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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ-CERES
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA-DGC
CURSO DE GEOGRAFIA BACHARELADO
JOÃO PAULO DE OLIVEIRA MEDEIROS
INFLUÊNCIA DA SALINIDADE NA DISPERSÃO, DIVERSIDADE DE PEIXES E NA
PESCA NO ESTUÁRIO DO RIO APODI/MOSSORÓ (RN)
CAICÓ-RN
2016
JOÃO PAULO DE OLIVEIRA MEDEIROS
INFLUÊNCIA DA SALINIDADE NA DISPERSÃO, DIVERSIDADE DE PEIXES E NA
PESCA NO ESTUÁRIO DO RIO APODI/MOSSORÓ (RN)
Monografia apresentada do curso de
Geografia bacharelado da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
uma das exigências para a obtenção do
título de Bacharel em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Renato de Medeiros
Rocha.
CAICÓ-RN
2016
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES
Caicó
Medeiros, João Paulo de Oliveira.
Influência da salinidade na dispersão, diversidade de peixes
e na pesca no estuário do rio Apodi/Mossoró (RN) / João Paulo de
Oliveira Medeiros. - Caicó: UFRN, 2016.
37f.: il.
Orientador: Dr. Renato de Medeiros Rocha.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ensino Superior do Seridó - Campus Caicó.
Departamento de Geografia.
Curso de Geografia.
Monografia - Bacharelado em Geografia.
1. Estuário. 2. Biodiversidade. 3. Peixes. 4. Biogeografia.
I. Rocha, Renato de Medeiros. II. Título.
RN/UF/BS-CAICÓ CDU 574.9
Monografia apresentada como requisito necessário para a obtenção do título de
Bacharel em Geografia. Qualquer citação atenderá a as normas da ética científica.
DEDICATÓRIA
À minha família e a minha Tia Ana (in memoriam), dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus e a senhora Sant´Ana por ter me dado
forças, coragem e sabedoria durante todo esse período de graduação;
Agradeço a minha família, meu Pai Hélio Medeiros, minha Mãe Maria do
Socorro, meu irmão Hélio júnior, Meus avós paternos, seu Joca e Dona Alegre,
meus avós maternos, seu Paulo e Dona Rosa, tios e tias, por todo incentivo e apoio,
por serem à base de tudo, por todo amor, carinho, paciência e por me dar uma
educação que contribuiu e muito para a minha formação acadêmica, OBRIGADO!
Agradeço a minha namorada, Alyane Farias, por todo apoio, carinho, afeto,
dedicação e compreensão neste período da escrita deste trabalho, por ser fonte de
amor e escutar meus anseios e angústias; por muitas vezes me ceder seu ombro
para chorar, OBRIGADO MEU AMOR!
Agradeço imensamente ao meu grande amigo e orientador Prof. Dr. Renato
de Medeiros Rocha, por todos os ensinamentos desde o começo da minha
graduação, pelos puxões de orelha nas horas certas, o meu “pai” intelectual e
acadêmico. Por ter me dado à oportunidade de conhecer o mundo e a ciência de
perto, por nunca me virar as costas quando precisei. MUITO OBRIGADO
PROFESSOR!
Aos meus colegas e amigos do LABESA: Iago Azevedo, Samuel Garrote,
Ibsen Silva, Adonias Ferreira, Anoan Medeiros, por todo incentivo dado no tempo em
que estivemos estagiando juntos, por todos os momentos de descontração e
amizade, obrigados amigos!
Aos meus amigos da graduação: Diego Emanoel, Paulo Roberto, Diogo
Bernardino, Izana Salvino, obrigado por ter a amizade de vocês durante esses 4
anos juntos; tenho certeza que nossas amizades transporão os muros da
universidade, para o resto da vida.
Aos meus amigos pessoais: Eduardo Souza, Wagner Victor, Samuel Miranda,
Francisco José (Kimura), Rogério Júnior, Ana Clara Souza, Carol Souza e Cidinha
Santos, obrigado meus amigos, por todo incentivo e apoio neste período.
Ao pessoal da ERA – Empresa de Recuperação Ambiental, nas pessoas de
Késsia Guedes, Milton Filho, Daiane Medeiros por todo apoio nas pesquisas, pela
amizade que tenho a vocês e por todo incentivo, OBRIGADO!
Ao meu grande amigo David Hélio, por me ajudar na construção deste
trabalho, sempre com as melhores dicas, indicando bons trabalhos e sempre
presente nos momentos de dúvidas.
Ao meu grande amigo Anderson Adailson, por ceder seu tempo em me ajudar
a confeccionar os mapas deste trabalho, Obrigado!
A Raiane Santos, por me ajudar na tão temida estatística, obrigado!
Ao pessoal da Salina Augusto Severo, na pessoa de seu Francisco, por todo
apoio logístico nas pesquisas e demais atividades no estuário.
Ao pessoal da salina MIRAMAR (NORSAL) na pessoa de Nivaldo, por sempre
prestar apoio durante a realização deste trabalho.
A UFRN por me ceder a bolsa de pesquisa do projeto: Influências antrópicas
sobre a pesca no estuário do Rio Apodi/Mossoró, um viés deste trabalho.
“Se quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo... quem acredita,
sempre alcança”
Renato Russo
RESUMO
Os sistemas estuarinos são grandes locais onde abrigam uma enorme
biodiversidade, tanto de peixes, como de aves, mariscos e crustáceos. O estuário
hipersalino do rio Apodi/Mossoró é um caso curioso onde as espécies se adaptam
afim de sobreviveram as mais altas variações de salinidade, que forma uma barreira
de dispersão aos 100g/L-1. Inicialmente foi feita uma extensa revisão bibliográfica do
tema que foi estudado e da área de estudo. O estudo teve como objetivo principal,
analisar a influencia da salinidade na dispersão, diversidade de peixes e qual o
impacto para a pesca. As coletas dos peixes foram feitas em 3 pontos ao longo do
estuário com auxílio de redes de espera de 9mm, de acordo com o gradiente de
salinidade, variando entre 35g/L-1 a 100g/L-1. Os dados da variação da salinidade
foram tabulados no software Excel 2010, bem como os dados de peixes
(quantidade). Para avaliar os impactos da salinidade foi utilizado o método Check-
list, ao qual lista os impactos provenientes da salinidade. Os peixes só estiveram
presentes nos dois primeiros pontos de coleta, onde a salinidade apresentou uma
variação normal, indo de 35g/L-1 a 70g/L-1, o que ficou claro que as espécies
consegue chegar ao nível normal, assim, no ponto 3 onde a salinidade chega a
100g/L-1 as espécies não chegam, ou seja, uma barreira para a dispersão. A
diversidade esteve bem exposta também nos dois primeiros pontos, onde notamos a
presença significativa de espécies predominantemente marinhas, como no caso da;
Tainha, carapeba-branca, ubarana, peixe-espada, pampo e linguado, se destacando
a tainha, ubarana e carapeba-branca, presentes nos ponto 1 e 2. Já no ponto 3 por
causa do alto teor de salinidade, não houve espécies capturadas. Os impactos
causados pela na salinidade na pesca, começam a partir do êxodo dos pescadores,
em vista que, com o alto teor de salinidade, os peixes não sobem o rio, fazendo com
que os pescadores deixem seus barracos e voltem pra casa. Outro fator é que a
salinidade inibe o crescimento de vegetação nas margens do estuário, o que causa,
uma perda da biodiversidade, assoreamento do canal e o aumento da salinidade em
virtude da diluição de minerais, contanto que é uma abrigo e local de reprodução as
vegetações nas margens do estuário como na foz, o manguezal.
Palavras-chave: Estuário, biodiversidade, peixes, biogeografia
ABSTRACT
The estuarine systems are great places where they shelter an enormous biodiversity,
as much of fish, as of birds, shellfish and crustaceans. The hypersaline estuary of the
Apodi/Mossoró River is a curious case where species adapt to survive the highest
salinity variations, which forms a 100g/L-1 dispersion barrier. Initially an extensive
bibliographical review of the subject was studied and the study area. The main
objective of this study was to analyze the influence of salinity on dispersal, fish
diversity and impact on fishing. The fish samples were collected at 3 points along the
estuary with the help of 9mm waiting nets, according to the salinity gradient, ranging
from 35g/L-1 to 100g/L-1. The salinity variation data were tabulated in the Excel 2010
software, as well as the fish data (quantity). To evaluate the salinity impacts, the
Check-list method was used, which lists the salinity impacts. The fish were only
present in the first two collection points, where the salinity presented a normal
variation, ranging from 35g/L-1 to 70g/L-1, which made it clear that the species can
reach normal levels, Point 3 where the salinity reaches 100g/L-1 the species do not
arrive, that is, a barrier to the dispersion. The diversity was well exposed in the first
two points, where we noticed the significant presence of predominantly marine
species, as in the case of; Black hake, white carpet, ubarana, swordfish, pampas and
sole, standing out the mullet, ubarana and carapeba-branca present in points 1 and
2. Already in point 3 because of the high salinity content, there were no captured
species. The impacts caused by the salinity in the fishery start from the exodus of the
fishermen, in view that, with the high content of salinity, the fish do not go up the
river, causing the fishermen to leave their shacks and return home. Another factor is
that salinity inhibits the growth of vegetation on the banks of the estuary, which
causes a loss of biodiversity, silting of the channel and increased salinity due to the
dilution of minerals, as long as it is a shelter and place of reproduction. Vegetation on
the banks of the estuary as at the mouth, the mangrove.
Keywords: Estuary, biodiversity, fish, biogeography
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1..........................................................................................................8
Figura 2................................................................................................ ..........9
Figura 3................................................................................................ ..........14
Figura 4................................................................................................ ..........15
Figura 5................................................................................................ ..........15
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1..........................................................................................................11
Tabela 2..........................................................................................................13
Tabela 3..........................................................................................................14
13
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1................................................................................................ ..........16
Gráfico 2................................................................................................ ..........17
14
LISTA DE SIGLAS
HCl - Ácido Clorídrico
HONa - Hidróxido de Sódio
H2O - Água
NaCL - Cloreto de Sódio
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................... ....18
2.1 Salinidade........................................................................................................................18
2.2 Estuários Negativos.......................................................................................................19
2.3 Biodiversidade................................................................................................................20
3- PROBLEMA CIENTÍFICO ........................................................................ 21
4- HIPÓTESE ............................................................................................... 21
5- OBJETIVOS ............................................................................................... 22
5.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................22
5.2 Objetivos Específicos....................................................................................................22
6- MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 22
5.1 Área de estudo...................................................................................................................22
5.2 Revisão Bibliográfica.........................................................................................................23
5.3 Salinidade............................................................................................................................24
5.3 Coleta dos Peixes..............................................................................................................24
5.4 Cruzamentos de dados da Salinidade com a coleta de espécies..............................25
5.5 Avaliações dos impactos da salinidade na pesca no estuário do Rio Apodi/Mossoró......25
7- RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 25
8- CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 32
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 33
16
1. INTRODUÇÃO
Os estuários se formam em áreas que transitam entre o mar e área de terra
dos continentes; Miranda et al (2002) aborda que, os estuários são ambientes de
épocas geológicas muito recentes, menor que cinco mil anos. A partir disso, sua
forma, localização e extensão foram drasticamente alteradas por alguns processos
de erosão e deposição de sedimentos, advindos do continente de maneira natural
(MIRANDA E CASTRO, 1996).
Comportam-se como ambientes altamente dinâmicos, apresentando
mudanças constantes devido às forças naturais, com descargas de água doces e
intrusão de água salgada advinda do mar (ASMUS 1996). Apresentam um grande
poder de transporte de sedimentos, sempre em suspensão, com a presença de
nutrientes orgânicos e também inorgânicos (BRAGA, 2000). Uma grande parte
desses sedimentos e da matéria orgânica é utilizada como fonte de alimentos para
uma grande parte dos organismos marinhos que habitam os estuários, utilizando-o
como berçário, local para reprodução (DIEGUES, 1988; MIRANDA op cit, 2002).
O Rio Grande do Norte apresenta dois estuários o do rio Apodi/Mossoró,
localizado entre os municípios de Areia Branca, Grosso e Mossoró e o estuário do
rio Piranhas/Açu, localizado no município de Macau. Com características peculiares
quando se comparado a outros sistemas estuarinos no próprio estado e em outras
partes do nordeste; o aporte de água doce para esses sistemas estuarinos é
extremamente baixo, tendo em vista a grande escassez de chuva, bem como o fraco
lençol freático subjacente (IDEMA, 1999). E é nesta região hipersalina que está
localizado o Rio Apodi/Mossoró.
Frente a essas condições ambientais, desde o tempo da colonização do
Brasil, essa região foi ocupada para a construção de salinas solares (COSTA et al.,
2013), e desenvolvimento de atividades de extração petrolífera, carcinicultura e
turismo, entre outros. Essa se constitui como uma das principais regiões
socioeconômicas do Estado do Rio Grande do Norte, em virtude da exploração
petrolífera, indústria do cimento, atividade salineira, carcinicultura, fruticultura
irrigada e serviços que demandam os mesmos (IDEMA, 2012 apud Medeiros, 2016).
Em todo o mundo, a pesca se constitui como uma grande e importante
atividade pesqueira, principalmente a pesca artesanal (MPA, 2011). Muitas famílias
dependem diretamente da pesca para sua alimentação, sustento e fonte de trabalho.
17
Os recursos pesqueiros são naturais e finitos, muitas vezes impactos antrópicos
causam um aceleramento maior na escassez desses recursos (DIEGUES, 1988).
No litoral do Rio Grande do Norte, a pesca já era praticada antes mesmo da
chegada dos colonos portugueses, principalmente no litoral leste do estado.
Atualmente a pesca se reveste de uma enorme importância econômica para o litoral
setentrional do Rio Grande do Norte (SOUZA et al., 2014). Por se tratar de um
estuário negativo, onde a água do mar adentra por cerca de 40 km o rio acima,
levando consigo uma vasta biota marinha, que se distribui ao longo do estuário do
Rio Apodi/Mossoró (MEDEIROS, 2016).
A pesca extrativista sempre foi uma das atividades mais antigas e produtivas
ao longo da história da humanidade. Os recursos pesqueiros oceânicos, costeiros e
continentais, são importantes fontes econômicas para grandes populações ao redor
do mundo, além de fornecer alimento, emprego e assim fazendo com que o homem
permaneça no seu local de origem (FIGUEIREDO, 2014).
O litoral setentrional do Rio Grande do Norte possui cerca de 4.150
pescadores, representando cerca de 33% de pescadores do estado (FIGUEIREDO,
op. cit., 2014). Segundo Vasconcelos (2012), a pesca na região é quase que
totalmente realizada de forma artesanal, uma vez que as embarcações utilizadas
são de pequeno porte.
Ao longo do estuário, são desenvolvidas inúmeras atividades econômicas,
aos quais se destacam as atividades salineira e pesqueira (DE MEDEIROS ROCHA,
2011). No decorrer do tempo, a consolidação da indústria salineira potiguar
aconteceu entre os 1930 e o final dos anos de 1950 (COSTA et al., 2013). Assim,
após a essa modernização, o estado do Rio Grande do Norte apresentou produção
sempre superior a 50% da nacional, onde o município de Macau tornou-se o
verdadeiro coração da indústria salineira brasileira.
A atividade salineira e pesqueira são as principais fontes de renda para as
famílias das cidades que margeiam o estuário do Rio Apodi/Mossoró (ARAÚJO,
2010). Representando cerca de 70% da renda das famílias, seja pescando ou
trabalhando nas salinas (IDEMA, 2008).
18
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Salinidade
Na química, um sal é um composto que em água se dissocia num cátion
diferente de H+ e um ânion diferente de OH-. Eles são tipicamente o produto de uma
reação química entre uma base e um ácido, formando um sal e água, como por
exemplo: HCl + HONa, ácido clorídrico reage com o hidróxido de sódio, formando a
molécula H2O + NaCl o cloreto de sódio (DAVIS, et al., 1996.; GIORDANO et al.,
1994).
A salinidade é um parâmetro que varia de acordo com a diversidade dos sais
que podem estar presentes na água; sofre interferência também com outros
composto químicos como nutrientes dissolvidos e os efeitos da temperatura,
evaporação, da pressão, precipitação, sendo sua definição muito complexa (LEWIS,
1978). Assim sendo, essa complexidade levou à adoção de diferentes definições do
conceito de salinidade por vários autores.
“A salinidade é a composição iônica da água, baseada nos
quatro cátions mais importantes, que são: cálcio, magnésio,
sódio e potássio e dos quatro ânions mais importantes:
bicarbonato, carbono, sulfato e cloreto.” (WETZEL, 1983, p.
510).
Para alguns autores como, Margalef (1989); Esteves (2011); a salinidade atua
como uma barreira para a dispersão das espécies, sendo um fator limitante em
grande potencial. Apenas algumas espécies conseguem superar essa barreira,
levando em consideração adaptações que tem de serem feitas para conseguirem se
dispersar.
A biota presente no estuário do rio Apodi/Mossoró, é bem diversificada,
variam entre peixes, crustáceos, mariscos, aves migratórias, bem como microalgas,
algas e mangue (DE MEDEIROS ROCHA, 2012). Todos os seres tiveram de certa
forma de se adaptar ao meio, pois há 4 anos ocorrem secas severas na região, onde
o teor de salinidade aumenta muito, devido as poucas descargas de água doce no
estuário (MEDEIROS, 2016).
19
2.2 Estuários Negativos
Estuários são áreas transicionais, que tem águas doces fluviais encontrando
as águas marinhas, que se torna um ponto muito importante, no ponto de vista
ambiental, econômico e científico (MEDEIROS, 2016). Por ser um local que alta
variabilidade social e econômica, se tornou nos últimos anos, grande locais de
pesquisa, estudos em suas mais variadas localidades, observando suas
características e classificações ao longo do planeta (GARRINSON, 2010;
PRITCHARD, 1955; SCHETINNI, 2000.)
De acordo com a definição proposta pelos autores Cameron e Pritchard
(1963), quando um estuário tem uma diluição das águas marinhas pelas descargas
fluviais, os estuários se tornam positivos, já quando o caso é ao contrário que as
águas marinhas diluem as descargas fluviais, o estuário é classificado como
negativo. Por fim em alguns casos podem ser neutro, com a mesma quantidade de
água doce e salgada em seu interior.
Por outro lado, conforme afirma Miranda (et al, 2002), os estuários com as
características negativas não se classificam como estuários, pois, seguindo o
conceito clássico proposto por Pritchard, em função da grande diversidade de
elementos atuantes nos processos estuarinos, cada estuário apresenta-se como
único, sujeito a diferentes fatores, e, consequentemente, evoluindo em diferentes
níveis. (FAIRBRIDGE, 1980).
Segundo Miranda (2016) os critérios geomorfológicos definem os estuários
como planícies costeiras, típicos de regiões de planície costeira, formados durante a
transgressão do mar no Holoceno, geralmente são rasos, perpendiculares à linha de
costa, com configuração geométrica em forma de “V”. Os “fiordes” são estuários que
durante o Pleistoceno estavam cobertos por geleiras, localizados em latitudes altas,
sendo comuns no Alasca, Noruega e Chile.
Podem ser classificados em três classes de acordo com seu gradiente de
salinidade, e são: positivos, neutros ou inversos (negativos) (PRITCHARD, 1967).
Sendo assim, os estuários negativos, classificam-se, pelo fato de seu aporte de
água salgada ser maior que o de água doce em direção a montante do rio, sendo
geralmente característicos de regiões áridas, onde inevitavelmente ocorrem altas
taxas de evaporação (MARGALEF, 1983; BARBOSA et al, 2001. VALLE-
LEVISSON, 2010).
20
Os estuários negativos tem sua característica definida por Largier (2010) que
define de estuários hipersalinos como um lugar onde a salinidade seja maior que as
áreas próximas, como no caso a água do mar. E assim uma das características que
podem definir esse sistema, é quando se tem uma evaporação mais intensa que o
aporte de água doce, pode se caracterizar como um estuário inverso ou hipersalino
(MARGALEF, 1983).
Os nutrientes orgânicos e minerais presente na água do rio Apodi/Mossoró,
os mesmo derivam das águas doces e são de grande importância para a
manutenção ecológica do estuário, sendo fonte de alimento para muitas espécies
que utilizam o estuário como fonte de alimentação e reprodução (DE MEDEIROS
ROCHA 2012.; MARGALEF, op cit, 1983.; BARBOSA et al, 2001).
Logo, os estuários são ambientes complexos que, contribuem para a
manutenção da biodiversidade em vários aspectos e graus, desde a função de
berçário, onde as espécies vem para se abrigarem e reproduzirem, bem como a
função de regulação de serviços ecossistêmicos (MEDEIROS, 2016.; COSTA,
2013).
2.3 Biodiversidade
A biodiversidade ou diversidade é o termo usado para distinguir a riqueza da
vida sobre a terra, entre milhões de plantas, animais, microorganismos, os genes
que eles contem e seus ecossistemas que ajudam a construir no meio ambiente
(BARBOSA et al, 2009). A biodiversidade no nível de espécies abrange toda uma
população de organismos, que vão desde as bactérias e protistas, até plantas e
animais. Todos os níveis de biodiversidade são de extrema importância para a
sobrevivência das espécies, suas comunidades e ecossistemas, assim essa
diversidade representa o seu alcance de adaptações ao longo da história evolutiva
em diferentes ambientes (PRIMACK, 2007.; BEGON, 2007).
A diversidade de espécies fornece muitos recursos e alternativas para a
sobrevivência das pessoas, temos como exemplo uma florestal tropical, que contem
grande riqueza de plantas e animais que podem ser utilizados para a alimentação,
usar as plantas para construir abrigos, produzir remédios, mas tudo que seja de
maneira sustentável (PRIMACK op. cit., 2007).
A existência de um alto nível de biodiversidade nas regiões tropicais é um
fenômeno conhecido há muito tempo, um exemplo disso, são as florestas tropicais e
manguezais, presentes nas zonas tropicais/equatoriais (KREBS, 1994). Algumas
21
hipóteses não levadas em conta a partir de estudo realizado, a estabilidade do clima,
a especialização das espécies, e o fluxo continuo de energia são hipóteses que
falam da alta biodiversidade em zonas tropicais (BROWN, 2005,; BEGON, 2007).
Um fator ecológico desempenha o papel de um fator limitante, a salinidade é
um fator limitante que impede e permite seres se dispersarem, segundo Dajoz
(2005), logo todo ser vivo apresenta um limite de tolerância, uma vez que
determinada espécies conseguem suportar altas variações intensas, são chamadas
de euriécia e quando não suporta essas variações intensas, são chamadas de
estenoécia. Esse termo é aplicado em espécies que conseguem ou não suportar
mudanças bruscas de salinidade e temperatura (RICKLEFS, 2003; BEGON, 2006).
Existem alguns estudos voltados para a dispersão e diversidade das espécies
ao redor do globo terrestre. Vários índices são utilizados para que haja essa certeza
através de números, o mais usado é o índice de Shannon-Weaver (ROCHA, 2006).
Alguns parâmetros são analisados para que se tenha certeza quanto a diversidade e
dispersão, populações, indivíduos e ecossistemas se sobressaem em relação aos
parâmetros utilizados para esse trabalho (PRIMACK, 2001).
3- PROBLEMA CIENTÍFICO
A salinidade influência na diversidade de peixes e na pesca ao longo do
estuário do rio Apodi/Mossoró?
4- HIPÓTESE
A salinidade atua como barreira que impede a dispersão de peixes e
influencia na pesca ao longo do estuário.
22
5- OBJETIVOS
5.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a influência da salinidade na distribuição da diversidade de peixes ao
longo do estuário do Rio Apodi/Mossoró e a consequência para a pesca
extrativista.
5.2 Objetivos Específicos
Determinar a diversidade de peixes ao longo;
Observar a diversidade de peixes frente a variação da salinidade;
Avaliar se a atividade pesqueira desenvolvida ao longo do estuário do Rio
Apodi/Mossoró sofre com a variação da salinidade.
6- MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Área de estudo
O Estuário do Rio Apodi/Mossoró, fica localizada na região oeste do estado
do Rio Grande do Norte, dentro da microrregião de Mossoró, situando-se entre os
municípios de Areia Branca, Grosso e Mossoró (IBGE, 1992). Seu domínios
climáticos estão dentro do semiárido, que apresenta uma médio pluviométrica de
700mm anuais e evaporação em tornos dos 2000mm anuais (NIEMER, 1989).
23
Figura 01 - Localização do estuário do Rio Apodi/Mossoró (RN). Fonte Medeiros, 2016
.
Figura 01 - Localização do estuário do Rio Apodi/Mossoró (RN). Fonte: Medeiros, 2016
Fonte: Elaborado pelo autor
5.2 Revisão Bibliográfica
Foi feito inicialmente em uma extensa pesquisa bibliográfica acerca de temas
afins e trabalhos que estejam correlacionados a este, sendo pesquisado em teses,
dissertações, monografia e artigos publicados em períodos nacionais e
internacionais, bem como em bibliotecas virtuais das universidades federais
brasileiras, utilizando como principais fontes bibliográficas, autores que estudaram a
área: MEDEIROS, 2016.; DE MEDEIROS ROCHA, 2011.; COSTA et al., 2013.;
SOUZA et al,. 2014 e FIGUEIEREDO, 2014.
24
5.3 Salinidade
A salinidade foi medida com o auxílio de um refratômetro portátil da marca
Fisher durante a coleta de peixes nos 3 pontos de coleta no Estuário do Rio
Apodi/Mossoró. Os dados da medição da salinidade foram tabulados no software
Excel.
Figura 02: Pontos de coleta ao longo do estuário do rio Apodi/Mossoró-RN.
5.3 Coleta dos Peixes
Os peixes foram capturados com o auxílio de uma rede de espera que
consiste em um modo que, os peixes ficam emalhados em malha de 9mm e não
escapam, facilitando assim sua captura para análise. A rede foi posta de 7h as 14h,
sendo colocada no fim da baixamar e o início da preamar. A identificação dos peixes
foi feita primeiramente por seus nomes populares junto aos pescadores e depois
com o auxílio do programa Fish Base (2014) que a partir de fotos identificará por
nome científico. Uma tábua de fotografia foi confeccionada para registrar as
espécies que forem capturados durante as atividades de coleta no Estuário do Rio
Apodi/Mossoró. A tábua é feita de madeira, com fundo preto e duas fitas métricas de
25
1m na horizonta e vertical, para serem colocados os peixes e fotografados
(FIGUEIREDO, 2014).
5.4 Cruzamentos de dados da Salinidade com a coleta de espécies
Os dados foram tabulados e analisados no software Excel, seguido da
aplicação do índice de Shannon-Warner para obter a diversidade de peixes em cada
ponto de coleta e feito um gráfico de dispersão no Excel para o cruzamento de
dados da salinidade com a diversidade em cada ponto de coleta tendo a dispersão
como produto final deste cruzamento de dados.
5.5 Avaliações dos impactos da salinidade na pesca no estuário do Rio
Apodi/Mossoró.
Os impactos causados foram analisados pelo método check-list, adaptado de
SANTOS, 2004, que instrui a listar os fatores e analisar os impactos ambientais que
são causados.
7- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 01 está descrito os resultados para a diversidade de espécies de
acordo em cada ponto. O P1 (Foz do estuário), com 35g/L-¹ de salinidade,
apresentou uma maior diversidade de espécies e de peixes capturados; ao todo
foram 10 peixes, divididos em 6 espécies diferentes, cabendo destacar a Tainha
(Mugil cephalus) que esteve presente nos dois pontos iniciais; capturados 5
indivíduos no P1 e 3 indivíduos no P2 (Salina Caenga), mostrando que nesses
pontos, a salinidade não influi diretamente na sua dispersão ao longo do estuário. A
Ubarana (Albula nemoptera Fowler, 1911) também foi capturada nos dois pontos;
interessante destacar que no P2 foi capturado mais indivíduos que no P1, mostrando
que suporta à variação da salinidade.
26
Tabela 01: Índice de diversidade de Shannon-Weaver
Fonte: Elaborado pelo autor
A carapeba-branca (Diapterus rhombeus Cuvier, 1829) também se mostrou
presente nos ponto iniciais (entre 35 g/L-¹a 70 g/L-¹), confirmando que também para
a espécie a variação inicial da salinidade não é uma barreira para impedir a sua
dispersão. Outras espécies como o linguado (Monolene antillarum Norman, 1933), o
pampo (Trachinotus carolinus Linnaeus, 1766), o peixe-espada (Trichiurus lepturus
Linnaeus, 1758) só estiveram presentes no P1, mostrando que suportam apenas a
salinidade inicial presente no estuário que é de 35 g/L-¹, mesmo nível de salinidade
do mar.
O índice de Shannon-Weaver (TAB 01) comprova a diversidade de cada
espécie em cada ponto. A espécie que teve um índice mais alto foi a tainha (Mugil
c.) que obteve 0,35 e 0,37 de diversidade em cada ponto, o que mostra que a tainha
é uma espécie em maior quantidade na assembleia de peixes do estuário do Rio
Apodi/Mossoró. Já a ubarana (A. nemoptera) presente nos dois primeiros pontos, no
P1 a 0,23 e surpreendentemente a 0,35 de índice de diversidade no P2.
A carapeba-branca (D. rhombeus.) obteve no P1 0,23 e no 0,30 de índice de
diversidade, mostrando que, estas 3 espécies se sobrepõe as outras no quesito
dispersão, pois apresentaram uma boa diversidade na assembleia de peixes em
dois pontos no estuário do rio Apodi/Mossoró.
27
As demais espécies, só atingiram 0,23 de índice de diversidade na
assembleia de peixes no P1, onde a predominância marinha é maior, justificando a
presença destas espécies no local. O linguado, o pampo e o peixe-espada não tem
hábitos de adentrarem muito no estuário, por isso estão presentes apenas no ponto
inicial da coleta.
Por fim o ponto 3 (salina Santa clara) não está expressado na tabela por que
não houve captura de nenhuma espécie de peixe no ponto de coleta devido à alta
taxa de salinidade 100g/L-1 .
Na tabela 02 (TAB 02) podemos ver até quanto de salinidade pode aguentar
cada espécie, descrito por autores diferentes.
Tabela 02: Até que nível de salinidade suportam as espécies capturadas
Fonte: Elaborado pelo autor
Espécies Níveis de salinidade
suportados
Autores que
descreveram
Linguado (Monolene
antillarum Norman,
1933)
35g/L-¹ a 45g/L-¹ ROBINS et al,. 1986.;
CERVIGÓN et al,
1992.
Tainha (Mugil cephalus) 35g/L-¹ a 80g/L-¹ RIEDE, K. 2004.;
ALBARET, J - J.
2003.
Ubarana (Albula
nemoptera Fowler,
1911).
35g/L-¹ a 70g/L-¹ CERVIGÓN et al.,
1992.; ROBINS et al,.
1986.
Peixe-espada
(Trichiurus lepturus
Linnaeus, 1758)
35g/L-¹ a 40g/L-¹ RIEDE, K. 2004.;
NAKAMURA et,.
2004.
Carapeba-branca
(Diapterus rhombeus
Cuvier, 1829)
35g/L-¹ a 40g/L-¹ CERVIGÓN, F. 1993.;
CERVIGÓN et al.,
1992.;
Pampo Trachinotus
carolinus Linnaeus,
1766)
35g/L-¹ a 40g/L-¹ CHUENG et,. 2013.;
RIEDE, K. 2004.
28
Abaixo na Figura 02 podemos ver as 6 espécies de peixes capturados nos
pontos 1 e 2 de coleta no estuário do Rio Apodi/Mossoró.
Figura 03: A - Linguado: B - peixe espada; C - pampo; D - tainha; E - carapeba-branca; F - ubarana.
A) B)
C) D)
E) F)
Fotos:Acervo do autor
Como podemos observar nos resultados acima, só se tem peixes disponíveis para
a pesca nos primeiros pontos de coleta, observando assim que o gradiente de
salinidade influência sobre a distribuição das espécies ao longo do estuário. Abaixo
29
foi feito uma tabela (TAB 03) listando o que provocou essa variação da salinidade
para a pesca na região.
Tabela 03: check-list dos impactos causados pela salinidade
FATOR IMPACTO
Salinidade Êxodo de pescadores
Salinidade Não crescimento de mangue na
margem do estuário
Fonte: Elaborado pelo autor
Abaixo na figura 04 (FIG 04) podemos ver o êxodo de pescadores que viviam
nas margens do estuário, que, tiravam seu sustento através da pesca, sobrevivendo
a partir dos peixes que chegavam aquele local, que, hoje não chegam mais devido
ao grau de salinidade ser muito alto. Essa casa de pescador vazia, se encontra
próximo ao Ponto 3.
Figura 04: Casa de pescador fechada e abandonada as margens do estuário
Foto: Acervo do autor
Logo em seguida, caracteriza-se a falta de vegetação nas margens do
estuário, como podemos ver na figura 05 (FIG 05), o que causa um segundo impacto
no estuário, que é o assoreamento do leito do rio, ocasionando assim uma maior
salinização, já que, os minerais e nutrientes provenientes do solo, contribuindo
assim para que os peixes não se dispersem por todo estuário. Os peixes em sua
30
maioria, usam, as matas nas margens dos estuários para sua reprodução, no caso,
os manguezais. Os mesmo oferecem abrigo, comida, proteção e são berçários
ideias para a reprodução.
Figura 05: Margens sem vegetação no estuário
Foto: Acervo do autor
No gráfico 01 abaixo está representada a dispersão das espécies coletadas no
primeiro ponto ao longo do estuário.
Gráfico 01: Dispersão das espécies capturadas no ponto 1
Fonte: Elaborado pelo autor.
0
1
2
3
4
5
6
7
0
5
10
15
20
25
30
35
40
TAINHA UBARANA CARAPEBA PEIXE-ESPADA PAMPO LINGUADO
Qu
an
tid
ad
e d
e I
nd
ivíd
uo
s
Salinid
ade (
g/L
-1)
Título do Eixo
Dispersão Ponto 1
SALINIDADE P1 QUANTIDADE
31
No gráfico acima vemos a dispersão das espécies no ponto 1, frente sua
quantidade capturada e a salinidade como barreira. No ponto 1 a salinidade
apresentou-se em 35g/L-1, uma quantidade tolerável para as espécies que foram
capturadas no local, chamando atenção para a tainha (Mugil cephalus) que foram
capturados 6 indivíduos, o que prova que a espécies consegue se adaptar bem ao
regime de salinidade do local, não tendo maiores complicações para se dispersar. Já
as demais apresentaram só um indivíduo capturado, o que mostra uma dificuldade
em se dispersar destas espécies, mesmo estando em ambiente de predominância
marinha.
No Gráfico 02 está expressa a dispersão no ponto 2. Nota-se veemente que
apenas três espécies conseguiram se dispersar frente a variação da salinidade, esta
que dobrou, de 35g/L-1 para 70g/L-1 no ponto2. As espécies que mais conseguiram
se dispersar foram: Tainha (Mugil cephalus), Ubarana (Albula nemoptera Fowler,
1911) e Carapeba-branca (Diapterus rhombeus Cuvier, 1829), importante frisar que,
a tainha (M. cephalus) predominou essa dispersão com 3 indivíduos, mostrando que
a salinidade até 70g/L-1 não é uma barreira pra sua dispersão, a ubarana
(A.nemoptera) se dispersou também, com dois indivíduos, bem como a carapeba-
branca (D. rhombeus) com 1 indivíduo. Para essas 3 espécies o dobro de salinidade
do ponto 1 não foi problema para a suas dispersões, inclusive a ubarana
(A.nemoptera) aumentou a sua quantidade de indivíduos, de 1 para 2.
Gráfico 02: Dispersão no ponto 2.
Fonte: Elaborado pelo autor.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
TAINHA UBARANA CARAPEBA
Qu
an
tid
ad
e d
e in
div
ídu
os
Sa
lin
ida
de (
g/l-1
)
Dispersão Ponto 2
SALINIDADE P2 QUANTIDADE
32
Já no terceiro e último ponto, não houve presença da espécies que foram
capturadas no pontos iniciais, a salinidade chega a 100g/L-1 o que impede a maioria
das espécies de se dispersarem até o final do estuário.
A salinidade se mostrou como uma barreira de dispersão ao longo do
estuário, porém, no ponto 1 de coleta onde a variação inicial é de 35g/L-1 e aumenta
para 70g/L-1 no ponto 2, as espécies consegue se dispersar, porém não todas que
foram encontradas no ponto 1, chegaram ao ponto 2 e nenhuma das espécies
conseguiu chegar no ponto 3, onde a salinidade atingiu 100g/L-1. Por sua vez, a
variação da salinidade influência na pesca de modo que, muitas vezes os
pescadores que moram rio acima, tende se deslocar aos pontos mais próximos a
foz, onde se tem uma maior diversidade de peixes. Muitas vezes, abandonam a
pesca onde moram e desistem de ir atrás dos peixes rio abaixo. Outro impacto é
que, com o alto teor de salinidade, as margens em algumas partes ficam
desguarnecidas de vegetação, ou seja, a salinidade alta, inibe o crescimento da
vegetação natural, desprotegendo as margens e sem habitats para que haja a
reprodução dos peixes que povoam o rio preferem os locais onde a essa vegetação,
principalmente de mangue.
8- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão bibliográfica feita da área de estudo, esclareceu muito no contexto
do funcionamento de ecossistemas hipersalinos, como no caso o estuário do Rio
Apodi/Mossoró, ajudando a entender como se comporta, quais seres abrigam e
quais as variações por fatores bióticos e abióticos que existem nele.
A partir dos resultados alcançados na pesquisa, podemos ver o quão a
variação da salinidade ao longo do estuário, afeta a diversidade e dispersão de
peixes, bem como na pesca ao longo do estuário, o que acarreta vários impactos,
como o êxodo dos pescadores por falta de peixes em locais onde a salinidade é
muito alta, falta de vegetação nas margens que influencia na falta de abrigo para as
espécies se reproduzir.
Apesar de a salinidade ser uma barreira de dispersão, provou-se que o
estuário tem uma grande potencial pesqueiro em seu início, fomentando assim a
economia local com a atividade pesqueira, porem, do outro lado, os pescadores rio
acima, onde a salinidade é uma grande barreira para os peixes, precisam se
deslocar até quase a foz para realizar pesca, o que quase nunca compensa.
33
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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