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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA MODELAGEM DE CORREDORES PARA CALLICEBUS COIMBRAI E CALLICEBUS BARBARABROWNAE, PRIMATAS AMEAÇADOS NO NORDESTE BRASILEIRO. NATAL - RN 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...570 corredores, com 30 réplicas para cada área prioritária. Foram definidos 74 fragmentos para conexão em áreas prioritárias

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

MODELAGEM DE CORREDORES PARA CALLICEBUS COIMBRAI

E CALLICEBUS BARBARABROWNAE, PRIMATAS AMEAÇADOS NO NORDESTE

BRASILEIRO.

NATAL - RN

2018

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GIESTA KRISHNA DE SAINT GEORGE

MODELAGEM DE CORREDORES PARA CALLICEBUS COIMBRAI

E CALLICEBUS BARBARABROWNAE, PRIMATAS AMEAÇADOS NO NORDESTE

BRASILEIRO.

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

graduação em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre em

Ecologia.

Orientadora: Prof.ª. Drª. Adriana Monteiro de Almeida

NATAL - RN

2018

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Saint George, Giesta Krishna de. Modelagem de corredores para Callicebus Coimbrai e Callicebus Barbarabrownae, primatas ameaçados no Nordeste brasileiro / Giesta Krishna de Saint George. - Natal, 2018. 58 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ecologia. Orientadora: Profa. Dra. Adriana Monteiro de Almeida. 1. Primatas - Giguó - Dissertação. 2. Fragmentação - Dissertação. 3. Corredores ecológicos - Dissertação. I. Almeida, Adriana Monteiro de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE-CB CDU 599.8

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GIESTA KRISHNA DE SAINT GEORGE

MODELAGEM DE CORREDORES PARA CALLICEBUS COIMBRAI

E CALLICEBUS BARBARABROWNAE, PRIMATAS AMEAÇADOS NO NORDESTE

BRASILEIRO.

Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ecologia.

PARECER:

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Adriana Monteiro de Almeida (Orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof. Dr. Eduardo Martins Venticinque (Titular) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Dr. Leandro Jerusalinsky (Titular) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

NATAL – RN 2018

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais por estarem ao meu lado, sempre.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe por todos os momentos a meu lado, sem ela eu não teria

forças. Ao meu pai por todos os aconselhamentos e apoio. Ao meu irmão por me distrair

sempre que precisei. Ao meu filho por me motivar a lutar. Agradeço ao meu companheiro

pela paciência e incentivo.

A Adriana Monteiro de Almeida pela orientação neste trabalho e nas nossas

reuniões de leitura de artigo regadas a café e chocolates, junto dos colegas de laboratório:

Maryanne Ferreira, Rosselini Evilly Vagner Vasquez e Alexandre Ribeiro. Ao Felipe

Martello e Milton Ribeiro pela disciplina Sensoriamento Remoto e SIG aplicado a

Ecologia na UNESP, e a disponibilidade para tirar dúvidas. As queridas Laura Kyoko e

Lorena Egídio pela estadia em Rio Claro. A Adriana Rosa Carvalho pelo apoio e

conversas nos corredores do Departamento.

Ao grupo Bacardí: Adriana Lima, Louize Freyre, Nadia Zamboni, Marília

Teixeira, Andressa Meireles, Isabela Leitão, Maiara Menezes e Milena Cordeiro. Por

estarem sempre presentes, apoiando umas às outras nos diversos problemas. Amo vocês.

Ao Los Mal Paridos: Creiçinho, Paulete e Rogério (Cleto, Paulo e Mauricio), Lara,

Andressa Scabin e Poliana. Foi ótimo estar juntos dividindo as agonias das atividades de

Populações, as traduções compartilhadas de Comunidade e Ecossistemas. A disciplina de

Ecologia de Campo Aquática proporcionando aquela tarde linda na praia, e Campo

Terreste a me perder com Ewaldo Leitão em Açú. Nunca me senti tão próxima a vocês

como naqueles dias. Entre uma correção e uma apresentação sempre havia um tempinho

para uma conversa e um café. Nunca vou esquecer de vocês!

Ao Grupo Ofidiário: Luan Fonseca, Clara Medeiros, Samara Medeiros, Zuleide e

Anita. E ao Grupo 24/06 do ensino médio: Sedir, Lelê, Zozó, Vini, Popoto, Fifi, Gordinho

e Neji. Ao Bruno Gomes de Noronha pelos encontros, discussões sobre o futuro e apoio.

À Carlos Fonseca e Marília Lion pelas contribuições em minha qualificação. À

Eduardo Martins Venticinque e Leandro Jerusalinsky por aceitarem compor a banca de

minha defesa de mestrado. Ao PAN Primatas do Nordeste (PAN PriNE) por todo apoio

dado tanto com dados, tanto com reuniões. Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia

da UFRN pelo ingresso no curso de mestrado. À CAPES pela concessão da bolsa de

estudos.

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SUMÁRIO

Dedicatória.........................................................................................................................5

Agradecimentos ............................................................................................................ 6

Resumo..............................................................................................................................8

Abstract ........................................................................................................................ 9

Introdução ................................................................................................................... 10

Callicebus coimbrai ......................................................................................... 12

Callicebus barbarabrownae ............................................................................ 13

Objetivo ...................................................................................................................... 15

Hipóteses .................................................................................................................... 16 Material e Métodos ..................................................................................................... 16

Identificação dos pontos de ocorrência............................................................. 17

Áreas Prioritárias para Conservação................................................................. 17

Classificação de uso do solo ............................................................................ 19

Reclassificação do uso de solo ......................................................................... 19

Modelagem de corredores ................................................................................ 22

Análise dos dados ............................................................................................ 23

Resultados .................................................................................................................. 24

Callicebus coimbrai ......................................................................................... 25

Callicebus barbarabrownae ............................................................................ 26

Callicebus coimbrai e Callicebus barbarabrownae.......................................... 34

Discussão .................................................................................................................... 37

Callicebus coimbrai ......................................................................................... 38

Callicebus barbarabrownae ............................................................................ 40

Comparação entre corredores para as duas espécies....................................... 41

Conclusão ................................................................................................................... 42

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 43

Anexos........................................................................................................................ 48

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RESUMO

A fragmentação e a perda de habitat associadas a atividades antrópicas são as causas mais

citadas de perda de diversidade biológica. A redução de habitats de florestas resulta no

isolamento de populações e no maior risco de extinção. Primatas arbóreos estão

ameaçados, principalmente pela fragmentação e perda de habitat. No presente estudo

abordamos duas espécies de primatas: Callicebus coimbrai (Primates, Pitheciidae) é

endêmico da Mata Atlântica nordestina, enquanto Callicebus barbarabrownae endêmico

da Caatinga. Ambas vivem em paisagens fragmentadas e com alto grau de isolamento,

nos estados de Sergipe e Bahia, nordeste brasileiro. O objetivo deste trabalho foi

identificar possíveis rotas de conexão entre remanescentes florestais ocupados pelas

espécies, simulando corredores ecológicos em áreas prioritárias previamente definidas

para conservação de Callicebus coimbrai (Mata Atlântica) e Callicebus barbarabrownae

(Caatinga). Foi feito um levantamento bibliográfico (2000-2016) em teses, dissertações e

bases para obtenção de pontos de ocorrência dos primatas e seleção de fragmentos para

conexão. Usamos um algoritmo de menor custo para simulação de corredores. Conexões

com base nestes algoritmos nunca foram simuladas para essas duas espécies. Para tal,

foram usadas imagens classificadas quanto ao uso de solo (MapBiomas 2016), sobre as

quais criamos superfícies de resistência para os primatas. Corredores foram simulados

para 12 áreas prioritárias para Mata Atlântica e sete para Caatinga. Ao todo, simulamos

570 corredores, com 30 réplicas para cada área prioritária. Foram definidos 74 fragmentos

para conexão em áreas prioritárias de C. coimbrai e 36 em áreas prioritárias de C.

barbarabrownae. A maior cobertura de uso do solo nas áreas prioritárias na Mata

Atlântica foi de Agricultura ou Pasto (60,37%), enquanto na Caatinga foi Floresta Aberta

(52,16%). Polígonos de áreas prioritárias na Caatinga são maiores que os em Mata

Atlântica, assim como o número de fragmentos de Floresta arbórea em cada uma. No

entanto, a densidade de fragmentos de floresta foi maior na Mata Atlântica, indicando alta

fragmentação. Corredores ecológicos tiveram comprimento e custos semelhantes na

Caatinga e Mata Atlântica. Mesmo assim, paisagens na Caatinga são em geral mais

permeáveis à travessia das espécies estudadas, pois apresentam maior proporção de

cobertura por Floresta Aberta, em relação à Mata Atlântica que apresenta maior proporção

de Agricultura ou Pasto, que é menos permeável. Recomendamos ações de conservação

prioritariamente para a espécie C. barbarabrownae, que é classificado como

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“criticamente em perigo” de extinção. Para Callicebus coimbrai recomendamos a

implantação de stepping stones para diminuir os problemas relacionados à pouca

permeabilidade da matriz a qual está inserido.

Palavras-chave: Guigó, fragmentação, perda de habitat, corredores ecológicos, Algoritmo

de menor custo.

ABSTRACT

Fragmentation and habitat loss combined with anthropic activities are the most cited

causes of biological diversity loss. The reduction of forest habitats results in population’s

isolation and a greater extinction risk. Arboreal primates are threatened mainly by

fragmentation and habitat loss. We studied two arboreal primate species: Callicebus

coimbrai (Primates, Pitheciidae) is endemic to the Northeastern Atlantic Forest Biome,

while Callicebus barbarabrownae is endemic to the Caatinga Biome, northeastern Brazil.

Both species live in highly isolated fragmented landscapes, occurring in Sergipe and

Bahia states. Priority areas had been previously defined by specialists for Callicebus

coimbrai (12 areas in Atlantic Forest) and Callicebus barbarabrownae (7 areas in

Caatinga). The preset study had as objective to identify possible connection routes,

simulating corridors among forest remnants occupied by both species within priority

areas. We developed a bibliographic survey (2000-2016) in thesis, dissertations and

internet bases to obtain the species’ occurrence points. To simulate corridors, we used a

least cost route algorithm. Connections based on these algorithms have never been

simulated for these two species. Corridors were simulated on resistance surfaces created

on land-use classified images (MapBiomas 2016). Corridors were simulated in all

available priority areas. In sum, we simulated 570 corridors (30 replicates for each priority

area). A total of 74 fragments were identified for connection in priority areas of C.

coimbrai and 36 in priority areas of C. barbarabrownae. The largest land use cover in

priority areas in the Atlantic Forest was Agriculture or Pasture (60.37%), while in

Caatinga it was Open Forest (52.16%). Priority areas in Caatinga are larger than those in

Atlantic Forest. There are more forest fragments in Caatinga than in Mata Atlântica. On

the other hand, the Atlantic Forest showed a higher density of forest remnant, indicating

higher fragmentation. Ecological corridors had similar length and costs both in Caatinga

and Mata Atlântica. In general, Caatinga landscapes are more permeable to the studied

species, presenting a larger cover Open Forest. In the Atlantic Forest there is a larger

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cover of Agriculture or Pasture, which is less permeable. We recommend conservation

actions primarily for C. barbarabrownae, which is classified as "critically endangered".

For C. coimbrai we recommend stepping stones implementation to the matrix low

permeability in which it is inserted.

Key words: Guigó, fragmentation, habitat loss, ecological corridors, Least cost path

INTRODUÇÃO

A fragmentação e perda do habitat são associadas às atividades humanas e ao uso

da terra em muitas regiões do planeta (Turner, 2005), resultando em uma das mais citadas

causas da extinção de espécies e perda da diversidade biológica em estudos de Biologia

da Conservação (D´Eon et al. 2002). Como consequência, a fragmentação e perda de

habitat afetam negativamente a dispersão de espécies, sucesso reprodutivo, interrupção

do fluxo gênico entre outros fatores (Bélisle et al; 2001, Donovan et al; 1995), alterando

a riqueza, distribuição e abundância de espécies (Forero-Medina e Vieira, 2007),

aumentando a propensão à extinção (Fischer & Lindenmayer, 2007).

A conexão de fragmentos de floresta através de corredores ecológicos, ou

corredores de biodiversidade, representam uma estratégia eficaz para a conservação em

biomas altamente fragmentados (Ruiz-Esparza, 2014, Santos et al; 2016). Corredores

possibilitam a dispersão de animais, a comunicação entre manchas de florestas

melhorando significativamente a persistência de metapopulações (Lees & Peres, 2007).

Diversos trabalhos têm demostrado a eficiência de corredores ecológicos para

conservação. Anderson (1997) em um estudo sobre o uso de corredores e ecologia

alimentar de ursos negros, no Texas (EUA) indicou que estes preferiram usar manchas

florestais e corredores, em relação a matriz. No estudo, a área de estudo continha manchas

florestais cercadas por campos agrícolas de milho, soja, algodão, trigo, e outros grãos,

sendo pouco “amigável” à espécie estudada. Damschen e colaboradores (2006)

observaram, entre os anos de 2001 a 2005 em Savannah River Site na Carolina do Sul

(EUA), o efeito dos corredores sobre a diversidade de espécies de plantas, estudando seis

paisagens experimentais com 50ha, contendo manchas isoladas e manchas conectadas. O

aumento da diversidade de espécies de pinheiros de folha longa e deposição de sementes

nas manchas conectadas, foi mais alto logo no primeiro ano de experimento.

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Primatas também se beneficiam de corredores. Um estudo feito na Reserva de la

Biosfera Los Tuxtlas, México, mostrou que Corredores de vegetação podem melhorar

significativamente a persistência de metapopulações de primatas de Alouatta palliata

mexicana (Escobedo-Morales e Mandujano, 2007). Luckett e colaboradores (2009)

demonstraram, em um estudo sobre influência de corredores em primatas (Cebus

capucinus, Ateles geoffroyi, Alouatta palliata), na Zota Biological Field Station, Costa

Rica, em que a introdução de espécies de plantas não-nativas ao habitat aumentou as

fontes alimentares nos corredores durante períodos de escassez de frutos nativos,

aumentando as taxas de nascimento e sobrevivência.

No Brasil, a região Nordeste possui dois grandes Biomas fortemente afetados pela

perda de habitat e fragmentação. A Mata Atlântica, bioma formado por floresta úmida, é

um dos hotspots mais fragmentados do mundo, possui aproximadamente 11,4% a 16%

de sua área original (considerando apenas fragmentos acima de 3 hectares), se estendendo

do Piauí ao Rio Grande do Sul (Ribeiro et al; 2009, SOS Mata Atlântica, 2015). É um

hotspot de Biodiversidade devido ao grande número de espécies endêmicas, apresentando

2,7% das espécies de plantas e 2,1% de espécies de vertebrados do mundo (Myers et al.

2000).

A Caatinga, bioma formado por ambiente semiárido, tem sofrido crescente

fragmentação, com 62,77% de cobertura vegetal remanescente (MMA, 2016), este bioma

está presente nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,

Alagoas, Sergipe, Bahia e em parte do Nordeste de Minas Gerais. É um bioma com alta

densidade populacional, com aproximadamente 15% da população brasileira vivendo

nela (Lundgren et al; 2015). A presença humana está associada a queimadas, cultivo de

algodão, criação de gado e exploração de lenha, que alteraram a composição e estrutura

da vegetação, deterioram o solo, podendo levar à desertificação (Costa et al; 2009).

No presente trabalho iremos estudar duas espécies de primatas do Gênero

Callicebus. Callicebus coimbrai (Kobayashi & Langguth, 1999) é endêmico da Mata

Atlântica e considerado “em perigo” de extinção (EN) (MMA, 2014; IUCN, 2017), e

Callicebus barbarabrownae (Hershkovitz, 1988) é endêmico da Caatinga e é classificado

como “criticamente em perigo” de extinção (CR) (MMA,2014; IUCN, 2017).

São animais de hábito arbóreo com reduzido tamanho populacional, tendo

distribuição restrita a escassos remanescentes florestais, onde são encontrados em

pequenas subpopulações isoladas, sendo alvo de caça ou uso como animais de estimação

(IUCN, 2017). O risco de morte entre os jovens é intensificado pois apresentam dispersão

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ao chegar à maturidade sexual, e com frequência são obrigados a dispersar entre

fragmentos isolados (Ferrari et al; 2013). Casos de dispersão através da matriz

antropizada têm sido reportados e parece haver maior mortalidade nesta fase da vida,

quando comparado à dispersão de juvenis em floresta contínua (Ferrari et al; 2013).

Como tentativa de conservação de espécies de primatas no nordeste brasileiro, um

workshop acontecido em 2016 sugeriu 12 polígonos de áreas prioritárias para Callicebus

coimbrai e cinco polígonos de áreas prioritárias para Callicebus barbarabrownae (ver

tópico “Áreas Prioritárias para Conservação” em Material e Métodos para detalhes). A

definição de áreas prioritárias de ação governamental é relativa à “qualidade e equilíbrio

ecológico, que atendam aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Territórios e dos Municípios” (Brasil, 1981). As áreas prioritárias definidas no workshop,

são áreas com ocorrência atual e com potencial para conservação das espécies, contendo

ainda remanescentes florestais.

Callicebus coimbrai

Callicebus coimbrai (Figura 1), é endêmico da Mata Atlântica. Pode pesar pouco

mais de 1 kg e medir até 85 cm. Forma grupos de 2 a 6 indivíduos, que inclui um casal

monogâmico e seus filhotes. Existe dispersão ao chegar à maturidade sexual, tanto para

machos e fêmeas (Jerusalinsky, 2013). São predominantemente frugívoros. A estimativa

populacional atual varia entre 500 a 1.000 indivíduos (IUCN, 2017). Há registro de

ocorrência em Unidades de Conservação de Proteção Integral e Uso Sustentável: Refúgio

da Vida Silvestre Mata do Junco-SE, Área de Proteção Ambiental Litoral Sul de Sergipe.

Também ocorre em áreas Privadas: Reserva Particular do Patrimônio Natural Tapera e

Bom Jardim-SE, RPPN Marinheiro e Pedra da Urca-SE (PAN, 2012).

Callicebus coimbrai é limitado aos estados de Sergipe e Bahia, com distribuição

geográfica limitada pelo Rio São Francisco na parte setentrional, ao sul pelo Rio

Paraguaçu e a oeste pela região de transição entre Biomas, denominada “Agreste” (Figura

2) (Jerusalinsky, 2013).

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Figura 1: Indivíduo de Callicebus coimbrai (Kobayashi & Langguth, 1999), endêmico da Mata Atlântica. Fotografia de Eduardo Lacerda.

Figura 2: Área de distribuição de Callicebus coimbrai limitado ao norte pelo Rio São Francisco e ao sul pelo Rio Paraguaçu.

Callicebus barbarabrownae

Callicebus barbarabrownae (Figura 3) mede aproximadamente 80 cm e pode

pesar pouco mais de 1 kg. Formam bandos de poucos indivíduos, um casal monogâmico

e seus filhotes. Machos e fêmeas dispersam com a maturidade sexual (Jerusalinsky,

2013). Têm preferência alimentar por frutos, mas também comem folhas e invertebrados.

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Há uma estimativa populacional de cerca de 260 indivíduos em sua área de distribuição,

e não há ocorrência confirmada em unidades de conservação, apesar de ter sido registrada

ocorrência na Terra Indígena Kiriri (municípios de Banzaê e Quijingue, Bahia), onde

aparentemente há potencial para sua conservação (PAN, 2012; IUCN, 2017).

Callicebus barbarabrownae se estende para o norte ao longo do Rio São Francisco

e a oeste da Chapada Diamantina (Figura 4) (Gouveia, 2016).

Figura 3: Indivíduo de Callicebus barbarabrownnae (Hershkovitz, 1988), endêmico da Caatinga. Fotografia de André Chien Alonso.

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Figura 4: Área de distribuição de Callicebus barbarabrownae. A área está localizada na floresta sazonalmente seca Caatinga nos estados de Sergipe e Bahia, limitada pelo Rio São Francisco na parte setentrional, ao sul pelo Rio Paraguaçu e a oeste pela Chapada Diamantina.

Para ambas as espécies estudadas, a implantação de corredores ecológicos entre

fragmentos florestais pode reduzir o isolamento e possibilitar a dispersão de jovens

adultos para outras áreas de habitat. Esta dispersão será fundamental para a manutenção

das duas espécies, que se encontram ameaçadas de extinção.

Diante do que foi exposto, o objetivo do presente estudo é identificar fragmentos

com potencial de conexão para a simulação de corredores ecológicos, dentro de áreas

prioritárias para ambas as espécies de primatas estudadas. Foi usado um algoritmo que

identifica o percurso de menor custo entre dois ou mais fragmentos. Conexões com base

nestes algoritmos nunca foram simuladas para essas duas espécies.

Com as informações geradas neste trabalho, espera-se dar suporte ao “Plano de

Ação Nacional Para a Conservação dos Primatas do Nordeste”, do Ministério do Meio

Ambiente, que tem como um de seus objetivos o aumento da área e a conectividade dos

habitats de espécies ameaçadas para garantir a viabilidade populacional.

OBJETIVO

Simular corredores ecológicos para primatas em risco de extinção, Callicebus

coimbrai (Mata Atlântica) e Callicebus barbarabrownae (Caatinga), em áreas

prioritárias para conservação.

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Objetivos específicos

• Atribuir valores para os componentes da paisagem (por exemplo Floresta ou

Estrada) para simulação de travessia dos primatas, criando uma matriz de

resistência;

• Selecionar fragmentos, dentro de áreas prioritárias, para conexão através de

corredores;

• Simular corredores por meio de um algoritmo de Menor Custo.

HIPÓTESES

I – Corredores simulados em áreas de Mata Atlântica serão mais curtos que

corredores simulados em áreas de Caatinga. Tendo a Caatinga uma fisionomia com

cobertura arbustiva ou arbórea mais espaçada em relação à Mata Atlântica, a conexão

de fragmentos bons para primatas demandará corredores mais longos.

II – Corredores simulados em áreas de Mata Atlântica terão menor custo que os

simulados em áreas de Caatinga. Sendo mais curtos, corredores na Mata Atlântica

provavelmente terão menos custo.

MATERIAL E MÉTODOS

• Caracterização dos Biomas

A Mata Atlântica é uma floresta tropical úmida, composta predominantemente por

florestas tropicais sazonais úmidas e secas, campos tropicais e subtropicais, savanas e

florestas de mangue. Possui índices de precipitação que chegam a 4000mm ao ano em

áreas costeiras e 1000mm em florestas do interior (Ribeiro, 2009). É caracterizada pela

alta biodiversidade e endemismo de espécies. Está altamente fragmentada, com 80% dos

fragmentos com áreas menores que 50ha (Ribeiro et al., 2009). O histórico de exploração

neste Bioma tem início com a colonização e exploração de recursos naturais ao longo da

costa brasileira. Com o pau-brasil, cana-de-açúcar, cacau, café e posteriormente com o

crescimento populacional no século XX e a industrialização (Pereira & Alves 2007,

Jerusalinky, 2013). Neste Bioma ocorre a espécie endêmica de primata C. coimbrai que

está ameaçada de extinção (EN, IUCN 2017).

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A Caatinga é uma floresta sazonalmente seca que ocorre na região semiárida do

Brasil, conhecida pelo período de estiagem severo e com baixos índices de precipitação

(500-750 mm ao ano). As chuvas são irregularmente e distribuídas ao longo de janeiro e

maio enquanto as temperaturas variam entre 23 e 27°C (Prado, 2003). A Caatinga é uma

floresta xerófita arbóreo-arbustiva, que perde suas folhas sazonalmente. Cactos, plantas

com caules grossos, arbustos espinhosos e gramíneas adaptadas ao ambiente árido

compõem sua vegetação. A exploração de madeira ilegal, principalmente para

comercialização, assim como abertura de áreas para plantio é comum neste Bioma. Por

este motivo a caatinga arbórea é rara, esparsa e fragmentada, sendo encontrada apenas em

manchas de solos ricos em nutrientes, tornando a paisagem dominada por uma vegetação

arbustiva e não mais arbórea (Lundgren et al; 2015). Na Caatinga ocorre a espécie

endêmica de primata criticamente ameaçada de extinção C. barbarabrownae (CR, IUCN

2017).

• Identificação dos pontos de ocorrência

Foi feito levantamento bibliográfico a fim de identificar pontos de ocorrência

para as duas espécies em teses e dissertações, assim como nas bases: Web of

Science, Scielo, Google scholar e na revista Neotropical Primates. Na revista

Neotropical Primates revisamos todos os volumes entre 2000 a 2016. As palavras

chave foram os nomes das duas espécies abordadas no trabalho: Callicebus

barbarabrownae e Callicebus coimbrai.

De posse dos pontos de ocorrência, foi feita a sobreposição destes em

imagens recentes do software Google Earth®. Com este procedimento foi possível

remover pontos em fragmentos que não existem mais, corrigir pontos de ocorrência

com coordenadas erradas. Ao final do processo, foram considerados neste estudo

116 pontos de ocorrência, sendo 64 pontos para C. coimbrai (Mata Atlântica) e 52

para C. barbarabrownae (Caatinga). Não há nenhum registro de co-ocorrência entre

C. barbarabrownae e C. coimbrai.

• Áreas Prioritárias para Conservação

Todo o presente estudo foi desenvolvido em polígonos de áreas prioritárias

para as duas espécies estudadas. As áreas prioritárias utilizadas foram resultado da

“Reunião para definição de Áreas Importantes para a conservação de Callicebus

coimbrai, Callicebus barbarabrownae e Sapajus xanthosternos”, ocorrida de 05 a

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07 de outubro de 2016 no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas

Brasileiros, em João Pessoa, PB, Brasil. Na definição das áreas prioritárias foram

levadas em consideração principalmente a presença das espécies em fragmentos

florestais, assim como fragmentos florestais de boa qualidade com potencial para

recolonização. O workshop definiu 12 polígonos de áreas prioritárias para C.

coimbrai e cinco para C. barbarabrownae.

Com a sobreposição dos pontos de ocorrência nos polígonos de áreas

prioritárias, detectamos que poucos pontos de ocorrência de C. barbarabrownae

(apenas cinco) estavam incluídos nos polígonos definidos como áreas prioritárias.

Desta forma, sugerimos mais dois polígonos para C. barbarabrownae: Áreas B1 e

B2 (Figura 5), que englobam mais cinco pontos de ocorrência para esta espécie.

Como os polígonos de áreas prioritárias definidos para C. coimbrai incluíram

30 pontos de ocorrência desta espécie, não foi necessária a sugestão de novos

polígonos.

Desta forma, no presente estudo temos 12 polígonos de áreas prioritárias

para C. coimbrai e sete polígonos para C. Barbarabrownae (Figura 5).

Figura 5: Disposição de Áreas prioritárias para duas espécies de primatas no nordeste

brasileiro. Os polígonos em amarelo são referentes a espécie C. coimbrai, endêmico da Mata Atlântica. Os polígonos em vermelho são áreas prioritárias da espécie C. barbarabrownae.

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• Classificação de uso do solo

Foram utilizadas imagens dos Biomas Mata Atlântica e Caatinga do Projeto de

Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas, 2015). As

imagens são do ano de 2016 (nível 2), estão no formato tif com resolução espacial de

30m. Tratam-se de imagens Landsat 5, 7 e 8 classificadas com algoritmo Randon Forest,

em 27 classes de uso do solo para o Brasil (ver anexo 1 para classes) (MapBiomas, 2015).

De posse das imagens classificadas, foram feitos os cortes dos 19 polígonos de áreas

prioritárias (12 para C. Coimbrai e sete para C. barbarabrownae), no Programa QGIS

Desktop 2.14.18®.

• Reclassificação do uso de solo

Devido ao grande número de classes de uso do solo encontrados nos polígonos de

áreas prioritárias estudados (23 classes para a Mata Atlântica e 22 para a Caatinga) foi

decidido agrupar classes semelhantes para simplificar o processamento de dados. Desta

forma, as classes originais foram reduzidas a sete classes mais abrangentes (Ver Anexo 1

para tabela com classes).

A classe Floresta Densa foi unida às classes de Floresta e Formações Florestais

Naturais, pois é a de maior interesse para conexão dos corredores, sendo a mais

importante para os primatas estudados. Estas classes foram agrupadas com o nome de

Floresta Densa neste estudo (Classe 1). As classes Floresta Aberta e Mangue foram

agrupadas em Floresta Aberta (Classe 2). Tal classe agrupa formações vegetais naturais

abertas, ou arbórea espaçadas, com maior permeabilidade que outras classes de cobertura

para os primatas, como pastagens ou áreas de agricultura. Rios e lagos foram agrupados

em Água (Classe 3). Cidades e Rodovias foram agrupadas como Infraestrutura Urbana

(Classe 4). Uso agropecuário foi agrupado na classe Agricultura ou Pastagem (Classe 5),

englobando oito classes de uso, que nas áreas de estudo, não estavam bem definidas na

classificação usada. As classes Formações naturais não florestais, Áreas úmidas naturais

não florestais, Vegetação campestre (Campos) foram agrupadas em Campos (Classe 6).

Áreas não vegetadas, Praias e dunas e Outras áreas não vegetadas foram agrupadas em

Outras áreas não vegetadas (Classe 7) (Anexo 1).

Devido a resolução das imagens produzidas pelo projeto MapBiomas (2015) (com

pixel de 30m), nas imagens classificadas não foi possível detectar a presença de rodovias

e rios, sendo preciso anexa-las a posteriori. Informação de Rodovias na forma de shapefile

(Rodovias Federais, Federais delegadas, Estaduais e Municipais) foram obtidas no sítio

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Ministério Do Meio Ambiente (MMA, 2010). Rios foram obtidos no sítio de rios do

Brasil (compreendendo todas as massas d'água do país, naturais e artificiais e de domínio

Federal e Estadual) obtidas no sítio Agência Nacional de Águas (ANA, 2012). Rios e

rodovias foram sobrepostos a todos os polígonos estudados. Devido ao formato de linha

destes shapefiles foi adicionado buffer de 30 metros a seus pixels. Então foram

classificados respectivamente como Água (Classe 3) e Infraestrutura Urbana (Classe 4),

respectivamente.

Ao final da reclassificação, obtivemos as mesmas sete classes tanto para a Mata

Atlântica quanto para a Caatinga. As imagens reclassificadas foram usadas para gerar

mapas de resistência (ver tópico abaixo “Modelagem de Corredores”), que serviram de

base para conectar fragmentos (Tabela 1).

Tabela 1: Classes de Uso de Solo para os Biomas Mata Atlântica e Caatinga, criadas após reagrupamento de 23 classes do Projeto MapBiomas (ver anexo 1 para tabela completa com classes), seguidas dos novos valores de pixels e seus respectivos valores de resistência. Quanto mais baixos os valores de resistência, mais permeáveis são as classes para primatas arbóreos.

Classe Novos Valores de Pixel Valor de Resistência

Floresta Densa 1 1.1*

Floresta Aberta 2 20

Água 3 200

Infraestrutura Urbana 4 100

Agricultura ou Pastagem

Campos

Outras áreas não vegetadas

5

6

7

50

40

80

* O valor de 1.1 foi usado pois o algoritmo não permite que o valor de resistência seja igual ao valor do pixel original.

Para validação das imagens classificadas foram criados 50 pontos aleatórios dentro

de cada área prioritária. A validação foi feita verificando a classe atribuída a cada ponto

sorteado, se coincidia com as imagens do Google Earth ®. Foram consideradas imagens

do Google Earth ® com boa qualidade. Sendo mais recentes quando possível, e sem

nuvens e com boa resolução espacial. Do total de pontos, 555 pontos na Mata Atlântica e

303 na Caatinga foram conferidos. Não puderam ser conferidos 45 pontos na Mata

Atlântica e 47 na Caatinga pois não tinham boas imagens disponíveis, seja por cobertura

de nuvem (maioria na Mata Atlântica) ou por ser imagem antiga (maioria na Caatinga).

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Com a verificação, foi calculada a matriz de confusão e calculado o índice Kappa (Tabela

2), pela fórmula abaixo (Landis e Koch, 1977):

Índice Kappa = Observado – Esperado

1 – Esperado

A Mata Atlântica obteve índice Kappa = 0,492 que é considerado um valor Moderado

(“Moderate”). Já a Caatinga obteve índice Kappa= 0.393, considerado Justo (“Fair”),

aceitável para trabalhos em escala regional mais ampla (Landis e Koch, 1977). Um dos

fatores que pode ter contribuído para este valor foi a pouca disponibilidade de imagens

atuais da Caatinga no Google Earth ®, outro fator pode ter sido o uso de sete classes de

cobertura do solo, que tornou a validação mais complexa.

Tabela 2: Matriz de confusão das coberturas de solo classificadas da Mata Atlântica e

Caatinga, com os valores de frequência observados da imagem classificada e das Imagens de satélite do Google Earth ®.

Matriz de Confusão Mata Atlântica

Imagens de Satélite

Imag

em C

lass

ifica

da Fl_Densa Fl_aberta Campos Agri_Pas Outras Inf_Urb Água Total

Fl_Densa 76 44 2 16 0 1 0 139 Fl_aberta 0 19 1 1 0 0 0 21 Campos 0 0 0 0 0 0 0 0 Agri_Pas 36 79 42 198 0 14 5 374 Outras 0 0 0 1 0 0 0 1 Inf_Urb 0 0 0 0 0 1 0 1 Água 0 0 0 1 0 0 18 19 Total 112 142 45 217 0 16 23 555

Caatinga Imagens de Satélite

Imag

em C

lass

ifica

da Fl_Densa Fl_aberta Campos Agri_Pas Outras Inf_Urb Água Total

Fl_Densa 36 8 4 0 0 0 0 48 Fl_aberta 49 57 19 9 0 1 0 135 Campos 2 7 7 3 0 0 0 19 Agri_Pas 7 40 4 47 0 2 0 100 Outras 0 0 0 0 0 0 0 0 Inf_Urb 0 0 1 0 0 0 0 1 Água 0 0 0 0 0 0 0 0 Total 94 112 35 59 0 3 0 303

O projeto MapBiomas também avaliou a acurácia de cada classe cobertura de solo

entre os anos de 2000 e 2016. Na avaliação de pixels foi considerado válido somente

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quando dois ou três técnicos concordaram quanto à classe observada no pixel. A avaliação

da acurácia é feita usando métricas que comparam o pixel classificado com o pixel

(classe) avaliado. A acurácia geral para o Bioma Mata Atlântica foi 84,1%, enquanto que

para o bioma Caatinga foi de 63,8%.

• Modelagem de corredores

Para simulações de corredores, utilizamos um algoritmo de menor custo,

metodologia que tem sido usada como estratégia em conservação (Adriaensen et al,

2003). Algoritmos de menor custo têm origem na Teoria de Grafos, a qual simula a

conexão entre um conjunto de nós (Tambosi et al, 2014). Na presente representação, os

nós são os fragmentos que serão conectados por corredores.

Corredores frequentemente consideram a capacidade de movimento de

organismos em paisagens heterogêneas. É possível simular este ambiente em mapas de

superfície de resistência, nos quais pixels com altos valores correspondem a baixa

probabilidade de movimento ou baixa permeabilidade, e valores mais baixos, maior

permeabilidade (Ribeiro et al; 2017).

No algoritmo de menor custo, a cada unidade de paisagem (pixel) é atribuída um

valor de acordo com seus efeitos facilitadores ou inibidores no processo de deslocamento

(Ribeiro et al; 2017). Os valores dos pixels simulam características da paisagem (manchas

de habitat, matrizes, barreiras dentre outros). Esse valor é usado para calcular a

conectividade entre uma célula de origem e uma célula de destino (Adriaensen et al,

2003).

Para a simulação de corredores, primeiramente foi gerada uma imagem apenas

com os fragmentos de floresta (classe 1), tendo como produto uma imagem raster só com

manchas de floresta, em cada área prioritária. Então foi gerada uma identificação de cada

fragmento para definir quais seriam conectados ("fonte" e "alvo"), priorizando

fragmentos primeiramente com presença das espécies. Alguns fragmentos grandes a

partir de 1ha, na ausência destes, usamos os quatro maiores fragmentos do raster, com

potencial para reintrodução de indivíduos de ambas as espécies, também foram incluídos

como possíveis alvos em algumas áreas prioritárias.

Os mapas de resistência foram criados atribuindo valores maiores para as classes

menos permeáveis (Ver Tabela 1, Acima). Para atribuição dos valores de resistência,

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usamos como referência um estudo anterior com Leontopithecus rosalia em Mata

Atlântica no RJ (Ribeiro et al; 2017).

Para a simulação de corredores foi usado um script (Martello, 2016) no programa

RStudio 1.1.38. O algoritmo calcula rotas após a definição das manchas de fonte e alvo.

Para cada corredor gerado, é possível calcular a distância euclidiana entre manchas a

partir de seus centroides, o comprimento do corredor (em metros), a partir de um ponto

aleatório de cada fragmento e o custo de deslocamento sobre a Matriz de Resistência.

O valor de custo representa a medida de menor esforço (ou menor custo) calculado

de borda para borda entre as manchas selecionadas. Os valores de custo são convertidos

em uma medida de distância, multiplicando o custo pelo tamanho da célula (Martello,

2016). A cada simulação de corredor, é gerada uma rota cujo ponto de partida e chegada

são pontos diferentes e aleatórios dentro do fragmento. Como a distância entre machas é

sempre a distância euclidiana entre seus centroides, pode ocorrer de o comprimento do

corredor ser menor que a distância euclidiana em algumas simulações.

Para conexão entre manchas da classe Floresta Densa nos 19 polígonos estudados,

foram definidos um mínimo de quatro fragmentos para cada polígono. Os fragmentos

foram selecionados considerando primeiramente a ocorrência de primatas e área do

fragmento (a partir de 1 hectare). Em seguida, foram simuladas 30 réplicas (corredores)

para cada polígono (ver sequência dos processos na Figura 6).

Com os resultados obtidos, calculamos para cada espécie a densidade de manchas

por hectare para revelar a disponibilidade de fragmentos arbóreos para os primatas, o

comprimento e o custo de cada corredor criado, assim como a relação entre custo por

comprimento, para perceber quais rotas são as melhores para a conexão futura. Foi

calculada a relação entre custo por comprimento de cada corredor para demonstrar a

viabilidade dos corredores propostos em diferentes Biomas.

• Análise dos dados

Durante a análise exploratória, observamos que as variáveis não apresentaram

distribuições de dados paramétricos. Desta forma, comparamos variáveis entre as

espécies através do teste não-paramétrico de Mann-Whitney, no software Systat 12.0

(Wilkinson, 1998). As variáveis comparadas foram: área dos polígonos de áreas

prioritárias, número e densidade de manchas de Floresta Densa por polígono,

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comprimento do corredor, custo do corredor e relação entre custo por comprimento por

polígono. Para evitarmos uso de réplicas nas análises estatísticas, para cada área

prioritária foi usada a mediana do valor.

Figura 6: Sequência de processos para a execução desde trabalho.

RESULTADOS

Para o primata C. coimbrai, endêmico de Mata Atlântica, foram analisados 12

polígonos de áreas prioritárias. Algumas unidades de conservação encontram-se

inseridas, total ou parcialmente nestas áreas prioritárias. São elas: C3 – Refúgio da Vida

Silvestre da Mata do Junco, C5 – Reserva Particular Do Patrimônio Natural Do Caju, C10

- Reserva Natural Do Patrimônio Particular de Jequitibá, C11 - Reserva Natural Do

Patrimônio Natural Curió, Reserva Natural do Patrimônio Natural Olho De Fogo

Rendado, Reserva Natural Do Patrimônio Natural Mata Do Guigó. C12 – Reserva

Extrativista Marinha da Baía de Iguapé e Área de Proteção Ambiental Baía de Todos os

Santos.

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Os polígonos de áreas prioritárias de C. barbarabrownae, apesar de menos

numerosos ocuparam maior área total (ver Tabela 3, abaixo). Destas, as que possuem

Unidades de Conservação são: B1 – Terra Indígena Kiriri, Terra indígena de Massacará,

BR – Parque Nacional Chapada Diamantina, B3 - Parque Estatual das Sete Passagens,

B7 - Área de Proteção Ambiental Lagoa de Itaparica.

Ao todo, simulamos 570 corredores, sendo 30 para cada área prioritária. Foram

selecionados 74 fragmentos para conexão em áreas prioritárias de C. coimbrai e 36 em

áreas prioritárias de C. barbarabrownae.

Callicebus coimbrai

Todas as ocorrências de C. coimbrai estão inseridas no Bioma Mata Atlântica.

No total, tivemos 12 polígonos de áreas prioritárias, com área total de 499.246,7 hectares.

A cobertura dominante nas áreas prioritárias no Bioma Mata Atlântica foi Agricultura ou

Pastagem com 301404,4ha (60,37%), seguidos por Floresta Densa com 144735ha

(28,99%) e Água com 27204,48ha (5,44%) (Tabela 3). A área C10 é a maior delas

(120669,21 ha) e C8 a menor (2197,71ha). A área C10 também apresentou maior

proporção de Floresta Densa em relação às demais (47,20%) enquanto a com menor

proporção foi C2 (12,59%) (Figura 7A; Tabela 3).

O Número de Fragmentos de Floresta Densa, dentro das áreas prioritárias de Mata

Atlântica, variou de 141 a 4336, com Média Aritmética 1866,41 e Mediana de 1530

(Tabela 4). Já a densidade de fragmentos variou de 0,032 a 0,079 (fragmentos por

hectare), com Média Aritmética 0,052 e Mediana de 0,50 (Tabela 4).

Na Mata Atlântica, área de ocorrencia de C. coimbrai, simulamos 360 corredores,

com 30 réplicas cada. No geral, as réplicas geraram corredores semelhantes e sobrepostos

(Figura 8), mostrando a pouca permeabilidade das matrizes, com poucas opções de

caminhos.

O corredor mais curto ocorreu na área C8 com 5386,34m, enquanto o mais longo

teve comprimento de 62893,22m na área C10 (Tabela 5). Corredores na Mata Atlântica

tiveram Comprimento Médio 26802,45m (+17.110,28) e Mediana de 19997,28m (N =

360) (Tabela 6).

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Diferentes custos de travessia irão depender de quais tipos de cobertura de solo o

animal precisará percorrer entre os remanescentes florestais (ver metodologia para

detalhes). Nas áreas de estudo, diferentes custos foram observados, dependendo das

classes de cobertura que precisam ser atravessadas pela espécie entre os fragmentos de

interesse. A área C6 apresentou o corredor “mais barato” (menor custo) com valor de

464,53, enquanto na área C1 ocorreu o corredor “mais caro” (maior custo), com valor

6184,88 (Tabela 5).

O custo do corredor pode por si só não ser um bom indicador para o corredor, pois

um custo baixo não indica necessariamente proximidade. Desta forma, ponderamos o

custo pelo comprimento do corredor, tendo assim um valor de custo por metro a ser

percorrido pelo animal em cada ambiente (ver metodologia). Ao ponderar o custo do

corredor pelo seu comprimento, detectamos que não necessariamente corredores mais

curtos foram os mais baratos. As áreas de menores custos por metro percorrido foram em

C5, C9 e C12(Tabela 5, Anexo 2).

Os corredores de maior custo por metro percorrido ocorreram nas áreas C1, C8 e

C11. Apresentaram grandes áreas com cobertura de Pasto ou Agricultura, com 83,08%,

81,13% e 75,55% respectivamente. Estas áreas apresentaram poucos remanescentes

florestais, sendo estes pequenos e isolados. Desta forma, na região estudada de Mata

Atlântica, pudemos observar que a baixa permeabilidade da matriz e a pouca cobertura

por floresta foram importantes em aumentar o custo do corredor. Por outro lado, A

proximidade de fragmentos e maior cobertura de área de habitat foram determinantes para

o menor custo de corredores na Mata Atlântica de Sergipe e Bahia, área de ocorrência de

C. coimbrai.

Callicebus barbarabrownae

Callicebus barbarabrownae é endêmico de áreas de Caatinga, um ambiente

semiárido com longos períodos com pouca ou nenhuma pluviosidade e alta ocupação

humana (ver acima Caracterização dos Biomas).

Na Caatinga foram analisados sete polígonos de áreas prioritárias para esta

espécie, somando uma área total de 1872076,86 hectares, dos quais 370584ha (19,80%)

cobertos com Floresta Densa, 976580,01ha (52,16%) cobertos por Floresta Aberta, e

357627,96ha (19,10%) cobertos por Agricultura ou Pastagem. A área B7 é a maior

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(946797,30 ha) e B5 a menor (12079,89 ha) (Tabela 3). A área B3 apresentou maior

proporção de Floresta Densa (40,87%), enquanto B5 apresentou menor proporção de

Floresta Densa (8,12%) (Figura 7B; Tabela 3).

O Número de Fragmentos, dentro das áreas prioritárias de Caatinga variaram de

181 a 23449, com Média Aritmética de 6009,85 e Mediana de 3537. A densidade de

fragmentos variou entre 0,015 e 0,027, com Média Aritmética de 0,020 e Mediana 0,017

(Tabela 4).

No ambiente de Caatinga simulamos 210 corredores (30 em cada das sete áreas).

A área B1 apresentou o corredor mais curto, com 9249,62m, enquanto o corredor mais

longo ocorreu na área B4 com 110312,36m (Tabela 5). Corredores na Caatinga tiveram

em média comprimento 43815,387m (+40183,059; n =210) e mediana de 16566,430m

(Tabela 6).

Dentre os corredores obtidos nas simulações, o corredor de menor custo ocorreu

na área B4 com 643,35. Na área B7 encontramos o corredor “mais caro” (maior custo)

com 5782,81 (Tabela 5). A área B4 é grande (140746,41ha) e com alta cobertura de

floresta aberta (47,74%) (Figura 7B, Tabela 3). Já a área B7 possui a maior área de todas,

e mesmo com a alta cobertura de Floresta Aberta (62,95%) (Figura 7B, Tabela 3) há

corredores que atravessam estradas, o que torna o custo muito mais alto.

As áreas de corredores com menor custo por metro percorrido foram B4 e B2

(Tabela 5). A área B4 apresentou o maior comprimento de corredor (111.444,27m) no

entanto seu custo por metro foi o menor (0,005) devido à alta cobertura de Floresta Aberta

(47,73%). O polígono B2 possui 60,73% (Floresta Densa e Floresta Aberta juntas) de área

considerada permeável, para o primata. Assim, os fragmentos na Caatinga que possuem

em seu entorno Caatinga Arbustiva, tornaram o custo de travessia menor, facilitando a

permeabilidade da matriz.

Os corredores com maior custo por metro percorrido ocorreram nas áreas B3 e

B5. O polígono B3 é recortado por algumas estradas, o que tornou o custo de travessia

alto. Um segundo fator foi o fato de os fragmentos a serem conectados serem alongados

apesar de grandes. Como cada corredor parte de um ponto aleatório no fragmento,

fragmentos alongados podem gerar corredores longos. Já a área B5 foi a menor área

prioritária sugerida para esta espécie, com 12079,89ha, com 50,69% de cobertura de Pasto

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ou Agricultura (Figura 7). A matriz com baixa permeabilidade foi o motivo do alto custo

de travessia. A

B

Figura 7: Proporção das classes de cobertura encontradas nas áreas prioritárias. A - Para C.

Coimbrai, na Mata Atlântica Nordestina. B – Para C. barbarabrownae na Caatinga. classes de

uso do solo após reagrupamento de imagens MapBiomas (2015), (ver Anexo 1 para tabela

completa). Observe diferentes escalas de área de habitats para cada espécie.

0

20

40

60

80

100

120

140

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12

Clsa

sses

de

uso

do so

lo p

or p

olíg

ono

por

Hec

tare

x10

00

Polígonos de áreas prioritárias de C.coimbrai

OutrasCamposAg.PastoInf.UrbanaÁguaF.AbertaF.Densa

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

B01 B02 B03 B04 B05 B06 B07

Clsa

sses

de

uso

do so

lo p

or p

olíg

ono

por

Ha

x100

0

Polígonos de áreas prioritárias de C.barbarabrownae

CamposAg.PastoInf.UrbanaÁguaF.AbertaF.Densa

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Tabela 3: Características das Áreas Prioritárias: Espécie estudada, coordenadas do centroide do polígono em WGS 84/ UTM zona 24 L, Área total em Hectare 1 e Porcentagem de cada classe em ordem Floresta Densa, Floresta Aberta, Água, Infraestrutura Urbana, Agricultura ou Pastagem, Campos e Outras áreas não 2 vegetadas. Apresentamos também o total da área dos polígonos e das classes em hectares e porcentagem. 3

Long(UTM) Lat(UTM) Area_ha Classe 1 (Floresta Densa)

(%)

Classe 2 (Floresta Aberta)

(%)

Classe 3 (Água)

(%)

Classe 4 (Infraestrutura

Urbana) (%)

Classe 5 (Agricultura

ou Pastagem)

(%)

Classe 6 (Campos)

(%)

Classe 7 (Outras

áreas não vegetadas)

(%) C. coimbrai

C1 755446,27 8853411,36 39474,36 12,71 0,15 1,87 1,84 83,08 0,16 0,19 C2 749268,4 8832141,18 12610,44 12,59 0,17 0,89 1,10 83,73 1,29 0,23 C3 713676,25 8835081,14 28534,50 17,92 0,07 0,02 2,09 79,73 0,02 0,14 C4 719693,15 8807861,55 19583,55 18,24 7,18 2,26 2,33 68,59 0,99 0,40 C5 689285,74 8777481,95 76581,00 19,04 6,34 5,68 3,86 63,89 0,62 0,57 C6 673399,85 8743074,01 11217,69 27,31 24,33 14,00 0,57 33,09 0,67 0,03 C7 655298,19 8738216,72 5952,06 27,86 0,21 0,77 1,73 69,39 0,01 0,04 C8 659314,75 8731063,35 2197,71 16,63 0,14 1,45 0,65 81,13 0,00 0,01 C9 635470,78 8697666,08 20448,99 31,12 0,32 0,85 5,86 61,49 0,07 0,29

C10 614170,09 8655061,44 120669,21 47,20 0,27 0,99 1,09 50,02 0,08 0,36 C11 563632,58 8625701,62 87171,84 22,18 0,17 0,99 1,04 75,55 0,02 0,05 C12 518932,33 8593183,35 74805,39 36,27 5,93 23,64 0,56 32,77 0,52 0,32

Total (ha) 499246,7 144735 14084,28 27204,48 8886,96 301404,4 1489,77 1441,8 Total (%) 28,99 2,82 5,44 1,78 60,37 0,29 0,28

C. barbarabrownae B1 533194,88 8837200,5 131762,97 9,08 57,89 0,65 0,40 30,08 1,90 0,00 B2 263106,83 8632910,11 301491,36 23,53 37,21 0,58 0,76 28,54 9,39 0,00 B3 343261,51 8802918,04 320832,36 40,87 35,76 0,07 1,33 18,18 3,79 0,00 B4 408963,63 8852927,02 140746,41 13,82 47,74 0,49 0,66 32,97 4,32 0,00

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B5 589463,01 8896489,97 12079,89 8,12 34,25 0,62 0,00 50,69 6,32 0,00 B6 593098,53 8916030,72 18366,57 9,38 32,80 0,20 0,43 50,42 6,77 0,00 B7 769847,69 8705572,42 946797,30 14,20 62,95 0,57 0,24 11,82 10,23 0,00

Total (ha) 1872076,86 370584 976580 9045,54 10339,92 357628 147899,4 0 Total (%) 19,80 52,16 0,48 0,55 19,10 7,90 0

4 5

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Tabela 4: Estatísticas descritivas das Áreas Prioritárias de Mata Atlântica e Caatinga. Com o 6

número de fragmentos presentes nas áreas prioritárias, densidade de manchas de habitat e área 7

dos polígonos. 8

Número de

Fragmentos

Densidade de

Manchas

Área

C. coimbrai

Mínimo 141 0,032 2197,71

Máximo 4.336 0,079 120669,21

Mediana 1530 0,050 24491,74

Média Aritmética 1866,41 0,052 41603,89

Desvio Padrão 1491,74 0,014 38552,33

C. barbarabrawnae

Mínimo 181,00 0,015 12079,89

Máximo 23449 0,027 946797,3

Mediana 3537 0,017 140746,41

Média Aritmética 6009,85 0,020 267439,55

Desvio Padrão 8099,17 0,005 323327,09

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

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A

B

C

D

Figura 8: Exemplos de Corredores Ecológicos, com 30 réplicas para cada caminho. A e B - 26

Corredores de menor custo das Áreas C5 e C6 de C. coimbrai. C e D - Corredores de menor 27

custo das Áreas B4 e B2 de C. barbarabrownae. 28

29

30

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Tabela 5: Comprimento em metros dos menores corredores simulados para as espécies Callicebus coimbrai, (C.C) e Callicebus barbarabrownae (C.B.) 31

Menor custo por Área Prioritária (sendo o menor valor de uma única rota). Custo dos corredores por metro percorrido. Coordenadas de fonte e alvo dos 32

corredores em UTM. (24L), e Município mais próximo. 33

Comprimento(m) Custo Custo por Metro

Coord_fonte_x Coord_fonte_y Coord_alvo_x Coord_alvo_y Município

C. C C1 14372,90 6184,88 0,430315 747428.6 8847558 759271.8 8844211 Pacatuba-SE C2 13072,75 1395,46 0,106746 752511.1 8832296 747167.0 8833421 Pacatuba-SE C3 24666,68 2522,90 0,10228 707666.3 8837959 716549.6 8829747 Capela-SE C4 21279,80 1410,40 0,066279 719831.1 8811091 717221.7 8803278 Santo Amaro das Brotas-SE C5 43820,21 686,96 0,015677 691310.5 8764068 677150.5 8796672 Itaporanga D’Ajuda-SE C6 8517,23 464,54 0,054541 672782.2 8743407 668317.1 8741002 Santa Luzia do Itanhy-SE C7 17615,19 1369,73 0,077758 658324.3 8743212 652650.2 8736837 Umbaúba - SE C8 5386,34 923,07 0,171372 661195.9 8732587 657390.5 8732173 Indiaroba - SE C9 19432,62 737,20 0,037936 629622.6 8694855 631923.4 8702330 Esplanada-BA

C10 62893,22 2500,63 0,03976 599503.7 8669091 628300.9 8645517 Entre Rios-BA C11 51398,84 5795,26 0,112751 566582.1 8611886 547735.2 8625093 São Sebastião do Passé-BA C12 51558,01 1993,19 0,038659 513703.8 8579577 519148.3 8607528 Calembar-BA

C. B

B1 9249,62 878,37 0,094963 540183.0 8828869 542752.4 8823808 Banzaê-BA B2 60556,58 1264,39 0,020879 243467.7 8617939 260302.8 8642945 Lençóis-BA B3 10013,46 3442,51 0,343788 350411.2 8849005 339417.8 8740810 Jacobina-BA B4 110312,36 643,35 0,005832 411262.5 8819007 413882.9 8883084 Itiúba-BA B5 10783,75 1687,13 0,156451 586578.4 8897759 587436.8 8894602 Jeremoabo- BA B6 17879,03 1118,24 0,062545 596878.3 8913619 593411.5 8917099 Santa Brígida-BA B7 100520,24 5782,81 0,057529 69086.83 8714153 133643.40 8719920 Gentio do Ouro-BA

34

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Tabela 6: Estatísticas descritivas dos Corredores Ecológicos simulados em áreas

prioritárias. Comprimento dos corredores em metros e a razão Custo de travessia pelo

Comprimento do corredor.

Comprimento (M) Custo Custo por metro C. coimbrai

Mínimo 5386,34 464,53 0,015 Máximo 62893,22 6184,88 0,430 Mediana 19997,28 3007,44 0,146 Média Aritmética 26802,45 3702,82 0,175 Desvio Padrão 17110,28 2692,38 0,124 N 360 347 347

C. barbarabrawnae Mínimo 9249,62 643,35 0,00

Máximo 110312,36 3442,51 0,343

Mediana 16566,430 2602,829 0,117 Média Aritmética 43815,387 3529,629 0,166 Desvio Padrão 40183,059 2394,338 0,147 N 210 206 206

Callicebus coimbrai e Callicebus barbarabrownae

Áreas prioritárias definidas para C. barbarabrownae foram maiores que as

definidas para C. coimbrai (Mediana de C. coimbrai =24491,74; Mediana de C.

Barbarabrownae = 140746,41; U = 17,00; GL = 1; P < 0,035; N = 19; Tabela 4; Figura

9A). O número de fragmentos de Floresta Densa entre os biomas não diferiu (Mediana de

C. coimbrai =1530; Mediana de C. Barbarabrownae = 3537; U= 29000, GL=1; P<0,272;

N= 19; Tabela 4; Figura 9B).

A Densidade de Fragmentos por hectare em Mata Atlântica foi maior que a

observada na Caatinga (Medianas de C. coimbrai =0,050; Mediana de C.

barbarabrownae = 0,017; U = 84,00; GL = 1; P < 0,00; N = 19; Tabela 4; Figura 9C).

Corredores de C. barbarabrownae não diferiram quanto ao comprimento dos

corredores, quando comparados com C. coimbrai (Mediana de C. barbarabrownae

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=16566,43; Mediana de C. coimbrai = 19997,28; U = 40,000; GL = 11; P < 0.866; N =

19; Tabela 6; Figura 9D). O custo dos corredores também não apresentou diferença

significativa entre espécies, (Mediana de C. coimbrai = 3007,44; Mediana de C.

barbarabrownae =2602,829; U = 45,000; GL = 11; P < 0,800; N = 19; Tabela 6; Figura

9E). Quando comparamos a relação entre o custo dos corredores por metro percorrido

também não foi observada diferença significativa (Mediana de C. barbarabrownae =

0,117 e Mediana de C. coimbrai = 0,146; U = 235,48; GL = 11; P <0,673; N = 19; Tabela

4; Figura 9F).

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A

B

C

D

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E

F

Figura 9: Boxplot da distribuição dos dados. A linha horizontal é mediana. A caixa engloba 50% dos dados, asteriscos são valores máximos e círculos indicam a presença de outliers na amostra. Espécie C.C = C. coimbrai, espécie C.B = C. barbarabrownae. A – Área total em hectares dos polígonos de áreas prioritárias, sendo C. coimbrai em Bioma Mata Atlântica e C. barbarabrownae na Caatinga. B- Comparação do total do número de fragmentos em áreas prioritárias entre espécies. C – Razão do número de Fragmentos pela área dos polígonos (densidade). D – Comparação do comprimento dos corredores dentro de áreas entre espécies (entre Biomas). E – Custo dos corredores (entre Biomas). F – Custo dos corredores por metro percorrido entre Biomas.

DISCUSSÃO

O presente estudo apresenta uma análise da conexão de fragmentos florestais em

áreas prioritárias para conservação de duas espécies de primatas arbóreos, ameaçados de

extinção no Nordeste Brasileiro.

Cada espécie está inserida em um contexto diferente. Callicebus coimbrai é

endêmico da Mata Atlântica, um bioma de floresta úmida, enquanto C. barbarabrownae

é endêmico da Caatinga, ambiente semiárido. Na Mata Atlântica, o uso do solo

predominante no interior das áreas prioritárias é Agricultura ou Pastagem, seguido por

Floresta Densa e Água. Na Caatinga a classe predominante nas áreas prioritárias é de

Floresta Aberta, seguido por Floresta Densa e Agricultura ou Pastagem. Os valores de

cobertura de floresta foram semelhantes às estimativas de cobertura vegetal nativa feitas

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pelo Ministério do Meio Ambiente, com 31% de Floresta para a Mata Atlântica (MMA,

2009) e 24,39% na Caatinga (MMA, 2016)

Callicebus coimbrai

Agricultura ou Pastagem foi a cobertura de uso do solo dominante nas áreas

prioritárias de Mata Atlântica. Este tipo de cobertura oferece baixa permeabilidade para

primatas arbóreos, por tratar-se de ambientes abertos (no caso de pasto) ou com cultivos

que não oferecem mobilidade entre fragmentos (Moraes, 2017). A perda de habitat devido

à agricultura foi considerada uma das principais ameaças a primatas no mundo (76% das

espécies), seguida por extração de madeira (60%), e criação de gado e pecuária (31%)

(IUCN, 2017).

O somatório da área total das áreas prioritárias de Mata Atlântica foi menor que a

área total das áreas prioritárias na Caatinga. Da mesma forma, o número de fragmentos

de floresta densa na Mata Atlântica foi menor que o número encontrado em áreas

prioritárias de Caatinga. A densidade de Fragmentos, no entanto, foi maior na Mata

Atlântica. Já é conhecido que para C. coimbrai, a fragmentação é a maior ameaça, seguida

pela perda de habitat (PAN, 2016).

Uma forma de reconectar remanescentes florestais para uso por primatas é a

construção de corredores de habitat. Uma das formas de simular as rotas por onde passam

os corredores são os caminhos de menor custo. Nesta abordagem, matrizes mais

permeáveis são definidas a priori como “mais baratas”; enquanto ambientes mais

inóspitos, como infraestrutura urbana e água são considerados “mais caros”. Assim,

corredores tenderão a passar por onde já existe um ambiente mais próximo ao adequado

para a espécie estudada (Martello, 2016; Ribeiro et al, 2017).

O comprimento dos corredores não diferiu entre as espécies estudadas (Figura

9C). Entretanto, houve bastante variação, com o corredor mais curto ocorrendo em uma

área de C. coimbrai. Por outro lado, os corredores mais longos ocorreram em áreas de C.

barbarabrownae e tiveram o dobro do comprimento dos mais longos de C. coimbrai

(Tabela 5). Este resultado ocorreu em geral pelo fato de as áreas prioritárias terem maior

extensão em áreas da Caatinga. No entanto, a presença de corredores curtos entre

fragmentos não necessariamente é sinal de boa conectividade, uma vez os fragmentos

podem ser curtos, mas inseridos em uma matriz inóspita. Gouveia e colaboradores (2017)

afirmam que C. coimbrai evita exposição em áreas abertas, com indivíduos atravessando

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no chão, entre manchas de paisagem, apenas sob circunstâncias críticas. Ferreira (2017)

observou que o grau de isolamento entre fragmentos é um forte fator determinante da

presença desta espécie. Desta forma, fragmentos muito isolados não conseguiriam manter

uma população em longo prazo (Ferreira, 2017).

Observamos que para as duas espécies estudadas, os caminhos de menor custo não

correspondem necessariamente às menores distâncias. As rotas simuladas para os

corredores ecológicos são consequência da permeabilidade da matriz analisada. Desta

forma, em áreas onde a classe de Floresta Aberta apresentou alta cobertura, a matriz foi

mais permeável, permitindo corredores mais “baratos”. Por outro lado, em muitas

simulações os comprimentos dos corredores foram curtos, entretanto com um custo de

travessia muito alto. Esses casos geralmente incluem a travessia de uma estrada ou pasto

entre fragmentos (como o caso das áreas C2 e C8 de C. coimbrai; Anexo 2). Moraes

(2017) também observou que corpos dágua, estrada ou pasto entre fragmentos podem

atuar como barreiras fisicas, isolando manchas de habitats, evitando o fluxo de genes

entre populações de primatas.

Assim como observado para o comprimento, o custo dos corredores ecológicos

simulados em áreas prioritárias na Mata Atlântica e Caatinga também não apresentam

diferenças significativas. Apesar disso, a cobertura predominante na Mata Atlântica foi

Agricultura ou Pasto, com alto valor de resistência, apesar de possuir uma alta densidade

de fragmentos de floresta. Por outro lado, a Caatinga possui cobertura predominante de

Floresta Aberta, uma matriz melhor que a matriz de agricultura. Conclusão semelhante

foi obtida por Tischendorf e Fahrig (2000), que apontaram que a eficiência de corredores

depende não apenas de conexões estruturais entre manchas de habitat, mas também da

permeabilidade da matriz e da resposta dos organismos alvo, principalmetne.

Como tentativa de padronizar o custo de travessia pelo percurso a a ser percorrido,

no presente estudo calculamos o custo por metro de travessia (ver metodologia para

detalhes), que também não diferiu entre as espécies analisadas. Para C. coimbrai, no

Bioma Mata Atlântica, as áreas de menores custos por metro de travessia foram C5, C9,

C10 e C12 (Tabela 5 e Anexo 2). As áreas C5 e C9 possuem fragmentos fonte e alvo

próximos entre si (em relação as outras áreas prioritárias de Mata Atlântica), assim como

fragmentos de tamanho grande. Jerusalinky (2013) observou que C.coimbrai consegue

sobreviver em fragmentos com menos de 10ha, indicando tolerância da espécie à severa

fragmentação de habitats, embora essa persistência pode ser questionável em longo

prazo. Lindenmayer e Fischer (2006) observaram que fragmentos pequenos perdem

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qualidade de habitat, e afirmam que pode levar ao declínio de alimento e abrigo

disponível, para espécies em geral, resultando no declínio das taxas reprodutivas e na

abundância da espécie nesses habitats.

Callicebus barbarabrownae

A cobertura de uso do solo predominante nas áreas prioritárias de Caatinga, bioma

ao qual C. barbarabrownae é endêmico, foi floresta aberta seguida por floresta densa e

agricultura ou pasto.

A área total coberta pelos polígonos áreas prioritárias para C. barbarabrownae na

Caatinga foi maior que os observados para C. coimbrai na Mata Atlântica. Esse fato foi

determinante para a observação de o número de Fragmentos ser maior na Caatinga

também. Apesar disso, a Densidade de Fragmentos na Caatinga foi menor que na Mata

Atlântica. Este resultado era esperado pois considera-se a Caatinga arbórea (aqui chamada

de Floresta Densa, pela classificação do MapBiomas) como naturalmente rara, de

vegetação de porte mais elevado e denso (Ruiz-Esparza, 2014).

Na Caatinga observamos que os fragmentos fonte e alvo estavam em geral

distantes entre si. Ocasionalmente, os fragmentos a serem conectados tinham formato

alongado, pouco indicados para conservação de espécies (Pires et al 2006). Na simulação

dos corredores, cada rota tem um ponto de partida e chegada aleatório nos fragmentos

fonte/alvo (Martello, 2016; Ribeiro et al, 2017), e por algumas vezes esses pontos partiam

e/ou chegavam nas bordas mais extremas dos fragmentos. Aumentando desta forma o

comprimento final do corredor.

A cobertura dominante neste Bioma foi Floresta Aberta, classe considerada com

razoável permeabilidade a C. barbarabrownae. Para esta espécie, os corredores de menor

custo por metro percorrido foram observados nas áreas B4 e B2. Nestas áreas as manchas

de habitats são próximas, apesar de B4 possuir fragmentos contínuos de formato

alongado. A área B2 foi um polígono sugerido a posteriori por nós (ver metodologia).

Este polígono apresentou baixo custo de travessia, principalmente pela presença de

Floresta Aberta próxima a Floresta Densa. Moraes (2017) também observou que a

distância entre manchas de habitat é um dos fatores que mais afeta o movimento e

dispersão de primatas em novas áreas.

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Comparação entre corredores para as duas espécies

Nosso estudo mostrou que não há diferença significativa entre comprimento, custo

e custo por comprimento para corredores simulados entre as duas espécies de primatas

estudadas. Apesar de não haver diferença, o corredor mais curto e com menor custo foi

simulado em uma área de C. coimbrai. Por outro lado, ao analisarmos o custo por metro

percorrido, observamos que foi na Caatinga, área de C. barbarabrownae que encontramos

o corredor “mais barato” (Tabela 5). Na Mata Atlântica a cobertura de uso de solo

predominante foi Agricultura ou Pasto, tornando a resistência do ambiente maior para a

espécie Callicebus coimbrai. Na Mata Atlântica, a densidade de fragmentos florestais foi

maior que na Caatinga, ressaltando a grande fragmentação deste bioma. Já na Caatinga

uma alta cobertura de Floresta Aberta (Caatinga arbustiva) torna a matriz mais permeável,

reduzindo o custo por metro percorrido.

Em geral, corredores foram muito sobrepostos em todas as paisagens analisadas.

Esta observação indica que não há muitas opções de rotas para as espécies estudadas de

primatas entre fragmentos florestais, tanto na Mata Atlântica quanto na Caatinga. Tais

caminhos devem ser áreas mais recomendadas para passagens de corredores, de acordo

com os requerimentos das espécies. Estas áreas deveriam, portanto, receber uma atenção

especial dos tomadores de decisão, como o já recomendado para o Mico-Leão Dourado

(Ribeiro et al, 2017). Gouveia et al (2017) sugeriram procedimentos de restauração de

habitats e criação de conexões, para C. Coimbrai. No impedimento da criação de

corredores contínuos, ao menos abordagens de restaurações pontuais, para futuro uso na

forma de stepping-stones devem ser considerados para as duas espécies.

Ambas espécies estudadas sofrem com a perda de habitat e redução populacional.

Entretanto as últimas estimativas de número de indivíduos de C. barbarabrownae

contabilizam 260 indivíduos em sua área de distribuição. Não há registro de ocorrência

desta espécie em unidades de conservação. O único foi registro é na Terra Indígena Kiriri

(municípios de Banzaê e Quijingue, Bahia), onde não é certo se há potencial para sua

conservação (PAN, 2012; IUCN, 2017).

Consideramos urgente a execução ações de conservação para C. barbarabrownae

e C. coimbrai. Com especial atenção para C. barbarabrownae, visivelmente em risco

mais iminente de extinção. Sugerimos a criação de corredores ecológicos, devido à maior

permeabilidade da matriz nas áreas prioritárias de C. barbarabrownae (Caatinga). Já para

Callicebus coimbrai (Mata Atlântica) sugerimos a implantação de stepping stones, uma

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vez que a matriz a qual os fragmentos estão inseridos apresenta um alto custo para

travessia para estes primatas. Desta forma recomendamos iniciar a criação de corredores

ou stepping-stones nas áreas B4 e B2 (para C. barbarabrownae) e C5, C9 e C12 (para C.

coimbrai) por apresentarem matrizes mais permeáveis.

CONCLUSÃO

A análise detalhada das paisagens no interior de áreas prioritárias para

conservação de Callicebus barbarabrownae (Caatinga) e Callicebus coimbrai (Mata

Atlântica) mostra que as espécies se encontram em situações distintas. Na Mata Atlântica,

a cobertura dominante nas áreas prioritárias foi agricultura ou pasto, enquanto na Caatinga

dominou floresta aberta. Apesar de corredores simulados nos dois Biomas apresentarem

custos por comprimento semelhantes, para travessia entre dois ou mais fragmentos, há

particularidades. Enquanto os corredores mais curtos foram observados na Mata

Atlântica, os corredores mais baratos por metro percorrido foram encontrados na

Caatinga.

Recomendamos ações de conservação prioritariamente para a espécie C.

barbarabrownae, que é classificado como “criticamente em perigo” de extinção, mas

possui ambiente mais permeável, facilitando ainda a criação de corredores ecológicos.

Para Callicebus coimbrai sugerimos a implantação de stepping stones para

diminuir os sérios problemas com relação a pouca permeabilidade da matriz a qual está

inserido.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência Nacional de Águas – ANA. 2012. Disponivel em:

http://metadados.ana.gov.br/geonetwork/.

Anderson, D.R. Corridor use, feeding ecology, and habitat relationships of black bears in

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ANEXOS

Anexo 1: Classes atribuídas pelo projeto MapBiomas a todo o Bioma Mata Atlântica e

Caatinga, e suas respectivas áreas em Hectares.

Classes Mata Atlântica (ha)

Caatinga (ha)

Valor do Pixel

Novo Valor de Pixel

1 Floresta 30.758.520,68 39.256.617,03 1 1 1.1 Formações Florestais Naturais

27.870.655,60 39.253.597,90 2 1

1.1.1 Floresta Densa 27.197.729,24 6.444.648,54 3 1 1.1.2 Área Aberta 459.170,45 32.785.753,75 4 2 1.1.3 Mangue 213.755,83 23.195,61 5 2 1.2 Silvicultura 2.887.865,07 3.019,12 9 5 2 Formações Naturais não Florestais

109.190,71 8.063.376,08 10 6

2.1 Áreas Úmidas Naturais não Florestais

106.190,21 21,09 11 6

2.2 Vegetação Campestre (Campos)

2.999,59 8.063.355,00 12 6

3 Uso Agropecuário 74.661.036,05 34.582.873,90 14 5 3.1 Pastagem 29.722.551,49 22.304.549,76 15 5 3.1.1 Pastagem em Campos Naturais (integração)

619,37 1.670.348,26 16 5

3.2 Agricultura 12.744.909,62 16.005,90 18 5 3.2.1 Culturas Anuais 9.826.459,32 16.000,97 19 5 3.2.2 Culturas Semi-Perene (Cana de Açúcar)

2.917.682,50 4,93 20 5

3.2.3 Mosaico de Cultivos 767,80 0 28 5 3.3 Agricultura ou Pastagem (Biomas)

32.192.082,97 20.087,71 21 5

4 Áreas não vegetadas 2.284.671,42 476.992,64 22 7 4.1 Praias e dunas 27.038,76 63.364,97 23 7 4.2 Infraestrutura Urbana 1.699.176,51 411.278,79 24 4 4.3 Outras áreas não vegetadas

558.456,15 380,25 25 7

5 Corpos D’água 2.177.206,67 517.991,72 26 3 6 Não observado 459.225,92 556.035,62 27 No Data

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Anexo 2: Áreas prioritárias reclassificadas, com Corredores Ecológicos simulados, conectando

Manchas de Habitat. Os 12 polígonos de Mata Atlântica da espécie C. coimbrai e sete polígonos

de Caatinga da espécie C. barbarabrownae.

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