAÇANHA,

2006). Uma mudança importante que ocorreu em conseqüência desse fenômeno é o

envelhecimento da população (LAGUARDIA et al, 2006). Essas características e tendências

da dinâmica demográfica determinam um novo perfil de demanda por políticas sociais e de

saúde, bem como o delineamento de prioridades (VERMELHO; MONTEIRO, 2004).

É importante salientar que o período de análise escolhido, 1997 a 2008, pode não ter

sido suficiente para identificar impactos no perfil de saúde da população de Macaé. Porém, os

dados encontrados acompanham as mudanças ocorridas nas taxas de mortalidade e

morbidade, relacionadas as transições demográficas, epidemiológicas e nutricionais, ocorridas

no Brasil. As doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte, seguidas pelo

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Câncer e por causas externas (homicídios e acidentes de trânsito) (PAIM; TRAVASSOS;

ALMEIDA et al, 2011)

O padrão de mortalidade da população vem passando por transformações, tanto na

estrutura das causas de morte como na distribuição etária dos óbitos. Doenças evitáveis por

vacinação e/ou melhoria das condições sanitárias, que atingem mais a população infantil, vêm

perdendo importância em prol de um aumento do peso das doenças crônico-degenerativas

características da população adulta. As causas externas de mortalidade que afetam

particularmente indivíduos em idades produtivas são igualmente crescentes no país

(VERMELHO; MONTEIRO, 2004). Esta tendência também foi observada em Macaé, com

queda acentuada na taxa de mortalidade infantil e mortalidade proporcional por doença

diarréica aguda em menores de cinco anos.

Dentre os óbitos por causas externas, teve destaque na presente análise, a taxa de

mortalidade por homicídios entre homens de 15 a 29 anos. No debate sobre seus

determinantes, uma possibilidade que não deve ser esquecida é a de que as próprias

desigualdades sociais intra-urbanas possuam forte associação com violência nos grandes

aglomerados urbanos (BARRAL NETO; SILVA NETO, 2006). Uma investigação realizada

por Swarcwald e colaboradores, em 1999, no município do Rio de Janeiro, corrobora nossos

achados, uma vez que foi constatado através de análise multivariada, um efeito significativo

do indicador “densidade de população residente em favelas” sobre o excesso de homicídios

(SZWARCWALD et al, 1999).

No entanto, é preciso entender que os problemas socioambientais e a múltipla

determinação social da saúde, necessitam ser tratados a partir de uma ótica sistêmica,

interdisciplinar e intersetorial para as questões do desenvolvimento, que permitam enxergar a

totalidade e as interrelações causais entre seus impactos ambientais e respectivos efeitos a

saúde humana, rompendo com o modelo clássico do processo saúde-doença (GURGEL et al,

2009; FRANCO et al, 2008).

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63

Conhecimento dos riscos à saúde humana relacionados à exposição ambiental a agentes

químicos perigosos é um problema atual. A maioria das situações envolvem exposição a

doses baixas por longos períodos, que em muitos casos envolvem toda vida do indivíduo e

resultam em pequenos incrementos nos riscos à saúde (IARC).

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA) são um dos principais constituintes

do petróleo. São compostos por um conjunto de substancias químicas formado pela

combustão incompleta do carbono, petróleo, gás, madeira, lixo, e de outras substancias

orgânicas tais como tabaco. Podem ser absorvidos por inalação e pela pele. Cancerígenos

humanos conhecidos são classificados no grupo 2 da Agência Internacional de Pesquisa do

Câncer (MEDINA; CASAL LAREO, 2002), e existem vários estudos indicando sua relação

com tumores de pele e de pulmão em trabalhadores expostos a estes produtos (ATSDR, 1995;

CAMPBEL et al, 1993). Estas substâncias também produzem efeitos teratogênicos e efeitos

agudos, tais como distúrbios gastrintestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal e diarréia),

estado mental alterado, cefaléia, mal-estar geral, agitação e confusão, bem como irritação da

pele e mucosas (LYONS et al, 1999).

Estudos demonstraram que ratazanas que se alimentaram com altas doses de HPA

durante a gestação tiveram problemas reprodutivos. Seus filhotes apresentaram defeitos

congênitos e diminuição do peso corporal. Em seres humanos os efeitos poderiam ser

similares, mas não dispomos de informação para mostrar como esses efeitos ocorrem

(KIMERLING, 1995).

Outro problema que também coloca em risco a saúde da população são os

derramamentos de petróleo. Vários estudos mostraram moradores expostos aos

derramamentos de óleo em áreas costeiras (FREITAS et al, 2001; FALASCHI). Porém,

poucos são os estudos de caráter epidemiológico que refletem a exposição aguda e/ou

contaminação em longo prazo das pessoas que vivem em áreas próximas em que existe o

processo produtivo do petróleo (SEBASTIAN; HURTIG, 2004).

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64

Um trabalho realizado com moradores de áreas produtoras de petróleo da Amazônia

Equatoriana mostrou que camponeses e indígenas relataram que muitos córregos e rios,

outrora ricos em peixes, agora possuem pouco ou nenhuma vida aquática. Além disso,

informaram a morte de bois ao beberem a água contaminada dos córregos e rios. Vale lembrar

que essas são as mesmas fontes de água utilizadas pela população. Relatam ainda o

aparecimento de erupções na pele, após banharem-se no rio (SEBASTIAN; HURTIG, 2004).

Considerações quanto à qualidade dos dados secundários utilizados não devem ser

descartadas. No Brasil, o estudo dos indicadores sóciodemográficos, econômicos e de

morbimortalidade depende de dados provenientes dos sistemas de informação

(MACARTHUR et al, 2007). Apesar dos progressos na cobertura destes e na qualidade dos

seus dados, ainda há lacunas que podem introduzir viés de informação (BIERRENBACH et

al, 2007; FAÇANHA, 2006; LAGUARDIA et al, 2004). Cabe também salientar que os

indicadores expressam apenas aspectos parciais, sendo incapazes de refletir todas as

dimensões da realidade, muitas não mensuráveis numericamente, como por exemplo, a

cultura e a sociabilidade (PACHECO, 2003).

O Sistema de Informação de Nascidos Vivos é um instrumento extremamente valioso

para análise da situação do nascimento e parto, bem como das características das mães e dos

bebês, permitindo acompanhar o perfil deste segmento da população e traçar políticas de

saúde adequadas, voltadas para grupos específicos, de acordo com perfil de risco. No entanto,

como todo sistema de informações, é necessário conhecer em que medida as informações

fornecidas são realmente confiáveis (THEME FILHA et al, 2004).

Cabe salientar que a qualidade dos dados sobre o campo anomalia congênita, não foi

avaliada de maneira abrangente até o momento, pois as informações geradas apresentam

limitações para a sua utilização. Foram realizados alguns estudos que observaram o grau de

completitude em determinados municípios ou hospitais, e os resultados encontrados

demonstraram melhora no grau de preenchimento deste campo nas pesquisas mais atuais

(LUQUETTI; KOIFMAN, 2010).

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65

É importante ressaltar que, neste trabalho, o perfil de mortalidade pode sofrer uma

alteração, devido ao elevado percentual de óbitos por causas mal-definidas em determinadas

unidades de análise, principalmente naquelas com valores acima de 10%, que indicam baixa

qualidade do preenchimento das declarações de óbitos. Este fato pode indicar que essas

localidades possuíam fragilidades tanto na organização do serviço de vigilância quanto do

acesso da população aos serviços de assistência à saúde, em especial ao atendimento médico

(DUARTE et al, 2002).

Considerações Finais

É necessário compreendermos que o perfil de saúde de uma população reflete o grau

de desenvolvimento econômico alcançado em um determinado local. As ações voltadas à

saúde, muitas vezes vão além dos limites de uma secretaria de saúde, ou seja, os gestores

devem estar atentos para as alterações ocorridas na dinâmica populacional, com reflexos na

saúde, que devem ser gerenciadas de acordo com os fatores condicionantes da promoção à

saúde, trabalhando as questões de moradia saudável, saneamento, e outras.

É de fundamental importância que o crescimento da indústria de exploração e

produção do petróleo venha acompanhado na mesma proporção do desenvolvimento

sustentável e o bem-estar da população que vive nos locais que sofre diretamente o impacto

dessa atividade. Os efeitos à saúde humana decorrentes dos impactos ambientais de qualquer

empreendimento deste porte deveriam ser considerados em todo o processo, desde o

licenciamento ambiental de suas atividades e operações até a realização das atividades

propriamente ditas. Deve ser considerado o impacto cumulativo da exploração do petróleo em

andamento e previstos em todas as localidades.

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70

Tabela 1: Indicador da qualidade da informação

Estado RJ

Mediana Mediana Mediana

1997-1999 9,63 14,78 9,63 9,43 14,13

2000-2002 4,97 9,64 4,97 14,36 15,11

2003-2005 3,06 7,01 3,06 7,22 10,53

2006-2008 6,38 6,25 6,38 6,22 6,33

∆ 1997-2008 (%) -33,78 -57,71 -33,78 -34,01 -55,24

Mortalidade

Proporcional por

Causas Mal

Definidas

Nota: ZPP: Zona de Produção Principal; ZLZPP: Zona Limítrofe a Zona de Produção Principal

Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM); 1997 a 2008.

Indicador Ano de análise Macaé MacaéZPP ZLZPP

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Tabela 2: Indicadores de Mortalidade na infância e ligados ao nascimento

Estado RJ

Mediana Mediana Mediana

1997-1999 7,97 7,36 7,97 7,66 10,80

2000-2002 5,11 4,76 5,11 5,44 0,00

2003-2005 4,51 3,80 4,51 2,00 1,42

2006-2008 2,61 4,09 2,61 1,64 0,99

∆ 1997-2008 (%) -67,27 -44,42 -67,27 -78,60 -90,83

1997-1999 3,23 7,89 3,23 7,86 7,49

2000-2002 2,19 6,05 2,19 5,62 4,47

2003-2005 6,02 6,14 6,02 5,38 16,24

2006-2008 3,48 0,00 3,48 2,67 0,99

∆ 1997-2008 (%) 7,69 -100,00 7,69 -66,03 -86,78

1997-1999 15,74 24,04 15,74 25,84 24,12

2000-2002 15,03 19,68 15,03 15,67 30,05

2003-2005 12,56 16,74 12,56 13,06 19,63

2006-2008 11,12 14,53 11,12 15,09 17,33

∆ 1997-2008 (%) -29,38 -39,57 -29,38 -41,60 -28,13

1997-1999 7,10 7,84 7,10 7,50 5,40

2000-2002 7,70 7,90 7,70 7,60 6,65

2003-2005 8,30 7,93 8,30 7,45 7,20

2006-2008 8,22 8,25 8,22 8,17 7,51

∆ 1997-2008 (%) 15,77 5,23 15,77 8,91 39,10

2000-2002 0,30 0,50 0,30 0,55 0,45

2003-2005 0,30 0,61 0,30 0,60 0,60

2006-2008 0,46 0,61 0,46 0,54 0,42

∆ 2000-2008 (%) 53,20 21,25 53,20 -1,57 -5,98

1997-1999 2,20 1,82 2,20 2,20 2,15

2000-2002 5,10 5,61 5,10 5,50 5,05

2003-2005 5,80 6,11 5,80 7,10 6,15

2006-2008 6,18 6,39 6,18 7,24 7,34

∆ 1997-2008 (%) 180,81 250,87 180,81 229,11 241,20

Nota: ZPP: Zona de Produção Principal; ZLZPP: Zona Limítrofe a Zona de Produção Principal

Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), 1997 a 2008 e Sistema de Notificação de Nascidos

Vivos (SINASC), 1997 a 2008.

Mortalidade

Proporcional por

Infecção Respiratória

Aguda em Menores de 5

anos

Mortalidade

Proporcional por Doença

Diarréica Aguda em

Menores de 5 anos

Taxa de Mortalidade

Infantil

Proporção de Nascidos

Vivos com Baixo Peso ao

Nascer

Proporção de Nascidos

Vivos com Anomalia

Congênita

Proporção de Nascidos

Vivos com Prematuridade

Indicador Ano de análise Macaé MacaéZPP ZLZPP

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Tabela 3: Taxas de Mortalidade específicas por causas externas

Estado RJ

Mediana Mediana Mediana

1997-1999 22,88 21,64 22,88 24,56 15,36

2000-2002 30,92 21,03 30,92 35,60 17,15

2003-2005 29,31 21,72 29,31 37,53 20,63

2006-2008 27,63 21,87 27,63 35,91 19,78

∆ 1997-2008 (%) 20,76 1,04 20,76 46,22 28,85

1997-1999 1,93 3,22 1,93 5,70 2,59

2000-2002 2,67 3,17 2,67 3,29 6,54

2003-2005 2,66 3,16 2,66 3,95 3,12

2006-2008 1,94 2,61 1,94 3,28 3,43

∆ 1997-2008 (%) 0,53 -18,92 0,53 -42,44 32,52

1997-1999 115,96 71,56 115,96 73,12 56,25

2000-2002 263,75 79,11 263,75 112,26 83,09

2003-2005 345,34 74,74 345,34 79,70 91,00

2006-2008 249,14 116,60 249,14 86,88 85,32

∆ 1997-2008 (%) 114,85 62,95 114,85 18,82 51,68

Taxa de Mortalidade

por Acidentes de

Trânsito

Taxa de Mortalidade

por Suicídio

Taxa de Mortalidade

por Homicídio em

homens de 15 a 29

anos

Nota: ZPP: Zona de Produção Principal; ZLZPP: Zona Limítrofe a Zona de Produção Principal

Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM); 1997 a 2008.

Indicador Ano de análise Macaé MacaéZPP ZLZPP

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73

Tabela 4: Taxas de Mortalidade específicas por doenças crônico-degenerativas

Estado RJ

Mediana Mediana Mediana

1997-1999 86,11 124,17 86,11 88,10 118,90

2000-2002 74,75 87,61 74,75 79,29 88,78

2003-2005 74,55 90,26 74,55 84,93 107,71

2006-2008 76,30 97,44 76,30 92,94 96,72

∆ 1997-2008 (%) -11,40 -21,53 -11,40 5,49 -18,65

1997-1999 186,55 244,15 186,55 205,54 205,78

2000-2002 175,44 227,70 175,44 193,17 228,68

2003-2005 172,64 229,21 172,64 195,94 250,44

2006-2008 144,07 221,53 144,07 192,78 252,37

∆ 1997-2008 (%) -22,77 -9,26 -22,77 -6,20 22,64

Taxa de Mortalidade

por Neoplasia

Malígnia

Padronizada

Taxa de Mortalidade

por Doença do

Aparelho

Circulatório

Padronizada

Nota: ZPP: Zona de Produção Principal; ZLZPP: Zona Limítrofe a Zona de Produção Principal

Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM); 1997 a 2008.

Indicador Ano de análise Macaé MacaéZPP ZLZPP

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74

Tabela 5: Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos

Estado RJ

Mediana Mediana Mediana

1997-1999 83,39 90,57 83,39 80,31 75,40

2000-2002 91,18 84,04 91,18 79,36 73,48

2003-2005 97,59 78,09 97,59 71,84 75,70

2006-2008 85,21 75,24 85,21 80,91 78,39

∆ 1997-2008 (%) 2,19 -16,92 2,19 0,75 3,96

Taxa de Anos

Potenciais de

vida perdidos

Nota: ZPP: Zona de Produção Principal; ZLZPP: Zona Limítrofe a Zona de Produção Principal

Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM); 1997 a 2008.

Indicador Ano de análise Macaé MacaéZPP ZLZPP

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75

7.2 Segundo Artigo: “Estudo de avaliação de risco em áreas contaminadas por resíduos

de petróleo no município de Macaé – estudo de caso no bairro Parque Aeroporto”

Introdução

A contaminação ambiental por substâncias químicas é um reflexo do grande

crescimento econômico e populacional, advindo da elevação dos padrões de produção e

consumo (HACON; BARROCAS; SALVATORE, 2005). O intenso processo de urbanização

trouxe consigo o aumento da contaminação dos solos, alimentos, da água e do ar, ocasionando

um risco potencial à saúde humana (SANTOS, 2009).

Os efeitos carcinogênicos de alguns componentes provenientes da contaminação

ambiental por petróleo e seus derivados gera uma preocupação mundial, pois esta não tem

impacto somente no meio ambiente, mas também pode causar danos irreversíveis à saúde da

população (KAIPPER, 2003). Na maioria das vezes, os mais atingidos pelos riscos gerados

por estas atividades econômicas são compostos pela parcela mais carente da sociedade e que

geralmente não recebem os frutos provenientes do progresso (HACON; BARROCAS;

SALVATORE, 2005).

Mesmo com os grandes avanços ocorridos nas atividades de extração e produção de

petróleo, e nos processos de remediação em caso de acidentes, as atividades desenvolvidas

envolvem grandes riscos (KAIPPER, 2003). Portanto, é de suma importância que as

instituições e os profissionais de saúde que vivenciam tais situações tenham o compromisso

de identificar os possíveis riscos à saúde das populações que vivem e trabalham na área de

abrangência deste processo de produção, sendo várias as metodologias propostas para este fim

(ASMUS et al, 2008).

O bairro de Parque Aeroporto é uma área pertencente ao Município de Macaé, na

região norte fluminense do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Anteriormente a sua ocupação

urbana, esta grande área era formada por manguezais e vegetação de restinga, estando o

mangue sujeito a inundações freqüentes. Em um terreno localizado neste bairro, por mais de

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07 anos foram realizadas atividades de armazenamento, compra e venda de materiais de pós

uso das plataformas de petróleo, como tubos, maquinário obsoleto e barris. Tais atividades se

encerraram a mais de 10 anos. Os materiais manipulados naquele local carregavam resquícios

de resíduo oleoso aderidos a sua estrutura, contaminando o local (MACAÉ, 2003).

A avaliação de risco à saúde humana advindo da exposição a substâncias perigosas é a

etapa mais importante da análise de risco, pois seus resultados subsidiam o gerenciamento de

áreas impactadas e as decisões para as ações de remediação ambiental e de atenção à saúde

(SANTOS, 2009).

A metodologia de avaliação de risco a saúde para exposição a substâncias perigosas,

desenvolvida pela Agência para Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças (Agency for Toxic

Substances and Disease Registry – ATSDR) dos Estados Unidos e adaptada pelo Ministério

da Saúde do Brasil, possui como objeto de avaliação “compostos químicos, elementos ou

combinações que, por sua quantidade, concentração, características físicas ou características

toxicológicas que possam representar um perigo imediato ou potencial para a saúde humana

ou para o ambiente, quando são inadequadamente usados, tratados, armazenados,

transportados ou eliminados” (ASMUS et al, 2008).

Este artigo teve por objetivo apresentar os resultados de um estudo de avaliação de

risco para a saúde da população residente entorno do terreno do Bairro de Parque Aeroporto,

em Macaé, Rio de Janeiro, utilizando-se a metodologia de avaliação de risco a saúde proposta

pelo Ministério da Saúde do Brasil.

Metodologia

A aplicação da Metodologia de Avaliação de Risco proposta abrangeu todas as etapas

da mesma: levantamento do histórico do local de risco, identificação das preocupações da

população com sua saúde, caracterização do processo de contaminação ambiental e

estabelecimento das implicações sobre a saúde. O processo completo permitiu classificar o

nível de perigo do local para a saúde pública; elaborar conclusões e recomendações para a

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saúde e para estudos ambientais futuros; e identificar as ações necessárias para mitigar ou

prevenir efeitos adversos na saúde (BRASIL, 1995).

A avaliação da Informação do local compreendeu além da descrição do local e dos

seus aspectos históricos, o levantamento dos dados demográficos e de condições de vida,

trabalho e saúde da população local. Foram realizadas várias visitas à área com o objetivo não

só de levantar informações sobre o local a ser estudado, mas também identificar as

preocupações da comunidade sobre possíveis áreas contaminadas por resíduos resultantes das

atividades de exploração e produção do petróleo. Desta forma, órgãos públicos, instituições de

saúde, sindicatos, associações de moradores, colônias de pescadores, representantes de

escolas públicas, entre outros, foram contatados e visitados pela equipe do projeto. Elegeu-se

uma abordagem qualitativa de cunho participativo na qual a população foi convidada a

compartilhar com os pesquisadores suas formas de pensar, sentir e agir no que diz respeito às

questões sócioambientais decorrentes destes processos produtivos em relação com a saúde.

O levantamento destas informações permitiu a identificação de uma área, localizada

no bairro Parque Aeroporto, com forte presença da população no entorno, que havia sido

utilizada como depósito de sucata das atividades offshore, que incluíam tubulações e peças de

equipamentos mecânicos e onde, possivelmente, houve contaminação por resíduos oleosos no

terreno e em seus arredores, considerando que os gases e material particulado (poeira)

emanados poderiam também atingir as casas à volta da propriedade.

Devido às emissões ocorridas no passado, decorrentes do processo de deposição de

sucata metálica proveniente das plataformas de petróleo na Bacia de Campos, provavelmente

houve a infiltração de resíduos de petróleo no solo, onde ocorria a sua deposição e por

consequência, a migração de contaminantes voláteis para o compartimento atmosférico e de

contaminantes mais solúveis para as águas subterrâneas.

A inexistência de dados ambientais sobre a área suspeita de contaminação levou a

equipe a realizar estudos de amostragem no solo, poeira domiciliar e água subterrânea. Cabe

salientar que no terreno não havia criação de animais e/ou plantações.

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Na amostragem do solo foi utilizada a estratégia de amostragem sistemática que envolve

a coleta de amostras a intervalos regulares predeterminados. A definição da localização dos

pontos de coleta de solo superficial foi determinada pelo cruzamento das linhas traçadas de

uma grade com distanciamento de 40 metros entre seus pontos. Para a amostragem de água

subterrânea, foram demarcados cinco pontos de coleta no centro e nas laterais do terreno. Em

razão da existência de áreas alagadas, prejudicando a amostragem no ponto inicialmente

proposto, alguns pontos foram deslocados da localização prevista. Para a amostragem de

poeira intradomiciliar foram selecionadas as residências próximas ao terreno, quais sejam a

residência do caseiro, localizada dentro do terreno e nos demais domicílios situados no

entorno do terreno, localizados na direção dos ventos dominantes, vindos do mar. Para a

coleta utilizou-se um método proposto, onde são identificados depósitos recônditos de poeira

no interior dos domicílios, como superfície posterior de quadros e móveis, locais onde seja

difícil realizar a limpeza diária (SILVA; CÂMARA; SILVA et al, 1996). Foi realizada a

coleta da amostra de poeira em, pelo menos, três dessas áreas, buscando uma amostra

representativa. Os domicílios onde foram realizadas as coletas das amostras de poeira

domiciliar encontravam-se a 685 metros do mar e distanciados por aproximadamente 15

metros entre si, orientados no sentido do vento dominante.

A etapa de seleção dos contaminantes de interesse seguiu as recomendações da

metodologia de avaliação de risco proposta pela ATSDR. A escolha dos contaminantes de

interesse teve como critérios: ter sido originalmente manipulado no terreno do Parque

Aeroporto; ser um importante e conhecido intermediário de degradação de um composto

parental que foi produzido, manipulado ou formulado pela exploração e produção de petróleo;

ser um provável produto de degradação das substâncias encontradas nos resíduos da

exploração e produção do petróleo e apresentar concentrações em qualquer dos

compartimentos analisados superiores às normas estabelecidas.

Para a identificação dos contaminantes de interesse da área em estudo as

concentrações encontradas nas amostras foram comparadas com os Valores Orientadores para

Solos e Águas Subterrâneas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e

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os Valores Referenciais para Solos e Águas Subterrâneas da Lista Holandesa de Valores. A

CETESB utiliza três valores de referência na sua gestão de áreas contaminadas: Valor de

Intervenção (VI), Valor de Referência de Qualidade (VRQ) e Valor de Prevenção (VP). No

cálculo de concentração para a análise do solo, utilizou-se o procedimento de avaliação de

risco à saúde humana para cenários de exposição Agrícola-Área de Proteção Máxima –

APMAx, Residencial e Industrial. Considerou-se como valor de intervenção para água

subterrânea as concentrações que causam riscos à saúde humana listadas na Portaria 518, de

26 de março de 2004, do Ministério da Saúde, tal portaria tem a complementação dos padrões

de potabilidade do Guia da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2004, ou calculados

segundo adaptação da metodologia da OMS utilizada na derivação destes padrões.

No que concerne à poeira domiciliar, não há valores orientadores próprios para

comparação, no entanto, as concentrações relativas às análises de poeira podem ser

comparadas com os valores orientadores para solo. Cabe salientar que a área de estudo faz

parte de um conjunto residencial, portanto, foram utilizados os valores orientadores

específicos de áreas residenciais. As amostras para os contaminantes de interesse também

foram comparadas com os valores de referência da legislação holandesa para qualidade do

solo e da água subterrânea. Dentre os valores para comparação, foi utilizado o valor de alerta

(T) e o de referência (S). As análises foram realizadas por um laboratório da empresa

Analytical Solutions, localizado no Rio de Janeiro.

As doses estimadas foram comparadas com parâmetros que indicam o nível de risco à

saúde. Para o risco de ocorrerem efeitos não carcinogênicos, foi utilizado como indicador o

Nível de Risco Mínimo (Minimal Risk Level - MRL) (ATSDR, 1999) da ATSDR e a Dose de

Referência (RfD) da Environmental Protection Agency (EPA, 1995). É um indicador de risco

e quer dizer que exposições até esse nível provavelmente não acarretarão efeito adverso

inclusive à pessoa mais sensível. O MRL é baseado no Nível de Efeito Não Observado

(NOAEL) referido ao estudo que menor dose utilizou para verificar o efeito mais sensível que

a substância produziu, associado aos graus de incerteza. Em geral, quando se usa o NOAEL,

os fatores de incerteza são 2 (102) agregando um fator 10 pela extrapolação de animais para

humanos e outro fator 10 pela variabilidade e suscetibilidades humanas.

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Resultados

O histórico de povoamento do bairro ocorre em paralelo com a história da aviação na

cidade. Nos anos 50, existia na cidade de Macaé um campo de aviação localizado junto à

praia, com pista que permitia apenas o pouso de aeronaves militares em treinamento. Com o

advento da exploração do petróleo offshore, nos anos 80, a pista de terra foi coberta por

asfalto. Foi construído um pátio de estacionamento de aeronaves e um terminal de passageiros

com 900 metros quadrados, para permitir o movimento de 135.000 passageiros ao ano para o

vôo de helicópteros.

O Aeroporto de Macaé é hoje a maior base de apoio a exploração de petróleo

Nacional, movimentando acima de 60.000 pousos e decolagens e recebendo acima de 400.000

passageiros anualmente em suas dependências. Destes números, 98% referem-se a atividade

offshore.

Povoado por famílias de baixa renda, o Bairro Parque Aeroporto é caracterizado por

freqüentes alagamentos durante as chuvas que potencializam os riscos à saúde devido à

existência de canalizações de esgoto livre a céu aberto. O terreno sob suspeita de

contaminação, de acordo com a atual ocupante do local, foi utilizado para o estoque de

tubulações e tanques provenientes das atividades nas plataformas de exploração de petróleo

da Bacia de Campos de 1994 até aproximadamente 2004 (MACAÉ, 2003).

De acordo com o Relatório Final da Pesquisa Domiciliar, no período de 2001 a 2003,

do Programa Macaé Cidadão, o bairro de Parque Aeroporto possui uma área de 3,8

quilômetros quadrados e tinha uma população de 16.992 habitantes, correspondentes a 12,8%

da população de Macaé, com uma proporção de 95,3 homens para cada 100 mulheres.

Apresenta uma população de 8,3% de menores de 5 anos e 3,6% de idosos. A densidade

demográfica era de 4.473 habitantes por quilômetro quadrado. Cerca de 99,8% dos domicílios

tinham acesso aos serviços de energia elétrica e 99% dispunham de abastecimento de água da

rede geral e 2,4% acesso à água através de poço. A rede coletora de esgoto sanitário chega a

90,8% dos domicílios do bairro; outros 5,2% têm fossa; 1,5% dos domicílios estão ligados a

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outra forma de esgotamento sanitário. Parque Aeroporto tem 96,3% de domicílios com coleta

de lixo (MACAÉ, 2003).

No caso do Bairro Parque Aeroporto não foi estabelecida rota completa de exposição

atual às substâncias existentes no seu subsolo. Após as análises químicas a grande maioria das

substâncias apresentou valores não detectáveis aos métodos analíticos utilizados, na água de

uso domiciliar e no solo superficial.

Somente um compartimento ambiental mostrou-se de fato contaminado: a poeira

domiciliar, com altas concentrações de Hidrocarbonetos Totais de Petróleo (HTP), quando

utilizado o critério de avaliação dos valores de referência para solo da Lista Holandesa. Este

dado revela emissões pretéritas de contaminantes, ou seja, é a testemunha de que existiu

exposição humana aos contaminantes no passado.

Apesar de este parâmetro ser muito útil na identificação de contaminantes por emissões

atmosféricas passadas, a contaminação no material particulado suspenso coletado nas

residências não permite estabelecer o nível de exposição dos humanos, pois não permite o

cálculo das possíveis taxas de inalação. Desta forma, a poeira contaminada na área do terreno

indica uma rota potencial passada. Foram identificadas como principais populações expostas

no passado os trabalhadores do depósito de sucata, a família de caseiros que habita no local e

a população residente do entorno ao depósito.

As amostras de solo superficial também apontam para a contaminação pretérita por parte

do HTP para os trabalhadores e moradores do terreno e moradores no entorno imediato, e os

perfis cromatográficos das análises químicas indicam a presença de compostos provenientes

de derivados de petróleo, já que a maior parte delas demonstra uma abundância de compostos

na fração C17 a C33, constituintes típicas das substâncias do petróleo. De fato, houve, no

passado, o contato do terreno amostrado com substâncias possivelmente tóxicas advindas dos

resíduos das atividades de extração e produção de petróleo da Bacia de Campos, levados ao

local por meio das sucatas ali depositadas. A rota solo, em função dos dados disponíveis, é

classificada como rota potencial de exposição.

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Os laudos laboratoriais das amostras de água subterrânea coletadas na área apresentam

dados que confirmam a contaminação da área no passado por petróleo e seus componentes.

Foram encontrados valores de HTP de até 106,48 µg/L. No entanto, a água na área do terreno

é salobra e não se presta para o consumo humano. O fornecimento de água potável na área é

feito pela concessionária pública local.

No caso do terreno do Bairro Aeroporto não foi possível realizar o cálculo das doses

de exposição, porque não existiu uma exposição, no presente, e não foi possível determinar as

concentrações dos contaminantes de interesse (HTP) que existiam no passado.

A pesquisa dos dados de saúde existentes relativos ao bairro Parque Aeroporto,

realizada junto a Divisão de Informação e Dados Vitais da Secretaria Municipal de Saúde de

Macaé, não mostrou alteração das taxas de morbidade e mortalidade, referentes a quaisquer

patologias, inclusive câncer, que pudessem estar associadas à contaminação ambiental.

Nas entrevistas realizadas durante as atividades para o levantamento das preocupações

da comunidade e avaliação do impacto socioambiental do processo produtivo do petróleo no

município, algumas pessoas dos grupos selecionados referiram a ocorrência de dois casos de

desenvolvimento de câncer e posterior óbito. Um ocorreu a um membro da família que residia

no terreno de Parque Aeroporto. O caso ocorreu com um jovem de 22 anos que morava no

terreno desde os 4 anos de idade, tendo sido criado, segundo a mãe, brincando no meio da

sucata depositada na área. Na adolescência trabalhou como ajudante nas atividades comerciais

de revenda da sucata ali realizadas. Iniciou o quadro clínico com queixas de cansaço, tendo

sido feito o diagnóstico de Leucemia Mielóide Aguda e ocorrido o óbito no espaço de 3

meses. Não foram relatados outros casos na família.

O outro caso descrito se refere ao óbito de uma jovem, filha de um dos moradores do

entorno da área, também por leucemia. Investigações posteriores, no entanto identificaram

que a jovem nunca havia morado no local, apenas visitando ocasionalmente os pais, e não

freqüentando o terreno.

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Discussão

A atividade de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás no ambiente marítimo

cresce a cada ano, e a evolução no desenvolvimento tecnológico permite a exploração de cada

vez mais reservas, em águas profundas e ultra profundas. Sua extrema importância para o

setor econômico é verificada na matriz energética brasileira, onde o petróleo e seus derivados

ocupam uma posição de destaque de cerca de 39%. Nos últimos quatro anos, a participação do

petróleo e seus derivados na matriz energética aumentou, em média, de 2% a 3% ao ano

(BRASIL, 2005).

Dentre as atividades industriais, a exploração e produção de petróleo, apresentam um

alto potencial de impacto ambiental, através de emissões atmosféricas, efluentes líquidos e

resíduos sólidos de variados tipos (MARTINS; RABELO; FREIRE, 2008).

Os resíduos gerados nas atividades industriais precisam ser tratados e dispostos

adequadamente o que, na maioria das vezes, agrega custos e não valor. Além disso,

constituem risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente, uma vez que estes, quando

manuseados, tratados, transportados e/ou dispostos inadequadamente, podem levar a graves

acidentes e/ou à geração de passivos ambientais (GOSSEN, 2005). Os efluentes gerados nas

instalações pelas atividades de exploração e produção de petróleo são, principalmente, água

de produção, fluidos de perfuração, emulsões oleosas, esgoto sanitário, aditivos químicos,

entre outros (OLIVEIRA, 2006).

Uns dos principais resíduos gerados através das atividades de exploração e produção

do petróleo é a borra oleosa, que é proveniente dos filtros de petróleo nas plataformas e que

consiste em uma mistura de argila, sílica, óxidos e resíduos de petróleo processado, em todas

as unidades do país. De acordo com informações provenientes da Bacia de Campos, no ano de

1996, houve a geração de 35 toneladas/mês e acúmulo estimado de 2.000 toneladas de borra

oleosa (OLIVEIRA, 2002; SANTOS; SOUZA; HOLANDA, 2000).

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É importante salientar que de acordo com os estudos realizados com apoio e

financiamento do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, os impactos à saúde no

processo produtivo por contaminação química e radioativa, bem como por outros fatores,

atinge uma população de milhões de pessoas. As considerações sobre exposições às

substâncias perigosas, também as de natureza radioativa, precisam ser mais bem investigadas

com metodologias específicas da área “saúde do trabalhador” nas atividades de exploração e

produção de petróleo na Bacia de Campos (SEVÁ FILHO, 1997).

Os resultados analíticos encontrados para o material particulado suspenso (poeira)

demonstraram que a contaminação do ar na vizinhança do terreno amostrado, no bairro

Parque Aeroporto, está fortemente relacionada ao vento predominante que ocorre na região, já

que é um local aberto. Sabendo que o terreno situa-se em uma região costeira, é correto

afirmar que o vento preferencialmente sopra no sentido mar-terra.

Pelo decaimento das concentrações na direção dos ventos predominantes, pode-se

inferir que a contaminação do ar tem uma área de abrangência pequena, atingindo casas em

um entorno não muito distantes do local onde ocorreu a contaminação inicial. Provavelmente,

isto se dá pelo fato de se tratar de um tipo de material particulado de percurso pequeno e o

terreno ser murado (aproximadamente 2 metros de altura).

Apesar de muito útil na identificação de contaminantes por emissões atmosféricas

passadas, (por exemplo, a partir de solos contaminados) a contaminação no material

particulado suspenso coletado nas residências não permite estabelecer o nível de exposição

dos humanos, pois não indica as possíveis taxas de inalação, devido a volatização dos

contaminantes e transporte pelo compartimento atmosférico. Esta lacuna é tanto maior,

quando inexistem dados sobre a contaminação atmosférica durante a atividade da fonte de

emissão. Por outro lado, por não permitir uma correlação com o volume de ar contaminado, a

medição dos contaminantes na poeira domiciliar, serve tão somente como um dado qualitativo

da contaminação do passado, não permitindo a quantificação da exposição por inalação em

humanos.

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Para as amostras provenientes do solo superficial, os resultados apontaram que mesmo

depois de passados mais de dez anos desde o encerramento das atividades de deposição de

sucatas das atividades offshore no terreno, e levando em consideração as fortes condicionantes

favoráveis à degradação (terreno exposto, forte insolação, ventos, camadas húmicas com

atividade microbiana), a permanência de contaminantes na área indica forte contaminação do

solo superficial no passado. A rota solo, portanto, está bem configurada para o passado da

área.

No entanto, a impossibilidade de quantificação desta contaminação e sua comparação

com valores de referência, não permite a classificação da rota solo como uma rota de

exposição completa. A rota solo, em função dos dados disponíveis, é classificada como rota

potencial de exposição.

Os resultados encontrados através da análise da água subterrânea demonstram dados

de contaminação passada, no entanto, como a água na área do terreno é salobra e não se presta

para o consumo humano, esta rota de exposição não foi avaliada. Porém, admitindo-se a

possibilidade de sua captação e tratamento, poderia, em princípio, ser considerada uma rota de

exposição potencial futura.

Cabe ressaltar que os Hidrocarbonetos Totais do Petróleo (HTP) são compostos

extremamente tóxicos ao meio ambiente e à saúde humana. Trata-se de uma mistura de

diversos compostos. Estão presentes em todo o meio ambiente e as pessoas podem estar

expostas a eles em suas próprias casas, ao ar livre ou no local de trabalho. Tais compostos têm

ação lesiva comprovada sobre diversos órgãos e sistemas do organismo humano,

carcinogênica, mutagênica e genotóxica. Nos casos de exposição crônica, os principais efeitos

relatados estão associados com uma ação tóxica sobre o fígado (alteração do metabolismo dos

sistemas enzimáticos), sistema nervoso (alterações e disfunções cognitivas, de memória,

sensoriais e motoras; neuropatia periférica) e sistema hematológico (anemia hemolítica,

diminuição da hematopoiese e leucemia) (ATSDR, 1999b).

Deve-se levar em consideração que a organização da cidade desde o início do processo

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86

produtivo do petróleo na Região da Bacia de Campos, misturou completamente áreas

residenciais com instalações industriais, comprometendo qualquer planejamento.

Portanto, é necessário que se realize um acompanhamento periódico no intuito de

identificar, buscar e acompanhar a saúde de todos os moradores e ex-moradores do terreno do

Parque Aeroporto; identificar buscar e avaliar a saúde de todos os trabalhadores e ex-

trabalhadores do terreno do Parque Aeroporto; identificar, buscar e acompanhar a saúde de

todos os moradores e ex-moradores das casas circunvizinhas ao terreno do Parque Aeroporto,

principalmente das casas localizadas na direção dos ventos dominantes e estabelecer um

programa de educação ambiental e comunicação de risco para a população geral do município

a fim de que ela possa apropriar-se de conhecimentos para melhor conduzir-se, com

autonomia, para a proteção e promoção de sua saúde.

Com as informações apresentadas pela população e pelos trabalhadores petroleiros,

novas dúvidas e indagações surgiram e precisarão, pelo menos, serem apresentadas para

estudos futuros sobre riscos aos resíduos do petróleo que poderiam estar expostas as

populações que vivem no entorno dessas atividades.

Considerações Finais

Neste estudo, não foram identificados concentrações de contaminantes derivados do

petróleo no terreno do bairro Parque Aeroporto, que o configurassem como uma área de risco

à saúde da população que habita e trabalha entorno dele. No entanto, foram identificados

indícios de contaminação por derivados do petróleo, decorrentes do período em que o terreno

serviu como depósito de material sucateado oriundo das atividades de exploração do petróleo

(entorno de 6 anos), o que ocorreu há 10 anos passados. Esta situação estabelece rotas

potenciais passadas de exposição da população que morava e trabalhava neste terreno na

época em que ele era utilizado para este propósito. Embora não seja possível calcular as doses

a que estas pessoas estavam expostas, e, portanto, verificar se estavam dentro dos níveis de

segurança estabelecidos pelas agências internacionais (Nível de Risco Mínimo - MRL, Dose

de Referência - RfD) é preciso considerar o alto potencial tóxico à saúde humana que estes

compostos têm, o que justifica a recomendação de identificação e avaliação de saúde dos

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87

moradores e antigos trabalhadores do terreno e da população moradora circunvizinha ao

mesmo.

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89

8 CONCLUSÕES GERAIS

O processo de exploração e produção do petróleo gera diversos impactos, indo muito

além do desempenho de suas unidades de operação, ou da importância de seus derivados para

o consumo. É sabido que essa atividade pode interferir nas dinâmicas sócio-espaciais,

ambientais e na saúde do lugar em que está estabelecida, principalmente nas localidades onde

o processo produtivo se instalou, com seu arcabouço de indústrias e atividades comerciais

associadas, e fluxo migratório proporcional, que gera impacto direto sobre sua organização

urbana.

A observação dos indicadores de saúde do município de Macaé, bem como os valores

encontrados nas medianas dos municípios que compõem a zona de produção principal (ZPP)

mostra que foram estes que sofreram maior impacto da exploração do petróleo. No entanto,

embora todos estes tenham tido um crescimento populacional relevante que demandou uma

reestruturação urbana, o município de Macaé se destaca pela transformação sofrida nos seus

padrões urbanos, sociais e culturais anteriores ao início deste processo.

Alguns fatores foram determinantes para a transformação do Município de Macaé,

dentre eles pode-se destacar a instalação da sede da principal empresa exploradora do petróleo

no município e da cadeia produtiva secundária; o aumento populacional observado no período

de 3 décadas, decorrente de um fluxo migratório intenso formado por pessoas de diferentes

níveis educacionais e culturais; a necessidade de qualificação profissional para o acesso e

obtenção dos empregos disponíveis nos diferentes estabelecimentos industriais e comerciais; a

instalação de parques industriais localizados em pólos opostos do município, com reflexos

sobre o fluxo urbano de veículos; a expansão imobiliária decorrente do aumento da

população, não acompanhada de forma proporcional pelo aumento da rede de saneamento e

de fornecimento de água; o aumento do custo da moradia, com conseqüente deslocamento dos

contingentes economicamente mais pobres da população para a periferia, criando grandes

bolsões de favelas.

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90

As observações realizadas durante a coleta de informações do local durante o

desenvolvimento do estudo são preliminares, fruto de uma abordagem inicial, estando clara a

necessidade de aprofundamento das pesquisas, inclusive tendo como objeto adicional a busca

de soluções coletivas, com participação da comunidade, para os problemas identificados.

É importante ressaltar que além dos resíduos produzidos diretamente pelo processo

produtivo, outros resíduos também foram gerados pelas atividades industriais e comerciais

associadas, para os quais também não existem informações específicas, principalmente no

período anterior ao ano 2000. No momento, o município dispõe de um depósito de lixo

urbano, obsoleto na sua estrutura e inadequado para o volume de material produzido.

O estudo de caso realizado no terreno do Parque Aeroporto chama a atenção para a

possibilidade de existência de outras áreas de passivos ambientais no município. Estes

passivos, vinculados direta ou indiretamente ao processo produtivo, podem ser fruto de um

período em que a legislação de controle do impacto ambiental ainda estava em processo de

construção e sedimentação.

A experiência adquirida na realização deste projeto permite considerar fundamental a

preparação dos municípios para a instalação de processos de produção de grande porte. Esta

perspectiva é real não só para outros municípios do Estado do Rio de Janeiro, exemplo a

instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ) no município de

Itaboraí, como de outros estados, decorrente das demandas inerentes ao processo de

desenvolvimento e crescimento do país.

Desta forma, este trabalho espera ter contribuído junto aos gestores dos municípios

que futuramente possam abrigar empreendimentos semelhantes, através da identificação dos

possíveis impactos sobre a organização social e urbana que estes municípios possam ter,

conseqüentes, e em paralelo, ao desenvolvimento econômico almejado, permitindo a

elaboração de um plano de políticas públicas e de gestão, de forma conjunta com a população,

para a prevenção dos impactos assinalados neste estudo e a promoção do bem estar coletivo.

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