Upload
tranquynh
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
JESSICA NAYARA VIEIRA PAULINO
PREVALÊNCIA DE QUEILITE ACTÍNICA E FATORES ASSOCIADOS: Uma
Revisão Sistemática
NATAL/RN
2015
JESSICA NAYARA VIEIRA PAULINO
PREVALÊNCIA DE QUEILITE ACTÍNICA E FATORES ASSOCIADOS: Uma
Revisão Sistemática
Trabalho de conclusão de curso apresentado na graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Cirurgião-Dentista. Orientador: Prof. Dr. Dyego Leandro Bezerra de Souza
NATAL/RN
2015
JESSICA NAYARA VIEIRA PAULINO
PREVALÊNCIA DE QUEILITE ACTÍNICA E FATORES ASSOCIADOS: Uma
Revisão Sistemática
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como exigência
para obtenção do título de graduação em
Odontologia.
Aprovada em ___/___/_____
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Dyego Leandro Bezerra de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Orientador)
______________________________________________ Profª. Drª. Maria Ângela Fernandes Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Membro)
________________________________________________
Profª. Drª. Éricka Janine Dantas da Silveira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Membro)
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
Paulino, Jessica Nayara Vieira.
Prevalência de queilite actínia e fatores associados: uma revisão sistemática /
Jessica Nayara Vieira. – Natal, RN, 2015.
18f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Dyego Leandro Bezerra de Souza.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de
Odontologia.
1. Queilite - Monografia. 2. Epidemiologia - Monografia. 3. Prevalência -
Monografia. I. Souza, Dyego Leandro Bezerra De. II. Título.
RN/UF/BSO Black D65
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ 1
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 3
RESULTADOS....................................................................................................... 4
DISCUSSÃO........................................................................................................... 10
CONCLUSÃO......................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 12
1
PREVALÊNCIA DE QUEILITE ACTÍNICA E FATORES ASSOCIADOS: Uma
Revisão Sistemática
PREVALENCE OF ACTINIC CHEILITIS AND ASSOCIATED FACTORS: A Systematic Review of the Literature
Jessica Nayara Vieira Paulino1
Dyego Leandro Bezerra de Souza2
Camila Alves dos Santos Siqueira3
1Aluna da Graduação do Curso de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil.
2Departamento de Saúde Coletiva, Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil.
3Mestranda no Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil.
RESUMO
Introdução. A queilite actínica (AC) detém relevância clínica e acadêmica, pois
o carcinoma de células escamosas no lábio é precedido dessa alteração. Essa
revisão sistemática visa conhecer a prevalência de queilite actínica e fatores
associados. Métodos. A literatura foi buscada usando as bases de pesquisa
Pubmed/Medline, Scopus, Web of science, Scielo, PAHO, WHOLIS, Lilacs,
Medcaribe e Cochrane Library. A avaliação da qualidade dos estudos foi
realizada. Resultados. A prevalência de AC na população geral variou de 1,0%
e 4,6% e nos que trabalhavam expostos ao sol, a prevalência variou de 9,6% a
43,2% e foi maior nos indivíduos que se associam com fatores, como pertencer
ao sexo masculino, o etilismo e o tabagismo. Conclusão. A prevalência de AC
foi maior nos que trabalhavam expostos ao sol e que se expõem aos fatores
associados. Nossos resultados reforçam a importância de estabelecer medidas
de prevenção e acompanhamento dos pacientes portadores desta lesão.
.
Palavras chaves: Queilite, Epidemiologia, Fatores associados, Prevalência.
INTRODUÇÃO
2
O câncer de boca é uma doença que representa um problema de saúde
pública, sendo considerado o oitavo câncer mais comum, no sexo masculino,
em todo o mundo.1 No Brasil foram registradas 4.891 mortes ocasionadas pelo
câncer de boca, atingindo 3.882 homens e 1.009 mulheres.2 Para o
desenvolvimento do câncer de boca, as células dos tecidos orais passam por
um processo denominado de transformação maligna, o que pode ocorrer por
influência de diferentes agentes carcinógenos, os quais atuam promovendo
alterações no genoma humano.3
Um tipo de agente carcinogênico é a radiação ultravioleta, que se
encontra em todos os lugares do mundo e por essa razão são comuns o
desenvolvimento de lesões pré-malignas na pele.4 A mesma pode influenciar
no surgimento de queilite actínica (QA), a qual representa uma lesão
potencialmente maligna que pode originar o surgimento do carcinoma de
células escamosas de lábio inferior (CCELI), sendo considerada a neoplasia
maligna mais comum dentre os que acometem a cavidade oral, representando
assim, 25-30% dos casos.5
Em 95% dos casos, o carcinoma de células escamosas no lábio é
precedido de uma lesão potencialmente maligna denominada de queilite
actínica do tipo crônica, que acomete prioritariamente a região do vermelhão do
lábio inferior. Apesar de possuir um diagnóstico subjetivo, a QA possui vários
aspectos clínicos definidos, podendo surgir como uma bolha, úlcera, como
áreas eritroplásicas, placas queratóticas, áreas descamativas e fissuradas.6-9
A exposição à radiação precisa ser prolongada e de intensidade alta
para desenvolver das lesões. Por essa razão, a queilite actínica é
diagnosticada, na maioria das vezes após os 50 anos de idade, atingindo mais
pacientes de cor de pele clara.6,10 Nesse sentido, medidas preventivas para
esta população devem ser adotadas, como a utilização de chapéu e protetor
solar labial ao se expor ao sol.
A prevalência desta lesão é de 2,4% na população geral e quando o
público alvo é composto por pessoas que trabalham expostas ao sol, essa
prevalência varia de 15,5-16,7%.11-13 Portanto, faz-se necessária a elaboração
de uma abordagem crítica visando conhecer a prevalência de QA e seus
fatores associados, de modo que auxilie os estudos acadêmicos, com as
evidências científicas mais recentes em relação à prevalência desta lesão em
3
diferentes realidades, visto que na literatura são encontradas prevalências
divergentes em grupos de estudo semelhantes, além de que poucos estudos
relacionam o nível de escolaridade e renda com o índice de desenvolvimento
dessa lesão, o que compromete o conhecimento sobre a capacidade dos
indivíduos de serem instruídos quanto aos cuidados com a saúde bucal,
autoexame e de possuir recursos financeiros para adquirir os produtos
necessários para a proteção solar.
MATERIAIS E MÉTODOS
Estratégia de busca
Estudos relativos a esta revisão foram identificados por uma busca
abrangente nas bases de pesquisa Pubmed/Medline, Scopus, Web of science,
Scielo, PAHO, WHOLIS, Lilacs, Medcaribe e Cochrane Library, utilizando a
BIREME, de 1989 a 2014.
As estratégias de busca completas estão incluídas na Tabela 1. A última
pesquisa foi realizada em 14 de setembro de 2014.
Seleção dos estudos
Todos os artigos recuperados foram rastreados para título e resumo por
dois pesquisadores independentes (J. N. V. P. e C. A. S. S.) na primeira etapa
de seleção. Em caso de desacordo ou dúvida, um terceiro pesquisador foi
consultado.
Os estudos incluídos foram os que relatavam a prevalência de queilite
actínica. Após esta primeira etapa, os estudos foram lidos na íntegra e
selecionados ou excluídos da revisão.
Avaliação da qualidade do estudo
Todos os artigos incluídos foram criticamente avaliados em relação à
qualidade metodológica e o risco de viés. A partir de cada estudo, a análise de
dados foi realizada de acordo com o STROBE checklists, por dois
pesquisadores independentes (J. N. V. P. e C. A. S. S.) e foi calculado o kappa
para verificar a concordância entre os critérios avaliados. Em caso de
desacordo ou dúvida, um terceiro pesquisador foi consultado.
4
Cada estudo recebeu 01 (um) ponto quando cumpriu o critério e se não
obedeceu 0 (zero), quando não atendia as exigências do critério. Os estudos
foram excluídos quando o “não” foi marcado em 05 (cinco) itens ou mais. A
associação foi avaliada a partir da razão de prevalência (RP) ou odds ratio
(OR).
Tabela 1 Estratégias de busca
Base Científica Pesquisa
LILACS "QUEILITE/EP" or "QUEILITE/CO" [Descritor de assunto] and not "REVISAO" [Tipo de publicação] and not "RELATOS DE CASOS" [Tipo de publicação] “QUEILITE” [Palavras]
PUBMED/MEDLINE ("Cheilitis/epidemiology"[Mesh]) OR ("Cheilitis/complications"[Mesh] OR) and not reviw and not case reports cheilitis and prevalence [PubMed]
SCIELO QUEILITE [Todos os índices]
WEB OF SCIENCE Título: ("Cheilitis "OR "Cheilitis") NOT Tópico: (reviw) NOT Tópico: (case reports) Refinado por: Categorias do Web of Science: ( DENTISTRY ORAL SURGERY MEDICINE ) AND Tipos de documento: ( ARTICLE ) Tempo estipulado: Todos os anos. Índices: SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI, CPCI-S, CPCI-SSH. Tópico: (cheilitis AND prevalence)
SCOPUS TITLE-ABS-KEY (cheilitis AND epidemiology OR cheilitis AND complications) AND (LIMIT-TO(DOCTYPE, "ar")) AND (LIMIT-TO (SUBJAREA, "DENT")) TITLE-ABS-KEY (cheilitis AND prevalence)
PAHO Não possui índice “queilite” e “cheilitis”.
WHOLIS Não possui índice “queilite” e “cheilitis”.
COCHRANE QUEILITE [Todos os índices]
MEDCARIBE Não possui índice “queilite” e “cheilitis”.
RESULTADOS
Resultados da busca
A pesquisa bibliográfica resultou em uma lista de 528 publicações (após
remoção dos duplicados), desses, 514 artigos foram excluídos na triagem dos
títulos e resumos e 02 estudos foram incluídos por meio de busca manual.
5
Logo, 16 preencheram todos os critérios de inclusão e após o exame do texto
completo, todos foram incluídos para análise (Figura 1). Após a realização do
checklist da STROBE, o kappa calculado foi de 0,916 e 06 artigos foram
excluídos por não atingirem a pontuação mínima necessária, logo, 10 estudos
foram incluídos na presente revisão sistemática.
Os estudos incluídos
As características dos estudos incluídos estão apresentadas na Tabela
2. Os estudos são seccionais, com o número de amostra por estudo variando
de 111 a 1.539 indivíduos.
Fig. 1 Processo de pesquisa bibliográfica
Artigos identificados após a busca
realizadas nas bases de dados
(n = 840)
Bli
nd
ag
em
Inclu
ído
s
Ele
gib
ilid
ad
e
Ide
nti
fic
aç
ão
Artigos incluídos por meio de busca
manual
(n = 02)
Artigos restantes após a remoção dos
duplicados
(n =312)
Total parcial de artigos
(n = 530)
Artigos excluídos
(n = 514)
Artigos após leitura de
texto completo avaliados
para elegibilidade
(n = 16)
Artigos após leitura de
texto completo excluídos,
com razões
(n = 6)
Estudos incluídos para a
realização da revisão
sistemática
(n = 10)
6
7
8
9
Prevalência de queilite actínica
A prevalência de queilite actínica na população de maneira geral é baixa
quando comparada á populações específicas, visto que uma análise feita em
dois estudos, com amostras de 118 e 394 indivíduos, as taxas de prevalência
foram de 4,6% e 1,0%, respectivamente.14-15
Em relação a trabalhadores que exercem atividades expostos ao sol, a
prevalência de QA aumenta. Na análise feita em sete estudos, com amostras
de 111, 202, 210, 240, 362, 566 e 1.539 trabalhadores, as taxas de prevalência
foram de 43,2%, 39,6%, 11,4%, 16,7%, 15,5%, 43,0% e 9,6%,
respectivamente.12, 13, 16-20
Outro estudo realizado em indivíduos longevos mostrou uma prevalência
de QA baixa, de 0,9%.21
Fatores associados
Quanto à distribuição da QA entre os sexos masculino e feminino, essa
lesão se mostrou mais prevalente no sexo masculino, o qual a razão de
prevalência em homens foi de 2.72 (IC 95%: 1.52–4.90) e outro estudo aponta
a OR de 1.39 (IC 95%: 0.65-2.96).13,17
Em relação à faixa etária mais acometida por essa condição, dois artigos
apontam a RP maior em indivíduos acima dos 45 anos de idade, no valor de
2.91(IC 95%: 1.40-6.04) e 2,30 (IC 95%: 1.1-4.6) e em outro estudo a OR foi de
1.77 (IC 95%: 0.89–3.51).13, 17, 18
A etnia em que a QA se mostrou mais prevalente foi a leucoderma de
acordo com dois trabalhos na literatura, com razão de prevalência 2,07 (IC
95%: 1.00–4.30), 3,20 (IC 95%: 1.5–7.0), no entanto, a etnia parda e negra é
considerada um fator de associação negativo segundo outro estudo, com OR
de 0,42 (IC 95%: 0.21-0.82) para pardo e 0,36 para negro(IC 95%: 0.15-
0.88).13, 17, 18
Quanto à exposição solar, a prevalência de QA foi alta segundo três
estudos, com valores de RP de 1,84 (IC 95%: 1.03–3.27), 8,0 (IC 95%: 1.9-
32.4) e OR de 0.65 (IC 95%: 0.04–10.6).13,17,18
A prevalência foi elevada também ao ser pesquisado os hábitos de
tabagismo e etilismo. Tabagistas ou ex-tabagistas apresentaram RP de 2,17
10
(IC 95%: 1.22–3.87), RP de 1,60 (IC 95%: 0.9-2.7) e OR de 1.1 (IC 95%: 0.60-
2.02). 13, 17, 18 Já para os etilistas, um estudo apontou a OR de 1,88 (IC 95%:
1.05-3.37). 17
Quanto à escolaridade, estudar por mais de 04 anos se mostrou como
um fator de proteção, com uma OR de 0,22 (IC 95%: 0.07-0.68). 17
DISCUSSÃO
A presente revisão sistemática evidenciou que a taxa de prevalência foi
baixa quando se avalia a população de maneira geral e indivíduos longevos,
apesar desses estudos possuírem amostras com um número de indivíduos
bem distinto que variou de 118 a 889 indivíduos. A variação no percentual da
prevalência foi baixa, de apenas 3,7%, nos estudos que avaliaram a população
geral e idosa.12,14, 15, 21
No presente estudo, há uma clara predominância da lesão em indivíduos
trabalhadores que realizam as suas atividades expostos ao sol. A maioria dos
estudos discutidos é do Brasil, um país tropical que possui dias ensolarados na
maior parte do ano. Em relação a esses indivíduos, a variação foi maior, de
modo que os estudos apresentaram prevalência de 9,6% a 43,2%. Isso pode
ocorrer devido às diferenças no tamanho da amostra e ao grau de exposição
aos fatores associados modificáveis. O tamanho da amostra variou de 111 a
1.539 trabalhadores. Em um estudo feito no interior do Brasil, com 202
trabalhadores rurais, a prevalência de QA foi de 39,6% e os autores estudaram
os fatores associados que foram expressos através da OR. Os valores da OR
para o sexo masculino de 1.39 (IC 95%: 0.65-2.96), para a etnia parda foi 0,42
(IC 95%: 0.21-0.82), negra 0,36 (IC 95%: 0.15-0.88), etilismo 1,88 (IC 95%:
1.05-3.37) e estudar mais de 4 anos 0,22 (IC 95%: 0.07-0.68) apontam uma
associação significativa positiva da QA para o sexo masculino e com o hábito
do etilismo, já os fatores da etnia mulata, negra e de escolaridade (mais de 4
anos de estudo) apresentaram-se como associados negativamente com a
lesão.17
No Nordeste do Brasil, as taxas de prevalência de QA variaram menos.
Em Sergipe, um estudo foi realizado com 210 pescadores (foi feito um estudo
piloto para cálculo da amostra) e apresentou uma RP de 8,0 (IC 95%: 1.9-32.4)
pra quem se expõe por mais de 4h ao sol, de 2,3 (IC 95%: 1.1-4.6) para faixa
11
etária acima de 45 anos de idade, de 3,2 (IC 95%: 1.5-7.0) para etnia
leucoderma e 1,6 (IC 95%: 0.9-2.7) para o tabagismo, de modo que esses
fatores apresentaram uma associação importante nessa lesão, apresentando
assim, uma taxa de prevalência de 11,4%. Outro estudo feito em Sergipe, com
uma amostra maior, de 240 trabalhadores rurais, apresentou uma taxa de
prevalência um pouco maior, de 16,7%, com uma associação significativa entre
a doença e sexo masculino com uma RP de 2.72 (IC 95%: 1.52–4.90), de 2.07
(IC 95%: 1.00–4.30) para etnia leucoderma, para idade maior que 45 anos de
2.91 (IC 95%: 1.40-6.04), exposição solar diária a mais de 8 horas de 1.84 (IC
95%: 1.03–3.27), para o tabagismo de 2.17(IC 95%: 1.22–3.87), de forma que
quanto mais esses fatores estiverem presentes, maior será a taxa de
prevalência de queilite actínica.13, 18
Como observado nessa revisão, as maiores taxas de prevalência de
queilite actínica se apresentaram em homens e em sua maioria de baixa
escolaridade. Esta maior prevalência em homens se deve ao não uso do batom
e em realizar serviços que não requerem anos de estudo, que quase sempre
são serviços expostos ao sol. De modo que os rendimentos financeiros são
baixos, levando a precárias condições de vida e ao desenvolvimento do hábito
do etilismo e do tabagismo.12, 22
Além disso, para o desenvolvimento dessa lesão potencialmente maligna,
faz-se necessária exposição solar diária e por um longo período de tempo, de
modo que a prevalência foi maior em indivíduos que apresentavam ocupações
que necessitam desse tipo de exposição solar, como em agricultores ou
pescadores, de etnia leucoderma e que se encontravam na faixa etária acima
de 45 anos de idade. De maneira que essa maior prevalência é devido não
somente aos anos de trabalho se expondo ao sol, mas pelo tipo de etnia, no
caso a leucoderma, a qual não possui muito do pigmento da melanina na pele,
já que a mesma atua protegendo o DNA humano contra a ação nociva
ocasionada pela radiação do sol, logo, a presença elevada desse pigmento em
indivíduos pardos ou negros poderia atuar como um fator de proteção e
explicaria a menor prevalência de queilite actínica neste grupo populacional. 3,
12
CONCLUSÃO
12
A partir dos resultados apresentados nesta revisão, pode-se concluir que
a variação nas taxas de prevalência de queilite actínica na população é ampla,
a depender do público estudado. Isto poderia ser devido ao diferentes critérios
utilizados para definir as amostras. As taxas de prevalência foram maiores em
indivíduos que trabalham expostos ao sol e que se associam com outros
fatores, como etnia leucoderma, hábitos de etilismo e tabagismo, faixa etária
acima de 45 anos, sexo masculino e baixa escolaridade.
Nossos resultados reforçam a importância de estabelecer medidas de
prevenção e acompanhamento dos pacientes portadores desta lesão.
REFERÊNCIAS
1. Parkin DM, Pisane P, Ferlay J. Estimates of the worlwide incidence of 25
major cancers in 1990. Int J Cancer 1999;80:827-841.
2. Instituto Nacional do Cancer. Boca. [citado 2010]. Disponível em:
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home+/boca/defini
cao. Acesso em: 14 maio 2014.
3. Choi S, Myers JN. Molecular pathogenesis of oral squamous cell carcinoma:
implications for therapy. J Dent Res 2008;87:14-32.
4. Gruijl FR. Skin Cancer and Solar UV Radiation. Eur J Cancer 1999;35:2003-
2009.
5. Hasson O. Squamous cell carcinoma of the lower lip. J. Oral Maxillofac Surg
2008;66:1259-1267.
6. Markopoulos A, Albanidou-farmaki E, Kayavis I. Actinic cheilitis: clinical and
pathologic characteristics in 65 cases. Oral Dis 2004;10:212-216.
7. Cavalcante AS, Anbinder AL, Carvalho YR. Actinic cheilitis: clinical and
histological features. J Oral Maxillofac Surg 2008;66:498-503.
13
8. Piñera-marques K, Lorenço SV, Silva LFF, Sotto MN, Carneiro PC. Actinic
lesions in fishermen’s lower lip: clinical, cytopathological and histopathologic
analysis. Clin Sci 2010;65:363-367.
9. Pires FR, Bueno RH, Alves FA, Almeida OP. Queilite Actínica: aspectos
clínicos e preventivos. Rev Assoc Paul Cir Dent 2001;55:200-203.
10. Pukkala E, Martinsen JL, Lynge E, et al. Occupation and cancer - follow-up
of 15 million people in five Nordic countries. Acta Oncol 2009;48:646-790.
11. Ho MW, Risk JM, Woolgar JA, et al. The clinical determinants of malignant
transformation in oral epithelial dysplasia. Oral Oncol 2012;48:969-976.
12. Lucena EES, Costa DCB, Silveira EJD, Lima KC. Prevalence and factors
associated to actinic cheilitis in beach workers. Oral Dis 2012;18:575-579.
13. Martins-filho PRS, Silva LCF, Piva MR. The prevalence of actinic cheilitis in
farmers in a semi-arid northeastern region of Brazil. Int J Dermatol
2011;50:1109-1114.
14. Oliveira LGS, Silva JAS, Melo MFB, Brasileiro BF. Prevalence of oral
precancerous and cancerous lesions in outpatients assisted at FBHC from 2006
to 2007. Odontol Clín.-Cient 2010;9:145-150.
15. Campisi G, Margiotta V. Oral mucosal lesions and risk habits among men in
an Italian study population. J Oral Pathol Med 2001;20:22-28.
16. Silva FD, Daniel FI, Grando LJ, Calvo MC, Rath IBS, Fabro SML.
Prevalence of lips pathologies in fisherman of Santa Catarina Island. Rev
Odonto Ciênc 2006;21:51.
17. Junqueira JLR, Bönecker M, Furuse C, et al. Actinic Cheilitis among
agricultural workers in Campinas, Brazil. Community Dent Hlth 2011;28:60-63.
14
18. Ribeiro AO, Silva LCF, Martins-filho PRS. Prevalence of and risk factors for
actinic cheilitis in Brazilian fishermen and women. Int J Dermatol 2014;53:
1370-1376.
19. Nicolini S, Ascorra C, Guzman C, Latife AV. Queilitis actinica en pescadores
artesanales de la Quinta region: prevalencia y aspectos histopathologicos
associados. Odont Chilena 1989;37:169-174.
20. Miranda AMO, Soares LG, Ferrari TM, Silva DG, Falabella MEV, Tinoco
EMB. Prevalence of Actinic Cheilitis in a Population of Agricultural Sugarcane
Workers. Acta Odontol Latinoam 2012;25:201-207.
21. Espinoza I, Rojas R, Aranda W, Gamonal J. Prevalence of oral mucosal
lesions in elderly people in Santiago, Chile. J Oral Pathol Med 2003; 32: 571-
575.
22. Fernandes PJ, Brandão VSG, Lima AAS. Prevalência de lesões
cancerizáveis bucais em indivíduos portadores de alcoolismo. Rev Bras
Cancerol 2008;54:239-244.