73
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA Padrões cromossômicos e mapeamento de genes ribossomais 18S e 5S em peixes pelágicos Atlânticos Rodrigo Xavier Soares Natal-RN 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

Padrões cromossômicos e mapeamento de genes ribossomais 18S e 5S

em peixes pelágicos Atlânticos

Rodrigo Xavier Soares

Natal-RN

2012

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

Padrões cromossômicos e mapeamento de genes ribossomais 18S e 5S

em peixes pelágicos Atlânticos

Rodrigo Xavier Soares

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ecologia da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ecologia.

Orientador: Dr. Wagner Franco Molina

Natal-RN

2012

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Soares, Rodrigo Xavier. Padrões cromossômicos e mapeamento de genes ribossomais 18S e 5S

em peixes pelágicos Atlânticos / Rodrigo Xavier Soares. - Natal, RN, 2012.

60 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Wagner Franco Molina.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.

Programa de Pós-Graduação em Ecologia.

1. Citogenética de peixes. – Dissertação. 2. Peixes pelágicos, – Dissertação. 3. Coryphaenidae. –

Dissertação. I. Molina, Wagner Franco. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 597.3

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

Dedico essa dissertação aos meus

pais Canindé e Josenaide.

In memoriam ao meu avô João Alves

Xavier pelo incentivo inicial.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

''Sei que o meu trabalho é uma gota no

oceano, mas sem ele, o oceano seria menor.''

(Madre Teresa de Calcutá)

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

AGRADECIMENTOS

Queria agradecer de antemão a minha família, meus pais Francisco Canindé e

Josenaide Xavier, minha irmã Renata e cunhado Heitor, minhas tias, tios e avós que

deram educação e incentivo para que seguisse a carreira escolhida para minha vida

além da compreensão e por esperarem ansiosos por minha volta em todas as

expedições.

Também venho agradecer:

Ao professor Wagner Molina por ter confiado em minha competência e me

orientado, dando suporte total para que esse trabalho se torne de conhecimento

público. Assim como o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Centro de

Biociências, em particular ao professor André Megali e o secretário Jair pela presteza

em resolver todos nossos pepinos.

Agradecer aos professores Alexandre Magno Cavalcante e Guilherme Fulgencio

pela oportunidade de prestar-lhes assistência ao ensino com a bolsa REUNI e pela

consciência ao entender os momentos que tive que me ausentar das atividades por

estar em campo.

Aos amigos, Maria Vitória, Janaína e ao casal Wania e Sanderson pais da

afilhada mais linda, Clarissa, que torceram pelo êxito do meu trabalho. Sem esquecer

dos mais antigos, Saraiva, Cezar, Rômulo, Renner e Pedro que apesar do pouco contato

sempre se mostraram atuantes nos momentos necessários. Também não podendo

esquecer de Camila, Clarisse e Ivete que se fizeram presente em muitos anos da minha

vida assim como nesses dois anos de mestrado, além de toda a família Mota de Caicó

que sempre me acolheu com a maior atenção.

À galerinha do LGRM: Gideão, Paulo, Clóvis, Amanda, Uedson, Eurico, Alyson,

Pablo, Calado, Layse, Inailson, Cris, Emanuel, Guinga, Roberta, George, as duplas Bebê

e Delícia, Divana e Washington e Valdir Velho e Waldir boy pela ajuda e pela

companhia nos momentos de distração dos trabalhos.

Aos colegas e companheiros de expedição: Natan, Hudson, André batista,

Ivana, Pavio e Andreia, que ajudando ou não nas coletas, foram importantes no

aprendizado de outras áreas de pesquisa, na cozinha ou simplesmente pela agradável

companhia em lugares remotos.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em

especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar, Dayse, Mariquinha e seus

funcionários.

Ao CNPq pelo suporte financeiro (Processo No. 556793/2009-9), ao IBAMA pela

licença de coleta (Processo No. 19135/1) e à SECIRM, Marinha do Brasil, Transmar e

seus funcionários, que deram condições logísticas que tornaram possível as expedições

ao ASPSP para coletas.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

SUMÁRIO

Lista de Figuras e Tabela VIII

Lista de Abreviaturas X

Resumo XI

Abstract XII

1. INTRODUÇÃO

1.1. Peixes: aspectos introdutórios 1

1.2. Família Scombridae 3

1.3. Família Coryphaenidae 4

1.4. Abordagens citogenéticas em estudos taxonômicos e populacionais em

peixes

5

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral 9

2.2. Objetivos específicos 9

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Material 10

3.2. Métodos

3.2.1. Obtenção de cromossomos mitóticos 12

3.2.2. Análises cromossômicas e montagem do cariótipo 13

3.2.3. Detecção de regiões organizadoras de nucléolo 13

3.2.4. Detecção de heterocromatina constitutiva 13

3.2.5. Dupla coloração com fluorocromos base-específicos 14

3.2.6. Hibridação in situ fluorescente FISH

3.2.6.1. Obtenção de sondas para hibridação 14

3.2.6.2. Hibridação cromossômica 15

4. CAPÍTULOS

4.1. Capítulo I - Estase cariotípica em quatro peixes Scombridae do

Atlântico. Mapeamento clássico e marcação por dual-color FISH de

marcadores ribossomais nos cromossomos

16

4.2. Capítulo II - Cromossomos sexuais múltiplos e mapeamento físico de

genes DNAr 18S/5S por dual-color FISH em dourados-do-mar (Perciformes,

Coryphaenidae)

32

5. CONCLUSÕES 51

6. REFERÊNCIAS 53

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

Lista de Figuras e Tabela

Figura 1. Espécies da família Scombridae: Thunnus albacares (a), Thunnus obesus (b), Acanthocybium solandri (c), e Scomberomorus brasiliensis (d).

10

Figura 2. Espécies da família Coryphaenidae: Coryphaena hippurus ♂ (a) e

♀ (b). Coryphaena equiselis ♂ (c) e ♀ (d).

11

Figura 3. Mapa dos pontos de coleta das espécies de Scombridae e Coryphaenidae analisadas.

11

CAPÍTULO I

Figura 4. Ponto de coleta das espécies de Scombridae analisadas. Setas indicam as correntes oceânicas atuantes. Em destaque o mapa do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Brasil.

20

Figura 5. Cariótipos de A. solandri (a), S.brasiliensis (b), T. albacares (c) e T. obesus (d) com coloração convencional pelo Giemsa (esquerda). Os quadros, em cada cariótipo, destacam a correspondência entre os sítios Ag-RONs e CMA3

+/DAPI- com padrão conjulgado. Os padrões heterocromáticos, apresentados por cada uma das espécies, estão evidenciados à direita. Barra = 5 µm.

22

Figura 6. Sítios de DNAr 18S (vermelho) e 5S (verde) identificados por dual-color FISH em A. solandri (a), S. brasiliensis (b), T. albacares (c) e T. obesus (d). Barra = 5 µm.

23

Tabela I.

Dados citogenéticos para a família Scombridae.

25

CAPÍTULO II

Figura 7. Distribuição geográfica das espécies C. equiselis (a) e C. hippurus (b).

35

Figura 8. Padrão cariotípico de fêmea (a) e macho (b) de C. equiselis e fêmea de C. hippurus (c). Coloração Giemsa (esquerda) e bandamento C (direita); em (b) o sistema X1X2Y está destacado. Sítios Ag-RONs com padrão conjugado CMA3

+/DAPI- dos pares organizadores nucleolares estão apresentados nos quadros à direita. Barra = 5 µm.

38

Figura 9. Mapeamento cromossômico de sítios DNAr 18S (vermelho) e 5S (verde) identificados por dual-color FISH, em C. equiselis e C.

39

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

hippurus. Cariótipo de fêmea de Coryphaena equiselis (X1X1X2X2) (a), com sistema heterogamético presente no cariótipo do macho (X1X2Y) em destaque. Os sítios DNAr 18S e 5S nos cariótipos de fêmea de C. hippurus (b), estão localizados sobre os mesmos pares cromossômicos de C. equiselis (par 2 e par 24, respectivamente). Barra = 5 µm.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

LISTA DE ABREVIATURAS

2n – Número diploide

a – Acrocêntrico

AFLP – Amplified fragment lenght polymorphism

AgNO3 – Nitrato de prata

Ag-RONs – Regiões organizadoras de nucléolo evidenciadas pela impregnação com

nitrato de prata

ASPSP – Arquipélago de São Pedro e São Paulo

AT – Adenina e Timina

Ba(OH)28H2O – Hidróxido de bário

BC – Bandamento C

CMA3 – Cromomicina A3

DAPI – 4`4’,6-diamidino-2-fenilindol

DNA – Ácido desoxirribonucleico

DNAr/rDNA – Ácido desoxirribonucleico ribossômico

FAO – Food and Agriculture Organization

FISH – Fluorescence in situ hybridization

GC – Guanina e Citosina

HCl – Ácido clorídrico

ICCAT – International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas

IUCN – International Union for Conservation of Nature

KCl – Cloreto de potássio

LGRM – Laboratório de Genética de Recursos Marinhos

m – Metacêntrico

n – Número amostral

NF – Número fundamental

RN – Rio Grande do Norte

RNAr/rRNA – Ácido ribonucleico ribossômico

RONs – Regiões organizadoras de nucléolo

sm – Submetacêntrico

st – Subtelocêntrico

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ZEE – Zona econômica exclusiva

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

RESUMO

Os estudos citogenéticos em peixes vêm contribuindo significantemente para um

melhor conhecimento sobre a biodiversidade marinha, apresentando informações

voltadas à caracterização, evolução e conservação de espécies e estoques pesqueiros.

Entre as espécies marinhas cujos dados citogenéticos são menos conhecidos se

destacam as formas pelágicas, que apesar da importância econômica e de esforços

conservacionistas vêm sofrendo grande pressão da pesca artesanal e industrial. O

presente trabalho caracterizou citogeneticamente seis espécies de grandes peixes

pelágicos no Atlântico, pertencentes à Ordem Perciformes, dentre elas, quatro

espécies de Scombridae, Thunnus albacares, T. obesus, Scomberomorus brasiliensis e

Acanthocybium solandri e duas de Coryphaenidae, Coryphaena equiselis e C. hippurus

utilizando métodos citogenéticos clássicos, como coloração convencional, bandamento

C e Ag-RONs, e moleculares, através da coloração com fluorocromos AT e GC-

específicos e mapeamento de famílias multigênicas ribossomais 18S e 5S. A

identificação de padrões filogenéticos e marcadores citotaxonômicos entre as espécies

e a presença de cromossomos sexuais em pelo menos uma espécie de Coryphaenidae,

são particularmente úteis na formulação de hipóteses filogenéticas, bem como em

comparações entre grupos e populações.

Palavras-chave: Citogenética de peixes, Coryphaenidae, cromossomos sexuais

múltiplos, evolução cromossômica, peixes pelágicos, Scombridae.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

ABSTRACT

Cytogenetic studies in fish have been contributed significantly to a better

understanding of the marine biodiversity, presenting information related to

characterization, evolution and conservation of species e fisheries stocks. Among the

marine species which cytogenetic data are less well known pelagic forms are detached,

that despite the economic importance and conservation efforts have been suffering

great pressure from the artisanal and industrial fisheries. The present work

characterized cytogenetically six species of large pelagic fish in the Atlantic, belonging

to the Order Perciformes, among them, four species of Scombridae, Thunnus

albacares, T. obesus, Scomberomorus brasiliensis and Acanthocybium solandri and two

Coryphaenidae, Coryphaena equiselis and C. hippurus using Classical cytogenetic

methods as conventional staining, C-banding and Ag-NORs and molecular through

staining fluorochromes AT and GC-specific and mapping of ribosomal multigene

families, 18S and 5S. The identification of phylogenetic patterns and cytotaxonomic

markers between the species and the presence of sex chromosomes in at least one

species of Coryphaenidae, are particularly useful in the formulating of phylogenetic

hypotheses, as well as comparisons between groups and populations.

Keywords: Fish cytogenetics, Coryphaenidae, multiple sex chromosomes, chromosome

evolution, pelagic fish, Scombridae.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Peixes: aspectos introdutórios

Os peixes formam um grupo parafilético surgido no Siluriano e têm como

representantes atuais os Agnatha, peixes sem mandíbula, como lampreias e peixes

bruxa; Chondrichthyes, peixes cartilaginosos, como tubarões e raias; Actynopterygii,

peixes com esqueleto ósseo de nadadeiras raiadas; e Sarcopterygii, peixes de

nadadeiras lobadas. Constituído por aproximadamente 28.000 espécies,

representando mais da metade das espécies dos vertebrados viventes. Dessas

espécies, 43% vivem exclusivamente em águas interiores apesar de cobrir apenas 1%

da superfície da terra. Já os oceanos, representam 70% da superfície terrestre e

abrigam cerca de 15.800 espécies (Nelson, 2006).

Apesar dos avanços no conhecimento deste grupo, existem ainda muitas

lacunas sobre as características citogenéticas para diversos grupos (Arai, 2011),

sobretudo dos representantes marinhos pelágicos de alto valor comercial. A

importância econômica de várias espécies pelágicas e o risco iminente de

sobreexploração de estoques são condições decisivas para aumento da informação

biológica das espécies visando subsidiar o segmento da pesca, um importante setor

econômico para diversas populações, entre elas a região do Nordeste brasileiro (Lee,

1957; Hazin et al., 1994). Adicionalmente, informações sobre parâmetros biológicos e

genéticos têm propiciado melhores condições para o uso de espécies marinhas na

aquicultura (Prescod & Hunte, 1997; Lee & Ostrowski, 2001; Volpe, 2005).

Os peixes apresentam elevada diversidade morfológica, podendo exibir corpo

achatado, alongado, fusiforme, comprimidos lateralmente, anguiliformes, filiformes

entre outros. O corpo pode ser revestido por escamas ou desnudo, com ou sem

coloração, de acordo com seus hábitos alimentares, sexuais ou de defesa. Da mesma

forma, apresentam também grande variação de tamanho. Como exemplo de tamanho

reduzido, Trimmatom nanus (Gobiidae), constitui um dos menores vertebrados

existentes, atingindo apenas 10 mm. Como extremos de peso e tamanho, pode-se

listar o atum azul, Thunnus thynnus, um dos maiores peixes ósseos, o qual pode passar

dos 4,20 metros e atingir cerca de 650 kg, e o tubarão-baleia, Rhincodon typus, a maior

espécie conhecida de peixe, que pode alcançar 12 metros (Nelson, 2006).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

2

Assim como a morfologia, o comportamento dos peixes é bem diversificado,

podendo apresentar hábitos bentônicos, quando apresentam uma relação mais

estreita com o substrato, nectônicos, quando se movem livremente na linha d’água e

dentre eles os pelágicos, quando vivem na zona iluminada nadando próximo à

superfície da água. Cabe ressaltar que os peixes pelágicos geralmente apresentam

comportamento migratório e atingem maiores dimensões corporais que peixes

demersais (Szpilman, 2000). Devido a essas características, os peixes pelágicos em

geral apresentam grande valor comercial, sendo por isso, intensamente explorados

pela pesca industrial, artesanal e recreativa pelo mundo (Collette & Nauen, 1983).

O Brasil produz cerca de 40.000 toneladas de atuns e afins ao ano,

representando 6,66% das capturas realizadas no oceano Atlântico, contudo apesar do

volume, em nível mundial mostra-se insignificante (Oliveira, 2009). O Estado do Rio

Grande do Norte detém a maior parte de sua frota industrial composta por

embarcações atuneiras, e representa um dos Estados brasileiros de maior produção de

atuns e afins (Lins, 2011). Alcançando em 2011 um incremento em torno de 80% na

produção industrial do atum com o aporte de navios japoneses na sua frota pesqueira

(Mendes, 2011).

Algumas espécies pelágicas estão extremamente ameaçadas, principalmente

pela pesca industrial que, com novas tecnologias, vem nas últimas décadas

aumentando a capacidade de exploração, ocasionando vertiginosa queda nos

estoques. Esta condição torna-se evidente em relatórios recentes que apontam que

45% dos estoques mundiais conhecidos e explorados já estão plenamente explorados,

28% estão em sobrepesca, 19% apresentam-se esgotados e somente 8% encontram-se

em recuperação (FAO, 2010).

Em função de sua alta mobilidade, os peixes pelágicos realizam extensas

migrações transoceânicas, desta forma podem ser capturados por várias nações

dentro ou fora de suas ZEE’s (Zona Exclusiva Econômica) com diferentes aparelhos de

pesca o que dificulta a ação de planos de manejo. Quando em águas de uso comum a

exploração arbitrária desses recursos incentiva a competição entre pescadores e o

investimento em tecnologia das frotas pesqueiras (Castello, 2007), acentuando a

dificuldade de controle do manejo e avaliação de estoques pesqueiros, tornando essas

medidas possíveis apenas através de esforços conjuntos de várias nações.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

3

Para regular exploração de pescado mundial a FAO (Food and Agriculture

Organization) instituiu organizações de manejo da pesca de atuns e afins, como o

ICCAT (International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas), responsável

pelo manejo dos estoques pesqueiros dentro ou fora das jurisdições nacionais. Estas

organizações também são responsáveis por desenvolver pesquisas e manter uma base

de dados que reúna informações como quantidade de desova, recrutamento, captura,

mortalidade e tamanho dos estoques.

Os peixes pelágicos mais explorados geralmente se apresentam em forma de

grandes cardumes como as sardinhas (Clupeidae) e peixes-voadores (Exocoetidae) e/

ou grande tamanho corpóreo como atuns, cavalas, serras e bonitos (Scombridae),

espadartes (Xiphiidae), agulhões (Istiophoridae), dourados (Coryphaenidae) e

tubarões. Um dos exemplos que podem ser citados de espécies pelágicas ameaçadas

de extinção é representado pela espécie Thunnus thynnus, o Atum-azul Atlântico. Esta

espécie atualmente se encontra na lista vermelha da IUCN, em função da depleção de

seus estoques (Safina, 1996). De fato, esta é apenas uma das diversas formas

pertencentes à família Scombridae, um grupo sob olhar atento de tratados

internacionais, devido ao recurso econômico que representa e dos riscos à

conservação. Além deste grupo, outros como a pequena família Coryphaenidae

(Perciformes) se destacam tanto pelo valor da pesca comercial, como por proporcionar

divisas da pesca esportiva/recreativa.

Visto a grande importância dos peixes pelágicos e sua deficiência de dados

citogenéticos, neste estudo são apresentados dados citogenéticos de seis espécies das

famílias Scombridae e Coryphaenidae, duas importantes famílias pelágicas.

1.2. Família Scombridae

Scombridae apresenta 51 espécies, divididas em 15 gêneros, distribuídas em

mares tropicais, subtropicais e temperados e são conhecidos popularmente por atuns,

bonitos, serras e cavalas. Algumas espécies de maior porte são encontradas em águas

oceânicas, regiões nas quais realizam migrações transoceânicas, enquanto as de porte

menor habitam águas costeiras, podendo em alguns casos frequentar estuários para

alimentação (Collette & Nauen, 1983; Nelson, 2006). Esta família apresenta

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

4

características morfológicas e fisiológicas particulares como formato hidrodinâmico do

corpo e grande força muscular, que proporciona uma atividade natatória

extremamente eficiente (Shadwick & Syme, 2008), impulsionada pela alta taxa de

oscilação da nadadeira caudal e mínima ondulação do corpo. Além da natação, os

músculos proporcionam também a produção de calor que é transmitida a órgãos por

uma rede de vasos sanguíneos chamada rete mirabilis através de uma circulação

contra-corrente. A heterotermia corporal, mantém a temperatura de partes do corpo

mais elevada que a temperatura da água, possibilitando a passagem por águas frias, o

que representa um dos eventos evolutivos mais significantes dos teleósteos modernos

(Block et al., 1993; Clark et al., 2009).

No Atlântico são encontradas 23 espécies de Scombridae, onde

especificamente da região Centro-Atlântica Ocidental são conhecidas 16 espécies e na

costa do Rio Grande do Norte tem-se ocorrência para 10 espécies (Collette & Nauen,

1983; Garcia). Alguns representantes destacam-se na indústria da pesca por alcançar

grandes dimensões, pela qualidade da carne e dos produtos do seu beneficiamento, a

partir do qual atingem valor comercial elevado (Carpenter, 2002; Fromentin & Ravier,

2005; Porch, 2005).

1.3. Família Coryphaenidae

A família Coryphaenidae, cujas espécies são internacionalmente conhecidas

como dolphinfishes e no Brasil como dourados-do-mar, pertence à Ordem Perciformes.

Composta por apenas duas espécies, Coryphaena hippurus Linnaeus, 1758 e C.

equiselis Linnaeus, 1758, epipelágicas com ampla distribuição pelos oceanos tropicais e

subtropicais (Collette, 1986), que apresentam grande importância para a pescaria

artesanal, comercial e esportiva. Embora os padrões de migração e distribuição de

estoques sejam ainda pouco conhecidos, parecem estar atrelados à frequência sazonal

em áreas de pesca (Palko et al., 1982; Oxenfort & Hunt, 1986). Aparentemente seus

estoques não estão superexplotados, decorrente de sua acelerada reprodução e

crescimento (Campos et al., 1993) o que promove elevada taxa de resiliência à pesca

(Seafood Watch, 2007). Devido a características de crescimento e a sua eficiência de

conversão de alimento em peso corpóreo, os dourados se mostram candidatos

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

5

favoráveis à produção em cativeiro (Schekter, 1982; Kraul, 1989; Benetti et al., 1995;

Prescod & Hunt, 1997; Lee & Ostrowski, 2001). Ambas as espécies são importantes

integrantes da cadeia ecológica dos oceanos tropicais e subtropicais, onde se revelam

predadores generalistas se alimentando de alta variedade de peixes e invertebrados,

provavelmente com estratégia de forrageamento oportunista, assim como a maioria

dois peixes pelágicos tropicais (Oxenford, 1999).

Filogeneticamente, estudos morfológicos em Coryphaenidae e Rachycentridae

têm postulado 138 características ósseas em comum entre essas famílias, o que as

classificam como grupos-irmãos e monofiléticos (O’Tole, 2002). Este agrupamento está

inserido em um grupo monofilético maior, a subordem Carangoidei formado por cinco

famílias, Carangidae, Rachycentridae, Nematistiidae, Coryphaenidae e Echeneidae

(Springer & Smith-Vaniz, 2008).

Entre os Carangoidei, estudos citogenéticos têm se restringido a algumas

espécies de Carangidae, Echeneidae e Rachycentridae (e.g. Lee & Loh, 1975; Rodrigues

et al., 2007; Jacobina et al., 2011), que apesar de demonstrar conservadorismo de

número cromossômico, apresenta elevada diversidade estrutural, na maioria das

espécies.

1.4. Abordagens citogenéticas em estudos taxonômicos e populacionais em peixes

Nos últimos anos a citogenética de peixes vem acumulando dados que

permitem estabelecer tendências evolutivas e relacionamentos filogenéticos entre as

diferentes famílias, espécies e populações (Artoni et al., 2000). Validações taxonômicas

e padrões populacionais são de grande importância para a conservação e manejo de

estoques naturais (Carvalho-Costa et al., 2008).

Apesar do espectro de utilização dos dados citogenéticos, 12,2% das espécies

de peixes foram cariotipadas (Arai, 2011) sendo que até 1996 menos de 2% das

espécies de peixes marinhos foram assim descritas (Brum, 1996). No ambiente

marinho, mesmo com o grande conservadorismo encontrado em alguns grupos

filogenéticos, análises mais amplas revelam grandes variações cariotípicas estruturais e

numéricas, podendo apresentar, por exemplo, desde 2n=264 no esturjão chinês,

Acipenser sinensis (Zhou et al., 2008), 2n=48, característico de um grande número de

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

6

famílias e espécies Perciformes como, por exemplo, espécies do gênero Haemulon

(Haemulidae) (Motta-Neto et al., 2011), até 2n=12, em Gonostoma bathyphylum (Post,

1974).

Variações genéticas no ambiente marinho podem ser principalmente

encontradas em espécies que se mostram adaptadas ou isoladas em ambientes

singulares, como, as que são associadas a recifes de corais e ilhas oceânicas, onde as

massas de água que os circundam funcionam como a barreira geográfica que limita a

dispersão (Palumbi, 1994; Rocha, 2003). Diferente das espécies pelágicas, que em geral

apresentam adultos migradores, na maioria dessas espécies a forma mais ativa de

dispersão acontece na fase inicial da vida, o período larval pelágico, onde as mesmas

são carreadas pelas correntes até a fase de assentamento (Gordeeva, 2010).

Tendo em vista que a falta de barreiras geográficas e que as correntes marinhas

facilitam o fluxo gênico, grandes agregações para desova que limitam os efeitos da

deriva gênica e a capacidade intrínseca de dispersão à grandes distâncias, é esperada

baixa diversidade genética em espécies pelágicas marinhas (Palumbi, 1994; Jorgensen

et al., 2005). No entanto alguns estudos têm demonstrado que nestas formas é

possível a ocorrência de estruturação de estoques e populações pelágicas através de

fatores ambientais, como decorrentes de paleoníveis dos oceanos, criando ou

destruindo barreiras geográficas e mudanças nas direções de correntes marinhas

aumentando ou diminuindo a distância geográfica entre populações, além de fatores

espécie-específicos como capacidade de dispersão, comportamento de homing e

retenção larval (Palumbi, 1994; Graves, 1996; McLean et al., 1999; Avise, 2000; Bahri-

Sfar et al., 2000; Zardoya et al., 2004).

Os Perciformes, ordem mais diversificada de peixes com aproximadamente

10.033 espécies (Nelson, 2006), apresenta, em grande parte de suas espécies, um

padrão marcante de conservadorismo cromossômico, tendo como número diplóide

mais frequente 48 cromossomos acrocêntricos (Molina, 2007; Motta-Neto et al.,

2011). Contudo, em alguns casos apresentam diferenças quanto ao DNA repetitivo e

regiões organizadoras de nucléolos que têm permitido identificar marcadores

citotaxonômicos efetivos além dos processos envolvidos na evolução cariotípica

(Galetti et al., 2000) dos grupos. Vários rearranjos estruturais cromossômicos como,

inversões pericêntricas, fusões e fissões cêntricas, têm sido apontados isolados ou em

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

7

associação, como mecanismos preponderantes, da diversificação cariotípica em

populações naturais de alguns grupos Perciformes.

Entre os Perciformes, cromossomos sexuais ocorrem em baixa frequência.

Rearranjos estruturais podem promover heteromorfismo cromossômico entre os

sexos, estabelecendo um bloqueio da recombinação cromossômica meiótica,

envolvendo a acumulação de genes de determinação sexual em um ou mais alossomos

(Kasahara, 2009). Vários sistemas podem ser identificados a partir de heteromorfismos

sexuais, desde sistemas simples XX/XY e ZZ/ZW, quanto múltiplos derivado destes.

Dentre os vertebrados, peixes, anfíbios e répteis apresentam sistemas cromossômicos

sexuais bastante diversificados podendo ou não apresentar cromossomos

diferenciados entre sexos (Almeida & Foresti, 2001; Devlin & Nagahama, 2002; Volff et

al., 2007; Kitano & Peichel, 2011).

Sabe-se que em torno de 10% dos peixes descritos cariotipicamente

apresentam heteromorfismo cromossômico sexual (Devlin & Nagahama, 2002). O

surgimento de sistemas cromossômicos sexuais pode acontecer particularmente entre

espécies de um gênero ou família de forma independente de seus parentes (Mank et

al., 2006). Alterações em sistemas sexuais são eventos de grande importância para

especiação no ambiente marinho, já que estas podem promover o isolamento

reprodutivo entre indivíduos (Kitano & Peichel, 2011). Os peixes por apresentarem

grande variedade de sistemas de cromossomos sexuais, com heterogametia masculina

e feminina, disseminados em grupos ou espécies próximas, se apresentam como

modelos favoráveis, na investigação da gênese de cromossomos sexuais diferenciados.

Até o momento, se desconhecem registros de sistemas de cromossomos sexuais em

teleósteos marinhos pelágicas de grande porte.

O pequeno volume de informações citogenéticas de peixes pelágicos se deve

em parte às dificuldades de coleta e manuseio de espécimes oceânicos de grande

porte. Como resultado, a maior parte dos dados cromossômicos se refere a algumas

espécies de pequenos pelágicos, como Engraulis morda, que exibiu estabilidade

cariotípica, com 2n=48 acrocêntricos, entre duas populações ao sul de São Francisco –

EUA (Uribe-Alcocer, 1996).

Entre grandes peixes pelágicos alguns estudos citogenéticos foram realizados

em Chondrichthyes, entre eles Prionace glauca, Sphyrna lewini (Asahida & Ida, 1995).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

8

Entre os Teleostei, como a família Scombridae, apenas nove espécies possuem

cariótipos descritos, dentre elas Thunnus thynnus, Scomber tapeinocephalus (Ida et al.,

1978), Katsuwonus pelanis e Auxis thazara (Ida et al., 1993). Contudo, a maior parte

dos dados cromossômicos conhecidos para peixes pelágicos se baseiam

exclusivamente em técnicas citogenéticas convencionais, apresentando dados do valor

diploide e número fundamental.

Técnicas citogenéticas convencionais e moleculares são de grande importância

na identificação de diversificação cromossômica. Tem sido e empregadas na

formulação de hipóteses filogenéticas (Feldberg et al., 2003; Cross et al., 2006) bem

como, proposições taxonômicas e na identificação de diferenciações populacionais

dando suporte, por fim, ao manejo e conservação de estoques pesqueiros (Almeida-

Toledo, 1998). Visto a validade das informações citogenéticas e a carência delas no

que diz respeito aos grandes peixes pelágicos, o presente trabalho apresenta e discute

os aspectos carioevolutivos de espécies de duas famílias de peixes pelágicos no

Atlântico, as famílias Scombridae e Coryphaenidae.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

9

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Diante das razões elencadas, o presente estudo visou caracterizar através de

técnicas citogenéticas resolutivas os aspectos cromossômicos de espécies pelágicas de

alto valor ecológico e econômico das famílias Scombridae e Coryphaenidae

(Perciformes). Os padrões cromossômicos encontrados para o Atlântico permitirão

comparações futuras com novas populações de outras regiões geográficas,

subsidiando possíveis delimitações de espécies e sua conservação biológica.

2.2 Objetivos específicos

Caracterizar cromossômicamente por meio de bandamento C, Ag-RONs, e

coloração com fluorocromos base-específicos CMA3/DAPI das espécies da

família Scombridae, Thunnus obesus, T. albacares, Acanthocybium solandri e

Scomberomorus brasiliensis e da família Coryphaenidae, Coryphaena equiselis e

C. hippurus.

Mapear as sequências das subunidades ribossomais DNAr 5S e 18S por meio de

dual-color FISH para as espécies analisadas das famílias Scombridae e

Coryphaenidae.

Identificar marcadores citotogenéticos para as famílias e espécies analisadas e

das tendências evolutivas nos cariótipos das espécies estudadas.

Caracterizar a possível presença de sistema de cromossomos sexuais na família

Coryphaenidae.

Avaliar os níveis de diversificação cariotípica presentes nas espécies pelágicas

analisadas relacionando com hábitos demersais de outros Perciformes de

menor mobilidade.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

10

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Material

Os exemplares das espécies Thunnus albacares (Bonnaterre, 1788) (n=8, 2

machos, 4 fêmeas, 2 imaturos), Thunnus obesus (Lowe, 1839) (n=2, 2 fêmeas) (Figura

1, a e b), Acanthocybium solandri (Cuvier 1832) (n=6, 3 machos e 3 fêmeas) (Figura 1c),

Coryphaena hippurus Linnaeus, 1758 (n=3, 3 fêmeas) e Coryphaena equiselis Linnaeus,

1758 (n=3, 2 machos e 1 fêmea) (Figura 2) foram coletadas no Arquipélago de São

Pedro e São Paulo (Figura 3) (00o56’N e 029o22’W), localizado a aproximadamente

1.100km da costa do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil através da pescaria

comercial por linh de mão e corrico múltiplo. Os espécimes de Scomberomorus

brasiliensis Collette, Russo & Zavala-Camin, 1978 (n=5, todos imaturos) (Figura 1d)

foram coletados nas praias de Ponta Negra (05°53’S e 035°10’W) e Galinhos (05°05’S e

036°16W), situadas no litoral do Rio Grande do Norte (Figura 3) através da pesca por

rede de arrasto. Os Scombridae foram identificados de acordo com Collette & Nauen

(1983) e os Coryphaenidae de acordo com Gibbs & Collette (1959). Todos os

exemplares foram sexados por exame macroscópico das gônadas.

.

Figura 1. Espécies da família Scombridae: Thunnus albacares (a), Thunnus obesus (b), Acanthocybium solandri (c), e Scomberomorus brasiliensis (d). Barra = 5cm.

b a

c d

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

11

.

.

Figura 2. Espécies da família Coryphaenidae: Coryphaena hippurus ♂ (a) e ♀ (b). Coryphaena equiselis ♂ (c) e ♀ (d). Barra = 5cm.

Figura 3. Mapa dos pontos de coleta das espécies de Scombridae e Coryphaenidae analisadas.

a b

c d

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

12

3.2. Métodos

3.2.1. Obtenção de cromossomos mitóticos

Para obtenção de cromossomos mitóticos, dois protocolos foram utilizados

após a captura dos exemplares. Dependendo do tamanho e condições dos exemplares,

fragmentos do tecido renal anterior e posterior foram adicionados em meio de cultura

RPMI 1640 de acordo com a técnica in vitro preconizada por Gold et al. (1990), onde

sucintamente, foram dissociados em 9 ml de meio de cultura RPMI 1640 através de

aspirações com seringas de vidro de 10 ml até obter um mistura homogênea, onde foi

adicionado 5 gotas de colchicina 0,025%, deixando agir por 30 minutos em

temperatura ambiente. Após o processo anterior o material foi centrifugado por 10

minutos à 800 rpm. Após descarte do sobrenadante, foi adicionado 8 ml da solução

hipotônica de KCl à 0,075M, que após ser homogeneizada agiu por 28 minutos em

temperatura ambiente. A suspensão celular foi pré-fixada com 0,5 ml de solução de

metanol e ácido acético (3:1) recém-preparado. Após homogeneização a suspensão foi

centrifugada por 10 minutos. O processo de fixação do material foi repetido por 3

vezes, antes das suspensões celulares serem estocadas à -20oC em tubos Eppendorf de

2,5 ml.

Uma segunda fonte de material mitótico foi simultaneamente obtida através do

cultivo de linfócitos (Moorhead et al., 1960). A partir da coleta de cerca de 2ml de

sangue por punção cardíaca, com uma seringa estéril heparinizada, 10 gotas de sangue

total foram adicionadas a frascos estéreis de 5ml com meio de cultura RPMI 1640 com

soro fetal bovino e fitohemaglutinina. A cultura foi mantida à 27°C por 72 horas.

Decorrido este tempo, foram adicionadas 3 gotas de colchicina 0,025%, deixando agir

por 30 minutos com posterior centrifugação por 10 minutos à 800 rpm. Após o

descarte do sobrenadante e misturado a 8 ml de KCl a 0,075M agindo por 28 minutos

em temperatura ambiente. Após este passo a prefixação do material, posterior fixação

e armazenagem ocorreu como previamente descrito.

As preparações de cromossomos mitóticos a partir de suspensões celulares

foram realizadas em condições de campo, nas dependências do Laboratório da Estação

Científica do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, próximo às áreas de captura,

enquanto as análises citogenéticas foram realizadas nas instalações físicas do

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

13

Laboratório de Genética de Recursos Marinhos na Universidade Federa do Rio Grande

do Norte (UFRN).

3.2.2. Análises cromossômicas e montagem do cariótipo

As suspensões celulares foram gotejada sobre uma lâmina recoberta por um

filme de água destilada aquecido à 60°C e corada com solução de Giemsa à 5%, diluída

em tampão fosfato pH 6,8.

As análises foram realizadas em microscópio óptico de epifluorescência

Olympus™ BX50 e fotografadas sob aumento de 1.000X através de sistema digital de

captura Olympus DP70 utilizando o software DPController 1.2.1.108 (Olympus Optical

Co. Ltd.). Cerca de trinta metáfases foram analisadas para cada espécime. As melhores

metáfases foram selecionadas para montagem do cariótipo a partir da nomenclatura

preconizada por Levan et al. (1964) com modificações, onde os cromossomos foram

definidos, quanto à posição dos centrômeros, em metacêntricos (m), com a razão

entre o braço maior e menor (RB) variando de 1,00 a 1,70; submetacêntricos (sm),

RB=1,71–3,00; subtelocêntricos (st), RB=3,01–7,00; e acrocêntricos (a), RB>7,01.

3.2.3. Detecção de regiões organizadoras de nucléolos

A detecção de regiões organizadoras de nucléolo foi obtida pela técnica de

impregnação por prata, idealizada por Howell & Black (1980). Sobre uma lâmina

previamente preparada com suspensão celular foram adicionadas 6 gotas de solução

gelatinosa (1g de gelatina incolor, dissolvida em 50ml água e 0,5ml ácido fórmico), e 3

gotas de solução de nitrato de prata (AgNO3) à 50%. A solução foi homogeneizada com

a extremidade de uma lamínula e recoberta por ela sendo então incubada em estufa à

60°C, até obtenção da cor amarelo escuro. Após a remoção da lamínula com jatos de

água destilada, eventualmente, para destacar as marcações argênteas, as preparações

podiam ser coradas por cerca de 20s com o corante Giemsa à 5%.

3.2.4. Detecção de heterocromatina constitutiva

A análise das regiões heterocromáticas foi realizada através do bandamento-C,

segundo Sumner (1972). Foram utilizadas lâminas com material envelhecido em estufa

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

14

a 37°C por no mínimo 3 dias, após esse período a lâmina foi imersa em HCl 0,2 N por

14 minutos em temperatura ambiente, sendo lavada com água destilada e seca.

Posteriormente a lâmina foi mergulhada em uma solução a 5% de Ba(OH)28H2O à 42°C

por cerca de 1 minuto e 45 segundos sendo rapidamente lavadas em HCl 0,1N e

posteriormente água destilada. Após secar ao ar, a lâmina foi então imersa em solução

salina 2xSSC à 60°C em estufa por 40 minutos. Para análise o material foi corado com

Giemsa 5% por 8 minutos.

3.2.5. Dupla coloração com fluorocromos base-específicos

Fluorocromos base-específicos foram utilizados para detectar regiões ricas em

pares de bases, como a Cromomicina A3 (CMA3) para pares de bases GC e DAPI para

regiões ricas em pares de bases AT, de acordo com Carvalho et al. (2005). As lâminas

com suspensão celular foram coradas com 30µl de CMA3 0,5 mg/ml cobertas com

lamínulas e depositadas em câmara úmida, no escuro, sendo lavadas com água

destilada após 30 a 60 minutos, coradas com 30 µl de DAPI 2µl/ml, cobertas por

lamínulas e colocada em câmara úmida, no escuro, por 15 minutos. Posteriormente as

lâminas foram lavadas com água destilada e montadas com tampão glicerol-Mcllvaine

pH 7,0 (1:1) coberto com lamínula e selado com esmalte incolor. As lâminas foram

então guardadas à 4oC em câmara escura e analisadas após 3 dias com

fotomicroscópio de epifluorescência (Olympus™ BX50) com filtros apropriados, em

aumento de 1.000x. As preparações foram capturadas pelo sistema digital Olympus

DP70 com uso do software DPController, v. 1.2.1.108 (Olympus Optical Co. Ltd.).

3.2.6. Hibridação in situ fluorescente - FISH

3.2.6.1. Obtenção de sondas para hibridização

Para a sonda 18S foi utilizada uma sequência de DNA in tandem isolada do

DNA de Prochilodus argenteus (Hatanaka & Galetti, 2004). E a sonda 5S foi obtida a

partir do DNA nuclear da espécie Leporinus elongatus (Martins & Galetti, 1999). A

sonda corresponde a um segmento de 1.400pb do gene 18S e 500-200pb do gene 5S,

obtido via PCR do DNA nuclear. A sonda 18S foi marcada por nick

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

15

translation digoxigenina-11-dUTP (Roche) e a sonda rDNA 5S foi marcada por nick

translation biotina-14-dATP (Roche) , de acordo com as especificações do fabricante.

3.2.6.2. Hibridização cromossômica

FISH (Fluorescence in situ hybridization) foi realizada em metáfases mitóticas

(Pinkel et al., 1986) das espécies. Análise por dual-color FISH foi desenvolvida usando

sondas DNAr 18S e DNAr 5S. Os cromossomos foram tratados com RNAse livre de

DNAse (20mg / mL em 2 × SSC ) à 37 °C por 1 hora, com pepsina (0,005 % em HCl

10mM ) à 37 °C por 10 minutos e fixados com formaldeído a 1% por 10 minutos, em

seguida desidratados em um série alcoólica. Os cromossomos foram, então,

desnaturados em 70% formamida/2×SSC à 72 °C por 5 minutos. A solução de

hibridização consistiu em 50% de formamida, 2×SSC, 10% de sulfato de dextran e a

sonda desnaturada (5 ng/µl). Após hibridação, overnight à 37 °C, as lâminas foram

lavadas em 15% formamida/0.2×SSC à 42 °C por 20 minutos, 0,1×SSC à 60 °C por 15

minutos e Tween20 0,5%/4×SSC à temperatura ambiente. O sinal de hibridização da

sonda foi detectado usando avidin-FITC (Sigma) para a sonda DNAr 5S e anti-

digoxigenina rodamina conjugada (Roche) para a sonda DNAr 18S. Os cromossomos

foram contracorados com Vectashield/DAPI (1,5 µg/ml). As análises da FISH e registro

fotográfico foram realizadas conforme descrito para as análises de fluorocromos.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

16

4.1 Capítulo 1

Estase cariotípica em quatro peixes Scombridae do Atlântico. Mapeamento de

marcadores clássicos e por dual-color FISH nos cromossomos

Soares, R. X., Bertollo, L.A.C, Costa, G. W.W.F. & Molina, W. F.

Resumo

Os peixes da família Scombridae apresentam um padrão biogeográfico modelado por hábitos pelágicos, alta capacidade natatória e, em geral, comportamento migratório de suas espécies. Estudos genéticos voltados ao manejo e conservação de algumas espécies mais intensamente exploradas já são relativamente frequentes. Contudo, análises citogenéticas são bastante escassas entre os Scombridae. Neste estudo estão sendo analisados os cromossomos de quatro espécies desta família, provenientes do entorno do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, região Meso-Atlântica, utilizando coloração convencional, Ag-RONs, bandamento C, coloração com fluorocromos CMA3/DAPI e double-FISH com sondas de DNAr 18S e 5S. Acanthocybium solandri (wahoo) e Scomberomorus brasiliensis (spanish mackerel) apresentam 2n=48 cromossomos (2st+46a; NF=50), enquanto Thunnus albacares (yellowfin tuna) e T. obesus (bigeye tuna) também com 2n=48 cromossomos, compartilham outra estrutura cariotípica (2m+2sm+44a; NF=52). Discretos blocos heterocromáticos estão presentes nas regiões centroméricas dos cromossomos. Sítios DNAr 18S/Ag-RONs/CMA3

+/DAPI- estão localizados nos braços curtos de um par subtelocêntrico, aparentemente homeólogo entre as espécies, consistindo no par no. 1 em A. solandri e S. brasiliensis e no par no. 2 nas duas espécies de Thunnus. Os genes DNAr 5S estão conservativamente presentes em todas as espécies no par no. 24. Os padrões citogenéticos evidenciam um elevado grau de conservadorismo cromossômico entre as espécies analisadas. Entretanto, as espécies do gênero Thunnus apresentam uma maior diferenciação cariotípica comparativamente a A. solandri e S. brasiliensis, a qual é decorrente de inversões pericêntricas que diversificaram as fórmulas cariotípicas, representando o principal mecanismo envolvido na diferenciação do cariótipo desse grupo de peixes.

Palavras chave: Atuns, citogenética de peixes, peixes pelágicos, marcadores cromossômicos.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

17

Karyotype stasis in four Atlantic Scombridae fishes. Mapping of classical and dual-

color FISH markers on chromosomes

Soares, R. X., Bertollo, L.A.C, Costa, G. W.W.F. & Molina, W. F.

Abstract

Fish from the family Scombridae exhibit a biogeographical pattern modeled by pelagic habits, high swimming ability and migratory behavior of its species. Genetic studies aimed at the management and conservation of some more intensely exploited species are already relatively common. However, cytogenetic analyses are scarce among Scombridae. The present study analyzes the chromosomes of four species of this family from the vicinity of the São Pedro and São Paulo Archipelago in the Mid-Atlantic region, using conventional staining, Ag-NORs, C banding, CMA3/DAPI fluorochrome staining and double-FISH with 18S and 5S rDNA probes. Acanthocybium solandri (wahoo) and Scomberomorus brasiliensis (spanish mackerel) showed 2n=48 chromosomes (2st+46a; NF=50), while Thunnus albacares (yellowfin tuna) and T. obesus (bigeye tuna), also with 2n=48 chromosomes, share another karyotype structure (2m+2sm+44a; NF=52). Discrete heterochromatic blocks are present in the centromeric regions of chromosomes. 18S rDNA/Ag-NORs/CMA3

+/DAPI-sites are located on the short arms of a subtelocentric pair, apparently homologous between the species, consisting of pair no. 1 in A. solandri and S. brasiliensis and pair no. 2 in the two Thunnus species. The 5S rDNA genes are conservatively present in all the species on pair no. 24. Cytogenetic patterns showed a high degree of chromosomal conservatism between the species analyzed. However, species from the genus Thunnus displayed comparatively greater karyotypic differentiation than A. solandri and S. brasiliensis, resulting from pericentric inversions that diversify karyotypic formulas, representing the primary mechanism involved karyotype differentiation in this group of fish.

Keywords: Tuna, fish cytogenetic, pelagic fish, chromosome markers.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

18

Introdução

A família Scombridae (Perciformes) abriga espécies de grande valor econômico

e sob significativo impacto da atividade pesqueira mundial (Bjørndal & Brasão, 2006),

distribuindo-se por todos os oceanos tropicais e subtropicais. É composta por 51

espécies, na sua totalidade predadores de topo, que habitam regiões costeiras e mar

aberto onde realizam migrações transoceânicas (Collette & Nauen, 1983; Nelson,

2006). De fato, a transposição de espaços oceânicos, devido à alta capacidade

natatória dos Scombridae, permite elevada taxa de dispersão, o que promove fluxo

gênico e conectividade genética entre vastas áreas geográficas (Pujolar et al., 2003).

Em espécies de peixes marinhos as análises citogenéticas mais recentes vêm

contribuindo, juntamente com marcadores moleculares, na identificação de variações

geográficas e divergências populacionais (Motta-Neto et al., 2011c; Accioly et al., in

press), assim como processos de especiação (Molina et al., 2011, 2012). Esses dados

também são aplicáveis ao manejo e conservação genética. Entretanto, as informações

citogenéticas em grandes peixes pelágicos se mostram escassas e, quando existentes,

são baseadas em metodologias clássicas de análises, o que restringe um melhor

entendimento carioevolutivo e comparações filogenéticas (Ida et al., 1978; Ratty et al.,

1986, Ida et al., 1993).

Em geral, os padrões cromossômicos dos Perciformes marinhos têm revelado

baixa variabilidade do número cromossômico, bem como da macroestrutura

cariotípica (Brum, 1996; Cipriano et al., 2008; Arai, 2011). Estas condições vêm sendo

reafirmadas para alguns grupos, mesmo sob o escrutínio de metodologias mais

resolutivas da citogenética molecular (Motta-Neto et al., 2011a, b, c; Calado et al.,

2012). No presente estudo estão sendo disponibilizadas as primeiras informações dos

padrões cromossômicos de quatro espécies de peixes pelágicos da família Scombridae,

provenientes do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), utilizando técnicas de

citogenética clássica (coloração com Giemsa, impregnação por nitrato de prata (Ag-

RONs), bandamento C) e molecular (coloração com fluorocromos base-específicos

CMA3/DAPI e dual-color FISH com sondas de DNAr 5S e 18S). Os resultados evidenciam

o conservadorismo cromossômico em Scombridae, podendo possibilitar inferências

sobre a sua história evolutiva. Adicionalmente, os marcadores cromossômicos obtidos

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

19

podem ser ferramentas úteis para os planos de conservação e o manejo de estoques

desse grupo.

Material e métodos

As espécies Acanthocybium solandri (N=5), Thunnus albacares (N=8) e Thunnus

obesus (N=2), foram coletadas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (00o56’N e

029o22’W) (Figura 4), localizado no Atlântico Central, e distante aproximadamente

1.100km da costa brasileira e Scomberomorus brasiliensis (N=5) na costa do Rio

Grande do Norte nas praias de Ponta Negra (05°53’S e 035°10’W) e Galinhos (05°05’S e

036°16W). As preparações cromossômicas foram obtidas a partir de fragmentos da

porção anterior do rim de A. solandri, S. brasiliensis e T. albacares que foram

conservados em meio de cultura celular RPMI 1640, para posterior obtenção de

cromossomos mitóticos in vitro, de acordo com Gold et al. (1990). Nos exemplares de

T. obesus, além da metodologia precedente, também foram realizados cultivos de

sangue periférico a 27°C por 72 horas em meio de cultura RPMI 1640 (Cultilab, São

Paulo, Brasil) (Moorhead et al., 1960). As regiões organizadoras de nucléolos (RONs)

foram evidenciadas pela impregnação por nitrato de Prata (Howell & Black, 1980). O

bandamento C, utilizado para identificar regiões heterocromáticas, seguiram o

protocolo de Sumner (1972). A análise de regiões ricas em bases GC e AT foram

realizadas a partir de coloração com os fluorocromos base-específicos Cromomicina A3

(CMA3) e DAPI (Carvalho et al., 2005), respectivamente.

Dual-color FISH (fluorescence in situ hybridization) foi realizada com base na

metodologia de Pinkel et al. (1986). Foram utilizadas sondas de DNAr 5S e DNAr 18S. A

sonda de DNAr 18S consistiu de uma sequência in tandem isolada de Prochilodus

argenteus (Hatanaka & Galetti, 2004), marcada por nick translation com digoxigenina-

11-dUTP (Roche), enquanto a sonda DNAr 5S foi obtida da espécie Leporinus elongatus

(Martins & Galetti, 1999), sendo marcada com biotina-14-dATP (Invitrogen).

Suspensões celulares foram gotejadas sobre lâminas recobertas com um filme

de água aquecida a 60oC. Cerca de 30 metáfases foram analisadas para cada indivíduo,

a fim de determinar o número diplóide das espécies. As melhores metáfases foram

fotografadas em microscópio de epifluorescência Olympus BX50, acoplado com um

sistema de captura digital de imagens Olympus DP70.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

20

Os cromossomos foram classificados em metacêntricos (m), submetacêntricos

(sm), subtelocênticos (st) e acrocêntricos (a), com base em Levan et al. (1964). Para o

cálculo do número fundamental (NF), ou número de braços cromossômicos, os

cromossomos m, sm e st foram considerados com dois braços e os cromossomos

acrocêntricos com um único braço.

Figura 4. Locais de coleta das espécies de Scombridae analisadas (indicados pelas estrelas amarelas). Setas indicam as correntes oceânicas atuantes. Em destaque o mapa do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Brasil.

Resultados

Todas as espécies compartilharam o mesmo valor diplóide, 2n=48

cromossomos, entretanto com diferenças intergenéricas quanto às fórmulas

cariotípicas. Assim, A. solandri e S. brasiliensis apresentam o cariótipo composto por

dois cromossomos subtelocêntricos e 46 cromossomos acrocêntricos (NF=50),

enquanto T. albacares e T. obesus apresentam cariótipos compostos por dois

cromossomos metacêntricos, dois cromossomos submetacêntricos e 44 cromossomos

acrocêntricos (NF=52) (Figura 5a, b, c, d). Discretas bandas heterocromáticas foram

evidenciadas nas regiões centroméricas dos cromossomos, apresentando-se mais

conspícuas nos braços curtos dos pares cromossômicos subtelocêntricos, para A.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

21

solandri e S. brasiliensis, e submetacêntricos, nas espécies do gênero Thunnus. (Figura

5, à direita). A impregnação por nitrato de prata (Ag-RONs) (Figura 5, em destaque) e

mapeamento de sequências DNAr 18S (Figura 6), identificaram sítios ribossomais

exclusivos nos braços curtos do par cromossômico no. 1, em A. solandri e S.

brasiliensis, e nos braços curtos do par cromossômico no. 2 para as espécies do gênero

Thunnus. Regiões heterocromáticas ricas em bases GC foram também localizadas

nessas mesmas regiões, em correspondência com os sítios das RONs (Figura 5, em

destaque). Sequências de DNAr 5S foram mapeadas nas regiões terminais dos braços

curtos do par cromossômicos no. 24 em todas as espécies (Figura 6).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

22

Figura 5. Cariótipos de Acanthocybium solandri (a), Scomberomorus brasiliensis (b), Thunnus albacares (c) e T. obesus (d) com coloração convencional pelo Giemsa (esquerda). Os quadros, em cada cariótipo, destacam a correspondência entre os sítios Ag-RONs e CMA3

+/DAPI- com padrão conjulgado. Os padrões heterocromáticos, apresentados por cada uma das espécies, estão evidenciados à direita. Barra = 5 µm.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

23

Figura 6. Sítios de DNAr 18S (vermelho) e 5S (verde) identificados por dual-color FISH

em Acanthocybium solandri (a), Scomberomorus brasiliensis (b), Thunnus albacares (c)

e T. obesus (d). Barra = 5 µm.

Discussão

Todas as quatro espécies de Scombridae compartilham o mesmo número

diplóide, 2n=48 cromossomos, considerado basal para representantes da Ordem

Perciformes e o de maior representatividade entre os peixes marinhos da costa

brasileira (Brum, 1996; Molina, 2007; Cipriano et al., 2008). Entretanto, apesar do

número cromossômico conservado, a presença de cromossomos bibraquiais evidencia

a ocorrência de rearranjos cromossômicos durante a evolução cariotípica dessas

espécies.

Os padrões cariotípicos apresentados pelas quatro espécies permitem dividi-las

em dois grupos de cariótipos, que diferem basicamente quanto aos pares

cromossômicos bibraquiais. O primeiro grupo, representado por A. solandri e S.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

24

brasiliensis, possui apenas um par subtelocêntrico, sendo todos os demais

cromossomos acrocêntricos. Este par subtelocêntrico, no. 1 no cariótipo, é

possivelmente homeólogo entre as duas espécies, apresentando tamanho similar e

sítios de RONs (Ag-RONS/DNAr 18S) localizados em mesma posição nos braços curtos.

O segundo grupo, representado pelas duas espécies do gênero Thunnus, T. albacares

T. obesus, apresenta no cariótipo um par de cromossomos metacêntricos, exclusivos

destas espécies. Este par, de aparente relevância citotaxonômica intergenérica,

provavelmente é resultante de uma inversão pericêntrica ocorrida em um par

cromossômico acrocêntrico, presente nos cariótipos mais basais apresentados pelas

espécies A. solandri e S. brasiliensis. O segundo par cromossômico das duas espécies

de Thunnus, apesar de apresentar morfologia diferente (sm), tem similaridade de

tamanho e compartilha a presença de RONs com o par cromossômico no. 1 (st) de A.

solandri e S. brasiliensis. Tais similaridades provavelmente são indicativas da

homeologia desses cromossomos, mantidos evolutivamente com poucas modificações.

Considerando o cariótipo basal para teleósteos correspondente a 2n=48 cromossomos

acrocêntricos (NF=48) (Ohno, 1974; Brum & Galetti, 1997), os resultados presentes em

Scombridae coincidem com a filogenia proposta por Collette & Russo (1979), onde

Acanthocybium (NF=50), grupo irmão de Scomberomorus (NF=50), é apresentado

como grupo basal a Thunnus (NF=52-62), que demonstra maior derivação em relação

ao número de elementos bibraquiais.

Peixes da família Scombridae se notabilizam por um marcado conservadorismo

numérico dos cromossomos, onde as 12 espécies já analisadas (Tabela 1) exibem

2n=48 cromossomos (Ida et al., 1978; Ratty et al., 1986; Ida et al., 1993; presente

estudo), caracterizando uma acentuada condição simplesiomórfica nos Perciformes.

Contudo, apesar dos caracteres cromossômicos se mostrarem conservativos em alguns

casos, mesmo entre gêneros distintos como Acanthocybium, Scomber e

Scomberomorus (2st+46a), ou entre as espécies de Katsuwonus (48a), eles se

apresentam potencialmente discriminatórios entre espécies (Tabela 1). Os padrões

cariotípicos divergentes, representados por distintas fórmulas cariotípicas e de valores

de NF (Tabela 1), resultaram provavelmente de inversões pericêntricas, as quais

representam um dos principais rearranjos cromossômicos envolvidos na diferenciação

cariotípica dos grandes grupos marinhos (Takai & Ojima, 1987; Molina & Galetti, 2004).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

25

Tabela I. Dados citogenéticos para a família Scombridae.

Espécie 2n Cariótipo NF RONs Referências

Acanthocybium solandri 48 2st+46a 50 2 Presente estudo

Auxis rochei 48 - 50 - Ida et al., 1993

Auxis thazard 48 48a 48 - Ida et al., 1993

Katsuwonus pelamis 48 48a 48 - Ida et al., 1993

Katsuwonus pelamis 48 48a 48 - Ratty et al., 1986

Scomber australasicus 48 2st+46a 50 - Ida et al., 1978

Scomber japonicus 48 2st+46a 50 2 Murofushi et al., 1979

Scomberomorus brasiliensis 48 2st+46a 50 2 Presente estudo

Thunnus alalunga 48 2m+2sm+2st+42a 54 - Ratty et al., 1986

Thunnus albacares 48 2m+2sm+2st+42a 54 - Ratty et al., 1986

Thunnus albacares 48 2m+2sm+44a 52 2 Presente estudo

Thunnus orientalis 48 4m+6sm+4st+34a 62 - Khuda-Bukhsh & Das, 2007

Thunnus obesus 48 2m+2sm+44a 54 2 Presente estudo

Thunnus thynnus 48 2m+2st+44a 52 - Ida et al., 1978

Thunnus thynnus 48 2m+4st+42a 54 - Ida et al., 1993

Em muitas famílias de Teleósteos a heterocromatina parece ter desempenhado

um importante papel na evolução cariotípica, além de ser apontada como relevante

marcador citotaxonômico (Galetti et al., 2000). Contudo, entre os Scombridae, esta

característica parece ter pouca relevância na diferenciação cariotípica das espécies. De

fato, blocos heterocromáticos bem discretos estão localizados principalmente nas

regiões centroméricas dos cromossomos, correspondendo ao padrão compartilhado

por um grande número de Perciformes marinhos (Motta et al., 2011a, b, c). Blocos

heterocromáticos mais conspícuos ocorrem apenas em posição equilocal aos cístrons

das RONs que, como na maioria das espécies de peixes e anfíbios, se apresentam GC-

ricas (Schmid & Guttenbach, 1988).

Sítios de DNAr 5S, em condição sintênica aos genes 45S, constituem uma

condição pouco freqüente entre os peixes (e.g. Pendás et al., 1994; Morán et al., 1996;

Martins & Galetti, 2000, 2001). O mapeamento físico de sequências 5S tem revelado,

na maioria das espécies de peixes, uma localização intersticial, parecendo ser uma

tendência geral para este grupo (Galetti & Martins, 2004). Entretanto, esta condição

não está presente nas espécies de Scombridae ora analisadas, que apresentam estes

sítios em posição terminal e filogeneticamente conservados nos menores pares do

cariótipo (par no. 24). É provável que a pequena diversidade cariotípica presente nos

Scombridae possa estar atrelada à extrema capacidade migratória de algumas

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

26

espécies, à semelhança do que tem sido proposto para algumas espécies recifais com

alto potencial dispersivo, mediado por um extenso período pelágico larval (Molina &

Galetti, 2004).

A quase totalidade dos dados citogenéticos disponíveis para Scombridae

provêm de espécies oriundas do Pacífico. Os resultados previamente descritos para a

população de Thunnus albacares do Pacífico (Ratty et al., 1986), revelam uma fórmula

cariotípica com 2m+2sm+2st+42a (NF=54). A presença de seis cromossomos

bibraquiais difere da amostra do Atlântico ora analisada que, embora apresente o

mesmo número diplóide (2n=48), apresenta um cariótipo diferenciado com

2m+2st+44a (NF=52). Apesar das divergências populacionais poderem resultar de

diferentes esquemas metodológicos empregados na classificação dos cromossomos,

não se pode descartar a existência de algum grau de diferenciação cariotípica entre as

populações de T. albacares do Atlântico e do Pacífico.

Os dados cromossômicos das quatro espécies de Scombridae são os únicos

para populações originárias do Atlântico. Conforme já ressaltado, as inversões

pericêntricas se destacam como o principal mecanismo envolvido nas modificações

referentes à macroestrutura cariotípica desse grupo. Mais recentemente tem se

reavaliado o papel das inversões na evolução das espécies, atribuindo a elas traços

adaptativos favoráveis a novas condições ambientais (Hofmann & Rieseberg, 2008),

bem como eventos que levam ao isolamento pós-zigótico, sugerido como significante

para especiação no ambiente marinho (Molina & Galetti, 2004). O mapeamento

citogenético dos sítios ribossomais 18S e 5S, aqui apresentados, configuram as

primeiras informações sobre a localização dessas sequências gênicas entre as espécies

de Scombridae. Estes marcadores se mostraram insuficientes para a distinção entre as

duas espécies de Thunnus, T. albacares e T. obesus. De fato, baixa variação genética

tem sido observada entre espécies deste gênero, mesmo quando do uso populacional

de marcadores AFLP (Han & Ely, 2002). Contudo, juntamente com as fórmulas

cariotípicas, os sítios de DNAr 18S permitiram uma boa diferenciação intergenérica.

Devido à extensa distribuição geográfica apresentada pelas espécies dos três gêneros,

ora analisados, os padrões citogenéticos evidenciados poderão permitir a identificação

de possíveis formas crípticas ou de estruturação genética a partir do escrutínio de

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

27

outras populações, fornecendo assim dados relevantes para a conservação desta

família de grande interesse para a indústria pesqueira de diversos países.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq pelo suporte financeiro (Processo No.

556793/2009-9), ao IBAMA pela licença de coleta (Processo No. 19135/1) e a SECIRM

pelas condições logísticas para condução deste estudo em campo e a José Garcia Jr.

pela identificação taxonômica das espécies.

Referências

Accioly, I.V., Bertollo, L.A.C., Costa, G.W.W.F., Jacobina, U.P., Molina, W.F. (2012).

Chromosomal population structuring in Carangids (Perciformes) between

northeastern and southeastern of Brazil coast. African Journal of Marine Science.

(in press).

Arai, R. (2011). Fish karyotypes: A check list. Tokyo: Springer, 280p.

Bjørndal, T., Brasão, A. (2006). The East Atlantic Bluefin Tuna fisheries: Stock collapse

or recovery? Marine Resource Economics, 21: 193–210.

Brum, M. J. I. (1996). Cytogenetic studies of Brazilian marine fish. Brazilian Journal of

Genetics, 19 (3): 421-427.

Brum, M. J. I., Galetti, P. M. (1997). Teleostei plan ground karyotype. Journal of

Computational Biology, 2: 91-102.

Calado, L. L., Bertollo, L. A. C., Costa, G. W. W. F., Molina, W. F. (2012). Cytogenetic

studies of Atlantic mojarras (Perciformes – Gerreidae): chromosomal mapping of

5S and 18S ribosomal genes using double FISH. Aquaculture Research.

DOI: 10.1111/j.1365-2109.2012.03089.x. (Online).

Carvalho, R., Soares Filho, W. S., Brasileiro-Vidal, A. C., Guerra, M. (2005). The

relationships among lemons, limes and citron: A chromosomal comparison.

Cytogenetic Genome Research, 109: 276-282.

Cipriano, R. R.; Fenocchio, A. S.; Artoni, R. F.; Molina, W. F.; Noleto, R. B.; Kantek, D. L.

Z.; Cestari, M. M. (2008). Chromosomal studies of five species of the Marine

fishes from the Paranaguá Bay and the karyotypic diversity in the marine

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

28

Teleostei of the Brazilian coast. Brazilian Archives of Biology and Technology, 51:

303-314.

Collette, B. B.; Nauen, C. E. (1983). Scombrids of the world. An annotated and

illustrated catalogue of tunas, mackerels, bonitos and related species known to

date. FAO Fisheries Synopsis, 2: 137p.

Collette, B. B., Russo J. L. (1979). An introduction to the Spanish mackerels, genus

Scomberomorus. In Proceedings of Colloquium on the Spanish and King Mackerel

Resources of the Gulf of Mexico, edited by E.L. Nakamura & H.R. Bullis, Jr. Gulf

States Marine Fish.Commission, 4: 3-16.

Galetti Jr., P. M., Martins, C. (2004). Contribuição da hibridação in situ para o

conhecimento dos cromossomos dos peixes. In: FISH: Conceitos e Aplicações na

Citogenética (Ed. M Guerra). Editora da SBG, 61-88.

Galetti Jr., P. M., Aguilar, C. T., Molina, W. F. (2000). An overview on marine fish

cytogenetics. Hydrobiologia, 420: 55.62.

Gold, J. R., Lee, C., Shipley, N. S., Powers, P. K. (1990). Improved methods for working

with fish chromosomes with a review of metaphase chromosome banding.

Journal Fish Biology, 37: 563-575.

Han, K., Ely, B. (2002). Use of AFLP analyses to assess genetic variation in Morone and

Thunnus species. Marine Biotechnology, 4: 141-145.

Hatanaka, T., Galetti Jr., P. M. J. (2004). Mapping of the 18S and 5S ribosomal RNA

genes in the fish Prochilodus argenteus Agassiz, 1829 (Characiformes,

Prochilodontidae). Genetica, 122: 239-244.

Hoffmann, A. A., Rieseberg, L. H. (2008). Revisiting the impact of inversions in

evolution: from population genetic markers to drivers of adaptive shifts and

speciation? Annual Review of Ecology and Systematics, 39: 21-42.

Howell, W. M., Black, D. A. (1980). Controlled Silver-staining of nucleolus organizer

regions with a protective colloidal developer a 1-step method. Experientia, 36:

1014-1015.

Ida, H., Murofushi, M., Fujiwara, S., Fujino, K. (1978). Preparation of fish chromosomes

by in vitro colchicine treatment. Japan Journal Ichthyology, 24: 281-284.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

29

Ida, H., Oka, N., Terashima, H., Hayashizaki, K. I. (1993). Karyotypes and cellular DNA

contents of three species of family Scombridae from Japan. Nippon Suisan

Gakkaishi, 50(8): 1319-1323.

Khuda-Bukhsh, A. R., Das, J. K. (2007). Cytogenetic analyses in eight species of

teleostean fishes (Pisces): karyotypes, multiple Ag-NORs, sex chromosomes.

Research & Reviews in BioSciences, 1: 47–52.

Levan, A., Fredga, K., Sandeberg, A. A. (1964). Nomenclature for centromeric position

on chromosomes. Hereditas, 52: 201-220.

Martins, C., Galetti Jr., P, M. (1999). Chromosomal localization of 5S rRNA genes

in Leporinus fish (Anostomidae, Characiformes). Chromosome Research, 7: 363-

367.

Martins, C., Galetti Jr., P. M. (2000). Conservative distribution of 5S rDNA loci in

Schizodon (Pisces, Anostomidae) chromosomes. Chromosome Research, 8: 353-

355.

Martins, C., Galetti Jr., P. M. (2001). Two 5S rDNA arrays in Neotropical fish species: is

it a general rule for fishes? Genetica, 111: 439–446.

Molina, W. F. (2007). Chromosomal changes and stasis in marine fish groups. In: Fish

cytogenetics (Pisano, E., Ozouf-Costaz, C., Foresti, F., Kapoor, B.G. eds.). Science

Publishers, Enfield, 69-110.

Molina, W. F., Costa, G. W. W. F., Cioffi, M. B., Bertollo, L. A. C. (2011). Chromosomal

differentiation and speciation in sister-species of Grammatidae (Perciformes)

from the Western Atlantic. Helgoland Marine Research, 1: 1-17.

Molina, W. F., Galetti Jr., P. M. (2004). Multiple pericentric inversions and chromosome

divergence in the reef fishes Stegastes (Perciformes, Pomacentridae). Genetics

and Molecular Biology, 27: 543-548.

Molina, W. F., Motta-Neto, C. C., Sena, D. C. S., Cioffi, M.B., Bertollo, L. A. C. (2012).

Karyoevolutionary aspects of Atlantic hogfishes (Labridae Bodianinae), with

evidence of an atypical decondensed argentophilic heterochromatin. Marine

Genomic, 1: 1-8.

Moorhead, P. S., Nowell, P. C., Mellmam, W. J., Battips, D. M., Hungerford, D. A.

(1960). Chromosome preparations of leukocytes cultured from human peripheral

blood. Experimental Cell Research, 20: 613-616.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

30

Morán, P., Martínez, J. L., Garcia-Vásquez, E., Pendás, A. M. (1996). Sex chromosome

linkage of 5S rDNA in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Cytogenetics and

Cell Genetics, 75: 145-150.

Motta-Neto, P. A., Lima-Filho, P. A.,Araújo, W. C., Bertollo, L. A. C., Molina, W. F.

(2011a). Differentiated evolutionary pathways in Haemulidae (Perciformes):

karyotype stasis versus morphological differentiation. Reviews in Fish Biology

and Fisheries, DOI: 10.1007/s11160-011-9236-4. (Online).

Motta-Neto, C. C., Cioffi, M. B.,Bertollo, L. A. C., Molina, W. F. (2011b). Extensive

chromosomal homologies and evidence of karyotypic stasis in Atlantic grunts of

the genus Haemulon (Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and

Ecology, 401: 75-79.

Motta-Neto, C. C., Cioffi, M. B.,Bertollo, L. A. C., Molina, W. F. (2011c). Molecular

cytogenetic analysis of Haemulidae fish (Perciformes): Evidence of evolutionary

conservation. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 407: 97-100.

Murofushi, M., Aoki, H. (1979). Karyological study in Scomber japonicus. Rep. Mishima

Res. Inst. Sci. Liv., Nihon Univ., 2: 37-40.

Nelson, J. S. (2006). Fishes of the World. New York: John Wiley and Sons, 4: 624p.

Ohno, S. (1974). Protochordata, Cyclostomata and Pisces. In John, B. (Ed.). Animal

Cytogenetics, 4: 1-92.

Pendás, A. M., Móran, P., Freije, J. P., Garcia-Vásquez, E. (1994). Chromosomal location

and nucleotide sequence of two tandem repeats of the Atlantic salmon 5S rDNA.

Cytogenetics and Cell Genetics, 67: 31-36.

Pinkel, D., Straume, T., Gray, J. W. (1986). Cytogenetic analysis using quantitative, high-

sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy

Science, USA, 83: 2934-2938.

Pujolar, J. M., Roldán, M. I., Pla, C. (2003). Genetic analysis of tuna populations,

Thunnus thynnus thynnus and T. alalunga. Marine Biology, 143: 613-621.

Ratty, F. J., Song, Y. C., Laurs, R. M. (1986). Chromosomal analysis of albacore, Thunnus

alalunga, and yelwwfin, Thunnus alabacares, and skipjack, Katsuwonus pelamis,

tuna. Fishery Bulletin: 84(2): 469.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

31

Schmid, M., Guttenbach, M. (1988). Evolutionary diversity of reverse (R) fluorescent

chromosome bands in vertebrates. Chromosoma, 97: 101-114.

Sumner, A. T. (1972). A simple technique for demonstrating centromeric

heterochromatin. Experimental Cell Research, 75: 304-306.

Takai, A., Ojima, Y. (1987). Comparative chromosomal studies in three balistid fishes.

Kromosomo, 47/48: 1545-1550.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

32

4.2. Capítulo 2

Cromossomos sexuais múltiplos e mapeamento físico de genes DNAr 18S/5S por

dual-color FISH em dourados-do-mar (Perciformes, Coryphaenidae)

Soares, R. X., Bertollo, L.A.C., Cioffi, M.B., Costa, G. W.W.F., Molina, W. F.

Resumo

Os dourados-do-mar (Coryphaenidae) são predadores pelágicos distribuídos por todos os oceanos tropicais e subtropicais, com marcada relevância para a pesca comercial, artesanal e esportiva. Esta pequena família é formada pelas espécies Coryphaena hippurus e C. equiselis, das quais se desconhecem aspectos cromossômicos, apesar do recente avanço em dados citogenéticos para Perciformes. Neste trabalho, ambas as espécies foram analisadas citogeneticamente usando diferentes técnicas de coloração (C-, Ag-, and CMA3 banding) bem como hibridação fluorescente in situ (FISH) para detectar sítios DNAr 18S e DNAr 5S. Fêmeas de C. hippurus, apresentaram 2n=48 cromossomos, com 2m+4sm+42a (NF=54). Por sua vez, em C. equiselis, onde ambos os sexos puderam ser analisados, as fêmeas apresentaram 2n=48 cromossomos, 2m+6sm+40a, enquanto que os machos exibiram 2n=47 cromossomos, 3m+6sm+38a (NF=56), indicando a presença de um sistema de cromossomos sexuais múltiplos do tipo X1X1X2X2/X1X2Y. O cromossomo neo-Y, metacêntrico, provavelmente originado por fusão Robertsoniana entre cromossomos acrocêntricos, se destaca como o de maior tamanho no cariótipo dos machos. Os sítios Ag-RON/DNAr 18S e DNAr 5S, localizam-se respectivamente nos braços curtos dos pares cromossômicos acrocêntricos 2 e 24, aparentemente homeólogos entre as duas espécies. Sistemas de cromossomos sexuais são raros nos Perciformes e o caso ora apresentado constitui a primeira descrição em uma espécie pelágica marinha. Esta condição implica em importantes subsídios filogenéticos em relação a outros grupos proximamente relacionados, bem como sobre a própria gênese do sistema. Palavras-chave: peixes marinhos, diferenciação cariotípica, sistema X1X1X2X2/X1X2Y, fusão Robertsoniana.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

33

Multiple sex chromosomes and physical mapping of DNAr 18S/5S by dual-color FISH

in dolphinfish (Perciformes, Coryphaenidae)

Soares, R. X., Bertollo, L.A.C., Cioffi, M.B., Costa, G. W.W.F., Molina, W. F.

Abstract

The dolphinfishes (Coryphaenidae) are pelagic predators, distributed over all tropical and subtropical oceans, with a strong relevance to commercial fishing, artisanal and sportive. This small family is composed by the species Coryphaena hippurus and C. equiselis, from which chromosomal aspects are unknown, despite recent advances in cytogenetic data for Perciformes. In this work, both species were cytogenetically analyzed using different techniques staining (C-, Ag-, and CMA3 banding) as well as fluorescent in situ hybridization (FISH) to detect 5S and 18S rDNA. Females C. hippurus, showed 2n = 48 chromosomes, with 2m+4sm+42a (FN = 54). In turn, in C. equiselis, where both sexes could be analyzed, the females presented 2n=48 chromosomes, 2m+6sm+40a, while the males exhibited 2n=47 chromosomes, 3m+6sm+38a (FN = 56), indicating the presence of a multiple sex chromosome system type X1X1X2X2/X1X2Y. The neo-Y chromosome, metacentric, probably originated by Robertsonian fusion between acrocentric chromosomes, stands out as the larger in the male karyotype. The Ag-NOR/DNAr 18S and 5S rDNA sites, are located respectively in the short arms of acrocentric chromosome pairs 2 and 24, apparently homologous between the two species. Sex chromosomes systems are rare in the Perciformes and the case presented here constitutes the first description in a marine pelagic species. This condition implies in important phylogenetic subsidies in relation to other groups closely related, as well as on the own system genesis. Keywords: marine fish, karyotype differentiation, X1X1X2X2/X1X2Y system, Robertsonian fusion.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

34

Introdução

Os grandes peixes pelágicos marinhos, apesar de representarem um relevante

componente da biodiversidade dos oceanos, dispõem em geral de dados citogenéticos

marcadamente incipientes, sobretudo devido à logística envolvida na sua obtenção.

Estes grupos taxonômicos constituem um modelo particularmente valioso de evolução

cariotípica, contrastante com espécies marinhas recifais demersais de menor

vagilidade. Barreiras biogeográficas eficientes para espécies demersais são, em muitos

casos, insuficientes para restringir o fluxo gênico de grandes migradores pelágicos

(Palumbi, 1994), com possíveis tamponamentos da diversificação cariotípica destas

espécies.

Entre os Perciformes marinhos, a subordem Carangoidei, do qual faz parte a

pequena família Coryphaenidae (Springer & Smith-Vaniz, 2008), tem revelado um

elevado conservadorismo diplóide, onde a maior parte das espécies apresenta 2n=48

cromossomos (Chai et al., 2009; Arai, 2011; Accioly et al., in press). Coryphaenidae é

composta por apenas duas espécies epipelágicas, Coryphaena hippurus (Linnaeus,

1758) (Common dolphinfish) e C. equiselis (Linnaeus, 1758) (Pompano dolphinfish),

distribuídas por todos os oceanos tropicais e subtropicais (Collette, 1986) (Figura 7).

Ambas as espécies constituem um importante recurso da pesca industrial, artesanal e

esportiva explorado pelas frotas pesqueiras de muitos países (FAO, 1994; Lasso &

Zapata, 1999). Análises enzimáticas nestas duas espécies revelam alelos exclusivos que

apontam marcada diferenciação genética entre elas (Pujolar & Pla, 2002),

Características morfológicas como a presença de dois canais pré-nasais

ossificados, rara para Percoidei, aloca claramente Coryphaenidae na subordem

Carangoidei. Esta subordem forma um grupo monofilético composto pelas famílias

Echeneidae, Rachycentridae, Carangidae, Nematistiidae e Coryphaenidae (Johnson,

1984; Ditty & Shaw, 1992; Ditty et al., 1994; Reed et al., 2002; Springer & Smith-Vaniz,

2008) condição também apoiada por análises filogenéticas moleculares recentes (Gray

et al., 2009).

No presente estudo são apresentados os dados citogenéticos das duas espécies

que compõem a família Coryphaenidae, C. hippurus e C. equiselis, apresentando seus

padrões heterocromáticos, regiões ricas em bases GC e o mapeamento cromossômico

dos genes ribossomais 5S e 18S por experimentos de dual-color FISH. Um sistema de

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

35

cromossomos sexuais múltiplos está sendo descrito para C. equiselis, constituindo a

primeira descrição de cromossomos sexuais em grandes Perciformes pelágicos. Em

função do grande potencial migratório do gênero Coryphaena (Beardsley Jr., 1967;

Campos et al., 1993), a existência deste sistema em C. equiselis mostra-se uma

característica importante, propiciando inferências sobre a sua origem e ancestralidade,

com possíveis implicações filogenéticas.

Figura 7. Distribuição geográfica das espécies Coryphaena equiselis (a) e C. hippurus (b).

Material e Métodos

As análises citogenéticas foram desenvolvidas em três exemplares fêmeas de C.

hippurus e três exemplares de C. equiselis (dois machos e uma fêmea), coletados no

Arquipélago de São Pedro e São Paulo (00°56’N e 029°22’W), região meso-Atlântica.

a

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

36

Todos os exemplares foram sexados por exames macroscópicos das gônadas e

identificados taxonomicamente de acordo com Gibbs & Collette (1959). Fragmentos de

tecido renal foram utilizados para a obtenção de cromossomos mitóticos, pela

interrupção in vitro do ciclo celular (Gold et al., 1990). As regiões organizadoras de

nucléolos (RONs) foram detectadas pela impregnação por nitrato de prata (AgRONs),

segundo Howell & Black (1980), enquanto que as regiões heterocromáticas foram

evidenciadas pelo bandamento C (Sumner, 1972). Colorações com os fluorocromos

Cromomicina A3 e DAPI foram utilizadas para evidenciar regiões cromossômicas GC- ou

AT-ricas (Carvalho et al., 2005). Dual-color FISH foi realizada segundo Pinkel et al.

(1986), com pequenas adaptações, para o mapeamento citogenético dos genes

ribossomais utilizando sondas de DNAr 5S e 18S.

Para obtenção da sonda 18S foi utilizada uma sequência de 1.400 pb de DNA in

tandem isolada do DNA do peixe Prochilodus argenteus (Hatanaka & Galetti, 2004),

marcada por nick translation com digoxigenina-11-dUTP (Roche), segundo instruções

do fabricante. A sonda de DNAr 5S, com 500-200 pb, foi obtida a partir do DNA

nuclear do peixe Leporinus elongatus (Martins & Galetti, 1999) marcada por nick

translation com biotina-14-dATP (Roche), também segundo instruções do fabricante.

As metáfases foram fotografadas em um fotomicroscópio de epifluorescência

Olympus™ BX50, com sistema digital de captura Olympus DP70. Os cromossomos

foram classificados em metacêntricos, submetacêntricos, subtelocêntricos e

acrocêntricos (Levan et al., 1964).

Resultados

A espécie C. equiselis apresentou valores diploides distintos entre os sexos, com

fêmeas apresentando 2n=48 cromossomos e fórmula cariotípica composta por

2m+6sm+40a (NF=56) e os machos com 2n=47 cromossomos e fórmula cariotípica

composta por 3m+6sm+38a (NF=56) (Figura 8a, b). No cariótipo do macho se destacam

três cromossomos desprovidos de homólogos, sendo dois acrocêntricos,

tentativamente indicados como correspondentes aos de número 5 e 8 no cariótipo das

fêmeas, e um grande cromossomo metacêntrico, ausente nas fêmeas (Figura 8b, em

destaque). Os exemplares de fêmeas de C. hippurus apresentam 2n=48 cromossomos

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

37

com fórmula cariotípica composta por 2m+4sm+42a (NF=54) (Figura 8c). Não foi

possível a obtenção de espécimes machos desta espécie.

Nas duas espécies, os sítios Ag-NORs foram localizados nos braços curtos do par

2 (submetacêntrico) (Figura 8, em destaque), apresentando também coloração positiva

à CMA3 e negativa ao DAPI. Dual-color FISH com sondas DNAr 18S e 5S evidenciaram

que estas subunidades ribossomais se localizam em cromossomos distintos (Figura 9).

Os sítios 18S correspondem à localização das Ag-RONs nas duas espécies, enquanto

que os sítios 5S estão localizados nos braços curtos do menor par cromossômico (par

24), também em ambas as espécies.

Os blocos heterocromáticos são reduzidos, discretamente evidenciados na

região centromérica dos cromossomos, sendo mais conspícuos nas regiões

correspondentes aos sítios das RONs/DNAr 18S e DNAr 5S (Figura 8). O padrão

heterocromático do cromossomo metacêntrico, exclusivo dos machos de C. equiselis,

revelou um segmento heterocromático intersticial no braço longo, aparentemente

similar ao presente nos homólogos do par 5 das fêmeas, em posição equivalente.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

38

Figura 8. Padrão cariotípico de fêmea (a) e macho (b) de Coryphaena equiselis e fêmea de C. hippurus (c). Coloração Giemsa convencional (esquerda) e bandamento C (direita); em (b) os cromossomos X1X2Y estão sendo destacados. Os sítios Ag-RONs, com padrão conjugado CMA3

+/DAPI- (par 2), estão apresentados nos quadros à direita. Barra = 5 µm.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

39

Figura 9. Mapeamento cromossômico de sítios DNAr 18S (vermelho) e 5S (verde) identificados por dual-color FISH, em Coryphaena equiselis (a) e C. hippurus (b). Cariótipo de fêmea de C. equiselis (X1X1X2X2) (a), com sistema heterogamético presente no cariótipo do macho (X1X2Y) em destaque. Os sítios de DNAr 18S e 5S estão localizados sobre os mesmos pares cromossômicos (par 2 e par 24, respectivamente), em ambas as espécies. Barra = 5 µm.

Discussão

As características cariotípicas das fêmeas e machos de C. equiselis permitem

concluir que esta espécie é portadora de um sistema de cromossomos sexuais

múltiplos do tipo X1X1X2X2/X1X2Y, onde o grande cromossomo metacêntrico, exclusivo

dos machos, corresponde ao cromossomo neo-Y e os cromossomos X1 e X2

provavelmente correspondam aos de números 5 e 8 do cariótipo das fêmeas. As duas

espécies do gênero monotípico Coryphaena apresentam dimorfismo sexual na fase

adulta, no qual os machos desenvolvem uma característica crista óssea na frente da

cabeça (Beardsley Jr., 1967; Collette, 1981). A relação entre dimorfismo sexual e

cromossomos sexuais diferenciados é pouco conhecida. Cromossomos sexuais

diferenciados poderiam desempenhar um importante papel na evolução do

dimorfismo sexual (Rice, 1984), uma vez que constituem a única parte do genoma que

difere entre os sexos (Mank, 2009). Assim, pelo menos em C. equiselis, esta correlação

pode ser de fato válida, considerando o dimorfismo cromossômico e morfológico entre

os sexos, presente nesta espécie. Adicionalmente, além dos aspectos ontogenéticos e

fisiológicos, a heterogametia cromossômica é também capaz de promover ou propiciar

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

40

a especiação através do isolamento reprodutivo entre as espécies, destacadamente no

ambiente marinho, visto o reduzido número de barreiras geográficas ou graus

variáveis de isolamento populacional (Galetti et al., 2000; Kitano et al., 2009).

O padrão cariotípico geral das duas espécies de Coryphaena, reconhecidamente

com hábitos migradores (Oxenford & Hunt, 1986) e ampla distribuição geográfica,

poderia se equiparar aos padrões cariotípicos conservados, encontrados em espécies

recifais demersais com extenso potencial dispersivo larval que, para algumas famílias,

tende a uma menor diversidade cariotípica (Molina & Galetti, 2004a; Sena & Molina,

2007a). De fato, ambas as espécies analisadas apresentam o valor diplóide

considerado basal para Perciformes, 2n=48 cromossomos (Galetti et al., 2000).

Adicionalmente ainda emergem dos cariótipos de Coryphaenidae outros padrões

cromossômicos conservados, como sítios ribossomais principais simples e reduzido

conteúdo heterocromático, localizado em regiões centroméricas ou terminais.

Por sua vez, a existência de heterogametia cromossômica masculina em C.

equiselis, devida a um sistema de cromossomos sexuais múltiplos X1X1X2X2/X1X2Y,

representa uma condição derivada, bem como a primeira ocorrência de cromossomos

sexuais para Echeneoidea (Rachycentridae + Coryphaenidae + Echeneidae) ou da

monofilética subordem Carangoidei. Análises envolvendo diversos grupos de peixes

têm indicado que sistemas de cromossomos sexuais diferenciados podem surgir

repetidas vezes, através de eventos independentes, em um mesmo táxon (Almeida-

Toledo & Foresti 2001; Devlin & Nagahama, 2002; Cioffi et al. 2011; Kitano & Peichel,

2011). Em relação à Coryphaenidae, a ausência de dados para indivíduos machos de C.

hippurus impossibilita, no entanto, a delimitação da extensão e datação da origem

desse sistema múltiplo em período anterior ou posterior a especiação destas espécies,

mas poderia representar uma forte barreira reprodutiva entre elas, sobretudo em um

cenário de extensa sobreposição geográfica.

Cromossomos sexuais diferenciados são relativamente raros em espécies

marinhas (Galetti et al., 2000). Dentre estes casos, sistemas múltiplos X1X1X2X2/X1X2Y,

têm sido os mais frequentemente relatados, como em espécies Antárticas da família

Channichthyidae, Chaenodraco wilsoni, C. hamatus, C. myersi, Chionobathyscus dewitti

(Morescalchi et al., 1992), em Callionymidae, nas espécies Callionymus beniteguri e C.

ornatipinnis (Murofushi et al., 1983), em Monodactylidae, Monodactylus argenteus

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

41

(Suzuki et al., 1988), em Lutjanidae, Lutjanus quinquelineatus (Ueno & Takai, 2008),

entre outros. Em Perciformes a gênese de sistemas múltiplos em grande parte se deve

a mecanismos de fusão Robertsoniana envolvendo cromossomos acrocêntricos (Ueno

& Takai, 2008; Kitano & Peichel, 2011). Adicionalmente, translocações robertsonianas

além de relacionadas à formação de sistemas sexuais múltiplos, em autossomos estão

associadas a variabilidade e diversificação cariotípica de vários grupos de peixes

marinhos (Galetti et al., 2006). A fixação de translocações recíprocas tem sido

identificada em diversos grupos, entre eles, em espécies das famílias Gobiidae (e.g.

Thode et al., 1988), Apogonidae (e.g. Araújo et al., 2010), bem como também de forma

polimórfica transitória, em outros grupos como nos pomacentrídeos da subfamília

Chrominae (Molina & Galetti, 2002).

Em C. equiselis o cromossomo neo-Y tem, aproximadamente, o dobro do

tamanho dos maiores cromossomos acrocêntricos do cariótipo. Este cromossomo

parece, de fato, ter sido originado da fusão cêntrica de dois cromossomos

acrocêntricos, correspondentes a um dos homólogos do par 5 e do par 8 do cariótipo

das fêmeas. Assim sendo, paralelamente à formação do cromossomo neo-Y, os

cromossomos remanescentes de cada um desses pares passam a representar os

cromossomos X1 e X2, respectivamente. A presença de um discreto bloco

heterocromático em posição intersticial no cromossomo 5 e no braço longo do Y,

sugere o provável envolvimento deste cromossomo na fusão cêntrica formadora do

neo-Y.

No sistema X1X2Y, descrito para C. equiselis, o reduzido conteúdo

heterocromático se apresenta evolutivamente pouco dinâmico, uma vez que, à

exceção do bloco intersticial presente no braço longo do neo-Y, reflete a condição

basal largamente compartilhada presente nos Perciformes. Esta pequena quantidade

de heterocromatina, que se mostra neutra aos fluorocromos empregados, se encontra

presente nos pares envolvidos na translocação (X1/X2). O estabelecimento de sistemas

múltiplos deve inicialmente ser estabelecido por estado polimórfico, com tendência à

fixação, contrariamente aos graus variáveis de heterocromatinização presentes em

alguns sistemas simples, que possibilitam inferir estados iniciais de diferenciação de

um crescente cromossomo Y (Ueno & Takai, 2008). Estes resultados também implicam

que, depois dos rearranjos cromossômicos, não ocorreram posteriores diferenciações

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

42

entre os cromossomos sexuais, corroborando a ideia que os rearranjos cromossômicos

são eles mesmos passos cruciais na diferenciação dos cromossomos sexuais múltiplos

e não requerem adicional heterocromatinização (Cioffi et al., 2011).

A comparação cariotípica entre fêmeas de C. equiselis e de C. hippurus

(homogaméticas), revela um mesmo número diploide, com algumas diferenças quanto

ao cariótipo. O menor número fundamental do cariótipo feminino de C. hippurus

(2n=54), em relação a C. equiselis (2n=56), se deve a presença de um par acrocêntrico,

presente na primeira, ao invés de um par submetacêntrico presente em C. equiselis.

Esta diferença estrutural discernível pode ser atribuída a um evento de inversão

pericêntrica, um dos mecanismos mais comuns na diversificação cariotípica dos

Perciformes (e.g. Molina, 2007). Apesar de indicações preliminares e diante de uma

filogenia ainda não resolvida frente aos estudos moleculares existentes (Gray et al.,

2009), a presença de um maior número de cromossomos acrocêntricos em C. hippurus

poderia ser indicativo de uma condição mais basal em relação a C. equiselis.

O mapeamento das sequências de DNAr 5S e 18S em cromossomos

aparentemente homeólogos nas duas espécies de Coryphaenidae revelaram o

pequeno dinamismo evolutivo associado a estas famílias multigênicas nesse grupo. De

fato, comparações com Rachycentridae (Jacobina et al., 2011), grupo irmão de

Coryphaenidae, formado pela espécie monotípica Rachycentron canadum, bem como

alguns Carangidae (Sola et al., 1997; Rodrigues et al., 2007) indicam que a localização

de sequências 18S, nos braços curtos de um único par cromossômico de tamanho

equivalente, constitui uma condição basal, sugerindo uma extensa homeologia. As

marcações equilocais referentes às sequências de DNAr 18S e sítios Ag-NORs descarta

a existência de sítios adicionais polimórficos ou latentes. São escassos os dados de

mapeamento da subunidade ribossômica 5S em Carangoidei. Em C. hippurus e C.

equiselis estas sequências também se apresentam simples e invariáveis, conservadas

exclusivamente sobre o menor par cromossômico (par 24), contrastando com a

presença de dois sítios 5S no único representante da família Rachycentridae, R.

canadum (Jacobina et al., 2011) analisado. Em muitos vertebrados, os genes de RNAr

5S, como em Coryphaenidae, estão localizados sobre um único par cromossômico

(Suzuki et al., 1996), embora em peixes possam ser encontrados variando de um a

diversos pares (Mazzei et al., 2004). Sequências 5S localizadas em apenas um par

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

43

cromossômico têm sido relatadas em várias espécies de peixes, como esturjões,

enguias, garoupas e baiacus (Fontana et al., 1998; Martínez et al., 1996; Tagliavini et

al., 1999; Fischer et al., 2000; Sola et al., 2000). Esta característica parece representar

uma condição basal para o grupo (Martins & Galetti, 1999; 2001), visto que é a mais

frequente em Teleósteos com cariótipos tipicamente basais (2n=48 acrocêntricos). Ao

contrário da posição terminal observada em Coryphaenidae, um posicionamento

intersticial destes sítios é a mais comumente observado em peixes, sugerindo algum

grau de proteção contra eventos disruptivos promovidos por rearranjos estruturais

(Mantovani et al., 2005).

Padrões genéticos e citogenéticos em peixes têm sido associados aos seus

potenciais dispersivos (e.g. Hoarau et al., 2002; Molina & Galetti, 2004a). De fato, é

bem estabelecido que a fixação de inversões e translocações sejam acentuadas por

processos vicariantes levando à diversificação cariotípica (Sites & Moritz, 1987). No

ambiente marinho, onde existem menos partições biogeográficas que em áreas

continentais, em geral, as espécies parecem apresentar uma menor diversificação

cariotípica (Brum, 1995).

Algumas famílias de peixes recifais exibem marcada derivação cariotípica, como

Pomacentridae, Gobiidae, Scaridae, Apogonidae, entre outros (Ene, 2003; Molina &

Galetti, 2004b; Sena & Molina, 2007b; Araújo et al., 2010). Por outro lado, pouco ainda

se sabe sobre os padrões cariotípicos dos grandes peixes pelágicos neríticos, que

apresentam adultos migradores capazes de empreender longas jornadas até sítios de

reprodução (Collette & Nauen, 1983; Graves, 1998). As escassas informações

citogenéticas disponíveis, bem como o modesto nível de análise normalmente

empregado, restringem as inferências sobre o nível de diversificação cariotípica

apresentado por esses peixes. Em Coryphaenidae, apesar da alta vagilidade e grande

tamanho populacional, a macroestrutura cariotípica presente na família (2n=48;

NF=54-56) demonstra padrões cariotípicos próximos daqueles observados em outros

Carangoidei, como Carangidae (46<2n<56; NF=48-78) e Rachycentridae (2n=48; NF=54)

(Arai, 2011). Entretanto, apesar desta relativa conservação, é digna de destaque a

diferenciação do sistema X1X2Y em C. equiselis, representando um caráter

seguramente derivado em relação às demais espécies dos grandes Perciformes

pelágicos. Vale destacar que em Rachycentron canadum, espécie monotípica

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

44

pertencente à família Rachycentridae, e que forma um grupo monofilético com

Coryphaenidae (Gray et al., 2009), não há evidências de cromossomos sexuais

diferenciados (Jacobina et al., 2011). Neste contexto, a extensão do presente estudo

nos machos de C. hippurus, constatando a existência ou não de cromossomos sexuais

diferenciados também nesta espécie, fornecerá importantes subsídios para

caracterizar uma sinapomorfia para a família Coryphaenidae ou uma autapomorfia

exclusiva de C. equiselis, bem como as possíveis implicações desse sistema de

cromossomos sexuais na especiação desse grupo.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq pelo suporte financeiro (Processo No.

556793/2009-9), ao IBAMA pela licença de coleta (Processo No. 19135/1) e a SECIRM

pelas condições logísticas para condução deste estudo em campo.

Referências

Accioly, I. V., Bertollo, L. A. C., Costa, G. W. W. F., Jacobina, U. P., Molina, W. F. (2012).

(in press). Chromosomal population structuring in Carangids (Perciformes)

between northeastern and southeastern of Brazil coast. African Journal of

Marine Science.

Almeida-Toledo, L. F., Foresti, F. (2001). Morphological differentiated sex

chromosomes in neotropical freshwater fish. Genetica, 111: 91-10.

Arai, R. (2011). Fish karyotypes: A check list. Tokyo: Springer, 280p.

Araujo, W. C., Martinez, P. A., Molina, W. F. (2010). Mapping of ribosomal DNA by

FISH, EcoRI digestion and replication bands in the Cardinalfish Apogon

americanus (Perciformes). Cytologia, 75: 1109-117.

Beardsley Jr., G. L. (1967). Age, growth, and reproduction of the dolphin, Coryphaena

hippurus, in the Straits of Florida. Copeia, 1967: 441-451.

Brum, M. J. I. (1995). Correlações entre a filogenia e a citogenética dos peixes

teleósteos. Sociedade Brasileira de Genética – Série Monografias, 2: 5-42.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

45

Campos, J. A., Segura, A., Lozono, O., Madrigal, E. (1993). Ecología básica de

Coryphaena hippurus (Pisces, Coryphaenidae) y abundancia de grandes pelágicos

en el Pacífico de Costa Rica. Revista de Biologia Tropical, 41: 783-790.

Carvalho, R., Soares Filho, W. S., Brasileiro-Vidal, A. C., Guerra, M. (2005). The

relationships among lemons, limes and citron: A chromosomal comparison.

Cytogenetic Genome Research, 109: 276-282.

Chai, X., Li, X., Lu, R., Clarke, S. (2009). Karyotype analysis of the yellowtail kingfish

Seriola lalandi lalandi (Perciformes: Carangidae) from South Australia.

Aquaculture Research, 40: 1735-1741.

Cioffi, M. B., Sánchez, A., Marchal, J. A., Kosyakova, N., Liehr, T., Trifonov, V., Bertollo,

L. A. C. (2011). Whole chromosome painting reveals independent origins of sex

chromosomes in closely related forms of a fish species. Genetica, 139: 1065-

1072.

Collette, B. B. (1981). Coryphaenidae. In: W. Fischer (Bianchi, G. & Scott, W.B. eds.)

FAO species identification sheets for fishery purposes. Eastern Central Atlantic

(Fishing Areas 34, 47). Department of Fisheries and Oceans Canada and FAO,

Rome.

Collette, B.B. (1986). Coryphaenidae. In Fishes of the NorthEastern Atlantic and the

Mediterranean, II. (Whitehead, P. J . P., Bauchot, M. L., Hureau, J. C., Nielsen, J.,

Tortonese, E. eds), Paris: Unesco, 845-846.

Collette, B. B.; Nauen, C. E. (1983). FAO species, catalogue. Vol. 2. Scombrids of the

world. An annotated and illustrated catalogue of tunas, mackerels, bonitos and

related species known to date. FAO Fishery Synopsis, 2: 137.

Devlin, R. H., Nagahama, Y. (2002). Sex determination and sex differentiation in fish:

An overview of genetic, physiological, and environmental influences.

Aquaculture, 208: 191-364.

Ditty, J. G., Shaw. R. P. (1992). Larval development, distribution, and ecology of cobia

Rachycentron canadum (family: Rachycentridae) in the northern Gulf of Mexico.

Fishery Bulletin, 90: 668-677.

Ditty, J. G., Shaw, R. P., Grimes, C. B., Cope, J. S. (1994). Larval development,

distribution, and abundance of common dolphin, Coryphaena hippurus, and

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

46

pompano dolphin, C. equiselis (family: Coryphaenidae), in the northern Gulf of

Mexico. Fishery Bulletin. 92: 275-291.

Ene, A. C. (2003). Chromosomal polymorphism in the goby Neogobius eurycephalus

(Perciformes: Gobiidae). Marine Biology, 142: 583-588.

FAO (Food and Agricultural Organization). (1994) FAO yearbook 1992. Fishery

statistics. Catches and landings. FAO Fisheries Series No. 43, FAO Statistics Series

No. 120, Vol. 74. FAO, Rome, 677p.

Fischer, C., Costaz, C. O., Crollius, H. R., Dasilva, C., Jaillon, O., Bouneau, L., Bonillo, C.,

Weissenbach J., Bernot, A. (2000). Karyotype and chromosomal location of

characteristic tandem repeats in the pufferfish Tetraodon nigroviridis.

Cytogenetics and Cell Genetics 88: 50–55.

Fontana, F., Tagliavini, J., Congiu, L., Lanfredi, M., Chicca, M., Laurente, C., Rossi, R.

(1998). Karyotypic characterization of the great sturgeon, Huso huso, by multiple

staining techniques and fl by multi in situ hybridization. Marine Biology, 132:

495–501.

Galetti Jr., P. M., Aguilar, C. T., Molina, W. F. (2000). An overview on marine fish

cytogenetics. Hydrobiologia, 420: 55-62.

Galetti Jr., P. M., Molina, W. F., Affonso, P. R. A. M., Aguilar C. T. (2006). Assessing

Genetic Diversity of Brazilian Reef Fishes by Chromosomal and DNA Markers.

Genetica ('s-Gravenhage), Holanda, 126(1-2): 161-177.

Gibbs, R. H., Collette, B. B. (1959). On the identification, distribution, and biology of the

dolphins, Coryphaena hippurus and C. equiselis. Bulletin of Marine Science of the

Gulf Caribbean, 9: 117-152.

Gold, J. R., Li, C., Shipley, N. S., Powers, P. K. (1990). Improved methods for working

with fish chromosomes with a review of metaphase chromosome banding.

Journal of Fish Biology, 37: 563-575.

Gray, K. N., McDowell, J. R., Collette, B. B., Graves, J. E. (2009). A molecular phylogeny

of the remoras and their relatives. Bulletin of Marine Science, 84: 183-198.

Graves, J. E. (1998). Molecular insights into the population structures of cosmopolitan

marine fishes. Journal of Heredity, 89: 427–437.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

47

Hatanaka, T., Galetti Jr., P. M. (2004). Mapping of the 18S and 5S ribosomal RNA genes

in the fish Prochilodus argenteus Agassiz, 1829 (Characiformes,

Prochilodontidae). Genetica, 122: 239-244.

Hoarau, G., Rijnsdorp, A. D., Van der Veer, H. W., Stam, W. T., Olsen, J. L. (2002).

Population structure of plaice (Pleuronectes platessa L.) in northern Europe:

microsatellites revealed large-scale spatial and temporal homogeneity.

Molecular Ecology, 11: 1165–1176.

Howell, W. M., Black, D. A. (1980). Controlled silver staining of nucleolus organizer

region with protective colloidal developer: a 1-step method. Experientia, 36:

1014-1015.

Jacobina U. P., Cioffi M. B., Souza L. G. R., Calado, L. C., Tavares M., Mazella-Jr, J.,

Bertollo, L. A. C., Molina, W. F. (2011). Chromosome mapping of repetitive

sequences in Rachycentron canadum (Perciformes: Rachycentridae): implications

for karyotypic evolution and perspectives for biotechnological uses. Journal of

Biomedicine and Biotechnology, 2011: 218-231.

Johnson, G. D. (1984). Percoidei: development and relationships. In: H. G. Moseret aL,

eds. Ontogeny and Systematics of Fishes. Spec. Publ No.l, American Society of

Ichthyologists and Herpetologists. Allen Press, Lawrence. 464-498.

Kitano, J., Peichel, C. L. (2011). Turnover of sex chromosomes and speciation in fishes.

Environmental Biology of Fishes. DOI: 10.1007/s10641-011-9853-8. (Online).

Kitano, J., Ross, J. A., Mori, S., Kume, M., Jones, F. C., Chan, Y. F., Absher, D. M.,

Grimwood, J., Schmutz, J., Myers, R. M., Kingsley, D. M., Peichel, C. L. (2009). A

role for a neo-sex chromosome in stickleback speciation. Nature, 461: 1079-

1083.

Lasso, J., Zapata, L. (1999). Fisheries and biology of Coryphaena hippurus (Pisces,

Coryphaenidae) in the Pacific coast of Colombia and Panama. Scientia Marina,

63: 387-399.

Levan, A., Fredga, K., Sandberg, A. A. (1964). Nomenclature for centromeric position on

chromosomes. Hereditas, 52: 201-220.

Mantovani, M., Abel, L. D. S., Moreira-Filho, O. (2005). Conserved 5S and variable 45S

rDNA chromosomal localization revealed by FISH in Astyanax scabripinnis (Pisces,

Characidae). Genetica, 123: 211-216.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

48

Mank J. E. (2009). Sex chromosomes and the evolution of sexual dimorphism: lessons

from the genome. American Naturalist, 173: 141-150.

Martínez, J. L., P. Morán, E. Vázquez, G., Pendás, A. M. (1996). Chromosomal

localization of the major and 5S rRNA genes in the European eel (Anguilla

anguilla). Cytogenetics and Cell Genetics, 73: 149–152.

Martins, C., Galetti Jr. P. M. (1999). Chromosomal localization of 5S rDNA genes in

Leporinus fish (Anostomidae, Characiformes). Chromosome Research 7: 363-367.

Martins, C., Galetti Jr., P. M. (2001). Two 5S rDNA arrays in Neotropical fish species: is

it a general rule for fishes? Genetica 111: 439–446.

Mazzei, F. L., Ghigliotti, L., Bonillo, C., Coutanceau, J. P., Ozouf-Costaz, Pisano, E.

(2004). Chromosomal patterns of major and 5S ribosomal DNA in six icefish

species (Perciformes, Notothenioidei, Channichthyidae). Polar Biology, 28: 47-55.

Molina, W. F. (2007). Chromosomal changes and stasis in marine fish groups. In: Fish

cytogenetics (Pisano, E., Ozouf-Costaz, C., Foresti, F., Kapoor, B.G. eds.). Science

Publishers, Enfield, 69 – 110.

Molina, W. F., Galetti Jr., P. M. (2002). Robertsonian rearrangements in the reef fish

Chromis (Perciformes, Pomacentridae) involving chromosomes bearing 5S RNAr

genes. Genetics and Molecular Biology, 25: 373 – 377.

Molina, W. F., Galetti Jr., P. M. (2004a). Multiple pericentric inversions and

chromosomal divergence in the reef fishes Stegastes (Perciformes,

Pomacentridae). Genetics and Molecular Biology. Ribeirão Preto, 27(4): 443-448.

Molina, W. F., Galetti Jr., P. M. (2004b). Karyotypic changes associated to the

dispersive potential on Pomacentridae (Pisces, Perciformes). Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology, 309: 109-119.

Morescalchi, A., Hureau, J. C., Olmo, E, Ozouf-Costaz, C., Pisano, E., Stanyon, R. (1992).

A multiple sex-chromosome system in Antarctic ice-fishes. Polar Biology, 11:

655–661.

Murofushi, M., Nishikawa, S., Yosida, T. H. (1983). Cytogenetical studies on fishes. V.

Multiple sex chromosome mechanism (XX-Y) found in two dragonet fishes.

Proceedings of the Japan Academy, 59: 58-61.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

49

Oxenford, H. A., Hunt, W. (1986). A preliminary investigation of the stock structure of

the dolphin, Coryphaena hippurus in the Western Central Atlantic. Fishery

Bulletin, 84: 451–460.

Palumbi, S. R. (1994). Genetic divergence, reproductive isolation, and marine

speciation. Annual Review of Ecology and Systematics, 25: 547–572.

Pinkel, D., Straume, T., Gray, J. W. (1986). Cytogenetic analysis using quantitative, high-

sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy

Science, USA, 83: 2934–2938.

Pujolar, J. M., Pla, C. (2002). Occurrence of dolphinfish (Coryphaena hippurus) and

pompano dolphinfish (Coryphaena equiselis) in the Canary islands revealed by

genetic analysis. New Zealand Journal of Marine and Freshwater Research, 36:

339-343.

Reed, D. L., Carpenter, K. E., Gravelle, M. J. (2002). Molecular systematics of the jacks

(Perciformes: Carangidae) based on mitochondrial cytochrome b sequences

using parsimony, likelihood and Bayesian approaches. Molecular Phylogenetics

and Evolution, 23: 513-524.

Rice, W. R. (1984). Sex chromosomes and the evolution of sexual dimorphism.

Evolution, 38: 735-742.

Rodrigues, M. M., Baroni, S., Almeida-Toledo, L. F. (2007). Karyological characterization

of four marine fish species, genera Trachinotus and Selene (Perciformes:

Carangidae), from the southeast Brazilian coast. Cytologia, 72: 95-99.

Sena, D. C. S., Molina, W. F. (2007a) Chromosomal rearrangements associated with

pelagic larval duration in Labridae (Perciformes). Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology 353: 203–210.

Sena, D. C. S., Molina, W. F. (2007b) Robertsonian rearrangements and pericentric

inversions in Scaridae fish (Perciformes). Genetics and Molecular Research, 6: 75-

580.

Sites, J. W., Moritz, C. (1987). Chromosome evolution and speciation revisited.

Systematic Zoology, 36: 153-174.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

50

Sola, L., Cipelli, O., Gornung, E., Rossi, A. R., Andaloro, F., Crosetti, D. (1997).

Cytogenetic characterization of the greater amberjack, Seriola dumerili (Pisces:

Carangidae), by different staining techniques and fluorescence in situ

hybridization. Marine Biology, 128: 573-577.

Sola, L., De Innocentiis, S., Gornung, E., Papalia, S., Rossi, A. R., Marino, G., De Marco,

P., Cataudella, S. (2000). Cytogenetic analysis of Epinephelus marginatus (Pisces:

Serranidae), with the chromosome localization of the 18S and 5S rRNA genes and

of the (TTAGGG)n telomeric sequence. Marine Biology, 137: 47–51.

Springer, V. G., Smith-Vaniz, W. P. (2008). Supraneural and pterygiophore insertion

patterns in carangid fishes, with description of a new Eocene carangid tribe

+Paratrachinotini, and a survey of anterior anal-fin pterygiophore insertion

patterns in Acanthomorpha. Bulletin of the Biological Society of Washington, 16:

1-73.

Sumner, A. T. (1972). A simple technique for demonstrating centromeric

heterochromatin. Experimental Cell Research, 75: 304.

Suzuki, A., Taki, Y., Takeda, M., Akatsu, S. (1988). Multiple sex chromosomes in a

Monodactylid fish. Ichthyological Research, 35: 198-101.

Tagliavini, J., Williot, P., Congiu, L., Chicca, M., Lanfredi, M., Rossi, R., Fontana, F.

(1999). Molecular cytogenetic analysis of the karyotype of the European Atlantic

sturgeon, Acipenser sturio. Heredity, 83: 520–525.

Thode, G., Martínez, G., Ruiz J. L., Lopéz, J. R. (1988). A complex chromosomal

polymorphism in Gobius fallax (Gobiidae, Perciformes). Genetica, 76: 65-71.

Ueno, K., Takai, A. (2008). Multiple sex chromosome system of X1X1X2X2/X1X2Y type in

lutjanid fish, Lutjanus quinquelineatus (Perciformes). Genetica, 132: 35–41.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

51

5. CONCLUSÕES

Os Scombridae analisados apresentaram conservadorismo quanto ao número

cromossômico basal dos Perciformes e de outras características estruturais do

cariótipo (padrões heterocromáticos, sítios ribossomais DNAr 5S e 18S)

consideradas ancestrais para os representantes desta Ordem.

Foram idendificadas para os Scombridae estudados duas estruturas

cariotípicas diferenciadas, que coincidem com estudos sistemáticos

morfológicos. Um padrão formado por A. solandri e S. brasiliensis, e outro pelas

espécies de Thunnus, evidenciando poucos macrorrearranjos cromossômicos

durante a evolução do grupo, mas conspicuamente aplicáveis como

marcadores citotaxonômicos ou filogenéticos.

O conservadorismo cariotípico em Scombridae é apoiado por evidências de

possíveis cromossomos homeólogos portadores de sítios ribossomais

AgRONs/DNAr 18S e DNAr 5S intergenérico nas quatro espécies de Scombridae

analisados.

Inversões pericêntricas se destacam como o principal mecanismo envolvido nas

modificações cromossômicas responsável pela diferenciação da macroestrutura

cariotípica dos Scombridae.

O mapeamento de genes ribossomais 5S e 18S em Scombridae e

Coryphaenidae demonstram localização não sintênica.

Os sexos homogaméticos de Coryphaena equiselis e C. hippurus demonstraram

mesmo número diploide com diferenças estruturais aparentemente

decorrentes de inversões pericêntricas o mecanismo de diversificação

cariotípica mais comum em Perciformes. Os padrões cromossômicos permitem

clara distinção entre as espécies.

O mapeamento cromossômico das sequências DNAr 18S e 5S apresentaram

baixa dinâmica evolutiva entre as espécies da família Coryphaenidae onde as

marcações foram localizadas na mesma região em cromossomos homeólogos.

A espécie Coryphaena equiselis mostrou-se portadora de heteromorfismo

cromossômico, relacionado a presença de um sistema cromossômico sexual

múltiplo do tipo X1X1X2X2/X1X2Y, no qual o cromossomo neo-Y presente nos

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

52

representantes machos deve ter origem da fusão cêntrica de dois autossomos

acrocêntricos.

Os padrões cariotípicos dos peixes pelágicos aqui estudados parecem apoiar a

hipótese de marcado conservadorismo cromossômico associada ao potencial

dispersivo das espécies, condição que se apresenta marcadamente variável em

peixes recifais. Apesar de alguma divergência quanto ao padrão basal da

Ordem Perciformes, os cariótipos mostram macroestrutura conservada entre

espécies de mesmo gênero.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

53

6. REFERÊNCIAS

Almeida-Toledo, L. F. (1998). Cytogenetic markers in neotropical freshwater fishes. In:

Malabarba, L. R.; Reis, R. E.; Vari, R. P.; Lucena, Z. M.; Lucena, C. A. S. Phylogeny

and classification of neotropical fishes, EDIPUCRS. Porto Alegre, 583-588.

Almeida-Toledo, L. F., Foresti, F. (2001). Morphologically differentiated sex

chromosomes in neotropical freshwater fish. Genetica, 111: 91-100.

Arai, R. (2011). Fish karyotypes: A check list. Tokyo: Springer, 280p.

Artoni, R. F., Vicari, M. R., Bertollo, L. A. (2000). Neotropical fish cytogenetics:

methods, results and perspectives. Biological and Health Sciences, 6(1): 43-60.

Asahida, T., Ida, H. (1995). Hayashizaki, K. Karyotypes and Cellular DNA Contents of

Some Sharks in the Order Carcharhiniformes. Japanese Journal of Ichthyology,

42: 21-26.

Avise, J. C. (2000). Phylogeography: The history and formation of species. Harvard

University Press, Cambridge, 447p.

Bahri-Sfar, L., Lemaire, C., Hassine, B. O. K., Bonhomme, F. (2000). Fragmentation of

sea bass populations in the western and eastern Mediterranean as revealed by

microsatellite polymorphism. Proceedings of the Royal Society of London Series

B. Biological Sciences, 267: 929-935.

Benetti, D., Iverson, E. Ostrowski, A. (1995). Growth rates of captive dolphin,

Coryphaena hippurus, in Hawaii. Fishery Bulletin, 93(1): 152-157.

Block, A. B., Finnerty, J. R., Stewart, A F. R., Kidd, J. (1993). Evolution of Endothermy in

fish: mapping physiological traits on a molecular phylogeny. Science, 260: 210-

214.

Brum, M. J. I. (1996). Cytogenetic studies of Brazilian marine fish. Brazilian Journal of

Genetics, 19(3): 421-427.

Campos, J. A., Segura, A., Lizano, O., Madrigal, E. (1993). Ecologia básica de

Coryphaenidae hippurus (Pisces: Coryphaenidae) y abundancia de otros grandes

pelágicos em el Pacifico de Costa Rica. Revista Biologia tropical 41(3): 783-790.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

54

Carpenter, K. E. (2002). The living marine resources of the Western Central Atlantic.

The livingmarine resources of theWestern Central Atlantic. Volume 3: Bony fishes

part 2 (Opistognathidae to Molidae), sea turtles and marine mammals. FAO

Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of

Ichthyologists and Herpetologists Special Publication No. 5. Rome, Food and

Agriculture Organization of the United Nations, 1375-2127.

Carvalho, R., Soares Filho, W. S., Brasileiro-Vidal, A. C., Guerra, M. (2005). The

relationships among lemons, limes and citron: A chromosomal comparison.

Cytogenetic Genome Research, 109: 276-282.

Carvalho-Costa, L. F., Hatanaka, T., Galetti Jr., P. M. (2008). Evidence of lack of

population substructuring in the Brazilian freshwather fish Prochilodus costatus.

Genetics and Molecular Biology, 31: 377-380.

Castello, J. P. (2007). Gestão sustentável dos recursos pesqueiros, isto é realmente

possível? Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 2(1): 47–52.

Christ, A., Toth, G. P., Mccarthy, H. W., Torsella, J. A., Smith, M. K. (1996). Monthly

variation in sperm motility in common carp assessed using computer-assisted

sperm analysis (CASA). Journal of Fish Biology, 48(6): 1210–1222.

Clark, T. D., Rummer, J. L., Sepulveda, C. A., Farrell, A. P., Brauner, C. J. (2009). Reduced

and reversed temperature dependence of blood oxygenation in an ectothermic

scombrid fish: implications for the evolution of regional heterothermy? Journal

of Comparative Physiology B, 180: 73–82.

Collette, B. B. (1986). Coryphaenidae. Fishes of the North-Eastern Atlantic and the

Mediterranean, II (Whitehead P. J . P. , Bauchot M.-L., Hureau J.-C., Nielsen J. &

E. Tortonese, eds), Paris: Unesco, 845-846.

Collette, B. B., Nauen, C. E. (1983). FAO species, catalogue. Vol. 2. Scombrids of the

world. An annotated and illustrated catalogue of tunas, mackerels, bonitos and

related species known to date. FAO Fisheries Synopsis, 2:137.

Cross, I; Merlo, A., Machado, M., Infante, C., Cañavate, J. P., Rebordinos, L. (2006).

Cytogenetic characterization of the sole Solea senegalensis (Teleostei:

Pleuronectiformes: Soleidae): Ag-NOR, (GATA)n, (TTAGGG)n and ribosomal genes

by one-color and two-color FISH. Genetica, 128: 253-259.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

55

Cuvier, G.; Valenciennes, A. (1832). Des Scombéroïdes. Tome huitième. Livre

neuvième, Histoire Naturelle Des Poissons, 8: 1-509.

Devlin, R. H., Nagahama, Y. (2002). Sex determination and sex differentiation in fish:

An overview of genetic, physiological, and environmental influences.

Aquaculture, 208:191-364.

FAO. (2010). The State of World Fisheries and Aquaculture - SOFIA. Disponível em

<http: www.fao.org> Acesso em: 20/03/2012.

Feldberg, E., Porto, J. I. R., Bertollo, L. A. C. (2003). Chromosomal changes and

adaptation of cichlid fishes during evolution. A. L. Val and B.G. Kapoor (eds.), Fish

Adaptation. Science Publishers, Inc, Enfield – NH, USA, 285-308.

Fromentin, J. M., Ravier C. (2005). The East Atlantic and Mediterranean bluefin tuna

stock: looking for sustainability in a context of large uncertainties and strong

political pressures. Bulletin of Marine Science, 76: 353-362.

Galetti Jr., P. M., Aguilar, C. T., Molina, W. F. (2000). An overview on marine fish

cytogenetics. Hydrobiologia, 420: 55.62.

Garcia Jr, J. (2006). Inventário das espécies de peixes da costa do Estado do Rio Grande

do Norte e aspectos zoogeográficos da ictiofauna recifal do Oceano Atlântico.

Natal, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Biociências, 125p.

Gibbs, R. H., Collette, B. B. (1959). On the identification, distribution, and biology of the

dolphins, Coryphaena hippurus and C. equiselis. Bulletin of Marine Science of the

Gulf Caribbean, 9: 117-152.

Gold, J. R.; Lee, C.; Shipley, N. S.; Powers, P. K. (1990). Improved methods for working

with fish chromosomes with a review of metaphase chromosome banding.

Journal of Fish Biology, 37: 563-575.

Gordeeva, N. V. (2010). On structure of species in pelagic fish: the results of

populational - Genetic analysis of four species of lanternfish (Myctophidae) from

the Southern Atlantic. Journal of Ichthyology, 51(2): 152-165.

Graves J. E. (1996). Conservation genetics of fishes in the pelagic marine realm. In:

Avise JC, Hamrick JL (eds.), Conservation Genetics: Case Histories from Nature.

Chapman & Hall, New York, 335-366.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

56

Hatanaka, T., Galetti Jr., P. M. (2004). Mapping of the 18S and 5S ribosomal RNA genes

in the fish Prochilodus argenteus Agassiz, 1829 (Characiformes,

Prochilodontidae). Genetica, 122: 239-244.

Hazin, F. H. V. , Lessa, R. P. T., Coimbra, M. R., Souza, R. C., Arraes, R., Pantoja Jr, P. S.,

Matsui, N. (1994). Distribution and relative abundance of tunas and billfishes in

the southwestern equatorial Atlantic. Iccat Collective Volume Of Scientific

Papers, Madri, 41(1): 309-324.

Howell, W. M., Black, D. A. (1980). Controlled Silver-staining of nucleolus organizer

regions with a protective colloidal developper a 1-step method. Experientia, 36:

1014-1015.

Ida, H., Murofushi M., Fujiwara S., Fujino K. (1978). Preparation of fish chromossomes

by in vitro colchicine treatment. Japan. Journal of Ichthyology, 24: 281-284.

Ida, H., Oka, N., Terashima, H., Hayashizaki, K. I. (1993). Karyotypes and cellular DNA

contents of three species of family Scombridae from Japan. Nippon Suisan

Gakkaishi, 50(8): 1319-1323.

Jacobina U. P., Cioffi M. B., Souza L. G. R., Calado, L. C., Tavares M., Mazella-Jr, J.,

Bertollo, L. A. C., Molina, W. F. (2011). Chromosome mapping of repetitive

sequences in Rachycentron canadum (Perciformes: Rachycentridae): implications

for karyotypic evolution and perspectives for biotechnological uses. Journal of

Biomedicine and Biotechnology, 2011: 218-231.

Jorgensen, H. B. H., Hansen, M. M., Bekkevold D., Ruzzante, D. E., Loeschcke, V. (2005).

Marine landscapes and population genetic structure of herring (Clupea harengus

L.) in the Baltic Sea. Molecular. Ecology, 14(10): 3219–3234.

Kasahara, S. (2009). Introdução à pesquisa citogenética de vertebrados. Ribeirão Preto,

SP. Sociedade Brasileira de Genética, 1: 160.

Kitano, J., Peichel, C. L. (2011). Turnover of sex chromosomes and speciation in fishes.

Environmental Biology of Fishes. DOI: 10.1007/s10641-011-9853-8. (Online).

Kraul, S. (1989). Review and current status of the aqua cultur e potential for the

mahimahi, Coryphaena hippurus. Advances in tropical aquaculture, Tahiti.

AQUACOP, IFREMER. Actes Colloq., 9: 445-459.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

57

Lee, M. H., Loh, P. C. (1975). Some properties of an established fish cell line from the

marine fish, Caranx mate (Omaka). Proceedings of the Society for Experimental.

Biology and Medicine, 150: 40-48.

Lee, C. S., Ostrowski, A. C. (2001). Current status of marine finfish larviculture in the

United States. Aquaculture 200(1–2): 89–109.

Lee, R. E. K. D., (1957). Report to the government of Brazil on tuna fishery

development (northeastern cost of Brazil). Roma: FAO Rep., 739: 53.

Levan, A., Fredga, K., Sandberg A. (1964). Nomenclature for centromeric position on

chromosomes. Hereditas, 52: 201-220.

Lins, J. E. (2011). Implicações socioeconômicas e ambientais da atividade pesqueira no

Nordeste do Brasil. 3º Congresso Brasileiro de Biologia

Marinha: programação, resumos das palestras, mesas-redondas e painéis

institucionais, 82-83.

Mank, J. E., Promislow, D. E. L., Avise, J. C. (2006). Evolution of alternative sex-

determining mechanisms in teleost fishes. Biol. J. Linn. Soc., 87: 83–93.

Martins, C., Galetti Jr., P. M. (1999). Chromosomal localization of 5S rRNA genes

in Leporinus fish (Anostomidae, Characiformes). Chromosome Research, 7: 363-

367.

McLean, J. E., Hay, D. E., Taylor, E. B. (1999). Marine population structure in an

anadromous fish: life-history influences patterns of mitochondrial DNA variation

in the eulachon, Thaleichthys pacificus. Molecular Ecology, 8, 143-148.

Mendes, A. (2011). Parceria pode dar novo fôlego às vendas de atum. Disponível em

<http://tribunadonorte.com.br/noticia/parceria-pode-dar-novo-folego-as-

vendas-de-atum/183344> Acesso em: 20/03/2012.

Molina, W. F. (2007). Chromosomal changes and stasis in marine fish groups. In: Fish

cytogenetics (Pisano, E., Ozouf-Costaz, C., Foresti, F., Kapoor, B.G. eds.). Science

Publishers, Enfield, 69-110.

Moorhead P. S.; Nowell P. C.; Mellmam W. J.; Battips D. M.; Hungerford D. A. (1960).

Chromosome preparations of leukocytes cultured from human peripheral blood.

Experimental Cell Research, 20: 613-616.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

58

Motta-Neto, C. C., Cioffi, M. B., Bertollo, L. A. C., Molina, W. F. (2011). Extensive

chromosomal homologies and evidence of karyotypic stasis in Atlantic grunts of

the genus Haemulon (Perciformes). Journal of Experimental Marine Biology and

Ecology, 401: 75–79.

Nelson, J. S. (2006). Fishes of the World. 4 ed. New York: John Wiley an Dons Inc.,

624p.

Oliveira, R. B. A. (2009). Qualidade de atuns tipo exportação capturados pelo espinhel

pelágico no litoral de Pernambuco e Rio Grande do Norte, Brasil. Recife,

Departamento de Ciências Domésticas, UFRPE, 107p. (Dissertação).

O'Toole, B. (2002). Phylogeny of the species of the superfamily Echenoidea

(Perciformes: Carangoidei: Echeneidae, Rachycentridae, and Coryphaenidae),

with an interpretation of echeneid hitchhiking behaviour. Canadian Journal of

Zoology, 80: 596-623.

Oxenford, H. A. (1999). Biology of the dolphinfish (Coryphaena hippurus) in the

western central Atlantic: A review. Sci. Mar., 63(3-4): 277-301.

Oxenford, H. A., Hunte, W. (1986). A preliminary investigation of the stock structure of

the dolphin, Coryphaena hippurus, in the western central Atlantic. Fishery

Bulletin, 84(2): 451-460.

Palko, B. J., Beardsley, G. L., Richards, W. J. (1982). Synopsis of the biological data on

dolphin-fishes, Coryphaena hippurus Linnaeus and Coryphaena equiselis

Linnaeus. FAO Fisheries Synopsis Rep (130); NOAA Tech. Rep. NMFS Circ., (443):

28p.

Palumbi, S. R. (1994). Genetic divergence, reproductive isolation, and marine

speciation. Annual Review of Ecology and Systematics, 25, 547-572.

Pinkel, D.; Straume, T.; Gray, J. W. (1986). Cytogenetic analysis using quantitative, high-

sensivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy of

Sciences USA, 83: 2934-2938.

Porch, C. E. (2005). The sustainability of Western Atlantic bluefin tuna: A warm

blooded fish in a hot blooded fishery. Bulletin of Marine Science, 76: 363-384.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

59

Post, A. (1974). Ergebnisse der Forschungsreisen des FFS “Walther Herwig” nach

Sudamerika. XXXIV. Die Chromosomen von drei Arten aus der Familie

Gonostomatidae(Osteichthyes, Stomiatoidei). Arch. FischWiss., 25: 51-55.

Prescod, S., Hunte, W. (1997). A preliminary reporto n the feasibility of farming

dolphinfish (Coryphaena hippurus) on the northwest coast of Barbados, W.I.

(Abstract only) Proc. Gulf Caribb. Fish. Inst., 49: 52.

Rocha, L. A. (2003). Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian

reef fishes. Journal of Biogeography, 30: 1161-1171.

Rodrigues, M. M., Baroni, S., Almeida-Toledo, L. F. (2007). Karyological characterization

of four marine fish species, genera Trachinotus and Selene (Perciformes:

Carangidae), from the southeast Brazilian coast. Cytologia, 72: 95-99.

Safina, C. (1996). Thunnus thynnus (Eastern Atlantic stock). In: IUCN 2010. IUCN Red

List of Threatened Species. Disponível em <www.iucnredlist.org.> Acesso em:

29/06/2010.

Seafood Watch (2007). Mahi Mahi (Dolphinfish) Coryphaena hippurus. Jesse Marsh and

Robert Mazurek. Fisheries Research Analysts. Monterey Bay Aquarium, p. 53.

Schekter, R. C. (1982). Mariculture of dolphin Coryphaena hippurus: Is it feasible? Proc.

Gulf & Caribbean Fisheries Institute, 35th annual session, 27-32.

Shadwick, R. E.; Syme, D. A. (2008). Thunniform swimming: muscle dynamics and

mechanical power production of aerobic fibres in yellowfin tuna (Thunnus

albacares). The Journal of Experimental Biology, 211: 1603-1611.

Springer, V. G., Smith-Vaniz, W. P. (2008). Supraneural and pterygiophore insertion

patterns in carangid fishes, with description of a new Eocene carangid tribe

+Paratrachinotini, and a survey of anterior anal-fin pterygiophore insertion

patterns in Acanthomorpha. Bulletin of the Biological Society of Washington, 16:

1-73.

Sumner, A T. (1972). A simple technique for demonstrating centromeric

heterochromatin. Experimental Cell Research, 75: 304-306.

Szpilman, M. (2000). Peixes marinhos do Brasil: guia prático de identificação. Rio de

Janeiro, 288p.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · A todos os colegas da graduação, da pós-graduação, do café e da resenha, em especial: Cadu, Elena e sua Maya, Taulli, Geomar,

60

Uriber-Alcocer, M., VAldés-Morales, N., Diaz-Jaimes, P., Hornelas-Orozco, Y., Arenas, V.

(1996). Comparación de los Cariótipos de lãs poblaciones dentral y sureña de La

anchoveta Engraulis mordax, Girard 1854 (Engraulidae, Pises). Ciências Marinas,

22 (3): 361-376.

Volff, J. N., Nanda, I., Schmid, M., Schartl, M. (2007). Governing sex determination in

fish:regulatory putsches and ephemeral dictators. Sex Dev, 1(2): 85-99.

Volpe, J. (2005). Dollars without sense: The bait for big-money tuna ranching around

the world. BioScience, 55(4): 301-302.

Zardoya, R., Castilho, R., Grande, C., Favre-Krey, L., Caetano, S., Marcato, S., Krey, G.,

Patarnello, T. (2004). Differential population structuring of two closely related

fish species, the mackerel (Scomber scombrus) and the chub mackerel (Scomber

japonicus), in the Mediterranean Sea. Molecular Ecology, 13: 1785-1798.

Zhou, G. Z., Gui, L., Li, Z. Q., Yuan, X. P., Zhang, Q. Y. (2008). Establishment of a Chinese

sturgeon Acipenser sinensis tail-fin cell line and its susceptibility to frog iridovirus.

Journal of Fish Biology, 73: 2058–2067.