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Gilberto de Lima
Estudo de um Novo Eletrólito Polimérico Sólido em Forma de Filme Autossustentável:
Poli(óxido de etileno)-Tungstato de Sódio
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Química pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Química.
Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva
Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Gorette Cavalcante
NATAL
2016
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN
Biblioteca Setorial do Instituto de Química
Lima, Gilberto de.
Estudo de um novo eletrólito polimérico sólido em forma de filme autossustentável:
Poli(óxido de etileno)-tungstato de sódio / Gilberto de Lima. – Natal, RN, 2016.
136 f. : il.
Orientador: Djalma Ribeiro da Silva.
Co-orientadora: Maria Gorette Cavalcante.
Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.
1. Poli(óxido de etileno) (POE) – Dissertação. 2. Tungstato de Sódio (Na2WO4) –
Dissertação. 3. Eletrólito Polimérico Sólido (EPS) – Dissertação. 4. Estudo Termocinético
– Dissertação. 5. Condutividade Iônica – Dissertação I. Silva, Djalma Ribeiro da. II.
Cavalcante, Maria Gorette. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 541.6 (043.3)
À minha amada mãe e mulher guerreira Maria Rosa de
Souza Lima e ao meu pai e grande homem Gilberto de
Lima (Beto Brigonho). Vocês são tudo na minha vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todo amor e por nunca me abandonar nas horas que mais preciso.
À professora, orientadora, cientista e mãe que ganhei Maria Gorette Cavalcante (que
tinha a permissão da minha mãe para puxar minha orelha, caso necessário) por toda
competência, dedicação, orientação, presença (em assuntos acadêmicos e também pessoais),
entusiasmo, paciência e amor pelo o que faz.
Ao professor Djalma pela receptividade e incentivo como orientador.
Ao Instituto de Química da UFRN e ao Programa de Pós Graduação em Química, em
especial a professora Sibelle Castellã, pelo suporte dado durante a realização deste trabalho.
A minha família, Maria Rosa e Rosângela Maria (minhas mães), Gilberto e Gilberto
Júnior (meus pais), Carminha (minha avó), “Vó Zefinha” (in memoriam) e ”Vô brigonho
(Zé)” (in memoriam), Juliana, Júlia e Islânia (minhas irmãs), Hyedja e Gabrielly (minhas
prirmãs), Hugo (meu prirmão) a todos meus primos em especial à Ana Paula, Bruna, Brena,
Bianca, Jéssica, José, Laura e Aglaupy. A todos os meus tios e tias em especial Kelly, Kátia,
Paula, Aldo, Gilza, Telma, Maria Luíza, Maria Lúcia, “Tio Ciço” (in memoriam) ao meu
sobrinho Victor Matheus e a todos os outros membros diretos ou indiretos da minha família,
por todo amor de sempre. Sem vocês eu não seria capaz disso tudo. Eu amo vocês
incondicionalmente.
A família que ganhei (minha segunda família) “Os Américos” em especial a Maria das
Dores, José Américo, José Lucas e João Victor vocês têm papel essencial na minha trajetória.
Muito obrigado por tudo, eu realmente gosto, respeito e admiro todos vocês.
A todos os meus amigos do “interior” (Montanhas) e da capital (Natal) que ouviram
muitos nãos e sentiram minha ausência em vários momentos de diversão e descontração, mas
que sempre me deram força e me apoiaram em tudo que precisei abdicar para realizar este
trabalho, vocês são os melhores. Aos amigos que conheci na Universidade, mas que já fazem
parte da minha vida em especial ao meu “brother” e futuro “Cumpadi” Edson Filho pelas
riquíssimas discussões sobre meu trabalho e pelo apoio de sempre. Aos amigos de longa
jornada Anderson Dias, Liane Alves e Marcella Montoril.
A todos os companheiros do Laboratório de Eletroquímica e Corrosão (LEC), Roberta
Patrícia, Elias Januário, Dênis, Francilene e Júnior pelo convívio e trabalho em harmonia,
dedicação, pelas ricas discussões e, também, os momentos de descontração e risadas. Em
especial a Cássia Miriam por ter me ajudado sempre com tanto prazer e carinho desde a
graduação até hoje, você teve um papel importantíssimo na realização deste trabalho.
A todos os meus professores da graduação e da pós-graduação por todos os
ensinamentos compartilhados, em especial ao professor Franklin Nelson.
A professora Nedja pelas riquíssimas discussões a respeito das análises de TG/DTG e
DSC.
Aos professores Roberto Soares e Roberto Cavalcante que me introduziram ao mundo
das ciências e pela confiança, conselhos e conversas desde o meu ensino médio até hoje. Sou
muito grato a vocês.
Ao Laboratório de Caracterização Estrutural do Departamento de Materiais da UFRN
(Demat) pelas análises de DRX e MEV/EDS.
Ao Laboratório de Análises Térmicas (Central Analítica) da UFRN e ao técnico Joadir
Humberto pela realização, atenção e cuidado com as análises de TG/DTG e DSC.
Ao LABPEMOL/UFRN pelas análises de DRX.
À CAPES pela concessão da bolsa para realização deste trabalho.
Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste
trabalho.
A NATUREZA TOMADA AO PÉ DA LETRA
Eu escrevo: e a flecha voa.
Eu escrevo: e a folha absorve o Sol.
Eu escrevo:
| | e a Lua levanta a maré.
Eu escrevo:
(
) e o ferro na forja fica vermelho.
Eu escrevo: e a geada cobre a janela.
Eu escrevo: e a luz É.
Eu escrevo:
( ∑
∑ ∑
| | ) e o sal vira cristal.
Eu escrevo:
e o vento noturno se levanta.
Eu escrevo: ⌈
⌉ e a onda arrebenta.
Eu escrevo:
e o arco-íris se manifesta.
Eu escrevo: (
) e ouço a sua voz.
Eu escrevo, eu descrevo, eu decreto.
O Universo se dobra à palavra.
J.-M.L.-L.
“Se você crê em Deus e no final de tudo ele não existir, você não perdeu nada, mas se você
não crê e no final ele existir, a sua perda é infinita.”
Blaise Pascal
RESUMO
Filmes poliméricos autossustentáveis baseados em um novo eletrólito polimérico sólido
(EPS), tendo como matriz hospedeira o poli(óxido de etileno) (POE) e como agente dopante o
tungstato de sódio (Na2WO4), foram obtidos para diferentes composições do sal (m = 0,20;
0,26; 0,30; 0,40; 0,50 e 1,31 mg). Os filmes foram caracterizados por DRX, FTIR,
MEV/EDS, TG/DTG, DSC e EI. Os difratogramas de raios X mostraram a natureza
semicristalina do polímero e confirmaram que a adição do sal provoca redução na
cristalinidade dos filmes. Os dados de FTIR permitiram identificar a interação entre os íons do
sal e as cadeias poliméricas e confirmaram que estas interações são de natureza física. As
micrografias obtidas por MEV demonstraram morfologia esferulítica intercaladas por ligações
interlamelares para todas as composições estudadas. O estudo por TG/DTG mostrou que a
decomposição térmica do eletrólito ocorre quase que completamente em uma única etapa com
a adição do sal aumentando a estabilidade térmica dos filmes. Os dados de TG/DTG
permitiram, ainda, o estudo cinético da decomposição térmica do eletrólito por meio dos
métodos de Broido (BR), Coats-Redfern (CR) e Horowitz-Metzger (HM) sugerindo uma
cinética de 1ª ordem para a reação de decomposição térmica dos filmes, assim como, a
determinação do fator pré-exponencial, A, e dos parâmetros termodinâmicos de ativação: E*,
∆H*, ∆S
* e ∆G
*, mostrando que os três métodos utilizados concordam entre si. O grau de
cristalinidade foi determinado através dos dados de DSC e mostrou uma redução após a
adição do sal ao polímero. O polímero tem sua condutividade aumentada após a adição do sal,
com o eletrólito POE-Na2WO4, exibindo máximo de condutividade iônica de 3,24x10-4
S cm-
1, a temperatura ambiente, para o filme com 1,31 mg do sal (Filme F6). Os dados de
impedância possibilitaram o estudo de relaxação das cadeias do POE, assim como, a difusão
do sal entre estas cadeias. Os diagramas de impedância, nos formatos Bode e Nyquist,
permitiram o ajuste dos dados experimentais a circuitos elétricos equivalentes o que facilitou
a associação dos componentes dos circuitos aos fenômenos físicos e químicos observados
para os filmes e revelaram que, após a adição do sal ao polímero, os filmes têm suas
propriedades elétricas melhoradas.
Palavras-chave: Poli(óxido de etileno) (POE). Tungstato de Sódio (Na2WO4). Eletrólito
Polimérico Sólido (EPS). Estudo Termocinético. Condutividade Iônica.
ABSTRACT
Self-sustainable polymeric films based on new solid polymer electrolyte, having the
poly(ethylene oxide) (PEO) as host matrix and sodium tungstate as doping agent (Na2WO4),
were obtained from different salt compositions (m = 0.20; 0.26; 0.30; 0.40; 0.50 and 1.31
mg). The films were characterized through XRD, FTIR, SEM/EDS, TG/DTG, DSC and IS.
X-ray diffraction showed the semi crystalline nature of the polymer and confirmed that the
addition of salt induces reduction in the crystalinity of the films. FTIR data allowed the
identification of the interaction between salt ions and polymer chains and confirmed that these
interactions are of a physical nature. The micrographs obtained through SEM showed
spherulitic morphology interleaved by interlayered bonds for all of the compositions studied.
The TG/DTG study revealed that the thermal decomposition of the electrolyte almost happens
at a single stage with the addition of salt, increasing the thermal stability of the films.
TG/DTG data also allowed the kinetic study of the thermal decomposition of the electrolyte
through Broido (BR), Coats-Redfern (CR) and Horowitz-Metzger (HM) methods, suggesting
a first-order kinetic for the reaction of the thermal decomposition of the films, as well as the
setting of pre-exponential factor, A, and the thermodynamic activation parameters: E*, ∆H
*,
∆S* and ∆G
*. The crystallinity degree was determined through DSC data and showed a
reduction after the addition of salt to the polymer. The polymer has its conductivity increased
after addition of the salt with the PEO-Na2WO4 electrolyte exhibiting maximum of ionic
conductivity of 3.24x10-4
S cm-1
, to room temperature, for the film with 1.31 mg of salt (F6
film). The impedance data allowed the study on relaxation on PEO chains, even as the
diffusion of salt between these chains. The impedance diagrams, on Bode and Nyquist
formats, enabled the adjustment of the experimental data to equivalent electric circuits, which
facilitated the association of the circuit components to the physical and chemical phenomena
observed for the films and revealed that, after the addition of salt to the polymer, the films
have their electrical properties enhanced.
Keywords: Poly(ethylene oxide) (PEO). Sodium Tungstate (Na2WO4). Solid Polymer
Electrolyte (SPE). Thermal Kinetic Study. Ionic Conductivity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema típico de uma bateria à base de um EPS ......................... 30
Figura 2 – Classes dos eletrólitos poliméricos “clássicos” ............................. 30
Figura 3 – Uma das classes e suas subclasses dos eletrólitos poliméricos
híbridos orgânico-inorgânicos .......................................................
31
Figura 4 – Esferulitos no POE puro e em diferentes eletrólitos obtidos
através de um: (a) microscópio óptico de polarização para o POE
puro (Mw = 5x106); (b) microscópio eletrônico de varredura para
o eletrólito (POE)50/AgCF3SO3; (c) microscópio óptico de
polarização para o eletrólito (POE)4/LiCF3SO3 .............................
34
Figura 5 – Crescimento dos esferulitos durante a fusão-cristalização
isotérmica a 52 °C para o POE obtido através de microscópio
óptico de luz polarizada .................................................................
34
Figura 6 – Diâmetro dos esferulitos do (a) POE puro e (b) do eletrólito
POE/LiClO4 em função do tempo de cristalização a diferentes
temperaturas ...................................................................................
34
Figura 7 – Estrutura monomérica do POE ...................................................... 35
Figura 8 – (a) Conformação zig zag da cadeia planar do PE; (b)
Conformação helicoidal da cadeia do POE ...................................
36
Figura 9 – Estrutura química do tungstato de sódio ........................................ 38
Figura 10 – Cela unitária esquemática do Na2WO4.2H2O ................................ 38
Figura 11 – Elementos de circuito e suas respectivas equações de impedância
com j √ ...................................................................................
44
Figura 12 – Representação dos dados de impedância no formato Nyquist para
um circuito que tem um resistor em série com uma associação de
outro resistor e um capacitor ..........................................................
45
Figura 13 – Representação dos dados de impedância no formato Bode para o
mesmo circuito descrito na Figura 14 ............................................
45
Figura 14 – Esquema típico de uma cela de reflexão total atenuada ................ 47
Figura 15 – Efeito da interação entre o feixe e a amostra. O resultado é a
profundidade de onde são originados os sinais, ou seja, o volume
de interação. O volume desta interação pode ser descrito como
tendo a forma de uma pêra ou de uma gota ...................................
48
Figura 16 – Esquema mostrando a difração de Bragg sobre os planos
cristalinos .......................................................................................
49
Figura 17 – Representação de uma curva TG dinâmica para um processo de
decomposição térmica em uma etapa ............................................
50
Figura 18 – Representação de uma curva DTG dinâmica para um processo de
decomposição térmica em uma etapa ............................................
52
Figura 19 – Alguns fenômenos que ocorrem com variação de energia em
polímeros observados em curvas de DSC. Os picos para cima são
endotérmicos e os para baixo exotérmicos ....................................
53
Figura 20 – Soluções do sal utilizadas nas sínteses dos filmes
autossustentáveis ............................................................................
56
Figura 21 – Esquema representativo da síntese e obtenção dos filmes
autossustentáveis ............................................................................
57
Figura 22 – Um dos filmes autossustentáveis obtidos ...................................... 57
Figura 23 – Modelo da cela utilizada para as medidas elétricas ....................... 58
Figura 24 – Difratograma de raios X para o filme do POE puro, F0, com a
indicação dos dois picos principais, característicos da
semicristalinidade do polímero, e seus planos cristalográficos
correspondentes ..............................................................................
61
Figura 25 – Difratogramas de raios X para todos os filmes autossustentáveis . 62
Figura 26 – Difratograma de raios X do Na2WO4.2H2O .................................. 63
Figura 27 – (a) Ordenamento das cadeias do POE com regiões cristalinas (em
vermelho) e amorfas (demais regiões); (b) os íons do tungstato
de sódio se posicionam entre as cadeias do POE ...........................
63
Figura 28 – Espectro de infravermelho, no modo de reflexão total atenuada,
do filme do POE puro, F0 ..............................................................
65
Figura 29 – (a) Espectros de infravermelho, no modo de reflexão total
atenuada, de todos os filmes autossustentáveis; (b) Ampliação do
espectro na faixa de 1550 a 750 cm-1
.............................................
67
Figura 30 – Micrografias obtidas por MEV dos filmes poliméricos
autossustentáveis: (a) F0; (b) Ampliação em uma região de
tensionamento do filme F0; (c) F1; (d) F2; (e) F3; (f) F4; (g) F5;
(h) F6 ..............................................................................................
68
Figura 31 – Esferulitos formados por um arranjo radialmente simétrico de
cristalitos com aparência fibrosa. Diferentes tamanhos e graus
dos cristalitos envoltos por região amorfa preenchem o esferulito
70
Figura 32 – Quantificação do sal no filme F1 obtido da análise de EDS com
um campo de 15 kV. A região onde foi realizada a análise é
mostrada em destaque ....................................................................
71
Figura 33– Percentual em massa e percentual atômico do tungstênio em
relação ao sódio nos filmes autossustentáveis poliméricos na
presença do tungstato de sódio ......................................................
72
Figura 34 – Histogramas com a distribuição do tamanho dos esferulitos ......... 73
Figura 35 – Curvas TG e DTG para todos os filmes poliméricos
autossustentáveis: (a) F0; (b) F1; (c) F2; (d) F3; (e) F4; (f) F5;
(g) F6 ..............................................................................................
75
Figura 36 – Ruptura da ligação C – C e C – O na degradação térmica do POE 80
Figura 37 – Mecanismo de degradação térmica do POE: (1) clivagem
homolítica da ligação C – O e (2) clivagem da ligação C – C .......
80
Figura 38 – Curvas TG e DTG para o Na2WO4.2H2O (m = 7,49 mg) obtidas
utilizando um modelo SDTQ600 da TA Instruments com
cadinho de Pt, atmosfera de N2 com fluxo de 50 mL/min, razão
de aquecimento de 10 °C/min e intervalo de temperatura de
ambiente a 900 °C........................................................................
81
Figura 39 – Curvas DSC para todos os filmes poliméricos autossustentáveis:
(a) F0; (b) F1; (c) F2; (d) F3; (e) F4; (f) F5; (g) F6 .......................
83
Figura 40 – Curvas DSC evidenciando os picos de fusão dos filmes ............... 87
Figura 41 – Curva DSC para o Na2WO4.2H2O nas mesmas condições em que
foram obtidas as curvas TG/DTG citadas na Figura 39 .................
90
Figura 42 – Correlação linear entre os dados experimentais e o ajuste das
retas para os métodos de: (a) Broido (BR); (b) Coats-Redfern
(CR) e (c) Horowitz-Metzger (HM) ..............................................
92
Figura 43 – Concordância entre os valores de E* calculados a partir dos
métodos BR, CR e HM ..................................................................
95
Figura 44 – Concordância entre os parâmetros termodinâmicos de ativação
calculados .......................................................................................
98
Figura 45 – (a) Diagramas de impedância no formato Nyquist para os filmes
autossustentáveis em todas as composições estudadas; (b) e (c)
são ampliações para a região de altas frequências do diagrama
apresentado em (a) .........................................................................
99
Figura 46 – Variação da condutividade elétrica como função da quantidade
do tungstato de sódio adicionado à temperatura ambiente ............
102
Figura 47 – Representações da impedância complexa (Z’’) em função do
logaritmo da frequência (log f) para análise do processo de
relaxação dielétrica ........................................................................
106
Figura 48 – Diagramas de impedância no formato Bode para: (a) o filme do
POE puro e (b) para os filmes do POE com diferentes
composições do sal ........................................................................
108
Figura 49 – Esquema, em ordem decrescente, do descarregamento de cargas
nos filmes poliméricos estudados ..................................................
110
Figura 50 – Representação do logaritmo da razão entre as capacitâncias
imaginária e real em função do logaritmo da frequência com os
máximos (picos) representando os valores de kt ............................
112
Figura 51 – Circuito elétrico equivalente proposto para o ajuste dos dados de
impedância para o filme do POE puro, F0 .....................................
114
Figura 52 – Circuito elétrico equivalente proposto para o ajuste dos dados de
impedância para os filmes contendo o tungstato de sódio .............
114
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Substâncias utilizadas na obtenção dos filmes do EPS .................. 55
Tabela 2 – Soluções obtidas a partir da mistura da solução do polímero com
as diferentes soluções do sal ..........................................................
56
Tabela 3 – Espessura dos filmes poliméricos autossustentáveis ..................... 58
Tabela 4 – Posições e atribuições das bandas para o filme autossustentável
do POE puro ( : estiramento; : bending; : wagging; :
twisting; : rocking). Os subscritos e denotam,
respectivamente, os estiramentos assimétricos e simétricos ..........
66
Tabela 5 – Valores em percentagem: em massa, densidade e atômica para o
sódio (Na) e o tungstênio (W) ........................................................
71
Tabela 6 – Parâmetros térmicos extraídos das curvas TG e DTG para todos
os filmes poliméricos autossustentáveis ........................................
82
Tabela 7 – Parâmetros térmicos extraídos e calculados a partir das curvas
DSC ................................................................................................
88
Tabela 8 – Espessura das lamelas do POE nos filmes ..................................... 89
Tabela 9 – Parâmetros extraídos dos gráficos dos métodos de Broido (BR),
Coats-Redfern (CR) e Horowtiz-Metzger (MH) ............................
94
Tabela 10 – Parâmetros termodinâmicos obtidos através dos dados extraídos
dos diferentes métodos não-isotérmicos utilizados ........................
97
Tabela 11 – Parâmetros elétricos extraídos e calculados a partir dos dados
obtidos através dos diagramas de impedância no formato Nyquist
para os filmes estudados ................................................................
101
Tabela 12 – Valores de condutividade máximas encontrados para o eletrólito
em estudo e outros encontrados na literatura .................................
103
Tabela 13 – Coeficientes de difusão para o tungstato de sódio nos filmes
poliméricos .....................................................................................
104
Tabela 14 – Tempos de relaxação dielétrica para o POE puro e para o
eletrólito POE/Na2WO4 nas diferentes composições estudadas ....
106
Tabela 15 – Valores experimentais dos ângulos de fase máximos para os
filmes nas regiões de baixa e alta frequência .................................
109
Tabela 16 – Valores de kt obtidos a partir da representação log (C’’/C’) vs log
f ......................................................................................................
112
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Alternating current
AFM Atomic force microscopy
AN Acetonotrilia
AT Análise Térmica
ATR Attenuated total reflectance
BR Broido
CPE Constant phase element
CR Coats-Redfern
DRX Difração de Raios X
DSC Differential scanning calorimetry
DTG Termogravimetria Derivada
EC Espectroscopia de Capacitância
ECE Espectroscopia de Capacitância Eletroquímica
EDS Energy Dispersive X ray spectroscopy
EI Espectroscopia de Impedância
EIE Espectroscopia de Impedância Eletroquímica
EMIHSO4 1-etil-3-metilimidazóliohidrogenosulfato
EP Eletrólito Polimérico
EP-BI Eletrólitos Poliméricos-Borrachas iônicas
EPC Eletrólitos Poliméricos Compósitos
EP-G Eletrólito Polimérico-Gel
EP-P Eletrólitos Poliméricos Plastificados
EPS Eletrólito Polimérico Sólido
FM Formiato de Metila
FTIR Fourier transform infrared spectroscopy
HM Horowitz-Metzger
IV Infravermelho
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
PAC Poliacetileno
PE Polietileno
P-IC Polieletrólitos íon-condutores
POE Poli(óxido de etileno)
PVC Policloreto de vinila
Tan h Tangente hiperbólico
TFSI Bis(trifluorometano)sulfonamida
TG Termogravimetria
LISTA DE SÍMBOLOS
Amplitude da corrente elétrica
Amplitude do potencial elétrico
ngstrom
Ângulo de fase
Área do eletrodo
Capacitância da dupla camada elétrica
Capacitor
Coeficiente de difusão
Comprimento de onda/espessura das lamelas
Condutividade
Constante de Boltzmann
Constante dielétrica
Constante de Planck
Constante de transferência de cargas
Constante universal dos gases
Corrente elétrica
Densidade volumétrica
Difusividade do ânion
Difusividade do cátion
Energia de ativação
Energia livre de ativação
Energia livre de superfície de dobra
Entalpia de ativação
Entalpia de fusão
Entalpia de fusão padrão
Entalpia de fusão por unidade de volume
Entalpia do par cátion-ânion
Entropia de ativação
Entropia do par cátion-ânion
Espessura
Fator pré-exponencial
Frequência
Frequência angular
Frequência no máximo do semicírculo
Grau de conversão
Grau de cristalinidade
Impedância
Impedância de difusão para a frequência tendendo a zero
Impedância imaginária
Impedância real
Indutância (Indutor)
Massa molecular
| | Módulo da impedância
Número de transporte do cátion
Parte real da impedância de difusão
Potencial elétrico
Quadrado do coeficiente de correlação
Razão de aquecimento
Razão entre as mobilidades iônicas
Resistência (Resistor)
Resistência de polarização
Resistência ôhmica
Temperatura
Temperatura de fusão
Temperatura de fusão padrão
Temperatura de transição vítrea
Temperatura extrapolada de início da etapa de degradação térmica
Temperatura extrapolada de término da etapa de degradação térmica
Temperatura no pico da curva DTG
Tempo
Tempo de relaxação
Variação de massa
Velocidade máxima de perda de massa
SUMÁRIO
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ................................................. 22
1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 23
1.2 OBJETIVOS ................................................................................... 25
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................. 25
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................... 26
Capítulo 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................... 27
2.1 ELETRÓLITOS POLIMÉRICOS .................................................. 28
2.2 ESTRUTURA MOLECULAR DO ESTADO SÓLIDO
SEMICRISTALINO DOS POLÍMEROS ......................................
32
2.3 POLI(ÓXIDO DE ETILENO) – POE ............................................ 35
2.4 TUNGSTATO DE SÓDIO – Na2WO4 ........................................... 37
2.5 ESTADO DA ARTE: ELETRÓLITOS POLIMÉRICOS –
POE/SAIS .......................................................................................
39
2.6 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO ......................................... 43
2.6.1 Espectroscopia de Impedância (EI) ............................................ 43
2.6.2 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho ....... 46
2.6.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e
Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDS) .........
47
2.6.4 Difração de Raios X (DRX) ......................................................... 49
2.6.5 Análise Termogravimétrica/Termogravimétrica Derivada
(TG/DTG) e Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) .....
50
Capítulo 3 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..................................... 54
3.1 MATERIAL ................................................................................... 55
3.2 METODOLOGIA ........................................................................... 55
3.2.1 Preparação das Soluções Poliméricas ......................................... 55
3.2.2 Preparação das Soluções do Sal .................................................. 55
3.2.3 Preparação das Misturas das Soluções e Obtenção dos
Eletrólitos Poliméricos na Forma de Filmes Autossustentáveis
56
3.2.4 Espectroscopia de Impedância .................................................... 57
3.2.5 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho ....... 58
3.2.6 Microscopia Eletrônica de Varredura e Espectroscopia de
Energia Dispersiva de Raios X .................................................... 59
3.2.7 Difração de Raios X ...................................................................... 59
3.2.8 Análise Termogravimétrica/Termogravimétrica Derivada e
Calorimetria Exploratória Diferencial .......................................
59
Capítulo 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................. 60
4.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X ............................................................ 61
4.2 ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO ..... 64
4.3 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA E
ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA DE RAIOS
X .....................................................................................................
68
4.4 TERMOGRAVIMETRIA/TERMOGRAVIMETRIA
DERIVADA E CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA
DIFERENCIAL ..............................................................................
74
4.4.1 Termogravimetria/Termogravimetria Derivada ....................... 74
4.4.2 Calorimetria Exploratória Diferencial ....................................... 83
4.4.3 Análise Cinética da Degradação Térmica .................................. 91
4.5 ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA ..................................... 98
Capítulo 5 – CONCLUSÕES ............................................................................. 116
5.1 CONCLUSÕES ............................................................................. 117
REFERÊNCIAS............................................................................ 118
APÊNDICE.................................................................................... 130
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Neste capítulo será apresentada uma pequena introdução que
enfatiza a justificativa para realização deste trabalho, assim
como o que ele se dispõe a realizar.
Dissertação – PPGQ – UFRN 23
1.1 INTRODUÇÃO
O homem sempre procurou nos materiais encontrados na natureza características que
lhe fossem úteis na sociedade que o permeia. Metais, madeira, rochas, vidros, tecidos,
tingimentos, entre vários outros materiais, foram utilizados pelo homem desde datas remotas
até os dias atuais, no intuito de fazer uso das suas propriedades para as mais diversas
aplicações, seja na ciência ou na indústria.
Após longo período à procura de materiais na natureza que conferissem certas
propriedades de interesse da época, o homem começou a manusear os mais conhecidos e obter
materiais sintéticos, ou seja, materiais que não eram encontrados na natureza com as
características desejadas, mas sim, pensadas pelo homem e produzidas pelo mesmo.
Foi somente no século XVI que uma nova classe de materiais iria ganhar destaque e
grande interesse por parte da comunidade cientifica. Com advento dos descobrimentos
daquela época, espanhóis e portugueses tiveram o primeiro contato com o produto extraído de
uma árvore natural das Américas (Havea Brasiliensis). O extrato desta árvore apresentava
características de alta elasticidade e flexibilidade desconhecidas até então (CANEVAROLO,
2006).
Mais tarde, no início do século XX, ficou provado que alguns materiais produzidos
pela Química incipiente do final do século e que até então eram considerados como colóides,
consistiam na verdade de moléculas gigantescas (macromoléculas), que podiam resultar do
encadeamento de 10.000 ou mais átomos de carbono. Estes produtos apresentavam repetição
de pequenas unidades estruturais (monômeros) ao longo da sua cadeia principal e, assim,
foram denominados polímeros (do grego, “muitas partes”) (MANO, 2000). Portanto,
polímeros são compostos formados por uma repetição mais ou menos regular de um grande
número dos mesmos e diferentes grupos atômicos que são unidos por ligações químicas nas
cadeias longas (lineares) ou cadeias contendo ramos laterais (ramificadas), também em rede
espacial (TANGER, 1978).
Depois da observação das propriedades do material extraído da Havea Brasiliensis,
uma série de descobertas e experimentos envolvendo esta “nova” classe de materiais foi
ocorrendo, tanto por regras empíricas como por teorias macromoleculares. Desde então, foi
feita a descoberta de vários polímeros com as mais diferentes propriedades que até então não
eram encontradas nos materiais conhecidos.
Por muito tempo todos os polímeros foram vistos como materiais isolantes e, em
contraste com metais, eram considerados pobres em elétrons com suas propriedades elétricas
Dissertação – PPGQ – UFRN 24
dependendo do tamanho e flexibilidade da cadeia polimérica. Em 1979, Diarmid e Heeger
(VAN KREVELEN, 1997) observaram que o poliacetileno (PAC), na presença de um agente
oxidante, apresentava condutividade elétrica apreciável. Quando um polímero orgânico
conjugado, como é o caso do poliacetileno, está na presença de dopantes químicos como AsF5
e I2, por exemplo, é estabelecido um mecanismo de condução elétrica e propriedades
condutoras significativas são observadas (SPERLING, 2006). Assim, por exemplo, quando o
PAC é oxidado ou reduzido, sua condutividade aumenta da ordem de 10-8
S cm-1
para valores
de até 103 S cm
-1 (VAN KREVELEN, 1997).
Anos depois, estudos mostraram que existiam alguns polímeros que apresentavam
uma condutividade apreciável por si só e, a estes, foram denominados polímeros
intrinsecamente condutores. Depois desta descoberta, foi observado, também, que polímeros
que não eram intrinsecamente condutores apresentavam uma condutividade apreciável,
quando na presença de substâncias inorgânicas. Assim, foram denominados polímeros
extrinsecamente condutores.
Desta forma, as características dos polímeros podem ser adequadamente modificadas
pela adição de algumas cargas e dopantes, dependendo da sua reatividade com a matriz
hospedeira. Algumas alterações físicas podem ser observadas como a rigidez da cadeia
polimérica e o comportamento mecânico e elétrico, devido à interação física entre estas cargas
e as moléculas da matriz (ZIHLIF et al., 2012).
Uma denominação específica para estes sistemas formados por polímeros não-
condutores e sais iônicos dissolvidos em sua matriz foi dada. Estes sistemas foram chamados
de eletrólitos poliméricos sólidos, e nestes o transporte iônico dos íons do sal presentes na
matriz polimérica, que ocorre como resultado do movimento segmental da cadeia polimérica,
é responsável pela condutividade elétrica deste material (GIROTTO e DE PAOLI, 1999).
Além disso, o fim da disponibilidade de energia barata e abundante e, também, de
recursos energéticos, impôs uma grande reavaliação da estrutura da produção de energia e sua
facilidade. As novas soluções oferecidas pela pesquisa científica foram necessárias para
atingir novos dispositivos inovadores para o armazenamento e conversão de energia,
incluindo novos materiais, tais como estes eletrólitos poliméricos citados (NOTO et al.,
2011).
Ainda segundo Noto et al., (2011) o estudo de eletrólitos poliméricos para aplicação
científica tem crescido de forma exponencial. O número de contribuições científicas na área
de eletrólitos poliméricos, por ano (N), aumenta segundo a Equação 1:
Dissertação – PPGQ – UFRN 25
em que N0 é uma constante e α é a constante de crescimento em anos-1
, que de 1990 até 2010
é igual a 0,093 ± 0,004 anos.
Desde então, muitos têm sido os estudos realizados sobre as propriedades elétricas, e
também dielétricas, dos eletrólitos poliméricos. Estes estudos visam melhorias nas
propriedades dos materiais já conhecidos. Assim, os pesquisadores vêm fazendo a
combinação de materiais de natureza orgânica (polímeros) e inorgânica (sais ou óxidos),
denominados materiais híbridos orgânico-inorgânicos, a fim de que se obtenham propriedades
distintas, ou melhoradas, em relação aos componentes individuais.
Com base no exposto, neste projeto foi obtido um eletrólito polimérico sólido, com
caráter inovador, em forma de filme autossustentável (filme que é obtido sem necessidade de
um substrato) constituído pelo tungstato de sódio diidratado - Na2WO4.2H2O - e como
polímero hospedeiro o poli(óxido de etileno) - POE. Este sistema foi sintetizado, via método
sol-gel, e caracterizado eletricamente pela Espectroscopia de Impedância (EI), termicamente
pela Termogravimetria (TG)/Termogravimetria Derivada (DTG) e Calorimetria Exploratória
Diferencial (do inglês DSC). A caracterização estrutural foi realizada por Difração de Raios-X
(DRX), a caracterização química por Espectroscopia na Região do Infravermelho com
Transformada de Fourier no modo de Reflexão Total Atenuada (do inglês FTIR-ATR) e
Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (do inglês EDS), enquanto que a
morfológica foi feita através da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). A pesquisa foi
realizada a fim de que as propriedades elétricas e físico-químicas dos sistemas obtidos fossem
melhoradas em relação às propriedades que os componentes apresentam individualmente,
além de contribuir para o estudo das propriedades de um novo eletrólito polimérico sólido.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Obter e caracterizar um novo eletrólito polimérico sólido POE - Na2WO4 em forma de
filme sem necessidade de um substrato (filme autossustentável).
Dissertação – PPGQ – UFRN 26
1.2.2 Objetivos Específicos
Obter um novo eletrólito polimérico sólido, em forma de filme autossustentável, com
diferentes quantidades do sal adicionado;
Caracterizar elétrica, térmica, estrutural, morfológica e quimicamente os filmes
obtidos;
Analisar a influência da quantidade do sal adicionado nas propriedades físico-
químicas dos filmes;
Analisar as possíveis interações entre a matriz polimérica e o sal adicionado e sua
influência nas propriedades dos filmes e, consequentemente do eletrólito;
Contribuir para o estudo dos eletrólitos poliméricos sólidos e suas aplicações em
baterias secundárias.
CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Uma breve discussão sobre conceitos teóricos fundamentais e
resultados encontrados na literatura, para alguns sistemas, serão
discutidos neste capítulo. Será feita uma discussão das
substâncias utilizadas no trabalho, assim como conceitos
relacionados aos eletrólitos poliméricos, suas propriedades e
aplicações, o estado sólido cristalino dos polímeros e alguns
dados encontrados na literatura referente a alguns eletrólitos
poliméricos sólidos já estudados.
Dissertação – PPGQ – UFRN 28
2.1 ELETRÓLITOS POLIMÉRICOS
O termo “Eletrólito Polimérico” refere-se a qualquer sistema formado de nano-
agregados de macromoléculas caracterizado por uma condutividade iônica significativa,
geralmente considerada mais elevada do que cerca de 10-7
S cm-1
(NOTO et al., 2011), além
disso, estes eletrólitos possuem propriedades de transporte similar à de uma solução de
líquido iônico comum (STEPHAN, 2006).
Desde a sua descoberta em 1973, eletrólitos poliméricos sólidos (EPSs) têm sido
amplamente estudados. Estes complexos, consistindo de uma matriz polimérica polar e um sal
de metal com baixa energia de rede, exibem uma combinação nas propriedades que os tornam
interessantes para diversas aplicações. A dissolução de sais inorgânicos em polímeros
hospedeiros será facilitada quando a energia de rede do sal é baixa e a constante dielétrica ( )
do polímero é alta. Assim, pela necessidade da inserção de sais para promover efeitos de
condutividade, diz-se que os EPSs são polímeros condutores extrínsecos (STEPHAN, 2006;
STOLWIJK et al., 2013).
Além do mais, certos EPSs apresentam algumas vantagens frente aos eletrólitos
líquidos. Alguns tipos de eletrólitos líquidos de células solares, por exemplo, contêm
problemas de vazamento, evaporação do solvente, instabilidade a altas temperaturas e
inflamabilidade (KALAIGNAN et al., 2006).
Assim como a energia de rede do sal e a constante dielétrica do polímero, outros
fatores podem influenciar na dissociação do sal no polímero hospedeiro e, consequentemente,
em suas propriedades. A condutividade iônica em eletrólitos poliméricos, por exemplo, tem
sido associada, também, com as fases amorfas no sistema. Em geral, os complexos de sais de
polímeros que são amorfos exibem maior condutividade em comparação com seus homólogos
cristalinos. A flexibilidade da cadeia, que é maior na fase amorfa, também é crucial para
auxiliar no transporte iônico. Além disso, a mobilidade iônica dos íons nas cadeias
poliméricas, que está relacionada diretamente com a condutividade, é dependente da
viscosidade local e é favorecida pela dinâmica da cadeia polimérica acima da temperatura de
transição vítrea (Tg) (DYGAS et al., 2003; VOLEL et al., 2004; STOLWIJK et al., 2013).
A temperatura, concentração do sal e movimento dos íons inter e intra cadeias nos EP,
também influenciam suas propriedades. Tanto temperaturas elevadas quanto concentrações do
sal, suficientemente altas, podem induzir alterações cruciais na microestrutura do complexo
e/ou promover a precipitação de uma segunda fase rica em sal. Assim, para fins científicos, o
regime de baixa concentração do sal e alta temperatura pode ser de grande interesse, uma vez
Dissertação – PPGQ – UFRN 29
que contorna as dificuldades relacionadas com a análise da condutividade de estruturas
multifásicas dos EPSs. Também, o movimento do íon inter e intracadeia torna a
condutividade do polímero elevada. O movimento segmental permite que os íons desloquem
de um local para outro ou fornece um caminho para eles se moverem, ou seja, o movimento
segmental das cadeias do polímero facilita o movimento iônico de transição (KUMAR et al.,
2006; STOLWIJK et al., 2012).
Eletrólitos poliméricos com alta condutividade iônica têm sido um assunto de grande
interesse nos recentes anos na área de pesquisa polimérica, devido tanto ao interesse teórico,
como importância prática para o desenvolvimento de dispositivos eletroquímicos, tais como
supercapacitores, baterias secundárias, células de combustível, sensores, ultracapacitores,
displays eletrocrômicos e células solares (ANANTHA e HARIHARAN, 2005; STEPHAN,
2006; KUMAR et al., 2007; NOTO et al., 2011).
Em baterias secundárias (baterias recarregáveis), devido às suas propriedades elásticas,
os EPSs permitem reduzir a resistência do contato interfacial entre o eletrólito e o eletrodo,
devido as configurações dos filmes finos constituídos por estes eletrólitos. Por isso, a
condutividade iônica alta é criticamente importante para aplicações práticas (KALAIGNAN
et al., 2006).
Um esquema típico de uma bateria de um eletrólito polimérico é apresentado na
Figura 1. A função do eletrólito, neste tipo de dispositivo, é permitir a migração de íons
alcalinos ou alcalinos terrosos a partir do ânodo para o cátodo durante a descarga do
dispositivo e o processo inverso quando a bateria é recarregada. Atualmente, além do lítio que
é bastante utilizado neste tipo de dispositivo, outros íons alcalinos ou alcalinos terrosos tais
como Na+, K
+ e Mg
2+ também foram investigados (NOTO et al., 2011).
Dissertação – PPGQ – UFRN 30
Figura 1 – Esquema típico de uma bateria à base de um EPS.
Fonte: Stephan, 2006 (Adaptada).
Noto et al., (2011) discute o esquema proposto por Gray em 1997 para classificar os
eletrólitos poliméricos, que estão reorganizados nas Figuras 2 e 3:
Figura 2 – Classes dos eletrólitos poliméricos “clássicos”.
Fonte: Noto et al., 2011 (Adaptada).
Dissertação – PPGQ – UFRN 31
Figura 3 – Uma das classes e suas subclasses dos eletrólitos poliméricos híbridos orgânico-inorgânicos.
Fonte: Noto et al., 2011(Adaptada).
Os eletrólitos poliméricos clássicos, frequentemente, consistem de múltiplas fases
como: (i) complexo de uma fase polimérica amorfa e complexo polimérico cristalino
contendo sal dissolvido; (ii) polímero cristalino não complexado, dependendo da composição
inicial e temperatura em que o complexo foi preparado (ANANTHA e HARIHARAN, 2005).
Materiais poliméricos em combinação com sais metálicos adequados dão aos
eletrólitos poliméricos bom desempenho para dispositivos eletroquímicos avançados de alta
energia. As vantagens de incorporação destes sais metálicos ou óxidos de nano-pós, diz
respeito às melhorias na: (i) condutividade iônica em baixas temperaturas; (ii) estabilidade na
interface com os eletrodos; (iii) flexibilidade; (iv) facilidade de processamento em filmes
finos de grande área superficial; (v) estabilidade eletroquímica e (vi) estabilidade volumétrica
ao longo de ciclos de carga-descarga repetidos em um determinado dispositivo. Outras
vantagens associadas aos eletrólitos poliméricos dizem respeito às suas propriedades
mecânicas favoráveis, ampla faixa de composição e, consequentemente, o controle de
propriedades, compatibilidade química melhorada e habilidade para formar contatos efetivos
entre eletrodo e eletrólito (ANANTHA e HARIHARAN, 2005; BHIDE e HARIHARAN,
2006; KUMAR et al., 2006; STEPHAN, 2006).
O mecanismo de condução de íons em um eletrólito é assumido como a mobilidade de
cátions, em que o movimento da cadeia polimérica desempenha um papel significativo. As
Dissertação – PPGQ – UFRN 32
concentrações de portadores de carga são importantes, estas sendo a função da concentração
do sal no polímero (KUMAR et al., 2006). Noto et al., (2011) propuseram dois mecanismos
para justificar a melhoria da condutividade iônica do sistema após a adição do sal:
A criação de interfaces entre o polímero e as nanopartículas inorgânicas, que atuam
como vias preferenciais de íons de condução;
A inibição da cristalinidade da matriz polimérica, um obstáculo bem conhecido para a
migração (de longo alcance) do íon em eletrólitos poliméricos tradicionais (EP).
Além disso, de acordo com o trabalho de Kumar et al., (2006) os fatores essenciais
para assegurar a alta condutividade iônica de um eletrólito, após a adição do sal, são:
Um mecanismo de deslocamento entre os locais de coordenação;
Relaxamentos estruturais locais;
Movimentos segmentares da cadeia polimérica.
As propriedades mecânicas, elétricas, térmicas e ópticas são modificadas na formação
dos EPSs. Também sofrem alterações, as propriedades termodinâmicas como a entalpia e a
entropia. Quando se dissolve um sal em um solvente (sólido ou líquido), há variações tanto
em relação à entalpia quanto em relação à entropia (JANUÁRIO, 2004). As variações nestas
grandezas termodinâmicas serão decorrentes de fatores como, por exemplo, quebra da rede
cristalina do sal durante a solvatação, movimentação das cadeias poliméricas, movimento dos
íons entre as cadeias, entre outros fatores.
Deste modo, é perceptível notar que a adição de certos sais em determinados
polímeros hospedeiros pode levar a significativas modificações nas propriedades do eletrólito
polimérico formado. Assim, com esta ampla possibilidade de modificações, os EPSs se
mostram como materiais alternativos para diversas aplicações, principalmente nas que
concernem a aplicações energéticas.
2.2 ESTRUTURA MOLECULAR DO ESTADO SÓLIDO SEMICRISTALINO DOS
POLÍMEROS
É difícil pensar que polímeros podem formar cristais e apresentar, por exemplo, uma
alta cristalinidade. Em princípio, uma estrutura periódica em três dimensões é obtida pela
escolha de conformações helicoidais idênticas para todos os polímeros, orientando os eixos
helicoidais de todas as redes paralelas uma à outra, e, em seguida, a agregação das cadeias de
uma maneira regular. O esquema é aplicável a todos os polímeros, desde que tenham uma
Dissertação – PPGQ – UFRN 33
arquitetura linear e constituição química regular. Assim, pode-se concluir que os polímeros,
têm sim, potencial para cristalizar e o fazem (STROBL, 1997).
O processo de cristalização de polímeros difere dos sólidos cristalinos convencionais
devido à natureza peculiar deste se apresentar na forma de longas cadeias poliméricas. Os
domínios cristalinos chamados “cristalitos” são muito menores do que os cristais normais e
contêm mais imperfeições estando interconectados com regiões amorfas.
A compreensão do comportamento de cristalização de polímeros exige considerações
cinéticas. A termodinâmica, ainda, é necessária para a descrição das forças motrizes. Sendo
cineticamente controlada, estruturas de amostras parcialmente cristalinas são sempre
fortemente afetadas pelo processamento e mostra uma memória da história térmica, ou seja,
temperaturas e tempos de cristalização, taxas de resfriamento e aquecimento, entre outros
(STROBL, 1997).
Polímeros cristalizáveis típicos são os que possuem cadeias lineares (por exemplo,
POE). A estrutura cristalina de polímeros está relacionada com a organização das longas
cadeias poliméricas em uma escala nanométrica, ou seja, com a dispersão espacial e os
segmentos moleculares preenchendo o elemento fundamental da estrutura cristalina: a célula
unitária.
Uma das características dos polímeros semicristalinos, durante sua cristalização, é a
formação de esferulitos. Um esferulito é uma formação esfericamente simétrica feita de raios
radiais divergindo de um centro, como pode ser observado na Figura 4, com dimensões
variando de diversos mícrons de fração de milímetro, atingindo valores de centímetros em
alguns casos (TAGER, 1978) como foi observado por Marzantowicz et al., (2009) no estudo
de POE, de alta massa molecular, mostrando que os esferulitos deste polímero são largos e
com diâmetro da ordem de 2 mm.
Esferulitos são feitos de fibrilares cristalinos ou elementos de estrutura lamelar
(cristalitos). Estes cristalitos são formações tipicamente cristalinas obtidas, sob condições
reais, na produção de materiais poliméricos para praticamente todas as classes de cristalização
de compostos de alta massa molecular, tais como moldes filmes e fibras. Entretanto, mesmo
quando a cristalização é concluída, uma parte do material esferulítico pode permanecer
amorfa e não entrar na formação cristalina (TAGER, 1978).
Dissertação – PPGQ – UFRN 34
Figura 4 – Esferulitos no POE puro e em diferentes eletrólitos obtidos através de um: (a) microscópio óptico de
polarização para o POE puro (Mw = 5x106); (b) microscópio eletrônico de varredura para o eletrólito
(POE)50/AgCF3SO3; (c) microscópio óptico de polarização para o eletrólito (POE)4/LiCF3SO3.
Fonte: (a) Marzantowicz et al., 2009; (b) Sunthanthiraraj e Vadivel, 2012 e (c) Zardalidis et al., 2013.
No estudo da cinética de crescimento esferulítico do POE puro e do eletrólito
POE/LiClO4, Zhang et al., (2012) observaram o crescimento no diâmetro dos esferulitos com
o tempo de cristalização e mostraram que estes, como pode ser visualizado nas Figuras 5 e 6,
crescem com o aumento do tempo de cristalização.
Figura 5 – Crescimento dos esferulitos durante a fusão-cristalização isotérmica a 52 °C para o POE obtido
através de microscópio óptico de luz polarizada.
Fonte: Zhang et al., 2012.
Figura 6 – Diâmetro dos esferulitos do (a) POE puro e (b) do eletrólito POE/LiClO4 em função do tempo de
cristalização a diferentes temperaturas.
Fonte: Zhang et al., 2012 (Adaptada).
b a c
100 m
Dissertação – PPGQ – UFRN 35
Assim, os esferulitos são tão importantes em materiais poliméricos quanto às
estruturas de grãos em materiais policristalinos, uma vez que sua morfologia interfere
diretamente nas propriedades do material.
2.3 POLI(OXIDO DE ETILENO) – POE
O POE, cuja estrutura monomérica se encontra apresentada na Figura 7, é um
polímero semicristalino de cadeia polar, biocompatível, biodegradável, não iônico, solúvel em
água e em muitos solventes orgânicos (VRANDEĈIĆ et al., 2010; CHOUDHARY et al.,
2015). É um polímero do óxido de etileno, disponível em uma ampla faixa de massas
moleculares (20.000 – 8.000.000) (VRANDEĈIĆ et al., 2010). Este poliéter apresenta cadeia
linear e a regularidade da sua unidade estrutural permite um elevado grau de cristalinidade.
Figura 7 – Estrutura monomérica do POE.
Fonte: Autoria própria.
Este polímero tem conformação helicoidal com uma célula unitária do tipo (7/2),
como ilustrado na Figura 8(b), que é a base da unidade estrutural da fase cristalina
representando sete unidades de repetição do óxido de etileno em duas voltas de um fibra de
1,93 nm (SUNDERRAJAN et al., 2001). Esta conformação em uma célula unitária torna o
diâmetro da cadeia do POE muito maior do que a do seu precursor polietileno, PE, (ZHENG e
XU, 2010), como visualizado na Figura 8.
Dissertação – PPGQ – UFRN 36
Figura 8 – (a) Conformação zig zag da cadeia planar do PE; (b) Conformação helicoidal da cadeia do POE.
Fonte: Zheng e Xu, 2010 (Adaptada).
Este polímero tem considerável importância industrial uma vez que encontra
aplicações nos mais diversos ramos: na indústria têxtil, em cosméticos, em baterias
recarregáveis baseadas em eletrólito polimérico e janelas inteligentes. O POE é, atualmente,
também usado na indústria farmacêutica em aplicações como bioadesivos de mucosa
(VRANDEĈIĆ et al., 2010).
Grande parte da pesquisa, nas últimas duas décadas, tem sido dedicada a sistemas de
eletrólitos baseados em POE (STEPHAN, 2006). Este polímero tem recibo muita atenção
como polímero hospedeiro por causa da sua habilidade para dissolver altas concentrações de
uma ampla variedade de sais metálicos sólidos dando origem a altas condutividades iônicas.
Além de apresentar boa estabilidade eletroquímica e melhores propriedades mecânicas
comparadas com aquelas de outros polímeros hospedeiros (ANANTHA e HARIHARAN,
2005; BHIDE e HARIHARAN, 2006).
Desde que a condutividade iônica do POE com sais inorgânicos dissolvidos foi
descoberta, este sistema tornou-se um eletrólito polimérico protótipo (DYGAS et al., 2003).
Além disso, EPSs que têm o POE como componente matricial, ou seja, como polímero
hospedeiro, combinam as vantagens do estado sólido com a facilidade de moldagem como
filmes finos (STEPHAN, 2006).
Dissertação – PPGQ – UFRN 37
Nos eletrólitos poliméricos à base de POE, em geral, cátions, de pequeno raio iônico,
do sal são coordenados com o oxigênio da função éter do polímero, de forma que a cadeia
polimérica helicoidal envolve os cátions presentes. Além disso, a mudança na composição
química do EP pode variar as propriedades físicas do mesmo (DYGAS et al., 2003; KUMAR
et al., 2006) como condutividade iônica, estabilidade térmica e resistência mecânica.
Complexos POE-sal são sistemas de duas fases, consistindo de esferulitos e fase
amorfa, exibindo diferentes propriedades elétricas. A fase cristalina é equilibrada muito
lentamente, nunca chegando a sua conclusão (DYGAS et al., 2003; CHOI e KIM, 2004)
devido a conformação adotada pelas cadeias poliméricas. Abaixo da sua temperatura de fusão
(Tf), cerca de 65 ºC, o POE contém uma fase cristalina. No caso da cristalização a partir da
massa fundida, finas lamelas cristalinas formam esferulitos, que também contêm fase amorfa
interlamelar (DYGAS et al., 2003).
Segundo Quartarone, Mustarelli e Magistris (1998) as modificações dos eletrólitos,
que têm o POE como polímero hospedeiro, podem ser divididas em quatro categorias
principais:
Preparação de redes de polímeros reticulados, aleatórios, copolímeros em bloco, com
cadeias curtas de óxido de etileno, de modo a minimizar a cristalização;
Utilização de sais dopantes que formam eutéticos de baixa temperatura com a fase do
POE que não interagiu (sais plastificantes);
Utilização de plastificantes orgânicos para aumentar a flexibilidade das cadeias do
polímero hospedeiro;
Adição de aditivos inorgânicos e/ou orgânicos, com o objetivo de reduzir a capacidade
de cristalização do poliéter hospedeiro, sem reduzir as propriedades mecânicas do
sistema.
Sendo esta última categoria de interesse em nosso trabalho, com o POE como poliéter
hospedeiro e o tungstato de sódio como aditivo inorgânico.
2.4 TUNGSTATO DE SÓDIO (Na2WO4)
O uso de tungstatos tem uma longa história de aplicações tecnológicas, tendo sido
objeto de extensa pesquisa científica, neste último século. O interesse contínuo nesses
materiais surge do fato destes apresentarem excelentes propriedades ópticas, sendo utilizados
em fibras ópticas, como material fotoluminescente, laser, cintiladores e detectores
(FERREIRA, 2008).
Dissertação – PPGQ – UFRN 38
O tungstato de sódio (Tf = 695 ºC) é um sal hidrofílico e um agente oxidante
moderado de estrutura tetraédrica, Figura 9, que, frequentemente, encontra-se na forma
diidratada, Na2WO4.2H2O (BUENO, 2008).
Figura 9 – Estrutura química do tungstato de sódio.
Fonte: Autoria própria.
As dimensões da cela unitária do tungstato de sódio diidratado são: a = 8,454 Å, b =
10,598 Å, c = 13,895 Å e os tetraedros são ligeiramente alongados na direção das
ligações de hidrogênio. Além disso, estes arranjos atômicos são compostos de camadas
alternadas entre estes tetraedros e moléculas de água nas celas, como visto na Figura 10,
(SARAIVA et al., 2013).
Figura 10 – Cela unitária esquemática do Na2WO4.2H2O.
Fonte: Saraiva et al., 2013 (Adaptada).
Dissertação – PPGQ – UFRN 39
Apesar dos sistemas poliméricos condutores com sais de sódio terem sido menos
estudados em relação aos de lítio (KUMAR et al., 2007), Moreno et al., (2014) sugeriram que
baterias com íons sódio representam uma alternativa para as com íons lítio. A utilização do
sódio tem algumas vantagens sobre o lítio, como menor preço comercial (KUMAR et al.,
2007). Também, a baixa abundância do lítio (0,002 – 0,007 %) (NI’MAN et al., 2015), em
relação ao sódio (2,83 %) (KLEIN e DUTROW, 2007), na crosta terrestre, limita sua futura
implementação de forma generalizada nos diferentes dispositivos de energia alternativa.
Assim, vários grupos estão desenvolvendo dispositivos (baterias secundárias), que trabalhem
próximo à temperatura ambiente, baseados em eletrólitos poliméricos com Na+. Sais de sódio
como NaClO3, NaNO3 e NaClO4, já foram investigados para aplicação neste tipo de bateria
(RAJENDRA, ROY e PARVEEN, 2013; MORENO et al., 2014; NI’MAN et al., 2015).
No estudo feito por Moreno et al., (2014) para o eletrólito (POE)n:NaTFSI, estes
autores observaram que a condutividade dos eletrólitos poliméricos com íons sódio e o contra
íon TFSI- (efeito plastificante) é comparável ou superior a aqueles com o íon lítio, que mostra
que estes filmes de eletrólitos poliméricos, à base de um sal iônico de sódio, tornam-se
materiais promissores no design de novos dispositivos.
2.5 ESTADO DA ARTE: ELETRÓLITOS POLIMÉRICOS – POLI(ÓXIDO DE
ETILENO)/SAIS
No estudo do eletrólito (POE)n:NaPO3, (n = 3, 4, 6, 8 e 10) Bhide e Hariharan (2006)
observaram, através dos difratogramas de raios-X, que a adição do metafosfato de sódio
(NaPO3) no polímero hospedeiro (POE) provoca um alargamento dos picos do POE e redução
nas suas intensidades. Também observou picos de baixa intensidade atribuídos ao sal e
nenhum novo pico, o que confirmou a dissociação do sal na matriz polimérica.
Por meio da análise das curvas de calorimetria exploratória diferencial (do inglês
DSC), estes autores observaram, ainda, que há uma diminuição no grau de cristalinidade com
o aumento da concentração do sal e, também, uma redução na condutividade iônica, assim
como, um aumento na temperatura de transição vítrea (Tg) quando comparados ao do POE
puro. Ao eletrólito que apresentou maior condutividade iônica (POE)6:NaPO3; σ = 2,9x10-8
S
cm-1
à 351 K foi adicionado um plastificante (carbonato de etileno) que apresenta alta
constante dielétrica. Esta adição resultou em um aumento de até duas ordens de grandeza na
condutividade iônica deste eletrólito (σ = 1,6x10-6
S cm-1
a 351 K). Além disso, foram
observadas estruturas esferulíticas atribuídas à região cristalina do EPS, através da
Dissertação – PPGQ – UFRN 40
microscopia eletrônica de varredura (MEV). Estes mesmos autores sugeriram que a
condutividade elétrica dos eletrólitos ocorre por um mecanismo de condução ativada com
duas energias de ativação encontradas pela relação do tipo de Arrhenius que variaram, para as
diferentes composições, de 0,69 a 0,81 eV para a região abaixo de 338 K e de 0,40 a 0,44 eV
para a região acima de 338 K.
Anantha e Hariharan (2005) estudando o eletrólito POE:NaNO3, também observaram,
nos difratogramas do eletrólito, uma redução na intensidade dos picos quando comparado ao
do POE puro, sugerindo um decréscimo na cristalinidade do eletrólito. Foi observado, através
do DSC, uma redução na cristalinidade e aumento da Tg dos EPSs com o aumento da
concentração do nitrato de sódio (NaNO3), semelhante ao eletrólito (POE)n:NaPO3 estudado
por Bhide e Hariharan (2006). Os espectros de FTIR confirmaram a complexação do material.
As largas bandas vibracionais no PEO puro na região de 1150-1050 cm-1
foram atribuídas aos
modos de estiramento C-O-C simétrico e assimétrico. Após a complexação, a variação na
forma das bandas de absorção indicaram que os íons Na+ do NaNO3 são coordenados com o
oxigênio éter do POE. A impedância medida para o (POE)10:NaNO3 foi modelada a partir de
um circuito elétrico e, usando parâmetros elétricos deste, extraiu-se os valores de
condutividade iônica (σ) o que permitiu concluir que a adição do sal provoca um aumento na
condutividade iônica do eletrólito.
No estudo das propriedades do eletrólito (POE)n-KI-I2 (n = 5, 8, 10, 12, 20, 30, 40 e
50), semelhante aos EPSs já citados, foram observados nos difratogramas de raios X uma
redução na intensidade dos picos cristalinos com o aumento na concentração do sal iodeto de
potássio (KI). Para a razão óxido de etileno (do inglês OE) EO/KI = 12, os difratogramas com
e sem I2 foram quase idênticos, sugerindo que o I2 pode não estar fortemente envolvido na
formação do cristal. Para esta mesma razão, os picos praticamente desapareceram, ou seja, o
complexo mostrou-se completamente amorfo, sugerindo que KI e I2 impediram a cristalização
do POE. A diminuição da cristalinidade observada pode ser sugerida pela interação do K+ do
KI com o oxigênio éter do polímero, já que nenhuma modificação foi observada com variação
da concentração do I2 nos espectros de infravermelho obtidos. As curvas de DSC mostraram
que as Tg dos EPs diminuíram após adição do sal em relação ao POE puro, confirmando a
natureza amorfa dos eletrólitos (KALAIGNAN, KANG, M-. e KANG, Y., 2006).
As observações das propriedades do EPS (POE+NaClO3), feitas por Kumar et al.,
(2006) mostraram uma diminuição no grau de cristalinidade dos eletrólitos com o aumento da
concentração do sal. Isto foi observado através dos difratogramas de raios X. O gráfico do
logaritmo da condutividade em função do inverso da temperatura apresentou duas energias de
Dissertação – PPGQ – UFRN 41
ativação que variaram, para as diferentes composições do eletrólito, de 0,10 a 0,24 eV para a
região abaixo da temperatura de fusão (Tf) do polímero e de 0,41 a 0,57 eV para a região
acima da Tf . Além disso, o aumento da temperatura provocou um aumento na condutividade
dos EPSs.
Os difratogramas de raios X para o EPS que tem o POE como polímero hospedeiro e o
bicarbonato de sódio (NaHCO3) como sal dopante confirmaram, assim como nos outros casos
já citados, uma redução no grau de cristalinidade com o aumento da concentração do sal.
Também foi observado a formação de novos picos de difração, correspondente a um
composto cristalino estável (Na:POE), visualizados entre 2 = 50 e 62º. A condutividade dos
EPSs, POE:NaHCO3, aumenta com o aumento da temperatura no intervalo estudado (303 –
368 K). O gráfico do logaritmo do produto da condutividade pela temperatura (σT) em função
do inverso da temperatura mostrou duas regiões distintas e, para cada uma delas, calculada
sua energia de ativação (E*) que variou de 0,19 a 0,34 eV para a região abaixo da Tf do
polímero e de 0,28 a 0,59 eV para a região acima da Tf (KUMAR et al., 2007).
Na investigação do eletrólito (POE)n:LiClO4, Choi e Kim (2004) observaram o
crescimento de esferulitos em função do tempo para n = 16. As imagens de microscopia
óptica mostraram o comportamento semicristalino do POE nos EPSs, sendo evidenciada a
formação de esferulitos. Observaram-se momentos de cristalização distintos. Primeiro, o
crescimento radial dos esferulitos é muito rápido (menor tempo), em seguida ocorre um lento
espessamento destas formações (maior tempo). As curvas de DSC mostraram uma redução no
grau de cristalinidade dos EPSs, que é mais significativa para maiores quantidades do sal, na
região de aquecimento abaixo da Tf do polímero. A condutividade iônica dos eletrólitos com o
sal LiClO4, sob condições isotérmicas por aproximadamente 10 horas, diminui rapidamente.
Entretanto, após esse intervalo de tempo, houve uma suave redução dessa propriedade, o que
pode ser relacionado com o crescimento rápido e, então, lento dos esferulitos observados por
microscopia óptica.
No estudo dos eletrólitos (POE)n:LiCF3SO3 e (POE)n:LiN(CF3SO2)2, Dygas et al.,
(2003) mostraram que é possível, através da espectroscopia de impedância eletroquímica
(EIE), fazer uma sondagem da homogeneidade de eletrólitos poliméricos. Além disso,
mostrou-se que a condutividade e a permissividade do POE e dos EPSs estudados são
dependentes da existência de regiões amorfas e cristalinas nas cadeias do polímero.
Usando dois diferentes solventes, acetonitrila (AN) e formiato de metila (FM), na
preparação dos eletrólitos POE:Sais de lítio (Li[(CF3SO2)2N], LiBF4 ou LiClO4), Volel,
Armand e Gorecki (2004) mostraram que o solvente influencia nas propriedades morfológicas
Dissertação – PPGQ – UFRN 42
e de transporte dos EPs. A topografia dos EPSs, na razão 20:1, foi analisada por microscopia
de força atômica (do inglês AFM) e as micrografias apresentaram diferenças topográficas na
superfície dos EPs preparados com AN em relação àqueles com FM. As curvas de DSC, para
todas as razões POE:sais estudadas, mostraram que as temperaturas de transição vítrea,
cristalização e fusão se deslocam para valores maiores nos eletrólitos obtidos com AN em
comparação com seu homólogo com FM. Além disso, observou-se um evento de cristalização
para os filmes com FM, enquanto que nenhuma cristalização foi perceptível para seu
homólogo obtido com AN. Através dos valores de condutividade, calculados a partir dos
parâmetros extraídos dos gráficos de EIE, os filmes dos EPSs com o FM são menos
condutores em relação àqueles com o AN por um fator entre 1,1 e 1,7 para o
POE:Li[(CF3SO2)2N], 1,3 e 2,4 para o POE:LiClO4 e 1,1 e 2,5 para o POE: LiBF4, sendo este
efeito independente do processo ser com aquecimento ou resfriamento.
Mudando o cátion e o ânion, Stolwijk, et al., (2013) analisaram a dependência da
concentração dos sais na Tg dos eletrólitos POE-NaI e POE- Li[(CF3SO2)2N, nas razões
POE:sal iguais a 20, 60, 250 e 1000. As curvas de DSC mostraram que as Tg do POE-NaI
foram sempre maiores que a do POE- Li[(CF3SO2)2N para a mesma concentração de sal.
Sugeriu-se que o maior volume dos íons TFSI têm um efeito plastificante mais forte que os
íons iodetos, uma vez que desfavorece o empacotamento denso dos segmentos das cadeias
poliméricas. Ainda sobre estes eletrólitos, Stolwijk et al., (2012) observaram que as
difusividades dos ânions foram maiores que as dos cátions no intervalo de temperatura de 67 a
220 ºC. As variações de entalpia (∆Hp) e entropia (∆Sp) do par cátion-ânion são, geralmente,
positivas refletindo a forte ligação do cátion com as cadeias poliméricas e, em consequência,
conduzindo a restrições conformacionais significativas, fazendo com que .
Na caracterização do (POE)n:NaTFSI com n = 6, 8, 10, 12, 20 e 30, Moreno et al.,
(2014) observaram que as temperaturas de transição vítrea apresentaram uma tendência
irregular para diferentes razões EO:Na estudadas. Para os que apresentaram um aumento da
Tg foram observados, nas curvas de DSC, dois picos na região de fusão do polímero, o em
menor temperatura atribuído aos menores cristalitos e o em maior temperatura atribuído aos
maiores cristalitos em fusão. Os eletrólitos (POE)20:NaTFSI e (POE)12:NaTFSI apresentaram
valores de condutividade realmente relevantes, chegando a 1,1 mS cm-1
para n = 20 e 1,3 mS
cm-1
para o n = 12, ambos a 80 ºC.
No estudo do eletrólito POE/LiXF6 (X = P, As, Sb), Gadjourova et al., (2001)
determinaram que a condutividade deste eletrólito com alta cristalinidade (fase amorfa não foi
detectada) é quase uma ordem de grandeza maior que dos eletrólitos totalmente amorfos.
Dissertação – PPGQ – UFRN 43
Também, Gitelman et al., (2008), no estudo do EP POE/LiI, perceberam que a condutividade
iônica pode ser efetivamente reforçada devido à formação do arranjo mais ordenado das
cadeias moleculares. Ainda, de acordo com Wang e Lei (2012), nem sempre os eletrólitos
com maior cristalinidade e menor fase amorfa terão as menores condutividades iônicas.
2.6 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO
2.6.1 Espectroscopia de Impedância (EI)
A espectroscopia de impedância é uma técnica de caracterização elétrica amplamente
empregada no estudo de materiais para extração de diversos parâmetros elétricos. Pode ser
utilizada para a análise de processos faradáicos e não faradáicos que envolvem: difusão,
cinética, dupla camada elétrica, corrosão entre vários outros, em materiais como filmes finos,
sólidos iônicos e eletrólitos sólidos. Esta consiste na aplicação de um potencial alternado,
Equação 2, entre dois eletrodos que estão ensanduichando o material em estudo e observar a
resposta resultante em forma de uma corrente alternada (AC), Equação 3,
em que representa o potencial aplicado, a amplitude do potencial aplicado, a
corrente resultante, amplitude de corrente resultante, a frequência angular definida como
, o tempo e o ângulo de fase ou simplesmente defasagem.
A análise da resposta permite extrair informações pertinentes ao próprio material
como a condutividade, por exemplo, ou pertinentes à interface eletrodo/material como, por
exemplo, capacitância da dupla camada elétrica. A interpretação dos dados obtidos pode ser
feita de diversas maneiras das quais as empregadas neste trabalho são através de circuitos
elétricos equivalentes e a correlação entre as propriedades do material e os espectros de
impedância em diferentes formatos.
A técnica baseia-se na medição da impedância. A impedância pode ser definida como
a ação conjunta das resistências oferecidas pelos resistores, capacitores e indutores à
passagem de uma corrente alternada. Assim, a impedância pode ser definida como uma
equação análoga a Lei de Ohm, conforme mostrado na Equação 4:
Dissertação – PPGQ – UFRN 44
em que e representam, respectivamente, as componentes
real e imaginária da impedância e √ . As equações para as impedâncias para um
resistor, um capacitor e um indutor ideais são mostradas na Figura 11.
Figura 11 – Elementos de circuito e suas respectivas equações de impedância com j √ .
Fonte: Orazen e Tribollet, 2008 (Adaptada).
Em coordenadas polares, a impedância pode ser definida pela Equação 5,
| |
sendo | |o módulo da impedância, Equação 6, e a defasagem, Equação7.
| | √
(
)
O formato de Nyquist é um tipo de representação gráfica utilizado para análise dos
dados obtidos. Neste formato, os dados de impedância são representados em um plano de
impedância complexa em que cada ponto corresponde a uma dada frequência. Este é
representado como a impedância imaginária (Zj) em função da impedância real (Zr), Figura
12.
Dissertação – PPGQ – UFRN 45
Figura 12 – Representação dos dados de impedância no formato Nyquist para um circuito que tem um resistor
em série com uma associação de outro resistor e um capacitor.
é a resistência ôhmica; é a resistência de polarização; é frequência angular no máximo do
semicírculo.
Fonte: Bard e Faulkner, 2001 (Adaptada).
Adicionalmente ao formato Nyquist, o formato Bode pode, algumas vezes, promover
informações adicionais como, por exemplo, a melhor visualização da dependência com a
frequência. Este formato pode ser apresentado de duas maneiras: o módulo da impedância em
função da frequência ou o ângulo de fase em função da frequência, Figura 13.
Figura 13 – Representação dos dados de impedância no formato Bode para o mesmo circuito descrito na Figura
14.
Fonte: Damos, Mendes e Kubota, 2004 (Adaptada).
A análise dos dados de espectroscopia de impedância pode, ainda, ser feita através de
ajustes dos dados a modelos de circuitos elétricos equivalentes. Um modelo de circuito
Zj
Zr
| |
| |
| |
Dissertação – PPGQ – UFRN 46
elétrico equivalente é uma combinação de resistências (R), capacitâncias (C) e indutâncias
(L), como também elementos eletroquímicos especializados como impedância de difusão (ZD)
ou elemento de fase constante (CPE), em série ou em paralelo. Os modelos podem ser
parcialmente ou completamente empíricos cada um representando um processo físico ou
químico que tem um comportamento de impedância característico. Mais de um circuito
elétrico equivalente pode ser posposto para o mesmo conjunto eletrólito/eletrodo, pois estes
podem oferecer respostas à frequência equivalente matematicamente. Assim, diferentes
modelos físicos podem ter a mesma resposta (ORAZEM e TRIBOLLET, 2008).
2.6.2 Espetroscopia de Absorção na Região do Infravermelho
A espectroscopia de infravermelho (IV) é uma técnica espectroscópica de análise
rápida e relativamente barata para determinação de grupos funcionais e elucidação de
estruturas. Esta técnica esta baseada nas vibrações dos átomos de uma molécula.
As análises desta técnica são realizadas através de um espectro de infravermelho e,
este, é geralmente obtido por passagem da radiação infravermelha através de uma amostra e,
assim, determinando qual a fração da radiação incidente é absorvida com uma energia
particular. A energia que aparece em qualquer pico no espectro de absorção corresponde à
frequência de vibração de uma parte de uma molécula da amostra. Uma molécula só pode
absorver esta radiação quando a radiação infravermelha de entrada corresponde à mesma
frequência de um dos modos fundamentais de vibração da molécula.
A análise dos espectros de IV com transformada de Fourier (do inglês FTIR) se baseia
na ideia da interferência da radiação entre dois feixes para produzir um interferograma. Este
último é um sinal produzido como uma função da mudança de comprimento da trajetória
entre os dois feixes. Os dois domínios de distância e frequência são interconvertíveis pelo
método matemático de transformação de Fourier. A radiação que emerge da fonte IV
atravessa um interferômetro e, então, chega à amostra antes de atingir o detector. Após a
amplificação do sinal, no qual as contribuições de altas frequências são eliminadas por um
filtro, os dados são convertidos para a forma digital por um conversor e, então, transferidos
para o computador para transformação de Fourier.
A espectroscopia de IV no modo de Reflexão Total Atenuada (do inglês ATR) utiliza
o fenômeno da reflexão interna total, Figura 14. Um feixe de radiação que incide no cristal irá
sofrer reflexão interna total se o ângulo de incidência na interface entre a amostra e o cristal é
maior do que o ângulo crítico que é uma função dos índices de refração das duas superfícies.
Dissertação – PPGQ – UFRN 47
A radiação atenuada resultante da incidência do feixe é medida e é representada graficamente
como uma função do comprimento de onda pelo espectrômetro dando origem à absorção
espectral característica da amostra.
Figura 14 – Esquema típico de uma cela de reflexão total atenuada.
Fonte: Stuart, 2004 (Adaptada).
Assim, a espectroscopia de infravermelho é um método popular para a identificação de
polímeros e pode ser utilizada para identificar a composição dos mesmos, monitorar os
processos de polimerização, assim como, caracterizar a estrutura de um polímero.
2.6.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia
Dispersiva (EDS)
A MEV pode promover informações sobre a superfície topográfica, estrutura
cristalina, composição química e comportamento elétrico de até 1 µm do material ou de uma
dada espécie, Figura 15. O princípio de um microscópio eletrônico de varredura consiste em
utilizar um feixe de elétrons incidentes de pequeno diâmetro para explorar a superfície da
amostra, ponto a ponto, por linhas sucessivas e transmitir o sinal do detector a uma tela
catódica cuja varredura está perfeitamente sincronizada com aquela do feixe incidente. Por
um sistema de bobinas de deflexão, o feixe pode ser guiado de modo a varrer a superfície da
amostra segundo uma malha retangular. O sinal de imagem resulta da interação do feixe
incidente com a superfície da amostra. O sinal recolhido pelo detector é utilizado para
modular o brilho do monitor, permitindo a observação.
Dissertação – PPGQ – UFRN 48
Figura 15 – Efeito da interação entre o feixe e a amostra. O resultado é a profundidade de onde são originados
os sinais, ou seja, o volume de interação. O volume desta interação pode ser descrito como tendo a forma de uma
pêra ou de uma gota.
Fonte: Dedavid, Gomes e Machado, 2007 (Adaptada).
A Figura 15 mostra que para os sinais provenientes da região mais superficial da
amostra a resolução é maior, uma vez que o sinal vem de uma área cuja seção transversal se
aproxima do diâmetro do feixe. Portanto, reduzindo o diâmetro do feixe eletrônico, o
resultado será um sinal de elétrons secundários com melhor resolução, considerando que
outros fatores como a relação sinal/ruído não sejam problemas.
A espectroscopia de energia dispersiva de raios X (do inglês EDS) é uma importante
técnica para a análise química de materiais orgânicos e inorgânicos. Através da identificação
dos raios-X emitidos pela amostra, quando da interação com o feixe eletrônico incidente, é
possível determinar a composição de regiões com até 1 μm de diâmetro. A interação inelástica
entre o feixe primário e os elétrons de camadas mais internas do átomo causa a ionização do
mesmo, o que irá resultar na formação da radiação característica do átomo. Além disso, é uma
técnica não destrutiva, podendo determinar quantidades de até 1 – 2 % dos elementos
presentes na amostra. Outra característica importante desta microanálise é a possibilidade de
se obter o mapa composicional da região em observação, permitindo que se correlacione a
metalografia eletrônica com informações microcomposicionais detalhadas.
A possibilidade de caracterização da microestrutura pode ser realizada em uma escala
de dimensões variando de alguns milímetros a frações nanométricas, o que permite a MEV ser
usada para estudar as superfícies dos materiais poliméricos tais como, plásticos, filmes,
membranas, fibras e compósitos.
Dissertação – PPGQ – UFRN 49
2.6.4 Difração de Raios X (DRX)
A difração de raios X (DRX) é um dos métodos mais efetivos para determinação da
estrutura cristalina de materiais. Este método de análise é baseado na Lei de Bragg, Equação
8, uma lei que está relacionada ao espalhamento de feixes pelos átomos de um cristal através
de efeitos de difração resultantes desta interação, conforme mostrado na Equação 8.
Na Equação 8 é um número inteiro, é o comprimento de onda da radiação
incidente, a distância interplanar e o o ângulo de incidência em relação ao plano
cristalográfico considerado. Existe uma relação inversa entre o ângulo de Bragg ( ) e o
espaçamento entre os planos refletores, isto significa que um maior espaçamento entre as
unidades de repetição em um cristal, resulta em menores ângulos de difração.
Desta maneira, o DRX consiste na detecção da radiação refletida pelos planos
cristalográficos no material após a incidência de raios X sobre o mesmo, Figura 16, sendo
muito importante na caracterização de polímeros semicristalinos, como é o caso do polímero
utilizado neste trabalho (POE).
Figura 16 – Esquema mostrando a difração de Bragg sobre os planos cristalinos.
Fonte: Leng, 2008 (Adaptada).
Dissertação – PPGQ – UFRN 50
2.6.5 Análise Termogravimétrica/Termogravimétrica Derivada (TG/DTG) e
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
No campo de materiais poliméricos as técnicas de análise térmica (AT), com atenção
especial a TG/DTG e DSC, são utilizadas em vários tipos de estudos para avaliação de
fenômenos físicos e químicos como estabilidade térmica relativa, determinação de carga
inorgânica e parâmetros cinéticos e termodinâmicos, por exemplo.
A termogravimetria (TG) é uma técnica de AT em que a variação de massa da
amostra, que pode ser por perda ou ganho de massa, é determinada em função da temperatura
e/ou tempo, enquanto a amostra é submetida a uma programação controlada de temperatura.
A análise por TG pode ser feita de maneira isotérmica, quasi-isotérmica ou dinâmica. A
análise de TG dinâmica foi realizada neste trabalho, assim será dado um enfoque a este modo.
Na TG dinâmica, Figura 17, são registradas curvas de massa da amostra (m) em função da
temperatura (T) ou do tempo (t), como apresentado na Equação 9.
Figura 17 – Representação de uma curva TG dinâmica para um processo de decomposição térmica em uma
etapa.
Fonte: Canevarolo, 2007.
A Figura 17 ilustra uma curva TG para um processo de decomposição térmica que
acontece em apenas uma única etapa, como por exemplo, para a reação a seguir:
Dissertação – PPGQ – UFRN 51
Nesta curva, X é a substância termicamente estável entre os pontos a e b. No ponto b,
que corresponde a Ti, inicia-se a decomposição da substância e é nesta temperatura que o
componente volátil Z é liberado. A temperatura final (Tf) representa a temperatura em que há
o encerramento da etapa de decomposição e a completa formação da substância Y. A
temperatura onset (Tonset) representa o início extrapolado do evento térmico e a temperatura
endset (Tendset) corresponde ao final do evento térmico extrapolado.
A termogravimétrica derivada (DTG), nada mais é do que a derivada primeira da
variação de massa em relação à temperatura ou tempo, que é registrada em função da
temperatura ou do tempo, conforme as Equações 10 e 11.
As curvas DTG apresentam algumas vantagens às curvas TG. Elas indicam com
exatidão, as temperaturas correspondentes ao início e ao instante em que a velocidade de
reação é máxima (Tpico); os picos agudos permitem distinguir claramente uma sucessão de
eventos que muitas vezes não podem ser claramente distinguidos nas curvas TG. As áreas dos
picos nas curvas DTG são proporcionais à perda ou ganho de massa, o que permite
determinações quantitativas. A Figura 18 apresenta a curva DTG típica da reação
anteriormente citada. Nela podemos observar alguns dos mesmos parâmetros observados na
curva TG. Os patamares inicial e final são zero, porque representam a derivada da perda de
massa, quando esta é constante e a temperatura do pico (Tpico) que representa a temperatura
em que ocorre a velocidade máxima de perda de massa associada ao processo.
Dissertação – PPGQ – UFRN 52
Figura 18 – Representação de uma curva DTG dinâmica para um processo de decomposição térmica em uma
etapa.
Fonte: Canevarolo, 2007.
É importante destacar que uma curva DTG não contém mais informações do que uma
curva TG integral, obtidas sob as mesmas condições experimentais, apenas é uma aplicação
matemática que oferece algumas vantagens na análise dos dados obtidos.
A técnica TG/DTG permite uma vasta aplicação em materiais poliméricos. Entretanto,
só é eficiente e permite extração de resultados se os processos analisados ocorrem com perda
ou ganho de massa. Fenômenos como fusão e cristalização, por exemplo, não ocorrem com
variação na massa e, portanto, não são detectados nas curvas TG/DTG. Assim, faz-se
necessário a utilização de técnicas térmicas complementares que possam examinar processos
que ocorram com variação de energia, para que possa ser complementado e ampliado os
resultados obtidos por TG/DTG. Uma destas técnicas é a calorimetria exploratória diferencial
(do inglês DSC). Esta pode ser definida como uma técnica que mede as temperaturas e o fluxo
de calor associado com as transições dos materiais em função da temperatura ou do tempo.
A DSC é muito utilizada na determinação da transição vítrea de polímeros, na
determinação do grau de cristalinidade, na determinação da capacidade calorífica, na
construção de diagramas de fase, por exemplo. Na Figura 19, são apresentados alguns
fenômenos observados nas curvas DSC e como estes são identificados.
Dissertação – PPGQ – UFRN 53
Figura 19 – Alguns fenômenos que ocorrem com variação de energia em polímeros observados em curvas de
DSC. Os picos para cima são endotérmicos e os para baixo exotérmicos.
Fonte: Stolwijk et al., 2013.
CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Neste capítulo serão apresentadas as substâncias utilizadas na
realização do trabalho. Assim como, a descrição do
procedimento experimental utilizado para obtenção e
caracterização do novo eletrólito polimérico sólido em forma de
filme autossustentável.
Dissertação – PPGQ – UFRN 55
3.1 MATERIAL
Tabela 1 – Substâncias utilizadas na obtenção dos filmes do EPS.
SUBSTÂNCIAS PROCEDÊNCIA PUREZA/% Mw/g mol-1
Poli(óxido de etileno) - POE Sigma Aldrich -* 5,0x10
6
Tungstato de sódio diidratado –
Na2WO4.2H2O
Fluka 99,0 327,8
*Dado não fornecido.
Fonte: Autoria própria.
3.2 METODOLOGIA
3.2.1 Preparação das Soluções Poliméricas
Realizaram-se duas pesagens (balança modelo AS 210 da Scientech) uma de 5,0040 g
e outra de 5,0073 g do POE (ALDRICH®), como adquirido, para preparo de cada uma das
duas soluções do polímero. Cada massa foi dissolvida em 500 mL de água ultra pura, sob
agitação magnética (agitador modelo 752A da Fisatom), por aproximadamente 120 horas, até
a completa dissolução do polímero no solvente. Obtendo, assim, soluções com concentração
molar de 2,0x10-6
mol L-1
, identificadas como S0.
3.2.2 Preparação das Soluções do Sal
Para preparação de duas soluções de tungstato de sódio, com diferentes concentrações
molares, pesaram-se (balança modelo AS 210 da Scientech) 0,1046 g e 0,1389 g do sal
(FLUKA®
), como adquirido, e cada massa foi dissolvida em 10 mL de água ultra pura, sob
agitação magnética (agitador modelo 752A da Fisatom), por aproximadamente 24 horas,
obtendo soluções com concentrações molares de 0,03 mol L-1
e 0,04 mol L-1
, respectivamente,
identificadas como S1 e S2, como visto na Figura 20.
Dissertação – PPGQ – UFRN 56
Figura 20 – Soluções do sal utilizadas nas sínteses dos filmes autossustentáveis.
Fonte: Autoria própria.
3.2.3 Preparação das Misturas das Soluções e Obtenção dos Eletrólitos Poliméricos
Sólidos na Forma de Filmes Autossustentáveis
A partir da solução polimérica obtida, utilizaram-se alíquotas de volume fixo de 80
mL desta, que foram misturadas com diferentes volumes da solução do sal nas diferentes
concentrações, como apresentado na Tabela 2.
Tabela 2 – Soluções obtidas a partir da mistura da solução do polímero com as diferentes soluções do sal.
VPOE (mL) VTS mT.S (mg)/VPOE (mL) Solução
0 0/80 f0
80
20 µL da S1 0,20/80 f1
20 µL da S2 0,26/80 f2
30 µL da S1 0,30/80 f3
30 µL da S2 0,40/80 f4
50 µL da S1 0,50/80 f5
0,1 mL da S2 1,31/80 f6
VPOE = volume fixo do POE; VTS= volume do tungstato de sódio; mTS= massa do tungstato de sódio.
Fonte: Autoria própria.
As soluções obtidas foram transferidas para béqueres que ficaram sob agitação
magnética (agitador modelo 752A da Fisatom), por aproximadamente 48 horas, até completa
homogeneização. Após o término da agitação, tanto as soluções polímero-sal obtidas, como a
solução do polímero puro, foram transferidas para recipientes apropriados constituídos de
policarbonato e de diâmetro de 12,5 cm, uma vez que este não adere o filme em estudo, e
deixadas em local reservado, à temperatura ambiente, para evaporação lenta do solvente por
aproximadamente 25 dias, e, então, formação dos filmes autossustentáveis, como mostra a
S1
0,1046 g do Na2WO4.2H2O
10 mL H2O
S2
0,1389 g do Na2WO4.2H2O
10 mL H2O
Dissertação – PPGQ – UFRN 57
Figura 21. Os filmes obtidos foram, então, envoltos por filmes de PVC e papel alumínio, a
fim de evitar a exposição à luz, e armazenados para subsequente uso.
Figura 21 – Esquema representativo da síntese e obtenção dos filmes autossustentáveis.
Fonte: Autoria própria.
Figura 22 – Um dos filmes autossustentáveis obtidos.
Fonte: Autoria própria.
3.2.4 Espectroscopia de Impedância (EI)
As medidas elétricas dos filmes autossustentáveis foram realizadas, à temperatura
ambiente, através da Espectroscopia de Impedância utilizando-se um Potenciostato modelo
PGSTAT30 AUTOLAB acoplado a uma interface AUTOLAB USB INTERFACE – ECO
POE Na2WO
4.2H
2O
Agitação Magnética
48 h
Soluções Poliméricas
Evaporação lenta do
solvente à T ≅ 28 ºC
Filmes
0,00/80 - F0
0,20/80 - F1
0,26/80 - F2
0,30/80 - F3
0,40/80 - F4
0,50/80 - F5
1,31/80 - F6
mTS (mg)/ VPOE (mL)
Dissertação – PPGQ – UFRN 58
CHEMIE. Aplicou-se uma diferença de potencial de 0,1V de amplitude, em uma faixa de
frequências de 1Hz – 1MHz. As medidas foram realizadas em triplicata, a fim de utilizar o
valor médio para análise dos resultados. Para aplicação do potencial e posterior análise, os
filmes foram colocados entre eletrodos de placas paralelas, como mostrado na Figura 23, com
área geométrica de 2,54 cm2.
Figura 23 – Modelo da cela utilizada para as medidas elétricas.
Fonte: Rajendra, Roy e Parveen, 2013 (Adaptada).
Para o cálculo da condutividade iônica foram utilizados os resultados dos espectros de
impedância e a espessura dos filmes autossustentáveis, Tabela 3. Para a medida da espessura
foi usado um micrômetro Mitutoyo, série 979 e as medidas realizadas em diversas regiões do
filme, das quais se utilizou a média das espessuras medidas.
Tabela 3 – Espessura dos filmes poliméricos autossustentáveis.
Filmes l (mm)
F0 0,0633 ± 0,0058
F1 0,0500 ± 0
F2 0,1740 ± 0,0532
F3 0,0620 ± 0,0084
F4 0,0500 ± 0,0100
F5 0,0600 ± 0,0224
F6 0,0360 ± 0,0084 l = espessura dos filmes poliméricos.
Fonte: Autoria própria.
3.2.5 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho
Os espectros de infravermelho de todos os filmes estudados foram obtidos usando um
espectrofotômetro de infravermelho com transformada de Fourier com especificação
Dissertação – PPGQ – UFRN 59
Spectrum 65 FT-IR Spectrometer Perkin Elmer acoplado a um Universal ATR sampling
Acessory da Perkin Elmer. As bandas de transmitância foram registradas na faixa espectral de
650 a 4000 cm-1
com 12 varreduras para cada amostra e uma resolução de 4 cm-1
com o
intuito de caracterizar quimicamente os filmes.
3.2.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia
Dispersiva de Raios X (EDS)
Para obtenção das micrografias dos filmes autossustentáveis, assim como informações
a respeito da composição química em determinadas regiões, os filmes foram fixados em um
porta-amostra metálico revestido com uma fita de carbono condutora. As micrografias e os
espectros de composição em determinadas áreas foram obtidos através de um microscópio de
mesa, da HITACHI, modelo TM3000, utilizando detector de elétrons retroespalhados com
aceleração do feixe de 5 kV e 15 kV.
3.2.7 Difração de Raios X (DRX)
A difração de raios X foi utilizada para análise da cristalinidade dos filmes nas
diferentes composições. Os difratogramas analisados foram obtidos usando o equipamento
Shimadzu modelo XRD 7000, com radiação CuK, tensão: 40 kV, corrente: 30 mA, ângulo
de incidência: θ - 2θ, ângulo de varredura: 5 a 120º e passo do ângulo: 0,02 graus em uma
velocidade de varredura de 1º min-1
.
3.2.8 Análise Termogravimétrica e Termogravimétrica Derivada (TG/DTG) e
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
As curvas TG e DSC para os filmes poliméricos autossustentáveis foram obtidas no
modo dinâmico através de um SDTQ600 da TA Instruments com simulação dos dados de
DSC. Foi utilizada atmosfera de nitrogênio com fluxo de 50 mL min-1
. O cadinho utilizado foi
de platina e a razão de aquecimento de 20 ºC min-1
foi adotada, com amostras pesando entre
4,200 e 4,764 mg na faixa de temperatura que foi de 25 até 900 ºC.
CAPÍTULO 4
Neste capítulo, serão mostrados os resultados obtidos na
caracterização do material proposto, assim como a discussão a
respeito das propriedades obtidas e observadas através das
técnicas utilizadas.
Dissertação – PPGQ – UFRN 61
4.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X
Observou-se no difratograma de raios X para o filme do POE puro, F0, apresentado na
Figura 24, o comportamento semicristalino do polímero através dos dois picos bem
acentuados e de alta intensidade em torno de 18,5 e 22,9º (KAMATH e DEVENDRAPPA,
2015; PUTHIRATH et al., 2015), com o pico em 18,5º atribuído ao plano cristalográfico
(120) da cela unitária monoclínica do polímero (POLU (a), RHEE e KIM, 2015), enquanto o
pico em 22,9º é atribuído ao conjunto de planos (112), (032), (004) e (132) (CHU et al., 2014;
KHAN et al., 2014; CHOUDHARY e SENGWA, 2015). Este comportamento semicristalino
do POE, visualizado através dos picos de difração, é resultado da ordenação das principais
cadeias do poliéter, devido a forte interação intermolecular do tipo de van der Waals entre as
cadeias do polímero (POLU (a), RHEE e KIM, 2015).
Figura 24 – Difratograma de raios X para o filme do POE puro, F0, com a indicação dos dois picos principais,
característicos da semicristalinidade do polímero, e seus planos cristalográficos correspondentes.
Fonte: Autoria própria.
Um alo amorfo na faixa de dois teta entre 25 e 35º também foi visualizado. Este,
provavelmente, deve ser atribuído à pequena fração amorfa do polímero, já que este é
semicristalino e a completa transformação para o estado cristalino é impossível porque,
Dissertação – PPGQ – UFRN 62
normalmente, apenas uma parte da molécula adota a conformação ordenada necessária
(CANEVAROLO, 2006).
Os difratogramas para todos os filmes autossustentáveis sintetizados são apresentados
na Figura 25. Através desta figura é possível observar que não houve deslocamento dos picos
característicos do POE, assim como, não houve o surgimento de novos picos, com exceção do
filme F5, após a adição do sal tungstato de sódio quando comparado ao filme do POE puro.
Figura 25 – Difratogramas de raios X para todos os filmes autossustentáveis.
Fonte: Autoria própria.
A ausência dos picos de difração, característico do sal, nos filmes F1, F2, F3, F4 e F6
pode ser decorrente da grande dispersão do sal nas cadeias do polímero devido às pequenas
quantidades de tungstato de sódio utilizadas em relação à quantidade do POE nos filmes. No
filme F5 o pico em torno de 18,5° sofre uma divisão, ou seja, a presença de um novo pico. Na
verdade, este duplo pico (18,44 e 19,31º) está associado à detecção do plano cristalográfico
(121) (DA SILVA, 2014) do tungstato de sódio diidratado (18,55º), Figura 26, pelos raios X
incidentes.
Dissertação – PPGQ – UFRN 63
Figura 26 – Difratograma de raios X do Na2WO4.2H2O.
Fonte: Autoria própria.
Por meio dos difratogramas para os filmes autossustentáveis, na presença do tungstato
de sódio, Figura 25, é possível observar uma redução na intensidade dos picos em 18,5 e
22,9º. Esta redução sugere uma diminuição do grau de cristalinidade do POE após a adição do
sal, ou seja, aumento das regiões amorfas, sugerindo que os íons do sal se posicionam entre as
cadeias do POE deformando os arranjos bem ordenados das cadeias diminuindo, assim, a
cristalinidade do filme. Este efeito pode ser visualizado na Figura 27. A redução na
intensidade destes picos correspondentes também foi observada no estudo de outros
eletrólitos que possuem o POE como polímero hospedeiro (DEY et al., 2011; RAJENDRA,
ROY e PARVEEN, 2013; SREEKANTH, 2013; NI’MAN et al., 2015).
Figura 27 – (a) Ordenamento das cadeias do POE com regiões cristalinas (em vermelho) e amorfas (demais
regiões); (b) os íons do tungstato de sódio se posicionam entre as cadeias do POE.
Fonte: Autoria própria.
Dissertação – PPGQ – UFRN 64
Este aumento da amorficidade pode resultar em um aumento do movimento segmentar
das cadeias poliméricas resultando em um aumento da mobilidade iônica, ou seja, da
mobilidade dos íons sódio e tungstato entre as cadeias do POE e, consequentemente, aumento
na condutividade iônica do filme (NI’MAN et al., 2015).
Na Figura 25 é possível observar que não há uma linearidade no decréscimo no grau
de cristalinidade à medida que a quantidade de tungstato de sódio é aumentada na matriz
polimérica. Este comportamento pode estar relacionado a características microestruturais do
filme, assim como, à dispersão do sal entre as cadeias do POE. Provavelmente os filmes com
maior dispersão do tungstato de sódio na matriz polimérica apresentarão menor grau de
cristalinidade, devido a um desordenamento das cadeias do POE no filme.
Ainda da Figura 25, observa-se que para o filme com a maior quantidade do tungstato
de sódio há um alargamento dos picos de difração decorrente do aumento da fração amorfa.
Isto pode estar relacionado ao tamanho dos esferulitos, que são formados por cristalitos.
Segundo Leng (2008), a largura do pico pode resultar do efeito do tamanho dos cristalitos.
Pequenos cristalitos promovem um alargamento do pico devido à incompleta interferência
destrutiva. Assim, a largura do pico está inversamente relacionada ao tamanho do cristalito e
o filme F6 apresenta os menores cristalitos.
4.2 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
A análise dos espectros de infravermelho permitiram a caracterização química entre o
polímero hospedeiro, POE, e o sal, Na2WO4.2H2O para todas as composições estudadas. A
Figura 28 mostra o espectro de infravermelho, no modo de ATR, do filme autossustentável do
POE puro, filme F0.
Dissertação – PPGQ – UFRN 65
Figura 28 – Espectro de infravermelho, no modo de reflexão total atenuada, do filme do POE puro, F0.
Fonte: Autoria própria.
No espectro, Figura 28, as três bandas em 961, 947 e 841 cm-1
evidenciam as
deformações angulares assimétricas no plano (balanço, “rocking”) em uma conformação
gauche (KAMATH e DEVENDRAPPA, 2015). Segundo Zheng e Xu (2010), estas bandas
aliadas à ausência de uma banda próxima a 1320 cm-1
, atribuída a vibração de estiramento dos
grupos etileno na conformação trans, concordam com uma estrutural helicoidal para o POE.
As atribuições destas bandas, assim como, a classificação dos diferentes tipos de vibrações de
estiramento e dobramento são apresentadas na Tabela 4. As três bandas em 1145, 1095 e 1060
cm-1
, com 1095 sendo a mais intensa, são atribuídas a vibração de estiramento C – O – C
(KUMAR et al., 2007; KETABI e LIAN, 2012) que caracterizam a semicristalinidade do POE
(CUI et al., 2012; GONDALIYA et al., 2012; MALIK et al., 2012). Esta cristalinidade
observada está em concordância com os resultados observados nos difratogramas de raios X
através dos picos bem definidos.
Dissertação – PPGQ – UFRN 66
Tabela 4 – Posições e atribuições das bandas para o filme autossustentável do POE puro ( : estiramento; :
bending; : wagging; : twisting; : rocking). Os subscritos e denotam, respectivamente, os estiramentos
assimétricos e simétricos.
Número de Onda
(cm-1
)
Número de Onda
na(s) referência(s)
(cm-1
)
Atribuição
Referência
2946, 2882 2940-2840 (CH2), (CH2) a
1467, 1455 1465, 1450 (CH2) b
1360, 1341 1362, 1342; 1355,
1345; 1360, 1341;
1358, 1342
(CH2) a, b, c e d
1279, 1241 1282, 1242; 1275,
1231; 1279, 1241
(CH2) a, b e c
1145, 1095,1060 1173, 1098, 1073;
1145, 1095, 1059;
1058, 1100, 1144
(COC)
b, c e d
961, 947, 841 962, 945; 960, 944;
840; 841
(CH2) a, c e d
a: (SHEN et al., 2002); b: (CUI et al., 2012); c: (GONDALIYA et al., 2012); d: (KETABI E LIAN, 2012).
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 29 são mostrados os espectros para todos os filmes autossustentáveis
obtidos (F0, F1, F2, F3, F4, F5 e F6). Através destes, verifica-se que as mesmas bandas
observadas no filme do polímero puro são, também, visualizadas nos filmes com a presença
do tungstato de sódio e a não formação de novas bandas sugerem que os íons sódio e
tungstato estão interagindo com as cadeias do POE por meio de interações físicas, como
sugerido na Figura 27.
Dissertação – PPGQ – UFRN 67
Figura 29 – (a) Espectros de infravermelho, no modo de reflexão total atenuada, de todos os filmes
autossustentáveis; (b) Ampliação do espectro na faixa de 1550 a 750 cm-1
.
Fonte: Autoria própria.
Segundo Zhang et al., (2003), a posição das bandas de estiramento C – O – C (1145,
1095, 1060 cm-1
) sofrem mudanças quando ocorre a formação de um complexo devido à
interação entre o cátion de um metal alcalino e o oxigênio éter do POE. Assim, diferente do
que foi observado por Anantha e Hariharan (2005), Bhide e Hariharan (2006) e Kumar et al.,
(2007), que utilizando sais de sódio, observaram a complexação do cátion Na+ com o
oxigênio éter do POE, a não deslocalização da banda tripla, característica do estiramento C –
O – C, descarta a possibilidade da complexação do íon sódio com o oxigênio éter do POE,
(b)
(a)
Dissertação – PPGQ – UFRN 68
evidenciando que as interações entre os íons sódio, assim como as dos íons tungstato, e as
cadeias poliméricas são puramente físicas e, portanto, de natureza puramente eletrostática.
4.3 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA E ESPECTROSCOPIA DE
ENERGIA DISPERSIVA DE RAIOS X
A Figura 30 mostra as micrografias dos filmes poliméricos autossustentáveis: POE
puro (F0) e POE modificado com tungstato de sódio em diferentes massas (F1, F2, F3, F4, F5
e F6) com a mesma ampliação de 200x, com exceção da Figura 30(b) que é uma ampliação
em 1500x da região em destaque da Figura 30(a).
Figura 30 – Micrografias obtidas por MEV dos filmes poliméricos autossustentáveis: (a) F0; (b) Ampliação em
uma região de tensionamento do filme F0; (c) F1; (d) F2; (e) F3; (f) F4; (g) F5; (h) F6.
(a) Filme F0.
(b) Região tensionada no filme F0.
(c) Filme F1
(d) Filme F2
Dissertação – PPGQ – UFRN 69
(e) Filme F3
(f) Filme F4
(g) Filme F5
(h) Filme F6
Fonte: Autoria própria.
Observou-se em todas as micrografias a formação de esferulitos, formações cristalinas
características do POE (JOHNSON et al., 2007), em concordância com dados encontrados na
literatura para outros eletrólitos com diferentes sais (KIM, LEE e CHOI, 2000; CHOI e KIM,
2004; BHIDE e HARIHARAN, 2006; MARZANTOWICZ et al., 2006; SUN et al., 2013).
Na Figura 30(a), esses arranjos fibrilares tendendo a um centro comum são
distribuídos de maneira uniforme em todo o filme e intercalados por regiões tensionadas. A
não formação de esferulitos com formato esférico deve-se ao impedimento espacial mútuo
que os esferulitos vizinhos exercem entre si, impedindo o crescimento do esferulito em todas
as direções formando poliedros (CANEVAROLO, 2007), Figura 31.
Dissertação – PPGQ – UFRN 70
Figura 31 – Esferulitos formados por um arranjo radialmente simétrico de cristalitos com aparência fibrosa.
Diferentes tamanhos e graus dos cristalitos envoltos por região amorfa preenchem o esferulito.
Fonte: Silvio, 2005.
A presença dessas regiões tensionadas também foi observada por Sun et at., (2013) no
estudo do eletrólito POE/MX (com M = Li, Na; X = TFSI, ). O tensionamento destas
regiões dão características viscoelásticas ao filme do POE puro. Estas regiões, que são
formadas fora das cadeias poliméricas por conformações estendidas e que são características
de polímeros com alta massa molecular, podem ser formadas por ligações interlamelares na
forma de “pacotes” de macromoléculas, entrelaçados de cadeias ou até mesmo formações
fibrilares cristalizadas. Além disso, tais ligações são formadas se várias macromoléculas
começam a cristalizar simultaneamente a partir de extremidades distintas de diferentes
esferulitos (TAGER, 1978), como visualizado na Figura 30(b), que mostra uma ampliação em
uma destas regiões tensionadas entre diferentes esferulitos. Ainda, segundo Tager (1978), este
aspecto é possível devido a uma correlação muito fraca (interações inter cadeias fracas) dos
movimentos dos segmentos das cadeias que estão muito distantes.
Entre as regiões tensionadas pode-se, ainda, observar a formação de pequenos poros
de diâmetro variável. A presença destes ocorre tanto nos filmes com as regiões tensionadas
quanto naqueles com a ausência destas regiões. Com o aumento da quantidade do tungstato de
sódio, os poros observados no filme do POE puro aparecem em maior quantidade e, sempre,
posicionados na interface entre os esferulitos. Provavelmente, a formação destes poros
ocorreu devido à separação de fases durante a evaporação do solvente e subsequente
nucleação e formação dos esferulitos.
Mudanças na morfologia dos filmes foram observadas à medida que se adicionou o
tungstato de sódio. No filme F1, Figura 30(c), observa-se a ausência de esferulitos e uma
morfologia diferente em relação aos demais filmes. Esta ausência sugere uma redução na
cristalinidade com, em contrapartida, um aumento das regiões amorfas. Este efeito,
Dissertação – PPGQ – UFRN 71
provavelmente, foi causado pela dispersão não uniforme do tungstato de sódio neste filme,
uma vez que há um grande número de regiões brancas que, através de uma análise pontual em
uma destas regiões usando EDS, Figura 32, verificou-se a presença do sal, Tabela 5.
Figura 32 – Quantificação do sal no filme F1 obtido da análise de EDS com um campo de 15 kV. A região onde
foi realizada a análise é mostrada em destaque.
Fonte: Autoria própria.
Tabela 5 – Valores em percentagem: em massa, densidade e atômica para o sódio (Na) e o tungstênio (W)
Elemento (%) massa (%) densidade (%) atômica
Sódio 0,43 0,05 0,42
Tugstênio 39,66 0,35 4,95
Fonte: Autoria própria.
Quando aumentou-se a quantidade, em massa, do tungstato de sódio nos filmes (F2,
F3, F4, F5 e F6), houve uma diminuição das regiões tensionadas, assim como uma melhora da
uniformidade na morfologia dos filmes. A diminuição de regiões tensionadas pode ser
resultado das interações físicas entre as cadeias poliméricas do POE e o sal adicionado, o que,
possivelmente, aumentou a viscoelasticidade dos filmes de forma que os íons do sal podem
estar envoltos pelas cadeias do POE. As interações de natureza física, de acordo com os dados
de FTIR-ATR, sugerem que estas interações impedem o tensionamento das cadeias fazendo
com que, nas regiões em que existiam as ligações interlamelares polímero-polímero ou
ausência destas, agora existam cadeias do POE envolvendo os íons do sal.
A presença de regiões brancas foi observada, também, nos demais filmes
autossustentáveis. De forma que, para todos os filmes, foram realizadas análises de EDS em
regiões de 161,7 m de comprimento a fim de analisar a presença do sal e como este está
distribuído na região. Na Figura 33 é apresentado um gráfico com a razão entre as
Dissertação – PPGQ – UFRN 72
quantidades entre o tungstênio e o sódio, obtidos pelo EDS, em função da quantidade de sal
adicionada nos filmes.
Figura 33 – Percentual em massa e percentual atômico do tungstênio em relação ao sódio nos filmes
autossustentáveis poliméricos na presença do tungstato de sódio.
W/Na = razão entre tungstênio e sódio; mT.S = massa do tungstato de sódio.
Fonte: Autoria própria.
O filme F1 apresentou as mais elevadas razões W/Na corroborando com o observado
na análise pontual (EDS). Nota-se, através das micrografias, que a ausência de regiões
brancas no filme F4 sugere, quando comparado aos demais filmes, a melhor distribuição do
sal no mesmo e, portanto, as menores razões W/Na. Através dessa figura é possível ainda
observar que os filmes com maior dispersão do tungstato de sódio na matriz polimérica
apresentaram, em geral, menor grau de cristalinidade, como discutido nos dados de difração
de raios X.
O diâmetro médio dos esferulitos, que são aproximadamente circulares, quando
estimado variou para os diferentes filmes obtidos, Figura 34. O valor do diâmetro médio
destas formações, medidas tanto para o POE puro como para o EPS em estudo, estão em
concordância com os valores obtidos por Pawłowska et al., (2007). Segundo Johnson et al.,
(2007), o diâmetro dos esferulitos pode variar dependendo das condições sob as quais os
filmes são formados, assim como sua morfologia pode ser correlacionada com as espécies
adicionadas, no presente estudo, os íons sódio e tungstato.
Dissertação – PPGQ – UFRN 73
Figura 34 – Histogramas com a distribuição do tamanho dos esferulitos.
= diâmetro médio dos esferulitos; desferulito = diâmetro do esferulito; = desvio padrão associado ao .
Fonte: Autoria própria.
É observado na Figura 34 que, em média, o diâmetro desses esferulitos varia e diminui
quando na presença do sal em relação ao filme do polímero puro. Tal redução, devido à
adição do sal quando comparado ao POE puro, foi observada, também, por Zhang et al.,
0
10
20
30
Fre
qu
ênci
a (
%)
desferulíto (m)
= 226,76
= 48,97
F0
0
10
20
30
40
50
Fre
qu
ênci
a (
%)
desferulíto (m)
= 115,04
= 27,08
F2
0
10
20
30
40
50
Fre
qu
ênci
a (
%)
desferulíto (m)
= 139,90
= 43,18
F3
010203040506070
Fre
qu
ênci
a (
%)
desferulíto (m)
= 116,64
= 46,71
F4
0
10
20
30
40
50
Fre
qu
ênci
a (
%)
desferulíto (m)
= 124,11
= 24,39
F5
0
10
20
30
40
Fre
qu
ênci
a (
%)
desferulíto (m)
= 97,55
= 27,62
F6
Dissertação – PPGQ – UFRN 74
(2012). Este efeito sugere um aumento de regiões amorfas no filme, ou seja, diminuição na
cristalinidade, uma vez que as formações esferulíticas são de natureza cristalina.
Como diferentes tipos de esferulitos são formados, Figura 30, observa-se uma
diferença morfológica entre os esferulitos no filme F0 e os demais filmes. Isto sugere que os
esferulitos nos filmes apresentam-se em dois tipos: os característicos do próprio POE e os
formados da interação entre o tungstato de sódio e o POE. Em consequência, há diferentes
tipos de esferulitos com diferentes diâmetros e, portanto, desvios padrões altos e variados.
Ainda assim, através das micrografias, é possível observar a redução, em média, do diâmetro
dos esferulitos nos filmes em relação ao filme F0. No estudo morfológico dos eletrólitos
POE:LiTFSI, (MARZANTOWICZ et al., 2006) e POE:LiClO4 (ZHANG et al., 2012), os
autores também identificaram dois tipos de esferulitos, os típicos do POE puro, assim como,
os típicos dos complexo polímero:sal.
Nas micrografias dos filmes contendo o tungstato de sódio, Figuras 30 (c) (d) (e) (f)
(g) e (h) verifica-se que as fronteiras entre os esferulitos vão tornando-se, em geral, menos
tensionadas e mais compactadas, sugerindo uma “interação” mais efetiva entre os diferentes
esferulitos quando comparadas a Figura 30(a). Segundo Johnson et al., (2007), filmes
poliméricos formados pelo POE contendo sais inorgânicos apresentam esferulitos de
morfologia mais compacta e as fronteiras entre estes são mais suaves, enquanto que os
esferulitos do POE puro tem estruturas mais bem definidas (JOHNSON et al., 2007).
A estrutura e as características de esferulitos de complexos que têm o POE como
polímero hospedeiro e sais inorgânicos são dependentes de diversos fatores (JOHNSON et al.,
2007). O aumento das regiões amorfas, que servem de reservatório para o sal
(MARZANTOWICZ et al., 2006), foi devido à adição do tungstato de sódio ao polímero,
favorecendo a mobilidade dos íons nas cadeias poliméricas e em conjunto com o movimento
segmental das cadeias do polímero devem provocar um aumento da condutividade iônica.
4.4 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA/TERMOGRAVIMÉTRICA DERIVADA E
CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL
4.4.1 Termogravimetria/Termogravimetria Derivada
As curvas TG e DTG foram utilizadas para analisar a estabilidade térmica dos filmes
poliméricos autossustentáveis. Para aplicação desses em dispositivos eletroquímicos precisa-
se de uma estabilidade térmica alta, por outro lado, alguns dispositivos podem necessitar que
Dissertação – PPGQ – UFRN 75
o material empregado decomponha em uma menor temperatura. Assim, esta propriedade pode
limitar ou permitir a aplicação do material. Na Figura 35 são apresentadas as curvas
termogravimétricas, assim como, as curvas resultantes da primeira derivada das curvas TG
(curvas DTG) para todos os filmes.
Figura 35 – Curvas TG e DTG para todos os filmes poliméricos autossustentáveis: (a) F0; (b) F1; (c) F2; (d) F3;
(e) F4; (f) F5; (g) F6.
(a) F0
Dissertação – PPGQ – UFRN 76
(b) F1
(c) F2
Dissertação – PPGQ – UFRN 77
(d) F3
(e) F4
Dissertação – PPGQ – UFRN 78
(f) F5
(g) F6
Fonte: Autoria própria.
Dissertação – PPGQ – UFRN 79
Uma semelhança no perfil das curvas TG e DTG para os filmes é observada. Apenas
uma mudança na inclinação das curvas TG e a presença de um único pico nas curvas DTG
para os filmes F1, F3, F4, F5 e F6 sugerem uma decomposição térmica em uma única etapa
para estes filmes obtidos. Para os filmes F0 e F2 uma segunda pequena perda de massa pode
ainda ser visualizada nas Figuras 35(a) e (c).
Na Figura 35(a) é possível observar que o filme do POE puro (minicial = 4,3910 mg) é
termicamente estável até aproximadamente 317 ºC (Tonset1 = 317 ºC), temperatura esta em que
se inicia a decomposição térmica do polímero e que se estende até aproximadamente 441 ºC
(Tendset1 = 441 ºC). O pico da curva DTG (Tp) corresponde à velocidade máxima de perda de
massa de 48,09 % min-1
(Rmáx = 48,09 %/min) na temperatura de 410,7 ºC. Este intervalo de
temperatura para a degradação térmica do POE está em concordância com os dados obtidos
por Vrandeĉić et al., (2010) e Jakić et al., (2013).
A primeira perda de massa observada nas curvas TG e DTG para o filme F0 ocorre
quase que totalmente ( m1 = 4,233 mg 96,4 %) uma vez que apenas o polímero (sem
presença do tungstato de sódio) é encontrado neste filme. Para este mesmo filme, uma
segunda perda de massa é, ainda, observada e ocorre até aproximadamente 544 °C (Tendset2 )
com perda, m2, de aproximadamente 0,136 mg 3,10 %. O resíduo formado (mresíduo =
0,022 mg 0,5 %), provavelmente, deve-se as impurezas encontrados neste polímero
comercial (NOWICKI et al., 2003) e que podem ser, entre outras coisas, compostos formados
por Ca2+
(BRUCE e VINCENT, 1993).
A decomposição observada é decorrente da ruptura da ligação C – O entre o carbono
“cabeça” de um monômero e o oxigênio “cauda” de outro monômero (JAKIĆ, VRANDEĈIĆ
e KLARIĆ, 2013), Figura 36. As altas temperaturas (condições de pirólise), a clivagem da
ligação C – C (CLAIRE, 2009; BARROSO-BUJANS et al., 2013) também é observada, estas
duas rupturas levando a formação de uma série de moléculas tais como oligômeros mono e
diéter, etileno glicol, dietileno glicol, 1,3-dioxolano, 2-metóxi-1,3-dioxolano, éter
metilvinílico, éter etilvinílico, 2-butenal, furano, ácido oxálico, óxido de etileno, álcool
etílico, álcool metílico, alcenos, éteres não cíclicos (etóximetano, etóxietano e metóximetano),
formaldeído, acetaldeído, H2O, CO, CO2 e espécies oximetileno (BARROSO-BUJANS et al.,
2013; JAKIĆ, VRANDEĈIĆ e KLARIĆ, 2013). Assim, a primeira e grande perda de massa,
provavelmente, deve-se a ruptura C – O. Enquanto que a segunda e pequena, que acontece em
maiores temperaturas, deve-se a clivagem da ligação C – C.
Dissertação – PPGQ – UFRN 80
Figura 36 – Ruptura da ligação C – C e C – O na degradação térmica do POE.
Fonte: Autoria própria.
Desta forma, um possível mecanismo para degradação do POE nos filmes estudados,
que pode ocorrer segundo a clivagem da ligação C – O (caminho 1) ou da ligação C – C
(caminho 2), é mostrado na Figura 37.
Figura 37 – Mecanismo de degradação térmica do POE: (1) clivagem homolítica da ligação C – O e (2)
clivagem da ligação C – C.
Fonte: Correia et al., 2014 (Adaptada).
A Tabela 6 apresenta os parâmetros térmicos extraídos das curvas TG e DTG para
todos os filmes poliméricos. A adição do tungstato de sódio ao polímero hospedeiro provocou
alterações na estabilidade térmica do mesmo. O filme formado somente pelo POE (F0)
decompõe-se quase que completamente, enquanto que os filmes com o sal sofreram uma
decomposição térmica com menor perda de massa quando comparados ao filme do polímero
puro, ou seja, uma massa residual maior (maior resíduo). Assim, como o sal se mantém
estável na faixa de temperatura da decomposição discutida, Figura 38, apresentando apenas
uma perda de massa referente à evaporação da água, provavelmente a maior massa residual
deve-se, em sua maioria, ao tungstato de sódio presente nos filmes (DIWAN et al., 2013).
Dissertação – PPGQ – UFRN 81
Além disso, a não linearidade entre a quantidade do sal incorporada e o resíduo final, deve-se
a distribuição do sal na amostra utilizada, com filmes com maior quantidade do polímero e
menor quantidade do sal por amostra apresentando menores massas residuais.
Figura 38 – Curvas TG e DTG para o Na2WO4.2H2O (m = 7,49 mg) obtidas utilizando um modelo SDTQ600 da
TA Instruments com cadinho de Pt, atmosfera de N2 com fluxo de 50 mL/min, razão de aquecimento de 10
°C/min e intervalo de temperatura de ambiente a 900 °C.
Fonte: De Maria, 2015 (pesquisa do LEC).
Dissertação – PPGQ – UFRN 82
Tabela 6 – Parâmetros térmicos extraídos das curvas TG e DTG para todos os filmes poliméricos
autossustentáveis.
Filmes F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6
mi (mg) 4,3910 4,3010 4,7630 4,2260 4,2000 4,7640 4,2020
Tonset1 (°C) 317,09 360,57 316,14 371,91 357,74 357,73 344,50
Tp (°C) 410,67 412,56 399,33 410,67 414,45 406,89 416,34
Tendset1 (ºC) 440,92 448,48 434,30 452,26 450,00 445,65 456,04
Rmáx (% min-1
) 48,09 57,23 33,24 54,29 57,91 52,64 57,60
∆m1 (%) 96,40 94,16 88,20 89,85 93,97 95,71 95,99
Tonset2 (°C) 440,92 - 434,30 - - - -
Tendset2 (ºC) 543,96 - 501,42 - - - -
∆m2 (%) 3,100 - 3,650 - - - -
mf (%) 0,500 5,84 8,15 10,15 6,03 4,29 4,01
mi = massa inicial; Tonset1 = temperatura na curva DTG em que inicia a primeira perda de massa; Tp =
temperatura no pico da curva DTG; Tendset1 = temperatura na curva DTG em que termina a primeira perda de
massa; Rmáx = velocidade máxima de decomposição; m1 = primeira perda de massa; Tonset2 = temperatura na
curva DTG em que inicia a segunda perda de massa; Tendset2 = temperatura na curva DTG em que termina a
segunda perda de massa; m2 = segunda perda de massa; mf = massa final.
Fonte: Autoria própria.
Um aumento da massa residual (resíduo final) é observada do filme F0 até o filme F3
seguida de um decréscimo do filme F4 até o filme F6. Assim como nos resultados de DRX
esse comportamento, provavelmente, pode ter ocorrido em decorrência da distribuição não
uniforme do sal nos filmes. A Figura 33 (gráfico da razão do W/Na), dados de EDS/MEV,
mostra a distribuição do sal nos filmes, sugerindo que os filmes F4, F5 e F6 apresentam as
menores dispersões do sal e, portanto, menores massas residuais em relação aos filmes F1, F2
e F3.
Na Tabela 6 é observada uma variação na velocidade máxima de perda de massa Rmáx
(ponto de inflexão na curva DTG), o que indica possíveis mudanças no mecanismo de
degradação térmica do POE na presença do sal (ERCEG et al., 2014). Analisando a
temperatura Tonset1 da degradação térmica dos filmes autossustentáveis (Tabela 6) é possível
observar, também, que a adição do tungstato de sódio ao polímero provoca um deslocamento
para maiores valores da temperatura em que se inicia a decomposição térmica do eletrólito
POE-Na2WO4, com exceção do filme F2. Como consequência, temos um aumento na
estabilidade térmica dos filmes, uma vez que a Tendset para os filmes com o sal não sofreu
variação significativa com relação ao filme do POE puro. Este comportamento está em acordo
Dissertação – PPGQ – UFRN 83
com o Vyazovkin et al., (2011) pois, segundo os mesmos, a introdução de componentes
inorgânicos em materiais orgânicos melhora a estabilidade térmica destes últimos devido à
barreira de proteção física e volatilização retardada dos produtos de degradação.
O filme F2, apesar de apresentar uma baixa razão W/Na, contém regiões brancas que
foram identificadas, por EDS, como sendo aglomerados do sal e, estes, podem ter promovido
uma diminuição na estabilidade térmica do POE (Tonset1 = 316,14 ºC). Esta diminuição na
estabilidade térmica com adição do sal embora não seja comum para os eletrólitos poliméricos
sólidos, também foi observada por Erceg et al., (2014).
4.4.2 Calorimetria Exploratória Diferencial
Os ensaios de calorimetria exploratória diferencial (DSC) foram realizados para todos
os filmes poliméricos autossustentáveis obtidos, Figura 39. O objetivo da utilização desta
técnica deve-se a necessidade de compreender alguns processos que envolvem modificações
de energia (fluxo de calor) e que não são detectados através da termogravimetria, uma vez que
estes processos podem ocorrer sem alteração de massa. Assim, os resultados obtidos por DSC
são importantes para complementação dos resultados obtidos por TG/DTG.
Figura 39 – Curvas DSC para todos os filmes poliméricos autossustentáveis: (a) F0; (b) F1; (c) F2; (d) F3; (e)
F4; (f) F5; (g) F6.
(a) F0
Exo
Dissertação – PPGQ – UFRN 84
(b) F1
Exo
Exo
(c) F2
Dissertação – PPGQ – UFRN 85
(d) F3
Exo
Exo
(e) F4
Dissertação – PPGQ – UFRN 86
Fonte: Autoria própria.
(f) F5
Exo
Exo
(g) F6
Dissertação – PPGQ – UFRN 87
Assim como observado nas curvas TG e DTG, as curvas DSC também apresentam, em
geral, comportamento semelhante. Na curva DSC, para o filme do POE puro (F0), é possível
observar transições de primeira ordem que são resultantes da variação de entalpia e que dão
origem à formação dos picos observados. Neste filme observa-se um pico endotérmico em
80,55 ºC, evento de fusão e que não foi identificado nas curvas TG/DTG por não envolver
perda ou ganho de massa. A temperatura neste pico representa a temperatura de fusão do
material, sendo este evento característico dos polímeros semicristalinos (CANEVAROLO,
2007), como é o caso do POE. É nesta temperatura em que há o desaparecimento total da
cristalinidade do material, no caso, do polímero POE, e corresponde, aproximadamente, ao
máximo do pico de fusão na curva DSC. Há, ainda, um efeito endotérmico amplo em torno de
400 ºC que concorda com a região na curva TG/DTG em que foi identificada a etapa de perda
de massa do polímero. É nesta etapa que o sistema absorve energia suficiente, etapa
endotérmica, para que ocorra à decomposição térmica do polímero.
O pico característico da fusão do filme F0, que representa a fusão da parte cristalina do
mesmo, foi observado para todos os filmes, assim como picos endotérmicos em torno de
400ºC característicos da decomposição térmica dos materiais. No entanto, a deslocalização
dos picos de fusão (Tf), Figura 40, e a degradação térmica dos filmes, em duas ou três etapas,
foram observadas após a adição do tungstato de sódio, Figura 39.
Figura 40 – Curvas DSC evidenciando os picos de fusão dos filmes.
Exo
Fonte: Autoria própria.
Flu
xo d
e C
alo
r (u
.a)
Temperatura (ºC)
Dissertação – PPGQ – UFRN 88
Assim como o MEV e DRX, essa mudança da Tf sugere uma alteração na
cristalinidade do filme, uma vez que é nesta temperatura em que há a fusão da fração
cristalina do material. A Tabela 7 apresenta parâmetros dos filmes obtidos e calculados a
partir das informações obtidas através das curvas DSC para todos os filmes.
Tabela 7 – Parâmetros térmicos extraídos e calculados a partir das curvas DSC.
Filmes Tf (ºC) ∆Hf (J/g) (%)
F0 80,55 157,4 77,5
F1 74,31 119,6 58,9
F2 79,94 97,35 48,0
F3 79,43 118,2 58,2
F4 81,73 93,70 46,2
F5 80,31 130,7 64,4
F6 76,35 87,34 43,0
Tf = temperatura de fusão; ∆Hf = entalpia de fusão; = grau de cristalinidade.
Fonte: Autoria própria.
Na Tabela 7 observa-se que, com exceção do filme F4 e F5, a temperatura de fusão de
todos os filmes sofre uma redução quando comparadas a temperatura de fusão do filme do
POE puro. Este comportamento está em concordância com os estudos de eletrólitos
poliméricos sólidos encontrados na literatura (ZHANG et al., 2011; IBRAHIM et al., 2012;
MORENO et al., 2014; POLU, KIM e RHEE, 2015). Esta redução na temperatura de fusão
sugere um aumento das regiões amorfas e, portanto, uma maior flexibilidade das cadeias do
POE.
Com o intuito de verificar quantitativamente a redução na cristalinidade dos filmes
após a adição do tungstato de sódio foi calculado o grau de cristalinidade para todos os
filmes, Tabela 7, através da Equação 12:
em que é o grau de cristalinidade; é a entalpia de fusão do eletrólito do qual o filme é
constituído e que é determinado pela integração do pico de fusão na curva DSC (todas as
integrações realizadas seguiram o mesmo procedimento), Tabela 7; e o , que é igual a 203
J/g (WANG e LEI, 2012) é a entalpia de fusão do POE perfeitamente cristalino (100%
cristalino).
Dissertação – PPGQ – UFRN 89
Os valores de mostram claramente a redução do grau de cristalinidade dos filmes
após a adição do tungstato de sódio quando comparados com o filme do POE puro, em
concordância com o observado nos difratogramas de raios X e nas micrografias eletrônicas de
varredura com base no diâmetro dos esferulitos estimados. Comparando os desferulito,
apresentados nos histogramas (Figura 34) com os valores de calculados, observa-se que os
filmes com os maiores diâmetros das estruturas cristalinas também são os que apresentam
maior grau de cristalinidade, uma vez que os esferulitos são estruturas cristalinas. Variações
no grau de cristalinidade, após a adição do agente inorgânico na matriz polimérica foram
observadas, também, por Masoud et al., (2013) e Kamath e Devendrappa (2015).
É possível, ainda, estimar a espessura das lamelas do POE, Tabela 8, através da
equação de Gibbs–Thomson (SPIECKERMANN et al., 2010), Equação 13:
(
)
em que é a espessura das lamelas; , que é igual a 0,057 J/m2 (SHAFEE, 2004), é a energia
livre da superfície de dobra do POE; , que é igual a 82 ºC, é a temperatura de fusão das
lamelas das cadeias do POE estendidas (WANG e LEI, 2012); o é a entalpia de fusão por
unidade de volume e é calculada a partir da entalpia de fusão do POE totalmente cristalino
( = 203 J/g) (WANG e LEI, 2012) com base na sua densidade volumétrica ( = 120
kg/m3) (CANEVAROLO, 2006) e Tf a temperatura de fusão do material em estudo.
Tabela 8 – Espessura das lamelas do POE nos filmes.
Filmes F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6
(nm) 114,6 21,61 75,21 64,67 395,7 98,35 29,42
= espessura das lamelas.
Fonte: Autoria própria.
Verifica-se, com exceção do filme F4, a adição do sal provoca uma diminuição da
espessura das lamelas, ou seja, provoca uma diminuição nos arranjos formados por estas
estruturas e, consequente, redução da cristalinidade. O filme F4 apresenta maior valor da Tf
devido aos mais largos cristalitos quando comparados aos demais filmes (MORENO et al.,
2014), assim, estes largos cristalitos, que podem ser formados de várias cadeias do polímero,
e que são os formadores do esferulitos, deverão apresentar maior valor para a espessura das
lamelas.
Dissertação – PPGQ – UFRN 90
Os filmes poliméricos não se decompõem de uma única vez, mas sim, em mais de uma
etapa. Estes filmes apresentaram dois ou três picos endotérmicos, na faixa de 350 até 450ºC,
que podem ser atribuídos, respectivamente, às decomposições térmicas do POE, no filme F0,
e nos filmes do eletrólito POE-Na2WO4, nas diferentes composições do sal. Este evento que
requer grande quantidade de energia é, também, observado nas curvas TG através da rápida e
elevada perda de massa neste intervalo de temperatura especificado. A decomposição em mais
de uma etapa pode está relacionada à competição entre os processos de quebra da ligação C –
O, C – C, reações de recombinação radical/radical (ligações cruzadas, por exemplo), reações
de rearranjo e reações de abstração que envolvem espécies radicalares livres (CLAIRE, 2009)
promovendo a formação de diferentes componentes voláteis de baixa massa molecular.
Através das curvas DSC para o eletrólito nas diferentes composições é possível
observar, ainda, que os eventos endotérmicos referentes ao Na2WO4.2H2O, Figura 41: perda
de água deste sal diidratado ( 100 ºC) , modificação estrutural na cela cristalográfica ( 585
ºC) e fusão ( 685 ºC) não são detectáveis para as composições estudadas, o que pode ser
justificado devido a grande quantidade do polímero utilizada em relação as pequenas
quantidades de sal adicionadas.
Figura 41 – Curva DSC para o Na2WO4.2H2O nas mesmas condições em que foram obtidas as curvas TG/DTG
citadas na Figura 39.
Fonte: De Maria, 2015 (pesquisa do LEC).
Dissertação – PPGQ – UFRN 91
4.4.3 Análise Cinética da Degradação Térmica
A análise cinética da decomposição térmica do eletrólito POE-Na2WO4 foi realizada
através dos dados termogravimétricos obtidos sob aquecimento não-isotérmico, ou seja,
dinâmico. Os três métodos utilizados para esta análise foram: o método de Broido (BR), de
Coats-Redfern (CR) e de Horowitz-Metzger (HM).
As equações matemáticas de 14 a 16 para os métodos de Broido, Coats-Redfern e
Horowitz-Metzger podem ser escritas, respectivamente, como (HAI, WAHAB e IBRAHIM,
2014; GAABOUR, 2015; ISLAM et al., 2015; PARK, KWON e RYU, 2015):
[ ]
(
)
[
]
(
)
[ ]
em que é o grau de conversão ou a fração de massa decomposta no tempo t e é dada por
(mi é a massa da amostra na temperatura de início da decomposição, mf é a massa
da amostra na temperatura do final da decomposição e mt é a massa no tempo t); é a
fração do número inicial de moléculas que ainda não se decompôs; é a energia de ativação
do processo; R é a constante dos gases; T é a temperatura correspondente no tempo t; A é o
fator pré-exponencial ou fator de frequência; Tp é a temperatura em que a velocidade de perda
de massa é máxima, ou seja, no pico da curva DTG; é a razão de aquecimento e
em que TP é definida como a T em que
, que corresponde ao ponto de
inflexão na curva DTG.
Esboçando o gráfico de [ ] e de *
+ ambos em função de 1/T
e, também, de [ ] em função de obtém-se seus respectivos coeficientes
angulares,
,
e
. Foram determinadas, assim, as energias de ativação para a etapa
de degradação do POE e do eletrólito POE-Na2WO4 nas diferentes composições.
Dissertação – PPGQ – UFRN 92
Da mesma maneira, através dos coeficientes lineares obtidos, para os métodos de BR e
CR, é possível determinar os valores do fator pré-exponencial para o processo de degradação.
Para o método HM o fator pré-exponencial pode ser determinado pela Equação 17
(VYAZOVKIN et al., 2011):
(
)
Na Figura 42 são apresentados, para todos os filmes, os gráficos obtidos com os dados
de cada um dos métodos citados com valores de = 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90 %. A
Tabela 9 apresenta alguns parâmetros derivados da análise dos gráficos obtidos para cada
método.
Figura 42 – Correlação linear entre os dados experimentais e o ajuste das retas para os métodos de: (a) Broido
(BR); (b) Coats-Redfern (CR) e (c) Horowitz-Metzger (HM).
(a)
Dissertação – PPGQ – UFRN 93
Fonte: Autoria própria.
(b)
(c)
Dissertação – PPGQ – UFRN 94
Tabela 9 – Parâmetros extraídos dos gráficos dos métodos de Broido (BR), Coats-Redfern (CR) e Horowtiz-
Metzger (MH).
Filmes F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6
BR
E* (kJ/mol) 221,9 335,4 201,8 349,6 331,7 311,3 303,8
A (min-1
) 2,0x1017
9,5x1026
9,9x1016
1,4x1028
4,3x1026
1,7x1025
2,7x1024
R2 0,9952 0,9997 0,9910 0,9993 0,9986 0,9987 0,9967
CR
E* (kJ/mol) 210,8 324,1 190,9 338,4 320,4 300,1 292,5
A (min-1
) 2,7x1017
1,3x1026
1,3x1016
1,9x1027
5,8x1025
2,2x1024
3,7x1023
R2 0,9948 0,9997 0,9901 0,9993 0,9985 0,9985 0,9964
HM
E* (kJ/mol) 234,4 344,2 214,4 357,2 341,4 316,4 314,6
A (min-1
) 1,4x1019
4,2x1027
7,6x1017
5,2x1028
2,2x1027
4,8x1025
1,6x1025
R2 0,9979 0,9999 0,9951 0,9985 0,9995 0,9972 0,9984
Fonte: Autoria própria.
Analisando os gráficos da Figura 42 e os dados da Tabela 9 observa-se, através dos
coeficientes de correlação (R2), que os três métodos fornecem boa correlação linear para a
etapa de decomposição térmica do polímero puro, assim como, do eletrólito polimérico sólido
obtido nas suas diferentes composições. Verifica-se, também, a partir dos gráficos que o
desvio da linearidade das curvas está associado, principalmente, aos = 10 % (primeiro
ponto) e = 90 % (último ponto). Isto ocorre porque os dados cinéticos não são tão
confiáveis para valores de muito elevados (VRANDEĈIĆ et al., 2010) e, também, muito
pequenos, devido aos desvios da Tonset e Tendset, uma vez que estas são temperaturas de início e
término da etapa de degradação determinadas através de extrapolação.
As três equações mostradas, para cada um dos métodos utilizados, são aplicadas e
validadas para processos com uma cinética de primeira ordem (n = 1) (MURALIDHARA e
SREENIVASAN, 2010). Desta maneira, é possível classificar a etapa de decomposição
térmica do POE e do eletrólito PEO-Na2WO4 (nas composições estudadas) como uma reação
de decomposição de primeira ordem, como a maioria das reações de decomposição
encontradas na natureza.
A E* está associada à barreira de energia necessária para ocorrência do processo
(VYAZOVKIN et al., 2011) e, assim, através dos valores mostrados na Tabela 9 observa-se
que o filme F2 apresenta menor estabilidade térmica devido à cisão aleatória das cadeias
macromoleculares do POE (EI-KADER et al., 2013) concordando com a análise feita com
base nos valores da Tonset extrapolados nas curvas DTG. O filme F2 se decompôs mais
Dissertação – PPGQ – UFRN 95
rapidamente que os demais, uma vez que apresentou uma menor T de início de degradação.
Consequentemente, observam-se menores valores de correlação e de parâmetros
termodinâmicos para este filme quando comparado aos demais.
As energias de ativação calculadas, para a etapa de degradação térmica, sofreram
pequenas variações em decorrência dos diferentes métodos utilizados. Entretanto, pode-se
observar uma concordância entre estes valores, Figura 43. A energia de ativação para todos os
eletrólitos, em cada uma das composições, sofreu um aumento (com exceção do filme F2)
após a adição do tungstato de sódio quando comparado ao POE puro. Este valor da energia de
ativação para a etapa de degradação térmica do POE concorda com os valores encontrados
por Vrandeĉić et al., (2010) na análise da cinética do POE através de métodos cinéticos
integrais e diferenciais com diferentes razões de aquecimento. A variação observada nos
valores de energia de ativação está relacionada a aproximações matemáticas realizadas na
proposição de cada método (ISLAM et al., 2015). Para o processo considerado, o método HM
apresenta uma tendência de maiores valores de E*, comportamento este, também observado
por Mallikarjun, (2004) e Hai, Wahab e Ibrahim (2014). Os maiores valores encontrados para
o método HM é devido ao erro inerente envolvido na aproximação empregada neste método
na derivação da Equação 16 (YILMAZ, FIGEN e PIŞKIN, 2015).
Figura 43 – Concordância entre os valores de E* calculados a partir dos métodos BR, CR e HM.
Fonte: Autoria própria.
Dissertação – PPGQ – UFRN 96
Os filmes com menores temperaturas de início da decomposição térmica apresentaram
menor energia necessária para início do respectivo processo. Se a decomposição do eletrólito,
em uma dada composição, tem início em uma menor temperatura, então, sua energia de
ativação deve ser menor e, esta, deve ocorrer mais rapidamente.
Assim como a E*, o valor do fator pré-exponencial, também, não sofreu significativa
variação no que diz respeito aos três métodos utilizados e, da mesma maneira que o valor de
E*, os valores deste parâmetro (A) também concordam com o estudo feito por Vrandeĉić et al.,
(2010) para o POE. Este parâmetro está relacionado à frequência de vibração (VYAZOVKIN
et al., 2011) das moléculas durante o fornecimento de energia para ocorrência da reação de
degradação e representa a medida da probabilidade para que as colisões entre as moléculas do
polímero ocorram e, então, levem a reação de degradação (ROJAS-GONZÀLEZ e
CARRERO-MANTILLA, 2015). Desta maneira, os maiores valores de A indicam a
necessidade de maior número de colisões entre as cadeias do polímero e/ou entre as cadeias
do polímero e o tungstato de sódio, consequentemente, maior E*.
Com os parâmetros obtidos das curvas através dos métodos BR, CR e HM e
conhecendo a temperatura em que ocorre a velocidade máxima de perda de massa, pode-se,
ainda, determinar a variações da entropia ( S), entalpia ( H) e energia livre ( G) de ativação
para a etapa de decomposição térmica do polímero e do eletrólito, através das Equações 18 a
20 (GAABOUR, 2015) e (SHEHATA et al., 2015):
(
)
em que kB é a constante de Boltzmann e h é a constante de Planck. Os valores calculados são
apresentados na Tabela 10.
Dissertação – PPGQ – UFRN 97
Tabela 10 – Parâmetros termodinâmicos obtidos através dos dados extraídos dos diferentes métodos não-
isotérmicos utilizados.
Filmes F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6
BR
∆S*
(J/K.mol)
64,6 230,6 39,6 252,9 224,0 197,0 181,9
∆H*
(kJ/mol)
216,2 329,7 196,2 344,0 325,9 305,6 298,0
∆G*
(kJ/mol)
172,0 171,6 169,5 171,0 171,9 171,7 172,6
CR
∆S*
(J/K.mol)
48,0 213,9 23,0 236,2 207,4 180,2 165,3
∆H*
(kJ/mol)
205,1 318,4 185,3 332,7 314,7 294,4 286,8
∆G*
(kJ/mol)
172,3 171,8 169,9 171,2 172,1 171,9 172,8
HM
∆S*
(J/K.mol)
80,8 243,0 56,6 263,8 237,5 205,8 196,5
∆H*
(kJ/mol)
228,7 338,4 208,8 351,5 335,7 310,7 308,9
∆G*
(kJ/mol)
173,5 171,8 170,8 171,1 172,4 170,7 173,4
Fonte: Autoria própria.
Assim como os dados de E* e A, é observada uma concordância entre os valores
calculados para estes parâmetros termodinâmicos, Figura 44, através dos diferentes métodos
utilizados. Segundo Gaabour (2015) e Shehata et al. (2015) os valores negativos de
indicam que o complexo ativado é mais ordenado que o reagente ou a reação é caracterizada
como sendo lenta. Assim sendo, no nosso estudo, o valor de irá fornecer informações a
respeito do ordenamento do sistema POE puro e EPS. Neste caso, os valores positivos
encontrados indicam um menor ordenamento do complexo ativado e, portanto, esta
decomposição ocorre de maneira relativamente rápida. Além disso, os filmes com maiores
valores de entropia de ativação indicam uma maior aleatoriedade na estrutura polimérica, isto
é, estruturas poliméricas menos regulares (BHATT e SHAH, 2015).
Dissertação – PPGQ – UFRN 98
Figura 44 – Concordância entre os parâmetros termodinâmicos de ativação calculados.
Fonte: Autoria própria.
Os valores positivos de claramente confirmam que as reações de decomposição
são endotérmicas, como observado nos picos endotérmicos das curvas de DSC, sendo
necessário o fornecimento de energia para que este processo ocorra, fato também
caracterizado pelos valores positivos de , processos de decomposição térmica não
espontâneos.
Os valores de quase não variaram, demonstrando que os três métodos
empregados neste trabalho são igualmente úteis para determinação da espontaneidade do
processo de degradação.
4.5 ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA
Os dados de impedância real e imaginária medidos para os filmes poliméricos
autossustentáveis, no intervalo de frequências de 1MHz até 1Hz e temperatura ambiente, são
apresentados no diagrama no formato Nyquist, Figura 45(a). As Figuras 45(b) e 45(c) são
Dissertação – PPGQ – UFRN 99
ampliações da Figura 45(a) para análise na região de altas frequências. Estes dados são
resultantes da média das medidas que foram realizadas em triplicata.
Figura 45 – (a) Diagramas de impedância no formato Nyquist para os filmes autossustentáveis em todas as
composições estudadas; (b) e (c) são ampliações para a região de altas frequências do diagrama apresentado em
(a).
Dissertação – PPGQ – UFRN 100
Fonte: Autoria própria.
Observou-se, nestes diagramas, a formação de um semicírculo bem definido para o
filme do polímero puro, F0, em toda faixa de frequência investigada. Este semicírculo pode
ser atribuído às propriedades do material (PRADHAN, CHOUDHARY e SAMANTARAY,
2008; SUTHANTHIRARAJ e VADIVEL, 2012; KHAN et al., 2014). Os filmes contendo o
sal apresentaram a formação de um semicírculo bem definido para região de altas frequências,
que pode estar associado com um processo de condução iônica nos eletrólitos (POLU (b),
RHEE e KIM, 2015).
A adição do tungstato de sódio na matriz polimérica provoca modificações nas
características dos diagramas de Nyquist. Pode-se verificar nas ampliações, Figuras 45(b) e
(c), que após a adição do sal houve diminuição do diâmetro destes semicírculos quando
comparados ao do polímero puro, consequentemente, modificações nas propriedades elétricas
dos filmes foram observadas. Ainda, para os filmes na presença do sal, observou-se a
tendência da formação de um segundo semicírculo para regiões de frequências intermediárias.
Entretanto, nos filmes F2, F4 e F6 a formação deste segundo semicírculo é mais evidente,
onde ocorreram as melhores distribuições do sal. Este último semicírculo estando relacionado
a efeitos interfaciais (SUTHANTHIRARAJ e VADIVEL, 2012), mais especificamente ao
efeito de polarização de cargas na interface eletrólito/eletrodo (ORAZEM e TRIBOLLET,
2008).
Dissertação – PPGQ – UFRN 101
Desta forma, o primeiro semicírculo permitiu a determinação da resistência do
eletrólito ou simplesmente resistência do material (RΩ), assim como o segundo permitiu a
determinação de uma resistência interfacial ou resistência de polarização (Rp) e, portanto, a
análise do efeito capacitivo na região interfacial eletrólito/eletrodo através da capacitância da
dupla camada elétrica (Cdc). A resistência do bulk foi determinada pela extrapolação do
semicírculo em altas frequências para o eixo da impedância real (Z’) e a de polarização por
meio da extrapolação do mesmo semicírculo para frequências intermediárias. Conhecendo
estes valores, e as frequências no máximo deste semicírculo, foi possível a determinação da
capacitância da dupla camada elétrica e da condutividade iônica ( ). Estes resultados são
apresentados na Tabela 11.
Tabela 11 – Parâmetros elétricos extraídos e calculados a partir dos dados obtidos através dos diagramas de
impedância no formato Nyquist para os filmes estudados.
Filmes
F0 4548,7 1316,6 0,766 5,48x10-7
157,9
F1 85,1 170,5 3,69 2,31x10-5
252,9
F2 44,9 21,3 70,8 1,52x10-4
105,6
F3 76,2 44,7 17,4 3,20x10-5
205,0
F4 33,8 9,01 53,9 5,82x10-5
327,7
F5 142,0 84,4 8,61 1,66x10-5
219,2
F6 4,37 11,4 50,5 3,24x10-4
276,5
= Resistência do bulk; = Resistência de polarização; = Frequência no máximo do semicírculo bem
definido; = condutividade iônica; = Capacitância da dupla camada elétrica.
Fonte: Autoria própria.
A condutividade e a capacitância foram calculadas, respectivamente, pelas Equações
21 e 22 sendo l a espessura dos filmes e Ae = 2,54 cm2 a área do eletrodo utilizado nas
medidas.
Dissertação – PPGQ – UFRN 102
Através da Tabela 11 observa-se que a adição, de pequenas quantidades, do tungstato
de sódio na matriz polimérica provoca alterações significativas nas propriedades elétricas do
material e na interface eletrólito/eletrodo. A presença do sal provoca uma diminuição na
resistência do bulk (do eletrólito) devido à presença dos íons sódio e tungstato (portadores de
cargas móveis) que destroem o arranjo polimérico ordenado, como sugerido na discussão do
DRX, entre as cadeias do POE e impede que estas se ordenem e dificultem a mobilidade dos
íons do sal. Isto fica claro quando é constatado que há um aumento na condutividade dos
filmes, contendo o sal, quando comparados ao filme do POE puro. A mobilidade destes íons
entre as cadeias poliméricas, assim como o movimento segmental favorável das cadeias do
polímero permite este aumento na condutividade. A adição do sal provocou aumento na
condutividade de até três ordens de grandeza, sendo este aumento justificado pela difusão dos
íons móveis através das cadeias do POE cooperativamente com o movimento segmental
destas cadeias (Dey et al., 2011).
A condutividade do filme do POE puro da ordem de 10-7
S cm-1
está em concordância
com os resultados obtidos por Dey et al., (2011). A Figura 46 mostra a variação do logaritmo
da condutividade como função da composição do tungstato de sódio, à temperatura ambiente,
e, por meio desta, pode-se inferir informações sobre as interações entre o sal e a matriz
polimérica e a influência nas suas cristalinidades relativas.
Figura 46 – Variação da condutividade elétrica como função da quantidade do tungstato de sódio adicionado à
temperatura ambiente.
F0
F1
F2
F3
F4
F6
F5
Fonte: Autoria própria.
Dissertação – PPGQ – UFRN 103
Os valores do grau de cristalinidade encontrados através do DSC e a cristalinidade
relativa discutida nos resultados sobre DRX estão em concordância com os dados de
condutividade obtidos, uma vez que a maior cristalinidade foi observada para POE, que
forneceu a menor condutividade; da mesma maneira, os três filmes com menores
cristalinidades F2, F4 e F6 e melhores dispersões do sal apresentaram as maiores
condutividades. Ainda, através deste gráfico, observa-se que a condutividade apresenta
máximos para as composições F2, F4 e F6. Entretanto, a redução na condutividade dos filmes
F3 e F5 deve-se, provavelmente, ao usual efeito de bloqueio (CHANDRA(a), CHANDRA(b)
e THAKUR, 2014), ou seja, devido as interações íon-íon e/ou formação de multipletos de
carga (POLU (a), KIM e RHEE, 2015) que impedem o processo de condução dos íons.
As maiores condutividades observadas, para o novo eletrólito proposto neste trabalho,
foram da ordem de 10-4
S cm-1
, que são mais altas do que as maiores condutividades
observadas para alguns eletrólitos poliméricos, que utilizam sais de sódio, encontrados na
literatura, como apresentando na Tabela 12.
Tabela 12 – Valores de condutividade máximas encontrados para o eletrólito em estudo e outros encontrados na
literatura.
Eletrólito S cm-1
T/K Referência
POE/Na2WO4 1,52x10-4
(F2)
3,24x10-4
(F6)
300 Este trabalho.
POE/NaClO4 1,35x10
-4 333 Ni’man et al., 2015.
POE/NaHCO3 6,9x10
-7 370 Chandra(a), Chandra(b) e Thankur,
2014.
POE/NaClO3 6,0x10
-5 423 Rajendra, Roy e Parveen, 2013.
POE/NaClO3 3,36x10
-7 303 Kumar et al., 2006.
POE/NaPO3 2,8x10
-8 351 Bhide e Hariharan, 2006.
POE/NaNO3 3,5x10
-6 303 Anantha e Hariharan, 2005.
Fonte: Autoria própria.
Em frequências intermediárias é possível o estudo da interface eletrólito/eletrodo.
Após a aplicação do potencial elétrico sobre os filmes é formada a dupla camada elétrica
como resultado do acúmulo de cargas no eletrodo; além disso, este potencial também induz a
polarização de cargas nos filmes poliméricos. A adição do sal provoca uma diminuição na
resistência de polarização devido à indução dos dipolos nas cadeias do POE pelos íons sódio
( ) e tungstato ( . Assim, há um maior acúmulo de carga na interface entre cada
Dissertação – PPGQ – UFRN 104
filme contendo o sal e o eletrodo e, como consequência, um aumento da capacitância da dupla
camada e um comportamento capacitivo mais acentuado.
É possível observar para os filmes contendo o tungstato de sódio (Figura 45), na
região de baixas frequências, uma linha reta com inclinação tendendo a 45° que pode ser
associada com o processo de difusão no eletrólito (CUI et al., 2012; IBRAHIM et al., 2012;
BAR e BASAK, 2014). Esta região é conhecida como região de Warburg (JOHNSON et al.,
1994) comumente identificada pela letra W ou ZD (impedância de Warburg) e é representada
por uma função tangente hiperbólica (GIROTTO e DE PAOLI, 1999). Desta maneira, o
coeficiente de difusão do sal reflete a propriedade de transporte dos íons do sal na estrutura e,
assim, com o intuito de analisar o fenômeno de difusão do tungstato de sódio (íons Na+ e
) entre as cadeias do POE foram calculados os coeficientes de difusão do sal (Ds) para
os filmes contendo diferentes composições do mesmo, Tabela 13.
Tabela 13 – Coeficientes de difusão para o tungstato de sódio nos filmes poliméricos.
Filmes F1 F2 F3 F4 F5 F6
Dsx10-9
/m2 s
-1 2,91 366 3,54 9,06 2,62 3,85
Ds = coeficiente de difusão.
Fonte: Autoria própria.
Os valores dos coeficientes de difusão do sal foram estimados com base na Equação
23 (SØRENSEN e JACOBSEN, 1982).
(
)
Nesta equação, representa a parte real da impedância de difusão, Equação 24,
representa a impedância de difusão para frequência tendendo a zero, l representa a espessura
do filme e a frequência no máximo do segundo semicírculo extrapolado.
Dissertação – PPGQ – UFRN 105
O termo
representa a razão entre as mobilidades dos íons do sal e pode ser
determinado através da Equação 25 com representando o número de transporte do íon
positivo e = 5,9 ( ).
Os valores dos coeficientes de difusão estão em concordância com a discussão feita a
respeito da condutividade iônica. Os maiores valores de Ds indicam uma maior difusão do sal
na matriz provocando um aumento na condutividade do filme. O alto valor do coeficiente de
difusão do sal para o filme F2, provavelmente, se deve à maior espessura deste filme. O maior
valor de l indica um maior volume do bulk do filme, permitindo uma maior difusão dos íons
do sal nesta região.
O domínio de altas frequências (primeiro semicírculo ou semicírculo bem definido)
para o POE puro, Figura 45(a), informou, ainda, que existe um processo de relaxação e que
este está relacionado ao bulk polimérico (HUGUENIN, CAVALCANTE e TORRESI, 2001;
BAR e BASAK, 2014). O estudo da relaxação dielétrica em eletrólitos poliméricos sólidos
fornece informações relativas às características das interações moleculares e iônicas (BAR e
BASAK, 2014). Assim sendo, com o intuito de analisar o fenômeno de relaxação foram feitas
as representações da impedância complexa (-Z’’) em função do logaritmo da frequência,
também conhecida como representação de Debye, para todos os filmes, Figura 48.
Na representação de Debye para o POE puro, Figura 47, observa-se um pico de
relaxação dielétrica para região de frequências intermediárias. A formação do pico, neste tipo
de representação, é observada quando a condição de é satisfeita sendo o tempo de
relaxação dielétrica. O fenômeno de relaxação dielétrica observado para o POE é resultado do
processo de reorientação dos dipolos nas cadeias do polímero mediante a aplicação de um
potencial (PRADHAN, CHOUDHARY e SAMANTARAY, 2008).
A adição do tungstato de sódio à matriz do POE provocou modificações no pico de
relaxação dielétrica deste polímero, assim como a formação de novos picos. Os valores dos
tempos de relaxação, calculados a partir da Equação 26, para os sistemas estudados são
apresentados na Tabela 14.
Dissertação – PPGQ – UFRN 106
Figura 47 – Representações da impedância complexa (Z’’) em função do logaritmo da frequência (log f) para
análise do processo de relaxação dielétrica.
Fonte: Autoria própria
Tabela 14 – Tempos de relaxação dielétrica para o POE puro e para o eletrólito POE/Na2WO4 nas diferentes
composições estudadas.
Filmes
F0 0,704 22,6 – –
F1 3,63 4,39 – –
F2 76,1 0,209 33,53 0,475
F3 14,8 1,08 – –
F4 47,6 0,334 6,51 2,44
F5 9,25 1,72 – –
F6 47,6 0,334 8,23 1,93
= Frequência no máximo do primeiro pico de relaxação; = Primeiro tempo de relaxação;
= Frequência no máximo do segundo pico de relaxação; = Segundo tempo de relaxação;
Fonte: Autoria própria.
Dissertação – PPGQ – UFRN 107
Verificou-se que, para os filmes F1, F3 e F5, ocorreu deslocamento do pico para
regiões de mais altas frequências quando comparados ao filme F0. Enquanto que para os
filmes F2, F4 e F6, além dos picos em altas frequências, ocorreu a formação de novos picos
de relaxação em baixas frequências. Na Figura 45 é possível observar que para os filmes F1,
F3 e F5 o semicírculo, característico do processo de relaxação, sofreu um deslocamento para
regiões de mais altas frequências quando comparado ao do POE puro, confirmando o
deslocamento do pico de relaxação para maiores frequências. Assim como os filmes F1, F3 e
F5, os filmes F2, F4 e F6 também tiveram os picos de relaxação, associados à reorientação
dos dipolos das cadeias do POE, deslocados, isto porque, também, observou-se deslocamento
do primeiro semicírculo, no diagrama de Nyquist, para estes últimos três filmes. As
intensidades dos picos, porém, foram menores para os filmes F2, F4, F6 quando comparadas
aos demais devido à redução dos diâmetros dos semicírculos destes filmes.
O segundo pico de relaxação dielétrica para os filmes F2, F4 e F6 está associado à
adição do tungstato de sódio e é observado devido à formação do segundo semicírculo mais
bem definido, Figura 45. A introdução do sal na matriz polimérica favorece a polarização dos
dipolos nas cadeias do POE. Assim, além da polarização dipolar relacionada apenas às
cadeias do polímero, teve-se polarização iônica relacionada aos íons ( . Além
disso, a perturbação nos íons do sal, devido à aplicação do potencial elétrico, aumentou o
efeito de polarização dos dipolos nas cadeias do polímero, causando diminuição no tempo de
relaxação, como observado na Tabela 14. Isto ocorreu porque o movimento de íons de um
local para outro promoveu perturbação do potencial elétrico dos seus arredores, outros íons e
cadeias do polímero. Desta forma, o movimento dos outros íons nesta região foi afetado pela
perturbação do potencial. Tal movimento cooperativo de íons leva a um decaimento não-
exponencial ou processos de condução com distribuição no tempo de relaxação (PRADHAN,
CHOUDHARY e SAMANTARAY, 2008). Os valores dos segundos tempos de relaxação
para os filmes F2, F4 e F6 são maiores que os primeiros, uma vez que estes estão relacionados
a processos de polarização iônica e ocorrem em menores frequências, tendo contribuição do
sal na polarização dos dipolos ao longo das cadeias moleculares do polímero.
Os filmes com mais de um pico de relaxação são exatamente aqueles com maiores
valores de Ds; além disso, os dados de EDS, Figura 33 (W/Na), mostraram que os filmes com
maiores valores de Ds são aqueles com as menores razões W/Na, ou seja, os filmes em que a
maior difusão do sal é ocasionada devido à maior distribuição do sal no filme, o que provoca
redução mais homogênea das regiões cristalinas do polímero e, portanto, aumento das regiões
Dissertação – PPGQ – UFRN 108
amorfas, favorecendo a difusão dos íons do sal em consequência de um menor tempo de
relaxação.
A dependência da impedância com a frequência para os sistemas em estudo é mais
claramente investigada através da representação no formato Bode, que também permite a
análise do comportamento capacitivo e resistivo do eletrólito para diferentes frequências com
base no ângulo de fase. Na Figura 48 são apresentados os diagramas de impedância no
formato Bode para o filme do POE puro e para os filmes deste polímero com diferentes
composições do sal.
Figura 48 – Diagramas de impedância no formato Bode para: (a) o filme do POE puro e (b) para os filmes do
POE com diferentes composições do sal.
Fonte: Autoria própria.
35,5°
29,4°
24,4°
(b)
Dissertação – PPGQ – UFRN 109
Através do Diagrama de Bode para o filme F0, Figura 48(a), observou-se a
predominância do comportamento resistivo do sistema para a região de baixas frequências,
uma vez que o ângulo de fase tende a zero (0°) nesta região. Por outro lado, para a região de
altas frequências tem-se a predominância do comportamento capacitivo, uma vez que o
ângulo de fase está tendendo a – 90 °.
Após a adição do sal, Figura 48(b), os diagramas de Bode dos filmes apresentaram
comportamento característico da mobilidade extrínseca dos íons ao longo da cadeia
polimérica na região de baixas frequências. Isto pode ser observado por um aumento no
ângulo de fase nesta região. Na região de altas frequências, mudanças mais abruptas no valor
de , como observado na Figura 48, e ângulos de fase menores que – 90º, Tabela 15,
mostraram que a resposta para o descarregamento foi mais rápida para o eletrólito quando
comparado ao filme polimérico puro.
Tabela 15 – Valores experimentais dos ângulos de fase máximos para os filmes nas regiões de baixas e altas
frequências.
Filmes F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6
3,4 17,3 12,6 10,7 17,1 16,1 13,7
80,5 71,8 63,9 68,9 53,5 68,9 59,4
Fonte: Autoria própria.
Na região de frequências intermediárias é possível analisar o comportamento das
cargas que são acumuladas na interface eletrólito/eletrodo, como, também, seu fluxo nesta
mesma interface (DA SILVA, 2014). O descarregamento de cargas no filme do POE puro
ocorreu de maneira contínua em toda faixa de frequências intermediárias, Figura 48. Isto pode
estar associado ao maior tempo de relaxação dielétrica observada para este filme, Tabela 14,
ou seja, a reorientação dos dipolos nas cadeias do POE aconteceu mais lentamente, quando
comparado aos filmes contendo o tungstato de sódio, permitindo descarregamento contínuo e
mais lento.
Nos filmes com o tungstato de sódio este descarregamento de cargas ocorreu mais
rapidamente no filme F2, uma vez que ele apresentou maior inclinação relacionada à
dispersão das cargas no filme, ou seja, uma mudança abrupta nos valores do ângulo de fase.
Este comportamento foi ratificado pelo menor tempo de relaxação dielétrica associado a essa
faixa de frequências, isto é, neste filme a reorientação dos dipolos das cadeias do POE ocorreu
de maneira rápida, quando comparado aos demais filmes, impedindo que grande quantidade
Dissertação – PPGQ – UFRN 110
de cargas fosse acumulada. Seguindo este raciocínio sobre a inclinação da curva, nesta faixa
de frequências, e com base nos tempos de relaxação pode-se concluir:
Figura 49 – Esquema, em ordem decrescente, do descarregamento de cargas nos filmes poliméricos estudados.
F2 > F4 = F6 > F3 > F5 > F1 > F0
Fonte: Autoria própria.
Os filmes F2, F4 e F6 apresentaram comportamento diferente dos filmes F1, F3 e F5.
Após o descarregamento das cargas em frequências que vão de altas até intermediárias,
ocorreu pequeno carregamento para os filmes F2, F4 e F6 em regiões que vão desde
intermediárias até baixas frequências, uma vez que houve acentuado aumento nos valores do
ângulo de fase. Este comportamento pode estar relacionado ao processo de relaxação devido
ao segundo pico de relaxação para estes filmes, como visto na Figura 47, sugerindo aumento
no comportamento capacitivo.
Seguindo o mesmo raciocínio para o primeiro pico no diagrama de Bode, o filme F2
descarregou mais rapidamente, com menor . Isto ainda pode ser observado através do valor
máximo do ângulo de fase no segundo pico, Figura 48(b). O valor de 35,5° para o ângulo de
fase máximo neste pico para o filme F2, indicou maior comportamento capacitivo, permitindo
acúmulo rápido de carga seguido pelo descarregamento, também, rápido. Além disso, a
inclinação na curva ou decréscimo no ângulo de fase de forma mais abrupta para este filme
concordou com este comportamento. Os valores próximos no tempo de relaxação para os
filmes F4 e F6, neste segundo pico, necessitaram de análise do comportamento capacitivo. O
filme F4 apresentou pico em 29,4º indicando comportamento mais capacitivo, quando
comparado ao filme F6 e, portanto, armazenou cargas mais rapidamente, seguido de rápido
descarregamento.
Os efeitos de carregamento e descarregamento de cargas mostraram relação com os
valores de condutividade calculados, uma vez que os filmes que sofreram este
descarregamento rápido (F2, F4 e F6) apresentaram os maiores valores de condutividade
iônica.
O estudo do comportamento capacitivo na interface eletrólito/eletrodo é melhor
avaliado através da Espectroscopia de Capacitância Eletroquímica (ECE). Os valores usados
na análise através da ECE são obtidos a partir da conversão dos resultados da EIE. A
Descarregamento da carga eletrônica
Dissertação – PPGQ – UFRN 111
interpretação capacitiva fornece informações físicas sobre os processos de armazenamento na
interface eletrodo/eletrólito. Além disso, a análise por ECE pode ser útil para avaliar os
processos no estado sólido e sistemas dielétricos, quando estes são predominantemente
capacitivos (BUENO et al., 2010; BUENO, MIZZON e DAVIS, 2012).
Para análise dos filmes por ECE, os dados de impedância complexa foram convertidos
em valores de capacitância complexa. A conversão pode ser realizada usando a Equação
4, (GÓES et al., 2012). A admitância complexa, Y, é definida como o
inverso da impedância complexa conforme a Equação 27:
e a capacitância complexa pode ser definida pela Equação 28, com √ e :
Desta maneira, pode-se escrever a capacitância complexa em termos das suas partes
real e imaginária, conforme a Equação 29:
A conversão dos dados de impedância complexa em capacitância complexa foi feita
com o intuito de estimar, a partir desta última, a constante heterogênea de transferência de
elétrons, aqui adaptada para constante de velocidade de transferência de cargas (kt)
acumuladas na interface eletrodo/eletrólito para os filmes poliméricos. Isto pode ser feito
através da representação gráfica da razão entre as capacitâncias imaginária e real (C’’/C’),
definida como a perda de energia durante o processo de taxa de transferência de cargas em
função da frequência, de forma que o pico (ou os picos) obtido representa kt, Figura 50
(BUENO et al., 2013).
Através da Figura 50 verificou-se que o intervalo de frequências usado não resolveu
completamente os picos para região de altas frequências, em consequência da limitação (1
MHz) do equipamento utilizado. De qualquer forma, observou-se que os filmes com as
maiores condutividades (F2, F4 e F6) têm dois picos (dois kt), enquanto os filmes F1, F3 e F5
Dissertação – PPGQ – UFRN 112
apresentaram apenas um pico (um kt), em concordância com a transferência de cargas
(descarregamento de cargas) que ocorreu em dois momentos distintos.
Figura 50 – Representação do logaritmo da razão entre as capacitâncias imaginária e real em função do
logaritmo da frequência com os máximos (picos) representando os valores de kt.
Fonte: Autoria própria.
Na Tabela 16 são apresentados os valores de kt obtidos do máximo das curvas para os
filmes F2, F4 e F6 na região de frequências intermediárias. A partir destes valores, pode-se
observar que a velocidade de transferência de cargas durante o descarregamento foi mais
rápida para o filme F2, seguido dos filmes F4 e F6. De forma que estes resultados
quantitativos confirmaram a análise qualitativa feita através dos tempos de relaxação (Figura
47) e dos diagramas de Bode (Figura 48).
Tabela 16 – Valores de kt obtidos a partir da representação log (C’’/C’) vs log f.
Filmes kt /s-1
F2 172,7
F4 53,6
F6 42,4
Fonte: Autoria própria.
Dissertação – PPGQ – UFRN 113
Os dados de impedância no formato Bode são mais representativos na análise de
circuitos elétricos, uma vez que o ângulo de fase é sensível aos parâmetros do sistema e,
assim, fornece resultados mais seletivos dos componentes do circuito quando comparados
com os dados experimentais (ORAZEM e TRIBOLLET, 2008). Os ajustes com os circuitos
elétricos equivalentes para os sistemas POE/eletrodo e PEO-Na2WO4/eletrodo realizados no
diagrama de impedância no formato Bode foram, então, relacionados com as características
do diagrama no formato Nyquist e, ambos, estão apresentados no Apêndice. Assim, o circuito
equivalente proposto deve apresentar coerência com o sistema eletroquímico investigado para
se poder relacionar os diferentes elementos eletrônicos do mesmo às diferentes características
físicas e químicas do sistema.
Pequenas deformações no semicírculo nos diagramas no formato Nyquist para o
sistema filme polimérico/eletrodo podem ser resultado da espessura irregular e morfologia do
filme e/ou a rugosidade da superfície do eletrodo. Isto sugere a presença de um elemento de
fase constante (CPE) no circuito a ser proposto (ANANTHA e HARIHARAN, 2005; KHAN
et al., 2014).
Um elemento de fase constante (CPE) é um capacitor não ideal e substitui um
capacitor ideal em um circuito elétrico equivalente devido à distribuição não uniforme da
corrente (BAR e BASAK, 2014). A impedância de um CPE é dada pela fórmula empírica,
Equação 30 (QIAN et al., 2001):
em que A é o inverso da capacitância apenas quando n = 1 sendo n relacionado com o (o
desvio da linha vertical na representação de impedância no formato Nyquist); n = 1 indica um
capacitor ideal e reflete diretamente a rugosidade do eletrodo usado.
Neste estudo os dados de impedância se ajustaram a dois tipos de circuito, um para o
filme do POE puro, Figura 51, e o outro para os filmes do eletrólito POE-Na2WO4, Figura 52.
Os dados referentes aos ajustes, assim como o erro associado a estes, estão apresentados no
Apêndice.
Dissertação – PPGQ – UFRN 114
Figura 51 – Circuito elétrico equivalente proposto para o ajuste dos dados de impedância para o filme do POE
puro, F0.
Rb = Resistência do bulk do material; Rp = Resistência de polarização; CPE1 = Elemento de fase constante
relacionada à interface eletrólito/eletrodo e, também, à irregularidade do filme e/ou a não idealidade da
superfície do eletrodo.
Fonte: Autoria própria.
Figura 52 – Circuito elétrico equivalente proposto para o ajuste dos dados de impedância para os filmes
contendo o tungstato de sódio.
Rb = Resistência do bulk do material; Rp = Resistência de polarização; CPE1 = Elemento de fase constante
relacionada à interface filme/eletrodo e devido à irregularidade do filme e/ou não idealidade da superfície do
eletrodo. R2 = Resistência de polarização de cargas na interface eletrólito/eletrodo com a polarização sofrendo
efeito por parte do íons do sal; CPE2 = Elemento de fase constante relacionada ao fenômeno de relaxação
dielétrica por efeito do sal (relaxação iônica).
Fonte: Autoria própria.
Cada semicírculo presente nos diagramas de Nyquist foi equivalente a uma associação
em paralelo de uma resistência e uma capacitância (KHAN et al., 2014). No caso em estudo, o
capacitor foi substituído pelo CPE.
A associação em série da resistência do material (bulk) com a associação em paralelo
do CPE1 e a resistência de polarização correspondeu ao semicírculo na região de altas
frequências. A tendência à formação do segundo semicírculo foi representada pela associação
em paralelo do CPE2 com R2 correspondendo à região de frequências intermediárias até
baixas frequências, sendo associado ao efeito de indução dos dipolos poliméricos causada
Dissertação – PPGQ – UFRN 115
pelos íons do sal (DYGAS et al., 2003). Para o filme do POE puro (F0), a presença de apenas
um semicírculo em toda a região de frequências analisada e a ausência da linha reta
característica de difusão fez com que os dados se ajustassem ao circuito da Figura 51.
A linha reta presente nos diagramas no formato Nyquist foi representada no circuito
pelo elemento de Warburg, W, sendo referente à difusão dos íons do tungstato de sódio. O
CPE1 representou as características da dupla camada elétrica formada entre o filme e o
eletrodo, também relacionada à relaxação dipolar, enquanto que o CPE2 foi relativo à
relaxação iônica associada ao tungstato de sódio. A resistência R2 pode ser associada à
resistência de polarização das cadeias do polímero devido à presença do efeito de indução dos
dipolos poliméricos causada pelos íons do sal.
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho com
finalidade de evidenciar os principais resultados obtidos.
Dissertação – PPGQ – UFRN 117
5.1 CONCLUSÕES
Um novo eletrólito polimérico sólido POE-Na2WO4, com composição variada do sal,
em forma de filme autossustentável foi obtido através do método sol-gel. A redução dos picos
característicos da semicristalinidade do POE, observada nos difratogramas de raios X, e a
redução do grau de cristalinidade, calculado por DSC, confirmam a redução da cristalinidade
do polímero com a adição do Na2WO4 e promove um aumento da condutividade iônica de até
três ordens de grandeza para os filmes F2 (1,52x10-4
S cm-1
) e F4 (3,24x10-4
S cm-1
) quando
comparados ao filme do polímero puro (F0) (5,48x10-7
S cm-1
). As interações físicas entre as
cadeias poliméricas e os íons do sal foram confirmadas pelos espectros de infravermelho,
além disso, as curvas TG/DTG mostraram que a presença do sal na matriz polimérica provoca
um aumento da estabilidade do eletrólito, que se decompõe quase que totalmente em uma
única etapa. A análise cinética da degradação térmica foi realizada pelos métodos de Broido
(BR), Coats-Redfern (CR) e Horowitz-Metzger (HM) que sugeriram uma cinética de
degradação de 1ª ordem para o polímero e eletrólito permitindo, assim, o cálculo da energia
de ativação deste processo com redução para os filmes na presença do sal. Ainda, os dados de
∆H*, ∆S
* e ∆G
* demonstraram que a etapa de decomposição térmica ocorre de maneira
relativamente rápida, de forma não espontânea com o menor ordenamento do complexo
ativado. A morfologia esferulítica intercalada por ligações interlamelares foi presente nos
filmes e mostraram uma redução no diâmetro médio dos esferulitos com a adição do sal. Os
filmes com maiores condutividades (F2, F4 e F6) apresentaram os maiores coeficientes de
difusão e exibiram dois picos de relaxação sendo um associado à reorientação dos dipolos nas
cadeias do polímero e o outro a reorientação dos dipolos destas cadeias por efeito de indução
dos íons do sal, além de comportamento característico de transporte de cargas observado nos
diagramas de capacitância complexa. Os dados de impedância foram ajustados a dois circuitos
elétricos equivalentes, um para o polímero e o outro para o eletrólito, o que permitiu a
associação dos fenômenos físico-químicos aos componentes eletrônicos dos circuitos. Assim,
com base nas propriedades apresentadas neste trabalho, este eletrólito tem grande potencial
em aplicação em baterias secundárias.
Dissertação – PPGQ – UFRN 118
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Dissertação – PPGQ – UFRN 130
APÊNDICE – Ajuste teórico para todos os filmes feitos a partir do Software Zsim 3.2.
Filme F0
Dissertação – PPGQ – UFRN 131
Filme F1
Dissertação – PPGQ – UFRN 132
Filme F2
Dissertação – PPGQ – UFRN 133
Filme F3
Dissertação – PPGQ – UFRN 134
Filme F4
Dissertação – PPGQ – UFRN 135
Filme F5
Dissertação – PPGQ – UFRN 136
Filme F6